Introdução ao Agronegócio - Economia, Administração e

Transcrição

Introdução ao Agronegócio - Economia, Administração e
INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO
Coodenador – Prof. Dr. Pedro Valentim Marques -
Autores:
Daniel Henrique Dario Capitani
Daniel Y. Sonoda
Jerônimo Alves dos Santos
Pedro Valentim Marques
PECEGE/ESALQ/USP
2011
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1. INTRODUÇÃO AO AGRONEGÓCIO
Jerônimo Alves dos Santos, Pedro Valentim Marques
A agropecuária consiste em retirar o máximo de rendimento da planta/animal
nas condições ideais de clima e solo, é a forma como o homem influencia o meio
natural com manejo e técnicas para melhor desempenho e adaptação das culturas ao
meio natural (DIEHL, 1989).
Ela deve ser encarada como um fenômeno social que tem de se adaptar às
condições ecológicas e sociais, tem como fundamento principal o domínio da
diversidade, seja no enquadramento paisagístico, nos solos, no clima, no
comportamento dos homens, no papel da agropecuária na economia global, na
tecnologia disponível, no equipamento utilizado e no grau de utilização do potencial
produtivo dos terrenos (BARROS, 1975).
Em grande parte da existência do homem, a agropecuária foi encarada como
uma atividade de subsistência com objetivo primário para a produção de alimentos.
Recentemente foi introduzido a ideia da agropecuária como atividade econômica, ou
seja, produção com lucro, dessa forma, houve uma acentuada mudança no seu propósito
e aumento na dependência das energias fósseis para incrementar a produtividade, isso
trouxe conseqüências como a poluição dos solos, das águas e dos alimentos e a
problemática dos excedentes (MAZOYER e ROUDART , 2001)..
No entanto, a sociedade começa a tender para uma agricultura como uma
atividade ecológica, orientada para a produção de bem-estar. Ou seja, além de ser
encarado como um produtor de alimentos e matérias-primas pode ser reconhecido como
produtor de bens não transacionáveis e na defesa do ambiente, dos recursos naturais, na
gestão do espaço rural e a preservação da paisagem (MAZOYER e ROUDART , 2001;
ALMEIDA, 2004).
1.1 Evolução da agropecuária
Caso o homem deixasse de utilizar os ecossistemas, esses tenderiam depressa ao
estado da natureza quando o homem começou a utilizá-lo. No entanto 90% da
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população deixariam de existir, pois a forma simples de alimentação (caça, pesca e
colheita) não permitiria o sustento de mais de meio bilhão de homens. A única
alternativa seria continuar cultivando o planeta, multiplicando plantas e animais. Dentre
as milhares de espécies que evoluíram em mais de 3,5 bilhões de anos, o Homo sapiens
sapiens, é uma das espécie mais recente, com cerca de 50 a 20 mil anos datados, há 10
mil anos pratica a agricultura e criação de gado (MAZOYER e ROUDART , 2001).
Há cerca de 12.000 AC observam-se os primeiros indícios de atividade humana
sobre espécies de vegetais e animais, e o desenvolvimento de comunidades que se
mantiveram por esse tipo de atividade. Teve o seu início há cerca de 10 a 12 mil anos na
região situada entre os rios Nilo, Tigre e Eufrates.
O cultivo das plantas e da
domesticação dos animais foi transmitido para Europa do oriente para o ocidente e
chegado à Península Ibérica há cerca de quatro mil anos (ALMEIDA, 2004).
A Agricultura moderna teve seu início nos séculos XVII e XIX na Europa, as
mudanças tecnológicas, sociais e econômicas tiveram um importante papel na transição
do feudalismo para o capitalismo. A nova configuração do conjunto das civilizações
germânicas e romanas aproximou novas práticas agrícola com pecuária, o que tornaram
essas atividades cada vez mais complementares. Nessa nova fase da humanidade houve
umas das mais importantes transformações de bem estar com o fim da escassez de
alimentos (VEIGA, 1991; MAZOYER e ROUDART , 2001).
Na Europa a agricultura européia manteve-se praticamente estável até ao século
XVIII. Com o pousio, alimentação baseada em hidratos de carbono e com produção de
ovinos e caprinos. Esse processo iniciou-se na Holanda no século XVII e na Inglaterra
no século XVIII com profundas alterações nas técnicas da produção agrícola
(ALMEIDA, 2004).
Com o crescimento populacional e a queda da fertilidade dos solos na Europa,
teve-se como conseqüência a escassez de alimentos. Dessa forma, por volta dos séculos
XVII e XIX, houve uma intensa adoção de sistemas de rotação de culturas com plantas
forrageiras com integração da pecuária e agricultura. Esta fase é conhecida como
“Primeira Revolução Agrícola” (MAZOYER e ROUDART , 2001; MONTOYA et al.,
2002; PLANETA ORGANICO, 2010).
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Entre os séculos XVI ao XIX, a primeira revolução agrícola baseada na
substituição dos pousios pelas pradarias artificiais e no aumento do gado, teve como
conseqüência o aumento da produtividade nos países temperados, além de ter nesse
cenário o desenvolvimento da primeira revolução industrial. Com esse conjunto de
transformação, no final do século XIX e no início do século XX a indústria contribuiu
para a dinamização da agricultura, com produção de novos meios de transportes
(caminhos de ferro, barcos a vapor) e novos materiais mecânicos de tração animal
(semeadores, máquinas ceifeiras, ceifeiras-enfardadeiras) o que levou a agricultura à
primeira crise de sobreprodução agrícola dos anos 1890 (MAZOYER e ROUDART ,
2001).
Com o aumento da produtividade, tiveram-se maiores disponibilidade de
rendimento para a indústria têxtil, primeiramente lã e depois do algodão. Esse
incremento de produtividade foi possível, com a mobilização do solo que exigia
aperfeiçoamento nos aparelhos de aração (MAZOYER e ROUDART , 2001;
ALMEIDA, 2004).
Do final do século XIX ao início do século XX, os problemas de escassez
crônica de alimentos na Europa ficaram mais graves, com intuito de resolver o problema
de escassez, teve-se um amplo desenvolvimento científico e tecnológico, como os
fertilizantes químicos, o melhoramento genético e as máquinas de motores à combustão.
A partir do momento que a indústria passou a produzir e ser estrutura de base para
certos insumos agrícolas houve rompimento com a prática de rotação de culturas e
menor integração animal e vegetal. Com estas inovações houve substanciais
rendimentos das culturas. Essas descobertas levaram a uma especialização dos
agricultores, observou-se uma nova fase nos sistemas agropecuários, “Segunda
Revolução Agrícola”, passa se então a ser chamada de Agricultura Industrial,
Agricultura Convencional ou Agricultura Química (MAZOYER e ROUDART , 2001;
MONTOYA et al., 2002; PLANETA ORGANICO, 2010).
Essa revolução agrícola durante o século XX teve como principal característica a
mecanização, os novos meios de produção agrícola (motores de explosão, elétricos,
tratores e engenhos) grande mecanização, adubos minerais e produtos de tratamento,
com novas variedades de plantas e de raças de animais adaptados ao meio de produção
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industrial. A motorização dos transportes por meio de caminhões, caminhos de ferro,
barcos e aviões tirou o isolamento de determinadas regiões agrícolas e permitiu trazer
insumos e escoar os produtos de regiões distantes (MAZOYER e ROUDART , 2001).
A Revolução Agrícola e a evolução dos conhecimentos técnicos e dos
transportes ferroviários e marítimos tanto influenciou a Revolução Industrial como a
indústria e estimulou a modernização da agricultura. Essas contribuições conferiram à
agricultura o estímulo do mercado, além disso, teve-se como de extrema importância o
apoio de órgãos governamentais; empresas produtoras de insumos; dos incentivo de
organizações mundiais como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), a Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional
(USAID) e a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação(FAO)
(PLANETA ORGANICO, 2010).
A partir da década de 60 esse modelo de agricultura implicou em conceitos
agressivos aos ecossistemas com o desflorestamento, diminuição da biodiversidade,
erosão e perda da fertilidade dos solos, contaminação da água, dos animais silvestres e
dos agricultores por agrotóxicos. Essas conseqüências passaram a ser decorrências
quase inerentes à produção agrícola. Mesmo assim, houve avanço da agricultura
convencional, particularmente nos países em desenvolvimento, com o agravamento dos
danos ambientais (EHLERS, 1993).
Mesmo com as grandes revoluções na agricultura, não são todos que têm acesso
as novas tecnologias. Cerca de 80% dos agricultores da África, 40 a 60% da América
Latina e da Ásia continuam a trabalhar com utensílios manuais, 15 a 30% destes,
dispõem de tração animal. A agricultura moderna está muito longe de ter conquistado o
mundo (MAZOYER E ROUDART , 2001).
1.2 História da agricultura no Brasil
No Brasil, antes da sua “descoberta”, as sociedades indígenas alimentavam-se,
de peixes e crustáceos, mandioca, cará, milho, amendoim, feijão, abóbora e bata-doce e
praticavam a caça de pequenos animais. Esta agricultura era praticada de forma bem
rudimentar, pois utilizava a técnica da coivara (derrubada de mata e queimada para
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limpar o solo para o plantio). Os índios domesticavam animais de pequeno porte como,
por exemplo, porco do mato e capivara (SZMRECSÁNYI, 1936).
Os colonizadores europeus, desde o século XVI, iniciaram o extrativismo das
vegetações e florestas brasileiras como o pau-brasil. De 1500 a 1822, todas as terras
brasileiras pertenciam a coroa portuguesa, que as doava ou cedia seu direito de uso a
pessoas de sua confiança ou conveniência, visando a ocupação do território e a
exploração agrícola. Portugal controlou a posse da terra, através da criação das
capitanias e das sesmarias, que atendiam as suas necessidades de obtenção de lucro a
partir da exportação de produtos agrícolas cultivados no sistema de plantation (como a
cana-de-açúcar seguida pela pecuária extensiva, passando pelos ciclos do ouro, para
chegar à exploração do café), ou seja, em grandes propriedades com monoculturas,
escravistas e cuja produção era voltada a exportação (REGO e MARQUES, 2005).
A agricultura brasileira, enquanto colônia de Portugal, nunca chegou a se
constituir como um setor econômico, confundindo com o extrativismo e com atividades
de outra natureza. Só começou a ser considerado um setor econômico diferenciado a
partir da independência política e na formação no seu interior de uma economia de
mercado (SZMRECSÁNYI, 1936; REGO e MARQUES, 2005).
As civilizações que aqui instauraram no período colonial, não foram civilizações
agrícolas, pois eram mais voltados para colonizadores além de escassez de mão de obra
e obstáculos ambientais para a agricultura. As lavouras tinham caráter nômade e
extrativista. A grande propriedade fundiária, a monocultura de exportação e trabalho
escravo foram os três componentes fundamentais da organização social do Brasilcolônia. Padrões diversos só podiam ser encontrados em atividades marginais e
subsidiarias (pecuárias extensivas dos sertões ou pequenas culturas de subsistência). A
economia colonial era dominada pelo sistema de grande lavoura. As técnicas de cultivo
eram tão primitivas como no início da colonização. A pecuária se desenvolvia em áreas
distante das lavouras, nada existia em relação a práticas agrícolas mais complexas,
como irrigação e seleção de variedades, além do beneficiamento de produtos agrícolas
serem precários e primitivos. Os motivos do atraso tecnológico na agricultura não
podem ser atribuídos a escravidão, mas à má qualidade do empresariado rural, baixo
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nível cultural e técnico dos produtores rurais (SZMRECSÁNYI, 1936; REGO e
MARQUES, 2005).
As culturas de subsistência acabaram se especializando na produção de poucos
gêneros e destinados praticamente a consumo local (mandioca, milho e o arroz) e alguns
produtos podiam ser exportados como o fumo e a aguardente. A maioria dessas culturas
era desenvolvida dentro dos domínios das grandes lavouras (nos engenhos, fazendas –
eram auto-suficientes para alimentar seus proprietários e escravos). Mas havia casos em
que possuíam homens livres que usavam essas terras em troca de favores, esses eram
destituídos de qualquer capacidade de barganha ou iniciativa, eram paupérrimos, viviam
em condições um pouco melhor que os escravos. De um modo geral, as culturas de
subsistência nunca deixaram de ser atividades secundárias e subsidiárias em relação as
grandes lavouras escravistas de exportação. Da mesma forma que as grandes lavouras
de exportações, as culturas de subsistência eram praticadas em moldes extensivos,
nunca chegando a constituir atividades especializadas, intensivas e permanentes. Ao
mesmo tempo em que politicamente autônomo, o Brasil reforçou sua condição
primário-exportadora, mantendo por muitos anos tanto a grande lavoura como o
escravismo no cerne da sua organização social (SZMRECSÁNYI, 1936; REGO e
MARQUES, 2005).
Os ciclos econômicos no Brasil eram diretamente relacionados com extrativismo
e monoculturas. Começando com o pau-brasil sua fase mais intensa da exploração vai
do período pré-colonial até meados do século XVI. A extração era feita ao longo do
litoral, do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, em sistema de arrendamento
através de contratos entre o Estado e companhias particulares, que pagavam um quinto
da extração ao governo português. Em 1605 a Coroa portuguesa regulamenta a
exploração editando o Regimento do Pau-Brasil. Mas como a exploração foi
desordenada chegou-se a quase extinção do produto (REGO e MARQUES, 2005;
COELHO e GRANZIERA, 2009)
O ciclo da cana-de-açúcar promoveu a ocupação da faixa litorânea do Nordeste.
A cana, originária do sudeste da Ásia, era plantada pelos portugueses na ilha da Madeira
desde meados do século XV. Introduzida no Brasil em 1532, expandiu-se rapidamente,
em especial em Pernambuco e na Bahia. Esse ciclo caracterizou-se pela grande
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propriedade, auto-suficiência das fazendas e pela utilização quase exclusiva da mão-deobra escrava (COELHO e GRANZIERA, 2009).
O ciclo do ouro e dos diamantes no Brasil, começou pela descoberta dos
bandeirantes no final do século XVII, deu origem a cidades como Ouro Preto, Mariana,
Sabará e S. João Del Rei. Este ciclo foi caracterizado pela intensiva exploração, sem
qualquer preocupação de sustentabilidade ou de desenvolvimento (REGO e
MARQUES, 2005).
O Ciclo do café refletiu-se na sua expansão geográfica. Difundiu-se pelo Vale do
Paraíba, Sul de Minas, Espírito Santo, Campinas, Ribeirão Preto, Araraquara, norte do
Paraná e Mato Grosso. Na década de 1820 o café ocupava o terceiro lugar (18%) na
pauta das exportações do Brasil, atrás do açúcar e algodão, nas duas décadas seguintes
passaria para o primeiro lugar (40%). Essa expansão deu origem a um novo ciclo de
crescimento da economia primário-exportadora do país; isso fez deslocar o eixo da
economia brasileira do Nordeste para o Sudeste e vincularam novos parceiros
comerciais e financeiros em especial os EUA e criou bases para industrialização, um
processo que acabaria levando a profundas mudanças. O café chegou a representar cerca
de 70% das exportações brasileiras na década de 1920. Hoje, os principais produtores
são Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia (SZMRECSÁNYI, 1936; REGO e
MARQUES, 2005).
O cacau no Brasil começou a ser plantado ao invés de apenas coletado na
floresta amazônica, com a decadência das plantações no Pará, devido o crescente
interesse pela borracha, transferiu-se definitivamente para o sul da Bahia, os métodos do
cultivo e beneficiamento dessa planta pouco mudaram. No sul da Bahia o cacau
encontrou boas condições edafoclimáticas. Em 1783, a lavoura cacaueira já era
importante na região de Ilhéus. A produção na Bahia firmou-se no século XIX,
tornando-se um fator importante para o desenvolvimento regional e originando uma
importante fase econômica denominado de ciclo do cacau (REGO e MARQUES, 2005).
Entre a época da mineração e o advento do café, do final do século XVIII a
meados de 1830, passada a euforia inicial da extração do ouro, começou a surgir áreas
de agricultura e pecuária ao longo dos caminhos para os depósitos auríferos. Essas
atividades passam a ser lucrativas por causa do crescimento demográfico. Algodão,
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tabaco e cacau tornam-se os principais produtos agrícolas de exportação. Os maiores
centros produtores de algodão surgem no Nordeste (Maranhão e Pernambuco), o tabaco
funciona, ao longo do século XVII, como moeda de troca para aquisição de escravos
nos mercados da costa africana (SZMRECSÁNYI, 1936; COELHO e GRANZIERA,
2009).
Importantes progressos ocorreram em compensação na cultura algodoeira, com a
introdução do algodão herbáceo e o início da sua produção em larga escala na província
de São Paulo, teve um considerável impulso com a guerra civil dos EUA, na década de
1860, depois o algodão brasileiro perdeu acesso aos mercados externos devido a sua
falta de competitividade, contudo com a sua repentina expansão ajudou a criar as bases
para o surgimento de uma florescente indústria têxtil (SZMRECSÁNYI, 1936).
As imigrações proporcionaram um grande avanço quantitativo e qualitativo para
a agricultura brasileira, muito mais nas regiões afetadas por mudanças da escravidão
para trabalhadores livres. Graças a esse novo regime expandiu outros cultivos e as mais
diversas atividades agrícolas e não-agrícolas, foi a imigração que criou condições
necessárias para o crescimento e a diversificação da economia (SZMRECSÁNYI,
1936).
2. AGRONEGÓCIO
Dentro de qualquer país a atividade econômica é dividida em três setores, o
primário, secundário e terciário. No setor primário encontram-se os produtos poucos
processados, utilizam grande quantidade de trabalho e terra. No setor secundário
encontram-se atividades que processam e/ou combinam produtos primários, nesse setor
há grande uso do fator capital. No setor terciário define-se como o conjunto de
atividades que prestam serviços, seja para ele mesmo ou para os outros setores da
economia (BACHA, 2007).
No entanto, a agricultura não pode ser abordada de maneira independente dos
outros setores responsáveis por todas as atividades que garantam a produção, deve se
considerar a atividade agrícola como parte de uma extensa rede de agentes econômicos
que vai desde a produção de insumos, transformação industrial até armazenagem e
distribuição de produtos agrícolas e derivados (BATALHA, 2001).
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Como exemplo que diferencia os setores da economia e o agronegócio, tem-se o
caso brasileiro. O Brasil sendo a oitava economia do mundo em 2009, com um Produto
Interno Bruto – PIB de 1.572 bilhões de dólares, cerca de 2,7% do PIB mundial. Tem na
economia uma grande participação do setor de serviços (setor terciário) com 68,53% do
PIB, seguidos da indústria (setor secundário) com 25,40% e a agropecuária (setor
primário) com 6,07%. No entanto ao se analisar o agronegócio, a sua participação ficou
com 26,5% do PIB brasileiro (IBGE, 2010).
Observa-se que nesses três setores existe uma intensa complementaridade entre
eles. Dentro dessa forte relação surgem agrupamentos de novas atividades e subsetores
que se confundem entre eles, através dessa inter-relação encontra-se o conceito de
agronegócio.
Esse conceito teve como ponto de partida pelos dos trabalhos de dois
pesquisadores John David e Ray Goldberg da Universidade de Havard, eles criaram o
conceito Agribusiness (agronegócio) como sendo a soma das operações de produção e
distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades
agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e
itens produzidos a partir deles (BATALHA, 2001).
Durante a década de 60 surge na escola francesa a noção de analyse de filière
que traduzida fica sendo cadeia de produção, isso se aplica a seqüência de atividades
que transformam uma commodity em um produto para o consumo final. No entanto,
esse conceito pode ser definido de diversas maneiras, ficando um termo vago
((BATALHA, 2001; MONTOYA et al, 2002).
Ambos os conceitos realizam cortes verticais no sistema econômico a partir de
determinado produto final ou parte de uma matéria prima de base para estudar sua
lógica e funcionamento, ou seja, ambos abandonam a velha divisão em três setores
(agricultura, indústria e serviço). Parte da noção de que a agricultura deve ser vista
dentro de um sistema mais amplo, utilizam a noção sucessão de etapas produtivas,
desde a produção de insumos até o produto acabado, destacam os aspectos dinâmicos do
sistema. As diferenças dos conceitos são relativas na importância dada ao consumidor
final como agente dinamizador da cadeia (BATALHA, 2001).
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Segundo Malassis (1969), a estrutura do agronegócio está dividida em três
partes: parte anterior à produção rural ou montante do agronegócio; a produção rural e
setores que recebem a produção dos produtores rurais ou jusante do agronegócio.
O setor agropecuário como o restante das economias capitalistas, não tem função
apenas de produzir, mas é preciso interagir com outros setores; com outros
estabelecimentos agropecuários, intermediários comerciais ou industriais e para
consumo final. As indústrias que compram ou recebe produtos agropecuários para
transformá-los em produtos industrializados são denominadas em agroindústrias, fazem
parte de vários ramos ou subsetores do setor industrial e juntamente com o setor
agropecuário com as indústrias fornecedoras de insumos e equipamentos. Enquanto que
os ramos dos produtores de insumos e equipamentos são definidos como indústria para
a agricultura, os ramos propriamente agroindustriais constituem a chamada industria da
agricultura (SZMRECSÁNYI, 1936; BACHA, 2007).
O que é novo na agroindústria é também na produção industrial de insumos e
equipamentos para a agricultura. Por industrialização da agricultura entende-se a
adaptação dos processos produtivos da indústria de transformação aos processos
produtivos do setor agropecuário. Foi no período de 1930 a 1970 que se completou a
integração funcional dos setores agropecuários e industrial na economia brasileira.
Como resultados dessa integração ambos tiveram desenvolvimento não apenas regional
mais em níveis nacionais, diversificação da produção, crescimento agropecuário, maior
migração rural-urbana, expansão da fronteira agrícola e aumento da produtividade
(SZMRECSÁNYI, 1936).
A partir dessa visão, é importante mensurar o agronegócio em 3 partes 1 (setores
do agronegócio) para sua análise evolutiva . No entanto, ao se analisar o que significa
fazer ou não parte do agronegócio dentro do setor industrial e comercial, observa-se
limitações metodológicas para determinar a dimensão econômica desse conceito.
Existem alguns trabalhos que abordam de diferentes formas esse conceito, ou seja,
alguns trabalhos definem uma indústria e comercialização como parte do agronegócio
se existe uma considerável participação do produto rural no valor total dos insumos
utilizados na transformação; outros conceitos apresentam como à natureza do
1
Esses setores são: a indústria para a agricultura; agropecuária; e agroindústria-comercialização
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processamento da matéria-prima oriunda do setor rural e, outros consideram a
capacidade de investimento, inovação tecnológica, níveis de concentração de mercados
e os impactos sobre o setor (MONTOYA e GUILHOTO, 2000).
Segundo Furtuoso e Guilhoto (2000), cerca de 70% da produção agropecuária
são utilizados em outros setores da economia, sendo que agroindústria e
comercialização absorve, aproximadamente, 72% desse total. Esses são os segmentos
que mais crescem no agronegócio, enquanto que a participação relativa da agropecuária
e indústria para a agricultura tende a diminuir. O resultado é que o segmento de
agroindústria e a comercialização são os que mais concentram renda no agronegócio.
2.1
Sistema agroindústrial (SAI)
Segundo Batalha (2001), pode ser considerado o conjunto de atividades que
concorrem para a produção de produtos agroindustriais, desde a produção de insumos
(sementes, adubos, máquinas agrícolas etc.) até a chegada do produto final (queijo,
biscoito, massa etc.) ao consumidor. Aproxima-se bastante do termo agronegócio2, pode
ser visto como composição de seis conjuntos de atores (1) agricultura, pecuária e pesca;
(2) indústrias agroalimentares; (3) distribuição agrícola e alimentar; (4) comércio
internacional; (5) consumidor e (6) indústria e serviço de apoio.
Na figura 1, encontra-se um exemplo de um SAI do agronegócio brasileiro do
milho, observa-se todos os setores interagindo entre si, começando com “Fornecedores
de Insumos, Máquinas e Equipamentos” até o segmento mais próximo do consumidor
final “Distribuição e Varejo Nacional e Internacional”
2
São definições muito próximas, o que diferencia são os aspectos dinâmicos associados ao agronegócio
12
Figura 1 - Sistema Agroindustrial do Milho no Brasil
Fonte: Adaptado de SOUZA et al.(1998).
2.2
Complexo agroindústrial
Denomina-se complexo agroindustrial3 (CAI) ou agribusiness (agronegócio) o
conjunto de atividades realizadas pela agropecuária e pelos setores diretamente a ela
vinculados. Apresenta uma visão sistêmica da economia, como segmentos que
fornecem insumos à agropecuária e segmentos que trabalham com a transformação
industrial e distribuição dos produtos in natura ou transformados (BACHA, 2007).
Dessa forma, tem como ponto de partida determinada matéria-prima de base
(complexo de soja, complexo cana-de-açúcar, complexo café etc.), ou seja, é ditada pela
matéria-prima que originou os diferentes processos industriais e comerciais que ela
pode sofrer até se transformar em diferentes produtos finais. Portanto, formação de um
complexo agroindustrial exige a participação de um conjunto de cadeias de produção,
3
Complexo agroindustrial pode se considerado como a definição limitada do agronegócio para
determinada cultura; ex: “ Agronegócio da soja”.
13
cada uma delas associadas a um produto ou família de produtos (BATALHA, 2001). Na
figura 2 observa-se um exemplo de complexo agroindustrial no Brasil.
Figura 2 – Complexo Agroindustrial Citrícola Brasileiro
Fonte: Adaptado de Paulilo (1999).
2.3
Cadeia de produção agroindustrial
As complexas cadeias dos agronegócios são compostas por empresas
fornecedoras de insumos, dos produtores, das indústrias processadoras e seus insumos
(embalagens, aditivos), dos distribuidores (atacadistas, varejistas, restaurantes) e
prestadores
de
serviços
(transportadoras,
bancos,
certificadoras,
estocadores,
financeiras, operadores logísticos) visando a satisfazer o consumidor final (NEVES,
2005).
Elas podem ser analisadas de uma escala macroeconômica (agregados
econômicos) para uma escala microeconômica (unidades da base da economia), são
consideradas como um sistema organizado de processo de fabricação e operações, ou
14
seja, cada operação só poderá ser executada quando a anterior estiver sendo concluída.
Pode ser definida como conjugado de subsetores de produção que se relacionam com
cumplicidade simultânea, são sucessões de operações de transformações dissociáveis,
capazes de serem agregadas ou desagregadas de acordo com a necessidade da
tecnologia e de resposta do mercado, são também consideradas como o conjunto de
relações de comércio e financeiro, um fluxo de trocas de montante a jusante, ou seja, de
fornecedor a cliente, assegurando as operações do sistema (ZUIN et al., 2006)
Ela pode ser segmentada, em três macros segmentos:
1) Comercialização – empresas em contato com o cliente final da cadeia de
produção e que viabilizam o consumo e o comércio dos produtos finais (supermercados,
mercearias, restaurantes, logística etc.);
2) Industrialização – firmas responsáveis pela transformação de matérias-primas
em produtos finais destinados ao consumidor (pode ser tanto uma família quanto outra
firma);
3) Produção de matérias-primas – Firmas que fornecem as matérias primas iniciais
para que as outras empresas avancem no processo de produção do produto final
(agricultura, pecuária, pesca etc.).
Segundo Batalha (2001) as principais utilizações para o conceito de cadeia
agroindustrial são:
1) Cadeias de produção como ferramentas de análise e formulação de políticas
públicas e privadas que busca identificar os elos fracos da cadeia de produção e
incentivá-los através de uma política adequada, permite uma melhor coordenação entre
os agentes envolvidos diretamente com as atividades da cadeia de produção.
2) Na definição de uma cadeia sobre a ótica técnica-econômica, como soma de
todas as operações de produção e comercialização que foram necessárias para passar de
uma ou várias matérias primas de base a um produto final.
3) A cadeia de produção como metodologia de análise da estratégia das firmas
pode ser analisada como estratégia de maximização de lucro trabalhando nas duas
pontas da cadeia (venda do produto – custo de produção), também são considerados os
aspectos ambientais de sobrevivência da firma no meio concorrencial. É preciso
observar às diversificações dentro dos setores as atividades existentes [as relações
15
comerciais diretas (clientes e fornecedores); relações comerciais indiretas (fluxo de
compra e venda dos clientes e fornecedores); as relações tecnológicas (elemento base da
construção da cadeia)]. Outra estratégia seria a penetração em uma cadeia de produção
na qual a empresa está ausente, essa estratégia deve permitir-lhe influenciar a dinâmica
concorrencial da cadeia de produção com objetivo de conseguir vantagens competitivas
(uma das estratégias seria obter controle da cadeia de produção).
4) A cadeia de produção como espaço de análise das inovações tecnológicas tem
como objetivo dinamizar a concorrência no interior de uma cadeia de produção, as
operações técnicas podem ser classificadas segundo seu conteúdo tecnológico como:
tecnologia de base (operações necessárias a atividade, porém sem impacto competitivo
importante); tecnologias chaves (determinadas do ponto de vista concorrencial, estão
associadas às operações chaves); tecnologias emergentes (ligadas a tecnologias
importantes da evolução do sistema).
Na figura 3, encontra-se um exemplo em disposição de duas cadeias de produção
agroindustrial (CPA), observa-se a segmentação em 3 setores (Produção de matériasprimas, Industrialização e Comercialização) cada qual exigindo determinadas
operações; dependendo do segmento, as operações podem interagir de forma
complementar (operações 7 e 10) para suprir determinada demanda de matériaprima/serviços.
Figura 3 – Sistema de Produção Composta por duas Cadeias de Produção
Agroindustriais.
Fonte: Adaptado de Batalha (1995).
16
2.4
Gestão de cadeias de suprimentos
Segundo Zuin et al. (2006) as principal diferença entre cadeia de produção e
cadeia de suprimentos, é que a primeira define somente as atividades envolvidas no
processo de fabricação, e a segunda, além de englobar o primeiro conceito, amplia o
conceito também para as atividades relacionadas à logística das unidades produtivas. As
principais ideias sobre cadeia de suprimentos são:
1) É responsável por todo o esforço envolvido na produção e distribuição do
produto final, do fornecedor do fornecedor ao cliente do cliente. Esse esforço é
assegurado pelo planejamento, compras, fabricação e distribuição, além de abranger a
gestão de fornecimento, a demanda, a compra de matérias-primas e de produtos
intermediários, a fabricação e montagem, a gestão de estoques, a distribuição através de
vários canais e a entrega ao cliente;
2) Conjunto de todas as atividades envolvidas com a movimentação de bens, desde
as matérias-primas até o usuário final. Incluindo compras e aquisições, programação da
produção, ordem de fabricação, inventário, transporte, armazenamento e serviços ao
cliente.
Dessa forma, com a necessidade de dar respostas mais rápidas e dinâmicas às
oportunidades de negócios tona-se necessário a coordenação entre as atividades de
produção e de distribuição desenvolvidas nas empresas ao longo de uma cadeia de
produção. A gestão desse conjunto de etapas chama se de gestão de cadeias e
suprimentos, a eficiência ao longo do canal de distribuição pode ser melhorada pelo
compartilhamento de informação e do planejamento conjunto entre seus diversos
agentes, com integração de todas as atividades da cadeia mediante melhoria nos
relacionamentos entres seus diversos elos ou agentes, construindo vantagens
competitivas sustentáveis (BATALHA, 2001; ZUIN et al., 2006).
A busca dessa sintonia é exatamente o que a gestão de cadeias e suprimentos
tem como objetivo. A grande questão enfrentada pelos varejos, indústrias e prestadores
de serviços é como construir essa sintonia, aumentando a competitividade de toda a
cadeia. A base conceitual da gestão de cadeias e suprimentos é composta por três
elementos relacionados: a sua estrutura (elos envolvidos), os componentes de gestão
17
[planejamento e controle (estrutura de produtos); estrutura do trabalho (método de
gestão); estrutura organizacional (estrutura de poder de liderança); estrutura de
instalações para o fluxo de produtos (estrutura de riscos e recompensas); estrutura de
instalações para o fluxo de informações (cultura e atitude)] e os processos de negócios
(administração do relacionamento com clientes; administração do serviço ao cliente;
administração da demanda; atendimento dos pedidos; administração do fluxo de
produção; suprimentos; desenvolvimento e comercialização de produtos; canais de
devolução) (BATALHA, 2001).
Figura 4 – Exemplo de Gestão de Cadeias e Suprimentos
Fonte: Elaborado pelos autores
18
3. IMPERFEIÇÕES DE MERCADO E INTEGRAÇÃO
Segundo Vian e Pitelli (2005), as imperfeições de mercado são responsáveis por
mudanças estruturais no comportamento das empresas/firmas. Podem-se encontrar
características de mercado que define a maneira e a forma que uma empresa/firma deve
atuar. Dependendo da estrutura/características de mercado (demanda, oferta, estrutura,
conduta e desempenho) e da estrutura de produção (preços, custos, receitas, lucros), esse
mercado pode ser de concorrência perfeita (número pulverizado de empresa/firma,),
monopólios (uma só empresa/firma), oligopólios (poucas empresa/firma) e concorrência
monopolística (empresa/firma atua no mercado diferenciando produtos).
Dentro de cada uma dessas abordagens encontra-se o sistema de comercialização
dos produtos agropecuários que são afetados por essas características de mercado, esse
sistema é diferente para cada produto/empresa/firma/elo/cadeia, pois são as mudanças
institucionais, tecnológicas e de hábitos de consumo que podem mudar o
comportamento competitivo. Dessa forma, para analisar o desempenho dos mercados
agropecuários é importante conhecer sua estrutura através de modelos econômicos que
explicam seu comportamento (AGUIAR, 2000).
Uma teoria que explica o processo de estratégias das firmas para otimizar a
utilização dos recursos e buscar competitividade, é a economia dos custos de transações.
Os custos de transações são custos associados à coleta de informações e
estabelecimentos de contratos, ou seja, a empresa/firma poderia se organizar na busca
de redução de custos (COASE, 1937).
Através desse processo, surgem ferramentas e mudanças estruturais que
auxiliam as empresas na tomadas de decisões, como viabilidade de diferentes formas de
contratos entre empresas/firmas, bolsa de mercadorias e futuros, associações,
cooperativas, integrações verticais e horizontais, diversificação na produção, escala de
produção e diferenciação de produto (BLAIR, 1983; AGUIAR, 2000; MARQUES e
MELLO, 1999).
Uma das estratégias bastante utilizada pelas empresas/firmas agropecuárias é o
processo de integração. No agronegócio é comum verificar empresa/firma com maior
poder de barganha, mais organizada e com maior poder de mercado, ditar o
19
comportamento de uma determinada cadeia. Esse processo está diretamente relacionado
com o custo de transação, ou seja, quando o custo de transação excede o preço recebido
pelo produtor/vendedor, existe uma grande possibilidade de se integrar vertical ou
horizontalmente com as outras empresas (BLAIR, 1983).
Segundo Frei (2003) integração vertical é a execução de vários processos dos
elos da cadeia por uma só empresa para estratégia competitiva da mesma. Os tipos de
integração vertical podem ser: Parcial (realiza parte de uma atividade, mas depende de
outro elo); quase-integração (contratos de longo prazo); integração a montante (a
empresa realiza atividade que antes era do fornecedor); e integração vertical a jusante (a
empresa realiza atividade que antes era do cliente).
No caso de uma integração horizontal se estabelece quando é viável implantar
cooperativas para aumentar o poder de barganha e redução de custos para os produtores;
para clusters ou arranjos produtivos locais elos da cadeia com produtos similares na
mesma região; nos investimento entre o setor produtivo e o de infra-estrutura de
transporte e em parcerias de produção de empresas diferentes (ROSA, 2004).
Ao estudar os conceitos do agronegócio é preciso entender todo o processo de
sua formação como a evolução da agropecuária, modernização dos meios de produção,
tecnologia e mudanças conjunturais e a partir daí entender as principais abordagens que
auxiliam na sua análise. Esse conhecimento é importante para o desenvolvimento de
estratégias e metodologias que auxiliam na tomada de decisões em cada elo da cadeia,
na harmonia/sinergia de sua estrutura e nos elementos externos que afetam diretamente
sua competitividade.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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5. Características gerais dos principais setores agrícolas e pecuários no Brasil
Daniel Henrique Dario Capitani, Daniel Y. Sonoda
A agropecuária, historicamente, sempre desempenhou um papel de destaque na
economia brasileira. Nas últimas décadas, muitas culturas produzidas no país obtiveram
significativo aumento de produtividade e ganhos de escala, de acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010). Outro ponto a salientar foi
a abertura econômica no início da década de 1990, e o impulso dado a diferentes setores
da economia brasileira, após um início de década conturbado politicamente e
economicamente.
A globalização forçou que muitos setores reduzissem seus custos, seja através de
investimentos em novas tecnologias, seja em reestruturação dos procedimentos
gerenciais adotados. Além disso, possibilitou que o comércio mundial se elevasse, com
quedas de barreiras tarifárias entre países, principalmente no setor industrial. Em suma,
24
incentivou que os países investissem nos setores com maior vantagem competitiva, e
que gerassem superávits no saldo da balança comercial, e consequentemente, maiores
divisas.
Entretanto, muitos países se mostraram resistentes à redução de barreiras
tarifárias na agricultura, sobretudo países desenvolvidos, como EUA, Japão e União
Européia, com a alegação de que a persistência de barreiras se dá com o intuito de
garantir a segurança alimentar de sua população e sustentar práticas ambientalmente
corretas no campo.
Contudo, mesmo com algumas restrições ao comércio mundial de commodities o
Brasil se destacou neste período. Ganhos de produtividade, redução de custos, maior
independência de produtores e desenvolvimento de uma agroindústria integrada,
impulsionaram o setor, mesmo com a redução de suportes do governo e elevadas taxas
de juros, oriundas de uma política fiscal rígida, que por sua vez, desestimulava a
aquisição de empréstimos ao mesmo tempo em que expunha os produtores a maiores
riscos de preços4.
De acordo com dados da Food and Agricultural Organization - FAO (2008), as
exportações brasileiras de produtos agrícolas ganharam destaque no mercado mundial,
sobretudo pelo baixo custo de produção, se comparados a outros países, e devido a
menores oscilações de preços, dado um aumento no consumo interno e situação
macroeconômica estável.
O choque positivo nas exportações estimularam o aumento da produção agrícola
brasileira, a qual foi superior a 100% entre 1990 e 2005 (IBGE, 2005). Algumas
culturas se consolidaram como carro-chefe do agronegócio brasileiro, como a cana-deaçúcar, e outras tiveram um aumento expressivo, devido tanto ao aumento do comércio
internacional, quanto ao maior consumo interno, como o caso da carne de frango.
4
Pois com a redução de suporte gorvernamental, muitos setores em que o governo garantia um preço
mínimo, passaram a concorrer diretamente com preços de mercados, muitas vezes influenciados pelos
preços das commodities no mercado internacional.
25
O Brasil ocupa atualmente posições de destaque na produção mundial de canade-açúcar, carne bovina, carne de frango, carne suína, laranja, café, soja, milho,
algodão, leite, arroz e frutas tropicais, além do setor florestal (para produção de papel e
celulose) e bio-energético (como os bio-combustíveis etanol e biodiesel), sendo um dos
maiores produtores agrícolas do mundo, atrás de China, União Européia e EUA (FAO,
2008).
Em termos de comércio internacional, o país se destaca na exportação das
seguintes commodities: açúcar, etanol, carne bovina, carne de frango, carne suína, suco
de laranja, café, soja, algodão e frutas tropicais, ficando aquém apenas dos EUA e
União Européia.
Vale salientar que a taxa de crescimento da produção e exportação agrícola
brasileira tem permanecido acima da média mundial nas últimas décadas, e a
expectativa é de que a participação brasileira aumente ainda mais no cenário
internacional, por diversas razões.
A primeira se dá pela gradual queda de barreiras tarifárias e sanitárias de países
desenvolvidos, que necessitam reduzir o dispêndio com o protecionismo local, além de
perder recentes “batalhas” na Organização Mundial do Comércio - OMC, a partir de
pedidos de retaliações por parte de países que alegam desvios de comércio decorrentes
do protecionismo de alguns países e blocos econômicos.
Segundo, devido ao fato do Brasil possuir áreas agricultáveis ainda não
aproveitadas, em áreas que hoje já foram incorporadas aos cinturões produtivos das
regiões de fronteiras agrícolas.
O terceiro ponto se refere ao avanço tecnológico, mecanização no campo,
capitalização dos produtores e maior integração com a indústria e desenvolvimento de
variedades adaptadas a condições climáticas diversas, assim como ocorreu com a
expansão da soja no Centro-Oeste, a partir do meio da década de 1990. Por fim, esperase um crescimento considerável na economia brasileira nos próximos anos, de acordo
com estimativas do Fundo Monetário Internacional - FMI, e Banco Central do Brasil BACEN, e consequentemente, um aumento no consumo e demanda por alimentos
26
processados, o que deve impulsionar a agropecuária local, ao mesmo tempo em que
investirá em qualidade e produtos diferenciados, abrindo oportunidades de exportação
destes produtos agregados a outros mercados, hoje abertos apenas às commodities innatura, ou seja, ao produto bruto.
O agronegócio brasileiro desempenha, historicamente, importante papel
desenvolvimentista em todas as regiões do país, cada qual com suas particularidades e
características próprias. As áreas de fronteiras agrícolas estabelecidas ao longo do
último século se destacam no cenário nacional, como a região Sul, na produção de
grãos, suínos, aves e pecuária de corte, a região Centro-Oeste, na produção de grãos e
pecuária, e recentemente suínos e aves, a região Nordeste, com a tecnificada produção
de frutas no semi-árido, além da cana-de-açúcar no litoral, e a região Sudeste, com
diversas culturas, entre elas a cana-de-açúcar, pecuária em geral, café, citricultura e
grãos.
6. ETAPAS
DOS
AGROPECUÁRIOS
PRINCIPAIS
SISTEMAS
DE
PRODUÇÃO
5
Respeitanto as peculiaridades de cada sistema agronômico de produção,
pretende-se apresentar algumas características comuns de cultivo para familiarizar o
leitor da ordem em que os eventos agrícolas ocorrem. Primeiramente, deve-se ter em
mente que as etapas básicas das atividades agrícolas, em geral, se referem ao preparo do
solo, plantio, manejo da cultura, colheita e pós colheita (secagem ou acondicionamento
e armazenamento), até a comercialização das commodities, conforme figura 1.
5
Este tópico objetiva apenas dar a noção básica ao leitor sobre as principais etapas nos processos
produtivos agrícolas e pecuários das principais commodities produzidas no Brasil. Para maior
detalhamento, consultar trabalhos mencionados nas referências desta apostila, ou materiais específicos
presentes em diversas bases de artigos, livros e teses da literatura nacional e internacional.
27
Figura 4 - Fluxograma generalizado dos sistemas produtivos agrícolas
Fonte: Dados da pesquisa.
Obviamente, cada cultura apresenta características peculiares a elas próprias,
podendo haver etapas intermediárias adicionais às apresentadas6, ou mesmo diferenças
quanto ao tipo de atividade, como por exemplo, se a cultura é sazonal (grãos), semi
perene (cana de açúcar), perene (laranja). No caso de culturas perenes e semi perenes,
adicionam-se ao processo a reforma da área cultivada após o término do ciclo ótimo de
produção da cultura, a abertura de covas antes do plantio de mudas, entre outros.
Em relação ao preparo do solo, pode-se considerar o plantio convencional, ou o
plantio direto. No primeiro, há maior movimentação de solo (uso de grades e arados),
enquanto no segundo, a implantação de novo ciclo da cultura é feito em solo pouco ou
não-revolvido, e protegido por cobertura morta proveniente de restos culturais ou
cobertura vegetal cultivadas para esta finalidade.
No plantio de grãos, em geral7, utiliza-se a semeadora-adubadora, implemento
que realiza a semeadura e a adubação no sulco de plantio numa mesma operação,
tomando cuidado para não deixar a semente em contato direto com o fertilizante.
6
Como por exemplo, o caso do arroz irrigado, cuja irrigação é realizada após o manejo, alagando-se a
área cultivada, e posteriormente, drenando-se esta área alagada para a colheita do ceral.
7
Como o caso das culturas graneleiras, como soja, milho, arroz e trigo.
28
Já na etapa de manejo, se dá o controle preventivo, cultural, mecânico e químico.
O método preventivo pode ser feito através do uso de sementes de boa procedência.
Como controle cultural, o espaçamento deve ser adequado de maneira a favorecer o
fechamento e sombreamento do solo, aplicação de adubo em linha, adubação de
cobertura e rotação de cultura. O controle mecânico é a capina da área, que pode ser
feita manualmente ou através de cultivadores, arados e grades. O controle químico é o
mais utilizado atualmente por produtores e se dá pela aplicação de herbicidas para
combate de plantas daninhas. Além disso, a aplicação de fungicidas (combate a doenças
fúngicas) e pesticidas (combate a insetos e ácaros) são realizadas, costumeiramente,
nesta etapa.
No que se refere a colheita, esta constitui uma importante etapa no processo
produtivo agrícola. A colheita deve ser realizada no momento exato em que a planta
atinge o estágio fenológico ideal, para que não haja perdas quantitativas e/ou
qualitativas. Terminada a colheita, a produção deve ser transportada para os locais de
beneficamento e armazenagem, a fim de que passem por processo de pós colheita,
limpeza, secagem (grãos) ou seleção e embalagem (frutas), depois sejam armazenadas
ou comercializadas.
Conforme mencionado, outras atividades podem ser consideradas, dependendo
do tipo de cultura. No caso do café, existe ainda a etapa de preparo, após a colheita,
onde haverá a separação das impurezas, a maturação dos frutos, a eliminação da casca e
secagem do fruto. Na citricultura e viticultura, existe ainda a etapa de beneficiamento da
fruta que não irá para mesa, transformando as mesmas em sucos concentrados ou
vinhos, respectivamente. Já o caso da orizicultura em sistema irrigado, há o alagamento
das áreas de lavoura após o manejo e a drenagem anterior à colheita. No caso da
triticultura, cotonicultura e cana de açúcar, verifica-se a necessidade da aplicação de
maturadores. Na cotonicultura, ainda, existe a etapa de aplicação de desfolhantes,
dessecantes e maturadores dias antes da colheita, além da destruição dos restos vegetais
após a colheita (a fim de se evitar a proliferação de pragas e doenças).
Ao considerar as principais atividades de criação animal no Brasil, ressaltam-se
as etapas do processo anteriores ao início do ciclo produtivo, principalmente no que se
refere ao confinamento. Estas atividades vão desde o cruzamento de espécies
29
selecionadas até o fornecimento de matrizes para produção. Outras etapas referentes à
pecuária são o período de acompanhamento do crescimento dos animais e manejo, que
se referem à alimentação dos mesmos, vacinação, estrutura física, ventilação e
temperatura do local, entre outros. Após o ciclo de crescimento e abate, sucedido pela
comercialização, deve-se ater à limpeza e desinfecção do local, até o período de
produção do novo ciclo. Estas características são peculiares, principalmente, à
suinocultura, avicultura e bovinocultura leiteira. Para maior elucidação, observa-se na
figura 2, o fluxograma de produção da suinocultura.
Figura 5 - Fluxograma do sistema produtivo de suínos
Fonte: Dados da pesquisa.
No caso de confinamento de bovinos para corte, adiciona-se ainda a etapa de
adaptação e separação de lotes homogêneos por baia, respeitando-se o peso, raça e sexo
dos bovinos. Além disso, novas etapas de pesagem dos animais são incluídas no
processo. Já no caso do confinamento de bovinos leiteiros, incluem-se as etapas de
ordenha e armazenagem do leite em condições apropriadas. No caso da ordenha, os
animais são submetidos em média (à ordenha) duas vezes por dia, o que explica o fato
do cuidado com o deslocamento mínimo dos animais ao longo do dia, evitando-se
estresse do animal e otimizando o tempo para extração do leite .
30
7. DESCRIÇÃO DOS SETORES
6.1
Dados gerais da produção de café
O café, produto de grande importância para agricultura brasileira, sobretudo no
século XIX, é atualmente um dos itens mais tradicionais da pauta de exportação do
agronegócio brasileiro. O Brasil se apresenta como o principal produtor mundial, com
34,5 milhões de sacas em 20098 (equivalente a 2,4 milhões de toneladas). Atualmente, a
produção brasileira correspondente a aproximadamente 30% do volume total mundial
produzido, sendo que seus principais concorrentes no mercado mundial estão muito
aquém desse percentual de participação. Apesar disso, de acordo com dados fornecidos
anualmente pelo IBGE, a produção de café brasileira decresceu a um patamar próximo
de 30% na última década, onde chegou a alcançar entre 1998 a 2001, patamares de
produção acima de 3,2 milhões de toneladas.
É necessário salientar, entretanto, que o consumo de café no Brasil também está
entre os maiores do mundo, atrás somente dos EUA. Atualmente o Brasil consume
cerca de metade de sua produção, com o restante sendo destinados à exportação ou
estocagem. Entretanto, destaca-se que este consumo interno tem crescido a uma taxa
média de 4% ao ano, desde a última década, em detrimento a 1,5% ao ano na média
8
Contudo, deve-se prestar atenção ao fato de que a cafeicultura apresenta uma alteração significativa de
produção de um ano para outro, em decorrência da bi anualidade da cultura.
31
mundial. Segundo relatório da FIESP (2008), este avanço tem sido obtido graças à
consolidação dos mercados de cafés gourmet e especiais no país, algo já recorrente há
algum tempo em países desenvolvidos e que se destacam pelo alto consumo per capita
de café, como a Alemanha, França e Itália, e EUA.
Com uma área cultivada acima de 2,3 milhões de hectares em 2009, o café é a 5ª
cultura agrícola em uso de terras no Brasil, situando-se atrás apenas das culturas da soja,
milho, cana-de-açúcar e arroz. Mais da metade da produção está concentrada no Estado
de Minas Gerais. Além deste, São Paulo, Paraná, Espírito Santo e Bahia são os outros
Estados com alguma representatividade do cultivo de café, sendo os três primeiros,
historicamente tradicionais produtores de café, e o quarto, produtor recente e que vem
ganhando espaço na cultura cafeeira desde a década de 1990. Outro ponto importante a
se ressaltar é que a cultura do café gerou um valor de produção de aproximadamente R$
8 bilhões ao ano nas últimas safras, o que ratifica sua importância econômica como um
dos produtos agrícolas que mais geram divisas ao país, impactando positivamente no
saldo da balança comercial do país.
De acordo com o último Censo Agropecuário Brasileiro, realizado pelo IBGE
(2007), a cultura cafeeira se dá em um total de 200.859 estabelecimentos produtores
espalhados pelo país, com mais de 1,5 milhões de hectares de área colhida 9 . Na Tabela
F
F
1 pode-se observar que poucos são os estabelecimentos com mais de 500 hectares, ou
seja, grandes propriedades, embora o café seja uma cultura com alta produtividade por
hectare o que já classifica propriedades com 100 hectares como grandes. Se considerar
os tais estabelecimentos com mais de 100 hectares, estes correspondem a 0,76% do
total, porém correspondem a aproximadamente 21% da área colhida, 25,8% da
produção, e 26,3% do valor da produção gerado pelo setor.
9
Nota: o último censo agropecuário foi divulgado em 2006, sendo seus dados, portanto, referentes a
2006. Ao longo do relatório será observado que os dados de produção, área colhida e valor da produção
deste censo não será igual ao apresentado na última safra, em decorrência da defasagem de três anossafras entre os mesmos. Porém, é importante a ilustração dos dados do censo para se entender o perfil das
propriedades rurais produtoras das diferentes commodities que aqui serão apresentadas.
32
Tabela 1 - Características gerais dos estabelecimentos cafeeiros no Brasil
Tamanho da propriedade
Estabelecimentos
Produção (ton)
Valor da produção (mil R$)
Área colhida (ha)
Produtor sem propriedade
Maior de 0 a menos de 1 ha
22.400
35.971
0
44.879
1
119.636
80.497
37.611
De 1 a menos de 2 ha
32.804
68.799
206.172
52.669
De 2 a menos de 5 ha
60.689
253.417
823.779
222.224
De 5 a menos de 10 ha
24.324
220.911
917.728
192.373
De 10 a menos de 20 ha
13.028
230.533
881.588
199.747
De 20 a menos de 50 ha
7.726
336.521
1.427.560
259.477
De 50 a menos de 100 ha
2.395
247.112
1.045.238
178.674
De 100 a menos de 200 ha
1.057
218.022
830.236
157.535
De 200 a menos de 500 ha
415
198.383
828.189
123.092
50
200.859
71.142
1.889.719
276.013
7.356.140
43.186
1.547.085
De 500 ha e mais
Total
Fonte: IBGE, 2007
Mesmo com grande representatividade dos estabelecimentos com mais de 100
hectares sobre a área colhida, produção e valor da produção, o potencial da cadeia se
encontra em médios produtores, inseridos entre as faixas de 10 a 100 hectares, os quais
representam pouco mais de 11% dos estabelecimentos, e cerca de 45% do valor de
produção do setor.
É necessário observar, entretanto, que parte da produção está pulverizada de
maneira semelhante entre os estratos de propriedades com mais de 2 hectares, ou seja,
ao analisar-se qualquer projeto de investimento ou mapeamento deste mercado, deve-se
considerar pequenos, médios e grandes produtores com a mesma atenção.
Detalhando um pouco mais as características do setor cafeeiro no Brasil, e
analisando a participação das principais regiões produtoras, vê-se que Minas Gerais tem
uma grande importância no cenário nacional. A produção mineira representou em 2009,
50% da área colhida e produção, além de mais de 50% do valor de produção do café no
Brasil, o que reforça o importante papel deste Estado nesta cultura. Vale ressaltar que a
maior parte da produção mineira se dá com o café arábica, reconhecido pela melhor
qualidade, e consequentemente, pelo maior valor de mercado.
Além de Minas Gerais, o Espírito Santo mostra força neste setor, com cerca de
25% da produção em 2009, e 22% da área plantada. Diferentemente de Minas Gerais, a
produção capixaba é basicamente de café conilon, o qual não tem o mesmo valor de
mercado que o café arábica.
33
Outros Estados que possuem alguma representatividade na cultura cafeeira são
São Paulo com 7,6%, Bahia com 7%, e Paraná com 3,6% aproximadamente da
produção e área cultivada.
Tanto para Minas Gerais, quanto para São Paulo, a grande representatividade do
perfil de produtores está na faixa onde os estabelecimentos possuem de 20 a 500
hectares, caracterizando o perfil de médio a grande produtor, declinando em maior parte
aos médios produtores, com até 100 hectares. Entretanto, Paraná e Espírito Santo
concentram sua produção em estabelecimentos pequenos, com até 10 hectares, enquanto
na Bahia, Estado que tem absorvido grande parte das novas áreas cafeeiras do Brasil, o
perfil é de grande produtor, com mais de 100 hectares, indicando que por ser uma área
nova, tem recebido investimento de produtores mais capitalizados.
Analisando as grandes regiões produtoras de café no país, Minas Gerais e
Espírito Santo, deve-se atentar a algumas micro-regiões geográficas que se destacam na
produção.
Em Minas Gerais três áreas destoam das demais, na ordem: o sul do Estado,
sobretudo nas proximidades dos municípios de Varginha, São Sebastião do Paraíso,
Guaxupé, Alfenas, Poços de Caldas, Passos, Piuí e Oliveira; o Triângulo Mineiro,
incluindo Patrocínio, Araxá, Patos de Minas, Ituiutaba e Uberlândia; e o sudeste do
Estado, próximos à divisa com Espírito Santo, onde se localizam Caratinga, Manhuaçu,
Ponte Nova, São Lourenço e Viçosa.
No Espírito Santo, a maior parte da produção está situada nas micro-regiões dos
municípios de Alegre e Afonso Cláudio, próximos à divisa com o sudeste de Minas
Gerais.
Em suma, o desempenho da economia cafeeira brasileira tem se mantido em
patamar elevado em parte pelo aumento do consumo doméstico acima da média
mundial e pela diversificação desta demanda, e em outra, pelas conquistas de novos
mercados no comércio mundial. Além disso, deve-se ressaltar a integração das ações do
governo, produtores, cooperativas e indústrias, quanto às inovações produtivas,
certificação da qualidade e programas de incentivo ao consumo, que sustentaram o setor
ao cenário atual.
34
Figura 5 - Sistema Agroindustrial do Café no Brasil
Fonte: Adaptado de SAES, M. S. S. et al. (1998).
Bibliografia Recomendada
CAMARGO. F.T. de. Crescimento e maturação do fruto do café (Coffea arabica L.)
em sistema arborizado e em monocultivo. 2007. 42 p. Dissertação (Mestrado em
Fitotecnia) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São
Paulo, Piracicaba, 2007.
CARVALHO, G.R. Avaliação de sistemas de produção de café na região sul de
Minas Gerais: um modelo de análise de decisão. 2002. 68 p. Dissertação (Mestrado em
Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade
de São Paulo, Piracicaba, 2002.
JESUS. J. de. Atributos do solo e da nutrição do cafeeiro em sistema agroflorestal e em
monocultivo. 2008. 147 p. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2008.
MALAVOLTA, E. Nutrição mineral e adubação do cafeeiro: colheitas econômicas
máximas. São Paulo: Agronômica Ceres, 1993. 210 p.
SAES, M. S. S.; JAYO, M.; NAKAZONE, D.; SILVEIRA, R. L. F. Competitividade no
Agribusiness Brasileiro: Competitividade do Sistema Agroindustrial do Café. São
Paulo. PENSA/FIA/FEA/USP. 1998.
35
6.2
Dados gerais da produção de cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar é um dos cultivos mais tradicionais do Brasil, desde os tempos
de colônia e segue, atualmente, com um lugar de destaque entre os produtos agrícolas
brasileiro, sendo o Brasil o maior produtor mundial deste produto, seguido da Índia.
A cultura ocupou cerca de 9,6 milhões de hectares em 2009, o que a coloca
como 3ª cultura mais cultivada no Brasil, atrás apenas da soja e do milho. Além disso,
nos últimos quinze anos, as exportações brasileiras do complexo sucroalcooleiro (açúcar
e álcool) foram significativamente expandidas. Resultado disso é o tamanho do valor
desta produção, acima dos R$25 bilhões, resultado da colheita de 690 milhões de
toneladas no referido ano-safra.
Esta expansão da produção canavieira é refletida ao se analisar os números do
volume de produção acumulado ano a ano. Na última década, a produção cresceu a um
patamar médio de 7% ao ano, e um acumulado de 80% neste período (IBGE, 2010).
Para melhor compreender o complexo sucroalcooleiro, é necessário analisar
separadamente o açúcar, o álcool e a capacidade de co-geração de energia, os quais são
36
os principais produtos derivados da atividade canavieira, e que possuem características
absolutamente distintas, embora seus problemas, desafios e potenciais sejam
relacionados.
De acordo com o censo agropecuário de 2006 (IBGE, 2007), existem quase 200
mil estabelecimentos produtores de cana-de-açúcar no Brasil. Embora a maior parte dos
estabelecimentos produtores esteja na faixa entre 5 a 100 hectares, as poucas centenas
de produtores com mais de 2.500 hectares representam algo em torno de 55% da
quantidade produzida, e 50% da área colhida e valor da produção, mostrando uma alta
concentração deste setor. Ao se considerar propriedades com mais de 100 hectares, algo
em torno de 10% do total de estabelecimentos produtores, esta proporção salta para
mais de 90% no volume, tanto para área colhida como para valor da produção,
reiterando ainda mais a concentração do setor.
Tabela 2 - Características gerais dos estabelecimentos canavieiros no Brasil
Tamanho da propriedade
Produtor sem propriedade
Mais de 0 a menos de 0,1 ha
Estabelecimentos
Produção (ton)
Valor da produção (mil R$)
Área colhida (ha)
2.089
1.960
63.254
11.758
4.556
1.613
2.257
290
179
De 0,1 a menos de 0,2 ha
791
6.893
747
De 0,2 a menos de 0,5 ha
1.842
24.710
1.907
700
De 0,5 a menos de 1 ha
3.535
83.580
6.395
2.142
De 1 a menos de 2 ha
9.088
305.508
26.047
9.155
De 2 a menos de 3 ha
9.530
1.289.826
70.018
23.588
De 3 a menos de 4 ha
9.086
517.243
32.395
13.005
De 4 a menos de 5 ha
8.562
459.532
34.387
12.686
De 5 a menos de 10 ha
32.322
3.187.672
202.187
73.578
De 10 a menos de 20 ha
40.244
5.209.346
373.268
108.874
De 20 a menos de 50 ha
38.758
12.225.604
928.558
233.475
De 50 a menos de 100 ha
15.309
14.161.678
973.294
244.118
De 100 a menos de 200 ha
9.236
22.371.677
1.181.260
354.313
De 200 a menos de 500 ha
6.511
34.368.260
2.114.708
554.237
De 500 a menos de 1000 ha
2.187
30.062.974
1.415.162
447.425
De 1000 a menos de 2500 ha
1.126
46.392.606
2.212.252
657.213
669
192.845
213.423.037
384.165.158
10.127.367
19.706.121
2.840.416
5.577.651
De 2500 ha e mais
Total
Fonte: IBGE, 2007
Mesmo assim, é necessário considerar que este grupo (acima de 100 hectares)
corresponde a quase 20 mil estabelecimentos produtores, o que acarreta em um
considerável mercado potencial para investimento em novas tecnologias, maquinários e
insumos agrícolas em geral. Ainda, salienta-se que a participação das usinas
processadoras de açúcar e álcool na produção da cana-de-açúcar, arrendamento de terras
37
e relações contratuais com os produtores, abre um nicho de oportunidade ainda maior,
na medida em que se negocia com grupos capitalizados.
Ao se analisar os principais Estados brasileiros produtores de cana-de-açúcar,
nota-se que o Estado de São Paulo concentra mais de 60% do volume produzido e valor
gerado, com Minas Gerais, Paraná, Alagoas e Pernambuco representando cada um,
respectivamente, em torno de 8,5%, 8%, 4% e 3% da produção nacional.
É necessário frisar, entretanto, que as características dos estabelecimentos
produtores em todos os principais Estados na cultura canavieira, apresentam
comportamento semelhante ao cenário observado nacionalmente, ou seja, em todos os
Estados, destacam-se os grandes produtores, sobretudo aqueles com mais de 2.500
hectares.
A produção paulista é presente na maior parte do interior do Estado, situada
acima do Trópico de Capricórnio. São três as meso-regiões predominantes: Ribeirão
Preto no norte e nordeste, Piracicaba no centro, e Araçatuba no noroeste e oeste
paulista. Detalhando as principais micro-regiões produtoras pode-se apontar como
destaque no primeiro grupo: Ribeirão Preto, Jaboticabal, São Joaquim da Barra, São
José do Rio Preto, Catanduva e Barretos; no segundo grupo: Piracicaba, Limeira,
Araraquara, São João da Boa Vista; e no terceiro grupo: Araçatuba, Bauru, Jaú, Lins,
Birigui, Assis, Presidente Prudente, Adamantina e Ourinhos.
A produção mineira é encontrada nas áreas próximas à região de Ribeirão Preto,
sobretudo no Triângulo Mineiro, em Uberaba, Uberlândia, e Frutal, com crescimento
cada vez acentuado em direção ao sul de Goiás.
Já a produção paranaense é encontrada no norte daquele Estado, circundando as
áreas que fazem divisa com sudoeste e oeste de São Paulo, onde se localizam Cornélio
Procópio, Londrina, Paranavaí, Astorga e Cianorte.
Nos Estados de Alagoas e Pernambuco, o cultivo da cana é muito próxima ao
litoral, com destaque à região de São Miguel dos Campos, Maceió e Mata Alagoana,
todos em Alagoas.
Os Estados do Centro-Sul, especialmente São Paulo e Paraná possuem vantagem
na produção tanto de etanol quanto de açúcar, estando então mais propensos a
receberem maiores investimentos, em decorrência do grande aumento da demanda por
38
etanol, e da pressão no mercado internacional por combustíveis alternativos aos de
origem fóssil, ous seja, de origem vegetal. Contudo, nota-se desde então, uma rápida
expansão desta produção pelo Triângulo Mineiro, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato
Grosso, os quais devem aumentar sua participação sobre o montante total produzido em
escala nacional.
Conclui-se que este é um setor de expressiva representatividade ao agronegócio
brasileiro, ainda mais ao se considerar a tendência de maior expansão da cultura
canavieira em antigas áreas de pastagens ou em substituição a outras culturas nos
Estados mencionados.
Um ponto importante a se considerar se dá em relação ao fato de que a partir de
2013, será erradicada de vez a queima da cana-de-açúcar no Estado de São Paulo, o que
levará com que produtores de tradicionais regiões onde a colheita mecanizada é inviável
na maioria das áreas (como Piracicaba-SP) adotem tecnologias eficientes para colheita
da “cana verde”, que não seja manual, dado à expressiva queda de produtividade do
trabalhador no corte desta cana, abrindo potencial de mercado para desenvolvimento
decolhedoras menores, mais leves e adaptadas a maior declividade, ou mesmo, a uma
maior expansão às áreas de cana-de-açúcar no Centro-Oeste brasileiro.
Figura 5 - Sistema Agroindustrial da Cana-de-açúcar no Brasil
Fonte: Adaptado de WAACK, R. S. et al. (1998).
39
Bibliografia recomendada
ALVES, L.R.A. Transmissão de preços entre produtos do setor sucroalcooleiro do
Estado de São Paulo. 2002. 107 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo,
Piracicaba, 2002.
CARUSO, R.C. Análise da oferta e demanda de açúcar no Estado de São Paulo.
2002. 79 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002.
MARQUES, P.V.; SONODA, D. Y. ; ZILIO, L. B. ; XAVIER, C. E. O. Custos de
Produção de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol no Brasil - safra 2007/2008.
PECEGE/ESALQ/USP, Piracicaba, 2009. 194 p.
RIPOLI. C; VILLANOVA, N.A. Colheita mecanizada da cana-de-açúcar: novos
desafios. Stab Açúcar, Álcool e Subprodutos, Piracicaba, 11(1):28-31, set./out. 1992.
WAACK, R. S.; NEVES, M. F.; MORAES, S.; MARINO, M. K.; SZASZ, A. H.
Competitividade no Agribusiness Brasileiro: Competitividade do Sistema
Agroindustrial da Cana-de-Açúcar. São Paulo. PENSA/FIA/FEA/USP. 1998.
40
6.3
Dados gerais da produção de milho
O Brasil possui uma característica que o diferencia dos demais países produtores de
milho: a possibilidade de plantio de duas safras, no mesmo ano agrícola, sem a
necessidade de irrigação (EMBRAPA, 2003). A primeira, e principal safra, é a de verão,
seguida da safra de inverno, também chamada de safrinha. A safra de verão é plantada
logo do início da temporada de chuvas (durante a primavera, na região tropical e
subtropical), entre os meses de setembro a novembro. Já o plantio do milho safrinha
varia de janeiro a abril, normalmente após a colheita da soja precoce, e se dá até o início
da época de estiagem. Apesar do período mais seco ocasionar em menor produtividade
do milho safrinha, este problema tem sido amenizado ao longo dos últimos anos, devido
a investimentos em novas tecnologias, como cultivares mais adaptados. Nas últimas
safras, em média, o milho de inverno correspondeu a cerca de 30% da produção total,
com os outros 70% sendo colhidos do cultivo de milho verão (IBGE, 2010).
A produção brasileira de milho é quase que completamente absorvida pelo
mercado doméstico, sendo sua maior demanda pelo segmento de alimentação animal
(rações). Eventualmente, ocorrem excedentes da produção para exportação ou aumentos
de estoques, ou o contrário, sendo necessário importação para reposição dos estoques.
Porém, de acordo com IBGE (2010), desde o início da década de 2000, a
41
produção de milho no país tem se estabelecido em um patamar mais elevado que o
consumo doméstico, gerando excedentes exportáveis. Este impulso se ocasionou devido
a elevação nos preços do milho, resultante do aumento da demanda mundial pelo cereal
destinado à produção de etanol, principalmente nos EUA, maior produtor de etanol
mundial, todo ele à base de milho.
De acordo com USDA (2008), a produção norte-americana de etanol consumiu
81,3 milhões de toneladas de milho em 2007, e mais de 90 milhões de toneladas em
2008, o que mostra a elevada demanda por essa commodity para a produção de
combustível, e explica as sucessivas altas no preço futuro de milho na Bolsa de Chicago
- CME, desde 2006. Este fato, entre outros, refletiram no crescimento da produção de
milho no Brasil nos últimos anos. Observou-se, a partir de dados de produção anual
fornecidos pelo IBGE (2010), um crescimento médio de 8,2% ao ano, na última década,
com um acumulado de 76% no período.
Segundo grão mais produzido no Brasil, o cultivo do milho gera expressivo
volume de produção, tendo alcançado nos últimos anos, mais de 50 milhões de
toneladas. Em 2009, o volume produzido foi de pouco mais de 51 milhões de toneladas
(34 milhões milho safra, e 17 milhões milho safrinha), utilizando-se de 14,2 milhões de
hectares em todo o país.
Esta é uma cultura heterogênea quando se trata de regiões produtoras. Embora os
Estados produtores de grãos, como os do Sul, Centro-Oeste e Minas Gerais ocupem
posição de destaque na cultura do milho, sua produção é encontrada em todo país, até
devido a razão de ser quase toda consumida internamente, e ser um produto altamente
utilizado na alimentação de animais, ou produção de alimentos destinados à população.
De acordo com os dados do último censo agrícola do IBGE (2007)10, existem
mais de 2 milhões de estabelecimentos agrícolas que produziam milho. A produção se
aloca em propriedades de tamanho diversos, desde áreas com menos de 1 hectare (25%
do total dos estabelecimentos) até com mais de 2.500 hectares.
Apesar desta diversidade entre os estratos produtores, deve-se atentar que são os
estabelecimentos que produzem a partir de 5 hectares que representam a maior parcela
da produção e de seu valor gerado, com destaque aos produtores no estrato entre 20 a 50
10
Os dados do Censo Agrícola referem-se ao ano corrente de 2006.
42
hectares, além dos dois últimos estratos, que embora representem 0,4% do total de
produtores, resultam em 22% da produção e de seu valor.
Tabela 3- Características gerais dos estabelecimentos produtores de milho no Brasil
Estabelecimentos
Produção (ton)
Valor da produção (mil R$)
Área colhida (ha)
Produtores sem propriedade
Mais de 0 a menos de 0,1 ha
91.353
113.615
42.304
97.328
26.795
21.581
7.383
9.200
De 0,1 a menos de 0,2 ha
15.151
19.295
6.489
7.381
De 0,2 a menos de 0,5 ha
60.300
69.333
24.263
33.455
De 0,5 a menos de 1 ha
135.459
238.306
79.327
129.699
De 1 a menos de 2 ha
211.148
648.393
205.543
346.021
De 2 a menos de 3 ha
138.274
652.156
198.736
319.270
De 3 a menos de 4 ha
110.690
637.981
190.064
288.094
De 4 a menos de 5 ha
84.511
729.505
197.115
267.981
De 5 a menos de 10 ha
261.956
2.840.635
757.069
929.268
De 10 a menos de 20 ha
320.737
4.811.044
1.249.739
1.429.749
De 20 a menos de 50 ha
329.696
6.759.785
1.831.501
1.946.909
De 50 a menos de 100 ha
127.014
3.599.254
995.836
1.017.650
De 100 a menos de 200 ha
61.802
3.362.950
887.397
866.731
De 200 a menos de 500 ha
36.357
4.359.051
1.150.307
1.057.467
De 500 a menos de 1000 ha
11.201
3.973.411
1.020.161
876.279
De 1000 a menos de 2500 ha
5.562
4.508.992
1.181.037
982.263
2.116
2.030.122
4.936.513
42.281.800
1.338.371
11.362.642
1.119.617
11.724.362
Tamanho da propriedade
De 2500 ha e mais
Total
Fonte: IBGE (2007)
Conforme mencionado, a produção de milho, apesar de marcar presença em todo
o território nacional, tende a ter maior representatividade a partir dos Estados do Sul, do
Centro-Oeste, Minas Gerais e São Paulo, com o Paraná na 1ª posição deste ranking. A
produção nestas localidades representam mais de 80% do total produzido no país.
Ainda, ao se analisar a peculiaridade desta cultura em cada Estado destacado,
nota-se que na maioria, segue-se a tendência geral observada para o setor em todo o
país. Neste caso, a produção é diversificada em diferentes estratos, com destaque aos
estratos entre 20 a 50 hectares. Entretanto, no Mato Grosso (2º maior produtor), o
grande volume produzido é gerado nas grandes propriedades, com mais de algumas
centenas de hectares. Em Minas Gerais e São Paulo, os estratos dos produtores acima de
100 hectares também são bastante relevantes ao total da produção e seu valor.
A produção de milho no Paraná é significativa em diversas regiões do Estado.
Primeiramente no oeste paranaense, sobretudo nas micro-regiões de Toledo, Cascavel e
Foz do Iguaçu; outra região produtora é o sul do Estado, composto por cidades como
Francisco Beltrão, Guarapuava, Ponta Grossa e arredores de Curitiba. Ainda, outras
43
micro-regiões situados ao norte e noroeste do Estado se destacam, como Campo
Mourão, Goierê e Apucarana.
Já em Mato Grosso, a produção é expressiva na região do Alto Teles Pires, no
centro-norte do Estado, a qual engloba municípios como Lucas do Rio Verde, Sorriso,
Nova Mutum e Tapurah. Outra grande área produtora é Parecis no cento do Estado,
onde se localiza o município de Tangará da Serra. Ainda, Sinop, no norte, e Primavera
do Leste e Rondonópolis, no sudeste mato-grossense, se destacam na produção de
milho.
Em Goiás, as áreas produtoras de milho são as mesmas de soja, assim como em
Mato Grosso. O maior pólo produtor está situado no sudoeste do Estado, na região de
Rio Verde. Ainda as regiões do Entorno de Brasília e de Meia Ponte apresentam
produção relevante.
No Rio Grande do Sul, destaca-se a produção no norte do Estado, em Erechim,
Frederico Westphalen e Santa Rosa, esta mais a noroeste; no centro-norte, em Passo
Fundo e Carazinho; e nordeste, em Vacaria e Guaporé. Vale ressaltar, entretanto, que
assim como no Paraná, muitas outras regiões do Estado apresentam alguma produção
relativa de milho.
Já em Minas Gerais, deve-se atentar à produção do Triângulo Mineiro, mais
especificamente em Uberaba, Araxá, Patrocínio, Uberlândia e Patos de Minas. A
exceção do Triângulo Mineiro, apenas outras duas micro-regiões se destacam no cultivo
de milho no restante do Estado: Unaí, no norte, e São João Del Rei no centro, sendo esta
última, a maior região produtora mineira.
Em São Paulo, o oeste do Estado é um centro produtor graneleiro, onde o milho
se destaca em Itapeva, Ourinhos e Assis. Ainda, encontram-se cultivos expressivos em
Batatais e São João da Boa Vista, no nordeste paulista.
Em Santa Catarina, há um significativo pólo produtor no centro do Estado, que
engloba as regiões de São Miguel do Oeste, Chapecó, Concórdia, Joaçaba e Canoinhas,
as quais englobam o entremeio entre as áreas produtoras de milho do norte do Rio
Grande do Sul e sul do Paraná. Por fim deve-se destacar a região de Dourados, em Mato
Grosso do Sul, que representa boa parte da produção daquele Estado.
44
Assim, quando se analisa a cadeia produtiva do milho, devem-se relevar os
Estados produtores do Centro-Sul, com bastante atenção ao que vem acontecendo no
Estado de Mato Grosso, cuja produção cresce ano a ano e acompanha muito o
crescimento da sojicultura local. A instalação de plantas industriais para abate de aves e
suínos e as formações de clusters para a agroindústria da soja, além da crescente
demanda por bio-combustíveis e etanol, podem elevar os preços de ambas as
commodities. Desta forma,
produtores
capitalizados
deverão aumentar seus
investimentos em tecnologias diversas, desde o melhoramento de variedades, até
máquinas agrícolas para atividades como preparo de solo, plantio e adubação, e colheita
e pós-colheita.
Figura 6 - Sistema Agroindustrial do Milho no Brasil
Fonte: Adaptado de SOUZA et al.(1998).
45
Bibliografia recomendada
CHIODI, L. Integração espacial no mercado brasileiro de milho. 2006. 89 p.
Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006.
GUIMARÃES, V.A. Análise do armazenamento de milho no Brasil com um modelo
dinâmico de expectativas racionais. 2001. 136 p. Tese (Doutorado em Economia
Aplicada) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São
Paulo, Piracicaba, 2001.
RISSETO, V.V. Fluxos de produção e consumo de milho no sul e sudeste do Brasil.
2001. 102 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2001.
EMPRESA BRASILEIRA DE AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. REVISTA
BRASILEIRA DE MILHO E SORGO - RBMS, Sete Lagoas. Disponível em: <
http://rbms.cnpms.embrapa.br/index.php/ojs>
SOUZA, L. L. S.; AZEVEDO, P. F.; SAES, M. S. VIEGAS, C. Competitividade no
Agribusiness Brasileiro: Competitividade do Sistema Agroindustrial do Milho. São
Paulo. PENSA/FIA/FEA/USP. 1998.
46
6.4
Dados gerais da produção de soja
A soja é a principal cultura agrícola brasileira, em termos de volume de
produção e de área cultivada. Além disso, é o principal produto de exportação do
agronegócio brasileiro, através da soja em grão, farelo e óleo. O Brasil é o 2º produtor
mundial desta commodity, atrás apenas dos Estados Unidos, com o qual tem alternado o
1º lugar nas exportações mundiais ao longo da última década (FAO, 2010).
O consumo da soja no mercado interno é amplamente destinado à alimentação
animal, na forma de farelo para as rações de aves, suínos e rebanhos leiteiros.
Entretanto, a alimentação humana tem certa representatividade (porém discreta) a partir
da utilização de óleo comestível. Também, outros produtos tem ganhado destaque,
como bebidas e outros alimentos, principalmente aqueles com apelo por uma dieta
saudável (FIESP, 2008).
Outro ponto relevante é que a soja tem sido utilizada, nos últimos anos, como
fonte de bio-energia. A conversão do óleo em combustível tem sido praticada em escala
considerável, sobretudo a partir de 2008, quando tornou-se obrigatória a utilização de
2% de biodiesel em mistura com o diesel.
Segundo FIESP (2008), a soja, a despeito dos elevados preços internacionais que
reduzem sua viabilidade econômica para a produção de biodiesel, deve permanecer, no
Brasil, como a principal matéria-prima para essa finalidade, uma vez que outras
47
culturas, que poderiam ser mais eficientes na produção de óleo, ainda não são capazes
de atender parcela significativa da demanda interna, de cerca de 850 milhões de litros.
Em relação à área plantada, esta representou 45% do total ocupado com grãos no
Brasil, ou 21,7 milhões de hectares em 2009, tendo sido só nos últimos dez anos,
expandida em mais de 9 milhões de hectares. Em termos quantitativos, a produção
brasileira alcançou 57 milhões de toneladas na safra 2009, o que significa crescimento
absoluto acima de 120% ao longo da última década, com uma média de crescimento
superior a 8% ao ano (IBGE, 2010). Verifica-se assim, que o aumento do volume de
produção foi 41,4% superior ao da área plantada, desde 1997, demonstrando
significativo ganho de produtividade. Este ganho foi obtido através de investimentos em
fatores tecnológicos, como a maior eficiência e utilização de defensivos e fertilizantes,
mecanização, manejo e utilização de variedades melhoradas e específicas para as
diferentes regiões produtoras.
Principal cultura de grãos em termos de volume e valor da produção no país, a
soja contribui com mais de R$20 bilhões de receitas geradas ao ano ao agronegócio
brasileiro. Diferente do milho, esta cultura tende a gerar um valor agregado maior, além
de sua produção ser mais concentrada ao longo do território nacional, localizando-se em
algumas regiões específicas do Sul e Centro-Oeste.
Em virtude dos ganhos de produtividade e desenvolvimento de novas variedades
adaptadas ao cerrado, o mapa da produção brasileira de soja sofreu uma série de
transformações no decorrer dos últimos 30 anos. A Região Sul, que detinha
aproximadamente 90% da produção, foi perdendo importância em relação aos Estados
da Região Centro-Oeste, que hoje participam com cerca de metade do total produzido.
Originalmente, devido ao clima ameno nos Estados do Sul, o cultivo da soja no
Brasil era predominante nesta região. Com avanços tecnológicos e genéticos em novas
variedades, sua produção passou a ser massificada na região Centro-Oeste, e em menos
de duas décadas, tornou o Mato Grosso em um grande produtor nacional e mundial.
Observa-se no Brasil, um número considerável de estabelecimentos que
produzem soja, em torno de 215.000 unidades, de acordo com o censo agropecuário de
2006 (IBGE, 2007). Uma parcela considerável destes produtores produzem em mais de
100 hectares (16,5%), e correspondem a mais de 80% da área colhida, volume
48
produzido e valor gerado. Somente os produtores com mais de 2.500 hectares
respondem a mais de um quarto da produção nacional. Assim, existe um número
considerável de produtores possivelmente de grande porte e capitalizados para altos
investimentos em tecnologias, aquisições de maquinários agrícolas mais modernizados
e expansão da área cultivada.
Tabela 4 - Características gerais dos estabelecimentos produtores de soja no Brasil
Estabelecimentos
Produção (ton)
Valor da produção (mil R$)
Área colhida (ha)
Produtores sem propriedade
Mais de 0 a menos de 0,1 ha
235
23
2.349
42
1.126
36
1.000
36
De 0,1 a menos de 0,2 ha
10
136
54
40
De 0,2 a menos de 0,5 ha
31
74
30
29
De 0,5 a menos de 1 ha
182
993
427
348
3.038
Tamanho da propriedade
De 1 a menos de 2 ha
885
7.990
3.252
De 2 a menos de 3 ha
2.454
23.232
10.043
8.866
De 3 a menos de 4 ha
3.324
50.360
19.708
19.611
De 4 a menos de 5 ha
4.977
137.400
271.008
45.101
De 5 a menos de 10 ha
26.862
489.544
207.693
203.090
De 10 a menos de 20 ha
56.607
1.347.646
574.524
586.246
De 20 a menos de 50 ha
62.101
2.858.815
1.210.146
1.221.120
De 50 a menos de 100 ha
22.783
2.402.882
1.036.915
997.452
De 100 a menos de 200 ha
13.107
3.039.898
1.299.301
1.211.314
De 200 a menos de 500 ha
11.359
5.451.651
2.340.150
2.163.739
De 500 a menos de 1000 ha
5.390
5.607.175
2.359.884
2.108.623
De 1000 a menos de 2500 ha
3.774
7.553.550
3.121.649
2.798.477
1.873
215.977
11.738.946
40.712.683
4.685.539
17.141.485
4.278.850
15.646.980
De 2500 ha e mais
Total
Fonte: IBGE, 2007
Como já citado, a produção de soja não é encontrada em todo território nacional,
ao contrário do milho. Assim, os Estados de Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul,
Goiás e Mato Grosso do Sul são os que têm maior representatividade no cenário
nacional.
Nos Estados do Centro-Oeste, o destaque fica por conta dos grandes produtores,
enquanto nos demais, da Região Sul, produtores no estrato de até 100 hectares
conseguem representar parcela significativa ao montante total da produção local.
Quando se aumenta o olhar crítico sobre as regiões produtoras de soja no Mato
Grosso, observa-se que são basicamente as mesmas que se destacam na produção de
milho. Só a região do Alto Teles Pires (Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum,
entre outros municípios) produz 10% de toda soja brasileira. Além dela, as micro-
49
regiões de Rondonópolis, Primavera do Leste, Sinop e Canarana (centro leste do
Estado) destoam das demais no cultivo desta commodity.
A mesma situação é observada no Paraná. As grandes regiões produtoras de
milho são as principais na produção de soja, com destaque às do noroeste (Campo
Mourão e Goierê), do oeste (Toledo e Cascavel) e do centro-sul paranaense (Ponta
Grossa, Guarapuava e Prudentópolis).
Já no Rio Grande do Sul, algumas regiões se repetem, e outras não muito
relevantes na produção de milho, despontam com destaque no cultivo de soja. No
primeiro caso, o centro-norte do Estado é expressivo na produção, nas micro-regiões de
Santo Ângelo, Ijuí, Carazinho e Passo Fundo. Outras áreas, mais no centro do Estado,
também apresentam alta produção, como Cruz Alta (maior região produtora do RS) e
Santiago.
Em Goiás, embora apenas o 4º maior produtor individual de soja do país,
encontram-se regiões com elevado volume de soja produzido, como é o caso do
sudoeste goiano, através do município de Rio Verde, responsável por 50% da soja
produzida no Estado, e mais de 5% do volume produzido no país. Outras regiões
também chamam a atenção, como o Entorno de Brasília (onde se situam Luziânia,
Anápolis, Goianésia) e Meia Ponte, no sul do Estado, com destaque aos municípios de
Itumbiara e Goiatuba.
Outro Estado produtor de soja representativo para o país é o Mato Grosso do
Sul. Neste Estado uma região se sobrepõe, com 60% da produção local, o que é o caso
da micro-região de Dourados. Outras áreas produtoras mais modestas, porém
significativas, são Alto Taquari, Campo Grande, Cassilândia e Iguatemi.
Por fim, deve-se atentar a região de Barreiras, no oeste da Bahia, cuja produção
graneleira têm crescido expressivamente nos últimos anos, com destaque para a soja.
Sozinha, esta micro-região produz cerca de 85% da soja baiana.
A cadeia agroindustrial da soja, portanto, tem apresentado alts taxas de
cresimento em área, produção e produtividade, além de expressivo potencial para
investimentos diversos. O número de médios e grandes produtores capazes de bancar
volumosos investimentos é significativo. Deve-se atentar, porém, a um maior foco nos
Estados citados acima, principalmente os do Centro-Oeste, em parte pelo perfil do
50
grande produtor, e em outra parte, pelo latente aumento da demanda deste cereal, pela
formação de clusters das cadeias agroindustriais nestas regiões (como no Alto Teles
Pires-MT e Rio Verde-GO), e pela questão da produção de biodiesel, lembrando que
hoje no Brasil, diversos estudos apontam que apenas o biodiesel oriundo da soja é
viável comercialmente, e são nos Estados do Centro-Oeste em que se localizam a maior
parte das plantas produtoras deste combustível vegetal.
Figura 7 - Sistema Agroindustrial da Soja no Brasil
Fonte: Adaptado de LAZZARINI, S. G.; NUNES, R (1998).
Bibliografia recomendada
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS DE ÓLEOS VEGETAIS ABIOVE. Informativo Abiove. São Paulo. Disponível em:
<http://www.abiove.com.br>.
ARANTES, N.E.; SOUZA, P.I.M. Cultura da soja nos cerrados. Piracicaba:
POTAFOS, 1993. 535 p.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA.
Tecnologias de produção de soja - região central do Brasil. Londrina: Embrapa Soja:
Embrapa Cerrados: Embrapa Agropecuária Oeste: ESALQ, 2002. 199 p.
51
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA.
Tecnologias de produção de soja. Londrina: Embrapa Soja, 2004. p. 171-218.
LAZZARINI, S. G.; NUNES, R. Competitividade no Agribusiness Brasileiro:
Competitividade do Sistema Agroindustrial da soja. São Paulo. PENSA/FIA/FEA/USP.
1998.
6.5
Dados Gerais da produção de arroz
Um dos produtos de maior importância para a segurança alimentar da população
brasileira, o arroz é quase que inteiramente destinado ao consumo humano, na forma de
grão, isto é, o produto é apenas semi-beneficiado para o consumo humano direto, não
sendo utilizado em larga escala na produção de alimentos industrializados, e tampouco
na produção de ração animal.
Outra peculiaridade desta cultura é a diferença no sistema de plantio: irrigado e
de sequeiro. O primeiro é cultivado em áreas alagadas e demanda recursos hídricos em
excesso, enquanto o segundo é cultivado em um sistema de plantio convencional,
utilizando irrigação regular. O arroz produzido no sistema irrigado, preferido no
consumo do brasileiro por apresentar melhor qualidade, representa cerca de 70% do
total produzido no país (CONAB, 2009).
52
A produção nacional oscila não somente de acordo com variações climáticas que
afetam a produtividade das áreas produtoras, mas também com a concorrência com
outras culturas, principalmente nas áreas de arroz de sequeiro, que disputam espaço com
culturas graneleiras como soja, milho, sorgo, entre outros. A demanda pelo grão, por ser
quase que inteiramente destinado ao consumo humano e amplamente consumido pelos
brasileiros é inelástica, porém não é suprida 100% pelo mercado nacional, o qual tem
importado arroz dos países do Mercosul, de qualidade iguais ao arroz irrigado brasileiro.
De acordo com o censo agropecuário do IBGE (2007), existem no Brasil cerca
de 400 mil estabelecimentos agrícolas que produzem arroz, espalhados por todo o
território nacional. A produção tem oscilado em torno de 11 a 13 milhões de toneladas
por ano, na última década, dependendo das variações na oferta devido à oscilações dos
preços internacionais, e variações climáticas (IBGE, 2010). Em 2009, o valor bruto
gerado pela orizicultura foi de aproximadamente R$8 bilhões.
A maior parte dos estabelecimentos orizícolas no país se localizam na faixa de
até 100 hectares, e representam cerca de 30% do volume produzido e 25% do valor
gerado pela produção. Contudo, são os produtores com mais de 100 hectares que se
destacam pelo nível produzido e valor gerado. Somente o grupo com mais de 500
hectares (1,5% dos produtores), representam 44% do volume e valor da produção,
utilizando-se de aproximadamente 32% da área colhida.
Tabela 5 - Características gerais dos estabelecimentos produtores de arroz no Brasil
Tamanho da propriedade
Produtor sem propriedade
Mais de 0 a menos de 0,1 ha
Estabelecimentos
Produção (ton)
Valor da produção (mil R$)
Área colhida (ha)
38.815
7.861
59.373
5.777
30.603
2.890
37.695
2.287
De 0,1 a menos de 0,2 ha
1.794
1.936
931
866
De 0,2 a menos de 0,5 ha
13.310
22.267
10.214
9.492
De 0,5 a menos de 1 ha
44.301
122.414
57.018
55.567
De 1 a menos de 2 ha
47.460
251.329
118.990
105.449
De 2 a menos de 3 ha
17.839
95.506
44.401
42.435
De 3 a menos de 4 ha
12.218
84.377
38.375
31.492
De 4 a menos de 5 ha
8.312
67.008
27.097
21.435
De 5 a menos de 10 ha
23.499
181.875
79.512
58.416
De 10 a menos de 20 ha
37.037
473.338
201.282
141.250
De 20 a menos de 50 ha
68.996
1.111.666
483.979
357.953
De 50 a menos de 100 ha
38.530
881.332
365.509
277.660
De 100 a menos de 200 ha
19.359
786.169
330.115
205.887
De 200 a menos de 500 ha
11.042
1.236.490
517.619
261.164
De 500 a menos de 1000 ha
3.543
1.284.287
535.989
233.110
De 1000 a menos de 2500 ha
1.916
1.358.401
608.626
266.719
796
396.628
1.423.712
9.447.257
576.995
4.030.145
300.710
2.409.587
De 2500 ha e mais
Total
53
Fonte: IBGE, 2007
Embora cultivado em todo o Brasil, atualmente 70% do volume produzido na
cultura orizícola se localiza nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com
destaque para o primeiro, que sozinho responde por 60% da produção do arroz
brasileiro. São também estes dois Estados que produzem predominantemente no sistema
irrigado, apresentando alta produtividade e consequentemente, gerando a maior parcela
do faturamento deste setor. Também é nesta região em que se encontram a maior parte
das indústrias beneficiadoras do arroz, que escoam o arroz descascado e beneficiado aos
maiores centros consumidores do país, como a região Sudeste. Outras regiões
produtoras de arroz, com alguma relevância, são Mato Grosso e Maranhão, que
representam cerca de 5% do volume produzido no país, cada um.
Analisando as características das propriedades nos principais Estados produtores
observa-se a expressiva participação dos grandes produtores sobre o volume e valor da
produção gerados no Rio Grande do Sul, em detrimento da irrisória participação de
produtores pequenos sobre o total produzido. O mesmo se observa em Mato Grosso.
Isso se deve, sobretudo, pelo fato da produção de arroz neste Estado ser feita em muitos
casos na entressafra da soja, a qual já foi apresentada como uma cultura cultivada em
grandes propriedades nesta região. Já para Santa Catarina e Maranhão, nota-se uma
maior miscigenação nos perfis dos estabelecimentos produtores, predominando
propriedades entre 10 a 50 hectares cultivados com arroz.
As principais regiões produtoras de arroz no Rio Grande do Sul estão localizadas
ao redor da Lagoa dos Patos, no centro-sul e sudoeste gaúcho, destacando-se as microregiões de Campanha Ocidental (Alegrete, Uruguaiana) no sudoeste; Campanha Central
(São Gabriel, Santana do Livramento) e Campanha Meridional (Pelotas) no centro-sul;
Osório no nordeste; Camaquã, Litoral Lagunar e Restinga Seca nos arredores da Lagoa
dos Patos; e Santa Maria, Restinga Seca e Cachoeira do Sul no centro do Estado.
Em Santa Catarina, destacam-se as regiões de Araranguá e Criciúma, no litoral
Sul do Estado; Rios do Sul, na parte central de Santa Catarina; e Joinville, no litoral
norte. Já no Mato Grosso, a produção é predominante na região de Sinop, ao norte do
Estado.
54
Figura 8 - Sistema Agroindustrial do Arroz no Brasil
Fonte: Adaptado de GIORDANO, S. R.; SPERS, E. E. (1998).
Bibliografia recomendada
ALMEIDA, P.N.A. Fontes de crescimento e sistema produtivo da orizicultura no
Mato Grosso. 2004. 213 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba,
2004.
CAPITANI, D.H.D. Determinantes da demanda por importação de arroz do Mercosul
pelo Brasil. 2009. 151 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba,
2009.
FERREIRA, C.M.; SOUSA, I.S.F. de; DEL VILLAR, P.M. (Ed.). Desenvolvimento
tecnológico e dinâmica da produção de arroz de terras altas no Brasil. Santo
Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2005a. 118 p.
FERREIRA, C.M.; PINHEIRO, B.S.; SOUSA, I.S.F. de; MORAIS, O.P. Qualidade do
arroz no Brasil: evolução e padronização. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e
Feijão, 2005b. 61 p.
55
GIORDANO, S. R.; SPERS, E. E. Competitividade no Agribusiness Brasileiro:
Competitividade do Sistema Agroindustrial do Arroz. São Paulo.
PENSA/FIA/FEA/USP. 1998.
GOMES, A.S.; MAGALHÃES-JUNIOR, A.M. (Ed.) Arroz irrigado no Sul do
Brasil. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2004. 900p.
6.6
Dados gerais da produção de trigo
O trigo é um dos produtos agrícolas mais consumidos em larga escala no Brasil,
sobretudo para o consumo humano, através da produção de pães e bolos, e produtos
industrializados em geral, como massas e biscoitos. Porém, ao contrário da maior parte
das commodities agrícolas produzidas no Brasil, este cereal não é produzido em
quantidade suficiente para abastecer o mercado doméstico, e consequentemente, leva o
país a ser um relevante importador do produto.
A redução dos suportes estatais à produção nacional concomitante a abertura do
mercado em 1990, resultou em redução da produção doméstica, mesmo com
investimentos para o desenvolvimento de novas variedades mais adaptadas às condições
edafo-climáticas do Brasil (EMBRAPA, 2003). Assim, apesar dos investimentos em
melhores técnicas produtivas observadas ao longo dos anos recentes, a produção tem
correspondido por 20% a 50% do consumo doméstico, dependendo do ano, de acordo
com dados da (FAO, 2008) e IBGE (2010).
56
Apesar de ser o produto agrícola mais importado pelo Brasil, dado sua alta
demanda, muito através da utilização pela indústria alimentícia, o Brasil produz uma
quantidade considerável de trigo, se comparado com outras culturas graneleiras do país.
A produção se situou próxima a 5 milhões de toneladas no ano de 2009, ocupando uma
área de 2,4 milhões de toneladas (IBGE, 2010). Neste ano, a triticultura gerou
aproximadamente R$2 bilhões de receitas.
Entretanto, é precipitado considerar a realidade do setor baseando-se apenas na
safra mais recente, dado que a produção de trigo oscila muito ano a ano. Na década de
2000, por exemplo, a produção chegou a variar de 1,7 a 6,1 milhões de toneladas,
dependendo principalemente das condições climáticas de um ano a outro (IBGE, 2010).
Desta maneira, com tamanha limitação de áreas produtoras e altos riscos, seu cultivo é
praticado por poucos produtores, se comparados com outras commodities, e sua área de
produção é restrita às condições climáticas, limitada em áreas com clima subtropical,
restringindo o cultivo de trigo se basicamente nos Estados do Sul do país.
De acordo com o IBGE (2007), existem aproximadamente 35 mil produtores de
trigo no Brasil, dos quais apenas uma quantidade insignificante pode ser associada aos
micro e pequenos produtores. Além disso, os grandes produtores também não são os
amiores produtores, predominando assim, a cultura em estabelecimentos de médio
porte, entre 20 a 200 hectares. São estes produtores, somados aos produtores situados
nos estratos até 2.500 hectares que correspondem a 90% do volume produzido no país.
57
Tabela 6 - Características gerais dos estabelecimentos produtores de trigo no Brasil
Tamanho da propriedade
Produtores sem propriedade
Mais de 0 a menos de 0,1 ha
De 0,1 a menos de 0,2 ha
De 0,2 a menos de 0,5 ha
De 0,5 a menos de 1 ha
De 1 a menos de 2 ha
De 2 a menos de 3 ha
De 3 a menos de 4 ha
De 4 a menos de 5 ha
De 5 a menos de 10 ha
De 10 a menos de 20 ha
De 20 a menos de 50 ha
De 50 a menos de 100 ha
De 100 a menos de 200 ha
De 200 a menos de 500 ha
De 500 a menos de 1000 ha
De 1000 a menos de 2500 ha
De 2500 ha e mais
Total
Estabelecimentos
Produção (ton)
Valor da produção (mil R$)
Área colhida (ha)
6
7
1
1
10
63
183
262
373
2.484
6.345
11.380
5.695
3.268
2.398
969
487
95
34.027
238
6
0
0
71
134
983
2.457
4.970
26.365
83.627
250.224
258.650
308.027
466.485
402.679
325.986
126.696
2.257.598
110
5
0
0
28
53
393
953
1.845
10.063
32.194
97.940
102.739
123.603
188.425
156.724
130.480
58.888
904.443
130
4
0
0
35
83
575
2.027
3.075
16.950
55.899
171.258
169.278
188.346
264.556
211.893
161.650
54.247
1.300.006
Fonte: IBGE, 2007
Embora a cultura do trigo no Brasil tenha observado avanços adaptativos à
Região Centro-Oeste, com destaque para o Mato Grosso do Sul, sua produção é
predominantemente na Região Sul. Entre os maiores produtores, Rio Grande do Sul e
Paraná representam cerca de 90% de todo o volume, valor gerado e área colhida de trigo
no país. As características dos estabelecimentos produtores nestes dois Estados são
muito semelhantes às citadas anteriormente, com proporções semelhantes de
importância para os estratos entre 20 a 2.500 hectares, englobando tanto médios, quanto
grandes produtores.
As maiores regiões produtoras do Paraná estão localizadas próximas a Londrina,
Toledo e Guarapuava, situadas no norte, oeste e sul do Estado, respectivamente. Já no
Rio Grande do Sul, o norte se destaca na produção, com as micro-regiões produtoras de
Carazinho, Passo Fundo, Cruz Alta, Santo Ângelo, Vacaria e Santiago, todas grandes
produtoras graneleiras de soja e milho, já mencionadas anteriormente.
58
Figura 9 - Sistema Agroindustrial do Trigo no Brasil
Fonte: Adaptado de AZEVEDO et al. (1998).
Bibliografia recomendada
DARIO, G.J. Instruções sumárias para a cultura do trigo no Estado de São Paulo.
Piracicaba: ESALQ, 1988. p. 9-14.
MOTA, F.S. Clima, tecnologia e produtividade do trigo no Brasil. In: MOTA, F.S.
Agrometeorologia do trigo no Brasil. Campinas, SP: Sociedade Brasileira de
Agrometeorologia, 1989, p. 1-35.
XXXV REUNIÃO DA COMISSÃO SUL-BRASILEIRA DE PESQUISA DE
TRIGO. Indicações técnicas da Comissão Sul-Brasileira de Pesquisa de Trigo2003. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2004. 119p.
AZEVEDO, P. F.; GIORDANO, S. R. BORRÁS, M. A. Competitividade no
Agribusiness Brasileiro: Competitividade do Sistema Agroindustrial do Trigo. São
Paulo. PENSA/FIA/FEA/USP. 1998.
59
6.7
Dados gerais da produção de feijão
A produção de feijão no Brasil é caracterizada por apresentar pequenos e médios
produtores em todo o país, com um avanço no número de grandes produtores nas
últimas décadas. O feijão é cultivado em diversificados sistemas de produção e em todas
as regiões brasileiras. Além disso, de acordo com Embrapa (2003), pode apresentar
ciclos produtivos variando de 65 a 100 dias, o que o torna uma cultura apropriada para
compor, desde sistemas agrícolas intensivos irrigados, altamente tecnificados, até
aqueles com baixo uso tecnológico, principalmente de subsistência. Esta característica
também propicia que sejam colhidas três safras ao longo do ano, na maior parte das
áreas produtoras. Outro fator característico são as variações do tipo de feijão, de acordo
com as preferências regionais, como o feijão preto, carioca, mulatinho, entre outros com
menor aceitação.
O consumo de feijão é altamente difundido em todo o país, principalmente como
bem complementar ao arroz nas refeições diárias da população, apresentando-se como
um importante item na segurança alimentar da população. Somando-se todos os tipos de
feijão produzido nas três safras de 2009, o Brasil produziu mais de 3,5 milhões de
toneladas. Este patamar de produção coloca o país ao lado da Índia, como os dois
grandes produtores mundiais desta commodity. O total de área utilizada para o cultivo
deste produto foi de 4,2 milhões de toneladas, e o valor gerado da produção foi de
aproximadamente R$ 2,8 bilhões no último ano.
60
De acordo com o último recenseamento agropecuário brasileiro, existem
aproximadamente 1,75 milhões de estabelecimentos produtores de feijão no país
disseminados em diversos tamanhos de propriedades, principalmente naquelas com até
50 hectares, ou seja, pequenas e médias propriedades (IBGE, 2007). Da mesma forma, a
produção é encontrada com proporções semelhantes em unidades produtoras com
características diversas umas das outras, com ligeira concentração nos estratos entre 10
a 50 hectares. Contudo, produtores considerados grandes participam com uma relevante
parcela do mercado, embora neste setor, não apresentem tamanha concentração como
outros setores apresentados anteriormente. Os estabelecimentos produtores com mais de
100 hectares contribuem com cerca de um quarto de todo o volume e valor da produção
nacional gerados pela cultura do feijão, conforme observado na Tabela 7.
Tabela 7 - Características gerais dos estabelecimentos produtores de feijão no Brasil
Estabelecimentos
Produção (ton)
Valor da produção (mil R$)
Área colhida (ha)
Produtores sem propriedade
Mais de 0 a menos de 0,1 ha
86.744
31.659
29.349
83.740
25.018
5.757
5.133
9.273
De 0,1 a menos de 0,2 ha
16.926
6.358
5.231
9.239
De 0,2 a menos de 0,5 ha
66.942
27.781
22.441
46.301
Tamanho da propriedade
De 0,5 a menos de 1 ha
134.097
86.221
67.306
170.344
De 1 a menos de 2 ha
219.680
206.632
160.846
385.375
De 2 a menos de 3 ha
142.588
180.551
143.736
321.653
De 3 a menos de 4 ha
111.634
181.924
142.529
315.371
De 4 a menos de 5 ha
77.855
133.810
103.163
220.494
De 5 a menos de 10 ha
221.031
388.065
298.890
634.671
De 10 a menos de 20 ha
236.219
470.623
361.443
706.510
De 20 a menos de 50 ha
233.492
551.936
441.609
826.558
De 50 a menos de 100 ha
86.899
286.758
232.284
398.016
De 100 a menos de 200 ha
37.837
182.489
149.785
226.278
De 200 a menos de 500 ha
20.231
210.708
174.753
201.858
De 500 a menos de 1000 ha
5.235
136.818
114.166
97.125
De 1000 a menos de 2500 ha
2.149
159.086
136.492
96.589
686
168.601
155.165
92.878
1.725.263
3.415.777
2.744.321
4.842.273
De 2500 ha e mais
Total
Fonte: IBGE, 2007
Assim como mencionado anteriormente, o cultivo de feijão é realizado em todo
o território brasileiro, destacando-se em cada região, o tipo demandado pela população
local. Os maiores Estados produtores, considerando o total de feijão produzido
independente do tipo/variedade, são Paraná, Minas Gerais, Bahia e São Paulo, os quais
61
participam deste mercado com 22,3%, 17,1%, 9,7% e 9,3%, respectivamente, e se
destacam no cenário nacional da produção desta commodity.
Destes quatro Estados, observa-se que apenas Minas Gerais se destoa do padrão
nacional de concentração da produção por estratos de estabelecimentos produtivos. A
maior parte da produção mineira se dá em grandes propriedades, enquanto nos demais
Estados, concentram-se em estabelecimentos pequenos e médios, variando de 2 a 50
hectares.
A produção paranaense é observada em maior escala no sul e sudoeste do
Estado, mais especificamente nas regiões de Ponta Grossa, Guarapuava, Piranga,
Prudentópolis, Irati, União da Vitória, São Mateus do Sul, Curitiba, Cascavel e
Francisco Beltrão.
Na Bahia, as maiores áreas produtoras estão localizadas no centro-norte, em
Euclides da Cunha, Itaberaba, Ribeira do Pombal, Jeremoabo e Serrinha, além de
Juazeiro, no norte, Guanambi, no sul, e Barreiras, no oeste do Estado. Já a produção de
Minas Gerais é expressiva no norte do Estado, em Unaí e Paracatu, e no Triângulo
Mineiro, em Patrocínio e Patos de Minas.
Dado o perfil dos estabelecimentos produtores (variando muito entre pequenos e
médios produtores) e a pulverização da produção em diversas localidades, diferenciam a
cultura do feijão de outras aqui apresentadas, como o caso das culturas de soja, milho,
arroz e café, por exemplo. Porém, a característica de se ter três safras ao ano, na maior
parte do país, refletem em uma maior homogeneidade nos produtores de feijão, bem
como maior planejamento para o cultivo desta cultura nas diferentes épocas do ano.
62
Figura 10 - Sistema Agroindustrial do Feijão no Brasil
Fonte: Adaptado de SPERS, E. E.; NASSAR, A. M.. (1998).
Bibliografia recomendada
FERREIRA, C.M. Comercialização de feijão no Brasil, 1990-99. 2001. 145 p.
Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2001.
VIEIRA, C.; PAULA JÚNIOR, T. J. de; BORÉM, A. (Ed.). Feijão: aspectos gerais e
cultura no Estado de Minas. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 1998. 596
p.
SPERS, E. E.; NASSAR, A. M. Competitividade no Agribusiness Brasileiro:
Competitividade do Sistema Agroindustrial do Feijão. São Paulo.
PENSA/FIA/FEA/USP. 1998.
63
6.8
Dados gerais da produção de laranja
A citricultura11 no Brasil é uma cultura produzida em larga escala, porém em
poucas regiões, concentrando-se principalmente no interior de São Paulo. Seu subproduto de maior importância é o suco de laranja, sendo que a laranja de mesa, ou innatura, representa apenas uma menor parcela do valor total gerado por este setor,
sobretudo no que tange às exportações.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de suco de laranja, e seu maior
concorrente é os EUA, na figura do Estado da Flórida. A demanda por suco de laranja
internacional e seus respectivos preços no mercado internacional são grandes fatores de
influência ao investimento no setor no Brasil.
A produção de laranja tem se mostrado constante, com baixa taxa de
crescimento no volume produzido ao longo da última década, principalmente se
comparada a outros setores agrícolas do país. A média observada foi de 1,3% ao ano, e
um acumulado de 10% no período em questão (IBGE, 2010).
Em 2009, a citricultura utilizou pouco menos de um milhão de hectares,
produzindo 18,3 milhões de toneladas de frutos, o que representou para o Brasil cerca
de R$ 6 bilhões, sendo que grande parte deste contingente foi resultado das exportações
ao mercado externo. Isso mostra, conforme referido anteriormente, que o crescimento
11
Ressalta-se que a citricultura aborda a produção de outras frutas cítricas, como por exemplo, limão e
tangerina. Entretanto, dado a pequena participação destas outras frutas em relação à produção de laranja
no Brasil, deve-se atentar que os dados deste trabalho referem-se à produção de laranja.
64
desta cultura no país está profundamente atrelado às oscilações de oferta e demanda no
mercado internacional.
Contudo, os investimentos no setor também são alocados de acordo com
“movimentações” de outras culturas, ou seja, a partir da concorrência por área de
cultivo, como ocorre por exemplo com a expansão da cana-de-açúcar no interior
paulista, que por muitas vezes avança em direção a áreas tradicionais de cultivo
citrícola; além disso os investimentos no setor são dependentes das perspectivas dos
produtores em relação a incidência de pragas e doenças nos pomares em anos anteriores
a reforma do pomar, já que ao contrário de outras culturas agrícolas, a citricultura é uma
cultura permanente, onde um pomar demora alguns anos para iniciar seu ciclo
produtivo, e tem seu declínio de produção após 10 a 15 anos de vida, dependendo do
manejo destinado à cultura.
Destarte, o citricultor se expõe a diversos riscos e necessita de uma gestão
eficiente de seus recursos, de forma a conter seus custos. Disso nasce a figura das
cooperativas de produtores, e do interesse da indústria processadora em obter sua
matéria-prima.
Atualmente, alguns autores e agentes da cadeia têm discutido em respeito a
investimentos em pesquisas relativas ao controle de pragas e incidência de doenças nos
pomares, além de práticas tecnológicas que reduzam os custos ao citricultor. Nesse
cenário, existe interessante relação entre a interface de investimentos em pesquisa e
tecnologia relacionados à integração com produtores, cooperativas e indústrias
beneficiadoras, facilitando não só a melhor utilização de recursos tecnológicos na
colheita e pós-colheita, como a capitalização de produtores para o cultivo, aquisição de
maquinários, entre outros, minimizando os custos de produção e aumentando a
produtividade do campo.
Outro ponto que se sobressalta como um cenário favorável ao aumento de
mercado para a citricultura brasileira no comércio mundial, se trata da maior
tecnificação e adequação dos sub-produtos às exigências sanitárias de grandes
importadores. As quedas de barreiras fitossanitárias abrem maior espaço para as
exportações brasileiras, e consequentemente, um maior número de produtores
capitalizados adentrariam a este mercado, aumentando os investimentos no setor.
65
O cenário citricultor no Brasil mostra uma característica peculiar. Ao mesmo
tempo em que existem 68.536 produtores no país, mais de dois terços possuem menos
de 1 hectare cultivado. Em contrapartida, apenas 124 produtores (ou 0,2% do total)
possuem mais de 500 hectares, representando 29% da produção e 18% do valor da
produção nacional. Da mesma forma, menos de 1.000 produtores cultivam laranja em
mais de 100 hectares, porém acenam com 60% da produção nacional e 41% do valor
total gerado na citricultura, conforme pode-se observar na Tabela 8. Mesmo assim,
deve-se atentar a participação relevante de produtores médios no setor, ou seja, com
mais de 20 hectares, que correspondem a uma fatia importante do mercado, sobretudo
no valor total gerado pela produção (IBGE, 2007).
Tabela 8- Características gerais dos estabelecimentos citricultores no Brasil
Tamanho da propriedade
Estabelecimentos
Produção (ton)
Valor da produção (mil R$)
Área colhida (ha)
Produtor sem propriedade
Maior de 0 a menos de 1 ha
12.763
25.148
0
213.176
1
184.068
69.526
19.296
De 1 a menos de 2 ha
10.322
231.894
186.516
18.151
De 2 a menos de 5 ha
8.688
325.494
296.904
32.560
De 5 a menos de 10 ha
3.752
486.693
256.667
33.157
De 10 a menos de 20 ha
3.092
695.487
349.029
51.245
De 20 a menos de 50 ha
2.708
1.417.353
689.934
97.562
De 50 a menos de 100 ha
1.096
1.422.221
547.772
85.126
De 100 a menos de 200 ha
525
1.572.302
563.615
79.089
De 200 a menos de 500 ha
318
1.949.730
432.903
99.941
124
68.536
3.376.370
11.690.719
743.449
4.250.858
152.797
738.450
De 500 ha e mais
Total
Fonte: IBGE, 2007
A concentração no mercado nacional se reflete ao analisar a participação das
principais regiões produtoras. De acordo com IBGE (2010), o Estado de São Paulo
produziu mais de 78% da produção nacional em 2009. Neste Estado, a maior parcela da
produção e de seu valor foram gerados pelos grandes produtores, enquanto nas outras
áreas que apresentam alguma importância no cenário nacional (embora reduzida), como
Sergipe, Bahia e Minas Gerais (participando com aproximadamente 4,5% cada um), a
concentração da produção se deu em pequenos estabelecimentos agrícolas, de até 5
hectares.
66
Apenas para situar as localidades produtoras de laranja no Estado de São Paulo,
deve-se destinar atenção ao centro-norte do Estado, mais especificamente nas microregiões de Araraquara/São Carlos (incluindo Matão e Taquaritinga), Jaboticabal,
Limeira/Mogi Mirim, Aguaí, Barretos, São José do Rio Preto e Bauru. Nestas regiões
localizam-se também as grandes indústrias processadoras e exportadoras de suco de
laranja do país.
Figura 10 - Sistema Agroindustrial da Laranja no Brasil
Fonte: Adaptado de NEVES, M, F.; et al. (2004).
Bibliografia recomendada
ARRUDA, S.T.; GHILARD, A.A.; PRATES, H.S. Caracterização das propriedades
e dos pomares citrícolas do Estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria da
Agricultura e do Abastecimento do Estado de São Paulo, Instituto de Economia
Agrícola, 1988. 26 p. (Relatório de Pesquisa, set. 1988).
HASSE, G. A laranja no Brasil, 1500 a 1987. São Paulo: Coopercitrus Industrial,
FRUTESP/Duprat & Iobe, 1987. 296 p.
67
NEVES, E.M. A competitividade da agroindústria citrícola brasileira: vantagens
comparativas e o dilema das barreiras comerciais. Piracicaba: ESALQ/CNPq, 1996. 125
p. (Relatório de pesquisa).
NEVES, M.F. Sistema agroindustrial citrícola: um exemplo da quase integraçãono
agribusiness brasileiro. 1995. 116 p. Dissertação (Mestrado em Administração) –
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 1995.
6.9
Dados gerais da produção de algodão
Após passar por grave crise na década de 1980, decorrente de uma praga
conhecida como Bicudo, o setor algodoeiro aumentou investimentos em tecnologia e
novos cultivares, a partir de então, obtendo maiores ganhos em produtividade (FIESP,
2008). Até o início da década de 1990, a produção de brasileira concentrava-se nas
regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Após esse período, aumentou-se significativamente a
participação do algodão produzido nas áreas de cerrado, basicamente da região CentroOeste, principalmente em Mato Grosso e Bahia.
O deslocamento da produção de algodão para a região dos cerrados,
principalmente do Centro-Oeste, foi resultante das condições favoráveis para o
desenvolvimento da cultura e da utilização de variedades adaptadas às condições edafoclimáticas locais, as quais com maior tolerância a doenças e com maior potencial
produtivo. Soma-se a isso, a expressiva elevação dos preços internos no primeiro
semestre de 1997, o estreito suprimento do produto no mercado interno e o estímulo dos
68
governos estaduais, através de programas especiais de incentivo à essa cultura
(EMBRAPA, 2003).
A adaptação das novas variedades de algodão ao cerrado contribuiu em muito ao
aumento da produtividade brasileira, em menos de uma década. O aumento da produção
e da produtividade alavancaram o setor, que passou por profunda reestruturação,
profissionalizou-se, e hoje atende parcela relevante do mercado mundial. Atualmente, o
Brasil é o 5º maior produtor mundial e tem conseguido obter excedentes significativos
na produção, o que o coloca como exportador líquido do produto, ocupando a 6º posição
como ofertante no mercado internacional. Para se ter uma idéia, a produção de algodão
apresentou um crescimento médio de 18,6% ao ano na última década, com um aumento
acumulado de mais de 200% (IBGE, 2010).
No ano de 2009, a produção brasileira de algodão herbáceo situou-se próxima a
3 milhões de toneladas, cultivado em pouco mais de 810 mil hectares, e contribuindo
com R$3,2 bilhões à economia do país. Neste caso, Mato Grosso e Bahia representaram
48% e 33% do volume produzido, respectivamente.
De acordo com o último recenseamento agrícola do Brasil (IBGE, 2007),
existem 13.290 estabelecimentos produtores de algodão em todo o território nacional,
onde mais de 50% têm de 5 a 50 hectares. Entretanto, a maior parte da área colhida, do
volume produzido e do valor gerado pela cotonicultura correspondem às grandes
propriedades, com mais de 2.500 hectares. Consequência disso se dá que menos de 2%
das propriedades produzem 70% do volume total e correspondem a 75% do valor
gerado pela cotonicultura nacional, conforme se observa na Tabela 9.
Tabela 9 - Características gerais dos estabelecimentos produtores de algodão no Brasil
69
Estabelecimentos
Produção (ton)
Valor da produção (mil R$)
Área colhida (ha)
231
150
123
349
Mais de 0 a menos de 0,1 ha
29
5
4
7
De 0,1 a menos de 0,2 ha
14
5
5
9
De 0,2 a menos de 0,5 ha
104
66
99
72
De 0,5 a menos de 1 ha
447
575
603
477
De 1 a menos de 2 ha
943
800
646
1.074
De 2 a menos de 3 ha
995
1.304
1.030
1.564
De 3 a menos de 4 ha
932
1.904
1.744
1.949
De 4 a menos de 5 ha
753
2.271
1.895
1.965
De 5 a menos de 10 ha
2.227
6.307
5.252
6.437
De 10 a menos de 20 ha
2.691
8.593
7.303
8.422
De 20 a menos de 50 ha
2.137
12.463
10.570
9.930
De 50 a menos de 100 ha
725
7.678
7.544
4.915
De 100 a menos de 200 ha
326
21.772
17.177
13.189
De 200 a menos de 500 ha
225
30.369
39.092
13.397
De 500 a menos de 1000 ha
112
85.719
116.984
28.882
De 1000 a menos de 2500 ha
170
535.827
572.755
194.351
229
13.290
1.634.323
2.350.132
2.450.363
3.233.189
499.985
786.974
Tamanho da propriedade
Produtor sem propriedade
De 2500 ha e mais
Total
Fonte: IBGE, 2007
Considerando todas as propriedades com mais de 1000 hectares de área
cultivada com algodão, nota-se que estas concentraram 92% da produção do país, o que
permite concluir que a cotonicultura é uma atividade extremamente concentrada em
grandes produtores, profissionalizados e tecnificados.
Analisando os dois maiores Estados produtores nacionais, observa-se que tanto
em Mato Grosso, como na Bahia, a produção é ainda mais concentrada nas propriedades
com mais de 1000 hectares, com produção insignificante em áreas com menos de 100
hectares, sobretudo em Mato Grosso.
Tanto a produção mato-grossense como a baiana se localizam nas mesmas
grandes áreas produtoras de grãos, onde muitas vezes utiliza-se o algodão como cultivo
de rotação de terra para soja e milho, ou mesmo cultivo tardio, após colheita da soja
precoce. Estas regiões produtoras, em Mato Grosso, são na ordem: Primavera do Leste,
Rondonópolis, Parecis, Canarana e Alto Teles Pires. Já na Bahia, a única região
produtora em larga escala é a de Barreiras.
Apesar de haver um pequeno número de produtores de algodão no Brasil, e
ainda mais considerando a limitação da produção a poucas centenas de propriedades,
concentradas em Mato Grosso e Bahia, estas propriedades são altamente modernizadas
e tecnificadas, às quais receberam altos investimentos tecnológicos nos últimos 15 anos,
70
resultando em crescimento contínuo em produtividade, maior demanda por insumos, e
maior foco nas exportações.
Figura 10 - Sistema Agroindustrial do Algodão no Brasil
Fonte: Adaptado de JAYO, M. NUNESJA, R. A (1998).
Bibliografia recomendada
ALVES, L.R.A. A reestruturação da cotonicultura no Brasil: fatores econômicos,
institucionais e tecnológicos. 2006. 121 p. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo,
Piracicaba, 2006.
BELTRÃO, N.E.M.; AZEVEDO, D.M.P. (Ed.). O agronegócio do algodão no Brasil.
2.ed. Brasília: EMBRAPA Informação Tecnológica, 2008. 1.309 p. v.2.
CHIAVEGATO, E.J. Efeito do ambiente e de cultivares nos componentes da
produção nas características tecnológicas da fibra e do fio do algodão. 1995. 115 p.
Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1995.
COELHO, A.B. A cultura do algodão e a questão da integração entre preços internos e
externos. Revista de Economia e Sociologia Rural. Brasília, v. 42, n. 1, p. 153-169,
jan/mar, 2004.
71
JAYO, M. NUNESJA, R. A. Competitividade no Agribusiness Brasileiro:
Competitividade do Sistema Agroindustrial do Algodão. São Paulo.
PENSA/FIA/FEA/USP. 1998.
SILVA, A.A. Caracteres morfológicos e produtivos do algodoeiro em diferentes
configurações de semeadura. 2007. 80 p. Tese (Doutorado em Fitotecnia) - Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba,
2007.
6.10 Dados gerais da produção de frangos
Duas características principais devem ser levadas em conta, ao estudar a
produção e o comércio da carne de frango: a primeira refere-se ao curto ciclo produtivo
entre o nascimento da ave e seu abate, de apenas 40 dias. A segunda, comum a outras
cadeias fornecedoras de carne e leite, é a influência da renda da população no consumo,
especialmente em países em desenvolvimento. O continuado crescimento econômico
mundial, que gerou reflexos positivos quanto ao poder de compra da população, e a
incorporação de novos consumidores pelo mercado, vêm provocando um aumento da
procura por proteína animal. O fato, aliado à rápida capacidade de resposta da produção
de frango às oscilações de mercado, possibilitou a destacada performance do segmento,
72
que cresceu, em termos mundiais, a uma taxa média de 3,8% ao ano, desde 1997
(FIESP, 2008).
A produção de carne de frango mundial atual é de aproximadamente 65 milhões
de toneladas, de acordo com a FAO (2008), sendo que os Estados Unidos, China, Brasil
e União Européia são os maiores produtores mundiais, nesta ordem, concentrando mais
de 70% do volume total produzido. Somente o Brasil, terceiro maior produtor,
apresentou um rápido crescimento nos últimos 15 anos e atualmente participa com mais
de 15% da oferta de carne de frango mundial, muito próximo da produção chinesa. Este
avanço é decorrente da grande demanda doméstica por carne de frango, sobretudo após
o Plano Real, onde houve um incremento na produção interna de 9,2% ao ano,
resultadando em um acréscimo acumulado em torno de 150%, entre 1994 a 2009
(IBGE, 2010). Além disso, um aumento no consumo global, concomitante a melhores
técnicas de produção e fitossanidade, acarretaram em um crescimento de
aproximadamente 6 pontos percentuais na participação brasileira no comércio
internacional (exportações) de carne de frango, desde 1997 (FAO, 2008).
No que se refere a estrutura produtiva nacional, esta tem como característica a
integração entre a indústria e os produtores rurais. O sistema intgrado prevê para a
indústria, basicamente, o fornecimento da genética (pintos de um dia), dos insumos, da
tecnologia e de orientações ao produtor rural, ao qual cabe, por sua vez, prover as
instalações para a criação e cuidado com relação aos animais. Esse sistema permite que
os produtores rurais, inclusive os de pequeno porte, obtenham renda e permaneçam no
campo (FIESP, 2008).
Esta proximidade entre o produtor e a indústria possibilita ganhos de escala e
garantia de melhor qualidade do produto final, uma vez que a indústria tem controle e
conhecimento do processo. Assim, estas relações são fatores fundamentais em mercados
extremamente competitivos, pois eliminam gargalos entre os diversos elos da cadeia
(criação, abate e industrialização), possibilitando um ambiente favorável ao suprimento
da demanda interna e ao avanço sob outros mercados (regiões).
A produção de aves no Brasil é encontrada em todo o seu território, porém são
nos Estados da Região Sul e São Paulo em que se encontram larga escala produtiva. Em
73
2009, cerca de 4,7 bilhões de cabeças de frango foram abatidas em todo o país, com
65% do volume concentrado nos Estados em questão (IBGE, 2010).
Além destes, os Estados do Centro-Oeste e Minas Gerais apresentam um
produção significativa, principalmente os primeiros, dado o tamanho da produção se
comparada ao restrito mercado local, o que mostra que mesmo apesar da distância física
com os grandes mercados consumidores e portos (para exportação), a produção no
Centro-Oeste têm se mostrado, em parte, vantajosa, devido principalmente à abundante
oferta local de insumos para ração, como soja e milho, o que barateia os custos de
produção da avicultura.
Da mesma maneira que no Centro-Oeste, as áreas com produção expressiva de
aves no país são as mesmas áreas com alta produção graneleira, sobretudo soja e milho.
Assim, deve-se observar as micro-regiões produtoras destes grãos, em cada Estado, pois
são nelas em que estão instaladas as principais plantas abatedoras e indústrias
processadoras de alimentos, que utilizam carne de frango.
Entre estas regiões, deve-se atentar ao oeste, noroeste e sul paranaense, ao centro
de Santa Catarina, a todo norte do Rio Grande do Sul, ao Triângulo Mineiro, ao oeste e
sudoeste paulista, ao sul de Goiás e a micro-região de Alto Teles Pires em Mato Grosso,
como principais áreas de produção avícola.
Tabela 10 - Abate de frangos no Brasil, por Unidades da Federação, em 2009
Estado
Frangos abatidos
Participação
Paraná
1.243.245.043
26,03%
Santa Catarina
871.155.163
18,24%
Rio Grande do Sul
758.951.412
15,89%
São Paulo
659.382.378
13,81%
Minas Gerais
363.219.401
7,60%
Goiás
271.309.056
5,68%
Mato Grosso
150.321.838
3,15%
Mato Grosso do Sul
128.614.492
2,69%
Outros
330.034.456
6,91%
Brasil
4.776.233.239
100,00%
Fonte: IBGE, 2010
74
Por outro lado, os principais agentes de produção e comercialização de carne de
frango no Brasil, ainda estão predominantemente localizados na região Sul do País,
ressaltando a tradição desta região na produção de aves, e eventualmente no Sudeste e
Centro-Oeste. Em sua maioria, cooperativas e grandes indústrias abatedoras, atuam
tanto na avicultura quanto suinocultura, e muitas das cooperativas também são
importantes players na produção de milho e soja.
Estes agentes estão costumeiramente associados a cooperativas, e possuem
estreito elo de ligação com indústrias alimentícias no país, muitas delas de origem da
referida região produtora. Estes elo de ligação permite além dos ganhos de escala, maior
garantia de preço a ser recebido pelo produtor, acima de seus custos de produção,
reduzindo os riscos do produtor.
Também, é necessário salientar que existe uma forte migração de produtores e
empresas interligadas ao setor às novas áreas de fronteira agrícola do Centro-Oeste,
sobretudo nos bolsões produtores de grãos de Mato Grosso e sul de Goiás. Apenas nos
últimos 5 anos, diversas grandes empresas do ramo alimentício instalaram plantas
abatedoras de grande porte para suínos e aves em municípios de centro-norte do Estado
de Mato Grosso, como Sorriso, Nova Mutum e Lucas do Rio Verde (na mencionada
micro-região do Alto Teles-Pires, no centro do Estado). Além dessa região, Rio Verde
no sul de Goiás passou por mesmo processo de investimentos no setor alimentício e de
suínos e aves, a partir da segunda metade da década de 1990.
75
Figura 11 - Sistema Agroindustrial do Frango no Brasil
Fonte: Adaptado de RODRIGUES, W; et al. (2009) e ZANATTA, A. F;. et al. (2002).
Bibliografia recomendada
ANUALPEC 2010. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP, Consultoria e
Agroinformativo, 2010. 360 p.
CIOCCA, M.L.; CARDOSO, S.; FRANZOSI, R. Criação de aves em sistemas semiextensivos. Porto Alegre: Pallotti, 1995. 112 p.
ENGLERT, S.I. Avicultura. Porto Alegre: Ed. Agropecuária, 1987. 288 p.
RODRIGUES, W; et al. COMPETITIVIDADE DO SISTEMA AGROINDUSTRIAL
DO FRANGO DE CORTE NO TOCANTINS: O CASO DA EMPRESA FRANGO
NORTE. 47º Congresso SOBER- Porto Alegre - RS .2009. 19 pág.
SILVA, I.J.O. Ambiência na produção de aves em clima tropical. Piracicaba:
FUNEP, 2001. v.1, 200 p.
ZILLI, J.B. Os fatores determinantes para a eficiência econômica dos produtores
de frango de corte: uma análise estocástica. 2003. 139 p. Dissertação (Mestrado em
76
Economia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2003.
ZANATTA, A. F;. et al. Análise da competitividade da cadeia agroindustrial de carne
de frango no Estado do Paraná. Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
Social, Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade e Grupo de Estudos e
Pesquisas Agroindustriais da UFSCAR. – Curitiba: IPARDES,2002. 230 p.
6.11 Dados gerais da produção de suínos
O esteriótipo de que a carne suína é uma carne pouco saudável e com alto
colesterol contribuiu para prejudicar o crescimento deste setor no Brasil, no passado.
Entretanto, com recentes estudos mostrando o contrário, o consumo doméstico por esta
carne aumentou, assim como a estrutura produtiva do setor (FIESP, 2008). Os
resultados satisfatórios vieram de ações voltadas ao desenvolvimento do mercado, tais
como a profissionalização da atividade, que adotando o modelo de criação em
confinamento, resultou em ganhos de escala; um maior foco nos aspectos de qualidade e
sanidade; maiores investimentos em pesquisas e cruzamentos de animais, buscando
adequação às preferências dos consumidores e diferenciando o produto final; a
implantação de mecanismos de desenvolvimento limpos, como tratamento de resíduos;
e os investimentos em marketing, entre outros.
Embora o consumo de carne suína ainda seja muito inferior ao consumo de carne
bovina e de frango, seu consumo per capita cresceu em torno de 4% ao ano na última
77
década, enquanto que o consumo de carne bovina teve um acréscimo menor 0,5% ao
ano, no mesmo período.
A produção nacional é em sua maior parte integrada, desde a criação dos
animais ao processamento da carne, em sistema semelhante ao da produção de aves.
Esta cresceu de forma sustentada, na média de 7,0% ao ano, no período 1997 a 2007, à
frente do crescimento da carne bovina, na média de 4,7% ao ano, demonstrando o
potencial de investimentos e crescimento do setor (IBGE, 2010). Este crescimento
colocou o Brasil na 4ª posição, entre os maiores produtores mundiais desta carne, atrás
de China, União Européia e EUA, embora muito aquém dos três primeiros, com pouco
mais de 3% da produção global. Contudo, dado o maior crescimento da produção em
relação ao consumo, o país tornou-se importante exportador mundial, participando com
9% do volume global exportado, atrás da União Européia, EUA e Canadá.
Assim como na avicultura, a suinocultura é uma atividade pecuária presente em
todo o território nacional, com destaque para os Estados da região Sul, além de Minas
Gerais. A produção brasileira em 2009, atingiu cerca de 31 milhões de cabeças, sendo
que 25 milhões são referentes aos Estados citados.
A diferença que se nota em relação às características da avicultura, são as
produções em alguns Estados do Nordeste, como Bahia, Piauí, Ceará e Maranhão,
produções estas, voltadas ao consumo local, e em propriedades mais modestas que as
encontradas nos confinamentos da região Sul.
Tabela 11 - Abate de suínos no Brasil, por Unidades da Federação, em 2009
Estado
Suínos abatidos
Participação
Santa Catarina
8.558.141
27,72%
Rio Grande do Sul
6.950.411
22,51%
Paraná
5.249.609
17,00%
Minas Gerais
3.550.920
11,50%
Goiás
1.717.981
5,56%
São Paulo
1.624.501
5,26%
Mato Grosso
1.516.641
4,91%
Outros
1.707.521
5,53%
Brasil
30.875.725
100,00%
Fonte: IBGE, 2010
78
Também, nota-se uma relevância na produção dos Estados do Centro-Oeste, mas
também, em escala modesta. Esta produção vem crescendo ao longo dos últimos anos,
sobretudo em decorrência do crescimento expressivo na produção de grãos nesta região,
que por sua vez levou à instalação de algumas plantas abatedoras de suínos e aves
pertencentes a grandes indústrias alimentícias da região Sul, conforme discutido
anteriormente. Outro ponto característico da suinocultura, é o papel das cooperativas
que representam, em geral suinocultores e avicultores.
Figura 12 - Sistema Agroindustrial de Suínos no Brasil
Fonte: Adaptado de GARCIAS, M, P.; et al. (2002).
Bibliografia recomendada
ANUALPEC 2010. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP, Consultoria e
Agroinformativo, 2010. 360 p.
BESEN, G. M. V;. et al. Análise da competitividade da cadeia agroindustrial de carne
suína no Estado do Paraná / Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
79
Social, Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade e Grupo de Estudos e
Pesquisas Agroindustriais da UFSCAR. – Curitiba: IPARDES, 2002. 239 p.
OLIVEIRA, C.G. de. Instalações e manejo para suinocultura empresarial. São
Paulo: Ícone, 1997. 96 p.
SILVA, I.J.O. Ambiência e qualidade na produção industrial de suínos. Piracicaba:
FEALQ, 1999. 247 p.
SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I.; SILVEIRA, P.R.S.; SESTI, L.A.C. Suinocultura
intensiva. Brasília: EMBRAPA, 1998. 388 p.
6.12 Dados gerais da pecuária bovina de corte
No escopo da pecuária bovina, as informações devem ser analisadas
cuidadosamente para evitar erros de interpretação. Possuir o maior rebanho não
significa, propriamente, ser o maior produtor de carne. Da mesma maneira, ser o maior
produtor de carne não resulta em maior criação de riqueza e valor, pois depende do
acesso aos melhores mercados consumidores e da capacidade de agregação de valor ao
produto (FIESP, 2008).
O Brasil, possuidor do 2º maior rebanho (18,7% do total mundial), situa-se na 2º
posição do ranking dos países produtores de carnes (17,4%). E os Estados Unidos,
possuidor do 4º maior rebanho (pouco mais da metade do número de animais do Brasil),
80
figura como o principal produtor de carne do planeta, com 12,0 milhões das 54,5
milhões de toneladas, produzidas em 2007 (FAO, 2008), graças à sua alta
produtividade, derivada do sistema intensivo de criação, com abate de animais jovens
engordados em regime de confinamento.
É interessante observar o potencial de expansão da pecuária de corte no Brasil.
Extensiva, em sua maior parte, a criação de bovinos possui um coeficiente médio de
lotação de 1 animal por hectare de pastagem. Com um rebanho de aproximadamente
200 milhões de animais em 2009, a pecuária brasileira utilizou no geral (agregado
pecuária de corte e leiteira) uma área rural de 180 milhões de hectares. A intensificação
da atividade (na busca de maior produtividade) já é observada, uma vez que a produção
nacional de carnes cresce a taxas superiores ao crescimento do rebanho, concomitante
ao crescimento da lotação das pastagens, principalmente nas regiões onde as terras são
mais valorizadas. Isto significa que tem aumentado os investimentos em tecnologia que
possibilitam o aumento do número de gado por área, sem decrescer a produtividade.
No que se refere ao número de gados abatidos, ou seja, destinado à produção de
carne bovina, observa-se um relativo equilíbrio entre as principais regiões produtoras do
país. Baseando-se em dados do IBGE (2009), é na região do Centro-Oeste onde se
localiza a maior parte do rebanho nacional, e onde foram abatidos um terço dos gados
destinados à produção nacional de carne. O Estado de Mato Grosso lidera o ranking,
seguido de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Pará e Rondônia,
sendo que estes dois últimos apresentaram grande expansão na pecuária extensiva nas
últimas décadas, sobretudo próximos nas áreas de fronteira agrícola que se expandiram
a partir do norte e noroeste de Mato Grosso e no próprio sul do Pará.
81
Tabela 12 - Abate de gados no Brasil, por Unidades da Federação, em 2009
Estado
Gados abatidos
Participação
Mato Grosso
3.996.941
14,29%
Mato Grosso do Sul
3.270.372
11,69%
São Paulo
3.552.206
12,70%
Goiás
2.538.203
9,07%
Minas Gerais
2.472.853
8,84%
Pará
2.107.357
7,53%
Rondônia
1.804.866
6,45%
Rio Grande do Sul
1.556.792
5,56%
Paraná
1.208.514
4,32%
Bahia
1.143.170
4,09%
Outros
4.323.708
15,46%
Brasil
27.974.982
100,00%
Fonte: IBGE, 2009
Ao se estudar as características da pecuária bovina de corte, deve-se atentar ao
fato desta ser uma cultura, em sua maior parte, extensiva, onde o gado passa a maior
parte do tempo nos pastos, e não se demanda muitos tipos de etapas secundárias entre a
cria e engorda dos animas. Porém, quando se fala de confinamentos, e dado os
tamanhos de confinamentos de gados no país, observa-se, em grande parte, atividades
secundárias que demandam maior mão-de-obra, como a cria, engorda, silagem de rações
e alfafa para os animais, irrigação de pastagem, e utilização de maquinários deiversos,
entre outros, o que acarreta em maior necessidade de um modelo de gestão planejado.
82
Figura 13 - Sistema Agroindustrial de carne bovina no Brasil
Fonte: Adaptado de WIAZOWSKI (2000)
Bibliografia recomendada
ANUALPEC 2010. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: FNP, Consultoria e
Agroinformativo, 2010. 360 p.
BATALHA, M.O.; SILVA, C.A.B. (Org.). Estudo sobre a eficiência econômica e
competitividade da cadeia agroindustrial da pecuária de corte no Brasil. São Paulo:
CNI/SEBRAE/CNA, 2000. 398 p.
CARVALHO, T.B. Estudo da elasticidade-renda da demanda de carne bovina,
suína e de frango no Brasil. 2007. 88 p. Dissertação (Mestrado em Economia
Aplicada) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2007.
CRUZ, G.M. Produção de carne bovina utilizando confinamento. In: SIMPÓSIO
SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DO GADO DE CORTE, Goiânia, 2000. Anais.
Goiânia: CBNA, 2000. p. 91-106.
83
PEREIRA, L.R.R. Integração especial no mercado brasileiro de boi gordo. 2005.
166 p. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) - Universidade Federal de Viçosa,
Viçosa, 2005.
WIAZOWSKI, B. A.; CADEIA PRODUTIVA DE BOVINOS DE CORTE: UMA
ANÁLISE SISTÊMICA DE SUA COMPETITIVIDADE. Trabalho de monografia
apresentado ao Curso de Especialização em Gestão da Informação no Agronegócio da
Universidade Federal de Juiz de Fora. São Paulo. 2002. 26 pág.
6.13 Dados gerais da pecuária bovina de leite
84
Além da pecuária de gado de corte, a produção de leite tem grande relevância à
pecuária bovina brasileira. O leite e seus derivados são, em geral, produtos
tradicionalmente destinados ao mercado doméstico.
Atualmente, o Brasil possui o 3º maior rebanho de gado leiteiro do mundo, com
cerca de 21 milhões de cabeças, que produzem mais de 25 bilhões de litros anuais de
leite. O país ocupa a 6ª posição mundial na produção de leite, e também, o 3º posto
dentre os maiores produtores de queijo, atrás somente da União Européia e EUA, os
quais, em contrapartida, detêm 75% da produção mundial. Ainda, o Brasil possui
posição de destaque na produção de manteiga e leite em pó (FAO, 2008).
Mesmo com esta posição de destaque, a produtividade média do gado leiteiro no
Brasil é inferior à média dos principais produtores mundiais. Nos últimos anos o país
tem intensificado os investimentos em tecnologia e genética de raças produtoras, e tem
se potencializado para um maior crescimento de produtividade nesta cadeia, com
menores custos de produção (EMBRAPA, 2003).
Um fato interessante se refere ao grande número de indústrias processadoras em
todo o país, sobretudo nas grandes regiões produtoras. Em virtude de ser um produto
com alto custo logístico, a tendência é que as indústrias processadoras encontrem-se
próximas aos produtores e também ao mercado consumidor. Outra característica
marcante da pecuária de leite se refere ao excessivo número de produtores, muito deles
atuantes em estabelecimentos de agricultura familiar, com poucas cabeças produtoras.
Em 2008, constatou-se que haviam aproximadamente 1,4 milhões de
estabelecimentos produtores de gado leiteiro no Brasil, sendo que os estratos de
estabelecimentos entre 5 a 50 cabeças de gado leiteiro representaram 66% do total de
estabelecimentos, 44% do rebanho total, e 40% do volume produzido e valor gerado da
produção, ilustrando bem a realidade desta cadeia, no que se refere à participação de
pequenos produtores (IBGE, 2009). Em geral, estas também são pequenas propriedades
(em tamanho físico), muitas delas com até 50 hectares, onde na maioria das vezes, o
produtor tem outra atividade agrícola como fonte de renda.
85
Tabela 13 - Características gerais dos estabelecimentos produtores de leite no Brasil
Grupo de cabeças
De 1 a 2
Estabelecimentos Vacas ordenhadas Produção (mil litros)
Valor da Produção (mil R$)
58.341
72.253
81.792
De 3 a 4
102.808
159.708
180.226
44.184
93.821
De 5 a 9
239.113
585.152
733.489
344.736
De 10 a 19
313.542
1.463.181
2.214.269
946.040
De 20 a 49
347.190
3.228.897
5.374.353
2.292.021
De 50 a 99
140.751
2.428.065
3.812.348
1.645.924
De 100 a 199
74.610
1.986.646
3.202.763
1.392.101
De 200 a 499
45.842
1.722.497
2.879.677
1.282.676
De 500 e mais
20.591
954.781
1.635.041
755.950
6.538
1.349.326
35.368
12.636.548
43.722
20.157.682
20.084
8.817.536
Estabelecimento sem bovinos
Total
Fonte: IBGE, 2009
Tabela 14 - Características gerais dos estabelecimentos produtores de leite no Brasil
Produção (mil litros)
Valor da Produção (mil R$)
63.279
179.443
294.131
131.979
De 1 a menos de 2 ha
96.835
356.527
648.284
275.128
De 2 a menos de 5 ha
230.474
1.128.361
2.119.274
896.348
De 5 a menos de 10 ha
184.479
1.189.006
2.126.261
914.536
De 10 a menos de 20 ha
188.614
1.584.501
2.496.108
1.085.964
De 20 a menos de 50 ha
199.945
2.507.502
3.711.481
1.594.395
De 50 a menos de 100 ha
89.445
1.726.486
2.627.352
1.135.049
De 100 a menos de 200 ha
51.409
1.337.063
2.103.422
924.361
De 200 a menos de 500 ha
33.943
1.093.918
1.719.215
769.322
De 500 e mais ha
16.385
620.187
939.890
428.014
194.518
1.349.326
913.554
12.636.548
1.372.263
20.157.682
662.440
8.817.536
Tamanho da propriedade
Maior que 0 e menor que 1 ha
Produtor sem área de pastagem
Total
Estabelecimentos Vacas ordenhadas
Fonte: IBGE, 2009
Diferentemente de outros setores de produção animal, ou mesmo agrícolas, não
se encontra neste setor, uma concentração de mercado entre os grandes produtores. Este
fator é decorrente da massificação no número de produtores ao longo do território,
conforme citado anteriormente.
A atividade leiteira está presente em todas as regiões do País, porém com
relevante concentração nos seis maiores produtores, com destaque para Minas Gerais,
Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo e Santa Catarina. O primeiro é
responsável por aproximadamente um quarto da produção nacional, enquanto os demais
participam com cerca de 6 a 8% do volume produzido no país, cada um.
Quando se observa o perfil dos estabelecimentos produtores de leite em cada um
destes Estados, nota-se que este segue padrão semelhante a média do país, como um
todo, apresentando, porém, um ligeiro aumento no número de matrizes (vacas leiteiras)
cuja maior parte da produção encontra-se nos estabelecimentos de 20 a 100 cabeças,
86
mas com maior participação dos grandes produtores, em detrimento de uma menor
escala dos pequenos produtores.
A produção mineira é uniformemente distribuída em praticamente todo o Estado,
com diversas regiões produtoras expressivas. Destacam-se ali, a produção leiteira no
Triângulo Mineiro (Uberlândia, Araxá, Patos de Minas, Frutal, Três Marias e
Patrocínio), o centro-sul do Estado (Bom Despacho, Sete Lagoas, Aimoré, Divinópolis,
São João Del Rei, Passos e Piuí), além de Governador Valadares (no leste), Juiz de Fora
(zona da mata) e Unaí e Paracatu (norte).
No Paraná a produção é concentrada na faixa sul e oeste do Estado, em Ponta
Grossa, Toledo, Cascavel, Francisco Beltrão e Pato Branco, enquanto que no Rio
Grande do Sul observa-se produção no centro e norte, mais especificamente em Santa
Rosa, Três Passos, Frederico Westphalen, Erechim, Cerro Largo, Ijuí, Passo Fundo,
Cruz Alta e Guaporé, além de Cachoeira do Sul.
Figura 14 - Sistema Agroindustrial do leite no Brasil
Fonte: Adaptado da Embrapa Gado de Leite (2005).
87
Bibliografia recomendada
BRITO, A.S. de.; NOBRE, F.V.; FONSECA, J.R.R. (orgs.). Bovinocultura leiteira:
informações técnicas e de gestão. Natal: SEBRAE/RN, 2009. 320 p.
EMBRAPA GADO DE LEITE. Estatísticas do Leite. Disponível em:
<http://www.cnpgl.embrapa.br>. Acesso em: 10. dez. 2005.
PEIXOTO, A.M.; NORONHA, J.F.; ALCÂNTARA, J.M.; PETRI, M.A (orgs.).
Bovinocultura leiteira: fundamentos da exploração racional. Piracicaba: FEALQ,
1993.
PONCHIO, L.A. Produtividade, custo e lucro na produção de leite no Brasil. 68 p.
2006. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006.
SANTOS, D.F. Políticas macroeconômicas e seus efeitos sobre as importações de
lácteos no Brasil. 2004. 121 p. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) – Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba,
2004.
SILVA, I.J.O. Ambiência na produção de leite. Piracicaba: FEALQ, 1999. 201 p.
88
6.14 Dados gerais da produção de frutas
O Brasil é atualmente o terceiro maior produtor mundial de frutas, contribuindo
com aproximadamente com 12,5% da produção total mundial. No entanto, a maior parte
da produção destina-se ao mercado interno e apenas uma pequena parcela de 2% é
comercializada no mercado internacional (MAPA, 2010).
Um dos fatores para essa baixa participação se dá à qualidade do produto final,
que muitas vezes não se adequam ao perfil demandado pelos consumidores estrangeiros,
e aos padrões de qualidade exigidos pelos países importadores. Entre as razões para tal
fato é o mau uso das técnicas de manejo do solo e da planta, falta de estrutura de
armazenamento, logística, embalagens inadequadas e a própria desinformação do
produtor. Apesar destes gargalos, segundo Embrapa (2003), o Brasil apresenta uma
grande diversidade de climas e solos, o que acarreta em vantagem competitiva para
produção de frutas de boa qualidade, além de uma variedade maior de espécies, de
acordo com estas condições edafo-climáticas.
É necessário salientar, porém, que a participação brasileira nas exportações
mundiais de frutas têm crescido ano a ano, à medida que o país tem conseguido atender
a padrões fitossanitários exigidos pelos maiores mercados importadores, como Japão,
União Européia e EUA. Contudo, existe ainda um caminho extenso a percorrer, o qual
permita adentrar densamente nestes mercados, rompendo com parte das barreiras
sanitárias impostas.
No que tange às características gerais dos fruticultores brasileiros, estes estão
estabelecidos em alguns pólos produtivos, os quais se caracterizam pela baixa presença
de capital, elevada especialização da mão-de-obra (apesar do pequeno número de
trabalhadores formalmente qualificados) e onde as inovações tecnológicas são do tipo
incremental, geralmente baseadas na difusão, aprendizado e adaptação (EMBRAPA,
2003).
Desconsiderando a laranja, já mencionada anteriormente neste relatório, a
produção de algumas frutas se destacam perante as demais, as quais: banana, maçã, uva
(vinho e mesa) e melão (por seu caráter exportador).
89
A produção de banana no Brasil em 2009 foi de 7,2 milhões de toneladas e
gerou cerca de R$3,4 bilhões de reais (IBGE, 2010). Sua produção é amplamente
difundida na maioria dos Estados brasileiros, com intuito de atender aos mercados
locais. Os maiores produtores são Bahia e São Paulo, que juntos respondem com
aproximadamente 35% da produção nacional. Outros Estados também apresentam certa
relevância, como Santa Catarina, Pará, Minas Gerais, Ceará e Pernambuco. Nota-se
assim, que o cultivo é representativo em todo território nacional, na maioria das vezes
por pequenos e médios produtores, espalhados em diversas regiões produtivas dentro de
seus Estados. Uma exceção é no Vale do Ribeira, em São Paulo, onde a bananicultura é
uma das principais atividades econômicas da região, e apresenta grandes propriedades
produtoras.
Já a produção de maçã no Brasil situou-se em torno de 1,2 milhões de toneladas,
em 2009, resultando em aproximadamente R$900 milhões de receita (IBGE, 2010).
Diferentemente da banana, a produção de maçã é quase que completamente concentrada
(96%) em dois Estados da região Sul: Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O principal
fator limitante desta concentração é o clima, já que estes Estados apresentam
temperaturas amenas no inverno, e não possuem longos períodos de estiagem, com a
pluviosidade distribuída mais uniformemente ao longo do ano (EMBRAPA, 2003).
A produção de maçã em Santa Catarina se dá praticamente em duas regiões:
Joaçaba e Campos de Lajes, nas regiões altas do centro-sul do Estado; enquanto no Rio
Grande do Sul se localiza em Vacaria e Caxias do Sul, também nas áreas montanhosas
no norte do Estado, e que fazem divisa com as regiões produtoras mencionadas em
Santa Catarina.
O perfil característico dos estabelecimentos produtores de maçã nas regiões
mencionadas são de pouco menos de 3 mil produtores, onde a produção é
heterogeneamente observada em diferentes estratos, que vão de 2 a 500 hectares.
Entretanto, há um pequeno número de produtores com mais de 50 hectares (apenas
algumas dezenas) e que correspondem a cerca de 35% da produção nacional. Vale
ressaltar, que por ser uma cultura com alta produtividade, dificilmente encontram-se
propriedades com mais de uma centena de hectares.
90
A produção de uva no Brasil em 2009 foi de 1,4 milhões de toneladas gerando
em torno de R$ 1 bilhão em receitas. Há de considerar, porém, que parte de seu cultivo
é destinado à produção de vinhos, e parte ao consumo in natura (conhecido como uva
de mesa). Atualmente, aproximadamente 70% da uva colhida no Brasil é destinada para
a produção de vinhos, enquanto os demais 30% vão para o consumo doméstico (IBGE,
2010).
Há uma ligeira diferenciação nas características de propriedades destes dois
sistemas de cultivo. Enquanto a produção de uva para vinho concentra-se em
estabelecimentos produtores entre 2 a 20 hectares, no caso da uva de mesa, há uma
maior heterogeneidade nos perfis de estabelecimentos, os quais variam de 2 a 500
hectares. Entretanto, neste segundo caso, apenas algumas dezenas de produtores
possuem áreas cultivadas com mais de 50 hectares, o que mostra o recente crescimento
da fruticultura, em especial no Vale do São Francisco, no Nordeste, conforme descrito
abaixo.
Desta forma, o cultivo da uva é encontrado basicamente em três regiões: no Sul,
Sudeste e Nordeste do país, onde o primeiro se especializa na produção de uva para
vinhos, e os demais no cultivo de uva para mesa.
A produção da região Sul é quase inteiramente situada no Rio Grande do Sul,
mais especificamente nas serras gaúchas, ao norte do Estado, e destina-se basicamente à
produção de vinho, embora tenha uma certa representatividade (10%) no montante total
da produção de uvas de mesa do país. Do total de uva produzido no país (vinho e mesa),
mais de 70% se localiza no Rio Grande do Sul.
Já a produção do Sudeste é representada por São Paulo, que cultiva uva em áreas
próximas à região metropolitana de São Paulo, como nos municípios de São Roque, São
Miguel Arcanjo e Jundiaí. Embora se encontre vinícolas nesta área, 90% do cultivo
paulista é para uva de mesa. Mesmo assim, a representatividade da produção total de
São Paulo neste setor contribui com menos de 10% da produção nacional.
Enquanto isso, o Nordeste se caracteriza basicamente pela produção de uva de
mesa (45% da produção deste tipo de uva no país), com destaque à produção irrigada do
Vale do São Francisco, em pleno semi-árido, na divisa dos Estados da Bahia e
Pernambuco, mais especificamente na região de Juazeiro e Petrolina. A fruticultura
91
nesta região iniciou-se de forma intensiva há pouco mais de uma década, com destaque
ao cultivo de a uva de mesa, melão, entre outras. Esta produção utiliza-se de tecnologias
avançadas no sistema de irrigação e variedades resistentes, desenvolvidas recentemente,
de forma a tolerar ao clima árido e quente da região. Hoje, apenas com a produção de
uva de mesa, Bahia e Pernambuco produzem aproximadamente 15% de toda uva
colhida no Brasil.
Em relação à produção de melão, vale destacar o potencial de conquista no
mercado internacional que este setor vem alcançando ano a ano, colocando o Brasil no
cenário de exportação de melão. Além da produção no Vale do São Francisco (28% do
total), os grandes produtores são Rio Grande do Norte e Ceará, representando
respectivamente, 41% e 28% do total da produção nacional (IBGE, 2010).
Esta cultura apresenta um número razoável de produtores, em torno de 22 mil,
porém pouco mais de 1000 produtores em todo o país, localizados em propriedades
entre 100 a 2500 hectares, produzem 70% do volume total. Esta situação demonstra o
perfil de grandes propriedades neste segmento. Entretanto, vale frisar que este setor
ainda
é
pequeno
se
comparado
aos
demais
aqui
apresentando,
gerando
aproximadamente R$250 milhões em receitas anualmente.
92
Figura 15 - Sistema Agroindustrial de Frutas no Brasil
Fonte:
Bibliografia recomendada
KUHN, G. B.; LOVATEL, J. L.; PREZOTTO, O. P.; RIVALDO, O. F. MANDELLI,
F.; SÔNEGO, O. R. O cultivo da videira: informações básicas. 2. ed. Bento
Gonçalves: EMBRAPA-CNPUV, 1996. 60 p. (EMBRAPA-CNPUV. Circular Técnica,
10).
OLIVEIRA, L.A. de. A importância das normas internacionais para o comércio da
fruticultura brasileira. 2005. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) – Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba,
2005.
93
TERRA, M.M.; PIRES, E.J.P.; POMMER, C.V.; NOGUEIRA, N.A.M. (Coord.).
Tecnologia para a produção de uva Itália na região noroeste do Estado de São
Paulo. Campinas: CATI, 1998. 58 p. (Documento Técnico, 97).
6.15 Dados gerais da silvicultura
O setor florestal brasileiro é tradicionalmente conhecido como grande gerador de
divisas ao Brasil, empregando muitos trabalhadores e contribuindo com parcela
significativa do PIB agropecuário nacional. Ainda, esta é uma atividade que envolve
94
muitos municípios brasileiros e tem um forte apelo social como atividade
ambientalmente adequada para a conservação dos solos, dos animais e da água (MAPA,
2010).
Este setor apresentou grande evolução a partir da década de 1970, com o
estabelecimento de grandes indústrias produtoras de celulose, o que elevou o país a um
grande exportador mundial de celulose, com alta tecnologia empregada nas pesquisas de
variedades e manejo de reflorestamentos, além de redução gradativa nos custos de
produção. Hoje, as exportações de celulose geram em torno de US$3 bilhões anuais de
divisas ao Brasil (IBGE, 2010).
No país, a exploração de florestas nativas ainda é recorrente, entretanto, a
produção de pinus e eucalipto representam a maior parte do setor, e vem crescendo ano
a ano. A produção de pinus é mais forte nos Estados do Sul: Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. Já a produção de eucalipto se destaca nos Estados de São Paulo,
Bahia Minas Gerais e Espírito Santo, onde também se localizam as maiores indústrias
deste setor.
Na Tabela 15 pode-se observar a participação dos principais Estados produtores
de madeira em tora produzida na silvicultura brasileira, tanto por pinus, como por
eucalipto. Observa-se assim forte concentração da produção nas regiões mencionadas,
que concentram mais de 94% da produção nacional, em sua maior parte, destinada à
produção de papel, ou de celulose para exportação e consumo doméstico (IBGE, 2009).
Tabela 15 - Quantidade de madeira em tora produzida na silvicultura no Brasil, por
Estado
Estado
Produção (Metros cúbicos)
Participação
São Paulo
23.167.289
22,88%
Paraná
22.343.174
22,06%
Santa Catarina
14.479.971
14,30%
Bahia
12.126.280
11,98%
Minas Gerais
9.204.741
9,09%
Rio Grande do Sul
8.262.600
8,16%
Espírito Santo
6.258.410
6,18%
5.419.435
101.261.900
5,35%
100,00%
Outros
Brasil
95
Fonte: IBGE, 2009
Em geral, as grandes indústrias detêm a maior parte dos reflorestamentos de
eucalipto e pinus no Brasil, as quais são fazendas de grande porte, espalhadas em um
raio médio de até 300 km da planta industrial (MAPA, 2010). Já os pequenos e médios
produtores, usualmente arrendam sua produção às grandes indústrias de papel e
celulose, ou usam a madeira para carvão vegetal, lenha ou outras atividades.
Bibliografia recomendada
ANTONANGELO, A. As inovações tecnológicas na silvicultura brasileira e seus
impactos sobre a expansão desta atividade. Revista Brasileira de Economia. Rio de
Janeiro, v. 52, n. 1, p. 207-230, 1998.
INSTITUTO DE PESQUISAS E ESTUDOS FLORESTAIS - IPEF. Teses e
dissertações. Disponível em: <http://www.ipef.br>.
LEYTON, K. Dinâmica de florestas nativas em áreas de expansão de eucalipto no
Estado de São Paulo. 2008. 80 p. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de
Plantas) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2008.
MONTEBELLO, A.E.S. Análise da evolução da indústria brasileira de celulose no
período de 1980 a 2005. 2006. 114 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) –
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo,
Piracicaba, 2006.
ROMANELLI, T.L. Sustentabilidade energética de um sistema de produção da
cultura de eucalipto. 2007. 121 p. Tese (Doutorado em Recursos Florestais) – Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, São Paulo,
2007.
96
Figura 6 - Ilustração esquemática da distribuição espacial dos principais recursos
pesqueiros da costa brasileira.
Fonte: Diagnóstico da pesca extrativa do Brasil.
6.16 Dados gerais sobre Pesca e Aquicultura
A extensão do litoral do Brasil possui cerca de 8.500 quilômetros e uma Zona
Economicamente Exclusiva - ZEE de 3,5 milhões de km². Estudos técnicos já realizados
para uma faixa litorânea de até 200 metros de profundidade estimam um potencial anual
de captura sustentável variando entre 1,4 e 1,7 milhão de toneladas, valor que ainda está
aquém do volume atualmente capturado. A atividade pesqueira brasileira ocorre em
águas marítimas, estuarinas e continentais, sendo divididas em pesca extrativa (extração
do pescado como um recurso natural renovável) e não extrativa (o pescado é um
produto cultivado, como a aqüicultura). Estima-se que o potencial hídrico do território
brasileiro é de 5,3 milhões de hectares de água doce represada em grandes reservatórios
naturais e artificiais. Associada às condições climáticas adequadas e disponibilidade de
alimentos completos para piscicultura intensiva, permite uma expansão quase ilimitada
da piscicultura em tanques-rede no país. O grande desafio é saber se a piscicultura é
97
capaz de competir em preço e qualidade, com a pesca extrativa e as demais fontes de
proteína animal no mercado de alimentos (SONODA, 2002).
O Brasil é o 27º produtor mundial de pescados e é responsável pela geração de
aproximadamente 800 mil empregos diretos (IBGE, 2009). A produção de pescado
estimada em 2006 foi de 1.050.808 toneladas, cujo valor corresponde a R$
3.294.604.130,05. A pesca extrativa marinha representa 50,23%; a aqüicultura
marítima, 7,66%; a pesca extrativa continental, 23,9%; e, a aqüicultura continental,
18,2%. Por outro lado, o consumo per capita anual de pescados no Brasil é de 6
kg/hab./ano, pode ser considerado baixo, pois segundo a FAO, este consumo deveria ser
de no mínimo de 12 kg/hab./ano (Diagnóstico da pesca extrativa no Brasil).
As políticas públicas para a atividade durante este período trouxeram reflexos no
setor produtivo. A série histórica oficial disponível sobre a produção nacional de
pescado, para o período de 1978 a 2007 mostra uma tendência de crescimento até 1986
(final dos incentivos fiscais), ano em que se atingiu 971,5 mil toneladas. A partir de
então, registrou-se um continuo decréscimo, quando, em 1990, a produção foi de apenas
640,3 mil t. Os últimos anos da série apontam para uma tênue recuperação, sendo que
em 1999 a produção atingiu um total de 744,6 mil t. Destaca-se que a recuperação da
produção pesqueira deve-se ao incremento da produção continental, já que a oriunda do
ambiente marítimo, mostrou uma tendência de estagnação. A produção de pescado está
estabilizada em torno de 700 mil toneladas, em que 71% (500 mil toneladas) são de
origem marinha.
98
Figura 7 - Brasil: evolução da produção pesqueira marítima, interior e aqüicultura, em
milhares de toneladas, de 1978 a 2007.
Fonte: Adaptado de 1978 a 1998 de Abdallah (1998) e Sonoda 2006.
Nota: Dados de 1999 a 2007 atualizados com base nos dados de Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (2007).
Ao longo do seu extenso litoral, o Brasil apresenta uma grande diversidade de
ambientes, o que está relacionado com as características das atividades pesqueiras. Em
2007, a produção brasileira de pescados foi um pouco superior à 1 milhão de toneladas e
o principal estado produtor de pescados foi o Nordeste. A pesca extrativa representou
cerca de 70% desta produção e os 30% restantes são referentes à aqüicultura.
Tabela 16 - Regiões do país: produção de pescados, em toneladas, 2007.
Pesca Extrativa
Aqüicultura
Região
Total
Marinha
Continental
Marinha
Continental
Norte
72.036,5
139.966,0
200,0
26.143,0
238.345,5
Nordeste
155.625,5
68.497,0
63.500,5
43.985,5
331.608,5
Sudeste
137.666,0
22.201,0
838,0
35.823,5
196.528,5
Sul
174.638,5
2.092,0
13.866,5
64.483,5
255.080,5
Centro-Oeste
0,0
10.454,0
0,0
40.209,0
50.663,0
Total
539.966,5
243.210,0
78.405,0
210.644,5 1.072.226,0
Fonte: IBAMA 2007.
99
Figura 1-- - Sistema Agroindustrial de Pesca no Brasil
Fonte:
Bibliografia Recomendada
COLT, J.; MONTGOMERY, J.M. Aquaculture production systems. Journal of
Animal Science, v.69, p.4183-4192, 1991.
FAO. Statistics. http://www.fao.org/corp/statistics/en/ (20 out. 2010)
J. E.P.CYRINO, E.C.URBINATI e N.CASTAGNOLLI, editores. Tópicos Especiais em
Piscicultura de Água Doce Tropical Intensiva. São Paulo: TecArt, 2004. 533p.
MARTIN, B.N.; SCORVO FILHO, J.D.; AYROSA, L.M.S. Custos e retornos na
piscicultura em São Paulo. Informações Econômicas, v.25, n.1, p.9-47, 1995.
PROENÇA, E.C.M.; BITTENCOURT, P.R.L. Manual de piscicultura tropical.
Brasília: IBAMA, 1994. 342p.
100
SCORVO FILHO, J.D.; MARTIN, N.B.; AYROSA, L.M.S. Preços na piscicultura no
Estado de São Paulo, 1995 e 1997. Informações Econômicas, v.29, n.3, p.1-10, 1999.
101
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pôde-se constatar a partir da explanação dos dados estatísticos dos principais
setores agrícolas e pecuários no Brasil, que estes apresentam, de forma geral, taxas de
crescimento elevadas com perspectivas de manutenção deste ritmo acelerado nos
próximos anos. Estima-se que o PIB do agronegócio no Brasil se aproxime a um terço
do total de riquezas geradas no país (FIESP, 2008). Além disso, a participação de
produtos agropecuários na pauta das exportações brasileiras contribuiu para os
superávits recordes na balança comercial do país na última década. Contudo outros
importantes fatores são apontados como impulsionadores da agropecuária e do
agronegócio, e que vão além da simples magnitude do setor na economia do país.
Assim, deve-se apontar outros fatores como propulsores da agropecuária
brasileira, sob a ótica de um potencial latente de crescimento. A integração vertical das
cadeias têm muitas vezes levado a uma modernização das mesmas. Se por um lado, em
muitos casos, o produtor tem parte de sua produção garantida dado o rápido aumento na
demanda por alimentos industrializados, que por sua vez aquece o setor agroindustrial,
por outro, esta demanda exige qualidade na entrega do produto agrícola, o que faz com
que produtor, cooperativas e instituições públicas e privadas busquem alternativas
melhores e tecnologicamente avançadas para ganhos em produtividade e redução de
custos produtivos. Assim, aumenta-se a demanda por mão-de-obra qualificada,
inovações tecnológicas em variedades e processos produtivos, e tecnificação na
aquisição de maquinários modernos, desde o manejo e preparo do solo, até o
armazenamento do produto final.
Outro fator que chama atenção são as formações de clusters de produção de
algumas cadeias agroindustriais, e o avanço do cultivo nas áreas de fronteiras agrícolas
mais recentes, como em algumas áreas do Centro-Oeste, Nordeste e Norte do país. O
presente estudo verifica que muitas regiões em comum são grandes produtoras de
diferentes commodities, independente destas regiões serem tradicionais na produção
primária, ou áreas de recente fronteira agrícola.
A região Sul do país apresenta-se como grande produtora de grãos, suínos e
aves, leite, arroz, feijão, carne bovina, cana-de-açúcar, madeira e frutas (uva e maçã),
102
com destaque para o oeste e sudoeste paranaense, centro e litoral catarinense e a maior
parte do Rio Grande do Sul, muitas vezes com culturas semelhantes, como caso de
milho, trigo e soja, ou complementares, como outros grãos (arroz), e suínos e aves.
Da mesma forma, o Sudeste mostra-se como uma região consolidada em
diversas culturas, sobretudo na produção de cana-de-açúcar, laranja, café, leite, madeira,
feijão e milho, além de destacar-se também, como produtor expressivo em culturas que
são concentradas no Sul e Centro-Oeste, como por exemplo, suinocultura, avicultura,
soja e fruticultura em geral, principalmente pelo fato de ser o grande mercado
consumidor do país, e demandar regularmente essas commodities para abastecimento de
seu mercado local. Todo o interior de São Paulo, Triângulo Mineiro, sul, sudeste e
noroeste de Minas, e oeste capixaba são áreas com culturas estabelecidas, e com alta
produção de diferentes culturas.
Já o Centro-Oeste mostra-se como uma área em amplo crescimento,
principalmente nos últimos 15 anos, com um grande avanço na produção graneleira,
como soja e milho, além de algumas áreas com arroz e feijão. Ainda é uma das regiões
onde se concentra a produção de algodão brasileira, e boa parte do rebanho de gado para
corte. Outros sistemas produtivos têm se mostrado com alto potencial de crescimento
nesta região, como a cana-de-açúcar, avançando pelo sul de Goiás e Mato Grosso do
Sul, e suinocultura e avicultura, com a instalação de plantas abatedoras nas grandes
regiões produtoras de soja e milho. Há de considerar também, o tamanho médio dos
estabelecimentos produtores do Centro-Oeste, em geral, grandes propriedades, e maior
que a média nacional, principalmente em suas principais culturas, como soja, milho e
algodão. As principais áreas produtoras desta região são o sul e sudeste de Goiás, sul do
Mato grosso do Sul, e sul, sudeste e centro-norte de Mato Grosso.
No
Nordeste
brasileiro,
encontram-se
na
maior
parte,
áreas
com
estabelecimentos produtores de pequeno porte e com produção diversificada, destinada
na maior parte para abastecimento do mercado regional. Também, muitas destas
culturas apresentam produtividade bem inferior à média nacional, e com produtos finais
de menor qualidade. Entretanto, pode-se verificar áreas produtoras já estabelecidas,
como da cana-de-açúcar, na faixa litorânea de Alagoas e Pernambuco, e áreas de rápido
crescimento, sobretudo no oeste baiano (com soja, milho, algodão e café), Vale do São
103
Francisco (com fruticultura) e muito recentemente, observa-se movimentação em outras
áreas de cerrado no sul do Piauí e Maranhão. Nas áreas de fronteira agrícola do oeste da
Bahia, nota-se características de propriedades semelhantes às verificadas no CentroOeste brasileiro, de grandes estabelecimentos produtores, tecnificados, e com alta
produtividade.
Já o norte do país é pouco mencionado, dado que em sua maior parte encontra-se
a floresta amazônica, área de pouca exploração agrícola. Porém, notam-se avanços na
última década ao sul de Rondônia e Tocantins, com produção de grãos e pecuária
extensiva, que avançaram pelas áreas de fronteira agrícola do norte de Mato Grosso e
Goiás. Além disso, deve-se mencionar o sul do Pará, com um aumento expressivo na
pecuária extensiva nos últimos anos.
Este mapeamento macro sobre as principais atividades agropecuárias no Brasil,
apontando as características de cada região produtora, seu tamanho de mercado atual,
tendências e perspectivas, permite ao leitor uma melhor visualização da realidade do
agronegócio brasileiro. Estes apontamentos possibilitam um maior conhecimento em
relação a cada tipo de cultura, suas características individuais e principais regiões em
que se localiza sua produção
104
105

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