RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE EVENTO
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RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE EVENTO
RELATÓRIO PARA AUXÍLIO DE EVENTO Projeto Agrisus No: 1320/14 Nome do Evento: I Workshop Internacional em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária – Ovinocultura de Corte Período: 24 a 26 de Julho de 2014 Site do Evento: http://www.cordeirobiz.com.br/integra/ Interessado (Coordenador do Projeto): Prof. Dr. Ciniro Costa Instituição: Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/UNESP) – Campus de Botucatu Distrito de Rubião Júnior, s/n – Caixa Postal 560 – CEP: 18.618-970 – Botucatu/SP Telefone: (14) 3880-2985 E-mail: [email protected] Local do Evento: Auditório Prof. Paulo Rodolfo Leopoldo – Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/UNESP) – Campus de Botucatu Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 5.000,00 Vigência: 08/04/2014 a 26/08/2014 RESUMO: Os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA) causaram uma revolução no campo. A integração transformará o cenário do agronegócio nas próximas décadas. Os empreendimentos rurais de maior rentabilidade no Brasil atualmente adotaram sistemas integrados e os crescentes resultados apresentados por pesquisas e produtores comprovam que esse é um caminho seguro a ser seguido. Assim, o Workshop teve como objetivos a discussão e divulgação entre Estudantes de Graduação, Pós-graduação, Profissionais, Pesquisadores e Produtores Rurais, as principais atualidades tecnológicas na área de SIPA com foco em Ovinocultura de Corte; promover debates sobre os temas ainda não elucidados e que podem contribuir para maior eficiência produtiva, manutenção/melhoria da fertilidade do solo e sustentabilidade desses sistemas integrados de produção de grãos, forragem, carne e madeira. Durante o evento foram proferidas 16 palestras por renomados professores e pesquisadores nacionais e internacionais que atuam fortemente com o assunto. Também foi realizada uma visita técnica em Projeto de Campo com produção de ovinos em sistema de integração lavourapecuária (ILP) na FMVZ/UNESP – Campus de Botucatu. O evento contou com 157 participantes, dentre Estudantes de Graduação e Pós-Graduação dos cursos de Agronomia, Zootecnia e Medicina Veterinária, Profissionais, Pesquisadores e Produtores Rurais de diversas regiões do Brasil e da Nova Zelândia. Com relação ao patrocínio da Fundação Agrisus: foram distribuídos folders da fundação para todos os participantes e palestrantes; foi colocado em local visível dois banners da Fundação Agrisus; em todos os intervalos foram realizadas projeções do logo e mensagem da Fundação Agrisus, além de ter sido realizada menção de patrocínio da Fundação Agrisus durante todo o evento, bem como, foi disponibilizado tempo para apresentação da Fundação Agrisus em plenário e cinco vagas de inscrições para uso por participantes indicados pela Fundação Agrisus, porém, estes dois últimos benefícios não foram utilizados pela Fundação. O evento foi de fundamental importância para a formação e divulgação de ideias e inovações tecnológicas, essenciais para a evolução da agropecuária brasileira. Comissão Organizadora e de Trabalho Prof. Dr. Ciniro Costa – Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal – FMVZ/UNESP – Botucatu. Prof. Dr. Carlos Alexandre Costa Crusciol – Departamento de Produção Vegetal (Agricultura) – FCA/UNESP - Botucatu. Prof. Dr. Paulo Roberto de Lima Meirelles – Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal – FMVZ/UNESP - Botucatu. Prof. Dr. Roberto de Oliveira Roça – Departamento de Economia, Sociologia e Tecnologia – FCA/UNESP - Botucatu. Prof. Dr. Juliano Carlos Calonego – Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) – Presidente Prudente. Pós-Doutorando Dr. Cristiano Magalhães Pariz – Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal – FMVZ/UNESP – Botucatu. Doutorando André Michel de Castilhos – Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal – FMVZ/UNESP – Botucatu. Mestranda Dayanne Martins de Almeida – Massey University – Nova Zelândia Mestrando Rafael Fernando dos Santos – Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal – FMVZ/UNESP – Botucatu. Gestora do Agronegócio Lívia Fontes Capelluppi – CordeiroBIZ Mestranda Natalia Mitiko Aono – Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal – FMVZ/UNESP – Botucatu. RELATÓRIO DO EVENTO: 1. INTRODUÇÃO: Os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária (SIPA) proporcionam maior produção de forragem para alimentação animal, principalmente durante o período de seca, além da formação de palhada para viabilizar o sistema plantio direto, especialmente em regiões tropicais. Esse sistema de produção tem como vantagens: grande ciclagem de nutrientes e redução no uso de fertilizantes e corretivos ao longo dos anos, redução da incidência de pragas, doenças e plantas daninhas, com consequente diminuição no consumo de defensivos agrícolas, melhor conservação do solo e da água, refletindo em maior rentabilidade e estabilidade dos sistemas produtivos. A Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/UNESP), Campus de Botucatu e a Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/UNESP), Campus de Botucatu tem desenvolvido diversas pesquisas e eventos relacionados aos SIPA, inclusive em parceria com outras Instituições, sempre visando aumento de produtividade, porém, sem perder o foco de sustentabilidade e conservação dos recursos naturais. O OLHAR SOBRE O CAMPO A exploração das terras aráveis requer eficiência para produzir de forma sustentável frente ao aumento da demanda por produtos provenientes da lavoura, pecuária e floresta. Para minimizar a estacionalidade de produção das regiões tropicais e recuperar áreas degradadas, os SIPA solucionam gargalos produtivos para quem busca resultados concretos, principalmente em longo prazo. De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU), a demanda por produtos alimentícios provenientes da pecuária, principalmente carne, deve crescer significativamente nas próximas décadas. Assim, tal entidade destaca que aumentará a preferência por SIPA, tendo em vista os seus benefícios com a sustentabilidade ambiental e econômica. Em contrapartida, o consumidor busca produtos de qualidade e seguros com a consciência de que as práticas de produção sejam ambientalmente corretas e respeitem o bem estar animal. INTEGRAÇÃO COM A PECUÁRIA A bovinocultura brasileira ganhou destaque mundial na última década e caminha para um nível exemplar de profissionalização da cadeia produtiva. As oportunidades para o setor se multiplicam quando são avaliadas as demandas pela carne ovina, que atrai cada vez mais pecuaristas e investidores. O rebanho ovino selecionado para produção torna-se uma alternativa atraente para o pecuarista rentabilizar a sua terra, seja a ovinocultura como a atividade principal do sistema ou integrada com outras culturas. Dessa forma, o rebanho ovino diferencia-se pela adaptabilidade e eficiência na produção por área. O mercado agropecuário aponta que estamos na epopeia do Brasil como “celeiro do mundo” e a ovinocultura será o destaque nesse novo cenário. TRANSFERÊNCIA TECNOLÓGICA A proposta do "I Workshop Internacional em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária - Ovinocultura de Corte” foi apresentar alternativas ao pecuarista para implantar a ovinocultura nas propriedades rurais, amparado por pacotes tecnológicos de produção que abrangem a integração entre lavoura, pecuária e floresta. O alicerce de um sistema produtivo bem sucedido é o planejamento da Propriedade Rural desde o preparo do solo até a seleção dos animais e comercialização dos produtos. No caso da opção pela integração das atividades, também é de suma importância a correta escolha das forrageiras, culturas graníferas e espécies arbóreas. O pecuarista que visa resultados socioeconômicos e ambientais positivos, tem que dominar as técnicas de cultivo com foco em manejo do solo e de plantas, utilização de práticas conservacionistas do solo como o sistema plantio direto, além do manejo, seleção, nutrição e a sanidade do rebanho, produzindo em equilíbrio com o meio ambiente e subsidiando a renda familiar com os resultados do campo. 2. PROGRAMA DO EVENTO: (dia, hora, palestra, palestrante de cada participação. Temário e Palestrantes - Quinta-feira (24/07) 18:00-18:30 – Inscrições, entrega de materiais e Cerimônia de Abertura Tema: Superprecoce 18:30-19:15 – Planejamento nutricional no modelo superprecoce de produção: uma ferramenta ao ovinocultor – Prof. Dr. Mario de Beni Arrigoni (FMVZ/UNESP – Botucatu/SP) 19:15-20:00 – Estratégias nutricionais para potencializar o desempenho dos cordeiros até o desmame – Profª. Drª. Alda Lúcia Gomes Monteiro (UFPR – Curitiba/PR) 20:00-20:30 – Coffee-break 20:30-21:15 – Desafios produtivos para a melhor qualidade da carne de cordeiro – Prof. Dr. Rafael Silvio Bonilha Pinheiro (FE/UNESP – Ilha Solteira/SP) 21:15-22:00 – MESA PECUARISTA – Mercado das carnes e os desafios do aumento da demanda – Renato Mantovani (Zootecnista proprietário da Cabanha Mantovinos – Porangaba/SP); André Michel de Castilhos (Zootecnista, Doutorando em Zootecnia FMVZ/UNESP – Botucatu/SP); Prof. Dr. Cledson Augusto Garcia (UNIMAR – Marília/SP) - Sexta-feira (25/07) 08:00-09:00 – Mostra de Trabalhos Científicos; Entrevista com o pecuarista Tiago de Miguel Felipini (Bovinocultura de corte em pastagens irrigadas e eficiência produtiva) e Tarcísio Bartmeyer (Cooperativa Castrolanda – Castro/PR) 09:00-09:15 – Entrega de Prêmio e apresentação oral do melhor pôster de pesquisa apresentado na Mostra Científica do evento Tema: Integração 09:15-10:00 – Produção de forragem em sistemas integrados como alternativa para minimizar a sazonalidade das pastagens – Prof. Dr. Ciniro Costa (FMVZ/UNESP – Botucatu/SP) 10:00-10:45 – Impactos (ou desafios?) socioeconômicos e ambientais na adoção de sistemas integrados de produção agropecuária – Prof. Dr. Ciro Antonio Rosolem (FCA/UNESP – Botucatu/SP) 10:45-11:30 – Fazenda Modelo: sistema de produção integração lavoura, pecuária e floresta com ovinos de alto desempenho – Ricardo Dutra de Oliveira Silveira (Zootecnista e Gerente Técnico da Fazenda Rio Grande – Frutal/MG) 11:30-12:15 – MESA INTEGRAÇÃO – Diversificação dos sistemas, da renda e dos resultados socioambientais nas fazendas – Prof. Dr. Carlos Alexandre Costa Crusciol (FCA/UNESP – Botucatu/SP); Maria Fernanda Guerreiro (Proprietária da Fazenda Nelson Guerreiro – Brotas/SP); Prof. Dr. Marcelo Andreotti (FE/UNESP - Ilha Solteira/SP) Tema: Qualidade 14:00-15:00 – Efeito dos sistemas integrados de produção agropecuária no controle da contaminação da pastagem por parasitas gastrintestinais de ovinos – Profª. Drª. Bruna Fernanda da Silva (UNIPLAC – Lages/SC) 15:00-16:00 – O fator nutrição no sistema imune dos ovinos e os resultados nas condições sanitárias do rebanho – Prof. Dr. Alessandro Francisco Talamini do Amarante (IBB/UNESP – Botucatu/SP) 16:00-16:30 – Coffee-break 16:30-17:15 – Produção de gases entéricos em sistemas de produção de ovinos – Prof. Dr. Ives Cláudio da Silva Bueno (FZEA/USP – Pirassununga/SP) 17:15-18:00 – MESA SUSTENTABILIDADE - Segurança alimentar e as exigências do consumidor –Prof. Dr. Roberto de Oliveira Roça (FCA/UNESP – Botucatu/SP); Antônio Vicente (Gerente da Prospecta - Incubadora Tecnológica de Botucatu – Botucatu/SP); Viviane Karina Gianlorenço (Zootecnista, Consultora em ovinos e carpinos do Sebrae-SP) - Sábado (26/07) Tema: Eficiência 08:15-09:00 – Melhoramento genético ovino para evolução dos índices produtivos – Prof. Dr. Hugh Blair (Massey University – Nova Zelândia) 09:00-09:45 – A ciência e as praticidades em implementar programas de melhoramento na ovinocultura – Prof. Dr. Hugh Blair (Massey University – Nova Zelândia) 09:45-10:30 – A integração entre treinamento vocacional, pesquisa in loco na fazenda e aplicabilidade nas propriedades comerciais que representam a realidade de produção – Paul Crick (Sheep and Beef Manager at Taratahi Agricultural Training Centre – Nova Zelândia) 10:30-11:00 – Coffee-break 11:00-11:30 – A necessidade de melhoria continua da produtividade do rebanho ou o fado à estagnação – Robin Hilson (One Stop Ram Shop – Nova Zelândia) 11:30-12:30 – MESA EFICIÊNCIA – A identidade brasileira da produção de ovinos – Dayanne Martins Almeida (Zootecnista, Gerente da One Stop Ram Shop, Mestranda na Massey University – Nova Zelândia); Ricardo Dutra de Oliveira Silveira (Zootecnista, Proprietário da Fazenda Rio Grande – Frutal/MG); Renato Mantovani (Zootecnista, Proprietário da Cabanha Mantovinos – Porangaba/SP) Tema: Campo 14:00-14:45 – Recuperação das áreas degradadas frente ao manejo eficiente das pastagens para ovinos – Prof. Dr. Paulo Roberto de Lima Meirelles (FMVZ/UNESP – Botucatu/SP) 14:45-15:30 – Sistemas silvipastoris como estratégia de aumento da sustentabilidade de pastagens – Dra. Maria Luiza Franceschi Nicodemo (EMBRAPA PECUÁRIA SUDESTE – São Carlos/SP) 16:00-16:30 – MESA REDONDA: “Impacto dos sistemas de iLP sobre a qualidade física e química do solo” 16:30-18:00 – Visita técnica – área de iLP com pastagem de capim-marandu formada pósconsórcio com milho + feijão-guandu colhidos para ensilagem e modalidades de sobressemeadura de aveia-preta: implantação e condução do sistema, semiconfinamento de cordeiros e qualidade física e química do solo – FMVZ/UNESP – Botucatu – Dr. Cristiano Magalhães Pariz (Pós-doutorando em Sistemas de iLP – FMVZ/UNESP – /Botucatu/SP); Prof. Dr. Juliano Carlos Calonego (UNOESTE – Presidente Prudente/SP) STAND CONTEÚDO Espaço na entrada do Auditório para as Empresas Juniores (EJs) apresentarem conteúdo dentro da sua área de atuação, que contemplem os SIPA. O conteúdo foi apresentado em banners, folders, vídeos e materiais demonstrativos. NUTRIÇÃO ANIMAL – Empresa Júnior NUTRIR: exigências nutricionais, alimentos e alimentação, terminação de ovinos em pasto/semi-confinamento e confinamento, seleção genética de animais pela técnica de consumo alimentar residual (CAR). PASTAGEM – Empresa Júnior GEMPA: recuperação de pastagens degradadas com a ILP, implantação, manejo e produtividade de forrageiras e produção animal em pasto. LAVOURA – Empresa Júnior CENAGRI: variedades/híbridos, solo, adubação e opções de culturas no SIPA. FLORESTA – Empresa Júnior CONFLOR: onde e o que comercializar, implantação e manejo de espécies arbóreas e florestais e resultados do componente florestal no SIPA. 3. RESUMOS DAS PALESTRAS (se disponíveis) As palestras que seguem serão publicadas no Anais do Evento. Planejamento nutricional no modelo Superprecoce de produção: uma ferramenta ao ovinocultor __________________________ Mario De Beni Arrigoni1 Marco Aurélio Factori1 Carolina Floret da Costa1 Cyntia Ludovico Martins1 __________________________ 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/UNESP) – Botucatu – SP Introdução A cadeia produtiva de carne do Brasil vem se modificando para atender às exigências do mercado consumidor, cada vez mais exigente em relação à qualidade do alimento e sustentabilidade de produção. Tem se buscado aumentar a eficiência de produção, otimizando o uso de recursos genéticos, ambientais e produtivos, com o objetivo de produzir mais carne em menos tempo e menor área. Uma forma de tornar a produção de carne mais sustentável é reduzir a idade ao abate, que no Brasil é elevada, em torno de três a quatro anos. O modelo biológico superprecoce permite produzir animais de qualidade superior, abatidos entre 12 e 15 meses de idade. Este modelo de produção elimina a fase de recria dos animais, que logo após o desmame são confinados e abatidos precocemente. No modelo biológico superprecoce, busca-se a eficiência biológica dos animais, ou seja, os animais utilizados devem ter capacidade genética para converter a energia consumida no alimento em ganho de peso. Animais jovens são biologicamente mais eficientes em relação aos animais adultos (Restle e Vaz, 2003), apresentando melhor conversão alimentar, o que reflete na rentabilidade de produção de carne. Para possibilitar o abate precoce, os bezerros recebem suplementação (creep- feeding) na fase de cria, para que a queda da produção leiteira da vaca não prejudique o crescimento do bezerro, considerando uma matriz Nelore. O concentrado deve ter alto valor nutritivo e após o desmame, os animais são direcionados ao confinamento até atingirem o peso de abate e acabamento de carcaça, em torno dos 12 a 13 meses (Silveira et al., 2001). Outro fator de extrema importância na implantação do sistema superprecoce é a raça dos animais. Esta deve ser eficiente em relação à deposição de carne, e deve ser adaptada ao clima local (Rubiano et al., 2009). Desta fora, o cruzamento tem sido fundamental na produção intensiva de bovinos de corte, principalmente entre raças zebuínas, bastante adaptadas ao clima tropical, e taurinas, eficientes em ganho de peso e conversão alimentar. Em função das várias raças utilizadas, elevada idade ao abate e diferentes sistemas de produção, não há padronização da carne comercializada no Brasil. O modelo superprecoce de produção de bovinos de corte também permite produzir carne de qualidade superior. Animais jovens, com maior taxa de crescimento, apresentam tendência em produzir carne macia e com menor quantidade de tecido conjuntivo (Renand et al., 2001). Além disso, o uso de animais jovens, aliado às dietas ricas em energia e manejo nutricional adequado, permitem elevado crescimento muscular e deposição de gordura de cobertura na carcaça. É de extrema importância que o animal deposite gordura subcutânea, para que o resfriamento da carcaça pós-abate não comprometa a qualidade e maciez da carne. Segundo Roça (2001), no Brasil, este é um dos principais fatores que prejudica a qualidade da carne brasileira. Produção de cordeiros superprecoces Da mesma forma como os bovinos, os cordeiros também podem ser terminados no modelo superprecoce. Entretanto, no Brasil a produção de ovinos é incipiente e pouco tecnificada. Os rebanhos concentram-se na região Sul, voltada para a produção de lã, e na região Nordeste, caracterizada pela criação para consumo próprio, voltada para carne e couro (Souza, 2014). Entretanto, para atingir às exigências deste mercado, que é crescente, é preciso produzir carne ovina com regularidade e qualidade. Dentro deste contexto, a terminação no modelo superprecoce é uma estratégia importante, para regularizar a oferta e garantir a qualidade do produto. Tradicionalmente, a base da alimentação de ovinos é a pastagem natural, com baixo ou nenhum emprego de tecnologias (Carvalho et al., 2007), resultando em baixos níveis produtivos. Entretanto, a capacidade produtiva de carne ovina tem evoluído com o passar do tempo, devido ao melhoramento genético aplicado à espécie. À medida que o desempenho, ganho de peso e conversão alimentar melhoram, as necessidades nutricionais naturalmente se elevaram. Portanto, para maximizar a expressão do potencial genético dos animais, é necessário que se busquem alternativas para melhorar o aporte nutricional dos cordeiros. Dentro deste contexto, a terminação no modelo superprecoce é uma estratégia importante, para regularizar a oferta e garantir a qualidade do produto. A escolha das raças é de extrema importância quando se busca produzir cordeiros pesados para abate superprecoce. Devem ser selecionadas raças rústicas e resistentes a verminoses, um grande problema na produção de ovinos, e com alta aptidão para produção de carne. Um bom exemplo de raça materna é a Santa Inês, altamente adaptada ao clima tropical, com boa resistência a parasitas gastrointestinais (Souza et al., 2013), fertilidade durante o ano todo e boa produção de leite (Mexia et al., 2004). A ausência de estacionalidade reprodutiva é uma grande vantagem da raça Santa Inês, pois possibilita três parições em dois anos, aumentando assim o número de cordeiros nascidos ao ano e, portanto, a oferta de carne ovina. Entretanto, somente o número de cordeiros nascidos não é suficiente para garantir o sucesso da ovinocultura de corte. O nascimento de animais com alta velocidade de ganho é importante, portanto, a raça paterna deve apresentar propensão genética para deposição muscular e alto peso à maturidade. Segundo Garcia (2010), as principais raças paternas utilizadas são Suffolk, Ile de France, Texel, Hampshire Down e Dorper. Para maximizar o peso dos cordeiros ao nascimento, as ovelhas devem ser suplementadas durante a gestação. A nutrição deficiente das matrizes durante a gestação pode limitar a capacidade de crescimento pós-natal do tecido muscular esquelético dos cordeiros (Greenwood et al., 2000). O fornecimento de concentrados pode atender às exigências das ovelhas nesta fase, já que a maioria dos volumosos é de baixa qualidade. Da mesma forma que os bovinos, os ovinos produzidos para abate no modelo superprecoce devem ser receber suplementação em creep-feeding. A suplementação possibilita antecipar a desmama e desmamar cordeiros mais pesados, pois complementa o fornecimento energético e proteico do leite, que diminui após o pico de lactação, além de permitir que a ovelha se recupere mais rápido para a próxima estação de monta, já que a alimentação privativa pode diminuir a intensidade de mamada. O fornecimento deste tipo de suplemento uniformiza o lote à desmama e adapta o cordeiro ao consumo de concentrado, facilitando portanto a adaptação dos animais ao confinamento. A terminação de cordeiros em confinamento apresenta uma série de benefícios, dentre eles a menor mortalidade dos animais (menor incidência de verminoses) e maior controle nutricional, o que proporciona abate precoce e carcaças com qualidade o que reflete em um maior preço pago pelo mercado consumidor e retorno mais rápido do capital investido pelo produtor (Urano, 2005). A qualidade da carne ovina está associada principalmente ao peso e a idade de abate dos animais. Osório et al. (1998) descreveram que o peso de abate ideal é aquele que permite a obtenção de carcaças com proporção máxima de músculo, mínima de osso, e com teor de gordura suficiente para proporcionar à carcaça suas propriedades de conservação e à carne suas propriedades sensoriais exigidas, sugerindo pesos de abate entre 25 a 40 kg de peso vivo. No abate comercial de cordeiros do Brasil, animais muito leves com peso ao redor de 28 kg, não têm sido bem vistos, especialmente devido ao menor rendimento das carcaças depreciando o preço pago ao produtor, que em muitas situações, não é remunerado por outras características importantes como idade e cobertura de gordura. Entretanto, muitas publicações sobre aspectos referentes às carcaças dos cordeiros submetidos a diferentes dietas, especialmente em confinamento e também em cocho privativo podem ser encontradas na literatura nacional após a década de 90. De certa forma, isso reflete a mudança de rumo da ovinocultura no país para a produção de carne, com a preocupação de obtenção do sistema mais adequado, com ênfase sobre a qualidade do produto final. Os sistemas mais atuais de estimativa de exigências nutricionais e avaliação de dietas são mais abrangentes, uma vez que simulam os efeitos de ingestão do alimento, fermentação ruminal, digestão intestinal, absorção e metabolismo sobre a utilização do nutriente e subsequente o desempenho animal. Cannas et al. (2004) desenvolveram estudos com objetivo de integrar as informações publicadas dentro da estrutura do modelo CNCPS (Cornell Net Carbohydrate and Protein System) para bovinos e avaliar um novo modelo para ovinos, o CNCPS. Este modelo abrange a avaliação de dietas pelo sistema de carboidrato e proteína líquidos, que influenciam o desempenho animal e a eficiência de utilização dos alimentos. Segundo Barry et al. (1994), os requerimentos de energia e proteína metabolizáveis variam de acordo com a raça, estado fisiológico, ambiente, características animais, manejo e fatores da dieta. A energia e proteína metabolizáveis supridas pela dieta são baseadas na quantidade e qualidade do alimento ingerido, fermentação de carboidratos e degradação de proteínas, taxa de passagem do alimento, absorção de nutrientes no intestino e partição do nutriente para as funções fisiológicas. Enfim, este modelo permite aplicações com a finalidade de resolver problemas de alimentação e reduzir custos de produção, minimizar a excreção de nutrientes por unidade de produto obtido estabelecendo prioridades de pesquisa e interpretar resultados por meio da integração de conhecimentos. Desta forma a intensificação dos sistemas de produção de ovinos deve buscar maior competitividade, para obtenção de produtos de qualidade e maior eficiência de avaliação destes no custo de produção e desempenho animal. Referências CANNAS A. 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GREENWOOD, P.L.; HUNT, A.S.; HERMANSON, J.W.; BELL, A.W. Effects of birth weight and postnatal nutrition on neonatal sheep: II Skeletal muscle growth and development. Journal of Animal Science, v.78, n.1, p.50-61, 2000. MEXIA, A.A.; MACEDO, F.A.F; ALCADE, C.R.; SAKAGUTI, E.S.; MARTINS, E.N.; ZUNDT, M.; YAMAMOTO, S.M.; MACEDO, R.M.G. Desempenho reprodutivo e produtivo de ovelhas Santa Inês suplementadas em diferentes fases da gestação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.3, p.658-667, 2004. OSÓRIO, J.C.; ASTIZ, C.S.; OSÓRIO, M.T. et al. Produção de carne ovina, alternativa para o Rio Grande do Sul. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 1998. 136p. RENAND, G.; PICARD, B.; TOURAILLE, C.; BERGE, P.; LEPETIT, J. Relationships between muscle characteristics and meat quality traits of young Charolais bulls. Meat Science, v.59, n.1, p.49-60, 2001. RESTLE, J.; VAZ, F.N. Eficiência e qualidade na produção de carne bovina. 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Estratégias nutricionais para potencializar o desempenho de cordeiros até o desmame __________________________ Alda Lúcia Gomes Monteiro1 Geisa Costa1 Cesar Henrique Espírito Candal Poli2 __________________________ 1 Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Curitiba – PR Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Porto Alegre – RS 2 Introdução A ovinocultura e caprinocultura são ramos do agronegócio que têm se apresentado em destaque nos últimos anos. Em alguns Estados do Brasil inclusive, há incentivo e apoio dos Governos para a positiva reestruturação das cadeias produtivas com o objetivo de aumentar o produto ofertado, tornar a atividade competitiva e gerar renda aos produtores. Para obter resultados positivos no negócio, entre as várias questões demandadas, destaca-se a necessidade de boa qualidade da informação, a persistente aplicação da mesma e o planejamento das atividades a serem realizadas com o rebanho, para que a sustentabilidade no negócio seja atingida. Entre os aspectos mais importantes para o bom resultado do negócio pecuário, de forma geral, está a boa aplicação dos recursos alimentares. No caso da produção ovina para carne, cujo produto mais valioso é o cordeiro, a boa aplicação dos recursos alimentares na fase do nascimento até o abate dessa categoria, que em geral abrange um período muito curto, é extremamente importante. Isso ocorre por dois motivos: o primeiro, já citado, é a própria duração desse período, que pode ser tão curto quanto próximo de 90 dias; o segundo refere-se à eficiência do uso do recurso alimentar pelo cordeiro, ou seja, seu desempenho eficiente relativo ao uso do recurso alimentar. Nesse trabalho objetiva-se relatar algumas estratégias de manejo alimentar para o período lactacional dos cordeiros, apresentando também alguns resultados de pesquisa obtidos no LAPOC/UFPR (Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos, Universidade Federal do Paraná). Discussão Algumas estratégias ou procedimentos de manejo alimentar no pré-desmame, na produção de cordeiros para carne, tem sido bastante estudadas e utilizadas na última década; nesse caso, o modelo mais citado tem sido a suplementação alimentar de acesso exclusivo/privativo aos cordeiros denominado creep feeding; esta é frequentemente relacionada ao desmame precoce, objetivando garantir desenvolvimento ponderal suficiente ao cordeiro a fim de suportar o desmame a idade jovem. O NRC (1985) conceituou e descreveu detalhadamente o creep feeding e sua importância fisiológica ao desenvolvimento ruminal em função da habilidade crescente no consumo de alimentos sólidos, como fator determinante ao sucesso do desmame precoce em ovinos. Além do creep feeding, o uso de creep grazing com acesso exclusivo dos cordeiros às forrageiras de maior valor nutricional, com leguminosas tais como os trevos ou Arachis spp. podem ser citados. De forma geral, aborda-se que o fornecimento de suplemento concentrado para lactentes permite obter animais mais pesados ao desmame, além de poupar as reservas da ovelha matriz. Cita-se também que o uso de suplementos em creep feeding pode ter efeito positivo em rebanhos ovinos com altos índices de prolificidade. Nessa condição, a suplementação pode fazer com que cordeiros de parto gemelar apresentem desempenho muito próximo aos cordeiros de parto simples na fase de aleitamento, já que o menor consumo de leite é compensado pelo maior consumo de suplemento concentrado (Sá et al., 2008). Isso poderia levar a maior uniformidade dos cordeiros ao desmame. Além do uso de dietas suplementares associadas aos métodos de desmame, a amamentação ou mamada controlada - ou desmama interrompida - pode ser ferramenta de manejo a ser aplicada no período lactacional, especialmente para sistemas em confinamento. Esta técnica consiste em separar a ovelha do cordeiro diariamente em intervalo de tempo pré-determinado (6 a 12 horas). Geralmente, as ovelhas são levadas ao pasto e os cordeiros permanecem confinados. Em condições de elevada oferta de forragem, a estratégia de terminação dos cordeiros ao pé da mãe, sem o desmame, também pode ser empregada e, nesse caso, pesquisas mostram interessante relação benefício: custo. Resultados de pesquisa obtidos pelo Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da Universidade Federal do Paraná (LAPOC-UFPR) desde 2003 têm sido direcionadas ao estudo de sistemas de produção de cordeiros para a produção de carne, tendo a pastagem como a principal base alimentar. Buscou-se o desenvolvimento de alternativas e/ou estratégias para a terminação de cordeiros em verão e inverno, buscando-se a médio/longo prazos avaliar a sustentabilidade desses sistemas, por conhecimento de sua rentabilidade, qualidade do produto e, mais recentemente, sobre o impacto ambiental e a segurança do alimento. Foram estudados sistemas de alimentação de cordeiros em Tifton-85 (verão) e azevém anual (inverno), com cordeiros desmamados ou terminados ao pé das mães, com e sem suplementos, antes e após o desmame, que poderiam ser adotados principalmente nas regiões de clima semelhante ao Centro-Sul do Paraná, tais como região Sul, e parte do Sudeste e Centro-Oeste do país. Também foi avaliado, por dois anos, o confinamento de cordeiros desmamados, sistema bastante utilizado nas regiões Sudeste e Central do Brasil. Todos os sistemas em pasto tiveram oferta de forragem entre 12 e 16% (12 a 16 kg de matéria seca por 100 kg de peso corporal) às ovelhas e cordeiros. Os sistemas de maior rentabilidade foram aqueles em que os cordeiros alcançaram peso de abate ao pé das mães em pasto, sem o desmame. As carcaças apresentaram bons rendimentos (próximo a 48%) e bom estado de engorduramento, entre 3,0 e 3,5. O desmame em pasto resultou em rentabilidade favorável apenas quando os cordeiros eram suplementados após o desmame com ração concentrada, devido ao elevado ganho de peso em período curto, ao rendimento (47,5 a 49%) e ao bom estado de engorduramento das carcaças (2,8 a 3,5). As idades de abate variaram entre 90 e 110 dias, com peso de abate final entre 33 e 35 kg. Esses resultados estão publicados em Ribeiro et al. (2009); Poli et al. (2008) e Monteiro et al. (2009) e contemplam desempenho animal entre 280 e 330 g/dia. Os cordeiros desmamados precocemente em pasto e que não recebiam suplementação foram os que resultaram em pior condição corporal, com ganhos ao redor de 60 a 110 g/dia, e maior indicação de estresse, obtida por elevação do cortisol sérico associado à alta e permanente relação neutrófilos:linfócitos (Fernandes, 2010) com frequente uso de antiparasitários e mortalidade de cordeiros, o que levou à redução do número de animais abatidos. Fernandes (2010) relatou quadro de anemia hemorrágica crônica e regenerativa em cordeiros desmamados, ocasionada pela infecção parasitária. Siqueira et al. (1993) já apontavam essa limitação quando, historicamente, compararam a recria de cordeiros em pasto e em confinamento. Salgado (2011) confirmou que o desmame de cordeiros em pastagem resultou em intensa infecção helmíntica, quando os mesmos não foram suplementados no pós-desmame, o que está indicado na Figura 1 considerando o percentual de ocorrência de anemia dos cordeiros (monitorados pelo grau de FAMACHA© – 1: mucosas oculares de coloração vermelha intensa e 5: mucosas oculares claras, sinalizando anemia intensa) indicativo de parasitose causada por Haemonchus contortus em sete sistemas de produção. O mesmo não ocorreu quando os cordeiros foram desmamados e alimentados em sistema confinado (82% dos cordeiros com FAMACHA 1 e 2) equiparando-se aos cordeiros terminados em creep feeding (87% com FAMACHA 1 e 2) que teriam a melhor oferta de alimentos à sua disposição (leite, pasto, ração). Figura 1 – Ocorrência (%) de grau FAMACHA© dos cordeiros em sete sistemas de produção. As linhas vermelhas indicam a frequência de animais que apresentaram o grau de FAMACHA© entre 1 e 2, sem recomendação de aplicação de anti-helmíntico. Sistemas de produção: 1) cordeiros desmamados e terminados em confinamento; 2) cordeiros terminados em confinamento com acesso à amamentação controlada; 3) cordeiros desmamados e terminados em pastagem sem suplementação; 4) cordeiros desmamados e terminados em pastagem com suplementação concentrada a 2% do PV em MS; 5) cordeiros terminados sem desmame em pastagem sem suplementação; 6) cordeiros terminados sem desmame em pastagem em creep feeding; 7) cordeiros terminados sem desmame em pastagem em creep grazing - trevo-branco. A partir das pesquisas concluiu-se que, em pastagens de alta oferta de forragem, nas quais as mães apresentam elevada e persistente produção de leite (Ferreira, 2009), a ração concentrada em creep feeding dará respostas em produtividade quando a mesma for largamente utilizada (2% peso corporal ao dia até ad libitum), conforme havia sido demonstrado em Neres et al. (2001) e Garcia et al. (2003). Por outro lado, em pastagens com disponibilidade ou qualidade mais limitada, o creep feeding ou o creep grazing são ferramentas importantes para garantir o desempenho e a qualidade das carcaças dos cordeiros. Pode-se inferir que o uso conjunto das estratégias de desmame precoce e suplementação concentrada pode tornar o sistema mais interessante em pastagem, e resultar na produção de cordeiros com características favoráveis ao abate entre 3 e 4 meses de idade. Isso fica comprovado por Fernandes et al. (2011), que indicam a obtenção de boas carcaças dos cordeiros sob suplementação concentrada no pósdesmame. Com o conjunto de resultados obtidos, pode-se dizer que a suplementação de cordeiros desmamados em pastagens com ração concentrada de boa qualidade, contendo de 18 a 22% de proteína bruta (PB) na matéria seca, é capaz de substituir a amamentação do ponto de vista nutricional, resultando em produto de qualidade e com bom resultado econômico, e se deve lançar mão dessa opção quando o desmame é imprescindível. Isso possibilita a liberação das ovelhas para áreas de pastagem com disponibilidade e qualidade inferior, conforme recomendado pelo NRC (2007) para ovelhas secas e em mantença, e ainda é útil para sistemas com parição acelerada, utilizando raças com baixa sazonalidade reprodutiva, e para sistemas integrados com agricultura, nos quais as áreas principais de pasto têm que ser liberadas para o plantio de lavoura. Considerações finais Quando há limitada e/ou indevida aplicação de tecnologia, condições muito limitantes ao desenvolvimento pós desmame do cordeiro, o desmame poderá ser mais um manejo inadequado quanto ao resultado produtivo do rebanho. Nesse caso, a opção em não impedir o processo natural de crescimento da cria por meio do desmame, e com uso de bons recursos durante o período lactacional, possibilitando também manter condições de bem estar aos animais, deve ser considerada, tendo sempre como meta final, com ou sem o desmame, a lucratividade e a sustentabilidade da ovinocultura. Referências FERNANDES, S.R. Perfis bioquímicos, hematológicos e características de carcaça de cordeiros em diferentes sistemas de terminação. 2010. 90p. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2010. FERNANDES, S.R.; MONTEIRO, A.L.G.; SILVA, C.J.A. da; SILVA, M.G.B. da; ROSSI JÚNIOR, P.; SOUZA, D.F. de; SALGADO, J.A.; HENTZ, F. 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Desafios produtivos para a melhor qualidade da carne de cordeiro __________________________ Rafael Silvio Bonilha Pinheiro1 __________________________ Faculdade de Engenharia (FE/UNESP) – Ilha Solteira – SP 1 Introdução A carne ovina atualmente é o produto de maior importância para a cadeia produtiva da ovinocultura nas distintas regiões do Brasil em termos de valor comercial, ao contrário do passado, quando a lã era o produto mais importante especificamente na região Sul do país (Barchet et al., 2011). De acordo com os autores citados, apesar de existir um potencial mercado para a carne ovina no Brasil, a inexistência de um mercado fiel em relação à oferta regular de animais, escala para comercialização e de animais jovens para abate nos frigoríficos dificultando o desenvolvimento deste mercado. Em muitos casos os produtores de ovinos abatem os animais e comercializam a carne diretamente para o consumidor. Tal situação, não possibilita segurança alimentar e podem causar consequências para as pessoas que consomem a carne proveniente do mercado informal. Portando, há necessidade urgente dos frigoríficos e dos produtores de trabalhar em conjunto para que a carne ovina apresente qualidade (segurança alimentar) ao consumidor e para auxiliar a consolidação da cadeia produtiva. Os sistemas de criação de ovinos necessitam definir os objetivos de produção, assim como o planejamento das atividades, os custos de produção e de técnicas de manejo para obtenção de carne de melhor qualidade de acordo com as exigências dos frigoríficos e dos consumidores. No entanto, a baixa qualidade genética dos animais, nutricional e manejo incorreto da espécie ovina em muitos casos dificultam o fortalecimento da cadeia produtiva, assim como a falta de interação e união entre os produtores desta espécie animal em muitas regiões brasileiras. Há uma tendência no Brasil de comercializar carne ovina desossada, maturada, prépreparada e já temperada pelas indústrias, buscando-se facilitar o preparo pelo consumidor e permitir opções de escolha e de produtos cárneos com melhor qualidade (Pinheiro, 2012). Segundo o autor supracitado, para que a carne ovina seja competitiva em relação as já rotineiramente consumidas (carne de frango, bovina e suína) são necessárias estratégias de como melhorar a qualidade da carne e de como facilitar seu preparo para consumo. No entanto, falta iniciativa da maioria dos produtores de ovinos para buscar produzir em grande escala, animais padronizados que apresentem boa carcaça e qualidade da carne. Também é escasso o acompanhamento de profissionais especializados para auxiliar o produtor no sistema de produção, nas orientações para obterem maior produtividade e competitividade. De acordo com Simplício e Simplício (2006), para que o mercado seja conquistado e mantido estável ou crescente é imprescindível: que se mantenha a oferta constante do produto durante o ano; que este seja proveniente de animais jovens e com bom acabamento de gordura; que a carcaça apresente boa conformação e tamanho compatíveis com as exigências de cada mercado; que os preços sejam competitivos em relação aos das demais espécies. A qualidade de um alimento pode ser definida a partir das características que diferenciam um produto de outro e determinam o grau de aceitabilidade pelo consumidor (Costa et al., 2010). Todos os alimentos devem ser elaborados a partir de matériasprimas de boa qualidade garantindo, assim, a obtenção de produtos que satisfaçam às exigências dos consumidores e da legislação vigente. Segundo os autores supracitados, para a garantia de uma carne de boa qualidade, devem ser observadas as condições do animal (sanidade, nutrição, estresse), do abate e do transporte. Fatores como genótipo, idade, sexo, higiene, podem influenciar também na qualidade da carne, assim como o tipo de processamento da carne pela indústria e pelo modo de preparo para consumo. Os desafios para produzir carne de cordeiros de qualidade são vários, como descritos neste texto, sobre o porquê há tantas dificuldades para obtenção da melhora da qualidade da carne pelos produtores de ovinos e também pelas indústrias para atender o consumidor brasileiro que vem apreciando cada dia mais a carne desta espécie animal. Portanto, ações em conjunto dos elos da cadeia produtiva podem auxiliar na melhora da qualidade da carne. Referências BARCHET, I.; MIGNON, B.A.C.; SILUK, J.C.M. A dinâmica e o panorama da cadeia produtiva de ovinos: uma análise para identificar novas possibilidades. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 1., 2011, Ponta Grossa. Anais... Ponta Grossa: CONBREPRO, 2011. COSTA, R.G.; MADRUGA, M.S.; MEDEIROS, G.R.; VOLTOLINI, T.V.; DUARTE, T.F.; PEDROSA, N.A. Manta de Petrolina - Uma alternativa para agregar valor às carnes caprina e ovina. 1.ed. Petrolina: MCT/INSA, 2010. 109p. PINHEIRO, R.S.B. Mercado de carne ovina no Brasil. In: SIMPÓSIO DE QUALIDADE DA CARNE, 4., 2012. Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão - FUNEP, 2012. p.01-08. SIMPLÍCIO, A.A.; SIMPLÍCIO, K.M.M.G. Caprinocultura e ovinocultura de corte: desafios e oportunidades. Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária, n.39, p.7-18. 2006. Produção de forragem em sistemas integrados como alternativa para minimizar a sazonalidade das pastagens __________________________ Ciniro Costa1 Paulo Roberto de Lime Meirelles1 Cristiano Magalhães Pariz1 André Michel de Castilhos1 Carlos Alexandre Costa Crusciol2 Marcelo Andreotti3 __________________________ 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/UNESP) – Botucatu – SP 2 Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/UNESP) – Botucatu – SP 3 Faculdade de Engenharia (FE/UNESP) – Ilha Solteira – SP Introdução No Brasil, as pastagens constituem a base da alimentação dos animais herbívoros. Com exceção da espécie equina, que é destinada ao trabalho, esporte, lazer e em programas de equoterapia, as demais espécies são criadas para produção de carne e leite. Atualmente, o Brasil possui o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, ao redor de 220 milhões de cabeças, sendo a maior parte dos animais (90%), destinados para produção de carne, destacando-se como o maior exportador mundial, em que 85% dos animais são terminados em pasto; 8,5% em semi-confinamento e apenas; 7,5% em confinamento. O país é o 4ª maior produtor mundial de leite em regime de pasto (96%). Destaca-se ainda, em possuir o 3º maior rebanho mundial de equinos, o maior rebanho de bubalinos das Américas e o 10º rebanho mundial de caprinos e ovinos. O fato da maior parte do território nacional geograficamente estar localizada em região de clima tropical, as pastagens são normalmente, exclusivas de gramíneas (Poacea) oriundas do continente Africano, constituídas principalmente de espécies do gênero Brachiaria (Urochloa), seguidas em menor escala pelas espécies dos gêneros Panicum (Megathyrsus), Cynodon e Andropogon, entre outras, como as do gênero Paspalum, que tem como centro de dispersão a América do Sul. Por serem plantas de ciclo fotossintético C4 possuem elevada eficiência de produção de forragem e de rápido crescimento, dificultando o manejo em consorciação com espécies da família Leguminosae (Fabacea), que por serem plantas de ciclo fotossintético C3, possuem menor potencial produtivo e de crescimento mais lento, em relação as C4, em que produtividade de massa de forragem é de duas a três vezes superiores as C3. Em clima temperado as pastagens consociadas são mais frequentes e duradouras em virtude das gramíneas e leguminosas serem de ciclo fotossintético C3, com ritmo de crescimento e potencial produtivo semelhante. Os números três e quatro correspondem à quantidade de carbonos (C) do primeiro produto estável da fotossíntese, sendo o ácido 3-fosfoglicérico e o ácido oxaloacético, respectivamente, os produtos para as plantas do grupo C3 e C4 (Costa et al., 2008). Efeito das condições edafoclimáticas na produção das pastagens Por meio da fotossíntese, os vegetais são responsáveis pelo fluxo de energia entre os níveis tróficos, seja no ambiente aquático ou terrestre. No ambiente terrestre a fotossíntese é dependente das condições climáticas adequadas de água, luz, dióxido de carbono e temperatura, além dos nutrientes supridos pela fertilidade do solo. A água é isoladamente o fator que mais limita a produção vegetal. A radiação solar, como fonte primária de energia indispensável à vida vegetal, regula a fotossíntese e todo o desenvolvimento da planta, enquanto a temperatura exerce papel marcante na fase bioquímica de carboxilação e redução do dióxido de carbono da fotossíntese (Gomide, 2003). No caso das plantas forrageiras, as condições climáticas exigidas variam com a rota de fixação do carbono. Segundo Pedreira et al. (1998), as plantas de grupo C4 necessitam entre 250 a 350 gramas (g) de água por g de massa seca (MS) produzida (em média 300 g), enquanto que as plantas do grupo C3 necessitam de 550 a 750 g (em média 650 g). Portanto, para cada 1,0 tonelada de MS produzida, as gramíneas de clima tropical exigem entre 25 a 35 mm de água, enquanto que as gramíneas de clima temperado e as leguminosas em geral exigem entre 55 e 75 mm de água, respectivamente (Aguiar e Silva, 2002). A radiação fotossinteticamente ativa, compreendida na faixa de 400 a 700 nm e que corresponde a 50% do espectro solar, é interceptada pelas sucessivas camadas de folhas, sofrendo alterações na quantidade e qualidade à medida que penetra pelo perfil vegetal condicionando a intensidade de sua fotossíntese (Gomide, 2003). Nas regiões topicais, é provável que o efeito da radiação na luminosidade sobre a produção de forragens topicais seja em torno de 10% pois não é comum disponibilidade de luz abaixo de 64% (Aguiar e Silva, 2002). Com relação à temperatura, Rodrigues e Rodrigues (1987) citaram temperaturas ótimas para a fotossíntese como sendo 22 a 25°C e 20 a 35°C, para as plantas do grupo C3 e C4, respectivamente. Para os mesmos grupos de plantas, Rodriguez et al. (1996), citaram temperaturas mínimas como sendo 5 e 15°C, respectivamente, e, como temperaturas máximas toleradas, entre 30 e 35°C para as do grupo C3 e 35 a 50°C para as do grupo C4. Com o movimento de translação da terra em torno do sol, as estações da primavera e verão são as mais favoráveis para o crescimento das plantas e, as estações do outono e inverno, as menos favoráveis. Devido ao eixo de inclinação da terra em relação ao sol, no hemisfério sul o período mais favorável compreende os meses de outubro a março e o menos favorável de abril a setembro. Nas regiões topicais, em face das estações do ano não serem bem definidas, esses períodos são considerados de “período de verão ou das águas”, quando as temperaturas são mais elevadas e ocorre maior concentração das chuvas e, “período seco ou inverno”, quando as temperaturas são mais amenas e a precipitação é mais escassa. Dessa maneira, independentemente do tipo de pastagem, bem como do método de manejo adotado, a estacionalidade de produção de forragem irá ocorrer, em razão das alterações climáticas durante o ano. Em clima tropical, a estacionalidade das plantas forrageiras vai ocorrer com valores na faixa de 10 a 20% da produção anual (Figura 1), a menos que seja corrigida, em parte, com o emprego da irrigação (Corrêa, 1997). Em clima temperado, especialmente nas maiores latitudes, devido às alterações climáticas mais intensas, principalmente a temperatura, em alguns casos com ocorrência de neve, as plantas paralisam o crescimento, exigindo um rigoroso planejamento de conservação de forragem, na forma de feno, pré-secado ou silagem, durante as estações mais propícias (primavera, verão e outono), a fim de suprir a demanda de forragem no inverno. Figura 1 – Estacionalidade de produção das plantas forrageiras tropicais (Adaptado de Barioni et al., 2003). Produção de forragem em sistemas integrados de produção agropecuária Em clima tropical e nas menores latitudes do clima temperado, como é o caso da região sul do Brasil, várias alternativas podem ser adotadas para contornar a estacionalidade de produção de forragens (Costa et al., 2008), dentre elas o uso dos sistemas integrados de produção agropecuária. Sistemas integrados de produção agropecuária que envolvem a integração lavourapecuária, respondem por cerca de metade do alimento produzido no mundo, sendo que em países em desenvolvimento, culturas como milho, trigo, sorgo e milheto têm sido utilizadas com dupla finalidade: seus grãos fornecem alimento para os seres humanos e seus resíduos são utilizados para alimentação animal (Herrero et al., 2010). Assim, na última década, tem-se reconhecido que produtores que utilizam esses sistemas valorizam os resíduos das culturas, às vezes tanto quanto os grãos, por sua importância para utilização como alimento na pecuária, principalmente na época seca. Uma definição consensual de sistemas integrados de produção agropecuária é: “Sistemas produtivos de grãos, carne, leite, lã, madeira e outros, realizados na mesma área, em semeadura/plantio simultâneo, sequencial ou rotacionado, onde se objetiva maximizar a utilização, os ciclos biológicos das plantas, animais, e seus respectivos resíduos, aproveitar efeitos residuais de corretivos e fertilizantes, minimizar e otimizar a utilização de agroquímicos, aumentar a eficiência no uso de máquinas, equipamentos e mão-de-obra, gerar emprego e renda, melhorar as condições sociais no meio rural e diminuir os impactos ao meio ambiente, visando a sustentabilidade” (Macedo, 2009). Desse modo, os sistemas integrados de produção agropecuária, tanto para pequenos quanto para grandes produtores, poder ser praticado com a semeadura de forrageiras nas áreas produtoras de grãos ou de silagem, bem como em sistemas de recuperação de pastagens. Nos sistemas integrados de produção agropecuária do Brasil, tem se utilizado com sucesso a rotação ou sucessão de culturas graníferas no verão (soja, milho, feijão ou arroz) com pastagens anuais no inverno (aveia e azevém) na região Centro-Sul (Moraes et al., 2014). Já na região Centro-Oeste, em rotação ou sucessão às mesmas culturas graníferas no verão, visando a formação de pastagens anuais no inverno/primavera tem se utilizado com sucesso o sorgo forrageiro, o milheto e o capimmarandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu) (Pariz et al., 2011a) ou a semeadura do capim-marandu concomitante com a cultura do milho (Pariz et al., 2011b), a cultura do sorgo (Borghi et al., 2013a) ou a cultura da soja (Crusciol et al., 2014) no verão, com posterior formação de pastagem no inverno/primavera. As pesquisas têm revelado ainda que é possível realizar a sobressemeadura de forrageiras do grupo C3 no início do período de inverno em pastagens do grupo C4, que pode variar de acordo com a região. Na região sudeste tem sido utilizada principalmente a aveia (Silva, 2009) e na região Sul principalmente o avezém (Ribeiro, 2006). Porém, o sucesso da sobressemeadura depende da disponibilidade de água, seja precipitação natural ou por meio da irrigação. Nos sistemas integrados de produção agropecuária, a produtividade acumulada de forragem do capim-marandu no período seco do ano varia de 7,5 a 18,0 toneladas de MS por hectare (Pariz et al., 2011c; Borghi et al., 2013b). Assim, esse aumento de suprimento de forragem no período seco do ano possibilita elevar a taxa de lotação das pastagens de 1,0 para 4,0 unidades animais (UA) por hectare, considerando a média anual, bem como, a taxa de desfrute do rebanho de 20 para próximo de 40% (Figura 2). Quando aliado ao confinamento e especialmente, semi-confinamento, os sistemas permitem a oferta de animais para abate com menor custo no final do período seco, quando normalmente a remuneração tem sido melhor. Figura 2 – Produção anual de forragem o sistema convencional e nos sistemas integrados de produção agropecuária (Adaptado de Barioni et al., 2003). Considerações finais Uma visão objetiva e sucinta da pecuária de corte tradicional no Brasil indica que a produção de forragem e, consequentemente, a produção animal está aquém do potencial das gramíneas forrageiras tropicais. Assim, a baixa produtividade do sistema reflete a inadequação do ambiente de produção, particularmente com relação à fertilidade do solo e ao manejo do pastejo, causando a degradação das pastagens em diferentes níveis. Assim, os sistemas integrados de produção agropecuária, além de possibilitar a recuperação dessas áreas de pastagens degradadas, podem proporcionar produção de forragem no período seco do ano, com reflexos positivos sobre os índices produtivos dos animais. Nesse sentido, há necessidade de intensificação de pesquisas interdisciplinares, contemplando espécies forrageiras, culturas agrícolas, espécies e categorias animais, métodos de pastejo, taxas de lotação e características edafoclimáticas. Referências AGUIAR, A.P.A.; SILVA, A.M. Irrigação de pastagens. In: SIMPÓSIO DE FORRAGICULTURA E PASTAGENS – TEMAS EM EVIDÊNCIAS, 2., 2006. Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 2002. p.261-320. BARIONI, L. G.; MAGNABOSCO, C.U.; FARIA, C.U.; BALBINO, L.C.; MARTHA JR, G. 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Em números aproximados, a produção de grãos do país neste período teve um impulso acima de 300%, enquanto a área cultivada com grãos cresceu menos de 50 % e a produtividade evoluiu quase 200%. Isso ocorreu em função da geração e adoção de tecnologia. O que isso quer dizer do ponto de vista de sustentabilidade? É o que se pretende discutir neste capítulo. Ambiente Do ponto de vista ambiental, o crescimento da agropecuária brasileira, a conquista do cerrado, ocorreu principalmente em solos marginais, antes pensados improdutivos e, portanto, inutilizáveis. Importante ressaltar que o desenvolvimento ocorreu sob uma legislação ambiental extremamente rígida, pois o Brasil é um dos raros países que impõem a manutenção de áreas de preservação permanente e reserva legal, por conta do agricultor, enquanto esse encargo é socializado nos poucos países que adotam legislação semelhante. Assim, mesmo com todo o crescimento agropecuário e seus benefícios, mais de 60% do território nacional ainda mantém a cobertura vegetal original, comparativamente a menos de 3% da Europa. O desenvolvimento de tecnologia específica para agropecuária tropical foi responsável pelo aumento da produção sem expansão equivalente da área cultivada, permitindo ‘salvar’ uma área de aproximadamente 70 milhões de hectares, que seriam desmatados não fosse o desenvolvimento da tecnologia agropecuária, considerando-se as produtividades médias obtidas há 40 anos. A expansão da produção se fez em paralelo com a expansão de áreas sob semeadura direta, que evita erosão e proporciona o sequestro de carbono, de modo a mitigar o efeito estufa. Em 1992, se gastava um litro de óleo diesel para produzir 25 kg de grãos, hoje se produz de 105 a 175 kg de grãos como o mesmo litro de óleo. Isso significa menos emissão de gases de efeito estufa. A partir dos anos 70, o uso de etanol teve enorme impulso, promovendo o desenvolvimento de sistemas melhores de produção de cana e diminuindo o uso de gasolina, mais poluente. O uso de biotecnologia tem permitido a diminuição da carga de defensivos despejada no ambiente, além de diminuição de custos em alguns casos. Ou seja, fazemos uma agricultura produtiva e, cada vez mais, ambientalmente correta. A área cultivada necessária para alimentar uma pessoa no Brasil caiu de 0,25 ha em 1975 para 0,08 ha em 2013, um ganho de eficiência próximo a 200%. Assim, a produção brasileira, suficiente para alimentar 1,35 vezes a população em 1975, poderia alimentar 3,11 vezes a população do país em 2013. Menos área alimentando mais gente! Neste contexto, a ferramenta mais recente desenvolvida no Brasil, o uso de sistemas agropecuários integrados, é um caminho natural para melhorar o desempenho ambiental de nossa agricultura. Sociedade Os aspectos sociais dos sistemas de produção devem ser analisados sob diversas perspectivas, ou seja, do ponto de vista do produtor, do consumidor e da sociedade em geral. Do ponto de vista do produtor, há que se considerar que, dependendo da região brasileira, de 60 a 85 % dos agricultores são iliteratos ou tem educação elementar incompleta. Este é um grande desafio a ser superado, pois um dos pré-requisitos fundamentais para implantação de sistemas agropecuários mais sofisticados é a capacidade tecnológica e de gestão do agricultor. Assim o desenvolvimento de ferramentas de extensão e financiamento rural é fundamental para o sucesso da implantação de sistemas integrados de produção. Outro ponto a ser considerado é que a legislação trabalhista brasileira é muito severa, sendo particularmente mais restritiva no campo. Isso, se por um lado proporciona melhores condições de trabalho, limita a competitividade do sistema, levando, por vezes, à adoção de práticas agrícolas menos sustentáveis, tais como a generalização da aplicação de adubos a lanço. Para o melhor funcionamento dos sistemas agropecuários, seria fundamental a adequação da legislação que regula o trabalho no campo. Do ponto de vista do consumidor, é importante ressaltar que uma parcela ponderável dos ganhos de eficiência e produtividade agropecuária tem sido transferida para os consumidores. Atribuindo-se um valor 100 para a cesta básica brasileira em 1974, em 2012 ela valeria 14. Ou seja, mesmo sem aumento real de salários, uma hora trabalhada adquiria, em 2012, 7,14 vezes mais alimentos que em 1974. Isso é muito importante, uma vez que, no mundo, o valor dos alimentos tem sido um fator mais determinante da fome do que propriamente a quantidade de alimentos produzida. Assim, a agricultura brasileira tem cumprido sua missão. A implantação de sistemas integrados de produção pode ainda melhorar esse desempenho. Do ponto de vista da sociedade, se questiona o quanto o desenvolvimento rural se reflete na sociedade como um todo. Alimentos mais baratos é um fator fundamental, mas há outros. Comparando-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da FAO de 1990 com 2010 em algumas regiões brasileiras pode-se ter uma idéia de como o desenvolvimento agropecuário melhora a vida nas cidades. Nos estados com agricultura mais tradicional, como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, o IDH passou, em média, de 0,542 para 0,759, com um crescimento de 40,3 % nos últimos 20 anos. Em estados que sofreram uma segunda onda de crescimento agropecuário, como Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, o IDH passou, em média, de 0,484 para 0,732, com crescimento de 51,1 % no período. Já para nos estados de desenvolvimento agropecuário mais recente, nos últimos 20 anos, o IDH passou de 0,448 para 0,725, com crescimento de 69,1 %. Enquanto isso o Brasil teve o IDH crescendo 46,9 %, de 0,490 para 0,720. Considerando-se 38 municípios com grande influência agrícola no Brasil, 15 deles tinham IDH muito baixo em 1990, e não havia municípios agrícolas com IDH alto ou muito alto. Em 2010 não havia mais, entre estes municípios, IDH muito baixo, 29 deles tinham IDH alto e 3 mostravam IDH muito alto. Fica assim patente o grande impacto do desenvolvimento agropecuário na sociedade como um todo, uma vez que o IDH leva em conta a economia, educação, saúde, saneamento ambiental, entre outros indicadores. A adoção de sistemas integrados, pela sua diversificação, deverá ter impacto positivo na economia das pequenas cidades do interior, que certamente se refletirá em maior desenvolvimento. Economia Antes de tudo, é preciso considerar que quase 80 % dos estabelecimentos agropecuários no Brasil ocupam menos de 10 % da área cultivada, de modo que 44 % dos agricultores brasileiros conseguem auferir, em suas terras, resultado financeiro que os colocaria nas classes de renda D e E. Assustador: o agricultor brasileiro tem baixíssima escolaridade e é pobre. Um enorme desafio do ponto de vista de políticas públicas. No entanto, há o Brasil Agropecuário que dá certo e sustenta este País. Os enormes entraves ambientais e trabalhistas impostos à agropecuária brasileira resultam em pesados ônus financeiros, que poderiam levar ao comprometimento de sua sustentabilidade econômica. Mesmo sem estes entraves, outros países favorecem seus produtores com subsídios de diversas ordens. O que dizer dos brasileiros que, além de não receber subsídios, sofre alta tributação, paga juros elevados e é penalizado com logística abaixo da crítica? A tecnologia agropecuária brasileira e os produtores são muito eficientes. De 2000 a 2012 o PIB do agronegócio brasileiro cresceu quase 75 %, com crescimento da produção de 217 %. Assim pode-se dizer que, grosseiramente, a diferença dos ganhos foi transferida para a sociedade e para o ambiente, explicando os expressivos ganhos nestas duas áreas. Nas últimas décadas, o agronegócio sempre obteve saldos comerciais positivos. E, nos últimos anos, é o único responsável por manter a balança comercial brasileira positiva, pois os demais setores são deficitários. Parcela substancial da renda do agronegócio proveio das exportações brasileiras, demonstrando seu potencial e eficiência econômica, uma vez que concorre em condições muito adversas com seus competidores internacionais, que não impõem aos agricultores exigências ambientais às suas custas, onde a legislação trabalhista é mais racional, os juros são honestos e a logística é decente. A adoção de sistemas agropecuários integrados deverá melhorar a competitividade, uma vez que diminui a variação de faturamento de ano a ano e torna a renda menos dependente de eventos climáticos em função da diversificação do sistema. Considerações finais Embora seja um mundo novo, ainda por ser conquistado, os benefícios dos sistemas de produção integrados já se fazem sentir. Mesmo que ainda tenhamos no Brasil imensos desafios, como a agricultura improdutiva, pobre, produtores mal preparados, juros, logística, restrições trabalhistas e ambientais, um belo caminho já foi percorrido. O próximo passo rumo ao desenvolvimento e sustentabilidade vai depender do aperfeiçoamento e da adoção de sistemas integrados de produção. Neste sentido, considerando o enorme número de pequenas propriedades no País, o desenvolvimento de sistemas integrados com ovinos parece ser uma peça fundamental para aumentar a renda no campo, melhorar a proteção ambiental e melhorar a vida daqueles agricultores em classe de renda muito baixa. Em resumo: a implantação de sistemas de produção integrados incluindo ovinos será importante na ampliação da sustentabilidade na agricultura brasileira em pequenas propriedades. Referências GAZZONI, D.L.; MENTEN, J.O. A capacidade do agronegócio brasileiro de produzir de forma sustentável. In: SEMINÁRIO SOBRE OS DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO, CCAS – Conselho de Agricultura sustentável. São Paulo, 2013. PNUD-Brasil (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Atlas do desenvolvimento humano no Brasil. Em: http://www.pnud.org.br/IDH/Atlas2013.aspx? indiceAccordion=1&li=li_Atlas2013. 2013 ROSOLEM, C.A. Desafios tecno-científicos da agricultura brasileira. 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Tal procedimento foi iniciado pensando em menores custos de produção e uso intensivo da área durante todo o ano. Com isso, o sistema de produção adotado na propriedade Sítio São Bento, foi o sistema de produção ILPF, pois visa o maior aproveitamento da área consequentemente maior rentabilidade na propriedade. O projeto a ser implantando na propriedade é de ovinocultura de corte com parceria à empresa CordeiroBIZ. Como o processo de planejamento já havia sido feito anteriormente à compra da propriedade, as atividades atualmente estão voltadas para implantação das atividades pré-estabelecidas, Seringueira, fenação e ovinocultura interligada a bovinocultura. As atividades foram dividias em 5 etapas de produção: 1a etapa: Implantação de 25 ha de seringueira; 2a etapa: Integração entre lavoura e pastagem para a formação da área de fenação de 10 ha; 3a etapa: Estruturação das instalações da propriedade; 4a etapa: Aquisição do plantel de ovinos e início de projetos interligados entre UNESP/ Cordeiro BIZ e Sítio São Bento; 5a etapa: Desenvolvimento dos projetos e recolhimento de resultados. Desenvolvimento A primeira etapa descrita acima foi iniciada em março de 2014, com o início de preparos do solo para o plantio da seringueira. A disposição das mudas foi escolhida para um plantio mais adensado, porém respeitando os limites mínimos de área por planta de 18m². O plantio foi realizado em abril, início do período seco do ano, o que favorece na menor competição mato/muda, pois ocorre o período de dormência de crescimento de algumas espécies e ou a diminuição dos mesmo pela decorrência de dias mais curtos. Entretanto a falta de chuvas pode aumentar o tempo para fixação das raízes da planta no solo, demorando assim um pouco mais de tempo para iniciar o desenvolvimento da planta O preparo da área para plantio foi feito semente nas linhas, deixando o espaço entre linhas com vegetação para prevenir o desgaste do solo e consequentemente perda de qualidade, como também para manter maior umidade no solo e assim operar a irrigação por um menor número de dias mensal. Tal procedimento foi realizado pensando também nos consórcios que serão realizados entre lavoura/floresta, pois garante melhor qualidade de solo no plantio do milho entrelinhas durante os três primeiros anos de plantio da seringueira e nas linhas de plantio onde será realizado o plantio intercalado de melancia no período seco do ano. A segunda etapa, dará início nesta safra de verão 2014/2015, onde será intercalado o plantio de milho e sorgo safrinha. Com a colheita da safrinha no ano de 2015 finalizada a área começará a ser preparada em outubro para a formação do campo de fenação. A pastagem a ser utilizada para fenação será o tifton 85, cultivar do gênero Cynodon que apresenta melhor relação de produção para feno de boa qualidade. Outros cultivares ainda estão sendo estudados, como o capim-jiggs, também da mesma família porém com a vantagem de semeadura com sementes. A terceira etapa está sendo preparada aos poucos, demos início no período das águas deste ano quando foram formados de capim-aruãna 20 há de pasto. Já no ínicio deste ano de 2014 foram feitas as novas divisões de pastos para futuramente entrarmos no sistema de pastejo rotacionado. Levando em consideração o período de crescimento do capim e o período de dias de ocupação do piquete. Foram divididos 5 piquetes iguais de 4 ha cada. Cercados até o momento por cercas de choque. Posteriormente quando iniciarmos o processo de estruturação para ovinos a intenção é fazer o perímetro da área com tela e suas divisões internas com cerca elétrica. Esse processo ocorre conforme o rebanho de ovinos for aumentando da sua própria produção, pois assim garantiremos uma seleção mais criteriosa dos animais que ficaram no rebanho e garantiremos a qualidade sanitária do plantel. A parte de currais de manejo serão adaptadas utilizando as instalações antigas de gado de leite, onde já são feitas de concreto armado facilitando assim a construção de subdivisões já pensando em currais anti-stress para os animais. A integração silvopastoral com a ovinocultura ocorrerá de forma a garantir abrigo e sombra para os animais, que ajudará especialmente nas épocas de parição e terminação dos cordeiros. As espécies de árvores ou arbustos a serem usadas ainda estão sendo estudadas juntamente com a equipe CordeiroBIZ e a Unesp, para garantir uma união favorável e logicamente rentável como atividades separadas. Considerações finais O projeto de parceria entre a fazenda modelo, Sítio São Bento, CordeiroBIZ e Unesp está em fase de estruturação e adaptações, porém é um projeto que tem duração de pelo menos 5 anos de estudos a serem feitos com os animais após finalizada esta etapa de implantação. Esperamos conseguir juntos atingir nossas metas de produção e é claro obtermos sucesso nesse sistema de produção escolhido, provando mais uma vez o motivo de nossas escolhas. Efeito da integração dos sistemas de produção no controle da contaminação da pastagem por parasitas gastrintestinais de ovinos __________________________ Bruna Fernanda da Silva1 __________________________ 1 Universidade do Planalto Catarinense (UNIPLAC) – Lages – SC Introdução Um dos principais entraves na produção de ovinos é a infecção causada por nematódeos gastrintestinais . A elevada prevalência, associada à grande patogenicidade, faz do Haemonchus contortus, a principal espécie endoparasita de ovinos em regiões com clima tropical e subtropical . Este parasita vive no abomaso dos pequenos ruminantes e é hematófago, portanto, durante toda sua vida parasitária, se alimenta de sangue. Os animais portadores de carga parasitária elevada podem apresentar anemia severa e os casos de mortalidade de ovinos causados pela hemoncose são relativamente comuns. Em segundo lugar em ordem de importância está a espécie Trichostrongylus colubriformis, que tem por órgão de eleição o intestino delgado e é responsável por lesões do epitélio intestinal, tais como, atrofia das vilosidades e erosão do epitélio, o que compromete a digestão e absorção dos nutrientes, resultando em significativa redução na produtividade . Na região Sul do Brasil, além do T. colubriformis é comum à ocorrência da espécie Trichostrongylus axei, pois, as baixas temperaturas da região, favorecem a ocorrência desta espécie, bem como, a ocorrência do parasitismo por Ostertagia spp. . É comum a ocorrência do parasitismo por outras espécies de nematódeos gastrintestinais, tais como, os gêneros Cooperia, Oesophagostomum, Strongyloides, Trichuris e Nematodirus , porém a prevalência é dependente do manejo, das condições climáticas do ambiente, frequência do tratamento com anti-helmínticos, estado fisiológico dos animais entre outros fatores . Tais espécies parasitas apresentam ciclo evolutivo direto, típico da maioria dos nematódeos gastrintestinais. Os parasitos adultos vivem na luz do órgão de eleição dos ruminantes, onde põem grandes quantidades de ovos que são eliminados para o ambiente com as fezes. Desses ovos eclodem larvas que, após se desenvolverem e realizarem duas mudanças de estágio tornam-se infectantes (L3), e assim, aptas a parasitarem um novo hospedeiro. As L3 são ativas, abandonam as fezes e migram para a vegetação. Os ovinos ao pastejarem ingerem a vegetação contaminada com as larvas, que retomando o desenvolvimento no aparelho digestivo, sofrem duas mudas (L4 e L5) e tornam-se machos e fêmeas adultos, os quais darão sequência ao ciclo evolutivo do parasito . No geral, o parasitismo é misto, ou seja, várias espécies de nematódeos podem parasitar o trato gastrintestinal de um mesmo animal simultaneamente, e também é comum a ocorrência do parasitismo por larvas de Oestrus ovis ou “bicho da cabeça”, como este ectoparasita da cavidade nasal dos ovinos é popularmente conhecido . Portanto, há um somatório de sinais clínicos e por consequência do parasitismo, os ovinos apresentam redução da produtividade e a mortalidade de animais é comum. Além disso, há prejuízos devido aos gastos com mão de obra e medicamentos antiparasitários, o que muitas vezes inviabiliza a criação . O controle do parasitismo tem sido preconizado, quase que exclusivamente, no uso de drogas anti-helmínticas. No entanto, o uso frequente de anti-helmínticos para a profilaxia das infecções por nematódeos gastrintestinais tem levado à disseminação de população de parasitas resistentes a maioria dos princípios ativos disponíveis no mercado . Além disso, tais substâncias deixam resíduos no leite e na carne dos animais que consumimos. Portanto, se faz necessário a utilização de métodos alternativos de controle da verminose menos dependentes de antiparasitários, e, neste sentido, uma atenção especial tem sido dada a descontaminação da pastagem. Por isso é importante conhecer um pouco da biologia das fases de vida livre dos nematódeos gastrintestinais para que com base neste conhecimento modelos sustentáveis de manejo possam ser aplicados. O grau de contaminação da pastagem pelos estágios larvais de vida livre dos nematódeos é influenciado principalmente pela interação entre a presença de animais susceptíveis, eliminando grande quantidade de ovos nas fezes, e, pelas condições climáticas do ambiente adequadas para o desenvolvimento e sobrevivência das larvas de nematódeos gastrintestinais na pastagem . No ambiente, as larvas, após atingirem o estágio infectante (L3), abandonam as fezes e migram para a pastagem onde terão chances de serem ingeridas pelo animal em pastejo . É comum ouvir dos ovinocultores, que para evitar a infecção dos animais pelos nematódeos gastrintestinais, os animais devem ser retirados da pastagem no fim da tarde e soltos novamente somente no dia seguinte após a queda do orvalho. Acreditam que a umidade do orvalho favorece uma maior concentração de L3 no pasto. Com essa prática, presumem ser possível reduzir a exposição dos animais a infecção por nematódeos gastrintestinais. Porém, estudo demonstra que não há diferença na concentração de L3 na pastagem nos diferentes períodos do dia, e que, portanto, não há um período do dia em que os animais estejam mais sujeitos a se infectarem pelos nematódeos gastrintestinais . Na realidade, as L3 não têm energia suficiente para “subir e descer” da pastagem, e, no geral, após migrarem para a forrageira, permanecem ali e quando desidratam entram em estado de anidrobiose, ou seja, cessam sua atividade metabólica quando completamente desidratadas, e ao entrar em contato com a umidade novamente, revivem e retomam a atividade metabólica normal, e, com tal estratégia, prolongam sua sobrevivência no ambiente tanto no período de verão quanto durante os dias frios de inverno (Lettini e Sukhdeo, 2006). Vale ressaltar que as larvas podem sobreviver a vários ciclos de desidratação e reidratação e isso não afeta o desempenho das L3 quando infectam os animais, pelo contrário, foi observado um leve aumento na fecundidade de fêmeas de H. contortus após esse período de anidrobiose . Outro fator que deve ser levado em conta em relação à contaminação da pastagem pelas larvas é o tempo de sobrevivência delas no ambiente que pode variar, em média, entre 40 a 120 dias, dependendo das condições climáticas da região e da época do ano . Além disso, os nematódeos podem sobreviver parasitando o hospedeiro por mais de um ano produzindo ovos férteis, o que garante a manutenção dos parasitas no rebanho . Visto estes poucos detalhes sobre a biologia dos nematódeos gastrintestinais, quais alternativas seriam uteis para a descontaminação da pastagem? Como os sistemas integrados de produção poderiam contribuir para o controle sustentável do parasitismo por nematódeos gastrintestinais em ovinos? Estudos demonstram que o pastejo rotacionado e alternado com diferentes espécies de herbívoros, tais como, ovinos e bovinos, pode ser uma boa opção no controle do parasitismo gastrintestinal, visto que as espécies de nematódeos geralmente apresentam alta especificidade em relação a seu hospedeiro e são destruídas após serem ingeridas por um animal de outra espécie promovendo assim redução à contaminação da pastagem pelas L3. Mas para isso, outro fator que deve ser levado em consideração é a taxa de lotação da pastagem pelos animais, pois quanto maior a taxa de lotação maior são as chances dos animais adquirirem infecções por nematódeos gastrintestinais, e, por consequência, é observado significativa redução de produtividade dos ovinos em pastejo . No pastoreio alternado utilizando bovinos e caprinos, por exemplo, o sucesso do manejo foi atribuído principalmente à taxa de lotação . Neste estudo foi observado que os bovinos podem promover a redução da contaminação da pastagem por L3 em até 20%, porém, com uma taxa de lotação de 25% do total de pastagem, quando comparado com taxas de lotação mais elevadas, foi observado maior ganho de peso dos caprinos, redução significativa no uso de anti-helmínticos e os bovinos não foram significativamente infectados pelos nematódeos gastrintestinais e se desenvolveram normalmente, tornando o sistema de produção integrado rentável e sustentável . Vale a pena ressaltar também, que no sistema de produção de ovinos e caprinos, é importante identificar e eliminar do rebanho os animais susceptíveis a verminose, pois são estes animais os responsáveis por grande parte da contaminação da pastagem pelas L3 e isso também contribuirá para o controle mais efetivo do parasitismo por nematódeos gastrintestinais. Considerações finais A verminose é um dos principais problemas sanitários na criação de ovinos e devido ao sério problema de desenvolvimento de resistência dos parasitas a praticamente todos os anti-helmínticos disponíveis no mercado, métodos alternativos de manejo devem ser empregados. O pastejo rotacionado e alternado com diferentes espécies de herbívoros é uma alternativa que promove a descontaminação da pastagem pelas larvas infectantes dos nematódeos gastrintestinais, porém, identificar e eliminar os animais susceptíveis a verminose do rebanho é um passo importante para o sucesso do manejo. Outros fatores como taxa de lotação, tipo de pastagem, devem ser levados em consideração para o controle do parasitismo gastrintestinal em ovinos e caprinos. Referências ALMEIDA, F.A.; GARCIA, K.C.O.D.; TORGERSON, P.R.; AMARANTE, A.F.T. Multiple resistance to anthelmintics by Haemonchus contortus and Trichostrongylus colubriformis in sheep in Brazil. 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O fator nutrição no sistema imune dos ovinos e os resultados nas condições sanitárias do rebanho __________________________ Alessandro Francisco Talamini do Amarante1 __________________________ Instituto de Biociências (IBB/UNESP) – Botucatu – SP 1 Introdução As infecções por nematódeos gastrintestinais se constitui em um dos principais problemas sanitários que acometem ovinos. Os animais podem ser parasitados simultaneamente por várias espécies de helmintos gastrintestinais, porém, no Brasil, as principais espécies são Haemonchus contortus, parasita do abomaso; Trichostrongylus colubriformis, parasita do intestino delgado e Oesophagostomum columbianum, parasita do intestino grosso (Amarante et al., 2004; Ramos et al., 2004; Souza et al., 2013). A redução na produtividade e/ou a ocorrência de problemas clínicos, tais como anemia e diarreia, resultam da interação entre a quantidade de larvas infectantes ingeridas diariamente (desafio) x número de parasitas estabelecidos no trato gastrintestinal x eficiência da resposta imunológica do hospedeiro. A verminose pode acometer qualquer animal, no entanto, o problema é mais grave em animais jovens e em fêmeas no período do periparto. A qualidade da nutrição tem grande influência na eficiência da resposta imunológica contra os parasitas e desempenha papel central na epidemiologia da verminose. Influência da nutrição na eficiência da resposta imunológica A eficiência da resposta imunológica é influenciada por vários fatores que incluem a espécie do parasita, a taxa de infecção e o tempo de exposição. Quando animais bem nutridos são expostos continuamente às infecções, ou seja, diariamente ingerem larvas infectantes em pequena quantidade, pode se estabelecer imunidade protetora. Nessa situação, a ocorrência de casos clínicos não é comum e apenas os animais com predisposição genética à susceptibilidade é que adoecerão. Assim, pode-se afirmar que ocorre equilíbrio na relação parasita-hospedeiro. Exemplo de desenvolvimento eficiente da resposta imunológica pode ser observado na Figura 1. Nesse estudo, cordeiros Santa Inês e Ile de France foram mantidos juntos em uma pastagem contaminada, sem receberem tratamentos com anti-helmíntico. Como era de se esperar, os animais se infectaram com nematódeos gastrintestinais. No caso dos animais Santa Inês, o ápice na eliminação de ovos ocorreu 42 dias após o início das observações, seguido de declínio progressivo das médias de ovos por grama de fezes (OPG) devido ao desenvolvimento de imunidade. As médias dos animais Ile de France foram mais altas, porém também com tendência de queda a partir do dia 56. Os cordeiros Ile de France e os Santa Inês apresentaram ganho de peso médio diário respectivamente de 200 g e 154 g e foram sacrificados com 6–7 meses de idade com médias de peso corporal respectivamente de 40,6 kg e 27,9 kg. Vale ressaltar que nesse estudo os animais foram mantidos em plano nutricional elevado, com acesso a ração comercial com 18% de proteína bruta (PB) em quantidade equivalente a 3% do peso corporal dos animais (Silva et al., 2012). Figura 1 – Contagem média de ovos de nematódeos gastrintestinais por grama de fezes (OPG) de cordeiros das raças Santa Inês e Ile de France mantidos em pastagem e suplementados com concentrado. Animais mantidos sem tratamentos com anti-helmíntico. Fonte: Silva et al. (2012). Ao estudar a interação entre nutrição e parasitismo, Coop e Kyriazakis (2001) formularam a hipótese de que ocorre competição entre as várias funções corporais pela alocação de nutrientes, especialmente quando eles são escassos. A princípio, a fim de assegurar a sobrevivência, o combate contra os parasitas e a recuperação dos tecidos lesados tem prioridade em relação às demais funções corporais nos animais infectados. Porém, em algumas circunstâncias, não é isso o que se observa: o crescimento, a prenhez e a lactação tem prioridade em detrimento da expressão da imunidade. Isso explicaria, em parte, a grande susceptibilidade à infecção dos animais nessas fases. À medida que melhora a qualidade da nutrição, aumenta a capacidade do animal de tolerar o parasitismo. Além disso, é importante frisar que animais de raças com alto potencial de crescimento apresentam menor expressão de imunidade adquirida em comparação com raças com menor potencial, quando comparadas nas mesmas condições de nutrição. Por exemplo, quando cordeiros ou ovelhas no periparto das raças Ile de France e Santa Inês foram infectados artificialmente com H. contortus, a carga parasitária dos Santa Inês foi menor, demonstrando maior resistência desta raça (Bricarello et al., 2005; Rocha et al., 2011). Porém, com o atendimento adequado das necessidades nutricionais, os Ile de France (raça mais susceptível) mostraram-se tolerantes, ou seja, os cordeiros cresceram normalmente e as ovelhas produziram quantidade adequada de leite, embora estivessem parasitados (Bricarello et al., 2005; Rocha et al., 2011). O estado nutricional tem influência direta na capacidade do animal de desenvolver resposta imunológica contra as infecções e suportar os efeitos deletérios das doenças. Os tecidos responsáveis pela formação de células de defesa, anticorpos e outras substâncias envolvidas na defesa do organismo, apresentam grande demanda por nutrientes. Por exemplo, os nódulos linfáticos mesentéricos, envolvidos na resposta imunológica contra patógenos intestinais, praticamente dobram de tamanho quando os cordeiros são expostos a infecções com T. colubriformis (Cardia et al., 2011). Como a demanda por nutrientes necessários para a defesa do organismo é elevada, o desempenho (crescimento, produção de leite, etc.) dos animais que estão respondendo ao desafio por patógenos usualmente é pior do que o apresentado por animais livres de infecção. Ou seja, os custos e as consequências decorrentes do desenvolvimento da resposta imunológica, bem como as alterações patológicas causadas pelo parasitismo podem comprometer a produtividade (Greer, 2008; Cardia et al., 2011). A subnutrição torna o rebanho mais susceptível não só à verminose, mas também a outras enfermidades, sendo este um dos maiores problemas a ser suplantado nas condições brasileiras de criação de ovinos. Apenas para exemplificar, um cordeiro pode ganhar 250 g/dia após a desmama, desde que tenha à disposição uma dieta adequada que contenha aproximadamente 18% de proteína bruta (PB) (AFRC, 1993). Em regiões com clima temperado, onde predominam pastagens formadas com azévem (gramínea) e trevo (leguminosa), esse valor é facilmente atendido. No entanto, no Brasil, predominam outras espécies forrageiras, tais como Brachiaria spp., Panicum spp., Cynodon spp., Andropogon spp., que usualmente apresentam teor de PB que varia de 6 a 10% (Botrel et al., 2002). Quando os cordeiros são alimentados exclusivamente com essas forrageiras, eles não têm as suas necessidades nutricionais alcançadas, ou seja, o seu ganho de peso fica comprometido, bem como a expressão adequada da resposta imunológica. A situação é ainda pior quando os animais são mantidos em altas lotações, alimentando-se exclusivamente de pastagens “pobres”. Neste caso, ocorre aumento da contaminação ambiental com fezes e, por consequência, aumento da contaminação com larvas infectantes de nematódeos. O quadro pode ser agravado quando, nestas condições, decide-se criar animais com potencial produtivo elevado, geralmente de raças importadas de regiões com clima temperado (por exemplo, Suffolk, Hampshire, Ile de France e Dorper), adaptadas a condições climáticas e alimentares completamente distintas das existentes no Brasil. A associação entre subnutrição e contaminação elevada da pastagem pode ter efeito de- sastroso, com elevada mortalidade de animais. Em ovelhas, a manutenção de nível nutricional elevado durante o início da gestação pode aumentar a expressão da imunidade contra nematódeos gastrintestinais por ocasião do parto. Ovelhas que receberam dieta rica em nutrientes energéticos no início da gestação apresentaram aumento nas reservas de gordura corporal e foram capazes de apresentar maior resistência contra H. contortus em comparação com ovelhas que apresentaram reservas menores (Valderrábano et al., 2006). Vários experimentos têm também demonstrado benefícios da suplementação protéica na resistência às infecções artificiais por Teladorsagia (Ostertagia) circumcincta em ovelhas no periparto (Houdijk et al., 2000). Além disso, os efeitos são mais pronunciados em ovelhas com gêmeos do que em ovelhas com um único cordeiro (Houdijk et al., 2001). Considerações finais Em conclusão, o fator mais importante na profilaxia da verminose é a nutrição de qualidade. Animais bem nutridos apresentam maior capacidade para suportarem o parasitismo e para desenvolverem resposta imunológica contra as infecções por nematódeos gastrintestinais. Referências AFRC. Energy and protein requirements of ruminants. 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Estes gases têm grande importância ambiental pois estão reconhecidamente envolvidos no chamado efeito estufa. O termo “efeito estufa” tem sido utilizado para descrever como a energia solar incidente no planeta é mantida permitindo a vida. Sem este efeito estufa, a energia dos raios solares incidentes durante o dia seria dissipada durante a noite o que impediria a vida, uma vez que haveria grandes alterações temperatura entre o dia e a noite, criando um ambiente inóspito, como aqueles observados nos demais planetas do sistema solar. Durante a evolução, alterações nas concentrações destes gases estão associadas a grandes variações climáticas. Estima-se que nos últimos 200 anos, a temperatura média na superfície da Terra tenha subido aproximadamente 6°C e se a taxa atual de aumento de gases de efeito estufa continuar pelo próximo século, as temperaturas globais subirão cerca de 0,2 a 0,3°C por década (Steinfeld et al., 2006). Alguns destes gases ocorrem naturalmente na atmosfera, enquanto outros resultam da ação humana. Os gases que ocorrem naturalmente incluem o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O), o vapor de água e o ozônio. Certas atividades humanas, além de aumentar o nível destes gases na atmosfera, emitem outros, tais como os hidrofluorcarbonetos (HFCs), perfluorcarbonetos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6), os quais também contribuem para o aquecimento global. Muito tem se discutido sobre a real situação dos gases geradores do efeito estufa e seu controle. Há, no entanto, um consenso internacional, tanto científico como político, da influência humana sobre o aquecimento global e impacto no clima no globo terrestre e da urgente necessidade de redução da emissão líquida dos gases de efeito estufa. As nações desenvolvidas (dentre elas, destacam-se os Estados Unidos, o Japão e a Alemanha) estão entre os mais importantes contribuidores para o aumento do efeito estufa, principalmente devido às atividades industriais e ao fato de necessitarem de grandes quantidades de combustível fóssil para aquecimento durante o inverno rigoroso. No grupo dos países em desenvolvimento, China, Índia e Brasil são considerados os maiores emissores. A partir de 2005, entrou em vigor o protocolo de Kioto no qual as nações (desenvolvidas e em desenvolvimento) se comprometeram a formular programas para redução dos fatores geradores do efeito estufa, dentre eles, a redução e remoção dos gases geradores do efeito estufa (Fletcher, 1998). Embora o gás de efeito estufa em maior concentração na atmosfera seja o CO2, o CH4 e o N2O têm um potencial de aquecimento de 23 e 296 vezes maior que o CO2, respectivamente, devido à maior atividade específica destes compostos (Clark et al., 2001). Uma das principais fontes mundiais de metano é a fermentação do trato digestório de animais, principalmente de ruminantes. A fermentação contribui com 28% da emissão de CH4 global, seguida por gás natural (15%), lixo sólido (13%) e cultivo de arroz (11%). A emissão de metano representa perda de 3 a 10% da energia bruta ingerida pelo animal. No entanto, a população microbiana ruminal das diferentes espécies de ruminantes é bastante distinta e há pouca informação a respeito do potencial metanogênico para cada espécie. O Brasil, por ter o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, é tido como um grande emissor de metano (Tabela 1) e deverá diminuir esta emissão através de alguma estratégia. Tabela 1 – Emissão de metano proveniente da fermentação entérica País União Europeia Brasil EUA Austrália Fonte: Brasil (2002) Gigagramas de CH4 por ano 9572 8674 7329 3154 % do CH4 total 11 10 8 4 No entanto, dados mais recentes do Ministério da Ciência e Tecnologia apontam que o Brasil aumentou a emissão de metano. No ano de 1994, MCT (2008) estimou que a emissão brasileira foi de 9,77 Teragramas (Tg – 1012 g) de CH4, provenientes da pecuária, sendo 9,38 Tg de CH4 (96% do total) correspondente ao processo de fermentação entérica (incluindo bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos, asininos, muares, equinos e suínos) e 0,39 Tg (4%) provenientes dos dejetos animais (MCT, 2008). As atividades agropecuárias são promotoras e, ao mesmo tempo, vulneráveis às mudanças climáticas. São responsáveis por aproximadamente 15% das emissões antropogênicas de CO2, por 49% das de CH4 e por 66% das de N2O (Bruinsma, 2003). Ainda assim, segundo as previsões do IPCC (2001), a agricultura e a pecuária são setores da atividade humana mais vulneráveis aos efeitos das possíveis alterações climáticas, com repercussões negativas no que se refere à segurança alimentar em escala global. A produção de metano é parte do processo digestivo normal dos todos os herbívoros, mas com destaque especial para os ruminantes, devido à intensa fermentação que ocorre no rúmen destes animais. A fermentação ruminal é um processo anaeróbico que converte carboidratos (estruturais e não estruturais) em ácidos graxos de cadeia curta. Nesta transformação, libera-se calor, que é dissipado como calor metabólico e são produzidos os gases dióxido de carbono e metano. Estes gases são eliminados, em grande parte, através da eructação. A extrapolação de dados entre as espécies ruminantes é uma constante para o nutricionista que trabalha com estas espécies. Muitas vezes por carência de dados, outras por práticas tradicionais, os dados obtidos para certa espécie animal e as recomendações nutricionais baseadas nestes dados são extrapolados para outros animais, com exigências nutricionais e condições climáticas bastante diferenciadas. Na prática, tem-se como saber já estabelecido algumas considerações que ainda necessitam de comprovação científica. É comum atribuir, por exemplo, a caprinos e bubalinos uma maior capacidade na digestão de fibras apenas porque estes animais conseguem sobreviver em condições de menor oferta de alimentos de boa qualidade. Se esta maior eficiência na digestão realmente ocorre, estes animais seriam efetivamente emissores menos contumazes de metano. No entanto, os poucos dados não apontam diferenças tão pronunciadas. E além disso, muitas variáveis estão embutidas quando comparamos a emissão de metano de espécies diferentes, em ensaios conduzidos em condições experimentais distintas. Bezerra et al. (2005) estudaram parâmetros cinéticos da degradação in vitro de diversos alimentos usando inóculo microbiano proveniente de diferentes espécies de ruminantes (domésticos – bovino, bubalino, ovino e caprino – e silvestres – adade, cervo sambar e elande) e não encontraram diferenças significativas entre as espécies, nem mesmo detectaram diferenças que permitissem agrupar os animais em domésticos e silvestres. Considerações finais O metano emitido pelos ruminantes em verdade é produzido pela microbiota ruminal. Para comparações deste tipo, é importante estudar a fermentação ruminal em ambiente com maior controle sobre o grande número de variáveis que podem interferir no resultado (emissão de gases geradores de efeito estufa). Referências BEZERRA, A.R.G.F.; MALAFAIA, P.; MANCINI, M.C.; BEZERRA, E.S.; VIEIRA, R.A.M. Parâmetros cinéticos da degradação in vitro de alimentos incubados com inóculo microbiano de diferentes espécies de ruminantes. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.57, n.4, p.494-501, 2005. BRASIL. Ministério da Agricultura Abastecimento. Emissão de metano proveniente da pecuária. Brasília: MAA; Embrapa Meio Ambiente, 2002. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/clima/comunic_old/pecuar.htm#Index>. Acesso em: 02 jul. 2014. BRUINSMA, J. World agriculture: towards 2015/2030. An FAO perspective. London: Earthscan Publications Ltd., 2003. 432p CLARK, H.; KLEIN, C.; NEWTON, P. Potential management practices and technologies to reduce nitrous oxide, methane and carbon dioxide emissions from New Zealand Agriculture. Ngaherehere, NZ: Ministry of Agriculture and Forestry, 2001. Disponível em: <http://www.maf.govt.nz/mafnet/rural-nz/sustainable-resource- use/climate/green-house-gas-migration/ghg-mitigation.htm>. Acesso em: 02 jul. 2014. FLETCHER, S.R. Global Climate Change Treaty: the Kyoto Protocol. Washington, DC: National Council for Science and the Environment, 1998 (CRS Report, 98-2). 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Melhoramento genético ovino para a evolução dos índices produtivos Genetic improvement of ewe productivity __________________________ Hugh Blair1 __________________________ 1 International Sheep Research Centre, Institute of Veterinary, Animal and Biomedical Sciences, Massey University – New Zealand Introduction For genetic purposes, it is typical to divide any livestock industry into two sectors, the nucleus (or stud) sector and the commercial sector. Breeders in the nucleus sector make genetic improvement in their flocks which is then passed to the commercial sector, typically through the sale of rams, but also through the use of artificial insemination in a small number of cases. It is in the commercial sector that the improved genetics of the nucleus sector are widely expressed as products such as meat or fibre or reduced costs such as disease resistance or increased feed efficiency. For those nucleus breeders using performance recording, the most common approach to genetic improvement is to measure indicator traits on the animal itself or its immediate relatives (sire, dam, progeny or halfsibs) and use software contained in a system such as that provided by Sheep Improvement Limited (SIL) to turn these phenotypes into estimates of genetic merit (breeding values) for traits contained in the flock’s selection objective. These breeding values are then combined with the economic values that the breeder has assigned to each trait to generate an overall selection index for each animal. The challenges associated with this approach to genetic improvement have long been recognised and include. 1) Animals are typically selected as parents of the next generation before they can be individually assessed for important traits in the objective. For example, choosing ewe hoggets to enter the nucleus flock will mean they have no reproductive data, requiring that pedigree information be used. Unfortunately, pedigree information has a lower accuracy due to the effects of Mendelian Sampling, that is, offspring carry a random sample of one-half of each of their parent’s genes. 2) Some important traits are sex-limited, this again requires the use of information from relatives. For example, rams do not directly express the genes they carry for litter size. Once again this means that information from relatives must be used, with its inherently lower accuracy. 3) There are several economically important traits that are difficult to measure both directly and indirectly. The most obvious traits in this category are carcass traits, disease traits and feed efficiency traits. 4) Reproductive and viability traits typically have low heritabilities, meaning that they will only change slowly with selection pressure. 5) Some traits are genetically associated in an antagonistic manner. For example, there is now reasonable evidence that in New Zealand long-woolled breeds that high wool weight is associated with high worm burdens. Taking into account these, and other, factors breeders can expect to change the average genetic merit of their flock by about 0.5% to 1% of the mean per year. Changes of 1% of the mean per year are not that stunning, but they are cumulative and contribute significantly to economic benefit over time. Breeders have long looked for ways of improving this figure to get an edge on their competitors and to respond more rapidly to consumer needs. A variety of approaches have been tried including: enhancing the reproductive capacity of top animals through the use of either artificial insemination or embryo transfer; progeny testing rams to increase the accuracy of selection; the use of crossbreeding to capture the desired qualities of another breed (or breeds); the screening of large populations to find the best animals to form a new nucleus, and the application of more advanced statistical procedures to improve the accuracy of breeding value prediction. Final thought The reality for many sheep breeders is that by implementing existing knowledge in their breeding scheme, they could make a significant improvement in the rate of genetic progress achieved in their flock. A ciência e as praticidades em implementar programas de melhoramento na ovinocultura The science and practicalities of improved sheep production __________________________ Sharon McIntyre1 Hugh Blair2 __________________________ Sheep Improvement Limited (SIL) – Beef+Lamb – New Zealand International Sheep Research Centre, Institute of Veterinary, Animal and Biomedical Sciences, Massey University – New Zealand 1 2 First to set the scene In the 1980’s various subsidies were available for land development and fertilizer use to increase the productive farm area. When these were removed suddenly farmers gad to adapt quickly to a changed environment. The answer for most was to increase productivity and to reduce costs of production where practical. A combined approach of improved genetics (SIL Set up – single database and genetic engine), animal health and better feed management through improved pastures species and better grazing management started farmers on a steady increase in productivity and profitability. Progress to date Since 1990 the average NZ lambing percentage has increased by almost 1% a year – 19% in 20 years. In 1990 the average kg of lamb per ewe was about 10kg. In 20 years that has increased to 18kg/ewe wintered – an 83% increase in lamb weight per ewe. At the same time, a challenge from a more profitable dairy industry has seen sheep move off the best land and to be increasingly farmed in the hills. A single database and genetic programme was developed to record the traits that underpin productivity and profitability. Currently SIL is the world’s biggest database for sheep with more than 650 active flocks, 450 breeders, over 11 million animals on the systems and 350,000 new animals added each year. At the same time as SIL was developed a key tool on farm became available (pregnancy scanning) and was adopted widely by sheep farmers. Knowing whether a ewe was carrying a single lamb, twins or more allowed farmers to make management decisions to improve the lambing percentage and weaning weights for all ewes. Single-bearing ewes were managed to avoid large lambs by some restriction in feed and twin-bearing ewes were fed more and stocked at lower rates at lambing. The gap between single and twin born lambs is about 5kg at weaning for many farmers. Pregnancy scanning is a technology most farmers now use routinely. Science has told us a ewe with twin lambs needs significantly more feed than a ewe with a single lamb. Farmers responded to this knowledge by seeking rams with high merit for lambing, using pregnancy scanning to stock twin ewes at a lower rate per hectare, with higher pasture covers to improve feeding and consequently weaning weights. As reproductive potential improved genetically, farmers increased the rate of pasture renewal to improve both quantity and quality of feed available to turn the genetic potential into reality. A more recent tool/skill used by farmers has been body condition scoring; a system where the bones of the middle spine are felt and scored for how easy or hard it is to feel them and this reflects whether the ewe is in the optimum body condition to perform. Maintaining muscle and fat levels all year round has become a target for many farmers. Science has shown that body condition score at lambing has the largest impact on lamb survival. The SIL system also predicts the maternal component effect on both lamb survival and ewe milking ability. Selection for growth and meat Selection for growth and meat yield with higher heritability and early measurement is straighter forward than reproduction and survival. Breeders have achieved huge gains in genetic potential for growth, with genetic gain of up to 8kg in weaning weight and 10kg at 6 months. To realise this genetic potential requires quality pastures and good feed management. A trial to explore how fast lambs could grow on pasture using high growth merit rams across high growth merit ewes achieved lamb growth rates to weaning on pasture of 437g/day for singles and 407grams/day for twins, weaning at 12 weeks of age at 39kg. The Future As farmers achieve their targets for lambing percentage and growth they begin to focus on the health traits such as resistance to internal parasites, reduction in ‘dagginess’ and other easy-care traits. For most breeds footrot is no longer a problem as animals that had footrot were culled until there are very few susceptible animals left in most breeds. Meat quality and the use of DNA information to get more accurate or earlier information is increasing as the cost becomes more affordable. DNA parentage for large flocks – over 900 breeding ewes is becoming more common. Final thought Management systems, feed quality and quantity need to improve in tandem with genetic improvement programmes to realise the full potential of productivity and profitability to commercial sheep production systems. To achieve this requires both genetics and management systems to evolve together. A integração entre treinamento vocacional, pesquisa in loco na fazenda e aplicabilidade nas propriedades comerciais que representam a realidade de produção Integrating vocational training, on-farm research and commercial farming - making it happen __________________________ Paul Crick1 __________________________ 1 Taratahi Agricultural Training Centre – New Zealand Why is farming important for New Zealand More than any other developed country, New Zealand's economy, people and environment depend on the success of our land-based industries. Agriculture is how New Zealand earns a living and together with the food and forestry sectors, generate 70% of New Zealand's merchandise export earnings and around 12% of Gross Domestic Product. New Zealand is the world's largest dairy and sheep meat exporter. Over the past 25 years, productivity in the primary sectors has grown strongly. The Ministry for Primary Industries (MPI) estimates the agriculture sector's total productivity has increased by an annual compound growth rate of 3.3 percent, 1984 to 2007, compared with the wider economy's annual compound productivity growth of one percent. The agriculture industry is at the core of New Zealand's economy, a major determinant of employment and social wellbeing and a key driver of the country's land, water and biological resource use. Research The world is a dynamic and changing place and given the additional demands placed on resources and the desire to innovate, to simply stay static is not an option. There is constant effort to know more, to improve what we do and to do it more efficiently. To understand what we are doing and to do it better or to shift the direction, we need research. Research creates new knowledge. Research and trial work on our farms has become an important and integral part of what we do at Taratahi. It adds value to our organisation, enhances our learner’s experience and adds value to the sheep and beef sector as a whole. People can prosper in a knowledge rich and technologically capable world. Taratahi has been involved in trial work since 2010 when a project was initiated between Massey University and Taratahi to discover why lamb death rates in lambing hogget’s were so high. This has initiated a transformation on farm at Taratahi, as all sheep and beef farms have integrated research and trial work undertaken in conjunction with the normal operational faming activities as well as training our students. By participating in industry good research, we have integrated and involved our staff and students into the discipline and structure of measuring and monitoring through a robust scientific framework to achieve project outcomes. Not only are we demonstrating best farm management practice but we are also discovering new ways to do it driven by research on farm. The current trials being undertaken at Taratahi Agricultural Training Centre: Central Progeny Test • Identify sources of high performing rams by extending and strengthening comparisons across flocks and breeding groups. The Central Progeny Test provides vital genetic connections that broaden the world's largest across-flock, across-breed genetic evaluation service – SIL ACE - Advanced Central Evaluation. • The farm will measure and record traits such as ewe scanning live weight and presence, number of lambs and estimated date of conception, ewe condition, lamb weaning weight and sex, ewe live weight at weaning and presence, DNA sample on lamb, date and mob of slaughter, yield grade and health status (e.g. pleurisy). Reproductive study investigating ways to produce lambs out of season and improve farm efficiency • The purpose of this trial is to investigate some aspects that might impact on the practicality of out-of-season reproduction and understand how modified system can interact with existing farm management. The reproductive trials are designed as a proof of concept. The desired outcome is to have as many ewes in lamb as possible and understand how nutrition affects conception and numbers of lambs born. This will enable us to have good data to enhance assessment of the economic aspects of this model and also provide some indications as to the level of management required to make changes to a traditional system to produce lambs out of season. Massey Beef Cow Efficiency Trial • Overall aim: To improve winter and spring management of cows on hills to reduce environmental risk and maintain profitability. • Information was collected on mixed aged and mixed breeds cows and heifers. Data collected includes o Individual cow/heifer live weight and body condition score (BCS) in midwinter, mating and weaning. BCS was assessed on the 1-10 scale o Birth and weaning weight of calves. Cows that had twins were excluded from the analysis. Farm IQ • Was created as consumer driven integrated value chain for red meat delivering sustainable benefits to all participants; farmers, processors and marketers. Taratahi joined farm IQ as one of the original 6 Focus Farms in 2011. Currently there are 3 trials being undertaken on farm. Education Taratahi Agricultural Training Centre was established in 1919 in central Wairarapa as a training farm for men returning from the First World War. Taratahi is New Zealand’s largest and oldest specialist vocational agricultural training organisation and has its own Act of Parliament (Taratahi Agricultural Training Centre (Wairarapa) Act 1969.) which has four fundamental pillars that provide the foundation of what we do across sheep, beef, deer and dairy; • Attracting, promoting and preparing people for the agricultural sector • Up-skilling people • Demonstration of best farm practice • Dissemination of best farm practice Scale – how we do it Taratahi has 1,000 equivalent full time students of which 150 students accommodated on site (at our Wairarapa campus and the 140 equivalent full time staff. We own, lease or manage in excess of 7000ha of land, comprising of 14 commercial farming operations (sheep, beef, deer and dairy) making up over $75 million (NZD) assets. Taratahi is about real training on real farms – we farm where we teach. These farms have a commercial focus and as a direction from the Board of Trustees there is an expectation that they perform in the top 20% of similar type farms in the region. This is achieved through educational partnerships, research partnerships and the embedding of our students into the day to day farm operations. We have learner pathways that begin with introductory programs at secondary school, then to foundational learning at level 2, practical based learning at Level 3, production and performance based learning at level 5, then through to the Diploma at Level 5. The average farm worker is earning NZ$5,500 more than the average annual wage and salary. In New Zealand 4% of the population produces 65% of the export income – we need able, well educated, motivated individuals that are capable of building and developing on the resources currently in place. In whatever sector, human capability is crucial. A necessidade de melhoria contínua da produtividade do rebanho ou o fado à estagnação Accepting the need to change sheep productivity or stagnate __________________________ Robin Hilson1 Dayanne Martins Almeida1 __________________________ One Stop Ram Shop – New Zealand 1 Abstract 1. Historical background of One Stop Ram Shop (OSRS). 2. Performance-recording, commercial trials and farming new sheep genetics from 1985 3. Leading the New Zealand (NZ) sheep industry by demonstrating the commercial and practical superiority of stabilised crossbreds when compared to traditional NZ breeds. 4. NZ ewes in 2014 are 86% more productive than they were in 1986. Productivity gains are still being made. Background of OSRS. Perendale and Suffolk sheep have been farmed since the 1970s. Selling rams has always been a major OSRS activity. Many thousands of rams have been sold within NZ and overseas. Exhibiting sheep at Agricultural shows was important. ‘Champion’ ribbons were frequently won. Early, strong academic links were formed with leading NZ sheep geneticists. This contact led to enthusiasm for performance-recording. Farm breeding programmes involved the use of records primarily: show performance was of secondary importance. Farming cooperatively with 24 Perendale breeders for 20 years was a natural progression, (a group breeding scheme; GBS). Each member having identified his best ewes on performance, gave five to the group; so forming a ‘super flock’. Every contributor was given an ‘elite’ ram annually for his flock which had been bred from these special ewes, in the GBS. All benefited. Scientific firsts were many. Artificial Insemination (AI) was used extensively, as was crossbreeding with other NZ breeds. Sheeplan and Animalplan (recording schemes) were used. The cooperation was outstanding and allowed progress with sheep that could never have been achieved by individual breeders. A major genetic analysis of the ‘super flock’ confirmed there was a productivity increase of about 1.5% annually. Most NZ sheep were Romney derivatives and I felt that the sheep of NZ had peaked. There was tiny generational gain as well as the proven gain of group breeding. I had become a successful ‘stud’ breeder. I had walls full of show ribbons which were evidence of show success. I was fully committed to performance-recording and a partner of NZ’s most innovative sheep breeding group. I ‘felt’ my sheep had ‘peaked’. I had ‘peaked’. This was very hard to accept. The year was 1985, ages ago. Not all was well in the NZ sheep. In 1987 while travelling with a geneticist, he asked what the Ministry of Agriculture (MAF) should do with the new breeds they had imported in 1985. The breeds were Finn, Texel, Gotland, White Headed Marsh, Oxford Down. They had out-bred their quarantine facilities and were costing huge money to farm. The situation was serious, nobody had a solution. I outlined an original proposal. My suggestions formed the basis of Sheepac; a Joint-Venture between Ministry of Agriculture and Fisheries (MAF) and 43 farmers, which led directly to the present massive productivity changes in NZ sheep. All 43 were stud farmers, spread through-out NZ who knew how to sell rams. MAF had the science and consultants. It was a very successful team. Each participant offered unique skills. Sheepac was a financial success. A part of OSRS became one of three new quarantine farms until 1990 when the Sheepac sheep were sold. 160 hectares grazed about 3000 crossbred sheep by 1990. Rapid multiplication programmes were started in 1987. 2500 ewes were laparoscopically inseminated; the largest programme undertaken world-wide at this time. Semen from the new sheep breeds was put into “elite” ewes from the three main group breeding schemes. Performance data gathered was available to NZ farmers. Field days were run at the quarantines. Farmers were kept informed of the sheep performance. Initial crossbreeds were ½ exotic, then ¾ and finally 7/8 by sale time. Any surplus animals were trialled commercially by meat processors. Trial results were convincing. Carcases had better red meat yields, thicker pelts and grew better quality wool. Crossbred ewes produced more lambs, had an improved grass to meat conversion, were tougher, lived longer, required less maintenance. Crossbreds were easier to farm because they were more efficient than NZ breeds. Also; they put more money in farmer’s pockets when their lambs and wool were sold. NZ stud breeders had a traditional view of the new sheep and wanted to farm pure-breds only. OSRS took a very different position. Four years with the quarantine sheep had demonstrated their potential as crossbreds. OSRS breeding programmes were redesigned to produce many crossbreds and to ‘stabilise’ them as soon as possible. This was done carefully with geneticist’s advice. Only OSRS took this approach. Most ram breeders were critical of OSRS. It is ironic that by 2014, many of the most critical sell crossbred rams. Probably, the majority of the rams used in NZ are a mixture of breeds, sometimes of known origins but often not. Ram performance records have become more important than the make-up of the ram for many breeders, but not at OSRS where both are important. Quarantine sheep were released to NZ farmers in 1990 after being given an official 100% health clearance from Government veterinarians. What happened next? Started the massive production change in the NZ sheep industry. Finn sheep and Texel genetics were steadily introduced to most sheep breeds. Subsequent importations of Dorper, East Friesian, Charollais, have not had the impact of the Texel and Finn. By 1990 I had realised that the whole industry was at the cusp of an incredible production increase. I needed to persuade farmers of the merit of the crossbreds, all of which were part NZ genetics. I visited 200-400 farms annually. I knocked on doors. Field-days on farms, demonstrations at meat processing factories, were frequent events. Texel Marketing Group Limited (TMG) was formed to coordinate OSRS activities through-out NZ. TMG was contracted by the largest meat company to supply lambs and to assist in processing trials. The largest market trial involved 8000 carcases with Texel and Finn genetics in eight different combinations and a Romney control. Carcases weights ranged from 22-34kgs, for batches of 200, lambs processed at nine months of age. Data from cutting these carcases was convincing and the company saw real market potential. North America was chosen as the destination for chilled cuts. NZ Meat Board marketers observed the sales and were very positive about shopper’s reaction to the ‘new’ product. The Romney control (traditional carcase) had yielded much less saleable red meat. Participating farmers received additional payments for their quality lamb carcases. Taste trials proved Texel meat could be sold as a distinct, branded product. Texel wool from OSRS client’s flocks was marketed by a leading NZ company. This wool bought premiums for the growers. TMG established links with private butchers for OSRS clients in NZ and Australia. Butchers paid extra for the Texel carcases. TMG exported gourmet Texel cuts to US and Europe successfully. All these actions by OSRS and TMG put money in farmer’s pockets; more money than they would have received if they had sold their Texel stock in a traditional manner. Again cooperation had worked, this time between the farmer and TMG. By 1995 an appreciable ‘new breed’ meat tonnage was being processed. Yield grading was accepted. Texels were widely used because they improved the red meat yields of NZ breeds. Farmers accepted crossbreds. Some composites using East Friesian genetics failed miserably. OSRS promoted stabilised crossbreds with known genetic proportions. Once farmers understood the clarity of the OSRS approach they gained confidence. Soon 50% of the NZ ewes will be crossbred type. What has made NZ sheep farmers different from all others? They cooperate. Their cooperation is for the benefit of all. Group Breeding Schemes (GBS) were hugely beneficial to partners. All farmers involved have said ‘to a man’ that the group schemes greatly developed them as farmers. Scientists loved breeding groups because broad ideas were considered and academic challenges were often taken up by the farmers. The same cooperation made it possible for 43 to come together to form Sheepac. Each partner had to contribute annually to the costs of Sheepac. Cooperation occurred again when TMG wanted stock from all over NZ for supply chains. Farmers cooperated for wool and meat exporting by TMG. Farmers are confident with flock performance-recording. Sheep Improvement Limited (SIL) is excellent. It provides what the stud farmer wants. Breeders hope SIL stays uncomplicated and keeps to the core business of making predictions based on measured inputs and from accumulated family histories. Show success has little influence in the sheep industry and gets no following from farmers. Commercialising science saw the loss of credibility of NZ AgResearch (Government). University research by Massey and Lincoln is followed enthusiastically by sheep farmers. As the sheep genome gets better known all sorts of DNA tests have become available for farmers of sheep. At present this tool is too expensive. DNA will be more used in the future. It is no substitute for ‘old fashioned’ stockmanship. At what point is the NZ sheep Industry of 2014? 1. 50% of ewes will be crossbreds, very soon; 2. SIL will develop and performance-recording along with it; 3. There will be more competing pressure on sheep country by dairy interests; 4. Increasing temperatures and cyclonic weather will pressure water sources; 5. In only 25 years NZ ewe productivity has increased 86%. No ungulate population has EVER achieved such a gain. It has never happened before for any constrained (farmed) grazing animal species worldwide. Do not forget that this occurred as sheep were pushed back onto harder grazing country by dairy interests. Can this productivity continue to increase? Yes it can.....but that is another story. What has been achieved by NZ farmers, started at OSRS. The original concept of ‘Stabilised Crossbreds’ was just too new. Farmers wanted the practical information/proof that OSRS had gathered over four quarantine years. Scientists did not have sound practical data to publish meaningful results. A message of support was taken to farmers by TMG. Farmers were encouraged and offered practical assistance at every point. Farmers were told what to expect before changes in productivity happened. Cooperation and confidence grew with experience. It worked. If it had not succeeded, selling rams without records and showing of sheep would still be important. Both are finished. This same approach OSRS plans for Brazil. Clear practical advice and ‘on farm’ support. Publication of results from processing slaughter trials, farm productivity information and acknowledgement of mistakes and successes will be a characteristic of our cooperation with Brazil’s sheep farmers. Is it ‘worthwhile’ getting involved in producing more productive sheep? The world has 8 billion people and 5 billion sheep. Many of these people already eat sheep meat but only 1 million tonnes of sheep meat is traded across international borders. NZ supplies about half of this total. Sheep meat is short supply forever! There are 16 million tonnes of bananas shipped worldwide. There are 120 million tonnes of fish pulled out of water. One million tonnes of sheep meat is a tiny quantity. It is in short supply forever. I have seen NZ lamb meat in a LA supermarket selling for US$93/kg. The wealthy can afford these prices. Rich people regard it as a health food. Brazil is 32 times bigger than NZ. Brazil has many brilliant soils. Sheep potential is obvious. Genetics, suitable crossbreds (combinations with Brazil’s ‘best’ indigenous sheep) and improved infrastructure will release this potential. Performance-recording and red meat yield trials are critical to advancement. Brazil should never be importing sheep meat. Final thought As a Kiwi farmer I admire your academics, your scientists, your engineers, your soccer players. But, none of them can feed Brazil’s huge population of millions in 25 years. Empty bellies lead to trouble for all. Farmers are your most valuable asset. Of all your farmers, sheep farmers have the greatest potential. As the climate puts pressure on, cattle farming will falter. Now is the time to think about sheep. It is time to change the whole industry. It can be done; OSRS has proved that. Brazil should have the largest sheep flock in the world. Em busca do selo de qualidade “Cordeiro Brasileiro” __________________________ Dayanne Martins Almeida1 __________________________ One Stop Ram Shop – New Zealand 1 Considerações iniciais Não existe alguma atividade que permita chances de investimento promissor em tantas áreas da cadeia produtiva ao mesmo tempo como a ovinocultura e esta tem avançado tão rapidamente que não tem conseguido suprir a demanda sequer de fêmeas para estabelecimento de novos rebanhos. Desta forma, há bastante espaço para investimentos no que tange a teia de atuação. A conscientização da produção compatível com a demanda de mercado de carnes trará benefícios imensuráveis para o atual cenário da produção de ovinos de corte. A região sudeste do Brasil, a despeito de um potencial muito grande de consumo, possui uma estrutura fundiária que não permite uma ovinocultura de carne feita em escala, restando assim a possibilidade de intensificação da sua produção. Normalmente a produção intensiva é feita por meio de confinamento; e isso representa um aumento ainda maior no custo final de produção. Dois são os pontos de estrangulamento dentro do ciclo de produção brasileiro: taxa de desmame e peso ao desmame. A primeira representa o total de animais desmamados em relação às matrizes expostas ao reprodutor dentro de determinado período. A taxa de desmame é um poderoso indicador do desempenho reprodutivo devido contemplar os índices de fertilidade, perda pré-parto e a mortalidade de cordeiros. O peso dos cordeiros ao desmame complementa a análise de produtividade do rebanho. Quanto mais leves, mais tempo levarão para atingir peso ideal de abate, fato este que afetará diretamente na qualidade da carne, o que torna o sistema como um todo inviável economicamente e desinteressante. O consumo de carne magra tem-se intensificado em muitos países devido a mudanças no padrão de consumo. O excesso de gordura, como consequência do abate tardio, além de afetar a qualidade da carcaça, repercute na viabilidade econômica do sistema de produção, tendo em vista a transformação de parte dos nutrientes ingeridos em tecido indesejável. A ovinocultura de corte brasileira possui inferior desempenho produtivo em virtude de uma série de fatores dentre eles desconhecimento de boas práticas de manejo e falhos ou ausentes programas de melhoramento genético do rebanho. Considerações finais Os pontos de estrangulamento dentro do sistema de produção de ovinos se aplicam tanto para criações extensivas quanto para o modelo intensivo e são realidade de norte a sul do país. Para que se atinja uma boa relação custo:benefício, é fundamental que se busquem animais geneticamente compatíveis com um sistema moderno e eficaz. Eficiência produtiva e seleção por mérito genético são as chaves para que possamos produzir uma só marca: ‘Cordeiro Brasileiro’. Para isso precisam-se de produtores de genética (comprovada) e de produtores de cordeiros trabalhando em equipe e pensando em conjunto para que as instituições de pesquisas sejam guiadas a fim de buscar soluções para os problemas enfrentados dia-a-dia no campo e atender ao gosto cada vez mais exigente do consumidor. Recuperação das áreas degradadas frente ao manejo eficiente das pastagens para ovinos __________________________ Paulo Roberto de Lima Meirelles1 Ciniro Costa1 André Michel de Castilhos1 Cristiano Magalhães Pariz1 Marco Aurélio Factori1 __________________________ 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/UNESP) – Botucatu – SP Introdução No Brasil, apesar dos crescentes avanços alcançados pela atividade pecuária, especialmente no caso da produção ovinos para abate, ainda é prática comum a formação e manejo de pastagens sem orientação técnica. Dessa forma, essas áreas mantêm alguma produtividade nos primeiros anos após o estabelecimento, com posterior perda de vigor e capacidade de recuperação natural para sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais. O Estado de São Paulo possui, em área agricultável, 21,5 milhões de hectares, sendo que 7,8 milhões (40% do total) correspondem à pastagem. No entanto, estima-se que 6,1 milhões de hectares estejam com algum grau de degradação. São áreas que necessitam de manejo especializado, e que uma vez reinseridas no setor produtivo, contribuirão para aumentar a produtividade e renda dos estabelecimentos agropecuários. A manutenção da sustentabilidade em sistemas de produção em que as pastagens estão degradadas é muito pequena. Então, há necessidade da tomada de decisão para reversão do problema. Dentro desse cenário a implantação de Sistemas Integrados de Produção Agropecuária, desponta como opção para a recuperação de pastagens degradadas. Visto que a oferta de carne ovina no Brasil e o consumo per capita ainda são baixos (aproximadamente 0,7 kg por ano), o manejo eficiente das pastagens para ovinos em sistema Sistemas Integrados de Produção Agropecuária poderá contribuir para o incremento da produção de carne dessa espécie animal. Discussão Considerando-se a atual expansão da ovinocultura praticada no Brasil, essencialmente voltada a produção de cordeiros para abate, em que a base alimentar sustenta-se na exploração de pastagens, a expectativa é de uma atividade sustentável e com baixo custo de produção. No entanto, o manejo equivocado dessas áreas, via de regra tem levado a degradação extensas áreas de pastagens, resultando em baixos índices de produtividade e comprometendo a sustentabilidade desta atividade. De acordo com definição apresentada por Dias Filho (2007), pastagem degradada é uma "área com acentuada diminuição da produtividade agrícola ideal (diminuição da capacidade de suporte ideal), podendo ou não ter perdido a capacidade de manter produtividade biológica (acumular biomassa) significativa". Com base neste conceito, é possível inferir que diferentes processos equivocados de manejo, podem levar à degradação da pastagem. O processo de degradação agrícola poderá desencadear-se em áreas cujo solo apresenta bom potencial produtivo, porém existindo forte pressão pela regeneração da vegetação original, ou seja, aquela presente antes da implantação do pasto (exemplo: pastagens mal formadas). Já a degradação biológica poderá ocorrer onde o solo apresenta algum problema de ordem física, química ou biológica, restringindo o desenvolvimento da planta forrageira. De forma geral, a degradação de uma pastagem é compreendida como resultado da queda gradual e constante na produtividade das plantas forrageiras, bem como sua capacidade de recuperação natural para sustentar níveis de produção e qualidade, aliado a incapacidade de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras. Segundo Nascimento Júnior et al. (1994), as pastagens degradadas apresentam mudanças na composição botânica e diferentes graus de erosão do solo. As principais causas da degradação das pastagens envolvem desde a escolha da planta forrageira, estabelecimento deficiente com preparo inadequado do solo, ausência ou utilização equivocada de calagem e adubação, utilização de sementes de baixa qualidade e em quantidades aquém das recomendações técnicas, até o manejo inadequado da pastagem formada principalmente com a utilização de número excessivo de animais em relação à quantidade de forragem existente (superpastejo). Esta situação leva à degradação da pastagem, aumento de ocorrência de plantas invasoras, erosão, etc. Em ovinos, há ainda a preocupação com elevadas lotações devido ao grande número de larvas de helmintos infectantes na pastagem. Os fatores acima elencados, estão altamente relacionados a falhas na adequação do projeto de exploração pecuária como um todo, incluindo problemas relativos à conservação dos solos, distribuição de aguadas e saleiros, conservação de forragens e planejamento do equilíbrio da oferta e demanda de alimentos ao longo do ano (Souza Neto e Pedreira, 2004), além da não reposição de nutrientes um dos grandes problemas mais encontrados na realidade Brasileira. Plantas forrageiras do gênero Brachiaria, são as mais utilizadas para formação de pastagens no Brasil, e quando implantadas em condições de solos encontrados em áreas agrícolas corrigidas, conseguem exprimir o seu verdadeiro potencial de produção. Neste contexto, os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária surgem como alternativa viável para recuperação de áreas degradadas, pois o aumento da fertilidade do solo pela adubação da lavoura, cria condição apropriada para a implantação e manutenção de pastagens com espécies forrageiras de elevado potencial de produção e qualidade. Em contrapartida, esta elevada produção de biomassa da pastagem assegura maior ingresso de carbono e melhor proteção do solo contra efeitos erosivos, além de promover incremento na biodiversidade. É importante ressaltar que diversas combinações de sistemas existem, principalmente com a utilização do milho e as cultivares de Brachiaria brizantha. Nesses sistemas, a planta forrageira pode ser semeada simultaneamente com a cultura produtora de grãos. Para isso, as sementes são misturadas ao adubo e depositadas no compartimento de fertilizante da semeadora, sendo distribuídas na mesma profundidade do adubo. Assim, o mesmo adubo usado na cultura produtora de grãos será utilizado posteriormente pela forrageira, que, no caso do consórcio com a cultura do milho, apresentará desenvolvimento lento até a colheita dos grãos. Somente após a colheita, a braquiária iniciará seu pleno desenvolvimento e se beneficiará do adubo residual deixado pela cultura do milho (Crusciol et al., 2006). Cabe salientar que não existem capins “milagrosos” (altamente produtivos, com baixa exigência em fertilidade, tolerantes a seca e resistentes a pragas e doenças). Toda planta forrageira apresenta determinadas vantagens e limitações. Considerações finais Com o crescente interesse no Brasil pela ovinocultura de corte, e a necessidade de intensificar os módulos produtivos com base alimentar nas pastagens, que em muitas situações encontram-se em algum estado de degradação, os Sistemas Integrados de Produção Agropecuária, constituem-se em alternativas interessantes uma vez que além de promover a recuperação das áreas degradadas, permitem alcançar níveis mais elevados de biodiversidade e produtividade em comparação às alternativas tradicionais, maximizando o ganho/área e aumentando a rentabilidade da ovinocultura. Referências CRUSCIOL, C.A.C.; BORGHI, E.; GUARAGNA, J.G. Alterações na Fertilidade do Solo após dois Anos de Integração Agricultura – Pecuária. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO (FERTBIO), 27., Bonito, 2006. Anais... Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2006. (CD-ROM). DIAS FILHO, M.B. Degradação de pastagens: processo, causas e estratégias de recuperação. 3ed. 190p. 2007. NASCIMENTO JÚNIOR, D.; QUEIROZ, D.S.; SANTOS, M.V.F. Degradação das pastagens e critérios para avaliação. In: PEIXOTO, A.M.; MOURA, J.C.; FARIA, V.P. (eds.). SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGEM, 11., Piracicaba, 1994. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1994. 325p. SOUZA NETO, J.M.; PEDREIRA, C.G.S. Caracterização do grau de degradação de pastagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 21., 2004, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2004. p.7-31. Sistemas silvipastoris como estratégia de aumento da sustentabilidade __________________________ Maria Luiza Franceschi Nicodemo1 __________________________ Embrapa Pecuária Sudeste – São Carlos – SP 1 Introdução Desenvolvimento sustentável envolve equilíbrio ambiental, equidade social e viabilidade econômica, e a sustentabilidade pode ser definida como o uso do capital ambiental de maneira que suas propriedades (serviços e produtos) fiquem disponíveis indefinidamente, para as próximas gerações (Hueting e Reijnders, 1998). Nessa ótica, vamos discutir de que maneira sistemas silvipastoris contribuem para a produção e recuperação de serviços ambientais que são necessários para a produção de forragem. Discussão A introdução de árvores nas pastagens tem efeitos marcantes na ciclagem de nutrientes, favorecendo a disponibilização de nitrogênio, Ca, K e Mg para os cultivos associados (Rao et al., 1998; Oliveira et al., 2005; Pezzoni et al., 2012). A melhoria de aspectos químicos e físicos do solo tem sido observada de quatro a cinco anos do estabelecimento das árvores no sistema (Carvalho e Xavier, 2000). O maior teor de matéria orgânica e maior atividade biológica dos sistemas arborizados levam à menor densidade aparente, maior porosidade, menor resistência à penetração e maior estabilidade dos agregados no solo, comparados aos sistemas de plantio convencionais (Rao et al., 1998; Carvalho et al., 2004; Aguiar, 2008). Sistemas silvipastoris são importantes instrumentos para a redução da erosão (Young, 1991; Rao et al., 1998; Ong e Swallow, 2003). A deposição de resíduos de galhos e folhas, associada à presença de densa massa radicular, favorecem a retenção da água, aumentando a possibilidade de infiltração. Da mesma maneira, a grande deposição de matéria orgânica contribui para o aumento da permeabilidade do solo, associado também a maior agregação do solo, condições que resultam em redução do escorrimento superficial e perdas erosivas. As gotículas de água são interceptadas pela copa das árvores, diminuindo a possibilidade de impacto direto no solo descoberto, que pode provocar o deslocamento e arraste de partículas do solo. Além disso, a água interceptada pela copa escorre lentamente, evitando que haja grande acúmulo de água no solo num determinado momento, o que aceleraria o deslocamento da água em relevos acidentados. Considerando que 80% das terras cultivadas do Estado de São Paulo passam por processos erosivos (Zoccal, 2007), os benefícios trazidos pelas árvores na conservação do solo são de grande importância. A presença de árvores altera o microclima (Rao et al., 1998). Foram observados redução da temperatura do solo e do ar com o aumento da interceptação da radiação incidente. As forrageiras herbáceas ficam mais protegidas, reduzindo os danos com geadas. Além disso, essas alterações provocam alterações na produção e na composição dos capins e leguminosas herbáceos sombreados. O efeito da alteração de microclima na produção depende de uma série de condições, que incluem: (a) espécie forrageira: considera-se que as espécies Axonopus compressus, Paspalum dilatatum e Panicum maximum são tolerantes ao sombreamento, enquanto Andropogon gayanus, Brachiaria mutica, Cynodon plectostachyus, Melinis minutiflora e Pennisetum purpureum respondem com baixa produção (Carvalho e Xavier, 2000). A redução da disponibilidade de luz implica em queda na atividade fotossintética, redução do perfilhamento, redução na formação de raízes. A redução da massa de raízes afeta a resistência à herbivoria, queimadas e à seca (Dias-Filho, 2000). As espécies variam na tolerância ao sombreamento, mas esse efeito se estende também aos cultivares, de modo que existem situações em que a tolerância ao sombreamento é menor em determinados cultivares; (b) a intensidade de interceptação de radiação: enquanto o sombreamento leve pode até mesmo aumentar a produção de matéria seca, a medida que a interceptação de luz aumenta, a produção de forragem se reduz. Dentre as gramíneas, considera-se que os gêneros Brachiaria e Panicum tem bom desempenho sob sombra moderada (50 a 80% de transmissão de luz) (Wong, 1991; Andrade et al., 2004). Se, por outro lado, a luminosidade for muito baixa (inferior a 25% de transmissão de luz), o desempenho de forrageiras tropicais, mesmo aquelas tolerantes ao sombreamento, é baixo (Wong, 1991); e (c) estresses acumulados: a tolerância a um tipo de estresse é tipicamente reduzida por outra fonte de estresse ou pela presença de fatores bióticos, como herbivoria. (Valladares e Niinemets, 2008). As gramíneas produzidas na sombra mostram geralmente maior teor de proteína bruta, cutículas mais finas, lâminas mais largas, elongação estimulada e desenvolvimento vascular diminuído. A produção, conteúdo de fibras e de proteína da forrageira podem ser mantidos sob sombra moderada (até cerca de 35%), desde que selecionadas as espécies adequadas (Lin et al., 2001; Paciullo et al., 2011). Considerações finais Sistemas silvipastoris contribuem para aumentar e manter a produtividade das pastagens. A recuperação de serviços ambientais como ciclagem de nutrientes e estabilização do microclima são importantes para que esses objetivos sejam alcançados. Planejamento e manejo criteriosos são necessários para que resultados favoráveis sejam alcançados. Referências AGUIAR, M.A. de. Qualidade Física do solo em sistemas agroflorestais. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Viçosa. 91p. 2008. ANDRADE, C.M.S.; VALENTIM, J.F.; CARNEIRO, J.C.; VAZ, F.A. Crescimento de gramíneas e leguminosas forrageiras tropicais sob sombreamento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.39, n.3, p.263-270, 2004. CARVALHO, M.M.; XAVIER, D.F. Sistemas Silvipastoris para Recuperação e Desenvolvimento de Pastagens. 2000. Disponível em:< http://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/zootecnia/anaclaudiaruggieri/6.-sistemassilvipastoris.pdf>. Acesso em 30 jun. 2014. CARVALHO, R.; GOEDERT, W.J.; ARMANDO, M.S. Atributos físicos da qualidade de um solo sob sistema agroflorestal. 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Shade tolerance of tropical forages: a review. In: SHELTON, H.M.; STÜR, W.W. (Eds.). Forages for plantation crops. Canberra: Australian Centre for International Agricultural Research, 1991. p.64-69. (ACIAR Proceedings, 32). YOUNG, A. Agroforestry for soil conservation. 3ed. Nairobi: ICRAF, 1991. 276p. ZOCCAL, J.C. Soluções: cadernos de estudos em conservação do solo e água. Presidente Prudente: CODASP, 2007. 66p. Disponível em:< http://www.codasp.sp.gov.br/site/images/stories/Arquivos/LIVRO%20%20ZOCALSolucoes%20Volume%2001%20-%20Erosoes.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2013. 4. PARTICIPANTES (número total indicando nacionais e estrangeiros) 157 participantes (153 nacionais de diversos Estados do Brasil e 4 internacionais da Nova Zelândia) O público alvo foi atingido, visto que participaram Estudantes de Graduação, Pós-graduação, Pesquisadores, Técnicos e Produtores Rurais. O público esperado era de 200 a 250 pessoas. Porém, em função da greve nas Universidades do Estado de São Paulo durante o período de realização do Evento, a grande maioria dos alunos de Graduação em Agronomia, Zootecnia e Medicina Veterinária não se encontravam no município de Botucatu, o que reduziu a participação esperada dentro dessa categoria. Porém, o público presente participou ativamente, com destaque para as perguntas e discussões direcionadas aos integrantes das Mesas Redondas e presença na Visita Técnica, demonstrando muito interesse nos aspectos práticos da produção de ovinos em sistema de Integração Lavoura-Pecuária que foi apresentado no campo. 5. CONCLUSÕES: (em relação aos objetivos mencionados na carta consulta aprovada para o financiamento). O I Workshop Internacional em Sistemas Integrados de Produção Agropecuária – Ovinocultura de Corte foi considerado um sucesso pelos participantes, visto que todas as palestras foram de alto nível técnico e abordou as principais atualidades tecnológicas na área proposta. Promoveu diversos debates sobre os temas ainda não elucidados e que podem contribuir para maior eficiência produtiva e a sustentabilidade dos sistemas integrados de produção de grãos, carne e madeira, com foco na ovinocultura de corte. Dessa forma, o evento foi de fundamental importância para a formação e divulgação de ideias e inovações tecnológicas, essenciais para a evolução da agropecuária brasileira. FOTOS DO EVENTO: Palestras e Mesas Redondas Palestra do Prof. Dr. Mário De Beni Arrigoni Palestra da Profª. Drª. Alda Lúcia Gomes Monteiro Palestra do Prof. Dr. Rafael Silvio Bonilha Pinheiro Palestra do Prof. Dr. Ciniro Costa Palestra do Prof. Ciro Antonio Rosolem Palestra do Ricardo Dutra de Oliveira Silveira Mesa Redonda – Integração Palestra da Profª. Drª. Bruna Fernanda da Silva Palestra do Prof. Dr. Alessandro Francisco Talamini do Amarante Palestra do Prof. Dr. Ives Cláudio da Silva Bueno Mesa Redonda Sustentabilidade Palestra do Professor Hugh Blair (Nova Zelândia) Palestra do Paul Crick (Nova Zelândia) Palestra do Robin Hilson (Nova Zelândia) Mesa Redonda Eficiência Mostra Científica (apresentação de pôsteres e do melhor trabalho) Coffee-break Entrevistas com Palestrantes e Participantes Representantes dos Grupos das Empresas Júniores Visita Técnica no Campo (Projeto de produção de ovinos em sistema de ILP) Apresentação do Pós-Doutorando Cristiano Magalhães Pariz sobre implantação, condução e manejo do sistema de ILP com ovinos Apresentação do Doutorando André Michel de Castilhos sobre manejo e nutrição de cordeiro em sistema de ILP Apresentação do Prof. Dr. Juliano Carlos Calonego sobre o efeito da inclusão do feijão-guandú na ciclagem de nutrientes e características físicas do solo em sistema de ILP com ovinos Apresentação do Prof. Dr. Ciniro Costa sobre silagem de milho em consórcio com capim-marandu e feijão-guandú e modalidades de sobressemeadura da aveia-preta em sistema de ILP com ovinos Palestrantes da Nova Zelândia (Professor Hugh Blair, Robin Hilson, Paul Crick e Dayanne Martins Almeida) participando da Visita Técnica e discutindo assuntos sobre manejo do solo e de ovinos com os participantes brasileiros Encerramento Prof. Dr. Ciniro Costa (Coordenador do Evento) com integrantes da Comissão Organizadora, Palestrantes e alguns Participantes 6. COMPENSAÇÕES OFERECIDAS À FUNDAÇÃO AGRISUS: (descrever de forma sucinta como foram asseguradas as compensações prometidas) Foram disponibilizadas todas as compensações solicitadas pela Fundação Agrisus. Assim, foram distribuídos folders da Fundação para todos os participantes e palestrantes; foi colocado em local visível dois banners da Fundação Agrisus; em todos os intervalos foram realizadas projeções do logo e da mensagem da Fundação Agrisus, além de ter sido realizada menção de patrocínio da Fundação Agrisus durante todo o evento. Também foi disponibilizado tempo para apresentação da Fundação Agrisus em plenário e cinco vagas de inscrições para uso por participantes indicados pela Fundação Agrisus, porém, estes dois últimos benefícios não foram utilizados pela Fundação. 7. DEMOSTRAÇÃO FINANCEIRA DOS RECURSOS DA FUNDAÇÃO AGRISUS: (mencionar outras fontes de financiamento de forma comparativa). O recurso financeiro concedido pela Fundação Agrisus (R$ 5.000,00) foi utilizado para custear as seguintes despesas: • Prestação de serviços de informática (elaboração e manutenção do site do Evento) R$ 3.200,00 • Coffee-break R$ 1.800,00 Demais Patrocínios Nacionais e Internacionais: • Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) R$ 20.000,00 • Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) R$ 20.000,00 • Empresa – Sementes Piraí R$ 800,00 • Empresa – RealH Homeopatia, Nutrição e Saúde Animal R$ 3.000,00 • One Stop Ram Shop (Nova Zelândia) R$ 3.000,00 Apoios Nacionais e Internacionais: • Taratahi – Agricultural Training for New Zealand (Nova Zelândia) Custeio do palestrante Paul Crick • Mantovinos Texel Custeio de Renato Mantovinos (participante das Mesas Redondas Pecuarista e Eficiência) • Prospecta – Incubadora Tecnológica de Botucatu Custeio de Antonio Vicente (participante da Mesa Redonda Sustentabilidade) • Cooperativa Castrolanda Custeio de Tarcisio Bartmeyer (entrevistado na Programação do Café & Conteúdo) • Agromarketing Filmagem do Evento • Revista Cabra & Ovelha Divulgação e Cobertura do Evento na Revista • Capril Virtual Divulgação e Cobertura do Evento no Site • SINDIVET - PR Divulgação e Cobertura do Evento no Site • Cenagri Júnior, Conflor Júnior, GECO, GEMPA e NUTRIR Colaboração na Organização e Divulgação do Evento • Embrapa Caprinos e Ovinos Doação do Livro “Integrated Crop-Livestock-Forestry Systems” entregue aos palestrantes do Evento • Agência Corey Desconto na confecção de material gráfico • UNESP Divulgação e disponibilização de Estrutura Física e técnicos de som/imagem para realização do Evento • Massey University (Nova Zelândia) Disponibilização do palestrante Professor Hugh Blair • Beef + Lamb New Zealand Disponibilização da palestrante Sharon McIntyre (que teve um imprevisto pessoal às vésperas do Evento e não pode comparecer, sendo que sua palestra foi ministrada pelo Professor Hugh Blair) 8. Botucatu, 26 de Julho de 2014 Prof. Dr. Ciniro Costa Coordenador do Evento Observações: a) Prazo de entrega: 30 dias após término do evento. b) Enviar via E-mail. c) Outros materiais como vídeos, Cds, programas, etc deverão ser enviados em duplicata.