reforma - Revista Edificar
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reforma - Revista Edificar
ENTREVISTA Agnaldo Ribeiro defende infraestrutura no país e novo porto para a Paraíba REFORMAR SEM MUITO ESTRESSE PLANEJE, PESQUISE PREÇOS E CONTRATE QUEM ENTENDE DO SERVIÇO E REDUZA AS DESAGRADÁVEIS SURPRESAS COMUNS NESSE TIPO DE OBRA E O LIXO? Qual destino? POLÍTICA NACIONAL IMPÕE MAIS RESPONSABILIDADES COM DESCARTE DE RESÍDUOS IMÓVEIS AVULSOS Negócios podem demorar se proprietários insistirem em preços fora da realidade NO OUTRO ANDAR O traço de Sóter Carreiro e o encanto do artista pelos recantos históricos REVISTA | revistaedificar.com.br 1 2 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 3 4 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 5 6 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Augusto Pessoa Índice 11 . ENTREVISTA Mobilidade urbana e saneamento básico O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, entende que é o momento do Brasil investir em infraestrutura e melhorar a qualidade de vida nas cidades 18 . INOVAÇÃO 40 CAPA REFORMAR SEM PROBLEMAS Confira orientações de especialistas e de fabricantes de materiais sobre como fazer reformas em casas e apartamentos reduzindo ao máximo os aborrecimentos comuns durante esse tipo de serviço. Artigos Irenaldo Quintans............................14 Rômulo Soares............................... 36 J. Carvalho Neto.............................. 56 Ricardo Castro.................................68 Fábio Henriques............................. 78 Alberto Casado...............................94 Seções Sustentabilidade............................. 38 Meu projeto..................................... 82 Ambiente especializado................84 Minha Obra .....................................86 Na Prateleira ..................................90 Parque Solon de Lucena, 530 Sala 402 - Centro - João Pessoa-PB CEP 58013-130 www.revistaedificar.com.br [email protected] O(xx83) 3512.5111/8773.1002 Conchas na construção e Resíduos do caulim Pesquisa sobre compostos das conchas do mar revela que aragonita e sílica, acrescentadas na argamassa e na areia, aumentam a resistência à compressão A inserção dos resíduos do caulim num ciclo produtivo representa uma opção de recuperação deste mineral, o que é interessante ambiental e economicamente 58 . O DESTINO DO LIXO A extinção dos lixões O destino do lixo urbano tem uma legislação especial que determinou o fim dos lixões até 2014. Os municípios devem encontrar soluções 70 . AMBIENTES DE SOM E IMAGEM Comodidade e segurança Estúdio, teatro e home teather recebem tratamentos acústico e de iluminação especiais, também envolvendo a automação residencial 88 . MEMÓRIA VIVA 92 Uma vida e muitos desafios O empresário José Marcolino fez um longo trajeto do Sítio Serra da Arara, em Cajazeiras, a João Pessoa, onde se fixou como comerciante. Agora, é construtor . NO OUTRO ANDAR O aquarelista O arquiteto Sóter Carneiro radicado em João Pessoa a mais de uma década, destaca-se nacional e internacionalmente pela beleza de suas aquarelas ERRAMOS NA EDIÇÃO 16 Na página 16, onde estava estupificados, o correto é estupidificados, que significa bestializados, embrutecidos. O pesquisador Herber Sivini Ferreira é professor doutor e não PhD, como foi publicado na página 48. Na mesma matéria, onde se lê propriedades geológicas, leia-se propriedades reológicas. O condomínio Riserva Alhandra está situado as margens da BR 101 e não BR 230, como saiu na página 54. E, no dorso da capa foi publicado Dezembro 2011/Janeiro 2012 – Ano III – NÚMERO 0014, mas, o correto é Fevereiro 2012/ Março 2012 – Ano III – NÚMERO 0016. Diretor: VICTOR CASTRO DÓRIA DE ALMEIDA Coordenação editorial: NANÁ GARCEZ DE CASTRO DÓRIA Editor executivo: CARLOS CÉSAR F. MUNIZ Supervisão editorial: AGNALDO ALMEIDA Projeto gráfico: CÍCERO FÉLIX Direção de arte, diagramação e tratamento de imagens: MÁRIO MIRANDA Repórteres: ALINNE SIMÕES, ELIANE CRISTINA, MABEL DIAS E THAMARA DUARTE Repórteres fotográficos: AUGUSTO PESSOA, FABIANA VELOSO, OLENILDO NASCIMENTO E SÔNIA BELIZÁRIO Conselho consultivo: DANIEL MUNIZ V. DE SOUZA, EXPEDITO DE ARRUDA, IRENALDO QUINTANS, RÔMULO SOARES DE LIMA E ELAN MIRANDA Colaborador desta edição: ALBERTO CASADO LORDSLEEM JÚNIOR Gerente Comercial : THIAGO XAVIER Revisão: LUIZA FRANCO Publicidade: [email protected] Impressão: Gráfica JB Tiragem: 5.000 (Distribuição dirigida e venda em bancas) A opinião dos articulistas não reproduz, necessariamente, a posição da revista. Esta revista segue as normas do Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa em vigor desde janeiro de 2009. REVISTA | revistaedificar.com.br 7 8 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Carta ao leitor A vida nas cidades é resultado do sentimento gregário dos homens. Mas, quando os núcleos urbanos se tornam grandes urbes, a população passa a conviver com problemas que prejudicam a qualidade de vida, como o engarrafamento no trânsito, a falta de saneamento básico, a deficiência de serviços públicos de coleta de lixo. Nesta edição, uma entrevista exclusiva com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro revela as preocupações do Ministério das Cidades, detentor do terceiro maior orçamento federal. O ministro paraibano manifesta, também, preocupações relativas ao desenvolvimento do estado. Por outro lado, com o intuito de contribuir para quem quer fazer uma reforma em casa, no apartamento ou mesmo a recuperação de um edifício, uma ampla reportagem mostra o passo a passo para que tudo dê certo e que, no final, o proprietário tenha não apenas um imóvel confortável e bonito, como também, mais valorizado. Consultar profissionais como arquitetos e engenheiros é fundamental em qualquer reforma. Outra matéria mostra as peculiaridades de se ter ambientes adequados para curtir um filme, ouvir uma música, assistir a uma peça ou gravar um anúncio publicitário. O conforto de um home theater pode ser aliado ao charme de uma iluminação especial, com as facilidades da automação residencial. E, de outro lado, observa-se o crescente interesse pela alvenaria racionalizada de concreto. No mundo acadêmico as pesquisas apontam possibilidades de inovação tecnológica em mateirais usados na construção civil, agregando produtos obtidos da concha de mariscos e de resíduos do caulim, que darão mais resistência à argamassa. Na área da sustentabilidade a atitude de ter uma horta orgânica no alto de um prédio assegura redução de custos e ganhos na qualidade da alimentação. No momento em que o Brasil abriga, na Rio + 20, a maior discussão global sobre políticas de preservação do meio ambiente, divulgar pesquisas e ações que levem ao melhor aproveitamento dos recursos naturais é contribuir para o desenvolvimento com práticas sustentáveis. Neste ponto, a matéria sobre o destino do lixo urbano é um desafio que, nos próximos dois anos, os municípios brasileiros terão que superar para que se adequem à nova política de destinação e tratamento corretos dos resíduos sólidos. Estas são algumas das temáticas abordadas, no entanto, há muito mais a ser lido neste número. Tenha uma boa leitura! Victor Castro Dória de Almeida REVISTA | revistaedificar.com.br 9 10 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Olenildo Nascimento ENTREVISTA Aguinaldo Ribeiro Não podemos perder a oportunidade de ter um complexo portuário no litoral sul da Paraíba” É o momento de investimentos estruturantes MINISTRO DAS CIDADES DEFENDE QUE O BRASIL, COMO SEXTA ECONOMIA DO MUNDO, DEVE MELHORAR A INFRAESTRUTURA E A QUALIDADE DE VIDA Aguinaldo Ribeiro é paraibano de Campina Grande, formado em Administração. O primeiro cargo público exercido foi o de secretário de Agricultura da Paraíba (1998/2002), depois foi eleito, por duas vezes deputado estadual e, em 2011, tornou-se deputado federal. É vicepresidente do PP, em nível estadual e faz parte da Executiva nacional. Até assumir o Ministério das Cidades, era líder do partido na Câmara Federal. [ POR CARLOS CÉSAR E NANÁ GARCEZ] Entre os Ministérios, o das Cidades tem terceiro maior orçamento e possui grande raio de ação. Na conversa que teve com a presidente Dilma Roussef, ao assumir o cargo, o ministro Aguinaldo Ribeiro ouviu que uma preocupação é vencer a execução orçamentária, ou seja, dar agilidade nas ações planejadas. Recentemente, foi editada a Portaria 205, simplificando o sistema de repasse aos municípios em valores de R$ 250 mil até 750 mil. Ele visita as obras da Copa e não tem dúvida de que o evento de 2014 deixará bons legados porque muitas das obras, como as de mobilidade urbana tinham que acontecer, e no caso dos estádios, considera que o Brasil tem vocação para o futebol como nenhum outro país. Saneamento e habitação são temas tratados a seguir. Hoje, a mobilidade urbana está sendo mais discutida em função dos grandes eventos, nas capitais e nas cidades que vão receber a Copa. O que o Ministério está pensando para os pequenos núcleos urbanos? Nós anunciamos, no primeiro momento, o PAC Copa, que é PAC Mobilidade e atendia às 12 cidades que vão ter a Copa. Num segundo momento, anunciamos o PAC Mobilidade Grande Cidades, para 24 cidades acima de 700 mil habitantes, e João Pessoa, inclusive, se beneficiou. Estamos estudando um programa a ser lançado ainda este ano, para atender às cidades médias que começam a caminhar para problema de mobilidade urbana– transporte de massa, integração de modais – que é o foco desse programa que fizemos. Devemos ter municípios de 250, 300 mil habitantes até 700 mil. Também estamos pensando nas cidades abaixo disso, porque a própria Lei de Mobilidade Urbana prevê que as cidades executem os planos de mobilidade, independente do porte. REVISTA | revistaedificar.com.br 11 É preciso agilizar a liberação dos recursos, mas é verdade que falta um bom estoque de projetos capaz de consumir o volume de verbas disponíveis” São recursos para execução de obras ou só para o planejamento da mobilidade urbana? Nas cidades pequenas a ideia é também apoiar os projetos. Um dos maiores problemas do Brasil, é falta de planejamento e de bons projetos. Tem-se conceitos, ideias, projetos básicos, mas, projetos executivos, que são essenciais, ainda faltam. É um dos pontos que terminam por alongar muito essas ações. Na área de mobilidade, são investimentos previstos são volumosos. Haverá de fato recursos disponíveis para tudo? Neste programa, primeiro se faz uma análise do montante disponível de recursos e a dimensão do que queremos atingir. Neste que anunciamos foram R$ 32 bilhões - parte do Orçamento Geral da União (OGU) e outra de financiamento do BNDES. Temos vários modais. Recursos, na verdade, nunca se tem sobrando, porque a demanda é crescente, mas, se está alocando recursos para este programa. Qual a prioridade da infraestrutura do país : energia, estradas, ferrovias? O conjunto está sendo esse. Está se investindo em vários portos, por isso é oportuno colocar o nosso porto no Litoral Sul. Os aeroportos estão tendo uma nova modelagem. A atividade econômica é crescente. João Pessoa precisa de um aeroporto melhor. Estradas, ferrovias, essa questão de investimento deve ser tratada. Alguns em modelos de parcerias. Há também a questão das creches, escolas, universidades que devem dar um salto de qualidade. E ter a infraestrutura pronta. Não se pode ter crescimento sem energia, para isso Girau e Santo Antônio estão sendo feitas. A transformação é isso. Estamos na fase da infraestrutura do país. 12 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Uma grande preocupação dos prefeitos é com o baixo índice de execução orçamentária em obras com recursos federais. Como resolver este impasse e não prejudicar os projetos? Isso é uma das preocupações desde quando assumi o ministério. Como somos um Ministério que transfere recursos para os estados e municípios, é evidente que precisa dar agilidade. Temos uma avaliação sistemática para saber por que está demorando, onde está o gargalho. Agora, há os gargalhos burocráticos – licenciamentos, licitações, problemas com outros organismos. Recentemente inaugurei um viaduto em Nilopólis (RJ), que passou muito tempo parado porque tinha que remover os postes da concessionária de energia e isso mexia com a população. Cada obra tem sua peculiaridade, mas a ideia é de que os recursos estejam disponíveis. Via de regra, temos um estoque de recursos porque não se tem uma estrutura, na maioria dos municípios, preparada para a elaboração de projetos e, às vezes, há a falta de conhecimento do programa. Nós lançamos o Programa de Financiamento de Pavimentação para qualquer município, independente do tamanho. São R$ 5 bilhões e vai para aquele que tiver capacidade de endividamento. Tudo está colocado na nossa página eletrônica. A prática tem demonstrado que não se consegue usar os recursos como todo porque sempre tem problema. Não há um estoque de projetos que consuma aquele volume de recursos. Campina Grande está numa situação peculiar: tem dois senadores em evidência (Cássio Cunha Lima e Vital Filho) e um ministro das Cidades. Campina Grande, na política, recuperou a pujança? Do ponto de vista político, Campina Grande tem uma representatividade expressiva. Tem uma bancada de quatro deputados federais, dois senadores da cidade que estão em evidência e o ministro das Cidades. É um momento especial para a cidade e para o Estado, por isso tenho tentado realçar nas minhas falas que este é um momento diferenciado para o Estado. E o senhor continuará insistindo que se aproveite este momento com união política em torno de projetos maiores, como um novo complexo portuário? Vou, e explico: se falamos de déficit de infraestrutura no Brasil, quando se traz esse olhar para o Nordeste, e em especial para o nosso Estado, aí é que se tem razões para ficar irrequieto. Tenho defendido a união de forças políticas em torno de projetos. Numa visão de estado, que defendo, esta é uma oportunidade para a Paraíba ter um complexo industrial portuário no seu litoral sul. E por quê? Primeiro porque é essencial ao desenvolvimento, pois em termos de obra de infraestrutura o estado não tem nada expressivo há muito tempo. Segundo, é oportuno? É. Em Pernambuco houve um crescimento enorme e uma gama de investimentos. No litoral sul, teve Suape, polo petroquímico, o estaleiro, a refinaria de petróleo. No litoral norte, polo fármaco, fábrica da Fiat que vai ser instalada, fábrica de hemoderivados. Do ponto de vista nosso, seria oportuno ter um porto aqui, porque Suape está com a capacidade esgotada! Tem toda a gama de investimentos de Pernambuco, temos no litoral sul paraibano as nossas cimenteiras, as empresas do distrito industrial do Conde, Caaporã, Alhandra e Pedras de Fogo. É uma oportunidade para ter ali um complexo industrial portuário do nosso lado, agregar empresas e criar ali um polo de desenvolvimento. É um projeto estruturante para o estado. O senhor falou com a presidente sobre isso? Eu estou defendendo dentro do Governo, mas é preciso que, aqui, o Estado defina que é um projeto importante para a Paraíba. Em reunião de bancada, o que se defendeu foram obras pontuais, duplicar uma estrada aqui, uma barragem ali, que é uma demanda que sempre se tem, do ciclo de melhoria da infraestrutura do estado Mas, uma obra como essa, do ponto de vista prático, onde o governo investe e ver o resultado imediatamente. Alguém me contou que em Ipojuca a cidade se reuniu para não ter mais fábrica ali perto de Suape, porque passa a ser um movimento natural. Esse é o papel do governo, ser o indutor. O empresário vem porque está ali o polo, ele tem que estar ali. Em Recife e no Cabo, tem shopping, tem todo o tipo de investimento para dar conta daquela demanda junto de Suape. Isso que penso como projeto importante para o Estado agora. E, disse isso ao governador quando tivemos uma audiência em Brasília. Disse: governador fale com Eduardo Campos, seu correligionário, porque senão eles vão trabalhar para fazer o segundo porto. É uma oportunidade que temos agora de encampar essa bandeira e há uma extrema boa vontade da presidente para fazer um investimento estruturante no nosso estado. É fácil ou difícil se relacionar com a presidente? É fácil. A presidente é muito positiva, objetiva, sabe o que quer, tem uma visão do Brasil, conhece o governo e seus programas como ninguém. É bom lidar com quem tem esse viés gerencial. É bom para o Brasil e tem muita coisa acontecendo no país do ponto de vista da gestão. É preciso realmente modernizar, estamos avançando na transparência das ações, qualquer cidadão pode ter a informação pela internet. O nosso país conquistou a estabilidade, está superando as mazelas sociais, tivemos a mobilidade social, e, agora, a grande demanda que temos é a da infraestrutura e não se pode perder essa oportunidade de ter o investimento. indo bem. Agora, teremos sempre uma discussão de preço. Na subvenção, que no início era R$ 13 mil, passamos hoje para R$ 25 mil. E assim vai. Os construtores reclamam do valor de produção da unidade do programa Minha Casa, Minha Vida. Não consideram atrativo, por exemplo, cerca de R$ 47 mil, na faixa 1- de zero a três salários mínimos de renda. Há perspectivas de reajuste? O interesse menor da iniciativa privada talvez seja porque ela tem uma gama de opções em outras faixas como a faixa 2, acima de três salários e a faixa 3, acima de seis salários. A questão do preço é cíclica, é preciso avaliar sempre em função da dinâmica da economia. Agora, é o preço Brasil e tem as suas particularidades, porque uma casa no Amazonas pode ser mais cara em função da logística de materiais. Temos tido bom desempenho na faixa 1. No MCMV 1 estamos entregando muitas obras. Estão programadas mais de 2,4 milhões de casas e na segunda fase tem mais de 600 mil já contratadas. Em Betim, entregamos 1.660 apartamentos; em Maceió, 460 e no Anayde Beiriz, em João Pessoa, 560 unidades. Há uma dinâmica, que está Como está a questão dos prédios do INSS doados ao Ministério das Cidades para uso como habitação social? Este programa foi desenhado pelo Ministério e o INSS porque existiam vários prédios que o INSS não estavam utilizados. Houve um levantamento desses prédios no Brasil, para uso em habitação social. Muitos têm problemas burocráticos, de documentação. Estamos fazendo uma reavaliação. Tem um no Piauí que foi feita a adequação e vai ser inaugurado. No caso específico do de João Pessoa, ele foi colocado no patrimônio do Ministério das Cidades para ser destinado ao programa de habitação. Eu recebi uma manifestação do Ministério Público Estadual, na pessoa do procurador Oswaldo Trigueiro, para ocupar aquele prédio. Estamos fazendo uma avaliação porque há uma destinação específica. Há dificuldades porque o programa foi feito para atender aos movimentos sociais de habitação, à época. Mas, estive há um mês uma reunião com o ministro Garibaldi e o secretário Gabas, neste sentido. Há uma extrema boa vontade da presidente para fazer um investimento estruturante no nosso estado” As prefeituras procuram muito o Ministério para realizar programas de habitação? Alguns municípios e estados têm uma política mais agressiva de habitação. Depende muito do gestor. No programa de subvenção, aqui, na Paraíba tivemos 189 municípios atendidos entre 30 e 50 casas, no valor de R$ 200 milhões. São 7.430 unidades. Estamos contribuindo para baixar o déficit habitacional no País e no Nordeste, onde é maior o índice de pobreza. Nós fizemos uma seleção nova e vamos começar a contratar. As prefeituras procuram muito o Ministério para realizar programas de habitação? Alguns municípios e estados têm uma política mais agressiva de habitação. Depende muito do gestor. No programa de subvenção, aqui, na Paraíba tivemos 189 municípios atendidos entre 30 e 50 casas, no valor de R$ 200 milhões. São 7.430 unidades. Estamos contribuindo para baixar o déficit habitacional no País e no Nordeste, onde é maior o índice de pobreza. Nós fizemos uma seleção nova e vamos começar a contratar. O Ministério vai reforçar sua atuação na questão das áreas de risco, dos desastres naturais? Temos a Secretaria Nacional de Programas Urbanos que engloba a áreas de planejamento e prevenção em áreas de riscos. São situações distintas, como a região serrana do Rio de Janeiro. O Ministério da Integração faz o socorro imediato e depois chega o Ministério das Cidades. Estamos fazendo reuniões presenciais com os estados e municípios, porque algumas intervenções são intermunicipais. Minha preocupação, como ministro, é ter uma ação imediata para que não cheguemos com as mesmas dificuldades, no ano seguinte, nas áreas que são recorrentes. Por exemplo, no Amazonas e Acre, é até cultural as populações ribeirinhas terem casas tipo palafitas já com um vão bem grande mais alto para se abrigarem. É como se eles, já prevendo as enchentes, antecipassem um tipo de proteção. Nestes casos e na região serrana de Teresópolis(RJ), com áreas de encosta, ali não dá para ter casas, mas as pessoas estão lá. Além das obras, geralmente medidas como proteção de encosta, drenagem, macrodrenagem, tem que retirar as pessoas em alguns lugares. Estamos propondo nas áreas de risco a demarcação de um parque linear, como área de proteção para que não se construa. Estamos sensibilizando estados para agirem nas concessionárias de água e de energia, porque o cidadão faz uma casa numa encosta e logo tem água e luz ligadas, não importa que ele esteja numa área de risco. É preciso corrigir isto. Há outra meta, esta para universalizar o acesso a água tratada e a expansão do esgotamento sanitário também. Como o ministério vai atuar nestas áreas? Nós estamos lançando uma seleção nos próximos dias. Esgotamento era uma área que antigamente nenhum gestor gostava de investir porque não tinha o reconhecimento da população e ficamos com um déficit muito grande. Teremos um programa com financiamento do OGU, BNDES e FGTS para esgotamento. E a produção de água é um problema em muitos estados, com a intermitência de abastecimento do sistema. Estamos trabalhando firmemente nisso. É a questão do PIS e Cofins para se que convertam em investimento nas companhias de água e esgoto. A ideia é que se possa avançar nesses investimentos para chegar à universalização. Como sexta economia do mundo, a gente precisa correr atrás para ser o país da infraestrutura. REVISTA | revistaedificar.com.br 13 Visão Empresarial [email protected] Saneamento para todos Irenaldo Quintans é presidente do Sinduscon-JP em segundo mandato, formado em Economia, pós-graduado em Finanças Empresariais e integra a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil. Como é que, neste ano da graça de 2012, 51% da população brasileira ainda não tenha acesso a esse serviço básico, de importância tão basal para a boa saúde como comer?” 14 REVISTA Parecia uma daquelas cenas mediterrâneas dos filmes de Fellini. O céu de agosto retinia seu azul turquesa. Ao fundo, destacava-se o negro contorno do Vesúvio, de cujas férteis encostas, aradas pelo calor sobreposto do basalto, brotavam vinhas de um aveludado insuperável, harmonizado com o sabor metálico do interior da Terra. Do imponente mirante apoiado sobre 40 metros de lava, eram visíveis a magnífica foz do rio Sarno e a baía de Nápoles, palco de todas as paixões, sobre a qual adejavam galeras provenientes dos quatro cantos do mundo, buscando o vinho especial e a expansão comercial da região. Imagino que era esse o quadro que se descortinava diante dos olhos da “gente pompeia”, um povo tão antigo quanto os próprios romanos, quando, na manhã de 24, o vulcão despertou do seu sono secular e cuspiu no ar “um dilúvio de rochas vulcânicas e escórias incandescentes, cujo aspecto e forma nenhuma árvore representa como o pinheiro”, segundo descrição de Plínio de Miseno, uma das raras testemunhas oculares do fenômeno. À potente erupção, seguiu-se uma torrente de água e cinzas ferventes. Quem porventura escapou desse pandemônio, correndo em desespero para fora da cidade, foi alcançado pelos gases que sobrevieram ao engulho fatal. Três dantescos dias que embalsamaram para a posteridade, dentro de uma fumegante mortalha de cinco metros de espessura, toda a forma de vida das cercanias. Essa tragédia de dimensões bíblicas ocorreu no ano 79 da era cristã, há, portanto, quase 20 séculos. Tanto tempo, que as escavações de Pompeia, iniciadas somente por volta de 1860, já são, elas próprias, monumentais. Porém, o que impressiona aos visitantes, entre os quais se incluía na ocasião este afortunado escriba, para além do lamentável sucesso geológico e dos corpos retorcidos em agonia, é o que foi encontrado semi-intacto sob o depósito vulcânico, em termos de planejamento urbano, de organização do trânsito e de tecnologia de construção. Isso, sim, é | JUNHO/JULHO 2012 soberbo. Considerando o apuro com que foram conduzidos os trabalhos de restauro, vê-se uma cidade zoneada, pavimentada, com artérias, portas de acesso e vias expressas bem planejadas e logradouros públicos perfeitamente dimensionados. Não há nenhum sítio na urbe que não seja calçado com pedras trabalhadas, inclusive com a utilização de recursos surpreendentes, como um redutor de velocidades para bigas. Além disso, as habitações unifamiliares, as célebres “domus”, foram projetadas com um preciosismo técnico, bom gosto artístico e aproveitamento dos recursos naturais de deixar boquiaberto qualquer construtor moderno. As termas, então, esbanjam sofisticação no uso racional do calor. Poderiam, sem ressalvas, equipar qualquer prédio da atualidade. A redução das escaramuças bélicas romanas, a “pace augusta”, foi a grande responsável pelo êxito do urbanismo. Seus “aedilis” – os prefeitos - eram auxiliados pelos cidadãos, os quais definiam as prioridades de investimento, tornandose corresponsáveis pela conservação dos espaços compartilhados. Porém, para além do deslumbramento, um aspecto impressionou-me especialmente: Pompeia era inteiramente saneada! A cidade dispunha de um sofisticado e eficiente sistema de coleta e tratamento dos esgotos, tanto dos banhos públicos, comuns àquela época, como das casas. Ora, amigo leitor, falamos de algo edificado há mais de 2.000 anos, cuja excelência pode ser comprovada “in loco” em um trajeto agradável de três ou quatro horas pela Estrada do Sol, a partir de Roma. Como é que, neste ano da graça de 2012, 51% da população brasileira ainda não tenha acesso a esse serviço básico, de importância tão basal para a boa saúde como comer? É preciso que a presidente Dilma enfrente com coragem essa mazela e permita que nosso povo carente emirja não da lava do Vesúvio, mas da lama da incúria governamental. Saneamento para todos, já! REVISTA | revistaedificar.com.br 15 mais www.revistaedificar.com.br ENTREGA Com antecedência Irenaldo Quintans recepcionou todos os moradores Um mês antes do prazo e com as áreas comuns decoradas, a Construtora Ibérica entregou o edifício Comfort Village, um dos primeiros no atual processo de verticalização que passa o Bairro dos Estados, em João Pessoa (PB). O prédio é dotado de elevadores dimensionados para cadeirantes, corredores mais largos e rampas. Os moradores receberam o imóvel com Habite-se, CND e averbação no cartório imobiliário, além de terem rentabilidade de cerca de 30% ao ano. “Quem comprou no início da obra, viu seu patrimônio dobrar de valor em três anos”, afirma o construtor Irenaldo Quintans. ALVENARIA Menos desperdício A adoção da alvenaria estrutural racionalizada numa obra reduz de 15% para 2,9% o desperdício de material de vedação. Foi o que afirmou o consultor Alberto Casado em palestra promovida pela Interblock, para engenheiros e arquitetos, com orientação sobre as etapas desse sistema construtivo, que deve ser adotado a partir do planejamento do empreendimento. É importante ter uma liderança na equipe de trabalho, usar blocos dentro dos padrões técnicos, manter cronograma e controle de atividades. COMEMORAÇÃO Sucesso de vendas Foi na churrascaria Sal e Brasa que os empresários Adalberto de Castro e Adalberto Neto, da ABC Construções, comemoraram o sucesso de vendas do Terrazzo Imperial (no bairro de Miramar), lançado em maio, e do Terrazzo de Luna (no Jardim Luna, mas ainda para ser lançado), reunindo os dirigentes Hoffmann Imobiliária – Auxiliadora, Johannes, Otto e Matheus – com a equipe de corretores e os publicitários Delosmar Sidney e Guilherme Monteiro. A proposta de Sandra Marrocos beneficia o trabalhador NO CRECI-PB Valorização do corretor Alberto Casado integra a equipe da Politech em Recife O presidente do CRECI-AL, Wilmar Santos fez palestra para os corretores paraibanos, defendendo a união dos profissionais, para garantir o pagamento da comissão de 5% sobre o valor da venda do imóvel. No mercado pessoense algumas empresas estabelecem 3% de comissão para o corretor. ILUMINAÇÃO Mais automação e LEDs Os empresários Aloísio e Luciana Rocha apresentaram as novidades da Expolux 2012 a um grupo de arquitetos. Quem foi ao coquetel da Trianon viu arandelas em formato de ondas, belos lustres infantis e de cristais, e, também, conheceu as duas tendências no setor de iluminação: a automação e a intensificação do uso de LEDS. As peças sofisticadas conjugam beleza e tecnologia. 16 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Fábio Galiza fez o projeto arquitetônico AUDIÊNCIA Debate de proteções coletivas “A segurança no trabalho tem que existir de fato e de direito”, afirmou a vereadora do PSB, Sandra Marrocos, em audiência da Comissão de Políticas Públicas, na Câmara Municipal de João Pessoa, que debateu projeto de lei de sua autoria, que condiciona a liberação do alvará de construção pela prefeitura, mediante apresentação dos projetos de proteções coletivas e das instalações elétricas da obra. REVISTA | revistaedificar.com.br 17 As marisqueiras não podem mais jogar as conchas nos mangues, em função da legislação ambiental Sônia Belizário Aproveitamento de conchas na construção civil Arquivo Pessoal inovações tecnológicas Trituradas, elas podem aumentar a resistência das argamassas e concretos [ POR ULISSES TARGINO BEZERRA ] O professor doutor Ulisses Targino Bezerra recorre a uma parábola para explicar a pesquisa que atualmente desenvolve no Laboratório de Ensaios de Materiais e Estruturas (LABEME). “Contase que, por piedade do homem, os animais resolveram lhe doar qualidades, pois conheciam a limitação daquela espécie. Porém, após algumas doações, uma sábia coruja refletiu: ‘acho que as ofertas foram em demasia, é possível que o homem deseje para si, em futuro muito próximo, tudo o que existe na face da Terra’”. E, ele força que “de fato, a apropriação dos bens da Terra, por parte do homem, não tem precedentes na história e o pior é que esta apropriação tem se revestido de um caráter destrutivo, com o uso indiscriminado sem a devida reposição”. O pesquisador observa que continua sendo necessário o aproveitamento do que é descartado pela sociedade de consumo, e que, por isso, pesquisa, entre outras coisas, o aproveitamento de conchas do mar na construção civil, voltadas para aquelas comunidades desprovidas de quase tudo, mas que ainda resistem na face da Terra. Ele explica que conchas de Tivela mactroides e Anomalocardia brasiliana são descartadas em demasia por marisqueiras nos litorais paraibanos. Estes materiais são compostos por aragonita (94,54%) e uma pequena fração de sílica (0,80%). Por 18 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Estes materiais são compostos por aragonita (94,54%) e uma pequena fração de sílica (0,80%)” ULISSES TARGINO BEZERRA Professor Doutor possuírem pouca sílica, não são materiais potencialmente pozolânicos (materiais que reagem com o hidróxido de cálcio dos cimentos Portland hidratados formando mais estruturas cristalinas de resistência elevada), porém, podem apresentar efeito filler (preenchimento dos espaços microscópicos das argamassas e concretos que aumenta a resistência mecânica), desde que devidamente moídos. As conchas, então, em uma primeira etapa, foram moídas até passar na peneira 0,42 mm e misturadas em argamassas de cimento e areia com variação de 0% a 30%. Os melhores resultados mostraram que os poros da microestrutura foram reduzidos em tamanho e quantidade para 10% de concha adicionada, o que foi comprovado, coincidentemente, pelo aumento de 10% na resistência à compressão das argamassas. A comprovação do efeito filler se deu, também, pela determinação da massa específica dos materiais usados, em que houve aumento desta grandeza. Em uma segunda etapa, as conchas foram moídas com mais intensidade, passando-se na peneira 0,045 mm. Os melhores resultados desta etapa indicaram aumento de 21% da resistência à compressão em relação à argamassa de referência, o que revela a intensificação do efeito filler preterido, mostrado também em ensaio de microscopia eletrônica de varredura. Em 2009, o professor apresentou um artigo (etapa 1) sobre a pesquisa no 11º Congresso Internacional de Materiais Não-convencionais (NOCMAT), ocorrido em Bath, na Inglaterra e, também, um outro artigo (etapa 2) foi levado ao 12º NOCMAT, realizado no Cairo, no Egito, em 2010. Os artigos evidencial a importância do tema para uma parcela da comunidade científica que ainda está preocupada com os efeitos do uso indiscriminado dos recursos naturais sem a devida reposição. O pesquisador informa que, no próximo ano, o 14º NOCMAT será realizado aqui em João Pessoa, sob a coordenação do Prof. Normando Perazzo Barbosa, a quem considera defensor incansável da ideia de se preservar o meio em que vivemos para que as gerações futuras possam viver com mais qualidade de vida. Segundo o prof. Ulisses Targino Bezerra, o uso de conchas parece ter despertado a atenção de outras áreas da comunidade acadêmica, pois a mestranda Adilma Barbosa da Silva do PRODEMAUFPB, também está realizando pesquisa no LABEME/UFPB em relação ao aproveitamento de conchas sem moagem na confecção de placas, com a finalidade de se aproveitar o material descartado pelas marisqueiras. Mas, comenta o pesquisador, “esta é uma outra história que também pode começar com a piedade dos animais pelo homem...” Em todo o mundo milhões de toneladas de resíduos inorgânicos são produzidos a cada dia nas atividades de mineração e beneficiamento mineral e são jogados no meio ambiente, sem qualquer processo de tratamento ou imobilização. Todavia, alternativas de reciclagem e/ou reutilização sempre que possível, implementadas. Segundo o professor Romualdo Menezes, do curso de Engenharia de Materiais da Universidade Federal da Paraíba, a inserção dos resíduos num ciclo produtivo representa uma opção de recuperação alternativa destes materiais, que é interessante tanto no aspecto ambiental, como econômico. Romualdo Menezes coletou material em Juazeirinho Beneficiamento de resíduos do caulim Aproveitamento da caulinita em materiais reduz danos ambientais Sônia Belizário [ POR ROMUALDO RODRIGUES MENEZES ] Ele observa que a indústria da construção civil demonstra grande potencial para reutilização/incorporação de elevadas quantidades de resíduos industriais, particularmente os do setor mineral. Os materiais de construção, como blocos, telhas e argamassas, apresentam grande variabilidade composicional e de características físicas, existindo a uma grande tolerância a incorporação de resíduos minerais. “O grande crescimento populacional e o elevado déficit habitacional fazem com que um dos maiores desafios para o século XXI seja a necessidade de se obter materiais de construção com baixo consumo de energia, sustentáveis e capazes de satisfazer aos anseios de infraestrutura da população e do Estado, sobretudo nos países em Os materiais de construção, como blocos, telhas e argamassas, apresentam grande variabilidade composicional e de características físicas, existindo a uma grande tolerância a incorporação de resíduos minerais” ROMUALDO RODRIGUES MENEZES Professor Doutor desenvolvimento, o que evidencia uma congruência natural dos setores tecnológicos voltados para a reciclagem e reutilização de materiais e da construção civil”, explica o pesquisador. Na Paraíba, a indústria da mineração e beneficiamento de caulim produz milhares de toneladas de resíduo de caulim por ano. Há estimativas que, em alguns casos, o volume de resíduos produzido atinge valores da ordem de 80 a 90% do volume bruto explotado (extraído da mina). Esses resíduos são geralmente descartados a céu aberto, causando danos à fauna, à flora e à saúde da população. Por isso, pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal da Paraíba e na Universidade Federal de Campina Grande, pelos seus Departamentos de Engenharia de Materiais, apresentaram resultados que evidenciam a adequabilidade do uso dos resíduos do beneficiamento do caulim como matéria prima para o setor da construção civil. Foram produzidos blocos e telhas cerâmicas, blocos de vedação cimento-areia e vários de tipos de argamassas, contendo elevado teor de resíduos do beneficiamento do caulim, que apresentaram desempenho técnico similar aos dos produtos ditos “convencionais”. Eles têm a mesma resistência e nível de absorção de água. Entre as vantagens deste processo está o uso do caulim em até 40% da composição do tijolo e no caso de argamassas, podem ser incorporados até 60% do mineral. “Os produtos e composições desenvolvidas preservam os recursos naturais, reduzem os impactos ambientais provocados pelos resíduos e também os custos oriundos de sua manipulação ou adequada disposição, o que é interessante para o produtor, que preserva suas matérias primas, para o gerador do resíduo e para o consumidor final, que saberá que está usufruindo de uma tecnologia sustentável e contribuindo para preservar o meio ambiente”, conclui o professor de Introdução a Ciência dos Materiais e da Pós-Graduação de Ciências e Engenharia de Materiais. As pesquisas realizadas contaram com o recursos do CNPq e os resultados foram apresentados aos produtores de caulim e de tijolos da região polarizada por Campina Grande. REVISTA | revistaedificar.com.br 19 20 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 21 engenharia O desafio do pioneirismo ENTREGA DO PRIMEIRO EDIFÍCIO COM MAIS DE 40 PAVIMENTOS MOSTRA A EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CONSTRUTIVA NA PARAÍBA Em julho, quando entregar o Rio Mamoré, o Grupo Conserpa consolida um projeto cuja ideia surgiu em 2004, teve planejamento rigoroso e estudos especializados até ser iniciado em 2008. Marco na engenharia paraibana, por ser o primeiro edifício lançado e concluído, com mais de 40 pavimentos, a sua construção exigiu logística especial para o transporte vertical de pessoas e materiais, cuidado maior no lançamento do concreto, elaboração de projeto de fachada, dimensionamento de tubulações, cabeamentos elétricos, sistemas de segurança, intercomunicação de abastecimento de água, drenagem e esgotos. “Era uma época em que a economia estava desaquecida, então, como engenheiro, cidadão e empresário UM BOM NEGÓCIO, COM VISÃO PANORÂMICA CLEANTO COUTINHO, Construtor 22 REVISTA Quando se mudar para o novo apartamento, Cleanto Coutinho e a esposa, Marta vão poder usufruir do terraço panorâmico, uma área de contemplação a 136 metros de altura com visão de 360°, que vai além de João Pessoa, avistando desde a praia de Lucena, no litoral norte até as praias do Conde, no litoral sul. Para leste, está | JUNHO/JULHO 2012 queria algo que marcasse. O desafio foi grande e a aceitação foi boa. No início, vendemos entre 40% a 50% do empreendimento”, conta o empresário José William Montenegro que construiu, em Miramar, o edifício de 43 pavimentos (dois de garagem, um de lazer, 38 apartamentos – um por andar com área 212 m² e a cobertura duplex). Prédio esbelto, em 2010, no prêmio da Associação Brasileira de Engenharia Estrutural - Abece, organizado em parceria com a Gerdau, com mais de 100 projetos de estruturas de edifícios, o do Rio Mamoré ficou entre os primeiros colocados. O índice de esbeltez é calculado pela relação entre a altura da estrutura com a menor dimensão em planta, onde o número nove é muito elevado. o Atlântico e, ao oeste, se percebe o relevo do município de Cajá, a 50 km de distância. Ele conduziu a negociação do imóvel que existia no terreno e garante que teve a valorização foi superior àquela esperada. A família recebeu outras propostas que não deram certo, mas, com a Conserpa, o retorno foi ótimo tanto como investimento, como pela qualidade da construção e do projeto arquitetônico. CONSTRUTOR CONHECE CADA DETALHE DA OBRA Engenheiro civil formado pela Universidade Federal da Paraíba, o construtor José William Montenegro mostra detalhes construtivos evidenciam a qualidade da obra, desde o acabamento nos shafts, as abraçadeiras de alumínio que sustentam a tubulação, o piso cimentício, os três elevadores, a solidez das vigas, a garagem com 156 vagas e 39 depósitos individuais, o enorme gerador, o gradil reforçado e a brinquedoteca. Em um minuto se vai da garagem à cobertura. A velocidade do elevador é de 150 m/min De detalhe em detalhe, ele remonta o desafio de executar o projeto do Rio Mamoré e a importância dos que acreditaram na proposta, como o empresário José Nilson Crispim, o próprio arquiteto e outros que adquiriram os apartamentos. A cada dez pavimentos levantados, informava aos clientes o andamento da obra. Teve dificuldades com alguns fornecedores e tomou decisões para garantir o ritmo da construção. Ali, trabalharam 250 pessoas, sem registro de acidente. Muito questionado sobre a decisão de realizar arrojado projeto, ele não desistiu, agora, se sente realizado. DIFERENCIAIS • No térreo, brinquedoteca e playground infantil • Paisagismo em todas as áreas verdes disponíveis no terreno • A piscina de raias de 25 metros • A quadra esportiva tem dimensões oficiais para vôlei, basquete e tênis Esbeltez da estrutura, luz natural e consulta às fábricas A fundação feita por Valdês Borges teve estaca escavada com trado mecânico, ou seja, foi usada uma perfuratriz para cavar o solo, fazendo buracos com diâmetros de 80 cm a 90 cm, sendo aplicadas cargas de até 350 toneladas. As estacas ficaram em torno de 14 metros após o corte do terreno, totalizando 19 metros de profundidade. “Todos os cuidados foram adotados como a limpeza do fundo da escavação e elevados coeficientes de segurança devido ao porte do prédio” revela o engenheiro. O engenheiro Antonio Nereu Cavalcanti, especialista em estruturas de concreto fez o projeto estrutural do Rio Mamoré. Houve estudo de estabilidade global da estrutura, no qual projeto arquitetônico permitiu o uso de vigas de maior altura (1,20 metro) no perímetro dos pavimentos, o que deu maiores rigidez e estabilidade à construção, com conforto aos futuros moradores. ANTONIO NEREU, da Tecnicon água pluvial. “Tudo tem dimensões e técnicas diferenciadas em virtude da altura do edifício”, ratifica. EVANDRO CÉSAR, da Engpred Os estudos de interação soloestrutura permitiram analisar fundações e a superestrutura do edifício como existem, na realidade. Os estudos de análise dinâmica serviram para quantificar as vibrações que poderão ocorrer em decorrência da ação do vento, ao longo do tempo. Também foi aplicado concreto especial dando ao prédio resistência, solidez e durabilidade. O engenheiro integrador de sistemas, Evandro César, elaborou os projetos executivos de instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias, intercomunicação, drenagem e automação. Como os demais, destaca o desafio que foi participar do projeto do primeiro prédio da cidade com mais de 40 pavimentos. Houve estudos próprios para cada sistema e contatos com os fabricantes para checar especificações de tubulações, válvulas redutoras de pressão, material elétrico, sistemas de intercomunicação pré-instalação para automação, etc. Um exemplo são as ventilações para as tubulações, inclusive, para drenagem da FÁBIO QUEIROZ, arquiteto e síndico O arquiteto Fábio Queiroz apresentou cinco propostas até chegar à forma final. Na sala do próprio apartamento, ele fala como foi conciliar a concepção arquitetônica com o projeto estrutural tão rígido. “Foi o projeto mais desafiador que fiz”, afirma. As esquadrias panorâmicas permitem uma bela vista com a linha do horizonte à frente. A luz natural está em todos os ambientes, reduzindo o consumo de energia. A piscina na posição sul poente do prédio permite aproveitá-la bem. Nos imóveis, as portas são largas e o projeto interno é adequado a cada família. A movimentação dos veículos é voltada para a praça João Mesquita Brasil, onde a rua é mais larga e o trânsito é menor. A qualidade de vida do entorno se enquadra em conceitos sustentáveis, pois existem próximos diversos serviços (farmácia, escola, supermercado, padaria, hospital) e grandes vias de acesso ao bairro. REVISTA | revistaedificar.com.br 23 24 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 25 planol egal mais por Mabel Dias www.revistaedificar.com.br [email protected] Registro de Incorporação: obrigatório e essencial Incorporação imobiliária é a atividade que visa a realização de um projeto de edificação, fazendo oferta de alienação total ou parcial das futuras unidades, em que o incorporador deve acompanhar e se responsabilizar pelo empreendimento até o término da construção da propriedade vertical ou horizontal. O incorporador pode ser pessoa física ou jurídica, comerciante ou não. O registro da incorporação imobiliária (RI) no Cartório de Registro de Imóveis é obrigatório, sendo requisito essencial para que o incorporador possa negociar as unidades autônomas que futuramente existirão. Se a incorporação tiver o RI, constituirá esse fato em contravenção em face à economia popular, conforme prescreve a Lei nº 4.591/64. Responsável pelo RI Para registrar a incorporação imobiliária, o incorporador apresenta o memorial da incorporação, um documento com todas as informações prévias que os interessados necessitam saber, antes de aderir à incorporação. De acordo com o advogado André Fernandes, o incorporador não pode negociar quaisquer das unidades a serem edificadas antes de arquivar no cartório a documentação necessária à obtenção do RI, que estão listados no Art. 32, da Lei 4.591/64, como as certidões negativas de impostos federais, estaduais e municipais; o projeto de construção aprovado pelas autoridades competentes; o cálculo das áreas das edificações, discriminando, além da global, a das partes comuns; indicando cada tipo de unidade e a respectiva metragem de área construída. 26 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 ~ esponsabilidades R do incorporador Após arquivar, no Cartório de Registro de Imóveis, os documentos para o Registro de Incorporação e obter a aprovação pelo oficial de registro de imóveis, é que se efetiva o registro da incorporação imobiliária.“Este registro consiste no atestado do cumprimento do arquivamento de toda a documentação exigida pela lei. Sem tal registro, o incorporador não poderá comercializar quaisquer das unidades integrantes do empreendimento, conforme previsão contida no art. 31, § 2º, da Lei nº 4.591”, afirma o advogado. Em João Pessoa, os dois cartórios que realizam este procedimento são o Eunápio Torres, no bairro do Altiplano e o Carlos Ulysses, na Av. Epitácio Pessoa. Obrigação de seguir os projetos O incorporador tem como obrigação seguir e cumprir os projetos que foram objetos do registro, estando obrigado a entregar as unidades exatamente conforme especificado, nos termos do art. 43, inciso IV, da Lei nº 4.591/64. “Esta vinculação do incorporador é uma garantia legal aos futuros adquirentes dos imóveis, os quais poderão exigir, além do cumprimento dos projetos, a reparação de todos e quaisquer prejuízos decorrentes de tal violação, ou mesmo, a rescisão contratual.”, assegura André Fernandes. Garantias do consumidor A Lei 4.591/64 assegura o direito do consumidor de obter cópia do acervo de documentos que foram objetos do registro de incorporação. Ao se adquirir uma unidade em construção, é importante que o comprador verifique a existência do Registro de Incorporação para proceder ao registro de seu contrato. Esta é uma garantia legal, o direito real oponível a terceiros e, por consequência, de adjudicação compulsória do bem, ou seja, enquanto não for feita a escritura definitiva do imóvel, o consumidor pode promover uma ação judicial, que se destina a promover o registro imobiliário necessário à transmissão da propriedade imobiliária. A norma assegura ao incorporador o direito de, ao requerer o registro, fixar um prazo de carência, improrrogável, para efetivação da incorporação, dentro do qual lhe é lícito desistir do empreendimento. O registro de incorporação é uma garantia aos futuros adquirentes, vinculando o incorporador/construtor ao imóvel, para todos os fins legais. REVISTA | revistaedificar.com.br 27 mobilidade Mais vias, melhor trânsito O ADENSAMENTO DO BAIRRO DO ALTIPLANO REVELOU A NECESSIDADE DE NOVOS ACESSOS E AMPLIAÇÃO DOS EXISTENTES. OS PROJETOS JÁ ESTÃO EM ANDAMENTO [ POR NANÁ GARCEZ ] Os investimentos privados valorizam uma área e terminam por levar à necessidade de novas ações públicas. O bairro do Altiplano do Cabo Branco, em João Pessoa, passou por uma verdadeira transformação nos últimos quatro anos, a partir da regulamentação das construções verticais, com parâmetros de uso e ocupação do solo. Ali surgiram empreendimentos de grande porte e uma parte do bairro passou a ser chamada de Altiplano Nobre, traduzindo, em parte, a elevada valorização da área residencial, onde gradualmente as casas perdem espaço para prédios bastante elevados e, também, chegaram condomínios horizontais. O fato é que o principal acesso – a subida que vai da rótula da Av. José Américo de Almeida (Beira Rio) à Av. João Cyrillo da Silva(Via Panorâmica) – fica congestionada com frequência, com impacto na Beira Rio, que faz a ligação entre o Centro de bairros como Miramar e Cabo Branco. Enquanto em outros bairros se tem feito a implantação de binários, nesta área serão obras físicas, com duplicações, novas vias e ampliações. A duplicação 28 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 do principal acesso foi iniciada ainda em 2010, pela prefeitura municipal em parceria com a iniciativa privada, quando, inclusive foi feita uma bifurcação que facilita o retorno no início da Av. João Cyrillo da Silva. A complementação deve ocorrer a partir de julho próximo, pois a ordem de serviço foi dada pela Secretaria de Infraestrutura para as obras de duplicação, segundo informou o secretário Marcelo Cavalcanti. A via ganhará um canteiro central, um girador nas imediações da Assufep, além do girador na confluência com a Av. Antônio Mariz, que dá acesso para os condomínios horizontais. A extensão do alargamento é de quase três quilômetros e será feita em pouco tempo. Pelo lado da Estação Ciência Segundo o superintendente de Mobilidade Urbana, Nilton Pereira, outros projetos vão ampliar o número de acessos ao bairro, fazendo ligações com o Bancários, Mangabeira e Castelo Branco/ Cidade Universitária. São alternativas que vão reduzir o tempo de deslocamento para os moradores que vão ao trabalho, à universidade, etc. E, com isso, também se preservará a qualidade de vida dos que residem ou vão residir naquela região, pois o tempo de deslocamento entre estes bairros será bem menor. Com as obras, o bairro terá quatro acessos facilitando a comunicação com outras áreas da cidade e melhorando o fluxo de veículos” NILTON PEREIRA Secretário de Mobilidade Urbana Fabiana Veloso Conexão entre bairros Em outra etapa haverá ampliação do transporte público, pois atualmente, existem apenas duas linhas de ônibus Como será A interligação será feita com a construção de uma via dupla que cortará os três bairros. Para isso, ocorrerão intervenções em dois pontos distintos da Cidade Universitária e dos Bancários. A primeira será na rua Delmiro Diniz, na Cidade Universitária, nas proximidades do Hospital Universitário Lauro Wanderley. No local, cerca de 100 metros de distância da entrada do hospital, haverá um girador que dará acesso aos Bancários e Altiplano. Nesse trecho, já existe uma via de barro usado para ir até o Altiplano. Ela será ampliado e receberá recapeamento. O girador que ficará na rua Delmiro Diniz vai ligar as avenidas Henrique Sales e Helena Feire, no Altiplano. Deste trecho, rapidamente se poderá chegar à avenida José Américo de Almeida (Beira Rio). A outra intervenção ocorrerá nos Bancários. No futuro girador que ligará a Cidade Universitária ao Bancários pela rua Eunice de Ramalho, que dará acesso, por sua vez, às avenidas Luiz Gonzaga de Andrade e Waldemar de Mesquita Accioly (mais conhecida como Três Ruas). Nesse ponto, já existe uma rotatória, que passa próximo à comunidade do Timbó. De lá, os condutores poderão chegar ao Altiplano. Estima-se que as vias terão cerca de 600 metros de extensão. Em maio foi anunciado o projeto de construção da ligação viária dos bairros Altiplano Cabo Branco, Castelo Branco e Bancários a ser iniciado no início do segundo semestre de deste. A previsão foi dada em reunião coordenada pelo prefeito Luciano Agra, em que participaram secretários da Prefeitura Municipal de João Pessoa e representantes do Governo do Estado. O convênio assinado em mês de dezembro do ano passado, prevê investimentos na ordem R$ 9,1 milhões. O projeto de ligação entre os bairros, chamado de ‘Vias do Atlântico’ foi elaborado conjuntamente entre as Secretarias de Planejamento (Seplan), Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e a Superintendência de Mobilidade Urbana (SEMOB) do Município. As obras ficarão sob responsabilidade do Departamento de Estradas e Rodagem (DER). O ‘Vias do Atlântico’ integra o projeto “Caminho Livre”, da prefeitura da capital e tem várias intervenções previstas: será criada uma rota de alternativa de acesso aos bairros da zona Sul, iniciando pelos Bancários e dessa região até o Altiplano Cabo Branco. A obra consta da implantação de prolongamento de avenidas, pistas duplas, giradouros, ciclovias, canteiros e corredores. O projeto foi submetido liberação e aprovação por parte dos órgãos de licenciamento ambiental e é considerado que contempla ações de baixo impacto ambiental, a exemplo de corredores ecológicos e áreas protegidas. REVISTA | revistaedificar.com.br 29 30 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 31 mercado Imóveis avulsos A OFERTA DE HABITAÇÕES ISOLADAS TEM CRESCIDO NO MERCADO LOCAL, MAS, NEM SEMPRE O PREÇO QUE O PROPRIETÁRIO QUER É O QUE VALE E O NEGÓCIO PODE DEMORAR [ POR ELIANE CRISTINA ] O crescimento imobiliário paraibano tem gerado um novo “ativo” no mercado local: os imóveis avulsos. O número de unidades deste tipo tem aumentado também em virtude da aquisição das unidades novas. É comum as pessoas investirem na primeira moradia e, logo depois de quitá-la, buscar outra, em geral maior que a primeira, com localização melhor ou com mais espaço de garagem e área de lazer. Segundo os corretores de imóveis, esse movimento é constante no mercado imobiliário local. Outra modalidade de imóvel avulso é a unidade de prédios novos e que pertencem às construtoras. Muitas vezes, num edifico com 60, 80 apartamentos nem todos são comercializados na planta e acabam sendo vendidos depois. De acordo com o corretor de imóvel Valter Acioli, da Lucre Imóveis, o interesse por imóveis usados sempre existiu e não há grandes dificuldades em comercializá-los. 32 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 “O preço do metro quadrado do imóvel usado é menor que o de imóveis novos e isso acaba sendo atrativo”, diz. Ele explica que a composição de preço dos avulsos segue critérios de avaliação como a localização, metragem, a idade e estado de conservação. “No caso de apartamentos também é levado em conta o andar, se alto ou baixo, e a posição da unidade, pois os mais privilegiados em nossa região Nordeste são os nascentes/sul ou sul”, afirma Valter Acioli. De acordo com a corretora Maria Auxiliadora Santana Pessoa, da JPM Imóveis, um dos entraves na venda dos imóveis avulsos é o capital. “Muitas vezes, as famílias não têm o dinheiro para fazer aquisição à vista e precisam recorrer ao financiamento bancário”, afirma. Segundo ela, o subsídio dado pelo governo para compra de imóveis usados não é o mesmo que para os novos. “Tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que pede a igualdade do financiamento para imóveis novos e usados. Isso facilitaria a compra dos mesmos”, diz. Sônia Belizário Além da compra do imóvel avulso, através da intermediação de imobiliárias, de proprietário para interessado, há outras formas de comercialização. Uma delas é diretamente com a construtora e, nesse caso, o imóvel usado pode entrar como parte do pagamento do novo. Nessa situação igualmente são observados alguns critérios, como explica Valter Acioli, “algumas construtoras recebem as unidades avulsas desde que este imóvel seja em torno de 40% do valor da nova unidade que se queira adquirir, pois, caso contrário fica inviável para a construtora”. A permuta é outra forma de venda. Neste caso, a negociação se dá entre a construtora e o proprietário. De acordo com Maria Auxiliadora, uma boa permuta depende do local e da área onde está instalado o imóvel. “Estes locais precisam ter calçamento, saneamento, escolas, parada de ônibus por perto, ou seja, ter infraestrutura para receber um empreendimento de médio ou grande porte”, afirma observando que, elas vêm mudando áreas residenciais. “Bairro dos Estados, Tambauzinho, Bancários, além dos da orla como Tambaú, Cabo Branco e Manaíra são exemplos disso”. Para Valter Acioli, a escassez de terrenos em bairros estruturados é o que favorece a permuta entre construtores e proprietários de casas. “Essa relação se dá mais em residências que ocupam grandes áreas e os construtores utilizam esse modelo (permuta) para desenvolver os projetos e, com isso, baixar o investimento inicial da construção, deixando para pagar quando o imóvel estiver pronto. É um bom negócio para ambas as partes”, explica o corretor. Estes locais precisam ter calçamento, saneamento, escolas, parada de ônibus por perto, ou seja, ter infraestrutura para receber um empreendimento de médio ou grande porte” VALTER ACIOLI Corretor REVISTA | revistaedificar.com.br 33 mercado Composição de Preço Arquivo Pessoal AVULSOS NOVOS Tipologia do Prédio/Residência (condições da edificação) Valor do terreno Área construída e área total Custo da construção (materiais usados da fundação ao acabamento) Tempo de construção Mão de obra, impostos e tempo de execução da obra Valor dos imóveis na região Localização Infraestrutura do bairro Infraestrutura do bairro Auxiliadora Pessoa atua principalmente nos Bancários DIFICULDADES NO FINANCIAMENTO DE IMÓVEIS USADOS A corretora Maria Auxiliadora Santana Pessoa, da JPM Imóveis, explica que os bancos exigem itens presentes na engenharia do prédio para que haja o financiamento. “Por exemplo, as escadas dos edifícios têm que ter dois corrimãos e prédios antigos não possuem. Outra dificuldade é o vidro das entradas do edifício tem que ser temperado e assim por diante. Os edifícios devem respeitar as normas atuais para serem financiados e isso acaba sendo um entrave para os mais antigos”, revela. Auxiliadora acredita que cada prédio tem sua particularidade e a mudança no sistema de financiamento dos imóveis usados poderia equalizar situações como essas. “Eu já perdi uma venda porque o engenheiro da Caixa exigiu as mudanças que eu já citei, e o condomínio, após assembleia, disse que não faria a modificação já que era apenas uma unidade que estava sendo colocada à venda, não o prédio todo. Então o negócio foi desfeito e, neste caso, o apartamento só pode ser vendido à vista”, explica. 34 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Luiza e Ana de Barros moravam em uma casa de quatro quartos e agora querem um apartamento pequeno Proprietários não devem ter pressa Quando resolveram mudar do bairro de Manaíra, as irmãs Luiza e Ana de Barros não tiveram pressa para comercializar a residência localizada na Avenida Monteiro da Franca, uma das principais do bairro. Com ótima localização, as duas sabiam que a venda do imóvel seria certa e rentável. A casa, onde moraram por quase 20 anos, estava grande demais para as duas aposentadas. A rua, antes calma, passou a receber um grande fluxo de veículos. Pesou, também, na decisão de mudar, o item segurança. As duas irmãs queriam mais tranquilidade e por isso decidiram morar em um apartamento. A residência em Manaíra foi, então, colocada à venda e elas mudaram para um apartamento provisório, até conseguir negociar a casa onde moravam (com 300m² de área ao todo, sendo 250m² de área construída), o que demorou oito meses. “No início, tentamos permutar a casa com construtoras, mas para isso era necessário fechar negócio também com os imóveis vizinhos e estes não estavam à venda”, conta Luiza de Barros. Para a negociação, elas deixaram o imóvel numa imobiliária que fez a transação. “No início pedimos um valor, mas fechamos o negócio por um preço 30% menor. Todo processo demorou oito meses. Com o dinheiro, vamos comprar um apartamento em Tambaú. Mesmo no valor que fechamos, foi rentável para nós”, informa Luiza. A casa foi reformada, transformada em ponto comercial, onde funciona um escritório. REVISTA | revistaedificar.com.br 35 Panorama Imobiliário @romuloslima | [email protected] O legislativo municipal a serviço da população Rômulo Soares de Lima é presidente do CRECI-PB, Conselheiro Federal e titular do Conselho Fiscal do COFECI, administrador de empresas e advogado formado pela UNIPÊ – Universidade dos Institutos Paraibanos de Educação (João Pessoa – PB); com pós-gradução em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade Gama Filho (Rio de Janeiro – RJ); em Direito Difuso e Coletivo, pela Fundação Escola Superior do Ministério Público – FESMIPB O vereador como agente político acaba tomando a forma de guardião da sociedade.” 36 REVISTA Todos os municípios têm Poder Legislativo chamados de Câmara Municipais de Vereadores, um conjunto de pessoas, homens ou mulheres, escolhidos pelos eleitores, para um trabalho de muita responsabilidade, pois a principal função do Poder Legislativo Municipal é fazer as leis do município. O vereador como agente político acaba tomando a forma de guardião da sociedade. As atribuições não se limitam às sessões da Câmara, ele precisa estar disponível para ouvir permanentemente e conhecer bem todos os seus problemas. O município precisa de bons representantes, nunca perca isto de vista. Neste ano tem novas eleições e os atuais vereadores poderão ser reeleitos, mas todas as pessoas em gozo dos direitos políticos, com mais de 18 anos, podem concorrer. O vereador é eleito para representar o povo. Os vereadores elaboraram após estudos a Lei Orgânica Municipal a qual tem um capítulo sobre o Poder Legislativo, ditando a função deles, os direitos e seus deveres, representantes públicos que se reúnem semanalmente nas Câmaras para elaboração de Leis através de Projetos de lei, Projetos de decreto legislativo, estudando emitindo parecer e aprovar ou reprovar as leis que são elaboradas pelo Chefe do Executivo (Prefeito), representar o Poder Legislativo em solenidades, reuniões com os demais poderes, e atender a comunidade elaborando matérias que sejam de interesse público, apreciam as diretrizes orçamentárias e orçamento enviado pelo Poder Executivo, inserindo emendas, reprovando ou aprovando, e principalmente fiscalizando os gastos do Executivo através de balancete financeiro mensal detalhado. Se funcionasse assim, seria ótimo, mas, não funciona! Hoje o Poder Legislativo Municipal está atrelado ao Poder Executivo, são raras as cidades do país onde o presidente da Câmara tem comportamento opositor ao prefeito. Por que isto? Os eleitores desconhecendo, na grande a maioria, as leis que regem o país, enxergam o vereador como um assistente social que tem poder e este aceita o papel, atendendo pedidos como: solicitar conserto em buracos de ruas, comprar remédios, levar o munícipe para centros maiores em busca de saúde, pagar de contas de água e Luz, solicitar asfalto em ruas, etc. Então, o atrelamento ao prefeito se dá em consequência de pedidos descabidos, pois todas estas solicitações custam dinheiro e como a Lei de | JUNHO/JULHO 2012 Responsabilidade Fiscal proíbe vereadores de atos de assistencialismo, os casos são encaminhados às secretarias municipais. Sendo o vereador da situação, os pedidos são rapidamente executados, e destarte, o vereador deixa de fiscalizar os atos financeiros do Executivo, nascendo um poder misto. Os vereadores são eleitos através do voto direto, cujo mandato tem duração de quatro anos, sendo a reeleição ilimitada. A quantidade de membros desse cargo político é definida através do contingente populacional do município. Quanto mais habitantes, maior será o número de vereadores de uma cidade. Contudo, foi estabelecido um número mínimo de 9 e um máximo de 55 vereadores, por município. Para se candidatar é necessário ter nacionalidade brasileira; estar filiado a algum partido político; ter idade mínima de 18 anos; possuir domicilio eleitoral no município pelo qual concorre; ter pleno exercício dos direitos políticos. O Brasil possui 57.748 vereadores. Entretanto, nas eleições deste ano, esse número será de 59.500, visto que a população brasileira esta em constante aumento quantitativo. A pessoa não deve desperdiçar o voto, porque ao votar, ela está expressando a dimensão essencial de cidadão. Uma pessoa que não vota é um cidadão manco, castrado, que abdica daquilo que ele tem de essencial em si que é pensar, construir a cidade. Este seria o primeiro ponto. Um dos critérios para eleger um bom político, é ver se ele está aberto à participação popular; se suas raízes estão fincadas em comunidades que sejam realmente democráticas, porque, aí, é que o cidadão pode diretamente expressar suas vontades, seu pensamento, dizer o que ele quer. A gente pode participar de três maneiras diferentes: do planejamento, da execução e dos resultados. O voto é a participação do planejamento. Quando alguém vota, ele deixa sua dimensão de cidadania, nas mãos de alguém para que este planeje a construção da cidade. Nós, em geral, participamos fortemente na execução (somos nós que fazemos tudo) e participamos pouco dos resultados, (o Brasil, por exemplo, é o vicecampeão mundial da má distribuição de renda). Mas, o segredo é participar no planejamento, porque é dele que depende a execução e os resultados. REVISTA | revistaedificar.com.br 37 Sustentabilidade Fabiana Veloso Horta orgânica em teto de hotel O ENCURTAMENTO DA DISTÂNCIA ENTRE A PRODUÇÃO E O CONSUMO É UMA ATITUDE SUSTENTÁVEL [ POR MABEL DIAS ] Marloni Gonzaga é formada em Turismo e Ciências Ambientais e graduanda em Engenharia Ambiental Já imaginou se hospedar num hotel e, na hora da refeição, saber que os alimentos são todos orgânicos com alto valor nutritivo? Fantástico, não é mesmo? Em João Pessoa, isto já é uma realidade. Desde 2009, o Hotel Verde Green passou a contar com uma horta em uma área que até então estava sem uso. A ideia foi sugerida pela governanta Magda Perotti. São cultivadas hortaliças, como hortelã, rúcula, alface e manjericão. “Com a implantação da horta ajudamos a reduzir a poluição. Evitamos o transporte de alimentos até o hotel e melhoramos a segurança alimentar dos hóspedes e dos funcionários”, explica a assistente de sustentabilidade, Marloni Gonzaga. Para que as hortaliças se desenvolvam de maneira satisfatória e com qualidade, a horta é regada na hora certa – pela manhã e no final da tarde -, recebe adubo orgânico e os canteiros ficam cobertos por uma tela preta com furinhos, que permite a entrada da luz do sol, mas evita a queima das folhas das hortaliças. No Dia Internacional do Meio Ambiente, o Verde Green doou aos hóspedes uma muda de hortaliça cultivada em sua horta 38 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Outras ações de preservação ambiental: aproveitamento da luz natural, uso de madeira de reflorestamento, ar condicionado menos poluente e de baixo consumo, aquecimento solar, coleta seletiva do lixo, reutilização de água, oferta de bicicletas aos hóspedes e a maioria dos fornecedores situados a menos de 80 km do hotel. Como o fluxo de hóspedes no hotel é intenso, a produção da horta ainda não atende toda à demanda. “Porém, este é o primeiro passo dentro da política verde do hotel, para que conscientizemos funcionários e hóspedes da importância de nos alimentarmos de forma segura e preservando o meio ambiente”, afirma Marloni Gonzaga, ressaltando que as folhas orgânicas são mais saborosas e têm cor mais viva, se comparadas às não orgânicas. Ao chegarem ao hotel, os hóspedes recebem um folder, feito de papel reciclado, que lhes informa sobre a política da Atitude Verde. Também se pede aos visitantes que sugiram à gerência novas ações de sustentabilidade. O hóspede que tiver sua ideia implantada, ganha cortesia de duas diárias em apartamento duplo. Em um dos corredores, várias sugestões estão colocadas na parede, em pequenos quadros, para estimular os demais a conhecerem a política de sustentabilidade e se preocuparem com a preservação do planeta e o seu bem estar. REVISTA | revistaedificar.com.br 39 capa - guia da reforma Como refor PLANEJAR, PESQUISAR PREÇOS E BUSCAR PROFISSIONAIS CERTOS AJUDA A REDUZIR O ESTRESSE DURANTE AQUELA TÃO SONHADA REFORMA [ POR ALINNE SIMÕES E ELIANE CRISTINA - COLABOROU CARLOS CÉSAR] Reformar, melhorar os espaços, dá cara nova ao ambiente é desejo comum aos moradores de uma residência. A diversidade de materiais à disposição no mercado, cada vez mais eficientes, bonitos e acessíveis, acaba impulsionando essa vontade. Mas, muitas vezes, o sonho acaba quando se chega ao detalhe essencial: mão de obra. Qual pedreiro chamar? A qual pintor confiar àquelas tintas de última geração que prometem combater fungos e ácaros do ambiente? Será que o eletricista está fazendo as ligações corretas? O tão desejado porcelanato vai ser colocado na forma correta? Será que os ladrilhos do banheiro terão vida útil ou terei que remover tudo por causa de infiltrações? Questões como essas são recorrentes. Se a falta de mão de obra qualificada é um problema hoje na própria indústria da construção civil, o que dizer para uma família que quer bons resultados e cumprimento de prazos naquela reforma planejada há meses, ou anos até? Contratar uma empresa especializada pode ser a solução de muitos dos problemas, embora não seja garantia de que tudo sairá às mil maravilhas, pois assim como existem profissionais e profissionais também existem empresas e empresas. Encontrar bons profissionais depende de contatos, de analisar por exemplo serviços anteriores de pedreiros, encanadores, eletricistas, etc. Nesta reportagem, a revista EDIFICAR traz orientações e dicas de especialistas e de fabricantes de materiais sobre como fazer reformas em casas e apartamentos reduzindo ao máximo as dores de cabeça que se tornaram praxe durante esse tipo de construção. Confira. 40 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 DICAS Com a planta do imóvel em mãos, criar um novo layout. Definir o uso de gesso, revestimento e granito (para bancadas e banheiros). Planta de demolição e construção - fazer a planta de alterações de alvenaria caso seja necessário e a parte elétrica, para que todos os pontos de energia fiquem no local correto. mar PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO Planeje seus gastos, faça orçamentos e minimize, assim, o peso dos imprevistos Reserve de 10 a 20% do orçamento geral para as “vilãs” de reformas, como aquelas surpresas com instalações hidráulicas e elétricas mal feitas Contabilize também as despesas com desmanche, retirada e transporte de entulho Consiga os contatos dos profissionais que atenderam as expectativas em algum serviço solicitado por parentes ou amigos e guarde esta lista Pesquise por empresas que ofereçam um bom serviço e cheque o resultado Marcenaria ou móveis, que pode ser feita tanto com um marceneiro - que gasta bem menos - ou trabalhar com as lojas de modulados, que é o mais indicado pela segurança e por oferecer garantia. Decoração (escolha tapetes, cortinas, sofás, cadeiras) onde há interação do profissional com o cliente. Avalie as conveniências de ficar ou sair de casa durante o período de reforma – se forem pequenas mudanças, concilie e suporte o incômodo, mas se o serviço for demorar se mude para casa de amigos ou parentes ou alugue um espaço temporário. REVISTA | revistaedificar.com.br 41 capa - guia da reforma Fabiana Veloso DMEXER EM APARTAMENTOS EXIGE CUIDADO REDOBRADO De acordo com a arquiteta Monique Barros os sistemas elétrico e hidráulico são os campeões de “surpresas desagradáveis” Administrar contratempos e os imprevistos Para a arquiteta Monique Barros administrar o estresse que toda reforma causa é muitas vezes a parte mais difícil da obra. “Uma reforma mexe muito com a vida do morador.Tem que saber que vai ter incômodo e ainda tem aquilo que não é previsto: as surpresas”, revela. Ela observa que, no planejamento de uma reforma, os erros escondidos no imóvel não aparecem. Eles acabam sendo revelados na hora da execução da obra. “É comum se planejar a troca de instalações elétricas e só quando o eletricista vai fazer o serviço a gente descobre que toda a fiação do imóvel está comprometida e precisa ser trocada”, explica dando exemplo de uma surpresa nada agradável. 42 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 A arquiteta adverte que toda reforma sempre acaba revelando os malfeitos anteriores. “Em virtude disso, muitas vezes, as reformas tomam proporções que nem o arquiteto nem o engenheiro podiam prever”. Essas “surpresinhas” acabam sendo as responsáveis pelos atrasos nas obras. Em função disso, Monique Barros aconselha aos clientes para, em caso de reformas, programarem até 20% do valor do orçamento geral como reserva para suprir imprevistos. Segundo ela, as partes hidráulicas, elétricas e estruturais são as mais complicadas e que podem surpreender na hora da execução da reforma. O planejamento da reforma é essencial em qualquer imóvel. Mas, para apartamentos esse cuidado tem que ser redobrado. Não há como remover ou criar paredes aleatoriamente. Nesses casos, a planta do prédio é essencial. Ela deve ser apresentada a um engenheiro que pode identificar as partes estruturais do edifício e dar um parecer sobre o que pode ou não ser removido ou acrescentado à área útil do imóvel. Em parte, a limitação estrutural de apartamentos acaba tornando as reformas nesses locais mais fáceis. Quando se pode mexer nas paredes, as intervenções são para ampliar, criar ou integrar espaços. Segundo a arquiteta Monique Barros, as áreas molhadas (cozinha, banheiro, área de serviço) são mais complicadas de serem reconfiguradas. “Geralmente nesses espaços o trabalho é mais de modernizar o ambiente, com revestimentos, bancadas, piso etc. Mudar o local de ralos, louças sanitárias ou tubulação é inviável, já que a hidráulica do edifício segue o padrão”, adverte. Quanto a erguer divisórias no apartamento, Monique explica que, sendo possível dentro da estrutura do prédio, se executa a obra com materiais mais leves, como o gesso ou drywall. “O mais importante nas reformas em apartamentos é respeitar a estrutura do prédio”, lembra. A antiga residência (no detalhe), ganhou beleza externa e muito mais espaço interno Fornecedores que atrasam entregas e operários que não comparecem Para Maria Zelma de Melo Figueira administrar reformas tem sido tarefa recorrente. Após acompanhar as modificações no apartamento onde mora, ela cuidou da reforma na casa da filha. Uma residência comprada no bairro do Altiplano que precisava de várias intervenções. Grávida, a filha Lorena deu carta branca à mãe, Maria Zelma, que cuidou de todos os detalhes. O projeto arquitetônico foi feito por Monique Barros que, em conjunto com a família, propôs a harmonização dos espaços (ver planta). Mesmo com experiência em lidar com obras, Zelma Figueira afirma que encontrar a mão de obra é a parte mais difícil do processo, principalmente pedreiros. “É complicado porque a gente planeja, faz um cronograma, faz todas as compras, mas não vê a obra andar. Muitas vezes o profissional diz que vai trabalhar e acaba não aparecendo. Essas coisas aborrecem muito”, revela Zelma que atualmente acompanha a reforma da casa adquirida pelo filho também no bairro do Altiplano. Outro entrave apontado por ela é o não cumprimento dos prazos por parte de fornecedores. Segundo ela, não há dificuldade de encontrar materiais de qualidade no mercado paraibano, mas muitas vezes a entrega é feita fora do prazo, acarretando atraso e mais custo na obra. “Entre os fornecedores com quem já tivemos contato, o pessoal do granito é sempre o mais trabalhoso. Demoram muito a entregar as peças. É uma relação complicada”, conta Zelma Figueira. Após a execução de três reformas, a aposentada explica que fez uma lista com os fornecedores mais ágeis e outra com os contatos dos profissionais da obra. Planta visualiza como a reforma amplia e harmoniza A residência no bairro do Altiplano foi totalmente reformada. Os trabalhos demoraram seis meses para ficar pronto e o resultado surpreendeu os moradores. A planta original tinha muitas divisões internas e espaços pouco aproveitados. A proposta de Monique Barros foi harmonizar os espaços. As paredes que dividiam o hall de entrada, escritório, sala de estar e jantar anteriores foram removidas. A sala ganhou amplidão no modelo em L. A divisão dos espaços é feita com a decoração que dá a função de cada ambiente (sala de estar, home theater, sala de jantar). A cozinha permaneceu ampla. O espaço generoso da dispensa foi dividido ao meio. Parte tem função de dispensa integrada a cozinha. A outra metade foi transformada em lavabo, integrada as salas. O antigo banheiro social foi integrado a um dos quartos, que foi ampliado a partir do redimensionamento deste e da suíte do casal. No terceiro quarto foi preservado e um novo banheiro foi construído, transformando o ambiente em suíte. Área de serviço permaneceu com as mesmas dimensões anteriores. No quintal da residência a área de dispensa foi transformada em Espaço Goumert, com churrasqueira e bancada. Um novo banheiro foi construído próximo ao espaço. O local foi ambientado com móveis que podem ficar expostos ao sol e chuva. Ainda na parte do quintal foi construída a dependência de empregada, com total privacidade e segurança. REVISTA | revistaedificar.com.br 43 Sônia Belizário capa - guia da reforma Em áreas externas o recomendável é usar materiais resistentes e uma iluminação que realce árvores altas e plantas de jardins Mudanças de ambientes com bom senso Nunca se sabe o que se vai encontrar de problemas” CRISTIANE ROLIM Arquiteta Cristiane Rolim, decoradora e arquiteta, explica o passo a passo de uma reforma. E dá dicas de como transformar um ambiente com criatividade, racionalidade, bom senso e economia. Ela lembra que a questão de cores vai muito do cliente e salienta que os revestimentos valorizam bastante o ambiente. Entretanto, a arquiteta afirma que não dá para prever quanto vai custar uma reforma, principalmente pela parte estrutural. “Você nunca sabe o que vai encontrar de problemas (vazamentos, infiltração, hidráulicos, elétricos). É uma coisa imprevisível. Vai depender dos recursos e disponibilidade do cliente”. Ela ressalta que é recomendável contratar um profissional capacitado, engenheiro ou arquiteto, pois, é ele quem vai fazer o projeto, avaliando quais os melhores procedimentos a serem feitos para que a reforma não venha a danificar a estrutura do imóvel, como também, poderá indicar profissionais de confiança para trabalhar na obra e lojas especializadas para comprar os materiais que serão utilizados. A LUMINOSIDADE IDEAL EM CADA CÔMODO Cada espaço da residência requer iluminação diferenciada, adequada conforme o estilo e as necessidades de seus moradores. Veja algumas dicas, por ambiente. Corredores e Escadas Devem ser iluminados considerando tanto o aspecto decorativo quanto o de segurança. Sala de Estar Destaque o estilo pessoal, tornea confortável e funcional, mas ilumine-a inteira e ressalte, estrategicamente, quadros, pinturas ou coleções. Cozinhas Para muitos, é o lugar mais movimentado da casa. Portanto, não economize na iluminação, deixe-a clara e jogue luzes dentro e sob armários e gabinetes. Quartos Luminárias de parede ou teto, com foco 44 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 indireto, produzirão uma luz mais suave ao conjunto do ambiente. Sala de Jantar O foco de iluminação é a mesa (foto à direita), destaque-a, sem exageros, com lustres ou pendentes que deixem o ambiente relaxado. Banheiros Simples, modernos ou sofisticados, também é grande a diversidade de opções para iluminá-los. O fundamental é que a iluminação seja agradável, luminoso o bastante para garantir a maquiagem, fazer a barba, depilação, pentear os cabelos ou escovar os dentes. Iluminação Externa Dê destaque a segurança, distribua luz através de passagens e plantas. E ilumine todos os lados da casa, especialmente arbustos que possam servir de esconderijo. Nas lojas especializadas é grande a variedade de produtos de alta tecnologia capazes de fazer a diferença num projeto Iluminação que realça e valoriza ambientes Produtos resistentes nas áreas externas Quando a reforma é na área onde fica a piscina os cuidados também permanecem. De acordo com o arquiteto Matheus Marques, ao reformar a área da piscina deve-se analisar o tipo da piscina, o material utilizado nas bordas e pisos, além da vegetação existente no seu entorno. “As piscinas com estruturas em vinil apresentam um custo benefício maior e uma facilidade na manutenção. Devese também ter o cuidado de contratar uma empresa habilitada, principalmente quando envolve impermeabilização, já que o trabalho poderá ter a garantia de cinco anos, na parte estrutural e dez ou mais, na impermeabilização”, afirma. Segundo ele, ao escolher o acabamento da área do entorno da piscina é importante observar a capacidade térmica do material e sua superfície. “Como essa área está exposta ao sol constante e quase sempre molhada, o material não pode esquentar muito e não ser escorregadio”, adverte Matheus. O arquiteto cita entre as opções de materiais as pedras (mineira, são tomé, mármore travertino e suas variações), cimentícios atérmicos, agregados de pedras (apresentam alto índice de permeabilidade), decks de madeira (cumaru ou ipê) e cerâmicas e porcelanatos. A iluminação é um passo importantíssimo porque tanto pode agregar valor ao ambiente como prejudicar o projeto. Por isso, se deve ficar atento a alguns detalhes e fazer as escolhas certas. A designer de iluminação, Germanna Cabral, ressalta que quando for fazer uma reforma é interessante que o decorador trabalhe em parceria com o lighting designer, profissional que faz o projeto de iluminação. Há vários tipos de iluminação e cada uma tem uma finalidade específica. As lâmpadas dicroicas, por exemplo, são indicadas para enfatizar obras de arte, arquiteturas e fazer marcações, contudo, estão perdendo espaço para o LED que são mais caras, mas economizam energia e não esquentam. A fibra ótica é uma nova tendência para fazer iluminação de piscinas e teto estrelado, utiliza apenas lâmpada para produzir os efeitos. Lâmpadas O que é? Onde Usar? Quanto Custa? Incandescentes São aquelas mais antigas, de bulbo, as lâmpadas quente Geralmente é num abajur. Tem uso bem específico, para quem quer fazer um ambiente mais aconchegante Pouco mais de R$ 1,00. Mas deixarão de ser fabricadas em 2014 Fluorescente São as mais usadas atualmente, as lâmpadas frias Utilizada em casas, apartamentos e lojas comerciais A partir de R$ 8,00. Dicroicas São lâmpadas incandescentes que utilizam gás halogênio Fazer marcações em paredes, telas, objetos decorativos Dicroica comum – a partir de R$ 3,00. Dicroica Titan – a partir de R$ 18,00 LED Componente eletrônico que emitisse luz própria e libera a energia excedente na forma de luz Tem a mesma finalidade da dicroica e fluorescente REVISTA De 1W – R$ 20,00. De 3W – R$ 60,00. De 10W – R$ 200,00 | revistaedificar.com.br 45 Fabiana Veloso capa - guia da reforma O dito popular “o barato sai caro” é recorrente, no setor, e traz prejuízos a quem não opta por materiais certificados Preferência por produtos certificados, de qualidade e com bons preços Um das principais dúvidas de quem está reformando é quanto ao material que será utilizado na obra, quais os mais indicados? Em que ocasião eu devo usar tal material? Quais materiais reduzem o desperdício e agilizam a obra? Vale a pena comprar o mais barato? O empresário Josélio Pontes, da Distribuidora de Materiais de Construção (Dismacon) aconselha usar sempre produtos normatizados pelo PBPQH (Programa Brasileiro de Produtividade e Qualidade na Habitação), que é um selo que a Caixa Econômica Federal exige para todos os tipos de obras. “Recomendamos, porque o risco de retorno desses produtos são zero, já que para tê-lo tem que ter aprovação do INMETRO”, afirma. Ele recomenda que as pessoas acessem o site do Ministério JOSÉLIO PONTES Empresário das Cidades, pois, nele há informações dos produtos que certificados pela Caixa Econômica, pelo próprio ministério e o INMETRO. “Se acessar o site e produto não está lá, é porque não está certificado e, talvez, você venha a ter problemas”. COMPRAS E ESTOQUE Peça orçamentos por escrito e procure comprar materiais fechando pacotes por loja, assim é mais fácil conseguir um bom desconto à vista Caso antecipe a compra de materiais de acabamento, leve em conta uns 46 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 10% de sobras para cobrir quebras e futuros consertos Estoque com cuidado os materiais – a madeira em lugar com ventilação e ao abrigo de sol e chuva. Areia e cimento precisam ser cobertos. SELOS DE CERTIFICAÇÃO Tintas: ABRAFAT (Associação Brasileira de Fabricantes de Tintas) Tubos e Conexões: ISO 9901, ISO 14001, ISO 18001. Lâmpadas: PROCEL Tipos de argamassa e ocasião de uso 1.AC 1- Piso inicial. 2.AC2 – Revestimento. 3.AC3 – Revestimento paredes e porcelanato. 4.AC4 – Porcelanato de 60 por 60 em diante. Porcelanato e suas características O porcelanato tem duas vertentes: a beleza e a segurança. O polido não é recomendado em casas que tem crianças, pessoas de idade, grávidas, com necessidades especiais porque é muito liso, então se ti- ver qualquer sujeira ou derramar líquido pode escorregar. Nessas condições é melhor colocar porcelanatos fosco antiderrapante porque não deslizam. Limitações em prédios históricos e nas calçadas Diferenças do Porcelanato Polido É liso e brilhoso. Não pode aplicar com as juntas coladas. Podem manchar facilmente. Não é recomendado colocar em áreas públicas. Retificado - Não mancha e pode aplicar com as juntas coladas. As reformas em edifícios só podem ser realizadas mediante aprovação do síndico. E, em prédios históricos, tombados, somente com a autorização do Instituto do Patrimônio Histórico do Estado da Paraíba. Vale lembrar ainda, que a calçada é de uso público, portanto nada de ultrapassar a margem da calçada para “ganhar espaço”. Toda obra só poderá ser iniciada mediante autorização da Prefeitura, através de licença ou alvará de construção. Papel de parede Muito valorizado atualmente, ele é o “grande coringa” da decoração. É barato, rápido e prático e substitui o texturizado que se usava antigamente. Fácil de instalar e pode renovar sempre que for necessário. Tem várias opções e estilos: estampados, texturas, desenhos. A duração média é de cinco anos. REVISTA | revistaedificar.com.br 47 capa - guia da reforma COMO CRIAR EFEITOS POR MEIO DA PINTURA Para alongar o corredor Para que o corredor fique mais comprido, basta pintar as paredes das extremidades e o teto de uma mesma cor e usar nas paredes laterais um tom mais escuro. Para alongar paredes O indicado é pintar as paredes em tons mais fortes e no teto usar a cor branca. Outro truque é dividir a parede, usando uma cor mais clara na parte de cima e um tom mais escuro na parte de baixo. O ideal é que essa “divisão” seja feita a partir da aplicação de um efeito decorativo, como um border. Para encurtar paredes Quando o pé direito é muito alto e se quer dar ao ambiente um ar de maior aconchego, o melhor é usar no teto uma cor mais escura do que aquela escolhida para as paredes. Fonte: Valter Bispo - coordenador de produtos das Tintas Eucatex PARA SUA SEGURANÇA Aplique as tintas, esmaltes e vernizes em locais ventilados, com portas e janelas abertas; Deixe o produto fora do alcance de crianças e animais; Não reutilize a embalagem para colocar água potável ou alimentos; Pessoas com histórico de alergia ao produto devem evitar seu manuseio; Não descarte as embalagens em terrenos baldios, aterros ou próximo a nascentes de rios e córregos; Em caso de intoxicação, procure um médico, levando a embalagem do produto. Tintas Coral (www.coral-blog.com.br) 48 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Uso e potencial estético das tintas O empresário Josélio Pontes observa que em um projeto de reforma, a cor da tinta vai ficar a critério do cliente e do arquiteto, mas lembra que o conforto é um fator decisivo. “Hoje já existe tintas 100% antibactéria e sem cheiro. Pinta de manhã a tarde já pode dormir”. O que vai diferenciar a questão da tinta é o consumidor olhar sempre o rendimento descrito na lata, apesar de todas serem normatizadas existem diferenças de rendimento entre elas. Os metros quadrados que rendem cada galão vêm na mesma quantidade com rendimento diferente. A revista EDIFICAR buscou para seus leitores, junto a alguns os principais fabricantes de tintas do país – Coral, Suvinil, Iquine e Eucatex, valiosas dicas sobre o significado das cores, como criar efeitos por meio da pintura e de como utilizar bem, e com segurança, a tinta durante uma reforma. O SIGNIFICADO DAS CORES Laranja é uma cor propagadora de otimismo, que ajuda as pessoas a se sentirem confortáveis; Vermelho/rosa representa força e dinamismo; Verde é refrescante, humana e renova as esperanças; Amarelo é a cor da atenção e da liderança, além de ser dotada de alegria; Azul tem capacidade de inspirar, relaxar e tranquilizar; Neutros trazem equilíbrio sem comprometer a personalidade; Violeta reflete dignidade, nobreza e respeito. Histórico e manutenção do imóvel trazem indicativos importantes O engenheiro civil do CREAPB, Corjesus Paiva dos Santos afirma que todo projeto de reforma deve passar pelas mãos de um arquiteto ou de um engenheiro, para ver itens como luminosidade, ventilação e, principalmente, segurança. Segundo ele, toda construtora deve entregar ao cliente, uma cartilha dizendo onde pode e onde não se deve mexer. “Às vezes, se faz e não sabe que jamais poderia tirar uma parede ou viga daquele local”, argumenta. Não custa repetir, se você vai fazer uma reforma é bom ter resposta para algumas perguntas básicas, como: quem foi que construiu o imóvel? Há quanto tempo? Será que eu posso mexer? Posso tirar ou acrescentar um vão de parede? Trocar de piso? Mudar a fachada? Como são as instalações hidráulicas e elétricas? O aconselhável é fazer constantemente manutenção no seu imóvel para que não venha a ter problemas futuros principalmente na área de esgoto, água, energia. “Todos temos que cuidar da manutenção da nossa casa e prédio porque eles têm vida própria, é como a gente que vai ao médico”, compara Corjesus. Cuidado com reformas em prédios de alvenaria estrutural. Por ter a estrutura de parede sobre parede, se você tirar uma delas, poderá perder um ponto de apoio, o que irá fazer com que carga seja redistribuída, provocando fissuras na laje, no piso do apartamento de cima, nos cantos da janela e na fachada. Depois de todas essas dicas e orientações, é possível concluir que reformar um imóvel residencial exige, além de coragem e desprendimento, muito planejamento e paciência. Além, claro , de fortalecer a consciência de que se cercar de bons profissionais e pechinchar preços de produtos e serviços pode fazer muita diferença para o resultado final do seu projeto. Afinal, executar obras é antes de tudo lidar com o ser humano. Então, muita paciência e até a próxima reforma. REVISTA | revistaedificar.com.br 49 Atenção à convenção Novos materiais e técnicas Respeito ao Direito de Vizinhança Na hora de fazer uma reforma em apartamentos, os moradores devem ter alguns cuidados essenciais. Em primeiro lugar, consultar um engenheiro (preferencialmente o mesmo que foi responsável pela obra) para saber se a reforma é possível. Depois, ele deve comunicar ao síndico, apresentando o projeto de reforma juntamente com a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). As convenções do condomínio quanto o Regimento Interno do prédio devem disciplinar as reformas, exigindo, por exemplo, que seja apresentado o projeto antes do início da obra, assim como, as regras para horário, subida de material e descida de entulhos, assim como, local para armazenamento de material. Com essas regras muito bem definidas no Regimento Interno as obras não podem, de forma alguma, alterar a rotina do edifício e nem prejudicar o sossego, a saúde, a salubridade, a higiene e a segurança de todos. Quando a obra é na parte externa do edifício ela deve ser planejada em conjunto pelos moradores. Este tipo de serviço deve ser aprovado em assembleia onde, dependendo do caso, se exige quorum de 50% mais 1 ou até, se for uma obra voluptuária (assim designadas aquelas que não aumentam o uso normal do bem, constituindo mero recreio ou deleite, como, por exemplo, a colocação de uma banheira de hidromassagem junto à piscina) necessitam de aprovação de 2/3 dos condôminos. No caso de reforma em fachadas dos edifício, as principais queixas são o alto custo (taxa-extra elevada), barulho e poeira, além do tipo do revestimento que, em havendo mudança de cor e padronização, nem sempre agrada a todos. A primeira providência a ser tomada numa reforma é a contratação de um arquiteto. Este profissional vai ajudar você a planejar e administrar alguns fatores envolvidos no processo de execução da reforma, como por exemplo a definição das suas necessidades físicas-espaciais, o orçamento, o cumprimento da legislação da cidade, a análise estrutural do imóvel e a contratação de outros profissionais. Arquitetos quase sempre trabalham em parceria com outros profissionais nos quais confiam. Seguir sua recomendação é importante para que o projeto saia como o planejado. Além de indicar bons profissionais, o profissional de arquitetura vai traduzir todas as suas necessidades, transformando ideias e desejos em informações técnicas que permitirão a sua concretização no menor intervalo de tempo e dentro do seu orçamento, respeitando a legislação urbana e garantindo a aprovação do projeto. Qualquer reforma que implique em remoção de paredes é importante ser consultado um engenheiro devidamente registrado no CREA para analisar a viabilidade das modificações a serem feitas através da verificação do tipo de estrutura do prédio. Em alguns casos, principalmente em prédios antigos, algumas paredes são estruturais, ou seja, também participam da sustentação do peso do edifício e não podem ser alteradas. Nos casos em que as paredes funcionam com o sistema de alvenaria de vedação podem, eventualmente, ser retiradas, mas é preciso muito cuidado e assessoria engenheiro ou arquiteto. Existe no mercado materiais e novas técnicas que permitem, além da diminuição do custo e do tempo, reformar ambientes da sua casa ou apartamento para que eles fiquem mais modernos e com cara de novo. Por exemplo, a instalação de novas tomadas podem ser feitas hoje através de modelos de rodapé que vem com a fiação já instalada em seu interior ou de eletrofitas, que permitem a colocação de tomadas em qualquer ponto do cômodo sem quebra-quebra. Na troca de piso ou revestimentos de banheiros ou de cozinhas não há mais necessidade de retirar o todo o revestimento, com a ajuda de colas especiais no mercado, pode-se instalar novas placas de cerâmica, porcelanato ou qualquer outro acabamento sobre o antigo. Outra solução é a utilização de adesivos, papeis de parede e painéis de madeira ou MDF para repaginar paredes dos ambientes. Hoje, você só não deixa sua casa bonita, charmosa e moderna se não quiser. A criatividade é que dita as regras. O objetivo do CREA em si é de fiscalizar o exercício profissional, verificar se aquela reforma ou construção está sendo feita ou acompanhada por um profissional da engenharia ou da arquitetura. O CREA não tem o poder de barrar um projeto, quem faz isso é a prefeitura, é ela quem vai emitir o alvará de construção e no final fiscalizar para ver se foi realizada conforme o projeto para que se possa fornecer o Habite-se. Existem reformas em prédios e em casa que antes de serem feitos precisa fazer uma consulta. Todo projeto de reforma DEVE passar pelas mãos de um arquiteto ou de um engenheiro para ver quanto à questão de luminosidade, ventilação, segurança, pois muitas vezes se faz e não sabe que jamais poderia tirar uma parede ou viga daquele local. As construtoras que se prezem entreguem a você uma cartilha dizendo onde pode mexer e não deve mexer. Muitas vezes por falta de informação faz com que as pessoas comecem a mexer na estrutura da casa ou apartamento sem o devido conhecimento. Quem for fazer entrega de uma obra tem que dar uma cartilha mostrando onde está a instalação de água, esgoto, gás para a pessoa ficar ciente de que em determinados cômodos da casa não pode mexer aleatoriamente. Há pessoas que mexem na fachada do prédio e não sabem que cada arquiteto que fez aquela fachada tem um direito autoral. Então quem for mexer em prédio, deve fazer uma reunião com o síndico e expor o que está querendo fazer. As pessoas têm que entender que o meu direito vai até onde o seu começa. A lei é bem clara, existe o direito de vizinhança. Lembrar que nas casas mais antigas a preocupação é maior. Então o recomendável é procurar sempre um profissional para orientar, pois, as instalações elétricas e hidráulicas são muito diferentes das atuais. E fazer sempre a manutenção da sua casa e prédio, principalmente, porque casa e prédio tem vida própria, é como agente que vai ao médico. INALDO DANTAS, PRESIDENTE DO SECOVI MATHEUS MARQUES, ARQUITETO E SÓCIO DA MARQUES TAVARES ARQUITETURA 50 CORJESUS PAIVA Reformar é, também, investir no patrimônio, pois a conservação qualifica o imóvel , para novos negócios MATHEUS MARQUES INALDO DANTAS fórum REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 CORJESUS PAIVA DOS SANTOS, ASSESSOR DO CREA-PB RICARDO PAULO EDUARDO CARNEIRO Contratação de empresa Conservação valoriza imóvel É uma ilusão de quem faz a contratação direta pensar que está pagando menos. Uma empresa tem a responsabilidade de começar e terminar. Há um contrato de prestação de serviço, com prazo definido, material que vai ser comprado, e que serve de garantia ao cliente. Na contratação direta, há risco da pessoa, no final da reforma, abandonar os serviços. Já uma empresa também ajuda a economizar na compra de material, eliminando desperdícios, além do benefício de não se aborrecer com os problemas que surgem. Hoje tocamos 30 obras de reforma ao mesmo tempo e, cada uma tem um encarregado que trabalha com sua equipe. O cliente, quando assina o contrato já sabe quem é o encarregado, que é uma espécie de mestre de obra, e ele então sabe a quem se dirigir para qualquer coisa, desde a compra de material, uma dúvida do projeto. Temos uma equipe de 42 pessoas, que inclui pedreiros, técnico em edificação, eletricista, encanador, auxiliar de serviços gerais, bombeiro hidráulico, ajudante de pedreiro e o encarregado. Agora, às vezes, a pessoa não nos contrata e depois retorna porque teve um prejuízo. Uma reforma é mais trabalhosa que uma obra, porque tem que quebrar, retirar o material e refazer o serviço. Se for trocar o piso, por exemplo, se retira o piso e depois se faz o sobrepiso para colocar o novo. Como somos uma franquia, que hoje existe em 300 cidades do Brasil, o que não for resolvido aqui, pode ser resolvido diretamente com a empresa em São Paulo, o que é mais uma garantia para o cliente. Se não houver projeto de reforma, nós temos como fazer, porque temos um arquiteto na equipe. Há, ainda, as condições de pagamento. Quando o contrato inclui a compra de material, é dada uma entrada de 30% do valor orçamento. Trinta dias depois, ele paga mais 30% e os 40% restantes será feito quando ocorrer a entrega dos serviços de reforma. Agora, quando apenas se contrata a mão de obra para fazer a reforma, então, a entrada é de 20% do orçamento. Há a possibilidade de pagamento com cartão de crédito em até seis vezes. Em João Pessoa já começa a ter essa mentalidade de contratar uma empresa, o que acontece pelo boom na construção civil e melhoria da renda da população. Quanto mais se cuidar da casa, do apartamento, maior é o seu valor. Para quem tem curso de avaliador, a conservação é um item importante da avaliação técnica e que pode tanto valorizar quanto depreciar um imóvel. E, isso vai de 10% a 30%, em casos mais extremos, mas, em geral, a influência no preço corresponde a 10%, para mais ou para menos. Recentemente, perdi um negócio porque uma construtora deixou de receber um imóvel que está descuidado, mal conservado. A casa na área central de João Pessoa equivalia a três apartamentos, pelo tamanho, pela localização, mas, estava maltratada. O proprietário pedia R$ 600 mil, mas a empresa só oferecia R$ 420 mil. No entanto, se estivesse bem cuidada poderia se chegar a uns R$ 550 mil. Trata-se de um imóvel grande e com uma localização boa. Normalmente, como corretor, eu oriento aos meus clientes a fazer uma pintura, a cuidar até mesmo da decoração e da arrumação, porque a impressão de quem vai comprar, quando o imóvel está mal cuidado ou desarrumado é ruim, bloqueia o interesse da pessoa pelo investimento. Até mesmo um cheiro pode causar uma má impressão. Quando o comprador vai visitar um imóvel que não está conservado, pensa no que vai ter que fazer para consertar, para recuperar, nos problemas que pode ter quando for fazer a reforma, então, quer pagar menos ou desiste do negócio, como foi o que aconteceu que a venda que estava intermediando. RICARDO PAULO, DIRETOR DA BOLSA DE IMÓVEIS EDUARDO CARNEIRO, FRANQUEADO DA DR. FAZ TUDO REVISTA | revistaedificar.com.br 51 52 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 53 economia Aluguel de áreas MOMENTO ECONÔMICO ESTIMULA CONSTRUÇÃO EM TERRENO ALUGADO, COMO ALTERNATIVA PARA NÃO COMPROMETER TODO O CAPITAL NA IMPLANTAÇÃO DO INVESTIMENTO [ POR NANÁ GARCEZ ] As empresas imobiliárias já perceberam que há uma procura maior por aluguel de áreas, na Paraíba. Esse movimento decorre da expansão da atividade econômica. Em João Pessoa, por exemplo, nos bairros de Manaíra, Bessa, e em trechos da BR-230 entre a capital e a cidade de Cabedelo, tem havido procura por negócios dessa natureza. Também há ofertas de terrenos em Tambaú e na via de acesso entre os bairro de José Américo e Mangabeira. Segundo Gilvandro Guedes, em geral, são terrenos maiores, que permitem abrigar lojas, depósitos, agências bancárias e, também, espaços para movimentar grandes equipamentos. “Nesses casos, o objetivo é não comprometer todo o capital de giro da empresa com a aquisição do terreno 54 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 e mais a construção. Então, se faz um contrato com regras claras, com todas as garantias”, explica. Ele acrescenta que, em geral, o aluguel do terreno fica num valor bem inferior ao da locação de um imóvel do mesmo porte, ou seja, é possível pagar R$ 5.000,00 pela área, enquanto que se fosse alugar um galpão ou loja já construídos, o valor poderia chegar a R$ 15.000,00. Gilvandro Guedes garantiu que não há riscos para o proprietário da área de perder o terreno, pois, para isso existe o contrato. Além disso, há uma valorização por que ali passa a ter um ambiente edificado. Outro aspecto neste tipo de negócio é o prazo que em geral varia de cinco a dez anos, ou até mais tempo podendo chegar a 20 anos, mas, tudo tem que estar no contrato, inclusive a cláusula de possibilidade de renovação. Em Campina, processo é semelhante Em Campina Grande, o processo igualmente vem ocorrendo, embora em ritmo mais lento. O corretor Érico Feitosa explica que é na área periférica central e nas imediações da Alça Sudoeste (onde tem a saída para o sertão) que têm ocorrido a maioria da demanda por essa modalidade de negócio imobiliário, por parte de grandes lojas, restaurantes e principalmente instituições financeiras. “Em geral são áreas de 1.000 m² a 10.000 m². Em alguns casos, a construção do empreendimento recebe financiamento e, com isso, a pessoa deixa o dinheiro que ia imobilizar para o próprio negócio e fica com duas parcelas: a do aluguel e a do financiamento”, para o proprietário do terreno, a vantagem é ter uma renda assegurada por prazos longos, além de ter o patrimônio aumentado com a incorporação do imóvel construído. REVISTA | revistaedificar.com.br 55 Mundo dos Negócios [email protected] Momentos de indecisão, novamente! J. Carvalho Neto é concessionário RENAULT (J.Carneiro), NISSAN (Carneiro Automotores) e SSAGYONG (CAR Prime), sendo o presidente da FENABRE, na Paraíba. Cursou Engenharia Civil e Administração de Empresas (na UFPB) e fez Processamento de Dados (ASPER) e Publicidade e Propaganda (IESP). A hora é de comprar, de aproveitar o benefício do governo, enquanto não se muda de opinião e até agosto está garantida a redução” 56 REVISTA Na atual época em que vivemos; que já se pode dizer de histórica, tudo começa em 2008. Sim, mais uma vez estamos falando da crise mundial, provocada pela quebra de grandes bancos americanos e rapidamente contamina toda a economia global. Governos atônitos tentam de tudo, gastam os tubos, e encontram resultados nem sempre animadores. Em resumo, levamos aproximadamente três anos para certo sopro de esperança pairar no ar, deixando a sensação de uma recuperação da economia mundial. Ledo engano, Grécia, Espanha, Irlanda e até mesmo Itália protagonizaram momentos que nos fizeram respirar fundo e desejar que chegasse logo uma nova manhã, trazendo novos ares e novas notícias. Na prática, ainda continuamos nesta etapa, pois a Grécia (ultimamente sempre ela) oscila entre permanecer ou não no bloco do Euro, com consequências gravíssimas para o Velho Continente, fato este que expiraria em praticamente todos os quatro cantos do planeta. Lá no Planalto, oscilamos entre altos e baixos, entre decisões acertadas e muitas desacertadas, mas, principalmente, andamos em passos indecisos. Não estamos falando exatamente da forma de como a presidente Dilma conduz o governo, mas, sim, do conteúdo pelo qual ela aplica nas decisões ligadas à economia, à carga tributária e nas estruturas que afetam impostos e custos Brasil em geral. Fica clara a falta de planejamento, se governa em espasmos, a cada sintoma de tosse, um xarope receitado às pressas pelo xamã de plantão, para cada pasta governamental envolvida. O código florestal é um grande exemplo de que se governa por medida provisória. Os desgastes das votações são enormes e temos um resultado desastroso, que desagrada a ambientalistas e a ruralistas. No caso do arrocho nos juros, a presidente ataca um dos grandes males da economia nacional. Ataca de frente, o | JUNHO/JULHO 2012 que é bom! Mas, passa por cima de um Banco Central independente, e até mesmo um Ministério da economia claudicante, o que, no fundo, é muito, muito ruim! E a gripe segue, e a tosse vem. Não adianta de nada acusar bancos de alta margem de lucro, se o governo não oferece nenhum instrumento real para baixar o Custo Brasil. Na prática, a cada anúncio que os juros vão baixar; algum setor da economia para, no aguardo do próximo anúncio de baixa de juros, que não deverá mais vir. Mas o consumidor não sabe disso, nem entende assim. Então, a medida que deveria ser um estímulo, se transforma em freio, por conta da indecisão. Chegamos a redução do IPI dos automóveis, que, já nos primeiros dias deixa claro que os efeitos desejados passaram longe do exemplo de 2008 e 2009; já que as famílias brasileiras estão bem mais endividadas. Basta analisar os altos índices de inadimplência, que sobem silenciosamente a cada mês. É um sinal ruim e no fundo, causa uma indecisão no mercado. Comprar ou não comprar um carro zero. Na minha humilde opinião, a hora é de comprar, de aproveitar o benefício do governo, enquanto não se muda de opinião e até agosto está garantida a redução. Não podemos esquecer a bravata dos combustíveis e da energia elétrica, uma é massa de manobra econômica eleitoreira e temos, hoje, no Brasil um preço controlado a fórceps pela Petrobrás, então, até a eleição gasolina não sobe. No caso da energia elétrica é mais complicado, já que o governo central e os estaduais são responsáveis por praticamente metade do preço da energia cobrada ao consumidor e empresas, aqui, nas terras tupiniquins. De que mesmo a presidente reclama, se o Governo Federal não faz a sua parte, continua no seu processo de gestão por espasmos, a indecisão continuam, e este mote não dá sinais que vai mudar. Chama o xamã da vez. Até a próxima. REVISTA | revistaedificar.com.br 57 meio ambiente e cidadania O destino do lixo [ POR CARLOS CÉSAR ] Os próximos dois anos serão de grandes desafios para o Brasil superar os entraves à sua nova política de destinação e tratamento corretos do lixo produzido em todos os seus 5.565 municípios. Depois de exatos 19 anos tramitando no Congresso Nacional, o país ganhou finalmente uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal 12.305 e regulamentado pelo Decreto Federal 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Essa nova política define claramente as atribuições e responsabilidades de governos, instituições, empresas, trabalhadores do setor e cidadãos para todas as etapas de implantação e consequente alcance dos objetivos e metas estabelecidos. São regras fixas para o descarte adequado de produtos duráveis, perecíveis e bens de consumo de forma geral, como eletroeletrônicos, embalagens e resíduos domésticos, de empresas de serviço, comércio e indústria. João Pessoa resolveu o problema muito antes da obrigação legal Na Paraíba, a capital João Pessoa resolveu quase uma década antes da obrigação legal vigente hoje o problema da destinação dos seus resíduos. A solução iniciou em 1997, quando a prefeitura retirou do lixão do Róger as famílias dos então catadores e lhes proporcionou moradia, alfabetização, capacitação, escola e creche. E foi concluída em agosto de 2003, quando o lixão foi 58 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 definitivamente fechado e o aterro sanitário da área metropolitana começou a operar. A imagem que abre esta reportagem é agora, felizmente, apenas um registro histórico feito pelo repórter fotográfico Olenildo Nascimento, à época em que centenas de famílias buscavam no lixão, de forma insalubre e degradante, a sua sobrevivência. CAMINHOS DISTINTOS LIXÃO: PARA ONDE VAI O LIXO BRASILEIRO: COLETA SELETIVA AINDA É INCIPIENTE Menos de 500 municípios brasileiros, cerca de 8% dos 5.565 que compõem a federação, tem sistema de coleta seletiva de lixo. aterros sanitários (53%) aterros controlados (23%) lixões (20%) compostagem e reciclagem (2%) outros destinos (2%) Trata-se da forma de disposição final de resíduos mais inadequada e poluidora, porque o solo não recebe qualquer preparação anterior. Não há tratamento do chorume, que penetra pela terra e contamina o lençol freático. Símbolo de chaga ambiental, é fonte de convívio entre insetos, animais, crianças e adultos. O Brasil tem mais de quatro mil espalhados em seu território e na grande maioria deles milhares de família, em condições insalubres e degradantes, ainda catam comida e materiais recicláveis para sobreviver. Ameaçada meta de acabar lixões até 2014 Estabeleceu-se, desde a regulamentação da lei, uma meta ousada: daqui a dois anos, em agosto de 2014, terão que estar fechados todos os lixões a céu aberto e será proibido despejar em aterros sanitários quaisquer tipos de resíduos passíveis de reciclagem e/ou reutilização. O tempo agora exíguo, a escassez de recursos, a lentidão do setor público, o pouco envolvimento do setor privado e da população, tornaram-se os maiores adversários dessa empreitada. A menos de três meses do fim de um primeiro prazo fixado no PNRS, estados e municípios sequer cumpriram até agora a primeira e importante etapa de todo esse processo: elaborar, até agosto próximo, seus planos integrados de gestão dos resíduos sólidos. Pela lei, os governos municipais e estaduais tiveram dois anos, a contar de agosto de 2010, para cumprir essa responsabilidade. Ao término deste primeiro semestre de 2012, apenas cerca de 300 municípios, isoladamente ou por consórcios, elaboraram seus planos. ATERRO CONTROLADO: Reduz parcialmente impactos ambientais, mas é nocivo a natureza porque os resíduos depositados no solo são apenas recobertos com terra ou entulho. Como a base do solo não é impermeabilizada, afeta a qualidade das águas subterrâneas. Gases e chorume produzidos não são tratados. ATERRO SANITÁRIO: Um dos métodos mais avançados e mais recomendados de disposição de resíduos no solo. Vantagens: evita a proliferação de insetos e propagação de doenças, pois o lixo é colocado em valas forradas, compactado diversas vezes e recoberto por uma camada de terra. Gases e chorume frutos da decomposição dos resíduos orgânicos são coletados e tratados para não contaminar lençóis freáticos. Foto Olenildo Nascimento com efeito “pixel raves - 300” Fonte: www.lixo.com.br REVISTA | revistaedificar.com.br 59 meio ambiente e cidadania Tecnologia e ações de longo prazo para garantir a remediação de áreas Especialista em gestão e gerenciamento de resíduos há mais de 20 anos, o engenheiro civil José Dantas reconhece como ambiciosa a meta de extinguir cerca de 4.200 lixões e aterros controlados até 2014. Mas, adverte que é necessário ir além porque cada área degradada dessas requer, após fechada, ao menos mais 10 anos de acompanhamento, de monitoramento ambiental para identificar possíveis contaminações de solo, água e ar. Na Europa, em alguns países, esse cuidado se estende por 30 anos à frente. As tecnologias tem um papel fundamental nesse processo, de acordo com o engenheiro, mas é preciso também aliar capacitação técnica, conhecimento e determinação política para que o acompanhamento exigido não sofra com descontinuidade. “Se não houver continuidade aí o dinheiro vai realmente pro lixo”, adverte. Outro aspecto importante, destacado por ele, é os planos de gestão também terem margem para ajustes a cada dois ou quatro anos. Detalhe: sem prejuízo das ações futuras de médio e longo prazos – entre 15 e 20 anos – que obrigatoriamente eles devem conter. Deixar para elaborá-los em cima da hora é prejudicial aos municípios porque as realidades são distintas, então as soluções são diferentes. Assim, não é nada recomendável adotar na elaboração dos planos de gestão integrada dos resíduos a “cômoda solução” do “control C – Control V” tão identificada em passado recente em muitos planos diretores de cidades pelo país afora. - A diferença em não copiar, a grande vantagem da nova lei, é que este plano agora contempla a participação concreta da sociedade, das empresas, dos governos, dos trabalhadores do setor e dos cidadãos, completa. Produção de lixo aumenta rápido e soluções não acompanham O Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, em sua edição mais atual, recém lançada com os dados consolidados de 2011, revela as dimensões do problema: a produção de lixo chega a ser duas vezes maior que os índices de crescimento populacional. Com um agravante: o ritmo de implementação das soluções técnicas e gerenciais permanece muito lento, à despeito das tecnologias e do conhecimento largamente disponíveis, hoje, para avanços mais significativos na destinação, tratamento e reaproveitamento dos resíduos. “Esse crescimento da produção de lixo ainda é surpreendente para os atuais níveis de desenvolvimento do país, e isso demonstra claramente que o poder aquisitivo da população aumentou. 60 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Consome-se mais, descarta-se mais lixo. O problema é o descarte inadequado, não temos ainda um padrão de consumo sustentável”, explicou Carlos Silva Filho , presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Púbica e Resíduos Especiais, entidade responsável pelo levantamento. De acordo com o estudo da Abrelpe, cada brasileiro já produz, em média, 1,2 kg de lixo por dia, quase metade disso ainda sem destinação correta. Aproximadamente 42% das 60 milhões de toneladas produzidas ano passado tiveram descarte inadequado em lixões ou aterros controlados, ambos com impacto nocivo ao meio ambiente. Outra conclusão: 60,5% dos municípios brasileiros deram destinação inadequada aos seus resíduos em 2011. É~ necessário ir além d0 fechamento e fazer o acompanhamento por dez anos JOSÉ DANTAS Engenheiro Civil DIMENSÃO DO PROBLEMA A RADIOGRAFIA DO DESCARTE INADEQUADO DO LIXO: 61% dos municípios brasileiros ainda descartam seus resíduos de forma inadequada, em lixões, ou nos chamados aterros controlados - que não recebem tratamento de chorume nem extração de gases 61,9 30 MILHÕES de toneladas de lixo/ano são produzidas no país MILHÕES de toneladas não tem destinação correta 6,4 MILHÕES de toneladas não foram coletadas em 2011, acabaram em rios e terrenos baldios porque o país ainda tem cerca de 7 milhões de residenciais sem serviço de coleta 12 % dos lares brasileiros ainda não contam com o serviço, apesar da expansão, na última década, da parcela de domicílios com coleta. REVISTA | revistaedificar.com.br 61 Wilson Martins - Agência Brasil meio ambiente e cidadania Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação dos Municípios, critica a União por não dar a contrapartida de recursos CNM critica aumento de atribuições sem o devido suporte às prefeituras Disponibilidade de recursos e estrutura de apoio, suporte para se cumprir o que estabelece a lei. São estes os dois pontos que a Confederação Nacional dos Municípios enfatiza como cruciais à implantação da nova política de resíduos sólidos no país. Para o presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, é imprescindível analisar o problema da destinação e tratamento do lixo numa perspectiva maior – a do saneamento básico e da vinculação com o plano diretor de cada cidade. Ele explica que os municípios brasileiros tem trabalhado seus planos diretores adequando-os a realidades mutantes, impostas por uma migração que nos últimos 50 anos transferiu grande parte da população rural do país para as cidades, gerando novas demandas. E exemplifica que só para universalizar o alcance dos principais eixos do saneamento – distribuição de água, tratamento de esgoto, destinação correta do lixo, e serviços de drenagem e proteção de encostas, são necessários R$ 450 bilhões. Juntos, os municípios arrecadam por ano R$ 180 bilhões, cerca de 15% do bolo da arrecadação nacional – R$ 1,3 trilhão. “Isto significa que nós precisaríamos de três anos de orçamento, eu disse três anos, sem fazer mais nada, apenas para cumprir o saneamento” frisa o presidente ao lembrar que o crescimento das demandas e o surgimento de novas atribuições e obrigações legais, como o cumprimento de pisos salariais de categorias profissionais, a exemplo dos professores e agentes de saúde, estão deixando as prefeituras mais “assoberbadas” e numa situação financeira de “estrangulamento total”. Padrões comparativos de geração de lixo: 250 mil toneladas de lixo são produzidas, diariamente, no Brasil O brasileiro produz, em média, 1,2 kg de resíduos 62 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 O europeu produz, em média, 1,2 kg de resíduos O americano produz, em media, 2,8 kg de resíduos É preciso, insiste ele, avaliar todo esse conjunto de situações antes de criar mais obrigações sem o necessário respaldo para cumpri-las. “É lógico que muita coisa depende de boas iniciativas e de gestão, mas sem dinheiro não se faz nada”, enfatiza Paulo Ziulkoski ao criticar o condicionamento, estabelecido no PNRS, da liberação de recursos da União à apresentação dos planos de gestão integradas dos resíduos sólidos. DESCONFIANÇA E POUCA VERBA Para ele, o baixo índice de execução orçamentária dos projetos que dependem de recursos federais corroeu a confiança e a paciência dos prefeitos. “A lei dos resíduos fixa a obrigatoriedade de elaboração dos planos de gerenciamento integrado até agosto próximo para os municípios poderem reivindicar recursos. Mas de onde? De quem? Do Orçamento Geral da União, basicamente? Ora, os prefeitos fazem projetos, mandam e assistem, impotentes, o baixo índice de execução orçamentária. Então o prefeito não acredita mais nisso. É só olhar o PAC, que todo mundo fala hoje, e tem 18% de execução orçamentária, mesmo sendo financiamento, não é investimento a fundo perdido”. A Confederação Nacional dos Municípios, reconhece e enaltece, , conforme seu presidente, a importância e os avanços que representa a vigência do plano nacional de resíduos, mas não aceita que as prefeituras, especialmente as pequenas e médias, sejam “tomadas por Cristo” durante a implantação dessa nova política. - Não adianta o Congresso escrever as leis e dizer aos gestores: olha, o filho nasceu, agora tome e eduque. Não adianta entidades e instituições, que estão no seu papel, só cobrarem: tem que implantar, porque tá na lei! É necessário, mais do que isto , unir esforços, participar desde o principio, discutir as leis com que faz as leis para identificar os recursos, para lutar e buscar o dinheiro de fazer aquilo que a lei estabelece. É assim que deve ser, adverte. REVISTA | revistaedificar.com.br 63 meio ambiente e cidadania Composição do lixo no Brasil O QUE É LOGÍSTICA REVERSA? Matéria Orgânica CONSUMIDOR Outros É um conjunto de procedimentos e ações práticas que objetiva facilitar a coleta de resíduos sólidos, a permitir que retornem àqueles que os produziram para serem tratados ou reaproveitados em novos produtos (como insumos, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos), e a estimular a não geração de rejeitos. É peça chave para a nova política ter êxito. Sua principal responsabilidade será acondicionar de forma adequada e diferenciada o lixo que produz em casa. Após o uso de produtos passíveis de reciclagem ou reaproveitamento deve disponibilizá-los adequadamente para coleta pelos serviços de limpeza urbana ou, quando for o caso, usar os postos de coleta dos resíduos reversos. 16,7% 31,9% 51,4% SETOR PÚBLICO Recicláveis Fonte Abrelpe - Plano Nacional de Resíduos Sólidos - Versão pós Audiências e Consulta Pública para Conselhos Nacionais (Fevereiro 2012) Cidades terão que fazer consórcios para ter acesso a verbas federais O ministro das Cidades, o paraibano Agnaldo Ribeiro, assegura que apesar da premência temporal, o governo está atento ao marco regulatório sobre o destino do lixo no país e que os municípios receberão apoio. Segundo ele, os debates na esfera e organismos federais convergem sobre a melhor forma de assistir às prefeituras nessa questão. A modelagem de acesso aos recursos federais seguirá a lógica, conforme o ministro, da escala necessária (quantidade de lixo produzida) para viabilizar os empreendimentos. - Vamos trabalhar na maioria dos municípios sob a lógica do consórcio, porque para implantar aterro sanitário é preciso haver escala, e a conta do setor é de que com menos de 110 mil habitantes não se tem escala para viabilizar o investimento do aterro. Por isto é fundamental o agrupamento das cidades em consórcios, explica o ministro. Na Paraíba, apenas cinco municípios têm população acima de 100 mil habitantes. São, pela ordem, João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Patos e Bayeux. Com uma população urbana de 2,8 milhões de habitantes os 223 municípios paraibanos geram, juntos, 3.324 toneladas/dia de resíduos, das quais 2.660 são coletadas. A Capital, com 730 mil habitantes, produz 786,5 toneladas/ dia, com praticamente 100% de coleta e destinação correta para o aterro sanitário. Situação atual dos planos de gestão de resíduos nas capitais do Nordeste São Luiz (MA) Teresina (PI) Fortaleza (CE) Natal (RN) João Pessoa (PB) Recife (PE) Maceió (AL) Aracajú (SE) Salvador (BA) 64 REVISTA A LEI E AS OBRIGAÇÕES DE TODOS | JUNHO/JULHO 2012 Não tem Não tem Em elaboração Concluído Em elaboração Em licitação Não tem Não tem Em elaboração A responsabilidade é conjunta, envolve todas as esferas de poder – municipal, estadual e federal. Seu papel é promover, de forma articulada e mediante parcerias com a iniciativa privada, os investimentos necessários em infraestrutura e tecnologia para o tratamento do lixo. Deve articular com os geradores de resíduos, a estrutura necessária que vai assegurar o fluxo de retorno, disponibilizar postos de coleta e investir massiva e continuamente na educação ambiental da população. INDÚSTRIAS Obrigam-se a adotar a chamada logística reversa. Geradores de resíduos são responsáveis pelo que produzem, portanto devem recolher suas embalagens após o uso. E devem, pela nova lei, cuidar desde as etapas de acondicionamento dos resíduos, à disponibilização para coleta, a coleta em si, o tratamento, até o reaproveitamento dos rejeitos para nova produção ou o descarte final ambientalmente adequado. Depois de usados , itens como pilhas, baterias, pneus, lâmpadas, óleos lubrificantes e eletroeletrônicos devem retornar para as empresas, que darão a destinação ambiental adequada. COMÉRCIO/DISTRIBUIDORES O comércio em geral – supermercados, shoppings, lojas e todo pequeno varejo tem que adotar mecanismos para recolhimento de embalagens e resíduos para devolvê-los aos distribuidores e fabricantes. A Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores está recomendando às suas 3.345 empresas filiadas que se organizem para “colaboração proporcional” ao papel que cada uma desempenha nessa cadeia. Jacyara Aires Dicas de como ajudar a diminuir a produção de lixo Procure por produtos com embalagens recicláveis e também escolha, entre similares, aquele que vier com menos embalagens; Prefira garrafas retornáveis às descartáveis; Opte por eletrodomésticos com garantia de maior durabilidade; Calibre regularmente os pneus do carro, isto prolonga a vida útil deles; Prefira as lâmpadas fluorescentes, pois são mais duráveis; Sem virar um “ecochato”, explique em casa e no trabalho que é importante separar resíduos recicláveis e reduzir a quantidade de lixo. FALTA CONTROLE SOBRE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO A expansão do mercado imobiliário no país, conforme o levantamento da Abrelpe , tem feito crescer, ano após ano, a quantidade de resíduos de construção e demolição – chamados de RCD. Porém, não há controle do volume gerado nas obras e menos ainda um indicativo do nível de reaproveitamento, em larga escala, desse material. O que se sabe é que os municípios coletaram mais de 33 milhões de toneladas em 2011, um aumento de 7,2% em relação a 2010. A quantidade é expressiva, e para os especialistas só ratifica a situação já evidenciada em anos anteriores, no boom de crescimento do setor, e por isto demanda atenção especial dos municípios na gestão desses resíduos. Para os técnicos no assunto, as quantidades reais são ainda maiores, já que a responsabilidade para com os RCD é dos respectivos geradores, que nem sempre informam às autoridades os volumes de resíduos sob sua gestão. Para o senador Cicero Lucena, quem ainda não elaborou seus planos precisa correr porque o prazo está se esgotando Relator prega envolvimento de todos para país alcançar objetivos do plano - A destinação correta do lixo produzido no Brasil terá pleno êxito quando houver, na prática, a participação da população, de cada cidadão – rico e pobre, jovens, idosos e crianças. Sem contrapartida de envolvimento da sociedade, das comunidades e das famílias resultará em vão todo esforço para conseguir equacionar o problema do destino e do tratamento do lixo no país. Esse é entendimento do senador Cícero Lucena, que atuou como relator do Plano Nacional de Resíduos Sólidos e mantém a convicção de que é necessário estimular à exaustão uma nova postura de toda sociedade na relação com o lixo produzido por todos. Serão esse espírito de cooperação, o empenho coletivo, que na sua opinião tornarão exitosa a Política Nacional de Resíduos Sólidos Cícero considera que a nova legislação desencadeou uma “verdadeira revolução” no país, pela importância e desdobramentos econômico, social e ambiental, a começar pela decretação do fim dos lixões até 2014. No entanto, manifesta apreensão quanto ao ritmo de cumprimento de algumas medidas e deliberações do PNRS, como o prazo de apresentação dos planos de gestão de resíduos Para agilizar essa etapa, ele propõe que o Governo Federal dê mais assistência, com liberação de recursos e apoio técnico na elaboração de projetos, às prefeituras com maiores dificuldades nesta área. “Mas os prefeitos e governadores que ainda não elaboraram seus planos precisam colocar mãos à obra, pois o prazo está se esgotando rapidamente”. O momento, defende Cícero, é de unir esforços: poder público elaborando os planos de gestão e criando consórcios intermunicipais; empresas e indústrias participando mais ativamente na gestão correta e na destinação adequadas das embalagens e resíduos dos produtos que fabricam; os trabalhadores engajados, recebendo formação adequada para líder com materiais recicláveis; e, especialmente, a participação efetiva do cidadão brasileiro. E para que se alcance esse nível de envolvimento é indispensável, enfatiza o senador, que aconteça a divulgação massiva, por todo o país e com a maior ênfase e objetividade possíveis, de tudo que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos. REVISTA | revistaedificar.com.br 65 66 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 67 ESPECIAL TROFÉU D&A 2012 Na noite do dia 01 de junho, durante a festa VIVA! Celebre a Vida em Ibiza, este editor homenageou e premiou com o Troféu D&A 2012 – O Oscar da Arquitetura e Decoração Paraibana, profissionais da arquitetura e decoração, além de lojas e empresas da área imobiliária e da construção civil. Foi uma noite de celebração do sucesso da D&A, a revista eletrônica e o caderno impresso encartado no Jornal Correio da Paraíba que inspiraram o surgimento do troféu. Confira os vencedores e homenageados no evento: Massai Na área da construção civil a grande homenageada com o Troféu D&A 2012 foi a Massai Construções, comandada pelos sócios Guy Porto, José Herbert Rocha e o próprio Allyson Dênnis. Em seus 15 anos de existência a Massai se consolidou como referência de qualidade no setor da construção civil na Paraína e Rio Grande do Norte, agregando ao seu dia-a-dia uma filosofia de cunho social. Grupos de Arquitetura Os três grupos de arquitetura da cidade: Arqdesign, Circuito AD e Galpão Club, representados respectivamente por Douglas Monteiro, Roberto Honorato e Christiane Vitalino. Os grupos, cada um com as suas particularidades de ações, movimentam e valorizam o trabalhos dos profissionais arquitetos , decoradores, designers de interiores e as muitas lojas e empresas associadas a eles e que fazem parte do segmento de arquitetura e decoração do estado. Loja de Decoração KAZA Presentes e Decorações, representada pela empresária Flávia Córdula e que ao lado da irmã Patrícia Ribeiro, inovaram na decoração com a abertura de um espaço repleto de muito bom gosto, com objetos e peças exclusivas nacionais e importadas. Liga Imobiliária E ainda no segmento imobiliário, outra grande empresa que recebeu o Troféu D&A 2012 foi a Liga Imobiliária, grupo formado pelas empresas D`Valor Imóveis, Invista Imóveis e Century 21. A Liga provou que q união faz a força e resulta em muito mais qualidade e opções de serviços para seus clientes. 68 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Mundo das Tintas e Tintas Coral Fundada há 32 anos por Cleanto de Miranda Freire, cuja administração segue firme pelos filhos Cley e Tatiana Miranda, a loja Mundo das Tintas recebeu, das mãos da primeira dama Pamela Bório, o Trofeu D&A pelo pioneirismo na cidade no segmento de tintas, primando pela qualidade, credibilidade, atendimento e investindo sempre no que há de mais moderno no setor. As Tintas Coral também recebeu o Troféu D&A 2012 pela iniciativa do projeto “Tudo de Cor Para Você”, que vem promovendo uma verdadeira transformação por onde passa, preservando prédios históricos e comprovando que as cores têm poder de mudar a vida e o lugar onde vivemos. Navarro Investimentos Profissional Revelação Na categoria profissional revelação venceu a dupla de arquitetas Kaline Tomé e Anna Raquel Guedes, jovens profissionais que estão se destacando no mercado com seus projetos modernos, atuais e de muito bom gosto. Na área imobiliária o Troféu D&A 2012 foi entregue a Navarro Investimentos, para a empresária Betânia Navarro, mulher de visão empreendedora e que está presente há mais de 14 anos no mercado potiguar onde é líder no segmento imobiliário. Com seu empreendedorismo, ampliou seus domínios e inaugurou em João Pessoa sua filial e recentemente sua sede de negócios voltada para empreendimentos de alto padrão. Melhor Projeto de Interiores e Projeto Destaque Melhor Projeto Arquitetônico Nesta categoria venceu a arquiteta Allysandra Delmas, pela sua moderna conceituação no desenvolvimento de seus trabalhos. A profissional é antenada com as tendências nacionais e mundiais de arquitetura e design, colocando em prática essas informações de forma criativa, resultando em projetos com riqueza de formas, textura e cores. A arquiteta Bethânia Tejo foi a vencedora nestas duas categorias. Bastante aplaudida, ela recebeu o Troféu D&A 2012 por seu estilo único e inovador, imprimindo sua marca na arquitetura e decoração paraibana, conquistando ao longo dos anos uma carreira sólida e o respeito e admiração de seus clientes e também dos próprios profissionais da área. Menção Honrosa E fechando a sequência de entregas do Troféu D&A 2012, a Menção Honrosa foi entregue a arquiteta e urbanista Cristina Evelise, pelo seu trabalho em prol e defesa da arquitetura paraibana. Cristina é presidente do CAU-PB (Conselho de Arquitetura e Urbanismo - Paraíba), Conselheira Superior do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil – Dpto.Paraíba) e exerce outras funções ligadas diretamente a nossa arquitetura. REVISTA | revistaedificar.com.br 69 Arquivo pessoal impressões da arquitetura Ambientes de 70 som e imagem REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 [ POR ALINNE SIMÕES ] Augusto Pessoa Ter em sua própria residência um local que proporcione conforto, segurança, lazer e diversão, além de independência profissional têm levado cada vez mais as pessoas a pedirem que os arquitetos incluam nos seus projetos ambientes de áudio e vídeo, como: home theater, home estúdio ou mesmo um cinema exclusivo para deleite de poucos. Nos novos condomínios com conceito de residence club, o home teather é um espaço coletivo que integra os projetos. O público é bastante variado. O que se percebe é que quem busca montar um ambiente desses em casa são pessoas que gostam de música e cinema, de reunir amigos, bem como, pais preocupados com a segurança dos filhos. É o que confirma o empresário Rossano Lyra Lucena, da Hi-Fi Home Theater, loja especializada em instalação e programação desse item. “Os pais estão preocupados com a violência nas ruas e tendo em casa um ambiente convidativo com cinema, ele pode trazer os filhos para dentro de casa e monitorá-los melhor. Oferece conforto para a própria família”. TV OU TELA? O telão deve ser usado mais a noite, já que não tem a mesma potência de luz da TV, mas se tiver em um ambiente onde se pode controlar a luminosidade o telão é a melhor opção, pois, como usa projeção, reproduz um ambiente de cinema. VOCÊ SABIA? ESPAÇOS COMO CINEMA, ESTÚDIO, HOME THEATER E TEATRO TÊM TRATAMENTO ACÚSTICO, CONFORTO, BELEZA E MUITA TECNOLOGIA As antigas mesas de som podem ser utilizadas como conversor para pegar o sinal analógico e digitalizar. O que se percebe é que quem busca montar um ambiente desses em casa são pessoas que gostam de música e cinema, de reunir amigos, bem como, pais preocupados com a segurança dos filhos.” ROSSANO LYRA LUCENA Função REVISTA | revistaedificar.com.br 71 Augusto Pessoa impressões da arquitetura Automatização: todos os comandos no tablet MAURÍCIO CALDAS Empresário SOM Augusto Pessoa Teto de gesso acartonado permite absorção e isolamento acústico Geralmente, no caso de home theater, há uma procura maior por parte das pessoas que estão fazendo uma casa nova, ou se mudando para apartamento, ou, ainda, reformando o imóvel próprio. Um bom exemplo é o de um prédio de luxo que ainda está em fase de construção no Bairro do Altiplano, em João Pessoa, mas no qual alguns proprietários que fecharam com a empresa Di Cinema. “Nós fizemos toda automação na área comum do prédio e já temos mais de cinco clientes, que vão fazer home theater”, afirma o empresário Maurício Caldas. Quando o projeto possui automação é preciso recorrer à interferência de uma empresa especializada que vai fazer a instalação do equipamento e a programação de todos os comandos em uma soft que necessita de licença para ser utilizado. “O programa é da empresa detentora dos equipamentos, a gente faz a programação dentro da plataforma deles”, afirma Rossano ao apontar as vantagens de se ter um home automatizado, que permite a integração de todos os equipamentos em um único ponto de comando que pode ser feito por meio de um controle digital, Iphone ou Smartphone, Ipad ou Tablet. Tudo está ligado a conforto, segurança e modernidade. Investir em uma coisa bonita, moderna e de qualidade” VALDER DE SOUZA Arquivo pessoal Arquiteto de automação 72 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Arquivo pessoal “Com automação, se faz o que quiser sem ter que estar andando dentro dos ambientes. Com um equipamento só, de qualquer ponto, você comanda o que quer, temporiza, se tiver câmera no local vê e comanda, pelo celular. Tudo está ligado a conforto, segurança e modernidade. Investir em uma coisa bonita, moderna e de qualidade”, afirma o arquiteto, Valder de Souza Filho, que é um dos responsáveis pelo projeto de automação de um sistema de home theater feito em um apartamento duplex de cobertura, na praia de Tambaú, considerado o mais completo em termos de equipamentos e automação, na cidade de João Pessoa. O arquiteto ao fazer um projeto para ambientação de home theater ou estúdio, entretanto, observam algumas exigências técnicas que devem ser levadas em conta, como distância que os aparelhos devem ficar das paredes, a que altura do chão, o afastamento ideal entre os equipamentos e os móveis (sofás e cadeiras), para que não ocasione desconforto visual. Portanto, para um ambiente confortável, agradável e de qualidade, a orientação profissional é fundamental. E, principalmente, em relação à acústica da sala, para ter uma boa absorção do som. Em estúdio de gravação, essa preocupação com a parte acústica é ainda maior, contudo, acontece que existam poucos profissionais que entendem do assunto. O empresário da Pindorama Studio, Tarcísio Almeida realizou, recentemente, uma reforma em seu ambiente de trabalho, onde faz gravações de DVDs, campanha publicitárias, jingles e outros produtos publicitários. Ele disse que a maior dificuldade que teve foi a de encontrar uma pessoa que tivesse noção do assunto e que pudesse fazer o que ele estava querendo. “Foi eu quem falou praticamente o que queria, estudei e disse como deveria ser”. Augusto Pessoa No living, vidraças mostram a iluminação da cidade e um teto solar feito com fibra ótica com mais de 1.000 pontos de estrelas TARCÍSIO ALMEIDA Empresário REVISTA | revistaedificar.com.br 73 impressões da arquitetura Equipamentos e sistemas para home theater Existem três tipos de sistemas para um home theater, o 5.1, o 7.1 e o 7.2, que estão ligados basicamente à quantidade de caixas de som e os efeitos que elas produzem. No sistema 5.1 há cinco canais para caixas de som comuns, que fazem a geração de sons médios e agudos, e um subwoofer para os sons graves. Da mesma forma no 7.1, sendo que neste há sete canais para caixas de som. O que diferencia o 7.1 do 7.2, é que neste último existem dois subwoofer. Os equipamentos que compõem um Home Theater são: caixas de som, projetor, tela e/ou TV, receiver (responsável por distribuir o som pelas caixas e receber o equipamentos), Blu- HOME THEATER Cada sistema de áudio e vídeo requer pelo menos 6 controles remoto, que podem ser substituído por um único ponto de comando com a automação. O pé direito vai ditar o tamanho ideal para tela. Em um pé direito de 2,30 m pode se instalar um telão de 92’ (polegadas). A tela não pode passar da caixa central, que deve estar com a parte superior a 90 cm do chão. Showroom da Hi-fi, com sistema de home theater 7.1 Em uma tela de 92’ pode colocar o sofá a uma distância de 2,5 m, que já dá para assistir com conforto. Todo equipamento precisa de 5 cm, para respirar, em cima e dos lados para não ter superaquecimento. Salas com muito vidro, granito, mármore, gesso não absorve som. Cada sistema requer, pelo menos, seis controles remotos ENTENDENDO O AUDIO DE SEU HOME THEATER Caixa central (sai os diálogos); Caixas frontais (saem os efeitos, a música e parte dos diálogos); Caixas surround (faz o som de envolvimento, por exemplo, um helicóptero, um tiro); Subwoofer (caixa de grave). Leva-se 3 ou 4 dias para instalar e programar um home theater, desde que que já esteja com os equipamentos. Não existe limite de orçamento para quem quer ter um sistema de áudio, vídeo e automação, vai depender do gosto do cliente, existem projetos básicos, médio e sofisticados. O showroom posssui um jogo de luz que cria cenários 74 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Augusto Pessoa ray, estabilizador de energia. Uma central de automação, Stand-Alone (gravador chamado DVR que vai gravar as câmeras que tiver na casa). Pode ter ainda um vídeo game, receptor de TV, elevador do projetor (lift). No caso de automação tem a programação da automação, um Tablet e/ou Iphone (Smartphone). Já para se montar um estúdio ou home estúdio, a pessoa precisa ter um ambiente com paredes não lineares devido à questão acústica, bem como, aplicar elementos que melhorem a absorção e isolamento do som (madeiras e colchões de ar), uma placa de som boa, um bom computador e microfones. REVISTA | revistaedificar.com.br 75 impressões da arquitetura CURIOSIDADE O piso do palco do Teatro Santa Roza é dividido em quartelada alta, média e baixa dando uma leve inclinação, permitindo que as pessoas que estão nas ultimas fileiras do teatro não tenham prejudicada a visão do espetáculo. Arquitetura e madeira utilizadas na construção fazem o Teatro Santa Roza ser reconhecido pela sua excelência acústica Augusto Pessoa Acústica: absorção e isolamento Portas ocas com isopor dentro, paredes duplas e espumas são fundamentais em um estúdio 76 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Já deu para percebeu que a questão acústica é um dos fatores principais dentro de um projeto de áudio e vídeo, afinal de que adianta ter um ambiente com equipamentos de alta qualidade se não conseguimos absorver os sons que saem desses aparelhos? Essa preocupação com a recepção dos sons é bastante perceptível, em locais como: teatros e casas de shows, onde o sucesso dos espetáculos vai depender também de como os diálogos, músicas ou falas chegarão à plateia e/ou público. Talvez você até conheça, mas não sabe que o Teatro Santa Roza, um dos mais antigos do Brasil, localizado no “coração” de João Pessoa tem uma das melhores acústicas do país.Tudo por causa da maneira como foi desenhado, no formato de um navio de cabeça para baixo, utilizando madeira de pinha de riga, reconhecida pelas suas propriedades acústicas. Em estúdios e home theater, o conforto acústico vai ser o responsável final pelo sucesso do projeto. No showroom da empresa Hi-Fi, por exemplo, Rossano Lyra nos contou que foram utilizados painéis de lã de vidro de uma polegada na parede (altura de 1,5 m) para segurar mais os graves e, para cima, foram utilizados elementos refletores (madeira) para não quebrar os agudos. Já no projeto do home theater do duplex em uma cobertura, localizado na praia de Tambaú, foi utilizado um teto de gesso acartonado furado com lã de rocha por cima. No novo estúdio da Pindorama, Tarcísio que passou por uma série de dificuldades com a falta de empresas especializadas no mercado, improvisou. “As paredes são duplas, tem espaço entre uma e outra de pelo menos 10 cm para fazer um colchão de ar e não ter vibração e nem ir som externo para dentro da sala. O tipo de colchão que utilizei foi o ‘colchão cirúrgico’, que é mais barato e fácil de encontrar no mercado. A espuma não pode ser lisa e sim ondulada para absorver melhor o som”. Já as paredes não são lineares, cada uma é de um tamanho diferente, para o som não ficar rebatendo. O teto do aquário (a parte onde as pessoas gravam) também não é linear. A porta é oca com isopor dentro. O vidro que separa a técnica do aquário é inclinado para que o som que bate nele reflita para o teto que irá absorver a onda fazendo com que ela não fique reverberando. E a madeira é usada para dar reflexão. REVISTA | revistaedificar.com.br 77 indicadores e vendas [email protected] João Pessoa, o poder da orla Fábio Henriques Tecnólogo em negócios imobiliários e corretor desde 1991. O mês de abril teve uma característica bastante interessante. Dos 27 bairros da capital que a nossa pesquisa obteve amostragens, encontramse 351 empreendimentos, 6.499 unidades ofertadas totalizando o valor de R$ 2.166.619.302,26. Deste total, foram negociadas 392 unidades habitacionais, somando um montante da ordem de R$ 128.526.470,82. Porém, a orla marítima de João Pessoa apresentou números extremamente surpreendentes. Composta por quatro bairros: Bessa, Manaíra, Tambaú e Cabo Branco, que conseguiram, juntos, com 134 empreendimentos representar 38% dos prédios em construção da cidade; e, ainda, vender 181 unidades, ou seja, 46% das unidades comercializadas no referido mês. No período, o faturamento chegou a R$ 72.093.688,13, que representarem 56% do volume vendido na cidade no referido mês. Estes números demonstram a força que a orla detém no mercado imobiliário, da capital, pois, além de muito bela, também é um porto seguro, tanto para morar como para investir. ANO 2012 OFERTAS VENDAS VGV VTV JANEIRO 6271 532 R$ 1.951.637.444,94 R$ 162.206.834,14 FEVEREIRO 6446 573 R$ 2.003.030.359,58 R$ 137.183.727,26 MARÇO 6620 504 R$ 2.116.732.423,72 R$ 140.127.568,06 ABRIL 6499 392 R$ 2.166.619.302,26 R$ 128.526.470,82 Fonte: Pesquisa de Mercado – Abril/2012 Campina Grande, um mercado em ebulição JAN/2012 FEV/2012 MAR/2012 ABR/2012 MAI/2012 R$ 772,47 R$ 792,04 R$ 788,77 R$791,88 R$793,00 Fonte: Sinduscon-JP 78 REVISTA Conforme anunciado na edição passada, começamos a medir o tamanho do mercado imobiliário de Campina Grande, segunda maior cidade da Paraíba. Ainda é cedo para se falar de números consolidados, porém, na primeira amostragem identificou em 18 bairros, 58 empreendimentos imobiliários, que somam 1.761 unidades habitacionais ofertadas e Velocidade Geral de Vendas (VGV) em torno de R$ 420.000.000,00. Estes números devem representar algo em torno de 60% a 70% dos empreendimentos em construção deste mercado. O bairro do Catolé | JUNHO/JULHO 2012 foi a área que apresentou maior adensamento de obras, com 17 empreendimentos que totalizaram VGV de R$ 118.805.060,01. Em segundo lugar ficou o bairro da Prata com oito empreendimentos com VGV de R$ 76.426.508,46, seguido pela área central, com sete empreendimentos e VGV de R$ 65.567.047,12. Nas próximas edições, haverá números mais detalhados para apresentar, pois neste momento, como a pesquisa é recente, existe o cuidado de não enfatizar mais detalhes para não se cometer o erro de informar números que não correspondam à realidade. REVISTA | revistaedificar.com.br 79 Sônia Belizário história da empresa Cone Construtora Nordeste, Marcos Lago é diretor administrativo e Reginaldo Chaves é diretor de produção, ambos são pessoenses genuinamente paraibana EMPRESA CHEGA AOS 15 ANOS DE FUNDAÇÃO COM ACERVO DE OBRAS PÚBLICAS, PRIVADAS, INCORPORAÇÕES E MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR [ POR NANÁ GARCEZ ] Arquivo pessoal A constituição da Cone Construtora Nordeste ocorreu em 30 de junho de 1997, mas a parceria profissional entre os empresários Marcos Lago e Reginaldo Chaves teve início antes, através do trabalho em obras terceirizadas. A sede é a mesma desde a fundação: “Um dia Marcos me chamou aqui para ver o local onde, no futuro, seria a nossa sede, ainda em construção, foi quando me perguntou: “Acha que o local serve para sede de uma empresa?” “Respondi que sim, mas, somente dois anos depois, aceitei a proposta de sociedade”, lembra Reginaldo. A entrega do condomínio horizontal será neste mês de junho, numa confraternização com os proprietários 80 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Os primeiros trabalhos foram conquistados em concorrências públicas da então Telpa e hoje Telemar, que, com a privatização expandiu a rede na Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Fernando de Noronha, com isso, atuaram em cerca 330 localidades. Essa foi uma parte da história. Houve a fase de construção de agências do Banco do Brasil em Remígio, Sousa e reforma de postos de pagamento (PAB). E, como um serviço puxa outro, a Cone recuperou as fachadas do Lyceu Paraibano, em 2002. Paralelamente, eles fizeram pequenas incorporações como um miniconjunto em Santa Rita e residenciais nos bairros de Jaguaribe e Bessa, além da recuperação de prédio sede da BIG TV, em João Pessoa. A estratégia de privilegiar o comércio local na compra de material, sempre que fosse possível trouxe vantagens como redução do custo com transportes. Houve outras conquistas como crédito na praça e uma rede de referências que serviam de suporte de uma cidade para outra. “Uma vez, em Sousa, compramos dois caminhões de cimento e brita. Falei para o fornecedor que ia pagar em tal dia. Na hora, não percebi que era uma Quartafeira de Cinzas, quando o banco abre apenas duas horas. Mas, no dia marcado, fiz o depósito. Então, liguei para ele informando que o crédito tinha sido feito, causando admiração pela pontualidade do pagamento, pois pensava que, por se tratar de um dia atípico, não haveria como fazêlo”, conta Marcos Lago. Novo perfil exigiu controle dos investimentos Em 2004, a empresa passou a trabalhar apenas com incorporação e fez o Alameda Rivera, composto de 48 unidades, em três blocos de 16 apartamentos. Foi uma operação especial: eles tinham o terreno, a Cooperativa de Habitação do Estado da Paraíba (COHEP) tinha o cadastro de clientes e a Caixa Econômica Federal na Paraíba fez, com a Cone Construtora, a primeira e única operação de Associativismo Habitacional, que financiava para um grupo de pessoas que aderia a um projeto empresarial. O residencial foi entregue em 2008. “No dia da assinatura dos primeiros 44 contratos passei o dia todo na Caixa e, à noite, recebi um telefonema do então superintendente Jorge Gurgel agradecendo pelo trabalho, pela paciência e perseverança, pois muitas empresas se interessavam pela linha de crédito, mas, pelas exigências e burocracia, terminavam desistindo. Ele ligou para mim e depois para Marcos. Foi um reconhecimento importante”, recorda Reginaldo. Este ano, eles iniciaram o Solaris e o Solar dos Ventos (no Geisel), com 40 unidades. No fim deste mês, está prevista a entrega do Condomínio Serra da Luz, situado em Guarabira, com 155 lotes, infraestrutura de lazer com piscina, salão de festas, quadra esportiva, campo, gás encanado e segurança 24 hs, trazendo novo estilo de moradia naquela cidade. A Cone esteve no Feirão de Imóveis de João Pessoa da Caixa Econômica Federal, com as últimas unidades do Alameda Mondrian Residence (entregue em abril passado) e do Serra da Luz Residence Privê; e fez o pré lançamento do Alameda Monet Residence, que terá 148 unidades. “Quando a empresa realizava obras públicas tinha um fluxo de caixa bem tranquilo. Encerrada a medição das obras, a nota era emitida e o crédito não demorava a ser liberado. Mas, no sistema de incorporação, o processo era diferente, pois, o financiamento imobiliário não era tão fácil como nos dias atuais. A empresa bancava o empreendimento, aguardando a velocidade de vendas e buscava agilizar a negociação das unidades, com plantões, visitas às repartições públicas”, explica Marco Lago. A postura era de sair em busca do cliente. Viagens permitiram a prospecção de negócios Os contratos públicos levavam os construtores para muitas localidades e eles prospectavam oportunidades. Assim, foi adquirida uma área com uma reserva hídrica, em Patos para ser um cemitério parque. As exigências em relação à preservação da água levaram à desistência do projeto e repasse da área. Em Fernando de Noronha, se pensou numa pousada, mas, a norma local de se associar a um ilhéu inviabilizou a empreitada. O acaso que os levou ao maior empreendimento da empresa. Ao abastecer o veículo em Guarabira, durante viagem, Reginaldo percebeu uma área ampla e procurou saber a quem pertencia. O proprietário era Ivanildo Coutinho, da Guaraves. O terreno tinha 5,7 hectares. A ideia era fazer casas pelo Programa de Arrendamento Residencial (PAR). Ao se incorporar o terreno vizinho, a área ficou em 12 hectares e se evoluiu para condomínio Serra da Luz, projetado pelo arquiteto Expedito Arruda. Porém, pontua Marcos: “Não fizemos o Serra da Luz apenas no achismo, buscamos profissionalismo, empreendemos mediante pesquisa qualitativa e quantitativa de mercado da região”. Ao mudar de obras públicas para incorporação, a cautela pesou. “Caminhamos com passos curtos mais firmes. Temos cuidado no controle no fluxo de caixa e em fazer provisões”, enfatizam os sócios, que para superar os momentos difíceis tiveram e têm “fé em Deus, perseverança, trabalho e amizade, porque as relações humanas são testadas principalmente nas crises”. O primeiro residencial foi construído no bairro de Jaguaribe Gestão da empresa, parcerias e qualidade Hoje, a gestão empresarial da Cone é composta pelos sócios, foi constituído um Conselho onde as decisões são tomadas e definidas as atribuições de cada um: Marcos Lago responde pelo administrativo / financeiro; Reginaldo Chaves, pelo planejamento e produção e, ambos, pela responsabilidade técnica. Com a globalização e a chegada de outras corporações em João Pessoa, estimulou-se a criação de parcerias com empresas locais, para preservar os espaços já conquistados. Eles chamaram os profissionais: Giovany Andrade (arquiteto que assina os novos projetos), José Ermando (engº calculista), profº Laudelino (que faz projeto de instalações), DPI Climatização e Gás e o engº Luiz Virgínio, entre outros. Agora, o grupo possui seis empresas ligadas à construção civil. Os empresários citam, com muito orgulho, a conquista da certificação ISO 9001, “pois qualidade é um conjunto de ações integradas que culminam em resultados padronizados e satisfatórios, para tanto destacamos a importância e engajamento de toda a equipe de trabalho”, reconhece Reginaldo, que frisa: “não devemos ser apenas empresários, mas colaboradores de um processo”. Já Marcos destaca o slogan: “Cone: construindo a marca do seu imóvel”. REVISTA | revistaedificar.com.br 81 meu projeto Por Janine Holmes e Paulo Peregrino Residencial Liège Implantado em terreno com 4.221,09m², o Residencial Liège, se propõe ser o primeiro smart building residencial do Altiplano Cabo Branco. A premissa principal do projeto foi que a projeção da torre no terreno deveria ocupar o mínimo possível deste, ofertando ao morador extensa área de lazer, contemplação e descanso, através dos mais de 40 itens distribuídos de forma a receber ventilação frequente e permitir o uso confortável, relativamente, à incidência dos raios solares. Com taxa de ocupação de apenas 8,16% da área, que representa menos de 50% da permitida pela norma vigente naquele bairro, e a opção de locar apenas uma torre no lote, surge o edifício com 55 pavimentos, sendo três destinados ao estacionamento, um de pilotis, um de mezanino, 49 pavimentos tipo e o da casa de máquinas. A implantação rotacionada do prédio em relação às ruas do entorno imediato dá maior proteção da insolação vinda do poente” 82 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Janine Holmes é graduada em Arquitetura e Urbanismo (2000), com Mestrado em Engenharia Urbana e Ambiental (2007), pela UFPB. Paulo Peregrino é formado em Arquitetura e Urbanismo (1990), com Mestrado em Engenharia Urbana e Ambiental (2005), também pela UFPB. Faz doutorado em Engenharia Civil, na UFGRS. As unidades têm programas diferenciados capazes de atender confortavelmente aos mais variados perfis das famílias e se contrapõem à ideia tradicional de que o termo “alto padrão” seria relacionado com a área útil da unidade habitacional. O Liège prova o contrário, trazendo unidades de conceito atual, com tecnologia, segurança, conforto e qualidade de acabamento encontrado em edifícios de “alto padrão”. A opção pela edificação mais vertical conduz aos afastamentos bem maiores do que os exigidos pela legislação e proporciona mais privacidade ao edifício, facilitando o escoamento dos ventos nos adensamentos urbanos, para minimizar o uso de condicionamento de ar artificial e reduzir significativamente o consumo de energia. Os ambientes de permanência prolongada são voltados para o quadrante com maior percentual de incidência de ventos, de acordo com o atlas de vento de João Pessoa. O pavimento tipo do residencial possui circulações comuns mais confortáveis, com dimensões acima das exigidas pelas normas, visando o conforto e a segurança dos usuários. Eles possuem duas varandas técnicas destinadas à instalação das unidades condensadoras para aparelhos de ar condicionado tipo split. Serão seis elevadores - quatro sociais, um de serviço e um de emergência, com dimensões para transporte de maca. A distribuição foi pensada para que os usuários tenham deslocamentos horizontais equidistantes para acessá-los, estando os sociais distribuídos em dois grupos de dois elevadores, atendendo cada conjunto a duas unidades por andar, mas com o acesso a qualquer um dos grupos. A implantação rotacionada do prédio em relação às ruas do entorno imediato dá maior proteção da insolação vinda do poente já que as circulações comuns, circulações verticais e áreas técnicas formam uma barreira de proteção contra os raios solares incidentes da direção oeste. Buscou-se, com soluções projetuais, o racionamento de energia, pela mínima necessidade do uso de aparelhos de ar condicionado ou de lâmpadas acesas durante o dia, fato comum nas edificações. A taxa de solo natural permeável de 764,39 m² é duas vezes a exigida pela norma e pode contribuir para a diminuição de alagamentos e enchentes urbanas, bem como aumenta a umidade relativa do ar e proporciona um microclima mais agradável. REVISTA | revistaedificar.com.br 83 ambiente especializado Por Giovanni Lyra O pé direito de seis metros torna o prédio imponente e o estacionamento terá 500 vagas Palm Shopping Giovanni Lyra arquiteto (Unipê) e designer (UFPB), com projetos de edifícios residenciais multifamiliares, comerciais, de grande e pequeno porte, além de projetos residenciais e interiores. Com escritório em Campina Grande desde 2007, atua em toda Paraíba e outros estados. 84 REVISTA Projeto arquitetônico de primeiro mundo o Palm Shopping traz uma alternativa, que coroa a nova fase de crescimento da cidade de Campina Grande. Moderno, sofisticado e com soluções pautadas em uma arquitetura com conceitos sustentáveis, que unem aspectos sociais, econômicos e ecológicos. O novo shopping será localizado numa área central cercado de grandes empreendimentos. O local privilegiado - a antiga Escola Sta. Bernadete - proporcionou um retrofit de parte do edifício existente e a revitalização de praças e ruas ao seu redor, além de expandir a área central da cidade para a zona norte e oeste, colaborando para o aumento da qualidade de vida da população e melhorando a infraestrutura local. No projeto, o shopping traz inovações tecnológicas como sistemas integrados de economia que unem equipamentos para reaproveitamento de 80% da água, de redução no gasto energético e refrigeração de baixo consumo. Além de sistemas construtivos modernos com o uso do aço, coberturas termoacústicas, divisórias e paredes em drywall, sistemas de isolamento acústicos e iluminação natural. Esteticamente, empreendimento apresenta visual limpo, moderno e agradável, em especial, | JUNHO/JULHO 2012 em seu interior, que tem novidades surpreendentes como um pavimento diferenciado e elaborado exclusivamente para as mulheres. O shopping também privilegia as empresas e mão de obra da região, estimulando e atraindo investimentos para cidade, é mais que um novo centro comercial é um espaço inovador não só reservado para o lazer, entretenimento e qualidade de vida, mas para a geração de grandes oportunidades de negócios. Serão cinco pavimentos em sua primeira fase com uma ABL (Área Bruta Locável) de 13.000m², 03 lojas âncoras, 04 semiâncoras, 80 lojas, 04 salas de cinema (sendo 02 salas 3D), Kidsplay, praças de alimentação e de eventos, elevadores panorâmicos, escadas rolantes e estacionamento coberto. O projeto contempla uma ampliação que conta com um edifício corporativo com seis pavimentos e outros atrativos além da facilidade de acesso pela Av. João Suassuna, importante via comercial no centro da cidade. REVISTA | revistaedificar.com.br 85 minha obra Por Argemiro Brito Franca Memorial à Santa Rita de Cássia Argemiro Brito Franca é engenheiro civil calculista estrutural, especialista em concreto armado e estruturas metálicas, fundações, patologia das estruturas, recuperação estrutural de obras e fundações, professor de Cálculo Estrutural da UFPB e diretor da Escala Escritório de Cálculos Estruturais Ltda. A concepção e execução das fundações foram de fundamental importância para garantir a estabilidade da edificação” 86 REVISTA É um verdadeiro poema de pedras, que transcenderá a muitas gerações. É como vemos o Memorial à Santa Rita de Cássia, no município de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, distante 100 km da capital. A ideia e sua concepção resultaram do amálgama que foi colocado num único cadinho, materializando a visão futurista do prefeito do município; o espírito humanista e religioso do pároco da cidade; a sensibilidade artística do arquiteto/escultor Alexandre Azedo; e os trabalhos técnicos / científicos dos engenheiros calculista e construtor, irmanados num mesmo ideal. Também contou a experiência da construtora Agaspar S.A. O Memorial à Santa Rita de Cássia encontrase localizada no Monte Carmelo e está completando dois anos, pois foi inaugurado em 26 de junho 2010. A estátua possui uma ossatura interna e um manto exterior com a diminuta espessura de 08 cm, que lhe dá forma humana; constituindo uma só unidade estrutural que equilibra harmoniosamente todo o conjunto. O binômio estátua/estrutura é formado de diversos materiais estruturais, notadamente o concreto armado. O resplendor (que pesa sete toneladas e possui nove metros de altura) e a palma foram construídos exclusivamente com tubos para diminuir a pressão de obstrução do vento, melhorando assim, substancialmente, a aerodinâmica dessas peças. E, por questões de manutenção e estética optou-se pelo aço inoxidável. No interior dos braços e das mãos da estátua existem treliças que foram executadas em aço de alta resistência mecânica e resistente à corrosão. Apesar do concurso de diversos materiais estruturais acoplados a um único sistema estrutural, tudo funcionou em perfeita harmonia. | JUNHO/JULHO 2012 Com mais de duas mil toneladas, a edificação erguida no cume do morro, é fustigada por ventos fortes e elevadas intempéries A concepção e execução das fundações foram de fundamental importância para garantir a estabilidade da edificação. Como engenheiro autor do projeto estrutural ressalto que foram enfrentados inúmeros desafios relacionados com a diminuta área para implantação da obra; a topografia, a heterogeneidade de solos com as rochas aflorando e parcialmente cobertas com fino manto de solo de acentuada inclinação. Também, no período invernoso com sérios riscos de deslizamento de encostas; Além do que, houve uso de explosivos com extrema prudência para não danificar a rocha de fundação, nem provocar impacto ambiental. Sintetizando, pode-se dizer que a Estátua de Santa Rita de Cássia com a imponência de seus 50m de altura é a maior estátua católica do mundo; sendo inclusive mais alta que a de Frei Damião, que a do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro e também que a Estátua da Liberdade, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Fazêla, foi uma obra atípica e desafiadora que exigiu muita cautela, experiência, visão e tato. REVISTA | revistaedificar.com.br 87 Sônia Belizário memóriaviva Com quase 70 anos e com a empresa novo endereço, José Marcolino agora se dedica inteiramente à construção civil Uma vida e muitos desafios O EMPRESÁRIO JOSÉ MARCOLINO DA SILVA CONCENTRA-SE, HOJE, NA MARCOLINO CONSTRUÇÕES. MAS, A TRAJETÓRIA COMEÇOU COM UM JIPE QUE SERVIA DE CARRO DE PRAÇA, EM CAJAZEIRAS [ POR NANÁ GARCEZ ] Foi no Sitio Serra da Arara, em Cajazeiras que nasceu José Marcolino da Silva. O filho de “seu Manú ” e “ Dona Mãezinha ”, fazia parte de uma família de 12 irmãos e viveu até os 18 anos como trabalhador da roça. Mas, movido pelo sentimento de busca de melhores condições de vida para ele e para família, como também, pelo espírito de aventura, seguiu para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como entregador de jornal e assistente de padeiro, chegando a gerenciar um pequeno negócio de uma família de portugueses. Com os recursos que conseguiu juntar em seis anos de trabalho árduo na capital 88 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 carioca, retornou à terra natal, se associando ao pai na compra de um jipe velho, iniciando uma nova fase na vida, como taxista. Nesta atividade, trabalhou por mais de oito anos, sendo conhecido pela disciplina, discrição e pontualidade. Nunca se contentou em ser mais um, sempre viveu procurou fazer o melhor em todas as ações. Nessa época, formou a própria família, casando com Bernadeth, uma mulher, que assim como ele, era diferente para o lugar e para a época, por era professora desde os 14 anos, lutava incansavelmente por condições mais dignas e maiores conhecimentos, aliados à retidão, honestidade. O casal teve três filhos: Delber, Welber e Delberlane. Dinheiro não é tudo. A família é base de tudo.” José Marcolino fará contrato de locação para um grupo nacional deste estabelecimento entre os Bancários e Mangabeira, em João Pessoa Em 1974, empregou o Opala novo e todo o restante das economias na compra de um Mercedes Benz 1113 usado, partindo para outra etapa de desafios: ser caminhoneiro. Depois de vários anos transportando cargas de fretes, resolveu adquirir uma carrada de madeira no Maranhão para ser vendida em João Pessoa, marcando o inicio de uma fase de grande mudança, pois se tornaria o negócio da família por quase três décadas (1983-2011). Foi assim que, em meados de 1983, iniciava o processo de distribuição de madeiras por José Marcolino, para vários dos maiores depósitos da grande João Pessoa. No final de 1988, visando atender ao mercado também no varejo, inaugurou a primeira loja, na avenida principal do bairro dos Bancários, pois já vislumbrava a expansão da Zona Sul da cidade. Depois foram abertas das lojas da Estrada de Cabedelo (às margens da BR-230), em 1993 e no bairro da Torre, em 1997. A esposa e os filhos sempre trabalharam com ele, potencializando os resultados dos negócios. No inicio do ano de 2000, contando com uma gestão familiar, porém moderna e profissional, resolveram expandir atividades, através da manutenção das lojas de varejo e do atacado, porém ingressando no segmento da construção civil. Esta estratégia previa uma migração paulatina do grupo para construção, ação que deveria se concretizar ao longo de 10 a 12 anos. Em 2004, já haviam sido entregues quatro empreendimentos de pequeno e médio porte, mas, a partir de 2005, com a percepção do crescimento mais acelerado do segmento em João Pessoa, partiu-se para um investimento de recursos e esforços no setor de forma mais consistente, lançando edificações de padrão mais elevado, como o Porto Dover, o Majestic Tambau, o Magnific Tambaú, Magnific Manaíra, Fantastic Blanc, Porto Livorno, Porto Milazzo, Kadesh e outros, fazendo valer o slogan “Sempre o imóvel certo para você”, já que o grupo busca oferecer imóveis de médio e alto luxo de diversas dimensões e formatações, apostando sempre em localizações valorizadas aliadas ao bom acabamento. De acordo com o planejamento do grupo, chegou-se ao final de 2011 com uma decisão minuciosamente traçada, que seria o encerramento das atividades da Marcolino Madeiras após 23 anos, para uma opção pela construção. Nesse contexto, baseado no planejamento das empresas e na união da família, o grupo Marcolino já totaliza 1000 unidades prontas e em construção. Neste ano de 2012 estão em andamento o Israel Flat; Fascinant Residence; Concept Residence; Ocean Cabo Branco; Mariah Residence; Porto Amalfi. REVISTA | revistaedificar.com.br 89 Na prateleira por Thamara Duarte [email protected] MOSTRA http://arquitetando-blog.blogspot.com.br No meio das construções, o cenário da Mata Atlântica 90 Na net O que têm em comum a japonesa Kazuyo Sejima, a iraquiana Zaha Hadid e a americana Gang Jeanne? E ainda: a francesa Julia Morgan e a inglesa Marion Mahony Griffin? Vivendo em épocas diferentes, em distantes partes do mundo, estas mulheres passaram à história como grandes e inovadoras arquitetas de seu tempo. Algumas não tiveram o talento reconhecido, pois estavam atreladas aos escritórios dos maridos, mas muitas foram as que imprimiram suas marcas em edificações que mudaram o contexto urbano das metrópoles. Quem acessar o blog da decoradora e arquiteta Anna Masiglía conhecerá um pouco da vida e das obras dessas pioneiras e contemporâneas artífices das cidades. O internauta poderá desfrutar de curiosidades levantadas pela blogueira, que aponta as cidades mais coloridas, num roteiro com dez destinos. Parte de Guanajuatu, no México, passa por Valparaíso, no Chile; e São Francisco, nos Estados Unidos, e chega à Cidade do Cabo, na África do Sul. Em todos os continentes, a cor forte das fachadas dá um tom, único e gracioso, ao conjunto de casarões, ruas e ruelas. REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 No silêncio da mata, se ouve o barulho dos bichos. Aves das mais diferentes espécies, pequenos répteis e insetos se misturam à exuberância das árvores centenárias, bromélias e orquídeas. O cenário da Mata Atlântica integra um dos biomas mais importantes da Terra. Contudo, a natureza vem sendo destruída pelo homem, restando, tão somente, cerca 1% da paisagem que encantou os portugueses, quando desembarcaram, em 1500, na terra brasilis. Até o dia 5 de julho, na Estação Ciência Cabo Branco, é possível “viajar” na biodiversidade, através das imagens captadas pela lente poética e a visão conceitual do biólogo Cláudio Almeida. Com 66 fotografias e 728 imagens que são projetadas no local, a exposição “Cenas da Mata Atlântica” mostra flagrantes de raríssima beleza. Também revela as agressões do homem e a importância do trabalho que vem sendo realizado pela Secretaria de Meio Ambiente do Município. Entre prédios e construções, inseridos na urbanidade da cidade, (ainda) resistem os bichos e as plantas da Mata Atlântica. Elementos da natureza, eles fazem de João Pessoa uma das cidades mais verdes do planeta. Em julho, RJ pode se tornar patrimônio mundial da Unesco Julho será o mês “D” para os cariocas... E, para todo brasileiro que ama a Cidade Maravilhosa! Até o final do mês, estarão reunidos em São Petersburgo, na Rússia, representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Em pauta: a concessão do título de patrimônio mundial da Unesco à cidade do Rio de Janeiro. A decisão será tomada por representantes diplomáticos, com poder de voto na Convenção do Patrimônio Mundial, de universidades, formadores de opinião, jornalistas e instituições de preservação de 21 países. No Brasil, são considerados como patrimônio da Unesco 18 sítios históricos. Entre eles, Brasília, as reservas naturais de Fernando de Noronha e o Centro Histórico de Salvador. No caso do Rio de Janeiro, será a primeira vez que o julgamento do Comitê da Unesco levará em conta o conceito de paisagem cultural, criado em 1992, pela própria ONU. A ideia é preservar o rico acervo carioca – natural e edificado – e impedir que as futuras especulações imobiliárias mudem a paisagem que encanta o mundo. O Pão de Açúcar, o Aterro do Flamengo, a Praia de Copacabana, a Floresta da Tijuca, o Jardim Botânico estão na memória afetiva de brasileiros e estrangeiros e na canção de Gilberto Gil: “O Rio de Janeiro continua lindo...”. CONFERÊNCIA Cidades, Nações e Regiões na História do Planejamento. Esse é o tema da 15ª. Conferência da Sociedade de História do Planejamento, que acontecerá em São Paulo, entre os dias 15 e 18 de julho. Na maior cidade da América Latina estarão reunidos arquitetos e urbanistas do Brasil e de outros países com o objetivo de traçar novos paradigmas para o problema do crescimento – na maioria das vezes desordenado – das grandes cidades. A língua oficial do encontro será o inglês. Em destaque a questão patrimonial: o olhar sobre as cidades, como representação simbólica de uma nação. REVISTA | revistaedificar.com.br 91 Sônia Belizário nooutroandar A aquarela do frontispício do Mosteiro de São Bento, na Gen. Osório, em João Pessoa, iniciou a série Relicário Franciscano O traço e a pintura de Sóter Carreiro NAS AQUARELAS, O DETALHISMO DA REPRODUÇÃO DOS MONUMENTOS ARQUITETÔNICOS E O ENCANTO PELOS RECANTOS HISTÓRICOS [ POR NANÁ GARCEZ ] A perspectiva em aquarela foi uma opção do empresário 92 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Ele está de casa nova, aliás, não é tão nova assim: um dos mais importantes aquarelistas do Brasil, o artista plástico Sóter Carreiro de Araújo Júnior, mora no Largo São Pedro Gonçalves, o coração do Centro Histórico de João Pessoa, vizinho à casa em que vivia. O imóvel com grandes lustres antigos, móveis de madeira maciça, salas amplas, varanda, jardim, agora, serve de residência, abriga o atelier e em breve também terá um café. O arquiteto reconhecido nacional e internacionalmente pelas aquarelas de monumentos históricos declarase apaixonado por João Pessoa, cidade aonde chegou na década de 1990. Embora nascido em Fortaleza (CE), a arte do desenho e desse estilo de pintura veio desde a infância passada em Teresina(PI), e foi efetivamente aperfeiçoada quando ele ingressou no curso de Arquitetura em Recife, da Universidade Federal de Pernambuco. “Foi muito importante para mim. O curso ajudou imensamente no senso de perspectiva, de proporção, do traço”, explica Sóter Carreiro, que se orgulha de ter sido aluno de Gildo Montenegro e Carlos Carneiro da Cunha (Carlos Camiseta), no período de 1983 a 1988, em outros nomes de destaque da arquitetura pernambucana. Nesta fase também fez um curso no Museu de Arte Contemporânea de Olinda(PE). A carreira docente não o atraiu. A experiência, nesta área, ficou por conta de aulas que deu sobre Perspectivas e Aquarelas, para alunos do curso de Arquitetura da Unipê, a convite da professosa Amélia Panet. Além disso, ministrou um curso para alunos da rede pública municipal, depois transformado em uma publicação. No entanto, foi mesmo nos anos 1990 que desenvolveu a técnica da aquarela com foco no patrimônio histórico arquitetônico. “É algo como marcar, registrar para que aquilo se perpetue”, explica ao refletir sobre essa opção de trabalho. E, em 2000, nas comemorações dos 500 Anos do Brasil, Sóter estava incluído entre os oito aquarelistas do Brasil, no projeto “500 anos de um grande país”, uma edição primorosa da Editora Spala, conduzido por Luís (Lula) Freire. “Isso me marcou muito”, afirma o artista. Em agosto de 2004, ele participou de uma exposição coletiva internacional com as Aquarelas de Portugal, reproduzindo locais daquele país, em especial de Lisboa. Aliás, Sóter já esteve em exposições na Espanha e no Marrocos. Em 2008, ele participou de uma exposição nacional na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, com mais de 20 obras que retratavam o universo de Machado de Assis, reproduzindo com muitos detalhes logradouros como a Rua do Ouvidor, o Largo do Boticário e a própria casa do escritor. O evento foi uma comemoração dos 100 anos de morte do “bruxo do Cosme Velho”. Foi nesta época que teve os trabalhos conhecidos por Oscar Niemeyer. E, levado pelo também arquiteto Cydno Silveira, chegou ao Edifício Ipiranga, na Av. Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro, onde está o escritório do ícone da arquitetura modernista brasileira. Mas, não o encontrou pessoalmente, nesta oportunidade. Somente algum tempo depois, quando, então, lhe apresentou uma aquarela que reproduzia a Estação Ciência de João Pessoa. Hoje, ele dispõe de uma autorização do maior nome da arquitetura brasileira recente para fazer, uma série de aquarelas inspiradas em seus projetos, inclusive fora do Brasil. O painel foi pintado no Edificio Mediterranée (da Equilíbrio Construtora), situado no bairro Tambauzinho O traço do artista ilustrou livros, agendas e cartões O arquiteto, o escultor Entre muitos papéis, ele mostra a grande produção de desenhos e aquarelas que estão em museus, praças e prédios residenciais. Quando indagado sobre projetos arquitetônicos, Sóter Carreiro cita o Centro de Atividades Especiais Helena Holanda, situado no Bairro dos Estados, em João Pessoa (PB). A entidade é voltada para o atendimento de pessoas com necessidades especiais e para recuperação de portadores de problemas motores. “Aquele projeto foi uma doação”, lembra o arquiteto que trabalha na Prefeitura da Capital, na Secretaria de Infraestrutura e dá apoio à Coordenadoria do Patrimônio (COPAC), no inventário do patrimônio das obras de arte em bronze. De outra parte, ele já tem pronta uma enorme escultura em aço, que vai se destacar no cenário da Ponta do Extremo Oriental das Américas, onde está o Farol do Cabo Branco, mas, esta obra, ele não revelou nem uma imagem. REVISTA | revistaedificar.com.br 93 Atitude [email protected] Eng. Alberto Casado Lordsleem Júnior Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado em Engenharia de Construção pela Escola Politécnica da USP, Professor do curso de Engenharia Civil e do Mestrado em Construção Civil da Escola Politécnica da UPE, Coordenador do POLITECH, Projetista de alvenaria de vedação e revestimentos, Consultor de empresas construtoras e entidades setoriais da construção. Casos recentes de implantação da tecnologia construtiva da alvenaria de vedação racionalizada tem despertado o interesse no uso dos blocos de concreto pelas empresas construtoras, notadamente em função dos resultados obtidos” 94 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012 Alvenaria de vedação racionalizada com blocos de concreto Elementos mais empregados no processo construtivo brasileiro, as paredes de alvenaria respondem por expressiva parcela do desempenho do edifício, uma vez que predominam na envoltória exterior. Por sua vez, os blocos ocupam cerca de 90% do volume da alvenaria, sendo em última instância os principais responsáveis pela resistência mecânica, vida útil, durabilidade e isolamento termoacústico das paredes. Em especial, os blocos de concreto, quando produzidos em instalações industriais adequadas e atendendo as especificações da normalização técnica, buscam garantir os requisitos de desempenho que promoverão a habitabilidade, a segurança e a sustentabilidade exigidas pelas edificações. Associados à racionalização das vedações verticais, podem ser um elemento diferencial na estratégia das empresas, constituindo-se numa vantagem para se alcançar o sucesso. Casos recentes de implantação da tecnologia construtiva da alvenaria de vedação racionalizada tem despertado o interesse no uso dos blocos de concreto pelas empresas construtoras, notadamente em função dos resultados obtidos (perdas média de 2%, consumo de argamassa de assentamento entre 15 e 18Kg/m2), quando comparados com a tradicional alvenaria de vedação com tijolos cerâmicos (perdas média de 17% e consumo de argamassa de assentamento entre 25 e 35Kg/m2). Para se alcançar o êxito na implantação da tecnologia da alvenaria de vedação racionalizada, as seguintes ações são recomendadas: Ação 1 - seleção da obra e dos parceiros: definição de obra pela construtora, juntamente com os potenciais parceiros da iniciativa (projetista/ consultor de alvenaria e fornecedor do bloco de concreto). Essa ação tem origem no desejo da empresa construtora em atingir um patamar mais elevado de organização, aplicando as diretrizes de racionalização construtiva à alvenaria de vedação, respaldada pela necessidade de redução dos desperdícios, melhoria da qualidade e atendimento do desempenho (NBR 15575). A família de blocos a ser adotada deve permitir o melhor aproveitamento dos componentes para a modulação da alvenaria, como por exemplo: inteiro (09x19x39cm), meio bloco (09x19x19cm), compensadores de 09 (09x19x09cm) e 04 (09x19x04cm). Ação 2 - diagnóstico e planejamento das atividades: consiste na avaliação do grau de desenvolvimento tecnológico da empresa, definição das principais características da obra, bem como no estabelecimento de metas a serem alcançadas. Ação 3 – coordenação de projetos e desenvolvimento do projeto para produção da alvenaria racionalizada: o desenvolvimento do projeto para produção da alvenaria serve como elemento de compatibilização dos demais projetos (arquitetura, estrutura e instalações), cujas interfaces são discutidas e solucionadas durante as reuniões de coordenação. Ação 4 – Treinamento e monitoramento dos resultados: consiste na entrega e validação do projeto para produção da alvenaria, realização de reuniões de sensibilização (mestre e oficiais) e treinamento teórico-prático no canteiro; além da definição da metodologia de monitoramento dos indicadores de perdas de blocos e de argamassa. A metodologia de trabalho apresentada é baseada nas experiências recentes, cuja implantação trouxe para a empresa construtora os resultados desejados, estabelecendo um novo patamar de organização e qualidade da alvenaria; além de uma referência de implantação da tecnologia para as demais construtoras e fornecedores. REVISTA | revistaedificar.com.br 95 96 REVISTA | JUNHO/JULHO 2012