Capitulo 6
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Capitulo 6
RECOMENDAÇÕES GRUPUGE 2012 CAPÍTULO 6. A ECOENDOSCOPIA NA PATOLOGIA PANCREÁTICO-BILIAR Indicações para Ecoendoscopia na Patologia Pancreático-Biliar A EE tem uma acuidade semelhante à da CPRE no diagnóstico de litíase da via biliar principal (LVBP), em contexto de pancreatite aguda, estando indicada em doentes com probabilidade baixa a intermédia de LVBP. 1. A EE está indicada na investigação etiológica da pancreatite aguda idiopática. 2. A EE é o exame com maior acuidade na localização dos tumores neuroendocrinos pancreáticos. 3. A punção aspirativa guiada por EE (PAAF-EE) está indicada no estudo de massas pancreáticas incertas e na investigação de algumas lesões císticas pancreáticas. 4. A EE é muito útil no diagnóstico da pancreatite crónica, da pancreatite autoimune, do cancro do pâncreas e na investigação da patologia da via biliar e da região ampular. 5. A EE tem uma importância crescente na intervenção biliopancreática. Discussão A EE permite imagens de alta resolução do pâncreas, vesícula biliar e da via biliar principal, sendo um excelente método para o diagnóstico, estadiamento e seguimento de várias doenças | A ECOENDOSCOPIA NA PATOLOGIA PANCREÁTICO-BILIAR 1 RECOMENDAÇÕES GRUPUGE 2012 pancreático-biliares. Com o desenvolvimento exponencial de outros métodos de imagem, como a TC e a RMN, as indicações para a EE pancreático-biliar têm vindo a diminuir, nomeadamente no contexto do estadiamento das neoplasias pancreático-biliares. No entanto, em muitas situações da prática clínica, mais do que técnicas competitivas, são técnicas complementares, dependo a escolha da disponibilidade da(s) mesma(s), da experiência do centro e da complexidade do caso. Pancreatite aguda: Os principais objetivos dos métodos de imagem na pancreatite aguda são determinar a severidade da doença e identificar os casos secundários a LVBP, uma vez que nesta situação há indicação para CPRE urgente, desempenhando a EE um papel fundamental na seleção dos doentes com probabilidade baixa ou intermédia de LVBP, pois a acuidade no seu diagnóstico, em contexto de pancreatite aguda, é semelhante à da CPRE. Pancreatite aguda idiopática: A EE apresenta taxas variáveis na identificação da etiologia, de 40 a 79 %, de acordo com os trabalhos publicados. Tumores neuroendocrinos pancreáticos (TNEP): A EE é o método de imagem Gold-standard para a localização dos TNEP, com sensibilidade e especificidades de 93-95%, e permite adicionalmente a sua caracterização citológica/histológica através da punção aspirativa. Os TNEP são habitualmente lesões hipoecogénicas, homogéneas, bem delimitadas e em 60-75% dos casos tem dimensões inferiores a 1,5 cm. Sendo lesões com intensa vascularização, a EE com modo doppler é muito útil na sua caracterização. Adenocarcinoma do pâncreas: Representa mais de 95% dos tumores malignos do pâncreas, tem origem ductal, e apresenta-se como lesão nodular sólida. A EE tem maior sensibilidade que a TAC helicoidal na deteção das lesões com dimensões < 2 cm, com sensibilidades de 90- | A ECOENDOSCOPIA NA PATOLOGIA PANCREÁTICO-BILIAR 2 RECOMENDAÇÕES GRUPUGE 2012 95% para a EE e de 50-60% para a TAC. A EE é também muito útil no estadiamento das neoplasias pancreáticas, nomeadamente naquelas com dimensões < 2 cm. Pancreatite crónica: A EE, apesar de ter uma elevada acuidade no diagnóstico da pancreatite crónica, pelo facto de ser uma técnica dependente do operador é ainda um método longe da perfeição. Numa tentativa de melhorar a sua acuidade foi elaborada, em consenso internacional, a Classificação de Rosemont, com o objetivo de estandardização, e que utiliza vários critérios major e minor correspondentes a determinadas alterações parenquimatosas e ductais que permitem estratificar o diagnóstico da seguinte forma: 1- consistente com pancreatite crónica, 2- sugestivo de pancreatite crónica, 3- indeterminado para pancreatite crónica, 4- normal. Lesões ampulares e periampulares: Os tumores da ampola de Vater variam desde adenomas benignos até carcinomas. O diagnóstico diferencial seguro pode ser um desafio. A EE permite imagens detalhadas da região ampular e periampular e está indicada na suspeita de patologia tumoral da região ampular nos casos em que os exames convencionais, endoscopia com biopsias, ecografia, TAC, RMN e eventualmente a CPRE, não são concordantes com os sintomas ou não são suficientes para confirmar ou excluir o diagnóstico; neste contexto, o principal papel da EE é a deteção da lesão tumoral e, se presente, o seu estadiamento. A realização de ampulectomia endoscópica com intenção curativa requer obrigatoriamente a realização de EE para excluir a invasão da camada muscularis própria da parede duodenal e exclusão de crescimento lesional intra ductal superior a 1 cm, da via biliar principal e/ou do wirsung. Em relação à patologia benigna, nomeadamente litiásica, a EE tem uma sensibilidade superior à da RMN na deteção de cálculos inferiores a 4 mm, em via biliar principal não dilatada, ou impactados na ampola de Vater. | A ECOENDOSCOPIA NA PATOLOGIA PANCREÁTICO-BILIAR 3 RECOMENDAÇÕES GRUPUGE 2012 Punção aspirativa de massas e lesões císticas pancreáticas: A punção aspirativa guiada por EE (PAAF-EE) é uma técnica com elevada sensibilidade, elevada especificidade e elevado valor preditivo positivo no diagnóstico diferencial de massas pancreáticas incertas e superior, em muitos estudos, ao da biopsia dirigida por TC. Em relação às lesões císticas pancreáticas, a PAAF-EE permite a análise citológica do fluido do cisto, frequentemente não diagnóstica devido à sua baixa celularidade, e a determinação de marcadores tumorais, nomeadamente do CEA, que apresenta uma sensibilidade de 75% e uma especificidade de 84%, para um cut-off level de 192 ng/ml, no diagnóstico diferencial entre lesões císticas mucinosas e não mucinosas, fundamental na abordagem subsequente. A EE tem também um lugar no diagnóstico de pancreatite autoimune, em planos de screening de indivíduos com risco elevado de cancro do pâncreas devido a predisposição hereditária, na drenagem de pseudoquistos pancreáticos, no bloqueio e/ou neurólise do plexo celíaco, na drenagem biliar em casos de insucesso / impossibilidade por CPRE. Nesta última situação, dois métodos podem ser utilizados: técnica de rendez-vous ou acesso biliar direto. Salienta-se que estas técnicas devem ser realizadas apenas em centros de referência e com equipas multidisciplinares experientes no diagnóstico e tratamento de patologia biliopancreática. | A ECOENDOSCOPIA NA PATOLOGIA PANCREÁTICO-BILIAR 4
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