estudo de caracterização física para a criação do parque natural

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estudo de caracterização física para a criação do parque natural
ENCARTE II:
DIAGNÓSTICO
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG- 2011
E-II.i
INDICE ENCARTE II - DIAGNÓSTICO
II - DIAGNÓSTICO ................................................................................................ 1
II. 1 - ANÁLISE GEOGRÁFICA DA ÁREA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE
GOVERNADOR VALADARES - MG .......................................................................... 1
II. 1.1 - INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
II. 1.2 - LOCALIZAÇÃO ABSOLUTA DO PARQUE ..................................................................... 1
II. 1.3 - LOCALIZAÇÃO RELATIVA DO PARQUE ...................................................................... 2
II.2 - CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES 5
II.2.1 - INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 5
II.2.2 - OBJETIVOS ............................................................................................................. 6
II.2.3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................................ 7
II.2.4 - O CLIMA DE GOVERNADOR VALADARES ................................................................. 10
II.2.4.1 - Circulação Atmosférica ......................................................................... 10
II.2.4.2 - Componentes do Balanço Energético e as Temperaturas ..................... 14
II.2.4.3 - Componentes do Balanço Hídrico.......................................................... 16
II.2.4.4 - Clima Tropical: Síntese Climática de Governador Valadares ................. 19
II.2.5 - CLIMA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL ............................................................... 21
II.3 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE
GOVERNADOR VALADARES - MG ........................................................................ 23
II.3.1 – INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 23
II.3.2 – GEOLOGIA............................................................................................................ 25
II.3.2.1 – Evolução Geotectônica ......................................................................... 25
II.3.2.2 – Unidades litoestratigráficas na região do Parque................................. 29
II.3.2.2.1 - Unidades Arqueanas/Paleoproterozóicas ........................................................ 29
II.3.2.2.2 - Unidades Neoproterozóicas .......................................................................... 30
II.3.2.2.3 - Unidades Fanerozóicas................................................................................. 31
II.3.3 – RELEVO ................................................................................................................ 34
II.3.3.1 - Unidades Geomorfológicas do Parque Natural de Governador Valadares.
............................................................................................................................. 39
II.3.4 - HIDROGRAFIA ....................................................................................................... 48
II.3.5 - SUSCETIBILIDADE EROSIVA ................................................................................... 53
II.3.6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 55
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II.4 - ESTUDO DA FLORA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR
VALADARES – MG ................................................................................................ 56
II.4.1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................ 56
II.4.2 - DIAGNÓSTICO....................................................................................................... 57
II.4.2.1 - Fisionomias Vegetais e suas Variações na Área do Parque ................... 59
II.4.2.1.1 - Mata de encosta ou submontana .................................................................. 59
II.4.2.1.2 - Mata de várzea ou aluvial............................................................................. 62
II.4.3 - METODOLOGIA ..................................................................................................... 65
II.4.4 - RESULTADOS ........................................................................................................ 65
II.4.5 - PROGNÓSTICO ...................................................................................................... 71
II.4.6 - ÁREA DE APP – ÁREA DE PROTEÇÃO PERMANENTE E CONECTIVIDADE BIOLÓGICA CORREDORES ECOLÓGICOS .............................................................................................. 78
II.5 - ESTUDO DA FAUNA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR
VALADARES – MG ................................................................................................ 81
II.5.1 - INTRODUÇÃO........................................................................................................ 81
II.5.1.1 - Fragmentação e Perda de Habitats ....................................................... 81
II.5.1.2 - Corredores Ecológicos ........................................................................... 82
II.5.1.3 - Fauna .................................................................................................... 83
II.5.1.4 - Bioindicadores ...................................................................................... 83
II.5.1.5 - Mastofauna ........................................................................................... 84
II.5.1.6 - Avifauna ................................................................................................ 86
II.5.1.7 - Ictiofauna ............................................................................................. 86
II.5.1.8 - Herpetofauna ........................................................................................ 87
II.5.1.9 - Legislação Ambiental ............................................................................ 88
II.5.2 - CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................. 89
II.5.2.1 - Mata Atlântica ....................................................................................... 89
II.5.2.2 - Área de estudo ...................................................................................... 90
II.5.3 - OBJETIVO ............................................................................................................. 91
II.5.4 - METODOLOGIA ..................................................................................................... 91
II.5.4.1 - Dados Secundários ................................................................................ 91
II.5.4.2 - Entrevistas ............................................................................................ 92
II.5.4.3 - Dados Primários .................................................................................... 92
II.5.4.4 - Procura em Substrato Natural .............................................................. 92
II.5.4.5 - Busca Visual e Auditiva ......................................................................... 93
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II.5.5 – RESULTADOS........................................................................................................ 98
II.5.5.1 - Mastofauna ........................................................................................... 98
II.5.5.1.1 - Descrição das espécies ameaçadas ............................................................. 101
II.5.5.1.2 - Descrição das espécies amostradas em campo ............................................. 102
II.5.5.1.3 - Espécies de mamíferos utilizadas pelo homem ............................................. 104
II.5.5.2 - Avifauna .............................................................................................. 105
II.5.5.2.1 - Descrição das espécies ameaçadas ............................................................. 112
II.5.5.2.2 - Descrição das espécies avistadas em campo ................................................ 113
II.5.5.3 - Ictiofauna ........................................................................................... 126
II.5.5.3.1 - Espécies de relevância científico-conservacionista ........................................ 128
II.5.5.4 - Herpetofauna ...................................................................................... 129
II.5.5.4.1 - Espécies Raras, Endêmicas e/ou Ameaçadas de Extinção .............................. 138
II.5.6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 141
II.5.6.1 - Impactos, Medidas E Ações ................................................................. 146
II.5.6.1.1 - Queimadas descontroladas ......................................................................... 146
II.5.6.1.2 - Atropelamento de animais silvestres ........................................................... 147
II.5.6.1.3 - Fragmentação e redução de habitats........................................................... 147
II.5.6.1.4 - Impactos sobre a biodiversidade ................................................................. 148
II.5.6.1.5 - Tráfico ilegal de animais silvestres .............................................................. 149
II.5.6.1.6 - Intensificação da pressão de caça ............................................................... 149
II.5.6.1.7 - Invasão de espécies domésticas e exóticas .................................................. 150
II.5.6.1.8 - Subsídios para a Educação Ambiental.......................................................... 150
II.5.6.1.9 - Entomofauna ............................................................................................ 152
II.5.6.1.10 - Zoonoses ................................................................................................ 153
II.5.6.1.11 - Hemíptera (barbeiros) de importância médico-sanitária............................... 153
II.5.6.1.12 - Díptera de importância médica ................................................................. 154
II.5.6.1.13 - Formigas................................................................................................. 157
II.5.6.1.14 - Abelhas .................................................................................................. 157
II.5.6.1.15 - Coleóptera .............................................................................................. 158
II.5.6.1.16 - Lepidóptera ............................................................................................. 159
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II.6 - ESTUDO DE CAPACIDADE DE CARGA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL
DE GOVERNADOR VALADARES - MG ................................................................. 161
II.6.1 - APRESENTAÇÃO .................................................................................................. 161
II.6.2 - INTRODUÇÃO...................................................................................................... 162
II.6.3. CAPACIDADE DE CARGA ........................................................................................ 164
II.6.4. METODOLOGIA..................................................................................................... 167
II.6.4.1 Determinação da Capacidade de Carga ................................................. 168
II.6.4.1.1 Capacidade de carga física (CCF) .................................................................. 175
II.6.4.1.2 Capacidade de carga real (CCR) .................................................................... 176
II.6.4.1.3 - Capacidade de Manejo (CM) ....................................................................... 180
II.6.4.1.4 Capacidade de Carga Efetiva (CCE) ............................................................... 181
II.6.5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 185
II.7 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ENTORNO DO PARQUE NATURAL
MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES (ZONA DE AMORTECIMENTO OU
ZONA TAMPÃO). ................................................................................................ 186
II.7.1 - INTRODUÇÃO...................................................................................................... 186
II.7.2 - A ÁREA DE ENTORNO DO PARQUE........................................................................ 189
II.8 - ESTUDO DE FRAGMENTAÇÃO E CONECTIVIDADE PARA O ENTORNO DO
PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALARES - MG .................. 200
II.8.1 - INTRODUÇÃO...................................................................................................... 200
II.8.2 - A FRAGMENTAÇÃO DE AMBIENTES E A FORMAÇÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS 201
II.8.3 - PREMISSAS E DISPOSITIVOS LEGAIS .................................................................... 213
II.8.4 - SÍNTESE CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ................................................................... 218
II.8.4.1 - Contextualização Regional.................................................................. 220
II.8.4.2 - Mata Atlântica ..................................................................................... 221
II.8.5 - METODOLOGIA ................................................................................................... 222
II.8.5.1 - Processamento de Imagens Digitais ................................................... 222
II.8.5.2 - Estimativa de Área para Formação de Corredor Ecológico .................. 222
II.8.5.3 - Mapeamento dos Fragmentos de Vegetação no Parque ..................... 223
II.8.5.3.1 - Cálculos das métricas pelo FRAGSTATS ....................................................... 223
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II.8.6 - RESULTADOS ...................................................................................................... 228
II.8.6.1 - Métricas de Área ................................................................................. 233
II.8.6.2 - Métricas de Densidade e Tamanho...................................................... 233
II.8.6.3 - Métricas de Borda ............................................................................... 234
II.8.6.4 - Métricas de Forma............................................................................... 234
II.8.7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 235
II.9 - AVALIAÇÃO DA REPRESENTATIVIDADE ECOLÓGICA DO PARQUE
NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES - MG ............................ 236
II.9.1 - INTRODUÇÃO...................................................................................................... 236
II.9.2 - AMEAÇAS A DIVERSIDADE ECOLÓGICA ................................................................. 237
II.9.2.1 - Perda de Habitat ................................................................................. 237
II.9.2.2 - Espécies Invasoras.............................................................................. 238
II.9.3 - REPRESENTATIVIDADE BIOLÓGICA NO BRASIL ..................................................... 240
II.9.4 - DIVERSIDADE BIOLÓGICA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE ....................... 240
II.9.5 - OBJETIVO ........................................................................................................... 240
II.9.6 - METODOLOGIA ................................................................................................... 241
II.9.7 - RESULTADOS ...................................................................................................... 241
II.9.7.1 - Estudo Florístico ................................................................................. 241
II.9.7.2 - Estudo Faunístico ................................................................................ 242
II.9.7.2.1 - Mastofauna ............................................................................................... 242
II.9.7.2.2 - Avifauna ................................................................................................... 242
II.9.7.2.3 - Ictiofauna ................................................................................................. 242
II.9.7.2.4 - Herpetofauna ............................................................................................ 243
II.9.8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 244
II.10 - CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DO MUNICÍPIO DE
GOVERNADOR VALADARES............................................................................... 246
II.10.1 – LOCALIZAÇÃO, INSERÇÃO REGIONAL E ACESSOS................................................ 246
II.10.2 – DINÂMICA DEMOGRÁFICA ................................................................................. 249
II.10.3 – ESTRUTURA PRODUTIVA ................................................................................... 252
II.10.4 - CONDIÇÕES DE VIDA E INFRA-ESTRUTURA DISPONÍVEL...................................... 258
II.10.4.1 - Condições de vida ............................................................................. 258
II.10.4.2 - Infra-estrutura disponível................................................................. 264
II.10.5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 268
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 269
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INDICE DE TABELAS
Tabela II.2.1 - Dados climatológicos da Estação de Governador Valadares.............................................22
TABELA II.4.1 - Espécies arbóreas nativas encontradas na área de estudo do Parque.............................67
TABELA II.4.2 – Espécies arbóreas exóticas encontradas na área de estudo do Parque...........................68
TABELA II.4.3 – Espécies de lianas nativas encontradas na área de estudo do Parque...........................69
TABELA II.4.4 – Espécies herbáceas e arbustivas, aquáticas e terrestres exóticas encontradas
na área de implantação do Parque......................................................................................................70
TABELA II.4.5 - Características de espécies arbóreas nativas do Brasil, que compõem os diferentes
grupos ecológicos..............................................................................................................................73
TABELA II.4.6 - espécies nativas indicadas para a recuperação de áreas degradadas em
Florestas Estacionais Semideciduais.....................................................................................................74
.
TABELA II.5.7 - Pontos de amostragem para anfíbios...........................................................................95
TABELA II.5.2 - Espécies levantadas por meio de dados primários e secundários e
status deconservação.........................................................................................................................98
TABELA II.5.3 - Espécies de mamíferos utilizadas pelo homem............................................................104
TABELA II.5.4 - Espécies levantadas por meio de dados primários e secundários e
status de conservação......................................................................................................................105
TABELA II.5.5 - Espécies levantadas por meio de dados secundários e status de conservação..............126
TABELA II.5.6 - Lista das espécies da herpetofauna registradas na área de implantação do Parque,
área de entorno e dados secundários................................................................................................134
TABELA II.6.1 - Especificação dos Trechos das Trilhas da Figura II.6.1................................................171
.
TABELA II.6.2 - Distância e Tempo Gasto para Percorrer as Trilhas do Parque.....................................171
Tabela II.6.3 - Critérios para a Classificação do Grau de Erodibilidade................................................177
TABELA II.6.4 - Critérios para a Classificação do Grau de Dificuldade..................................................178
TABELA II.6.5 - Determinação das Variáveis para a Estimativa da Capacidade de Manejo
Para as trilhas, Área Campestre, Administração(ADM) e Centro de Visitantes (CV)...............................181
TABELA II.6.6 - Ocupação Simultânea da Área de Lazer em Diferentes Níveis.....................................184
TABELA II.7.1 – Pontos amostrados na área do entorno e adjacências(Mapa 2)..................................197
TABELA II.8.1 – Métricas estimadas para fragmentação dos cenários 1 e 2 a partir do FRAGSTATS......231
TABELA II.10.1 – Governador Valadares: população por situação de domicílio, 1991 e 2000................250
TABELA II.10.2 - Governador Valadares: população por gênero e situação de domicílio, 2010..............250
TABELA II.10.3 – Governador Valadares: população total e por gêneros.............................................251
TABELA II.10.4 – Governador Valadares: Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes....................253
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TABELA II.10.5 - Ranking dos municípios de maior PIB total – Bacia Hidrográfica do Rio Doce............255
TABELA II.10.6 - Evolução ranking – rebanho de bovinos por município (2000-2006)..........................256
TABELA II.10.7 - Ranking dos municípios com maior valor agregado industrial –
valor correnteset/08.......................................................................................................................257
TABELA II.10.8 – Governador Valadares: População Ocupada por Setores Econômicos - 2000............257
TABELA II.10.9 – Governador Valadares: IDH-M: 1991-2000.............................................................260
TABELA II.10.10 – Governador Valadares: Nível Educacional da População Jovem, 1991 e 2000.........260
TABELA II.10.11 - Governador Valadares: Nível Educacional da População Adulta (25 anos ou mais),
1991 e 2000..................................................................................................................................261
TABELA II.10.12 – Governador Valadares: Indicadores de Longevidade, Mortalidade e
Fecundidade, 1991 e2000..............................................................................................................263
TABELA II.10.13 – Governador Valadares: Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade,
1991 e 2000..................................................................................................................................263
TABELA II.10.14 – Governador Valadares: Acesso a Serviços Básicos, 1991 e 2000............................265
INDICE DE FIGURAS
FIGURA II.1.1 - Mapa de localização do Município de Governador Valadares no Estado de Minas
Gerais...............................................................................................................................................2
FIGURA II.1.2 - Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do Rio Doce/MG..........................................2
FIGURA II.2.1 - Mapa de Localização da Cidade de Governador Valadares............................................8
FIGURA II.3.1 – Reconstituição da colagem do Gondwana mostrando a distribuição dos orógenos
brasilianos pan-africanos e os principais crátons associados há ca. 560 Ma.
A – Orógeno Araçuaí........................................................................................................................25
FIGURA II.3.2 - Representação esquemática do processo de formação do Orógeno Araçuaí
(1Ga – 450 Ma)...............................................................................................................................26
FIGURA II.3.3 – Representação esquemática da fragmentação do Supercontinente de Pangea,
no final do Triássico (200 Ma)...........................................................................................................27
FIGURA II.3.4. Domínios estruturais do Orógeno Araçuaí – Congo Ocidental. ......................................27
FIGURA II.3.5 - Mapa geológico da Zona Intensa de alto grau metamórfico e perfil geológico
segmento A-A1, com corte na região do Parque.................................................................................28
FIGURA II.3.6 – Mapa geológico da área de entorno do Parque Natural Municipal de
Governador Valadares......................................................................................................................31
FIGURA II.3.7 - Hipsometria e Unidades Geomorfológicas da área de entorno do Parque
Natural Municipal de Governador Valadares.......................................................................................35
FIGURA II.3.8 – Unidades Geomorfológicas do Parque Natural Municipal de Governador Valadares.......40
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FIGURA II.3.9 – Modelo digital de Elevação e Classes de Declividade do Parque Natural
Municipal de Governador Valadares..................................................................................................42
FIGURA II.3.10 – Rede Hidrográfica do Parque Natural Municipal de Governador Valadares.................51
.
FIGURA II.3.11 – Áreas Inundadas para Diferentes Períodos de retorno, Segundo CPRM (2004)..........52
FIGURA II.5.1 - Limites estaduais e região aproximada de influência, inseridas no
bioma Mata Atlântica.......................................................................................................................89
FIGURA II.5.2 -1 - Área destinada à criação do Parque......................................................................93
FIGURA II.5.2-2 Área onde se concentrou a maior parte das amostragens de mamíferos.....................93
FIGURA II.5.2-3 Área onde se concentrou a maior parte das amostragens de aves..............................93
FIGURA II.5.3 – Pontos de amostragem para a fauna de anfíbios........................................................96
FIGURA II.5.4 - Mapa de prioridade para conservação da Biodiversidade em MG................................142
FIGURA II.5.5 - Mapa de prioridade para conservação de fauna em MG.............................................142
FIGURA II.5.6 - Mapa de prioridade para conservação de mamíferos em MG......................................142
FIGURA II.5.7 - Mapa de prioridade para conservação de aves em MG...............................................143
FIGURA II.5.8 - Mapa de prioridade para conservação de peixes em MG ...........................................144
FIGURA II.6.1 - Demarcação das principais Trilhas no Parque............................................................170
FIGURA II.7.1 – Delimitação da área de entorno do PARQUE, destacando-se as áreas
cobertas por florestas (verde escuro) no destaque da imagem...........................................................191
FIGURA II.7.2 - Localização de bairros e condomínios na região de entorno do Parque.......................196
FIGURA II.8.1 - Exemplo de mosaico de manchas de vegetação, sendo umas favoráveis
(bom) e outras desfavoráveis (ruim) para a permanência e sobrevivência das espécies......................205
FIGURA II.8.2 - Modelos de metapopulações, sendo a o modelo clássico com manchas
similares de vegetação e b modelo fonte – ralo, como verificado no Parque.......................................206
FIGURA II.8.3 - Limites estaduais e região aproximada de influência, inseridas no
bioma Mata Atlântica......................................................................................................................222
FIGURA II.8.3 - Localização de bairros e condomínios na região de entorno do Parque.......................229
FIGURA II.10.1 - Distritos de Governador Valadares.........................................................................248
FIGURA II.10.2 - Governador Valadares: perímetro urbano...............................................................249
FIGURA II.10.3 – Governador Valadares: média de moradores por domicílio......................................252
FIGURA II.10.4 – Governador Valadares: média de anos de estudo...................................................262
FIGURA II.10.5 - Governador Valadares: renda média mensal...........................................................264
FIGURA II.10.6 – Governador Valadares: abastecimento de água da rede geral.................................266
..
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FIGURA II.10.7 – Governador Valadares: Esgotamento sanitário via rede geral ou pluvial.................267
FIGURA II.10.8 - Governador Valadares: domicílio com coleta de lixo..............................................268
ÍNDICE DE GRÁFICOS E MAPAS
GRÁFICO II.2.1 - Rosa dos Ventos de Governador Valadares...................................................................12
GRÁFICO II.2.2 - Intensidade do vento médias mensais em Governador Valadares........................13
GRÁFICO II.2.3: Distribuição da frequência de velocidades médias do vento em
Governador Valadares...........................................................................................................................13
GRÁFICO II.2.4: Componentes do Balanço Energético e as Temperaturas................................................15
GRÁFICO II.2.5: Componentes do Balanço Hídrico..................................................................................17
GRÁFICO II.2.6: Climograma de Governador Valadares..........................................................................17
GRÁFICO II.2.7: Balanço Hídrico de Governador Valadares............................................................18
GRÁFICO II.5.1- Número de indivíduos levantados por família................................................................100
GRÁFICO II.5.1-1 – Proporção de espécies registrados da Classe Amphibia, representados
por família..........................................................................................................................................129
GRÁFICO II.5.3-2 - Proporção de espécies registrados da Classe Reptilia representados
por família..........................................................................................................................................129
GRÁFICO II.5.3-3 - Proporção de anfíbios e répteis registrados durante o período de estudo
realizado na região de implantação do Parque......................................................................................130
GRÁFICO II.5.4 - Abundância de anfíbios registrados nos pontos de amostragem....................................133
Mapa 1 .......................................................................................................................................232
Mapa 2 .......................................................................................................................................233
Mapa 2 .......................................................................................................................................198
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II - DIAGNÓSTICO
II. 1 - ANÁLISE GEOGRÁFICA DA ÁREA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE
GOVERNADOR VALADARES - MG
II. 1.1 - INTRODUÇÃO
Qualquer pesquisa de natureza geográfica sobre um objeto deve começar pela localização e
relações espaciais desse objeto. É o que se pretende fazer nesta análise da área de implantação
do Parque Natural Municipal de Governador Valadares, no Estado de Minas Gerais.
Entende-se por localização geográfica relativa ou posição geográfica, para efeito desta análise, as
relações espaciais de um dado lugar com a região na qual ele está inserido e até as mais amplas
(DOLFUSS, 1973, p. 18/19). Evidentemente, essas relações têm a ver com sua localização
geodésica. Disso resulta, às vezes, o emprego de localização, situação, posição, como sinônimos.
Muitas características físicas, biológicas assim como aquelas do campo econômico, social, político
são determinadas por fatores de escala regional. Localização absoluta é determinada pelo
cruzamento das coordenadas geográficas – latitude, longitude e altitude - do ponto onde se
encontra o fato estudado. Se os fatores externos, cuja origem está além do objeto de interesse,
devem ser considerados, os locais não são desprezíveis. Na análise geográfica, que é parte dos
estudos para a implantação do Parque Natural Municipal de Governador Valadares, além dos
pontos geodésicos a orientação relativa ao Sol é uma informação importante que complementa
aquelas da localização absoluta.
II. 1.2 - LOCALIZAÇÃO ABSOLUTA DO PARQUE
O futuro Parque estará localizado à margem direita do Rio Doce, entre o rio e o Pico da Ibituruna.
Suas coordenadas do ponto central são: latitude -18º51’59‖, longitude – 41º56’03‖, altitude – 160
m. Trata-se, na sua quase totalidade, de uma vertente orientada para o Noroeste, por isso
ensolarada durante a maior parte do dia e do ano, desde poucos momentos após o nascer do sol.
Certamente, a duração do período varia com as estações do ano e depende da nebulosidade e dos
dias chuvosos. A vertente escura e ampla do Pico da Ibituruna que absorve com intensidade a
radiação solar emite calor para a área vizinha.
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II. 1.3 - LOCALIZAÇÃO RELATIVA DO PARQUE
O município de Governador Valadares tem uma área de cerca de 2.348 km² (IGA) e abriga uma
população estimada pelo IBGE de 263.594 habitantes (2010). Destes, cerca de 96%, concentramse na área urbana da sede municipal. A microrregião onde se encontra o município tem o nome
deste. Essa unidade administrativa mineira faz parte da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, situada na
porção leste do Estado de Minas Gerais (ver Figura II.1.1 e II.1.2).
FIGURA II.1.1 - Mapa de localização do Município de Governador Valadares no Estado de Minas Gerais.
FIGURA 2 - Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do Rio Doce
FIGURA II.1.2 - Mapa de localização da Bacia Hidrográfica do Rio Doce/MG.
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E-II.2
É interessante observar que o município e a cidade encontram-se no ponto em que o Rio Doce
inflete-se para SW, ele que mantinha uma direção geral, no Estado de Minas Gerais, de SE para
NW. A sede tem como referência a latitude de 18º 51’ 12‖; longitude de 41º 56’ 42‖ e a altitude
de 168,55 m (IGA, 2011).
Parte da região é um amplo vale percorrido pelo rio principal, com várzeas e terraços em ambas as
margens e colinas arredondadas revestidas por espesso manto de alteração. A exceção é o Pico da
Ibituruna que ultrapassa de pouco os mil metros, com aproximadamente 1.123 metros de altitude,
em nítido contraste com as terras planas ribeirinhas, cujas altitudes são inferiores aos 200 m.
A posição geográfica faz com que o clima regional, o tropical (Aw na tradicional classificação de
Köppen) tenha características gerais próprias. A penetração das massas polares e frentes frias faz
cair suas altas temperaturas em alguns dias do ano. O vapor de água vindo do Oceano, subindo o
amplo vale fluvial, é responsável por médias mensais de umidade relativa elevadas no inverno
seco, diferentemente de outras regiões mineiras. A latitude e altitude explicam o forte calor da
maior parte do ano.
A vegetação primitiva, hoje extremamente reduzida, degradada ou inexistente na maior parte da
bacia, é parte da floresta tropical que da fachada atlântica, por isso mesmo denominada de Mata
Atlântica, expandia-se para o interior do Estado subindo os vales dos grandes rios, como o Doce, o
Jequitinhonha, o Mucuri, chegando até os contrafortes das serras do Caraça e do Espinhaço.
O município valadarense, como grande parte do leste mineiro é constituído de rochas granitóides
de diversos tipos e outras como quartzitos, xistos, muito antigas a antigas, respectivamente, dos
períodos Arqueano e Proterozóico Médio. O Pico da Ibituruna é um grande bloco de rocha granítica
alcalina do Proterozóico Superior. Trata-se de uma área em que o embasamento cristalino tem
influência direta no modelado do relevo e na gênese do solo. Em ambas as margens do Rio Doce,
contudo, terraços e várzeas, de topografia horizontal são formados por aluviões e colúvios do
Cenozóico (COMIG, 1994).
A hidrografia regional é comandada pelo Rio Doce e por seus principais afluentes: da margem
esquerda, o Suaçui Grande, a leste e o Tronqueiras, a oeste da cidade; da margem direita, o
Traíras. Rios que, como todos os demais elementos do meio ambiente, carecem de recuperação.
Convém ressaltar que uma parte significativa da vazão do Rio Doce em Governador Valadares é
alimentada pelos seus afluentes e formadores do alto curso.
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E-II.3
Em uma notável síntese feita pelo naturalista Saint Hilaire em 1831, publicada no Brasil em 1949,
a então Província de Minas Gerais foi dividida em duas grandes regiões, tendo como divisor natural
a Serra do Espinhaço. A leste desse extenso cordão orográfico é o domínio das montanhas, do
relevo acidentado, cuja vocação natural seriam as florestas tropicais. Diversamente, a oeste, estão
os amplos horizontes, resultantes do relevo ondulado ou horizontalizado revestido pelo que foi
chamado na época de campos ou ainda gerais, hoje, cerrados. Governador Valadares,
evidentemente encontra-se na primeira das duas.
Outra síntese, bem mais recente e mais detalhada, elaborada pelo geógrafo brasileiro Ab’ Saber
nos anos sessenta e reapresentada em vários outros momentos, ajuda a entender as
características naturais da área de interesse desse trabalho. Esse autor identificou seis grandes
unidades geográficas no País, às quais denominou de domínios morfoclimáticos. Governador
Valadares insere-se no domínio morfoclimático muito adequadamente denominado de mares de
morros, áreas de colinas mamelonares tropical-atlânticas florestadas.
Espera-se que essas características resultantes da localização e situação geográficas do município
de Governador Valadares que serão, obviamente, aprofundadas, apontem para a relevância dos
estudos geográficos necessários para oportuna criação de uma unidade de proteção ambiental.
Espaço no qual sejam consideradas todas as suas aptidões e peculiaridades, no momento das
intervenções necessárias para sua utilização e nos projetos de recuperação.
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E-II.4
II.2 - CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES
II.2.1 - INTRODUÇÃO
É inegável que as condições atmosféricas exercem sobre os processos físicos, químicos, biológicos
e antropogênicos que ocorrem na superfície terrestre uma influência maior ou menor, direta ou
indireta, mas sempre relevante. A influência destes processos sobre as condições e os fenômenos
atmosféricos, às vezes, pouco evidente, é também inegável. Mas enquanto há um estado de
equilíbrio entre os processos físicos, químicos e biológicos, de um lado, e os atmosféricos, do
outro, entre os relacionados às atividades humanas e à atmosfera, sobretudo nas ultimas décadas,
os resultados têm apontado para o rompimento desse estado: o efeito estufa e o aquecimento
global, o buraco na camada de ozônio, a desertificação estariam aí para comprovar esse fato.
Ainda assim, até há pouco tempo, a natureza, a intensidade e a dinâmica dessas relações não
vinham merecendo a devida atenção dos pesquisadores. Hoje, uma vasta bibliografia disponível
expõe modelos teóricos consistentes sobre o tema: Henderson-Sellers and Hughes (1982);
Lockwood (1987); Nicholson (1988); Thompson (1989); os relatórios do Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Há também aqueles que buscam no Sol as causas das
mudanças climáticas Chambers, Ogle and Blackford (1999); Waple, (1999). Por último, mas não
menos importante, há que se considerar as publicações polêmicas de Lovelock referentes à teoria
de Gaia. Nestas, Lovelock (2006 e 2009) leva ao extremo a intensidade das relações entre os
componentes inorgânicos e os orgânicos do Planeta e sua evolução interdependente.
Por tudo isso pode-se dizer que ―a essência da climatologia geográfica é a análise e a descrição
dos sistemas processo-resposta importantes para a humanidade e que ocorrem na camada limite
planetária‖. O autor dessa afirmativa, Terjung (1976, p.199), desloca para a interface superfície
terrestre/atmosfera (a baixa atmosfera) o objeto da climatologia e dirige para o homem e suas
atividades os objetivos dela.
É necessário, pois, estar ciente de que o clima de um ―lugar‖ – em qualquer das suas ordens
escalares superiores ou inferiores - é função dos fluxos de energia e matéria que o percorrem nos
sentidos vertical e horizontal. No primeiro caso deve-se considerar a radiação solar, girando o
problema em torno da conjunção dos quatro grandes fatores a ela pertinentes:
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E-II.5
1.
A eficiência da energia solar, em função da intensidade da radiação;
2.
O grau de transmissibilidade da atmosfera, ou seja, o desempenho dessa camada como
intermediária entre energia solar e terrestre;
3.
O albedo da superfície terrestre, isto é, sua capacidade de refletir e absorver a radiação solar
que nela incide;
4.
―O efeito estufa ou a síntese do desempenho da atmosfera no balanço geral das trocas
térmicas entre o sol e terra.‖ (MONTEIRO, 1991, p.45/46)
A seguir, Monteiro passa a comentar o segundo caso, intimamente relacionado ao primeiro, a
circulação horizontal atmosférica ―cuja atuação vem complementar o quadro geral dos fluxos
energéticos num dado lugar‖ (MONTEIRO, 1991, p.46)
Fica, portanto, evidente qual é a natureza das relações entre a superfície terrestre e a atmosfera –
é a natureza dos fluxos de matéria e de energia. Qualquer alteração na primeira ou na segunda
provoca alterações quantitativas ou qualitativas nos fluxos e consequentemente nos processos
atmosféricos.
II.2.2 - OBJETIVOS
O objetivo geral deste estudo é o de caracterizar o clima da área onde se localiza o Parque Natural
Municipal de Governador Valadares e suas relações com os demais fatores ambientais.
Os objetivos específicos são:

Caracterizar o contexto climático da área do Parque Natural Municipal de Governador
Valadares;

Descrever os principais elementos do clima local, seu comportamento habitual e suas
variações temporais e espaciais: radiação solar, temperatura, precipitação pluviométrica,
evaporação, evapotranspiração, umidade relativa do ar, nebulosidade, insolação, vento e
balanço hídrico.

Criar subsídios para a elaboração do Plano de Manejo e do Projeto Arquitetônico do Parque
Natural Municipal de Governador Valadares.
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E-II.6
II.2.3 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia empregada buscou obter uma síntese do clima da área que encerra o Parque.
Primeiro, sínteses parciais dos fluxos de energia em seus componentes e indicadores, depois dos
fluxos de água. A dinâmica atmosférica não poderia ser negligenciada e, por isso, foi analisada por
meio dos sistemas atmosféricos geradores do tempo e da circulação do vento. Partiu-se do
conceito de que o clima é sempre uma conjunção de elementos e é essa ação integrada que
interage com os demais subsistemas ambientais e socioeconômicos. O tratamento metodológico é
o que segue:
1.
Caracterização da circulação atmosférica geral e secundária, responsável em grande medida
pelos regimes climáticos regional e local. A bibliografia básica consultada para esta síntese
parcial é constituída por Ferreira (1996), Monteiro (1969), Nimer (1989) e Serra e
Ratisbonna (1942). Foram incluídas aqui considerações sobre direção e velocidade do vento;
2.
Os fluxos da radiação solar no topo da atmosfera e na superfície, pela falta ou limitação de
dados observados, foram estimados e sua análise acompanhada de variáveis correlatas:
horas de insolação potencial (duração do dia) e efetiva e comportamento da temperatura
por intermédio de três indicadores: médias mensais das máximas e das mínimas e médias.
Procurou-se relacionar os elementos do componente energético em uma síntese parcial;
3.
A transferência da água no sistema foi contemplada na análise comparativa dos elementos:
precipitação, evapotranspiração potencial e real (estimadas segundo o método de
thornthwaite e mather, 1955), evaporação e umidade relativa do ar. É o que foi
representado no Gráfico do balanço hídrico;
4.
A síntese climática, uma avaliação simultânea dos elementos mais significativos, mais
influentes, é necessária para melhor compreensão da ambiência atmosférica. Para facilitar a
análise, foram construídos Gráficos comparativos. Ela foi acompanhada das classificações
climáticas de Thonthwaite adaptada por Nimer e Brandão (1955) e a de Gaussen (1957).
5.
Por fim, chegou-se a uma síntese do clima local de Governador Valadares e em seguida a
algumas considerações sobre as nuanças do clima na área específica do Parque.
Os dados básicos da análise são as médias mensais e será levada em conta a sucessão das
estações do ano.
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E-II.7
Foram usados dados meteorológicos (normais) do período compreendido entre 1967 a 1990, da
estação climatológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), instalada em Governador
Valadares (ver Figura II.2.1). Esses dados foram consistidos pelo órgão responsável e sofreram
algumas alterações devidamente incorporadas a esse trabalho. Infelizmente, a série histórica foi
obtida em locais diferentes durante o período.
FIGURA II.2.1 - Mapa de Localização da Cidade de Governador Valadares.
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Pela falta de série de dados observados foram utilizados dados estimados: é o caso da intensidade
de radiação solar na superfície com o emprego da equação de Angstron; da evapotranspiração
potencial e real com o método de Thornthwaite e Mather (1995). Os de radiação solar no topo da
atmosfera e de duração do dia ou insolação possível estão disponíveis em tabelas (TUBELIS e
NASCIMENTO, 1984).
A equação de Angstron, de largo emprego para obtenção de dados de radiação na superfície, é:
Q=Qo ( a+ b n/N)
sendo :
Q= radiação solar incidente na superfície;
Qo= radiação solar incidente no topo da atmosfera;
n =número de horas de brilho solar efetivo;
N= número máximo de horas de insolação;
a = constante de uso regional ou universa;l
b = constante de uso regional ou universal.
Foram empregadas as constantes de Glover e Mac Cullosch: a= 0,29 cos. latitude local e b 0.52.
Por último, para efeito de comparação, foi utilizada a mesma equação de Angstron adaptada por
Bennet e aceita por inúmeros pesquisadores brasileiros. Bennet acrescentou uma terceira
constante relacionada à altitude do local. A fórmula passou a ser: Q= Qo (a1+b1 n/N+c1. alt.) Os
valores das constantes a1; b1 e c1 estão disponíveis em Vianello e Alves, 1991.
A equação de Angstron foi empregada com as constantes das duas propostas e os resultados
comparados.
Recentemente foi instalada na cidade pelo INMET uma estação meteorológica automática, que
registra entre outros parâmetros, a radiação solar, mas os dados já disponibilizados são apenas os
de 2009.
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E-II.9
II.2.4 - O CLIMA DE GOVERNADOR VALADARES
II.2.4.1 - Circulação Atmosférica
A sucessão de tipos de tempo na região é determinada, em grande parte, pela atuação de
sistemas atmosféricos dinâmicos que agem de forma diferenciada tanto no que se refere ao
desencadeamento das participações de cada um deles, quanto no que diz respeito à repercussão
dos mesmos nas variáveis meteorológicas de superfície. Entretanto, apesar da imprevisibilidade
inerente ao comportamento desses sistemas, é possível tecer algumas considerações acerca da
sequência normal de suas atuações bem como sobre a repercussão dos mesmos na definição dos
tipos tempo que ocorrem de forma mais freqüente na região.
No verão austral, devido ao maior aquecimento do continente, o Anticiclone do Atlântico Sul
(AAS), responsável pela Massa Tropical Atlântica (MTA), enfraquecido, permanece tangenciando
o litoral brasileiro, gerando os ventos alísios que atingem a região em foco com direções de NE, E
e SE. Com a penetração do Anticiclone Polar Migratório, caracterizado pela Massa Polar Atlântica
(MPA) e seu consequente contato com o ar tropical, formam-se as frentes polares ou frias (FPA).
Estas percorrem a região com significativa frequência, respondendo por parte das chuvas de
verão. Deve ser enfatizada ainda a participação nessa estação, da Zona de Convergência do
Atlântico Sul (ZCAS), grande faixa depressionária em que estão associadas à Convergência
Intertropical e as depressões frontais. Essa faixa posiciona-se normalmente de NW a SE e
possibilita a transferência de umidade da Amazônia para o Sudeste, e caracteriza-se pelas
elevadas nebulosidade e pluviosidade. É importante lembrar que as precipitações também podem
ocorrer associadas às linhas de instabilidade e mecanismos convectivos isolados ou associados a
outros fenômenos da circulação atmosférica regional e ainda ao efeito orográfico.
No verão, secundariamente, atua em superfície, relacionada às altas temperaturas, uma baixa
pressão denominada de baixa do Chaco, encimada por uma alta pressão, a Alta da Bolívia.
No inverno, o desaparecimento da Massa Tropical Continental (MTC), associada à depressão
barométrica do Chaco permite que o então fortalecido AAS, sob a forma da Massa Tropical
Atlântica (MTA), avance sobre o Sudeste brasileiro. Nessa época, a MPA também acha-se
fortalecida e as frentes frias podem atingir latitudes ainda mais baixas. Entretanto, tendo em vista
a perda de umidade que se observa na massa polar à medida que ela se desloca, as chuvas de
inverno são escassas na região, caindo em quantidades relativamente maiores somente naquelas
áreas submetidas a efeitos orográficos.
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E-II.10
No outono e na primavera, a circulação atmosférica apresenta aspectos intermediários entre
aqueles verificados no verão e no inverno. Até mesmo a intensidade da penetração dos sistemas
frontogenéticos assume características intermediárias quando confrontadas com situação nos
solstícios.
Os tipos de tempo associados às atuações da MPA apresentam-se estáveis, ensolarados, com
temperaturas mais baixas, com pouca nebulosidade e ausência de chuvas. Quando adquire
características de tropicalização, a MPA apresenta céu ainda mais límpido, atmosfera mais seca e
amplitude térmica diária mais elevada.
Durante a permanência da Massa Tropical Atlântica (MTA), os ventos predominantes devem ter a
direção leste, sudeste ou nordeste, na região principalmente esta última, as pressões são
relativamente elevadas e constantes, as temperaturas também elevadas, a nebulosidade é baixa e
a evaporação tende a elevar-se. As chuvas são raras e, normalmente, de caráter convectivo ou
relacionadas às linhas de instabilidade. Quando a massa permanece estacionada, assume
características da continentalização, apresentando temperaturas ainda mais elevadas, umidade
relativa mais baixa e pressões em declínio. Nesse caso, a evaporação tende a potencializar-se
ainda mais.
É possível que não ocorram quedas significativas na umidade relativa durante a atuação da MTA
já que a disposição do modelado naquele setor da Bacia Hidrográfica do Rio Doce favorece a
penetração de fluxos oceânicos. As médias de umidade relativa são elevadas durante todos os
meses e as amplitudes térmicas diárias são consideradas baixas comparadas com outras regiões
situadas em posições mais continentais.
Ainda no verão, quando em situação de estacionamento das frentes, as chuvas são intensas e
contínuas durante vários dias, as amplitudes térmicas são mínimas e a umidade relativa
naturalmente elevada. Quando em dissipação, as temperaturas tendem à elevação, a umidade do
ar e a nebulosidade, à redução e, consequentemente, há diminuição das chuvas. A ZCAs, por sua
natural instabilidade, intensa nebulosidade provoca chuvas abundantes, quando não danosas,
durante vários dias.
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E-II.11
No que se refere às linhas de instabilidade sabe-se que provocam precipitações em quantidades
variadas e o céu oscila entre límpido a totalmente encoberto. À medida que são desviadas da
região, a MTA volta a dominar trazendo novamente o tempo estável que a caracteriza.
Enfim, percebe-se que a circulação atmosférica na região está relacionada aos mecanismos da
circulação planetária, congruente com as dinâmicas dominantes na America do Sul e
circunvizinhanças, destacando-se as participações de MPA, MTA, FPA, ZCAS, linhas de
instabilidade. Especificidades de difícil mensuração devido à natureza dos dados e das informações
disponíveis ocorrem vinculadas às configurações topográficas, às altitudes e, certamente, à
distância relativamente pequena da região ao Oceano Atlântico.
Os ventos sopram predominantemente do quadrante E variando de NE a E. As velocidades médias
mensais são baixas, estão entre 0,82 a 1,73 m/s. O aumento da intensidade, como é comum no
Sudeste, verifica-se no inverno e primavera. A ocorrência de calmarias é notável. (Ver Gráficos
II.2.1 e II.2.2)
GRÁFICO II.2.1 - Rosa dos Ventos de Governador Valadares.
Fonte: CEMIG
12
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GRÁFICO II.2.2 - Intensidade do vento médias mensais em Governador Valadares.
2,00
1,80
1,60
1,40
(m/s)
1,20
Intensidade do Vento (m/s)
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov Dez
Fonte: INMET
Os dados da CEMIG (Gráfico II.2.3) revelam um pequeno aumento das velocidades médias
quando comparadas às do INMET, seguramente porque são obtidas a 12 e não a 10 metros de
altura do solo. Mesmo assim, quase 70% dos dados revelam velocidades inferiores a 3,5 m/s. Na
escala de força dos ventos de Beaufort, eles não ultrapassam as categorias de aragens e brisas
suaves. São muito frequentes também situações de calmarias e, eventualmente, rajadas de ventos
capazes de causas danos materiais. A CEMIG (Boletim Técnico 02110-T N/T e-080) registrou em
Governador Valadares velocidade máxima anual de 15,8 m/s e médias horárias anuais de
calmarias, de 68%. Essa circulação é determinada pelos grandes centros de ação anteriormente
identificadas: as massas tropical, polar, frentes polares, entre outras.
GRÁFICO II.2.3: Distribuição da frequência de velocidades médias do vento em
Governador Valadares.
Fonte: CEMIG
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II.2.4.2 - Componentes do Balanço Energético e as Temperaturas
Os componentes do balanço energético e térmico estão representados no Gráfico II.2.4. A
distribuição anual da radiação solar no topo da atmosfera é representada graficamente por uma
curva acentuada. Os picos de radiação, assim como o da duração do dia ocorrem no solstício de
verão e correspondem a, respectivamente, 1015 cal/cm²/dia e 13,2 h/dia. Esses valores caem
para 616 cal/cm²/dia e 11,1 h/dia, no solstício de inverno. A diferença de duração do dia é
pequena, característica das latitudes tropicais.
A radiação solar que chega à superfície (Gráfico II.2.4) assim como número de horas/dia de
insolação efetiva têm um comportamento mais complexo. Além da redução dos valores, as curvas
correspondentes não são rigorosamente paralelas entre si. A maior intensidade de radiação ocorre
em fevereiro. A partir de então ela decresce até junho. O aumento não se dá na mesma
intensidade da queda, fato que resulta do aumento da nebulosidade desde setembro. Os valores
de radiação solar incidente na superfície são bem menores que os do topo da atmosfera. Os dados
estimados, obtidos com as constantes de Bennet, não ultrapassam 573,7 cal/cm²/dia no mês de
fevereiro e chegam a 334,9 em junho. Isto se explica pelo reduzido número de horas de insolação
efetiva e o modelo de Angstron utiliza este parâmetro como variável independente. A radiação que
chega ao solo depende da inclinação dos raios solares, da nebulosidade e, em intensidade menor,
do material particulado em suspensão na atmosfera. Os dados estimados com as constantes de
Glover e McCulloch diferem pouco dos obtidos segundo a equação de Angstron adaptada por
Bennet e, por isso, não foram utilizados nesta análise.
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E-II.14
GRÁFICO II.2.4: Componentes do Balanço Energético e as Temperaturas.
Fonte: INMET; Pesquisa
As maiores médias do número de horas/dia de insolação efetiva são as de fevereiro/ março, 6,8 e
6,6, respectivamente. Depois de março esses números decrescem até julho. Em agosto há um
ligeiro aumento após o que caem significativamente atingindo as menores médias no período
chuvoso (médias diárias entre 3,8 a 5 horas). A curva de nebulosidade expressa as relações
inversas com a insolação.
As curvas térmicas construídas a partir das médias mensais mostram que o mês mais quente é
fevereiro, com uma média de 26,1 °C. As médias das máximas diárias são superiores a 32ºC e as
das mínimas, a 20ºC. A redução ocorre fracamente de tal modo que março pouco difere dos
meses anteriores. A redução perdura até julho, mês dos menores índices térmicos: média mensal,
média das máximas e das mínimas, valores de 20,7; 27,3 e 14,8ºC, respectivamente.
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E-II.15
Os valores extremos absolutos chegam à casa dos 40º, a menor mínima atingiu 3,3º, em 23 de
agosto de 1974. As amplitudes diárias¹ são elevadas, mais no inverno (de até 12,5º C) do que no
verão (sempre acima dos 10 ºC). Trata-se, pois, de uma região quente com médias térmicas
elevadas, máximas diárias também elevadas. Mas ela está sujeita a resfriamento momentâneo
decorrente das invasões da MPA.
II.2.4.3 - Componentes do Balanço Hídrico
Os Gráficos II.2.5 e II.2.6 apresentam o comportamento dos componentes hídricos de Governador
Valadares. O mês mais chuvoso pode ser novembro, dezembro ou janeiro. Essa diferença decorre
da grande variabilidade temporal da distribuição das chuvas. O pico ultrapassa de pouco os 200
mm acumulados em um mês.
A partir de março, a redução é pronunciada atingindo os menores valores em junho, julho e
agosto, sempre inferiores a 20 mm. Também aqui é difícil, se não impossível, definir com rigor o
talvegue das curvas anuais. O aumento tem início em setembro. Outro aspecto significativo é o
reduzido valor dos totais anuais, praticamente contidos na faixa de 1100 mm.
Do total médio acumulado anual, 83% caem no semestre outubro-março e, cerca de 43%, no
verão astronômico. A distribuição do número de dias de chuva acompanha, no geral, o padrão da
distribuição da precipitação. São, em média, 100 dias /ano.
A umidade relativa apresenta médias mensais pouco diferenciadas e sempre superiores a 70%,
mesmo no inverno. Às 15 horas, teoricamente representativas do período mais seco do dia, as
médias não caem abaixo de 65%, nos meses de junho até setembro. A elevada umidade varia
pouco durante o ano e a curva de distribuição anual é suave.
A quantidade de água transferida do solo para a atmosfera é superior à que retorna na forma de
chuva. As médias de evaporação obtidas por evaporímetro de Piché são mais moderadas do que a
de outros indicadores. Mesmo assim, elas superam as da precipitação em abril e maio e em todos
os meses do inverno.
Considerando a evaporação de lagos profundos e rasos, a partir de dados obtidos pela CEMIG
(2009), toda a região apresentaria déficits a partir de fevereiro até outubro inclusive.
_______
¹ As amplitudes diárias foram obtidas a partir da diferença entre as médias das máximas e das míninas diárias.
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GRÁFICO II.2.5: Componentes do Balanço Hídrico
Fonte: INMET; Pesquisa
GRÁFICO II.2.6: Climograma de Governador Valadares
Fonte: INMET
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O balanço hídrico, segundo Thornthwaite e Mather (Gráfico II.2.7) mostra longo período de
retirada de água do solo e de deficiência hídrica no meses em que a precipitação é menor que a
evapotranspiração potencial. Esse período começa em março e vai até setembro/outubro quando o
balanço torna-se positivo e tem início a reposição das reservas hídricas do solo. O excedente
aparece em dezembro e janeiro. O déficit anual é de 260 mm e o excedente cerca de 50 mm.
GRÁFICO II.2.7: Balanço Hídrico de Governador Valadares.
Fonte: INMET
Em resumo, qualquer que seja o método de avaliação do balanço hídrico, os resultados indicam
um longo período de déficit e um curto de superávit. Deve-se lembrar, contudo, da variabilidade
inter-anual da pluviosidade. O coeficiente de variação para grande parte do território mineiro está
entre 25 a 30%. Isso quer dizer que pode–se esperar grande frequência de totais anuais de chuva
entre mais um
e menos um quarto
da média. Têm ocorrido anos consecutivos com valores
sazonais ou anuais inferiores às medias. Ao mesmo tempo em que as chuvas tornam-se mais
escassas e a nebulosidade mais reduzida, sobretudo na primavera ou verão, a radiação solar
torna-se mais intensa, e as temperaturas mais elevadas provocando intenso processo de
evaporação em uma situação de deficiência hídrica. Fenômeno inverso pode ocorrer: chuvas
concentradas, em poucos dias com cheias e enchentes calamitosas.
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E-II.18
II.2.4.4 - Clima Tropical: Síntese Climática de Governador Valadares
O verão, conforme pode-se ver nos Gráficos é sempre a estação mais chuvosa, concentrando
quase a metade do total anual das chuvas e com maior nebulosidade. A radiação solar na
superfície sofre uma relativa redução assim como as médias de horas/dia de insolação efetiva. Por
causa do aumento das mínimas diárias, que não descem abaixo dos 20ºC, os dias e as noites são
quentes e as amplitudes diárias são as menores do ano. As altas taxas de evapotranspiração e as
de evaporação são inferiores as de precipitação, exceto em fevereiro. É provável que a elevada
umidade relativa do ar aumente a sensação de desconforto térmico.
Outubro é o mês da transição, novembro já é um mês que lembra o verão tropical. A redução das
precipitações em fevereiro é responsável pelo aumento da radiação incidente no solo e das
temperaturas, e com isso, há um equilíbrio entre entrada e saída de água.
Dias ou semanas sem nuvens e sem chuvas, dominados pela MTA, podem ter temperaturas muito
elevadas, com máximas absolutas que chegam aos 40ºC. Nessas condições, a elevada umidade
relativa do ar consegue, pelo menos, fazer com que a perda de água não seja tão alta como no
norte do Estado.
No mês de março começa a fase do balanço negativo, que continua até setembro. A partir de
abril, as temperaturas diminuem assim como a perda de água pelas superfícies líquidas e pelos
solos, mas as precipitações, sobretudo a partir de maio, diminuem mais rapidamente ainda. Daí,
um crescente déficit hídrico.
O inverno astronômico é então caracterizado por chuvas escassas, aliadas a uma grande
variabilidade inter-anual, redução da umidade relativa, mas não tão acentuada como nas demais
regiões tropicais e pelas menores médias da temperatura. Como as mínimas caem mais, as noites
e as manhãs podem ser agradáveis. A amplitude térmica diária é sempre maior no inverno do que
no verão. A insolação efetiva sofre pequena redução.
As FPA e as MPA podem gerar tipos de tempo mais frios na região, quando as mínimas absolutas
podem descer abaixo dos 10ºC.
Os meses de setembro e outubro são marcados pelos aumentos da temperatura, da nebulosidade,
da precipitação e acompanhados pela redução da insolação efetiva.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG- 2011
E-II.19
A cidade de Governador Valadares, tem clima quente, mas pouco chuvoso, do tipo C1dA’1ª1’, na
classificação de Thornthwaite, isto é, clima sub-úmido seco com pequeno excedente hídrico no
verão, primeiro megatérmico. Na tradicional classificação do clima de Köppen, é o clima Aw,
tropical típico e na de Gaussen e Bagnouls, é o termoxeroquimênico de caráter médio com seca de
inverno.
Finalmente, cabe dizer que algumas áreas ultrapassam os 900 ou mesmo 1000m de altitude. É o
caso do Pico da Ibituruna. Nessas áreas as encostas e topos têm climas mais amenos.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG- 2011
E-II.20
II.2.5 - CLIMA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL
Tendo considerado o clima local de Governador Valadares a partir de dados coletados na estação
meteorológica instalada segundo as convenções internacionais da OMM, cabem por último
algumas reflexões sobre os microclimas do Parque.
Relembramos que este abrange uma estreita e alongada faixa retangular de terreno ao longo da
margem direita do Rio Doce, quase ao pé do conjunto montanhoso do Pico da Ibituruna. Sua área
é reduzida, com cerca de 40 hectares (402.916,66 m²). A orientação do Parque em relação ao Sol
e sua distância do Pico fazem com que ele seja insolarado, a maior parte do dia, do inverno ao
verão, exceto evidentemente, quando há nuvens, chuvas e nevoeiro.
A topografia e a geomorfologia, bem descritas no relatório geológico e geomorfológico, não
chegam a criar variações microclimáticas significativas – é o que se pode supor até que se tenha
dados coletados via instrumentos. Talvez a umidade relativa nas superfícies planas da margem do
rio seja um pouco maior. Os dois morros situados cada um em uma extremidade, arredondados e
de pequena altitude não proporcionam variações consideráveis. Enfim, pode–se dizer que as
características climáticas descritas acima aplicam-se, nas suas linhas gerais ao ambiente do
Parque.
A cobertura vegetal, no entanto, a arbórea decídua, ora mais ora menos densa, a arbórea
perenifólia da margem do rio, os pastos, as clareiras e os solos nus, certamente criam nuanças
térmicas, conforme as condições de tempo meteorológico reinantes. Com tempo nublado ou
chuvoso ou com nevoeiro, as diferenças tendem a desaparecer. Em momentos de sol forte, as
condições térmicas sob uma vegetação arbórea densa são mais amenas e confortáveis do que nas
clareiras e sobre solos desnudos.
Em uma região muito quente, de chuvas reduzidas, pronunciada deficiência de água nos solos,
submetida a intenso processo erosivo, resultado do desmatamento e pisoteio, a manutenção e
regeneração das formações florestais – vocação da Bacia Hidrográfica do Rio Doce – é uma
exigência indiscutível.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG- 2011
E-II.21
TABELA II.2.1 - Dados climatológicos da Estação de Governador Valadares
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Ano
79,2
77,6
83,0
73,3
62,4
58,9
68,0
85,5
90,8
86,6
77,2
77,1
919,6
Insolação Total (horas)
191,8
189,9
204,4
182,1
182,3
168,7
172,4
188,1
135,3
118,7
129,9
159,1
2022,7
Insolação relativa (%)
47,0
53,0
54,0
51,0
52,0
50,0
50,0
54,0
37,0
30,0
33,0
38,0
Intensidade do Vento (m.s-1)
1,34
1,23
1,09
0,97
0,82
0,87
1,13
1,31
1,72
1,73
1,63
1,55
1,28
6
6
6
6
5
5
5
5
6
7
7
7
6
Pluviosidade (mm)
167,7
129,2
90,9
57,1
35,0
18,9
14,3
14,5
31,4
124,8
214,7
160,9
1059,3
Temperatura Média das Máximas (°C)
31,8
32,5
32,4
30,2
28,3
27,4
27,3
28,3
28,6
29,4
29,9
30,4
29,7
Temperatura Máxima Absoluta (°C)
40,2
38,0
37,8
37,2
35,8
34,8
35,4
38,0
36,2
38,6
38,4
40,4
40,4
Temperatura Média das Mínimas (°C)
20,7
20,6
20,5
19,1
16,7
15,1
14,8
15,9
17,3
19,2
19,8
20,4
18,3
Temperatura Mínima Absoluta (°C)
12,5
11,7
15,0
9,8
8,6
7,4
6,9
3,3
5,9
9,1
8,4
13,4
3,3
Temperatura Média Compensada (°C)
26,1
26,4
26,3
24,4
22,3
21,1
20,7
22,0
23,2
24,3
24,9
25,4
23,9
Umidade Relativa do Ar Média Compensada (%)
76,7
74,5
73,6
76,6
76,0
76,6
74,7
69,3
70,9
73,6
78,4
78,9
75,0
Calmo
Calmo
Calmo
Calmo
Calmo
NE
NE
Calmo
Evaporação Total - Evaporímetro de Piché (mm)
Evaporação Potencial - Thorntwaite
Nebulosidade (décimos)
Direção Predominante do Vento (pontos cardeais
e colaterais)
Calmo Calmo Calmo
Calmo Calmo
Componente Zonal do Vento (m.s-1)
-0,76
-0,63
-0,45
-0,27
-0,20
-0,21
-0,41
-0,62
-0,95
-0,91
-0,74
-0,68
-0,57
Componente Meridional do Vento (m.s-1)
-0,42
-0,37
-0,28
-0,03
-0,03
-0,04
-0,12
-0,41
-0,53
-0,63
-0,62
-0,47
-0,33
40,2
38,0
37,8
37,2
35,8
34,8
35,4
38,0
36,2
38,6
38,4
40,4
40,4
12,5
11,7
15,0
9,8
8,6
7,4
6,9
3,3
5,9
9,1
8,4
13,4
3,3
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG- 2011
E-II.22
II.3 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE
GOVERNADOR VALADARES - MG
II.3.1 – INTRODUÇÃO
O estudo do relevo assume grande importância no processo de ocupação do espaço, incluindo as
suas propriedades de suporte ou de fornecedor de recursos. As modalidades de apropriação
respondem pela transformação da paisagem e suas consequências (CASSETTI, 1994).
É objetivo desse estudo, caracterizar as unidades de relevo onde se localiza o Parque Natural
Municipal de Governador Valadares buscando suas relações com os demais fatores ambientais.
Na caracterização se faz necessário entender que o relevo terrestre não foi sempre o mesmo e
continuará evoluindo. Tanto os fatores endógenos, como os exógenos, são ―forças vivas'',
responsáveis em menor ou maior grau pela transformação do relevo. Portanto, a análise
geomorfológica de uma determinada área implica obrigatoriamente no conhecimento da evolução
que o relevo apresenta ao longo do tempo geológico. Neste sentido, pode-se dizer que as bases
para o entendimento do relevo na região leste do Estado de Minas Gerais, onde de localiza o
Parque, remontam ao Proterozóico, no inicio da colagem do Supercontinente de Gondwana.
Partindo deste princípio, a metodologia empregada buscou, primeiramente, elaborar uma síntese
evolutiva da região geotectônica conhecida como Província Estrutural da Mantiqueira (ALMEIDA &
HASUI, 1984), visando obter informações que subsidiem o entendimento do modelado atual do
relevo da região onde está localizado o Parque.
Outro assunto importante para melhor compreensão do relevo é a sua compartimentação em
unidades taxonômicas têmporo-espaciais, que têm por princípio a dimensão das formas na
perspectiva tridimensional (tamanho, gênese e idade). Neste trabalho serão adotadas as unidades
taxonômicas de Ross (1992). Este autor propõe seis níveis para a representação geomorfológica:
O 1º táxon (escala < 1:1.000.000); corresponde as ―Unidades Morfoestruturais‖, cuja escala
permite a identificação dos efeitos da estrutura no relevo. Este táxon organiza o relevo em
grandes arranjos morfoestruturais. Nesta escala de análise, será abordada a evolução geotectônica
do Orógeno Araçuaí.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.23
O 2º táxon (escala 1:1.000.000 a 1:100.000); refere-se às ―Unidades Morfoesculturais‖ Refere-se
a compartimentos que foram gerados pela ação climática ao longo do tempo geológico. Incluemse neste táxon as Unidades Morfoesculturais dos Planaltos Dissecados do Leste de Minas e a
Depressão Interplanáltica do Rio Doce (IGA, 1977)
O 3º táxon (escala 1:1.000.000 a 1:150.000); representa as ―Unidades Morfológicas ou Padrões
de Formas Semelhantes‖, que encontram-se contidas nas Unidades Morfoesculturais. Trata-se de
compartimentos diferenciados em uma mesma unidade, relacionados a processos morfoclimáticos
específicos,
com
importante
participação
dos
eventos
tectônicos
ou
diferenciações
litoestratigráficas. Incluem nesta categoria as Zonas de Colinas, Crista e Pontões da Unidade
Planaltos Dissecados do Leste de Minas Gerais.
O 4º táxon (escala 1:25.000 a 1:10.000), refere-se às formas de relevo individualizadas na
unidade de padrão de formas semelhantes. Estas formas, quanto à gênese, podem ser: de
acumulação, como as planícies fluviais do Rio Doce, ou de dissecação como colinas, e cristas.
O 5º táxon (escala 1:10.000 a 1:5.000); refere-se às partes das vertentes ou setores das
vertentes de cada uma das formas do relevo. ―As vertentes de cada tipologia de forma são
geneticamente distintas, e cada um dos setores dessas vertentes pode apresentar características
geométricas, genéticas e dinâmicas diferentes‖ Neste nível de análise pode-se inserir a Vertente
noroeste do Pico da Ibituruna, onde está localizado o Parque.
O 6º táxon (escala > 1:5.000); ―corresponde às pequenas formas de relevo que se desenvolvem
por interferência antrópica direta ou indireta ao longo das vertentes. São formas geradas pelos
processos erosivos atuais como ravinas, voçorocas, assoreamentos, dentre outros.
Os estudos geomorfológicos da área do Parque, abordando o 5º e o 6º táxon, foram realizados
através de interpretação de imagem de satélite (Quickbird, com resolução espacial de 0,60
metros), da análise e processamento em sistema de informações geográficas doe modelo digital
de terreno adotado, através do qual foram produzidos planos de informação referentes à
hipsometria e declividade. O modelo foi obtido através da interpolação de curvas de nível extraídas
de base cartográfica na escala 1:2.000 (PMGV, 2000). Posteriormente, dados complementares
foram obtidos através de pesquisa de campo na área do Parque.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.24
II.3.2 – GEOLOGIA
II.3.2.1 – Evolução Geotectônica
A região na qual se insere o Parque Natural Municipal de Governador Valadares, em termos
geotectônicos, encontra-se inserida na porção Setentrional da Província Estrutural da Mantiqueira
(ALMEIDA & HASUI 1984). Esta porção da província também é conhecida como Orógeno Araçuaí
ou Faixa Móvel Araçuaí. (Figura II.3.1)
O orógeno no contexto da Teoria da Tectônica de Placas é produto das forças compressivas
(convergentes) das placas litosféricas resultando no acréscimo ou colisão. O acréscimo representa
uma adição de magma ou sedimento na margem da placa, já os orógenos colisionais resultam na
convergência (colisão) de continente com continente. Este processo pode promover o
encurtamento e deformação compressiva da crosta, além metamorfismo e fusão parcial de rochas.
As colisões podem gerar a colagem (aglutinação) de massas continentais, como é o caso recente
do Himalaia, resultante da convergência entre a placa da Índia e Asiática.
O longo período orogenético neoproterozóico (1 Ga – 540 Ma), denominado de Ciclo Brasiliano
(BRITO-NEVES et al., 1999) foi responsável pela estruturação do embasamento da Plataforma SulAmericana e pela aglutinação do Supercontinente de Gondwana Ocidental. (Figura II.3.1)
FIGURA II.3.1 – Reconstituição da colagem do Gondwana mostrando a distribuição dos orógenos
brasilianos pan-africanos e os principais crátons associados há ca. 560 Ma. A – Orógeno Araçuaí.
Fonte: modificado de Grunow et al. 1996, apud Vieira 2007
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.25
A evolução orogenética da Faixa Araçuaí iniciou-se no proterozóico com o desaparecimento dos
oceanos Goianides e Adamastor, situados a oeste e a leste do paleocontinente São Francisco
(Cráton). Processos de subducção geraram suítes de arcos magmáticos e colisões arco-continente
e continente-continente. No cambriano ao Ordovinciano (510-480 Ma) deu-se o colapso tectônico
do orógeno Araçuaí. (HEIBRON et al, 2004).
No final do Triássico (200 Ma) ocorre a fragmentação do Supercontinente Pangea. Na área
abordada, a fragmentação é marcada pela abertura do oceano Atlântico, separando os atuais
continentes Sul Americano e Africano. (Figuras II.3.2 e II.3.3)
Modelo evolutivo proposto por
Pedrosa-Soares & Noce (1998),
Pedrosa- Soares & WiedemannLeonardos (2000) e Pedrosa-Soares
et al. (2001) para a evolução do
Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental.
A partir do estágio de rifte
continental (1), o segmento sul da
bacia precursora experimentaria
espalhamento de litosfera oceânica
(2) e, posteriormente, sofreria
subducção no sentido do Cráton do
Congo (3), induzindo a geração do
arco magmático (G1). A etapa 4
ilustra o estágio sincolisional.
GV – Governador Valadares
(localização aproximada).
FIGURA II.3.2 - Representação esquemática do processo de formação do Orógeno Araçuaí (1Ga – 450 Ma). Na
etapa 4 pode se observar a geração dos corpos de granitos (G1 e G2) e falhamentos na atual região do
município. de Governador Valadares. Fonte: Extraído e modificado de Vieira, 2007
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.26
FIGURA II.3.3 – Representação esquemática da fragmentação do Supercontinente de Pangea, no final do
Triássico (200 Ma). Fonte: modificado de Vieira, 2007
Alkmim et al. (2006) apresentaram uma subdivisão em domínios estruturais para todo o Orógeno
Araçuaí-Congo
Ocidental (Figura
II.3.4 ). Será dada ênfase nas grandes unidades
litoestratigráficas do domínio sete (7), pois é nele que se encontra inserido o Parque.
Domínios estruturais do Orógeno Araçuaí – Congo
Ocidental. As setas indicam o transporte tectônico
do estágio sincolisional.
1. Faixa de dobramentos e empurrões;
2. Saliência do Rio Pardo;
3. Zona transcorrente de Itapebi;
4. Zona de colapso Chapada Acauã;
5. Corredor transpressivo de Minas Novas;
6. Bloco de embasamento Guanhães;
7. Zona interna de alto grau metamórfico;
8. Faixa Congo Ocidental.
FIGURA II.3.4. Domínios estruturais do Orógeno Araçuaí – Congo Ocidental.
Fonte: modificado de Alkmim et al., 2006 apud Vieira, 2007
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.27
Esta Zona apresenta um alto grau de metamorfismo, em especial nas rochas graníticas e feixe de
falhas de cissalhamento com orientação preferencial SW/NE. Na região de Governador Valadares,
CPRM (2001) identificou um conjunto de falhas de empurrão (ciclo brasiliano) com mergulho para
leste (ver perfil Figura II.3.5), que representa uma grande zona de cisalhamento. Estas falhas de
empurrão apresentam o movimento de massas indicando um cavalgamento no sentido do litoral
para a área do Cráton do São Francisco (Figura II.3.3, bloco 4).
O Pico da Ibituruna tem na base o Tonalito Derribadinha da Suite G1 (pré-colisional) e, no ponto
culminante, um corpo granítico foliado da Suíte G2, gerando durante a fase de colisão entre os
continentes de Gondwana Ocidental e Oriental (fase sincolisional). O Tonalito Derribadinha (Suíte
Galiléia) está gnaissificado, com veios aplíticos centimétricos discordantes e dobrados. A foliação
apresenta dobras vergentes para oeste (SILVA et al., 2009).
FIGURA II.3.5 - Mapa geológico da Zona Intensa de alto grau metamórfico (ALKMIM et al., 2006) e perfil
geológico segmento A-A1, com corte na região do Parque. Fonte: modificado de Silva et al., 2009
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.28
Barbosa & Kohler (1981), Saadi (1991) e Suguio & Kohler (1992) observaram indicadores de
reativações tectônicas (neotectônica) no médio vale do Rio Doce, durante o Cenozóico,
responsáveis pela formação de um possível vale tectônico (rifte) na região. Estas reativações
provavelmente ocorreram ao longo das falhas geradas durante a formação do Orógeno Araçuaí.
Dentre estes indicadores destacam-se: os alinhamentos dos lagos na região do Parque estadual do
Rio Doce; formatos retilíneos de suas margens; existência de paleovales preenchidos; e presença
de direções de lagos associadas a migrações fluviais abruptas.
Segundo Sarges (2002) os registros encontrados nos sedimentos permitiram diferenciar duas fases
de reativação tectônica. Uma fase de transcorrência dextral E-W, atuante a partir do final do
Pleistoceno, relacionada às estruturações NW-SE da rede de drenagem e ao entulhamento de
vales, associado ao desenvolvimento de rampas de alúvio-colúvio e terraços de acumulação. A
segunda fase corresponde ao regime extensional NW-SE, implantado no Holoceno médio, que
exerceu um forte condicionamento estrutural nos canais fluviais, imprimindo rearranjos na rede de
drenagem.
Para Suguio & Kohler (1992), a evolução dos lagos quaternários do Parque Estadual do Rio
Doceteria estreita relação com as mudanças paleoclimáticas e/ou neotectônica. É neste contexto,
marcado por movimentações tectônicas e alternâncias paleoclimáticas, que se estruturaram
unidades litoestratigráficas do município de Governador Valadares e região.
II.3.2.2 – Unidades litoestratigráficas na região do Parque
A seguir, é feita uma descrição das grandes unidades litoestratigráficas do domínio ―Zona interna
de Alto Grau Metamórfico‖ na região do Parque, com base em informações obtidas no Plano
Integrado de Recursos Hídrico da Bacia do Rio Doce (Consórcio ECOPLAN-LUME, 2010) e nos
trabalhos desenvolvidos pelo Projeto Leste (CPRM, 2000). (Figura II.3.6)
II.3.2.2.1 - Unidades Arqueanas/Paleoproterozóicas
Complexo Mantiqueira – Amt: Constitui-se essencialmente de Hornblenda-biotita gnaisse cinza
bandado e migmatítico, localmente muito feldspático. Lentes de rocha calcissilicática e boudins de
anfibolito. Intercalações de mica xisto e de quartzito grosso protomilonítico a milonítico
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.29
II.3.2.2.2 - Unidades Neoproterozóicas
O Neoproterozóico é marcado por um período de sedimentação e geração da crosta continental,
definido como coberturas plataformais. Está unidade é marcada por uma sequencia de xistos,
quartzitos, mármores, gnaisses parcialmente migmatizados e metamorfisados na fácies anfibolito.
Granitos Sin a Tardicolisionais

Granito Baixa do Bugre - Nbb: (horblenda) – biotita granito cinza, fino a grosso,
localmente profiroblástico, foliado a discretamente gnaissificado, com xenólito de biotitaanfibolito xisto.
Suite Intrusiva Galiléia

Tonalito galiléia – Ng: horblenda-biotita, tonalito com anallita, isotrópico a gnáissico,
caracteristicamente com abundância de autólitos máficos.

Tonalito São Vitor - Nsv: horblenda-biotita, tonalito com allanita, isotrópico a gnassóide.
Abundantes enclaves de xisto aluminosos de rocha calcissilicática.
Grantos Pré a Sincolisionais

Tonalito Derribadinha: Os Granitóides Pré-Colisionais são descritos como granitóides
foliados a gnáissicos, dominantemente metaluminosos, calcialcalinos. Englobam os
processos relacionados à edificação do arco magmático calcialcalino. São constituídos,
predominantemente, por tonalitos e granodioritos com diorito subordinado e freqüentes
enclaves máficos.
Grupo Rio Doce– NPrd: corresponde a uma mega-sequência dominantemente psamo-pelítica,
sem termos conglomeráticos, e vulcânicos de idade proterozóica que se estendem da região de
Governador Valadares até as imediações de Teófilo Otoni (PEDROSA-SOARES et al.; 1994).
Segundo Vieira et al. (2006) suas formações descritas da base para o topo, são as seguintes:

Formação Tumiritinga - Nt: evidenciado pelas estruturas migmáticas, formando
agmatitos e migmatitos de injeção. Através das intercalações de micaxisto e quartzito, é
possível reconhecer a estratificação original dos gnaisses

Formação São Tomé - Nst: é constituída de biotita muscovita xisto (transacionando
paragnaisses xistosos), formando um importante pacote. Contem grandes filões de quartzo
e notáveis corpos pegmatíticos de importância econômica.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.30
II.3.2.2.3 - Unidades Fanerozóicas
a) Unidades paleozóicas
Granitóides Pós-Colisionais (granito Ibituruna): granito fino a médio, cinza, localmente
porfirítico.
b) Unidades cenozóicas
Depósitos Aluvionares – QHa: são compostos por areias, cascalhos, siltes argilas e termos
mistos, com ou sem contribuição orgânica, depositados em ambiente fluvial ao longo de calhas,
planícies de inundação e terraços.
Terraço Aluvial – QHt: composto de níveis de areia grossa até fina com níveis lenticulares de
seixos arredondados. Níveis delgados de argila e silte.
FIGURA II.3.6 – Mapa geológico da área de entorno do Parque Natural Municipal de Governador
Valadares.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.31
Na área do Parque, afloram rochas do Complexo Mantiqueira, compostas por gnaisse milonito e
gnaisses migmatizados (fase pré-colisonal), diques de quartzo e diques máficos (Figura II.3.6 e
Fotos II.3.1, II.3.2 e II.3.3). A presença de migmatização e as estruturas verticalizadas (diques de
quartzo e anfibolitos) indicam que a região sofreu um alto grau de metamorfismo, conforme
descrito anteriormente.
FOTO II.3.1 – Afloramento de gnaisse migmatizado – Morro do Urubu (Limite NNW do Parque). As porções
claras e escuras mostram a fusão parcial da rocha. São evidências de metamorfismo onde a temperatura e a
pressão são altas, suficiente para fundir os minerais de temperatura de fusão mais baixa (que são os claros)
e não os de temperatura de fusão mais alta (que são os escuros). Os minerais fundidos migram e se
cristalizam de novo formando porções mais claras na rocha.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.32
FOTO II.3.2 – Rocha gnáissica, com dique de anfibolito (estrutura paralela ao martelo). Observe que o
dique de anfibolito é cortado por um dique de quartzo (estrutura branca, perpendicular ao martelo),
indicando fases diferentes de ativação tectônica.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
FOTO II.3.3 – Rocha gnáissica (cor cinza), cortada por um dique de quartzo (estrutura de cor branca,
paralela ao martelo). Indícios de zona de cisalhamento.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.33
II.3.3 – RELEVO
O relevo atual do médio vale do Rio Doce, região onde está inserido o Parque Natural Municipal de
Governador Valadares, é produto da interação de processos de dissecação Fluvial e acumulação,
condicionados pela ação do clima e/ou reativação tectônica cenozóica sobre estruturas litológicas
do Orógeno Araçuaí, de idade Pré-cambriana. Ora a hidrografia se adapta à estrutura, ora se
impõem à mesma. Para Strauch (1954) a erosão, ao afetar estruturas litoestatigráficas tão
diferentes, deu origem a relevos bastante diversos que podem ser agrupados em grandes
unidades geomorfológicas.
Foram identificadas pelo menos duas fases de dissecação fluvial na bacia do Rio Doce: a primeira
no Plio-pleistoceno e a segunda no Quaternário superior (Consórcio Ecoplan-Lume, 2010). Durante
o Plioceno, sob condições climáticas úmidas, as drenagens do Rio Doce e de seus afluentes
promoveram a dissecação dos planaltos e o aprofundamento dos vales, dando origem à depressão
interplanáltica do Rio Doce (Projeto RADAR Minas Gerais, 1977). Posteriormente, durante o
pleistoceno, sob condições de clima semi-árido, ocorreu entulhamento e alargamento dos vales,
formando extensas superfícies de aplainamento (pediplanos).
A primeira grande compartimentação do relevo foi elaborada por STRAUCH em 1954, que dividiu a
Bacia em seis unidades geomorfológicas, denominadas de: planície litorânea; tabuleiros; serras
litorâneas, médio e baixo rio Doce; zona dos maciços elevados dos rios Caratinga e Manhuaçu;
planalto deprimido central; zona ondulada do norte; e zona da Mantiqueira e Espinhaço.
O Instituto de Geociências Aplicas (IGA), através do Projeto ―RADAR Minas Gerais (1977)‖,
identificou quatro unidades geomorfológicas para a área da Bacia situada dentro do Estado de
Minas Gerais: Planaltos Dissecados do Leste de Minas, Depressão Interplanáltica do Rio Doce,
Serra Patamares e Escarpas do Espinhaço, Quadrilátero Ferrífero. No município de Governador
Valadares e em especial, na área de entorno do Parque, aparecem as duas primeiras unidades
citadas acima. (Figura II.3.7)
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E-II.34
FIGURA II.3.7 - Hipsometria e Unidades Geomorfológicas da área de entorno do Parque Natural Municipal de Governador Valadares.
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E-II.35
A unidade geomorfológica dos Planaltos Dissecados do Leste de Minas, a mais extensa da
Bacia do Rio Doce, é caracterizada por zonas de colinas, cristas e pontões. As colinas que ocupam
grande parte da unidade representam um conjunto de formas de relevo evoluídas por processos
de dissecação fluvial, em estruturas predominantemente constituídas por rochas graníticas e
gnáissicas. Apresentam topos convexos com altitude média em torno de 850 metros, com vales
encaixados e vertentes ravinadas. As cristas com altitudes médias em torno de 1.100 metros
ocupam a porção oeste da bacia, próximo às encostas da Serra do espinhaço e Quadrilátero
Ferrífero, região onde se localizam as principais nascentes do rio Doce. São em sua maioria
elaboradas em quartzitos e itabiritos. A Zona de Pontões, presente na porção leste da unidade, é
caracterizada por elevações rochosas de topos arredondados e vertentes abruptas, desenvolvidas
a partir de esfoliações dos granitóides sin e pós-colisionais.
Nas proximidades do Parque unidade representada pelo Pico da Ibituruna, temos um relevo de
crista, semelhante a uma estrutura monoclinall (inclinada numa direção), apresentado o front (face
NW) abrupto e o reverso (face SE) com um desnível menos acentuado.
O front é marcado, da média vertente (400 metros de altitude) até o topo (1123 metros de
altitude), pela presença de uma escarpa em extrema verticalidade (free-face). O perfil vertical da
parte superior da vertente free-face é substituído, da média vertente até a base – a 151 metros de
altitude - por rampas de colúvios pedogenizados provenientes de montante que atenuam a
declividade em aproximadamente 30 º. (ver perfil da Figura II.3.7 e Foto II.3.4)
A origem do Pico da Ibituruna pode estar associada às falhas de empurrão oriundas do ciclo
brasiliano, responsáveis pelo cavalgamento das estruturas no sentido leste-oeste, conforme
discutido anteriormente (Figura II.3.5).
A unidade da Depressão Interplanáltica do Rio Doce constitui-se numa zona rebaixada com
altitudes variando entre 250 e 500 metros. A origem da depressão esta condicionada não somente
a processos de dissecação fluvial, mas principalmente ao rifite do Rio Doce.
A reativação tectônica cenozóica, formando um rifte com direção N-S pode ter contribuído para a
formação da depressão interplanáltica do Rio Doce, com seus amplos vales entulhados de
sedimentos. (BARBOSA & KOHLER,1981, SAADI, 1991 e SUGUIO & KOHLER, 1992). Percebe-se
uma morfologia vinculada ao controle estrutural com o Rio Doce encaixando na direção SSW/NNE
acompanhando os alinhamentos estruturais de mesma direção. (Figura II.3.5)
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E-II.36
Durante o quaternário superior, sob condições climáticas úmidas, uma nova etapa de dissecação
das superfícies aplainadas pleistocênicas foi responsável pelo entalhamento dos cursos de água e
recuo das cabeceiras de drenagem.
O relevo é constituído de colinas com interflúvios tabulares e vales de fundo chato (colmatados),
situados ao longo da calha do Rio Doce e de seus principais afluentes. As rampas de colúvio e
cones aluviais são formas que ocorrem com frequência nesta unidade. (Foto II.3.5)
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E-II.37
FOTO II.3.4 – Vista do Pico da Ibituruna a partir do Morro do Urubu. 1: Reverso; 2a: Front (Free face);
2b: Front (rampa de colúvio).
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
FOTO II.3.5 – Vista da Depressão Interplanáltica do Rio Doce(3). Em primeiro plano Front do Pico da
Ibituruna (1: Free-face, 2: rampa de colúvio). A área do Parque aparece em tracejado.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.38
II.3.3.1 - Unidades Geomorfológicas do Parque Natural de Governador Valadares.
O modelado do relevo do Parque, desenvolvido sobre rochas graníticas e gnáissicas do Complexo
Mantiqueira, localiza na baixa vertente da face NW do Pico da Ibituruna, margem direita do Rio
Doce. Considerando que processos tectônicos e climáticos interagem para produzir as formas de
relevo da superfície terrestre, pode-se afirmar que o relevo em estudo foi modelado pelos
processos de denudação, atuantes no presente e no passado, representando uma conexão
dinâmica entre o interflúvio (Pico da Ibituruna) e o fundo de vale (Rio Doce). (DYLIK, 1968 apud
CHRISTOFOLETTI, 2000)
A vertente, esquematicamente, pode ser entendida como uma rampa que se estende do interflúvio
ao canal fluvial, onde ocorrem ganhos e perdas de energia e matéria, como em todo sistema
aberto. Os vários processos que se verificam nas vertentes - intemperismo, infiltração, escoamento
superficial, movimento de massa entre outros - fazem com que haja fluxo de matéria e energia
através do sistema e conseqüente transferência para o sistema fluvial. Partindo deste princípio, as
vertentes e os rios não podem ser abordados de maneira separada, pois estão em constante
interação.
Para fins de análise, o modelado do relevo do Parque foi compartimentado em três unidades
geomorfológicas principais denominadas: Unidade 1(Superfície aplainada), Unidade 2 (Colinas) e
Unidade 3 (Planície Fluvial). (Figura II.3.8 )
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E-II.39
FIGURA II.3.8 – Unidades Geomorfológicas do Parque Natural Municipal de Governador Valadares.
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E-II.40
A Unidade 1 é caracterizada por um relevo plano a suave, com dissecação muito baixa. Ocupa a
porção central da unidade de conservação, representando 44% da área total. Apresenta uma
altitude média de 160 a 170 metros, e declividade que não ultrapassa os 5o. (Foto II.3.6)
FOTO II.3.6 – Em primeiro plano, relevo de topografia suave da Unidade 1, contrastando com o relevo
escarpado do Pico da Ibituruna ao fundo.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
A sua superfície de modelado suave, entre duas elevações (unidade 2), sugere que representa a
base de uma das inúmeras rampas de colúvio que descem as vertentes da face NW do Pico da
Ibituruna, conforme pode ser observado no modelo digital de elevação da área (Figura II.3.9) e na
Foto II.3.5.
A ocorrência de calhaus e matacões arredondados em perfil localizado no limite leste do parque,
na base da encosta do Ibituruna, também sugerem grande transporte de material de montante.
Segundo MÉISS (1977) as rampas de colúvio e cones aluviais são formas que ocorrem com
frequência na Depressão Interplanáltica do Rio Doce. As rampas de colúvio mais recentes podem
estar interligadas aos terraços holocênicos, cujos depósitos se acham interdigitados com os
sedimentos coluviais. Este evento pode ter ocorrido no Parque.
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E-II.41
FIGURA II.3.9 – Modelo digital de Elevação e Classes de Declividade do Parque Natural Municipal de
Governador Valadares. Fonte: Dados da pesquisa: PMGV
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E-II.42
Os solos estudados apresentaram feições similares às dos Cambissolos, indicadas pela presença de
muitos minerais primários na fração grosseira e de fragmentos de rocha semi-intemperizada ao
longo do perfil, com pouca diferenciação entre os horizontes. São solos pouco desenvolvidos, bem
drenados, pouco profundo a profundo, apresentando sequência de horizontes A, (B) e C,
caracterizando- se pela presença de um horizonte B incipiente. (Foto II.3.7)
FOTO II.3.7 – Perfil de um cambissolo. Horizontes: A, B, C. Rocha (R). Observar o horizonte B incipiente.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.43
A Unidade 2, abrangendo 27 % da área do parque, ocupa a extremidade SSE e NW do parque. É
caracterizada por um relevo de colinas com topos convexos e vertentes íngremes, com inclinações
que ultrapassam os 25o e altitudes em entre 155 e 188 m, dando ao relevo uma característica de
forte ondulado. (Foto II.3.8)
FOTO II.3.8 - Unidade 2: Colinas elaboradas em rochas gnáissicas. Destaque para a ―mata seca‖, que se
desenvolvem sobre o neossolo litólico.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
Predominam Neossolos litólicos nos topos e na alta vertente. Em direção à base aparecem os
cambissolos pouco profundos. Estes solos são interrompidos por afloramentos rochosos (Foto
II.3.9). O Neossolo Litólico reúne solos pouco desenvolvidos, com horizonte A moderado e
proeminente, assentado diretamente sobre a rocha, com profundidade, inferior a 50 cm, com
seqüência de horizontes A-C-R, A-R, conforme definido pelo SiBCS (EMBRAPA, 2006).
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E-II.44
FOTO II.3.9 – Perfil de um neossolo litólico. Horizontes: A e C. Rocha (R).
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
Além da baixa capacidade de armazenamento de água, tais solos apresentam, ainda, limitações
físicas ao crescimento do sistema radicular das plantas, contribuindo assim para intensificar ainda
mais o efeito do estresse hídrico. Entretanto observa-se a presença de uma vegetação de porte
arbóreo (Mata seca), extremamente adaptada a estas limitações hídricas e de solo. As presenças
de fraturas nas rochas contribuem para o desenvolvimento radicular da Mata seca. (Foto II.3.10)
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E-II.45
FOTO II.3.10 – Detalhe de uma raiz acompanhando os planos de fratura das rochas. Estas zonas de
fraqueza favorecem o enraizamento da vegetação arbórea.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
Estudos realizados por Ribeiro (2010) registram um longo período de retirada de água do solo e
deficiência hídrica, de março a setembro/outubro quando se tem o início de reposição das reservas
hídricas no solo. O excedente começa a aparecer em dezembro e janeiro.
Os cambissolos desta unidade apresentam um horizonte B, ainda menos profundo do que os
encontrados na Unidade 1. Estes solos podem ser classificados como Cambissolo distrófico típico,
A moderado, textura média, fase pedregosa e rochosa, mata caducifólia, relevo forte ondulado,
substrato gnaisse. A declividade acentuada teve grande influência na formação e evolução desse
solo.
A Unidade 3 corresponde a trechos da Planície de inundação da margem direita do Rio Doce.
Abrange 29% da total do Parque. O relevo plano, com declividade média em torno de 2o, favorece
o processo de acumulação fluvial. (Foto II.3.11). Aparecem os neossolos flúvicos, mal drenados.
Esses solos são originados de sedimentos do Holoceno. Na área, possuem textura areno-argilosa
até muito argilosa.
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E-II.46
Do nível do rio até a cota altimétrica de 154 metros, encontra-se um solo saturado em água,
apresentando considerável hidromorfia. Ocorre aí uma grande sedimentação fluvial, durante as
cheias sazonais do rio. A outra porção da unidade, da cota altimétrica de 154 a 157, apresenta um
solo neossolo flúvico com baixa hidromorfia. As cheias nesta porção não são freqüentes, sendo
significativa a deposição de sedimentos oriundos das unidades 1 e 2.
FOTO II.3.11 – Unidade 3. Vista da planície de inundação do Rio Doce (CPRM, 2004).
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.47
II.3.4 - HIDROGRAFIA
A hidrografia regional é comandada pelo Rio Doce e por seus principais afluentes: da margem
esquerda, o Suaçui-Grande, a leste e o Tronqueiras, a oeste da cidade de Governador Valadares;
da margem direita, o Traíras. O Parque Natural Municipal de Governador Valadares está localizado
à margem direita do Rio Doce, entre o rio e o Pico da Ibituruna. A área do Parque é drenada
também por dois cursos de água intermitentes, conforme pode ser observado na Figura II.3.10.
O Rio Doce, do alto curso até o médio curso, próximo a cidade de Governador Valadares, corre
encaixando na direção SSW/NNE acompanhando os alinhamentos estruturais de mesma direção. A
partir de Governador Valadares, nas proximidades do Parque, ocorre uma inflexão do rio que
passa a correr na direção NNW/SSE até a cidade de Aimorés. Deste ponto até desaguar no Oceano
Atlântico, o rio assume uma direção preferencial W/E.
Sugere-se que a origem das inflexões no Rio Doce, assim como seu leito rochoso com corredeiras
e várias ilhas na altura do Parque, pode ter sua gênese ligada tanto ao controle litológico, quanto
ao controle estrutural (Figura II.3.5).
O Rio Doce transporta uma grande quantidade de sedimentos, formando em ambas as margens,
terraços e várzeas, de topografia horizontal. Muitas das vezes, estes sedimentos são depositados
em seu próprio leito formando banco de areias. Esta dinâmica faz com que á região seja alvo de
inundações periódicas. As enchentes na cidade de Governador Valadares ocorrem no período
chuvoso, que começa em outubro e termina em março, e são registradas mais freqüentemente de
dezembro a fevereiro. (CPRM, 2004).
CPRM (2004) identificou e subdividiu a planície de inundação do Rio Doce, de acordo com o tempo
de retorno das cheias. Na área do Parque os terrenos situados até a cota 154 metros de altitude,
apresentam inundações mais freqüentes, com período de retorno variando entre 2 e 5 anos. No
trecho subseqüente, até a cota de 157 metro, as inundações são menos freqüentes, apresentado
um período de retorno superior a ou igual a 10 anos. (Figura II.3.11).
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E-II.48
O Parque não apresenta nenhum curso de água permanente, excetuando o Rio Doce. Entretanto,
uma atenção deve ser dada ao córrego intermitente que drena a área no sento SE/NW, na zona de
contato entre as unidades geomorfológicas 1 e 2. O leito encaixado e a grande quantidade de
matacões são testemunhas da velocidade adquirida pelo escoamento superficial que desce por
esta porção da vertente, durante o período chuvoso. Observa-se aí um exemplo trabalho da
dissecação fluvial, responsável pelo reentalhamento das superfícies aplainadas. (Foto II.3.12)
A)
B)
FOTO II.3.12 - Canal de drenagem intermitente que corta o Parque no Sentido SE/NW. A) trecho do canal
próximo a entrada do parque (SE), com presença de pequeno fluxo de água no leito de vazante. B) canal
próximo a foz, totalmente seco. Observar o diâmetro dos sedimentos transportados pelo fluxo durante os
períodos chuvosos. Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.49
As águas constituem os agentes mais importantes do transporte de fluxos de energia e matéria
das áreas mais elevadas para as mais baixas. Vertentes, topos e fundo de vales, canais perenes e
intermitentes, estão interligados como componentes dos sistemas de drenagem e qualquer
interferência ao longo dos canais, repercute de maneira direta ou indireta em toda bacia de
drenagem. Neste contexto, alterações no uso da terra, na bacia de captação dos dois cursos
intermitentes que drenam em direção ao parque, podem trazer consequências danosas a esta
unidade de conservação como: aumento do fluxo de água durante o período chuvoso,
assoreamento próximo a foz e contaminação da água.
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E-II.50
FIGURA II.3.10 – Rede Hidrográfica do Parque Natural Municipal de Governador Valadares.
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E-II.51
FIGURA II.3.11 – Áreas Inundadas para Diferentes Períodos de retorno, Segundo CPRM (2004).
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E-II.52
II.3.5 - SUSCETIBILIDADE EROSIVA
O termo suscetibilidade erosiva pode ser definido como a predisposição natural de um relevo a
erosão. A suscetibilidade é resultante de um conjunto de fatores como características da chuva, a
topografia, litologia, declividade e tipos de solos. Outros termos podem ser inseridos nesta análise.
Em função ao tamanho da unidade de conservação pode-se dizer que a pluviosidade exerce a
mesma influência em todas as três unidades geomorfológicas mapeadas. A geologia também não
apresentou variações significativas. Sendo assim, os fatores que mais contribuem para a
susceptibilidade erosiva são: declividade, topografia e tipo de solo.
Para Tricart (1977), quanto maior o índice de dissecação do relevo que classifica um
compartimento, maior potencial ele tem à instabilidade morfodinâmica. A unidade 2 é a área que
apresenta maior fragilidade ambiental, podendo ser classificada como muito forte. A alta
declividade associada a amplitude do relevo, favorecem o processo de dissecação fluvial. (Foto
II.3.13).
A)
B)
A) início de erosão em ravina, devido a
concentração do escoamento na margem da
estrada;
B) detalhe da forma erosiva. Observe a
espessura do cambissolo na parede da erosão.
C) Fragilidade do cambissolo. A matéria orgânica
presente no horizonte A, oferece resistência a
remoção. A fraca coesão dos agregados nos
horizonte B e C favorecem a remoção.
C)
FOTO II.3.13 – Exemplos de processos erosivos
presentes na unidade 2.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo ambiental
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E-II.53
A presença dos solos pouco desenvolvidos (Neossolo litólico e cambissolo). Por apresentarem
horizontes com baixa coesão entre os agregados, estes solos são facilmente removidos, quando
localizados em relevos com topografia mais íngreme, como ocorre na unidade 2. Fatores como
abertura de estradas, retirada da cobertura vegetal favorecem a concentração do escoamento
superficial, originado erosões em sulcos e ravinas. (Fotos II.3.11).
Na Unidade 1, a baixa declividade, associada à presença de um cambissolo apresentando um
horizonte B mais profundo que o da Unidade 2, favoreceu as atividades agro-pastoris. Apesar de
ser a é a mais antropizada do Parque, a declividade suave, responde por uma baixa dissecação.
Predomina erosão laminar. O grau de fragilidade pode ser considerado fraco para a área central
da Unidade. O contato com as unidades 3 (porção W) e 2 (porção SSW) que ocorre a partir de
rupturas de desnível, confere um grau de fragilidade forte a esta região.
Na Unidade 3, o relevo plano e a baixa altitude, conferem um grau de fragilidade muito fraca a
dissecação. Entretanto, esta unidade esta sujeita a inundações periódicas. A CPRM (2004), no
âmbito do Projeto para identificação da Planície de Inundação do Rio Doce, recomenda os
seguintes usos e ocupação para a planície de inundação do Rio Doce:

Nas áreas mais freqüentemente inundadas (período de retorno menor do que 10 anos) a
ocupação seja por áreas públicas de lazer, do tipo parques, praças, etc.;

Nas áreas menos freqüentemente inundadas (período de retorno entre 10 e 100 anos)
sejam ocupadas por edificações que os prejuízos quanto à inundação não sejam
significativos;

As áreas raramente inundadas (período de retorno maior do que 100 anos) sejam
ocupadas por residências e estabelecimentos comerciais de um modo geral.
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E-II.54
II.3.6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
O modelado do relevo do Parque, desenvolvido sobre rochas graníticas e gnáissicas do
Complexo Mantiqueira, localizado na baixa vertente da face NW do Pico da Ibituruna,
margem direita do Rio Doce, é produto da interação de processos de dissecação Fluvial e
acumulação, condicionados pela ação do clima e reativação tectônica cenozóica sobre
estruturas litológicas do Orógeno Araçuaí, de idade Pré-cambriana.
Os estudos realizados sugerem que o Parque apresenta grande parte de seu relevo,
elaborado em uma rampa de colúvio que desce a vertente NW do Pico da Ibituruna, cujos
depósitos se acham interdigitados com os sedimentos aluviais na base. Esta rampa
favorece o escoamento superficial difuso e/ou concentrado, do topo do Pico da Ibituruna
em direção ao leito do Rio Doce. Este escoamento tende a se intensificar quando é
retirada a cobertura vegetal.
Os solos apresentaram feições similares às dos Cambissolos, indicadas pela presença de
muitos minerais primários na fração grosseira e de fragmentos de rocha pouco
intemperizada ao longo do perfil, com pouca diferenciação entre os horizontes. São solos
pouco desenvolvidos, bem drenados, caracterizando- se por um horizonte B incipiente. A
presença destes solos atesta uma relativa juventude do relevo.
Conclui-se neste estudo que as características do modelado do relevo e a presença de
solos do tipo cambissolos, oferecem uma vulnerabilidade natural ou induzida à erosão das
vertentes do Parque e entorno.
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E-II.55
II.4 - ESTUDO DA FLORA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR
VALADARES – MG
II.4.1 - INTRODUÇÃO
A Floresta Estacional Semidecidual, também chamada de Floresta Estacional Semicaducifólia, é
uma das fisionomias da Mata Atlântica, especialmente nas regiões a oeste da Serra do Mar, com
áreas expressivas nos estados de São Paulo, Mato Grosso de Sul, Minas Gerais, Paraná e manchas
menores em outros estados, sobretudo margeando os rios, chegando a países vizinhos, tais como
Paraguai e Argentina.
O conceito ecológico deste tipo de vegetação está condicionado pela sazonalidade climática: uma
tropical, com época de intensas chuvas de verão seguidas por estiagens acentuadas; e outra
subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio de inverno,
com temperaturas médias inferiores a 15°C. Originalmente eram amplamente distribuídas no
estado de Minas Gerais em áreas com regime de precipitação sazonal no Domínio da Mata
Atlântica. No Domínio Cerrado, ocorrem ainda na forma de encraves e florestas associadas a
corpos d’água permanentes e intermitentes. Segundo dados do Instituto Estadual de Florestas de
Minas Gerais - IEF e da Universidade Federal de Lavras/MG - UFLA, em estudo de 2005, 33,8% do
território de Minas Gerais ainda apresentavam cobertura vegetal original. A Mata Atlântica ainda
mantêm cerca de 10,33 % de sua cobertura vegetal sendo, desse percentual, aproximadamente
8,90 % correspondendo a Floresta Estacional Semidecidual.
A característica mais marcante desse tipo florestal é a presença de espécies vegetais que, em sua
grande maioria, perdem as folhas no período da estação seca em resposta à escassez de água. As
árvores que a compõem são espécies caducifólias, ou seja, tem folhas decíduas (caducas). Tais
condições climáticas, muito peculiares, sobretudo no Brasil central nos meses de inverno, resultam
na entrada de luz com maior intensidade no interior da floresta, propiciando uma proliferação de
lianas, que geralmente são plantas que exigem grande incidência solar para seu desenvolvimento.
As Florestas Estacionais Semideciduais, numa visão ampla, são fisionomias com dossel de 4
(florestas de altitude sobre solos rasos ou litólicos) a 25 metros de altura (solos profundos), com
árvores emergentes podendo chegar a 40 m e sub-bosque denso. Pouca abundância de epífitas e
samambaiaçus quando comparada com as florestas ombrófilas, mas ainda assim com grande
variedade dessas espécies. Densidade variável de lianas e bambusóides - taquaras e bambus.
(UFLA, 2005)
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.56
A área de implantação do Parque Natural Municipal de Governador Valadares, está inserida dentro
do perímetro urbano do município de Governador Valadares - MG. Faz parte da Bacia Hidrográfica
do Rio Doce e está totalmente inserida no Domínio da Floresta Atlântica, mais precisamente
apresentando formação fisionômica de Floresta Estacional Semidecidual.
O município em questão apresenta segundo dados do IBGE de 2005, apenas 6,47% da sua
cobertura vegetal original. A área de estudo em si possui cerca de 40 hectares (402.916,66 m²) e
apresenta elevado grau de degradação devido à atividade de pecuária extensiva que era a fonte
de subsistências dos antigos proprietários desde a década de 1930/40. Apresenta algumas porções
de mata bem preservadas com representatividade de espécies nativas em fragmentos nas
margens do Rio Doce e nas regiões de encostas com menor acessibilidade, mas todos os
fragmentos em estágios de sucessão secundários. Pode-se, dessa forma, explicar a baixíssima
frequência de epífitas na área, uma vez que esse grupo de plantas é o ultimo a se instalar durante
a sucessão ecológica (GILHUIS, 1986).
II.4.2 - DIAGNÓSTICO
Foram identificadas, na área de implantação do Parque, basicamente duas fisionomias vegetais ou
fitofisionomias, podendo variar entre si definidas, sobretudo, pelas características edáficas e
disponibilidade de água. A primeira fisionomia de encosta denominada pela classificação do IBGE
como submontana, com a presença de solo raso, bem drenado e com características cársticas ou
litólicas e uma segunda fisionomia de várzea definida pelo IBGE como aluvial, com solo de
características físico-químicas que diferem do primeiro sendo mais rico em minerais e com
disponibilidade de água consideravelmente maior.
Em cada uma das classes de solo ocorrem peculiaridades, tais como; presença ou ausência de
afloramentos rochosos, áreas inundáveis e áreas totalmente degradadas pela antropização. Como
já afirmado anteriormente, de acordo com as definições de classificação de fisionomias vegetais do
IBGE, as áreas identificadas na área de implantação do Parque podem ser classificadas como
secundárias, pelo fato da exploração da mesma para fins agropecuários. Portanto, através de uma
avaliação das condições ecológicas das fisionomias vegetais, das condições do solo, da diversidade
biológica encontrada com base no estudo florístico e na comparação dessas informações com
áreas similares, verificou-se uma degradação acentuada da área em questão.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.57
F0TO II.4.1 – Mata de encosta ou submontana, fisionomia vegetal típica de Florestas Estacionais
Semideciduais. Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
FOTO II.4.2 – Vista da cidade de Governador Valadares de dentro da área de implantação do Parque.
Área caracterizada como de várzea ou aluvial.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.58
Um ecossistema torna-se degradado quando perde sua capacidade de recuperação natural após a
ocorrência de um ou vários distúrbios perdendo, portanto, sua resiliência. Dependendo da
intensidade do distúrbio, fatores essenciais para a manutenção dessa característica como banco de
plântulas e de sementes no solo, capacidade de rebrota das espécies, chuva de sementes, podem
ser perdidos, estagnando o processo de regeneração natural ou tornando-o extremamente lento.
Com o passar do tempo e, dependendo da intensidade de uso, a degradação pode ser agravada
através da redução da fertilidade do solo pela exportação de nutrientes pelas culturas e, ou, pela
prática da queima de restos vegetais e de pastagens, da compactação e da erosão do solo pelo
pisoteio do gado e pelo trânsito de maquinário agrícola.
II.4.2.1 - Fisionomias Vegetais e suas Variações na Área do Parque
II.4.2.1.1 - Mata de encosta ou submontana
É constituída por uma mata secundária em estágio moderado de sucessão, não apresenta
praticamente nenhuma epífita, sendo que não foram coletadas ou identificadas nenhuma espécie
de orquídea, e apenas uma espécie de bromélia do gênero Tillandsia spp, sendo que essa foi
encontrada sempre associada as Aroeiras – (Myracrodruon urundeuva). Tem uma formação de
dossel, em sua maioria, de árvores de médio a grande porte com uma frequência muito grande de
Aroeiras – (Myracrodruon urundeuva) e a presença menos freqüente de Angicos – (Parapiptadenia
rígida) e Canafistulas – (Peltophorum dubium), sendo que a primeira espécie forma grandes
povoamentos cobrindo as encostas do Parque de forma quase homogênea, característica que
poderá ser melhor estudada posteriormente e levada a um manejo adequado da espécie após a
implantação do mesmo.
Apesar de não apresentar epífitas na área do Parque, existe um número bastante considerável de
lianas. Não apresenta um sub-bosque com biodiversidade acentuada, uma vez que a presença das
Aroeiras - (Myracrodruon urundeuva) em vários estágios de crescimento praticamente dominam a
estratificação vertical dessa formação. Essa grande dominância da espécie citada pode ser
explicada pela capacidade alelopática da mesma. Tal característica é citada em vários trabalhos
científicos e provoca eliminação de toxinas pela planta, inibindo que outras espécies germinem e
desenvolvam suas plântulas e assim cresçam no sub-bosque.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.59
Outra característica que pode explicar essa grande invasão da Aroeira - (Myracrodruon urundeuva)
é a sua capacidade em se adaptar onde antes existiam florestas primárias que foram devastadas
para as atividades agropecuárias. Essa espécie é uma grande produtora de sementes e possui uma
capacidade de interação com o ambiente intensa, adaptando-se facilmente a solos com deficiência
de água. Sabe-se também que a espécie precisa de luz direta para se desenvolver, o que não
ocorre em mata fechada. Dentro de uma floresta ela ocorre em baixa densidade, mas nos
ambientes degradados forma povoamentos quase completamente homogêneos.
FOTO II.4.3 - Povoamento de Aroeira - (Myracrodruon urundeuva) num exemplo mata de encosta.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
Foram identificadas várias espécies arbóreas exóticas nas áreas de encosta, sobretudo nas áreas
marginais da área de implantação do Parque, são elas: paineiras – (Ceiba speciosa), Flamboyant –
(Delonix regia), Bougainville – (Bougainville glabra), entre outras, descritas na Tabela II.4.2. Nas
áreas de pomar onde existe a sede do sitio desapropriado, também foram identificadas varias
espécies exóticas, tais como: Mangueiras - (Mangifera indica), Jabuticaba – (Myrciaria cauliflora),
Amora – (Morus nigra), Leucena – (Leucaenae spp), sendo que essa ultima é muito freqüente nos
pastos e no perímetro da área do Parque que margeia a estrada de acesso ao mesmo, formando
povoamentos contínuos.
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E-II.60
FOTO II.4.4 – Mata de encosta com presença de espécies arbóreas e uma pequena presença de subbosque com algumas espécies arbustivas e a presença de herbáceas invasoras.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
FOTO II.4.5 - Topo de morro com clareira aberta para pasto e afloramento rochoso.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.61
II.4.2.1.2 - Mata de várzea ou aluvial
Também constituída por mata secundária, apresenta um estágio ainda mais moderado de
sucessão, pois, em sua maioria, apresenta pastos com várias espécies invasoras, tais como as
herbáceas: capim-gordura - (Melinis minutiflora), capim colonião (Panicum maximumi), capim
braquiária (Brachiaria decumbens), margaridão – (Sphagneticola trilobata) e grama-boiadeira –
(Leersia hexandra). Tais espécies foram introduzidas pela ação antrópica e principalmente pela
degradação da floresta ciliar primária para a prática da pecuária e agricultura. Apesar de baixa
diversidade, a mata de várzea apresentou uma quantidade relativamente significante de espécies
típicas das Florestas Estacionais Semideciduais, sendo que as mais representativas observadas
foram: Ingá – (Inga uruguensis), Sangra-dágua (Croton urucurana), Figueira (Ficus trigona),
Figueira do Brejo (Ficus insipida), Genipapo (Genipa americana).
Essas espécies foram identificadas ocorrendo em três classes edáficas da mata de várzea: solos
moderadamente úmidos ou brejosos, solos raramente alagáveis com lençol freático relativamente
superficial e em terrenos pantanosos, ou seja, espécies que se adaptaram para viver virtualmente
dentro da água. (HANRI LORANZI, 2000).
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E-II.62
FOTO II.4.6 - Mata as margens do Rio Doce, com presença de povoamento de Sangra-dágua - (Croton
urucurana), exemplo de espécie de solo alagável.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
FOTO II.4.7 - Margem do Rio Doce, com espécie herbácea invasora, a grama-boiadeira – (Leersia
hexandra) e aguapé – (Eichhornia crassipes). As espécies arbóreas em sua maioria foram dando lugar a
espécies invasoras. Exemplo de solo pantanoso ou brejoso.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.63
FOTO II.4.8 – Mata de várzea ou aluvial com espécie típica, Genipapo – (Genipa americana). Área de
várzea foi totalmente devastada para atividade pecuária. Exemplo de solo não alagável ou raramente
alagáveis, com lençol freático superficial.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.64
II.4.3 - METODOLOGIA
As fisionomias vegetais ocorrentes e amostradas no Parque foram identificadas por meio de
fotografias aéreas e análises de imagens do satélite LANDSAT. Foram descritas de acordo com as
denominações do IBGE para vegetação brasileira e analisadas quanto a suas características
edáficas, climáticas, geográficas e fisionômicas.
Os dados coletados e utilizados no estudo foram adquiridos com a utilização do método expedido
para levantamentos qualitativos conhecido como Levantamento Rápido – LR, descrita por
Filgueiras et al (1994) como ―caminhamento‖ que consiste em fazer uma varredura na área de
estudo, visualizando e identificando o maior numero de espécies vegetais através de caminhadas
pelas trilhas existentes e observar a ocorrência e frequência das espécies. Foram realizadas 6
(seis) visitas à área.
II.4.4 - RESULTADOS
Com base em observações feitas à área de implantação do Parque, foram identificadas 24 (vinte e
quatro) espécies arbóreas nativas das Florestas Estacionais Semideciduais; 05 (cinco) espécies de
lianas ou trepadeiras nativas também dessa formação florestal e apenas uma espécie de bromélia
do gênero Tillandsia spp.
Não foram observados exemplares de pteridófitas - Divisão (Pteridophyta) e nem de orquídeas –
Família (Orchidaceae). Apenas alguns poucos exemplares de briófitas somente da classe –
(Bryopsida), também conhecidas como musgos e muito poucos representantes dos liquens –
Classe (Mycophycophyta), principalmente liquens fruticosos e crostosos. Os liquens são
associações simbióticas de mutualismo entre fungos e algas. Os fungos que formam liquens são,
em sua grande maioria, ascomicetos (98%), sendo o restante, basidiomicetos. As algas envolvidas
nesta associação são as clorofíceas e cianobactérias. Por serem extremamente sensíveis à
poluição, os liquens são considerados bons bioindicadores, podendo indicar a qualidade do ar e até
quantidade de metais pesados em áreas industriais. A baixa frequência observada desses
indivíduos pode indicar uma qualidade de ar comprometida na microrregião de Governador
Valadares.
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E-II.65
Em comparação com outras áreas com a estrutura florestal similar, tal como a Unidade de
Conservação – UC, do Parque Estadual do Rio Doce – PERD, a diversidade vegetal da área de
implantação do Parque é bastante baixa, mas vale ressaltar que são áreas com tamanho e
utilização completamente distintas. Enquanto a área de implantação do Parque teve, durante
décadas, uma exploração predatória, o PERD foi criado na década de 1940 para fins de
conservação da biodiversidade e dos recursos naturais e representa a mais extensa área de Mata
Atlântica do estado de Minas Gerais ainda em estado primário. Tal comparação apenas é valida se
entendermos que, em seu estado primário, a área estuda apresentava, muito certamente, as
mesmas características ecológicas e estruturais do PERD e assim buscar uma recuperação dos
impactos causados pela ação do homem na área de implantação do Parque com base nas
informações obtidas dos estudos realizados na área do PERD e em outras áreas similares.
Foram identificadas, também, 14 (quatorze) espécies arbóreas exóticas, ou seja, indivíduos que
não ocorrem de forma natural nesta formação florestal e que foram introduzidas pela ação do
homem.
Conforme citado anteriormente, foram identificadas várias espécies de gramíneas invasoras,
comuns em todo o Brasil, introduzidas para utilização na pecuária extensiva a partir da década de
1950. Tais espécies apresentam características de crescimento muito rápido e invasão biológica
agressiva, causando muitas vezes a extinção das espécies locais uma vez que as espécies nativas
não dispõem de mecanismos para concorrer evolutivamente com as invasoras. Segundo Primack e
Rodrigues (2001) a segunda maior causa de perda de biodiversidade é a introdução de espécies
exóticas perdendo apenas para a destruição e fragmentação de habitat.
Nas tabelas a seguir, serão apresentadas as espécies arbóreas encontradas na região de
implantação do Parque com informações sobre frequência com que foi observada e local de
ocorrência. A Tabela II.4.1, descreve as espécies arbóreas nativas e na Tabela II.4.2 são
apresentadas as espécies arbóreas exóticas, introduzidas pela ação antrópica.
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E-II.66
TABELA II.4.8 - Espécies arbóreas nativas encontradas na área de estudo do Parque. A tabela descreve:
nome científico, nome popular, frequência que foi observado em campo, sendo 3+ muito frequente, 2+
frequente, 1+ pouco frequente e o local de ocorrência, sendo que, B = margem do Rio Doce, E = encosta, V
= várzea do Rio Doce, M = apenas nas margens/bordas da área
Nome Cientifico
(família botânica)
Cnidoscolus pubescens
Cansanção
Frequência
observada
+
Croton urucurana
Sangra-dágua
+++
B
Joannesia princeps
Cutieira, boleira
++
E
Peltophorum dubium
Canafistula
+++
VeE
Pterogyne nitens
Amendoin
+
E
Enterolobium contortisiliquum
Tamboril, orelha de macaco
+
E
Parapiptadenia rigida
Angico
+++
EeV
Piptadenia gonoacantha
Pau-jacaré
+
E
Luehea candicans
+
E
Pseudobombax grandiflorum
Açoita-cavalo, Mutamba
preta
Embiruçu
++
E
Ficus trigona
Figueira
+++
VeB
Ficus insipida
Figueira do brejo
++
VeB
Eugenia uniflora
Pitanga
+++
EeV
Cecropia hololeuca
Embaúba prateada
+++
E
Cecropia pachystachya
Embaúba, embaúva
++
EeV
Myracrodruon urundeuva
Aroeira
+++
E
Hymenaea courbaril
Jatobá
+
E
Inga uruguensis
Ingá
+++
V
Cebrela fissilis
Cedro
+
Genipa Americana
Genipapo
++
E, topo do
morro
V
Copaifera lansdorffii
Jacarandá
Copaíba, pau de óleo
+
+
EeB
E
Caesalpinia pluviosa
Sibipiruna
+
M
Aspidosperma subincanum
Peroba
+
E
Nome Popular
Local de
ocorrência
E
(EUPHORBIACEAE)
(EUPHORBIACEAE)
(EUPHORBIACEAE)
(FABACEAE)
(FABACEAE)
(FABACEAE)
(FABACEAE)
(FABACEAE)
(MALVACEAE)
(MALVACEAE)
(MORACEA)
(MORACEA)
(MYRTACEAE)
(CECROPIACEA)
(CECROPIACEA)
(ANACARDIACEAE)
(LEGUMINOSAE)
(LEGUMINOSAE)
(MELIACEAE)
(RUBIACEAE)
Dalbergia nigra
(LEGUMINOSAE-PAPILIONOIDEAE)
(LEGUMINOSAE-CAESALPINOIDAE)
(FABACEAE)
(APOCYNACEAE)
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E-II.67
TABELA II.4.9 – Espécies arbóreas exóticas encontradas na área de estudo do futuro Parque. A tabela
descreve: nome científico, nome popular, frequência observada, sendo 3+ muito freqüente, 2+ freqüente e
1+ pouco freqüente e local de ocorrência, sendo M = apenas nas margens/bordas da área, Po = área de
pomar, I = interior da mata
Nome Cientifico
(família botânica)
Ipê
Frequência
observada
++
Local de
ocorrência
MeI
Ceiba speciosa
Paineira, barriguda
++
MeI
Leucaenae spp
Leucena
+++
M, I, Po
Flamboyant
++
I, M
Manga
+
Po e M
Cajá-manga
+
Po
Bougainville glabra
Bougainville, primavera
++
IeM
Malpighia emarginata
Acerola
+++
M, Po e I
Jabuticaba
+
Po
Amora
+
Po
Abacateiro
++
M e Po
Psidium guajava
Goiabeira
++
Po
Cytrus spp
Limão
++
Po
Cytrus spp
Laranja
++
Po
Tabebuia spp
Nome Popular
(BIGNONIACEAE)
(LEGUMINOSAE)
Delonix regia
(FABACEA)
Mangifera indica
(ANACARDIACEAE)
Spondias cytherea
(ANACARDIACEAE)
(MALPGHIACEAE)
Myrciaria cauliflora
(MYRTACEAE)
Morus nigra
(MORACEAE)
Persea americana
(LAURACEAE)
(RUTACEAE)
Foram encontradas apenas 05 (cinco) espécies de lianas ou trepadeiras na área de estudo para
implantação do Parque. Lianas são plantas que germinam no solo, mantêm-se enraizadas durante
toda a vida e necessitam de suporte físico para alcançarem o dossel. Nas florestas tropicais,
constituem uma forma de vida importante em virtude de sua diversidade, por fazerem parte da
estrutura da floresta e, além disso, servirem de alimento para uma variedade de animais. Vale
ressaltar que a presença de lianas é muito maior na mata de encosta onde a deciduidade das
espécies arbóreas possibilita o crescimento desse grupo vegetal, uma vez que, conforme dito
anteriormente, essa plantas têm a necessidade de luz para o seu crescimento e desenvolvimento.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.68
Na TABELA II.4.10 são apresentadas as espécies de lianas encontradas principalmente nas matas
de encosta que parecem estar em estágios mais avançados de recuperação, mas em comparação
com áreas similares, porém mais conservadas, a diversidade da área de estudo é bastante baixa.
TABELA II.4.10 – Espécies de lianas nativas encontradas na área de estudo do futuro Parque. A tabela
descreve: nome científico, nome popular, frequência que foi observado em campo, sendo 3+ muito
freqüente, 2+ freqüente, 1+ pouco freqüente e o local de ocorrência, sendo que, B = margem do Rio Doce,
E = encosta, V = várzea do Rio Doce
Nome Cientifico
Frequência
observada
Nome Popular
Local de
ocorrência
Arrabidaea selloi
Cipó-camarão
+
E
Mansoa difficilis
Cipó de sino
+
E
Mucuna spp (FABACEAE)
Mucuna
+
E, V
Bauhinia spp (FABACEAE)
-
+
E
Urvillea laevis
-
+
E
A Tabela II.4.4 apresenta as espécies herbáceas, arbustivas e trepadeiras exóticas encontradas na
área de implantação do Parque. Foram identificadas (03) três espécies invasoras herbáceas
aquáticas, a grama-boiadeira – (Leersia hexandra), o Aguapé – (Eichhornia crassipes) e a Taboa –
(Typha angustifolia) todas nas margens do Rio Doce na transição em solos bastante hidromórficos
ou inteiramente dentro da água. A maior ocorrência de herbáceas e arbustivas, entretanto, é de
espécies terrestres, tais como: Capim-colonião – (Melinis minutiflora), Capim braquiaria –
(Brachiaria decumbens), Margaridão – (Sphagneticola trilobata) e Jurema – (Mimosa spp), sendo
que todos muito freqüentes, sobretudo nos pastos mais degradados e mal manejados onde
formam povoamentos inteiros, causando assim um impacto muito grande na biodiversidade das
espécies nativas.
Tais espécies, introduzidas pela ação do homem, devem ter um tratamento adequado após a
implantação do Parque, através de um programa de manejo. Deve-se salientar, entretanto, a
preocupação em apenas manejar as espécies que realmente apresentem real prejuízo ao
ecossistema do Parque.
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E-II.69
TABELA II.4.11 – Espécies herbáceas e arbustivas, aquáticas e terrestres exóticas encontradas na área de
implantação do Parque. A tabela descreve: nome científico, nome popular, frequência observada; sendo 3+
muito freqüente, 2+ freqüente e 1+ pouco freqüente; hábito, sendo H = herbácea, A = arbustiva, Tr =
trepadeira/liana, Aq = aquática e T = terrestre; local de ocorrência, sendo P = pasto, M = margem do Rio
Doce, V = mata de várzea e E = mata de encosta
Melinis minutiflora
Capim gordura
H, T
Frequência
observada
+++
Panicum maximum
Capim colonião
H, T
+++
V, E, P, M
Typha angustifolia
Taboa
H, Aq
++
M
Brachiaria decumbens
Braquiaria
H, T
+++
V, E, P, M
Vernomia ferruginea
Assa-peixe
H, T
+
V, P
Sphagneticola trilobata
Margaridão
H, T
+
V, P
Leersia hexandra
Grama-boiadeira
H, Aq
++
M
Bidens subalternaus
Picão
H, T
+
V, P
Mimosa spp
Jurema
A, T
+++
V, P
A, T
++
V, P
Nome Científico
Acacia spp
Nome Popular
Arranha-gato,
gato
unha
Hábito
de
Local de
ocorrência
V, E, P, M
Eichhornia crassipes
Aguapé
Aq
+++
M
Luffa aegyptiaea
Bucha
Tr, T
+
M, V
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.70
II.4.5 - PROGNÓSTICO
Com fundamento nas informações coletadas nas visitas a campo, no levantamento das espécies
vegetais e na proposta inicial do projeto, de recuperação da área para a implementação de um
parque de proteção ambiental com fins recreativos e educacionais e que atenda a população do
município de Governador Valadares, deve-se pensar em um programa de recuperação das áreas
degradadas, segundo Rodrigues e Gandolfi (2000) levando-se em consideração alguns fatores
importantes, tais como:

O manejo das espécies invasoras;

Escolha das atividades de recomposição;

Seleção do sistema de revegetação (implantação de sistema, enriquecimento de
sistema ou simplesmente regeneração natural de sistema);

Plantio e distribuição das espécies adequadas no campo, buscando a distribuição
natural das espécies conforme seu grupo ecológico (Tabela II.4.5), segundo as
características ambientais de áreas similares no entorno e por fim a manutenção,
acompanhamento e avaliação de indicadores de recuperação.
Também com base na estratégia a ser definida e adotada com apoio técnico do insumo criado com
os diagnósticos ambientais, produtos do levantamento biótico (fauna e flora) na área de
implantação do Parque, deve-se pensar num programa de recuperação de áreas degradadas
considerando também os grupos ecológicos e a seleção de espécies adequadas aos ecossistemas
locais. Recomenda-se também adotar alguns critérios básicos na seleção de espécies para
recuperação de áreas degradadas:

Plantar espécies nativas com ocorrência em matas da região;

Plantar o maior número possível de espécies, gerando assim uma maior
biodiversidade;

Utilizar combinações com espécies de todos os grupos ecológicos (Tabela II.4.5);

Plantar espécies atrativas à fauna;

Respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo, isto é, plantar espécies
adaptadas a cada condição de umidade do solo.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.71
As tabelas a seguir descrevem o grupo ecológico e suas características sucessionais (Tabela II.4.5)
e as espécies mais indicadas para recuperação de áreas degradadas (TABELA II.4.13), sendo que
a segunda foi adaptada para a realidade do projeto em questão.
Foram inseridas na tabela
adaptada apenas as espécies mais representativas das fisionomias vegetais identificadas no
esforço de mapeamento da área de implantação do Parque, espécies essas que aparecem em
destaque na maioria dos estudos fitossociológicos em matas estacionais semideciduais, e as que a
experimentação científica tem comprovado sua capacidade para recuperação de tais áreas, dessa
forma assegurando uma maior segurança e confiabilidade na escolha de espécies para manejar as
áreas afetadas.
Ainda sobre a restauração das áreas degradadas do Parque, deve-se pensar também num
programa de monitoramento com indicadores de recuperação que vai servir de base para
identificação do sucesso do programa de recuperação ou a necessidade de outro tipo de
intervenção. Através de tais indicadores podemos identificar, por exemplo, a necessidade de uma
interferência maior na área ou a auto-suficiência da floresta re-implantada podendo dessa forma
até dispensar as ações antrópicas de recuperação.
Segundo a literatura especializada, os insetos têm sido indicados como bons indicadores biológicos
de recuperação de áreas degradadas. A respeito da qualidade do solo, nas áreas em processos de
recuperação, há uma sucessão de organismos da micro, meso e macrofauna que estão presentes
em cada etapa da recuperação destas áreas, sugerindo assim a ―saúde‖ dos solos em
recuperação. Indicadores vegetativos também podem ser utilizados, tais como: chuva de
sementes, banco de sementes e a produção de serapilheira. Estes indicadores apresentam a
vantagem de serem de quantificação relativamente fácil, quando comparados com outros
indicadores biológicos.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.72
TABELA II.4.12 - Características de espécies arbóreas nativas do Brasil, que compõem os diferentes
grupos ecológicos Fonte: (adaptada de Recuperação de matas ciliares. Sebastião Martins, 2001)
Grupo Ecológico
Características
Pioneiras
Secundárias
Iniciais
Secundárias
Tardias
Climáticas
Crescimento
Muito rápido
Rápido
Médio
Lento ou muito lento
Madeira
Muito leve
Leve
Mediamente dura
Dura e pesada
Muito intolerante
Intolerante
4 a 10
20
Tolerância à
sombra
Altura das
árvores (m)
Regeneração
Banco de
sementes
Banco de plântulas
Tolerante no estágio
juvenil
Tolerante
20 a 30, podendo
30 a 45, podendo atingir 50
atingir 40 (m)
(m)
Banco de plântulas
Banco de plântulas
Restrita
Dispersão de
sementes
Ampla (zoocoria:
(gravidade); ampla
alta diversidade
(zoocoria: poucas
de animais); pelo
espécies de
vento, a grande
animais); pelo
distância
vento, a grande
Principalmente pelo
vento
Ampla (zoocoria: grandes
animais); restrita
(gravidade)
distância
Tamanhos de
frutos e
Pequeno
Médio
sementes
Dormência das
Induzida (foto ou
sementes
termorregulada)
Sem
Idade da 1.°
reprodução
Prematura (1 a 5) Prematura (5 a 10)
(anos)
Tempo de vida
Muito curto
(anos)
(menos de 10)
Capoeiras, bordas
Ocorrência
de matas,
clareiras médias e
grandes
Curto (10 a 25)
Florestas
secundárias,
bordas de
clareiras, clareiras
pequenas
Pequeno à médio
mas sempre leve
Sem
Relativamente tardia
(10 a 20)
Longo (25 a 100)
Florestas
secundárias e
primárias, bordas de
clareiras
Grande e pesado
Inata (imaturidade do
embrião)
Tardia (mais de 20)
Muito longo (mais de 20)
Florestas secundárias em
estágio avançado de
sucessão, florestas
primárias, dossel e subbosque
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.73
TABELA II.4.13 - espécies nativas indicadas para a recuperação de áreas degradadas em Florestas
Estacionais Semideciduais, com os respectivos nomes vulgares, o grupo ecológico a que pertencem e a
tolerância à umidade do solo. G.E. = grupo ecológico: P = pioneira; NP = não pioneira; Si = secundária
inicial; quanto a indicação: A = áreas encharcadas permanentemente; B = áreas com inundação temporária;
C = áreas bem drenadas, não alagáveis
Fonte: (adaptada de Recuperação de matas ciliares. Sebastião Martins, 2001)
Nome Científico
Nome Vulgar
G.E. Indicação
Acacia polyphylla DC.
Angico-branco
P
B, C
Acrocomia aculeata Lodd. Ex Mart
Macaúba, macaúva
P
B, C
Albizzia hassleri (Chod.) Burkart
Farinha seca
P (Si)
C
Albizzia glandulosa Poepp & Endl.
Tapiá
P
B, C
Anadenanthera macrocarpa (Benth.) Brenan
Angico vermelho
P (Si)
C
Apulea leiocarpa Macbr.
Garapa
NP
C
Aspidosperma polyneuron Müell. Arg.
Peroba rosa
NP
C
Astronium graveolens Jacq.
Guaritá, quebra-machado
P (Si)
C
Balfourodendron riedelianum Engl.
Pau marfim
P (Si)
B, C
Bauhinia forficata Link.
Unha-de-vaca
P (Si)
B, C
Cabrelea canjerana (Veloso) Martins
Canjerana
NP
B, C
Campomanesia xanthocarpa Berg.
Gabiroba
NP
B, C
Cariniana estrellensis (Raddi) O. Kuntze.
Jequitibá branco
NP
C
Cariniana legalis (Mart.) Kuntze.
Jequitibá rosa
NP
C
Cecropia hololeuca Miq.
Embaúba branca
P
B, C
Chorisia speciosa St. Hil.
Paineira
P (Si)
B, C
Cedrela fissilis Vell.
Cedro
P (Si)
C
Citronella gongonha (Mart.) Howard
Congonha
NP
A, B
Columbrina glandulosa Perkins
Saquaragi vermelho, sobrasil
P (Si)
C
Copaifera lansdorffii Desf.
Óleo copaíba, copaíba
NP
B, C
Cordia trichotoma Vell. Ex Steud.
Louro-pardo, canela-batata
P (Si)
C
Croton urucurana Baill.
Sangra d'água, aldrago
P
A, B
Cupania vernalis Camb.
Camboatã
P (Si)
C
Cytharexyllum myrianthum Cham.
Pau-viola
P
A, B
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.74
Nome Científico
Nome Vulgar
G.E. Indicação
Dendropanas cuneatum Decne. & Planch.
Maria-mole, mandioca
P (Si)
A, B
Duguetia lanceolata St. Hil.
Pindaíba, biribá
NP
C
Endlicheria paniculata (Spreng.) J. F. Macb.
Canela do brejo
NP
A, B
Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morang
Tamboril, orelha-de-negro
P (Si)
B, C
Erythrina crista-gali L.
Suinã
P
A, B
Erythrina speciosa Andrews
Candelabro, faquinha
P
A, B
Esenbeckia leiocarpa Engl.
Guarantã
NP
C
Eugenia florida DC.
Guamirim
NP
A, B
Eugenia uniflora L.
Pitanga
NP
C
Euterpe edulis Mart.
Palmiteiro, jussara
NP
B
Ficus citrifolia Willd.
Figueira
P (Si)
B
Ficus insipida Willd.
Figueira branca
P (Si)
A, B
Gallesia intergrifolia (Spreng.) Harms
Pau d'alho
P (Si)
B, C
Genipa americana L.
Genipapo
NP
A, B
Guatteria nigrescens Mart.
Pindaíba-preta, araticum-seco NP
C
Guazuma ulmifolia Lam.
Mutambo
P
C
Hyeronima alchorneoides Fr. All.
Urucurana, licurana
P (Si)
A, B
Hymenaea coubaril L.
Jatobá
NP
B, C
Inga affinis DC
Ingá, ingá-doce
P (Si)
A, B
Inga uruguensis Hook. Et Arn.
Ingá
P (Si)
A, B
Inga vera Willd.
Ingá
P (Si)
A, B
Jacaranda macrantha Cham.
Caroba-do-mato
P (Si)
A, B
Jacaratia spinosa (Aubl.) A.DC.
Jaracatiá
P
C
Lithraea molleoides Engl.
Aroeira brava
P (Si)
B
Lonchocarpus muehlbergianus Hass.
Embira de sapo
P (Si)
B, C
Luehea divaricata Mart.
Açoita-cavalo
P (Si)
B, C
P (Si)
B, C
Machaerium aculeatum Raddi
Bico-de-pato,
espinho
jacarandá-de-
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.75
Nome Científico
Nome Vulgar
G.E. Indicação
Machaerium nictitans (Vel.) Benth.
Bico-de-pato, jacarandá-ferro
P (Si)
B, C
Maclura tinctoria (L.) Don ex Steud.
Amoreira
P (Si)
B, C
Matayba elaeagnoides Radlk.
Miguel pintado, pau-crioulo
P (Si)
B, C
Mauritia flexuosa L.
Buriti
P
A, B
NP
B, C
Nectandra rigida (H. B. K.) Ness
Canela-amarela,
canela-
ferrugem
Peltophorum dubium (Spreng) Taub.
Angico-cangalha, canafístula
P (Si)
C
Persea pyrifolia Ness. & Mart. Ex Ness.
Maçaranduba
NP
C
Piptocarpha macropoda Baker
Pau-de-fumo, vassoura-preta
P
C
Protium almecega March.
Almacegueira
P (Si)
A, B
Prunus myrtifolia (L.) Urb.
Pessegueiro-bravo
NP
A, B
Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A. Rob.
Embiruçu
P
B, C
Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Mez
Azeitona-do-mato, capororoca P (Si)
C
Rollinia sylvatica (A. St. Hil.)
Araticum-do-mato, cortiça
P (Si)
B, C
Rudgea jasminioides (Cham.) Müell.
Café-do-mato
NP
C
Schefflera morototonii (Aubl.) B. Manguire
Mandioqueiro, mandiocão
P
C
Schinus terebinthifolius Raddi
Aroeirinha, aroeira-pimenteira P
A, B
Schyzolobium parahyba (Vell.) Blake
Ficheira, guapuruvu
P
B, C
Sebastiana serrata (Baill) Müell. Arg.
Branquilho
NP
A, B
Seguieria floribunda Benth.
Limão bravo
P (Si)
C
Sorocea bonplandii Burger
Folha de serra
NP
C
Styrax pohlii A. D. C.
Benjoeiro, estoraque
P (Si)
C
Tabebuia impetiginosa (Mart.) Standley
Ipê-roxo
P (Si)
B, C
Tabebuia umbelata (Sound.) Sand.
Ipê-amarelo-do-brejo
P (Si)
A, B
Talauma ovata St. Hil.
Pinha-do-brejo
NP
A
Tapirira guianensis Aubl.
Peito-de-pomba, pau-pombo
P (Si)
A, B
Terminalia triflora Griseb
Pau-de-lança, amarelinho
NP
A, B
Trema micrantha Blume
Crindiúva, trema
P
C
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.76
Nome Científico
Nome Vulgar
G.E. Indicação
Trichilia catingua A. Juss.
Catiguá
NP
C
Trichilia clausseni C. DC.
Catiguá vermelho
NP
C
Triplaris brasiliana Cham.
Pau-formiga
P (Si)
B, C
Veronia difusa Less.
Pau-de-fumo, vassourão-preto P
C
Virola oleifera (Schott) A.C. Smith
Bicuíba
NP
B, C
Vitex montevidensis Cham.
Tarumá
NP
A, B
Xylopia brasiliensis (L.) Spreng.
Pindaíba, asa-de-barata
NP
B, C
Xylopia emarginata Mart.
Pindaíba-d'água
P (Si)
A, B
Zeyheria tuberculosa (Vell.) Burn.
Ipê-felpudo, bolsa-de-pastor
P (Si)
C
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.77
II.4.6 - ÁREA DE APP – ÁREA DE PROTEÇÃO PERMANENTE E CONECTIVIDADE BIOLÓGICA CORREDORES ECOLÓGICOS
Conforme dito anteriormente, a área de implantação do Parque era parte de uma fazenda que,
durante décadas, teve suas atividades basicamente voltadas para a pecuária extensiva. A
ocupação de tais áreas pelos proprietários rurais, ainda hoje é feita de forma errônea e muitas
vezes contra a Lei, pois, via de regra, o que ocorre é a derrubada da mata nativa, sobretudo em
áreas de solo mais rico em nutrientes e com lençol freático quase superficial, ou seja, áreas de
várzea, para a implantação de pastos para a criação extensiva ou para a utilização de tais áreas
para a agricultura.
Ocorre que de acordo com o Código Florestal Brasileiro (Lei n.° 4.777/65), toda a vegetação
natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de
reservatórios deve ser preservada. Além da vegetação ciliar, no topo de morros, montes,
montanhas e serras, nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a
100% na linha de maior declive, nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°,
equivalente a 100% na linha de maior declive, entre outras formações.
Com base nas informações acima descritas e com as observações feitas em campo, pode-se
concluir que as APPs – Áreas de Proteção Permanente do Parque sofreram com décadas de
manejo inadequado e supressão da vegetação natural. As áreas de várzea deram lugar a pastos
que por sua vez foram mal manejados e estão em estágios naturais de recuperação, necessitando
de ações mais incisivas de recuperação.
As matas de encosta, em sua maioria também tiveram a vegetação suprimida para dar lugar a
pastos, sobrando apenas áreas de maior dificuldade de acesso nos encraves dos pequenos vales e
nos afloramentos rochosos. Os topos de morros também deram lugar aos pastos e passam pelos
mesmos processos sucessionais das áreas citadas anteriormente.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.78
FOTO II.4.9 – Topo do ―Morro do Urubu‖, APP – área de preservação permanente degradada.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
FOTO II.4.10 - Área próxima ao ―Morro do Urubu‖, possível corredor ecológico ou área de conectividade
biológica. Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.79
Foram identificadas algumas áreas estratégicas para a conectividade da área de implantação do
Parque com outras áreas naturais. Tais áreas serão fundamentais para a manutenção da
diversidade biológica tanto da flora quanto da fauna local através de um fluxo gênico dos
organismos.
Conforme relatado anteriormente, toda a área do Parque passa por um processo de sucessão
ecológica natural bastante lenta e as APP’s estão incluídas em tal processo. O que existe de áreas
mais preservadas são pequenas manchas, sendo que a primeira e mais significativa para fins de
conectividade com outras áreas naturais é a área de matas de encosta mais bem preservadas na
região entre o ―Morro do Urubu‖ e as margens do Rio Doce e uma segunda área, na mata ripária
que protege o córrego que deságua no Rio Doce e corta o Parque exatamente na porção contraria
ao citado anteriormente ―Morro do Urubu‖, mas essa área de APP tem um menor potencial de
conectividade, uma vez que se encontra ―ilhada‖ entre pastos e a estrada de acesso ao futuro
Parque. O restante da área de implantação do Parque apresenta graus elevados de degradação
ambiental, necessitando, portanto intervenção antrópica para aceleração do processo de
recuperação.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.80
II.5 - ESTUDO DA FAUNA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR
VALADARES – MG
II.5.1 - INTRODUÇÃO
Projetos ambientais consistem em atividades programadas, que envolvem recursos humanos,
técnicos e logísticos, que tem como finalidade realizar metas ambientais e os efeitos e
manifestações naturais a elas vinculados. Estes projetos são destinados à manutenção da
qualidade ambiental de ecossistemas afetados por atividades transformadoras e podem apresentar
cinco naturezas distintas: projetos de monitoramento ambiental, de controle ambiental, de manejo
ambiental, de uso múltiplo e especiais.
Para conservação de uma espécie, algumas informações básicas devem ser levadas em
consideração, e podem ser obtidas a partir de três fontes principais: através da literatura
publicada, como índices bibliográficos e boletins eletrônicos; literatura não publicada, em relatórios
de agências governamentais e organizações de conservação e pelo trabalho de campo.
As informações a respeito da história natural de uma espécie permitem identificar os fatores que
podem colocar as espécies em risco. Para que se possa planejar e implementar esforços eficazes
de conservação, algumas perguntas precisam ser respondidas: quais os tipos de ambientes nos
quais estas espécies são encontradas, o tamanho necessário desta área para tornar uma
população viável e a distribuição desta espécie, assim como conhecer as interações bióticas,
morfologia, fisiologia e comportamento das espécies.
Para tanto, os temas a seguir serviram como referencial para o desenvolvimento do estudo de
fauna do Parque Natural Municipal de Governador Valadares e deverão estar presentes nos
estudos que deverão ser desenvolvidos após a implantação do Parque.
II.5.1.1 - Fragmentação e Perda de Habitats
Entende-se por fragmentação de habitat, a redução de uma determinada área originalmente
coberta por vegetação nativa e seu consequente isolamento em menores fragmentos ilhados em
uma matriz de áreas perturbadas.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.81
A fragmentação e a perda de habitats, juntamente com introdução de espécies exóticas são as
principais ameaças a biodiversidade no planeta (PRIMACK, 2001). A remoção da vegetação natural
como ocorrido na área de estudo em função principalmente da extração de madeira e
posteriormente da pecuária e em diversas áreas em todos os biomas brasileiros (FORMAN &
GORDON, 1993) é resultante das atividades humanas, e a consequência desta remoção é a
formação de fragmentos menores e isolados, considerados uma das principais ameaças a
biodiversidade global (SAUNDERS et al., 1991), levando a uma segunda consequência, os
chamados efeitos de borda.
Os efeitos de borda são os impactos secundários da fragmentação, ou seja, as modificações
ocorridas no interior dos fragmentos causadas pelas modificações no meio físico como aumento na
luminosidade, temperatura e nos ventos, além da diminuição da umidade, entre outros e, no meio
biótico que acabam por resultar em perdas de biodiversidade e abundância de espécies e perda de
produtividade primária (PRIMACK, 2001), tendo como as principais consequências as modificações
nas interações entre as espécies da fauna e da flora como predação, parasitismo, herbívora,
dispersão de sementes e polinização (MURCIA, 1995). Essa nova condição pode por selecionar ou
oferecer vantagem a espécies generalistas, mais adaptáveis a mudanças, reduzir a capacidade de
alimentação dos animais nativos e limitar o potencial de uma espécie de dispersar e colonizar
outras áreas (PRIMACK, et al., 2001).
II.5.1.2 - Corredores Ecológicos
Corredores ecológicos caracterizam-se por serem grandes áreas florestadas, em situação de
conservação suficiente para manter o fluxo de indivíduos da fauna silvestre e, consequentemente,
o fluxo gênico destas espécies entre as populações e subpopulações dos diferentes fragmentos
florestais aumentando a probabilidade de sua sobrevivência em longo prazo, e assegurando a
manutenção de processos ecológicos e evolutivos, na maioria dos casos estes corredores procuram
ligar Unidades de Conservação agindo inclusive na recuperação dos ambientes degradados que se
localizam dentro da matriz em que estas áreas se encontram (AYRES et al.; 2005).
O Parque Natural Municipal de Governador Valadares, pode e deve servir como uma área de
amortecimento para as espécies provindas de regiões mais preservadas como o Monumento
Natural e a Área de Preservação Permanente do Pico da Ibituruna, servindo como corredor
ecológico para estas espécies.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.82
II.5.1.3 - Fauna
A milhões de anos as extinções de fauna são um acontecimento normal na história da Terra,
porém tem se observado nos últimos anos uma taxa de desaparecimento de espécies muito maior
e em muito menos tempo do que já se observou em todas as eras geológicas, este fato deve-se
principalmente a pressões ambientais provocadas por atividades humanas, como caça, poluição e
destruição de habitat (RICKLEFS, 2003). Algumas destas espécies possuem características únicas e
dependentes de certos ambientes também ameaçados.
A perda de habitat é hoje um das principais causas de extinção de espécies, esta perda também
se deve a fatores ligados a atividades humanas como, queimadas, fragmentação, substituição da
vegetação nativa por monoculturas, formação de pasto para pecuária, entre outras perturbações
(BORCHERT & HANSEN, 1983; MALCOLM, 1997; VIEIRA, 1999), de grande ocorrência em todo
Estado de Minas Gerais, como por exemplo, no município de Governador Valadares.
II.5.1.4 - Bioindicadores
Os bioindicadores são aspectos ambientais bióticos que possuem características que podem ser
utilizadas para indicar uma determinada condição físico-química do ambiente a partir de sua
presença/ausência; densidade populacional, dispersão e sucesso reprodutivo (RAMOS, JR.
CARVALHO, NASI, 2005) estas características permitem a avaliação e o acompanhamento de
certos impactos nos ecossistemas naturais. Para as comunidades faunísticas, estes aspectos
podem ser espécies, grupos ou comunidades biológicas cuja presença, quantidade e distribuição
indicam a magnitude de impactos em um sistema natural, (PEREIRA, 2008). O uso destas
espécies, grupos ou comunidades biológicas em conjunto permite uma avaliação e um diagnóstico
integrado dos efeitos ecológicos naturais e/ou antrópicos provenientes das mais diversas fontes
poluidoras (CALLISTO et al., 2001). Dentre cada um dos grupos monitorados ocorrem espécies
com características biológicas que podem ser utilizadas como indicadores de outros índices
ecológicos mais difíceis de mensurar (RAMOS, JR. CARVALHO, NASI, 2005).
A bioindicação não revela apenas a existência de um fator ambiental, mas principalmente a reação
biológica do sistema em resposta a este fator que, normalmente, é uma influência antrópica. A
resposta de aumento ou diminuição do valor de uma medida bioindicadora irá depender do seu
comportamento em relação a um impacto (SILVEIRA, 2004). A escolha dos indicadores dependerá
dos reais objetivos do estudo, das informações que se quer obter.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.83
Neste estudo, alguns bioindicadores foram utilizados por revelarem a complexidade dos sistemas
biológicos. Os sistemas biológicos apresentam características que demonstram o equilíbrio destes
sistemas. Os bioindicadores tanto podem refletir a permanência da normalidade destes sistemas
quanto à saída do estado de normalidade. Verificou-se a presença de espécies da fauna, com
ênfase nas endêmicas e ameaçadas de extinção, ressaltando inclusive as passíveis de alterações
comportamentais nas áreas de influência direta do Parque, principalmente em locais onde se
observou maior degradação e supressão dos fragmentos florestais, tais como: matas ciliares, áreas
de encosta, e demais formações florestais.
II.5.1.5 - Mastofauna
No mundo existem aproximadamente 5.023 espécies de mamíferos (DUFF & LAWSON, 2004). O
Brasil abriga aproximadamente 541 espécies de mamíferos descritas (FONSECA et al., 1996) e,
mais recentemente, foram catalogadas 652 espécies de mamíferos, distribuídas em 11 ordens, o
que corresponde a 13,5% das espécies de mamíferos de todo o mundo (REIS, et al., 2006). Esses
apresentam formas e tamanhos variados, bem como os hábitos alimentares, que variam desde a
generalização da onívora à especialização da hematofagia. A grande maioria é de pequeno porte,
como roedores e morcegos, que representam a maior diversidade entre os mamíferos da região
neotropical. Os mamíferos de maior porte possuem naturalmente populações e diversidade bem
menores. Essas características fazem com que esse grupo não seja facilmente amostrado.
Constituindo as principais ameaças à biodiversidade, a redução de habitat elimina espécies com
distribuição mais restrita e a fragmentação impede que espécies de maior porte e com área de
vida maior consigam manter populações estáveis em fragmentos menores, tornando os animais,
entre outros, mais suscetíveis à caça (CULLEN et al., 2000). Neste caso, áreas abertas junto aos
fragmentos funcionam como barreiras à movimentação destes animais. A eliminação de
predadores de topo de cadeia faz aumentar a abundância das populações de herbívoros e dos
predadores intermediários, que acabam por reduzir a diversidade dos pequenos mamíferos.
Roedores e marsupiais muitas vezes são fiéis a determinadas características de hábitat e podem
ser fortemente influenciados por fatores ambientais e alterações no hábitat, como queimadas,
fragmentação, substituição da vegetação nativa por monoculturas, entre outras perturbações
(FONSECA & REDFORD, 1984). Devido ao pequeno tamanho, muitas espécies são noturnas e
podem apresentar hábitos semi-fossoriais, cursoriais, trepadores ou mesmo arborícolas. Essas
características fazem com que esse grupo não seja facilmente amostrado. Os grupos mais ricos
são os morcegos e roedores, com 81 e 51 espécies, respectivamente.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.84
A maioria das espécies de mamíferos da Mata Atlântica ocupa uma grande variedade de ambientes
e possui distribuições amplas. Poucos dados são disponíveis sobre o verdadeiro status de muitas
espécies, principalmente espécies de pequenos mamíferos, raras e com distribuição restrita. As
espécies de maior porte, com apelo emocional maior, são mais frequentemente listadas, assim
como as amplamente distribuídas geograficamente (MARINHO-FILHO et al., 2002).
Devido à crescente destruição e fragmentação dos ambientes naturais e à caça, um número cada
vez maior de espécies estão ameaçadas de extinção, muitas ainda com biologia desconhecida.
A fauna da Mata Atlântica faz parte do grupo que mais sofreu com o impacto da colonização
humana na América do Sul, onde se encontram táxons entre os mais ameaçados de extinção,
especialmente em função do desmatamento e perda de habitats. Aproximadamente 60% das 305
espécies da lista vermelha da IUCN para o Brasil estão hoje restritas aos cerca de 8% de florestas
remanescentes do bioma. (PAGLIA et al., 2004).
Em função da diversidade de mamíferos terrestres, conclui-se que cerca de 50% das espécies
brasileiras de mamíferos têm ocorrência no bioma Mata Atlântica, aproximadamente 261 espécies
de mamíferos, das quais cerca de 160 são endêmicas. Na Lista Oficial de Espécies da Fauna
Brasileira Ameaçada de Extinção (IBAMA, 2003) há 69 espécies de mamíferos, sendo que 39
espécies se encontram na Mata Atlântica e dessas existem 25 espécies endêmicas. Minas Gerais
abriga cerca de 70% das espécies de mamíferos que ocorrem em todo o domínio da Mata
Atlântica corroborando a afirmativa de que a Mata Atlântica, no leste brasileiro, é um dos hot spots
mundiais de biodiversidade (MYERS et al., 2000).
Além dos diversos fatores citados, os mamíferos sofrem com o tráfico ilegal, atropelamentos e a
perseguição por possíveis prejuízos causados às plantações ou animais domésticos, sendo este
último o principal fator atual no declínio de predadores como a onça-pintada Panthera onca, a
suçuarana Puma concolor e o lobo guará (Chrysocyon brachyurus) (COSTA et al., 2005).
No âmbito da conservação destes vertebrados, principalmente os de médio e grande porte,
constituem-se um parâmetro importante, podendo atuar como espécies ―bandeiras‖, chamando a
atenção para o problema da extinção de espécies.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.85
II.5.1.6 - Avifauna
As aves são o grupo de vertebrados que vêm sendo estudado há mais tempo, o resultado disso é
um grande número de estudos e um vasto conhecimento sobre o grupo. Hoje no mundo, podem
ser encontradas por volta de 9.700 espécies, dentre estas cerca de 1.700 em território Brasileiro
(SICK, 1997, CBRO, 2007).
O estado de Minas Gerais abriga cerca 785 espécies de aves, o que representa algo em torno de
45% do total de aves registradas no país, destas espécies aproximadamente 140 são endêmicas
ao bioma Mata Atlântica (CBRO, 2009), representando o maior nível de endemismos entre os
biomas brasileiros (TONHASCA-JÚNIOR, 2005).
O grande número de espécies e endemismos
registrados no estado de Minas Gerais deve - se principalmente a grande variedade de habitats, e
fitofisionomias encontradas, pertencentes aos biomas Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga
(ANDRADE, 1997). No entanto, ressalta-se que o estado abriga um grande número de espécies
ameaçadas, 23 espécies estão na categoria Vulnerável de ameaça de extinção, 39 espécies são
classificadas como Em Perigo e 51 espécies estão ―Criticamente em Perigo‖.
II.5.1.7 - Ictiofauna
As Bacias Hidrográficas podem ser consideradas os ecossistemas mais dinâmicos existentes, estes
ecossistemas são constituídos por rios das mais diversas magnitudes e que têm como
características principais o fluxo continuo e unidirecional da água e a entrada de matéria orgânica
provinda de seus afluentes e drenagens. Os organismos aquáticos são considerados bons
bioindicadores, este organismos são suficientemente sensíveis a quaisquer modificações físicas ou
bióticas nos ambiente, decorrentes principalmente de atividades antrópicas.
Nos últimos anos, os ambientes aquáticos vêm sofrendo grandes transformações decorrentes
principalmente da crescente demanda energética e da ocupação desordenada das margens dos
cursos d’água.
O Brasil possui atualmente 2.587 espécies de peixes de água doce, pertencentes principalmente a
três grandes ordens Siluriformes (1.056 espécies), Characiformes (948 espécies) e Gymnotiformes
(95 espécies). O estado de Minas Gerais ocupa uma posição estratégica para a preservação deste
grupo, no estado encontram-se 15 bacias hidrográficas, dentre essas, apenas duas (Tietê e
Paraíba do Sul) não possuem nascentes dentro dos limites estaduais (DRUMMOND et al., 2005).
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.86
Os rios de Minas Gerais abrigam aproximadamente 354 espécies nativas, ressalta-se que são
extremamente raros os estudos relacionados a lagoas marginais, o que pode elevar
consideravelmente a lista de espécies no estado. Segundo Lobo (2010), a Bacia Hidrográfica do
Rio Doce apresenta grande diversidade de peixes, existem atualmente cerca de 82 espécies,
apesar da introdução de espécies exóticas nas últimas décadas como o Tucunaré, o Dourado, o
Tilápia e o Carpa, que provocam redução das espécies nativas.
II.5.1.8 - Herpetofauna
Atualmente, o Brasil ocupa a primeira colocação na relação de países com maior riqueza de
espécies de anfíbios (875), e a segunda colocação a respeito dos répteis (721) (SBH, 2010). Mais
de 405 espécies de anuros foram registradas em ambiente de Mata Atlântica (FROST, 2007:
AMPHIBIAWEB, 2007). Dentre as espécies de anuros que ocorrem nesse bioma, 81% são
endêmicas (327) e 40% (161) têm modo reprodutivo especializado dependente desse ambiente
florestal (HADDAD; PRADO, 2005). Em relação aos répteis, estão registradas aproximadamente
197 espécies, incluindo os quelônios marinhos (CARMONA, 2007).
O declínio de populações da herpetofauna tem sido observado em diversas regiões do mundo, e as
maiores ameaças a sua diversidade se concentra nos biomas da Mata Atlântica e Cerrado,
resultado principalmente de perda e degradação de hábitat (PAGLIA et al., 2010). Outras causas
também são apontadas, como a poluição das águas, a contaminação por pesticidas, as mudanças
climáticas, as espécies invasoras, a radiação ultravioleta e o comércio ilegal de animais silvestres,
agindo sozinhas ou em sinergia (YOUNG et al., 2004; CARMONA, 2007).
O desenvolvimento de programas de conservação e uso sustentando de recursos biológicos, a
única forma conhecida para desacelerar a perda de biodiversidade global, exige uma ampliação
urgente dos conhecimentos nessa área. (KAGEYAMA & GANDARA, 2009).
Já os anuros e os lagartos são considerados excelentes modelos para estudos ecológicos de
variações locais e dinâmica temporal, porque são facilmente coletados e monitorados, são animais
abundantes, possuem baixa taxa de dispersão, reproduzem-se em um período de tempo
relativamente curto e respondem nitidamente às mudanças ambientais (HUEY et al., 1983; ZUG et
al., 2001; SILVANO et al., 2003).
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E-II.87
II.5.1.9 - Legislação Ambiental
Os estudos de fauna integrantes do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de Governador
Valadares-MG, atenderam as seguintes condicionantes legais:
a)
Decreto Legislativo nº 58.054, de 23/3/1966 - Promulga a convenção para a proteção
da fauna, flora e belezas cênicas naturais dos países da América, assinada pelo Brasil
em 27 de fevereiro de 1940;
b) Lei Federal nº 5.197, de 3/1/1967 - Dispõe sobre a proteção à fauna, alterada pelas
Leis nos 7.584/87, 7.653/88, 7.679/88, 9.111/75 e 9.605/98;
c)
Decreto Federal nº 97.633, de 10/4/1989 - Dispõe sobre o Conselho Nacional de
Proteção à Fauna;
d) Portaria IBAMA nº 1.522, de 19/12/1989 - Reconhece a lista oficial de espécies de
fauna brasileira ameaçadas de extinção (alterada pelas Portarias IBAMA nos 45-N/92,
62/97, 28/98 e Instrução Normativa MMA 03/03);
e)
Lei Federal nº 9.605, de 12/2/1998 - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.88
II.5.2 - CONTEXTUALIZAÇÃO
II.5.2.1 - Mata Atlântica
Segundo a Conservação Internacional (2000), a Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do
Brasil, juntamente com o Cerrado, fazem parte da listagem mundial de hot spots. A área original
da Mata Atlântica apresentava 92% de sua distribuição em território brasileiro (TABARELLI et al.,
2005) da qual resta menos de 8% da cobertura original do bioma (FUNDAÇÃO SOS MATA
ATLÂNTICA & INPE, 2000). As numerosas espécies geograficamente dispersas na região indicam
que a Mata Atlântica passou por vários períodos de diferenciação biológica. Vários fatores
contribuíram para a evolução das espécies com distribuição restrita na Mata Atlântica, como a
formação de rios (SILVA & STRAUBE, 1996), mudanças paleoecológicas globais (HAFFER, 1987) e
mudanças paleoecológicas regionais causadas por movimentos tectônicos (SILVA E STRAUBE,
1996).
FIGURA II.5.1 - Limites estaduais e região aproximada de influência, inseridas no bioma Mata Atlântica.
Fonte: MMA, 2006.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.89
A fauna da Mata Atlântica faz parte do grupo que mais sofreu com o impacto da colonização
humana na América do Sul, onde se encontram táxons entre os mais ameaçados de extinção,
especialmente em função do desmatamento e perda de habitats. Aproximadamente 60% das 305
espécies da lista vermelha da IUCN para o Brasil estão hoje restritas aos cerca de 8% de florestas
remanescentes do bioma. (PAGLIA et al., 2004).
II.5.2.2 - Área de estudo
A área destinada ao Parque Natural Municipal de Governador Valadares está situada na porção
leste da cidade de Governador Valadares, centro leste do estado de Minas Gerais na Bacia
Hidrográfica do Rio Doce. A área propriamente dita ou Área de Influência Direta (AID) encontra-se
cercada por um lado pela malha urbana e por outro, pelo Pico da Ibituruna, Área de Influência
Indireta (AII). Classificado como uma área de proteção ambiental (APA), a área do pico possui
6,243 ha e atinge cerca de 1.123 m de altura. Coberto inicialmente por florestas nativas do bioma
Mata Atlântica, o pico sofreu um forte processo de supressão vegetacional devido à exploração de
madeira e posteriormente a atividade agropecuária, restando hoje apenas cerca de 60% de sua
cobertura inicial (MMA,2009).
Da mesma forma a área destinada a implantação do Parque, cerca de 40 ha (402.916,66 m²),
sofreu as mesmas pressões do Pico da Ibituruna, o que podem ser observados hoje na área são
apenas alguns pequenos remanescentes florestais em sucessão primária ou secundária, grandes
áreas destinadas a atividades agropecuária e intensa presença de vegetação exótica.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.90
II.5.3 - OBJETIVO
Este levantamento de fauna da região destinada ao Parque Natural Municipal de Governador
Valadares, tem como objetivo fazer um levantamento geral das espécies da fauna de potencial
ocorrência para a região de forma a subsidiar estratégias de planejamento e instalação do Parque.
Portanto, o presente estudo não tem como objetivo a elaboração de um inventário completo sobre
a biodiversidade, variedade e abundância da fauna local, e sim considerações sobre as espécies
encontradas de acordo com a literatura existente e de dados primários, bem como, sugerir, os
eventuais impactos que possam estar causando alterações na estrutura destas comunidades.
II.5.4 - METODOLOGIA
A metodologia de escolha dos pontos e amostragem das espécies presentes na área visou
compreender melhor o ecossistema local e diagnosticar espécies mais representativas para a
região. Objetivou-se sempre a obtenção da maior quantidade de dados possíveis em campo
somado às referências metodológicas e avaliação da equipe de campo.
Por meio de imagens de satélite definiram-se os locais onde se poderiam efetuar amostragens
para qualificação da vegetação, estratificando-se a cobertura do solo em função de suas
características naturais, de uso e ocupação, diferenciadas entre si pelas formas e texturas, esta
informação serviu como subsídio para as amostragens de fauna, pois as espécies costumam se
concentrar nos maiores e mais bem conservados remanescentes florestais. Após executar vistorias
in loco, verificou-se que era possível estender essas informações para toda área de estudo.
Na amostragem dos principais tipos fitofisionômicos encontrados na região, tomou-se o cuidado
em reconhecer os diferentes tipos de microhabitats e verificar quais fatores afetam a composição
das taxocenoses (fatores históricos, características geomorfológicas, gradiente altitudinal,
estrutura das bacias hidrográficas, ou ainda fatores ecológicos específicos).
II.5.4.1 - Dados Secundários
A metodologia utilizada neste trabalho baseou-se na coleta de dados secundários, principalmente
de estudos ambientais relacionados ao licenciamento de empreendimentos próximos ao Parque em
questão. A alta capacidade de deslocamento de aves, peixes, grandes e médios mamíferos, e de
alguns répteis, além da alta capacidade de colonização de anfíbios, pequenos mamíferos e insetos,
tornam possível inferir a potencial ocorrência de determinadas espécies em áreas próximas de
locais aonde foi documentada a ocorrência das mesmas.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.91
Além disso, a coleta de dados secundários se deu por meio de demais publicações técnicas e
científicas relacionadas à área de estudo e/ou suas proximidades, em formato impresso ou digital.
II.5.4.2 - Entrevistas
Foram realizadas entrevistas não estruturadas, com auxílio de guias ilustrados da fauna nativa da
Mata Atlântica com a comunidade local, principalmente com moradores vizinhos do Parque, que
puderam confirmar a presença de algumas das espécies levantadas por dados secundários como
de potencial ocorrência para a área de estudo.
Esta metodologia é utilizada apenas como mais uma maneira de confirmar a presença de algumas
espécies na área, visto que o conhecimento popular normalmente se restringe aos grandes grupos
genéricos, sendo muito raro, pessoas com conhecimento científico a respeito de fauna.
II.5.4.3 - Dados Primários
A coleta de dados primários serviu como uma confirmação dos dados coletados previamente de
forma secundária; esta coleta se constituiu de cinco dias de campo, entre 03 e 08 de novembro de
2010, totalizando um esforço amostral de 40 horas/homem em períodos que atenderam aos
horários de maior atividade da fauna silvestre de possível ocorrência na região do estudo. Durante
os levantamentos de campo foram utilizadas as seguintes metodologias: observação direta de
indivíduos encontrados ocasionalmente durante os caminhamentos na área; busca ativa de
indivíduos por meio de remoção de troncos, cupinzeiros e serrapilheira; busca de vestígios como
tocas, pelos, penas, fezes, pegadas, ninhos e carcaças, e registros indiretos por meio de
vocalização (play back).
II.5.4.4 - Procura em Substrato Natural
A metodologia predominante neste trabalho foi a observação direta das espécies, considerando
com os encontros ocasionais e busca ativa. Os períodos de ênfase na busca por indivíduos da
avifauna foram realizados durante o crepúsculo (amanhecer e entardecer). Para os répteis foi
dado ênfase nos períodos matutino e vespertino. Para os anfíbios foi dado ênfase no período
noturno. A procura por rastros de mamíferos foi realizada durante todo o dia e parte da noite.
Cabe ressaltar que apesar da ênfase nos períodos descritos, durante toda a amostragem atentouse para a presença das mais diversas espécies silvestres e seus respectivos vestígios.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.92
II.5.4.5 - Busca Visual e Auditiva
A busca visual foi realizada durante o dia de acordo com o método descrito por Heyer et al.
(1994), que consiste na procura de espécies em locais de potencial ocorrência de espécies de cada
grupo. Nestes locais foram vistoriados pedras, cupinzeiros, troncos caídos e folhiço, totalizando
seis horas para cada localidade.
Portanto, o trabalho, de forma geral, comportou três etapas fundamentais, (Coleta de dados
secundários; Visita a campo e Compilação e análise de dados) ressaltando-se que no caso visita de
campo, esta seguiu procedimentos específicos para cada grupo animal, visando estabelecer a
relação entre a fauna e a vegetação natural ou antropizada existentes.
Para tal, foram utilizados, os equipamentos necessários para obtenção destes dados, tais como:
câmeras fotográficas Nikon Coolpix P80 e Canon S5, gravadores digital Sony ICDP530F e
Panasonic RR-US430, lanternas de cabeça Petzl e binóculos, além de Equipamento de Proteção
Individual.
FIGURA II.5.2 -1 - Área destinada à criação do Parque. Fonte: Google Earth
FIGURA II.5.2-2 Área onde se concentrou a
maior parte das amostragens de mamíferos.
Fonte: Google Earth
FIGURA II.5.2-3 Área onde se concentrou a
maior parte das amostragens de aves.
Fonte: Google Earth
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E-II.93
A área onde se concentraram as amostragens de mamíferos é coberta predominantemente por
vegetação nativa, e relativamente bem preservadas, onde predomina as fitofisionomias de várzea
e mata ciliar. Nas áreas onde se concentraram as amostragens de aves, pode-se observar a
fitofisionomia floresta estacional semidecidual, em meio a áreas destinadas a atividade pecuária.
Ressalta-se que apesar da amostragem ter sido intensificada nestes locais, atentou-se a presença
da fauna nativa e seus vestígios durante todos os períodos de amostragem fixa e caminhamento
dentro e nas adjacências da área estudada.
FOTO II.5.1 - Presença de fauna doméstica (bovinos) na área do Parque.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
Para amostragem dos répteis, foi considerada como ponto de amostragem toda a área do terreno
delimitado para a implantação do Parque e seu entorno. Para isso, foram feitas buscas por
indivíduos através de caminhadas, procurando-os em ambientes que permitissem observar seus
comportamentos de forragear ou de ficar em repouso, em troncos, serapilheira, embaixo de
pedras, cupinzeiros, árvores e, inclusive, em ambientes antropizados.
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E-II.94
Para os anfíbios, os fragmentos a serem amostrados eram visitados durante o dia, antes do início
das amostragens, para a escolha dos pontos ou transectos a serem investigados. Procurava-se
abranger diferentes tipologias. Locais com poças, lagoas, riachos e outros corpos d água eram
prioritários, devido à preferência dos anuros a ambientes úmidos.
No total, nove pontos foram amostrados para anfíbios (Figura II.5.3), conforme lista a Tabela
II.5.1.
Ponto 1 – Floresta Estacional Semidecidual. Lagoa artificial com presença de vegetação herbácea e
adjacências alagáveis formando poças temporárias (Foto II.5.5-1).
Ponto 2 – Floresta Estacional Semidecidual. Lagoa natural. (Foto II.5.5-2)
Ponto 3 – Área destinada ao Parque. Floresta Estacional Semidecidual. Drenagem formada apenas
nos períodos chuvosos. Áreas alagáveis nas proximidades (Foto II.5.5-3).
Ponto 4 – Área destinada ao Parque. Mata de várzea. Margeia o Rio Doce. Presença abundante de
aguapés (Foto II.5.5-4).
Ponto 5 – Área com alto grau de antropização. Lagoa artificial (Foto II.5.5-5).
Ponto 6 – Floresta Estacional Semidecidual. Lagoa e áreas alagáveis (Foto II.5.5-6).
Ponto 7 – Floresta Estacional Semidecidual. Poças temporárias com presença de vegetação
herbácea e arbustiva.
Ponto 8 – Floresta Estacional Semidecidual. Lagoa temporária. (Foto II.5.5-7).
Ponto 9 – Área com alto grau de antropização. Lagoa artificial.
TABELA II.5.1 - Pontos de amostragem para anfíbios
PONTO DE
AMOSTRAGEM
AMBIENTE
Ponto 1
Lagoa artificial / poças temporárias
24K 190662
24K 7910598
Ponto 2
Lagoa natural
24K 190882
24K 7910468
Ponto 3
Drenagem estacional / áreas alagadas
24K 0190789
24K 7911269
Ponto 4
Mata de várzea
24K 190695
24K 7911411
Ponto 5
Lagoa artificial
24K 191004
24K 7912002
Ponto 6
Lagoa/ poças temporárias
24K 191872
24K 7911546
Ponto 7
Poças temporárias
24K 191709
24K 7911620
Ponto 8
Lagoa temporária
24K 0190810
24K 7910429
Ponto 9
Lagoa artificial
24K 191289
24K 7911668
COORDENADAS
Longitude
Latitude
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E-II.95
FIGURA II.5.3 – Pontos de amostragem para a fauna de anfíbios. Fonte: Google Earth
FOTO II.5.5-1 – Ponto 1
FOTO II.5.5-2 – Ponto 2
FOTO II.5.5-3 – Ponto 3
FOTO II.5.5-4 – Ponto 4
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E-II.96
FOTO II.5.5-5 – Ponto 5
FOTO II.5.5-6 – Ponto 6
FOTO II.5.5-7 – Ponto 8. Fonte das fotos: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
Os locais foram percorridos sistematicamente em todos os dias de campanha, uma vez durante ao
dia e outra à noite, em horários variados. Tanto as estradas de acesso a estes pontos, como as
suas áreas de entorno foram observadas durante as vistorias, registrando todos os encontros com
integrantes da herpetofauna.
O estudo foi realizado durante o período chuvoso, propício a maior incidência de espécies de toda
a herpetofauna, já que a maioria de seus representantes apresenta maior atividade nessa época,
quando se encontram em período reprodutivo.
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E-II.97
II.5.5 – RESULTADOS
II.5.5.1 - Mastofauna
Foram identificadas por meio de levantamentos primários e secundários, três espécies de
mamíferos nas Áreas de Influência Direta (AID) e Indireta (AII), divididas entre 25 famílias de
potencial ocorrência para a área de estudo, este número corresponde a aproximadamente 19% do
total de espécies registradas para o grupo no Bioma Mata Atlântica. Dentre estas, três espécies
puderam ser observadas em campo e estão marcadas na coluna de Área de Influência Direta AID.
TABELA II.5.2 - Espécies levantadas por meio de dados primários e secundários e status de conservação
Família
Espécie
Nome
Comum
AID
AII
Status de Conservação
IUCN
CITES Biodiverssitas
Mamíferos não Voadores
Dasypodidae
Didelphis
albiventris
Didelphis aurita
Marmosops
incanus
Monodelphis
americana
Micoureus
demerarae
Micoureus
demerarae
Philander frenatus
Cabassous sp.
Myrmecophagi
dae
Atelidae
Dasypus
novemcintus
Dasypus
septemcinctus
Euphractus
sexcinctus
Tamandua
tetradactyla
Alouatta guariba
Didelphidae
Pitheciidae
Callitrichidae
Dasyproctidae
Ciurídae
Hydrochaerida
e
Leporidae
Callicebus
nigrifrons
Callithrix
penicillata
Cuniculus paca
Dasyprocta sp.
Guerlinguetus
ingrami
Hydrochaeris
hidrochaeris
Silvilagus
brasiliensis
Saruê
NT
NL
NL
LC
NL
LC
NL
NL
NL
NT
NL
NL
LC
NL
NL
LC
NL
NL
LC
NA
NL
NA
NL
NA
X
NL
NL
NL
Tatu-galinha
X
LC
NL
NL
Tatu-peba
X
NL
NL
NL
Tamanduámirim
Bugio,
Barbado
Guigó
X
LC
II
NL
LC
II
VU
NeT
II
NL
X
LC
II
NL
X
X
LR/LC
NA
NL
III
NA
NL
NL
NA
NL
X
NL
NL
NL
X
NL
NL
NL
Gambá
Cuíca
X
X
X
Cuica de três
listras
X
X
X
X
Tatu-derabomole
Tatu-galinha
Mico-estrela
X
X
X
X
Paca
Cutia
Caxinguelê
Capivara
Tapeti
X
X
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E-II.98
Família
Canidae
Procyonidae
Mustelidae
Felidae
Espécie
Cerdocyon thous
Chrysocyon
brachyurus
Eira barbara
Nasua nasua
Procyon
cancrivorus
Galictis cuja
Leopardus pardalis
Leopardus tigrinus
Herpailurus
yaguaroundi
Puma concolor
Cervidae
Taiassuidae
Sciuridae
Muridae
Erethizontidae
Cricetidae
Desmodontinae
Glossophagina
e
Phyllostominae
Stenodermatin
ae
Mazama
gouazoubira
Pecari tajacu
Sciurus aestuans
Oryzomys
subflavus
Necromys lasiurus
Coendou
prehensilis
Oligoryzomys
nigripes
Akodon cursor
Desmodus
rotundus
Anoura caudifer
Nome
Comum
AID
AII
Status de Conservação
IUCN
CITES Biodiverssitas
Cachorro-domato
Lobo guará
X
LC
II
NL
X
NT
II
NL
Irara
Quati
Mão-pelada
X
X
X
LC
LC
LR/ LC
III
III
NL
NL
NL
NL
Furão
Jaguatirica
Gato do mato
Gato
yaguaroundi
Onça-parda
X
X
X
X
LC
NL
VU
NL
NL
I
I
NL
NL
VU
NL
NL
NL
II
VU
Veado
catingueiro
Cateto
Esquilo
Rato-do-mato
X
LC
NL
NL
X
LR/LC
LC
LC
II
NL
NL
VU
Rato-do-mato
Ouriço
X
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
Rato-do-mato
Rato-do-mato
Mamíferos voadores
Morcego
Morcego
Glossophaga
soricina
Carollia
perspicillata
Sturnira lilium
Morcego
Artibeus fimbriatus
Artibeus lituratus
Artibeus obscurus
Platyrrhinus
lineatus
Pygoderma
bilabiatum
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
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NL
E-II.99
As espécies de mamíferos levantadas por meio de dados primários puderam ser confirmadas
apenas a título de comparação, através de entrevistas com os senhores: Jeferson Marques
morador da Fazenda Jabuticaba, Almir Vargas morador do Sítio Rojão, e Ildeu de Souza Carvalho
morador do Sítio Avestruz.
GRÁFICO II.5.1- Número de indivíduos levantados por família
2
1 1
7
6
4
1
1
1
1
2
1
1
3
2
1
2
1
4
1
3
1
1
Didelphidae
Dasypodidae
Myrmecophagidae
Atelidae
Pitheciidae
Callitrichidae
Dasyproctidae
Hydrochaeridae
Leporidae
Canidae
Procyonidae
Mustelidae
Felidae
Cervidae
Sciuridae
Muridae
Desmodontinae
Glossophaginae
Phyllostominae
Stenodermatinae
Ciurídae
Erethizontidae
Cricetidae
Dentre as espécies levantadas por meio de dados secundários, e que, portanto, são apenas de
potencial ocorrência para a área de estudo, quatro (Alouatta guariba, Leopardus pardalis, Puma
concolor e Pecari tajacu) são classificadas como ameaçadas pela lista oficial de espécies do estado
de Minas Gerais ameaçadas de extinção (BIODIVERSITAS, 2006), cinco (Callicebus nigrifrons,
Leopardus tigrinus, Pecari tajacu, Cuniculus paca e Procyon cancrivorus), sofrem algum tipo de
ameaça de extinção em nível mundial, (IUCN, 2009).
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E-II.100
Segundo CITES (2009) duas espécies (Leopardus pardalis e Leopardus tigrinus) são raras ou estão
em perigo, e seu intercâmbio não é permitido com fins somente comerciais, oito espécies
(Tamandua
tetradactyla,
Alouatta
guariba,
Callicebus
nigrifrons,
Callithrix
penicillata,
Cerdocyonthous,Chrysocyon brachyurus, Puma concolor e Pecari tajacu), dentre estas apenas
Callitrix penicilate pode ser observada na área, nenhuma delas é
rara ou está em perigo
atualmente, mas podem se tornar caso o comercio não seja regularizado e três (Cuniculus paca,
Eira Barbara e Nasua nasua) não estão ameaçadas pelo tráfico ilegal de animais silvestres.
II.5.5.1.1 - Descrição das espécies ameaçadas
As espécies abaixo são descritas segundo Reis e Nélio et Al. (2006), e foram levantadas por meio
de dados secundários, sendo ,portanto, apenas de potencial ocorrência para a área de estudo.
Leopardus pardalis
Espécie de porte médio. Pode ser encontrada do sudoeste do Texas ao norte da Argentina, no
Brasil ocupa todos os biomas, ocorrendo nas fitofisiomias de mata, cerradão, cerrado, bordas de
lagoas e salinas. Espécie de habito solitário, noturno e predominantemente terrestre com área de
vida variando entre 0,76 e 50,09 km².
Leopardus tigrinus
O menor felídeo do Brasil, com proporções semelhantes ao gato doméstico pode ser encontrado
da Costa Rica ao norte da Argentina, no Brasil ocupa todos os biomas. Animal de hábito solitário e
predominantemente
noturno
está
ameaçado
particularmente
pelo
elevado
número
de
atropelamentos e caça predatória.
Puma concolor
Felídeo de ocorrência mais abrangente das Américas podendo ser encontrado desde o oeste do
Canadá ao extremo sul da América do Sul, no Brasil ocupa todos os biomas. Segunda maior
espécie de felídeo do país. Possui hábitos solitários, terrestres e noturnos. Habita áreas de mata,
cerradão, cerrado e campo.
Pecari tajacu
Conhecido como cateto, este mamífero de médio a grande porte, chega a medir cerca de 1m de
comprimento e 30 kg de peso. Possui pelagem de coloração marrom ou negra com faixas brancas
ou amareladas. Encontrado geralmente em pequenos grupos, este animal tem hábitos tanto
diurnos quanto crepusculares ou noturnos. Alimenta-se basicamente de frutos, raízes, tubérculos,
bulbos e rizomas e pode ser encontrado desde o sul dos Estados Unidos até o noroeste do Peru.
No Brasil ocorre em todos os biomas.
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E-II.101
Alouatta guariba
Este primata pertence ao gênero com maior distribuição entre os primatas neotropicais, apesar de
ser endêmica da Mata Atlântica. Esta espécie se adapta bem a ambientes perturbados e habita
normalmente florestas primárias e secundárias. Animal de médio porte chegando a medir cerca de
63 cm de corpo e 69 cm de cauda, e chega a pesar cerca de até 7 kg. Possuem a pelagem
marrom podendo tornar-se levemente avermelhada em machos adultos.
II.5.5.1.2 - Descrição das espécies amostradas em campo
As espécies abaixo são descritas segundo Reis e Nélio et Al.. (2006), e foram levantadas por meio
de dados primários, tendo sido observadas na área durante os levantamentos de campo.
Didelphis aurita
Mamífero de pequeno a médio porte podendo alcançar cerca de 45 cm de corpo, 47 cm de cauda
e chegando a pesar cerca de 1,8 kg. Possui coloração negra ou grisalha, com uma listra
característica de cor escura na face, e outras sobre os olhos, orelhas grandes, negras e
desprovidas de pelos. Possui ainda calda prênsil e marsúpio nas fêmeas. Animal onívoro, solitário
e noturno. Bastante adaptado a ambientes degradados sendo encontrado inclusive em meio a
grandes centros urbanos.
Callithrix penicillata
Conhecidos como saguis, estes animais possuem pequeno porte, medindo entre 25 e 28 cm e
pesando até 450 g. Sua pelagem costuma variar entre cinza preto avermelhado e apresenta tufos
auriculares e uma mancha branca na testa bastante característicos. Estes primatas arborícolas
habitam quase todos os ambientes florestais, inclusive em vegetação secundária, perturbada e
fragmentada. Sua dieta consiste basicamente de frutos, insetos e néctar. (Foto II.5.6-4)
Hydrochaeris hidrochaeris
Maior roedor do mundo, este animal pode alcançar cerca de 1,4 m de comprimento e pesar cerca
de 65 kg. Possui cabeça grande e orelhas curtas e arredondadas, pelagem curta e grossa de
coloração marrom. Animal semi aquático alimenta-se basicamente de gramíneas e vegetação
aquática. Tem hábitos crepusculares e pode ser encontrado em todos os estados brasileiros. (Foto
II.5.6-1 e 2)
Dasypus sp.
A família dos tatus possui atualmente oito gêneros com 11 espécies de ocorrência no Brasil, sua
característica mais marcante é a carapaça que provê proteção a este grupo. A maioria dos tatus
possui pouco ou nenhum pelo. Estes animais ocorrem principalmente em áreas abertas, mas
podem ocorrem também em florestas. São animais predominantemente solitários e alimentam-se
basicamente de formigas, cupins e raízes. Possuem atividade crepuscular e noturna. (Foto II.5.6-5
e 6)
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E-II.102
FOTO II.5.6-1- Pegada de capivara
(Hydrochaeris hidrochaeri)
FOTO II.5.6-2 - Fezes de capivara
(Hydrochaeris hidrochaeris)
FOTO II.5.6-3 - Trilha de mamífero de
médio a grande porte
FOTO II.5.6-4 - Mico ou Sagui (Callithrix
penicillata)
FOTO II.5.6-5 - Toca de tatu com sinais de
desuso (Dasypus sp.)
FOTO II.5.6-6 - Toca de tatu com sinais de uso
recente (Dasypus sp.). Fonte das fotos:
alternativa Educação e Manejo Ambiental
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.103
II.5.5.1.3 - Espécies de mamíferos utilizadas pelo homem
As espécies abaixo, com exceção de Calitrix penicilatta e Hydrochaeris hydrochaeris,
foram
levantadas por meio de dados secundários, sendo, portanto, apenas de potencial ocorrência para a
área de estudo.
TABELA II.5.3 - Espécies de mamíferos utilizadas pelo homem
Grupo
Primatas
Parte do animal utilizada
Alouatta guariba.
Carne
Calitrix penicilatta
Carne
Utilização
Alimentação
Alimentação,
experimentação animal
Rodentia
Agouti paca
Hydrochaeris
hydrochaeris
Carne
Carne
Alimentação e comércio
Alimentação, comércio e
caça esportiva
Ungulados
Tayassu pecari
Carne, pele
Alimentação, comércio de
peles e caça esportiva
Felinos
Panthera onca
Carne, pele, dentes
Leopardus pardalis
Carne, pele, dentes
Artesanato, alimentação,
comércio, caça esportiva
Artesanato, alimentação,
comércio, caça esportiva
A caça de animais silvestres é uma atividade ilegal no Brasil, porém a sua prática pode ser
observada em diversas localidades, principalmente em áreas próximas a centros urbanos, como na
região em estudo. A área é cercada por regiões habitacionais de média renda, o que não
justificaria o argumento da existência da caça para subsistência, o que por si só tem mostrado ter
impactos bastante negativos e ser, em última análise, insustentável quando as populações
humanas ultrapassam um limiar de densidade e não há áreas-fontes que forneçam animais para
áreas exploradas.
Algumas espécies levantadas para a área encontram-se particularmente ameaçadas pelas
atividades de caça esportiva, e caso não haja trabalhos de fiscalização, educação ambiental e
manutenção destas populações, algumas espécies podem se tornar ameaçadas. Além da caça para
subsistência e esportiva outra ameaça a algumas espécies da mastofauna é o comércio ilegal de
peles, por exemplo, onde os animais mais utilizados são veados, felinos e primatas (FONSECA et
al., 1996).
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.104
II.5.5.2 - Avifauna
Foram identificadas por meio de levantamentos primários e secundários, 200 espécies de aves nas
Áreas de Influência Direta (AID) e Indireta (AII), divididas entre 48 famílias de potencial
ocorrência para a área de estudo, este número corresponde a cerca de 25% do total de espécies
registradas para o grupo
no estado de Minas Gerias. Dentre estas 86 espécies puderam ser
observadas em campo e estão marcadas na coluna AID.
TABELA II.5.4 - Espécies levantadas por meio de dados primários e secundários e status de conservação
Família
Espécie
Nome comum
Tinamidae
Crypturellus obsoletus
Crypturellus
parvirostris
Dendrocygna viduata
Amazonetta
brasiliensis
Penelope superciliaris
Penelope obscura
Podilymbus podiceps
Phalacrocorax
brasilianus
Nycticorax nycticorax
Butorides striata
Bubulcus ibis
inhambuguaçu
inhambu-chororó
Anatidae
Cracidae
Podicipedidae
Phalacrocoracidae
Ardeiidae
Ardea alba
Syrigma sibilatrix
Cathartidae
Accipitridae
Egretta thula
Cathartes aura
Coragyps atratus
Leptodon cayanensis
Elanus leucurus
Rupornis magnirostris
Buteo albicaudatus
Buteo brachyurus
Falconidae
Rallidae
Heterospizias
meridionalis
Herpetotheres
cachinnans
Milvago chimachima
Caracara plancus
Falco sparverius
Falco femoralis
Aramides cajanea
Irerê
Marreca-do-pévermelho
Jacupemba
Jacuaçu
Mergulhão-caçador
Biguá, mergulhão
Savacu
Socozinho
Garça-vaqueira
Garça-brancagrande
Maria-façeira
Garça-brancapequena
Urubu-caçador
Urubu-preto
Gavião-de-cabeçacinza
Paranoá, gaviãopeneira
Gavião-carijó
Gavião-fumaça
Gavião-de-caudacurta
Gavião-caboclo
Acauã
Gaviãocarrapateiro
Carcará
Quiriquiri
Falcão-de-coleira
Saracura-três-
AID
AII
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
LC
LC
NL
NL
NL
NL
X
X
X
LC
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
EN
VU
NL
NL
X
X
X
X
LC
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
X
LC
LC
NL
NL
NL
NL
LC
LC
LC
NL
NL
III
NL
NL
NL
LC
III
NL
X
X
X
LC
LC
LC
NL
III
III
NL
NL
NL
X
LC
NL
NL
LC
II
NL
LC
II
NL
LC
LC
LC
LC
II
II
II
NL
NL
NL
NL
NL
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Status de Conservação
IUCN
CITES Biodiverssitas
LC
NL
NL
LC
NL
NL
X
X
X
X
X
X
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
NL
NL
NL
E-II.105
Família
Espécie
Aramides saracura
Laterallus
melanophaius
Pardirallus nigricans
Cariamidae
Charadriidae
Jacanidae
Scolopacidae
Columbidae
Gallinula chloropus
Cariama cristata
Vanellus chilensis
Jacana jacana
Tringa solitaria
Columbina talpacoti
Columbina squammata
Claravis pretiosa
Columba livia
Patagioenas picazuro
Patagioenas plumbea
Nome comum
AID
potes
Saracura-do-mato
Sanã-parda
Saracura-sanã
Fango-d'águacomum
Seriema
Quero-quero
Jaçanã
Maçarico-solitário
Rolinha-caldo-defeijão
Fogo-apagou
Pararu-azul
Pomba-doméstica
Asa branca
Pomba-amargosa
AII
X
X
LC
LC
NL
NL
NL
NL
X
X
X
LC
LC
NL
NL
NL
NL
X
X
X
X
X
LC
LC
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
X
X
X
X
X
LC
LC
LC
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
X
X
LC
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
NL
LC
NL
II
II
NL
NL
NL
NeT
NL
NL
LC
II
NL
X
LC
II
NL
X
X
X
LC
LC
LC
LC
LC
LC
NL
LC
LC
LC
II
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
LC
LC
LC
NL
II
II
II
II
NL
NL
NL
NL
NL
X
X
X
X
X
X
X
Psittacidae
Patagioenas speciosa
Leptotila rufaxilla
Leptotila verreauxi
Zenaida auriculata
Scardafella
squammata
Columbina picui
Primolius maracanã
xAratinga
leucophthalma
Aratinga auricapillus
Brotogeris chiriri
Cuculidae
Caprimulgidae
Apodidae
Trochilidae
Forpus
xanthopterygius
Pionus maximiliani
Piaya cayana
Crotophaga ani
Crotophaga major
Guira guira
Tapera naevia
Athene cunicularia
Nyctidromus albicollis
Hydropsalis torquata
Chaetura meridionalis
Phaethornis petrel
Phaethornis ruber
Eupetomena macroura
Colibri serrirostris
Amazilia versicolor
Pomba - trocal
Gemedeira
Juriti-pupu
Pomba-de-bando
Fogo-apagou
X
X
Rolinha-picui
Maracanã-do-buriti
Aratinga-de-bando
X
X
X
Jandaia-de-testavermelha
Periquito-da-asaamarela
Tuim-de-asa-azul
X
Maitaca-verde
Alma-de-gato
Anú-preto
Anu-coroca
Anu-branco
Saci
Coruja-buraqueira
Curiango
Bacurau-tesoura
Andorinhão-dotemporal
Limpa casa
Rabo-branco-rubro
Tesourão
Beija-flor-do-canto
Beija-flor-debanda-branca
Status de Conservação
IUCN
CITES Biodiverssitas
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.106
Família
Espécie
Nome comum
AID
Amazilia lactea
Beija-flor-de-peitoazul
Besourinho-debico-vemelho
Beija-flor-preto
Surucuá-variado
X
Chlorostilbon lucidus
Trogonidae
Alcedinidae
Florisuga fusca
Trogon surrucura
aurantius
Megaceryle torquata
Chloroceryle amazona
Chloroceryle amazona
Galbulidae
Bucconidae
Ramphastidae
Picidae
Chloroceryle
americana
Galbula ruficauda
Nystalus chacuru
Ramphastos toco
Picumnus cirratus
Colaptes campestris
Colaptes
melanochloros
Veniliornis passerinus
Veniliornis maculifrons
Thamnophilidae
Dendrocolaptidae
Furnariidae
Melanerpes candidus
Taraba major
Thamnophilus
torquatus
Thamnophilus
caerulescens
Dysithamnus mentalis
Herpsilochmus
atricapillus
Formicivora serrana
Pyriglena leucoptera
Sittasomus
griseicapillus
Xiphorhynchus fuscus
Lepidocolaptes
angustirostris
Furnarius rufus
Furnarius figulus
Synallaxis frontalis
Synallaxis spixxi
Phacellodomus
rufifrons *
Certhiaxis
X
X
NL
NL
LC
NL
II
NL
NL
NL
LC
NL
NL
X
LC
NL
NL
X
LC
NL
NL
LC
NL
NL
LC
LC
LC
LC
NL
NL
II
NL
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
LC
NL
NL
X
X
LC
LC
NL
NL
NL
NL
X
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
LC
LC
NL
NL
NL
NL
X
LC
NL
NL
X
X
LC
LC
NL
NL
NL
NL
X
LC
LC
NL
NL
NL
NL
LC
LC
NL
NL
NL
NL
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Choquinha-lisa
Chorozinho-dechapéu-preto
Formigueiro-daserra
Papa-taoca-do-sul
Status de Conservação
IUCN
CITES Biodiverssitas
LC
II
NL
LC
X
X
X
Matraca, martimpescador
Martim-pescadorverde
Martim-pescadorverde
Pescador-pequeno
Bico-de-agulha
João-bobo
Tucanuçu
Pica-pau-anãobarrado
Pica-pau-docampo
Pica-pau-verdebarrado
Pica-pau-verde
Picapauzinho-detesta-pintada
Pica-pau-branco
Choró-boi
Choca-da-asaruiva
Choca-da-mata
AII
X
X
Arapaçu-verde
Arapaçu-rajado
Arapaçu-docerrado
João-de-barro
Casaca-de-couroda-lama
Petrim
João tenenem
João-de-pau
X
X
X
X
X
X
X
X
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
Curutié
X
X
LC
NL
NL
X
X
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.107
Família
Tyrannidae
Espécie
cinnamomeus
Automolus
leucophtalmus
Xenops rutilans
Lochmias nematura
Cnemotriccus fuscatus
Todirostrum cinereum
Leptopogon
amaurocephalus
Todirostrum
poliocephalum
Myiopagis viridicata
Elaenia flavogaster
Elaenia obscura
Camptostoma
obsoletum
Serpophaga
subcristata
Tolmomyias
sulphurescens
Myiophobus fasciatus
Hirundinea ferruginea
Lathrotriccus euleri
Contopus cinereus
Knipolegus lophotes
Knipolegus nigerrimus
Satrapa icterophrys
Xolmis velatus
Fluvicola nengeta
Fluvicola albiventris
Arundinicola
leucocephala
Colonia colonus
Machetornis rixosa
Myiozetetes similis *
Pitangus sulphuratus
Myiodynastes
maculatuss
Megarynchus pitangua
Empidonomus varius
Tyrannus
melancholicus
Tyrannus savana
Myiarchus ferox
Nome comum
Barranqueiro
Bico-virado-carijó
João-porca
Guaracavuçu
Ferreirinho-relógio
Cabeçudo
Teque-teque
Guaracava-decrista-alaranjada
Guaracava
Tucão
AID
AII
X
NL
NL
NL
X
X
X
LC
LC
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
LC
NL
NL
LC
LC
NL
NL
NL
NL
X
X
X
X
X
X
Status de Conservação
IUCN
CITES Biodiverssitas
X
X
Risadinha
X
LC
NL
NL
Alegrinho
X
LC
NL
NL
LC
NL
NL
LC
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
LC
NL
NL
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
LC
NL
NL
NL
NL
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
LC
NL
NL
NL
NL
Bico-chato
Filipe
Gibão-de-couro
Enferrujado
Papa-moscascinzen
Maria-preta-depenacho
Maria-preta-degargantavermelha
Suiriri-pequeno
Maria-branca
Lavadeiramascarada
Lavadeira-de-carabranca
Cabecinha branca
Viuvinha
Suiriri-cavaleiro
Bentevizinho-depenachovermelho
Bem-te-vi
Bem-te-vi-rajado
Nei nei
Peitica
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Suiriri
Tesourinha
Maria-cavaleira
X
X
X
X
X
X
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.108
Família
Cotingidae
Pipridae
Tityridae
Vireonidae
Hirundinidae
Troglodytidae
Turdidae
Motacillidae
Mimidae
Coerebidae
Thraupidae
Espécie
Myiarchus tyrannulus
Pyroderus scutatus
Ilicura militaris
Manacus manacus
Chiroxiphia caudata
Pachyramphus viridis
Pachyramphus validus
Cyclarhis gujanensis
Vireo olivaceus
Hylophilus
amaurocephalus
Tachycineta albiventer
Stelgidopteryx
ruficollis *
Pygochelidon
cyanoleuca
Progne tapera
Troglodytes musculus
Thryothorus
genibarbis
Turdus rufiventris
Turdus leucomelas
Turdus
amaurochalinus
Anthus lutescens
Mimus saturninus
Coereba flaveola
Saltator similis
Schistochlamys
ruficapillus
Thlypopsis sordida
Trichothraupis
melanops
Tachyphonus
coronatus
Thraupis sayaca
Thraupis ornata
Thraupis palmarum*
Tangara cyanoventris
Tangara cayana
Tersina viridis
Dacnys cayana
Nome comum
AID
Maria-cavaleirade-raboenferrujado
Pavó
Soldadinho
Rendeira
Tangará
Caneleiro-verde
Caneleiro-dechapéu-preto
Pitiguari
Juruviara
Vite-vite-de-olhocinza
X
X
X
X
X
X
X
X
LC
LC
LC
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
VU
NL
NL
NL
NL
NL
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
LC
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
X
X
X
Sabiá-laranjeira
Sabiá-do-barranco
X
X
X
X
X
LC
NL
NL
X
X
X
NL
LC
NL
NL
NL
NL
X
X
X
X
X
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
X
LC
NL
NL
X
LC
NL
NL
LC
NL
NL
LC
NL
NL
LC
LC
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
X
X
X
Saí-canário
Tiê-de-topete
X
X
X
X
X
X
Tiê-preto
Sanhaço
Sanhaçu-deencontro-amarelo
Sanhaçu-docoqueiro
Saíra-douradinha
Saíra-macaco
Saí-andorinha
Saí-azul
Status de Conservação
IUCN
CITES Biodiverssitas
LC
NL
NL
X
Andorinha-do-rio
Andorinhaserradora
Andorinhapequena-de-casa
Andorinha-docampo
Corruíra
Garrinchão-pai-avô
Sabiá-poca
Caminheiro
Sabiá-do-campo
Sebinho,
cambacica
Trinca-ferroverdadeiro
Bico-de-veludo
AII
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.109
Família
Espécie
Nome comum
Saíra-ferrugem
Emberizidae
Hemithraupis
ruficapilla *
Conirostrum
speciosum
Zonotrichia capensis
Ammodramus
humeralis
Haplospiza unicolor
Sicalis flaveola *
Cardinalidae
Parulidae
Icteridae
Fringilidae
Embernagra
longicauda
Volatinia jacarina
Sporophila lineola
Sporophila nigricollis
Sporophila
caerulescens
Coryphospingus
pileatus
Paroaria coronata
Piranga flava
Cyanoloxia brissonii
Geothlypis
aequinoctialis
Parula pitiayumi
Basileuterus ypolecus
Basileuterus flaveolus
Psarocolius
decumanus
Gnorimopsar chopi *
Chrysomus ruficapillus
Molothrus bonariensis
Icterus jamacaii
Molothrus boariensis
Euphonia chlorotica
Sporagra magellanica I
Figuinha-de-rabocastanho
Tico-tico
Tico-tico-rato
Cigarra-bambu
Canário-da-terraverdadeiro
Rabo-mole-daserra
Tiziu
Bigodinho
Baiano
AID
X
X
X
X
X
X
X
X
Chlorophonia cyanea
Passer domesticus
Estrilda astrild
Legenda: Vide Quadro de Referências
Bandeirinha
Pardal
Bico-de-lacre
LC
LC
NL
NL
NL
NL
LC
LC
NL
NL
NL
VU
X
NeT
NL
NL
X
X
X
LC
LC
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
LC
LC
II
NL
NL
NL
NL
LC
NL
NL
NL
NL
X
X
X
X
LC
NL
LC
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
X
X
X
LC
LC
LC
LC
NL
LC
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
NL
LC
LC
LC
NL
NL
III / w
NL
NL
NL
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
– DD
Passeridae
Estrildiae
NL
X
Pia-cobra
Mariquita
Pula pula
Pula-pula-amarelo
Japu
Graúna
Garibaldi
Vira-bosta
Sofrê
Maria-preta
Vivi
Pintassilgo
NL
X
X
X
X
X
Status de Conservação
IUCN
CITES Biodiverssitas
LC
NL
NL
LC
X
X
Coleirinho
Tico-rei-cinza
Cardeal
Tiê-do-matogrosso
Azulão
AII
As espécies de aves levantadas por meio de dados primários puderam ser confirmadas apenas a
título de comparação, através de entrevistas com os senhores: Jeferson Marques morador da
Fazenda Jabuticaba, Almir Vargas morador do Sítio Rojão, e Ildeu de Souza Carvalho morador do
Sítio avestruz.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.110
GRÁFICO II.5.2 - Espécies levantadas por família
O subgrupo mais representativo neste estudo foi a ordem Passeriforme, este resultado corrobora
uma enorme gama de estudos anteriores e justifica-se pelo fato de ser a maior ordem de aves
conhecidas (SICK, 1997), tendo a família Tyranidae o maior número de espécies registradas. Esta
família é representada por diversas espécies de hábitos variados e grande abrangência, sendo a
maior família de aves neotropicais.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.111
Dentre as espécies levantadas, duas (Penelope obscura, Sicalis flaveola) são classificadas como
ameaçadas pela lista oficial de espécies do estado de Minas Gerais ameaçadas de extinção
(BIODIVERSITAS, 2006), dentre estas apenas Sicalis flaveola foi avistada em campo. Duas
(Aratinga auricapillus e Embernagra longicauda), sofrem algum tipo de ameaça de extinção em
nível mundial, (IUCN, 2009), dentre estas apenas Aratinga auricapillus pode ser avistada em
campo.
Segundo Cites (2009), 19 espécies (Herpetotheres cachinnans, Milvago chimachima, Caracara
plancus, Falco sparverius, Falco femoralis, Primolius maracanã, Aratinga leucophthalma, Brotogeris
chiriri, Forpus xanthopterygius, Pionus maximiliani, Phaethornis ruber, Eupetomena macroura,
Colibri serrirostris, Amazilia versicolor, Amazilia láctea, Florisuga fusca, Ramphastos toco e Paroaria
coronata) não são raras nem estão em perigo atualmente, mas podem se tornar caso o comércio
não seja regularizado, dentre estas, seis (Herpetotheres cachinnans, Milvago chimachima,
Caracara plancus, Falco sparverius, Forpus xanthopterygius e Paroaria coronata) puderam ser
observadas em campo, e ainda cinco (Leptodon cayanensis, Elanus leucurus, Buteo albicaudatus,
Buteo brachyurus, Estrilda astrild) não estão ameaçadas pelo tráfico ilegal de animais silvestres.
II.5.5.2.1 - Descrição das espécies ameaçadas
As espécies abaixo são descritas de acordo com guia interativo Wikiaves, 2010, e foram levantadas
por meio de dados primários e secundários, três (Penelope obscura, Sicalis flaveola e Aratinga
auricapillus), puderam ser observadas em campo. As demais espécies observadas que não são
classificadas como ameaçadas sob nenhum aspecto, estão descritas no item subsequente.
Penelope obscura
Espécie meridional de tamanho avantajado, medindo 68 a 75 centímetros e pesando 1.000 a 1.200
gramas (SIGRIST, T., 2009). Coloração verde-bronze bem escura; manto, pescoço e peito
finalmente estriados de branco; pernas anegradas. Embora habitem matas, descem em campo
aberto para se alimentarem. São predominantemente frugívoros, e nisto altamente especializados.
Habita as matas secundárias, capoeiras, plantações e matas de galeria (matas altas). Vive no
sudeste e sul do Brasil, de Minas Gerais e Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul; Uruguai,
Paraguai, Argentina e Bolívia. No Rio de Janeiro ocorre nas montanhas, em São Paulo na Serra do
Mar e no litoral.
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E-II.112
Pyroderus scutatus
O macho mede cerca de 46 cm de comprimento e a fêmea 39 cm. É uma espécie rara. Habita o
interior e as bordas de florestas altas, especialmente em regiões montanhosas. Vive solitário.
Presente localmente da Bahia ao Rio Grande do Sul e, para oeste, até Goiás e Brasília.
Sicalis flaveola
Tamanho aproximado: 13,5 cm. Peso médio: 20 g. Cor amarelo-olivácea com estrias enegrecidas
nas costas e próximo das pernas. Alimenta-se de sementes no chão. É uma espécie
predominantemente granívora (come sementes). Vive em campos secos, campos de cultura e
caatinga, bordas de matas, áreas de cerrado, campos naturais, pastagens abandonadas,
plantações e jardins gramados, sendo mais numeroso em regiões áridas. Está presente do
Maranhão ao sul até o Rio Grande do Sul e a oeste até o Mato Grosso, bem como nas ilhas do
litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Aratinga auricapillus
(Descrita no subitem: Descrição das espécies avistadas em campo)
Embernagra longicauda
O Rabo-mole-da-serra, também conhecido como Canário Rabudo é um Passeriforme da família
Emberizidae. Habita a vegetação do cerrado ou em capoeiras. Fica a maior parte do tempo no
chão ou em pequenos arbustos caçando insetos e frutos.
II.5.5.2.2 - Descrição das espécies avistadas em campo
Dendrocygna viduata
A máscara branca na face contrastando com o pescoço negro e o bico chumbo torna esta espécie
inconfundível. O peito é castanho e o resto do corpo é finamente estriado em branco e preto.
Quando em vôo é possível ver as asas escuras. Assim como outros marrecos alimenta-se
basicamente de plantas submergidas e gramíneas nas margens dos lagos, mas também come
invertebrados aquáticos, pequenos peixes e girinos. É encontrado em quase qualquer corpo d'água
ao longo de sua ampla distribuição que vai da Argentina até a América Central e curiosamente
também ocorre na África Ocidental. Pode ser encontrado até mesmo em lagos poluídos. É mais
ativo nos crepúsculos e a noite.
Phalacrocorax brasilianus
É uma ave de cor preta em plumagem adulta e marrom-escura em juvenil. Atinge até 75 cm de
comprimento e peso em torno de 1,3 kg; possui pescoço longo, cabeça pequena, bico cinzento
longo e fino, sendo que a ponta da maxila termina em forma de gancho Alimenta-se de peixes e
crustáceos. Vive em lagos, grandes rios e estuários.
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E-II.113
Bubulcus íbis
Apresenta um comprimento de 48 a 53 cm. Sua envergadura vai de 90 a 96 cm. Tendo um peso
de 300 a 400 g. Alcança uma longevidade de 15 anos. Plumagem branca, em especial quando
juvenil. É uma garça insetívora, caçando seu alimento longe da água e associada, principalmente,
ao gado. Procura alimento, de um modo geral, em espaços secos, campos de cultivo, podendo, no
entanto, ser encontrada nas margens de lagos e pântanos.
Ardea alba
Mede cerca de 90 cm. Seu corpo é completamente branco. É facilmente identificada pelas longas
pernas e pescoço, característica dos membros da família. O bico é longo e amarelado, e as pernas
e dedos pretos. Apresenta enormes egretes (penas especiais que se formam no período
reprodutivo). A íris é amarela. Alimenta-se principalmente de peixes, mas já foi vista comendo
quase que tudo o que possa caber em seu bico. Vive em grupos de vários animais à beira de rios,
lagos e banhados. É migratória, realizando pequenos deslocamentos locais ou mesmo se
deslocando para além dos Andes durante os períodos de enchentes anuais. Ocorre da América do
Norte ao estreito de Magalhães, em todo Brasil, e também no Velho Mundo.
Rupornis magnirostris
Apresentam a ponta do bico negra com a base amarelada, a cabeça e a parte superior das asas
são amarronzadas, mas tornam-se cinzas à medida que a ave amadurece. O peito é ferruginoso, a
barriga e as pernas são brancas e finamente barradas com listras ferrugíneas. A base da cauda é
branca, mas vai se tornando barrada em direção à extremidade. Sua ampla distribuição geográfica
também se reflete nos seus hábitos alimentares generalistas, pois consome desde insetos até aves
e lagartos. Costuma voar em casais, fazendo movimentos circulares enquanto os dois vocalizam
em dueto. Ocorrem também do México à Argentina e em todo o Brasil.
Milvago chimachima
Possui cerca de 40 cm de altura e 74 cm de envergadura, cabeça e corpo branco-amarelado, dorso
marrom-escuro, listra pós-ocular preta, asas longas com mancha branca perceptível quando em
voo. A cauda é longa com larga listra marrom escura na ponta. Alimenta-se principalmente dos
parasitas de bovinos e equinos tais como carrapatos e bernes. O carrapateiro é frequentemente
encontrado nas fazendas de gado, com os quais vivem associados, retirando destes carrapatos e
bernes. Ocorre da América Central ao norte do Uruguai e da Argentina e em todo o território
brasileiro.
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E-II.114
Caracara plancus
Medindo cerca de 56 cm da cabeça a cauda e 123 cm de envergadura, o caracará é facilmente
reconhecível quando pousado, pelo fato de possuir uma espécie de solidéu preto sobre a cabeça,
assim como um bico adunco e alto, que se assemelha à lâmina de um cutelo; a face é vermelha. É
recoberto de preto na parte superior e possui o peito de uma combinação de marrom claro com
riscas pretas. Não é um predador especializado, e sim um generalista e oportunista assim como o
seu parente próximo, o carrapateiro (Milvago chimachima). Onívoro, alimenta-se de quase tudo o
que acha de animais vivos ou mortos até o lixo produzido pelos humanos, tanto nas áreas rurais
quanto urbanas. Vive solitário, aos pares ou em grupos, beneficiando-se da conversão da floresta
em áreas de pastagem. Possui uma distribuição geográfica ampla, que vai da Argentina até o Sul
dos Estados Unidos, ocupando toda uma variedade de ecossistemas, fora a cordilheira dos Andes.
Sua maior população se encontra no sudeste e nordeste do Brasil. (Foto II.5.7-17)
Pardirallus nigricans
A saracura-sanã é uma ave gruiforme da família Rallidae. Também conhecida pelos nomes de
franguinho-d'água, cambonje, cambonja e saracura-preta. Mede cerca de 30 cm. Tais aves
possuem dorso marrom-oliváceo, garganta branca, partes inferiores cinzentas e bico verde.
Comum em alagados, pântanos, lagos com gramíneas e campos de arroz. Presente do Pará ao Rio
Grande do Sul. Encontrada também nas Guianas, Venezuela, Peru, Colômbia, Bolívia, Paraguai e
Argentina.
Gallinula chloropus
Toda cinza escuro, ao longe parecendo negro, com uma série de linhas brancas, largas, abaixo da
asa fechada. Sob a cauda, área branca. Na cabeça, um grande escudo frontal vermelho une-se à
pele nua e vermelha da base do bico, o qual é amarelo e só a ponta é visível. Caminha sobre a
vegetação mais densa, caçando invertebrados, ocasionais pequenos vertebrados, embora sua
alimentação principal seja de origem vegetal.
É comum em lagos com vegetação aquática e
margens pantanosas. Normalmente é visto nadando próximo às margens, quando balança a
cabeça para frente e para trás. Presente em todo o Brasil e em quase todo o planeta, com exceção
da Austrália e Nova Zelândia. (Foto II.5.7-9)
Vanellus chilensis
Mede 37 cm, peso 277 g. Possui um esporão pontudo, ósseo, com 1 cm de comprimento no
encontro das asas, uma faixa preta desde o pescoço ao peito e ainda umas penas longas
(penacho) na região posterior da cabeça, tem um desenho chamativo de preto, branco e cinzento
na plumagem. O quero-quero se alimenta de invertebrados aquáticos e peixinhos que encontra na
lama. Costuma viver em banhados e pastagens; é visto em estradas, campos de futebol e próximo
a fazendas, frequentemente longe d'água. O quero-quero é uma ave típica da América do Sul,
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sendo encontrado desde a Argentina e leste da Bolívia até a margem direita do baixo Amazonas e
principalmente no Rio Grande do Sul, no Brasil. (Foto II.5.7-12)
Jacana jacana
Uma das aves mais comuns nos brejos e margens de rios possui os pés enormes para seu
tamanho. Medem aproximadamente 23 cm de comprimento, possuindo plumagem negra com
manto castanho, bico amarelo com escudo frontal vermelho, rêmiges verde-amareladas, encontro
com um afiado esporão vermelho. Nas plantas, ou logo abaixo delas, encontra os insetos e outros
invertebrados de sua alimentação. Come também grãos. Embora sejam relativamente sociáveis em
alguns locais ou épocas do ano, defendem seus territórios contra outras jaçanãs (ou cafezinhos,
nome pantaneiro). A jaçanã (Jacana jacana Linnaeus, 1766) tem vasta distribuição nas Américas,
ocorrendo a partir das Guianas até a Venezuela, Colômbia, Brasil, Bolívia, Argentina, Equador,
Peru e Chile (MEYER DE SCHAUENSEE, 1982).
Columbina squammata
A característica mais marcante desta espécie é o padrão escamoso de suas penas que ajuda na
sua camuflagem. A cor de base é o bege. Quando em voo é possível ver uma faixa branca na base
da asa que seguida pela faixa branca da lateral da cauda. Mede cerca de 19 cm. Alimenta-se no
chão, andando com a barriga quase arrastando no solo. Quando assustado, voa bruscamente para
árvores próximas. Uma árvore chamada Crindiuva (Trema micrantha), dá um dos frutos prediletos
dessa espécie. A fogo-apagou é uma rolinha de hábitos geralmente discretos, que anda em casais
ou pequenos grupos pelas bordas de matas, cerradões, pomares, parques e outros tipos de
vegetação, excluindo-se os muito abertos ou muito fechados. Seu silêncio só é quebrado pela
vocalização, que a ave só emite empoleirada em locais bem escondidos, e pelo ruído produzido
pelas asas quando a ave alça voo, lembrando um gemido. Presente nas regiões Nordeste, Centrooeste e nos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Encontrado também da Guiana
Francesa e Venezuela ao Paraguai e Argentina.
Columbina talpacoti
O macho, com penas marrom-avermelhadas, cor dominante no corpo do adulto, em contraste com
a cabeça, cinza azulada. A fêmea é toda parda. Nos dois sexos, sobre a asa uma série de pontos
negros nas penas. Alimenta-se de grãos encontrados no chão. Havendo alimento, reproduz-se o
ano inteiro. Adapta-se aos ambientes artificiais criados pela ação humana. Vive em áreas abertas;
o desmatamento facilitou sua expansão, em especial nas áreas formadas para pasto ou agricultura
de grãos. Ocorre em todo o Brasil, mas é ausente das áreas densamente florestadas da
Amazônia(Foto II.5.7-13)
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Patagioenas speciosa
Mede cerca de 30 cm de comprimento. O macho possui as penas do pescoço de coloração
metálica, dando-lhe uma aparência escamosa e a fêmea apresenta o pescoço marginado de preto,
com pouco reflexo metálico. Como a demais espécies de pombos alimenta-se de frutos e
sementes. Comum na copa de florestas densas, capoeiras altas, florestas de galeria e campos com
árvores esparsas. Vive geralmente solitária ou aos pares no alto de árvores, pousada
principalmente nos ramos mais expostos. Presente em regiões quentes de quase todo o País, com
exceção de uma extensa área do Nordeste. Encontrada também do México à Argentina.
Aratinga auricapillus
Verde escura, somente com a parte anterior da cabeça e abdômen lavados de vermelho. Não
possuem diferenças externas aparentes entre machos e fêmeas. Comem sementes, castanhas e
frutas. Vivem em bandos grandes, compostos de 30 a 40 aves ou mais e dormem coletivamente
em variados lugares. Vive na beira da mata habitando da Bahia ao norte do Paraná, Minas Gerais e
sul de Goiás.
Forpus xanthopterygius
É a menor ave da família dos papagaios e periquitos no Brasil, com o corpo todo verde, um pouco
mais escuro nas costas mede 12 cm e pesa em media 26 g. O bico é pequeno e cinza claro.
Gostam mais das sementes do que da polpa das frutas. Vivem em bandos de até 20 tuins e
sempre que pousam, se agrupam em casais. Habitam as bordas das matas ribeirinhas, mata seca
e cerradões. Ocorre no nordeste, leste e sul do Brasil até o Paraguai e Bolívia, também no alto
amazonas até o Peru e a Colômbia.
Crotophaga ani
Corpo franzino - 36 centímetros, preto uniforme, de bico alto, forte e curto. Cauda comprida e
graduada. São essencialmente carnívoros, comendo gafanhotos, percevejos, aranhas, miriápodes
etc. Vive em paisagens abertas com moitas e capões entre pastos e jardins; ao longo das rodovias
costuma ser quase a única que se vê, como habitante de lavouras abandonadas. Ocorre da Flórida
à Argentina e todo o Brasil. (Foto II.5.7-7)
Guira guira
Corpo franzino, cauda comprida, graduada e com fita preta. Branco-amarelado, bico cor de laranja
(cinzento no indivíduo imaturo). Bico forte e curvo. São essencialmente carnívoros, comendo
gafanhotos, percevejos, aranhas, miriápodes etc. Até certo ponto são beneficiados pelo
desaparecimento da mata alta, pois vivem em campos, lavouras e ambientes mais abertos.
Migram para regiões onde eram desconhecidos e tornam-se as aves mais comuns ao longo das
estradas. Ocorre do sudeste do Amapá e do estuário amazônico à Bolívia, Argentina e Uruguai.
(Foto II.5.7-8)
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Athene cunicularia
A cabeça é redonda e os olhos estão dispostos lado a lado, num mesmo plano. As sobrancelhas
são brancas e os olhos amarelos. A coloração é cor de terra, mimética, podendo apresentar
plumagem em tons de ferrugem causada por solos de terra roxa. Alimenta-se principalmente de
insetos, mas pode caçar pequenos roedores, répteis, anfíbios e até pássaros pequenos. Coruja
terrícola tem hábitos diurnos e noturnos, mas é ativa, principalmente durante o crepúsculo,
quando faz uso de sua ótima audição. Tem o campo visual limitado, mas essa deficiência é
superada pela capacidade de girar a cabeça até 270 graus, o que ajuda na focalização. Ocorre do
Canadá ao Sul da América do Sul, bem como em quase todo o Brasil com exceção da bacia
Amazônica (Foto II.5.7-6)
Nyctidromus albicollis
Mede cerca de 30 cm de comprimento. O macho apresenta uma larga faixa nas asas (observada
em voo) e os lados da cauda brancos e a fêmea possui uma estreita faixa amarelada nas asas e
somente a ponta da cauda branca. Sai para se alimentar à noite. Captura insetos em voo. Comum
em bordas de florestas, capoeiras abertas, campos com árvores isoladas, cerrados, capões de
mata podendo também ser encontrado em matas secundárias e em processo de reflorestamento.
Ocorre em todo o Brasil, onde há florestas ou capoeiras, e também dos Estados Unidos e México
até a Bolívia, Paraguai e Argentina.
Hydropsalis torquata
Mede cerca de 40 cm de comprimento (macho adulto), onde a calda toma mais de 2/3 deste total.
A fêmea tem por volta de 27,5 cm. Sua longa cauda tem a forma de tesoura. É exclusivamente
insetívoro. Parte do solo em voo curto para capturar o inseto e pousa imediatamente. É grande
devorador de mariposas. Vive na beirada da mata, campos e cerrados. Adapta-se também às
cidades. Do sul do Rio Amazonas até o Rio Grande do Sul, e também no Peru, Paraguai, Argentina
e Uruguai.
Furnarius rufus
Conhecido por seu característico ninho de barro em forma de forno. O joão-de-barro é tido como
passarinho trabalhador e inteligente. Mede 18 a 20 cm de comprimento e pesa 49 g. Possui o
dorso inteiramente marrom avermelhado (por isso o epíteto específico rufus). O pássaro, revirando
as folhas, busca cupins, formigas ou içás no solo ou sob troncos caídos. Alimenta-se também de
outros invertebrados, como minhocas e possivelmente moluscos. Aproveita restos alimentares
humanos, como pedaços de pão. É muito comum em paisagens abertas, como campos, cerrados,
pastagens, ao longo de rodovias e em jardins. Um dos pássaros mais populares das regiões Sul,
Sudeste e Centro-oeste de nosso País. Está presente em áreas não florestadas, desde o sul até os
estados de Goiás, Piauí e Alagoas. Recentemente tem ampliado seus limites para regiões onde tem
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ocorrido o desmatamento de grandes áreas, como o sudeste do Pará. Encontrado também na
Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. (Foto II.5.7-4)
Colonia colonus
O contraste entre o negro do corpo e o branco do alto da cabeça é exclusivo desta espécie.
Quando voa, é possível ver a grande área branca nas costas, antes da cauda. Caça insetos em
voo, a partir de poleiros favoritos, para os quais retorna após uma incursão ou ao longo dos dias.
Presente na região periférica da Bacia Hidrográfica Amazônica, até Rondônia, Ilha de Marajó
(Pará) e Maranhão, e no restante do Brasil até o Rio Grande do Sul.
Pitangus sulphuratus
Ave de médio porte, o bem-te-vi mede entre de 20,5 e 25 cm de comprimento para,
aproximadamente, 60 gramas. Tem o dorso pardo e a barriga de um amarelo vivo; uma listra
(sobrancelha) branca no alto da cabeça, acima dos olhos; cauda preta. Possui uma variada
alimentação. É insetívoro, podendo devorar centenas de insetos diariamente. Mas também come
frutas (como bananas, mamões, maçãs, laranjas, pitangas e muitas outras), ovos de outros
pássaros, flores de jardins, minhocas, pequenas cobras, lagartos, crustáceos, além de peixes e
girinos de rios e lagos de pouca profundidade. São agressivos, ameaçam até gaviões e urubus
quando esses se aproximam de seu ―território‖. Costumam pousar em lugares salientes como
postes e topos de árvore. É uma ave típica da América Latina, com uma distribuição geográfica
que se estende predominantemente do sul do México à Argentina, em uma área estimada em
16.000.000 km²(Foto II.5.7-11)
Tyrannus savana
Apesar de não ser colorida, a leveza e graça do voo, bem como a distribuição de cores são muito
chamativas. O capuz é negro e apresenta no meio do píleo uma coloração amarela, na maioria das
vezes escondido, distingue-se contra a garganta e partes inferiores brancas. Hábitos como o do
suiriri, com grande consumo de frutos no período de migração. Dispersa os frutos da erva-depassarinho no cerrado, com sua característica semente onde um pé adesivo ressalta-se. Apesar de
migrarem em grupos, em setembro os machos já estão exibindo seu característico voo territorial,
pairando em espirais com asas e cauda abertos, ao mesmo tempo em que emite o canto longo e
rápido, terminado com três ou quatro notas mais espaçadas. Existem tesourinhas que vivem no sul
(Argentina, Paraguai e extremo sul do Brasil), em várias outras partes do Brasil, no Caribe e no sul
do México.
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Tachycineta albiventer
As melhores características para determinação segura são o tom esverdeado dominante na
plumagem das costas, mais notável sob luz intensa e a área branca sobre a asa (embora os
juvenis da andorinha-de-sobre-branco, também tenham um pouco de branco no mesmo local).
Mede cerca de 13,5 cm. Voa próximo à água, apanhando insetos em rápidos movimentos de ida e
vinda. Vive em casais, grupos familiares ou solitária, sempre nos rios, corixos e baías. Encontrada
na maior parte do Brasil, exceto no extremo sul. (Foto II.5.7-3)
Stelgidopteryx ruficollis
Esta espécie possui um tamanho médio de 14 cm, pesando aproximadamente 13,5 g. Sua cauda é
quase retangular, a garganta cor de canela-avermelhada contrasta com a cor de fuligem dos lados
da cabeça, do lado superior todo e do peito. As aves dessa espécie são rigorosamente
entomófagas, sendo um dos maiores consumidores de plâncton aéreo, comem cupins, formigas,
moscas e até abelhas. É comum em áreas abertas e clareiras, sendo mais numerosa próxima à
água. Vive em pequenos grupos, empoleirada em galhos mortos ou fios. Ocorre da América
Central à Argentina e em todo o Brasil. No sul do país é migratória. Encontrada também da Costa
Rica e Panamá aos demais países da América do Sul, com exceção do Chile.
Progne tapera
Medindo cerca de 17,5 cm, é uma espécie grande, cor de fuligem, garganta e abdômen brancos, e
a parte inferior da cauda, também é branca. As aves dessa espécie são rigorosamente
entomófagas, sendo um dos maiores consumidores de plâncton aéreo, comem cupins, formigas,
moscas e até abelhas. Habita o campo e a paisagem aberta de cultura.
Troglodytes musculus
Mede 12 cm de comprimento. Seu canto trinado, alegre e melodioso, é ouvido principalmente no
começo da manhã. Come insetos pequenos (besouros, cigarrinhas, formigas, lagartas, vespinhas)
e aranhinhas, e às vezes até filhotes de lagartixa. Captura as presas enfiando o bico em frestas e
cavidades, tanto em construções humanas quanto sob a casca de plantas. Possui ampla
distribuição, ocorrendo desde o Canadá até o sul da Argentina, Chile e em todo o Brasil.
Coereba flaveola
Mede aproximadamente 10,8 cm e pesa cerca de 10 g. Tem o dorso marrom, o peito e o abdome
amarelos, o pescoço cinza e a cabeça listrada preta e branca, não apresentando diferenças na
plumagem em relação aos machos e fêmeas. Para coletar alimento, em qualquer altura, agarra-se
firmemente à coroa das flores e com o bico curvo e pontiagudo perfura o cálice, atingindo assim
os nectários. Ocorre em quase todas as regiões do país, podendo estar ausente de regiões
extensivamente florestadas, como no oeste e centro da Amazônia. É encontrada desde o México, e
em todos os países da América do Sul, com exceção do Chile.
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Saltator similis
Um pouco menor do que outras espécies do mesmo gênero possui o mesmo bico negro e forte
que originou o nome comum dessas aves. O trinca-ferro-verdadeiro é um típico onívoro, se
alimentando de frutos, insetos, sementes, folhas e flores (como as do ipê). Na infância seu regime
alimentar é predominantemente animal. O macho costuma trazer alimento para sua fêmea. Vivem
em capoeiras, bordas de matas e clareiras. Está sempre associado às matas, ocupando o estrato
médio e superior. Distribui-se na parte central do Brasil e nordeste, na Bahia ao sul do País, no Rio
Grande do Sul e toda a região Sudeste. Além de fronteiras vizinhas internacionais como Argentina,
Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Thraupis sayaca
Com tamanho aproximado de 18 cm e 42 g de peso (macho), tem o corpo cinzento, ligeiramente
azulado, com as partes inferiores um pouco mais claras. Alimenta-se de frutos, folhas, brotos,
flores de eucaliptos e insetos, entre estes os alados de cupim (―aleluias‖ ou ―sirirís‖) capturados
em voo. Vive normalmente na copa das árvores em busca dos frutos maduros, mas é intrépido o
suficiente para apanhar também os caídos. Ocorre nas regiões tropicais e subtropicais ao sul da
Amazônia e a leste dos Andes
Thraupis ornata
Espécie facilmente identificável pela coloração azul-acinzentada escura e coberteiras superiores
das asas amarelas, diferenciando-se bem das outras espécies de sanhaços. Alimenta-se de frutas
pequenas e geralmente duras de árvores, arbustos e cipós. Alimenta-se também de folhas, botões
e néctar podendo caçar insetos em voo como cupins e borboletas. Habita beira de matas e de
capoeiras. No inverno, juntam-se a grandes bandos mistos de espécies de outras famílias,
comportamento útil na proteção contra inimigo.
Tangara cyanoventris
A Saíra-douradinha é um Passeriforme da família Thraupidae. Conhecida também como
Douradinha. Tem em média duas ninhadas por estação com três ovos cada uma.
Tangara cayana
O macho possui uma plumagem de coloração amarelo-prateada e uma notável máscara negra,
que se estende pela garganta e passa pelo meio de toda a barriga, a qual é diferente nas diversas
subespécies, que são divididas em dois grupos: cayana e flava. Essa saíra se alimenta de frutos e
insetos como cupins e vespas. Costuma frequentar comedouros e árvores com frutos maduros,
como a aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolia) e Magnólias (Magnolia spp). Habita matas
abertas e ciliares, áreas cultivadas, parques e jardins. Vive aos pares ou em pequenos grupos.
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Zonotrichia capensis
Pássaro de porte médio que mede 15 cm de comprimento. Possui o corpo compacto, com asas e
cauda de tamanhos regulares, pernas e pés delgados e bico cônico e forte. Alimenta-se de
sementes, brotos, frutas, insetos (besouros, formigas, grilos, cupins alados). É comum em
paisagens abertas, plantações, jardins, pátios e coberturas ajardinadas de edifícios. Abundante em
regiões de clima temperado e também em cumes altos expostos a ventos frios e fortes. Ocorre em
todas as regiões do País, com exceção das áreas florestadas da Amazônia.
Conirostrum speciosum
As cores do macho facilitam a identificação, embora o cinza azulado dominante, mais escuro na
parte superior, possa levar à confusão com a balança-rabo-de-mascara (Polioptila dumicola), se
observado à distância e rapidamente. Anda em casais ou pequenos grupos, sempre à procura de
insetos no meio das folhas. Vive aos pares ou em pequenos grupos, frequentemente participando
de bandos mistos de copa, o que o torna difícil de ser observado. Habita florestas, capoeiras,
parques e jardins. Presente em Roraima e grande parte da região ao sul do Rio Amazonas, e no
restante do País. Encontrado também em todos os demais países amazônicos - Guianas,
Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, Paraguai e Argentina.
Sicalis flaveola
Tamanho aproximado: 13,5 cm. Peso médio: 20 g. Cor amarelo-olivácea com estrias enegrecidas
nas costas e próximo das pernas. Asas e cauda cinza-oliva. Alimenta-se de sementes no chão. Vive
em campos secos, campos de cultura e caatinga, bordas de matas, áreas de cerrado, campos
naturais, pastagens abandonadas, plantações e jardins gramados, sendo mais numeroso em
regiões áridas. Está presente do Maranhão ao sul até o Rio Grande do Sul e a oeste até o Mato
Grosso, bem como nas ilhas do litoral de São Paulo e do Rio de Janeiro. Encontrado localmente
também nas Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina.
(Foto II.5.7.-10)
Paroaria coronata
Mede 18 cm de comprimento. Pássaro de extraordinária beleza física e sonora. Por estas
características pássaro muito caçado. Não há dimorfismo sexual. Imaturo pardacento, com topete
ferrugíneo. Assim como a maioria dos pássaros canoros, formam bandos na época de muda.
Vivem em bordas de arrozais, campos com vegetação alta e bordas de matas. Ocorre nos estados
de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Foi introduzido na região Sudeste,
principalmente no estado de São Paulo. (Foto II.5.10)
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E-II.122
Cyanoloxia brissonii
De bico avantajado e negro. O macho é totalmente azul-escuro, com partes azuis brilhantes. Sua
alimentação é bem variada, sobretudo de sementes, frutas e insetos. É encontrada na beira de
pântanos, matas secundárias e plantações. Esta ave é territorialista. Não é possível vê-la em
bando. Sua distribuição geográfica abrange do Nordeste do Brasil ao Rio Grande do Sul, bem como
na Bolívia, Paraguai e Argentina.
Icterus jamacaii
Mede cerca de 23 cm de comprimento. Não apresenta dimorfismo sexual. Onívoro. O corrupião se
alimenta de frutos, sementes, insetos, aranhas e outros pequenos invertebrados. É comum em
áreas da caatinga e zonas secas abertas, onde pousa em cactáceas, e também em bordas de
florestas e clareiras, nos locais mais úmidos. Vive aos pares. Não costuma acompanhar bandos
mistos de aves. Encontrado exclusivamente no Brasil, do leste do Pará, Maranhão, Ceará e
Pernambuco estendendo-se para o oeste até Goiás, e para o sul até Bahia e Minas Gerais. (Foto
II.5.7-15)
Estrilda astrild
Mede cerca de 10,5 cm de comprimento e pesa 7,5 g. Alimenta-se basicamente de sementes de
gramíneas africanas, como o capim-colonião e o capim-elefante, introduzidos em nosso território.
Comum em campos e terrenos baldios nas cidades. Ocorre no Rio de Janeiro, Espírito Santo,
Bahia, Pernambuco (Recife), Pará (Belém), Amazonas (Manaus), Mato Grosso, Maranhão, Distrito
Federal, São Paulo, Minas Gerais, Paraná (Londrina, Curitiba), Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Megarynchus pitangua
Bico extremamente largo e chato, que é, aliás, muito variável; tem o tarso muito curto. Ave que
lembra muito o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), mas seu bico é muito robusto e sua vocalização
difere totalmente. Seu grande bico o ajuda a apanhar os insetos e as frutinhas dos quais se
alimenta. Já foi visto pescando pequenos peixes e caçando pequenos lagartos e filhotes de outras
aves. Ave migratória, sendo encontrada nos meses mais quentes do ano. O casal tem o hábito de
cantar em dueto, porém este é mal sincronizado. (Foto II.5.7-2)
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.123
AVES
FOTO II.5.7-1 - Sicalis flaveola
FOTO II.5.7-2 - Megarynchus pitangua
FOTO II.5.7-3 - Tachycineta albiventer
FOTO II.5.7-4 - Funarius rufus
FOTO II.5.7-5 - Fluvicola nengeta
FOTO II.5.7-6 - Atenes cunicularia
FOTO II.5.7-7 - Crotophaga ani
FOTO II.5.7-8 - Guira guira
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.124
FOTO II.5.7-9 - Gallinula chloropus
FOTO II.5.7-10 - Paroaria coronata
FOTO II.5.7-11 - Pitangus sulphuratus
FOTO II.5.7-12 - Vanellus chilensis
FOTO II.5.7-13 - Columbina talpacoti
FOTO II.5.7-14 - Tyrannus melanocholicus
FOTO II.5.7-15 - Icterus jamacaii
FOTO II.5.7-16 - Coragyps atratus
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.125
FOTO II.5.7-17 - Caracara plancus
Fonte das fotos: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
II.5.5.3 - Ictiofauna
Foram identificadas por meio de levantamentos secundários, 18 espécies de peixes divididas entre
7 famílias de potencial ocorrência para a área de estudo.
TABELA II.5.5 - Espécies levantadas por meio de dados secundários e status de conservação
Status de Conservação
Família
Espécie
Nome Comum
IUCN CITES Biodiverssitas
Characidae
Astyanax bimaculatus
Lambari-doNL
NL
NL
raboamarelo
Astyanax scabripinnis
Lambari-deNL
NL
NL
riacho
Astyanax sp.
Lambari
NA
NA
NA
Heterocheirodon sp.
Piabinha
NA
NA
NA
Oligosarcus
Lambari-bocarra
NL
NL
NL
argenteus
Erythrinidae
Hoplias malabaricus
Traíra
NL
NL
NL
Hoplias intermedius
Trairão
NL
NL
NL
Poeciliidae
Poecilia reticulata
Barrigudinho
NL
NL
NL
Heptapteridae
Rhamdia quelen
Bagre
NL
NL
NL
Rhamdia cf. hilarii
Bagre
NA
NA
NA
Loricariidae
Hypostomus cf.
Cascudo
NA
NA
NA
affinis
Hypostomus sp.
Cascudo
NA
NA
NA
Neoplecostomus
Cascudinho
NL
NL
NL
microps
Trichomycteridae
Trichomycterus aff.
Cambeva
NA
NA
NA
Brasiliensis
Trichomycterus sp.
Cambeva
NA
NA
NA
Cichlidae
Australoheros facetus
Acará
NL
NL
NL
Geophagus
Acará
NL
NL
NL
brasiliensis
Tilapia cf. rendalli
Tilápia
NA
NA
NA
Legenda: Vide Quadro de Referências
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.126
Nenhuma das espécies levantadas como de potencial ocorrência para a região foi listada como
ameaçada de extinção em nível mundial segundo a lista da IUCN, 2009, ou regional, segundo a
lista da BIODIVERSITAS, 2009. E nenhuma foi listada como ameaçada pelo tráfico internacional de
animais silvestres segundo a lista da CITES, 2006.
As espécies de peixes levantadas por meio de dados secundários puderam ser confirmadas apenas
a título de comparação, através de entrevista com o senhor Rodolfo Zulske, presidente da
Associação de pescadores de Governador Valadares, MG.
A família que apresentou o maior número de espécies foi a Characidae com cinco espécies,
seguida pela família Loricariidae e Cichlidae, ambas com três espécies. O padrão encontrado segue
em consonância com os demais estudos realizados no país nos quais esta família vem sendo
registrada como a mais abundante nos ecossistemas lóticos brasileiros (REIS et al., 2003; BUCKUP
et al., 2007), e demais ecossistemas continentais, não estuarinos, da região Neotropical (LOWEMCCONNELL, 1987; CASTRO, 1999).
A ordem Characiformes possui um grande número de espécies, sendo a ordem predominante em
águas continentais na América do Sul (BUCKUP et al., 2007), dentro deste grupo a família
Characidae, com aproximadamente 950 espécies conhecidas é vista como a mais diversa. Em
geral estas espécies são caracterizadas por possuírem o corpo coberto por escamas, presença de
nadadeira adiposa e nadadeira pélvica localizada na porção inferior as nadadeiras peitorais.
A família Loricariidae, com 90 gêneros e 680 espécies atualmente descritas é a maior família da
ordem Siluriformes. Os indivíduos desta família são caracterizados por possuírem o corpo coberto
por um escudo ósseo e achatamento dorso-ventral (MENEZES et al., 2007). Estas espécies
adaptam-se bem ambientes com águas correntes, onde existe grande quantidade de oxigênio
dissolvido, assim como pode ser observado no Rio Doce nas proximidades da cidade de
Governador Valadares MG.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.127
II.5.5.3.1 - Espécies de relevância científico-conservacionista
A espécie Rhamdia quelen, descrita como de potencial ocorrência para a região, é uma espécie de
bagre carnívoro, ocorre predominantemente nos rios de maior porte, na época das chuvas essa
espécie costuma se deslocar para regiões de cabeceiras para se reproduzir e desovar, após este
período os peixes retornam para o rio principal para se alimentar, no entanto este processo pode
ser observado para esta espécie ao longo do ano todo (FILHO & SCHULZ, 2003).
Durante as entrevistas pode-se registrar, por diversas vezes relatos da presença de tilápias (Tilapia
rendalli ou Oreochromis niloticus) na região do estudo. Estes animais, pertencentes ao grupo do
Ciclídeos, são espécies exóticas, porém bem adaptados a ambientes lênticos, comumente
encontrados em lagoas marginais, lagos e rios. Registram-se hoje no Brasil várias espécies
exóticas provenientes de diversas regiões do próprio país e da África, estas espécies são
extremamente nocivas as espécies nativas (BUCKUP, 1999), podendo acarretar em consequências
inesperadas ao ambiente natural (MOYLE & LIGHT, 1996). Estas espécies vêm sendo
diagnosticadas como principal causa de perda de diversidade em diversos ecossistemas aquáticos
neotropicais (RODRÍGUES, 2001; VITULE et al., 2006; JUNK et al., 2006).
A família Poecilidae e suas características naturais podem ser analisadas como um excelente
indicador de qualidade dos cursos d’água (KENNARD et al., 2006). A espécie Poecilia reticulata da
ordem Cyprinodontiformes e é uma espécie exótica invasora, se alimenta de qualquer recurso
disponível (onívoras), aproveitando o enriquecimento orgânico da água (oriundo do lançamento de
esgoto, por exemplo) e, ainda, possui fecundação interna permitindo, assim, maiores chances de
sobrevivência aos alevinos.
Sua distribuição restrita inicialmente ao norte do continente Sul Americano e América Central, hoje
se expandiu para grande parte do território Brasileiro. Acredita-se que esta espécie tenha sido
introduzida por aquariofilistas (BASTOS, 1980), ou ainda, que seja decorrente do uso dessas
espécies para controle sanitário de mosquitos transmissores de doenças, visto que estes peixes se
alimentam das larvas de insetos vetores. Indivíduos desta espécie podem permanecer nos cursos
d’água muito tempo, mesmo depois que todas as demais espécies desaparecem.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.128
II.5.5.4 - Herpetofauna
Foram registrados 17 espécies representantes da herpetofauna (Gráfico II.5.3-3). A Classe Reptilia
apresentou menor riqueza com apenas quatro famílias: (1) Tropiduridae, (1) Geckonidae, (1)
Teiidae e (1) Colubridae (Gráfico II.5.3-2). A Classe Amphibia apresentou maior representação de
riqueza, com quatro famílias: (7) Hylidae, (4) Leptodactylidae, (1) Bufonidae e (1) Leiuperidae
(Gráfico II.5.3-1).
GRÁFICO II.5.1-1 – Proporção de espécies registrados da Classe Amphibia, representados por família
GRÁFICO II.5.3-2 - Proporção de espécies registrados da Classe Reptilia representados por família
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.129
GRÁFICO II.5.3-3 - Proporção de anfíbios e répteis registrados durante o período de estudo realizado na
região de implantação do Parque
Entre os répteis, foram registradas apenas quatro espécies. De um modo geral, lagartos e
serpentes ocorrem em baixa densidade em áreas florestais, e a maioria das espécies apresenta
hábitos discretos (CARMONA, 2007).
Tropidurus torquatus (Foto II.5.8-1) foi a espécie que apresentou maior abundância, no entanto, o
registro dessa espécie esteve mais relacionado a ambientes antropizados, onde era possível
observar indivíduos em atividade de termorregulação em cima de cercas, calhas, telhados e
muros. Quando encontrada em ambientes menos perturbados, era normalmente observada
forrageando em cima de rochas. É uma espécie generalista e oportunista. A segunda espécie mais
abundante foi Hemidactylus mabouia (Foto II.5.8-2), que esteve associada principalmente às
matas de várzea, podendo ser encontrada em troncos de árvores que margeavam o Rio Doce.
Seus registros ocorreram apenas durante o período noturno, comportamento típico da sua família
Gekkonidae. Esta espécie é considerada invasora, visto que ela é nativa da África.
A espécie Tupinambis merianae apresentou apenas um registro durante nosso estudo. No entanto,
integrantes de outras áreas deste estudo relataram ter visto a espécie, inclusive mais de uma vez.
Na entrevista realizada com os moradores da região, a espécie foi relatada como comum na
região. Tanto o indivíduo registrado como os relatados pelos outros integrantes da equipe
encontravam-se na idade adulta.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.130
Apenas um registro de serpente ocorreu durante o estudo. Trata-se da espécie Oxyrhopus
trigeminus (Foto II.5.8-3). Esta espécie foi encontrada morta por um dos funcionários do Minas
Club na mata de várzea que margeia o Rio Doce .
Entre os anfíbios, foram registradas 13 espécies. A família Hylidae apresentou maior riqueza, com
sete espécies identificadas. O grande número de hilídeos, em relação às outras famílias, é um fato
já observado por outros autores para estudos na região neotropical. Os hilídeos são adaptados
para o hábito arborícola, razão pela qual conseguem ocupar com sucesso ambientes de grande
heterogeneidade estrutural, como as florestas (CARDOSO et al., 1989; SILVANO & PIMENTA,
2003; HADDAD et al., 2008).
Embora a maior riqueza seja considerada para a família Hylidae, as espécies que ocorreram em
maior abundância foram Rhinella granulosa (Foto II.5.8-4) e Leptodactylus fuscus (Foto II.5.8-5),
das famílias Bufonidae e Leptodactylidae, respectivamente (Gráfico II.5.4). Ambas as espécies
foram registradas em todos os pontos de amostragem, com exceção do Ponto 4, da mata de
várzea, e podiam ser observadas ao longo de toda a região percorrida a pé durante o estudo,
inclusive nas vegetações que margeavam a estrada. Uma grande quantidade de indivíduos de
Rhinella granulosa era facilmente avistada atravessando a estrada de terra, passando de um
fragmento a outro de vegetação; eram encontrados vocalizando em abundância em áreas
totalmente antropizadas, como em volta das piscinas artificiais; além de também possuírem um
registro alto de atropelamentos.
De um modo geral, as intervenções humanas levam a um empobrecimento da estrutura e da
diversidade da vegetação. Todos os pontos de amostragem apresentavam algum nível de
perturbação antrópica, o que contribui para o sucesso de espécies mais generalistas e
oportunistas, como foi registrado ocorrer em abundância neste estudo (Tropidurus torquatus,
Leptodactylus fuscus, Rhinella granulosa, Scinax fuscovarius (Foto II.5.8-6), Hypsiboas crepitans
(Foto II.5.8-7). Estudos comprovam que é possível notar uma queda na riqueza de uma
determinada área com a diminuição da área de floresta e aumento de áreas abertas (CARMONA,
2007). Ao mesmo tempo, algumas espécies de mata, que ocorrem em clareiras naturais, se
adaptam às novas condições dos ambientes abertos, como o caso da Hypsiboas faber (Foto II.5.88) (SILVANO & PIMENTA, 2003).
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.131
Os pontos de amostragem que apresentaram maior riqueza foram os Pontos 6 e 7, com oito e sete
espécies, respectivamente. Alguns fatores podem ter influenciado nesse resultado, como a
ausência de atividade pecuária, estágio de sucessão secundária da vegetação em melhor estado,
menores influências de efeito de borda devido localização, resultando em menor perturbação
nessas áreas.
O ponto de amostragem que apresentou menor riqueza (duas espécies) foi o Ponto 3, constituído
por uma formação de matas de várzea. Essa fisionomia é caracterizada por inundar em
determinados períodos do ano, ocorrendo uma alta elevação do nível da água. A espécie
Dendropsophus branneri (Foto II.5.8-9) esteve associada a uma grande quantidade de aguapés
existentes na área, enquanto Hypsiboas albopunctatus estava mais associada à vegetação
arbustiva que margeava o Rio Doce.
A maioria das espécies esteve mais associada a lagoas e poças temporárias, locais mais propícios
para
reprodução
e
desova.
As
espécies
Phyllomedusa burmeisteri (Foto II.5.8-10),
Dendropsophus elegans (Foto II.5.8-11) foram encontradas apenas em um ponto de amostragem.
Provavelmente essas espécies ocorram em outros pontos de amostragem e apenas não
apresentaram registros neste estudo por não ter havido atividade de vocalização ou forrageio nos
dias em que os pontos foram amostrados.
As espécies Leptodactylus sp. 1 e Leptodactylus sp. 2 não foram possíveis de ser identificadas,
pois foram registradas apenas suas vocalizações que não foram reconhecidas. Não apresentaram
registro visual ou fotográfico que pudessem colaborar com a identificação.
A dominância de poucas espécies, como observado neste estudo, pode ser reflexo de forte
processo de fragmentação e efeito de borda da área, caracterizando a perda de micro habitats ou
até mesmo a descaracterização do ambiente onde espécies de hábitos especializados e mais
sensíveis acabam sendo deslocadas ou mesmo eliminadas, em detrimento de espécies generalistas
de áreas abertas (SILVANO et al., 2003) (Tabela II.5.6).
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.132
É importante ressaltar que o número reduzido de répteis amostrados, em relação ao dos anfíbios
possivelmente se deve ao fato destes animais possuírem características comportamentais que
dificultam seu encontro na natureza (SAZIMA, 1989; HADDAD, 1992). O registro de anfíbios
através da procura ativa é consideravelmente mais fácil que a de répteis, principalmente nas
condições climáticas em que o estudo foi realizado, pois o período chuvoso é a época reprodutiva
e, para a maioria das espécies de anuros, é quando os machos utilizam vocalizações para atrair
fêmeas para o acasalamento.
Neste estudo, todas as espécies encontradas foram registradas em atividade de vocalização.
Porém o período chuvoso também resultou em dias nubladas na maioria dos dias do estudo, o que
influência no comportamento dos répteis, já que estes são ectotérmicos e necessitam de fontes
externas de calor, como o substrato aquecido, irradiação solar ou outra fonte térmica. Outros
fatores, como o curto período de amostragem e apenas uma metodologia utilizada para o
levantamento da herpetofauna (procura ativa), influenciaram nos resultados encontrados.
GRÁFICO II.5.4 - Abundância de anfíbios registrados nos pontos de amostragem
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.133
TABELA II.5.6 - Lista das espécies da herpetofauna registradas na área de implantação do Parque, área de entorno e dados secundários.
TAXA
NOME POPULAR
PONTO DE
AMOSTRAGEM
TIPO DE
REGISTRO
CLASSIFICAÇÃO
STATUS DE CONSERVAÇÃO
MG
CITES
IUCN
CLASSE REPTILIA
Amphisbaena sp.
Ophiodes striatus
Hemidactylus mabouia
Hemidactylus sp.
Lagartixa
Enyalius cf. pictus
Enyalius bilineatus
Anolis nitens
Mabuya frenata
Ameiva ameiva
Cnemidophorus ocellifer
Tupinambis merianae
Teiú
Tropidurus torquatus
Calango
Boa constrictor
Epicrates cenchria
Chironius carinatus
Spillotes pullatus
Ordem Squamata
Subordem Amphisbaenidae
B
Subordem Sauria
Família Aguidae
B
Família Gekkonidae
Mata de várzea/ AID
OB/B
B
Família Leiosauridae
B
B
Família Polychrotidae
B
Família Scincidae
B
Família Teiidae
B
B
Toda área do Parque e
OB/B
entorno/ AID-AII
Família Tropiduridae
Toda área do Parque e
OD/B
entorno/ AID-AII
Subordem Ophidia
Família Boidae
B
B
Família Colubridae
B
B
-
-
-
C
-
-
-
IN
-
-
-
C
-
-
-
C
-
-
-
C
-
-
-
C
C
-
-
-
C
VU
C
-
-
-
C
C
-
-
-
C
C
-
-
-
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.134
TAXA
NOME POPULAR
PONTO DE
AMOSTRAGEM
TIPO DE
REGISTRO
CLASSIFICAÇÃO
STATUS DE CONSERVAÇÃO
MG
CITES
IUCN
Família Dipsadidae
Atractus albuquerquei
Boiruna maculata
Dipsas albifrons
Leptodeira annulata
Liophis poecylogerius
Oxyrhopus guibei
Oxyrhopus trigeminus
Philodryas olfersii
Phimophis guerini
Pseudoboa nigra
Sibynomorphus neuwiedi
Thamnodynastes
hypoconia
Tropidodryas serra
Xenodon merremii
Coral falsa
Mata de várzea/ AII
B
B
B
B
B
B
OD/B/E
B
B
B
B
C
C
C
-
-
-
B
C
-
-
-
-
-
-
C
C
C
C
C
B
B
Família Viperidae
Jararaca
Área do Parque e
entorno / AID-AII
E
C
-
-
-
Bothropoides jararaca
Borhtopoides neuwiedi
B
B
C
C
-
-
Caudisona durissa
B
C
-
-
-
C
C
VU
QA
-
C
-
-
-
Ordem Testudines
Família Chelidae
Cágado
Hydromedusa maximiliani
Caiman crocodilus
AID
E
B
Ordem Crocodylia
Família Aligatoridae
B
CLASSE AMPHIBIA
Ordem Anura
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.135
TAXA
NOME POPULAR
Ischnocnema guenteri
Ischnocnema izecksohni
Ischnocnema juipoca
Rhinella granulosa
Sapo cururu
PONTO DE
AMOSTRAGEM
TIPO DE
REGISTRO
CLASSIFICAÇÃO
Família Brachycephalidae
B
B
B
Família Bufonidae
Todos os Pontos/ AIDOD/RA
AII
Família Centrolenidae
Hyalinobatrachium
uranoscopum
B
STATUS DE CONSERVAÇÃO
MG
CITES
IUCN
ED
ED
ED
-
-
-
C
-
-
-
ED
-
-
-
ED
-
-
-
C
-
-
-
Odontophrynus americanus
Família Graugastoridae
B
Famíia Cycloramphidae
B
Odontophrynus carvalhoi
B
C
-
-
Proceratophrys boiei
B
C
-
-
C
ED
ED
ED
C
C
-
-
-
B
C
-
-
-
OD/RA/B
C
-
-
-
OD/RA/B
C
-
-
-
OD/RA/B
B
B
B
OD/RA/B
C
C
C
C
ED
-
-
-
Haddadus binotatus
Bokermannohyla circumdata
Bokermannohyla nanazue
Dendropsophus branneri
Dendropsophus elegans
Dendropsophus meridianus
Dendropsophus minutus
Dendropsophus nanus
Dendropsophus
rubicundulus
Hypsiboas albopunctatus
Perereca pequena
Perereca-de-moldura
Perereca-cabrinha
Ponto 1 e 4/ AID-AII
Ponto 6/ AII
Hypsiboas crepitans
Perereca-rajada
Hypsiboas faber
Hypsiboas lundii
Hypsiboas pardalis
Hypsiboas polytaenius
Phyllomedusa burmeisteri
Sapo-martelo
Ponto 4/ AID
Pontos 1, 2, 3, 6, 7 e 8/
AID-AII
Pontos 5, 6 e 7/ AII
perereca-da-folhagem
Ponto 9/ AII
Hylidae
B
B
OD/RA
OD/RA/B
B
B
B
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
-
E-II.136
TAXA
NOME POPULAR
PONTO DE
AMOSTRAGEM
Pseudis fusca
Scinax fuscomarginatus
Scinax fuscovarius
perereca-debanheiro/rapa-cuia
Todos os pontos/ AIDAII
Scinax hayli
Scinax machadoi
Sphaenorhynchus prasinus
Physallaemus albonatus
Physallameus cuvieri
Physallaemus marmoratus
rã-cachorro
Pseudopaludicoal falcipes
Leptodactylus fuscus
Leptodactylus labirinthycus
Leptodactylus ocellatus
Leptodactylus sp.1
Leptodactylus sp.2
Leptodactylus troglodytes
rã-assobiadeira
rã-manteiga
Pontos 1 e 6/ AII
TIPO DE
REGISTRO
B
B
CLASSIFICAÇÃO
STATUS DE CONSERVAÇÃO
MG
CITES
IUCN
C
-
-
-
OD/RA/B
C
-
-
-
B
B
B
Família Leiuperidae
B
OD/RA/B
B
C
ED
C
-
-
-
C
C
C
-
-
B
C
-
-
-
C
-
-
-
C
C
-
-
-
Família Leptodactylidae
Todos os pontos/ AIDOD/RA/B
AII
B
Ponto 1 e 7/ AII
OD/RA/B
Ponto 3 e 7/ AID-AII
RA
Ponto 7/ AII
RA
B
Mycrohylidae
B
B
B
C
Chiasmocleis albopunctata
C
Dermatonotus muelleri
C
Elachistocleis ovalis
C
Legenda: Pontos de amostragem: AID = área de influência direta; AII = Área de influência indireta/ Tipos de registro: OD = observação direta; RA = registro auditivo; E =
entrevista; B = bibliografia/ Característica: C = comum; ED = endêmico; IN = invasora / Status de conservação: VU = vulnerável; QA = quase ameaçada. Dados secundários
(EA/PBA Estudo Ambiental e Plano Básico Ambiental – Duplicação da Estrada de Ferro Vitória a Minas – EFVM entre os pátios 5 a 7A)
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.137
II.5.5.4.1 - Espécies Raras, Endêmicas e/ou Ameaçadas de Extinção
Nenhuma das espécies registradas neste estudo encontra-se ameaçada de extinção, com exceção
da espécie Tupinambis merianae que é uma espécie de lagarto de grande porte, muito visada por
caçadores para consumo de sua carne. Está listada como vulnerável no Apêndice II da CITES.
Apesar de não ter ocorrido nesse estudo o registro de quelônios, houve relatos nas entrevistas da
existência desses na região. Os quelônios de água doce também costumam ser mais apreciados
para consumo alimentício e embora esse hábito cultural seja mais comum na região norte do país,
vale ressaltar o interesse humano por sua carne.
Apenas três espécies de anfíbios foram consideradas endêmicas do Bioma da Mata Atlântica
(Dendropsophus branneri, Dendropsophus elegans e Phyllomedusa burmeisteri). No entanto, essas
espécies são frequentes onde ocorrem.
Em relação aos dados secundários, muitas espécies são consideradas endêmicas da Mata Atlântica
(Tabela II.5.6). Esses dados foram resgatados de estudos feitos na Bacia Hidrográfica do Rio
Doce, já que Governador Valadares não possui estudos sobre a herpetofauna, e não foram
encontrados estudos em áreas mais próximas. Praticamente todas as espécies registradas como
endêmicas estão associadas a ambientes florestais bem preservados, ressaltando a importância
dessas formações na conservação da biodiversidade de anfíbios e répteis.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.138
REPTEIS
FOTO II.5.8-1- Tropidurus torquatus
FOTO II.5.8-2- Hemidactylus mabouia
FOTO II.5.8-3- Oxyrhopus trigeminus
Fonte das fotos: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
ANFÍBIOS
FOTO II.5.8-4- Rhinella granulosa
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E-II.139
FOTO II.5.8-5- Leptodactylus fuscus
FOTO II.5.8-6- Scinax fuscovarius
FOTO II.5.8-7- Hypsiboas crepitans
FOTO II.5.8-8- Hypsiboas faber
FOTO II.5.8-9- Dendropsophus branneri
FOTO II.5.8-10- Phyllomedusa burmeisteri
FOTO II.5.8-11- Dendropsophus elegans
FOTO II.5.8-12- Leptodactylus ocellatus
Fonte das fotos: Alternativa Educação e Manejo
Ambiental
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.140
II.5.6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como se pode observar nos mapas abaixo, a região da cidade de Governador Valadares onde se
localiza a área destinada ao Parque Natural Municipal da cidade, não é prioritária para a
conservação da biodiversidade (MMA, 2006), além disso, a área é classificada com de baixa
prioridade para a conservação da fauna no estado de Minas Gerais.
FIGURA II.5.4 - Mapa de prioridade para conservação
da Biodiversidade em MG
FIGURA II.5.5 - Mapa de prioridade para conservação
de fauna em MG
Fonte: MMA, 2006
Fonte: Zoneamento ecológico-econômico do estado de Minas
Gerais – UFLA 2008
FIGURA II.5.6 - Mapa de prioridade para conservação de mamíferos em MG
Fonte: Zoneamento ecológico-econômico do estado de Minas Gerais – UFLA, 2008
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E-II.141
O mapa acima indica que a região do estudo é de prioridade baixa para a conservação de
mamíferos no estado de Minas Gerais. No entanto o levantamento de dados secundários indicou
como de potencial ocorrência para esta região, quatro espécies de mamíferos listados como
ameaçados de extinção (BIODIVERSITAS, 2009).
As espécies Alouatta guariba, Leopardus pardalis, Puma concolor e Pecari tajacu, são mamíferos
com alta capacidade de deslocamento e necessitam de grandes áreas para sobreviver e
estabelecer populações viáveis. Portanto a criação do Parque, não implicará em benefícios ou
malefícios diretos a estas espécies, visto que as mesmas não foram avistadas em campo e
provavelmente não utilizam a área devido às características supracitadas.
FIGURA II.5.7 - Mapa de prioridade para conservação de aves em MG
Fonte: Zoneamento ecológico-econômico do estado de Minas Gerais – UFLA, 2008
Assim como o mapa anterior o estudo aponta a área como de baixa relevância para a avifauna
local, o mapa acima indica que a região do estudo é de prioridade baixa para a conservação de
aves no estado de Minas Gerais. No entanto o levantamento de dados secundários indicou como
de potencial ocorrência para esta região, três espécies de aves listadas como ameaçados de
extinção (BIODIVERSITAS, 2009), são elas: Penelope obscura, Pyroderus scutatus e Sicalis
flaveola.
Estas espécies não foram avistadas durante os estudos de campo, porém são de potencial
ocorrência para área. Deve–se ressaltar que devido à enorme capacidade de locomoção deste
grupo, e pelo fato destas espécies não terem sido avistadas em campo, pode-se inferir que as
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E-II.142
mesmas podem ser potenciais utilizadoras da área do Parque, mas provavelmente não se
estabelecem na mesma. Mais uma vez, o que se entende é que pelas características da área
estudada, a mesma não é de alta relevância para perpetuação destas espécies, devido as suas
características, principalmente com relação ao tamanho do Parque, a área de vida e a capacidade
de deslocamento destas espécies.
FIGURA II.5.8 - Mapa de prioridade para conservação de peixes em MG
Fonte: Zoneamento ecológico-econômico do estado de Minas Gerais – UFLA 2008
Os levantamentos de ictiofauna não indicaram nenhuma espécie de potencial ocorrência para a
região, como ameaçada de extinção em nível mundial de acordo coma lista da IUCN (2009) ou
regional de acordo com a lista da BIODIVERSITAS (2009), tão pouco ameaçadas pelo tráfico
internacional de animais silvestres segundo a lista da CITES (2006). O mapa acima indica a região
como de prioridade muito alta para a conservação da ictiofauna local, porém por se tratar da
criação de um parque de âmbito terrestre, a preservação da área poderá contribuir apenas de
forma indireta para a conservação deste grupo da fauna, atuando principalmente na recuperação
das matas ciliares podendo contribuir nos processos de alimentação e reprodução de algumas
espécies.
Apesar do grande número de espécies levantadas por meio de dados secundários e, portanto, de
potencial ocorrência para a região do estudo, o número de espécies observadas em campo foi
relativamente baixo, entre os mamíferos pode-se observar a presença de apenas três espécies,
dentre elas gambás e capivaras que são espécies pouco ameaçadas chegando a ser abundantes
em alguns locais, e um sagui, que também não pode ser considerada como rara ou ameaçada.
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Estes animais possuem uma grande área de vida e provavelmente não se limitam a área prevista
para o Parque.
Entre as aves pode-se observar cerca de 80 espécies em campo, estes animais também possuem
uma grande área de vida e uma enorme capacidade de deslocamento, não se limitando da mesma
forma a área prevista para a implantação do Parque.
No grupo da herpetofauna, todas as espécies encontradas na região durante este estudo
apresentam maior tolerância para ambientes com certo grau de perturbação. O número de
espécies generalista, dependendo do grau de perturbação antrópica, pode ser o maior responsável
por uma grande riqueza, o que não significa que essa área seja importante no quadro regional ou
local de conservação.
Mais importante que a riqueza, portanto, é o número de espécies raras, endêmicas ou restritas a
ambientes de mata que cada fragmento apresenta, pois essas serão realmente afetadas pelos
processos de desmatamento e ocupação, em razão da modificação de seus habitats. Portanto,
essas espécies fazem parte da diversidade biológica do ecossistema e exercem o papel de serviços
ecológicos que vão além do nosso entendimento, e a perda dessas espécies poderia gerar
impactos negativos irreversíveis na natureza.
A utilização da herpetofauna como bioindicadores tem-se tornado cada vez mais frequente devido
à facilidade como populações podem ser monitoradas e são consideradas sensíveis a mudanças
ambientais respondendo nitidamente. Populações isoladas podem ser acompanhadas para
avaliações de certos impactos causados no meio ambiente e atuarem como indicadores de
qualidade ambiental.
A indicação ecológica é fornecida por espécies que, devido as suas exigências ambientais bem
definidas, podem constituir indícios ou sinal de presença daquelas condições para elas necessárias.
As espécies registradas ocorrendo em abundância neste estudo, mesmo consideradas generalistas,
podem ser ótimas para serem monitoradas em estudos de longo prazo.
A maior riqueza de espécies esteve muito mais relacionada à área de entorno que dentro da área
destinada à criação do Parque.
Vale destacar a região do Monumento Natural do Pico da Ibituruna como importante área para
conservação. Os pontos de amostragem para anfíbios que apresentaram maior riqueza estão
inseridos na APA. Provavelmente a região abriga uma maior diversidade de representantes da
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E-II.144
herpetofauna, principalmente de espécies que estão relacionadas às maiores altitudes. A
recuperação de suas áreas degradadas se faz necessária, caso contrário, a contínua retirada da
cobertura do solo pode acarretar em mais processos erosivos, comprometendo não só a fauna e a
flora, mas também a vida do ser humano e principalmente, de pessoas que vivem naquela área.
Portanto, os levantamentos de campo puderam mostrar que a fauna ocorrente na área é de
extrema relevância para a manutenção de pequenas populações que possam fazer parte de
sistemas de metapopulações em conjunto com outras populações de áreas adjacentes como o
Monumento Natural e a APA do Pico da Ibituruna. Além disso, estes animais presentes na área
poderão proporcionar aos futuros usuários do Parque uma relação de contato direto com a fauna
nativa, através de programas e atividades que possam conduzir estas pessoas aos locais de
potencial ocorrência destas espécies e que proporcionem o avistamento das mesmas de forma
direta ou sua vocalização e até mesmo seus rastros.
No entanto este estudo indica que, com relação à preservação e conservação da mastofauna,
ornitofauna e ictiofauna silvestres da região, a área destinada à criação do Parque Natural
Municipal de Governador Valadares servirá mais como uma área de amortecimento para o
Monumento Natural e a APA do Pico da Ibituruna, do que uma área protegida propriamente dita. A
área é sim de extrema importância neste aspecto, servindo de refúgio para as espécies que
transitem nas proximidades das unidades de conservação vizinhas, e que venham eventualmente
se abrigar na área do Parque ou usá-la como corredor de acesso ao Rio Doce e como transição
para demais áreas. Porém, o Parque não poder ser visto como uma área de tamanho suficiente e
características ambientais favoráveis ao estabelecimento de populações de vertebrados
ecologicamente viáveis.
Apesar de se tratar de um Parque Municipal, de acordo com as atividades previstas a área possui
diversas características de uso múltiplo, portanto, como dito anteriormente, no que se refere à
fauna silvestre da região o Parque será de enorme valia para o conhecimento desta fauna por
parte da população local, o contato entre as pessoas e o ambiente natural em seus mais diversos
segmentos e principalmente a educação ambiental. Deve-se atentar para a conservação e
recuperação da área, para que mesmo não resultando em extrema relevância para a fauna, o
Parque possa abrigar as mais diversas espécies possíveis e proporcionar a população este contato
direto com as mesmas.
Devido a este contato, e as características de uso múltiplo do Parque, sugere-se que se tomem
algumas medidas visando a minimização dos impactos provindos destas atividades.
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II.5.6.1 - Impactos, Medidas E Ações
A partir dos dados levantados a respeito das áreas adjacentes ao Parque, a natureza do mesmo e
as verificações de campo têm-se uma ideia dos impactos provindos da atividade a ser implantada
no local e propor medidas mitigadoras e compensatórias.
II.5.6.1.1 - Queimadas descontroladas
As queimadas sempre ocorreram, e continuam ocorrendo de forma natural, resultantes de
descargas elétricas. No entanto hoje a frequência no número de focos de incêndio florestal supera
e muito os incêndios causados de forma natural fazendo do homem o principal causador de
incêndios florestais (COUTINHO 1980; SALGADO-LABORIAU 1997; SALGADO-LABORIAU et al.,
1998).
O fogo causado pelo homem, e gerado a partir de substratos não naturais, difere no fogo que
ocorre de forma natural, o comportamento do fogo (intensidade, duração, extensão, frequência e
a época do ano) é determinante no tipo de impacto a ser causado aos demais elementos da biota
(MIRANDA et al., 1993). O fogo exerce impacto considerável sobre o solo, a vegetação e a fauna,
alterando os fluxos de energia, nutrientes e água entre o solo, os seres vivos e a atmosfera (DIAS
et al., 1993; MOREIRA, 1992; SATO & MIRANDA, 1996; FROST, 1984; LEITE, 1993).
Os padrões impostos pelo fogo às comunidades de plantas refletem sobre a fauna, que respondem
a mudanças nos componentes físicos e bióticos decorrentes de queimadas (WOINASRKI &
RECHER, 1997; ROTTENBERRY, 1985). Eventos de incêndios florestais de alta magnitude vêm se
tornando cada vez mais comuns nos últimos anos. Efeitos indiretos sobre grandes vertebrados
(répteis, aves e mamíferos) podem advir redução na disponibilidade de recursos alimentares,
reprodutivos e refúgios contra predadores, acarretando a modificação da composição e estrutura
das comunidades faunísticas (ABREU, 2000; PRADA, 2002).
A ocupação da área originalmente por atividades de pecuária ou até mesmo das áreas vegetadas
por um parque de usos múltiplos e o consequente aumento da circulação de pessoas no local,
poderão aumentar a incidência de casos de incêndios florestais provocados propositadamente e
acidentalmente.
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E-II.146
Como medida de mitigação deste impacto, sugere-se incluir estratégias de prevenção de incêndios
florestais, no plano de controle ambiental junto ao poder público local, entre elas: a inserção da
questão do fogo nos programas de educação ambiental e divulgação de alternativas de prevenção
aos incêndios florestais, priorizar o desenvolvimento socioeconômico dos arredores do Parque
através de modelos sustentáveis e fomentar e estruturar unidades locais de combate a incêndios
vinculados aos órgãos públicos. A utilização de brigadas temporárias vem sendo implantada com
relativa eficiência em diversos estados brasileiros pelo Programa de Prevenção a Incêndios
(PREVFOGO/IBAMA, 2011).
II.5.6.1.2 - Atropelamento de animais silvestres
Tratando-se da implantação de um parque de usos múltiplos onde haverá trânsito de veículos,
inclusive com uma área destinada a um estacionamento, o fluxo destes veículos poderá
potencializar de forma expressiva os índices de atropelamentos da fauna silvestre. Várias espécies
são frequentemente atropeladas em vias automotivas, em especial, cobras, tamanduás, cachorrosdo-mato, onças, aves terrestres como inhambus e codornas (família Tinamidae), inúmeros
passarinhos, anús, urubus e vários gaviões, principalmente os carcarás (Polyborus plancus).
Devem ser tomadas, portanto, algumas medidas que visem minimizar a ocorrência destes
atropelamentos, que colocam em risco não somente a fauna silvestre, mas também a integridade
física e material dos passageiros e veículos respectivamente.
Controle, fiscalização, e sinalização das vias externas e principalmente internas do Parque, visando
a redução da velocidade, instalação de quebra-molas em pontos críticos e projetos de educação
ambiental com ênfase em conservação de animais para os frequentadores do Parque, bem como,
para os demais motoristas da região.
II.5.6.1.3 - Fragmentação e redução de habitats.
O crescimento e expansão das fronteiras agrícolas e o desmatamento ocorrido em detrimento da
ocupação urbana em todo o Brasil vem causando ao longo dos anos uma grande perda e
fragmentação dos habitats. Este processo levou ao isolamento das áreas de vegetação e
consequentemente da fauna nativa a áreas protegidas e unidades de conservação: estas áreas
representam uma ínfima porção do território brasileiro e encontram-se bastante isoladas, o que
impede a sustentabilidades de suas populações faunísticas, devido ao interrompimento do fluxo
gênico entre suas populações.
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E-II.147
Atualmente, muito se discute acerca da importância da conectividade entre estes fragmentos e da
manutenção de corredores ecológicos entre as unidades de conservação para a conservação da
diversidade biológica da floresta.
Segundo as orientações estratégicas para as áreas prioritárias para conservação, as unidades de
conservação que compõem a Reserva da Biosfera devem ser conectadas por meio de corredores,
incluindo os vários tipos de unidades de conservação e áreas protegidas. Os corredores,
orientados pelos vales dos corpos hídricos, maximizam a possibilidade de fluxo genético entre
populações de ecorregiões diferentes (MMA, 2002). O Parque Natural Municipal de Governador
Valadares pode e deve servir como um corredor ecológico.
II.5.6.1.4 - Impactos sobre a biodiversidade
A fragmentação e a eliminação de habitats têm sido um dos principais fatores responsáveis pela
perda da biodiversidade no mundo. A expansão das fronteiras agrícolas e o desmatamento
resultam em perda e degradação dos habitats naturais, reduzindo a biodiversidade e
potencializando as ameaças de extinção de espécies da fauna e flora (BRANDÃO 2002).
Os impactos de fragmentação e perda de hábitat causados pelo desmatamento ocorrido na área
do Parque e os resultados da recuperação da vegetação e consequentemente da fauna nativa da
região só deverão ser percebidos após alguns eventos sazonais, pequenas variações populacionais,
predação e competição por recursos alimentares que resultem em ganho de diversidade e
abundância só poderão ser percebidos caso haja um programa de monitoramento de fauna antes,
durante e após a implantação do Parque. Os efeitos de descontrole nos níveis de predação e
competição aumentam proporcionalmente a fragmentação e perda de habitat e vice - versa,
portanto as espécies mais frágeis, e de menor capacidade de deslocamento são mais suscetíveis
aos impactos antrópicos.
O ganho na conectividade de habitats e o consequente aumento da biodiversidade local, e seus
impactos decorrentes nas demais áreas adjacentes caracteriza-se por um processo tido como certo
em atividades como esta.
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II.5.6.1.5 - Tráfico ilegal de animais silvestres
Um dos principais impactos da ocupação humana em ambientes naturais e consequentes aumento
do contato entre seres humanos e animais silvestres é o aumento da coleta ilegal de espécies de
valor comercial, em especial espécies carismáticas e causadoras de algum tipo de apelo emocional
como, por exemplo, pequenos primatas, grandes lagartos e várias espécies de aves que são alvos
de criação em cativeiro, tendo a reprodução comprometida pela retirada de ovos e filhotes dos
ninhos, entre eles: os papagaios, araras, periquitos, e outros. Além da coleta de espécies animais,
corre normalmente o aumento do extrativismo de espécies vegetais, principalmente as frutíferas, esta
ação antrópica diminui a oferta de alimento, em especial, de espécies chaves para variados
animais.
Este impacto será provavelmente intensificado como aumento do fluxo de pessoas na região,
porém existem algumas medidas, além do monitoramento de fauna sugerido, que podem
minimizar estes impactos, como por exemplo:
Fiscalização, por parte dos órgãos ambientais responsáveis e um programa de educação ambiental
para os usuários do local, orientando sobre os cuidados e as medidas de combate ao tráfico ilegal
de animais silvestres.
II.5.6.1.6 - Intensificação da pressão de caça
O aumento do número de pessoas transitando e ocupando um local originalmente ocupado pela
fauna e flora nativas, provoca como impacto indireto um acréscimo na pressão de caça
especialmente sobre as espécies de elevado valor comercial. Esta pressão afeta as populações de
animais utilizados na culinária, o que pode levar à redução populacional e, inclusive, à extinção
local das espécies mais visadas (FRAGOSO et al., 2000; PRADA 2002).
Em locais onde exista ocupação humana, próximos a áreas conservadas, como no caso em estudo,
pode-se comumente encontrar arapucas e armadilhas em remanescentes naturais.
Porém algumas medidas podem ser tomadas visando minimizar este impacto, como por exemplo:
promover o controle e a fiscalização da caça e captura de animais silvestres por parte dos órgãos
ambientais, em conjunto com a Polícia Florestal e o IBAMA; e desenvolver projetos de educação
ambiental com ênfase em conservação de animais para toda a população frequentadora do local e
suas proximidades.
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II.5.6.1.7 - Invasão de espécies domésticas e exóticas
A presença e ocupação de habitats e nichos ecológicos por parte da fauna doméstica promovem
inúmeros impactos sobre as populações naturais, animais de criação como bovinos, equinos ou
aves, mas principalmente animais de rua causam disseminação de doenças, competição por
recursos alimentares, locais de abrigo e reprodução e predação.
Áreas impactadas favorecem espécies exóticas generalistas, estas espécies geralmente excluem
por competição as nativas remanescentes e acabam alterando ecossistemas que podem se tornar
instáveis, nutridos de vetores de doenças ou incapazes de suportar, por longo prazo, os
componentes ambientais históricos (evolutivos) ou sociais. A invasão de espécies exóticas é
considerada atualmente, pela Convenção da Diversidade Biológica, como o segundo principal fator
responsável pela redução de biodiversidade no mundo, ficando atrás apenas da perda de habitat
(CBD, 2001).
Portanto, é bastante importante que se atente aos estudos de reflorestamento e recuperação de
áreas degradas do Parque visando minimizar ao máximo o aumento da ocorrência e passagem de
espécies exóticas não somente em sua própria área, mas também nas áreas adjacentes. Para tal,
propõem–se algumas medidas de modo a minimizar este impacto, como por exemplo: controle de
animais domésticos por parte das autoridades competentes (Vigilância Sanitária, Saúde Pública,
Polícia Florestal, IBAMA); e desenvolver projetos de educação ambiental com ênfase em
conservação de animais para toda a população frequentadora do local e suas proximidades.
II.5.6.1.8 - Subsídios para a Educação Ambiental
Reservas pequenas, localizadas próximas às áreas habitadas, podem servir de excelentes centros
de estudos da natureza e de educação para conservação, estendendo os objetivos de longo
alcance da biologia de conservação e conscientizando as pessoas.
Em locais menos urbanizados, em áreas de grandes fazendas, onde é possível encontrar um maior
número de espécies, é comum ouvir relatos de moradores nos quais os animais representantes da
herpetofauna, por exemplo, são normalmente associados a características e atitudes suspeitas,
potencialmente perigosas aos seres humanos, evidenciando um acentuado preconceito cultural.
Peculiaridades na forma e comportamento desses animais podem inspirar muitas lendas e crenças
populares, o que desperta a curiosidade de crianças e adultos (HADDAD et al., 2008; SILVA &
ARAÚJO, 2008).
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E-II.150
Também é comum a dúvida em torno da possibilidade de quais deles são peçonhentos. Um
resultado prático dessa falta de informação sobre a realidade biológica é a pouca disposição em
protegê-los, problema que impõe aos profissionais da área um papel adicional: de educador e
divulgador do conhecimento científico. A necessidade desse trabalho de conscientização surge,
entre outras coisas, da constatação de que ações efetivas de proteção não serão empreendidas se
não estivermos de fato convencidos do papel e da importância da fauna. Algumas estratégias
podem ser eficientes para informação e conscientização da população em relação à fauna, como:

Cartilhas ou vídeos instrutivos sobre as espécies que podem ser encontradas na região,
incluindo informações sobre ecologia, espécies raras, endêmicas e/ou ameaçadas de
extinção e espécies peçonhentas.

Placas espalhadas estrategicamente pelas trilhas, de preferência nos locais onde as espécies
podem ser encontradas, com fotos e dados.

Placas com instruções de não retirar nem introduzir nenhum animal da natureza, não tocálos ou matá-los (em caso de encontro de cobras peçonhentas, é importante avisar a algum
funcionário do Parque).

Pesquisas podem ser desenvolvidas na área, importantes para aumentar o conhecimento
local e a valorização da região.
Além disso, é sugerido que quando houver o início das instalações no Parque, estas ocorram de
preferência no período de seca. O período chuvoso é quando ocorre a reprodução da maioria dos
representantes da herpetofauna. A presença de máquinas pesadas, materiais para construção e
principalmente o trânsito elevado de pessoas dentro da área podem interferir no comportamento
dessas espécies, sítios de desova, comprometendo assim seu sucesso reprodutivo. A educação
ambiental também deve ser aplicada durante o período de instalação do Parque. É importante
conscientizar os seus funcionários, causar o mínimo de impacto possível no ambiente, não matar
animais encontrados e procurar afugentar a fauna, caso necessário.
A utilização do Parque, feito de acordo com o plano de manejo, respeitando as propostas e
programas sugeridos para sua implantação, capacidade de suporte; sua recuperação e do entorno,
não devem afetar as populações de espécies, permitindo o exercício das atividades de turismo e
lazer.
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II.5.6.1.9 - Entomofauna
Os invertebrados totalizam aproximadamente 59% dos seres vivos do planeta (WILSON, 2003) e
têm fundamental importância dentro dos ecossistemas, nos quais são possuem um relevante papel
em processos de decomposição, ciclagem
de nutrientes, produtividade
secundária,
fluxo de
energia, polinização, dispersão e predação de sementes, regulação de populações de plantas e
outros animais e ainda nas relações que possuem com os mais diversos seres vivos
microrganismos (LEPPIK, 1957; STEBBINS, 1970; PRICE, 1984; DOUROJEANNI, 1986; DIDHAM et
al., 1996).
Estes animais respondem demográfica e dispersivamente de uma forma que torna possível
relacionar estas respostas a diferentes tipos de impactos ambientais. O grupo apresenta ainda a
vantagem em relação aos vertebrados de serem amostrados em grane número, porém com
identificação lenta e difícil. Apesar disto, o grupo vem sendo cada vez mais utilizado como um
indicador biológico de diversidade e resposta a eventuais mudanças decorrentes de atividades
antrópicas (LEWINSOHN et al., 2005).
Os artrópodes possuem características bastante peculiares, dentre elas destacam-se as que
permitem variação de formas corporais; o rápido desenvolvimento e a grande sensibilidade a
processos evolutivos, o que os torna bons indicadores de distúrbios nos ecossistemas (KREMEN et
al., 1993).
Assim como os vertebrados, existe uma ligação muito forte entre a diversidade destes animais
com a diversidade vegetal de determinadas áreas, principalmente no que se refere a animais
fitófagos. As demais espécies sofrem mais influencia ausência de outros membros da fauna,
chamados hospedeiros (CAMARGO & MATSUMURA 2000).
As atividades antrópicas principalmente no que se refere à perda e fragmentação de habitats
resultam em isolamento de populações e até na extinção de espécies, reduzindo a biodiversidade
(BIRREGAARD et al., 1992). Portanto, a utilização de invertebrados como bioindicadores, é, de
acordo com a literatura bastante aceita, (BROWN, 1991; KREMEN, 1992; ANDERSEN, 1997).
Borboletas, abelhas e formigas, em especial, são úteis em projetos de biomonitoramento, devido
ao fato de ser um grupo bastante diverso, facilmente amostrado e comum o ano inteiro. Existem
ainda espécies especialistas, e endêmicas a micro habitats (Brown, 1991; New, 1997), o que
favorece a utilização deste grupo invertebrados como bioindicadores.
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II.5.6.1.10 - Zoonoses
O aumento na ocorrência e trânsito de espécies exóticas, principalmente os animais de rua, como
descrito anteriormente, resultará em uma maior probabilidade da ocorrência de enfermidades
causadas por zoonoses trazidas pela fauna contaminada. As doenças trazidas por estas espécies
afetam de forma bastante impactante a fauna silvestre, que não está habituada a presença destes
novos vetores.
Este impacto pode ser considerado grave em função do risco para Saúde Pública na região, em
vista ao aumento da susceptibilidade a duas doenças letais transmitidas por animais silvestres, que
têm gerado preocupação às autoridades responsáveis pela Saúde Pública de todo o país: a
Hantavirose, Febre Maculosa, raiva, Leishmaniose entre outras.
Abaixo estão descritos alguns dos grupos de invertebrados de potencial ocorrência na área do
Parque, e que podem estar ligados a transmissão de algumas enfermidades específicas. Deve-se,
portanto, atentar-se a presença destes grupos e de eventuais sintomas de doenças transmitidas
por estes na população local para que se possam tomar as medidas necessárias.
II.5.6.1.11 - Hemíptera (barbeiros) de importância médico-sanitária
Na Ordem dos hemípteros incluem-se insetos conhecidos como percevejos-de-cama, percevejosde-mato, barbeiros e baratas dágua. A maioria dos hemípteros nutre-se de seiva vegetal, muitos
deles são predadores de outros insetos e outros poucos são hematófagos. Dentre os de
importância médica estão os percevejos de cama (família Cimicidae) e os barbeiros (família
Reduviidae, subfamília Triatominae).
Os triatomínios constituem um grupo de hemípteros transmissores da doença de Chagas. As
diferentes espécies de triatomínios são tradicionalmente identificadas utilizando-se critérios
morfológicos. O Triatoma infestans (originária da Bolívia) é o principal vetor do Trypanosoma
cruzi, em grande parte da América do Sul. No Brasil, é vista desde o Rio Grande do Sul, passando
por Goiás, Minas Gerais e quase todos os Estados do Nordeste.
Já o Panstrongylus megistus é o vetor mais importante do Brasil, dada a sua grande distribuição
geográfica, no País, desde as Guianas até a Argentina, atingindo, no Brasil, os Estados do Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso
do Sul e os Estados do Sul do Brasil, com menor frequência.
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II.5.6.1.12 - Díptera de importância médica
Os mosquitos são insetos dípteros, pertencentes à família Culicidae, conhecidos também como
pernilongos, muriçocas ou carapanãs. Os adultos são alados, possuem pernas e antenas longas e
na grande maioria são hematófagos, enquanto as fases imaturas são aquáticas. Seu ciclo biológico
compreende as seguintes fases: ovo, quatro estádios larvais, pupa e adulto.
Estão disseminados por todas as regiões do globo, inclusive no círculo polar do Norte, porém,
existem determinadas espécies que habitam preferencialmente os territórios tropicais e
subtropicais. Atualmente reconhece-se a existência de cerca de 3600 espécies de mosquitos
(CROSSKEY, 1988). Acham-se distribuídas por aproximadamente 40 gêneros, sendo a área
Neotropical a que detém o maior nível de endemicidade, uma vez que 27% desses grupos são
restritos a essa região biogeográfica (WARD, 1982). Os culicídeos recebem atenção especial
devido ao seu hábito hematófago, através do qual se tornam importantes vetores de doenças.
Pesquisas sobre inventários de populações silvestres de mosquitos vetores potenciais de
arboviroses e malária, embora escassas, fornecem subsídios para a compreensão de relevantes
aspectos epidemiológicos. Esses estudos facilitam a identificação, o acompanhamento e o controle
desses mosquitos em relação às alterações ambientais aplicadas pelo homem, que poderão ou não
culminar em grandes epidemias.
As modificações ambientais podem alterar a dinâmica populacional dos culicídeos, colocando a
população humana local ou migrante sob risco de contrair doenças veiculadas por esses
mosquitos. Os mosquitos de comportamento antropofílico constituem possível condição de
transmissibilidade de patógenos e exposição ao incômodo provocado pela atividade de picar,
quando em grande abundância (NATAL et al., 1998).
Além desses aspectos, o conhecimento das populações de mosquitos em ecossistemas silvestres
fornece informações sobre sua biodiversidade e base de dados para futuros envolvimentos na
incidência de doenças.
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E-II.154
Dengue
A dengue consiste em uma enfermidade febril aguda que pode se apresentar nas formas de
infecção inaparente ou dengue clássico (DC) e de febre hemorrágica da dengue (FHD) ou
síndrome do choque da dengue (SCD). Atualmente, para Brasil (2005), é a mais importante
arbovirose que afeta o ser humano e constitui sério problema de saúde pública no mundo. Ocorre
e dissemina-se especialmente nos países tropicais, onde as condições do meio ambiente
favorecem o desenvolvimento e a proliferação do principal vetor, o mosquito Aedes aegypti.
Conforme Brasil (2005), a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada, intercalando-se
com a ocorrência de epidemias. Entre os anos de 1990 e 2000, várias epidemias foram
registradas, sobretudo nos grandes centros urbanos das regiões Sudeste e Nordeste do Brasil,
responsáveis pela maior parte dos casos notificados. Em 2010, o município de Governador
Valadares ficou em terceiro lugar no Estado no que se refere à classificação de área endêmica com
cerca de 1660 casos da doença notificados. O índice é sete vezes superior ao tolerado, de acordo
com o boletim divulgado pela Organização Mundial da Saúde.
Leishmaniose
A Leishmaniose é uma zoonose parasitária crônica de caráter endêmico causada por um
protozoário flagelado do gênero Leishmania, da família dos Trypanosomatidae. É transmitida ao
seres humanos e principalmente aos cães pela picada do mosquito flebotomíneos, do gênero
Lutzomyia (mosquito ―palha‖) e Phlebotomus.
A doença manisfesta-se de forma variada, entre elas, Leishmania chagasi, (forma viceral)
Leishmania braziliensis (forma mucocutânea desfigurante), entre outras. O tempo que vai da
picadura do inseto até o surgimento dos sintomas varia segundo a forma clínica da doença, pode
variar de dias a meses. Na forma visceral varia de seis semanas a seis meses e na forma cutânea
as lesões surgem semanas após a inoculação do parasita.
Outras denominações da doença: Leishmaniose tegumentar americana, úlcera de Bauru, nariz de
tapir, botão do oriente, ferida brava, Leishmaniose visceral americana, calazar, esplenomegalia
tropical, febre Dundun.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.155
Segundo a Fundação Nacional de Saúde (2010), no Brasil existem atualmente seis espécies de
Leishmania responsável pela doença humana. E mais de 200 espécies de flebotomíneos
transmissores. Tem ocorrido, nos últimos anos, um grande aumento de pessoas infectadas,
inclusive com óbito, em todo o território nacional principalmente nos centros urbanos, com perfis
epidemiológicos diferentes.
Filariose
A filariose é uma doença parasitária crônica de caráter endêmico. Os quadros clínicos decorrentes
da presença de filariose linfática (FL) no ser humano são referidos como morbidade filarial, sendo
especialmente conhecida a elefantíase. O parasita responsável pela doença humana é o nematóide
Wuchererbancrofti, sendo o mosquito Culex quiquefasciatus (pernilongo ou muriçoca) o vetor. O
ser humano é a fonte primária de infecção, sendo o parasita transmitido de pessoa a pessoa por
meio da picada do mosquito C. quinquefasciatus (pernilongo). No Brasil, o perfil epidemiológico
dessa doença foi estabelecido na década de 1950. Desse período até os dias atuais, de acordo
com Brasil (2005), o trabalho visando a redução da infecção apoiou-se, principalmente, na
eliminação das fontes humanas de infecção.
Febre amarela
A febre amarela é uma infecção febril aguda transmitida por vetores que possuem dois ciclos
epidemiológicos distintos (silvestre e urbano). Esta infecção é causada por um vírus do gênero
Flavivirus. O mosquito da espécie Aedes aegypti é o principal transmissor da febre amarela urbana
que, quando infectado, ao picar uma pessoa, transmite a doença.
Nos surtos ocorridos no Brasil no período de 2000 a 2003, observou-se uma expansão da
circulação viral no sentido Leste e Sul do país, detectando-se sua presença em áreas silenciosas há
várias décadas, o que impôs uma redefinição das áreas de risco. Além da ampliação da área de
transição, segundo Brasil (2005), foi estabelecida uma nova área, onde há maior risco para
circulação do vírus, compreendendo municípios do Sul de Minas Gerais e da Bahia.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.156
II.5.6.1.13 - Formigas
Recentemente houve um grande interesse na identificação de indicadores ecológicos consistentes
na informação do estado de conservação dos sistemas ecológicos e programas de avaliação. Os
bioindicadores têm sido utilizados para avaliar as respostas dos ecossistemas às perturbações
ambientais, muitas vezes associados ao uso da terra, como áreas de monocultura, mineração e
etc.
Dentre todos os grupos animais, os invertebrados terrestres têm recebido especial atenção devido
à sua alta biomassa e diversidade e sua importância no funcionamento do ecossistema, e as
formigas têm desempenhado um papel importante nessas análises (ANDERSEN, 1995).
As formigas apresentam grande plasticidade adaptativa, ampla distribuição geográfica e alta
abundância e riqueza na maioria dos habitats (HOLLDOBLER & WILSON, 1990), o que permite
saturar uma grande variedade de nichos (ARAÚJO, 1996). As formigas atuam como importantes
herbívoros, dispersoras de sementes e predadoras de outros artrópodos. Além disto, movimentam
grandes quantidades de terra para a superfície, aumentando a porosidade e a drenagem do solo
(FOLGARAIT, 1998), tornando-o mais rico em matéria orgânica e nutrientes como N, P e K. Este
aumento na fertilidade do solo pode ser importante para o desenvolvimento da vegetação,
especialmente em solos pobres (CULVER & BEATTIE, 1983).
Assim, estudos sobre a fauna de formigas (mirmecofauna) têm mostrado ser uma importante
ferramenta de avaliação das condições ambientais em estudos de acompanhamento de áreas
degradadas, regeneração de áreas florestais e savanas pós-fogo e dos diferentes padrões de uso
solo (SILVA & BRANDÃO, 1999; BROWN JR., 1997).
II.5.6.1.14 - Abelhas
Os himenópteros constituem uma das ordens de insetos com maior diversidade de formas e
hábitos. Esta diversidade é facilmente observada pelo fato de os Hymenoptera possuírem muitos
nomes populares para designar todas as suas formas. Os membros da ordem Coleóptera são
conhecidos popularmente por besouros, os Lepidóptera por mariposas ou borboletas, e os Diptera
por moscas e mosquitos, mas os da ordem Hymenoptera são conhecidos por abelhas, vespas,
formigas e vespas da madeira.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.157
Embora estas formas estejam entre os grupos de insetos de conhecimento popular, poucos sabem
que estão tão estreitamente relacionadas. Existe atualmente cerca de 115.000 espécies descritas
de himenópteros e estimativas do número de espécies existentes podem variar grandemente,
porém estes são sem dúvida um dos maiores componentes da diversidade de insetos. Gaston
(1991) apresenta dados onde a ordem Hymenoptera é a mais rica para algumas regiões
temperadas. Stork (1991) também encontrou o mesmo para as florestas tropicais de Bornéo.
Estimativas indicam que a porcentagem de himenópteros pode variar de 15 a 25% do número de
espécies de insetos viventes.
As abelhas são o principal grupo de polinizadores das plantas floríferas, sendo dependentes dos
produtos florais (néctar, pólen, resinas, etc.) para alimentação e em muitos casos construção de
ninhos (MICHENER, 2007). Desta forma, contribuem para a conservação das espécies de plantas,
promovendo a sua reprodução sexuada e, consequentemente, mantendo a diversidade genética
de suas populações. Além disso, contribuem para a manutenção das populações de muitas
espécies de animais, como aves e mamíferos, que se alimentam dos frutos e sementes produzidos
através de sua ação como polinizadoras.
Além de sua importância ecológica, as abelhas constituem um interessante objeto para estudos
ambientais, por constituírem um grupo muito abundante e diversificado, com mais de 3.000
espécies no Brasil (SILVEIRA et al., 2002). Essas abelhas são adaptadas a diferentes tipos de
ambientes e respondem de forma distinta a diferentes tipos e graus de impacto ambiental. Além
disto, as abelhas brasileiras são um dos grupos de invertebrados cuja taxonomia está mais bem
conhecida, o que facilita a identificação dos exemplares trazidos do campo. Esses fatores fazem
com que os inventários de faunas de abelhas forneçam dados robustos e relevantes em estudos
ambientais.
II.5.6.1.15 - Coleóptera
Os besouros pertencem à ordem Coleoptera, a mais rica e variada da classe Insecta, com
aproximadamente 350.000 espécies descritas, correspondendo a cerca de 40% do total de insetos
e 30% dos animais (LAWRENCE & BRITTON, 1991, 1994). Aproximadamente 30.000 espécies são
descritas para o Brasil. Apresentam par anterior de asas de consistência coriácea ou córnea, os
élitros, que, em repouso, geralmente cobrem as asas posteriores, membranosas, que ficam sob
eles, dobradas e escondidas (COSTA LIMA, 1952).
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.158
Muitas espécies de coleópteros são de grande importância econômica por serem pragas da
agricultura. São bem conhecidos os estragos causados pela broca do café, do algodoeiro, da cana
de açúcar, do arroz, do milho etc. Os besouros não só atacam as plantas cultivadas, mas também
destroem produtos alimentícios armazenados, principalmente sementes de cereais e outros grãos,
ou ainda livros, peles, tapetes etc.
Os coleópteros desempenham papel importante na reciclagem de nutrientes, principalmente na
fase larval; larvas xilófagas (Scarabaeidae, Cerambycidae, Curculionidae), digerem celulose e a
tornam mais simples e disponível para o ecossistema; os Scarabaeinae coprófagos (Scarabaeidae)
enriquecem o solo, incorporando matéria orgânica (principalmente fezes) durante sua fase de
reprodução. Podem ser também importantes indicadores da qualidade do meio ambiente, por
causa da grande quantidade de habitats que ocupam. Assim, por exemplo, a ausência de
espécimes da família Dryopidae pode indicar a contaminação da água por sabão ou detergente,
uma vez que impedem a formação do plastrão (filme de ar sobre o corpo do besouro), impedindo
a sua respiração dentro da água (LAWRENCE, & NEWTON, JR. 1995).
Os besouros podem ser encontrados numa grande diversidade de habitats ecológicos: no solo, nas
plantas, na água, nas margens de rios, riachos, praias marinhas, e, exceto pela hematofagia,
também é extremamente diversificada sua alimentação.
II.5.6.1.16 - Lepidóptera
A Ordem Lepidóptera possui 146.277 espécies descritas e 255.000 estimadas no mundo
(HEPPNER, 1991), sendo constituída por borboletas (13%) e mariposas (87%). As borboletas,
cujos adultos são diurnos e coloridos, são bastante representativas no neotrópico, que possui em
torno de 7.100 (BECCALONI E GASTON, 1995) a 7.900 espécies (HEPPNER, 1991; LAMAS, 2004)
nessa região. O Brasil possui uma grande diversidade desses insetos, representando quase metade
das espécies neotropicais, com 3.100 (BECCALONI E GASTON, 1995) a 3.200 espécies (BROWN
JR. E FREITAS, 1999).
As borboletas estão envolvidas em muitas interações ecológicas dentro das comunidades a que
pertencem, destacando-se as mutualísticas (polinização) e de predação (herbivoria), dentre outras.
Elas ainda servem como modelo em pesquisas de ecologia de populações e comportamento (pela
facilidade de marcação nas asas); genética da seleção natural e em processos básicos como:
alimentação, parasitismo, competição e predação (identificação de substancias tóxicas presentes,
camuflagem e mimetismo) (BOGGS et al., 2003). No Brasil, são objetos de muitos estudos
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.159
científicos (BROWN JR., 1996), podendo ainda ser usadas como indicadoras em levantamentos de
fauna e determinação de prioridades, planejamento e administração de reservas naturais (BROWN
JR., 1992; BROWN JR. & FREITAS, 2002; EMERY et al., 2006).
Quadro de Referências
UICN (União Mundial para a Natureza)
Definição
Quando a melhor evidência disponível indica que se está enfrentando um risco
EM (em
muito alto de extinção em estado silvestre (grande redução da população,
perigo)
populações pequenas, pequenas áreas geográficas ocupadas, ou a análise
quantitativa da probabilidade de extinção durante os próximos 20 anos é >20%)
Quando a melhor evidência disponível indica que está enfrentando um alto risco
VU
de extinção em estado silvestre (redução substancial da população, populações
(vulnerável) pequenas, área geográfica ocupada bastante pequena, ou a análise quantitativa
da probabilidade de extinção durante os próximos 100 anos é >10%)
NT(quase
Um táxon está Quase Ameaçado quando está próximo a satisfazer os critérios de
ameaçado)
vulnerável ou em perigo.
LC
Quando após a avaliação não segue nenhum dos critérios que definem as
(Preocupação categorias de Em Perigo Crítico, Em Perigo, Vulnerável ou Quase Ameaçado.
menor)
Incluem-se nesta categoria taxa abundante e de ampla distribuição.
Quando não tem informação adequada para fazer uma avaliação, direta ou
indireta, de seu risco de extinção baseado na distribuição e/ou condição da
população. Um táxon nesta categoria pode estar bem estudado, e sua biologia ser
DD (Dados
bem conhecida, mas faltam dados apropriados sobre sua abundância e/ou
insuficientes) distribuição. Dados Insuficientes não é, portanto uma categoria de ameaça. Ao
incluir o táxon nesta categoria, indica que necessita mais informações, e se
reconhece a possibilidade de que pesquisas futuras demonstrem que uma
classificação de ameaça poderá ser apropriada.
NL
Não listada
Não se aplica, por se tratar de identificação em nível de gênero, não sendo
NA
possível classificar seu status de conservação
Perto de ser classificada ou provavelmente qualificável para ser incluída
LR (Quase
ameaçada)
numa das categorias de ameaça num futuro próximo.
Definição dos APENDICES da CITES
Apêndice
Definição
As espécies são raras ou estão em perigo, e seu intercâmbio não é permitido com
fins somente comerciais. Antes de iniciar um intercâmbio com outros fins, o
Apêndice I
importador deve ter uma permissão de exportação da Convenção, expedido pelo
governo da nação que exporta, e uma permissão de importação, expedido pelo
governo da nação que importa.
As espécies não são raras nem estão em perigo atualmente, mas podem se tornar
caso o comércio não seja regularizado. As espécies comercializadas devem estar
Apêndice II
cobertas pelas permissões apropriadas de exportação da convenção, expedidos
pelo governo da nação exportadora antes que o ingresso a outro país seja
permitido.
As espécies não estão em perigo, mas são manejadas pelas nações incluídas na
lista. Os requisitos para as permissões para as espécies incluídas no Apêndice III
Apêndice III
são os mesmos que para as incluídas no Apêndice II e só se aplicam para as
nações da lista.
Categoria
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.160
II.6 - ESTUDO DE CAPACIDADE DE CARGA DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL
DE GOVERNADOR VALADARES - MG
II.6.1 - APRESENTAÇÃO
A visitação em áreas naturais, motivada pelo desejo de estar em contato com a natureza e/ou
admirar belezas cênicas naturais é uma prática bastante antiga e que atualmente tem se
expandido nas sociedades contemporâneas, principalmente, em função da rotina cotidiana
frenética e o tumulto nos aglomerados urbano. As atividades educativas, lúdicas, esportivas e
culturais praticadas nesses ambientes, entre elas o ecoturismo, por exemplo, têm levado as
pessoas a resgatarem seu equilíbrio físico e emocional, transformando esses momentos de contato
com a natureza em um importante agente do processo de educação ambiental.
Entretanto, o enorme êxito de visitação nesses locais, principalmente aos próximos dos centros
urbanos, como é o caso do Parque Natural Municipal de Governador Valadares, pode acarretar
uma alta concentração de visitantes e, com isso, propiciar a geração de impactos negativos sobre
a unidade de conservação se o fluxo de pessoas não for rigorosamente controlado. Para prevenir e
mitigar os impactos advindos da visitação, este estudo de capacidade de carga servirá como uma
ferramenta para o planejamento do uso público e as diretrizes para o plano de manejo, no sentido
de auxiliar no controle de ingressos e do fluxo de circulação de visitantes no interior da unidade.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.161
II.6.2 - INTRODUÇÃO
A proposta de implantação de uma Unidade de Conservação Integral na categoria Parque próximo
ao centro urbano sede do município de Governador Valadares, irá possibilitar e facilitar acesso a
um rol diverso de visitantes entre moradores e turistas. É importante destacar que todas as
benfeitorias e atrativos do Parque estão principalmente destinados ao uso da população de
Governador Valadares, porém, pela vocação para esportes radicais do município, os turistas que
gostam desses atrativos, como também do ecoturismo, poderão vir a ser um público freqüente do
Parque, em função principalmente da pista de vôo livre, dos equipamentos para a prática de
arvorismo, das trilhas para caminhada e do pequeno deck para canoagem programados na sua
estrutura, como também, atrativos naturais que a unidade de conservação oferece.
O turismo ecológico ou ecoturismo é um segmento da atividade turística que se utiliza de forma
sustentável do patrimônio natural e cultural de uma região, além de sua conservação, na busca e
formação de uma consciência ambientalista, através da interpretação do ambiente e da promoção
do bem-estar das populações envolvidas, de acordo com as ―Diretrizes para uma Política de
Ecoturismo‖ (EMBRATUR/IBAMA, 1994). As atividades de ecoturismo permitem:

aumento da receita gerada nas diversas áreas conservadas, possibilitando-lhes recursos
para a manutenção destas e das comunidades locais;

fomento à visita ordenada e controlada;

preservação dos recursos naturais florísticos, faunísticos e as paisagens cênicas locais;

promoção da utilização racional do patrimônio natural.
Portanto, pode-se dizer, com base nestes conceitos, que um empreendimento turístico,
principalmente em áreas naturais, para ser sustentável precisa considerar o uso racional dos
recursos naturais, reduzir os efeitos dos impactos gerados tanto pela infra-estrutura quanto pela
visitação e propiciar às gerações futuras o acesso ao local com suas características ambientais e
seu patrimônio natural.
A visitação em áreas naturais protegidas é permitida em quase todas as unidades de conservação
brasileiras. Elas são definidas como usufruto gozado pelo público, tanto recreativo quanto
educativo, porém, infelizmente no Brasil ainda são poucos os parques com programas bem
definidos para sua implantação e desenvolvimento. O estudo de capacidade de carga em unidade
de conservação é um instrumento de suma importância para a criação, desenvolvimento e
operacionalidade do plano de manejo local.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.162
Baseando-se no contexto de criação do Parque Natural Municipal de Governador Valadares, do seu
Projeto Arquitetônico e do seu Plano de Manejo, adotou-se o conceito de capacidade de carga
recreativa uma vez definida como ―o nível de utilização que uma área pode suportar enquanto
fornece uma qualidade sustentada de recreação‖ (TAKAHASHI, 1997). Outro termo citado na
literatura é o de ―Capacidade de Suporte‖ que significa o número máximo de visitantes
(dia/mês/ano) que uma área pode suportar, antes que ocorram alterações no meio físico e
sociocultural (BOO 1990).
A capacidade de carga, quando aplicada em unidades de conservação, visando atividades
recreativas e educativas, pode ser definida por Seabra (2000) como sendo a capacidade física,
biológica, social e psicológica de sustentação das áreas em questão, sem alteração da qualidade
ambiental ou a satisfação dos visitantes.
Os impactos da atividade humana podem ser expandidos muito além da área impactada
diretamente. Como por exemplo, pode perturbar as atividades naturais da fauna silvestre, atrair ou
espantar animais, isolá-los das suas fontes de alimentação e hidratação e modificar habitats
através de impactos na vegetação e no solo. Tendo em vista tais aspectos e considerando que o
desenvolvimento desordenado da recreação em áreas naturais pode comprometer os objetivos
para os quais elas foram estabelecidas, é fundamental realizar uma investigação sistemática sobre
os impactos do uso recreativo para descobrir novos fatos ou princípios.
A capacidade de carga varia de acordo com o local, a estação do ano, o tempo, o comportamento
dos usuários da área, os equipamentos instalados, os padrões de consumo, os níveis de gestão e o
caráter dinâmico do meio como um todo (CEBALLOS-LASCURAIN, 1996). Portanto, torna-se
necessário a realização de avaliações periódicas referentes aos cálculos estimados pelos métodos
utilizados para a determinação da capacidade de suporte da área ou recurso natural, visando ao
equilíbrio físico-químico e biológico do ambiente natural.
O Estudo de Capacidade de Carga no Parque Natural Municipal de Governador Valadares
contribuirá como principal ferramenta para o uso público e sua harmonização com a proteção e
conservação do patrimônio natural local.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.163
II.6.3. CAPACIDADE DE CARGA
A idéia da capacidade de carga para manejo iniciou-se nos Estados Unidos nos anos 30, mas a
primeira referência de aplicação do conceito foi no ano de 1964. Adaptada do termo usado em
manejo de pastagem, ―a capacidade de carga para recreação foi definida como o número máximo
de visitantes (dia / mês / ano) que uma demanda área pode suportar antes de ocorrer alterações
no meio‖ (TAKAHASHI, 1997). Seguindo a mesma linha de raciocínio, e levando-se em
consideração aspectos comportamentais dos usuários e questões socioeconômicas e culturais,
Elizabeth Boo (1990) define capacidade de suporte o número de visitantes (dia/mês/ano) que uma
área pode suportar, antes que ocorram alterações no meio físico e sócio-cultural.
Os princípios da capacidade de carga estão relacionados a diferentes aspectos, segundo C.F.Siart
(2003):
Capacidade de carga física – são os limites com relação à capacidade dos sistemas
produtivos de oferecer serviços turísticos, ou relacionamento à capacidade de uma
área em receber turistas. No primeiro caso, trata-se de identificar os limites físicos
da oferta turística disponível, como alojamento, infra-estrutura, disponibilidade de
água etc. No segundo, os limites físicos referem-se à qualidade ambiental e são
associados com a deterioração do meio ambiente. Esta pode ser definida como o
limite a partir do qual aparecem os problemas ambientais, e a capacidade de carga
física pode ser considerada como a capacidade de carga ecológica.
Capacidade de carga psicológica ou de percepção – os limites em relação à
satisfação do visitante. Pode definir-se como número máximo de pessoas que
podem utilizar uma área sem que ocorra uma alteração inaceitável na experiência
dos visitantes. Pode ser considerado o limite a partir do qual os visitantes irão
buscar destinos alternativos.
Capacidade de carga social – os limites baseados na tolerância dos habitantes
locais em relação aos visitantes. Nos destinos turísticos, podem ocorrer atitudes
negativas em relação aos turistas que podem, por sua vez, afetar o
desenvolvimento turístico; podem definir-se, segundo a OMT, como o nível de
atividade turística além do qual se produz uma mudança negativa na população
local.
Capacidade de carga econômica – os limites baseados no equilíbrio entre os
benefícios econômicos e os impactos negativos que geram na atividade turística
sobre as economias locais. Trata-se de evitar, na medida do possível, as posições
de monocultivo setorial e de aproveitar as próprias oportunidades oferecidas pelo
turismo para renovar os setores tradicionais e estimular o desenvolvimento de
outros novos.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.164
No decorrer dos anos, inúmeros métodos de capacidade de carga foram criados e consolidados.
Dentre os métodos utilizados destacam-se: Limits of Acceptable Change (LAC)1, Visitor Impact
Managemnt (VIM)2, Visitor Experience and Resource Protection (VERP)3 , o método proposto por
Miguel Cifuentes e o método desenvolvido por Mário Petrocchi.
O Limits of Acceptable Change (LAC) foi elaborado por Stankey et al. (1985), que resultou de uma
reformulação feita a partir do conceito de capacidade de carga para recreação. Este método vem
se destacando com sucesso em Unidades de Conservação. Pouco difundido no Brasil, o LAC
oferece uma excelente estrutura para identificar ações adequadas de manejo. O sistema é
desenvolvido em nove etapas, as quais podem ser adaptadas dependendo dos ideais dos
planejadores. Considerando os objetivos para conservação das unidades de conservação, o LAC
parte de identificações dos valores, questões e interesses especiais para a área e do levantamento
das classes de oportunidade. O processo finaliza com implantação das ações de manejo
selecionadas e identificadas para cada classe, e a instauração de um programa de monitoramento
que avalie o sucesso das ações. O LAC se preocupa com as condições desejadas da área e com o
quanto de mudanças pode ser tolerada nas diferentes partes das unidades de conservação.
O método Visitor Impact Managemnt (VIM) parte do pressuposto de que para existir um manejo
eficiente da visitação tem que ser levados em consideração tanto o conhecimento científico, como
o juízo de valor. O VIM é similar ao LAC, pois considera o cálculo da capacidade de carga inserido
no marco teórico de manejo mais abrangente e não como a meta final. O VIM pode ser
considerado de forma ampla, ou como uma ferramenta de manejo para locais específicos,
mediante levantamento sistemático dos problemas oriundos dos impactos da visitação, as causas
que os provocam e as possíveis soluções. De acordo com Graefe et al. (1990), o processo de
planejamento de estudo é em oito etapas, onde os cincos primeiros se ocupam de identificar os
problemas, e as etapas seis e sete são para identificar as prováveis causas dos impactos e seus
respectivos métodos de manejo e a última etapa é para a implementação.
1
2
3
Limites de Aceitáveis de Câmbio (LAC)
Manejo de Impacto dos Visitantes (MIV) ou (VIM)
Experiência da Visitação e Proteção dos Recursos (VERP)
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.165
O método Visitor Experience and Resource Protection (VERP), desenvolvido pelo National Park
Service (1997), defini nove elementos para integrar à estrutura do VERP:
- Instituição da estrutura
Reunir especialistas de forma interdisciplinar no projeto;
Desenvolver estratégia de envolvimento público;
Declarar os propósitos que motivam a criação do parque, significado e os temas de
interpretação primária. Identificar os pontos de constrangimento do plano.
- Análise



Analisar os recursos do parque e as visitas existentes;
Descrever o potencial do alcance das experiências de visitação e os recursos
condicionantes;
 Alocar zonas potenciais para procedimentos específicos no parque (estabelecer o
manejo no zoneamento).
 Selecionar indicadores e especificar padrões para cada zona. Desenvolver um plano
de monitoramento.
- Monitorando e executando o manejo




Monitorar os recursos e os indicadores sociais;
Executar a ação de manejo.
―A metodologia VERP aborda os impactos na experiência de uso da visitação, atribuindo atenção
ao comportamento do visitante. As várias modalidades e tipos de uso, bem como a duração do
uso e sua localização‖ (CÂMARA et al.,2006).
O método desenvolvido por Miguel Cifuentes, mais manifesto no Brasil, oferece procedimentos
fáceis, rápidos e úteis para determinar a capacidade de carga das unidades de conservação. Não
há pretensão em solucionar os problemas observados, mas direcionar aos objetivos de manejo. ―O
método leva em consideração alguns problemas que as unidades de conservação costumam
apresentar. Dentre eles estão: a falta de pessoal treinado, a dificuldade de manejo, a insuficiência
de informações e a dificuldade de acesso a sistema de equipamento de tecnologia avançada em
curto prazo‖ (CIFUENTES, 1992). Este método de capacidade de carga admite três níveis:
Capacidade de Suporte Física (CSF), Capacidade de Suporte Real (CSR), Capacidade de Suporte
Efetiva (CSE).
O método de Petrocchi (2000) adota uma relação entre área disponível para recreação e lazer dos
visitantes e espaço requerido pelos mesmos para usufruir dessa área, baseado na superfície útil
para a permanência dos visitantes na área, além de uma estimativa do número de pessoas que
poderão usar esse espaço, considerando-se o tipo de solo e um espaçamento de segurança entre
as pessoas.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.166
II.6.4. METODOLOGIA
O presente trabalho foi realizado por meio de coleta de dados no local em estudo. Adotou-se o
método de definição de áreas disponíveis por visitante, com base em Petrocchi (2000), para a
estimativa de capacidade de carga da área destinada ao lazer, baseado na superfície útil para a
permanência dos visitantes, considerando-se o tipo de solo, a profundidade e um espaçamento de
segurança entre as pessoas. O método proposto por Miguel Cifuentes (1992) foi utilizado para
estimar a capacidade de carga das trilhas. Como já apresentado, tal método busca o número
máximo de visitas que uma área protegida pode receber levando-se em consideração as condições
físicas, biológicas e de manejo.
A coleta de dados foi realizada nos dias 8, 9, 10 e 11 de dezembro de 2010, com o auxílio dos
seguintes equipamentos:






1 máquina fotográfica digital, modelo Nókia N 95
1 GPS Garmin Etrex Vista C
1 Trena de 30 metros.
piquetes de madeira 5x5x50
marreta 2 kg
relógio
O método proposto por Cifuentes admite três níveis: Capacidade de Suporte Física (CSF),
Capacidade de Suporte Real (CSR), Capacidade de Suporte Efetiva (CSE).

Capacidade de carga física (CCF) é o limite máximo de visitantes em uma área definida em
um determinado tempo.
CCF = V/A x S x T
Onde: CCF = Capacidade de Carga Física
V/A = Visitante sobre área ocupada
S = Superfície disponível para o público
T = Tempo necessário para executar a visita.

Capacidade de Suporte Real (CSR) é o limite máximo de visitantes, porém aplicando-se os
Fatores de Correção que limitam a atividade, composto por diversas variáveis de ordens
físicas, ecológicas, sociais entre outras.
CCR = (CCF - FC1) - FCn
FC = Fator de correção expresso em porcentagem, calculado pela fórmula;
FC = ML/MT x 100, onde ML é magnitude limitante da variável e MT é a magnitude total da
variável.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.167

Capacidade de Suporte Efetiva (CSE) leva em conta o limite de uso, considerando a
capacidade administrativa do gestor da área em questão, a qual muda ao modificar-se a
capacidade de manejo administrativa ou devido a mudanças (físicas, políticas) ocorridas no
local. É o limite máximo de visitantes que se pode permitir, dada a capacidade para
ordená-los e manejá-los.
CCE = CCR x CM/100
CCE = Capacidade de Carga Efetiva ou Permissível.
CM = Porcentagem da Capacidade de manejo ótima.
A capacidade de manejo ótima é definida como o melhor estado de condições que a administração
de uma área protegida deve ter para obedecer algumas condições na intenção de suas atividades
e objetivos.
Para o cálculo da capacidade de manejo, será contemplado a infra-estrutura necessária para o
manejo da trilha e os impactos da sua ausência, como por exemplo, escadas e corrimãos em áreas
de declividade acentuada e solo escorregadio. Após este estudo, se realiza a elaboração do Plano
de Manejo do Parque de acordo com os objetivos e finalidade do empreendimento.
Por meio desse método, por exemplo, foram realizados estudos de capacidade de carga no
Monumento Nacional Guayabo, Costa Rica, e no Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas
Gerais, Brasil. O primeiro, realizado por Cifuentes et al. (1999), visou estimar a capacidade de
carga turística das áreas de uso público (vereda Los Montículos, vereda Natural, área de
piquenique e área de acampar) do Monumento Nacional Guayabo, e buscar medidas que
contribuam para o melhoramento do manejo da visitação do monumento.
II.6.4.1 Determinação da Capacidade de Carga
Considerando o projeto de implementação do Parque, foram delimitadas quatro trilhas com
seguintes nomes provisórios: Urubu (TU), educação ambiental (TED), Cambota (TC) e Deck (TD) e
um campo de lazer com 15.000 m2.
As trilhas estão georreferenciadas na Figura II.6.1 (Demarcação das principais Trilhas no Parque).
Na Tabela II.6.1, estão definidos todos os trechos das trilhas com as respectivas metragens.
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E-II.168
FIGURA II.6.1 - Demarcação das principais Trilhas no Parque
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E-II.169
TABELA II.6.1 - Especificação dos Trechos das Trilhas da Figura II.6.1.
Trilha do Urubu (TU)
Trilha do Cambota
(TC)
Trilha de Educação
Ambiental (TED)
Trilha do Deck
Trecho
PMI-TU1
TU1-TU2
TU2-TU3
TU3-TU4
TU5-TU6
TU3-TU5
TU6- TC1A
TC1A- TC1
TC1- TC2A
TC2A- TC2
TC2- TC3
TC3- TC5
TC5- TC6
TC6- TC7
TC7- TC4
TC4- TC8
TC8- TC9
TC9- TC10
TC10- TC1A
TED1- TED2
TED2- TED3
TED3- TED4
TED4- TED5
TED5- TED6
TED6- TED7
TED7- TED8
TED8- TED9
TED9- TED10
TED10- TED11
TED11- TED12
TED12- TED13
TED13- TED14
TED14- TED15
TED15- TED1
TED7-TU3
A partir do TC1 em
direção à ilhota
Distância (m)
112,06
153,00
140,99
102,62
62,17
229,69
76,61
65,73
29,57
8,60
36,85
53,54
65,79
104,38
78,74
72,35
39,59
61,09
48,33
80,82
34,02
21,97
73,19
68,87
51,26
42,73
70,33
40,05
25,20
25,10
86,75
51,26
45,96
126,24
93,89
Total (m)
177,65
177,65
878,88
766,40
937,64
A distância e o tempo gasto para percorrer cada trilha estão dispostos conforme Tabela II.6.2.
TABELA II.6.2 - Distância e Tempo Gasto para Percorrer as Trilhas do Parque
Parâmetros
Distância
Tempo de
percurso
878,88 m
Trilha
Educação
Ambiental
(TED)
937,64 m
25 min
40 min
Trilha do
Urubu (TU)
Trilha do
Cambota
(TC)
Trilha do
Deck
(TD)
766,40 m
177,65 m
40 min
15 min
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E-II.170
De acordo com as imagens abaixo e considerando o estudo geomorfológico, alguns trechos da
trilha do Urubu (TU) apresentam áreas em processo erosivo em estágio inicial. Essa suscetibilidade
erosiva é resultado da declividade, topografia e tipo de solo.
A vegetação predominante é do tipo arbórea, que no período chuvoso (outubro a março), fornece
sombra para a trilha.
Apesar dessa trilha se localizar numa região de colina, não apresenta declividade acentuada.
A Trilha do Urubu, Foto II.6.1, liga o mirante principal do Parque à administração, tangenciando
todos os pontos notáveis. Sugere-se, então, que a largura mínima da trilha seja de 2 metros e,
devido ao intenso fluxo de visitantes ao local, mostra-se necessário a pavimentação com bloquetes
para evitar erosão e facilitar o transito de Portadores de Necessidades Especiais dinstalação de
pontos de descanso ao longo da trilha.
FOTO II.6.1 - Imagens dos Trechos da Trilha do Urubu.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.171
A Trilha de Educação Ambiental (TED) é caracterizada por um relevo plano a suave. Sua
vegetação é do tipo arbórea, que no período chuvoso, fornece sombra à trilha, exceto por uma
área utilizada como pastagem. É drenada por um curso de água intermitente, assim demonstrado
na Foto II.6.2. Nestes trechos, há necessidade de pontes e nos trechos alagados, de trilha
suspensa.
Devido suas peculiaridades, a trilha deverá conter, no máximo, 1 metro de largura. Desta forma,
evitar-se-ão consequências danosas como aumento do fluxo de água no período chuvoso,
assoreamento e contaminação da água.
FOTO II.6.2 - Imagens da Trilha de Educação Ambiental.
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
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E-II.172
Em relação à caracterização da Trilha do Cambota (TC), está localizada na unidade de colina.
Contêm afloramentos rochosos e vertentes íngremes em diversos trechos da trilha, demonstrando,
dessa forma, necessidade de corrimãos, degraus, e pontes nas áreas drenadas por curso d’água
intermitente. Devido o grau de inclinação e fragilidade do solo, não é raro a presença de ravinas
ao longo do percurso, Foto II.6.3. Devido suas peculiaridades, a trilha deverá conter, no máximo,
1 metro de largura.
FOTO II.6.3 - Imagens da Trilha do Cambota
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
A Trilha do Deck (Foto II.6.4) se encontra em área de planície de inundação. A textura do solo
areno-argilosa favorece o processo de acumulação fluvial, fazendo-se necessário a construção de
uma trilha suspensa. Devido suas peculiaridades, a trilha deverá conter, no máximo, 1 metro de
largura. Pelas características da trilha, seu fluxo deverá ter monitoramento permanente, sendo
assim, ela não deverá ser auto interpretativa.
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E-II.173
FOTO II.6.4 - Imagens da Trilha do Deck
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
Para o estudo, foi estabelecido o critério de fluxo de visitantes, em que cada um utilizará um
espaço mínimo de seis metros quadrados (m2), considerando a largura máxima da trilha do Urubu
em dois metros lineares e das demais trilhas, em um metro linear.
O horário de visitação para as trilhas foi estipulado das 8h às 17h, com tempo máximo de
permanência no interior do Parque de 10 horas por dia.
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E-II.174
II.6.4.1.1 Capacidade de carga física (CCF)
A capacidade de carga física será calculada da seguinte forma:
CCF = S/sp * NV
Onde:S = superfícies disponíveis em metros quadrados
sp = superfície usada por cada visitante
NV = número de vezes que a trilha pode ser visitada por mais de um visitante por dia.
NV = Hv / tv
Onde:Hv = Horário de funcionamento.
Tv = Tempo necessário para visitar a trilha.
TU:
NV =
10 h / dia
=
0,67 h / visitas / visitantes
14,92 visitas / dia / visitante
TED:
NV = 10 h / dia
=
14,92 visitas / dia / visitante
10 h / dia
=
0,67h / visitas / visitantes
14,92 visitas / dia / visitante
0,67 h / visitas / visitantes
TC:
NV =
TD:
NV = 10 h / dia
=
0,25 h / visitas / visitantes
40,00 visitas / dia / visitante
Então:
TU:
CCF = 1757,76/ 6 * 10 / 0,67 = 4.370,96 visitas/dia
TED:
CCF = 991,54 / 6 * 10 / 0,67 = 2.465,63 visitas/dia
TC:
CCF = 766,40/ 6 * 10 / 0,67 = 1.905,78 visitas/dia
TD:
CCF = 355,3 / 6 * 10 / 0,25 = 2.368,67 visitas/dia
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E-II.175
II.6.4.1.2 Capacidade de carga real (CCR)
Para a CCR há uma série de fatores de correções para cada particularidade das trilhas do Parque.
Os fatores de correção considerados nesse estudo foram:

Fator de erodibilidade

Fator de acessibilidade

Fator de precipitação

Fator solar
- Fator de erodibilidade (Fcero)
Na Trilha do Cambota, destacam-se 38,17 metros mais sensíveis à erosão, que baseando-se na
Tabela II.6.3, foram classificados com alto grau de erodibilidade.
Devido ao baixo grau de inclinação do terreno onde se localizam as Trilhas do Urubu, Educação
Ambiental e Deck, o cálculo do fator de erodibilidade não se aplica para a determinação da
capacidade de carga real dessas trilhas.
Tabela II.6.3 - Critérios para a Classificação do Grau de Erodibilidade.
Inclinação
< 10%
10% - 20%
> 20%
Grau de erodibilidade
baixo
médio
alto
As áreas que possuem alto e médio grau de erodibilidade são as únicas consideradas significativas
para estabelecer restrições de uso. Como as áreas com alto grau de erodibilidade apresentam
maior risco, determinou-se um fator de ponderação igual a 1,5 a estas e, igual a 1,0, para aquelas
com médio grau e erodibilidade.
Fcero = 1 – (ma * 1,5) + (mm *
1,0)
mt
Onde:
ma = metros de trilha com dificuldade alta
mm = metros de trilha com dificuldade média
mt = metros total da trilha
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E-II.176
Então:
Fcero (TC) = 1 – (38,17 * 1,5)
766,40
= 0,925
- Fator de acessibilidade (Fcac)
Estima o grau de dificuldade que os visitantes venham apresentar durante a caminhada pelas
trilhas. Foram considerados os mesmos graus de inclinação utilizados em Fcero para se calcular o
valor de Fcac na Trilha do Cambota. Em todo o percurso, foram estabelicidos 189,26 metros com
incllinação moderada.
TABELA II.6.4 - Critérios para a Classificação do Grau de Dificuldade
Inclinação
< 10%
10% - 20%
> 20%
Dificuldade
baixo
médio
alto
As áreas que possuem alto e médio grau de dificuldade são as únicas consideradas significativas
para estabelecer restrições de uso. Como um alto grau representa uma dificuldade maior
comparada ao médio, determinou-se um fator de ponderação igual a 1,5 àquelas e, igual a 1,0,
para as com médio grau de dificuldade.
Fcac = 1
Onde:
ma = metros de trilha com dificuldade alta
mm = metros de trilha com dificuldade média
mt = metros total da trilha
Então:
Fcac = 1 – (189,26 * 1,0)
= 0,753
766,40
TD
Fcac = 1 -
(50 * 1,0)
355,30
= 0,859
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E-II.177
- Fator de precipitação (Fcpre)
Entre os meses de outubro a março, a distribuição mensal da precipitação ocorre com índices
superiores a 100 mm/mês, caracterizando, dessa forma, este período como úmido. Cerca de 89%
da pluviosidade anual é auferida nesse período. A média da precipitação por ano é
aproximadamente 1.000 mm nesta região.
Arbitrou-se 5 horas dos dias de outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março como
período limitante para a visitação do parque, devido ao elevado grau de pluviosidade.
Fcpre = 1 – hl/ht
Onde:
hl = horas de chuva limitantes por ano
ht = horas do ano que o parque fica aberto
Então:
Fcpre = 1 – 900/3650 = 0,753
- Fator solar (Fcsol)
As visitas, nas áreas sem cobertura, se tornam desconfortáveis entre às 10 e 15 horas, devido à
radiação solar ser muito forte neste intervalo do tempo. O período em que há maior grau de
insolação é de abril a setembro. Devido a vegetação predominante das trilhas ser cauducifólia, no
período chuvoso as trilhas ficam parcilamente cobertas; entretanto, na seca, elas ficam, em quase
sua totalidade, descobertas.
Fcsol = 1 – [(hsl / ht) * (ms/mt)]
Onde:
hsl = horas de sol limitante / ano
ht = horas ao ano que o parque está aberto
ms = metros sem cobertura
mt = metros total da trilha
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E-II.178
A partir das aplicações dos fatores de correção mencionados, calcula-se a capacidade de carga real
mediante:
CCR = CCF (Fcero * Fcac * Fcpre * Fcsol)
Então:
TC:
CCR = 1.905,78 (0,925 * 0,753 * 0,753 * 0,778) = 777,65
Para o cálculo da CCR para as Trilhas do Urubu, Educação Ambiental e Deck, serão
aplicados somente os fatores de precipitação e solar conforme a expressão:
CCR = CCF (Fcpre * Fcsol)
Então:
TU:
CCR = 4.370,96 (0,753 * 0,753) = 2.478,37
TED:
CCR = 2.465,63 (0,753 * 0,776) = 1.440,74
Para a Trilha do Deck, serão considerados os fatores de acessibilidade e solar, uma vez que
no período de precispitação, ela ficará submersa.
TD:
CCR = 2.368,67 (0,859 * 0,753) = 1.532,12
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E-II.179
II.6.4.1.3 - Capacidade de Manejo (CM)
A capacidade de manejo ótima é definida como o melhor estado de condições que a administração
de uma área protegida deve ter para seguir algumas condições na intenção de suas atividades e
objetivos.
No caso do Parque, para realização aproximada da capacidade de manejo, foram utilizadas
algumas variáveis: infra-estrutura, equipamento e pessoal, enfocando-se somente os fatores que
se relacionam com a gestão de impactos. Contemplou-se a estimativa da infra-estrutura necessária
para o manejo das trilhas e os impactos da sua ausência, como por exemplo, escadas e corrimãos
em áreas de declividade acentuada e solo escorregadio.
Visando a implantação do Parque, foram determinados os valores ótimos das variáveis
infraestrutura, equipamento e pessoal conforme Tabela II.6.5, tendo em vista as peculiaridades de
cada trilha, propriedades física dos local e bem-estar para os visitantes.
Portanto, a fim de se obter a capacidade de carga efetiva, se considerou a capacidade de manejo
em cem por cento (100%), mediante a implantação total da infraestrutura, equipamentos e de
pessoal sugeridas nesse trabalho.
Infra estrutura
Trilha
suspensa
Local de
apoio de
pessoal
Bancos
Lixeiras
Pavimentaçã
o da trilha
Mirante
Escada
Corrimãos
Banheiro
Ponte
Guarita
TABELA II.6.5 - Determinação das Variáveis para a Estimativa da Capacidade de Manejo Para as trilhas,
Área de Lazer, Administração(ADM) e Centro de Visitantes (CV)
TU
0
0
3
1
1
2
0
0
0
0
1
TC
1
0
2
1
0
1
1
2
0
2
0
TED
1
0
0
1
0
0
0
0
0
2
0
TD
1
0
0
1
0
1
0
0
0
0
0
Pista de
Vôo/Arvorismo
0
0
7
2
0
0
0
0
0
0
0
ADM
0
1
2
4
1
0
0
0
6
0
0
Área de Lazer
0
0
6
6
0
0
0
0
6
0
0
CV
0
1
4
4
0
0
0
0
2
0
0
Portaria principal
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
1
TOTAL
3
2
24
21
2
4
1
2
8
4
2
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E-II.180
II.6.4.1.4 - Capacidade de Carga Efetiva (CCE)
A capacidade de carga efetiva representa o número ideal de visitantes que se deve permitir no
PMI, proporcionando-lhes qualidade ecológica e bem-estar. O cálculo é obtido por meio da
seguinte expressão:
CCE = CCR * CM
Onde:
CCR = Capacidade de Carga Real
CM = Capacidade de Manejo
Então:
TU:
CCE = 2.478,37 * 1,000 = 2.478,37
TD:
CCE = 1.532,12 * 1,000 = 1.532,12
TED:
CCE = 1.440,74 * 1,000 = 1.440,74
TC:
CCE = 777,65 * 1,000 = 777,65
Para uma análise do número total de visitações das Trilhas do Urubu e do Deck, deve-se dividir o
valor do número de visitantes obtido por dois, considerando, dessa forma, a ida e a volta do
visitante na trilha, uma vez que esta sofre o dobro de impactos por pessoa em relação às trilhas
circulares.
Então:
TU:
CCE = 2.478,37 / 2 = 1.239,19
TD:
CCE = 1.532,12 / 2 = 766,06
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E-II.181
- Visitantes diários e anuais
Considerando o número de vezes que a trilhas pode ser visitadas por mais de um visitante por dia
(NV), torna-se possível calcular o némero de visitantes por dia e ano.
Então:
TU
(1.239,19 visitas / dia) / (14,92 visitas / visitante / dia) = 83 visitantes / dia
83 visitantes / dia * 365 dias = 30.295 visitantes / ano
TD
(766,06 visitas / dia) / 40,00 visitas / visitante / dia) = 19 visitantes / dia
19 visitantes / dia * 210 dias = 3.990 visitantes / ano
TED
(1.440,74 visitas / dia) / 14,92 visitas / visitante / dia) = 97 visitantes / dia
97 visitantes / dia * 365 dias = 35.405 visitantes / ano
TC
(777,65 visitas / dia) / 14,92 visitas / visitante / dia) = 52 visitantes / dia
52 visitantes / dia * 365 dias = 18.980 visitantes / ano
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E-II.182
II.6.4.1.5 - Capacidade de Carga da Área Campestre
Para a área destinada ao lazer (gramado), 15.000 m², adotou-se o método de definição de áreas
disponíveis por visitante, com base em Petrocchi (2000), para a estimativa de capacidade de
carga, baseado na superfície útil para a permanência dos visitantes, considerando-se o tipo de
solo, a profundidade e um espaçamento de segurança entre as pessoas. Foram assumidos, para
efeito deste cálculo, os seguintes valores: em dias mais procurados (feriados, fins de semana
prolongados e férias com sol e calor) – 5m² / pessoa; em dias de movimento médio (quintas e
sextas com sol e calor) – 12m²/pessoa; em dias de semana e de clima menos favorável (nublado
ou frio) – 25m²/pessoa (Tabela II.6.6).
TABELA II.6.6 - Ocupação Simultânea da Área de Lazer em Diferentes Níveis
Nível de ocupação
Área disponível
Área por pessoa
Ocupação simultânea
Movimento alto
15000 m²
5 m²
3000
Movimento médio
15000 m²
12 m²
1250
Movimento baixo
15000 m²
25 m²
600
Considerando-se que o tempo médio de permanência dos visitantes em áreas como a supracitada
é de, no máximo, 4 horas, pode-se supor que o número calculado para ocupação simultânea tenha
uma renovação de duas vezes por dia, haja vista que o parque funcionará pelo período
ininterrupto de 10 horas. Isto duplica o número de pessoas por dia, sendo, portanto o seguinte:
para dias de alto movimento – 2 X 3000= 6000 pessoas/dia. Dias de movimento médio – 2 X 1250
pessoas = 2500 pessoas. Dias de pouco movimento – 2 x 600 pessoas = 1200 pessoas.
Para se calcular a capacidade de carga anual multiplicou-se estes valores encontrados pelo número
estimado de dias considerados de movimento alto, médio e baixo, considerando-se 365 dias no
ano, mesmo o Parque tenha o seu início de funcionamento programado para fechar o acesso ao
visitante em um dia da semana, as segundas-feiras.
Utilizando o fator de precipitação, 0,75, que significam 75% do valor total calculado para os dias
ou uma redução do potencial de visitação médio diário de 25% devido às restrições climáticas
(chuvas). A partir deste valor tem-se o seguinte:
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E-II.183
Para dias de movimento alto = 52 fins de semana (2X sábado e domingo) e média de 10 feriados
em dias de semana (metade considerados prolongados (2X – feriado mais um dia), o valor
encontrado foi de = 52 x 2 + 15 (10 feriados + 5 dias emendados) = 119 dias de movimento alto.
Subtraindo-se de 119 dias, 25% de redução (dias com chuva) e multiplicando-se por 3000, têm-se
um total de 267.000 pessoas.
Para os dias de movimento médio, consideraram-se os dias de quinta e sexta-feira normais,
estimou-se em 100 dias em média no ano. Tomando-se o valor encontrado de movimento médio e
o fator de correção climática de 25%, tem-se o seguinte valor: 100-25%*1250 = 93.750 pessoas.
Para os dias de pouco movimento considerou-se o valor apresentado de 600 pessoas / dia.
Portanto aplicando-se o fator de correção de 25% por função climática, tem-se o valor de 156 dias
(segundas, terças e quartas) = 117 dias. Multiplicando-se por 600 pessoas, tem-se o total de
70.200 pessoas por ano.
O número total de visitantes estimado para a área de lazer foi de 267.000 + 93.750 + 70.200 =
430.950 pessoas por ano. Considerando-se os 365 dias do ano a média de visitantes / dia seria de
1.180 visitantes.
Pode-se ainda estimar o número de visitantes considerando-se maior concentração dos visitantes
nos finais de semana. Se considerar somente os dias de pico na visitação (feriados e fins de
semana), obtém-se um número máximo por dia de 732 pessoas por dia.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.184
II.6.5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio desse estudo, calculou-se a estimativa do número máximo de visitantes por dia no
Parque Natural Municipal de Governador Valadares, com o intuito de manter a capacidade de
resiliência e equilíbrio ecossistêmico do parque. Considerando a soma dos valores da capacidade
de carga efetiva das trilhas e do campo, o resultado obtido foi de 983 visitantes por dia.
Baseando-se nas peculiaridades de cada trilha, constatou-se que:
- na Trilha do Cambota, o trecho TC1-TC2, possui inclinação média com alto grau de erodibilidade,
tornando-se necessário o uso de bloquetes, ou placas de concreto, construção de degraus e até
mesmo uma trilha suspensa para adequação do trecho, incluindo a instalção de corrimãos. Os
corrimãos deverão ser instalados, também, nos trechos TC7-TC4-TC8 e nos 20 metros finais do
TC9-TC10. Para a atravessia dos visitantes e preservação do local, deverão ser construídas pontes
nos trechos TC2-TC3 e TC8-TC9.
- o percurso das Trilhas do Urubu (TU), Educação Ambiental (TED) e Deck (TD) detêm baixo grau
de inclinação, não interferindo significativamente nos fatores de erodibilidade e acessibilidade. Nos
terchos TED2-TED3 e TED11-TED12, deverá ser construída ponte para atravessia do escoamento
fluvial intermitente. Devido as características geomorfológicas da localização da Trilha do Deck
esta não será aberta à visitação no período de precipitação (outubro a março).
Apesar de o Parque não funcionar às segundas-feiras, terá como margem de segurança o número
máximo de visitante/dia por trilha e área campestre obtido neste estudo para 365 dias/uso, até
que se avalie a implementação da infraestrutura e disponibilidade de equipamentos e de pessoal
estimados na capacidade de manejo. De acordo com a legislação para unidades de conservação, o
plano de manejo deverá ser reavaliado quinquenalmente, observando as variáveis supracitadas,
critérios de uso e objetivos do Parque.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.185
II.7 - CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ENTORNO DO PARQUE NATURAL
MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES (ZONA DE AMORTECIMENTO OU
ZONA TAMPÃO).
II.7.1 - INTRODUÇÃO
A proteção de uma unidade de conservação contempla, necessariamente, o planejamento e a
gestão ambiental do seu entorno, visando minimizar os efeitos negativos das atividades
econômicas desenvolvidas, evitando o aumento das pressões antrópicas que possam ameaçar a
integridade dos atributos naturais, os quais justificaram a sua criação.
A área de entorno da unidade de conservação, também chamada de zona de amortecimento ou
zona-tampão, foi prevista para todas as unidades de conservação de proteção integral (aquela que
não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais), tendo seu conceito
estabelecido no artigo 2º da Lei Federal 9.985/2000 que determina o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação - SNUC:
XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde
as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o
propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade.
De acordo com o referido item do artigo 2º desta Lei, na zona de amortecimento as atividades
humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com a finalidade de minimizar possíveis
impactos e danos às unidades de conservação, implicando no controle, pelo poder público, das
ações antrópicas em todas as propriedades rurais e urbanas inseridas nesta zona.
De acordo com o Art. 25 da Lei do SNUC as unidades de conservação, exceto Área de Proteção
Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento
e, quando conveniente, corredores ecológicos. O mesmo artigo atribuiu ao órgão responsável pela
administração da unidade o estabelecimento de normas específicas regulamentando a ocupação e
o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos.
A definição dos limites da zona de amortecimento, de acordo com o parágrafo 2º do referido
artigo limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas normas
poderão ser definidos no ato de criação da unidade ou posteriormente.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.186
A delimitação da área de entorno de uma unidade de conservação foi estabelecida pela Resolução
CONAMA nº 13/90, de 6 de dezembro de 1990, em seu artigo 2º:
Nas áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de 10 quilômetros,
qualquer atividade que possa afetar a biota, deverá ser obrigatoriamente
licenciada pelo órgão ambiental competente.
Parágrafo único. O licenciamento a que se refere o caput deste artigo só será
concedido mediante autorização do órgão responsável pela administração da
Unidade de Conservação.
O CONAMA alterou a delimitação da área de entorno de unidades de conservação em 17 de
dezembro de 2010, para efeito de licenciamento ambiental, com a Resolução nº 428, publicada no
Diário Oficial da União (DOU) em 20/12/2010, tendo revogado a Resolução CONAMA 13/90,
passando a definir o seguinte:
Considerando a necessidade de regulamentar os procedimentos de licenciamento
ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental que afetem as
Unidades de Conservação específicas ou suas zonas de amortecimento, resolve:
Art. 1º O licenciamento de empreendimentos de significativo impacto ambiental
que possam afetar Unidade de Conservação (UC) específica ou sua zona de
amortecimento (ZA), assim considerado pelo órgão ambiental licenciador, com
fundamento em Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/RIMA), só poderá ser concedido após autorização do órgão
responsável pela administração da UC ou, no caso das Reservas Particulares de
Patrimônio Natural (RPPN), pelo órgão responsável pela sua criação.
§ 1º Para efeitos desta Resolução, entende-se por órgão responsável pela
administração da UC, os órgãos executores do Sistema Nacional de Unidade de
Conservação-SNUC, conforme definido no inciso III, art. 6º da Lei nº 9.985, de 18
de julho de 2000.
§ 2º Durante o prazo de 5 anos, contados a partir da publicação desta Resolução,
o licenciamento de empreendimentos de significativo impacto ambiental,
localizados numa faixa de 3 mil metros a partir do limite da UC, cuja ZA não esteja
estabelecida, sujeitar-se-á ao procedimento previsto no caput, com exceção de
RPPNs, Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e Áreas Urbanas Consolidadas.
Ainda com relação ao controle ambiental de atividades e empreendimentos que possam causar
impactos ambientais ao Parque, a Resolução Conama 428/2010 determina que:
Art. 5º Nos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos não
sujeitos a EIA/RIMA, o órgão ambiental licenciador deverá dar ciência ao órgão
responsável pela administração da UC, quando o empreendimento:
I - puder causar impacto direto em UC;
II - estiver localizado na sua ZA; ou
III - estiver localizado no limite de até 2 mil metros da UC, cuja ZA não tenha sido
estabelecida no prazo de até 5 anos a partir da data da publicação desta
Resolução.
§ 1º Os órgãos licenciadores deverão disponibilizar na rede mundial de
computadores as informações sobre os processos de licenciamento em curso.
§ 2º Em se tratando de Áreas Urbanas Consolidadas, das APAs e RPPNs, não se
aplicará o disposto no inciso III.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.187
Neste sentido, a zona de entorno de um Parque Natural Municipal (ZA) fica sob o controle dos
órgãos ambientais, de acordo com suas esferas de competência, sendo necessária a autorização
prévia do órgão responsável pela administração do parque, viabilizando a implantação de seu
plano de manejo e ao mesmo tempo evitando conflitos entre as instituições relacionadas ao
controle ambiental do parque e de seu entorno.
Devido à importância da área do entorno para salvaguardar os atributos naturais de um parque,
esta deve ser protegida contra atividades antrópicas que possam significar ameaças à integridade
dos recursos ambientais inseridos no parque, tais como o uso indiscriminado de agrotóxicos,
criação de espécies animais e vegetais exóticas e, principalmente, da instalação de
empreendimentos geradores de impactos ambientais relevantes, como rodovias, barragens,
indústrias, oleodutos, linhas de transmissão, entre outros.
A inexistência ou insuficiência de técnicas de manejo adequadas nas propriedades do entorno do
parque pode provocar a ocorrência de erosão e tendo como consequência a redução do potencial
agrícola, o assoreamento de cursos d’água, danos à fauna e flora, inundações, entre outros
impactos ambientais.
LANDAU e FONSECA (2000) afirmam que a conservação da biodiversidade em longo prazo requer
o desenvolvimento de uma abordagem que considere o manejo de zonas-tampão e a criação de
corredores ecológicos conectando áreas protegidas no âmbito dos biomas regionais, de forma a
possibilitar a persistência em longo prazo das populações da fauna e flora atualmente isoladas.
De acordo com AYRES et al. (2005) uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos parques e
reservas do Brasil é o seu crescente isolamento de outras áreas naturais, protegidas ou não. Esta
condição de isolamento dos parques e reservas resulta geralmente em fragmentação de espécies e
de populações da mesma espécie numa área determinada, reduzindo as possibilidades de
sobrevivência das mesmas em função das modificações naturais e antrópicas no meio ambiente,
tornando-as mais susceptíveis à extinção local, regional ou mesmo à extinção completa.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.188
II.7.2 - A ÁREA DE ENTORNO DO PARQUE
A área de entorno do Parque Natural Municipal de Governador Valadares (Zona de Amortecimento)
foi definida neste Plano de Manejo com base na Resolução CONAMA 428/2010, podendo esta ser
alterada posteriormente, na revisão do documento, previsto pela Lei do SNUC para ser realizado
cinco anos após a efetivação deste, quando a área de entorno poderá ser ampliada ou reduzida,
em função da dinâmica ambiental futura.
Para o Parque considerou-se a inclusão da zona urbana da cidade de Governador Valadares
situada tanto à margem direita quanto à margem esquerda do Rio Doce, ou seja, a zona central
da cidade e os bairros contidos naquela margem do Rio, definidas como áreas urbanas
consolidadas. Para a definição da área de entorno (zona de amortecimento) ficou estabelecido a
mesma será uma faixa de 1 Km, a partir dos limites do Parque (Vide Figura II.7.1).
A definição dos limites da área de entorno foi feita a partir de reuniões entre representantes da
Prefeitura de Governador Valadares, representantes da empresa Vale e da empresa de consultoria
Alternativa Educação e Manejo Ambiental, tendo-se considerado, para efeito da delimitação desta
faixa a existência do Monumento Natural e da Área de Proteção Ambiental do Pico da Ibituruna,
havendo, portanto a possibilidade de se administrar a área de entorno do Parque no contexto de
mosaico de unidades de conservação, seguindo a tendência brasileira e mundial, como estratégia
para se ampliar os mecanismos legais e gerenciais para assegurar maior proteção ambiental.
O entorno do Parque possui características diversificadas quanto aos aspectos topográficos,
paisagísticos, vegetacionais, climáticos e ocupacionais, especialmente considerando-se a área
correspondente ao Monumento Natural e APA do Pico da Ibituruna, com relevo mais acidentado e
maior propensão à formação de processos erosivos, além de apresentar cobertura vegetal com
manchas expressivas de Mata Atlântica e temperaturas mais amenas, devido às condições
topográficas.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.189
FIGURA II.7.1 – Delimitação da área de entorno do PARQUE, destacando-se as áreas cobertas por florestas (verde escuro) no destaque da imagem.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.190
A região onde o Parque está inserido é historicamente ocupada por propriedades rurais com
atividades de agropecuária, destacando-se a criação extensiva de gado de corte, plantio de
subsistência e criação de cavalos em haras. Existem alguns estabelecimentos comerciais, tais
como padarias, vendas de alimentos e bebidas, mercados de pequeno porte. Existem pequenas
plantações de côco da Bahia e de milho, mas não são expressivas em relação á área do entorno.
Na parte sudeste da área de entorno há um clube esportivo (Minas Clube de Governador
Valadares), que pode representar a necessidade de uma atenção especial pela administração do
Parque em função da emissão sonora (ruídos) efetiva quando o mesmo encontra-se com número
elevado de usuários ou quando da realização de eventos culturais e esportivos (em especial com
relação ao uso de sistemas de som e queima de fogos de artifício), podendo causar danos à fauna
(afugentamento de animais) e flora (incêndios florestais).
A urbanização acelerada vem se mostrando como fator de alteração das condições naturais da
região, com o estabelecimento de novos bairros e condomínios particulares, com características de
baixa densidade ocupacional (chácaras e sítios), como o Parque das Aroeiras, o Vilage da Serra e o
Encosta do Sol. Há também bairros com características de maior adensamento populacional, como
o bairro Elvamar. Uma vila denominada Derribadinha, localizada a nordeste do Parque, apesar de
se encontrar em estagnação econômica e de crescimento, representa potencial para expansão
urbana futura, o que aumentaria o fluxo de pessoas e veículos na via de acesso ao Parque.
A urbanização na área do entorno do Parque contribui para a fragmentação da vegetação e na
alteração dos ecossistemas naturais, além de propiciarem a formação de processos erosivos nos
períodos de chuva, em função da retirada da vegetação e exposição do solo. As propriedades
rurais usam eventualmente o fogo para eliminação de restos vegetais, queimam resíduos sólidos
(lixo), aplicam agrotóxicos nas lavouras, usam maquinas agrícolas geradoras de ruído e que
emitem gases poluentes, entre outras ações impactantes.
Outra situação identificada na área de entorno é a da futura instalação da estação de tratamento
de esgotos (ETE), que será construída ao sul do parque, inserida na área de entorno de 1 Km. A
ETE deverá ter o seu planejamento e construção alinhados com as diretrizes gerais da área de
entorno, e em consonância com a legislação ambiental citada anteriormente, com ênfase para o
licenciamento ambiental e suas condicionantes, que visarão viabilizar a ETE e ao mesmo tempo
assegurar proteção ao Parque.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.191
Apesar dos processos de uso e ocupação do solo na área do entorno, constatados neste estudo,
ainda permanece um percentual elevado de cobertura florestal, sendo este de aproximadamente
50% da área total (excluindo-se desta a área do parque) e considerando-se somente a margem
direita do Rio Doce (apesar de ocorrerem faixas estreitas de vegetação às margens da Ilha dos
Araújos, de pouca expressão em relação à área total de entorno, na faixa de 1 Km).
Segundo Ayres (2005, p.55), as áreas protegidas são encaradas como elementos essenciais de
uma estratégia mais ampla de desenvolvimento humano regional. Este procedimento considera e
incorpora, dentro dos custos de proteção, as necessidades das comunidades locais, facilitando os
investimentos nesta atividade, e relacionando-os aos benefícios sociais e econômicos resultantes
do uso sustentável dos recursos naturais do local.
Soares et al . (2002) constataram, ao estudarem o entorno das unidades de proteção integral, que
um fator determinante para que haja a participação da população é quando a ação da instituição
contribui para que as necessidades da população sejam supridas. A maioria dos casos estudados
envolve populações desassistidas, que apresentam os mais diversos tipos de carências. Em geral,
essas não contam com assistência técnica, a infraestrutura é precária e a saúde e educação são de
baixíssimos níveis.
Esse conjunto de situações faz com que a prioridade dessas populações esteja no nível das
necessidades básicas e a conservação das áreas protegidas não seja prioridade para a maioria.
É primordial zelar pelo abarcamento destes sujeitos nos esforços de conservação, e através da
recreação e da educação ambiental em contato com a natureza, objetivos primários dos parques,
torna-se mais fácil a aproximação e o envolvimento das pessoas.
Os problemas locais são passíveis de solução na medida em que são conhecidas as variáveis e
características sociais da população local. Afinal, em termos de intensidade e de desdobramento,
os contextos ambientais e sociais exercem influência nas variáveis das ameaças às unidades de
conservação (MORSELLO, 2001).
Uma vez que as variáveis e características sociais da população local situada no entorno do Parque
já foram identificadas, torna-se possível a tomada de decisões para a solução dos problemas
levantados.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.192
A participação da sociedade na gestão de Parques tem variado amplamente, de acordo com a
categoria de manejo, das redes sociais existentes, do grau de interesse e participação, da
capacidade da instituição responsável pelo Parque em agregar os atores sociais, entre outros
fatores.
A inclusão das comunidades locais na gestão do Parque mostra-se como condição necessária ao
alcance dos objetivos do Parque e sua gestão ambiental integrada e compartilhada entre
instituições governamentais e representantes das comunidades locais e demais organizações
sociais interessadas em sua gestão.
A Foto II.7.1 mostra, em foto tirada desde o Pico da Ibituruna, a situação em 1 de novembro de
2010 da vegetação do Parque e de seu entorno, destacando-se a continuidade da mesma e suas
conectividades. A estrada mostrada na figura representa os limites do Parque, situando este entre
a estrada e o Rio Doce.
FOTO II.7.1 - Foto panorâmica do Parque mostrando a situação da vegetação natural e sua
conectividade com áreas circunvizinhas. Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.193
De acordo com a Figura II.7.1 e Foto II.7.1 pode-se observar as manchas de vegetação natural
identificadas com potencial de manutenção das espécies e conectividade entre elas podem
representar possibilidades efetivas para a conservação da biodiversidade local, mas dependerá de
diversos fatores, relacionados com o próprio manejo do Parque e o uso do solo e dos recursos
naturais situados nas propriedades do entorno. A mancha maior, posicionada na figura à direita e
abaixo, representa parte da vegetação situada na área do Monumento Natural e Área de Proteção
Ambiental do Pico da Ibituruna, sendo esta a maior e mais expressiva mancha de vegetação
natural de toda a região a oeste da cidade de Governador Valadares, considerando este município.
A Figura II.7.2 mostra a localização dos bairros e condomínios situados no entorno do Parque e
que são merecedores de atenção no desenvolvimento de ações que visem assegurar conectividade
entre a vegetação natural do mesmo e as demais manchas de vegetação natural, mais próximas.
A área do Parque encontra-se na figura situada entre os bairros São Tarcísio e Ilha dos Araújos, à
margem esquerda do Rio Doce e os seguintes bairros localizados à margem direita do mesmo Rio:
Parque das Aroeiras e Elvamar e os condomínios Vilage da Serra, Vila Parque do Ibituruna, Vila
Parque São João e Encostas do Sol.
Estas áreas urbanas podem ser objeto de desenvolvimento de ações que orientem o uso e
ocupação do solo nas propriedades de forma a se buscar sustentabilidade nos processos
produtivos, evitando danos ao Parque.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.194
FIGURA II.7.2 - Localização de bairros e condomínios na região de entorno do Parque .
Fonte: dados da Pesquisa: PMGV
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E-II.195
TABELA II.7.1 – Pontos amostrados na área do entorno e adjacências (Mapa 2).
PONTOS DEMARCADOS NO ENTORNO:
LONGITUDE LATITUDE
(1º) ponto 1 - Local próximo à entrada do Parque.
191242
7911602
(2º) ponto 2 - Encosta do Sol (Ponto no limite norte do parque, às margens
da estrada para Derribadinha)
191677
7911942
(3º) ponto 3 - Haras JP.
192185
7912735
(4º) ponto 4 - Chácara Santa Clara, Sítio Toca do coelho, Assembléia de
Deus.
193328
7913062
(5º) ponto 5 - Fazenda Bela Vista.
193830
7913351
(6º) ponto 6 - Bifurcação para 2ª estrada, acesso para o Pico da Ibituruna.
194244
7913429
(7º) ponto 7 - Plantação e pasto.
191242
7911602
(8º) ponto 8 - Início subida da estrada.
196211
7913205
(9º) ponto 9 - Curso D'água.
197062
7912742
(10º) ponto 10 – Fazenda com criação de gado.
197718
7912577
(11º) ponto 11 - Pontilhão do trem, Chácara Céu Azul, cruzamento estrada
com o trem (cruz de Santo André).
197938
7912596
(12º) ponto 12 - Haras Vargedo Mangalarga Machador.
198480
7912198
(13º) ponto 13 – Derribadinha.
198944
7912017
Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.196
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.197
De acordo com a Tabela II.7.1 acima foram identificados, ao longo da estrada de acesso à
Derribadinha, desde o Parque, seguindo em direção norte, algumas propriedades que devem
merecer atenção especial no programa de uso do entorno, com relação à busca de adequação dos
sistemas de produção às necessidades de uso sustentável, evitando degradação ao parque. São
elas: Encosta do Sol, Haras JP, Chácara Santa Clara, Sítio Toca do Coelho, Fazenda Bela Vista,
Haras Vargedo Mangalarga Machador, Derribadinha.
As propriedades citadas que já possuem algum tipo de técnica de produção sustentável podem
servir de apoio às atividades planejadas no programa de uso do entorno, auxiliando na difusão das
mesmas, assim como sendo beneficiadas como propriedades prioritárias para apoio ao
desenvolvimento de novas técnicas sustentáveis de produção agrícola.
De acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Governador Valadares, a área de Parque e seu
entorno fica classificada em seu zoneamento, uma Zona de Adensamento IV que correspondem às
regiões do Município que necessitam de controle de uso e ocupação do solo correspondente a sua
condição de localização em relevos acidentados, infra-estrutura restrita e áreas sujeitas à
influência do regime pluvial (Art. 16 da Minuta de Lei), sendo:

Tamanho mínimo do lote: 2.500,00 m²

Coeficiente de Aproveitamento: 0,3

Taxa de Impermeabilidade: 40%
O estudo de percepção socioambiental realizado para este plano de manejo identificou, como os
mais percebidos problemas ambientais no entorno do Parque, a poluição do ar (20,5% dos
entrevistados), desmatamento (16,0%), falta de tratamento de esgoto (18,0%), além de poluição
da água dos rios e córregos, lixo em lotes, ruas e áreas abandonadas.
Outros
temas
ambientais
percebidos
pela
população
do
entorno,
relevantes
para
o
desenvolvimento deste programa, são: derrubada de árvores, coleta de lenha, caça, garimpo,
extração de areia e coleta de plantas, segundo a mesma pesquisa. As ações a serem
desenvolvidas no entorno devem necessariamente buscar soluções para a mitigação de tais
práticas, visando a proteção do entorno do Parque.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.198
Para se desenvolver um modelo de gestão integrada de áreas protegidas com áreas naturais não
incluídas em unidades de conservação, são necessárias mais informações básicas para desenvolver
esquemas de uso sustentável de recursos. Identificação de recursos-chave, conhecimento de
escalas e esquemas de produção, e de parâmetros populacionais que determinam reprodução,
recrutamento e mortalidade (natural ou não) das espécies economicamente importantes, são
informações vitais para o processo de planejamento e implementação das áreas protegidas.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.199
II.8 - ESTUDO DE FRAGMENTAÇÃO E CONECTIVIDADE PARA O ENTORNO DO
PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALARES - MG
II.8.1 - INTRODUÇÃO
A degradação de áreas naturais é o principal fator de fragmentação da paisagem na atualidade.
Vastas paisagens, outrora cobertas por maciços contínuos de vegetação, vêm tomando novas
características e constituindo mosaicos diferenciados, onde a vegetação nativa é relegada à
condição de ilhas de diferentes tamanhos e formas (DE PAULA & RODRIGUES, 2002).
De acordo com Galindo-Leal e Câmara (2003) a Mata Atlântica é um dos 25 hotspots mundiais de
biodiversidade, com status de ameaçada e mais de 8.000 espécies endêmicas, sendo que menos
de 100.000 km2 (cerca de 8%) restam dessa floresta. Em algumas áreas de endemismo, tudo o
que restou foram imensos arquipélagos de fragmentos minúsculos e muito espaçados.
Para preservar é necessário conhecer e mensurar o que existe, onde existe e como existe.
Portanto, quantificar o que ainda existe, definir a sua localização espacial e sua forma são
condições básicas para qualquer politica que se deseje implantar (MARQUES, 2004). O conceito de
corredores ecológicos baseia-se no grau de conectividade entre as áreas naturais remanescentes,
sob diferentes categorias de proteção e manejo, através de estratégias de fortalecimento e
expansão do número de unidades de conservação, além da recuperação de ambientes
degradados.
A conectividade ecológica de uma unidade de conservação de proteção integral, na categoria
parque natural municipal, depende diretamente da manutenção das características mínimas dos
ambientes naturais, de modo a viabilizar condições para o trânsito dos indivíduos da espécie, ou
seja, presença de alimentos, abrigos, condições térmicas favoráveis, equilíbrio com predadores,
inexistência das barreiras físicas, entre outras.
A união de tecnologias de processamento e aquisição de dados beneficia o campo da Ecologia da
Paisagem, que apoiado pelos dados de sensoriamento remoto, obtém análises quantitativas e
espaciais de fragmentos de vegetação bem definidos. A utilização de programas como o
FRAGSTATS proporciona a quantificação da fragmentação da paisagem, revelando, por exemplo, a
extensão das áreas dos fragmentos e como esses se apresentam distribuídos espacialmente
(ANDRADE, 2005).
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.200
Neste contexto, o presente estudo pretende avaliar o nível de fragmentação existente nas
adjacências na área de implantação do Parque Natural Municipal de Governador Valadares através
de técnicas de sensoriamento remoto e a partir do uso de sistemas de informação geográfica
aliados a visitas de campo. Será considerada a área existente entre o Parque e o Monumento
Natural e Área de Profeteção Ambiental do Pico da Ibituruna, principal unidade de conservação
existente no entorno. Este estudo tem como principal finalidade apontar uma possível área para
formação de um corredor ecológico proporcionando uma extensão maior de vegetação natural
protegida e que estará em conectividade com as manchas de vegetação mais próximas, servindo
de repositório de espécies para a recolonização de habitats que possam ter apresentado extinções
locais.
II.8.2 - A FRAGMENTAÇÃO DE AMBIENTES E A FORMAÇÃO DE CORREDORES ECOLÓGICOS
A fragmentação da paisagem ocorre quando padrões naturais de heterogeneidade e conectividade
são modificados até o ponto em que os processos ecológicos normais são interrompidos e/ou
novos processos são inicializados (PEARSON, 1994).
A fragmentação da paisagem pode ser causada por processos naturais ou pela ação antrópica.
Esta última, geralmente, de maneira desordenada causando inúmeros problemas ao meio
ambiente.
A fragmentação por processos naturais pode ser causada por: flutuações climáticas, que podem
causar expansão ou retração de determinados tipos vegetais; heterogeneidade de solos como
certos tipos de vegetação restritos a tipos de solos; topografia, que podem formar ilhas de tipos
específicos de vegetação, em locais elevados; processos de sedimentação e hidrodinâmica em rios
e no mar e processos hidrogeológicos que produzem áreas temporariamente ou permanentemente
alagadas, onde ocorre um tipo particular de vegetação.
As causas antrópicas de destruição das florestas nativas estão diretamente relacionadas com a
fixação do homem e o avanço dos meios de produção. As principais causas de fragmentação da
paisagem no município de Governador Valadares, tanto quanto em todo território nacional, estão
ligadas ao extrativismo vegetal, ao crescimento das áreas destinadas à agropecuária, às
queimadas e ao processo de urbanização, que se intensificou na segunda metade do século XX.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.201
O Parque atuará para que os fluxos ecológicos mantenham-se inalterados, protegendo, na medida
do possível as manchas de vegetação natural (ou recuperadas) contíguas ao Parque, o que implica
em buscar se desenvolver projetos que integrem as propriedades rurais e urbanas vizinhas aos
programas de manejo do Parque, em especial o de uso do seu entorno.
Neste estudo é possível observar que as manchas de vegetação natural identificadas com potencial
de manutenção das espécies e conectividade entre elas podem representar as possibilidades
efetivas para a conservação da biodiversidade local, mas dependerá de diversos fatores,
relacionados com o próprio manejo do Parque e o uso do solo e dos recursos naturais situados nas
propriedades do entorno.
Os
fragmentos
de
vegetação
consideraram
todos
os
tipos
de
formação
florestal
fotossinteticamente ativas ou com porte arbóreo relevante para manutenção dos fluxos gênicos.
Sendo assim, no processo de classificação não foi possível destacar áreas totalmente integras
devido principalmente a grande disseminação das Aroeiras (Myracrodruon urundeuva), que pode
ser considerada uma espécie invasora que cumpre seu papel no fluxo gênico, principalmente no
que diz respeito a refúgios para fauna local.
Na busca de se assegurar maior proteção às unidades de conservação existentes, a política
ambiental brasileira vem adotando o conceito de corredor ecológico, sendo este um instrumento
de ordenamento da paisagem validado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação SNUC, que vem sendo utilizado pelo IBAMA e ICMBio para identificar possíveis áreas prioritárias
para cumprir o importante papel de manter a conexão ecológica entre as unidades de
conservação.
O Parque Natural Municipal de Governador Valadares, pode e deve servir como uma área de
amortecimento para as espécies provindas de regiões mais preservadas como o Monumento
Natural e Área de Proteção Permanente do Pico da Ibituruna, servindo como corredor ecológico
para estas espécies.
Os corredores ecológicos caracterizam-se por serem grandes áreas florestadas, em situação de
conservação suficiente para manter o fluxo de indivíduos da fauna silvestre e consequentemente o
fluxo gênico destas espécies entre as populações e subpopulações dos diferentes fragmentos
florestais aumentando a probabilidade de sua sobrevivência em longo prazo, e assegurando a
manutenção de processos ecológicos e evolutivos, na maioria dos casos estes corredores procuram
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.202
ligar unidades de conservação agindo inclusive na recuperação dos ambientes degradados que se
localizam dentro da matriz em que estas áreas se encontram (AYRES et al.; 2005).
Neste sentido, a região de Governador Valadares ainda conta com a presença do Pico da
Ibituruna, ponto culminante do município, com 1.123 metros, sendo um dos maiores de todo Vale
do Rio Doce. Considerada Área de Preservação Ambiental (APA) com 6.243 hectares, o pico
destaca-se como importante fonte de renda para o município devido ao turismo que atrai
praticantes de esportes radicais do mundo todo para a prática do vôo livre. O pico era formado por
6.000 hectares de Mata Atlântica. O uso intensivo para pecuária e as queimadas propiciaram uma
redução de 60% da mata original nos últimos trinta anos (MMA, 2009). De acordo com a
assessoria de Comunicação do Sistema Estadual de Meio Ambiente (SISEMA), o IEF assumiu a
gestão desde a Lei Complementar 18.024/2009, que elevou o Pico de Área de Preservação
Ambiental para a categoria de Proteção Integral, tendo como objetivo básico preservar a natureza,
sendo admitido apenas o uso indireto dos recursos naturais.
Em verdade, o advento da Lei Estadual 18.024/2009, que elencou as áreas de proteção especial (o
Ibituruna é uma delas) entre as Unidades de Conservação do Estado de Minas Gerais, não
introduziu grande modificação na proteção jurídica conferida ao Pico. Com efeito, o Pico da
Ibituruna já é um monumento natural do Estado (uma modalidade de Unidade de Conservação de
proteção integral), instituído pela Constituição Estadual. O Pico ainda é uma área de proteção
ambiental municipal (outra modalidade de Unidade de Conservação, de uso sustentável), instituída
por Lei Municipal. Para efeitos de utilização no presente estudo o mesmo será considerado como
Monumento Natural, delimitado conforme mapeamento disponibilizado on line pelo Instituto
Estadual de Florestas – IEF/ MG.
A conservação da biodiversidade requer não somente a preservação em nível de espécies, mas
também a diversidade genética contida em diferentes populações, sendo necessário se proteger
múltiplas populações de uma mesma espécie (descritas na ecologia como metapopulações). Tais
populações isoladas de uma mesma espécie podem sempre recolonizar áreas onde houve extinção
local, mas se faz necessário a manutenção de corredores ecológicos que viabilizem conectividade
entre estas populações isoladas.
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E-II.203
Segundo Cerqueira et al. (2005, In: RAMBALDI E OLIVEIRA, 2005) o termo habitat refere-se ao
conjunto dos fatores abióticos, isto é, os fatores físicos e químicos do ambiente, de um dado local.
Habitats são, portanto, as partes do mosaico do ambiente no espaço geográfico.
As espécies animais e vegetais buscam se estabelecerem nos habitats que são mais favoráveis à
sua sobrevivência, como, por exemplo, onde há mais recursos alimentar, mais nutrientes, mais
proteção, menos predadores, entre outros fatores. Estes fatores variam bastante de um habitat
para o outro. Por isto se faz necessário para a proteção ambiental e conservação das espécies e
da biodiversidade assegurar a maior diversidade possível de habitats. No caso da fauna, havendo
movimentação das espécies de um habitat para outro (ou outros), cada espécie encontra-se em
algum momento em habitat mais favorável ou menos favorável (Vide Figura II.8.1), e a chance de
sobrevivência da espécie será uma função do tempo de permanência da mesma em cada
ambiente mais favorável (CERQUEIRA et al, 2005).
FIGURA II.8.4 - Exemplo de mosaico de manchas de vegetação, sendo umas favoráveis (bom) e outras
desfavoráveis (ruim) para a permanência e sobrevivência das espécies.
Fonte: Com base em Cerqueira et al. (2005)
Todos os habitat (por exemplo, uma mancha de floresta) no Parque podem ser naturalmente
favoráveis ou desfavoráveis para uma espécie. Quando é desfavorável acontece com mais
frequência extinções locais, podendo ocorrer também mesmo em habitats favoráveis. Quando isto
ocorre, populações da mesma espécie situadas em habitats vizinhos podem recolonizar o habitat
da extinção, aumentando as chances de sobrevivência da espécie. Por isto se torna tão importante
conservar, ao máximo, manchas florestais e ambientes naturais vizinhos a cada unidade de
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E-II.204
conservação criada, buscando ampliar a área necessária para assegurar a sobrevivência das
espécies encontradas no Parque.
O Parque atuará como no caso b da Figura II.8.2, ao manter uma extensão maior de vegetação
natural protegida e que estará em conectividade com as manchas de vegetação mais próximas,
servindo de repositório de espécies para a recolonização de habitats que apresentaram extinções
locais. Para que estes fluxos ecológicos aconteçam, faz-se necessário se proteger, na medida do
possível as manchas de vegetação natural (ou recuperadas) contíguas ao Parque, o que implica
em buscar se desenvolver projetos que integrem as propriedades rurais e urbanas vizinhas aos
programas de manejo do Parque, em especial o de uso do entorno do Parque.
FIGURA II.8.5 - Modelos de metapopulações, sendo a o modelo clássico com manchas similares de
vegetação e b modelo fonte – ralo, como verificado no Parque
Fonte: Com base em Cerqueira et al. (2005)
Para se desenvolver um modelo de gestão integrada de áreas protegidas com áreas naturais não
incluídas em unidades de conservação, são necessárias mais informações básicas para desenvolver
esquemas de uso sustentável de recursos. Identificação de recursos-chave, conhecimento de
escalas e esquemas de produção, e de parâmetros populacionais que determinam reprodução,
recrutamento e mortalidade (natural ou não) das espécies economicamente importantes, são
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E-II.205
informações vitais para o processo de planejamento e implantação das áreas protegidas. Além do
mais, a definição de níveis máximos toleráveis de produção, e a avaliação de seu impacto
ambiental devem ser estabelecidas como prática comum disseminada em todos os âmbitos, já
que, atualmente, na prática, constituem exceção, e não regra.
Em adição à perda de habitat, outras ameaças contribuem para a degradação da floresta,
incluindo a retirada de lenha, exploração ilegal de madeira, caça, extrativismo vegetal e invasão
por espécies exóticas, apesar de existir uma legislação para a proteção dessa floresta. Atualmente
mais de 530 plantas e animais que ocorrem no bioma estão oficialmente ameaçados, alguns ao
nível do bioma, alguns nacionalmente e outros globalmente. Muitas dessas espécies não são
encontradas em áreas protegidas, o que indica a necessidade de se racionalizar e expandir o atual
sistema de unidades de conservação (GALINDO-LEAL & CÂMARA, 2003).
Embora as iniciativas de conservação tenham crescido em número e escala durante as últimas
duas décadas, elas são ainda insuficientes para garantir a conservação da biodiversidade da Mata
Atlântica. Para se evitar mais desmatamentos e perda massiva de espécies na Mata Atlântica
brasileira, o desafio consiste na integração dos diversos instrumentos regulatórios, políticas
públicas e novas oportunidades e mecanismos de incentivo para a proteção e restauração florestal,
além dos vários projetos e programas independentes desenvolvidos pelos governos e organizações
não governamentais, em uma única e abrangente estratégia para o estabelecimento de redes de
paisagens sustentáveis ao longo da região.
A floresta já perdeu mais de 93% de sua área (MYERS et al., 2000) e menos de 100.000 km² de
vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos
de 5% de sua floresta original e Minas Gerais menos de 10,33 % (GALINDO-LEAL & CÂMARA,
2003). Entre 1989 e 2000, 10% da cobertura florestal remanescente foram perdidas, apesar de
investimentos consideráveis em vigilância e proteção.
De acordo com Gascon et al., (2000) uma estratégia integrada para a implementação de uma rede
de paisagens sustentáveis ao longo da Mata Atlântica brasileira deveria seguir cinco linhas gerais.
Primeiro, as ações de conservação devem ser planejadas com base em fronteiras naturais (áreas
prioritárias para conservação ou corredores de biodiversidade), ao invés de limites políticos
(municípios ou estados). Segundo, ampla colaboração entre agências governamentais e outras
parcerias é vital para o desenho e implementação de paisagens sustentáveis. Terceiro, grandes
corredores de conservação deveriam estar ancorados em um amplo sistema de áreas protegidas.
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E-II.206
Em quarto lugar, a restauração de florestas de galeria é fundamental para o estabelecimento de
conectividade entre fragmentos florestais, como forma de garantir que recursos hídricos críticos
sejam mantidos na região. Finalmente, a implementação de redes de paisagens sustentáveis
deveria ser monitorada utilizando-se os melhores indicadores de desempenho disponíveis,
referentes a aspectos biológicos, sociais e econômicos, para garantir que estes recursos sejam
utilizados de forma efetiva.
O manejo integrado dos corredores ecológicos visa facilitar o fluxo de indivíduos e genes entre
populações e subpopulações, aumentando a probabilidade de sua sobrevivência em longo prazo e
assegurando a manutenção de processos ecológicos e evolutivos em larga escala.
Os corredores ecológicos considerados neste estudo foram conceituados como as extensões de
ecossistemas florestais biologicamente prioritários na Mata Atlântica, delimitados em grande parte
por conjuntos de unidades de conservação (existentes ou propostas) e pelas comunidades
ecológicas que contém.
De acordo com a Lei Federal nº 9965/2000 em seu item XIX:
...corredores ecológicos são porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando
unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da
biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como
a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão
maior do que aquela das unidades individuais.
Portanto o conceito de corredores ecológicos contempla a conectividade e dispersão de espécies,
assim como manutenção de fluxos gênicos, fundamental para a conservação de longo prazo das
espécies.
O conceito de corredores ecológicos permite ainda o incremento do grau de conectividade entre as
áreas naturais remanescentes, sob diferentes categorias de proteção e manejo, através de
estratégias de fortalecimento e expansão do número de unidades de conservação, incluindo-se
aqui as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), além da recuperação de ambientes
degradados.
Segundo Ayres (2005, p.55), a coexistência de assentamentos humanos na área de influência de
unidades de conservação submetidas a vários regimes de proteção e de uso sustentável de
recursos naturais. Sob este ponto de vista, áreas protegidas são encaradas também como
elementos essenciais de uma estratégia mais ampla de desenvolvimento humano regional. Este
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E-II.207
procedimento considera e incorpora, dentro dos custos de proteção, as necessidades das
comunidades locais, facilitando os investimentos nesta atividade, e relacionando-os aos benefícios
sociais e econômicos resultantes do uso sustentável dos recursos naturais do local.
Numa primeira etapa para avaliação das áreas mais adequadas para assegurar a conectividade
com o Parque foram utilizados os mapas disponíveis e/ou elaborados sobre a distribuição dos
elementos que se pretende conservar no contexto da gestão ambiental integrada do mesmo e seu
entorno. Assim, esta primeira abordagem espacial foi baseada em critérios eminentemente
biológicos e ecológicos.
Os corredores ecológicos a serem definidos para assegurar a conectividade entre as manchas de
vegetação natural existentes no Parque e seu entorno são apresentados a seguir. Numa primeira
etapa foram utilizados os mapas disponíveis sobre a distribuição dos critérios utilizados estiveram,
portanto, de acordo com os conhecimentos científicos compilados e disponíveis até o momento.
Tais critérios adotados, com base em Ayres et al. (2005) foram:
a) Riqueza de espécies, incluindo número absoluto, bem como percentagem total desta
dentro da riqueza da biota regional conservada no corredor.
b) Diversidade de comunidades e ecossistemas, incluindo número de comunidades
distintas e percentagem das comunidades típicas da região.
c) Grau de conectividade, ou integralidade das ligações existentes entre comunidades
terrestres e aquáticas ao longo do corredor em potencial.
d) Integridade, ou tamanho mínimo dos blocos de paisagem natural, para definir a
capacidade de suporte de populações de espécies raras e ameaçadas.
As pesquisas desenvolvidas para a elaboração do Plano de Manejo do Parque se estenderam além
dos limites deste, alcançando seu entorno imediato, de modo a se ter melhor conhecimento sobre
a diversidade biológica da região, abundância e representatividade das espécies, endemismo,
graus de ameaças, identificação das grandes extensões de terras com cobertura florestal
remanescentes, e possuidoras de populações naturais suficientemente grandes para garantir sua
viabilidade ecológica, entre outros critérios científicos.
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E-II.208
Esta abordagem considera de uma forma integrada, critérios fundamentais que estão ausentes (ou
pouco representados) nos projetos que levaram ao estabelecimento da atual rede de áreas
protegidas brasileiras:
a) Importância biológica, representando o montante de diversidade biológica a ser
conservada no sistema de unidades de conservação.
b) Uso sustentável de recursos e participação de atores, atendendo às necessidades
da geração atual, sem comprometer as necessidades das gerações futuras, e criando
uma mentalidade pública neste sentido.
c) Representatividade, relacionado ao montante das diferentes regiões biológicas
atualmente representadas no sistema brasileiro de áreas protegidas.
d) Grau de conectividade, indicativo das reais possibilidades de manutenção dos
processos ecológicos e evolutivos, permitindo fluxos gênicos em diferentes graus.
Os princípios norteadores descritos abaixo formam a base conceitual para a ação para implantação
do plano de manejo do Parque e deverão ser aplicados dentro deste e/ou em suas áreas de
influência (ou entorno) de acordo com as necessidades locais:
a) Participação de atores sociais, já que a maior parte dos problemas relacionados ao
sistema de unidades de conservação provém do seu exterior ou arredores, este deveria
ser considerado como um dos mais importantes objetivos do projeto. Este é também o
item mais complexo. Inclui a participação de todos os atores sociais relacionados com o
Parque, dando ênfase às comunidades locais que são os usuários diretos e imediatos
dos recursos naturais.
b) Provimento de fiscalização e monitoramento adequados. Considerando a carência
de recursos financeiros comum nos sistemas de gestão dos Parques e reservas no Brasil,
estrategicamente as instituições responsáveis por estas unidades vêm buscando o
envolvimento das comunidades locais e parcerias com o setor privado e com
organizações não-governamentais para a execução de ações relativas à implantação e
manutenção de infra-estrutura e dos programas incluídos no plano de manejo, tais como
vigilância, fiscalização, recuperação ambiental, educação ambiental, pesquisa e
monitoramento, entre outros.
A solução para este importante problema é aumentar a participação dos atores
envolvidos no processo. Os mais importantes agentes para esse trabalho originam-se
das comunidades locais que lidam diretamente com o uso dos recursos. Treinar o
pessoal local tem provado em muitas áreas ser muito positivo na proteção dos recursos.
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E-II.209
Em complementação a isso, infra-estrutura logística de apoio, com rádios de ondascurtas, lanchas, veículos e postos de vigilância, serão necessários para a implementação
das práticas de zoneamento e manejo, e possibilitando a integração das diferentes
agências gestoras das distintas unidades de conservação existentes em cada corredor
agindo articuladamente no controle e fiscalização da área. (AYRES et al., 2005).
C) Estímulo à pesquisa aplicada. A maioria das unidades de conservação carece de
estudos básicos necessários ao seu manejo. Sempre que um projeto de conservação
considera as interações com a população local que subsiste dos recursos naturais das
unidades de conservação, o manejo é uma tarefa complexa. Este é o caso da maior
parte das populações amazônicas que vivem diretamente da exploração dos recursos
naturais. Muito pouco se sabe até hoje sobre os ciclos biológicos e reprodutivos da
maioria desses recursos naturais e do próprio bioma como um todo. Por isso, é vital
para o sucesso de qualquer projeto de manejo que a pesquisa aplicada seja estimulada
nos corredores, comparando-se áreas de uso humano com aqueles ambientes ainda
intocados. A pesquisa pura, por outro lado, deve ser permitida e estimulada nas
unidades de conservação, mas não necessariamente financiadas por este projeto.
d) Provimento de zoneamento e manejo adequados. O planejamento estratégico dos
corredores representará uma estratégia geral para facilitar o fluxo de genes entre áreas
protegidas e áreas de uso sustentável. Isto irá envolver uma análise cuidadosa das
ações que já estão sendo tomadas em cada região e as que podem ser aplicadas para
melhorar o sistema. Esta ação deverá obrigatoriamente atingir os municípios, OEMAs,
governos dos estados, a iniciativa privada, planejadores etc. A reunião destes atores em
câmaras ou instâncias consultivas e deliberativas poderá propiciar a integração
necessária para a realização de gestão do uso do solo e dos recursos, inclusive em áreas
fora das unidades de conservação (dentro da sua zona-tampão e da sua zona de
influência).
e) Investimento em capacitação de pessoal. O componente de treinamento deste
projeto visa melhor capacitar não somente o pessoal de instituições públicas, mas
também o das comunidades locais envolvidas no processo de manejo dos recursos
naturais. Esta capacitação envolve vários níveis profissionais em várias atividades
diferentes, e conta com a possibilidade de intercâmbio de experiências entre pessoas
e/ou instituições atuando dentro ou fora das unidades de conservação do corredor, e
mesmo experiências de outros países em implementação de corredores ou outras
medidas eco-regionais de conservação da biodiversidade.
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E-II.210
f) Estímulo a acordos institucionais e parcerias apropriadas. A atração e o
envolvimento de muitos atores sociais (não somente as populações tradicionais e locais)
para o estabelecimento e manejo dos corredores é de vital importância para o sucesso
da conservação do Parque. Existem vários níveis de acordos institucionais possíveis, de
onde podem decorrer ações de cooperação e mesmo de financiamento de algumas
atividades. A maior parte das atividades sugeridas mais a frente não podem ser
realizadas por nenhuma organização sozinha, seja ela governamental ou nãogovernamental. Deve-se neste sentido buscar identificar o melhor arranjo institucional
possível o qual assegure ações integradas que otimizem recursos materiais, financeiros e
humanos,
reduzindo
desperdícios
e
superposições
resultantes
de
operações
desarticuladas e não planejadas.
g) Construção de uma estrutura de gerenciamento participativo e colaborativo.
Esta estrutura deve estar prevista no plano de manejo como sendo um comitê gestor
(ou conselho consultivo) do Parque, com definições, atribuições e composição
especificadas e oficializadas em ato administrativo da instituição pública responsável.
h) Desenvolvimento de um plano de sustentabilidade em longo prazo. Muitas ações
de conservação financiadas por agências governamentais e empresas privadas (ou
públicas) são abruptamente paralisadas por diversos motivos e em especial resultantes
de descontinuidade administrativa, nos diversos níveis de governo. Deveriam ser
buscados mecanismos que pudessem proporcionar a manutenção do Parque e dos
corredores para conectividade ao final da cooperação com a empresa VALE.
i) Realização de marketing e disseminação. Este é um tópico extremamente importante
que deve ser levado em consideração, porque irá estimular o comprometimento público
para com estas áreas, como uma forma importante de garantir sua sustentabilidade a
longo prazo. Programas de televisão exibidos em rede local e estadual são
surpreendentemente importantes para obter apoio local para as unidades. Jornais e
matérias em revistas, programas de rádio e televisão, livros e panfletos, exposições e
outros eventos podem ser importantes na formação da opinião pública sobre a
importância do Parque, sua biodiversidade, e sobre o programa dos corredores
ecológicos de seu entorno, destacando o envolvimento das comunidades locais e as
perspectivas de geração de emprego e renda a partir da gestão ambiental integrada do
Parque (AYRES, 2005).
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E-II.211
j) Estímulo ao reconhecimento de Reservas Particulares do Patrimônio Natural –
RPPNs que são oficialmente admitidas como parte complementar do Sistema Nacional
de Unidades de Conservação com atual vigência. Estas reservas são oficialmente
reconhecidas pelo governo federal por solicitação de seu proprietário. O estabelecimento
de reservas pode ser baseado em sua importância para a proteção da biodiversidade,
valores paisagísticos e outros fatores ambientais, que necessitem proteção ou
restauração para preservar ecossistemas frágeis ou ameaçados.
O processo de criação de um Parque requer aprovação técnica do órgão ambiental competente.
Este processo deve documentar as condições ambientais da área, tais como: tipo de ambiente,
diversidade da fauna, geomorfologia, hidrologia, conservação de áreas sob pressão humana,
existência de monumentos naturais, valores históricos ou culturais, sua localização e situação etc.
Após o estabelecimento, são necessárias inspeções anuais ao local. (AYRES, 2005).
As atividades econômicas permitidas nestas reservas são limitadas ao ecoturismo, atividades
educacionais, culturais ou projetos recreativos que não comprometam a conservação da
biodiversidade. Mesmo com essas limitações existem oportunidades para investimentos rentáveis
nestas unidades.
Com relação à importância da participação de atores sociais na gestão de Parques e reservas
incluindo seu entorno existem diversas experiências brasileiras e internacionais que valorizam tais
iniciativas. A participação da sociedade na gestão de Parques tem variado amplamente, de acordo
com a categoria de manejo, das redes sociais existentes, do grau de interesse e participação, da
capacidade da instituição responsável pelo Parque em agregar os atores sociais, entre outros
fatores.
A inclusão das comunidades locais na gestão do Parque mostra-se como condição necessária ao
alcance dos objetivos do Parque e sua gestão ambiental integrada e compartilhada entre
instituições governamentais e representantes das comunidades locais e demais organizações
sociais interessadas em sua gestão.
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E-II.212
II.8.3 - PREMISSAS E DISPOSITIVOS LEGAIS
A criação de Unidades de Conservação (UC) tem sido uma das principais formas de conservação
da natureza no Brasil. São criadas pelo Poder Público com o objetivo de preservar o que de melhor
existe em estado natural, de modo a compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com a
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico. Representam o espaço territorial e
seus recursos ambientais, com características naturais relevantes, legalmente instituídas, aos quais
se aplicam garantias adequadas de proteção (IBAMA, 2002).
Em 2000, a definição para Unidade de Conservação foi consolidada na Lei Federal nº 9.985/2000,
que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC. Essa Lei divide
as UCs em dois grupos: Proteção Integral e Uso Sustentável. Cada grupo se subdivide em
categorias com objetivos específicos.
A criação de uma unidade conforme o SNUC deve ser precedido de estudos técnicos que
justifiquem a importância à localização e a delimitação da área detalhando-se com a realização de
levantamentos bióticos e abióticos e também a realização de consulta pública para manifestação e
permissão quanto à criação da unidade (LIMA e GUALDANI, 2008).
A Lei do SNUC, como é conhecida, define Unidade de Conservação como:
Espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo Poder Público,
com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, aos quais se aplicam garantias adequadas de proteção.
O SNUC é constituído pelo conjunto das UCs federais, estaduais e municipais e tem os seguintes
objetivos:
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos
noterritório nacional e nas águas jurisdicionais;
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas
naturais;
IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no
processo de desenvolvimento;
VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,
espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
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E-II.213
X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos
e monitoramento ambiental;
XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a
recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações
tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e
promovendo-as social e economicamente.
O SNUC é gerido pelos seguintes órgãos:
 Órgão consultivo e deliberativo: o CONAMA, com as atribuições de acompanhar a
implementação do Sistema;
 Órgão central: o MMA, com a finalidade de coordenar o Sistema;
 Órgãos executores: o ICMBio e o IBAMA, em caráter supletivo, os órgãos e municipais,
com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar
as UCs federais, estaduais e municipais, nas respectivas esferas de atuação.
O Instituto Chico Mendes (ICMBio) foi criado pela Medida Provisória nº 366, de 26 de abril de
2007, que foi convertida na Lei Federal nº 11.516, de 28 de agosto de 2007. É uma autarquia
federal dotada de personalidade jurídica de direito público, vinculada ao MMA, que tem por
finalidade:
I - executar ações da política nacional de unidades de conservação da natureza,
referentes às atribuições federais relativas à proposição, implantação, gestão,
proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação instituídas
pela União;
II - executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais
renováveis, apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de
conservação de uso sustentável instituídas pela União;
III - fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e
conservação da biodiversidade; e
IV - exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de
conservação instituídas pela União.(Artigo 1º)
Toda a regulamentação e aplicação de legislação relacionada às UCs, no Brasil, estão sujeitas ao
novo ICMBio. As UCs integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características
específicas: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. O objetivo básico das
Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos
seus recursos naturais, e das de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com
o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.
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E-II.214
Para facilitar a criação dos corredores ecológicos contamos com o estabelecimento de zonas de
amortecimento. Estas são áreas previstas na Lei federal 9.985/2000, onde as atividades humanas
estão sujeitas a normas e restrições específicas, com a finalidade de minimizar possíveis impactos
e danos às unidades de conservação. A área de entorno é protegida contra atividades antrópicas
que possam significar ameaças á integridade dos recursos ambientais inseridos no Parque, tais
como o uso indiscriminado de agrotóxicos, criação de espécies animais e vegetais exóticas e,
principalmente, da instalação de empreendimentos altamente impactantes, como rodovias,
barragens, aquedutos, oleodutos e linhas de transmissão.
O artigo 25 da Lei do SNUC dispõe que todas as Unidades, exceto Área de Proteção Ambiental e
Reserva Particular do Patrimônio Natural, deverão possuir uma zona de amortecimento e, quando
conveniente, corredores ecológicos. Os limites da zona de amortecimento e dos corredores
ecológicos poderão ser definidos no ato de criação da Unidade ou posteriormente. O órgão
responsável pela administração da unidade de conservação também poderá estabelecer normas
específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos
corredores ecológicos.
O artigo 27 da Lei Federal n° 9.985/00 estabelece que as UCs devem dispor de Plano de Manejo,
que contemple a área da Unidade, a zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo
medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades
vizinhas. Nesse sentido, o Decreto Federal nº 99.274, de 06 de junho de 1990, que regulamenta a
Lei Federal nº 6.902/81 e a Lei Federal nº 6.938/81, e que dispõem sobre a criação de Estações
Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, determina
o seguinte:
Considerando a necessidade de estabelecerem-se normas referentes ao entorno das UCs e visando
a proteção dos ecossistemas existentes, o CONAMA, por meio da Resolução CONAMA nº13, de 06
de dezembro de 1990, previu:
Art. 2º - Nas áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez
quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota, deverá ser
obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental competente.
Parágrafo Único - O licenciamento a que se refere o caput deste artigo só será
concedidomediante autorização do responsável pela administração da Unidade de
Conservação.
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Em 17 de dezembro de 2010, O CONAMA alterou a delimitação da área de entorno de UC para
efeito de licenciamento ambiental, com a Resolução nº 428, publicada no Diário Oficial da União
(DOU) em 20/12/2010, tendo revogado a Resolução CONAMA 13/90, passando a definir o
seguinte:
Art. 1o O licenciamento de empreendimentos de significativo impacto ambiental
que possam afetar Unidade de Conservação (UC) específica ou sua zona de
amortecimento (ZA), assim considerado pelo órgão ambiental licenciador, com
fundamento em Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/RIMA), só poderá ser concedido após autorização do órgão
responsável pela administração da UC ou, no caso das Reservas Particulares de
Patrimônio Natural (RPPN), peloórgão responsável pela sua criação.
§ 1o Para efeitos desta Resolução, entende-se por órgão responsável pela
administração da UC, os órgãos executores do Sistema Nacional de Unidade de
Conservação-SNUC, conforme definido no inciso III, art. 6o da Lei no 9.985, de 18
de julho de 2000.
§ 2o Durante o prazo de 5 anos, contados a partir da publicação desta Resolução,
o licenciamento de empreendimentos de significativo impacto ambiental,
localizados numa faixa de 3 mil metros a partir do limite da UC, cuja ZA não esteja
estabelecida, sujeitar-se-á ao procedimento previsto no caput, com exceção de
RPPNs, Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e Áreas Urbanas Consolidadas.
Art. 8o Ficam revogadas as Resoluções Conama nos 10, de 14 de dezembro de
1988, 11, de 3 de dezembro de 1987, 12, de 14 de dezembro de 1988, 13, de 6 de
dezembro de 1990; bem como o
inciso II, do art. 2o e § 1o do art. 4o da Resolução Conama no 347, de 10 de
setembro de 2004, e o parágrafo único do art. 3o da Resolução Conama no 378,
de 19 de outubro de 2006.
A Portaria do MMA n° 09, de 23 de janeiro de 2007, reconhece as Áreas Prioritárias para a
Conservação, Utilização Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira ou
Áreas Prioritárias para a Biodiversidade para efeito da formulação e implementação de políticas
públicas, programas, projetos e atividades sob a responsabilidade do Governo Federal.
As ações referentes às Áreas Prioritárias para Conservação consistem em:
I - conservação in situ da biodiversidade;
II - utilização sustentável de componentes da biodiversidade;
III - repartição de benefícios derivados do acesso a recursos genéticos e ao
conhecimento tradicional associado;
IV - pesquisa e inventários sobre a biodiversidade;
V - recuperação de áreas degradadas e de espécies sobreexploradas ou
ameaçadas deextinção; e
VI - valorização econômica da biodiversidade.
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A lista de áreas prioritárias deve ser revista periodicamente, em prazo não superior a 05 (cinco)
anos, à luz do avanço do conhecimento e das condições ambientais, pela Comissão Nacional de
Biodiversidade (CONABIO), mediante Portaria do Ministro de Estado do Meio Ambiente.
As ações anteriormente transcritas devem ser implementadas considerando-se as seguintes
classes de importância biológica e de priorização de ação:
I - Classes de Importância Biológica:
a) extremamente alta;
b) muito alta;
c) alta; e
d) insuficientemente conhecida.
II - Classes de Prioridade de Ação:
a) extremamente alta;
b) muito alta; e
c) alta
Conforme artigo 3º da Portaria MMA nº09/07, o MMA é responsável pela criação e gestão de
banco de dados virtual e integrado sobre a biodiversidade brasileira, incorporando as bases de
dados utilizadas no processo de atualização de áreas prioritárias, bem como pela alimentação
contínua do mapa de importância biológica e inclusão de novas informações sobre biodiversidade.
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E-II.217
II.8.4 - SÍNTESE CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA
Projetos ambientais consistem em atividades programadas, que envolvem recursos humanos,
técnicos e logísticos, que têm como finalidade realizar metas ambientais e os efeitos e
manifestações naturais a elas vinculados. Estes projetos são destinados à manutenção da
qualidade ambiental de ecossistemas afetados por atividades transformadoras e podem apresentar
cinco naturezas distintas: projetos de monitoramento ambiental, de controle ambiental, de manejo
ambiental, de uso múltiplo e especiais.
Para conservação de uma espécie, algumas informações básicas devem ser levadas em
consideração, e podem ser obtidas a partir de três fontes principais: por meio da literatura
publicada, como índices bibliográficos e boletins eletrônicos; literatura não publicada, em relatórios
de agências governamentais e organizações de conservação e pelo trabalho de campo.
As informações a respeito da história natural de uma espécie permitem identificar os fatores que
podem colocar as espécies em risco. Para que se possa planejar e implementar esforços eficazes
de conservação, algumas perguntas precisam ser respondidas: quais os tipos de ambientes nos
quais estas espécies são encontradas, o tamanho necessário desta área para tornar uma
população viável e a distribuição desta espécie, assim como conhecer as interações bióticas,
morfologia, fisiologia e comportamento das espécies.
Como já apresentado no início deste capitulo, a Mata Atlântica brasileira, principalmente na Região
Sudeste do Brasil, área de maior desenvolvimento econômico do país, é formada hoje por
fragmentos florestais isolados de diversos tamanhos e em diferentes estágios de sucessão
secundária (PAGLIA et al., 1995). Sua área original cobria cem milhões de hectares. Hoje, em
virtude da densa população e industrialização, resta somente cerca de 8% dessas florestas.
Diversos pontos desse bioma são atualmente apontados como sendo hotspots de biodiversidade,
locais onde se concentra uma alta diversidade de espécies associada a uma grande ocorrência de
endemismos – parâmetros indicadores de prioridade para a conservação e a preservação
(KAGEYAMA & GANDARA, 2009).
Atualmente, o Brasil ocupa a primeira colocação na relação de países com maior riqueza de
espécies de anfíbios (875), e a segunda colocação a respeito dos répteis (721) (SBH, 2010). Mais
de 405 espécies de anuros foram registradas em ambiente de Mata Atlântica (FROST, 2007:
AMPHIBIAWEB, 2007). Dentre as espécies de anuros que ocorrem nesse bioma, 81% são
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E-II.218
endêmicas (327) e 40% (161) têm modo reprodutivo especializado dependente desse ambiente
florestal (HADDAD; PRADO, 2005). Em relação aos répteis, estão registradas aproximadamente
197 espécies, incluindo os quelônios marinhos (CARMONA, 2007).
O Estado de Minas Gerais pode ser considerado um dos mais privilegiados na composição de seus
recursos naturais, pois tem áreas cobertas pelos biomas da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga.
Essa heterogeneidade se expressa em uma grande variedade de ambientes com diferentes
formações vegetais, rochosas e sistemas hídricos. Tais características favorecem a ocorrência de
uma alta diversidade de anfíbios e répteis, muitos dos quais extremamente especializados em
relação aos ambientes onde ocorrem, resultando também em um grande número de espécies
endêmicas (DRUMMOND et al., 2005).
A área de estudo onde o Parque será implantado possui cerca 40 hectares (402. 916,66 m²) e está
localizada no perímetro urbano do município de Governador Valadares, no interior de Minas Gerais.
Localiza-se na região leste do Estado, pertence à mesorregião do Vale do Rio Doce, está
totalmente inserida no Domínio da Mata Atlântica e era originalmente coberta pela Floresta
Estacional Semidecidual.
Sua exploração intensa desde meados da década de 30 resultou no que hoje pode ser observado,
assim como, o Pico da Ibituruna, apenas pequenos fragmentos de mata bem preservada, com
representantes de espécies nativas. No entanto, a maior parte dos fragmentos encontra-se em
estágios de sucessão secundários. Como já citado no Estudo de Fauna. O município atualmente
apresenta apenas cerca 6,47% da sua cobertura vegetal original (IBGE, 2005).
O declínio de populações da herpetofauna tem sido observado em diversas regiões do mundo, e as
maiores ameaças a sua diversidade se concentra nos biomas Mata Atlântica e Cerrado, resultado
principalmente de perda e degradação de hábitat (PAGLIA et al., 2010). Outras causas também
são apontadas, como a poluição das águas, a contaminação por pesticidas, as mudanças
climáticas, as espécies invasoras, a radiação ultravioleta e o comércio ilegal de animais silvestres,
agindo sozinhas ou em sinergia (YOUNG et al., 2004; CARMONA, 2007). O desenvolvimento de
programas de conservação e uso sustentando de recursos biológicos, a única forma conhecida
para desacelerar a perda de biodiversidade global, exige uma ampliação urgente dos
conhecimentos nessa área. (KAGEYAMA & GANDARA, 2009).
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E-II.219
Inventariar a fauna e a flora de determinada porção de um ecossistema é o primeiro passo para
sua conservação e uso racional. Sem um conhecimento mínimo sobre quais organismos ocorrem
nesse local, e sobre quantas espécies podem ser encontradas nele, é virtualmente impossível
desenvolver qualquer projeto de conservação. Porém, devido à altíssima diversidade de plantas,
animais e microorganismos que podem ser encontrados em qualquer ambiente, por pequeno e
aparentemente simples que seja, é praticamente impossível determinar sua riqueza total. A única
opção factível nesse caso é inventariar alguns grupos taxonômicos e algumas características físicas
do ambiente, na tentativa de construir uma visão geral sobre toda a biota. O que se espera desses
organismos selecionados para o inventário é que sua diversidade em um determinado local reflita
a diversidade total, ou pelo menos de uma parte de seus componentes (SANTOS, 2009).
II.8.4.1 - Contextualização Regional
A área destinada ao Parque Natural Municipal de Governador Valadares está situada na porção
leste da cidade de Governador Valadares, centro leste do estado de Minas Gerais na Bacia
Hidrográfica do Rio Doce. A área propriamente dita encontra-se cercada por um lado pela malha
urbana e por outro pelo Pico da Ibituruna. Classificado como uma Área de Proteção Ambiental, a
área do pico possui 6.243 ha e atinge 1.123 m de altura.
Coberto inicialmente por áreas
florestadas nativas ao bioma Mata Atlântica, o pico sofreu um forte processo de supressão
vegetacional devido a exploração de madeira e posteriormente a atividade agropecuária, restando
hoje apenas cerca de 60% de sua cobertura inicial (MMA,2009).
Da mesma forma a área destinada à implantação do Parque sofreu as mesmas pressões do Pico
da Ibituruna, o que pode ser observado hoje na área é a existência de apenas alguns pequenos
remanescentes florestais em sucessão primária ou secundária, grandes áreas destinadas a
atividades agropecuária e intensa presença de vegetação exótica.
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E-II.220
II.8.4.2 - Mata Atlântica
Segundo a Conservação Internacional (2000) a Mata Atlântica (Figura II.8.3) é o bioma mais
ameaçado do Brasil, juntamente com o Cerrado, fazem parte da listagem mundial de hotspots. A
área original da Mata Atlântica apresentava 92% de sua distribuição em território brasileiro
(TABARELLI et al., 2005) da qual resta menos de 8% da cobertura original do bioma (FUNDAÇÃO
SOS MATA ATLÂNTICA & INPE, 2000). As numerosas espécies geograficamente dispersas na
região indicam que a Mata Atlântica passou por vários períodos de diferenciação biológica. Vários
fatores contribuíram para a evolução das espécies com distribuição restrita na Mata Atlântica,
como a formação de rios (SILVA E STRAUBE, 1996), mudanças paleoecológicas globais (HAFFER,
1987) e mudanças paleoecológicas regionais causadas por movimentos tectônicos (SILVA E
STRAUBE, 1996).
FIGURA II.8.3 - Limites estaduais e região aproximada de influência, inseridas no bioma Mata
Atlântica. Fonte: MMA, 2006
A fauna da Mata Atlântica faz parte do grupo que mais sofreu com o impacto da colonização
humana na América do Sul, onde se encontram táxons entre os mais ameaçados de extinção,
especialmente em função do desmatamento e perda de habitats. Aproximadamente 60% das 305
espécies da lista vermelha da IUCN para o Brasil estão hoje restritas aos cerca de 8% de florestas
remanescentes do bioma. (PAGLIA et al., 2004).
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E-II.221
II.8.5 - METODOLOGIA
A metodologia utilizada na elaboração deste trabalho foi dividida da seguinte forma:
a)
Processamento de imagens digitais;
b)
Estimativa de área para formação de corredor ecológico;
c)
Mapeamento dos Fragmentos de Vegetação;
d)
Cálculo das métricas pelo FRAGSTATS.
II.8.5.1 - Processamento de Imagens Digitais
O mapeamento dos fragmentos para área de estudo foi realizado a partir da foto-interpretação de
uma imagem de satélite Quickbird, com resolução espacial de 0,60 metros, datada do ano de 2000
e cedida pela prefeitura de Governador Valadares. Além destes, foram consultados disponibilizados
gratuitamente via web (Google Earth), para preencher as lacunas existentes devido a
interferências atmosféricas.
Fatores como sazonalidade e interferências atmosféricas na aquisição dos dados remotamente
adquiridos (presença de nuvens) podem interferir nas estimativas, entretanto o quadro aqui
apresentado aponta uma tendência que tem grande valor para o futuro estabelecimento de um
corredor ecológico e para o manejo e a gestão tanto do Parque, quanto para as suas áreas
adjacentes.
II.8.5.2 - Estimativa de Área para Formação de Corredor Ecológico
Para formação do corredor ecológico considerou-se uma área de aproximadamente 2.987,81
hectares, correspondente a área que vai da porção noroeste do Monumento Natural do Pico da
Ibituruna até a margem do Rio Doce.
Esta área foi delimitada em função da influência da
localização do Parque, sendo que as métricas de fragmentação representarão o contexto das duas
unidades de conservação com e sem a existência do corredor evidenciando assim a importância da
constituição do mesmo.
Desta forma serão formados dois cenários hipotéticos, sendo que, no primeiro cenário serão
quantificados os fragmentos supondo a supressão de todos os fragmentos existentes no entorno
das Unidades de Conservação e no segundo a quantificação será realizada com a presença dos
fragmentos da área proposta. Assim a partir da comparação entre os resultados será possível
mensurar a importância da mesma para o contexto biótico local.
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E-II.222
II.8.5.3 - Mapeamento dos Fragmentos de Vegetação no Parque
O mapa dos fragmentos de vegetação para o Parque foi confeccionado a partir da vetorização das
feições existente nas imagens, que ocorreu por um processo manual de interpretação. Para isso,
foram utilizadas técnicas de fotointerpretação analisando aspectos como: forma, cor, tonalidade,
textura e rugosidade dos alvos.
Torna-se necessário ressaltar que os dados vetorizados expressam apenas números aproximados
de área e não necessariamente configuram a situação real atual, devido principalmente a
desatualização das imagens obtidas que podem apresentar algumas discrepâncias em relação ao
cenário atual. Para minimizar tal prejuízo foi essencial uma etapa de campo para confirmação dos
mesmos, onde foi possível constatar que de modo geral não houve grandes modificações na
paisagem até o presente momento, atestando assim a confiabilidade das estimativas.
II.8.5.3.1 - Cálculos das métricas pelo FRAGSTATS
Neste trabalho para a analise dos fragmentos vegetação da área foi utilizado o Patch Analyst que é
uma extensão para o ArcView GIS, sistema que facilita a análise espacial de paisagem,
proporcionando a utilização do FRAGSTATS, que é um software de análise espacial que permite o
estudo da paisagem a partir do cálculo de métricas de área, métricas de densidade, tamanho e
variabilidade, métricas de borda, métricas de forma, métricas de área central e métricas de vizinho
mais próximo.
O programa é utilizado para análise quantificada da estrutura da paisagem. A paisagem sujeita a
análise é definida pelo usuário e pode representar qualquer fenômeno espacial. O FRAGSTATS
quantifica a extensão da área e a distribuição espacial de manchas em polígonos que representam
determinada feição (MCGARIGAL e MARKS, 1995).
Métricas Utilizadas:
O FRAGSTATS é uma ferramenta que permite o cálculo das métricas da paisagem. O software tem
capacidade de calcular métricas de área, métricas de densidade, tamanho, e variabilidade dos
fragmentos, métricas de borda, métricas de forma, métricas de área central e métricas do vizinho
mais próximo.
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E-II.223
O software oferece a opção do cálculo das métricas tanto para vetores quando para imagens
raster. No presente trabalho foi utilizado o cálculo das métricas de paisagem utilizando o vetor
gerando as métricas de área, métricas de densidade, tamanho, e variabilidade dos fragmentos,
métricas de borda, métricas de forma.
Métricas da paisagem são importantes para a quantificação e descrição dos padrões espaciais, elas
são relacionadas a dois aspectos da paisagem: (a) composição: presença e quantidades de
fragmentos existentes, sem maiores referências espaciais (como localização e forma), e (b)
configuração: distribuição física (relação entre fragmentos, como métricas do vizinho mais
próximo) e características espaciais dos fragmentos (métricas de forma e área central)
(MCGARIGAL e MARKS, 1995).
Métrica de Área
As métricas de áreas são informações importantes na análise da paisagem. Essas métricas servem
como base de cálculo para muitas das métricas utilizadas na análise espacial, também têm grande
importância nos estudos ecológicos, visto que a riqueza de diversidades de algumas espécies está
diretamente ligada ao tamanho do fragmento.
Assim sendo, as informações de métricas de área, sozinha, poderiam ser utilizadas para estudos
de modelo de riqueza de espécies, ocupação de fragmentos, padrões de distribuição e de espécies
em uma paisagem, dada as apropriadas relações empíricas derivadas de estudos de campo
(MCGARIGAL e MARKS, 1995).
Área da classe (CA): Área total de todos os fragmentos pertencentes a uma determinada classe,
este dado é importante para saber o grau de fragmentação da classe, os dados são obtidos em
hectares (ha).
Área total (TLA): Esta métrica revela a área de total paisagem em estudo, dados obtidos em
hectares (ha). Não é de grande valor para as análises da paisagem, porém sua importância se dá
por servir como base de cálculo para outras métricas.
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E-II.224
Métricas de Densidade, Tamanho e Variabilidade
As métricas de densidade de tamanho e variabilidade dos fragmentos são importantes informações
sobre a configuração da paisagem. Essa métrica é importante por caracterizar os fragmentos em:
número de fragmentos, tamanho médio, densidade, variação, completando a análise dos dados
espaciais, das métricas da área.
Estas métricas permitem que se ordene por grau de fragmentação, heterogeneidade de
fragmentos, ou outros aspectos relacionados aos fragmentos na paisagem (VOLATÃO, 1998).
NumP: esta métrica indica o números de fragmentos existentes na classe, informação obtida em
valor unitário.
Tamanho médio dos fragmentos (MPS): este índice calcula o a média do tamanho de todos
os fragmentos da classe, os dados são obtidos em hectares (ha). Neste cálculo é somado o valor
da área de todos os fragmentos da classe (CA) e dividido pelo número de fragmentos existentes
(NumP).
Desvio padrão do tamanho do fragmento (PSSD): este índice calcula o desfio padrão do
tamanho dos fragmentos. O desfio padrão é uma medida de dispersão estatística, um valor que
quantifica a dispersão dos eventos sob distribuição normal, ou seja, a média das diferenças entre
o valor de cada evento e a média central. Os resultados são obtidos em hectares (ha).
Coeficiente de variação do tamanho do fragmento (PSCOV): mede coeficiente de variação
dos fragmentos, os dados são obtidos em porcentagem. No cálculo desta métrica o programa
divide o valor do desvio padrão do tamanho do fragmento (FRAGSTATS PSSD) pelo valor do
tamanho médio do fragmento, e multiplica por cem, para obter o valor em por cento.
Mediana do tamanho da classe (MedPS): esta métrica indica a mediana do tamanho da
classe, valor em hectares (ha).
Métricas de borda
As métricas de borda apresentam bons resultados na representação da configuração da paisagem.
Essas informações são importantes para explicar vários fenômenos ecológicos, através de dados
do total de bordas e densidade de borda, utilizados para a caracterização do efeito de bordas.
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E-II.225
A maior parte dos efeitos negativos da fragmentação florestal sobre os organismos estão
diretamente ou indiretamente relacionados aos efeitos de bordas. (MCGARIGAL e MARKS, 1995).
O efeito de bordas numa floresta, por exemplo, resulta em diferentes intensidades de vento e
intensidade e qualidade de iluminação solar, produzindo microclimas e taxas de distúrbio
(VOLATÃO, 1998).
Borda total (TE): é o valor absoluto do perímetro de todos os fragmentos da classe, as
informações são dadas em metros.
Densidade de borda (ED): esta informação padroniza os dados de borda para uma base por
unidade de área, permitindo a comparação entre paisagens de vários tamanhos. Porém, apresenta
valores redundantes na comparação de unidades de mesmo tamanho. Os dados são padronizados
em m/ha.
Métricas de forma
As métricas de forma, são dadas com base na complexidade do formato dos fragmentos da
paisagem, também são métricas de configuração da paisagem. A forma dos fragmentos da
paisagem pode influenciar em importantes processos ecológicos. Foi demonstrado que a forma
dos fragmentos influenciam processos inter-fragmentos, tais como migração de pequenos
mamíferos, as estratégias de fuga de certos animais e a colonização de plantas de médio e grande
porte, importante par ao estudo florestal (MCGARIGAL e MARKS, 1995).
A forma dos fragmentos também é utilizada para estudos sobre o efeito de bordas na paisagem,
como já foi falado o efeito de borda é um importante parâmetro de análises ecológicas.
O FRAGSTATS calcula dois tipos de índices de forma, ambos baseados no perímetro da área
relacionada. O primeiro mede a complexidade do sistema modelar, em comparação com um
padrão de forma (Quadrado para vetor e circular para imagens raster). As métricas calculadas
desta forma são as MSI, AWMSI e LSI, esta última não foi abordada neste estudo.
Índice de forma média (MSI): esse dado revela a forma média dos fragmentos da classe, em
função da razão média perímetro/área de seus fragmentos, comparada a uma forma padrão. O
menor valor possível encontrado é um, que indica que o conjunto de fragmentos da classe tem a
forma geométrica mais simples, raster forma de círculo e vetor forma quadrada. À medida que o
valor encontrado se distancia de um, indica que as formas dos fragmentos são mais irregulares,
mais próximo das formas encontradas na natureza.
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E-II.226
Índice de forma média ponderado pela área (AWMSI): no cálculo do MSI há um problema
porque ao considerar a média dos fragmentos ele atribui o mesmo peso a fragmentos de tamanho
diferente. Para corrigir essa distorção o AWMSI também calcula a forma média dos fragmentos, no
entanto a média é ponderada de acordo com a área dos fragmentos.
A outra maneira de calcular os índices de forma é a partir da dimensão fractal. O conceito de
fractal foi criado pelo matemático francês Mandelbrot, para tentar descrever os padrões irregulares
e complexos da natureza ele, propôs uma nova geometria, cuja alternativa era enxergar a
natureza, integrando várias áreas científicas, tendo sido denominada Geometria Fractal ou Teoria
dos Fractais (AZEVEDO, 2007).
O grau de complexidade dos polígonos é calculado com base na dimensão fractal. As métricas
calculadas desta forma são a AWMPFD, MPFD e MPAR.
Média da dimensão fractal do fragmento (MPFD): esta métrica calcula a forma média dos
fragmentos da classe baseado na dimensão fractal de cada polígono da classe.
Média ponderada da dimensão fractal do fragmento (AWMPFD): esta métrica calcula a
forma média dos fragmentos da classe de forma ponderada, atribuindo maior peso no cálculo a
fragmentos de maior área, também com base na dimensão fractal de cada polígono da classe.
Média das áreas do perímetro (MPAR): no cálculo desta métrica o FRAGSTATS soma o valor
do perímetro de todos os fragmentos e divide pelo número de fragmentos da classe. Os valores
são obtidos em m/ha.
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E-II.227
II.8.6 - RESULTADOS
Nas visitas realizadas em campo foi possível confirmar a situação atual do Parque em relação à
conservação de sua diversidade. A Foto II.8.1 mostra, em foto tirada desde o Pico da Ibituruna, a
situação em 1/11/2010 da vegetação do Parque e de seu entorno, destacando-se a continuidade
da mesma e suas conectividades. A estrada mostrada na figura representa os limites do Parque,
situando este entre a estrada e o Rio Doce.
Foto II.8.1 - Foto panorâmica do Parque mostrando a situação da vegetação natural e sua conectividade
com áreas circunvizinha. Fonte: Alternativa Educação e Manejo Ambiental
A Figura II.8.4, mostra a localização dos bairros e condomínios situados no entorno do Parque e
que são merecedores de atenção no desenvolvimento de ações que visem assegurar conectividade
entre a vegetação natural do mesmo e as demais manchas de vegetação natural, mais próximas.
A área do Parque encontra-se na figura situada entre os bairros Parque das Aroeiras e Elvamar e
os condomínios Vilage da Serra e Encostas do Sol. Estas áreas urbanas podem ser objeto de
desenvolvimento de ações que orientem o uso e ocupação do solo nas propriedades de forma a se
buscar sustentabilidade nos processos produtivos, evitando danos ao Parque.
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E-II.228
FIGURA II.8.6 - Localização de bairros e condomínios na região de entorno do Parque.
Fonte: Prefeitura Municipal e Governador Valadares.
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O processamento das imagens permitiu o mapeamento dos principais fragmentos de vegetação
existentes a noroeste do Monumento Natural do Pico da Ibituruna, área onde se inclui o Parque. A
área pode ser indicada para formação de um corredor onde o papel do Parque Natural Municipal
será essencial para a manutenção dos processos ecológicos. Os fragmentos mapeados foram
utilizados para confecção das métricas de paisagem (Tabela II.8.1) no Cenário 1 (Mapa 1) e no
Cenário 2 (Mapa 2).
TABELA II.8.1 – Métricas estimadas para fragmentação dos cenários 1 e 2 a partir do FRAGSTATS
MÉTRICA
ABREV
Cenário 1
Cenário 2
Área da classe (ha)
CA
526,51
1134,80
Área total (ha)
TLA
879,06
2987,81
Métricas de área (composição)
Métricas De Densidade, Tamanho e Variabilidade (configuração)
Números de fragmentos existentes na classe
(número absoluto)
Tamanho médio dos fragmentos
NumP
60
252
MPS
8,77
4,50
PSSD
49,33
26,77
PSCoV
562,17
594,53
MedPS
0,12
0,24
Borda total (m)
TE
96.396,11
287.075,74
Densidade de borda (m/ha)
ED
109,65
96,08
MSI
1,68
1,72
AWMSI
6,57
5,25
MPFD
1,46
1,44
AWMPFD
1,43
1,42
MPAR
1664,8
1401,5
Desvio padrão do tamanho do fragmento
Coeficiente de variação do tamanho do
fragmento (%)
Mediana do tamanho da classe (ha)
Métricas de borda (configuração)
Métricas de forma (configuração)
Índice de forma média
Índice de forma média ponderado pela área
Média da dimensão fractal do fragmento
Média ponderada da dimensão fractal do
fragmento
Média das áreas do perímetro
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E-II.230
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II.8.6.1 - Métricas de Área
A área vegetada no cenário 1 atual é de 526,51 ha, o que representa 59,89% da área total. Já no
cenário 2, a área vegetada é de 2987,81 ha, 37,98 % da área total. Em termos absolutos, caso a
área destinada ao corredor não seja conservada, haverá uma perda de áreas verdes estimada em
2.108,74 ha, gerando uma perda tanto em território quanto em diversidade biogenética.
II.8.6.2 - Métricas de Densidade e Tamanho
Comparando os dois cenários percebe-se que o número de fragmentos caiu consideravelmente, no
primeiro cenário haveria 60 fragmentos, enquanto no segundo o número de fragmentos
encontrados foi de 252.
A diminuição do número de fragmentos no cenário 1 influencia o tamanho médio dos fragmentos
(MPS), que aumentou significativamente. Isso evidencia a necessidade de recuperação das áreas
vegetadas existentes no cenário 2, uma vez que, apesar de apresentar um maior número de
fragmentos não necessariamente implica num maior índice de conectividade absoluta, ou seja, um
fragmento de menor tamanho pode cumprir um papel mais eficiente que vários fragmentos
menores e dispersos .
O desvio padrão (PSSD) e o coeficiente de variação do tamanho do fragmento (PSCOV), nos dois
cenários apresentaram valores muito altos, devido à grande diferença de tamanho entre os
fragmentos menores e os maiores. Comparativamente é possível notar um aumento do desvio
padrão no cenário 1, devido principalmente ao fato de que existem mais fragmentos maiores, o
que aumenta os índices de disparidade implicando na presença de áreas mais homogêneas.
Analisando a mediana do tamanho das classes (MedPS) nos dois cenários percebe-se que o valor é
muito menor do que a média do tamanho das classes, indicando uma distribuição assimétrica
acentuada dos fragmentos das duas classes. A mediana do tamanho da classe no cenário 1
apresentou o valor de 0,12 ha e no cenário 2 o valor de 0,24 ha. A partir desses dados foi notado
que o número de fragmentos muito pequenos do cenário 1 reduziram em comparação com os
fragmentos do cenário 2.
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E-II.233
II.8.6.3 - Métricas de Borda
Houve um aumento do total de bordas se comparados os dois cenários, no primeiro o valor de TE
seria de 96.396,11 m. Já no segundo aumenta para 287.075,74 m, o que indica menor
fragmentação do cenário B em relação ao A. Quanto maior o índice de bordas mais prejudicial à
configuração para os processos bióticos. Entretanto para se uma análise mais precisa deve-se
observar a densidade de borda (ED), que padroniza a borda para uma área unitária fixa. O valor
encontrado para o cenário 1 foi de 109,65 m/ha, contra 96,08 m/ha do cenário 2, confirmando a
diminuição do índice de fragmentação no segundo cenário.
II.8.6.4 - Métricas de Forma
Os dados referentes a índice de forma média (MSI) e índice de forma média ponderada (AWMSI)
não são conclusivos, pois os dois cenários possuem áreas diferentes. Para a análise da forma dos
fragmentos, é necessária a observação da média da dimensão fractal dos fragmentos, na forma
simples (MPFD) e na forma ponderada (AWMPFD).
O valor do MPFD, encontrado na cena 1 foi maior do que o encontrado na cena 2, pois no primeiro
existem mais fragmentos de menor tamanho, e os fragmentos de menor área tendem a
apresentarem formas mais regulares, eles geralmente são formados pela ação antrópica ao seu
redor. Contudo, analisando os valores AWMPFD, percebe-se que ambas as cenas têm valores
muito aproximados, e levando em consideração que no cálculo desta métrica o tamanho do
fragmento é considerado, percebe-se que com relação a forma dos fragmentos os processos
permaneceriam invariáveis.
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E-II.234
II.8.7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das métricas aplicadas pode-se inferir que a manutenção das Unidades de Conservação é
essencial para os processos genéticos e para formação de um possível corredor ecológico, pois
percebe-se a partir das métricas de área, densidade, tamanho, borda e forma que os melhores
índices encontram-se nestas áreas.
Sendo assim, é possível propor a formação de um corredor da área indicada, onde o Parque
Natural Municipal terá uma função primordial possibilitando a conectividade entre a área Noroeste
do Monumento Natural do Pico da Ibituruna e as bordas do Rio Doce.
A segregação da paisagem em cenários distintos evidencia a necessidade de conservação das
áreas de entorno do Parque, uma vez que, apesar de apresentar um acréscimo de área
significativo a avaliação da área no estado atual demonstra valores pouco favoráveis em termos de
numero de fragmentos e forma dos mesmos, aumentando os efeitos de borda e prejudicando as
iterações entre os diversos organismos.
Uma forma de melhorar estes indicadores seria a recuperação das áreas degradadas,
principalmente através da averbação das reservas legais nas propriedades existentes de forma
direcionada, além da revitalização das Áreas de Preservação Permanente de drenagem,
reservatórios artificiais e topos de morro que representariam mais um modo de conexão entre os
elementos atualmente dispersos.
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E-II.235
II.9
-
AVALIAÇÃO
DA
REPRESENTATIVIDADE
ECOLÓGICA
DO
PARQUE
NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES - MG
II.9.1 - INTRODUÇÃO
O Brasil está entre os países com maior diversidade biológica do Planeta. Pela diversidade
encontrada em seus biomas é considerado megadiverso pela Organização das Nações Unidas,
juntamente com outros dezesseis países reúnem mais de 70% de toda a biodiversidade do
planeta. Foi o primeiro signatário da Convenção sobre a Diversidade Biológica nos termos
definidos na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de
Janeiro em 1992.
Segundo Pontual (2010), esta convenção é um marco nas questões ambientais mundiais ao propor
regras para assegurar a conservação da biodiversidade, o seu uso sustentável e a justa repartição
dos benefícios provenientes do uso econômico dos recursos genéticos, respeitada a soberania de
cada nação sobre o patrimônio existente em seu território e reconhece que a biodiversidade possui
valores econômicos, sociais e ambientais e pode ser qualificada pela diversidade em ecossistemas,
em espécies biológicas, em endemismo e em patrimônio genético.
Portanto, biologicamente falando, diversidade biológica pode ser entendida como a extensão total
de espécies vivas, a variação genética que ocorre entre os indivíduos dentro de uma espécie as
comunidades biológicas nas quais as espécies vivem, e as interações no nível do ecossistema da
comunidade com o ambiente físico e químico.
A ecologia mostra que a maior diversidade biológica é encontrada nas regiões tropicais do mundo,
com grandes concentrações nas florestas tropicais, lagos tropicais; recifes de corais e alto mar.
Pesquisadores acreditam que a maioria das espécies do mundo ainda não foi descrita e
identificada cientificamente, sobretudo nas regiões tropicais.
Devido a sua dimensão continental e à grande variação geomorfológica e climática, o Brasil abriga
07 biomas, 49 ecorregiões já classificadas e incalculáveis ecossistemas. A biota terrestre possui a
flora mais rica do mundo, com até 56.000 espécies de plantas superiores, já descritas; acima de
3.000 espécies de peixes de água doce; 517 espécies de anfíbios; 1.677 espécies de aves; e 518
espécies de mamíferos; pode ter até 10 milhões de espécies de insetos (IBAMA, 2011).
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.236
É importante lembrar que abriga ainda a maior rede hidrológica existente no mundo e uma
riquíssima diversidade sociocultural.
Para a realização de estudos de representatividade ecológica são levados em consideração
diversos elementos tais como, riqueza biológica, vegetação, biogeografia, distribuição de áreas
protegidas e antropismo. Tais estudos de representatividade têm por objetivo verificar como os
diversos ecossistemas, biomas, ecorregiões e biorregiões estão sendo representados por meio de
ações conservacionistas como áreas protegidas, corredores ecológicos, projetos de preservação de
espécies, projetos de educação ambiental, entre outros.
II.9.2 - AMEAÇAS A DIVERSIDADE ECOLÓGICA
Isoladamente, o estabelecimento de unidades de conservação não pode mais ser considerado
suficiente para o cumprimento dos objetivos de conservação de diversidade biológica e de
processos ecossistêmicos. O manejo permanente, a restauração dos ambientes naturais e o
envolvimento da sociedade, através de programas de educação ambiental, são tarefas essenciais.
As leis concebidas no passado para proteger essas áreas, assim como a grande parte dos cursos e
profissionais na área de gestão ambiental, não foram concebidas e formadas para considerar a
presença de ameaças a biodiversidade como perda de habitat, introdução de espécies exóticas
invasoras e aquecimento global.
As mais preocupantes causas para a perda da biodiversidade são apresentadas a seguir em ordem
de importância.
II.9.2.1 - Perda de Habitat
A maior ameaça à diversidade biológica é a perda de habitat. O melhor modelo para proteção da
biodiversidade é a conservação dos ambientes naturais. Os habitats que se encontram mais
ameaçados de degradação são: florestas tropicais, as áreas alagadiças, os manguezais e os recifes
de corais. (PRIMACK e RODRIGUES, 2002).
É nessa ótica que a fragmentação provoca impactos físicos e biológicos. Os padrões de migração e
dispersão dos organismos são afetados, o tamanho da população e do pool gênico é reduzido,
espécies exóticas passam a ter acesso à área do fragmento e a criação de bordas modifica o
microclima físico (temperatura, luminosidade, umidade, ventos). Tais fatores levam a uma maior
mortalidade de árvores e permite a penetração de espécies não florestais, dentro do fragmento de
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.237
floresta. Com a redução do tamanho das populações, provocada pelo processo de fragmentação
dos habitas naturais, elas se tornam muito mais susceptíveis à extinção devido a problemas
relacionados à diminuição demográfica, ambiental ou genética.
Quando os ambientes são insustentavelmente utilizados pelo ser humano e, portanto degradados,
as populações das espécies são drasticamente reduzidas ou mesmo extintas. Os ecologistas têm
observado que determinadas espécies são mais vulneráveis que outras. Tais espécies devem ser
monitoradas e ações de conservação devem se voltadas para elas. As espécies que são
especialmente vulneráveis à extinção podem ser mais facilmente detectadas quando se
enquadram em uma ou mais das seguintes categorias (PRIMACK e RODRIGUES, 2002):

Espécies com área de ocorrência limitada;

Espécies com apenas populações reduzidas ou apenas uma população;

Espécies com populações pequenas;

Espécies com populações em declínio;

Espécies com baixa densidade populacional;

Espécies que necessitam de habitats grandes;

Espécies de grande porte;

Espécies que não são dispersoras eficazes;

Espécies com pouca variabilidade genética;

Espécies que requerem nichos especiais;

Espécies que são características de ambientes estáveis;

Espécies que formam agregações permanentes ou temporárias;

Espécies que são caçadas ou consumidas.
II.9.2.2 - Espécies Invasoras
A introdução de espécies exóticas invasoras é considerada a segunda causa mundial de perda de
diversidade biológica no planeta (PRIMACK e RODRIGUES, 2002), perdendo apenas para a perda
de hábitat. O agravamento do problema tem origem na facilidade de transporte de espécies ao
redor do mundo, tanto propositalmente quanto de forma acidental. Ainda assim, mais de 80% das
espécies invasoras hoje no Brasil foram introduzidas voluntariamente para uso econômico, sem
análise dos riscos que representariam ao ambiente, à sociedade e à própria economia.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.238
Espécies exóticas invasoras são aquelas que estão fora de seu ambiente natural, seja dentro ou
fora dos limites políticos de um país ou estado. As espécies exóticas têm maior facilidade de se
estabelecer em novos habitats pela falta de seus predadores naturais, pestes e parasitas no novo
habitat. O tucunaré, por exemplo, é nativo da Amazônia e, uma vez introduzido em rios do sul e
sudeste, inclusive na Bacia do Rio Doce, tornou-se um voraz predador de espécies nativas,
prejudicando o equilíbrio de ecossistemas aquáticos e de populações de peixes. Outro exemplo é
do mexilhão-dourado espécie nativa da Ásia que tem causado danos econômicos incalculáveis a
produtoras de energia elétrica e aos sistemas de abastecimento de água no Brasil.
Constata-se que espécies exóticas adaptadas a ambientes criados por ação antrópica ampliam
facilmente sua área de ocorrência (SOULÉ, 1990).
No caso do Parque Natural Municipal de Governador Valadares, as arvoretas de espécies exóticas
tendem a ocorrer mais freqüentemente nas bordas da floresta em relação às arvoretas de espécies
nativas. A Leucaenae spp - leucena, também encontrada nas bordas do Parque, está na lista da
União Mundial para a Natureza entre as cem invasoras mais agressivas do planeta. Árvores de uso
comercial como pinus e acácias, embora importantes na indústria, também são invasoras e
requerem manejo adequado e controle permanente de dispersão sobre áreas vizinhas a plantios,
não devendo ser usadas como plantas ornamentais ou ao longo de rodovias. Reconhecido o
problema, é preciso entender a dinâmica desses processos.
A grande parte dos grandes impactos ecológicos, como vazamentos de petróleo, gera um forte
dano inicial e é gradativamente amenizado ao longo do tempo, ainda que possa demorar mais de
um século para que os efeitos desapareçam. Invasões biológicas funcionam ao contrário.
Inicialmente são apenas alguns indivíduos que não costumam receber atenção até que ocorra uma
explosão populacional. Quando a invasão chega a esse ponto, em geral é irreversível se não
houver interferência humana, pois a erradicação de uma espécie amplamente dispersa é cara e
difícil de atingir.
É fundamental que não haja hesitação para a tomada de ação, no momento do manejo florestal
sobre espécies exóticas, pois assim se formam as grandes invasões biológicas que representam
problemas permanentes e perdas ainda maiores de recursos naturais e biodiversidade. Quanto
mais tempo passar sem ação de controle e esforço para erradicação, maior a dificuldade e o custo
envolvidos. Por isso, a melhor estratégia a adotar é a da prevenção dos ambientes em seus
aspectos naturais.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.239
II.9.3 - REPRESENTATIVIDADE BIOLÓGICA NO BRASIL
Segundo dados do IBAMA, de 2002, o estudo de representatividade ecológica nos biomas
brasileiros já apontou a existência de 49 ecorregiões e concluiu que, o Brasil, além de ser um dos
países com a menor porcentagem de áreas especialmente protegidas (Unidade de Conservação de
Proteção Integral), apenas 2,69%, tem esta rede de áreas protegidas mal distribuída entre seus
biomas.
Entende-se por ecorregião um conjunto de comunidades naturais, geograficamente distintas, que
compartilham a maioria das suas espécies, dinâmicas e processos ecológicos, e condições
ambientais similares, que são fatores críticos para a manutenção de sua viabilidade ao longo prazo
(DINNERSTEIN,1995).
II.9.4 - DIVERSIDADE BIOLÓGICA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE
A região da Bacia Hidrográfica do Rio Doce era, originalmente, quase totalmente recoberta com
vegetação característica do bioma da mata atlântica, possuindo altíssima riqueza e diversidade
biológica e abrigando um grande número de espécies restritas a esse bioma (FONSECA, 1997). Tal
qual o restante do domínio da Mata Atlântica, a região do vale do Rio Doce teve sua vegetação
original reduzida a fragmentos, a maioria localizados em áreas de difícil acesso, como topos de
morros e encostas íngremes, e também ao longo dos rios. Estima-se que, apenas, cerca de 5 a
6% da área original persista, embora o vale do Rio Doce em Minas Gerais, inserido na região
denominada Zona da Mata, tenha sido uma das últimas regiões a serem colonizadas, no Bioma
Mata Atlântica (FONSECA, 1985).
II.9.5 - OBJETIVO
Avaliar a representatividade biológica do Parque Natural Municipal de Governador Valadares e sua
significância ecológica em relação a outras unidades de conservação e a conservação de espécies
nativas e habitas naturais.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.240
II.9.6 - METODOLOGIA
Revisão bibliográfica do material produzido pela equipe de especialistas durante as incursões de
campo para elaboração do diagnóstico do Plano de Manejo do Parque Natural Municipal de
Governador Valadares.
Foram utilizadas também, como forma de consulta, publicações que anualmente relacionam
espécies sob ameaça de extinção, tais como: a lista de espécies da fauna silvestre brasileira
ameaçada de extinção do IBAMA, a lista oficial de flora ameaçada de extinção (Portaria Nº 37-N,
de 3 de abril de 1.992) também do IBAMA e a Lista Vermelha da União Internacional para a
Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.
II.9.7 - RESULTADOS
II.9.7.1 - Estudo Florístico
Foram descritas 24 espécies arbóreas nativas das Florestas Estacionais Semideciduais; 05 (cinco)
espécies de lianas ou trepadeiras também dessa formação florestal e apenas uma espécie de
bromélia do gênero Tillandsia spp. Apenas alguns poucos exemplares de briófitas somente da
classe – (Bryopsida). Apenas alguns poucos exemplares de liquens – Classe (Mycophycophyta),
principalmente liquens fruticosos e crostosos. Não foram observados exemplares de pteridófitas Divisão (Pteridophyta) e nem de orquídeas – Família (Orchidaceae).
A flora exótica também teve uma grande representatividade sendo que foram descritas 14
espécies arbóreas. Foram ainda descritas 12 espécies arbustivas, herbáceas ou trepadeiras
exóticas ao Bioma na área do Parque, sendo que a maioria das espécies exóticas descritas é
herbácea e foram introduzidas pela ação antrópica para a prática da pecuária.
Outra característica muito marcante em praticamente toda a extensão do Parque é a presença da
espécie Myracrodruon urundeuva - Aroeira que forma grandes concentrações principalmente
associadas às formações de solos carsticos.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.241
II.9.7.2 - Estudo Faunístico
II.9.7.2.1 - Mastofauna
Foram identificadas por meio de levantamentos primários e secundários, 49 espécies de mamíferos
divididas entre 25 famílias de potencial ocorrência para a área de estudo, este número
corresponde a 19% do total de espécies registradas para o grupo no Bioma.
As espécies mais ameaçadas pela caça no Brasil são os mamíferos. A caça de animais silvestres é
uma atividade ilegal no Brasil. Em áreas próximas a centros urbanos, entretanto, como na região
da implantação do Parque, tal situação pode ser negativamente impactante. A área é cercada por
regiões habitacionais de média e baixa renda. Tal situação deve ser levada em consideração para
a elaboração dos programas de monitoramento, visitação e fiscalização do Parque.
II.9.7.2.2 - Avifauna
Foram levantadas 200 espécies de aves divididas entre 48 famílias com potencial ocorrência para a
área de estudo, este número corresponde aproximadamente 19 % do total de espécies registradas
para o domínio da Mata Atlântica. A fauna de pássaros é intensamente impactada pela prática de
tráfico de animais silvestres, atividade criminosa que também atinge outras classes de animais e
também as espécies de flora. Deve-se, portanto pensar num programa de fiscalização que reduza
tal impacto dentro da Unidade de Conservação e em todo o município de Governador Valadares.
II.9.7.2.3 - Ictiofauna
Foram descritas 18 espécies de Ictiofauna no Parque Natural Municipal de Governador Valadares
distribuídos em 07 famílias. Nenhuma das espécies levantadas de Ictiofauna com potencial
ocorrência nesta região foi listada como ameaçadas de extinção em nível mundial (IUCN, 2009),
ou regional (BIODIVERSITAS, 2009) e nenhuma foi listada como ameaçada pelo tráfico
internacional de animais silvestres (CITES, 2006). O percentual amostrado representa apenas
cerca de 5% do total de espécies para o Bioma.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.242
II.9.7.2.4 - Herpetofauna
Foram descritas 17 espécies da herpetofauna que tiveram registro auditivo ou observação direta,
ou seja, cerca de 3% das espécies descritas para o Bioma que apresentam 197 espécies de repteis
e 340 espécies de anfíbios. Das espécies citadas no estudo, 04 são da Classe Reptilia distribuídas
em 04 famílias e as outras 13 espécies da Classe Amphibia também distribuídas em 04 famílias.
Nenhuma das espécies registradas neste estudo encontra-se ameaçada de extinção, com exceção
da espécie Tupinambis merianae que é uma espécie de lagarto de grande porte, muito visada por
caçadores para consumo de sua carne. Está listada como vulnerável no Apêndice II da CITES
(2006).
A ocorrência de poucas espécies amostradas pode ser reflexo de forte processo de fragmentação e
efeito de borda da área, caracterizando a perda de micro habitats ou até mesmo a
descaracterização do ambiente onde as espécies de hábitos especializados e mais sensíveis
acabam sendo deslocadas ou mesmo eliminadas, em detrimento de espécies generalistas de áreas
abertas (SILVANO et al., 2003)
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.243
II.9.8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de não se tratar de uma Unidade de Conservação extensa em área, encontrar-se na área
urbana e estar passando por um processo de recuperação ambiental, a área demarcada para a
implantação do Parque Natural Municipal de Governador Valadares apresenta representatividade
biológica de espécies de Mata Atlântica, além de possuir fisionomias vegetais cuja proteção e
manejo são importantes local e regionalmente.
As espécies identificadas e descritas nos estudos do meio biótico para a criação do Plano de
Manejo do Parque são relativamente tênues se comparadas às listas gerais de espécies para o
Bioma da Mata Atlântica, mas por outro lado, são extremamente importantes para a conservação
―in situ‖ se vistos numa ótica regional. Conforme descrito anteriormente, toda a Bacia Hidrográfica
do Rio Doce vem sofrendo com as ações antrópicas a várias décadas, de forma que iniciativas
conservacionistas, como a criação do Parque Natural Municipal, são de grande valor para a
conservação de espécies de fauna e flora, bem como para reforçar os laços sociais e culturais da
população de Governador Valadares e toda a região com a natureza em função de constituir em
espaço único de convívio sociocultural público e de contato com o meio natural para a população
de Governador Valadares.
Um dos aspectos mais relevantes da criação do Parque e da proteção da fauna e da flora em sua
área diz respeito à conectividade ecológica com a região do Vale do Rio Doce, representando uma
continuidade ou ampliação de área de refúgio para a fauna silvestre ameaçada, em função,
sobretudo da possibilidade de acesso ao Rio Doce.
Por outro lado, a localização do Parque no perímetro urbano da cidade de Governador Valadares
representa um ganho à qualidade de vida da população valadarense ao assegurar espaços de
descontinuidade da malha urbana definindo novos parâmetros de ocupação que certamente
influenciarão nas diretrizes do planejamento urbano, destacadamente em sujeita à expansão
urbana e de ocupação desordenada.
Portanto, o Parque tem importância de uso múltiplo tanto no que se refere à formação do corredor
ecológico entre o Monumento Natural do Pico da Ibituruna e o Rio Doce, como também, na
possibilidade de ampliação do conhecimento sistêmico sobre o Bioma Mata Atlântica e a Bacia
Hidrográfica do Rio Doce.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.244
Nesta perspectiva, a implantação do Parque Natural Municipal de Governador Valadares poderá
propiciar a possibilidade de conservação, proteção e recuperação dos remanescentes florestais
mais significativos da região, principalmente os localizados no Pico da Ibituruna e as margens do
Rio Doce, garantindo assim, o fluxo genético entre as populações de animais e plantas, nela
existentes e a continuidade dos processos ecológicos, através do incremento gradual do nível de
conectividade entre as porções nucleares da paisagem.
Ressalta-se ainda, que o Parque também servirá de modelo para a implantação de novas unidades
de conservação e referência para o fortalecimento da relação sustentável entre a população
urbana e rural de Governador Valadares, notadamente em função de possibilitar o contato entre
as pessoas e o ambiente natural em seus mais diversos segmentos e principalmente o
desenvolvimento da educação ambiental e a difusão de tecnologias limpas.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.245
II.10
-
CARACTERIZAÇÃO
SÓCIO-ECONÔMICA
DO
MUNICÍPIO
DE
GOVERNADOR VALADARES
II.10.1 – LOCALIZAÇÃO, INSERÇÃO REGIONAL E ACESSOS
O município de Governador Valadares, também conhecido como Princesa do Vale, situa-se a leste
do Estado de Minas Gerais, às margens do Rio Doce e insere-se na Mesorregião Administrativa do
Vale do Rio Doce e microrregião de mesmo nome. A cidade foi fundada em 1938 e ocupa uma
área de 2.348 km², distante cerca de 320 quilômetros da capital mineira.
A cidade está situada em um importante ponto de ligação entre a capital, o nordeste do Estado e
do país, configurando-se como entroncamento de diferentes meios e vias de transporte. A Região
de Governador Valadares possui uma posição favorável em relação à rede rodoviária que serve ao
Estado de Minas Gerais: no sentido norte-sul é atravessada pela BR-116 (Rio-Bahia) que, já dentro
dos limites do município, alcança a BR-381, procedente de Belo Horizonte. Atendem ainda à
localidade, a BR-259 e a BR-451.
O acesso à Valadares também pode ser realizado através da ferrovia da antiga Rede Ferroviária
Federal e da Estrada de Ferro Vitória-Minas - EFVM, cujos trechos cobrem o trajeto Belo Horizonte
- Nova Era - Governador Valadares. Por via aérea, há vôos diários, partindo da capital mineira.
Como se pode observar na Figura II.10.1 a seguir, além do distrito Sede, Valadares figura com os
distritos: Alto de Santa Helena; Baguari; Brejaubinha; Derribadinha; Goiabal; Penha do Cassiano;
Santo Antônio do Pontal; São José do Itapinoã; São Vítor; Vila de Nova Floresta; Xonim (ou
Chonim); Xonim de Baixo (ou Chonim de Baixo).
O município é um pólo econômico do médio Vale do Rio Doce e exerce significativa influência
sobre o leste e nordeste de Minas Gerais e municípios do estado do Espírito Santo. Governador
Valadares apresenta outra importante inserção regional e até internacional, por sediar uma das
etapas do Campeonato Brasileiro de Vôo Livre. Os competidores saltam do Pico da Ibituruna,
ponto extremo do município, onde pode-se desfrutar de uma bela vista de parte do Vale do Rio
Doce, cujo leito está aos pés do pico.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.246
FIGURA II.10.1 - Distritos de Governador Valadares
Fonte: PMGV
Além das subdivisões distritais e administrativas, o município conta com cerca de 130 bairros,
como pode ser observado na Figura II.10.2 a seguir. A figura permite ainda, identificar as
principais saídas em direção a municípios vizinhos, à Belo Horizonte e ao Rio de Janeiro, além do
traçado da Ferrovia citada anteriormente.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.247
FIGURA II.10.2 - Governador Valadares: perímetro urbano
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.248
II.10.2 – DINÂMICA DEMOGRÁFICA
A população total do município, segundo dados do Censo 2010 (IBGE), foi contabilizada em
263.594 habitantes, sendo o 8° município mais populoso do estado, apresentando uma densidade
populacional de 112,1 habitantes por km².
Conforme podem ser observadas na Tabela II.10.1, a seguir, no período 1991-2000, a população
de Governador Valadares teve uma taxa média de crescimento anual de 0,81%, passando de
230.524 em 1991 para 247.131 em 2000. A taxa de urbanização cresceu 2,39, passando de
93,31% em 1991 para 95,54% em 2000.
TABELA II.10.1 – Governador Valadares: população por situação de domicílio, 1991 e 2000
1991
2000
População Total
203.524
247.131
Urbana
215.098
236.098
15.426
11.033
Rural
Fonte: PNUD; IPEA; FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (2000)
Os recém divulgados dados do Censo IBGE (2010) demonstram o aumento da taxa de
urbanização, que passou de 95,54% em 2000 para 96,07% em 2010, como pode ser observado
na Tabela II.10.2 a seguir. Ademais, podemos observar a continuidade do predomínio da
população feminina, com 52,56%, sobre a masculina, que conta com 47,44%.
TABELA II.10.2 - Governador Valadares: população por gênero e situação de domicílio, 2010
Total da população 2010 Total de homens % Total de mulheres %
263.594
47,44%
52,56%
Total da população
urbana % rural %
96,07%
3,93%
Fonte: IBGE (2010)
A partir da Tabela II.10.3 abaixo, podemos observar a evolução da população no município entre
as décadas de 1970 e 2010, tanto em relação à população total como por gêneros, que representa
a distribuição entre a população masculina e feminina. Podemos perceber o notável aumento da
população ao longo deste período, especialmente entre as décadas de 1970 e 1980. No entanto,
houve arrefecimento em sua taxa de crescimento demográfico a partir da década de 1990, que se
estende até a presente década.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.249
TABELA II.10.3 – Governador Valadares: população total e por gêneros
Demografia - População Total
Governador Valadares - MG
Ano
Total
Masculino
Feminino
1970
162.020
78.385
83.635
1980
196.117
95.051
101.066
1991
230.524
110.269
120.255
2000
247.131
118.267
128.864
2010
263.594
125.059
138.535
Fonte: IBGE (2010)
Estes resultados podem ser explicados, em parte, devido ao fato da Região ser um reconhecido
pólo de migrações transnacionais. Atualmente, estima-se que 15% de sua população estejam
residindo no exterior. No caso específico de Governador Valadares, o quadro é agravado pela
tradição que aí se firmou, de migração de seus habitantes para os Estados Unidos, em busca de
trabalho. Apesar de não haver informações precisas sobre o tema, estima-se que existam cerca de
30.000 valadarenses residindo em território norte-americano, seja de forma temporária, seja
permanente.
Podemos observar pela Figura II.10.3, a seguir, os setores da cidade com as maiores densidades
demográficas. Ao cruzarmos com a Figura II.10.2, é possível identificar quais bairros estão
localizados nestes setores. A maior parte da cidade apresenta uma média de 3 a 4 moradores por
domicílio, dentro da média nacional, o que não representa uma elevada densidade. Dentre os
bairros limítrofes à área onde será implantado o Parque Natural Municipal, denominada ―região
primária‖: Ilha dos Araújos, Elvamar, São Tarcísio, Vila Parque do Ibituruna, Parque das Aroeiras,
Vila Parque São João, Encosta do Sol e Vilage da Serra, apenas os bairros Vila Parque Ibituruna e
Vila Parque São João apresentavam densidades demográficas mais elevadas, segundo o Censo
2000.
PLANO DE MANEJO DO PARQUE NATURAL MUNICIPAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG-2011
E-II.250
FIGURA II.10.3 – Governador Valadares: média de moradores por domicílio
Fonte: IBGE
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E-II.251
II.10.3 – ESTRUTURA PRODUTIVA
A Tabela II.10.4 a seguir demonstra a evolução do PIB de Governador Valadares no período 19982002 pelos três setores da economia: agropecuário, indústria e serviço. Pode-se observar um
incremento significativo nos três setores, que somados tiveram uma importante repercussão sobre
o PIB Total do município em 2002.
TABELA II.10.4 – Governador Valadares: Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes
Unidade R$(mil)
ANO
AGROPECUÁRIO
INDÚSTRIA
SERVIÇO
TOTAL
1998
16.728
271.027
588.828
876.583
1999
17.863
251.142
597.887
866.892
2000
18.665
288.726
692.819
1.000.210
2001
18.006
294.536
778.375
1.090.917
2002
22.095
441.801
834.325
1.298.221
Fontes: Fundação João Pinheiro (FJP)& Centro de Estatística e Informações (CEI)
Os Gráficos II.10.1 a II.910.3 a seguir, produzidos pelo IBGE (2010), demonstram a atual
distribuição do PIB por setores econômicos, pelos quais é possível não apenas comparar com os
dados de Valadares no período 1998-2002 da tabela acima, mas também, entre esta cidade, Minas
Gerais e Brasil.
GRÁFICO II.10.1 – Governador Valadares: distribuição do PIB por setores econômicos
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GRÁFICO II.10.2 – Minas Gerais: PIB por setores
GRÁFICO II.10.3 – Brasil: PIB por setores
Pela análise comparativa entre estes gráficos e tabela anterior, podemos constatar que houve
decréscimo no PIB relativo à indústria, que passou de 2002 com o valor de R$441.801 para os
atuais R$365.528. Por outro lado, o PIB do setor agropecuário continuou em elevação. Não
obstante, o destaque deve ser dado ao setor de serviços que apresentou um significativo
incremento, passando de R$ 834.325 para R$1.819.332. Este aumento observado, assim como
sua supremacia frente aos outros dois setores é semelhante à situação observada em Minas e no
País, conforme pode ser visualizado nos gráficos apresentados.
Não obstante, conforme se verificou no Gráfico II.10.1, de fato é o terciário que ocupa a posição
mais relevante na composição do PIB valadarense. No entanto, quando se considera a
macrorregião do Rio Doce, se sobressaem às atividades industriais, especialmente pela presença
do Aglomerado Urbano do Vale do Aço - AUVA.
Por outro lado, podemos observar na Tabela II.10.5 a seguir, que o município de Governador
Valadares apresentava em 2002 o segundo maior PIB dentre os municípios da bacia hidrográfica
do Rio Doce, perdendo apenas para a vizinha Ipatinga. Apesar de ter perdido mais uma posição
em 2005 para o município de Itabira, Valadares manteve-se entre os três maiores PIBs da bacia,
que conta com 230 municípios, nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Portanto, a posição
econômica de Governador Valadares na bacia é expressiva.
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TABELA II.10.5 - Ranking dos municípios de maior PIB total – Bacia Hidrográfica do Rio Doce
Fonte: extraído do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce (2010)
As atividades agropecuárias da Região do Rio Doce possuem características heterogêneas. Ao sul,
predominam as lavouras, em especial a cafeicultura, nas proximidades de Caratinga. A oeste
encontra-se o reflorestamento associado à indústria siderúrgica, antigo na Região e, mais
recentemente, incrementado com a instalação da CENIBRA. No eixo Governador Valadares Teófilo Otoni a atividade predominante é a pecuária de corte, enquanto nas imediações de
Guanhães, a noroeste, observa-se a presença das culturas de subsistência e da pecuária leiteira,
com traços de reflorestamento.
Excetuando-se a área destinada à pecuária de corte e ao reflorestamento, são marcas
características da Região do Rio Doce a pequena produção e o manejo tradicional do solo,
mostrando-se a topografia desfavorável para a mecanização. Ademais, suas terras possuem
aptidão apenas regular para pastagens plantadas.
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A Tabela II.10.6 a seguir demonstra que o município de Governador Valadares posicionava-se, nos
anos 2000 e 2006, como o segundo maior rebanho de bovinos dentre os municípios da bacia do
Rio Doce, presentes tanto em Minas Gerais como no Espírito Santo. Podemos observar ainda, que
houve incremento de aproximadamente 19% de 2000 a 2006, chegando aproximadamente a155
mil cabeças de gado. A tendência é de fortalecimento deste setor em razão da consolidação do
país, nos últimos anos, como grande exportador. Entre 2001 e 2005, a produção aumentou 32% e
as exportações cresceram em 38%, de acordo com a Agência Safras (2008). O país hoje é
detentor do maior rebanho bovino comercial do mundo.
TABELA II.10.6 - Evolução ranking – rebanho de bovinos por município (2000-2006)
Fonte: extraído do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce (2010)
As atividades industriais são, em sua maioria, vinculadas aos gêneros de produtos alimentares e
bebidas. Antes da inclusão do Vale do Aço, com exceção da CENIBRA, não havia empreendimentos
industriais de porte na área sob análise. No entanto, pela Tabela II.10.7 a seguir, podemos
observar que Governador Valadares ocupou em 2002 o sétimo lugar entre os municípios com
maior valor agregado industrial. Apesar da queda para a nona colocação em 2005, ainda é
expressiva a posição do município na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, que se destaca na produção
industrial.
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TABELA II.10.7 - Ranking dos municípios com maior valor agregado industrial –
valor corrente set/08
Fonte: extraído do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Doce (2010)
A Tabela II.10.8 apresentada a seguir, que traz o número de pessoas ocupadas por setores
econômicos, corrobora com os gráficos anteriores, ao demonstrar a significativa relevância do
setor de serviços na economia local e na geração de postos de emprego, responsável por
aproximadamente metade de todas as ocupações.
TABELA II.10.8 – Governador Valadares: População Ocupada por Setores Econômicos - 2000
SETORES
Nº DE PESSOAS
Agropecuário, extração vegetal e pesca
5.539
Industrial
21.804
Comércio de Mercadorias
21.624
Serviços
47.439
Total
96.406
Fonte: Fundação Instituto de Geografia e Estatística - IBGE
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Governador Valadares é uma cidade de vocação logística, destacada pela sua privilegiada posição,
na qual entrecruzam-se três importantes rodovias: BR-116, BR-381 e BR-259, o que a favorece no
atendimento ao mercado nacional. Essas rodovias dão ou facilitam acesso a grandes centros tais
como Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro. O comércio e serviços são bastante diversificados, o
que torna a cidade uma praça comercial movimentada.
Existem inúmeros estabelecimentos que atraem consumidores de cidades vizinhas, em busca de
melhores preços e variedade de produtos. Conhecida como pólo regional, por sua área específica
de influência, confirmada pelos indicadores econômicos, o município é o centro ativo e
mantenedor de uma forte economia. Essa posição é destacada pelas atividades do comércio
atacadista, varejista, prestação de serviços, agropecuária, comércio de pedras preciosas,
atividades industriais, turismo e ensino.
Outras potencialidades da Região do Rio Doce são o aproveitamento de sua capacidade
hidrelétrica, existindo diferentes projetos em estudo, e de suas reservas minerais de feldspato,
gemas, níquel (50% das reservas medidas no Estado) e ferro.
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II.10.4 - CONDIÇÕES DE VIDA E INFRA-ESTRUTURA DISPONÍVEL
II.10.4.1 - Condições de vida
Evolução 1991-2000
No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Governador
Valadares cresceu 7,67%, passando de 0,717 em 1991 para 0,772 em 2000. A dimensão que mais
contribuiu para este crescimento foi a Educação, com 51,2%, seguida pela Renda, com 37,3% e
pela Longevidade, com 11,4%.
Neste período, o hiato de desenvolvimento humano (a distância entre o IDH do município e o
limite máximo do IDH, ou seja, 1 - IDH) foi reduzido em 19,4%. Se mantivesse esta taxa de
crescimento do IDH-M, o município levaria 20 anos para alcançar São Caetano do Sul (SP), o
município com o melhor IDH-M do Brasil (0,919), e 10 anos para alcançar Poços de Caldas (MG), o
município com o melhor IDH-M do Estado (0,841).
Situação em 2000
Em 2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Governador Valadares foi medido em
0,772. Segundo a classificação do PNUD, o município está entre as regiões consideradas de médio
desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8)
Em relação aos outros municípios do Brasil, Governador Valadares apresenta uma situação boa:
ocupa a 1260ª posição, sendo que 1259 municípios (22,9%) estão em situação melhor e 4247
municípios (77,1%) estão em situação pior ou igual.
Em relação aos outros municípios do Estado, Governador Valadares apresenta uma situação boa:
ocupa a 157ª posição, sendo que 156 municípios (18,3%) estão em situação melhor e 696
municípios (81,7%) estão em situação pior ou igual.
A Tabela II.10.9 a seguir demonstra a evolução dos valores do IDH-M no período 1991-2000,
assim como, os indicadores desagregados de educação, longevidade e renda, que compõem o
referido índice. Podemos observar, portanto, que a cidade alcançou avanços significativos nos três
indicadores, com destaque para a educação, mencionado anteriormente.
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TABELA II.10.9 – Governador Valadares: IDH-M: 1991-2000.
1991
2000
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
0,717
0,772
Educação
0,782
0,867
Longevidade
0,701
0,720
Renda
0,668
0,730
Fonte: PNUD; IPEA; Fundação João Pinheiro (2000)
Devido ao destaque do indicador educação, apresenta-se a seguir Tabelas II.10.10 e II.10.11,
complementares que trazem dados acerca da evolução do nível educacional da população jovem e
adulta para o período 1991-2000. Podemos observar que houve acentuada queda na taxa de
analfabetismo em todas as faixas etárias, assim como, na porcentagem de pessoas com menos de
4 e menos de 8 anos de estudo. Outro dado relevante e positivo diz respeito ao percentual de
jovens freqüentando a escola, que apresentou aumento em todas as faixas etárias. De forma
análoga, houve elevação da média de anos de estudo pela população adulta, que passou de 5
para 6,1 anos.
TABELA II.10.10 – Governador Valadares: Nível Educacional da População Jovem, 1991 e 2000.
Faixa etária
(anos)
7 a 14
10 a 14
15 a 17
18 a 24
Taxa de
analfabetismo
1991
2000
% com menos de
4 anos de estudo
1991
2000
% com menos de
8 anos de estudo
1991
2000
% Frequentando
a escola
1991
2000
17,7
6,4
-
-
-
-
88,1
95,8
8,3
1,9
60,0
33,4
-
-
87,1
95,6
4,7
1,4
21,4
7,9
79,4
55,0
55,5
77,5
4,1
2,3
14,9
9,5
60,4
39,5
-
-
- não se aplica
Fonte: PNUD; IPEA; FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (2000)
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TABELA II.10.11 - Governador Valadares: Nível Educacional da População Adulta (25 anos ou mais), 1991
e 2000.
1991
2000
Taxa de analfabetismo
20,6
12,7
% com menos de 4 anos de estudo
39,3
28,7
% com menos de 4 anos de estudo
72,3
63,5
Média de anos de estudo
5,0
6,1
Fonte: PNUD; IPEA; Fundação João Pinheiro (2000)
A análise dos dados espacializados referentes à média de anos de estudo refletem resultados
interessantes, conforme podem ser observados na Figura II.10.4 adiante. Podemos notar que
havia significativa parcela da população que possuía apenas de 1 a 4 anos de estudo, em geral
habitando nas periferias da cidade, sendo que a maioria da cidade cursou de 4 a 8 anos. Podemos
perceber ainda, pela análise do Mapa, que há uma clara coincidência entre anos de estudo e renda
média (Figura II.10.5 a seguir), em bairros como a Ilha dos Araújos e Centro. Os demais bairros
próximos ao futuro Parque apresentavam média de 4 a 8 anos de estudo, portanto em posição
intermediária em relação aos demais estratos.
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FIGURA II.10.4 – Governador Valadares: média de anos de estudo
No período 1991-2000, a taxa de mortalidade infantil do município diminuiu 1,01%, passando de
34,77 (por mil nascidos vivos) em 1991 para 34,42 (por mil nascidos vivos) em 2000, e a
esperança de vida ao nascer cresceu 1,16 anos, passando de 67,03 anos em 1991 para 68,19
anos em 2000, como pode ser visualizado na Tabela II.10.12 a seguir. Houve ainda, queda na
taxa de fecundidade total, que passou de 2,4 para 2,1 filhos por mulher, abaixo, portanto, da
média nacional de 2,3. Uma taxa de 2,1 é conhecida como ―nível de reposição‖, no qual mantém a
população constante no longo prazo.
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TABELA II.10.12 – Governador Valadares: Indicadores de Longevidade, Mortalidade e Fecundidade, 1991
e 2000.
1991
2000
Mortalidade de até 1 ano de idade (por 1000 nascidos vivos)
34,8
34,4
Esperança de vida ao nascer (anos)
67,0
68,2
Taxa de fecundidade total (filhos por mulher)
2,4
2,1
Fonte: PNUD; IPEA; Fundação João Pinheiro (2000)
A partir da Tabela II.10.13, podemos observar que a renda per capita média do município cresceu
45,23%, passando de R$ 212,89 em 1991 para R$ 309,18 em 2000. A pobreza (medida pela
proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 75,50, equivalente à metade
do salário mínimo vigente em agosto de 2000) diminuiu 25,86%, passando de 36,1% em 1991
para 26,8% em 2000. Não obstante, a desigualdade cresceu: o Índice de Gini passou de 0,59 em
1991 para 0,62 em 2000.
TABELA II.10.13 – Governador Valadares: Indicadores de Renda, Pobreza e Desigualdade, 1991 e 2000
1991
2000
Renda per capita média (R$ de 2000)
212,9
306,2
Proporção de pobres (%)
36,1
26,8
Índice de Gini
0,59
0,62
Fonte: PNUD; IPEA; Fundação João Pinheiro (2000)
De modo análogo à figura anterior, a Figura II.10.5 a seguir demonstra a espacialização dos dados
referentes à renda média mensal dos trabalhadores em Governador Valadares (2000). Conforme
comentado, há aproximações entre o nível de escolaridade e a renda média, comumente
observado na realidade brasileira. Novamente, podemos observar que significativa parcela da
população encontrava-se em situação desfavorável, recebendo em média até 4 salário mínimos,
que em 2000 representavam apenas R$ 604,00. As porções da cidade que apresentavam as
melhores médias de renda, maior que 10 salários mínimos, situam-se na porção norte e central,
em bairros como: Centro, Ilha dos Araújos, N. Sra das Graças, Morada do Acampamento, dentre
outros. A maioria dos bairros situados nas proximidades do futuro Parque apresentavam renda
média mensal entre 6 a 8 salários mínimos. Sendo que outros, como o Vila Parque Ibituruna e Vila
Parque São João situavam-se em estratos inferiores aos demais.
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FIGURA II.10.5 - Governador Valadares: renda média mensal
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II.10.4.2 - Infra-estrutura disponível
A infra-estrutura viária da Região do Rio Doce deixa a desejar, em comparação com outras áreas
do contexto estadual. Embora conte com importantes rodovias federais, como a BR-116 e a BR381 (no sentido norte-sul), as BR-451 e BR-259, além da rodovia de ligação LMG-758 (na direção
leste-oeste), há vazios rodoviários expressivos, um dos quais se situa a leste de Caratinga. A
carência e a baixa qualidade das estradas vicinais são significativas na área.
Contudo, a presença da EFVM, hoje utilizada para transporte do minério de ferro e de coque,
representa grande potencial, enquanto estímulo à produção e escoamento de outros bens, quando
finalizada sua transformação em corredor de exportação.
O acesso a serviços básicos pelos moradores de Valadares apresentou um significativo avanço no
período 1991-2000, como pode ser observado na Tabela II.10.14 a seguir. À exceção do serviço
de energia elétrica, que já apresentava um percentual elevado em 1991, os acessos à água
encanada e coleta de lixo, nos domicílios urbanos, melhoraram expressivamente, como podem ser
observados na Tabela II.10.14 abaixo.
TABELA II.10.14 – Governador Valadares: Acesso a Serviços Básicos, 1991 e 2000
1
1991
2000
Água encanada
81,3
90,4
Energia elétrica
96,5
99,5
Coleta de lixo1
64,8
89,5
Somente domicílios urbanos
Fonte: PNUD; IPEA; FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (2000)
Segundo dados mais recentes (2007), fornecidos pelo SAAE (autarquia municipal), que é a
operadora dos serviços na cidade, cerca de 100% da população é atendida com água tratada.
Enquanto que o esgoto Sanitário alcança 345 km de rede, atingindo aproximadamente 90% da
população. A Figura II.10.6 a seguir, reflete, entretanto, a realidade observada no Censo 2000 e
expressa na tabela anterior. A espacialização dos dados demonstra, de fato, uma boa distribuição
do serviço pela cidade. Ressalta-se que as porções em vermelho são áreas de baixíssima
ocupação, como podem ser observadas na Figura II.10.2 apresentada. Não obstante, podemos
notar variações no atendimento por este serviço entre os setores censitários pesquisados. A área
próxima de onde será criado o Parque apresentava-se de modo satisfatório em relação à prestação
deste serviço, conforme pode ser observado na Figura II.10.6.
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FIGURA II.10.6 – Governador Valadares: abastecimento de água da rede geral
A distribuição do atendimento quanto ao esgotamento sanitário por rede geral ou pluvial, como
era de se esperar, apresentava maior heterogeneidade que o abastecimento de água, como pode
ser observado na Figura II.10.7 a seguir. Como há uma parcela maior da população que não
dispõe deste serviço, comparativamente à água, a figura reflete este resultado. Apenas pequenas
porções da cidade dispunham de atendimento adequado quanto à coleta de esgoto. Bairros como
São Paulo, Ilha dos Araújos, Elvamar, dentro outros, apresentavam situação melhor. Não obstante
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a maior parcela da cidade encontrava-se em situação intermediária, inclusive parte da área onde
será implantado o Parque, à exceção de alguns dos bairros já citados, em situação favorável. Estes
dados são de extrema importância por refletirem diretamente sobre a qualidade de vida das
pessoas. Ademais, é imprescindível que o Parque conviva com adequadas condições sanitárias em
seu entorno, seja por questões de saúde ou odor – importantes atributos a serem considerados.
FIGURA II.10.7 – Governador Valadares: Esgotamento sanitário via rede geral ou pluvial
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A Figura II.10.8 a seguir demonstra a espacialização dos dados (2000) de outro serviço
indispensável à população: a coleta de lixo. Podemos observar novamente certa heterogeneidade
entre as diversas porções da cidade quanto ao atendimento. Diversas áreas da cidade
encontravam-se bem atendidas, apesar de a maior parte caracterizar-se por um atendimento
intermediário, representado pela cor amarela na figura.
Figura II.10.8 - Governador Valadares: domicílio com coleta de lixo
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Assim como observado para os outros serviços, há em geral, uma coincidência quanto às áreas
melhor atendidas, em geral de melhores rendas. Ademais, de modo semelhante ao visualizado
para os outros serviços, as áreas próximas do local onde será implantado o Parque apresentam
situação satisfatória, o que a princípio não parece representar um problema.
Não obstante, ressalta-se a importância de conhecer na atualidade, para todos os serviços
analisados, a situação nos limiares da área do futuro Parque, tendo em vista o hiato temporal ao
último censo. Os dados ora apresentados refletem a realidade com dez anos de atraso, sendo que
experienciamos significativos avanços no setor sanitário, na distribuição de renda e na educação
nos últimos anos.
II.10.5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A caracterização do município de Governador Valadares ora apresentado, concebido a partir de
fontes secundárias, presta-se como um esforço inicial de buscar um macro diagnóstico dos
aspectos sócio-econômicos locais. As informações aqui presentes possibilitam compreender em
linhas gerais as condições econômicas, demográficas, incluindo a qualidade de vida da população,
e o papel regional desempenhado pelo município. A partir da complementação destas informações
será possível traçar um cenário que vislumbre as diversas formas de apropriação que a população
poderá ter em relação à unidade de conservação, em processo de criação, assim como, eventuais
conflitos de uso. Ademais, apontará a relevância e os efeitos socioambientais da reserva, tanto na
escala municipal quanto regional.
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