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Artefacto 1
Tópico 2: Economia e alterações climáticas
Junho 2013
"Qual o seu grau de concordância com a conclusão de Relatório de Stern de que os
custos de inação face à problemática das alterações climáticas superam os custos da ação
imediata?"
Após análise ao Relatório de Stern, parece-me razoável e plausível considerar que os
custos de inação irão superar a médio/longo prazo os custos de ação imediata no combate às
alterações climáticas. Porém, acho que não será possível prever qual será (mesmo num prazo
de 50 anos) a percentagem do PIB mundial do custo de inação que Stern refere, que pode
chegar até 20% ou mais, ou seja é comparável ao custo de ter 2 guerras mundiais.
Neste relatório há que ter em conta que Stern adopta análises frias e extremas dos
riscos e consequências da inação, cujo valores apresentados são bastante discutíveis e com
bastantes variáveis. Por exemplo, o “custo social por tonelada de CO2 de 85 US$ quando o
mais reputado especialista da matéria (William Nordhaus da Universidade de Yale) o calcula
em 2,5 US$”1. Estes valores tão distantes de diferentes especialistas alterariam
significativamente a análise deste estudo.
Os impactes de um aumento das emissões dos gases com efeito de estufa (GEE) acima
do teto de 500 ppm CO2 como refere o relatório, foi algo exagerado mas não retira a
importância de começar a agir no imediato, como prevenção ao agravamento das alterações
climáticas. O valor desse investimento deve ser consensual a nível internacional pois este é
um problema global em que o ambiente não conhece fronteiras.
O relatório não têm ainda em conta a evolução das tecnologias que poderá substituir
de vez os combustíveis fósseis mas para que tal aconteça, é necessário um investimento sem
precedentes nas novas energias não poluentes e sobretudo em energias renováveis. Com o
desenvolvimento de novas tecnologias mais limpas, eficientes e com uma reduzida/nenhuma
emissão de carbono é possível assistir a um crescimento económico global sustentável. É
preciso ter em conta que os dados de estudo remontam até 2006 sendo que estes valores estão
em constante evolução, pelo que estão desde já estão limitados ao grau de conhecimento
disponível no início do estudo. Aliás, actualmente Stern está ainda mais pessimista do que há
7 anos atrás, pois os novos dados trazem cenários ainda mais catastróficos.2
1
http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/o_relatorio_stern.html
2
http://www.altosestudos.com.br/?p=50868
Pedro Salgueiro
Alterações Climáticas: O Contexto das Experiências de Vida
Artefacto 1
Tópico 2: Economia e alterações climáticas
Junho 2013
Não se justifica para os países em desenvolvimento que apesar de potencialmente
serem os mais prejudicados pelas alterações climáticas, de serem compensados
financeiramente para poderem competir de forma justa e terem um desenvolvimento
desejável. Porém, estes países mais pobres deveriam ter o apoio a nível tecnológico e
económico dos países mais poderosos, de forma a poderem também investir em tecnologias
não poluentes. Assim traria um mercado global justo para todos e fomentava o
desenvolvimento sustentável, numa fase crucial das suas economias em que poderiam crescer
tendo em vista o futuro.
As taxas de desconto que Stern refere são bastante discutíveis, até porque não
saberemos como irão proceder as gerações futuras quanto ao combate às alterações climáticas.
Estas taxas de desconto segundo Stern, não podem ser comparadas às taxas de juros, no
entanto o seu mecanismo de risco e incertezas é praticamente o mesmo. Este tópico é bastante
controverso ficando por provar e explicar concretamente a viabilidade destas taxas
nomeadamente atráves de uma análise custo-benefício.
O mercado de carbono só funciona e é desejável para os capitalistas. Está estabelecido
no protocolo de Quioto a cota máxima de GEE que cada país pode emitir mas em termos
ambientais, este tipo de mercado não funciona pois não faz sentido pagar para continuar
emitir ainda mais GEE. O princípio de poluidor-pagador é bonito na teoria mas na prática
pode levar a que se continue a poluir pois (além do ambiente não ter preço), na maior parte
das grandes empresas compensa continuar a usar tecnologias poluentes mas que saem mais
baratas. O mercado do carbono só traz desigualdades entre as empresas/governos, que tem
maior poderio financeiro e também político. Deste modo é inviável nos moldes actuais usar
este modelo.
Os custos de transição para se mudar para uma economia de baixa carbono é outra
incógnita. Num momento actual de crise económica a nível mundial em que são necessário
novos investimentos e novas políticas de mercado, podia ser uma excelente oportunidade para
se apostar em tecnologias “verdes” pois o actual modelo económico provou-se ser
insustentável. Realizar a transição para a economia de baixo carbono ou de aposta em
energias renováveis pode relançar o comércio mundial e desta forma tornar-se numa
economia sustentável.
Por fim conclui-se que este relatório peca por ser algo sensasionalista nomeadamente
que as alterações climáticas poderão ser irreversíveis a curto prazo. No entanto está claro que
este é um problema real e que deve-se agir desde já de modo a salvaguardar o planeta de
graves consequências se nada for feito, tendo sempre em vista o desenvolvimento sustentável.
Pedro Salgueiro
Alterações Climáticas: O Contexto das Experiências de Vida
Artefacto 1
Tópico 2: Economia e alterações climáticas
Junho 2013
Bibliografia
 Materias disponibilizados na página do curso: As Alterações Climáticas: o contexto
das experiências de vida.
 Wilson et al. (2012). Climate Change: from science to lived experience.
 Nunes, Carlos (2007). Relatório Stern – Uma síntese. Departamento de Prospectiva e
Planeamento e Relações Internacionais do Ministério do Ambiente e do Ordenamento
do Território da Sphera.
 Mudanças climáticas. Disponível em http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/
Consultado em 8 de Junho de 2013
 Jornal
de
negócios
-
O
relatório
Stern.
Disponível
http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/o_relatorio_stern.html
em
Consultado
em 7 de Junho de 2013
 Wall Street Journal - Stern Review by Bjorn Lomborg. Disponível em
http://online.wsj.com/article/SB116243506287110986-search.html Consultado em 7
de Junho de 2013
 Roda
viva
–
Nicholas
Stern.
Disponível
em
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/500/entrevistados/ Consultado em 8 de Junho
de 2013
 Altos Estudos - Sustentabilidade: Nicholas Stern admite que subestimou o risco do
aquecimento
global.
Disponível
em
http://www.altosestudos.com.br/?p=50868
Consultado em 6 de Junho de 2013
Pedro Salgueiro
Alterações Climáticas: O Contexto das Experiências de Vida

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