ANESTESIA PARA CIRURGIA DE SEPARAÇÃO DE GÊMEOS

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ANESTESIA PARA CIRURGIA DE SEPARAÇÃO DE GÊMEOS
TEMAS LIVRES DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA
9º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO – 1º CONGRESSO DE DOR DA BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA
A
ANESTESIA PARA CIRURGIA DE SEPARAÇÃO DE GÊMEOS SIAMESES ONFALÓPAGOS. RELATO DE CASO
Miriam N Pereira, Rúbia G Dusi, Wendel B Silva*, Hélio Pitombeira
CET/SBA do Serviço de Anestesiologia do Hospital de Base do Distrito Federal
SQS 103 - Bloco”E” - Apt:504 - Asa Sul - 70342-050 - Brasília-DF
Introdução - Gêmeos siameses são fenômenos de duplicação embriogênica de característica monozigótica. Sua incidência
varia de 1-25.000 a 1-100.000. Existe proporção de 3:1 respectivamente para sexo feminino:masculino. A anestesia nestes casos se torna um desafio devido às alterações anatômicas e/ou funcionais presentes. Apresentamos a conduta em um caso de
separação de gêmeas siamesas unidas pelo abdômen (GI e GII). Relato do Caso - Pacientes nascidas de parto cesariano, com
idade gestacional de 36s e 5d, peso 4.650 g (GI+GII). Atomografia evidenciava união pela parede anterior do abdômen e por curto segmento hepático. A cintilografia revelava ausência de compartilhamento funcional entre os parênquimas hepáticos. Apresentavam-se em bom estado geral. Estado físico: ASA II. Após monitorização, procedeu-se teste com injeção de atropina
0,05mg em GI com comprovação da não comunicação circulatória. Foi realizada, em seqüência, GII e logo após em GI, indução
inalatória com sevoflurano a 3%, N2 O 50% e succinilcolina 4 mg , IOT, com difícil posicionamento, com tubo 3 sem balonete. Foi
empregado o rocurônio para relaxamento muscular. GI colocada em ventilação mecânica, sistema valvular com absorvedor de
CO², manutenção inalatória com sevoflurano. GII colocada em ventilação mecânica, Babyvent, manutenção inalatória com Sevoflurano . Realizado bloqueio caudal em ambas com morfina (40 µg). Acirurgia consistiu da separação das gêmeas unidas apenas por um pequeno segmento hepático. Antes da separação, houve dificuldade no acesso venoso de GI, que se normalizou
após a mudança para decúbito dorsal. Não ocorreram outras anormalidades no procedimento com duração de 110 min. As pacientes foram encaminhadas à UTI, intubadas, em ventilação mecânica. GI foi extubada 7 horas após o término da cirurgia, recebendo alta para o berçário no 2º DPO. GII foi extubada 24 horas após o término da cirurgia, recebendo alta para o berçário no 3º
DPO. Boa evolução e alta hospitalar no 9º DPO. Discussão - A condição rara descrita representa um desafio para a anestesia.
Neste caso temos condições de intubação difícil e prematuridade. Como as alterações anatômicas eram pequenas e houve um
preparo prévio da equipe, com estabelecimento de estratégias, não houve intercorrências. Referências - 01.Thomas JM,
Lopez T - Conjoined Twins - The anaesthetic management of 15 sets from 1991-2002. Ped Anesth, 2004,14:117-129.
B
ANESTESIAGERAL BALANCEADAE USO DO FATOR VIIa RECOMBINANTE EM PACIENTE COM DOENÇAAUTO-IMUNE
E ALTERAÇÕES DA HEMOSTASIA. RELATO DE CASO
Diógenes V Resende, Liliana M Andrade*, Inácia G S Lordêllo, Sérgio H Matos
CET/ SBA do Hospital de Base do Distrito Federal, Brasília, DF
SQS 102 Bloco B apto 501, Asa Sul - 70330-020, Brasília - Distrito Federal
Introdução - O Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma desordem multi-sistêmica caracterizada pela produção de auto-anticorpos (Ac). Cerca de 10% a 34% dos pacientes com LES apresentam anticorpo antifosfolipídico (Ac APL) e outros Ac, especialmente contra o Fator VIII, que predispõem à hemorragia. O Fator VIIa recombinante (FR VIIa) é um novo fármaco hemostático, já
utilizado com sucesso em pacientes com inibidores de fator VIII e IX (IF VIII e IX). Paradoxalmente, no LES, há risco aumentado
de tromboembolismo. O objetivo deste relato é descrever a anestesia geral balanceada em paciente com LES, Ac APL e IF VIII e
IX e o uso intra-operatório de FR VIIa. Relato do Caso - Paciente do sexo feminino, 28 anos, 70 kg, estado físico ASA II, admitida
para colecistectomia e hernioplastia. Procedeu-se a monitorizarão de rotina, venóclise, hidratação, pré-oxigenação e indução
venosa com remifentanil (0,4 ug.kg-1.min-1), midazolam (3 mg), propofol (100 mg) e cisatracúrio (10 mg). Administrado FR VII
(360 KUI). Realizada intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Mantida com isoflurano (Ä 0,5% - 1%) e remifentanil (0,3 0,4 µg.kg-1.min-1). O procedimento durou 3h15min. Nova dose de FR VIIa (360 KUI) foi administrada aos 180’. Não houve intercorrências (ÄFC 70-80 bpm, ÄPAS 100-130 mmHg, ÄPAD 50-80 mmHg, ÄEtCO 2 27-30 mmHg, SpO 2: 98-99%). A perda sangüínea foi normal ao procedimento. Ao término da cirurgia, foi administrada morfina 7 mg por via subcutânea. O despertar ocorreu
25 min após o término da infusão de remifentanil. O bloqueio neuromuscular foi revertido e a paciente extubada em sala e encaminhada à SRPA. Recebeu alta hospitalar após 3 dias. Discussão - Apresença de Ac aos fatores da coagulação nos alerta sobre
os riscos da anestesia regional. A anestesia geral permite melhor controle do plano anestésico com administração titulada dos
fármacos conforme a necessidade. O FR VIIa é preconizado no tratamento de hemorragias associadas aos IF VIII e IX. No entanto, especialmente em portadores de trombofilias, pode associar-se a fenômenos tromboembólicos. O caso descreve o uso com
sucesso do FR VIIa no intra-operatório de colecistectomia e hernioplastia em paciente com doença autoimune. Referências 01. Sharo R - Systemic lupus erytematosus and the obstetrical patient- implications for the anaesthetic. Can J Anaesth,
1991;38:790-796; 02. Rott H et al - Use of recombinant factor VIIa in the management of acute hemorrhage. Curr Op Anaesth,
2004;17:159-163.
CBA 278
Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 54, Supl. Nº 33, Novembro, 2004

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