Caderno de Resumos e Programação

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Caderno de Resumos e Programação
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
11 a 14 de junho de 2013
Caderno de Resumos
e Programação
ISSN: 2177-5443
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
CAMPUS CATALÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
CAMPUS CATALÃO
DEPARTAMENTO DE LETRAS
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
11 a 14 de junho de 2013
CATALÃO - GOIÁS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
CAMPUS CATALÃO
REITORIA
Edward Madureira Brasil
VICE-REITORIA
Eriberto Francisco Bevilaqua Marin
DIREÇÃO DO CAMPUS CATALÃO
Manoel Rodrigues Chaves
VICE-DIREÇÃO DO CAMPUS CATALÃO
Aparecida Maria Almeida Barros
DEPARTAMENTO DE LETRAS
CHEFIA
Gisele da Paz Nunes
COORDENAÇÃO LICENCIATURA PORTUGUÊS
Ulysses Rocha Filho
COORDENAÇÃO LICENCIATURA PORTUGUÊS/INGLÊS
Luciane Guimarães de Paula
COMISSÃO ORGANIZADORA DO EVENTO
COORDENAÇÃO GERAL
João Batista Cardoso
COMISSÃO EDITORIAL
Jozimar Luciovanio Bernardo
Luciana Borges
Maria Gabriela Gomes Pires
Maria Helena de Paula
COMISSÃO CULTURAL
Luciane Guimarães de Paula
Terezinha de Assis Oliveira
Ulysses Rocha Filho
COMISSÃO DE APOIO E INFRAESTRUTURA
Luciana de Oliveira Faria
Adriana Laurença da Cunha
Maria Fernanda Costa Gonçalves
Aldenir Chagas Alves
Mariana de Moraes Nascimento
Alexander Meireles da Silva
Marilia Ribeiro Perfeito
Aline Pâmela Cruz da Silva
Mary Rodrigues Vale Guimarães
Belisa Neri Oliveira
Mayara Aparecida Ribeiro de Almeida
Camila Aparecida Virgílio
Miriane Gomes de Lima
Cíntia Martins Sanches
Patrícia Souza Rocha Marçal
Danilo Pablo Gomes de Oliveira
Paula Campos Morais
Deliorrane Sousa Barbosa
Raquel Amaral Lima
Dóbia Pereira dos Santos
Raquel Divina Silva
Erislane Rodrigues Ribeiro
Raul Dias Pimenta
Fabrícia dos Santos S. Martins
Rayne Mesquita de Rezende
Flávia Freitas de Oliveira
Sabrina Mesquita de Rezende
Gisele da Paz Nunes
Samuel Cavalcante da Silva
Grenissa Bonvino Stafuzza
Sarah Carime Braga Santana
Humberto do Amaral Mesquita
Wellington dos Reis Nascimento
Iuri Silva Eziquiel
Terezinha de Assis Oliveira
Jessica Cristine F. Mendes
Uiara Vaz Jordão
Jessica Luciano dos Santos
Ulysses Rocha Filho
Lady Daiane Martins Ribeiro
Laice Raquel Dias
COMISSÃO DE CREDENCIAMENTO
Ademilde Fonseca
Maria Ângela J. S. Thavares
Cássio Ribeiro Manoel
Maria Imaculada Cavalcante
Francielle Teodósio de Oliveira
Miriane Gomes de Lima
Jaciara Mesquita Rosa
Talita Alves da Costa
Juliana da Silva Martins Jorge
Terezinha de Assis Oliveira
COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO
Aline Silvério de Greitas
Mayara A. Ribeiro de Almeida
Cássio Ribeiro Manoel
Miriane Gomes de Almeida
Fernanda Pires de Paula
Rayne Mesquita de Rezende
Grenissa Bonvino Stafuzza
Sabrina Mesquita de Rezende
João Batista Cardoso
Vinícius Aires de S. Fernandes
Maiune Oliveira Silva
Wanderléia Félix de Jesus
COMISSÃO DE PÔSTER
Alexander Meireles da Silva
Fabianna Simão Belizzi Carneiro
Maria Imaculada Cavalcante
COMISSÃO DE PATROCÍNIO
Lúcia Maria Castroviejo Azevedo
COMISSÃO DE ELABORAÇÃO DOS CERTIFICADOS
Flávia Freitas de Oliveira
Ionice Barbosa de Campos
Miriane Gomes de Lima
COMISSÃO RESPONSÁVEL PELO LANÇAMENTO DE LIVROS
Edilair José dos Santos
Fabianna Simão Belizzi Carneiro
Luciane Guimarães de Paula
Editoração: Jozimar Luciovanio Bernardo e Maria Gabriela Gomes Pires
Revisão: Luciana Borges e Maria Helena de Paula
Universidade Federal de Goiás
Campus Catalão
Departamento de Letras
Avenida Dr. Lamartine Pinto de Avelar, 1120, Setor Universitário
CEP 75704-020 – Catalão (GO)
Fone: (64) 3441-5304
E-mail: [email protected]
Os resumos foram transcritos de acordo com os originais enviados à comissão organizadora do
evento, sendo, portanto, de inteira responsabilidade de seus autores.
ISSN: 2177-5443
A reprodução parcial ou total desta obra é permitida, desde que a fonte seja citada.
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO _________________________________________________________________________
05
PROGRAMAÇÃO GERAL _________________________________________________________________
06
RESUMOS
Mesas-Redondas __________________________________________________________________
41
Minicurso __________________________________________________________________________
50
Grupos de trabalho________________________________________________________________
51
GT 01 - Caminhos e descaminhos do fantástico: as evanescentes fronteiras da fantasia, do gótico, da
51
ficção científica e do realismo mágico ___________________________________________________________________
GT 02 - Possibilidades e desafios no ensino da língua inglesa: contribuições para o processo de ensino
59
e aprendizagem__________________________________________________________________________________________
GT 03 - Estudos de ficção brasileira contemporânea: produção, mercado editorial, recepção e crítica__
70
GT 04 - O Círculo de Bakhtin na análise de discurso: diálogos teóricos__________________________________
81
GT 05 - Estudos com linguística de corpus_______________________________________________________________
92
GT 06 - Migrações, etnoterritorialidades e discursos na literatura e nos meios de comunicação_________
104
GT 07 - A leitura e o leitor: história, práticas e discursos _________________________________________________
109
GT 08 -(Des)tecendo os fios do ensino de línguas e da formação do professor_________________________
122
GT 09 - As múltiplas faces da narrativa fantástica: da antiguidade até a contemporaneidade___________
135
GT 10 - A chamada literatura mediúnica em questão____________________________________________________
141
GT 11 - Literatura, história e imaginário: relações e perspectivas teóricas e críticas ______________________
144
GT 12 - Língua portuguesa e perspectivas para o seu ensino-aprendizagem ___________________________
155
GT 13 - Análise do discurso e literatura: articulações e perspectivas de leitura__________________________
167
GT 14 - História da língua portuguesa: contribuições filológicas________________________________________
177
GT 15 - Literatura infantil e juvenil: a formação do leitor em questão ___________________________________
183
GT 16 - Os estudos do léxico e suas interfaces __________________________________________________________
193
GT 17 - Literatura em perspectiva de gênero: questões de autoria, sexualidade, erotismo e corpo _____
205
GT 18 - O sujeito na trajetoria da enunciação____________________________________________________________
216
GT 19 - Gêneros, discursos e identidades nas diferentes esferas sociais: as contribuições da análise de
225
discurso crítica e da linguística sistêmico-funcional______________________________________________________
GT 20 - Fesquisas em fonologia, variação e mudança no português brasileiro___________________________
230
Pôsteres ___________________________________________________________________________
235
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
APRESENTAÇÃO
O SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA – SINALEL-2013, em sua
terceira edição nacional e segunda internacional, propõe a discussão de questões
que envolvem Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino.
Atendendo a uma demanda por eventos de dimensão internacional, na área
de Letras e Linguística, na região Centro-Oeste do Brasil, o SINALEL já se constitui um
dos principais eventos da área no interior de Goiás.
É, sobretudo, um esforço maior da Comissão Organizadora, composta pelos
docentes, funcionários e alunos do Departamento de Letras da Universidade Federal
de Goiás, Campus Catalão, em propiciar condições que permitam um profícuo
debate entre pesquisadores, professores e alunos do exterior e de todas as regiões
do país sobre o tema proposto para esta edição.
A elevada quantidade e qualidade dos trabalhos nas mesas-redondas,
minicurso, conferências, grupos de trabalhos e pôsteres deste III SINALEL revela não
apenas o compromisso de todos os organizadores, participantes e convidados do
evento em discutir as inter-relações entre os temas do Simpósio; antes, demonstra,
indiscutivelmente, a confiança depositada na sua equipe organizadora e a
importância do SINALEL, que se consolida na comunidade acadêmico-científica do
país.
Convidamos a todos e todas, ao acessarem os resumos das propostas de
trabalho a serem apresentadas no evento, a usufruírem conosco esta oportunidade
ímpar para discutir múltiplas e urgentes questões na área de Letras e Linguística.
A comissão editorial
III SINALEL
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
PROGRAMAÇÃO GERAL
11/06/2013 (terça-feira)
14h às 16h
Credenciamento
Local: Hall de entrada e subsolo da Biblioteca.
Obs.: Nos demais dias, o credenciamento será feito no Hall de entrada do Bloco Didático I,
no horário das atividades.
15h às 16h
Apresentação de Pôsteres
Comissão responsável:
Alexander Meireles da Silva (UFG-CAC),
Fabianna Simão Bellizzi Carneiro (UFG-CAC)
Maria Imaculada Cavalcante (UFG-CAC)
Local: Hall de entrada e subsolo da Biblioteca
1
FANTÁSTICAS SIMBOLOGIAS: PERSONAGENS FEMININAS NA FICÇÃO DE AUGUSTA
FARO
Camila Aparecida Virgílio Batista (UFG-CAC)
Luciana Borges (UFG-CAC)
2
CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO ENSINO DE LINGUAGEM EM UM CONTEXTO
SOCIOINTERACIONAL
Elenilce dos Santos Oliveira Santiago (Centro Universitário UnirG)
Erivaldo Pereira Lima (Centro Universitário UnirG)
3
A ALEGORIA DA RESISTÊNCIA NA OBRA: “A FESTA” DE IVAN ÂNGELO
Emanuella Luchesy Cunha Silva (UESPI)
4
GRAMATICALIZAÇÃO DE CONSTRUÇÕES EM PORTUGUÊS BRASILEIRO: UM ESTUDO
ACERCA DAS CONSTRUÇÕES PARATÁTICAS PERIFRÁSTICAS
Érica Rogéria da Silva (UFU)
5
ÁUDIO LIGADO E DESMASCARAMENTO PELA LINGUAGEM: UMA ANÁLISE DO
COMENTÁRIO FEITO POR BORIS CASOY SOBRE OS GARIS
Fernanda Carolina Mendes (UFG)
6
OS DIFERENTES MÉTODOS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Giovanna Bruna Medeiros Freitas (UFU)
7
A ABORDAGEM DO GÊNERO CONTO DE FADAS NA SALA DE AULA: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA DO PIBID
Kássia Mariano de Souza (UFG)
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Anderson Ruan da Silva (UFG)
Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG)
8
NARRATIVIDADE, MITO E IMAGINÁRIO NOS FILMES PUBLICITÁRIOS DA NISSAN E DA
WOLKS: PERSPECTIVA DA ECOLINGUÍSTICA
Ludmila Pereira de Almeida (UFG)
9
PIBID LÍNGUA PORTUGUESA/UFU: UMA PROPOSTA DE REORGANIZAÇÃO NO
AMBIENTE ESCOLAR
Maria Isabel Masini (UFU)
Mayara Pereira de Mello (UFU)
10
UM ESTUDO SOBRE A INTERVENÇÃO DOS PROCESSOS FONOLÓGICOS SÂNDI E
SÍNCOPE NA AQUISIÇÃO DA ESCRITA
Miriane Gomes de Lima (UFG)
Gisele da Paz Nunes (UFG)
11
INTERCÂMBIO E SEUS EFEITOS IDENTITÁRIOS: AUTO-REFLEXÕES NO PERCURSO DA
FORMAÇÃO INICIAL
Naiara de Paiva Vieira (UFLA)
Tania Regina de Souza Romero (UFLA)
12
UM ESTUDO DE CASO ACERCA DOS PROCESSOS FONOLÓGICOS PRODUZIDOS POR
UMA ALUNA DA ESCOLA ESPECIAL INTEGRAÇÃO DE PALMAS – APAE
Patrícia Gomes Aguiar (UFT)
13
CAPACITAÇÃO DO FUTURO DOCENTE: MOBILIZAÇÃO DE AÇÕES NAS PRÁTICAS
ESCOLARES
Reinalda Sebastião dos Santos Ferreira (UFG)
Nilce Meire Alves Rodovalho (UFG)
Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG)
14
APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA COMO LÍNGUA GLOBAL: UMA DÁDIVA OU A
REPRODUÇÃO DO DOMÍNIO COLONIAL
Sabrina Mesquita de Rezende (UFG)
Luciane Guimarães de Paula (UFG)
15
O IMAGINÁRIO BRASILEIRO DOS ESTUDANTES INTERCAMBISTAS EUROPEUS E
AFRICANOS E SUA RELAÇÃO COM O APRENDIZADO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Adriano Henriques Lopes da Silva (UFU)
16
O VOTO NO BIG BROTHER BRASIL: UM GÊNERO ENTRE O JOGO E A CASA
Arthur Ribeiro Costa e Silva (ESPA)
17
TRADIÇÃO E ESPETACULARIZAÇÃO NA FESTA DO ROSÁRIO DE CATALAO: UMA
PROPOSTA DE VOCABULÁRIO DO TERNO “MOÇAMBIQUE MAMÃE DO ROSÁRIO”
Cássio Ribeiro Manoel (UFG-CAC)
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
18
OPERAÇÕES LINGUÍSTICAS DURANTE A REESCRITA DE UM TEXTO INFANTIL
Emerson Gonzaga dos Santos (UFC)
19
A DINÂMICA DAS RELAÇÕES ENTRE O JOGO ELETRÔNICO E O JOGADOR SOB UMA
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
7
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
PERSPECTIVA CULTURAL
Fabian Antunes Silva (UNISUL)
20
CHAPEUZINHO NOS TEMPOS MODERNOS: O IMAGINÁRIO E O DISCURSO SOBRE A
FIGURA FEMININA
Henrique da Silva Fernandes (UFG)
Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFG)
Ludmila Pereira de Almeida (UFG)
21
BARREIRAS ENCONTRADAS POR UMA PROFESSORA NO ENSINO DA NORMAPADRÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
DA ESCOLA ESTADUAL JOAQUIM DA SILVA MOREIRA
Joscemar Teixeira de Morais Júnior (UEG)
Maria de Lurdes Nazário (UEG)
22
VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE SOCIAL EM SALA DE AULA UTILIZANDO OS
GÊNEROS TEXTUAIS
Pollyucy Figueiredo de Souza Taciana (Centro Universitário UnirG)
Thilman Velêda Pereira (Centro Universitário UnirG)
23
AS RELAÇÕES CULTURAIS ENTRE BRASIL E PORTUGAL DESCRITAS NAS MEMÓRIAS DE
CHABY
Richard Bertolin de Oliveira Alberto Tibaji (UFSJ)
24
MEDIAÇÃO ENTRE PROJETOS ESCOLARES E CURRÍCULO NO ENSINO DA LÍNGUA
PORTUGUESA
Valmir Soares Junior (UFOP)
Larissa Duarte (UFOP)
25
LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE
LÍNGUAS
Yasmin da Silva Rocha (UFG)
Wellington dos Reis Nascimento (UFG)
26
O LÉXICO DE UM JOGO DE VIDEO-GAME SOB A LUZ DA LINGUÍSTICA DE CORPUS
José Roberto Almeida Barroso (UEG)
20h
Conferência de Abertura:
DITONGOS DECRESCENTES: PROBLEMAS E UMA PROPOSTA DE ANÁLISE
W. Leo M. Wetzels
Professor Catedrático de Línguas Românicas e Amazônicas
Vrije Universiteit Amsterdam (Holanda)
Local: Miniauditório Profa. Sirlene Duarte
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
12/06/2013 (quarta-feira)
9h às 12h
Mesa-redonda 1:
PEDAGOGIA DO LÉXICO E DA TRADUÇÃO: ABORDAGENS BASEADAS
EM CORPUS
Coordenadora: Profa. Dra. Adriane Orenha-Ottaiano (UNESP/Campus
de São José do Rio Preto)
Profa. Dra. Paula Tavares Pinto Paiva (UNESP/IBILCE)
Prof. Dr. Celso Fernando Rocha (UNESP/IBILCE)
Profa. Dra. Marilei Amadeu Sabino (UNESP/IBILCE)
Profa. Dra. Emiliana Fernandes Bonalumi (UFMT)
Local: Miniauditório Profa. Sirlene Duarte
14h às 17h
Apresentação dos Grupos de Trabalho
GT 1 - CAMINHOS E DESCAMINHOS DO FANTÁSTICO: AS EVANESCENTES FRONTEIRAS DA
FANTASIA, DO GÓTICO, DA FICÇÃO CIENTÍFICA E DO REALISMO MÁGICO
Coordenadores: Alexander Meireles da Silva (UFG-CAC), Fabianna Simão Bellizzi Carneiro
(CAC/UFG)
Local: Bloco E - Sala 6 - Departamento de Letras - Laboratório de Francês
1
O APOCALIPSE SE APROXIMA: O FIM DA HUMANIDADE EM “THE NINE BILLION NAMES
OF GOD” DE ARTHUR C. CLARKE
Bárbara Maia das Neves (FAETEC)
2
DE DENTRO PRA FORA - O FANTÁSTICO EM MUTAÇÃO: AS TRANSFORMAÇÕES DE
ELEMENTOS FÓBICOS NA LITERATURA GÓTICA INGLESA DO SÉCULO XIX
Bruno Silva de Oliveira (UFG-CAC)
Alexander Meireles da Silva (UFG-CAC)
3
ESSA METAMORFOSE AMBULANTE E INSÓLITA: VERTENTES DO FANTÁSTICO EM
MURILO RUBIÃO E LYGIA FAGUNDES TELLES
Carla Adriana de Sousa Barbosa (UFPI)
Olivânia Maria Lima Rocha (UFPI)
4
UMA CIDADE DE CRISTAL NO CENTRO-OESTE BRASILEIRO: AS ESTRATÉGIAS DE
CONSTRUÇÃO NARRATIVA DA WEBSÉRIE STUFANA
Diego Luiz Silva Gomes de Albuquerque (UFBA)
5
O ESPAÇO DA ALTERIDADE NO CONTO “A ILHA DOS GATOS PINGADOS”, DE JOSÉ J.
VEIGA
Fabianna Simão Bellizzi Carneiro (UFG-CAC)
Alexander Meireles da Silva (UFG-CAC)
III SINALEL
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
GT 2 - POSSIBILIDADES E DESAFIOS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA: CONTRIBUIÇÕES
PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Coordenação: Luciane Guimarães de Paula (UFG-CAC)
Local: Bloco E - Sala 4 – Departamento de Letras – Sala de Multimeios
1
MATERIAL DIDÁTICO: UM DOS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFESSORES DE ESP.
Alessandra Cristina Bittencourt Alcântara (CEFET-RJ)
2
LINGUAGEM, SOCIEDADE E DIVERSIDADE AMAZÔNICA NA PERSPECTIVA DO ENSINO
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Ana Paula Melo Saraiva Vieira (UFAC)
3
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
Caline Fonseca de Andrade (UESC)
4
É POSSÍVEL APRENDER E ENSINAR INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA?
Camila Veloso Leite (UFG-CAC)
5
O COMPUTADOR E O PROFESSOR DE LÍNGUAS EM FORMAÇÃO
Cristiane Manzan Perine (UFU)
6
PROFESSORA E ALUNOS EXPLORANDO AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINOAPRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA
Gyzely Suely Lima (UFU)
GT 3 - ESTUDOS DE FICÇÃO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: PRODUÇÃO, MERCADO
EDITORIAL, RECEPÇÃO E CRÍTICA
Coordenação: Flávio Pereira Camargo (UFT), João Batista Cardoso (UFG – CAC), Márcia
Rejany Mendonça (UFT)
Local: Bloco D – Sala 1 – Educação Física
1
CINZAS DO NORTE: CONEXÕES ENTRE NARRADORES E PERSONAGENS
Lucas Haddad Grosso Silva (PUC – SP)
2
CRUÉIS TRAVESSIAS: VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO NA PORTO ALEGRE DOS CONTOS DE
AMILCAR BETTEGA BARBOSA
Carlos Augusto Magalhães (UNEB)
3
O PAPEL DO LEITOR NA FICÇÃO DE RUBEM FONSECA: DIVERSIDADE DE OLHARES
SOBRE O CRIME EM O COBRADOR
Cloves da Silva Junior (UEG)
4
JOÃO GILBERTO NOLL E A EXPERIMENTAÇÃO COM A LINGUAGEM: RELAÇÕES ENTRE
SUJEITO E SOCIEDADE EM BERKELEY EM BELLAGIO
Dezwith Alves de Barros (UFRN)
5
FLORISMUNDO PERIQUITO: A DESCOBERTA DE UM CONTO GOIANO
Ionice Barbosa de Campos (UFG – CAC)
III SINALEL
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10
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
6
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
A LITERATURA MULTIDISCIPLINAR BRASILEIRA EM BUSCA DO FIM DA MISÉRIA: ENTRE
RELATOS, FATOS E EXPECTATIVAS
José Henrique Rodrigues Stacciarini (UFG – CAC)
GT 4 - O CÍRCULO DE BAKHTIN NA ANÁLISE DE DISCURSO: DIÁLOGOS TEÓRICOS
Coordenação: Grenissa Stafuzza (GEDIS/UFG-CAC), Evelyn Cristine Vieira (GEDIS/UFG-CACPMEL)
Local: Bloco C – Sala 11 – Departamento de História
1
O DISCURSO TRÁGICO NA MODA DE VIOLA
Aldenir Chagas Alves (UFG-CAC)
Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG-CAC)
2
GÊNERO DISCURSIVO VULGARIZAÇÃO CIENTÍFICA: APROXIMAÇÕES POSSÍVEIS
Bruno Franceschini (UFU)
3
A BUSCA PELA FLUÊNCIA EM LÍNGUA INGLESA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS E EFEITOS DE
SENTIDO
Evelyn Cristine Vieira (UFG-CAC)
4
IDEOLOGIA, SIGNO IDEOLÓGICO E INTERDISCURSIVIDADE
BAKHTINIANA DA MÚSICA “LÍNGUA” DE CAETANO VELOSO
–
UMA
LEITURA
Fábio Tibúrcio Gonçalves (UFG-CAC)
5
DIALOGISMO E POLIFONIA: ENTRE O VERBAL E NÃO VERBAL NO DISCURSO DA
REVISTA VEJA SOBRE A ELEIÇÃO E RENÚNCIA DO PAPA BENTO XVI
Fábio Márcio Gaio de Souza (UFG-CAC)
6
A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA NA LITERATURA DE AUTOAJUDA: QUESTÕES DE
LINGUAGEM E CULTURA
Lady Daiane Martins Ribeiro (UFG-CAC)
Grenissa Bovino Stafuzza (UFG-CAC)
GT 5 - ESTUDOS COM LINGUÍSTICA DE CORPUS
Coordenação: Guilherme Fromm (UFU)
Local: Bloco Didático I – Sala 104
1
CONTRIBUIÇÕES DAS LISTAS DE PALAVRAS (OU VOCABULÁRIO CONTROLADO) PARA
A AULA DE LÍNGUA INGLESA
Aline da Cruz Lopes (UEG – Quirinópolis)
Jackeline Martins de Paiva (UEG – Quirinópolis)
2
TRADUÇÃO E CORPUS: ALGUNS ASPECTOS DA PONTUAÇÃO
Ariel Novodvorski (UFU)
3
O PROCESSO VARIÁVEL DA DITONGAÇÃO NA CIDADE DE UBERLÂNDIA
Dúnnia Hamdan (UFU)
III SINALEL
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
4
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
O LÉXICO PRESENTE EM ARTIGOS DA WIKIPEDIA E DA SIMPLE ENGLISH WIKIPEDIA:
ALGUMAS CONSTATAÇÕES ADVINDAS DA ANÁLISE DE CORPORA
Eduardo Batista da Silva (UEG)
5
A METÁFORA CONCEPTUAL NO POEMA CANTARES DE SALOMÃO
Francisca Maria Carvalho (UFMG)
6
A ASSOCIAÇÃO DO VOCÁBULO ACCESS COM INTERNET NO REGISTRO ESCRITO DE
DOIS GÊNEROS TEXTUAIS EM INGLÊS: UM ESTUDO À LUZ DA LINGUÍSTICA DE CORPUS
Jesiel Soares Silva (UFMG)
7
GLOSSÁRIO BILÍNGUE DOS TERMOS FUNDAMENTAIS DO SETOR FEIRÍSTICO: BUSCA
DE EQUIVALÊNCIAS EM INGLÊS
Ariane Dutra Fante Godoy (UNESP)
Maurizio Babini (UNESP)
GT 6 - MIGRAÇÕES, ETNOTERRITORIALIDADES E DISCURSOS NA LITERATURA E NOS MEIOS
DE COMUNICAÇÃO
Coordenação: Lilian Reichert Coelho (UNIR/CNPq)
Local: Bloco E - Sala 1 - Departamento de Letras - LADFFON
1
REPRESENTAÇÕES DE BRASIL E DE LÍNGUA PORTUGUESA DE ESTUDANTES
INTERCAMBISTAS EUROPEUS E AFRICANOS: POSSÍVEIS RELAÇÕES COM A
APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA
Adriano Henriques Lopes (UFU)
2
HISTÓRIA, LITERATURA, CULTURA E IDENTIDADE(S) NO VALE DO GUAPORÉ:
HISTÓRIAS “BERADEIRAS” NA VOZ DE PAULO CORDEIRO SALDANHA
Auxiliadora dos Santos Pinto (UNIR)
3
JORNALISMO, DISCURSO E MIGRAÇÃO: ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DISCURSIVA NO
JORNALISMO IMPRESSO DE RONDÔNIA
Lilian Reichert Coelho (UNIR/CNPq)
4
UM CAMINHO ÀS AVESSAS: DA URBE PARA O SERTÃO
Lisane Mariádne Melo de Paiva (UFRN)
Karina Chianca Venâncio (UFRN)
Tânia Maria de Araújo Lima (UFRN)
5
AS ANDANÇAS DE MACUNAÍMA E A CONSTRUÇÃO DE UMA GEOGRAFIA NACIONAL
Marília Cardoso Lício (UFG)
6
DESTERRITORIALIZAÇÃO E TENSÕES FAMILIARES EM GALILEIA, DE RONALDO CORREIA
DE BRITO
Milena Cláudia Magalhães Santos Guidio (UNIR)
7
NARRATIVAS ORAIS DE RIBEIRINHOS DA ILHA DE MARAJÓ
Mônica de Jesus dos Anjos Nunes (UFPA-PARFOR)
III SINALEL
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12
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
GT 7 - A LEITURA E O LEITOR: HISTÓRIA, PRÁTICAS E DISCURSOS
Coordenação: Luzmara Ferreira Cursino (UFSCar), Henrique Silvestre Soares (UFAC)
Local: Bloco A – Sala 3 – Curso de Geografia
1
PROCESSOS DE COMPREENSÃO LEITORA DE ALUNOS DO ENSINO SUPERIOR
Adriana dos Santos Prado Sadoyama (UFG–CAC)
Vanessa Gisele Pasqualloto Severino (UFG–CAC)
Alcides Cano Nuñes (UFG–CAC)
2
NAS LINHAS E “ENTRELINHAS” DA LEITURA E ESCRITA - OS DISCURSOS SOBRE A
HISTÓRIA CULTURAL DA AMAZÔNIA ACREANA
Alcicléia Souza Valente (UFAC)
Henrique Silvestre Soares (UFAC)
3
A LEITURA LITERÁRIA E O LEITOR EM CRISE: ESTUDOS TEÓRICOS E PROPOSTAS
PRÁTICAS
Aline Caixeta Rodrigues (UFU)
4
AOS BONS LEITORES: REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DO LEITOR DA COLUNA DA
AUGUSTINHA
Ana Luiza Menezes Baldin (UFSCar)
5
MEMÓRIAS DE LEITURA: HISTÓRIAS DO PASSADO E SIGNIFICAÇÃO DOS FATOS
VIVIDOS
Ana Paula Sousa Silva (UFCG)
6
UM BAÚ DE HISTÓRIAS E O ENCONTRO COM A LEITURA
Ananília Meire Estevão da Silva (UFCG)
Márcia Tavares Silva (UFCG)
GT 8 - (DES)TECENDO OS FIOS DO ENSINO DE LÍNGUAS E DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Coordenação: Maria de Fátima Fonseca Guilherme (UFU), Cristiane Carvalho de Paula Brito
(UFU)
Local: Bloco Didático I – Sala 105
1
REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA PRÉ-SERVIÇO
EM MEMORIAIS DE APRENDIZAGEM
Maria de Fátima Fonseca Guilherme (UFU)
Cristiane Carvalho de Paula Brito (UFU)
2
DISCURSIVIDADES E SUBJETIVIDADES PRODUZIDAS NA (PÓS-) MODERNIDADE: A
CONSTITUIÇÃO DE UM SABER SOBRE O (SER) PROFESSOR DE INGLÊS
Ana Claudia Cunha Salum (UFU)
3
REFERENCIALIDADE POLIFÔNICA E ENSINO DE LITERATURA
Diana Pereira Coelho de Mesquita (UFU)
João Bôsco Cabral dos Santos (UFU)
4
É LEGÍTIMA A FORMAÇÃO DA POSTURA CRÍTICA ATRAVÉS DO ENSINO DA
III SINALEL
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13
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
LINGUAGEM?
Gílber Martins Duarte (UFU)
5
NOVAS TECNOLOGIAS NA DISCURSIVIDADE DA LINGUÍSTICA APLICADA
Mônica Inês de Castro Netto (UFU)
6
CONTEXTO DO ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA FRANCESA: A POSSIBILIDADE
DE UMA PROBLEMATIZAÇÃO
Isabel Silva Alves Quintino (UFU)
7
PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA (MATERNA E
ESTRANGEIRA): ANALISANDO DISCURSOS E REPRESENTAÇÕES
Priscila Divina de Araújo (UFU)
GT 9 - AS MÚLTIPLAS FACES DA NARRATIVA FANTÁSTICA: DA ANTIGUIDADE ATÉ A
CONTEMPORANEIDADE
Coordenação: Marisa Martins Gama-Khalil (UFU/CNPq), Flavio García (UERJ)
Local: Bloco G – Sala 2 – Departamento de Letras – Laboratório de Informática
1
A LINGUAGEM APOCALÍPTICA NA NARRATIVA BÍBLICA DO LIVRO DE DANIEL
Ailton de Sousa Gonçalves (PUC-GO)
Neusa Valadares Siqueira (PUC-GO)
2
UM ABRAÇO DA MORTE E DO DESEJO OU O ABRAÇO? LENDO LYGIA BOJUNGA
Edson Maria da Silva (UFU)
3
PERCEPÇÕES DE MAGICALIDADE: ESTÉTICA DO ABSURDO NA ESCRITA MURILIANA
Edson Moisés de Araújo Silva (UFRN)
4
DEVORA-TE A TI MESMO: IMAGENS DA VIOLÊNCIA CANIBAL EM JOSÉ J. VEIGA E
MOACYR SCLIAR
Elzimar Fernanda Ribeiro (UFU)
5
HOME, SPOOKY HOME: A CASA ASSOMBRADA EM HISTÓRIAS DE HORROR NORTE
AMERICANAS
Guilherme Copati (UFSJ-PIPG-UFSJ)
GT 11 - LITERATURA, HISTÓRIA E IMAGINÁRIO: RELAÇÕES E PERSPECTIVAS TEÓRICAS E
CRÍTICAS
Coordenação: Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG-FL), Clarice Zamonaro Cortez (UEM)
Local: Bloco Didático I – Sala 106
1
A PENÍNSULA IBÉRICA NO MEDIEVO: LITERATURA E CULTURA
Clarice Zamonaro Cortez (UEM)
2
CONQUISTA E SEXUALIZAÇÃO: TROPOS E ENGENDRAMENTO DO ORIENTE EM OS
LUSÍADAS, DE LUÍS VAZ DE CAMÕES
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
14
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG)
3
REPRESENTAÇÃO E REALIDADE NOS DIÁLOGOS DAS GRANDEZAS DO BRASIL
Márcia Maria de Melo Araújo (UFG-UEG)
4
O IMAGINÁRIO BESTIÁRIO MEDIEVAL EM VIAGEM À TERRA DO BRASIL, DE JEAN DE
LÉRY, E A COSMOGRAFIA UNIVERSAL, DE ANDRÉ THEVET
Vanessa Gomes Franca (UFG-UEG)
Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG-UEG)
5
REPRESENTAÇÕES DA TRADIÇÃO BESTIÁRIA MEDIEVAL EM PERO DE MAGALHÃES
GÂNDAVO
Edilson Alves de Souza (UFG)
Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG)
6
A INTERDISCIPLINARIDADE EM FLANNERY O'CONNOR: UMA RELAÇÃO COM
KIERKEGAARD, REMBRANDT E AUDEN
Gustavo Vargas Cohen (UFR)
GT 12 - LÍNGUA PORTUGUESA E PERSPECTIVAS PARA O SEU ENSINO-APRENDIZAGEM
Coordenação: Sílvio Ribeiro da Silva (UFG-CAJ)
Local: Bloco Didático I – Sala 202
1
O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA, INTERPRETAÇÃO, PRODUÇÃO TEXTUAL E
ANÁLISE LINGUÍSTICA ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS NOTÍCIA, POEMA E
CRÔNICA
Aline Maria dos Santos Pereira (UNEB)
2
UMA INVESTIGAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE LEITURA DOS LIVROS DIDÁTICOS DO
ENSINO MÉDIO
Maurício Carlos da Silva (UFV)
Daniele Renata da Silva (UFV)
3
MULTILETRAMENTOS NA SALA DE AULA: A PARÓDIA
METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
COMO
RECURSO
Ana Flávia Naves Carvalho (UFLA)
Danielle Cristine Silva (UFLA)
Mauricéia Silva de Paula Vieira (UFLA)
4
EDUCAÇÃO E MÍDIAS: NOVAS POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Luciana de Medeiros Nogueira (UFAC)
Verônica Maria Elias Kamel (UFAC)
5
A AVALIAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA: NOVAS PERSPECTIVAS
Apânia Sthefany Silva e Souza (UFLA)
Arthur Angelo de Oliveira Prado (UFLA)
6
INVESTIGAÇÃO ACERCA DOS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS QUE SUBSIDIAM A
AVALIAÇÃO DOS MATERIAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA: LINGUAGEM,
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
15
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
LEITURA E AVALIAÇÃO
Sebastião Carlúcio Alves Filho (UFU)
7
A
RETEXTUALIZAÇÃO
NO
ENSINO
FUNDAMENTAL:
ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA
IMPACTOS
NO
Danielle Cristine Silva (UFLA)
Ana Flávia Naves de Carvalho (UFLA)
GT 13 - ANÁLISE DO DISCURSO E LITERATURA: ARTICULAÇÕES E PERSPECTIVAS DE
LEITURA
Coordenação: Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC), Maria Aparecida Conti (FAFICH-LEDIFF)
Local: Bloco Didático I – Sala 310
1
HISTÓRIA, PODER E RESISTÊNCIA: UMA TOMADA DE POSIÇÕES-SUJEITO NAS
MÚSICAS EMERGENTES NO PERÍODO DA DITADURA CIVIL MILITAR NO BRASIL
Jaquelinne Alves Fernandes (UEG)
2
O ROMANCE “ÚRSULA” DE MARIA FIRMINA DOS REIS: A PROBLEMÁTICA RACIAL E DE
GÊNERO SOBRE O PRISMA DISCURSIVO
Ana Carla Carneiro Rio (UFG)
3
O TEXTO LITERÁRIO SOB O OLHAR-LEITOR DO ANALISTA DO DISCURSO: UMA
PROPOSTA DE ANÁLISE DO ROMANCE A FORÇA DO DESTINO, DE NÉLIDA PIÑON
Ana Marta Ribeiro Borges Rodovalho (UFG-CAC)
4
A MEMÓRIA NA CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DO SENTIDO NA FÁBULA: SEM BARRA DE
JOSÉ PAULO PAES
Aparecida de Fátima dos Reis Prado (UFG-CAC)
5
ENTRE O TEXTO ETNOGRÁFICO E O TEXTO LITERÁRIO: UMA PROPOSTA DE ANÁLISE
DISCURSIVA
Carine Fonseca Caetano de Paula (UFG-CAC)
6
NAS FISSURAS DOS CADERNOS ENCARDIDOS: OS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO E A
DISCURSIVIDADE LITERÁRIA EM CAROLINA MARIA DE JESUS
Fabiana Rodrigues Carrijo (UFU)
GT 14 - HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA: CONTRIBUIÇÕES FILOLÓGICAS
Coordenação: Vanessa Regina Duarte Xavier (USP), Phablo Roberto Marchis Fachin
(UNIFAFIBE – Centro Universitário de Bebedouro-SP)
Local: Bloco dos Laboratórios – Departamento de Química - Sala 104
1
CARTAS MANUSCRITAS DO XVIII: ASPECTOS FILOLÓGICOS E LINGUÍSTICOS
Kênia Maria Corrêa da Silva (UFMT)
Elias Alves de Andrade (UFMT)
2
IRMANDADES DE PRETOS DE GOIÁS: ANÁLISE DE DOCUMENTOS SETECENTISTAS NO
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
16
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
QUE TANGE ÀS OBRIGAÇÕES DOS ASSOCIADOS
Luana Duarte Silva (UFG-CAC)
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
3
LÉXICO ECLESIÁSTICO PRESENTE NO CÓDICE DE BATISMO DA PARÓQUIA NOSSA
SENHORA MÃE DE DEUS (MAIO DE 1837 A SETEMBRO DE 1838)
Maiune de Oliveira Silva (UFG-CAC)
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
4
TRADIÇÕES DISCURSIVAS: RECONSTRUÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DAS PROCURAÇÕES
DO SÉCULO XVIII DA CIDADE DE POMBAL
Márcia Amélia de Oliveira Bicalho (UFPB)
Maria Cristina de Assis (UFPB)
5
MANUSCRITOS DE PARTILHA OITOCENTISTAS DA CIDADE DE CATALÃO
Maria Gabriela Gomes Pires (PMEL-UFG-CAC)
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
GT 15 - LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: A FORMAÇÃO DO LEITOR EM QUESTÃO
Coordenação: Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (FEMA-Assis; UNESP-Assis), Silvana
Augusta Barbosa Carrijo (CAC-UFG; UNESP-Assis)
Local: Bloco Didático II – Sala 102
1
THALITA REBOUÇAS EM DIÁLOGO COM O MUNDO LÍQUIDO
Andréia Ferreira de Melo Cunha (UFG)
2
RETEXTUALIZAÇÃO: POSSIBILIDADES DE LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS
Arthur Angelo de Oliveira Prado (UFLA)
Apânia Sthefany Silva e Souza (UFLA)
3
A ARTE DA MEDIAÇÃO DE LEITURA E DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA: UMA PERSPECTIVA
Bruna Valéria Oliveira de Almeida Lins (UFT)
Julienne da Silva Silveira (UFT)
4
A PROCURA DE LEITORES NAS ENTRESLINHAS
Danilo Pablo Gomes de Oliveira (UFG)
Maria Fernanda Costa Gonçalves (UFG)
5
APONTAMENTOS ACERCA DA ILUSTRAÇÃO NO LIVRO INFANTIL: ORIGENS E
REALIZAÇÕES EM OBRAS LITERÁRIAS
Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (FEMA – Assis)
Fernando Teixeira Luiz (FEMA – Assis)
6
DE FIO A FIO, DE PONTO EM PONTO, AO DESAFIO: O ENTRECRUZAR DA LITERATURA
INFANTIL E O PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA NAS CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO
Elzilane da Paixão Nascimento (UFF)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
17
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
GT 16 - OS ESTUDOS DO LÉXICO E SUAS INTERFACES
Coordenação: Maria Helena de Paula (GEPHPOR-UFG-CAC), Odair Luiz Nadin da Silva
(UNESP-FCLAR)
Local: Bloco E - Sala 3 - Departamento de Letras - LALEFIL
1
O LÉXICO DE BERNARDO ÉLIS: UMA ABORDAGEM DO DIALETO RURAL EM “A MULHER
QUE COMEU O AMANTE”
Ana Paula Corrêa Pimenta (UFG-CAC)
Braz José Coelho (UFG-CAC)
2
A DIMENSÃO MÁGICO-RELIGIOSA DA PALAVRA EM PRÁTICAS DO CATOLICISMO
POPULAR NA COMUNIDADE RURAL SÃO DOMINGOS, CATALÃO (GO)
Jozimar Luciovanio Bernardo (UFG-CAC)
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
3
CAMPO LEXICAL RELIGIÃO: ESPECIFICIDADES E PARTICULARIDADES DA CULTURA
RURAL
Gisele Martins Siqueira
4
PARA UMA PEDAGOGIA DO LÉXICO E DA TRADUÇÃO: ANÁLISE DOS PADRÕES
COLOCACIONAIS EXTRAÍDOS DE UM CORPUS DE APRENDIZES DE TRADUÇÃO
Adriane Orenha-Ottaiano (IBILCE-UNESP)
5
A ATIVIDADE GARIMPEIRA NO MUNICÍPIO DE TRÊS RANCHOS-GOIÁS: UM ESTUDO
SOBRE LINGUAGEM, CULTURA E IDENTIDADE
Gabriela Guimarães Jerônimo (UFG-CAC)
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
6
EMPRÉSTIMOS, ESTRANGEIRISMO, CAMPOS LEXICAIS E CULTURA
Jaciara Mesquita Rosa (UFG-CAC)
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
GT 17 - LITERATURA EM PERSPECTIVA DE GÊNERO: QUESTÕES DE AUTORIA, SEXUALIDADE,
EROTISMO E CORPO
Coordenação: Luciana Borges (UFG-CAC-Dialogus), Maria da Glória de Castro Azevedo
(UFT-Campus Porto Nacional-UnB)
Local: Bloco Didático II – Sala 104
1
O EROS POÉTICO DE MICHELANGELO BUONARROTI
Leandro Vinícius Miranda Cauneto (USP)
2
A PAIXÃO BENDITA: EROTISMO E PERSONAGENS FEMININAS NA FICÇÃO DE AGUSTA
FARO
Luciana Borges (UFG-CAC)
3
A VOZ DA SERPENTE EM SITUAÇÃO DE ENFRENTAMENTO DO PATRIARCADO
LITERÁRIO BRASILEIRO: UMA LEITURA DO ROMANCE A SERPENTE E A FLOR, DE
CASSANDRA RIOS
Maria da Glória de Castro Azevedo (UFT – Porto Nacional)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
18
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
4
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
PRAZER EM RESISTIR: A POESIA ERÓTICA DE YÊDA SCHMALTZ
Paulo Antônio Vieira Júnior (UFG-FL)
5
HILDA HILST: ENTRE VIDA E MORTE O EROTISMO
Rosana Cristina Zanelatto Santos (UFMG)
Hans Stander Loureiro Lopes (UFMG)
6
TRÊS PERSPECTIVAS DO EROTISMO URDIDAS PELA VOZ POÉTICA EM ADÉLIA PRADO
Sueli de Fátima Alexandre Argolo (UFG-CAC)
GT 18 - O SUJEITO NA TRAJETÓRIA DA ENUNCIAÇÃO
Coordenação: João Bôsco Cabral dos Santos (LEP/UFU-ILEEL), Marco Antonio Villarta-Neder
(LEP/UFLA)
Local: Bloco Didático II – Sala 309
1
MECANISMOS DE CONTROLE E LIBERDADE DO SUJEITO: A LONGA HISTÓRIA DO
CUIDADO DE SI
Adriana Cabral dos Santos (UTFPR)
Angela Maria Rubel Fanini (UTFPR)
2
DIÁLOGOS E DUELOS MATERIALIZADOS NA ESCRITA DE SI DO SUJEITO SURDO
Adriana Laurença da Cunha (UFG-CAC)
Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG-CAC)
3
CONTRADIÇÕES DISCURSIVAS
PRESIDENCIAIS DE 2010
DE
UM
SUJEITO
POLÍTICO
NAS
ELEIÇÕES
Anísio Batista Pereira (UFG-CAC)
Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC)
4
SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO-JOVEM E AS POSIÇÕES-SUJEITO OCUPADAS NO
DISCURSO DA PASTORAL DA JUVENTUDE DA IGREJA CATÓLICA
Edilair José dos Santos (UFG-CAC)
5
DISCURSIVISANDO SOBRE A LITERATURA DE AUTOAJUDA
Gabriela Belo da Silva (UFU)
18h às 21h30
Minicurso:
VOGAIS ALTAS LEXICAIS E DERIVADAS DO PB: COMO INTEGRÁ-LAS
NA GRAMÁTICA FONOLÓGICA?
Professor W. Leo M. Wetzels
Local: Laboratório de Análise do Discurso e Fonética e Fonologia (LADFFON)
Sala 01, Bloco E, UFG-CAC
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
19
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
19h30 às 22h
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Mesa-redonda 2:
PRÁTICAS DE LEITURA E REPRESENTAÇÕES DO LEITOR
ATUALIDADE
Coordenador: Prof. Dr. Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC)
Prof. Dr. Henrique Silvestre Soares (UFAC)
Profa. Dra. Luzmara Curcino (UFSCar)
NA
Local: Miniauditório Profa. Sirlene Duarte
13/06/2013 (quinta-feira)
9h às 12h
Mesa-redonda 3:
CORPO, ESPAÇO E SUJEITO
Coordenador: Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes (UFU)
Profa. Dra. Kátia Menezes de Souza (UFG)
Profa. Dra. Marisa Martins Gama Khalil (UFU)
Local: Miniauditório Profa. Sirlene Duarte
14h às 17h
Apresentação dos Grupos de Trabalho
GT 1 - CAMINHOS E DESCAMINHOS DO FANTÁSTICO: AS EVANESCENTES FRONTEIRAS DA
FANTASIA, DO GÓTICO, DA FICÇÃO CIENTÍFICA E DO REALISMO MÁGICO
Coordenadores: Alexander Meireles da Silva (UFG-CAC), Fabianna Simão Bellizzi Carneiro
(UFG-CAC)
Local: Bloco E - Sala 6 - Departamento de Letras - Laboratório de Francês
1
ENTRE DOIS MUNDOS: UMA ANÁLISE DE THE MASTER OF RAMPLING GATE, DE ANNE
RICE
Letícia Cristina Alcântara Rodrigues (UFG)
2
A LINGUAGEM SIMBÓLICA NO GÊNERO APOCALÍPTICO
Neusa Valadares Siqueira (PUC-GO)
Ailton de Sousa Gonçalves (PUC-GO)
3
“A POÉTICA DO SINISTRO: PELA CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO GÓTICO EM DRACULA, DE
BRAM STOKER”
Nivaldo Fávero Neto (UFTM)
Luciana Moura Colucci de Camargo (UFTM)
4
SEN TO CHIHIRO NO KAMIKAKUSHI: VIAGEM AO FANTÁSTICO ATRAVÉS DE MITOS
JAPONESES
Olivânia Maria Lima Rocha (UFPI)
Rychely Lopes dos Santos (UFPI)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
20
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
5
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
A PERSONIFICAÇÃO DO MEDO EM SIR GAWAIN E O CAVALEIRO VERDE
Raul Dias Pimenta (UFG-CAC)
GT 2 - POSSIBILIDADES E DESAFIOS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA: CONTRIBUIÇÕES
PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Coordenação: Luciane Guimarães de Paula (UFG-CAC)
Local: Bloco E - Sala 4 - Departamento de Letras - Sala de Multimeios
1
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA COMO INCLUSÃO LINGUÍSTICO-SOCIAL PARA A
TERCEIRA IDADE
Dione Uester Costa Silva (UFU)
Stella Ferreira Menezes (UFU)
2
CONSTRUINDO UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O ENSINO DE INGLÊS EM ESCOLA
PÚBLICA
Izilene Leandro da Silva (UFMT)
3
EMPREGO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
Jéssica Teixeira de Mendonça (UFU)
4
LANGUAGE AND THE MEDIA: IMPLICATIONS ON LEARNING AND TEACHING ENGLISH
PROCESS
Justina Inês Faccini Lied (UNIVATES)
5
BUSCANDO “RESPOSTAS” NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA
Lara Brenda C. T. Kuhn (UFU)
6
MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: A
PERSPECTIVA DO PROFESSOR E A DOS ALUNOS
Lidiany Vieira Paz (UFG-CAC)
GT 3 - ESTUDOS DE FICÇÃO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: PRODUÇÃO, MERCADO
EDITORIAL, RECEPÇÃO E CRÍTICA
Coordenação: Flávio Pereira Camargo (UFT), João Batista Cardoso (UFG-CAC), Márcia Rejany
Mendonça (UFT)
Local: Bloco D – Sala 1 – Educação Física
1
LIQUIDEZ E FRAGILIDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS EM “A FRIAGEM” DE AUGUSTA
FARO
José Humberto Rodrigues dos Anjos (UFG – CAC)
2
LITERATURA, HOMOEROTISMO E EXPERIÊNCIA URBANA EM CONTOS DE ANTONIO DE
PÁDUA
Flávio Pereira Camargo (UFT)
3
ARTE PARA CRIANÇA E O MEU AMIGO PINTOR: UMA RELAÇÃO ENTRE LITERATURA E
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
21
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
PINTURA
Maria Imaculada Cavalcante (UFG–CAC)
4
AS VARIAÇÕES DO INSÓLITO EM JOSÉ J. VEIGA E OS CONTOS DE “OBJETOS
TURBULENTOS”: UMA LEITURA DIALÉTICA DA MODERNIDADE CAPITALISTA
Leonice de Andrade Carvalho (UnB–IFG–Urutaí)
5
AS POSSIBILIDADES INTERPRETATIVAS DO ELEMENTO ESPACIAL NO CONTO “BARRA
DA VACA” DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
Letícia Santana Stacciarini (UFG–CAC)
Maria Imaculada Cavalcante (UFG–CAC)
6
O TRABALHO COMO FONTE DE SOCIABILIDADE, SUBJETIVIDADE E IDENTIDADE NA
OBRA ELES ERAM MUITOS CAVALOS DE LUIZ RUFFATO
Angela Maria Rubel Fanini (UFSC)
GT 4 - O CÍRCULO DE BAKHTIN NA ANÁLISE DE DISCURSO: DIÁLOGOS TEÓRICOS
Coordenação: Grenissa Stafuzza (GEDIS/UFG-CAC), Evelyn Cristine Vieira (GEDIS/UFG-CACPMEL)
Local: Bloco C – Sala 11 – Departamento de História
1
PONTOS DIALÓGICOS E IDEOLÓGICOS ENTRE INFINITA HIGHWAY E ON THE ROAD
Laíce Raquel Dias (UFG–CAC)
Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG–CAC)
2
DIALOGISMO EM MEMES UTILIZADOS PELO STJ NO FACEBOOK: INFORMAÇÃO PARA
LEIGOS OU OFENSA PARA USUÁRIOS?
Loraine Vidigal Lisboa (UFG–CAC)
Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG–CAC)
3
PRÁTICAS SUBJETIVAS E SEMÂNTICAS NO DISCURSO CINEMATOGRÁFICO DE ADEUS
LÊNIN
Lucas Garcia da Silva (UFG–CAC)
4
NAS MEDIAÇÕES EDITORIAIS DO LIVRO DIDÁTICO: A REPRESENTAÇÃO DE LEITOR
ATRIBUÍDA AO ESTUDANTE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Luciana Rugoni Sousa (UFSCar)
5
DIÁLOGOS ENTRE BAKHTIN E CHARAUDEAU: UMA ANÁLISE DO DISCURSO
PUBLICITÁRIO
Maira Guimarães (FALE-UFMG)
6
DIALOGISMO, POLIFONIA E MEMÓRIA EM EU VOS ABRAÇO, MILHÕES
Neuza de Fátima Vaz de Melo (UFG–CAC)
GT 5 - ESTUDOS COM LINGUÍSTICA DE CORPUS
Coordenação: Guilherme Fromm (UFU)
Local: Bloco Didático I – Sala 104
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
22
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
1
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
AS QUESTÕES ENVOLVIDAS NO TRABALHO COLABORATIVO PARA COMPILAÇÃO DE
GRANDES CORPORA DE ESPECIALIDADE
Guilherme Fromm (UFU)
2
ANÁLISE DOS PERCURSOS DE UMA FÓRMULA DISCURSIVA: DESDOBRAMENTOS DA
UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE LÉXICO 3
Helena Maria Boschi da Silva (UFSCar)
3
USO DE MÚSICAS PARA A PRÁTICA DE PREPOSIÇÃO EM LÍNGUA INGLESA
Kyssila Divina Cândido Melo (UEG)
4
LINGUÍSTICA HISTÓRICA E LINGUÍSTICA DE CORPUS - UMA PROPOSTA PARA
DICIONÁRIO BILÍNGUE PORTUGUÊS–INGLÊS
Márcio Issamu Yamamoto (UFU)
5
VOTEC: VOCABULÁRIO TÉCNICO BILÍNGUE E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS
Márcio Issamu Yamamoto
Cristiane Manzan Perine (UFU)
6
PRATICANDO O PRESENT PERFECT COM LETRAS DE MÚSICA EM INGLÊS: UMA
PROPOSTA DE ENSINO COM BASE NA LINGUÍSTICA DE CORPUS
Michelly Moura Martins (UEG)
7
O LÉXICO DE UM JOGO DE VIDEO-GAME SOB A LUZ DA LINGUÍSTICA DE CORPUS
José Roberto Almeida Barroso (UEG)
GT 7 - A LEITURA E O LEITOR: HISTÓRIA, PRÁTICAS E DISCURSOS
Coordenação: Luzmara Ferreira Cursino (UFSCar), Henrique Silvestre Soares (UFAC)
Local: Bloco A - Sala 3 – Curso de Geografia
1
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PERFIL DO DISCENTE EGRESSO DESCRITO NO PROJETO
POLÍTICO INSTITUCIONAL DO INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS (IFG) E O PAPEL DA
LEITURA NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Cristiane Alvarenga Rocha Santos (PUC-MG–IFG/Itumbiara)
2
AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO LEITORA DE DISCENTES DO ENSINO SUPERIOR
Emerson Contreira Mossolin (UFG-CAC)
Anderson Luiz Ferreira (UFG-CAC)
Adriana dos Santos Prado Sadoyama (UFG-CAC)
3
A LEITURA SOB O VIÉS ENUNCIATIVO
Hélder Sousa Santos (UFU)
4
A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA EM SALA DE AULA: ESTRUTURAS DE DESENVOLVIMENTO
DA COMPREENSÃO LEITORA DOS ALUNOS DE SÉRIES INICIAIS
Helen Danyane Soares Caetano de Souza (UnB)
5
MODERNISMO E A FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE
LEITURA RELACIONADAS À PROMOÇÃO DE CULTURA
Jael Scoto Meirelles (UNIPAMPA-RS)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
23
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
José Paulo Ailtom da Rosa Ferreira Júnior (UNIPAMPA-RS)
6
(DES)FIGURAÇÕES DO (OLHAR-)LEITOR CONTEMPORÂNEO EM PRÁTICAS DE
CIRCULAÇÃO DA OBRA DE ARTE: (IN)VISIBILIDADES SOBRE E NA SOCIEDADE
DEMOCRÁTICA
Jefferson Gustavo dos Santos Campos (UEM)
GT 8 - (DES)TECENDO OS FIOS DO ENSINO DE LÍNGUAS E DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Coordenação: Maria de Fátima Fonseca Guilherme (UFU), Cristiane Carvalho de Paula Brito
(UFU)
Local: Bloco Didático I – Sala 203
1
DA PRÁTICA VELADA AO DISCURSO REVELADO: OS DIÁRIOS DE AULA DA
PROFESSORA-PESQUISADORA COMO PROPOSTA DE FORMAÇÃO E AUTOFORMAÇÃO
DOCENTE
Laila Zorkot (UFLA)
2
A IDENTIDADE DE PROFESSOR SOB O OLHAR DISCENTE: UMA ANÁLISE DAS CRENÇAS
DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO EM RELAÇÃO À CARREIRA DOCENTE
Wilma Maria Pereira (UFV)
3
COMO APRENDIZES DE ALEMÃO LE PERCEBEM A QUANTIDADE DE GRAMÁTICA
TRABALHADA NUM CURSO COMUNICATIVO
André Luiz Ming García (USP)
4
ANSIEDADE DE LE E FEEDBACK CORRETIVO
Christopher Dane Shulby (USP)
5
DOM QUIXOTE E A IMAGEM: UMA PROPOSTA INFANTO-JUVENIL PARA O ENSINO DE
LE/ESPANHOL
Luciana Paiva Medeiros (UFU)
Rosemira Mendes Sousa (UFU)
6
ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESPANHOLA: O QUE PENSAM OS ALUNOS?
Daniele Renata da Silva (UFV)
Maurício Carlos da Silva (UFV)
7
A COMPLEXIDADE EM UM CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA
INGLESA A DISTÂNCIA
Eliamar Godoi (UFU)
GT 9 - AS MÚLTIPLAS FACES DA NARRATIVA FANTÁSTICA: DA ANTIGUIDADE ATÉ A
CONTEMPORANEIDADE
Coordenação: Marisa Martins Gama-Khalil (UFU/CNPq), Flavio García (UERJ)
Local: Sala 2 – Departamento de Letras – Laboratório de Informática
1
MÃE E SANTA N’A DEMANDA DO SANTO GRAAL E MULHERES EXEMPLARES
Larissa do Socorro Martins Leal (ESAB-EST)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
24
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
2
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
O ESPAÇO FICCIONAL NAS NARRATIVAS FANTÁSTICAS
Lílian Lima Maciel (UFU)
3
O MITO FÁUSTICO EM BALZAC
Marli Cardoso dos Santos (UNESP-Araraquara)
4
O FANTÁSTICO EM CAIO FERNANDO ABREU: UMA LEITURA DO CONTO “GRAVATA”
Rosicley Andrade Coimbra (UEMS)
5
O TEXTO EM QUE – ESTRANHO – LENDO MARIA GABRIELA LLANSOL
Jonas Miguel Pires Samudio (UFU)
GT 10 - A CHAMADA LITERATURA MEDIÚNICA EM QUESTÃO
Coordenação: Ozíris Borges Filho (UFTM), Sidney Barbosa (UnB)
Local: Bloco E - Sala 1 – Departamento de Letras – LADFFON
1
A CONFIGURAÇÃO DA LITERARIEDADE NO ROMANCE SE ABRINDO PARA A VIDA:
REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA MEDIÚNICA
Luciana Moura Colucci de Camargo (UFTM)
2
O “PACTO AUTOBIOGRÁFICO” E AS MENSAGENS MEDIÚNICAS
Denise Adélia Vieira (UFJF)
3
A SINGULARIDADE DE UM INTERTEXTO MEDIÚNICO EM TORNO DE UMA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Gismair Martins Teixeira (UFG)
4
LITERATURA MEDIÚNICA NO MODERNISMO PORTUGUÊS: O CASO FERNANDO
PESSOA
Zilda de Oliveira Freitas (UESB)
5
O LÁ E O CÁ DE AUGUSTO DOS ANJOS
Ozíris Borges Filho (UFTM)
GT 11 - LITERATURA, HISTÓRIA E IMAGINÁRIO: RELAÇÕES E PERSPECTIVAS TEÓRICAS E
CRÍTICAS
Coordenação: Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG-FL), Clarice Zamonaro Cortez (UEM)
Local: Bloco Didático I – Sala 204
1
O DESEJO DO REAL: ENSAIOS DE POSSESSÃO
João Felipe Barbosa Borges (UFV)
2
LITERATURA, HISTÓRIA E SERTÃO EM HUGO DE CARVALHO RAMOS E BERNARDO ELIS
Leila Borges Dias Santos (UFG)
3
O OLHAR INDIVIDUAL DO CONTEXTO DE REPRESSÃO DOS ANOS 70 NO ROMANCE
AS MENINAS, DE LYGIA FAGUNDES TELLES
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
25
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Ana Carolina Moura Mendonça (UFRN)
Andrey Pereira de Oliveira (UFRN)
4
AMÉRICA LATINA: REFLEXÕES
Marcia Maria de Brito (UFMS)
5
ATUALIZAÇÃO MÍTICA EM “OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS” DE NÉLIDA PINÕN
Patrícia Rufino de Carvalho (UFG)
Sueli Maria de Oliveira Regino (UFG)
6
UMA INVESTIGAÇÃO DO FENÔMENO LITERÁRIO A PARTIR DOS CONCEITOS DO
IMAGINÁRIO E DO SIMBÓLICO
Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz (UFS)
GT 12 - LÍNGUA PORTUGUESA E PERSPECTIVAS PARA O SEU ENSINO-APRENDIZAGEM
Coordenação: Sílvio Ribeiro da Silva (UFG-CAJ)
Local: Bloco Didático I – Sala 206
1
O LÚDICO E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ATIVIDADE INCISIVA NA
PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Mara Júnia de Assis (UFOP)
Reginaldo Rodrigues da Silva (UFOP)
2
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UMA
ABORDAGEM PELO VIÉS ENUNCIATIVO
Cármen Lúcia Hernandes Agustini (UFU)
Érica Daniela de Araújo (UFU)
3
AQUISIÇÃO DA ESCRITA EM LÍNGUA MATERNA: UMA PROPOSTA COM ABORDAGEM
DAS TEORIAS FONÉTICO-FONOLÓGICAS
Gisele da Paz Nunes (UFG-CAC)
Flávia Freitas de Oliveira (UFG-CAC)
Miriane Gomes de Lima (UFG-CAC)
4
ESCRITA, REESCRITA E PUBLICAÇÃO DE CRÔNICAS: POSSIBILIDADES PARA O
APRIMORAMENTO DA COMPETÊNCIA DISCURSIVA ESCRITA
Giuliana Ribeiro Carvalho (UFU)
Rogério de Castro Ângelo (UFU)
5
A PRÁTICA DO PROFESSOR DO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA (LM) DO 6º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL: NO TOCANTE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS COM A
ESCRITA
Marciel Alan Freitas de Castro (UERN-UAB-IFRN)
6
USO DE MAPAS MENTAIS EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Juliana Vilela Alves (UFU)
Carla Rachid Otavio Murad (UFU)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
26
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
GT 13 - ANÁLISE DO DISCURSO E LITERATURA: ARTICULAÇÕES E PERSPECTIVAS DE
LEITURA
Coordenação: Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC), Maria Aparecida Conti (FAFICH-LEDIFF)
Local: Bloco Didático I – Sala 207
1
PROBLEMATIZAÇÃO DA FORTUNA CRÍTICA DE O MATADOR E MUNDO PERDIDO:
PROPOSTA DE ANÁLISE DISCURSIVA
Gláucia Mirian Silva Vaz (UFU)
2
DISCURSO E INVENÇÃO DA INFÂNCIA EM MEMÓRIA INVENTADAS, DE MANOEL DE
BARROS
Fernanda Pires de Paula (UFG-CAC)
Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC)
3
DISCURSO E PODER: UM OLHAR SOBRE OS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO EM 1984,
DE GEORGE ORWELL
Héllen Nívia Tiago (UFG-CAC)
Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC)
4
A ÁFRICA DE JOSÉ CRAVEIRINHA: ESPAÇOS DISCURSIVOS EM BUSCA DE UMA
IDENTIDADE NACIONAL
Iza Reis Gomes Ortiz (IFRO)
José Famir Apontes da Silva (IFRO)
5
SUJEITO, AUTORIA E MORTE: UMA ANÁLISE DOS LIVROS ESTAR SENDO/TER SIDO E
CARTAS DE UM SEDUTOR, DE HILDA HILST
Jaciane Martins Ferreira (UFU)
6
DA PALAVRA, DO MITO E DA REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA NA ANÁLISE DISCURSIVA
DE HOJE É DIA DE MARIA
Maria Aparecida Conti (FAFICH-GO)
GT 14 - HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA: CONTRIBUIÇÕES FILOLÓGICAS
Coordenação: Vanessa Regina Duarte Xavier (USP), Phablo Roberto Marchis Fachin
(UNIFAFIBE – Centro Universitário de Bebedouro-SP)
Local: Bloco dos Laboratórios – Departamento de Química - Sala 104
1
DA FILOLOGIA PARA A HISTÓRIA DA LÍNGUA: A PREPOSIÇÃO “A” COMO MARCADOR
DE TRANSITIVIDADE
Marilza de Oliveira (USP)
2
UM ESTUDO LEXICAL DO LIVRO DE REGISTROS DE BATIZADOS EM CATALÃO (18371838): ETNIAS DOS NEGROS ESCRAVOS
Mayara Aparecida Ribeiro de Almeida (UFG-CAC)
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
3
O USO DE GRAFEMAS DUPLOS EM MANUSCRITOS DO SÉCULO XVIII
Phablo Roberto Marchis Fachin (USP)
4
CLERO E ESTADO EM UM EMBATE NA CAPITANIA GOIANA DURANTE O PERÍODO
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
27
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
COLONIAL
Vanessa Regina Duarte Xavier (USP)
GT 15 - LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: A FORMAÇÃO DO LEITOR EM QUESTÃO
Coordenação: Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (FEMA/Assis; UNESP/Assis), Silvana
Augusta Barbosa Carrijo (CAC/UFG; UNESP/Assis)
Local: Bloco Didático I – Sala 209
1
LEITURAS QUE ENCANTAM: A APOLOGIA À LEITURA ATRAVÉS DAS OBRAS A
PRINCESA QUE ESCOLHIA (2006) E O PRÍNCIPE QUE BOCEJAVA (2004) DE ANA MARIA
MACHADO
Fabrícia dos Santos Silva Martins (UFG-CAC)
Silvana Augusta Barbosa Carrijo (UFG-CAC)
2
LEWIS CARROLL E SEUS CONTEMPORÂNEOS: ALGUMAS DIVERGÊNCIAS
Guilherme Magri da Rocha (UNESP)
3
DE PASSARINHOS A DES OISEAUX (SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE TRADUZIR A
POESIA DE MANOEL DE BARROS PARA O FRANCÊS)
Janaina Jenifer de Sales (UNESP)
4
ASPECTOS EDUCATIVOS DA CONSTRUÇÃO LITERÁRIA EM GRACILIANO RAMOS:
ALEXANDRE E OUTROS HERÓIS
Marcela Ribeiro (UFRN)
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas (UFRN)
5
LLAMA TRES VECES: ANÁLISE LINGUÍSTICO-LITERÁRIA DE
ESPANHOLA VOLTADA AO PÚBLICO INFANTO-JUVENIL
UMA NARRATIVA
Márcia Valéria Seródio Carbone (UNESP)
6
FORMAÇÃO DO LEITOR: NOVAS EXPERIÊNCIAS NAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO
Patrícia Barreto Mendonça (UFP-RS)
Ana Paula Fontoura Pinto (UFP-RS)
GT 16 - OS ESTUDOS DO LÉXICO E SUAS INTERFACES
Coordenação: Maria Helena de Paula (GEPHPOR-UFG-CAC), Odair Luiz Nadin da Silva
(UNESP-FCLAR)
Local: Bloco E - Sala 3 - Departamento de Letras - LALEFIL
1
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UM DICIONÁRIO BILÍNGUE ESPANHOL-PORTUGUÊS
PARA A COMPREENSÃO DE TEXTOS
Odair Luiz Nadin (FCLAR-UNESP)
2
DICIONÁRIOS ESCOLARES: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ESPECIFICIDADES EM
DIFERENTES TAXONOMIAS
Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves (UFT)
3
O USO DO DICIONÁRIO EM SALA DE AULA: MÉTODOS E COMPROMETIMENTOS
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
28
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Ana Rachel Spalenza Soares (UFMS)
4
REFLEXÕES SOBRE O USO DO DICIONÁRIO NA ESCOLA
Cacildo Galdino Ribeiro
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
5
INVENTÁRIO LEXICAL DA ESCRAVIDÃO NEGRA EM GOIÁS EM REGISTROS PAROQUIAIS
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
6
A IMPORTÂNCIA DOS CULTUREMAS BRASILEIROS NA NEOLOGIA FRASEOLÓGICA
BRASILEIRA
Huélinton Cassiano Riva (UEG/USP)
GT 17 - LITERATURA EM PERSPECTIVA DE GÊNERO: QUESTÕES DE AUTORIA, SEXUALIDADE,
EROTISMO E CORPO
Coordenação: Luciana Borges (UFG-CAC-Dialogus), Maria da Glória de Castro Azevedo
(UFT/Campus Porto Nacional/UnB)
Local: Bloco Didático I – Sala 303
1
PONCIÁ VICÊNCIO: A DIÁSPORA E A PERMANÊNCIA
Bruna Valéria Oliveira de Almeida Lins (UFT-Porto Nacional)
2
GÊNERO, ESSE PERFORMATIVO: CONSIDERAÇÕES DESDE A VOZ DO OUTRO EM “EU E
JIMMY”, DE CLARICE LISPECTOR
Lucas dos Santos Passos (UFG-CAC)
3
PERFORMATIVIDADE, GENÊRO E REPRESENTAÇÕES MIDIÁTICAS DA MULHER NEGRA
NO HIP HOP: UMA ANÁLISE DO FILME ANTÔNIA
Ludmila Pereira de Almeida (UFG-FL)
4
EXÍLIO E DIÁSPORA FEMININA NA LITERATURA: UM ESTUDO COMPARADO ENTRE
CLARICE LISPECTOR E TOMÁS ELOY MARTINEZ
Marta Francisco de Oliveira (UNESP-Assis)
5
CATÁSTROFE, MEDO E HORROR EM A CASA DE BERNARDA ALBA, DE GARCÍA LORCA,
E A ASA ESQUERDA DO ANJO, DE LYA LUFT
Patrícia Ramos Caetano (UFMS)
6
A FAZENDA E O SUBSOLO: MADALENAS SILENCIADAS
Pedro Henrique Gomes Paiva (UFT-Porto Nacional)
7
A FRAGMENTAÇÃO TEMPORAL E CORPORAL NA OBRA WITHOUT A NAME, DE
YVONNE VERA
Sheila Dias da Silva (UFMT)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
29
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
GT 18 - O SUJEITO NA TRAJETÓRIA DA ENUNCIAÇÃO
Coordenação: João Bôsco Cabral dos Santos (LEP-UFU-ILEEL), Marco Antonio Villarta-Neder
(LEP-UFLA)
Local: Bloco Didático I – Sala 306
1
O “EU” DIVIDIDO DO SUJEITO QUE SE CONTA
Ida Lucia Machado (UFMG)
2
PROCESSOS SUBJETIVOS E PERCURSOS SENTIDURAIS NA ENUNCIAÇÃO LITERÁRIA DE
LYGIA FAGUNDES TELLES
Ismael Ferreira-Rosa (UFU)
3
DISCURSO E PODER DO MORADOR DE RUA: ESTUDO DA HETEROGENEIDADE
DISCURSIVA E DA POLIFONIA NOS TEXTOS DO JORNAL “AURORA DA RUA”
José Gomes Filho (UFBA)
4
A SUBJETIVIDADE ENUNCIATIVA E A CONSTITUIÇÃO DE IDENTIDADES NO DISCURSO
DA REVISTA LA VIE EM ROSE
Juliane de Araujo Gonzaga (UFSCar)
5
ENUNCIAÇÃO, HISTORICIDADE E ALTERIDADE: RELAÇÕES EXOTÓPICAS ENTRE
SUJEITOS E ACONTECIMENTOS NA SATURAÇÃO DOS NOTICIÁRIOS
Marco Antonio Villarta-Neder (UFLA)
GT 19 - GÊNEROS, DISCURSOS E IDENTIDADES NAS DIFERENTES ESFERAS SOCIAIS: AS
CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA E DA LINGUÍSTICA SISTÊMICOFUNCIONAL
Coordenação: Maria Aparecida Resende Ottoni (GPEADCeLSF-ILEEL-UFU)
Local: Bloco Didático I – Sala 307
1
ANÁLISE COMPORTAMENTAL DO DISCURSO: UM MODELO CONSTRUCIONISTA
SOCIAL
Isabel Cristina Baptista de Souza (UFG-CAC)
André Vasconcelos Silva (UFG-CAC)
2
DISCURSO E VARIAÇÃO: PROPOSTA DE ANÁLISE DOS ITENS LEXICAIS “SEIO”, “PEITO”
E “MAMA”
Marcelo Cesar Cavalcante (ERA-PUC-SP)
3
O GOVERNO DILMA: CINCO DIFERENTES OLHARES SOB A PERSPECTIVA DA
LINGUÍSTICA SISTÊMICO-FUNCIONAL
Patrick Giovane Knup (UNIP-SP)
Mirela M. Aleixo Ueda (UNIP-SP)
Caroline C. M. dos Santos (UNIP-SP)
4
A INTERTEXTUALIDADE EM REPORTAGENS DA VEJA: A REPRESENTAÇÃO E
IDENTIFICAÇÃO DO HOMOSSEXUAL
Isley Borges Silva Junior (UFU)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
30
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
5
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
IDENTIDADES DE ESTUDANTES DE INTERCÂMBIO EM TRANSFORMAÇÃO
Tania Regina de Souza Romero (UFLA)
6
A ESPETACULARIZAÇÃO DA MORTE DE MICHAEL JACKSON: A REPRESENTAÇÃO DO
FATO E DO ATOR SOCIAL EM GÊNEROS DA ESFERA JORNALÍSTICA
Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU)
18h às 21h30
Minicurso:
VOGAIS ALTAS LEXICAIS E DERIVADAS DO PB: COMO INTEGRÁ-LAS
NA GRAMÁTICA FONOLÓGICA?
Professor W. Leo M. Wetzels
Local: Laboratório de Análise do Discurso e Fonética e Fonologia (LADFFON)
Sala 01, Bloco E, UFG-CAC
19h30 às 22h
Mesa-redonda 4:
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO EM CORPORA VERBAIS E NÃO-VERBAIS
Coordenador: Prof. Dr. João Bôsco Cabral dos Santos (LEP-UFU-ILEEL)
Prof. Dr. Marco Antonio Villarta-Neder (LEP-UFLA)
Prof. Dndo. Guilherme Figueira Borges (UEG-Unidade Iporá-LEP-UFU)
Local: Miniauditório Profa. Sirlene Duarte
14/06/2013 (sexta-feira)
14h às 17h
Apresentação dos Grupos de Trabalho
GT 1 - CAMINHOS E DESCAMINHOS DO FANTÁSTICO: AS EVANESCENTES FRONTEIRAS DA
FANTASIA, DO GÓTICO, DA FICÇÃO CIENTÍFICA E DO REALISMO MÁGICO
Coordenadores: Alexander Meireles da Silva (CAC/UFG), Fabianna Simão Bellizzi Carneiro
(CAC/UFG)
Local: Bloco E - Sala 6 – Departamento de Letras – Laboratório de Francês
1
1984 E O DISCURSO DISTÓPICO: A LINGUAGEM COMO INSTRUMENTO OPRESSOR
Terezinha de Assis Oliveira (UFG-CAC)
2
O OUTRO ENQUANTO MONSTRO: O MEDO DO HOMOSSEXUAL EM "O MONSTRO", DE
JOÃO DO RIO
Veridiana Mazon Barbosa da Silva (UFG-CAC)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
31
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
3
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
ATRAVESSANDO PORTAS E GÊNEROS: O MEDO EM CORALINE
Jéssica Cristine Fernades Mendes (UFG)
4
DENTRO DA NOITE: O SANGUE COMO INSTRUMENTO ONÍRICO DE PRAZER
Sabrina Mesquita de Rezende (UFG)
Alexander Meireles Silva (UFG)
GT 2 - POSSIBILIDADES E DESAFIOS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA: CONTRIBUIÇÕES
PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Coordenação: Luciane Guimarães de Paula (UFG-CAC)
Local: Bloco E - Sala 4 - Departamento de Letras - Sala de Multimeios
1
AS ESTRATÉGIAS DE COMPREENSÃO DE LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA: O PAPEL
DO LÉXICO
Márcia Bertão (IFTO–Palmas)
Soraia Cristina Blank (IFTO–Palmas)
2
FUNDOS DE CONHECIMENTO PARA UMA PROPOSTA DE ENSINO DE INGLÊS
Maria de Fátima Comini da Silva (UFMT)
3
UMA PROPOSTA ANACRÔNICA DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA POR MEIO DA
LITERATURA: HOLDEN CAULFIELD FAZENDO USO DO FACEBOOK
Rayssa Duarte Marques Cabral (UFMT)
4
LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA NO ENSINO MÉDIO PÚBLICO DE CATALÃO
Sarah Cristina de Oliveira Sebba (UFG–CAC)
5
DIÁRIO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE UMA PROFESSORA DE ESP
Talitha Helen Silva (IFSM-Muzambinho)
6
O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM UMA SALA DE AULA DE LÍNGUA
INGLESA NO ENSINO FUNDAMENTAL EM PALMAS-TO
Jônatas Gomes Duarte (UFT)
Marcilene de Assis Alves Araújo (UFT)
Maria José Pinho (UFT)
GT 3 - ESTUDOS DE FICÇÃO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: PRODUÇÃO, MERCADO
EDITORIAL, RECEPÇÃO E CRÍTICA
Coordenação: Flávio Pereira Camargo (UFT), João Batista Cardoso (UFG-CAC), Márcia Rejany
Mendonça (UFT)
Local: Bloco Didático I – Sala 102
1
ESPAÇO, POESIA E SUAS EXPANSÕES
Moema de Souza Esmeraldo (UFG–CAC)
Maria Imaculada Cavalcante (UFG–CAC)
2
PELOS LABIRINTOS DA NARRATIVA METAFICCIONAL EM “A RAINHA DOS CÁRCERES
DA GRÉCIA” DE OSMAN LINS
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
32
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Nelzir Martins Costa (UFT)
3
DEDICATÓRIAS AUTÓGRAFAS: CONTEXTOS DE PRODUÇÃO E DE DIVULGAÇÃO DE
OBRAS ENTRE AS DÉCADAS DE 1960 A 1990
Renata Ribeiro de Moraes (UNESP-ASSIS)
4
O MÍTICO, O LITERÁRIO E O CULTURAL: RECEPÇÃO E CRÍTICA DE MEU TIO ROSENO, A
CAVALO, DE WILSON BUENO
Rosana Cristina Zanelatto Santos (UFMS)
5
A METAFICÇÃO NA OBRA A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR
Vanessa Rita de Jesus Cruz (UFT)
Flávio Pereira Camargo (UFT)
6
A INTENSIDADE DA AÇÃO PELA LINGUAGEM EM “DESEMPENHO”, DE RUBEM
FONSECA
Vânia Lúcia Bettazza (UNESP–ASSIS)
7
O TELURISMO EM ESSA TERRA, DE ANTÔNIO TORRES
João Batista Cardoso (UFG–CAC)
GT 4 - O CÍRCULO DE BAKHTIN NA ANÁLISE DE DISCURSO: DIÁLOGOS TEÓRICOS
Coordenação: Grenissa Stafuzza (GEDIS/UFG-CAC), Evelyn Cristine Vieira (GEDIS/UFG-CACPMEL)
Local: Bloco Didático I – Sala 103
1
UNE COMMUNAUTÉ – RELAÇÕES ESTÉTICAS ENTRE BAKHTIN, GLISSANT E ECO NA
OBRA TEXACO
Olivânia Maria Lima Rocha (UFPI)
2
CONFLITO E CONSTRUÇÃO: O NASCIMENTO DE UMA NOVA IDENTIDADE FEMININA
ATRAVÉS DO OLHAR
Patrícia Aparecida Barros (UFG–CAC)
3
ENUNCIADO, ENUNCIADO CONCRETO E SUJEITO RESPONSIVO: UMA ANÁLISE
DISCURSIVA DAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA EJA DO ESTADO DE GOIÁS
Rozely Martins Costa (UFG–CAC)
4
CRISTIANISMO, AUTOAJUDA E CAPITALISMO: UMA PARCERIA DE SUCESSO
Samuel Cavalcante da Silva (UFG–CAC)
5
LEITURA NO ENSINO MÉDIO: UMA PERSPECTIVA DISCURSIVA
Mary Rodrigues Vale Guimarães (UFG–CAC)
GT 5 - ESTUDOS COM LINGUÍSTICA DE CORPUS
Coordenação: Guilherme Fromm (UFU)
Local: Bloco Didático I – Sala 203
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
33
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
1
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARE COMPUTACIONAL EM PESQUISAS CIENTÍFICAS: EM
FOCO O WORDSMITH TOOLS NA EDUCAÇÃO
Olíria Mendes Gimenes (USP)
2
O EFEITO DE SENTIDO CAUSADO PELAS PALAVRAS ESTRANGEIRAS INCORPORADAS
AOS PRODUTOS
Patrícia Guimarães Pereira (UFOPará)
Genilson da Silva Oliveira (UFOPará)
3
O DISCURSO REPORTADO NO C-ORAL BRASIL: ANÁLISE ENTOACIONAL EM CORPUS
DE FALA DO PORTUGUÊS
Patrícia Ribeiro do Valle Coutinho (UFJF)
Luiz Fernando Matos Rocha (UFJF)
4
HARRY POTTER E O WORDSMITH TOOLS: O QUE AS LISTAS DE PALAVRAS, PALAVRASCHAVE E CONCORDÂNCIAS REVELAM
Raphael Marco Oliveira Carneiro (UFU)
5
O LÉXICO FUNDAMENTAL DA LÍNGUA INGLESA EM FOCO: IMPLICAÇÕES PARA O
ENSINO
Rodrigo dos Santos e Silva (UEG)
Gisah Alves Magalhães (UEG)
6
O LÉXICO ASSOCIADO AO BRASIL NOS ARTIGOS PUBLICADOS NA REVISTA
NEWSWEEK
Vanessa Moreira Soares (UEG)
7
ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE DETERMINANTES EM ENSAIOS
ARGUMENTATIVOS DE FALANTES NATIVOS DO INGLÊS E APRENDIZES BRASILEIROS:
ESTUDO BASEADO EM CORPUS
Vanessa Cristina Oliveira Wright (UFMG)
GT 7 - A LEITURA E O LEITOR: HISTÓRIA, PRÁTICAS E DISCURSOS
Coordenação: Luzmara Ferreira Cursino (UFSCar), Henrique Silvestre Soares (UFAC)
Local: Bloco Didático I – Sala 202
1
PROJETO PORONGA (ACRE) - (IN)CERTEZAS SOBRE LETRAMENTO
Maria Regiana Araújo da Costa (UFAC)
2
PRÁTICA DE LEITURA DISCURSIVA NO ENSINO MÉDIO: QUEM LÊ ESCREVE?
Mary Rodrigues Vale Guimarães (UFG-CAC)
3
A LEITURA NO CONTEXTO DE MÚLTIPLAS LINGUAGENS
Mauricéia Silva de Paula Vieira (UFLA)
Helena Maria Ferreira (UFLA)
4
PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA DE RIBEIRINHOS DO RIO JURUÁ: UM ESTUDO SOBRE
A HISTÓRIA DA LEITURA ACREANA, SOBRE A HISTÓRIA CULTURAL DA AMAZÔNIA
ACREANA
Nagila Maria Silva Oliveira (UFAC)
Henrique Silvestre Soares (UFAC)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
34
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
5
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
RASCUNHOS DE ÁLLEX LEILLA – DAS LEITURAS INFANTIS À LEITURA DO URBANO
Rita de Cássia Lima de Jesus (UNEB)
6
PRÁTICAS DISCURSIVAS IDENTITÁRIAS NA FORMAÇÃO DE LEITORES
Sirleide de Almeida Lima (UFG)
Agostinho Potenciano de Souza (UFG)
7
“QUANDO LEMOS, TEMOS O MUNDO EM NOSSAS MÃOS”: ANÁLISE DE ALGUMAS
REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DAS PRÁTICAS DE LEITURA NO BRASIL
Simone Garavello Varella (UFSCar)
8
GESTOS DE LEITURA CONTEMPORÂNEOS EM OUTRA DIMENSÃO: ENUNCIADOS
VERBO-VISUAIS TRIDIMENSIONAIS
Luana Alves Luterman (UEG)
Aline Gonçalves dos Santos (UEG)
Jéssica Alves Fernandes (UEG)
Rita de Cássia Moreira (UEG)
GT 8 - (DES)TECENDO OS FIOS DO ENSINO DE LÍNGUAS E DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Coordenação: Maria de Fátima Fonseca Guilherme (UFU), Cristiane Carvalho de Paula Brito
(UFU)
Local: Bloco Didático I – Sala 204
1
ESPECIFICIDADES DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA
Helena Maria Ferreira (UFLA)
Mauricéia Silva de Paula Vieira (UFLA)
2
UM OLHAR DISCURSIVO SOBRE DIZERES ACERCA DE CRENÇAS E ENSINO E
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA EM ARTIGOS CIENTÍFICOS
Pauliana Duarte Oliveira (UFU)
3
CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E SUJEITO NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA
Lúcia Maria Castroviejo Azevedo (UFU)
4
CULTURA, IDENTIDADE E HISTÓRIA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS DA
FAMÍLIA LINGUÍSTICA TUPI-MONDÉ
Cristovão Teixeira Abrantes (UNIR)
5
NOVOS TALENTOS: EXPERIÊNCIAS DO FAZER CIÊNCIA E PRODUÇÃO DE TEXTO NA
ALDEIA INDÍGENA FORMOSO DO POVO PARESI
Wélica Cristina Duarte de Oliveira (UNEMAT)
Débora Aparecida Blanco Gonsales (UNEMAT)
6
DISCUSSÃO E REGISTRO DA LÍNGUA: CARTONEIRAS
VIABILIZADOR DA PRODUÇÃO LITERÁRIA INDÍGENA
COMO
INSTRUMENTO
Helen Vanessa Oliveira Ritt Zanchin (UEMT)
Eduardo Fonseca de Souza (UEMT)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
35
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
GT 11 - LITERATURA, HISTÓRIA E IMAGINÁRIO: RELAÇÕES E PERSPECTIVAS TEÓRICAS E
CRÍTICAS
Coordenação: Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG-FL), Clarice Zamonaro Cortez (UEM)
Local: Bloco Didático I – Sala 206
1
POR FEDERICO GARCÍA LORCA: LITERATURA EM LA BARRACA
Simone Aparecida dos Passos (UFU)
2
REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA EM “O GUARANI” DE JOSÉ
DE ALENCAR
Sônia Mara Nita (DINTER UNIR-UNESP)
3
LITERATURA E HISTÓRIA: A (RE)CONSTRUÇÃO DOS INDÍCIOS HISTÓRICOS EM
NARRATIVAS CONTEMPORÂNEAS DE RESISTÊNCIA
Suellen Monteiro Batista (UFPA)
Veridiana Valente Pinheiro (UFPA)
4
NAS TUAS MÃOS - SOBRE LITERATURA, HISTÓRIA E IMAGINÁRIO
Ulysses Rocha Filho (UFG)
5
“DOS PECADOS DE NOSSAS MÃES TODAS ESSAS COISAS FLUEM”: O PASSADO E O
PRESENTE EM THE MADONNA OF EXCELSIOR DE ZAKES MDA
Divanize Carbonieri (UFMT)
6
IDENTIDADES EM TRAVESSIA NA FICÇÃO COUTIANA: UMA (RE)CONSTRUÇÃO DA
HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO DE MOÇAMBIQUE EM O OUTRO PÉ DA SEREIA
Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina (UFR-UNIR)
GT 12 - LÍNGUA PORTUGUESA E PERSPECTIVAS PARA O SEU ENSINO-APRENDIZAGEM
Coordenação: Sílvio Ribeiro da Silva (UFG-CAJ)
Local: Bloco Didático I – Sala 207
1
A BUSCA DO PROTAGONISMO EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DIDÁTICA COM “A
METAMORFOSE”, DE FRANZ KAFKA
Walleska Bernardino Silva (UFU)
2
A RÁDIO-ESCOLA COMO ESTRATÉGIA PARA O TRABALHO COM A ORALIDADE
Suzan Kelly Rodrigues Brilhante (UFLA)
Rafaely Carolina da Cruz (UFLA)
3
A ABORDAGEM TRADICIONAL E COLONIAL DO CONTEÚDO VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
NA COLEÇÃO PORTUGUÊS: LINGUAGENS (6º AO 9º ANO)
Maria de Lurdes Nazário (UFG)
4
PROPOSTA DE REDAÇÃO NOS LIVROS DIDÁTICOS: COMANDOS PARA UM DIZER
Erica Poliana Nunes de Souza Cunha (UFRN)
5
A PRODUÇÃO TEXTUAL EM AMBIENTE ESCOLAR E A PROBLEMÁTICA DA COERÊNCIACOMPREENSÃO
Mariana da Silva Marinho (UFU)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
36
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Cármen Lúcia Hernandes Agustini (UFU)
6
O ESTATUTO DOS ERROS GRÁFICOS EM PRODUÇÕES DE ALUNOS DE ENSINO MÉDIO
Rafaely Carolina da Cruz
Suzan Kelly Rodrigues Brilhante (UFLA)
GT 13 - ANÁLISE DO DISCURSO E LITERATURA: ARTICULAÇÕES E PERSPECTIVAS DE
LEITURA
Coordenação: Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC), Maria Aparecida Conti (FAFICH/LEDIFF)
Local: Bloco Didático I – Sala 209
1
LITERATURA DE MERCADO: A CONSTRUÇÃO DA LENDA J. K. ROWLING
Pollyanna Zati Ferreira (UFU)
2
SUJEITO E DISCURSO: A INFLUÊNCIA HISTÓRICA EM DUAS CANÇÕES DE CAETANO
VELOSO
Robison José da Silva (UFG)
3
ENUNCIADO, ESCRITA, AUTORIA E PODER: UMA ANÁLISE DE SAIBA
Sirlene Cíntia Alferes Lopes (UFU)
4
A IMAGEM DA SEXUALIDADE NA POESIA DE CORA CORALINA
Sueli Gomes de Lima (IFTM)
5
PAULO ESCREVE A FILEMOM: UMA ANÁLISE PRELIMINAR DO GÊNERO EPISTOLAR
Wesley Nascimento dos Santos (UFG)
Kátia Menezes de Sousa (UFG)
GT 15 - LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: A FORMAÇÃO DO LEITOR EM QUESTÃO
Coordenação: Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (FEMA-Assis; UNESP-Assis), Silvana
Augusta Barbosa Carrijo (UFG-CAC; UNESP-Assis)
Local: Bloco Didático I – Sala 301
1
A LITERATURA INFANTIL E JUVENIL NA PRÁTICA: LITERATURA, CINEMA E MÚSICA
COMO FORMAÇÃO PARA A VIDA
Sandra Mara Carvalho (UFU)
2
GÊNERO E MEMÓRIA NA NARRATIVA JUVENIL DEPOIS DAQUELA VIAGEM (2003), DE
VALÉRIA PIASSA POLIZZI
Silvana Augusta Barbosa Carrijo (UFG)
3
O IMAGINÁRIO DOS CONTOS DE FADAS E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sueli Maria de Regino (UFG)
4
UM HERÓI EM OUTROS TEMPOS: O PRIMEIRO LIVRO DA SÉRIE “LAS AMISTADES DE
HÉRCULES”
Thiago Alves Valente (UENP-CCP)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
37
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
5
FORMANDO LEITORES:
FUNDAMENTAL
PRÁTICAS
DE
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
LETRAMENTO
LITERÁRIO
NO
ENSINO
Paula da Costa Silva
Cíntia Alves Dias (UFP-RS)
GT 16 - OS ESTUDOS DO LÉXICO E SUAS INTERFACES
Coordenação: Maria Helena de Paula (GEPHPOR/UFG-CAC), Odair Luiz Nadin da Silva
(UNESP-FCLAR)
Local: Bloco E - Sala 3 - Departamento de Letras - LALEFIL
1
O CRITÉRIO DA FREQUÊNCIA EM CORPORA NA ELABORAÇÃO DE MACROESTRUTURAS
DE DICIONÁRIOS
Eduardo Batista da Silva (UEG-UFU)
Guilherme Fromm (UEG-UFU)
2
CONTRIBUIÇÕES DA CIÊNCIA LEXICOGRÁFICA PARA O ESTUDO DA VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA NO NÍVEL LEXICAL
Rayne Mesquita de Rezende (UFG-CAC)
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
3
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS E MEMÓRIA DISCURSIVA: POR ONDE PASSAM AS
ESCOLHAS LEXICAIS?
Selma Sueli Santos Guimarães (USP)
4
A VARIAÇÃO
INDIVIDUAIS”
TERMINOLÓGICA
NO
DOMÍNIO
“DOCUMENTOS
ESCOLARES
Glória de Fátima Pinotti de Assumpção
Lídia Almeida Barros (IBILCE-UNESP)
5
PORTUGUÊS DO BRASIL (PB) E ESPANHOL SUL AMERICANO (EA): PONTOS DE
DIFICULDADE E RELATIVAS PROXIMIDADES NOS TRABALHOS TERMINOLÓGICOS
Isael Simão (UEM)
6
INTERFACE ENTRE TERMINOLOGIA E DOCUMENTAÇÃO: LEVANTAMENTO DE TERMOS
DE RELATÓRIOS DE COMPANHIAS FERROVIÁRIAS PAULISTAS
Ivanir Azevedo Delvizio (UNESP-Rosana)
GT 17 - LITERATURA EM PERSPECTIVA DE GÊNERO: QUESTÕES DE AUTORIA, SEXUALIDADE,
EROTISMO E CORPO
Coordenação: Luciana Borges (UFG-CAC/Dialogus), Maria da Glória de Castro Azevedo
(UFT/Campus Porto Nacional/UnB)
Local: Bloco Didático I – Sala 301
1
A CASA DA PAIXÃO, DE NÉLIDA PIÑON: CORPO, TEXTO E CONTEXTO
Ana Carolina Camilo de Almeida (UFG-CAC)
2
EROTISMO E AFIRMAÇÃO IDENTITÁRIA NA FICÇÃO ERÓTICA DE MÁRCIA DENSER
Daiane Alves da Silva (UFG-CAC)
Luciana Borges (UFG-CAC)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
38
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
3
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
INVISIBILIDADE DA IDENTIDADE LESBIANA, RELAÇÕES DE GÊNERO E EROTISMO
HOMO-AFETIVO NO CONTO “A SEMÂNTICA DE SINÔNIMOS”, DE LAVÍNIA MOTTA
Juliana Cristina Ferreira (UFG-CAC)
Valdeci Rezende Borges (UFG-CAC)
4
DIANA CAÇADORA E A DESCONSTRUÇÃO DE PAPÉIS SEXUAIS
Julienne da Silva Silveira (UFT-Porto Nacional)
5
O CORPO PROJETADO E RECONSTRUÍDO: ESTÉTICA E EROTISMO A SERVIÇO DA
VINGANÇA
Marta Maria Bastos (UFG-CAC)
Luciana Borges (UFG-CAC)
6
A CONSTRUÇÃO DO EROTISMO: PARTICULARIDADES DO UNIVERSO FEMININO NA
FICÇÃO DE CLARICE LISPECTOR E LYA LUFT
Ronaldo Soares Farias (UFG-CAC)
Luciana Borges (UFG-CAC)
GT 18 - O SUJEITO NA TRAJETÓRIA DA ENUNCIAÇÃO
Coordenação: João Bôsco Cabral dos Santos (LEP/UFU-ILEEL), Marco Antonio Villarta-Neder
(LEP/UFLA)
Local: Bloco Didático I – Sala 302
1
A PERFORMATIVIDADE DE UMA (RE) CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DA MULHER: A
FORMAÇÃO DISCURSIVA NA PROPAGANDA DA BOMBRIL- MULHERES EVOLUÍDAS
Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFG)
Henrique Silva Fernandes (UFG)
Ludmila Pereira de Almeida (UFG)
2
A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E A PRODUÇÃO DE SENTIDOS EM REPORTAGEM DA
VEJA SOBRE O CASO DO “MANÍACO DE LUZIÂNIA”
Raquel Divina Silva (UFG)
Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG)
3
SUJEITO DISCURSIVO DE SABERES E PODERES EM MICHEL FOUCAULT
Renato Bernardo da Silva (UFU)
4
RELAÇÕES DE PODER E SUBJETIVAÇÃO. UM EU E UM OUTRO
Guida Fernanda Proença Bittencourt (UFPR)
5
IDENTIDADE E AUTORREPRESENTAÇÃO EM TOADAS DE BUMBA-MEU-BOI
Ludmila Portela Gondim (UnB)
6
PERCURSOS SUJEITUDINAIS NA ENUNCIAÇÃO
João Bôsco Cabral dos Santos (UFU)
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
39
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
GT 20 - PESQUISAS EM FONOLOGIA, VARIAÇÃO E MUDANÇA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Coordenação: Gisele da Paz Nunes (UFG)
Local: Bloco E – Sala 1 – Departamento de Letras - LADFFON
1
O PROCESSO VARIÁVEL DO ALÇAMENTO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NO
MUNICÍPIO DE ARAGUARI-MG
Dayana Rúbia Carneiro (FAPEMIG-UFU)
2
OS PROCESSOS FONÉTICOS/FONOLÓGICOS ADVINDOS DA AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM E QUE PERMANECEM EM TEXTOS ESCRITOS DE ALUNOS DO ENSINO
MÉDIO
Dóbia Nascimento (PME-UFG-CAC)
Gisele da Paz Nunes (UFG-CAC)
3
O CORPUS EM VARIAÇÃO: DIFICULDADES
SOCIOLINGUÍSTICA
Flávia Freitas de Oliveira (PMEL–UFG-CAC)
4
PROCESSOS FONOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA SÍNCOPE EM PROPAROXÍTONAS
Giselly de Oliveira Lima (PPGEL-UFU-FAR-SME)
5
UTILIZAÇÃO DE NORMAS ORTOGRÁFICAS DO PORTUGUÊS EM INSCRIÇÕES
TUMULARES NOS CEMITÉRIOS DO ESTADO DE GOIÁS
Paula de Campos Morais (PMEL-UFG-CAC)
Gisele da Paz Nunes (UFG-CAC)
6
A NOVA REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA CONTEXTUALIZADA
Talita Alves da Costa (UFG-CAC)
Daiane Alves (UFG-CAC)
19h30 às 22h
E
IMPASSES
NA
PESQUISA
Lançamento de livros
Local: subsolo da Biblioteca
A partir das 19h30
Programação Artística
Local: Miniauditório Profa. Sirlene Duarte
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
40
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
RESUMOS
Mesas-redondas
Mesa-redonda 1:
PEDAGOGIA DO LÉXICO E DA TRADUÇÃO: ABORDAGENS BASEADAS EM CORPUS
Coordenadora: Profa. Dra. Adriane Orenha-Ottaiano
[email protected]
Profa. Dra. Paula Tavares Pinto Paiva (UNESP-IBILCE)
Prof. Dr. Celso Fernando Rocha (UNESP-IBILCE)
Profa. Dra. Marilei Amadeu Sabino (UNESP-IBILCE)
Profa. Dra. Emiliana Fernandes Bonalumi (UFMT)
De acordo com Baker (1992, p. 4), se a tradução pretende se tornar “uma profissão no
sentido pleno da palavra, os tradutores irão precisar de outros recursos, além da atual
combinação intuição e prática, a fim de possibilitá-los refletir o que fazem e como fazem.
Necessitarão, acima de tudo, adquirir um conhecimento profundo da matéria-prima com a
qual trabalham: entender o que a língua é e como ela funciona para seus usuários”. Esta
reflexão de Baker parece-nos bastante apropriada às novas pesquisas que estão sendo
realizadas na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de São José
do Rio Preto e na Universidade Federal de Mato Grosso, uma vez que já acenava para
aspectos ainda não amplamente divulgados e discutidos em pesquisas sobre tradução no
Brasil. Estudos recentes de renomados pesquisadores e membros dessa mesa redonda (Baer;
Koby; Geoffrey, 2003; Nighat, 2009; Camargo, 2011; Laviosa, 2011; Amadeu-Sabino, 2011a,
Orenha, 2012a, Pinto-Paiva, 2012 etc.), inseridos no Grupo de Pesquisa “Pedagogia do Léxico,
da Tradução e Linguística de Corpus”, cadastrado no Diretório dos Grupos de Pesquisa no
Brasil do CNPQ, apontam para a relevância e a necessidade de investigações voltadas para
uma Pedagogia da Tradução. Desse modo, uma das vertentes das referidas investigações
foca nos aspectos pedagógicos referentes ao ensino da tradução e suas implicações para a
prática tradutória. A segunda vertente em que se inserem os referidos pesquisadores
objetiva analisar, discutir e sistematizar aspectos pedagógicos relativos ao ensino do léxico
geral e especial(izado), com vistas a compilação de obras lexicográficas (Amadeu-Sabino,
2011b), fraseográficas (Orenha, 2012b; Teixeira; Tagnin, 2010), terminográficas (Pinto-Paiva et
al, 2007; Rocha, 2010; Bonalumi, 2010) e materiais de apoio para sala de aula de língua
estrangeira (Orenha, 2012c). Nesse sentido, esta mesa redonda propõe tratar de pesquisas
que mostram a interdisciplinaridade entre os Estudos da Tradução, a Lexicologia, a
Terminologia, a Fraseologia e o Ensino de Línguas Estrangeiras, evidenciando que dialogam
uma com a outra. Dessa maneira, mostrando a interface entre os estudos, a primeira
investigação abordará aspectos de um modelo de ensino e aprendizagem de LE que propicie
o desenvolvimento da competência linguístico-tradutória do tradutor e do pesquisador. A
próxima fala versará sobre a descrição de linguagem de aprendiz, a partir de um corpus de
Aprendizes de Espanhol, e de sua aplicação em sala de aula. Em seguida, será abordado o
papel da Linguística de Corpus e do uso da web como corpus nas pesquisas fraseológicas,
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
41
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
ressaltando a importância dos fraseologismos para as áreas de ensino/aprendizagem de
línguas e tradução.
A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS
ESTRANGEIRAS PARA O PESQUISADOR E PARA O TRADUTOR
Paula Tavares Pinto Paiva (UNESP-IBILCE)
Nossa pesquisa visa à construção de um modelo de ensino e aprendizagem de línguas
estrangeiras que propicie o desenvolvimento da competência linguístico-tradutória do
tradutor e do pesquisador, com base em discussões teóricas e utilização de programas de
análise lexical e de memórias de tradução. Para tanto, utilizamos como ponto de partida
textos técnico-científicos, informativos e literários, originais e traduzidos, que tenham sido
publicados na Internet e que são coletados e disponibilizados aos aprendizes de língua
estrangeira na forma de corpora computadorizados. A partir da observação de tais
coletâneas de textos, propomos discussões teóricas sobre fenômenos linguísticos e sobre
questões lexicais tais quais a tradução de sintagmas preposicionais (Heaton, 1975)
ocorrências de traços de tradução (Baker, 1993, 1995, 1996), a tradução de expressões fixas,
semifixas e idiomáticas (Baker, 1992; Camargo, 2007; Tagnin, 2005) e a tradução de
categorias retóricas sentenciais em resumos científicos (Swales, 1990; 2009; Feltrim et al,
2000). A observação de tais fenômenos é iniciada a partir da organização dos corpora
textuais (Biber et al, 1998; Sinclair, 2001; Berber Sardinha, 2004; Bernardini, 2011), avaliação
dos processos de elaboração de glossários bilíngues (Krieger e Finatto, 2004; Barros, 2004),
atividades de pesquisa bilíngue e treinamento de tradutores (Beber Sardinha, 2003; Tagnin,
2003; Zanettin, 2009) e leitura de textos teóricos sobre o ensino e aprendizagem de línguas
estrangeiras (Canale, 1983; Aston et al, 2004; Gaballo, 2009). Ademais, são utilizados
programas de memórias de tradução e ferramentas de análise lexical como o Wordfast
(Champollion, 1999) e o WordSmith Tools (Scott, 2005), além de ferramentas disponibilizadas
gratuitamente na Web, como o YouAlign e o Google Translator Toolkit. Com o auxílio de tais
ferramentas, é possível se caracterizar padrões lexicais bilíngues em grandes quantidades de
textos e, desta maneira, propor um modelo de ensino e aprendizagem de línguas
estrangeiras que seja voltado à formação do futuro tradutor. Na atual fase da pesquisa,
temos nos dedicado à organização dos corpora compilados até o momento em uma única
base de dados, para que seja possível sua expansão e a realização de outros trabalhos que
visem a formação de futuros pesquisadores nas áreas de Linguística Aplicada e Análise
Linguística, mais especificamente nas linhas Terminologia, Tradução e Ensino e
Aprendizagem de Línguas.
A DESCRIÇÃO DO USO DO CONJUNTO LEXICAL EM REDAÇÕES DE ALUNOS DE
LICENCIATURA EM LETRAS (ESPANHOL) POR MEIO DO INSTRUMENTAL DA
LINGUÍSTICA DE CORPUS
Celso Fernando Rocha (UNESP-IBILCE)
A Linguística de Corpus (LC) vem estabelecendo relações com a Linguística Aplicada: ensino
de língua estrangeira há algum tempo. Notamos no ambiente pedagógico a presença da LC
em, pelo menos, quatro áreas de concentração, a saber: a) descrição de língua nativa, b)
descrição de linguagem de aprendiz, c) ensino da metodologia de pesquisa em LC para
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
42
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
alunos, e d) desenvolvimento de materiais didáticos. Nesse sentido, nossa apresentação terá
como foco a segunda área (descrição de linguagem de aprendiz); trata-se de uma área
investigação que possibilita diversos tipos de pesquisas, bem como de aplicação, em sala de
aula, do conhecimento gerado. Para o docente, surge a possibilidade de coletar, armazenar
em computador e descrever (qualitativa e quantitativamente) a linguagem produzida por
aprendizes. Estes conjuntos de dados podem servir de referência para a produção de
material de apoio, para o reforço de algum tópico desenvolvido em aula e para o
planejamento de lições, com base nas dificuldades linguísticas mais frequentes dos alunos.
Considerando-se os possíveis contextos de uso da LC, tivemos como motivação prática o
registro eletrônico da produção escrita de alunos de espanhol/língua estrangeira, mais
especificamente, propomos a compilação de dois corpora de aprendizes de espanhol, um do
primeiro ano (corpus I) e outro do segundo ano (corpus II) de um curso de licenciatura em
letras. Com relação à metodologia, os textos foram coletados durante seis meses e
armazenados e formato eletrônico. Posteriormente, os dados foram extraídos por meio do
WordSmith Tools, empregamos as ferramentas WordList e Concord. A ferramenta WordList
permitiu criar listas de palavras por ordem de frequência e por ordem alfabética e, por isso,
foi possível observar o léxico mais e menos empregado no corpus. Além das listas de
palavras, foram gerados dados estatísticos do corpus de aprendizes, referentes à razão
forma/item (FI: type/token ratio) e à razão forma/item padronizada (standardised type/token
ratio), sendo esta última apropriada para a investigação em textos de tamanhos diferentes.
Investigamos diacronicamente se houve, nas redações produzidas pelos alunos, uma
variação lexical, isto é, se determinado aluno passa a empregar um léxico mais ou menos
variado ao longo de seis meses de aula. Nessa mesa redonda, apresentaremos os principais
aspectos relacionados à coleta de dados e à descrição do conjunto lexical mais frequente nos
textos produzidos por alunos dos cursos de Licenciatura em Letras, por meio do instrumental
teórico-metodológico da linguística de corpus.
O PAPEL DA WEB COMO CORPUS NAS PESQUISAS FRASEOLÓGICAS E A IMPORTÂNCIA
DOS FRASEOLOGISMOS PARA AS ÁREAS DE ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS E
TRADUÇÃO
Marilei Amadeu Sabino (UNESP-IBILCE)
É evidente que os estudos fraseológicos avançam a passos largos na atualidade e que é
possível identificar, na prática, a existência de uma diversidade tipológica dessas
combinatórias. Todavia, consultando a literatura da área, percebe-se que os limites utilizados
para estabelecer e delimitar as diferenças entre eles não são muito rígidos e rigorosos.
Assim, não parece haver consenso, entre os pesquisadores, a respeito de quais combinatórias
são objetos de estudo da fraseologia, nem tampouco sobre quais denominações devam
receber. Convive-se, portanto, com uma profusão terminológica instaurada pelos próprios
estudiosos da área, com uma diversidade de classificações empregadas nas pesquisas
científicas, bem como com a dificuldade de estabelecimento de critérios precisos para a
identificação de diferentes fraseologismos. O que parece ter aceitação entre boa parte dos
estudiosos, contudo, é a ideia de que os fraseologismos devam ser combinatórias fixas
(indecomponíveis), possuir sentido conotativo e ser facilmente identificados por sua
comunidade linguística, devido a sua alta frequência de uso. Mas apesar das dificuldades
apontadas, saber identificar, utilizar, compreender e traduzir os fraseologismos das línguas,
sejam elas maternas ou estrangeiras, significa possuir boa proficiência linguísticocomunicativa nos idiomas envolvidos. Assim, não há como negar a importância do estudo
dessas combinatórias, tanto no campo do ensino, quanto da tradução. Nesse cenário, a
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
43
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
linguística de corpus desempenha um papel fundamental, já que oferece ferramentas que
auxiliam sobremaneira na compreensão e descrição das línguas. Nessa tarefa, não podemos
tampouco negligenciar a importante função que desempenha a web como corpus de
consulta. Assim, essa discussão, que terá início nos aspectos teóricos e formais dos
fraseologismos, pretende, por fim, ressaltar a inestimável contribuição que eles trazem aos
estudos culturais dos diferentes povos. Assim sendo, esta apresentação buscará evidenciar
que muitos fraseologismos, por meio de suas metáforas, mostram o recorte que cada povo
faz do mundo que está a sua volta, revelando a concepção de mundo refletida no modo de
pensar e de agir das comunidades linguísticas das quais fazem partem.
O PAPEL DOS PHRASAL VERBS NO ENSINO DO LÉXICO PARA APRENDIZES DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA E DE TRADUÇÃO
Emiliana Fernandes Bonalumi (UFMT)
A Linguística de Corpus oferece tanto ao professor quanto a aprendizes de língua estrangeira
e de estudos da tradução a oportunidade de pesquisar e extrair dados da língua em uso,
valendo-se dos corpora. Tomamos os corpora como objeto de estudo a fim de analisar as
similaridades e diferenças encontradas em verbos preposicionados no texto traduzido em
relação ao seu original. Iniciamos estes estudos por perceber em sala de aula a dificuldade
dos alunos em relação ao uso dos phrasal verbs. Os corpora auxiliam o aluno a visualizar os
phrasal verbs na língua em uso. Daí, a importância de estudá-los contextualizados e não
apenas nos exercícios, na maioria das vezes estruturalistas, dos livros didáticos. Para levantar
o phrasal verb empregado nesta análise, utilizamos, em especial, as ferramentas de
concordâncias, que auxiliam na verificação do uso e da frequência do verbo preposicionado,
tanto em corpora escritos originalmente em língua inglesa, quanto em corpora traduzidos
para a língua inglesa por profissionais renomados. Partindo da observação das
concordâncias, por meio dos corpora, colocamos como uma das perguntas de pesquisa se o
uso do phrasal verb responde intuitivamente às expectativas dos pesquisadores ou se seu
uso possui uma abrangência maior daquela demonstrada no livro didático adotado na série
da aluna em questão. Como segunda pergunta de pesquisa, indagamos se o uso do phrasal
verb, com base nos corpora, apresenta variações e omissões em relação ao texto original.
Para fundamentar a nossa investigação, recorremos à proposta de Estudos da Tradução
baseados em Corpora de Baker (1993, 1995, 2004). Também nos valemos de princípios e
métodos da linguística de corpus empregados por Berber Sardinha (2004). Além do
arcabouço teórico-metodológico já mencionado, o presente trabalho conta com o auxílio
dos corpora on-line COMPARA, de propriedade do Instituto Superior de Línguas e
Administração (ISLA), em Lisboa, e da Universidade de Oslo, na Noruega; Corpus Multilíngue
para Ensino e Tradução (COMET), e, o Projeto Padrão Estilístico dos Tradutores (PETra),
ambos no Brasil, os quais proporcionaram os recursos técnicos necessários para o
levantamento dos dados. Dessa forma, nesta mesa-redonda, buscaremos discutir alguns
aspectos relacionados ao ensino do léxico para aprendizes de língua estrangeira e de
tradução.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
44
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Mesa-redonda 2
PRÁTICAS DE LEITURA E REPRESENTAÇÕES DO LEITOR NA ATUALIDADE
Coordenador: Prof. Dr. Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC)
[email protected]
Prof. Dr. Henrique Silvestre Soares (UFAC)
[email protected]
Profa. Dra. Luzmara Curcino (UFSCar)
[email protected]
Com o avanço das tecnologias recentes, o estudo do suporte, como elemento portador de
textos, tem recebido atenção de variados setores da crítica, sobretudo da História Cultural,
desenvolvida por Roger Chartier. Para este autor, as transformações ocorridas na história do
livro, bem como as práticas de leitura delas decorrentes, estão intimamente ligadas às
transformações do escrito e das formas materiais dos suportes, tais como apreensíveis nas
passagens do manuscrito (livro em forma de rolo), ao códex (o formato do livro ainda
existente) e destes ao texto virtual, graças a dispositivos eletrônicos diversos. Considerando
que as mudanças não se dão apenas na materialidade física ou virtual do suporte, mas,
também, atingem as formas de produção dos textos e de exercício da leitura, abordaremos
algumas mutações nessas práticas e suas consequências para a interpretação dos textos com
vistas a fomentar, assim, a discussão sobre a leitura na atualidade, seu papel na formação
dos indivíduos, as estratégias de mercado que veem no leitor, um consumidor, e as injunções
de diversas ordens que determinam, em alguma medida, os modos de exercício dessa
prática.
LITERATURA E LEITURA: CONSTITUIÇÃO DE SUJEITOS LEITORES ACREANOS
Henrique Silvestre Soares (UFAC)
[email protected]
Tomada, quase sempre como testemunho de um tempo, a literatura de expressão acreana,
tem buscado registrar o tempo, chamando para si a responsabilidade da difusão da própria
História. Não obstante os acalorados debates ocorridos nos meios acadêmicos, acerca dos
limites e relações estabelecidas entre a ficção e a história, parece-me que, no caso específico,
aquela literatura evidencia uma clara intenção de, ficcionalizando, registrar o momento
histórico; o que, se por um lado, poderia remeter para uma preocupação meramente
histórica, ou, em melhor hipótese, a uma estética realista, por outro, ao tomar a floresta,
quase sempre como a grande protagonista da narrativa ficcional por aqui produzida,
aproxima essa literatura de uma estética mais naturalista. Em ambos os casos, há que se
considerar que, ligadas pelo mesmo fio do positivismo que norteou as duas correntes
estéticas, tanto uma quanto a outra colocam a floresta amazônica num plano em que,
paradoxalmente, pode ser o céu e o inferno. Da visão idílica e utópica dos primeiros
desbravadores à vivência do arigó, a Amazônia oferece, de fato, as duas visões, que se
concretizam muito mais nas relações estabelecidas entre patrão e empregado. Para o
primeiro, evidentemente, a floresta representa o meio mais fácil de ganhar dinheiro, fazer
fortuna; para o segundo; restam as agruras de um dia a dia sem horizonte, na mesma faina
dolorosa, como observa Euclides da Cunha, no seu Paraíso Perdido: “a exploração da seringa,
nesse ponto pior que a do caucho, impõe o isolamento”. É nesse sentido que, tanto do
ponto de vista social quanto ficcional, a Amazônia tem sido lida como um grande paradoxo
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
45
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
entre céu e inferno. Não por acaso, comumente ela é referida como um grande inferno
verde. Baseada nessa antítese, a literatura amazônica, em especial a acreana, busca retratar
os dramas e vivências do homem, em meio a um espaço inóspito, misterioso e, por vezes,
utópico. Será, portanto, o tom documental que predominará em grande parte das
manifestações literárias acreanas. Neste trabalho, não é meu propósito evidenciar elementos
estéticos ou julgamentos valorativos dessas manifestações, mas tão somente buscar, nos
dois textos produzidos por acreanos, em momentos distintos, com temáticas bastante
próximas, porém, representações de práticas leitoras. Ao eleger estas duas narrativas,
considero-as depoimentos de determinados leitores, os dois autores, considerando,
evidentemente, os distanciamentos estabelecidos entre os sujeitos marcados historicamente
e aqueles instaurados no plano das narrativas. Assim, respeitando os estatutos dos
narradores, tal como definem as diversas teorias literárias, permito-me enxergá-los, também,
como elementos representativos de um determinado tempo e de um determinado lugar.
Deste modo, apresentarei considerações sobre os romances A represa, de Océlio de
Medeiros; e Seringal, de Miguel Jerônymo Ferrante, no que se refere às representações de
práticas leitoras que, contribuem para a instauração de identidades dos sujeitos
representados nas obras analisadas, quais sejam os cidadãos acreanos. Nas duas obras,
encontramos personagens em situação de busca: de si e de um espaço. Entretanto, o que
mais se evidencia é, em primeiro lugar, a negação do espaço em que vivem, decorrência da
falta de um elemento: a escola. Tanto em um como no outro, os protagonistas são tangidos,
a exemplo de seus antepassados, agora não pela seca resultante da falta de chuvas, mas da
ausência de um bem maior, a escola que lhes possibilitaria uma fuga “desse inferno”. A
escola representa, ainda, para essas personagens a possibilidade de adquirir um bem maior:
a leitura, uma vez que o livro constitui-se objeto de desejo, porém de difícil acesso. Esse bem
só lhes é trazido pelo regatão, pequeno comerciante que trafega pelos rios amazônicos, que
empreende suas viagens apenas nos períodos de chuvas, o que define “uma única época de
leitura”, em geral de “romanços”, que, embora lhes propicie a alfabetização, não é o
suficiente para a “conquista da vida”. Assim, fazendo um percurso diverso do empreendido
por pais e avós, esses novos acreanos saem à procura, nos centros mais desenvolvidos –
Belém, Manaus e Fortaleza, da formação escolar que, nas suas perspectivas, lhes
proporcionará “vida melhor”.
LEITORES NA INTERNET: UMA ANÁLISE DE AUTORREPRESENTAÇÕES DESSE LEITOR E
DE SUAS PRÁTICAS DE LEITURA
Luzmara Curcino (UFSCar)
[email protected]
A cada inserção e inovação tecnológica, em especial aquelas que dizem respeito à produção
e circulação de textos, é possível observar o impacto sobre nossas práticas diárias e mais
especificamente sobre nossas práticas de escrita e de leitura. Um dos aspectos mais
marcantes dessas mutações de nossas práticas, com a ampliação de espaços para a criação e
compartilhamento de informações em um curto espaço de tempo, é a produção de um tipo
de texto que circula na rede e que hoje identificamos muito prontamente, tão logo o
recebemos por e-mail ou por meio de nossas páginas em redes sociais: as ‘mensagens em
powerpoint’ ou as ‘mensagens compartilhadas’. Trata-se de um exemplo bem peculiar de
como as novas tecnologias de produção e recepção eletrônicas de um texto inauguram
formas de apropriação não previstas de outros textos produzidos não necessariamente para
os leitores que os leem hoje, tal como demonstraremos. Parte do acervo de textos que é
mobilizado na construção dessas mensagens é oriundo de textos clássicos da literatura
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
nacional e internacional, de fragmentos filosóficos ou religiosos. Seu regime de produção e
de recepção via internet permite levantarmos algumas representações acerca da leitura e dos
leitores que se apropriam desses textos via mensagem pela internet e os reproduzem, os
encaminham e os comentam. Partindo desse ponto de vista, e para compreendermos melhor
que práticas e que leitores podem ser pressupostos a partir da análise dessas “mensagens
em powerpoint”, apresentaremos brevemente a análise de alguns indícios simbólicos que
nos permitem descrever aspectos do perfil de uma comunidade leitora que acessa textos via
internet. Para tanto, nos apoiaremos teoricamente na Análise de discurso, valendo-nos mais
especificamente de algumas considerações presentes na obra de Michel Foucault sobre a
produção dos discursos, assim como em alguns princípios da história cultural da leitura
formulados por Roger Chartier, acerca das mutações nas formas de circulação dos textos e
de seu consequente impacto sobre as práticas de escrita e de leitura.
Mesa-redonda 3
CORPO, ESPAÇO E SUJEITO
Coordenador: Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes (UFU)
[email protected]
Profa. Dra. Kátia Menezes de Souza (UFG)
Profa. Dra. Marisa Martins Gama-Khalil (UFU)
[email protected]
Os estudos em Análise do Discurso rompem com uma concepção de sujeito enquanto
indivíduo para concebê-lo como produzido por algo que lhe é exterior; atestam, dessa
maneira, o descentramento do sujeito e sua constituição pelos discursos. O sujeito passa a
ser considerado como uma função, ou como uma posição, a ser ocupada nos discursos, e sua
vinculação a um corpo determinado pode-se fazer somente de maneira descontínua,
incidente. O corpo é, portanto, um espaço que funciona como suporte para o sujeito, para o
exercício da função-sujeito, sendo, ao mesmo tempo, um espaço no qual se materializam
discursos que se dispersam por outros e diferentes espaços. Em diálogo com o pensamento
de Michel Foucault, as reflexões propostas por esta mesa visam a mostrar a inter-relação
corpo, espaço e sujeito como produtividade para os estudos discursivos; podendo, ainda,
proceder a apontamentos sobre a produção da subjetividade, o cuidado de si e a
governamentalidade em relação com o discurso.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
47
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Mesa-redonda 4
CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO EM CORPORA VERBAIS E NÃO-VERBAIS
Coordenador: Prof. Dr. João Bôsco Cabral dos Santos (LEP-UFU-ILEEL)
[email protected]
Prof. Dr. Marco Antonio Villarta-Neder (LEP-UFLA)
[email protected]
Prof. Dndo. Guilherme Figueira Borges (UEG-Unidade Iporá-LEP-UFU)
Esta mesa tem por objetivo analisar em corpora de diferentes semioses os processos de
constituição do sujeito em seus percursos enunciativos. Diferentes semioses apresentam
distintos percursos de constituição do sujeito, uma vez que existe uma interferência direta na
conjuntura que se instaura na relação entre as condições de produção e o caráter
interpelativo dos acontecimentos discursivos. Assim, existe uma articulação no entremeio
dessa relação que dimensionam tomadas de posição na emergência do sujeito no interior
desses acontecimentos. Em um primeiro momento abordaremos a construção de uma
constituição sujeitudinal a partir de uma sequência fílmica de Méliès, na qual se explicitará a
exotopia subjacente à relação entre a instância-sujeito e sua exterioridade, no interior do
processo enunciativo. Na sequência, examinaremos as representações imaginárias de uma
instância enunciativa sujeitudinal professora acerca da relação tensivo-interpelativa entre
conteúdos em uma sala de aula multisseriada no sertão baiano. Por fim, enfocaremos o
imbricamento entre corpo e discursos cotidianos com o objetivo de dar relevo à mecânica
sócio-histórico-ideológica a partir da qual os corpos são, em suas práticas cotidianas,
marcados por uma diversidade de discursos. As discussões propostas para esta mesa,
portanto, se debruçam sobre o trabalho de (re)construir incursões analíticas no campo dos
estudos sobre subjetividade na área de Análise do Discurso. Algumas dessas reflexões tem
resultado na experimentação de extensões epistemológicas na área. Trata-se de trabalhos
desenvolvidos no Laboratório de Estudos Polifônicos com pesquisas que demarcam
(re)leituras de fundamentos teóricos em Análise do Discurso Francesa, Análise Dialógica do
Discurso e Estudos Foucaultianos em Análise do Discurso. O encontro desses segmentos
discursivos e essas leituras teóricas tem fomentado interfaces de investigações em diferentes
corpora. O enfoque é evidenciar inscrições discursivas que subjazem às constituições
sujeitudinais em estudo. Dessa forma, serão colocados em discussão elementos como os
processos de denegação, contradição, opacidade, equivocidade e silenciamento que atuam
na constituição sujeitudinal.
REPRESENTAÇÕES IMAGINÁRIAS DE UMA INSTÂNCIA ENUNCIATIVA SUJEITUDINAL
PROFESSORA ACERCA DA RELAÇÃO TENSIVO-INTERPELATIVA ENTRE CONTEÚDOS EM
UMA SALA DE AULA MULTISSERIADA
João Bôsco Cabral dos Santos (LEP-UFU-ILEEL)
[email protected]
A instância-sujeito, ao se constituir na enunciação, traz consigo uma anterioridade discursiva
que emoldura sua tomada de posição mediante um processo de clivagem interdiscursiva.
Essa tomada de posição se caracteriza, principalmente pela instauração de representações
imaginárias que se desenham pela emergência de elementos da memória discursiva. Nessa
perspectiva pretendo problematizar as representações imaginárias de uma instância
enunciativa sujeitudinal professora acerca da relação tensivo-interpelativa entre conteúdos
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
48
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
em uma sala de aula multisseriada. A sala de aula multisseriada é uma enunciação
característica do funcionamento do ciclo básico do ensino fundamental em ambientes rurais
em que não existem escolas regulares. Este tipo de cenário pedagógico foi mais comum na
segunda metade do século XX em que alguns contextos educacionais funcionavam de forma
restrita e limitada. Trata-se, pois, de uma diversidade de conteúdos que são ministrados para
estudantes de diferentes níveis de aprendizagem em um mesmo espaço educacional. Essa
diversidade nesses diferentes níveis provoca na instância enunciativa sujeitudinal professora
uma relação tensivo-interpelativa no que se refere à gestão enunciativa de diferentes focos
de enunciação para diferentes instâncias-sujeito que tomam parte em múltiplos processos
enunciativos. O propósito é analisar a discursivização que se instaura a partir dessa relação
tensivo-interpelativa considerando a instância enunciativa sujeitudinal professora, a partir
das representações imaginárias que emergem da constituição sujeitudinal dos estudantes
em múltiplas e entremeados processos enunciativos. Para isso, será feita uma interpretação
macropolarizada do cenário enunciativo, trazendo à tona as implicaturas sentidurais do
acontecimento discursivo, a partir das relações tensivo-interpelativas acerca do conteúdo,
reveladas pelas falas da instância enunciativa sujeitudinal professora em um depoimento oral
gravado. Os recortes aparecerão em forma de enunciados-operadores em que relaciono
essas relações tensivo-interpelativas, os sentidos que dela emergem e a discursivização
desses sentidos na constituição sujeitudinal. O trabalho, ainda incompleto, pretende resignificar o discurso pedagógico, considerando a constituição discursiva da instância
enunciativa sujeitudinal professor.
IMBRICAMENTOS ENTRE CORPO E DISCURSOS COTIDIANOS
Guilherme Figueira Borges (UEG-Unidade Iporá-LEP-UFU)
Ao lado de Zaratustra (Nietzsche, 2008, p. 51), pode-se dizer que “todo eu sou corpo e nada
mais; a alma nada mais é do que uma palavra para a uma parcela do corpo”. Por outro lado,
em De Certeau (2000), pode-se dizer que o corpo tem sua identidade marcado a ferro em
brasa em práticas linguajeiras cotidianas. Com efeito, o corpo está no centro de nossas
relações sociais em um duplo jogo desconcertante: (i) o corpo é alvo de discursos; (ii) o
corpo é também instrumento de disseminação de discursos na sociedade. Em nosso
trabalho, objetivamos dar relevo à mecânica sócio-histórico-ideológica a partir da qual os
corpos são, em suas práticas cotidianas, marcados/sevem de passagem por/para uma
diversidade de discursos. Pode-se citar, por exemplo, o discurso político, colocado a partir da
punição e da prisão; o discurso religioso, colocado a partir da regulação das relações sexuais;
o discurso da saúde, colocado a partir, por exemplo, do exercício físico e da cirurgia plástica,
etc. Por outro lado, é preciso remarcar a existência de corpos que resistem a esses discursos
que buscam moldar os corpos em suas práticas cotidianas, um exemplo singular é o corpo
tatuado. Interessamo-nos aqui, conforme já evidenciamos, por uma noção de “corpo”,
coincidindo propositalmente com a própria noção de “sujeito”, enquanto um acontecimento
discursivo no qual emergem tomadas de posição e constituição de sentidos.
III SINALEL
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SILÊNCIO DO SUJEITO E SUJEITO DO SILÊNCIO EM CORPORA NÃO-VERBAIS
Marco Antonio Villarta-Neder (LEP-UFLA)
[email protected]
O objetivo dessa apresentação é discutir, do ponto de vista de um viés bakhtiniano, as
relações exotópicas presentes na constituição do sujeito em corpora não-verbais com os
sentidos produzidos pelo silêncio (Villarta-Neder, 2012). Assim, em um primeiro movimento,
serão analisadas as relações exotópicas entre silêncios de que os sujeitos participam e as
implicações na produção de sentidos. De outra perspectiva, serão discutidas as relações
exotópicas entre sujeitos que se posicionam no campo do discurso por meio do silêncio, seja
por ausência, por excesso ou por não-aparição. Será utilizada, na análise das implicações da
análise dos corpora não-verbais, a abordagem discutida em Villarta-Neder (2013), que
propõe que a instância ver-se-no-outro resulte de uma interação dinâmica entre as
instâncias saber-estar-sendo-visto-pelo-outro, saber-que-o-outro-se-sente-visto, ver-ooutro e ver-se-a-partir-do-outro. Finalmente, serão levantadas questões sobre relações
exotópicas entre silêncios nos processos de temporalidade e espacialidade, dentro do
cronotopo. O corpus-referência para a discussão será o filme O Sacrifício, do diretor russo
Andrei Tarkovski.
Minicurso
VOGAIS ALTAS LEXICAIS E DERIVADAS DO PB: COMO INTEGRÁ-LAS NA GRAMÁTICA
FONOLÓGICA?
Professor W. Leo M. Wetzels (Vrije Universiteit Amsterdam - Holanda)
[email protected]
The patterning of high vowels in Brazilian Portuguese justifies a study focusing on their specific
behavior. The complexity of their role in the grammar can be demonstrated with the
phenomenon of high-vowel epenthesis, which looks trivial at first sight, even when considering
its different manifestations (ad(i)vogádo, [i]scola, arro(j)z), but which, at closer inspection,
allows one to identify the intricate ways in which a (partly) variable low level phenomenon
comes to effect the different components of the phonological grammar on its way to
grammaticalization: interaction with syllable structure (ad(i)vogádo, rit(i)mar, [i]scola), opacity
([S]cola), interaction with stress (arro(j)z, rít(i)mo, eu ritímo), and with morphology
(paradigmatic pressure (?) ritímo, arro[j]s vs. pas in some dialects of Brazil). In this course, I will
focus on the distribution of underlying high vowels and how they react with constraints on
syllable structure, stress placement, and paradigm induced regularities.
III SINALEL
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Grupos de Trabalho
GT 01 - CAMINHOS E DESCAMINHOS DO FANTÁSTICO: AS EVANESCENTES
FRONTEIRAS DA FANTASIA, DO GÓTICO, DA FICÇÃO CIENTÍFICA E DO REALISMO
MÁGICO
Coordenadores:
Prof. Dr. Alexander Meireles da Silva (UFG-CAC)
[email protected]
Profa. Ms. Fabianna Simão Bellizzi Carneiro (UFG-CAC)
[email protected]
O gênero fantástico, dentro do comumente aceito pela tradição literária, tem sua breve
existência circunscrita a um século, compreendendo o fim do século dezoito até os últimos
anos do século dezenove. Ou não? Para o crítico argentino Jaime Alazraki, por exemplo, as
obras de Cortazar e Borges, demonstram o que ele considera como a nova face do gênero
Fantástico no século vinte, definida pelo mesmo como “Neofantástico”. Ainda sobre o século
passado, Todorov exclui Kafka dos domínios do Fantástico pela subversão do autor tcheco
ao princípio da hesitação, ponto central da crítica todoroviana, demarcando, assim, o término
do gênero no século dezenove. Além desta questão, estudos posteriores a Todorov
sustentados nas visões de críticos diversos, tais como, Irène Bessière, Rosemary Jackson,
Felipe Furtado e Remo Ceserani, dentre outros, vem alargando a abordagem dos estudos
sobre o fantástico a partir da sua análise como um modo literário resultado da articulação de
procedimentos formais e sistemas temáticos. Nesta perspectiva, o chamado “modo
fantástico” se refere a grande parte do domínio literário que se coloca como uma recusa a
representação estritamente “mimética” do mundo objetivo. Desta forma, o modo fantástico
abarca as esferas genológicas conhecidas como Fantasia, Gótico, Ficção Científica e Realismo
Mágico. Para David Roas e Maria Conceição Monteiro, todavia, respectivamente a Ficção
Científica e o Gótico se constituem gêneros separados do modo fantástico, devido às suas
especificidades estruturais e temáticas. Com base neste intenso debate, este Grupo de
Trabalho, concebido a partir do grupo de pesquisa “Fronteiras do Fantástico: Leituras da
Fantasia, do Gótico, da Ficção Científica e do Realismo Mágico”, cadastrado no CNPQ e
certificado pela UFG (Universidade Federal de Goiás) tem como objetivo propor a troca
acadêmica de reflexões sobre os limites e/das fronteiras da literatura fantástica, tanto como
gênero literário quanto como modo narrativo por meio de suas vertentes. Para tanto, ainda
que não exclusivamente, serão acolhidos trabalhos sobre autores e obras da literatura
nacional e estrangeira que abordem o objetivo proposto.
O APOCALIPSE SE APROXIMA: O FIM DA HUMANIDADE EM “THE NINE BILLION NAMES
OF GOD” DE ARTHUR C. CLARKE
Bárbara Maia das Neves (FAETEC)
[email protected]
Desde tempos imemoriais sempre houve uma preocupação com o possível fim de nossa
existência: como ele ocorrerá e como reagiremos a seu eventual surgimento. O conto de
Arthur C. Clarke fala da destruição do mundo ligado a uma vertente religiosa, com a
III SINALEL
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51
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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humanidade cumprindo sua suposta função neste mundo; contudo existem outras
motivações que podem levar a mão humana a, de certa maneira, 'colaborar' para a
ocorrência de tal evento, como a ganância. Não é de agora que o cinema, as artes plásticas e,
principalmente, a literatura apresentam diferentes formas nas quais o fim do mundo como o
conhecemos poderá se manifestar: algumas podem ser um tanto quanto silenciosas, como o
preenchimento de um livro no conto de “The Nine Billion Names of God”, outras podem ser
mais facilmente percebidas, como doenças, guerras, um meteoro vindo em nossa direção ou
um ataque zumbi. Ainda assim, sempre haverá a questão de como, ou se, os seres humanos
estarão preparados (ou não) para lidar com o fato. Além disso, se o apocalipse é geralmente
associado à ideia de morte, então como nossa finitude se manifesta em nossa forma de lidar
com o ambiente que nos cerca e com os outros? Seria a morte, bom como o próprio
apocalipse, simplesmente o fim?
DE DENTRO PRA FORA - O FANTÁSTICO EM MUTAÇÃO: AS TRANSFORMAÇÕES DE
ELEMENTOS FÓBICOS NA LITERATURA GÓTICA INGLESA DO SÉCULO XIX
Bruno Silva de Oliveira (UFG-CAC)
[email protected]
Alexander Meireles da Silva (UFG-CAC)
[email protected]
A Literatura Fantástica congrega em si diversos sentimentos e sensações, suscitando os
mesmos em seus leitores, entre eles: o horror, o maravilhamento, o estranhamento, o
sublime, o prazer, o medo entre outros. Segundo Roas (2012), o medo é um sentimento
necessário para se instaurar a incerteza e/ou estranhamento, elementos intrínsecos na
Literatura Fantástica. O mesmo é um elemento recorrente também no Gótico, entretanto
observa-se discrepâncias na constituição deste em duas obras basilares do gênero:
Frankenstein ou Prometeu moderno (1818), da escritora inglesa, considerada a mãe desse,
Mary Shelley e O médico e o monstro (1886), do autor escocês, considerado um dos pais do
Gótico vitoriano, juntamente com Bram Stoker, Robert Louis Stevenson. Estas obras,
instauradoras de arquétipos monstruosos que viriam a influenciar diversas outras obras e
inúmeros outros personagens, estão separadas por mais de meio século e constroem auras
fóbicas utilizando elementos diferentes retratando as próprias transformações sócio-culturais
do Reino Unido durante o século XIX. Mas quais são essas mudanças? Como elas são
apresentadas em obras tão importantes e como o gênero as recebe? Para tal intento utilizarse-á na construção do suporte teórico obras como Dança Macabra, de Stephen King, O
horror sobrenatural na Literatura, de H. P. Lovecraft, Ensaios sobre o medo, organizado por
Adauto Novaes e Gothic, de Fred Botting, entre outras obras.
III SINALEL
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
ESSA METAMORFOSE AMBULANTE E INSÓLITA: VERTENTES DO FANTÁSTICO EM
MURILO RUBIÃO E LYGIA FAGUNDES TELLES
Carla Adriana de Sousa Barbosa (UFPI)
[email protected]
Olivânia Maria Lima Rocha (UFPI)
[email protected]
Esta pesquisa tem como objetivo investigar quais as características que definem como
Literatura Fantástica, esse termo visto em sentido mais amplo, alguns dos contos de Lygia
Fagundes Telles e de Murilo Rubião. Todorov aponta que um texto para ser fantástico precisa
ter certos atributos dentre eles: deve provocar hesitação, ter ambiguidades e instigar o leitor
a ser crítico quanto à interpretação do texto lido. Selma Rodrigues, por sua vez, traz a
afirmação de que o fantástico está relacionado à causalidade mágica e à hesitação sendo
que a primeira condição é a peça fundamental na narrativa e que a relativização dessa
característica demonstraria ocorrência de algo insólito. Felipe Furtado define o fantástico
através dos elementos internos do texto. Para esse autor o fantástico confere uma
duplicidade à ocorrência meta-empírica o que faz desse gênero parte de uma literatura do
sobrenatural. Através desse referencial teórico pudemos conhecer o conceito de fantástico,
suas características, sua forma de apresentação e seus temas. A partir daí fizemos as leituras
dos contos "As formigas", Tigrela, "Teleco, o Coelhinho" e Armadilha, os quais nos serviram
de objeto de análise. Podemos concluir que a Literatura Fantástica é um gênero literário que
tem importante função não só literária como também social, por abordar temas delicados, o
fato de ela abordar coisas estranhas que beiram o sobrenatural nos permite perceber que
existe uma linha tênue entre encarar explicações racionais ou não para as situações do nosso
cotidiano. Também observamos que temos autores brasileiros que não se aventuram pela
Literatura Fantástica e sim que esses autores escreveram texto com muita propriedade
dentro dessa categoria.
UMA CIDADE DE CRISTAL NO CENTRO-OESTE BRASILEIRO: AS ESTRATÉGIAS DE
CONSTRUÇÃO NARRATIVA DA WEBSÉRIE STUFANA
Diego Luiz Silva Gomes de Albuquerque (PPGAC-UFBA)
[email protected]
[email protected]
Em um trabalho integrado o Grupo de Estudos de Artes Cênicas (Dramaturgia e Trabalho do
Ator) do Projeto Tela Teatro da Fundação Joaquim Nabuco Recife – PE desenvolveu uma
narrativa de ficção científica relatando que, em 1959, uma cidade de cristal, coberta por um
domo e aço e vidro, foi construída no Centro-Oeste brasileiro com o intuito de isolar os
habitantes daquela cidade por cinquenta anos a fim de que descobrissem saídas para os
problemas que a humanidade enfrentaria no terceiro milênio, assim, é criado por cientistas o
projeto PROBESH – Protótipo Prospectivo Biodomo Estufa Humana, mais conhecido como
Stufana (2009-2012). A série escrita para a internet contém cinco episódios, desdobrado em
nove para web, que narra a saída de nove habitantes da cidade para o mundo exterior. Para
expandir o universo narrativo, houve um sexto episódio – não gravado convertido em leitura
dramática e radionovela que conta o retorno dos personagens para casa. Deste modo, o
artigo fará uma breve descrição das estratégias de construção da narrativa da série, desde a
mitologia da cidade até a criação das personagens e, sua transposição para outras
III SINALEL
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
linguagens. Este objeto de estudo que consiste no recorte da minha dissertação de mestrado
pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia.
O ESPAÇO DA ALTERIDADE NO CONTO
“A ILHA DOS GATOS PINGADOS”, DE JOSÉ J. VEIGA
Fabianna Simão Bellizzi Carneiro (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Alexander Meireles da Silva (UFG-CAC)
[email protected]
Em se tratando de narrativas literárias cuja tessitura traz elementos do fantástico, é o espaço
que demarca a transição entre o real e o imaginário, ainda que outros elementos estruturais
apontem para isso – esteja o narrador sinalizando outro mundo, esteja a própria narrativa
oferecendo ao leitor subsídios que confirmem a presença do fantástico, enfim, é através do
espaço que o leitor adentra no mundo do irreal (de acordo com nossos parâmetros
cotidianos) ou do não-vivido. Uma vez inserido no universo do fantástico, o leitor perceberá
que o local do estranho, do irreal e do insólito pode fornecer muitas pistas de que o mundo
retratado não está tão distante de sua própria realidade, por mais conflituosos e instáveis
que os acontecimentos sejam. Sob o viés da diversidade e da alteridade, este trabalho que
está vinculado ao projeto “Fronteiras do Fantástico: Leituras da Fantasia, do Gótico, da Ficção
Científica e do Realismo Mágico” e à dissertação: “Onde vivem os monstros: o espaço da
alteridade na narrativa fantástica contemporânea”, fará considerações sobre o espaço na
narrativa fantástica. Ao longo deste trabalho elaboraremos uma análise da construção da
relação entre o discurso ideológico utilizado em relação a grupos minoritários e o espaço a
eles reservado na narrativa fantástica, tendo como corpus o conto “A ilha dos gatos
pingados” (1986), do escritor José J. Veiga. Daí que se objetiva, de uma maneira geral,
analisar o processo de constituição da relação entre a alteridade e o espaço na narrativa
fantástica, representada nessa proposta pela vertente romanesca do Realismo Mágico.
Reforçando que se trata de um trabalho analítico e não conclusivo, portanto a pesquisa se
sustenta em fontes bibliográficas que serão devidamente referenciadas ao longo do texto.
ATRAVESSANDO PORTAS E GÊNEROS: O MEDO EM CORALINE
Jéssica Cristine Fernandes Mendes (UFG)
[email protected]
A casa é “lugar” substancial nas narrativas góticas, e é no seio familiar que se cria os
primeiros contatos com este “lugar”, conhecemos o mundo através da percepção corporal da
localidade em que estamos inseridos para então partirmos para o “espaço” geral. O lugar
liga o corpo ao espaço e está repleto de informações culturais e características psicológicas
do personagem. O mundo alternativo em “Coraline” (2002), do escritor inglês Neil Gaiman é
confinado em uma versão sublime de sua verdadeira casa e transcende seus limites através
de uma pequena porta, que, quando destrancada pela personagem se torna a fronteira entre
sua verdadeira casa a uma versão estranha de sua realidade. Dentro deste cenário, este
artigo vinculado ao projeto de iniciação científica PIBIC de título “Além da toca do coelho: a
subversão da literatura infantil finissecular em Alice no país das maravilhas e Coraline”,
pretende analisar, como a estética gótica subverte as fronteiras com a fantasia a partir do uso
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de elementos abjetos e grotescos na construção de um espaço que, se em um primeiro
momento aparenta ser utópico, gradualmente desperta o medo na protagonista, levando-a a
buscar a fuga do mesmo.
ENTRE DOIS MUNDOS: UMA ANÁLISE DE
THE MASTER OF RAMPLING GATE, DE ANNE RICE
Letícia Cristina Alcântara Rodrigues (UFG)
[email protected]
O romance gótico, ambientado em atmosferas lúgubres, desoladas e misteriosas, possui
como temas principais as sombras e o terror sobrenatural, despertando o imaginário
humano, ao conduzir o leitor a castelos e ruínas assombrados. Um dos personagens mais
característicos desse gênero é o vampiro, criatura soturna e maléfica, capaz de despertar as
mais terrificantes reações, pois pertence a dois mundos: o dos vivos e o dos mortos. Em The
Master of Ramplig Gate (2002), Anne Rice apresenta uma criatura que intriga o leitor. No
leito de morte, o pai de Richard e Julie solicita ao filho que a casa de Ramplig Gate seja
demolida o mais rápido possível. Mas por que demolir um castelo que se mantinha em pé
por mais de quatro séculos? Paralelamente surge na memória de Julie a figura de um jovem
misterioso que ela vira há tempos na estação de trem. Por que ele se avivara na sua
memória? Essas perguntas acompanham os irmãos à visita à residência condenada e
conduzem o conto, enquanto o leitor se depara com novos questionamentos. Seria o senhor
de Rampling Gate um vampiro? Ou isso seria apenas produto da imaginação de Julie? Em
sua obra Introdução à literatura fantástica, Todorov caracteriza o fantástico como hesitação.
É ela que acompanha o leitor ao longo da narrativa, indagando-se sobre o que realmente
acontece com a protagonista. Nesse sentido, propõe-se uma discussão da figura do vampiro
no conto de Anne Rice no que tange ao seu envolvimento ligado ora ao fantástico, ora ao
gótico, utilizando-se como suporte as teorias de Todorov sobre o fantástico, e de H. P.
Lovecraft sobre o sobrenatural, na busca por uma leitura do personagem misterioso de
Rampling Gate.
A LINGUAGEM SIMBÓLICA NO GÊNERO APOCALÍPTICO
Neusa Valadares Siqueira (PUC-GO)
[email protected]
Ailton de Sousa Gonçalves (PUC-GO)
[email protected]
Os escritos apocalípticos, tanto ao longo da história do Judaísmo como no Cristianismo,
foram compostos como uma forma disfarçada do povo protestar contra a perseguição e a
opressão dos poderosos; imperadores ou mesmo líderes religiosos contra grupos
alternativos. A literatura escrita nos tempos de perseguição teve como característica
fundamental a comunicação através de pseudônimo. Falavam em primeira pessoa e não
diziam o verdadeiro nome (Henoc, Moisés, João, etc.). Manipulavam, literária e
teologicamente, o “simbolismo”. Os símbolos eram vitais em tempo de perseguição. Com o
símbolo, recuperava o passado do povo para adquirir força para lutar. A linguagem simbólica
surgia espontaneamente. Não se podia falar claro e usavam vocábulos com significações
diferentes para fugir da opressão. Sonhos: um modo de contato com Deus e os seres
III SINALEL
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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humanos, abalo sísmicos: sol, lua, estrelas mudavam de natureza. A terra tremia= era uma
expressão da presença de Deus. Estes abalos, quase sempre, queria falar de uma situação de
coisa tensa e perigosa. Objetivando compreender a linguagem apocalíptica, será realizada
pesquisa bibliográfica básica no livro de Daniel e em alguns materiais de apoio que fazem
referência a literatura apocalíptica. Uma das características mais importante da literatura
apocalíptica é ser hermética: por definição, os apocalipses são escritos para revelar (aos
escolhidos) e para esconder (aos não-iniciados). Um de seus pressupostos é que os
acontecimentos contemporâneos, se corretamente compreendidos, podem servir de “sinal
dos tempos” para revelar a iminência do fim. O presente trabalho está voltado para análise
do estudo da literatura simbólica utilizada como forma de comunicação no Cristianismo
Originário.
A POÉTICA DO SINISTRO: PELA CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO GÓTICO EM DRÁCULA,
DE BRAM STOKER
Nivaldo Fávero Neto (UFMT)
[email protected]
Luciana Moura Colucci de Camargo (UFMT)
[email protected]
Com o recente sucesso da saga Crepúsculo (2005), a contemporaneidade vive o resgate do
mito do vampiro, que há séculos fascina o homem. O vampiro já imortalizado na literatura,
explorado inicialmente por outros autores, teve com Dracula (1897), de Bram Stoker (18471912), seu apogeu. Ao irlandês coube a criação da obra literária que viria a permear o
imaginário das futuras gerações com medo e terror, e que segundo Fred Botting (2006),
tendo como principal personagem o “vampiro macho”, reafirma o legado da vilania gótica. A
envolvência e popularidade do romance gótico e de seus temas se sustentam no fascínio
desafiador provocado às mentes, instigadas pelos mistérios que remontam a um passado
medieval, ambientado em lugares propícios à ação do sobrenatural, como os sombrios
castelos e abadias, que, aliados à constituição das personagens, criam o estereótipo padrão
da ficção fantástica de horror. Diferentemente de muitos estudos já publicados acerca da
obra, que enfocam temáticas relativas à psicanálise, neste, abordaremos a poética de criação
do espaço, o qual segundo Antonio Dimas (1994) pode assumir estatuto tão importante
quanto outros componentes da narrativa. O translado de terra nativa à solo inglês motiva o
pensamento de uma relação homóloga entre o vampiro e seu lugar de origem, o qual se faz
sagrado pela manifestação do macabro. A épica saudação do Conde à seu hóspede,
fortificada pela retórica do sinistro, prenuncia o caráter trepido e envolvente do espaço por
ele habitado. Partindo dos conceitos postulados pelo escritor e crítico literário, Edgar Allan
Poe (1809-1849) nas filosofias do Mobiliário (1840) e da Composição (1846), propomos um
estudo aprofundado acerca do espaço transitado pelo vampiro. Assim, nosso objetivo é
entender, por meio da análise dos cenários mais importantes, a poética de criação da
categoria espacial, tendo em mente as particularidades da ficção literária de vertente gótica.
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
SEN TO CHIHIRO NO KAMIKAKUSHI:
VIAGEM AO FANTÁSTICO ATRAVÉS DE MITOS JAPONESES
Olivânia Maria Lima Rocha (UFPI)
[email protected]
Rychely Lopes dos Santos (UFPI)
Essa comunicação parte do resultado de influências do estudo da história, do cinema e da
literatura fantástica. Ao dar vida a uma narrativa a equipe que produz um filme é responsável
por materializá-la e, para que a isso aconteça, são utilizados elementos para criar uma
atmosfera especifica. Isso é semelhante ao que faz o escritor, com alegorias e outros
elementos textuais para produzir uma atmosfera adequada para sua história. A atmosfera
sobrenatural na animação Sen to Chihiro no Kamikakushi (2001) nos chamou a atenção e por
isso a elegemos como objeto de estudo. Nosso intuito foi o de identificar quais aspectos do
fantástico se apresentam na narrativa. Essa animação é uma produção japonesa que explora
elementos da cultura nipônica e oriental sobre crenças e costumes cotidianos. O filme Sen to
Chihiro no Kamikakushi traz aspectos mágicos, míticos, sobrenaturais e insólitos onde
monstros e pessoas tem uma convivência fora dos padrões reais. A personagem principal é
uma menina mimada que está chateada com a mudança de sua família para outra localidade.
Nessa mudança algo inesperado acontece: o pai da menina pega uma estrada não mapeada
e se depara com um túnel. Do outro lado uma cidade em que não tem ninguém de dia, mas
a noite os habitantes aparecem. Ao atravessar esse túnel é que se inicia a verdadeira jornada
de Chihiro rumo ao mundo diferente. A análise desse trabalho foi desenvolvida com base em
Rodrigues, Chiampi, Todorov e Furtado para abordar questões sobre o fantástico e suas
vertentes: as distinções sobretudo entre maravilhoso, estranho, real e insólito. Encontrou-se
nessa animação elementos que o estabeleceram na linha do sobrenatural através da inversão
de papeis dos personagens e situações do cotidiano.
A PERSONIFICAÇÃO DO MEDO EM SIR GAWAIN E O CAVALEIRO VERDE
Raul Dias Pimenta (UFG-CAC)
[email protected]
Um dos principais romances de cavalaria da Idade Média, Sir Gawain e o Cavaleiro Verde
(1375-1400), revela em sua estrutura elementos característicos da matéria arthuriana, tais
como a contradição resultante da justaposição entre elementos cristões e pagãos presente
em alguns personagens, como no próprio Arthur. Este diálogo entre diferentes visões de
mundo, no entanto, não evita que se perceba claramente o propósito moralizador por trás
da narrativa sobre a visita sobrenatural que invade as festividades de fim de ano do rei
Arthur e seus cavaleiros para desafiá-los em um jogo mortal que posteriormente se descobre
ter sido arquitetado por Morgana, pela meia-irmã do rei, com o propósito de aterrorizar a
rainha Guinevere. Mas, como se dá esse processo de construção do medo perpetrado pelo
misterioso Cavaleiro Verde dentro da tradição romanesca? De que forma a arquitetura deste
personagem se vincula ao discurso ideológico da Igreja Católica medieval contra as religiões
pré-cristãs da Bretanha, constituído na oposição maniqueísta Cavaleiro Verde (Diabo) X Sir
Gawain (Cristianismo)? A partir destas questões este trabalho tem como objetivo investigar a
arquitetura do medo empregada no personagem sobrenatural Cavaleiro Verde no romance
medieval Sir. Gawain e o Cavaleiro Verde (1375-1400).
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
DENTRO DA NOITE: O SANGUE COMO INSTRUMENTO ONÍRICO DE PRAZER
Sabrina Mesquita de Rezende (UFG-CAC)
[email protected]
Alexander Meireles Silva (UFG-CAC)
[email protected]
O vampiro, criatura mítica é considerada transgressora por ameaçar o status quo capaz de
subverter a ordem através de seu ataque por sangue. Por esse fluído vermelho destitui as
maiores instituições sociais e dissolve os seus laços, pois o sangue é a aliança da sociedade.
Além disso, temos como desdobramentos dessa aliança o sexo reprimido. Percebe-se que, o
vampiro ao atacar a sua presa (vítima) se alimenta e realiza um ato sexual, portanto duas
funções biológicas vitais do ser humano. A dicotomia sangue e sexo deve ser vigiada e
punida, uma vez que, o sexo, só pode ser manifestado e concretizado conforme valores
ditados socialmente. Caso contrário, deve ser velado, como podemos observar em relações
homoeróticas, que transgridem o sexo utilitário e institucional. O sexo manifestado pelo
homossexual é ilegítimo e artificial, portanto impera o prazer em todas as suas nuances.
Objetivamos no presente trabalho refletir sobre sangue e o sexo, bem com as relações
homoeróticas em um contexto finissecular aliado a uma sociedade decadente. O sangue é
um instrumento onírico de prazer por estar presente em uma linha tênue entre vida e morte,
e onde estabelece o vampiro, criatura fronteiriça contestadora repensando o espaço social e
o ocupando como um ser duo. Assim, transpondo a barreira social, o vampiro realiza o seu
prazer através do sangue e do sexo estabelecendo uma leitura decadentista povoada por um
mundo onírico de prazer. Diante disso, investigaremos como e por que essa criatura mítica
constituinte de elementos metafóricos ameaça o status quo, e como o sangue e o sexo
presentes na sociedade traz uma leitura repressora diante de convencionalismos. Para o
alcance de respectivo objetivo, utilizaremos como corpus o conto Dentro da Noite, de João
do Rio (1910), e como subsídio teórico os estudos de Foucault (1999), Silva (2011), Levin
(1996), entre outros.
1984 E O DISCURSO DISTÓPICO: A LINGUAGEM COMO INSTRUMENTO OPRESSOR
Terezinha de Assis Oliveira (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Como um exemplo clássico da ficção científica, o romance distópico “1984” apresenta críticas
a respeito das relações que se estabelecem entre linguagem e poder e a consequente
manipulação da informação sobre a sociedade apresentada. O título proposto por George
Orwell, “1984”, para a última obra que escreveria leva muitas pessoas a pensar ser este um
livro cujas situações descritas não se concretizaram. Na verdade, o objetivo do autor não era
fazer previsões exatas a respeito de algo que poderia acontecer, mas sim deixar registrado
como alerta o que acreditava ser uma ameaça para as gerações futuras. Sua intenção era
chamar a atenção, também, para aquele sistema de nivelação da sociedade, no qual o
indivíduo é uma peça para servir ao estado, por meio do controle total de sua vida. Ele
pretendia descrever um futuro baseando-se nos absurdos do presente que presenciava,
apresentando situações nas quais a linguagem poderia ser usada e explorada para criar uma
realidade que não existiu, mostrando, desta maneira, sua desconfiança em relação ao que
poderia acontecer, com os usos que porventura fariam dela para camuflar a história.
Pretendemos apresentar como o autor revela sua preocupação quanto ao arbítrio que o
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governo teria sobre a linguagem e a consequencia disto: controlar a memória, o pensamento
das pessoas. E este aspecto é destacado em diversos momentos, revelando que este é um
instrumento poderoso para se conseguir os objetivos, além de se caracterizar como
elemento constituinte de subversão.
O OUTRO ENQUANTO MONSTRO:
O MEDO DO HOMOSSEXUAL EM "O MONSTRO", DE JOÃO DO RIO
Veridiana Mazon Barbosa da Silva (UEG-Unu Pires do Rio)
[email protected]
Este artigo pretende propor uma desmistificação da representação do corpo homoerótico no
começo do século vinte através de elementos do movimento literário decadentista,
observando assim, como o escritor carioca e amante da rua João do Rio descreve o ser
homoerótico, suas moléstias, monstruosidades e nevroses. Neste sentido, o trabalho tem
como objetivo principal demonstrar através da análise do conto “O monstro” (1910), contido
na coletânea Dentro da noite, como João do Rio denuncia a opressão, o medo e o
preconceito da sociedade ocidental em relação à imagem de monstruosidade e doença que
a figura do homossexual evoca. Para isso, será apresentado um breve panorama do
homossexualismo na História, contextualizando assim, a escrita de João do Rio no que
concerne a essa temática e as questões que envolvem o corpo homoerótico e as identidades
sexuais como forma de compreender como este escritor se utiliza de seu ambiente de
questionamento identitário para discutir além da experiência homoerótica, a marginalidade
com que o corpo e a imagem do homossexual é associada. O estudo aborda questões
relacionadas ao homoerotismo, no que tange a temática da denúncia dos monstros e
moléstias que existiam e ainda existem e se encontram atreladas à figura do homossexual.
GT 02 - POSSIBILIDADES E DESAFIOS NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA:
CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Coordenadora:
Profa. Dra. Luciane Guimarães de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
Muitos são os desafios que alunos e professores de inglês podem encontrar durante a sua
formação que, segundo nosso ponto de vista, nunca está concluída. Esses desafios podem
ter naturezas diversas como, por exemplo, a falta de motivação para aprender o idioma, a
distância entre o material utilizado em sala de aula e as situações reais de comunicação em
inglês, crenças prejudiciais ao processo de aprendizagem ou a má formação do profissional.
Diante dessa realidade e dos seus desafios busca-se estudos que visem contribuir para o
aprofundamento das questões relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem de
línguas bem como à formação de professores de línguas. Sendo assim, as comunicações
coordenadas desse GT têm por objetivo discutir aspectos relacionados ao processo de
ensino e aprendizagem de línguas como metodologias do ensino de línguas, a formação de
professores de línguas em cursos de graduação, os desafios enfrentados pelos discentes e
docentes durante o curso e dificuldades encontradas durante o processo de aquisição da
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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língua estrangeira. As contribuições desse GT compreendem pesquisas concluídas e estudos
em andamento que abordam diversas questões relacionadas ao tema e tem por objetivo
divulgar reflexões e estudos conduzidos por docentes e discentes que versam sobre o tema
ensino e aprendizagem da língua inglesa e sobre o processo de formação do professor de
línguas.
MATERIAL DIDÁTICO: UM DOS DESAFIOS ENFRENTADOS PELOS PROFESSORES DE ESP.
Alessandra Cristina Bittencourt Alcântara (Mestranda em Linguística-UERJ-CEFET-RJ)
[email protected]
A partir dos conceitos de inglês para fins específicos, dos critérios para as análises objetiva e
subjetiva de material didático de Hutchinson e Waters (1987) e dos PCNs (2002), esta pesquisa
propõe-se a investigar o material didático utilizado em uma sala de aula de inglês
instrumental de uma escola técnica da rede estadual do Rio de Janeiro voltado para o
desenvolvimento de leitura, ou seja, analisa se o material didático adotado, selecionado,
adaptado e/ou elaborado por uma professora de inglês é adequado às concepções de inglês
para fins específicos. Partindo do princípio que a abordagem para fins específicos tem como
objetivo atender às necessidades do aluno, cabe ao professor uma tarefa difícil, que requer
tempo: a escolha e/ou elaboração de material. Primeiramente, ressalto a importância dos
materiais, de acordo com Dudley-Evans e St John (1998), Lima-Lopes e Ramos (2004) e Celani
(2000). Outro tópico a ser considerado é o critério utilizado pelos professores na seleção de
materias (Dudley-Evans e St John, 1998). Critérios numerosos, tais como alunos, o papel dos
materiais, a língua, os tópicos, a apresentação têm sido considerados na análise de materiais.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho é analisar o material de inglês para fins específicos,
utilizado por uma professora de uma escola técnica estadual nos níveis médio, 3° ano, e
técnico, sua adequação de acordo com a proposta de ESP. Para tanto, a professora respondeu
a um questionário e a uma entrevista. Além disso, algumas lições do livro utilizado por ela e
os PCNs de língua estrangeira foram analisados. Com base na pesquisa apresentada, o
material selecionado pela professora atende às concepções de ESP se considerarmos somente
o ensino médio. Por ouro lado, no que tange os cursos técnicos, não observei relação com os
pressupostos de ESP.
LINGUAGEM, SOCIEDADE E DIVERSIDADE AMAZÔNICA NA PERSPECTIVA DO ENSINO
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Ana Paula Melo Saraiva Vieira (UFAC)
[email protected]
Considerando que vivemos em uma sociedade globalizada, o meu objeto de pesquisa
contextualiza-se no “poder” de uma língua se tornar mundial. Segundo dados estatísticos, o
número de pessoas que usa o inglês como segunda língua é muito próximo ao que o tem
como língua materna. Além disso, existem outros fatores que dão esse “poder” ao Inglês, tais
como a história política, econômica, a imprensa, a propaganda, a radiodifusão (o inglês foi a
primeira língua a ser transmitida por rádio), o cinema, a música popular, a educação, as
comunicações, etc. Por essas razões é que se afirma que as previsões de que o inglês se
tornaria uma língua mundial se concretizaram. Esse artigo oportuniza pensar minha pesquisa
a partir de uma perspectiva que considera o espaço, o tempo e as relações sociais, em uma
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
ótica geográfica e histórica, como ferramentas importantes para entender de onde e quando
falo do meu objeto de estudo que é a Língua Inglesa. Nesse contexto, entender o espaço
construído pela Amazônia é importante para a construção da nossa própria ideia de
identidade e de produção cultural contextualizadas nas concepções de modernidade e de
sociedade moderna. Por isso, pensar a questão da leitura no ensino de Língua Inglesa é
refletir sobre o processo de apropriação e reapropriação da linguagem.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
Caline Fonseca de Andrade (UESC)
[email protected]
Orientadora: Profª Drª Laura de Almeida (UESC)
[email protected]
A presente comunicação visa apresentar parte das atividades que vem sendo desenvolvidas
no projeto Prodocência/UESC e nosso objetivo geral é capacitar futuros profissionais de
língua inglesa para intervir na realidade educacional na região de abrangência da UESC,
visando à preservação dos recursos naturais na perspectiva do desenvolvimento sustentável.
A metodologia utilizada será a da pesquisa-ação com participação efetiva da escola e da
comunidade envolvida e a abordagem a ser utilizada será a comunicativa com ênfase na
habilidade comunicativa, embora todas as habilidades sejam trabalhadas (speaking, listening,
writing, reading). O projeto está sendo aplicado em uma turma de 3º ano, com músicas,
textos e outras atividades que abordem a temática apresentada e compreende um período
de 12 meses. Dentre os vários estudos realizados sobre educação ambiental, o nosso fio
condutor percorre as discussões por uma série de pesquisadores como Guattari (1990) que
registra a existência de três ecologias: a do ambiente, a das relações sociais e a da
subjetividade humana; Reigota (1994) ao salientar que a educação ambiental como
perspectiva educativa pode estar presente em todas as disciplinas; Dias (1998) que diferencia
ecologia de educação ambiental e sugere atividades para a prática da educação ambiental;
Chaves (2011) a qual apresenta a experiência sobre a problemática ambiental vivida em uma
escola pública em Itanhaém (BA) entre outros. O projeto está em andamento, mas por meio
dele esperamos que o discente desenvolva a competência leitora, escritora e de análise
textual sobre assuntos referentes ao desenvolvimento sustentável, bem como que adquira
conhecimento sobre a problemática ambiental, atuando de forma consciente na sociedade.
É POSSÍVEL APRENDER E ENSINAR INGLÊS NA ESCOLA PÚBLICA?
Camila Veloso Leite (UFG-CAC)
[email protected]
Segundo Figueiredo (2011) a motivação do aprendiz e do professor em aprender e ensinar é
afetada por variáveis externas como o ambiente institucional, as práticas de ensino e de
avaliação, a interação com os colegas dentre outros. Sendo assim, ao conceber que a
motivação sofre influência do meio externo, indaga-se o que tem contribuído para
desmotivar tantos professores e alunos de línguas estrangeiras ao longo dos anos? Uma
possível resposta a este questionamento é o alto índice de insucesso que o ensino deflagra,
principalmente na rede pública. De fato, alguns fatores prejudicam que o ensino se
desenvolva de maneira eficaz, quais sejam, a falta de qualificação na formação de
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
professores, falta de recursos adequados para o desenvolvimento de aulas dinâmicas.
Contudo, não podemos nos conformar com essa situação, a sociedade, o governo e os
próprios profissionais da área da educação deveriam considerar que mesmo com essas
dificuldades é possível superar os desafios e ter um ensino de qualidade nas escolas
públicas. Mas para que seja possível o ensino da língua estrangeira funcionar, professores e
alunos devem descobrir algo que os motivem durante o processo de ensino e aprendizagem
da língua. Para isso, é preciso conhecer com mais profundidade alguns conceitos
relacionados à motivação que serão abordados neste trabalho. Além disso, faz-se necessário
que todo o contexto escolar (escola, professores, alunos, governo, sociedade) acredite que é
possível ensinar e aprender inglês na escola pública. Assim, será possível que o ensino da LE
seja uma realidade de eficácia no ensino, onde alunos ao concluir o ensino médio tenham
aproveitado seus sete anos de aprendizagem e tenham um razoável conhecimento do inglês.
O COMPUTADOR E O PROFESSOR DE LÍNGUAS EM FORMAÇÃO
Cristiane Manzan Perine (Mestranda em Estudos Linguísticos-UFU)
[email protected]
Vivendo na era das novas tecnologias digitais integradas ao ensino e aprendizagem de
línguas, formadores de professores, professores e alunos têm seus papeis redimensionados.
Assim, se encontram diante do desafio de aprender a lidar com essas tecnologias e didatizálas, de modo a extrair delas os amplos benefícios que podem trazer ao processo de ensino e
aprendizagem de línguas. Neste estudo, interessa-nos investigar as crenças de alunos do
curso de Letras, professores em formação, sobre o uso no computador na aprendizagem de
línguas a distância, ao adentrarem uma disciplina de língua inglesa instrumental nessa
modalidade. Entendemos crenças como opiniões e ideias que guiam nossas ações
(BARCELOS, 2001). Concordamos com Gimenez (2005), ao postular que os professores agem
mais de acordo com os conhecimentos prévios, crenças e valores que apresentam do que
por interesse na implementação de teorias universalizantes. Para Consolo (2010), ainda
existem, na área de Letras, alunos com pouca familiaridade ou ainda desinformados quanto
ao papel e ao uso da tecnologia no ensino e aprendizagem de línguas, o que pode indicar
que a tecnologia não vem sendo devidamente abordada nos cursos de formação de
professores, ou que os docentes desses cursos ainda não incorporaram, a contento, esse
conhecimento e a prática da tecnologia em seu trabalho. Participam deste estudo 19 alunos
do curso de Letras de uma universidade federal no interior de Minas Gerais. Os dados foram
coletados por meio de um questionário e diários reflexivos e correspondem ao recorte de
uma pesquisa de mestrado em andamento. É nosso intuito problematizar como os
professores em formação interpretam o uso do computador no processo de ensino e
aprendizagem de línguas e as implicações que essas crenças podem ter em sua prática
discente/docente.
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA COMO INCLUSÃO LINGUÍSTICO-SOCIAL PARA A
TERCEIRA IDADE.
Dione Uester Costa Silva (UFU)
[email protected]
Stella Ferreira Menezes (UFU)
[email protected]
Orientadora: Profa. Dra. Carla Nunes Vieira Tavares
O presente trabalho objetiva relatar e discutir uma experiência de alunos professores
estagiários durante um semestre (03/2013 a 06/2013), no curso Ensino de língua inglesa
como inclusão linguístico-social, projeto de extensão da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). O objetivo deste projeto é oferecer um ensino voltado para as necessidades dessa
faixa etária, como também uma oportunidade de inserção social que se associa aos
conhecimentos da língua estrangeira. A proposta deste curso se baseia numa metodologia
de ensino que leva em conta o caráter dinâmico e heterogêneo da língua, e suas formas de
circulação e o valor social atribuído à língua inglesa no imaginário. A fundamentação teórica
foi desenvolvida a partir das leituras de dissertações de mestrado: Pizzolato (1995),
Guimarães (2006). Por meio dos resultados parciais e depois de um semestre de observação,
foi possível perceber que, para além de uma tímida, mas motivada interação na língua
estrangeira, o processo de aprendizagem repercute na elevação da auto-estima dos alunos.
PROFESSORA E ALUNOS EXPLORANDO AS NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINOAPRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA
Gyzely Suely Lima (UFU)
[email protected]
Os desafios de ensinar e de aprender inglês como uma língua estrangeira são complexos e
compreendê-los torna-se mister necessário para que professores e aprendizes possam criar
possibilidades que contribuam na superação dos obstáculos. O presente trabalho tem o
objetivo de apresentar as reflexões resultantes de uma das experiências vividas por mim,
professora-pesquisadora, juntamente com uma turma de alunos de um curso técnico
integrado ao ensino médio. A metodologia da Pesquisa Narrativa (CONNELLY & CLANDININ,
2000) fundamenta a composição de sentidos, interpretando alguns momentos vividos pelos
participantes (professora e alunos) que estabeleceram uma relação colaborativa entre si.
Professora e alunos estiveram engajados em um processo reflexivo ao longo do processo de
desenvolvimento da proposta de descobrir recursos online para o aprendizado da língua
inglesa. Questões relacionadas a concepções de material autêntico em inglês, autonomia dos
alunos e letramento digital emergiram durante o estudo que compreende a avaliação de
algumas ferramentas online feita pelos próprios alunos a partir de perguntas sugeridas pela
professora.
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CONSTRUINDO UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O ENSINO DE INGLÊS EM ESCOLA
PÚBLICA
Izilene Leandro da Silva (UFMT)
[email protected]
O inglês circula num mundo globalizado em que vários sotaques se misturam e a escola
precisa repensar o modo de ensinar, redefinir suas metas e criar possibilidades para que seus
alunos possam estar preparados para atuar como verdadeiros cidadãos. Hoje, professores se
perguntam: quem são meus alunos e quem sou eu? Em que a escola mudou e/ou precisa
mudar? Como professora de inglês, acredito que precisamos não somente conhecer de
maneira sistematizada o que fazemos em sala de aula, como também conhecer como vivem
os nossos alunos em seus lares e comunidades locais. O conceito de fundos conhecimento
de Luis C. Moll nos permite entender lares/e comunidades como cenários dinâmicos com
abundantes recursos sociais e intelectuais e se constitui como a perspectiva teórica na qual
me apoio para realizar deste estudo que se norteia pelas seguintes perguntas: 1) Como os
fundos de conhecimento dos alunos podem contribuir para as aulas de língua inglesa? 2)Que
sentidos professores e alunos atribuem sobre a relação global-local dentro dos muros da
escola? 3)Que tipos de atividades e práticas vislumbram a professora e a pesquisadora para
conceber uma proposta de letramento crítico? Para tentar responder a essas perguntas, a
investigação é de natureza qualitativa e interpretativa cujos principais instrumentos
utilizados são: observação participante, análise de documentos, entrevistas abertas com
professores, alunos e com pessoas da comunidade em seu campo social. Espera-se com este
estudo combater discursos negativos que circundam a escola pública criando zonas de
possibilidades para uma visão de escola pública e das comunidades locais como fontes de
conhecimentos sociais intelectuais.
EMPREGO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
Jéssica Teixeira de Mendonça (Mestranda em Linguística Aplicada-UFU)
[email protected]
Pretendemos refletir sobre a relação entre o ensino de Língua Inglesa e a inserção das
tecnologias digitais neste processo de ensino. Considerando que as novas tecnologias têm
influenciado nas mais variadas tarefas do nosso dia a dia, tais tecnologias também
influenciam na forma como o processo de ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira
se dá, sendo assim essa inserção das tecnologias digitais dentro de sala de aula deve ser
estudada, refletida e pesquisada para que contribua para o processo de ensino e
aprendizagem e se torne uma ferramenta a mais em prol de uma educação de qualidade. O
uso desta nova ferramenta deve ser feita de forma consciente pelo professor, para que o uso
das tecnologias digitais não seja baseado em crenças e opiniões pessoais, mas que essa
inserção se dê embasada em pesquisas de cunho acadêmico, variadas leituras e por um sério
processo de reflexão por parte do profissional que incluirá esta tecnologia em seu
planejamento. O professor, então, se torna peça chave para o sucesso da aplicação das
tecnologias em sala de aula, devendo se preocupar em se atualizar em relação aos estudos,
pesquisas e artigos disponíveis em relação a este tema, para que em um segundo momento
realize algum tipo de pesquisa utilizando o seu próprio ambiente de trabalho e assim faça as
suas contribuições em relação às novas tecnologias e o ensino de Língua Inglesa.
Acreditamos que o processo de ensino e aprendizagem se beneficiará se utilizarmos as
novas tecnologias como mais uma ferramenta para este processo, no entanto, isso deve ser
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feito de maneira consciente, estudada e bastante refletida pelo professor, pois o sucesso ou
fracasso de um ensino de línguas pode ser determinado pela forma com as novas
tecnologias foram inseridas nos planejamentos e de fato aplicadas dentro do ambiente de
ensino.
O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM EM UMA SALA DE AULA DE LÍNGUA
INGLESA NO ENSINO FUNDAMENTAL EM PALMAS – TO
Jônatas Gomes Duarte (Doutorando em Letras - UFT)
[email protected]
Marcilene de Assis Alves Araújo (Doutorando em Letras - UFT)
[email protected]
Maria José Pinho (UFT)
No mundo contemporâneo e globalizado em que vivemos a aquisição de uma segunda
língua é de fundamental importância devido às demandas que exigem domínio,
comunicação, competências e habilidades de um bom profissional. Por esta razão, cada vez
mais, pessoas buscam aprender uma língua estrangeira (LE). Conforme expresso no Art. 29,
da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos (1996), o ensino de LE é um direito de todo
cidadão. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Língua Inglesa (BRASIL, 1998) afirmam
o caráter sociointeracional da aprendizagem de língua estrangeira na tarefa de produzir
cidadãos capazes de participar ativamente no discurso e contribuir para o engajamento
discursivo de outros, numa troca constante de conhecimentos. Este trabalho teve como
objetivo analisar as práticas pedagógicas do processo de ensino-aprendizagem de língua
inglesa em uma sala de aula do ensino fundamental na cidade de Palmas-TO. Para tanto teve
embasamento em teóricos que estudam a realidade da sala de aula como Ur (2002); Richards
& Lockhart (1994); José Carlos Paes de Almeida Filho (1993,1999). Para a geração de dados, a
pesquisa primou pela observação participante acompanhada de elaboração de diário de
campo. Os dados gerados foram analisados a partir dos pressupostos da pesquisa de
natureza qualitativa, o fundamento metodológico da pesquisa desenvolvida se define como
pesquisa-ação, realizada através da intervenção pedagógica. Nesse sentido, este estudo
buscou verificar como se processa o ensino-aprendizagem de língua inglesa, partindo-se da
análise da interação realizada em uma sala de aula do 7° ano. A investigação constatou-se
que os principais fatores que intervêm no processo de ensino-aprendizagem são as formas
de ensinar do professor; as formas de aprender do aluno; do uso do material didático, dos
filtros afetivos dos alunos e do professor e do trabalho realizado em sala de aula.
LANGUAGE AND THE MEDIA: IMPLICATIONS ON LEARNING AND TEACHING ENGLISH
PROCESS
Justina Inês Faccini Lied (UNIVATES)
[email protected]
The present essay aims to reflect on the traditional concept of media, the way English
students consume it in the contemporary world, and implications on learning and teaching
process. According to Irwin (2011) the concept of media traditionally includes television,
radio and the press and he stresses that learners are involved with media which is currently in
a state of unsteadiness since students create and use the media. It currently includes
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network, sites, blogs, social network, sites, among others. Even teachers have come from a
generation considered as those who watch media, they presently are facing students being
the ones who consume and produce media. Irwin (2011) also points at the requirement for
students being language producers instead of just language reproducers. Therefore the
present essay suggests that teachers reflect on their views about media and the introduction
of such new concept when developing teaching techniques since it is not just a set of
technical correctness that has to be taken into account. In addition, ideologies can be
understood as having a language attached and such key feature cannot be detached from
teaching and learning approaches. Whenever language is used, representational choices are
made ever since there is always an angle of telling. The new rules are examples of users of a
language or code developing its functionality according to the contexts in which they use it.
Furthermore, there is strong evidence to suggest that having knowledge gives students
power, diverse voices being heard and read lead to increasing interaction, and being a
language producer improves literacy.
BUSCANDO “RESPOSTAS” NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA
Lara Brenda C. T. Kuhn (UFU)
[email protected]
Justamente por se constituir numa intersubjetividade discursiva, é que o diálogo entre
professor e aluno encontra lacunas, muitas vezes, impreenchíveis e o desejo de encontrar no
outro respostas trazem a angústia. Pode ser que essa angústia seja a pulsão para que ambos
dêem continuidade à relação de sujeitos suposto saber. Pensando assim, neste trabalho,
tenho como propósito pensar sobre o efeito que a intersubjetividade discursiva, que
constitui o diálogo (BENVENISTE, 1988), entre professor e aluno, em aulas de língua
estrangeira, pode provocar na busca por respostas. Como professora de língua inglesa sou
chamada a ocupar uma posição discursiva, posição que até então acreditei ser aquela que
deveria responder a qualquer custo. Via-me com um sujeito saber, não me permitia (ou não
conseguia) enxergar que esse saber era suposto, pois o meu saber poderia ser diverso do
desejado por meu aluno, e a principal marca dessa contingência estava em nossa
intersubjetividade discursiva. A partir de reflexões sobre subjetividade e ensino de línguas,
durante um curso em meu doutorado, senti-me deslocada em relação ao que acreditava ser
minha posição discursiva. A apropriação do discurso dos participantes no espaço do curso,
trouxe-me uma angústia em relação à minha posição de sujeito suposto saber enquanto
professora. Assim, num tom amador, por conhecer a psicanálise de maneira ainda incipiente,
apoiei-me em alguns princípios desta área, na intenção de problematizar a relação discursiva
entre eu como professora de língua inglesa e de uma aluna, ambas em posições de busca
por respostas.
MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS: A
PERSPECTIVA DO PROFESSOR E A DOS ALUNOS
Lidiany Vieira Paz (UFG-CAC)
[email protected]
O que o artigo pretende é discutir a importância da motivação para o sucesso da e na
aprendizagem de uma língua estrangeira, especificamente no caso da língua inglesa. O
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estudo direciona seu debate no sentido de entender o que é motivação tendo como foco as
teorias existentes acerca do tema e como este aspecto influencia contribuindo tanto positiva
ou negativamente na aprendizagem de uma língua estrangeira. Além disso, serão apontados
alguns desafios do ensino da língua estrangeira que os agentes educativos encontram no
atual sistema de ensino seja ele público ou privado, uma vez que a motivação dos alunos e
professores vem diminuindo, em razão das aulas rotineiras e desmotivadoras. Procurar-se-á,
deste modo, apresentar sugestões e estratégias pedagógicas, que poderá contribuir para a
motivação do aluno na aprendizagem da língua inglesa e também buscar subsídios para
futuras pesquisas sobre o assunto. Para que os objetivos propostos fossem alcançados e os
problemas levantados se encaminhassem para uma resolução satisfatória, antes da pesquisa
de campo de natureza qualitativa, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, onde buscamos
argumentos e contribuições teóricas de alguns estudiosos do assunto, entre eles: MOITA
LOPES (2006), SCHUTZ (2003); MOURA (S\D); NAVES E VIGNA (2006); CAVENAGHI (2009);
MICHELON (2004); GARDNER (2006), PAIVA (2005) e outros. A pesquisa qualitativa foi feita
no Centro de Línguas da Universidade Federal de Goiás, de Catalão (GO) tendo como
sujeitos de pesquisa as professoras e os alunos de duas turmas.
AS ESTRATÉGIAS DE COMPREENSÃO DE LEITURA EM LÍNGUA ESPANHOLA: O PAPEL
DO LÉXICO
Márcia Bertão (IFTO-Palmas)
marciabertã[email protected]
Soraia Cristina Blank (IFTO-Palmas)
[email protected]
Este trabalho visa investigar, na perspectiva de um modelo de leitura interativa, o
processamento do léxico na compreensão de leitura em língua espanhola - ELE. Mais
especificamente, seu objetivo é avaliar a competência lexical em espanhol de alunos
brasileiros na Universidade Federal do Paraná e tentar relacionar essa competência a sua
habilidade de leitura de textos gerais em espanhol. O problema é investigado a partir do
processo, envolvendo análise de ênfase qualitativa. Os dados consideraram 6 sujeitos e
foram coletados através de entrevistas, protocolos, questionários e testes de leitura em LM e
LE. Os resultados desse estudo mostram uma relação entre competência lexical e
compreensão em leitura, que pode ser observada e comprovada através da análise dos
dados, indicando, assim, que um nível lexical limiar é relativo para uma efetiva compreensão
leitora. Esses dados mostram que as pausas no processo de construção de sentido do texto
dos 6 leitores são detonadas por problemas que, na superfície, podem ser considerados
lexicais, ou de acesso a significados de palavras, mas que uma análise mais profunda
mostram estarem relacionados também a dificuldades no nível sintático (de estruturas) e de
conhecimento prévio sobre o assunto ou tipo textual em LM e LE. A competência lexical mais
aparente nesse estudo desenvolvida pelos participantes leitores lhes permite utilizar vários
recursos para o estabelecimento do contexto do texto e do contexto geral, o que lhe
possibilita construir esse contexto de forma controlada, quando necessário, não apenas para
inferência de palavras, mas, principalmente, para a construção de um sentido para o texto.
Conhecimento conceitual, leitura em LM, diferentes concepções de leitura, não parecem
compensar, lacunas na competência lexical, evidenciando um nível limiar de competência
lexical relativo, que parece variar com texto e propósitos de leitura.
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FUNDOS DE CONHECIMENTO PARA UMA PROPOSTA DE ENSINO DE INGLÊS
Maria de Fátima Comini da Silva (Mestranda - UFMT)
[email protected]
Não é de hoje que professores e pesquisadores têm apontado desvantagens e deficiências a
assombrar o ensino de inglês na escola de ensino regular, geralmente, contrastando-o com
as vantagens e eficiências da renomada escola de idioma. Contudo, se a própria escola
pública esquecer o cenário idealizado da escola de idioma e pensar o ensino de um outro
lugar, outros modos de pensar poderiam abrir novas possibilidades. O objetivo deste estudo,
qualitativo e interpretativo, é se afastar da teoria do déficit, marca da escola pública, para
conhecer e tornar conhecidos os conhecimentos das práticas sociais, culturais e intelectuais
das comunidades locais em que vivem os alunos.As perguntas de pesquisa são: 1 – Que
fundos de conhecimentos podemos aprender com comunidade local? 2 – Como é vista a
relação global-local pelos alunos e professores na atuação pedagógica? 3- Que tipos de
atuação pedagógica podem ser concebidas pela professora para promover o letramento
crítico de língua inglesa? Para tal, tem como direcionamento três perguntas de pesquisa 1 –
Que fundos de conhecimentos podemos aprender com comunidade local? 2 – Como é vista
a relação global-local pelos alunos e professores na atuação pedagógica? 3- Que tipos de
atuação pedagógica podem ser concebidas pela professora para promover o letramento
crítico de língua inglesa? Espera-se com este estudo que o mito de que a escola pública não
funciona seja repensado.
UMA PROPOSTA ANACRÔNICA DE ENSINO DE LÍNGUA INGLESA POR MEIO DA
LITERATURA: HOLDEN CAULFIELD FAZENDO USO DO FACEBOOK
Rayssa Duarte Marques Cabral (Mestranda em Estudos de Linguagem - UFMT)
[email protected]
Esta pesquisa tem como objeto uma proposta de ensino de língua inglesa por meio da
utilização de literatura de língua inglesa em salas de aula de ensino médio. A escolha da
obra não é aleatória, The catcher in the rye (O apanhador no campo de centeio), do autor
estadunidense J. D. Salinger, traz como personagem protagonista e narrador da história,
Holden Caulfield, um adolescente de 16 anos, e, por isso mesmo, é considerada um marco na
literatura, pois foi a primeira vez em que a fase da adolescência foi retratada. Nesse
diapasão, objetiva-se, com a utilização da obra em sala de aula, facilitar o acesso dos alunos
à literatura universal, tornando os alunos cidadãos do mundo, incentivando-os a ler livros
que qualquer jovem – brasileiro ou não – tem acesso, o que pode atraí-los para o hábito da
leitura e a interagir com outros jovens de diversas nacionalidades que também tenham lido a
obra, estimulando a interação em língua inglesa. E não é só, essa prática pode despertar a
curiosidade dos alunos para ler textos em inglês que falem sobre o autor ou sobre a obra.
Tendo em vista o fato da inviabilidade da utilização do original em inglês, propõe-se a
utilização da versão brasileira, fazendo alusão a algumas passagens da obra na língua
original quando necessário. Após lida e discutida a obra, a proposta seria a de, mais uma vez
seduzir os alunos para o ensino de língua inglesa e trabalhar o enredo da obra por meio da
utilização de perfis simulados do facebook (prática social de cultura pós-massiva). Os alunos
seriam orientados a inserir a obra escolhida ao universo da rede social simulado fazendo uso
da língua inglesa na criação dos perfis. E é nesse ponto que está o anacronismo: a obra foi
publicada em 1951.
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LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA NO ENSINO MÉDIO PÚBLICO DE CATALÃO
Sarah Cristina de Oliveira Sebba (UFG-CAC)
[email protected]
O ano de 2012 foi marcado, pelo menos no ensino estadual de Goiás, pelo recebimento
inédito de livros didáticos de todas as disciplinas ministradas nas escolas do governo
supracitado, até abranger a totalidade dos estudantes da rede pública estadual. Sendo assim,
entendemos que o governo do estado deu um passo à frente no sentido de propiciar aos
seus alunos a instrumentalização para um melhor desempenho na aprendizagem
significativa, especialmente aquela relacionada à Língua Inglesa. Os alunos da escola
estadual tendem a estudar na universidade pública, ou a fazerem cursos técnicos que os
credenciem ao trabalho o quanto antes, mas sabemos que as chances de essas vagas serem
preenchidas por alunos de escolas particulares é bem maior devido a uma enormidade de
fatores. Um deles diz respeito à relação dos alunos, de ambas as instituições, com o livro
didático. É justamente a partir deste ponto que a presente investigação se desenvolveu, além
de considerar a disponibilidade na escola de tecnologia educacional, a articulação do
professor frente aos recursos disponibilizados, bem como sua formação. Assim posto, esta
pesquisa encontra-se inserida no campo de estudos da Línguística Aplicada, sendo de cunho
etnográfico, quantitativo, e base qualitativa, na qual buscamos diagnosticar o impacto da (re)
introdução do livro didático de Língua Inglesa sobre o ensino desta disciplina no terceiro ano
do Ensino Médio nas escolas estaduais de Catalão.
DIÁRIO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE UMA PROFESSORA DE ESP
Talitha Helen Silva (Mestrado Profissional em Educação – UFLA/IFSM-Muzambinho)
[email protected]
Este trabalho é o esboço de um projeto de pesquisa de mestrado, em estágio inicial, sobre o
uso do Inglês para Fins Específicos (English for Specific Purposes – ESP) em um curso técnico
integrado. O objetivo de tal projeto é refletir criticamente sobre meu processo de formação
para me preparar para ensinar de acordo com a perspectiva do ESP em cursos técnicos
integrados em agropecuária. Esses cursos são chamados de integrados, pois contemplam o
Ensino Médio junto com a instrução técnica. Nesse contexto, a disciplina de língua inglesa é
parte do Ensino Médio e, até então, vinha contando com ementa e currículo baseados mais
em aspectos sistêmicos (léxico-gramaticais). Diante da dificuldade diária dos alunos desses
cursos compreenderem a utilidade desse inglês para a área específica que escolheram, a
proposta que me move é experimentar o uso da abordagem do Inglês para Fins Específicos a
fim de tornar o processo de ensino-aprendizagem mais significativo. Para construir essa
investigação, com característica qualitativa, está se fazendo uma revisão bibliográfica acerca
das publicações sobre essa abordagem instrumental, considerando principalmente
pesquisadores(as) que participaram da introdução do Projeto ESP no Brasil (CELANI, 1998,
2004, 2009; RAMOS, 2004, 2009; FIGUEIREDO, 1994, 2009; MAGALHÃES, 1994, 1996, 2004;
dentre outros) e demais que continuam a atuar e desenvolver o enfoque no ensino técnico.
Minha base de dados serão os diários reflexivos escritos por mim, como professorapesquisadora, com a formatação do processo reflexivo-crítico, ou seja, “descrição,
informação, confronto, reconstrução” (LIBERALI, 2000), relatando a implantação do ESP e o
cotidiano escolar. A partir desses dados, buscar-se-á verificar o meu processo de
desenvolvimento docente e minha experimentação com a abordagem, o que poderá ser de
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valia também para demais professores e pesquisadores interessados no ensinoaprendizagem de inglês como língua adicional.
GT 03 - ESTUDOS DE FICÇÃO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: PRODUÇÃO,
MERCADO EDITORIAL, RECEPÇÃO E CRÍTICA
Coordenadores:
Prof. Dr. Flávio Pereira Camargo (UFT)
[email protected]
Prof. Dr. João Batista Cardoso (UFG-CAC)
[email protected]
Profa. Dra. Márcia Rejany Mendonça (UFT)
Estudar a prosa de ficção brasileira contemporânea é, de certo modo, um desafio instigante
por dois motivos que julgamos basilares. O primeiro se refere à multiplicidade de temas, de
formas, de estilos e de autores, que emergem no campo literário brasileiro, possibilitando ao
leitor a oportunidade de conhecer novos autores e a retomada de outros já consagrados
pela academia e pela crítica literária. São autores que, geralmente, iniciaram suas produções
literárias nas décadas de 1970 e 1980 e continuam, até os dias atuais, produzindo obras que
dialogam em uníssono com algumas das tendências da narrativa brasileira do início do
século XXI, a exemplo do que ocorre com a produção literária de Sérgio Sant’Anna e de
Rubem Fonseca, entre outros escritores. O segundo motivo se refere ao fato de que o leitor
se depara com uma escassez de material crítico ao escolher um corpus literário publicado
nas últimas décadas, principalmente aquele do início do século XXI. Esta carência procede,
em parte, porque alguns escritores ainda não foram canonizados ou reconhecidos pela
academia, embora, em alguns casos, já tenham alçado voos no mercado editorial. Neste
sentido, eleger e estudar a literatura brasileira produzida nas últimas décadas do século XX e
do início do século XXI pode permitir ao terreno da crítica literária um alargamento de
perspectivas em relação à produção e à recepção de novos autores e de novas obras
literárias. Um olhar mais atento para essas obras permite ao leitor e ao crítico uma
compreensão mais apurada tanto da cultura contemporânea, de um modo geral, quanto de
suas influências na produção literária da atualidade. Para Beatriz Resende (2008), o que
podemos observar é um terreno movediço da crítica literária em relação aos jovens
escritores, particularmente o que se refere aos novos arranjos e aos novos suportes por eles
empregados em seus processos de criação, como, por exemplo, o uso de distintos recursos e
ferramentas da internet, como os blogs e os fóruns de discussão, entre outros, que permitem
uma escrita interativa e coletiva, em alguns casos. Além disso, esta estratégia também
possibilita uma maior circulação das obras literárias em novos suportes e uma aproximação
entre o público leitor e o escritor no ambiente virtual. Portanto, a proposta deste GT é reunir
pesquisadores que tenham como objeto de pesquisa a narrativa brasileira produzida em fins
do século XX e início do século XXI, com o objetivo de delinear algumas de suas principais
linhas de força.
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O TRABALHO COMO FONTE DE SOCIABILIDADE, SUBJETIVIDADE E IDENTIDADE NA
OBRA ELES ERAM MUITOS CAVALOS DE LUIZ RUFFATO
Angela Maria Rubel Fanini (UFTPR)
[email protected]
Nesta comunicação, analisam-se seis capítulos da obra Eles eram muitos cavalos do escritor
Luiz Ruffato, focalizando-se aí, a partir das teorias da Sociologia do Trabalho - Engels (1990);
Marx (1986); Antunes (2002), Gorz (1982; 2003); Sennet (1998) - e da perspectiva estéticosociológica - Candido (1985); Bosi (2002), como o texto literário cria e recria o universo do
mundo do trabalho. A representação literária do âmbito do trabalho é uma constante em
romances brasileiros, mas a análise dessa temática é pouco explorada. Procurando-se
investigar como o texto se relaciona ao contexto laboral é preocupação dessa pesquisa que
se constitui em parte de uma investigação maior que temos empreendido em outras obras
brasileiras do século XIX e XX. A metodologia empregada é a pesquisa bibliográfica em que,
a partir de uma rede conceitual, fundada na Sociologia do Trabalho e na Sociologia da
Literatura, investigam-se, nos capítulos, como ocorre e sob que mediações a recriação do
referido universo. Não se toma o texto literário como reflexo da realidade, mas em uma
complexa articulação em que texto e contexto interagem em reflexão e refração, partindo da
visão materialista da linguagem presente em Bakhtin; Voloshinov (1986). As situações
narrativas, na obra em tela, revelam que o trabalho, e o seu avesso, o desemprego, são
categorias importantes e centrais na trajetória das personagens, conferindo-lhes identidade,
subjetividade e certa sociabilidade. O trabalho mesmo precário, efêmero e parcializado é
ainda objeto de desejo. O trabalho regular e permanente confere estabilidade e identidade
às personagens que dele comungam. Já o desemprego é fonte de desarticulação da
identidade, família e vida.
CRUÉIS TRAVESSIAS: VIOLÊNCIA E EXCLUSÃO NA PORTO ALEGRE DOS CONTOS DE
AMILCAR BETTEGA BARBOSA
Carlos Augusto Magalhães (Pós-Doutor-UNEB)
[email protected]
As produções culturais contemporâneas têm elegido como objeto de representação
principalmente a cidade e a vida urbana. A literatura brasileira adere a essa tendência e
adota o caráter realista como técnica expressiva com que se busca acompanhar as
contradições e os desafios vivenciados nas e pelas grandes cidades. Com a violência alçada à
posição de protagonista no universo das manifestações artísticas em geral, o campo literário,
entre outros, acata a premência de instauração de inovadores estatutos conceituais ou
mesmo de estratégias adequadas por intermédio dos quais serão lidas as representações
que dão conta dos traços da violência generalizada por que passa o país. Frente ao quadro
de desolação e de perplexidade, o sintagma da “dialética da malandragem” (CANDIDO,
1993) se tornaria desatualizado e seria substituído pela noção de “dialética da
marginalidade” (ROCHA, 2004). O último conceito se apresenta como mais oportuno na
nomeação e caracterização da convergência assumida por variadas produções que
desenham novas imagens do país, capitaneadas todas elas por propósitos de tematização
das formas diversas da violência. Também Porto Alegre tem emprestado sua geografia à
dramatização da barbárie. Anteriormente, suas ruas, especialmente, as da região central,
foram descritas como ponto de confluência e de congraçamento e tornaram-se foco de
homenagens e de celebrações encabeçadas por um rico cancioneiro. Contemporaneamente,
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as ruas e avenidas têm sido representadas como locus da impessoalidade e nelas se
conflitam também indivíduos de classes sociais diferentes, embates de que resultam cenas
de atrocidade. Eis um dos aspectos abordados nos contos “Verão” e “A aventura práticointelectual do Sr. Alexandre Costa”, integrantes da antologia Os lados do círculo, de Amilcar
Bettega Barbosa. Na capital gaúcha, instauram-se cruéis travessias que estão a exigir um
novo conceito que colocamos aqui – a dialética da crueldade.
O PAPEL DO LEITOR NA FICÇÃO DE RUBEM FONSECA: DIVERSIDADE DE OLHARES
SOBRE O CRIME EM O COBRADOR
Cloves da Silva Junior (UEG)
[email protected]
Conhecido por suas experiências com o romance policial, Rubem Fonseca retrata em suas
obras a violência contemporânea e o problema da identidade na pós-modernidade. Com o
auxílio de vários gêneros textuais, Fonseca concebe uma trama textual que exige do leitor
certa competência para relacionar esses gêneros à narrativa para então, encontrar o fio de
Ariadne que possibilitará a evasão do labirinto textual construído pelo autor, isto é, a
possível compreensão/interpretação da obra. Assim, Fonseca propicia o desvendamento dos
meandros da sociedade, fazendo com que o leitor adentre o texto literário na tentativa de
buscar possíveis soluções para os crimes apresentados, utilizando por vezes as características
do hiper-realismo, a fim de cristalizar as cenas do cotidiano e analisá-las sob diferentes
óticas. Nesse sentido, falando especificamente do conto O Cobrador é possível observar que
ao entrar em contato com esta narrativa, o leitor se depara, após uma análise acurada, com a
impossibilidade de manifestar um posicionamento a favor ou contra o narrador-personagem,
a partir de uma série de fatores que contribuem para a efetivação de seus atos. O Cobrador
pode ser inserido do rol dos textos que abordam a representação das minorias sociais. Nesse
texto, o narrador-personagem faz parte daqueles que se encontram à margem da sociedade,
e que não possuem voz perante a classe dominante. Desse modo, a partir de pesquisa
bibliográfica, o intuito desta pesquisa é evidenciar e analisar as diversas percepções do crime
no conto acima identificado sob a ótica do leitor, e considerando toda a produção literária
do autor em destaque. Como suporte teórico serão utilizados os pressupostos de
Dalcastagnè (2001; 2002; 2005), Eco (1994), Figueiredo (2003), Fonseca (2010), Foucault
(2006), Harvey (2011) Jauss (1979) e Oliva (2004).
JOÃO GILBERTO NOLL E A EXPERIMENTAÇÃO COM A LINGUAGEM: RELAÇÕES ENTRE
SUJEITO E SOCIEDADE EM BERKELEY EM BELLAGIO
Dezwith Alves de Barros (Mestrando-UFRN)
[email protected]
A partir da percepção de que a obra de João Gilberto Noll se caracteriza, sobretudo, por um
tipo de experimentação com a linguagem, o que acaba por incidir em uma espécie de
ambiguidade generalizada (enredo, linguagem e, principalmente, articulação de seus
personagens), o presente trabalho pretende sondar em que medida esse processo pode ser
tanto motivado, em sua elaboração mais elementar, quanto explicável, tendo em vista a
relação da obra de Noll com a vida social em que foi e é produzida e lida; tendo como
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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objeto específico desta análise, a caracterização do personagem protagonista do romance
Berkeley em Bellagio, de 2002. Na obra analisada, a busca por sobrevivência material no
exterior leva o narrador-protagonista a embaralhar as pessoas do discurso (ora escreve em
primeira pessoa, ora narra referindo-se a si mesmo em terceira pessoa), a alterar momentos
de afasia em um determinado idioma e de repentina fluência em outro, bem como a
elaborar diferentes projetos de vida tendo em mente a manutenção financeira de seu
trabalho de escritor por instituições estrangeiras – tudo isso em um único parágrafo. A fim
de sistematizar as discussões aqui desenvolvidas, tomamos como referenciais teóricos textos
de autores que enfatizam a relação entre texto literário e sociedade de um ponto de vista
imanente por assim dizer, tais como: A Teoria do Romance, de George Lukács (2000); A
Personagem de Ficção, organizado por Antonio Candido (2007); Notas de Literatura I, de
Theodor W. Adorno (2003); e Literatura e Sociedade, também de Antonio Candido (2006).
Trata-se de uma visão que não reduz à obra em relação ao seu contexto, de acordo com
esses autores o social seria fator constituinte da obra literária, dessa forma, inerente a
mesma.
LITERATURA, HOMOEROTISMO E EXPERIÊNCIA URBANA
EM CONTOS DE ANTONIO DE PÁDUA
Flávio Pereira Camargo (UFT)
[email protected]
Nesta comunicação, temos como objetivo analisar as formas de subjetivação do desejo gay
em dois contos de Abjetos: desejos (2010), do escritor e crítico Antonio de Pádua Dias da
Silva, que revela ao seu leitor uma multiplicidade de personagens em constantes
deslocamentos, cujos desejos são considerados pela sociedade como sendo abjetos,
justamente por se tratarem de um desejo gay. No caso de nosso objeto de estudo, as
experiências urbanas dos personagens gays expõem a solidão e a carência afetiva em uma
sociedade cujos laços afetivos e sexuais tornam-se, a cada dia, mais instáveis e vulneráveis.
Para tanto, partimos, inicialmente, de um percurso teórico-crítico sobre a literatura gay ou de
temática homoerótica e sobre os modos diversos de subjetivação desse desejo em nossa
cultura. Em seguida, procuramos demonstrar, através de nossas análises dos contos
selecionados, como a produção literária de Antonio de Pádua traz uma nova perspectiva
sobre os modos de vida gay, contribuindo de modo expressivo para a consolidação e o
reconhecimento de uma literatura gay no campo literário brasileiro, com as suas
especificidades inerentes ao próprio gênero.
FLORISMUNDO PERIQUITO: A DESCOBERTA DE UM CONTO GOIANO
Ionice Barbosa de Campos (UFG-CAC)
[email protected]
Partindo da ideia de é faz necessária a apresentação das obras ficcionais de vários autores
ainda desconhecidos na academia, pretendemos mostrar aqui a escrita prosaica de José
Godoy Garcia, prosador e poeta goiano, com várias publicações efetivadas entre os anos de
1948 e 1999. Seu tema principal é a busca pela igualdade entre os seres ontológicos e a
participação igualitária do homem no espaço social, seja ele urbano ou rural. Em suas duas
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publicações prosaicas O Caminho de Trombas (romance) e Florismundo Periquito (contos),
José Godoy Garcia explora muito o aspecto social e traz ao conhecimento do leitor alguns
fatos, históricos até, do que se passava em Goiás em meados do século XX. No entanto, por
se tratar de um autor que está ainda adormecido no espaço acadêmico, nosso intuito aqui é
apresentar parte de sua prosa para mostrar a importância e contribuição da mesma para o
cenário literário nacional e, quiçá, internacional, uma vez que vislumbramos a aproximação
de sua poesia com as obras de Manuel Bandeira e Mario de Andrade, além da forte
contribuição que tiveram Langston Hugues e Walt Whitman para sua produção. Vale lembrar
que sua escrita aproxima-se muito dos moldes modernista e regionalista, na poesia e na
prosa, respectivamente. Portanto, faremos uma breve análise do conto que dá título ao livro
“Florismundo Periquito” a fim de mostrar o que, de fato, a prosa godoyana tem para nos
oferecer. De um modo geral, as narrativas godoyanas merecem atenção por estarem inscritas
na ordem dos contos populares, conforme veremos na teoria de Hohlfeldt (1988) e Júlio
Cortázar (1993). Assim, a prosa contista de José Godoy Garcia revela um caráter documental
e social através do posicionamento do autor, que consegue captar a sensibilidade do leitor,
com isto, definindo o caráter estético de sua obra.
O TELURISMO EM ESSA TERRA, DE ANTÔNIO TORRES.
João Batista Cardoso (UFG-CAC)
[email protected]
A relação do homem com a terra tomada no sentido de um paraíso tem sido uma constante
na literatura brasileira, desde o descobrimento, quando Pero Vaz de Caminha fez, numa carta
documento do nascimento da nova terra, uma apologia do espaço que se descortinou diante
dele ao aportar na Bahia. Essa ênfase mostrou-se sobremaneira densa durante o romantismo,
pois o sentimento nativista levou autores de romances e poesias a elevarem a terra a um
eldorado que acolhia por sua beleza e que supria o homem das suas necessidades. Essa
visão é constante não somente nas obras que mostram a terra enquanto elemento abstrato e
difuso como se percebe em textos de José de Alencar, como também em obras em que a
terra se concretiza num espaço definido, como se percebe na Amazônia de um Inglês de
Souza na obra O missionário. Esse sentimento de deslumbramento em face do espaço
natural visto como um paraíso, por ser uma constante na literatura brasileira passou a
caracterizar essa literatura como telúrica, em que a terra chega ao ponto de se confundir
com os personagens e agir com eles no mesmo contexto dramático, na medida em que
define suas ações e reações. Num primeiro momento, o sentimento era de deslumbramento,
mais tarde o sentimento evolui para um tipo de integração em que o indivíduo só se
completa e se constitui quando passa a fazer parte da paisagem. Essa alternativa existencial,
tornada estética na obra de Antônio Torres está claramente definida na obra Essa terra, cujos
personagens se veem não somente diluídos no espaço, mas também dependentes dele e
com ele estabelecem uma relação que, para além da mera convivência, se torna
dependência. O personagem principal, Nelo, deixa seu espaço natural, o Junco, em busca de
um eldorado no Sul do Brasil. Ao penetrar um espaço urbano em busca de sobrevivência,
percebe que a existência vai além da mera conquista do pão que alimenta o corpo e da
roupa que o veste, pois o existir deriva, sobretudo, da convivência na terra e com uma terra
em que nasceu e que determinou os contornos de sua identidade.
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A LITERATURA MULTIDISCIPLINAR BRASILEIRA EM BUSCA DO FIM DA MISÉRIA: ENTRE
RELATOS, FATOS E EXPECTATIVAS
José Henrique Rodrigues Stacciarini (UFG-CAC)
[email protected]
O presente estudo é fruto da conclusão de um Doutorado em Geografia sobre a temática
“Fome x Segurança Alimentar no território brasileiro do século XX”, complementado pela
pesquisa “Fome da População Brasileira nos últimos 15 anos”. Deste modo, apoiada em
diversos autores da Geografia e das Ciências Humanas, assim como em dados tabulados
pelo IBGE, IPEA, FGV e outros Institutos de levantamentos de dados da realidade sócioespacial brasileira, esta pesquisa tem como objetivo analisar a problemática em questão na
dimensão temporal dos últimos 100 anos, desde os artigos de Monteiro Lobato até o
mandato da Presidente Dilma Rousseff. Vale destacar que a referida autoridade
governamental lança, em maio de 2012, medidas prevendo ajuda financeira para mães de
baixa renda (classes D e E) com filhos na faixa etária de zero a seis anos e atendidos pelo
“Bolsa Família”, programa planejado e criado pelo Presidente Lula durante seu primeiro
mandato e inicialmente denominado “Fome Zero”. Frisa-se que os referidos programas
propuseram iniciativas conjuntas no intuito de buscar, ainda sem sucesso pleno, a
erradicação da miséria da população. Na verdade, também em forma de desafio para a
pesquisa em tela, questiona-se o fato de estarmos perto ou não da concretização do apelo
ético-literário pelo fim da pobreza brasileira e essa é uma reflexão que não pode se calar.
LIQUIDEZ E FRAGILIDADE DAS RELAÇÕES HUMANAS EM “A FRIAGEM” DE AUGUSTA
FARO
José Humberto Rodrigues dos Anjos (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
De família tradicional na economia e nas artes do Estado de Goiás, Augusta Faro Fleury de
Melo, vem a cada dia mais tendo sua obra reconhecida não só entre os leitores, mas também
na academia, que tem dedicado especial atenção, principalmente no que tange aos estudos
de gênero e do fantástico, presentes em sua fortuna literária. No entanto, tal autora oferece a
leitores e pesquisadores uma gama interessante para temas de pesquisa, possibilitando além
das inúmeras capacidades de interpretação, uma profícua reflexão sobre as identidades e
fragilidades humanas. Ainda desconhecida por grande parte dos leitores, distante do eixo
cultural (Rio de Janeiro – São Paulo) e não tão reverenciada quanto deveria, Augusta vem
rompendo um espaço ainda tímido no cenário nacional: o dos autores goianos. Crescente,
sua obra foi indicada para vários vestibulares, e traduzidas para o inglês e alemão. Um de
seus livros mais conhecidos A friagem, reúne doze contos fantásticos sobre a fragilidade de
personagens femininos que vivendo em mundo pós-moderno se veem angustiadas e com
uma série de problemas psicológicos e identitários. Nesta dinâmica, propõe-se uma análise
sobre a liquidez e fragilidade das relações e identidades humanas desenvolvidas no decorrer
de dois contos As formigas e Dragão chinês. Tais análises centram-se principalmente na ótica
de Bauman (2003) e Stuart Hall (2005) que ao relatarem a liquidez própria da modernidade,
fornecem subsídios para a compreensão das relações humanas, sejam elas afetivas ou
sociais. Tais autores nos possibilitam observar as (de)formações das identidades em
(des)construção no mundo pós-moderno, uma vez que o texto augustiniano aponta não
somente vidas em conflito consigo mesmas, mas a crise de um sujeito pós-moderno com o
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mundo, que ao individualizar-se segundo (BAUMAN, 2003, p. 8) “oscilam entre o sonho e o
pesadelo, e não há como determinar quando um se transforma no outro”.
AS VARIAÇÕES DO INSÓLITO EM JOSÉ J. VEIGA E OS CONTOS DE “OBJETOS
TURBULENTOS”: UMA LEITURA DIALÉTICA DA MODERNIDADE CAPITALISTA
Leonice de Andrade Carvalho (UNB-IFG-Urutaí)
[email protected]
José J. Veiga é um dos escritores mais expressivos da literatura contemporânea brasileira,
geralmente, associado aos escritores da década de 60. Nasceu em 1915 em uma propriedade
rural no interior de Goiás, dessa experiência de vida sertaneja retira a sua matéria ficcional;
influenciada pelo subdesenvolvimento do estado, seu isolamento, os costumes e hábitos
próprios da realidade interiorana; associando o autor, inclusive, à especificidade regional. É
verdade que, em alguns momentos mais em outros menos, é possível perceber a presença
de elementos tipicamente regionais, mas, com certeza, José J. Veiga não é um escritor que
pode ser entendido como regionalista no sentido clássico do termo. Então, em que medida
Veiga utiliza das tendências em voga na época, como o fantástico ou o realismo mágico?
Ainda, em que sentido é possível compreender que em sua literatura há um Regionalismo
que ressurge? Nos contos de “Objetos Turbulentos”, de 1997, as preocupações com o
insólito ainda persistem, mas se misturam a outras como quando a vida na cidade
interiorana começa a ser invadida pelo “mundo moderno”, a tecnologia, as máquinas,
causando grande perturbação frente à perspectiva do progresso. Há uma onda de
desequilíbrio e destruição que desestabiliza a sociedade que, sem saída, questiona a função
da máquina, das descobertas tecnológicas e a destruição do homem. Em “Objetos
Turbulentos” mostra-se a face mais obsessiva do homem pelos objetos capitais e a sua
subjugação às artimanhas do capitalismo, uma alusão ao processo de reificação humana.
Logo, como a Literatura é capaz de internalizar a história em movimento? Como ela capta a
totalidade do mundo e, de que maneira, dá a ver uma realidade subliminar que o cotidiano
não permite ver? São essas as nossas questões.
AS POSSIBILIDADES INTERPRETATIVAS DO ELEMENTO ESPACIAL NO CONTO “BARRA
DA VACA” DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
Letícia Santana Stacciarini (UFG-CAC)
[email protected]
Maria Imaculada Cavalcante (UFG-CAC)
[email protected]
O referido conto, tomado como subsídio da presente análise, situa-se no livro Tutaméia
(Terceiras Estórias) e foi publicado em 1967. Assim como uma série de criações literárias do
autor João Guimarães Rosa, “Barra da Vaca” também apresenta fortes tendências
regionalistas e, por isso, a possibilidade de uma leitura frente aos elementos espaciais que
compreende. Em sua trama, nota-se a “estória do jagunço Jeremoavo, de como ele chega a
um lugarejo chamado ‘Barra da Vaca’, que dá nome ao conto, dos seus encontros e
desencontros com Domenha e, finalmente, do que lhes acontece e de como termina essa
aventura” (TENÓRIO, 2009, p. 8). Do ponto de vista espacial, vale frisar que a narrativa
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apresenta a paisagem do sertão brasileiro com seus personagens típicos, que lutam pela
sobrevivência, bem como a influência que tais aspectos exercerão na constituição da trama.
Para tanto, observar-se-á que “o espaço é resultado da ação dos homens sobre o próprio
espaço, intermediados pelos objetos, naturais e artificiais” (SANTOS, 1988, p. 64). Frente ao
exposto, cabe enfatizar que o conto em tela se encaixa na proposta de ser destrinchado
partindo do pressuposto de uma análise espacial e isso também foi o que se procurou
estudar durante o desenvolvimento do Projeto de Iniciação Científica (PIBIC), “Uma Leitura
Espacial nos Contos de ‘Tutaméia’, Obra de João Guimarães Rosa”, sob a orientação da Prof.
Dra. Maria Imaculada Cavalcante.
CINZAS DO NORTE: CONEXÕES ENTRE NARRADORES E PERSONAGENS
Lucas Haddad Grosso Silva (PUC-SP)
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O presente trabalho almeja a analise das conexões entre os narradores e as personagens da
obra Cinzas do Norte de Milton Hatoum (2006). Em meio a uma trama aparentemente
tradicional, é possível identificar três focos narrativos distintos: o de Olavo, que narra a
história de Raimundo e sua família; Ranulfo, que conta por meio de textos sua história de
amor e traição com a mãe de Raimundo; e Raimundo, que conta através de cartas suas
viagens pela Europa e Rio de Janeiro e momentos posteriores a sua morte. Lidos em um
único sistema, estes relatos formam o enredo da obra e apresentam diferentes facetas e
consequentes revelações acerca das personagens e das conexões entre suas vozes
polifônicas. Desta forma, para analisar as conexões entre os narradores e as personagens,
buscamos conceitos sobre a natureza da personagem ficcional, em Candido (2002) e em
Gass (1974), e as possíveis classificações destes elementos levantadas por Harvey (1967) e
Segolin (1978); e, à luz das teorias de foco narrativo de Booth (1967; 1986) e Friedman (1967),
descrevemos uma interpretação com suporte nos modos enunciativos de cada um dos
narradores-personagem da obra. A partir dessas teorias, foi possível identificar as correlações
de polifonia nos discursos de Olavo e Raimundo com as demais personagens, e pudemos
identificar relações polifônicas entre Ranulfo e todas elas.
ARTE PARA CRIANÇA E O MEU AMIGO PINTOR: UMA RELAÇÃO ENTRE LITERATURA E
PINTURA
Maria Imaculada Cavalcante (UFG-CAC)
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Esse estudo visa analisar dois livros de literatura juvenil, ambos de Lygia Bojunga. O primeiro,
“Arte para criança”. 7 cartas e 2 sonhos, publicado em primeira edição em 1982, em parceria
com a pintora Tomie Ohtake. A obra possui nove ilustrações que são reprodução de telas da
pintora. O segundo, apenas de Lygia Bojunga, intitulado “O meu amigo pintor”, publicado
pela primeira vez na Espanha, em 1984. No Brasil foi adaptado para o teatro com o título “O
pintor” e foi publicado como livro em 1987. O enredo das duas obras é praticamente o
mesmo, mas a forma de composição não: o primeiro é escrito em forma de cartas e o
segundo em forma de diário. Mas a grande diferença é que essa segunda obra não possui
ilustração e isso interfere no resultado final dos livros. Como objetivo principal desse
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trabalho, procuraremos dimensionar o papel da ilustração na obra literária juvenil, além de
apontarmos os pontos de confluências e as diferenças entre as obras escolhidas para estudo.
Objetivamos, ainda, estabelecer a relação da pintura na narrativa juvenil.
ESPAÇO, POESIA E SUAS EXPANSÕES
Moema de Souza Esmeraldo (UFG-CAC)
[email protected]
Maria Imaculada Cavalcante (UFG-CAC)
[email protected]
Neste estudo serão apresentadas duas visões da representação dos espaços da cidade
encontrados nas obras Poemas dos becos de Goiás e estórias mais de Cora Coralina (1993)
Poemas e Elegias (1979) de José Décio Filho. Nestas obras poéticas existem várias referências
aos espaços geográficos, principalmente aos espaços de cidades goianas, motivo pelo qual
se propõe um estudo mais sistematizado sobre o tema. Para os exames desses espaços serão
essenciais as leituras subsidiadas pelos textos críticos Outros Espaços (2001) do teórico
francês Michel Foucault, Espaços literários e suas expansões (2007) do crítico literário
brasileiro Luis Alberto Brandão e A cidade atravessada: Os sentidos públicos no espaço
urbano (2001) obra organizada pela pesquisadora Eni Orlandi. Tais textos foram selecionados
com o intuito de evidenciar como o espaço torna-se uma espécie de síntese do sujeito e dos
acontecimentos no meio do contexto que estão inseridos. Ao fundamentar esta análise
buscou-se ainda compartilhar algumas noções filosóficas a partir da obra Arqueologia do
saber (2008) de Michel Foucault, em que descreve à sua maneira como a obra literária
enaltece a compreensão da relação do sujeito e sua experiência exterior. Por conseguinte
será necessário investigar a trajetória histórica da criação do imaginário das cidades
vivenciadas pelo sujeito lírico nas obras literárias selecionadas para estudo.
PELOS LABIRINTOS DA NARRATIVA METAFICCIONAL EM “A RAINHA DOS CÁRCERES
DA GRÉCIA” DE OSMAN LINS
Nelzir Martins Costa (Mestranda em Ensino de Língua e Literatura-UFT)
[email protected]
A obra A Rainha dos Cárceres da Grécia, do escritor Osman Lins, direciona o leitor a um
labirinto narrativo, o qual exigirá deste uma leitura de nível mais aprofundado. A
complexidade do texto já se inicia em sua organização: um romance em forma de ensaio,
que por sua vez está escrito em forma de um diário. No romance, o autor empírico dá vida a
um narrador-autor que vai discorrer sobre um romance escrito por sua amante, Júlia
Marquezim Enone, de quem ele deseja falar ao leitor, todavia sem cair no trivial. Não deseja
falar apenas da pessoa que ela foi, por isso decide falar da obra “A rainha dos cárceres da
Grécia,que segundo ele, foi escrita por ela. Como uma obra metaficcional, a narrativa,
valendo-se do processo de liberdade criativa, mistura ficção e realidade, teoria literária e
crítica sobre o próprio processo de construção da escrita. Utiliza para isto vários recursos, tais
como: a fragmentação, a inserção de outras narrativas menores, notícias da realidade social,
que vão se mesclando harmoniosamente e coerentemente ao enredo. O autor não poupa
nem mesmo os personagens, permitindo que se mesclem em alguns momentos. É o que
ocorre entre Maria de França e a ladra “Rainha dos Cárceres”, entre o professor e o
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espantalho. Tudo isto para que o leitor esteja o tempo todo consciente de que se trata de
uma obra ficcional. Este artigo tenta apresentar alguns caminhos possíveis de serem
percorridos pelo leitor nos labirintos metaficcionais cuidadosamente elaborado pelo escritor
Osman Lins nesta obra.
DEDICATÓRIAS AUTÓGRAFAS: CONTEXTOS DE PRODUÇÃO E DE DIVULGAÇÃO DE
OBRAS ENTRE AS DÉCADAS DE 1960 A 1990
Renata Ribeiro de Moraes (Doutoranda-UNESP-Assis)
[email protected]
Uma dedicatória autógrafa, remetida em livro de um autor a outro, registra não somente
homenagem ou agradecimento, mas pode ir além desta simbologia formal. Com vistas a
mapear a rede de sociabilidade do escritor João Antônio (1937-1996), elencamos 1112 livros
com dedicatórias autógrafas que o autor recebeu ao longo de mais de 30 anos de atuação
no meio literário, permitindo-nos resgatarmos os instantes de produção e divulgação dos
autores contemporâneos a ele. Após subdividir as dedicatórias em grupos temáticos,
notamos seu dialogismo sobre elaborações de projetos literários, sobre a condição do
escritor João Antônio enquanto leitor das obras dedicadas, sobre as instâncias de divulgação,
sobre a profissionalização do escritor, assunto recorrente para João Antônio, além de
conhecermos suas filiações literárias, dentre outros temas. Selecionamos as dedicatórias que
dialogam com os propósitos literários não só de João Antônio como também a de seus
pares, cujos aspectos discursivos nos possibilitam o entendimento das circunstâncias de
produção e atuação de certa comunidade de escritores. Debruçando-nos sobre a teoria de
Gérard Genette (2009), que se articula acerca da função que um paratexto focaliza,
aprofundamos nossa análise referente ao texto dedicado com o intuito de desvendarmos o
quanto uma dedicatória autógrafa pode vincular-se ao texto ficcional ou, além disso,
registrar as apreensões e expectativas instauradas pelo mercado editorial. Outra questão
fundamental aventa as articulações extra-literárias que sempre estão atreladas ao contexto
de produção, até que se chegue de fato à publicação de uma obra literária. Neste sentido,
vimos o quanto os projetos da comunidade de escritores-leitores convergem em direções
que desvendam o panorama de publicação entre as décadas de 1960 a 1990 e, por meio das
dedicatórias, podemos vislumbrar o quanto atuam como peças importantes para
constituição e conhecimento dos objetivos de escritores em intensa produção intelectual.
O MÍTICO, O LITERÁRIO E O CULTURAL: RECEPÇÃO E CRÍTICA DE MEU TIO ROSENO, A
CAVALO, DE WILSON BUENO
Rosana Cristina Zanelatto Santos (UFMS-CNPq)
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Néstor García Canclini (2010) propõe-nos a problematização da informação, quase unânime,
de que com a ultrapassagem das culturas ditas territoriais para as “culturas digitais e
deslocalizadas”, mais democráticas e mais voláteis, editoras, livrarias, direitos autorais e tudo
o mais o que acarreta a publicação em brochura de um texto literário, de uma revista, enfim,
de qualquer material escrito, estaria fadado à decadência, ao esvaziamento. O mesmo
Canclini tece uma série de comentários sobre o problema posto, chegando a uma hipótese
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relevante: de modo geral, a insegurança e a instabilidade dos tempos coevos ocupam lugar
de destaque em todas as mídias, transformando-se nas agendas da sustentabilidade, da
cidadania, da segurança e da educação, na qual inserimos a literatura. E a instabilidade chega
ao campo do literário, segundo Marcos Siscar (2011), não somente no âmbito crítico, mas na
relação da literatura com outras áreas do saber, o que é propício, podendo não
necessariamente mudar conceitos, porém os enxergar sob outra mirada. Em compasso de
desafio, e tomando inicialmente as premissas de Canclini e de Siscar, nossa comunicação
intenta analisar a constituição do herói no romance Meu tio Roseno, a Cavalo, de Wilson
Bueno, falecido em maio de 2010 e hoje já quase desconhecido, seja no meio acadêmico,
seja entre o público médio. Partimos da hipótese de que nessa obra de Bueno, bem como na
obra de outros escritos brasileiros contemporâneos, o mítico, o literário e o cultural
coadunam-se, gerando um mal-estar por instabilidade e por desconhecimento e que poderá
ser vencido caso o crítico, o “analista” de literatura (re)conheça as três instâncias e exercite a
não fácil tarefa de relacioná-las na recepção e na crítica da obra literária.
A METAFICÇÃO NA OBRA A HORA DA ESTRELA, DE CLARICE LISPECTOR
Vanessa Rita de Jesus Cruz (Mestranda-UFT)
[email protected]
Flávio Pereira Camargo (UFT)
[email protected]
Este estudo consiste em abordar algumas considerações da chamada narrativa metaficcional;
um tipo de ficção que fala da ficção e que tem causado mudanças na prática de leitores,
escritores e críticos. Poucos teóricos têm se debruçado nos estudos sobre a metaficção, mas,
como nos aponta alguns autores, ela não é um fenômeno novo e não pode ser considerada
uma manifestação da pós-modernidade, porém, no romance contemporâneo tende a
aparecer de forma mais explícita. Pretende-se, também, tratar de alguns aspectos referentes
ao gênero romance – visto que analisaremos os aspectos metaficcionais do romance A Hora
da Estrela, de Clarice Lispector. O romance é um gênero em que a linguagem ficcional parece
fundir-se com o “mundo real”, uma vez que não privilegia um único tipo de linguagem e tem
a tendência de assimilar outros gêneros. Isso acontece porque, como nos mostra Mikhail
Bakhtin, o romance é um gênero dialógico, polifônico e plurilíngue. Assim, os romances
contemporâneos encontrarão nessa dialogicidade a verdadeira identidade do gênero. O
romance A Hora da Estrela, publicado em 1997, contém características do que podemos
nomear de narrativa metaficcional. É uma ficção que tem dentro de si outra ficção. Uma obra
que se debate com a ficção e a realidade, ao mesmo tempo em que aborda questões da
linguagem, da construção da narrativa e da existência humana, não escondendo do leitor
que aquilo que ele lê é ficção e não um relato da vida real, dando a ele um papel mais ativo,
fazendo com que participe como coautor do processo de escrita. A narrativa analisada possui
uma linguagem nova, que pressupõe uma escrita crítica e interpretativa, analisando as
estruturas literárias, temáticas e formais que compõem a obra literária. Por meio da
linguagem, o escritor traz para a ficção mundos de sua imaginação e os reconstrói com a
ajuda do leitor.
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A INTENSIDADE DA AÇÃO PELA LINGUAGEM EM “DESEMPENHO”, DE RUBEM FONSECA
Vânia Lúcia Bettazza (Doutoranda-UNESP-Assis)
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A partir da segunda metade do século XX, a ficção passa a apresentar-se com uma
pluralidade de tendências de modo mais intenso. Há o ressurgimento do romance policial,
histórico e as formas do gênero biográfico com a incorporação da mídia e incursões no
fantástico. A velocidade no modo de narrar, a introdução de imagens, de cenas de filmes e
propagandas passam a fazer parte da linguagem literária. Expressões populares e marcas da
oralidade na escrita chegam até o leitor que, por vezes, sente-se agredido não só pelas
expressões populares aplicadas à linguagem, mas pelo modo como as imagens são formadas
através desta linguagem que revela uma sociedade áspera e indiferente. Estas agressões
transpostas para a ficção causam um estranhamento e certo incômodo no leitor. Quanto ao
narrador, apenas transmite as ações e os fatos sem criar um intercâmbio de experiências. Tais
características são detectadas nas obras de Rubem Fonseca, autor com o qual trabalharemos
com o propósito de comprovar as tendências apresentadas. O conto escolhido foi “O
desempenho”, inserido no livro Lúcia McCartney, publicado em 1969. Rubem Fonseca
consegue debruçar-se sobre a temática urbana e fazer transferência ao papel de modo
singular, sequestrando momentaneamente o leitor, ainda que diante dos desconfortos já
mencionados. O diferencial é que ao ser colocado de volta em contato com o ambiente, nem
sempre este leitor agrega em si características enriquecidas, profundas e belas.
GT 04 - O CÍRCULO DE BAKHTIN NA ANÁLISE DE DISCURSO: DIÁLOGOS TEÓRICOS
Coordenadoras:
Profa. Dra. Grenissa Stafuzza (GEDIS-UFG-CAC)
[email protected]
Profa. Mnda. Evelyn Cristine Vieira (GEDIS-UFG-CAC-PMEL)
[email protected]
Ao considerar que o Círculo de Bakhtin influencia muitos estudos em diversas áreas da
linguagem, o presente GT propõe debater as contribuições epistemológicas que o Círculo
oferece em especial à Análise de Discurso francesa (AD). Observa-se a relação de diálogos e
deslocamentos que a AD trava com as noções conceituais advindas do Círculo. Por meio
dessa observação, é possível compreender com maior clareza alguns conceitos fundadores
nos construtos teóricos da AD como, por exemplo, a noção de sujeito dialógico circunscrito e
disperso na história e na sociedade. Nesse sentido, pode-se afirmar que as influências
epistemológicas do Círculo russo em questão para a Análise de Discurso instauram-se como
elementos constitutivos de um profícuo diálogo, circunscrito nos elementos fundadores
dessa área, como as noções de língua, fala, enunciação e interação verbal, apenas para citar
algumas. Por isso, este GT orienta-se em algumas concepções de natureza filosóficolinguística, como o conceito de signo ideológico, que passa pela base marxista da filosofia
da linguagem, e segue com os conceitos de gêneros do discurso, cronótopo, carnavalização,
exotopia, sujeito, autor, herói, ética, estética, arquitetônica, responsabilidade, responsividade,
entonação, polifonia, entre outros. Em outras palavras, o objetivo ao qual se propõe este GT
é verificar que, por meio das pesquisas em AD, é possível pontuar o diálogo com o
pensamento do Círculo de Bakhtin, bem como se e como ocorre o funcionamento das
concepções de base teórica bakhtiniana, tanto os de ordem linguística quanto os de ordem
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literária, isso sem contar os de ordem sociológica. Pretende-se neste GT, portanto, entender
o funcionamento teórico do que comumente denomina-se como filosofia da linguagem de
escopo bakhtiniano, ao se considerar aspectos evolutivos dos estudos linguísticos e literários
que se distanciam de uma visão puramente sistêmica da linguagem, desta feita, com uma
vinculação social, ideológica e estética.
O DISCURSO TRÁGICO NA MODA DE VIOLA
Aldenir Chagas Alves (UFG-CAC)
[email protected]
Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG-CAC)
[email protected]
Um dos estilos da música caipira, a moda de viola se constitui como arquétipo do sujeito
caipira. Com um formato narrativo fincado em relatos orais, as letras de moda de viola foram
por décadas do século XX meio de transmissão de conhecimentos cantada nos encontros,
festas religiosas e depois com a chegada do rádio foi submetida a transformações, mas que
insistiu em contar a história da labuta do homem do campo perpassada na história do Brasil
rural com suas modificações políticas e culturais. Um fator marcante, mas não como regra é
a presença do trágico em muitas composições desse estilo musical. Nessa ocorrência é
possível perceber como corpus o discurso que se enuncia sobre o sujeito caipira. Esse
indivíduo interpelado em sujeito por meio do discurso trágico é constituído pela
interdiscursividade. A partir desse recorte, fundamentamos as noções de interdiscurso
proposta por Pêcheux (2009) dialogando com as acepções de dialogismo elaborada por
Bakhtin (1993). A plurissignificação dos signos enunciados nas composições que geralmente
narram as aventuras e desventuras do sujeito caipira é marcada pela presença de dizeres
sobre moralismo, religiosidade e nostalgia que funcionam como resposta ou responsividade
às vozes ou do confronto delas que são postas e arquitetadas no discurso trágico. No projeto
enunciativo que se instaura nos sujeitos constituídos há uma dispersão de discursos que
fogem do controle do enunciador, que se apresenta na alteridade sígnica das letras as
marcas das formações discursivas vindas da forma-sujeito do discurso.
GÊNERO DISCURSIVO VULGARIZAÇÃO CIENTÍFICA: APROXIMAÇÕES POSSÍVEIS
Bruno Franceschini (PG-UFU)
[email protected]
Propõe-se, neste trabalho, articular os estudos de Mikhail Bakhtin e de Michel Foucault com
vistas a empreender um gesto de leitura em um artigo de vulgarização científica veiculado
em seção especial no site da revista Veja, o qual trata da questão do comportamento do
sujeito aluno hiperativo e da banalização dos diagnósticos de hiperatividade. Desse modo,
uma vez que se discorrerá acerca de aspectos discursivos sob o viés dessas duas correntes,
acredita-se ser necessário conceituar o campo científico no qual esta pesquisa está
embasada, porque, considerando os estudos do Círculo de Bakhtin (1992) quanto à
conceituação da linguagem enquanto prática de interação verbal e social, observa-se a
dimensão dialógica e heterogênea do discurso, e os traços ideológicos e sociais presentes
neste. Portanto, este estudo pretende descrever o funcionamento discursivo do gênero
discursivo vulgarização científica e observar uma possível articulação entre os conceitos
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bakhtinianos de exauribilidade temática e estrutura composicional do gênero e os conceitos
foucaultianos de referente e de suporte material. Assim, esta pesquisa utiliza, em especial, os
trabalhos de Authier-Revuz (1982, 1990) para a compreensão da heterogeneidade discursiva,
de Mikhail Bakhtin (1981, 1992, 2003) para o estudo dos gêneros discursivos e de Michel
Foucault (1986) para o estudo da Análise de discurso.
A BUSCA PELA FLUÊNCIA EM LÍNGUA INGLESA:
DIÁLOGOS POSSÍVEIS E EFEITOS DE SENTIDO
Evelyn Cristine Vieira (UFG-CAC)
[email protected]
O objetivo desse trabalho é refletir acerca das discursividades construídas acerca do termo
“fluência” e as características atribuídas a esse termo no âmbito de ensino de Inglês como
Língua Estrangeira. Nossa preocupação advém do uso do termo “fluência” em diferentes
âmbitos e como parte de diversos discursos – acadêmico, publicitário, pedagógico – acerca
do ensino de idiomas. Inicialmente, propomos pensar a questão da fluência em um contexto
mais amplo e não minimizá-lo a uma única habilidade, como propõe alguns enunciados
institucionais das escolas de idiomas. Portanto, nosso intuito é pensar o modo de construção
dessas discursividades e verificar como as mesmas influenciam o meio em que circulam, ou
seja, como são produzidas e que efeitos de sentidos retornam a esses lugares discursivos. O
que propormos, para tanto, é uma aproximação de caráter teórico entre a Análise do
Discurso Francesa (ADF) e o Círculo de Bakhtin. Vale ressaltar que tal aproximação é
cuidadosa, uma vez que observamos que as noções pensadas pelo Círculo são noções
operacionais para a ADF, que organiza metodologicamente suas análises de discursos; no
entanto, o Círculo de Bakhtin produziu, sobretudo, filosofia da linguagem, um aparato
epistêmico para se pensar na e sobre a natureza da linguagem e seu uso. Essa preocupação
coincide com o objetivo de verificarmos alguns enunciados dos sujeitos pesquisados, a fim
de melhor entender o funcionamento dos dizeres desses sujeitos no processo de ensino e
aprendizagem de LE no que diz respeito ao tema da fluência. Por isso, faz-se necessário
pensar o funcionamento social e, portanto, político e ideológico desses enunciados que
frequentemente circulam e acabam por influenciar o processo de ensino de Inglês.
DIALOGISMO E POLIFONIA: ENTRE O VERBAL E NÃO VERBAL NO DISCURSO DA
REVISTA VEJA SOBRE A ELEIÇÃO E RENÚNCIA DO PAPA BENTO XVI
Fábio Márcio Gaio de Souza (Universidade do Vale do Paraíba)
[email protected]
Compreender o dialogismo em Bakhtin como elemento que estabelece a natureza
interdiscursiva da linguagem, implica em dizer que todos os enunciados são dialógicos e
assim o enunciador para constituir seu discurso, o faz a partir de outro discurso, de suas
relações neste processo dialógico. O enunciado possui autor e é endereçado a alguém, e em
se tratando de imprensa escrita, esse destinatário é o leitor. Ao nos reportarmos a capa da
edição número 1902 de 27 de abril de 2005 e da edição número 2309 de 20 de fevereiro de
2013, toma-se como objeto de análise a imagem e a palavra constituintes do enunciado
referentes à eleição e a renúncia do Papa Bento XVI, em uma relação de texto que se referem
a outros textos e de discurso que remetem a discursos outros. Na relação concebida com o
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outro externo e o outro interno, se encontram uma multiplicidade de vozes e consciências,
marcadas por contradições, silenciamentos, retomadas e ressignificações. No que se refere a
mídia impressa, os acontecimentos do cotidiano por ela relatados a partir do gênero
jornalístico, se articulam em muitos sujeitos e vozes, sendo eles o jornalista, o leitor, a fonte,
o veiculo e o anunciante em uma relação entre sujeitos e sentidos permeados pela ideologia,
pela história e pela língua, sendo, portanto, o diálogo uma forma de interação verbal e
também de dialogia entre gêneros do discurso. No jogo entre palavra e imagem, entre o
verbal e não verbal, onde a imagem estabelece pela interpretação o efeito de sentido entre a
imagem e o olhar e assim a imagem é interpretada histórica e socialmente, também, desta
forma, a palavra, enunciação, enunciado, se apresenta por meio de um processo de
interação, de movimento, de conflitos.
IDEOLOGIA, SIGNO IDEOLÓGICO E INTERDISCURSIVIDADE – UMA LEITURA
BAKHTINIANA DA MÚSICA 'LÍNGUA' DE CAETANO VELOSO
Fábio Tibúrcio Gonçalves (UFG-CAC)
[email protected]
RESUMO: A proposta de comunicação, consubstanciada no presente resumo, tem como
finalidade uma tentativa de análise da letra da música “Língua”, composta por Caetano
Veloso (1942), sob a ótica de alguns conceitos e ideias inaugurados pelo teórico russo
Mikhail Bakhtin (1895-1975). Dentro dessa proposta, partiremos da premissa bakhtiniana de
que a palavra é uma manifestação ideológica por excelência, atuando diretamente na
construção do fazer artístico do homem, ser de linguagem, cuja identidade e cultura são
forjadas pela/na linguagem. Atentando-se para essa perspectiva, será dada ênfase à
ideologia e ao signo ideológico enquanto reflexos da consciência sociossemiótica do
compositor que, no ato da criação, emprega toda carga ideológica do signo verbal,
convertendo-o em letra de música, aqui compreendida como um discurso constituído por
outros. A análise evidenciará ainda que é essa mesma consciência, espécie de dimensão
semiótica e imaterial do indivíduo, que se forma, deforma e reforma, mediante a permanente
interação do sujeito com o social, o que no labor artístico aflora numa espécie de discurso
poliédrico, marcadamente ideológico e interdiscursivo. Como se a subjetividade do sujeito
estivesse sempre em relação com outros, um coletivo de vozes que fará eco quando da
materialização do discurso na linguagem, em especial na língua, espaço seminal e semiótico
na qual a palavra servirá de abrigo ao signo ideológico, o que na lírica de Caetano Veloso se
convola sutileza musical e poética.
A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA NA LITERATURA DE AUTOAJUDA: QUESTÕES DE
LINGUAGEM E CULTURA
Lady Daiane Martins Ribeiro (UFG-CAC)
[email protected]
Grenissa Bovino Stafuzza (UFG-CAC)
[email protected]
Este trabalho tem como objetivo apresentar a relação entre identidade, cultura e linguagem
a partir da literatura de autoajuda. Ao refletir sobre a construção identitária nos textos de
autoajuda Você é insubstituível (Cury, 2002) e Tudo ou nada (Shinyashiki, 2006), intentamos
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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compreender como o discurso de autoajuda circula na sociedade. Os corpora em análise
revelam a ideia de que através do esforço pessoal o indivíduo é capaz de conseguir tudo que
deseja. Nessa perspectiva, basta que o indivíduo seja capaz de controlar e direcionar suas
energias para seus objetivos, que o resultado será satisfatório. A noção de identidade
encontra-se como uma noção colocada em evidência nos estudos contemporâneos, e é
considerada como um marco de análises sobre sujeitos que se encontram em “crise” por não
ter um referencial seguro que garanta estabilidade social e emocional. Apropriando-se da
“fragilidade” identitária, o discurso de autoajuda ocupa lugar de verdade e de saber sobre o
sujeito leitor, propondo-lhe caminhos para alcançar o sucesso. Assim, para tratar de
identidade, traremos para a discussão os conceitos de cultura e linguagem que se
relacionam na constituição identitária de quem enuncia no universo discursivo da autoajuda.
Diante disso, propomos uma discussão teórica sobre as construções identitárias produzidas a
partir do discurso de autoajuda analisando as relações que esse discurso instaura por meio
da análise de alguns enunciados.
PONTOS DIALÓGICOS E IDEOLÓGICOS ENTRE INFINITA HIGHWAY E ON THE ROAD
Laíce Raquel Dias (UFG-CAC)
[email protected]
Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG-CAC)
[email protected]
A linguagem se faz, sob o domínio da comunicação verbal, no diálogo entre os discursos.
Neles, a linguagem, o sujeito e a ideologia se imbricam de maneira indissociável. Nesse
sentido, este artigo se propõe a apresentar pontos em que se aproximam a letra da canção
Infinita Highway, de Humberto Gessinger, e o romance On the road, de Jack Kerouac. À luz
das proposições de Mikhail Bakhtin (1988), bem como de outros autores que corroboram
com sua abordagem, será traçado um percurso por meio de algumas noções do círculo de
Bakhtin numa interface com a Análise do Discurso que possibilitarão maior clareza ao tratar
da relação dialógica que se estabelece entre os elementos do corpus. Faz-se necessário, para
tal, pensar como a linguagem é marcada por aspectos que ultrapassam as barreiras
linguísticas, retomar o que se entende por discurso e revisitar as considerações sobre o
sujeito – agente (re)produtor e (trans)formador do discurso – e do próprio dialogismo. A
partir da abordagem deste último, será possível investigar de que maneira o diálogo ocorre
entre a letra da música e o romance, se há preocupação em delimitar o que é do “outro”
(Kerouac) e o que é do “eu” (Gessinger), ou se a ponte dialógica se faz apenas por meio de
aspectos trazidos pela alusão de um discurso a outro. Tal observação aponta para o
horizonte das heterogeneidades (constitutiva e mostrada, marcada e não marcada) tratadas
por Jaqueline Authier-Revuz (1990), que tem as proposições bakhtinianas do dialogismo da
linguagem como norte de seu trabalho. Assim, este artigo se propõe a trazer uma pequena
amostra de como os discursos se encontram na highway da comunicação verbal no recorte
do corpus em questão.
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DIALOGISMO EM MEMES UTILIZADOS PELO STJ NO FACEBOOK: INFORMAÇÃO PARA
LEIGOS OU OFENSA PARA USUÁRIOS?
Loraine Vidigal Lisboa (UFG-CAC)
[email protected]
Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG-CAC)
[email protected]
A forma de ler o mundo mudou, pois transformações sociais têm exigido, dos interlocutores,
novas formas de interação além das verbais. Para Bakhtin (2003), a palavra é social e os
enunciados são frutos da interação social. Logo, há de se considerar que é pelas práticas
sociais, ou seja, pelas mediações comunicativas que se cristalizam os gêneros e, se não os
dominássemos, tendo que criá-los pela primeira vez a cada processo de fala, a comunicação
verbal seria quase impossível (BAKHTIN, 1995). Além disso, os gêneros emergem para suprir
as necessidades comunicativas dos interlocutores que têm realizado tal interação
subsidiados por inúmeros gêneros advindos de novas relações entre os sujeitos,
influenciados por vias midiáticas, em especial, pela internet. Um exemplo de gênero
discursivo emergente são os memes que ao aliar imagens e textos verbais, propiciam
diversas relações de sentido (principalmente humorísticas) e têm sido bastante explorados
nas redes sociais. Assim, ao aliar os estudos bakhtinianos sobre gêneros discursivos,
reconhecer as esferas de atividade humana que propiciam o surgimento desses gêneros,
(neste caso, esferas oriundas da interação mediada pela internet), o aspecto ideológico dos
signos que constituem os enunciados e as relações dialógicas entre eles, visa-se com esse
trabalho analisar o dialogismo em alguns memes utilizados pelo Superior Tribunal de Justiça
(STJ) em seu perfil na página do facebook. Devido ao caráter idôneo e de instituição de fé
pública, o uso de memes pelo STJ para informar e definir termos jurídicos para a população
tem provocado bastante polêmica entre os usuários da rede e na mídia devido ao caráter
humorístico do gênero.
PRÁTICAS SUBJETIVAS E SEMÂNTICAS NO DISCURSO CINEMATOGRÁFICO DE ADEUS
LÊNIN
Lucas Garcia da Silva (UFG-CAC)
[email protected]
O presente estudo foi desenvolvido com o intuito de identificar as relações de sentido e
sujeitos sob as contribuições teóricas da Análise do Discurso (AD) de linha francesa.
Tomando como base algumas noções dos conceitos atribuídos a Michel Pêcheux e Michel
Foucault; e tendo o filme enquanto corpus da pesquisa, propomos uma análise em que é
pertinente perceber as noções de subjetividade e a semântica, segundo as noções propostas
pelos autores em questão. No filme Adeus Lênin, de Wolfgang Becker, cineasta alemão,
especialista em literatura e história alemã pela Universidade Livre de Berlim, identificamos
Alex Kerner, bem como sua mãe Sra. Kerner como sujeitos-personagens do filme em estudo
e que, têm seus dizeres atribuídos às ideologias em que são assujeitados. Percebemos que a
conjuntura sócio-política identificada no filme, é influenciadora nas questões pertinentes aos
discursos produzidos ao longo da película. Entendemos que a produção cinematográfica, ou
seja, o jogo de câmeras, montagem, encenação e iluminação, apenas para citar alguns
aspectos é, por excelência, ideológica. As noções de ideologia de Louis Althusser e Paul
Ricoeur são fundamentais para a compreensão da proposta da análise e do estudo em
questão. Iremos perceber como o jogo de atrações, ou seja, o modo pelo qual as cenas são
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constituídas semanticamente influenciam na produção dos sentidos que emergem da
narração fílmica de Becker. Em primeira instância, analisamos o título do filme sob as noções
de formações discursiva e imaginária de Michel Pêcheux para, em seguida, partir para uma
análise da materialidade discursiva que envolve o fio discursivo do filme em estudo.
NAS MEDIAÇÕES EDITORIAIS DO LIVRO DIDÁTICO: A REPRESENTAÇÃO DE LEITOR
ATRIBUÍDA AO ESTUDANTE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Luciana Rugoni Sousa (PPGL-UFSCar)
[email protected]
Este trabalho busca uma análise investigativa sobre o imaginário de leitor que o livro
didático de educação a distância da SEaD-UFSCar constrói. Dito isso, analisaremos as
mediações editoriais realizadas de um lugar possivelmente privilegiado, porém ainda pouco
explorado em estudos linguísticos: o do revisor de textos. Nesse sentido, partimos do
pressuposto de que nessas mediações, ao contrário da perspectiva corrente de que revisar
consiste em detectar transgressões nas convenções da norma culta, a perspectiva dialógica
nos permite ver os aspectos discursivos do texto, em que o revisor analisa nos enunciados a
concatenação das ideias, as relações de sentido, o endereçamento do texto, a alternância dos
sujeitos do discurso. Com isso, entendemos que o trabalho dos profissionais do texto
configura também um olhar outro importante, que participa do movimento de ocupação do
lugar de leitor – trata-se de um “leitor profissional” – e ao mesmo tempo de um lugar de
autor – trata-se de um “co-enunciador editorial”. Pretendemos, dessa forma, analisar
discursivamente, nos processos de edição da SEaD-UFSCar, manobras editoriais
fundamentalmente linguísticas, nas quais se produz a imagem do leitor estudante. Para
tanto, focalizaremos o material Educação a distância: o aluno virtual, oferecida aos cinco
cursos de graduação implantados. Posto isso, visando a um melhor entendimento do
trabalho realizado pelos profissionais encarregados de dar tratamento editorial aos textos,
bem como a contribuir para a produção dos livros de EaD, nossa pesquisa tem base nas
propostas teóricas de D. Maingueneau formuladas no quadro da análise do discurso de
tradição francesa, e na filosofia da linguagem de M. Bakhtin. Examinamos, com essa
fundamentação, o que L.S. Salgado refere como ritos genéticos editoriais, investigando, no
processo editorial, o encontro das várias vozes que constituem a imagem de leitor atribuída
ao estudante de EaD.
DIÁLOGOS ENTRE BAKHTIN E CHARAUDEAU: UMA ANÁLISE DO DISCURSO
PUBLICITÁRIO
Maira Guimarães (UFMG)
[email protected]
Entendendo o texto como um dos meios para uma análise histórica, social e cultural de
determinada sociedade, buscamos, através da linguagem publicitária pertencente à marca
Mizuno (publicada na revista Tpm do mês de setembro de 2010), compreender como os
sujeitos e os discursos inseridos na linguagem retratam os imaginários sociodiscursivos da
mulher contemporânea. Este trabalho tem como enfoque o diálogo entre os teóricos do
Círculo de Bakhtin e o teórico Patrick Charaudeau, através, respectivamente, dos conceitos de
dialogismo, enunciado e enunciação, de um lado e, de outro, da definição dos sujeitos da
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linguagem presentes na teoria semiolínguistica. Trabalhando com Bakhtin (1992), no que se
refere ao conceito de dialogismo entre interlocutores e entre discursos, apresentaremos o
princípio da alteridade como elemento essencial para a interação entre os sujeitos, bem
como o fato de todo discurso não ser único e individual, pautando-se, portanto, em uma
relação permanente de interdiscursividade. Demonstraremos os imaginários sociodiscursivos
do universo feminino através da caracterização do ato de linguagem como inter-enunciativo
apresentado por Charaudeau (2008). Tralharemos, portanto, com a presença de quatro
sujeitos da linguagem (EU enunciador, EU comunicante, TU destinatário, TU interpretante)
que se encontram em dois universos de discursos que não são iguais. Desta forma,
propomos a utilização dos conceitos do círculo de Bakhtin para que, juntamente com o
auxílio de noções e termos pertencentes à análise do discurso de orientação francesa,
possamos analisar os imaginários sociodiscursivos femininos presentes no discurso
publicitário da marca Mizuno. A análise inicial do corpus nos permite afirmar que há uma
tentativa de rompimento de alguns imaginários sociodiscursivos, pois relacionam a mulher à
ideia de movimento, no entanto, destacamos o endossamento do imaginário feminino
caracterizado pela sensualidade, desejo e sensibilidade.
LEITURA NO ENSINO MÉDIO: UMA PERSPECTIVA DISCURSIVA
Mary Rodrigues Vale Guimarães (UFG-CAC/GEDIS)
[email protected]
Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG-CAC-GEDIS)
[email protected]
A comunicação que ora proponho visa analisar o discurso de redações de alunos de Ensino
Médio que propunham dois temas para desenvolvimento: i) Como foi o início de sua
experiência de leitura e ii) Como se sentiu a partir do momento em que passou a ter
autonomia para ler o que quisesse. As produções textuais, produtos dessa atividade de
redação constituiu-se, portanto, o corpus de pesquisa, pois levantamos questões sobre o
sujeito-leitor-escritor que enuncia, observando em sua escrita de que se trata “sua” memória
discursiva. Assim, pretendemos problematizar o que leva muitos desses sujeitos a não serem
interpelados pela leitura, não constituírem-se leitores e escritores relativamente autônomos,
pontuando, assim, a análise do papel da unidade escolar na formação do sujeito-leitorescritor. Portanto, objetivamos refletir sobre as condições de produção do discurso das
produções textuais de alunos do Ensino Médio, de uma escola estadual da cidade de Campo
Alegre de Goiás-GO, bem como investigar as vozes que atravessam os relatos das
experiências de leitura desses sujeitos, refletindo sobre a prática discursiva de leitura. Entre
os objetivos específicos, pretendemos interpretar a partir dos documentos oficiais do
governo que orientam a prática docente para o ensino de Língua Portuguesa, o diálogo que
se instaura no domínio teórico e prático a partir da análise do corpus. Para tanto,
recorreremos a Bakhtin/Volochinov (1929/1988, p. 109) que critica o objetivismo abstrato de
Saussure e apresenta a língua como “fenômeno social de interação verbal, realizada através
da enunciação e das enunciações”. A fundamentação teórica de pesquisa dá-se pelo víeis da
Análise do Discurso francesa de Michel Pêcheux em uma relação de diálogo com os estudos
bakhtinianos da linguagem. Como fundamento complementar de trabalho, evocaremos os
estudos de Chartier (2009).
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DIALOGISMO, POLIFONIA E MEMÓRIA EM EU VOS ABRAÇO, MILHÕES
Neuza de Fátima Vaz de Melo (UFG-CAC)
[email protected]
O propósito deste trabalho é demonstrar a questão da dialogização, polifonia e memória na
obra Eu vos abraço, milhões, de Moacyr Scliar, publicada em 2010. È relevante a questão do
sujeito-narrador recorrer à memória enquanto estratégia narrativa para a reconstituição do
passado. Em Eu vos abraço, Milhões temos apenas um sujeito-narrador, Valdo, que recorre às
lembranças do passado para contar a sua história através de uma carta ao neto. Dado o
exposto, essa pesquisa objetivou discutir em que medida os enunciados discursivos estão
marcados por uma pluralidade de diferentes vozes provenientes de diversos falantes e de
variados contextos coexistindo em função do caráter dialógico das práticas discursivas.
Percebemos diferentes discursos com diferentes vozes caracterizando os vários discursos,
coexistindo em um único espaço discursivo: a obra literária em estudo. Nesse sentido,
recorremos aos construtos teóricos que fundamentam a Análise do Discurso de linha
francesa. Partimos das noções bakhtinianas de dialogismo e polifonia e, das noções
benjaminiana sobre memória. Como resultado, foi possível evidenciar a presença do
conceito de dialogia na elaboração da obra analisada, cuja história rememora a trajetória da
vida de Valdo, ou seja, as passagens que considera serem as mais marcantes de sua vida.
Desse modo, na narrativa, ouve-se uma multiplicidade de vozes, vozes que se sobrepõem e
fazem retornar palavras ditas que são reditas de modo a ressignificar o passado que ora se
faz presente no novo modo de encarar a vida. E assim, a história e seu sujeito-narrador são
reconstruídos como o são a vida e o Homem, este ser histórico e social.
UNE COMMUNAUTÉ – RELAÇÕES ESTÉTICAS ENTRE BAKHTIN, GLISSANT E ECO NA
OBRA TEXACO
Olivânia Maria Lima Rocha – (UFPI)
[email protected]
Os recursos lingüísticos e estilísticos materializam a tessitura textual da trama de um
romance, e assim construindo-o. Nosso intuito é analisar como a narrativa se constrói através
das relações estéticas estabelecidas em Texaco; um romance do escritor Antilhano Patrick
Chamoiseau, que num jogo entre real e imaginário tecer uma tapeçaria mnemônica para
contar a formação de um bairro a partir do legado da família Laborieux. A guisa de
introdução esse livro instiga nossa perspectiva para compreender o modo como texto se
apresenta, observando uma nova estética para percepção e interpretação da escritura
produzida por indivíduos de países descolonizados. Esse estudo foi desenvolvido com as
leituras do livro Texaco, da fortuna crítica e por fim, tendo como ponto de partida
analisamos o capítulo Anunciação. Em nosso percurso, como orientação teórica, utilizaremos
os seguintes autores: Mikhail Bakhtin (1970) trazemos o conceito de dialogismo; sendo esse
o princípio constitutivo da linguagem, Bakhtin (1997) traz algumas análises sobre polifonia.
Paulo Bezerra (2008) sobre polifonia; essa sendo uma multiplicidade de vozes e consciências
independentes e imiscíveis. Glissant (2005) aborda a crioulização como processo em que
elementos culturais são colocados na presença uns dos outros sendo obrigatoriamente
equivalentes em valor. De Eurídice Figueiredo (1998) vem os estudos sobre o romance do
nós; esse acontece quando há um revezamento de personagens no papel de narrador. Nas
considerações de Eco (2000), tem a contribuição sobre metáfora, supondo que está quando
bem realizada traz para o texto um cenário bem amplo. Percebe-se no texto que as relações
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estéticas estão no cerne da formação de uma grande teia de relacionamentos que é possível
através da presença do Dialogismo, da Polifonia, das Metáforas, da discussão sobre
Identidade e Memória, sendo essas relações (re)significadas na experiência cotidiana.
CONFLITO E CONSTRUÇÃO: O NASCIMENTO DE UMA NOVA IDENTIDADE FEMININA
ATRAVÉS DO OLHAR
Patrícia Aparecida Barros (UFG-CAC)
[email protected]
Este trabalho pretende refletir sobre a construção da identidade feminina a partir do olhar da
personagem Capitu, nas obras Dom Casmurro (1983), de Machado de Assis, e Capitu (1993),
de Lygia Fagundes Telles e Paulo Emílio Salles Gomes. Pretendemos analisar o olhar da
personagem Capitu, considerando-o uma instância discursiva e identitária na contradição
entre sujeição e liberdade, que permeia Capitu. O olhar da personagem substitui a fala, que
significa e produz sentidos por meio do silêncio, sentidos esses que provocam no leitor a
permanente dúvida se houve ou não traição. Sabe-se que Capitu é rodeada pela duplicidade
dos sentidos que se entrelaçam entre o conteúdo e a objetivação exterior do mesmo para
outrem. No entanto, o que o outro observa são apenas as expressões da personagem que
ora parece angelical ora parece diabólica. Todas essas características que reafirmam a
natureza de Capitu não podem ser deixadas de lado, uma vez que todo o discurso referente
ao contexto da personagem é fruto da esfera social a qual valores são implantados e fixados
ao caráter de cada indivíduo. Diante do histórico complexo de ambas as obras aqui citadas, a
história que Capitu escreve não tem princípio na verbalização do Eu, ao contrário, é muito
mais o Outro que mantém o discurso ativo. Sendo assim, para abordar melhor este assunto,
sustentaremos a presente análise nos postulados teóricos da Análise do Discurso de linha
francesa, tendo como base, principalmente, os postulados teóricos de Mikhail Bakhtin (1997)
e Michel Foucault (2005).
ENUNCIADO, ENUNCIADO CONCRETO E SUJEITO RESPONSIVO: UMA ANÁLISE
DISCURSIVA DAS DIRETRIZES CURRICULARES PARA EJA DO ESTADO DE GOIÁS
Rozely Martins Costa (GEDIS-UFG-CAC-PMEL)
[email protected]
Propomos para essa comunicação tratar dos conceitos de enunciado, enunciado concreto e
sujeito responsivo a partir da obra do Círculo de Bakhtin. Objetivamos conhecer como que a
filosofia da linguagem concebe esses conceitos e, a partir disso, iniciar uma análise à luz
dessas noções sobre o discurso institucional que circula no âmbito educacional pedagógico,
especialmente, aquele no qual se inserem as Diretrizes de Educação de Jovens e Adultos do
Estado de Goiás. Sabemos que, para Bakhtin o conceito de enunciado vai além de teorias
que postulam o paradigma “emissor-mensagem-receptor”. O enunciado, segundo o filósofo
da linguagem russo, é a unidade concreta e real da comunicação discursiva, já que é na
forma de enunciados concretos e singulares que ocorre a existência do discurso e esses
enunciados são proferidos por sujeitos discursivos das mais diversas esferas da atividade e
comunicações humanas. Os enunciados preveem um receptor, que não é um apenas ouvinte
passivo, mas que responde ao enunciador (também sujeito falante), estabelecendo uma
avaliação axiológica desde o início. Desse modo, muito diferente do modo como as teorias
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da comunicação considera o ouvinte, Bakhtin traz um novo ouvinte: aquele que não somente
ouve passivamente, sem trazer nada de novo, mas dá uma resposta, mesmo que essa
resposta seja no silêncio de seus pensamentos, aceitando, refutando, concordando em partes
ou integralmente com o emissor. Na verdade, o destinatário do discurso demonstra sua
compreensão concreta por meio de uma resposta, “uma objeção motivada - uma
aquiescência”, ou seja: “a compreensão amadurece a resposta. A compreensão e a resposta
estão fundidas dialeticamente e reciprocamente condicionadas, sendo impossível uma sem a
outra.” (BAKHTIN, 1999, p. 90). Assim, ao elegermos estes conceitos queremos iniciar uma
análise discursiva do documento Diretrizes Curriculares para EJA do Estado de Goiás, e
compreender à luz da teoria bakhtiniana a responsividade do sujeito-professor a quem se
destina o documento.
CRISTIANISMO, AUTOAJUDA E CAPITALISMO: UMA PARCERIA DE SUCESSO
Samuel Cavalcante da Silva (GEDIS-UFG-CAC-PMEL-FAPEG)
[email protected]
Neste trabalho, considerando as reflexões de Bakhtin sobre dialogismo, analisamos alguns
enunciados do discurso de autoajuda presentes na obra O Monge e o Executivo, de James C.
Hunter. Procuramos evidenciar os diálogos que o discurso de autoajuda trava com outros
discursos, em especial, com o discurso bíblico e com o discurso econômico-capitalista sobre
sucesso, buscando entender os efeitos de sentidos produzidos por tal diálogo. Para Bakhtin
(1981, 1997), o discurso é dialógico, isto é, ele dialoga de diversas formas com enunciações
que vieram antes dele, discute com enunciações prévias, retoma-as num processo ativo de
resposta. Nesse sentido, o discurso é uma construção social e não individual fruto da
interação dos sujeitos com a história e a sociedade. Observamos na obra analisada que
James C. Hunter utiliza-se da figura de Jesus Cristo, enquanto líder, apresentando exemplos
bíblicos de sua vida para propor ensinamentos sobre liderança. Portanto, o discurso de
autoajuda retoma (dialoga) com o discurso bíblico, um discurso cristalizado, reconhecido,
que possui credibilidade no mundo ocidental para oferecer ao seu leitor “técnicas” para
alcançarem o sucesso profissional, dialogando, assim, com outro discurso, contemporâneo,
produzido pelo capitalismo, o sucesso. Neste diálogo entre o discurso bíblico e o discurso
econômico-capitalista sobre o sucesso, observamos um discurso de autoajuda que se utiliza
de um discurso cristalizado e reconhecido num diálogo com um discurso contemporâneo
produzido por um sistema capitalista que trabalha com a perspectiva de produzir sujeitos
trabalhadores “eficazes” e ao mesmo tempo dóceis com a promessa de serem bem
sucedidos. Portanto, o diálogo que a autoajuda estabelece entre estes discursos pode
produzir no sujeito leitor, sentidos que advêm de uma relação com o que ele considera
verdade (a Bíblia), com aquilo que o mercado de trabalho exige, neste sentido, Jesus como
exemplo de paciência, dedicação e serviço ao próximo torna-se modelo a ser seguido pelas
pessoas que buscam o sucesso.
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GT 05 – ESTUDOS COM LINGUÍSTICA DE CORPUS
Coordenadores:
Prof. Dr. Guilherme Fromm (UFU)
[email protected]
Já há mais de uma década, a Linguística de Corpus tem afirmado sua posição como uma
metodologia de pesquisa de destaque na Linguística. Trabalhar com dados empíricos não é
primazia dessa área, contudo os avanços da informática possibilitaram que uma atividade
antiga entre os linguistas, coleta e análise de dados, atingisse um novo patamar. De poucos
textos ou centenas deles, passamos a milhares ou milhões de textos trabalhados
semiautomaticamente por programas de análise lexical, numa velocidade crescente. O
objetivo deste Grupo de Trabalho é a apresentação e compartilhamento, por parte de
pesquisadores, de experiências nos projetos descritivos de língua que tenham a metodologia
da Linguística de Corpus como base. Desejamos enfatizar as discussões sobre os processos
de compilação dos corpora, os potenciais e as limitações dos programas de computador
(pagos ou gratuitos) que analisam esses corpora, as bases de dados que fornecem subsídios
para trabalhar a análise linguística dos textos, as facilidades/dificuldades com as interfaces
dos corpora disponíveis na Internet, as relações entre a Linguística de Corpus e a Linguística
Computacional e os resultados de pesquisas já desenvolvidas ou em desenvolvimento na
área. Dentre as áreas de análise que utilizam corpora e que podem contribuir com o GT,
destacamos: estudos de Fonética e Fonologia; frequência das palavras mais comuns da
língua; frequência das classes gramaticais; Morfologia e variações morfossintáticas; Sintaxe;
comparação de colocações na língua (como as adverbiais, por exemplo); reconhecimento de
lexias compostas (como binômios) e complexas (ou n-gramas); fraseologismos (provérbios,
expressões idiomáticas); regência verbal e nominal; seleção de nomenclatura e dados para
uma obra terminológica (em todas as áreas); criação de dicionários gerais mono- ou
multilíngues; verificação de modalidades de tradução em corpus mono- ou bilíngue;
Dialetologia; base de dados para tradutores; ensino de língua estrangeira e elaboração de
material didático (ESL); avaliação de traduções literárias, técnicas e jornalísticas (corpora
paralelos); subsídios para estudos de Texto, Gênero e Discurso; Prosódia; construção de
ferramentas informatizadas (como corretores lexicais e gramaticais, sumarização, mineração
de textos, simplificação e elaboração textual); processamento natural de língua (PNL) –
traduções automatizadas; descrição da Interlíngua no ensino de língua estrangeira; análises
estilísticas; Pragmática; descrição e análise de “erros” em textos escritos em língua materna
ou estrangeira; Semântica; tradução humana e automática; estudo e tratamento de
Metáforas.
CONTRIBUIÇÕES DAS LISTAS DE PALAVRAS (OU VOCABULÁRIO CONTROLADO) PARA
A AULA DE LÍNGUA INGLESA
Aline da Cruz Lopes (UEG – Quirinópolis)
[email protected]
Jackeline Martins de Paiva (UEG – Quirinópolis)
[email protected]
Esse trabalho é um aprofundamento das discussões de Silva (2011) com relação ao uso de
listas de palavras (ou vocabulário controlado) em inglês na elaboração de atividades
didáticas. A utilização de listas com vocabulário controlado para auxiliar no ensino de língua
inglesa é uma prática que começou a ganhar vulto na primeira metade do século XX.
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Partindo da premissa de que as palavras mais importantes podem/devem ser ensinadas em
primeiro lugar, as listas indicam um caminho a ser seguido, paralelamente ao livro didático
ou não. No entanto, as listas de palavras representam a língua de forma fragmentada, pouco
atraente para o aprendiz. A idéia não é fornecer ao aprendiz uma lista de palavras para que
ele as memorize mecanicamente. A inserção das listas de palavras pode ocorrer de forma
natural, lançando mão de diversos recursos e exercícios, sejam eles escritos ou orais. Isto
pode ser feito como apresentação ou reforço de vocabulário. O objetivo geral desse trabalho
é apresentar algumas listas de frequência, com atenção especial para a General Service List,
idealizada para fins didáticos. O objetivo específico é apresentar algumas aplicações e
possibilidades de uso das palavras na prática de língua inglesa que vem sendo desenvolvidas
experimentalmente na Universidade Estadual de Goiás/UnU Quirinópolis. A base teórica
conta com as contribuições da Linguística de Corpus e da Lexicologia: West (1953), Nation
(2001, 2003), Davies (2010) e Silva (2010, 2011). Uma abordagem que leve em consideração
as listas de palavras mais comuns tende a produzir resultados positivos na aula de língua
inglesa.
TRADUÇÃO E CORPUS: ALGUNS ASPECTOS DA PONTUAÇÃO
Ariel Novodvorski (ILEEL - UFU)
ariel [email protected]
O presente trabalho aborda especificamente alguns aspectos da pontuação, analisados em
nossa pesquisa de doutorado, numa interface entre Linguística de Corpus, Estilo e Tradução.
Os estudos sobre estilo da tradução vêm crescendo consideravelmente na última década.
Baker (2000) e Malmkjaer (2003; 2004), ente outros, interessam-se por questões de estilo de
tradução, apoiadas nos subsídios advindos da pesquisa baseada em corpus. Essas
pesquisadoras se servem das ferramentas da linguística de corpus, entre outros, para
investigar a presença da voz do tradutor (HERMANS, 1996; SCHIAVI, 1996; MAY, 1994).
Bosseaux (2004; 2007) destaca que as discussões sobre a visibilidade do tradutor vêm
ganhando espaço nos anos recentes. Entre os programas de computador mais flexíveis e de
simples manuseio para o estudo da linguagem baseada em corpus se encontra o WordSmith
Tools® (WST), escrito por Mike Scott e publicado pela Oxford University Press. Berber
Sardinha (2004) também destaca que as pesquisas baseadas em corpus possibilitam a
descoberta de fatos linguísticos antes impensados, capazes de fazer modificar a própria
concepção sobre a linguagem. Com o objetivo de analisar características de estilo tanto dos
textos traduzidos como de tradutores profissionais e literários, desenvolvemos um conjunto
de procedimentos metodológicos para a análise de determinados aspectos da pontuação em
corpora paralelos. Desse modo, este trabalho apresenta em parte esses procedimentos,
assim como os resultados alcançados nessa análise. O corpus utilizado para o trabalho está
composto por três traduções feitas por Sérgio Molina, da língua espanhola ao português
brasileiro, de três obras do autor argentino Ernesto Sabato. Por meio da ferramenta Concord
do WST, foi detectada uma intensificação das pausas nos textos traduzidos, a partir do uso
de uma pontuação mais forte. Esses resultados apontam para a presença discursiva do
tradutor, que ora explicita ora normaliza o texto, indicando um caminho de leitura.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
93
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
GLOSSÁRIO BILÍNGUE DOS TERMOS FUNDAMENTAIS DO SETOR FEIRÍSTICO: BUSCA DE
EQUIVALÊNCIAS EM INGLÊS
Ariane Dutra Fante Godoy (UNESP)
[email protected]
Maurizio Babini (UNESP)
[email protected]
O objetivo geral de nosso projeto é analisar a Terminologia bilíngue português-inglês do
domínio das feiras, mais especificamente dos termos fundamentais utilizados durante o
processo de preparação, participação e pós-feira, refletindo sobre os principais problemas
encontrados na busca das equivalências. O objetivo específico de nosso projeto é a
elaboração de um glossário bilíngue para uso de profissionais do setor feirístico,
pesquisadores e estudantes das áreas de comércio exterior e relações internacionais e
tradutores. A pesquisa está fundamentada nos conceitos e princípios básicos de
Terminologia de (Barros, 2004), (Krieger & Finatto, 2004), Alves (2007) e Barbosa (2009), nos
conceitos de Terminologia Multilíngue e Equivalência Terminológica de (Dubuc, 1985) e
(Cabré, 1993, 1999) e nos conceitos de Linguística de Corpus de (Berber Sardinha, 2004) e de
Dicionário Onomasiológico (Babini, 2006). Reunimos corpora nas duas línguas, que são
constituídos de livros, artigos e revistas especializados, manuais, estudo de mercado das
feiras, trabalhos acadêmicos, leis, decretos e portarias sobre feiras. Além dessas fontes,
utilizamos para nossas buscas como corpus de apoio, dicionários especializados de comércio
exterior, marketing e propaganda e administração. Os dados foram coletados por meio de
software para processamento de corpora, foram armazenados em fichas terminológicas,
neste caso utilizamos o programa Access, e organizados em sistemas nocionais. Em seguida
faremos a comparação dos sistemas conceptuais nas duas línguas estudadas e o
estabelecimento das equivalências em inglês, de acordo com a teoria de equivalência de
Dubuc. Posteriormente, procederemos à elaboração da macroestrutura, microestrutura e
sistema de remissivas do glossário, de acordo com Barros, para a confecção de nosso
glossário bilíngue português/inglês dos termos fundamentais do domínio das feiras. Uma
vez concluído nosso glossário, procederemos à análise do conjunto de termos fundamentais
do setor feirístico destacando os principais problemas encontrados na busca e no
estabelecimento de equivalências em inglês. (Apoio: FAPESP - Processo 2012/09499-5).
O PROCESSO VARIÁVEL DA DITONGAÇÃO NA CIDADE DE UBERLÂNDIA
Dúnnia Hamdan (UFU)
[email protected]
Neste projeto de pesquisa intitulado O processo variável da ditongação na cidade de
Uberlândia será observado e analisado as variações que ocorrem na fala dos cidadãos da
cidade de Uberlândia ao formarem ditongos como “nós” que se torna “nóis”, “três” que se
torna “trêis”, entre outras. Esse projeto de pesquisa está vinculado ao projeto “Fenômenos
Vocálicos no Português Brasileiro – as pretônicas no dialeto do Triângulo Mineiro: descrição
e análise via restrições”, pesquisa de maior extensão do prof. Dr. José Sueli de Magalhães que
objetiva analisar e descrever o sistema vocálico do dialeto do Triângulo Mineiro. O referido
projeto do Prof. Dr. José Sueli de Magalhães faz parte de outro projeto de maior dimensão o
PROBRAVO – Descrição Sócio-Histórica das Vogais do Português Brasileiro – coordenado
pelo Prof. Dr. Seung Wha-Lee da UFMG, em que o Prof. Dr. José Sueli de Magalhães é o
principal pesquisador responsável pelo Triângulo Mineiro. Esta pesquisa terá como guia a
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Caderno de Resumos e Programação
94
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
teoria variacionista de Labov, tomando como princípio para análise dos dados a análise
sociolinguística. Esta é de natureza quantitativa e o corpus usado para análise será avaliado
de acordo com a variável pesquisada e com os objetivos centrais da pesquisa. O projeto
encontra-se em fase final, em que está sendo feita a análise dos dados, após rodagem do
corpus no programa GOLDVARB, e a produção do relatório final.
O LÉXICO PRESENTE EM ARTIGOS DA WIKIPEDIA E DA SIMPLE ENGLISH WIKIPEDIA:
ALGUMAS CONSTATAÇÕES ADVINDAS DA ANÁLISE DE CORPORA
Eduardo Batista da Silva (UEG)
[email protected]
O professor de língua inglesa pode recorrer a textos diversos encontrados na internet para
que os aprendizes tenham prática na habilidade de leitura. Nesse sentido, a utilização de
artigos de duas enciclopédias colaborativas online (Wikipedia e Simple English Wikipedia)
apresenta-se como mais um recurso de aprendizagem. Este trabalho traz resultados de um
projeto de pesquisa e tem como objetivo analisar quantiqualitativamente o conteúdo lexical
de alguns artigos da Wikipedia, enciclopédia destinada a um público falante nativo de língua
inglesa e artigos da Simple English Wikipedia, destinada a aprendizes de língua inglesa. O
embasamento teórico recorrerá aos estudos da área de Linguística de Corpus e Ensino de
Vocabulário, principalmente nos seguintes trabalhos: Berber Sardinha (2004, 2005), Biderman
(2001), Cobb (2007), Nation (2001, 2003) e Silva (2011). Com relação à metodologia, foi
compilado um corpus com 70 artigos, sendo 35 artigos da Simple English Wikipedia e 35
artigos com o mesmo título da Wikipedia. A fim de processar o corpus em questão, foi
utilizado um software linguístico-estatístico chamado VocabProfile, um programa online que
divide um texto em faixas de frequência lexical, a partir de seu banco de dados, a saber: faixa
K1, a lista das 1.000 palavras mais comuns do inglês; faixa K2, a lista com as próximas 1.000
palavras mais frequentes; faixa AWL, a lista com as palavras mais utilizadas na comunicação
acadêmica e faixa OFF, a lista de exclusão, que identifica palavras que não se encontram nas
listas anteriores. Os resultados obtidos indicam que não há diferença significativa no que diz
respeito ao perfil lexical entre a Simple English Wikipedia e a Wikipedia. As duas
enciclopédias, no entanto, se diferenciam primordialmente pela extensão dos artigos.
A METÁFORA CONCEPTUAL NO POEMA CANTARES DE SALOMÃO
Francisca Maria Carvalho (UFMG)
[email protected]
Este trabalho tem como proposta observar a metáfora conceptual do poema de amor bíblico
de Cantares de Salomão. Desse modo, estudei 05(cinco) metáforas para sustentar a hipótese
de que Salomão utiliza a linguagem metafórica conceptual para retratar o relacionamento de
Deus e a humanidade, quando estabelece a associação entre a beleza física de sua amada e
elementos da natureza, motivado pela sua experiência de vida. As 05(cinco) metáforas foram
selecionadas da Bíblia e analisadas a partir da metáfora conceptual de Lakoff e Johnson
(2003) bem como dos estudiosos dos símbolos bíblicos Kövecses (2002) e Barcelona (2003).
Os dados comprovaram que o poema Cantares de Salomão apresentou domínios fonte
CORPO HUMANO e domínio alvo RELACIONAMENTO DIVINO-HUMANO. Estes domínios,
representados no poema bíblico, resulta das sensações e emoções que Salomão experiência
III SINALEL
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
quando o seu corpo está em ação no mundo. Além disso, constatou-se que os símbolos
utilizados por Salomão retratam o relacionamento de Deus e a humanidade.
AS QUESTÕES ENVOLVIDAS NO TRABALHO COLABORATIVO PARA COMPILAÇÃO DE
GRANDES CORPORA DE ESPECIALIDADE
Guilherme Fromm (UFU)
[email protected]
A descrição de línguas, sejam quais forem, cada vez mais está atrelada ao uso da Linguística
de Corpus como metodologia de pesquisa. Com o advento dos microcomputadores, e seu
poder de processamento crescente, trabalhar com grandes corpora deixou de ser um
privilégio das grandes universidades e seus parques computacionais poderosos. A
construção desses grandes corpora (tomando como princípio que quanto maior o corpus,
melhor ele pode descrever fenômenos linguísticos), no entanto, ainda está atrelada à uma
questão de custos (tempo e pessoal necessários para a tarefa). Proponho, aqui, a discussão
de como o trabalho acadêmico colaborativo pode ser produtivo na compilação desses
grande corpora. Pretendo mostrar que disciplinas que tratam da Linguística de Corpus, sejam
da graduação, sejam da pós-graduação, como forma de avaliação, podem usar o trabalho de
compilação de forma colaborativa. Ao invés de corpora descartáveis, elaborados em salas de
aula para o ensino de processos de compilação e o uso em programas de análise lexical,
proponho um uso mais direcionado, multidisciplinar e multiperíodos, com o objetivo de
construir um corpus de tamanho maior, que seja disponibilizado (de forma controlada) para
a comunidade acadêmica e que possa servir de referência para pesquisas futuras. Para
exemplificar, tratarei da construção de um corpus de especialidade, na área de Linguística,
compilado colaborativamente. Integram o projeto três instâncias, presentes na maioria dos
cursos universitários no país: o professor responsável pelo projeto, os alunos de pósgraduação e os alunos de graduação.
ANÁLISE DOS PERCURSOS DE UMA FÓRMULA DISCURSIVA: DESDOBRAMENTOS DA
UTILIZAÇÃO DO SOFTWARE LÉXICO 3
Helena Maria Boschi da Silva (UFSCar)
[email protected]
Alicerçado no procedimento teórico-metodológico proposto por Krieg-Planque (2010) para
tratar da noção de “fórmula” em Análise do Discurso, nosso trabalho tem como objetivo
discutir os desdobramentos da utilização do software Léxico 3 como subsídio para a análise
de nosso córpus, constituído a partir de ocorrências da sequência “cultura de paz” (e
variações como “cultura da paz” e “cultura para a paz”) no espaço público durante o período
dos anos 2001 a 2010, declarado pela ONU como a “Década Internacional para uma Cultura
de Paz e Não Violência para as Crianças do Mundo”. O uso de softwares de processamento e
análise textual é considerado por Krieg-Planque como uma maneira de viabilizar a pesquisa
em córpus de grande extensão, necessário para a compreensão do funcionamento de uma
fórmula discursiva. A fórmula é concebida pela autora como um sintagma linguístico
caracterizado por quatro propriedades básicas: a cristalização, que torna possível tanto sua
circulação quanto seu rastreamento; a inscrição em uma dimensão discursiva,
caracterizando-se como fórmula necessariamente pelos usos que se fazem dela; o
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
96
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
funcionamento como um referente social, tornando-se passagem obrigatória em contextos
sociais diversos, como um índice de reconhecimento; o caráter polêmico, constituindo um
suposto denominador comum que, no entanto, comporta diversos sentidos, reivindicados
por institucionalidades distintas.
A ASSOCIAÇÃO DO VOCÁBULO ACCESS COM INTERNET NO REGISTRO ESCRITO DE
DOIS GÊNEROS TEXTUAIS EM INGLÊS: UM ESTUDO À LUZ DA LINGUÍSTICA DE CORPUS
Jesiel Soares Silva (UFMG)
[email protected]
Este trabalho é o resultado de um estudo colocacional de ordem estatística em Linguística de
Corpus (PARTINGTON, 1998, p. 16-17). Baseamos teoricamente no dualismo existente nos
estudos linguísticos entre a visão racionalista e a visão empírica da língua. Embasado na
visão racionalista, Chomsky (1957), postulou que a língua deve ser compreendida no
conjunto de possibilidades de sua realização vinculadas à competência dos falantes
(KENNEDY, 1998). Por outro lado, Halliday (1992), pela a visão empirista, asseverou que a
língua é um sistema de probabilidades, portanto alguns traços linguísticos são mais
recorrentes que outros a depender de determinados aspectos (BERBER SARDINHA, 2004).
Pensando nessas questões, este estudo propôs uma investigação empírica acerca da força de
associação do termo access com o vocábulo internet entre um corpus de textos escritos
formal e um informal. Nossa hipótese é de que o termo access, em gêneros textuais mais
informais, tem sido associado fortemente ao termo internet de maneira mais contundente do
que em gêneros mais formais. Para tal, compilamos um pequeno corpus de textos escritos
em língua inglesa (40000 palavras) com características mais informais (Free Essays) e
comparamos, proporcionalmente, ao gênero escrita acadêmica de um corpus de referência
(COCA). Usamos como medida de associação a Multual Information (MI score), que mensura
o quanto a frequência de um determinado colocado em relação a um node é não- aleatória
(I = Log2 O/E).). Como resultado, Levando em conta os dados normalizados, a frequência
geral de access no COCA-academic (277,37) foi significativamente maior do que a mesma
frequência no Free Essays (138.8). Entretanto há uma saliência quando a busca é feita
levando em consideração o access colocado com internet (5,13 e 31,19, respectivamente).
Esta saliência apontou uma força de associação entre os dois termos de 4,8 para o COCA e
7,2 para o Free Essays, confirmando estatisticamente nossa hipótese inicial.
O LÉXICO DE UM JOGO DE VIDEO-GAME SOB A LUZ DA LINGUÍSTICA DE CORPUS
José Roberto Almeida Barroso (UEG-Quirinópolis)
[email protected]
Ao manter contato com a língua inglesa para fins de entretenimento e de forma voluntária o
aprendiz é exposto ao vocabulário e à gramática. Dentre os diversos recursos para se
aprender uma língua estrangeira ludicamente, pode-se citar o jogo de video-game pela
prática direta de duas habilidades: a compreensão escrita e a compreensão auditiva dos
diálogos, comandos, descrições e situações variadas. O presente trabalho, parte de um
projeto de pesquisa em andamento na UEG/UnU Quirinópolis, tem como objetivo geral
analisar o léxico contido em um jogo popular intitulado Call of Duty: Modern Warfare 3,
disponível para o console PlayStation III. O objetivo específico é comparar por meio de um
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
teste o reconhecimento de determinados itens lexicais presentes no jogo entre dois grupos:
jogadores e não jogadores. Para a fundamentação teórica, foi utilizada a Linguística de
Corpus, juntamente com Estudos de Vocabulário. Os autores que serviram para guiar as
reflexões foram, principalmente, Berber Sardinha (2002, 2004), Nation (2001, 2003) e Silva
(2011, 2012). Com relação à metodologia, o corpus foi baixado de um site online e
processado pelo software VocabProfile, que identifica as palavras de um texto da seguinte
forma: K1 (as primeiras 1.000 palavras mais frequente na língua inglesa); K2 (a segunda faixa
das 1.000 palavras mais comuns); e a AWL (Academic Word List, as palavras acadêmicas). O
próximo passo da pesquisa contará com a seleção dos itens lexicais e aplicação do teste. Os
resultados parcais indicam que praticamente 7 em cada 10 palavras do conteúdo lexical do
jogo em questão se enquadram na faixa das primeiras 1.000 palavras do inglês. Tanto para o
professor quanto para o aluno, tais constatações podem servir para demonstrar que o jogo
de video-game pode ser um recurso válido no contexto de ensino-aprendizagem de língua
inglesa.
USO DE MÚSICAS PARA A PRÁTICA DE PREPOSIÇÃO EM LÍNGUA INGLESA
Kyssila Divina Cândido Melo (UEG - Quirinópolis)
[email protected]
No curso de licenciatura em Letras, o domínio da língua inglesa é fator crucial para o êxito
do futuro profissional docente. O conhecimento de vocabulário, nesse sentido, é fator
decisivo para que o professor em formação seja capaz de reconhecer e utilizar determinados
elementos gramaticais da língua inglesa. Interessa nesse trabalho explorar o uso de
preposição no contexto em que ocorrem. O objetivo principal dessa pesquisa é propor a
utilização de letras de música como auxílio para apreensão de preposições (mais
especificamente “in” e "on”) em língua inglesa, fazendo com que o professor em formação
ganhe mais domínio nessa área. O objetivo específico é desenvolver atividades, baseadas nas
letras, que facilitem o ensino das preposições em questão. Para tanto, o presente trabalho
baseia-se na Linguística de Corpus e no Ensino de Vocabulário, principalmente nos
postulados de Berber Sardinha (2002, 2004), Bértoli-Dutra (2010), Nation (2001, 2003) e Silva
(2010, 2011). Com relação à metodologia, foram coletadas 3.000 letras de músicas – listadas
como as mais populares – das décadas de 1980, 1990 e 2000, segundo o site da revista
Billboard. Todas as letras foram armazenadas em arquivos no formato texto simples. O
processamento lexical foi realizado por meio da ferramenta VocabProfile, que indica o perfil
lexical de textos, apontando quais palavras pertencem à faixa das 1.000 palavras mais
frequentes da língua inglesa (K1), as palavras pertencentes à segunda faixa das 1.000
palavras mais frequentes da língua inglesa (K2) e, também, aquelas que se enquadram na
categoria de palavras acadêmicas (AWL). Os dados obtidos indicam que mais de 80% do
léxico presente nas letras pertence à faixa K1 e que a exploração das preposições, nesse
contexto de ensino, pode servir como mais um recurso na aula de língua inglesa, uma vez
que caracterizam-se como amostras autênticas da língua.
III SINALEL
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
LINGUÍSTICA HISTÓRICA E LINGUÍSTICA DE CORPUS - UMA PROPOSTA PARA
DICIONÁRIO BILÍNGUE PORTUGUÊS – INGLÊS
Márcio Issamu Yamamoto (UFU)
[email protected]
A Linguística Histórica, segundo Robins (1979), desenvolveu-se a partir do século XIX e
buscava desvendar as leis fonéticas que explicam a evolução das línguas, a partir de uma
protolíngua, que seria o indo-europeu. Conforme Silva (2008 p. 9), “A linguística histórica
lato sensu trabalha com dados datados e localizados, como ocorre em qualquer trabalho de
linguística baseado em corpora, [...]”, consequentemente observa-se que há uma análise
linguística de um corpus, a partir do qual são feitas as análises e são levantadas as hipóteses
para se explicar os fenômenos que ocorrem dentro de uma língua. A partir de uma pesquisa
avançada na internet, observamos que não há obras que sirvam como ferramentas para
auxiliar o trabalho de profissionais que se encontram em contextos bilíngues na área de
Linguística Histórica. O objetivo desta comunicação é apresentar a proposta de criação de
um dicionário bilíngue em contraste, a partir de um banco de dados de especialidade, na
área de Linguística Histórica que seja disponível online, por meio de procedimentos
embasados na Linguística de Corpus. Essa obra terminográfica poderá ser útil para
professores que recorrem à bibliografia proveniente do exterior para desenvolver pesquisas
e publicar suas produções em eventos nacionais e internacionais. Esta proposta se insere
dentro da Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), de Maria Teresa Cabré, que valoriza os
aspectos comunicativos da terminologia e concebe os termos como parte da linguagem
natural e da gramática das línguas. Segundo Finatto e Krieger (2004, p.35), Krieger (2004, p.
330, 331), a “unidade lexical pode assumir o caráter de termo em função do seu uso em um
contexto e situação determinados”. Logo, dependendo de sua posição no cenário
comunicativo, o conteúdo do termo pode ser relativo, o estatuto de termo se estabelecerá a
partir de suas ocorrências dentro de situações de comunicações especializadas.
VOTEC: VOCABULÁRIO TÉCNICO BILÍNGUE E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS
Márcio Issamu Yamamoto (UFU)
[email protected]
Cristiane Manzan Perine (UFU)
[email protected]
Nos dias atuais, a ciência tem se desenvolvido bastante e da mesma forma tem crescido a
necessidade de termos específicos que encerrem em si os conceitos que diferenciam a
linguagem especializada da linguagem cotidiana, pertencente ao léxico da língua geral. Este
trabalho objetiva tratar de alguns princípios teórico-metodológicos que permeiam a
Terminologia como disciplina e como subárea da Linguística e apresentar os processos que
fazem parte da construção de um vocabulário técnico por meio da plataforma VoTec. Essa
ferramenta disponibiliza termos selecionados a partir de um corpus e com microestruturas
em contraste. Para atingir esses objetivos, nos embasamos em Krieger e Finatto (2004), em
Biderman (2001) e em Fromm (2002, 2003, 2007 e 2012). Discutimos o termo como objeto da
Terminologia, alguns aspectos da Teoria Geral da Terminologia de Wüster, o princípio da
univocidade e a padronização terminológica. Para a construção do vocabulário técnico,
escolhemos a área de Ensino a Distância – EAD - e a extração dos termos foi feita a partir de
um corpus escrito, sincrônico, dinâmico, balanceado, especializado, comparável, bilíngue
(português – inglês) de aproximadamente quinhentas mil palavras em cada língua, e as
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
99
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
definições foram construídas em contraste. Cada passo necessário para a construção deste
vocabulário será explicitado e ilustrado com imagens da plataforma. Um dos objetivos da
Terminologia é estabelecer cientificamente as disciplinas por meio da terminologia
especializada de cada área do conhecimento. A área de EAD reflete a necessidade da
existência dos termos por ser uma modalidade recente de se fazer a Educação e envolve a
tecnologia em seu aspecto físico e virtual. Além disso, as concepções de ensino e
aprendizagem, a definição de aluno, professor e o universo do Ensino são revistos de uma
forma diferente daquela já existente, a tradicional.
PRATICANDO O PRESENT PERFECT COM LETRAS DE MÚSICA EM INGLÊS: UMA
PROPOSTA DE ENSINO COM BASE NA LINGUÍSTICA DE CORPUS
Michelly Moura Martins (UEG – Quirinópolis)
[email protected]
No curso de licenciatura em Letras, o domínio da língua inglesa é fator crucial para o êxito
do futuro profissional docente. A familiaridade com determinadas estruturas gramaticais é
fator decisivo para que o professor em formação seja capaz de reconhecer e utilizar, por
exemplo, o present perfect. Inserido em um projeto de pesquisa da Universidade Estadual de
Goiás, interessa nesse trabalho explorar o uso do tempo verbal present perfect no contexto
em que ocorrem. O objetivo principal dessa pesquisa é propor a utilização de letras de
música como auxílio para apreensão desse tempo verbal em língua inglesa, fazendo com que
o professor em formação ganhe mais domínio nessa área. O objetivo específico é
desenvolver atividades, baseadas nas letras, que facilitem o ensino do tempo verbal em
questão. Para tanto, o presente trabalho baseia-se na Linguística de Corpus e no Ensino de
Vocabulário, principalmente nos postulados de Berber Sardinha (2002, 2004), Bértoli-Dutra
(2010), Nation (2001, 2003) e Silva (2010, 2011). Com relação à metodologia, foram coletadas
3.000 letras de músicas – listadas como as mais populares – das décadas de 1980, 1990 e
2000, segundo o site da revista Billboard. Todas as letras foram armazenadas em arquivos no
formato texto simples. Foi necessário realizar o etiquetamento gramatical de todo o corpus.
Para tanto, foi utilizado o software desenvolvido pela Universidade de Lancaster,
denominado CLAWS part-of-speech tagger for English, disponível gratuitamente online. Na
etapa seguinte, a partir de uma tipologia, caracterizamos as situações de uso do present
perfect e comparamos com as ocorrências do corpus de estudo. Os dados parciais permitem
visualizar uma alta frequência na utilização do present perfect em comparação com outros
tempos verbais. A próxima fase da pesquisa contará com o desenvolvimento de atividades
didáticas para a prática do present perfect.
A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARE COMPUTACIONAL EM PESQUISAS CIENTÍFICAS: EM
FOCO O WORDSMITH TOOLS NA EDUCAÇÃO
Olíria Mendes Gimenes (USP)
[email protected]
A área da Educação, de maneira geral, pouco se utiliza da informatização computacional para
otimizar processos investigativos. Ao contrário, a área da linguística possui uma vertente
específica que utiliza o Wordsmith Tools como recurso tecnológico, a Linguística de Corpus.
Mediante essa premissa, o presente trabalho tem como objetivo apresentar o uso do
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
100
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
software Wordsmith Tools em pesquisas científicas de uma área distinta, a educação, a partir
de uma pesquisa em nível de mestrado. Essa investigação se propôs a apreender o
significado social das produções teóricas sobre formação de professores e o sentido pessoal
atribuído e objetivado no contexto das teses e dissertações que desenvolveram pesquisas de
intervenção, nos Programas de Pós-Graduação em Educação (PPGEDs) na região centrooeste, de 1999 a 2008. Assim sendo, a partir do Wordsmith Tools e com ele, foi possível
coletar e tratar os dados de maneira que pudessem ser analisados a partir de uma
abordagem dialética, sustentada na teoria histórico-cultural, validados pela categoria
significado e sentido, nas perspectivas vigotskianas e leontievianas. As ferramentas wordlist,
keywords e concordance permitiram analisar os clusters em maior evidência no corpus, bem
como suas significações a respeito das concepções dos autores expressas nas pesquisas
analisadas. A utilização do programa computacional, do porte do Wordsmith Tools,
contribuiu para que os objetivos propostos fossem alcançados, proporcionando assim, uma
significativa otimização na pesquisa e, também, inovação metodológica na área. Por
conseguinte, acreditamos que a apropriação de ferramentas digitais de áreas específicas do
conhecimento não pode ser vista por pesquisadores de outras como algo distante da
realidade e, sim, como uma possibilidade de apreensão por meio da divulgação realizada por
grupos de pesquisa.
O DISCURSO REPORTADO NO C-ORAL BRASIL: ANÁLISE ENTOACIONAL EM CORPUS DE
FALA DO PORTUGUÊS
Patrícia Ribeiro do Valle Coutinho (UFJF)
[email protected]
Luiz Fernando Matos Rocha (UFJF)
[email protected]
O presente trabalho pretende analisar meta-ilocuções de discurso reportado em dados de
fala presentes no corpus C-ORAL BRASIL. Este corpus acrescenta ao C-ORAL ROM realizações
faladas do português brasileiro. Nosso objetivo principal é observar a correlação entre
unidades prosódicas e atividades pragmáticas. Uma vez que fala e escrita não podem ser
investigadas a partir dos mesmos critérios, serviu-nos como referência a teoria da língua em
ato (CRESTI, 2000) e o papel do enunciado no estudo da fala. Por outro lado, reportamos
teorias sociocognitivistas como a Gramática das Contruções (GOLDBERG, 1995, 2006);
SALOMÃO, 1999, 2002, 2009) a fim de refletir se o conceito de construção pode ser aplicado
na fala, como é na escrita. Destacamos a importância da entoação, que funciona como
importante significante carregando sentidos diferentes para o enunciado. Segundo
Raso(2012), enunciados com o mesmo conteúdo locutivo – semântica e morfologicamente
idênticos – podem ter significados muito diferentes porque veiculam, através da prosódia,
ilocuções distintas. Inseridas na unidade informacional textual denominada Introdutor
Locutivo, as meta-ilocuções de discurso reportado evidenciam um novo nível locutivo dentro
do enunciado. Assim, através de uma representação mimética, inserem a fala de outro
falante ou do mesmo falante em uma situação diferente da situação de enunciação. Por fim,
nas variadas instanciações do discurso reportado serão observados se os perfis entoacionais
apresentam-se descendentes ou ascendentes, bem como se há médias de F0 contrastantes
entre a unidade do introdutor locutivo e entre a unidade subsequente.
III SINALEL
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
O EFEITO DE SENTIDO CAUSADO PELAS PALAVRAS ESTRANGEIRAS INCORPORADAS
AOS PRODUTOS
Patrícia Guimarães Pereira (UFOPA)
[email protected]
Genilson da Silva Oliveira (UFOPA)
[email protected]
Nossa proposta de trabalho visa refletir sobre o efeito de sentido causado pelas palavras
estrangeiras, as quais são vinculadas nos mais diversos produtos comercializados no Brasil.
Por esse ângulo, trataremos da polêmica gerada pelo uso de vocábulos procedentes de
outras línguas, sobretudo, a inglesa, que estão sendo incorporados ao léxico do portuguêsbrasileiro e, que inclusive, foi tema de projeto de lei de autoria do ex- deputado, Aldo
Rebelo. Focamos exatamente os produtos pelo fato de que uma parcela significativa
incorporar em sua marca palavras estrangeiras, o que influencia na escolha dos clientes,
haja vista que a língua nativa quando comparada com a língua estrangeira é pouco
prestigiada. O corpus utilizado foram propagandas, totalizando sete, retiradas de revistas e
da internet. Elas serviram no questionário realizado com cinquenta pessoas com idades
variáveis. Dessa pesquisa resultaram dados que constataram o seguinte: entre dois produtos
com características similares, os consumidores optam pelo aquele que vincula em seu nome
ao menos um termo não nativo. E, não importa se o consumidor conhece ou não o produto,
o que importa é se o nome o atrai. Logo, as palavras estrangeiras são uma espécie de
atrativo, fazendo com que as pessoas adquiram os produtos sem ao menos terem ideia do
significado das palavras. Além disso, destaca-se a influência da mídia, que por sua vez, é um
dos fatores preponderante na compra do produto.
HARRY POTTER E O WORDSMITH TOOLS: O QUE AS LISTAS DE PALAVRAS, PALAVRASCHAVE E CONCORDÂNCIAS REVELAM
Raphael Marco Oliveira Carneiro
[email protected]
O uso de ferramentas computacionais é fundamental para a pesquisa que se utiliza de
corpora eletrônicos. O WordSmith Tools 5.0, desenvolvido por Mike Scott, é um programa
constituído por três ferramentas básicas: Concord, KeyWords e Wordlist. Cada ferramenta
desempenha diferentes funções, as quais, em conjunto, fazem deste programa um dos mais
úteis e versáteis para a análise linguística de corpora (BERBER SARDINHA, 2004). Assim, nesta
apresentação, pretendemos mostrar como o WordSmith Tools foi utilizado na análise de um
corpus paralelo bilíngue de ficção literária infanto-juvenil. Para isso, partimos do arcabouço
teórico-metodológico da Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2004, 2009; SINCLAIR,
1991), da Terminologia e Terminografia (KRIEGER, FINATTO, 2004; FROMM, 2007) e da
Tradução (AUBERT, 1998; FERNANDES, 2006). O corpus de estudo deste trabalho é composto
por catorze textos referentes aos originais em inglês escritos por J.K. Rowling e às traduções
em português brasileiro de Lia Wyler da série Harry Potter, os quais foram compilados e
analisados em seus aspectos linguísticos e terminológicos para fins de descrição linguística e
elaboração de um glossário bilíngue a ser disponibilizado por meio da plataforma VoTec:
Vocabulário Técnico Online (FROMM, 2007). Dessa maneira, observamos o léxico ficcional
utilizado pela autora da obra e o modo como foi traduzido.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
102
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
O LÉXICO FUNDAMENTAL DA LÍNGUA INGLESA EM FOCO: IMPLICAÇÕES PARA O
ENSINO
Rodrigo dos Santos e Silva (UEG – Quirinópolis)
[email protected]
Gisah Alves Magalhães (UEG – Quirinópolis)
[email protected]
Constitui um dos pontos mais importantes no estudo da língua inglesa o vocabulário. Nesse
sentido, o conhecimento do léxico fundamental – as 2.000 palavras mais comuns (NATION,
2001), apresenta-se como importante material tanto de recepção quanto de produção
linguística. Consequentemente, professores e estudantes que precisam lidar com a língua
inglesa podem utilizar dados linguísticos advindos de corpora para praticar ou enriquecer
seu repertório lexical. Tal procedimento tende a fornecer resultados positivos, uma vez que
dinamiza o reconhecimento e o entendimento das palavras. Esse trabalho tem como objetivo
geral apresentar aspectos quantitativos e qualitativos relacionados à língua inglesa na
modalidade escrita, ressaltando características de textos da língua geral. Cumpre como
objetivo específico fornecer possibilidades de prática de vocabulário por meio dos recursos
de um software linguístico-estatístico gratuito disponível online, VocabProfile, especialmente
desenvolvido para o estudo de vocabulário em língua inglesa, desde os níveis mais
elementares até os mais proficientes. A fundamentação teórica recorre aos trabalhos
embasados na Linguística de Corpus e no ensino de vocabulário em língua inglesa, a saber:
Cobb (2007), Davies e Gardner (2010), Meara (2001), Nation (2001, 2003), Silva (2011a, 2011b)
e Sinclair (2004).
O LÉXICO ASSOCIADO AO BRASIL NOS ARTIGOS PUBLICADOS NA REVISTA NEWSWEEK
Vanessa Moreira Soares (UEG – Quirinópolis)
[email protected]
Esse trabalho de iniciação científica faz parte de um projeto de pesquisa em andamento
ligado à Universidade Estadual de Goiás. O interesse do trabalho está particularmente
voltado para a descrição do conteúdo lexical de artigos de caráter jornalístico, mais
especificamente artigos jornalísticos publicados na revista norte-americana Newsweek, nos
quais haja menção ao Brasil. A orientação teórica será baseada na Linguística de Corpus e na
Lexicologia: Berber Sardinha (2004, 2005), Biderman (2001), Cobb (2007), Nation (2001, 2003)
e Silva (2011). O objetivo desse trabalho é identificar e analisar verbos, substantivos e
adjetivos associados ao Brasil presentes em artigos publicados entre 2003 e 2013 na revista
Newsweek. O trabalho procura trazer discussões acerca do léxico e da visão de mundo com a
qual o norte-americano tem contato a respeito do Brasil. Com relação à metodologia, foram
selecionados mais de 1.400 artigos que em algum momento citavam o nome do Brasil. Para
auxiliar na manipulação dos dados linguísticos, foi utilizado um etiquetador gramatical
chamado Claws. Posteriormente, alguns excertos dos artigos foram selecionados para
demonstrar como o norte-americano descreve o Brasil. Os resultados indicam que no plano
lexical ainda existe um tratamento que varia entre o exótico e o clichê quando se faz
referência ao Brasil.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
103
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE DETERMINANTES EM ENSAIOS ARGUMENTATIVOS
DE FALANTES NATIVOS DO INGLÊS E APRENDIZES BRASILEIROS: ESTUDO BASEADO EM
CORPUS
Vanessa Cristina Oliveira Wright (UFMG)
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Este trabalho se propôs a comparar a produção escrita de falantes nativos do inglês com a
produção escrita de aprendizes brasileiros utilizando corpus. O foco da investigação dessa
pesquisa são os pacotes lexicais formados pelo artigo definido do inglês the. Os
determinantes indicam o tipo de referência que o grupo nominal irá receber (Carter e
McCarthy, 2007). Essa referência pode ser definida, indefinida, possessiva, dentre outras. Essa
pesquisa visa encontrar padrões que nos mostrem quais são as preferências dos nativos e
quais são as preferências dos aprendizes, e como a língua materna interfere nas escolhas dos
falantes de uma língua estrangeira. Segundo Sardinha (2006), a linguística de corpus
proporciona aos estudos linguísticos uma ampla gama de dados, que antes não eram
acessíveis, pois ela armazena e facilita o acesso e análise desses dados. Sinclair (1991) afirma
que com o uso de computadores na análise de linguística de corpus, é possível identificar
várias características do inglês que antes passavam despercebidos pelos estudiosos. Para
isso, dois corpora foram escolhidos: ensaios argumentativos (essays) de nativos do inglês, o
LOCNESS (324.304 palavras, ensaios de estudantes e universitários britânicos, e universitários
americanos), e escrita acadêmica de não nativos em inglês, o BR-ICLE (260.000 palavras,
contendo ensaios de aprendizes brasileiros). A ferramenta escolhida para tal pesquisa foi o
WordSmith, e as funções mais utilizadas para tal pesquisa foram WordList e Concord. Foram
geradas listas dos pacotes lexicais mais frequentes, com dois a três elementos. Em nossa
hipótese, os falantes nativos do inglês produziriam sintagmas nominais mais complexos,
contendo mais elementos, assim como eles apresentariam uma maior variedade lexical. Já os
aprendizes brasileiros produziriam sintagmas nominais mais simples. Dentre a análise dos
erros, foi previsto a falta do zero artigo e uma super utilização do artigo definido. Ao fim da
pesquisa nossas hipóteses foram confirmadas.
GT 06 - MIGRAÇÕES, ETNOTERRITORIALIDADES E DISCURSOS NA LITERATURA E
NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
Coordenadora:
Profa. Dra. Lilian Reichert Coelho (UNIR-CNPq)
[email protected]
Migrações internas marcam a história do Brasil, com consequências observáveis na
configuração étnico-cultural das diferentes regiões, cujo estudo, neste GT, recai na
perspectiva da construção discursiva das etnoterritorialidades e das estratégias de
pertencimento de migrados ou de sujeitos em trânsito observáveis tanto na literatura quanto
na mídia. Assim, o GT pretende discutir os discursos sobre as etnoterritorialidades,
entendidas, grosso modo, na perspectiva da Geografia Cultural, a partir dos estudos
desenvolvidos por Paul Claval, como “(...) a estreita relação de uma cosmologia com o lugar,
como o ambiente é concebido e vivido pelos homens” (...), enfatizando-se a “(...) diversidade
de organizações espaciais delimitadas pelos padrões culturais.” (ALMEIDA, 2008, 332). O
objetivo é compreender de que modos o “jogo das negociações identitárias” (GOETTERT,
2009, p. 60) resultante dos processos migratórios é plasmado tanto na literatura quanto nos
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
104
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
produtos midiáticos. Com isso, intenta-se abordar as desigualdades regionais e o
preconceito etnogeográfico que marcam o discurso das elites nacionais desde os primórdios
da “invenção” das regiões brasileiras, tal como tentam desmontar os estudos na área da
História Cultural (cf. ALBUQUERQUE JR., 2007, p. 32). Para tanto, são consideradas
pertinentes leituras fundamentadas na representação de fatos sociais ocorridos na esfera das
microrrelações cotidianas, a exemplo do contraditório embate entre os estabelecidos
(migrados) e os forasteiros (migrantes), entre os insiders e os outsiders (cf. ELIAS; SCOTSON,
2000) e o modo como são representados na literatura e/ou na mídia. Também se entende a
relevância das perspectivas sobre a migração compreendida como experiência subjetiva, pois
o deslocamento físico constitui apenas um dos momentos do movimento, constituído por
temporalidades materiais e imateriais, cronológicas e subjetivas (cf. GOETTERT, 2009, p. 59),
devendo, portanto, ser estudada como fenômeno marcado pelas idiossincrasias. Pretende-se
investigar também a história de formação do campo midiático jornalístico em nível local
e/ou regional e quais suas peculiaridades na contemporaneidade, tanto no que diz respeito
aos meios impressos quanto eletrônicos (rádio e televisão), considerando aspectos relativos
ao desenvolvimento regional, isto é, problematizando processos de ordem macrossocial,
histórica e cultural. Como é possível observar, o GT orienta-se, preferencialmente, pela
abordagem transdisciplinar, seguindo uma agenda que permita fecundas discussões teóricas,
metodológicas e epistemológicas.
REPRESENTAÇÕES DE BRASIL E DE LÍNGUA PORTUGUESA DE ESTUDANTES
INTERCAMBISTAS EUROPEUS E AFRICANOS: POSSÍVEIS RELAÇÕES COM A
APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA
Adriano Henriques Lopes (UFU)
[email protected]
A pesquisa apresentada é um estudo preliminar que leva em consideração discussões de
alguns tópicos referentes à representação, discurso e identidade, associados a três suportes
de análise, a representação de Brasil, os dizeres de alunos em mobilidade internacional e a
representação de Língua Portuguesa. Calcado na teoria da Análise do Discurso e buscando
suporte teórico em seus conceitos é que surge esta pesquisa, pois acredita-se que a partir
dos discursos globalizados que apontam o Brasil como país promissor, cresceu o número de
estudantes estrangeiros interessados em estudar no país, porém com a ausência de dados
sobre suas motivações o importante será entender um pouco mais como esse processo tem
acontecido quando o estudante opta por vir estudar no Brasil, e efetivamente passa a morar
no país. Para tanto, o trabalho se restringirá aos estudantes estrangeiros (Africanos e
Europeus) que estão em processo de mobilidade internacional na Universidade Federal de
Uberlândia e que não possuam o Português como língua materna. Assim, o objetivo é
entender se de alguma forma a representação do país associa-se ao processo de
aprendizagem de Língua Portuguesa em algum momento e quais os desdobramentos do
imaginário de Brasil para esse processo.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
105
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
HISTÓRIA, LITERATURA, CULTURA E IDENTIDADE(S) NO VALE DO GUAPORÉ :
HISTÓRIAS “BERADEIRAS” NA VOZ DE PAULO CORDEIRO SALDANHA
Auxiliadora dos Santos Pinto (UNIR)
[email protected]
O Vale do Guaporé é constituído por uma diversidade étnica e cultural singular, decorrente
do processo de miscigenação ocorrido entre os povos que o compuseram: indígenas, negros,
bolivianos, europeus, nordestinos e outros. Nesse contexto, as manifestações culturais e as
identidades são constituídas na multiculturalidade e interculturalidade. Porém, é possível
identificar nos saberes e nas práticas do cotidiano “marcas” identitárias significativas na
constituição e reconhecimento das singularidades dos sujeitos guaporenses nos diferentes
campos sociais. Nosso objetivo, nesse trabalho, é refletir sobre alguns aspectos que
contribuem para a formação da História, da Literatura, da Cultura e da Identidade
guaporense. O trabalho foi desenvolvido a partir da leitura e análise das crônicas
guajaramirenses publicadas no jornal eletrônico “Gente de Opinião” e foi fundamentado
pelos estudos de Delgado (2006), que aborda as relações entre História, Tempo, Memória e
Identidades como processos interligados; por Loureiro (2001), que apresenta uma
caracterização da cultura Amazônia e das múltiplas representações dos sujeitos amazônicos;
por Fraxe (2004), que apresenta as características da cultura cabocla-ribeirinha e outros. A
pesquisa, de natureza qualitativa, foi orientada por uma metodologia crítica, dialógica e
dialética, voltada para identificação, descrição e análise da constituição/reconstituição da
História, da Literatura, da Cultura e da identidade na Amazônia guaporense. Pretende-se
contribuir para o registro, o reconhecimento e a valorização da história e da cultura regional.
Também pretendemos demonstrar que o jornal eletrônico é um suporte importante para
divulgação das produções literárias, principalmente nas regiões mais distantes dos grandes
centros culturais.
JORNALISMO, DISCURSO E MIGRAÇÃO: ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DISCURSIVA NO
JORNALISMO IMPRESSO DE RONDÔNIA
Lilian Reichert Coelho (UNIR)
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O objetivo central deste trabalho – parte de um projeto em andamento financiado pelo
CNPq – é discutir a construção discursiva sobre a migração recente tal como praticada pelo
jornalismo impresso de Vilhena/Rondônia. Do ponto de vista teórico, propõe-se analisar
o corpus pela interseção entre Comunicação e História, no sentido de “(...) perceber a
comunicação como processo social, mediador do mercado e da sociedade, e as dinâmicas
culturais/sociais engendradas na construção desse lugar processual.” (BARBOSA, 2002, p. 74).
Para tanto, metodologicamente, será empregada a Análise Crítica do Discurso. Trata-se,
portanto, de verificar a construção midiática do discurso sobre a migração na região,
estabelecendo-se como hipótese a ideia de que a mídia impressa local apenas reproduz o
discurso dominante o que, entretanto, pode ser revertido, a partir do inventário de caminhos
que apontem para a mudança social através do discurso (FAIRCLOUGH, 2008; VAN DIJK,
2008), sobretudo pela coleta de histórias de vida de sujeitos que são marginalizados ou que
discordam das vozes cuja vontade de verdade se encaminha para a construção de um
discurso oficial. Até em virtude das especificidades do tema, entende-se que não apenas as
pessoas, mas a própria produção midiática não pode ser estudada de modo
desespacializado, ou melhor, desterritorializado. Ao contrário, deve ser observada em relação
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
106
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
ao “espaço efetivamente vivido” (cf. SOJA, 1993) pelos sujeitos, tanto produtores quanto
destinatários dos textos jornalísticos em apreciação. Isto considerado, entende-se que, para
ocorrerem mudanças efetivas, é necessário abarcar as etnoterritorialidades, na busca pela
compreensão dos fatores que compõem o quadro heterogêneo da região em foco, em vários
níveis. Vale assinalar que, por etnoterritorialidade, se entende, grosso modo, na perspectiva
da Geografia Cultural, a partir dos estudos desenvolvidos por Paul Claval, “(...) a estreita
relação de uma cosmologia com o lugar, como o ambiente é concebido e vivido pelos
homens” (...), enfatizando-se a “(...) diversidade de organizações espaciais delimitadas pelos
padrões culturais.” (ALMEIDA, 2008, 332). Isso vale tanto para o lugar de partida quanto para
o lugar de chegada no que diz respeito ao processo migratório. Traçado o percurso proposto
por esse prisma teórico-metodológico convergente, problematiza-se também o chamado
jornalismo regional na mídia impressa de Rondônia.
UM CAMINHO ÀS AVESSAS: DA URBE PARA O SERTÃO
Lisane Mariádne Melo de Paiva (UFRN)
[email protected]
Karina Chianca Venâncio (UFRN)
[email protected]
Tânia Maria De Araújo Lima (UFRN)
[email protected]
O caminho da literatura brasileira, cujo tema finca-se sobre o sertão, transformou-se muito
desde a geração de 1945. Raquel de Queiroz e João Cabral de Melo Neto, por exemplo, em
suas respectivas obras: “O Quinze” e “Morte e Vida Severina”, clássicos da literatura sertaneja,
imprimiram na memória e na retina de seus leitores e pesquisadores imagens que
permaneceram imutáveis por um longo período. Fome, seca, miséria e êxodo tornaram-se
referências discursivas exclusivas do sertão, em contraponto a urbe construiu-se no espaço
literário a partir do discurso da prosperidade, da riqueza e da felicidade. Contudo, esse
cenário discursivo-literário não foi um consenso representativo. O poeta Patativa do Assaré
em algumas de suas poesias já indiciava reorientações da perspectiva “campo/cidade”, nesse
caso “sertão/cidade”, que seriam reforçadas na literatura a partir da década de 70.
Consideramos estas colocações amparadas pelos estudos sobre os diálogos entre
campo/cidade (WILLIAMS, 1989); sobre as representações do nordeste na literatura
(ALBUQUERQUE JR., 1999); e ainda, apoiamos nossas análises nos estudos culturais de Homi
K. Bhabha (1998) e Canclini (2008). Apresentamos no presente artigo ponderações sobre a
poesia “Triste Partida”, do poeta cearense, na qual podemos identificar novas construções da
vida do sertanejo na urbe, em que o homem do sertão imprime na cidade as representações
antes caracterizadoras do sertão. Desse modo, apresentamos os primeiros passos de uma
investigação que prevê a recaracterização dos espaços da urbe e do sertão na literatura
brasileira.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
107
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
AS ANDANÇAS DE MACUNAÍMA E A CONSTRUÇÃO DE UMA GEOGRAFIA NACIONAL
Marília Cardoso Lício (UFG)
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No presente estudo interessa-nos investigar em que sentido a noção de espaço e território
contribuem para a construção da identidade nacional em Macunaíma, de Mário de Andrade.
Através de uma leitura que enfoca as andanças do herói sem nenhum caráter, tentaremos
demonstrar que uma das conquistas da obra é destruir as barreiras entre estados, talvez até
entre países, já que Macunaíma, em sua origem, é um personagem lendário da Venezuela.
Entendendo o território como “obra coletiva” (HISSA, 2002) e como produto da cultura de
uma sociedade, é preciso analisar também como o espaço mítico é construído na obra e qual
a sua importância para a construção da nação. Se no Romantismo houve uma reunião de
esforços para a criação de mitos nacionais, no Modernismo há a tomada de uma nova
postura: a tônica não é mais a criar mitos, mas a valorização do nacional em seu conjunto, a
língua, cultura, espaços e territórios, no que se refere ao autêntico e não mais ao forjado.
Assim, o Brasil que Mário constrói em Macunaíma não se restringe ao Amazonas, São Paulo e
Rio de Janeiro, geralmente os espaços mais explorados pela mídia e exportados para o resto
do mundo, mas o contrário, pois à medida que destrói as fronteiras (Macunaíma atravessa o
Brasil em poucos segundos quando em perigo) é que constrói a sua imagem de Brasil.
Importa-nos também analisar a migração de Macunaíma do Amazonas para São Paulo, como
ele é mudado pelo espaço e como também o modifica.
DESTERRITORIALIZAÇÃO E TENSÕES FAMILIARES EM GALILEIA, DE RONALDO CORREIA
DE BRITO
Milena Cláudia Magalhães Santos Guidio (UNIR)
[email protected]
Esta comunicação analisa as tensões internas e externas do romance Galiléia, do escritor
contemporâneo Ronaldo Correia de Brito, cuja obra é marcada pelas imagens do sertão
nordestino, tanto no que têm de marcadamente estereotipadas quanto no que têm de
problematização das estereotipias. Um dos modos de questionamento das imagens do
sertão se faz pela figura do narrador, representado como aquele que retorna ao lugar de
origem, sem se identificar com ele. Num processo reflexivo sobre o que são os movimentos
de partida e de retorno, o narrador toca em questões como exílio, desterritorialização, perda
de identidade etc.. Para refletir sobre como isso se dá no romance, vale-se, aqui, de estudos
críticos relacionados à área de literatura e cultura, como o de Durval Muniz de Albuquerque
Júnior e Stuart Hall, assim como de outras áreas como a Geografia, nos trabalhos de Rogério
Haesbaert.
NARRATIVAS ORAIS DE RIBEIRINHOS DA ILHA DE MARAJÓ
Mônica de Jesus dos Anjos Nunes (UFPA-PARFOR)
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O que os autores dizem sobre a vida de ribeirinhos que é cercada de contos “imaginários”?.
Para entender como e porque surgiram tais narrativas, começamos uma pesquisa de cunho
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
acadêmico pela UFPA - PARFOR, onde o objetivo era ouvir, gravar e transcrever as “estórias” dos
moradores mais velhos de um Rio chamado Jipuhúba, na Ilha de Marajó. Bem como visitar os locais onde
teriam acontecido os tais “fatos fantasmagóricos”, que acabaram virando “contos” transmitidos através das
gerações até os dias atuais. “A velha do poço”, “ escaléo encantado”, “os botos da enseada”, “o homem do
caminho”. São narrativas que surgem porque um caçador ao beber demais, dorme na mata e precisa justificar
sua demora para a família, mas precisa que seja algo que não o envergonhe. Mas a “estória” é tão boa que
um, conta para outros, de forma que até o próprio caçador passa a acreditar em sua veracidade. Daí surge às
lendas que atravessam tempos e tempos como uma verdade extraordinária do ribeirinho Marajoara. Ou uma
mulher que ao ficar muito tempo fora de casa, precisa chamar a atenção do marido para algo que não seja
sua demora, então ela diz que ia atravessar o caminho mais próximo, mas avistou algo assustador que a
assustou muito e por isso demorou, então nasce “o homem do caminho”. E os contos maravilhosos se
tornam parte da história do homem marajoara.
GT 07 - A LEITURA E O LEITOR: HISTÓRIA, PRÁTICAS E DISCURSOS
Coordenadores:
Profa. Dra. Luzmara Curcino (UFSCar)
[email protected]
Prof. Dr. Henrique Silvestre Soares (UFAC)
[email protected]
A leitura é ao mesmo tempo um gesto interpretativo individual que, no entanto, é regido por
diferentes formas de injunção social. Ela é também uma prática culturalmente delimitada,
uma vez que se altera ao longo da história assim como de uma cultura a outra. Textos,
gestos de leitores e objetos culturais são relacionados e explorados segundo crivos teóricos
particulares de modo a permitirem a estudiosos da leitura descreverem e sistematizarem
essa prática que, por si só, não deixa marcas, nem certezas. A proposição deste GT visa
congregar pesquisadores de perspectivas teóricas e metodológicas distintas que abordem
em seus trabalhos de pesquisa a leitura como objeto de conhecimento, em uma de suas
várias dimensões – como prática educacional, estética, social, cognitiva, histórica, subjetiva,
tecnológica etc. – de maneira a contribuir com uma melhor compreensão acerca do leitor (do
que ele faz quando lê ou das razões porque não lê, de suas dificuldades ou astúcias, das
coerções ou liberdades que atuam sobre sua prática, dos limites ou extensões de sua
interpretação, dos objetos culturais de que se apropria, ou não, por falta de acesso e, de
modo geral, de suas representações discursivas que circulam em nossa sociedade sob formas
as mais diversas). Este GT, portanto, pretende atuar como um espaço privilegiado de debate
sobre o leitor e suas práticas de leitura, especialmente em relação ao leitor brasileiro.
Objetivamos, assim, fomentar a discussão sobre a leitura, seu papel na formação dos
indivíduos na atualidade, as políticas públicas que a concernem, as estratégias de mercado
que veem no leitor, um consumidor, e as injunções de diversas ordens que determinam, em
alguma medida, os modos de leitura. Essas discussões nos permitirão levantar prováveis
continuidades e/ou descontinuidades nas práticas e nas representações discursivas da leitura
e do leitor, o que pode nos permitir apreender melhor o fenômeno e suas variações e
avançar hipóteses de trabalho e propostas de atuação no âmbito da pesquisa ou no âmbito
político-pedagógico, junto a órgãos governamentais e a instituições escolares, entre outros.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
109
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
PROCESSOS DE COMPREENSÃO LEITORA DE ALUNOS DO ENSINO SUPERIOR
Adriana dos Santos prado Sadoyama (UFG-CAC)
[email protected]
Vanessa Gisele Pasqualloto Severino (UFG-CAC)
[email protected]
Alcides Cano Nuñes (UFG-CAC)
[email protected]
Esta pesquisa tem como escopo apontar a importância da formação de novos leitores como
base da educação, pois um indivíduo bem informado tem uma visão de mundo mais ampla e
consegue exercer suas atividades tanto profissionais quanto pessoais de forma mais
satisfatória. Por este motivo justifica-se entender como a leitura se processa no meio
acadêmico, sua disseminação e a importância dada a ela como processo formador do caráter
leitor, bem como se dá o processo da compreensão leitora dos textos teóricos
disponibilizados pelos professores em suas respectivas disciplinas. O presente trabalho
tratou-se de um estudo de corte longitudinal. Foram incluídos neste estudo os discentes
pertencentes a três cursos de ensino superior da Universidade Federal de Goiás (UFG) Campus Catalão (Engenharia de Minas, Pedagogia e Química). Para a avaliação do grau de
compreensão de leitura foi aplicado o teste Cloze (TAYLOR, 1953) de compreensão leitora
nos textos. Seguindo a metodologia acima, cada professor trabalhou com um texto de
conhecimento geral em sua turma de alunos. O diagnóstico da compreensão em leitura,
tendo como instrumento o teste Cloze, advém da necessidade de avaliar essa habilidade tão
complexa, e, por este motivo, exige um instrumento que forneça um resultado confiável da
capacidade de compreensão e não apenas da capacidade de produção textual. De modo
geral, os discentes da Universidade Federal de Goiás (UFG) - Campus Catalão, apresentaram
o desempenho da compreensão leitora no nível de frustração, o que determina que a
proficiência em leitura está deficiente. Respeitando os valores humanos e considerando a
diversidade sociocultural de cada curso avaliado nesta pesquisa e das competências a serem
desenvolvidas como o desenvolvimento de uma consciência crítica sobre o uso da leitura,
bem como a utilização da língua materna para estruturar a experiência e, explicar a realidade
acadêmica leitora dos discentes da Universidade Federal de Goiás do Campus de Catalão, os
resultados demonstram que 65% dos discentes apresentaram o nível muito crítico em
compreensão Leitora.
NAS LINHAS E “ENTRELINHAS” DA LEITURA E ESCRITA - OS DISCURSOS SOBRE A
HISTÓRIA CULTURAL DA AMAZÔNIA ACREANA
Alcicléia Souza Valente (UFAC)
[email protected]
Henrique Silvestre Soares (UFAC)
[email protected]
Esta proposta de comunicação tem como finalidade descrever, sucintamente, o projeto de
pesquisa apresentado ao Programa de Pós Graduação em Letras: Linguagem e Identidade da
Universidade Federal do Acre - UFAC, intitulado: “O ensino de língua escrita no curso de
pedagogia da UFAC”: influências na prática docente. Visando identificar e analisar
concepções e práticas de leitura e escrita de egressos do referido curso, no que concerne à
formação de leitores. Trata-se de uma pesquisa, em andamento, de natureza qualitativa, que
adota as etapas metodológicas propostas por Alves Mazotti (1991), utilizando para a coleta
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
110
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
de dados entrevista semieestruturada e observação. Consideramos a abordagem
sóciointeracionista defendida por Kleiman (1996) no que se refere à formação de leitores na
perspectiva do letramento, além de reflexões e de questões metodológicas presentes em
partes das referências bibliográficas lidas e analisadas durante uma jornada de estudos
sobre: Linguagem, Sociedade e Diversidade Amazônica, dentre as quais destacamos De
Certeau (2011), Gilroy (2001) e Gondim (1994), acerca das temáticas da modernidade,
negritude e identidade que perpassam e também estão presentes na produção ou
“invenção” do lugar de onde falamos: a Amazônia acreana. Nas linhas e entrelinhas das
leituras dos escritos e nas inquietações para compreender a formulação de diferentes
discursos sobre a “Amazônia”, com seus mitos fundadores, tempos, espaços e sujeitos
distintos poderemos perceber a forma pela qual esses sujeitos amazônicos desmontam a
ordem instituída, produzindo outros ordenamentos o tempo todo. E, que a prática da leitura
não se restringe somente a codificação e decodificação dos signos, mas também evidencia o
modo como se representam e representam o mundo e a realidade em que vivem.
A LEITURA LITERÁRIA E O LEITOR EM CRISE: ESTUDOS TEÓRICOS E PROPOSTAS
PRÁTICAS
Aline Caixeta Rodrigues (UFU)
[email protected]
A proposta deste trabalho é baseada num projeto de pesquisa guiado pela seguinte
hipótese: o trabalho com o texto literário é capaz de fornecer a jovens (em situações
adversas) as ferramentas subjetivas necessárias para a (re)construção de suas identidades;
bem como para a ressignificação de suas angústias e a criação de novos laços sociais.
No desenvolvimento de nosso projeto, trabalharemos com jovens que residem em um abrigo
para menores em situação de risco, apresentando-lhes diversos gêneros literários e
midiáticos (tais como: poemas, músicas, filmes, fábulas, crônicas, contos, romances e peças
de teatro); incentivando-os a se expressarem, oferecendo-lhes momentos lúdicos de resgate
da criatividade e avaliando se o seu grau de apropriação dos textos tem algum efeito em sua
autoestima. Pautados nos estudos de Petit e Larrosa, tomaremos a leitura enquanto
prática que possibilita resultados plurais: o uso mais hábil da língua, uma percepção
mais refinada (e mais crítica) do conceito de belo, a reflexão política a respeito do
mundo, a educação dos sentimentos, o despertar de uma autonomia intelectual, a
fruição estética, a ampliação de horizontes, o questionamento do simplesmente dado
e o exercício da liberdade. Esses resultados são ainda mais perceptíveis quando a
leitura literária não está submetida à lógica da rentabilidade escolar.
AOS BONS LEITORES: REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DO LEITOR DA COLUNA DA
AUGUSTINHA
Ana Luiza Menezes Baldin (UFSCar)
[email protected]
Atualmente os temas sobre leitura e leitores estão em destaques nos estudos discursivos
brasileiros. Esse interesse se deve em parte pelo imaginário sociocultural presente em nossa
sociedade de que a leitura é um instrumento capaz de não apenas desenvolver
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
intelectualmente o leitor, mas também sua condição social e até mesmo econômica. Essa
visão da leitura como algo de valor faz parte de um imaginário colonizador europeu herdado
pelo Brasil e permeia os discursos de diversas esferas, afetando tanto a maneira atual como
vemos a leitura, mas também o seu leitor. Financiado pela Fapesp (Processo n° 2012/080332), o objetivo deste trabalho é encontrar representações dos leitores infantis no suplemento
“Folhinha”, vinculado ao jornal “Folha de S. Paulo” e verificar os modos como certas práticas
de leitura são divulgadas e de como seus leitores são representados. O recorte efetuado para
este trabalho é o de uma coluna publicada no suplemento desde o surgimento do jornal, em
1963, mas que desapareceu no início da década de 1970. A coluna da Augustinha era uma
forma de comunicação direta das crianças com o jornal, devida à possibilidade de troca de
cartas, e ocupava um espaço significativo da publicação. Após alguns anos a coluna foi
extinta. Para esta análise utilizaremos alguns conceitos da Análise do Discurso de linha
francesa como Formação Discursiva e Posição Sujeito e do conceito de Representação
desenvolvido na História Cultural por Roger Chartier.
MEMÓRIAS DE LEITURA: HISTÓRIAS DO PASSADO E SIGNIFICAÇÃO DOS FATOS
VIVIDOS
Ana Paula Sousa Silva (UFCG)
[email protected]
Pretende-se nesta comunicação investigar o papel dos diferentes autores que intervêm na
formação de leitor: família, amigos, escola, biblioteca e, especialmente os textos, em sua
variedade e multiplicidade. A nossa discussão está pautada nos estudos de (CERTEAU, 1994);
nas reflexões sobre leitura e leitor de (MANGUEL, 1997); (JOUVE, 2002); nos estudos sobre o
leitor literário de (LAJOLO E ZILBERMAN, 1991). O corpus da nossa análise constitui-se de
textos “Relatos de leitura” produzidos por alunos do Ensino Médio de escola pública da
cidade de Campina Grande – PB. Solicitamos aos alunos que escrevessem sobre as suas
experiências de leitura e essas produções geralmente, narraram às histórias vivas de leitura
desses sujeitos. É importante observarmos que para esses escritores, as experiências com o
texto literário, em sua maioria, são experiências que ficam num “tempo de permanência”. O
que podemos observar nesse processo de formação leitora é que a mãe, o pai (ou os dois),
as irmãs (ou irmão), avô, os amigos, os professores são os principais mediadores nos
encontros destes sujeitos/autores com a leitura. Contos, Romances, Crônicas, Poemas, entre
outros, foram gêneros que permearam as produções dos alunos.
UM BAÚ DE HISTÓRIAS E O ENCONTRO COM A LEITURA
Ananília Meire Estevão da Silva (UFCG)
[email protected]
[email protected]
Márcia Tavares Silva (UFCG)
A propagação do conhecimento através dos meios de comunicação de massa tem produzido
um crescente a acelerado consumo das informações, muitas vezes de modo catastrófico, pois
poucas são as situações em que nos ocupamos da reflexão acerca dos fatos
lidos/presenciados. A escola enquanto ambiente plural não poderia deixar de refletir esta
sociedade. Cabe, pois às aulas de Literatura o espaço propício para a construção do
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pensamento crítico e ao professor, estabelecer e construir junto com os discentes a relação
texto ficcional/mundo real, observando os elementos externos aos textos, desvendando o
mundo das obras trabalhadas, seu contexto de produção, relacionando os mundos narrados
à realidade do aluno. Partindo destas constatações, este trabalho se propõe a refletir acerca
da recepção e da leitura literária do romance A botija (2003) de Clotilde Tavares em uma
turma da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na cidade de Lajes Pintadas/RN e como o
trabalho com o romance pode contribuir com a formação leitora do alunado a partir do
diálogo intertextual que estabelece com o cordel Romance do Pavão Misterioso (2000) de
José Camelo de Melo Rezende, o conto “Príncipe Pequeno” em Histórias da Velha Totônia
(2001) de José Lins do Rego e o conto “História dos dois que sonharam”, pertencente As mil
e uma noites e recontado por Jorge Luís Borges em História universal da infâmia e outras
histórias (1975). Nosso intuito é dialogar entre os textos originais e o que foi recriado na
palavra de Clotilde Tavares, junto aos alunos em sala de aula, fornecendo-lhes elementos ou
meios que lhes proporcione prazer no ato de ler. Nossa pesquisa estará embasada pelos
estudos de Bamberger (2008), Bordini (1991), Hélder Pinheiro (2007), Todorov (2009), Cosson
(2011), Jauss (1994) e Colomer (2007).
CONSIDERAÇÕES SOBRE O PERFIL DO DISCENTE EGRESSO DESCRITO NO PROJETO
POLÍTICO INSTITUCIONAL DO INSTITUTO FEDERAL DE GOIÁS (IFG) E O PAPEL DA
LEITURA NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Cristiane Alvarenga Rocha Santos (PUC-MG-IFG–Campus Itumbiara)
[email protected]
Muito se fala, em âmbito educacional, principalmente nos documentos produzidos com a
finalidade de nortear a prática pedagógica, sobre a importância de desenvolvermos no
alunado uma capacidade de se posicionar diante do que lê, ou seja, de adquirir uma postura
crítica perante o mundo que o cerca. O Projeto Político Institucional (doravante PPI)
caracteriza-se como um desses documentos. Previsto no inciso I, art. 12, da Lei 9.394/96, o
projeto político-pedagógico (no caso dos institutos, denominado PPI) materializa em seu
discurso uma de suas principais tarefas: a reflexão sobre sua intencionalidade educativa, o
que inclui pensar sobre o “homem a ser formado, a cidadania e a consciência crítica” (VEIGA,
2008). Desse modo, este trabalho tem como objetivo identificar o perfil do discente egresso
descrito no projeto político institucional do IFG e verificar a relação que se pode estabelecer
entre este perfil e as noções de leitura e leitor, segundo a perspectiva de Chartier (2002;
1999) e de Certeau (2012). A partir dessa interlocução inicial, propõe-se refletir acerca do
papel da leitura nas aulas de Língua Portuguesa na esfera dos institutos federais. Acredita-se
que desenvolver e ampliar as práticas de leitura dos alunos, tornando-os consumidores
“ativos”, capazes de produzirem durante essas práticas, é possível e, ainda, necessário,
inclusive no caso de cursos de formação tecnológica.
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AVALIAÇÃO DA COMPREENSÃO LEITORA DE DISCENTES DO ENSINO SUPERIOR
Emerson Contreira Mossolin (UFG-CAC)
[email protected]
Anderson Luiz Ferreira (UFG-CAC)
[email protected]
Adriana dos Santos Prado Sadoyama (UFG-CAC)
[email protected]
É consenso que ler e escrever constitui um patrimônio cultural dos seres humanos.
Considerando, portanto, que a cultura letrada faz parte do nosso cotidiano, ainda que se
apresente com nuances culturais para segmentos diferenciados da população, entendemos
que a leitura é parte integral de um bem cultural para a formação profissional e acadêmica
dos universitários. É indiscutível a necessidade de letrarmos nossos alunos nas práticas
sociais da leitura, de incentivarmos a compreensão do que está sendo lido para o
desenvolvimento discursivo tão exigido nas produções acadêmicas. Esta pesquisa teve como
escopo avaliar a compreensão leitora em alunos do ensino superior. Realizou-se um estudo
transversal com amostra de conveniência para avaliar o nível de compreensão leitora, de
discentes do curso de biologia e psicologia, com aplicação do teste Cloze. O critério de
interpretação foi o número de acertos obtidos nos textos, cuja forma de correção foi a literal.
O desempenho dos participantes foi classificado em três níveis de leitura: frustração
(percentual de acerto <44%), instrucional (acertos entre 44% a 56%) e independente (> 57%
de acertos). Foram incluídos neste estudo 96 alunos, dos quais, seis (6,3%) apresentaram um
nível de compreensão leitora independente, vinte e cinco (26,0%) apresentaram nível
instrucional e a maioria apresentou um baixo desempenho (67,7%). A porcentagem do
resultado do teste Cloze nos diferentes cursos foi: 11,5% de independente, 26,9% de
instrucional e 61,5% de frustração na biologia; 25% de instrucional e 75% de frustração na
psicologia. Concluímos que, independente do curso, os alunos apresentaram um baixo
rendimento no nível da compreensão leitora, o que pode comprometer o processo de
aquisição do conhecimento, visto que, a leitura tem papel fundamental para o aprendizado,
pois continua sendo um meio importante para consolidação do mesmo.
A LEITURA SOB O VIÉS ENUNCIATIVO
Hélder Sousa Santos (UFU)
[email protected]
Nossa proposta de trabalho pretende (re)examinar a noção de leitura por um viés outro, o do
viés-leitor. Leitor que, se notado dentro de um quadro teórico enunciativo, poderá dali
ocupar uma posição-destaque, no caso, a posição de um “eu” leitor-locutor que, ante a uma
instância de discurso específica, relaciona-se intersubjetivamente com um “tu” interlocutor (o
texto que lê), de sorte a (re)produzir sentidos e, ainda, marcar-se como sujeito do (seu) dizer.
Para tanto, recorremos a elaborações teóricas do linguista francês Émile Benveniste
(1988/89), cujo ponto nodal desenvolvido por ele é “O homem na língua”. Como
consequência disso, damos ênfase ao fato de ser a atividade leitora resultante de um “ato”, o
ato de o leitor-locutor apropriar-se de enunciados de um texto, & de um “processo”, o
processo de esse mesmo leitor-locutor, concomitantemente, atualizar formas da língua pelo
discurso que (re)formula através de seus gestos leitura; discurso esse que o permite passar à
uma condição-outra, a de sujeito, um efeito de linguagem que, ao significar-se, ratifica o
lugar da língua como um sistema de signos (em uso) diferente dos demais. Além disso, a
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presente proposta de trabalho visa a analisar uma redação escrita por um aluno vestibulando
em contexto de vestibular, a fim de reconhecer co-referências estabelecidas entre um “eu”
locutor/o vestibulando e um “tu” interlocutor/o texto motivador e a proposta de redação de
vestibular como um todo. No tocante a essas co-referências, sublinhamos que elas permitirnos-ão corroborar a possibilidade de se conceber a noção de leitura por um viés enunciativo,
já que as relações ali efetuadas a partir do ato leitor/efeito-sujeito, a sua leitura produzida
com os textos da prova de redação de vestibular, resultam a priori do seguinte fato: trata-se,
acima de tudo, de um diálogo, o diálogo enunciativo entre “eu-tu”.
A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA EM SALA DE AULA: ESTRUTURAS DE DESENVOLVIMENTO
DA COMPREENSÃO LEITORA DOS ALUNOS DE SÉRIES INICIAIS.
Helen Danyane Soares Caetano de Souza (UnB)
[email protected]
O processo de mediação pedagógica realizado pelo professor em sala de aula é
essencialmente o eixo que se estabelece entre o leitor proficiente e o texto e suas
informações adjacentes. Estratégias pontuais devem ser utilizadas para que a compreensão
leitora se estabeleça e que o aluno se desenvolva de forma a dominar as estruturas da língua
e especialmente a informação de mundo referenciada no texto, de maneira que esta venha
formar o leitor como ator de sua realidade e construtor de significados, ou seja, de
desenvolvimento de letramentos múltiplos (Rojo, 2012). Esta pesquisa está atrelada ao grupo
de pesquisa em Leitura e Mediação Pedagógica, financiado pelo CNPq e coordenado pela
Profa. Dra Stella Maris Bortoni-Ricardo, e tem como objetivo analisar as estratégias
pedagógicas inerentes ao trabalho do professor de sala de aula, a fim de promover a
capacidade de compreensão leitora de seus alunos. Os pressupostos epistemológicos se
encontram na perspectiva da sociolingüística educacional (Bortoni-Ricardo, 2005), das
estratégias cognitivas propostas por Jerome Brunner (1983) através da mediação proposta
como andaimes, e da perspectiva de pistas de contextualização propostas por John Gumperz
(1982). O processo metodológico se deu em uma sala dos anos iniciais de alfabetização e as
estratégias coletivas utilizadas para mediar este processo foram a definição dos objetivos de
leitura, a preparação inicial do processo, atitudes como leitura e voz alta, leitura silenciosa,
entre outros. A estratégia de questionamento foi freqüentemente utilizada para provocar os
alunos participantes e ainda avaliar o nível de intertextualidade e inferências desenvolvido
por eles. Os debates em sala também foram sobremaneira destacados para a construção
deste processo. O trabalho com o léxico foi desenvolvido com o uso de extrapolação e
ligação a outros eventos e principalmente com o uso do dicionário. Os resultados foram
surpreendentes, na medida em que pouco se pensa em estratégias de desenvolvimento e
prática da leitura em sala de aula. Este estudo buscou elencar tais estratégias e contribuir
para as reflexões a cerca da estrutura organizacional prática deste processo, de forma a zelar
pela compreensão leitora dos indivíduos envolvidos no processo.
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MODERNISMO E A FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE
LEITURA RELACIONADAS À PROMOÇÃO DE CULTURA
Jael Scoto Meirelles (PIBID-UNIPAMPA-RS)
[email protected]
José Paulo Ailtom da Rosa Ferreira Júnior (PIBID-UNIPAMPA-RS)
[email protected]
Este resumo tem por objetivo apresentar o relato de experiência vivenciado por meio do
projeto “Ecos de 22: A Busca de uma Identidade Modernista Atual”, aplicado através do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, que tem como foco a
formação do leitor literário. A realização do projeto deu-se na Escola de Ensino Médio
Silveira Martins, Bagé/RS e contemplou uma turma de terceiro ano do ensino médio. Em
grande parte das escolas brasileiras, os discentes entram em contato com a literatura através
de fragmentos de textos principalmente via livro didático, que, por sua parte, costuma focar
uma interpretação meramente de nível lingüístico. A abordagem superficial do texto e o
método utilizado distanciam os alunos da leitura literária, pois não proporcionam aos
mesmos uma experiência de identificação. Tentando reverter tal quadro, a metodologia
aplicada nesse projeto foi fundamentada na concepção de letramento literário defendida por
Daniela B. Versiane et all, na obra Manual de reflexões sobre práticas de leitura (2012). Em um
primeiro momento, levamos os alunos a refletirem sobre o conceito de modernidade através
de textos cuja temática era 'O que é ser moderno?'. Em seguida, houve uma contextualização
do movimento modernista e das diferentes formas de manifestação de que o mesmo se
valeu para expressar suas concepções. A partir de então, os alunos viram-se envolvidos em
diversificadas atividades de leitura e de produção, aproximando a estética modernista das
suas próprias experiências. A culminância do projeto foi a realização da Semana de Arte
Moderna da Escola, na qual os alunos apresentaram os trabalhos produzidos a toda escola. O
comportamento de leitura dos alunos atesta o envolvimento e atribuição de sentido às obras
lidas, o que nos leva a acreditar que enriquecemos as referências de leitura desses
indivíduos, dando um passo significativo do desenvolvimento de seu letramento literário.
(DES)FIGURAÇÕES DO (OLHAR-)LEITOR CONTEMPORÂNEO EM PRÁTICAS DE
CIRCULAÇÃO DA OBRA DE ARTE: (IN)VISIBILIDADES SOBRE E NA SOCIEDADE
DEMOCRÁTICA
Jefferson Gustavo dos Santos Campos (UEM)
[email protected]
Como parte de minha pesquisa junto ao Grupo de Estudos em Análise do Discurso da UEM
(GEDUEM/CNPq), tenho buscado problematizar, refletir e circunstanciar as condições que
permeiam a prática de leitura de materialidades visuais da ordem do artístico
disponibilizadas em museus virtuais. Enquanto pesquisador do campo da leitura, inquietame a forma pela qual as consolidadas metodologias de pesquisa e ensino de leitura perdem
sua produtividade ao se defrontarem com diferentes materialidades significantes. Em vista da
hiperexposição do acervo artístico-cultural disponibilizado na web, através de técnicas de
reprodução, tal como a digitalização das obras de arte, coloco em questão a opacidade do
regime do olhar a arte em sua circulação, na tentativa de mapear as coerções socioculturais
que incidem sobre essa forma de ver na contemporaneidade. Partindo do histórico
movimento de democratização da leitura e do acesso aos bens culturais, minha contribuição
específica a esse GT constitui-se em delinear as transformações da forma de olhar a arte
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modernista brasileira exposta no Museu (virtual) Casa de Portinari, pontuando a desatenção,
e, portanto, o processo de construção do olhar-leitor na opacidade da materialidade a que
este tem acesso. Para tal empreendimento, busco contribuições das teorizações de Michel
Foucault, da Análise de discurso de linha francesa e de seus desdobramentos no Brasil, da
Sociologia (na figura de Claudine Haroche) e da História da Leitura (especificamente, nos
textos de Roger Chartier). Amparado por esse construto teórico verifico que as coerções
socioculturais da leitura se constituem no próprio movimento de circulação da obra de arte
por meio do qual se institui o discurso de acessibilidade cultural. Às avessas de sua “boa
intenção”, é no momento de produção do discurso que a opacidade dos sentidos torna-se
mais espessa a ponto de enevoar as relações sensíveis entre leitor e obra de arte.
GESTOS DE LEITURA CONTEMPORÂNEOS EM OUTRA DIMENSÃO: ENUNCIADOS
VERBO-VISUAIS TRIDIMENSIONAIS
Luana Alves Luterman (UnU Inhumas – UEG-UFG)
[email protected]
Aline Gonçalves dos Santos (UnU Inhumas – UEG)
[email protected]
Jéssica Alves Fernandes (UnU Inhumas – UEG)
[email protected]
Rita de Cássia Moreira (UnU Inhumas – UEG)
[email protected]
Investigamos a relação real X virtual no processo de leitura propiciado por enunciados
verbo-visuais de livros pop-up, vídeo-games e outdoors com efeitos tridimensionais.
Almejamos compreender a relação corporal operada por meio dessa leitura. Visamos à
descrição dos enunciados verbo-visuais dessa formação discursiva tridimensional inscrita na
contemporaneidade. Observamos, em meio à dispersão, a regularidade da irrupção de
práticas de leitura com gestos que incitam o olhar e o corpo num regime de visibilidades
dado pela história. Utilizamos a Análise do Discurso de linha francesa que envolve estudos
sobre o atravessamento de várias formações discursivas como aporte teórico-metodológico
para analisarmos a leitura expressa por meio desses enunciados verbo-visuais. Observamos a
evidência hiperbólica do olhar em detrimento dos dizeres, que são visualizados se integrados
aos materiais icônicos. Os gestos de leitura dados pelo dispositivo tridimensional são
possíveis pelas regularidades enunciativas que centralizam a visibilidade. O apelo pelo uso
de projeções tridimensionais confirma a hipótese de que esse é mais um dispositivo
tecnológico que, ao acrescentar uma terceira dimensão, convida o leitor a participar
empiricamente dessa prática de leitura contemporânea. A prática discursiva torna
naturalizada a interação do leitor com o dispositivo tridimensional, que manipula, objetiva,
torna o sujeito passivo. Porém, pela intericonicidade, a memória interna, individual,
amparada pela memória discursiva, traça um percurso singular no processo de remissão a
imagens armazenadas ou imaginadas. Portanto, a percepção é performática, pois o gesto de
leitura é possibilitado apenas por um feixe de relações com outras imagens já visualizadas,
que, pela paráfrase, são recuperadas e ressignificadas para a constituição de múltiplos efeitos
de sentido.
III SINALEL
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PRÁTICA DE LEITURA DISCURSIVA NO ENSINO MÉDIO: QUEM LÊ ESCREVE?
Mary Rodrigues Vale Guimarães (UFG-CAC-GEDIS)
[email protected]
Grenissa Bonvino Stafuzza (UFG-CAC-GEDIS)
[email protected]
A comunicação que ora proponho visa analisar o discurso de redações de alunos de Ensino
Médio que propunham dois temas para desenvolvimento: i) Como foi o início de sua
experiência de leitura e ii) Como se sentiu a partir do momento em que passou a ter
autonomia para ler o que quisesse. As produções textuais, produtos dessa atividade de
redação constituiu-se, portanto, o corpus de pesquisa, pois levantamos questões sobre o
sujeito-leitor-escritor que enuncia, observando em sua escrita de que se trata “sua” memória
discursiva. Assim, pretendemos problematizar o que leva muitos desses sujeitos a não serem
interpelados pela leitura, não constituírem-se leitores e escritores relativamente autônomos,
pontuando, assim, a análise do papel da unidade escolar na formação do sujeito-leitorescritor. Portanto, objetivamos refletir sobre as condições de produção do discurso das
produções textuais de alunos do Ensino Médio, de uma escola estadual da cidade de Campo
Alegre de Goiás-GO, bem como investigar as vozes que atravessam os relatos das
experiências de leitura desses sujeitos, refletindo sobre a prática discursiva de leitura. Entre
os objetivos específicos, pretendemos interpretar a partir dos documentos oficiais do
governo que orientam a prática docente para o ensino de Língua Portuguesa, o diálogo que
se instaura no domínio teórico e prático a partir da análise do corpus. Para tanto,
recorreremos a Bakhtin/Volochinov (1929/1988, p. 109) que critica o objetivismo abstrato de
Saussure e apresenta a língua como “fenômeno social de interação verbal, realizada através
da enunciação e das enunciações”. A fundamentação teórica de pesquisa dá-se pelo viés da
Análise do Discurso francesa de Michel Pêcheux em uma relação de diálogo com os estudos
bakhtinianos da linguagem. Como fundamento complementar de trabalho, evocaremos os
estudos de Chartier (2009).
PROJETO PORONGA (ACRE) - (IN)CERTEZAS SOBRE LETRAMENTO
Maria Regiana Araújo da Costa (UFAC)
[email protected]
Esta proposta de comunicação é um estudo de caso, em que apontamos algumas discussões
sobre (in)certezas de letramento dos alunos egressos das classes do Projeto Poronga (Acre).
Para a realização desta pesquisa tivemos como objeto de análise as entrevistas individuais de
três alunos oriundos das turmas de aceleração da aprendizagem do Ensino Fundamental, dos
anos finais. Trata-se de uma análise dos relatos de experiências produzidos a partir de
aprendizagens formais e informais, ocorridas dentro e fora da escola, pelos ex-alunos.
Trazemos para o debate o processo de escolarização obtido nas práticas formais de ensino,
num âmbito escolar e individual, e os eventos de letramento como uma prática social,
constituída não necessariamente a partir de uma instrução formal, mas produzido
continuamente pela sociedade como um todo, não sendo a escola a única fomentadora da
produção de letramento. Como interlocutores para as reflexões teóricas acerca das práticas
de letramento e os processos de escolarização, foram utilizados os trabalhos de Soares
(2010), Kleiman (1995), Rojo (2009), Tfouni (2010) e Marcuschi (2010). Tais reflexões
contribuíram para promover debates frente ao processo de letramento e escolarização
vivenciados por esses sujeitos e que nos levam a compreender que o processo de letramento
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está diretamente ligado a fatores das mentalidades, da cultura e da estrutura social como um
todo, sendo por isso a causa da elaboração de formas mais sofisticadas do comportamento
humano.
A LEITURA NO CONTEXTO DE MÚLTIPLAS LINGUAGENS
Mauricéia Silva de Paula Vieira (UFLA)
[email protected]
Helena Maria Ferreira (UFLA)
[email protected]
Em diferentes contextos, os estudos empreendidos sobre leitura e formação de leitores
focalizaram determinados aspectos desse tema complexo: ora priorizaram as habilidades de
decodificação, ora as de compreensão; ora analisaram materiais didáticos, ora métodos de
ensino. As diversas tecnologias presentes na sociedade atual colocam em cena, questões
concernentes a letramento(s), a gêneros textuais que circulam em diferentes mídias
(impressa, digital e/ou on line) e também a políticas públicas de formação de leitores.
Atreladas a essas questões, encontram-se as avaliações sistêmicas. Em uma cultura
grafocêntrica e tecnológica como a atual, as investigações sobre leitura se deparam com
textos variados que entrelaçam, em sua constituição, diversas linguagens. Neste contexto,
esta comunicação socializa resultados de investigação sobre a leitura de textos que integram
vários recursos multissemióticos e parte do seguinte questionamento: quais são as
competências e as habilidades de leitura que devem ser dominadas por alunos da educação
básica, considerando-se as avaliações da área de Linguagens Códigos e suas Tecnologias,
presentes no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM? Ao aliar recursos visuais como
desenhos, fotografias, tabelas, links etc. a textos verbais curtos, os textos multissemióticos
demandam modos diferenciados de leitura e sobrelevam a necessidade de um trabalho mais
ativo por parte do leitor, uma vez que a construção do sentido está relacionada à
mobilização de conhecimentos prévios, ao levantamento de hipóteses e à produção de
inferências. Esta investigação conjuga princípios de uma abordagem quantitativa a uma
abordagem qualitativa e toma como objeto de análise questões de avaliação das provas de
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, desde sua implementação até o exame de 2012. A
construção do quadro teórico baseia-se em Lemke, Kress e Van Leeuwen, Dionísio e Rojo. As
análises apontam uma mudança gradual nas questões que se tornam cada vez mais
complexas.
PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA DE RIBEIRINHOS DO RIO JURUÁ: UM ESTUDO SOBRE
A HISTÓRIA DA LEITURA ACREANA
Nagila Maria Silva Oliveira (UFAC)
[email protected]
Henrique Silvestre Soares (UFAC)
[email protected]
A presente proposta de comunicação tem por objetivo apresentar resultados parciais de uma
pesquisa, que se encontra em andamento, no Programa de Mestrado em Letras: Linguagem e
Identidade, da Universidade Federal do Acre. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, que tem
por objetivo descrever e analisar práticas de leitura e escrita de ribeirinhos do Rio Juruá, na
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cidade de Cruzeiro do Sul-Acre. Essas comunidades ribeirinhas vivem isoladas dos centros
urbanos, e, por não terem energia elétrica, consequentemente, não tem acesso à rede
mundial de computadores, sendo o rádio o seu único meio de comunicação, mantido por
pilhas. Em decorrência disso, quando os ribeirinhos vem à cidade e precisam se comunicar
com os familiares que ficam nos seringais, utilizam-se da escrita de mensagens que são
transmitidas por emissoras de rádio. Essas mensagens constituem o corpus da pesquisa ora
apresentada e os procedimentos de análise dos dados consideraram os estudos de Bakhtin
(1992), sobre linguagem e gêneros textuais; Chartier (1945), sobre a história da leitura; Bagno
(2007), Marcuschi (2001) e Ong (2011), sobre fala, oralidade e escrita. As análises até então
realizadas indicam a existência de uma cultura oral, havendo um hibridismo entre a fala e a
escrita. Indicam também que as condições de produção desses textos são norteadas por
injunções e coerções sociais que determinam o modo como os ribeirinhos escrevem e o que
dizem nas mensagens. O estudo revela ainda que esse modo peculiar, e pouco comum em
outras regiões brasileiras, de comunicar-se, apresenta-se como uma fonte rica para a História
Cultural, principalmente no que concerne à História da Leitura no Estado do Acre.
RASCUNHOS DE ÁLLEX LEILLA - DAS LEITURAS INFANTIS À LEITURA DO URBANO
Rita de Cássia Lima de Jesus (UNEB)
[email protected]
Leitura. Essa palavra tem um poder avassalador. Poder que na sociedade brasileira, desde
seus primórdios, pertenceu a uma parcela bem restrita da população. Para a escritora baiana
contemporânea Állex Leilla, a familiaridade com a leitura – o acesso aos livros – são fatores
que podem ter um importante impacto na formação de escritores e de leitores autônomos.
Com base na sua própria experiência – leitora voraz desde uma idade precoce – ela defende
o disseminação de leitura no universo infantil. Na concepção de Állex, um bom escritor tem
que ser antes de tudo um bom leitor. Ela observa um leque de escritores emergindo no Brasil
contemporâneo, e considera o acesso à leitura o grande responsável por essa conquista.
Tomando como sustentáculo a experiência de leitura de Állex, percebe-se que há uma
horizontalidade no conceito de leitura, que pode ser interpretada desde uma simples
decodificação e compreensão do texto em suas várias materialidades, até uma leitura de
mundo, uma leitura da vida, uma leitura da cidade. Ler é interpretar, é experiência de vida, é
estar sempre com os sentidos aguçados para entender o universo e suas múltiplas
significações. E assim, desde sua infância, convivendo com essa alteridade entre leitora e
escritora, que Alléx Leilla conquistou o seu espaço no mundo dos escritores, lendo,
interpretando e reescrevendo. Neste artigo, buscamos compreender como a inserção no
universo da leitura desde uma tenra infância pode contribuir na formação de leitores
autônomos, ou até mesmo desencadear a formação de futuros escritores. O corpus constituise do resultado da entrevista concedida ao Varal de Notícias, em que a escritora Állex Leilla
relata suas experiências com a leitura, e da obra Urbanos, que em cujos textos a autora nos
leva a uma reflexão sobre a natureza da cidade e suas idiossincrasias, num processo de
criação de identidade(s).
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
120
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
“QUANDO LEMOS, TEMOS O MUNDO EM NOSSAS MÃOS”: ANÁLISE DE ALGUMAS
REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DAS PRÁTICAS DE LEITURA NO BRASIL
Simone Garavello Varella (CAPES-PPGL-UFSCar)
[email protected]
Que o incentivo à leitura é tema em voga na contemporaneidade é fato. Várias e conhecidas
pesquisas, encomendadas e realizadas, divulgam números alarmantes que indicam,
especialmente, que o brasileiro não lê, ou que o brasileiro lê pouco, ou ainda que os jovens
de hoje em dia não leem em função da internet e de outros objetos culturais eletrônicos de
entretenimento e informação1. De modo a podermos aventar as representações e práticas de
leitura contemporâneas, o presente trabalho, desenvolvido com o apoio da Capes, tomará
como objeto de análise uma modalidade de campanhas em prol da leitura, a saber: aquelas
disponíveis em formato digital no site do YouTube, pretendendo explicitar seu
funcionamento discursivo, tendo em vista o imaginário contemporâneo que se constrói
sobre a leitura. Para empreendermos a análise, apoiaremo-nos mais intensamente nos
trabalhos desenvolvidos por Michel Foucault no que concerne às suas considerações acerca
das coerções que sofrem os discursos assim como do funcionamento do poder disciplinar
que se exerce como condição para a produção dos discursos assim, como em conceitos da
História Cultural da leitura, especialmente nos trabalhos desenvolvidos por Roger Chartier.
PRÁTICAS DISCURSIVAS IDENTITÁRIAS NA FORMAÇÃO DE LEITORES
Sirleide de Almeida Lima (UFG)
[email protected]
Agostinho Potenciano de Souza (UFG)
[email protected]
Esta comunicação analisa enunciados retirados de uma reportagem da revista Veja (Edição
Especial de 18 de maio de 2011), intitulada Uma geração descobre o prazer de ler que
levanta a hipótese de que as obras juvenis e os best-sellers entusiasmam os jovens a se
aventurarem na reconhecida literatura atual e nos clássicos. Assim, o objetivo principal de
nosso trabalho é compreender como o leitor contemporâneo, resultado de diversas
mudanças em vários setores da sociedade cultural letrada, constitui novas identidades a
partir de discursos midiáticos sobre a leitura. Dessa forma, trataremos dos discursos
heterogêneos diversos, advindos de várias formações discursivas e também de várias
memórias expostas na reportagem, a fim de mencionar a prática histórica que produz o atual
jovem leitor delineado no texto em análise. Refinaremos nossas considerações, a partir de
estudos Foucaultianos tratando o discurso com as relações de poder, com a subjetividade e
com a mídia e abordaremos trabalhos de Alberto Manguel, de Roger Chartier e de Steven
Fischer sobre a história da leitura e as relações do homem com a cultura escrita. Essas noções
facilitam nossa compreensão sobre a reportagem, uma vez que a linguagem jornalística, de
forma descontínua, incorpora acontecimentos passados, mas, sempre, como fatos
deslocados e reinterpretados. A reportagem dispõe de enunciados escritos e imagéticos que
permitem uma melhor compreensão das atuais práticas sociais de leitura que produzem
1
A título de exemplo, remetemos à pesquisa de maior abrangência acerca do tema, publicada com o título,
Retratos da Leitura no Brasil, na qual se afirma, segundo dados divulgados em 2008, que os brasileiros leem em
média 4,7 livros/ano, muito abaixo portanto de outros países da Europa e mesmo da América do sul. Dados
disponíveis em: http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/texto.asp?id=2834
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
121
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
novas identidades, no nosso caso, a identidade do jovem sujeito leitor que é então
construído pela mídia, que congrega um conjunto de indivíduos e propõe a eles
necessidades e desejo de aceitação em um dado grupo social. O resultado dessa análise
histórico-discursiva é um alerta ao que é proposto como o novo prazer de ler.
GT 08 - (DES)TECENDO OS FIOS DO ENSINO DE LÍNGUAS E DA FORMAÇÃO DO
PROFESSOR
Coordenadoras:
Cristiane Carvalho de Paula Brito (UFU)
[email protected]
Maria de Fátima Fonseca Guilherme (UFU)
[email protected]
Ancorado na interface entre a Linguística Aplicada (LA) e a Análise do Discurso (AD) em suas
diferentes vertentes teóricas e metodológicas, este Grupo de Trabalho (GT) se propõe a
agregar trabalhos que (re)pensem os processos de ensino-aprendizagem e de formação do
professor de línguas materna e/ou estrangeiras. Considerar essa interface implica contemplar
esses processos, levando-se em conta a porosidade da linguagem e a heterogeneidade dos
sujeitos e, consequentemente, as contradições, os equívocos, as faltas e as falhas que,
inevitavelmente, marcam esses sujeitos, sua formação, seus dizeres e saberes. Trata-se, pois,
de recusar uma visão meramente instrumentalista e transparente da linguagem para assumila como constitutiva, isto é, trata-se de postular a impossibilidade de separação sujeitolinguagem, o que significa tomar a formação de professores e o ensino-aprendizagem de
línguas como processos discursivos marcados por tensões, embates e fissuras que se deixam
flagrar no (des)tecer dos dizeres que constituem as discursividades referentes a esses
processos. Nesse sentido, interessam-nos estudos que, tomando os processos de ensinoaprendizagem de línguas e a formação de professores e tendo o discurso como objeto de
investigação, versem sobre: (i) os constructos teórico-metodológicos que têm sustentado
esses processos; (ii) a relação teoria e prática; (iii) as concepções de língua e sujeito
subjacente às práticas pedagógicas, materiais didáticos, documentos institucionais etc; (iv) os
movimentos identificatórios na constituição dos sujeitos; (v) as políticas de educação
linguística elaboradas no Brasil; (vi) as representações construídas nas esferas acadêmicas,
midiáticas, escolares etc; (vii) as relações de poder que permeiam esses processos; (viii) a
articulação entre linguagem, cultura, identidade e ensino; (ix) as relações entre língua
materna/língua estrangeira, dentre outras. Ao discutir os aspectos mencionados, é também
nosso intuito problematizar as vertentes epistemológicas da própria Linguística Aplicada,
bem
como
proporcionar
espaços
para
que
abordagens
pautadas
na
inter/transdiciplinaridade sejam contempladas. Estão convidados para esse GT professores e
pesquisadores que se sintam interpelados pelas questões discursivas que traspassam o
ensino-aprendizagem e a formação do professor de línguas.
III SINALEL
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
DISCURSIVIDADES E SUBJETIVIDADES PRODUZIDAS NA (PÓS-) MODERNIDADE: A
CONSTITUIÇÃO DE UM SABER SOBRE O (SER) PROFESSOR DE INGLÊS
Ana Claudia Cunha Salum (UFU)
[email protected]
Nesta comunicação, que é um recorte de minha pesquisa de doutorado, tenho como
objetivo discutir e problematizar os modos de subjetivação produzidos por regimes de
discursividades instaurados pela e na chamada (pós-) modernidade. Tal discussão pode
auxiliar na prática pedagógica de formadores de professores de inglês em cursos de
formação, com relação à elaboração de material de reflexão a respeito da constituição
identitária do professor de inglês. Assumo, para esta apresentação, uma perspectiva
discursiva que concebe o sujeito como sempre constituído pelo outro, assujeitado à
linguagem, sujeito do desejo, incompleto, descentrado e, ainda, sujeito do gozo, do
consumo. Partindo do enunciado “Quem é professor de inglês de verdade”, encontrado em
fóruns de discussão de comunidades virtuais destinadas e produzidas por professores de
inglês, pretendo analisar as construções imaginárias desses professores, que ora se
apresentam, nessas comunidades, com ou sem formação acadêmica. Trata-se de discutir as
representações em torno do “ser professor de inglês”, construídas historicamente e centradas
em um imaginário estabilizado e cristalizado sobre o sujeito-professor, imaginário este
ancorado quase sempre em dicotomias – bom professor x mau-professor, professor de
escola pública x professor de escola privada, professor fluente x professor sem fluência,
professor de fato x professor de direito, dentre tantas outras. Tais representações apontam
para a forma como os professores de inglês constroem saberes e, assim, se comprometem
em assegurar, reivindicar e recuperar identidades, funcionando, dessa forma, como
mecanismos de constrição e exclusão que levam a certas práticas produtoras de
discursividades e de subjetividades afinadas a uma lógica (pós-)moderna. Como resultado
parcial dessa análise, noto a constituição de um saber sobre o (ser) professor de inglês, que
aponta para uma certa tendência de os professores tentarem recuperar uma identidade
imaginariamente estável e sólida, que lhes possibilitaria posicionarem-se como professores
numa era contemporânea, impossibilitando, assim, formas outras de (se) conhecer, de pensar
e de (se) relacionar com o outro, com a língua e com o processo de ensino-aprendizagem de
uma língua estrangeira.
COMO APRENDIZES DE ALEMÃO LE PERCEBEM A QUANTIDADE DE GRAMÁTICA
TRABALHADA NUM CURSO COMUNICATIVO
André Luiz Ming García (CAPES-USP)
[email protected]
O papel da gramática no processo de ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras variou
muito ao longo da história do desenvolvimento e predomínio dos diferentes métodos e
abordagens. Em muitos casos, gerou questões polêmicas e impossíveis de serem
respondidas de modo rotundo, como “quanta gramática ensinar em aula?”, “valer-se ou não
de metalinguagem?” ou “explicitar ou não as temáticas de cunho gramatical”? Em meio a
esse emaranhado de perguntas e das dúvidas que suscita entre professores, urge dar voz ao
próprio aprendiz, de modo a poder compreender o papel que ele atribui à gramática, à
importância de sua explicitação aos seus olhos e à sua percepção da presença de trabalho
gramatical no seio das atividades conduzidas – neste caso, elaboradas a partir dos preceitos
da abordagem comunicativa. Trata-se de recuperar ideias de cunho construtivista (Piaget) e
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Caderno de Resumos e Programação
123
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
sociointeracionista (Vygotsky) e valorizar os valores, sentimentos, preferências, gostos, préconcepções, conhecimentos prévios, noções de mundo e crenças que os estudantes trazem
consigo à sala de aula. Com efeito, nos últimos tempos cobraram considerável força os
denominados estudos de crenças, i.e., pesquisas conduzidas junto a aprendizes, docentes e
outros atores envolvidos nos processos de ensino/aprendizagem com vistas a atingir uma
compreensão privilegiada de seus mundos e tesouros psico-emocionais. No caso desta
comunicação, pretendem-se apresentar os resultados de uma pesquisa-ação empírica
conduzida junto a um alunado de alemão LE que, ao ser convidado a responder, ao final de
uma aula, à pergunta “o que você aprendeu/estudou hoje?” (“was hast du heute gelernt?”),
deixou transparecer o considerável peso que atribui ao trabalho com conteúdos de índole
gramatical (bem como ao desenvolvimento das quatro habilidades – ler, falar, ouvir e
entender – e com aspectos inter/transculturais), inclusive em sessões nas quais o trabalho
diretamente gramatical foi escasso ou secundário. Apresentaremos análises que nos levarão
a conclusões a respeito desse fenômeno observado.
ANSIEDADE DE LE E FEEDBACK CORRETIVO
Christopher Dane Shulby (USP)
[email protected]
Este estudo pertence a uma tendência atual na “teacher research”, ou, em português,
pequisas realizadas por professores. O estudo foi conduzido por um professor com seus
alunos, a fim de entender melhor como eles adquirem a linguagem. O estudo foi
experimental e misto nos métodos; contendo dados quantitativos e qualitativos, a fim de
triangular seus resultados. O objetivo deste estudo foi investigar o efeito de estímulos
corretivos em aprendizes com alto e baixo nível de ansiedade. Têm sido sugerido pelas
pesquisas da área que reformulações corretivas afetam negativamente os aprendizes com
alta ansiedade. Este tem sido um ponto de discórdia no debate, se a correção gramatical oral
negativa explícita é útil na aquisição de L2. Dado que a ansiedade em Planos Individuais
Educacionais (PIE) tornou-se cada vez mais comum, o argumento contra feedback na
correção oral (FCO) merece atenção. É notória a carência de pesquisas que investiguem os
efeitos de negociação da forma relacionada com a ansiedade. Este trabalho se enquadra
nessa linha de reformulações corretivas. O Índice de Beck de Ansiedade (BAI) foi utilizado
para diagnosticar a ansiedade e os grupos de tratamento foram controlados em duas seções
diferentes e paralelas de um curso de alemão em uma escola pública. Para este estudo,
foram formados quatro grupos: aprendizes com alta ansiedade, frente a estímulos corretivos
(N=17); aprendizes com baixa ansiedade no mesmo contexto (N=13); aprendizes com alta
ansiedade frente a reformulações corretivas (N=9), e alunos de baixa ansiedade (N=9),
respectivamente. Os resultados do estudo confirmam que as reformulações corretivas são de
fato prejudiciais para o sucesso de alunos com alta ansiedade. De forma mais positiva e
surpresa, o presente estudo também mostrou que os aprendizes com alta ansiedade
superaram todos os outros grupos, quando administrados pelo feedback corretivo por meio
de estímulos corretivos. Os resultados também concordam com a pesquisa contemporânea
de que o feedback por meio de estímulos corretivos geralmente é benéfica para a maioria
dos aprendizes.
III SINALEL
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
CULTURA, IDENTIDADE E HISTÓRIA: FORMAÇÃO DE PROFESSORES INDÍGENAS DA
FAMÍLIA LINGUÍSTICA TUPI-MONDÉ
Cristovão Teixeira Abrantes (UNIR)
[email protected]
O trabalho em tela fala sobre o levantamento dos aspectos históricos e culturais dos povos
da Família Linguística Tupi-Mondé. Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, com o
objetivo de reunir dados que contribuam com a implementação do Projeto “Mapa das
línguas Tupi-Mondé: diversidade, identidade e currículo intercultural” financiado pelo
PROEXT/MEC/SESU, Edital 2012. O Projeto corresponde à realização de um levantamento
sociolinguístico com os povos indígenas Tupi-Mondés, em especial, com os povos Cinta
Larga, Paiter, Gavião, Arara do Ribeirão e Zoró - localizados ao sudeste de Rondônia e
noroeste do Mato Grosso; os Aruás, localizados à margem do Rio Guaporé, em Rondônia, na
fronteira Brasil/Bolívia; e os remanescentes do Povo Salamãi na Capital, Porto Velho. O
projeto fará um estudo da dialetologia na perspectiva da comparação dos falares de cada
povo e a relação entre o léxico das respectivas línguas entre si. A metodologia de pesquisa
do trabalho deste artigo será de revisão bibliográfica – indispensável para os estudos
históricos; também se utilizará de entrevistas semiestruturadas – técnicas de coleta de dados,
próprias da pesquisa de campo de abordagem qualitativa e quantitativa. Dal Poz (1993,
1991); Junqueira (1987, 2002); Mindlin (1985, 1987); Leonel (1998); Cabral (2009, 2010, 2012);
Martins (1978); Monserat (1994); Dal’Igna (1995, 1998, 2002, 2005). Espera-se que as
contribuições da antropologia possam dialogar com a Sociolinguística e outros campos da
linguística como a etnolinguística. Assim subsidiar as discussões do grupo: docentes,
estudantes e bolsistas envolvidos, uma proposta de constante diálogo entre as áreas do
Curso de Licenciatura em Educação Básica Intercultural da UNIR, Campus Ji-Paraná. Ao final
do trabalho, será produzido relatório consolidado, Atlas Linguístico Tupi Mondé e tabulação
dos dados coletados para formação de banco de dados para uso em trabalhos científicos.
REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA PRÉ-SERVIÇO
EM MEMORIAIS DE APRENDIZAGEM
Cristiane Carvalho de Paula Brito (UFU)
[email protected]
Maria de Fátima Fonseca Guilherme (UFU)
[email protected]
Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir resultados de uma pesquisa que
investigou algumas representações discursivas construídas em memoriais de aprendizagem
elaborados por professores pré-serviço de língua inglesa de um Curso de Letras de uma
universidade federal. Tivemos como foco não apenas a compreensão de como esses
professores significam seu processo de aprendizagem da língua inglesa, mas também a
problematização dos possíveis deslocamentos dessas significações em sua (futura) prática
em-serviço. A pesquisa foi delineada em uma abordagem inter/transdisciplinar, em que
questões da Linguística Aplicada (LA), da Análise de Discurso de linha francesa (ADF) e da
Análise Dialógica do Discurso (ADD) foram articuladas. Esta interface permitiu-nos mobilizar
conceitos tais como os de sujeito, sentido, memória discursiva, intradiscurso, interdiscurso,
polifonia e dialogia, dentre outros, a fim de analisar o modo como a língua inglesa, o
processo de ensino-aprendizagem e os participantes deste processo são discursivamente
representados. Alguns resultados do estudo indicam que a relação do professor pré-serviço,
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
125
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
no que se refere as suas experiências de aprendizagem em língua inglesa, é balizada por
representações que revelam sua incompletude e sua constante/contínua interpelação para
tornar-se sujeito dessa/nessa língua outra, ou seja, é balizada pelas tensões e conflitos
inerentes ao processo de tornar-se sujeito da própria língua(gem), o que nos aponta a
necessidade de problematizar os dizeres e saberes que constituem o processo de formação
de professores de línguas.
ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESPANHOLA: O QUE PENSAM OS ALUNOS?
Daniele Renata da Silva (UFV)
[email protected]
Maurício Carlos da Silva (UFV)
[email protected]
Partindo do pressuposto de que as crenças que adquirimos e construímos, a partir da
interação social, interferem em nossa forma de agir e, pensando o ambiente escolar
enquanto espaço de interação, buscamos responder às seguintes questões: “Quais são as
crenças trazidas por alunos de um curso técnico integrado ao ensino médio, de um Instituto
Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, sobre o ensinoaprendizagem do Espanhol como Língua Estrangeira? Essas crenças se modificam a partir do
momento em que os aprendizes vão acumulando conhecimentos do Espanhol como Língua
Estrangeira? E, as aulas colaboram para reforçar ou resignificar essas crenças?” Através de um
questionário aberto formado por cinco perguntas abertas, aplicado para oitenta e três (83)
alunos, levantamos um número considerável de dados que foram analisados de forma
quantitativa através de gráficos e qualitativamente à luz da Teoria sobre Crenças. Sem
desconsiderar a abordagem das pesquisas em crenças em diversas áreas do conhecimento
ou mesmo sua relevância dentro do cenário internacional, optamos por nos apoiar,
principalmente, em autores brasileiros que trabalham na perspectiva do ensinoaprendizagem de línguas e que vêm apresentando produções significativas, entre os mais
citados podemos destacar, Barcelos, 2009, 2007, 2006, 2004, etc.; Alvarez, 2007; VieiraAbrahão, 2006, 2004; Almeida Filho, 1999; Barcelos & Vieira-Abrahão, 2006; Silva, 2011, 2010,
2008, 2007, 2006, 2005, entre outros. Ao final da pesquisa podemos concluir que conhecer
as crenças dos alunos é de extrema relevância, pois isso fornece ao professor subsídios para
elaborar um plano de ação mais efetivo para o processo ensino-aprendizagem, que o
possibilita repensar sobre a própria prática, abrindo-se para um ensino reflexivo-crítico onde
as crenças poderão ser desmistificadas ou ressignificadas.
REFERENCIALIDADE POLIFÔNICA E ENSINO DE LITERATURA
Diana Pereira Coelho de Mesquita (UFU)
[email protected]
João Bôsco Cabral dos Santos (UFU)
[email protected]
A comunicação ora proposta objetiva problematizar as concepções de sujeito e sentido e
instaurar uma reflexão sobre como o conhecimento e a compreensão do conceito de
Referencialidade Polifônica, proposto por Santos (2012), a partir de uma extensão teórica do
pensamento de Mikhail Bakhtin a respeito da noção de Polifonia, pode se configurar como
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
126
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
um suporte para se pensar questões relativas ao ensino de Literatura na Educação Básica,
haja vista ser este conceito concebido como “um conjunto de experiências vividas por uma
instância-sujeito, tomadas como referência em suas ações cotidianas, considerando suas
formas de ver o outro e os mundos possíveis relacionados a essa instância-sujeito.” (SANTOS,
2012, p. 99. Destaque do autor). Além disso, conforme o autor, a Referencialidade Polifônica
também se relaciona aos comportamentos sociais e aos modos de organização do
pensamento e dos saberes em uma instância-sujeito. Desta feita, acreditamos que a
Referencialidade Polifônica deve ser compreendida pelo professor como um fator
imprescindível para que ele reflita sobre as concepções de sujeito e sentido e as
problematize a luz da percepção de que o sujeito é polifônico e só se constitui na interação
com o outro. Recorreremos ao documento “Orientações Curriculares para o Ensino Médio:
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias” (2008) para sustentar nossas ponderações e
mostrar que as questões que apontamos se constituem como uma preocupação geral no
meio educacional.
A COMPLEXIDADE EM UM CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA
INGLESA A DISTÂNCIA
Eliamar Godoi (UFU)
[email protected]
A criação e oferta de cursos de formação de professores de Línguas tem recebido destaque
na área da Educação a Distância por se tratar de uma modalidade pedagógica que preza a
formação e capacitação de professores, sobretudo, para atuarem em salas de aula da
Educação Básica. Temos por objetivo nesse trabalho apresentar a análise de um curso de
formação de professores de Língua Inglesa ofertado à distância pela Universidade Federal
local cujo enfoque foi mais nas relações entre elementos e interagentes do curso e menos
nos seus resultados. Um dos desafios apontados em estudos nessa área consiste em buscar o
melhor entendimento de fatores que possam facilitar a construção de um ambiente que seja
propício à aprendizagem dos ingressantes nesses cursos. Nessa direção, adoto como eixo
orientador deste estudo algumas noções da teoria da complexidade que serviram de base
epistemológica para as análises e discussões desta pesquisa. Busquei evidências de
propriedades dos sistemas complexos tais como emergência, atratores, bifurcação, autoorganização, adaptabilidade e sensibilidade à condições iniciais e a fatores externos que
incidiram no curso, assim como, incidem em todo e qualquer sistema complexo. Para tal, a
análise incidiu na relação entre projeto pedagógico do curso e o seu design instrucional bem
como nos fatores e elementos que puderam influenciar positiva ou negativamente a
emergência de um ambiente favorável à aprendizagem. Demonstro através da analise dos
dados que da relação entre projeto pedagógico e ambiente virtual emergem padrões de
dimensões sociais, cognitivas, instrucionais e gerenciais tais como a reciprocidade, a
autonomia, a colaboração ou a falta dela, a ambientação e as tentativas de aprendizagem
nesse sistema. Entendo que a melhor compreensão das características, funcionamento e
padrões emergentes em cursos de formação de professores de Língua Inglesa possa
contribuir para as discussões voltadas às práticas colaborativas em ambiente virtual dessa
área.
III SINALEL
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
É LEGÍTIMA A FORMAÇÃO DA POSTURA CRÍTICA ATRAVÉS DO ENSINO DA
LINGUAGEM?
Gílber Martins Duarte (UFU)
Nesse trabalho, discutimos uma proposta, a nosso ver, pouco praticada pelos professores de
língua, de uma forma geral – tanto língua materna, quanto língua estrangeira – procurando
evidenciar que, ao se assumir uma concepção discursiva da linguagem, cabe também aos
professores de língua ser uma referência político-ideológica para a construção da postura
crítica junto aos estudantes. Apenas uma visão idealista e formalista da linguagem não
percebe que o lugar desta é, por excelência, o lugar da naturalização, da eternização e da
legitimação ideológica. Portanto, abrir mão de praticar o desenvolvimento da postura crítica
dos jovens face à linguagem, é deixar o espaço vazio para que “a reprodução das relações de
produção” (PÊCHEUX, 1997) siga, por meio da linguagem, circulando, linguística e
discursivamente, como a ideologia natural, eterna, inevitável, legítima, necessária, apagandose o fato de que todas as ideologias são construídas, logo, poderiam ser radicalmente outras.
Pensar a formação do professor de línguas não é um mero exercício acadêmico, circunscrito
à especificidade de uma área x ou y, desprovido de efeitos políticos-ideológicos. Ao
contrário, no que tange à toda e qualquer forma de pedagogia, há que “se colocar a política
no posto do comando”, como diria também (PÊCHEUX, 1997), do contrário, descobre-se o
flanco para os mais variados tipos de alienação, inculcadas pelo Aparelho Ideológico Escolar,
conforme aponta (ALTHUSSER,1999). Somos pela defesa de que o lugar do ensino de línguas
é também o lugar de se exercer a postura crítica perante a linguagem. Há que se questionar
perante qualquer palavra, frase, proposição ou texto: tal prática econômica, jurídica,
ideológica, discursiva, materializada nessa enunciação, via linguagem, é natural, eterna,
legítima, necessária, inevitável? É essa interpelação e seus efeitos que estaremos discutindo.
DISCUSSÃO E REGISTRO DA LÍNGUA: CARTONEIRAS COMO INSTRUMENTO
VIABILIZADOR DA PRODUÇÃO LITERÁRIA INDÍGENA
Helen Vanessa Oliveira Ritt Zanchin (UNEMAT)
[email protected]
Eduardo Fonseca de Souza (UNEMAT)
[email protected]
O Cartonerismo é um movimento editorial que surgiu na Argentina no ano de 2001 e que
vem se espalhando pela América Latina. Sua filosofia consiste em facilitar a divulgação da
produção literária de escritores que não encontraram recepção para obras nos veículos
editorais comuns. Essa proposta se realiza por meio da produção de livros com o uso de
papelão e materiais reciclados. É uma proposta econômica, acessível e de fácil execução, que
se torna um excelente instrumento para a produção textual e literária. Por essas razões, o
método foi adotado pelo subprojeto “Língua Materna: limites e possibilidades da pesquisa
científica”, que integra o Projeto Novos Talentos, fomentado pela CAPES no campus da
UNEMAT de Tangará da Serra, Mato Grosso. O objetivo do projeto, orientado pelas teorias
pós-estruturalistas, é unir a pesquisa científica à produção de cartoneiras em um minicurso
realizado com os alunos e professores indígenas da rede pública, que têm o Português como
segunda língua. A proposta é o registro de relatos pessoais, experiências, histórias e lendas
do povo Paresí, além do registro de suas impressões como participantes dos minicursos
ofertados pelo projeto. A partir desse trabalho, o projeto pretende orientar esses alunos e
professores a se tornarem cientistas pesquisadores de sua língua materna – a língua Paresí, e
III SINALEL
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
posteriormente, viabilizar a produção literária para preservação da cultura da comunidade,
além da produção de material didático em sua língua, que ainda hoje é produzido apenas na
Língua Portuguesa.
ESPECIFICIDADES DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA
Helena Maria Ferreira (UFLA)
[email protected]
Mauricéia Silva de Paula Vieira (UFLA)
[email protected]
Nos últimos anos, têm ocorrido inúmeras discussões acerca de como a Língua Portuguesa
deve ser ensinada. A formação de um professor de línguas envolve o domínio da língua que
ensina e o domínio da ação pedagógica necessária para fazer a aprendizagem da língua se
efetivar em sala de aula. A formação de um profissional competente nessas duas dimensões
- língua e metodologia - se reveste de complexidade, pois no processo de ensino estão
imbricadas concepções e ações. Nesse sentido, as concepções determinam as ações e as
ações desvelam concepções. Embora essa questão já se encontre naturalizada entre os que
se ocupam das questões sobre o ensino, muitas vezes, no processo de formação de
professores, essa articulação entre ação/concepção não é muito explorada. Nesse sentido, a
presente comunicação busca discorrer sobre as principais concepções que devem integrar a
formação do professor, com vistas a uma adequada atuação pedagógica. Para a consecução
do objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, pautada em documentos
oficiais (PCN’s e CBC/MG) e em diversos autores, entre os quais se destacam: Antunes (2009);
Marcuschi (2004); Azeredo (2000); Bastos (2004). O estudo empreendido evidenciou a
necessidade de problematizar as formas e o funcionamento da linguagem como objeto de
ensino para a construção de uma identidade acerca do que é ensinar a língua portuguesa.
Dar estatuto ao objeto de ensino implica contemplar as diferentes concepções nas quais se
fundamentam o processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa.
CONTEXTO DO ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA FRANCESA: A POSSIBILIDADE
DE UMA PROBLEMATIZAÇÃO
Isabel Silva Alves Quintino (UFU)
[email protected]
Nosso objetivo, para esta comunicação, é lançarmos um olhar para aquilo que são as bases
do ensino da língua francesa no Brasil. Isso porque as condições de produção tão evocadas
pelos estudos discursivo-enunciativos fazem todo sentido quando estamos lidando com
sujeitos (professor e aluno) que estão imersos em um ambiente de ensino, os quais estão às
voltas com discursos muito específicos sobre ensino de línguas, discursos esses que acabam
tendo efeitos de verdade nas relações que são estabelecidas entre professor e aluno em sala
de aula. No entanto, como parte do contexto no qual coletamos o nosso material de
pesquisa, evocamos partes de uma análise daquilo que, para nós, se apresentou essencial na
compreensão das bases mesmas do ensino de francês. O Cadre Européen Commun de
Référence pour les langues: Aprendre, Enseigner, Évaluer- CECR é, pois, um documento
muito usado no ensino da língua francesa no Brasil; ele se apresenta, de fato, como um
dispositivo de verdade que interpela os professores. Nesse sentido, esses professores tomam
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Caderno de Resumos e Programação
129
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
esses discursos contidos no CECR e a partir deles, com o apoio do material didático, pensam
e elaboram suas aulas. Nosso intuito é apresentar algumas noções contidas nesse
documento e, principalmente, a maneira como ele trabalha a questão da comunicação oral.
A partir disso, pretendemos destacar alguns pontos e problematizá-los, levando em
consideração uma concepção de língua e de sujeito que se difere da Didática de Língua
Estrangeira - DLE, que, além de constituir as bases teórico-metodológicas do ensino da
língua francesa, também constitui o pano de fundo do CECR. Faremos essa análise a partir de
nossa inscrição nos estudos discursivo-enunciativos, em especial, os trabalhos de Michel
Pêcheux.
DA PRÁTICA VELADA AO DISCURSO REVELADO: OS DIÁRIOS DE AULA DA
PROFESSORA-PESQUISADORA COMO PROPOSTA DE FORMAÇÃO E AUTOFORMAÇÃO
DOCENTE
Laila Zorkot (UFLA)
[email protected]
Muito se tem escrito acerca da formação docente (SOUZA et al., 2011), o que revela as
angústias, incertezas e lacunas que compõem o cenário educacional brasileiro atual. Dessa
forma, a efetividade dos cursos de formação de professores tem sido questionada (AZANHA,
2004), assim como o envolvimento dos alunos licenciandos com a graduação, na mesma
medida. Nesse sentido, esta comunicação visa a discutir a pesquisa em desenvolvimento
sobre a prática pedagógica da professora-pesquisadora na formação inicial de alunos do
curso de Pedagogia. A partir de uma análise crítico-reflexiva com base nos diários da
pesquisadora sobre suas aulas (ZABALZA, 2001) de Metodologia e Prática de Ensino da
Alfabetização, o estudo pretende pesquisar o discurso da professora-pesquisadora ao relatar
suas ações teórico-práticas dirigidas à formação dos graduandos. A pesquisa, de cunho
qualitativo, se configura como uma reflexão crítica (FREIRE, 1996; DEWEY, 1933) tendo seus
dados interpretados à luz de elaborações conceituais sobre alfabetização e letramento
(SOARES, 1990, 1998; KLEIMAN, 2005, 2006) e demais variáveis que envolvem o processo de
aquisição da leitura e escrita, objetos de estudo das citadas disciplinas. O processo reflexivo
permitirá, além do diálogo entre teoria e prática, um elo entre formação e autoformação,
objetivando enriquecer as metodologias e estratégias sugeridas, potencializando a proposta
curricular construída ao longo da disciplina. Resultados preliminares apontam para a
importância da estruturação dos diários como forma de aquisição de conhecimento e melhor
apreensão da prática pedagógica, auxiliando a professora-pesquisadora a identificar
incoerências entre o trabalho de sala de aula e as orientações oficiais. Tais conscientizações
contribuem para a sua constante formação de educadora e, consequentemente, para melhor
formação dos licenciandos.
CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E SUJEITO NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA
Lúcia Maria Castroviejo Azevedo (UFU)
[email protected]
Esta pesquisa teve como foco analisar a(s) concepção(ões) de língua e de sujeito
instaurada(s) nas discursividades subjacente(s) aos livros didáticos (LD) de língua inglesa (LI),
a saber: Links: English for teens de Elizabeth Young Chin e Maria Lúcia Zaorob (2009) e Keep
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Caderno de Resumos e Programação
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
in mind de Denise Santos e Amadeu Marques (2009), ambos do 6º ano, aprovados pelo MEC
e utilizados de 2011 até 2013 na Educação Básica. A pesquisa se balizou nas teorias da
Linguística Aplicada (LA) em interface com a Análise Dialógica do Discurso (ADD) e com a
Análise do Discurso de Linha Francesa (ADF). Foram examinadas as representações de língua
e sujeito e os efeitos de apagamento e denegação decorrentes das discursividades
produzidas pela estruturação dos exercícios, enunciados e ilustrações (linguagem verbal e
não verbal) extraídos dos LDs de LI. Ao investigar tais discursividades, compreendi melhor o
papel do LD no processo de ensino-aprendizagem de LI. Nas análises, realizei recortes,
buscando estabelecer uma ordem metodológica: i) a partir da estrutura dos sumários/índices
dos LDs, realizei uma macroanálise; ii) a partir de fragmentos das unidades evidenciadas nas
regularidades, realizei uma microanálise. Ao investigar a(s) concepção(ões) de língua e
sujeito subjacente(s) ao LD de LI, percebi que esse material apresenta ainda uma concepção
de língua homogênea, transparente, abstrata e de sujeito passivo, uno, conduzido ao
automatismo da repetibilidade, não abrindo espaço à reflexão. Exercícios são padronizados,
unidades temáticas são tipificadas pela organização de conteúdos estratificados imunes à
variação conceitual de mundo e valores impedindo o aprendiz a refleti-los e solucionar
problemas do cotidiano. O material apresenta, assim, exercício disciplinar criado pela
repetição e pela homogeneização dos sujeitos; estabelece uma perspectiva inocente ao ser
considerado como essencial, atribui um discurso de verdade, remetendo à ilusão de
completude desse sujeito-aprendiz concernente aos sentidos desse aprendizado, neste caso,
obedecidos, ditados e absorvidos em sua univocidade.
DOM QUIXOTE E A MÍDIA DIGITAL: UMA PROPOSTA INFANTO-JUVENIL PARA O
ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA
Luciana Paiva Medeiros (UFU)
[email protected]
Rosemira Mendes Sousa (UFU)
[email protected]
Este trabalho é o resultado de um projeto realizado com crianças do Ensino Fundamental I,
especificamente com turmas do 5º. ano de uma escola na cidade de Uberlândia/MG. O
trabalho foi pensado para alunos que, em sua maioria, não têm contato com a língua
espanhola, uma vez que a disciplina não é ofertada na grade curricular. Buscou-se uma
atividade em que pudéssemos associar língua e cultura através da literatura, de forma a
apresentar e despertar no aluno o interesse e a valorização do espanhol. Trata-se de uma
proposta de leitura e interpretação de uma obra clássica da literatura universal, de origem
espanhola, em formato de desenho animado on line. A obra escolhida foi Dom Quixote de la
Mancha, transformada em mídia infantil pelo portal da Assessoria de Educação, Cultura,
Esportes do Principado de Asturias
e Universidades, com fins educativos,
veiculado pelo site: http://nea.educastur.princast.es/quixote/index2.htm . Objetivamos
demonstrar que imagens e palavras, a elas associadas, facilitam a aprendizagem da língua
estrangeira, ao mesmo tempo em que permitem ao aluno conhecer melhor os contextos
literários, desenvolvendo assim o hábito da leitura e o gosto pela Literatura Espanhola. Por
outro lado, as ferramentas utilizadas em sala de aula fomentam um trabalho mais dinâmico
e lúdico, com possibilidades pedagógicas e positivas tanto para o professor em formação
como para os discentes.
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Caderno de Resumos e Programação
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
NOVAS TECNOLOGIAS NA DISCURSIVIDADE DA LINGUÍSTICA APLICADA
Mônica Inês de Castro Netto (UFU-UFG)
[email protected]
[email protected]
Um trabalho de interface entre a Linguística Aplicada e a Análise do Discurso, considerando
o movimento linguagem-história-ideologia, atravessado por questões da ordem do
inconsciente e por manifestações plurivocais e constitutivamente dialógicas é a proposta que
ora apresento. Objetivo analisar a discursividade sobre as novas tecnologias que circula nas
esferas científico-institucionais por meio do estudo de periódicos na área da Linguística
Aplicada. Assim, estabeleço um panorama dos atravessamentos linguísticos explicitados na
discursividade avaliada, problematizando as implicações que estes trazem para o contexto
do uso de novas tecnologias no ensino-aprendizagem de língua inglesa, pois o enfoque foi
desvelar o funcionamento discursivo, bem com analisar a construção discursiva e seu
impacto, inter-relacionando esses atravessamentos à prática dos professores em sala de aula.
Como corpus, elegi dez artigos científicos, relacionados ao uso das novas tecnologias no
processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa, publicados em periódicos
especializados em Linguística Aplicada. Utilizo como aporte teórico-metodológico o
dispositivo matricial desenvolvido por Santos (2004), em consonância com o dispositivo
axiomático (Figueira, 2007), que me possibilitaram selecionar as regularidades enunciativas
presentes no texto e produtoras de significado e a partir dessas regularidades constituir os
axiomas. Ao construir o mapeamento, entre as várias formações discursivas referentes ao
processo de ensino-aprendizagem pelo uso das novas tecnologias, foi possível estabelecer
que a inserção destas nos ambientes educacionais representa um impacto direto nas práticas
de ensino-aprendizagem de língua inglesa. Foi possível perceber, nos sentidos aflorados
pelos gestos de interpretação, que as novas tecnologias estarão cada vez mais presentes no
processo de ensino-aprendizagem, mas essa presença não condiz mais com uma idolatria
desmedida (tecnolatria) e nem como uma severa rejeição ao seu uso (tecnofobia).
UM OLHAR DISCURSIVO SOBRE DIZERES ACERCA DE CRENÇAS E ENSINO E
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA EM ARTIGOS CIENTÍFICOS
Pauliana Duarte Oliveira (UFU/IFG-Campus Jataí)
[email protected]
Nesta comunicação apresentamos uma pesquisa de doutorado em andamento cujo objeto
de estudo são os comentários de autores de artigos científicos sobre crenças e ensino de
língua estrangeira. Nos trabalhos realizados dentro da linha de estudos das crenças e ensino
de línguas estrangeiras, discutem-se os dizeres, denominados crenças, de professores,
alunos e outros sujeitos envolvidos no processo de ensino de línguas. Tais estudos
constituem um grande volume de conhecimento produzido sobre questões relacionadas ao
ensino e à aprendizagem de línguas. Assim, objetivamos problematizar os aspectos
discursivos que mostrem o funcionamento do discurso que sustenta os dizeres produzidos
nessas construções discursivas. Os objetivos específicos são: a) identificar representações
sobre ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras em artigos que tratam de crenças e
ensino de línguas; b) problematizar em quais construtos conceituais esses artigos se
fundamentam e, em decorrência, suas implicações para área do ensino e aprendizagem de
línguas estrangeiras. O corpus de nossa pesquisa é constituído de artigos científicos sobre
crenças e ensino de língua estrangeira publicados na última década. Analisamos os
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Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
comentários dos autores dos artigos sobre os dizeres dos participantes de suas pesquisas.
Filiamo-nos teoricamente na Análise do Discurso de orientação pecheutiana e, desse campo
teórico, mobilizamos a noção de discurso e de sujeito, os conceitos de interdiscurso e de
memória discursiva. Para a análise do corpus é mobilizada também a teoria de AuthierRevuz sobre heterogeneidade e sobre representação. Nossa pesquisa visa contribuir para os
estudos na área da Educação, da Análise do Discurso e da Linguística Aplicada, pois, ao
lançar um olhar discursivo sobre trabalhos acerca de crenças e ensino e aprendizagem de
línguas, podemos compreender melhor o que acontece na sala de aula de língua estrangeira
e, a partir daí, assumirmos uma posição diante do processo de ensino, especialmente como
professores.
PROFESSORES EM FORMAÇÃO INICIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA (MATERNA E
ESTRANGEIRA): ANALISANDO DISCURSOS E REPRESENTAÇÕES
Priscila Divina de Araújo (UFU)
[email protected]
A partir da análise das vozes de professores em formação de português como língua
materna e estrangeira (PLE), esta comunicação visa apresentar nosso projeto de iniciação
científica, em desenvolvimento, intitulado “Representações sobre o português (língua
estrangeira e materna): vozes na formação inicial”, cujo objetivo é analisar as representações
construídas por estes sujeitos acerca da língua portuguesa, tanto como língua materna
quanto estrangeira (PLE). O arcabouço teórico no qual nos ancoramos para destrinchar o
discurso dos professores de PLE em formação inicial é a Análise do Discurso (AD) de linha
francesa, à luz das formulações de Pêcheux (1997a, 1997b, 1997c), em sua interface com a
LA, a partir de autores como Moita Lopes (2006), Pennycook (2006), Rajagopalan (2003, 2006)
e Bohn (2005). Nosso trabalho se fundamenta em uma metodologia qualitativa, com caráter
analítico-descritivo e interpretativista e nosso corpus consistirá de depoimentos orais dados
por cinco professores de língua portuguesa como língua estrangeira em formação inicial em
uma universidade pública brasileira. Para a coleta e análise dos depoimentos, utilizaremos a
proposta AREDA (Análise de Ressonâncias Discursivas em Depoimentos Abertos), formulada
por Serrani-Infante (1998). Ressaltamos que, sendo o sujeito cindido e fragmentado,
interessa-nos investigar não o conteúdo dos dizeres, mas os discursos que são colocados em
funcionamento por meio das vozes mobilizadas pelos sujeitos da pesquisa ao tomarem a
palavra. Portanto interessa-nos não o indivíduo empírico, mas o sujeito discursivo que,
interpelado pela ideologia, é capaz de produzir sentidos, se significar, enfim, de se constituir
mesmo como sujeito. Vale salientar que apresentaremos resultados parciais de nossa
pesquisa, respaldados pelo quadro teórico supracitado, no qual assumimos como
pressuposto que os dizeres dos sujeitos da pesquisa são constituídos por vozes conflitantes
e contraditórias, sustentadas por diferentes filiações discursivas.
III SINALEL
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
NOVOS TALENTOS: EXPERIÊNCIAS DO FAZER CIÊNCIA E PRODUÇÃO DE TEXTO NA
ALDEIA INDÍGENA FORMOSO DO POVO PARESÍ
Wélica Cristina Duarte de Oliveira (UNEMAT)
[email protected]
[email protected]
Débora Aparecida Blanco Gonsales (UNEMAT)
[email protected]
O projeto Novos Talentos, fomentado pela CAPES, é executado na UNEMAT campus
universitário de Tangará da Serra - MT, desde o ano de 2011, sendo desenvolvido em quatro
subprojetos, um deles, o intitulado “Língua Materna: limites e possibilidades da pesquisa
científica”, é foco do presente trabalho. O subprojeto em questão tem por objetivo discutir as
possibilidades de se fazer ciência ainda no espaço da Educação Básica, assim como buscar
discutir com os participantes os modos de melhor enriquecer as atividades do processo de
ensino e aprendizagem. Além de trabalhar na qualificação dos alunos do ensino médio das
escolas públicas urbanas de Tangará da Serra e região, desenvolve também atividades na
comunidade indígena Paresí. Dessa forma, essa comunicação, então, pretende relatar
experiências advindas dos trabalhos realizados na Aldeia Formoso. Tendo como referenciais
teóricos autores pós-estruturalistas, atividades junto aos alunos da escola da comunidade
foram conduzidas por acadêmicos monitores do projeto, tais como: apresentação e
discussão de filmes e textos, entre eles, o texto “Ciência, coisa boa...” de Rubem Alves, que
desencadeou diversos pontos de discussões, enriquecendo a reflexão sobre o fazer ciência.
Partindo da tradição cultural e do mito de origem do povo Paresí, propomos a produção de
cartoneras, um trabalho de origem boliviana em que materiais reciclados são utilizados na
produção de capas de livros, para trabalhar a produção de texto. O trabalho se mostrou
relevante na medida em que proporciona um novo olhar sobre o ensino de línguas numa
condição em que a Língua Portuguesa não é a língua materna, e sim segunda língua. Toda
essa experiência resulta no enriquecimento da prática e da reflexão enquanto pesquisadores
no processo de formação docente de modo a se constituirem novas metodologias de ensino
de línguas a partir da realidade de cada comunidade.
A IDENTIDADE DE PROFESSOR SOB O OLHAR DISCENTE: UMA ANÁLISE DAS CRENÇAS
DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO EM RELAÇÃO À CARREIRA DOCENTE
Wilma Maria Pereira (UFV)
[email protected]
A profissão de professor tem sido foco de muitos estudos ao longo dos últimos anos. Dentre
eles, tem ganhado corpo a discussão que aponta para a discrepância entre a necessidade
crescente de formação de professores e a baixa procura pelos cursos de licenciatura em todo
o Brasil. Essa discrepância foi apresentada em um relatório produzido pelo Conselho
Nacional de Educação (2007) sob o título Escassez de professores no ensino médio:
propostas estruturais e emergenciais que apresentava um conjunto de dados oriundos de
diferentes fontes que retratava a falta de professores para o ensino médio em diferentes
áreas e destacava que a atual situação da carreira docente contribui para que um número
cada vez menor de jovens procure ingressar nos cursos de licenciatura. Com base nessas
informações, este artigo tem como objetivo analisar e discutir as crenças dos alunos do
ensino médio em relação à profissão docente. Buscando estabelecer um diálogo entre os
estudos sobre crenças e carreira docente, sob os princípios da Linguística Aplicada e com
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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base em Barcelos (2004), Leffa (1991) e Beijaard (2011) buscou-se traçar relações entre essas
crenças e o que os alunos relatam ser a escolha deles para futura profissão. Para o presente
trabalho, foram analisados questionários e gravações feitas em sala de aula em duas turmas
do 3º ano do Ensino Médio. Os estudos sobre crenças no Brasil ganharam força a partir da
década de 90, principalmente com Leffa (1991) e Barcelos (1995) e têm demonstrado a
necessidade de entender como as crenças podem interferir nas experiências de
aprendizagem dentro e fora da escola.
GT 09 - AS MÚLTIPLAS FACES DA NARRATIVA FANTÁSTICA: DA ANTIGUIDADE ATÉ A
CONTEMPORANEIDADE
Coordenadores:
Profa. Dra. Marisa Martins Gama-Khalil (UFU-CNPq)
[email protected]
Prof. Dr. Flavio García (UERJ)
O presente Grupo de Trabalho pretende abrigar comunicações de ordem vária que tenham
como objetivo diferentes abordagens da narrativa fantástica, entendendo o fantástico a
partir de um “esgarçamento” – conceitual e cronológico – em relação ao que propõe Tzvetan
Todorov, e concordando com Adolfo Bioy Casares, dentre outros tantos, ao defender que
essa literatura abriga uma diversidade de trabalhos com o sobrenatural – com eventos que
subvertem e deslocam o “real” – e que se estende temporalmente desde Homero e As mil e
uma noites até as narrativas fantásticas contemporâneas, como as de David Roas, José
Saramago, Mia Couto, Murilo Rubião e Flávio Carneiro. Nesse sentido, Italo Calvino estaria
certo ao afirmar que é o labor estético com a fantasia, em uma lógica oposta à cartesiana, o
que definiria a literatura fantástica em relação à literatura mais amplamente observada em
seu caráter sempre transgressor. Obviamente, há diferenças formais e temáticas entre, por
exemplo, a narrativa maravilhosa, a gótica, a fantástica, a estranha, a sobrenatural, a absurda,
a real mágica, a real maravilhosa, a real animista, a de certa parcela da ficção científica e dos
romances policial e de mistério; contudo, o ponto de aproximação entre essas vertentes
ficcionais seria o tratamento estético dado à fantasia, em sentido lato, o recurso ao insólito –
ao que não sói acontecer, manifestado em qualquer das categorias da narrativa
(personagem, tempo, espaço e ação), isolada ou conjuntamente –, ou, no dizer de Filipe
Furtado, a presença do elemento metaempírico, o que o faz reunir todas essas variantes sob
a designação abrangente de literatura do metaempírico (discursos do metaempírico, como
sistematiza, em distinção ao conceito todoroviano de gênero). Espera-se, assim, reunir, neste
GT, trabalhos que possam contribuir para as discussões mais recentes sobre as
complexidades teóricas, críticas e interpretativas que abrangem estudos sobre a literatura
fantástica – sua definição, os elementos narratológicos que a compõem, o projeto estético
que a constitui, bem como as suas diversificadas formas.
III SINALEL
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A LINGUAGEM APOCALÍPTICA NA NARRATIVA BÍBLICA DO LIVRO DE DANIEL
Ailton de Sousa Gonçalves (PUC-GO)
[email protected]
Neusa Valadares Siqueira (PUC-GO)
[email protected]
Introdução: A apocalíptica é um vocábulo criado pelos exegetas no século XIX para
classificar alguns escritos que nasceram entre os séculos II antes de Cristo e o Século I depois
de Cristo. O termo atualmente é usado para 3 situações distintas: uma linguagem particular
(gênero literário), conteúdos transmitidos (ideologia) e personagens que protagonizaram tal
movimento.A própria palavra significa coisa revelação, coisas ocultas, conhecida apenas pelo
autor do texto especialmente de coisas referentes ao futuro. Métodos, procedimentos e
materiais: Objetivando compreender a linguagem apocalíptica, será realizada pesquisa
bibliográfica básica no livro de Daniel e em alguns materiais de apoio que fazem referência a
literatura apocalíptica. Resultado e discussão: A linguagem do livro de Daniel é considerada
apocalíptico porque todas as visões, ou seja, as profecias remetem ao fim dos tempos, por
isso, ele não pode ser classificado apenas como profético. A segunda parte do livro, (Dn 712), em linguagem figurada, própria da apocalíptica, a história é dividida em etapas,
mostrando o conflito entre as grandes potências. Ressalta que se aproxima a última etapa da
história: o Reino de Deus está para ser implantado, isso, é preciso ter ânimo e coragem para
resistir ao opressor, permanecendo fiel, ou seja contém as seguintes visões: capítulo 7 - as
quatro feras; capítulo 8 - o bode e o carneiro; capítul. 9 - as setenta semanas; capítulos 10 a
12 - Tempo da cólera e Tempo do fim, além das disputas do Rei do Norte com o Rei do Sul.
Conclusão e referências: O presente trabalho está voltado para análise do estudo da
literatura apocalíptica (visionária) mística em Daniel, que é um dos vários profetas do Antigo
Testamento.
UM ABRAÇO DA MORTE E DO DESEJO OU O ABRAÇO? LENDO LYGIA BOJUNGA
Edson Maria da Silva (UFU)
[email protected]
Este trabalho lida com a questão do desejo e da morte no livro O Abraço, de Lygia Bojunga,
partindo do pressuposto de que entre o desejo e a morte figura-se a inquietude, a angústia,
a ansiedade, a melancolia, sentimentos que, no decorrer da obra, vão nortear as ações da
personagem principal até o desfecho. Em O Abraço após o estupro da personagem principal,
paradoxalmente o medo de morte e desejo sexual são despertados nela. Então, ao não saber
a respeito do que se sente, mescla-se o não saber o que se busca, pois tudo é um
emaranhado de afetos. Dessa maneira, pretende-se analisar como se dá a relação entre o
desejo e a morte entrelaçados pelo medo, que marca o corpo da personagem como vivência
sexual dramática e continuamente buscada. Também, compreende que em O abraço, o
espaço do corpo e o da narrativa são afirmados como lugares sem fronteiras, em que as
imagens de invasão – estupro e ofício de escrita – são demarcados pela fantasia da
personagem, narrador e leitor; não se olvidando da ideia de que o desejo possui uma
familiaridade com o horror, naquilo que S. Freud denominou de o estranho familiar. Como
apoio teórico teremos as obras de: David Roas (2011), Haward Philips Lovecraft (1973), Jorge
Luis Borges (1985), Peter Hunt (2010) e Lygia Bojunga (1995). Por fim, O abraço, de Lygia
Bojunga, pode ser lida sob o aspecto da articulação intrínseca entre desejo e morte, sob a
égide da experiência do medo, vivida no corpo.
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PERCEPÇÕES DE MAGICALIDADE: ESTÉTICA DO ABSURDO NA ESCRITA MURILIANA
Edson Moisés de Araújo Silva (UFRN)
[email protected]
A literatura coloca-se como um contribuinte essencial para a sociedade na medida em que
suas representações sociais são observadas e suas sugestões analisadas. A obra de arte, de
fato, não deve ser reduzida a uma simples reprodução da realidade. Contudo, como um
produto social, a literatura possui impressões e interpretações sobre o mundo (EAGLETON,
2011). Tendo tais concepções como parâmetro analítico, este trabalho apresenta uma leitura
do conto “O ex-mágico da Taberna Minhota”, de Murilo Rubião, considerando sua
narratividade fantástica, bem como o lugar ocupado por seus escritos na história literária
brasileira. Para a discussão tornam-se pertinentes os procedimentos adotados por Rubião
em interessante proximidade com Kafka e alguns dos representantes da prosa latino
americana, como Gabriel García Márquez e Júlio Cortázar. Nesse sentido, mostra-se relevante
a consideração histórica da estética de Rubião em diálogo com outras produções fantásticas
na América Latina, observando os procedimentos empregados na composição de suas
narrativas. Para tal, a análise do conto “O ex-mágico da Taberna Minhota” foi norteada por
pensadores como Adorno (2003), Bakhtin (2008) e Candido (2000; 2004), que instigaram a
reflexão a respeito do valor ideológico dos discursos observados na narrativa e a sua relação
com o plano social, bem como a percepção dos lugares ocupados na configuração da
sociedade moderna. Por outro lado, temos, em primeiro plano, o fantástico enquanto gênero
(TODOROV, 1992; CESARANI, 2006) e linguagem (SARTRE, 2005), representando os meios
pelos quais os contos revelam a ruptura e a transgressão da linguagem passiva e
conformada com a ordem dominante. Por conseguinte, percebe-se que os acontecimentos
absurdos, de fato, nada possuem de sobrenaturais, pois são os procedimentos de linguagem
que fundam o espaço da aceitação do mundo fantástico. A organização da estrutura
narrativa contribui, de forma decisiva, para a construção de uma sequência lógica, que é
interna ao espaço literário.
DEVORA-TE A TI MESMO: IMAGENS DA VIOLÊNCIA CANIBAL EM JOSÉ J. VEIGA E
MOACYR SCLIAR
Elzimar Fernanda Ribeiro
[email protected]
O imaginário do canibalismo foi agregado à identidade brasileira desde os primeiros tempos
de sua formação, ainda no tempo dos primeiros cronistas-viajantes, tendo sido elaborado,
divulgado e conservado de modo destacado pelo nosso discurso literário-ficcional, que lhe
concedeu sentidos os mais diversos, indo desde o exotismo selvagem e demoníaco dos
primeiros relatos missionários até a assimilação estética-irônica pelo indianismo modernista.
Este estudo analisa de forma específica a simbologia que o canibalismo assume nos contos
“O cachorro canibal”, de José J. Veiga e “Canibal”, de Moacyr Scliar, ambos publicados à
época da Ditadura Militar. Margeando o universo do insólito e do fantástico, os dois contos
podem ser considerados fábulas ou alegorias, comportando inclusive o conteúdo ético
comum a estas formas narrativas. Em visões do imaginário terrificante, no sentido definido
por Gilbert Durand, o canibalismo é abordado numa percepção que privilegia a violência
macabra da ação, realçando mutilações e sanguinolência, bem como o próprio ato da
manducação da carne em si. Uma vez que a teoria durandiana coloca tais imagens como
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símbolos de animalização e decadência, a presente análise propõe-se a evidenciar como a
recorrência a estas figuras arquetípicas do medo, nos dois contos abordados, são articuladas
como um modo de representação da ruptura das relações fraternas do homem com seus
semelhantes.
HOME, SPOOKY HOME: A CASA ASSOMBRADA EM HISTÓRIAS DE HORROR NORTE
AMERICANAS
Guilherme Copati (PIPG/UFSJ)
[email protected]
Orientadora: Profa. Dra. Adelaine LaGuardia (UFSJ)
O tema da casa assombrada, cuja presença transsecular problematiza as relações entre o
fantástico, o gótico e a contemporaneidade propostas nos estudos de Botting (1996),
Spooner (2007) e Beville (2009), sugere a investigação sobre os modos como o gótico
contemporâneo reelabora o tema, apresentando a casa como personagem, entidade viva,
mutante, portadora de desejos próprios e misteriosos desígnios, organismo que responde a
eventos violentos que ali sucederam. Para tanto, um exemplo recente que desenvolve o
tema, e em que se pode identificar uma possível configuração do gótico na
contemporaneidade, é a primeira temporada do seriado norte-americano American Horror
Story, transmitida em 2011 pelo canal fechado FX, intitulada “Murder House”. O seriado
reintroduz a casa assombrada como representação potente do espírito pós-moderno, cuja
ênfase na textualidade e nos processos construtivos do próprio texto é, aqui, traduzida em
um metatexto fílmico consciente e expressivo da tradição e das convenções narrativas do
gênero gótico. Ao referendar e homenagear textos da tradição gótica norte-americana e
inglesa, os produtores Ryan Murphy e Brad Falchuk associam temas clássicos do gênero,
como a teratofobia, as assombrações, a paranoia e o drama familiar, a temas em evidência na
literatura de horror contemporânea, como o halloween, a possessão demoníaca e o
apocalipse, produzindo, por meio de estratégias metatextuais, um texto gótico que se mostra
consciente de conflitos norte-americanos contemporâneos no campo da economia, da
sociedade e das relações interpessoais. Pretende-se analisar a presença da tradição gótica a
costurar os acontecimentos da série, apontando possíveis referências a textos que a
compõem, a fim de direcionar uma reflexão às estratégias construtivas da narrativa pósmoderna, melhor caracterizada pela exacerbação da textualidade do próprio texto, que faz
do gótico contemporâneo um gênero que versa, sobretudo, sobre sua dinâmica de inserção
nessa tradição.
O TEXTO EM QUE – ESTRANHO – LENDO MARIA GABRIELA LLANSOL
Jonas Miguel Pires Samudio (UFU)
[email protected]
Lemos em Maria Gabriela Llansol: “escrever é aprender a escrever. Escrever é trabalho difícil,
é fazer coisas de que, por vezes, não gosto” (2011) e “creio que meus textos sabem muito
mais; eles não estão atrás, no meu passado autobiográfico; eles estão diante de mim, no meu
futuro autobiográfico; atraem-me tanto a mim quanto a outros que os tocam, para saber/e
não mais (1991). Diante de tais frases, somos colocados frente a uma experiência de leitura,
ou legência, na proposição llansoliana, e de escrita que, antes de se acomodarem à
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satisfação daquele que escreve/lê, levam-no a um instante de exigência e de desconforto,
diante da experiência de um texto de gozo, conforme Barthes, em que o leitor é desalojado
dos lugares seguros da linguagem, e vê-se desenhado em outra corporeidade, no espaço do
texto, em que a escrita é causa, e não efeito. Desse modo, vemo-nos em uma língua dentro
da língua, na afirmação de Gilles Deleuze a respeita da literatura, e o que nos espera no
término de ler é a passagem para uma experiência em que o corpo é o real, o horror-semsentido, o êxtimo – exterior e íntimo – conforme Jacques Lacan, que assoma e seduz quem
lê, o estranho familiar de Sigmund Freud. Assim, propomos uma leitura da textualidade
Llansol, de acordo com os teóricos acima expostos, que nos permita vislumbrar em que
medida o texto de Maria Gabriela Llansol é uma possibilidade de encontro e de inconforto
que, pondo-nos fora dos lugares seguros da linguagem, expõe o legente ao corpo e ao
temor – o estranho que nos acompanha como texto.
MÃE E SANTA N’A DEMANDA DO SANTO GRAAL E MULHERES EXEMPLARES
Larissa do Socorro Martins Leal (ESAB/EST)
Estudar a presença da mãe e santa na obra ficcional e fantástica A Demanda do santo graal,
tendo como parâmetro a personagem de um dos mistérios (maravilhoso) da novela de
cavalaria: Genebra, a dona da capela. Tendo como ponto especial o momento fantástico e
sobrenatural durante as curas na capela. No entanto, com base nesta personagem, faz-se
necessário realizar um estudo complementar para conhecer a história e características da
mulher na Idade Média e, também, das santas. Para tal, teremos as vidas de Ida de Bolougne
e de Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, elas servirão de base para que se chegue ao
entendimento da importância da dona da capela na Demanda, assim como nos auxiliarão a
responder um questionamento: a dona da capela pode ser considerada uma santa? Essas
figuras serviram de exemplos quanto à santificação, a partir da maternidade, milagres e vida
ascética, cotejando-as com a fantástica e milagrosa história da mulher da capela.
O ESPAÇO FICCIONAL NAS NARRATIVAS FANTÁSTICAS
Lílian Lima Maciel
[email protected]
O estudo parte da análise das espacialidades na literatura fantástica com o objetivo de
relacionar as teorias do fantástico com a constituição do espaço ficcional nessas narrativas,
em especial, a grande contribuição do espaço para a ambientação sobrenatural.
Enfocaremos também o espaço enquanto possibilidade de sobreposição de mais de uma
dimensão para instaurar a ambiguidade e a hesitação, condições fundamentais, para a
irrupção do fantástico. Isso porque o espaço pode ser colocado como a fronteira entre a
realidade e a fantasia e propiciar um olhar crítico do leitor sobre a sua realidade. Podemos
considerar a configuração dos espaços uma das principais estratégias para geração de
sentidos nas narrativas fantásticas. Com base na ideia de que a hesitação do leitor é uma
condição para o fantástico Todorov elaborou um modelo sistêmico e teórico que discute a
posição do leitor e do autor na construção de uma narrativa fantástica. O autor Italo Calvino
amplia o conceito de literatura fantástica proposto por Todorov, distanciando-se dessa
proposta em alguns aspectos. Portanto, para a análise dos aspectos fantásticos será
indispensável os pressupostos teóricos de Todorov, Cortázar, Vax, Bachelard, Filipe Furtado,
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Ceserani, Italo Calvino e outros. E para o estudo sobre os espaços tomaremos como base as
noções que Michel Foucault formulou sobre as espacialidades: as utopias, heterotopias e
atopias; e também no estudo de Deleuze e Guattari sobre o espaço liso e estriado.
O MITO FÁUSTICO EM BALZAC
Marli Cardoso dos Santos (UNESP/Araraquara)
[email protected]
Os mitos estão intrinsecamente relacionados ao elemento sobrenatural na literatura e
podemos dizer que as narrativas balzaquianas também focalizaram o mundo por essa
perspectiva. Honoré de Balzac é lembrado, muitas vezes, por sua crítica à sociedade, mas
percebemos que o autor foi buscar os mistérios que envolvem o comportamento humano
em elementos incomuns, sobretudo quando nos lembramos do mito sobre o elixir da
imortalidade, ou da fonte da juventude, abordado em duas obras e, sobre o pacto com
forças desconhecidas, que nos recorda o mito de Fausto. No conto L’elixir de longue vie,
vemos que o enredo gira em torno de um objeto mágico, um elixir trazido do oriente, que
porta a imortalidade, mas a questão essencial do conto está ligada à busca pelo poder dos
personagens Bartholoméo Belvidero e don Juan. O mesmo acontece em La peau de chagrin,
quando Raphaël de Valentin toma posse de uma pele de jumento, também do oriente, que
concede desejos ao seu dono; mas o desejo de poder é mais forte que o personagem, que
também sucumbe à fragilidade de sua existência. Finalmente, podemos pensar em Melmoth
Réconcilié, um romance que traz ainda mais forte a questão da busca por poder. Castanier,
um bancário endividado, decide firmar um pacto com Melmoth e, assim, assume o pesado
fardo do personagem retomado de Maturin, que em Balzac corresponde à figura de um
tentador. Com o auxílio dos críticos Pierre Georges Castex e Max Milner, abordaremos a
articulação do fantástico balzaquiano que possui uma relação estreita com a figura de Fausto
na literatura, sendo que a mais recorrente está ligada ao pacto, que ocorre de forma explícita
na narrativa, caso de Melmoth Réconcilié e menos explícita, como em L’elixir de longue vie e
La peau de chagrin.
O FANTÁSTICO EM CAIO FERNANDO ABREU: UMA LEITURA DO CONTO “GRAVATA”
Rosicley Andrade Coimbra (UEMS)
[email protected]
O objetivo desta comunicação é fazer uma leitura do conto “Gravata”, do escritor Caio
Fernando Abreu, presente no livro O ovo apunhalado (1975), partindo das concepções
estabelecidas por Tzvetan Todorov sobre o fantástico. Consideramos o referido conto imerso
em uma atmosfera que podemos considerar como insólita, o que nos obriga a escolher entre
uma explicação ou outra. É um conto que apresenta um acontecimento que não dá para ser
explicado pelas leis que regem o mundo familiar. Assim, tomamos como ponto de partida a
hesitação da personagem (e também do leitor) diante de tal acontecimento para falarmos do
fantástico. Enquanto leitor, ficamos com uma incerteza, uma vez que hesitamos entre uma
explicação natural e uma explicação sobrenatural dos acontecimentos narrados. E ainda,
objetiva-se, ao final de nossa leitura, especular sobre o porquê de tal conto ter sido escrito
seguindo a voga dos contos fantásticos. Uma hipótese que aventamos, seguindo as ideias de
Todorov, é que o uso do fantástico está relacionado a um meio de combate à censura. O uso
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de uma história, cuja narrativa se mostra insólita, deixando o leitor cambiante diante dos
acontecimentos narrados, seria mais eficiente do que uma outra que falasse mais
abertamente sobre determinados assuntos. No caso do conto de Caio seu contexto é
marcado pelo momento sócio-político, cuja censura e repressão eram marcas do Regime
Militar, logo, falar sobre isso era proibido, para não falar perigoso.
GT 10 – A CHAMADA LITERATURA MEDIÚNICA EM QUESTÃO
Coordenadores:
Prof. Dr. Ozíris Borges Filho (UFTM)
[email protected]
Prof. Dr. Sidney Barbosa (UnB)
[email protected]
Por literatura mediúnica entendemos o texto escrito por um médium e atribuído a uma
entidade denominada de espírito, alma, fantasma ou gênio. O recebimento desse texto, que
pode ser literário, se dá, mais comumente, por um processo que é chamado de psicografia. O
pesquisador italiano Ernesto Bozzano (1998) chama a essa literatura de “literatura de além
túmulo”. Nesse sentido, pode-se afirmar, com toda a certeza, que a literatura mediúnica é
um fenômeno cultural principalmente brasileiro há mais de um século. Devido a intenso
programa editorial levado a efeito pelos espíritas kardecistas e a uma grande aceitação do
público leitor, milhões de livros mediúnicos já foram vendidos no Brasil e traduzidos para
vários outros idiomas. Trata-se, geralmente, de poemas, romances, contos, crônicas, ensaios,
histórias infantis e mensagens de auto-ajuda. Há romances mediúnicos que já tiveram mais
de oitocentos mil exemplares vendidos. Para os padrões editoriais brasileiros, isso constitui
um verdadeiro sucesso de público. Textos desse tipo vêm constando das famigeradas “listas
dos mais vendidos” em órgãos da imprensa popular, tais como a “Revista Veja”, na categoria
que chama de “autoajuda e esoterismo”. No entanto, apesar dessa penetração maciça na
sociedade brasileira como um todo e apesar de ser um fenômeno editorial desde o início do
século passado, a literatura mediúnica vem passando quase despercebida pela crítica literária
e pela Universidade no Brasil. Dessa situação surge uma pergunta evidente: por que livros
que contam com sucessivas edições e dezenas, às vezes centenas, de milhares de exemplares
não chegam a interessar os acadêmicos e jornalistas da “grande imprensa”? Apenas nos anos
40 do século XX, com o chamado “caso Humberto de Campos”, é que houve uma
movimentação da crítica literária pelos grandes jornais de todo o país com participação,
inclusive, de membros da Academia Brasileira de Letras. Fora esse momento histórico, a
crítica silenciou-se a respeito dessa produção literária. É bem verdade que dissertações e
teses vêm sendo feitas nas mais diversas universidades do país, notadamente a partir dos
anos 1980, mas, mesmo assim, a produção é pequena e pouco divulgada. Este GT propõe-se
a iniciar um trabalho que pretende romper com esse silêncio da crítica literária brasileira.
Independente da ligação desse tipo de literatura com as religiões, a pergunta central que nos
fazemos é: Que objeto é esse? Nosso propósito é a investigação científica desse corpus tão
extenso. Receberemos inscrições de comunicações dos mais diversos tipos de pesquisadores
sem restrições quanto ao método crítico adotado na análise da obra literária mediúnica.
Serão bem-vindos trabalhos de pesquisa que abordem os textos literários mediúnicos tanto
do ponto de vista das teorias literárias quanto das teorias linguísticas, independente das
correntes críticas a que estejam vinculados.
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O “PACTO AUTOBIOGRÁFICO” E AS MENSAGENS MEDIÚNICAS
Denise Adélia Vieira (UFJF)
[email protected]
O projeto de pesquisa apresentado neste resumo propõe uma relação dialógica entre as
mensagens mediúnicas e o pacto autobiográfico de Philippe Lejeune. As mensagens
selecionadas fazem parte do livro Eça de Queirós, Póstumo, publicado em 1940, composto
por 25 mensagens, atribuídas ao escritor português Eça de Queirós, psicografadas pelo
médium português Fernando de Lacerda e 2 mensagens recebidas pelo médium mineiro
Francisco Cândido Xavier. Incluímos também, para análise, o prefácio de Almerindo Martins
de Castro ao livro. A aplicação da teoria sobre o pacto promoveu considerações em torno de
uma literatura ainda pouco estudada: a literatura espírita. Apesar dos olhares ainda
cautelosos sobre a Doutrina dos Espíritos, percebemos que há um crescente interesse pelas
contribuições que essa vertente religiosa possa oferecer, principalmente, no campo dos
estudos culturais. O que nos move é analisar, com critério, as mensagens e confrontá-las
com as teorias sobre autobiografia. O Pacto Autobiográfico de Lejeune, por já ter sido por
ele mesmo reavaliado, permitiu, então, a abertura dos novos posicionamentos. Por ser nosso
corpus composto de mensagens mediúnicas, o objetivo é estudar as estratégias textuais
nelas contidas que permitam lê-las como perfil autobiográfico. Intencionamos, dessa forma,
que esses textos possam ser lidos como uma “autobiografia mediúnica”. Por mais que
saibamos, que os estudos das mensagens de um morto cause estranhamento, e mais, que
esse material seja analisado pela ótica de uma teoria já consagrada, acreditamos que as
observações feitas gerem novas percepções sobre a autobiografia. O que pretendemos
demonstrar, no trabalho, é que a autonomia literária expande suas fronteiras e permite o
estabelecimento de diálogos com vários tipos de textos e que as teorias gravitam em torno
deles para garantir a comunicação.
A SINGULARIDADE DE UM INTERTEXTO MEDIÚNICO EM TORNO DE UMA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Gismair Martins Teixeira (UFG)
[email protected]
No ano de 2005 defendemos nossa dissertação de mestrado junto à Faculdade de Letras da
Universidade Federal de Goiás. Sob o título de Os aspectos da modernidade no intermúndio
epistêmico de Memórias de um diabo de garrafa, de Alexandre Raposo, nosso trabalho
versava sobre o romance do escritor carioca citado no título e que tinha como protagonista
um diabo de garrafa conjurado no Coliseu de Roma pelo ourives renascentista Benvenuto
Cellini. Em sua efabulação, Raposo serviu-se de um documento autobiográfico de Cellini em
que mencionava um ritual de magia e evocação diabólica no famoso templo romano para
trazer à vida literária o seu personagem, Giácomo Lorenzo Bembo, um diabinho de garrafa,
que auxiliaria Cellini em sua produção artística e desvendaria ao leitor alguns mistérios dos
últimos quinhentos anos, desde o Renascimento. Após concluir nosso trabalho e defendê-lo,
deparamo-nos com um exemplar da Revista Espírita, de Allan Kardec, sistematizador do
espiritismo, datada de 1859. Numa evocação realizada no mês de abril daquele ano, o
suposto espírito de Benvenuto Cellini responde a perguntas diversas, dentre as quais a que
faz referência à noite de evocações no Coliseu. O fato abordado pelo espírito é exatamente o
mesmo utilizado por Alexandre Raposo para construir seu personagem. E a resposta de
Cellini sobre a conjuração e o seu resultado é surpreendente, remetendo ao enunciado
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aristotélico acerca da distinção entre o fazer do historiador e o fazer poético, quando aponta
que o historiador relata o que aconteceu e o poeta relata o que poderia ter acontecido.
A CONFIGURAÇÃO DA LITERARIEDADE NO ROMANCE “SE ABRINDO PARA A VIDA”:
REFLEXÕES SOBRE A LITERATURA MEDIÚNICA.
Luciana Moura Colucci de Camargo (UFTM)
[email protected]
Considerada um sucesso editorial e de público, Zíbia Alencastro Gasparetto (1926) há mais
de sessenta anos se dedica à psicografia de obras pertencentes à vertente denominada
“literatura mediúnica”. Por intermédio do espírito Lucius, Gasparetto já psicografou cerca de
quarenta romances com temática variada cuja finalidade, além do prazer da leitura, é
disseminar e refletir sobre a doutrina espírita alicerçada nos postulados do educador francês
Allan Kardec (1804-1869). Levando em consideração a recepção dessas obras no contexto de
leitura brasileiro e o parco interesse da crítica especializada sobre as mesmas, acreditamos
ser essa uma oportunidade de pensar e de problematizar a configuração da literariedade na
“literatura mediúnica” ou na “literatura de além túmulo”, como defende o pesquisador
italiano Ernesto Bozzano (1998). Esta possibilidade de um novo olhar sobre a literatura dos
séculos XX e XXI se torna ainda mais desafiadora principalmente se também considerarmos
os tempos contemporâneos em que a questão das fronteiras do canône tem sido revisitada e
debatida de modo que “outras vozes” possam sair das margens, do “ex-cêntricos”. Sob essa
óptica, a narrativa de Gasparetto intitulada “Se abrindo para a vida” (2009) será analisada de
modo a dimensionar literariamente a relação entre forma e conteúdo. Ou seja, será indagado
como os elementos da estrutura narrativa, particularmente as personagens e os espaços,
articulam-se no que tange à da tessitura do literário.
O LÁ E O CÁ DE AUGUSTO DOS ANJOS
Ozíris Borges Filho (UFTM)
[email protected]
Em seu momento final, quinze minutos antes de falecer, Augusto dos Anjos escreveu seu
derradeiro soneto, intitulado: “O último número”. Isso ocorreu na madrugada do dia 12 de
novembro de 1914, segundo os seus biógrafos. Por outro lado, em 1932, na cidade do Rio de
Janeiro, a Editora da FEB(Federação Espírita Brasileira), publicava um livro que causou
alvoroço no meio intelectual e literário na época. O título do livro é “Parnaso de Além
Túmulo”. Nesse livro, o médium mineiro e mundialmente conhecido, Chico Xavier,
psicografou inúmeros poemas de diversos poetas famosos já falecidos. Entre eles, aparece
Augusto dos Anjos. Até a 5ª edição dessa obra, havia um poema de Augusto que se chama
“Número infinito”. Esse poema, como já asseveraram vários estudiosos espíritas, é,
praticamente, uma resposta àquele último poema escrito pelo poeta em vida. Nossa
intenção aqui é fazer um estudo comparativo entre os dois sonetos, notando as semelhanças
e dessemelhanças entres eles tanto do ponto de vista do conteúdo, quanto da forma.
Abordaremos ambos os poemas em quatro níveis. No primeiro nível, teremos uma
abordagem da sonoridade dos textos. Depois, iniciaremos algumas análises do ponto de
vista da morfologia. Em seguida, enfocaremos aspectos sintáticos e, finalmente, chegaremos
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à semântica dos poemas. Claro está que essa divisão é puramente didática. Em nossa análise
os quatro pontos se entrelaçaram formando um todo.
LITERATURA MEDIÚNICA NO MODERNISMO PORTUGUÊS: O CASO FERNANDO PESSOA
Zilda de Oliveira Freitas (UESB)
[email protected]
Apresentarei uma síntese dos estudos acadêmicos e científicos sobre a mediunidade na
produção lítero-filosófica de Fernando Pessoa, acrescentando às mais recentes pesquisas
sobre o tema a minha leitura pessoal sobre a espiritualidade pessoana. Enfatizarei em minha
comunicação que é “Na diversidade (finita) dos heterônimos a diferença (infinita) de
linguagens poéticas e de sujeitos do texto. Civilizacional, cultural, estético, literário...”
(SEABRA,J.A.,1988:4). Para comprovar minha leitura, recorrerei às cartas e textos filosóficos
nos quais o poeta português registrou suas ideias sobre a mediunidade através do
ocultismo, ordem rosacruciana, sabedoria Kabbalah, doutrina kardecista e outros. Graças à
heterogeneidade da obra pessoana, optarei por estudar uma única faceta de sua poética: as
identidades do eu-lírico em beirabismo, que é o termo escolhido para (re)significar a postura
do sujeito pessoano diante da insofismável comprovação de que “a literatura, como toda a
arte, é uma constatação de que a vida não basta” (PESSOA, F. apud PERRONE-MOISÉS, L,
2001: XI). Estar em beirabismo é estar por um triz, em vertiginosa atitude, à beira de um
abismo. Portanto, a apresentação do meu estudo sobre as identidades poéticas em
beirabismo remeterá o leitor da obra pessoana à compreensão da mediunidade em
Fernando Pessoa como constructos psicológicos que permeiam sua produção literária plural,
na qual as identidades do eu são instáveis, ao permanecerem em um estado de constante
desequilíbrio.
GT 11 - LITERATURA, HISTÓRIA E IMAGINÁRIO: RELAÇÕES E PERSPECTIVAS
TEÓRICAS E CRÍTICAS
Coordenadores:
Prof. Dr. Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG)
[email protected]
Profa. Dra. Clarice Zamonaro Cortez (UEM)
[email protected]
Uma destacada linha de pesquisa e de investigação no campo dos estudos literários tem sido
a orientação de se estudar a literatura em relação de interdisciplinaridade. Nessa direção, a
relação entre literatura, história e imaginário instiga, na atualidade, não só teóricos, críticos,
autores de criação literária e historiadores, mas também estudiosos de áreas afins, a refletir e
lidar com esse fenômeno nos seus aspectos ideológicos, políticos, culturais e seus
desdobramentos e questionamentos nas diferentes épocas sociais. Se a reflexão acerca dessa
relação torna-se especialmente crítica na contemporaneidade, ela igualmente se verifica, da
mesma forma significativa, relativamente ao passado. Dentre outras formulações teóricas,
uma expressiva postura desconstrutivista do tradicional logos que coloca a história com
maior seriedade do que a literatura, consiste na chamada metaficção historiográfica, que
revolucionou a validade dos epistemas desses dois modos de saber e de conhecer a
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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realidade. Não se sustenta mais, a partir desse e de outros pontos de vista teóricos e críticos
semelhantes, a consagrada e clássica inverdade platônica e reservada verossimilhança
aristotélica atribuída à poesia (e por derivação à ficção e ao imaginário) e a atribuição de
verdade, que o positivismo moderno corrobora à história e à ciência, ou ainda, à história
como ciência. Tendo por base esses pressupostos teóricos, este GT tem como objetivo, de
forma eclética no tocante à natureza e à modalidade do seu corpus literário a ser
apresentado para discussão por seus proponentes, receber trabalhos que apresentem
estudos críticos e analíticos que investiguem formas, razões, modos de ser do que pode ser
considerado como ideário e como formações de ordem política da presença de aspectos
relacionais entre o fazer próprio da literatura, a história e as formações e conteúdo do
imaginário. Com base nesse enfoque, o GT receberá trabalhos sobre obras de prosa e de
poesia das diversas literaturas conhecidas que tratem dessa problemática relação entre
literatura, história e imaginário e suas respectivas e derivadas construções criativas.
O OLHAR INDIVIDUAL DO CONTEXTO DE REPRESSÃO DOS ANOS 70 NO ROMANCE AS
MENINAS, DE LYGIA FAGUNDES TELLES.
Ana Carolina Moura Mendonça (UFRN)
[email protected]
Orientador: Andrey Pereira de Oliveira (UFRN)
[email protected]
Este trabalho tem como objetivo observar o modo como o romance As meninas (1973), de
Lygia Fagundes Telles, formaliza esteticamente aspectos do contexto social e político do
período de repressão militar brasileira da década de 1970. O romance apresenta um amplo
campo de possibilidades interpretativas, devido ao seu teor de originalidade estética. Neste
sentido, este trabalho se propõe a refletir dois aspectos que contribuem para essa inovação
estética: a variedade do ponto de vista, utilizando as considerações teóricas de Norman
Friedman no artigo “O ponto de vista na ficção” (2002), e a constituição das personagens do
romance. Ambos os aspectos serão vinculados à visão da sociedade no contexto da ditadura
militar, especificamente à repressão dos anos 70. Em termos metodológicos, assumiremos
princípios propostos por Antonio Candido (1976) em sua crítica integrativa, segundo a qual a
sociedade é um fator que participa da estrutura da obra, tornando-se um elemento interno a
ela, e atuando, portanto, como fator estético. O trabalho busca, assim, observar de que
maneira o ponto de vista do narrador e a constituição das personagens podem ser
vinculadas à visão social desse período. Dessa forma, este estudo não pretende analisar o
contexto sócio-político de uma época, mas perceber de que forma este contexto participa e
é relevante para a configuração do romance.
UMA INVESTIGAÇÃO DO FENÔMENO LITERÁRIO A PARTIR DOS CONCEITOS DO
IMAGINÁRIO E DO SIMBÓLICO
Carlos Eduardo Japiassú de Queiroz (UFS)
[email protected]
A visada deste trabalho circunscreve a literatura enquanto discurso específico que só se
realiza enquanto tal quando de uma recepção por parte de um leitor que se consagrará
como fator necessário no processo de interpretação do conteúdo expresso pelo texto. Neste
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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sentido, a existência de uma especificidade de um discurso cunhado como literário deve ser
investigada no cerne de um processo resultante da conjunção de suas características formais
e sua repercussão no imaginário do leitor no ato de uma dada recepção. Para efetivarmos
nosso objetivo de análise, adotaremos como base teórico-metodológica dois nortes
epistemológicos. A saber, a Corrente de Estudos do Imaginário e a Estética da Recepção. Em
relação à primeira, adotaremos a obra do filósofo francês Gilbert Durand, especificamente os
livros “Estruturas Antropológicas do Imaginário” e “Imaginação Simbólica”, a partir das quais
aprofundaremos os conceitos de Imaginário e de Simbólico com o objetivo de descrevermos
um modo específico de relação e\ou atuação fenomênica do discurso literário na imaginação
do leitor. No tocante à Estética da Recepção, escolhemos o pensamento do crítico e teórico
literário alemão Wolfgang Iser, na medida em que ele privilegia a investigação do efeito
estético que tem origem na relação entre uma obra e leitor particularizados.
A PENÍNSULA IBÉRICA NO MEDIEVO: LITERATURA E CULTURA
Clarice Zamonaro Cortez (UFM)
[email protected]
A definição do conceito de Idade Média foi-se desenvolvendo e construindo a partir da
conscientização renascentista da oposição entre Antigos e Modernos. Caracterizou-se por
valores culturais de inspiração clássica, porém, cristianizados e subordinados a finalidades
éticas e religiosas. Autores clássicos como Aristóteles, Cícero, Sêneca, Virgílio e Ovídio foram
lidos e estudados, embora suas obras tenham sido selecionadas e adaptadas à nova
mentalidade, de inspiração cristã, assimilando valores culturais adequados aos seus
princípios morais e religiosos. Os primeiros centros difusores da cultura medieval foram os
conventos e a língua culta, o latim, expresso por meio de obras religiosas, morais e
filosóficas. Paralelamente, surgiu uma cultura profana em língua vulgar, refletindo a
atmosfera cavaleiresca, aspirando um novo ideal e afirmando um conceito de vida alheio aos
valores religiosos, transmitida pela escola poética provençal. Engloba composições líricas
(cantigas de amor e de amigo) e satíricas (cantigas de escárnio e de maldizer), reunidas em
três cancioneiros. Seus autores são oriundos da Península Ibérica, portugueses e galegos,
frequentadores das cortes de D. Fernando III e do seu sucessor, D. Alfonso X, reis de Leão e
Castela, bem como de D. Afonso III e D. Dinis. Além desse panorama geral, o nosso objetivo
é ressaltar textos pertencentes à categoria lírica que tratam das transformações e dos
relacionamentos sociais desse tão importante período.
“DOS PECADOS DE NOSSAS MÃES TODAS ESSAS COISAS FLUEM”: O PASSADO E O
PRESENTE EM THE MADONNA OF EXCELSIOR DE ZAKES MDA
Divanize Carbonieri (UFMT)
[email protected]
No romance The Madonna of Excelsior (2002), o sul-africano Zakes Mda revisita um sombrio
episódio da história de seu país, ocorrido em 1971, quando dezenove moradores da cidade
de Excelsior foram julgados por violarem o Ato de Imoralidade, que tornava crime as
relações sexuais entre brancos e negros. O enredo é construído em torno de duas molduras
temporais. A primeira se desenrola nos anos 70, quando o relacionamento de Niki e outras
mulheres negras com influentes cidadãos brancos gera um grande número de crianças
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
miscigenadas, que são usadas como evidência de contravenção contra seus pais. O segundo
recorte de tempo corresponde ao período do fim do Apartheid, por volta dos anos 90,
quando a filha miscigenada de Niki, Popi, tenta construir um novo futuro para si. Implodindo
os limites entre história e ficção, Mda reafirma as importantes conexões entre passado e
presente na realidade atual da África do Sul, com sua necessidade premente de se reconciliar
com os eventos ocorridos e superá-los na construção de uma nova sociedade. O objetivo
desta comunicação é demonstrar que a metaficção historiográfica, operada por Mda nessa
obra, permite o surgimento de novas perspectivas a respeito de questões nevrálgicas do
contexto sul-africano, como a delimitação das identidades raciais e de gênero, a prática do
estupro e a vingança entre grupos étnicos decorrentes da imposição da opressão.
Personagens que poderiam, a partir dos relatos jornalísticos do período, também retomados
no corpo da narrativa de Mda, parecer apenas vítimas ou puros algozes são vistos de uma
forma que impossibilita essa simples dicotomia em virtude da complexa teia de ações e
consequências estabelecidas pelo autor.
REPRESENTAÇÕES DA TRADIÇÃO BESTIÁRIA MEDIEVAL EM PERO DE MAGALHÃES
GÂNDAVO
Edilson Alves de Souza (UFG)
[email protected]
Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG)
[email protected]
No desejo de crescimento comercial e de reconquista cristã, países, como Portugal,
avançaram territórios marítimos, provocando uma expansão que data meados dos séculos
XV e XVII. Durante as expedições, os navegantes europeus relatavam suas experiências em
busca da nova terra. Quando chegaram ao Brasil, também realizaram a mesma atividade,
principalmente os portugueses, como é o caso do escrivão Pero Vaz de Caminha,
responsável pela elaboração da Carta de achamento do Brasil, cultivando a “literatura de
informação” – também conhecida como “crônicas de viagem”. Os cronistas, autores desses
registros, repassaram as primeiras impressões sobre as terras ameríndias. As características
descritas tinham como base a tônica religiosa cristã. Com os (in)sucessos dessas excursões
marítimas, o monstruoso, as fantasias entre outras manifestações místicas e míticas foram
criados pela população e literatura. Assim, os cronistas eram fortemente influenciados pelo
maravilhoso e o fantástico. Dentro da atmosfera fértil dos relatos de viagem tem-se a obra
História da Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil, de Pero
Magalhães Gândavo. Por meio da mentalidade cristã e da literatura, ao mesmo tempo em
que se tenta aproximar o nativo da sacralidade mítica de uma visão paradisíaca do Novo
Mundo, o conquistador se utiliza de noções que somam a religiosidade e o monstruoso,
fazendo referência aos elementos do imaginário elucubrado dentro dos Bestiários. Estes
descreviam, analógica e anagogicamente, criaturas bestiais reais e fabulosas, que
influenciaram a produção cronística. Gândavo, em seu texto, conta-nos a história do monstro
marinho Ipupiara que aparece na Vila de São Vicente. Tal criatura pode ser relacionada à
serpente calcatriz, presente no Bestiário Toscano, o que desvela ecos do pensamento
medieval bestiário. Destarte, nesse trabalho, tencionamos uma leitura de História da
Província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil, de Pero Magalhães
Gândavo, evidenciando traços dessa tradição bestiária medieval.
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A INTERDISCIPLINARIDADE EM FLANNERY O'CONNOR: UMA RELAÇÃO COM
KIERKEGAARD, REMBRANDT E AUDEN
Gustavo Vargas Cohen (UFR)
[email protected]
A escritora norte-americana Flannery O'Connor (1925-1964) foi uma das grandes
personalidades do subgênero do Gótico chamado Southern Gothic (Gótico Sulista - do sul
dos Estados Unidos). Vencedora do prestigiado National Book Award for Fiction, sua obra A
Good Man is Hard to Find é um dos contos mais antologizados da história literária de seu
país. Este estudo busca contribuir para a compreensão dos estudos do Imaginário e da
Historiografia Literária, bem como para a difusão desta importante figura do milieu literário
mundial. Contos de O'Connor são utilizados para auxiliar na revelação das interrelações que
compõem o código Realista da autora. A lógica causal de sua narrativa aponta para a Lógica
da Revelação encontrada no contato com o texto Fear and Trembling, de 1843, do filósofo
dinamarquês Kierkegaard, em que o transcendente se torna carne e o imaterial se concretiza
em forma palpável. O desconforto, o medo e a trepidação causados por esta materialização
fazem jus às questões e aos temas que O'Connor trabalha em suas obras. Similarmente,
pinturas do holandês Rembrandt em que profetas e anjos míticos são representados têm
como modelo rostos familiares, domésticos, e são estas faces corriqueiras que, quando
apresentadas de modo transcendental, direcionam o olhar para uma dimensão espiritual, do
mesmo modo que o trabalho Realista de O'Connor direciona a percepção de seus leitores
para semelhante dimensão. Já no poema Musée Des Beaux Arts, do poeta inglês W. H.
Auden, é trazida a coexistência entre o milagroso, o fabuloso, o religioso, o mítico e os
eventos mais simples do cotidiano. Enquanto eventos milagrosos mudam a historia da
humanidade, paralelamente, pessoas normais seguem com suas vidas normais. Enquanto
Auden desenha elaboradamente a linha que separa o mundo sobrenatural do real, O'Connor
a apaga.
O DESEJO DO REAL: ENSAIOS DE POSSESSÃO
João Felipe Barbosa Borges (UFV)
[email protected]
Volto-me às leituras malvadas, de Ana Cristina Chiara (2009, p. 27), e pergunto-me “como
[re]tomar o pulso de um texto? De um objeto estético?”. No meu caso, como retomar o pulso
das relações que diferentes movimentos e tendências literárias, em Portugal, estabeleceram
com a realidade? Como e por que ensaiar possessões do/no/sobre o real, hoje, que não
tenham já se esgarçado no lugar-falar comum de um relacionamento que mesmo na Poética,
pelo princípio de verossimilhança – Oh, tão atual Aristóteles! –, se manifestava evidente?
Neste trabalho, pretendo discutir, através de um breve passeio pela história da literatura
portuguesa, as relações que se estabelecem entre arte e realidade, bem como as crenças que
circundam o imaginário português acerca da descrição do real e da identidade nacional.
Problematizo questões de verdade, subjetividade e afetividade, bem como implicações da
linguagem nos modos de se pensar e representar o real; ou seja, em que medida se pode
transpor a realidade pluridimensional do mundo, para a realidade unidimensional que é a
escrita? Tomo, portanto, como ponto de partida, as leituras de Abdala Junior (2011), Carlos
Reis (2002), Massaud Moisés (2006) e Eduardo Lourenço (1992), sobre a literatura portuguesa
e a autoimagem que estabelecem quanto à sua história e à sua identidade, e as teorias de
Adorno (2003), Auerbach (2004), Bakhtin (1992), Bann (1994) e Schollammer (2009), sobre as
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concepções e o diálogo entre arte, linguagem e realidade.
LITERATURA, HISTÓRIA E SERTÃO EM HUGO DE CARVALHO RAMOS E BERNARDO ÉLIS
Leila Borges Dias Santos (UFG)
[email protected]
As obras de Hugo de Carvalho Ramos e Bernardo Élis, intentam, em seus respectivos
momentos históricos e literários, divulgar Goiás perante o circuito literário nacional,
mostrando parte de sua realidade social. O estado é representado pelos autores tanto na
fase literária chamada consciência amena do atraso, quanto na fase de consciência do
subdesenvolvimento (Candido). Estes tem em comum a utilização de sua literatura como
veículo de expansão da chamada fronteira (Souza), de maneira a fundir sertão e litoral, ou
região à nação, ou o local ao cosmopolita, com o fim de desconstruir a ideia difusa que
associa Goiás a atraso cultural e político. O objetivo desse estudo é analisar
comparativamente as contribuições dos autores para a literatura e para a linguagem
provenientes de Goiás, partindo do que ambos têm em comum: o espaço do sertão por eles
retratado. Alia-se ao estudo a análise que aproxima as narrativas literária e histórica,
partindo-se do pressuposto de que estas reconfigurariam o tempo (Ricoeur), de construiriam
representações do passado e de humanizariam o mundo com suas respectivas formas de
demonstrar sensibilidades. (Pesavento).
AMÉRICA LATINA: REFLEXÕES
Marcia Maria de Brito (UFMS)
[email protected]
O presente artigo tem como escopo realizar uma nova leitura crítica cultural da América,
com enfoque na América Latina, no Brasil e mais especificamente no estado do Mato Grosso
do Sul. Primeiramente analisaremos a importância da América no contexto histórico-cultural
mundial desde suas origens até os dias atuais. Na seqüência trabalharemos a presença
político-cultural da América Latina e por fim a relevância da participação do Brasil no cenário
político-econômico-cultural do mundo, a partir de suas produções literárias voltar a pensar o
local a partir de sua diferença. Este artigo é o primeiro de uma série de textos voltados a
reflexões sobre a América Latina em várias áreas como a arte, a cultura, a literatura e a
música. Para tanto usaremos como suporte teórico as seguintes obras: Planetas sem boca:
escritos efêmeros sobre arte, cultura e literatura, de Hugo Achugar; Teorías sín disciplina:
latinoamericanismo, poscolonialidad y globalizacíon em debate, de Santiago Castro-Gómez y
Eduardo Mendieta; Histórias locais/Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e
pensamento liminar, de Walter Mignolo; babeLocal: lugares das miúdas culturas, de Edgar
Cezar Nolasco; Cadernos de Estudos Culturais Comparados: Estudos Culturais, Cultura Local e
Subalternidade; Arte, cultura e literatura em Mato Grosso do Sul: por uma conceituação da
identidade local; de Edgar Cezar Nolasco dos Santos, Marcos Antônio Bessa-Oliveira e Paulo
Sérgio Nolasco dos Santos.
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REPRESENTAÇÃO E REALIDADE NOS DIÁLOGOS DAS GRANDEZAS DO BRASIL
Márcia Maria de Melo Araújo (UFG)
[email protected]
A necessidade de registrar rotas, condições atmosféricas, acidentes de percursos fez surgir
uma literatura de viagens, cujos textos apresentam, além da mera notação descritiva, a visão
dos primeiros viajantes e dos conquistadores, com comentários e apontamentos a respeito
do pitoresco mundo encontrado. Um dos mecanismos usados para a construção dessa nova
realidade consistiu exatamente de artifícios miméticos estrategicamente retóricos e
discursivos. Os relatos sobre o Brasil serviram para revelar procedimentos teleológicos que
terminaram por forjar um ambiente adequado às estruturas mentais do europeu. Nesse
sentido, uma análise dos primeiros textos cronísticos com relatos sobre a realidade natural e
etnoantropológica do Brasil constitui um importante expediente para a compreensão de
aspectos mentais presentes no discurso da representação da realidade brasileira, construído
com intenções ideológicas e imaginárias próprias da visão colonizadora e patriarcalista da
época. Especialmente no que diz respeito à visão da natureza e da gente nativa do Brasil
Colonial, o ano de 1618 foi fundamental por registrar, em termos cronísticos, o potencial e a
realidade da nova terra. Nesse ano, data a primeira edição dos Diálogos das grandezas do
Brasil, quando seu autor, Ambrósio Fernandes Brandão, escreve importantes informações
sobre a fauna, a flora, os costumes locais e a vida dos moradores do Brasil do século XVI.
Acerca do conhecimento das terras, da sua natureza e dos seus habitantes, vários cronistas
escreveram, a partir dos seus pontos de vista ideológicos e imaginários, a respeito do Novo
Mundo. Entretanto há que se avaliar que a conquista da América se garantiu principalmente
em termos da construção de um discurso, em que aspectos do ideário do descobridor e do
conquistador demonstraram-se tão eficientes quanto as suas próprias ações. Assim, a
finalidade deste trabalho é investigar representação e realidade na visão da natureza, por
meio do discurso presente nos Diálogos das grandezas do Brasil.
IDENTIDADES EM TRAVESSIA NA FICÇÃO COUTIANA: UMA (RE)CONSTRUÇÃO DA
HISTÓRIA DA COLONIZAÇÃO DE MOÇAMBIQUE EM O OUTRO PÉ DA SEREIA
Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina (UFR-UNIR)
[email protected]
O entrosamento entre História e ficção não é recente e tem recebido da crítica
contemporânea tratamentos distintos, conforme o foco de interesse e possibilidades de
análise. Embora sejam fios distintos em suas especificidades constitutivas, História e ficção se
conciliam para juntas produzirem interpretações, questionamentos, revisões e resgate de
personagens em nuances históricas possibilitando discussões e formas de reavaliar o
passado. Suas diferenças, contudo, também foram se estabelecendo, entre outros motivos,
pela acentuada discussão em torno dos limites de atuação e especificidades inerentes a cada
área. A intervenção de elementos da História na ficção põe em evidência que a possibilidade
de entrelaçamento se dá com base no princípio de que tais escritos podem ser concebidos
como formas de conhecimento do mundo, acentuando-se, sobretudo, na literatura, a
expressividade da linguagem. É inegável, contudo, que cada uma possui especificidades
geradoras de pontos de contato e distanciamento, pois embora sejam condicionadas à
subjetividade de um autor, a ficção é isenta de comprovação como verdade factual, por
outro lado, a História, a ela está sujeita. Nessa perspectiva, a relação de Mia Couto com a
história da colonização da África se particulariza na obra O outro pé da Sereia (2006) por
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meio da recriação de cenários e da reconstrução das vozes que compõem a narrativa. Pelo
viés desse diálogo, o romance se destaca devido à carga simbólica que traz na (re)construção
ficcional de momentos históricos da colonização portuguesa em Moçambique. Partindo
dessa premissa, propomos evidenciar uma recontagem da História por meio da encenação
das personagens em diferentes tempos e espaços da narrativa, com o objetivo de identificar
representações temáticas que envolvem o diálogo da História com a Literatura no romance.
Tais temas serão analisados sob a ótica de estudiosos da produção literária de Mia Couto e
autores da vertente teórica do pós-colonialismo.
ATUALIZAÇÃO MÍTICA EM “OS MISTÉRIOS DE ELEUSIS” DE NÉLIDA PINÕN
Patrícia Rufino de Carvalho (UFG)
[email protected]
Sueli Maria de Oliveira Regino (UFG)
[email protected]
A literatura tem sido objeto de pesquisas em diferentes áreas do conhecimento,
especialmente nas ciências humanas que estudam a sociedade. No que diz respeito à
Literatura Brasileira, escritoras como Nélida Piñon têm contribuído para ampliar a inserção
da mulher em um contexto social que quase sempre lhe foi desfavorável. Em 1973, a
escritora lançou o livro de contos Sala de Armas, onde retoma a ritualização do cotidiano por
meio de temas que apresentam os enigmas e os conflitos nas relações entre homens e
mulheres. Dos contos reunidos nessa obra, foi selecionado para análise “Os mistérios de
Eleusis”, texto inquietante, onde se observa a reatualização de mitos relacionados às deusas
gregas da vegetação: Deméter e Perséfone. Tendo como base teórica os Estudos do
Imaginário, este trabalho tem como objetivo analisar o conto de Piñon por meio da
hermenêutica simbólica e da mitanálise propostas por Gilbert Durand, a partir da
identificação de mitemas que conduzem a mitos relacionados aos mistérios elêusicos. Com
isso, espera-se definir a forma pela qual são reatualizados, considerando-se, na análise, não
apenas a trajetória do movimento feminista no Brasil e da literatura de autoria feminina,
como também a personalidade contestadora da escritora, que sempre assumiu posições
políticas corajosas, especialmente nos anos da ditadura militar, vindo a tornar-se a primeira
mulher a tomar posse como presidente da Academia Brasileira de Letras.
CONQUISTA E SEXUALIZAÇÃO: TROPOS E ENGENDRAMENTO DO ORIENTE EM OS
LUSÍADAS, DE LUÍS VAZ DE CAMÕES
Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG)
[email protected]
A ideia basilar deste trabalho consiste na verificação de que o fazer literário representa
geografias e paisagens culturais de outras localidades, alheias à sua própria realidade e
contexto, de forma retórica, imaginária e simbólica, refletindo formações ideológicas, de
ordem política e cultural. Na esteira desta ideia, o trabalho examina, por meio de
pressupostos teóricos e críticos buscados aos estudos do discurso do gênero e suas
estratégias de engendramento da realidade, o principal tropo da retórica da tradicional épica
ocidental, qual seja, a feminização ou sexualização reduzida ao princípio do feminino como
regente do mundo natural e da sua realidade etnoantropológica a ser conquistada. Tendo
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por base essas noções, o trabalho propõe examinar Os Lusíadas (1572), de Luís Vaz de
Camões, como obra comprometida com traços do complexo etnocultural e androcêntrico da
tradição ocidental. Assim, apoiando-se nesses pressupostos, examina essa referida retórica
tropológica do ideário camoniano utilizada para retratar o Oriente, sua paisagem e sua
gente. Nesse âmbito tendenciosamente imaginário e figurativo, destaca-se a chamada
“orientalização” do Oriente, a qual se verifica sob as lentes do discurso ocidental do gênero,
ideológica e politicamente informado.
POR FEDERICO GARCÍA LORCA: LITERATURA EM LA BARRACA
Simone Aparecida dos Passos (UFU)
[email protected]
O complexo processo formativo de uma pessoa é uma construção composta por distintos
pensares, não se limita à absorção de ideias prontas ou impostas. Não obstante, contar nesse
processo com uma pedagogia que insere o uso da literatura dramática como método
predispõe a uma vivência singular. Nesse sentido, esse estudo aborda o ato políticopedagógico de Federico García Lorca na direção da companhia de teatro universitário La
Barraca, uma atividade extensionista vinculada à Residencia de Estudiantes. Entre os idos de
1932 a 1936, o repertório dessa companhia, pelo contexto e pelas circunstâncias de ficção,
encontrou no drama um método de ensino. Para tanto, esteve entre seus objetivos a
disseminação da literatura espanhola pelos povos de Espanha. Esse grupo de teatro
universitário na urdidura de uma perspectiva de ensino-aprendizagem com vislumbres do
desenvolvimento de conhecimentos estéticos e históricos lançou mão de uma literatura
espanhola clássica a ser conhecida por trabalhadores e camponeses. A sua experimentação
no emaranhado das potências da linguagem teatral tomou o texto como um instrumento
pedagógico capaz de descortinar e apontar novas “verdades”. Essa atividade da companhia,
metodologicamente, pode ser compreendida, na perspectiva de Raymond Williams em que
tradição e experiência são categorias necessárias à interpretação da história da cultura. Nisso,
o trato da literatura dramática, pela companhia, dadas às circunstâncias históricas apresenta
que a significação e o sentido que poderiam adjetivar-se de originários dos textos clássicos
convivem com outras significações e sentidos que se interseccionam com a tradição e a
experiência dos anos 30. O que implica a compreensão de que uma tradição não é o
passado, mas uma interpretação do passado, uma seleção e uma avaliação daqueles que a
antecederam marcados por suas experiências, e não um registro neutro.
REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA EM “O GUARANI” DE JOSÉ
DE ALENCAR
Sônia Mara Nita (DINTER UNIR-UNESP)
[email protected]
Este artigo tem como objetivo principal evidenciar a relevância da obra O Guarani de José de
Alencar, como forma da representação literária da identidade nacional. A discussão em
questão buscou desenvolver uma breve análise sobre Identidade Nacional, enfatizando a
concepção subjetiva do termo, analisada aqui como uma representação, ou seja, um discurso
que intenta homogeneizar hábitos, costumes e povos diferentes conferindo-lhes
semelhanças construídas. Dizer que essas semelhanças são construídas ou imaginadas, não
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quer dizer que são irreais, visto que essas imagens criam sentimentos e práticas sociais que
realmente despertam na população um sentimento de pertencimento, responde-se assim
aos questionamentos iniciais desse artigo, lembrando que essas representações são
definidas por relações de poder.Atrelado à estética romântica e, portanto, em busca de uma
literatura legitimamente nacional, Alencar reconhecia a necessidade de representação de
algo essencialmente brasileiro, para tal o negro foi excluído e o indígena foi o sujeito
escolhido, como representação verossímil, com suas características nativas, mas de forma
idealizada, que melhor se enquadrava no projeto nacionalista burguês. Para tal, serão
tratados, inicialmente, os conceitos de identidade e representação, elegendo autores como
Bauman, Hobsbawm e Benedict Anderson. Para finalizar será realizada uma análise do
personagem Peri, no intuito de demonstrar o processo de mudança de identidade que ele
passa, influenciado pelos dos portugueses, até finalmente tornar-se símbolo/representação
da identidade nacional, tendo como aporte teórico Cândido e Leite.
LITERATURA E HISTÓRIA: A (RE)CONSTRUÇÃO DOS INDÍCIOS HISTÓRICOS EM
NARRATIVAS CONTEMPORÂNEAS DE RESISTÊNCIA
Suellen Monteiro Batista (UFP)
[email protected]
Veridiana Valente Pinheiro (UFP)
[email protected]
Orientadora: Profa.Tânia Sarmento-Pantoja (UFP)
[email protected]
Pretendemos com este trabalho traçar discussões, acerca da elaboração estética dos indícios
históricos relacionados à Ditadura Militar, instaurada no Brasil no ano de 1964, tendo em
vista a investigação de dados históricos na literatura, e a forma como esses dados foram
elaborados pelo discurso literário para suscitar reflexões sobre os atos de violência,
presentes em narrativas produzidas no Brasil, durante e pós o período ditatorial. Partindo de
tais aspectos, procuramos analisar como o texto literário pode ser tomado como um
(re)escrita da história, ao reelaborar ou reconstruir a memória política e social do período
citado. Tais atos nos permite refletir sobre a elaboração estética dos atos de violência,
utilizados pelo regime de imposição para manutenção da ordem política vigente, que
perdurou por mais de vinte anos no país. Verificamos que os textos com os quis estamos
lidando, utilizam estratégias ficcionais para criar efeito de real, que vai além de uma mera
representação da violência, seja ela física ou psicológica, na medita em que criam
personagens e instituições sociais que tematizam o Regime Militar nas narrativas ficcionais.
Dentre as narrativas, que possibilitam a discussão de tais aspectos, selecionamos o conto
“Não passarás o Jordão”, de Luiz Fernando Emediato e o romance Cinzas do Norte, de Milton
Hatoum. Para tal análise iremos nos basear, principalmente, nos trabalhos de Schwarz (2001)
e de Süssekind (2004) sobre a produção literária durante o regime ditatorial brasileiro, no
estudo de Arendt (1985), acerca da violência e no texto de Ginzburg (1991), que trata dos
indícios históricos na literatura. Queremos com isso refletir sobre as narrativas ficcionais, na
medida em que estas têm sido discutidas em diferentes campos de estudo, como o campo
dos estudos literários e o da história.
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NAS TUAS MÃOS - SOBRE LITERATURA, HISTÓRIA E IMAGINÁRIO
Ulysses Rocha Filho (UFG-CAC-FAPEG)
[email protected]
Orientador: Prof. Dr. Jorge Alves Santana (UFG-FL)
O romance Nas Tas Mãos, da escritora portuguesa Inês Pedrosa (1962) constitui um estudo a
revisão da História pela literatura priorizando os olhares sobre o mundo da classe média alta
lisboeta dos 30 até o final do século XX. Ou seja: a linguagem lírica denota a extravagância
da belle-époque, que encontra expressão no entre-guerras, o rigor idealista da geração de
60, o realismo agressivo dos anos 80. Para tanto, reconstituindo a História, segundo o
preceito da metaficcção historiográfica de Linda Hutcheon, a narrativa (de 2005) apresenta
uma estrutura tripartida com o ponto de vista de três gerações diferentes de mulheres
duma mesma família: o diário de Jenny, no álbum de fotografias de Camila e nas cartas de
Natália. Contudo, não são capazes de trazer as experiências do passado à tona novamente.
Nesta comunicação, partiremos de uma sistemática reflexiva sobre a amizade, o tempo e a
memória para compreender os desdobramentos (estudos culturais) advindos de relatos das
personagens múltiplas que estão na fronteira da vida/morte em narrativas híbridas, sob o
viés da identidade do feminino e do erotismo. O elo entre seu tempo poético e o tecido
memorialístico permite a percepção dos mecanismos espelhados nos tecidos narrativos
entre o fazer próprio da literatura, a história e as formações e conteúdo do imaginário.
Produto integrante do Projeto de Pesquisa LINHAS POÉTICAS DE INÊS PEDROSA, registrado
sob n. 34465, no SAPP/UFG.
O IMAGINÁRIO BESTIÁRIO MEDIEVAL EM VIAGEM À TERRA DO BRASIL, DE JEAN DE
LÉRY, E A COSMOGRAFIA UNIVERSAL, DE ANDRÉ THEVET
Vanessa Gomes Franca (UFG-UEG)
[email protected]
Pedro Carlos Louzada Fonseca (UFG)
[email protected]
A colonização significou o renascimento do pensamento medieval e genesíaco,
principalmente no que se refere às figuralidades monstruosas. As crônicas de viagem, ao
descreverem a paisagem, os índios e os primeiros grupos sociais que habitaram a Terra
Brasilis, serão responsáveis pela divulgação da presença desses seres que estavam ainda tão
arraigados a mentalidade da época. Nestas narrativas, é comum encontrarmos raças
monstruosas, animais fantásticos ou fabulosos ao lado de aspectos exóticos e pitorescos do
Novo Mundo. Assim, é a tradição bestiária medieval que vai nortear o discurso cronístico. É
nesse contexto que nosso trabalho se insere, constituindo numa leitura dos livros Viagem à
terra do Brasil, do calvinista Jean de Léry, e A cosmografia universal, do frei franciscano
André Thevet, para levantar traços da influência do pensamento medieval bestiário no que
concernem as descrições da fauna brasileira realizadas por eles. É interessante ressaltar que
tais cronistas franceses não foram apenas mais um compilador, ou um copista, das histórias
de viagem. Eles empreenderam a sua própria viagem e a apresentaram em suas narrativas.
Tais obras, devido à herança da Antiguidade e dos bestiários medievais, foram o resultado da
convivência num mesmo texto de mitos, lendas, interpretações de cunho religioso e a
presença de descrições de autores clássicos como Cícero, Aristóteles, Plínio, o Velho. Deste
modo, além de relatarem o que viram e ouviram, característica das crônicas medievais, Jean
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de Léry e André Thevet fazem uso da auctoritas formula, a fim de dar veracidade às suas
descrições.
GT 12 - LÍNGUA PORTUGUESA E PERSPECTIVAS PARA O SEU ENSINOAPRENDIZAGEM
Coordenador:
Prof. Dr. Sílvio Ribeiro da Silva (UFG-CAJ)
[email protected]
Neste GT, pretendo agrupar pesquisadores, cujos trabalhos, em andamento ou concluídos,
estejam vinculados à questão do ensino de Língua Portuguesa como língua materna em
qualquer nível de ensino. Uma das justificativas para a proposição de um GT dentro dessa
temática está na constante divulgação de resultados ainda insatisfatórios de avaliações
(inter)nacionais que mensuram capacidades de leitura e escrita de alunos. Partindo disso,
temos a possibilidade de formar um grupo de pesquisadores que investigam processos de
leitura e escrita, levando em conta ser a leitura interesse de inúmeros trabalhos que são
propostos a respeito de como ensinar a ler/compreender/interpretar um texto, identificando
informações explícitas e construindo informações implícitas. Também estão ligados à leitura
outros estudos que investigam como se dá o seu ensino e aprendizagem na escola. Já em
relação à escrita, são também inúmeros os estudos que a visualizam sob diversos ângulos,
desde a elaboração de gêneros escolares, passando pelas situações de produção bastante
detalhadas e específicas, chegando até a reescrita/refacção do texto, sendo todas essas
atividades fundamentais para se pensar em como desenvolver a competência discursiva
escrita do sujeito. Os demais eixos de ensino (gramática/análise linguística e o oral) também
ganham espaço neste GT. A análise linguística, que veio ressignificar o ensino de gramática, é
atualmente requerida em práticas variadas, embora nem sempre seja concretizada da forma
como se espera, orientando o aluno a buscar a análise das marcas linguísticas de tipologias
textuais e de gêneros variados, por exemplo. Entre uma prática mais voltada para a
gramática e aquela mais próxima da análise linguística podemos encontrar muitos dados que
nos revelam aproximações e distanciamentos entre concepções acadêmicas e escolares. O
oral, na maioria das vezes encarado apenas como uma simples discussão de um tema em
sala, ou apenas a exposição de uma ideia acerca de algo, requer um direcionamento para os
gêneros formais públicos. Terá atenção, ainda, neste GT, os livros didáticos, apostilados, bem
como quaisquer outros materiais didáticos, considerando uso, propostas e concepções de
ensino/aprendizagem inerentes a cada um. O olhar para o material didático é importante por
ser ele o que o professor mais usa no dia a dia em classe e também por ser, em muitos casos,
o único material de leitura disponível para os alunos. Enfim, este GT fomentará discussões
com pesquisadores que queiram trazer à tona as práticas mais comuns em sala de aula de
Língua Portuguesa em uso em diferentes níveis de ensino, buscando trazer contribuições
para a elaboração de alternativas para o ensino-aprendizagem, que vislumbrem incluir os
alunos em práticas de letramento inovadoras, colaborando com a concretização de
resultados mais positivos nas avaliações (inter)nacionais.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
155
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA, INTERPRETAÇÃO, PRODUÇÃO TEXTUAL E ANÁLISE
LINGUÍSTICA ATRAVÉS DOS GÊNEROS TEXTUAIS NOTÍCIA, POEMA E CRÔNICA
Aline Maria dos Santos Pereira (UNEB)
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo geral evidenciar a importância do trabalho com os
gêneros textuais para o desenvolvimento da leitura, interpretação, produção textual e análise
linguística no ensino da Língua Portuguesa. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua
Portuguesa, terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental, assinalam a relevância de se
trabalhar com os gêneros textuais visando promover a competência comunicativa do aluno
atrelada às práticas sociais do mesmo. Evidentemente, não há como conceber a noção de
texto sem relacioná-lo a um gênero, os discentes, nesse sentido, estão em constante contato
com os gêneros na comunicação diária. Nesse contexto, a metodologia dessa investigação
consiste na apresentação de sequências didáticas com os gêneros textuais notícia, poema e
crônica para a educação de Jovens e Adultos (PROEJA), relacionando teoria e prática, e a
apresentação de algumas produções textuais realizadas pelos discentes. Os gêneros
mencionados, a partir das atividades direcionadas, propiciaram a reflexão, a participação
crítica e o desenvolvimento das competências supracitadas. As atividades foram aplicadas no
Estágio I (5ª série) e Estágio II (6ª série), apresentando resultados satisfatórios. Para tanto,
utilizamos pressupostos teóricos de Antunes (2003), Bakhtin (1992), Bezerra (2005),
Marcuschi (2005), Kleiman (2001), Travaglia (2001), Geraldi (1998), dentre outros.
Defendemos a possibilidade de trabalhar os aspectos da Língua Portuguesa, a partir dos
gêneros textuais, de forma dialógica, visando o letramento, e consequentemente, uma
aprendizagem significativa. É importante ressaltar que as sugestões não se configuram como
receitas ou manuais a serem seguidos, mas sim, possibilidades de trabalho, pois cada
docente possui uma realidade em sala de aula. A presente pesquisa mostra-se relevante, pois
possibilita a ampliação das discussões acerca dos aspectos supracitados da Língua
Portuguesa; promove uma reflexão sobre a importância dos gêneros no ensino e apresenta
sugestões de atividades de forma reflexiva.
MULTILETRAMENTOS NA SALA DE AULA: A PARÓDIA COMO RECURSO
METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Ana Flávia Naves Carvalho (UFLA)
[email protected]
Danielle Cristine Silva (UFLA)
[email protected]
Mauricéia Silva de Paula Vieira (UFLA)
[email protected]
Conhecer e saber usar um número variado de gêneros textuais auxilia na formação de um
cidadão, tornando-o capaz de interagir em situações concretas de comunicação. Aprimorar a
competência do aluno na leitura, na fala e na escrita é, sem dúvida, o objetivo maior do
ensino de língua portuguesa. No entanto, deve-se levar em consideração que a sala de aula
é também um espaço privilegiado para o debate de inúmeras questões relacionadas ao
desenvolvimento intelectual e à ampliação da visão de mundo do aluno. É importante
destacar que é necessário um trabalho sistematizado para que o aprendiz possa se apropriar
de gêneros textuais significativos. Nesse aspecto, o presente trabalho objetiva discutir como
a paródia auxilia no desenvolvimento das habilidades de leitura, criticidade, criatividade e
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
oralidade. Para a consecução do objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa de cunho
bibliográfico a partir de autores como Bakhtin (1992), Dolz e Schneuwly (2004) e Marcuschi
(2011). Após esses estudos, foram realizadas atividades de retextualização, do escrito para o
multimodal. A partir da leitura de clássicos da literatura, foram produzidas paródias que
constituem o corpus desta análise. Tais paródias deveriam contemplar, em seu modo de
circulação, a conjugação de diferentes recursos multimodais e multimidiátos, uma vez que
“as opções de significados de cada mídia multiplicam-se entre si em uma explosão
combinatória; em multimídia as possibilidades de significação não são meramente aditivas”.
(LEMKE, 2010). A análise dos dados evidenciou que o trabalho com a paródia, como recurso
metodológico, aliado ao uso de diferentes recursos tecnológicos, possibilita que os alunos
desenvolvam habilidades relacionadas aos multiletramentos.
A AVALIAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA: NOVAS PERSPECTIVAS
Apânia Sthefany Silva e Souza (UFLA)
[email protected]
Arthur Angelo de Oliveira Prado (UFLA)
[email protected]
A comunicação em pauta elege como objeto de análise a avaliação em situações de ensinoaprendizagem de Língua Portuguesa. Este trabalho versa sobre a necessidade de uma
ressignificação dos processos avaliativos no ensino fundamental, de modo mais específico,
dos testes e provas escritas. Como procedimento metodológico, foram utilizados dois tipos
de pesquisa. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, embasada em Antunes (2003);
Marcuschi; Suassuna (2007). Para ilustrar o estudo proposto, foi realizada uma análise de
testes e provas aplicados a alunos de Ensino Fundamental na disciplina de Língua
Portuguesa. A partir da pesquisa realizada, foi possível constatar, em consonância com
Antunes (2003), a existência de uma inversão da finalidade entre as relações de conceito de
avaliação x aprendizagem e quantificação do conteúdo a ser assimilado pelo aluno, negando
assim, a finalidade classificatória da avaliação. Nessa acepção, Marcuschi e Suassuna afirmam
que “todo processo de aprendizagem, envolve ações investigativas de retomada e não
apenas mensuração e classificação de resultados”. (2007, p. 66). A partir do estudo realizado,
foi constatada a importância de o processo avaliativo contemplar diferentes usos da língua
portuguesa, não somente conteúdos. Nessa direção, partiu-se para uma análise de testes e
provas com vistas a verificar se a avaliação priorizava o domínio de conteúdos (per si) ou a
utilização de estratégias linguístico-discursivas, embasadas no contexto social dos alunos. Os
resultados apontam para a existência das duas dimensões da avaliação em língua
portuguesa, com variação por ano de escolaridade ou por instituição escolar. A reflexão
empreendida trouxe questionamentos acerca da eficácia dos modelos metodológicos
adotados pelo professor, quais são, de que forma são, e com que finalidade estão sendo
empregadas as habilidades no modelo avaliativo adotado.
III SINALEL
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA ESCRITA E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UMA
ABORDAGEM PELO VIÉS ENUNCIATIVO
Cármen Lúcia Hernandes Agustini (ILEEL-UFU)
[email protected]
Érica Daniela de Araujo (ILEEL-UFU)
[email protected]
Neste trabalho, intentamos analisar, tendo em vista a perspectiva teórica da Linguística da
Enunciação benvenistiana, o processo de (re)escrita de manuscritos escolares. Propomo-nos
a analisar os efeitos que a intervenção (ou não) do professor no processo de (re)escrita do
aluno pode provocar, uma vez que o modo como a intervenção se dá ou é recebida pelo
aluno pode produzir (ou não) a assunção daquele que escreve ao lugar de aluno com uma
escrita institucionalizada e subjetiva, embora, no espaço escolar, essa relação se mostre
(in)tensa. Para tanto, retomaremos algumas noções essenciais nos estudos de Émile
Benveniste, quais sejam: (inter)subjetividade, efeito pragmático da comunicação e
enunciação, bem como apontamentos sobre a recente publicação do livro Dernières Leçons
(2012), no que concerne à relação primordial entre língua e escrita, a fim de problematizar as
possíveis implicações (ou não) no estabelecimento do laço do aluno com o professor. Isso
porque, de nossa perspectiva teórica, não há garantias de que o aluno vá “escutar” o que o
professor pontuou em sua correção e que essa “escuta” ressoe no dizer do aluno de modo a
“ajustar-se” àquilo que o professor “intenta” com sua intervenção, isso porque aquele que
recebe não o faz de modo passivo, já que é sujeito de linguagem. Para tanto, analisaremos,
neste trabalho, alguns manuscritos escolares produzidos em uma escola pública de ensino
básico do município de Uberlândia/MG, com vistas a observar de que modo ocorrem as
intervenções (ou não) do professor na (re)escrita dos alunos e o que a incidência (ou não) na
escrita do aluno pode revelar de aspectos subjetivos desta intervenção.
A RETEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL: IMPACTOS NO
ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA
Danielle Cristine Silva (UFLA)
[email protected]
Ana Flávia Naves de Carvalho (UFLA)
[email protected]
Esta comunicação socializa resultados de pesquisa sobre a retextualização como estratégia
metodológica para o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. O objetivo é analisar em
que medida o trabalho com a retextualização, na Educação Básica, contribui para o
desenvolvimento da leitura e produção escrita de textos que congregam, em sua
constituição, diversas linguagens. Kress e Van Leeuwen (1996, 2001) afirmam que palavra e
imagem juntas não correspondem à mesma maneira de se dizer a mesma coisa, ou seja, a
palavra significa mais quando acompanhada da imagem, e por sua vez, a imagem também
significa mais quando acompanhada do escrito. Assim, as atividades de retextualização
privilegiaram o gênero história em quadrinhos, um texto multissemiótico, cujo sentido é
construído não só através das palavras, mas também pelas imagens. Entende-se que a
retextualização configura-se como um “processo de transformação de uma modalidade
textual em outra, ou seja, trata-se de uma refacção e uma reescrita de um texto para outro”.
(DELL’ISOLA 2007, p. 10). Este processo de refacção baseia-se no pressuposto de que
“retextualizar é produzir um novo texto” e “que toda e qualquer atividade propriamente de
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Caderno de Resumos e Programação
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
retextualização irá implicar, necessariamente, mudança de propósito” (MATENCIO, 2002). O
quadro teórico advém dos estudos realizados por Marcuschi (2010), Bazerman (2005),
Bakhtin (2000), Costa Val (1997), Campos (1986), Kress (2012) e Kress e Van Leeuwen (1996,
2001). Os dados analisados foram coletados a partir das atividades desenvolvidas no
PIBID/CAPES e são compostos por histórias em quadrinhos, retextualizadas a partir de
dezoito crônicas humorísticas de Luís Fernando Veríssimo. Os resultados indicam que a
rextualização contribui para o ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa, no que tange a
leitura e produção escrita, uma vez deixa à mostra a mobilização de um conjunto de
conhecimentos e de habilidades concernentes a estratégias linguísticas, textuais e discursivas
que vão além daquelas presentes no texto-base.
PROPOSTA DE REDAÇÃO NOS LIVROS DIDÁTICOS: COMANDOS PARA UM DIZER
Erica Poliana Nunes de Souza Cunha (UFRN)
[email protected]
Orientador: Profa. Dra. Maria da Penha Casado Alves (UFRN)
O vilão da sala de aula, sem dúvida, é a prática de ensino de língua materna que não encara
o processo de ensino/aprendizagem em seu caráter comunicativo. Em primeiro lugar, parece
haver um processo de aquisição da escrita que ignora a interferência decisiva do sujeito
aprendiz. Em segundo lugar, parece haver uma prática de escrita sem função, destituída de
qualquer valor interacional, sem autoria e sem recepção, não conseguindo alcançar a
intenção pretendida. Além do mais, o processo de escrita na escola, quase sempre, é tido
como algo difícil e imposto. As propostas ditam a forma de começar, a forma de terminar, a
estrutura a seguir e até a escolha da temática, restringindo, muitas vezes, o processo criativo
do aluno. Tais ações são comuns à produção textual em sala de aula e, frequentemente, são
encontradas em livros didáticos que, após a teorização sobre o modelo composicional de um
determinado gênero, solicita um exemplar desse mesmo gênero. Pensando nessas questões,
ensaiamos uma investigação interpretativista acerca do estilo dos comandos das propostas
nos capítulos destinados à produção de texto em livros didáticos a fim de observar a
recorrência do conteúdo e da forma nesses comandos. Os livros selecionados para tal análise
fazem parte dos indicados e aprovados pelo PNLD, e também circulam nas escolas públicas
de Natal. Para tanto, restringimos a análise dos manuais a um capítulo de cada coleção que
se refere à primeira série do Ensino Médio. Além disso, a reflexão feita se sustenta nos
pressupostos teóricos de estilo segundo Brait (2006) e Discini (2012).
AQUISIÇÃO DA ESCRITA EM LÍNGUA MATERNA: UMA PROPOSTA COM ABORDAGEM
DAS TEORIAS FONÉTICO-FONOLÓGICAS
Profa. Dra. Gisele da Paz Nunes (UFG-CAC)
[email protected]
Flávia Freitas de Oliveira (UFG-CAC)
[email protected]
Miriane Gomes de Lima(UFG-CAC)
[email protected]
O ensino de língua materna perpassa diversas problemáticas e tem sido amplamente
criticado desde o conhecimento individual do professor, passando pelo método ou
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
metodologia de ensino, até o currículo que vigora nas escolas. Em relação à aquisição da
escrita, nos textos dos alunos, corrigir o erro não basta. É necessário que o professor tenha
uma explicação para que tal erro fosse cometido. Quando o aluno aprende a escrever tem a
ideia que deve copiar a fala, pois ainda não sabe que são dois códigos diferentes. No
entanto, “primeiro, a criança precisa aprender a lidar com a escrita e, depois, preocupar-se
em escrever ortograficamente.” (CAGLIARI, 1999. p.82). Assim, chegar a uma escrita
ortográfica começa na explicação sobre os sistemas da escrita e a ortografia e, desse modo,
ao explicar o motivo do erro no texto do aluno, o professor tem a possibilidade de mostrar o
que é uma escrita dita fonética ou transcrição da fala e o que é uma escrita ortográfica. Para
o desenvolvimento deste projeto, buscamos fundamentação nas teorias fonético-fonológicas
e em estudos direcionados para a questão da alfabetização na busca de respostas ou
indicadores para solucionar problemas de erros ortográficos. Assim, para fundamentar nossa
pesquisa, baseamo-nos principalmente em Cagliari (1989, 1998 e 1999) e Massini-Cagliari
(1999). Apresentamos uma “tabela de erros” para, a partir daí, o professor ter parâmetros
para correções dos erros cometidos nos textos dos alunos. Além disso, pensar as questões de
fala para então pensar a escrita é importante, no sentido de apresentar diferentes sugestões
de atividades para os diferentes tipos de erro (ortográfico, fonético, fonológico...), a fim de
sanar com eficácia tal erro. Cumpre dizer que a dificuldade no ensino de língua materna
ainda nas fases iniciais não reside apenas em erros ortográficos mas aborda questões de
morfologia, sintaxe, coerência e coesão de todo o texto. No entanto, este projeto trata
apenas da questão da escrita ortográfica.
ESCRITA, REESCRITA E PUBLICAÇÃO DE CRÔNICAS: POSSIBILIDADES PARA O
APRIMORAMENTO DA COMPETÊNCIA DISCURSIVA ESCRITA
Giuliana Ribeiro Carvalho (UFU)
[email protected]
Rogério de Castro Ângelo (UFU)
[email protected]
Desenvolver e/ou aprimorar a competência discursiva escrita e oral dos discentes é um dos
objetivos centrais das propostas de ensino de Língua Portuguesa e Literatura, em qualquer
nível de ensino. Na educação fundamental, sobretudo, atingir esse objetivo constitui-se foco
permanente do fazer docente. Nessa perspectiva, este trabalho apresenta resultados de um
processo de ensino-aprendizagem altamente exitoso, desenvolvido com alunos do 8º Ano da
Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba/UFU). O projeto foi
desenvolvido durante dois meses, com atividades envolvendo leitura, interpretação, análise,
escrita e reescrita de textos pertencentes ao gênero crônica, especificamente, crônicas
narrativas. Metodologicamente, partiu-se da leitura e análise, pelos discentes, de textos
diversos do gênero em foco, explorando-se aspectos pertinentes à sua estruturação e
caracterização, sem, todavia, centrar-se em classificações previamente elencadas ou
estabelecidas. Nessa etapa, os trabalhos foram desenvolvidos em pequenos e grandes
grupos de estudantes, propiciando a troca de informações e olhares sobre os textos, que
culminaram em exposições orais, no estilo seminário. Em etapa posterior, os discentes foram
conduzidos à atividade de produção escrita de uma crônica narrativa, a partir de proposta
apresentada. Os resultados alcançados foram altamente satisfatórios na perspectiva
discursiva, visto que aproximadamente 85% dos discentes conseguiram produzir textos
interessantes, criativos, dentro do gênero proposto. Após correção e indicação detalhada dos
aspectos observados, os alunos desenvolveram a reescrita de seus textos, em um processo
de uso-reflexão-uso. Após nova correção e autorização dos discentes, os textos foram
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
publicados em blog desenvolvido por professores da Área de Língua Portuguesa da Eseba. O
processo evidenciou-se como propiciador de oportunidades de aprimoramento da
competência discursiva dos discentes, além de estimulador, para uma parcela dos
estudantes, do gosto pela prática de análise, reflexão e produção textual.
USO DE MAPAS MENTAIS EM AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA
Juliana Vilela Alves (UFU)
[email protected]
Carla Rachid Otavio Murad (UEC)
[email protected]
Apresentaremos o design instrucional (FILATRO, 2004), a técnica de mapas conceituais
(NOVAK, 1988), a avaliação (HADJI, 1997; LUCKESI, 1996; MÉNDEZ, 2001) e demonstrar como
esses conceitos contribuem para uma avaliação formativa no processo de ensino e
aprendizagem de Língua Portuguesa (L.P) para cursos técnicos e superiores. Quando se fala
em ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa Instrumental em cursos que não são de
formação de professores, o primeiro conceito com o qual que este se inter-relaciona é a
gramática normativa. Na gramática tradicional temos uma gama de exemplos que servem de
parâmetros que se oferecem como modelos de do que “deve ser” e o que “não deve
ser”.Acredito que o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa para cursos superiores e
técnicos estão além da padronização e do ato de decorar um conjunto de regras da língua. A
partir desta reflexão, buscamos analisar as questões do livro “Português Cesgranrio: mapas
mentais, resumo teórico e 125 questões comentadas” (ALVES, 2011) que é de minha autoria
a fim de investigar os benefícios dos mapas conceituais e do design instrucional na
perspectiva da avaliação formativa em cursos de Língua Portuguesa Instrumental lecionado
em um Instituto Federal. Também, investigaremos as dificuldades apresentadas pelos alunos
em aprender nesta perspectiva.
EDUCAÇÃO E MÍDIAS: NOVAS POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA
Luciana de Medeiros Nogueira (UFAC)
[email protected]
Verônica Maria Elias Kamel (UFAC)
[email protected]
É senso comum que a escola é a instituição social responsável pelo ensino de leitura e escrita
e, essa incumbência é disposta sobre a disciplina de Língua Portuguesa. De fato esse é um de
seus encargos, mas o papel social da educação e do ensino de língua vai muito além dessas
atribuições. A formação de leitores ultrapassa os limites da alfabetização. É preciso levar em
consideração competências que são extremamente necessárias para a vida social.
Atualmente presenciamos nossa cultura escrita sendo transformada em cultura digital, e isso
muda radicalmente nossas condições de produção e disseminação do conhecimento. A partir
dessa mutação, novos gêneros textuais entram em cena e alguns outros sofrem
modificações. Esses novos gêneros são representados, especialmente, pelos hipertextos que
trazem em si recursos áudio-visuais como links, gráficos, vídeos, ícones, animações, e outros.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Recursos esses que alargam as fronteiras da intertextualidade e da polifonia, presentes em
qualquer texto independente de seu suporte. Desse modo, a escola, que deve proporcionar o
desenvolvimento de leitores críticos e reflexivos, precisar levar em consideração os novos
suporte de textos e a evolução tecnológica no processo de ensino aprendizagem, e a
disciplina de língua portuguesa tem um papel fundamental nesse processo. Assim, este
trabalho concentra seu interesse nas possibilidades de utilização do hipertexto como
ferramenta no processo de aprendizagem partindo de uma análise da transmutação da obra
“O menino maluquinho”, de Ziraldo, para a tela do computador através do site
“omeninomaluquinho.educacional.com.br”, observando as relações de intertextualidade
permitidas por essa nova tessitura. Vale ressaltar que, tomaremos como base teórica a
Análise do Discurso de francesa, com ênfase nos pressuposto de Mikhail Bakhtin.
O LÚDICO E O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: UMA ATIVIDADE INCISIVA NA
PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
Mara Júnia de Assis (UFOP)
[email protected]
Reginaldo Rodrigues da Silva (UFOP)
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta complementar ao ensino
dos conteúdos obrigatórios de Língua Portuguesa tendo o lúdico como tema transversal.
Esta proposta está vinculada ao PIBID (Programa Instituição de Bolsas de Iniciação a
Docência) – PED (Projeto de Estímulo a Docência) da Universidade Federal de Ouro Preto,
sob o viés da Mediação entre projetos escolares e currículo no ensino de Língua Portuguesa,
estabelecido em uma escola pública do ensino regular/fundamental, localizada na cidade de
Mariana, Minas Gerais. Instigados com as várias formas de ensinar o português, elaboramos a
seguinte pergunta: Como atividades lúdicas podem contribuir para as práticas de produção e
interpretação textual? Por considerar a escola uma instituição sociointeracionista e
promotora da cidadania, acreditamos na importância do lúdico no ensino, e que, conciliar a
leitura, e a produção de textos orais e escritos com metodologias que diferem das usuais é
um meio eficaz de aprendizado, a escolha pelas oficinas partiu de uma pesquisa realizada
com os alunos da escola e através de diálogos com os professores de todas as disciplinas,
que apontaram como “preguiça de pensar” o principal ponto de defasagem dos alunos. O
objeto de nossa pesquisa e coordenação é a Oficina de Fantoche, escolha feita a partir de
colocações como a de Teixeira (1986), que evidencia a importância da peça teatral para o
ensino de Língua Portuguesa, pois permite que os alunos transitem entre os estágios da
interpretação para a compreensão dos temas abordados. Dialogando com os Parâmetros
Curriculares, o lúdico pode ser considerado como uma forma de abordagem das situações
de interação em diferentes instituições sociais. As oficinas acontecerão durante o primeiro
semestre de 2013, e esperamos observar em produções textuais orais e escritas, dos alunos,
posicionamentos críticos e reflexivos estimulados por meio de filmes, xadrez, música, cordel
e teatro de fantoches.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
162
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
A PRÁTICA DO PROFESSOR DO ENSINO DE LÍNGUA MATERNA (LM) DO 6º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL: NO TOCANTE AS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS COM A
ESCRITA
Marciel Alan Freitas de Castro (UERN-UAB-IFRN)
[email protected]
No presente trabalho, pretendemos analisar e observar o processo de construção da
atividade pedagógica do professor de língua materna, assim como diagnosticar como se
apresenta o processo de aquisição da linguagem escrita de estudantes do 6º ano do Ensino
Fundamental, de uma escola pública municipal. Buscamos nesta pesquisa, especificamente,
observar e refletir sobre a prática pedagógica do professor do ensino de língua materna, no
tocante as atividades desenvolvidas com a escrita no ensino fundamental. No âmbito deste
trabalho, buscamos embasamento teórico nas ideias de Abaurre (1997), Capistrano (2007),
François (2006), Scarpa (2001), Stampa (2009), PCNs (1998, 1999); Travaglia (2001), autores
que contribuem significativamente no entendimento do processo de aquisição da escrita
convencional (consagrada). O espaço escolar analisado foi a Escola Municipal Augusta
Leopoldina do Monte, localizada na Zona Urbana do município de Francisco Dantas – RN, em
uma classe do 6º ano A do Ensino Fundamental I, comporta por 22 alunos com faixa etária
de 10 a 14 anos, em aulas de língua portuguesa. A realização deste trabalho dá-se ainda pela
necessidade de observar o processo de desenvolvimento da escrita em que os alunos se
encontram, levando em consideração as atividades desenvolvidas no processo escolar.
Portanto, essa observação nos foi de grande importância para essa etapa de nossa formação
acadêmica, possibilitando relacionar à prática de ensino com as teorias estudadas até o
momento em sala de aula, desenvolvido pelo professor Ms. José Gevildo Viana, pois permite
ao discente ter uma aproximação a respeito da atual realidade escolar.
A ABORDAGEM TRADICIONAL E COLONIAL DO CONTEÚDO VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
NA COLEÇÃO PORTUGUÊS: LINGUAGENS (6º AO 9º ANO)
Maria de Lurdes Nazário (UEG-UFG)
[email protected]
O objetivo deste é apresentar resultados de pesquisa realizada com a coleção Português:
linguagens (CEREJA & MAGALHÃES, 2010) da segunda fase do ensino fundamental, adotada
por escolas goianas. Em função de o livro didático assumir papel principal no ensino de
Língua Portuguesa (LP), analisou-se a abordagem adotada pela coleção em relação à
variabilidade linguística. Na prática escolar, há uma incapacidade da escola em lidar com a
diversidade social-cultural e linguística do povo brasileiro. Desse modo, conhecer o material
didático que promove o ensino de língua é fundamental para entender essa realidade.
Teoricamente assumiu-se a perspectiva da Sociolinguística Educacional e da Pedagogia
Decolonial. O pensamento tradicional, elitista, fruto de uma cultura eurocêntrica,
impossibilita, em muitos aspectos, uma melhoria no aprendizado da LP, uma vez que o
conhecimento que o aluno já possui sobre sua língua é desconsiderado. O ensino de LP deve
ocorrer numa perspectiva interacional, intercultural e descolonizadora, concebendo a
aprendizagem como um desempenho ativo e interativo, configurada em torno das
experiências dos alunos. Entretanto, apesar de o aluno, ao entrar na escola, ser competente
em se comunicar oralmente, tal capacidade não tem sido valorizada para servir de primeiro
passo para o aprendizado da LP padrão em uso. Ao contrário, a escola pratica a política do
“certo” e “errado”, perpetuando um discurso binário e preconceituoso. Metodologicamente,
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Caderno de Resumos e Programação
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
fez-se uma análise de conteúdo numa abordagem qualitativa. Os autores da coleção
reconhecem e discutem o conteúdo variação linguística, mas, com poucas exceções,
propõem atividades tradicionais que não levam o aluno à discussão, à reflexão efetiva, à
identificação e à compreensão dos fenômenos linguísticos que constituem a variabilidade da
LP. Do modo como os autores abordam o conteúdo em discussão, o ensino de língua
materna continua normativista, tradicional e eurocêntrico. A abordagem dada ao conteúdo
ainda não contempla uma educação para a diversidade (linguística).
A PRODUÇÃO TEXTUAL EM AMBIENTE ESCOLAR E A PROBLEMÁTICA DA COERÊNCIACOMPREENSÃO
Mariana da Silva Marinho (UFU)
[email protected]
Cármen Lúcia Hernandes Agustini (ILELL-UFU)
[email protected]
Este trabalho apresentará alguns resultados do projeto intitulado “A problemática da
coerência-compreensão em textos produzidos por escolares”, cujo objetivo geral era a
problematização da relação professor-aluno nos processos de produção textual de escolares
do ensino fundamental, a partir do estabelecimento ou não da coerência naquilo que ela se
tem a ver com a incompreensão. Para a problematização partimos do ponto de vista da
Semântica do Texto em contraponto aos pressupostos da Linguística Textual, quanto às
definições de texto, textualidade e coerência, uma vez que consideramos a não transparência
da linguagem e concebemos o sujeito como estruturalmente cindido. Isso significa que
entendemos que o aluno, enquanto aprendiz do sistema simbólico da língua (a escrita), é
capturado pela língua, e está, dessa forma, subordinado àquilo que ela lhe permite, ou seja,
ao jogo de possibilidades linguísticas. Assim, entendemos que a subjetividade perpassa a
escrita, meio que o aluno possui de singularizar-se. Entendemos, dessa forma, que quando o
homem escreve, escreve para enunciar algo de si sobre um mundo que é aquele que ele vê
com seus olhos. Escolhemos como corpus de análise produções de textos de alunos do 6º
ano dos Anos Finais do Ensino Fundamental, de uma escola da rede estadual de ensino da
cidade de Araguari. Apesar dos alunos contarem, na grade horária dessa escola, com uma
disciplina de Redação, o que observamos, na prática, foi que eles não tinham o costume de
produzir textos.
UMA INVESTIGAÇÃO DA CONCEPÇÃODE LEITURA DOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO
MÉDIO
Maurício Carlos da Silva (UFV)
[email protected]
Daniele Renata da Silva (UFV)
[email protected]
Diante da dificuldade de se trabalhar com a leitura em sala de aula, principalmente quando
muitos professores utilizam o livro didático como um guia que deve ser seguido a risca, nos
propomos investigar em três livros do primeiro ano do Ensino Médio, aprovados pelo
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2012, (i) se a leitura realmente é trabalhada da
forma como se afirma no Guia do PNLD 2012; (ii) se os exercícios acerca da leitura
III SINALEL
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contribuem para a construção de sentidos pós-leitura; (iii) se as atividades possibilitam a
formação de um sujeito-leitor crítico, reflexivo, ou apenas um investigador. Para tentar
configurar o modelo de leitura abordado nos livros, optamos por contrapor exercícios dos
livros selecionados com informações encontradas nas resenhas do Guia PNLD 2012,
intentando com isso verificar se as informações das resenhas são realmente representativas
do tipo de leitura abordado nos livros, com base nos conceitos de interpretação e
compreensão de Marcuschi (2008), leitura e compreensão de Rojo & Jurado (2006), leitura de
Ângela Kleiman (2004) e Braga & Silvestre (2002). Após as análises, constatamos que a leitura
não foi trabalhada na grande maioria dos exercícios como atividade-fim e sim como
atividade-meio para ensinar outros conteúdos. Concluímos, que (i) a leitura foi trabalhada
nos livros didáticos aprovados PNLD, mas não integralmente da forma como se afirma no
Guia de 2012; (ii) que os exercícios propostos acerca da leitura, em sua maioria, não
contribuem para a construção de sentidos pós leitura, e para uma reflexão crítica dos alunos;
(iii) e por último, que as atividades veiculadas no Livro Didático exercitam muito mais a
formação de um sujeito investigador do que a formação de um sujeito- leitor crítico e
reflexivo.
O ESTATUTO DOS ERROS GRÁFICOS EM PRODUÇÕES DE ALUNOS DE ENSINO MÉDIO
Rafaely Carolina da Cruz (PIBID-UFLA)
[email protected]
Suzan Kelly Rodrigues Brilhante (PIBID-UFLA)
[email protected]
O presente trabalho tem por objetivo analisar o estatuto dos erros gráficos cometidos por
alunos de Ensino Médio. Para embasar a investigação proposta, foi realizado um estudo
pautado nas teorizações de Moraes (2003; 2002) , Zorzi (1998; 2003); Lemle (2007), Silva;
Morais; Melo (2003); Ferreira (1998), entre outros. Tais estudos abordam questões como as
relações entre fala e escrita; os tipos de erros cometidos por alunos de diferentes níveis de
escolaridade, estratégias metodológicas para o ensino da ortografia. No presente estudo,
buscou-se priorizar as concepções acerca do ensino de ortografia e as categorizações dos
tipos de erros mais cometidos por alunos. A escrita ortográfica demanda um uso consciente
da língua, mas também deve considerar os usos sociais dessa língua. Nesse sentido, o ensino
de ortografia deve partir de um ponto de vista formativo, ou seja, produtivo, buscando uma
metodologia adequada para garantir a aprendizagem, de modo reflexivo e interativo.
Buscou-se, também, neste estudo categorizar erros de grafia cometidos por alunos do
Ensino Médio, com vistas a analisar a natureza das dificuldades dos alunos, bem como os
tipos de erros que mais persistem ao longo da escolaridade. O trabalho realizado evidencia
que os erros mais comuns são de natureza de representação múltipla, os quais requerem um
procedimento analítico no momento do encaminhamento metodológico, uma vez que
mesmo no Ensino Médio, a ortografia precisa ser trabalhada de maneira sistemática. Nesse
nível de ensino, a escrita precisa apresentar-se um grau de formalismo e de correção mais
elaborado. Para complementar a proposta deste trabalho, foram analisados três livros
didáticos adotados por escolas de Ensino Médio.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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INVESTIGAÇÃO ACERCA DOS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS QUE SUBSIDIAM A
AVALIAÇÃO DOS MATERIAIS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA: LINGUAGEM,
LEITURA E AVALIAÇÃO
Sebastião Carlúcio Alves Filho (UFU)
[email protected]
Por meio deste trabalho, procedi a uma investigação que teve como meta conhecer os
pressupostos teóricos que subsidiaram a criação das rubricas do Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD/2012) utilizadas no processo de avaliação das atividades de leitura
apresentadas pelos materiais didáticos de língua portuguesa. A pertinência deste trabalho
está no fato de que estas concepções exercem forte influência sobre a organização dos
conteúdos apresentados pelos materiais que chegam às escolas que optaram por receber
gratuitamente os livros didáticos. Com o conhecimento das teorias que subjazem a avaliação
dos materiais, foi possível perceber se o trabalho com a leitura proposto por este processo
contribui com a formação de leitores competentes. Para a análise dos dados, utilizei como
referência as teorias que falam sobre concepções de linguagem, leitura e avaliação escolar.
Estas concepções deram origem a categorias de análise às quais foram encaixadas as
rubricas do PNLD/2012, de acordo com as suas características. Apeguei-me, para minhas
elaborar minhas considerações, às falas de autores como Silva (2009), Rojo (2006), Hadji
(2001) e Luckesi (2002), dentre outros. Ao fim desta investigação, foi possível perceber que o
processo de avaliação do PNLD/2012 estimula que os materiais didáticos, para serem
aprovados, procedam a um trabalho com a linguagem que a veja como uma forma de
comunicação, trabalhem a leitura como um processo de compreensão e realizem um tipo de
avaliação que funciona apenas como um diagnóstico da aprendizagem.
A RÁDIO-ESCOLA COMO ESTRATÉGIA PARA O TRABALHO COM A ORALIDADE
Suzan Kelly Rodrigues Brilhante (PIBID-UFLA)
[email protected]
Rafaely Carolina da Cruz (PIBID-UFLA)
[email protected]
A comunicação proposta apresenta os resultados de uma atividade desenvolvida no âmbito
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID), que tem como objeto de
estudo a questão da oralidade. A experiência ora apresentada refere-se a um trabalho
voltado para os alunos do 9° ano do ensino fundamental de uma escola pública de LavrasMG, qual seja, rádio recreio na escola. Com base na oralidade, foram feitas diversas
atividades com os gêneros textuais que seriam abordados no programa final. A metodologia
esteve pautada no PCNs, Crescitelli (2011), Fávero, Andrade e Aquino (2005, 12), os quais
destacam a importância do trabalho com a oralidade nas escolas. Com vistas a sistematizar
as ações de exploração da oralidade, o rádio foi selecionado como recurso, por ser um
veículo de comunicação abrangente no cotidiano, por abrir diversas possibilidades para o
trabalho com os sons e a palavra falada em Língua Portuguesa. Além disso, foi possível
entender a organização da programação das emissoras (AM/FM) e as marcas que
caracterizam a fala dos diversos apresentadores e disc-jóqueis por meio de gravações,
transcrições e produzindo programas radiofônicos com os alunos. No decorrer do projeto, os
alunos produziram os textos, fizeram ensaios e, posteriormente, fizeram a locução. O
resultado empreendido foi um trabalho sistematizado com os gêneros do oral, além de
explorar os equipamentos radiofônicos presentes no cotidiano. Os alunos puderam
III SINALEL
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desenvolver habilidades discursivas muito significativas para a vida dentro e fora da escola.
Concluiu-se que o trabalho com a rádio nas escolas tem papel muito importante para a vida
escolar, pois os alunos foram expostos às situações que puderam promover o
aperfeiçoamento de competências de fala e escuta, além da capacidade de percepção de
que a fala, em determinados contextos, precisa ser planejada.
A BUSCA DO PROTAGONISMO EM SALA DE AULA: UMA PROPOSTA DIDÁTICA COM “A
METAMORFOSE”, DE FRANZ KAFKA
Walleska Bernardino Silva (UFU)
[email protected]
Orientada pelo princípio de que ensinar uma língua é ensinar meios de (inter)agir no mundo,
apresento uma proposta didática que se fundamenta em concepções de língua que apontam
para sua consideração em práticas sociointeracionistas situadas, a partir da inter(ação) de
sujeitos constituídos por uma ideologia, por uma memória, por uma história. Sob essa
perspectiva e utilizando o conceito de multiletramentos (COPE; KALANTZIS, 2006), que,
necessariamente, contempla a valoração da diversidade linguístico-cultural e a multiplicidade
de semioses, a proposta foi desenvolvida com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, de
uma escola pública, na cidade de Uberlândia/MG. A pergunta que orientou o trabalho foi
“Como promover nos alunos uma posição autoral em relação à leitura da obra A
metamorfose, de Franz Kafka?”. A partir dessa indagação e considerando a capacidade que o
ensino de Língua Portuguesa tem em promover leitores críticos e protagonistas, foram
traçadas estratégias metodológicas a fim de guiar os alunos em um percurso cuja
apropriação da leitura da obra se tornasse condição indispensável. Para tanto, parti do
pressuposto de que apropriar-se da leitura é diferente de ler. Por apropriação, entendo a
(re)construção subjetiva de possibilidades de sentidos advindos de uma leitura flexível e
negociável a partir da materialidade textual-discursiva. Nesse sentido, reitero a convicção na
necessidade de planejar e buscar atividades que mobilizem o aluno a apropriar-se do que lê,
como maneira de possibilitar e legitimar o protagonismo em sala de aula.
GT 13 - ANÁLISE DO DISCURSO E LITERATURA: ARTICULAÇÕES E PERSPECTIVAS DE
LEITURA
Coordenadores:
Prof. Dr. Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC)
[email protected]
Profa. Dra. Maria Aparecida Conti (FAFICH/LEDIFF)
[email protected]
Este GT propõe mobilizar conceitos da Análise do Discurso de linha francesa como estratégia
de leitura discursiva para o texto literário. A aproximação entre o campo dos Estudos
Literários e dos Estudos do Discurso, mais especificamente da Análise do Discurso (AD)
requer, inicialmente, que se considere o caráter interdisciplinar vinculados a ambas as áreas
de estudos da linguagem; tanto um quanto outro são, em sua constituição, atravessados por
perspectivas teóricas oriundas de outros campos do saber. A articulação entre Linguística,
História e Psicanálise formaram, em um primeiro momento, o campo epistemológico da AD,
III SINALEL
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no início dos anos 60 do século XX. Tal como a AD, os Estudos Literários também se
constituíram por meio do diálogo como outras áreas do conhecimento. Essa articulação fica
mais evidente a partir dos questionamentos pós-estruturalistas, quando os estudos literários
também passaram a dialogar com a história e outros enfoques de abordagem do texto
literário que afastaram o estudo da literatura de uma perspectiva imanentista, de viés
estruturalista. Isto posto, pode-se afirmar que a AD e os Estudos Literários, ao se
distanciarem da “imanência” do texto, conseguiram alargar seu campo de leitura e abriram
outros “gestos de interpretação” para o estudo da linguagem, em suas diferentes
manifestações. Nesse sentido, a AD e os Estudos Literários mobilizam conceitos e propostas
de análise que, fundamentadas em teses foucaultianas, passam a problematizar a articulação
entre linguagem e história, texto e outros textos, o texto e suas condições de produção, e o
texto literário enquanto espaço de materialização de diferentes discursos. Nesse contexto, os
estudos de Michel Foucault têm sido de enorme relevância para a leitura do texto literário
enquanto prática discursiva, atravessada por um domínio de memória e constituída por uma
rede de regularidades e dispersões, tal como o autor ilustra em Arqueologia do Saber. Assim,
a aproximação entre a AD e os Estudos Literários torna-se, atualmente, um caminho de
interpretação, a nosso ver, extremamente fecundo. Para tanto, este simpósio tem como meta
reunir trabalhos interessados nesse ponto de encontro, ou seja, na articulação entre reflexões
teóricas da AD e da Teoria da Literatura ou no desenvolvimento de uma proposta de análise
do discurso para o texto literário.
O ROMANCE “ÚRSULA” DE MARIA FIRMINA DOS REIS: A PROBLEMÁTICA RACIAL E DE
GÊNERO SOBRE O PRISMA DISCURSIVO
Ana Carla Carneiro Rio (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
[email protected]
Analisar o discurso por meio do romance Úrsula da autora Maria Firmina dos Reis é de
grande relevância para a compreensão das relações sociais contemporâneas. Os processos
de identidade sofrem uma fragmentação que vêm de uma série de transformações históricosociais. Este trabalho propõe-se a analisar a voz feminina dentro da literatura nacional e
romântica, bem como verificar como são engendradas certas formações discursivas
observadas pelas vozes dos marginalizados presentes na obra, que propiciam efeitos de
verdade sobre a ideia de que a sociedade era estratificada entre negros e brancos, pobres e
ricos, homens e mulheres. Visa identificar os procedimentos enunciativos e discursivos
aliados aos mecanismos de textualização que constroem a identidade de um povo. Este
estudo ressalta o papel da palavra na sociedade oitocentista maranhense, com enfoque no
romance Úrsula da autora Maria Firmina dos Reis, procurando demonstrar que as palavras
têm vida, vestem-se de significações, camuflam e se contagiam umas com as outras. O
discurso presente na obra em destaque focaliza a problemática racial e de gênero, fazendo
uma abordagem correlacional entre o comportamento do sujeito concreto do século XIX e
os personagens ficcionais. Assim, o discurso literário aparece como matéria-prima e
pressuposto para documentar a realidade histórica social brasileira no período colonial. Para
a Análise do discurso, o discurso é uma prática, uma ação do sujeito sobre o mundo. Nas
obras literárias o pensamento e o sentimento de uma nação se expressam, exercem
influência direta sobre o desenvolvimento do espírito de um povo. Pensando nisso, analisar
“Úrsula” firma-se como um prisma discursivo que permite revisitar o sistema literário
brasileiro como tentativa de ressignificá-lo a partir do estudo da sociedade e das condições
do negro e da mulher na sociedade maranhense e brasileira.
III SINALEL
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O TEXTO LITERÁRIO SOB O OLHAR-LEITOR DO ANALISTA DO DISCURSO: UMA
PROPOSTA DE ANÁLISE DO ROMANCE A FORÇA DO DESTINO, DE NÉLIDA PIÑON
Ana Marta Ribeiro Borges Rodovalho (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Empreender um trabalho analítico de um texto literário sob o prisma da Análise do Discurso
é uma tarefa complexa, pois parte-se de uma concepção de linguagem enquanto espaço
onde se materializam discursos, os quais se mobilizam sob o efeito da opacidade, em um
campo de movência e deslocamento de sentidos. A complexidade de um trabalho dessa
natureza se deve ao fato de que tais respostas requerem considerar os sujeitos interpelados
ideologicamente, as condições nas quais forjaram o discurso, e considerar, ainda, a
especificidade e a função social do objeto estético. Nesse contexto, cabe ao analista
observar, compreender e interpretar aspectos linguísticos e estéticos, levando em conta,
principalmente, que tais aspectos articulam-se aos elementos sócio-histórico-ideológicos e
culturais, colocados em jogo na enunciatividade da obra. Deve ter em mente, ainda, que o
texto literário impõe-lhe questões que carecem de resolução. Na produção de efeitos de
sentido no texto, essas questões dialogam com a exterioridade e exigem respostas para
diversas perguntas, tais como: quem enuncia na obra, de quem ou de que fala, quando
enuncia, para quem, por que e de que forma enuncia. A partir desse posicionamento,
propomos uma leitura do romance A força do destino, da autora Nélida Piñon, à luz da
Análise do Discurso de linha francesa, procurando compreender o diálogo entre vozes
discursivas que se materializa na obra, bem como perscrutar os efeitos de sentido
produzidos nesse jogo discursivo.
A MEMÓRIA NA CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DO SENTIDO NA FÁBULA: SEM BARRA DE
JOSÉ PAULO PAES
Aparecida de Fátima dos Reis Prado (PG-UFG-CAC)
[email protected]
Esta proposta tem por objetivo analisar o conceito de memória na construção discursiva do
sentido que atravessa a fábula “Sem barra” na versão produzida pelo autor José Paulo Paes
(1994). Dessa forma, pretende-se analisar o texto embasando-se na concepção de memória
proposta por Achard (2010) e Brandão (2004). De acordo com Achard (2010, p. 11), a
memória é a que está inscrita nos discursos, e não a memória psicológica, “considerando que
a estruturação do discursivo vai constituir de uma certa memória social”. Para Achard (2010,
p. 12), “a constituição e representação da memória consiste em acionar os implícitos cujo
conteúdo é memorizado e a explicitação e inserção dos implícitos constitui uma paráfrase
que é regulada pela memorização”. Neste sentido, o funcionamento dos implícitos considera
que o conteúdo que os compõem estão inseridos na memória através da paráfrase conforme
as restrições que regem esta memorização, o autor define a memória como um espaço de
dobramentos, retomadas, regularizações que interpretam e descrevem a realidade a partir
dos contextos sociais, históricos e culturais os quais estão expressos na memória Achard
(2010, p. 56). Desse modo, estaremos interpretando, através de um estudo analítico, a versão
da fábula “Sem barra” na versão de José Paulo Paes em que o autor retoma enunciados e
discursos já ditos como, por exemplo, as versões mais tradicionais da fábula A Cigarra e a
Formiga. Este autor, ao revisitar as fábulas, constrói sua versão conforme as regularidades de
constituição da paráfrase, preservando o sentido, porém, atribuindo um estilo mais moderno
e poético que resulta numa construção discursiva do sentido, inovadora e atualizada.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
169
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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ENTRE O TEXTO ETNOGRÁFICO E O TEXTO LITERÁRIO: UMA PROPOSTA DE ANÁLISE
DISCURSIVA
Carine Fonseca Caetano de Paula (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
O objetivo proposto para o presente trabalho é, na fronteira entre os textos etnográfico e
literário e nos aspectos em que eles se aproximam, indicar uma possibilidade de análise
discursiva à obra de Carlos Castaneda, tendo por referência as noções teórico-metodológicas
propostas em A Arqueologia do Saber, de Michel Foucault. Entender a obra de Carlos
Castaneda (um texto etnográfico com aspectos literários ou um texto literário proveniente de
uma pesquisa etnográfica?), como um enunciado é procurar pelas condições sócio-históricas
e culturais que possibilitaram o surgimento desta obra, a rede de relações que ela estabelece
com outros textos/enunciados, bem como os efeitos de sentido produzidos por ela.
Especialmente na vertente interpretativa da Antropologia, a construção do texto etnográfico
é resultado de uma interação entre subjetividades, pesquisadora e pesquisada. O modo de
representar o conhecimento produzido por esta interação de subjetividades se dá na escrita
etnográfica e implica em estratégias textuais, por parte do pesquisador, no modo como este
conhecimento será representado. À luz da análise do discurso, tanto pesquisador quanto
pesquisados assumem, portanto, posições de sujeito, falam de lugares que demarcam
posições dessas subjetividades no texto, subjetividades que se emergem, trazendo com elas
enunciados específicos e toda uma extensão colateral de aspectos políticos, institucionais,
históricos, científicos que os constituem.
NAS FISSURAS DOS CADERNOS ENCARDIDOS: OS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO E A
DISCURSIVIDADE LITERÁRIA EM CAROLINA MARIA DE JESUS
Fabiana Rodrigues Carrijo (PPGEL-UFU)
[email protected]
Partindo dos aportes teóricos da Análise de Discurso, de base francesa, e tomando o
discurso, em uma visão foucaultiana, enquanto “algo inteiramente diferente do lugar em que
vêm se depositar e se superpor, como em uma simples superfície de inscrição, objetos que
teriam sido instaurados anteriormente” (FOUCAULT, 2008, p.48), esperamos, por meio da
materialidade discursiva, constituída pelos dois diários de Carolina Maria de Jesus, Quarto de
Despejo (1960) e Diário de Bitita (2007), delinear os processos de subjetivação e a
discursividade literária nessa autora. Destarte, deveríamos ilustrar que pretendemos nos
inscrever como um analista de discurso que reflete sobre o processo de subjetivação de uma
autoria na obra literária. Nesta perspectiva, esta pesquisa tem o intento de contribuir para as
discussões referendadas em AD a partir de um texto literário, já que visa acrescentar uma
abordagem investigativa que partindo dos preceitos da AD, notadamente, de processos de
subjetivação, coteja o texto literário (elegidos aqui) para a constituição do corpus desta
pesquisa. Os critérios para a escolha dos dois diários como corpus desta proposta de
comunicação se deve, entre outros aspectos, por apresentar uma singularidade ligada a
fatores de uma exterioridade que engendraram discursos diversos. Quarto de Despejo fora
um sucesso editorial da época e evidencia o dia-a-dia dos favelados, já o Diário de Bitita é,
inversamente, um relato que a par de contar os testemunhos do sujeito-personagem,
também evidencia um dizer que passou pelo crivo da correção ortográfica como é comum
ocorrer com autores de renome quando se lançam na empreitada de editar/publicar um
livro. Por outras palavras, ambicionamos recorrer aos aportes teóricos referendados pela AD
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
170
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
como instrumento metodológico para/desta pesquisa, cujos alinhavos deverão entremostrar,
a partir dos enunciados elegidos, como se apresentam os processos de subjetivação e a
discursividade literária em Carolina Maria de Jesus – ora minimamente apresentados.
DISCURSO E INVENÇÃO DA INFÂNCIA EM MEMÓRIA INVENTADAS,
DE MANOEL DE BARROS
Fernanda Pires de Paula (PIBIC-UFG-CNPQ)
[email protected]
Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC)
[email protected]
O presente estudo faz parte de um projeto de PIBIC, em desenvolvimento na Universidade
Federal de Goiás/Campus Catalão, que se propõe a discutir a invenção da memória e da
poesia no livro Memórias inventadas, de Manoel de Barros. Como desdobramento do
projeto, pretendemos discutir, neste estudo, sobre os mecanismos poéticos e discursivos,
materializados na obra supracitada, que possibilitam apreender uma outra construção da
infância, inventada no e pelo discurso literário. A escrita de Manoel de Barros se esforça para
não abandonar nenhuma palavra ao sentido estático ou ao desuso que, sem raridade, o
tempo lhe confere. A produção poética deste autor desestabiliza significados, desloca a
nossa compreensão prévia das palavras e, ao “escová-las”, segue em busca de outros
sentidos possíveis (“clamores antigos”) para a poesia na atualidade. Ler Manoel é
desautomatizar a leitura, é se colocar a disposição do novo e da estranheza. Como uma
criança que monta e desmonta seus brinquedos para conhecê-los, Manoel de Barros brinca
com a linguagem, descolocando significados cristalizados para que possamos ler/ver de
forma diferente a poesia e o mundo. Nesse sentido, este autor, que “não gosta de palavra
acostumada”, estabelece uma “zona de vizinhança” (Deleuze) com a infância, como forma de
reinventar a infância e a linguagem. Com este intuito, pretendemos estudar a obra de
Manoel de Barros a partir das reflexões em torno do conceito de “devir-criança”,
desenvolvido por Gilles Deleuze e Walter O. Kohan, com o objetivo de problematizar o lugar
da infância e do poético na literatura. Neste estudo, pretendemos, também, articular o
conceito de devir-criança às reflexões de Michel Foucault sobre discurso e processos de
subjetivação, com o intuito de pensarmos outras estratégias de invenção da infância na
atualidade.
PROBLEMATIZAÇÃO DA FORTUNA CRÍTICA DE O MATADOR E MUNDO PERDIDO:
PROPOSTA DE ANÁLISE DISCURSIVA
Glaucia Mirian Silva Vaz (PPGEL-LEDIF-UFU)
[email protected]
Orientador: Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes (ILEEL-LEDIF-UFU)
[email protected]
Objetivamos problematizar a fortuna crítica acerca dos romances O matador (2002) e Mundo
perdido (2006), de Patrícia Melo, para abrir um caminho de investigação em termos de
discurso. Perpassaremos estes estudos evidenciando nosso ponto de partida tanto no
sentido de continuidade quanto em sentidos divergentes de investigação. O matador (2002)
foi estudado, em dissertações de mestrado, teses de doutoramento e artigos por diversas
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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perspectivas, entre elas: do gênero e da representação literária, caso de Zolin (2007) e
Castanheira (2010); da violência e da criminalidade (PEIXOTO, 2011); da estética (MESSA,
2002); da adaptação literária para cinema, Moreira e Prado (2008) e Lima (2011); da mitologia
(SILVEIRA, 2000); da historiografia literária (ROSA, 2009); e, com Faraco (1998), a partir das
considerações bakhtinianas sobre gênero romanesco. Por sua vez, Mundo perdido (2006) foi
tomado como corpus de análise em número bem restrito de pesquisas. A fortuna crítica
focalizou a produção estética das obras e destacou a violência e o crime como temas em
torno dos quais as tramas foram tecidas, ao passo que tomaremos a criminalidade como
efeito de sentido diante do funcionamento discursivo dos romances e a identidade não
somente como o produto de relações de poder, mas ela mesma como estratégia de poder,
como discurso de banalização do crime. Partimos da Análise do Discurso de linha francesa,
especialmente dos estudos de Foucault em Arqueologia do saber (1972) no que se refere aos
procedimentos metodológicos para a abordagem das práticas discursivas, e das obras Vigiar
e punir (1979) e Microfísica do poder (2008), as quais nos oferecem embasamento teórico no
que se refere ao poder. Fazemos interface com os estudos sobre identidade em sua
imbricação com a diferença, conforme Silva (2009) e Hall (2009) e recorremos à discussão
sobre identidade nacional (nacionalismo e nação) em Jobim (2006), Woodward (2009),
Anderson (2008) e Renan (1882).
DISCURSO E PODER: UM OLHAR SOBRE OS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO EM 1984,
DE GEORGE ORWELL
Héllen Nívia Tiago (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC)
[email protected]
Neste estudo propomos-nos a analisar a constituição discursiva e identitária de Winston
Smith, personagem do romance 1984, de George Orwell, por meio de práticas de
subjetivação e da tomada de uma pluralidade de posições-sujeito instauradas na obra. O
livro 1984 retrata um regime político totalitário e repressivo ambientado no ano homônimo.
Winston é responsável pela falsificação de documentos públicos e a cada dia que passa, fica
mais desiludido com sua existência miserável e assim começa uma rebelião contra o sistema,
ponto de análise do presente trabalho. Para tal, nos apoiamos na Análise do Discurso de
linha francesa, a partir de conceitos buscados em Michel Foucault, observando os processos
de subjetivação, verdade e poder, que levam um indivíduo comum, em meio ao momento
vivido no livro 1984, ser enquadrado na posição-sujeito “rebelde” e a constituir-se neste
lugar discursivo. Desse modo, trataremos da constituição histórica-discursiva do objeto
poder e de sua emergência no corpus em discussão, visando evidenciar a emergência das
posições-sujeito submetidas aos comandos emanados do poder e os modos de resistência,
que podem vir a corromper o sistema ditado em 1984. Abordaremos a relação de saber e
poder na prática social, enfocando a construção dos discursos, e a maneira de como estes
engendram as amarras invisíveis do poder entre as diferentes posições instauradas
(controlador e controlados), demonstrando, assim, como o poder “reconfigura/dociliza” o
sujeito. Assim, pretendemos desenvolver nosso trabalho utilizando a teoria de poder de
Foucault, de modo a indicar como a emergência de posições-sujeito estão diretamente
relacionadas com o sistema de controle e movimentos de resistência presentes no corpus em
estudo.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
A ÁFRICA DE JOSÉ CRAVEIRINHA: ESPAÇOS DISCURSIVOS EM BUSCA DE UMA
IDENTIDADE NACIONAL
Iza Reis Gomes Ortiz (IFRO)
[email protected]
José Famir Apontes da Silva (IFRO)
[email protected]
A Literatura de Língua Portuguesa dos países africanos apresenta alguns pontos em comum
com a Literatura Brasileira, principalmente, com o período do Modernismo. As ideias
perpassam pela construção de um novo espaço para valorizar a cultura nacional, tanto a
brasileira quanto a africana. Neste trabalho, ressaltaremos os espaços ‘África’ e ‘Moçambique’
retratados na poesia de José Craveirinha, um poeta mestiço, que lutou pela independência
de Moçambique e, através da poesia, questionou, discutiu, mostrou, exaltou toda a cultura
moçambicana na intenção de construir uma identidade nacional, uma identidade que
representasse realmente o moçambicano em relação ao mundo, uma conexão entre o
espaço da África e outros espaços da História mundial. E o espaço ‘África’ e ‘Moçambique’
são representados em sua poesia com grande orgulho, com grande exaltação, enaltecendo
os sujeitos que ali moram, reconstruindo a imagem de Moçambique através de seus espaços.
Os teóricos que dialogarão com essas ideias são: Stuart Hall, Edouárd Glissant e Homi
Bhabha em relação à identidade, cultura e colonização; Michel Foucault e Mikhail Bakhtin em
relação ao espaço discursivo e sua construção. Os espaços descritos na poesia serão a base
da análise, numa tentativa de visualizar a identidade nacional através dos lugares, dos
espaços discursivos através da poesia. E a poesia é uma forma de mostrar essa
nacionalidade, essa identidade moçambicana na voz de José Craveirinha.
SUJEITO, AUTORIA E MORTE: UMA ANÁLISE DOS LIVROS ESTAR SENDO/TER SIDO E
CARTAS DE UM SEDUTOR, DE HILDA HILST
Jaciane Martins Ferreira (UFU)
[email protected]
Em nossa pesquisa de doutorado, trabalhamos com alguns livros de Hilda Hilst, temos como
principal objetivo pensar o sujeito que emerge desse material selecionado e como essa
emersão se dá a partir de uma dada escritura de si, de uma exterioridade criada a partir da
temática morte. Trabalhamos, então, com o livro Estar sendo/Ter sido, Hilst (2006), como
livro central de nossa pesquisa. Esse livro traz a história de um personagem chamado
Vittorio, senhor de 65 anos, o qual pensava que ter essa idade significaria estar morrendo.
Vittorio é escritor de peças teatrais, o livro, escrito em diálogos ininterruptos, gira em torno
de questões sobre a morte, sexo e a escrita literária. Tema esse que aparece em outros livros
da mesma autora, como por exemplo, o livro Cartas de um sedutor (HILST, 2002), cujos
personagens principais são dois escritores, o bem sucedido (Karl) que se entregou aos
pedidos do editor e o outro (Stamatius) que decidiu desistir da vida, virar mendigo por não
acreditar que a literatura se reduzisse às exigências de mercado. Nesse texto, tendo os livros
Estar sendo/Ter sido e Cartas de um sedutor como foco, pretendemos trabalhar com o
princípio de regularidade discursiva, apontado por Foucault (2008). Assim, pensaremos como
o discurso sobre a morte aparece imbricado com o discurso sobre sexo e autoria. A nossa
proposta não é, então, fixar o que entendemos de regular no âmbito de obra hilstiana como
uma forma de dizer que aqueles discursos dizem respeito à autora, o que pretendemos é
entender os sentidos que perpassam pela temática morte e a relação com sujeitos.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
173
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Concordamos com Foucault (2009d) quando o autor discute sobre a dificuldade de lidar com
a obra, mas assim como em sua análise, também entendemos que há uma função-autor, é
com essa função que trataremos em nossa análise.
HISTÓRIA, PODER E RESISTÊNCIA: UMA TOMADA DE POSIÇÕES-SUJEITO NAS MÚSICAS
EMERGENTES NO PERÍODO DA DITADURA CIVIL MILITAR NO BRASIL
Jaquelinne Alves Fernandes (UEG – UnU de Pires do Rio)
[email protected]
Este estudo objetiva examinar, à luz da Análise do Discurso de linha Francesa (AD), em uma
perspectiva foucaultiana, composições da música brasileira (dando ênfase àqueles
compositores que são menos estudados ou vislumbrados por suas práticas discursivas, como
Sérgio Sampaio, Júpiter da Maçã e outros), emergentes entre os anos de 1964 e 1984 –
Período da ditadura Civil Militar no Brasil. Optamos por esta perspectiva teórica por
possibilitar vincular discurso e história, abrangendo embates históricos, sociais e políticos,
uma vez que se pretende mostrar, por meio das enunciações, a tomada de posições-sujeito
de resistência, durante o período de tempo selecionado. Abordaremos, ainda, questões
relativas às práticas de disciplinarização, de acordo com Foucault (2001), e a constituição do
indivíduo monstruoso, conforme Foucault (2008). Segundo Foucault (2005), para reconstruir
acontecimentos discursivos e históricos é necessário sair em busca das oposições: insanidade
contra a sanidade, criminalidade contra a lei, opressão contra a liberdade, etc. Essa
concepção de História, constituída por uma rede discursiva, está profundamente conectada
com as formas de resistências e, por isso, relaciona-se com certas características dessas lutas:
são lutas transversais e que não respeitam as fronteiras nacionais; são lutas que não criticam
apenas o acúmulo de riqueza, mas o excesso de opressão política que a concentração de
riqueza implica; são ainda imediatas, pois não visam o inimigo “mor” e a construção de uma
utopia futura (tal como o comunismo), mas sim enfrentar os pontos locais e reais em que os
poderes atuam; inauguram uma nova relação com a individualidade, pois, por um lado,
enfatizam o valor da diferença e reivindicam o direito à singularidade e, por outro, criticam
as forças que separam e impedem a vida comum, ou seja, não são a favor nem contra o
indivíduo, mas são contra o “governo das individualidades”.
DA PALAVRA, DO MITO E DA REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA NA ANÁLISE DISCURSIVA
DE HOJE É DIA DE MARIA
Maria Aparecida Conti (FAFICH-GO-LEDIF-UFU-MG)
[email protected]
Para pensar e criar explicações para os acontecimentos, o mito e a racionalidade se fazem
presentes no pensamento humano (seja um pensamento acerca de algo concreto ou
abstrato). O mito, pela figuração de uma realidade e a racionalidade pelo conceito
significativo que tal realidade toma. Para relacionar nossa discussão com a minissérie Hoje é
dia de Maria, recorremos aos ensinamentos platônicos sobre o mundo sensível e o mundo
inteligível a fim de discutirmos o domínio da representação fundado pelo platonismo
(definido em relação intrínseca ao fundamento, ou seja, ao modelo) e à reflexão de Foucault
que demonstra que as ciências não se sobrepuseram aos mitos, não garantiram a
desmistificação do mundo, juntamente com a ideia de Deleuze que assevera ser o prefixo
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
174
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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“re” o que conta na representação. Partindo da ideia de que a representação é a “re”
apresentação (o dito é um dito não dito), Foucault nos esclarece que os pontos de referência
e valorização do signo não se encontram no interior dos signos e sim, no seu exterior. A
linguagem, não mais integra ou explica o mundo, mas se encontra dissociada da
representação, produzindo o desaparecimento do “discurso” enquanto expressão do
pensamento/sentimento. Nosso objetivo é mostrar, por meio de análise de excertos do texto
da minissérie em questão, que para se chegar ao discurso sobre a criança e o diabo serem ou
não representantes do bem ou do mal, respectivamente, como apregoa o discurso judaicocristão, é necessário romper com as estruturas linguísticas; melhor dizendo, ultrapassar as
fronteiras das estruturas linguísticas. Somente assim para chegar-se à exterioridade que
Foucault nos ensina.
LITERATURA DE MERCADO: A CONSTRUÇÃO DA LENDA J. K. ROWLING
Pollyanna Zati Ferreira (UFU)
[email protected]
Por ser um discurso constituinte, que constrói as condições de sua própria legitimidade, o
discurso literário precisa manter uma relação efetiva com a memória. Assim, para construir
uma identidade no campo literário, o criador de uma obra precisa percorrer o que
Maingueneau (2006), em seu livro Discurso literário, designará de arquivo literário. Para o
autor, este não deve ser considerado mais como uma “mera biblioteca ou coletânea de
textos, mas também um tesouro de lendas, de histórias edificantes e exemplares que
acompanham gestos criadores já consagrados” (p. 175). Dessa perspectiva, o criador de uma
obra, para se consagrar como tal, precisa definir uma trajetória própria na sombra projetada
de lendas criadas anteriormente, selecionando os sinais que devem legitimar sua obra,
construindo, a partir disso, sua própria versão de lenda. Com base nessas considerações, o
presente estudo tem por objetivo fundamental analisar a construção da lenda em torno da
escritora J. K. Rowling, autora dos sete volumes do bestseller Harry Potter. O corpus de
análise se constitui, basicamente, do documentário J.K. Rowling – A Year in the Life, filmado
pelo cineasta James Runcie.
SUJEITO E DISCURSO: A INFLUÊNCIA HISTÓRICA EM DUAS CANÇÕES DE CAETANO
VELOSO
Robison José da Silva (UFG-CAC)
[email protected]
Este trabalho propõe uma aproximação entre a Análise do discurso e a produção literária
objetivando uma análise discursiva de duas canções de Caetano Veloso, produzidas em
momentos históricos distintos. Como recorte mais específico, escolhemos as canções
"Alegria, alegria" (1968) e "Fora de Ordem" (1992) para discutir a interferência da história na
produção dos discursos e na construção dos sujeitos. A primeira canção, por ter sido
produzida em tempos de repressão militar, coloca em cena questões próprias às condições
de produção em que foram escritas, enfatizando os conflitos e contradições culturais e
políticas vividas no país naquele contexto; a segunda, por ser mais atual e ter sido produzida
em um outro momento histórico, problematiza outras questões vigentes no país mais
associadas aos problemas trazidos e/ou gerados pela modernidade que chega
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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transformando bruscamente os padrões culturais e sociais. Para tal, tomam-se como base de
fundamentação teórica os conceitos foucaultianos de sujeito discursivo, discurso e as
relações deste sujeito com os fatores ligados à linguagem, à história e às condições de
produção. Assim, é relevante a relação entre sujeito e contexto histórico para a compreensão
dos discursos produzidos a partir da influência das condições nas quais se insere. Com essa
proposta de trabalho, espera-se compreender como os fatores históricos, sociais e
ideológicos interferem na produção do texto literário e na constituição dos sujeitos
envolvidos na canção.
ENUNCIADO, ESCRITA, AUTORIA E PODER: UMA ANÁLISE DE SAIBA
Sirlene Cíntia Alferes Lopes (UFU)
[email protected]
Tendo em vista que a articulação entre a Análise do Discurso (AD) e a Literatura tem sido
espaço profícuo para a análise e a interpretação de discursividades, no presente trabalho,
viso a estabelecer uma interlocução entre a AD que instaura um diálogo com textos de
Michel Foucault e a materialidade escrita de uma canção assinada por Arnaldo Antunes.
Considerando que o nome próprio (cf. FOUCAULT, 2009) descreve e designa a alguém, pois
ao mencionar um nome algo suscita como representação, como imagem do sujeito a que
esse nome próprio se refere, é relevante perguntar: Qual a relação estabelecida entre esses
nomes que aparecem na canção Saiba (ANTUNES, 2004)? O que esses nomes têm em
comum de modo a possibilitar dizer que, enquanto enunciado, constituem um discurso? Para
tanto, embasar-me-ei nas noções de enunciado, autoria e poder, conforme discutido por
Foucault nos textos de Arqueologia do Saber, O que é um autor? e Sujeito e Poder. Válido
mencionar que esta possibilidade de leitura e análise que apresentarei será um desafio
prazeroso, pois Saiba é uma produção contemporânea, o que acarreta considerar que muito
do que constitui sociohistoricamente e ideologicamente essa escrita também constitui o
sujeito que ocupa a posição de analista ou de leitor dessa escrita; isso pode implicar e, ouso
dizer, certamente implica uma análise que, por vezes, silencia interpretações que seriam
possíveis somente àquele que se inscreve sociohistoricamente em outro lugar, em outro
espaço de acontecimentos históricos. Assim, esse exercício de análise é um desafio e não um
problema, pois a completude de uma análise está inscrita apenas no que é da ordem de um
imaginário relacionado a um todo fechado. A interpretação não se fecha, o sentido não é
único e este trabalho será apenas mais uma possibilidade de leitura a partir do que se
apresenta como discursividade.
A IMAGEM DA SEXUALIDADE NA POESIA DE CORA CORALINA
Sueli Gomes de Lima (IFTM – Câmpus Uberlândia)
[email protected]
A poesia tomada como procedimento discursivo é uma fruição. Por esse caminho – o da
fruição – pretendemos fazer um percurso para desvendar lugares de enunciação nas
inscrições discursivas coralinianas. Em busca de um estudo discursivo, no espaço da poesia,
não intentamos apagar o estético, nosso estudo – na perspectiva discursiva – não se opõe ao
estético; ao contrário, se motiva diante dele, pois, o estético é constitutivo da subjetividade.
Nesse contexto, procuramos, na leveza da enunciação poética de Cora Coralina, “conhecer” a
III SINALEL
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multiplicidade de vozes sociais que vão compor os sujeitos discursivos coralinianos. A
sexualidade é um tema recorrente nos poemas coralinianos. Embora seja uma temática de
conteúdo polêmico e conflitante, se tomada em relação aos valores morais de um tempo de
intenso patriarcalismo, a questão da sexualidade foi bem exemplificada nos dizeres
coralinianos, a tal ponto de configurar uma posição subjetiva do sujeito, ou seja, uma
posição identitária que desconstrói discursos arraigados na sociedade, ao longo do século
XX. Para realizar a análise do processo de constituição do sujeito por meio da sexualidade,
no “Poema do milho” de Cora Coralina, recorremo-nos aos princípios teóricos da Análise do
Discurso Francesa e também aos estudos postulados por Michel Foucault, o qual discute o
tema da sexualidade, desvinculando-o dos problemas morais.
PAULO ESCREVE A FILEMOM: UMA ANÁLISE PRELIMINAR DO GÊNERO EPISTOLAR
Wesley Nascimento dos Santos (FL-UFG)
[email protected]
Kátia Menezes de Sousa (TRAMA-FL-UFG)
Este trabalho objetiva analisar de forma introdutória a carta do apóstolo Paulo a Filemom,
considerando-a como um exemplo do gênero do discurso epistolar. Para tanto,
primeiramente partiremos de discussões de estudiosos, como Tavares (2000), para explicar
como se opera o uso da função referencial e conativa pelo apóstolo Paulo; Mussalin (2001)
com discussões imprescindíveis a partir do conceito de jogo de imagens instituídos por
Pêucheux & Fuchs (1975); Bakhtin (1997) com a discussão pioneira sobre gênero do discurso
e Maingueneau com a riquíssima discussão sobre as três cenas que formam a “cena da
enunciação” (2006) para compreendermos como se dá a construção discursiva e textual do
gênero epistolar. Além disso, esperamos que tais elaborações teóricas possibilitem a
corroboração de que o apóstolo faz uso de marcadores argumentativos (também utilizados
para persuadir o seu interlocutor, Filemom), como por exemplo, o mas, para além de mitigar
o ethos conferido a ele à época, também instaurar uma outra voz a contestando em seguida,
com o objetivo de que este último aceite um ex-escravo, Onésimo, para este possa voltar à
casa daquele depois de ter fugido posteriormente à conversão de seu amo. Em conclusão,
temos que o apóstolo Paulo ao escrever para seu “fiel amigo e companheiro na obra”,
Filemom, objetiva induzir este último a aceitar o pedido, sem margem para contestação, feito
através de uma carta escrita de próprio punho por Paulo (a única à mão, diga-se de
passagem), fazendo uso de operadores argumentativos para amenizar e preservar seu ethos.
GT 14 - HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA: CONTRIBUIÇÕES FILOLÓGICAS
Coordenadores:
Profa. Dra. Vanessa Regina Duarte Xavier (USP)
[email protected]
Prof. Dr. Phablo Roberto Marchis Fachin (UNIFAFIBE – Centro Universitário de Bebedouro-SP)
[email protected]
A Filologia Portuguesa tem oferecido muitos recursos a pesquisadores com interesse por
manuscritos coloniais e imperiais, produzidos tanto no Brasil quanto em Portugal, com o
propósito de estudar a língua portuguesa nas suas diversas particularidades. Assim, estudos
nas perspectivas lexical, ortográfica, sintática, histórica, discursiva etc. têm sido propiciados
III SINALEL
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177
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por edições filológicas, colaborando com um entendimento mais sólido sobre a constituição
da língua portuguesa. Além disso, a metodologia empregada na produção de edições
confiáveis ao estudo linguístico também tem alcançado primorosos avanços, buscando-se
assegurar aos consulentes em geral conhecer os procedimentos e critérios adotados pelo
editor e o rigor empregado. Com este fim, o uso das “Normas para a transcrição de
documentos manuscritos para a história do português do Brasil”, publicadas por Megale e
Toledo Neto (2005) teve especial relevância, uma vez que favoreceram uma maior
uniformização das edições, minorando as divergentes produções com rótulos ainda mais
variados, que resultavam em uma profusão terminológica, que dificultava, pela confusão
gerada, o acesso à edição. É crescente o número de grupos de pesquisa no país que
trabalham com esse tipo de documentação e que têm em seus projetos o objetivo de
produzir lição confiável para estudos de língua escrita. Isso tem sido alcançado por meio de
edições fidedignas de diferentes tipos de documentação. Por essa razão, este GT procura
reunir trabalhos filológicos com o objetivo de divulgar resultados de pesquisas que
contribuem com os estudos sobre a História da Língua Portuguesa. Considera-se, pois, que a
lida com documentação antiga remete a um conhecimento sobre a sociedade e a cultura de
diferentes épocas que é fundamental para o seu estudo, a fim de não se isolar o texto de seu
contexto (BERLINCK, 2007), ou seja, de não perder de vista quem são os seus escribas, para
quem os documentos se dirigem, qual a sua finalidade e em que medida tais aspectos se
revelam na materialidade linguística do texto. Nesse sentido, os estudos históricos da língua
portuguesa não podem prescindir do painel histórico brasileiro e/ou português, que tem
sido desvelado em maior detalhe por estudos filológicos de documentos de diversas regiões
destes países.
CARTAS MANUSCRITAS DO XVIII: ASPECTOS FILOLÓGICOS e LINGUÍSTICOS
Kênia Maria Corrêa da Silva (UFMT)
[email protected]
Elias Alves de Andrade (UFMT)
[email protected]
[email protected]
O presente trabalho tem por finalidade investigar, sob a perspectiva da Filologia, 37 cartas
manuscritas, datadas de 1713 a 1800, em sua maioria, referentes a Cuiabá e à Capitania de
Mato Grosso, escritas em diversas localidades, no Brasil e em Portugal, sendo 15
pertencentes ao Arquivo Público de Mato Grosso – APMT, e 22 ao Instituto Histórico e
Geográfico de Mato Grosso – IHGMT. Segundo Spina (1977, p. 75), “[...] a filologia concentrase no texto, para explicá-lo, restituí-lo à sua genuinidade e prepará-lo para ser publicado”.
Serão feitas as edições fac-similar e semidiplomática, a primeira entendida um grau próximo
de zero de intervenção do editor no texto, constituindo-se na fotografia dos manuscritos, e a
segunda representando um baixo grau de intervenção em sua edição, pela qual apenas se
desdobram as abreviaturas. Proceder-se-á também à análise de comentários paleográficos,
com o intuito de expor aspectos da escrita, e históricos, com a abordagem de aspectos do
período colonial brasileiro, sobretudo fatos sobre Cuiabá e a Capitania de Mato Grosso,
região caracterizada como “Área de Cultura Caipira”, segundo Ribeiro (2006, p. 346).
Objetiva-se, por fim, descrever aspectos ortográficos dos manuscritos que possam,
eventualmente, indicar traços de oralidade de Língua Portuguesa do século XVIII. Para tais
estudos, serão adotadas as referências teóricas presentes em Spina (1977), Cambraia (2005),
Mattos e Silva (2006), dentre outros. Esta é uma atividade vinculada aos projetos de pesquisa
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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“Estudo do português em manuscritos produzidos em Mato Grosso a partir do século XVIII” –
MeEL/IL/UFMT, e “Para a História do Português Brasileiro – Mato Grosso – PHPB-MT”.
IRMANDADES DE PRETOS DE GOIÁS: ANÁLISE DE DOCUMENTOS SETECENTISTAS NO
QUE TANGE ÀS OBRIGAÇÕES DOS ASSOCIADOS
Luana Duarte Silva (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
Este trabalho faz parte de uma das propostas do trabalho de mestrado, ainda em
desenvolvimento, com o apoio da FAPEG, intitulado “Irmandades de pretos: edição e
inventariação lexical em manuscritos goianos do século XVIII”, em que buscamos realizar a
edição semidiplomática dos livros de “Compromissos” das Irmandades de pretos do “Arraỹal
do Bomfim de Goỹaz” e “São Joaquim de Cocal”, seguindo as normas sugeridas em Megale e
Toledo Neto (2005), bem como fazer a lição histórica e o inventário lexical do vocabulário
dessas comunidades, a fim de elaborar uma análise e discussão dos campos léxicos mais
relevantes que tratam da organização das comunidades em questão. Essas Irmandades
surgiram pela necessidade de os negros escravos melhorarem suas condições social e
cultural, sendo criadas em comum acordo com a Igreja Católica, de maneira que o preto
deveria dar uma determinada contribuição em dinheiro para participar da Irmandade e
receber as celebrações de morte, por exemplo. Estas eram um dos ensejos de maior
intensidade dos negros escravos, uma vez que eles não tinham condições de celebrar os
rituais de morte, por conta dos impedimentos provocados pelo período escravocrata. Neste
estudo, intentamos observar algumas das obrigações dos associados, especialmente, no que
trata ao pagamento devido à associação de sua entrada e despesas necessárias, como por
exemplo, ao se associar o “irmão entrante” deve pagar “de Sua entrada huã Oyta | Va
deOuro” (livro de Compromisso da Irmandade de “Arraỹal de Bomfim de Goỹaz, fl.4r.; linhas
10 - 11). A análise e observação desses pagamentos ocorrerão tomando por base a leitura do
documento, do dicionário de Bluteau (1728), bem como alguns livros que tratam da história
da escravidão no Brasil, principalmente, em Goiás, nos preocupando no que concerne às
Irmandades de pretos. Para tanto, embasaremos em Borges (2005), Loiola (2009), RussellWood (2005), entre outros.
LÉXICO ECLESIÁSTICO PRESENTE NO CÓDICE DE BATISMO DA PARÓQUIA NOSSA
SENHORA MÃE DE DEUS (MAIO DE 1837 A SETEMBRO DE 1838)
Maiune de Oliveira Silva (PIBIC-AF-UFG-CAC)
[email protected]
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo apresentar algumas unidades lexicais eclesiásticas
consideradas peculiares com seus respectivos contextos de uso e sentido, tomando por
material o manuscrito “Livro de Batizados da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus (maio de
1837 a setembro de 1838)”. Por ser um livro que cumpre o objetivo de registrar crianças,
filhos de pessoas brancas e escravas nascidas na região da Villa do Catalaõ, entendemos que
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
179
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propor nesse artigo um campo lexical com abonações para exemplificar o uso dessas lexias e
explicar o significado de cada uma de acordo com o contexto da época facilita o
entendimento de quem não está acostumado a esses itens lexicais, uma vez que são de uso
peculiar em registros de batizados. Quando o contexto não nos permitir depreender o
sentido, recorrermos a dicionários conhecidos como Houaiss (2009), Aurélio (2004). O livro
que compõe nosso material de estudo foi digitalizado pela equipe do projeto “Em busca da
memória perdida: estudos sobre a escravidão em Goiás” e faz parte do acervo digital do
Laboratório de Estudos do Léxico, Filologia e Sociolinguística (LALEFIL), coordenado pela
professora Doutora Maria Helena de Paula do Departamento de Letras da Universidade
Federal de Goiás - Campus Catalão. Este estudo se faz relevante porque nos possibilita o
conhecimento de documentos antigos da primeira metade do século XIX, nos revelando
sobre a escrita, a vida social e a história da região em que estamos inseridos. No que tange à
parte teórica, a nossa metodologia se sustenta em pesquisas bibliográficas tendo como
suporte teórico os textos de Biderman (2001); Mattoso (1982); Megale e Toledo Netto (2005);
Nunes (2008); Palacín (1944); Spina (1977) e outros que serão referenciados ao longo do
estudo.
TRADIÇÕES DISCURSIVAS: RECONSTRUÇÃO SÓCIO-HISTÓRICA DAS PROCURAÇÕES DO
SÉCULO XVIII DA CIDADE DE POMBAL
Márcia Amélia de Oliveira Bicalho (UNIPÊ-CLV-UFPB)
[email protected]
Maria Cristina de Assis (UFPB)
[email protected]
A procuração é um instrumento jurídico de mando, cujo significado técnico é autorizar,
conceder poder para determinado ato. Sua origem é romana e consistia em um ato entre
amigos, dar as mãos era um símbolo de amizade e fidelidade, daí surgiu o vocábulo
madatum. Este trabalho propõe contribuir para reconstrução da história da língua
portuguesa no Brasil a partir de procurações do século XVIII da cidade de Pombal - PB. Para
tanto, utilizamos um método multidisciplinar, pois adentramos nas veredas do direito, na
tentativa de reconstruir a história desse gênero, sob a doutrina de Santos (2005), Lima (1977)
e Santos (2010); para análise linguística utilizamos os pressupostos teóricos de Eugênio
Coseriu (2010) na distinção dos três níveis linguísticos: o nível do falar em geral, o nível
histórico e o nível individual dos textos e na busca de traços distintos entre a procuração do
século XVIII e a utilizada atualmente, recorremos à tradição discursiva (KABATEK, 2006;
COSERIU, 1958; JUNGBLUTH, 2006).
MANUSCRITOS DE PARTILHA OITOCENTISTAS DA CIDADE DE CATALÃO
Maria Gabriela Gomes Pires (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Profa. Dra. Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
Este trabalho tem como propósito realizar uma sucinta discussão dos usos vocabulares
encontrados em documentos manuscritos de partilhas da cidade Catalão (GO) no século XIX.
As considerações apresentadas nesse estudo representam parte das primeiras leituras
III SINALEL
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180
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teóricas de nossa pesquisa de mestrado. Como o material de análise desta pesquisa ainda
está sendo digitalizado através do projeto “Em busca da memória perdida: estudos sobre
escravidão em Goiás”, optamos por apresentar algumas considerações acerca da tipologia
documental, especificadamente sobre a espécie de partilha e da contribuição desse tipo de
documento para a identificação de parte dos traços linguísticos através dos bens arrolados
no documento que deixam transparecer elementos significativos da cultura local. Para a
discussão desse trabalho, nos basearemos em teóricos do léxico como: Biderman (2001),
Coelho (2005). Para o embasamento filológico, recorremos a Spina (1997), Cardoso (2009) e
Xavier (2012). Palacín (1994) deverá apoiar as considerações de vertente histórica de Catalão,
dentre outros. Buscaremos com essa discussão demonstrar como as lexias que compõem os
vocabulários utilizados na confecção de documentos de partilhas oitocentistas são
importantes para a compreensão e identificação de parte dos elementos históricos, sociais e
culturais da comunidade de Catalão durante a sua ascendência.
DA FILOLOGIA PARA A HISTÓRIA DA LÍNGUA: A PREPOSIÇÃO “A” COMO MARCADOR
DE TRANSITIVIDADE
Marilza de Oliveira (USP)
[email protected]
Segundo Megale (1988:18), “fazer filologia com rigor não tem por finalidade apresentar um
texto “correto” do ponto de vista de uma norma linguística, por mais documentada, da
época do testemunho, mas sim oferecer lição autêntica do testemunho, com os erros que
possa ter.” Esses erros podem registrar variações e favorecer a investigação do processo de
mudança linguística ((Michaëlis de Vasconcelos 1945:345). Com o objetivo de estudar a
história da língua, o foco desta pesquisa é analisar grupos verbais nos documentos
dionisinos do livro 2º. das inquirições de Afonso III, documento datado de 1301. Toma-se
como corpus a edição crítica realizada por Permínio Ferreira (2003). Trata-se de um estudo
quantitativo, de cunho sociolinguístico, que visa observar o emprego da preposição em
grupos verbais tomando como norte o tipo de transitividade do verbo não flexionado: 1) Se
(o homem) ouuer tres ouelhas paridas deue a dar huu cordeyro e se no ouuer tres ouelhas
paridas deue a dar huu cabrito. (Inquirições, 1:21-22). Casos como estes aproximam o
português antigo do romeno (Dobrovie-Sorin, 1994) e do francês antigo (Sch0ler, 2000),
línguas em que a preposição “a” precede a forma infinitiva dos verbos. O trabalho mostra
também a presença da preposição “de” condicionada pelo argumento quantificado: 2) E
disseron que usaron mais de dar ao moodomo por amor que lhis fazia naquilo que lhis
partia. (Inquirições, 45:1305-6). A homonímia entre o partitivo (en)de e a preposição de
gerou ambiguidade na interpretação categorial, levando à reanálise do partitivo de como
preposição (Moraes Castilho, 2005). Esse processo teria levado ao colapso a marcação de
transitividade pela preposição “a”, que se manteria apenas nas construções perceptivas e
causativas.
III SINALEL
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181
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UM ESTUDO LEXICAL DO LIVRO DE REGISTROS DE BATIZADOS EM CATALÃO (18371838): ETNIAS DOS NEGROS ESCRAVOS
Mayara Aparecida Ribeiro de Almeida (UFG-CAC-PIBIC-CNPq)
[email protected]
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
No presente trabalho, intencionamos divulgar resultados parciais de nossa pesquisa “Um
estudo lexical do Livro de Registros de Batizados da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus
(maio de 1837 a setembro de 1838)”, a qual está sendo desenvolvida no âmbito do PIBICCNPq e encontra-se vinculada ao projeto “Em busca da memória perdida: estudos sobre a
escravidão em Goiás” fomentado pela FAPEG e coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maria Helena de
Paula. Sabe-se, por meio de estudos que vêm sendo realizados pela equipe de
pesquisadores do projeto supracitado, que a história de Catalão se encontra arraigada ao
sistema de servidão, constatação essa que se sustenta pela riqueza de documentos
manuscritos presentes na cidade, tanto de natureza cartorial quanto eclesiástica, referentes
aos negros escravos. Ante a este cenário e tendo em vista que o léxico de uma língua nos
oferece um leque de informações a respeito dos seus falantes, revelando traços de suas
culturas, histórias e ideologias, propomos realizar um estudo de natureza filológica e lexical
do Livro de Registros de Batizados da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, a fim de
compreendermos quais são as origens étnicas dos negros escravos que passaram por
Catalão. Para tanto, realizaremos a edição do livro em questão, conforme nos ensina Megale
e Toledo Neto (2005); em seguida, inventariaremos e estudaremos os signos léxicos
referentes à origem étnica, baseando-nos nas lições da Lexicologia, apresentadas por
Biderman (2001). Em sequência, consultaremos os dicionários de Silva (1813), Moura (2004),
Aurélio (2004) e Houaiss (2009) para verificação e confronto de definições. Por fim,
pretendemos tecer análise que relacione o acervo lexical do livro supracitado e a história e
cultura por ele registrada.
O USO DE GRAFEMAS DUPLOS EM MANUSCRITOS DO SÉCULO XVIII
Phablo Roberto Marchis Fachin (UNIFAFIBE – Centro Universitário de Bebedouro-SP)
[email protected]
Nesta comunicação, apresenta-se a descrição da prática de escrita de escribas setecentistas
quanto ao uso de grafemas duplos, em quatro tipos de espécies documentais, cartas,
certidões, representações e requerimentos. O corpus do trabalho é composto por
manuscritos da Administração Pública Colonial, localizados no catálogo do Projeto Resgate
Barão do Rio Branco e no Arquivo Público do Estado de São Paulo. Com isso, objetiva-se
ampliar o conhecimento e o esclarecimento da situação linguística do português em
documentação manuscrita escrita no Brasil e contribuir de forma concreta com os estudos
sobre a História da Língua Portuguesa, com destaque para o século XVIII. A História da
Língua Portuguesa se constrói com dois tipos de dados: os pertencentes à sua História Social
ou História Externa, isto é, o contexto histórico em que a língua se desenvolve e que pode ter
influenciado ou determinado sua evolução; os dados pertencentes à sua história linguística
ou História Interna, isto é, a descrição de fenômenos em sistemas e subsistemas linguísticos
resultando do conjunto a Linguística Histórica Portuguesa. Nesse sentido, o estudo da língua
portuguesa e da sua história com base em documentação manuscrita cumpre esses dois
critérios. Por um lado, na medida em que se vai às fontes, realiza-se importante função do
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
trabalho filológico, em que o texto deixa de ser um fim em si mesmo para se transformar
num instrumento que permite ao filólogo reconstituir a vida espiritual de um povo em
determinada época. Por outro, por tratar-se de trabalho que tem com base levantamento de
dados linguísticos concretos, retirados de documentos manuscritos heterogêneos, de
diversas épocas da História da Língua Portuguesa, pratica-se o estudo das transformações
pelas quais a nossa língua passou ao longo de sua trajetória sócio-histórico-cultural.
CLERO E ESTADO EM UM EMBATE NA CAPITANIA GOIANA DURANTE O PERÍODO
COLONIAL
Vanessa Regina Duarte Xavier (USP)
[email protected]
Esta comunicação tem como propósito analisar um documento apógrafo, datado de 29 de
julho de 1752, pertencente ao códice intitulado Livro para servir no registro do caminho
novo de Parati, que se encontra disponível no acervo do Arquivo Histórico Estadual de Goiás.
A escolha deste documento vincula-se à sua temática, a saber: o embate entre diferentes
instâncias do clero pelo domínio sobre as suas agremiações. Em uma observação mais
acurada, percebe-se que os Irmãos da Confraria de Santo Antônio de Pádua e o
representante do Juízo Eclesiástico entraram em conflito em razão da criação de tal confraria
na Igreja Matriz de Vila Boa. O impasse foi gerado porque aqueles solicitavam à Corte que
prestassem contas da confraria ao juízo secular e não ao eclesiástico, uma vez que a mesma
fora fundada por leigos. De sua parte, o visitador, enviado à Vila Boa pelo Juízo Eclesiástico,
defendia que este assumisse o controle da confraria porque esta já havia sido criada em
1743, conforme uma provisão do reverendo bispo do Rio de Janeiro. Isto posto, este estudo
insere-se numa perspectiva filológica, tendo como ponto de partida a edição
semidiplomática do documento referido, com base nas normas disponíveis em Megale e
Toledo Neto (2005). Relembrando as funções atribuídas por Spina (1976) à Filologia, salientase que a presente investigação presta-se a cumprir tanto a função substantiva, preparando o
texto para a sua divulgação, como a função transcendente, à medida que se dedica a um
estudo amplo do texto, esclarecendo as referências à sociedade e à cultura de uma época
nele presentes. Nesse sentido, recorre-se também a historiadores como Palacín (1976), com
vistas a esclarecer a relação entre o clero e o Estado na Capitania goiana durante o período
colonial.
GT 15 - LITERATURA INFANTIL E JUVENIL: A FORMAÇÃO DO LEITOR EM QUESTÃO
Coordenadoras:
Profa. Dra. Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (FEMA-Assis-UNESP-Assis)
[email protected]
Profa. Dra. Silvana Augusta Barbosa Carrijo (CAC-UFG-UNESP-Assis)
[email protected]
A questão da leitura continua a ser um dos maiores entraves à sociedade brasileira, tanto em
relação ao desempenho escolar, quanto no que diz respeito ao mercado de trabalho. O
Instituto Pró-Livro, em 2012, divulgou a terceira edição da pesquisa “Retratos da Leitura no
Brasil”, cujo intuito foi medir a intensidade, forma, motivação e condições de leitura da
população brasileira. Um dos questionamentos é sobre a relação do sucesso profissional
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Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
com a leitura (“Conhece alguém que ‘venceu na vida’ por ler bastante?”), para a qual os
números demonstram a permanência de uma infeliz realidade: 47% dos entrevistados não
conhecem ninguém a que possam atribuir o papel da leitura como motivo de sucesso
profissional. Por meio desses dados, reafirma-se o fracasso generalizado da escola brasileira
quanto à formação de leitores, ainda que o Estado, em todos os níveis, tenha apresentado
ações significativas na última década. Nesse contexto, justifica-se o intuito deste GT de
abordar o que se tem concebido como “literatura infantil e juvenil” e o que se tem trabalho
na formação do jovem leitor. Eleger obras infantis e juvenis implica uma escolha bem
específica do objeto de estudo: no caso, um conjunto de obras de certo subsistema que
compõe, em termos gerais, o sistema literário e cultural brasileiro. Subsistema que se define
sob a égide de dois grandes aspectos, quais sejam, o público a que se destina e a forma pela
qual as obras circulam entre e para este público. De fato, analisar as obras sob tal rubrica
implica considerar o legado da tradição clássica e da oralidade; os diversos temas
contemplados; o questionamento dos valores humanos tradicionais, em favor da formação
de novas e múltiplas mentalidades; o investimento em complexos processos interdiscursivos
(intertextualidade; metalinguagem; adaptação de obras clássicas; recontos e
reendereçamento); o diálogo entre texto e ilustração; os procedimentos que dão forma aos
projetos gráficos; a interface com outras manifestações artísticas e semióticas como as artes
plásticas e a cinematográfica; a interação com os meios multimidiáticos e o processo de
escolarização da leitura de literatura para crianças e jovens, entre outros aspectos. Entre
tantos elementos que demandam a realização de estudos e pesquisas sobre o gênero, faz-se
necessário considerar também o diálogo com outras esferas de investigação científicoacadêmica, tais como a Educação, a Psicologia, a Antropologia, a Sociologia, a Pedagogia e a
Linguística, entre outros. Assim sendo, o presente GT procurará abarcar propostas de
trabalho que contemplem questões relevantes sobre o gênero literatura infantil e juvenil.
THALITA REBOUÇAS EM DIÁLOGO COM O MUNDO LÍQUIDO
Andréia F. de Melo Cunha (UFG)
[email protected]
Thalita Rebouças tem dez livros publicados pela coleção Rosa-choque, voltada
exclusivamente para garotas, lançados pela editora Rocco. A partir de sua leitura, é possível
verificar-se como a autora constrói, ao mesmo tempo em que reproduz, um ideal de garota
classe média, com uma postura típica diante da vida, dos outros e dos objetos, com um
linguajar característico e com outras marcas de seu lugar social. Zygmunt Bauman, ao
analisar o mundo moderno, destaca a sua “liquidez” – as relações amorosas superficiais, a
dificuldade em se estabelecer vínculos afetivos mais sólidos e a vida para o consumo – em
que a segurança é encontrável no desfrute imediato dos prazeres, ou seja, uma vida
“agorista”, marcada pela pressa e pelo impulso de adquirir e juntar. A obra de Thalita
Rebouças é ilustrativa desse vínculo com o ambiente ao redor. Suas protagonistas, sempre
meninas, estabelecem com o mundo uma relação utilitária, de consumo imediato, em que
prevalece o descarte e a substituição. Diante disso, é objetivo deste trabalho destacar, a
partir da leitura das obras constantes da coleção mencionada, como a autora dialoga com a
“sociedade de consumidores” a que Bauman se dedica a compreender.
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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RETEXTUALIZAÇÃO: POSSIBILIDADES DE LEITURA DE TEXTOS LITERÁRIOS
Arthur Angelo de Oliveira Prado (PIBID-UFLA)
[email protected]
Apânia Sthefany Silva e Souza (PIBID-UFLA)
[email protected]
A comunicação proposta elege como objeto de estudo a retextualização como procedimento
metodológico para o trabalho com a literatura em sala de aula. Embora o termo
retextualização apresente acepções diferenciadas entre os autores que se ocupam da
temática, este trabalho se fundamenta na teorização desenvolvida por Dell’Isola (2007) e por
Matencio (2002). Para Dell’Isolla, a retextualização consiste em “um processo de
transformação de uma modalidade textual em outra, ou seja, trata-se de uma refacção e uma
reescrita de um texto para outro, processo que envolve operações que evidenciam o
funcionamento social da linguagem” (p. 10). Para Matencio (2002), “retextualizar é produzir
um novo texto”, com possibilidades de “mudança de propósito”. Esse procedimento permite
uma exploração de obras literárias, por meio do uso de diferentes estratégias, o que pode
desencadear um rompimento das práticas tradicionais de estudo de textos literários e a
incorporação de novos suportes, como mídias digitais, por exemplo. O uso da estratégia de
retextualização contribui para a implantação de uma proposta de trabalho com a literatura
numa perspectiva sócio-interacionista, que se “preocupa com os processos de produção de
sentido tomando-os sempre como situados em contextos sócio-historicamente marcados
por atividades de negociação ou por processos inferenciais.” (MARCUSCHI, 2010, p. 34). Para
ilustrar o trabalho realizado, foi desenvolvido um projeto que contemplou uma proposta de
leitura de contos e crônicas, aplicado a alunos de Ensino Fundamental e Ensino Médio de
escolas públicas do município de Lavras (MG). As produções decorrentes deste projeto foram
analisadas, considerando o conteúdo, os recursos linguísticos e discursivos, bem como as
imagens e as representações. A partir do trabalho empreendido, foi possível constatar que o
procedimento de retextualização permite o acesso às diferentes interpretações dos textos
lidos pelos alunos, além de uma sistematização das leituras realizadas.
A ARTE DA MEDIAÇÃO DE LEITURA E DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA: UMA PERSPECTIVA
Bruna Valéria Oliveira de Almeida Lins (UFT)
[email protected]
Julienne da Silva Silveira (UFT)
[email protected]
Este artigo propõe-se a relatar experiências vivenciadas durante atuação na mediação de
leitura no projeto “Mediadores de Leitura” desenvolvido pelo o SESC-TO, tendo como
fundamentação teórica os livros Como um romance, de Daniel Pennac e Oficina de Leitura,
de Angela Kleiman. Durante a participação no referido programa de leitura, foi possível
perceber que contar história é torná-la mais interessante para a criança, ser contador é estar
presente na história. Kleiman (2004. p, 15) discorre que “para formar leitores, devemos ter
paixão pela leitura”. Nesse sentido, tomando as ponderações de Kleiman e Penac, entendese que mediar é despertar na criança o gosto pela leitura e levar o leitor a infinitas
descobertas. A leitura constrói e transforma um sujeito. Desse modo, a roda de leitura está
focada no conceito da leitura em que o mediador é responsável por fazer a ponte entre o
livro e o leitor, disseminar a construção do conhecimento através da leitura e,
consequentemente, da literatura. Ao contar as histórias, estamos trabalhando com a
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linguagem oral e vários recursos para prender a atenção: a voz, (o tom, a forma, a
intensidade) as expressões corporais, o lugar (um ambiente aberto ou fechado, escuro ou
claro), e objetos (fantoches, bonecos, panos e entre outros). Ao mediar à leitura, estamos
aproximando a criança do livro e de seu mágico e maravilhoso mundo. A mediação, pois,
constrói-se pelo princípio do aprendizado recíproco, por isso, a importância da figura do
mediador de leitura no despertar da criança para o mundo da literatura infantil e juvenil,
através da poesia, contos, memórias, histórias modernas, histórias de medo, histórias de
lugares e tempos distantes, histórias de fazer rir, chorar e sonhar.
A PROCURA DE LEITORES NAS ENTRELINHAS
Danilo Pablo Gomes de Oliveira (PIBID-UFG-CAC)
[email protected]
Maria Fernanda Costa Gonçalves (PIBID-UFG-CAC)
[email protected]
A sociedade brasileira atualmente sofre com a grande diferença das classes sociais, poucas
pessoas tem acesso a livros para serem lidos, as escolas brasileiras são precárias em se
tratando de biblioteca, dificultando cada vez mais o futuro dos nossos leitores brasileiros. A
leitura e a literatura na vida do ser humano ajudam e melhoram a comunicação dos alunos
nas escolas, ajudando no desenvolvimento e na melhor compreensão interpretações de
textos e dinamiza os seus conhecimentos e práticas textuais e a grande abertura do seu
leque de informações através das leituras. Com esse gênero, consegue ver o mundo
diferente sob várias formas de interpretação opostas desse mundo. Leitura e literatura forma
uma a parceria perfeita que permite ao aluno ter interpretações diferenciadas e objetivas,
questionar sobre a falta de respeito com as escolas de ensino básico. Atualmente, nas
escolas brasileiras, professores e coordenadores, deveriam utilizar mais os meios de leituras e
dinâmicas em salas de aulas. O objetivo do trabalho é buscar e resgata a boa leitura em
alunos das escolas públicas e não é transformar esses alunos em escritores, mas sim em
leitores aptos a interpretar, compreender melhor o que o poeta transmitiu em suas obras.
Despertar o hábito da leitura, não por obrigação, mas sim por prazer de ler, fazer se tornar
uma rotina nas vidas desses leitores. Atividades como teatros, releituras de textos serão
sugeridas em sala de aula para os professores possam promover atividades com temas
lúdicos, o incentivo à leitura diversificada, desenvolver o método de desenhos em sala,
buscando trabalhar a imaginação das crianças, podendo assim, com algumas dinâmicas
formar, desde pequenos, novos leitores despertando o gosto pela literatura, sobre o
letramento literário com Rildo Cosson e Angela Kleimam.
APONTAMENTOS ACERCA DA ILUSTRAÇÃO NO LIVRO INFANTIL: ORIGENS E
REALIZAÇÕES EM OBRAS LITERÁRIAS
Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (FEMA)
[email protected]
Fernando Teixeira Luiz (FAPEPE)
[email protected]
Atualmente, refletir sobre a ilustração apresenta-se como um desafio, sobretudo, ao se
observar as inúmeras imagens dispostas em cartoons, desenhos animados, histórias em
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Caderno de Resumos e Programação
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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quadrinhos, outdoors, painéis, séries animadas, entre outros, que invadem diariamente o
nosso olhar e, sobretudo, o infantil. A questão que se coloca é a da esteticidade, da
imaginação dos pequenos leitores. Será que essas imagens podem compor sua memória
afetiva, arrebatando-os pelo surpreendente e encantador ou, apenas, automatizam seu olhar,
ofertando estereótipos? Parte-se, neste texto, do pressuposto de que o livro ilustrado dotado
de esteticidade promove o olhar crítico, pois como é composto por mais de um discurso,
verbal e não verbal, além do intertextual que mobiliza visões de mundo diversas, esse tipo de
livro caracteriza-se pela polifonia. Diante desse pressuposto, objetivamos elencar livros em
que a relação entre imagem e texto é de interação, sobretudo, exerce função de colaboração,
na qual o sentido não emerge só das imagens ou do texto, antes da relação entre os dois.
Para a consecução desse objetivo, apresentamos um panorama histórico de obras publicadas
a partir do século XIX que apresentam valor estético tanto no plano verbal, quanto no da
imagem, e favorecem a ruptura com os conceitos prévios do leitor, ampliando seus
horizontes de expectativas. Constrói-se a hipótese de que a leitura do livro ilustrado,
enquanto objeto de cultura, permite um discernimento de mundo e um posicionamento
perante a realidade. Esse livro, em especial, pode “alfabetizar” o olhar desde a infância,
permitindo que as crianças se tornem leitoras críticas, pois ativa sua memória transtextual ao
permitir-lhes compreender o texto verbal e não verbal em interação, além do seu suporte.
DE FIO A FIO, DE PONTO EM PONTO, AO DESAFIO: O ENTRECRUZAR DA LITERATURA
INFANTIL E O PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA NAS CLASSES DE ALFABETIZAÇÃO
Elzilane da Paixão Nascimento (UFF)
[email protected]
Vovó Laura, Papai Laura, Mãe Laura, Irmã Laura. Todas se resumiam numa só palavra:
generosidade. Vovó era rezadeira, parteira, costureira de mão cheia. Não dominava os
códigos da leitura e da escrita, porém quando contava suas histórias oralmente ou “lidas”, ia
tecendo outras histórias nas suas. Não supúnhamos que era analfabeta, pois se revestia de
tamanho encantamento, que muitas vezes acabava por misturar as emoções, como se fosse
uma grande colcha de retalhos tecida com muito zelo.Aprendi a ler o mundo através dos
olhos dela e assim, quando cresci, me encantei pelo mundo das letras e da Literatura Infantil.
Esta pesquisa busca evidenciar o papel da Literatura Infantil como processo alfabetizador e
consequentemente como elemento facilitador através de contação de histórias, orais ou
lidas, dentro do contexto da educação popular, redimensionando a sua importância na
formação da autonomia do sujeito-leitor. Mais do que o domínio do código escrito, a grande
necessidade da sociedade de hoje é de pessoas solidárias, amorosas, criativas, capazes de
traduzir ideias em ações. Alfabetizar através da Literatura Infantil, portanto, pode ser
“pretexto” para a construção de uma qualidade de vida e sociedade que tanto nos interessa.
Para isso, o educador deve estar sempre na condição de “aprendiz” e pensar no processo
pedagógico na perspectiva do “junto com”. A investigação será qualitativa e ocorrerá em
três escolas públicas do município de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro sendo
construída por meio de entrevistas com perguntas semi-estruturada aos professores de
Classes de Alfabetização para que assim, entendamos como se dá este entrecruzar em sala
de aula.
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LEITURAS QUE ENCANTAM: A APOLOGIA À LEITURA ATRAVÉS DAS OBRAS A
PRINCESA QUE ESCOLHIA (2006) E O PRÍNCIPE QUE BOCEJAVA (2004) DE ANA MARIA
MACHADO
Fabrícia dos Santos Silva Martins (UFG-CAC)
[email protected]
Silvana Augusta Barbosa Carrijo (UFG-CAC-UNESP-Assis)
[email protected]
O incentivo à leitura sempre foi um desafio histórico, social e cultural em nossa sociedade.
Como bem observa Ana Maria Machado no artigo A importância da leitura (2011, p.16) “Lêse pouco no Brasil porque não se acha que ler é importante, não se tem exemplo de leitura
[...]”. Nessa perspectiva, o presente estudo objetiva demonstrar como as obras A princesa que
escolhia (2006) e O príncipe que bocejava (2004), de Ana Maria Machado, constituem
verdadeiras apologias à prática da leitura literária, ao apresentarem os personagens
principais encantados com a leitura e com aquilo que dela advém: os sonhos, os desafios, as
descobertas, etc... Ao imergir nesse universo, o leitor compreende que, como menciona Elias
José no artigo Leitura: prazer, saber e poder (2007, p.19) “a literatura pode nos levar a um
mundo idealizado, capaz de nos dar, sem nos alienar, o que o cotidiano nos nega”. Tanto a
princesa quanto o príncipe, ganham “o mundo” através da leitura, seus universos,
conhecimentos e imaginação vão se ampliando, o que se percebe também nas ilustrações
das obras ao apresentar os personagens envolvidos na leitura, brincando e sorrindo,
instigando o leitor a perceber o prazer que ela proporciona. Tanto através do texto verbal
quanto das ilustrações, a leitura é representada como caminho para tornar o indivíduo mais
inteligente, criativo, sábio, sensível e perspicaz.
LEWIS CARROLL E SEUS CONTEMPORÂNEOS: ALGUMAS DIVERGÊNCIAS
Guilherme Magri da Rocha (UNESP-Assis)
[email protected]
A publicação de Alice’s Adventures in Wonderland, de Lewis Carroll, em 1865, marca o início
daquela considerada a Idade de Ouro dos livros para crianças, devido à grande produção de
textos para o crescente mercado infantil. A grande diferença é que o cânone carrolliano, ao
contrário dos textos que eram publicados na época, não tinha nem a intenção de aperfeiçoar
e testar a mente da criança, nem de instruí-la moralmente, de acordo com os dogmas da
sociedade. A comunicação tratará de textos contemporâneos aos de Carroll, escritos por
Christina Rossetti, John Ruskin e Catherine Sinclair em comparação a eles, de forma a
entender como se diferenciam quanto à compreensão do leitor juvenil.
DE PASSARINHOS A DES OISEAUX (SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SE TRADUZIR A POESIA
DE MANOEL DE BARROS PARA O FRANCÊS)
Janaina Jenifer de Sales (Unesp-Assis)
[email protected]
A poesia de Manoel de Barros, embora durante um certo tempo não tivesse sido
devidamente valorizada pela crítica, hoje cumpre importante papel dentro da Literatura
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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Brasileira. Trata-se de um fenômeno poético iniciado ainda no século passado e que vem
ecoando ao longo dos anos. Isso é reafirmado tanto pelo número de trabalhos acadêmicos
sobre o autor, quanto pelo fato de Manoel de Barros ser o poeta vivo que mais vende livros
no Brasil, e ainda, pelo processo de tradução pelo qual passa, atualmente, sua poesia. Essa
internacionalização deve-se a uma série de fatores, tais como o caráter universal que sua
poética apresenta, ainda que mascarado por uma “regionalidade” pantaneira, sua poesia
dispensa rótulos de vários tipos, até mesmo o de poesia para crianças e poesia para adultos,
embora alguns livros apresentem essa classificação, não há característica que as distinga, e
isso deve-se à natureza de sua linguagem. Dessa forma, este trabalho pretende explicar qual
a importância da tradução da obra de Manoel de Barros, baseando-se exclusivamente em
Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo, e além disso, expor, de certa forma, os processos
adotados para que a tradução possa ser realizada em língua francesa, ressaltando assim,
alguns dos motivos pelos quais crianças e adultos, sejam franceses ou brasileiros, podem
desfrutar dessa poética tão singular.
ASPECTOS EDUCATIVOS DA CONSTRUÇÃO LITERÁRIA EM GRACILIANO RAMOS:
ALEXANDRE E OUTROS HERÓIS
Marcela Ribeiro (UFRN)
[email protected]
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas (UFRN)
Mestre Graciliano Ramos construiu um livro classificado como infanto-juvenil, coadunandose com as histórias já bastante divulgadas das aventuras de Pedro Malazarte e do Barão de
Münchhausen. No entanto, a obra em questão, Histórias de Alexandre, tem a marca de seu
estilo na linguagem fácil e de resgate da cultura nordestina. Graciliano, resgatando a cultura
de sua região, trouxe à tona também suas memórias de infância, outrora publicadas
legitimamente um livro de memórias (Infância, 2010). Porém, em Histórias de Alexandre, o
mestre Graça literaturiza aquilo que ouviu, aprendeu e apreendeu desde a infância. Esta
pesquisa tem como proposta a explanação dos aspectos educativos da construção literária
em Graciliano Ramos, mais precisamente em seu livro de publicação póstuma Alexandre e
outros heróis. O livro parece pertencer às narrativas orais do nordeste, oralidade esta
defendida como a primeira forma de contato com a linguagem, o alicerce para a formação
posterior da fala e da escrita, ou seja, a oralidade presente no ato de contar histórias nada
mais é que uma forma de letramento, o que remete o texto à infância do autor, já que,
mesmo à época em que foi publicado, o interesse pela cultura oral já se esfacelava.
Ressaltando que as aventuras loroteiras pertencem à cultura popular, lembremos que o
ressabiado escritor nos mostra que seu papel nesse livro foi apenas o de um ghost writer da
voz popular: por prezar demais pela originalidade de seus escritos, ele não desejou dar como
seu o que pertencia ao povo e à cultura do nordeste. A pesquisa em questão procurou
também fazer a correlação entre o que é biografia e o que é literatura, tendo como aportes
teóricos estudos sobre a oralidade e as várias formas de letramento.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
LLAMA TRES VECES: ANÁLISE LINGUÍSTICO-LITERÁRIA DE UMA NARRATIVA
ESPANHOLA VOLTADA AO PÚBLICO INFANTOJUVENIL
Márcia Valéria Seródio Carbone (UNESP–Assis-SP)
[email protected]
Propomo-nos, com a presente comunicação, fazer o estudo linguístico-literário de uma
história, em espanhol, voltada ao público adolescente. Trata-se da obra “Llama tres veces”,
pertencente à coleção Los Imperdibles de Hércules, da editora espanhola Hércules de
Ediciones. É a versão castelhana da obra inglesa de Marion St. John Webb. A tradução
espanhola é de Lourdes Salgado e as ilustrações são de Jonathan Barros. Neste caso,
Hércules nos conduz às incríveis aventuras dos gêmeos Jack e Molly. O enredo tem início no
dia de aniversário dos dois irmãos, quando Molly recebe um presente que é enviado pela tia
Phoebe. A garota está ansiosa por um bracelete de prata, mas acaba ganhando mesmo um
presente um tanto curioso: uma espécie de varinha que os transportará a um mundo mágico,
o Mundo Possível... Tendo em vista que a missão da editora Hércules é a de incentivar a
leitura de crianças e jovens galegos, neste trabalho, procuraremos, também, demonstrar em
que medida o elemento maravilhoso (cuja metáfora é a própria varinha cinza) é, na verdade,
o que faz com que se queira continuar a ler a obra. Noutros termos, buscaremos identificar o
elemento fantástico como verdadeiro estímulo à leitura e à formação de jovens leitores.
FORMAÇÃO DO LEITOR: NOVAS EXPERIÊNCIAS NAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO
Patrícia Barreto Mendonça (PIBID-UNIPAMPA-RS)
patrí[email protected]
Ana Paula Fontoura Pinto (PIBID-UNIPAMPA-RS)
[email protected]
O presente trabalho expõe as experiências de dinâmicas com literatura no ensino
fundamental, desenvolvidas por bolsistas da Licenciatura em Letras da UNIPAMPA – Campus
Bagé/RS através do Programa de Iniciação à Docência- PIBID. O subprojeto “Formação de
Leitores” tem por objetivo enriquecer a experiência docente dos alunos com a criação e
efetiva aplicação, em escolas da cidade, de projetos que pretendem estimular o gosto por
literatura, criando novos leitores literários. Relatamos, neste trabalho, os projetos realizados
com alunos de sétimos e oitavos anos na escola municipal Dr. João Severiano da Fonseca,
em um período de, aproximadamente, um ano e meio, projetos esses criados a partir do
perfil de leitores da escola – previamente pesquisado. Dessa forma, destacamos, nesse
trabalho, os projetos “O Tempo e o Vento”, baseado na obra de Érico Veríssimo e com o
suporte da filmagem do filme homônimo, que ocorreu na cidade no período de realização
do projeto, “O Mágico de Oz”, onde a obra de Baum foi posta em diálogo com adaptações
cinematográficas da mesma, “O teatro na escola”, em que se trabalhou com contos de
Simões Lopes Neto adaptados para o teatro, e, finalmente, a Feira do Livro da escola, quando
se expôs o acervo de livros literários presentes na biblioteca e se ofereceu diversas oficinas
para os estudantes, todas relacionadas a diferentes expressões artísticas. Os resultados
alcançados variaram de projeto a projeto, mas em todos observamos que os alunos se
sentiram motivados e participantes efetivos destes, mostrando-se interessados pela leitura e
sugerindo, através de suas reações e atitudes, que podem vir a dar sequência ao hábito de
ler.
III SINALEL
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
FORMANDO LEITORES: PRÁTICAS DE LETRAMENTO LITERÁRIO NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Paula da Costa Silva (UFP-RS)
[email protected]
Cíntia Alves Dias (UFP-RS)
[email protected]
O presente trabalho tem o objetivo de relatar as experiências de formação do leitor literário
promovidas no ano de 2012, dentro do Programa de Bolsistas em Iniciação à Docência
(PIBID), subprojeto Letras, da Universidade Federal do Pampa, que foram aplicadas em
escolas municipais da Cidade de Bagé – RS. “A formação de um leitor literário significa a
formação de um leitor que saiba escolher suas leituras, que aprecie construções e
significações verbais de cunho artístico, que faça disso parte de seus fazeres e prazeres”.
Baseado nessa definição de Graça Paulino (2004) o subprojeto procurou envolver os alunos
em ações diversificadas que promovessem o letramento literário na escola. Em um primeiro
momento deu-se a entrada nas turmas para observação e verificação do nível de letramento
dos educandos, trabalhando com interpretação de textos e dando abertura à criatividade dos
alunos para que então nos puséssemos a planejar as ações efetivas. Dessa forma, destacamos
e descrevemos, nesse trabalho, os projetos “O Tempo e o Vento”, “Ciberpoesia”, “Cordel” e
“Feiras do livro na escola”. Em cada um deles, utilizamos os mais variados recursos
metodológicos como criação de perfis no facebook, leitura e produção de histórias em
quadrinhos, dramatizações e rodas de conversa, na busca de nos aproximarmos dos leitores
em potencial que encontramos nas diferentes realidades escolares onde o projeto atua.
Dentre os resultados alcançados, considerando o perfil de alunos com que nos deparamos
muito alheios à leitura, pudemos notar uma receptividade maior aos textos, um
envolvimento e aprofundamento consistente na interpretação e um melhor aproveitamento
desde a primeira até a última atividade desenvolvida em cada projeto.
A LITERATURA INFANTIL E JUVENIL NA PRÁTICA: LITERATURA, CINEMA E
MÚSICA COMO FORMAÇÃO PARA A VIDA
Sandra Mara Carvalho (UFU-ILEEL)
[email protected]
A literatura é uma arte que tem como uma de suas características principais a emancipação
do leitor, que se dá por meio das experiências adquiridas durante a leitura, e o levam à
reflexão sobre temas que possibilitam uma identificação e aproximação à sua realidade,
sendo possível relacioná-las e utilizá-las em sua vivência. Adquirindo os conhecimentos
propiciados pela leitura, o leitor cria uma ampla visão de mundo e criticidade a respeito das
problemáticas de sua vida social. Segundo Candido (1972), a literatura prepara o homem
para lidar com a vida real. Pensando nisso, este trabalho foi desenvolvido dando foco à
literatura como um importante elemento que contribui para a formação do homem para a
vida. Utilizando o livro Sapato furado (1994) de Mário Quintana, a canção Pequeno Cidadão,
do álbum Pequeno Cidadão (2009) de Arnaldo Antunes e o filme de animação Up – Altas
Aventuras (2009) do diretor Pete Docter, pretende-se apresentar as práticas de leitura
possibilitadas pelos mesmos e como literatura, música e cinema envolvidos, coordenados em
temáticas específicas e empregados como instrumentos didáticos, que dão forma às
inquietações e desejos mais íntimos da alma humana (TREVIZAN, 1998), contribuem
significativamente para a criação de um novo olhar dos jovens cidadãos, que proporciona
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
191
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
uma amplitude em seus saberes e reflexões sobre temas conhecidos por eles, mas pouco
discutidos. Para tal abordagem serão utilizados estudos de Lígia Cadermatori, Antonio
Candido, Zizi Trevizan, Graça Paulino e Aracy Alves Martins.
GÊNERO E MEMÓRIA NA NARRATIVA JUVENIL DEPOIS DAQUELA VIAGEM
(2003), DE VALÉRIA PIASSA POLIZZI
Silvana Augusta Barbosa Carrijo (UFG-CAC; UNESP-Assis)
[email protected]
Entre as várias possibilidades de investigação epistemológica do acervo estético e cultural a
que denominamos literatura infantil e juvenil, encontram-se estudos que examinam, nas
obras literárias sob tal rubrica, os temas das identidades e relações de gênero (gender) e da
memória, bem como seus desdobramentos temáticos, tais como sexualidade, orientação
sexual, representações do corpo, diversidade e diferença, passagem temporal, morte,
rememoração e esquecimento. A presente comunicação resulta de pesquisa de pósdoutoramento, que se insere no rol dos estudos investigativos supracitados, procurando
perscrutar, na narrativa juvenil Depois daquela viagem (2003), de Valéria Piassa Polizzi, como
se articulam as identidades e relações de gênero e a memória nesta trama de caráter
autobiográfico. Observaremos, entre outras questões, o pacto autobiográfico estabelecido
entre autora e leitores, a responsabilidade social do relato, a problematização sobre a
contaminação do vírus HIV pela autora-narradora-personagem e o recurso ao humor como
expediente discursivo-literário adequado no tratamento de temas polêmicos relacionados ao
universo juvenil.
O IMAGINÁRIO DOS CONTOS DE FADAS E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Sueli Maria de Regino (UFG)
[email protected]
Sob a perspectiva dos Estudos do Imaginário, a educação pode ser compreendida,
metaforicamente, como um percurso iniciático. Esse modelo pedagógico tem como
referência o mito do herói grego Teseu. Seu percurso no labirinto, espaço de iniciação,
revela-se emblema significativo do processo de formação do ser humano. De acordo com
esse paradigma, o professor é o mentor, o que orienta, cabendo ao aluno investigar e
enfrentar desafios, vencendo as diferentes etapas do percurso. É possível afirmar que, de
forma geral, elementos iniciáticos estão presentes em todas as narrativas. Contos e romances
descrevem sempre a passagem de um estado inicial, marcado pelo desconhecimento de
algo, a outro estado, resultado da conquista gradativa de experiência e conhecimento. Os
contos de fadas, ao reproduzir as etapas do percurso que Joseph Campbell descreve em O
herói de mil faces, tornam-se referência para uma forma de pensar a educação que utiliza a
metáfora da iniciação como modelo pedagógico. Este trabalho pretende avaliar a
importância da leitura dos contos de fadas para a formação de leitores pouco experientes,
ou não leitores, crianças e adultos, surdos e ouvintes, em salas de aula inclusivas.
Considerou-se inicialmente o fato, apontado por Nancy Houston, de sermos a única espécie
que narra. As ficções a que estamos expostos, desde os primeiros anos de vida, consolidam
nossa identidade. Para a criança surda, o acesso às narrativas familiares (cantigas de ninar,
parlendas, orações, casos familiares) é muito limitado. Contar os tradicionais contos de fadas
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
em sala de aula inclusiva, com tradução em Libras para os surdos, pode contribuir para
despertar o interesse de alunos com pouca experiência de leitura. Essa atividade, além do
contato direto com a herança cultural, representada pela literatura oral, trará a esses alunos a
possibilidade de encontrar, nessas narrativas, respostas para os conflitos interiores, gerados,
naturalmente, pelo crescimento.
UM HERÓI EM OUTROS TEMPOS: O PRIMEIRO LIVRO DA SÉRIE “LAS AMISTADES DE
HÉRCULES”
Thiago Alves Valente (UENP-CCP)
[email protected]
Hércules y la máquina del tiempo, texto de Clara Arranz e Matilde María Varela Ben e
ilustração de Kika Hernández, é o primeiro livro da série “Las amistades de Hércules”,
publicação recente da editora Hércules Ediciones, coordenada pela professora
e
pesquisadora Blanca-Ana Roig Rechou, da Universidade de Santiago de Compostela, Centro
Ramón Piñeiro para a Investigación en Humanidades. A proposta da obra, como se lê na
contracapa do primeiro livro, é viajar pela História, por meio da personagem mitológica,
trazendo ao leitor de hoje personalidades relevantes para a formação desse leitor: escritores,
esportistas, entre outros. É notório o caráter de introdução registrado na obra, dando o mote
aos potenciais leitores da série, sobre como um herói do Olimpo, da Antiguidade, irá
conhecer personalidades muito posteriores ao seu tempo. Como objeto de análise, o foco
deste artigo está sobre a apropriação da personagem histórica e as lacunas do texto que
permitiriam, ao leitor contemporâneo, interagir com a personagem mitológica realocada em
diferentes tempos e espaços. Para isso, far-se-á breve cotejo com Os doze trabalhos de
Hércules (1944), do escritor brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948), tendo em vista o
processo de apropriação das aventuras do herói mítico em conjunto com a turma do Sítio do
Picapau Amarelo.
GT 16 - OS ESTUDOS DO LÉXICO E SUAS INTERFACES
Coordenadores:
Profa. Dra. Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
Prof. Dr. Odair Luiz Nadin da Silva (UNESP-FCLAR)
[email protected]
Os Estudos do Léxico compreendem uma ampla área do conhecimento que pode englobar
pesquisas nos mais variados segmentos. As manifestações linguísticas de um falante são
perpassadas sempre pela “palavra”. Da língua em seu uso cotidiano à metalinguagem usada
no âmbito acadêmico a “palavra” está presente. As ciências, a partir das quais se descrevem e
se analisam as palavras, por meio dos mais diferentes pontos de vista, são a Lexicologia, a
Lexicografia, a Terminologia e a Terminografia. Essas ciências desdobram-se em outras
como, por exemplo, a Lexicografia Didática. Além dos estudos específicos em cada uma
delas, essas diferentes ciências, por seu caráter interdisciplinar, possuem interfaces com
outras ciências como a Semântica, a Morfologia, a Metalexicografia, Filologia, Estudos
Literários, Linguística Aplicada ao ensino de língua materna e de língua estrangeira,
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
193
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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Sociolinguística, entre outras. Este Grupo de Trabalho tem por objetivo, assim, reunir
pesquisadores cujas pesquisas, em resultados parciais ou finais, contemplem os estudos
lexicais em sua essência, ou seja, trabalhos que se voltem para o léxico propriamente dito,
bem como pesquisas que se situem na interface entre Lexicologia, Lexicografia,
Terminologia, Terminografia e outras áreas do saber. O Grupo acolherá, ainda, comunicações
que procurem inter-relacionar, especificamente, os estudos do léxico com o tema do evento:
linguagem, cultura, identidade e ensino. Por fim, é objetivo do Grupo de Trabalho agregar
resultados de pesquisas em andamento ou concluídas que abarquem a área de interesse dos
estudos lexicais, em investigações essencialmente léxicas ou em interface com outras áreas,
historicamente interdisciplinares ao nível menos linguístico e mais aberto do sistema
linguístico (BIDERMAN, 2001). Nesse sentido, pretende ser um espaço de divulgação de
variados estudos científicos que se realizam no âmbito da pós-graduação e na graduação no
Brasil ou no exterior, de modo a promover diálogos entre os grupos e linhas de pesquisas e
estudos e fortalecer os estudos do léxico no quadro das ciências linguísticas.
PARA UMA PEDAGOGIA DO LÉXICO E DA TRADUÇÃO: ANÁLISE DOS PADRÕES
COLOCACIONAIS EXTRAÍDOS DE UM CORPUS DE APRENDIZES DE TRADUÇÃO
Adriane Orenha-Ottaiano (IBILCE-UNESP)
[email protected]
Esta investigação tem como propósito tratar dos padrões colocacionais extraídos de um
Corpus de Aprendizes de Tradução e, desse modo, enfatizar a importância desse tipo de
estudo e a necessidade de uma pedagogia do léxico e da tradução baseada em corpus para
o ensino e a aprendizagem de línguas estrangeiras nos curso de Licenciatura em Letras e
Bacharelado em Tradução. O referido trabalho faz parte de um projeto de pesquisa
realizado na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” e que também está
relacionado aos estudos realizados pelo Grupo de Pesquisa “Pedagogia do Léxico, da
Tradução e Linguística de Corpus”, cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.
O Corpus de Aprendizes de Tradução é um corpus paralelo, composto por traduções de
alunos de nível intermediário superior e avançado, na direção tradutória português-inglês.
Dada a relevância das colocações no ambiente de ensino e aprendizagem de LE, assim como
para a tradução (MEUNIER; GRANGER, 2008; NESSELHAUF, 2005; ORENHA-OTTAIANO, 2004,
2009; CONZETT, 2000; HILL, 2000; FONTENELLE, 1994; BAHNS; ELDOW, 1993; BENSON, 1989
etc.), buscamos levantar os padrões colocacionais mais recorrentes, os tipos de colocações
mais ou menos empregados pelos aprendizes de tradução em relação aos textos originais,
assim como observar as quebras colocacionais presentes nas traduções e a influencia da
língua materna no emprego das colocações. Essa análise foi possível por meio do auxílio do
programa WordSmith Tools (Scott, 2007) e, para a verificação da frequência e recorrência das
colocações levantadas, utilizamos o The Corpus of Contemporary American English (Davies,
2008-). Conforme o resultado da análise, propomos uma discussão quanto ao
estabelecimento de uma pedagogia do léxico e da tradução nos cursos de graduação aqui
mencionados.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
194
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
O LÉXICO DE BERNARDO ÉLIS: UMA ABORDAGEM DO DIALETO RURAL EM “A MULHER
QUE COMEU O AMANTE”
Ana Paula Corrêa Pimenta (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Braz José Coelho (UFG-CAC)
[email protected]
O presente trabalho integra a dissertação de mestrado a ser defendida no segundo semestre
de 2013 junto ao Programa de Mestrado em Estudos da Linguagem da Universidade Federal
de Goiás – Campus Catalão e insere-se nos interesses da linha de pesquisa Língua,
Linguagem e Cultura desse programa. Este estudo propõe uma análise lexical do conto “A
mulher que comeu o amante”, constante da obra Ermos e Gerais de Bernardo Élis, publicada
em primeira edição no ano de 1944. O objetivo é verificar que construções lexicais se
caracterizam como rurais por meio de consultas ao Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
(2012) e ao Dicionário do Brasil Central - subsídios à Filologia (1983) de Bariani Ortêncio,
tendo em vista a elaboração de um glossário que inclua um arranjo de itens suficientemente
abrangente no que se refere à representação do léxico rural no conto em questão. Para
tanto, fundamenta-se teoricamente em Sapir (1969), Malinowski (1972), Lyons (2009) e Bosi
(1992) para a discussão acerca da relação entre língua, cultura e sociedade, em Biderman
(2001), Vilela (1994), Carvalho (2009), Isquerdo (2010) e Coelho (2006) para as descrições do
léxico propriamente dito, e em Frederico (1997), Bechara (1991), Jorge (2005) e Athayde
(1997) sobre o perfil humano e profissional de Bernardo Élis. Aplica-se apropriadamente este
conto como corpus de análise porque os itens lexicais representativos do dialeto rural são
recorrentes, já que o autor procurou fixar no plano literário a geografia física e humana de
seu Estado Natal, Goiás, demonstrando os aspectos históricos, políticos, socioculturais e,
especialmente, linguísticos. Assim, analisar o léxico em uma narrativa ficcional,
principalmente como a de Bernardo Élis, nos faz refletir sobre a importância desse
componente linguístico na história e na cultura de um povo e, sobretudo a relevância da
variedade linguística rural na história da língua portuguesa em Goiás.
O USO DO DICIONÁRIO EM SALA DE AULA: MÉTODOS E COMPROMETIMENTOS
Ana Rachel Spalenza Soares (UFMS)
[email protected]
A presente pesquisa visa a analisar aspectos relacionados ao uso de dicionário em sala de
aula para compreensão de textos em língua materna. Com embasamento teóricometodológico a respeito da Lexicografia, este projeto se dispõe em estudar dicionários
escolares, voltados ao ensino-aprendizagem de uma língua, principalmente a língua
portuguesa, estudos estes que, subsidiados pela Lexicografia Pedagógica, se ocuparão do
ensino do uso de dicionários em sala de aula. Nessa perspectiva, o dicionário é entendido
como um auxiliador pedagógico que pode contribuir para o processo de aquisição formal da
língua, por conter especificações concernentes ao léxico, seja nos campos morfológico,
sintático ou semântico. Dessa forma, este projeto tem como finalidade, refletir acerca da
importância do uso de dicionário, principalmente nas aulas de língua portuguesa, auxiliando
o professor e o estudante em sala de aula. O caminho que define a pesquisa é por meio de
exercícios, como estratégias que viabilizam o alcance do domínio ao uso de dicionário em
escola pública estadual. Como alvo para concretude do trabalho, escolhemos a sala de aula
do 6º ano do Ensino Fundamental, que será o escopo para aplicação dos exercícios,
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
195
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
direcionados ao uso de dicionário escolar, sobretudo nas aulas de língua portuguesa.
Alicerçados no que o Ministério da Educação do Brasil (MEC) designou para o uso de
dicionários em sala de aula, é que o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), se dispôs
em distribuir às escolas de rede pública de todo o país, dicionários diferenciados conforme o
tipo e etapas de ensino. Fundamentados nesta perspectiva, utilizaremos o dicionário
direcionado ao 6º ano, como acervo complementar, no qual será o objeto desta pesquisa
referindo-se às investigações de como essa obra lexicográfica pode ser um auxiliador em
sala de aula. Pela análise e interpretação desses exercícios, é que se podem relacionar os
resultados obtidos com o apoio de autores e obras que tratam do mesmo tema ou temas
próximos, verificando como a pesquisa poderá contribuir para a construção de aspectos
relacionados à coerência na compreensão lexical por meio do dicionário escolar, seja na
interpretação ou produção de textos em língua materna.
REFLEXÕES SOBRE O USO DO DICIONÁRIO NA ESCOLA
Cacildo Galdino Ribeiro (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
O intuito preliminar desta pesquisa é promover uma discussão reflexiva sobre como o
dicionário pode ser utilizado em sala de aula durante a execução de exercícios presentes em
livros didáticos (LDs). Tal estudo justifica-se pela necessidade de se saber mais sobre o
ensino do léxico, tendo o dicionário, a mais prototípica obra lexicográfica, como aporte
pedagógico. Logo, para ilustrar o uso do dicionário no contexto escolar, apresentamos e
analisamos algumas atividades, do livro “Linhas e Entrelinhas” (2008), referente aos 4º e 5º
anos, que sugerem o uso da obra lexicográfica durante a leitura e a execução dos exercícios
de interpretação de textos. Sabe-se que o dicionário é um instrumento didático-pedagógico
de primeira linha no ensino de língua, assim como a gramática e o LD. Neste sentido, é
importante saber quais tipos de exercícios podem ser eficientes nas aulas de Língua
Portuguesa (LP), especificamente no Ensino Fundamental I, período em que os alunos estão
em processo de aquisição lexical, descobrindo um novo universo vocabular. Não se trata de
análise exaustiva dos LDs escolhidos, contudo, poderá servir de material bibliográfico para
futuras pesquisas de estudiosos interessados pelo assunto, bem como ser um despertar para
novas práticas de professores e estudantes da língua materna. Apesar dos variados tipos de
obras lexicográficas disponíveis nas livrarias, constata-se que as mesmas não são muito
utilizadas pelas pessoas, salvo em momentos de dúvidas pontuais quanto à grafia ou
significados das palavras. No ambiente escolar, o dicionário também é subutilizado.
Pesquisadores ressaltam que o pouco uso está relacionado ao desconhecimento dos
professores, por falta de formação em lexicografia ou lexicologia nas grades curriculares dos
cursos de licenciatura. Espera-se contribuir para divulgação como o léxico deve ser
trabalhado nas escolas e despertar para a necessidade de se avançar nas questões que
envolvem o ensino escolar do vocabulário.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
196
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
O CRITÉRIO DA FREQUÊNCIA EM CORPORA NA ELABORAÇÃO DE MACROESTRUTURAS
DE DICIONÁRIOS
Eduardo Batista da Silva (UEG)
[email protected]
Guilherme Fromm (UFU)
[email protected]
Os dicionários eletrônicos ganham espaço nos estudos linguísticos, fazendo com que haja
uma reflexão acerca dos procedimentos metodológicos envolvidos na seleção dos verbetes.
A partir fundamentação teórica da lexicografia (WELKER, 2005) e da metodologia da
Linguística de Corpus (BIBER, 2000; BIDERMAN, 2003; BERBER SARDINHA, 2004, 2005), a
presente pesquisa tem como objetivo geral analisar o uso de doze palavras (SILVA, 2004) em
dois dicionários eletrônicos em CD-ROM (HOUAISS e AURÉLIO) e dois dicionários online
(CALDAS AULETE e VOLP) em contraste com três corpora. Os corpora (Corpus de Literatura,
Folha de São Paulo e Corpus do Português), representam três tipos de compilações
diferenciadas, conferindo uma grande variedade de uso do português (principalmente nas
suas duas variantes principais, brasileira e portuguesa). O critério de análise para classificar as
palavras (dez substantivos, um adjetivo e um verbo) selecionadas nos corpora foi o da
frequência; no caso dos dicionários, sua presença ou ausência na macroestrutura. Os
resultados mostram que a inclusão de certas palavras disponíveis nas macroestruturas dos
dicionários não se justifica do ponto de vista do uso real, já que as mesmas apresentam baixa
frequência; ao mesmo tempo, o critério de frequência indica a necessidade desses
dicionários incluírem novas palavras. Foram identificados, ainda, outros problemas no
tocante à padronização nas macroestruturas, notadamente em relação às siglas e acrônimos.
A ATIVIDADE GARIMPEIRA NO MUNICÍPIO DE TRÊS RANCHOS-GOIÁS: UM ESTUDO
SOBRE LÉXICO, CULTURA E IDENTIDADE
Gabriela Guimarães Jeronimo (FAPEG-PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
Este trabalho resulta de discussões iniciais do projeto de mestrado intitulado As grimpas
lexicais e seus diamantes linguísticos: o vocabulário dos garimpeiros no município de Três
Ranchos-Goiás, vinculado ao programa de pós-graduação Mestrado em Estudos da
Linguagem, da Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão e financiado pela Fundação
de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG). Pretendemos discutir sobre a relação
entre linguagem, cultura e identidade, através da figura do garimpeiro e sua prática no
interior dos garimpos de diamante, aprofundando-nos nas discussões relacionadas à
linguagem, especificamente, no que diz respeito ao léxico. Pretendemos, inicialmente, falar
sobre os estudos através dos quais a presente proposta de trabalho engendrou-se, em que
discutiremos sobre a importância da atividade garimpeira para a formação do município de
Três Ranchos, de modo que acreditamos que por ser uma prática que era realizada de forma
artesanal e por um grupo restrito de homens, grande parte do léxico que era utilizado para
nomear as ferramentas e todo o universo extralinguístico ali presente pode se tratar de um
vocabulário muito específico dos garimpeiros. O fato de trabalharmos com o fazer dos
garimpeiros através do vocabulário por eles utilizado, se dá por meio da relação intrínseca
entre língua e cultura e, tratando-se de língua, notamos a importância de se considerar os
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
197
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
aspectos culturais na realização de um estudo linguístico, principalmente ao falarmos e
Léxico, pois é através deste inventário aberto que uma determinada cultura é passada
adiante para as novas gerações, não sendo possível descartar da língua seus aspectos
culturais, principalmente quando se tratam de práticas que estão extinguindo-se no decorrer
do tempo. Desta forma, nos pautaremos nas discussões cujas observações se debruçam
sobre a relação entre léxico e cultura, de modo que além de contribuirmos para as áreas de
estudo do Léxico, contribuiremos também para a construção da história escrita de Três
Ranchos.
CAMPO LEXICAL RELIGIÃO: ESPECIFICIDADES E PARTICULARIDADES DA CULTURA
RURAL.
Gisele Martins Siqueira (UFG)
[email protected]
O presente trabalho aborda resultados finais de investigações de pesquisa de pós-graduação
que toma, pois, corpus oral, gravados em histórias de vida narradas para o grupo de
pesquisadores do Projeto Filologia Bandeirante e gravadas em compact disc, do qual
selecionamos seis faixas, referentes a informantes dos estados de Goiás, Minas Gerais e São
Paulo. Tais entrevistas centram-se na concepção de que o léxico de uma língua é o
repositório da cultura e da história de um povo que o constitui. O estudo proposto tem
como abordagem a natureza dialógica que transita por leituras antropológicas, históricas e,
sobretudo, linguísticas. Esses arranjos no sistema vocabular dão conta de nomear e significar
as relações culturais e sociais entre homens e mulheres rurais no interior do Brasil, através do
registro ou não registro de signos da cultura popular e do vocabulário fundamental herdado
de bandeirantes em trilhas linguísticas pelo Brasil adentro. Constatamos que o léxico dos
falantes rurais das regiões estudadas, caracteriza-se por possuir traços semânticos,
específicos e particulares, seja por conservar significados em desuso com traços da língua
dos séculos XVII e XVIII, ou ampliados ou reduzidos, conforme as necessidades de suas
práticas culturais. Assim, abordaremos a partir das narrativas, das práticas religiosas dos
informantes, aspectos lexicais que evidenciam a especificificidade cultural dos sujeitos
informantes através dos referentes culturais e suas formas de nomeá-los, significá-los e
categorizá-los. Faremos, por fim, o inventário dos signos mais significativos e recorrentes
que formam o campo léxico religião e os analisaremos na perspectiva teórica de Coseriu
(1977). A escolha do campo lexical específico se dá pelo fato de os informantes, que fazem
parte desse corpus de pesquisa, afirmarem-se enquanto sujeitos, como ser dotado de alma e
de intelecto, indivíduo possuidor de fé e que fazem disso sua fortaleza espiritual para
superar as provações que lhes são impostas.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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A VARIAÇÃO TERMINOLÓGICA NO DOMINIO “DOCUMENTOS ESCOLARES
INDIVIDUAIS”
Glória de Fátima Pinotti de Assumpção (UNESP)
[email protected]
Lidia Almeida Barros (UNESP)
[email protected]
Este trabalho tem como objetivo o estudo da variação terminológica no domínio dos
Documentos Escolares Individuais com o fim de auxiliar diferentes profissionais em
atividades administrativas e tradutórias. O corpus a ser analisado foi extraído
semiautomaticamente com o auxílio de ferramenta computacional de documentos escolares
entregues por candidatos em processos seletivos. Formamos o domínio Documentos
Escolares Individuais por entender tratar-se de subcampo dos documentos escolares. Desta
feita, analisamos o conjunto terminológico de ata, atestado, boletim, certidão, certificado,
declaração, diploma, ficha de matrícula, histórico escolar, menção honrosa e requerimento.
O fenômeno da variação terminológica em línguas de especialidades foi por muito tempo
negligenciado na Teoria Geral da Terminologia (TGT) de Wüster por versar somente o caráter
monorreferencial dos termos. Ao contrário, com a Teoria Comunicativa da Terminologia
(TCT), de base linguística-comunicativo-comunicacional, Cabré (1999) assume o termo em
sua realidade linguística, de caráter poliédrico com uma face semântica, uma pragmática e
uma outra formal. Faulstich (2001), com o suporte da Sociolinguística, classifica as variantes
terminológicas de acordo com a sua natureza nos planos vertical, horizontal e temporal da
língua, classificando-as em concorrentes, coocorrentes e competitivas. Tais características
apontam para o nível da língua e de discurso nos contextos social, situacional, espacial e
linguístico. Nosso estudo, ainda em desenvolvimento, mostra o domínio Documentos
Escolares Individuais formado de variantes com o mesmo significado ou de significado
desviante em Formas condensadas ou expandidas escritas de maneira quase idêntica. Formas
diferentes em decorrência do uso em contextos discursivos de diferentes níveis. Formas
diferentes em decorrência do uso em espaços distintos em que se fala a língua de
especialidades. Formas idênticas ou diferentes em decorrênia do movimento percorrido pela
língua no percurso sincrônico e diacrônico. E, por fim, formas provenientes de línguas
estrangeiras que estimulam o surgimento de uma outra no vernáculo.
A IMPORTÂNCIA DOS CULTUREMAS BRASILEIROS NA NEOLOGIA FRASEOLÓGICA
BRASILEIRA
Huélinton Cassiano Riva (UEG/USP)
[email protected]
Cada grupo linguístico revela, pois, uma dinâmica em que a cultura do grupo se faz presente
em cada indivíduo, dando-lhe características peculiares à sua visão de mundo, ao mesmo
tempo em que são essas peculiaridades compartilhadas que dão unidade ao grupo, que
determinam sua identidade. Estamos aqui utilizando o termo identidade cultural, mas sem
nos esquecer, obviamente, que a cultura perpassa diversos tipos de identidade: a psicológica,
a cognitiva, a emocional, a social, a política, a religiosa, a institucional. O inconsciente
coletivo, portanto, constrói, dentre outros fenômenos, expressões simbólicas, figuradas e
pitorescas de suas representações mentais, manifestadas linguisticamente por meio de
culturemas que motivam a criação das unidades fraseológicas. Com esse entendimento,
poderíamos a princípio inferir que as expressões idiomáticas (EIs), de determinada
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
199
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
comunidade, têm uma dimensão circunscrita a esse grupo, uma vez que os membros desse
grupo têm entre si uma unidade porque justamente compartilham de uma mesma
identidade cultural e por isso possuem os mesmos culturemas geradores dos idiomatismos.
Este é, aliás, um aspecto epistemológico dos culturemas: serem geradores de fraseologismos.
Os culturemas que estão na base da criação idiomática apresentam normalmente uma
complexidade simbólica para proporcionar mais expressividade estética (por meio do uso
criativo dos recursos de linguagem disponíveis) e argumentativa (muitas vezes o intento será
apresentar convincentemente aquilo em que se acredita, por meio de recursos discursivos).
Em outras palavras, detectando-se os culturemas de determinada comunidade linguística, no
caso, dos falantes do português do Brasil, desvendamos unidades de informação − valores e
condutas − que estes valorizam ou preterem para, assim, se entender mais adequadamente
seus princípios e atitudes.
PORTUGUÊS DO BRASIL (PB) E ESPANHOL SUL AMERICANO (EA): PONTOS DE
DIFICULDADE E RELATIVAS PROXIMIDADES NOS TRABALHOS TERMINOLÓGICOS
Isael Simão (UEM)
[email protected]
A pesquisa terminológica é uma das ciências responsáveis pelo direcionamento da
elaboração de dicionários; levando em consideração esta característica, tem-se, neste
trabalho, o objetivo de apresentar um recorte da pesquisa terminológica bilíngue descritiva
acerca dos termos relacionados à Medicina Veterinária, subárea Animais de Grande Porte, no
par de línguas Português do Brasil (PB)-Espanhol Americano (EA). A teoria que fundamenta a
descrição e análise é a Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), elaborada por Cabré
(1999), porque percebe-se nesta teoria uma dinâmica mais condizente com os objetivos
propostos para esta pesquisa. Busca-se demonstrar no trabalho que os dicionários
terminológicos são ferramentas indispensáveis para profissionais, pesquisadores e
estudantes das mais variadas áreas do conhecimento, como da Medicina Veterinária, que não
possui, no Brasil, um dicionário que atenda a seus prováveis consulentes e suas expectativas.
Desta forma, propõe-se analisar os pontos de dificuldade para selecionar candidatos a
termos partindo do Português do Brasil (PB) para o Espanhol Sul Americano (EA), dos países
que compõem o Mercosul.
INTERFACE ENTRE TERMINOLOGIA E DOCUMENTAÇÃO: LEVANTAMENTO DE TERMOS
DE RELATÓRIOS DE COMPANHIAS FERROVIÁRIAS PAULISTAS
Ivanir Azevedo Delvizio (UNESP-Rosana)
[email protected]
Os especialistas em documentação descrevem o conteúdo de documentos que fazem parte
de uma biblioteca especializada. A indexação desses documentos consiste na síntese do seu
conteúdo informativo por meio de palavras-chave ou descritores, que são termos
geralmente controlados por um tesauro. A lexicologia e a terminologia são uma das bases
para constituição de tesauros e classificações temáticas, mantendo, assim, uma importante
interface com a documentação. Esta pesquisa faz parte de um projeto maior, intitulado
Memória ferroviária (1869-1971): inventário de patrimônio industrial ferroviário paulista,
desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, composta por historiadores, arquivistas,
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
200
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
linguistas e outros. O projeto dispõe de um grande acervo de documentos de ferrovias
paulistas, que estão sendo recuperados, digitalizados e indexados. A contribuição dessa
pesquisa consiste no levantamento dos termos desse material, frequências e contextos, e sua
organização em um sistema de noções. Nesta primeira etapa, trabalhamos com um corpus
composto por dez relatórios da Companhia Paulista de Vias Ferreas e Fluviaes, datados de
1885 a 1897, com o objetivo de desenvolver uma metodologia de trabalho para a equipe. O
programa de análise lexical utilizado foi o WordSmith Tools. Em relação aos pressupostos
teóricos, o estudo alinha-se à Teoria Comunicativa da Terminologia de Cabré (1993; 1999) e
aos procedimentos metodológicos propostos por Krieger e Finatto (2004) e Barros (2004).
Foram selecionadas cerca de 250 unidades terminológicas. Os dados foram organizados em
uma tabela que contém o número de ocorrência geral de cada unidade, número de textos
em que ocorre e número de ocorrência em cada texto, permitindo observar a distribuição da
unidade no corpus através do tempo. Os contextos foram registrados em fichas
terminológicas. Esses dados serão utilizados para a organização do sistema de noções.
EMPRÉSTIMOS, ESTRANGEIRISMOS, CAMPOS LEXICAIS E CULTURA
Jaciara Mesquita Rosa (PMEL-CAPES-UFG-CAC)
[email protected]
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
O presente trabalho propõe apresentar parcialmente a coleta de dados da pesquisa sobre os
galicismos no português do Brasil no dicionário Houaiss (2009). Todas as lexias da referida
obra lexicográfica foram observadas, individual e manualmente, na falta de uma ferramenta
de linguística de corpus que pudesse auxiliar a coleta. Porém, apenas aquelas apresentadas
na referida obra lexicográfica como etimologia francesa foram coletadas e analisadas. Foram
utilizadas as teorias da Lexicologia, especialmente sobre estrangeirismos e empréstimos
linguísticos, lexicografia e de campos lexicais. Os galicismos no referido dicionário foram
arrolados e verificou-se, ainda, se os mesmos apresentam acepções e etimologia
correspondentes às dadas pelo dicionário Le Grand Robert de la langue française (2001). Para
a realização do mesmo, foi feita a comparação desses verbetes, atentando-se para as
informações citadas e verificando, no Grand Robert (2001), se as informações se equiparam.
Ambas obras foram analisadas em suas versões eletrônicas para facilitar o manuseio, a coleta
de dados, cópia e colagem dos verbetes e, dessa maneira, tentar diminuir a margem de
erros. Feita essa etapa, agrupamos as lexias em campos lexicais, sob a perspectiva teórica de
Geckeler (1976), Coseriu (1977) e Abbade (2006). De acordo com as rubricas temáticas
apresentadas pelo Houaiss (2009), cada campo foi quantificado tendo como parâmetro o
total de empréstimos e estrangeirismos encontrados; os dados quantificados permitirão que
realizemos a análise da relação entre a língua, especialmente o léxico e a cultura, pois se
supõe que o maior número de verbetes em um campo encaminha a entender a
predominância da influência francesa no português do Brasil. Acredita-se que o dicionário é
uma ferramenta de referências, determinada e produzida para sanar as dúvidas específicas
dos consulentes devendo ser autossuficiente (DAPENA, 2002).
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
201
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
A DIMENSÃO MÁGICO-RELIGIOSA DA PALAVRA EM PRÁTICAS DO CATOLICISMO
POPULAR NA COMUNIDADE RURAL SÃO DOMINGOS, CATALÃO (GO)
Jozimar Luciovanio Bernardo (PMEL-CAPES-UFG-CAC)
[email protected]
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
O estudo propõe compreender a dimensão mágico-religiosa da palavra em práticas
religiosas populares expressas em relatos orais, frutos da memória de sujeitos da
comunidade rural São Domingos, Catalão (GO). Convém, nesse sentido, registrar estas
práticas para futuros interesses em conhecê-las, considerando a despreocupação e/ou
ambiente propício para as gerações mais novas acessarem-nas e conhecerem-nas. No
percurso da pesquisa foram realizadas: a) revisão bibliográfica acerca dos temas cultura
popular, religiosidade popular, linguagem e memória, e b) pesquisa de campo indireta na
comunidade rural São Domingos em Catalão (GO) para constituição do material de análise, o
qual é composto pelo inventário de palavras ou construções linguísticas sob as quais a
análise se baseia. O estudo teórico possibilitou inferir que no universo extralinguístico há
circunstâncias, convenções sociais, fatos históricos e culturais que participam da construção
do sentido dado ao signo linguístico. Assim, compreende-se que esses elementos, externos à
linguagem e resultantes de acordos estabelecidos pela comunidade falante ao longo do
tempo, dão ou não o sentido pragmático às palavras ou construções linguísticas. O que pode
ser entendido, também, como uma faceta mágico-religiosa da palavra, que tende a
representar uma realidade dotada de poder conforme o contexto em que se realiza. A língua,
intrinsecamente relacionada à cultura de um povo, abarca o léxico como o aspecto em que
os traços culturais de um povo melhor se evidenciam (BIDERMAN, 1998; SOUZA, 2008;
TEDESCO E VALVIESSE, 2009). Nesse contexto, a palavra, enquanto parte fundamental do rito,
deixa de ser apenas elemento da sabedoria do homem e, compreendida como ação, adquire
o poder de interferir no curso natural dos acontecimentos, assumindo, desse modo, uma
dimensão mágico-religiosa
INVENTÁRIO LEXICAL DA ESCRAVIDÃO NEGRA EM GOIÁS EM REGISTROS PAROQUIAIS
Maria Helena de Paula (UFG-PMEL-FAPEG)
[email protected]
Os estudos sobre os arranjos lexicais do português usado em Goiás, acerca da temática da
escravidão negra, podem se enriquecer sobremaneira se tomamos como fonte registros em
arquivos paroquiais. Códices bem conservados, registros rigorosos e em obediência a leis
específicas, da Igreja ou do Estado, padres, párocos ou outros eclesiásticos em sua maioria
de mãos hábeis são alguns dos componentes do cenário dos arquivos de igreja em Goiás.
Essas condições, aliadas à raridade de manuscritos oitocentistas como fonte de estudos da
linguagem nessa época na região, fazem dos registros paroquiais imprescindíveis ao estudo
da escravidão em terras goianas e à manifestação da língua portuguesa por estas terras.
Cabe lembrar que a Igreja se responsabilizou, por bom tempo, a registrar nascimentos,
mortes, batizados e casamentos da população, ante a inexistência de quem o fizesse. Nessa
perspectiva, pretendemos inventariar as principais unidades lexicais sobre e escravidão negra
em Goiás em livros de registros de batizados e óbitos; códices e receitas de irmandades e
outros, geralmente avulsos. Para tanto, a pesquisa compreende procedimentos da filologia e
dos estudos lexicais, em especial sob a vertente da inter-relação entre linguagem, história e
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Caderno de Resumos e Programação
202
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cultura. Ao fim, após o inventário, procedermos à sua análise, concebendo que o ato de
nomear é significar as coisas e, em certa medida, assenhorear-se delas.
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE UM DICIONÁRIO BILÍNGUE ESPANHOL-PORTUGUÊS
PARA A COMPREENSÃO DE TEXTOS
Odair Luiz Nadin (UNESP – Campus Araraquara)
[email protected]
A elaboração de dicionários é uma tarefa que exige muitas reflexões teórico-metodológicas
que influenciam diretamente em sua estrutura bem como nas informações que devem ser
contempladas na obra. Nas últimas décadas, foram pesquisados e descritos muitos
elementos que determinam, ou deveriam determinar, a elaboração de dicionários, entre os
quais destacamos (i) a função que o dicionário deve desempenhar e (ii) o usuário potencial
da obra. Acrescentamos, ainda, algumas questões referentes ao par de línguas que serão
postas em contraste, neste caso a língua espanhola e a língua portuguesa. Assim,
descreveremos, nesta comunicação, o processo metodológico de elaboração de uma
proposta de dicionário bilíngue espanhol-português para aprendizes brasileiros. O dicionário
em questão deve contribuir à compreensão de textos e conter informações que possam
auxiliar também no processo de ensino/aprendizagem dessa língua por estudantes
brasileiros. Para isso, faz-se necessário desenvolver algumas reflexões a respeito dos
princípios teórico-metodológicos da Lexicografia Bilíngue, da Lexicografia Pedagógica e da
Linguística de Corpus. Apresentaremos, portanto, o processo de organização do corpus, a
seleção das unidades léxicas, o processo de lematização das unidades selecionadas e a
ordenação dos lemas resultantes. Para o desenvolvimento dessas etapas, observou-se
sempre a possibilidade de potencialização do valor didático do dicionário.
CONTRIBUIÇÕES DA CIÊNCIA LEXICOGRÁFICA PARA O ESTUDO DA VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA NO NÍVEL LEXICAL
Rayne Mesquita de Rezende (UFG-CAC)
[email protected]
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
O presente trabalho tem como objetivo demonstrar como a lexicografia pode contribuir para
a legitimação da variação linguística no nível lexical através do seu registro nas obras
lexicográficas de diversa natureza (dicionário geral, dicionário de regionalismos,
vocabulários, glossários etc.) Sabe-se que uma unidade lexical é considerada como
constituinte do léxico de uma comunidade linguística a partir do momento em que é
dicionarizada, uma vez que o dicionário, objeto cultural “representa o paradigma linguístico
dos usos, sentidos e expressões de um idioma” (KRIEGER, 2006, p. 165). Partindo desse
princípio é que vamos investigar em duas obras lexicográficas sendo estas o “Dicionário do
Brasil Central: subsídios à filologia” de Ortêncio (2009) em sua versão eletrônica e o glossário
que é parte integrante do livro “Estudos de Dialetologia Portuguesa: linguagem de Goiás” de
Teixeira (1944), de que forma a ciência lexicográfica colabora para o estudo dos
regionalismos e como o registro das variações no âmbito lexical da língua refletem as
práticas culturais das diferentes regiões do Brasil. Nosso foco será a região Centro-oeste,
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Caderno de Resumos e Programação
203
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especificamente o estado de Goiás. Desta feita, esse estudo enseja ainda tecer algumas
considerações acerca da linguagem goiana tendo como subsídio as obras lexicográficas
supracitadas, uma vez que é o registro de um signo no dicionário que é capaz de instituí-lo
como parte de um acervo lexical. Para tanto, trataremos em linhas gerais de quais são os
tipos de instrumentos lexicográficos fundamentadas em Biderman (1984) e (2001) e Coelho
(2008), bem como quais são os critérios lexicográficos necessários na elaboração desses
instrumentos que abordaremos, ressaltando quais são os principais aspectos que os
diferenciam. Como fundamentação teórica, serão utilizados ainda os estudos de Paula (2007),
Borba (2003), Krieger (2006), dentre outros.
VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS E MEMÓRIA DISCURSIVA: POR ONDE PASSAM AS
ESCOLHAS LEXICAIS?
Selma Sueli Santos Guimarães (USP)
[email protected]
Para além da constatação da variação linguística, por meio da observação atenta das
respostas dadas pelos sujeitos ao Questionário Semântico-Lexical e das notas referentes aos
cartogramas, é possível identificar registros da memória discursiva na qual esses sujeitos
estão inscritos e da qual eles se apropriam em suas interações. Nesse sentido, o presente
trabalho tem o objetivo de depreender e identificar a produção de sentidos e os registros da
memória discursiva subjacente aos elementos textuais-discursivos presentes nas respostas
dos sujeitos e também nas notas relativas aos cartogramas. O trabalho tem como objeto de
estudo as respostas a uma questão do Questionário Semântico-Lexical utilizado no Atlas
Linguístico do Paraná, elaborado por Aguilera em 1994: “Quando chove e caem pedrinhas de
gelo, como se chama essa chuva?”. Essa questão faz parte do domínio “Natureza, fenômenos
atmosféricos, astros, tempo etc.” e deu origem a três cartogramas. Segundo Aguilera (1994,
p. 92), esses cartogramas têm como objetivo apresentar a distribuição diatópica das variantes
lexicais registradas nas respostas dos sujeitos à referida questão. Além dos lexemas citados
nos cartogramas, analisaram-se, sobretudo, as notas relativas a esses cartogramas. A análise
permitiu observar que as diversas escolhas lexicais ao produzir novos efeitos de sentido se
constituem no registro da memória discursiva na qual se inscrevem os sujeitos e da qual eles
se apropriam em suas interações. Os efeitos de sentido desses enunciados revelam seus
espaços de enunciação, isto é, os lugares sociais assumidos pelos sujeitos. Nesse sentido,
pode-se dizer que as respostas apontadas nos cartogramas corroboram a noção de um
sujeito discursivo que integra a história e revela em sua voz aspectos sociais e ideológicos
impregnados nas palavras, o que sustenta e torna válida sua escolha lexical e reforça a ideia
de que o sentido se produz em um espaço social diretamente ligado à inscrição ideológica
do sujeito.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
204
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DICIONÁRIOS ESCOLARES: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ESPECIFICIDADES EM
DIFERENTES TAXONOMIAS
Sheila de Carvalho Pereira Gonçalves (UFT)
[email protected]
[email protected]
Obra que documenta, compila, repertoria e descreve a vida cultural, política e religiosa de
uma sociedade, os dicionários sempre figuraram como objeto de interesse, tanto de leigos,
quanto de especialistas. Especialmente após a iniciativa do Ministério de Educação (MEC),
que os incluiu no Programa Nacional do livro didático (PNLD), propondo critérios de
avaliação e recomendando-os ou não para serem adotados por todas as escolas de ensino
fundamental do Brasil, esse interesse ganhou destaque especial. Dentre as diversas
discussões que vem sendo realizadas a respeito dessas obras, estão os critérios que são
utilizados para a classificação de um dicionário em escolar: o que é um dicionário
denominado escolar? Quais as características presentes (ou não!) nestas obras que o
classificam como tal? Assim, tomados por esses questionamentos, o presente trabalho tem o
objetivo de revisitar as taxonomias propostas por Biderman (1984), Quemada (1967),
Haensch et al. (1982), Ávila Martín (2000) e o “PNLD/Dicionários 2012” e elencar as
principais características de um dicionário escolar. Cremos que uma teoria de classificação se
justifica e nos parece indispensável, especialmente porque é a partir dela que podemos
descrever as principais propriedades, semelhanças e diferenças entre os diversos tipos de
obras, além de oferecer ao lexicógrafo subsídios para o desenvolvimento de dicionários mais
coerentes e mais acessíveis ao público-alvo. Pretendemos, também, no âmbito deste
trabalho, contribuir com a descrição das principais características de um dicionário escolar.
GT 17 - LITERATURA EM PERSPECTIVA DE GÊNERO: QUESTÕES DE AUTORIA,
SEXUALIDADE, EROTISMO E CORPO
Coordenadoras:
Profa. Dra. Luciana Borges (UFG-CAC-Dialogus)
[email protected]
Profa. Dnda. Maria da Glória de Castro Azevedo (UFT-Campus Porto Nacional-UnB)
[email protected]
A literatura, enquanto produto de linguagem e criação estética constitui palco onde se
encenam as mais diversas representações de mundo e as mais diversas subjetividades. A
relação do texto literário com o campo das representações de gênero (gender), entendido de
modo amplo como a construção cultural da diferença sexual, apresenta, desse modo,
possibilidades de leitura e interpretação das identidades de gênero entendidas como
constructos sociais, da relação entre os gêneros e suas possibilidades de compreensão, as
quais extrapolam o aspecto estrutural do texto e possibilitam acessá-lo para além de sua
formalidade. Ressaltando que as performances de gênero e identidade, conforme
perspectivas teóricas presentes em Judith Butler e Stuart Hall são primordialmente
performances discursivas provenientes de atos de criação linguística, a literatura, seja em sua
forma narrativa ou poética é um campo profícuo para esse tipo de investigação. Nesse
sentido, o objetivo principal do GT é acolher propostas que pretendam analisar como as
concepções e relações de gênero se constituem e se manifestam dentro do universo literário,
como correlações de identidade e poder, estética e política. Considerando que
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
205
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
tradicionalmente relegou-se ao silêncio, ou à impropriedade, a presença das mulheres e das
identidades sexuais vistas como subalternas no meio intelectual e artístico, o GT acolhe
também propostas que pretendam revisar a tradição e suas estratégias de poder no campo
de força do gênero. As relações de gênero entre personagens, a relação das mulheres com as
estruturas patriarcais de poder, a apresentação de soluções narrativas que levem em conta as
manifestações daquilo que Judith Shapiro denominou “cultura de expectativas de gênero” e
a abordagem das manifestações da sexualidade, do erotismo e das construções do corpo são
itens a ser considerados como constituição das propostas apresentadas ao GT. Como parte
de uma problematização das questões de autoria, questões como presença de personagens
escritoras dentro do universo ficcional, o resgate de vozes literárias esquecidas pelo cânone
tradicional, a presença de personagens gays, lésbicas e transgênero bem como a
desconstrução do lugar dado a esses personagens na tradição patriarcal são também itens
de discussão. No sentido de ampliar as possibilidades de compreensão do campo literário,
serão aceitas também propostas que tragam o estudo da literatura em interseção com outras
interfaces e modalidades de expressão artística, como o cinema, as artes plásticas e a música,
desde que apresentem o intuito de dimensionar as representações do gênero, da
sexualidade, do erotismo e do corpo.
A CASA DA PAIXÃO, DE NÉLIDA PIÑON: CORPO, TEXTO E CONTEXTO
Ana Carolina Camilo de Almeida (UFG-CAC)
[email protected]
Ulysses Rocha Filho (UFG-CAC)
[email protected]
Propomos analisar a erotização do verbo abordada na sexualidade e no corpo, na obra A
casa da Paixão (1977), obra densa e extremamente metafórica. A narrativa pretende
desmistificar a relação do corpo e da sexualidade ligados à natureza, tendo como alegoria a
personagem Marta e, em escala menor, seu pretendente, Jerônimo, que demonstra a mesma
sintonia com os elementos da terra, ou seja, tais personagens rasuram o tabu de que o
homem não pode ter traços femininos nem tão pouco tratar uma mulher como um ser
desigual. Nos romances da consagrada autora, membro da Academia de Letras e nascida em
1937, é recorrente a temática do amor aliado ao resgate do corpo e da pulsão erótica
freudiana. Para tanto, utilizaremos pressupostos teóricos de Octavio Paz (2001) e Georges
Bataille (1980). Consideramos que essa analise venha ajudar a esclarecer os mitos acerca da
negação do corpo e sua sexualidade, visto que para a sociedade conservadora o culto do
corpo é pecaminoso e o que deve prevalecer é o amor cristão, de onde a mulher é educada
para servir o homem. Essa ideologia cristã, segundo preceitos mitológicos de Campbell
(1990), a mulher não se relaciona sexualmente com seu parceiro para obter prazer sexual,
esse é de exclusividade do homem e sua finalidade é procriação e esse pensamento
conservador acompanha a humanidade. Na obra, “A casa da paixão” Nélida Pinõn
desmistificará essa ideologia, mostrando que a mulher deve conhecer seu corpo sem que
isso seja algo proibido e, portanto sentir prazer nas descobertas que a mesma fará de si
mesma.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
206
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
PONCIÁ VIVÊNCIO - A DIÁSPORA E A PERMANÊNCIA
Bruna Valéria Oliveira de Almeida Lins (UFT)
[email protected]
Este trabalho pretende investigar, com base no romance Ponciá Vivêncio, de Conceição
Evaristo, a trajetória da família Vivêncio representada pelo avô paterno, pelo pai,pela mãe,
filha e pelo filho, ensimesmados em suas vidas de exploração, pobreza, perdas e silêncios.
Para tanto, fundamentaremos nossa pesquisa nos estudos da Nova História e do que se
chama hoje literatura afro-brasileira. Basearemos essa pesquisa nos estudos dos Cadernos
negros e em artigos do livro Crítica sem juízo, de Luiza Lobo. Permeia, por toda a narrativa, a
história do povo negro marcado pelo isolamento social, exploração no trabalho, pobreza,
solidão e diáspora, lutando diariamente para sobreviver às mazelas sociais, ao mesmo tempo
em que preservam a memória de seus antepassados e de suas crenças, cultivando os
costumes e a tradição de uma vida em comunidade. A narrativa gira em torno da
personagem Ponciá Vivêncio que traz, desde a infância, o vaticínio da loucura preconizada
por seu avô paterno. A princípio, a personagem deseja sair do povoado para fugir do destino
de miséria e abandono do seu povo, fazendo, anos depois, o caminho de volta;
ensimesmada em solidão e loucura. O romance trata da longa vida de busca, luta, resistência
e sobrevivência do povo negro, ainda escravizado pelo trabalho mal remunerado nas
fazendas e na cidade, através do patronato branco, vivenciando uma existência de abandono
e miséria social. Neste trabalho, mostraremos como as personagens tentam resistir a uma
situação histórica de opressão social e cultural sem que, no entanto, consigam vencer os
obstáculos que se lhes impõem.
EROTISMO E AFIRMAÇÃO IDENTITÁRIA NA FICÇÃO ERÓTICA DE MÁRCIA DENSER
Daiane Alves da Silva (PMEL-UFG – CAC)
[email protected]
Luciana Borges (UFG – CAC)
[email protected]
O principal objetivo desse texto é compreender as relações que se estabelecem entre o
erotismo e a afirmação identitária da mulher no livro de contos Diana Caçadora, de Márcia
Denser. As propostas teóricas de Paz (1993), Durigan (1986), Branco (2004), Bataille (1987),
entre outras. A revolta contra o discurso dominador patriarcal, o desejo da reconstrução da
identidade feminina e das relações sexuais, também são, nesse texto, materiais de estudo. Os
contos chamam a atenção por constituírem uma narrativa erótica em que a personagem
principal é uma mulher, que assume uma posição diferenciada na literatura erótica, por
vivenciar aventuras sexuais em que o foco é dar e receber prazer. Assim, desconstrói-se uma
ideologia de que o prazer está restrito ao homem, sendo que, por convenções sociais, a
figura masculina está ligada à representação de poder e domínio, e a figura feminina
atrelada à inferioridade, consagrada à mulher. Desse modo, torna-se necessário entender
como esse ideal falocêntrico interfere no desejo sexual feminino, e como Denser utiliza a
sexualidade e o desejo como forma de libertação feminina. Destarte, a linguagem erótica é
uma faceta utilizada pela escritora para propor mudanças na postura da mulher em meio a
uma sociedade preconceituosa. Portanto, é através da estética erótica que Márcia Denser
instaura um discurso de afirmação identitária em que as expressões do corpo, da sexualidade
e do desejo feminino são abordadas.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
207
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
INVISIBILIDADE DA IDENTIDADE LESBIANA, RELAÇÕES DE GÊNERO E EROTISMO
HOMO-AFETIVO NO CONTO “A SEMÂNTICA DE SINÔNIMOS”, DE LAVÍNIA MOTTA
Juliana Cristina Ferreira (PMEL–UFG–CAC)
[email protected]
Valdeci Rezende Borges (UFG–CAC)
[email protected]
O escopo deste trabalho é identificar como se articula a ocultação da identidade lesbiana e o
erotismo homo-afetivo no conto “A semântica de sinônimos”, de Lavínia Motta, escrito em
2006, retratando a história de uma moça que teve um relacionamento com uma amiga e sua
família exigiu que se casasse com um homem mais velho e rico visando a construção de uma
família feliz. A problemática que move esta reflexão é a invisibilidade da identidade lésbica
na literatura brasileira e sua relação com a identidade masculina e com os desejos
masculinos. Para abordamos essa problemática na sociedade brasileira, por meio das
representações do conto, dialogaremos com autores que refletem sobre a questão da
formação identitária como Hall (2006) e Silva (2012), que nos esclarece a construção da
identidade individual como sujeito inserido na sociedade, além de Silva (2009) e FerreiraPinto (1999), que debruçam sobre a estética da literatura gay e o desejo lesbiano no conto
de escritoras brasileiras e, ainda, Pedro (2003), que investiga as relações de gênero, dentre
outros. A metodologia a ser utilizada será a pesquisa documental, tendo o conto como fonte,
e bibliográfica, com vista a identificar como a autora apresenta a anulação da identidade
lésbica no momento em que a personagem protagonista da narrativa se vê obrigada a se
casar com um homem.
DIANA CAÇADORA E A DESCONSTRUÇÃO DE PAPÉIS SEXUAIS
Julienne da Silva Silveira (UFT–Porto Nacional)
[email protected]
A representação da mulher na literatura, até as primeiras décadas do século XX, costuma vir
como imagem de ingenuidade e dependência dos valores patriarcais. Essa representação do
feminino, por vezes, transforma a mulher num ser sem desejo e sexualidade, numa eterna
construção da imagem de castidade e pureza. A partir da década de 80, do século XX, com a
maior presença da literatura da autoria feminina, surgem formas de contestação aos valores
patriarcais assumidas pela narrativa tradicionalmente masculina. Para esta discussão,
analisarei o livro Diana Caçadora (1986) de Márcia Denser. O livro é um conjunto de contos
que trata da trajetória de uma jornalista liberada e inteligente, que tem cerca de trinta anos e
busca se encontrar através de relacionamentos livres e descompromissados. À medida que
percorre seus caminhos de liberação sexual, Diana afunda em melancolia e solidão. O
presente livro mostra como a mulher, mesmo aquelas independentes acabam sendo
tragadas pelo sistema opressor do patriarcado, o qual procura enquadrar às mulheres numa
dependência de gênero e poder masculino. Neste trabalho, pretendo discutir de que forma a
personagem Diana Caçadora procura desconstruir comportamentos sexuais considerados
pertencentes ao universo masculino e mostrar como o meio social não oferece lugar para as
mulheres que ocupam espaços considerados de propriedade masculina. Este trabalho terá
como embasamento teórico os estudos sobre Feminismo, gênero e literatura de autoria
feminina.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
208
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O EROS POÉTICO DE MICHELANGELO BUONARROTI
Leandro Vinícius Miranda Cauneto (USP)
[email protected]
[email protected]
Michelangelo Buonarroti (Florença, 1475 – Roma, 1564), um dos maiores expoentes do
Renascimento italiano, além de pintar e esculpir, também escreveu poesia durante toda a sua
vida. Grande parte de sua obra poética é de temática amorosa, segundo as convenções
poéticas petrarquistas de seu tempo. Não raro, dedicava seus poemas para homens e
mulheres, indistintamente: Tommaso Cavalieri, um belo jovem romano, e a marquesa Vittoria
Colonna (tratada às vezes por um pronome masculino) dividiram suas atenções poéticas
durante anos a fio. Por conta disso, seus poemas estão permeados por uma sexualidade
francamente ambígua – que aparece discursivamente articulada, porém, conforme firmes
estratégias textuais e retóricas, segundo o jargão neoplatônico, em voga na literatura
amorosa da época, que atinge seu ápice dramático justamente na poesia de Michelangelo.
Seus versos estão prenhes de uma forte tensão, sempre mal resolvida, entre o amor sacro e
sublimado, que eleva a Deus, e o amor profano e corporal, fruto dos pecados humanos.
Nesse sentido, os argumentos platônicos servem de pretexto e, ao mesmo tempo,
apresentam uma justificativa viável para o amor masculino, que ficaria assim legitimado
perante as rígidas exigências de sua atormentada consciência cristã. Sob essa perspectiva,
nos propomos a pensar as complicadas representações de gênero na poesia de
Michelangelo – jogando luz, inclusive, sobre a nudez e a figuração do corpo em sua arte –, a
partir dos elementos culturais de seu tempo, que compõem os fundamentos da Era Moderna.
GÊNERO, ESSE PERFORMATIVO: CONSIDERAÇÕES DESDE A VOZ DO OUTRO EM “EU E
JIMMY”, DE CLARICE LISPECTOR
Lucas dos Santos Passos (PIBIC-CNPq-Dialogus-UFG-CAC)
[email protected]
Luciana Borges (UFG–CAC)
[email protected]
A proposta do seguinte trabalho é oferecer considerações sobre os conflitos marcados pela
assimetria de gênero no conto “Eu e Jimmy”, da escritora Clarice Lispector. A partir das
lembranças da infância e de seu relacionamento com seu ex-namorado, Jimmy, a
protagonista coloca uma série de discursos que nos reclamam pensar a construção do
masculino e feminino, sempre num marco binário e oposicional, como construções de poder.
Assim, desde a voz do feminino marcado, sua associação histórica com a matéria e ao
mesmo tempo o rompimento com essa associação que marca o conto, construímos um
sistema discurso que pudesse ser colocado a leitura da (i)materialidade do texto, pensando o
gênero, desde a perspectiva queer da filósofa estadunidense Judith Butler, como
performativo. É claro, interpretar o gênero como performativo significa interpretá-lo como
um conjunto de atos repetidos que se cristalizam no tempo produzindo a aparência de uma
substância, a ontologia do “ser homem” ou “ser mulher, um regime anterior ao sujeito e que
o produz, portanto um regime de poder (BUTLER, 2008, 2009). Também, a performatividade
do gênero nos possibilitou pensar o paradoxo do conto, para sustentar que o poder é ele
próprio formado num campo contingente e não determinístico, abrindo o espaço para sua
própria subversão.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
209
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
A PAIXÃO BENDITA: EROTISMO E PERSONAGENS FEMININAS
NA FICÇÃO DE AUGUSTA FARO
Luciana Borges (UFG-CAC)
[email protected]
A coletânea de contos Boca benta de paixão, da escritora goiana Augusta Faro (2007)
apresenta-se como fértil terreno para a discussão das questões relativas à autoria feminina,
gênero e erotismo uma vez que as narrativas estão prenhes de personagens femininas
bastante singulares, cuja composição remete às imagens arquetípicas do feminino, bem
como à exploração do campo do erotismo associado ao insólito. A partir da leitura e análise
de alguns contos dessa coletânea, esse trabalho pretende investigar como essas
personagens transitam em meio a expectativas de gênero próprias da ordem patriarcal ao
mesmo tempo em que assumem posturas transgressoras dessa mesma ordem. Loucura,
sexualidade histérica, escolhas amorosas e familiares, morte e suas decorrências se
apresentam de mistura com um erotismo, às vezes velado, às vezes explícito, em relação ao
qual as personagens ora são a encarnação do mal, individual ou coletivo, ora encarnam a
salvação da comunidade. Remetendo àquilo que Bataille (2004) afirma ser o maior atributo
da vida erótica como experiência interior, os contos de Augusta Faro colocam o ser feminino
“em questão”, levando a uma série de questionamentos por meio das soluções narrativas
apresentadas. A partir do título, podemos vislumbrar nos textos a ocorrência dos três tipos
de erotismo observados na teoria batailliana, uma vez que o sagrado comparece como
componente do erótico, ao lado das batalhas físicas travadas com o corpo erotizado.
PERFORMATIVIDADE, GENÊRO E REPRESENTAÇÕES MIDIÁTICAS DA MULHER NEGRA
NO HIP HOP: UMA ANÁLISE DO FILME ANTÔNIA
Ludmila Pereira de Almeida (UFG-FL)
[email protected]
Geralmente a representação da mulher está ligada a um construto social de feminilidade, em
que a cultura estabelece e defere homens e mulheres, além de localiza-los em seus ditos
“devidos lugares”. Para esse trabalho teremos como corpus o filme Antônia (2006), que
retrata a história de quatro mulheres negras cantoras de rap e que moram na favela da
Brasilândia em São Paulo, elas lutam pelo sonho de fazer sucesso e nessa trajetória ocorrem
muitos empecilhos, dentre eles imposições machistas. Com isso, temos como principal
objetivo analisar como são constituídas as representações da mulher no hip hop tendo como
base o filme Antônia e procurando saber como são performatizados, pelo discurso, o gênero
e a raça, nos levando assim a uma possível identidade da mulher no hip hop. Para isso,
teremos as contribuições de Austin (1998) que nos definirá a performatividade da linguagem
no qual Butler (2003) se baseará para nos trazer a concepção de gênero, corpo e sexo.
Também Spivak (2010) nos trará a discussão de um sujeito subalterno, que se localiza fora
dos sistemas, que é o caso da favela e do sujeito mulher – considerada mais subalterna.
Blommaert (2008) contribuirá para relacionarmos nossa análise a um contexto de produção
de discurso e Sales (2006) e Santos (1984) nos traz a definição do que é racismo e como ele
se dá no Brasil. E para falarmos da mulher no hip hop dentro do Brasil, basearemos nos
estudos de Pardue (2008) e Almeida & et al (2010). Portanto, teremos que a mulher,
concebida dentro de padrões performáticos de gênero, é barrada por preconceitos quando
tenta se inserir numa cultura masculinizada socialmente como o hip hop, já que sua
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
210
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
“feminilidade” nesse contexto é tida muitas vezes como distração não se inserindo no
profissionalismo do rap, diferente de como é visto os homens.
A VOZ DA SERPENTE EM SITUAÇÃO DE ENFRENTAMENTO DO PATRIARCADO
LITERÁRIO BRASILEIRO- UMA LEITURA DO ROMANCE A SERPENTE E A FLOR, DE
CASSANDRA RIOS
Maria da Glória de Castro Azevedo (UFT)
[email protected]
Estreante na literatura brasileira, em 1948, com o romance A volúpia do pecado, Cassandra
Rios poderia ser considerada como escritora da terceira fase modernista, embora seja vista
pela esparsa crítica literária tradicional, acerca de sua obra, como escritora de valor estético
duvidoso e naturalista. Sua obra representa discussões em torno da condição feminina e da
possível revisão dos papeis sexuais do final dos anos 40 até os anos 70, num momento em
que a literatura de autoria feminina ainda era voz descritiva e queixosa acerca da solidão, do
desconforto existencial e da decadência do corpo, à exceção de poucas escritoras. A sua voz
surge como questionadora do poder patriarcal e da dominação masculina sobre o corpo, a
sexualidade e o desejo femininos, portanto, o critério do valor estético usado para
desqualificar a obra de Cassandra Rios, sem considerar a existência de outros aspectos
sociais e culturais do país, revela questões de ordem ideológica e de regulação do discurso
feminino. A exclusão dessa autora do campo literário pode significar a dissonância de suas
obras em relação às das demais autoras de sua contemporaneidade. Este trabalho pretende,
pois, analisar o discurso dissonante presente no romance A serpente e a flor (1972) e discutir
de que forma a exclusão da autora, do campo literário, não ocorre meramente pelo “gosto
duvidoso” de sua abordagem temática e de sua estrutura narrativa e que pode representar
uma questão de gênero e de regulamentação das problemáticas sociais que poderiam
vigorar na literatura dominada pela voz legimitadora masculina.
EXÍLIO E DIÁSPORA FEMININA NA LITERATURA: UM ESTUDO COMPARADO ENTRE
CLARICE LISPECTOR E TOMÁS ELOY MARTÍNEZ
Marta Francisco de Oliveira (UNESP–Assis)
[email protected]
A proposta deste trabalho é tecer um paralelo entre ficção e elementos de produção do
texto literário ao observar como os temas da diáspora e do exílio se apresentam na obra da
escritora brasileira Clarice Lispector e do argentino Tomás Eloy Martinez. Alguns romances de
Clarice Lispector apresentam uma peculiar relação personagem/espaço, como podemos
ocorre com Virgínia, em O lustre, ou com Lucrecia, de A cidade sitiada. Tais obras, parte do
conjunto de textos escritos durante um (in)certo exílio de Clarice Lispector, podem ser um
ponto de partida para a análise de como o tema se apresenta na literatura clariceana,
compondo um perfil tanto da mulher escritora como da mulher pública, intelectual,
enquanto se revezava entre seu ‘papel’ socialmente determinado e sua vocação para as
letras. Por outro lado, a estranha diáspora realizada pela personagem ficcional de Santa Evita,
de Tomás Eloy, que ora é a própria figura de Eva Duarte, ora é o corpo embalsamado de
Evita, apresenta a construção de uma personagem feminina que flana por cenários e espaços
tipicamente masculinos, rompendo com papéis pré-estabelecidos e determinados. Estes
III SINALEL
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211
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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textos demonstram como a literatura coloca em primeiro plano algumas questões de autoria,
gênero e sexualidade, que nos ajudam a pensar tanto a criação como a manutenção da atual
imagem feminina latino-americana.
O CORPO PROJETADO E RECONSTRUIDO: ESTÉTICA E EROTISMO A SERVIÇO DA
VINGANÇA
Marta Maria Bastos (PMEL–UFG–CAC)
[email protected]
Luciana Borges (UFG–CAC)
[email protected]
O presente trabalho relata a saga da protagonista do romance A Sombra das Vossas Asas
(1997), da escritora Fernanda Young, no qual, Carina, após o recebimento de uma grande
herança, tornar-se-á arquiteta de seu destino. A partir deste momento, ela se conscientizará
de sua imagem refletida, traçará os planos que irão alterá-la esteticamente, por dentro e por
fora, o que resultar-se-á na total alteração de sua identidade. Após o decorrer de todas essas
transformações, Carina se utilizará de todos os artifícios que construiu para levar à frente
seus planos: sua beleza e erotismo como resultado desta transformação serão as armas
utilizadas para realizar sua vingança. No romance acima citado, a autora apresenta o
erotismo construído e presente na personagem principal. Neste artigo apresentar-se-á o
erotismo evidenciado no romance, bem como os passos para a realização desta vingança.
Apresentar-se-á uma discussão entre os teóricos que tratam deste assunto. Essa discussão
objetiva resultar na compreensão das questões do erotismo e da identidade apresentadas no
romance acima citado. Para tanto, acionaremos autores que tratam da temática em questão,
como: Elódia Xavier (2007), Michel Foucault (1998); Rodolfo A. Franconi (1997); Geoges
Bataille (2004); Otávio Paes (1994); Alain Corbin (2009), David Le Breton (2003); entre outros
teóricos.
CATÁSTROFE, MEDO E HORROR EM A CASA DE BERNARDA ALBA, DE GARCÍA LORCA, E
A ASA ESQUERDA DO ANJO, DE LYA LUFT
Patrícia Ramos Caetano (UFMS)
[email protected]
A presente comunicação propõe um estudo sobre a presença do horror, como efeito de
sentido, nas obras A casa de Bernarda Alba, García Lorca, e A asa esquerda do Anjo, de Lya
Luft. Ambos os textos literários apresentam personagens que são constantemente afetadas
pelo autoritarismo imposto por suas mães e avós. Em A casa de Bernarda Alba, as filhas de
Bernarda vivem sob o olhar dominador da mãe, enquanto Guísela, personagem de A asa
esquerda do Anjo, sobrevive sob os impulsos controladores de sua avó Frau Wolf. Nosso
objetivo é investigar como e de que maneira a tirania se instalou nos lares e na vida dessas
personagens, sobretudo na tentativa de encontrar subsídios relacionados à catástrofe e ao
medo que, por conseqüência, desencadeiam o efeito de horror. A pesquisa é do tipo
descritiva, baseando-se no relato e na análise das informações oferecidas pelos próprios
textos e por meio da leitura de proposições teóricas que tratem da catástrofe, do medo, do
horror e do contexto autoritário em que se encontram inseridas as personagens. Utilizaremos
algumas das teorias de Freud sobre o comportamento psíquico do ser humano; textos de
III SINALEL
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Selligmann-Silva sobre catástrofe; e considerações de Theodor Adorno (1950) a respeito do
autoritarismo. Com relação à violência, utilizaremos principalmente as reflexões de Hannah
Arendt. Esperamos que com essa apresentação possamos trocar experiências com outros
pesquisadores que tratem de temas afins e nos aprofundar no tema do horror como efeito
de sentido nos textos literários.
PRAZER EM RESISTIR: A POESIA ERÓTICA DE YÊDA SCHMALTZ
Paulo Antônio Vieira Júnior (UFG)
[email protected]
Corpo, subjetividade, contestação e embandeiramento em promoção da marginalidade se
aliam à criação literária brasileira da geração pós-1968. Tais composições são produzidas por
figuras que até então não circulavam plenamente no âmbito intelectual e literário, pois
também jaziam à margem da sociedade filistina. Através da escrita literária, mulheres, negros
e gays encontram uma das formas de (re)constituir sua afirmação individual e identitária. O
que é revelador nesse período não é simplesmente o fato de tais entidades escreverem
literatura e tematizarem sua subjetividade, chama atenção também o grande número de
escritores e escritoras buscando autoafirmação através da escrita e, principalmente, a
qualidade de certas produções cuja perspectiva em muito se aproxima. É nesse contexto que
se encontram inseridas as obras da escritora goiana Yêda Schmaltz, A alquimia dos nós
(1979), Baco e Anas brasileiras (1985) e A ti Áthis (1988), sob escrutínio na presente
comunicação. A inserção da obra yediana nesse universo advém não só de razões de ordem
temporal, mas principalmente por refletir e convergir com diversas posturas estéticas das
poetas dos anos 1970, a exemplo de Adélia Prado, Hilda Hilst, Olga Savary e Gilka Machado.
A crítica adorniana permite perceber a tematização do erotismo na poesia feminina brasileira
como um traço de resistência simbólica, por eleger a composição lírica que mais se distancia
do social, ao aprofundar na subjetividade, a que efetivamente resiste à má-consciência
ideológica, porque “enuncia o sonho de um mundo em que essa situação seria diferente”
(ADORNO, 2003, p. 69). A literatura de autoria feminina reconfigurou a subjetividade lírica
por meio do erotismo, sendo este um dos modos de revelar o conflito com o mundo exterior
que relegou ao esquecimento, ou silenciou, a entidade feminina por longo período.
A FAZENDA E O SUBSOLO: MADALENAS SILENCIADAS
Pedro Henrique Gomes Paiva (UFT)
[email protected]
Esta pesquisa busca fazer uma análise da representação da mulher a partir da construção de
duas personagens nomeadas Madalenas. A primeira do romance São Bernardo, de Graciliano
Ramos e a segunda do romance A luz no subsolo, de Lúcio Cardoso, ambos escritores do
Modernismo brasileiro e publicados pela primeira vez no ano de 1934. Explicitando a forma
como estas personagens estão enredadas em um meio de violência e dominação patriarcal,
sem que suas vozes sejam ouvidas e sem que possam defender-se do sentimento de
propriedade e humilhação psicológica de que se veem vítimas em suas relações
matrimoniais, estre trabalho discute as especificidades de cada narrativa e suas contribuições
para a composição da figura feminina menosprezada. Discutir os pontos de semelhanças ou
diferenças existentes entre as duas personagens é uma das formas pelas quais este trabalho
III SINALEL
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213
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se desenvolve, apresentando os elementos representativos que aproximam e distanciam as
duas Madalenas conforme os enredos se apresentam e as vozes de seus narradores ganham
vida. Ambos os romances ambientam-se num meio patriarcal rural do início do século XX, no
qual a mulher, muitas vezes, era representada como um ser abjeto, indigno de ter voz e
opinião, quando somente os homens pareciam ter direto de exercerem sua dignidade como
seres humanos.
A CONSTRUÇÃO DO EROTISMO: PARTICULARIDADES DO UNIVERSO FEMININO NA
FICÇÃO DE CLARICE LISPECTOR E LYA LUFT
Ronaldo Soares Farias (PMEL–UFG–CAC)
[email protected]
Luciana Borges (CAC–UFG)
[email protected]
As personagens dos romances Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1998), de Clarice
Lispector, e As parceiras (2004), de Lya Luft são inseridas num enredo em que as mulheres,
na tentativa de construir ou entender os seus mais íntimos desejos, deparam-se com
situações inusitadas que dificultam o seu autoconhecimento. Em circunstâncias de conflito,
as personagens encontram-se imersas num mundo que, às vezes, as impedem de seguir
tranquilamente suas identidades sexuais. Essas mulheres são representadas pela
protagonista Loreley, do romance Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres (1998), de
Clarice Lispector e pela narradora Anelise, do romance As parceiras (2004), de Lya Luft. As
personagens, que ora propõe-se analisar, possuem uma pulsação erótica que se constrói
através da linguagem delineada pelas escritoras. Sabendo disso, a construção do erotismo
terá como análise a trajetória das personagens enquanto vão, aos poucos, entrando em
confronto com a luta diária de entender os sentimentos e os obstáculos que as impedem de
tornar o desejo algo “normal”. Para o desenvolvimento de tal estudo, teremos como
principais textos para o suporte teórico O Erotismo, de Georges Bataille (2004), obra que nos
possibilita interagir com a construção do erotismo. As considerações de Michel Foucault
(1998) em História da Sexualidade I: vontade de saber contribuem, também, para a análise
crítica em relação à sexualidade das personagens. Percebemos que a construção do erotismo
nas obras das escritoras se revela através da busca do outro. Loreley e Anelise tiveram que
passar pelo prazer e pela dor de um desvendar contínuo para a libertação de si mesmas:
assim conseguem, cada uma a seu modo, transformar o medo em prazer.
HILDA HILST: ENTRE VIDA E MORTE O EROTISMO
Rosana Cristina Zanelatto Santos (UFMS-CNPq)
[email protected]
Hans Stander Loureiro Lopes (UFMS-PREAE)
[email protected]
Em O erotismo (1957; 2006), Georges Bataille propõe-nos a problematização do erotismo em
termos de uma concepção mais ampla, possível a partir de uma visão de conjunto, na qual o
trabalho, as religiões, a vida e a morte estejam interligadas, uma vez que nos impulsos
eróticos há uma unidade entre esses aspectos. Grosso modo, o erotismo não se restringe à
vida sexual do sujeito, estendendo-se até a morte, representada simbolicamente pelo
III SINALEL
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214
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orgasmo, gerador de uma descontinuidade abissal, vertiginosa, que fascina e, ao mesmo
tempo, amedronta o ser humano. No mais das vezes, a “morte orgásmica” é violenta e
violadora, porém ela é desejada pelos corpos e pelas mentes. Transgressão e fascinação: o
erotismo é não somente a dissolução dos corpos, mas também das formas racionais às quais
o ser está condicionado / submetido. Com base especialmente nas proposições de Bataille e
nas categorias vida, morte, transgressão e violência, analisaremos poemas de Hilda Hilst
inscritos em Da morte. Odes mínimas (2001), a fim de demonstrar as afinidades entre elas
pelo viés do erotismo, confirmando o que assevera Alcir Pécora, que “No limite, as odes de
Hilda Hilst acabam por montar uma espécie de piquenique civil para receber a própria morte,
que mora na vizinhança” (2006, p. 9). E nesse piquenique o principal anfitrião é o erotismo.
A FRAGMENTAÇÃO TEMPORAL E CORPORAL NA OBRA WITHOUT A NAME DE YVONNE
VERA
Sheila Dias da Silva (UFMT)
[email protected]
Um tema recorrente na obra da autora zimbabuense Yvonne Vera é a questão da experiência
da mulher em contextos coloniais nos períodos de emancipação política. Ela analisa o longo
processo de descolonização enfrentado pelo Zimbábue através da vivência de suas
personagens femininas. Em Without a Name (1994), Vera narra a trajetória de Mazvita, uma
mulher que resiste a diversos tipos de violência sofridos. É o estupro de Mazvita o fato que
desencadeia os acontecimentos no romance, funcionando como uma alegorização da
invasão colonial na terra ocupada. Porém, Vera, na verdade, desconstrói essa alegoria, uma
vez que o estuprador é um soldado da libertação, que deveria ser o salvador de Mazvita e
não seu algoz. Dessa forma, a problemática da situação colonial é tingida com as cores do
gênero, com o posicionamento da mulher como um sujeito colonial diferenciado,
duplamente oprimido. Ainda que Mazvita tente de diversas formas superar o trauma e buscar
um futuro melhor para si, a autora representa a impossibilidade dessa luta num cenário de
desolação. O objetivo deste trabalho é analisar a construção dessa resistência feminina
aniquilada através da investigação de duas estratégias narrativas fundamentais na tessitura
do romance: a fragmentação corporal da personagem e a segmentação temporal dos
eventos ficcionais.
TRÊS PERSPECTIVAS DO EROTISMO URDIDAS PELA VOZ POÉTICA EM ADÉLIA PRADO
Sueli de Fátima Alexandre Argôlo (PMEL–UFG–CAC)
[email protected]
A poesia lírica brasileira contemporânea conta com vários autores e poemas que tem o
erotismo, tanto no que diz respeito ao relacionamento corporal entre duas pessoas, quanto
ao fazer poético em si, como temática. Dentre esses autores destaco nessa pesquisa a poeta
mineira Adélia Prado, cuja temática dos poemas situa-se no campo do espaço cotidiano
feminino envolvendo o aspecto religioso, o erotismo e a sedução amorosa, um
metaforicismo que anuncia a ruptura com as imposições da civilização ocidental a respeito
do sexo. Implícita ou explicitamente a poeta, por meio da poesia, rejeita a sexofobia
castradora da sociedade cristã ocidental. Nossa pretensão é mostrar três perspectivas de
erotismo na poesia adeliana: a) O erotismo no fazer poético; b) A relação erótica entre um
III SINALEL
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homem e uma mulher; c) O erotismo relacionado ao santo e ao profano dito por um sujeito
lírico cujos olhares estão voltados para o corpo nu da imagem do Cristo na cruz pendurada,
geralmente na parede dos templos da Igreja Católica.
GT 18 - O SUJEITO NA TRAJETÓRIA DA ENUNCIAÇÃO
Coordenadores: Prof. Dr. João Bôsco Cabral dos Santos (LEP-UFU-ILEEL)
[email protected]
Prof. Dr. Marco Antonio Villarta-Neder (LEP-UFLA)
[email protected]
Este Grupo de Trabalho tem por objetivo discutir acerca da noção de sujeito na trajetória da
enunciação, sob múltiplos enfoques teórico-epistemológicos. Entendemos esses múltiplos
enfoques como a diversidade de olhares sobre manifestações linguageiras que relacionam o
sujeito discursivo às materialidades que os constituem. Tomamos como enfoques teóricos
para embasar essa incursão epistemológica as noções de sujeito preconizadas por Michel
Pêcheux, Michel Foucault e Mikhail Bakhtin. No campo dos estudos discursivos em geral e,
nesses enfoques em particular, os conceitos de sujeito e enunciação são indispensáveis para
qualquer abordagem de natureza discursiva. Entretanto, a própria trajetória de discussão das
noções de sujeito e de enunciação no Laboratório de Estudos Polifônicos tem suscitado a
necessidade de ampliar as relações entre esses conceitos, sem desvinculá-los de sua interrelação linguageira. Buscamos, assim, explorar com mais acuidade a interdependência
subjacente a eles. Nesse sentido, temos a expectativa de receber trabalhos que contribuam
para um aprofundamento epistemológico do fenômeno da enunciação, focalizando a
constituição do sujeito. Entendendo a subjetividade como uma emergência de constituições
sujeitudinais, entremeada pela produção de sentidos, a partir da tomada de posição de
instâncias-sujeito no interior de uma enunciação, vinculada a um acontecimento, objetiva-se
problematizar, descrever, interpretar, relacionar e examinar a natureza enunciativa das
discursividades vinculadas à constituição dos sujeitos nos discursos. Nessa perspectiva,
apresenta-se a expectativa de reflexões teórico-metodológicas e pragmáticas acerca de
constitutividade sujeitudinais que evidenciem inscrições discursivas e sentidos de uma
prática político-discursiva. Uma perspectiva de subjetividade enfoca efeitos de memória
sobre enunciações, inscrições político-ideológicas acerca da forma e do funcionamento de
uma dada produção de sentidos, além de modos de constituição de formas-sujeito, lugares
sociais e lugares discursivos, entre outras facetas de constituição do sujeito. Subjetividades
interpelam sentidos produzidos em torno de discursividades e outras singularidades que
revelam uma diversidade sujeitudinal de práticas discursivas.
MECANISMOS DE CONTROLE E LIBERDADE DO SUJEITO: A LONGA HISTÓRIA DO
CUIDADO DE SI
Adriana Cabral dos Santos (UTFPR)
[email protected]
Angela Maria Rubel Fanini (UTFPR)
[email protected]
A análise discursiva dos títulos de livros de autoajuda constitui a preocupação central deste
trabalho. Interessou-nos primeiramente avaliar que condições favoráveis se estabelecem em
III SINALEL
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nosso tempo para que esse discurso do autoconhecimento surja como enunciações de um
saber sobre o sujeito, enquanto ele pensa a sua própria constituição, num processo de
subjetivação mais marcado pelas práticas de controle que de liberdade. Procuramos efetivar
uma possível leitura comparativa entre as formas de subjetivação inscritas em épocas
distintas, baseando nossa investigação no trabalho realizado por Michel Foucault em A
Hermenêutica do Sujeito, que remete à Antiguidade grega e romana numa investigação a
respeito dos procedimentos, técnicas e finalidades do cuidado de si. A partir desses pontos
de permanência e de dispersão entre as práticas de si atuais e as antigas técnicas de si,
podemos conceber um pouco mais nitidamente os enunciados que circulam nesse espaço
denominado de autoajuda. Entrar no terreno fértil da autoajuda é conhecer o sujeito voltado
para ele mesmo, em busca da verdade sobre si e compreender as relações de poder que o
atravessam sempre e o fazem interpretar; é reconhecer os mecanismos pelos quais ele
mesmo se identifica num discurso que o convoca numa determinada região discursiva cujo
objeto construído constantemente é o próprio sujeito e onde as evidências da autoajuda
funcionam. Verificamos ainda o paradoxo em que se constitui a autoajuda se considerarmos
o lugar de mediação, assinalado pelo livro, entre o indivíduo e a realização de formas-sujeito
do conhecimento, enquanto ele busca construir um discurso de verdade sobre si mesmo.
Enfim, vemos a prática do cuidado de si contemporânea distanciada do propósito ético e
político do governo de si que prepara o sujeito para o convívio social.
DIÁLOGOS E DUELOS MATERIALIZADOS NA ESCRITA DE SI DO SUJEITO SURDO
Adriana Laurença da Cunha (UFG-CAC)
[email protected]
Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG-CAC)
[email protected]
A educação da pessoa surda na inclusão e as práticas pedagógicas decorrentes tem sido
constantemente tema de embates discursivos. De um lado ainda perdura o ouvintismo que
segundo Skliar (2011, p. 15) trata-se "de um conjunto de representações dos ouvintes, a
partir do qual o surdo está obrigado a olhar-se e narrar-se como se fosse ouvinte". É nesse
contexto que surge a percepção do ser deficiente e a instituição do oralismo, conjunto de
práticas reabilitadoras e terapêuticas que busca o disciplinamento do comportamento e do
corpo para produzir surdos aceitáveis para a sociedade por meio da fala. Do outro lado temse a concepção socioantropológica, que entende o surdo a partir da diferença linguística,
cultural e identitária. São essas as duas perspectivas que têm orientado os discursos na
educação da pessoa surda. O objetivo do nosso trabalho é desvelar o feixe complexo de
relações que sustentam esses discursos, e principalmente compreender, o modo como o
sujeito do discurso se inscreve em uma determinada FD com a qual ele se (des)indetifica e
que o constitui. Portanto, considerando o discurso como campo no qual os acontecimentos
discursivos se desenvolvem, pretendemos observar na escrita de si de alguns alunos surdos,
através de dois textos pertencentes ao gênero relato pessoal, a coexistência harmônica ou
contraditória desses discursos. Para isso, iremos nos valer dos conceitos presentes em
Pechêux de interdiscurso e formação discursiva, pois o primeiro conceito aparece
relacionado ao segundo, já que o interdiscurso é definido como sendo "o todo complexo
dominante das formações discursivas" (Pechêux, 1995, p.162).
III SINALEL
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CONTRADIÇÕES DISCURSIVAS DE UM SUJEITO POLÍTICO NAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
DE 2010
Anísio Batista Pereira (UFG-CAC)
[email protected]
Antônio Fernandes Júnior (UFG-CAC)
[email protected]
O presente trabalho consiste na análise de dois textos jornalísticos, os quais remetem a duas
falas de um mesmo candidato político, proferidas na candidatura a presidência da República
no ano de 2010. Trata-se, assim, de dois textos sobre o aborto, em dois momentos distintos.
Nesse sentido, este trabalho pretende discutir o teor contraditório desses textos, no sentido
de entender alguns aspectos da Análise do Discurso, sobretudo o sujeito discursivo político.
Assim, teve-se a pretensão de investigar como se dá essa relação do sujeito com os
fenômenos sociais que o cercam, procurando compreender os jogos políticos envolvidos em
seus discursos. Esta pesquisa foi realizada dentro da metodologia de uma pesquisa
bibliográfica, compreendendo basicamente três etapas: estudo da teoria, procurando
compreender os conceitos básicos da Análise do Discurso; tomando as obras de Fernandes
(2008), Pechêux (2009) e Charaudeau (2008); coleta do corpus em meio eletrônico, dois
textos de campanha política das eleições presidenciais de 2010 os quais contêm discursos
contraditórios produzidos pelo mesmo sujeito político, uma candidata à presidência, Dilma
Roussef; análise dos dois textos, procurando compreender os fenômenos que estão em jogo
nos textos, possibilitando um entendimento mais nítido do sujeito discursivo político.
Conclui-se que o sujeito discursivo político lança mão de jogadas político-discursivas,
envolvendo questões sociais num determinado momento histórico. Além disso, é
evidenciado nos textos que as contradições se deram por pressão de grupos distintos,
motivadas por questões culturais, religiosas e políticas.
SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO-JOVEM E AS POSIÇÕES-SUJEITO OCUPADAS NO
DISCURSO DA PASTORAL DA JUVENTUDE DA IGREJA CATÓLICA
Edilair José dos Santos (PMEL-GEDIS-BOLSISTA UFG-UFG-CAC)
[email protected]
Pautados nos construtos foucaultianos, temos como escopo neste trabalho, averiguar o
processo de constituição dos sujeitos-jovens no discurso da Pastoral da Juventude (PJ) e as
posições ocupadas por eles no momento da enunciação, considerando os atravessamentos
entre o religioso e o político, característicos da PJ. O corpus compõe-se da obra “Pastoral da
Juventude no Brasil”, da coleção estudos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), publicada em 1986. Este documento indica princípios para a ação pastoral da Igreja
Católica no processo de evangelização da juventude na década de 1980. Sua elaboração
arraiga-se num período histórico (os anos de 1970 e 1980) que interfere na sua constituição.
Assim, os enunciados da PJ serão influenciados por questões históricas, pois para Foucault
(2000) a existência dos enunciados dependerá das relações com a história e com o sujeito
que enuncia. Por isso, torna-se relevante pensar a constituição do sujeito. Desse modo,
analisaremos os enunciados observando as suas condições de existência e as regras que
possibilitaram sua emergência, bem como a constituição do sujeito nesses enunciados.
Nesse sentido, compreendemos que os enunciados pastorais representam um conjunto de
situações as quais nos remetem ao desejo de participação sócio-política no Brasil. Análises
preliminares permitiram identificar que as expressões sinônimas “construção do Reino de
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Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Deus” e “Reino de Justiça”, no documento em estudo, pressupõem participação política e
religiosa. Estes pressupostos são delineados pela Teologia da Libertação cujos preceitos
aliam participação política e religiosa. Nessa conjuntura, os sujeitos-jovens são objetivados
pelo discurso pastoral enquanto protagonistas da evangelização da juventude e, ao mesmo
tempo, subjetivados por esse mesmo discurso, principalmente, por se reconhecem nessa
identidade e se tornarem sujeitos dessa prática discursiva, a partir das posições-sujeito
ocupadas no discurso.
DISCURSIVISANDO SOBRE A LITERATURA DE AUTOAJUDA
Gabriela Belo da Silva (UFU)
[email protected]
O presente trabalho compreende a literatura de autoajuda enquanto uma prática perversa e
modeladora de sujeitos, atravessada por questões sociais, históricas e ideológicas que por
meio do engendramento das Representações Imaginárias Enunciativas Sujeitudinais (REIS)
elucubradas pela Instância Sujeito Autor (ISA), constrói uma discursividade em que a
Instância Sujeito Leitor (ISL) é induzida a perseguir um paradigma de sujeito uno, centro de
seus dizeres e capaz de, por si só, tornar-se feliz na contemporaneidade. Ao longo dessa
pesquisa, tivemos como enfoque compreender e analisar o funcionamento da discursividade
e os discursos que sustentam uma das obras de autoajuda publicada por Jorge Augusto
Cury. Enquanto corpus, elegemos o livro, de Cury (2003), Pais Brilhantes Professores
Fascinantes. Opúsculo sobre o qual lançamos um olhar-leitor considerando os efeitos de
sentido que emergem dessa literatura de autoajuda. Destarte buscamos expor uma das
diversas possibilidades interpretativas sobre a dinamicidade do funcionamento discursivo
construído pela Instância Sujeito Autor (ISA). Desse modo, tomamos as Representações
Enunciativas Imaginárias Sujeitudinais (REIS), enquanto viabilizadoras da criação de um real
imaginário, que produz na Instância Sujeito Leitor (ISL) um efeito de unicidade e de
individuação a partir da simulação do interdiscurso no intradiscurso. Assim, foi nosso intento
pensar sobre como a discursividade (que confere sustentabilidade a esses discursos) pode
colaborar para que ocorra e/ou se intensifique os processos de identificação da ISL com
esses discursos.
RELAÇÕES DE PODER E SUBJETIVAÇÃO. UM EU E UM OUTRO
Guida Fernanda Proença Bittencourt (UFP)
[email protected]
Propomos uma leitura da Sentença Condenatória do casal Nardoni, a partir do aparato
teórico da Análise do Discurso de linha francesa, destacando, em especial, as múltiplas
camadas de formação do discurso que constituem materialmente um espaço de disputas de
poder. Pela própria natureza do gênero – sentença penal condenatória -, desvelam-se
discursivamente relações de poder e de dominação. Por meio do presente estudo,
pretendemos apontar para um espaço em que se dá a luta do direito pela sua própria
mantença, numa sistemática de retroalimentação; a luta do poder Estado posta em questão
pela infringência de sua lei; a luta de uma sociedade que rechaça certas condutas e, nesta
disputa, exige uma resposta do Estado-juiz. Nesse cenário, um eu e um outro estão em
questão no processo de subjetivação. Para tanto, propomos um olhar para as condições de
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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produção do discurso que o ancoram num dado momento linguístico-histórico, informando
o sujeito do discurso e o atravessando, de tal modo a remeter sua manifestação a um já-dito
(jamais dito) que, dialoga, entre outras coisas, com o poder simbólico de outros aparelhos
ideológicos (como a mídia e a igreja, por exemplo). No jogo de poderes subjacente aos
processos discursivos, pretendemos traçar os caminhos da subjetivação dos sujeitos,
considerando as relações entre o sujeito do discurso e os discursos, um eu e um outro.
O “EU” DIVIDIDO DO SUJEITO QUE SE CONTA
Ida Lucia Machado (UFMG)
[email protected]
Ao notar que as experiências de vida tendem a se misturar ao discurso científico de alguns
professores e pesquisadores, passamos a observar com mais cuidado certos Prefácios,
Introduções, Avant-Propos e capítulos de livros que divulgam conhecimentos ligados à
análise do discurso. O falar do “eu” que se conta e o falar do “eu” que comunica ou explica
uma teoria: os caminhos que os dois “eu”(s) encontram ou o local onde se imbricam, se
separam ou se reúnem novamente tem nos seduzido e motivou nossa nova pesquisa para o
CNPq. Gostaríamos de aqui apresentar algumas observações sobre este duplo trajeto do “eu”
que, ao discorrer sobre algo de modo teórico e didático, introduz uma parte de si “como
essência” (Ducrot, 1984, p.99), promovendo um desdobramento consciente ou inconsciente
de sujeitos nos ditos por ele assumidos. O discurso testemunhal, isto é, o discurso daquela
ou daquele que estava presente e viu esta ou aquela teoria ser formada, acompanhou seus
primeiros passos, seus acertos e erros ou então a “colocou no mundo” pode aparecer, em
algumas produções escritas, como submisso a uma espécie de argumentação paradoxal, que,
no entanto, busca o estabelecimento de um equilíbrio justo – conforme o estilo do sujeitoenunciador – entre o ethos, o logos e o pathos. Este encontro ocorre movido pelo desejo de
que o conteúdo da escrita em questão apareça como algo credível e legítimo? Eis um caso a
averiguar.
PROCESSOS SUBJETIVOS E PERCURSOS SENTIDURAIS NA ENUNCIAÇÃO LITERÁRIA DE
LYGIA FAGUNDES TELLES
Ismael Ferreira-Rosa (UFU; UFG-CAC)
[email protected]
Muito ainda se debate sobre a tenuidade entre vida/arte, sobretudo no que concerne à
enunciação literária. É desde a era clássica, quando se falava do binômio retórica/poesia e da
arte enquanto uma produção mimética da realidade, que se delonga uma preocupação com
o que seria o literário e suas fronteiras. Seria uma representação imagética da vida? Ou um
lugar não-pragmático instaurador de deleites e fruição? Ou então uma organização estéticolinguística especial, fruto de criação individual sobre o real? Ou ainda um reflexo ideológico
de uma dada realidade com o escopo de denunciar suas incongruências? Ora, mais que uma
contraparte ou um reflexo da vida esteticamente organizado, conforme ressaltava
Bakhtin/Volochinov, a arte é imanentemente social. Pode-se, desse modo, pensar o literário
enquanto uma formação estético-social que, mais que (ir)real e mimética, é um batimento
entre o existir-como-vida e o discurso cotidiano. Um batimento que é heteroclitamente
constituído por elementos de ordem do histórico, do social, do ideológico, do cultural, do
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psicológico, do institucional, do linguístico, do estético, do discursivo. Certamente, um
intrincamento heteróclito que instaura efeitos-sujeito e efeitos de intersubjetividade, fazendo
sujeitos reconhecerem entre si como espelhos uns dos outros. Com efeito, um campo do
existir-como-vida que demarca um espaço singular, dinâmico, vivo, opaco, movente,
plurivocal, habitado por outricidades, subjetividades, objetos, realidades, com cujos reflexos
e refrações sujeitos se (des)identificam, (des)construindo-se. Temos por escopo neste
trabalho, a partir desse entendimento da enunciação literária, balizado pelo pensamento
bakhtiniano conjugado à teoria discursiva pecheutiana, analisar justamente essas
subjetividades que habitam e se (des)constroem em três romances de Lygia Fagundes Telles:
“Ciranda de pedra”, “Verão no aquário” e “As horas nuas”. Procuraremos, no crivo de um
processo intersubjetivo, construir uma percepção interpretativa de caráter cotejador dos
processos subjetivos e dos percursos sentidurais da (des)constituição precipuamente de três
sujeitos mulheres: Virgínia, Raíza e Rosa Ambrósio.
PERCURSOS SUJEITUDINAIS NA ENUNCIAÇÃO
João Bôsco Cabral dos Santos (LEP-UFU-ILEEL)
[email protected]
Neste trabalho abordo o percurso enunciativo do sujeito no interior de um acontecimento
discursivo. Quero examinar as diferentes etapas de instauração/constituição de uma
instância-sujeito na enunciação. Inscrevo-me na Análise do Discurso Francesa, mais
especificamente no viés teórico de Michel Pêcheux. Analiso o processo de subjetivação em
sua natureza ideológica, na dinâmica de instauração da instância-sujeito; a anterioridade
discursiva da forma-sujeito que emerge na enunciação; a memória discursiva do lugar social
que se coloca enquanto uma alteridade da forma-sujeito; a evanescência do lugar discursivo
que constitui a instância-sujeito na enunciação e a clivagem e a interpelação que instauram o
sujeito discursivo na enunciação. Outro elemento que também examino é a historicidade do
sujeito enquanto elemento de referência na instauração do sujeito na enunciação. É a partir
da historicidade que os processos de movência e deslocamento se instauram na alteridade
enunciativa. Santos (2009) hipotetiza que o sujeito, na enunciação, oscila, no entremeio das
condições sócio-histórico-ideológicas, nas posições de forma-sujeito, lugar social e lugar
discursivo. Percebo, então que essa movimentação do sujeito, na enunciação, se constitui
enquanto um processo discursivo da subjetividade. Essa movimentação coloca em alteridade
a forma-sujeito como outricidade do lugar social e do lugar discursivo. Assim, essas relações
de alteridade é que determinam o que Santos (op. cit.) chama de instância enunciativa
sujeitudinal. O foco deste trabalho, portanto, é perscrutar o percurso do sujeito na
emergência da enunciação. Analisarei a movimentação sujeitudinal com o intuito de
contrastar essa alteridade na trajetória vivida pela instância-sujeito na enunciação.
DISCURSO E PODER DO MORADOR DE RUA: ESTUDO DA HETEROGENEIDADE
DISCURSIVA E DA POLIFONIA NOS TEXTOS DO JORNAL “AURORA DA RUA”
José Gomes Filho (UFBA)
[email protected]
Este trabalho busca analisar, no discurso dos homens em situação de rua na cidade de
Salvador, a construção de sua subjetividade, de sua identidade. Para tanto, será foco de
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discussão as formações imaginárias, uma vez que se pretende não só investigar tanto a
imagem de si do morador de rua, como a imagem que acredita que o outro tem dele, como
também estabelecer oposição entre essas e a sociedade, o Estado e a mídia concebem sobre
ele. Para tanto, valer-nos-emos como precípuo embasamento teórico da Análise do Discurso
pecheutiana, tendo em vista que nas análises será central o conceito de formação discursiva,
tal qual Pêcheux (1975) a concebe. Além disso, far-se-á também uso do conceito de
heterogeneidade discursiva (Authier- Revuz,1982) e de polifonia (Bakhtin,1979). Elegemos
como corpus os textos do jornal “Aurora da Rua”, cuja produção e veiculação são feitas pelos
próprios moradores de rua. A pesquisa é qualitativa, considerando apenas duas edições, em
especial, os textos de produção coletiva, identificando, por comparação, os traços
recorrentes. Analisando os textos, observou-se que os moradores de rua, quando fazem uma
imagem positiva de si mesmos, constroem um discurso singular em que, na descrição do
funcionamento discursivo do seu dizer, identificam, na memória (interdiscurso), os valores
que legitimam esta formação imaginária e, no nível da formulação discursiva (intradiscurso),
descrevem uma identidade que se opõe a outras formações imaginárias construídas pela
sociedade. Assim sendo, eles constroem um dizer discursivo que pode devolver-lhes a
autoestima e ganhar visibilidade social, um sonho de muitos moradores de rua, espalhados
por varias cidades brasileiras, em especial, a cidade Salvador.
A SUBJETIVIDADE ENUNCIATIVA E A CONSTITUIÇÃO DE IDENTIDADES NO DISCURSO
DA REVISTA LA VIE EN ROSE
Juliane de Araujo Gonzaga (UFSCar)
[email protected]
A questão do aborto em Québec suscita, até os dias atuais, discussões sobre sua legalização,
assim como sobre o direito das mulheres de decidirem a abortar ou não. Nesse sentido, esta
pesquisa tem como objetivo analisar o editorial da revista feminista La vie en rose, publicado
em 1982, como resposta à carta antiaborto dos Bispos de Québec, escrita em 1981.
Considerando a noção de enunciação, pela qual o sujeito coloca em prática a linguagem e se
apropria de seu discurso, bem como suas implicações na produção da subjetividade,
pretendemos fazer a análise do editorial « Le droit à la vie ? », publicado na edição de março
de 1982. Desse modo, nossos objetivos são: a) compreender como se constituem
determinadas identidades no e pelo discurso; b) analisar a constituição da subjetividade e da
argumentação e c) descrever e compreender as relações de poder que se exercem no e pelo
discurso em questão. Para analisar o editorial, adotaremos uma metodologia baseada na
descrição e análise das marcas linguísticas relacionadas aos sujeitos implicados no discurso.
A partir das considerações de Kerbrat-Orecchioni referentes à enunciação e à subjetividade,
faremos uma análise discursiva a fim de compreender como a enunciação contribui para a
constituição das identidades e como a subjetividade produz uma argumentação no discurso.
Além disso, adotaremos a noção de “identidade” de Stuart Hall e a de “poder” em Michel
Foucault, a fim de verificar como a constituição dos sujeitos na linguagem e no contexto
sócio-histórico de produção dos enunciados possibilita a descrição das relações de poder
entre as feministas, a Igreja, o Estado e os médicos.
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A PERFORMATIVIDADE DE UMA (RE) CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DA MULHER: A
FORMAÇÃO DISCURSIVA NA PROPAGANDA DA BOMBRIL- MULHERES EVOLUÍDAS
Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFG – FL)
[email protected]
Henrique Silva Fernandes (UFG – FL)
[email protected]
Ludmila Pereira de Almeida (UFG – FL)
[email protected]
A mulher tem uma trajetória histórica marcada por práticas de opressão, que a estereotipam
e a excluem como verdadeiros sujeitos da sociedade. Por isso, teremos como corpus de
nosso trabalho duas propagandas da empresa Bombril que se denominam Homens das
Carvenas e Tottal Mulher Evoluída e Consciente do Seu Tottal Poder ambas de 2011.Tendo
como fundamentação teórica Pêcheux (1995) em relação a formação discursiva, que
estabelece o que pode e deve ser dito em determinado contexto, gerando assim ideologias
que, nesse caso da propaganda, procuram persuadir seu publico alvo a comprarem
determinado produto. Pennycook (2004) diz que as identidades são performadas em vez de
pré-formadas, se constituem nos discursos e por meio de representações durante a história.
Foucault (1995) aponta que as relações de poder colocam em jogo relações entre sujeitos e
os discursos refletem os lugares desse sujeito. Com isso temos como principal objetivo,
analisar como os papeis da mulher na sociedade se articulam sócio historicamente e como
isso reflete na possível (re) construção de suas identidades e representações por meio da
performance da linguagem da propaganda em analise. Assim, em prol da valorização de seu
publico alvo que é o feminino, a propaganda rebaixa o homem que não consegue evoluir, no
sentido de serem preguiçosos, não quererem fazer serviços domésticos e de não terem mil e
uma utilidades como a Bombril. Para isso, as apresentadoras da propaganda se vestem com
roupas consideradas masculinas, terno e gravata, retomando as relações de poder em que a
mulher precise de uma imagem masculina para poder falar de sua “evolução”. Logo a
performatização de uma mulher atual só se constitui com um mascaramento ou
reformulação de uma nova imagem de dona de casa, fortalecendo no não dito a imagem da
“Rainha do lar”, sendo está agora tida como moderna por usar a marca Bombril.
IDENTIDADE E AUTORREPRESENTAÇÃO EM TOADAS DE BUMBA-MEU-BOI
Ludmila Portela Gondim (PosLit – UNB)
[email protected]
Analisa toadas de bumba-meu-boi maranhense, buscando entender as expressões e as
visões nas quais o poeta-cantador se autorrepresenta. Foram selecionadas 18 toadas do ano
de 2010 a 2012 dos bumba-meu-bois de: Maracanã, Maioba, Madre Deus e Floresta, que
foram analisadas a partir de eixos temáticos, tais como: a relação do cantador com o boi e a
comunidade, a provocação a outros bois, a sua luta para vencer as dificuldades, o seu poder
e seu valor, o sofrimento do outro e a evocação religiosa. Sobre o bumba-meu-boi, sua
história, origens e elementos, recorreu-se aos estudos de Reis (1951), Albernaz (2004), Barros
(2007), entre outros. Para o entendimento sobre uma análise metodológica do texto poético,
musical, de base cultural, e suas implicações no contexto dos estudos literários, as leituras de
Zumthor (2007) e Tatit (2007) e para a compreensão do lugar de fala do subalterno as
leituras de Bhaba (1998) e Spivak (2010). Desta forma, diante de um sujeito que produz
aquilo canta, nota-se que valores são rompidos e confirmados nas canções,
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institucionalizando-se a cultura maranhense a partir da identificação com aquilo que é
contemporâneo. Mesmo que o texto mimetize estereótipos já reconhecidos social e
culturalmente, evoca a postura crítico-reflexiva do cantador e suas intenções disfarçadas pela
autorrepresentação.
ENUNCIAÇÃO, HISTORICIDADE E ALTERIDADE: RELAÇÕES EXOTÓPICAS ENTRE
SUJEITOS E ACONTECIMENTOS NA SATURAÇÃO DOS NOTICIÁRIOS
Marco Antonio Villarta-Neder (UFLA)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é discutir, como um dos processos constitutivos da enunciação, a
historicidade criada pela reiteração temática em torno de um acontecimento na mídia
eletrônica. Para tanto, será utilizado o referencial bakhtiniano, a partir dos conceitos de
exotopia e excedente de visão, em diálogo com o conceito de acontecimento, que é basilar
para a Análise do Discurso francesa, de orientação pecheutiana. A partir dessa relação entre
enunciação e historicidade, pretende-se analisar como essa historicidade se estabelece como
alteridade relativamente aos sujeitos e acontecimentos. Em primeiro lugar, como os sujeitos
envolvidos em um mesmo acontecimento se colocam em relação de alteridade em cada
momento dessa reiteração. Como consequência disso, como o próprio acontecimento vai se
tornando outro pelo deslocamento dos sentidos provocado por essa reiteração. Em segundo
lugar, como essa relação de alteridade é constitutiva dos prórprios sujeitos pelos processos
exotópicos e pelo excedente de visão. Como consequência, serão abordadas questões
referentes à interação dos sujeitos e dos acontecimentos com suas exterioridades (sejam os
sujeitos entre si, os sujeitos e o acontecimento e os acontecimentos entre si). Serão
analisados dois casos de reiteração temática em torno de acontecimentos noticiados pela
mídia eletrônica no ano de 2013. Os corpora selecionados terão como fonte os principais
portais de notícias na internet.
A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E A PRODUÇÃO DE SENTIDOS EM REPORTAGEM DA
VEJA SOBRE O CASO DO “MANÍACO DE LUZIÂNIA”
Raquel Divina Silva (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG-CAC)
[email protected]
Neste trabalho, embasados pela Análise do Discurso de linha francesa, pretendemos (re)
pensar a constituição do sujeito e as posições que podem ser ocupadas por ele na
enunciação. Essas posições interferem diretamente na produção dos sentidos. Segundo
Foucault (1986) existe uma posição que não apenas pode, mas deve ser ocupada pelo
indivíduo para que se torne sujeito. Assim, o sujeito ora fala de um lugar, ora de outro. Para
problematizar esse conceito de posição-sujeito, discorreremos acerca das posições-sujeito
ocupadas pela promotora Maria José Miranda no discurso midiático, através da entrevista
concedida à Revista Veja, na edição 2161 de 17/04/2010, onde ela enuncia sobre as “falhas
da Justiça brasileira”, em relação à forma de lidar com Adimar – o “Maníaco de Luziânia”,
protagonista do caso em que houve estupro e assassinato de seis jovens entre 2009 e 2010,
tendo ampla repercussão midiática. Segundo Foucault (1986), os sujeitos, bem como as
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posições ocupadas por eles, se constituem na e com a história, através de relações
complexas, o que permite aos sujeitos enunciarem sempre de uma posição diferenciada.
Nesse sentido, indagaremos questões como: segundo a revista Veja, quais os lugares
ocupados pela promotora ao enunciar certos discursos? De acordo com a revista, ao ocupar
essas posições e falar desses lugares, quais saberes são produzidos por ela? Leituras
preliminares permitiram identificar que no discurso midiático, Maria José Miranda além de
assumir a posição de promotora, assume a de esposa, a de mãe e de católica praticante.
Destarte, o fato de assumir diversas posições é o que nos permite avaliar que o discurso
jurídico pode ser perpassado também por um discurso religioso e por um discurso familiar.
SUJEITO DISCURSIVO DE SABERES E PODERES EM MICHEL FOUCAULT
Renato Bernardo da Silva (UFU)
[email protected]
O presente resumo está arquitetado nos estudos de Michel Foucault (1969 e 1970) para a
composição de um Sujeito Discursivo permeado por Saberes e Poderes. Considerando Saber,
do ponto de vista Foucaultiano, não como somatória de conhecimentos, mas um conjunto
de elementos que são identificados por objetos, tipos de formulações, conceitos e escolhas
teóricas formadas por uma mesma positividade e que encontra no Discurso um lugar de
aparecimento. E compreendendo Poder delineado por relações, isto é, no exercício de poder
como uma ação sobre a ação dos outros, como um conjunto de ações que induzem e se
respondem umas às outras, diametralmente oposto, ao regime de poder centralizado na
figura da Monarquia, mas fluido em uma constante e ininterrupta relação de poder que
percorre uma multiplicidade de microfísicas do poder tais como: família, medicina,
psiquiatria, educação, empresas, e de forma especial no e pelo Estado. A instância
enunciativa se debate, luta, combate contra a mencionada microfísica do poder por
intermédio da resistência no e pelo discurso. A resistência do Sujeito é balizada pela via da
negação da subjetividade – compreendendo a como emergências sujeitudinais – e
inventando outras. A subjetividade é antes um processo inventivo, uma construção de
verdades produzida e adotada pela instância-sujeito no interior da enunciação, e como tal
pode ser reinventada para além dos Sujeitos de Saberes e Poderes individualizantes e
cristalizados no e pelo discurso.
GT 19 - GÊNEROS, DISCURSOS E IDENTIDADES NAS DIFERENTES ESFERAS SOCIAIS:
AS CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA E DA LINGUÍSTICA
SISTÊMICO-FUNCIONAL
Coordenadora:
Profa. Dra. Maria Aparecida Resende Ottoni (GPEADCeLSF-ILEEL-UFU)
[email protected]
Cada vez mais pesquisadores/as do Brasil e de diferentes partes do mundo têm investido em
pesquisas com base na Análise de Discurso Crítica (ADC) e na Linguística Sistêmico-Funcional
(LSF), assim como no diálogo entre elas. Temáticas relacionadas à política, educação, mídia,
gênero social, gênero discursivo, publicidade, pobreza e às novas tecnologias têm se
destacado nessas investigações. Como líder do Grupo de Pesquisas e Estudos em Análise de
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
Discurso Crítica e Linguística Sistêmico-Funcional (GPEADCeLSF), do Instituto de Letras e
Linguística da Universidade Federal de Uberlândia, apresento esta proposta de grupo de
trabalho, que objetiva reunir pesquisadores/as interessados/as na abordagem dos gêneros,
discursos e identidades, nas diferentes esferas sociais, e nas contribuições que a ADC e a LSF
podem oferecer para essa abordagem. A ADC constitui um modelo teórico-metodológico
transdisciplinar, que estabelece um diálogo entre a Ciência Social Crítica e a Linguística,
especificamente a LSF (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999, p.2), abre espaço para um
diálogo com outras teorias e traz no bojo de sua concepção uma postura emancipatória, que
se empenha para tentar produzir transformações sociais (WODAK, 2001). Em seus diferentes
modelos, Fairclough tem procurado estabelecer um diálogo, cada vez mais estreito e
consistente, entre a ADC e a LSF, pois acredita que a LSF é a teoria linguística mais
apropriada para desenvolver uma análise de discurso crítica por ser profundamente
preocupada com a relação entre a linguagem e outros elementos e aspectos da vida social e
por preconizar uma análise linguística de textos sempre orientada para o caráter social dos
textos. Em sua obra de 2003, Fairclough focaliza a análise linguística detalhada de textos e
amplia significativamente o diálogo que já vinha estabelecendo em obras anteriores entre a
ADC e a LSF. Nela, ele propõe três tipos de significado do discurso: o acional, o
representacional e o identificacional, os quais são relacionados respectivamente aos gêneros,
discursos e estilos e aos três modos principais pelos quais o discurso figura como uma parte
da prática social: modos de agir, modos de representar e modos de ser. São ainda associados
às metafunções da linguagem (HALLIDAY, 1994): ideacional (representação); interpessoal
(ação e identificação) e textual (ação). Assim, considero que estas duas abordagens teóricas –
a ADC e a LSF - podem oferecer muitos subsídios a pesquisadores/as e professores/as para o
estudo dos diferentes gêneros e discursos que circulam em nossa sociedade, nas diferentes
esferas sociais, e das identidades neles e por eles construídas. Este GT objetiva propiciar um
espaço para socialização e discussão dos resultados de estudos que exploram esse potencial.
De acordo com a associação postulada por Fairclough (op. cit.) entre os três tipos de
significados e as macrofunções de Halliday, o significado acional, relacionado aos
gêneros/modos de agir, está mais próximo da função interpessoal. Já o significado
representacional, relacionado aos discursos/modos de representar, corresponde à função
ideacional de Halliday. Para o significado identificacional, relacionado aos estilos/modos de
ser, o qual se refere à construção e à negociação de identidades no discurso, Fairclough
considera que Halliday não diferencia uma função separada que tenha a ver com ele. Assim,
afirma que muito do que inclui no significado identificacional está associado à função
interpessoal. Dessa forma, a função textual, embora incorporada na obra traduzida em 2001,
não é considerada separadamente no modelo de 2003: “não distingo uma função ‘textual’
separada; antes, eu a incorporo dentro da Ação”2 (Fairclough, op. cit.: p. 27). Talvez isso se
deva, em parte, a uma consideração feita há muito pelo próprio Halliday (1994: xiii):
ANÁLISE COMPORTAMENTAL DO DISCURSO: UM MODELO CONSTRUCIONISTA SOCIAL
Isabel Cristina Baptista de Souza (UFG-CAC)
[email protected]
André Vasconcelos Silva (UFG-CAC)
[email protected]
Há diversas formas de se realizar uma Análise de Discurso (AD), desde análises com foco em
como o padrão do discurso afeta a lembrança e a compreensão dos eventos, passando, por
2
Tradução minha de “I do not distinguish a separate ‘textual’ function, rather I incorporate it within Action”.
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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análises dos atos da fala, em que objetiva-se promover um relato sistemático da organização
da interação verbal entre falantes e ouvintes, até análises foucautiana das práticas sócioculturais e análises da sociologia da ciência. Desta diversidade de concepções há a
possibilidade de se compreender a AD como uma prática que estuda como os conjuntos de
enunciados são construídos, como as funções da linguagem operam e as contradições que
surgem durante esse funcionamento. Objetiva-se aqui apresentar os fundamentos e
pressupostos da Análise Comportamental do Discurso (ACD). Concepção de análise que
evidencia os princípios da natureza contextual e histórica do conhecimento e da “realidade”
que controlam o discurso, a visão anti-mentalista do discurso, com enfoque nas variáveis
ambientais que o controlam e o foco nos comportamentos que se juntam formando um
discurso. A reflexão do modelo de ACD permite identificar a base contextualista que prioriza
a análise da história como a chave para a compreensão do discurso que se desenrola. Ou
seja, enfatiza-se as relações de controle que caracterizam o contexto ambiental num dado
momento, o que dão o significado ao discurso. Permite-se também, descobrir a função do
discurso. E, por fim, identificar que o discurso tem sua origem no ambiente e no modo como
esse ambiente é manipulado. Com isso, entender o significado do discurso é conhecer quais
relações controlam o falar e, por extensão, o pensar ou o escrever algo. Desta forma, buscase evidenciar que a ACD se fundamenta no construcionismo social, em que os termos de um
discurso são “artefatos históricos” produzidos na mediação entre as pessoas, caracterizada
por negociações, conflitos, retórica, dentre outras manifestações, cujos significados derivam
do seu contexto de emissão.
A INTERTEXTUALIDADE EM REPORTAGENS DA VEJA: A REPRESENTAÇÃO E
IDENTIFICAÇÃO DO HOMOSSEXUAL
Isley Borges Silva Junior (UFU)
[email protected]
Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU)
[email protected]
Este trabalho corresponde a um recorte da pesquisa “UMA ANÁLISE DISCURSIVA CRÍTICA DA
REPRESENTAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DO HOMOSSEXUAL NA REVISTA VEJA”, financiada pela
FAPEMIG, subsumida ao projeto “Gêneros, discursos e identidades na mídia brasileira”,
coordenado pela Profa. Dra. Maria Aparecida Resende Ottoni, e vinculada ao Grupo de
Pesquisas e Estudos em Análise de Discurso Crítica e Linguística Sistêmico-Funcional do
Instituto de Letras e Linguística da UFU. Nosso objetivo é investigar como o homossexual é
representado e identificado discursivamente e como ele se representa e se identifica em três
edições da revista Veja: 1636, 1838 e 2164, dos anos 2000, 2003 e 2010, respectivamente.
Para isso, nosso aporte teórico são os construtos da Análise de Discurso Crítica
(FAIRCLOUGH, 2001, 2003; CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999) e alguns estudos sobre
identidade de gênero e homossexualidade (LACAN, 1999; FREUD, 1972; FOUCAULT, 1990;
BUTLER, 2003; BOURDIEU, 1999; SUPLICY, 1983). A metodologia de pesquisa é baseada nos
pressupostos da pesquisa qualitativa (BAUER & GASKELL, 2002;) e da Análise de Discurso
Crítica – enquanto teoria e método - (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999). Neste recorte,
investigamos as vozes dos homossexuais incluídas e atribuídas especificamente e como
representam o homossexual e a homoafetividade. A análise da recontextualização das vozes
dos homossexuais nas três reportagens contribui para desvelar a defesa, por parte dos
produtores das reportagens especiais, de uma evolução geracional direcionada para uma
atitude de aceitação da homoafetividade. Nesse sentido, há uma construção de uma
representação da homoafetividade como natural e não mais como um problema, nos tempos
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atuais, o que implica fim de conflitos e de preconceitos experimentados por gerações
anteriores. Dessa forma, projeta-se uma representação que não condiz com o real e que
camufla problemas graves ainda em evidência em nossa sociedade, pois ainda assistimos a
muitos crimes de ódio que fazem como vítimas os homossexuais.
DISCURSO E VARIAÇÃO: PROPOSTA DE ANÁLISE DOS ITENS LEXICAIS “SEIO”, “PEITO”
E “MAMA”.
Marcelo Cesar Cavalcante (ERA-PUC-SP)
[email protected]
Por não ser um fenômeno isolado, a linguagem pode ser estudada sob diferentes aspectos:
cognitivo, social, psicológico, ideológico, etc. Este trabalho tem como pressuposto que a
linguagem não serve apenas para transmitir informação, mas, principalmente, para
influenciar, seduzir, emocionar, suscitar estados de alma ou paixões e provocar uma ação. A
linguagem é instrumento de persuasão, de argumentação, enfim. O elemento retórico está
colado ao discurso. Nessa apresentação, pretende-se mostrar como os itens lexicais “seio”,
“peito” e “mama “proferidos pelos sujeitos que são entrevistados numa pesquisa
geolinguística não são escolhas aleatórias ou descontextualizadas. A linguagem reflete e
refrata as escolhas de um sujeito que, por sua vez, está situado numa história, num espaço
social, numa cultura, e que é influenciado por outros discursos e expressa suas preferências,
escolhas, opiniões, crenças, valores, ideologias sobre um determinado assunto ou objeto. E,
também, recorre a uma memória discursiva, que faz parte do interdiscurso. A linguagem é
orientada pela visão do mundo, expressa emoções, ideias, propósitos, desejos norteados
pela realidade social, histórica e cultural do sujeito. As variações realizam-se influenciadas
por aspectos de ordem diversa. Esses itens lexicais que são mencionadas pelos sujeitos em
resposta ao questionário semântico-lexical não são proferidas de modo isolado, mas num
momento e espaço específicos e representam a reprodução do contexto de fala dos sujeitos.
Nesse espaço há, portanto, sujeitos que exercem uma atividade discursiva. Esses sujeitos
estão inseridos numa comunidade linguística e produzem discursos que refletem
sentimentos, crenças e valores relacionados num dito sócio-histórico, caracterizando em
saber-fazer discursivo. Pensar a linguagem fora do contexto histórico, social, cultural,
ideológico é tratá-la de forma redutora e incompleta.
A ESPETACULARIZAÇÃO DA MORTE DE MICHAEL JACKSON: A REPRESENTAÇÃO DO
FATO E DO ATOR SOCIAL EM GÊNEROS DA ESFERA JORNALÍSTICA
Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU)
[email protected]
Desde o momento em que se soube da morte de Michael Joseph Jackson, esse fato foi
transformado em espetáculo e as suas cenas foram reproduzidas, recontextualizadas e
transformadas de diferentes modos como forma de informação e de entretenimento. Isso
contribuiu para a construção de representações diversas tanto do fato quanto do ator social
Michael Jackson. Nosso objetivo neste estudo, que corresponde a um recorte da pesquisa
“Os gêneros da mídia impressa: a representação de fatos e de atores sociais”, fomentado
pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), é analisar a
representação discursiva desse ator social e de sua morte em textos de gêneros do
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jornalismo informativo (notícia e reportagem) e opinativo (editorial, artigo de opinião e carta
do leitor). Nosso aporte teórico são os pressupostos da Análise de Discurso Crítica,
especialmente a proposta de Fairclough (2003) de abordagem do significado
representacional e a de Van Leeuwen (1997) para a análise da representação dos atores
sociais. A análise quali-quantitativa, de cunho analítico-descritivo, revelou que nos gêneros
do jornalismo informativo há mais nomeação que classificação e, nos gêneros do jornalismo
opinativo, acontece o contrário. Essa classificação é específica e se realiza especialmente pela
funcionalização e pela avaliação. Revelou, ainda, o predomínio de representação de modo
ativo. Identificamos, nos gêneros notícia, reportagem e artigo de opinião, uma mescla de
representação positiva e negativa do ator social, construída por meio de referências tanto em
termos experienciais quanto em termos interpessoais e por meio da intertextualidade
manifesta, em que os produtores incluíram vozes e dizeres que resultaram na construção de
diferentes representações. Já no editorial, o foco recaiu nos dramas vivenciados por Michael
Jackson na esfera pública e na privada, sua crise identitária, sua rejeição à “negritude”, o que
atua na produção de uma representação identitária enfraquecida para o ator social. Tal
representação é oposta à presente na carta do leitor.
O GOVERNO DILMA: CINCO DIFERENTES OLHARES SOB A PERSPECTIVA DA
LINGUÍSTICA SISTEMICO-FUNCIONAL
Patrick Giovane Knup (UNIP-SP)
[email protected]
Mirela M. Aleixo Ueda (UNIP-SP)
Caroline C. M. dos Santos (UNIP-SP)
Élide Garcia Silva Vivan (PUC-SP)
[email protected]
Este trabalho objetiva analisar como a Presidente Dilma Rousseff é representada pelos cincos
jornais mais vendidos no Brasil. Nesse sentido, o trabalho fundamenta-se na Linguística
Sistêmico-Funcional (LSF), Halliday (1994/2004) que trata do funcionamento da linguagem
em seu contexto, considerando a linguagem como um sistema probabilístico, no qual as
escolhas feitas pelos usuários de uma determinada língua não ocorrem por acaso, mas de
acordo com os contextos cultural e situacional. A partir dessas considerações, o presente
trabalho estuda os dados em seu contexto de uso; observa-os quantitativamente, com o
suporte do software AntConc e analisa-os qualitativamente por meio da LSF. O corpus do
estudo constitui-se de 1723 notícias referentes à Dilma no período de janeiro de 2011 a
junho de 2012. A pergunta geral da pesquisa é: como a presidente Dilma e representada nos
cincos jornais e qual e o posicionamento dos jornais em relação a presidente e/ou seu
governo. Para respondê-la, no âmbito da metafunção ideacional, foi analisado o processo
relacional (ser) e da Metafunção Interpessoal buscamos entender a relação e interação dos
participantes no que se refere ao Governo Dilma. Os resultados encontrados, especialmente
em relação ao uso do processo relacional, mostram que independentemente do jornal e de
sua região, os jornais raramente se posicionam quando o assunto é a Presidente ou o seu
Governo. Os verbos modais foram usados em sua maioria no sentido de manifestar certa
inclinação a uma proposta apresentada, isentando o jornal quanto à responsabilidade frente
ao discurso.
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IDENTIDADES DE ESTUDANTES DE INTERCÂMBIO EM TRANSFORMAÇÃO
Tania Regina de Souza Romero (UFLA)
[email protected]
Bruna da Silva Campos (Graduanda em Letras - UFLA)
[email protected]
Atualmente, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e cambiante de
possíveis identidades (Hall, 1999), com as quais podemos nos identificar, embora
temporariamente. Com o crescente deslocamento de pessoas, ocasionado pela globalização,
a questão identitária torna-se foco de novos questionamentos, uma vez que há um
acirramento da desarticulação de estabilidades, abrindo novas possibilidades de articulações
para a criação de novas identidades que são afetadas por contextos que extrapolam limites
regionais e nacionais. Um exemplo desse deslocamento e da criação de novas identidades é
o Programa de Mobilidade Mercosul (PMM) que possibilitou a um grupo de graduandos da
Universidade Federal de Lavras a chance de conhecerem e se envolverem com diferentes
identidades e, dentro desse processo, tornarem-se novos sujeitos. O propósito desse estudo
é entender as transformações vividas por esse grupo de estudantes que tiveram sua primeira
experiência no exterior proporcionada por esse programa. Com o intuito de identificar tais
transformações na linguagem, lançamos mão de ferramentas disponibilizadas pela Gramática
Sistêmico Funcional (GSF) que entende a linguagem como um instrumento de interação
social, empregada pelos indivíduos com o objetivo principal de construir significados entre
interlocutores reais (Halliday, 1994). Dentre os vários recursos oferecidos pela GSF, optamos
pela teoria da avaliatividade que enfoca posições de valor, filiações ou distanciamento de
comunidades ideológicas (Martin e White, 2005). Os dados foram coletados por meio de
questionários respondidos pelos intercambistas e entrevistas gravadas e transcritas. O corpus
foi categorizado com o propósito de se identificar transformações identitárias em diferentes
aspectos culturais e especificamente quanto à aprendizagem de língua adicional (Block,
2007). Os resultados evidenciam transformações prioritariamente no que concerne visão de
mundo e abertura para novos valores, entendidos como altamente positivos, bem como a
relevância da busca por integração nas novas culturas para promover a aprendizagem do
espanhol.
GT 20 - PESQUISAS EM FONOLOGIA, VARIAÇÃO E MUDANÇA NO PORTUGUÊS
BRASILEIRO
Coordenadora:
Profa. Dra. Gisele da Paz Nunes (UFG)
[email protected]
As diversas pesquisas com dados de fala e escrita realizadas no Brasil com o objetivo de
caracterizar a variedade do português brasileiro é, de fato, um dos objetivos da linguística no
Brasil. Dito isto, observamos os projetos e banco de dados em andamento como o projeto
NURC (Projeto da Norma Urbana Oral Culta do Rio de Janeiro) que desenvolve estudos com
o objetivo da elaboração de uma gramática da língua falada ou pensa a variação e mudança
no português arcaico com base em um corpus do século XIV. Em se tratando de dados de
fala são destacados outros projetos como VARSUL (Variação Linguística na Região Sul do
Brasil) que dá conta da região sul considerando as etnias presentes naquele lugar. O VALPB
(Variação Linguística no Estado da Paraíba) cuja proposta é pesquisar a realidade linguística
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da comunidade de João Pessoa a fim de desenvolver estudos visando subsidiar o ensino de
Língua Portuguesa em todos os níveis e estabelecer comparações com outros estudos
realizados salientando as divergências dialetais, bem como as semelhanças. O projeto ALIP
(Amostra Linguística do Interior Paulista), não muito diferente dos projetos já citados tem a
preocupação de registrar e, posteriormente, caracterizar uma variedade do Português falado
no interior do Estado de São Paulo, hoje encontra-se em andamento na UNESP de São José
do Rio Preto. Há um significativo número de pesquisas não citadas aqui, no entanto, as já
referendadas testemunham a importância de uma linha de pesquisa denominada
sociolinguística cujo objetivo é o estudo da língua em uso dentro da comunidade de fala,
levando-se em consideração os diversos fatores para a ocorrência da variação e mudança
linguística. Sendo assim, a proposta desse Grupo Temático é reunir pesquisadores
interessados na descrição e interpretação de fenômenos variáveis no português brasileiro
discutindo trabalhos - concluídos e/ou em andamento - que focalizem a variação e a
mudança linguística tanto de uma perspectiva sincrônica quanto diacrônica. Na perspectiva
sincrônica, os trabalhos embasados nos pressupostos teórico-metodológicos da
Sociolinguística laboviana cujo precursor é Labov (1972) com estudos sobre fenômenos
linguísticos variáveis que podem ser indicadores de mudança linguística em progresso ou de
variação estável, podendo enfocar também comparações interdialetais. Na perspectiva
diacrônica, enquadram-se trabalhos de mudança linguística que objetivam explicar
fenômenos de estados atuais das línguas naturais. O objetivo principal do GT é criar um
espaço de discussão sobre as diversas pesquisas que estudam a constituição de uma
variedade linguística brasileira. Além disso, os trabalhos podem ou não ter enfoque na
Fonologia.
O PROCESSO VARIÁVEL DO ALÇAMENTO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NO
MUNICÍPIO DE ARAGUARI-MG
Dayana Rúbia Carneiro (FAPEMIG-UFU)
[email protected]
Este trabalho consiste em analisar dados de fala, dos moradores do município de AraguariMG, em nomes (substantivos e adjetivos) a fim de descrever a variação existente na
realização das vogais médias pretônicas, considerando-se, nesse propósito, fatores
linguísticos e extralinguísticos que pudessem motivar as diferentes manifestações dessas
vogais. Para tanto, foram entrevistados 24 informantes selecionados pelo método aleatório
estratificado. Para a análise estatística dos dados foi utilizado o software GoldVarb. O corpus
foi constituído por 4191 ocorrências, sendo 2709 realizações da vogal /e/ e 1482 da vogal
/o/. Nossos dados mostraram que o processo de alçamento das vogais médias pretônicas é
variável e se dá por meio de uma assimilação, desencadeada por uma vogal alta
imediatamente seguinte à pretônica. No entanto, nem todos os casos de alçamentos
registrados encaixam-se nessa descrição, e as vogais pretônicas também sofrem assimilações
desencadeadas pelas consoantes a elas adjacentes. Por vezes, os fatores que favorecem o
alçamento de /e/ não favorecem o de /o/. Ainda constatamos que embora o alçamento das
vogais médias pretônicas seja bastante comum, as variantes mais empregadas são as médias
[e] e [o].
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OS PROCESSOS FONÉTICOS/FONOLÓGICOS ADVINDOS DA AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM E QUE PERMANECEM EM TEXTOS ESCRITOS DE ALUNOS DO ENSINO
MÉDIO
Dóbia Nascimento (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Gisele da Paz Nunes (UFG-CAC)
[email protected]
O estudo dos processos fonéticos/fonológicos que influenciam a aquisição da escrita se faz
importante porque durante anos a escrita não possuía uma sistematização ortográfica, de
maneira que todos os falantes de uma mesma língua não conseguiam se manifestar, por
escrito, de uma maneira uniforme, era possível então, nesse tempo, que uma mesma palavra
fosse escrita de maneiras diferentes por pessoas diferentes. Então, uma palavra que
possuísse uma letra com som de s poderia ser representada ortograficamente por s, ss, c ou
ç, que são letras que podem, em diversas situações, representar tal som. Com o intuito de
padronizar a escrita foi criada, então, a ortografia. A ortografia surge por uma convenção
social, ou seja, uma necessidade que as sociedades possuem de estabelecer uma regra única
para escrita de cada língua, o que significa dizer que não há nenhuma relação concreta entre
os sons e as formas gráficas das letras. Assim surgem as dificuldades ortográficas no
momento da aquisição da escrita que está para a criança como uma reprodução da fala, o
que justifica o fato de que nessa ocasião o aprendente da transposição da língua falada para
a escrita o faça de maneira a obedecer às convenções fonéticas/fonológicas. Diante disso
podemos encontrar, na análise dos textos, aspectos inadequados para a ortografia, tais
como: assimilação progressiva e regressiva (enteresse/interesse); epêntese (mais/mas);
apagamento (facudade/faculdade); metátese (problema/problema); sândi (derrepente/de
repente); elevação da altura da vogal (dissi/disse); erros na escrita (troca de letras, variação
linguística, acentuação gráfica). O mais instigante é que é possível perceber que muitos dos
falantes/escreventes da língua ainda conservem tais problemas ortográficos em seus textos
escritos produzidos ao longo dos anos escolares, inclusive no terceiro ano do Ensino Médio,
última série cursada por eles antes de, se desejarem, adentrarem o Ensino Superior e que,
teoricamente, e segundo expectativas de aprendizagem apresentadas pelo governo em seus
manuais que regem a rede regular de ensino, já não mais deveriam conservar.
O CORPUS EM VARIAÇÃO: DIFICULDADES E IMPASSES NA PESQUISA
SOCIOLINGUÍSTICA
Flávia Freitas de Oliveira (PMEL–UFG–CAC)
[email protected]
A língua é, de fato, um organismo vivo como observamos na constante variação e mudança
que resulta em diferentes formas linguísticas. Para investigar a variação presente nessa
língua é necessário a obtenção de um corpus constituído por dados de fala vernacular, ou
seja, um corpus em variação observado na fala corriqueira dos falantes da língua. Os
pressupostos teóricos da Sociolinguística, principalmente, a teoria Variacionista Laboviana,
contribuem para a fundamentação teórico-metodológica de uma pesquisa com esse tipo de
corpus, além de estabelecer técnicas de pesquisa analítico-descritiva com o objetivo de
analisar os dados da fala espontânea. Assim, para investigar os dados de fala a metodologia
empregada passa por etapas obrigatórias, a saber: coleta e transcrição dos dados; redução e
apresentação de dados; interpretação e explicação de dados. Tais fases apresentam algumas
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problemáticas que podem ser colocadas nesse GT, principalmente, em relação à fase da
coleta de dados cuja finalidade é perceber se os dados da amostra são representativos da
população geral. O pesquisador Guy (2007) ressalta a importância de se “confiar em uma
amostra dos dados possíveis”. São esses dados possíveis que nos trouxeram a esse texto.
Sendo assim, o presente texto surgiu diante das inúmeras dificuldades com relação a
obtenção dos dados de fala a serem pesquisados na investigação das vogais médias
pretônicas [e,o] precisamente em Catalão, município localizado no sudeste goiano. Sendo
assim, nesse GT queremos compartilhar sobre a fase de coleta de dados e os entrevistados
os quais denominamos informantes. A pesquisa sociolinguística só se faz possível com a
colaboração dos informantes, mesmo diante das dificuldades sobre a observação,
transcrição, descrição e análise dos dados, Labov (2008) diz ter uma dívida com os seus
informantes, pois são eles que compartilharam com o pesquisador mais que formas
linguísticas em variação a serem analisadas, transformaram as próprias experiências em
linguagem para o benefício da pesquisa linguística.
PROCESSOS FONOLÓGICOS DESENCADEADOS PELA SÍNCOPE EM PROPAROXÍTONAS
Giselly de Oliveira Lima (PPGEL-UFUFAR-SME)
[email protected]
Estudos sobre vogal postônica, em palavras proparoxítonas, têm muito a oferecer à
linguística descritiva e variacionista. Embora as proparoxítonas sejam minoria no léxico
brasileiro, estas oferecem vários contextos para análises e discussões. Assim, os processos de
mudança, nestas palavras, podem ser observados no momento sincrônico, bem como é
possível encontrar exemplos no processo evolutivo da língua. Isso significa que,
diacronicamente, os processos históricos que fizeram parte da evolução do Latim para o
Português continuam atuantes. A síncope é um bom exemplo, por se tratar de uma regra
que teve sua origem no Latim vulgar e que continua atuando nas proparoxítonas, no caso
desta pesquisa, no Sudoeste Goiano. Diante do exposto, com o objetivo de verificar os
efeitos da síncope nas palavras com acento antepenúltimo, adotamos dois modelos teóricos
da Fonologia Métrica: um para o tratamento da sílaba, proposto por Selkirk (1982) e outro
para o tratamento do acento, proposto por Hayes (1995). Com base nesses modelos teóricos,
foram analisados três processos fonológicos entre os que a síncope desencadeia:
assimilação, ressilabação e reestruturação do pé. Assim sendo, pelo processo de ressilabação,
o segmento consonantal da sílaba postônica é incorporado à coda da sílaba tônica, ou,
então, ao ataque da sílaba átona final. Esse processo provocou a reestruturação do pé,
transformando palavras proparoxítonas em paroxítonas. No processo de assimilação, um
segmento pode assimilar características do segmento precedente “cócega > cóska”
(assimilação progressiva) ou assimilar características do segmento seguinte “físico > fisco”
(assimilação regressiva). Contudo, o fenômeno investigado direcionou, também, para uma
análise seguindo os pressupostos da sociolinguística. Dessa forma, sob a ótica da Teoria
Variacionista, analisaram-se, estatisticamente, as variáveis linguísticas e extralinguísticas que
favorecem a síncope.
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UTILIZAÇÃO DE NORMAS ORTOGRÁFICAS DO PORTUGUÊS EM INSCRIÇÕES
TUMULARES NOS CEMITÉRIOS DO ESTADO DE GOIÁS
Paula de Campos Morais (PMEL-UFG-CAC)
[email protected]
Gisele da Paz Nunes (UFG-CAC)
[email protected]
As dificuldades encontradas no ato de escrita do português estão relacionadas com seu
sistema ortográfico, o qual não é fonético. Isso faz com que os sons produzidos no ato da
fala não sejam correspondidos, única e exclusivamente, às suas representações escritas. No
entanto, a evolução da língua falada, por fazer parte do cotidiano e se adaptar frente às
necessidades, é mais ágil, gerando distanciamento da pronúncia com a grafia. Desde o início
do século XX a questão da unificação ortográfica da língua portuguesa já era pensada,
pretendendo estabelecer um modelo de ortografia a ser usado em publicações oficiais e no
ensino. Entretanto, faz-se necessário ressaltar que este tipo de unificação é apenas
ortográfico, restringindo-se somente à língua escrita, não influenciando na pronúncia típica
dos países interessados na mencionada unificação. A chamada “ortografia padrão” auxiliará
na interação cultural entre os países que tem o português como língua oficial, uma vez que a
mesma, de acordo com estudos, é a quinta língua mais no mundo. Diante disso, a partir de
discussões sobre questões de ordem ortográfica em inscrições tumulares e desta pesquisa
que ora se inicia, propomos um estudo que objetiva verificar a utilização de normas
ortográficas do português em inscrições tumulares nos cemitérios do Estado de Goiás, além
de procurar responder ao questionamento: será que neste tipo de inscrição há a utilização de
normas ortográficas? Para tanto, nosso corpus será coletado em cemitérios da zona urbana
dos municípios de Catalão, Inhumas, Uruta e Acreúna, os quais foram elevados à categoria
de município dentro dos principais períodos da ortografia portuguesa no Brasil, levando em
consideração a hipótese de que as inscrições tumulares como manifestações escritas
apresentam desvios à norma ortográfica vigente à época de sua escrita.
A NOVA REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA CONTEXTUALIZADA
Talita Alves da Costa (UFG-CAC)
[email protected]
Daiane Alves (UFG-CAC)
Este projeto surgiu no momento do Estágio, e teve como mote de trabalho esclarecer aos
alunos do Ensino Médio sobre a Nova Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa em nosso
país, em específico, sobre o uso do hífen e do trema. Elegemos como principais objetivos:
fazer com que o aluno tome conhecimento de que existe uma nova reforma ortográfica da
língua portuguesa e saber usá-la no seu cotidiano; esclarecer os alunos em relação às
dúvidas existentes sobre a nova reforma ortográfica; promover a criação de relações com a
linguagem utilizando a nova reforma de modo que os alunos a debatam por meio da leitura
de textos que tragam novas perspectivas, políticas e sociais, sobre os usos da língua
portuguesa. O respectivo projeto abordou questões da língua relacionadas aos textos
publicados em revistas, jornais e internet. Em especial, foi desenvolvido um trabalho de
esclarecimento sobre o uso do hífen e do trema e a utilização dessa pontuação na escrita
com o intuito de incentivo à escrita e à leitura.
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Pôsteres
O IMAGINÁRIO BRASILEIRO DOS ESTUDANTES INTERCAMBISTAS EUROPEUS E
AFRICANOS E SUA RELAÇÃO COM O APRENDIZADO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Adriano Henriques Lopes da Silva (UFU)
[email protected]
A pesquisa apresentada é um estudo preliminar que leva em consideração discussões de
alguns tópicos referentes à representação, discurso e identidade, associados a três suportes
de análise, a representação de Brasil, os dizeres de alunos em mobilidade internacional e a
representação de Língua Portuguesa. Calcado na teoria da Análise do Discurso e buscando
suporte teórico em seus conceitos é que surge esta pesquisa, pois acredita-se que a partir
dos discursos globalizados que apontam o Brasil como país promissor, cresceu o número de
estudantes estrangeiros interessados em estudar no país, porém com a ausência de dados
sobre suas motivações o importante será entender um pouco mais como esse processo tem
acontecido quando o estudante opta por vir estudar no Brasil, e efetivamente passa a morar
no país. Para tanto, o trabalho se restringirá aos estudantes estrangeiros (Africanos e
Europeus) que estão em processo de mobilidade internacional na Universidade Federal de
Uberlândia e que não possuam o Português como língua materna. Assim, o objetivo é
entender se de alguma forma a representação do país associa-se ao processo de
aprendizagem de Língua Portuguesa em algum momento e quais os desdobramentos do
imaginário de Brasil para esse processo.
O VOTO NO BIG BROTHER BRASIL: UM GÊNERO ENTRE O JOGO E A CASA
Arthur Ribeiro Costa e Silva (PIBIC-CNPq-UESPA)
[email protected]
Esta pesquisa propõe uma análise do Big Brother Brasil enquanto esfera da comunicação
discursiva, focalizando o gênero voto. O reality show é definido como um gênero televisivo
híbrido de diversos outros gêneros televisivos já consagrados e de grande aceitação pelo
público, que faz uso de uma convergência de tecnologias para a interação com o público,
acentuando a identificação deste com os eventos do programa. A casa organiza um núcleo
familiar entre os participantes. Na descrição da votação e do gênero voto, encontramos a
centralização na figura do apresentador, configurando uma força centrípeta padronizadora
dos enunciados. Quanto ao endereçamento do enunciado, as condições de interação
apontam para um direcionamento para o público do programa. Os participantes enunciam
com vistas a mostrar fatos, se explicar, persuadir, etc. O terceiro tópico é a constituição dos
votos em uma tensão entre duas formas ideológicas, que são o programa enquanto
competição entre os participantes pelos prêmios, materializado linguisticamente no signo
jogo, e o programa enquanto constituição de um núcleo familiar de convivência,
materializado no signo casa. Essas formas se refletirão no enunciado linguístico de maneira
que os participantes remeterão à casa quando falarem de relações de amizade e ao jogo
quando falarem de relações de poder. A última parte é a análise linguística do voto, que
dividimos em seis componentes: introdução, declaração de voto, remetência/interpelação,
amenização, justificativa e conclusão. Pudemos concluir que o voto se constitui como um
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
235
III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
gênero singular na esfera do programa, à medida que reflete as condições de interação
dispostas nele. O programa invoca signos ideológicos, relacionados à conjuntura sóciohistórica no qual surge, que figurarão no enunciado linguístico em reflexão e refração dessas
condições de produção.
FANTÁSTICAS SIMBOLOGIAS:
PERSONAGENS FEMININAS NA FICÇÃO DE AUGUSTA FARO
Camila Aparecida Virgílio Batista (UFG-CAC)
[email protected]
Luciana Borges (UFG-CAC)
[email protected]
Neste trabalho temos como objetivo apresentar alguns tópicos referentes ao
desenvolvimento dos estudos relacionados à Literatura de autoria feminina produzida em
Goiás, a partir da obra da escritora Augusta Faro, A Friagem (2000). Tentaremos evidenciar e
compreender as relações de gênero em meio a uma constante elaboração e reelaboração de
símbolos femininos que as constituem, bem como o processo de elaboração das
personagens femininas, considerando também a utilização dos elementos fantásticos. Para
realização deste trabalho, foi feita a seleção do corpus de análise entre os textos ficcionais da
autora, explicitamente o conto A Friagem, que também é utilizado para intitular o livro. O
conto foi analisado a partir de pressupostos teóricos que abordam conteúdos sobre estudos
de gênero e de obras de autoria feminina, como Butler (2003), Bourdieu (2007), Colasanti
(1997), entre outros, e estudos críticos de obras femininas goianas. Esperamos, com este
estudo, contribuir para a discussão teórica sobre a literatura produzida em Goiás e para dar
maior visibilidade à obra da escritora goiana no contexto nacional.
TRADIÇÃO E ESPETACULARIZAÇÃO NA FESTA DO ROSÁRIO DE CATALÃO: UMA
PROPOSTA DE VOCABULÁRIO DO TERNO “MOÇAMBIQUE MAMÃE DO ROSÁRIO”
Cássio Ribeiro Manoel (UFG-CAC)
[email protected]
Maria Helena de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
Pretende-se, nesse estudo, tratar da história da congada de Catalão-GO, mostrando um
pouco da diferença da festa em Louvor a Nossa Senhora do Rosário, do século XX para os
anos mais atuais do mesmo acontecimento, destacando dentro dos rituais dessa festa o
terno de Moçambique Mamãe do Rosário, trazendo um vocabulário de palavras sobre os
instrumentos e vestimentas, dentre outros objetos e rituais que os dançadores usam e fazem
durante os festejos. A festa possui vários acontecimentos que são vividos em momentos
específicos, como os três últimos dias dos festejos (o dia do levantamento do mastro, o dia
da festa e o dia da entrega da coroa), que se tornam, dentre os onze dias de festas, os mais
importantes. O valor dado aos festejos tradicionais no século XX, mais precisamente por
volta do ano de 1975, foi bem mais visível do que nos anos atuais, mas podemos perceber
que a devoção ainda se perpetua. Com o intuito de perceber as possíveis mudanças no valor
às tradições do festejo, organizaremos um vocabulário do terno Moçambique Mamãe do
Rosário, a partir de uma pesquisa de campo, indireta, feita com o Capitão do Terno,
III SINALEL
Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
procurando conhecer as tradições, as vestimentas, as cores e os instrumentos usados pelos
dançadores. Para compor o vocabulário, seguiremos as lições da lexicografia expostas em
Biderman (2001).
CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS NO ENSINO DE LINGUAGEM EM UM CONTEXTO
SOCIOINTERACIONAL
Elenilce dos Santos Oliveira Santiago (UnirG)
[email protected]
Erivaldo Pereira Lima (UnirG)
[email protected]
Esse trabalho contempla uma das ações do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
Docência UnirG, o qual tem como foco principal aperfeiçoar a formação dos licenciandos
que assumem a docência na área de Letras, oportunizando-lhes vivências pedagógicas.
Desse modo, o presente trabalho aborda algumas considerações a partir dos estudos
realizados por Antunes (2010) em seu livro “Muito Além da Gramática”, no qual se verifica
ponderações relevantes sobre o ensino de língua e gramática. As propostas teóricas
originam-se pelas reflexões de Bagno e Bortoni-Ricardo, ao focalizar as diferentes
possiblidades de se trabalhar aspectos comuns entre essas teorias, visando explicar o objeto
de estudo de língua e gramática, pois para analisarmos um texto apenas o conhecimento da
gramática não é suficiente, sendo necessário levantar estratégias que envolvem todo um
conhecimento de mundo, linguístico, enciclopédico, literário e estabelecer relações
dialógicas com elementos extralinguísticos. Nesse sentido, busca-se desenvolver um trabalho
docente com práticas de ensino de caráter interdisciplinar, compreendendo uma abordagem
relacional, com interconexões entre os conhecimentos adquiridos na graduação e a sua
manifestação através de relações de complementaridade, convergência ou divergência,
promovendo atitudes que pautam pela cultura do diálogo. Desse modo, nas atividades do
PIBID, busca-se desenvolver estratégias de ensino de linguagem. Portanto, adota-se uma
abordagem enunciativa e sociointeracional, analisando as escolhas linguísticas responsáveis
pela construção de sentido, ao considerar os elementos da situação de produção,
envolvendo o aluno no processo de construção de ensino aprendizagem. Nesse sentido,
espera-se ampliar sua capacidade de refletir, sobre a utilização da língua como instrumento
de interação social, mediante compreensão, análise, interpretação e produção de textos,
propiciando desenvolver habilidades e competências que fortaleçam a promoção integral do
educando, possibilitando a conscientização de seu papel social e de seu direito à cidadania
plena, como um exercício constante de aperfeiçoamento e busca de resolução de problemas.
A ALEGORIA DA RESISTÊNCIA NA OBRA: “A FESTA” DE IVAN ÂNGELO
Emanuella Luchesy Cunha Silva (UESPI)
[email protected]
A produção cultural brasileira sofreu grande impacto com o golpe de 64, pois os militares
reprimiam todos os direitos constitucionais, deixando muitos artistas inertes da realidade
daquela época, e a literatura e outras formas de arte começaram a evidenciar sinais de
enrijecimento. Essa realidade só se transformou pós 1975 quando a literatura começou a
denunciar a repressão e o autoritarismo militares. Nesse contexto, os escritores, para que
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Caderno de Resumos e Programação
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
suas obras não fossem confiscadas pelo governo, utilizavam artifícios para descrever de
forma implícita um mundo injusto. Nesse sentido, o objetivo principal desse trabalho
consiste na leitura do romance “A festa”, de Ivan Ângelo, circunscrito nesse momento
histórico, no intuito de elencar os procedimentos e formas literárias mesclados pelo autor
em sua obra para denunciar o autoritarismo através da resistência e a alegoria presentes na
referida obra. Para isso utilizamos como base teórica as concepções de Cândido (1979),
Oliveira (2008), Bosi (2002), dentre outros. Como resultados prévios, observamos que a
referida obra tem o intuito de verificar os procedimentos e formas literárias mesclados pelo
autor para denunciar o autoritarismo através da resistência e a alegoria presentes na referida
obra. Estas formas são encontradas no texto com a finalidade de revelar a situação vivida no
país, sua fragmentação, o autoritarismo reinante e dominante da época.
GRAMATICALIZAÇÃO DE CONSTRUÇÕES EM PORTUGUÊS BRASILEIRO: UM ESTUDO
ACERCA DAS CONSTRUÇÕES PARATÁTICAS PERIFRÁSTICAS
Érica Rogéria da Silva (UFU)
[email protected]
Este trabalho pretende demonstrar os resultados obtidos com a pesquisa de iniciação
científica cujo objetivo foi a realização da descrição e a análise de um tipo particular de
construção na modalidade falada do português brasileiro (PB), ampliando os estudos
realizados anteriormente em Rodrigues (2006). As construções paratáticas perifrásticas
(CPPs) caracterizam-se por uma sequência mínima de dois verbos, V1 e V2, sendo que a
posição V1 é preenchida pelos verbos ir, chegar ou pegar e V2 é relativamente livre. V1 e V2
partilham sujeito e flexões de tempo e pessoa, podendo ou não ser interligados pela
conjunção e. A pesquisa foi realizada a partir de uma análise quantitativa das ocorrências de
CPPs no PB, coletadas do corpus do Projeto Alip (Amostra Linguística do Interior Paulista).
Como na ocorrência (1): (1) Eu fui embora na hora/ na hora da saída peguei e fui embora
direto nem:: nem fiquei lá depois eu fiquei saben(d)o... que elas tinha briga::do… As
ocorrências encontradas no corpus nos mostraram que além dos verbos ir, chegar e pegar
investigados por Rodrigues (2006), os verbos catar e virar também podem ocupar a posição
V1 nas CPPs no PB, como em (2) e (3), respectivamente: (2) (...) num ia ficá(r) ninguém dentro
do carro... nisso... ele catô(u) e pediu po D. de novo a menina num queria be(i)já(r) ele ele
pediu pro D. dá(r) a direção pra ele... (3) Como que cê é o que cê me mandô(u) (que num sei
quê)” –ele virô(u) e falô(u) assim – “ah mas o celular num tava comigo tava c’a minha
namora::da” A pesquisa desenvolveu-se no âmbito do projeto “Gramaticalização de
construções em línguas românicas: um estudo comparativo”, coordenado pela professora
Dra. Angélica Rodrigues e contou com o apoio financeiro da FAPEMIG (Projeto SHAAPQ00681-09).
OPERAÇÕES LINGUÍSTICAS DURANTE A REESCRITA DE UM TEXTO INFANTIL
Emerson Gonzaga dos Santos (Mestrando em Linguística-UFC)
[email protected]
O objetivo central deste estudo é investigar o(s) processo(s) de revisão e reescrita de uma
criança da terceira série de escola pública a partir da produção de um texto narrativo do
gênero conto de fadas. Além disso, almeja-se levantar reflexões sobre a importância da
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
revisão e reescrita como fases essenciais no processo de ensino/aprendizagem da habilidade
escrita focando não somente na forma, mas também no conteúdo do texto. Pretende-se
analisar assim as retificações realizadas do texto final (reescrito) em contraste com o texto
inicial com base em quatro categorias de análise sistematizadas por Fabre (1986): acréscimo,
supressão, substituição e deslocamento. Esta pesquisa trata-se de um estudo de caso sem
pretensões de generalizar dados por ter levado em consideração apenas a produção de uma
participante, portanto uma pesquisa de cunho qualitativo-descritiva. Os dados mostraram
que as operações linguísticas levadas em consideração neste estudo ocorreram na seguinte
ordem de frequência: substituição-acréscimo-supressão-deslocamento. Das retificações
realizadas, 83 % tornaram o texto reescrito mais adequado do ponto de vista da forma e
conteúdo. É muito importante que o professor tenha em mente que trabalhar só no
conteúdo ignorando a forma ou só forma e ignorando o conteúdo do texto é no mínimo
ineficaz. Espera-se que os dados obtidos com esse artigo nos leve a refletir um pouco mais
sobre processos de revisão e reescrita de crianças ainda no começo da sua vida escolar, isto
é, o ensino fundamental.
A DINÂMICA DAS RELAÇÕES ENTRE O JOGO ELETRÔNICO E O JOGADOR SOB UMA
PERSPECTIVA CULTURAL
Fabian Antunes Silva (Mestrando em Ciências da linguagem - UNISUL)
[email protected]
Minha pesquisa tem como objeto a dinâmica das relações entre o jogo eletrônico e o
jogador sob uma perspectiva cultural. Quais os agenciamentos solicitados pelo jogo ao
jogador? Quais as formas de “ação” possíveis dentro do mundo do jogo? Há paralelo entre o
espectador do cinema ou televisão e o jogador? Como o jogador e o herói se relacionam no
jogo? É realmente possível contar histórias através dos jogos? É com base nessas e outras
perguntas que tento desenvolver meu estudo acreditando que compreender como se dão e
qual a potência dessas relações é compreender a importância desse artefato cultural e sua
realização como um novo meio para a construção de experiências ricas, complexas e
marcantes. Visto que o contínuo crescimento dos jogos eletrônicos e o seu impacto em
nossa sociedade vem se tornando algo cada vez mais expressivo e complexo – que indica
sua constante evolução3 numa variedade de formatos, suportes e tipos – é importante o
estudo atualizado do tema afim de tentarmos perceber essas mudanças e suas outras formas
de criar relacionamentos com o jogador. Em parte pela precariedade de ferramentas
próprias, mas também por conta da natureza híbrida dos jogos e por entender a cultura
como um espaço movediço e inter-relacional, meu estudo faz uso de termos e ferramentas
do cinema e das artes em conjunto com teorias da cultura e dos jogos para tentar montar
uma base mínima onde me apoiar. Metodológicamente, minhas considerações se resumem
atualmente aos jogos eletrônicos digitais baseados em ambientes “3D”4 e que apresentam a
narrativa como componente essencial de sua construção como obra.
3
Não pretendo demarcar com isso nenhum grau de superioridade ou inferioridade, mas sim as mudanças
ocorridas através das décadas em função das novas tecnologias, da ampliação do público jogador e das
mudanças culturais assumidas pelos jogos.
4
3D: três dimensões, refere-se ao modo de construção espacial do jogo que dá condições de conhecer o mundo
construído virtualmente, e seus personagens, em uma visão de 360º. Não me refiro ao efeito “3D”, tão
propagado atualmente pelos novos cinemas, que pretende “jogar” para fora da tela parte dos elementos
contruídos na projeção.
III SINALEL
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ÁUDIO LIGADO E DESMASCARAMENTO PELA LINGUAGEM: UMA ANÁLISE DO
COMENTÁRIO FEITO POR BORIS CASOY SOBRE OS GARIS
Fernanda Carolina Mendes (UFG)
[email protected]
Situações profissionais - em que o áudio do microfone de pessoas públicas fica ligado em
momento inoportuno e se ouvem comentários inesperados – acontecem eventualmente e
chamam a atenção para os processos comunicativos que as envolvem (não só a produção
em si, mas também o encadeamento de efeitos gerado). É o que ocorreu, por exemplo, em
um comentário feito no Jornal da Band, no dia 31 de dezembro de 2009, pelo jornalista Boris
Casoy em relação aos garis. De maneira sintética, esse evento pode ser descrito da seguinte
maneira: após uma vinheta em que se anunciava o sorteio da Mega-Sena, aparecem dois
garis desejando feliz ano novo; em seguida, em razão de o áudio do microfone ter ficado
ligado, ouve-se um comentário a partir do qual se entende que os garis não teriam
autoridade para pronunciar aquele ato de fala. Tal comentário teve bastante repercussão em
sítios de vídeos na internet e, no dia seguinte, Boris se retratou publicamente, pedindo
desculpas. Nesse e em muitos casos, há a impressão de um desmascaramento, ou ainda, de
uma desconstrução da imagem do enunciador frente ao público. E, nessas ocorrências, é
justamente a linguagem (mais especificamente, falada) um dos principais instrumentos por
meio dos quais se performa esse processo de desconstrução. Partindo de alguns
pressupostos teóricos da Pragmática, este trabalho tem o objetivo de analisar tal evento
comunicativo, que se propagou pela mídia brasileira, sobretudo no ano de 2009/2010, e que
foi bastante comentado, principalmente em razão dos participantes e dos papéis sociais
envolvidos. Para tanto, será usada a Teoria dos Atos de Fala (AUSTIN, 1998), a relação entre
força ilocucionária e autoridade (BORDIEU, 2008), a Teoria da Polidez (BROWN; LEVINSON,
1987) e a noção de metapragmáticas da língua em uso (SIGNORINI, 2008).
OS DIFERENTES MÉTODOS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Giovanna Bruna Medeiros Freitas (UFU)
[email protected]
Este trabalho consiste em estudar método, metodologia, abordagem e as diversas
abordagens mais conhecidas no século XIX e XX. O estudo tem como objetivo mostrar o
estudo realizado acerca das várias vertentes de metodologia de ensino de línguas
estrangeiras. Foi realizado um levantamento de dados do histórico das diferentes
abordagens existentes. Além do mais, buscar-se-á mostrar que não existe um método ou
abordagem padrão totalmente perfeito, mas que existem diferentes métodos que podem ser
aproveitados de várias maneiras a depender do contexto de ensino e das habilidades do
docente. Acredita-se que “nenhuma abordagem contém toda a verdade e ninguém sabe
tanto que não possa evoluir” (Leffa, 1988). Sendo assim percebemos que as diferentes
abordagens podem contribuir de maneiras diferentes no processo de ensino de língua.
Considerando a literatura estudada pelo grupo de estudos denominado Geavaliar orientado
pela professora Drª Maria Inês Vasconcelos Felice, criado em 2006 na Universidade Federal
de Uberlândia, este trabalho se justifica pela necessidade de realizar uma revisão dos textos
que já foram estudados por este grupo. Para tal tarefa foram selecionados textos que
abordam os temas relacionados às metodologias de ensino de línguas estrangeiras. Este será
o tema da pesquisa de iniciação científica ao qual me dedicarei no decorrer de dois mil e
treze.
III SINALEL
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
CHAPEUZINHO NOS TEMPOS MODERNOS: O IMAGINÁRIO E O DISCURSO SOBRE A
FIGURA FEMININA
Henrique da Silva Fernandes (UFG)
[email protected]
Lorena Araújo de Oliveira Borges (UFG)
[email protected]
Ludmila Pereira de Almeida
[email protected]
A primeira versão escrita de Chapeuzinho Vermelho pertence a Charles Perrault. O conto,
escrito em 1697, funcionava como um veículo portador de advertências às mulheres. Ao
longo dos séculos, a história se transforma e a figura feminina retratada no conto ganha
novas nuances. Para os fins desse trabalho, nos atentaremos a duas versões dessa imagem
feminina: a retratada por Perrault e a versão audiovisual da história, criada pela banda
Evanescence (2006) para o clipe da música Call me when you're sober. Por meio da análise
do discurso e do imaginário, pretendemos discutir de que maneira a figura feminina,
retratada no conto, se modifica ao longo dos quatro séculos que separam as duas histórias.
O conto original de Chapeuzinho Vermelho é construído a partir de imagens que retratam os
perigos que uma menina-mulher deve temer com a chegada de puberdade. O mito assume,
portanto, uma função educativa (Eliade, 1998), onde a mulher é instruída a temer o homem representado pelo lobo selvagem. A figura feminina do conto original é retratada como uma
menina “inocente” e encantadora (Bettelheim, 2002), que inevitavelmente será engolida pelo
lobo mau.Já no clipe da música Call me when you're sober (2006), da banda Evanescence, a
figura feminina está adaptada aos tempos modernos; aqui, a mulher é independente e livre,
sem medo do homem-lobo e capaz de domá-lo. É possível percebermos o choque que
existe entre as imagens femininas retratadas. Se antes a Chapeuzinho Vermelho era alguém
que precisava ser cuidada, atualmente ele é capaz de tomar conta de si mesma e escolher o
tipo de relação que quer desenvolver com o homem-lobo.
BARREIRAS ENCONTRADAS POR UMA PROFESSORA NO ENSINO DA NORMA-PADRÃO
DA LÍNGUA PORTUGUESA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA
ESTADUAL JOAQUIM DA SILVA MOREIRA
Joscemar Teixeira de Morais Júnior (UEG-Itapuranga)
[email protected]
Maria de Lurdes Nazário (UEG-Itapuranga)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é descrever e discutir as barreiras encontradas por uma professora
no ensino da norma-padrão da Língua Portuguesa (LP) nas séries finais do ensino
fundamental (EF) da Escola Estadual Joaquim da Silva Moreira (Itapuranga-GO). O propósito
é demonstrar e indagar questões negativas ligadas ao processo de ensino de língua
portuguesa, tidas neste contexto como barreiras, apresentando aspectos ineficazes que não
correspondem aos objetivos de ensino estipulados pelos PCNs. Estes focalizam a
necessidade de dar ao aluno condições de ampliar o domínio da língua e da linguagem para
o exercício da cidadania, cabendo à escola preparar esse aluno para atividades básicas como
ler e escrever, de modo a se expressar apropriadamente em diferentes situações, refletindo
sobre fenômenos da linguagem e combatendo o preconceito linguístico (BRASIL, 1998).
Contudo, os objetivos previstos se perdem na prática, fato reconhecido pelos próprios PCNs
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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
ao afirmarem que há várias questões para serem discutidas em relação ao ensino de língua
portuguesa, especificamente, no ensino fundamental. Parte daí a vontade em investigar essas
possíveis barreiras no ensino da norma-padrão da LP tendo como base teórica as discussões
da Sociolinguística Educacional. O estudo de campo será realizado na escola supracitada
com uma professora das séries finais do ensino fundamental através de observações de aulas
de LP e questionários a fim de identificar e descrever quais são de fato as barreiras
encontradas no ensino da norma-padrão nas séries finais do EF da escola em questão. A
princípio infere-se que algumas causas da deficiência do ensino materno têm origem no
próprio sistema escolar, pois, segundo Camacho (1985), a escola estaria reproduzindo as
desigualdades sociais em vez de superá-las com um ensino transformador, por valorizar uma
modalidade linguística elitizada.
A ABORDAGEM DO GÊNERO CONTO DE FADAS NA SALA DE AULA: UM RELATO DE
EXPERIÊNCIA DO PIBID
Kássia Mariano de Souza (Bolsista PIBID-CAPES- UFG-CAC)
[email protected]
Anderson Ruan da Silva (Bolsista PIBID-CAPES- UFG-CAC)
Grenissa Bonvino Stafuzza (Coordenadora PIBID-CAPES- UFG-CAC)
O grupo PIBID-UFG-CAPES do Curso de Letras Português e Inglês, com o subprojeto “Leitura
e produção textual na formação de professores de línguas”, do Campus Catalão, da
Universidade Federal de Goiás (CAC-UFG), coordenado pela Profa. Dra. Grenissa Bonvino
Stafuzza, e supervisionado pela Profa. Vânia Ribeiro Rodrigues conta com seis Pibidianos,
graduandos do Curso de Letras Português e Inglês. Conforme a proposta do subprojeto o
incentivo a iniciação à docência é realizado a partir da interação entre Pibidianos e alunos da
Escola Municipal Nilda Margon Vaz. Um dos planejamentos que foi executado na escola
trazia como tema o trabalho com gêneros textuais, com o foco no gênero conto de fadas.
Nesse sentido, os Pibidianos desenvolveram atividades versadas na língua portuguesa e
inglesa, por serem as duas línguas modalidades atuadas na habilitação do curso. Para realizar
as atividades propostas no planejamento, os Pibidianos realizaram um teatro com o tema
conto de fadas na língua inglesa e, posteriormente, os próprios alunos fizeram uma
encenação. Foram desenvolvidas atividades de descrição e interpretação do teatro com os
alunos, afim de os Pibidianos perceberem se houve entendimento da atuação e a leitura dos
alunos. Num terceiro momento, foi desenvolvido um trabalho de encenação, onde os
próprios alunos deveriam atuar a partir de cenas montadas por eles que revelassem um
conto de fadas. Na segunda atividade, os Pibidianos apresentaram aos alunos o filme
“Encantada”, sendo este, uma mistura de alguns contos de fada clássicos. Pautados no filme,
os bolsistas realizaram alguns questionamentos acerca do que se havia compreendido, além
de uma aula teórica a fim de deixar claro a origem e as principais características dos contos
de fadas. Dando continuidade, foi proposto aos alunos uma atividade de produção textual
individual que consistia em um texto com o tema sobre contos de fadas. Esta atividade foi de
grande importância, pois revelou aspectos fundamentais para que os alunos percebessem
que contos de fadas vão além de simples histórias com final feliz: os alunos compreenderam
que os contos de fadas são textos que veiculam conflitos vivenciados cotidianamente, lições
de vida e, principalmente, questões sociais.
III SINALEL
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NARRATIVIDADE, MITO E IMAGINÁRIO NOS FILMES PUBLICITÁRIOS DA NISSAN E DA
WOLKS: PERSPECTIVA DA ECOLINGUÍSTICA
Ludmila Pereira de Almeida (UFG)
[email protected]
O filme publicitário está presente no cotidiano, como sendo parte de uma paisagem
midiática de linguagem audiovisual, se caracterizando como um discurso sincrético, a fim de
naturalizar o real, tendo o sentido de torná-lo verossímil. Portanto, o corpus de nosso
trabalho será constituído por dois filmes publicitários das empresas Nissan e Wolkswagem,
nas quais denominam-se respectivamente de Nissan LEAF: Polar Bear (2010) e Pensando bem
(2005), ambas são propagandas de carros ecologicamente corretos . Com isso, nosso
objetivo geral é estudar como o narrador publicitário utiliza o código verbal, visual e o mito
para dar pertinência discursiva e narrativa a seus processos de manipulação persuasiva. Para
isso, nos apoiaremos nos conceitos da Ecolinguística, caracterizada por Fill (1996) como
necessária devido à falta de adequação ecológica dos sistemas de comunicação humanos,
partindo do princípio de que a língua não é um sistema independente e sim parte integrante
de um grande; O mito será abordado nesse trabalho segundo Gilbert Durand (2001) que o vê
como um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas que tende a se estruturar
em narrativa e por isso, quando analisando, o mito expõe uma estrutura ou um grupo de
estruturas que serve de estudo de ideologia, visões de mundo e terminologias de uma
sociedade. Consideraremos também as reflexões de Algirdas J. Greimas para nos auxiliar a
pensar sobre a noção de narratividade, que segundo ele é a forma de estruturar o
pensamento, de articular sentido num texto. Portanto, o filme publicitário é constituído de
manifestações simbólicas que permeiam todo o sentido do texto, além de possuir um
discurso ecológico que tem como finalidade principal o capital do vendedor e não
necessariamente a preservação da natureza. Logo, temos o Imaginário de uma sociedade
que valoriza mais o ter do que ser, por isso, manipula e articula seu enunciado de maneira
apropriada, ideologicamente, para persuadir seu interlocutor.
PIBID LÍNGUA PORTUGUESA/UFU: UMA PROPOSTA DE REORGANIZAÇÃO NO
AMBIENTE ESCOLAR
Maria Isabel Masini (UFU)
[email protected]
Mayara Pereira de Mello (UFU)
[email protected]
O presente trabalho deseja apresentar os resultados parciais de uma experiência realizada na
biblioteca da escola E.E. Maria da Conceição Barbosa de Souza, como parte das atividades do
subprojeto de Língua Portuguesa PIBID/UFU. A princípio, o subprojeto Língua Portuguesa
propõe o trabalho com gêneros textuais, no entanto, foi percebida uma lacuna considerável
com relação à presença da leitura na escola. Desse modo, foi feita a opção de reforçar, junto
aos alunos, a prática da leitura, a qual devemos desenvolver, de modo mais intenso, depois
do projeto atual de reorganização da biblioteca. A metodologia utilizada no rearranjo da
biblioteca foi a de separar os livros por gêneros nas prateleiras e não em ordem alfabética,
como antes estava ordenado. Segundo a bibliotecária, a organização por ordem alfabética
atrapalhava as consultas, pois os alunos não conseguiam o empréstimo do livro por não
encontrar um gênero que lhes agradava, e com isso desistiam da leitura. O trabalho ainda
está em andamento, pois os livros foram selecionados e adequados ao sistema de
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
bibliotecas, para uma melhor organização do acervo. Como resultados finais desta
experiência tem-se uma melhor visibilidade da biblioteca, tanto da organização dos livros
quanto da parte de decoração. A biblioteca agora se chama Monteiro Lobato, sendo que
antes não havia um nome oficial do conhecimento dos alunos e funcionários. O grupo
pretende aperfeiçoar a prática da leitura junto aos alunos com a nova estruturação da
biblioteca e fazer com que os alunos leiam os livros dos gêneros que eles mais apreciam.
UM ESTUDO SOBRE A INTERVENÇÃO DOS PROCESSOS FONOLÓGICOS SÂNDI E
SÍNCOPE NA AQUISIÇÃO DA ESCRITA
Miriane Gomes de Lima (PIBIC-CAC-UFG)
[email protected]
Gisele da Paz Nunes (UFG)
[email protected]
O presente trabalho propõe evidenciar uma abordagem sobre a intervenção da oralidade
referente aos processos fonológico Sândi e Síncope na aquisição da escrita, principalmente
com a aquisição da ortografia. Almejamos introduzir a este estudo um paralelo entre
modalidade oral e escrita, estimulando uma maior compreensão da estrutura da língua
materna. Para o desenvolvimento desse projeto, busca-se fundamentação nas teorias
fonéticas e fonológicas; em estudos direcionados para questões da alfabetização e
letramento. Quanto a isso, é importante verificar até que ponto a fonética e a fonologia
intervém de forma favorável, ou não, na obtenção da linguagem escrita, sobretudo em
analogia aos processos fonológicos sândi e sincope. Deste modo, com os corpora colhidos
nesta pesquisa, faz-se a nossos subsídios, juntamente com as teorias, para possível
compreensão e identificação de qual processo fonológico será mais adequado a ser utilizado
para configurar o erro. Diante disso, visamos favorecer não somente os alunos, mas também
os professores, propostas para adequação lógica da escrita, com intuito de induzirem a
praticarem uma reflexão na hora da escrever. Assim este estudo contribui para cumprir
redução de erros na escrita, oportunidades para que docentes familiarizem com as teorias
fonológicas vindo a se equipar vastamente com condições para se (re)pensar a catequização
da língua materna.
INTERCÂMBIO E SEUS EFEITOS IDENTITÁRIOS: AUTO-REFLEXÕES NO PERCURSO DA
FORMAÇÃO INICIAL
Naiara de Paiva Vieira (UFLA)
[email protected]
Tania Regina de Souza Romero (UFLA)
[email protected]
O objetivo deste trabalho é refletir sobre os efeitos e transformações identitárias de uma
professora de línguas em formação inicial após sua experiência como bolsista do Programa
de Mobilidade Mercosul no Uruguai. Tendo como fundamento as elaborações de Block
(2007; 2007) sobre construção da identidade do professor de línguas. Partindo-se de
aspectos contextuais sobre as diferenças da organização e práticas acadêmicas, do
relacionamento entre os estudantes uruguaios, costumes e tradições daquele país, se fará
uma avaliação do programa de intercâmbio em si do ponto de vista da bolsista, para se
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III SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA
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enfocar no processo de aprendizagem da língua espanhola. Este processo será, então,
considerado criticamente à luz da literatura de ensino-aprendizagem de línguas (Paiva, 2005;
Moita Lopes, 2003), discorrendo-se sobre as dificuldades de comunicação enfrentadas no
ambiente natural, identificação de questões gramaticais mais complexas e estratégias de
aprendizagem utilizadas, com uma auto-avaliação que se volta para um plano de
continuação de aprendizagem da língua espanhola fora do país hispano falante. Os
resultados evidenciam os frutos positivos do intercâmbio no que tange a transformações
identitárias, com uma clara ampliação da visão de mundo e perspectivas modificadas de
futura atuação profissional, traz indícios de novos posicionamentos políticos ante a
sociedade, bem como oferece episódios reais de superação de obstáculos linguísticos e
culturais.
UM ESTUDO DE CASO ACERCA DOS PROCESSOS FONOLÓGICOS PRODUZIDOS POR
UMA ALUNA DA ESCOLA ESPECIAL INTEGRAÇÃO DE PALMAS – APAE
Patrícia Gomes Aguiar (UFT)
[email protected]
Este estudo de caso tem como objeto de estudo os processos fonológicos produzidos por
uma aluna com dificuldade cognitiva em relação à produção oral e que estuda na Escola
Especial Integração de Palmas – APAE. A investigação responde a seguinte pergunta: quais
são os processos fonológicos produzidos por uma aluna da escola especial integração de
palmas? Os objetivos específicos são reconhecer e compreender os processos fonológicos e
proporcionar a APAE sugestões significativas em relação à maneira de se trabalhar com a
informante do ponto de vista fonético-fonológico. A informante, segundo o seu registro de
diagnóstico, apresenta um retardo do desenvolvimento neuropsicomotor e oligofrenia
moderada disartria. A pesquisa foi realizada entre agosto de 2008 a julho de 2009. Os dados
foram coletados por meio de questionários semiabertos respondidos pelos profissionais da
escola, gravações em áudio da fala da informante e transcrições fonéticas de seu discurso
oral. A análise dos dados foi quantitativa descritiva interpretativa. Inicialmente, foram
realizadas transcrições fonéticas das falas da informante. Depois, os processos fonológicos
surgidos foram identificados. Na sequência, os dados semelhantes (processos fonológicos)
foram agrupados e nomeados (criando categorias), demonstrando os seguintes resultados:
assimilação (32%), seguida por perda de traços (31,5%) nasalização (11%), redução vocálica
(9%), monotongação (7%), permuta de traços (3%), acréscimo de traços (3%), ditongação
(2%), dissimilação (1%), transposição de traços (0,25%) e elisão vocálica (0,25%). O uso dos
exemplos de reais de alterações fônicas, apresentadas nessa pesquisa, pode auxiliar os
acadêmicos na interpretação dos problemas de articulação em termos de assimilações,
omissões, substituições, acréscimos, nasalizações e dissimilações. Sugere-se, assim, aos
acadêmicos a oportunidade de colocar em prática a análise fonética para que haja a
compreensão das desordens fônicas na fala de pessoas com algum tipo de distúrbio de
linguagem.
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VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE SOCIAL EM SALA DE AULA UTILIZANDO OS GÊNEROS
TEXTUAIS
Pollyucy Figueiredo de Souza (UnirG)
[email protected]
Taciana Thilman Velêda Pereira (UnirG)
[email protected]
Esse trabalho representa uma experiência aplicada como parte das ações do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência/PIBID - UnirG, no qual se propõe realizar
atividades de caráter multidisciplinar de Leitura e Produção Textual, a partir dos gêneros
textuais, articulando teoria e prática alcançadas em todo percurso de formação, adquiridos
no Curso de Letras do Centro Universitário UnirG, visando contextualizar a realidade local das
escolas parceiras no programa. Dessa forma, nesse trabalho foi desenvolvida uma oficina, a
partir do gênero conto, por meio do texto “O patinho feio” exibido em vídeo, dialogando
com o tema “sexualidade na escola”. Essa oficina teve por objetivo discutir sobre diferentes
olhares, ao destacar aspectos sobre as diversidades entre as pessoas, os valores, as crenças, o
preconceito e o autoconhecimento do próprio corpo. De acordo com os Parâmetros
Curriculares Nacionais, os temas acerca da sexualidade consideram conceitos inerentes à
própria existência. Temas esses que muitas vezes geram polêmicas e discussões devido à
multiplicidade de opiniões, por acreditarem que a manifestação da sexualidade nas crianças
seja algo ‘‘feio”, “sujo” e ‘‘pecaminoso”. Nessa perspectiva acredita-se que o papel da escola,
juntamente, com os pais seja o de ampliar esse conhecimento sobre a diversidade de valores
existentes na sociedade para que o aluno possa ao discuti-los, opinar sobre esse assunto.
Essa proposta foi desenvolvida com os alunos do 6º ano do Ensino fundamental e buscou
oportunizar a participação deles nas diferentes atividades, considerando a metodologia da
problematização, destacaram os diferentes pontos de vista, surgidos nas discussões, e,
sobretudo possibilitou a sala de aula como um ambiente de reflexão. Nesse contexto, após a
apresentação da oficina solicitou-se uma atividade de produção textual, analisando a
capacidade de observação, assimilação, conclusão e produção, desse modo, espera-se com
esse trabalho contribuir de maneira prática e objetiva para a construção do conhecimento.
CAPACITAÇÃO DO FUTURO DOCENTE: MOBILIZAÇÃO DE AÇÕES NAS PRÁTICAS
ESCOLARES
Reinalda Sebastião dos Santos Ferreira (Bolsista PIBID-CAPES-UFG-CAC)
[email protected]
Nilce Meire Alves Rodovalho (Bolsista PIBID-CAPES-UFG-CAC)
[email protected]
Grenissa Bonvino Stafuzza (Coordenadora PIBID-CAPES-CAC-UFG)
[email protected]
O grupo PIBID-UFG-CAPES do Curso de Letras Português e Inglês, com o Subprojeto “Leitura
e produção textual na formação de professores de línguas”, do Campus Catalão, da
Universidade Federal de Goiás (CAC-UFG), presidido pela Coordenadora Professora Dra.
Grenissa Bonvino Stafuzza, e supervisionado pela Professora Vânia Ribeiro Rodrigues e que
conta com seis Pibidianos, todos, graduandos do Curso de Letras Português e Inglês. De
acordo com a proposta do PIBID em promover a iniciação à docência pensando em investir
na formação de professores, pautamos nosso projeto de leitura e escrita de línguas
considerando a dupla habilitação do curso de licenciatura que optamos nos formar. Nesse
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sentido, o projeto que ora desenvolvemos na escola conveniada, Escola Municipal Nilda
Margon Vaz, considera o trabalho de leitura e escrita da língua inglesa e da língua
portuguesa, e implica em desenvolver a capacidade profissional do graduando em formação,
futuro professor, para atuar nas duas áreas. Nas atividades propostas que se ligam ao projeto
de leitura e escrita em desenvolvimento, visamos, sobretudo, abordar noções das duas
línguas e, em nosso roteiro de atividades, que engloba teorias e práticas pedagógicas para
melhor interação e aprendizado dos alunos. Nesse sentido, desenvolveremos ações
planejadas objetivando um maior contato com a língua estrangeira e a língua portuguesa
por meio da leitura e produção textual. Gostaríamos de deixar registrado que o nosso grupo
é novo, com os trabalhos iniciados em agosto de 2012 e, no momento, estamos elaborando
a primeira atividade a ser realizada com os alunos. Nessa primeira atividade, apresentaremos
uma peça teatral em inglês da obra “Os três porquinhos”, objetivando promover a interação
dos alunos da escola conveniada com a língua estrangeira que estudamos em nosso curso
de formação; pensando, ainda, que esta primeira atividade servirá também, para iniciar o
contato entre bolsistas com os alunos da escola conveniada.
AS RELAÇÕES CULTURAIS ENTRE BRASIL E PORTUGAL DESCRITAS NAS MEMÓRIAS DE
CHABY
Richard Bertolin de Oliveira (FAPEMIG-UFSJ)
[email protected]
Alberto Tibaji (UFSJ)
[email protected]
Nossa pesquisa tem como objetivo principal analisar as memórias do ator português António
Augusto de Chaby Pinheiro (1873-1933), conhecido como Chaby Pinheiro, atentando para a
questão do fluxo cultural entre Brasil e Portugal, no final do século XIX e início do século XX,
promovido por meio do teatro como forma de expressão artística. A escrita das memórias foi
interrompida devido à morte do ator, tendo sido complementada por variados recortes que
ele mesmo colecionava, dentre outras informações adquiridas por Tomaz Ribeiro Colaço e
Raúl dos Santos Braga, organizadores do livro. Tratando-se de uma obra em que há uma
junção das narrativas autobiográfica e biográfica, foi necessário compreender como esses
gêneros narrativos eram produzidos em diferentes momentos históricos. A narrativa do ator,
assim como os variados recortes que a integram, não faz referência apenas à sua figura, mas
a diversos assuntos e personalidades do teatro que, por meio de suas idas e vindas,
contribuíram com o cenário artístico e cultural brasileiro. Tais registros possuem uma
relevância significativa, pois, assim como a escrita de suas memórias em geral, contribuem
para a compreensão do modo como a atividade teatral era desenvolvida na época e do valor
que a sociedade atribuía a essa prática.
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APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA COMO LÍNGUA GLOBAL: UMA DÁDIVA OU A
REPRODUÇÃO DO DOMÍNIO COLONIAL
Sabrina Mesquita de Rezende (UFG-CAC)
[email protected]
Luciane Guimarães de Paula (UFG-CAC)
[email protected]
O presente trabalho intitulado “Aprendizagem da Língua Inglesa como Língua Global: uma
dádiva ou a reprodução do domínio colonial” do projeto pesquisa tem como objetivo
investigar a pressão que o aluno sofre para aprender o inglês como língua global. A
metodologia de pesquisa se enquadra no paradigma qualitativo. Os instrumentos de coleta
de dados incluem: observações de aulas, entrevistas e questionários com alunos de ensino
médio analisando a motivação e pressão ao estudar inglês. Inicialmente, na pesquisa
bibliográfica, refletirmos sobre como a multinacionalidade, imperialismo e dominação
cultural interfere no ensino e aprendizagem de inglês. Para tanto, esta pesquisa se apoia nos
textos teóricos de Leffa (2001), Moita Lopes (2008, 1996), Boaventura (2005) e Hardt e Negri
(2006). Percebe-se que a atitude alienada dos estudantes de inglês é uma consequência do
processo de colonização imperialista do século XXI, assim nos dias atuais o ensino da língua
inglesa representa um instrumento de dominação cultural. Logo, o presente trabalho tem
como objetivo apresentar uma discussão teórica acerca de um tema polêmico que permeia o
contexto de ensino de línguas estrangeiras, principalmente o ensino da língua inglesa.
Refletirmos sobre o ensino de Língua Inglesa alcança dimensões ambíguas, pois acarreta
tanto benefícios quanto danos. Até que ponto a Língua Inglesa representa um benefício á
garantir o acesso cultural e profissional a classes desprestigiadas, em contrapartida se
considera um dano por manifestar consequências de alienação, e reprodução de domínio
colonial.
MEDIAÇÃO ENTRE PROJETOS ESCOLARES E CURRÍCULO NO ENSINO DA LÍNGUA
PORTUGUESA
Valmir Soares Junior (UFOP)
[email protected]
Larissa Duarte (UFOP)
[email protected]
Com a proposta de ampliar as possibilidades de formação inicial dos professores para o
ensino da língua portuguesa, nosso objetivo é oferecer ao aluno da licenciatura em Letras
uma reflexão aprofundada a respeito do trabalho com projetos na Educação Básica, mais
especificamente, no segundo segmento do Ensino Fundamental. Cientes da relevância da
proposição de projetos que promovam a integração entre os saberes escolares, nosso
principal interesse é criar um grupo de trabalho que discuta a importância do planejamento
de projetos escolares, tendo em vista o currículo definido para uma determinada etapa da
escolarização. Após a análise de dados e reuniões com os professores da Escola Estadual
Professor Soares Ferreira, onde o PIBID-PED-UFOP de Letras está desenvolvendo suas
atividades, o projeto elegeu sua finalidade: Combater a “preguiça de pensar”: os alunos não
arriscam lançar hipóteses sobre o conhecimento em estudo nas diversas disciplinas;
desenvolvem suas ações e atividades sob o estrito apoio e ratificação do professor.
Para amparar tal iniciativa são objetivos do projeto:
- Aprimorar as habilidades de:
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a) Leitura, interpretação de textos e expressão oral;
b) Elaboração de hipóteses por meio de inferências;
c) Realização de procedimentos atitudinais por meio da leitura de enunciados.
- Desenvolver a escuta, a concentração e o raciocínio lógico;
Favorecer o acesso ao capital cultural.
A partir dos objetivos foram traçadas as seguintes possibilidades e estratégias:
Ordenação e reconto de sequências ilustradas;
Jogos (xadrez);
Interpretação de imagens (gráficos e tabelas);
Produção de roteiro para teatro e filmes;
Rodas de leitura;
Discussão de filmes (cinema escola).
As oficinas serão executados sob a supervisão dos professores da unidade escolar. Nesta
etapa, os bolsistas serão orientados a realizarem o registro de diário de campo, com o relato
das atividades desenvolvidas. Os diários dos alunos serão analisados em reuniões semanais,
sob a supervisão da coordenadora da proposta, de modo a obteremos instrumentos para a
avaliação continuada dos projetos que estarão sendo implementados nas escolas. Com base
neste estudo, perceberemos o que pode ser alterado ou aprimorado na ação dos bolsistas
dentro das instituições de ensino. Nestas reuniões, os bolsistas deverão, também, analisar os
impactos do projeto no currículo escolar, procurando compreender como a intervenção
planejada vai de encontro ao que o aluno do ensino fundamental II deve aprender em sua
série/ciclo.
LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE
LÍNGUAS
Yasmin da Silva Rocha (PIBID-CACPES-UFG)
[email protected]
Wellington dos Reis Nascimento (PIBID-CAPES-UFG)
[email protected]
O grupo PIBID-UFG-CAPES do Curso de Letras Português e Inglês, com o Subprojeto “Leitura
e produção textual na formação de professores de línguas”, do Campus Catalão, é presidido
pela Coordenadora Professora Dra. Grenissa Bonvino Stafuzza, e supervisionado pela
Professora Vânia Ribeiro Rodrigues e conta com seis Pibidianos, graduandos do Curso de
Letras Português e Inglês. Ao pensarmos na relação professor e alunos, principalmente no
ensino de línguas na contemporaneidade, podemos inferir que existem duas concepções que
norteiam as práticas pedagógicas escolares: a interlocução que se realiza nas salas de aula é
confundida com a mera transferência de um saber que é visto como “pronto e acabado”, a
ser incorporado pelo aluno que acaba sendo um simples recipiente, e o professor,
autoridade imposta. Contrapondo esse processo de ensino sem eficácia, temos a concepção
de uma linguagem que é produzida ao longo da história, veiculada e organizada socialmente
por parte do alunado, possibilitando sentidos aos recursos expressivos. Por esse motivo, o
presente trabalho tem por objetivo elaborar/executar atividades relacionadas à prática oral e
escrita de línguas – aqui, as línguas portuguesa e inglesa –, na Escola Municipal Nilda Margon
Vaz, situada em Catalão, Goiás. É de extrema importância na formação inicial de qualquer
curso de licenciatura os graduandos orientarem-se a partir da vivência na realidade escolar,
uma vez que, em um futuro próximo, tais graduandos serão profissionais da
linguagem/educação. Almejando compartilhar experiências metodológicas nas práticas
docentes, todas as ações de leitura e escrita pensadas no subprojeto são pautadas em uma
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Linguagem, Cultura, Identidade e Ensino
metodologia que conjuga teoria e prática. Ademais, se faz necessário obter o conhecimento
de quais são os desafios contemporâneos na educação, especificamente sobre o ensino de
línguas que está aquém do desejado e por muito tempo teve pouca atenção e escassos
recursos alocados no sentido de se realmente oferecer condições favoráveis à área.
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