Atualidades

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Fascículo 10
Cinília Tadeu Gisondi Omaki
Maria Odette Simão Brancatelli
Índice
Coréia: o fim da última “fronteira quente da Guerra Fria” ........................................................1
Exercícios............................................................................................................................................2
Gabarito.............................................................................................................................................2
A desmonopolização da Petrobrás e o processo de privatização ..............................................3
Exercícios............................................................................................................................................4
Gabarito.............................................................................................................................................4
Coréia: o fim da última “fronteira quente da Guerra Fria”
O Dia da Liberdade de 2000 passou a ter mais um significado, além da comemoração do
fim do domínio japonês, em 15 de agosto de 1945. É também o dia do primeiro reencontro entre
famílias coreanas, separadas por meio século de Guerra Fria. Sem dúvida, para cerca de oito milhões
de sul-coreanos com parentes no Norte, esse fato reacendeu a esperança de uma completa
reconciliação entre os dois países.
A derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial (1939-45) permitiu a libertação da
Coréia pelas tropas aliadas, mas o país foi dividido pelo paralelo 38º em dois setores de ocupação
(norte-americano e soviético). A oposição entre o Norte socialista e o Sul capitalista, as tensões
relacionadas à bipolarização e à vitória de Mao Tsé-tung na Revolução Chinesa, em 1949,
desencadearam a Guerra da Coréia (1950-53), após a invasão do Sul pelo Norte, com o objetivo de
unificar o país.
Comandadas pelos EUA, tropas da ONU passaram a apoiar a parte capitalista, enquanto
a socialista contou com China e URSS. O confronto custou a vida de quatro milhões de pessoas e
chegou a ser chamado de “guerra esquecida”, porque nunca houve um acordo de paz, apenas um
armistício (Panmunjom, 1953) que ratificou a divisão da península. Portanto, as duas Coréias estão,
tecnicamente, em guerra até hoje, permanecendo no Sul mais de trinta mil militares americanos.
A cúpula ocorrida em junho de 2000, na capital do Norte (Pyongyang), mereceu a
aclamação de histórica, pois os dois governantes realmente se encontraram, o que não ocorreu na
marcada para 1994, devido à morte do Grande Líder Kim Il-sung do Norte, poucos dias antes.
Nessa cúpula os presidentes Kim Dae Jung (Coréia do Sul) e Kim Jong-il (Coréia do Norte)
estabeleceram as metas do processo de reunificação, em um documento vago e pouco preciso. Na
verdade, o que se assinou é a aplicação de temas já discutidos no Acordo Básico de 1991, mas não
cumpridos por nenhuma das partes.
Agora, todos esperam que predomine a cooperação, ao menos nos quatro pontos-chave:
“reconciliação e reunificação inter-Coréias; redução de tensões e estabelecimento de paz na península;
reunião de famílias separadas; e cooperação econômica, social e cultural”.
A reunificação plena encontra barreiras e não pode ser comparada à da Alemanha, em
1990. Primeiro, os dois países consideram seus governos como legítimos para a península. Além disso,
as diferenças socioeconômicas, resultantes do antagonismo entre capitalismo e socialismo, aumentam
ainda mais as dificuldades.
Mesmo partindo, após a Guerra da Coréia, de uma mesma base agrária de atraso e
miséria, as duas partes chegaram a resultados muito distintos. O democrático Sul transformou-se em
um dos Tigres Asiáticos, com marcante parque industrial e economia enriquecida por exportações de
produtos manufaturados e alta tecnologia. O Norte, sob uma feroz ditadura que construiu o país
segundo o dogma isolacionista do junche, continuou rural e de economia planificada, gerando
crônicos problemas de infra-estrutura, agravados nos últimos anos por desastres naturais que
arruinaram as lavouras e mataram milhões de fome.
O alto custo da reconstrução infra-estrutural do Norte não anima o Sul e, apesar da
derrota na batalha ideológica, o “Grande Mestre das Tiradas Espirituosas”, Kim Jong-il, não está
disposto a deixar o poder.
O contexto mostra que as duas Coréias não têm interesse em um processo unificador
mais acelerado, mas o século XX termina com um importante registro histórico: a Guerra Fria,
provavelmente, terminará onde começou – na península coreana.
Cinília T. Gisondi Omaki e Maria Odette Simão Brancatelli são professoras de História do Colégio
Bandeirantes.
Texto elaborado em outubro de 2000 para o Portal.
1
Exercícios
01. (PUCMG-99) Sobre a Guerra da Coréia (1950-1953), é correto afirmar, exceto:
a. O teatro de operações estendeu-se pelo território chinês, ficando a população submetida a um
clima de “fogo cruzado” entre os norte-americanos e russos.
b. O início do conflito está relacionado com a invasão da Coréia do Sul por tropas da Coréia do Norte
sob a influência dos russos e chineses.
c. O sul da Coréia, área de influência norte-americana, tendia para o regime democrático e a Coréia
do Norte, para o regime socialista, sendo que as duas partes não conseguiram chegar a um acordo
político.
d. A Coréia era uma antiga possessão japonesa que fora ocupada durante a Segunda Guerra Mundial
e, após o conflito, com a vitória dos Aliados, transformou-se em cenário da Guerra Fria.
e. As tropas da ONU, comandadas pelo general Mac Arthur, conseguiram rechaçar os norte-coreanos,
sendo, posteriormente, fixadas as fronteiras entre os dois países na altura do paralelo 38º.
02. (Mack-2000) Os líderes das Coréias do Norte e do Sul se reunirão em junho na capital norte-coreana,
Pyongyang, para um encontro histórico – o primeiro desde 1945...
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/04/00.
Sobre o assunto, é correto afirmar-se que:
a. a Coréia do Norte foi reconstruída com a ajuda soviética e, após a assinatura de um tratado de paz,
tem uma economia industrial complementar à economia da Coréia do Sul.
b. na década de 80 a Coréia do Sul perdeu grande parte da ajuda econômica soviética e sua economia
entrou em estagnação com conseqüente redução do padrão de vida da população.
c. os investimentos japoneses provocaram a rápida industrialização das duas Coréias, que têm suas
economias centradas na exportação de bens manufaturados.
d. devido à diminuição da qualidade de vida, a população da Coréia do Sul tem emigrado,
principalmente para a Coréia do Norte e para o Brasil.
e. as Coréias foram divididas no quadro global da Guerra Fria, o que resultou numa guerra que
envolveu diretamente tropas americanas e chinesas.
Gabarito
01. Alternativa a.
02. Alternativa e.
2
A desmonopolização da Petrobrás e o processo de privatização
Na década de 1980, o Neoliberalismo emergiu onde o keynesianismo, caracterizado pela
forte presença do Estado na economia, dava sinais de esgotamento. Sem capital para investir na
infra-estrutura e no campo social, endividados e com poucas condições de competir num mercado
cada vez mais globalizado, vários países adotaram medidas para diminuir a carga sobre o governo.
No Brasil, o programa de privatização e de extinção de estatais começou na presidência
de Fernando Collor de Mello (1990-92), com a pioneira venda da Usiminas, prosseguindo com Itamar
Franco (1992-94). Modernizar implicou abrir o mercado e privatizar, em oposição à tendência
anterior, em que modernizar significava estatizar.
A partir de 1930, o Estado passou a intervir na economia, dentro da reestruturação
capitalista após a Crise de 1929. Preocupado com a soberania nacional, Getúlio Vargas (1930-45 e
1951-54) criou órgãos estatais, empresas públicas ou de economia mista para viabilizar o
desenvolvimento industrial em setores básicos: siderurgia (ferro e aço), energia, petroquímica e
transportes. Destacam-se a Cia. Siderúrgica Nacional que instalou a usina de Volta Redonda, a Cia.
Vale do Rio Doce, a Fábrica Nacional de Motores, a Cia. Hidrelétrica do São Francisco, o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico, o Conselho Nacional de Petróleo e depois a Petrobrás
(aprovada pelo Congresso em 1953), entre outros.
A participação do Estado ampliou-se durante os Governos Militares (1964-85) na
siderurgia, telecomunicações, energia elétrica e nuclear. Consumindo cerca de 1/3 do orçamento da
União no final da década de 70, muitas estatais eram “cabides de empregos”, com gastos excessivos,
desperdícios, déficit e atraso tecnológico.
Nos anos 90, o Brasil seguiu a tendência neoliberal, em meio a polêmicas. No governo
FHC, o Conselho Nacional de Desestatização (CND) tem encaminhado a redução do “custo Brasil”, a
modernização tecnológica e a eficiência econômica com a privatização de ferrovias, rodovias, portos,
mineradoras, telecomunicações, além de pulverização de ações de empresas públicas.
Em 1997, a rentável CVRD foi arrematada pelo Consórcio Brasil, liderado pela CSN
(privatizada em 1993). Em 1998, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) estabeleceu a “transição
suave” do monopólio da Petrobrás para a livre-concorrência nos vários segmentos, sem deixar de ser
estatal.
O rompimento do monopólio da prospecção e exploração, no leilão realizado em 1999,
atraiu grandes empresas internacionais do ramo. A iniciativa privada pode agora explorar e produzir
petróleo e gás, mas a melhor parte foi comprada pela própria Petrobrás.
Em agosto de 2000, realizou-se o leilão de pulverização de ações da Petrobrás que
excediam ao controle mínimo (28,4% do capital votante – 16,6% do capital total). A venda dessas
ações não interfere na administração, ainda do governo, mas agora há muito mais sócios, como os
312 mil trabalhadores que utilizaram parte de seu FGTS. Essa venda servirá de exemplo para Furnas, a
importante estatal geradora de energia.
O processo de privatização praticamente parou, por não ser a única forma de atrair
capital estrangeiro e devido à instabilidade do mercado de ações e ao quadro de eleições municipais.
Ademais, o leilão do Banespa, federalizado, envolveu lenta negociação política e jurídica, atrasando a
venda de outros bancos estaduais.
As vantagens da desestatização são evidentes: cortes nos gastos públicos e entrada de
quase 100 bilhões de dólares e de tecnologia avançada. No entanto, além de empresas nacionais,
grupos estrangeiros substituíram o Estado já exaurido. E, em alguns casos, arrebataram setores
estratégicos e lucrativos da economia brasileira.
Maria Odette Simão Brancatelli e Cinília T. Gisondi Omaki são professoras de História do Colégio
Bandeirantes.
Texto elaborado em outubro de 2000 para o Portal.
3
Exercícios
01. (PUCSP-86) “O petróleo é nosso”, como lema nacionalista das grandes campanhas do segundo
governo Vargas, que resultaram na criação da Petrobrás, em 1953, tinha como sustentação a idéia:
a. da necessidade de proteger a grande maioria dos trabalhadores nacionais da exploração
estrangeira.
b. da vontade de que o país se tornasse o maior exportador de óleo da América Latina.
c. da obrigação do Estado de assumir um papel dirigente e monopolista na esfera da produção.
d. da vontade de colocar imediatamente em prática o monopólio da prospecção, da produção e da
distribuição do petróleo.
e. da necessidade de garantir o controle, pelo país, das fontes e dos recursos energéticos.
02. (FAAP-97) Nos últimos meses o noticiário brasileiro tem sido marcado por, digamos, “manchetes
constantes” dentre as quais destacamos o processo de privatização das empresas estatais, em relação
ao qual é correto afirmar que:
a. é fundamental para o sucesso do Plano Real, na medida em que não só diminuirá os gastos
públicos por acabar com a responsabilidade do governo em manter empresas deficitárias, bem
como significará a continuidade das metas propostas pelo plano.
b. tem sido motivo de forte oposição ao governo por parte dos setores interessados em diminuir a
participação do Estado na economia.
c. foi razão pela qual os partidos de esquerda se aproximaram mais do presidente da república.
d. representou um motivo para a atuação de diversas Comissões Parlamentares de Inquérito em
virtude do “escândalo dos precatórios”.
e. tem fortalecido as bases políticas do Executivo brasileiro em virtude de representar a retomada do
Estado paternalista presente mais ativamente em todos os setores da sociedade brasileira.
Gabarito
01. Alternativa e.
02. Alternativa a.
4

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