421176781-Do-Eden-a-nova-Jerusalem

Transcrição

421176781-Do-Eden-a-nova-Jerusalem
Tulio Barros Ferreira
A trajetó ria d escrita neste livro, o
primeiro de uma série de outros que estarão
circulando em breve por todo o Brasil, do
mesmo autor, é apresentado a um público
leitor diversificado, como professores,
pastores, obreiros, seminaristas e até leigos,
tal como exposto o assunto de maneira sábia
e clara.
A visão concisa de uma história de 16
séculos pode ser magnificamente vista e
entendida, no livro, pelos caminhos de Éden
à Nova Jerusalém, sem perder no horizonte
as ricas lições extraídas das narrativas
bíblicas vividas por nossos pais, pelos que
deixaram registrados maus e bons exemplos
e, especialmeute, pelos que experimentaram
a doce comunhão do amor de Deus.
A fidelidade da mensagem transmitida
pelo pastor Tulio Barros Ferreira neste livro,
descobre-nos verdades doutrinárias que
ajustam nossos conceitos às verdades do
livro de Deus - A Bíblia.
É um livro digno de ser lido, estudado e
recomendado, pois o respeitado nome de seu
autor é símbolo de autoridade na Palavra.
Do Eden
a
Nova Jerusalém
Túlio Barros Ferreira
Good News Publishers , INC.
Pompanho Beach, Florida, USA
ÍNDICE
AGRADECIMENTO...................................................................................... 6
DEDICATÓRIA...............................................................................................7
PALAVRA DO AUTOR................................................................................. 8
PREFÁCIO..................................................................................................... 10
PARTE I
A CRIAÇÃO.............................................................................. 12
INTRODUÇÃO
1 O PERÍODO NO JARDIM ANTES DO PECADO...............................20
2 A QUEDA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS............................................... 22
3 O PLANO DA SALVAÇÃO.....................................................................28
3.10
PLANO DA SALVAÇÃO ABRANGE TRÊS ÁREAS:
1. Plano Espiritual
2. Plano Histórico
3. Plano Geográfico
3 .2
A f ig u r a d o C o r d e ir o
3.3 J o ã o B a t is t a , o p r e c u r s o r d e J e s u s
3 .4 J e s u s d á t e s t e m u n h o d o s e u p r e c u r s o r
3.5 P a r á b o l a s
4 O TESTEMUNHO PESSOAL.............................................................. 42
4.10
T estem u n h o d e A dão
4 .2 O t e s t e m u n h o d e A b e l
4.3 O T e s t e m u n h o d e E n o q u e
4 .4 O T e s t e m u n h o d e N o é
PARTE II A ORIGEM DAS NAÇÕES RESUMO HISTÓRICO GEOGRÁFICO............................................................................................ 52
INTRODUÇÃO
5 A PROFECIA DE NOÉ...........................................................................55
5.1
As
b ê n ç ã o s de
Sem .
5 .2 J a f é
5.3
Os C a n a n e u s
5 .4 C o n t r ib u iç ã o d o s t r ê s f il h o s d e N o é a s d iv e r s a s c u l t u r a s
6 NAÇÕES GENTÍLICAS........................................................................58
6.1 OS CANANEUS
6 .2 OS SUMERIANOS
6.3 OS FILISTEUS
6 .4 OS EGÍPCIOS
6 .5 OS BABILÔNIOS
6 .6 O S ASSÍRIOS
6 .7 OS PERSAS
6 .8
Os GREGOS
6 .9 OS ROMANOS
7 ISRAEL - O POVO ELEITO..................................................................78
PARTE III
A IGREJA E SUAS DIMENSÕES...................................... 82
INTRODUÇÃO
8 TIPOS DA IGREJA NO ANTIGO TESTAMENTO...........................88
8.1 EVA
8.2 R e b e c a
8.3 R u t e
8.4 E s t e r
9
A IGREJA E SUA EXISTÊNCIA REAL.............................................. 9 6
9.1 A Ig r e j a e o c o n t e x t o a t u a l
9.2 A IGREJA E A SOCIEDADE
9.3 A IGREJA EM RELAÇÃO AO ESTADO
9.4 A
IGREJA E A FAMÍLIA
9.5 A IGREJA E MISSÕES
9 .6 A IGREJA E O SEU MINISTÉRIO
9 .7
A IGREJA E SUAS RIQUEZAS
9.8 A
IGREJA E SUA BEM-AVENTURADA ESPERANÇA
9.9 A BATALHA DA IGREJA
9 .1 0 A IGREJA E O REINO DE DEUS
9.11 A
IGREJA E SUAS METAS
9 .1 2 A Ig r e j a e s u a e d if ic a ç ã o
9.13 A
IGREJA E SUAS ARMAS ESPIRITUAIS
10 SEIS GRANDES EVENTOS QUE PRECEDEM A ENTRADA
TRIUNFAL..................................................................................................151
1.
A GRANDE PRISÃO DE SATANÁS
2. O GRANDE JULGAMENTO DOS MÁRTIRES
3. A G r a n d e R e s s u r r e iç ã o
4.
A grande
revolta
5. O G r a n d e T r o n o B r a n c o
6. O GRANDE E ÚLTIMO INIMIGO A SER VENCIDO
11 A NOVA JERUSALÉM......................................................................160
BIBLIOGRAFIA.........................................................................................166
Agradecimento
Ao Senhor Jesus Cristo, a quem devo a minha salvação.
À Eunice, esposa querida e fiel companheira, durante os 45 anos
de minhas peregrinações, que nos momentos de alegria ou de
lágrima, sempre esteve firme ao meu lado, orando e dando-me
integral apoio.
Ao Marcos Tulio que, incansavelmente, contribuiu na
coordenação do texto; à Ana Eunice, Paulo Roberto, Jeremias,
Moisés, Samuel Levy, Ana Lúcia e Jessé, filhos queridos e meus
grandes incentivadores. Ao competente colega Nemuel Kessler
que teve o trabalho de ler e reler os originais, ajudando-me a dar
forma definitiva a este modesto trabalho.
Ainda, ao eminente professor João Carneiro, meu irmão
em Cristo, e grande incentivador na realização do que a Igreja
faz no que diz respeito à educação.
Dedicatória
Dedico com carinho e o maior respeito a todos os colegas
de ministério, aos seminaristas e aos demais servos de Deus
empenhados na obra do Senhor em todo o Brasil.
Palavra do Autor
A trajetória da humanidade entre o Éden e a Nova
Jerusalém atravessa uma região pontilhada de emocionantes e
espetaculares dramas jamais imaginados. Ocasiões há em que o
ser humano sente-se profundamente amargurado, desanimado e
envolto em tristezas tão profundas, que lhe provocam lágrimas
por seus sofrimentos serem por demais drásticos e cruéis, e
muito duros de suportar. Os momentos de rara alegria
acontecem esporadicamente; são como gotas de azeite nas
feridas da alma, que servem para refrescá-la e reanimá-la a
prosseguir na jornada da vida.
Dependendo das circunstâncias, aparece o homem neste
cenário, vezes quase angelical, com raras virtudes e admirável
inteligência, tornando-se um ser respeitável e digno. Sua
singular criatividade faz dele uma criatura de muita utilidade aos
seus semelhantes; outras vezes, surge como um semidemônio,
tirano, cruel, perverso, causando distúrbios inimagináveis
assemelhando-se a um irracional, ingrato, profano e imoral,
despido de todos os valores éticos.
Quão estranho nos parece este ser! Por que Deus o ama,
e está sempre à sua procura? Davi em seus dias exclamou:
8
"Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as
estrelas que preparaste, que é o homem mortal para que te
lembres dele? e o filho do homem para que o visites?. (Sl 8.3,4).
Na realidade, na avaliação do próprio Deus, o homem
esconde em si um tesouro de valor inestimável. Chegamos à
conclusão de que precioso mesmo não é o ouro, prata, pedras
preciosas, petróleo e outros elementos cujo valor não se pode
comparar com o da criatura humana. Para provar esta verdade,
Deus deu o Seu próprio Filho para resgatá-lo da perdição eterna.
Quando vires um homem caído na sarjeta, embriagado, ou por
trás das grades de uma prisão, ou uma mulher devassa em pleno
meretrício entregue aos bacanais e às práticas mais torpes, não
os desprezes, porque estão ali escondidas as maiores
preciosidades que, se levantados das condições em que se
encontram, por meio da pregação do Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo, e conduzidos à Igreja, com certeza eles
alcançarão a bem-aventurança.
Lembrai-vos da parábola do "Bom Samaritano". Este
também foi despojado pelos salteadores, durante a sua jornada, o
que tem acontecido com a grande maioria dos seres humanos
que se embrenharam pela senda do crime e outros desatinos. Se
alguém dos que lerem esta despretenciosa contribuição, aos que
amam as verdades eternas, forem fortalecidos e edifícados na fé,
o autor dar-se-á por recompensado.
Tulio Barros Ferreira
9
Prefácio
Por várias razões é grande o meu contentamento em
prefaciar este valioso e edificante livro do eminente pastor Tulio
Barros Ferreira, honrado que fui por seu generoso convite para
tão nobilitante atribuição.
Uma primeira razão de minha alegria jaz no fato de ser o
Autor do livro o pastor Tulio, um servo de Deus que vem
laborando com todo denodo na santa causa do Mestre neste país
e fora dele, praticamente em todas as áreas de trabalho cristão,
como evangelização, pastorado, missões, administração
eclesiástica, educação teológica e secular, ação social da igreja,
literatura.
Deus, na Sua obra, tem seguidamente conduzido o pastor
Tulio das mais singelas e comezinhas tarefas, às mais elevadas,
tanto na igreja, à frente do rebanho, como na direção de suas
mais diversas instituições, nas esferas local, regional, nacional e
internacional.
Uma segunda razão está no próprio livro em foco: "Do
Éden à Nova Jerusalém". O público leitor tem aí uma primorosa
sinopse, dosada e devidamente cadenciada da maravilhosa
história da redenção, no seu sentido pleno, segundo as
Escrituras, das quais o pastor Tulio é um notável expositor. O
10
livro que o leitor tem em mãos não se trata de mais uma epítome
sobre o assunto em pauta. Não. Ele contém uma rica, farta e
edificante matéria bíblica doutrinária, para cada leitor não
somente reconhecer e admirar, mas acima de tudo nutrir-se com
alimento sólido, extraído da Palavra de Deus e compartilhado
pelo pastor Tulio, partindo da criação de todas as coisas,
máxime o homem, até à Nova Jerusalém, quando cumprir-se-á
plenamente o predito, "Mas nós, segundo a sua promessa,
aguardamos novos céus e nova terra em que habita a justiça" (2
Pe 3.13).
Uma terceira e última razão deste meu aprazimento
consiste no fato do Autor do livro ser o pastor da Igreja
Assembléia de Deus de São Cristovão, Rio de Janeiro, onde no
passado servimos ao Senhor por muitos anos; igreja essa
pioneira da mensagem pentecostal de quase metade do Brasil,
partindo de um princípio tão humilde, como nos reza a história.
Está, pois, de parabéns o público brasileiro, brindado que
está sendo com esta obra: leitores em geral, estudantes da
"profecia da Escritura", obreiros de todas as categorias, a família
cristã, alunos de seminários teológicos, professores da Escola
Bíblica Dominical, e muitos outros.
Saudamos bem-vindo este livro, pelo que é, pelo seu
Autor, e pela Igreja, da qual o livro é parte. Em tudo, seja Deus
primeiramente glorifícado, "Porque dEele e por Ele, e para Ele
são todas das coisas: glória pois a Ele, eternamente. Amém".
Antonio Gilberto, pastor
11
Do Éden à Nova Jerusalém
PARTE I
A CRIAÇÃO
12
PARTE I A CRIAÇÃO
INTRODUÇÃO
A Bíblia e a natureza são as principais fontes da
revelação da existência de Deus e sua admirável criação. Deus
revelou-se a Moisés aos 80 anos de idade, quando ele
apascentava o rebanho do seu sogro Jetro, sacerdote de Midiã,
no monte Horebe. "E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma
chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça
ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse:
Agora me virarei para lá, e verei esta grande visão, porque a
sarça se não queima. E vendo o Senhor que se virava para lá a
ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés,
Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para
cá; tira os teus sapatos de teus pés, porque o lugar em que tu
estás é terra santa. Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o
Deus de Abrãao, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés
encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus" (Ex 3.2-6.)
Foi ele o homem escolhido e inspirado a escrever sobre a
origem da terra e o começo do movimento da história humana.
Em Gênesis, temos a sinopse da revelação de Deus
comunicada a nós nas páginas fulgurantes da Bíblia Sagrada.
Um ser inteligente como o homem não pode admitir que uma
13
Do Éden à Nova Jerusalém
força cega possa ter criado o Universo, de maneira ordenada, de
forma perfeita e tão harmoniosa. "Os céus manifestam a glória
de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia
faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a
outra noite, sem linguagem, sem fala, ouvem-se as suas vozes
em toda a extensão da terra e as suas palavras até o fim do
mundo. Nele pôs uma tenda para o sol que qual o noivo, que
sai do seu tálamo, e se alegra como herói, a correr o seu
caminho. A sua saída é desde uma extremidade dos céus e o seu
curso até a outra extremidade deles; e nada se furta ao seu
calor" (Sl 19.1-6.)
A descrição intuitiva e convincente contida nas Sagradas
Escrituras nos mostra um dos seus atos soberanos. "No princípio
criou Deus os céus e a terra"(Gn 1.1.). Elementos animados e
inanimados e seres vivos existentes na imensidão do universo:
estrelas cintilantes, planetas e satélites de uma grandeza singular
e de movimentos cronometrados, e ainda, homens e anjos
dotados de faculdades de excelentes funções, tais como:
consciência de sua própria existência, inteligência, habilidade e
criatividade e de grande poder realizador e livre arbítrio, mas
Deus não os fez divinos. Portanto não há necessidade de que se
apresente qualquer argumento de natureza filosófica ou racional
para provar a existência do Ser Supremo. Suas obras o
comprovam. Quando as Sagradas Escrituras declaram que "... o
Espirito de Deus movia-se sobre a face das águas. E disse Deus
haja luz. E houve luz" (Gn 1.2,3), significa que o Espírito
Eterno com os seus constantes movimentos ou vibrações gerou
um campo onde surgiram três básicos tipos de forças que
entraram em atividade:
14
PARTE IA CRIAÇÃO
1. Gravitacional
A força entre dois objetos.
2. Eletro-magnético
A força entre o elétron e o núcleo de um átomo.
3. Nuclear A força entre o próton e o nêutron dentro do átomo.
Tudo pela ação dinâmica e geradora do Espírito de Deus.
Moisés descreve de forma singela as diferentes etapas da
criação e como Deus as dividiu em dois períodos, de três dias
cada. O primeiro, para criar os espaços, e o segundo e o
terceiro, para ocupá-los.
Primeiro dia
Gn 1.3-5, "E disse Deus: haja luz e houve luz, e viu Deus
que era boa a luz: e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou a luz dia; e as trevas chamou noite. E foi a
tarde e a manhã o dia primeiro". O aparecimento da luz criou
condições imprescindíveis para que se realize qualquer obra; não
se trabalha no escuro.
Segundo dia
Gn 1.6-8, "E disse Deus: haja uma expansão no meio
das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a
expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo
da expansão e as águas que estavam sobre a expansão. E assim
foi. E chamou Deus a expansão céus. E foi a tarde e a manhã o
15
Do Éden à Nova Jerusalém
dia segundo". A criação do firmamento, imensa câmara
universal que Deus chamou céu, é o lugar onde estão localizados
o sol, a lua e as estrelas.
Terceiro dia
Gn 1.9-13, "E disse Deus: ajuntem-se as águas debaixo
dos céus num lugar: e apareça a porção seca. E assim foi. E
chamou Deus a porção seca terra; e ao ajuntamento das águas
chamou mares. E viu Deus que era bom. E disse Deus: produza
a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê
fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a
terra. E assim foi. E a terra produziu erva, erva dando semente
conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está
nela conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom. E fo i a
tarde e a manhã o dia terceiro". Para que pudessem sobreviver
seus habitantes: homens, animais, aves e répteis.
Quarto dia
Gn 1.14-19, "E disse Deus: haja luminares na expansão
dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam
eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.
E sejam para luminares na expansão dos céus, para alumiar a
terra. E assim foi. E fez Deus os dois grandes luminares: o
luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para
governar a noite; e fez as estrelas. E Deus os pôs na expansão
dos céus para alumiar a terra, e para governar o dia e a noite, e
para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que era
bom. E fo i a tarde e a manhã o dia quarto". Nestes dias
estabeleceu-se o sistema solar, e novas fontes de luz foram
criadas; em primeiro lugar como sinais, que além de
proporcionar o calor indispensável que sem o qual, não haveria
vida animal nem vegetal. Disse Davi no Salmo 8.3 "Quando
16
PARTE IA CRIAÇÃO
vejo os céus obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que
preparaste, que é o homem mortal para que te lembres dele? e o
filho do homem, para que o visites?"; em segundo lugar, estes
luminares funcionam com tanta exatidão que são verdadeiros
calendários e baseados na sua precisão o homem planeja
viagens, semeaduras e colheitas durante as quatro estações do
ano.
Quinto dia
Gn 1.21-23, "E Deus criou as grandes baleias, e todo o
réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram
conforme suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua
espécie. E viu Deus que era bom. E Deus os abençoou, dizendo:
frutificai e multiplicai-vos e enchei as águas nos mares; e as
aves se multipliquem na terra. E foi a tarde e a manhã o dia
quinto". Deu-se o aparecimento da fauna marinha; surgiram,
além dos grandes e pequenos peixes, e para habitar os ares, toda
espécie de aves voadoras.
Sexto dia
Gn 1.24 - 26 "E disse Deus: Produza a terra alma
vivente conforme a sua espécie; gado e répteis, e bestas feras da
terra conforme a sua espécie. E assim foi. E fez Deus as bestas
feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua
espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie. E viu
Deus que era bom. E disse Deus: façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os
peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre
toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra ". O
homem é a mais excelente de todas as demais criaturas que
vivem sobre a terra; sendo a coroa da criação de Deus. Observase a ordem lógica dos quatro movimentos, que são:
17
Do Éden à IVova Jerusalém
1. Produção - (Gn 2.7-2).
2. Provisão - (G n 2.8-14).
3. Provação - (Gn 2.15-17).
4. Progressão - (Gn 2.18-25).
Algumas considerações
Depreende-se, ao ler os dois primeiros versículos da
Bíblia, que entre o primeiro e o segundo teria havido um espaço
(hiato), que a terra fora habitada por seres celestiais tendo como
governo um querubim, (Is. 14.12-15; Ez.14.19). Este aludido ser
julgava-se uma divindade pelo seu esplendor, beleza, sabedoria
e domínio que exercia sobre seus súditos. Quis tornar-se
emancipado e superior ao próprio Deus Todo Poderoso, seu
Criador, pelo que foi lançado nas trevas juntamente com todos
os anjos que por ele foram sublevados; e cairam à semelhança de
gigantescos meteoros, qual energia sem controle, como raio que
mata e destrói o que encontra pela frente.
Por razões não explicitamente escritas, a terra sofreu uma
verdadeira catástrofe que a tornou, "...sem forma e vazia" (Gn
1.2,) "Observei a terra, e eis que estava assolada e vazia, e os
céus não tinham a sua luz, observei os montes e eis que estavam
tremendo; e todos os outeiros estremeciam"(Jr 4.23,24);
"Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que
formou a terra, e afez; ele a estabeleceu, não a criou vazia mas
a formou para que fosse habitada; Eu sou o Senhor e não há
outro" (Is 45.18).
18
PARTE IA CRIAÇÃO
Diante desta grande verdade, cremos que este ser
destituído de sua posição fora o causador da queda do homem.
"E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das
estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da
congregação me assentarei, da banda dos lados do norte.
Subirei acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao
Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo
do abismo. Os que te virem te comtemplarão, considerar-te-ão,
e dirão : E este o varão que fazia estremecer a terra, e que fazia
tremer os reinos? Que punha o mundo como um deserto, e
assolava as suas cidades? que a seus cativos não deixava ir
soltos para suas casas? Todos os reis das nações, todos eles,
jazem com honra, cada um na sua casa. Mas tu és lançado da
tua sepultura, como renovo abominável, como um vestido de
mortos atravessados à espada, como os que descem ao covil de
pedras, como corpo morto episado" (Is 14.13-19).
19
Do Éden à Nova Jerusalém
1
O período no jardim antes do
pecado
Antes do pecado ser introduzido na terra, o primeiro
casal criado por Deus deleitava-se com a beleza incomparável da
natureza, provisão feita exclusivamente para o homem. Durante
o dia os rios caudalosos com suas cachoeiras e cascatas
produzindo um agradável ruído que lhes são peculiares;
frondosas árvores carregadas de sazonados frutos, campinas
verdej antes, bosques encantadores e intermináveis savanas,
impregnados de inebriantes perfumes que exalavam das flores
de singular beleza e simplicidade; o ciciar suave da brisa na
folhagem das palmeiras, a variedade de pássaros com
multicolorido de suas plumagens e de seu encantador gorjear;
todas as espécies de animais domésticos e selvagens; aves dos
céus e peixes dos rios e dos mares, sobre os quais exercia
completo e absoluto domínio, inclusive chamando-os pelos seus
próprios nomes, e durante as noites com a manifestação da
20
O período no jardim antes do pecado
glória de Deus, mirando os céus salpicados das mais cintilantes
estrelas, espalhadas por toda a vastidão do firmamento.
O encantador ambiente criado no jardim pelo próprio
Deus (Gn 2.8), se compunha destes e outros aspectos, acrescidos
ainda pelo conforto causado pela presença do Criador na viração
do dia. Sem dúvida, a felicidade do homem era completa.
Em meio a toda esta magnificência, o perigo lhe rondava;
não se sabe por quanto tempo durou esta paz e tranqüilidade. A
quietude e beleza era, na verdade, uma deslumbrante e autêntica
catedral formada pela natureza, ambiente convidativo à profunda
e permanente meditação e ações de graças por tão espetacular
beleza. Imagine-se a inveja que esta comunhão com o TodoPoderoso causava ao adversário de nossas almas, entidade até
então desconhecida pelo casal, se achava incorporada,"...a
serpente, a mais astuta de todas as alimarias do campo"(Gn
3.1).
Conjecturando, alguns escritores admitem que houve
uma geração de criaturas humanas durante o período da
chamada "Dispensação da Inocência"; se os irracionais se
multiplicaram durante este período, por que não o homem? Para
evitar que aquela geração fosse contaminada Deus a arrebatou
para que não provasse a morte, à semelhança do que aconteceu
com Enoque, e acontecerá com a Igreja. Os conceitos acima
mencionados, não aceitam que a geração humana estivesse
limitada ao pecado, o que particularmente considero plausível.
21
Do Éden à Nova Jerusalém
2
A queda e suas conseqüências
O período probatório (Gn 2.15-17), "E tomou o Senhor
Deus o homem e o pôs no jardim do Éden, para lavrar e o
guardar, e ordenou o Senhor Deus ao homem dizendo: de toda
árvore do jardim comerás livremente; mas da árvore da ciência
do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela
comeres certamente morrerás".
Da "Dispensação da Inocência" não se tem idéia de
quanto tempo durou, e nem se pode imaginar todos os meios que
o tentador apresentou ao primeiro casal, mas sabemos de uma
coisa: a tentação foi permitida. Só não havia razão que
justificasse a queda, pois está escrito que Deus não nos provará
além de nossas forças, como diz Paulo "Não vem sobre vós
tentação se não humana, mas fiel é Deus, que não vos deixará
tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também
o escape para que a possais suportar" (I Co. 10.13). A tentação
22
A queda e suas consequências
é gradual e está sempre vinculada à beleza, ao prazer e ao
orgulho, como em 1 Jo 2.16,17.
1. A concupiscência da carne
2. A concupiscência dos olhos
3. A soberba da vida
Através de todos os tempos o homem e a mulher têm
sido provados de igual modo. O teste a que Deus submeteu o
homem, ser moralmente livre para decidir, precisava ser
primeiramente provado, para então assumir as responsabilidades
eternas conforme o plano de Deus para com ele, que era ser o
regente dos destinos deste mundo; em suas mãos ele tinha o
poder decisório quanto ao obedecer ao Criador, sujeitando-se
assim às penalidades decorrentes de sua obediência ou
desobediência.
Se houvesse Adão preservado a sua pureza teria
alcançado a mais alta posição no plano de Deus, tanto na esfera
física quanto espiritual. Deus o expulsou do jardim, não por
maldade, mas para que ele não comesse da árvore da vida e
viesse a viver eternamente sob o estigma do pecado.
Imaginemos um homem de mil anos acometido das diversas
enfermidades que campeiam aqui na terra sem poder morrer; os
criminosos mais periculosos, os portadores de enfermidades
infecto-contagiosas transmitindo-as aos outros, os homens mais
imorais e corruptos, tiranos que provocaram conflitos mundiais,
os déspotas e cruéis dominadores, qual seria o estado deste
mundo?
23
Do Éden à Nova Jerusalém
Se levarmos em consideração os textos de Rm 5.12,14;
lTm 2.13,14; Gn 3 e outras passagens, nós temos a figura da
queda e suas conseqüências. "Pelo que por um homem entrou o
pecado no mundo e pelo pecado a morte, assim também a morte
passou a todos os homens por isso que todos pecaram. No
entanto a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre
aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de
Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir... Porque
primeiro foi formado Adão, depois Eva, e Adão não foi
enganado mas a mulher sendo enganada, caiu em
transgressão ". O resultado da transgressão do homem é a causa
de toda dor, toda orfandade, toda viuvez, de todas as
enfermidades, da existência de todos os hospitais, todos os
cemitérios, todas as guerras, de toda a infelicidade e da
existência do inferno.
As perdas que o homem experimentou com a queda, sua
inocência, sua comunhão com Deus, como a Bíblia diz: "Mas as
vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus; e os
vossos pecados encobrem o seu rosto, para que vos não ouça (Is
59.2). Seu domínio sobre os seres criados, sua regência sobre a
obra da mão de Deus, mutilada parte das faculdades e funções
que desfrutava, foi destituído da glória de Deus e outros
prejuízos em decorrência da sua queda e por sua causa a terra foi
maldita.
A terra hoje é o palco do mais trágico drama jamais
imaginado por um ser humano, onde campeiam as ações
nefastas sob o comando do antigo dragão, Satanás."... E todo o
mundo está no maligno" (1 Jo 5.19).
24
A queda e suas consequências
No campo moral, social, religioso e político há crises,
bem como nos demais campos de atividade do homem. A vida
tem-se tornado insuportável; o homem encontra-se como que
num beco sem saída, sem encontrar solução.
Estadistas, militares, juizes e os mais eruditos estão em
completa confusão. O estado atual do destino episódico da
humanidade está escrito de forma clara nas Escrituras: "A terra
pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha;
enfraquecem os mais altos do povo da terra. Na verdade a terra
está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto
transgridem as leis, mudam os estatutos, e quebram a aliança
eterna . Por isso a maldição consome a terra e os que habitam
nela serão desolados; por isso serão queimados os moradores
da terra, e poucos homens restarão"(Is 24.4-6). Todos os seres
criados participam deste drama, quer consciente ou
inconscientemente, sejam homens, sejam anjos, demônios e
Satanás. Ao desfecho final cada grupo toma o seu próprio
destino eterno: Satanás, o anticristo, o falso profeta, demônios e
os anjos rebeldes irão para o inferno, "Apartai-vos de mim
malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos" (Mt 24.41). Então Israel assumirá o seu lugar na
liderança das nações e a Igreja acompanhará o Senhor Jesus para
a Nova Jerusalém.
Neste momento a raça humana encontra-se no vale da
decisão segundo Joel 3.14-16, " Multidões, Multidões no vale
da decisão. Porque o dia do Senhor está perto no vale da
decisão. O sol e a lua se enegrecerão e as estrelas retirarão o
seu resplendor e o Senhor bramará de Sião e dará a sua voz de
Jerusalém, e os céus e a terra passarão: mas o Senhor será o
refúgio do seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel". As
25
Do Éden à Nova Jerusalém
perspectivas não são das melhores, pois a Bíblia prevê o que
teologicamente é chamado de Grande Tribulação.
Não é sem razão que os estudiosos vêm se preocupando
com a destruição do ecosistema, a poluição do ar e das águas em
todo o globo terrestre: a eliminação da fauna e flora, a destruição
desenfreada da camada ozônica causando o aquecimento global;
o uso descontrolado das armas nucleares, químicas e biológicas;
a explosão demográfica; o racismo; o aparecimento de novas
enfermidades; a multiplicação da imoralidade; o aumento
absurdo da criminalidade; o desrespeito às autoridades, e
destruição dos valores éticos têm afetado os fundamentos da
sociedade atingindo a família de maneira alarmante. São alguns
fatos em nossos dias que se assemelham a uma espécie de
balizamento apontando os perigos e a vertiginosa aproximação
da maior de todas as catástrofes que jamais abalaram a
humanidade.
O Senhor Jesus disse-nos expressamente que os últimos
dias seriam semelhantes aos dias de Noé e de Ló. "Como
aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do
Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam e davam-se em
casamento até o dia em que Noé entrou na arca e veio o dilúvio,
e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira
aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam,
vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de
Sodoma choveu do céu fogo e enxofre e os consumiu a todos.
Assim será no dia em que o Filho do homem se há de
manifestar. Naquele dia, quem estiver no telhado, tendo as suas
alfaias em casa, não desça a tomá-las; e, da mesma sorte o que
estiver no campo não volte para trás. Lembrai-vos da mulher de
Ló. Qualquer que procurar salvar a sua vida, perde-la-á, e
26
A queda e suas consequências
qualquer que a perder, salva-la-á" (Lc 17.26-33).
O
arrebatamento da Igreja, evento que surpreenderá o mundo em
virtude do desaparecimento de milhares de habitantes da terra, e
os que aqui ficarem, testemunharão e experimentarão
sofrimentos causados por pragas de tal ordem que até pedirão
para morrer e não serão atendidos, "E os reis da terra, e os
grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o
servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas
das montanhas; e diziam aos montes e aos rochedos: caí sobre
nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o
trono e da ira do Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da sua
ira; e quem poderá subsistir? "(Ap 6.15-17).
Este sofrimento descrito acima é apenas uma parte do
sofrimento que os homens ímpios hão de sofrer, isto em
conseqüência da queda. Depois da consumação da Grande
Tribulação e o estabelecimento do reinado milenial haverá o
julgamento diante do Grande Trono Branco (Ap 20.11-15).
Estas coisas estão reservadas aos que desprezarem o sublime
plano de Deus para a salvação de suas almas.
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27
Do Éden à Nova Jerusalém
3
O plano da salvação
O plano da salvação foi traçado antes da fundação do
mundo. "Como também nos elegeu nele antes da fundação do
mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele
em caridade." (E f 1.4), com o propósito de restaurar a terra e o
homem em todo o seu estado original, inclusive os céus
(Ef.1.10), em Cristo o seu autor (Cl 1.16-17) em torno do qual
gira todo o plano de Deus.
3.1 O plano da salvação abrange três áreas:
1. Plano espiritual
2. Plano histórico
3. Plano geográfico
28
O plano da salvação
1. Plano Espiritual
Na plenitude dos tempos Deus tornará a congregar em
Cristo tanto as coisas que estão nos Céus como as que estão na
terra, tal é a sua abrangência (Ef. 1.10). O objetivo na terra é o de
alcançar todas as etnias sejam os descendentes de Sem, Cão ou
Jafé que deram origem a todas as raças e povos existentes na
terra depois do dilúvio.
2. Plano Histórico
Nesse plano, o evangelho faz menção às diversas
alianças que o Deus vivo fez com Israel no passado, conforme
(Gn 12.1-2; 21.18).
3. Plano Geográfico
E a pregação do Evangelho a todas as nações da terra.
"Portanto ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome
do Pai, e do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28.19; Mc 16.15,
At 1.8).
Todas as gerações passadas e presentes aguardam
anciosamente a consumação do plano da salvação que resulta na
redenção. A redenção é a devolução de todas as faculdades,
dons, privilégios e prerrogativas tais como imortalidade,
incorrupção e o domínio absoluto sobre todos os seres criados
como era no início da criação.
Os participantes da redenção são todos os que viveram
pela fé conforme Hebreus 11.
A fé, "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se
esperam e a prova das coisas que se não vêem. Porque por ela
29
Do Éden à Nova Jerusalém
os antigos alcançaram testemunho. Pela fé entendemos que os
mundos pela Palavra de Deus foram criados; de maneira que
aquilo que se vê não fo i feito do que é aparente. Pela fé Abel
ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual
alcançou testemunho de que era justo dando Deus testemunho
dos seus dons, e por ela, depois de morto ainda fala. Pela fé
Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado,
porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação
alcançou testemunho de que agradara a Deus. Ora sem fé é
impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se
aproxima de Deus creia que Ele existe e que é galardoador dos
que o buscam. Pela fé Noé divinamente avisado das coisas que
ainda se não viam, temeu, e, para salvação da sua família
preparou a arca, pela qual condenou o mundo, fo i feito herdeiro
da justiça que é segundo a fé. Pela fé Abraão, sendo chamado,
obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por
herança; e saiu sem saber para onde ia. Pela fé habitou na terra
da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com
Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque
esperava a cidade que tem por fundamento, da qual o artífice e
construtor é Deus. Pela fé também a mesma Sara recebeu a
virtude de conceber, e deu à luz já fora da idade; portanto teve
por fiel aquele que Iho tinha prometido. Pelo que também de
um, e esse já amortecido, descenderam tantos, em multidão,
como as estrelas do céu, e como a areia inumerável que está na
praia do mar. Todos estes morreram na fé, sem ter recebido as
promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as,
confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.
Porque, os que isto dizem, claramente mostram que buscam
uma pátria. E se, na verdade, se lembrassem daquela donde
haviam saído, teriam oportunidade de tornar. Mas agora
desejam uma melhor, isto é, a celestial. Pelo que também Deus
30
O plano da salvação
se não envergonha deles, de se cham ar seu Deus, porque j á lhes
preparou um a cidade. P ela f é ofereceu A braão a Isaque,
quando f o i provado; sim, aquele que recebera as prom essas
ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe
dito: em Isaque será
cham ada a tua descendência, considerou que D eus era
poderoso p a ra até dos m ortos o ressuscitar; e daí tam bém em
fig u r a ele o recobrou. P ela f é Isaque abençoou Jacó e Esaú, no
tocante às coisas futuras. Pela f é Jacó, próxim o da morte
abençoou cada um dos filh o s de José, e adorou encostado a
p o n ta do seu bordão. P ela f é José, p róxim o da m orte fe z menção
da saída dos filh o s de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos.
P ela f é Moisés, j á nascido, fo i escondido três m eses p o r seus
pais, porque viram que era um menino fo rm o so ; e não tem eram
o m andam ento do rei. Pela f é Moisés, sendo j á grande recusou
ser cham ado filh o da filh a de Faraó, escolhendo antes ser
m altratado com o p o vo de Deus do que p o r um pouco de tempo
ter o gozo do pecado; tendo p o r m aiores riquezas o vitupério de
Cristo do que os tesouros do Egito; p o rq u e tinha em vista a
recom pensa. P ela f é deixou o Egito, não tem endo a ira do rei;
p orque fic o u firm e, com o vendo o invisível. Pela f é celebrou a
p á sco a e a aspersão do sangue, p a ra que o destruidor dos
prim ogênitos não lhes tocasse. P ela f é passaram o M ar
Vermelho, com o p o r terra seca o que intentando os egípcios, se
afogaram . P ela f é caíram os muros de Jerico sendo rodeados
durante sete dias. P ela f é Raabe, a meretriz, não p ereceu com os
incrédulos, acolhendo em p a z os espias. E que m ais direi?
Faltar-m e-ia o tem po contando de Gideão, e de Baraque, e de
Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Sam uel e dos profetas; os
quais p e la f é venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram
prom essas, fech a ra m a s bocas dos leões, apagaram a fo rç a do
fogo, escaparam do fio da espada, da fra q u eza tiraram fo rç a s
na batalha se esforçaram , puseram em fu g id a os exércitos dos
31
Do Éden à Nova Jerusalém
estranhos. A s m ulheres receberam p e la ressurreição os seus
m ortos; uns fo r a m torturados, não aceitando o seu livramento,
p a ra alcançarem um a m elhor ressurreição; e outros
experim entaram escárneos e açoites, e até cadeias e prisões.
Foram apedrejados, serrados, tentados, m ortos ao fio da
espada; andaram vestidos de p eles de ovelhas e de cabras,
desam parados, aflitos e m altratados (dos quais o mundo não
era digno), errantes p elo s desertos, e montes, e p ela s covas e
cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testem unho p e la f é
não alcançaram a prom essa; provendo D eus algum a coisa
m elhor a nosso respeito, p a r a que eles sem nós não fo sse m
aperfeiçoados".
Todos cujos nomes foram mencionados nesta galeria,
tiveram a sua esperança na promessa daquele que estava
prefigurado no Cordeiro Pascoal.
3.2 A figura do Cordeiro
A figura do Cordeiro como tipo perfeito de nosso Senhor
Jesus Cristo está assim distribuído:
1. Em Gn 1.21, um animal foi sacrificado para cobrir a
nudez do primeiro casal. Era o início dos demais sacrifícios que
prefiguravam o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e
que, na presciência de Deus, foi morto antes da fundação do
mundo.
2. Em Gn 4, no episódio de Abel oferecendo o Cordeiro
como expiação para sua própria alma, era a expressão da sua
necessidade interior.
3. Em Gn 22, aparece Abraão oferecendo o Cordeiro em
lugar de seu filho, provisão oferecida pelo próprio Deus em
32
O plano da salvação
virtude de sua fidelidade para com o seu Senhor; o cordeiro
substituto.
4. Em Ex 12, o Cordeiro Pascal, sendo imolado na noite
inesquecível da saída do povo de Israel quando libertado pela
liderança de Moisés, falava da proteção garantida pelo sangue
aspergido nos umbrais das portas das casas dos israelitas.
5. Em Lv 22, os israelitas ofereciam suas ofertas do
Cordeiro fora do arraial, assim como Jesus foi imolado fora das
portas de Jerusalém.
6. Em Is 53, temos o Cordeiro sofredor que, como um
Cordeiro mudo, não abriu a sua boca.
7. No Evangelho segundo S.João 1.29-36, João anunciou
o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
8. Em At 8, conta-nos Lucas o episódio do encontro de
Filipe com o eunuco, etíope que lia o capítulo 53 de Isaías e
pediu explicações, recebendo a confirmação de que o Cordeiro
referido era a pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo.
9. Pedro em sua primeira carta (1.18,19), fala-nos de que
não fomos comprados por ouro ou prata, mas com o precioso
sangue de Cristo.
10. Em Ap 5, fala-nos da revelação de João na ilha de
Patmos, quando foi arrebatado em espírito e assistiu quando o
Cordeiro de Deus foi introduzido por ser digno, uma vez que foi
morto e com o seu sangue comprou homens de toda tribo, lingua
e nação e os fez reis e sacerdotes, e eles reinarão sobre a terra.
11. A conclusão das diversas manifestações do Cordeiro:
vêmo-lo, fmalmente, reinando na Nova Jerusalém, em
Apocalipse 21 e 22.
O sacrifício do Cordeiro representa em:
a) Abel
Propiciação.
33
Do Éden à Nova Jerusalém
b) Abraão
Substituição
c) Levítico
Absolvição
d) Isaias
Expiação
e ) João
Revelação
f) Etíope
Salvação
g) I João
Redenção
h) Apocalipse 5
Governo do Cordeiro
i) Apocalipse 21 e 22
Glória do Cordeiro
3.3 João Batista, o precursor de Jesus
O precursor João Batista, filho de Zacarias e Isabel que
moravam nas montanhas da Judéia, jovem piedoso que
impulsionado pelo Espírito de Deus do qual era cheio desde o
ventre (Lc 1.15), foi para as margens do rio Jordão, ao lugar
denominado Elim onde havia muitas águas pregando a sua curta
mas incisiva mensagem dizendo: "Arrependei-vos porque é
chegado o reino dos céus" (M t 3.2). Iam ter com ele de todas as
classes sociais, desde o simples soldado ao próprio Herodes (Mt
3.5). As autoridades eclesiásticas (Jo 1. 19), naqueles dias
mandaram interrogá-lo dizendo: "Então que? Es tu Elias? e
34
O plano da salvação
disse: N ão sou. Es tu profeta? e respondeu: Não. D isseram -lhe
pois: Quem és? p a ra que demos resposta àqueles que nos
enviaram; que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que
clam a no deserto: endireitai o cam inho do Senhor, como disse o
p ro feta Isaías. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus;
e perguntaram -lhe, e disseram-lhe: Porque batizas pois, se tu
não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? (Jo 1.21-25).
Aquela figura jovem vestido de forma tão estranha com
os pés firmados sobre alguma pedra seguia batizando aqueles
que confessavam-se arrependidos. João acrescentava à sua
mensagem "Eu vos batizo com água, mas entre vós tem um que
f o i antes de mim, p o rq u e é prim eiro do que eu, do qual eu não
sou digno de abaixando-m e desatar a correia das suas alparcas.
A quele que me m andou batizar disse: sobre aquele que vires
descer o Espírito Santo este é o que vos batiza com o Espírito
Santo e com fo g o " (Jo 3.33).
João tinha uma mensagem especial para cada grupo de
pessoas; aos soldados por eles interrogados respondeu: ",4
ninguém trateis m al nem defraudeis, e contentai-vos com o
vosso soldo". Aos fariseus e saduceus que vinham ao seu
batismo dizia-lhes: "Raças de víboras quem vos ensinou a fugir
da ira fu tu ra ? P roduzi p o is fru to s dignos de arrependimento,
não presum ais de vós mesm os dizendo: "Temos p o r p a i a
A braão; p orque eu vos digo que m esm o destas p ed ra s Deus
p o d e suscitar filh o s a Abraão. E tam bém agora está p o sto o
m achado à raiz das árvores; toda árvore pois, que não p ro d u z
bom fru to , é cortada e lançada no fo g o ".(M t 3.7-10,12). A
Herodes, o Tetrarca, respondeu dizendo: "N ão é lícito viver com
a m ulher do teu irm ão Filipe, e p o r todas as m aldades que
35
Do Éden à Nova Jerusalém
H erodes tinha feito" (Lc 3.19,20). Esta verdade custou-lhe a
própria vida.
Havendo Jesus tomado conhecimento do surgimento de
João Batista dirigiu-se, às margens do Jordão para ser batizado
por ele. (Mt 3.13).
3.4 Jesus dá testemunho do seu precursor
"E, partindo eles, com eçou Jesus a dizer às turbas, a
respeito de João: Que fo s te s ver no deserto? uma cana agitada
p elo vento? Sim, que fo s te s ver? Um hom em ricam ente vestido?
Os que trajam ricam ente estão nas casas dos reis. M as então
que fo s te s ver? um profeta? sim, vos digo eu, e m uito m ais do
que profeta; porque é este de quem está escrito: eis que diante
da tua fa c e envio o m eu anjo, que preparará diante de ti o teu
caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de m ulher tem
nascido, não apareceu alguém m aior do que João Batista; mas
aquele que é o m enor no reino dos céus é m aior do que ele. E,
desde os dias de João Batista até agora, se fa z violência ao
reino dos céus e p e la fo r ç a se apoderam dele. Porque todos os
profetas e a lei profetizaram até Jo ã o " (Mt 11.7-13). O
precursor João Batista:
* Era filho de Sacerdote (seu nascimento foi milagroso)
* Seu nome foi dado pelo próprio Deus (foi chamado
oprofeta do Altíssimo (Lc 1.76)
* Homem enviado por Deus para testificar da luz
(Jo 1.6-9)
* Era humilde (Jo 3.30)
36
O plano da salvação
* Sofeu martírio
Atributos Divinos
Jesus renunciou temporariamente a seus atributos divinos
(não à sua divindade).
A renúncia dos atributos divinos
"Que sendo em fo r m a de Deus, não teve p o r usurpação
ser igual a D eus, m as aniquilou-se a si mesmo, tom ando a
fo r m a de servo, fazendo-se sem elhante aos homens; e achado na
fo r m a de homem, hum ilhou-se a si mesmo, sendo obediente até
a morte, e m orte de cruz" (Fp 2.6-8) "Mas vindo a p lenitude
dos tem pos D eus enviou seu filh o , nascido de mulher, nascido
sob a lei, para rem ir os que estavam debaixo da lei, a fim de
receberm os a adoção de filh o s” (Gl 4.4,5).
A tentação
Isto foi necessário para se qualificar como homem sem
pecado, porque o pecador não tinha condições para formular a
sua própria defesa, pois todos se haviam tornado escravos de
Satanás, e ele não permitiría que um escravo pudesse defender
os demais. Por isso o Espírito Santo, logo após o batismo, o
levou ao deserto para ser tentado e derrotar o adversário, não
como Deus mas como homem integral. Depois de quarenta dias
sem comer teve fome, (Mt 4.2), e Satanás aproveitou-se para
submetê-lo aos mesmos métodos que usou para derribar Adão,
dizendo: Não tens necessidade de passar fome, tu és o Filho de
Deus; tranforma estas pedras em pães; mas a resposta de Jesús
foi: "Nem só de p ã o viverá o hom em m as de toda a palavra que
sai da boca de D eus" (M t 4.4 e D t 8.3).
37
Do Éden à Nova Jerusalém
Então o diabo o transportou à cidade santa e o colocou
sobre o pináculo do templo e disse-lhe: "Se tu és o Filho de
Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus
anjos dará ordens a teu respeito; e tom ar-te-ão nas m ãos p a ra
que nunca tropeces em algum a pedra. D isse-lhe Jesu s; Também
está escrito: N ão tentarás o Senhor teu Deus. N ovam ente o
transportou o diabo a um monte muito alto, e m ostrou-lhe todos
os reinos do m undo e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te
darei se, prostrado, me adorares. Então disse-lhe Jesus: Vai-te,
Satanás, p o rq u e está escrito: A o Senhor teu D eus adorarás, e só
a ele servirás, então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os
anjos, e o serviram " (M t 4.6-11).
Logo após a primeira vitória sobre o tentador Jesus
começou a escolher seus primeiros discípulos com aquela
habilidade que lhe era própria. Deixando de lado a liderança
eclesiástica contemporânea voltou-se para os humildes
pescadores do mar da Galiléia, (Mt 4.12-25,10.1-15). As suas
atividades envolviam três aspectos:
1. Pregava
2. Ensinava
3. Curava
Tinha Jesus verdadeira paixão pelos pecadores, e
interessava-se pelas multidões. (Mt 9.35-38). Pregava para
multidões, mas interessava-se também por pessoas
isoladamente, com no caso de Nicodemos, doutor da lei, (Jo 3. 116), e a desprezível mulher samaritana (Jo 4.1-29).
Percorria toda a Palestina pregando nas sinagogas, praias,
vilas e cidades, também em Jerusalém, curando enfermos, dando
38
O plano da salvação
vista aos cegos, ressuscitando mortos e operando outras
maravilhas Ele ensinava de forma simples e prática; cada
parábola que propunha era uma forma de elucidar um grande
amor de Deus para com os homens. Aos do campo Ele usava a
figura da semeadura e da colheita em cada estação do ano; aos
pescadores, comparou o reino de Deus a uma rede lançada ao
mar que apanha muitos peixes, (Mt 13); a outros, apresentou-se
como o pão vivo que desceu do céu; como fonte de águas vivas,
(Jo 7.37,38); aos que se dedicavam à criação, como o bom
pastor.
3.5 Parábolas
Em Lc 15, compara o reino dos céus ao pastor que
buscou sua ovelha perdida, a uma mulher que perdeu a sua
drácma perdida, e o filho pródigo que regressou à casa paterna e
muitas outras parábolas como as que se seguem:
1. A parábola da figueira e o verão (Lc 21)
2. A parábola dos talentos (Mt 25.14-29).
3. A parábola das dez virgens (Mt 25.1-13).
4. A parábola das bodas (Mt 22.1-14).
5. A parábola do amigo importuno (Lc 11.5-13).
6. A parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20.1-10).
7. A parábola do bom samaritano (Lc 10.29-37).
8. A parábola do servo incompassivo (Mt 18.23-35).
9. A parábola do rico insensato (Lc 12.13-20).
10. A parábola do fariseu e o publicano (Lc 18.9-14).
O
nosso amado Jesus Cristo tinha pressa em consum
obra expiatória do Calvário. Em Lc 19, nós concluímos o seu
encontro com Zaqueu, "Desce depressa, p o rq u e hoje me convém
39
Do Éden à Nova Jerusalém
p o u sa r em tua casa". A expressão "desce dep ressa ” denotava a
urgência da mensagem; era a demonstração de que Ele estava
desejoso de tratar do negócio mais importante do seu pai, a
salvação das preciosas almas; queria passar logo pela amargura
da traição praticada por Judas; da negação de Pedro, pela
incredulidade de Tomé; pela vergonha e ignomínia da cruz,
quando seria desprezado pelo próprio Pai, pelo que clamou:
"Eloí, Eloí, L am a Sabactani, que traduzido é, D eus meu, D eus
meu, p o rq u e me desam paraste".
Todo este quadro delineava-se em sua mente e Ele estava
ansioso por passsar, por isso tinha pressa, tudo por amor de nós
pobres e desprezíves pecadores.
Os habitantes daquela cidade não souberam aproveitar a
oportunidade, só dois homens tidos por mais miseráveis, um por
ser cego e outro por ser considerado ladrão. Quantos habitantes
ricos morando em palácios, vivendo no maior luxo e
mergulhado no mais vil pecado tiveram a sua oportunidade, mas
perderam-na para sempre. Hoje ocorrem as mesmas
oportunidades: Jesus continua passando por vidas através das
mensagens pregadas dos púlpitos, ruas e através dos meios
modernos de comuniçacão e perdem-se por não atentarem para
uma tão grande salvação. Tu que estás lendo as páginas deste
despretensioso livro, se não és salvo, toma uma decisão ao lado
de Cristo; se já o és, faze a obra porque é tão urgente, quanto
naqueles dias do Senhor Jesus Cristo - a divulgação desta
mensagem. Torna-te uma testemunha do Senhor Jesus, conforme
(At 1.8).
Estes fatos mencionados em Lc 19, tiveram lugar quase
uma semana antes da crucificação. Quando Jesus e seus
40
O plano da salvação
discípulos subiram para Jerusalém, ao chegarem em Betfagé (Mt
21.1) ele ordenou que se tomasse um filho de jumenta para
servir-lhe de montaria, para que se cumprisse o que estava dito
pelo profeta Zacarias, (Zc.9.9). Ao aproximar-se da cidade, ele
chorou e disse: "Jerusalém, Jerusalém que m atas os p ro feta s e
apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar
os teus fü h o s com o a galinha ajunta os seus p in to s debaixo das
asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vai fica r-vo s
deserta; porque eu vos digo que desde agora me não vereis
mais, até que digais: Bendito o que vem em nom e do
Senhor. "(Mt 23.37-39). Poucos dias depois, os mesmos que
ovacionaram, gritavam crucifica-o, crucifica-o (Mt 27.22,23).
41
Do Éden à Nova Jerusalém
4
O testemunho pessoal
4.1 O Testemunho de Adão
A tradição admite que Adão transmitiu de forma oral
tudo quanto mais tarde Moisés, sob a inspiração de Deus, tomou
como base para comunicar às gerações futuras, de forma
resumida, os acontecimentos ocorridos antes e depois da queda.
O testemunho pessoal, fruto da própria experiência,
assume um valor incomparável. Os seus descendentes imediatos
e as gerações seguintes puderam ouvir, de viva voz, os relatos
mais marcantes, e experimentar a grande emoção que invadia a
alma do primeiro homem quando se referia ao passado
incomparavelmente feliz na companhia do seu Criador.
Logo após sua criação Deus lhe deu a incumbência de
designar todos os seres criados, o que ele fez de forma
inteligente, fossem eles animais do campo ou aves do céu (Gn
42
O testemunho pessoal
2.19,20). Ele era tão rico em conhecimentos que hoje a ciência
afirma que existem aproximadamente 3.500 diferentes espécies
de mamíferos, cerca de 8.600 espécies de pássaros e 5.500
espécies de répteis e anfíbios; com certeza havia um número
muito maior antes de ocorrer o dilúvio.
Permití-me conjecturar o que poderia ter ocorrido
durante seus longos novecentos e trinta anos (Gn 5.5).
Ministrando aos seus filhos, netos, bisnetos e os demais
descendentes, ávidos por conhecerem detalhes do seu passado,
Adão anunciava a todos comunicando, como homem inteligente
que era, as lições aprendidas no cadinho do sofrimento,
experiências. adquiridas antes e depois do pecado. Como
receberíam as crianças, adolescentes e jovens esta triste história?
Quais as expectativas dos que o ouviam? só havia uma
esperança "da semente da mulher..." contava ele que depois da
expulsão do paraíso, quando lhe nasceu o primeiro filho,
baseado na promessa de Gn 3.15, ele imaginou que seu
primogênito seria o Redentor prometido, mas teve a cruel
decepção, pois Caim tornara-se o primeiro homicida da história
da humanidade.
No episódio escrito em Gn 4, não obstante terem ouvido
dos lábios do próprio pai sobre o culto aceitável, que era no
sacrifício de um cordeiro imaculado, isto fundamentado no
animal que o próprio Deus sacrificara para que sua pele cobrisse
a nudez física de Adão, o que seria o modelo que prefigurava o
sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo.
Abel aceitou incondicionalmente o ensino ministrado
pelo pai, porém, Caim estabeleceu seu próprio culto ao que foi
rejeitado por Deus e o de Abel foi aceito. Bifurcaram-se aí as
43
Do Éden à Nova Jerusalém
religiões; a ira provocada pela rejeição da parte de Deus,
acendeu-se no coração de Caim e ele matou seu próprio irmão.
Adão, que nunca presenciara um ser morto, especialmente
tratando-se da pessoa do seu próprio filho, sofreu mais um dos
grandes traumas de sua vida. Eu imagino quanta dor! quanta
lágrima!... o solo anteriormente fértil agora estéril, abrolhos e
espinhos lhe dificultavam o cultivo, estava amaldiçoado por
causa de sua transgressão. O espectro da morte o seguia e
soavam aos seus ouvidos as palavras: "Tu és p ó e em p ó te
to m a r á s ”... tudo isto era relatado aos seus descendentes nos
menores detalhes.
4.2 O testemunho de Abel
Não são muitas as informações que nos dá a Bíblia
acerca de sua pessoa. Sendo filho do casal Adão e Eva,
temperamento piedoso, cedo aprendeu do pai a obedecer
inclinando-se à prática do culto ao verdadeiro Deus nos moldes
que o pai lhe ensinara - o sacrifício de animais limpos sobre o
altar.
Abel foi contado na galeria dos heróis da fé, (Hb 11.4).
Com certeza, dedicou-se à criação de ovelhas não somente para
seu sustento e de sua família mas também para oferecer nos
sucessivos cultos ao Deus vivo e verdadeiro.
Temos duas referências bíblicas sobre o seu testemunho:
Primeiro
Relatada em Gn.4: "E teve m ais a seu irm ão A b el que fo i
p a sto r de ovelhas, e C aim fo i lavrador da terra. E aconteceu ao
cabo de dias C aim trouxe do fr u to da terra uma oferta ao
Senhor. E A b e l tam bém trouxe dos prim ogênitos das suas
44
O testemunho pessoal
ovelhas e das suas gorduras, e atentou o Senhor p a ra A b el e
p a ra sua o fe rta ”. Foi agradável a Deus sua maneira de adorar
porque era aceitável. Está escrito em Levítico 17.11,14. "Porque
a alm a da carne está no sangue; p elo que vô-lo tenho dado
sobre o altar, p a r a fa z e r expiação p ela s vossas almas;
p o rquanto é o sangue que fa r á expiação p e la alma. Porquanto
é a alm a de toda carne; o seu sangue e p e la sua alma; p o r isso
tenho dito aos fü h o s de Israel: N ão com ereis o sangue de
nenhum a carne, p o rq u e a alm a de toda carne é o seu sangue ".
Segundo
Hebreus 11.4
"Pela f é A b el ofereceu a D eus m aior
sacrifício do que Caim, p e lo qual alcançou testem unho de que
era ju sto , dando D eus testem unho dos seus dons e p o r eles
depois de morto, ainda fala". Muitas pessoas imaginam que o
Deus vivo aceita qualquer forma de adoração, daí a existência de
um sem-número de sistemas religiosos que se tornam
abomináveis aos olhos de Deus.
O ser humano tem uma sede incontida de relacionar-se
com o seu Criador e um impulso natural da própria alma. Disse
o salmista: "Como o cervo bram a p ela s correntes das
águas, assim suspira a m inha alm a p o r ti, ó D eus! A m inha
alm a tem sede de Deus, do D eus vivo; quando entrarei e me
apresentarei ante a fa c e de D eus? (Sl 42.1,2). A Bíblia fala que
os verdadeiros adoradores são aqueles que o adoram em espírito
e em verdade. "Deus é espírito e im porta que os que o adoram o
adorem em espírito e em verdade"(Jo.4.24).
Com o assassinato de Abel, não apenas uma vida foi
ceifada mas, uma geração foi interrompida; certamente de sua
linhagem nasceria o Messias, o Salvador prometido. Satanás não
45
Do Éden à Nova Jerusalém
queria que a descendência do justo se propagasse mas queria que
a de Caim, por ser depravada.
4.3 O Testemunho de Enoque
"E viveu Jarede cento e sessenta e dois anos e gerou a
Enoque. E viveu Jarede depois que gerou a Enoque, oitocentos
anos; e gerou filh o s e filh a s. E fo ra m todos os dias de Jarede
novecentos e sessenta e dois anos; e morreu. E viveu Enoque
sessenta e cinco anos e gerou a M etuselá. E andou Enoque com
Deus, depois que gerou a M etuselá, trezentos anos e gerou
filh o s e filh a s. E fo r a m os dias de Enoque trezentos e sessenta e
cinco anos. E andou Enoque com D eus; e não se viu m ais
porquanto D eus p a ra si o to m o u ." "Pela f é Enoque fo i
trasladado p a ra não ver a morte, e não f o i achado p o rq u e D eus
o trasladara; visto com o antes da su a trasladação alcançou
testem unho de que agradara a D eus" (Gn 5.18-25; H b 11.5).
Um dos mais fascinantes personagens da Bíblia Sagrada
foi Enoque. A sua biografia está descrita em apenas cinco
versículos, mas as lições que dele aprendemos são de uma
relevância tal que torna aquele homem símbolo da Igreja fiel que
será arrebatada para não ver a morte. Como pregador durante os
seus dias, foi um dos mais eloqüentes. Uma de suas mensagens
referidas por Judas versos 14,15 de sua carta, refere-se ao juízo
do grande dia em que Cristo virá com seus anjos para fazer juízo
contra todos e condenar, dentre eles, todos os ímpios, por todas
as suas obras de impiedade que impiamente cometeram, e por
todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra
ele. Vivia Enoque em meio a uma geração em extremo
corrompida, na mais desordenada desobediência e depravação,
quando os padrões morais e os valores éticos haviam descido a
46
O testemunho pessoal
níveis tão baixos. Mas a escritura Sagrada declara que "Enoque
andou com Deus", e gozou de tanta intimidade (comunhão) que
o Senhor o tomou para que não provasse a morte. Foi
contemporâneo de Lameque, um dos mais depravados homens
de seus dias. Foi ele quem introduziu a poligamia e cometeu um
duplo homicídio. "E tom ou Lam eque p a ra si duas mulheres, o
nom e dum a era A da e o nome da outra Zila. E disse Lam eque às
suas m ulheres A d a e Zila, ouví a m inha voz; vós m ulheres de
Lam eque escutai o m eu dito porque eu m atei um varão p o r me
fe r ir e um m ancebo p o r me p isa r" (Gn 4.19,23).
Andar com Deus, significa em primeiro lugar, uma
decisão pessoal, andar em retidão (SI 101.6; Pv 14.2), andar em
sinceridade (Sl. 15.2); andar na mesma direção (Am 3.3) e,
fmalmente, andar em santidade (Gn 17.1). Ele andou com Deus
por trezentos anos e já vive no céu há mais de cinco mil. Seu
nome é mencionado na genealogia de Jesus Cristo (Lc 3.37; Flb
11.5), como um dos heróis da fé e é chamado por Judas, em sua
carta, o sétimo depois de Adão.
4.4 O Testemunho de Noé
O primeiro julgamento coletivo deu-se assim: "E viu o
Senhor que a m aldade do hom em se m ultiplicava sobre a terra,
e que toda a im aginação dos pensam entos de seu coração era só
m á continuam ente A terra porém estava corrom pida diante da
fa c e de D eus; e encheu-se a terra de violência. E viu D eus a
terra e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia
corrom pido o seu cam inho sobre a terra. Então disse D eus a
Noé: O fim de toda carne é vindo perante a m inha face, porque
a terra esta cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.
Faze p a ra ti um a arca de m adeira de Gofer; fa rá s
47
Do Éden à Nova Jerusalém
com partim entos na arca, e betum arás p o r dentro e p o r fo r a com
betume... Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a
terra, p a ra desfazer toda a carne em que há espírito de vida
debaixo dos céus; tudo o que há na terra expirará. E de tudo o
que vive, de toda carne, dois de cada espécie, m eterás na arca,
p a ra os conservares vivo contigo; macho e fe m e a serão...E no
ano seiscentos da vida de Noé, no m ês segundo, aos dezessete
dias do mês, naquele m esm o dia se rom peram todas as fo n te s do
grande abismo, e as ja n e la s dos céus se abriram, e houve chuva
sobre a terra quarenta dias e quarenta noites. E no m esm o dia
entrou Noé, e Sem, e Cão, e Jafé, os filh o s de Noé, com o
tam bém a m ulher de Noé, e as três m ulheres de seus filh o s com
ele na arca. Eles, e todo o anim al conform e a sua espécie, e
todo gado conform e a sua espécie, e todo o réptil que se roja
sobre a terra conform e a sua espécie, e toda a ave conform e a
sua espécie, todo pá ssa ro de toda a qualidade" (Gn 6.5,1114,17-19; 7.11-14).
Três aspectos provocaram o juízo de Deus:
a) Maldade
Representada por Lameque (Gn 4.19-24)
b) Violência
SI 55.9;Jr.6.7;20.8;
c) Corrupção
Gn.6.5-11
O testemunho de Abel, as mensagens de Enoque, o
exemplo de Noé, e os apelos constantes do Espírito Santo foram
as maiores provas da longanimidade e do amor de Deus para
com aquela geração. A Arca era a provisão salvadora de Deus.
48
O testemunho pessoal
Os mais altos montes, as mais frondosas árvores, os mais fortes
clamores e os mais inteligentes artifícios dos homens de nada
valeram para os milhares de pecadores que tentaram escapar da
violência das águas. Somente a arca serviría de meio de salvação
ao homem. "A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o
testem unho do Senhor é fie l e dá sabedoria aos símplices. Os
p receitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o
m andam ento do Senhor é p u ro e alum ia os olhos, o tem or do
Senhor é limpo, e perm anece eternam ente; os ju ízo s do Senhor
são verdadeiros e ju s to s ju n ta m en te" (Sl 19.7-9).
Assim como Noé e sua família ao saírem da arca pisaram
em um mundo renovado após o dilúvio, a noiva de Cristo está
escondida na arca celestial. O próprio Senhor após o dilúvio da
Grande Tribulação, passada todas as tormentas, a Igreja pisará
em um novo céu e nova terra. "E vi um novo céu e um a nova
terra, p o rq u e j á o p rim eiro céu e a p rim eira terra passaram , e o
m ar j á não existe; e eu João vi a santa cidade, a nova
Jerusalém , que de D eus descia do céu, adereçada como uma
esposa ataviada p a ra o seu marido. E o u ví um a grande voz do
céu, que dizia: Eis a q u i o tabernáculo de D eus com os homens,
p o is com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o m esm o D eus
estará com eles, e será o seu D eus" (A p 21.1-3).
A tendência do gênero humano sempre foi inclinada a
apartar-se do seu criador; inúmeros apelos feitos pela lei inerente
a cada criatura, é um autêntico juiz pronto a aplaudir ou a
rechaçar as intenções do coração. Mas uma força estranha
prevalece sobre o Espírito partícula divina que todo homem
possui e que o deve governar estabelecendo-se uma autêntica
guerra que foi deflagrada desde a queda; a mais cruel tragédia
ocorrida na face da terra, e que deu origem a todos os conflitos
49
Do Éden à Nova Jerusalém
e conflagrações que guerreiam no interior de cada criatura
humana. O indivíduo não se conforma com aquilo que ele é;
famílias se desagregam; comunidades quer pequenas quer
grandes, entram em choque, inclusive tribos e nações que se
consideram as mais cultas não escapam a este princípio e vivem
em permanente conflitos.
Inúmeras experiências tem feito o homem, utilizando-se
das forças conhecidas: a "força moral" "física" e "religiosa".
Tem resultado de forma negativa por mais inteligentes que
pareçam aos homens. Estão sempre procurando combater o que
consideramos sintomas sem, no entanto, atingir a causa o
pecado. Noé chamado o pregoeiro da Justiça não cessou, admito
eu, de testemunhar da sua comunhão e sua relação permanente
com o Deus vivo; a construção da arca em um lugar inalcansável
pelas águas do ponto de vista humano, era um eloqüente apelo à
consciência dos seus contemporâneos. Sob o escárnio de seus
cruéis zombadores e as críticas mais hostis dos corrompidos e
incrédulos não obstaram a decisão consciente de que Deus traria
juízo sobre aquela geração, pois o próprio Deus declarara "O
m eu espírito não contenderá p a ra sem pre com o hom em".
Estava decidido pelo próprio Deus a punição irreversível. A
Biblia diz que Deus se arrependera de ter criado o homem (Gn
6 .6).
Na nossa própria experiência, sabemos quão
desagradável é pregar a pessoas incrédulas e indiferentes a
mensagem divina especialmente em países onde predominam a
idolatria e a feitiçaria que torna a mente dos homens embotada
(2 Co 4.4). Convencer seus próprios familiares a participarem da
construção, cortando e transportando madeira durante o longo
período de cento e vinte anos, não foi uma fácil missão para
50
O testemunho pessoal
Noé; só mesmo uma inabalável convicção o manteve firme
naquele propósito.
Concluimos, assim que:
a) Adão representa a dor do pecador consciente na
esperança de um remidor.
b) Abel representa o desejo espiritual.
c) Enoque representa a escolha espiritual.
d) Noé representa a renovação espiritual.
51
Do Éden à Nova Jerusalém
PARTE II
A origem das nações
Resumo histórico - geográfico
52
PARTE IIA origem das nações
INTRODUÇÃO
As diversas expedições arqueológicas constataram que a
Torre de Babel era, na realidade, uma pretensão de seu
idealizador Ninrode, que tinha por meta alcançar os céus. A sua
intenção e objetivo era a prática da astrologia, que consiste no
estudo e adoração dos corpos celestes. Foi construída de tijolos
requeimados e o betume foi usado como argamassa. "E era a
terra dum a m esm a língua, e dum a m esm a fa la... E aconteceu
que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de
Sinar; e habitaram ali. E disseram uns aos outros: Eia, fa ça m o s
tijolos e queim em o-los bem. E fo i o tijolo p o r pedra, e o betume
p o r cal. E disseram : Eia, edifiquem os nós uma cidade e um a
torre cujo cume toque nos céus, e fa ça m o -n o s um nome, p a ra
que não sejam os espalhados sobre a fa c e de toda a terra" (Gn
11.1-4).
Estes filhos espirituais de Caim rebelaram-se contra o
mesmo Deus; por causa de seus pecados, foram dispersos da
mesma maneira para que se cumprisse o que disse Deus a Caim
"fugitivo e vagabundo serás na terra" (Gn 4.12). Entre as ruínas
da antiga Babilônia, que era construída com sete estágios, com
400 pés de base e foi construída de forma que corresponde com
os planetas para os quais ela foi dedicada: a mais baixa era de
53
Do Éden à Nova Jerusalém
cor preta, a cor de Saturno; a segunda laranja, a Júpiter; a
terceira vermelha, a Marte, etc. Estes estágios eram sobrepostos
e no cume da torre estava o sinal do Zodíaco. A Bíblia
expressamente diz: "maldito todo aquele que consultar o sol a
lua e as estrelas dos céus. "Esta torre arquitetada por Ninrode foi
chamada Babel, (Gn 11.9). Assim, por todo o tempo, a
humanidade tem rejeitado o verdadeiro Deus, construtor do
universo. Este acontecimento deu lugar à dispersão devido à
confusão das línguas, e cada grupo desenvolveu sua própria
cultura e suas características físicas e biológicas. O cruzamento
destes migrantes deu-se dentro da mesma família, parentes
consangüíneos por gerações sucessivas, só muito mais tarde foi
estabelecida a variedade de fatores genéticos permitindo
distintas características diferenciando pele, cor, altura, textura
dos cabelos e a aparência facial, como existem hoje entre tribos
e nações. Daí derivaram as diversas raças e povos.
54
A profecia de Noé
5
A profecia de Noé
O incidente ocorrido com Noé quando embriagado, e o
comportamento inconveniente de seu filho Cão, ocasionaram a
maldição de Canaã e a profecia que teve o seguinte teor:
"M aldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos. E
disse: Bendito seja o Senhor D eus de Sem; e seja-lhe C anaã p o r
servo. A largue D eus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e sejalhe C anaã p o r servo" (Gn 9.25-27).
As palavras de Noé definiram o futuro material e
espiritual dos três homens dos quais descenderíam os povos,
todas as etnias dos que habitam nas ilhas e continentes. O que
nos causa grande admiração sobretudo é a fidelidade do
cumprimento dos vaticínios dos homens que mantêm verdadeira
aliança com o Deus vivo. No mesmo livro de Gênesis 49,
encontramos as bênçãos proferidas por Jacó, antes de sua morte,
quanto ao futuro de seus filhos, que tem se cumprido na íntegra
até os dias atuais.
55
Do Éden à Nova Jerusalém
5.1 As bênçãos de Sem.
Os israelitas, apesar das sucessivas peregrinações
levantadas no passado e no presente, fruto de sua própria
desobediência e transgressão dos postulados e rupturas da
aliança eterna feita com Jeová, deles procederam todos os
profetas do Antigo Testamento; deles veio a nossa salvação (Jo
4.22; Rm 9.4,5). São eles os detentores da maior riqueza, da
maior cultura, da maior inteligência, praticamente têm eles o
monopólio dos meios de comunicação.
Os semitas deram origem aos judeus, e por intermédio de
Ismael e Esaú, a todas as nações árabes.
5.2 Jafé
Os jafetitas deram origem aos seguintes povos: alemães,
russos, persas, gregos, italianos, armenianos, turcos, espanhóis e
cipriotas. Estas nações ocuparam grande parte da Europa com
seu admirável progresso, estenderam-se levando a sua cultura e
civilização aos países e continentes descobertos nestes últimos
500 anos, colonizando-os e transferindo-lhes a mais moderna
tecnologia. Um dos grandes triunfos dos descendentes de Jafé
deu-se quando os persas, aliados aos medos, invadiram a
orgulhosa capital babilônica e assumiram aquele grande império,
onde estavam os judeus escravizados. Esta foi a supremacia da
raçajafetita.
A segunda parte concernente a Jafé. "Ele habite nas
tendas de S e m ”. O apóstolo Pedro mais tarde, numa sucinta
exposição que fez no grande concilio em Jerusalém, faz alusão
ao cumprimento desta promessa, "Simão relatou com o
56
A profecia de Noé
prim eiram ente D eus visitou os gentios p a ra tom ar um p o vo p a ra
seu nom e" (At 15.14) nesta explicação clara, estão incluídos os
jafetitas como gentios que são.
5.3 Os Cananeus
Destes, descenderam as seguintes nações e os africanos
em geral: os babilônios, os assírios, os fenícios, os hetitas, os
jebuseus que ocupavam Jerusalém antes da conquista alcançada
por Davi, os filisteus e os demais povos orientais: chineses,
japoneses, indianos. Os egípcios tiveram seus momentos de
glória, e atualmente os países asiáticos alcançaram admirável
progresso e alguns pertencem ao primeiro mundo. São chamados
modernamente os "tigres asiáticos" pela tecnologia que vêm
desenvolvendo. A maldição que pesa sobre eles em
conseqüência da profecia de Noé são os cultos idolátricos que
eles praticam, que são religiões abomináveis aos olhos de Deus.
5.4 Contribuição dos três filhos de Nòé as diversas culturas
Cão
A responsabilidade, a capacitação, a competência e
proficiência técnica. A responsabilidade pelo estar físico do
homem.
Jafe
A aplicação da filosofia, o desenvolvimento dos métodos
científicos: a responsabilidade pelo bem estar mental do homem.
Sem
A revelação divina. A responsabilidade pelo bem estar
espiritual do homem.
57
Do Éden à Nova Jerusalém
6
Nações gentílicas
Das nações formadas depois do dilúvio e a dispersão de
Babel, as mais importantes do ponto de vista histórico ou
espiritual, além do povo de Israel, destacam-se as seguintes: Os
cananeus, os sumerianos, os filisteus, os egípcios, os
babilônicos, os persas, os gregos e os romanos.
Dos nove, à exceção dos romanos, que não concluíram o
seu domínio, já tiveram participação na história dos impérios
profetizados no sonho de Nabucodonozor conforme (Dn 2.1922,31-45). Os romanos segundo os vaticínios terá seu império
restaurado sob o domínio do Anticristo.
6.1 Os cananeus
Ocupavam a área destinada a Israel nos dias quando, sob
a liderança de Josué, o povo entrou na terra prometida. Os
cananeus compunham-se dos fenícios, filisteus, amonitas,
heteus, jebuseus, amorreus e heveus. A maioria destes povos era
descendente de Canaã (Gn 9.22-27; 10.6,15,20). As cidades por
58
Nações gentílicas
eles fundadas foram Gerar, Megido, Jerico, Sodoma, Gomorra e
Jerusalém. A terra ocupada por eles era fértil e havia grande
abundância; era ótima para criação de rebanhos. (Ex 3.8;Dt,8.79). O povo tinha seu próprio alfabeto composto de 31 caracteres.
Na sua religião podemos afirmar, sem exagero,
predominava a depravação sexual, a imoralidade e os sacrifícios
de vítimas humanas. Por esta razão Deus ordenara a Josué o
extermínio de seus cidadãos e de sua cultura. (Dt.7.1-5; 18.9-12).
A devassidão praticada por aquelas nações era abominável aos
olhos de Deus (Gn 13.13;18.20; Nm.25 1-4; Jz 10.6-13). Os
deuses oficiais dos cananeus e amonitas eram: Moloque,
Astarote e Milcon (1 Rs. 11.1-6). Uma expedição liderada pelo
arqueólogo chamado Macalister durante os anos de 1904 a 1909
descobriu as ruínas de um templo dos cananeus e, no seu
interior, centenas de urnas contendo ossos de crianças de 4 a 12
anos, que tinham sido queimadas vivas. Os sacerdotes dessas
religiões eram geralmente homossexuais e as sacerdotisas
prostitutas.
6.2 Os sumerianos
Os sumerianos surgiram depois da dispersão ocorrida no
incidente da Torre de Babel, bem como outros grupos que se
espalharam, indo ocupar quase toda a extensão do Oriente
Médio. Estes sumerianos foram para a Mesopotâmia, palavra
que significa "entre dois rios" o Tigre e o Eufrates; ambos
desaguam no Golfo Pérsico.
Estavam divididos em dois grupos: os zacadianos viviam
na parte superior do vale e os sumerianos ocupavam a parte
baixa conhecida como a terra de Sumer. As mais importantes
cidades eram: Eridu, Kish, Lagarch, Larca, Nipur, IJmma, Ur, e
59
Do Éden à Nova Jerusalém
Uraque. Eram excelentes arquitetos e construtores. Ur, uma das
cidades por eles construídas, possuía luxuoso palácio real com
arcos e colunas bem trabalhadas; suas paredes eram adornadas
com lindas pinturas com figuras de homens e animais; os
aristocratas viviam em casas construídas em torno de áreas que
se destinavam a jardins bem cuidados. Sua arquitetura foi mais
tarde copiada pelos egípcios. Seus templos com torres e
plataformas em diversos níveis, modelos da Torre de Babel. Eles
trabalhavam em ouro e prata. Destes preciosos metais
fabricavam excelentes obras de joalheria. Conheciam
matemática, astronomia e astrologia; mapearam os céus e
transmitiam seus conhecimentos em escolas existentes;
compunham legendas, baladas; entre as mais famosas foi "A
Criação", a Épica de Gilgameshe. Possuíam calendário lunar; o
ano era de trezentos e cinqüenta e quatro dias, e um código
anterior ao de Hammurabi; seus exércitos possuíam carros e suas
tropas eram bem ordenadas e armadas com lanças e escudos; sua
agricultura era desenvolvida e conseguiam grandes colheitas;
praticavam a escrita, seus caracteres eram cuneiformes.
A religião dos sumerianos era uma complicada
mitologia: cada cidade possuía seu próprio deus. "Star" era a
deusa mãe dos demais deuses protetores do amor e da
fertilidade, e "Tamus" era a deusa da primavera, das flores e do
grão. Durante a dinastia Babilônica "Tamus" foi substituída por
"Marduck", deus dos amorreus. Os sumerianos adoravam
também os corpos celestes e dedicavam-se à astrologia.
Possuíam templos e altares e ofereciam sacrifícios humanos;
suas escolas eram dirigidas por sacerdotes.
60
Nações gentílicas
6.3 Os filisteus
Este povo habitava, inicialmente, na ilha de Creta ou
Caphitor, em 1200 AC. tendo imigrado para a Palestina. Eram
também chamados Caphetoreus; procedia da linhagem de
Canaã, (Jr 47.4; Dt 2.3; Am 9.7; 1 Cr. 1.12.). Em caminho para a
Palestina destruíram os hititas e a antiga cidade síria Ugarit,
1190 AC. Tentaram invadir o Egito, mas foram rechaçados pelo
Faraó Ramissés II, tendo ido fixar-se na Palestina. Eles
fundaram as cidades de Gaza, Asdode, Asquelom, Ecrom e
Gate. Seus deuses eram: Dagom, Astarote, Baal-Zebube ou
príncipes de demônios. (1 Sm 31.10; 2 Rs 1.2; Mt 12.24).
Celebravam sua vitória nos templos de seus deuses (1 Sm 31.9);
carregavam seus deuses nas batalhas, (2 Sm 5.21). A razão das
vantagens que eles tiveram sobre Israel nos dias de Saul foi que
eles conheciam a fundição e também possuíam ferreiros. Israel
dependia deles até para amolar as suas ferramentas e fabricar as
suas armas de guerras (1 Sm 13.5,19-22). Em batalhas anteriores
eles haviam sido derrotados por Sangai e Sansão. (Jz
3.31 ;13.1 ;15.14-20).
6.4 Os egípcios
Sua origem é semelhante ao dos demais grupos que
migraram para a Mesopotâmia, localizaram-se numa posição
privilegiada, protegidos por todos os lados por barreiras
naturais: ao norte pelo mar Mediterrâneo; ao nordeste pelo
ribeiro El-Aris (o rio do Egito em Nm 34.5), a fronteira da
Palestina, e pelo deserto sírio ou arábico até o Golfo de Suez,
deste ponto para o Sul tem por limite a costa ocidental do Mar
Vermelho, ficando a oeste a Líbia deserta.
Esta civilização desenvolveu-se às margens do rio Nilo,
o mais extenso do mundo com 4.037 milhas; começando no
61
Do Éden à Nova Jerusalém
Lago Victória ao Norte da África e desaguando no Mar
Mediterrâneo, sendo plenamente navegável. No seu delta; o rio
se reparte em sete correntes que se derramam no mar.
O seu governo consistia em sucessivas dinastias pelas
quais se conhecem todas as suas características históricas.
No ano 1525 AC nasceu Moisés, o legislador e condutor
do povo de Israel. A filha de Faraó, por nome Halshepsut (Ex
2.5) foi a que o adotou e proporcionou-lhe um esmerado
preparo acadêmico, esperando que no futuro ele viesse a ocupar
o trono. O Faraó que procurou matar a Moisés foi Thutmose III
(Êx 2.15), sobrinho de Halshepsut que detestava a rainha e com
quem casou-se mais tarde. Quando da sua vinda para o poder,
Moisés naturalmente sofreu as conseqüências de sua ira também.
O Faraó durante o tempo das 10 pragas (Ex.1.5) foi Amenhope
II; a tumba deste Faraó nunca foi terminada. Isto pode ser visto
em Ex 14.8-28, e seu filho nunca reinou sobre o Egito (Êx
12.19). Dissemos isto porque, sem dúvida, seu filho morreu no
dia da Páscoa entre os primogênitos do Egito.
Os egípcios eram um povo socialmente inteligente e
instruído, profundo conhecedor das artes, familiarizado com o
progresso da riqueza, da matemática, da arquitetura, da
comunicação, da tecnologia da sua época e da astrologia.
Os seus costumes, no que diz respeito à moral, eram
liberais e desequilibrados, porém bastante sistemáticos.
Entretanto, vale ressaltar que entre eles existia a escravidão.
Era notória a habilidade dos egípcios na agricultura
devido a fertilidade do solo, regado pelo rio Nilo, produzindo
62
Nações gentílicas
abundantemente cevada, centeio, e trigo, assim como eram
grandes produtores também de uvas, romãs, tâmaras, entre
outros frutos.
O seu comércio centralizava-se na produção e venda de
minérios tais como: ouro, prata, cobre, chumbo etc; os escravos
eram utilizados de maneira desumana nestas explorações.
6.5 Os babilônios
Entre os anos 2.000 a 1.800 AC. a Mesopotâmia foi
dominada por um povo chamado "Elamitas" (Gn 10.22; 14.1-9),
conhecido hoje como Persas. Em 1.760 AC, e os elamitas
foram expulsos pelos amorreus que viviam na parte oeste do rio
Eufrates, sob o comando de Hammurabi. Com ele teve início o
reino da antiga Babilônia; depois da sua morte seu reino foi
desintegrado e permaneceu apenas em parte, durante cem anos,
até à chegada do soldado caldeu chamado Nabucodonozor, que
estabeleceu o segundo reino. Em 1.760 AC quando Hammurabi
conquistou o vale entre o Tigre e o Eufrates, construiu a capital
do reino e estabeleceu o culto a Marduque. Hammurabi ficou
conhecido não somente como fundador do Império Babilônico
mas também pelo famoso código que tomou o seu nome. Mas ou
menos cem leis, estão incluídas, e controlava o aspecto político,
social e econômico da vida daquele povo. Hammurabi nao foi
propriamente o seu autor, ele apenas sumarizou o Código
Sumeriano, cujo legislador era chamado Dunge; escrito três mil
anos antes.
O Império Babilônico foi muito próspero durante os dias
de seu governo que se estendeu por quarenta e dois anos, quando
ele morreu em 1.708 AC. Uma horda de invasores chamados
hititas conquistou a Mesopotâmia e o Império Babilônico
63
Do Éden à Nova Jerusalém
desapareceu. Os hititas eram descendentes de Hete (Gn 10.15;
23.3-20; 27.46). Por aproximadamente cento e setenta anos os
hititas controlaram a área do antigo reino. Finalmente, em 1.530
AC, eles foram submetidos pelos cusitas, um povo que vivia a
noroeste da Mesopotâmia (Gn.2.13;10.8). Eles dominaram a
área por aproximadamente 400 anos, e foram dominados pelos
assírios e elamitas, surgindo deste modo um novo reino
babilônico. Por volta de 620 AC. um grupo de gente conhecida
como caldeus, reconstruiu a cidade de Babilônia a qual tinha
sido incendiada pelos assírios em 720 AC. Depois os caldeus
vieram do sudeste da Mesopotâmia liderados por Nabopolassar,
que se tomou governador da cidade da Babilônia. Pouco tempo
depois ele fez seu filho casar-se com a filha do rei da Média que
governou o norte da Mesopotâmia. Em 612 AC. o filho do
famoso Nabuchadenezzar liderou uma aliança de babilônios e
medos contra Nínive, a capital da Síria. A revolta foi bem
sucedida e assim nasceu um novo reino Babilônico em 606 AC.
Nabuchadenezzar derrotou os remanescentes e desafiou o
Egito para a famosa batalha de Carquemís. Prosseguiram os
egípcios na sua fuga até Jerusalém. Sua primeira visita a
Jerusalém foi curta, pois ele tinha pressa de voltar para casa no
ano 605 AC, devido à morte inesperada de seu pai. Mas antes do
regresso, ele pode lançar cerco à santa cidade em três ocasiões e
por último a queimou. Em 605 AC, ele ocupou a cidade; levou
Jeoiaquim preso em cadeias e alguns dos vasos da casa do
Senhor (2 Cr 36.6,7; Dn 1.1-3).
Foi nesta época que Daniel foi levado cativo juntamente
com seus companheiros. Em 597 AC. Nabucodonozor voltou e
tomou o resto do tesouro quando Ezequiel, o profeta, também
foi levado com mais dez mil príncipes, oficiais e chefes (2 Rs
64
Nações gentílicas
24.14-16); isto aconteceu em 16 de março de 597 AC. Em 586
AC, ele retornou para sustar a rebelião liderada por Zedequias, o
último rei de Judá. Neste tempo os muros foram quebrados, o
templo destruído e a cidade queimada. Os filhos de Zedequias
foram mortos e ele foi cegado e levado para a Babilônia onde
mais tarde veio a morrer. Começou aí o ostensivo progresso da
Babilônia (Dn.4), tornou-se a capital do seu reino. Os muros em
volta da cidade eram de 300 pés de altura, 80 pés de espessura;
eles foram construídos em forma de um quadrado com 9 milhas
de extensão; a área interna, 200 milhas quadradas; era do
tamanho de Nova Yorque hoje.
Babilônia foi fundada por Ninrode o neto de Noé (Gn
10.8-10). Apesar de tantos conflitos, ela tornou-se uma das mais
magnificentes e luxuosas do mundo construída sobre o rio
Eufrates, que cortava a cidade diagonalmente.
O Famoso historiador Heródoto diz que a cidade era
cercada por um muro de trezentos e cinqüenta pés de altura,
oitenta e sete de largura penetrando por trinta e cinco pés abaixo
do chão, para evitar a penetração dos invasores e a espessura
suficiente para correrem emparelhados em estratégica
locomoção. Havia duzentos e cinqüenta torres onde se postavam
os atalaias e circulavam os muros uma espécie de canal cheio de
água, que era uma adicional proteção contra os ataques inimigos.
Para alcançar os muros teriam que atravessar os canais onde
estavam localizadas centenas de portões de cobre. Os jardins
suspensos são considerados ainda hoje como uma das sete
maravilhas do mundo; eles ocupavam uma área de 400 pés
quadrados e estavam distribuídos sobre terraços sobrepostos a
uma altura que alcançavam até 350 pés . Os visitantes podiam
circular por passadiço de 10 pés de largura; visto a distância,
65
Do Éden à Nova Jerusalém
apresentavam uma deslumbrante visão. A torre do templo de
Marduque era o mais renomado santuário em todo o Eufrates; lá
estava uma estátua de Bel, construída de ouro e base do mesmo
material, e juntamente pesavam 50 mil libras; no topo acima das
imagens de Bel e Star tinham dois leões sobre um pedestal de
ouro com quarenta pés de comprimento por quinze de largura e
uma figura humana de sólido ouro com 18 pés de altura.
Babilônia era literalmente uma cidade de ouro (Is 14.4).
Na cidade havia 53 templos e 180 altares e eram dedicados a
Star. Nabucodonozor morreu em 56 AC. Depois de diversos
breves reinados por homens fracos, Nabucodonozor foi sucedido
por Nabonides, seu gemo. Ele governou de 556 AC. a 539 AC;
depois ficou cansado da coroa, deixou a cidade de Babilônia sob
o controle de seu filho Belsazar, e retirou-se para o oeste
tornando-se assim o primeiro arqueólogo mencionado na
história.
No dia 13 de outubro de 539 AC. Babilônia foi tomada
pelas forças aliadas dos Medos e Persas; Belsazar foi morto e o
império passou. Os babilônios eram excelentes astrônomos e
tinham a "astrologia" como religião. Eles eram grandes
construtores. Nabucodonozor construiu os famosos jardins
suspensos para satisfazer sua nostálgica esposa Ametis, que
geralmente a guiava pelas montanhas de sua terra natal, Média.
Seu palácio cobria uma área de sete acres; só a sua sala de
banquetes media 171 pés de comprimento e 65 pés de largura e
ocupava 11 mil pés quadrados.
66
Nações gentílicas
6.6 Os assírios
Sem dúvida, os assírios foram os mais crúeis da história.
A Mesopotâmia foi conquistada pelos assírios cerca de 1.200
AC; introduziram o método de despovoar as nações por eles
submetidas. Os cidadãos dos países conquistados eram levados
de sua terra natal como escravos para a Síria. Eles permitiam os
estrangeiros que quisessem viver da agricultura ou qualquer
outra atividade; desenvolveram a ciência das operações militares
por meio das quais foram usados para destruir os muros de
fortificações; também foram os fundadores do sistema postal;
construíram templos e palácios com portões fortificados, torres e
arcos imensos palácios foram erguidos por seus reis . A casa de
Sargom II Khorfabad ocupou uma área de 25 acres com mais de
200 grandes quartos que podiam hospedar 80.000 visitantes.
A capital, a mais importante cidade da Síria, foi Nínive;
estava do lado oeste do rio Tigre; foi uma das maiores das
cidades da antigüidade com 1200 torres, cada uma tinha mais de
200 pés de altura e seus muros com 100 pés de altura; sua
espessura comportava três carros emparelhados, e tinha 60
milhas de circunferência; dentro de suas portas podia abrigar
uma população de 600 mil pessoas. Assevera o historiador
Zenefom que a base de seus muros era de pedras polidas e sua
largura media cinqüenta pés e seu palácio de magnificente
beleza com pátios cobrindo mais de 100 acres. Os tetos eram
sustentados por vigas de cedro apoiadas sobre colunas de
cipreste, reforçada em torno com peças em prata e ferro; as
portas eram guarnecidas com enormes leões e touros esculpidos
em pedra e outros eram de ébano e cipreste incrustadas com
ferro, prata e marfim. Os quartos eram adornados em placa de
alabastro e cilindros com inscrições cuneiformes; os jardins
suspensos eram cheios com ricas plantas e animais raros,
67
Do Éden à Nova Jerusalém
possuindo outros templos e palácios que adornavam e
enriqueciam a cidade; todos eram de rara beleza, eram
construídos por escravos estrangeiros. Seus importantes reis
foram:
1. Tiglah Pilezer I - 1114 a 1076 AC. Foi um dos mais
poderosos reis, chamava-se a si mesmo governador da terra, e
gabava-se de ter pessoalmente matado quatro enormes búfalos,
dez elefantes e cento e vinte leões.
2. Ashur-Nazir-Pal, de 883 a 859 AC. A grande expansão
e invasão estrangeira começou com este rei.
3. Shalmanezer III, de 858 a 824 AC. Não conheceu as
Escrituras ala-nos do envolvimento do rei Acabe em uma guerra
com ele; o mesmo era filho de Ashur-Nazir-Pal.
4. Tiglat-Pilezer III, de 746 a 728 AC. Este general
assírio usurpou o trono, restaurou o império que tinha se
degenerado por 80 anos depois da morte de Shalmanezer III. E
referido na Bíblia em 2 Rs 15.29; 16.7,10. No tempo da disputa
entre as tribos de Israel e Judá o rei de Judá precipitadamente o
convidou para ajudá-lo. Logo depois Tiglat-Pilezer invadiu
Israel levando escravo duas e meia tribos que viviam ao oeste do
Jordão (2 Rs 15.29,30). Este rei assírio desenvolveu o exército
mundialmente famoso pelas armas que possuía.
5. Shalmaneser V, de 727 a 722 AC. Capturou e
aprisionou Oséias, último rei de Israel, do norte. (2 Rs 17.1-6) e
morreu quando lançava cerco a Samaria.
6. Sargom II, de 721 a 705. Ele era general de
Shalmaneser e terminou de saquear Samaria mencionado em Is
20.1. Sargom II foi mais tarde assassinado.
7. Senaqueribe, de 705 a 681 AC. Ele foi o filho de
Sargon II, nessa época que seu pai morreu, Senaqueribe
governou a cidade de Babilônia; ele mais tarde em sua tentativa
de rebelião destruiu Babilônia, cercou Jerusalém em 701 AC e
68
Nações gentílicas
ameaçou o rei Ezequias a se render, mas Deus salvou a cidade,
enviando seu anjo que matou cento e oitenta e cinco mil assírios
que compunham a sua tropa. (2 Rs 19.35; 2 Cr 32), sendo mais
tarde assassinado por um dos seus filhos.
8. Esarhaddon de 681 a 669 AC. Reconstituiu a
Babilônia que tinha sido destruída por Senaqueribe, seu pai.
Esarhaddon foi um grande rei, ele aprisionou o rei de Judá,
Manassés (.2 Cr.33.)
9. Ashurbanipal de 668 a 626 AC. Deslocou muitos dos
estrangeiros de Babel e de Cuta e de Asa e de Amate e
Serfarvaim fazendo-os habitar nas cidades de Samaria em lugar
dos filhos de Israel. (2 Rs 17.24). Ele foi o último poderoso rei
assírio. O império sobreviveu somente 15 anos depois de sua
morte.
Nínive caiu em 612 AC. A história nos diz que, os
babilônios forçaram a cidade por 3 anos dirigindo três maciços
ataques contra ela, falhando cada vez. Por causa disto os
assírios, dentro de Nínive, festejavam-se e embriagavam-se, mas
inesperadamente o rio Tigre transbordou e barreiras foram
levadas poderosamente pelas águas batendo-se contra os muros
da cidade e foi provocando a derrota dos assírios; foram
arremetidos dentro da cidade e ela foi destruída. A destruição de
Nínive foi tão grande que, Alexandre, o Grande, marchou com
suas tropas sobre a mesma terra o qual deu mais uma vez
suporte para a poderosa construção e não mais foi a mesma
cidade.Essa cidade não foi escavada até o ano de 1845 AC.
6.7 Os persas
Por volta de 220 anos (550 a 330 AC) os persas
governaram o período mais extenso da história do império. Eles
estabeleceram o melhor sistema de governo e desenvolveram o
69
Do Éden à Nova Jerusalém
maior sistema político conhecido até o surgimento do Império
Romano. Seu reino estava dividido em 21 províncias. A justiça
superior de seu Código de Leis, controlava seus sátrapas, deste
modo estavam sujeitos ao governo central Suas principais
capitais eram : Susa e Persepólis.
Como os assírios antes deles, os persas fizeram uso do
sistema de correio expresso, usando cavalos para conduzir cada
12 milhas; deste modo, as correspondências alcançavam todos
os governadores dentro do prazo em menos de 10 dias. Seus
palácios eram os mais belos e bem construídos. Zoroasto,
nascido em 600 AC, desenvolveu um sistema religioso dualista,
do bem (demostrado pela luz) e o mal (ilustrado pelas trevas).
Zoroasto ensinou que a bem-aventurança era alcançada
pela justiça e a retidão, e o sofrimento no inferno pela
impiedade. Ele também ensinou o futuro julgamento. Pelo que
nos parece depois do grande dilúvio, estabeleceu uma religião
mundial que incluía um conceito bíblico.
Os persas eram reconhecidamente tolerantes permitindo
aos povos conquistados por eles, continuarem conservando seus
sistemas religiosos. Eram amantes de cachorros, consideravam nos animais nobres, eram bem tratados por eles, e criam que os
cachorros afastavam os demônios. Maltratar os cães era crime,
negligenciar os seus filhotes era tão grave como abandonar uma
criança.
Por volta de 550 AC um general persa submeteu os
medos unindo-se às suas forças, combateu os persas e os
dominou. O nome daquele homem era Ciro o Grande, um dos
mais importantes de então. Em 547 AC ele conquistou os
70
Nações gentílicas
Croesos, que eram governados pelo fabulosamente rico rei da
Lídia, localizado entre o Mediterrâneo e o mar Negro. Ciro usou
uma tropa de camelos para realizar esta conquista. Em seguida
apoderou-se daqueles territórios até a fronteira com a índia.
Finalmente voltou-se para a Babilônia em 536 AC, tomou-a, e
executou Belsazar (Dn 5). Ciro permitiu a volta dos
remanescentes judeus que tornaram um pouco mais tarde,
(Ed.1.5). O Rei Ciro morreu na batalha em 529 AC. Ele é
mencionado muitas vezes na Bíblia (Is 44.28;45.1; Dn.1.21;
6.28; 10.1). Foi sucedido por seu filho Cabises em 529 a 522
AC. Conquistou o Egito. A construção de Jerusalém foi parada
por sua ordem durante o seu reino (Ed 4.21-24). Cabises
(Artarxerxes ) cometeu suicídio ao surgir uma revolta contra ele.
Dario, o Grande, 522 a 486 AC, assumiu e salvou o fragmentado
império restaurando a lei e a ordem. Este homem era muito
cruel. Quando a cidade de Babilônia tentou uma revolta, ele
crucificou três mil cidadãos que lideravam o movimento;
permitiu que a reconstrução do templo em Jerusalém
continuasse (Ed.6.1-12). Em 490 AC Dario, o Grande, liderou
uma frota de 600 navios levando 60 mil homens inclusive de
cavalaria para capturar e subjugar a civilização grega; mas ele,
inesperadamente, foi derrotado em uma planície chamada
Maratona, dirigida por um brilhante general grego chamado
Miltíades. A despeito da superioridade numérica dos persas, os
gregos se articularam de tal forma e os derrotaram. Xerxes, de
486 a 465 AC, o filho de Dario, reinou em seu lugar; ele foi o
rei Assuero do livro de Ester.
Na primavera de 480 AC, Xerxes cruzou o estreito de
Dardanelos com mais de 10.000 homens e centenas de navios. A
história conta-nos que Xerxes lamentou enquanto contemplava o
deslumbrante desfile de sua máquina de guerra, todos
71
Do Éden à Nova Jerusalém
carregando suas brilhantes e coloridas bandeiras e estandartes.
Quando perguntaram porque ele chorava, ele replicou: "Porque
eu conheço toda esta glória militar, é só por um momento e
desaparecerá para sempre. Porque em menos de uma centena de
anos de agora todos os homens presentes aqui terão morrido
inclusive eu mesmo."E houve o desastre logo depois, pois ele
perdeu 400 navios numa severa tempestade no mar e foi vítima
de uma cega frustração e raiva. Xerxes foi batido pelas águas
tempestuosas do mar. A sua orgulhosa tropa persa ficou detida
durante o dia todo nas montanhas, num lugar chamado
Thermopylae. Ali um capitão grego chamado Leônidas e seus
bravos soldados espartas, fez recuar todo o exército invasor e em
24 horas, causou grande perda ao exército persa, e no exército
grego as perdas foram bem menores. O exército grego
ordenadamente retirou-se para segurança. Xerxes eventualmente
rompeu e os seus queimaram Atenas, mas a maioria de seus
cidadãos escapou na ilha de Salames. O rei então navegou para
Salames, confiante da vitória, pois seu exército excedia
numericamente em uma média de 3 por 1.
Nos pequenos barcos gregos nos quais eles batalhavam
eram mestre em abrir brechas em embarcações; cedo diante de
seus olhos espantados, Xerxes viu o massacre de sua orgulhosa
marinha. Ele voltou para a Pérsia um homem derrotado; as
tropas remanecentes foram postas sob o comando do general
Nardoneus. Um ano mais tarde, Nardoneus foi vencido e morto
numa intensa batalha em Plataeia, em 479 AC; o Império Persa
teve então o seu final. Artarxerxes, 465 a 423 AC, filho de
Xerxes I, foi o rei no tempo de Esdras. (Ed 7.1; Ne 1). Dario III,
335 a 331 AC. o Império Persa foi destruído por Alexandre, o
Grande.
72
Nações gentílicas
6.8 Os gregos
De 546 a 479 AC. A Grécia sofreu constantes invasões
pelos persas, mas isto tudo terminou depois da vitoriosa batalha
de Salames e Plataeia. Logo depois destas batalhas, a Grécia
entrou no período de ouro, governada por um ateniense
democrata chamado Péricles. (461 a 429 AC). Um número de
cidadãos tornou-se reconhecido como homens famosos na
história:
1. Heródotos (485 a 425 AC.) o pai da história.
2. Hipócrates (460 a 380 AC.) o pai da moderna medicina.
3. Sócrates (469 a 399 AC.) filósofo
4. Platão (427 a 347 AC.) filósofo
5. Aristóteles (384 a 322 AC.) filósofo
6. Demóstenes (385 a 322 AC.)um dos maiores
compositores da oratória.
A era de ouro durou pouco, pois nas duas cidades
principais, Esparta e Atenas, começaram as batalhas contra si
mesmas; três conflitos armados conhecidos como as "Guerras do
Polaponésio", de 450 a 404 AC. Esparta atingiu uma situação
crítica depois desta guerra.
O surgimento de Alexandre o Grande.
Em 338 AC um homem da Macedônia conquistou a
Grécia. Ele foi assassinado dois anos depois, em 336 AC.
Chamava-se Felipe da Macedônia (380 - 336 AC). Felipe foi
sucedido por seu filho Alexandre, o Grande, que cedo tornou-se
um dos maiores consquistadores do mundo. Tinha vinte anos
naquele tempo. Ele imediatamente preparou-se para cumprir as
73
Do Éden à Nova Jerusalém
ordens de seu pai: invadir a Pérsia. Em 334 AC ele atravessou o
Elespont, que separava a Ásia Menor e o Oriente Médio.
Derrotou os persas em Granicus, em 334 AC. Marcharam outra
vez a Issus, em 333 AC. Eles destruíram Tiro, atravessaram
Jerusalém e foram bem recebidos pelos egípcios. Aqui eles
fundaram a cidade de Alexandria. Subjugaram os persas em
Arbela em 331 AC. Em 327 AC. invadiram a índia; neste tempo
ele também planejou reconstruir a cidade de Babilônia na sua
antiga glória. Mas na índia ele morreu em 323 AC. na idade de
trinta e dois anos. Este poderoso império foi dividido por quatro
dos seus generais.
1. Ptolomeu, que governou o Egito. Cleópatra veio desta
linhagem.
2. Seleucus que tomou a Síria. Da Síria veio o notável
Antíoco Epiphnes IV (176-163 AC).
3. Cassander que tomou a Grécia e a Macedônia.
4. Lysimachus que governou a Ásia Menor.
6.9 Os romanos
A história atribui a sua fundação a Rômulo, em 21 de
abril, 753 AC. Este povo tomou o nome de "Romanos" inspirado
no nome de seu fundador, que governou por trinta e nove anos.
Ele teve um misterioso desaparecimento. A tradição diz que ele
foi tomado aos céus.
No ano 338 AC. Roma controlou a Itália Central. Veio
então a histórica "Guerra Púnica" entre Roma e Cartago, sendo
mais tarde destruída esta última em 146 AC. A primeira guerra
foi de 264 - 241 AC; a segunda foi de 218 - 202 AC. Anibal
apareceu durante esta guerra. Ele apavorou os romanos quando
74
Nações gentílicas
marchou com uma tropa de elefantes sobre os Alpes em 218 AC,
e derrotou dois grandes exércitos romanos. Também debandou
seus inimigos em Cannae, em 216 AC. Finalmente um grande
general romano, chamado Scipio, derrotou a Anibal em Zama
(202 AC), quando então Roma tornou-se a senhora do
Mediterrâneo. Na terceira guerra (149 - 146), a cidade de
Cartago foi tomada e queimada.
Pompeu, o famoso general romano, conquistou a
Palestina em 63 AC. Isto foi seguido por um período de guerra
civil; o império foi então salvo e consolidado por Júlio César,
durante a sua famosa Guerra Gálica de 59 - 51 AC. Sobre os
idos de março de 44 AC, César foi assassinado em Roma.
A história do tempo do Novo Testamento até ao fim do
Império Romano.
O Império foi então assumido por Octavio, também
conhecido por César Augusto; ele venceu Brutos e Cácios, dois
dos rebeldes que assessoravam a Júlio César, em Philipe, em 42
AC. Em 31 AC. Octavio venceu as forças de Anthony e
Cleópatra em Actium e fez do Egito uma província romana. Foi
quando o Império Romano entrou no zênite do poder e glória.
Foi durante o governo de Octavio (31 AC-14 AD) que o Senhor
Jesus nasceu. Foi sucedido por Tibério Cesar de 14 - 37 AD. O
ministério de ambos João Batista e Jesús, o Salvador - tomou
lugar neste tempo. Calígula 37-41 AD tornou-se um maníaco e
desumano. Foi assassinado.
Calígula estava no poder durante o início do livro de
Atos dos Apóstolos. Claudios (41 - 54 AD). foi envenenado pela
própria esposa. Paulo realizou suas grandes viagens missionárias
75
Do Éden à Nova Jerusalém
durante o seu reino. Nero (54 - 68 AD), depois de um período
de reinado normal, degenerou-se em um insano, um monstro.
Incendiou Roma e matou muitos cristãos, atribuindo a estes o
crime de ter incendiado Roma. Pedro e Paulo foram, diz a
história, martirizado durante o seu reino, em 68 AD. Ele
cometeu suícidio.
O general Vespasiano (68 - 79 AD) tornou-se o
governador. Ele ordenou o seu filho Tito destruir Jerusalém o
que teve lugar em 70 AD. Após a sua morte, Tito tomou o seu
lugar e reinou de 70 - 81 AD. Durante o seu governo, a cidade
de Pompéia foi destruída pelo Vesuvius. Em 81 AD. Domiciano
ascendeu ao poder. Ele baniu o apóstolo João para a ilha de
Patmos (Ap 1.9).
Dez ou mais dos imperadores romanos tinham uma coisa
em comum, eles todos odiavam os cristãos.
Finalmente, em 284 AD, Deoclécio assumiu o poder.
Este rei é conhecido como o último que perseguiu os cristãos,
também o mais cruel de todos. Deoclécio dividiu o Império em
duas partes o Leste do Oeste, e apontou um homem chamado
Maximiano para governar a parte Leste em 305 AD. Quando
Deoclécio deixou o trono, dois homens imediatamente
começaram a lutar para ocupar o trono. Um foi o filho de
Maximiano e o outro foi Constantino. O problema de quem
deveria governar Roma foi resolvido em 312 AD fora da cidade,
em um lugar chamado Milvianm Bridge. Aqui Constantino
derrotou completamente seu adversário assumindo o poder. Em
313 AD Constantino fixou o famoso edito de tolerância que
estabeleceu o Cristianismo como religião do Estado. Ele
também presidiu sobre o Concilio de Nicéia. Juliano, o apóstata,
que era sobrinho de Constantino, se tomou governante depois da
76
Nações gentílicas
morte de seu tio. Ele também tentou substituir o cristianismo,
mas falhou. As suas agonizantes palavras no campo de batalha
363 AD foram: "Oh! Galileu tu tens conquistado até o último."
Theodosius, o Grande em 378 - 395 AD, um campeão do
cristianismo, dividiu mais uma vez o Império nos setores Leste e
Oeste, como Deoclécio anteriormente fez. Durante os anos de
450 - 455 AD. Átila o Hun, o vandalismo e a pilhagem
dominaram a Itália e Roma. Em 476 AD Rômulo Augustulus foi
o último Imperador destronado.
77
Do Éden à Nova Jerusalém
7
Israel - o povo eleito
O povo eleito tem seu início com a chamada de Abraão
quando ele estava na Mesopotâmia. O seu nascimento foi cerca
de 2.166 A C. Ur dos Caldeus era uma cidade localizada à
margem ocidental do rio Eufrates, distante do Golfo Pérsico
cerca de 125 milhas, umas 12 milhas do lugar onde se atribui
tenha sido localizado o jardim do Éden, área denominada fértil
crescente.
Crê-se que antes dos dias de Abraão, Ur era a mais
magnifícente cidade em todo mundo, um centro manufatureiro,
uma terra de fabulosa fertilidade e riqueza; caravanas indo e
vindo em todas as direções e distâncias; navios trazendo cobre,
pedras e outras mercadorias às docas de Ur através do Golfo
Pérsico. Por muitos anos, duvidou-se de sua existência, mas
durante os anos de 1922 -1934, C.T. Wooley do Museu Britânico
explorou aquelas ruínas. As construções dos dias de Abraão
eram os Ziggurats; as torres dos templos eram provavelmente
78
Israel - o povo eleito
uma imitação da torre de Babel; estas torres eram quadradas e
possuíam terraços construídos de tijolos e sólidas pedras, e eram
adornadas com jardins. A cidade tinha pelo menos 2 templos,
um era dedicado a Nannar o deus Sol e outro à sua esposa
Ningal.(l)
Com a chamada de Abraão para deixar a sua terra, a casa
de seu pai e seguir para uma terra que Deus lhe mostraria, suas
promessas foram: "Farei de ti uma grande nação, serás uma
benção, fa r e i de ti um grande nome. A bençoarei aqueles que te
abençoarem e am aldiçoarei os que te amaldiçoarem e em ti
abençoarei todas as fa m ília s da terra (Gn 11.31; 12.1-3).
Deslocou-se Abraão de Ur levando consigo seu pai, e seu
sobrinho, desobedecendo em parte a ordem divina, indo instalarse em Harã que está a 700 milhas a noroeste de Ur, cerca de 60
milhas do rio Eufrates não muito longe de Damasco e Egito. Ele
poderia ter permanecido em Harã mas ali seu pai faleceu;
prosseguiu então sua jornada pois a promessa do Senhor era de
apenas mostrar-lhe a terra que Deus daria não a ele, mas à sua
semente. Em Siquém, o Senhor lhe apareceu e disse: "A tua
sem ente darei esta terra" (Gn 12.7). Abraão edificou um altar
ao Senhor. Seguindo para Betei, que significa "Casa de Deus",
que mais tarde veio a se tornar um lugar sagrado (Gn 35.7),
Abraão ali edificou o seu segundo altar.
Pouco tempo depois, a terra foi assolada pela fome. Até
então ele tinha obedecido a Deus, habitando vitoriosamente na
terra da Palestina, agora Satanás o tentou e ele deixou a
Palestina e desceu para o Egito. O Egito na Escritura é
apresentado como "tipo do mundo". Está escrito "Ai daqueles
que descem ao E gito a buscar socorro... e têm confiança em
ca va lo s” (Is 31.1). Em conseqüência de sua fraqueza, em ter
negado que Sara era sua esposa, Faraó planejou possuí-la mas
79
Do Éden à Nova Jerusalém
foi impedido por Deus o que lhe serviu de grande frustração e
vergonha e o fez voltar para a Palestina.
Abraão foi submetido a duras provas como resultado de
sua desobediência, ele enfraqueceu a sua própria fé, falhou outra
vez negando que Sara era sua mullher (Gn 20). Depois que a
pessoa comete o primeiro pecado é muito fácil pecar a segunda
vez, dando assim um mal testemunho para Ló de quem mais
tarde veio a separar-se (Gn 13.9-18); ele causou aflição a
Abimeleque (Gn 20.6-17). Outro grande erro foi ele ter-se
juntado a Hagar, a egípcia, e gerado Ismael (Gn 16.4) e mais
tarde tornou-se pai das nações Árabes que trazem o Oriente
Médio em permanente tumulto, com reflexo em todo mundo,
conseqüência de um erro de Abraão.
O capítulo quatorze de Gênesis relata a primeira guerra
descrita na Bíblia com a vitória de Abraão, e a última está em
Apocalipse capítulo 20.7-10 com a vitória final de Jesus Cristo
nosso Senhor. Entre a primeira e a última guerras acima
mencionadas os homens continuarão gerando conflitos. A
Sociedade de Lei Internacional de Londres afirmou que durante
estes 4.000 anos, apenas 268 foram de paz. No Quartel Geral das
Nações Unidas existe uma inscrição "e converterão as suas
espadas em enxadas e suas lanças em fo ices; um a nação não
levantará espada contra outra nação, nem aprenderão m ais a
g uerra" (Mq 4. 3). Isto terá seu cumprimento literal quando o
Príncipe da Paz reinar sobre a terra (Dn 7.13,14).
Quando Abraão voltava vitorioso daquela primeira
guerra encontrou-se com Melquizedeque rei de Salém, a quem
Abraão pagou o dízimo e por ele foi abençoado; isto sucedeu
400 anos antes de Israel tornar-se uma nação.
80
Israel - o povo eleito
Depois de 430 anos no Egito como escravo, Israel foi
libertado milagrosamente pelas mãos de Moisés. O trajeto
compreendido entre o Egito e a terra da Promessa foi pontilhado
de marcantes acontecimentos tendo aquele povo que transpor os
mais difíceis obstáculos, isto sem levar em conta os
impedimentos causados por Faraó; a travessia do Mar Vermelho,
foi um dos grandes milagres, depois as águas amargosas de
Mara, que tornaram-se potáveis; a vitória sobre os amalequitas;
a sede que o povo experimentou no deserto de Sim; as águas que
jorraram do monte Horebe como prova insofismável da
fidelidade de Deus para com o seu povo.
Ao chegarem ao monte Sinai Moisés celebrou uma
aliança com Deus, logo após a outorga da lei; Deus estava assim
constituindo a grande nação conforme a sua promessa feita a
Abraão (Gn 12. 2).
81
Do Éden à Nova Jerusalém
PARTE III
A igreja e suas dimensões
82
PARTE III - A Igreja e suas dimensões
INTRODUÇÃO
A Igreja foi concebida bem antes da existência do
homem na terra. Faz parte do extraordinário plano que estava na
presciência do Todo-Poderoso e só se manisfestou na plenitude
dos tempos, denominada "Dispensação da Graça".
Na carta dirigida por Paulo a Tito, diz: "Porque a graça
de D eus se há m anifestado trazendo salvação a todos os
homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às
concupiscências mundanas, vivam os neste presente século,
sóbria, ju s ta e p ia m e n te ” (Tt 2.11,12)
"Por esta causa eu,
Paulo, sou prisioneiro de Jesus Cristo p o r vós, os gentios; se é
que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que p a ra
convosco me f o i dada; como me fo i este m istério m anifestado
p e la revelação com o acim a em p o u co vos esc revi" (Ef.3.13).
Os mistérios de Deus: onipresença, onisciência e
onipotência, além de sua grandeza, beleza, santidade, bondade e
amor, eram conhecidos, porém a graça, nem os anjos muito
menos os homens conheciam o que o apóstolo denominou de
"Mistério" que esteve oculto, e só nos últimos tempos foi
revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e
profetas. Todos os recursos e meios, todos os poderes
83
Do Éden à Nova Jerusalém
conhecidos pelo homem foram empregados no sentido de mudar
o comportamento pervertido da criatura humana. O pecado, obra
de Satanás, atingiu todas as áreas do ser humano: espírito, alma
e corpo, tornando-o enfermo.
O homem é comparado a um leproso em estado
gravíssimo, "Desde a p la n ta do p é até a cabeça não havia coisa
sã, se não fe rid a s e inchaços e chagas podres, não esprem idas
nem ligadas e nem uma delas am olecida com óleo" (Is 1.6), e do
seu desequilíbrio diz: "O boi conhece o seu p ossuidor e o
jum ento a m anjedoura do seu dono m as o hom em não conhece o
seu D eus" (Is 1.3, Rm 3.10-18). A moral ensinada nos lares ou
nas escolas não consegue mudar o caráter corrompido do
homem. A força física tem sido aplicada por meio de medidas
punitivas restritivas. Por mais severas que tenham sido, as
prisões, açoites, degredos e violência nada tem resolvido. Deus
permitiu que todos esses recursos fossem experimentados para
provar que "Não é p o r fo r ç a nem p o r violência m as p elo meu
Espírito diz o Senhor dos E xércitos" (Zc 4.6). Está provado,
assim, que não existe outra alternativa se não a graça de Deus
por meio da pregação da Palavra de Deus inspirada pelo Espírito
Santo, através da Igreja, para tornar possível a comunhão do
homem com Deus (G1 4.4 -7). Jesus Cristo declarou diante da
confissão de Pedro em Cesaréia de Filipo, que sobre Ele a Igreja
seria edificada; a sua morte e ressureição foi a comprovação de
que Ele, Deus preexistente feito homem, veio para realizar o
plano que antes da revelação estava oculto.
A Igreja como organismo foi inaugurada no dia de
"pentecostes". Assim teve início a sua ação atuante e dinâmica.
A Igreja é a assembléia dos santos que se reúne para adorar o
Deus vivo, com oração, cântico, e pregação, isto no sentido
84
PARTE III - A Igreja e suas dimensões
local; no sentido universal é o corpo místico de Cristo
constituído por todos os santos de todos os tempos reunidos em
Cristo mediante a fé, de todas as raças, nações e tribos dos que
estão nos céus e na terra, incluindo os que ainda se converterão
no futuro: "A universal assem bléia e Igreja dos prim ogênitos
que estão inscritos nos céus, e a Deus, o ju iz de todos, e aos
espíritos dos ju sto s aperfeiçoados; e a Jesus, o M ediador dum a
N ova Aliança, e ao sangue da aspersão que fa la m elhor do que
o de A b el" (Hb 12.23,24).
Distinção entre os judeus,os gentios e a Igreja de Deus
Não obstante a existência de muitas nações grandes e
pequenas com suas áreas devidamente delimitadas, seus
idiomas, suas bandeiras, hinos, suas formas de governo, seus
exércitos equipados com respeitado poder bélico, sua cultura,
tradições, sistemas religiosos aliados politicamente uns aos
outros, Deus reconhece dentre elas três grupos distintos: (1 Co
10.31).
1 .Judeus
2. Gentios
3.Igreja de Deus.
I. Judeus
São o grupo que teve por ancestrais os patriarcas
Abraão, Isaque, Jacó e seus prosélitos que têm pactos com o
Deus Jeová, entre eles a aliança Abraâmica e a Mosaica, também
chamada Sinaica, que também tem as suas leis, seu governo,
suas tradições e sua religião monoteista e através de todos os
tempos tem-se mantido de certo modo separado dos demais por
suas tradições religiosas. Este povo tem peregrinado por todas as
nações da terra e sido perseguido e incompreendido porque foi
85
Do Éden à Nova Jerusalém
espalhado por Deus por ter sido infiel às suas alianças e
desobedecido às leis divinas. Por isto tem ultimamente sofrido
cruel discriminação; é o que podemos designar de um verdadeiro
holocausto.
2. Gentios
Compõem-se das demais nações que não pertencem por
nenhum vínculo nem aos judeus, nem a Igreja de Deus e são
formados de todos os homens de todas as tribos povos e nações.
3. Igreja de Deus
É um povo tirado de todas as nações e tem firmado uma
aliança com Deus, que tem por penhor o sangue de seu Filho
nosso Senhor Jesus Cristo, e que também está espalhado por
toda a terra.
Cada um destes povos tem seus alvos pré-estabelecidos:
A meta dos judeus
É a posse e o domínio da terra que lhes foi prometida nas
Santas Escrituras cujos limites são "Desde o deserto e desde este
Libano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos
heteus, e até o grande m ar p a ra o p oente do sol, será o vosso
termo. E p o rei os teus term os desde o M ar Vermelho até ao mar
dos jilisteus, e desde o deserto até ao rio; porque darei nas tuas
mãos os m oradores da terra, p a ra que lançes fo r a de diante de
ti. Então subiu M oisés das cam pinas de M oabe ao monte Nebo,
ao cume de Pisga, que está defronte de Jerico; e o Senhor
m ostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã. E todo Naftalí, e
a terra de Efraim e M anas sés e toda a terra de Judá, até ao m ar
último. E o sul, e a cam pina do vale de Jerico, a cidade das
palm eiras de Zoar. E disse-lhe o Senhor: Esta é a terra de que
ju r e i a Abraão, Isaque, e Jacó, dizendo: A tua sem ente a darei;
86
PARTE III - A Igreja e suas dimensões
m ostro-te p a ra veres com os teus olhos, p o rém p a ra lá não
p a ssa rá s" (Js 1.4; E x 23.31; D t 34.1-4). Estes termos
começaram a ser conquistados nos dias de Josué e a sua
conclusão dar-se-á na vinda de Jesus Cristo para reinar com os
seus santos em Jerusalém, sua capital e futura capital federal de
toda a terra.
A meta dos gentios
Este povo tem por objeto a conquista de grandes
extensões, comandar numerosos exércitos, manipular riquezas
como prata, ouro e pedras preciosas e está a cada dia mais
encantado com o progresso da tecnologia e procura-se destacar
pelo seu poderio bélico.
A meta da Igreja de Deus
E um povo levantado entre as nações para "tirar dentre
as nações um povo. Sim ão relatou como prim eiram ente Deus
visitou os gentios p a ra tom ar deles um p o vo p a ra o seu nome.
M as vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa,
o p o v o adquirido, p a ra que anuncieis as virtudes daquele que
vos cham ou das trevas p a ra a sua m aravilhosa luz; vós, que em
outro tem po não éreis povo, mas agora sois p o vo de Deus; que
não tínheis alcançado misericórdia, m as agora alcançastes
m isericórdia (At 15.14; I P d 2.9,10). A Igreja não ambiciona se
não o necessário para desenvolver suas atividades no que
respeita a evangelização dos povos com o envio de missionários,
sustento pastoral, aquisição de terrenos para construção dos seus
templos e a sua devida conservação. A Igreja oferece a salvação
através da morte expiatória de Cristo, porque o "evangelho é o
p o d e r de D eus p a ra salvação de toda aquele que crê" (Rm
1.16). A Igreja é a última etapa que prepara o estabelecimento
do reino de Deus na terra cujo o Rei é o Senhor Jesus Cristo.
87
Do Éden à Nova Jerusalém
8
Tipos da igreja no Antigo
Testamento
Deus nada improvisa. Ele faz vir à existência aquilo que
está em sua presciência e que só se manifesta na plenitude dos
tempos. Igreja estava nos planos eternos de Deus. No Novo
Testamento, ela é chamada de "mistério que esteve oculto", e
que se revelou nos últimos tempos.
Para que ficasse caracterizada a manifestação da glória
de Deus, descobrimos no Antigo Testamento, como que olhando
através de uma fresta de uma porta, figuras ou tipos da noiva de
Cristo em uma de suas dimensões. Assim é que, por essa
linguagem, pôde Deus demostrar, pelo terrestre, a semelhança
celestial. Eis alguns exemplos:
8.1 Eva
Pode ser considerada uma figura da Igreja por ter sido
formada do corpo do primeiro Adão, assim como a Igreja é o
88
Tipos da Igreja no Antigo Testamento
corpo místico de Cristo, o segundo Adão. Como o primeiro
necessitava de uma esposa e para obtê-la precisou morrer
temporariamente, Jesus também, para que tivesse a sua noiva,
submetendo-se a plano do pai, morreu para três dias depois
ressuscitar comprando com seu próprio sangue todos aqueles
que viessem a tornar-se parte de seu corpo, a Igreja.
A união entre Adão e Eva quando ambos se tornaram um
só corpo, denota também a perfeita união existente entre Cristo e
a sua Igreja; esta sujeitando-se a obediência às determinações do
Noivo no que respeita à realização de seu plano, a salvação dos
homens que tem por objeto a conclusão dos negócios do pai.
Assim como Eva é descrita biblicamente como "mãe de
todos os viventes", da mesma forma a Igreja gera, pela pregação
do Evangelho, filhos de todas as etnias ao próprio Deus, os quais
viverão eternamente e serão em breve introduzidos no Éden
Celestial a fim de desfrutar das delícias perdidas, antes por causa
do pecado, mas agora reconsquistadas por Cristo e devolvidas na
plenitude à sua noiva.
8.2 Rebeca
A riqueza de detalhes na discrição do episódio em
Gênesis 24 classifica Rebeca como uma dos mais perfeitos tipos
da Igreja. Quando Isaque atingiu a idade ideal para casar-se,
Abraão teve o cuidado de incumbir seu servo Eliezer (figura do
Espírito Santo) de buscar e preparar uma noiva para seu filho,
em Padã-Arã. A virgem, filha de Penuel, era formosa a vista e
virtuosa e que voluntariamente aceitou a proposta de segui-lo de
maneira incondicional, pelo que recebeu prazerosa as dádivas
que lhe serviram de adorno preparando-a, assim, para o encontro
com o seu pretendente.
89
Do Éden à Nova Jerusalém
A beleza e a virgindade de Rebeca tipificam a pureza e a
santidade da Igreja lavada pela palavra e purificada pelo sangue
precioso de Jesus Cristo.
Eliezer representa a pessoa do Espírito Santo "a
promessa de meu pai" que foi enviada no dia do Pentecoste, com
a finalidade de revestir a Igreja do poder do alto, guiá-la em toda
a verdade e adorná-la com os dons espirituais, assim como
Eliezer ofereceu a Rebeca jóias preciosas preparando-a assim
para encontrar-se com Isaque no campo.
O Espírito Santo conduzirá ao encontro do Senhor nos
ares no momento do arrebatamento "Ora Isaque vinha do
cam inho do p o ço de Laai-R ói p o rq eu habitava na terra do sul.
E Isaque que sairá a orar no cam po sobre a tarde; e levantou
seus olhos, e olhou, e eis que os cam elos vinham. Rebeca
levantou seus olhos, e viu a Isaque e lançou-se do camelo. E
disse ao servo: Quem é aquele varão que vem pelo cam po ao
nosso encontro? E o servo disse: Este e meu senhor. Então
tom ou o veu e cobriu-se. E o servo contou a Isaque todas as
coisas que fizera. E Isaque trouxe p a ra a tenda de sua mãe
Sara, e tom ou a Rebeca, e fo i ela p o r mulher, e amou-a. Assim
Isaque fo i consolado." (Gn 24.62,67). Da mesma forma Jesus
conduzirá a Igreja ao seu devido lugar, às Bodas do Cordeiro.
Um dos momentos mais almejados e o arrebatamento.
Ele será:
1) Repentino: "Num momento, num abrir e fe c h a r de
olhos, ante a últim a trom beta; porque a trom beta soará, e os
m ortos ressuscitarão... " (1 Co 15.52a)
90
Tipos da Igreja no Antigo Testamento
2) Seletivo: "Digo-vos que naquela noite estarão dois
num a cama; um será tom ado e outro será deixa d o ." (Lc 17.34)
3) Surpreendente: "Porque, assim como e relâm pago
sai do oriente e se m ostra até o ocidente, assim será tam bém a
vinda do Filho do homem. " (M t 24.17)
4) Assustador: "Não vos m aravilheis disto; p o rq u e vem
a hora em que estão no sepulcro ouvirão a sua voz. e os que
fize ra m o bem sairão p a ra ressureiçao da vida ..." (Jo 5.28,29)
5) Triste (para os que foram deixados): "E depois
chegarão tam bém as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor
abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que
não os conheço. "(Mt 25.11,12)
6) Desastroso: Aviões, automóveis, trens, ônibus, navios
etc, ficarão a deriva porque seus condutores cristãos
desaparecerão por terem sido arrebatados.
7) Confuso: Para os familiares dos que forem levados; as
nações seram atingidas porque muitos dos líderes são fieis
servos de Deus.
8) Jubiloso: Para a Igreja que está esperando, está
escrito: "Bem -aventurado todo aquele que tom ar p a rte na
p rim eira ressurreição... "(Ap 20.6a) "Pelo que alegrai-vos, ó
céus, e vos que nele habitais. A i dos que habitam na terra e no
m ar..." ( A p 12.12a) "Regozigemo-nos, e alegremo-nos, e
dem os-lhe glória; porq u e vinda são as Bodas do Cordeiro, e j a
a sua esposa se aprontou. " (Ap 19. 7)
91
Do Éden à Nova Jerusalém
Quando este evento houver acontecido, a sua divulgação
causará, sem dúvida, o maior impacto que a humanidade jamais
experimentou.
As Forças Armadas, os Congressos de todas as nações do
mundo e as demais estruturas sociais serão sacudidas com o
desaparecimento inesperado de milhões de pessoas de forma tão
estranha.
O relato referente ao episódio descrito no capítulo 24 de
Gênesis representa a eleição da Igreja e o seu encontro com
Jesus Cristo.
8.3 Rute
É uma das figuras mais expressivas no Antigo
Testamento. No plano de Deus nada acontece acidentalmente,
mas obedece o propósito daquele que possui absoluta soberania.
Não foi por acaso que na época dos juizes, forçados pela fome,
Abimeleque e sua família atrevessaram o Jordão e foram
peregrinar nos campos de Moabe. Lá um de seus filhos veio a
casar-se com Rute, uma moabita.
Os moabitas e os amonitas eram descendentes de uma
união incestuosa entre Ló e suas duas filhas (Gn 19.34-38); não
era permitido pela lei os israelitas casarem-se com Moabitas;
não lhes era permitido sequer entrar na casa do Senhor (Dt
23.3,4 Nm 15.1,2).
A semelhança entre Rute e a Igreja esta caracterizada
pelo fato de ter uma viúva pobre e estrangeira, por uma
irreversível decisão e uma consagração sincera de deixar seu pai,
sua mãe, seus deuses e sua terra, para acompanhar Noemi, a
92
Tipos da Igreja no Antigo Testamento
serva de Deus. a Canaã, depois de ter insistido para que
permanecessem entre os seus, "disse p o rém Rute: N ão me instes
p a ra que te deixe e me afaste de ao p é de ti; porque aonde quer
que tu fo r e s irei eu, e onde quer que passares a noite ali
p o u sa rei eu; o teu p o vo é o meu povo, o teu D eus é o m eu Deus;
onde quer que m orreres m orrerei eu e ali serei sep u lta d a ” (Rt
1.16,17). Deste modo entrou sem alterar a linha hereditária, por
sua união conjugal com Boaz, o israelita, Deus a incluiu na
genealogia do Messias, abrindo as nações gentilicas para a
grande aliança mediante o sangue do Cordeiro de Deus, tal o
alcance do plano de Deus para redenção completa da
humanidade. "... E Salm on gerou Boaz, Boaz gerou a Obede,
Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a D avi "( R t 4.21,22) e da
linhagem de D avi nasceu o Salvador.
Quando Noemi regressou a Canaã, viúva e desfilhada,
trazia consigo uma companheira também viúva que era Rute, a
moabita; esta foi recebida alegremente por seus parentes e
amigos aos quais ela rogou que não lhe chamassem Noemi mas
Mara, tal era o seu estado de amargura, não sabendo no entanto
que Deus lhe daria um futuro completamente diferente do que
ela imaginava, uma provisão que envolveria a própria Rute.
Boaz é uma figura de Cristo, o parente remidor que abriu
as portas para que rute pudesse rabiscar nos seus campos
acompanhando os seus ceifeiros e recolhendo assim o que cai
como sobra da colheita que por Deus era destinada aos pobres
estrangeiros, segundo Lv 19.9.
O primeiro encontro de Boaz com Rute (Rt 2.8-17). Ao
vê-la pela primeira vez, a amou, tendo conhecimento de sua
atitude para com Noemi, e a convidou cordialmente a assentar-
93
Do Éden à Nova Jerusalém
se com ele à mesa, comer de seu pão e beber de seu cântaro;
mesmo assim diante de sua gentileza, nunca imaginou que um
dia viria a casar-se com ele e tornar-se a detentora de todos os
seus bens.
A Igreja, de origem humilde e oriunda da raças, tribos,
povos e nações, por intermédio de uma aliança eterna, tornar-seia coherdeira com Cristo de todas as riquezas e bens celestiais e
responsável pelo destino eterno das gerações que têm passado
pela terra durante toda existência de sua edificação e a felicidade
de um dia assentar-se à mesa para tomar parte nas Bodas do
Cordeiro, quando virão do Oriente e do Ocidente juntamente
com Abraão, Isaque e Jacó e reinar com Cristo eternamente.
8.4 Ester
O livro que toma o seu nome, descreve não uma ficção,
mas um autêntico drama genuinamente verdadeiro. Cinco
personagens moveram-se diante de nós: Assuero, o Monarca
Persa; Vasti a rainha; Hamã o primeiro ministro; Mardoqueu, o
líder judeu e Ester, a jovem judia que se tornou rainha.
Como cenário, temos o Palácio Real na capital Persa,
Susa, onde viviam ainda milhares de judeus espalhados por todo
o império, remanescentes dos que voltaram para a Palestina,
após o cativeiro. A figura central do drama que se desenrolou foi
Ester e teve a duração de aproximadamente doze anos.
Naqueles dias o império havia alcançado o seu maior
explendor; suntuosos banquetes eram oferecidos aos principais e
aos grandes da sociedade. A lascívia, a vangloria e as tentações
ultrapassavam os limites da ética e da moral. Foi exatamente
num desses momentos de maior exaltação, sob os efeitos do
94
Tipos da Igreja no Ántigo Testamento
álcool e de tóxicos que mandou o rei Assuero chamar a Vasti
(seu nom e significa beleza fem inina) para comparecer e dançar
no banquete que ele havia preparado; alguns escritores afirmam
que ela deveria fazê-lo despida exibindo assim perante seus
convivas seu corpo escultural, o que seria uma humilhante e
incomparável vergonha. Escusando-se a obedecer, o rei reuniu
seus príncipes para julgar qual a punição que deveria sofrer a
rainha desobediente e a conclusão unânime foi que ela deveria
perder a coroa para servir de exemplo às demais mulheres.
A semelhança existente entre Ester e a Igreja.
Ester não era de linhagem real, era órfã e pobre, foi
escolhida entre muitas outras moças, também foi preparada pelo
eunuco, submetendo-se a um prolongado tratamento, sendo
lavada com água, ungida com óleo e perfumada com as
melhores especiarias e adornada com jóias preciosas.
A Igreja foi lavada com a Palavra e com o sangue de
Jesus Cristo derramado na cruz do calvario, batizada com o
Espírito Santo, ungida e adornada com os dons espirituais e será
levada à presença de Jesus Cristo nas bodas do Cordeiro. A
Igreja foi tirada dentre todos os povos e nações da terra. "Simão
relatou com o prim eiram ente Deus visitou os gentios para tom ar
deles um p o vo p a ra o seu nom e" (At 15.14) "E cantavam um
novo cântico dizendo: D igno és de tom ar o livro, e de abrir os
seus selos; porque fo s te morto, e com o teu sangue compraste
p a ra D eus hom ens de toda a tribo,e língua e p o vo , e nação" (Ap
5.9). No dia de Pentecostes a Igreja foi batizada com o Espírito
Santo (At 2.1-4). O Espírito Santo que representa o eunuco
distribui com a noiva, os dons espirituais, que são as jóias
preciosas com as quais a Igreja apresenta-se ao noivo (1
Co.12.1-11).
95
Do Éden à Nova Jerusalém
9
A igreja e sua existência real
No dia de Pentecostes, logo após a manifestação das
línguas de fogo e os crentes falarem diversas línguas, conforme
o Espírito lhes concedia que falassem, diante da grande
aglomeração que se reuniu em torno do Cenáculo, Pedro pregou
o seu mais enfático sermão, baseado em Joel 2.28, aos ouvidos
da multidão de, pelo menos, onze nacionalidades distintas.
No Cenáculo, em Jerusalém, onde o evento teve grande
repercussão e chegou a abalar toda a cidade repleta de judeus e
prosélitos procedentes de diversas regiões que acorreram para
assistir à festa das primícias, tinha lugar cinqüenta dias depois
da Páscoa. Na ocasião, a população da cidade ainda estava sob o
impacto da crucificação que coincidiu com o sacrifício da tarde.
No instante de sua morte, a própria natureza, como que em
veemente protesto, produziu um abalo císmico, e o sol
escureceu, e a cidade foi sacudida, "E era quase a hora sexta e
houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o
96
A Igreja e sua existência real
sol; e rasgou-se ao m eio o véu do tem p lo ” (Lc 23.44). Na manhã
do Pentecostes, movido pelo Espírito de Deus, a multidão
perguntava; "o que quer isto d izer? ” por ouvirem que os
discípulos falavam em suas próprias línguas; compungidos em
seus corações aceitaram a Jesus, e cerca de três mil foram
batizados nas águas, conforme a ordenação do Senhor Jesus
Cristo. Estavam deste modo, as primeiras pedras deste edifício
extraordinário sendo colocadas em seus devidos lugares; sobre
esta base que Pedro chamou "Pedra angular e de esquina" (At
4.11,12) Foram estes os primeiros momentos de sua existência
real dinamizada pela pessoa do Espírito Santo.
9.1 A Igreja e o contexto atual
Os anos passam, mudam os tempos e os costumes, e o
progresso avança cada vez mais, trazendo no seu bojo as
vantagens e desvantagens da tecnologia avançada; de fato, tal
como foi dito no profeta Daniel "E tu, Daniel, fe c h a estas
p a la vra s e sela este livro, até ao fim do tempo; m uitos correrão
de um a p a rte p a ra outra, e a ciência se multiplicará, (Dn 12. 4).
A ciência tem se multiplicado. Isto é muito bom para todos nós,
incluindo a Igreja de Cristo, cujos fundamentos, princípios,
doutrinas e postulados são imutáveis. Todavia, a par da
multiplicação, a iniqüidade, a imoralidade, a corrupção dos bons
custumes, a violência, o crime em suas mais variadas formas
tem, também, se multiplicado. Deste modo dentro do contexto
atual, mais do que nunca, a Igreja deve desempenhar a sua
missão de "sal da terra e luz do m undo" (M t 5.13-16).
Uma Igreja quase morta, como a de Sardo (Ap 3.1-6),
tinha apenas a aparência de que estava viva, porém na realidade
estava morta, no sentido espiritual, claro. As suas obras eram
imperfeitas diante do Senhor e seus maus frutos refletiam em
97
Do Éden à Nova Jerusalém
sua vida um perigo muito grande para a obra de Deus. É o
mesmo quando o pastor abandona a vigilância espiritual, quando
deixa que as influências mundanas atinjam o rebanho que Deus
lho tem confiado. O obreiro tem que ter cuidado com as suas
obras, porque os seus atos, a sua conduta moral, social e
espiritual certamente se refletirão sobre o rebanho. Que Deus
nos guarde, para que as nossas obras sejam perfeitas diante da
sua face e o juízo não nos apanhe de surpresa.
Em toda história do povo de Deus encontramos
aqueles que, apesar das influências deletérias do mundo e das
adversidades não se deixaram contaminar pelas impurezas e nem
se deixaram vencer por Satanás, mas triunfaram sobre o mal
com a graça de Deus. Por exemplo : 1 Rs 19.13-18; Dn 1.9;
3.13-18.
Na Igreja em Sardo embora houvesse os que tinham
o nome de vivos, mas estavam espiritualmente mortos, havia
aqueles que não tinham manchado os seus vestidos. Para esses, a
promessa do Senhor era a de que andariam de branco com Ele, e
seus nomes não seriam riscados do livro da vida, e ainda os seus
nomes seriam confessados pelo próprio Senhor diante do Pai e
dos seus anjos, "O que vencer será vestido de vestes brancas, e
de m aneira nenhum a riscarei o seu nom e do livro da vida; e
confessarei o seu nom e diante de m eu P ai e diante dos seus
anjos" (Ap 3.5). Vale a pena renunciar aos prazeres do mundo
para se poder alcançar estas promessas.
Infelizmente, nas Igrejas, muitos há que têm o nome de
vivos mas estão quase mortos espiritualmente. Cabe ao pastor
confirmá-los na fé, para que não venham a morrer. Isto que o
Senhor requer dos pastores: que tenham amor às ovelhas e que
98
A Igreja e sua existência real
as alimentem com substancial palavra de Deus e não as deixe ao
abandono, à mercê dos mercenários e dos lobos devoradores.
Devemos atentar para as advertências feitas pelo Senhor ao
anjo da Igreja. Veja o que diz o Senhor aos líderes espirituais do
seu povo pela boca do profeta Ezequiel, "E veio a m im a
P alavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, pro fetiza contra
os p a sto res de Israel; p ro fetiza e dize aos pastores: A ssim diz o
Senhor Jeová: A i dos p a sto res de Israel que se apascentam a si
m esm os! não apascentarão os p a sto res as ovelhas? C om eis a
gordura, e vos vestis da lã; degolais o cevado; m as não
apascentais as ovelhas. A fr a c a não fortalecestes, e a doente
não curastes, e a quebrada não ligastes, e a desgarrada não
tornastes a trazer, e a p erd id a não buscastes; m as dom inais
sobre elas com rigor e dureza" (Ez 34.1- 4).
No bloco de parábolas contidas em Lucas 15, Jesus fala
de três grupos de pessoas:
1. Os que estão distanciados e precisam ser buscados,
como ovelha perdida trazida nos ombros.
2. Os que estão presentes aos cultos, mas perdidos como
a drácma que a mulher, varrendo a casa, encontrou no meio do
lixo (impureza moral).
3. Os semelhantes ao filho pródigo que encontrando-se
entre porcos na lama do pecado e sentindo o seu estado
miserável e faminto, tomou a decisão de voltar dizendo:
"Levantar-m e-ei e irei ter com meu p a i" (Lc. 15.18-20).
Na parábola do Bom Samaritano Jesus descreve um
episódio que ocorreu com um homem que descia de Jerusalém
para Jerico e caiu nas mãos dos salteadores e resultou ferido e
despojado caído a beira da estrada. Líderes religiosos de seus
99
Do Éden à Nova Jerusalém
dias que por ali passavam não quiseram socorrê-lo, mas, um
samaritano tido como imundo pelos judeus, compadeceu-se dele
e prestou-lhe os primeiros socorros, levando-o em sua
cavalgadura a uma estalagem e assumindo as despesas do seu
tratamento (Lc 10.25-37). Observemos também o que disse
Jesus em Jo. 13.34. Uma Igreja morna como a de Laodicéia, (Ap
3.17-22), cuja insensibilidade espiritual a havia dominado
devido ao orgulho dos crentes daquela igreja, a tornou morna e
de portas fechadas para o Senhor Jesus. Contudo, Ele na sua
misericórdia ilimitada continuava lhes oferecendo as maiores
oportunidades aconselhando-os a que dele comprassem ouro
provado no fogo, para que fossem enriquecidos, vestidos de
brancos para que pudesse cobrir a sua nudez e colírio para que,
curados, pudéssem ver que eram desgraçados, miseráveis,
pobres, cegos e nus. E o Senhor continuava batendo à porta
esperando que alguém ouvisse a sua voz e lhe abrisse a porta.
Não obstante, aquela Igreja continuava insensível à voz do
Senhor. Para ela não estava faltando nada, pois estava iludida de
que era rica.
Nos dias atuais, líderes orgulhosos, exaltados, conduzem
a Igreja a pensar que ela não tem falta de coisa alguma e que
não dependem de Deus. Assim contruibuem para que Jesus não
tenha liberdade de exercer a sua soberania e senhorio sobre a
mesma, deixando-o do lado de fora. Quantos hoje orgulhosos
pela cultura, luxo e riqueza que ostentam não percebem que o
Espírito Santo já se retirou delas, tal como aconteceu ao líder da
Igreja de Laodicéia, assim como também aconteceu a Sansão (Jz
16.20, Ef.4.30; 5.14). Contudo o Senhor em sua insistência diz,
"Eis que estou á p o r ta e b a to ..." (A p 3.20), Observa-se que estas
palavras não são um apelo aos perdidos descrentes, mas são
dirigidas à Igreja. A única cura para a Igreja morna, como era a
de Laodicéia, é de abrir a porta e dizer: Jesus Cristo entra.
100
A Igreja e sua existência real
Os cultos sem Cristo não têm graça, e são mornos.
Diante da Igreja de Filadélfia, Jesus pôs uma porta aberta,
porque não obstante a sua pouca força não havia negado o nome
do Senhor. Não tinha força política, nem financeira e embora
intelectualmente não fosse poderosa, ninguém lhe podia fechar a
porta, porque só Ele tem as chaves. "£ f u i morto, mas eis aqui
estou vivo p a ra todo sempre. Amém. E tenho as chaves da m orte
e do in fern o ” (Ap.1.18). São quatro as razões das bênçãos
daquela igreja:
a) guardavam a palavra do Senhor pregando o evangelho
completo e sendo fiel à doutrina dos apóstolos.
b) não negavam o Nome do Senhor, era conhecida pelo
bom testemunho.
c) era amada pelo Senhor, por causa da sua fidelidade.
d) aguardavam com ansiedade a vinda do Senhor.
Cremos que estamos vivendo os dias da Igreja finalista e
que já começou a cair a chuva seródia e o Espírito de Deus age,
levando a Igreja atual a uma posição que a prepara para a última
colheita. Esta é a undécima hora, colheremos os frutos maduros
agora ou os perderemos para sempre. "Não dizeis vós que ainda
há quatro m eses até que venha a ceifa? eis que eu vos digo:
L evantai os vossos olhos e vede as terras que j á estão brancas
p a ra a c eifa ” (Jo 4.35).
9.2 A igreja e a sociedade
A Igreja é um organismo espiritual e vivo e ao mesmo
tempo está organizada em um corpo social. Assim sendo, estes
dois aspectos da Igreja devem estar coesos e bem visíveis
dentro do prisma da revelação divina. Ao analisarmos estas duas
facetas da Igreja, verificamos a existência que tende a se colocar
101
Do Éden à Nova Jerusalém
em oposições extremas, desprezando o centro da verdade
bíblica.
A Igreja local está identificada com a sociedade a que
pertence, no contexto social contemporâneo, e neste contexto
deve sobressair o nosso testemunho como verdadeiros cristãos
como "Sal da Terra e a Luz do Mundo," com equilíbrio e
decência, sem fugir aos princípios bíblicos.
O Evangelho de João descreve a participação de Jesus,
sua mãe e seus discípulos, em uma festa de casamento (Jo 2.13). Nesta passagem bíblica, observamos que o Senhor não era
alheio aos aspectos sociais do seu tempo. Devemos manter o
nosso relacionamento com as pessoas da sociedade, do contrário
jamais conseguiremos ganhá-las para o reino de Deus. Por este
motivo os crentes, principalmente os obreiros, não devem se
manter isolados ou enclausurados como os monges nos
mosteiros, julgando que isto contribui para uma maior santidade;
pelo contrário, devem visitar as famílias não crentes, os
enfermos nos lares e nos hospitais e dar atenção aos mais
necessitados, foi o que nos ensinou Tiago em sua epístola, "a
religião p u ra e im aculada p a ra com Deus, o Pai, é esta: visitar
os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da
corrupção do m undo" (Tg 1.27).
Como membros do corpo de Cristo somos sociáveis, pois
estamos inseridos na sociedade falando a mesma língua, sob a
mesma forma de governo e sujeitos às mesmas leis do país onde
vivemos. Daniel conviveu na sociedade babilônica, pois tomou a
decisão de não contaminar-se com as perversas práticas daquele
povo. A Igreja primitiva começou com os elementos da
sociedade que receberam a Palavra aceitando-o, dando
102
A Igreja e sua existência real
testemunho público de sua decisão, concordando a
permanecerem juntos, sendo batizados em águas (Mt 28.19), e
flnalmente, foram incluídos no rol de membros da Igreja. É esta,
portanto, a parte da organização social e visível da Igreja.
Essa estrutura teve a aprovação divina e foi vista e
recebida pela sociedade com simpatia e respeito das autoridades
"Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos
os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam
de sa lva r." (At 2.47; 5.13; 6.7).
Em sua primeira epístola o apóstolo João afirma
categoricamente que o mundo jaz no maligno. "Sabemos que
som os de Deus, e que todo o m undo está no m aligno" (1 Jo
5.19); este é o retrato mais realista do mundo em que vivemos.
Bilhões de seres humanos vivem como se Deus não existisse.
Roubam, protituem-se, mentem e praticam toda sorte de
impiedade. E, diante de uma situação tão desalentadora, qual
deve ser a atitude do servo de Deus? Responde o apóstolo Paulo:
"Rogo-vos pois, irmãos, p e la com paixão de Deus, que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e
agradável a D eus que é o vosso culto racional e não vos
conform eis com este mundo, m as transform ai-vos p e la
renovação do vosso entendimento, p a ra que experim enteis qual
seja a boa, agradável e p e rfe ita vontade de D eus" (Rm 12.1,2).
Apesar de ser parte integrante da sociedade, ela se
conserva irrepreensível sem se contaminar com os pecados dos
homens. Constitui-se, portanto, um verdadeiro desafio para a
igreja viver em meio a uma sociedade corrompida e perversa. A
Igreja se assemelha ao lírio em meio a lodo, o que só é possível
graças à eficácia do sangue de Jesus (2 Tm 2.21); vivemos neste
103
Do Éden à Nova Jerusalém
mundo, mas não pertencemos a este mundo, o que aprendemos
quando lemos a oração sacerdotal de Cristo.
Portanto, não podemos contaminar as nossas vestes com
as oferendas apresentadas por Satanás. Temos que mostrar ao
mundo que a Igreja de Cristo possui algo diferente, a nossa
responsabilidade à sociedade, revelar Deus e sua vontade; para
isto Ele a estabeleceu na terra. A Igreja não pode falhar em sua
missão, pois dela depende o destino eterno de milhões de almas.
Daí, a necessidade de uma ação mais efetiva e dinâmica nestes
últimos dias. Ela exerce um efeito benéfico na sociedade em
qualquer nação onde ela existe, afirma a Palavra de Deus:
"Bem -aventurada é a nação cujo D eus é o Senhor" (Sl 33.12).
Com esta expressão, entendemos que o principal papel da Igreja
na sociedade e influênciá-la de tal modo que Deus possa reinar
em seu meio "Deus reina sobre as nações"( S l 47.8; M t 5.15).
9.3 A igreja em relação ao estado
O crente é um súdito do reino de Deus na terra e, como
tal, tem os seus deveres de cunho espiritual a cumprir; como
cidadão do país onde nasceu, tem para com este obrigações
civis como os demais cidadãos, uma vez que recebe do estado
amparo e segurança e direitos que a lei lhe outorga.
A Igreja deve ter absoluta indepêndencia e separação do
mundo. A Igreja de Deus, o povo que foi resgatado do mundo de
perdição através da obra sacrificial de Cristo é, então sua
propriedade e corpo místico "O qual se deu a si m esmo p o r nós
p a ra nos rem ir de toda iniqüidade, e p u rifica r p a ra si um p o vo
seu especial, zeloso de boas o b ra s" (Tt 2.14), e Jesus disse
"...Edificarei a m inha igreja."(M t 16.18). A igreja se constitui
no verdadeiro refúgio do cristão onde ele pode alcançar o mais
104
A Igreja e sua existência real
desejado triunfo - a eterna salvação; alegremo-nos em pertencer
à Igreja do Deus vivo.
O estado é a nação politicamente organizada e tem o
dever de garantir a ordem e a segurança dos seus cidadãos, tudo
fazendo para alcançar o seu progresso, garantindo ainda a
integridade do seu território, e visa alcançar os ideais do povo e
tudo fazer pela expansão econômica.
Objetiva a prática da justiça social, que não favorece o
rico em detrimento do pobre, posto que diante da lei, e,
conseqüentemente do estado, todos são iguais e merecem igual
tratamento e respeito aos seus direitos inalienáveis. Enfim, o
estado protege a sociedade, que por sua vez tem na família a
célula mater que é, em última análise, a base do estado.
A missão da igreja no governo do mundo, em relação ao
poder temporal, não é a de dominá-lo. A missão da igreja é
espiritual; ela é "a luz do mundo e o sal da terra," e como tal
precisa iluminá-lo e salgá-lo para deste modo evitar sua
completa deterioração.
O Estado é de origem sobrenatural. Dissemos que é
sobrenatural porque toda a autoridade, todo poder procedem de
Deus. E Deus quem outorga a autoridade ao homem para exercer
o governo sobre o homem visando o bem-estar do mesmo. Por
esta razão o apóstolo Paulo recomendou aos crentes em sua carta
aos Romanos: "Toda alm a esteja sujeita às p otestades
superiores; porque não há potestade que não venha de D eus; e
as potestades que há fo r a m ordenadas p o r Deus. Por isso quem
resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que
resistem trarão sobre si m esm os a condenação" (Rm 13.1,2).
105
Do Éden à Nova Jerusalém
Leia também 1 Pe 2.13-17. Contudo é bom que se esclareça que
toda a autoridade humana está subordinada à autoridade de Deus
e certamente Ele cobrará de cada governante os erros e as
iniqüidades praticadas em seu nome.
Sabemos que os elementos essenciais que constituem o
estado são, um território, uma população, uma lei e uma
organização administrativa. "O estado é uma sociedade humana
organizada, que se submete ao mando e à orientação de um
poder central, com a finalidade de estabelecer o bem próprio de
cada um, ao mesmo tempo que busca o bem geral". O maior
prejuízo que a igreja do Senhor sofreu através dos séculos, teve
início quando o Imperador Constantino aderiu ao cristianismo,
batizando-se ele e toda a sua corte, arrastando assim ao seio da
igreja todos os seus maus hábitos e a sua idolatria. Aquilo que
Satanás não havia conseguido, afogando-a no sangue dos
mártires que eram cruelmente lançados às feras, nas arenas do
coliseu romano, ou nas fogueiras e outros inomináveis
sofrimentos, que os obrigavam a morar nas cavernas e covas
(catacumbas) mas, sem no entanto, silenciarem quanto ao
testemunho de Cristo, "(dos quais o m undo não era digno),
errantes p e lo s desertos, e montes, e p ela s covas e cavernas da
terra" (Hb 11.38), alcançou no entanto seu propósito tornando o
cristianismo a igreja oficial do império, afogando os líderes da
época na "seda e na púrpura", ou seja no pecado e na luxúria.
Deste modo, sua autoridade espiritual foi aniquilada, e os tais
para agradar as autoridades seculares, foram obrigados, pouco a
pouco mudar o essencial, no que respeita ao culto, à doutrina e à
disciplina, tornando o cristianismo autêntico, naquilo que é hoje
a igreja romana, que de cristã só tem o nome. Por essa razão
entendemos que a independência entre a igreja e o estado deve
ser absoluta. A Bíblia ensina, que a igreja está aguardando
106
A Igreja e sua existência real
anciosamente a sua trasladação para a sua pátria celestial. "Mas
a nossa cidade está nos céus, donde também esperam os o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo", "Que tranform ará o nosso
corpo abatido, p a ra ser conform e o seu corpo glorioso, segundo
o seu eficaz p o d er de sujeitar também a si todas as coisas. " (Fp
3.20,21; Jo 17.16), e classifica esta expectativa como a "Bemaventurada esperança" (Tt 2.13).
Na qualidade de cidadão do céu, devemos viver de tal
maneira a não causar escândalo nem aos gentios, nem aos
judeus, nem à igreja de Deus (1 Co 10.32). Devemo-nos portar
com dignidade diante de todos. O apóstolo Pedro concorda com
o conceito inspirado do apóstolo Paulo, que respeita a
obediência às potestades superiores, porque "Assim é a vontade
de Deus, que fa zen d o o bem, tapeis a boca à ignorância dos
hom ens lo u co s." (1 Pe 2.15). Todos sabemos que os magistrados
são constituídos por ordenação de Deus (Rm 13.1). Não é
necessário temê-los se praticamos as boas ações, mas seremos
punidos com o rigor da lei, e o mesmo apóstolo Pedro afirma
"que nenhum de vós p a d eça como homicida, ou ladrão, ou
malfeitor, ou como o que se entremeie em negócios alheios, mas
com o cristãos e nisso glorifiquem os a D e u s” (1 Pe 4.15,16).
De conformidade com os ensinos proféticos sobre a
soberania de Deus e sua intervenção no governo do mundo, o
Senhor Jesus, quando interrogado pelos fariseus e herodianos
quanto à licitude de pagar ou não o tributo a César, respondeu:
"D á ip o is a C ésar o que é de César, e a D eus o que é de D eu s”.
Perante Pilatos Ele foi claro ao responder: "O meu reino não é
deste m undo" e diante da alegação do mesmo Pilatos que
afirmava possuir poder para mandar crucificá-lo ou soltá-lo,
Jesus respondeu de modo inquestionável: "Nem um p o d er ter ias
107
Do Éden à Nova Jerusalém
sobre mim, se de cim a não fosse dado" (Jo 19.11). Assim sendo,
o Senhor deixava claro que a autoridade de César, de Herodes,
de Pilatos e todos os governantes em todos os tempos procede
de Deus. Ele é a causa primeira de toda a autoridade, tanto do
estado quanto da igreja. Por isso Jesus como perfeito
homem,submeteu-se ao poder do estado (Mt 17.24-27; Fp 2.68), e nós não podemos fazer menos que isso.
Nos regimes democráticos o governo é dividido em três
poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. A todos esses
poderes devemos obediência e respeito. Sujeitar-se, à ordenação
humana por amor ao Senhor é mandamento, não somente aos
bons e humanos mas também aos maus. Cristãos há que se
negam a pagar impostos ao estado, e quando o fazem é com
malícia; alguns chegam ao extremo de subornar o fisco,
cometendo um pecado que mais cedo ou mais tarde de Deus
recebem a devida cobrança e raramente prosperam em seus
negócios, isto quando não sofrem outros revezes. "Não erreis:
D eus não se deixa escarnecer; p o rq u e tudo o que o hom em
semear, isso tam bém ceifará" (Gl 6. 7). Honrar, respeitar e
reverenciar os membros destes poderes é, justo, "A quem honra,
honra; a quem tributo, tributo" (Rm 13.7).
Sem duvida, o povo de Deus através de todos os tempos
tem sofrido dura oposição por parte das autoridades, mas isso
não nos autoriza a fazer oposição aos poderes constituídos. Por
três séculos o Império Romano desencandeou cruel perseguição
à igreja. O apóstolo Paulo foi vítima desses poderes até à morte,
mas deixou escrito: "Quem se opõe à autoridade resiste a
D eus." (Rm 13.2). É dever do verdadeiro servo de Deus
cooperar, ajudar, e acatar as ordens das autoridades para o seu
próprio bem orando por eles. "Admoesto-te pois, antes de tudo,
108
A Igreja e sua existência real
que se fa ç a m deprecações, orações, intercessões, e ações de
graças p o r todos os homens; p elo s reis, e p o r todos os que
estão em eminência, p a ra que tenham os um a vida quieta e
sossegada, em toda a p iedade e honestidade. Porque isto é bom
e agradável diante de D eus nosso S a lva d o r” (1 Tm 2.1-3).
9.4 A igreja e a família
A relação entre Igreja - Família enquadra-se no plano de
Deus, e tem por objetivo a formação espiritual e moral de uma
sociedade próspera, feliz e abençoada. Quando gerado segundo a
carne, nascemos em um lar e passamos, naturalmente, a integrar
a uma família. Nossos pais, por dever e por amor, tudo fazem
para proporcionar-nos uma existência feliz. Enquanto deles
dependemos, fornece-nos alimento, vestúario, instrução,
educação etc, e têm interesse em manter-nos sob o mesmo teto.
Quando julgam necessário, submetem-nos a provas e
disciplinas. Em conseqüência, por direito, somos seus herdeiros,
não somente dos bens materiais, mas mui especialmente de sua
natureza.
A Igreja é comparada a uma família; o apóstolo Paulo diz
expressamente: "Assim j á não sois estrangeiros e peregrinos,
m as concidadãos dos santos e da fa m ília de D eus" ( E f 2.19).
Graças a Deus por esta maravilhosa realidade: A igreja e a
família de Deus. Nosso Pai celestial cuida de nós. É necessário
que compreendamos: "Somente os que nasceram da água (a
Palavra de Deus) e do Espirito, isto é, pela operação do Espírito
Santo, pertencem à Igreja universal. Não nos confundamos com
os que apenas aderem à Igreja, e dela se afastam por qualquer
pretexto, como costuma acontecer nos partidos políticos, como
está escrito "Saíram de nós mas não eram de nós ... e vós tendes
109
Do Éden à Nova Jerusalém
a unção do santo e sabeis tu d o " (1 Jo 2.19,20). A Igreja é
composta daqueles, a respeito dos quais disse o apóstolo Pedro
"Deus segundo a sua m isericórdia nos gerou de n o vo ..." (1 Pe
1.3). Isto acontece porque a primeira geração, segundo a carne,
se corrompeu e a que deve prevalecer aos olhos de Deus é a
segunda pela operação do Espírito Santo; "Mas vós sois a
geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o p o vo
adquirido, p a ra que anuncieis as virtudes daquele que vos
cham ou das trevas p a ra a su a m aravilhosa luz. Vós, em outro
tem po não éreis povo, m as agora sois p o vo de Deus; que não
tínheis alcançado m isericórdia, m as agora alcançastes
m isericórdia " (1 Pe 2.9,10).
Quando os pais conscientemente orientam os filhos
mostrando-lhes a importância da igreja na formação moral e
espiritual da família, podem dizer: "Eu e a m inha casa
servirem os ao Senhor" (Js 24.15). Na igreja não deve haver
discriminação. Para Deus não importa a posição social ou
qualquer outra diferenciação humana. Seria tristíssimo se
houvesse distinção entre ricos e pobres, pretos e brancos,
intelectuais e analfabetos. "Onde não há grego nem judeu,
circuncisão nem incircuncisão, bárbaro ou cita, servo ou livre;
mas Cristo é tudo em todos" (Cl 3.11). Graças a Deus que na
igreja todos sentem-se felizes e os que dantes eram orgulhosos
julgando-se superiores, aprendem que foram resgatados pelo
mesmo preço. "E se invocais p o r P ai aquele que, sem acepção
de pessoas, ju lg a segundo a obra de cada um, andai em tem or
durante o tem po da vossa peregrinação; sabendo que não fo i
com coisas corruptíveis, como p ra ta ou ouro, que fo s te s
resgatados da vossa vã m aneira de viver, que p o r tradição
recebestes de vossos pais, m as com o precioso sangue de Cristo,
como de um cordeiro im aculado e incontam inado." (1 Pe 1.17-
110
A Igreja e sua existência real
19), como os demais estavam encerrados debaixo do pecado, e
extraviados, suas obras eram imundas. Mas agora "Temos p a z
com D eus p o r nosso Senhor Jesus Cristo"(Rm 5.1). A formação
de hábitos saudáveis e bons costumes e desejo de todos os pais,
a disciplina deve ser recebida pelos filhos com humildade.
Disciplina não significa castigo, mas instrução; se refere ao
discipulado. A correção, quando necessária, deve ser aplicada
com entendimento e unanimidade entre os pais; se um dos dois
tomar partido, a criança se sentirá injustiçada. Nas boas ações
elas devem ter o aplauso para que se sintam apoiadas e amadas,
(Pv 3.1-6; 4.1-6).
Isto posto, entendemos que a disciplina manifesta-se na
vida da pessoa quando ela põe em prática os seguintes
requisitos: a) respeitar aqueles que foram colocados por Deus a
frente do rebanho; b) os pais evitarem, quando sentados à mesa,
tecerem críticas negativas ou injuriosas contra pastores,
presbíteros e diáconos e demais autoridades, na presença dos
próprios filhos, gerando em seus corações desprezo,
desconfiança e desrespeito àqueles a quem eles deveríam honrar.
Tem sido esta a causa de muitas famílias verem hoje os
seus filhos desviados porque não souberam dar o devido valor
àqueles que lhes ministravam a Palavra de Deus. O Espírito
Santo gera no coração do crente um ardente amor pela casa do
Senhor, disse Davi, "Alegrei-me quando me disseram : vam os à
casa do S en h o r” (S1.122.1)."E considerem o-nos uns aos outros
p a ra nos estim ularm os à caridade e às boas obras; não
deixando a nossa congregação com o é costum e de alguns, antes
adm oestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quando vedes
que se vai aproxim ando aquele d ia ” (H b.10.24,25)
111
Do Éden à Nova Jerusalém
Como o Senhor Jesus exerce os ofícios de profeta,
sacerdote e rei, assim o pai de família deve ser o profeta do seu
lar, ensinando e exortando com a Palavra de Deus, sempre que
tiver oportunidade consolidando a vida piedosa dos seus
dependentes. Como sacerdote, deve interceder como Jó que,
levantando-se de madrugada, oferecia holocauto segundo o
número de todos eles, dizia: "Porventura tenham pecado os
m eus filh o s e blasfem ado contra D eus em seus corações" (Jó
1.5). E dever sagrado dos pais, orar diariamente por seus
familiares. Davi orou por seus filhos (Sl. 144.12). Jacó também
(Gn.48.15,16). Como rei, o pai deve agir com toda autoridade,
ordenando o seu lar, ocupando o trono que lhe pertence; não
deve ser ocupado por outra pessoa nem mesmo pela esposa, que
tem o dever de acatar em tudo a orientação do marido. A
autoridade do pai não deve ser desrespeitada jamais. O apóstolo
S. Paulo, escrevendo aos efésios, lhes instrui como se deve tratar
os filhos: "com temperança, ensinando-lhes o respeito e a
obediência sem no entanto provocar-lhes a ira". O amor aos
filhos não significa que os pais devam ser tolerantes com a
desobediência dos mesmos. Os pais não devem ser iracundos,
violentos e grosseiros, agredindo os filhos com palavras ásperas
ou espancando-os, pois isto é desaconselhável; devemos ser
brandos e amorosos. Assim como uma tenra planta, devemos
cultivar o amor filial
Quem quiser ter filhos amigos, trate-os com carinho; se
assim
procedermos,
sem
dúvida
seremos
melhor
compreendidos; violência gera violência; sejamos pacientes,
ensine-mo-los com delicadeza; "A resposta branda desvia o
fu r o r mas a p a la v ra dura suscita a ira" (Pv. 15.21). Quanto aos
filhos, está ordenado honrar pai e mãe e submeter-se às suas
determinações. Este é um mandamento que inclui a promessa de
112
A Igreja e sua existência real
seus dias serem acrescentados sobre a terra. Isaque é um
exemplo de obediência. No livro de Gênesis 22.1-12, temos a
descrição do mais comovente episódio da vida de Abraão.como
homem de Deus. Isaque, por sua vez, como filho obediente,
submeteu-se sem relutância a seu pai, ele era a figura do Senhor
Jesus que antes de ser levado à cruz no Getsêmane em sua
oração disse ao Pai "Se queres p a ssa de mim este cálice, todavia
não se fa ç a a m inha vontade mas a tu a ” (Lc 22.42); este é o
exemplo por excelência.
A vida espiritual da família exerce relevante influência
no seio da igreja. O salmista enfatizou o valor da união fraternal
de modo maravilhoso no Salmo 133. Este salmo dispensa
comentário dado a sua clareza quando fala da semelhança da
unção do sumo-sacerdote, que era o tipo de Cristo, e bem assim
ao orvalho que regava o Hermom e suas encostas, trazendo a
bênção a todos. Do mesmo modo o escritor aos Hebreus enfoca
o valor da comunhão dos irmãos. Assim devemos reconhecer o
importante lugar que a Igreja ocupa na vida de todos nós.
9.5 A igreja e missões
A humanidade está mergulhada no verdadeiro caos. A
inflação assola a terra e a fome e uma das grandes ameaças.
Secas, inundações, terremotos, guerras e outras calamidades têm
ceifado vidas em toda parte do globo. Estão patentes aos nossos
olhos a ausência do conhecimento do verdadeiro Deus; na escala
de valores os mais excelentes têm sido desprezados. O
desrespeito às autoridades, a ilegalidade, a violência, a maldade
e a corrupção têm gerado ódio e o desespero; milhares de
pessoas entregam-se aos cultos satânicos, à astrologia, à
feitiçaria, ao ocultismo e muitos outros sistemas religiosos pelos
113
Do Éden à Nova Jerusalém
quais o diabo tem se utilizado para induzir os homens a se
desviarem da verdade
O Evangelho é uma mensagem divina ao revelar a
presença de um Deus em cujo propósito se inclui o mundo
inteiro. O Evangelho não vem do homem mas de Deus. A
Palavra de Deus diz: "Percorria Jesus toda a Galiléia,
ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e
curando toda sorte de doenças e enferm idades entre o p o v o "
(M t 4.23). Os missionários são os continuadores deste mesmo
ministério que Jesus exerceu e apenas começou. "... acerca de
tudo o que Jesus começou, não só a fazer m as a en sin a r."(
At. 1.1)
Tão logo iniciou a recrutar os seus primeiros discípulos,
Jesus deu-lhes ciência da tarefa que lhes era proposta. Não
devemos esperar que os anos se passem para depois nos
entregarmos ao labor de ganhar almas "Sereis pescadores de
almas." A sublimidade da tarefa se evidencia no maravilhoso
fato de que nós nos tornamos cooperadores de Deus. "Porque nós
som os cooperadores de D eus; vós sois lavoura de Deus; e
edifício de D eus" (1 C o.3.9)
A missão de ganhar almas é urgente; quando o Espírito
Santo põe no coração do crente a convicção de sua
responsabilidade, ele se sente compelido a usar todos os recursos
disponíveis para trazer almas ao reino de Deus.
A urgência da tarefa decorre de algumas implicações
bíblicas e práticas:
a)
A missão é urgente porque são poucos os nossos d
na terra (Sl.90.10-12). Se tardarmos em realizá-la perderemos o
114
A Igreja e sua existência real
nosso tempo, e nunca mais poderemos fazer qualquer coisa de
positivo para Cristo. (Ec.12.1); muitos choram a mocidade que
passou; o tempo não aproveitado e totalmente irrecuperável.
b) É urgente porque estamos nos últimos dias. Os sinais
da vinda de Jesus se multiplicam cotidianamente, se cumpre a
cada instante assemelhando-se a um balisamento mostrando que
se aproxima o fim. Nossos dias como povo de Deus na terra
estão contados. Se não trabalharmos para Jesus agora, nunca
mais nos há de ser possível. Logo a trombeta soará.
c) É urgente porque Satanás não dorme (Mt. 13.25), sim,
o inimigo em sua cruel e destruidora obra, está provocando um
verdadeiro pânico no mundo e o único refúgio é Jesus Cristo. Se
é tão urgente, porque não cumprí-la de imediato? Se é tão
urgente porque não realizamos agora? A missão de ganhar almas
é bíblica .(Mc 15.15,16). O preceito de ganhar almas não
resulta-nos de cânones eclesiásticos. Nem uma convenção
estabeleceu esse princípio para a igreja. É uma inspiração divina.
A Bíblia alude a importância à necessidade e ao dever de ganhar
almas, todo cristão que lê habitualmente a Palavra de Deus
reconhece os milhares de textos espalhados por toda a Escritura,
recomendando expressamente, enfatizando indiretamente a
significativa tarefa de ganhar almas. A missão de ganhar almas é
individual (At 4.33). Deus destinou a tarefa de ganhar almas a
todos os crentes; cada um de nós deve considerar sua particular e
pessoal obrigação. A missão de ganhar almas é divina (Lc
19.10). O principal responsável pela salvação do mundo não
quer que os pecadores se percam (I Tm 3.4); ele providenciou
para os homens um instrumento de sua liberação espiritual
(Jo.8.36). Quando a igreja empreende a tarefa de evangelizar ela
está sendo induzida pelo Espírito à realização de uma missão
divina muito além do plano humano ou secular.
115
Do Éden à Nova Jerusalém
Existem diversas maneiras de participarmos da obra
missionária, entre as quais destacamos as seguintes:
a) Orando. Quando a igreja começa a orar os resultados
são sempre vistos. As almas começam a se decidir por Cristo em
número sempre crescente, orando pedindo novos obreiros,
orando para que as portas se abram. Quantas portas existem hoje
fechadas. Há um poder espiritual que impede os crentes de
entrar em ação e liberar as almas no momento sacrossanto em
que Jesus determina. Pela oração o Senhor abriu as portas das
prisões onde estava o apóstolo; pela oração os discípulos
receberam o batismo com o Espírito Santo.
b) Contribuindo. Muitos cristãos primitivos venderam
as suas propriedades e entregaram o valor correspondente aos
apóstolos, em benefício da obra missionária. Como prova disso
lemos a passagem bíblica que registra "Então José,
cognom inado p elo s apóstolos "Barnabé" (que traduzido é filh o
da consolação), levita natural de Chipre, possuindo uma
herdade vendeu-a e trouxe o preço, e o depositou aos p é s dos
apóstolos" (At 4.36,37)-, ainda hoje em todo o mundo os
membros da igreja contribuem com as suas ofertas especiais
para a obra missionária porque eles amam a Cristo e o Espírito
Santo fala-lhes ao coração das reais necessidades e, como
resultado, seus bens são acrescentados.
c) Trabalhando. "E eles tendo p a rtido pregaram p o r
todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirm ando a
p a la vra com os sinais que se seguiram " (Mc. 16.20). Jesus foi
um exemplo de trabalho, muitas vezes se sentia cansado e
durante uma travessia que realizava no mar da Galiléia ele
descansava na popa do barco; todo este esforço, todo esse
empenho por causa de uma alma que estava perecendo cativa
nas garras de Satanás. Se fizermos o mesmo, veremos as mãos
de Deus estentidas para nos abençoar.
116
A Igreja e sua existência real
d) Indo ao campo missionário. A disposição de ganhar
almas se manifesta em primeiro lugar pelo amor que sentimos
pelas almas perdidas. O campo não é necessariamente um país
estrangeiro ou uma longínqua tribo indígena mas começa entre
os nossos amigos, parentes, nas feiras, e exposições, nos grandes
logradouros públicos onde quer que se reúnam pessoas que
vivem como ovelhas que não têm pastor. Para os que não podem
sair de sua cidade as almas estão nos hospitais, nas escolas etc e,
se possível, descobrir noutros estados da nossa federação e em
regiões ainda não alcançadas. Compete à igreja local enviar
aqueles que são vocacionados para esta nobre e digna missão;
descobertas as pessoas vocacionadas estender-lhes todo o apoio
e, cumpridos os requisitos, devem ser enviadas ao mundo.
"Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Com o p o is invocarão aquele em que não creram? e como
crerão naquele de que não ouviram? e com o ouvirão se não há
quem pregue? e com o pregarão, se não fo rem enviados? como
está escrito: Quão fo rm o so s os p é s dos que anunciam a paz, dos
que anunciam coisas b o a s!” (Rm 10.13-15)
9.6 A igreja e o seu ministério
Os dons ministeriais exercem um importante e
fundamental papel na igreja do Senhor Jesus Cristo. Do
relacionamento dos diversos ministérios depedem o sucesso e o
crecimento da igreja como um todo harmônico e edificado em
bases doutrinárias sólidas. Dentre as cartas de Paulo, a epístola
aos Efésios é a que nos ensina acerca dos dons ministeriais
concedidos por tarefas especiais. O apóstolo em sua carta disse:
"Querendo o aperfeiçoam ento dos santos, p a ra a obra do
ministério, p a ra a edificação do corpo de Cristo; até que todos
cheguem os à unidade da fé, e ao conhecim ento do Filho de
117
Do Éden à Nova Jerusalém
Deus, a varão perfeito, à m edida da estatura com pleta de
C risto" ( E f 4.12,13)
Deus instituiu os vários ministérios em sua igreja com o
objetivo de levá-los à perfeição, até que cheguemos a estatura de
Cristo, com o propósito de crescer no conhecimento, na graça,
na santidade, no amor, na adoração, no louvor e em número.
Para isto todos os ministérios trabalham, conjugando esforços no
sentido de produzir a desejada edificação, na unidade da fe.
O ministério é composto por pessoas vocacionadas e
consagradas a funções específicas. Deus tem escolhido e
vocacionado número de homens que ao longo da história vem
exercendo com probidade um ministério especial, visando a
expansão do Reino de Deus. A Bíblia registra que Deus dispensa
grande cuidado aos que Ele chama, principalmente quando
dignos de tão nobre missão, e este grupo de homens trabalha
movido pelo Espírito Santo. Entende-se por ministério a
atividade espiritual, conjunta e global. Apesar de os ministérios
serem distribuídos segundo a soberania de Deus, precisamos
descobrir as pessoas verdadeiramente vocacionadas e promover
o processo espiritual para que eles sejam integrados nas diversas
funções da igreja. Isto só poderá ser alcançado por meio da
oração. "Então disse aos seus discípulos: a seara é realm ente
grande, m as p o u co s os ceifeiros. Rogai p o is ao Senhor da seara
que m ande ceifeiros p a ra a sua seara. " (M t 9.37,38; A t 14.2l;T t
1.5-7)
Há a necessidade de que a igreja reconheça a vocação
ministerial do obreiro antes da sua ordenação, pois este, uma vez
investido no ministério, não deve se mostrar inseguro quanto à
sua chamada. A ordem do Senhor é. "Cumpre o teu m inistério"
118
A Igreja e sua existência real
(2 Tm 4. 5). Atenta para o ministério que recebeste no Senhor;
para que o cumpras (Cl 4.17). A ordenação é importante mas o
ministério só pode ser reconhecido, oficializado quando se
enquadra no padrão bíblico; "E na igreja que estava em
A ntioquia havia alguns p ro feta s e doutores, a saber: Barnabé e
Simão, cham ado Niger, e Lúcio cireneu, e Maneiem, que fora
criado com H erodes o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao
Senhor, e je ju a n d o disse o Espírito Santo: Apartai-m e a
B arnabé e a Saulo p a ra a obra a que os tenho chamado. Então,
je ju a n d o e orando, e p o n d o sobre eles as mãos, os despediram ”
(At 13.1-3; 1 Tm.3.1-13; Tt.2).
Paulo, ao tratar dos ministérios em Ef. 4.11, enumera
cinco categorias:
a) Apóstolos
b) Profetas
c) Evangelistas
d) Pastores
e) Mestres
Em 1 Co. 12.28 aparece a mesma relação com exceção do
evangelista. Note-se, no entanto, que o apóstolo não está falando
de dons espirituais, mas de dons ministeriais.
a) Apóstolo. O apóstolo Paulo diz: "Deus concedeu uns
p a ra a p o stó lo s" este é o primeiro dos ministérios. No início, os
apóstolos distingüiram-se dos demais discípulos porque haviam
estado pessoalmente com Jesus desde o batismo de João (At
1.22). O apóstolo Paulo entretanto era uma exceção, "E p o r
derradeiro de todos m e apareceu tam bém a mim, como a um
abortivo. Porque eu sou o m enor dos apóstolos, que não sou
digno de ser cham ado apóstolo, p o is p erseg u i a igreja de D eus"
(IC o 15. 8,9). De acordo com as línguas originais das Escrituras,
119
Do Éden à Nova Jerusalém
"profeta" é alguém comissionado por Deus para falar ao homem
em seu nome, isto é, trata-se de alguém que prega uma
mensagem da parte de Deus aos homens. No Novo Testamento,
os profetas estão intimamente relacionados com os apóstolos e
tiveram parte relevante na fundação da Igreja, "Edificados sobre
o fundam ento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo
é a p rin cip a l p ed ra de esquina" (E f2.20).
b) Profeta. É portanto, aquele que fala obedecendo ao
impulso de uma repentina inspiração ou de uma revelação
específica.
c) Evangelistas. Esta palavra aparece três vezes no Novo
Testamento (At 21.8; Ef 4.11; 2 Tm 4.5). O evangelista é
literalmente "o mensageiro das boas novas" é um desbravador.
Na igreja primitiva eram os continuadores da pregação do
Evangelho. Esse é um ministério dinâmico de grande alcance e
poder. Os "evangelistas" são homens flamejantes. Veja o
exemplo de Filipe em Samaria, "E as m ultidões unânim em ente
prestavam atenção ao que Filipe dizia, p orque ouviam e viam
os sinais que ele fazia. Pois que os espíritos im undos saíam de
m uitos que os tinham, clam ando em alta voz; e m uitos
p a ralíticos e coxos eram curados (At 8.6-8) O ministério
evangelístico serve de suporte aos apóstolos, conforme
entendemos na leitura de Atos 8.14.
d) Pastores. Dos ministérios, o "pastor" é o mais
conhecido. Surge da necessidade que tem a igreja, como rebanho
de Deus, de ser apascentada. No Novo Testamento, aparecem
três palavras para caracterizar o ministério pastoral: "presbítero",
"pastor" e "anciãos" (At 11.30; 14.23; 20.17,18). Neste sentido a
palavra aplica-se a um homem respeitável, experimentado, capaz
120
A Igreja e sua existência real
de impor-se pela experiência cristã, exige-se do pastor,
maturidade. O mesmo que superitendente ou bispo caracteriza
de maneira clara a posição que o ministro ocupa, dando-lhe
caráter oficial. Como bispo o pastor é o superitendente da Igreja
(At 20.28; Fp 1.1). Este governo é fundamentado em amor;
pastor, é o que apascenta o rebanho e deve ter o coração cheio de
amor, é o pastor que alimenta, conduz, e guarda o rebanho de
Deus. Ele é o responsável pela igreja. Ali exerce sua função
ordenada e modeladora da igreja do Senhor. O pastor deve ser
um homem abnegado, que viva e dê sua vida pelas ovelhas, que
esteja pronto a tudo, sofrer e renunciar para prover a paz à Igreja
do Senhor; nisto o ofício pastoral é o mais belo, porque é o que
mais se assemelha ao Senhor Jesus, o grande Pastor (SI 23. Jo
10.11; 2 Tm 3.10-12).
e)
Mestre. Ser "mestre" é uma das grandes funções
ministério. A igreja tem profunda necessidade de ensinadores.
Homens iluminados pelo Senhor, capacitados pelo Espírito
Santo a ensinar o povo de Deus. Jesus Cristo foi antes de tudo o
Mestre por excelência. Seu ensino era marcado pela autoridade.
É muito clara a importância deste ministério no Novo
Testamento..."se é ensinar haja dedicação ao ensino." (Rm 12.7;
1 Co 12.28). É um ofício divino, é um dom que nos é outorgado.
Os mestres foram estabelecidos na Igreja; o mestre é revestido
de entendimento e sabedoria que vem do alto. O Espírito Santo o
prepara e o ilumina capacitando para o ministério. O ministério
de mestre é equilibrado, enquanto o profeta apela às emoções; o
mestre fala à inteligência; assim com temperança, o mestre ajuda
a combater os abusos, excessos e fanatismos (1 Co 14.40).
Lembremo-nos de que são os mestres que expõem com exatidão
o caminho do Senhor (At 18.24-26).
121
Do Éden à Nova Jerusalém
9.7 A igreja e suas riquezas
Incalculáveis e eternas são as riquezas da glória e da
graça de Deus, presenteadas como herança preciosa pelo Pai das
luzes e estabelecidas segundo o eterno propósito feito em Cristo
Jesus nosso Senhor. É interessante sabermos discernir a natureza
das riquezas tendo uma consciência nítida da impossibilidade de
comparação das riquezas espirituais com as humanas e
passageiras.
Desde os tempos mais remotos os homens de Deus já
sabiam discernir as verdadeiras riquezas; Moisés, por exemplo,
rejeitou decididamente ser chamado filho da filha de Faraó,
optando antes ser maltratado com o povo escolhido do que,
temporariamente ter a falsa alegria do pecado (Hb.l 1.24,25). A
fama, hoje em dia, é uma "riqueza" que muitos ardentemente
ambicionam, porém a sua transitoriedade prova que é um prazer
falso, pois proporciona uma glória vã e passageira, que não
enriquece a alma, não alimenta o espírito, nem satisfaz o
coração. A riqueza verdadeira é aquela que é duradoura traz
plena safistação à alma e gozo ao espírito, sendo inestimável em
seu favor eterno. Ao contrário das falsas, as verdadeiras riquezas
não deixam o homem preocupado mas eternamente
recompensado, pois ele sabe que essas riquezas estão escondidas
e garantidas em Deus. O Senhor reservou à sua igreja querida
um manancial inesgotável de riquezas. Cada cristão lavado pelo
sangue de Jesus tem direito a desfrutar delas. O Nosso Deus é
um Deus bondoso, cheio de amor, infinitamente rico e que
deseja repartir com os seus filhos os seus preciosos tesouros. É
da vontade de Deus que todos os homens gozem desta fonte de
bênção, porém Ele quer que enxerguemos além do natural, que
fixemos o nosso olhar, não nessas riquezas materiais, mas nas
sobrenaturais, as quais tem guardado para todos os que o amam.
122
A Igreja e sua existência real
O verdadeiro crente haverá sempre de buscar tudo o que é reto e
verdadeiro, assim todo cristão deve ser fiel a fim de obter a real
felicidade e alcançar a eterna recompensa.
O Senhor Jesus ensinou, que os pais sabem dar coisas
boas aos filhos, quanto mais o Pai Celestial, que é rico em
misericórdia e amor e dono de todos os tesouros, "Toda boa
dádiva e todo o dom p erfeito vem do alto, descendo do P ai das
Luzes, em quem não há m udança nem som bra de variação"
(Tg.1.17). A pessoa do Espírito Santo é uma das incalculáveis
riquezas que o nosso maravilhoso Pai deu aos seus queridos.
Este Espírito que fortalece o cristão, enriquece e renova a alma
do justo, revigora e capacita o homem nascido de novo para o
combate do dia a dia. "Porque D eus não nos deu o espírito de
temor, m as de fortaleza, e de am or e de m oderação" (2 T m .l. 7).
A árvore da vida, assim como a própria Nova Jerusalém, a
magnífica cidade, também são riquezas maravilhosas de Deus
para as quais a Igreja está destinada a desfrutar para todo
sempre, "E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que
de D eus descia do ceu, adereçada com o um a esposa ataviada
p a ra seu m arido" (Ap 21.2; 22.19). A pessoa de Cristo é, sem
dúvida, a maior riqueza dos remidos, o maior presente que o Pai
nos deu, o inexplicável e indizível dom. "Porque D eus am ou o
m undo de tal m aneira que deu seu Filho unigênito, p a ra que
todo aquele que nele crê não pereça, m as tenha a vida eterna"
(Jo. 3.16).
Uma das mais preciosas riquezas da graça de Cristo
oferecida à igreja é o perdão dos pecados. O homem, antes
condenado ao inferno, à perdição eterna, escravo das suas
iniqüidades, dominado por Satanás e mergulhado na lama da
transgressão, agora através da graça segundo a riqueza do
123
Do Éden à Nova Jerusalém
evangelho que é a remissão dos pecados, pode experimentar a
justificação diante do Pai, ser salvo para morar no céu, ficar
liberto da opressão do pecado, viver para Jesus e reerguer-se das
trevas para o reino do filho do seu amor. "Estando nós ainda
m ortos em nossas ofensas, nos vivificou ju n ta m en te com Cristo
(pela graça sois salvos), e nos ressuscitou ju n ta m en te com ele e
nos fe z assentar nos lugares celestiais, em Cristo J e su s."
(Ef.2.5,6). O Senhor Jesus Cristo afirmou, "pois que aproveita
ao hom em ganhar o m undo inteiro e p erd er a sua alm a?" (M t
16.26).
A vida eterna como resultado da riqueza da salvação,
também pode ser considerada como uma das mais fascinantes
riquezas da Igreja. Riquezas inescrutáveis são as riquezas do
Espírito, o amor, a suprema afeição, o gozo, a paz, a mansidão, a
bondade, a misericórdia, a fé, e a sublime convicção são
tesouros espirituais de valor incalculável (Gl.5.22). O Espírito
Santo nos oferece essas riquezas eternas como manifestação de
seu poder e como fruto de uma operação santa e profunda ao
coração da igreja. Desprezar as riquezas do Espírito é rejeitar a
essência da vida cristã, porém abraçá-las é gozar a plenitude da
vida com Deus. Se o crente deseja viver a verdadeira vida
espiritual, ele deve se submeter à direção do Espírito Santo,
deixando-se usar como vaso onde as riquezas transbordam
alegrando e satisfazendo a alma.
O Espírito Santo opera na esfera espiritual transformando
o homem carnal a fim de que ele possa desfrutar as bênçãos por
Deus oferecidas. A oração de Paulo era, "Tendo ilum inado os
olhos do vosso entendimento, p a ra que saibais qual seja a
esperança d a sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua
herança nos sa n to s" (Ef.1.18). O mistério das riquezas da glória
124
Á Igreja e sua existência real
*
estão escondidas em Cristo, "O m istério que esteve oculto desde
todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora fo i
m anifesto aos seus sa n to s; aos quais D eus quis fa z e r conhecer
quais são as riquezas da glória deste m inistério entre os gentios,
que é C risto em vós, esperança da g ló ria " (Cl 1.26,27).
O escritor da epístola aos Hebreus, inspirado pelo
Espírito, fala-nos de um campeão do Antigo Testamento,
Moisés, que tinha por incomparáveis as riquezas advindas da
morte de Cristo. A obra expiatória de Cristo traz resultados
eternos, bênçãos que vêm antes da fundação do mundo. Moisés
ofereceu a páscoa pela fé simbolizando o Cordeiro que foi morto
por amor de nós e manifestou-se nos últimos dias. Os dons
espirituais se constituem numa das mais preciosas riquezas
concedidas à igreja e são um manancial de poder que enriquece
o crente, edificam a igreja, alegram o coração, revelam os
segredos divinos, avivam a alma, despertam o homem, exortam
o povo, consolam as vidas e exercitam a fé tornando-a viva e
prática.
9.8 A igreja e sua bem-aventurada esperança
De todas as promessas, a da vinda de Jesus é a que maior
impacto causa ao povo de Deus, despertando o viver espiritual
do crente, motivando a sua consagração e dinamizando sua
comunhão constante com o Senhor. No sentido individual todo
servo de Deus almeja a vida eterna com Cristo, porque as suas
dores e sofrimentos cessarão. "Porque eu j á estou sendo
oferecido p o r aspersão de sacrifício e o tempo da m inha p a rtid a
está próxim o. C om batí o bom combate, acabei a carreira,
g uardei a fé. D esde agora a coroa da ju s tiç a está guardada, a
q ual o Senhor ju s to ju iz me dará naquele dia; e não som ente a
m im mas tam bém a todos os que am arem a sua vinda" (2 Tm 4.
125
Do Éden à Nova Jerusalém
6- 8). Então serão para sempre esquecidas as aflições da presente
existência. Esta vida eterna nos desperta a viver em constante
serviço que contribui para o crescimento da igreja neste mundo,
testemunhando o exemplo de vida irrepreensível em qualquer
lugar.
O Senhor Jesus disse na sua pregação sobre a vida, que
bem-aventurados são os servos que esperam no Senhor, vigiando
e cumprindo as suas ordens. Nós somos bem-aventurados, pois
esperar Jesus liberta a nossa alma de tudo aquilo que tenta
impedir a nossa vida espiritual. Quem espera Jesus não se deixa
levar pelas tentações nem permite que algo de errado exista no
seu relacionamento com os seus semelhantes. Nós somos bemaventurados enquanto esperamos, ocupamo-nos com algo que
aprofunda a nossa comunhão com Deus; cristãos que não vivem
em renovação, podem achar a vida espiritual monótona; quando,
porém, vivemos renovados esperando Jesus, somos cheios de
zelo e alegria; mesmo em tempo difícil, brilha a esperança da
vinda de Jesus como a luz nas trevas. Alegremos-nos na
esperança de sua vinda! O corpo místico de Cristo como um
todo, sente-se estimulado com a promessa de sua volta, por
causa da gloriosa etapa que se descortinará com seu advento.
Como exemplo temos as Bodas do Cordeiro. "Regozijemo-nos, e
alegrem o-nos e dem os-lhe glória , porque vindas são as Bodas
do Cordeiro, e j á a sua esposa se aprontou. E fo i-lh e dado que
se vestisse de linho fin o , p u ro e resplandecente; porque o linho
fin o são as ju stiç a s dos santos. E disse-me: Escreve: bemaventurados aqueles que são cham ados à ceia das Bodas do
Cordeiro. E disse-m e: E stas são as verdadeiras p alavras de
D eus" (Ap 19.7-9). O cristão deve separar-se do mundo e de
suas obras infrutuosas e consagrar-se a Deus. A volta prometida
de Jesus o impele a essa consagração porque ele sabe que sem
126
A Igreja e sua existência real
santificação torna-se impossível contemplar a face do Senhor. O
crente fiel deve estar sempre atento para que suas vestes não
sejam manchadas pelo pecado. Uma das finalidades do culto é,
exatamente o ajuntamento daqueles que têm o mesmo objetivo
de consagrar-se a Deus, tendo em vista alcançarem juntos um
nível de santidade condizente com a expectativa do Senhor
Jesus, "Vede quão grande caridade nos tem concedido o Pai:
que fô sse m o s cham ados filh o s de Deus. P or isso o m undo nos
não conhece; porque o não conhece a ele. Amados, agora som os
filh o s de Deus, e ainda não é m anifestado o que havem os de ser.
M as sabem os que, quando ele se manifestar, serem os
sem elhantes a ele; p o rq u e assim como é o verem os" (1 Jo
3.1,2).
O evento segundo declarações feitas por Jesus é
surpreendente; será súbito; a ressurreição dos mortos e a
transformação dos vivos serão como um relâmpago que fuzila
iluminando de uma a outra extremidade dos céus. Temos por
exemplo as virgens loucas que não tinham azeite nas suas
lamparinas e ficaram, quando o noivo veio buscar a noiva para o
casamento. Perder a comunhão com Deus e sua igreja é tão triste
e vergonhoso que vale a pena todo empenho de nossa parte,
vigiar e orar incessantemente suplicando a misericórdia do
Senhor para nos guardar de ceder às tentações e ao pecado "que
tão de p e rto nos rodeia " (Hb.12.1).
A Bíblia registra a triste experiência de um grande
homem de Deus Davi, que depois de pecar clamou dizendo:
"Não me lances fo r a de tua presença, nem retires de mim o teu
E spírito Santo. Torna a dar-m e a alegria da tua salvação" (Sl
51.11.12). Poderiamos citar outros exemplos como o de Pedro,
que negou o Mestre e, em seguida, chorou amargamente, e
127
Do Éden à Nova Jerusalém
Sansão; estes pagaram um preço alto pelo que de errado
cometeram. Sirva-nos, caro leitor, de motivo para estreitarmos
nossa comunhão mais íntima com Deus. Esse magnífico
acontecimento, que segundo os estudiosos da profecia terá lugar
muito brevemente e está intimamente ligado com a vida cristã,
com o nosso comportamento diário, com o nosso testemunho
diante de nossos irmãos e do mundo que nos cerca. Na verdade o
evento da volta de Jesus serve de alerta constante a todos os fiéis
que devem aprofundar mais e mais a sua comunhão com Deus.
A experiência da salvação tem um aspecto terreno, isto é,
há bênçãos que recebemos imediatamente aqui; perdão dos
pecados, comunhão com Deus, batismo com o Espírito Santo e
dons do Espírito Santo, mas há também o aspecto invisível da
salvação, isto é, a esperança de outras bênçãos estão preparadas
para nós lá no céu. A Bíblia fala destas esperanças como sendo
parte da salvação, contudo ainda não somos perfeitos mas
quando Cristo se manifestar seremos semelhantes a Ele,
ALELUIA! Paulo vinculou esta esperança à ressurreição dos
mortos que se dará no dia da vinda de Jesus. "Porque o m esm o
Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e
com a trom beta de Deus; e os que m orreram em Cristo
ressuscitarão prim eiro. D epois nós, os que fica rm o s vivos,
serem os arrebatados ju n ta m en te com eles nas nuvens, a
encontrar o Senhor nos ares, e assim estarem os sem pre com o
Senhor" (1 Ts 4.16,17). O Espírito de Deus fala-nos das coisas
que hão de vir e unge os nossos olhos para entendermos os
sinais dos tempos. Ele revelou ao velho Simeão que não
morrería antes de ter visto o Cristo do Senhor. Isto se cumpriu
em Lc. 2.26. E assim nos nossos dias, o Espírito anuncia que a
volta de Jesus está às portas e esta é a nossa bem-aventurada
esperança.
128
A Igreja e sua existência real
9.9 A batalha da igreja
Desde o início de sua existência real a igreja enfrenta
batalhas sucessivas que fazem parte das muitas, de uma guerra
que teve início nos céus. A primeira perseguição que se levantou
contra a igreja está descrita em Atos 3 e 4.1-21; custou a Pedro e
João açoites e prisões. Ainda no mesmo livro, Lucas relata a
morte de Estêvão. O simpático jovem arauto que surgiu nos
primeiros albores da manhã do cristianismo, levado à presença
do conselho, na tentativa de provar que a Lei de Moisés e o culto
dos judeus eram apenas o prelúdio do nascimento do Sol da
Justiça. Argumentando com Saulo de Tarso, doutor da Lei,
prevaleceu Estêvão o que os judeus consideraram uma
blasfêmia; cheios de ódio contra ele arrastaram-no para fora do
recinto e levaram para fora dos muros da cidade onde o
apedrejaram matando-o sem compaixão e os algozes
depositaram suas vestes aos pés de Saulo. (At 7.1-60)
Em Atos 12.1-12 consta a prisão e a morte de Tiago,
quando Pedro foi salvo milagrosamente mediante a oração da
Igreja reunida em casa de Maria mãe de João Marcos; o Senhor
enviou o seu anjo e Pedro foi liberto da prisão. Em Pafos
levantou-se um endemoninhado tentando impedir a conversão
do procônsul Sérgio Paulo, mas Paulo cheio do Espírito Santo
expulsou aquele demônio (At 13. 9,11). Em Antioquia enquanto
Paulo pregava na sinagoga, os judeus blafemavam contra ele;
em Listra foi apedrejado e prostrado quase morto. Os maiores
prejuízos da Igreja no primeiro século partiram do Império
Romano, porque os cristãos diziam abertamente que o seu Rei
era Jesus e não César.
A Igreja através destes quase dois milênios de existência
tem experimentado viver em meio às mais variadas formas de
129
Do Éden à Nova Jerusalém
governo, dinastias, ditaduras, o comunismo, regime totalitário
que destitui os homens de suas liberdades mais primárias. Max,
que concebeu o monopólio estatal que transforma os homens em
uma massa de manobra, imaginando a igualdade de condições
para todos, (utopia que se alcançada a direção do estado passaria
a uma classe proletária); os operários reunidos em comitês
discutiriam os diversos temas os quais seriam levados à
assembléia em busca de consenso após o que recebería a devida
homologação. Esta ideia foi o estopim que deu início à
revolução Buchevista que durou desde 1917 até os dias atuais,
sem no entanto, alcançar o seu desiderato. Na Alemanha de
Hitler, o tirano, o déspota, imaginou um mundo composto
exclusivamente de uma raça pura (ariana); incendiado por uma
paixão insana provocou a mais cruel das guerras do nosso
século, envolvendo quase todos os países da terra, levando a
sucumbir incalculável número de criaturas humanas, desde
inocentes criancinhas, e, gerando inimizades até hoje
aliamentadas pelo orgulho doentio como comprova o
surgimento dos intolerantes neonazistas.
A democracia, vigente em muitas nações, não tem se
revelado muito melhor do que outros sistemas de governo.
Prevalece o imperialismo brutal imposto pela riqueza mal
distribuída, causando a injustiça social que torna uns miseráveis
e outros excessivamente ricos. Neste regime, políticos
inescrupulosos, para se elegerem representantes do estado, se
utilizam dos menos favorecidos para explorar a pouca esperança
que lhes resta. Achados na posição por eles almejada esquecemse dos problemas dos humildes e passam a defender os seus
próprios interesses, criando leis injustas e opressoras levando
assim, seus concidadãos ao desatino provocando, destarte,
revoluções fratricidas que contribuem para agravar a situação
130
A Igreja e sua existência real
destes povos. A Igreja de Jesus Cristo em meio a este turbilhão
de conflitos de idéias de origem maligna, tem sobrevivido ora
nas prisões, ora nas cavernas da terra, perseguidos, maltratados e
mortos mas sempre orando, cantando ou chorando prossegue
consciente de que Jesus, o seu amado Salvador, jamais a
abandonará.
Sucede hoje como nos dias passados durante o período
da tenaz perseguição promovida pelo Império Romano. Os
métodos satânicos mudam, mas as intenções são as mesmas:
fazê-la silenciar. Mas o Espírito Santo Consolador e amigo que
foi enviado para com ela permanecer e guiá-la vitoriosamente
até o arrebatamento. Por isto disse o apóstolo São Paulo,
escrevendo aos fílipenses..."^çwe/e que em vós com eçou a boa
obra, a aperfeiçoará até ao dia de Jesus C risto ” (Fl 1.6);
profetizou o Salmista... "Aquele que te guarda não
tosquenejará.. "(Sl 121.3) e ainda... "E as p o rta s do inferno não
prevalecerão contra ela" disse Jesus. (Mt. 16.18).
9.10 A igreja e o reino de Deus
Como remidos, almejamos participar de todas as bênçãos
do reino de Deus. No entanto, veremos no transcorrer destas
páginas como conseguiremos desfrutar destas bênçãos e tomar
parte efetiva neste reino, se tivermos enquadrados nas leis e
estatutos deixados pelo Rei dos reis e o Senhor dos senhores.
Jesus Cristo é figura central no reino de Deus, sem ele não
teríamos nada a herdar apenas uma ardente expectativa: a morte
eterna.
O que é o reino de Deus"? Não é fácil responder esta
pergunta. Trata-se de um tema realmente difícil e jamais poderá
comportar numa simples definição, entretanto, vamos tentar
131
Do Éden à Nova Jerusalém
definir o que é o "reino de Deus". Para Michel Quoist por
exemplo, tudo o que há no mundo faz parte deste reino " Se
soubéssemos olhar a vida com os olhos do próprio Deus,
veriamos que nada no mundo é profano; tudo, ao contrário,
participa da construção do reino de Deus". Biblicamente,
porém, esta definição é muito vaga e o seu sentido é
demasiadamente lato. No traiçoeiro terreno das definições, um
renomado teólogo alemão foi particularmente feliz. "O reino de
Deus é a vitória final sobre o pecado, é a reconciliação do
mundo com Deus. A conseqüência dessa reconciliação marca
um novo período, novo céu e nova terra, que são novos porque
se submeteram à paz de Deus".
Como se vê, muitas e variadas são as definições do reino
de Deus. Todavia, se quisermos sumariar este assunto daremos
duas definições para o reino de Deus:
1) Em sentido lato. O reino de Deus é o computo de
todas as bênçãos que nos preparou o Todo-Poderoso, desde a
mais remota eternidade. Neste sentido, é a salvação de nossas
almas, alegria que nos invade o ser, a segurança de vida eterna, o
perdão dos nossos pecados, o batismo no Espírito Santo, os dons
espirituais etc. O que Deus determinou a Israel também pode ser
compreendido no sentido lato desta definição. Desta forma
fazem parte do reino de Deus: a conversão nacional dos judeus,
a vitória de Cristo sobre o anticristo e o estabelecimento do
milênio durante o qual a supremacia da nação hebraica será
incontestável.
2) Em sentido restrito. O reino de Deus é a Nova
Jerusalém, na qual os redimidos do Cordeiro vão descansar de
todas as fadigas e enfados. Lendo o capítulo 21 de Apocalipse
132
A Igreja e sua existência real
deslumbramo-nos ante as belezas e perfeições daquela ditosa
cidade, que com sobeja justiça, pode ser considerada a sede
eternal do reino de Deus. Neste sentido, o conseguinte à Nova
Jerusalém pode ser chamada de reino dos céus e está
compreendida no somatório geral das bênçãos e bemaventuranças que compõem o reino de Deus. Alguns autores,
porém, afirmam que a expressão "reino de Deus" e "reino dos
céus" são sinônimos e não comportam qualquer distinção. De
uma coisa todavia, estamos certos: devemos lutar com todo o
afinco para que desfrutemos do reino de Deus e possamos estar
para sempre na companhia de Cristo no reino dos céus. Como já
dissemos, Jesus é o Rei dos reis e o Senhor dos senhores. E
justamente em torno da sua augusta pessoa, que o Pai Celeste
estabeleceu o seu reino.
O teólogo W.G.Kumel afirma: "Em Jesus o reino de
Deus começou e nele se cumprirá. A promessa de Jesus deriva
de sua força, da certeza do seu caráter único, e do fato de que ele
se realiza Nele". Vejamos, pois, de que forma Deus lhe entregou
a soberania deste eterno principado.
A soberania profetizada.
Embora contratado para amaldiçoar os filhos de Jacó, o
ganancioso Balaão abençoou-os e predisse que da semente do
patriaca, levantar-se-ia um onipotente cetro "Uma estrela
p rocederá de Jacó e um cetro subirá de Israel;... e dom inará um
de J a c ó " (Nm 24.17,19). Ao próprio Jacó, aliás, havia sido
revelado que de seu filho Judá surgiría a realeza; "O cetro não se
arredará de Jacó nem o legislador dentre seus pés, até que
venha Siló; e a ele se congregarão os povos, ele am arrará o seu
ju m en tin h o à vide, e o filh o da sua ju m en ta à cepa m ais
excelente; ele lavará o seu vestido no vinho, e a sua capa em
133
Do Éden à Nova Jerusalém
sangue de u v a s" (Gn 49.10,11). Acerca das prerrogativas de
Cristo eis o que profetizou Daniel: "Eu estava olhando nas
m inhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um
com o o Filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o
fizera m chegar até ele. E fo i-lh e dado o dom ínio e a honra, e o
reino, p a ra que todos os povos, nações e línguas o servissem ; e
o seu dom ínio é um dom ínio eterno que não passará, e o seu
reino o único que não será destruído" (Dn 7.13,14). Para citar
mais uma passagem, por causa da exigüidade de nossos passos,
eis o que o anjo Gabriel disse à Maria: "E eis que em teu ventre
conceberás e darás à luz um filh o , e po r-lh e-á s o nome de Jesus.
Este será grande, e será cham ado o Filho do Altíssim o; e o
Senhor D eus lhe dará o trono de Davi, seu Pai. E reinará
eternam ente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim ." (Lc
1.31,32).
A soberania confirmada.
Após a sua ressurreição, afirmou o Senhor Jesus. "E-me
dado todo o p o d er no céu e na terra." (Mt.28.18). Em seu
discurso no dia de Pentecostes, declarou Pedro, "Saiba p o is com
certeza toda a casa de Israel que esse Jesus, a quem vós
crucificastes, D eus o f e z Senhor e C risto" (At 2.36). Quanto a
Estevão relatamos o que via no momento mais cruciante de seu
martírio. "Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que
está em p é à m ão direita de D e u s” (At 7.56). João no
Apocalipse, mostra-nos Cristo na plenitude de sua soberania; "E
ví o céu aberto, e
assentado sobre ele
p eleja com ju stiça . E
nome: R ei dos reis,
eis um cavalo branco; e o que estava
cham a-se F iel e Verdadeiro; e ju lg a e
no vestido e na sua coxa tem escrito este
e Senhor dos senhores." (Ap 19.11,16);
estes versículos já são suficientes, pois, para mostrarmos que o
134
A Igreja e sua existência real
Senhor Jesus é a máxima autoridade no reino de Deus. Tal
prerrogativa, frisamos, Ele a recebeu do Pai.
Lendo o Antigo Testamento observamos que os
israelitas, desde o seu nascedouro como nação, sempre desfrutou
de um íntimo relacionamento com o reino de Deus. Ao longo de
sua acidentada história, Jeová estabeleceu com Israel diversos
pactos, objetivando levá-los a possuir para sempre todas as
nações do Reino. Infelizmente, quebraram eles todos os pactos e
violaram todas as alianças. Por causa da rebelião perderam a
primazia como nação eleita e ainda hoje amargam no exílio, os
funestos resultados de sua desobediência. No entanto, a nação
hebraica, garante-nos a Bíblia, não foi excluída definitivamente
do reino de Deus. No futuro não muito remoto eis que Jeová
restabelecerá sua aliança com a semente de Abraão.
O reino de Deus teve início para Israel com a chamada
do patriarca Abraão (Gn 12.1-3). De acordo com as cláusulas
desta aliança, confirmada posteriormente com Isaque e Jacó,os
hebreus apossaram-se definitivamente do reino de Deus. E não
somente isto, com a sua bênção abençoariam todas as nações da
terra, "E em ti serão benditas todas as fa m ília s da te rra " (Gn
12.3). Nesta promessa tão particular notamos que o Eterno
estava a dizer ao seu obediente servo, que os seus descendentes
herdariam um reino universal. Depois de quatro séculos de
opressões eis que o Senhor suscita Moisés para libertar Israel da
escravidão através dos milagres e portentos operados no Egito;
Jeová conscientiza os hebreus de que, além dele não existe nem
um outro Deus. Os ídolos das nações, pois, não passam de
vaidade. Israel, assim, aproximava-se ainda mais do reino de
Deus, e neste particular Jeová foi mais do que explícito: "O
Senhor reinará eterna e perpetuam ente" (Ex 15.18). Lemos no
135
Do Éden à Nova Jerusalém
dicionário internacional de teologia do Novo Testamento:"A
fórmula do pacto tem sido reconhecida como muito semelhante
a um tratado de soberania entre um rei supremo e os seus
vassalos. E os termos deste acordo, o povo precisaria obedecer
todas as palavras do Grande Rei, e eles seriam a propriedade
exclusiva de Jeová, um reino sacerdotal e uma nação santa. (Ex
19.5,6). Eles teriam a vigilância permanente do Senhor,
protegendo-os e sustentando-os, eles seriam sacerdotes reais
oferecendo continuamente um sacrifício de louvor ao Senhor e
servindo de mediadores das bênçãos de Deus para as outras
nações.
Depois do fracassado reinado de Saul, o Senhor ungiu a
Davi e o coloca como rei sobre Israel. E conforme lemos nas
Crônicas, o filho de Jessé era um "homem segundo o coração de
D eus" e foi com este belamita que o Todo-Poderoso estabeleceu
um pacto (2 Sm 7.16). Pacto este, que só será plenamente
cumprido quando a nação de Israel reconhecer que o Senhor
Jesus Cristo é o Messias esperado. Devemos acrescentar ainda
que com a aliança Davídica os hebreus estão mais perto do que
nunca do reino de Deus. Antes de mais nada é bom
esclarecermos que a igreja não é o reino de Deus, mas está
incluída nele. A igreja, a propósito, é a mais perfeita
representação deste reino. No início do ministério, João Batista
pregava dizendo: "Arrependei-vos porque é chegado o reino dos
céus. À semelhança de João Batista, o Senhor Jesus também
iniciou o seu ministério fazendo referência ao reino de Deus. No
Sermão da Montanha, Ele entregou aos seus discípulos o código
do Reino ou pelo menos traçou as principais coordenadas.
136
A Igreja e sua existência real
9.11 A igreja e suas metas
O Senhor Jesus, antes de ser assunto ao céu, estabeleceu
algumas metas à sua Igreja. A evangelização mundial e a
edificação dos santos, por exemplo são apenas algumas delas.
Do sucesso desses alvos tão desafiadores, depende a expansão
do reino de Deus e o pleno desenvolvimento espiritual de cada
crente. Veremos agora quais são as principais metas da Igreja e
de que forma poderemos alcançá-las. Veremos ainda que o
desprezo dessas metas ocasionar-nos-á irreparáveis prejuízos.
Antes de mais nada, precisamos buscar uma definição de meta.
Eis como define o novo dicionário Aurélio: "poste", "marco",
"cordel" ou qualquer outro "sinal que indica ou demarca o final
das corridas. "Esta definição, a propósito, vem ao encontro do
que disse o apóstolo, "Uma coisa faço, e é que, esquecendo-m e
das coisas que atrás ficam , e avançando p a ra as que estão
diante de mim, pro ssig o p a ra o alvo p elo prêm io da soberana
vocação de D eus em Cristo Jesu s." (Fp 3.13,14). Dizia Paulo
aos irmãos de Filipos, em outras palavras, que estava envolvido
numa grande corrida e, por este motivo, não podia se distrair
com nada deste mundo. Do contrário, jamais alcançaria as metas
que o próprio Cristo lhe havia estabelecido.
No original grego, conforme explica Russel Norman
Champlin, a palavra "alvo" neste caso é tradução do vocábulo
"Skopos," usada para indicar um sinal ou marca onde se devia
alvejar o dardo ou flecha, embora aqui se refira a "meta que os
corredores procuram atingir."
Já que sabemos o que é meta, nosso passo será
reconhecer as prioridades e urgências das metas traçadas pelo
Senhor Jesus. Este reconhecimento é vital à saúde da igreja.
Mas, como reconhecer essas prioridades e sua urgência?
137
Do Éden à Nova Jerusalém
Evangelização é a prioridade máxima. Na Grande Comissão,
explicitou o Senhor qual deveria ser o trabalho dos discípulos:
"Ide p o r todo o mundo, p reg a i o evangelho a toda criatura.
Quem crer e fo r batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado" (M c 15.16). Diante de
tarefa tão difícil, os
discípulos bem poderíam ter perguntado: Como atingeremos
este alvo? A resposta lhes seria dada pelo mesmo Cristo, pouco
antes de sua ascensão: "Mas recebereis a virtude do Espírito
Santo, que há de vir sobre vós, e ser-m e-eis testemunhas, tanto
em. Jerusalém com o em toda a Judéia e Samaria, e até aos
confins da terra" (At 1.8).
9.12 A Igreja e sua edificação
A Igreja, além de ser uma organização, é um organismo
espiritual. Foi edificada segundo o padrão divino, com o
propósito de ser o templo de Deus Pai. Por este motivo, foi
edificada por Deus Filho e habitada por Deus Espírito Santo
A Igreja possui um fundamento sólido insubstituível e
inigualável: Jesus Cristo, que lhe proporciona a segurança
necessária e suficiente para a sua firme edificação até que ela
venha alcançar o padrão supremo da perfeição estabelecido por
Deus.
Cristo, o Edificador da Igreja. A expressão "edificarei a
m inha Igreja" revela a capacidade de quem podia estabelecer, na
terra, um organismo vivo que pudesse se sobrepor às
intempéries desta vida, vencer a morte e romper com todos os
obstáculos criados no mundo espiritual, até atingir as metas
estabelecidas pelo próprio Deus.
138
A Igreja e sua existência real
O passo inicial dessa grande obra começou com o amor
tão grande e sublime que levou o Senhor Jesus a superar as
piores dores, e suportar as mais indescritíveis pressões morais e
espirituais. Por isso seu sacrifício foi perfeito. Em Jo 3.16, lemos
que "Deus am ou o m undo de tal maneira". A grandeza deste
amor pode ser medida nos procedimentos de Cristo. Em
momento algum ele recuou, mas se entregou a si mesmo por
nós, "E andai em amor, como tam bém Cristo vos amou, e se
entregou a si m esm o p o r nós, em oferta e sacrifício a Deus, em
cheiro suave " (E f 5.2.) Sua obediência e incondicional entrega, é
a prova irrefutável desse amor, "Mas D eus p ro va o seu am or
p a ra conosco, em que Cristo m orreu p o r nós, sendo nós ainda
p eca d o res" (Rm 5.8), não havia mérito dos benefícios divinos.
Apesar disso o amor de Deus foi maior. "Nisto se m anifestou a
caridade de D eus p a ra conosco: que D eus enviou seu Filho
unigênito ao mundo,. N isto está a caridade, não em que nós
tenham os am ado a Deus, mas em que ele nos am ou a nós, e
enviou seu Filho p a r a propiciação p elo s nossos pecados". (1 Jo
4. 9,10)
A Igreja comprada pelo sangue de Cristo tornou-se
propriedade exclusiva do Senhor, pois ele cumpriu todas as
exigências quanto a forma de resgatá-lo, como afirma o apóstolo
Paulo, "Porque fo s te s com prados p o r bom p reç o ," (1 Co 6.20).
A Igreja portanto é um povo adquirido, "mas vós sois a geração
eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o p o vo adquirido, p a ra
que anuncieis as virtudes daquele que vos cham ou das trevas
p a r a a sua m aravilhosa luz". (1 P d 2.9) cujo preço pago não
pode ser avaliado em ouro ou prata, "Sabendo que não f o i com
coisas corruptíveis, como p ra ta ou ouro, que fo ste resgatados
da vossa vã m aneira de viver que p o r tradição recebestes dos
vossos pais, m as com o precioso sangue de Cristo, como de um
139
Do Éden à Nova Jerusalém
cordeiro im aculado e in contam inado” (1 P d 1.18,19), Jesus
entregou-se a si mesmo ao cruel sacrifício.
Cristo, o detentor de todo o poder nos céus e na terra, o
edificador da Igreja está colocado acima de todas as coisas.
Após a sua ressurreição o Pai lhe outorgou todo o poder, "E-me
dado todo o p o d e r no céu e na terra .” (M t.28.18), o que lhe
permite realizar os propósitos que o pai sabiamente estabeleceu.
É por isto que Cristo foi elevado soberanamente, "Pelo que
tam bém D eus o exaltou soberanam ente, e lhe deu um nom e que
é sobre todo o nom e " (Fl 2. 9), tendo-lhe sido restaurado a gloria
que possuia antes da fundação do mundo, ”E agora glorifica-m e
tu, ó P ai ju n to a ti m esm o com aquela gloria que tinha contigo
antes que o m undo existisse " (Jo 17. 5). Ele foi coroado de honra
e glória e assentou-se no lugar de maior destaque, "Que
m anifestou em Cristo, ressuscitando dos mortos, e p o ndo-o à
sua direita nos céus" ( E f 1.20). Eis porque Jesus tornou-se a
razão da subsistência de todas as coisas, "o qual é imagem do
D eus invisível, o prim o g ên ito de toda a criação; porque nele
fo ra m criadas todas as coisas que há nos céus e na terra,
visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam
principados, sejam potestades: tudo f o i criado p o r ele e p a ra
ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem
p o r ele." (Cl 1.15-17). Tudo lhe foi sujeito debaixo de seus pés.
Como o soberano de todo o universo, o Senhor Jesus traçou as
mais renhidas batalhas em prol da sua igreja e saiu-se vitorioso.
Sua conquista foi definitiva e eterna, porque ele é o Filho do
Deus vivo.
Cristo, o fundamento da edificação. Existe um
fundamento no qual a igreja está edificada. Este fundamento
dispensa qualquer outro que porventura possa se apresentar.
140
A Igreja e sua existência real
Trata-se de Cristo Jesus que se deu a si mesmo por todos nós.
Sem ele não haveria igreja, é uma construção tão segura que
permanecerá eternamente devido a sua base.
Jesus Cristo é a pedra principal. As dimensões e
profundidade desta pedra são incalculáveis, pois vai além desta
terra; sobrepõem-se ao tempo e a própria vida. Ele se apresenta
como uma rocha inabalável e mais firme do que o monte Sião,
cuja solidez permite aos edificadores levantarem grandes
construções sem se preocuparem com a fúria do vento ou com as
correntes dos rios. É a principal pedra de esquina, porque não
existe outra. E insubstituível e diferente, "Porque sua rocha não
é como a nossa R och a ; sendo até os nosso inim igos ju ize s
disto."(D t 32.31); alta e tem espaço suficiente para todos
firmarem os seus pés, livrando-se do lago de charco de lodo,
"Tirou-me dum lago horrível , dum charco de lodo; p ô s os m eus
p é s sobre um a rocha, fir m o u os meus p a s s o s ” (Sl 40.2). Trata-se
de uma pedra poderosa, capaz de superar os tempos e os reinos
proporcionando a união do alicerce às paredes feitas de pedras
vivas.
Jesus Cristo está no centro da sua igreja, e como
soberano, deve ser aceito por todos como o primeiro. Somente a
Ele cabe a posição de comando e suprema liderança. Ao trocar a
liderança de Jesus por outra qualquer, os homens mergulham no
caos e não sobrevivem, como vemos em Ap 3.17, "Como dizes:
Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho fa lta ; e não sabes
que és um desgraçado, e miserável, e p o b re , e cego, e nu;"
Cristo, como a cabeça da Igreja, zela pelo bem-estar do corpo e
nos outorga todos os seus benefícios; e faz com que nós nos
apropriemos dos tesouros do conhecimento e da revelação, "Em
quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da
141
Do Éden à Nova Jerusalém
ciência" (Cl 2.3). Na cabeça estão os órgãos de direção, que nos
possibilitam orientar os demais órgãos do corpo para o seu
crescimento perfeito "E não ligado à cabeça, da qual todo o
corpo, pro vid o e organizado p ela s ju n ta s e ligaduras, vai
crescendo em aum ento de D eus," (C l 2.19). Finalmente, a
audição e a visão permitem a direção apropriada do corpo
livrando-os dos perigos (SI 121).
Jesus Cristo o fundamento perpétuo. Os registros
proféticos do Antigo Testamento nos revelam as características
do advento de Jesus e de como Ele chegaria ao calvário. Desde
os primeiros profetas até João Batista, todos apontavam a Jesus
como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Estes
registros tiveram seu primeiro cumprimento depois de
consumada a obra do calvário, e na ressurreição e ascensão de
Cristo. Comissionado pelo próprio Senhor Jesus, os seus
apóstolos continuaram a ministrar a sua doutrina aos homens.
Os recursos da edificação.
O Espírito Santo promove na terra a glorificação do
Senhor Jesus através da Igreja, "Ele me glorificará, porque há
de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar" (Jo 16.14),
renovando-o para que se inteire de todo conhecimento do
Senhor, "E vos vestistes do novo, que se renova, p a ra o
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou" (Cl
3.10). O Espírito leva a igreja a uma entrega cada vez mais
completa a Deus, "Rogo-vos pois, irmãos, p ela com paixão de
Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo
e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos
conform eis com este mundo, m as transform ai-vos p e la
renovação do vosso entendimento, p a ra que experim enteis qual
seja a boa, agradável, e p erfeita vontade de D eus" (Rm 12.1,2),
deste modo, Ele pode exercer um controle maior sobre o crente
142
A Igreja e sua existência real
(At 5.32). Os dons do Espírito Santo capacitam os crentes a
terem uma aproximação maior com o Senhor, tornando-os mais
e mais transformados de glória em glória.
A Palavra de Deus deve estar no centro da igreja. O
avivamento experimentado pela igreja primitiva se deu pelo fato
de seus membros possuirem uma fé inabalável na Palavra de
Deus, "Assim, p o is as igrejas em toda a Judéia, e G aliléia e
Sam aria tinham paz, e eram edificadas; e se m ultiplicavam
andando no tem or do Senhor e consolação do Espírito Santo"
(At 9.31). A Bíblia é a base sólida e a estrutura que dá resistência
à igreja que caminha vitoriosa.
A oração.
Após a ascensão do Senhor a igreja reuniu-se para orar;
eram os primeiros passos de uma atividade que se tornaria
fundamental para a sua edificação, "E eles perseveravam na
doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no p a rtir do p ã o e
nas orações" (At 2.42); assim tornavam Deus ciente das suas
dificuldades e inspirações. A Igreja descobriu que quanto mais
tempo passava na prática da oração, mais rapidamente crescia e
se revestia do poder de Deus. A oração proporciona crescimento
à igreja em todos os sentidos.
Os propósitos da Edificação.
A obra de Deus perfeita em todos os sentidos foi
contaminada com a entrada do pecado. Entretanto, a
misericórdia divina providenciou um escape para permitir aos
que crêem estar em condições de poder agradar a Deus. Este é o
propósito da igreja.
143
Do Éden à Nova Jerusalém
A Igreja é constituída de pessoas das mais variadas
características tais como : cor, língua, posição social, intelectual
e costumes. Mas todas elas formam um só corpo, unidas em um
só sentimento, interesse e inspiração. Em um corpo existem
muitos membros com várias funções, contudo, estão unidos e
andam em uma só direção protegidos pelo mesmo sangue.
Assim é a Igreja (At 2.42).
A Igreja é o templo do Espírito Santo e, para tanto, deve
cada vez mais estar em condições de exercer o seu sublime
papel. A igreja é o lugar onde Deus manifesta as suas operações,
prodígios, justiça, misericórdia, bondade e veracidade. Onde
Deus é buscado e é encontrado. O aperfeiçoamento dos seus
membros torna a presença de Deus cada vez mais nítida aos
olhos do mundo. A igreja será apresentada a Cristo em
resplendor, beleza magnificiente, sem mácula, revestida de
glória, (Ef 5. 27) "E aos que predestinou a estes tam bém
chamou: e aos que cham ou a estes também justificou; e aos que
ju stifico u a estes tam bém g lo rifico u ” (Rm 8.30). E a participação
da plenitude de Cristo, "Que é o seu corpo, a plenitude daquele
que cumpre tudo em todos" (Ef.1.23).
Que o Senhor nos ajude a alcançar o estado perfeito e
permanecer eternamente com ELE !
9.13 A igreja e suas armas espirituais
A epístola aos Efésios é um dos mais profundos livros da
Bíblia, e ela finda com a referência direta ao grande conflito
espiritual da igreja através dos anos e a mensagem da vitória,
somente possível mediante o uso das armas espirituais. Árdua é
a batalha, mas todo o equipamento está ao nosso alcance.
Lutemos pois até a vitória final (Ef 6.10-18).
144
A Igreja e sua existência real
Satanás é um terrível inimigo, conhece os maravilhosos
planos que Deus estabeleceu em favor de sua igreja e deseja
frustrá-los.
O caminho natural para a obtenção das bênçãos
espirituais destinadas aos crentes é uma vida de separação, de
santificação, de afastamento do mundo, "Não am eis o mundo,
nem o que no m undo há. Se alguém am a o mundo, o am or do
P ai não está nele" (1 Jo 2.15), e de completa submissão a Deus.
A consecução desse plano dá ao crente um inefável bem-estar
aqui no mundo. O propósito de Satanás é fazer o crente perder as
bênçãos futuras e esse bem-estar. Por isso as forças espirituais
que ele emprega no combate ao crente, são forças hostis à nossa
felicidade em Cristo.
Ciladas do diabo. "As astutas ciladas do diabo" é uma
expressão que nos garante que Satanás comanda pessoalmente a
luta contra a igreja. Não ciladas dos anjos maus, dos espíritos
maus, dos agentes do diabo, mais dele próprio. E ele vive
"bramando com o leão buscando a quem p o ssa tra g a r” (1 Pe
5.8). Cilada e traição, e emboscada, e acontecimentos
inesperados, em lugar oculto. Tais são os métodos do inimigo,
que acusa o crente dia e noite, "... o qual diante do nosso D eus
os acusava de dia e de n oite" (Ap 12.10).
Nossa luta não é contra a carne. O apóstolo define
diferentes grupos de combate: "contra os principados, contra as
potestades, contra os prín cip es das trevas deste século, contra
as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (E f
6.12). Satanás tornou-se o príncipe deste mundo, "Agora é o
ju íz o deste mundo; agora será expulso o príncipe deste m undo"
(Jo 12.31); seu desejo é ser imperador. Paulo o chama de "deus
145
Do Éden à Nova Jerusalém
deste sé c u lo ” (1 Co 4.4). "Príncipe das p o testa d es do a r" ( E f
2.2), e isto nos ensina que sua autoridade na terra é maior do que
a do homem. Todo crente deve está cônscio de que o império
satânico é altamente organizado. O versículo tanto se refere a
"principados" como a "potestades," "Hostes espirituais em
lugares celestiais" isto nos fala de uma luta espiritual. E contra
inimigos espirituais, somente armas espirituais.
Métodos para a vitória. A despeito de toda a qualidade
do inimigo, de seus ardis e astúcias podemos estar confiantes na
vitória, "Mas graças a D eus que nos dá a vitória p o r nosso
Senhor Jesus C risto" (1 Co 15.17). "Filhinhos sois de Deus, e j á
os tendes vencido, p o rq u e m aior e o que está em vós do que o
que está no m undo" (1 Jo 4.4), "Mas em todas estas coisas
som os m ais que vencedores, p o r aquele que nos am ou" (Rm
8.37)
A expressão do apóstolo em Efésios 6.14 é incisiva:
"Estais p o is fir m e s " lembra-te irmão e irmã desta maravilhosa
palavra vinda da parte de Deus; quando o inimigo sussurrar ao
teu ouvido, insinuando que não podes alcançar a vitória,
recorda-te desta mensagem salutar. Eis o método de Deus para
alcançarmos a plena vitória no combate da fé.
"Sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder."
Não há vitória longe do Senhor. "O cavalo prepara-se p a ra o
dia da batalha, m as do Senhor vem a vitó ria ” (Pv 21.31).
Cremos que esta palavra "fortalecidos" sugere um
abastecimento espiritual ao crente. Nossa união com o Senhor
resulta em um fortalecimento perfeito. O inimigo sabe que
somos fracos, mas quando o Senhor nos cobre com a sua
presença, então somos fortes, "E disse-lhe: A m inha graça te
146
A Igreja e sua existência real
basta, porque o m eu p o d e r se aperfeiçoa na fraqueza. D e boa
vontade p o is me gloriarei nas m inhas fraquezas, p a ra que em
m im habite o p o d er de C risto" (1 Co 12.9; Fp 4.12; Is 41.10). O
Senhor é a fonte de todo o poder. Satanás conhece as nossas
fraquezas e nos tenta visando abalar-nos e finalmente destruirnos. Mas no poder do Senhor encontramos uma força que nos
garante vitória, pois a grandeza do seu poder é sobremodo
excelente, "E qual a sobre-excelente grandeza do seu p o d er
sobre nós, os que cremos, segundo a operação da fo r ç a do seu
p o d e r" (E f 1.19), e nesta fortaleza somos corroborados; a Biblia
diz: "Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda
que sejais corroborados com p o d er p elo seu Espírito no hom em
in terio r;” (E f 3.16). Não somos fortalecidos no apoio das
massas, nem na capacidade de lideranças mas na força do
Senhor.
E possível neste encarniçado combate manter a postura e
equilíbrio, a paz e a segurança, e permanecer inabalável? sim,
pois o salmista afirma: "Os que confiam no Senhor serão com o o
m onte de Sião que não se abala, m as perm anece p a ra sem pre"
(Sl 125.1), há muitas coisas que o inimigo gostaria de abalar
nesta peleja: a nossa fé, a nossa alegria, o nosso amor, a nossa
obediência, nossa paciência, etc. Eis a razão por que devemos
nos esforçar para manter uma vida de constante vigilância e não
nos afastarmos da posição de "escondidos com Cristo em D eus"
(Cl 3.3).
Jesus disse: "Tenho-vos dito isto, p a ra que em mim
tenhais p a z; no m undo tereis aflições, m as tende bom ânimo, eu
vencí o m undo" (Jo 16. 33). A fonte sublime de estímulos para o
crente que luta, "Pela f é um a vez entregue aos santos" (Jd.3), é
o exemplo imperecível de nosso Senhor Jesus Cristo. O seu
147
r
Do Eden à Nova Jerusalém
exemplo nos inspira fé, pois ele mesmo nos diz, "Não se turbe o
vosso coração, credes em Deus, credes tam bém em m im " (Jo
14.1).
Os versículos de Efésios 6.14-17, "Estai p o is firm es
tendo cingidos os vossos lom bos com a verdade e vestida a
couraça d a ju stiça ; e calçado os p é s na preparação do
Evangelho da p a z; tom ando sobretudo o escudo da fé, com o
qual po d ereis apagar todos os dardos inflam ados do maligno.
Tom ai tam bém o capacete da salvação e a espada do Espírito,
que é a P alavra de D e u s," descreve o equipamento espiritual do
crente. Paulo o conhecia e o utilizava freqüentemente, ou para
dizer melhor, "em todo o tem p o ." Satanás não resiste ao uso
sábio da armadura de Deus. São armas escolhidas no arsenal de
Deus. "Porque as arm as da nossa m ilícia não são carnais, m as
sim poderosas em Deus, p a ra destruição das fortalezas;
destruindo os conselhos, e toda altivez que se levanta contra o
conhecim ento de D eu s" (1 Co 10.4,5). Observemos o
armamento na epístola paulina, "o cinto da verdade: "este cinto
é para ser usado nos lombos. Muitos dos antigos guerreiros
custumavam usar cintos cravejados de preciosas pedras, mas
nesta passagem a verdade não tem por objetivo ornamentar o
cristão; o objetivo da verdade é fortalecer o crente, conceder-lhe
autoridade e capacitá-lo de modo especial na luta. O Espírito
Santo é Espírito de verdade (Jo 14.6); o crente é santificado na
verdade (Jo. 17.19); Jesus é a verdade (Jo 14.8); a verdade liberta
(Jo 8.32), e nisto conhecemos que somos da verdade (1 Jo 5.9).
O crente que deseja alcançar vitória nesta luta contra
Satanás deve falar sempre a verdade. Satanás é o pai da mentira,
mas Deus é o Senhor da verdade, (Jo 8.44).
148
A Igreja e sua existência real
Outra arma neste arsenal que está à nossa disposição é a
"couraça da justiça". Os órgãos mais vulneráveis do corpo
humano (pulmões, coração, etc.) eram protegidos pela couraça.
Satanás sabe que temos pontos vulneráveis em nossa vida; ele
se deleita em procurar atingir-nos exatamente nestes pontos e
assim retirar-nos da arena, deixando-nos abatidos, desanimados,
mortos enfim. Mas a justiça de Deus nos reveste e Satanás de
nada pode nos acusar, "Sendo p o is ju stifica d o s p e la f é tem os p a z
com D eus" (Rm 5.1).
E, como soldados de Cristo dispostos para a luta,
precisamos da "preparação do Evangelho da Paz." Por meio da
Palavra de Deus, o Espírito Santo nos deixa de prontidão, e não
somos apanhados de surpresa. Jesus é a nossa Paz. Por isto
devemos anunciar o Evangelho.
As Escrituras nos dizem: "Quão fo rm o so s são os p é s dos
que anunciam a p a z " (Rm 10.15). Esta paz é resultante da
reconciliação efetuada por Jesus Cristo entre nós e Deus (1 Co.
5.18,19).
Nenhum antigo guerreiro se atrevia a ir à guerra sem
portar o escudo; assim nós da mesma forma portamos o "escudo
da fé" para "pelejar a boa peleja;" sem o escudo da fé ficaríamos
indefesos porque, "Sem f é é im possível agradar a D eus" (Hb
11.6). "A f é vence o m undo" (1 Jo 5.4). O escudo é uma arma de
defesa aos ataques de Satanás contra a obra de Deus, contra a
Palavra de Deus, contra o testemunho de nossos irmãos.
Respondemos serenamente com o escudo da fé. Cremos em
Deus em sua Palavra, na vitória da igreja, na volta de Jesus, na
segurança fio crente sob a cobertura do sangue de Jesus.
149
Do Éden à Nova Jerusalém
O "capacete da salvação" é a parte do equipamento que
serve para proteger a cabeça de onde procedem as nossas
decisões que devem ser estruturadas na Palavra de Deus; por
esta razão ensinou o apóstolo Paulo aos fílipenses: "Quanto ao
m ais irm ãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto,
tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo
o que é de boa fama, se há algum a virtude, se há algum louvor,
nisto p e n sa i" (Fp 4.8). "Pensai nas coisas que são de cim a e não
nas que são da terra; p orque j á estais morto, e a vossa vida está
escondida com Cristo em D eus" (Cl 3.2,3).
150
Seis grandes eventos que precedem a entrada triunfal
10
Seis grandes eventos que
precedem a entrada triunfal
O livro de Apocalipse revela-nos seis grandes e
importantes eventos que terão lugar na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo com a sua Igreja, antes da nossa entrada triunfal na
Jerusalém Celestial.
1) A grande prisão de Satanás (Ap.20.1-3)
2) O grande julgamento dos mártires (Ap.20.4)
3) A grande ressurreição (Ap.20.6)
4) A grande revolta (Ap.20 7-10)
5) O grande Trono Branco (Ap.20.11.13)
6) O grande e último inimigo a ser vencido (Ap.20.14)
1. A grande prisão de Satanás
O maior de todos os marginais da história, o causador da
infelicidade dos povos e nações, chamado o "imperador da
151
Do Éden à Nova Jerusalém
morte", "o tirano", está com a sua prisão decretada. A detenção
deste criminoso trará por espaço de mil anos, considerável alívio
para os que estiverem vivendo naquela época. O profeta Isaías
afirma que ele será lançado numa masmorra juntamente com
todos os seus agentes, "E será que naquele dia o Senhor visitará
os exércitos do alto na altura, e os reis da terra sobre a terra. E
serão am ontoados com o p reso s num a masmorra, e serão
encerrados num cárcere, e serão visitados depois de m uitos
dias" (Is 24.21,22). Jesus, depois de ressuscitado, subiu aos céus
e apresentou-se vitorioso, depois da maior de todas as batalhas
enfrentadas por ele aqui na terra, levando as chaves da morte e
do inferno, e ouviu do Pai a seguinte declaração, "Assenta-te à
m inha m ão direita até que p o n h a s todos os inim igos como
escabelo de teus p é s ” (Sl 110.1) Paulo escreveu:... "quando tiver
entregado o reino a D eus Pai, e quando houver aniquilado todo
o império, e toda a po testa d e e força, p o rq u e convém que reine
até que haja p o sto a todos os inim igos debaixo de seus pés. Ora,
o últim o inim igo que há de ser aniquilado é a m o rte" (1
Co. 15.24,25).
2. O grande julgamento dos mártires
No início deste livro dissemos que os homens terão que
responder por todos os seus atos, quer sejam bons quer sejam
maus, Deus trará em juízo. Disse João: "E vi tronos, e
assentaram -se sobre eles, e fo i-lh es dado o p o d er de ju lg a r; e vi
as alm as daqueles que fo ra m degolados p e lo testem unho de
Jesus e p e la P alavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem
a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em
suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante m il anos.
M as os outros m ortos não reviveram, até que os m il anos se
acabaram " (Ap 20. 4,5). Este julgamento não é o chamado o
Tribunal de Cristo, nem o Julgamento das Nações, mas
152
Seis grandes eventos que precedem a entrada triunfal
exclusivamente dos que ficaram na Grande Tribulação, época
em que o Anticristo governou na terra; no nosso entendimento
são os rabiscos da colheita ainda pertencentes à primeira
ressureição, que serão inseridos aos demais remidos. Estes são
vistos na abertura do quinto selo (Ap. 6.9-11; 7. 9-13).
3. A Grande Ressurreição
Esta ressurreição refere-se aos santos, aos que morreram
na esperança, aos heróis da fé. O apóstolo Paulo ensinou que no
arrebatamento, os mortos ressuscitarão primeiro e os vivos serão
transformados e arrebatados e chegaremos juntamente à
presença de Cristo nos ares. Este evento é surpreendente, num
abrir e fechar de olhos, dar-se-á o mistério da transformação dos
vivos e a abertura dos sepulcros, fenômeno estranho, e o que era
mortal se revestirá da imortalidade e o corruptível se revestirá da
incorruptibilidade. Quando isto acontecer cumprir-se-ão as
palavras do apóstolo Paulo "Tragada f o i a morte na vitória.
Onde está ó m orte o teu aguilhão? onde está ó inferno a tua
vitória? (1 Co 15.54,55).
Jesus em Betânia tinha procurado consolar Marta,
dizendo: "Eu sou a ressureição e a vida, quem crê em mim
ainda que esteja m orto viverá " (Jo 11.25). "Bem-aventurado e
santo aquele que tem p a rte na p rim eira ressurreição; sobre
estes não tem p o d er a segunda morte; mas serão sacerdotes de
D eus e de Cristo e reinarão com ele m il anos". (Ap.20.6).
4. A grande revolta
Na terra, desde o início da existência do homem, grandes
conflitos têpi se travado, todos causados pelo mesmo adversário,
Satanás a antiga serpente.
153
Do Éden à Nova Jerusalém
Na história da humanidade, a primeira revolta foi a de
Caim contra seu irmão Abel, resultando no primeiro homicídio.
A partir desse dia, a ira de uns contra os outros tem se
generalizado.
A Bíblia registra o triste desfecho da primeira guerra,
quando quatro reis confederados levantaram-se contra cinco. Os
protagonistas deste conflito foram: Aranfel, rei de Sinar;
Arioque, rei de Elasar; Quedorlaomer, rei de Elão; e Tidal, rei de
Golim, da outra parte: Bera, rei de Sodoma; Birsa, rei de
Gomorra; Sinabe, rei de Admá; e Semeber, rei de Zeboim. Neste
movimento armado também foi envolvido Abraão e os seus
criados que se propuseram a libertar Ló, seu sobrinho, que caíra
juntamente com sua família e sua fazenda nas mãos do exército
inimigo e já estavam sendo levados cativos, mas que o servo de
Deus (Abraão) os derrotou e resgatou a todos. (Gn 14. 1-16).
Em Apocalipse 20.7-10 está descrita uma das
providências que o Senhor tomará no princípio do milênio: a
prisão do terrível usurpador Satanás, que por espaço de mil anos
permanecerá no poço do abismo, para que com tranquilidade se
possa dar início o restabelecimento do reino de Deus aqui na
terra. Havera o julgamento das nações que durante o período da
graça, rejeitaram a mensagem salvadora do evangelho e
desprezaram e perseguiram os judeus e os cristãos levantando
contra estes, nações inteiras, levando-os ao mais extremo
sacrifício e muitas vezes ao extermínio, como foi nos dias do
império romano e do genocídio praticado pela Alemanha.
Uma das maiores revoltas dar-se-á no futuro. "E
acabando-se os m il anos, Satanás será solto da sua prisão, e
sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da
154
Seis grandes eventos que precedem a entrada triunfal
terra, Gogue e M agogue, cujo núm ero é com o a areia do mar,
p a ra ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra, e
cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu
fo g o do céu, e os devorou. E o diabo , que os enganava, fo i
lançado no lago de fo g o e enxofre, onde está a besta e o fa lso
profeta; e de dia e de noite serão atorm entados pa ra todo o
sem pre" (Ap 20. 7-10) restando apenas a morte, "Ora o último
inim igo a ser vencido é a m orte"(1 Co 15. 26).
O ódio de Satanás se concentrará contra os santos, na
última tentativa de impedir a restauração da terra e destruir o
homem à imagem do próprio Deus.
Os mil anos acima referidos se constituirão no espaço
quando o evangelho será pregado e a terra se encherá do
conhecimento de Deus. Naquele tempo muitos se converterão de
todas as nações da terra mas, como ainda não tiveram o seu
período probatório, precisarão ser testados para provarem sua
completa fidelidade para com Deus. Depois disto os que se
mantiverem fiéis, serão preservados e incluídos entre os que
reinarão com Cristo, depois do aperfeiçoamento do reino.
5. O Grande Trono Branco
João descreve este juízo da seguinte forma, "E vi um
grande trono branco e o que estava assentado sobre ele , de cuja
p resen ça fu g iu a terra e o céu; e não se achou lugar p a ra eles.
E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do
trono, e abriram -se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da
vida; e os m ortos fo ra m ju lg a d o s p ela s coisas que estavam
escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o m ar os
m ortos que nele havia; e a m orte e o inferno deram os mortos
que neles havia; e fo r a m ju lg a d o s cada um segundo as suas
155
Do Éden à Nova Jerusalém
obras, E a m orte e o inferno fo r a m lançados no lago de fo g o ;
esta é a segunda morte. E aquele que não f o i achado escrito no
livro da vida f o i lançado no lago de fo g o ." (Ap 20.11-15)
João assistiu por antecipação o maior de todos os
julgamentos da história. O comparecimento obrigatório de todos
os homens ímpios é por demais constrangedor para eles, aquilo
que eles procuraram ocultar ao máximo, agora vem a luz. Aquilo
que foi cometido tão secretamente será revelado. Jesus já havia
dito. "Não vos m aravilheis disto p orque vem a hora em que
todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz, e os que
fizera m o bem sairão p a ra ressurreição da vida; e os que
fizera m m al p a ra ressurreição da condenação" (Jo 5.28,29).
Estarão diante do trono os grandes e pequenos, os ricos, tribunos
(políticos), grandes estadistas e os demais que ocuparam grandes
responsabilidades inclusive as mais altas patentes militares de
todo o mundo. O julgamento é baseado naquilo que constam nos
registros eternos.
A abertura dos livros
1) Livro da Consciência (Rm 2.5)
A consciência não é um infalível guia, em certas ocasiões
o homem deliberadamente transgride e ela registra com todos os
detalhes as nossas más ações.
2) Livro das nossas palavras.
Jesus disse que daremos conta por todas elas; seremos
justificados ou seremos condenados (Mt 12.30,31)
3) Livro das palavras secretas.
156
Seis grandes eventos que precedem a entrada triunfal
O homem muitas vezes diz certas coisas perversas,
pensando ele que Deus não tomou conhecimento, mas todas as
coisas estão nuas e patentes diante daquele com quem havemos
de tratar (Hb 4.13; Rm 2.16; Ec 12.14).
4) Livro das palavras ditas publicamente.(2 Co 11.5)
Jesus punirá o homem pelas palavras ociosas que saírem
de sua boca por isso está escrito: "... Todo hom em seja p ro n to
p a ra ouvir e tardio p a r a falar... "(Tg 1.19).
5) Livro da vida.
Nos parece que este é o último a ser aberto e aqueles que
não forem achados inscritos neste livro serão lançados no Lago
de Fogo, que arde com fogo e enxofre (Ap 20.15).
6. O grande e último inimigo a ser vencido.
A morte, este personagem asqueroso e indesejável, tem
uma trágica história. Esteve sempre presente, desde a queda,
fazendo as suas vítimas; a primeira foi Abel que sucumbiu nas
mãos perversas de Caim; quadro tétrieo que ficou estampado
eternamente na memória do primeiro casal; cenas semelhantes
vêm-se repetindo através de séculos e milênios. Onde ela chega,
chegam dores, tristezas e lágrimas; choram os órfãos, viúvas,
parentes e amigos; este ser vem implantando um verdadeiro
terror nas criaturas, sempre em plena atividade. Quer nos lares,
hospitais, ruas ou nos campos de batalha, e é insensível aos
gemidos e protestos de quem quer que seja. Todos os pecadores
sujeitam-se à sua autoridade. Os cemitérios estão sempre
presentes em todas as cidades e vilas; o luto é o seu
companheiro.
157
Do Éden à Nova Jerusalém
A despeito de pouco ter-se escrito referente a esta
repugnante personalidade sabemos, entretanto, através das
páginas fulgurantes das Sagradas Escrituras que se trata de um
dos inimigos do Senhor Jesus que, depois de ressucitado, o
próprio Deus disse ao Filho "Assenta-te à m inha mão direita até
que eu p o n h a todos os teus inim igos p o r escabelo de teus p é s " e
ainda, "a m orte é o ultim o inim igo a ser vencido".
Está escrito pelo apóstolo São Paulo que ela e a
recompensa do pecado "O salário do p eca d o é a m orte" (Rm
6.23).
Na abertura do quarto selo ela aparece assentada sobre o
cavalo amarelo seguida pelo inferno; eles funcionan atrelados, e
estava autorizada a matar a quarta parte da terra "com espada,
fo m e e com p e ste e com fe r a s da terra" (Ap 6.8)
Entendemos que apesar de associada a Satanás exerce
certa autonomia porque depois de ter sida a antiga serpente
lançada no abismo por mil anos, a morte continua em atividades
fazendo as suas vitimas embora em menor escala "o m ancebo
m orrerá de cem anos ".
Ela é uma espécie de guardiã de uma prisão provisória de
corpos e almas dos que morrem no pecado. Está dito que no
juízo do grande Trono Branco, ao abrir-se um dos livros, a morte
e o inferno deram os seus mortos. (Ap 20.13).
Não
sendo
onipresente,
como
pode
atuar
simultaneamente em todo o universo?. Certamente tem seus
agentes que tomam de acordo com ela suas decisões. O Senhor
158
Seis grandes eventos que precedem a entrada triunfal
Jesus na parábola do rico insensato disse: "Louco, esta noite te
p edirão a tua alma... "(Lc 12.20), o verbo esta no plural.
Este ser insaciável terá em breve o seu paradeiro. Um dia
ele terá um encontro final com a vida, não como aconteceu no
Calvário, porque ali o Senhor, como Filho do homem, entregouse voluntariamente fazendo-se pecado por nós. Estava Ele sobre
a cruz respondendo o justo pelos injustos, sendo punido sob os
rigores da lei.
O próximo encontro é para ser condenada por Aquele
que é a ressurreição e a vida, que a lançará no Lago de Fogo (Ap
20.14), onde já estão seus companheiros: Satanás, o Anti-Cristo
e o Falso Profeta. Quando isto ocorrer, todos os inimigos estarão
dominados e a nossa vitória consumada. Aleluia! Cumprindo-se
assim o que o apóstolo Paulo disse: "Tragada fo i a m orte na
vitória , onde está ó m orte o teu aguilhão? Onde está ó inferno
a tua vitória? Ora o aguilhão da m orte é o pecado e a fo r ç a do
p eca d o é a lei. M as graças a D eus que nos dá a vitória p o r
nosso Senhor Jesus Cristo". ( 1 Co 15.54;57)
159
Do Éden à Nova Jerusalém
11
A nova Jerusalém
Quando empreendemos uma viagem é muito comum
temermos os percalços, por não conhecermos as surpresas,
curvas e acidentes que vamos enfrentar durante a caminhada,
embora saibamos qual o destino final. Entre o Éden e a cidade
celestial, o viajor encontrará os mais estranhos obstáculos os
quais ele deve transpor. Na estrada da vida, estão os salteadores
que de emboscadas atacam sem cessar; existe o perigo de
ficarmos perdidos, nas regiões desertas ou pantanosas. Gerações
após gerações têm atravessado, e um grande número de criaturas
tem caído em profundos abismos, onde perderam-se para
sempre; outros foram devorados pelas feras atravessando
perigosos extensos pantanais. Posso imaginar os gemidos e
gritos lancinantes das vítimas indefesas que caem nas
armadilhas do diabo.
Se olharmos para trás, veremos um rastro de sangue,
sangue dos cordeiros e outras vítimas que foram imoladas para
160
A nova Jerusalém
cobrir os pecados daqueles que tinham a esperança de um
remidor, desde Abel até ao Calvário, lugar onde Jesus Cristo, o
Cordeiro de Deus, ofereceu-se em resgate de nossas almas.
O Calvário é a estação principal, lugar onde os feridos e
cansados peregrinos depositam seus pesados fardos ao pé da
cruz, onde o sangue de Jesus Cristo cai em suas feridas como um
bálsamo suavisador e curador. Lugar de descanso e renovação
para que o cansado e oprimido liberto de seus pecados possa
suportar o resto da jornada. Dali o pecador perdoado,
encaminha-se para o cenáculo para receber o revestimento de
poder e ganhar o mais excelente companheiro, o Espírito Santo,
para guiá-lo por todo restante da jornada. Este Consolador e
amigo nos levará à entrada triunfal das portas eternas da Nova
Jerusalém, a cidade Celestial preparada para os amados do
Senhor.
O apóstolo João quando, exilado na ilha de Patmos,
disse: "E ví um novo céu, e uma nova terra. Porque j á o
p rim eiro céu e a p rim eira terra passaram , e o mar j á não existe.
E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de D eus
descia do céu, adereçada com o uma esposa ataviada p a ra seu
marido. E ouví um a voz do céu, que dizia: Eis aqui o
tabernáculo de D eus com os homens, p o is com eles habitará, e
eles serão o seu povo, e o m esm o D eus estará com eles, e será o
seu Deus. E D eus lim pará de seus olhos toda a lágrim a; e não
haverá m ais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque
j á as prim eiras coisas são passadas. E o que estava assentado
sobre o trono disse: E is que fa ç o novas todas as coisas. E disseme: Escreve; p orque estas p alavras são verdadeiras e fié is " (Ap
21.1-5). "E levou-m e em espírito a um grande e alto monte, e
m ostrou-m e a grande cidade, a santa Jerusalém, que de D eus
161
Do Éden à Nova Jerusalém
descia do céu. E tinha a glória de Deus; e a sua luz era
sem elhante a um a p e d ra preciosíssim a, com o a p e d ra de jaspe,
com o o cristal resplandecente. E tinha um grande e alto m uro
com doze p o rta s , e nas p o rta s doze anjos, e nom es escritos
sobre elas, que são os nom es das doze tribos de Israel. D a
banda do levante tinha três portas, da banda do norte três
portas, da banda do sul três portas, da banda do poente três
portas. E o m uro da cidade tinha doze fundam entos, e nele os
nom es dos doze apóstolos do Cordeiro. E aquele que fa la v a
comigo, tinha um a cana de ouro, p a ra m edir a cidade, e as suas
portas, e o seu muro. E a cidade estava situada em quadrado; e
o seu com prim ento era tanto com o a sua largura. E m ediu a
cidade com a cana até doze m il estádios; e o seu comprimento,
largura e altura eram iguais. E mediu o seu muro, de cento e
quarenta e quatro côvados, conform e a m edida de homem, que é
a dum anjo. E a fá b ric a do seu m uro era de jaspe, e a cidade de
ouro p u ro sem elhante a vidro puro. E os fu n d a m en to s do m uro
da cidade estavam adornados de toda a p e d ra preciosa. O
p rim eiro fu n d a m en to era ja sp e; o segundo, safira; o terceiro,
calcedônia; o quarto, esm eralda; o quinto, sardônica; o sexto,
sardio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio, o
décimo, crisópraso; o undécimo, ja cin to ; o duodécimo,
ametista. E as doze p o rta s eram doze pérolas; cada uma das
p o rta s era um a pérola, e a p ra ça da cidade de ouro puro, com o
vidro transparente. E nela não vi templo, p o rq u e o seu tem plo é
o Senhor D eus Todo Poderoso, e o Cordeiro. E a cidade não
necessita de sol nem de lua, p a ra que nela resplandeçam,
p o rque a g ló ria de D eus a tem alum inado, e o C ordeiro é a su a
lâmpada. E as nações andarão à sua luz; e os reis da terra
trarão p a ra ela a sua glória e honra. E as suas po rta s não se
fech a rã o de dia, porq u e a li não haverá noite. E a ela trarão a
glória e honra das nações. E não entrará nela coisa algum a que
162
A nova Jerusalém
contamine, e com eta abom inação e m entira; m as só os que
estão inscritos no livro da vida do C ordeiro" (Ap 21.9-27).
Com toda humildade devo dizer que tive o prazer de
conhecer as principais capitais dos países do mundo e admirar a
beleza arquitetônica que varia consideravelmente entre o oriente
e o ocidente, com suas belas praças e jardins ornamentados com
plantas e flores de rara beleza e monumentos os mais célebres,
mas em todas elas eu vi grandes cemitérios, hospitais, cadeias.
No Japão e em outros países, vi os escombros da última guerra
mundial. Nossa alma deseja ardentemente chegar à Nova
Jerusalém livres dos sofrimentos e angústias desta vida. Um dos
inspirados hinos que costumamos cantar diz-nos:
João viu a cidade de Deus nosso Pai,
Que estava adornada de p ed ra e m ui valor.
A cidade é cheia da glória de Cristo,
B rilha m ais que o sol quando ele está em seu fulgor.
A princípio não viu quem abrisse o livro;
E chorou p o is nem os anjos tinham tal poder;
Então disse um, que com ele fala va :
Vede o Filho de Davi, a raiz de Jessé.
João viu o C ordeiro j a ressuscitado,
Que abriu o livro e os selos desatou;
Quem ter ia tal p o d er p a ra fa zê-lo ?
Só m esm o Jesus que o seu sangue derramou.
Viu ali os anjos que cantavam gloria,
E o rio santo onde hei de me banhar,
163
Do Éden à Nova Jerusalém
A s cam pinas que exalam odor suave,
A rvores em cujas som bras vou me deleitar.
Viu ali os santos que antes dorm iram
E ansiosos esperam a chegada dos fiéis,
Vamos sim m archando neste cam inho santo.
Vencendo os apertos deste m undo de revés.
Alcançar estas bem-aventuranças é privilégio daqueles
que têm o seu coração quebrantado e reconhecem que
necessitam de lavarem as suas vestiduras no sangue do Cordeiro.
E esta bênção está oferecida a todos os homens indistintamente.
Esta é a maior prova do amor de Deus para com os homens. "O
profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência
de D eus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inexcrutáveis os seus cam inhos! Porque quem com preendeu o
intento do Senhor? ou quem fo i o seu conselheiro? ou quem lhe
deu prim eiro a Ele, p a ra que lhe seja recom pensado? Porque
Dele, e p o r Ele e p a ra Ele, são todas as coisas; glória p o is a Ele
eternam ente. Amém. (Rm 11.33-36)
164
A nova Jerusalém
Você caro leitor, já tomou a sua decisão por Cristo, se
ainda não fez, faça-o agora, e se você já é salvo, já tem o seu
nome escrito no livro da vida, seja fiel até à morte.
Se você tiver qualquer interesse em conhecer mais,
acerca deste plano escreva-me:
TULIO BARROS FERREIRA
Rua Júlio Ribeiro 378 ,
Bonsucesso, Rj,
CEP 21040-300.
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BIBLIOGRAFIA
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Ia. ed., Michigan,
U.S.A., Zondervan Publishing Elouse, 1960.
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tradução de David A. de Mendonça,
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