maio / junho 2016 revist a mensal de tendências e guia
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maio / junho 2016 revist a mensal de tendências e guia
REVISTA MENSAL DE TENDÊNCIAS E GUIA CULTURAL GRATUITO. NÚMERO 115. MAIO / JUNHO 2016 115 DIF EM VERSÃO PARA IPAD Para esta nova experiência basta acederes ao website da DIF em www.difmag.com com o teu iPad. LICENÇA CRIATIVA Nesta edição rodeámo-nos de pessoas livres como a Salóme que anda pelo mundo atrás de uma boa história, o António que para além do seu day job se diverte à grande a fazer festas e a promover músicos, o José que decidiu arriscar numa linguagem que não é sua especialidade, a Débora que sonha poder oferecer ao mundo parte da sua intimidade. O que nos faz avançar na criação de algo? E como se ultrapassa o medo da mediocridade, da crítica dos pares, da recepção junto do público? Como conseguir produzir mantendo a liberdade criativa? Esta será provavelmente uma dúvida comum a quem cria algo. É verdade que a liberdade criativa é muitas vezes referida e ainda mais vezes oferecida mas será que a usamos realmente? À primeira vista parece tratar-se de não ter obstáculos à criação, quando muito mais profundo e fértil seria conseguir materializar em arte, escrita, design ou qualquer outro campo criativo, o que trazemos em nós de único. Sem medo de arriscar, sem se balizar por esse monstro chamado bom gosto, em que o agradável à vista é tido como essencial. Quando o sucesso é medido em likes e se entra numa luta de popularidade tende-se à repetição de fórmulas gastas e aborrecidas. Arriscar dá medo, mas só através da coragem se alcança a superação. Voltamos em Setembro, arrisca e envia-nos o teu trabalho. ☺ MARTA GONZÁLEZ DIRECTOR Trevenen Morris-Grantham [email protected] COORDENAÇÃO EDITORIAL Marta González [email protected] DIRECTOR DE ARTE Ricardo Galésio COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Ana Viotti, António Medeiros, Carla Pires, Cláudia Lopes, Francisco Ferreira, Hugo Filipe Lopes, Joana Langinha, João Barriga, João Carvalho, João Mascarenhas, João Moura, Joel Alves, Jorge Rosa, Lola Carvalho, Marta Santos, Miguel Veiga, Rafael Vieira, Ricardo Santos, Tom Perdigão, Twisted Soul Telefone: 21 32 25 727 Fax: 21 32 25 729 [email protected] www.difmag.com Facebook: www.facebook.com/difmag.pt ÍNDICE 16. New Stars Factory 06. Arte André da Loba na Underdogs Texto Francisco Ferreira 08. Capa Dura Os Vampiros de Filipe Melo Texto Rafael Vieira 10. Capa Dura Work It Harder, Make It Better Texto João Moura 18. Moda Powerflex! Texto Marta González Fotografia António Medeiros Styling João Carvalho 22. Fotografia Nem toda a gente gosta disto Texto Marta González 24. Kukies 12. Arte Maurizio Nannucci: Uma história da linguagem em tons néon Texto Cláudia Azevedo Lopes 14. Música Universo Surma Texto Ana Viotti Os nerds de ontem têm os discos fixes hoje Texto Hugo Filipe Lopes 28. Still Life The Space of Thoughts Fotografia Ana Viotti Set Design Marta González 32. Intervenção Urbana POSTER Rebeldes com causa Texto Rafael Vieira 36. Moda Wanderlust Fotografia Ricardo Santos Styling Joel Alves 44. Extrapessoal Quando filmar documentários é um trabalho sujo Texto Hugo Filipe Lopes 48. Moda Hyper Queen Fotografia Carla Pires Styling Twisted Soul 54. Retroculture The Snow Show Texto João Moura Ilustração hellyeahsince1987 56. People Joaquim Quadros “Às vezes, o que preciso mesmo é de silêncio” Texto Ana Viotti Por decisão editorial, cada artigo nesta DIF foi mantido na sua ortografia original. Capa Fotografia: Ricardo Santos Styling: Joel Alves Makeup: Tom Perdigão for Lobster Modelo: Bruno Azevedo @ Face Models Blazer Ruben Damásio Lenço da produção PROPRIEDADE Publicards, Publicidade Lda. DISTRIBUIÇÃO Publicards [email protected] REGISTO ERC 125233, NÚMERO DE DEPÓSITO LEGAL 185063/02 ISSN 1645-5444, COPYRIGHT Publicards, Publicidade Lda., TIRAGEM MÉDIA: 15 000 exemplares PERIODICIDADE Mensal, ASSINATURA 10€ (8 Números) Ganha um par de jeans POWERFLEX em getitonchallenge.com Sagatex, Lda. - Telefone 22 508 91 60 - Email - [email protected] 6 DIF ARTE André da Loba na Underdogs Há um episódio marginal e curioso, embora sem ter a curiosidade imediata que fiquemos tentados a projetar, no percurso de André da Loba – quando estava em Nova Iorque e em exposições, apresentava uma figura de presépio que, de acordo com o próprio, funcionava como um “desbloqueador de conversas”. Um objeto que falava da sua nacionalidade sem querer fazer disso o tópico da conversa. Voltado agora a Portugal, o artista português volta também a colocar-se nessa posição: “o estrangeiro, numa nova cidade, cheio de novas opções e a contar que a interação com os transeuntes enriqueça a experiência”. É assim que André da Loba se sente com a sua nova exposição individual, “A pedra e o charco”. São “trinta e duas vinhetas, seis esculturas e um livro. Indivíduos em convergência”, nas suas palavras. André da Loba é “ilustrador, animador, designer gráfico, escultor e educador”. Podemos encontrar o seu trabalho em livros ditos infantis, em livros menos infantis ou em artigos do The New York Times, entre tantos outros sítios. Em 2015, as suas ilustrações e um conjunto de textos eróticos de Hilda Hilst compuseram Obscénica (ed. Orfeu Negro). No ano anterior apresentava, para os mais novos, “Uma mala cheia de histórias” na Orfeu Mini Livraria. “Faço livros e outras coisas ilustradas para todas as idades. As minhas abordagens normalmente são condicionadas apenas pela voz do texto”. As várias formas da obra do artista relacionam-se e esta tem sempre muito presente a relação entre a pessoa e o objeto. Nós, enquanto visitantes, leitores, espetadores somos o principal elemento dessa relação. “Penso sempre no leitor como um elemento da história. Sem ele a obra não existe. Não como alvo, não como mera testemunha, mas como participante”, afirma André da Loba em entrevista à DIF por e-mail. “N’ A pedra e o charco, curiosamente, a relação pessoa-objeto tem uma nova dimensão, torna-se formal e é a partir dela que crio o sentido das peças (…) há sempre esta ideia de desaceleração, de reflexão e humanização da mensagem e das coisas”. “Em tempos frémitos como estes, a coisa mais corajosa a fazer-se é desacelerar, por isso gosto de criar peças em que se ganhe (ou perca) tempo a manusear. Com as mãos ou a cabeça.” É isto que André da Loba nos propõe – que ganhemos e percamos tempo a atirar pedras ao charco que ele criou. “Perturbem a sua superfície lisa”. “A pedra e o charco” vai estar patente na Galeria Underdogs (Rua Fernando Palha, Armazém 56 – Lisboa) até 18 de junho de 2016. TEXTO FRANCISCO FERREIRA FREDPERRY.COM AUTHENTIC STORE LISBOA – RUA DO OURO 234 - ARRÁBIDA SHOPPING – NORTE SHOPPING – EL CORTE INGLÊS LISBOA E PORTO 8 DIF CAPA DURA Os Vampiros de Filipe Melo Se viste o que eu fiz ali com o título, então o terreno das referências fílmicas não é um meio estranho para ti. Saberás também que a obra de Filipe Melo é um campo minado de criatividade e reconheces que, usando dos seus próprios termos, ele é «um músico que tem uma enorme paixão pelo cinema e pela BD». Depois do sucesso da trilogia «As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy», que andou ali pela Dark Horse e pelos dedos sequiosos de meio mundo (incluindo tu e eu), Filipe Melo regressa à BD com «Os Vampiros», onde dedilha o argumento e volta a colaborar com o desenhador argentino Juan Cavia, numa visualmente sumarenta edição da Tinta-da-China. O livro é apresentado como uma história de ficção a desenrolar-se na Guiné (então Portuguesa, agora Bissau) em 1972, em plena Guerra Colonial, o suficiente para inaugurar um capítulo da bibliografia dedicada a esse conflito e às suas sequelas: o da banda desenhada militar de terror. Filipe comenta: «No início [eu] queria contar uma narrativa clássica de terror e o cenário da Guerra Colonial pareceu-me ideal para explorar essa temática. A ideia original surgiu por causa da canção do Zeca Afonso, ‘Os Vampiros’, e por causa de um grupo de comandos que tinha o mesmo nome na Guiné. A história de terror foi-se distorcendo à medida que fui ouvindo algumas histórias mais interessantes do que qualquer coisa que eu pudesse imaginar. Tornou-se então algo muito diferente do que tinha pensado inicialmente.» Essa canção, que até «foi a primeira canção a ser censurada pelo regime fascista», continua Filipe, «é uma canção repleta de simbolismo, de mensagem e de poesia. Foi a canção que fez com que não fosse apenas uma história de terror contada no cenário da guerra: a canção deu-nos a ideia de ir mais fundo e de tentar perceber o clima que se vivia ali, que é algo que dificilmente poderemos imaginar». Foram conduzidas muitas horas de entrevistas com antigos combatentes, mas Filipe não identificou um «padrão» quanto ao ser-lhes difícil ou não retomar as memórias da guerra. Comenta que falou «com pessoas que gostaram de lá estar, que sentiram uma sensação de pertença e de propósito, e pessoas que nunca mais quiseram falar daquilo e que ficaram muito traumatizadas com a experiência. É um tema difícil, os combatentes eram mandados para lá com 21, 22 anos. Hoje em dia, um miúdo desta idade vai para o Festival Sudoeste. Naquela altura, eram homens muito mais cedo e corriam perigo de vida no meio do mato. Não consigo imaginar o que isso é nem as marcas que isso deixa». Por estas noções, de perigo constante, mortalidade directa e iminente e a maturidade forçada/forjada em contexto de combate, é assumido que o livro é uma história de «monstros e da forma que esses monstros assumem. É uma reflexão sobre o subconsciente, sobre a guerra e sobre o medo». «The Thin Red Line» constitui-se como uma imediata referência, mas a recolha e influência passou pelas histórias, pelos livros e pelos documentários sobre a Guerra Colonial. Filipe Melo conclui que não tem ainda planos definidos, mas que quer continuar a fazer música, filmes e BD. A fazê-los «melhor e com mais calma». Nós cá o aguardamos em deliciada expectativa. «Os Vampiros» vai ser lançado a 28 de Maio no Festival de BD de Beja e a 29 de Maio na Feira do Livro de Lisboa. www.tintadachina.pt TEXTO RAFAEL VIEIRA 9 DIF CAPA DURA 10 DIF CAPA DURA Orbitron The Orbitron is a fiberglass show rod built by Ed “Big Daddy” Roth. Designed by Ed “Newt” Newton, the Orbitron was made to look like a space age influenced slingshot dragster. The design of the car incorporated a blown plastic bubble top and a distinctive asymmetrical nose that housed a red, green, and blue headlight. The lights were intended to function like television tubes, which when illuminated together would create a strong white beam. The Orbitron made its debut in September of 1964. It turned out to be a failure at the shows, something Roth blamed the Beatles and the hidden engine for; “After the Beatles appeared on the Ed Sullivan Show, all model sales stopped. Guys got guitars instead of cars.” He sold the car in 1967, and after a turbulent life it ended up as a carnival car in Mexico. It was lost for years until Michael Lightbourn found it parked in front of a sex shop in Juarez, Mexico in 2006. He bought it and brought it back to the United States where it was restored back to how it first appeared in 1964. The restoration was completed in 2008. (SK) Company Name: Ed “Big Daddy” Roth; Ed Newton Project Name: Orbitron Manufacturer: Ed Roth Model: Orbitron Category: Custom Rebuild: Year of Production: 1964 Engine: Chevrolet CorvetteV8; Stromberg 97 triple carburetor; finned aluminum valve covers; Howard mystery camshaft Drivetrain: Powerglide automatic transmission Wheels/Tires: Chrome-plated by Astro steel wheels with center lock; Firestone tires Brakes: Buick brake drums; early Ford brakes Bodywork Modifications: Hand-laid fiberglass body; hydraulically operated plexiglass bubble top; asy mmetrical front end with red, green and blue tinted headlamps 243 Jesse Valadez 172 Ed Roth Work It Harder, Make It Better Boys will be boys. Por isso tudo o que meta motores e miúdas é sempre alvo de atenção. Se meter miúdas em motas ou carros, melhor. Aqui não interessa se o teu é maior que o dele. Desde que seja mais agradável à vista ou mais potente. A ideia é mesmo fazer mais possante ou mais bonito. Ao longo das 400 páginas de “The Drive” são muitas as viagens que vão aquecer ainda mais a paixão que possas ter pela arte de bem modificar carros ou, caso não sejas um apaixonado, vir a modificar a tua opinião. Na recém-lançada obra da Gestalten, ficas a conhecer as melhores garagens, os melhores costumizadores – verdadeiros artesãos - espalhados pelo mundo e um pouco dos seus perfis e criações. Sejas mais virado para o lowride ou mais hot rod, esta é uma obra que não vais querer perder. Diz quem sabe e quem ama que isto é uma espécie de vício que se ganha. Tal como as tatuagens. É malta para quem o carro não é apenas um veículo para se deslocar e que para ir de A a B se puder passa por todo o alfabeto exibindo a sua obra. Mas aqui os artistas não mudam apenas a pele com piercings, tatuagens ou próteses. Mudam-lhes também a alma. São verdadeiros esteticistas e neurocirurgiões da mecânica. A cultura custom tem neste livro uma boa montra para quem não a entende. Os tunings já não são o que eram. São cada vez melhores. E já não são tuners são costumizadores, malta que compra uma coisa porque quer exactamente outra. Genuínas obras-primas saem destas garagens em cima das quatro rodas e em “The Drive” posam só para ti. Com embaixadores como Ken Block ou Magnus Walker, este é o livro que vai fazer-te ver que o teu 106 não é o chaço que pensas mas antes um projecto em potência. THE DRIVE CUSTOM CARS AND THEIR BUILDERS The Drive Custom Cars and Their Builders Editora: Gestalten Data de Lançamento: Maio de 2016 Formato: 30×27cm Preço: €49.90 TEXTO JOÃO MOURA Chassis Modifications: Handmade frame built of rectangular 2 × 4-inch steel tubing; 1956 Chevrolet rear end, dropped Ford front axle beam; Chrome-plated parts; Morris Minor torsion bars rear; 1940 Ford steering Interior Modifications: Bespoke interior including fake fur; 11-inch General Electric “1-Touch” portable television inserted in the console; Cragar steering wheel; Hurst shift stick; Dixco tachometer; Cal Custom brake pedal; Moon gas pedal Paint: Candy blue Other Modifications: Power-operated hood Support: Paintjob by Larry Watson; Planet Plastics, Dirty Doug, Dick Cook Approximate Work Hours: 100 hours Location: USA Retail Price: n/a 173 12 DIF ARTE exemplo claro como o paradigma do ovo e da galinha. A cor, componente fundamental para o artista, é também um elemento basilar na compreensão da obra, pois é responsável pela mutação dos espaços arquitectónicos onde se insere. Mediante o tom, estes podem parecer maiores ou mais pequenos, mais ou menos acolhedoras, alterando a percepção do visitante acerca dos espaços. Todavia, o conjunto de obras do artista vai muito além das peças néon. Ao longo do tempo Nannucci tem vindo a abordar várias expressões artísticas, como a poesia e a arquitectura, e múltiplos suportes, como a fotografia, o vídeo, as instalações de som, os livros e outras publicações. Foi precisamente esse conjunto de obras que compuseram “Where to start from”, a última exposição do artista, que teve lugar em Roma entre Junho e Outubro de 2015, no MAXXI - Museu Nacional de Arte do Século XXI. Esta experimentação do artista nas mais variadas vertentes é um aproveitar de recursos numa realidade onde os mesmos se encontram disponíveis e mais fáceis de operar, mas é também a expressão do desejo de acompanhar a evolução da arte. Maurizio Nannucci não quis se balizar pelas limitações de uma só expressão artística pois desde muito cedo soube perceber que, num mundo em constante mudança, nada, especialmente na arte, pode ser unidimensional. MAURIZIO NANNUCCI: UMA HISTÓRIA DA LINGUAGEM EM TONS NÉON Que a maioria dos seres do planeta terra é atraída pela luz parece ser uma verdade absoluta. As plantas inclinam-se em direcção ao sol, os animais regem-se pela luz natural e até nós, humanos, que estamos habituados a vaguear pela noite, confiamos o nosso humor e vitalidade à claridade espacial. Foi precisamente a tentativa de aplacar a escuridão – e tudo o que ela representa – que estimulou o aparecimento da luz artificial. Os anos que se seguiram foram de apropriação desta tecnologia, cujo potencial não foi ignorado pelos artistas. Maurizio Nannucci, actualmente com 76 anos, é um deles. Para além de fascinado com a questão da cor, sempre foi um interessado pelo estudo da linguagem e da maneira como esta se relaciona com a escrita e com a imagem, problemáticas que vão ser a base das suas obras mais célebres – as séries de luzes néon – que tem vindo a criar desde 1967. As lâmpadas néon, um material pouco nobre que apelou ao artista pela sua versatilidade, são a matéria-prima usada para a modelação em grande escala de palavras – a manifestação visual da linguagem – que expõe em museus, bibliotecas e outras áreas arquitectónicas de excelência. Muito apelativas à percepção visual, tornam-se solenes e são imperativas na exigência da nossa atenção, deslumbrando-nos com a vivacidade das suas cores e com o esfumado de tons que se cria em volta delas. Uma vez captada a atenção, o observador interage com o conteúdo sociopolítico das palavras e frases e é levado a meditar sobre o significado das mesmas. É o caso da obra Blauer Ring, inspirada num escrito de Hannah Arendt e colocada na biblioteca do parlamento alemão, onde as frases “Liberdade é concebível como possibilidade de acção entre iguais/ Igualdade é concebível como possibilidade de acção para obter liberdade” são colocadas em círculo, numa extensão de oito metros. Uma demonstração da dependência entre os conceitos liberdade e igualdade, utilizando simbolicamente o círculo para demonstrar a inconclusividade da questão, um TEXTO CLÁUDIA AZEVEDO LOPES 13 DIF ARTE 14 DIF MÚSICA OS NERDS DE ONTEM TÊM OS DISCOS FIXES HOJE Houve uma altura em que os nerds eram aqueles gajos enfezadinhos do liceu que não conseguiam engatar ninguém e eram gozados por toda a gente. Mas como o universo está em constante expansão nada fica na mesma, e os desgraçados do séc. XX são a malta trendy deste milénio. Isso vê-se pelos geeks que trabalham em Silicon Valley e vê-se mais ainda pelos nerds do vinil, que passaram de escarafunchar caixotes de discos em caves bafientas na busca de pérolas como “Growers of Mushroom” dos Leaf Hound ou algo tão conhecido como uma das duas únicas cópias com a capa em seda do “Their Satanic Majesties Request” dos famigerados Rolling Stones para serem astros dessa tão esquizofrénica constalação que é a internet. Da mesma forma que Mark Zuckerberg criou o Facebook com a tão honrosa missão de conhecer miúdas da faculdade, também Kevin Lewandowski tinha uma intenção tão humilde como rastrear os seus discos de techno ao criar o Discogs. Daí até alastrar e se tornar primeiro uma base de dados para os aficionados do vinil, e depois numa rede social para todos os melómanos, desde o mais obcecado até ao simples curioso, foi a duração de uma canção de Napalm Death da era Scum. E como é dos nerds do vinil, tão bem retratados pelo filme “Alta Fidelidade”, que se trata, claro que há espaço para listas de todos os tamanhos, temas e feitios, desde os melhores discos de Rap Mongol até às bandas mais obscuras de Baby Metal. Para tirar o melhor partido do Discogs é estar preparado para abrir os cordões à bolsa a fim de comprar aqueles discos que vendemos por vergonha na adolescência e de que agora nos arrependemos, como a estreia dos Braindead ou aqueles clássicos que só tínhamos em cassete e nunca chegámos a comprar como “Abstract Divinity” dos Thormenthor ou “Perspective” dos Shrine. Se considerarmos que o “White Album” dos Beatles tem algo como 399 edições diferentes no site, não será de espantar que existam mais de 6.5 milhões de discos registados no Discogs, com um total de 100 milhões de doláres em vendas anuais. O melhor é que, ao contrário do que se poderia pensar não são os discos dos consagrados que estão no top dos mais caros, mas sim bandas refundidas como os reis NovaIorquinos do Straight Edge, Judge, os lordes do Black Metal Bathory ou La Monte Young, percursor do minimalismo e também mentor de John Cale dos Velvet Underground. Como cantava Bruce Springsteen, enquanto os heróis do antigamente sonham com as glórias do passado, os nerds vão exercendo a sua vingança e conquistando o mundo, um disco de cada vez. www.discogs.com LECOQSPORTIF.COM TEXTO HUGO FILIPE LOPES 16 DIF NEW STARS FACTORY UNIVERSO 17 DIF NEW STARS FACTORY SURMA FOTOGRAFIA JOÃO MASCARENHAS STYLING TWISTED SOUL Esquerda: Blusão Le coq sportif Gorro e Calças da Surma Direita: Camisa Cheap Monday Gorro e Calças da Surma A Surma é uma miúda estranha. Não no sentido de não nos querermos sentar com ela no refeitório, não é isso. É uma miúda estranha, misteriosa, nostálgica... Magnética diria até. Sim, ela absorve-te para um mundo paralelo a este que conhecemos. No nosso mundo, é uma one-woman-band com sons experimentais e noise, no entanto é uma descrição redutora porque a Surma é maior que rótulos. Quando os pés estão assentes na terra, Surma é na realidade Débora Umbelino, uma miúda com uma energia igualmente contagiante que transborda boa onda como ninguém. Nota-se instantaneamente uma espécie de milkshake de calma interior e sede de saber mais e mais sobre música. Confessa que desde os 5 anos que quer pertencer ao universo musical e escolheu a bateria para dar esses primeiros passos, mas foi aos 14 anos que começou a seguir por vias mais alternativas e estranhas (estão a ver? Aqui a Surma começa a ganhar espaço no âmago da Débora). Por entre teclas do piano e as cordas da guitarra foi evoluindo até dar o salto para a voz e o contrabaixo, que quando são estudados acarretam um peso teórico que não encaixa com o carácter da Débora. Ela transpira liberdade e experimentação, não é com blá-blá-blá que a agarram, mas a sede de aprender essa não morre. O próximo passo nesta caminhada foi a entrada na casa da família Tradiio. Digamos que a Tradiio é um amoroso ninho musical que se inter-ajuda para toda a gente ouvir mais música e apoiar quem a faz. A Surma entrou de rompante e encantou a comunidade com apenas 4 minutos de sonoridades ambientais... a música Maasai. Não foi preciso muito até acontecer o inacreditável, em semanas estava a ser catapultada para um dos maiores palcos do país... o Super Bock Super Rock. Uma notícia destas, recebida no dia das mentiras é quase cruel (sim, aconteceu). “Nunca pensei vir a tocar num festival de verão desta dimensão!” diz, entusiasmada, à DIF. Surma vive uma vida diferente que a que podemos imaginar... Vive em constantes viagens sonoras, reflexões e ecos emocionais que nos arrancam do dia-a-dia como se de um portal se tratasse. “Não quero que o pessoal vá só ver uma pessoa a tocar, quero que seja mais que isso.” Este universo de sons em breve vai ser acompanhado por um universo imagético que vai enfatizar a experiência que teremos a ouvir a sua música e nós mal podemos esperar. Ai sim, o universo de Surma vai transladar para o nosso mundo. Por caminhos mais escuros e como sonoridades nostálgicas e ambiente, a viagem que Surma está a preparar para nós vai ser cada vez mais intensa. No fundo, a Surma é mais do que uma miúda estranha. TEXTO ANA VIOTTI 18 DIF MODA 19 DIF MODA POWERFLEX! “Assim que se experimenta uns jeans Powerflex será difícil voltar a outros modelos”. Esta é a certeza da Pepe Jeans ao lançar recentemente um tipo de denim que recorre à tecnologia dualcore – lycra e polyester, unidos para criar modelos com um mínimo de 60% de elasticidade. Para testar estes jeans chamámos verdadeiros especialistas em flexibilidade: três acrobatas do Chapitô, a emblemática Escola Profissional de Artes e Ofícios do Espectáculo, que em 30 anos de história, tem vindo a transformar a forma como vemos as artes circenses. Vestimos o Daniel, a Mariana e o Frederico com os Powerflex by Pepe Jeans e a magia aconteceu. TEXTO MARTA GONZÁLEZ FOTOGRAFIA ANTÓNIO MEDEIROS STYLING JOÃO CARVALHO MAKEUP E CABELOS LOLA CARVALHO FULL LOOKS PEPE JEANS, CALÇAS POWER FLEX BY PEPE JEANS Daniel Seabra, 22 anos Actor e Acrobata “Apesar de alguma resistência por parte dos meus pais, escolhi o Chapitô por ser a escola mais completa em artes de palco. Depois, quando comecei a pisar palcos importantes entenderam que afinal é possível viver desta arte! Consigo não só sobreviver como viver à grande, viajo, conheço muitas pessoas e sou muito mas muito feliz. Na verdade não trabalho, divirto-me. Vivo rodeado de pessoas lindas e completas com muitas experiências de vida. Apesar das queimaduras e das lesões, adoro o palco, o circo e os seus processos de criação. A obra de Marina Abramović é um exemplo e inspiração para a minha carreira”. 21 DIF MODA 20 DIF MODA Frederico Silva, 19 anos Contorcionista e Base de Quadrante “Cheguei a frequentar o Curso de Comunicação e Marketing na minha cidade (Caldas da Rainha) mas a directora disse-me que eu andava a enganar-me, não era feliz e que o meu futuro estava nas Artes. Depois de chegar ao Chapitô descobri que não era só uma escola de Teatro e apaixonei-me pelo Circo. Sinto que me dedico a uma arte bastante completa pois envolve teatro, dança e acrobacia. Hoje digo com todas as certezas que é isto que quero fazer na vida. Agradeço à Karley Aida [figura maior do Circo português] e à directora do Chapitô, a Teté Ricou, pois foi através destas pessoas que descobri o meu caminho. Pretendo ingressar na Academie Fratellini em Paris brevemente e depois voltar para expandir o Novo Circo em Portugal. ”. Mariana Costa, 19 Artista circense e Volante de Aéreos “Revejo-me em alguns aspectos da Sora, personagem do anime Kaleido Star. Também eu sonho desde criança em ser trapezista. Entrei no Chapitô para perseguir essa ambição. Vivo e respiro o que faço, dedico-me totalmente, não tenho tempos livros, no sentido tradicional do conceito. A preparação física é a parte mais dura desta vida, mas todo o esforço vale a pena quando estou em espectáculo. O circo é para todos e não tem estereótipos, qualquer pessoa pode ser feliz no circo. A sociedade tem dificuldade em aceitar tudo o que é novo mas espero que a seu tempo as mentalidades mudem.” 22 DIF FOTOGRAFIA Nem toda a gente gosta disto Vi uma destas imagens no meu feed do facebook e continuei o scroll. Só depois, de sobrolho franzido, voltei por ali acima. Já dizia o Saramago se podes ver, repara. E eu não sabia bem o que tinha visto. Encontrei então uma figura humana, com copo de limonada na mão, casaco de malha bordado e cabelo alinhado. Onde deveria estar a cara amontoava-se plasticina. Imagem suficientemente forte para que, no meio das milhares que nos passam pela retina e rotina, me fizesse parar e querer saber mais. Vantagem dos tempos actuais em dois cliques já me deparava com as séries Photographs do José Cardoso. Licenciado em Design de Comunicação, José Cardoso, de cognome Tomba Lobos, é também co-fundador do Salão Coboi (projecto de toys/character design do melhor que se faz por terras lusitanas) e co-fundador da editora Gentle Records. Desde o Porto, o multidisciplinado designer aceitou falar à DIF sobre o projecto: “Estas fotos surgiram como um exercício para construir personagens sem precisar de muito tempo e dinheiro e mantendo a casa minimamente arrumada [lição aprendida com o Salão Coboi, acrescenta]. Comecei a aplicar digitalmente a plasticina em fotografias do meu arquivo pessoal. A diferença da 1.ª para a 2.ª série é que na segunda são retratos combinados com voluntários e uso uma câmara mais decente.” Falemos então de inspirações: “Sempre fui fã de efeitos especiais e make-up de filmes mais ou menos fantásticos. Um dos meus ídolos de juventude era o Chris Cunningham e mantenho o fascínio por personagens do cinema como o Guild Navigator do Dune, o bebé do Eraserhead ou até o Toxic Avenger.” Ainda que tenha começado sem grandes expectativas, os bizarros retratos introduzem a possibilidade de “observar e analisar o quão diferente do convencional pode ser a nossa face, tão importante que é para a nossa identidade.” E, ao que parece há muito boa gente a aceitar o desafio: “É a mesma curiosidade que as leva a ver aqueles programas esquisitos no TLC” brinca o autor. Há de facto algo que nos atrai para projecto, só no Behance a série "Photographs 2" já tem quase 40 mil views. “Não acredito que essas pessoas fossem lá por questões técnicas porque confesso que ainda tenho muito Photoshop para aprender.” No entanto, nem toda a gente aprecia o que vê. Pela primeira vez os comentários ao trabalho, internacional e aplaudido do Tomba Lobos, não são unânimes. “Nunca me tinha acontecido ter comentários negativos no Behance. Geralmente as pessoas que gostam escrevem ‘gostei muito’ ou ‘muito interessante’ mas nunca escrevem ‘isto é horrível, não tem piada nenhuma, não devias fazer isto’. Talvez seja porque são fotos que desafiam aspectos morais e éticos da sociedade. Talvez porque muita gente foi educada a não olhar directamente quem tem alguma deformidade física, encorajando-os a ignorar essas pessoas, tornando-as nos monstros que não são. Acho eu. Teria de pensar mais no assunto.” E desde aqui convidamos-te a ti, leitor, a fazer o mesmo. behance.net/tombalobos TEXTO MARTA GONZÁLEZ INFO : +351 91 443 29 60 24 DIF KUKIES GHETTO PALM Nos lotes abandonados das cidades, por entre escombros e ervas daninhas, uma planta sobrevive ao cenário apocalíptico. Conhecida como Ghetto Palm - ou Árvore do Céu - esta planta floresce onde menos se espera. O ilustrador suíço Benjamin Guedel, convidado a criar o grafismo para parte da coleção SS’16 da Carhartt Wip deambulou pelas ruas de Detroit com a ajuda do Google Street View e criou colagens com elementos da degradação urbana e a Ghetto Tree em destaque. IMPRIME-ME UMA MOTA Chama-se Light Rider e é a primeira mota criada através de impressão 3-D. A alemã APWorks, subsidiária da Airbus, usou a mais recente tecnologia para desenvolver o quadro usando minúsculas partículas de alumínio. Por ser eléctrica é silenciosa e não emite gases poluentes, pesa apenas 35 quilos e promete atingir os 45km/hora em 3 segundos. Nem tudo são boas notícias, já que as 50 unidades que vão ser postas à venda terão o valor unitário de 50 mil euros. lightrider.apworks.de PAZ DE ESPÍRITO A Armistice, marca francesa de calçado "neo-sneakers", que chegou a Portugal em 2013, apresenta para este verão uma colecção inspirada no ambiente descontraído da Costa Oeste dos Estados Unidos. Os modelos icónicos da marca, o Stone One e o Hope One, regressam com uma grande variedade de materiais e de padrões, adequados tanto ao público feminino como ao masculino. Mantém-se o design descomplicado, o espírito descontraído e o mar como fonte de inspiração, o que tem garantido à marca a produção de clássicos instantâneos. O calçado Armistice encontra-se disponível em lojas premiadas. 26 DIF KUKIES DARK SIDE OF THE SUN Com inspiração assente numa lógica minimalista e nas culturas urbanas, a DARKSIDE Eyewear cria óculos de estética crua, forte e despida de adornos. Perfeitos para quem usa óculos de sol como um uniforme diário. A marca nacional surge com propostas sofisticadas, de design intemporal e qualidade de materiais em que cada modelo é produzido manualmente por artesãos portugueses da especialidade. darksideeyewear.com MY NAME IS NO NAME PUMA X RIHANNA Depois do sucesso de vendas dos Creeper e dos Trainers, a grande novidade da linha FENTY, cuja directora criativa é a cantora Rihanna, são as Fur Slide. Os clássicos chinelos PUMA, que começaram por ser usados por jogadores de futebol nos balneários, receberam um tratamento de glamour. Rihanna adoptou um estilo divertido, actualizando o modelo com alça de pele, macia e confortável, com uma base de espuma de cetim e pêlo artificial para um toque de luxo. NUS TAPADOS Foi lançado recentemente o “envergonhado” Not so Nude - Nus Vestidos. A editora Serrote afirma tratar-se de uma homenagem ao pintor Daniele da Volterra, cuja alcunha "o pintacuecas" se deveu à infame tarefa de cobrir os genitais das figuras do Juízo Final de Miguel Ângelo na Capela Sistina. Neste livro, o autor desenhou a esferográfica, combinações, cuecas e soutiens, em treze nus daqueles que vivem nas paredes de museus famosos. www.serrote.com Chama-se No Name mas para quem anda atento aos sneakers, o nome é bem familiar. Nos anos 90, a conhecida casa Rautureau assinou o modelo original Plato Sneaker com plataformas de 5 cm de altura, juntando conforto e estilo irreverente. Com o sucesso vieram as cópias, mas como dizia a publicidade nos anos 90: “Copies have a lot of names, original is No Name.” A No Name regressa a Portugal com mais argumentos: materiais nobres, design depurado e acabamentos femininos. THE SPACE OF THOUGHTS FOTOGRAFIA ANA VIOTTI SET DESIGN MARTA GONZÁLEZ RETOUCHING RICARDO SANTOS ASSISTENTE DE PRODUÇÃO MARTA SANTOS Sandália Fly London Ténis Saucony à venda na Breed Urban Concept Store Ténis Merrell Ténis Gola 32 DIF INTERVENÇÃO URBANA POSTER Posters com assinatura REBELDES COM CAUSA Aí está, esta mostra reúne as sugestões de posters de uma multidão heterogénea de criativos. Uns, bem experientes são na sua criação; outros testam-no, espreitando para fora da sua (reconhecível) área de conforto. Aos artistas Craig Atkinson, Wasted Rita, Paulo Brighenti, David Rosado, João Pedro Vale/ Nuno Alexandre Ferreira e Rui Toscano, juntam-se os designers Lizá Ramalho/Artur Rebelo (R2) e André Beato, os ateliers de arquitectura And-Ré, Artéria e Campos Costa Arquitetos, os escritores Valter Hugo Mãe, Afonso Cruz e José Luís Peixoto, o músico The Legendary Tigerman e a contribuição do fotógrafo Eduardo Harrigton Sena. Uma mostra sem nós na garganta, sem balizamento além do rectângulo exposto e sem condicionamentos explícitos por ter artistas visuais a par com outros artistas. Wasted Rita comenta: «Não acho que nenhum artista se sinta condicionado por existirem artistas não visuais a participar. Mais curiosidade do que condicionamento». O poster é um elemento inseparável do meio urbano e indispensável à cultura gráfica. André Beato, designer, comenta: «Encaro-o sempre com grande entusiasmo, a sua simplicidade a nível de formato e mesmo de meios, atrai-me bastante. Existe algo de mágico em todo o processo; algo semelhante a uma tela, onde te é dada a possibilidade de te exprimires como quiseres e com a possibilidade de veres essa tua peça ganhar vida através do print e ser reproduzida centenas ou milhares de vezes. O encanto está precisamente nesse aspecto, [o] de ver a nossa ilustração sair do computador (do ‘mundo digital’ para o ‘mundo real’) e ganhar vida através do processo de impressão; é algo que sempre me fascinou. Não importa a quantidade de vezes que o faça, aquela sensação de ter a peça à tua frente, impressa, e [de a] poder tocar; tem muita força.» Já da importância de lançar o POSTER nesta zona e nestes bairros, até há pouco absolutamente postos de lado no fazer e no acontecer da cidade de Lisboa, o atelier de arquitectura Artéria contribui: «A Artéria entende a comunicação visual (muito cara à Arquitectura) como uma forma de projecção com grande taxa de eficácia e, assim sendo, dá-nos um grande sentido de responsabilidade. Diríamos que a ideia de expor imagens nas fachadas de um bairro industrial degradado e esquecido é, por contraste, uma chamada de atenção sobre aquele lugar, porque vem estabelecer uma relação súbita de intimidade. O discurso visual torna visível, o que antes seria invisível para muitos, porque não estava representado, sublinhado. Estamos muito curiosas com os diversos impactos possíveis, [este] pode ser o princípio de um debate mais amplo sobre os futuros daquele território.» O arranque de uma contribuição necessária para o relançamento do bairro, que Bruno Pereira sublinha: «É importante para nós inserir o POSTER na zona de Xabregas, Marvila e Beato de uma forma estruturada. Iremos trabalhar com escolas locais que farão parte do projecto, farão uma exposição de Mini-posters criados em workshops com um dos artistas convidados, o David Rosado. Tem também o intuito de levar cultura a uma zona da cidade carente da mesma». A mostra completa-se com o resultado de uma Call pública, uma Exposição, uma Talk e uma Masterclass. Um punhado dentre uma constelação de motivos para fazer de Xabregas visita obrigatória. Assim que os nossos antepassados se deram conta de que a funcionalidade das pontas das suas mãos ia para além do caçar e do foguear, deixaram de lhes dedicar os polegares oponíveis e deram as falanges à imaginação. A arte tomou de conta as faces das rochas e os planos verticais das cavernas, o suporte não era o essencial; o objectivo sim, sempre. No princípio esse era o verbo: desenhar, fixar. Assim se fez a arte. Muitos milénios de possibilidades de comunicação passaram entretanto entre os dedos, até chegarmos ao cartaz, ao poster, um veículo gráfico de imediata e concreta difusão da mensagem. Lisboa recebe o evento POSTER, organizado pela Departamento, sob a ideia de lançar uma galeria pública a céu aberto em Xabregas, uma zona que tem recebido muita comichão criativa e que polariza a mais recente vaga de migração artística alfacinha. Bruno Pereira, da organização, adianta: «A ideia desta mostra surgiu na continuidade de projectos que a Departamento tem vindo a desenvolver nesta área, cruzando várias disciplinas criativas e transportando-as para um formato e um suporte. Sempre com o foco de atingir um público vasto e ecléctico com acesso gratuito aos projectos.» O poster é facilmente replicável, é um suporte tão disseminado quanto democrático e esta mostra pretende homenagear esse poderoso objecto de comunicação: «O POSTER vem, especificamente, de um gosto pessoal de longa data por posters de todo o tipo. É um formato nobre em dimensão e rebelde em causa. Faz-se rápido, monta-se rápido e tem uma capacidade de comunicar tremenda. Se no início do séc. XIX fundiu arte e publicidade, no séc. XXI queremos homenageá-lo juntando escritores, músicos, fotógrafos, artistas, designers, tipógrafos, ilustradores e arquitectos que irão comunicar através dele». POSTER Mostra Pública Zona de Xabregas, Lisboa 16 a 19 de Junho www.postermostra.com TEXTO RAFAEL VIEIRA 33 DIF INTERVENÇÃO URBANA Craig Atkinson André Beato 34 DIF INTERVENÇÃO URBANA R2 35 DIF INTERVENÇÃO URBANA David Rosado Wanderlust FOTOGRAFIA RICARDO SANTOS STYLING JOEL ALVES MAKEUP TOM PERDIGÃO FOR LOBSTER MODELO BRUNO AZEVEDO @ FACE MODELS Polo Gant Casaco Gant Calções Ruben Damásio Camisa H&M Macacão Ruben Damásio Bomber Jacket A Kind Of Guise à venda na Slou Lisbon Polo H&M Polo Fred Perry Calções Comme des Garçons à venda na Slou Lisbon T-shirt Levi's Casaco Gant Calções Gant Ténis Converse Polo Fred Perry Calças Raf Simons à venda na Slou Lisbon Camisa Cahartt Bomber jacket Fred Perry Calções Lacoste Ténis Converse 44 DIF EXTRAPESSOAL 45 DIF EXTRAPESSOAL QUANDO FILMAR DOCUMENTÁRIOS É UM TRABALHO SUJO Para Salomé Lamas, uma cineasta do mundo real, nada como uma entrevista num dos mais reais não-lugares da modernidade, uma lavandaria perdida algures pelo Campo dos Mártires da Pátria. Isto dias antes de viajar para o Bornéu a fim de documentar plantas nativas da Indonésia, cuja informação até à data tem sido apenas transmitida por via oral. Não é por a sua obra procurar, mundo fora, a realidade na forma mais honesta e honrada que Salomé perdeu a sua génese alfacinha. Natural do bairro de Alfama, percorreu durante a sua infância e juventude outros bairros típicos da cidade, como o Chiado ou a Estrela e nem por viajar pelos locais mais refundidos do planeta perdeu o gosto por um prazer tão simples como passear por Lisboa. Cidade essa que, nas palavras da própria, lhe serve de base por ser onde reside a sua verdadeira rede social, composta por família e amigos. É também aqui que estão as pessoas com quem ela prefere trabalhar, onde se inclui a produtora “O Som e a Fúria” com a qual tem uma já longa parceria com muitos frutos. Apesar de toda essa constante lisboeta, o seu percurso cinematográfico não é geograficamente acanhado, já que tanto filmou na cidade mais elevada do mundo, localizada nos Andes Peruvianos, como numa aldeia abandonada do norte de Portugal. E é de Portugal também que surge um dos seus documentários mais poderosos: “Terra de Ninguém”, sobre Paulo Figueiredo, um mercenário nas ex-colónias portuguesas e mais tarde um assassino a soldo da CIA. Parece que na terra dos brandos costumes, há costumes menos brandos. Assim, também as suas influências vão beber a diversos sítios diferentes, desde a música até à literatura e à arte, passando obviamente pelo cinema, com destaque para filmes que a família a levava a ver no cinema King. Entre eles contam-se “Será que vai nevar no Natal?” de Sandrine Veysset ou “India Song” de Marguerite Duras. Ainda que hoje, Salomé não se identifique necessariamente com essas obras, reflectem a sua formação quase autodidacta, onde também se pode contar a música cinematográfica e literária de Nick Cave, Tom Waits, Laurie Anderson ou Leonard Cohen. Do mesmo modo, a pintura de Rodin ou a literatura e a filosofia contribuem ainda para a sua obra, aliadas a uma postura assente numa curiosidade exploratória e quase antropológica, indissociáveis de tudo o que faz. E se o que faz é cinema na sua vertente mais livre e exploratória há apesar disso um compromisso de documentar a realidade com a menor interferência possível, actividade que Salomé considera “um trabalho sujo” e que precisamente por isso tem forçosamente de ser honesto. Apesar desse sentimento de honra, a adrenalina é uma sensação omnipresente nos seus filmes, sobretudo porque, quando pensa num tema, a cineasta está dependente da resposta à questão que origina o arranque de qualquer projecto: “Quanto tempo é preciso esperar até que a realidade se torne extraordinária?” Extraordinário é também o seu percurso, que já conheceu exibições em locais tão prestigiados e distintos como o Documenta Madrid, o MoMA’s International Festival of Nonfiction Film ou o Guggenheim Bilbao sem esquecer o Doc Lisboa. Dada a sua visão analítica e racional do trabalho, Salomé é a primeira a não destacar qualquer acontecimento como marcante no seu percurso, já que, qual cineasta taoísta, para si o destino é a jornada, que se tornou sua, precisamente devido à procura de um lugar próprio, primeiro por querer participar nas conversas dos adultos que a rodeavam, mais tarde como forma de reunir numa só estocada vários interesses como a literatura, as artes visuais e a filosofia, e finalmente para conquistar o seu próprio espaço, distante daqueles com quem partilhava a sua vida. Daí até pegar na câmara que tinha em casa, de início para fazer trabalhos escolares e mais tarde com o propósito concreto de documentar, decorreram apenas pouco frames. Se então Salomé ainda procurava uma linguagem própria, essa seria muito mais identificada com o mundo dos adultos, com os quais, devido a ter pais jovens, não sentia o mesmo fosso geracional que existia com os seus pares, devido à diferença nas referências e influências. Talvez por isso faça todo o sentido quando afirma não acreditar no talento mas em trabalhar referências, e que a curiosidade é um dos principais motores para o seu trabalho. Trabalho esse que, para ela é inseparável da vida, já que são ambas uma e a mesma coisa. É isso que acontece a quem ama o que faz e faz o que ama. www.salomelamas.info TEXTO HUGO FILIPE LOPES Foto: Ale Vulcano, cortesia da Bogliasco Foundation 46 DIF EXTRAPESSOAL 47 DIF EXTRAPESSOAL El Dorado XXI Hyper Queen FOTOGRAFIA CARLA PIRES STYLING TWISTED SOUL MAKEUP E CABELOS JOANA LANGINHA MODELO LARA B. (JUST MODELS) Casaco Patrick de Padua Top Nike Calções e leggings Puma Meias Diesel Sapatos A Loja do Sexo* Brincos Swarovski T-shirt Fred Perry Calções Le coq sportif Corpete e luvas A loja do Sexo* Colar Swarovski Camisola Nike Calças Converse Meias Nike Sapatos Luis Onofre Bomber Le coq sportif Casaco Rede Patrick de Padua Calças Carhartt Meias Nike Mala Cheap Monday Sapatos A loja do Sexo* de 10% em compras n'A Loja do Sexo usando o código DIFLS10 *Desconto Camisola Malene Birger Camisa Fred Perry Top Le coq sportif Brincos Cheap Monday 55 DIF RETROCULTURE THE SNOW SHOW A 13 de Julho de 2009 o “27 Club” abriu portas a mais um membro, nomeado por honoris causa. O artista nova iorquino que nasceu Dashiell A. Snow e imortalizou-se como Dash Snow, morria, diz-se, devido a uma overdose de heroína. Herói do underground nova-iorquino, Snow iniciou-se como graffiter, derivando depois para outras correntes artísticas como a escultura, a fotografia, colagem e instalações. Para se entrar no 27 Club há que deixar algo de grande e mais ainda por fazer. Deixar o mundo a pensar ‘e se?’, ‘imagina se ele tivesse continuado...’ isso é um pré-requisito na inscrição para o famoso e felizmente limitado grupo. E Snow iniciou-se cedo para preencher esses campos do formulário. Não é fácil brilhar na cena das artes nova iorquina muito menos vindo de uma contra cultura, subcultura ou underground se lhe quiserem chamar. Filho de famílias abastadas habituado à cena das artes - a sua bisavó era Dominique de Menil fundadora da Menil Collection, uma das mais importantes coleções de arte moderna existente e o seu avô materno pai de Uma Thurman - Snow foi, aos olhos dos parentes, a ovelha negra da família. Ao contrário do que alguns afirmam, nunca fez da família uma muleta. Ou pelo menos não mendigou o seu mecenato ou carteira de amigos para vingar. Provavelmente mendigou apenas o dinheiro, que o ajudou a viver à vontade e sustentar os excessos que só o excesso de dinheiro permite sustentar. Fugiu de casa muito novo e foi para Nova Iorque onde roubou uma máquina fotográfica que fez o click a tudo e que lhe devolvia os flashes de uma realidade que vivia mas que esquecia, devido a uma memória violada diariamente por doses consideráveis de estupefacientes. Assim começou a sua carreira. A fotografar para se lembrar, acabando lembrado para sempre. Snow surge também numa primeira fase como ‘musa’ de Ryan McGinley o renomado fotógrafo contra corrente que era skater e gay quando nada disso era ainda bonito de se ser. E tal como McGinley também Snow tinha especial atracção pela natureza, pelos nus, corpos e sexo. McGinley foi uma figura muito presente nas obras de Dash, obras essas que gritavam sexo, drogas e violência em todos os recantos e esquinas. O hedonismo e a libertinagem criativa de Snow e ainda de McGinley fazem recordar outros tempos do auge da beat generation e da cena nova iorquina onde circulavam e excentrificavam nomes como Mapplethorpe, Ginsberg ou mesmo Warhol, e onde sítios como o Chelsea Hotel albergavam a cada quarto todo o tipo de tropeços criativos que um cérebro pudesse ter. Mas Snow conseguia ser mais agressivo, mais cru, mais violento e provocador recorrendo não raras vezes aos seus próprios fluidos corporais como material para fecundar obras. E tudo isto se torna ainda mais curioso quando vemos que Snow expôs e foi aclamado de Berlim a Roma passando por Paris e tem como seus colecionadores nomes que vão de Charles Saatchi a Anita Zabludowicz ou mesmo Dakis Joannou. Por isso se calhar vale mesmo a pena ir espreitar o trabalho do senhor. Também é bom lembrar que Snow foi modelo e que se forem pesquisar no Google, vão ver que toda a sua imagética e estética era já bem à frente do nosso 2016 e que há muito bom hipster que se calhar nunca foi assim tão novidade quanto isso. TEXTO JOÃO MOURA ILUSTRAÇÃO HELLYEAHSINCE1987 56 DIF PEOPLE 57 DIF PEOPLE FOTOGRAFIA ANA VIOTTI STYLING JOÃO CARVALHO RETOUCHING JORGE ROSA JOAQUIM QUADROS “ÀS VEZES, O QUE PRECISO MESMO É DE SILÊNCIO” Se pensarmos no que seria uma vida de sonho para alguém que respira música (e não pertence a uma banda), provavelmente envolveria ouvir boa música a toda a hora, poder falar com as bandas que mais gostas, acompanhar o seu processo criativo, organizar festas ou lançares álbuns dessas mesmas bandas... Pois é, soa maravilhoso não soa? O Joaquim Quadros sabe que sim, especialmente porque está a viver isto tudo na pele. Para quem o conhece da Vodafone FM, imaginar que quase se tornou advogado parece surreal (uma voz superior agarrou-o a tempo, sabemos bem pertence ao casaco de ganga e t-shirt, não ao fato e gravata), mas isso é outra história. Há 5 anos que temos o luxo de ligar o rádio e ter sempre a música mais fresca que por aí anda, servida em bandeja de prata na já icónica voz do Joaquim. “No fundo, embora eu não tenha percebido logo, a rádio continuou a ser interessante como filtro que não te dá tudo o que a internet te dá, mas que seleciona, tipo gate keeper”. E essa é a verdadeira vocação do Joaquim Quadros... Partilhar. Desde miúdo que o faz, “sempre me deu para gravar em cassete várias partes de filmes de skate porque eram as músicas que me inspiravam (...) houve gente que ficou interessada nisso e me pedia umas cassetes emprestadas”. Mal podia imaginar que seria o primeiro passo naquilo que faz hoje em dia. No entanto a influência que tem na música que é feita e ouvida em Portugal, vai muito para lá do que faz na Vodafone FM das 14h às 20h (ou do trabalho nos festivais que a rádio apoia, como o Paredes de Coura, Mexefest e Milhões de Festa). Fora da rádio, Joaquim percebeu que não era assim tão complicado organizar concertos e começou a fazê-lo com uma certa regularidade, para amigos. Assim nasce a promotora PURO FUN, “numa tentativa de profissionalizar a coisa” (embora o nome diga tudo o que há para saber). Trabalhar com amigos e profissionalizar o que se faz quase parece uma contradição, mas no fundo é a fórmula perfeita que tem marcado o trabalho do Joaquim. É profissional organizar um concerto esgotado da banda do momento (sim, as espanholas Hinds...), é profissional andar há um ano nisto e conseguir juntar a crème de la crème da música portuguesa numa festa de aniversário bombástica da promotora. Não é brincadeira de miúdos. Até podia ser, quando se cria uma editora com a malta de Capitão Fausto e se lhe dá o nome de Cuca Monga, não acham? Numa altura em que a música portuguesa está a passar por uma fase efervescente, Joaquim salienta que nas bandas “há cada vez mais lata para se chegar a um microfone, dizer coisas, pôr um amigo a tocar guitarra e um amigo atrás a tocar bateria, (...) e é assim que se criam movimentos locais”. Ao mesmo tempo em que surgem cada vez mais bandas, surgem também mais pessoas interessadas em tudo o que rodeia o meio, marcar concertos, criar editoras, cruzar bandas e criar novas... O Joaquim é uma dessas pessoas, quer seja pelo seu trabalho na Vodafone FM, através da sua promotora PURO FUN ou pela editora Cuca Monga. Quem tem tempo para respirar com tanta coisa a acontecer, certo? O Joaquim Quadros tem uma voz que não denuncia dos seus 28 anos de vida, uma experiência e conhecimento musical invejável, uma capacidade de fazer acontecer as ideias que tem sobre o mundo da música, mas “no fundo, muitas vezes o que preciso, é mesmo de silêncio.” facebook.com/purofun cucamonga.pt TEXTO ANA VIOTTI Blusão do Joaquim Sweatshirt Fred Perry RECEBE RECEBE A DIF EM TUA CASA A DIF EM TUA CASA NOME* ENDEREÇO* DIF EM VERSÃO PARA IPAD Para esta nova experiência basta acederes ao website da DIF em www.difmag.com com o teu iPad. TELEFONE ALFRED 25-0129 E-MAIL LICENÇA CRIATIVA Nesta edição rodeámo-nos de pessoas livres como a Salóme que anda pelo mundo atrás de uma boa DIRECTOR PROFISSÃO história, o António que para além do seu day job se diverte à grande a fazer festas e a promover músicos, o DATA NASCIMENTO José que decidiu arriscar numa linguagem que não é sua especialidade, a Débora que sonha poder oferecer ao mundo parte da sua intimidade. O que nos faz avançar na criação de algo? E como se ultrapassa o medo da mediocridade, da crítica dos pares, da recepção junto do público? Como conseguir produzir mantendo a liberdade criativa? Esta será provavelmente uma dúvida comum a quem cria algo. É verdade que a liberdade criativa éobrigatórios muitas vezespara referida e ainda da maisDIF vezes oferecida *Campos a recepção em tua casa mas será que a usamos realmente? À primeira vista * CAMPOS OBRIGATÓRIOS PARA A RECEPÇÃO DA DIF EM TUA CASA parece tratar-se de não ter obstáculos à criação, quando muito mais profundo e fértil seria conseguir materializar E NDEREÇO:Publicards PUBLICARDS Pou UBLICIDADE ,outro LDA. RUA ST. Endereço: Publicidade, LDA., em arte, escrita, design qualquer campo criativo, o que trazemos em nós de único. Sem medo de Rua St. António dabalizar Glória A NTÓNIO DA GLÓRIA , 8 1 . por 1 281, 5 esse 0 -1250-080 0 8monstro 0 LISBOALisboa arriscar, sem se chamado bom gosto, em que o agradável à vista é tido como essencial. Quando o sucesso é medido em likes e se entra numa luta de popularidade tende-se à repetição de fórmulas Recorta este formulário e envia-o para Publicards Publicidade, LDA. LDA. R ECORTAou OUfotocopia FOTOCOPIA ESTE FORMULÁRIO E ENVIA -O PARA PUBLICARDS PUBLICIDADE gastas e aborrecidas. Arriscarde dá10 medo, mas só através coragem separa alcança junto com realiza a da transferência o a superação. JUNTO COMum UMcheque CHEQUEno NOvalor VALOR DE 120euros EUROSou OU Voltamos em Setembro, arrisca e envia-nos o teu trabalho. ☺ NIB: 0035 2170 00015120230 73, enviando comprovativo para o e-mail REALIZA TRANSFERÊNCIA PARA O NIB.: 0 0 3 8 0 0 5 1 0 0 9 0 4 6 5 8 7 7 1 9 6 , ENVIANDO [email protected] (custo de envio por oito números) e receberás a DIF em tua casa. COMPROVATIVO PARA O E.MAIL: [email protected] MARTA GONZÁLEZ (8 CUSTOS DE ENVIO POR 10 DEZ NÚMEROS números por euros.) E RECEBERÁS A DIF EM TUA CASA. 10 NÚMEROS POR 12 EUROS NÚMEROS POR EUROS Trevenen Morris-Grantham [email protected] COORDENAÇÃO EDITORIAL Marta González [email protected] DIRECTOR DE ARTE Ricardo Galésio COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Ana Viotti, António Medeiros, Carla Pires, Cláudia Lopes, Francisco Ferreira, Hugo Filipe Lopes, Joana Langinha, João Barriga, João Carvalho, João Mascarenhas, João Moura, Joel Alves, Jorge Rosa, Lola Carvalho, Marta Santos, Miguel Veiga, Rafael Vieira, Ricardo Santos, Tom Perdigão, Twisted Soul e-mail: [email protected] – tlm: 932 287 504 Telefone: 21 32 25 727 www.timezone.de Fax: 21 32 25 729 [email protected] ÍNDICE GUIA DEDE COMPRAS GUIA COMPRAS 16. 36. Adidas Cat, K-Swiss, Keds, New Ermenegildo InsightModa Maison Margiela, Stars FactoryZegna T.adidas 21 042 44 00 Merrell, CarharttPalladium, T.Ermenegildo 21 837 65 76 Zegna Maison Margiela, T.Insight 93 760 02 00 Bernard Willhelm Universo Surma Wanderlust T. 21 042 44 00 T. 21 342 65 50 T. 21 837 B 65 76 T. 93 760 02 00 Bernard www.adidas.com/pt UGG – Bedivar Espaço www.insight51.com Por Vocação,Willhelm Porto – T. 22 Texto Ana Viotti Fotografia Ricardo Santos www.adidas.com/pt K-Swiss, B 10 www.insight51.com Por Vocação, Adidas Eyewear T.Cat, 21 938 37 00 Keds, T.Espaço 21 346 12 Intimissimi 092 70 02 Porto – T. 22 Merrell, Palladium, T. 21 346 12 10 Intimissimi 092 70 02 T.Adidas 21 319 Eyewear 31 30 Arte Christian Dior www.espaco-b.com T.Styling 21 837 Joel 65 76Alves Mango T. 21 319 31 30 UGG – Bedivar www.espaco-b.com T. 21 837 65 76y la Aforest Design Firetrap – La Princesa T.Mango 21 347 08 30 André da Loba nawww.dior.com Underdogs Moda Design T. 21 938 37 –00Proged Firetrap – - Rep. de La Princesa y la T. 21 347 30 Jacobs T.Aforest 96 689 29 65 Francisco Ferreira Converse Buscavisual Lechuga Marc by08 Marc Texto T. 96 689 29 65 Christian Dior Buscavisual - Rep. de Lechuga Maria Baunilha Powerflex! Extrapessoal Alexandra Moura T. 21 446 15 30 Moda Unip., Lda T. 96 274 11 77 T. 21 342 93 15 Alexandra Moura www.dior.com Moda Unip., Lda T. 96 274 11 77 [email protected] Texto Marta González Quando documentários [email protected] Cubanas Tm. 91 744 97 78 Lacoste –filmar Devanlay Marshall, [email protected] Converse – Proged Tm. 91 744 97 78 Lacoste – Devanlay Marc by Marc Jacobs Amélie Au Théâtre T. 24 988 93 30 Fly London Portugal, Lda Urbanears, Fotografia António Medeiros é um trabalho sujo Capa Dura Amélie Au Théâtre T. 21 446 15 30 Fly London Portugal, Lda T. 21 342 93 15Vestal – www.amelieautheatre.com www.cubanas-shoes.com Fortunato O. T. 21 112 12 12 Waves&Woods Styling João Carvalho Texto Hugo www.amelieautheatre.com Cubanas Fortunato O. T. 21 112 12 12Filipe Lopes Marshall, Os Vampiros de Filipe Melo American Vintage Cubanas@cubanas-shoes. Frederico Cª Lda. Lda. www.lacoste.com T.Urbanears, 21 346 54 04Vestal – American Vintage Frederico & & Cª www.lacoste.com Texto Rafael VieiraT. 24 988 93 30 T.T.21 com T.T.25 Lee info@wavesandwoods. 21 347 347 08 08 30 30 www.cubanas-shoes.com 25 355 355 91 91 40 40 Lee Waves&Woods Ana Datch, Rose, Fotografia www.flylondon.com www.eu.lee.com com Ana Salazar Salazar Datch, Indian Indian Rose, www.flylondon.com www.eu.lee.com T. 21 346 54 04 Moda T.T.21 Gio As toda Fornarina 21 347 347 22 89 Gio Goi Goi e Quick Quick ––Nem As Le Sportif Fornarina LeCoq CoqQueen Sportif Marta Fontes info@wavesandwoods. a gente gosta disto Hyper Capa Dura Anerkjendt, Bench, coisas pelo pelo nome Tm.91 91 218 218 18 88 Filipe Beu Beu –– Tm. Tm. 91 Anerkjendt, Bench, coisas nome Tm. 88 Filipe 91 999 999 T.com 91 717 02 79 Texto Marta González Fotografia Carla Pires Work It Harder, Make It Better Fenchurch, nümph, 22 610 610 55 55 82 82 www.fornarina.it 1557 57 Marta Fontes Fenchurch, nümph, T.T.22 www.fornarina.it 15 Melissa Styling Twisted Soul Solid –– AboutFace AboutFace Texto João Mourawww.ascoisaspelonome.pt www.ascoisaspelonome.pt Fred Perry Perry -- Sagatex Dayanny Cabral Cabral ––Tm. 91 91 717 79 Solid Fred Sagatex Dayanny Tm. 91 T.T.244 86002 030 91 257 257 28 28 35 35 Diesel store store Lisboa 22 508 508 91 91 53 53 60550 50 02 02 Melissa T.T.91 Diesel Lisboa T.T.22 605 www.plastica.pt, Kukies outra face face da 21 342 342 19 19 80 80 GAS Lemon Jelly Jelly T. 244 860 030 AAoutra da lua lua T.T.21 GAS Lemon www.melissa.com.br 21 886 34 30 Arte Dino Alves 22 377 11 64 www.lemonjellyshoes.com www.plastica.pt, Retroculture T.T.21 886 34 30 Dino Alves T.T.22 377 11 64 www.lemonjellyshoes.com More is Better Ao Quadrado T. 21 886 52 52 www.gasjeans.com Levi’s – Levi’s www.melissa.com.br The Snow Show Maurizio Nannucci: Ao Quadrado T. 21 886 52 52 www.gasjeans.com Levi’s – Levi’s www.moreisbetter.com.pt StillGola Life / Shulong – T. 21 385 04 85 [email protected] Portugal More is Better Texto João Moura T.Armistice 21 385 04 85 história da linguagem [email protected] Gola / Shulong – Portugal Munich Uma em DKNY Lda T. 21 799 57 30 www.moreisbetter.com.pt The SpaceUpset of Thoughts Armistice DKNY Upset Lda T. 21 799 57 30 T. 21 464 36 00 Ilustração hellyeahsince1987 tons néon T. 91 443 2960 T. 21 711 31 76 T. 21 445 9404 Levi’s Acessórios – Munich Fotografia Ana Viotti T.Ben 91 443 2960 T. 21 711 31 76 T. 21 445 9404 Levi’s Acessórios – www.munichsports.com Dr. Martens H&M Pedro Nunes lda T. 21 464 36 00 Texto Cláudia Azevedo Lopes Set Design Marta González Ben Dr. Martens H&M Pedro Nunes New Balance, PF Sherman – Lusogoza daciano.carneiro@gmail. T. 21 324 5174 T. 239 802 500 lda www.munichsports.com Sherman daciano.carneiro@gmail. T.Havaianas 21 324 5174– Cia T.Lightning 239 802 500 Flyers - Vestima People T. 22 618 25–68Lusogoza com Bolt, New Balance, PF T.Billabong 22 618 25 68 Música com Havaianas – Cia Lightning Bolt, T.Flyers 22 953-59 67 Dysfunctional Shoes Brasil Nikita, Protest Vestima Joaquim Quadros Intervenção Urbana – Despomar www.dysfunctionalshoes. 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T.T.22 Por decisão editorial, cada artigo nesta foi mantido 22 606 606 50 50 81 81 T. 223 770 230 www.nunobaltazar.com www.nunobaltazar.com 06. 18. 44. 08. 10. 12. 14. 22. 24. 48. 54. 28. 56. 32. www.difmag.com Facebook: www.facebook.com/difmag.pt Odd Molly Springfield Molly Story –Tailors T.Odd 91 986 67 66 Chiado T. 21 347 93 37 T. 91 986 67Tiger 66 21 778 22– 70 Onitsuka – / T.Colombo T. 21 716 Onitsuka Tiger www.storytailors.pt Asics Portugal 61 33 / Timezone – – T. 21 T.www.onitsukatiger.es 21 340 40 96 / Tm. 96 CascaisShopping Pepe Companhia dos 528 55 Jeans 89 460 02 79 T. 21 340 00 10 Desportos Pepe Jeans Story Tailors www.pepejeans.com Tm. 93 228 75 04 T. 21 340 00 10 T. 21 778 22 70 Platadepalo Tommy Hilfiger www.pepejeans.com www.storytailors.pt T. 22 940 99 78 T. 21 394 40 20 Platadepalo Timezone – Puma UMM Portugal T.T.22 940 99 78 Companhia 21 413 71 20 T. 91 996 32 18dos Puma Desportos www.puma.com [email protected] T.Purificacion 21 413 71 20Garcia Tm. 93 228 75 04 Valentim Quaresma www.puma.com Tommy Hilfiger www.purificaciongarcia.es info@valentimquaresma. 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