Amazônia em Redes
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Amazônia em Redes
Informação e Análise No. 2 Projeto Conservação das Florestas Tropicais da Amazônia www.gtz-amazonia.org Amazônia em Redes Estudo panamazônico sobre as redes da sociedade civil na área da gestão sustentável dos recursos naturais GTZ, DED, UICN A Amazônia em Redes Estudo panamazônico sobre as redes da sociedade civil na área da gestão sustentável dos recursos naturais Relatório final Setembro de 2004 este documento está disponível em: http://www.gtz-amazonia.org/portugues/redes.htm Sumário Sumário.......................................................................................................................... 2 Siglas usadas .................................................................................................................. 5 Agradecimentos............................................................................................................. 6 Resumo........................................................................................................................... 7 Introdução .......................................................................................................................... 9 Metodologia ................................................................................................................. 10 PARTE I : As redes na Amazônia ................................................................................... 15 1. Levantamento dos dados .................................................................................... 15 2. Resultados............................................................................................................ 18 2.1. Número de membros..................................................................................... 18 2.2. Natureza institucional dos membros............................................................. 19 2.3. Estrutura........................................................................................................ 20 2.4. Quando nasceram as redes? .......................................................................... 20 2.5. Por que as redes foram criadas?.................................................................... 21 2.6. Quais foram as suas conquistas até hoje? ..................................................... 22 2.7. Atuação das redes ......................................................................................... 22 2.8. Produtos das redes......................................................................................... 23 2.9. As dificuldades.............................................................................................. 24 2.10. Como funcionam as redes? ....................................................................... 25 2.11. Os parceiros das redes............................................................................... 26 2.12. Abrangência .............................................................................................. 27 2.13. Os financiamentos..................................................................................... 28 2.14. Complementos .......................................................................................... 29 Parte II.............................................................................................................................. 31 As redes Amazônicas: articulação do espaço público ou novo produto do mercado do desenvolvimento? ............................................................................................................. 31 1. Gênese das redes, suas atividades e dificuldades ............................................. 31 1.1. Atividades ..................................................................................................... 33 1.2. Dificuldades .................................................................................................. 34 2. As redes, estruturas construídas........................................................................ 35 2.1. As redes precisam de um mínimo de infra-estrutura e financiamento.......... 35 2.2. As redes precisam de um mínimo de formalização ...................................... 36 2 2.3. As redes precisam de meios de comunicação adaptados .............................. 39 3. As redes, embrião da sociedade panamazônica? ............................................. 42 4. Quid da cultura de rede?.................................................................................... 44 Parte III ............................................................................................................................ 49 Caracterização das redes ................................................................................................. 49 1. Classificar as redes?............................................................................................ 49 1.1. Atividades específicas................................................................................... 49 1.2. Um funcionamento específico ...................................................................... 50 1.3. Algumas pistas para qualificar as redes:....................................................... 52 Conclusões e recomendações........................................................................................... 55 Anexos ............................................................................... Erro! Indicador não definido. Anexo 1: Descrição básica das redes que participaram do estudo............................ 57 Gráficos Gráfico 1: Repartição das redes por número de membros........................................ 19 Gráfico 2: Natureza institucional dos membros........................................................ 19 Gráfico 3: Pessoal ocupado total............................................................................... 20 Gráfico 4: Data de nascimento das redes.................................................................. 21 Gráfico 5: Razões atrás à formação de redes ............................................................ 21 Gráfico 6: Temas de atuação das redes..................................................................... 23 Gráfico 7: Produtos fornecidos pelas redes .............................................................. 24 Gráfico 7: Principais dificuldades das redes............................................................. 25 Gráfico 8: Processos de tomada de decisão das redes .............................................. 25 Gráfico 9: Meios de comunicação usados ................................................................ 26 Gráfico 10: Parcerias................................................................................................. 26 Gráfico 11: Abrangência de atuação......................................................................... 27 Gráfico 12: Financiamentos...................................................................................... 28 Gráfico 13: Orçamento (em US$)............................................................................. 29 Exemplo 1 de organograma ...................................................................................... 37 Exemplo 2 de organograma ...................................................................................... 37 Exemplo 3 de organograma ...................................................................................... 38 Gráfico 14: Atividades específicas ........................................................................... 49 Gráfico 14: exemplo de representação gráfica da avaliação de uma rede X segundo a metodologia PAP ...................................................................................................... 54 Tabelas 3 Tabela 1: Redes pesquisadas fase 2.............................................................................. 13 Tabela 2: Lista de redes contatadas na primeira fase................................................ 15 Tabela 3: Grau de preenchimento do questionário ................................................... 18 Tabela 4: Outros temas relevantes, citados nas respostas......................................... 23 Tabela 5: Atividades ................................................................................................. 33 Situação das redes em relação à panamazônia.......................................................... 43 4 Siglas usadas CESE CIFOR CNUCED CORDAID DED DFID FAO FAOR FHB FLACSO FMAP GT GTA GTZ HIVOS IIRSA IRD JA JAICA LIDEMA MAMA MAP NOVIB OEA ONU OTCA PCTA PICCSA PNUD PPG7 PPM PROBONA ProDIAS RAAA RAFE REDESMA REPAMAR RFA RLB RLCU RAMH TNC UC UFF UFPA UFRJ UICN UNICEF USAID Coordenadoria ecumênica de serviço Center for international forestry research Conferência das Nações-Unidas sobre o meio ambiente e o desenvolvimento Catholic organization for relief and development Deutscher entwicklungsdienst Department for international development Food and agriculture organization Fórum da Amazônia oriental Fundação Heinrich Böll Faculdad latinoamericana de ciências sociais Fórum da mulher da Amazônia paraense Grupo de trabalho Grupo de trabalho amazônico Gesellschaft für technische zusammenarbeit Humanistisch instituut voor ontwikellingssamenwerking Iniciativa para la integración de la infraestructura regional suramerica Institut de recherches pour le développement Justiça ambiental Agencia de cooperação internacional do Japão Liga de defensa del medio ambiente Movimento articulado de mulheres da Amazônia Madre de Dios - Acre - Pando Organização holandesa para o desenvolvimento e a cooperação Organização dos Estados das Américas Organização das Nações-Unidas Organização do tratado de cooperação amazônica Programa de capacitação de técnicos e agricultores da Amazônia Plataforma interinstitucional de creación de consensos socio ambientales Programa das Nações–Unidas para o desenvolvimento Programa piloto de proteção das florestas brasileiras financiado pelo G7 Pão para o mundo Programa regional de bosques nativos andinos Programa de diálogo e intercambio em agricultura sustentável Red de acción en alternativas al uso de agroquímicos Red agroforestal ecuatoriana Red de desarrollo sostenible y medio ambiente Red panamericana de manejo ambiental de residuos Red florestal amazônica Red latinoamericana de bosques Red latinoamericana de cooperación universitária Rede acreana de mulheres e homens The nature conservancy Unidade de conservação Universidade federal da Fluminense Universidade federal do Pará Universidade federal do Rio de Janeiro União mundial para a natureza Fundo das Nações-Unidas para a infância US agency for international development 5 Agradecimentos O autor gostaria de agradecer às numerosas pessoas que tornaram possível este estudo, através de discussões, entrevistas e comentários escritos. Agradeço em particular as seguintes pessoas e organizações: Jan Rogge, DED; Guillaume Fontaine, FLACSO; Frank Krämer e Gunter Simon, GTZ; Tamara Montalvo Rueda, UICN, para sua participação direta na organização e no trabalho realizado. Também quero agradecer todos os entrevistados e todas pessoas no Brasil Equador, Perú e Bolívia, por sua ajuda valiosa para levar à cabo a investigação de campo que deu origem a este documento: Rita Kietnitz e Luis Román, GTZ; Rainer Schwark e Werner Göbels, DED; Miguel Pellerano, UICN; Giovanna Orcotoma, SNA; Dania Quirola, Fundación Natura; Manuel Ruiz, SPDA; Erik Fernández e Sergio Quispe, CIEC; Patricio Cabrera, FLAA; Jorge Albán e Lucy Ruiz, Ambiente y Sociedad; Jorge Ugaz Gómez, Proturaleza; Jenny Gruenberger, LIDEMA, José Blanes, CEBEM, Eduardo Forno, CI; Patricia Molina Carpio, FOBOMADE; Bennett Hennessey, Armonia; Eliane Moreira, CESUPA; Carla Belas, Museu Geoldi; Michael Schmidlehner e Eugenio Pantoja, Amazonlink; Betty Pérez e Robert Yaguache, RAFE; Oswaldo Sarango, Ministério do meio ambiente de Equador; Luis Palma, Maquipucuna; Alicia Garcés, CEDIME; Luis Gomero Osorio, RAAA; Geni Fundes Buleje, Café Peru; Juan Dumas, FLAA; Marcos Rochas, IPAM; Denyse Gomez, GTNA; Luiz, CAEX; Pedro Bruzzi e Nivea Marcondes, CTA; Hamilton Condak, RECA; Esperanza Martínez, Oilwatch; José Dance Caballero, BSD; Conçita Maia, MAMA; Francisca Leite Ferreira, RAHM; Irene Viana Pinheiro, CEFTBAM; Graça Costa, Letícia Rangel Tura, Julianna Malerba e JeanPierre Leroy, FASE; Eduardo Hinojosa Velasco, CIMAR; Mario Suárez Riglos, Museo N.K Mercado; Richard Vaca e Alain Muñoz, FAN Bolívia; Fábio Abdala e Arnaldo, GTA; Brother e Brahna, PESACRE; Rivalino Mattos de Souza, Comunidade de pescadores Z20; Zé Costa, STR Monte Alegre; Edilberto, CEAPAC; Tibério Allaggio, PSA; Carlos Soria, Foro ecológico; Hilderbrando Ruffner, COICAP; Inês Martins, STR Santarém; Valdivino Cunha da Silva, FETAGRI Belém; Rosely Moura, CEDECA; Nazaré Imbiriba e Sonia Magalhães, POEMAR; Armelinda Zonta, IPHAE. 6 Resumo Há mais de uma década, as ONGs amazônicas organizam-se em rede para ganhar peso na definição das políticas públicas. Pouco a pouco, algumas redes se tornaram atores importantes da sociedade civil até participarem das transformações da governança regional. No entanto, as redes são mal conhecidas e muitos preconceitos circulam a respeito delas. Alguns consideram que elas representam uma forma de ativismo político adaptada a nossa era de globalização, outros vêm nelas um ideal de organização solidária entre os desfavorecidos. Ainda há que criticam a pouca visibilidade de suas atuações. Sem dúvida, as redes merecem ser mais bem conhecidas. As poucas informações e qualificações disponíveis sobre as suas características e a falta de conhecimento de suas atividades dificultam a definição de políticas de desenvolvimento regional baseadas sobre a participação da sociedade civil. Além disso, as redes estão sob perfusão das agências internacionais de desenvolvimento, daí a questão: as redes são novos produtos do mercado do desenvolvimento ou existe realmente uma “cultura de rede” atrás destas estruturas? Este documento apresenta os resultados de um estudo encomendado pelas agências de cooperação Gesellschaft für technische zusammenarbeit (GTZ) e Deutscher entwicklungsdienst (DED), aliadas a União mundial para a natureza (UICN). Durante mais de 6 meses, foram estudadas as redes ligadas à gestão de recursos naturais na Amazônia, com os seguintes objetivos: produzir um diagnóstico do universo das redes; fornecer uma análise e reflexão sobre a capacidade das entidades pesquisadas em influenciar políticas públicas e gerenciar o fluxo e troca de informações para seus membros/afiliados; oferecer uma metodologia para avaliar e caracterizar redes e articulações; identificar possíveis atores/parceiros para a cooperação internacional e definir estratégias de fomento para estes atores; entender e qualificar a gestão de conhecimentos e o fluxo de informações entre redes, articulações e principais ONGs no intuito de fomentar a troca de experiências e conhecimentos; identificar as principais temáticas para fortalecer a articulação panamazônica a respeito de políticas setoriais voltadas para a gestão dos recursos naturais. Os resultados deste estudo constituem sem dúvida um avanço no entendimento destes atores sociais de primeiro plano que são as redes. A partir de dados quantitativos e qualitativos, as análises da história, do modo de formação, da atuação e do funcionamento interno das redes revelam características comuns que permitem esclarecer a natureza das redes. Ao longo do texto, são apresentados os elementos que têm um papel fundamental para a sustentabilidade das redes. Entre eles, a descentralização das tomadas de decisão, a formalização adequada da estrutura e o uso de ferramentas de comunicação adaptadas aparecem como determinantes. Além disso, este estudo revela as duas caras das redes: uma orgânica (ligada ao lado “processo”) e uma construída (ligada ao lado “projeto”), cada uma com propriedades específicas e complementares. Três tipos de atividades são característicos da atuação em rede: o manejo da informação, a prestação de serviços e uma forma de ativismo político. O estudo também traz elementos de definição para a “cultura de rede”, relacionada com a confiança, o compromisso, a adesão coletiva e até mesmo o “companheirismo”. 7 Em uma primeira parte são apresentados os resultados da fase sistemática da pesquisa: a partir das respostas a questionários, é proposta uma fotografia do universo estudado. Em uma segunda parte são apresentados os ensinos de uma pesquisa qualitativa, baseada em entrevistas semidirigidas com 11 redes. As entrevistas realizadas servem de base ao refinamento da análise sobre as redes e permitem ir além dos preconceitos mais comuns. Finalmente, a terceira parte trata da caracterização das redes e propõe algumas pistas para a elaboração de uma metodologia de avaliação. 8 INTRODUÇÃO Desde a Eco 92, o reconhecimento dos atores da sociedade civil como parceiros na implementação das políticas setoriais de desenvolvimento teve conseqüências importantes sobre a própria natureza das organizações do chamado “terceiro setor”. Passando do “confronto a colaboração” com as instituições nacionais e internacionais responsáveis, as organizações não governamentais se tornaram pouco a pouco estruturas cada vez mais profissionais, respondendo às exigências técnicas e administrativas dos seus financiadores. Está dinâmica participou sem dúvida de uma maior eficiência dos projetos realizados por elas. Também, ela teve o efeito de questionar o papel histórico das ONGs. Nascidas no contexto da ditadura militar, as ONGs mais antigas sempre reivindicaram um papel altamente político na construção da democracia. Com o fim das ditaduras, e com as transformações da cooperação internacional, esta última passando cada vez mais pelas organizações multilaterais, uma nova geração de ONG nasceu e as mais antigas tiveram que se adaptar às novas regras do mercado do desenvolvimento. Na área ambiental e da gestão dos recursos naturais particularmente, numerosas ONGs se tornaram os agentes privilegiados dos programas nacionais e internacionais de preservação da biodiversidade e de promoção de formas sustentáveis de exploração das biosferas do planeta. Se as organizações do Terceiro Setor aceitaram uma tal participação e aproveitaram deste processo para se fortalecer e se profissionalizar, elas também sentiram a necessidade de se organizar em redes para ampliar sua força de expressão política. Paralelamente, a aceleração dos processos da globalização, com o considerável aumento da circulação de idéias e informações, permitiu a organização de novas formas de atuação política na região. A organização em rede constitui uma delas. Hoje, ONGs, grupos de base, sindicatos e os que falam, em geral, em nome da “sociedade civil organizada” reconhecem a importância de participar em redes, fóruns ou articulações. Seria, para estas organizações, uma maneira de resgatar o seu papel político, dando voz com mais eficiência nos espaços de poder, sem comprometer o seu papel, mais técnico, de “prestador de serviço” no mercado do desenvolvimento. Este fenômeno, mundial, já foi reconhecido como relevante no mundo acadêmico e várias teorias já foram elaboradas a respeito dos fundamentos socioeconômicos das redes e de seu funcionamento. No entanto, no que diz respeito às redes ligadas a gestão de recursos naturais na Amazônia, constata-se a sua grande opacidade, as poucas informações e qualificações disponíveis sobre as suas características e a falta de conhecimento de suas atividades. Se, no papel, é possível diferenciar os fóruns/redes declarados como tal de grupos de interesses (tipo Coiab1), é muito mais complicado saber quais são as organizações coletivas que, de fato, trabalham em rede e o que isto significa realmente. 1 Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira 9 Estas dificuldades acarretam no mínimo duas conseqüências negativas: • As políticas de desenvolvimento regional enfrentam dificuldades em identificar os seus interlocutores, o que dificulta a participação da sociedade civil em projetos por elas promovidos. • A construção de uma identidade Amazônida, conseqüência do conjunto de iniciativas voltadas para a promoção da cidadania em escala regional, se torna difícil, questionando o objetivo de implementação de um modelo de desenvolvimento socioambiental, alternativa ao modelo predatório até hoje característico na região. Considerando a circulação da informação e do conhecimento como um elemento-chave do processo de desenvolvimento da região Amazônica, parece essencial promover a aproximação e o intercâmbio entre os diferentes atores sociais cujo objetivo comum é uma práxis sustentável para a Amazônia. Com este objetivo, o Projeto Conservação das Florestas Tropicais da Amazônia2 da GTZ, a DED Brasil e a União internacional para a conservação da natureza (UICN) se juntaram para realizar um estudo sobre as redes e fóruns na região amazônica. O presente relatório apresenta os resultados e as conclusões de uma pesquisa realizada entre janeiro e junho de 2004, cujos objetivos gerais são: • Produzir um diagnóstico do universo das redes em vários paises da Amazônia que atuam na promoção do desenvolvimento sustentável, principalmente, na gestão de recursos naturais. Este diagnóstico é um serviço de informação que dá transparência para empoderar ONGs e outras organizações. • Fornecer uma análise e reflexão sobre a) a capacidade das entidades pesquisadas de influenciar políticas públicas e b) gerenciar o fluxo e troca de informações para seus membros/afiliados. • Oferecer uma metodologia como avaliar e caracterizar redes e articulações (tipologia etc.) no intuito de a) qualificar a discussão sobre o trabalho em rede na região panamazônica e a b) poder melhor identificar possíveis parcerias no futuro. • Identificar possíveis atores/parceiros para a Cooperação Internacional e definir estratégias de fomento para estes atores. • Entender e qualificar a gestão de conhecimentos e o fluxo de informações entre redes, articulações e principais ONGs no intuito de fomentar a troca de experiências e conhecimentos. • Identificar as principais temáticas para fortalecer a articulação panamazônica a respeito de políticas setoriais, voltadas para a gestão dos recursos naturais. Metodologia Antes de começar a pesquisa, a equipe do projeto refletiu sobre a melhor maneira de abordar o objeto de estudo. Além do sentido comum, a noção de rede não é fácil de ser abordada. A observação rápida das redes de nosso conhecimento mostrou que existem grandes diferenças entre elas. Foi então necessário chegar a um acordo a respeito da natureza das redes que deveriam entrar no estudo. Frente à diversidade do universo 2 ver http://www.gtz-amazonia.org/portugues/index.htm 10 encontrado, decidimos partir das necessidades dos diferentes parceiros envolvidos no estudo. Assim fizemos um recorte temático e um recorte relativo à forma organizacional. Foi importante considerar as redes, antes de tudo, enquanto atores sociais, participando das transformações da sociedade, sem entrar nos debates sem fim sobre a definição do significado original da noção de rede. Seguindo os interesses dos parceiros envolvidos no projeto, o recorte temático foi o de gestão dos recursos naturais. Por outra parte, dado o objetivo compartilhado por todos de desenhar futuramente projetos em parceria com redes, decidimos limitar a pesquisa a redes tendo um mínimo de formalização, isto é formalmente organizadas, com um interlocutor facilmente identificável e uma certa visibilidade institucional. A importância da interação das redes com a definição das políticas públicas também saiu da fase preparatória da pesquisa. Isso significa que o estudo se orientou particularmente sobre as redes que têm objetivos declarados de participar da definição das políticas setoriais ligadas a gestão dos recursos naturais na região. Nós não partimos de uma definição restrita de rede. Entraram inicialmente no estudo: as estruturas organizadas com um certo grau de formalização, que respondem e se autoconsideram como rede, fórum ou articulação atuando na área da gestão de recursos naturais, e que têm o objetivo de influir sobre a definição das políticas públicas ou sobre as práticas coletivas na região amazônica. Tratou-se então principalmente de redes lideradas por ONGs e/ou instituições de pesquisa. É importante ressaltar aqui as redes constituídas por grupos de interesse de qualquer tipo (étnicos, corporativos, raciais, etc.) caíram fora do estudo. De fato, foi ao decorrer da pesquisa, estudando e comparando as diferentes redes pesquisadas, que apareceu a questão da definição do termo “rede”. Os diferentes casos encontrados mostraram que a noção de rede declinase de várias formas. Mostrar a diversidade das redes na Amazônia foi um dos objetivos iniciais desta pesquisa, o que levantou um questionamento fundamental sobre a significação da “cultura de rede”. Para ter uma primeira idéia do universo estudado, concordamos para realizar a pesquisa em dois momentos: • Fazer um levantamento das principais redes, fóruns e articulações atuantes na região amazônica e recolher informações sobre cada um; e • Aprofundar o conhecimento das redes, através de entrevistas semidirigidas com responsáveis e membros de entre 10 e 15 redes identificadas na primeira fase da pesquisa. A pesquisa sistemática (janeiro – março 2004) teve como objetivo geral dar um retrato abrangente do universo das redes na Amazônia. Em um primeiro momento, tratou-se de identificar as principais redes atuando na região Amazônica ou tratando de assuntos a ela relacionados, usando os seguintes recursos: internet, literatura sobre o tema, listas existentes nas diversas instituições trabalhando sobre a região Amazônica. Foram procuradas redes baseadas em todos os países da Amazônia (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela e Guianas) e também redes baseadas fora da região (principalmente na América do Norte e na Europa). Definimos uma lista e uma base de dados de contatos relativos a cada rede. Isto foi feito partindo do principio que as redes que não foram encontradas através deste processo não têm uma visibilidade suficientemente significativa para ser pesquisadas. Nós escolhemos privilegiar uma abordagem mais abrangente possível, sobretudo a respeito das temáticas de atuação. 11 A idéia foi de tomar conhecimento do maior número possível de redes, arriscando o fato de listar redes que, depois, forem excluídas do estudo, por uma razão ou outra. Em um segundo momento, elaboramos um formulário (ver anexos) para recolher as informações desejadas: foram pedidos dados sobre a história da rede, os membros (inclusive informações de contato), orçamentos, atividades, funcionamento interno, canais de financiamento, parceiros, estratégias, etc. Depois, tratou-se de coletar os formulários preenchidos e analisar os dados recolhidos. O conjunto de informações da primeira fase permitiu então elaborar a fase qualitativa do estudo. Uma primeira dificuldade surgiu neste momento sobre como escolher as redes a serem pesquisadas em profundidade. A grande diversidade das redes encontradas fez com que se tornasse praticamente impossível estabelecer um método sistemático para definir as prioridades. Vários critérios, muitos deles bem pragmáticos, entraram então nesta escolha: As redes que não preencheram o questionário foram automaticamente excluídas da segunda fase da pesquisa. Apesar do interesse que nós portamos a elas, a falta de informação disponível e, sobretudo, a ausência de resposta por sua parte, nos obrigaram a deixar de lado estas redes. Infelizmente, muitas das redes que pareceram importantes, de alcance internacional e com agendas bem definidas foram parte destas “redes mudas”. Os recursos financeiros e humanos disponíveis para a pesquisa limitaram a abrangência geográfica da pesquisa a quatro países e a uma pesquisa de campo limitada no tempo. Também, por razões de logística, foi determinante a concentração de redes nos diferentes países. Algumas cidades pareceram mais “rentáveis”, uma vez que se encontravam várias redes. Assim, foi necessário deixar de lado as redes “isoladas”. Enfim, a preocupação de tomar conta da diversidade encontrada na primeira fase do estudo, aprofundando o conhecimento de redes mais “representativas” possíveis. Isto significou a) a necessidade de escolher redes situadas geograficamente em lugares estratégicos (por exemplo, não só redes situadas na Amazônia brasileira oriental mas também na ocidental) e b) redes que tratam de assuntos diferentes. O pré-requisito temático foi levemente alterado quando se constatou que algumas redes não estavam diretamente envolvidas nesta área mas cujas atuações tinham conseqüências indiretas sobre a gestão sustentável de recursos naturais (como o MAMA, por exemplo, cujas ações de fortalecimento das mulheres procuram, entre outro, influenciar políticas públicas de acesso a terra e ao meio ambiente). Seguindo estes critérios, tentamos escolher um grupo representativo do conjunto de redes que resultou da primeira fase da pesquisa: 11 redes com abordagens, objetivos e grupos-alvos diversos, foram escolhidas para serem pesquisadas mais a fundo. Com todas elas, foram realizadas, na medida do possível, uma entrevista aprofundada com a coordenação da rede para obter informações qualitativas complementarias e três entrevistas com três responsáveis de entidades afiliadas à rede, sendo estas as mais diversificadas. 12 Tabela 1: Redes pesquisadas fase 2 Bolsa Amazônia, Belém. Membros entrevistados: Pesacre (Rio Branco), Ambiente y sociedad (Quito), Iphae (Riberalta). Fórum da Amazônia Oriental (FAOR), Belém. Membros entrevistados: STR Santarém, Fetagri (Belém), Cedeca (Belém). Brasil Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Brasília. Membros entrevistados: Pesacre (Acre), comunidade de pescadores Z20, STR Monte Alegre, Ceapac (Santarém), Saúde e alegria (Santarém). Movimento articulado de mulheres da Amazônia (MAMA), Rio Branco. Membros entrevistados: Ramh (Rio Branco), Ceftbam (Santarém), Fmap (Belém). Programa de capacitação de técnicos e agricultores da Amazônia (PCTA), Rio Branco. Membros entrevistados: Gtna (Belém), Caex (Xapuri), CTA (Rio Branco), Reca (Nova California). Red agroforestal ecuatoriana (RAFE), Quito. Membros entrevistados: ministério do meio ambiente de Equador (Quito), Maquipucuna (Quito), Cedime (Quito). Equador Perú Bolívia Red latinoamericana de Bosque (RLB), Quito. Membros entrevistados: Spda (Lima), Ciec (La Paz). Red forestal Amazônica (RFA), Quito. Membros entrevistados: Ambiente y sociedad (Quito), Pronaturaleza (Lima), Lidema (La Paz) Foro Ecológico (FE), Lima. Membro entrevistado: Coicap (Lima) Liga de defensa del medio ambiente (LIDEMA), La Paz. Membros entrevistados: Cimar (Santa Cruz), Mnkm (Santa Cruz), Fan (Santa Cruz) Red de desarrollo sostenible y medio ambiente (REDESMA), La Paz. Membros entrevistados: CI (la Paz), Fobomade (La Paz), Armonia (Santa Cruz) Foi decidido aproveitar a pesquisa de campo para entrevistar a coordenação de seis outras redes afim de sanar algumas dúvidas: Rede Norte, Rede Justiça ambiental, Oilwatch, Plataforma interinstitucional de creación de consensos socio ambientales (PICCSA), Repamar, União internacional de conservação da natureza (UICN). 13 Estabeleceu-se claro que novas informações recolhidas durante a pesquisa de campo poderiam justificar a realização de outras entrevistas. A equipe de estudos elaborou conjuntamente o roteiro de entrevista (ver anexos) de maneira a assegurar que todas as informações desejadas seriam abordadas nas entrevistas. A pesquisa de campo foi realizada no Brasil, por B. Buclet (consultor) e J. Rogge (DED), em abril de 2004, e nos demais países, por B. Buclet e G. Fontaine (consultor), em maio de 2004. O estudo apresenta em uma primeira parte os resultados da pesquisa sistemática: a partir das respostas aos questionários, tiramos algumas conclusões a respeito do universo estudado. Em uma segunda parte são apresentados os ensinos da pesquisa qualitativa, com o objetivo de ir além dos preconceitos mais comum sobre as redes. As entrevistas realizadas servem de base ao refinamento da análise sobre as redes. Enfim, a terceira parte trata da qualificação das redes e propõe algumas pistas para a elaboração de uma metodologia de avaliação. 14 PARTE I : AS REDES NA AMAZÔNIA 1. Levantamento dos dados Como ponto inicial da pesquisa, foi realizado um levantamento das redes, fóruns ou articulações que tratam das questões ligadas à gestão sustentável dos recursos naturais na Amazônia. As seguintes 66 organizações foram contatadas. Porém, verificou-se durante a pesquisa que várias delas não são exatamente redes no sentido deste estudo. Como mencionado na introdução, a idéia foi de apanhar um máximo de organizações. Tabela 2: Lista de redes contatadas na primeira fase 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Redes internacionais Amazon Alliance for Indigenous and Traditional Peoples of the Amazon Basin Amazon Watch Amazonia 21 Bosques Amazônicos (BOAM) Conflicts over Natural Resources (CNR) Solidarity Network European Tropical Forest Research Network (ETFRN) FONTAGRO Regional Fund for Agricultural Technology Guiana Shield Initiative (GSI) Indigenous Environmental Network (IEN) International Network on Forests and Communities(INFC) La Red Latino Americana y Caribeña de Ecología Social (RedLACES) Movimiento Mundial por los bosques tropicales (WRM) OILWATCH Red Latinoamericana de Defensa por una Vida Digna y un Ambiente Sano (FLORECE) The International Union of Forest Research Organizations (IUFRO) The World Conservation Union (IUCN) Redes Regionais Bolsa Amazônia Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO) Movimiento Agroecológico Latinoamericano (MAELA) Red de fondos ambientales de Latinoamérica y el Caribe (RedLAC) Red de Información Florestal para America Latine y el Caribe (RIFALC-IUFRO) Red Florestal Amazônica (RFA) Red Latinoamericana de Bosques (RLB) Red Panamericana de Manejo Ambiental de Residuos (REPAMAR) Universidade da Amazônia (UNAMAZ) 15 Localização Washington, USA San Francisco, USA Belém, PA, Brasil Iquito, Perú Rome, Itália Wageningen, Holanda Washington, USA Amsterdam, Holanda Bemidji, Minnesota,USA Victoria, BC, Canada Montevideo, Uruguay Montevideo, Uruguay Quito, Equador Santiago, Chile. Vienna, Austria Quito, Ecuador Belém - Pará – Brasil San José, Costa Rica Telca, Chile. México D.F. MEXICO Santiago, Chile Quito, Equador Quito, Equador Lima, Perú Belém, PA, Brasil Redes Nacionais 26 Foro Ecológico y Social (FES) Fórum Boliviano sobre Medio Ambiente e Desarollo 27 (FOBOMADE) 28 Liga de Defensa del Medio Ambiente (LIDEMA) 29 Red de desarrollo sostenible y medio ambiente (REDESMA) 30 ABONG Regional 31 Coalizão Rios Vivos (CRV) Fórum Matogrossense de Meioambiente e desenvolvimento (FORMAD) Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio 33 Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) 34 Fórum Carajás 35 Fórum da Amazônia Oriental (FAOR) 32 36 Fórum da Sociedade Civil nas Américas (FSCA) 37 Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) 38 Grupo de Trabalho Manejo Florestal Comunitário (GTMFC) Movimento Pelo Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu 39 (MDTX) 40 O Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia (MAMA) Programa de Capacitação de Técnicos e Agricultores da 41 Amazônia (PCTA) 42 Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA) 43 Rede Brasileira de Justiça Ambiental (JA) 44 Rede das Águas 45 Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação (PRO-UC) Rede Norte de Propriedade Intelectual, Biodiversidade e 46 Conhecimentos Tradicionais 47 Consolidación de la Región Amazónica (CRA) Corporación para el desarrollo sostenible del Norte y Oriente 48 Amazónico (CDA) Corporación para el desarrollo sostenible del sur de la Amazonia 49 Colombiana (CORPOAMAZONIA) 50 Red de desarrollo sostenible (RDS) 51 Red Ecorregional para América Latina Tropical (REDECO) 52 Red Juvenil Ambiental Nacional de Colombia (JUAN) Comité Ecuatoriano para la Defensa de la Naturaleza y el Medio 53 Ambiente (CEDENMA) 54 Grupo Nacional de Trabajo sobre la biodiversidad (GNTB) Plataforma Interinstitucional de Creación de Consensos Socio 55 Ambientales (PICCSA) 56 Red Agroforestal Ecuatoriana (RAFE) 57 Enredadera amazónica 58 Focal Bosques 59 Foro Ecológico (FE) 60 Red de Acción en Alternativas al uso de Agroquímicos (RAAA) 61 Red Género y Ambiente en Latinoamérica y el Caribe (GALAC) 16 Bolívia La Paz, Bolívia La Paz, Bolívia La Paz - Bolivia Belém – PA, Brasil Campo Grande MS Brasil Cuiabá – MT, Brasil São Paulo, Brasil São Luís, Brasil Belém – PA, Brasil Rio de janeiro, RJ, Brasil Brasília-DF Brasil Brasília, DF, Brasil Altamira, Brasil Rio Branco, AC, Brasil Rio Branco, AC, Brasil São Paulo, Brasil Rio de Janeiro, RJ Brasil São Paulo, Brasil Curitiba/PR - Brasil Belém, PA, Brasil Colombia Bogotá, Colombia Putumayo, Colombia Bogotá, Colombia Cali, Colombia Bogotá, Colombia Quito, Equador Quito, Equador Quito, Equador Quito, Equador Lima, Perú Lima, Perú Lima, Perú Lima, Perú Lima, Perú 62 63 64 65 66 Red Latinoamericana de Investigaciones en Agricultura Urbana – AGUILA Red Latinoamericana de Organizaciones de Cuencas Sociedad Nacional del Ambiente (SNA) Red Ara Red Venezolana de Organizaciones para el Desarrollo Social (REDSOC) Lima, Perú Perú Lima, Perú Caracas, Venezuela Caracas, Venezuela Com o objetivo de coletar dados básicos sobre cada rede, todas elas foram solicitadas para preencher um formulário. Foram pedidas as seguintes informações: Informações gerais: endereço, pessoa de contato, número de membros, natureza institucional dos membros, posse de uma sede própria, numero de pessoas trabalhando; Informações sobre o histórico da rede: razões principais da criação, membros fundadores, data efetiva de nascimento e principais conquistas até hoje; Informações sobre a atuação: principais temas de atuação, produtos e serviços oferecidos para os membros, principais dificuldades encontradas; Informações sobre o funcionamento: processo de tomada de decisão, meios de comunicação usados, parcerias com órgãos públicos e/ou com organizações privadas, abrangência geográfica, principais fontes de financiamento, orçamento anual, nomes dos dois principais financiadores. Algumas perguntas complementares para concluir: temas que merecem e que receberão mais atenção no futuro; uma pergunta sobre as outras redes que tem um papel importante na Amazônia; uma outra sobre as parcerias com outros atores em outros países da Amazônia; uma questão aberta sobre a importância da cooperação panamazônica; mais um espaço para sugestões e comentários. Alguns comentários sobre o grau de preenchimento do questionário: Foram conseguidos 42 questionários preenchidos (63%). Considerando que, no dia do primeiro deadline, somente sete formulários haviam sido preenchidos, este número é satisfatório. O grau de preenchimento foi variável: algumas responderam depois da primeira solicitação, outras precisaram de mais tempo e alguns questionários estavam incompletos. Apesar deste número ser satisfatório, foi frustrante não conseguir mais questionários preenchidos. Podemos avançar algumas hipóteses a respeito das redes que não chegaram a preencher o questionário: as redes não existem mais; não estão suficientemente organizadas para que uma pessoa se responsabilize para preencher o formulário; ou não têm interesse em participar da iniciativa. 17 Tabela 3: Grau de preenchimento do questionário Redes Numero Respostas Internacionais Regionais3 Bolívia4 Brasil Colômbia Equador Perú Venezuela TOTAL 17 9 4 17 6 4 8 2 67 5 7 3 16 2 2 6 1 42 Sem resposta 12 2 1 1 4 2 2 1 25 % de respostas 29,4 % 77,7 % 75 % 94,1 % 33,3 % 50 % 75 % 50 % 62,6 % Algumas redes expressaram resistências em preencher o formulário. Quiseram saber mais detalhes sobre o objetivo da pesquisa e sobre o que seria feito com os dados fornecidos. Foram poucas as redes que enviaram a lista dos membros com o formulário preenchido. Depois de pedir, algumas mandaram a lista, mas muitas não o fizeram (justificando falta de disponibilidade, ou, simplesmente, interdição do conselho diretor). Em termos práticos, é importante ressaltar, para a próxima iniciativa deste tipo, que teria sido válido explicar de maneira bem clara como preencher o formulário do MS Word. Para alguns, não foi fácil seguir as “regras” do software. As respostas obtidas foram distintas segundo os países. Destacaram-se o Brasil, a Bolívia e o Perú na forte proporção de redes que preencheram o questionário. Isto pode ser devido à existência de uma sociedade civil especialmente dinâmica. Também, os resultados mostraram poucas respostas por parte das redes internacionais que, no entanto, pareceram ser atores importantes na cooperação amazônica. 2. Resultados Aqui são apresentados os resultados sintéticos da primeira fase do estudo, tal como aparecem nos questionários preenchidos. 2.1. Número de membros Algumas redes têm poucos membros, outras têm muitos. Nossa pesquisa mostrou que o número de membros varia entre 5 e 3500. Esta diversidade explica-se pelo fato de que algumas redes são constituídas por membros individuais enquanto outras por organizações ou instituições. Conseqüentemente, todas as redes que declaram mais de 600 membros contam indivíduos nos seus membros. O número médio é de 62 membros. 3 4 Redes que agregam membros em mais de um país da Amazônia. Redes que agregam membros só no seu país – igual para os outros. 18 Gráfico 1: Repartição das redes por número de membros 11% 32% 13% de 0 a 49 50% das redes têm menos de 100 membros de 50 a 99 de 100 a 299 de 300 a 600 26% 18% mais de 600 2.2. Natureza institucional dos membros As ONGs aparecem com maior freqüência enquanto forma institucional nas redes pesquisadas. Seguem: os indivíduos, as associações representativas, as organizações governamentais, os sindicatos, as empresas e as organizações profissionais. Além disso, apareceu dois tipos de instituições, que não contavam na lista proposta no questionário: as universidades (e/ou escolas) e os movimentos sociais organizados. A grande maioria das redes tem membros de natureza institucional variada. Quatro casos de redes homogêneas foram encontrados: três redes formadas apenas por universidades e um caso apenas por ONGs. Gráfico 2: Natureza institucional dos membros 120 100 não 60 sim 40 20 pr o As s Si nd ic at os Em pr es as go ve rn pr . O rg re As s In di v. N G s 0 O % 80 19 88% das redes pesquisadas contam ONGs nos seus membros 2.3. Estrutura 62% das redes não têm sede própria. Elas ocupam geralmente um espaço dentro de uma das organizações que criaram a rede. De maneira geral, as redes funcionam com pouca gente: 5 funcionam somente com pessoas ocasionalmente dedicadas; Nestas 5, 2 funcionam com uma pessoa só, não integralmente dedicada à rede. É importante ressaltar a importância da participação ocasional. Isto demonstra que várias redes funcionam graças ao trabalho, freqüentemente voluntário, de pessoas que têm, por outro lado, um emprego não diretamente relacionado à rede. Gráfico 3: Pessoal ocupado total (com dedicação pelo menos ocasional) mais de 20 13% de 1 a 3 21% de 10 a 20 18% de 7 a 9 16% de 4 a 6 32% Mais de 50% das redes funcionam com menos de 6 pessoas 2.4. Quando nasceram as redes? Estes resultados mostram a juventude das redes. Observamos um pique no início dos anos 1990, provavelmente devido a uma dinâmica ligada a CNUCED, em 1992. Também, aparece um forte crescimento do número de criação de redes no final da década de 1990 e no início dos anos 2000. A segunda parte da pesquisa trará elementos de informações sobre este ponto. 20 Gráfico 4: Data de nascimento das redes Cerca de 40% das redes têm menos de 5 anos de existência 6 5 4 3 2 1 an o 19 8 19 5 86 19 87 19 88 19 89 19 90 19 91 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 0 2.5. Por que as redes foram criadas? A primeira razão para explicar a decisão de criar uma rede é a vontade de intercambiar informações e conhecimentos com outros. A procura por ganho de peso político chega em segunda posição, seguida pelo desejo de oferecer serviços específicos a certas categorias de atores sociais. É notável que as redes não se criam para conseguir economias de escalas, o que pode explicar as suas dificuldades financeiras (ver ponto 2.9.): enquanto as redes se criam por razões não econômicas, os custos ligados ao trabalho em rede aparecem rapidamente. Gráfico 5: Razões atrás à formação de redes 120 100 19 % 80 50 64 60 sim 100 81 40 20 50 36 0 Peso político Intercambio 0 Reduzir custos não Prestação serviço A racionalidade econômica não entra na decisão de criar as redes As outras razões que foram evocadas nos questionários estão ligadas a eventos específicos (continuação de encontros, luta contra mega-projetos) e apontam sobre a vontade de criar uma estrutura adaptada para capacitar, assessorar, promover, 21 fortalecer, sensibilizar, informar, reunir, articular e discutir sobre diferentes temas ligados ao meio ambiente na região amazônica. 2.6. Quais foram as suas conquistas até hoje? Globalmente, as conquistas das redes estão relacionadas com seus objetivos em suas áreas de atuação específica. Isso explica a grande variedade das respostas a esta pergunta. Notam-se quatro tipos de conquistas: 1. Melhoria na organização dos atores da sociedade civil na Amazônia: articulação com outras redes, fortalecimento do terceiro setor em Fóruns temáticos, capacitação, participação de eventos importantes, aumento da participação de certas categorias de população nos espaços de discussão nacional e internacional; 2. Progressos na difusão de informação e comunicação entre atores: intercâmbio de informações e possibilidades de trabalho conjunto, maior visibilidade a debates temáticos, realização de seminários e colóquios, criação de oficinas, promoção dos intercâmbios de informações, publicação, divulgação da informação, realização de videoconferências; 3. Sucessos na influência de políticas públicas: mudanças de Lei, posicionamento como ator de primeiro plano em algumas discussões temáticas, impedir alguns projetos destrutivos, propor políticas alternativas, controlar e fiscalizar a atuação pública, tornar-se uma referência a nível internacional sobre tal assunto, participação em várias mobilizações e campanhas, participação em projetos nacionais e incidência sobre políticas setoriais; 4. Fortalecimento da própria estrutura das redes: ampliação do número de entidades afiliadas, manutenção do escritório, difusão da cultura organizacional em padrão de rede, contratação de pessoal fixo, criação de um website, manter sua identidade de rede, avanços nas capacidades técnicas da rede, consolidarse como espaço privilegiado para discussões sobre políticas públicas ou, simplesmente, ter conseguido criar a rede e mantê-la viva. 2.7. Atuação das redes A maioria das redes tem vários temas de atuação. São poucas as que têm realmente uma única área de atuação. O tema da biodiversidade e de conhecimentos tradicionais são os mais compartilhados entre as redes pesquisadas. 22 Gráfico 6: Temas de atuação das redes 120 100 % 80 não sim 60 40 20 M a D nej ire o ito Flo s re hu s Ex m tal an pl .d os e re D c. ef es m in a er do ai co s ns um id or Bi od iv er si da de e C on he c. .. 0 Os 5 temas mais freqüentes: - Biodiversidade e conhecimentos tradicionais - Povos indígenas - Água - Gênero - Manejo florestal Apesar do número relativamente elevado de possibilidades propostas no questionário para responder a esta pergunta, muitas outras repostas foram acrescentadas. Percebemos que os temas citados têm um variado grau de precisão: enquanto temas como “biodiversidade” são muito amplos, “gestão de UC” é mais concreto. Para avaliar mais em profundidade as áreas de atuação das redes, seria necessário especificar os que está atrás de conceitos amplamente divulgados como “biodiversidade” ou “povos indígenas”. De modo geral, as redes atuam em todas as áreas imaginável relativas a região amazônica. Os outros temas de atuação que saíram dos questionários estão listados na tabela seguinte: Tabela 4: Outros temas relevantes, citados nas respostas Controle social de políticas públicas Reforma urbana Economia solidária Políticas públicas para a juventude Agricultura Geomática Gestão da propriedade intelectual Comércio Soberania alimentar Educação e Saúde Energia Saneamento Capacitação de jovens Relações econômicas entre países do Mercosul Matriz Energética Clima Comércio e Meio Ambiente Desenvolvimento Institucional Controle e participação social Agricultura urbana Conflitos ambientais Políticas Florestais Regionais Educação ambiental Informação Florestal Investigação Florestal Conflitos petrolíferos na Amazônia Agricultura sustentável Agricultura orgânica Problema dos agroquímicos 2.8. Produtos das redes A maioria dos produtos fornecidos pelas redes está diretamente relacionada à divulgação de informação e a comunicação entre os membros. Os produtos ligados à atuação política vêm em segundo lugar. 23 Gráfico 7: Produtos fornecidos pelas redes % 120 100 80 60 40 20 0 o Pr r ve ou f il ac ita r não sim by ... os .. a. br lob mo o m d e e e m o d as de os al h anh os d a b p n ar Tra fu am .p a c c so pa de es g. Ca c r A O m or i nf ... 80% das redes facilitam a difusão de informação, organizam eventos e produzem publicações 2.9. As dificuldades Sem grandes surpresas, as dificuldades financeiras constituem a maior parte das respostas. Podemos notar que as três dificuldades que seguem são ligadas à organização interna das redes e às relações com os membros e entre eles: participação dos membros, tomada de decisão e comunicação com os membros. As outras dificuldades mais relevantes são: • Técnicas ou logísticas: acesso à banda larga e falta de acesso a interlocutores de determinadas regiões; distância geográfica entre os membros; falta de vontade por parte dos membros de usar a internet; • Ligadas à falta de cultura de rede: dificuldade de conceber a rede como estrutura e não como infraestrutura, falta de dedicação dos membros e tendência a considerar a rede como financiadora de projetos. A respeito deste assunto, a pesquisa qualitativa será de grande utilidade para esclarecer quais são as dificuldades concretas encontradas e, sobretudo, o que pode ser feito para supera-las. 24 Gráfico 7: Principais dificuldades das redes % 120 100 80 60 40 20 0 não sim s s o s iço ro ros ros ça çã õe an na erv mb mb mb cis e n s e e e e i d d F m m st or sm de pr os os Co do m za da od s e o a ã o r m iv aç oc cla To jet çã cip de ob rt i ica a a s t n l P no Fa mu ia Co nc ê erg Div 2.10. Mais de 90% das redes têm dificuldades financeiras Como funcionam as redes? As decisões internas são tomadas geralmente durante reuniões, cuja periodicidade varia entre 12 vezes ao ano e uma vez cada 3 anos. Em alguns casos, existem encontros setoriais entre as reuniões gerais. A delegação das responsabilidades para um núcleo diretor eleito é freqüente. Também vemos que a votação é pouco usada, provavelmente por causa das dificuldades de comunicação ligadas ao trabalho em rede. As redes onde não existem processos específicos de tomada de decisão são geralmente jovens. Gráfico 8: Processos de tomada de decisão das redes 120 Em 20% das redes, não existem processos específicos de tomada de decisão 100 % 80 60 40 não 20 sim 0 Reunião dos membros Eleições de um núcleo diretor Votações 25 Não existem processos específicos A comunicação é fundamental no funcionamento das redes. Muitas redes usam quase todos os meios de comunicação propostos no questionário. Porém, o principal usado é o correio eletrônico. As reuniões estão em segundo lugar, o que mostra a importância da comunicação interna “de pessoas a pessoas” no funcionamento das redes. Gráfico 9: Meios de comunicação usados % 120 100 80 60 40 20 0 não sim e al so fon s e l e p Te to nta o C x Fa io rre Co l sta po 93% das redes usam o correio eletrônico 45% usam o correio postal Os outros meios de comunicação que apareceram nas repostas são: website, fóruns eletrônicos, radio regional, boletim informativo, videoconferências. 2.11. Os parceiros das redes Trata-se aqui dos parceiros das redes enquanto organizações: não questionamos o fato dos membros das redes serem considerados como parceiros. A idéia era identificar quais são os outros atores sociais que têm ligações (de qualquer natureza) com as redes. Observa-se um equilíbrio relativo entre parceiros públicos e privados. Gráfico 10: Parcerias 60 50 55 50 50 45 40 sim não % 30 20 10 0 com órgãos públicos ? com instituições privadas ? 26 Os parceiros públicos são: • Ministérios ou departamentos de ministérios; • Instituições públicas especializadas; • Universidades; • Agências estrangeiras de cooperação; • Governos estaduais (no Brasil); • Programas nacionais e internacionais (como o PPG7); Os parceiros privados são: • ONGs nacionais e internacionais; • Universidades privadas; • Organizações setoriais profissionais (exemplo: federação das indústrias); • Fundações; • Igrejas; • Empresas (são poucas); • Associações representativas. Vale a pena ressaltar que algumas redes declaram ter parcerias indiretas com organizações privadas, através de seus membros. Também aparecem redes que pretendem não ter nenhuma parceria, nem com organizações públicas, nem com organizações privadas. Isto ilustra a ambigüidade do termo “parceria”: alguns consideram os financiadores como parceiros, outros não. 2.12. Abrangência As respostas das redes mostram que a maioria delas atuam em mais de um país da Amazônia. No entanto, algumas atuam também em uma região específica. Gráfico 11: Abrangência de atuação Região específica de um país da Amazônia 16% Atuação global 10% América Latina 24% Um país da Amazônia 26% Dois ou mais países da Amazônia 14% 66% das redes atuam exclusivamente na região Amazônica Bacia amazônica 10% Estes resultados devem ser relativizados, posto que algumas redes deram mais de uma resposta (por exemplo, um país da Amazônia e atuação global). A importância da Amazônia para o planeta pode explicar isto. 27 2.13. Os financiamentos Fora das contribuições diretas dos membros, os financiamentos internacionais, especialmente os que vêm de ONGs, são os mais importantes. Vale a pena ressaltar a ausência de financiamentos provenientes de empresas, sejam eles nacionais ou internacionais. Gráfico 12: Financiamentos 120 100 % 80 não 60 sim 40 20 O E N Em m p G pr res nac es a io n n a in ac al te io rn na ac l io na l O N G in te rn ac io na l 0 As outras fontes de financiamento são organizações multilaterais e projetos internacionais específicos, como, por exemplo, o PPG7 ou agências como o Banco mundial ou a União européia. Os orçamentos das redes variam entre menos de 5000 US$ por ano e mais de 1 milhão de dólares no mesmo período. Segundo estes dados, o orçamento médio seria entre 200.000 e 300.000 US$ por ano. 28 Gráfico 13: Orçamento (em US$) 500000 a 1000000 2% Mais de 1000000 2% Sem resposta 12% Dados não são disponíveis 25% 100000 a 500000 19% 37% das rede não respondem ou não têm dados disponíveis sobre o seu orçamento Menos de 5000 2% 50000 a 100000 14% 2.14. 20000 a 50000 12% 5000 a 20000 12% Complementos Segundo as respostas, os temas principais que merecem e que receberão atenção no futuro são5: • Apropriação sustentável da biodiversidade • Controle do desmatamento / manejo florestal • Desenvolvimento econômico, social e cultural dos povos amazônicos • Controle social das políticas públicas / legislação ambiental • Recursos hídricos / água • Questão fundiária • Agricultura familiar • Agroecologia • Potencial energético • Capacitação e Educação Ambiental • Conhecimentos tradicionais • Petróleo As redes consideradas como tendo um papel importante na Amazônia são, por ordem de número de ocorrência6: GTA (11), FAOR (8), Bolsa Amazônia (5), Fórum Carajás (5) OTCA (3), CNS (3), CIFOR (2), RFA (2), COIAB (2), FORMAD (2). Vale a pena ressaltar que apenas 3 redes andinas responderam com redes brasileiras (2 Bolsa Amazônia e 1 GTA), enquanto nenhuma rede brasileira respondeu com redes andinas. Globalmente, a importância de estabelecer parcerias com organizações de outros países da Amazônia está muito clara. A maioria das respostas revela um grande interesse em trocar experiências e informações, conhecer a realidade das políticas em 5 Esta pergunta era aberta. Estes temas são os que apareceram mais de uma vez, classificados segundo o número de ocorrências. 6 Encotram-se aqui todas organizaç~eos que apareceram pelo menos 2 vezes. Nota-se que algumas organizações citadas aqui não são redes no sentido do estudo. Mesmo assim, foram citadas como redes importantes. 29 implementação nos outros países, unir forças para lutar contra os mesmos inimigos, afim de desenvolver estratégias comuns para lidar com problemas comuns. A segunda parte deste estudo mostra as razões evocadas para explicar porque estas parcerias raramente se concretizam. *** Estes resultados permitem entender melhor o universo das redes na Amazônia. Apesar da grande diversidade das estruturas encontradas, conseguimos esboçar o perfil desta nova forma de ativismo político. Falta agora aprofundar o estudo e qualificar as redes para trazer respostas às numerosas perguntas que nasceram desta primeira fase do estudo Nós sabemos um pouco mais sobre as razões da criação das redes. Mas, qual foi o processo de criação? Que tipos de instituições e pessoas foram envolvidos? A respeito da atuação das redes, em que área elas tentam influir? Conseguiram ter influência sobre leis? Sobre práticas? Qual é o grau de representatividade das redes? Que tipo de organizações elas podem mobilizar? As redes têm alianças e parcerias? sobre quais temas? Elas participam de fóruns ou outros projetos? São consultadas por outras instituições ou organizações? De que forma se dá a participação dos membros? Como eles contribuem (palestras, capacitação..)? Existem membros com dificuldades de comunicação? Existe um membro, ou um núcleo duro de organizações que se destaca? Qual é o papel da rede na geração, na difusão e na implementação de novos conhecimentos? Que práticas concretas podem sair das atividades das redes? Como estes conhecimentos são repassados para os membros? Por outro lado, muitas redes mostraram, nas respostas ao questionário, um grande interesse em trabalhar com outros países da Amazônia. No entanto, quais são as outras redes conhecidas por elas em outros países? Quais outros projetos interessantes ? Quais são as expectativas de uma maior cooperação a nível amazônico? Se as redes têm interesse em cooperar a nível panamazônico, quais são os obstáculos? Que papel pode ter a cooperação internacional? Finalmente, por que trabalhar em rede? Quais as vantagens de trabalhar em rede? Será que existe realmente uma cultura de rede? A segunda parte deste estudo, baseada em entrevistas aprofundadas com coordenações e membros de redes, tentará trazer uma resposta a estas perguntas. 30 PARTE II AS REDES AMAZÔNICAS: ARTICULAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO OU NOVO PRODUTO DO MERCADO DO DESENVOLVIMENTO? A literatura e os comentários relativos às redes são freqüentemente produzidos pelos próprios atores envolvidos na construção das redes. Idéias e reflexões se multiplicam para justificar a criação de redes e tentar fortalecer e perenizá-las. As redes são geralmente consideradas no âmbito do fortalecimento da “sociedade civil” e do “terceiro setor” frente ao mercado e o Estado. Sem entrar na crítica dos comentários feitos sobre redes, temos que apontar no alto grau ideológico destas discussões. O resultado disto é uma generalização de preconceitos a respeito das redes. Consideradas como a forma moderna de atuação política dos desfavorecidos, isto é adaptada à nossa era de globalização, as redes seriam o resultado de uma tomada de consciência coletiva, espontânea, frente às dificuldades compartilhadas pelos dominados (ou pela natureza, incapaz de defender-se sozinha). Funcionando de maneira horizontal (não piramidal), sem dono e com objetivos necessariamente positivos, as redes constituiriam a última forma da democracia participativa, reação natural da sociedade frente à violência dos nossos tempos. O objetivo deste estudo é também o de objetivar as características das redes e ir além dos preconceitos comuns ligados a elas. Com a preocupação constante de guardar uma neutralidade em relação ao assunto, foram realizadas mais de 50 entrevistas com responsáveis e membros de redes. Esta segunda parte procura mostrar, de maneira simples, a complexidade do universo estudado e tem como objetivo identificar as características essenciais das redes. A partir das informações recolhidas sobre o histórico, a atuação, e a organização interna das redes, identificamos os critérios essenciais para caracterizá-las e, em seguida, propomos uma classificação. 1. Gênese das redes, suas atividades e dificuldades A idéia de que as redes resultam de uma vontade compartilhada, de um processo espontâneo ligado a um momento histórico, está amplamente divulgada. Freqüentemente, percebe-se que organizações internacionais e financiadoras jogaram um papel importante de catalisadores para viabilizar a criação das redes. As histórias das redes estudadas para esta pesquisa mostram várias agências e organizações que participaram da criação de redes: ONU, FAO, OEA, G7, USAID, UICN, PPM, GTZ, Peace Corps, PNUD, IRD, Banco Mundial, WWF. Em alguns casos, doadores induziram a formação de uma rede, financiando a montagem da estrutura organizacional 31 (considerada neste caso como um verdadeiro projeto), sem que exista nenhuma dinâmica espontânea ou coletiva. Percebemos que é freqüente a participação de universidades ou centros de pesquisa na criação das redes. Mostrou-se na pesquisa o papel fundamental exercido pelas seguintes instituições: UFPA, Museu Goeldi, UFRJ, UFF, Museo N.K. Mercado, universidade Mayor de San Andrés universidade de Montreal, universidade de Flórida. Vale a pena ressaltar que instituições públicas (fora das universidades), como ministérios ou instituições especializadas, também podem estar na origem da criação de uma rede. Todavia, este caso é muito raro. Por outro lado, é comum a idéia de que a criação das redes é o resultado de um processo coletivo. A pesquisa mostrou que isto é relativo: a maioria das redes nasceu de um desejo de algumas pessoas ou organizações (quando não só uma): nota-se o papel fundamental de uma pessoa ou de um grupo de pessoa, ligado a grandes ONGs ou instituições. Por exemplo, uma rede que pretende agrupar hoje mais de 500 entidades amazônicas nasceu de um conjunto de 6 ONGs; uma outra rede declarou ter como membros fundadores, principais financiadores e diretores as duas mesmas pessoas. Nota-se, igualmente, a importância do papel da mídia na criação das redes. Quando a mídia divulga informações sobre um assunto específico, a mobilização encontra-se estimulada. Por exemplo, uma rede nasceu do respaldo na mídia de um sucesso em uma luta específica. Neste caso, a mídiatização revelou a importância da ação realizada e estimulou a vontade de aproveitar a dinâmica criada nesta ocasião para continuar com outras atividades. Freqüentemente, um evento (encontro, conferência, workshop...) foi na origem da criação da rede. Podemos citar, a conferência mundial do meio ambiente Rio 92; conferência de Beijing; pode ser na ocasião de uma nova lei (florestal), ou frente a um perigo crescente (petróleo); ao redor de um projeto específico. Por exemplo, uma rede foi criada logo depois de um encontro organizado em 2001 sobre “Justiça ambiental, cidadania e trabalho” com o apoio de grandes ONGs e universidades brasileiras assim que organizações e universidades norte-americanas. Nestes eventos, apareceram oportunidades ou “A união entre as instituições faz necessidades que, para serem satisfeitas, que tem uma probabilidade maior necessitaram a criação da rede. Estas são de conseguir recursos para diversas, mas, geralmente, se referem a: realização de cursos, de eventos” − Intercambiar informações e dialogar sobre assuntos específicos; − Promover idéias, ideais, temas (desenvolvimento sustentável, questão fundiária...); − Possibilitar ações ligadas a uma temática (através de uma maior capacidade de captação de recursos); − Ganhar peso político nos debate sobre tal questão. 32 1.1. Atividades As necessidades que nasceram durante os momentos fundadores das redes refletem logicamente as suas atividades. A partir das respostas dos entrevistados, podemos refinar o conhecimento sobre as atividades das redes. Estas últimas podem ser classificadas em quatro categorias: as atividades ligadas à incidência política; as atividades ligadas à difusão e intercâmbio de informação; as atividades ligadas ao fortalecimento dos membros e à oferta de serviços e as atividades ligadas ao desenvolvimento de competências específicas. Tabela 5: Atividades Atividades ligadas à incidência política: Participação a conselhos e fóruns públicos Elaboração de documentos de posicionamento público Representação em fóruns internacionais Participação na elaboração de leis Atividade de assessoria dos ministérios Ações jurídicas contra leis Organização de campanhas de sensibilização Formulação de agendas de propostas Formulação de projetos de lei Promoção de temáticas específicas (manejo florestal sustentável) Fortalecer grupos representativos de interesses específicos Ampliar debates sobre temáticas específicas Formulação de programas governamentais Consultoria para governos Visibilidade de lutas sociais “Em rede, o peso é maior” Atividades ligadas à difusão e intercâmbio de informação: Publicação Difusão de boletins Fóruns eletrônicos Bibliotecas Criação de espaços de discussão Organização de seminários, colóquios ou workshops CD-Rom Radio comunitária Website Sistematização de experiências (raro) Organização de grupos de trabalho Constituição de banco de dados sobre temáticas específicas Produção de material didático “As redes são espaços para compartilhar, gerar, promover idéias” Fortalecimento dos membros e oferta de serviços7: Capacitação dos membros Ajuda à captação de recursos 7 sendo que a capacitação para os membros, com o tempo e a experiência, pode se tornar uma atividade de prestação de serviço para outros 33 Formação especializada Design de formação acadêmica Capacitação de categorias de população desfavorecidas Oferta de bolsas de pesquisa Apoio a pequenas empresas Apoio à organização dos movimentos populares Desenvolvimento de competências específicas: Definição de indicadores da sustentabilidade do manejo florestal Venta de serviço de capacitação em agroflorestaria Pesquisa Realização de projetos de desenvolvimento Criação de negócios sustentáveis Parece então que as redes conseguiram preencher as necessidades que estavam na origem da sua criação. É verdade que, de modo geral, as redes ficam fiéis às suas origens e não mudam de tema de atuação nem de objetivo geral. A juventude do fenômeno e uma certa rigidez, provavelmente devida ao “controle coletivo” podem explicar isso. Porém, isso não quer dizer que as atividades planejadas durante os atos fundadores são sempre concretizadas com sucesso. Não basta sentir coletivamente necessidades para concretizá-las. As dificuldades são numerosas. 1.2. Dificuldades A dificuldades não provêm tanto da realização das atividades propriamente ditas mas de sua realização em rede. Ou seja, a dificuldade está em respeitar a diversidade dos participantes e a própria idéia de rede. Fora às dificuldades financeiras, que, como nós vimos na fase 1 do estudo, são compartilhadas pela grande maioria das redes, as outras dificuldades encontradas são relativas ao funcionamento interno das redes. Trata-se de: - Falta de participação dos membros; “Como conseguir garantir - Dificuldade de comunicação; alguma estrutura melhor - Dificuldade para sistematizar as informações; para responder às - Dificuldade de encontrar o parceiro-chave dentro demandas sem perder o dos membros; Conflitos entre os membros; caráter de rede?” - Idéias falsas a respeito da razão de ser da rede; - Centralização do poder; - Conciliar cultura de rede e institucionalização. “Por causa de problemas “Temos problemas de manejo de de orçamento, é difícil TIC por falta de prática da parte organizar muitas reuniões” dos membros. É um obstáculo ao funcionamento da rede” A questão da comunicação fica complicada. Mesmo com experiência, recursos e investimentos importantes, dificuldades de comunicação existem: uma rede que existe há mais de 10 anos reconhece: “O nosso calcanhar-de-aquiles ainda é a comunicação” 34 Uma única dificuldade vinda do exterior foi colocada pelos entrevistados: o pouco reconhecimento por parte dos governos. Isso levanta uma pergunta interessante sobre as relações das redes com os outros atores sociais: as redes, que trabalham sobre assuntos altamente políticos e freqüentemente ligados a setores econômicos de primeiro plano, não têm inimigos? Ninguém tenta calá-las ou impedir suas atuações? De um lado, esta reflexão evoca o poder das redes em comparação à ação individual. É difícil matar uma estrutura composta por um conjunto de organização. Parece então confirmada a idéia de que a atuação em rede permite as ONGs resgatarem o seu lado político sem colocar em perigo o seu lado técnico. Em outros termos, cada membro da rede está protegido pela própria rede das críticas de eventuais financiadores ou parceiros públicos. Em nome do coletivo podem ser tomadas posições dificilmente aceitáveis em nome individual. Uma outra interpretação deste fato, mais pessimista, é de ver da ausência de inimigos uma prova da fraqueza das redes para influenciar decisões importantes: ninguém tenta dificultar o trabalho das redes uma vez que elas não têm poder em alto nível político. As redes representariam neste sentido um espaço privilegiado para satisfazer o ativismo político, permitindo a eles um ambiente de existência mais ou menos confortável e, sobretudo, controlado, amenizando assim as veleidades radicais de revolucionários potenciais. De qualquer maneira, mostramos que as dificuldades das redes vêm justamente da sua organização interna. Parece então essencial entender como funcionam as redes, como elas são construídas. 2. As redes, estruturas construídas O trabalho em rede procura, idealmente, instaurar uma comunicação interna horizontal entre os nós da rede e manter a espontaneidade do agrupamento de membros com os mesmos objetivos. No entanto, as redes são organizações. Elas têm regras de funcionamento que, mesmo sendo freqüentemente implícitas, gerenciam o seu funcionamento interno. Trata-se agora de entender a construção das redes enquanto organizações. 2.1. As redes precisam de um mínimo de infra-estrutura e financiamento Como foi visto na pesquisa sistemática, o volume de financiamento é muito variável. De modo geral, o financiamento é problemático e representa a dificuldade mais comum entre as redes. Como para as ONGs em geral, mais ou menos 70% dos financiamentos vêm de organizações ou agências estrangeiras. 35 “As instituições na Amazônia são de uma fragilidade... elas vivem na beira da corda. Portanto, durante 80-90% do seu tempo, elas têm que sobreviver” Na maioria dos casos, os financiadores principais são agências de cooperação (bi- ou multilaterais), como a União européia, o Banco mundial, USAID, GTZ, JICA, DFID e/ou grandes ONGs ou fundações norte-americanas ou européias como TNC, HIVOS, CESE ou PPM. Os financiamentos nacionais, provenientes de ministérios ou instituições públicas especializadas, são mais raros e, geralmente, de menor volume. Existem dois modos principais de financiamento: - Diretos para rede, quando ela tem uma estrutura jurídica; - Indiretos, através dos recursos dos membros fundadores, ou membros principais. Em alguns casos, os membros têm que participar financeiramente (a adesão é paga), mas esta participação é mais simbólica do que outra coisa. Reflexo dos financiamentos, as infra-estruturas das redes são muito variáveis. Segundo os casos as redes funcionam com uma pessoa que trabalha a meio-tempo na casa dele até um staff de 20 pessoas e uma sede própria. Todavia, pertencer uma sede própria é um caso raro. Quando tem, é um espaço alugado ou cedido por uma instituição pública. Na maioria dos casos, são hospedadas por uma ONG, geralmente a ONG que teve um papel-chave na criação da rede, ou aquela que tem um papel-chave no seu funcionamento. 2.2. As redes precisam de um mínimo de formalização O grau de formalização das redes depende dos casos, mas todas têm um organograma mais ou menos definido. Ao contrário das idéias comuns sobre as redes, todas têm uma coordenação e várias têm uma estrutura piramidal. Isto não significa que a circulação da informação seja também piramidal ou centralizada, mas é relevante o fato de que todas têm um órgão reconhecido como o “motor” da rede, que orienta suas atividades e seu funcionamento interno. Sempre existe um núcleo-duro de membros que compõe a coordenação. Os organogramas das redes são variados. De modo geral, são parecidos aos das ONGs, só que existem mais níveis hierárquicos. Encontram-se, na maioria dos casos, um órgão de controle das grandes linhas de atuação da rede (pode ser chamado de conselho diretor), uma coordenação executiva, que agiliza os projetos e a animação da rede e coordenações regionais (às vezes chamados de pontos focais) nas regiões ou países. Seguem 3 exemplos de organogramas. 36 Exemplo 1 de organograma Coordenação executiva 5 membros 1 ou 2 reuniões/mês + Coordenação ampliada = membros da coord. exec + 20 outras entidades 1 ou 2 reuniões/ano = Coordenação política Cada 3 anos, um evento com todos os membros + a sociedade civil em geral GT temático GT temático GT temático GT temático GT temático Exemplo 2 de organograma Assembléia geral Reunião 2 vezes/ano elege o : Diretório 5 pessoas (3 membros institucionais + 2 ad honorem), que nomeam um diretor executivo O diretório administra projetos e fundos, com pessoas regulares e consultores Projetos e programas Projetos e programas Projetos e programas 37 Projetos e programas Exemplo 3 de organograma Coordenação executiva eleita em assembléia geral com uma diretória, que se reúne cada 3 meses e um conselho deliberativo formado pelos conselhos regionais, que se reúne cada 6 meses Regional Regional Regional Com uma coordenação, eleita cada 3 anos, composta de 3 até 7 entidades Regional Regional elege : 1 conselheiro e 1 secretária executiva A questão da formalização jurídica é crucial. Muitas redes escolhem não ter personalidade jurídica e “A gente não quer formar consideram esta opção como fundamental para guardar mais uma entidade; já tem a identidade de rede. Isto pode dificultar a captação de ONGs demais” recursos, mais é considerado crucial para evitar uma forma de apropriação da rede por alguns membros ou pelos diretores da própria pessoa jurídica. A formalização das redes questiona também a sua representação. Quem fala em nome da rede? Esta questão tem respostas variadas mas, na maioria dos casos, são pessoas ou organizações que fazem parte do núcleo-duro da coordenação. Os casos exemplares são quando qualquer membro da rede pode representar-la em alguma ocasião (evento, mobilização...). É um caso raro que resulta mais de uma vontade específica do que de outros fatores: a gente poderia pensar que fatores como o tamanho, a juventude ou a homogeneidade dos membros são determinante a respeito desta questão, mas o estudo não permite chegar a conclusões deste tipo. Assim, de modo geral, os membros fundadores e/ou as ONGs "ancoradouras" têm um papel-chave e reconhecem a importância de descentralizar a coordenação: o desafio é amolecer o núcleo-duro e tentar firmar os nós da rede (flexibilizar os ganchos e firmar os nós). A respeito das tomadas de decisões, observa-se a dificuldade em compartilhar as responsabilidades. A concentração do poder de decisão “Percebo que eles querem é comum, facilitada pela proximidade geográfica dos fazer valer o interesse da membros da coordenação. Porém, a grande maioria das suas entidades em vez do redes está consciente dos riscos ligados a isso, interesse da rede” sobretudo aquele de instrumentalização da rede pelo núcleo duro. Pode também acontecer rigidez ao nível dos nós das redes, quando um 38 representante regional (ou um punto focal) bloqueia a informação e concentra os poderes. A respeito desta questão, algumas redes, que agregam ONGs e organizações de outras naturezas institucionais, consideram que as ONGs são parceiras difíceis quanto ao repasse da informação. Algumas redes começam a privilegiar parcerias com organizações representativas ou movimentos sociais organizados em vez de passar pelo intermediário de uma ONG. Também, uma das conseqüências da concentração do poder é o exagero da sua responsabilidade. Por exemplo, os membros começam a considerar a entidade ancoradora como uma fonte de recursos e ficam frustrados ao não perceberem benefícios financeiros devido a sua participação. Em casos extremos, a comunicação começa a cair e a coordenação é cortada pouco a pouco dos seus membros. Estes reclamam então da inutilidade de participar da rede, posto que não sabem o que está acontecendo de fato e quais benefícios eles tiram da sua participação. “Porque não existe método de cobrança dos coordenadores regionais, o coordenador geral tem o papel do chato” De modo geral, os membros reclamam de não ser muito “A idéia é que seja um consultados. Fora algumas redes particularmente negocio vivo, e não que descentralizadas, a maioria tem grande dificuldade em tenha mais um cacique, lá, funcionar realmente de maneira horizontal. Esta e que aquela rede vira dificuldade é devida principalmente aos problemas aquela pessoa, porque tem financeiros que dificultam a organização de encontros e uma certa tendência de reuniões entre membros geograficamente distante uns acontecer isso” dos outros. Dependendo dos casos, as redes tentam organizar encontros entre 3 vezes ao ano e 1 vez cada 3 anos. Estes encontros são fundamentais para formalizar e tornar mais concreta a “comunidade” dos participantes da rede. Todos consideram estes encontros como momentos-chave na vida da rede. Muitas redes procuram consultar os seus afiliados por meios eletrônicos como fóruns e listas de discussão pela internet. É óbvio que estas ferramentas facilitam a comunicação. Porém, parece que elas não são suficientes se não estiverem acompanhadas de uma verdadeira descentralização do poder de decisão e de reuniões e encontros onde as pessoas se conhecem e chegam a compartilhar idéias e pontos de vista sobre as suas experiências comuns. Isto nunca poderá ser substituído por reuniões virtuais ou fóruns eletrônicos. 2.3. As redes precisam de meios de comunicação adaptados Para as redes, a comunicação interna é central. Com “Vai da internet até sinal de o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TIC), as redes dispõem de uma certa fumaça e toque de tambor” facilidade para organizar a comunicação. Todavia, não basta. Trata-se de dispor de ferramentas adaptadas “Os resultados deveriam para que a informação possa ser recebida e emitida por ser mais divulgados a cada um, acrescidos de ferramentas para incentivar e nível interno” estimular a vontade de comunicar e compartilhar a 39 informação com ou outros. Em termos concretos, o uso do correio eletrônico não basta para assegurar uma participação de todos. Primeiro, é freqüente os membros não terem acesso à internet por exemplo, em um caso, “70% das entidades não têm endereço eletrônico, não têm computador, ou não têm o costume de usar a internet”. Segundo, se as informações que circulam através destas ferramentas não correspondem às expectativas dos participantes, estes vão rapidamente se desinteressar da rede. Todavia, o correio eletrônico fica sendo a ferramenta mais usada nas redes, mesmo se outros meios de comunicação são usados – sobretudo telefone e correio. A comunicação entre e com os membros é o ponto-chave da rede e também a grande dificuldade. O ideal seria que as informações fluíssem entre os nós da rede e, em caso de deficiência de algum membro em repassar estas informações, que fosse possível ter um acesso a elas por outro caminho. Na realidade, é muito mais complicado e, na maioria dos casos, são poucas as aproximações com outros atores através das redes. Os casos de comunicação horizontal entre membros são raros. Todavia, quando acontecem, são considerados como muito positivos para os membros e para a rede inteira: o dinamismo ligado à comunicação e intercâmbios horizontais é real. Como organizar o trabalho para assegurar uma comunicação horizontal? A circulação da informação entre membros e entre membros e coordenação ajuda a manter uma dinâmica coletiva. Para conseguir isso, “A força da articulação algumas redes experimentam uma organização do dos membros é muito trabalho adaptada. Por exemplo, a instauração de maior do que a soma das Grupos de trabalho (GTs) temáticos caracterizados por partes” uma grande autonomia dos nós em relação à coordenação, favoreceu uma dinâmica entre os membros da rede. Em um outro caso, a rede decidiu organizar as representações locais em “casal”: uma entidade como conselheira e uma outra como secretária executiva. Esta estratégia pode criar um dinamismo entre os membros locais, mas depende muito das relações dentro do casal. Se a comunicação entre os dois é conflituosa, a circulação de informações fica paralisada. Observamos casos sucedidos; outros conflituosos. Segundo os entrevistados, é especialmente difícil manter um contato entre atores muitas vezes diferentes uns dos outros, ou muito distante geograficamente; assegurar uma circulação de informação entre eles; providenciar espaços e meios de expressão a cada um e lidar com os interesses de cada um. Todavia, é importante ressaltar que, mesmo se todas as redes têm que lidar com as diferenças de ponto de vista ou de interesse dos seus membros, a maioria delas consideram que, globalmente: “a convergência dos interesses domina as divergências” Poucas redes têm desenvolvido ferramentas específicas para incentivar a comunicação entre membros. Na maioria dos casos, conta-se com a informalidade para manter o contato interno. É considerado que a comunicação se “faz naturalmente”. 40 Na verdade, a questão da comunicação vai além da simples circulação da informação. Se considerarmos os objetivos e a atuação das redes, percebe-se que o que está em jogo é o uso da informação para tratar de questões muitas maiores. O desafio é transformar as informações em conhecimentos que permitem agir e influir sobre problemas da sociedade como, por exemplo, a conservação de ecossistemas, as vantagens da agricultura familiar ou o "empoderamento" das mulheres do campo. Como gerir os conhecimentos produzidos pelas redes? Os entrevistados reconhecem, de modo geral, a importância da gestão dos conhecimentos. Para a maioria das redes, o objetivo último da sua existência é influenciar as políticas públicas. Nesta perspectiva, é desejável controlar a produção e a divulgação das idéias e propostas que resultam da atuação em rede. No entanto, na maioria dos casos, não existem processos específicos de gestão de conhecimentos. Fora das ferramentas clássicas de divulgação dos conhecimentos, ligadas ao intercâmbio das informações e de experiências (workshops, publicações, boletins, website, fóruns ou reuniões virtuais), as redes não conseguem implementar processos de monitoramento das informações geridas por suas atividades. A temática da gestão dos conhecimentos parece relativamente nova nas agendas. Quando feita alguma tentativa de sistematização da produção ou de capitalização das experiências, foram encontradas muitas dificuldades, especialmente financeiras e logísticas (os membros não fazem circular a informação, os relatórios não são feitos). A principal dificuldade vem aparentemente da falta de controle sobre o repasse da informação. Assim, os produtos concretos que nascem das atividades das redes são raramente o resultado de um trabalho realmente coletivo. Os boletins ou publicações que resultam das atividades das redes são logicamente de autoria das ONGs ou grupos que coordenam as redes. Estes reconhecem que é extremamente complicado sintetizar a complexidades dos debates e idéias que circulam entre os membros, às redes. Apesar disso, os documentos publicados coletivamente têm uma importância considerável para os membros porque eles representam de maneira muito concreta a própria rede. Mesmo sem ser o resultado de uma gestão coletiva dos conhecimentos, estas publicações “dão corpo” às redes. Elas são freqüentemente apropriadas pelos membros e usadas por estes como referência nos seus projetos. Idealmente, os conhecimentos produzidos pelas redes poderiam servir de base a uma transformação ou definição das práticas coletivas (até das leis) relativas a suas áreas de atuação. Este ideal, quando sugerido nas entrevistas, sempre foi reconhecido como relevante. Todavia, as redes não chegaram a agilizar processos para torná-lo mais concreto: não foi encontrada uma rede com ferramentas de monitoramento para a concretização dos conhecimentos em práxis sustentável. Isto não significa que a atuação das redes nunca resulta em uma transformação das práticas ou das leis relativas a suas áreas de atuação. Existem vários casos de sucesso neste sentido. Mas estes sucessos não são seguidos por um controle coletivo. Por exemplo, uma vez obtida a modificação de uma lei ambiental, a rede não tem como controlar a sua boa aplicação; ela não tem os recursos suficiente nem as ferramentas adequadas. Da mesma maneira, as redes não verificam se programas de capacitação oferecidos resultam em uma modificação das práticas de trabalho dos membros. 41 Ferramentas adaptadas de gestão dos conhecimentos deveriam permitir as redes chamarem a atenção do público e dos tomadores de decisões em particular sobre questões sociais que vão, na maioria dos casos, bem além do âmbito de atuação das redes e que deveriam ser consideradas à escala maior. Isto explica porque, para a quase totalidade dos entrevistados, considerar estas questões em escala panamazônica representa um desafio portador de esperança em termos de desenvolvimento. 3. As redes, embrião da sociedade panamazônica? A quase totalidade das redes reconhece a importância “A Amazônia é unida pelos de trabalhar a nível panamazônico: a idéia mais mesmos problemas” divulgada é que os diferentes países apresentam problemas sociais e ecológicos comuns ligados à Amazônia, que devem ser tratados em escala regional. De modo geral, a perspectiva de trocar experiências e participar de projetos à escala panamazônica é muito bem recebida. Logicamente, nos lugares próximos de fronteiras (como no Acre), a cooperação panamazônica aparece de forma muito mais concreta. No entanto, poucas coisas concretas são feitas neste sentido. Na maioria dos casos, ampliar as atividades à escala panamazônica parece muito complicado mesmo se desejável. Em alguns casos, esta ampliação parece uma questão de tempo, sendo que a “vocação” da rede é panamazônica: por exemplo, uma rede atuando sobre uma temática ampla que chama atenção em vários contextos nacionais, como a propriedade intelectual ou a integração comercial dos produtos da floresta, considera que a ampliação das atividades da rede em nível panamazônico ocorrera de maneira mais ou menos natural. “A idéia de rede panamazônica está no caminho” Para a maioria dos entrevistados, a identidade amazônida não é uma realidade. As redes e os indivíduos que as formam identificam-se primeiramente a sua identidade nacional. As especificidades dos contextos (ambientais, socioeconômicos e políticos) explicam isso. Para os entrevistados, mesmo se a resolução dos problemas socioambientais da Amazônia deveria encontrar-se em uma escala maior (a Amazônia, a América latina , até a escala mundial), o desafio atual é, primeiro, conseguir transformar as políticas e práticas coletivas a nível local e nacional. Em conseqüência disso, poucas redes têm relações com organizações de outros países. Fora de alguns casos específicos de redes já implantadas a nível panamazônico (e que, de certa forma, “vendem” a idéia de panamazônia), a maioria das redes não tem muitos intercâmbios com outros países da Amazônia. Todavia, observam-se algumas redes ativas em vários países andinos, mas, nestes casos, o Brasil fica fora. Na tabela seguinte, apresentamos a situação das 11 redes que foram pesquisadas na segunda fase do estudo: 42 Situação das redes em relação a panamazônia Situação em 2004 Não tem relações com outros países da Amazônia Não tem relações com outros países mas é conhecida nos países andinos Não tem relações com outros países mas é conhecida nos países andinos e no Brasil Tem contatos através dos seus financiadores (que promovem aproximações) Tem atuação no âmbito dos países andinos Tem atuação no âmbito da região amazônica (Brasil+alguns países andinos) Número de redes 4 1 1 2 2 1 Aparece um potencial enorme de trabalho desta questão através das redes: a idéia de pensar as suas atividades em escala panamazônica é sempre bem-vinda e, geralmente, desejada. Estes desejos são baseados na convicção de que as suas atividades não podem ser limitadas a espaços nacionais mas terão, em um momento ou outro, que ser pensadas a uma escala maior. Várias redes expressaram a idéia de que a sua atuação se tornaria inevitavelmente panamazônica. Se considerarmos que já existem grandes eventos panamazônicos (feira panamazônica do livro, fórum social panamazônico e outros), podemos apontar que a construção de uma identidade amazônica representa uma corrente de fundo e a temática tem futuro na região. Neste sentido, o trabalho em rede representa um vetor eficiente de aprofundamento do sentimento de pertencer à região amazônica e não só a um país. As redes podem exercer um papel de primeiro plano na construção da cidadania Amazônida. Nota-se que alguns projetos se revelam muito eficientes na promoção da cooperação panamazônica. Por exemplo, no caso do projeto ProDIAS8 que apóia algumas redes, a reprodução das mesmas atividades em países diferentes facilita a aproximação das entidades parceiras. Neste contexto, a organização de encontros e a troca de experiências são muito positivas para ir além dos preconceitos. De modo geral, a Organização do tratado de cooperação panamazônica (OTCA) é pouco conhecida. Alguns entrevistados vêem a OTCA como uma oportunidade para que a sociedade civil se incorpore aos debates sobre as políticas públicas. Outros questionaram a sua capacidade política real. 8 O Programa de Diálogo e Intercâmbio em Agricultura Sustentável, da organização alemã “Pão para o Mundo”, está implementado em vários países latino-americanos e procura organizar intercâmbios entre atores envolvidos com projetos alternativos de exploração agricola. 43 A cooperação internacional De modo geral, a cooperação internacional é considerada como fundamental no processo de fortalecimento das redes. Isto se explica “Não importa o pelo simples fato das redes ser financiadas fortalecimiento em sí, mas principalmente pela cooperação internacional. Todavia, o resultado deste” todos os entrevistados sublinharam a necessidade da cooperação internacional não se limitar a uma transferência de recursos financeiros. Encontramos nas respostas dos entrevistados as críticas clássicas da cooperação internacional: unanimemente, o papel da cooperação internacional deve ser mais que só financiar. É esperado, em particular, o reconhecimento das necessidades locais antes de tudo e uma consulta mais ampla dos atores sociais na definição dos programas de desenvolvimento. Foi ressaltada em várias ocasiões a necessidade de desenvolver programas a médio e longo prazo, baseados no repasse de conhecimentos, na capacitação. Vários entrevistados também consideram que a cooperação internacional deveria ajudar na divulgação dos resultados das atividades das redes e dar o impulso inicial para outro tipo de interesse. Foi também ressaltada a questão da intermediação dos governos nacionais entre os financiadores internacionais e as ONGs. Um relacionamento direto das agências de cooperação internacional com as redes, sem passar pelas instituições públicas nacionais, foi apresentado por alguns como uma necessidade das redes. É claro que, para as redes como para qualquer ONG, a cooperação internacional assegura uma certa autonomia em relação aos poderes nacionais. Mas, encontra-se, atrás desta questão, as regras da cooperação internacional. A soberania nacional não pode ser negada em nome do fortalecimento da sociedade civil. Ademais, muitas agências da cooperação internacional tentam, para perenizar as ações realizadas no quadro dos seus projetos, fortalecer as relações entre a sociedade civil e os governos, trabalhando sistematicamente em parceria com ONGs e órgãos públicos. “O problema é que a cooperação deve passar pelo Estado e que o governo não apoia nossa rede” Os atores da cooperação internacional considerados importantes pelos entrevistados são, logicamente, os que financiam as redes ou seus membros - entre outros: USAID, GTZ, DFID, JICA, UNICEF, CORDAID, PPM, União européia. Isto sublinha o fato das redes estarem sob perfusão das agências internacionais de desenvolvimento. Devemos então questionar: as redes são novos produtos do mercado do desenvolvimento ou existe realmente uma “cultura de rede” atrás destas estruturas? 4. Quid da cultura de rede? Todo mundo considera a cultura de rede como um desafio essencial para conseguir articular as forças de cada membro com os objetivos 44 “É um desafio enorme mas funciona dificilmente” compartilhados na rede. Para alguns, essa cultura de rede existe. Para outros, não. Para todos, é desejável e representa uma condição para o futuro das redes. Segundo as respostas, a cultura de rede é ligada à confiança, ao diálogo entre os membros, ao reconhecimento dos limites de cada um ou a existência real de um interesse comum. Os critérios, considerados como fundamentais pelos entrevistados, para o bom funcionamento de uma rede refletem esta distinção. Uma parte das respostas é composta por critérios ligados ao compromisso moral e ideológico: Sair do discurso; Cultura de rede; Adesão; Vontade de compartilhar; Consciência coletiva; Compartilhar o espírito de rede; Dedicação. Confiança (resposta freqüente); Compromisso (resposta freqüente); Ter um objetivo comum; Imparcialidade das organizações; Companheirismo; Disciplina; Reconhecer a diversidade como riqueza; Objetividade; As outras respostas são mais ligadas à organização ou a ferramentas técnicas e metodológicas: - A questão da comunicação: circulação da informação e comunicação interna entre membros, comunicação multimídia; - A organização interna: não se institucionalizar, ficar aberto, ter um plano estratégico, descentralização das decisões, ter um estatuto flexível para poder articular-se e desarticular-se em função dos eventos, transparência, coordenação minimizada, que os responsáveis sejam os primeiros interessados, prestar serviço concreto para os membros, apropriação da rede pelos membros, rodízio de secretário executivo; - Os meios necessários: critério financeiro, possibilidade de se encontrar, gerar um benefício econômico, ter um bom tema de atuação, que existe uma necessidade, uma demanda real, plano estratégico. Para a grande maioria dos entrevistados, a cultura de rede nasce de um processo orgânico e não depende de uma organização específica. “É a cultura de rede que Paradoxalmente, muitos dos entrevistados reconhecem determina a eficiência dos também a necessidade de desenvolver estratégias processos” adaptadas para reforçar a cultura de rede. Todos concordam sobre a dificuldade de criar ou “O jogo do mercado e a manter essa cultura. Segundo os entrevistados, as profissionalização das ONGs dificuldades vêm da divergência dos interesses, da matam a cultura de rede” competição entre os participantes, todos dominados por interesses individuais muito fortes. Para alguns, uma metodologia adequada poderia suprir a falta de cultura participativa, permitir descentralizar as decisões e revelar os benefícios concretos provenientes da atuação na rede. Estes três elementos também são evocados para explicar a dificuldade de manter a cultura de rede. O ponto crítico da desaparição da cultura de rede é quando a rede se transforma em uma nova entidade e se torna concorrente dos membros na captação de recursos e na realização de projetos. Este caso apareceu mais de uma vez. 45 “A cultura de rede depende muito das pessoas. Si tem um interesse pessoal em se envolver, funciona, senão, é lento e irregular” O componente individual é considerado como fundamental para explicar as dificuldades de funcionamento das redes. Também, para alguns, a juventude da atuação em rede explicaria a fraqueza da cultura de rede na sociedade. Tem que ressaltar aqui a importância do modo de representação da rede para o crescimento da identificação dos membros a ela. Quando cada membro pode se tornar porta-voz da rede, parece que elas se sentem mais próximos dela. Para as coordenações que tomaram consciência disso, torna-se estratégico nomear alguns membros para representar a rede em eventos ou reuniões específicas. Para manter o caráter de rede, a idéia de criar sub-redes temáticas, em vez de deixar uma rede crescer até impossibilitar a comunicação entre os membros, foi evocada. Isto lembra a idéia de GTs temáticos autônomos da coordenação. O exemplo do funcionamento do PNUD, também evocado, parece interessante. Duas redes funcionam: uma hierárquica, onde está discutida a política da organização, entre 300 altos executivos antes de tomar decisões; uma temática, onde discutem os expertos. De modo geral, a cultura de rede é muito dependente da “Os sucessos da rede relação entre os membros e também das modalidades de são os sucessos de seus participação na rede. Lembrando que as redes não existem membros” sem membros ou participantes. Para desenvolver metodologias de fomento da cultura de rede, deve-se primeiro entender a relação dos participantes com a estrutura-rede. Apesar do sentimento, por vezes muito forte, de compromisso com uma causa,observase que os participantes esperam um retorno concreto da sua participação. Participar de uma rede é caro, demanda tempo e energia (não sempre fácil a disponibilizar em organizações como ONGs, associações representativas ou sindicatos que sofrem freqüentemente de recursos humanos limitados). Para os membros, participar das redes tem que valer a pena. Segundo os casos, eles consideram de maneira positiva a sua participação e reconhecem a utilidade de serem membros. Os benefícios em participar das redes variam segundo os casos. Podemos citar, por “Você ganha um exemplo, organizações que beneficiaram de ajuda técnica, peso político, mais outras que conseguiram melhor posicionar-se sobre questões dinheiro não” específicas graças às informações disponibilizadas pela rede. Muitos consideram também que participar de redes “O grau de impacto mudou estimula a reflexão, traz informações importantes e radicalmente desde que nós permite ficar aberto sobre outras questões. O ganho trabalhamos em rede” em credibilidade e peso político é também considerado como uma realidade para alguns membros. Enfim, as redes são consideradas como espaços para divulgar as experiências sucedidas e, em alguns casos, facilitar o acesso a financiamentos9. 9 As redes não são fontes de financiamento, mas muitos membros pensam que poderiam (ou deveriam) ser. No melhor dos casos, elas podem ajudar a buscar financiamentos. 46 Nota-se também que a concepção da participação nas redes depende das características do membro. Assim, para as instituições públicas, participar de uma rede não tem a mesma utilidade que para um sindicato ou uma associação de trabalhadores. Por exemplo, um ministério que participa de uma rede se considera mais como um padrinho que como um “A presença do ministério membro. Ele considera que a sua participação na rede valoriza os eventos traz muito mais para a rede do que para ele. Mesmo se organizados pela rede” são poucos os exemplos de instituições públicas participando de redes, é importante ressaltar que isto é considerado importante para ampliar o leque de influência das redes. É particularmente importante conseguir participação de ministérios ligados às temáticas de atuação das redes (ministérios do meio ambiente, por exemplo) A maioria dos membros encontrados participa de várias redes. A aproximação com as redes se faz, na maioria dos casos, através de contatos pessoais ou por intermediário de financiadores envolvidos na criação da rede. Segundo os entrevistados, todas redes das quais eles participam têm importância, mesmo se, aprofundando as discussões, percebe-se que algumas redes não têm a menor implicação (positiva ou negativa) sobre sua atuação. Em outros termos, para algumas redes, sobretudo quando a afiliação é gratuita, a participação não muda nada. Logicamente, quando solicitados, poucos se recusam em participar. É significativo ver muitos membros não saberem exatamente o que o traz a participar na rede. Não encontramos uma rede que tenha termos de compromisso ou que tenha formalizado as regras de participação. É mesmo muito raro as redes onde a adesão é paga. Na forma atual de funcionamento das redes, o compromisso dos membros repousa quase exclusivamente sobre a informalidade e a ética própria a cada um (que é, claro, muito variável segundo os casos). Este fato permite manter um caráter aberto e de “companheirismo”, o que é essencial. Mas a falta de regras de funcionamento e a ausência de formalização do compromisso dos participantes abrem a possibilidade dos membros participarem somente para o seu próprio interesse e não para o interesse coletivo e também a possibilidade do núcleo duro gerenciar a rede sem muita democracia interna. Uma formalização dos papeis de cada um e, sobretudo, dos “nós” da rede, deveria esclarecer as responsabilidades individuais e coletivas. Alguns membros também consideram que eles têm obrigações e deveres em relação à rede, sobretudo aquele de repassar informações para os outros membros da rede e para o seu “público-alvo”, e encaminhar as informações na base, socializar com a base. A obrigação de repassar informação para a coordenação é também comum. Alguns também têm uma visão mais ideológica e consideram que eles devem envolver outros atores e difundir a filosofia da rede; “A nossa obrigação é trazer as informações da rede para os movimentos” A cultura de rede parece então muito ligada ao compromisso de cada um em relação à organização coletiva. Considerando, por outra parte, a importância das redes terem um mínimo de organização interna, já podemos fazer uma distinção entre duas concepções de rede: a rede planejada, considerada como o resultado de uma metodologia específica e a rede enquanto resultado de uma convergência de interesses e da aprendizagem da ação coletiva. Estas duas faces das redes têm propriedades 47 diferentes e complementares, que serão abordadas na terceira parte. Adicionando a estas duas faces as características de suas atividades, podemos esperar atingir um retrato fiel da realidade das redes estudadas. A terceira parte deste estudo aprofunda o conhecimento das características das redes e propõe algumas pistas para avaliá-las. 48 PARTE III CARACTERIZAÇÃO DAS REDES 1. Classificar as redes? Classificar as redes permite dar uma visão sintética do conjunto de atores sociais estudados. Trata-se de agrupar as redes segundo os seus pontos comuns, partindo do principio de que existem “famílias” de redes. Apesar da variedade dos nomes (fóruns, articulações, plataformas, alianças), das histórias e perfis encontrados e das diferenças de contextos de atuação, identificamos uma base comum a todas as redes estudadas, ligada às atividades das redes e a seu funcionamento. 1.1. Atividades específicas O estudo revelou três tipos de atividades: as ligadas ao manejo da informação, as ligadas à prestação de serviços (principalmente para os membros das redes, mas podendo ser ampliada para outros atores sociais, quando as redes desenvolvem atividades semicomerciais), e as ligadas a uma forma de ativismo político. É claro que todas as redes não realizam os três tipos de atividades, mas é relevante que as suas atividades se encaixam sempre dentro destes 3 tipos de atividades. Gráfico 14: Atividades específicas Prestação de serviços Manejo da informação Ativismo político 49 1.2. Um funcionamento específico O estudo ressaltou duas lógicas diferentes do trabalho em rede: - Rede-projeto: uma estrutura formalizada, ligada a uma organização do trabalho adequada, adaptada às exigências organizacionais da estrutura da rede e aos seus objetivos. A rede-projeto é: Planejada: com objetivos definidos a meio e longo prazo, com plano de financiamento, estratégia de atuação, infra-estrutura e recursos humanos necessários; Estruturada: com um organograma definido segundo as suas atividades, uma organização do trabalho adaptada às necessidades dos projetos, respeitando os interesses e capacidades de cada participante. - Rede-processo: uma mobilização espontânea de um conjunto de pessoas e organizações, muito mais relativa à “cultura de rede” e ao lado orgânico da rede, baseada em valores e objetivos compartilhados entre os membros, confiança e compromisso. A rede –processo é: Viva: com momentos de grande dinamismo e outros de baixa energia. Ela tem um caráter próprio, pode ser imprevisível, flutuante nas suas posições públicas. Pode estar doente. Precisa de alimentos para se manter. Reativa: a rede-processo reage às mudanças do seu contexto de atuação. Este lado espontâneo constitui a força de mobilização da rede; é dele que pode nascer um movimento coletivo de luta para alguma causa. Não existe um modelo “puro” de rede-projeto ou rede-processo: em longo prazo, parece essencial combinar as duas concepções e chegar a um equilíbrio entre o lado estruturado e o lado espontâneo das redes. No entanto, cada rede tem um lado mais forte e, em alguns casos, parece quase exclusivamente “projeto” ou “processo”. Rede-projeto Rede-processo A tendência é de nascer de uma tomada de consciência coletiva que leva a agilizar a “rede-processo”. Com o tempo, geralmente, se sobrepõe a esse processo uma lógica de projeto que constitui um reforço logístico e estrutural às ações da rede. Logo, os casos encontrados mostram que a sobrevivência da rede depende da sua estrutura e a sua vida do seu dinamismo interno. Este último é variável segundo as redes e os 50 momentos históricos. Foi freqüentemente evocada a existência de um ciclo de vida das redes, no qual se sucedem períodos de dinamismo e períodos de baixa atividade. Podemos afirmar que a condição necessária para qualquer rede se manter é a existência de um mínimo de funcionamento segundo a lógica “processo”. Quando a lógica “projeto” apaga a lógica “processo”, a rede se torna cada vez mais centralizada e vira uma entidade precisando de recursos para se manter viva e não fechar as portas. Ela vira ONG e compete com seus membros na captação de recursos com agências de cooperação, que ainda a consideram rede.As tendências das redes, segundo os critérios comuns apresentados acima, estão apresentadas na tabela seguinte. Concepção Rede-projeto Rede-processo Atividade Descrição: projeto de ONG para divulgar informação = ferramenta de divulgação Manejo da informação Vantagens: ferramenta que pode ser muito eficiente para expor ações e atualidades Dificuldades: multiplicar as fontes de informações classificar a informação pertinente; dificuldade técnica quando existe um grande número de receptores Descrição: projeto de ONG para agilizar uma oferta de serviço = serviço coletivo Vantagens: cria uma identidade comum e facilita a troca de experiências Dificuldades: assegurar a qualidade do serviço oferecido, financeiras para atingir um públicoalvo específico Exemplo: PCTA, Bolsa Amazônia Descrição: estrutura criada para fortalecer um segmento da sociedade civil = articulação Ativismo político Vantagens: viva, muito focalizada sobre uma temática Dificuldades: manter o interesse coletivo e conseguir um equilíbrio entre os membros; frágil, depende muito da boa vontade individual. Nenhum controle das informações. Não tem exemplo (esse tipo de rede carece de visibilidade) Exemplo: REDESMA Prestação de serviços Descrição: informal, pessoas (ligadas a organizações) envolvidas na mesma área de atividade = grupo Vantagens: os objetivos são claros: chamar a atenção sobre certas questões sociais e/ou ambientais Dificuldades: Falta de base social; pode ser visto como uma instrumentalização da sociedade civil. Necessita uma organização forte para criar o “lado processo”. Necessita pessoas influentes Descrição: agrupamento de pessoas e organizações para socializar os recursos de cada um em uma oferta de serviço. = plataforma de ajuda mútua Vantagens: economiza recursos Dificuldades: manter uma guia e assegurar uma repartição justa dos benefícios Exemplo: PICCSA, Rede Norte Descrição: Dinâmica visando uma mobilização coletiva para influir sobre políticas públicas = fórum Vantagens: pode ser muito eficiente graças a forte base social Dificuldades: ganhar legitimidade na área de atuação, não ser dominada por um pequeno grupo de ONGs, manter participação, definir estratégias comuns e articular o trabalho Exemplo: FAOR ou RAAA Exemplo: GTA primeiro período, RFA 51 1.3. Algumas pistas para qualificar as redes: A partir da nossa caracterização, podemos avançar alguns elementos para qualificar as redes. Devem ser consideradas as características fundamentais das redes para procurar quais são os elementos que as compõem. Rede-projeto: os elementos fundamentais que compõem o lado “projeto” das redes estão mais ligados à suas infra-estrutura, recursos e governança. Podemos pensar em : Recursos financeiros Segurança financeira (curto, médio, longo prazo) Autonomia financeira (diversidade dos financiadores) Recursos humanos (número de assalariados, participantes ocasionais, voluntários..) Planificação das atividades (existe ou não) Espaço físico de funcionamento Grau de formalização (hierarquia, organograma) Modo de representação Número de membros Número de membros ativos ... Rede-processo: os elementos fundamentais que compõem o lado “processo” das redes estão mais ligados à cultura de rede e tomadas de decisão. Podemos pensar em: Descentralização do poder de decisão Grau de autonomia dos nós Democracia interna Transparência Identificação dos membros à rede Grau de participação dos membros Objetivos compartilhados Grau de institucionalização (personalidade jurídica, departamento de ONG, nada...) ... Os elementos fundamentais relativos às atividades são: Gestão da informação: Meios disponíveis Capitalização e publicações Monitoramento do repasse da informação Comunicação horizontal Volume da informação Grau de receptividade dos membros ... 52 Prestação de serviços: Volume de serviços prestados Facilidade de acesso aos serviços Posição no mercado Grau de especialização Monitoramento ... Ativismo político: Participação em eventos Participação em espaços de negociação Assessoria/consultoria Campanhas de sensibilização Apoio a grupos representativos Elaboração ou modificação de leis Ampliação de debates temáticos ... A partir destes elementos, esboçamos uma metodologia de avaliação das redes. A idéia é representar cada elemento em um mesmo gráfico, partindo da hipótese de que é possível chegar a uma medida para cada um. Para confirmar esta hipótese, será necessário elaborar uma escala de valores para cada elemento e um método refinado para recolher os dados. Uma tal metodologia (que podemos chamar de metodologia PAP - Projeto- AtividadeProcesso), constituiria uma ferramenta muito útil para as próprias redes melhorarem o seu desempenho e para os outros atores que trabalham no desenvolvimento da região. Trata-se, em primeiro lugar, de uma ferramenta de auto-avaliação que pode ser adaptada às necessidades de cada rede. A grande vantagem de uma tal representação é a identificação imediata do conjunto das características e das forças e fraquezas da rede avaliada, o que facilita a definição de medidas adaptadas aos objetivos da rede e também a elaboração de projetos de apoio para as agências financiadoras. O resultado desta avaliação seria um esquema representando todos os elementos característicos listados acima em um gráfico, exemplado na página seguinte. 53 Gráfico 14: exemplo de representação gráfica da avaliação de uma rede X segundo a metodologia PAP Atividades: Gestão da informação: Processo: Meios disponíveis Capitalização e public. Descentralização do poder Mon. do repasse da inf. Grau de autonomia dos nós Comunicação horizontal Democracia interna Transparência Volume da informação Identificação dos membros à rede Grau de participação dos membros Grau de receptividade Objetivos compartilhados Grau de institucionalização Prestação de serviços: Projeto: Volume Recursos financeiros Segurança financeira Facilidade de acesso Autonomia financeira Posição no mercado Recursos humanos Planificação das atividades Grau de especialização Espaço físico de funcionamento Monitoramento Grau de formalização Incidência política: Modo de representação Participação em eventos Número de membros Particip. em espaços de neg. Número de membros ativos Assessoria/consultoria Campanhas de sensibilização Apoio a grupos representativos Elab. ou modif. de leis Ampliação de debates 54 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Considerando a atualidade de grandes projetos promovidos pelo Banco interamericano de desenvolvimento (IIRSA), que vão transformar a realidade socioeconômica da região, parece urgente fomentar mecanismos de fortalecimento da sociedade civil amazônida. Isto significa apoiar as organizações que representam (diretamente ou indiretamente) os interesses das numerosas populações que constituem a sociedade amazônica, plural e multicultural, para que elas possam expressar seu ponto de vista e participar das transformações regionais. Adiciona-se a estas organizações todas que experimentam novas formas de exploração sustentável dos recursos naturais. As redes estudadas neste nosso estudo apresentam várias características que nós autorizam considerá-las como atores sociais de primeiro plano. Constituídas por organizações historicamente implantadas na Amazônia, atentas às evoluções sociopolíticas e econômicas regionais, freqüentemente reconhecidas tão pelos movimentos sociais que pelos poderes públicos, as redes têm, de modo geral, toda legitimidade para ser parceiros ativos das políticas de desenvolvimento e da cooperação internacional. Seria uma perda pela democracia não contar com esses atores nos debates contemporâneos. A grande vantagem de fomentar a gestão de conhecimentos e valorizar a cultura de rede como principio de gestão social é fortalecer, através de um número restrito de estruturas organizadas, um conjunto abrangente e representativo da diversidade das organizações da sociedade civil amazônica. As redes têm duas caras: uma orgânica (ligada ao lado “processo”); uma construída (ligada ao lado “projeto”). É a harmonia entre estes dois lados que assegura o bom funcionamento de uma rede, e o cumprimento dos seus objetivos. Ao longo do estudo, apareceram vários critérios determinantes para esta harmonia. Destacaremos aqui alguns deles: a descentralização das tomadas de decisão; uma estrutura formalizada, adequada para garantir uma autonomia dos participantes (especialmente para os nós da rede); a necessidade absoluta de ferramentas de comunicação adaptadas e, logicamente, um mínimo de recursos financeiros e humanos para assegurar um bom funcionamento. O estudo também trouxe elementos de definição para a “cultura de rede”. Esta última depende tanto de um quadro organizacional adaptado quanto de uma consciência compartilhada entre os membros de participar de uma aventura comum. Assim, a confiança, o compromisso, a adesão e até mesmo o “companheirismo” são fatores essenciais. Estes fatores são relacionados com o conhecimento (e o reconhecimento) dos membros uns com outros. Por outro lado, a consciência de ganhar alguma coisa na participação em uma rede sempre apareceu fundamental para manter a vontade de participar. Parece então importante deixar claro os serviços oferecidos pelas redes aos seus membros. Todavia, seria bom que a idéia de que “a gente recebe mais quando a gente dá mais” fosse mais divulgado por parte dos atores sociais envolvidos: o que a rede oferece aos seus membros depende também dos serviços e informações que os membros estão prontos a oferecer à rede. 55 Observações finais As propostas formuladas neste estudo precisam de um quadro amplo de parceiros para serem concretizadas. Temos que aproveitar da reativação da OTCA para agilizar um consórcio de agências e organizações ligadas à Amazônia. A iniciativa da GTZ, DED e UICN mostra que é possível juntar diferentes agências ou organizações para estudar questões específicas. Queremos ver nesta iniciativa o início de várias outras, destinadas a aprofundar seus conhecimentos da região e as práticas coletivas e, quem sabe, o embrião de um observatório da governança panamazônica, que poderia ser encabeçado pela OTCA e contar com a participação de agências de cooperação internacional, universidades e redes de universidades (como RLCU, FLACSO). Uma das tarefas desse observatório da governança poderia ser fortalecer a auditoria ou monitoramento social de projetos públicos. Neste sentido, a cooperação representa o ator par excelência de facilitador de processos entre o público e o privado. As universidades têm a responsabilidade da capacitação e da formação. Algumas agências financiadoras, como USAID, já optaram para apoiar rede, ou criação de redes, e, depois resolveram parar. Seria interessante saber o porquê. Talvez existam alguns documentos disponíveis, como “lessons learned”. Fora isso, seria com certeza enriquecedor organizar encontros com responsáveis destas agências. Lugares de fronteira são lugares-chave. Existem algumas iniciativas interessantes que implicam vários países, sobretudo nas fronteiras. Em particular o projeto MAP10, na fronteira Brasileira, Perú e Bolívia e o projeto ProDias (ver p. 43). Essas experiências parecem sucedidas e têm sem dúvida muitas coisas a ensinar a respeito da cooperação panamazônica. 10 O projeto MAP, iniciado em 1999 por diversas universidades, visa aproximar instituições públicas (principalmente universidades) e organizações da sociedade civil das 3 regiões fronticeiras. São organizados Comités Trinacionais para debater sobre temáticas de interresse comum (madeira, educação, clima, saúde). Eventos são organizados cada ano. O último encontro, o MAP IV, aconteceu em 2003 e reuniu mais de 600 pessoas e 160 instituições. Os 3 eixos de trabalho são: equidade social, desenvolvimento econômico e proteção ambiental. O MAP recebe apóio do WWF, da fundação Ford, da fundação Moore e da Universidade de Flórida. 56 Anexo 1: Descrição básica das redes que participaram do estudo Redes Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais Regional Amazônia ABONG Bosques Amazônicos BOAM Coalizão Rios Vivos RV Enredadera Amazónica, Freidrich Ebert Stiftung, Perú Enredadera Amaz Informações de contato Endereço: Tv. 03 de maio, nº 1529, São Brás, Belém, Pará. Tel:(91) 259-6868 Fax:(91) 229-3000 [email protected] Contato: Maura Rejane L. Moraes Cargo: Coordenadora Regional Telefone(s): (91) 229-2210 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: JR. LA CONDAMINE Nº 285 IQUITOS PERÚ Tel: 0051-65-223039 Fax: 0051-65-223039 [email protected] Contato: JUAN EDUARDO MATELUNA FLORIAN Cargo: DIRECTOR Telefono(s): 0051-65-223039 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: Rua 14 de Julho 3169 Campo Grande MS Brasil Tel:55 67 324 3230 Fax:55 67 324 3230 [email protected] www.riosvivos.org.br Contato: Alcides Faria Cargo: Secretario Executivo Telefono(s): 55 67 324 3230 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Áreas de atuação • Desenvolvimento institucional • Desenvolvimento da região Amazônica • Controle e participacão social • Manejo florestal • Gestão de UC • Certificação • Produtos florestais não- madeireiros • Povos indígenas • Biodiversidade • Água • Povos indígenas • Direitos humanos • Cambios el modelo de desarrollo Endereço: Av da Camino Real 492, Centro Comercial Camino Real, Torre Real, Piso 9 Tel:4418454 Fax:4418422 [email protected] • Capacitación Contato: Ernesto Gonbzález Roberto Cargo: Asesor, Coordinador del Proyecto Amazónico de la FES en Perú Telefono(s): 4418454 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] 57 de facilitadores amazónicos Fórum Carajás F. Carajás Endereço: rua Armando Vieira da Silva, 110 Apeadouro, São Luís, Maranhão/BR Tel:982.499.712 Fax:982.754.267 [email protected] www.fcarajas.org.br Contato: Denise Goemes Privado Cargo: Secretaria executiva Telefone(s): 236 2309 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] • Manejo florestal • Biodiversidade • Água • Povos indígenas • Gênero • Exploração de recursos minerais humanos • Direitos Endereço: Páez N 19-26 y Patria, Quito Faculdad Latino Americana de Ciencias Sociales FLACSO Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento FORMAD Contato:Teodoro Bustamante Ponce Cargo: Coordinador Programa Estudios Socioambientales Telefono(s): 2234 545 Dirección (s) eletrónica(s): tbustamante flacso.org.ec Endereço: Rua Carlos Gomes, 20 - bairro Araés Cep; 78005-260 Cuiabá - MT Tel:(65) 324-0893 Fax:(65) 324-0893 [email protected] www.formad.org.br Contato:Jonia Fank Cargo: Secretaria Executiva Telefone(s): (65) 324-0893 Endereço: Manuel Gomez 634 Lince Lima 14 Tel:(511) 266 0245 Fax:(511) 266 0580 www.foroecologico.org Foro Ecologico del Peru FE Foro ecológico y social FORO ECO Contato: Carlos Soria Cargo: Responsable del Area De Politica y Derecho Ambiental Telefono(s): 266 0245 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: 7 Este Nº 29 Equipetrol; Santa Cruz, Bolivia Tel: 33432098 Fax: 33431332 [email protected] Contato: Rosa Virginia Suarez A., Coordinador Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] 58 • Gestão de UC • Biodiversidade • Povos indígenas • Exploração de recursos minerais humanos • Direitos • Manejo florestal • Gestão de UC • Biodiversidade • Água • Direitos à terra • Povos indígenas • Gênero • Direitos humanos • Defesa do consumidor • Saúde, Educação • Manejo florestal • Gestão de UC • Biodiversidade • Povos indígenas • Exploração de recursos minerais do consumidor • Defesa • Gestão de UC • Biodiversidade • Produtos florestais nãomadeireiros • Povos indígenas • Direitos humanos • Defesa do consumidor Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento FBOMS Fórum da Amazônia Oriental FAOR Fórum da Sociedade Civil nas Américas FSC Grupo de pesquisa amazonia 21 GPA 21 Endereço: Rua General Jardim, 660 , 8 andar, sala 81 CEP 01223-010 São Paulo - SP - Brasil Tel:55(11) 3159-5071 ou 327 29411 Fax:11 - 3258-8469 www.fboms.org.br Contato: Cimara Machado Cargo: Secretaria Adjunta Telefone(s): 53 225 4954 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: Rua Senador Lemos Nº 557, CEP 66050-000, Bairro Umarizal, Belém - Pará Tel:(91) 261 4334 Fax:261 4334 [email protected] www.faor.org.br Contato: Marcos Roberto da Silva Sousa Cargo: secretário executivo Telefone(s): (91) 9602 7343 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: CEPIA (Secretaria Execituva do Fórum da Sociedade Civil nas Américas) Rua do Russel, 694/201 - Glória Rio de Janeiro - RJ. Brasil CEP 22210-010 Tel:(55-21) 2205-2136 / 2558-6115 Fax:(55-21) 2205-2136 / 2558-6115 [email protected] www.forumcivil.org.br Contato: Adriana Mota Cargo: Pesquisadora Telefone(s): (55-21) 2205-2136 / 2558-6115 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: UFPA - NAEA Campus Guamá Belém, PA, Brasil Tel:0055-91-2299059 Fax:0055 -91-2299059 • Gestão de UC • Biodiversidade • Água • Povos indígenas • Gênero • Defesa do consumidor • Matriz Energetica • Clima, Comércio e Meio Ambiente, em Meio Ambiente • Carta da Terra • Trabalho • Água • Direitos à terra • Gênero • Direitos humanos • Controle social de políticas públicas • Reforma urbana • Economia solidária • Politicas públicas para a juventude • Gênero • Direitos humanos • Relações Econômicas entre países • Mercosul • Democracia • Biodiversidade • Água • Exploração de recursos minerais • Desenvolvimento www.gpa21.org Contato:Norbert Fenzl sustentável 59 Grupo de Trabalho Amazônico GTA Endereço: SAIS Canteiro Central do Metrô Lote 08 Galpão 01 CEP 70610-000 Brasília DF Tel:61 346 7048 Fax:61 346 7048 [email protected] www.gta.org.br Contato: José Arnaldo de Oliveira, coordenador de comunicação e campanhas, arnaldo @ gta.org.br Grupo de Trabalho Manejo Florestal Comunitário GT MFC Guiana Shield Initiative GSI Liga de Defensa del Medio Ambiente LIDEMA Endereço: Belém, Av. Tavares Bastos, 933 Conjunto Residencial Colúmbia, Bloco F Apartamento 201 Tel:91- 238 0144 / 9985 7346 Fax:91- 238 23415 Futuramente, na página do IIEB : www.iieb.org.br Contato:Manuel Amaral Neto, coordenator, Telefone(s): 91- 238 0144 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: Netherlands Committee for IUCN Plantage Middenlaan 2K1018DD Amsterdam Tel:+31 20 626 1732 Fax:+31 20 6279349 www.iucn.nl/www.guianashield.org Contato: Amy MacKinven Position: Project Officer GSI Phone(s): +31 20 626 1732 Email address: [email protected] Endereço: Av. Ecuador 2131 La Paz - Bolivia Tel:591 2 2419393 y 2416044 Fax:591 2 2412322 [email protected] www.lidema.org.bo Contato: Jenny Gruenberger Cargo: Directora Ejecutiva Telefono(s): 591 2 2419393 y 2416044 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] 60 • Manejo florestal • Gestão de UC • Biodiversidade • Água • Direitos à terra • Gênero • Direitos humanos • Educação • Saúde • Energia • Manejo florestal • Certificação • Manejo florestal • Biodiversidade • Pagos por serviços ambientais florestais nãomadeireiros • Água • Direitos à terra • Produtos • Manejo florestal • Gestão de UC • Biodiversidade • Água • Povos indígenas • Exploração de recursos minerais • Defesa do consumidor • Promover el desarrollo sostenible Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia MAMA Plataforma de construcción de consensos socioambientales PICCSA Programa Bolsa Amazônia BOLSA AMAZONIA Programa de Capacitação de Técnicos e Agricultores da Amazônia PCTA Endereço: Rua Barão do Rio Branco 163 Bosque, Rio Branco / Acre, 69908-340 Tel:(0xx68) 223-8120/6784 Fax:(0xx68) 223-6784 [email protected] www.mama.org.br Contato :Viviane Leodegário Cargo: Técnica- Pedagógica Telefone(s): 223-6784 ou 9979-6979 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: San Ignacio 134 y Seis de Diciembre Quito, Ecuador Tel:593 2 504 496 Fax:593 2 904 098 [email protected] • Biodiversidade • Água • Direitos à terra • Povos indígenas • Gênero • Direitos humanos • Comércio • Água • Povos indígenas • Gênero • Exploração de recursos minerais Contato: María Arboleda Cargo: Secretaria Ejecutiva Telefono(s): 593 2 504 496, 593 2 904 098 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: Campus Universitário do Guamá - Setor Profissional - Casa do POEMA - Cx Postal 8606 Cep: 66075-900 Belém - Pará - Brasil Tel:(91) 211-1686/2027/1700 Fax:(91) 259-3423 [email protected] www.bolsaamazonia.com Contato: Danielle Redig Serra Cargo: Assessoria de Comunicação Telefone(s): (91) 9986-6148 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: Rua Iracema, Q11, casa 8 conj. Village Vila Ivonete, Rio Branco - AC cep: 69.914-390 Tel:(68) 223-3773 Fax:(91) 223-1724 [email protected] www.pesacre.org.br Contato: Brahna ou Brother Cargo: Coordenação Técnica Telefone(s): (91) 223-3773 e 223-1724 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] 61 • Conflictos petroleros en la Amazonía • Conflcitos por la producción del banano • Manejo florestal • Biodiversidade • Produtos florestais madeireiros • Biodiversidade • Certificação • Gênero • Intercâmbio de informações em agroecologia não- Proyecto "Mejoramiento de las Condiciones Ambientales en las Comunidades Indígenas" REPAMAR Red de Acción Alternativas al uso de Agroquímicos RAAA Red Agroforestal Ecuatoriana Endereço: Centro Panamericano de Ingenieria Sanitaria y Ciencias del Ambiente -CEPISLos Pinos 259 Urb. CamachoLima,12, PERU Tel:(51 1)437-1077 Fax:(51 1)437-8289 [email protected] http://www.cepis.ops-oms.org Contato:Ricardo Dianderas Cargo: Asesor Técnico del Proyecto Comunidades Indígenas Telefono(s): (51 1)437-1077 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: Jr. Julio Rodavero 682- Urb. Las BrisasLima 1- Peru Tel:(51-1) 4257955 Fax:(51-1)3375170 [email protected] www.raaa.org Contato: Luis Gomero Osorio Cargo: Coordinador de Desarrollo Institucional RAAA Telefono(s): 51-1 3375170/ 51-1 4257955 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: Av. Mariana de Jesus E6-172 entre a Amazonas y Moreno Bellido, 2do piso (Altos de la Guardería Aleli) Tel:02 2 527220 2907739 2909616 Fax:02 2 527220 [email protected] • Água • Povos indígenas • Gênero • Biodiversidade • Gênero • Agricultura sustentable • Agricultura organica • Problematica de los agroquímicos • Manejo florestal • Gênero RAFE Contato: Janett Torres T. Coordinadora nacional, tel: 02 2527220, [email protected] Red de Desarrollo Sostenible y Medio Ambiente REDESMA Endereço: Av. Ecuador 2330, esq. Rosendo Gutierrez, Sopocachi Casilla Postal 9205 La Paz - Bolivia Tel:(5912) 24153 Fax:(5912)2414726 www.redesma.org Contato: Cecilia González Cargo: Servicios y difusión Telefono(s): (5912) 2415324 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] 62 • Manejo florestal • Gestão de UC • Povos indígenas • Gênero • Difusión de temas Medio Ambiente y Desarrollo Sostenible • Uso de TIC's para esta temática Red de Gènero y Ambiente en Latinoamèrica y el Caribe GALAC Red de Resistencia Oilwatch OILWATCH Red Ecorregional para América Latina Tropical REDECO Red Forestal Amazónica RFA Endereço: Unión Mundial para la Naturaleza-UICN 200 sur y 100 este Banco Nacional Moravia, San José, Costa Rica Tel:506-2410101 Fax:506240-9934 [email protected] http://www.generoyambiente.org/ES/red_galac/ • Gênero Contato: Jackeline Siles Cargo: Webmistress Telefono(s): 506-2410101 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: Alejandro de Valdez N24-33 y La Gasca - QUITO - ECUADOR Tel:(593 2) 2547516 - 2527583 Fax:(593 2) 2547516 - 2527583 [email protected] www.oilwatch.org.ec • Seguimiento a actividades hidrocarburíferas Contato: Ivonne Yanez Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: Km 17 Recta Cali-PalmiraCali, Valle del Cauca, Colombia A.A 6713 Tel:4450000 Ext: 3716 Fax:4450073 [email protected] www.redeco.org • Manejo florestal • Gestão de UC • Biodiversidade • Pagos por serviços ambientais florestais nãomadeireiros • Água • Gênero • Agricultura • Geomática • Produtos Contato:Liliana Rojas Cargo: Asistente de Investigación Telefono(s): 4450000 Ext: 3716 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected], [email protected] Endereço:Mariano Ehecverría 843 y Francisco Feijoo. Quito - Ecuador Tel:593 2 2920635 Fax:593 2 2920636 ext. 109 www.amazoniaforestal.org Contato:Carlos Fierro Cargo: Director de Proyectos Telefono(s): 593 2 2920 635 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] 63 • Manejo florestal • Certificação • Pagos por serviços ambientais florestais nãomadeireiros • Povos indígenas • Políticas Forestales Regionales • Produtos Red Juvenil ambiental Nacional de Colombia Red JUAN Colombia Red Lalinoamericana de Investigaciones en Agricultura Urbana AGUILA Red Latinoamericana de Bosques RLB Red Venezolana de Organizaciones para el Desarollo Social REDSOC Endereço: Diagonal 24 No. 27ª-42, Bogotá - Colombia Tel:1-2442465, 1-2440581 Fax:1-2442465, 1-2440581 [email protected] http:// www.censat.org/Red_Juan.htm Contato: Irene Vélez Telefono(s): 1-2442465 y 1-2446775 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected], [email protected], [email protected] Endereço: Calle Manuel Piqueras, No. 194, San Isidro, Lima, Peru Tel:(51-1) 440-6099 / 421-9722 / 421-6684 Fax:(511) 440-6099 / 421-9722 / 421-6684 ext. 107 [email protected] http://www.ipes.org/aguila Contato: Mario Gonzalez Novo Cargo: Secretario Ejecutivo Telefono(s): (511) 440-6099 / 421-9722 / 421-6684 ext. 108 y 110 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: Avenida Republica 481 y Almagro Quito Ecuador Tel:593-2-2503385 / 94 ext. 325 Fax:593-2-2503385/24 ext.219 [email protected] http://www.fnatura.org/ Contato: Dania Quirola Suárez Cargo: Coordinadora Telefono(s): 593-2-2503385 / 94 ext. 325 o 59399825272 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: Segunda Avenida Los Cortijos de Lourdes. Edificio Fundación Planta Baja, Caracas 1071 Tel:(+58 212) 202.7540 / 202.7587 Fax:(58 212) 202.7626 [email protected] http://www.redsoc.org.ve Contato: Consuelo Morillo de Hidalgo Cargo: Directora-Coordinadora Telefono(s): (+58 212) 202.7540 / 202.7587 64 • Biodiversidade • Água • Direitos à terra • Povos indígenas • Exploração de recursos minerais • Direitos humanos • Soberania alimentaria • Fumigaciones • Plan Colombia • Manejo florestal • Água • Direitos à terra • Gênero • Agricultura urbana • Manejo florestal • Biodiversidade • Produtos florestais não- madeireiros • Povos indígenas • Gênero • Capacitación de jóvenes en oficios sexual y reproductiva • Educación preescolar y básica • Educación ambiental • Trabajo con mujeres y comunidades • Capacitación en redes y TICs • Salud Rede Brasileira de Educação Ambiental REBEA Rede Brasileira de Justiça Ambiental REDE JÁ Rede das Águas R. ÁGUAS Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação Rede Pró-UC Endereço: REBEA Instituto Ecoar para a Cidadania Rua Tomás Carvalhal, 551 Paraíso - São Paulo - SP Cep 04006-002 Tel:011 3051 1362 Fax:011 3051 1362 [email protected] www.rebea.org.br • Educação ambiental • Cultura de rede Contato: Vivianne Amaral Cargo: secretária executiva e faciltadora Telefone(s): 11 3052 1362 ( Ecoar) 3399 6239 (res) Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: Rua das Palmeiras, 90 Botafogo Rio de Janeiro - RJ 22270-070 Tel:21 22861441 Fax:21 22861209 www.justicaambiental.org.br Contato: Julianna Malerba Cargo: tecnica do projeto Brasil sustentável Função: secretariar e coordenar a Rede Brasileira de JÁ Telefone(s): 21 2286 1441 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: Rua Manoel da Nóbrega 456 Paraíso SP CEP 04001-001 Tel:38877550, 3887-7888 Fax:3885-1680 [email protected] www.rededasaguas.org.br • Biodiversidade • Água • Direitos à terra • Povos indígenas • Direitos humanos • Conflitos ambientais • Água Contato: Maria Luisa Ribeiro Cargo: coordenadora de projetos Telefone(s): 11 4013-4656 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: Rua Schiller, 702 B - Alto da XV Curitiba - PR - Brasil CEP 80050-260 Tel:041 262-9255 Fax:041 362-7939 [email protected] www.redeprouc.org.br Contato: Alexandre Lorenzeto Cargo: Técnico Executivo Telefone(s): 041 262-9255 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] 65 • Proteger, fortalecer, aprimorar e ampliar o conjunto de Unidades de Conservação Rede Norte de Propriedade Intelectual, Biodiversidade e Conhecimentos Tradicionais Rede Norte Red de Información forestal para America latina y el Caribe RIFALC Sociedad Nacional del Ambiente SNA Associação de Universidades Amazônicas UNAMAZ Endereço:Av. Nazaré 630, bl. D CEP 66.035.-170 Belém - Pará Tel:(91) 216-2636 http://www.cesupa.br/redenorte/ Contato: Eliane Moreira Telefone(s): (91) 216-2636 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] Endereço: AV. BULNES 259 OF. 706CORPORACION NACIONAL FORESTAL (CONAF)SANTIAGO - CHILE Tel:56 2 3900334 Fax:56 2 6731053 [email protected] http://iufro.boku.ac.at • Biodiversidade • Povos indígenas • Gestão da Propriedade Intelectual • Información Forestal • Investigación Forestal Contato: Santiago Barros Cargo: Coordinador RIFALC Telefono(s): 56 2 3900334 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: ANTERO ASPILLAGA 235-A + SAN ISIDRO Tel:00511 421 9167 Fax:00511 421 9167 [email protected] www.sna.org.pe Contato: Edwin Gonzales / Giovanna Orcotoma Cargo: Representante alterno ante Consejo directivo Telefono(s): 421 9167 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] Endereço: Travessa 3 de Maio, 1573 - São Braz Caixa Postal 558 cep:66063-390 Tel:91-259 2525 Fax:91-229 44 80 www.ufpa.br/unamaz Contato: Rosa Azvedo Marin Cargo: Diretora da Sede Institucional Telefone(s): 91-2294478 Endereço(s) eletrônico(s): [email protected] 66 • Manejo florestal • Biodiversidade • Produtos florestais nãomadeireiros • Povos indígenas • Exploração de recursos minerais • Saneamiento • Biodiversidade • Povos indígenas • Formação • Cultura e Meio Ambiente Unión Mundial para la naturaleza - Oficina Regional para América del Sur UICN-Sur Endereço: Shyris 2680 y Gaspar de Villarroel - PH. Quito - Ecuador Tel:593-2-2261075 Fax:593-2-2263075 [email protected] www.sur.iucn.org Contato: Tamara Montalvo Rueda Cargo: Coordinadora Portal Conservación y Equidad Social/ Director Regional Telefono(s): 593-2-2261075 Dirección (s) eletrónica(s): [email protected] 67 • Manejo florestal • Gestão de UC • Biodiversidade • Certificação • Água • Direitos à terra • Povos indígenas • Gênero • Ecosistemas marino- costeros
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