Agir sobre a Verdade Revelada
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Agir sobre a Verdade Revelada
Comentário a Isaías 7:1-16 por Virgílio Barros 15 de Março Agir sobre a Verdade Revelada Passagem Bíblica: Isaías 7:1-16 CONTEXTO DA PASSAGEM O Reino de Judá, no Sul, enfrentava ameaças de ataque por parte de uma aliança feita entre o Reino de Israel, no Norte, e o Reino de Aram, Síria. Isaías instou com Judá para que confiasse em Deus, que a libertaria, prometendo a derrota dos seus inimigos e de todas as nações que se opunham ao Senhor. O texto de 7:1-16 descreve as boas novas que Isaías trouxe para Acaz, o rei de Judá, em relação às ameaças de Israel e de Aram. Isaías anunciou a promessa de segurança para a nação e revelou o nascimento de uma criança chamada Emanuel, que seria o sinal de Deus de que livraria a nação do perigo. Isaías predisse a queda da aliança entre Israel e Aram perante a Assíria. Na segunda secção (7:17-8:22), Judá foi avisada de que a invasão da Assíria iria ameaçar a sua segurança. O profeta encorajou o povo a colocar a sua confiança no Senhor, porque só Ele os poderia livrar. Em 9:1-12:6, apresenta-se a profecia messiânica que dá esperança para a área do reino do Norte num futuro distante (9:1-7). A promessa aponta para a vinda de Jesus Cristo em cumprimento das promessas feitas a David (2 Sm 7:14). Depois, Isaías revelou o sucesso da invasão do reino do Norte pela Assíria, a qual indicaria a acção de Deus a disciplinar o povo com a sua vara divina. A quarta secção (13:23:18) descreve o julgamento de Deus sobre uma série de nações gentias. Isaías também descreveu o sofrimento que Judá iria experimentar por causa da ameaça da Assíria sobre Jerusalém. Verificar o Foco Deslocado (Isaías 7:1-2) Versículo 1. A primeira grande crise que se seguiu à morte de Uzias ocorreu durante o reinado do seu neto Acaz (zj;a; - ’achaz), cujo nome significa “aquele que agarra”, que governou entre 735 e 715 a.C. Peca (jq"p, - peqach, que significa “olhos abertos”), rei de Israel, e Rezim (ˆyxir] - retsiyn, que significa “agradável”), rei de Aram (µr;a} – ’aram) (um país a norte de Israel que é conhecido também por Síria) fizeram uma aliança com o objectivo de atacar Jerusalém. Esta guerra tornou-se conhecida por “Guerra Siro-Efraimita”. O povo de Deus ficou dividido em duas partes, o reino do Norte, Israel, e o reino do Sul, Judá, depois da morte de Salomão, devido ao despotismo de Roboão. Jeroboão revoltou-se contra a ditadura de Roboão e formou um governo no norte. A partir daqui as hostilidades e a falta de confiança caracterizou o seu relacionamento. A certa altura, a Assíria tornou-se um poder crescente a ponto de ser uma ameaça para Aram e Israel. Peca e Rezim aliaram-se na esperança de conquistar Judá. Este plano dar-lhes-ia capacidade para resistir a uma possível invasão da Assíria. O plano consistia não só em conquistar Jerusalém mas também substituir Acaz por um governante fantoche, que seria seu aliado (Is 7:6b). © 2009 – Igreja Baptista de Almada 1 Comentário a Isaías 7:1-16 por Virgílio Barros Foi para um clima tenso que Deus enviou o profeta Isaías. Ele tinha uma mensagem muito importante para o rei Acaz e para o povo de Judá acerca desta ameaça feita a Jerusalém. O Senhor prometeu que o plano sinistro não iria ser bem sucedido. Versículo 2. A expressão “casa de David” certamente refere-se a Acaz. Os descendentes de David continuaram a governar no reino do sul, Judá, cumprindo-se, assim, a promessa que Deus fizera a David de que “a sua casa e o seu reino” durariam para sempre (2 Sam. 7:16). Efraim era a maior das tribos que constituíam o reino do Norte, e aqui é sinónimo de “Israel”. A resposta de Acaz e do povo de Judá à ameaça da aliança feita entre Israel e Aram foi de pânico. O rei e o povo concentraram-se no poder dos inimigos que os queriam conquistar. Eles esqueceram-se de olhar para Deus para obterem a sua libertação. O receio é uma reacção natural quando enfrentamos algo que nos possa sugerir a existência de perigo ou crise nas nossas vidas. Muitas vezes a ameaça pode vir de algo que ponha em perigo alguém a quem amamos. Outras vezes a preocupação surge por questões de ordem material, tais como uma dívida ou uma necessidade financeira que nos parece impossível de concretizar comparada com os nossos recursos. O problema pode ser emocional ou de força espiritual. Vivemos a perda de um ente querido e não descortinamos como podemos suportar a jornada da vida sem ele. O receio é substituído pela fé quando voltamos os nossos olhos para o Senhor. Todos os problemas e necessidades são pequenos quando comparados com o Seu grande poder e provisão. Jesus encorajou os seus a não se preocuparem com o que haveriam de comer, beber ou vestir. Ele desafia-nos a buscarmos primeiro o reino de Deus para as nossas vidas, e quanto ao resto Ele tomaria conta de nós (Mat. 6:25-34). Verificar a Confiança Deslocada (Isaías 7:3-9) Versículo 3. Numa altura de emergência nacional, o Senhor enviou Isaías para entregar uma mensagem ao rei Acaz. Deus disse ao profeta para levar consigo o seu filho Sear-Jasube (bWvy; ra;v] – she’ar yashub). Em hebraico, este nome significa “um remanescente voltará”. O nome do filho de Isaías tinha o propósito de trazer encorajamento ao rei de Judá. O nome era uma promessa de que Judá não seria destruída pela aliança entre Israel e Aram. O remanescente refere-se ao grupo de pessoas fiéis que estaria protegido e seria preservado pelo poder de Deus. Acaz estava no aqueduto da piscina superior. A água era trazida da nascente de Gion, que era a fonte principal de água para a cidade de Jerusalém. A piscina está localizada fora dos muros da cidade, na estrada do campo do lavandeiro. Este era o lugar onde trabalhavam as pessoas que lavavam roupas. O rei, provavelmente, estaria a fazer uma prospecção ao fornecimento de água antecipando um ataque ou cerco á cidade. Este aqueduto também é mencionado como o lugar onde o rei Senaqueribe enviou os seus mensageiros e um grande exército para confrontar Ezequias (Is 36:2). Versículo 4. Deus ofereceu a Acaz ajuda e instou-o a não temer nem a desfalecer o coração. Mas o primeiro Imperativo é “acautela-te” (rm"c; - shamar). Este verbo encontra-se no Niphal (Voz Passiva) e, portanto, tem o sentido de “Sê vigilante” ou “está atento”. Em tempo de crise era necessário que Acaz estivesse atento, vigilante, embora a passiva © 2009 – Igreja Baptista de Almada 2 Comentário a Isaías 7:1-16 por Virgílio Barros transmita a ideia de que a verdadeira vigilância pertence a Deus. A seguir vem a palavra de segurança, “aquieta-te”. O verbo fq"v; (shaqat) encontra-se no Hiphil (causativo). Se o verbo anterior estava na Passiva, em que o rei teria apenas de confiar passivamente na vigilância de Deus, o segundo Imperativo já transmite a ideia de que Acaz tem de fazer alguma coisa. Para a palavra “temer” estamos perante o verbo mais usado em hebraico (arey; - yare’), a qual sugere uma perturbação interior descrita em manifestações externas. Outro sentimento que veio ao coração de Acaz foi o do desfalecimento. Os dois reis, o de Israel e o de Aram, são comparados a tições fumegantes. À semelhança do carvão incandescente, eles não durariam muito tempo. Ambos os reis estariam mortos dentro de dois anos a partir daquela profecia. É interessante notar que a causa da agitação de Acaz estava centrada em três elementos: a ira ardente de Rezim, Aram e o filho de Remalias. Rezim era um usurpador do trono em Aram, pelo que deve ter tomado o reinado com base no furor. O profeta realça a posição de Rezim mencionando o reino Aram. O reino de Aram é conhecido desde os tempos de David. A derrota que David infligiu sobre o exército de Aram-Damasco fez com que este território passasse a fazer parte do seu império. Mas a divisão do reino de Israel, em norte e sul, enfraqueceu a força que dominava Aram. Portanto em começos do século IX a. C., Aram tornou-se uma influência significativa na região norte. Quanto a Peca, nem sequer é mencionado o nome, apenas é referido como o filho de Remalias (Why;l]m"r] - remaleyahu). Esta expressão é usada com o sentido derrogatório. Há uma certa dificuldade em apresentar o significado deste nome, uma vez que não se encontra a raiz verbal rml (lmr). O facto de a LXX transliterar a palavra por Romeliou levou Beegle a entender que as primeiras consoantes seriam rwm (µWr) e o l predicativo, o que daria o significado de “Seja Iavé verdadeiramente exaltado”. Afinal Peca também era um usurpador do trono e a possibilidade de uma raiz verbal lmr associada ao árabe significaria “adorno” (com jóias). Portanto, Peca seria o filho daquele que adorna com jóias. E tal sentimento deve ter passado para Peca que acabou por subir ao poder pela força. Versículo 5. O Senhor sabia da conspiração de Aram e de Efraim. Agora o versículo realça a posição do reino do Norte ao mencionar Efraim e o filho de Remalias. No versículo anterior tinha realçado o reino de Aram. Efraim (µyirp " ]a,) era o nome do filho mais novo de José. Etimologicamente, o termo deve significar “ser frutífero”, a partir da palavra hrp (pharah). Neste caso, o termo é usado como sinónimo de Israel, reino do Norte, como resultado da catástrofe da guerra Siro-Efraimita. O que estes países maquinam é precisamente o “mal” (h[;r; - ra‘ah), palavra que tem um sentido primeiramente pragmático e qualitativo. O mal aqui tem a ver com a corrupção, que, por sua vez, tem uma conotação moral e espiritual. Deus não faz parte da sua vida, por isso, as intenções de atacar Judá tem a ver com o desejo de aumentar o seu espólio e colocar no lugar de Acaz um rei fantoche que se aliaria a eles. Versículo 6. Este versículo apresenta as intenções claras dos dois reinos a norte de Judá. A sua subida a Judá tinha como objectivo “amedrontar” (≈Wq - quts), isto é, provocar um pavor chocante, que provoca náuseas. A expressão “repartamo-lo” corresponde ao verbo © 2009 – Igreja Baptista de Almada 3 Comentário a Isaías 7:1-16 por Virgílio Barros hebraico [q"B; (baqa‘) que significa “quebrar”, mas no grau Hiphil (causativo) significa que eles querem assaltar à força da espada a fim de dominar. A intensidade é tanta que se expressa de forma duplicada colocando o substantivo “rei” (Ël,m, - melek) e o verbo “reinar” (Ël"m; - malak) juntos, ficando portanto: “fazer reinar um rei”. Por outras palavras, eles querem colocar no trono alguém que reine de acordo com as suas intenções. A indicação do rei que eles querem é feita de forma dúbia. Não se sabe se Tabeel é o nome de uma região de onde vem o rei ou se é o pai desse rei. Por ironia do destino a palavra la"b]f; (tabe’al) poderia significar, em aramaico, “Deus é bom”, mas o nome adquiriu uma forma ridícula no texto massorético que acaba por significar “nada bom” (cf. Anchor Bible Dictionary, vol. 6). Versículo 7. O Senhor revelou a conspiração contra Acaz, mas agora apresenta uma mensagem de segurança. Agora temos a junção do título Adonai (yn;doa)} e o nome Iavé (hwhy]). Quem afirma segurança total é o Senhor Iavé, é aquele que está acima de todos os senhores e é o Deus do pacto feito com Abraão e posteriormente com o povo que saiu do Egipto e finalmente com o rei David. Ele é o Deus da relação pessoal, o Senhor que é, que era e que há-de ser. Os inimigos não permanecerão em pé (µWq - qum) nem continuarão a existir (hy;h); . Deus conhece os planos malignos dos ímpios e interfere soberanamente quando é da Sua vontade. A Bíblia revela um Deus com poderes ilimitados e que está envolvido vitalmente nos eventos da vida. Versículo 8. O versículo começa por mencionar que se as coisas estão como estão é porque Deus é o Senhor soberano e tem permitido que as pessoas reinem como querem, mas não deixarão de atingir os Seus alvos. Deus tem um propósito, e, por isso, usa os meios terrenos para os atingir ainda que as pessoas não tenham essas intenções. Ao mesmo tempo este versículo contém uma profecia impressionante de natureza específica. Isaías profetizou para Acaz em 734 a.C., dizendo que em 65 anos Efraim deixaria de ser povo. Isto significaria que em 669 a.C. se cumpriria a profecia, mas na realidade isto aconteceu muitos anos antes, em 722 a.C., isto é, doze anos depois. Crabtree defende que a declaração dos 65 anos foi interpolada na mensagem de Isaías e, por isso, não faz parte do texto original “porque interrompe a conexão e o paralelismo entre 8a e 9a”. Por outro lado, ele considera que “quando os profetas falam de acontecimentos no futuro, eles usam números redondos ou simbólicos, em vez de mencionar anos exactos” (A Profecia de Isaías, vol. I, 152-153). Alguns comentaristas chegam a conciliar esta profecia de 65 anos com a política de Assurbanipal que, tendo reinado entre 668 e 632 a.C., continuou a política dos reis anteriores. Mas nada indica que Assurbanipal tenha trazido mais estrangeiros para Israel, apesar de ter feitos várias incursões através dela para chegar ao Egipto. O texto tem, de facto, as suas dificuldades de interpretação, pois os números não condizem com os factos históricos. Uma possibilidade é que tenha havido erro na transcrição dos números ou no ditado para os copistas, e que, em vez de sessenta, se deveria ler seis. A frase seria: “e dentro de seis e cinco anos”, o que seria o mesmo que dizer: “dentro de 11 anos”. Portanto, ao fim de 11 anos, o décimo segundo, isto é, em 722 a.C., dar-se-ia a derrocada de Efraim. © 2009 – Igreja Baptista de Almada 4 Comentário a Isaías 7:1-16 por Virgílio Barros Versículo 9. O paralelismo do início do versículo anterior continua aqui. Também Efraim tem um rei porque Deus tem permitido que assim aconteça. No entanto, é preciso que as pessoas tenham consciência de que o rei está no trono por vontade de Deus, por enquanto. Por fim, Isaías desafiou Acaz a permanecer firme na fé. A palavra “crer” corresponde ao verbo ˆm"a; (’aman) que significa “confirmar” ou “estar seguro”. Temos aqui um jogo de palavras porque as palavras são as mesmas, embora em modos verbais diferentes. Traduzido literalmente seria: “se não estais seguros então não estareis seguros”. Parafraseando diríamos: “Se não tendes uma confiança firme, então não sereis confirmados”. Este verbo é a raiz para a nossa palavra “Amén”, que significa “é verdade”. Portanto, a fé e não a fortificação era a única esperança para Acaz e para o povo de Judá. Só a confiança em Deus que ele os protegeria seria a base para a sua sobrevivência. O Senhor ofereceu a Acaz a esperança, mas ele teria de crer e receber a ajuda de Deus. O Senhor continua a oferecer a esperança e a salvação para os que estão a viver situações de aflição. Por isso, Ele lembra-nos que é infinitamente maior do que qualquer problema que enfrentemos. Ele está consciente das nossas necessidades e sabe quem está a tentar tramar-nos. Mas Ele quer ajudar-nos, e para tal é preciso depositarmos toda a confiança nele, e não em nós próprios ou noutras pessoas. Verificar a Integridade que Falta (Isaías 7:10-12) Versículo 10. Iavé não pára de comunicar a Sua mensagem ao Seu povo. Literalmente o texto diz-nos que Iavé acrescentou (πs"y; - yasaph = “acrescentar”) uma palavra (rBeD" daber). Este termo é muito importante porque fala da “palavra” por excelência, aquela que vem do Senhor e é eterna. Esta palavra vai dirigida a Acaz. Versículo 11. O versículo começa com um Imperativo. A ordem é dada por Iavé para que Acaz faça um pedido de um sinal (t/a – ’ôt). Neste caso, pede-se uma prova ou certeza de que a palavra de Deus ou do profeta é verdadeira. O Senhor ofereceu-se para provar que aquilo não era truque, e queria demonstrar que era sincero naquilo que estava a oferecer. É interessante notar que agora temos a expressão “Iavé teu Deus”. O pronome acaba por destacar a relação que devia existir entre Acaz e Iavé. O rei deveria reconhecer que só o Senhor é o seu Deus verdadeiro. Deus não coloca limites ao rei sobre a natureza do sinal ou da prova que ele poderia pedir. O termo hebraico para “profundezas da terra” é hl;a;v] (she’alah), que deriva do termo laov] (she’ol). Este termo designava as partes mais profundas da terra, e para onde iam, assim se acreditava, os mortos. Tanto o verbo “pedir” como o termo “profundezas” têm a mesma raiz. O outro extremo são as alturas (l["m" – ma‘al), que significa “as partes mais altas”. O uso destes dois extremos é uma figura de discurso que conota a ideia de que o rei podia pedir sem limites indo até às partes inacessíveis para o ser humano. Versículo 12. © 2009 – Igreja Baptista de Almada 5 Comentário a Isaías 7:1-16 por Virgílio Barros Acaz recusou pedir um sinal e apresenta a desculpa de que não quer pôr o Senhor à prova (hs;n; - nasah). Alguns vêem na resposta de Acaz uma certa piedade falsa. Em Dt 6:16 lemos que não se deve tentar o Senhor. No entanto, aqui, é o Senhor que ordena a Acaz que peça um sinal. Talvez ele não tivesse fé suficiente para acreditar que o senhor lhe daria um sinal, e muito menos que livrasse o povo do perigo iminente. Se lêssemos algo mais sobre este rei, iríamos verificar que ele se caracterizou como um homem desobediente a Deus. Talvez ele não quisesse pedir um sinal porque também não estava disposto a colocar a sua fé em Deus. Pelos vistos preferia confiar nas suas artimanhas e bens retirados da casa do Senhor, e acreditar que o rei da Assíria seria o seu salvador. Pelo menos era uma coisa mais palpável. Porém, como diz Martin, esta situação é semelhante a “um rato ir ter com um gato para o ajudar a livrar-se de duas ratazanas” (Isaiah: the Salvation of Jehovah”, 39). Muitas pessoas preferem confiar nas suas capacidades para dar a volta aos problemas do que confiar em Deus. Até são capazes de apelar para uma aparência de religiosidade em não quererem a ajuda de Deus. Mas, na realidade, aqueles que usam deste subterfúgio estão a ser desonestos, porque o que eles não querem é depender de Deus completamente. Verificar a Fé Deslocada (Isaías 7:13-14, 16) Versículos 13. Este versículo é uma repreensão severa de Deus a toda a casa real. Já não bastava estarem a esgotar a paciência (ha;l; - la’ah) dos homens que ainda gostavam de estar a esgotar a paciência de Deus. É provável que a corte, devido às suas medidas políticas e económicas estivesse a esgotar a paciência dos súbditos. Mas parece que Acaz não fazia distinção entre o povo e Deus. É Isaías que está a falar, e ele sente que estão a brincar com o seu Deus (note-se a expressão “meu Deus”). O profeta também tem os seus limites, e não gosta que duvidem da palavra do Senhor. Neste caso ele está a defender a reputação do seu Deus. A Bíblia fala da misericórdia e da paciência de Deus para com os pecadores, porque deseja que todos venham ao arrependimento (2 Pd 3:9). Mas a sua paciência tem limites. Aqueles que recusam o aviso atrás de aviso sofrerão as consequências de um julgamento que revela a ira de Deus contra o pecado (Prov. 29:1). Versículo 14. O profeta continua a falar, mas na convicção de que Deus está com ele naquilo que diz. Ele volta a usar a palavra Adonai, como uma forma de dizer que Iavé está acima de qualquer um deles, pois ele é o dono de todas as coisas na terra. Portanto, já que Acaz não escolheu um sinal, o próprio Senhor vai escolher e informar qual é o Seu sinal. É preciso notar que o sinal não se restringe apenas ao versículo 14. A explicação do sinal continua até ao versículo 16, pelo que, este versículo deve ser, primeiramente, interpretado no seu contexto específico e depois na sua aplicação universal. A discussão começa logo com o termo “virgem” que em hebraico (hm;l][") também pode significar “uma jovem” casada ou solteira (Gn 24:43; Êx 2:8; Prov. 30:19). O importante ainda é notar que o substantivo está precedido do artigo definido “a jovem” e não “uma jovem”. Portanto, é provável que Isaías esteja a referir alguém conhecido dos ouvintes. Essa jovem (virgem ou não) iria conceber e daria à luz um filho a quem chamaria Emanuel (lae WnM;[)i , que quer dizer “Deus connosco”. Assim como o nome do filho do profeta Isaías era uma mensagem dirigida ao rei de que “o © 2009 – Igreja Baptista de Almada 6 Comentário a Isaías 7:1-16 por Virgílio Barros remanescente voltará”, também esta criança era uma evidência de que Deus estava com o Seu povo. Só era preciso que a casa real e todo o povo reconhecesse isso. Mas a palavra de Deus é mais abrangente do que aquilo que nós pensamos. O facto de a LXX (datada em meados do séc. III a.C.) traduzir a palavra hebraica por “virgem” (hJ parqevno" - hê parthénos) significa que Deus continuou a trabalhar na transmissão da Sua palavra para que este texto pudesse ser aplicado fundamentalmente ao nascimento de Jesus Cristo, como Mateus veio a escrever (Mt 1:23). Isto só prova que a palavra de Deus, tendo um cumprimento específico numa determinada época, tem a capacidade de se extravasar para além dos meros factos históricos. Versículo 15. A palavra para “manteiga” (ha;m]h, - heme’ah) geralmente significa “leite coalhado. Estes dois elementos são fundamentais na dieta de um ser humano. Quando a criança chegar ao momento em que já saberá escolher (rj"B; - bachar) o bem e rejeitar (sa"m; - ma’as) o mal, passará a viver de acordo com esta dieta. Normalmente estes dois termos, “leite e mel”, eram sinónimos de abundância. Certamente haveria um período de carência devido à desolação do país, onde predominará a fome e a sede, mas quando a criança souber discernir o que é bom e o que é mau, então haverá abundância. Versículo 16. Este versículo está ligado aos anteriores e vem confirmar que antes de a criança chegar a saber escolher entre o bem e o mal, a terra (hm;d;a} – ’adamah) será desolada (bz"[; - ‘azab). O verbo significa “desamparar” ou “abandonar”. Segundo o profeta o acontecimento dar-se-ia entre 10 e 12 anos, que era mais ou menos a idade em que uma criança saberia ter um certo discernimento moral. As Escrituras revelam que Acaz, infelizmente, não respondeu ao Senhor com fé e obediência. Ele voltou-se para a nação pagã da Assíria, pedindo ajuda em vez de se voltar para Deus. As consequências desastrosas não significaram a destruição de Judá, mas a nação foi obrigada a pagar pesadas taxas e sofreu desnecessariamente. Tudo isto aconteceu porque este rei recusou-se a confiar em Deus. Esta profecia serviu para apresentar também a grande mensagem da vinda do Messias. Em tempos de crise e de necessidade, sabemos que podemos confiar no Senhor e encontrar a verdadeira ajuda e libertação do medo e da preocupação que nos afecta. As Suas promessas estão asseguradas através da vinda do nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo. Como é que reagimos quando enfrentamos algum desafio na vida? Pedimos ajuda a Deus? Confiamos nele? Ou duvidamos da nossa decisão em confiar nele? A verdade que ele nos revela na Sua palavra dá-nos a certeza de que podemos confiar nele. CONCLUSÃO 1. Verifique se está mais concentrado na ameaça ou no Senhor. 2. Verifique se está a colocar a sua confiança no Senhor e Sua promessa ou na sabedoria humana. 3. Verifique se está a ser honesto com o Senhor. 4. Verifique se está a agir de acordo com a sua fé no Senhor, conforme Ele revelou a Sua verdade ao ser humano. © 2009 – Igreja Baptista de Almada 7
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