IBGE erra no cálculo da concentração de terras
Transcrição
IBGE erra no cálculo da concentração de terras
CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL AMBIENTE PECUÁRIA PECUÁRIA Censo mostra a incorporação crescente de técnicas de manejo sustentável dos recursos naturais Redução das áreas de pastagens e aumento do rebanho revelam ganhos de produtividade do rebanho PÁGINA 3 NOVEMBRO/DEZEMBRO E JANEIRO - 2009/2010 - ANO 54/55 - No 233 PÁGINAS 6 E 7 IBGE erra no cálculo da concentração de terras Uma leitura atenta dos dados da estrutura fundiária do País, apresentados pelo Censo Agropecuário de 2006, permite conclusões que extrapolam os tímidos comentários do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O Instituto afirmou que “as diferenças verificadas na área dos estabelecimentos agropecuários, quando comparados os diferentes estratos fundiários, continuam a caracterizar a manutenção da desigualdade na distribuição da terra no País nos últimos censos agropecuários” e que “o Brasil ainda apresenta alto grau de concentração de terras”. O IBGE errou no cálculo e na interpretação do resultado. A publicação do Censo Agropecuário de 2006 apresentou um índice de GINI – que afere os contrastes na distribuição de terras: quanto mais próximo de um, maior a concentração – de 0,872 (tabela 10 – Evolução do índice de GINI, do documento do IBGE). Esse número, que indicaria tendência de concentração, após enorme repercussão, AQÜICULTURA Pela primeira vez no Censo, setor movimentou R$ 1,6 bilhão em 2006 PÁGINA 4 CONTINUA NA PÁG. 2 Número e Área Média dos Estabelecimentos Agropecuários 7.000.000 300 270,2 5.801.809 6.000.000 5.159.851 4.993.252 4.924.019 5.000.000 5.175.489 4.859.865 250 200 4.000.000 3.337.769 3.000.000 2.000.000 1.000.000 - 103,8 150 112,5 1.904.589 2.064.642 74,9 59,7 64,9 70,7 64,6 72,8 100 63,8 50 648.153 1920 1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1996 Número de estabelecimentos agropecuários (unidades) Área média dos estabelecimentos agropecuários (hectares) Fonte:The IBGE Fonte: Global Competitiveness Index 2009-2010, Fórum Econômico Mundial, 2009. CANA Valor bruto de R$ 19,6 bi, com 14% de participação no ranking total PÁGINA 9 CAFÉ Área colhida reduziu 7% e a produtividade aumentou 35% em 10 anos PÁGINA 5 2006 0 2 Revista Gleba - Informativo Técnico Continuação da primeira página Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil Diretoria Executiva 2008-2011 Presidente KÁTIA REGINA DE ABREU (TO) 1º Vice-Presidente ÁGIDE MENEGUETTE (PR) Vice-Presidente de Secretaria PIO GUERRA JÚNIOR (PE) Vice-Presidente de Finanças ADEMAR SILVA JÚNIOR (MS) Vice-Presidente Executivo FÁBIO DE SALLES MEIRELLES FILHO (MG) Vice-Presidente Executivo ASSUERO DOCA VERONEZ (AC) Vice-Presidente Executivo CARLOS RIVACI SPEROTTO (RS) Vice-Presidente Executivo HOMERO ALVES PEREIRA (MT) Vice-Presidente Executivo JOSÉ RAMOS TORRES DE MELO FILHO (CE) Vice-Presidente Executivo JÚLIO DA SILVA ROCHA JÚNIOR (ES) Informativo Técnico Revista Gleba é uma publicação trimestral da CNA, elaborada sob a responsabilidade da Superintendência Técnica Coordenador MOISÉS PINTO GOMES Colaboradores ANAXIMANDRO DOUDEMENT ALMEIDA BRUNO LUCCHI CAMILA NOGUEIRA SANDE CESAR AUGUSTO BRUNETO DANIELLE SILVA BERNARDES ELISANGELA PEREIRA LOPES FELIPE ALVARENGA GUSTAVO RODRIGUES PRADO JOACI MEDEIROS JOÃO CARLOS DE CARLI JOSÉ EDUARDO B. COSTA JOSÉ RICARDO SEVERO LUCIANA CARDOSO LUCIANA DE PAIVA LUQUEZ LUCY FRANÇA FROTA MARIA CAROLINA R. BAZILLI MARINA FERREIRA ZIMMERMANN NELSON ANANIAS PAULO MUSTEFAGA RENATA BRACARENSE FANTINI RODRIGO JUSTUS ROSEMEIRE SANTOS RUDY FERRAZ TATIANA VILLA CARNEIRO Editora Responsável OTÍLIA RIETH GOULART Endereço SGAN 601 MODULO K ED. ANTONIO ERNESTO DE SALVO CEP - 70830-903 Fone - (61) 2109.1400 Fax- (61) 2109.1490 E-mail: [email protected] Endereço na Internet: www.canaldoprodutor.com.br Reprodução permitida desde que citada a fonte foi desmentido pelo próprio Instituto. O valor correto seria 0,854. Isso leva a uma série dos três últimos Censos com os seguintes valores: 1985 - 0,857; 1995/1996 - 0,856; e 2006 - 0,854. Ou seja, no Brasil, desde 1985, tem havido desconcentração de terras. É necessário esclarecer que entre 1985 e 2006 ocorreram, de fato, processos de concentração, sobretudo desencadeados pela aquisição de terras para as grandes plantações voltadas para o mercado externo. Esse movimento não é voluntário. Para sobreviver numa economia de mercado globalizada, os empreendimentos rurais, como todos os demais, em todos os setores da economia, dependem da produção em escala. Essa é uma regra mundial. Não é exclusividade do Brasil. Vale para a produção agropecuária e para produção de carros, de sapatos, de roupas, etc. Houve, ainda, outro grande fator de desconcentração no período: a destinação de mais de 51,2 milhões de hectares para a reforma agrária, de acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Trata-se de área que supera toda a extensão ocupada por grãos, fibras e oleaginosas no País que, segundo o próprio Censo, era de 44 milhões de hectares, em 2006. Mas, no mesmo período, também ocorreram importantes processos de desconcentração de terras, tais como: a redução de quase 13 milhões de hectares no total da área dos estabelecimentos maiores que mil hectares; a repartição de cerca de 1,5 milhão de estabelecimentos por sucessões hereditárias; e a criação de novas terras indígenas e novas unidades de conservação – no total de 81 milhões de hectares. O Censo foi omisso na avaliação da contribuição do Programa Nacional da Reforma Agrária, apesar de ter identificado os estabelecimentos dele provenientes. Da mesma forma, computar 8,5 milhões de hectares de estabelecimentos agropecuários em áreas de terras indígenas ou de unidades de conservação é, no mínimo, questionável. Tais espaços públicos possuem afetação ou destinação própria, não sendo justificável agrupá-los, mesmo se tratando de exploração comunitária em terras indígenas. Apesar da ausência de comentários no documento publicado pelo IBGE, há outro número incontestável: o tamanho médio das propriedades rurais no Brasil caiu de 72,8 hectares, em 1995/96, para 63,8 hectares, em 2006. Uma redução de 12,4% em uma década. No mesmo período, o número de propriedades saltou de 4,86 milhões para 5,17 milhões. Ou seja, mais gente possui menos terra. Isso sinaliza desconcentração. Apenas para comparação: em 2002, segundo o United States Department of Agriculture (USDA), a área média das propriedades nos Estados Unidos era de 178,5 hectares. E, na Argentina, segundo a Sociedad Rural Argentina, em 2008, era de 468,9 hectares. E as comparações com a Europa? É importante esclarecer que a distribuição de terras no Brasil é fato novo, tendo sido intensificada com a Lei imperial nº 601, de 1850. Disso decorre toda a dinâmica de concentração e desconcentração. Qualquer comparação com o velho continente europeu (com índices de GINI entre 0,55 e 0,78) deve ser feita com cautela. De acordo com Christiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, citando Laura Beck Varela, “no Brasil, a propriedade privada imobiliária sofreu um longo processo de saída do patrimônio público para ingresso na esfera privada, não se podendo utilizar os Países da Europa ocidental como paradigmas, pois não tivemos estrutura do tipo feudal.” Sabe-se que o Programa de Reforma Agrária do Brasil não tem oferecido condições para que os seus beneficiados gerem renda e sobrevivam da atividade agropecuária, conforme dados da pesquisa IBOPE/ CNA divulgada recentemente. Mas, admitindo-se que o novo Índice de GINI e os demais valores do Censo Agropecuário 2006 do IBGE estão corretos, pode-se concluir que ele, pelo menos, tem contribuído para anular, ou mesmo reverter, os processos de concentração de terras do País. Moisés Pinto Gomes engenheiro agrícola, M.Sc., superintendente técnico Anaximandro Doudement Almeida engenheiro-agrônomo, assessor técnico da Comissão Nacional Assuntos Fundiários 3 Revista Gleba - Informativo Técnico MEIO AMBIENTE Processo produtivo incorporou as questões ambientais O plantio direto, tecnologia imde hectares – do acréscimo da área A análise do portante para a preservação de solo de matas naturais se deu em substiCenso Agropecuáe a diminuição da emissão de Gases tuição a áreas de pastagem natural. rio 2006 mostra a de Efeito Estufa (GEEs), em 2006, preocupação amestava presente em 36% das áreas Avanço da Agricultura biental dos nossos plantadas com lavouras temporárias. produtores, traduA técnica da irrigação, que reduz a Se levarmos em conta a diminuizida na incorporadependência do regime natural de ção da área total das propriedades ção crescente de chuvas e possibilita o aumento de rurais, além da diminuição das áreas técnicas de manejo produtividade, foi identificada em de pastagens naturais e o pequeno sustentável dos recursos naturais. 7,44% das áreas de lavouras. aumento das pastagens plantadas, Ao demonstrar, com números, que Um dado inédito traas propriedades auzido pelo Censo 2006 mentaram suas áreas mostra que apenas 0,24% de matas naturais, ou Comparativo Censo 1996/2006 da área total ocupada seja, áreas cobertas por Pastagens Naturais e Plantadas pelas propriedades rurais matas e florestas não é de terras degradadas e plantadas, inclusive as 1,85%, de terras inaproáreas com mato ralo, veitáveis para agricultura caatinga ou cerrado, e pecuária. Esses dados o Instituto Brasileiro de contradizem as afirmações Geografia e Estatística de algumas instituições de (IBGE) deixa claro que pesquisa e ONGs sobre a a produção agrícola do existência de milhões de País se tornou uma atividade ambientalmente hectares de solo degraresponsável. dados pela agropecuária. Com o avanço das Dos cerca de 330 milhões áreas destinadas às Unide hectares ocupados pedades de Conservação las propriedades rurais, e Terras Indígenas, o segundo o IBGE, menos Censo indica uma dimide 800 mil estariam sem nuição da área ocupada condições de uso. pela atividade agropecuA primeira análise ária de 23,7 milhões de dos dados divulgados hectares em relação à pelo IBGE sob o ponto 1995/96. Um recuo de de vista ambiental traz 6,7% da área total. boas notícias. Essas anáNo mesmo períolises vêm sendo aprodo, as áreas com matas fundadas na Superintennaturais dentro das prodência Técnica da CNA, priedades aumentaram tendo em vista detalhar Legenda em mais de cinco mias conclusões até então Redução entre 69 e 50% Estados lhões de hectares, o que obtidas e relacionar os Redução entre 49 e 20% representa um aumento dados à base territorial Variação Pastagens de aproximadamente dos biomas, como orienRedução em até 20% Redução em mais de 70% 6%. Em 1995/96, eram ta a legislação ambiental 88,9 milhões de hectabrasileira. Mas, sem dúres ocupados com essa vida, pode-se dizer que Fonte: Elaboração CNA cobertura e, em 2006, os ganhos de produtivi94 milhões. Segundo os dade exibidos pelo setor constatou-se que 18 milhões de hecnovos dados, 15% das áreas utilizano Censo 2006 ocorreram com restares foram incorporados à agricultudas pelas propriedades rurais são peito ao meio ambiente. Os dados ra. A espacialização dos resultados destinadas às áreas protegidas – na sinalizam que produção de alimendos Censos 1995/96 e 2006 mostra agricultura familiar esse percentual tos e preservação ambiental é um que a diminuição das pastagens naé de 10%. Cerca de 11% das áreas binômio possível. turais se deu, basicamente, nos muocupadas pela propriedade rural, nicípios onde a agricultura cresceu. 35,6 milhões de hectares, são destiNélson Pode-se dizer que o aumento de pronados às áreas de reserva legal. Ananias Filho engenheiro-agrônomo, assessor técnico da dução da agricultura também ocorreu É importante destacar que a Comissão Nacional do Meio Ambiente sobre áreas de pastagens nativas. maior parte – cerca de quatro milhões 4 Revista Gleba - Informativo Técnico AQÜICULTURA Censo descobre a atividade em pleno século 21 produzidos nacionalmente, o que R$175 milhões nas duas atividaPela primeira corresponde a 117.805.673 quilodes, em 2006. vez o Censo Agrogramas produzidos no Brasil. pecuário 2006 A região Nordeste é a primeiPolíticas Públicas contemplou dados ra em produção, quando se fala referentes às ativiem aqüicultura. Principal atividade dades aqüícolas no Os resultados do Censo mosaqüícola no Nordeste, a carciniculPaís. O movimento traram que, de um total de 153.409 tura apresenta resultados expressifinanceiro total da estabelecimentos agropecuários vos no Rio Grande do Norte, Esaqüicultura no Braque trabalham com atividades tado responsável por 50% do total sil foi de quase R$ 1,6 bilhão, desaqüícolas, 89% são geridos pelos de camarões produzidos no País, tacando a região Nordeste como a próprios proprietários. Informaram, movimentando R$ 379.790.329. maior em movimentação financeira: ainda, que a grande maioria das O Nordeste é também responR$ 950.741.027. propriedades aqüícolas possui no sável pela maior produção em A aqüicultura é uma atividade máximo dois hectares de espelho/ escala nacional de peixes. São agropecuária subdividida em dois lâmina d´água. A análise desses aproximadamente 55,5 mil tonelagrandes setores de produção: a dados demonstra a importância das, responsáveis pela geração de carcinicultura e a piscicultura. Em das atividades ligadas à aqüiculR$ 186 milhões. Ostras, vieiras e relação ao valor total comercializatura como ferramentas para a dismexilhões não são produzidos na do nacionalmente entre as atividatribuição de renda. Demonstraram, des da aqüicultutambém, a grande dira, a carcinicultura versidade de espécies Comparativo entre Tipos de Produções no Brasil, em Valores. é responsável por cultivadas no Brasil, 49% e a piscicultucomo as pesquisadas 65.626.354; ra por 47%. Conpelo IBGE: carpa, 4% forme o Censo, tambacu, curimatã, outras atividades, pacu, piau, pintado, como ostras/vieitruta, tilápia, tambaras, mexilhões e qui, camarão, ostra/ espécies ornamenvieira, mexilhão e estais, destacam-se pécies ornamentais. com 4% do valor Como o Censo 781.674.546; comercializado. Agropecuário 2006 foi 736.545.392; 49% 47% Este valor é cono primeiro estudo do centrado na reIBGE a informar dagião Sul. dos da aqüicultura, os Peixes Camarões Outros A piscicultura resultados não foram movimentou, em comparados aos cenFonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006 2006, cerca de sos anteriores, o que diR$ 736.545.392, ficulta a correlação do região, fenômeno causado princisendo que a produção total de peireal movimento das atividades aqüípalmente pela alta temperatura das xes foi de 202.451.093 quilogracolas nas últimas décadas. Entretansuas águas. mas em um total de 76.659 estabeto, os dados do Censo 2006 são de Em segundo lugar na produlecimentos agropecuários. Pode-se grande valia para as previsões e esção nacional, a região Sul é resdizer que o preço médio comerciatimativas futuras e evidenciam a imiponsável por 43 mil toneladas de lizado de peixes foi de R$ 3,60 o nente necessidade de fortes políticas peixes e mil toneladas de camarões quilo. Destacam-se na atividade as públicas para o fomento às atividaproduzidos em 2006. Neste ano, a espécies pacu, tilápia, tambaqui e des aqüícolas. produção das duas culturas concarpa. tabilizou R$ 140 milhões e R$ 6,9 No ano de levantamento das Marina S. Zimmermann milhões, respectivamente. A região, informações do Censo, a carcimédica veterinária, mestre em ciências no entanto, produziu a maioria de nicultura possuía 4.771 estabeagrárias, assessora técnica em produção animal ostras/vieiras e mexilhões em escalecimentos produtores. A produla nacional, respondendo por quação nacional neste período foi de Felipe Guedes se 100% para ambas as atividades. 121.568.147 quilos, sendo que o Alvarenga A região Sudeste está em tervalor movimentado pela atividade engenheiro agrônomo, mestre em genética, ceiro lugar no País em termos de foi de R$ 781.674.546, o corresassessor técnico em produção animal pondente a um preço médio de R$ produção e comercialização das 6,40 por quilo do produto. Pelos reatividades referentes à aqüicultuJoão Carlos de sultados apresentados, constata-se ra. Contribuiu com 41 mil tonePetribu De Carli que a região Nordeste é responsáladas de peixes e mil toneladas engenheiro agrônomo, assessor técnico em vel por 97% do total de camarões de camarões, comercializando meio ambiente 5 Revista Gleba - Informativo Técnico CAFÉ Área colhida caiu 7% e produtividade subiu 35% 2.360.756 1.687.851 1.873.189 1.812.250 2.442.003 2.636.704 1.397.452 2.449.225 752.737 1.635.666 1.651.465 2.266.372 2.685.865 4.030.614 128.831 2.465.450 792.783 540.402 2.215.658 resultando em uma diferença de 21% 80% deste total agricultura familiar, resDados do entre os dois indicadores. ponsável por 34% da quantidade proCenso AgropeSegundo este comparativo, obserduzida e produtividade de 1256 Kg/ha cuário do IBGE va-se também uma diferença percentual (21 sacas/ha). A agricultura não famimostram que a dos dados da Conab em relação aos liar mostrou uma produtividade maior, produção de café dados do IBGE na quantidade produzide 1598 Kg/ha (27 sacas/ha). Já o em grão, em 2006, da pelos maiores estados produtores de café robusta foi cultivado em 97.708 foi cerca de 2,3 micafé arábica e de café conillon, sendo estabelecimentos, sendo 84% agricullhões de toneladas mais significativa para este último. Os tura familiar, responsável por 55% da (aproximadamente números mostram 3,5% em Minas Geprodução e produtividade de 1023Kg/ 38 milhões de sacas de 60 kg), apreha (17 sacas/ha). A agricultura não sentando crescimento de 26% em rerais, onde 1.319.220 toneladas foram familiar também apresentou produtivilação ao Censo Agropecuário anterior, levantadas pela Conab e 1.271.779 dade maior, de 1491kg/ha (25 sacas/ de 1996. O resultado mostra que, em pelo IBGE; e 27,2% no Espírito Santo, 10 anos, a área colhida do para qual a Conab levantou café reduziu aproximada540.540 toneladas e o IBGE, Evolução da Produção de Café no Brasil (1920-2006) mente 7%, porém a produ393.282 toneladas. tividade cresceu 35%, passando de 17 para 23 sacas Análise para por hectare. Esse aumento Planejamento 4.500.000; da produção se deu em 4.000.000; função da alta nos preços Apesar das recentes difi3.500.000; do grão, impulsionada pela culdades na cafeicultura bra3.000.000; seca de 1986 e a geada sileira, causadas pelo endivi2.500.000; ocorrida em 1992. Além do damento do setor produtivo, 2.000.000; mais, as condições climátia taxa de câmbio desfavorá1.500.000; cas favoráveis na florada, no vel, a alta nos insumos, a de1.000.000; final de 2005, também fopreciação da qualidade final 500.000; ram responsáveis pelos bons do produto em função das resultados da produção em chuvas excessivas no final 1920 1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1996 2006 2006. O incremento na proda colheita, além dos preços dutividade é conseqüência recebidos que não cobrem o Produção vegetal (ton. café em grão) Área colhida (ha) do aparecimento de novas custo de produção, o agrotecnologias, como o aden- Fonte: Censo IBGE 2006 negócio café continua se samento nas lavouras de destacando por sua imporha). Essas informações não podem ser algumas regiões do País, além da utitância para a economia brasileira. O comparadas com anos anteriores, pois lização de pacotes tecnológicos mais Brasil é o maior e mais importante tais levantamentos não foram analisaeficientes no que diz respeito aos tratos país produtor de café do mundo. dos em nenhum outro censo, com a culturais. Nesse contexto, é preciso analimesma fundamentação metodológica. O Brasil cultiva, atualmente, duas sar a realidade sócio-econômica do espécies básicas de café: arábica, País, por meio dos dados estatísticos Divergências nas Informações considerado de qualidade superior, de produção, área, produtividade responsável por cerca de 1,9 milhão média, tipo de agricultura, entre A comparação entre os dados de toneladas de grãos, em 2006; e o outros, o que proporciona melhoda Companhia Nacional de Abastecanephora, conhecido popularmente res condições de planejamento dos cimento (Conab), safra 2006/2007, como café conillon, com produção investimentos por parte dos agene do Censo Agropecuário do IBGE de 470 mil toneladas de grãos, que tes da cadeia, além de facilitar as 2006 mostra uma divergência entre totalizaram R$ 8,6 bilhões em valor de decisões de políticas públicas para as informações dessas instituições, produção, em 2006. O principal Estao setor. Assim, é relevante o acomque podem ser explicadas, em parte, do produtor de café arábica no Brasil panhamento dos censos do IBGE, pela utilização de diferentes metodofoi Minas Gerais, com 64,97% da probem como suas comparações, para logias na amostragem dos dados. É o dução nacional desta espécie, seguido que tenhamos um instrumento concaso, por exemplo, das informações por São Paulo, com 13,86%, e Paraná, fiável de apoio às políticas públireferentes à área da cafeicultura no com 7,9%. O Espírito Santo aparece cas para o setor cafeeiro, para que Brasil. A Conab, cujos dados servem em primeiro lugar na produção de sejam realmente funcionais e seus de base para as estratégias de polícafé robusta, com 59,74%, enquanto benefícios efetivamente percebidos ticas públicas do setor, considerou a Rondônia fica em segundo lugar, com pela cafeicultura. área total ocupada pela atividade, 14%, seguido da Bahia, com 8,04%. M.Carolina Ribeiro Bazilli a qual foi 2.152.397ha, enquanto O café arábica é o mais difundido engenheira agrônoma, assessora o Censo IBGE 2006, a área colhino Brasil, sendo cultivado em 241.637 técnica da Comissão Nacional da, que representou 1.687.851 ha, estabelecimentos agropecuários, sendo de Café da CNA 6 Revista Gleba - Informativo Técnico BOVINOCULTURA Bovinocultura: Comparativ Agropecuários 1996 Pecuária libera 19 milhões/ha e aumenta sua produtividade Ár Descrição 1996 Dados do Censo Agropecuário de 2006 mostram aumento de produtividade da pecuária bovina em relação ao Censo de 1996. As áreas de pastagens caíram de 177,7 milhões de ha para 158,75 milhões, o que revela diminuição de 10,66% na área de pastagens do País, com a liberação de 18,95 milhões de ha para outras atividades. O rebanho bovino passou de 153 milhões de cabeças para 171,61 milhões, com aumento de 12%. Houve redução de 20,7 milhões de ha de pastagens naturais e aumento de 1,78 milhão de ha de pastagens plantadas. O número de bovinos por ha/ano subiu 25,5%, de 0,86 para 1,08 cabeça/ha, enquanto a área média de pastagem caiu 20,32%, de 1,16 para 0,93 ha/cabeça. Pastagens Naturais (ha) 78.048.463 57 Pastagens Plantadas (ha) 99.652.009 101 Área Total de Pastagens (ha) 177.700.472 158 Rebanho Bovino (cabeças) 153.058.275 171 O número de estabelecimentos de bovinos caiu 0,93%, passando 2,698 milhões para 2,673 milhões de propriedades rurais. Em termos da distribuição geográfica no rebanho bovino nacional, observa-se uma mudança na participação relativa entre as regiões brasileiras entre os censos agropecuários de 1996 e de 2006. A região Norte foi a que mais se destacou em termos de aumento de participação relativa no rebanho nacional. Em 1996, a região Norte detinha 11,29% do rebanho nacional, com 17,277 milhões de cabeças, passando para 18,26% em 2006, com 31,336 milhões de cabeças. Outra região que cresceu em termos de participação foi a região Centro-Oeste, que passou de 33,17% para 33,52% do rebanho nacional, alcançando 57,527 milhões de cabeças. As demais regiões apresentaram queda em termos de participação relativa no rebanho nacional. A região Nordeste caiu de 14,92% para 14,76% do rebanho brasileiro, embora em termos absolutos o rebanho bovino da região tenha subido de 22,842 milhões para 25,326 milhões de cabeças. Já as regiões Sul e Sudeste apresentaram queda tanto em termos relativos como em números absolutos. A região Sudeste passou de 23,49% para 19,85% do rebanho nacional. Em termos absolutos, o rebanho bovino do Sudeste passou de 35,954 milhões para 34,060 milhões de cabeças. A região Sul foi a que apresentou maior queda do rebanho bovino, tanto em termos relativos como em termos absolutos. O rebanho bovino da região Sul passou de 17,13% para 13,61% do Estabelecimentos de Bovinos rebanho nacional, de 26,22 milhões para 23,36 milhões de cabeças. Se considerada a taxa de crescimento em uma década, verifica-se que a região Norte obteve o maior crescimento no período, com aumento de 81,38% do rebanho bovino, o que representa uma taxa geométrica de crescimento anual de 6,14%. A região Centro-Oeste apresentou crescimento de 13,32% nos 10 anos, com taxa anual de 1,26%. A região Nordeste também apresentou variação positiva do rebanho bovino de 10,88% no período, com taxa de crescimento anual de 1,04%. As regiões Sul e Sudeste tiveram variação negativa no período. O rebanho bovino no Sudeste caiu 5,27%, entre 1996 e 2006, com variação de -0,54% ao ano. A região Sul apresentou a maior queda do rebanho bovino no período, de 13,32%, ou 1,15% ao ano. Chama atenção a grande diferença entre os dados do Censo Agropecuário e da Pesquisa Pecuária Municipal, ambos do IBGE, quanto ao tamanho do rebanho bovino. Os dados do Censo informam que o rebanho é de 171,61 milhões de cabeças, mas a PPM diz que é de 205,87 milhões. Caberia ao IBGE uma nota explicativa das diferenças de metodologia que levam a tão expressiva diferença de 34.272.910 cabeças. Sem dados confiáveis sobre a realidade brasileira fica difícil estabelecer políticas de planejamento para o setor. Antenor de Amorim Nogueira economista, empresário rural, presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte Paulo Sérgio Mustefaga economista, assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Corte Bovinos / Ha 0,86 Área média de pastagem (ha/cab.) 1,16 2. 2.698.197 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário Brasil e Região Geográfica 1996 Part.(%) 2006 Brasil 153.058.275 100,00 171.613.337 Norte 17.276.621 11,29 31.336.290 Nordeste 22.841.728 14,92 25.326.270 Sudeste 35.953.897 23,49 34.059.932 Sul 26.219.533 17,13 23.364.051 Centro-Oeste 50.766.496 33,17 57.256.794 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário Pecuária de Leite: Compar do Censo Agropecuário e d Municipal (PPM) - anos d Brasil e Região Geográfica 1996 PPM Censo PP Vacas ordenhadas (milhões de cab.) 16,3 13,7 20 Produtividade (litros/vaca/ ano) 1.138 1.307 1.2 Fonte: IBGE 7 mparativo entre os Centros s 1996/2006 – IBGE Área (ha) Var. (%) 2006 Dif. 463 57.316.457 -20.732.006 -26,56 009 101.437.409 1.785.400 1,79 472 158.753.866 -18.946.606 -10,66 275 171.613.337 18.555.062 12,12 1,08 0 25,50 0,93 0 -20,32 2.673.176 -25.021 -0,93 97 2006 Part.(%) Var.(%) (2006/1996) Tx. Geom. (%) 171.613.337 100,00 12,12 1,15 31.336.290 18,26 81,38 6,14 25.326.270 14,76 10,88 1,04 34.059.932 19,85 -5,27 -0,54 23.364.051 13,61 -10,49 -1,15 57.256.794 33,52 13,32 -1,26 Comparação das Pesquisas ário e da Pesquisa Pecuária - anos de 1996 e 2006. 2006 Variação 2006/1996 enso PPM Censo PPM Censo 13,7 20,9 12,6 28,7% -7,9% .307 1.213 1.595 6,6% 22,0% Revista Gleba - Informativo Técnico Produção de leite: 20,1 ou 25,4 bilhões litros? Os resultados do Censo Agropecuáprodução de leite, que manteve a mesma rio 2006 relacionados à pecuária leiteira tendência nas duas pesquisas, de 1996 mostram consideráveis diferenças entre para 2006, a evolução no número de as informações do Censo e da Pesquisa vacas ordenhadas apresentou resultados Pecuária Municipal (PPM), também reaantagônicos. Aumentou de 1996 para lizada pelo IBGE, como no caso da re2006, na PPM, e diminui em 7,9%, no dução de 5,24 bilhões de litros de leite mesmo período, no Censo, gerando dida produção nacional e de 8,34 milhões vergências nas informações. Estes dados, no número de vacas ordenhadas. Evidenaliados aos de produção, indicam que a temente, as metodologias utilizadas não produtividade, por vaca, foi de 1.213 lisão as mesmas e cabe a discussão sobre tros/vaca/ano na PPM e de 1.595 litros/ as peculiaridades de cada uma. vaca/ano no Censo, com variação de Na metodologia do Censo, os dados 24% entre as duas metodologias. são obtidos de forma direta, por meio de De acordo com o Censo 2006, houve entrevistas aos produtores, o que de certa uma redução de 26% no número de estaforma pode gerar maior representativibelecimentos agropecuários produtores de dade. No entanto, algumas informações leite em relação ao Censo de 1996. correm o risco de ser subestimadas. Os Dos atuais 1,3 milhão, 81% são proestabelecimentos não visitados e eventudutores da agricultura familiar, que resais respostas imprecisas dos produtores, pondem por 58% da produção nacional. causadas pela diversidade de variáveis de Os dados impressionam, pois estudos produção, que demandam relacionados a esse tema maior nível de gerenciamostram que 70% dos proDiferença de mento do negócio, podem dutores representam 30% 26% nos dados da gerar distorções nos dados. da produção total de leite, PPM e do Censo Já na PPM, as informações o que confirma os resultados na produção são obtidas por intermédio do Censo. de leite em de cooperativas, indústrias Vale lembrar, no entanto, regionais e dos órgãos de Minas Gerais. que a definição legal da agridefesa sanitária, o que procultura familiar, estabelecida porciona maior realidade aos números, pela lei 11.326/2006, diz que a área da pois parte de uma base de dados anual. propriedade não pode ser superior a quaDe acordo com a PPM, a produção tro módulos fiscais, a mão-de-obra deve total de leite foi de 25,4 bilhões de litros, ser predominantemente familiar e a renem 2006, enquanto o volume encontrada vinculada ao empreendimento rural. do, no último Censo, foi de 20,1 bilhões Assim, pressupõe-se que o Censo utilizou de litros de leite, valor 21% inferior ao da somente o primeiro critério, visto que a pesquisa municipal. Este número chama atividade leiteira é produzida basicamenatenção pelo fato da diferença entre os te em pequenas propriedades, indepenquatro Censos anteriores (1975, 1980, dente do enquadramento do produtor, se 1985 e 1996) e a PPM nunca terem sido familiar ou não-familiar. Além do mais, superiores a 10%. um módulo fiscal pode chegar a até 100 A análise da distribuição da produção hectares em algumas regiões do País, o entre as unidades da Federação mostra que que contribuiria para expressar um maior Minas Gerais, principal Estado produtor, volume de leite produzido, independente apresenta uma diferença de 26% entre a do tipo de produtor. PPM (7,1 bilhões de litros) e o Censo 2006 Vale salientar que o IBGE é a prin(5,6 bilhões de litros). No entanto, a procipal fonte de informações para pecuporcionalidade sobre a produção nacional ária de leite no Brasil. Porém, para que (27,9%) se manteve inalterada nas duas as análises realizadas a partir dos dados metodologias. Observa-se, também, que apresentados tenham maior acurácia, Rondônia apresentou a menor variação encabe uma averiguação entre os dados tre as pesquisas: apenas 2%, seguida pelo do Censo e da PPM, a fim de que as vaRio Grande do Sul, com 7%. Em contraparriações encontradas sejam eliminadas, tida, o maior valor, 355%, foi encontrado para que não se perca o IBGE como reno Amapá, onde a PPM contabilizou 4.433 ferência estatística do setor. mil litros e o Censo 974 mil litros. Em relação ao número de vacas ordeRodrigo Sant’Anna Alvim engenheiro-agrônomo, presidente da nhadas, a discrepância entre as pesquisas Comissão Nacional de Pecuária de Leite foi de 40%. Na PPM, o número de cabeBruno Barcelos Lucchi ças foi de 20,9 milhões e, no Censo, 12,6 zootecnista, assessor técnico da Comissão milhões. Vale ressaltar que, diferente da Nacional de Pecuária de Leite 8 Revista Gleba - Informativo Técnico FRUTICULTURA Produção orgânica em 1,8% das propriedades rurais O expressivo ano. Proporciona, também, melhor metrópoles, como redes de economia crescimento da agriaproveitamento dos recursos locais de solidária entre produtores e consumidocultura orgânica nos mão-de-obra e equipamentos, além de res e feiras livres locais. últimos anos levou maior retorno financeiro. A possibilidade de obter alimentos o IBGE a incluir esta Outro dado importante destacado sadios, de alta qualidade, sem o ematividade no Censo no Censo 2006 foi o nível de instrução prego dos agroquímicos convencionais, Agropecuário 2006, dos produtores. Entre os agricultores decom elevada produtividade em pequeque investigou, pela dicados à agricultura orgânica no Brasil, nas áreas, fazem da fruticultura orgânica primeira vez, a agri41,6% possuíam ensino fundamental uma das melhores opções agrícolas na cultura orgânica no Brasil. Na avaliaincompleto e 22,3% eram analfabetos. atualidade. Essa tendência, que atende ção o estabelecimento deveria inforDaquele total, 54% não participavam ás necessidades de pequenos e médios mar se a praticava de qualquer organização e se sua produção Principal Motivo Para Implementar Gestão social e, entre aqueles era certificada. Não que participavam 36,6% da Qualidade (% de respostas)* foram consideradas Aumento da estavam ligados a associaorgânicas as práticas lucratividade 5% ções e sindicatos, e apenas 9% agrícolas que, ape- Redução 5,9% a cooperativas. 30% de custos 55% sar de não utilizarem Melhoria na O Censo 2006 mosagroquímicos, não qualidade trou, também, que de um produto foram identificados do 60% total de 5.1175.489 esta50% Exigência 40% 30% como tal pelo produ- de mercado belecimentos rurais no Bra20% 10% tor ou, ainda, se este ou cliente 0% sil, 90.497 praticavam a desconhecia as nor- Cada entrevistado pôde selecionar mais de uma alternativa agricultura orgânica. Deste mas técnicas exigidas Fonte: CEPEA total, 94% produziam orpelas instituições certiganicamente, embora sem ficadoras. Neste con- Grupos de atividade Distribuição dos estabelecimentos produtores de orgânicos nenhum tipo de certificaeconômica Absoluta Percentual (%) texto, a fruticultura orção, sendo os restantes 6% gânica aparece como devidamente certificados Total 90 497 100,00 uma importante ativipor instituição credenciaHorticultura de lavouras temporárias 30 168 33,34 dade, como forma de da. Somente 10% dos agri8 900 9,83 agregar valor à pro- Horticultura e floricultura cultores que procuraram o dução e atingir novos Produção de lavouras permanentes credenciamento têm nível 9 557 10,56 mercados no Brasil e superior em alguma área, Produção de sementes, mudas e outras 52 0,06 exterior. 45% têm o ensino fundaformas de propagação vegetal Os estabelecimental incompleto e 45% 38 014 42,01 mentos produtores de Pecuária e criação de outros animais outros níveis de instrução. 1 638 1,81 orgânicos represen- Produção florestal - florestas plantadas A certificação da tavam 1,8% do total Produção florestal - florestas nativas produção orgânica é in1 644 1,82 de estabelecimentos dispensável para que o 153 0,17 agropecuários em Pesca produtor possa obter pre371 0,17 2006. Dedicavam- Aquicultura ços diferenciados pelos se, principalmente, Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006 produtos que comerciaà pecuária e criação liza. O Censo 2006 não de outros animais (41,7%), às lavouras produtores brasileiros, foi mostrada pelo investigou o motivo pelo qual os produtemporárias (33,5%), à lavoura permado Censo 2006 e já é verificada na Eutores rurais migram da agricultura connente (10,4%), à horticultura/floriculturopa, África do Sul e Israel. vencional para a agricultura orgânica, ra (9,9%) e à produção florestal (3,8%). O cultivo de frutas orgânicas pode porém uma pesquisa realizada pelo A proporção de estabelecimentos oferecer boas respostas aos investimenCEPEA (Centro de Estudos Avançados produtores de orgânicos no total de estos dos agricultores não apenas pelo em Economia Aplicada), em 2009, tabelecimentos no Brasil mostrou que a atual elevado interesse no consumo de mostrou que 55% destes produtores oprepresentatividade de orgânicos é maior frutas, mas também pela sua escassez taram pelo cultivo orgânico para atenna horticultura/floricultura, que inclui a no mercado. A vantagem da fruticultura der à demanda do mercado, enquanto produção de frutas, verduras e legumes. sobre as demais explorações agrícolas é apenas 5% deles tiveram como princiEsses itens, conforme destaca o docuque, em pequenas áreas, permite elevapal motivo o aumento da lucratividade. mento, têm peso significativo no merda produção de alimentos, além da imcado interno e são comercializados em plantação de cultivos complementares, José Eduardo Brandão Costa engenheiro agrônomo, assessor técnico da diferentes pontos de venda nas grandes favorecendo a colheita durante todo o Comissão Nacional de Fruticultura 9 Revista Gleba - Informativo Técnico CANA DE AÇUCAR Produção aumentou 47,9% e produtividade subiu 10% Os resultados por assentados com posse definitiva; conseqüentemente, em significativo erro divulgados pelo 16,12% pelos arrendatários e 5,46% nas informações. Censo Agropecupor parceiros. Na região Sudeste, resA produção de cana-de-açúcar leário 2006, elaboponsável por cerca de 70% da cana provantada pelo IBGE não leva em conta rado pelo Instituto duzida no Brasil, cerca de 76,16% da a destinação e a utilização da matériaBrasileiro de Geoprodução é feita pelos proprietários da prima. Não verifica, por exemplo, se a grafia e Estatística terra; 0,15% por assentados; 16,75% cana produzida é vendida para o setor (IBGE), mostraram por arrendatários e 6,87% por parceiros. sucroalcooleiro, para a produção de o tamanho do setor Existem ainda outras duas fontes de bebidas ou, até mesmo, para a alimencanavieiro nacional. No entanto, vale informações sobre as safras de cana-detação animal (forrageira). Assim, da analisar as diferenças significativas exisaçúcar normalmente utilizadas pelo setor: forma como são coletados e apresententes entre as informações do Censo Pesquisa Agropecuária Municipal (PAM/ tados, os dados dificilmente poderão e os dados da Pesquisa Agropecuária IBGE) e o Levantamento de Safra da ser utilizados para a criação de políticas Municipal (PAM), também realizada Companhia Nacional de Abastecimento públicas e estratégias empresariais. Por pelo IBGE, como no caso do volume de (Conab). As diferenças apresentadas por esse motivo, os agentes públicos e privaprodução de cana. De acordo com o estes levantamentos exigem uma avaliados do setor sucroalcooleiro, os maiores levantamento realizado interessados neste tipo pelo Censo 2006, a cade informação, consiTabela Compararativa do rendimento da cana-de-açucar deia da cana-de-açúcar deram mais confiável o em quilogramas por hectare do Censo/IBGE com dados do gerou um valor bruto levantamento realizado Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA de R$ 19,6 bilhões, em pela Conab sobre a 80000 2006, tendo a melhor safra destinada à produ60000 colocação no ranking ção de açúcar e de álda participação no valor 40000 cool, assim como a sua da produção agropecu20000 projeção de produção. ária, com 14% do total. A pesquisa da 0 1970 1975 1980 1985 1996 2006 Quando comparado Conab leva em conta PAM/IBGE CENSO AGROPECUÁRIO 2006 MAPA ao último Censo, de o ano safra e as in1996, o setor canaviei- Fonte: PAM/IBGE: Produção Agrícola Municipal MAPA: Ministéio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento até formações são obtiro registra crescimento 2005; Conab: Companhia Nacional de Abastecimento, Safra 2005 em diante. das durante visitas de de 47,9% na produção seus técnicos nas 413 de cana-de-açúcar. No mesmo períoção crítica dos dados disponíveis sobre a unidades industriais, em todos os Esdo, obteve aumento de 33,3% na área cultura. No caso do Censo de 2006, a tados Brasileiros. Posteriormente, as colhida. O Censo também mostrou o metodologia utilizada foi de uma estrainformações coletadas são ratificadas aumento de 10% na produtividade, de tificação regional, com pesquisa sobre por gerenciamento remoto via satéli68,88 quilogramas de cana por hectaprodução e safra pelos censeadores nos te. Cabe lembrar que o levantamento re, em relação ao Censo anterior. imóveis rurais. Considerou-se como base de safra realizado pelo Ministério da Outro dado revelado pelo Censo o ano civil e não o ano-safra. Tal metoAgricultura, Pecuária e Abastecimento é quanto ao tamanho das propriedades dologia resultou em uma distorção dos (MAPA) iniciou na safra de 1948/49 brasileiras que tem a produção de canadados em função de características da e, até a safra de 2004/2005, foi reade-açúcar como principal atividade. De atividade: a produção de cana na região lizado por meio das informações das acordo com o levantamento, do total Centro-Sul inicia em março, terminando unidades industriais de cana. das 193 mil propriedades com ativino final de novembro; na região NorteSomente nas duas fontes do Insdade canavieira, 81% estão abaixo de Nordeste, começa em setembro e finalitituto - o Censo e a PAM - a diferença 50 hectares. Não representam, no enza em junho do ano seguinte. registrada em 2006 é de cerca de 20% tanto, volume significativo de produção, Outro aspecto importante é que o do volume da produção. Mesmo assim, pois são responsáveis por apenas 6% Censo tem como base uma amostraé inquestionável a importância dos dada produção total de cana-de-açúcar gem apenas de determinada região. dos estratégicos levantados pelo Censo, no Brasil. Na região Sudeste, 72% das Depois, é realizada uma extrapolação como o tamanho da propriedade e o aspropriedades têm menos de 50 hectares dos dados, estabelecendo-se um papecto legal da posse da terra. Porém, as e também são responsáveis por 6% da drão para as demais áreas ocupadas informações ganhariam em credibilidade produção regional. pela cultura, sem que essas informações se, durante a coleta dos dados, fossem Quanto ao perfil dos titulares das sejam conferidas por meio de imagens incluídas perguntas específicas sobre a terras cultivadas com cana-de-açúcar, de satélite. A aplicação desse tipo de destinação do uso da cana-de-açúcar. verifica-se que, em 2006, cerca de metodologia na agricultura e, princi77% da produção da cana era realizaJosé Ricardo Severo palmente, na produção de cana resulengenheiro-agrônomo, assessor técnico da da pelos proprietários da terra; 0,32% ta em alto desvio padrão dos dados e, Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar 10 Revista Gleba - Informativo Técnico EQÜINOCULTURA Rebanho eqüino reduz 22% mas cresce na região Norte tração mecânica. Cabe ressaltar que, O Censo nas áreas mais próximas dos centros Agropecuário IBGE urbanos, como o Distrito Federal, o 2006 revelou que o número de eqüinos teve aumento de efetivo do rebanho pouco mais de 10%. Acrescente-se nacional de eqüinos que o número de usuários de cavalos diminuiu 22% em vem aumentando, segundo as assorelação ao censo ciações de criadores de cavalos. anterior, de 1996, A outra fonte de dados utilizada ainda que os resulpara dimensionar a pecuária naciotados da região Norte tenham aprenal é a Pesquisa Pecuária Municipal sentado aumento de 22% no seu reba(PPM), também elaborada pelo IBGE. nho. A comparação dos resultados do A comparação do contingente do reCenso de 2006 com os censos agrobanho nacional divulgado pelo Cenpecuários dos anos anteriores, desde so Agropecuário 2006 (4.541.832 1970 e com a Pesquisa Pecuária Municipal de 2006 certamente contribuirá para Brasil: quantidade do Rebanho Eqüino a melhor compreensão segundo Censos Agropecuários destas transformações ocorridas na eqüinocultura nos espaços ge6.000.000 ográficos do País. Segundo o 5.000.000 IBGE, no Censo Agropecuário 2006 foi 4.000.000 realizado um levanta3.000.000 mento do número total de eqüinos existentes 2.000.000 no estabelecimento na data de referência. 1.000.000 No Censo Agropecuário 2006, o efetivo 0 do rebanho nacional 1970 1975 1980 1985 1996 de eqüinos foi quantiBrasil Norte Nordeste Sudeste Sul ficado em 4.541.832 cabeças, com queda Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006 de 22% em relação ao cabeças) e os números fornecidos censo de 1996, que registrou número pela PPM, em 2006 (5.749.117 cade cabeças de eqüinos de 5.565.697. beças), mostra diferenças estatísticas O resultado em 2006 apresentou da ordem de 26%. O resultado da quantidade de eqüinos menor do que PPM relativo ao ano de 2006 serviu em todos os censos realizados: em como base para a elaboração do 1970, foram registradas 4.859.254 Estudo do Complexo do Agronegócabeças; em 1975, 4.740.464 cabecio do Cavalo no Brasil (CNA/Esalq/ ças; em 1980, 4.960.691 cabeças e, USP) e consta nos dados da FAOSTAT em 1985, 5.693.041 cabeças. (Food and Agriculture Organization Em sintonia com a tendência of the United Nations), colocando nacional na pecuária de grandes o Brasil em quarto lugar no ranking animais, a região Norte apresentou mundial do contingente de eqüinos. crescimento do rebanho eqüino na A PPM se baseia num sistema de ordem de 22%. As demais regiões fontes de informações representativas tiveram seus rebanhos reduzidos, de cada município, gerenciado pelo especialmente a região Sudeste, agente de coleta do IBGE. Os dados com queda de 28%. Um dos fatores são atualizados anualmente e, além apontado pelo IBGE para essa quedos estabelecimentos agropecuáda foi a substituição da força de trarios, também são considerados os ção animal no campo pela força de estabelecimentos militares, coudelarias particulares ou jóqueis-clubes e quaisquer criações particulares. No ano de 2006 o município que registrou o maior número de cabeças de eqüinos foi Corumbá, no Mato Grosso do Sul, com 31.369 cabeças, segundo a PPM, e com 28.316 cabeças, segundo o Censo 2006 – com variação de quase 10%. O resultado mais curioso está na análise do município de Feira de Santana, na Bahia, onde o banco de dados da PPM apresenta rebanho de 19.811 cabeças, enquanto os dados do censo indicam 3.656 cabeças. A diferença entre as avaliações realizadas no município baiano PPM X Censo Agropecuário – em 2006, foi de 81%. Nos municípios localizados no Rio Grande do Sul, a diferença observada entre resultados da PPM e do Censo Agropecuário, no mesmo ano, fica em torno dos 15%. Segundo o Censo 2006, Minas Gerais permanece em primei2006 ro lugar em termos de Centro-Oeste rebanho eqüino, com 699.309 cabeças, seguido pela Bahia, com 522.811 cabeças, e pelo Rio Grande do Sul, com 382.649 cabeças. As inovações do Censo Agropecuário 2006 ficam por conta da divisão dos estabelecimentos agropecuários, demonstrando que, das 4.541.832 cabeças de eqüinos, 91% encontram-se em estabelecimentos de proprietários. Quanto ao dimensionamento das áreas, a maioria das propriedades produtoras (16%) do País possui área entre 20 e 50 hectares. Na região Centro-Oeste, as propriedades produtoras têm áreas superiores a 2.400 hectares (21%). Marina F. Zimmermann médica-veterinária, mestre em ciência agrárias, assessora técnica da Comissão Nacional de Eqüinocultura 11 Revista Gleba - Informativo Técnico PRODUÇÃO ANIMAL Cresce a produtividade nas cadeias de aves e suínos Os resultados de um modelo de produção artesanal agrícola no sul do País, ocasionaram apresentados no doméstica, para um modelo profissioum vigoroso incremento dos plantéis de Censo Agropecunal e competitivo após período de consaves e suínos na região Centro-Oeste. ário IBGE 2006 tantes avanços tecnológicos. Verificou-se um crescimento de 278% na confirmam as muAs conquistas de novos mercados, produção de aves e de 62,69% na prodanças observadas o aumento do consumo interno e o da dução de suínos, nos 10 anos entre um nas cadeias de aves tecnificação da produção, com ganhos Censo e outro. Tais índices são resultado e suínos nos últimos de produtividade por intermédio de meda alta oferta de matéria-prima, dispoanos. A comparalhorias em genética, nutrição, sanidade, nibilidade de áreas a preço convidativo, ção com os resultados crescimento do mercado do Censo de 1996 local, incentivos fiscais Regiões - Efetivo Suínos (cabeças) mostra o aumento no e estruturais. 18.000.000 16.000.000 efetivo e a diminuição Observamos, tam14.000.000 no número de estabebém, que as regiões 12.000.000 lecimentos das duas onde havia prevalência 10.000.000 cadeias de produção, de pequenas proprieda8.000.000 6.000.000 comprovando o crescides, com características 4.000.000 mento da produtividade domésticas e baixo índice 2.000.000 por estabelecimento. de tecnologia, não apre0 1970 1975 1980 1985 1995 2006 O efetivo de suínos sentaram crescimento de Censos apresentou evolução seus efetivos como ocorSul Sudeste Centro Oeste Norte Nordeste de 12,15%, saltando reu nas outras regiões. de 27,8 milhões de Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006 Esse fato demonstra a cabeças registradas no desigualdade de condiRegiões - Efetivo Aves (cabeças x 1000) Censo 96 para 31,19 ções entre regiões: de 700.000 milhões de cabeças um lado, um setor com 600.000 no Censo Agropecuánível elevado de uso tec500.000 rio de 2006. No caso nológico e, conseqüente400.000 das aves, apresentou mente, de produtividade; 300.000 evolução ainda maior, e, de outro, deficiências 200.000 de 718,5 milhões de estruturais, como a falta 100.000 cabeças para 1,40 bide assistência técnica e 0 lhões de cabeças, o que dificuldade de acesso a 1970 1975 1980 1985 1995 2006 representa 95,03% de crédito, que contribuem Censos crescimento. Em conSul Sudeste Centro Oeste Norte Nordeste para elevar as disparidatrapartida, o número de Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006 des regionais. estabelecimentos que Diante desse quaproduzem suínos caiu de 2,01 milhões, manejo e biossegurança, mudaram o dro, no entanto, merece atenção e análiem 1996, para 1,5 milhão em 2006, perfil dos produtores que atuam nestas se a diferença existente entre os resultados com queda percentual de 25,49%. Os cadeias.Essa mudança de perfil evidenda Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) estabelecimentos produtores de aves ciou as diferenças regionais, nitidamene o Censo Agropecuário 2006, ambas apresentaram redução de 14,24%, de te registradas nos números do Censo. realizadas pelo IBGE, mas com metodo3,16 milhões, em 1996, para 2,71 miÉ possível observar regiões com alta logias diferentes. Em alguns casos, a dilhões, em 2006. A produção de ovos de participação no aumento de produção ferença entre os resultados da PPM e do galinha cresceu 44% no Censo 2006 e outras com baixo crescimento ou até Censo Agropecuário é tão significativa, em relação ao de 1996, saindo de uma decréscimo na produção. que exigirá uma discussão mais apurada produção de 1,88 bilhão de dúzias A liberação de 18,95 milhões de para avaliação dos motivos que levaram para 2,83 bilhões de dúzias de ovos. hectares para a agricultura, áreas antes a esses desvios e a necessidade de possíA análise dos dados divulgados no destinadas às pastagens, favoreceu as veis ajustes para garantir maior acurácia último Censo comprova um comportaculturas de soja e milho, principais indos resultados obtidos. mento comum às duas cadeias produsumos na produção de aves e suínos. A tivas. Tanto a cadeia das aves, como a partir da segunda metade dos anos 90, César Augusto Bruneto de suínos, passaram por grandes transo avanço da produção de milho e soja e médico-veterinário, assessor técnico da formações nas últimas décadas, saindo Comissão Nacional de Aves e Suínos a tendência de esgotamento da fronteira 12 Revista Gleba - Informativo Técnico PEQUENA PROPRIEDADE PROPRIEDADE PEQUENA Censo tenta dimensionar a agricultura familiar A publicação da produção por estabelecimento na I - não detenha, a qualquer títudos primeiros reagricultura familiar, em média, foi de lo, área maior do que quatro módusultados do Censo R$ 426,00/mês para a pecuária e de los fiscais; Agropecuário IBGE R$ 978,27/mês para agricultura. Já II - utilize predominantemente 2006 pelo Instituto na agricultura não familiar, o valor da mão-de-obra da própria família nas Brasileiro de Geoprodução por estabelecimento foi, em atividades econômicas do seu estabegrafia e Estatística e média, de R$ 2.696,56/mês para a lecimento ou empreendimento; Ministério do Desenpecuária e de R$ 10.899,17/mês para III - tenha renda familiar predovolvimento Agrário a agricultura. minantemente originada de atividades buscou estimar, mais uma vez, a proeconômicas vinculadas ao próprio esdução da agricultura familiar brasiDados Superestimados tabelecimento ou empreendimento; leira. Foram identificados 4.367.902 IV - dirija seu estabelecimento ou estabelecimentos da agricultura faConforme nota técnica divulgada empreendimento com sua família. miliar, o que representa um aumento pelo próprio IBGE, os dados da agriSão ainda beneficiários dessa de apenas 5% em relação ao Censo cultura familiar podem estar supereslei, desde que atendam simultaneaAgropecuário de 1996, que identificou timados em função de o Censo conmente a todos os requisitos acima: 4.139.369 estabelecimentos. Nesse siderar cada estabelecimento como silvicultores que cultivem florestas ano, os estabelecimentos da agriculuma unidade familiar, podendo haver nativas ou exóticas e que promotura familiar representavam 85,2% do duplicidade de informações em vista vam o manejo sustentável daqueles total, índice que caiu para 84,4% no da possibilidade do mesmo produtor ambientes; aqüicultores que explonovo Censo. Entrerem reservatórios tanto, a comparahídricos com suValor Médio da Produção por Estabelecimento (R$/mês) ção do número de perfície total de estabelecimentos até dois hectares da agricultura faou ocupem até 10.899,17 miliar com algum 500 metros cú12.000,00 tipo de produção bicos de água, (3.886.842 estaquando a explo10.000,00 belecimentos) aos ração se efetivar dados do Censo de em tanques-rede; 8.000,00 1996 mostra uma pescadores que Pecuária redução de 6% nesexerçam a ativi6.000,00 Agricultura se parâmetro. dade pesqueira 2.696,56 Com relação a 4.000,00 artesanalmente; produtividade, ficou extrativistas que 978,27 426,00 2.000,00 evidente a diferença exerçam essa atientre a agricultura vidade artesanal0,00 familiar e a não famente no meio Não Familiar Agricultura Familiar miliar. Em todos os rural, excluídos Fonte: Elaboração CNA produtos analisaos garimpeiros e dos, a produtividade faiscadores, aten(em kg/ha) da agricultura não familiar ser contabilizado mais de uma vez. dendo simultaneamente apenas os foi maior do que a obtida pela agriDestaca-se ainda, o aperto ocorrido três últimos requisitos. cultura familiar, em uma mesma área. na renda dos agricultores familiares. Ainda no final dos anos 90, a Os investimentos em tecnologia e o Conforme os dados divulgados, cerFAO (Food and Agriculture Organinível de profissionalização alcançaca de 20% desses agricultores recezation) e o Incra (Instituto Nacional do, hoje, pelo agronegócio brasileiro bem algum tipo de subvenção direta de Colonização e Reforma Agrária) explicam tais resultados. Com mais do Governo, ao valor médio de R$ também realizaram pesquisa com alimentos por área cultivada, a agri70,00/mês. o objetivo de quantificar e delimicultura não familiar consegue garantir A nova tentativa de contabilização tar o universo da agricultura famio abastecimento interno e ainda exda produção da agricultura familiar liar brasileira. Em 2000, a referida portar o excedente da produção, gebrasileira, se baseia na Lei nº 11.326, pesquisa foi publicada com o título rando divisas para o Brasil. de 24 de julho de 2006, que estabelece “Novo Retrato da Agricultura FamiCom base nos dados do novo as diretrizes para a formulação da Políliar – o Brasil Redescoberto”, que Censo, verifica-se que a agricultura tica Nacional da Agricultura Familiar e passou a ser divulgada e utilizada não familiar é responsável por 63% do Empreendimentos Familiares Rurais. O como referência, apesar do forte Valor Bruto da Produção (VBP), o que art. 3º da Lei nº 11.326/2006 consiconteúdo ideológico. corresponde a um montante de R$ 89 dera agricultor familiar e empreendedor bilhões, enquanto a agricultura famifamiliar rural aquele que pratica atividaJoaci Medeiros liar é responsável por 37% do VBP, cordes no meio rural, atendendo, simultaengenheiro-agrônomo, assessor técnico da respondendo a R$ 54 bilhões. O valor neamente, aos seguintes requisitos: Comissão Nacional da Pequena Propriedade