IBGE erra no cálculo da concentração de terras

Transcrição

IBGE erra no cálculo da concentração de terras
CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL
AMBIENTE
PECUÁRIA
PECUÁRIA
Censo mostra
a incorporação
crescente de
técnicas
de manejo
sustentável
dos recursos
naturais
Redução das
áreas de
pastagens
e aumento
do rebanho
revelam ganhos
de produtividade
do rebanho
PÁGINA 3
NOVEMBRO/DEZEMBRO E JANEIRO - 2009/2010 - ANO 54/55 - No 233
PÁGINAS 6 E 7
IBGE erra no cálculo da concentração de terras
Uma
leitura
atenta dos dados
da estrutura fundiária do País, apresentados pelo Censo
Agropecuário
de 2006, permite
conclusões que extrapolam os tímidos comentários do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística).
O Instituto afirmou que “as diferenças verificadas na área dos estabelecimentos agropecuários, quando
comparados os diferentes estratos
fundiários, continuam a caracterizar
a manutenção da desigualdade na
distribuição da terra no País nos últimos censos agropecuários” e que
“o Brasil ainda apresenta alto grau
de concentração de terras”. O IBGE
errou no cálculo e na interpretação
do resultado.
A publicação do Censo Agropecuário de 2006 apresentou um índice de GINI – que afere os contrastes
na distribuição de terras: quanto
mais próximo de um, maior a concentração – de 0,872 (tabela 10
– Evolução do índice de GINI, do
documento do IBGE). Esse número,
que indicaria tendência de concentração, após enorme repercussão,
AQÜICULTURA
Pela primeira
vez no Censo,
setor movimentou
R$ 1,6 bilhão
em 2006
PÁGINA 4
CONTINUA NA PÁG. 2
Número e Área Média dos Estabelecimentos Agropecuários
7.000.000
300
270,2
5.801.809
6.000.000
5.159.851
4.993.252
4.924.019
5.000.000
5.175.489
4.859.865
250
200
4.000.000
3.337.769
3.000.000
2.000.000
1.000.000
-
103,8
150
112,5
1.904.589 2.064.642
74,9
59,7
64,9
70,7
64,6
72,8
100
63,8
50
648.153
1920
1940
1950
1960
1970
1975
1980
1985
1996
Número de estabelecimentos agropecuários (unidades)
Área média dos estabelecimentos agropecuários (hectares)
Fonte:The
IBGE
Fonte:
Global Competitiveness Index 2009-2010, Fórum Econômico Mundial, 2009.
CANA
Valor bruto
de R$ 19,6 bi,
com 14% de
participação no
ranking total
PÁGINA 9
CAFÉ
Área colhida
reduziu 7% e
a produtividade
aumentou 35%
em 10 anos
PÁGINA 5
2006
0
2
Revista Gleba - Informativo Técnico
Continuação da primeira página
Confederação
da Agricultura e
Pecuária do Brasil
Diretoria Executiva
2008-2011
Presidente
KÁTIA REGINA DE ABREU (TO)
1º Vice-Presidente
ÁGIDE MENEGUETTE (PR)
Vice-Presidente de Secretaria
PIO GUERRA JÚNIOR (PE)
Vice-Presidente de Finanças
ADEMAR SILVA JÚNIOR (MS)
Vice-Presidente Executivo
FÁBIO DE SALLES MEIRELLES FILHO (MG)
Vice-Presidente Executivo
ASSUERO DOCA VERONEZ (AC)
Vice-Presidente Executivo
CARLOS RIVACI SPEROTTO (RS)
Vice-Presidente Executivo
HOMERO ALVES PEREIRA (MT)
Vice-Presidente Executivo
JOSÉ RAMOS TORRES DE MELO FILHO (CE)
Vice-Presidente Executivo
JÚLIO DA SILVA ROCHA JÚNIOR (ES)
Informativo Técnico Revista Gleba é
uma publicação trimestral da CNA,
elaborada sob a responsabilidade da
Superintendência Técnica
Coordenador
MOISÉS PINTO GOMES
Colaboradores
ANAXIMANDRO DOUDEMENT ALMEIDA
BRUNO LUCCHI
CAMILA NOGUEIRA SANDE
CESAR AUGUSTO BRUNETO
DANIELLE SILVA BERNARDES
ELISANGELA PEREIRA LOPES
FELIPE ALVARENGA
GUSTAVO RODRIGUES PRADO
JOACI MEDEIROS
JOÃO CARLOS DE CARLI
JOSÉ EDUARDO B. COSTA
JOSÉ RICARDO SEVERO
LUCIANA CARDOSO
LUCIANA DE PAIVA LUQUEZ
LUCY FRANÇA FROTA
MARIA CAROLINA R. BAZILLI
MARINA FERREIRA ZIMMERMANN
NELSON ANANIAS
PAULO MUSTEFAGA
RENATA BRACARENSE FANTINI
RODRIGO JUSTUS
ROSEMEIRE SANTOS
RUDY FERRAZ
TATIANA VILLA CARNEIRO
Editora Responsável
OTÍLIA RIETH GOULART
Endereço
SGAN 601 MODULO K
ED. ANTONIO ERNESTO DE SALVO
CEP - 70830-903
Fone - (61) 2109.1400
Fax- (61) 2109.1490
E-mail:
[email protected]
Endereço na Internet:
www.canaldoprodutor.com.br
Reprodução permitida desde que
citada a fonte
foi desmentido pelo próprio Instituto. O valor correto seria 0,854. Isso
leva a uma série dos três últimos
Censos com os seguintes valores:
1985 - 0,857; 1995/1996 - 0,856;
e 2006 - 0,854. Ou seja, no Brasil,
desde 1985, tem havido desconcentração de terras.
É necessário esclarecer que entre 1985 e 2006 ocorreram, de fato,
processos de concentração, sobretudo desencadeados pela aquisição
de terras para as grandes plantações
voltadas para o mercado externo.
Esse movimento não é voluntário.
Para sobreviver numa economia
de mercado globalizada, os empreendimentos rurais, como todos
os demais, em todos os setores da
economia, dependem da produção
em escala. Essa é uma regra mundial. Não é exclusividade do Brasil.
Vale para a produção agropecuária
e para produção de carros, de sapatos, de roupas, etc.
Houve, ainda, outro grande
fator de desconcentração no período: a destinação de mais de 51,2
milhões de hectares para a reforma
agrária, de acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária). Trata-se de área
que supera toda a extensão ocupada por grãos, fibras e oleaginosas no País que, segundo o próprio
Censo, era de 44 milhões de hectares, em 2006.
Mas, no mesmo período, também ocorreram importantes processos de desconcentração de terras,
tais como: a redução de quase 13
milhões de hectares no total da área
dos estabelecimentos maiores que
mil hectares; a repartição de cerca
de 1,5 milhão de estabelecimentos por sucessões hereditárias; e a
criação de novas terras indígenas e
novas unidades de conservação – no
total de 81 milhões de hectares.
O Censo foi omisso na avaliação da contribuição do Programa
Nacional da Reforma Agrária, apesar de ter identificado os estabelecimentos dele provenientes. Da mesma forma, computar 8,5 milhões de
hectares de estabelecimentos agropecuários em áreas de terras indígenas ou de unidades de conservação é, no mínimo, questionável. Tais
espaços públicos possuem afetação
ou destinação própria, não sendo
justificável agrupá-los, mesmo se
tratando de exploração comunitária
em terras indígenas.
Apesar da ausência de comentários no documento publicado pelo
IBGE, há outro número incontestável:
o tamanho médio das propriedades
rurais no Brasil caiu de 72,8 hectares,
em 1995/96, para 63,8 hectares, em
2006. Uma redução de 12,4% em
uma década. No mesmo período, o
número de propriedades saltou de
4,86 milhões para 5,17 milhões. Ou
seja, mais gente possui menos terra.
Isso sinaliza desconcentração.
Apenas para comparação: em
2002, segundo o United States Department of Agriculture (USDA), a
área média das propriedades nos Estados Unidos era de 178,5 hectares.
E, na Argentina, segundo a Sociedad
Rural Argentina, em 2008, era de
468,9 hectares.
E as comparações com a Europa? É importante esclarecer que a
distribuição de terras no Brasil é fato
novo, tendo sido intensificada com a
Lei imperial nº 601, de 1850. Disso
decorre toda a dinâmica de concentração e desconcentração. Qualquer
comparação com o velho continente
europeu (com índices de GINI entre
0,55 e 0,78) deve ser feita com cautela. De acordo com Christiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald,
citando Laura Beck Varela, “no Brasil, a propriedade privada imobiliária
sofreu um longo processo de saída
do patrimônio público para ingresso
na esfera privada, não se podendo
utilizar os Países da Europa ocidental
como paradigmas, pois não tivemos
estrutura do tipo feudal.”
Sabe-se que o Programa de Reforma Agrária do Brasil não tem oferecido condições para que os seus
beneficiados gerem renda e sobrevivam da atividade agropecuária,
conforme dados da pesquisa IBOPE/
CNA divulgada recentemente. Mas,
admitindo-se que o novo Índice de
GINI e os demais valores do Censo
Agropecuário 2006 do IBGE estão
corretos, pode-se concluir que ele,
pelo menos, tem contribuído para
anular, ou mesmo reverter, os processos de concentração de terras do País.
Moisés Pinto Gomes
engenheiro agrícola, M.Sc.,
superintendente técnico
Anaximandro
Doudement Almeida
engenheiro-agrônomo, assessor
técnico da Comissão Nacional
Assuntos Fundiários
3
Revista Gleba - Informativo Técnico
MEIO AMBIENTE
Processo produtivo incorporou as questões ambientais
O plantio direto, tecnologia imde hectares – do acréscimo da área
A análise do
portante para a preservação de solo
de matas naturais se deu em substiCenso Agropecuáe a diminuição da emissão de Gases
tuição a áreas de pastagem natural.
rio 2006 mostra a
de Efeito Estufa (GEEs), em 2006,
preocupação amestava presente em 36% das áreas
Avanço da Agricultura
biental dos nossos
plantadas com lavouras temporárias.
produtores, traduA técnica da irrigação, que reduz a
Se levarmos em conta a diminuizida na incorporadependência do regime natural de
ção da área total das propriedades
ção crescente de
chuvas e possibilita o aumento de
rurais, além da diminuição das áreas
técnicas de manejo
produtividade, foi identificada em
de pastagens naturais e o pequeno
sustentável dos recursos naturais.
7,44% das áreas de lavouras.
aumento das pastagens plantadas,
Ao demonstrar, com números, que
Um dado inédito traas propriedades auzido pelo Censo 2006
mentaram suas áreas
mostra que apenas 0,24%
de matas naturais, ou
Comparativo Censo 1996/2006
da área total ocupada
seja, áreas cobertas por
Pastagens Naturais e Plantadas
pelas propriedades rurais
matas e florestas não
é de terras degradadas e
plantadas, inclusive as
1,85%, de terras inaproáreas com mato ralo,
veitáveis para agricultura
caatinga ou cerrado,
e pecuária. Esses dados
o Instituto Brasileiro de
contradizem as afirmações
Geografia e Estatística
de algumas instituições de
(IBGE) deixa claro que
pesquisa e ONGs sobre a
a produção agrícola do
existência de milhões de
País se tornou uma atividade ambientalmente
hectares de solo degraresponsável.
dados pela agropecuária.
Com o avanço das
Dos cerca de 330 milhões
áreas destinadas às Unide hectares ocupados pedades de Conservação
las propriedades rurais,
e Terras Indígenas, o
segundo o IBGE, menos
Censo indica uma dimide 800 mil estariam sem
nuição da área ocupada
condições de uso.
pela atividade agropecuA primeira análise
ária de 23,7 milhões de
dos dados divulgados
hectares em relação à
pelo IBGE sob o ponto
1995/96. Um recuo de
de vista ambiental traz
6,7% da área total.
boas notícias. Essas anáNo mesmo períolises vêm sendo aprodo, as áreas com matas
fundadas na Superintennaturais dentro das prodência Técnica da CNA,
priedades aumentaram
tendo em vista detalhar
Legenda
em mais de cinco mias conclusões até então
Redução entre 69 e 50%
Estados
lhões de hectares, o que
obtidas e relacionar os
Redução entre 49 e 20%
representa um aumento
dados à base territorial
Variação Pastagens
de
aproximadamente
dos biomas, como orienRedução em até 20%
Redução em mais de 70%
6%. Em 1995/96, eram
ta a legislação ambiental
88,9 milhões de hectabrasileira. Mas, sem dúres ocupados com essa
vida, pode-se dizer que
Fonte: Elaboração CNA
cobertura e, em 2006,
os ganhos de produtivi94 milhões. Segundo os
dade exibidos pelo setor
constatou-se que 18 milhões de hecnovos dados, 15% das áreas utilizano Censo 2006 ocorreram com restares foram incorporados à agricultudas pelas propriedades rurais são
peito ao meio ambiente. Os dados
ra. A espacialização dos resultados
destinadas às áreas protegidas – na
sinalizam que produção de alimendos Censos 1995/96 e 2006 mostra
agricultura familiar esse percentual
tos e preservação ambiental é um
que a diminuição das pastagens naé de 10%. Cerca de 11% das áreas
binômio possível.
turais se deu, basicamente, nos muocupadas pela propriedade rural,
nicípios onde a agricultura cresceu.
35,6 milhões de hectares, são destiNélson
Pode-se dizer que o aumento de pronados às áreas de reserva legal.
Ananias Filho
engenheiro-agrônomo, assessor técnico da
dução da agricultura também ocorreu
É importante destacar que a
Comissão Nacional do Meio Ambiente
sobre áreas de pastagens nativas.
maior parte – cerca de quatro milhões
4
Revista Gleba - Informativo Técnico
AQÜICULTURA
Censo descobre a atividade em pleno século 21
produzidos nacionalmente, o que
R$175 milhões nas duas atividaPela primeira
corresponde a 117.805.673 quilodes, em 2006.
vez o Censo Agrogramas produzidos no Brasil.
pecuário
2006
A região Nordeste é a primeiPolíticas Públicas
contemplou dados
ra em produção, quando se fala
referentes às ativiem aqüicultura. Principal atividade
dades aqüícolas no
Os resultados do Censo mosaqüícola no Nordeste, a carciniculPaís. O movimento
traram que, de um total de 153.409
tura apresenta resultados expressifinanceiro total da
estabelecimentos
agropecuários
vos no Rio Grande do Norte, Esaqüicultura no Braque trabalham com atividades
tado responsável por 50% do total
sil foi de quase R$ 1,6 bilhão, desaqüícolas, 89% são geridos pelos
de camarões produzidos no País,
tacando a região Nordeste como a
próprios proprietários. Informaram,
movimentando R$ 379.790.329.
maior em movimentação financeira:
ainda, que a grande maioria das
O Nordeste é também responR$ 950.741.027.
propriedades aqüícolas possui no
sável pela maior produção em
A aqüicultura é uma atividade
máximo dois hectares de espelho/
escala nacional de peixes. São
agropecuária subdividida em dois
lâmina d´água. A análise desses
aproximadamente 55,5 mil tonelagrandes setores de produção: a
dados demonstra a importância
das, responsáveis pela geração de
carcinicultura e a piscicultura. Em
das atividades ligadas à aqüiculR$ 186 milhões. Ostras, vieiras e
relação ao valor total comercializatura como ferramentas para a dismexilhões não são produzidos na
do nacionalmente entre as atividatribuição de renda. Demonstraram,
des da aqüicultutambém, a grande dira, a carcinicultura
versidade de espécies
Comparativo entre Tipos de Produções no Brasil, em Valores.
é responsável por
cultivadas no Brasil,
49% e a piscicultucomo as pesquisadas
65.626.354;
ra por 47%. Conpelo IBGE: carpa,
4%
forme o Censo,
tambacu,
curimatã,
outras atividades,
pacu, piau, pintado,
como ostras/vieitruta, tilápia, tambaras, mexilhões e
qui, camarão, ostra/
espécies ornamenvieira, mexilhão e estais, destacam-se
pécies ornamentais.
com 4% do valor
Como o Censo
781.674.546;
comercializado.
Agropecuário 2006 foi
736.545.392;
49%
47%
Este valor é cono primeiro estudo do
centrado na reIBGE a informar dagião Sul.
dos da aqüicultura, os
Peixes
Camarões
Outros
A piscicultura
resultados não foram
movimentou, em
comparados aos cenFonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006
2006, cerca de
sos anteriores, o que diR$ 736.545.392,
ficulta a correlação do
região, fenômeno causado princisendo que a produção total de peireal movimento das atividades aqüípalmente pela alta temperatura das
xes foi de 202.451.093 quilogracolas nas últimas décadas. Entretansuas águas.
mas em um total de 76.659 estabeto, os dados do Censo 2006 são de
Em segundo lugar na produlecimentos agropecuários. Pode-se
grande valia para as previsões e esção nacional, a região Sul é resdizer que o preço médio comerciatimativas futuras e evidenciam a imiponsável por 43 mil toneladas de
lizado de peixes foi de R$ 3,60 o
nente necessidade de fortes políticas
peixes e mil toneladas de camarões
quilo. Destacam-se na atividade as
públicas para o fomento às atividaproduzidos em 2006. Neste ano, a
espécies pacu, tilápia, tambaqui e
des aqüícolas.
produção das duas culturas concarpa.
tabilizou R$ 140 milhões e R$ 6,9
No ano de levantamento das
Marina S. Zimmermann
milhões, respectivamente. A região,
informações do Censo, a carcimédica veterinária, mestre em ciências
no entanto, produziu a maioria de
nicultura possuía 4.771 estabeagrárias, assessora técnica
em produção animal
ostras/vieiras e mexilhões em escalecimentos produtores. A produla nacional, respondendo por quação nacional neste período foi de
Felipe Guedes
se 100% para ambas as atividades.
121.568.147 quilos, sendo que o
Alvarenga
A região Sudeste está em tervalor movimentado pela atividade
engenheiro
agrônomo,
mestre
em genética,
ceiro lugar no País em termos de
foi de R$ 781.674.546, o corresassessor técnico em produção animal
pondente a um preço médio de R$
produção e comercialização das
6,40 por quilo do produto. Pelos reatividades referentes à aqüicultuJoão Carlos de
sultados apresentados, constata-se
ra. Contribuiu com 41 mil tonePetribu De Carli
que a região Nordeste é responsáladas de peixes e mil toneladas
engenheiro agrônomo, assessor técnico em
vel por 97% do total de camarões
de camarões, comercializando
meio ambiente
5
Revista Gleba - Informativo Técnico
CAFÉ
Área colhida caiu 7% e produtividade subiu 35%
2.360.756
1.687.851
1.873.189
1.812.250
2.442.003
2.636.704
1.397.452
2.449.225
752.737
1.635.666
1.651.465
2.266.372
2.685.865
4.030.614
128.831
2.465.450
792.783
540.402
2.215.658
resultando em uma diferença de 21%
80% deste total agricultura familiar, resDados
do
entre os dois indicadores.
ponsável por 34% da quantidade proCenso
AgropeSegundo este comparativo, obserduzida e produtividade de 1256 Kg/ha
cuário do IBGE
va-se também uma diferença percentual
(21 sacas/ha). A agricultura não famimostram que a
dos dados da Conab em relação aos
liar mostrou uma produtividade maior,
produção de café
dados do IBGE na quantidade produzide 1598 Kg/ha (27 sacas/ha). Já o
em grão, em 2006,
da pelos maiores estados produtores de
café robusta foi cultivado em 97.708
foi cerca de 2,3 micafé arábica e de café conillon, sendo
estabelecimentos, sendo 84% agricullhões de toneladas
mais significativa para este último. Os
tura familiar, responsável por 55% da
(aproximadamente
números mostram 3,5% em Minas Geprodução e produtividade de 1023Kg/
38 milhões de sacas de 60 kg), apreha (17 sacas/ha). A agricultura não
sentando crescimento de 26% em rerais, onde 1.319.220 toneladas foram
familiar também apresentou produtivilação ao Censo Agropecuário anterior,
levantadas pela Conab e 1.271.779
dade maior, de 1491kg/ha (25 sacas/
de 1996. O resultado mostra que, em
pelo IBGE; e 27,2% no Espírito Santo,
10 anos, a área colhida do
para qual a Conab levantou
café reduziu aproximada540.540 toneladas e o IBGE,
Evolução da Produção de Café no Brasil (1920-2006)
mente 7%, porém a produ393.282 toneladas.
tividade cresceu 35%, passando de 17 para 23 sacas
Análise para
por hectare. Esse aumento
Planejamento
4.500.000;
da produção se deu em
4.000.000;
função da alta nos preços
Apesar das recentes difi3.500.000;
do grão, impulsionada pela
culdades na cafeicultura bra3.000.000;
seca de 1986 e a geada
sileira, causadas pelo endivi2.500.000;
ocorrida em 1992. Além do
damento do setor produtivo,
2.000.000;
mais, as condições climátia taxa de câmbio desfavorá1.500.000;
cas favoráveis na florada, no
vel, a alta nos insumos, a de1.000.000;
final de 2005, também fopreciação da qualidade final
500.000;
ram responsáveis pelos bons
do produto em função das
resultados da produção em
chuvas excessivas no final
1920 1940 1950 1960 1970 1975 1980 1985 1996 2006
2006. O incremento na proda colheita, além dos preços
dutividade é conseqüência
recebidos que não cobrem o
Produção vegetal (ton. café em grão)
Área colhida (ha)
do aparecimento de novas
custo de produção, o agrotecnologias, como o aden- Fonte: Censo IBGE 2006
negócio café continua se
samento nas lavouras de
destacando por sua imporha). Essas informações não podem ser
algumas regiões do País, além da utitância para a economia brasileira. O
comparadas com anos anteriores, pois
lização de pacotes tecnológicos mais
Brasil é o maior e mais importante
tais levantamentos não foram analisaeficientes no que diz respeito aos tratos
país produtor de café do mundo.
dos em nenhum outro censo, com a
culturais.
Nesse contexto, é preciso analimesma fundamentação metodológica.
O Brasil cultiva, atualmente, duas
sar a realidade sócio-econômica do
espécies básicas de café: arábica,
País, por meio dos dados estatísticos
Divergências nas Informações
considerado de qualidade superior,
de produção, área, produtividade
responsável por cerca de 1,9 milhão
média, tipo de agricultura, entre
A comparação entre os dados
de toneladas de grãos, em 2006; e o
outros, o que proporciona melhoda Companhia Nacional de Abastecanephora, conhecido popularmente
res condições de planejamento dos
cimento (Conab), safra 2006/2007,
como café conillon, com produção
investimentos por parte dos agene do Censo Agropecuário do IBGE
de 470 mil toneladas de grãos, que
tes da cadeia, além de facilitar as
2006 mostra uma divergência entre
totalizaram R$ 8,6 bilhões em valor de
decisões de políticas públicas para
as informações dessas instituições,
produção, em 2006. O principal Estao setor. Assim, é relevante o acomque podem ser explicadas, em parte,
do produtor de café arábica no Brasil
panhamento dos censos do IBGE,
pela utilização de diferentes metodofoi Minas Gerais, com 64,97% da probem como suas comparações, para
logias na amostragem dos dados. É o
dução nacional desta espécie, seguido
que tenhamos um instrumento concaso, por exemplo, das informações
por São Paulo, com 13,86%, e Paraná,
fiável de apoio às políticas públireferentes à área da cafeicultura no
com 7,9%. O Espírito Santo aparece
cas para o setor cafeeiro, para que
Brasil. A Conab, cujos dados servem
em primeiro lugar na produção de
sejam realmente funcionais e seus
de base para as estratégias de polícafé robusta, com 59,74%, enquanto
benefícios efetivamente percebidos
ticas públicas do setor, considerou a
Rondônia fica em segundo lugar, com
pela cafeicultura.
área total ocupada pela atividade,
14%, seguido da Bahia, com 8,04%.
M.Carolina Ribeiro Bazilli
a qual foi 2.152.397ha, enquanto
O café arábica é o mais difundido
engenheira agrônoma, assessora
o Censo IBGE 2006, a área colhino Brasil, sendo cultivado em 241.637
técnica da Comissão Nacional
da, que representou 1.687.851 ha,
estabelecimentos agropecuários, sendo
de Café da CNA
6
Revista Gleba - Informativo Técnico
BOVINOCULTURA
Bovinocultura: Comparativ
Agropecuários 1996
Pecuária libera 19 milhões/ha
e aumenta sua produtividade
Ár
Descrição
1996
Dados do Censo Agropecuário de 2006 mostram aumento de produtividade
da pecuária bovina em relação ao Censo de 1996. As áreas de pastagens caíram
de 177,7 milhões de ha para 158,75 milhões, o que revela diminuição de 10,66%
na área de pastagens do País, com a liberação de 18,95 milhões de ha para outras
atividades. O rebanho bovino passou de 153 milhões de cabeças para 171,61 milhões, com aumento de 12%. Houve redução de 20,7 milhões de ha de pastagens
naturais e aumento de 1,78 milhão de ha de pastagens plantadas. O número de
bovinos por ha/ano subiu 25,5%, de 0,86 para 1,08 cabeça/ha, enquanto a área
média de pastagem caiu 20,32%, de 1,16 para 0,93 ha/cabeça.
Pastagens Naturais (ha)
78.048.463
57
Pastagens
Plantadas (ha)
99.652.009
101
Área Total de
Pastagens (ha)
177.700.472
158
Rebanho Bovino
(cabeças)
153.058.275
171
O número de
estabelecimentos de
bovinos caiu 0,93%,
passando 2,698 milhões para 2,673
milhões de propriedades rurais. Em termos da distribuição
geográfica no rebanho bovino nacional, observa-se uma
mudança na participação relativa entre
as regiões brasileiras entre os censos
agropecuários de 1996 e de 2006. A
região Norte foi a que mais se destacou
em termos de aumento de participação
relativa no rebanho nacional. Em 1996,
a região Norte detinha 11,29% do rebanho nacional, com 17,277 milhões
de cabeças, passando para 18,26%
em 2006, com 31,336 milhões de cabeças. Outra região que cresceu em
termos de participação foi a região
Centro-Oeste, que passou de 33,17%
para 33,52% do rebanho nacional, alcançando 57,527 milhões de cabeças.
As demais regiões apresentaram
queda em termos de participação
relativa no rebanho nacional. A região Nordeste caiu de 14,92% para
14,76% do rebanho brasileiro, embora em termos absolutos o rebanho
bovino da região tenha subido de
22,842 milhões para 25,326 milhões
de cabeças. Já as regiões Sul e Sudeste
apresentaram queda tanto em termos
relativos como em números absolutos.
A região Sudeste passou de 23,49%
para 19,85% do rebanho nacional. Em
termos absolutos, o rebanho bovino do
Sudeste passou de 35,954 milhões
para 34,060 milhões de cabeças. A
região Sul foi a que apresentou maior
queda do rebanho bovino, tanto em
termos relativos como em termos absolutos. O rebanho bovino da região Sul
passou de 17,13% para 13,61% do
Estabelecimentos
de Bovinos
rebanho nacional, de 26,22 milhões
para 23,36 milhões de cabeças.
Se considerada a taxa de crescimento em uma década, verifica-se
que a região Norte obteve o maior
crescimento no período, com aumento de 81,38% do rebanho bovino, o
que representa uma taxa geométrica de crescimento anual de 6,14%.
A região Centro-Oeste apresentou
crescimento de 13,32% nos 10 anos,
com taxa anual de 1,26%. A região
Nordeste também apresentou variação positiva do rebanho bovino de
10,88% no período, com taxa de
crescimento anual de 1,04%. As regiões Sul e Sudeste tiveram variação negativa no período. O rebanho bovino
no Sudeste caiu 5,27%, entre 1996
e 2006, com variação de -0,54% ao
ano. A região Sul apresentou a maior
queda do rebanho bovino no período,
de 13,32%, ou 1,15% ao ano.
Chama atenção a grande diferença entre os dados do Censo
Agropecuário e da Pesquisa Pecuária
Municipal, ambos do IBGE, quanto
ao tamanho do rebanho bovino. Os
dados do Censo informam que o rebanho é de 171,61 milhões de cabeças, mas a PPM diz que é de 205,87
milhões. Caberia ao IBGE uma nota
explicativa das diferenças de metodologia que levam a tão expressiva diferença de 34.272.910 cabeças. Sem
dados confiáveis sobre a realidade
brasileira fica difícil estabelecer políticas de planejamento para o setor.
Antenor de Amorim Nogueira
economista, empresário rural, presidente do
Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte
Paulo Sérgio Mustefaga
economista, assessor técnico da Comissão
Nacional de Pecuária de Corte
Bovinos / Ha
0,86
Área média de
pastagem (ha/cab.)
1,16
2.
2.698.197
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário
Brasil e
Região
Geográfica
1996
Part.(%)
2006
Brasil
153.058.275
100,00
171.613.337
Norte
17.276.621
11,29
31.336.290
Nordeste
22.841.728
14,92
25.326.270
Sudeste
35.953.897
23,49
34.059.932
Sul
26.219.533
17,13
23.364.051
Centro-Oeste
50.766.496
33,17
57.256.794
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário
Pecuária de Leite: Compar
do Censo Agropecuário e d
Municipal (PPM) - anos d
Brasil e Região
Geográfica
1996
PPM
Censo
PP
Vacas ordenhadas
(milhões de cab.)
16,3
13,7
20
Produtividade (litros/vaca/
ano)
1.138
1.307
1.2
Fonte: IBGE
7
mparativo entre os Centros
s 1996/2006 – IBGE
Área (ha)
Var. (%)
2006
Dif.
463
57.316.457
-20.732.006
-26,56
009
101.437.409
1.785.400
1,79
472
158.753.866
-18.946.606
-10,66
275
171.613.337
18.555.062
12,12
1,08
0
25,50
0,93
0
-20,32
2.673.176
-25.021
-0,93
97
2006
Part.(%)
Var.(%)
(2006/1996)
Tx.
Geom.
(%)
171.613.337
100,00
12,12
1,15
31.336.290
18,26
81,38
6,14
25.326.270
14,76
10,88
1,04
34.059.932
19,85
-5,27
-0,54
23.364.051
13,61
-10,49
-1,15
57.256.794
33,52
13,32
-1,26
Comparação das Pesquisas
ário e da Pesquisa Pecuária
- anos de 1996 e 2006.
2006
Variação 2006/1996
enso
PPM
Censo
PPM
Censo
13,7
20,9
12,6
28,7%
-7,9%
.307
1.213
1.595
6,6%
22,0%
Revista Gleba - Informativo Técnico
Produção de leite: 20,1 ou 25,4 bilhões litros?
Os resultados do Censo Agropecuáprodução de leite, que manteve a mesma
rio 2006 relacionados à pecuária leiteira
tendência nas duas pesquisas, de 1996
mostram consideráveis diferenças entre
para 2006, a evolução no número de
as informações do Censo e da Pesquisa
vacas ordenhadas apresentou resultados
Pecuária Municipal (PPM), também reaantagônicos. Aumentou de 1996 para
lizada pelo IBGE, como no caso da re2006, na PPM, e diminui em 7,9%, no
dução de 5,24 bilhões de litros de leite
mesmo período, no Censo, gerando dida produção nacional e de 8,34 milhões
vergências nas informações. Estes dados,
no número de vacas ordenhadas. Evidenaliados aos de produção, indicam que a
temente, as metodologias utilizadas não
produtividade, por vaca, foi de 1.213 lisão as mesmas e cabe a discussão sobre
tros/vaca/ano na PPM e de 1.595 litros/
as peculiaridades de cada uma.
vaca/ano no Censo, com variação de
Na metodologia do Censo, os dados
24% entre as duas metodologias.
são obtidos de forma direta, por meio de
De acordo com o Censo 2006, houve
entrevistas aos produtores, o que de certa
uma redução de 26% no número de estaforma pode gerar maior representativibelecimentos agropecuários produtores de
dade. No entanto, algumas informações
leite em relação ao Censo de 1996.
correm o risco de ser subestimadas. Os
Dos atuais 1,3 milhão, 81% são proestabelecimentos não visitados e eventudutores da agricultura familiar, que resais respostas imprecisas dos produtores,
pondem por 58% da produção nacional.
causadas pela diversidade de variáveis de
Os dados impressionam, pois estudos
produção, que demandam
relacionados a esse tema
maior nível de gerenciamostram que 70% dos proDiferença de
mento do negócio, podem
dutores representam 30%
26% nos dados da
gerar distorções nos dados.
da produção total de leite,
PPM e do Censo
Já na PPM, as informações
o que confirma os resultados
na produção
são obtidas por intermédio
do Censo.
de leite em
de cooperativas, indústrias
Vale lembrar, no entanto,
regionais e dos órgãos de
Minas Gerais.
que a definição legal da agridefesa sanitária, o que procultura familiar, estabelecida
porciona maior realidade aos números,
pela lei 11.326/2006, diz que a área da
pois parte de uma base de dados anual.
propriedade não pode ser superior a quaDe acordo com a PPM, a produção
tro módulos fiscais, a mão-de-obra deve
total de leite foi de 25,4 bilhões de litros,
ser predominantemente familiar e a renem 2006, enquanto o volume encontrada vinculada ao empreendimento rural.
do, no último Censo, foi de 20,1 bilhões
Assim, pressupõe-se que o Censo utilizou
de litros de leite, valor 21% inferior ao da
somente o primeiro critério, visto que a
pesquisa municipal. Este número chama
atividade leiteira é produzida basicamenatenção pelo fato da diferença entre os
te em pequenas propriedades, indepenquatro Censos anteriores (1975, 1980,
dente do enquadramento do produtor, se
1985 e 1996) e a PPM nunca terem sido
familiar ou não-familiar. Além do mais,
superiores a 10%.
um módulo fiscal pode chegar a até 100
A análise da distribuição da produção
hectares em algumas regiões do País, o
entre as unidades da Federação mostra que
que contribuiria para expressar um maior
Minas Gerais, principal Estado produtor,
volume de leite produzido, independente
apresenta uma diferença de 26% entre a
do tipo de produtor.
PPM (7,1 bilhões de litros) e o Censo 2006
Vale salientar que o IBGE é a prin(5,6 bilhões de litros). No entanto, a procipal fonte de informações para pecuporcionalidade sobre a produção nacional
ária de leite no Brasil. Porém, para que
(27,9%) se manteve inalterada nas duas
as análises realizadas a partir dos dados
metodologias. Observa-se, também, que
apresentados tenham maior acurácia,
Rondônia apresentou a menor variação encabe uma averiguação entre os dados
tre as pesquisas: apenas 2%, seguida pelo
do Censo e da PPM, a fim de que as vaRio Grande do Sul, com 7%. Em contraparriações encontradas sejam eliminadas,
tida, o maior valor, 355%, foi encontrado
para que não se perca o IBGE como reno Amapá, onde a PPM contabilizou 4.433
ferência estatística do setor.
mil litros e o Censo 974 mil litros.
Em relação ao número de vacas ordeRodrigo Sant’Anna Alvim
engenheiro-agrônomo, presidente da
nhadas, a discrepância entre as pesquisas
Comissão Nacional de Pecuária de Leite
foi de 40%. Na PPM, o número de cabeBruno Barcelos Lucchi
ças foi de 20,9 milhões e, no Censo, 12,6
zootecnista, assessor técnico da Comissão
milhões. Vale ressaltar que, diferente da
Nacional de Pecuária de Leite
8
Revista Gleba - Informativo Técnico
FRUTICULTURA
Produção orgânica em 1,8% das
propriedades rurais
O
expressivo
ano. Proporciona, também, melhor
metrópoles, como redes de economia
crescimento da agriaproveitamento dos recursos locais de
solidária entre produtores e consumidocultura orgânica nos
mão-de-obra e equipamentos, além de
res e feiras livres locais.
últimos anos levou
maior retorno financeiro.
A possibilidade de obter alimentos
o IBGE a incluir esta
Outro dado importante destacado
sadios, de alta qualidade, sem o ematividade no Censo
no Censo 2006 foi o nível de instrução
prego dos agroquímicos convencionais,
Agropecuário 2006,
dos produtores. Entre os agricultores decom elevada produtividade em pequeque investigou, pela
dicados à agricultura orgânica no Brasil,
nas áreas, fazem da fruticultura orgânica
primeira vez, a agri41,6% possuíam ensino fundamental
uma das melhores opções agrícolas na
cultura orgânica no Brasil. Na avaliaincompleto e 22,3% eram analfabetos.
atualidade. Essa tendência, que atende
ção o estabelecimento deveria inforDaquele total, 54% não participavam
ás necessidades de pequenos e médios
mar se a praticava
de qualquer organização
e se sua produção
Principal Motivo Para Implementar Gestão
social e, entre aqueles
era certificada. Não
que participavam 36,6%
da Qualidade (% de respostas)*
foram consideradas Aumento da
estavam ligados a associaorgânicas as práticas lucratividade
5%
ções e sindicatos, e apenas
9%
agrícolas que, ape- Redução
5,9% a cooperativas.
30%
de custos
55%
sar de não utilizarem Melhoria na
O Censo 2006 mosagroquímicos, não qualidade
trou, também, que de um
produto
foram identificados do
60%
total de 5.1175.489 esta50%
Exigência
40%
30%
como tal pelo produ- de mercado
belecimentos rurais no Bra20%
10%
tor ou, ainda, se este ou cliente
0%
sil, 90.497 praticavam a
desconhecia as nor- Cada entrevistado pôde selecionar mais de uma alternativa
agricultura orgânica. Deste
mas técnicas exigidas Fonte: CEPEA
total, 94% produziam orpelas instituições certiganicamente, embora sem
ficadoras. Neste con- Grupos de atividade Distribuição dos estabelecimentos produtores de orgânicos nenhum tipo de certificaeconômica
Absoluta
Percentual (%)
texto, a fruticultura orção, sendo os restantes 6%
gânica aparece como
devidamente certificados
Total
90 497
100,00
uma importante ativipor instituição credenciaHorticultura de lavouras temporárias
30 168
33,34
dade, como forma de
da. Somente 10% dos agri8 900
9,83
agregar valor à pro- Horticultura e floricultura
cultores que procuraram o
dução e atingir novos Produção de lavouras permanentes
credenciamento têm nível
9 557
10,56
mercados no Brasil e
superior em alguma área,
Produção de sementes, mudas e outras
52
0,06
exterior.
45% têm o ensino fundaformas de propagação vegetal
Os estabelecimental incompleto e 45%
38 014
42,01
mentos produtores de Pecuária e criação de outros animais
outros níveis de instrução.
1 638
1,81
orgânicos represen- Produção florestal - florestas plantadas
A certificação da
tavam 1,8% do total Produção florestal - florestas nativas
produção
orgânica é in1 644
1,82
de estabelecimentos
dispensável para que o
153
0,17
agropecuários
em Pesca
produtor possa obter pre371
0,17
2006. Dedicavam- Aquicultura
ços diferenciados pelos
se, principalmente, Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006
produtos que comerciaà pecuária e criação
liza. O Censo 2006 não
de outros animais (41,7%), às lavouras
produtores brasileiros, foi mostrada pelo
investigou o motivo pelo qual os produtemporárias (33,5%), à lavoura permado Censo 2006 e já é verificada na Eutores rurais migram da agricultura connente (10,4%), à horticultura/floriculturopa, África do Sul e Israel.
vencional para a agricultura orgânica,
ra (9,9%) e à produção florestal (3,8%).
O cultivo de frutas orgânicas pode
porém uma pesquisa realizada pelo
A proporção de estabelecimentos
oferecer boas respostas aos investimenCEPEA (Centro de Estudos Avançados
produtores de orgânicos no total de estos dos agricultores não apenas pelo
em Economia Aplicada), em 2009,
tabelecimentos no Brasil mostrou que a
atual elevado interesse no consumo de
mostrou que 55% destes produtores oprepresentatividade de orgânicos é maior
frutas, mas também pela sua escassez
taram pelo cultivo orgânico para atenna horticultura/floricultura, que inclui a
no mercado. A vantagem da fruticultura
der à demanda do mercado, enquanto
produção de frutas, verduras e legumes.
sobre as demais explorações agrícolas é
apenas 5% deles tiveram como princiEsses itens, conforme destaca o docuque, em pequenas áreas, permite elevapal motivo o aumento da lucratividade.
mento, têm peso significativo no merda produção de alimentos, além da imcado interno e são comercializados em
plantação de cultivos complementares,
José Eduardo Brandão Costa
engenheiro agrônomo, assessor técnico da
diferentes pontos de venda nas grandes
favorecendo a colheita durante todo o
Comissão Nacional de Fruticultura
9
Revista Gleba - Informativo Técnico
CANA DE AÇUCAR
Produção aumentou 47,9% e
produtividade subiu 10%
Os resultados
por assentados com posse definitiva;
conseqüentemente, em significativo erro
divulgados
pelo
16,12% pelos arrendatários e 5,46%
nas informações.
Censo Agropecupor parceiros. Na região Sudeste, resA produção de cana-de-açúcar leário 2006, elaboponsável por cerca de 70% da cana provantada pelo IBGE não leva em conta
rado pelo Instituto
duzida no Brasil, cerca de 76,16% da
a destinação e a utilização da matériaBrasileiro de Geoprodução é feita pelos proprietários da
prima. Não verifica, por exemplo, se a
grafia e Estatística
terra; 0,15% por assentados; 16,75%
cana produzida é vendida para o setor
(IBGE), mostraram
por arrendatários e 6,87% por parceiros.
sucroalcooleiro, para a produção de
o tamanho do setor
Existem ainda outras duas fontes de
bebidas ou, até mesmo, para a alimencanavieiro nacional. No entanto, vale
informações sobre as safras de cana-detação animal (forrageira). Assim, da
analisar as diferenças significativas exisaçúcar normalmente utilizadas pelo setor:
forma como são coletados e apresententes entre as informações do Censo
Pesquisa Agropecuária Municipal (PAM/
tados, os dados dificilmente poderão
e os dados da Pesquisa Agropecuária
IBGE) e o Levantamento de Safra da
ser utilizados para a criação de políticas
Municipal (PAM), também realizada
Companhia Nacional de Abastecimento
públicas e estratégias empresariais. Por
pelo IBGE, como no caso do volume de
(Conab). As diferenças apresentadas por
esse motivo, os agentes públicos e privaprodução de cana. De acordo com o
estes levantamentos exigem uma avaliados do setor sucroalcooleiro, os maiores
levantamento realizado
interessados neste tipo
pelo Censo 2006, a cade informação, consiTabela Compararativa do rendimento da cana-de-açucar
deia da cana-de-açúcar
deram mais confiável o
em quilogramas por hectare do Censo/IBGE com dados do
gerou um valor bruto
levantamento realizado
Ministérioda Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
de R$ 19,6 bilhões, em
pela Conab sobre a
80000
2006, tendo a melhor
safra destinada à produ60000
colocação no ranking
ção de açúcar e de álda participação no valor
40000
cool, assim como a sua
da produção agropecu20000
projeção de produção.
ária, com 14% do total.
A pesquisa da
0
1970
1975
1980
1985
1996
2006
Quando
comparado
Conab leva em conta
PAM/IBGE
CENSO AGROPECUÁRIO 2006
MAPA
ao último Censo, de
o ano safra e as in1996, o setor canaviei- Fonte: PAM/IBGE: Produção Agrícola Municipal MAPA: Ministéio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento até formações são obtiro registra crescimento 2005; Conab: Companhia Nacional de Abastecimento, Safra 2005 em diante.
das durante visitas de
de 47,9% na produção
seus técnicos nas 413
de cana-de-açúcar. No mesmo períoção crítica dos dados disponíveis sobre a
unidades industriais, em todos os Esdo, obteve aumento de 33,3% na área
cultura. No caso do Censo de 2006, a
tados Brasileiros. Posteriormente, as
colhida. O Censo também mostrou o
metodologia utilizada foi de uma estrainformações coletadas são ratificadas
aumento de 10% na produtividade, de
tificação regional, com pesquisa sobre
por gerenciamento remoto via satéli68,88 quilogramas de cana por hectaprodução e safra pelos censeadores nos
te. Cabe lembrar que o levantamento
re, em relação ao Censo anterior.
imóveis rurais. Considerou-se como base
de safra realizado pelo Ministério da
Outro dado revelado pelo Censo
o ano civil e não o ano-safra. Tal metoAgricultura, Pecuária e Abastecimento
é quanto ao tamanho das propriedades
dologia resultou em uma distorção dos
(MAPA) iniciou na safra de 1948/49
brasileiras que tem a produção de canadados em função de características da
e, até a safra de 2004/2005, foi reade-açúcar como principal atividade. De
atividade: a produção de cana na região
lizado por meio das informações das
acordo com o levantamento, do total
Centro-Sul inicia em março, terminando
unidades industriais de cana.
das 193 mil propriedades com ativino final de novembro; na região NorteSomente nas duas fontes do Insdade canavieira, 81% estão abaixo de
Nordeste, começa em setembro e finalitituto - o Censo e a PAM - a diferença
50 hectares. Não representam, no enza em junho do ano seguinte.
registrada em 2006 é de cerca de 20%
tanto, volume significativo de produção,
Outro aspecto importante é que o
do volume da produção. Mesmo assim,
pois são responsáveis por apenas 6%
Censo tem como base uma amostraé inquestionável a importância dos dada produção total de cana-de-açúcar
gem apenas de determinada região.
dos estratégicos levantados pelo Censo,
no Brasil. Na região Sudeste, 72% das
Depois, é realizada uma extrapolação
como o tamanho da propriedade e o aspropriedades têm menos de 50 hectares
dos dados, estabelecendo-se um papecto legal da posse da terra. Porém, as
e também são responsáveis por 6% da
drão para as demais áreas ocupadas
informações ganhariam em credibilidade
produção regional.
pela cultura, sem que essas informações
se, durante a coleta dos dados, fossem
Quanto ao perfil dos titulares das
sejam conferidas por meio de imagens
incluídas perguntas específicas sobre a
terras cultivadas com cana-de-açúcar,
de satélite. A aplicação desse tipo de
destinação do uso da cana-de-açúcar.
verifica-se que, em 2006, cerca de
metodologia na agricultura e, princi77% da produção da cana era realizaJosé Ricardo Severo
palmente, na produção de cana resulengenheiro-agrônomo, assessor técnico da
da pelos proprietários da terra; 0,32%
ta em alto desvio padrão dos dados e,
Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar
10
Revista Gleba - Informativo Técnico
EQÜINOCULTURA
Rebanho eqüino reduz 22%
mas cresce na região Norte
tração mecânica. Cabe ressaltar que,
O Censo
nas áreas mais próximas dos centros
Agropecuário IBGE
urbanos, como o Distrito Federal, o
2006 revelou que o
número de eqüinos teve aumento de
efetivo do rebanho
pouco mais de 10%. Acrescente-se
nacional de eqüinos
que o número de usuários de cavalos
diminuiu 22% em
vem aumentando, segundo as assorelação ao censo
ciações de criadores de cavalos.
anterior, de 1996,
A outra fonte de dados utilizada
ainda que os resulpara dimensionar a pecuária naciotados da região Norte tenham aprenal é a Pesquisa Pecuária Municipal
sentado aumento de 22% no seu reba(PPM), também elaborada pelo IBGE.
nho. A comparação dos resultados do
A comparação do contingente do reCenso de 2006 com os censos agrobanho nacional divulgado pelo Cenpecuários dos anos anteriores, desde
so Agropecuário 2006 (4.541.832
1970 e com a Pesquisa Pecuária Municipal de 2006 certamente contribuirá para
Brasil: quantidade do Rebanho Eqüino
a melhor compreensão
segundo Censos Agropecuários
destas transformações
ocorridas na eqüinocultura nos espaços ge6.000.000
ográficos do País.
Segundo o
5.000.000
IBGE, no Censo Agropecuário 2006 foi
4.000.000
realizado um levanta3.000.000
mento do número total
de eqüinos existentes
2.000.000
no
estabelecimento
na data de referência.
1.000.000
No Censo Agropecuário 2006, o efetivo
0
do rebanho nacional
1970
1975
1980
1985
1996
de eqüinos foi quantiBrasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
ficado em 4.541.832
cabeças, com queda Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006
de 22% em relação ao
cabeças) e os números fornecidos
censo de 1996, que registrou número
pela PPM, em 2006 (5.749.117 cade cabeças de eqüinos de 5.565.697.
beças), mostra diferenças estatísticas
O resultado em 2006 apresentou
da ordem de 26%. O resultado da
quantidade de eqüinos menor do que
PPM relativo ao ano de 2006 serviu
em todos os censos realizados: em
como base para a elaboração do
1970, foram registradas 4.859.254
Estudo do Complexo do Agronegócabeças; em 1975, 4.740.464 cabecio do Cavalo no Brasil (CNA/Esalq/
ças; em 1980, 4.960.691 cabeças e,
USP) e consta nos dados da FAOSTAT
em 1985, 5.693.041 cabeças.
(Food and Agriculture Organization
Em sintonia com a tendência
of the United Nations), colocando
nacional na pecuária de grandes
o Brasil em quarto lugar no ranking
animais, a região Norte apresentou
mundial do contingente de eqüinos.
crescimento do rebanho eqüino na
A PPM se baseia num sistema de
ordem de 22%. As demais regiões
fontes de informações representativas
tiveram seus rebanhos reduzidos,
de cada município, gerenciado pelo
especialmente a região Sudeste,
agente de coleta do IBGE. Os dados
com queda de 28%. Um dos fatores
são atualizados anualmente e, além
apontado pelo IBGE para essa quedos estabelecimentos agropecuáda foi a substituição da força de trarios, também são considerados os
ção animal no campo pela força de
estabelecimentos militares, coudelarias particulares ou jóqueis-clubes e
quaisquer criações particulares.
No ano de 2006 o município
que registrou o maior número de cabeças de eqüinos foi Corumbá, no
Mato Grosso do Sul, com 31.369
cabeças, segundo a PPM, e com
28.316 cabeças, segundo o Censo 2006 – com variação de quase
10%. O resultado mais curioso está
na análise do município de Feira de
Santana, na Bahia, onde o banco de
dados da PPM apresenta rebanho
de 19.811 cabeças, enquanto os
dados do censo indicam 3.656 cabeças.
A diferença entre as
avaliações realizadas
no município baiano PPM X Censo Agropecuário – em 2006, foi
de 81%. Nos municípios localizados no Rio
Grande do Sul, a diferença observada entre
resultados da PPM e
do Censo Agropecuário, no mesmo ano,
fica em torno dos 15%.
Segundo o Censo
2006, Minas Gerais
permanece em primei2006
ro lugar em termos de
Centro-Oeste
rebanho eqüino, com
699.309 cabeças, seguido pela Bahia, com
522.811 cabeças, e pelo Rio Grande do Sul, com 382.649 cabeças.
As inovações do Censo Agropecuário 2006 ficam por conta da divisão
dos estabelecimentos agropecuários,
demonstrando que, das 4.541.832
cabeças de eqüinos, 91% encontram-se em estabelecimentos de
proprietários. Quanto ao dimensionamento das áreas, a maioria das
propriedades produtoras (16%) do
País possui área entre 20 e 50 hectares. Na região Centro-Oeste, as
propriedades produtoras têm áreas
superiores a 2.400 hectares (21%).
Marina F. Zimmermann
médica-veterinária, mestre em ciência
agrárias, assessora técnica da Comissão
Nacional de Eqüinocultura
11
Revista Gleba - Informativo Técnico
PRODUÇÃO ANIMAL
Cresce a produtividade nas
cadeias de aves e suínos
Os resultados
de um modelo de produção artesanal
agrícola no sul do País, ocasionaram
apresentados no
doméstica, para um modelo profissioum vigoroso incremento dos plantéis de
Censo Agropecunal e competitivo após período de consaves e suínos na região Centro-Oeste.
ário IBGE 2006
tantes avanços tecnológicos.
Verificou-se um crescimento de 278% na
confirmam as muAs conquistas de novos mercados,
produção de aves e de 62,69% na prodanças observadas
o aumento do consumo interno e o da
dução de suínos, nos 10 anos entre um
nas cadeias de aves
tecnificação da produção, com ganhos
Censo e outro. Tais índices são resultado
e suínos nos últimos
de produtividade por intermédio de meda alta oferta de matéria-prima, dispoanos. A comparalhorias em genética, nutrição, sanidade,
nibilidade de áreas a preço convidativo,
ção com os resultados
crescimento do mercado
do Censo de 1996
local, incentivos fiscais
Regiões - Efetivo Suínos (cabeças)
mostra o aumento no
e estruturais.
18.000.000
16.000.000
efetivo e a diminuição
Observamos, tam14.000.000
no número de estabebém, que as regiões
12.000.000
lecimentos das duas
onde havia prevalência
10.000.000
cadeias de produção,
de pequenas proprieda8.000.000
6.000.000
comprovando o crescides, com características
4.000.000
mento da produtividade
domésticas e baixo índice
2.000.000
por estabelecimento.
de tecnologia, não apre0
1970
1975
1980
1985
1995
2006
O efetivo de suínos
sentaram crescimento de
Censos
apresentou
evolução
seus efetivos como ocorSul
Sudeste
Centro Oeste
Norte
Nordeste
de 12,15%, saltando
reu nas outras regiões.
de 27,8 milhões de Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006
Esse fato demonstra a
cabeças registradas no
desigualdade de condiRegiões - Efetivo Aves (cabeças x 1000)
Censo 96 para 31,19
ções entre regiões: de
700.000
milhões de cabeças
um lado, um setor com
600.000
no Censo Agropecuánível elevado de uso tec500.000
rio de 2006. No caso
nológico e, conseqüente400.000
das aves, apresentou
mente, de produtividade;
300.000
evolução ainda maior,
e, de outro, deficiências
200.000
de 718,5 milhões de
estruturais, como a falta
100.000
cabeças para 1,40 bide assistência técnica e
0
lhões de cabeças, o que
dificuldade de acesso a
1970
1975
1980
1985
1995
2006
representa 95,03% de
crédito, que contribuem
Censos
crescimento. Em conSul
Sudeste
Centro Oeste
Norte
Nordeste
para elevar as disparidatrapartida, o número de Fonte: IBGE, Censo Agropecuário 2006
des regionais.
estabelecimentos que
Diante desse quaproduzem suínos caiu de 2,01 milhões,
manejo e biossegurança, mudaram o
dro, no entanto, merece atenção e análiem 1996, para 1,5 milhão em 2006,
perfil dos produtores que atuam nestas
se a diferença existente entre os resultados
com queda percentual de 25,49%. Os
cadeias.Essa mudança de perfil evidenda Pesquisa Pecuária Municipal (PPM)
estabelecimentos produtores de aves
ciou as diferenças regionais, nitidamene o Censo Agropecuário 2006, ambas
apresentaram redução de 14,24%, de
te registradas nos números do Censo.
realizadas pelo IBGE, mas com metodo3,16 milhões, em 1996, para 2,71 miÉ possível observar regiões com alta
logias diferentes. Em alguns casos, a dilhões, em 2006. A produção de ovos de
participação no aumento de produção
ferença entre os resultados da PPM e do
galinha cresceu 44% no Censo 2006
e outras com baixo crescimento ou até
Censo Agropecuário é tão significativa,
em relação ao de 1996, saindo de uma
decréscimo na produção.
que exigirá uma discussão mais apurada
produção de 1,88 bilhão de dúzias
A liberação de 18,95 milhões de
para avaliação dos motivos que levaram
para 2,83 bilhões de dúzias de ovos.
hectares para a agricultura, áreas antes
a esses desvios e a necessidade de possíA análise dos dados divulgados no
destinadas às pastagens, favoreceu as
veis ajustes para garantir maior acurácia
último Censo comprova um comportaculturas de soja e milho, principais indos resultados obtidos.
mento comum às duas cadeias produsumos na produção de aves e suínos. A
tivas. Tanto a cadeia das aves, como a
partir da segunda metade dos anos 90,
César Augusto Bruneto
de suínos, passaram por grandes transo avanço da produção de milho e soja e
médico-veterinário, assessor técnico da
formações nas últimas décadas, saindo
Comissão Nacional de Aves e Suínos
a tendência de esgotamento da fronteira
12
Revista Gleba - Informativo Técnico
PEQUENA PROPRIEDADE
PROPRIEDADE
PEQUENA
Censo tenta dimensionar a agricultura familiar
A publicação
da produção por estabelecimento na
I - não detenha, a qualquer títudos primeiros reagricultura familiar, em média, foi de
lo, área maior do que quatro módusultados do Censo
R$ 426,00/mês para a pecuária e de
los fiscais;
Agropecuário IBGE
R$ 978,27/mês para agricultura. Já
II - utilize predominantemente
2006 pelo Instituto
na agricultura não familiar, o valor da
mão-de-obra da própria família nas
Brasileiro de Geoprodução por estabelecimento foi, em
atividades econômicas do seu estabegrafia e Estatística e
média, de R$ 2.696,56/mês para a
lecimento ou empreendimento;
Ministério do Desenpecuária e de R$ 10.899,17/mês para
III - tenha renda familiar predovolvimento Agrário
a agricultura.
minantemente originada de atividades
buscou estimar, mais uma vez, a proeconômicas vinculadas ao próprio esdução da agricultura familiar brasiDados Superestimados
tabelecimento ou empreendimento;
leira. Foram identificados 4.367.902
IV - dirija seu estabelecimento ou
estabelecimentos da agricultura faConforme nota técnica divulgada
empreendimento com sua família.
miliar, o que representa um aumento
pelo próprio IBGE, os dados da agriSão ainda beneficiários dessa
de apenas 5% em relação ao Censo
cultura familiar podem estar supereslei, desde que atendam simultaneaAgropecuário de 1996, que identificou
timados em função de o Censo conmente a todos os requisitos acima:
4.139.369 estabelecimentos. Nesse
siderar cada estabelecimento como
silvicultores que cultivem florestas
ano, os estabelecimentos da agriculuma unidade familiar, podendo haver
nativas ou exóticas e que promotura familiar representavam 85,2% do
duplicidade de informações em vista
vam o manejo sustentável daqueles
total, índice que caiu para 84,4% no
da possibilidade do mesmo produtor
ambientes; aqüicultores que explonovo Censo. Entrerem reservatórios
tanto, a comparahídricos com suValor Médio da Produção por Estabelecimento (R$/mês)
ção do número de
perfície total de
estabelecimentos
até dois hectares
da agricultura faou ocupem até
10.899,17
miliar com algum
500 metros cú12.000,00
tipo de produção
bicos de água,
(3.886.842
estaquando a explo10.000,00
belecimentos) aos
ração se efetivar
dados do Censo de
em tanques-rede;
8.000,00
1996 mostra uma
pescadores que
Pecuária
redução de 6% nesexerçam a ativi6.000,00
Agricultura
se parâmetro.
dade pesqueira
2.696,56
Com relação a
4.000,00
artesanalmente;
produtividade, ficou
extrativistas que
978,27
426,00
2.000,00
evidente a diferença
exerçam essa atientre a agricultura
vidade artesanal0,00
familiar e a não famente no meio
Não Familiar
Agricultura Familiar
miliar. Em todos os
rural, excluídos
Fonte: Elaboração CNA
produtos
analisaos garimpeiros e
dos, a produtividade
faiscadores, aten(em kg/ha) da agricultura não familiar
ser contabilizado mais de uma vez.
dendo simultaneamente apenas os
foi maior do que a obtida pela agriDestaca-se ainda, o aperto ocorrido
três últimos requisitos.
cultura familiar, em uma mesma área.
na renda dos agricultores familiares.
Ainda no final dos anos 90, a
Os investimentos em tecnologia e o
Conforme os dados divulgados, cerFAO (Food and Agriculture Organinível de profissionalização alcançaca de 20% desses agricultores recezation) e o Incra (Instituto Nacional
do, hoje, pelo agronegócio brasileiro
bem algum tipo de subvenção direta
de Colonização e Reforma Agrária)
explicam tais resultados. Com mais
do Governo, ao valor médio de R$
também realizaram pesquisa com
alimentos por área cultivada, a agri70,00/mês.
o objetivo de quantificar e delimicultura não familiar consegue garantir
A nova tentativa de contabilização
tar o universo da agricultura famio abastecimento interno e ainda exda produção da agricultura familiar
liar brasileira. Em 2000, a referida
portar o excedente da produção, gebrasileira, se baseia na Lei nº 11.326,
pesquisa foi publicada com o título
rando divisas para o Brasil.
de 24 de julho de 2006, que estabelece
“Novo Retrato da Agricultura FamiCom base nos dados do novo
as diretrizes para a formulação da Políliar – o Brasil Redescoberto”, que
Censo, verifica-se que a agricultura
tica Nacional da Agricultura Familiar e
passou a ser divulgada e utilizada
não familiar é responsável por 63% do
Empreendimentos Familiares Rurais. O
como referência, apesar do forte
Valor Bruto da Produção (VBP), o que
art. 3º da Lei nº 11.326/2006 consiconteúdo ideológico.
corresponde a um montante de R$ 89
dera agricultor familiar e empreendedor
bilhões, enquanto a agricultura famifamiliar rural aquele que pratica atividaJoaci Medeiros
liar é responsável por 37% do VBP, cordes no meio rural, atendendo, simultaengenheiro-agrônomo, assessor técnico da
respondendo a R$ 54 bilhões. O valor
neamente, aos seguintes requisitos:
Comissão Nacional da Pequena Propriedade