mo que chegue a Grande Prémio, haverá sempre

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mo que chegue a Grande Prémio, haverá sempre
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07-01-2008
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gum problema de conformidade,
temos de compreender que, mesmo que chegue a Grande Prémio,
haverá sempre alguns exercícios
ou andamentos em que nunca
conseguirá mais do que determinada cotação em prova (5 ou 6).
Sou da opinião que muitas vezes
é melhor deixar as dificuldades
um pouco por conta do cavalo.
Por exemplo, quando ensino cavalos novos, se sinto que o galope
ou as passagens de mão são um
problema não insisto, trabalho
mais o trote, porque sei que desse
trote sairá mais tarde e quando o
cavalo estiver mais forte, um galope de melhor qualidade. Não luto
com o problema, prefiro contornalo e trabalhar em seu redor.
O problema do mau comportamento é uma questão verdadeira?
De uma forma geral os cavalos
não têm mau temperamento, têm
as suas razões para o facto de
não quereremm fazer determinados exercícios, como lhes ter
sido exigido ou mesmo forçado,
provavelmente cedo de mais, determinado exercício.
É famosa pela capacidade de
reunir os cavalos. Pode-nos expli car como o consegue, lembro-me
de recentemente ter visto uma
Kür em Estugarda onde realizava
as piruetas a galope segurando
os dois pares de rédeas numa
única mão?
Penso que a reunião não é possível sem a utilização das rédeas,
trata-se de uma cooperação das
ajudas. De modo a não perturbar
o equilíbrio e impulsão do cavalo,
tento ser o mais ligeira possível
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Revista Equitação
com TODAS as minhas ajudas. Se
conseguimos tornar a reunião
mais fácil para o cavalo ele será
mais cooperativo connosco.
Como melhora a qualidade dos
andamentos?
Melhorando o equilíbrio do cavalo através da ligeireza das ajudas. Quando um cavaleiro consegue controlar o comprimento e a
velocidade das passadas com
ajudas ligeiras, consegue controlar a energia e a reunião e assim
estará a melhorar a qualidade
dos andamentos.
Compete normalmente com
warm-bloods quais as diferenças
entre estes e os Lusitanos?
Hoje em dia os warm-bloods
estão cada vez mais parecidos
com os lusitanos. Os lusitanos
têm algo que se perdeu com os
warm-bloods e vice-versa. Não
quero dizer com isto que a solução seja apenas a de misturar estas raças (os warm-blood já são
uma mistura), talvez se deva optar pela selecção dentro da própria raça. Devo dizer que quando
reparo na boa conformação que
determinados cavalos lusitanos
têm para o desporto de Dressage, pergunto a origem e esta é
quase sempre a mesma linha:
Opus 72, Xaquiro, Firme, Hostil.
Enquanto treinadora de alguns
cavaleiros portugueses e dos
seus cavalos (quase todos Lusitanos), que avaliação faz dessa experiência? Estaremos em Pequim
em 2008 e em Londres em 2012?
A avaliação é muito positiva e
recompensadora. Curiosamente
há em Portugal muitos cavaleiros
masculinos o que, resulta normalmente numa equitação mais forte
no emprego das ajudas. O que
eu noto é que, quer os cavalos,
quer os cavaleiros, são muito
sensíveis, isso é uma das coisas
que mais aprecio, uma equitação
leve sem ser forçada ou bruta.
Outro aspecto positivo é a qualidade da colocação em sela, os
cavaleiros portugueses que comigo treinam têm um bom equilíbrio e uma boa educação de
base. Já os cavalos... em alguns
os andamentos não são suficientemente bons, será uma questão
de selecção dentro da raça como
disse na resposta anterior? Na
verdade, já há cavalos Lusitanos
com óptimos andamentos e suficientemente bons para a competição internacional mas, o principal problema são os posteriores,
que deviam ser mais fortes e com
mais acção. Quanto aos objectivos, os Jogos Olímpicos de Pequim são apenas um passo para
o principal objectivo que deverão
ser os Jogos Olímpicos de Londres em 2012. É preciso mais de
dois anos para montar uma equipa com três ou mais conjuntos.
Estando no centro da Dressage internacional, competindo ao
mais alto nível desde 1972, como
vê a evolução da disciplina nestas últimas décadas? Qual tem
sido a evolução dos seus diver sos intervenientes: cavaleiros,
cavalos e juízes?
Quando comecei as coisas
eram muito diferentes, hoje em dia
os cavalos são muitos melhores.
Há vinte anos o objectivo era o de
criar cavalos bonitos e úteis, com
boa apresentação geral, há hoje
uma especialização muito maior.
Há uns anos, qualquer cavalo que
conseguisse fazer os exercícios
exigidos em Grande Prémio, tinha
verdadeiras hipóteses de subir ao
pódio, algo que hoje em dia está
longe de acontecer. O mesmo se
pode dizer da qualidade, há dez
ou quinze anos havia um ou dois
cavalos absolutamente fabulosos.
Agora? Há 15 fantásticos.
Quanto aos juízes… dão uma
opinião, que é apenas isso mesmo, uma opinião, não é necessário que todos julguem da mesma
forma, se assim fosse seria necessário apenas um único juiz. O
que me parece importante é chamar à atenção para a diversidade
de opiniões e de aspectos a ter
em conta: o que é melhor, um cavalo que faz um círculo de oito
metros com um trote fantástico
mas em dez metros ou outro que
não tem trote nenhum, com contacto, mas que faz o círculo de
oito metros? Nunca haverá juízes
perfeitos, não só porque são humanos como, o próprio acto de
julgar, é difícil. Já os cavaleiros
beneficiam hoje em dia de haver
óptimos treinadores, com uma
abertura muito maior a novas técnicas e formas de ensinar um cavalo, com uma mente muito mais
receptiva a novas soluções. Como
em todos os desportos, a competição presentemente é muito maior