Julho - Adventist World

Transcrição

Julho - Adventist World
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Ju l h o 2 0 0 8
Um
Danıel na
Russıa
11
É Seguro Comer
Peixe?
12
O Maior Milagre
27
Celebrando o
Sábado
Julho 2008
A
IGREJA
EM
AÇÃO
Editorial ....................... 3
Notícias do Mundo
3 Notícias e Imagens
Janela
A N N A
K U L A K O VA
7 O Canadá por Dentro
ARTIGO
DE
Por Andrew McChesney .............................................................. 16
Russo aceita chamado de Deus para pregar aos ricos.
DEVOCIONAL
O Maior Milagre Por David Marshall .................................. 12
Ele começa quando digo “sim” a Jesus.
ADVENTISTA
Por Laurie Falvo .......................................................................... 14
Quando oramos pelos “missionários e colportores”,
podemos estar orando por alguém que conhecemos.
FUNDAMENTAIS
Reavivando o Dom Por Jonathan A. Thompson ................. 20
Todos possuem dons espirituais. O que estamos
fazendo com os nossos?
DESCOBRINDO
O
ESPÍRITO
DE
PROFECIA
Deus não nos abandona lutando sozinhos; Ele Se revela
de várias e maravilhosas maneiras.
SERVIÇO
O Espírito de Deus em Ação na África
Por Jean Thomas ......................................................................... 24
A nova geração leva adiante a luz que recebeu.
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 4, nº 7, Julho de 2008.
Adventist World | Julho 2008
É Seguro Comer
Peixe? .......................... 11
PERGUNTAS
BÍBLICAS
O Fim do Pecado e
dos Pecadores ............. 26
Por Angel Manuel Rodríguez
BÍBLICO
Celebrando o
Sábado ........................ 27
Por Mark A. Finley
INTERCÂMBIO
MUNDIAL
29 Cartas
30 O Lugar de Oração
31 Intercâmbio de Idéias
O Lugar das
Pessoas ........................ 32
Ele Ainda Fala Por Alberto R. Timm ..................................... 22
2
SAÚDE
ESTUDO
Missionários Adventistas – Eles Ainda Existem?
CRENÇAS
8 Liberdade para Cuidar
Por Allan R. Handysides
e Peter N. Landless
C A PA
Um Daniel na Rússia
VIDA
Visão Mundial
Tradução: Sonete Magalhães Costa
Capa: MONUMENTOS CONHECIDOS:
A Catedral de São Basílio está localizada na Praça Vermelha, em Moscou,
Rússia. Ela é a praça mais antiga,
mais famosa e abriga os monumentos
mais conhecidos da cidade: Catedral
de São Basílio, o Kremlin e o Mausoléu de Lenine.
www.portuguese.adventistworld.org
A Igreja em Ação
EDITORIAL
U
Quando Ester Foi Batizada
m antigo coro afro-caribenho está viajando pelo mundo
neste momento:
Leve-me para as águas,
Leve-me para as águas,
Leve-me para as águas,
Para ser batizado.
De Ancara a Anchorage e de Manaus a Mombasa há um
convite, feito centenas de vezes por dia, a homens e mulheres
que se unem ao povo remanescente de Deus. Em lagos, ainda
com o gelo do inverno e nos rios lamacentos da selva onde a
paisagem, às vezes, inclui crocodilos, cerca de três mil pessoas
por dia estão selando, pelo batismo, seu compromisso com
Jesus e Sua igreja do fim dos tempos. O milagre do Pentecostes
está se repetindo todos os dias.
O suave e contínuo “chuá” que você ouve em todo o mundo
adventista é o som de alguém sendo imerso a cada trinta segundos, “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Aqueles
rastos molhados pelo corredor da igreja foram deixados por
um dos mais de um milhão de novos conversos que se uniram à
Igreja Adventista do Sétimo Dia nos últimos doze meses.
O que estamos fazendo para dar as boas-vindas aos nossos
irmãos e irmãs? Será que estamos abrindo espaço para eles na
mesa da família, incluindo-os em nossa vida? Será que sabem
que são preciosos para o Senhor e para nós? Quando foi a
última vez que sentiram a mão carinhosa de alguém em seus
ombros ou nos ouviram orando por eles? Será que estão nos
vendo como bons perdoadores, prontos a encorajar e lentos
para criticar?
Suas necessidades não são complexas, suas esperanças
não são difíceis de satisfazer. Eles precisam daquilo que a vida
jovem sempre precisa: bondade, alimento e roupas. Vista-os
com as vestes do louvor. Alimente-os com o maná encontrado
na Palavra. Ouça suas mágoas, lutas e triunfos.
Renove seus votos batismais comprometendo-se com os
que são novos entre nós. Prometa que não irá deixar passar
nenhum outro sábado sem abençoar a vida de alguém que recentemente passou pelas águas. Certamente, “foi para tal tempo como este que chegaste ao reino”, e que grande tarefa essa!
— Bill Knott
NOTÍCIAS DO MUNDO
Adventistas Organizados
nas Ilhas do Canal
D A
Julho 2008 | Adventist World
3
C O R T E S I A
ADVENTISTAS EM JERSEY: O Castelo Mount Orgueil é um ícone da imagem
das Ilhas do Canal de Jersey (Grã-Bretanha). Os adventistas hoje realizam
cultos regulares em Jersey e Guernsey e esperam organizar congregações ali.
F O T O :
Unido sem presença adventista do
sétimo dia, existe um que, graças à
migração de membros para a região e
à ajuda da Associação Sudeste da
Grã-Bretanha, saiu dessa lista.
As Ilhas do Canal – Jersey e Guernsey – estão entre os lugares mais desejados e dispendiosos do mundo para
se viver. Localizadas a cerca de 20 km
fora da costa noroeste da França, foram
anexadas ao Ducado da Normandia
em 933, de acordo com referências da
Web. Em 1066, William II, da Normandia, súdito do rei da França, invadiu e
conquistou a Inglaterra, tornando-se
J E R S E Y T U R I S M O
■ Dentre os poucos lugares no Reino
A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
William I, da Inglaterra, também conhecido como William, o Conquistador. A partir de 1204, a perda do resto
das terras da monarquia no continente
da Normandia fez com que as Ilhas do
Canal fossem governadas como propriedade separada da coroa britânica.
Conhecidas pelo turismo e por
serem “paraíso fiscal”, as ilhas, cuja
população combinada é de aproximadamente 160 mil habitantes, contam
hoje com catorze adventistas do sétimo
dia e, pelo menos, dois interessados na
mensagem da igreja.
“Alguns jovens nativos de Jersey e
Guernsey estavam orando para que um
dia pudessem outra vez experimentar a
vibração de uma boa Escola Sabatina”,
disse Tambu Muoni ao repórter do jornal da União Britânica.
De acordo com Muoni, “fomos todos encorajados quando a Associação
Sul da Inglaterra entrou em contato
conosco e, em agosto passado, o pastor
Aristotle Vontzalidis (responsável pelo
crescimento da igreja da associação) e
sua esposa nos visitaram e combinaram
uma reunião em Guernsey.”
Vontzalidis voltou às Ilhas do Canal
em maio de 2008 e, dessa vez, a capela
de um hospital em Jersey foi o local
escolhido para a Santa Ceia e o culto de
sábado.
Muoni escreveu: “Alternando entre
as ilhas, os membros agora planejam
reunir-se para se confraternizarem com
4
Adventist World | Julho 2008
mais freqüência. Cremos que, um dia,
pela graça de Deus, a igreja continue a
crescer e logo haja igrejas estabelecidas
em ambas as ilhas.”
“Há muito tempo, a Associação Sul
da Inglaterra deseja estabelecer a presença adventista nas ilhas”, diz Muoni.
“Ao longo dos anos, tem-se distribuído
literatura e nossos colportores evangelistas têm desempenhado importante
papel. No entanto, é a aldeia global da
imigração que está ajudando a transformar o sonho em realidade.
As Ilhas do Canal têm uma rica e
célebre história. Victor Hugo passou
muitos anos exilado, primeiro em
Jersey e depois em Guernsey, onde escreveu Os Miseráveis. Guernsey é também o cenário do último romance de
Hugo, Les Travailleurs De La Mer (Os
Trabalhadores do Mar). As Ilhas foram
a única parte da Comunidade Britânica
a ser ocupada pelos nazistas, durante
a Segunda Guerra Mundial. Os cinco
anos de ocupação foram marcados por
extrema privação e crueldade. Hoje, as
ilhas são o principal destino de muitos
turistas do Reino Unido e da Europa.
— BUC notícias com equipe da
Adventist World.
Adventistas Exploram Parcerias com
Grupos de Saúde Global
■ A Organização Panamericana de
Saúde está buscando parcerias com Organizações Religiosas, incluindo o Ministério da Saúde da Igreja Adventista
do Sétimo Dia, como parte de seu
esforço para se conectar com o FBO,
que presta cerca de 40% dos cuidados
de saúde em muitos países em desenvolvimento.
F O T O :
R A J M U N D
D A B R O W S K I / A N N
FAZENDO PARCERIAS: Dr. Allan
Handysides, diretor do Ministério da
Saúde Adventista, crê que a parceria
com organizações internacionais de
saúde ajudará a ampliar a compreensão dos estudantes adventistas sobre
as questões globais de saúde.
Recentemente, representantes de
ambas as organizações reuniram-se na
sede mundial da Igreja Adventista
para analisar meios de implementar os
Alvos de Desenvolvimento do Milênio
da UM, com base na estrutura da
igreja, incluindo instituições de saúde
e seus líderes.
“Fiquei impressionado ao ver o
quanto a saúde é parte integral da
Igreja Adventista e achei isso fascinante”, disse James Hill, relações externas
da PAHO .
PAHO é o escritório regional da
Organização Mundial de Saúde nas
Américas do Norte e do Sul e antecede
sua organização-mãe.
Os líderes da igreja disseram que a
parceria com essa organização, com a
obtenção de padrões internacionais de
cuidado, dará ainda mais credibilidade
ao seu trabalho.
“Gostaríamos de ver profissionais
de saúde adventistas e igrejas interessadas na saúde, engajando algumas das
suas atividades para atenuar alguns
problemas como a mortalidade infantil
nas Américas Central e do Sul”, disse o
Dr. Allan Handysides, diretor do Ministério da Saúde da igreja.
Ele ainda disse que a colaboração
poderá oferecer mais estágio para estudantes adventistas e oportunidades
missionárias: “Normalmente, pensamos
em missionários que vão para as nossas instituições, mas se fosse possível
colocar alguns de nossos estudantes
adventistas em organizações como essa,
isso os ajudaria a obter uma compreensão global das questões de saúde e
criaria um intercâmbio natural entre os
jovens, possibilitando essa parceria ao
longo do tempo.” — Ansel Oliver, Rede
Adventista de Notícias
Adventistas nas Filipinas “Falam do
Amor de Deus” Usando Mensagem
de Texto
■ Em breve, a capital mundial da
mensagem de texto terá a opção da inconfundível voz adventista.
Membros da Igreja Adventista do
Sétimo Dia, nas Filipinas, estão se associando à Globe Telecom, Inc., o maior
provedor de telecomunicações daquele
país, para criar um “chip” de telefone
celular ou cartão SIM exclusivo para
os adventistas.
A SIM ou Módulo de Identidade
do Assinante é usada para conectar o
celular à companhia escolhida pelo
assinante e acrescentar créditos. Os
cartões SIM são usados em aparelhos
celulares como cartões removíveis/chip
que armazenam informações de identidade pessoal.
Jonathan Catolico, diretor de comunicação da Igreja Adventista na região
Ásia-Pacífico Sul, espera que o cartão
seja usado por cerca de 250 mil adventistas ou um quarto dos membros da
igreja nas Filipinas.
Como parte do projeto chamado
“Comprometidos a Falar do Amor de
Deus”, os usuários do cartão adventista
SIM podem ministrar a outros pela
utilização de recursos exclusivos do
cartão: versículos bíblicos, oração
diária, pedidos de oração, curiosidades
bíblicas, notícias, relação das igrejas
em regiões metropolitanas e outras
cidades e uma versão abreviada das
doutrinas da igreja.
“Se um membro de igreja envia
uma mensagem incorporada no cartão
SIM para alguém que deseja inspirar,
ele ou ela está ativamente envolvido
com o programa de ganhar almas da
igreja”, diz Catolico.
Uma porcentagem da tarifa de cada
mensagem de texto será doada para
projetos especiais da igreja.
Rodolfo Bautista Jr., professor de
Bíblia e História no Centro Médico
Adventista de Manila e Colégios, ajudou a liderar o projeto. Ele diz que o
SIM Advent será uma ferramenta útil
para chegar a uma geração de pessoas
que têm o hábito de enviar pequenas
mensagens de textos para os amigos.
“Um jovem pode ter até trezentas
pessoas não adventistas em sua agenda
de telefone e o cartão facilita o evangelismo pessoal”, diz Bautista.
Em 2002, a Igreja Adventista nas
Filipinas iniciou o “ministério móvel”,
um simples procedimento de envio
de mensagens de inspiração para qualquer telefone móvel, explica Catolico.
Mas o projeto avançou rapidamente
em 2007, quando Bautista soube que
a Globo já havia criado comunidades
específicas de cartões SIM para
seis outras organizações religiosas nas
Filipinas. — Taashi Rowe, Rede
Adventista de Notícias
Líderes Adventistas de Alimentos
Saudáveis Realizam Conferência e
Compartilham Idéias
■ Em março, representantes de várias
companhias adventistas de alimentos
saudáveis do mundo realizaram três
dias de conferências em Sidney, Austrália. O Sanitarium Health Foods da Austrália, o maior produtor de cereais para
o desjejum do país, foi o anfitrião do
encontro da Conferência do Ministério
Internacional de Alimentos Saudáveis.
O tema da conferência mundial foi
“Unidos Compartilhando Saúde e Esperança”. As oportunidades de partilha
Julho 2008 | Adventist World
5
A Igreja em Ação
6
Adventist World | Julho 2008
As fábricas de alimentos, em todo
o mundo, contribuem para a missão
da igreja, a cada ano, com milhões de
dólares.
Fazer propaganda de alimentos
vegetarianos, um negócio associado
à mensagem de promoção da saúde
da Igreja Adventista do Sétimo Dia é,
como dizem, “um dos segredos mais
bem guardados” do movimento e está
causando efeito positivo em muitos
países. Com mais de 40 companhias de
G E R R Y
LÍDERES DE ALIMENTOS SAUDÁVEIS: Kevin Jackson, presidente
da comissão diretiva do Sanitarium Health Food Company, de
propriedade da igreja, à esquerda, e Joel Zukovsky, diretor do
Ministério Internacional de Alimentos Saudáveis da Igreja
Adventista do Sétimo Dia mundial, durante o encontro de 2008,
em Sidney, Austrália.
F O T O :
e colaboração foram enriquecidas com
seminários sobre “A Filosofia do Ministério da Saúde Alimentar”, “O Papel das
Marcas e Marketing”, “Inovação e Crescimento: Novos Produtos e Estratégias”,
“Formação de uma Rede de Suprimento Eficiente” e “Elementos Nutricionais
do Leite de Soja e Carne Análoga”.
“Foi um privilégio nosso sediar,
recentemente, o Congresso Internacional do Ministério de Alimentos Saudáveis”, disse Barry Oliver, presidente
da Igreja Adventista na Divisão do Sul
do Pacífico. “Gostaria de parabenizar o
Diretor Executivo (do Sanatório), Kevin Jackson e sua equipe, pela maneira
profissional com que conduziram o
congresso. Obviamente, há benefício
em nos reunirmos para trocarmos
idéias e estratégias. As companhias de
alimentos saudáveis podem transmitir
a missão da igreja, sendo ativamente
envolvidas e centradas nas atividades
missionárias.”
Stoy Proctor, diretor associado do
Ministério da Saúde da Associação Geral e palestrante em um dos seminários,
comentou: “O Ministério dos Alimentos Saudáveis é muito mais complexo e
importante do que imaginamos. O ministério permeia a força de trabalho e
consumidores com a missão de Cristo,
enquanto estão, ao mesmo tempo, na
vanguarda da produção.”
K A R S T / A R
NOTÍCIAS DO MUNDO
alimentos espalhadas em várias partes
do mundo, a Associação Internacional
de Alimentos Saudáveis supervisiona
essa “grande tendência”, que está se tornando mundial: a conscientização da
saúde. — Reportagem de Gerry Karst,
com informações adicionais da Rede
Adventista de Notícias.
(DENMARK)
Yu
ko
n
U. S.
Beaufort
Sea
Riv
er
Baffin Bay
Mackenzie
F AT T I C
Nuuk (Godthab)
River
K U R T
Whitehorse
Great Bear
Lake
JANELA
Davis Strait
Iqaluit
(Frobisher Bay)
Yellowknife
Great Slave
Lake
er
e Riv
Labrador
Sea
Lake
Athabasca
Peac
Hudson
Bay
Reindeer
Lake
O
n
lso
Ne r
e
Riv
tc
Co
lum
bia
n
wa
he
er
Riv
CANADA
Saint John's
Gulf of
Lake
Winnipeg
St. Lawrence
Winnipeg
Charlottetown
Quebec
Fredericton
Halifax
Miss
Lake Superior
r
s
Mis
ve
ouri Ri
er
Riv
er
Riv
do
lora
Co
Ottawa
Lake
Huron
i
ipp
U N I T E D S TAT E S
Lake
Michigan
Lake
Ontario
iss
A Igreja Adventista tem duas grandes estratégias para
evangelizar o Canadá. Montreal e Quebec são amplamente
reconhecidas como as cidades norte-americanas mais seculares.
A forte herança católica dessas cidades cedeu lugar ao pósmodernismo, com sua crescente população urbana de cerca de
3,6 milhões de pessoas, tornando-se cada vez mais diversa. Como
ka
Adventistas no Canadá
s
Sa
L
ocalizado entre os oceanos Atlântico, Pacífico e Ártico, o Canadá é freqüentemente citado como modelo de como pessoas
de culturas diferentes, que vivem em comunidades completamente distintas, podem conviver em paz e prosperidade. Ocupando a maior parte da região setentrional da América do Norte,
o território canadense varia de vilas de pescadores na costa leste,
metrópoles como Montreal, Toronto e Vancouver, às grandes planícies do centro do Canadá e as Montanhas Rochosas do oeste.
Durante o século XVII, a Grã-Bretanha e a França, superpoderes europeus na época, estabeleceram colônias no Canadá. Em 1763, a França cedeu o controle dos seus territórios
após ser derrotada pela Grã-Bretanha na Guerra dos Sete Dias,
fazendo de todo o Canadas, como era conhecido na época,
parte do império britânico. Em 1867, o Parlamento Britânico
promulgou a lei britânica na América do Norte, que criou o
Domínio do Canadá. Esse foi o princípio do caminho rumo à
liberdade do país, que aconteceu em 1982. O Canadá, hoje, é
totalmente independente, embora ainda reconheça a monarquia britânica como cabeça de seu estado e continue membro
da Comunidade das Nações.
As culturas francesa, inglesa e indígena, conhecida como “Primeira Nação”, influenciaram grandemente a cultura canadense.
Colonizadores franceses mantiveram sua identidade e, hoje, seus
descendentes compõem a maior parte da província de Quebec,
na região oriental. Cerca de 75% dos canadenses vivem nos 160
km da região sul, fronteira com os Estados Unidos. O resto do
Canadá é escassamente habitado. Na realidade, ele tem uma das
menores densidades populacionais, per capita, do mundo.
O Canadá tem dois idiomas nacionais: inglês e francês.
Entretanto, alguns dos territórios do norte têm idiomas oficiais da Primeira Nação. Há, ainda, um movimento para fazer
do francês o único idioma na província de Quebec.
Regina
er
Riv
Por Hans Olson
Victoria
e
ak
Sn
Canadá
por Dentro
Riv
er
Edmonton
Lake Erie
NORTH
AT L A N T I C
OCEAN
Washington, D.C.
CANADÁ
Capital
Ottawa
Idiomas oficiais
Inglês e Francês
Religiões
Católica – 42.6%; Protestante
– 23.3%; Outras cristãs – 4.4%;
Muçulmana – 1.9%; Outras – 11.8%;
nenhuma – 16%
População
32,6 milhões
Comunidade Adventista
do Sétimo Dia
57.324
População Adventista
per capita
1:568
parte do projeto mundial “Esperança para as Grandes Cidades”, o “Projeto Esperança para
Montreal” tem como objetivo
plantar, em 2010, duas novas K U R T F A T
T I C
congregações nessa desafiadora
área metropolitana.
No próximo Décimo Terceiro Sábado, parte da oferta da
Escola Sabatina ajudará a construir estações de rádio de baixa
potência em comunidades rurais no Canadá. Essas estações
retransmitirão a programação originada na VOAR, uma estação
de rádio adventista com sede em Newfoundland. Por anos, as
leis canadenses proibiram a concessão para estações de rádio
religiosas. Quando Newfoundland se tornou uma província
canadense em 1949, foi permitido à VOAR manter seu registro
de rádio religiosa, uma vez que já era uma estação estabelecida.
No Canadá, é permitido a estações de rádios de alto alcance
construir estações de pouco alcance em comunidades menores.
Assim, a VOAR criou uma rede nacional de rádio religiosa, a
única no Canadá. Hoje, dezoito dessas estações transmitem
a mensagem adventista em ambas as costas. Espera-se que se
criem mais emissoras, incluindo uma em Whistler, Columbia
Britânica, local das Olimpíadas de Inverno de 2010.
Para saber mais sobre os projetos relacionados com as ofertas do
Décimo Terceiro Sábado deste trimestre, e como as estações de
rádio da VOAR surgiram, veja o Informativo das Missões na sua
igreja local ou visite www.AdventistMission.org.
Julho 2008 | Adventist World
7
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
R
ecentemente, visitei o Sanatório John Harvey
Kellogg’s1, em Battle Creek, Michigan, Estados Unidos. Fundado em 1866, foi reconstruído e expandido ao longo dos anos. No seu apogeu, abrigava
cerca de 1.200 pacientes, muitos dos quais figuras famosas da
época: empresários, políticos, cientistas, artistas, escritores e
intelectuais.
Vinham para experimentar as novas práticas revolucionárias de saúde, recomendadas por Ellen White. Ela defendia
ar fresco, água pura, dieta baseada em vegetais e exercício
– conceitos tão revolucionários na época, como são convencionais hoje.
Enquanto caminhava por aquele grande complexo de
prédios antigos, fiquei perplexo com a audácia de nossos
pioneiros, a enormidade de seu empenho. Como era ampla
a visão deles! Quão profundas suas convicções, levando-os
a um empreendimento tão ambicioso! Naquele prédio histórico, podemos encontrar as raízes da atual rede internacional
de hospitais adventistas do sétimo dia, escolas de medicina
e clínicas. Foi ali, também, o início de nossas indústrias de
alimentos saudáveis e onde o trabalho médico missionário da
igreja começou a ser estruturado.
Foi um poderoso lembrete para mim de que, no âmago
do adventismo, há uma profunda preocupação com a pessoa
como um todo. Nossa fé é fundamentada na mensagem de totalidade de Cristo – uma transformação espiritual que engloba
os aspectos físico e emocional da pessoa. Nenhum aspecto da
vida humana está além do toque de Cristo; nenhuma faceta da
atividade humana sai do âmbito de Seu cuidado.
Como adventistas do sétimo dia, essa é a nossa herança.
Foi isso que moldou nossas atitudes e nossas instituições. Isso
ajuda a explicar por que priorizamos a assistência humanitária; porque defendemos a liberdade religiosa para todos os
povos, independente de sua crença; porque continuamos a
investir pesadamente em educação. Essa mensagem de “totalidade” tem nos mantido na vanguarda nas questões de saúde
pública, nas campanhas contra o álcool, o fumo e outras práticas que destroem os indivíduos, as famílias e a comunidade.
Enquanto reflito sobre nosso passado, tenho também a
consciência de que nosso desafio não é estático. Temos uma
responsabilidade contínua de nos engajarmos com as questões
emergentes da sociedade; de destacar nossos valores e voz
profética daquelas coisas que afetam as comunidades onde
vivemos hoje.
Em nossos dias, uma questão em particular, que gera
imensa cobertura da mídia e discussão política em quase todas as partes do mundo, é o meio ambiente. Contudo, é um
assunto que nós, como igreja, ainda não assumimos de modo
Lıberd
Jan Paulsen é presidente mundial da Igreja
Adventista do Sétimo Dia.
8
Adventist World | Julho 2008
significativo. Falando com membros da igreja sobre meio ambiente e mordomia, encontrei atitudes diferentes: cautela em
relação a algumas retóricas filosóficas e políticas que tantas
vezes acompanham a linguagem do ambientalismo; indiferença em relação a uma questão vista por alguns como secundária
à nossa missão principal; e para outros, frustração por permanecermos silentes, quando nossa voz deveria ser ouvida.
O meio ambiente é um “problema adventista”? Temos algo
significativo, algo singular, para contribuir para a sua preservação? Creio que a resposta seja “sim”.
Minha esperança é de que avancemos na direção de uma
discussão sobre o adventismo e a responsabilidade ambiental,
para desenvolvermos uma abordagem leal aos nossos valores e
compatível com nossa vocação histórica. Então, ao iniciarmos
esta conversa, gostaria de compartilhar com você três breves
reflexões sobre administração ambiental.
1. Removendo os envolvimentos políticos
“Ambientalismo” é o mesmo que cuidar do meio ambiente? Como tantos “ismos”, o ambientalismo é, por vezes,
direcionado pela sociedade para questões política e economicamente orientadas, tendo consigo uma agenda específica.
Às vezes, o ambientalismo pode assumir um sabor, ou um
conjunto de dinâmicas que, na realidade, não é para o cuidado do
meio ambiente. É fácil as pessoas pensarem: “Estou sendo empurrado numa batalha política entre governos, poderes econômicos,
industriais, cientistas, figuras públicas e grupos de ‘lobby’.
Com freqüência, o tom é acusativo e confrontador. Assim,
retrocedemos e dizemos: ‘Não quero me envolver com isso’.”
Por
Jan Paulsen
adepara
uidar
C
Quando, porém, tiramos as camadas que envolvem o “ambientalismo”, encontramos idéias que também ecoam nossas
próprias crenças e valores: cuidado pelo mundo de Deus e
cuidado pelo nosso semelhante, o ser humano.
Vamos dizer ao mundo sobre o descanso sabático, um dia
específico da semana em que nos lembramos, especialmente,
do poder criativo de Deus. Vamos falar sobre nossa defesa do
vegetarianismo, a dieta que, quilo por quilo, requer menos
recursos para ser produzida do que a dieta não vegetariana (e,
ao mesmo tempo, falemos sobre convicções espirituais que
norteiam nossas escolhas e estilo de vida!). Falemos sobre nosso interesse pela pessoa como um todo – em lugar de apenas
o “espírito” ou “alma”− doutrina que dá aos adventistas uma
perspectiva única entre a maioria dos cristãos, hoje. Falemos
também sobre a relação feita por nossa profetisa, Ellen White,
entre um ambiente limpo e boa saúde. Falemos sobre a ênfase
que os adventistas colocaram historicamente na água pura e
no ar fresco.
2. Responsabilidade espiritual ou uma
opção extra?
Quando Deus completou Seu trabalho criativo, deu ao
homem poder – domínio – sobre a Terra. Mas o que significa
ser “senhor” de nosso meio ambiente? Senhor apenas para
sua utilização? Trata-se de uma afirmação de poder sobre a
natureza, o direito de uso e abuso, extrair e destruir, independente das conseqüências? Não. O domínio que Deus estendeu
à humanidade foi um ato de confiança, uma responsabilidade
especial para administrar, com sabedoria, os recursos que Ele
providenciou.
Quando Deus criou o mundo físico – com sua incrível
variedade de vida e habitantes – não agiu de forma aleatória e
casual. Ele criou algo completo, e creio que, se fracassamos na
condução de nossa vida de maneira a preservarmos o equilíbrio entre todas essas coisas, falhamos na mordomia, violamos
a confiança de Deus na humanidade.
Há os que dizem: “Mas este mundo não vai muito longe.
Julho 2008 | Adventist World
9
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
Deveríamos nos concentrar no mundo porvir!” Mas eles mesmos não conseguem deixar este mundo. Este é o lugar onde
estamos hoje; este é o lugar onde somos chamados a demonstrar nossa obediência a Deus. Este é o mundo que Deus confiou ao nosso cuidado. E é hoje, neste mundo, que começamos
a moldar nossa vida e coração para a eternidade.
Outros podem dizer: “Mas isso não é uma distração da
nossa tarefa mais importante que é compartilhar Cristo com
os outros?”
Eu responderia: “Mal começamos a nos envolver com esse
léia; um lar mantido pelo trabalho honesto e respeitável; vida
de simplicidade; luta diária com as dificuldades e provações;
abnegação, economia e paciente... serviço.” 2
Há outro aspecto da administração ambiental que exprime
fortemente os valores adventistas. Quando escolhemos um
estilo de vida simples e subjugamos nossos desejos, quando
enfatizamos o espiritual acima do material e escolhemos relacionamentos acima de “coisas”, estamos seguindo o exemplo
de nosso Senhor.
Vejo certo círculo nisso. Os adventistas do sétimo dia
sempre pregaram uma mensagem de
liberdade espiritual – liberdade do
poder do pecado, liberdade do medo,
liberdade de consciência e de expressão religiosa. Mesmo nossa obra de
cura, educação e assistência humanitária é guiada pelo mesmo desejo
de libertar as pessoas da pobreza,
ignorância, dor e injustiça. Esse mesmo interesse pela liberdade desperta
nosso interesse pelo mundo em que
vivemos. Tendo consciência sobre
o que bebo, como, visto, uso, como
viajo e gasto meu tempo – tudo isso
afeta o meio ambiente e, conseqüentemente, cada um dos filhos de Deus
e os seres criados por Ele.
Isso não significa vivermos uma
existência incolor e sombria. Pelo
contrário, significa nos libertarmos
do consumismo implacável, dando
mais atenção às pessoas e menos às
aquisições, construindo uma vida
centrada nas prioridades de Cristo
e não nas do mundo – essas são escolhas que conduzem a
uma maravilhosa sensação de liberdade, um indescritível
senso de liberação! E essas são escolhas que produzem qualidade de vida.
Este é um tema com uma riqueza de idéias ainda a ser
explorado; é uma discussão que, espero, venha a ter raízes em
nossas escolas, instituições e nossos lares. Ao observarmos
mais de perto a administração ambiental e considerar nossa
resposta, creio que encontraremos a base de princípios sobre
a qual possamos desenvolver uma abordagem clara, bíblica e
distintamente adventista. Oro para que, ao fazermos isso, não
sejamos menos ousados, menos visionários do que nossos
pioneiros. E, acima de tudo, oro para que nossa resposta, em
palavras e atos, sirva para revelar mais claramente ao mundo a
imagem do Criador.
Este é o
mundo que
Deus confiou
ao nosso
cuidado.
assunto; temos um longo caminho a percorrer antes que se
torne uma distração!” Não nos esqueçamos ainda de que nossa
missão, como igreja, nunca foi tacanha. Com isso, quero dizer
que nossos esforços na missão sempre abrangeram um vasto leque de atividades como pregação, ensino, evangelismo, cura, assistência humanitária, serviços comunitários, liberdade religiosa
e educação. Essa abordagem global – imitando o ministério de
Cristo em nossas comunidades – só será reforçada ao destacarmos também nosso cuidado pelo aspecto físico do mundo.
3. Verdadeira liberdade
“Uma residência dispendiosa, mobília trabalhada, ostentação, luxo e conforto não proporcionam as condições essenciais
a uma vida útil e feliz”, escreveu Ellen White. “Jesus veio ao
mundo a fim de realizar a maior obra jamais efetuada entre os
homens... Quais foram as condições escolhidas pelo Pai infinito para Seu Filho? Uma habitação isolada nas colinas da Gali-
10
Adventist World | Julho 2008
1
2
Os prédios Kellogg pertencem aos EUA e são administrados pelo governo.
A Ciência do Bom Viver, p. 365.
É
S A Ú D E
N O
M U N D O
Seguro Comer
Peixe?
Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless
Recentemente, li que mulheres grávidas, hoje, são aconselhadas a comer peixe.
Sempre pensei que o mercúrio, encontrado no peixe, o torna perigoso para o
consumo. Será que o peixe deve ser parte da dieta de uma pessoa conscienciosa?
ua pergunta é muito típica e de
No V Congresso Internacional de
grande interesse dos vegetariaNutrição Vegetariana, o Dr. Alexander
nos. Você deve estar a par de que
Leaf Jackson, professor emérito de
muitos “vegetarianos” incluem peixe na medicina clínica, na Universidade Harvard, expôs essa crença. Sua posição foi
dieta. Ellen White comeu peixe em vez
criticada violentamente pelo Dr. Iqwal
de “carne vermelha” e ela considerava
Mangat, da Universidade de Toronto,
peixe melhor do que a carne de animais. Ela tomava cuidado com peixes
talvez, impressionado com as recentes
de rios poluídos e essa é a situação que
informações dos estudos adventistas
enfrentamos hoje – onde os peixes dos
sobre saúde. O estudo mostrou que, nas
rios do interior e das águas da costa
biópsias da gordura de vegetarianos, o
de muitos países estão poluídos e connível de DHA foi bem adequado. Isso
taminados por mercúrio, pesticidas e
significa que, qualquer que seja a teoria
dióxido. O teor de mercúrio nos peixes
sobre o metabolismo de gorduras que
foi o que levou os médicos a eliminápossa surgir, a realidade é que os vegetarianos podem obter DHA suficiente.
los da dieta das mulheres grávidas. A
inversão dessa recomendação foi basea- Isso significa que não vemos, por enda em fatores que não o teor de mercú- quanto, necessidade de recomendar a
rio, pois esse não mudou.
adição de peixe à dieta vegetariana.
As células de uma pessoa necessiNa mesma tendência, consideramos
tam de ácidos graxos ômega-3 para seu
que uma dieta vegetariana bem equilibrada é adequada tanto para a mãe
funcionamento perfeito e dois tipos
grávida quanto para seu filho.
importantes desse ácido são o eicosapentaenóico (EPA) e o docosahexaeNão sendo injusto com os vegetarianóico (DHA). O óleo de peixe é rico
nos que consomem peixe, é apropriado
desses dois importantes ácidos graxos.
reconhecer os benefícios do consumo de
A preocupação com o desenvolvimenpeixe que incluem o decréscimo do risco
to do cérebro do feto fez com que a
da mortalidade por ataque cardíaco,
recomendação para as grávidas fosse
provavelmente relacionado ao efeito antiarrítmico do óleo de peixe e, contamirevertida.
nação à parte, o peixe não causa danos à
Subjacente a essa recomendação
saúde. Os peixes retirados de águas não
está a convicção de que os ácidos
graxos ômega-3, derivados de fontes
poluídas, tais como oceanos profundos,
vegetais, não são facilmente metabolinão têm o mesmo nível de problemas
zados para as variedades EPA e DHA
que vemos com peixes criados em catide ômega-3.
veiros ou de águas costeiras.
S
E M
R
E
N
A
C
IG
Em muitas populações de países
e ilhas, o peixe é parte importante da
dieta. Nossa base para o vegetarianismo é a busca pela excelência na saúde.
Devido a diferenças geográficas na
disponibilidade de alimentos, recomendamos uma dieta rígida, e seria
prudente uma transição cuidadosa e
bem planejada de uma dieta habitual
para a dieta vegetariana. Os registros
bíblicos de Jesus servindo peixe depois
de Sua glorificação, certamente atenuam qualquer dúvida da moralidade
sobre o comer peixe. A preferência de
Ellen White pelo peixe sobre a carne
vermelha sugere também que qualquer
problema com peixe está relacionado
apenas à sua contaminação. Aqueles
que têm ampla possibilidade de escolha entre uma variedade de alimentos,
particularmente nozes e sementes, não
têm razão para incluírem peixe em sua
dieta. Por outro lado, não sabemos de
nenhum risco para a saúde no consumo do peixe não contaminado.
Allan R. Handysides, M.B.,
Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG,
é diretor do Departamento de
Saúde da Associação Geral.
Peter N. Landless, M.B., B.Ch.,
M.Med., F.C.P.(SA), F.A.C.C.,
é diretor executivo da ICPA e
diretor associado do Ministério
da Saúde.
Julho 2008 | Adventist World
11
I
L
D E V O C I O N A L
L AV I N I A
M A R I M,
M O D I F I C A D A
D I G I TA L M E N T E
S
elina não era uma recém-conversa típica do Grande Reavivamento em George Whitefield.
Ela era uma condessa, esposa
do Conde de Hauntingdon. Para os
padrões das mulheres aristocratas do
século dezoito, ela havia recebido excelente educação, a qual, após sua conversão, foi aplicada ao estudo da Bíblia.
Pouco depois, tornou-se autoridade nas
Escrituras.
Certa ocasião, um grupo de cristãos
perguntou a Selina: “Qual é o maior
milagre relatado na Bíblia?”
Ela pensou alto: Será que foi caminhar sobre a água ou alimentar cinco
mil pessoas com o lanche de um menino? Não. Talvez, um dos milagres de
cura, como a dos dez leprosos.
Selina, então, lembrou-se do vale
de Betânia e da ordem: “Lázaro, vem
para fora!”
Mas, enquanto prosseguia em sua
reflexão, Selina mais uma vez disse
não, concluindo, pensativa: “O maior
milagre das Escrituras é descrito nos
primeiros onze versos do capítulo oito
do Evangelho de João.”
Lembra-se da História?
Lembra-se da maneira como um
grupo de homens religiosos empurrou
uma mulher adúltera, seminua e aflita,
à presença de Jesus?
O cenário eram os arredores do templo, na época, ainda em construção,
com pedras soltas pelo terreno, talvez
um lugar adequado para um apedrejamento.
Jesus não tinha saída. Os religiosos
já haviam pensado em tudo. Se Ele tivesse misericórdia da mulher, poderiam
dizer que não cumpria a lei. Se concordasse com seu apedrejamento, teria
problema com as autoridades romanas.
Era uma situação de derrota ou derrota.
Ele, porém, nem perdoou a mulher,
nem desafiou o Império Romano.
Jesus não Se apressou a tomar uma
decisão. Sabia que estava diante de uma
emboscada. Ele não estava prestes a cair,
vítima da hipocrisia de Seus acusadores.
No começo de João 8, eles queriam apedrejar uma adúltera. No final do capítulo, queriam apedrejar Jesus. Então ficou
bem evidente o que desejavam, desde o
início.
Jesus, então, escreveu na areia usando uma prática não desconhecida pelos
professores séculos antes do quadro
negro. O verbo grego traduzido por “escrever” é um verbo técnico, que sugere
que o que Jesus escreveu era hostil para
os acusadores da mulher.
Jesus fez uma pausa para pensar e,
talvez, para orar. Do outro lado da ora-
Maior
O
Por David Marshall
i
la
M
A Bíblia contém
muitos milagres.
Conheça um
deles
12
Adventist World | Julho 2008
Ali, em pé,
ela pensou
que sua
vida havia
acabado. Esse
era o fim de
sua história.
gre
ção, está a sabedoria infinita. Ele estava
nos mostrando o que fazer quando
somos convidados a condenar.
Ao dar a impressão de que estivesse
ignorando os acusadores da mulher, Jesus também os obrigava a reformular o
caso. Ao forjarem uma situação, aqueles
religiosos agiram de modo inadmissível.
Se não fossem tão duros de coração,
teriam considerado o arrependimento.
O caso contra a mulher poderia ter
sido trazido pelo esposo dela, mas ele
não foi mencionado. Qualquer que fosse a sentença sobre a mulher, teria que
também passar pelo grupo da segunda
parte. Estava Ele permitindo que ela
escapasse... ou tinha Ele Se unido aos
acusadores da mulher?
acusadores? Ninguém te condenou?”
(verso 10).
“Ninguém, Senhor!” (verso 11).
“Um a um, cabisbaixos e confusos,
foram-se afastando silenciosos,
deixando a vítima com o compassivo
Salvador” (O Desejado de Todas as
Nações, p. 461).
Quando Jesus falou pela última vez,
foi como se houvesse permitido o início
do apedrejamento. O Desejado de Todas
as Nações diz que esperavam pelo início
da dolorosa morte daquela mulher.
Por essa razão, ela estava totalmente
despreparada para a resposta piedosa
do Salvador:
“Nem Eu tampouco te condeno; vai e
não peques mais” (verso 11).
Estratégia Arriscada
Selina Estava Certa
O que Jesus estava escrevendo sobre
aqueles acusadores?
Ele havia parado. As palavras que
escreveu estavam a Seus pés. ORGULHO? ARROGÂNCIA? MALDADE?
LASCÍVIA? ADULTÉRIO?
Seja o que for que Jesus tenha escrito, fez com que aqueles corações endurecidos se sentissem muito, mas muito
desconfortáveis.
Após levantar-Se, Jesus falou pela
primeira vez: “Aquele que dentre vós
estiver sem pecado seja o primeiro que
lhe atire pedra” (Jo 8:7).
Essa foi uma estratégia arriscada,
não apenas por causa das pedras soltas
no pátio do Templo, mas por aqueles
homens cheios de justiça própria. Alguém poderia ter jogado a pedra que
tinha na mão. E se um jogasse...
Jesus correu o risco para mostrar
que Ele leva a lei a sério. O dedo que
esteve escrevendo no chão havia escrito
na pedra.
Jesus sabia que a mulher era culpada do que era acusada. Ele levou a
sério o seu pecado. Tão a sério que
o carregou até o Calvário.
Pela segunda vez, Jesus escreveu
no chão.
Pela segunda vez, Ele Se levantou.
“Mulher, onde estão aqueles teus
Lembra-se de Selina? O maior milagre das Escrituras?
“Nem Eu tampouco te condeno.
Vai...” Para dizer essas palavras, Jesus
teve que ir ao Calvário e comprar o perdão para a mulher e morrer a segunda
morte.
Ali, em pé, ela pensou que sua vida
havia acabado. Esse era o fim de sua história. “Não ainda”, Jesus estava dizendo.
“Sua história começa aqui. Começa outra vez. Agora. Novo começo.”
Naquele mundo de homens, onde o
poder pertencia aos religiosos, a mulher
adúltera pensou que era seu fim. Ela
havia visto o tamanho das pedras que
aqueles homens seguravam ameaçadoramente.
Ao dizer: “Nem Eu tampouco te
condeno”, Jesus comprometeu-Se com
o Calvário. Suas palavras sintetizavam o
milagre da graça. “O maior de todos os
milagres”, disse Selina.
David Marshall é editor
veterano da Stanborough
Press, em Lincolnshire,
Inglaterra.
Julho 2008 | Adventist World
13
V I D A
A D V E N T I S T A
P
or mais de cento e trinta anos, a Igreja Adventista
tem paixão pela obra missionária. J. N. Andrews foi
o primeiro missionário oficial adventista do sétimo
dia a embarcar em um navio para a Europa, em 1874.
Uma década antes, os adventistas guardadores do sábado,
Hannah More e Michael Czechowski, ajudaram a implantar o
Adventismo nos continentes africano e europeu, respectivamente. Milhares seguiriam suas pegadas, deixando o conforto
do lar para compartilhar o amor de Deus em lugares estranhos e perigosos. Muitos até sacrificaram a vida.
E hoje? A missão é ainda prioridade para a Igreja Adventista?
Por
Laurie Falvo
Missionários
Adventıstas–
Eles Ainda Existem?
“Desde seu início, a Igreja Adventista do Sétimo Dia é um
movimento missionário”, diz Gary Krause, diretor dos escritórios da Missão Adventista, na sede mundial da Igreja. “É claro
que foram necessários alguns anos para a igreja se conscientizar de que ‘ir a todo mundo’ significava mais do que só a
América do Norte. Entretanto, quando essa conscientização
veio, tornou-se convicção. Começamos enviando missionários
para todas as partes do mundo, um grande número de pessoas
para uma denominação tão pequena. A missão tornou-se nossa grande prioridade, a própria razão da existência da igreja.”
Hoje, os missionários adventistas vêm de numerosas
regiões do globo e servem onde há necessidade. Provêm de
diferentes países, culturas e profissões, mas são unidos por um
objetivo comum: compartilhar o amor e a esperança de Jesus
com um mundo que necessita desesperadamente dEle.
Vindos de grandes cidades e de vilas remotas nas florestas,
missionários como Elmer e Angélica Ribeyro fazem a diferença na vida das pessoas que não têm para onde ir.
Elmer e Angélica Ribeyro (Serra Leoa)
Quando ainda criança, Elmer Ribeyro sentiu que Deus o
estava chamando para ser médico missionário. “Senti o desejo
de tornar-me um médico e orei para que Deus abrisse as portas para que isso acontecesse”, ele disse. “Eu sabia que queria
servir algum dia na África.”
Originário do Peru, Elmer, hábil cirurgião, e sua esposa
Angélica, formada em farmácia, trabalham em uma pequena
clínica em Serra Leoa, país recentemente dilacerado pela
guerra civil.
Médicos missionários como Elmer e Angélica desempenham papel importante no evangelismo da igreja. Geralmente,
eles são o primeiro ponto de contato entre a comunidade local
e os adventistas.
14
Adventist World | Julho 2008
O cuidado e a compaixão que os Ribeyro dedicam aos seus
pacientes dão-lhes um vislumbre do amor que Jesus tem por todos.
Samir e Tanya Berbawy (Egito)
Samir Berbawy nasceu no Egito, cresceu no Líbano e, mais
tarde, emigrou para os Estados Unidos, onde se tornou educador adventista.
Quando seus filhos serviam como estudantes missionários
na Academia da União do Nilo, Samir e a esposa Tanya visitaram a escola adventista. Ele se sentiu chamado por Deus para
retornar à sua terra natal para fazer a diferença na vida de
muitos jovens da igreja ali.
Finalmente, Samir foi convidado a retornar ao Egito
como missionário e está servindo como presidente do Campo,
nesse país.
A cada ano, grande número de missionários adventistas é
treinado e enviado para todo o mundo, com objetivos práticos,
tais como educação, cuidado da saúde, implantação de igrejas,
alfabetização. Eles se esforçam para chegar até os não-alcançados e ganhá-los para a verdade.
Os missionários sempre foram, e ainda o são, instrumentos
do Espírito Santo para fazer da Igreja Adventista o que ela é
hoje, uma família espiritual e mundial.
Oscar e Eugênia Giordano (Lesoto)
No pequeno país de Lesoto, dois missionários adventistas
estão semeando a semente da esperança entre pessoas
infectadas pelo HIV.
Como missionários veteranos na África, Oscar e Eugênia
Giordano já serviram à igreja em alguns dos lugares mais
difíceis daquele continente.
Juntos, fundaram o Ministério Adventista Internacional
HIV-AIDS, uma organização dirigida pela igreja, com sede em
Esquerda: CRISTIANISMO PRÁTICO: Eugênia Giordano, vicediretora do HIV-AIDS Ministério Adventista Internacional na
África, trabalha com um participante do curso de costura em
Lesoto, criado para ajudar pessoas infectadas pelo HIV ou AIDS.
Abaixo: DENTISTA MISSIONÁRIO: Milan Moskala, dentista
adventista em Bangladesh, posa com alunos de uma das muitas
escolas que fundou nas favelas de Dhaka.
F O T O :
C O R T E S I A
D A
M I S S Ã O
A D V E N T I S TA
Johannesburgo, África do Sul, que combina amor, compaixão
e educação para ajudar as vítimas do HIV e da AIDS a terem
qualidade de vida.
“Podemos ver como vidas têm sido transformadas”, diz
Eugênia. “Vemos pessoas com esperança, pessoas que estavam
doentes e morrendo. Por meio desse ministério, dizem: ‘Agora
tenho esperança.’”
“Jesus Se aproximaria dessas pessoas”, diz Oscar. “Iria tocálas, dar-lhes Sua presença concreta, o que significaria muito
para uma pessoa que está completamente sozinha. Esse toque
de amor durará para sempre... Cuidado e compaixão constituem o início do processo de cura.”
Rick e Márcia McEdward (Divisão
Ásia-Pacífico Sul)
Rick McEdward é um pastor com coração de missionário. Há seis anos, ele, sua esposa Márcia e filhos mudaram-se
para a Ásia, uma das áreas mais desafiadoras do mundo para
o evangelismo. Rick tem o compromisso de compartilhar o
amor de Deus com pessoas de várias religiões.
Como coordenador das Missões Adventistas para a Divisão
Ásia-Pacífico Sul, Rick trabalha com os pioneiros da Missão
Global para iniciar novos grupos de crentes em cidades e áreas
remotas nas selvas.
“Recentemente, visitei uma pequena vila dentro da selva,
na Indonésia, onde tivemos um projeto de Missão Global por
vários anos”, diz Rick. “Há ali um pequeno grupo de cinco famílias que, semanalmente, se reúnem para o culto. Temos um
pioneiro da Missão Global que vai à vila, toda semana, para
dirigir os estudos bíblicos e compartilhar o amor de Deus com
as pessoas. Houve certa oposição ao nosso trabalho no passado,
mas à medida que os pioneiros e a família da igreja transmitiam
seu amor, a comunidade se abriu e aceitou a Palavra de Deus.”
Milan e Eva Moskala (Bangladesh)
Nos últimos oito anos, Milan Moskala atuou como missionário em Dhaka, Bangladesh, um dos lugares mais pobres
do mundo. Suas favelas estão apinhadas de pessoas que nem
mesmo têm as coisas essenciais para a sobrevivência.
Natural da República Checa, Milan gastou anos ministrando para refugiados de guerra, na Bósnia. Dentista realizado,
ele faz mais do que consertar dentes. Freqüentemente, visita as
escolas que fundou no coração das favelas de Dhaka.
“Em todo lugar, há milhares de crianças sem pais, sem
apoio, mendigando, trabalhando, tentando sobreviver com
a comida que pegam do lixo e brigando entre si”, diz Milan.
“Têm uma vida miserável.”
Essas escolas provêem educação para crianças que, de outra forma, não teriam a mínima chance de vencer na vida. As
escolas também oferecem a única refeição que provavelmente
essas crianças têm por dia.
No final do dia, Milan visita casas nas favelas para ensinar
às pessoas os princípios de uma vida saudável.
Os atos gentis de Milan refletem o amor de um Deus que,
de outro modo, permaneceria desconhecido para aquela
comunidade.
Um Vislumbre Apenas
Essas curtas histórias constituem apenas um vislumbre
da vida das famílias dos missionários. Esses são apenas uns
poucos das centenas, ao redor do mundo, que trabalham em
lugares perigosos, solitários e sem recursos adequados, mas
que estão determinados a fazer a diferença.
“É maravilhoso quando uma vida é transformada”, diz Oscar Giordano, “quando vemos a alegria das pessoas que experimentaram o poder restaurador de Jesus Cristo. Quero apelar
aos meus irmãos e irmãs de todo o mundo a se envolverem e a
apoiarem, por meio das ofertas missionárias, o trabalho que é
realizado na linha de frente.”
A cada trimestre, a Missão Adventista prepara um DVD que
evidencia o trabalho das missões da Igreja Adventista do Sétimo
Dia ao redor do mundo. Os vídeos no DVD podem ser usados
para promover o Décimo Terceiro Sábado e as ofertas para as
missões nas igrejas locais. Este artigo foi adaptado do DVD da
Missão Adventista do primeiro trimestre de 2008. Para adquirir
uma assinatura do DVD ou para assistir às histórias do DVD
online, visite www.AdventistMission.org.
Laurie Falvo é diretora dos projetos de
comunicação da Missão Adventista da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, em sua sede
mundial em Silver Spring, Maryland, Estados
Unidos.
Julho 2008 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
Um
anıel
D
T
imofei não se parece com um
milionário. Ele é baixo, escuro
e bochechudo como um garoto
do primário. Por trás, porém, de seus
alegres olhos castanhos e fala suave, há
um fantástico senso para os negócios,
que lhe permitiu construir um império empresarial que se alastra por três
países.
O impassível empresário de 29 anos
de idade conta o segredo do seu sucesso: um encontro, por acaso, com um
adventista do sétimo dia que o encaminhou para Deus.
“Quando encontrei David, eu era
um homem comum que tinha uma
empresa familiar com meu pai. Eu
era motorista e entregador. Esse era
meu trabalho”, diz Timofei. “Agora...
fazemos negócios com quase todos os
grandes varejistas da Rússia, Ucrânia e
Cazaquistão.”
Timofei está entre o grupo de
russos abastados, em cuja vida houve
grandes mudanças, depois que começou a estudar inglês com David
Kulakov, talvez o mais improvável
professor entre os professores de inglês.
Sendo o russo sua língua nativa, David
estudou na Universidade Adventista
Zaoksky com o desejo de evangelizar,
do púlpito, os mais de dez milhões de
habitantes de Moscou.
Deus, porém, tinha outros planos.
David, 34, tornou-se uma espécie de
16
Adventist World | Julho 2008
ussı
R
K U L A K O VA
Por Andrew McChesney
A N N A
Russo aceita
chamado de Deus
para pregar aos ricos
na
K U L A K O VA
REFEIÇÃO E TESTEMUNHO: Alguns dos alunos de inglês de David Kulakov, assim como
membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Internacional de Moscou, participam de um
almoço de sábado no apartamento de David.
Ele convida alunos para irem a sua casa,
a fim de conhecerem outros adventistas e
aprender mais sobre sua fé.
A N N A
a
Daniel moderno, amigo e conselheiro
de pessoas influentes que, de outro
modo, nunca seriam desafiadas a levar
Deus em consideração.
“Quando Nabucodonosor começou
a interagir com Daniel, reconheceu que
ele não temia o futuro como as outras
pessoas. Aconteceu o mesmo com meus
alunos”, disse David. “Geralmente, essas
pessoas são muito sábias; podem ver seu
interior; conseguem ver se você teme o
futuro e o que o preocupa. Eles vêem o
que o deixa chateado; vêem quais são
seus hábitos, se são bons ou maus.”
“Não se pode pregar para eles”,
disse ele. “É por isso que não vão à
igreja, porque alguns ouviram pessoas
pregando sobre vida eterna e tesouros
eternos, e não sabem administrar as
coisas terrenas adequadamente.”
Não era o objetivo de David atrair
pessoas ricas e poderosas quando
começou a ensinar inglês, por meio
período, há mais de uma década. Mas
depois de Deus mudar sua vida miraculosamente, chegou à conclusão
de que era da Sua vontade que ele
ensinasse.
Após alguns anos, David tinha
tantos alunos que orou e aumentou
consideravelmente o valor de suas
aulas para limitar a demanda de alunos. Como resultado, David cobra
um dos preços mais altos para aulas
particulares na Rússia. Seus alunos,
naturalmente, são empresários abastados e altos funcionários públicos bem
relacionados com o governo, que procuram as melhores aulas de inglês que
o dinheiro possa pagar.
Para os alunos que perguntam
– e inevitavelmente o fazem – David
também oferece algo que o dinheiro
não pode comprar: conselhos para administração dos negócios e educação
dos filhos – diretamente das páginas
da Bíblia e dos livros de Ellen G. White. À medida que os alunos seguem as
instruções e vêem sua vida mudando
para melhor, questionam David sobre
o segredo de sua sabedoria. David dá
o crédito a Deus e os presenteia com
os cinco livros da série Conflito dos
Séculos, de Ellen White, instruindo-os
a iniciar com Patriarcas e Profetas. Ele
ainda os convida para o almoço de
sábado, em sua casa, com outros adventistas, para que vejam seu estilo de vida
em ação.
Muitos alunos já aceitaram a Jesus
e foram batizados; entre eles está a
própria esposa de David, um estadista e
um bilionário, que já foi capa da edição
russa da revista Forbes.
“David é muito bem-sucedido no
seu ministério pessoal porque conhece
muito bem as Escrituras”, disse Andrey
Scheglov, tesoureiro da Associação
Adventista do Sétimo Dia de Moscou
e que conhece David há aproximadamente uma década.
“Seria muito difícil alcançar essas
pessoas de outra forma, mas ele as
leva para a igreja”, disse ele. “Não há
dúvida de que o Espírito Santo está
trabalhando por meio de David.”
A História de Timofei
Timofei ligou para David, há cinco
anos, quando se cansou de trabalhar
como motorista da pequena empresa
da família e concluiu que, se falasse
inglês fluentemente, poderia dar um
salto para começar sua própria carreira.
Tinha já um professor de inglês, mas
sentiu que poderia melhorar. Por isso,
leu todos os anúncios de professores
nos jornais. O anúncio de David lhe
saltou aos olhos. Era o único que prometia a habilidade de escrever e pensar
em inglês, disse Timofei. Ele ligou e
marcou um encontro com David.
“Em pouco tempo, constatei que
tipo de homem ele era”, diz Timofei,
falando em inglês fluente. “Constatei
que grande professor de inglês ele era,
porque eu tinha experiência falando
com professores [anteriores] e tendo
aulas com eles.”
Assim, à medida que Timofei e
David foram se conhecendo melhor,
Timofei começou a contar-lhe sobre
suas aspirações. “Eu era um homem
ambicioso e queria um trabalho mais
interessante para desenvolver meu
potencial. Queria aprender inglês e
ingressar numa grande empresa como
um empregado comum”, disse Timofei.
“David disse para eu pensar grande.
Durante as aulas de David, aprendi que
ele também ensinava eficiência pessoal,
e durante suas aulas me deu algumas
lições de seus seminários. Isso mudou
alguma coisa em minha psicologia e
minha vida começou a mudar, especialmente minha vida empresarial”,
diz Timofei. Perplexo com seu sucesso,
Andrew McChesney
é jornalista; morou e
trabalhou na Rússia nos
últimos doze anos.
Julho 2008 | Adventist World
17
Como David Começou
Após uma difícil juventude que deixou a mente de David transbordando
de pensamentos dos quais queria liber-
18
Adventist World | Julho 2008
K U L A K
O VA
A N N A
perguntou a David sobre a fonte de sua
sabedoria.
Timofei assumiu os negócios da
família e logo ganhou o seu primeiro
milhão de dólares.
Timofei e sua esposa agora estão
lendo Patriarcas e Profetas.
“Sem dúvida alguma, posso dizer
que David nos ajudou a reconhecer que
Deus está em nossa vida”, diz Timofei.
Deus é tudo em nossa vida. Creio que
Deus é amor. O nosso amor por Deus
e pelas pessoas está relacionado um
com o outro. “Quando começamos a
amar a Deus, começamos a amar a nós
mesmos, começamos a amar e a ajudar
os outros.”
Timofei falou com a condição de
não ser revelado seu sobrenome por
causa do mundo criminoso dos negócios, comum na Rússia, e teme pela
segurança de sua esposa e três filhos
menores, se chamar a atenção para a
sua situação financeira. Ele disse que,
recentemente, recusou uma entrevista
para a revista Forbes pelo mesmo
motivo.
Timofei, entretanto, concordou em
falar sobre David porque queria “dizer
a outras pessoas o tipo de homem que
ele é e o que fez em sua vida.”
Quando perguntado sobre como
David o ajudou a abrir seu coração
para Deus, Timofei disse: “Suas palavras são coerentes com suas ações. Isso
realmente me ajudou a compreender
que existem pessoas em nosso mundo
que fazem, ou pelo menos procuram
fazer tudo o que lemos na Bíblia.”
Timofei, judeu de nascimento, recentemente começou a freqüentar uma
sinagoga aos sábados e devolveu seu
primeiro dízimo ali. David continua a
orar enquanto Timofei avança na leitura de O Desejado de Todas as Nações.
BÍBLIA COPIADA A MÃO: A fim de
permitir que Deus controlasse seus
pensamentos, David Kulakov copiou toda
a Bíblia a mão. No período de dois anos
e meio, ele copiou as Escrituras em
folhas de papel, reunindo as páginas
em um volume.
tar-se desesperadamente, decidiu dedicar sua vida a Deus. Ávido estudante
de psicologia, David chegou à conclusão de que seria psicologicamente
impossível mudar seus impulsos da
noite para o dia, por causa dos hábitos
fixados nas células cerebrais, formados
ao longo de anos de indisciplina e
pensamento cético.
“Para reconstruir novas conexões
entre minhas células cerebrais eu
precisava, realmente, de um milagre.
Isso leva tempo”, disse David, homem
alto, forte, de óculos prateados e uma
sonora voz de barítono. O sorriso que
parecia estar sempre nos seus lábios
desapareceu por um momento.
David, a princípio, relutou em contar sua história dizendo que, se alguém
merecia ser entrevistado deveria ser sua
mãe, fiel adventista que testemunhou
muitos milagres durante a repressão
soviética. Após muitos dias de oração e exame de consciência, David
concordou, na esperança de que sua
experiência servisse para honra e glória
do nome de Deus. Mas ele impôs duas
condições: que a fotografia e a identidade de seus alunos atuais, com exceção de Timofei, não fossem publicadas.
Ele disse que não queria dificultar,
inadvertidamente, o trabalho de Deus
em um país onde é forte a paranóia
sobre qualquer organização religiosa
dominante, não relacionada com a
Igreja Ortodoxa Russa, especialmente
se o grupo é, erroneamente, rotulado
como seita dos Estados Unidos.
David disse que queria provar, por
meio de seu trabalho, que os adventistas do sétimo dia são confiáveis e que,
se solicitados, podem servir fielmente
aos outros, em seus negócios, família e
na vida do país.
David começou a estudar inglês no
começo dos anos noventa e aperfeiçoou
seu aprendizado, trabalhando com missionários norte-americanos.
Em 1997, David orou fervorosamente para que Deus mantivesse seus
pensamentos sob o controle divino. No
dia 28 de novembro, resolveu copiar a
Bíblia toda a mão. Durante os dois anos
e meio seguintes, ele copiou as Escri-
turas, em oração, em folhas brancas de
papel. Ao mesmo tempo, releu a série O
Conflito dos Séculos e os nove volumes
dos Testemunhos para a Igreja, de Ellen
G. White.
O exercício de copiar a Bíblia levou,
ao todo, oitocentas horas e o resultado
foi extraordinário, disse David.
“Eu previ as mudanças que Deus
realizaria em minha vida se eu copiasse a Bíblia à mão. Mais tarde, porém,
concluí que eu havia predito apenas 3%
delas. Eu não podia sequer imaginar
quão abrangentes seriam essas mudanças”, disse. Entre elas, segundo ele,
estava uma nova habilidade de pensar
concentradamente, que descreve como
períodos com menor número de pensamentos, porém, mais profundos e úteis.
Com a Bíblia gravada em sua mente,
foi muito mais simples distinguir entre
a verdade e o erro, especialmente em
livros seculares.
“Naquele momento, um desejo
profundo surgiu em meu coração: o de
ser como Daniel”, disse David. “Cheguei à conclusão de que Deus sempre
precisou de homens como Daniel,
porque Ele espera que pessoas apresentem Sua verdade com poder, nos países
onde vivem.”
David orou pedindo a Deus que
fizesse dele uma testemunha fiel. Foi
quando, de repente, percebeu que,
entre seus alunos, havia um número
de pessoas preeminentes e muitas
delas tinham se tornado adventistas,
inclusive sua esposa Anna e o bilionário mencionado pela Forbes. O bilionário, que aceitou a Jesus enquanto
David estava na metade da tarefa de
copiar da Bíblia, mora atualmente
fora da Rússia.
Ellen White e Autodisciplina
Com seu interesse em psicologia,
David pesquisou dezenas de livros
sobre eficiência pessoal, compilando
um dossiê com citações de autores
como Stephen R. Covey e Jim Collins,
que estavam de acordo com a Bíblia e
com os escritos de Ellen White. David
encontrou um tópico em comum em
todos os autores: a necessidade de autodisciplina e dedicação – as mesmas
habilidades, coincidentemente, que um
aluno necessita para aprender uma língua estrangeira. Assim, David incorporou às suas lições de inglês uma parte
do material em autodisciplina.
Seus alunos começaram a perguntar se ele tinha mais literatura sobre
autodisciplina e se podia recomendá-las à parte das aulas de inglês. Ele
desenvolveu, então, um seminário
sobre eficiência pessoal e habilidades
práticas de liderança. “Pouco a pouco,
Deus me dirigiu para um campo com
o qual nunca havia sonhado antes”, diz
ele. “Fiquei realmente surpreso ao perceber que aquelas pessoas, extremamente ricas, não se envergonhavam de
dizer o quanto desejavam desenvolver
o controle das emoções e de caráter
que viram em mim e que não consigo
enxergar.”
David lê e relê O Desejado de Todas
as Nações para aprender de Jesus como
interagir com pessoas importantes.
Uma de suas histórias preferidas é a
do banquete na casa de Simão, quando Maria Madalena ungiu os pés de
Jesus com um perfume caríssimo e
com lágrimas. Simão, rico homem de
negócios, olhou para ela com desdém,
certo de que Jesus não iria permitir
aquela efusão de afeto, se Ele soubesse
do passado pecaminoso de Maria – um
passado do qual ele havia participado.
No mesmo banquete, estava sentado o
discípulo Judas Iscariotes, criticando
o ato de Maria como desperdício de
dinheiro.
Cheio de compaixão, Jesus contou
a parábola dos dois devedores, direcionando a repreensão para ambos, Simão
e Judas, sem humilhá-los na frente dos
outros.
“Ellen G. White mostra no livro
O Desejado de Todas as Nações como
Cristo era confrontado com situações difíceis e como sempre tocava,
com muita sabedoria, o coração das
pessoas, sem ofendê-las e, ao mesmo
tempo, marcando vidas com a melhor
influência possível”, disse David. “Ela,
inclusive, usa termos psicológicos para
explicar isso tudo. Os mesmos termos
que encontramos nos livros modernos
de psicologia.”
David diz ter novas idéias toda vez
que, em oração, reflete em como Jesus
tratava as pessoas ricas e importantes e
as multidões.
“Os ricos têm vontade forte; sabem
como influenciar as pessoas e também
como afugentá-las, se for necessário”,
diz ele. “Você tem que saber como repreendê-los com firmeza, sem ferir sua
auto-estima ou dignidade pessoal. Foi
isso que O Desejado de Todas as Nações
me ensinou.”
Os empresários abastados rapidamente compreendem que não conseguem intimidar David, assim como
Nabucodonosor percebeu que não
podia amedrontar Daniel. David disse
que a paz, apesar da adversidade, é uma
lição que aprendeu com o julgamento
de Jesus, na véspera de Sua crucifixão.
“Eles podiam rasgar Sua pele, cuspir em Seu rosto, fazer qualquer coisa,
mas viram que Ele tinha dignidade”,
disse David. “Na verdade, foi por isso
que O mataram, porque viram que não
podiam insultá-Lo.”
David disse que a quietude do amor
de Jesus e Sua compaixão durante o
julgamento ensinaram-lhe que é impossível perturbar uma pessoa que tem
íntimo relacionamento com Deus e
confia em Seu cuidado e direção.
“Os ricos procuram as melhores
lições para sua própria sobrevivência
neste mundo”, disse ele. “Eles querem
saber, é claro, o que lhes dá dignidade e
auto-estima.”
Quando Timofei e outros alunos
perguntaram qual o segredo, David
indicou-lhes a resposta: Deus.
Julho 2008 | Adventist World
19
C R E N Ç A S
NÚMBERO 17
F U N D A M E N T A I S
Reavivando
o
Por
Jonathan A.
Thompson
Dom
“Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de
Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque
Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de
amor e de moderação” (2Tm 1:6, 7).
O que há no fato de recebermos um presente que provoca
tanto interesse, desperta entusiasmo e nos enche de uma
alegria tão transbordante? Será a perspectiva de ter alguma
necessidade suprida? É a idéia de ter sido lembrado ou
querido? Ou, talvez, o sentimento de ser especial? Receber
presentes de Natal, aniversário ou por qualquer outra comemoração é muito emocionante. Que realidade impressionante:
Deus, o Criador, ter Se reconciliado conosco, favorecendo a
humanidade por meio da encarnação de Seu Filho!
Entusiasmo adicional é causado pela notícia de que Ele
unge e presenteia os crentes com porções do Seu Santo Espírito. Deus nos envolveu em uma quase parceria para estender
e expandir o ministério de Cristo mediante a concessão dos
dons espirituais.
Quais são esses dons? Como atuam na vida do crente?
Como impactam a formação espiritual de alguém?
Definindo os Dons Espirituais
Os dons espirituais são dádivas especiais do Espírito Santo para equipar os crentes para o serviço, para o ministério
e para a evangelização de um mundo hostil a Jesus Cristo
(Ef 4:12). Eles podem ser associados aos talentos naturais ou
habilidades desenvolvidas; freqüentemente capacitam o discípulo, submisso ao Espírito Santo, a satisfazer necessidades
e desafios de nossa luta espiritual. As barreiras, timidez ou
deficiências interiores são superadas quando o Espírito de
Deus unge a vida do crente e envia o servo que se dispõe a
trabalhar para Cristo.
O apóstolo Paulo instruiu a igreja de Corinto a respeito da
origem dos dons espirituais: “Mas um só e o mesmo Espírito
realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a
cada um, individualmente (1Co 12:11). Em Romanos 12:6,
Paulo associa os dons à graça de Deus e à nossa fé. Em I Pedro
Jonathan Thompson é diretor do Centro
Ellen G. White do Oakwood College, em
Huntsville, Alabama.
20
Adventist World | Julho 2008
Recebemos a promessa de
algo poderoso, muito além
de nossos recursos.
4:10, o antigo e jactancioso Pedro nos mostra que os dons não
são dados para glorificar o indivíduo, mas para compartilhar
graça e servir a outros. Se alguém deve ser glorificado, esse é
Deus, o doador, e não nós, os instrumentos. “Se alguém fala, fale
de acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na
força que Deus supre, para que, em todas as coisas, seja Deus
glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence a glória e
o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!” (1Pe 4:11).
Minha Experiência com os Dons Espirituais
Em mais de três décadas de ministério, repetidamente
tenho experimentado e visto o trabalho do Espírito Santo
por meio desses dons especiais mais convincentemente evidenciados no evangelismo. Minha primeira campanha evangelística foi realizada em uma pequena cidade suburbana em
Long Island, Nova Iorque (EUA), onde duas congregações se
reuniam no espírito de unidade e zelo missionário. Morando
em Nova Jersey, minha jovem esposa e eu atravessávamos
duas pontes, diariamente, para chegar ao nosso distrito. Ao
retornarmos das lides da igreja certa noite, nos arrastamos
por quatro horas entre o tráfego do metrô, e essa experiência
levou os administradores da igreja a verem, naquela situação, uma oportunidade para realizar o tão esperado esforço
evangelístico. Pediram, então, que nos mudássemos temporariamente para uma das salas de Escola Sabatina, no prédio
ligado à igreja e, por mais bizarra que fosse a idéia, nós aceitamos. O Espírito Santo concedeu dons aos nossos membros,
durante as reuniões. Nós “reavivamos os dons” e cinqüenta e
nove pessoas foram batizadas.
Em outra aventura ganhadora de almas na Nova Inglaterra,
vimos o Espírito Santo transformar vidas. Um membro da
igreja soube que seu vizinho estava pensando em suicidar-se,
porque o álcool havia provocado o fracasso de sua próspera
empresa, arruinado seu casamento e destruído sua família.
O membro, reavivando seus dons, convenceu seu vizinho a
assistir às reuniões e dar uma chance a Deus. À medida que o
Espírito Santo atuava, a mensagem apresentada naquela noite
lembrava o desesperado visitante a respeito da verdade que havia ouvido quando criança. A esperança ardia em seu coração.
Ele assistiu às reuniões todas as noites. O Espírito Santo deulhe forças para abandonar as bebidas alcoólicas. Deus, então,
trouxe de volta sua esposa, a família e a empresa. Esse homem
tornou-se fiel diácono e, mais tarde, operoso ancião da igreja.
Sempre que os pastores e membros leigos reavivaram os
dons e trabalharam juntos, testemunhamos resultados extraordinários: o testemunho fortaleceu a comunidade, o evangelismo floresceu, igrejas foram implantadas, escolas cristãs
inauguradas, prédios foram renovados e hipotecas quitadas.
bestas que se pareciam com criaturas de histórias em quadrinhos, focalizando os “últimos dias”. A vinda de Jesus estava “às
portas”, dizia sua mensagem.
Terceiro, aos nove anos de idade, tomei a decisão de dar
meu coração ao Senhor, de ser batizado e seguir a direção de
Deus. Então a irmã Ruth North entrou em ação. Sua classe
batismal para novos crentes doutrinou-me, preparou-me para
as apresentações do décimo terceiro sábado e treinou-me para
as experiências de testemunho de sábado à tarde e de domingo. Sendo eu uma criança tímida, a última coisa que eu queria
fazer era bater de porta em porta, nos prédios de apartamento
do Brooklyn, em Nova Iorque. Isso era muito perigoso! A
rejeição e o embaraço eram certos! Entretanto, com o senso
de urgência de nossa mensagem, o poder do Espírito Santo
e a presença dos anjos, eu reavivei os dons e tornei-me uma
pequena testemunha para o meu Senhor. Para minha surpresa,
houve mais respostas positivas do que negativas. Logo nosso
grupo foi organizado em igreja e mudou-se de um prédio de
depósito para um lindo prédio de culto.
Como os Dons Espirituais Moldaram Minha Fé
O Que Deus Fará em Breve
Meu primeiro encontro com os dons espirituais, cedo na
vida, impressionou-me de maneira indelével e transformadora. Foi uma combinação de três dinâmicas:
Primeiro, meu pai tinha um modo singular de conduzir
o culto familiar depois do trabalho. Sentávamos ao redor da
mesa da sala de jantar, estudávamos a Lição da Escola Sabatina e líamos os livros de Ellen G. White. Para demonstrar que
prestávamos atenção, cada um de nós lia um parágrafo e explicava seu significado.
Embora esse exercício demorado tenha falhado em criar
em nós apreciação por aqueles livros, semeou a boa semente e
construiu um excelente alicerce.
Segundo, meu pastor (Elder J. J. North, Sr.) pregava sermões sobre Daniel e Apocalipse, usando figuras fascinantes de
A tarefa de pregar o evangelho ao mundo começou com
uma dinâmica explosão de poder. O vento soprava através de
uma câmara superior na velha Jerusalém, enquanto fogo descia sobre um grupo heterogêneo, à semelhança de uma chuva
torrencial. Eles reavivaram os dons e milhares foram convertidos naquele dia.
Isso acontecerá outra vez. Ellen White disse: “A grande
obra do evangelho não deve terminar com menos manifestação do poder de Deus, do que a que marcou seu início...
Servos de Deus, com sua face iluminada e brilhando com santa consagração, irão se apressar de um lugar para outro para
proclamar a mensagem do céu... Serão feitos milagres, os enfermos serão curados e sinais e maravilhas seguirão os crentes”
(A Fé pela Qual Eu Vivo, p 332).
e
Dons Espirituais
Ministérios
Deus concedeu a todos os membros
de Sua igreja, de todas as idades, dons
espirituais que devem ser empregados
em amoroso ministério para o bem comum
da igreja e da humanidade.
Concedidos pela ação do Espírito Santo,
que atribui a cada membro o que Lhe
apraz, os dons capacitam para o exercício
de todas as habilidades necessárias aos
ministérios da igreja para cumprir suas
funções divinamente ordenadas. De acordo com as Escrituras, esses dons incluem
ministérios como o da fé, cura, profecia,
proclamação, ensino, administração,
reconciliação, compaixão, trabalho com
abnegação e amor para ajudar e encorajar as pessoas. Alguns membros são chamados pelo Espírito Santo para funções
reconhecidas pela igreja no ministério
pastoral, evangelístico e apostólico, necessários para equipar os membros para
o serviço, para levar a igreja à maturidade
espiritual e para promover a unidade da fé
e do conhecimento de Deus.
Quando os membros utilizam esses
dons espirituais como fiéis mordomos da
variada graça de Deus, a igreja é protegida contra a influência destrutiva de falsas
doutrinas, cresce e se desenvolve na fé e
no amor.
(Rm 12:4-8; 1Cor. 12:9-11, 27, 28; Ef 4:8,
11-16; At 6:1-7; 1Tm 3:1-13; 1Pe 4:10, 11.)
Julho 2008 | Adventist World
21
D E S C O B R I N D O
O
E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
Ainda
Ele
Fala
Por
Alberto
R. Timm
Experimentando
Sua Presença
“Desde seu lançamento, em setembro de
2005, a revista Adventist World vinha
publicando uma seleção dos escritos de
Ellen G. White. Começando com esta
edição e continuando pelos próximos dois
anos, serão publicados neste espaço, em
meses alternados, artigos especiais sobre
o dom de profecia bíblico, para ajudar
os adventistas do sétimo dia, em todo o
mundo, a apreciar e aprender mais sobre
o dom especial de Deus para o Seu povo
remanescente. A seção “Descobrindo o Espírito de Profecia” incluirá reflexões sobre
os ensinos bíblicos alusivos aos dons espirituais, artigos práticos sobre como aplicar esses conhecimentos à vida cotidiana
e métodos úteis para partilhar a riqueza
deste dom com os amigos e vizinhos.”
Alberto R. Timm é reitor
do Seminário Adventista
Latino-Americano de
Teologia em Brasília,
Brasil.
22
Adventist World | Julho 2008
V
ivemos num mundo em que os
recursos de comunicação estão
crescendo rapidamente, sob
o impacto da revolução tecnológica e
cibernética. Satélites, a Web, telefones
celulares e muitas outras ferramentas
transformaram nosso mundo em uma
comunidade global. Ocupados, comunicando-nos uns com os outros por esses
meios, não gastamos tempo suficiente
para ouvir nosso amorável Deus. Fascinados com tantos recursos sofisticados,
somos constantemente tentados a negligenciar os simples meios pelos quais
Deus tenta falar-nos. Com a disponibilidade de abundante informação, corremos o risco de ignorar o conhecimento
salvador que só Deus pode oferecer. Precisamos reconectar nossa mente com a
clara comunicação que vem “lá do alto”
(veja Tiago 3:13-18).
Deus Se revela à raça humana “de
várias maneiras” (Hb 1:1). Uma delas é
pela natureza, com incontáveis e misteriosas formas de vida ao nosso redor e,
acima, o esplêndido céu estrelado. Evi-
dências do poder criativo e sustentador
de Deus podem ser vistas ao “levantarmos ao alto os olhos” (Is 40:26), pois
“os céus proclamam a glória de Deus, e
o firmamento anuncia as obras de Suas
mãos”(Sl 19:1). O amor restaurador de
Deus é demonstrado no infinito processo de renovação da vida que permeia
toda a criação. Ellen White explica que,
“Por intermédio de agentes naturais,
Deus está operando dia a dia, hora a
hora, momento a momento, para nos
conservar vivos, construir e restaurarnos. Quando qualquer parte do corpo
sofre um dano, principia imediatamente um processo de cura; os agentes da
natureza põem-se em operação para
restaurar a saúde. Mas o poder que
opera por seu intermédio é o poder de
Deus. Todo poder comunicador de vida
tem nEle sua origem. Quando alguém
se restabelece de uma enfermidade, é
Deus que o restaura” (A Ciência do Bom
Viver, p. 112, 113).
Todo processo de renovação e restauração que mantém viva a natureza
também aponta, silenciosamente, para
a restauração final quando Deus “fará
novas todas as coisas” (Ap 21:5). “As
árvores lançam suas folhas apenas para
se vestirem de folhagem mais vicejante; as flores morrem, para brotar com
nova beleza; e em cada manifestação
do poder criador existe a segurança de
que podemos de novo ser criados em
‘justiça e santidade’. (Ef 4:24). Assim, as
próprias coisas e operações da natureza
que, tão vividamente, nos trazem ao
espírito nossa grande perda, tornam-se
mensageiros da esperança” (Educação,
p. 27). Contudo, a mensagem da natureza não é apenas incerta por causa
da presença do pecado, é também incompleta, pois não fala explicitamente
sobre o plano da redenção.
O meio mais evidente de revelação
divina foi pelo ministério de profetas
genuínos, escolhidos por Deus para
serem Seus porta-vozes para a huma-
nidade. O relacionamento entre Deus
e Seus profetas não pode ser limitado a
meros encontros unilaterais, pois isso
envolve a comunicação de penetrantes
verdades de forma proposital. Deus
declarou em Números 12:6: “Se entre
vós há profeta, Eu, o Senhor, em visão
a ele, Me faço conhecer ou falo com ele
em sonhos.” Há muitos casos na Bíblia
em que o profeta reivindicou “a palavra
do Senhor” que foi até eles e, como
tal, foi transmitida ao povo (Jr 1:4; Ez
1:3). Devido à sua origem divina, as
mensagens proféticas (tanto na forma
oral como escrita) têm credenciais e
autoridade divinas (Is 8:20; Gl 1:8, 9;
Ap 22:18, 19). Muitos profetas do Antigo Testamento anunciaram a vinda do
Messias, mas foi João Batista que, na
verdade, foi Seu antecessor (Mt 3:1-12;
Lc 3:1-18).
“Sem dúvida, a suprema revelação
de Deus para a raça humana é encontrada na pessoa e no ministério de Jesus
Cristo, o Filho de Deus, que Se tornou
também Filho do homem. Hebreus
1:1-3 afirma: ‘Havendo Deus, outrora,
falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes
últimos dias, nos falou pelo Filho, a
quem constituiu herdeiro de todas as
coisas, pelo qual também fez o Universo. Ele, que é o resplendor da glória e a
expressão exata do Seu ser, sustentando
todas as coisas pela palavra do Seu
poder.’ Por essa razão, Ele foi chamado
‘Emanuel’, que significa ‘Deus conosco’
(Mt 1:23). De fato, temos apenas uma
fotografia perfeita de Deus: Jesus Cristo” (E. G. White, no Comentário Bíblico
Adventista do Sétimo Dia v. 7, p. 906).
Apesar do fato de Jesus Cristo não
estar mais visível entre nós, tanto quanto sabemos não existem, em nossos
dias, profetas verdadeiros vivos, mas a
providência de Deus gerou e preservou
as Escrituras através dos séculos. Como
nossa única regra de fé e procedimento,
elas testemunham acerca de Cristo (Jo
5:39). Os profetas messiânicos do Antigo Testamento retratavam o Messias
vindouro tão nitidamente que Jesus de
Nazaré podia ser identificado como tal.
Os escritores do Novo Testamento confirmam tal identificação, apresentandoO como a única esperança de salvação
e vida eterna para os pecadores. O
apóstolo João diz que o evangelho foi
registrado para que “creiais que Jesus
é o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em Seu nome” (Jo
20:30, 31). Isso implica um relacionamento vivo com a pessoa de Cristo e
um real comprometimento com Seus
ensinos encontrados nas Escrituras
(veja Mt 7:21-27).
Crucial em todo o processo de revelação é o trabalho do Espírito Santo.
Ele inspirou os profetas a escreverem
as Escrituras (2Tm 3:16; 2Pe 1:19-21),
ilumina nossa mente quando as estudamos (1Co 2:10), coloca o amor de
Deus “em nosso coração” (Rm 5:5) e
tenta nos guiar “a toda a verdade” (Jo
16:13). O trabalho do Espírito Santo é
tão importante que Ellen White declara
que, sem o Seu trabalho, “o sacrifício de
Cristo de nenhum proveito teria sido”
(O Desejado de Todas as Nações, p. 671)
para nós, porque não O teríamos acei-
tado. Além de nos convencer a aceitar
as Escrituras como a Palavra escrita e
Cristo como a Palavra viva, o Espírito
Santo ainda procura nos guiar no bom
caminho. Isaías 30:21 diz: “Quando te
desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos
ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele.”
Deus revela, por meio da natureza,
Seu poder sustentador, criativo e amor
restaurador. Mas Ele falou mais explicitamente para a humanidade por Seus
servos, os profetas. A mensagem profética básica foi incorporada às Escrituras
e preservada pela providência divina
por séculos. O processo de revelação
alcançou seu clímax na pessoa e no
ministério de Jesus Cristo, que realmente foi “Deus conosco”. O mesmo
Espírito Santo que inspirou os profetas
a escrever as Escrituras, também ilumina nossa mente para compreendê-la
adequadamente, para aceitar a Jesus
Cristo como nosso Salvador e Senhor e
para caminhar com Ele e para Ele. Todo
o processo visa a livrar-nos dos nossos
caminhos de pecado e morte e a guiarnos pelos caminhos onde encontramos
plenitude de vida na presença amorosa
do nosso Deus.
Qual é Sua
1.
2.
3.
De que maneira você vê o
caráter de amor e redenção
de Deus revelado na natureza?
Opinião?
Muitas vezes os profetas de Deus tiveram que apresentar mensagens de advertência. De que maneira você, pessoalmente, já se beneficiou dessas mensagens?
De que modo o Espírito Santo atua em sua vida? Como a compreensão da vontade
de Deus para você tem se tornado clara ultimamente?
Julho 2008 | Adventist World
23
S E R V I Ç O
Espírito
deus
O
Q
uando ele chegou à nossa porta da frente, estava vestido, não com uma manta masai, mas com calças e
paletó, carregando um computador ‘laptop’, em lugar
de uma lança de caça.
− Sou Solomon – ele disse. – Alguém lhe perguntou sobre
meu trabalho?
− Entre – convidamos.
Enquanto colocava o computador na mesa de centro, ele
explicava:
− Um médico, vindo de Dakota do Norte em uma viagem
missionária, me deu isso. Pensei em lhe mostrar algumas fotos
dos membros de uma das minhas igrejas.
Lá estavam elas, mulheres masai, sentadas em grupos sob
uma árvore, enroladas em mantas de cores brilhantes, usando
os tradicionais colares e brincos de contas.
− Quantos membros têm sua igreja? – perguntamos.
− Uma tem cerca de 300, incluindo as crianças, e a outra
aproximadamente 120 membros – respondeu ele. Os homens
masai pensam que religião é apenas para as esposas; por isso,
nossa congregação é composta, em sua maioria, de mulheres e
crianças. Mas, com a ajuda de Deus, essa mentalidade vai mudar.
Todos nós, que trabalhamos no Quênia e Tanzânia como
missionários no fim da década de 50, podemos ver o progresso
como um sinal evidente da graça de Deus, uma demonstração
do poder do evangelho. Pessoas que até recentemente nunca
haviam ouvido sobre o evangelho, estão aprendendo a confiar
no verdadeiro Ngai, o soberano do Céu e da Terra.
Trilha Brilhante
Quando, pela primeira vez, os missionários chegaram da
Inglaterra, no começo do século vinte, para estabelecer uma
missão na África Oriental, descobriram que o governo colonial do Quênia estava alocando áreas específicas do país a
vários grupos de missionários.
Aos adventistas foi dado o território ao redor do Lago Vitória,
entre as tribos Luo e Kisii. Aquela área tornou-se, primordialmente, adventista. A Missão de Gendia, a Casa Publicadora
Africana Oriental e o Hospital da Missão Kendu foram fundados
entre o povo Luo. A Missão Nyanchwa e a Escola Kamagambo
foram estabelecidas em Kisii. O território masai faz fronteira com
essas duas áreas, mas não deveria ser tocado pelo evangelismo.
Em meados dos anos 50, já com muitas igrejas fundadas
entre o povo Luo e Kisii, foi permitido que os líderes da igreja
compartilhassem o evangelho com seus vizinhos Masai. No
Jean Thomas (foto na página 25, esquerda) retornou do Quênia,
recentemente, onde ela e o esposo Fred serviram como
voluntários por nove meses, no Colégio Adventista Maxwell.
24
Adventist World | Julho 2008
de
em Ação na
Á
Os crentes de hoje constroem
sobre o alicerce deixado pelas
gerações de missionários.
Por Jean Thomas
entanto, era recomendação do governo que essa tribo não fosse
evangelizada. O assunto foi discutido em várias ocasiões pela
comissão administrativa do Campo, em Nyanza do Sul (Kisii).
Foi quando surgiu o plano de abrir uma clínica médica no
lado masai da fronteira e convidar a equipe médica do Hospital Kendu para participar. Os médicos se entusiasmaram e
logo uma clínica médica estava em funcionamento. Por vários
meses, os médicos, acompanhados pelo pessoal da Missão em
Kisii, trabalharam juntos provendo assistência médica para os
masai que vinham das vilas vizinhas.
Um dia, porém, chegou uma carta do delegado distrital
de Kilgoris, sede de monitoramento dos interesses masai.
“Chegou ao meu conhecimento”, dizia a carta, “que vocês
estão entrando ilegalmente no território Masai. Portanto, a
partir desta data, devem parar e desistir de cruzar a fronteira e
interferir no seu estilo de vida.”
Ali terminou o primeiro esforço evangelístico para os masai, na fronteira norte. Entretanto, por uma estranha evolução
dos fatos, logo ocorreu uma mudança.
Em uma de suas viagens da Missão Kisii para o Hospital
Kendu, o presidente da Missão, Fred Thomas (que ajudara
a iniciar a clínica médica), surpreendeu-se ao encontrar um
chefe masai no hospital.
− O que o trouxe ao Hospital Kendu, Mafuta? − perguntou
Thomas.
− Fiquei muito doente e fui a todos os hospitais que conhecia, até mesmo em Nairóbi. Mas não encontrei nenhum
médico que me curasse. Então, voltei para casa a fim de morrer. Minhas esposas ficaram preocupadas com o futuro delas
e disseram: “Há um hospital a que você ainda não foi.” Qual?
perguntei. “Você ainda não foi ao hospital Kendu Bay”,
disseram. “Não”, eu lhes disse. “Nunca iria lá.” Nós, os masai,
desprezamos a tribo que mora perto daquele hospital e por
frica
REUNIÃO: Fred Thomas, missionário jubilado, ao lado de
Solomon Lenana (de paletó cinza) e outro masai adventista
que conheceu Jesus e o poder do evangelho.
isso pedi ao delegado distrital para fechar a clínica médica que
eles começaram em nosso distrito.
− Minhas esposas apenas riram, e disseram: “Vá, já que
não tem mesmo esperança de viver por muito mais tempo,
você deve cuidar da sua vida e ir lá.” Por isso, estou aqui e esses
médicos vão me curar e logo voltarei para casa.
Progredindo
De volta à nossa sala, o pastor leigo Solomon Lenana relatou sua história. Ele nasceu em uma família tradicional masai
e esperava-se que passasse sua infância e juventude pastoreando gado nas colinas ao redor da manayatta (choupana) de seu
pai. Mas Solomon havia notado que os jovens que estudavam
não pastoreavam o gado e cabritos de sua família, mas conseguiam bons empregos, com bons salários.
Quando Solomon disse a seus pais de seu desejo de estudar,
seu pai não concordou. Sua mãe, entretanto, usou seu poder de
persuasão. Eles venderam algumas cabeças de gado para possibilitar a ida de Solomon para um colégio interno em Nairóbi.
“Havia apenas um outro jovem masai na minha escola”,
disse Solomon. “Os outros alunos eram de tribos com cultura
diferente da minha. Seus costumes e crenças eram muito estranhos para nós.”
Após completar o ensino médio, em 1989, Solomon começou a procurar emprego. O Colégio Adventista Maxwell, com
regime de internato para filhos de missionários na África Oriental, estava sendo transferido para fora da cidade de Nairóbi. Com
um conhecimento prático de inglês e de outras habilidades que
adquiriu na escola, Salomon candidatou-se a um emprego e
foi-lhe dada a responsabilidade de controlar os materiais do
prédio, enquanto iam sendo transferidos para o novo campus.
O estilo de vida dos professores missionários com quem
trabalhou impressionou muito a Solomon, que expressou o
desejo de aprender mais sobre suas crenças. Seus questionamentos o levaram a estudar a Bíblia e, mais tarde, ao batismo. Estimulado por encontrar tanta alegria e satisfação com
o que tinha aprendido, começou a compartilhar sua fé com
outros masai, alguns dos quais viviam numa colina, logo
atrás da nova escola. Solomon e um missionário chamado
Gwen Edwards começaram a ensinar os aldeões a ler a Bíblia.
Em 1994, os primeiros seis conversos daquele grupo foram
batizados numa pequena piscina construída no fundo do anfiteatro da escola. Entretanto, quando terminaram o prédio da
escola, Solomon perdeu o emprego.
− E o que aconteceu? – perguntamos.
− Fui enviado para o Instituto de Treinamento Riverside,
no Zâmbia, onde cursei seis meses de teologia e saúde. Agora,
trabalho como pastor autônomo. Viajo pelo território Masai
fazendo amigos, despertando-lhes o interesse pela Palavra de
Deus e ensino-lhes higiene, saúde e prevenção da AIDS.
Como o território Masai é majoritariamente rural e de
áreas subdesenvolvidas, estendendo-se por centenas de quilômetros através do Quênia e Tanzânia, são raras as estradas
pavimentadas e as que existem são, freqüentemente intransitáveis, exceto com veículos de tração nas quatro rodas. Isso
significa que Solomon, que não tem seu próprio meio de
transporte, viaja aonde pode ir de ônibus, e depois anda
longas distâncias para atender as pessoas interessadas. É difícil
o acesso a suas duas igrejas.
Ele fica muitas noites fora de casa, ministrando seminários
de saúde e estudos bíblicos. Tudo isso é feito como trabalho
voluntário, sem remuneração da igreja.
As estradas precárias e a falta de comunicação tornam difícil obter um registro exato do número de membros e igrejas
nas terras masai hoje, mas vidas estão sendo transformadas
pelo evangelho.
Julho 2008 | Adventist World
25
P E R G U N TA S B Í B L I C A S
PERGUNTA:Ouço
diferentes opiniões a respeito
da destruição final dos ímpios. É verdade que
Deus não vai destruí-los, e sim que irão autodestruir-se?
Os humanos também estavam envolvidos na morte do
Filho de Deus (Lc 18:32; 22:3; Mc 15:15). O Pai, o Filho e os
seres humanos estavam diretamente envolvidos na morte do
Filho de Deus. A experiência de Jesus foi um pouco diferente
do que acontecerá aos ímpios. Em ambos os casos, porém, o
individuo e Deus estarão envolvidos.
vito responder a essa pergunta porque qualquer res3. Jesus Sofreu: Ninguém questiona que Jesus sofreu inposta pode levar a um debate e não estou interessado
tensamente na cruz. O sofrimento foi físico, mas, acima de
em debates. Uma vez, porém, que sua pergunta é feita
tudo, espiritual. Ele experimentou o abandono divino como
com muita freqüência, deixe-me começar dizendo que
nenhum ser humano jamais
apenas uma Pessoa experiexperimentou (Mt 27:46).
mentou a segunda morte:
Levou sobre Si o pecado
Jesus Cristo. Vou abordar o
do mundo todo. Os ímpios
tema por meio de Sua expereceberão a recompensa de
riência, mantendo em mente
acordo com suas obras (Ap
que, embora Sua experiência
20:13). Essa não será uma
tenha sido semelhante à dos
dor auto-infligida ou proímpios, também foi significavocada por Satanás. Deus,
tivamente diferente.
pessoalmente, dará a eles o
1. O Problema: Algumas
que escolheram como seu
pessoas crêem que o pecado é
destino final: morte eterna.
autodestrutivo, uma vez que
4. Jesus Entregou Sua
traz em si mesmo conseqüPor
Vida: Foi necessário que Jesus
ências e resultados específiAngel Manuel
morresse como portador do
cos que destroem o pecador.
Rodríguez
pecado. Aceitou a justiça e a
Esse é, geralmente, o caso.
justa vontade do Pai para Ele.
Mas a extinção final do pecaNa cruz, Ele sofreu até que,
do, do pecador e dos poderes
voluntariamente, entregou a
do mal é algo diferente. Nesvida a Seu Pai. Uma vez que
te caso, Deus é descrito como
Sua morte era parte do plano da salvação, Ele suportou o sofriestando direta e pessoalmente envolvido. Para alguns, esse é
mento por um determinado período de tempo e, no momento
um problema porque, dizem, Deus castiga o ser humano com
oportuno, entregou Sua vida clamando: “Está consumado!”
a morte e, aparentemente, alguns sofrerão mais que outros.
No caso dos ímpios, sua destruição é precedida pelo próPara eles, seria melhor sugerir que os pecadores se destruam.
prio reconhecimento de que merecem morrer. Cairão de joeEu aceito a declaração bíblica: “desceu, porém, fogo do céu e
lhos e reconhecerão que Jesus Cristo é Senhor (Fl 2:10 e 11).
os consumiu” (Ap 20:9). Reconheço que não compreendo os
Não obstante, os ímpios lutarão para entregar voluntadetalhes desse estranho ato divino.
2. Jesus Sofreu a Morte dos Ímpios: Seria difícil negar que riamente a vida a Jesus. Deixe-me sugerir que a intensidade
do sofrimento deles pode estar diretamente relacionada à sua
Deus, o Pai, estava diretamente envolvido na morte de Jesus.
A Bíblia atribui a morte de Jesus ao Pai, ao próprio Filho, aos disposição de desistir da vida, o que está diretamente relacionado ao egoísmo. Tal atitude pode estender seu sofrimento e
romanos e às autoridades judias.
permitir que cada um experimente o julgamento de acordo
O fato de que o Pai poderia ter poupado Jesus da morte
com suas obras. Uma vez que desistirem da vida, a justiça de
e não o fez não significa que Sua morte foi da vontade do
Pai. Isso corresponde a dizer que essa foi Sua divina intenção Deus é vindicada e a existência deles é apagada para sempre.
Em seguida, terminará o conflito entre o bem e o mal.
para Seu Filho (Jo 12:27,28). Jesus bebeu da taça do julgaIsso ajudou? (Ôpa, terminei com uma pergunta!)
mento de Deus (Mt 26:39). O Pai não O poupou (Rm 8:32),
mas O entregou para morrer (Rm 4:25).
Jesus disse que entregaria a própria vida, e que ninguém
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas
teria poder para tirá-la dEle (Jo 10:17, 18). Jesus entregou Sua
vida voluntariamente (Mc 10:45; Gl 2:20; Ef 5:25).
Bíblicas da Associação Geral.
E
Pecado
e dos
O Fim do
Pecadores
26
Adventist World | Julho 2008
E S T U D O
Celebrando
o ábado
S
B Í B L I C O
Por Mark A. Finley
Alguma vez você desejou descobrir uma ilha de paz neste mundo de estresse? Há momentos,
em sua vida, em que tudo o preocupa? Você teme o futuro?
Deus criou essa ilha de paz que seu coração tanto deseja. O sábado é o eterno símbolo
de Seu amor por nós. Seu descanso sabático lembra-nos, a cada semana, de que Ele nos
criou e não Se esqueceu de nós.
1. Que três coisas específicas fez Deus no sétimo dia, o sábado? Leia o texto abaixo e responda.
“E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como Criador, fizera”(Gn 2:3).
a. Deus
b. Deus
c. Deus
Embora seja possível receber as bênçãos de Deus em qualquer dia em que O adoremos,
apenas podemos receber Suas bênçãos sabáticas se O adorarmos no Seu sábado.
Ele abençoou, em especial, o sétimo dia; esse é o dia que Ele santificou.
2. O que Deus prometeu para os que guardam o sábado? Leia o texto abaixo e preencha
os espaços em branco.
“Bem-aventurado o homem que faz isto, e o filho do homem que nisto se firma, que se guarda de profanar o
sábado e guarda a sua mão de cometer algum mal”(Is 56:2).
Deus promete um
para aqueles que guardam o sábado.
Escreva, com suas próprias palavras, algumas das bênçãos que Deus dá àqueles que guardam o sábado.
3. Como Deus descreve o sábado? Leia o texto abaixo e preencha os espaços em branco.
“Seis dias trabalhareis, mas o sétimo será o sábado do descanso solene, santa convocação; nenhuma obra
fareis; é sábado do SENHOR em todas as vossas moradas” (Lv 23:3).
O sábado é o dia de
solene e de santa
.
Aos sábados, descansamos de nossas lutas e encontramos paz e alegria na santa
convocação de Deus. Convocação é “reunião”. O sábado é uma sagrada ou santa reunião
do povo de Deus para adorá-Lo.
4. Como Jesus guardou o sábado? Como era Seu costume semanal? Leia o verso abaixo
e circule as respostas.
“Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o Seu costume, e levantou-Se
para ler” (Lc 4:16).
O sábado era especial para Jesus. Cada sábado ele gastava tempo adorando Seu Pai
celestial. Jesus também realizou muitos de Seus milagres de cura no sábado.
Julho 2008 | Adventist World
27
5. O que os milagres de cura realizados por Cristo nos ensinam sobre a celebração do
sábado? Leia o texto abaixo e sublinhe por que Jesus curava no sábado.
“Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes.
Porque o Filho do homem é senhor do sábado. […] Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha?
Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem” (Mt 12:7,8 e 12).
O que isso significa para nós hoje?
Como a compaixão, bondade e boas obras de Jesus durante o sábado servem de modelo para nós?
6. O que o Senhor nos convida a fazer hoje? Leia o texto abaixo e preencha os espaços
em branco.
“Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo dia; se chamares
ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não
pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor. Eu te farei
cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do Senhor o disse”
(Is 58:13, 14).
O Senhor nos diz:
a. Se vocês desviarem o
b. E chamarem ao
c. Deleitoso e
O Senhor nos convida a não:
a. Fazer
b. Seguir
c. Falar
A mensagem de Isaías nos ensina que, quando separamos o sábado do sétimo dia do
nosso controle e honramos a Deus com nossas palavras e atividades, Ele nos fará andar
nas alturas da terra. Em outras palavras, nossa vida será abençoada com a Sua presença.
7. Como serão os nossos sábados no Céu? Leia o texto abaixo e circule a resposta.
“‘E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante
Mim’, diz o SENHOR” (Is 66:23).
Imagine: Todos os seres celestes e todos os remidos adorarão diante do trono de Deus, aos
sábados. Cantarão hinos de louvor e melodias de adoração. O próprio Deus falará do Seu
infinito amor por nós. Ele compartilhará Sua imensa alegria por estarmos com Ele por toda
a eternidade.
Gostaria você de dizer a Jesus que o desejo do seu coração é adorar com os anjos
naquele primeiro sábado no Céu? Por que não inclina a cabeça, agora, e conta
isso a Ele?
O que a Bíblia diz sobre saúde?
Acompanhe nosso próximo estudo bíblico:
“Uma Questão de Saúde”
28
Adventist World | Julho 2008
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Minhas Pedras do Jordão
Trindade
Quando a edição de abril de 2008 da
Adventist World chegou, notei meu
sobrenome no título de um artigo,
“Minhas Pedras do Jordão,” por Stephen Dunbar. Possivelmente, Dunbar
não sabe que nas páginas do início do
Adventismo estão escondidas muitas
“pedras” que contam a experiência de
nossos pioneiros e sua luta para contar a
história da breve vinda de Jesus e para o
desenvolvimento da igreja.
Um desses pioneiros, José Bates, de
Fairhaven, Massachusetts, começou contando essa história em 1844. Ele vendeu
sua casa e foi para Maryland a fim de
pregar para escravos e seus senhores.
Mais tarde, tomou conhecimento do sábado do sétimo dia e escreveu sobre isso.
O interessante título de seu terceiro livro
foi O Caminho do Segundo Advento Estabelece Marcos e Finca Postes. Esse título,
baseado em Jeremias 31:21, refere-se ao
profeta dizendo: “Poe-te marcos, finca
postes que te guiem” – tudo isso como
lembrança da travessia do Jordão.
A história adventista está repleta
de “Pedras do Jordão”. O Ministério da
Herança Adventista, uma organização
leiga, disponibiliza lugares históricos em
Battle Creek, Michigan, em Whitehall e
Port Gibson, Nova Iorque e em Fairhaven, Massachusetts, para todos verem e
ouvirem desses “marcos”. Eles contam
da providência de Deus guiando e edificando nossa igreja.
Minha esposa e eu somos voluntários, cuidando da casa de José Bates em
Fairhaven, Massachusetts. Contamos a
sua história e de como Deus o usou para
“colocar marcos” para contar a história
do amor de Deus pelos pecadores e sobre Seu breve regresso.
O artigo da revista Adventist World de
março de 2008, de autoria de Roy
Adams, sobre a Trindade, foi muito
inspirador. Como necessitamos do
Espírito Santo não somente em nossa
vida individual, mas em nossa igreja
como um todo! Realmente creio que o
batismo do Espírito Santo é necessário
como nunca dantes.
Concordo com a R. A. Torrey ao
afirmar que, além de sermos batizados
e de recebermos o Espírito Santo em
nossa conversão e batismo, necessitamos
da experiência singular do batismo do
Espírito Santo. Ele é enviado para capacitar o povo de Deus a compartilhar o
evangelho com poder. Parece-me que os
adventistas têm tanto medo de assemelhar-se aos pentecostais que evitam tal
experiência, embora necessitemos desesperadamente dela.
Ainda quero agradecer Roy Adams
pela Lição da Escola Sabatina que
escreveu sobre Jesus. Fantástica!
Chet Jordan
Massachusetts, Estados Unidos
Lillian R. Guild
Loma Linda, Califórnia,
Estados Unidos
Graça em Ação
Concordo plenamente com a mensagem
de Jan Paulsen, em seu artigo de março
de 2008, intitulado “Esclarecimentos
Sobre Serviço Militar.” Não poderia
escrever nada em meu comentário que
depreciasse ou discordasse de qualquer
de suas afirmações.
Tendo dito que, se algo é necessário
em nossas igrejas, talvez até mais do que
a instrução que nossos jovens precisam
(não em lugar de ) em relação a esse
assunto, é a afirmação e reafirmação dos
princípios bíblicos, a graça, a qual deve
ser o primeiro e principal fundamento
de nossa igreja. Como igreja, somos
sempre rápidos em elaborar, detalhadamente, princípios morais aos quais
deveríamos aderir em nossa vida
espiritual, mas somos deficientes em
aplicar essa mesma prática de elaboração quando se refere a ensinar nosso
povo “como” praticar a graça.
É um benefício para os líderes de
nossa igreja enfatizar e educar os membros de nossa igreja por meio de artigos
sobre formas práticas e sempre exercitar
a graça. Sou testemunha de um jovem
membro de igreja com valores morais
impecáveis, líder de um grupo de jovens de sua igreja, que foi disciplinado
e, posteriormente, retirado do rol de
membros, por ter escolhido alistar-se.
Sei que os líderes de nossa igreja nem
sempre estão cientes das escolhas individuais dos membros da igreja local, mas
estamos nós dispostos a nos responsabilizar pela falta de graça e compaixão por
causa de nossa deficiência em instruir
nossos membros sobre a maneira de
praticar a graça? O que estamos fazendo
como igreja pelos nossos homens e mulheres que se alistaram? Estamos enviando mensagens de incentivo? Estamos
apoiando os membros de sua família enquanto esperam dia a dia, ansiosamente,
pelo retorno dos seus queridos? O que
a igreja está fazendo pelos soldados que
voltam feridos, com vidas despedaçadas
pelos horrores associados com o estresse
pós-traumático? Se a resposta for pouco ou quase nada, então lá no fundo,
em nosso silêncio, há um sonoro “eu
te avisei”. Estamos preocupados com a
mensagem conflitante que nosso apoio
possa inferir? Se, como igreja, devemos
ensinar nossos jovens sobre os perigos e
conflitos morais de portar armas, é nosso dever, então, gastar tempo e esforço
ensinando nossos membros as diretrizes
práticas de como exercitar a graça.
Lillian Rosa Correa
Noruega
Julho 2008 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Com o quê isso se parece
realmente?
Quero agradecer-lhes por me ajudarem
a compreender “O que Realmente é
ser um Cristão?” por Robert K. McIver
(Adventist World, janeiro de 2008),
artigo que apreciei muito.
Ruth Kwamboka Ombuki
Nairóbi, Quênia
O Fundamento da Fé
Fiquei muito impressionada ao ler a história “O Fundamento da Fé” por Tessa
Fennell-Swaby, de Nova Iorque, EUA, na
seção Intercâmbio de Idéias, da edição de
abril de 2008. Penso que necessitamos de
mais histórias de vida ou de experiências
de vida como essa, para lembrar-nos de
que, apesar das provações e dificuldades
que enfrentamos, não podemos perder
nossa esperança em Deus.
Embora nem sempre receba os
exemplares desta revista, posso lê-la
online [ www.adventistworld.org], e por
isso agradeço a Deus pela comunicação
através da mídia, que Ele tem usado
como lembrete para que eu permaneça
fiel, qualquer que seja a situação!
Oro para que Deus sempre use a
Adventist World para a glória de Seu
nome!
Wilda Adrian
Via E-mail.
Jovens em Serviço
Na edição de março de 2008, na seção de
notícias, o artigo “Juventude Adventista
Invade Taiwan para Serviço e Crescimento Espiritual,” sobre o fórum jovem em
Taiwan, em dezembro passado, trouxe
muita alegria ao meu coração! Não havia
nada mais apropriado do que o tema do
evangelismo e do serviço para desafiar
nossos jovens, em todo o mundo, a seguir
os passos de nosso Mestre, Jesus Cristo.
As palavras de Ellen G. White ecoam com
clareza: “Com tal exército de obreiros
como o que poderia fornecer a nossa
juventude devidamente preparada, quão
depressa a mensagem de um Salvador
crucificado, ressuscitado e prestes a vir
poderia ser levada ao mundo todo!”
(Mensagens aos Jovens, p. 195). Que
clímax para o centenário do ministério
jovem ao redor do mundo! Vamos nos
envolver com nossos jovens para que,
ombro a ombro com a liderança, busquemos preciosas almas para o Reino!
Léo Ranzolin, ex-diretor
mundial dos jovens
(1980-1985)
Flórida, Estados Unidos
Mantenha Acesa a Chama
Aprecio a leitura da revista Adventist
World e quando saio a trabalho, gosto de
compartilhá-la com meus fregueses que
também apreciam sua leitura. Encorajo
a todos a manter acesa a chama.
Earnest Kube,
Nigéria
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
O LUGAR DE ORAÇÃO
Solicito aos adventistas de todo o mundo que orem por minha igreja. Ela está
localizada numa área nova em que os
adventistas são desconhecidos. Orem
para que Deus conduza as pessoas à
igreja.
Gostaria de pedir orações pelo Exame
de Licenciatura para Professores, que
prestarei em setembro. Já fiz uma vez e
fui reprovado. Creio que suas orações
podem ajudar-me.
Jeffrey, Filipinas
Herbert, Tanzânia
Por favor, ore por minha filha. Já a levamos a todos os lugares, na tentativa
de salvar sua visão. Ore por nós duas
– física, mental, espiritual e emocionalmente.
Genevieve, Estados Unidos
30
Adventist World | Julho 2008
Obrigada por suas orações. Solicito-as
para muitas necessidades: saúde para
meu esposo, minha sogra, minha mãe e
para mim; para eu ter um filho, encontrar um trabalho para ajudar meu esposo e para termos nossa casa própria.
Cassandre, Haiti
Por favor, orem pela melhoria da situação financeira de nossa família.
Precisamos pagar a escola e um lugar
melhor para morar. Com Deus tudo é
possível.
Dan, Uganda
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem
todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome
e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material:
envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio
Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring,
Maryland 20904-6600 EUA.
A D R I A N
VA N
L E E N
“Eis que cedo venho…”
INTERCÂMBIO DE IDÉIAS
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Orando por Seu
Pastor?
Neste mês, um leitor nos conta uma
poderosa experiência de oração.
Por Matupit Darius
O
seu pastor irá dormir melhor essa noite e lidar com mais eficiência com os desafios do ministério, se ele souber que os membros de sua igreja estão orando
por ele, mencionando seu nome de manhã e à noite, quando falam com Deus.
No fim dos anos noventa, eu trabalhava como diretor de mordomia para a Missão da Nova Bretanha e Nova Islândia, em Papua-Nova Guiné. Morávamos na minha vila porque uma erupção vulcânica, alguns anos antes, havia destruído a cidade
onde os escritórios da Missão estavam. Meu trabalho, freqüentemente, me levava à
plantação de palmeiras de óleo em Nova Bretanha Ocidental, uma vila feliz da Nova
Irlanda, e da acidentada costa sul da Nova Inglaterra Oriental.
Enquanto me preparava para viajar a esses lugares, Ken ToMiki chegou à minha casa, mancando, com sua bengala. Ele era um velho tio que tinha sido professor
adventista por muitos anos. Ele me chamou de lado e fez pequenos discursos, variando
apenas o local onde me encontrava. O modo como falou e a expressão do seu olhar mostravam ser verdade tudo que dizia: “Filho, não posso ir com você para a Nova Bretanha
Ocidental porque já estou muito velho. Não posso ajudá-lo a pregar, mas farei uma coisa: Todas as manhãs e todas as noites mencionarei seu nome ao Pai em minhas orações.”
Em 1998, fui convidado a participar da equipe internacional que traduziu
Dwight Nelson em uma campanha evangelística realizada na Universidade Andrews,
Michigan. A campanha foi transmitida via satélite para centenas de lugares ao redor do mundo. Eu estava assustado com a nova experiência. Na manhã da minha
partida, o velho ToMiki chegou manquejando outra vez. Ele me chamou de lado e
disse: “Filho, não posso ir para a América com você. É do outro lado do mundo. Não
posso ajudá-lo a traduzir, mas irei até o trono do Céu e mencionarei seu nome cada
manhã e cada tarde.” Esse pequeno discurso levantou minha moral.
Não traduzi bem as três primeiras noites do evangelismo e estava muito desanimado. Entretanto, só a lembrança daquele velho homem, do outro lado do planeta,
orando por mim, me animava a seguir. Enquanto traduzíamos, a cada noite, soldados de oração da congregação local se ajoelhavam e oravam silenciosamente ao lado
de cada cabine de tradução. Aquelas orações me deram confiança. Mais do que isso,
Deus ungiu meus lábios com renovado poder.
Eu havia traduzido os sermões do Dr. Nelson para Tok Pisin, levando as cópias
impressas comigo para a Universidade Andrews. Entretanto, Tok Pisin, o idioma
comum de Papua-Nova Guiné, é um idioma falado. Tal como meus conterrâneos,
falo fluentemente a língua, mas sou desajeitado para ler e escrever. Isso me atrapalhou e fez com que eu perdesse grandes porções dos três primeiros sermões para
acompanhar o ritmo acelerado do Dr. Nelson. Depois de cada sermão, eu ficava
desanimado. Tinha a sensação de estar desperdiçando o dinheiro daqueles que
pagaram minha viagem e o desapontamento de milhares de pessoas que lotavam
os locais onde o sinal era recebido, em Papua-Nova Guiné.
Alguma coisa, porém, aconteceu durante a quarta noite. Deixando de lado os
sermões impressos, concentrei-me na voz do Dr. Nelson e as palavras apropriadas
fluíram de minha boca. Aquela experiência se repetiu até o fim da campanha.
“Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tiago 5:1).
—Matupit Darius é diretor de comunicação da União Missão de
Papua-Nova Guiné, na Divisão do Sul do Pacífico.
Editor
Adventist World é uma publicação internacional da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela
Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte.
Editor Administrativo
Bill Knott
Editor Associado
Claude Richli
Gerente Internacional de Publicação
Chun, Pyung Duk
Comissão Editorial
Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente;
Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K.
Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C.
Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith;
Robert E. Kyte, assessor jurídico
Comissão Coordenadora da Adventist World
Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Donald Upson;
Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk
Editor-Chefe
Bill Knott
Editores em Silver Spring, Maryland
Roy Adams (editor associado), Sandra Blackmer,
Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran
Editores em Seul, Coréia
Chun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan
Editor Online
Carlos Medley
Coordenadora Técnica
Merle Poirier
Assistente Executiva de Redação
Rachel J. Child
Assistentes Administrativos
Marvene Thorpe-Baptiste
Alfredo Garcia-Marenko
Atendimento ao Leitor
Merle Poirier
Diretor de Arte e Diagramação
Jeff Dever, Fatima Ameen, Bill Tymeson
Consultores
Jan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon, Lowell
C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu, Gerry D.
Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L.
Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka T. Daniel,
Laurie J. Evans, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler,
Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, Paul
S. Ratsara, Don C. Schneider, Artur A. Stele, Ulrich W.
Frikart, D. Ronald Watts, Bertil A. Wiklander
Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD
20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638
E-mail: [email protected]
Website: www.adventistworld.org
A menos que indicado de outra forma, todas as referências
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do
Brasil, 1993.
Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coréia, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.
Vol. 4, No. 7
Julho 2008 | Adventist World
31
Q U E
L U G A R
É
E S S E ?
O Lugar Das
I Ç O
R V
S E
D
V
E
N
S TA
T I
serviçio
voluntário
adventista
VID A A D V EN T I S TA
O antigo professor Dr. Edward Heppenstall, com sua
vasta experiência em lecionar para alunos formandos, tinha total consciência de que sempre haverá alguém que
imagina ter uma nova luz que ninguém teve. Ele voltou
à sua terra natal para lecionar uma matéria no Newbold
College, por um verão.
Antes de iniciarmos nosso exame final, Heppenstall
fez uma oração e lembrou-nos: “Desejo muito sucesso a
vocês. Espero não aprender muitas coisas novas.”
PENSAMENTO
DO
MÊS
“A esperança é o
produto das promessas
de Deus para nós.”
—Pastor Charley Kitney, 5 de janeiro de 2008, na Igreja
Adventista do Sétimo Dia em Kempton Park, África do Sul.
—Pastor K. H. Clothier, Devon, England
M U V U T I
CON H E Ç A S E U V I Z I N H O
Que privilégio, que alegria!” disse o casal
J. K. e Esther Martinez sobre o voluntariado na
Escola Internacional Adventista de Bangkok,
Tailândia. Desde agosto de 2006, eles estão
envolvidos com a escola. Esther, natural da
Califórnia, Estados Unidos, trabalha como professora da quinta série, rege o Coral Tone Chimes, da 4a à 6a
séries e coordena vários acampamentos. J. K. é originário do México, enfermeiro da escola e professor de
Bíblia na décima primeira série e de Ciências no jardim da infância. Enquanto cada um deles usa muitos
chapéus na Tailândia, sua grande missão é partilhar o evangelho. “Amamos nossos alunos,”
dizem Esther e J.K. “Queremos vê-los novamente no Céu e, por isso, todos os dias os
levamos para mais perto de Jesus.”
Esther e J. K. servirão na Tailândia até o fim de julho de 2008. Recomendam a
experiência do voluntariado a outros. “Vemos quanto trabalho precisa ser feito
para que o evangelho seja pregado em todo o mundo”, dizem. “Aceite o trabalho
que Deus nos deu para fazer e assim terminaremos a tarefa!”
Se você quiser ler mais histórias sobre os voluntários adventistas em todo o
mundo ou saber como você pode participar em um programa voluntário, acesse:
www.adventistvolunteers.org.
RESP O S TA : Igreja Adventista do Sétimo Dia Mashayamvura, no Zimbábue, África,
durante confraternização dos membros após o culto, fora do templo.
V O L U
NT
Á
R
IO
A
AS
T I N O T E N D A
PESS

Documentos relacionados

Setembro - Adventist World

Setembro - Adventist World benefícios do estilo de vida adventista, a importância do estunossos irmãos e irmãs do passado, que sofreram, choraram, do da Bíblia, o trabalho ativo da ADRA (Agência Adventista passaram por momen...

Leia mais

Junho - AW Portuguese

Junho - AW Portuguese Na meia-luz de uma madrugada chuvosa, fico curvado sobre a brilhante tela do meu computador, com olhos úmidos de lágrimas de gratidão, enquanto leio as mensagens que lotam minha caixa de entrada. “E...

Leia mais

Dezembro - Adventist World

Dezembro - Adventist World O projeto “Igrejas em um Dia” é responsável pela fabricação de cerca de 3 mil kits de construção e pelo despacho de mil para vários locais do mundo, desde seu lançamento no ano passado, disse Don N...

Leia mais

Outubro - Adventist World

Outubro - Adventist World Não temos que esperar; podemos desfrutar, agora, de alguns de nossos privilégios. CRENÇAS

Leia mais