UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Juliana Maia Rabelo Nucci
LIXO MARINHO COM ENFOQUE EM RESÍDUOS PLÁSTICOS
São Paulo
2010
JULIANA MAIA RABELO NUCCI
LIXO MARINHO COM ENFOQUE EM RESÍDUOS PLÁSTICOS
Monografia apresentada ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, da Universidade
Presbiteriana Mackenzie como parte dos
requisitos exigidos para a conclusão do Curso
de Ciências Biológicas.
Orientador de TCC: Profa. Dra. Paola Lupianhes Dall’Occo
São Paulo
2010
“A gente leva da vida, a vida que a gente leva.”
Tom Jobim
“Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência.
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência.
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber
A vida é tão rara.”
Lenine
AGRADECIMENTOS
Ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, onde eu pude adquirir todo o conhecimento necessário para a realização deste
trabalho.
A todos os professores da faculdade que souberam nos fazer entender a Biologia e
amá-la, acima de tudo.
À minha orientadora, Paola Lupianhes Dall’Occo, que, mesmo com o tempo muito
curto, me ajudou a tornar possível a realização deste trabalho, com muita atenção e dedicação.
Gostaria de agradecer também ao Prof. Dr. Osvaldo Augusto Brazil Esteves Sant'Anna
por todo seu apoio e incentivo ao meu ingresso nas ciências.
À toda minha família, principalmente aos meus pais, por compreenderem minha
ausência e por todo apoio e ajuda.
A todos os meus amigos da faculdade que me acompanharam e ajudaram durante esta
jornada, principalmente à Priscila Sartório, Alice Batistuzzo e Gabriela Noronha, por seu
apoio, ajuda e compreensão.
Agradeço também aos meus amigos da vida, que estão e sempre estarão presentes em
todos os momentos.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo abordar a problemática do despejo de lixo no
ecossistema marinho, enfocando os resíduos plásticos, através da realização de uma revisão
bibliográfica sobre o tema. Para tanto foram selecionados artigos científicos, livros e sites que
demonstraram que o plástico representa a maior parte dos resíduos sólidos despejados no
ecossistema marinho, apresentando grande perigo a este meio, assim como à fauna e à flora a
ele vinculadas. Por levarem muito tempo para serem degradados e serem leves, são
transportados pelas correntes marinhas, percorrendo grandes distâncias, instalando-se em
locais isolados e ao longo do caminho podem servir de substrato para a dispersão de espécies
exóticas, gerando ameaça à biodiversidade. Os resíduos plásticos podem causar a morte de
animais por estrangulamento ou ingestão, que levam ao sufocamento, obstrução do trato
digestório ou diminuição do volume funcional do estômago, além de adsorverem compostos
químicos tóxicos e bioacumuláveis que podem levar à deficiência do sistema imune,
alterações no sistema endócrino, carcinogenia e mutagenia; por serem substratos inertes, suas
substâncias
possuem
prolongada
persistência
e
restrito
controle
ambiental.
Consequentemente, os seres humanos estão também expostos a estes riscos, sendo ainda
afetados pelo desequilíbrio ambiental que compromete importantes atividades comerciais
como as associadas à pesca. Os estudos sobre esta questão são recentes e muitas ações ainda
devem ser realizadas envolvendo tanto a conscientização da sociedade quanto a
implementação de medidas legislativas visando a mitigação do despejo de resíduos plásticos
no ambiente marinho.
Palavras-chave: lixo marinho, plástico, resíduos sólidos, poluentes
ABSTRACT
This study is purposed to address the dumping of garbage in the marine ecosystem,
focusing on plastic waste, by conducting a literature review on the subject. Therefore, we
selected scientific articles, books and websites that have shown that plastic is the most solid
waste deposited in the marine ecosystem, presenting a great danger to this environment as
well as fauna and flora to be bound. As it takes a long time to be degraded and are light, they
are transported by marine currents, traveling great distances, settling in isolated places along
the way and serving as a substrate for the spread of exotic species, leading threat to
biodiversity; cause killing animals by ingestion or strangulation which can lead to suffocation,
digestive tract obstruction or functional decline in the volume of the stomach; adsorb toxic
chemicals and bioaccumulative that lead to immune system deficiency, changes in the
endocrine system, carcinogenicity and mutagenicity; because they are inert substrates, their
substances have prolonged persistence and limited environmental control. Consequently,
humans are also exposed to these risks and also the environmental imbalance directly affects
important business activities such as those associated with fishing. The studies on this issue
are recent and many actions must still be performed, involving both the awareness of society
as the implementation of legislative measures.
Keywords: Marine debris, plastic, solid waste, pollutants
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................1
1.1 Definição de lixo marinho................................................................................1
1.2 Histórico das preocupações globais.................................................................2
1.3 Plástico: A maior ameaça ao ecossistema marinho.........................................4
1.4 Poluição marinha por plástico - Origem dos resíduos.....................................6
1.5 Danos à fauna.................................................................................................13
2. OBJETIVOS..............................................................................................................18
3. METODOLOGIA......................................................................................................19
4. DISCUSSÃO..............................................................................................................20
5. CONCLUSÕES..........................................................................................................29
6. REFERÊNCIAS.........................................................................................................30
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Definição de lixo marinho
As atividades humanas são responsáveis pelo maior declínio da diversidade biológica
e o problema é tão grave que pode ter acelerado o número de espécies extintas entre 1000 e
10000 vezes, comparado à taxa natural (LOVEJOY, 1997).
Nos oceanos a ameaça à vida marinha ocorre de várias formas, tais como:
superexploração de recursos, poluição térmica, sonora e por despejo de resíduos, introdução
de espécies não nativas, dragagem e mudanças climáticas globais (BEATLEY, 1991;
NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1995; IRISH; NORSE, 1996; ORMOND et al., 1997;
TICKEL, 1997; SNELGROVE, 1999).
O lixo marinho provém de ações antropogênicas e afeta diretamente o ambiente
marinho. Resíduos plásticos aparecem como a maior ameaça a este ecossistema, uma vez que
são os mais abundantes tanto em peso, como em quantidade. Ainda assim, o despejo desses
resíduos nos oceanos é cada vez maior.
O lixo, denominação genérica aplicada aos resíduos sólidos, é um dos subprodutos
mais deletérios das atividades humanas e passou a ocupar lugar destacado depois do advento e
disseminação dos materiais plásticos e não biodegradáveis (IVAR DO SUL; COSTA, 2007).
O termo lixo aplica-se a qualquer resto de atividades humanas considerado pelos
geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Apresentam-se, normalmente, sob
estado sólido, semissólido ou semilíquido, desde que o conteúdo líquido seja insuficiente para
fazê-lo fluir livremente (ABNT, 1987 apud D´ALMEIDA; VILHENA, 2000).
Resíduo sólido, por sua vez, pode ser definido como “qualquer tipo de material sólido
manufaturado ou processado que seja inerte”. Pode ser subdividido nas seguintes categorias:
plásticos, vidros, borrachas, metais, tecidos, isopor, matéria orgânica e madeira, desde que
originados por atividades antropogênicas (IOC/FAO/UNEP, 1989 apud IVAR DO SUL,
2005).
2
Lixo marinho (fig. 1) pode ser caracterizado como qualquer tipo de resíduo sólido que
tenha sido introduzido no oceano por qualquer tipo de fonte, normalmente constituído por
plástico, isopor, borracha, vidro, metal, tecido, entre outros materiais (COE; ROGERS, 1997).
Figura 1. Lixo no ambiente marinho. Fonte: http://www.coletivoverde.com.br/wpcontent/uploads
/2010/04/plastic_ocean_trash.jpg.
1.2 Histórico das preocupações globais
Embora existam evidências de uma tomada de consciência dos problemas ambientais,
os movimentos mundiais de proteção da natureza e do meio ambiente têm uma atuação
descoordenada e confusa e sofrem a interferência do sistema político-econômico-capitalista
dominante, cuja hegemonia extrapola os limites do mundo ocidental e começa a alcançar o
mundo todo (FERREIRA, 1995).
Por estas razões, somente recentemente, resíduos sólidos no meio ambiente marinho
vêm sendo tratados como uma complexa questão científica (IVAR DO SUL; COSTA, 2007).
Provavelmente, os primeiros trabalhos científicos nessa área foram motivados por impactos
visuais (fig. 2) produzidos por resíduos nas praias e na superfície do oceano, embora até 1970,
o real impacto fosse subestimado (IVAR DO SUL; COSTA, 2007).
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Figura 2. Canal de Ballona Creek, ao sudoeste de Los Angeles. Fonte: http://www.5gyres.org
/what_is_the_problem.
As preocupações e as leis globais sobre lixo marinho passaram a ocorrer recentemente.
A SOLAS, International Convention for the Safety of Life at Sea, chegou a ser discutida em
1914 e 1948, mas entrou em vigor somente em 1965. A OILPOL 54 (Oil Pollution
Convention), que lida com a poluição por óleo no mar, foi realizada pelo governo britânico
em 1954, por iniciativa do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, sendo a
primeira convenção destinada a esta causa. Até então, o fórum principal que lidava com os
assuntos marítimos era a IMCO, Inter-governmental Maritime Consultative Organization,
especializada na segurança da navegação (CETESB, 2010).
A IMO, International Maritime Organization, surgiu através da IMCO e já promoveu
mais de 47 convenções internacionais, protocolos e emendas, entre elas a MARPOL 73/78.
A MARPOL 73/78 é uma convenção internacional de 1973, alterada em 1978,
destinada à Prevenção da Poluição Marinha causada por navios e visa controlar e regular o
despejo de cargas perigosas no mar. Esta convenção contempla cinco anexos, sendo o Anexo
V destinado a regras para prevenção da poluição por lixo proveniente dos navios. De acordo
com este anexo, é proibido o lançamento no mar de todos os tipos de plásticos, cabos
sintéticos, redes de pesca sintéticas, sacos plásticos para lixo e cinzas de incineradores
provenientes de produtos plásticos que possam conter resíduos tóxicos ou de metais pesados.
4
Entretanto, de acordo com a natureza do material descartado, são abertas exceções desde que
sejam respeitadas as distâncias de terra mais próxima e de área especial (IMO, 2010). Ainda,
por se tratar de uma convenção, somente passa a vigorar como lei para os países que a
aderem.
1.3 Plástico: A maior ameaça ao ecossistema marinho
Uma forma particular de impacto antropogênico constitui a maior ameaça ao
ecossistema marinho: a poluição por resíduos plásticos (DERRAIK, 2002). A predição de que
plásticos e outros produtos derivados do petróleo (nylon, borracha, etc) poderiam vir a ser um
dos mais importantes poluentes em torno do século XX, hoje se tornou um fato (IVAR DO
SUL; COSTA, 2007).
Plásticos são polímeros orgânicos sintéticos, ou seja, moléculas de substâncias
formadas por um grande número de unidades moleculares repetidas, denominadas
monômeros, unidas por ligações covalentes (NOGUEIRA et al., 2000). Polímeros podem ser
naturais, como a seda, a celulose, as fibras de algodão, entre outros, ou sintéticos (SPINACÉ,
PAOLI; 2005). Um dos monômeros mais importantes na indústria, utilizado como matériaprima na produção de diversos produtos para uso doméstico (sacos plásticos,
eletrodomésticos, etc), é o etileno, extraído diretamente do petróleo.
Existem sete tipos de polímeros sintéticos e entre os mais utilizados estão o
polipropileno (PP), o politereftalato de etileno (PET), polietileno de alta densidade (PEAD), o
policloreto de vinila (PVC), polietileno linear de baixa densidade (PELBD).
Os compostos orgânicos sintéticos são compostos ditos emergentes. Não só o plástico,
mas muitos dos seus constituintes são tidos como substâncias emergentes, como por exemplo,
retardantes de fogo, parafinas, ftalatos, entre outros.
Alguns compostos emergentes são também poluentes orgânicos persistentes. Para que
sejam categorizados desta forma, eles precisam apresentar quatro características: acumulação
no ambiente durante longos períodos, transporte em elevada escala, onde as substâncias
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químicas podem ser medidas em locais distantes de suas fontes de liberação, toxicidade,
mesmo em baixas concentrações e bioacumulação (ACPO, 2004).
A bioacumulação ocorre quando seres vivos ingerem estes compostos. Como muitos
deles são lipofílicos, se acumulam no tecido gorduroso, gerando toxicidade aguda e crônica. É
comprovado que muitos destes compostos podem levar à deficiência do sistema imunológico,
alterações no sistema endócrino, carcinogenia e mutagenia (MACHADO; FILLMANN, 2004;
CALABUONO et al., 2010).
A convenção de Estocolmo, que ocorreu em 2000 na Suécia, designou 12 compostos
como poluentes orgânicos persistentes, sendo eles divididos em quatro grupos: Pesticidas
(DDT), PCBSs, Dioxinas e Furanos. A maioria deles está presente na composição do plástico
e outros, como os pesticidas, são encontrados adsorvidos na superfície destes resíduos.
Os plásticos são também considerados substratos inertes com índices de decomposição
variáveis por elementos ambientais, como luz, umidade, calor e microrganismos. Quando
degradados podem originar substâncias não inócuas, de prolongada persistência e de restrito
controle ambiental (FORLIN; FARIA, 2002). Seu tempo de degradação é de no mínimo 200
anos, podendo ocorrer de forma indeterminada no caso de pneus (GRIPPI, 2001).
Um crescimento significativo da geração de resíduos plásticos, assim como sua
disposição no ambiente marinho, teve início na Segunda Guerra Mundial, onde a falta de
borracha natural motivou a pesquisa para obtenção de borracha sintética e, na tentativa de
substituir a seda, descobriu-se a fibra de nylon (Now You Look Old Nippons). Posteriormente,
surgiram os outros tipos de polímeros que permitiram uma modificação muito grande nos
costumes do mundo atual (NOGUEIRA et al., 2000).
Embora só existam há pouco mais de um século (GORMAN, 1993), somente nos
Estados Unidos, em 1988, 30 toneladas de plástico foram produzidos (O’HARA et al.,1988).
Seu amplo uso e sua grande demanda devem-se à sua durabilidade, resistência e baixo custo,
assim como sua baixa taxa de degradação. Tais características fizeram com que o plástico
rapidamente se instalasse nos mais diversos setores (HANSEN, 1990; LAIST, 1987) que,
associados ao ineficaz controle, levaram ao acúmulo de sólidos despejados (fig. 3) nos mais
diversos ambientes (IVAR DO SUL; COSTA, 2007).
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Figura 3. Resíduos plásticos em região costeira. Fonte: http://www.5gyres.org/what_is_the_problem.
Estes motivos justificam as razões pelas quais esses resíduos apresentam um perigo
grave para o ambiente (PRUTER, 1987; LAIST, 1987), perigo este que se agrava com o fato
de que o despejo de resíduos plásticos no oceano é um problema que só aumenta (DERRAIK,
2002).
Em 1975, somente as frotas de pesca despejaram em torno de 135.400 toneladas de
engrenagens plásticas para pesca e 23.600 toneladas de embalagens sintéticas (CAWTHORN,
1989). Horsman (1982), estimou que os navios mercantes despejam diariamente cerca de
639.000 embalagens plásticas ao redor do mundo. Hoje em dia, avalia-se que 200 milhões de
toneladas de compostos orgânicos sintéticos são produzidos por ano, dos quais entre 20% e
30% podem chegar aos ambientes aquáticos. Só no Brasil, a produção é de 4,2 milhões de
toneladas por ano (BIOMATER, 2010; MACHADO; FILLMANN, 2004).
1.4 Poluição marinha por plástico - Origem dos resíduos
O plástico, assim como os demais resíduos, é proveniente de ações antrópicas. A
realização de pesquisas ao longo das praias costeiras é uma técnica utilizada para a avaliação
do estado dos resíduos ali encontrados, fornecendo assim uma indicação das condições da
água (CHESHIRE et al., 2009).
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O Brasil tem 7.408 km de extensão de linha de costa e cerca de 442 mil km2 de zonas
costeiras. Cinco das nove maiores regiões metropolitanas brasileiras situam-se à beira-mar e,
aproximadamente, 70% da população brasileira reside a não menos que 200 km do mar. Parte
dessa população não dispõe de redes de esgotos, nem de sistema de coleta de lixo, agravando
os efeitos ambientais. Os 70 milhões de habitantes das áreas costeiras geram 56 mil toneladas
diárias de lixo, das quais 42 mil são coletadas. A maior parte do que é coletado vai para lixões
a céu aberto ou outros tipos de aterros sanitários, muitos situados perto de rios, do mar ou de
áreas de preservação ambiental (GLOBAL GARBAGE, 2010a).
A maioria das regiões metropolitanas brasileiras possui alta densidade populacional.
Além disso, a costa leste brasileira possui importantes portos da America Latina, como o de
Santos, Salvador, Paranaguá e Rio de Janeiro (IVAR DO SUL; COSTA, 2007). Tais fatores
colaboram para um grande despejo de efluentes e de resíduos sólidos.
De acordo com estudos feitos na América Latina e em toda região do Caribe, o
plástico foi o resíduo mais abundante. Em Porto Rico, o plástico representava 55% dos
resíduos recolhidos; em Barbados, 70%; no México (Península de Yucatán) 34%; Colômbia,
59%; Patagônia, 73% e no Chile, 84%, assim como observado 20 anos antes. Em todas as
praias do Brasil onde foram realizadas contagens, do sul ao norte, o plástico também
preponderava (BOURNE; CLARKE, 1984; IVAR DO SUL; COSTA, 2007).
Dados obtidos em 1997 na costa do Rio Grande do Sul reportaram poluição marinha
por resíduos, incluindo pellets, ao longo de todo o estado, considerando que existem unidades
de conservação na região (PIANOWSKI, 1997; PIANOWSKI et al., 1997). Pellets é uma
designação dada ao plástico em forma de grãos, que ocorre após o processo de reciclagem e é
vendido para fábricas de artefatos plásticos.
Na Reserva Biológica do Arvoredo, em Santa Catarina, tanto no fundo do mar quanto
na costa, há incidências de resíduos. No fundo do mar a maioria dos resíduos provem de
atividades pesqueiras, sendo 25% linhas de pesca; já na costa, a maioria dos resíduos eram
poliestireno, seguidos de plásticos com procedência terrestre e de bases marinhas
(MACHADO; FILLMANN, 2004; MACHADO, 2006)
8
Em regiões tropicais, as planícies litorâneas abrigam as áreas de manguezais (fig. 4),
essenciais na reprodução, proteção e alimentação de diversas espécies. Animais como aves,
peixes, camarões, caranguejos e moluscos passam parte de seus ciclos de vida nos
manguezais. Desta forma, tais ecossistemas possuem vital importância na manutenção e
conservação da biodiversidade. Entretanto, as ações de limpeza são ainda menores em
ambientes estuarinos (CORDEIRO; COSTA, 2007), onde o principal resíduo encontrado
também é o plástico.
Figura 4. Manguezal com resíduos plásticos. Fonte: http://portalcabo.com.br/cabo-de-santoagostinho/mangue-ferido/.
Existem vários mecanismos através dos quais a população humana pode funcionar
como um vetor de deposição de detritos em uma área, podendo ser levada em conta a
população local, o tamanho da população, programas de gestão de resíduos e o grau de uso do
local, ligados a atividade turística. A atividade turística pode incluir dois fatores: (1) centros
de grande população perto do local, que significam um aumento da presença do visitante,
especialmente em alta temporada (fig. 5 e 6), e (2) atividades no mar, como os barcos de
recreio / pesca e navios comerciais (transporte, turismo e pesca).
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Figura 5. Carnaval de 2010 em Salvador, Bahia. Atração turística à beira-mar. Fonte:
http://www..org/blog/index.php/2010/03/05/o-fundo-da-folia/
Figura 6. Carnaval de 2010 em Salvador, Bahia. Vista do “trio elétrico” dentro do mar. Fonte:
http://www..org/blog/index.php/2010/03/05/o-fundo-da-folia/
Estudos realizados em Pernambuco nas costas sul e norte evidenciam estes fatores,
mostrando que ocorre melhor preservação das praias conforme se distanciam das ocupações
urbanas e também do setor metropolitano, onde se encontra a capital (COSTA et al., 2005).
Outros estudos evidenciam que as praias privativas possuem menos resíduos, em quantidade e
em peso, do que as públicas (NAGELKERKEN et al., 2001).
Santos et al. (2001) aplicou um questionário que também evidencia esta influência
antrópica na geração de lixo marinho (fig. 7), tendo acesso ao conhecimento de usuários da
Praia do Cassino, no Rio Grande do Sul. O autor chegou à conclusão de que esses usuários
possuem pouco conhecimento a respeito das consequências ambientais desses poluentes, uma
vez que acham que os afetados são somente os humanos, já que a quantidade de lixo marinho
na praia frequentemente influencia a escolha dos usuários, pois as praias ficam sujas e
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atrapalham as atividades de lazer. Esta informação é corroborada pelo fato de que nenhum dos
entrevistados relacionou a geração de lixo com problemas ambientais clássicos, tais como
ingestão e emaranhamento deste por animais. No geral, os indivíduos acham que a geração de
resíduos das praias provém dos seres humanos, mas nenhum admitiu que realiza essa prática
(SANTOS et al., 2003). Existe também uma relação direta para a deposição de detritos nas
praias com as características socioeconômicas dos usuários (IVAR DO SUL; COSTA, 2007).
Figura 7. Influência antrópica na geração de lixo marinho. Praia de Boa Viagem, Recife-PE. Fonte:
http://www.org/blog/index.php/2010/09/30/avaliacao-da-percepcao-sobre-lixo-marinho-ferramentapara-a-gestao-do-problema/
Embora ocorra um predomínio de acúmulo de resíduos em praias situadas próximas a
grandes cidades (CUNNINGHAM; WILSON, 2003; SILVA-INIGUEZ; FISCHER, 2003;
STORRIER et al., 2007), estudos realizados na costa Atlântica dos Estados Unidos mostraram
que este padrão pode estar mudando. Segundo Ribic et al. (2010), a região Nordeste, que
apresenta a menor população costeira e atividades pesqueiras relativamente estáveis, é a que
possui maior número de resíduos provenientes de terra firme. Já nas áreas de maior população
a quantidade de detritos gerados per capita era a menor. Isso pode indicar que, à medida que a
população cresce na costa Atlântica, crescem também os recursos para gerenciamento dos
resíduos. Porém, os pesquisadores estão apenas começando a entender o quanto a
variabilidade temporal e espacial interferem neste sistema e como esta variabilidade pode
afetar as conclusões sobre os padrões de resíduos.
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Depois de despejado, o lixo é transportado por correntes marinhas, instalando-se em
locais isolados, muitas vezes ricos em fauna, caracterizado por zonas de convergência
oceânica.
As principais correntes marinhas se deslocam de acordo com um modelo
aproximadamente circular, provocado por fatores como: ação dos ventos, forma das bacias
oceânicas e dos continentes, força de Coriolis e deslocamento das águas tropicais em direção
aos pólos por serem mais quentes e de menor densidade (SOARES; FIGUEIREDO, 2009).
As correntes oceânicas giram no sentido horário, no Hemisfério Norte, e no sentido
anti-horário, no Hemisfério Sul, formando 5 giros subtropicais: do Pacífico Norte, do Pacífico
Sul, do Atlântico Norte, do Atlântico Sul e do Oceano Índico (fig. 8) (SCHMIEGELOW,
2004).
Assim, os resíduos despejados no mar são carregados pelas correntes, concentrando-se
em locais onde estas formam um sistema quase fechado.
Figura 8. Correntes e giros oceânicos. Fonte: http://www.marbef.org/wiki/Image:Surface_currents.jpg.
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Em um desses locais, no Oceano Pacífico, entre a Califórnia e o Havaí, ocorreu a
formação de uma “ilha de plástico”, pelo acúmulo de pedaços minúsculos deste, transportados
pelo Giro Subtropical do Pacífico Norte. Seu tamanho é incerto, mas estimativas falam em
400 mil Km2 e, calcula-se que, para cada quilo de plâncton, existam seis quilos de lixo
plástico. Assim como esta ilha existem ainda outras quatro espalhadas pelo globo (5GYRES,
2010; GREENPEACE, 2010).
Além dos giros, que podem agregar os fragmentos plásticos numa escala muito
grande, existem também as “manchas de lixo”, resultantes de várias feições oceanográficas de
pequena escala, tais como vórtices oceânicos e meandros de frentes oceânicas e que acabam
juntando parte do lixo que circula nos giros (NOAA, 2010).
Uma destas manchas ocorre ao largo da costa do Japão (fig. 9), onde existe um
pequeno giro de recirculação ao sul da Corrente Kuroshio e que concentra lixo marinho
flutuante (NOAA, 2010).
Figura 9. Localização das manchas de lixo, formadas ao largo da costa do Japão e entre a Califórnia e
o Havaí. Fonte: http://marinedebris.noaa.gov/info/patch.html.
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1.5 Danos à fauna
As ameaças à vida marinha são principalmente mecânicas, devido à ingestão de restos
de plástico e pelo emaranhamento em cordas sintéticas (fig.10) e linhas ou redes de deriva
(LAIST, 1987; QUAYLE, 1992). Seus efeitos são difíceis de serem observados, mas são
certamente sub-letais ou letais (SANTOS et al., 2003), podendo ocorrer através de
sufocamento por grandes peças de plástico, obstrução do trato digestório e diminuição do
volume funcional do estômago que podem causar, em pouco tempo, a morte do animal. O
emaranhamento pode também diminuir a sobrevivência dos indivíduos, uma vez que muitos
ficam presos e não conseguem mais se locomover.
Figura 10. Tartaruga-marinha emaranhada por rede de pesca. Fonte: http://marinedebris.noaa.gov
/photos/impacts
As aves marinhas estão entre os animais mais afetados pela poluição dos oceanos. Elas
confundem o plástico com presas (BARBIERE, 2009), em especial o grupo dos albatrozes e
petréis que são capazes de acumular os plásticos no trato digestório por longos períodos
(CALABUONO et al., 2010). Essa ingestão tem um impacto amplificado, uma vez que os
poluentes químicos adsorvidos por estes resíduos podem ser transferidos para a ninhada
quando a ave adulta regurgita, causando diminuição do sucesso reprodutivo e declínio de
populações destes animais (TANABE et al., 2004).
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Em estudos recentes foram encontrados PCBs (bifenilos policlorados) e pesticidas
organoclorados em plásticos retirados do trato digestório de albatrozes e petréis (fig. 11).
Observou-se que as concentrações destes contaminantes nos plásticos eram bastante similares
às encontradas nos tecidos das mesmas aves (CALABUONO et al., 2010).
Figura 11. Pedaços de plásticos encontrados no trato digestório de uma ave marinha. Fonte:
http://biosferatv.blogspot.com/2009_10_01_archive.html
Além da poluição local, o plástico flutua e pode ser transportado a longas distâncias e
tende a se acumular nas costas e em áreas de convergência oceânica, onde a abundância e
diversidade da vida marinha é enorme, ampliando seu potencial de impacto (KUBOTA, 1994;
MORRISON, 1999; WORM et al., 2005).
A flutuação do plástico pode também servir como substrato para dispersão de fauna
por longas distâncias, contribuindo para a introdução de espécies exóticas. Esta bioinvasão
aquática gera perda de diversidade biológica e, portanto, pode ser considerada poluente
biológico. Muitos tipos de organismos, particularmente briozoários, cracas, poliquetas,
hidrozoários e moluscos, usam os restos marinhos dispersos nas massas d’água como “casasflutuantes” (fig.12), o que aumenta a oportunidade de dispersão das espécies. Ainda, quando
muitos organismos se utilizam de um mesmo resíduo como substrato, este pode acabar
afundando, gerando uma dispersão de fauna vertical, principalmente por organismos como
bactérias e vírus, que possuem alta capacidade de adaptação (BARNES, 2002).
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Figura 12. Bola de basquete utilizada como substrato para cracas. Fonte:http://spectrum.weblog.com
.pt/arquivo/basketball.png&imgrefurl
Nos anos recentes, devido à explosão na produção de lixo humano, especialmente
plástico, este problema tem se agravado (SOUZA et al., 2009a). Barnes (2002) estimou que a
propagação de espécies devido ao lixo de origem humana dobrou nos subtrópicos e triplicou
nas latitudes maiores do que os 50º. Com esse aumento no transporte de espécies e
consequente aumento da distribuição das mesmas no planeta, centenas de espécies se
tornaram reconhecidamente cosmopolitas, colocando o processo de bioinvasão dentre os mais
importantes impactos na perda de biodiversidade do planeta. No ambiente marinho nota-se
que embora tenha havido um aumento na diversidade estrutural e funcional causado pelas
espécies não-nativas e mediado pela intervenção humana (fato que vem sendo tratado na
literatura como xenodiversidade, de “estrangeiro”), é possível observar, também, que a
composição da biota de todo o mundo tem ficado mais similar. Ou seja, a disseminação de
espécies promove o fenômeno chamado de “homogeneização antropogênica” (SOUZA et al.,
2009b).
Apesar de servirem como substrato para alguns organismos, um grande número de
espécies marinhas é conhecido por ser prejudicado ou morto por entulhos de plástico, o que
poderia comprometer a sua sobrevivência, especialmente porque muitas já estão ameaçadas
por outras formas de atividades antrópicas.
O despejo de resíduos afeta pelo menos 267 espécies em todo o mundo, incluindo 86%
de todas as espécies de tartarugas marinhas, 44% de todas as espécies de aves marinhas e 43%
de todas as espécies de mamíferos marinhos (LAIST, 1997). Entretanto, o problema pode
estar sendo altamente subestimado, uma vez que a maioria das vítimas está disposta em áreas
desconhecidas no vasto oceano (WOLFE, 1987).
16
Próximo a Santa Catarina, Azevedo e Schiller (1991) reportaram que 16,4% dos
pinguins da espécie Spheniscus magellanicus foram mortos em 1987 e 1988 pela ingestão de
pedaços de plástico, elástico e pellets, mostrando um impacto imediato para a biota. Em São
Paulo, Geise e Gomes (1992) encontraram uma sacola plástica no estômago de um boto-cinza,
Sotalia guianensis, encontrado ainda vivo. No entanto, a sacola ocupava toda a cavidade
estomacal do animal, que depois morreu.
Em 1993, uma baleia da espécie Mesoplodon densirostris foi encontrada em estágio
avançado de decomposição, na Praia do Mar Grosso, Rio Grande do Sul. O estômago
analisado continha um resíduo plástico, assim como sacolas plásticas e luvas cirúrgicas (fig.
13). O estômago e o intestino do animal estavam sem alimento, o que sugere que não se
alimentava por um tempo. Provavelmente, o animal ingeriu os resíduos ao confundi-los com
uma presa (SECCHI; ZARZUR, 1999).
Figura 13. Resíduo plástico encontrado no trato digestório de uma baleia. Fonte: http://wp.clicr
bs.com.br/blogarpuro/category/lidando-com-o-lixo/
Robards et al. (1995) analisaram o conteúdo estomacal de milhares de aves em dois
estudos separados e descobriram que a ingestão de plásticos por aves tinha aumentado
significativamente durante os 10-15 anos de intervalo entre os estudos.
Bugoni et al. (2001) recuperaram e examinaram o esôfago e estômago de tartarugas
marinhas mortas ao longo da costa sul do Brasil e concluíram que mais de 60% foram
contaminadas por lixo marinho, mais especificamente sacolas e cordas plásticas (fig. 14).
17
Neste mesmo trabalho, os autores reportaram que 13,2% das tartarugas marinhas Chelonia
mydas examinadas morreram pela ingestão de resíduos antropogênicos. Guebert et al. (2004)
examinaram doze Chelonia mydas mortas no litoral do Paraná, encontrando oito (66%) com
resíduos no estômago e no intestino. Quase 50% dos ítens ingeridos foram sacos de plástico,
seguido por fragmentos de plástico rígido (22%).
Figura 14. Resíduos encontrados no trato digestório de uma tartaruga marinha. Fonte: http://w
ww.sacoeumsaco.com.br/blog/wp -content/uploads/2010/01/X09_C_284.jpg
Apesar de a ingestão ser o impacto mais significativo sobre a biota marinha, relatos de
emaranhamento também foram observados (fig. 15). Sazima et al. (2002) e Montealegre et al.
(2004) relataram a ocorrência de colares de plástico, ou anéis, nas brânquias e nas bocas de
diferentes espécies de tubarões, na costa sul e sudeste do Brasil.
Figura 15. Emaranhamento por resíduo plástico. A. Foca com colar de plástico. B. Dano causado pelo
emaranhamento (BARNES, 2010).
18
2. OBJETIVOS
O presente estudo tem como objetivo rever a literatura a respeito de lixo marinho, com
enfoque em resíduos plásticos, abordando suas origens, problemáticas, ações mitigadoras já
implementadas e perspectivas.
19
3. METODOLOGIA
Para alcançar o objetivo proposto foi realizada uma revisão da literatura em livros,
artigos e sites da internet, compreendendo a literatura publicada desde 1982 a 2010,
considerando para análise artigos nos idiomas português e inglês. As bases de dados
utilizadas, através dos sistemas de busca da CAPES e do Scholar Google, foram: Science
Direct, Springerlink, HighWire Press, ACS, Scielo, Nature, BioOne, Informaworld.
O número de referências efetivamente utilizadas de cada base de dados foi: Science
Direct: 17; Springerlink: 9; HighWire Press: 6; ACS: 3; Scielo: 4; Nature: 7; BioOne: 6;
Informaworld: 2. 16 sites da internet foram acessados e 8 livros foram utilizados, totalizando
78 referências acessadas.
Os descritores utilizados foram: lixo marinho, plástico, resíduos sólidos, poluentes
20
4. DISCUSSÃO
Conforme citado por Lovejoy (1997), Beatley (1991), National Research Council
(1995), Irish e Norse (1996), Ormond et al. (1997), Tickel (1997) e Snelgrove (1999), as
atividades antropogênicas são a maior causa dos impactos negativos causados ao meio
ambiente. Entretanto, não somente a fauna e flora sofrem essas consequências. Porém,
somente uma pequena parcela da humanidade parece poder pensar em longo prazo, mesmo
que, no momento atual, seus efeitos já sejam evidentes.
O ecossistema marinho, fonte de muitos recursos à humanidade, tem sido altamente
afetado pelo despejo de lixo marinho (fig. 16) e de acordo com Derraik (2002) e Ivar do Sul e
Costa (2007), os resíduos plásticos apresentam a maior ameaça a este ecossistema, afetando-o
em diversos âmbitos.
Figura 16. Fundo do mar após carnaval de 2010, em Salvador, Bahia. Fonte: http://www..org/blo
g/index.php/2010/03/05/o-fundo-da-folia/
Conforme os estudos de Barnes (2002) e Souza et al. (2009a), a bioinvasão por
espécies exóticas gera grande ameaça à biodiversidade. Além disso, a dispersão de espécies
invasoras está criando desafios complexos e de grande extensão ao bem-estar das populações
humanas. Embora o problema seja global, a natureza e a severidade dos impactos sobre a
sociedade, a economia e a saúde variam entre diferentes países e regiões. Como exemplo, é
visto que as espécies invasoras diminuem o rendimento dos cultivos e aumentam os custos de
manejo. Ainda pode ocorrer introdução de organismos aquáticos perigosos para o equilíbrio
21
ambiental, incluindo bactérias e vírus, degradando, desta forma, importantes atividades
comerciais como as associadas à pesca (SOUZA et al., 2009a).
Ainda, de acordo com os estudos de Calabuono et al. (2010) e Reynol (2010), resíduos
plásticos causam danos à fauna por ingestão e emaranhamento e ao ecossistema como um
todo, através da liberação de compostos tóxicos provenientes dos poluentes orgânicos
persistentes. Entretanto, suas características como durabilidade, resistência e baixo custo,
fazem com que assumam ainda uma posição prioritária quanto ao seu uso.
Estudos recentes sobre a redução de uma população de jacarés que habita os pântanos
da Flórida, nos Estados Unidos, mostraram que a contaminação de água por poluentes
emergentes provocou mudanças no fenótipo desses animais, prejudicando sua reprodução,
uma vez que os machos da espécie apresentaram baixos índices do hormônio masculino
testosterona e alterações nos órgãos reprodutores (REYNOL, 2010).
Conforme citado por Reynol (2010), o bisfenol A, presente em diversos tipos de
plástico, pode afetar a fertilidade, de acordo com pesquisas feitas em ratos. Essa substância é
um interferente endócrino, principalmente para os que estão em formação, sendo altamente
perigoso para as crianças. Tais estudos evidenciam que, não só para a fauna e flora dos
ecossistemas aquáticos, mas também para os seres humanos, os compostos emergentes
apresentam elevados riscos, sendo a maioria deles ainda desconhecidos.
Assim como nos pântanos da Flórida, diversos corpos d’água estão sendo
contaminados diariamente através de plásticos e outros veículos prejudicando não só os
animais, mas também os humanos que usufruem dessas águas. Desta forma, esses agentes
contaminantes podem estar por trás de muitos efeitos relacionados à saúde humana e aos
ecossistemas aquáticos, já que muitas de suas consequências são ainda desconhecidas. Porém,
uma vez que não existem legislações para isso, torna-se impossível a retirada dos produtos
que contenham estas substâncias do mercado.
Existe hoje um aspecto que deveria deter especial atenção: se as substâncias poluentes
persistentes adsorvidas nos plásticos são absorvidas pelos animais, seriam elas também
absorvidas pelo metabolismo de seres humanos quando estes ingerem frutos do mar? Deve-se
ainda levar em conta que, por estarem no topo da cadeia alimentar, os seres humanos, neste
22
caso, estariam se alimentando de animais já com elevadas concentrações destes tóxicos
químicos (fig. 17).
Figura 17. Resíduo plástico no trato digestório de um peixe. Fonte: http://blogs.discoverybrasi
l.com/descubra-o-verde/2010/03/o-oceano-atl%C3%A2ntico-tamb%C 3%A 9m-tem-sua-mancha-delixo.html
A preocupação vem surgindo recentemente e visa a mudança de hábitos da população.
A implantação da coleta seletiva já se tornou obrigatória em muitos países e vem crescendo
cada vez mais. No entanto, na maioria dos países ela ainda não é obrigatória e depende assim
da conscientização ambiental por parte da população, o que, na maioria das vezes, não ocorre.
No Brasil, somente cerca de 20% do plástico consumido é reciclado. Ao invés de
programas de incentivo, a indústria da reciclagem prefere importar o material. Por falta de
matéria-prima, a indústria trabalha com 30% de sua capacidade ociosa. Essa exportação de
lixo para o Brasil só ocorre devido à incapacidade dos municípios brasileiros de estimularem
a coleta de resíduos que podem ser reciclados, em especial o plástico. Em 2008, de todo o
plástico consumido no Brasil, somente 21,2% foram reaproveitados, apontando um dos
menores índices de reciclagem. Em 2006, foram importadas 297,2 toneladas de plástico,
segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em 2009, a
importação subiu para 2,2 mil toneladas, um aumento de 631%. Para agravar a situação,
juntamente ao plástico, ou até mesmo sem a presença do material, são importados resíduos
inúteis para a reciclagem, como foi o caso do carregamento proveniente da Inglaterra, no ano
passado, e do carregamento alemão, ocorrido neste ano. Ou seja, como disse o presidente da
Plastivida Instituto Socioambiental dos Plásticos, Francisco de Assis Esmeraldo, “a falta de
23
coleta seletiva e, portanto, de matéria-prima a ser reciclada, é que abre espaço para a
importação ilegal de lixo” (SASSINE; LEITE, 2010).
Além da falta de conscientização ambiental para a reciclagem destes produtos, seu
baixo valor financeiro também desestimula o interesse para a reciclagem dos resíduos
plásticos. O quilo do alumínio chega a custar R$2,20 e este tem um índice de quase 100% de
reciclagem no Brasil. Já o quilo do plástico chega a custar R$0,30, o que também explica sua
baixa taxa de reciclagem no país.
Uma outra forma de reaproveitar o plástico, antes mesmo da reciclagem, é a
reutilização do material, evitando seu descarte. Garrafas PET, por exemplo, podem ser
utilizadas para a construção de diversos objetos, lajes e até mesmo roupas. Estas roupas
utilizam 50% do poliéster proveniente do PET e 50% de algodão. Ainda, sua estampa é feita
com tintas à base de água, não gerando resíduos poluentes (COLETIVOVERDE, 2010).
Pneus podem ser reutilizados para a confecção de pisos para áreas de lazer e quadras
de esporte, tapetes para automóveis, passadeiras, saltos e solados de sapatos, colas e adesivos,
câmaras de ar, rodos domésticos, tiras para indústrias de estofados, buchas para eixos de
caminhões e ônibus, entre outros e, sacos plásticos, podem ser usados na confecção de botas
(fig. 18). Muitos artistas plásticos utilizam também o lixo como matéria prima para confecção
de suas obras.
Figura 18. Sacolas plásticas com gases inseridas para possibilitar a costura de botas. Fonte:
http://www.coletivoverde.com.br/transformando-sacos-plasticos-em-lindas-botas-de-chuva/
24
O cientista japonês, Akinori Ito, apostou na idéia de que se o plástico é feito a partir do
petróleo (cerca de 7% do petróleo é usado para este fim), a melhor forma de reutilizá-lo seria
a reconversão deste em petróleo novamente. A preocupação com o aquecimento global e a
incapacidade mundial de armazenar tanto lixo motivou o cientista para a criação de uma
máquina (fig. 19) que transforma o plástico em petróleo novamente, podendo ser processado
na forma de gasolina, diesel e querosene. Nesta máquina, o plástico é colocado sem que
necessite ser fragmentado e a alta temperatura faz com que o resíduo seja derretido. Após sua
fervura, o plástico passa para a forma gasosa que, ao ser resfriado, se transforma em óleo
(OURWORLD2.0, 2010).
Figura 19. Máquina conversora de plástico em petróleo. Fonte: http://ourworld.unu.edu/en/ plasticto%20-oil-fantastic/.
Entretando, muitos questionam a liberação de compostos poluentes neste processo de
conversão. Mas a empresa afirma que se os materiais adequados são alimentados na máquina,
não há nenhuma substância tóxica produzida e qualquer resíduo pode ser descartado com o
lixo incinerável regular. Eles também explicam que, enquanto os gases metano, etano,
propano e butano são liberados no processo, a máquina é equipada com um filtro de escape de
gases que faz com que estes se desintegrem em água e carbono (OURWORLD2.0, 2010).
25
Ainda assim, a proposta seria a reutilização de todo o plástico já existente e que
representa um sério problema mundial, mas não usar isso como pretexto para que a produção
deste resíduo possa continuar em crescente demanda. A substituição de resíduos plásticos por
outros produtos é imprescindível e estes hábitos podem ser facilmente aderidos, tais como o
uso de garrafas retornáveis, sacolas de supermercados sustentáveis (de pano ou até mesmo
provenientes de materiais reciclados), substituição de copos plásticos pelos de vidro, entre
outros.
Outro caminho a ser tomado seria a adoção de bioplásticos ou Compostos
Termoplásticos Biodegradáveis e Compostáveis. Estes não possuem petróleo em sua
composição, sendo provenientes de fontes agrícolas renováveis que se degradam no meio
ambiente em até 18 semanas. Os biopolímeros podem ser adquiridos através de milho,
mandioca, batata e cana de açúcar e apresentam a mesma resistência e facilidade de
manipulação quando comparados aos compostos orgânicos sintéticos, podendo assim serem
trabalhados no mesmo maquinário que a versão convencional, facilitando a adoção pelas
indústrias (BIOMATER, 2010). Porém sua produção ainda é restrita a poucos países e seu
custo chega ser quase três vezes maior comparado ao plástico oriundo de petróleo, o que
dificulta sua adoção (PLANETA SUSTENTAVEL, 2008).
Em muitos países europeus, assim como nos Estados Unidos, Canadá, Japão e
Austrália, o uso do bioplástico já está embasado por políticas governamentais que objetivam a
pesquisa e o desenvolvimento desse mercado, apoiado em legislações que formam a base para
eficiência na utilização desses materiais, somando mais de 2800 produtos comerciais
certificados no mercado (BIOMATER, 2010). Ainda, a indústria de bioplásticos, a nível
mundial, assinou um acordo unilateral de “não utilização de transgênicos”, ou seja, fontes
agrícolas geneticamente modificadas (GMO) como matérias-primas para obtenção de
biopolímeros e derivados.
No Brasil, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) editou em 14 de
fevereiro de 2008, através da ABNT/ONS-51 – Organismo de Normalização Setorial de
Embalagem e Acondicionamento Plásticos, a norma NBR 15448-1, que especifica os
requisitos e os métodos de ensaio para determinação da compostabilidade de embalagens
plásticas, visando a revalorização de resíduos pós-consumo, através da definição das
26
características de biodegradação aeróbia seguida da desintegração e impacto no processo de
compostagem (ABNT, 2008).
A preocupação de entidades e grupos ambientalistas com a crescente poluição dos
mares levou à criação das campanhas mundiais. ONGs ao redor do mundo surgem com
propostas sustentáveis de conscientização e incentivo à pesquisa e muitas delas efetuam a
limpeza de praias, realizadas por mutirões de coleta de lixo através de voluntários, em mais de
75 países. Tais campanhas visam reduzir o impacto, no ambiente marinho, do enorme volume
de resíduos deixados nas áreas costeiras e conscientizar a sociedade em relação ao problema.
O Dia Mundial de Limpeza das Praias, promovido pelo Programa das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente, surgiu a partir do Clean Up the World, movimento contra a poluição,
idealizado pelo australiano Ian Kiernan. O primeiro evento mundial foi realizado em 1986, na
costa do Texas, nos Estados Unidos, pelo Centro para a Conservação da Vida Marinha e em
1989 a campanha já abrangia muitos países (CLEANUPTHEWORLD, 2010).
O Brasil iniciou sua participação ao programa em 1993, sendo o 80º país participante
(GLOBALGARBAGE, 2010). Em Pernambuco, o Dia Mundial de Limpeza das Praias de
2001 envolveu quatro municípios (Recife, Tamandaré, Sirinhaém e Barreiros) e 315
voluntários, que recolheram 1.283 kg de lixo em suas praias.
Relatórios da UNEP/PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
afirmam as problemáticas envolvidas neste tema e concluem que o problema do lixo marinho
persiste, grave, crescente e altamente ameaçador ao meio ambiente (CALDAS, 2007).
Entretanto, conforme citado pela IMO (2010), as leis são aplicadas somente ao lixo marinho
proveniente de navios, ignorando-se o fato de que, grande parte dos resíduos provém de terra
firme.
Grande parte do lixo é despejado na região costeira, mas, de acordo com os estudos de
Calabuono et al. (2010), por serem leves e capazes de flutuar na superfície da água, os
plásticos são carregados pelas correntes marinhas e são encontrados até em lugares remotos
do planeta, distantes de áreas industrializadas e poluídas, o que mostra que este não é apenas
um problema local.
27
A AMRF, Algalita Marine Research Foundation, organização norte-americana
dedicada a pesquisa e conservação do ambiente marinho criou o The 5 Gyres Project, que
promove expedições às cinco ilhas de plástico formadas nos giros oceânicos (fig. 20) para
coleta de material, visando o estudo de seu impacto, assim como sua procedência (5GYRES,
2010). Quanto a “mancha de lixo” do Pacífico, a NOAA, National Oceanic and Atmospheric
Administration, tem sido a responsável pela remoção dos resíduos sólidos, assim como em
outras áreas (NOAA, 2010).
Figura 20. As 5 “Ilhas plásticas” no globo (5GYRES, 2010).
De acordo com os estudos de Barnes et al. (2010), outras regiões não habitadas pelo
homem e de extrema importância para a vida marinha também sofrem este impacto. Uma
pesquisa desenvolvida entre 2007 e 2008 pelo Greenpeace e pela British Antarctic Survey
mostra que a região do Oceano Antártico já convive com o lixo marinho. Dos itens avistados,
quase metade eram materiais plásticos, o que enfatiza o fato de que estes podem ser
transportados a longas distâncias.
Ao redor do mundo, existem muitas organizações não governamentais que abordam
este tema. Muitas delas se unem e visam, não somente pesquisa e coleta de materiais, mas
também alertar a população e fazer frente às autoridades locais, quanto à instituição de leis.
Embora sejam importantes, essas campanhas são ações esporádicas, portanto
paliativas e insuficientes na ausência de políticas permanentes. A poluição dos ambientes
costeiros por resíduos sólidos, principalmente plásticos, é um problema desafiador, que
28
precisa ser combatido com um esforço coletivo da sociedade e dos órgãos governamentais. O
Brasil, devido à grande extensão costeira, à alta densidade demográfica na costa e à ainda
insuficiente taxa de reaproveitamento de resíduos, tornou-se um poluidor em potencial de suas
próprias praias e do mar adjacente. Conforme citado por Caldas (2007), os prejuízos
ambientais e estéticos do acúmulo de resíduos sólidos na costa e no mar, somados às perdas
econômicas que isso provoca (queda no turismo e gastos com a limpeza das praias), serão os
fatores determinantes na adoção de uma nova abordagem nessa questão: a busca de medidas
de prevenção.
Ainda, diante de todos estes fatores, o melhor caminho para uma mudança seria a
conscientização da população. Se isso ocorresse, mesmo sem políticas públicas, não haveriam
mais despejos de lixo nos oceanos, a população reduziria o uso de polímeros orgânicos
sintéticos assim como os reaproveitariam e adotariam a reciclagem, uma vez que estariam
conscientes da importância dos impactos gerados por estes resíduos.
29
6. CONCLUSÕES
As atividades antropogênicas são a maior causa de impactos negativos ao meio
ambiente e de todo o lixo jogado no ambiente marinho, o plástico é o que aparece em maior
escala. Plásticos são compostos orgânicos sintéticos emergentes que adsorvem substâncias
químicas tóxicas, categorizadas como poluentes orgânicos persistentes (POPs), que se
acumulam no ambiente e geram bioacumulação nos seres vivos. Os danos destes compostos à
fauna podem levar à bioacumulação em tecidos, deficiência de sistema imune, alterações no
sistema endócrino, carcinogenia e mutagenia. Ainda, os animais podem sofrer
emaranhamento e a sua ingestão pode levar ao sufocamento e obstrução do trato digestório. O
plástico é carregado por correntes, chegando inclusive a locais isolados e transportando
espécies, contribuindo para a introdução de espécies não nativas, o que acarreta em declínio
da biodiversidade. Todos esses fatores afetam o ecossistema em geral, incluindo os seres
humanos, que também estão susceptíveis à toxicidade destes compostos. As alterações
também prejudicam diretamente as atividades comerciais como pesca, turismo, entre outros.
Por suas características como durabilidade, resistência e baixo custo, os resíduos plásticos
ainda possuem uma posição prioritária quanto ao seu uso, não havendo assim redução. A
preocupação e os estudos a respeito deste assunto são recentes e a sociedade ainda é pouco
informada sobre seu perigo. A falta de costumes sustentáveis, juntamente ao baixo preço do
produto, faz com que somente uma pequena parcela de todo o plástico produzido seja
reaproveitado e reciclado, que somados a ausência de políticas permanentes e falta de
conscientização da população, principalmente em países em desenvolvimento, dificulta a
mudança neste quadro.
30
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40
Juliana Maia Rabelo Nucci
LIXO MARINHO COM ENFOQUE EM RESÍDUOS PLÁSTICOS
Monografia apresentada ao Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, da Universidade
Presbiteriana Mackenzie como parte dos
requisitos exigidos para a conclusão do Curso
de Ciências Biológicas.
Trabalho aprovado em novembro de 2010.
__________________________________________
Profa. Dra. Paola Lupianhes Dall’Occo
(Orientadora de TCC – Universidade Presbiteriana Mackenzie)
__________________________________________
Juliana Maia Rabelo Nucci
(Aluno – Código de Matrícula 3066907-3)

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