COMUNIDADES VIRTUAIS

Transcrição

COMUNIDADES VIRTUAIS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
COMUNIDADES VIRTUAIS:
CONVÍVIO, COLABORAÇÃO E APRENDIZAGEM
NO CIBERESPAÇO
Por DANIELA HAETINGER
Orientadora: Profª Drª Liane Margarida Rockenbach Tarouco
Porto Alegre, janeiro de 2005
Objetivos da Pesquisa
Analisar o ciberespaço como um fenômeno contemporâneo
que contribui com a ampliação das interações humanas e as
relações sociais, catalisando a formação das comunidades
virtuais.
Apresentar conceitos relativos à dimensão social da
aprendizagem, como a colaboração e a cooperação.
Identificar os aspectos relevantes à formação e ao sucesso
de comunidades virtuais facilitadoras da aprendizagem.
1
Principais Motivações
Atualidade e urgência do tema, visto que as comunidades
virtuais se apresentam como um fenômeno historicamente
recente.
Interesse em estudar e difundir conhecimentos relativos ao
tema delimitado, contribuindo com pesquisadores,
educadores e outros estudos voltados às práticas sociais,
colaborativas e cognitivas no ciberespaço.
Procedimentos Metodológicos
Pesquisa bibliográfica
Pesquisa de campo
Instrumento utilizado: questionário aplicado via e-mail.
Universo da pesquisa: 14 educadores com formação
acadêmica em diversas áreas do conhecimento,
participantes de comunidades virtuais, seja em
programas de educação a distância ou como membros
de outros tipos de comunidades on-line.
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Estrutura do Trabalho
Capítulo 1 – Ciberespaço: uma nova dimensão para o
convívio e o saber
Identificação do ciberespaço;
Apresentação dos dispositivos de comunicação e principais
ferramentas digitais que suportam este ambiente;
Abordagem das implicações desta nova dimensão nas práticas
sociais e cognitivas.
Principais autores pesquisados:
Pierre Lévy (1993, 1998, 2000, 2001, 2003)
Manuel Castells (2003)
Sanmya Tjara (2002)
Daniel Peraya (2002)
Nize Pellanda et alli (2000)
Andy Hargreaves (2004)
André Lemos et alli (2001, 2003)
Capítulo 1 – Ciberespaço: uma nova dimensão para o
convívio e o saber
A diversidade de ferramentas interativas e de recursos
humanos, presentes no ciberespaço, constitui uma grande
rede mundial de convívio, atuação e pensamento, na qual
toda e qualquer pessoa pode interagir em tempo real com
seus semelhantes, com objetos de conhecimento e com
realidades virtuais, independente das posições geográficas.
Esse potencial de acesso ilimitado (a indivíduos, a mundos
particulares, a objetos virtuais) influencia e altera as usuais
manifestações da sociabilidade e da cognição humanas.
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Capítulo 1 – Ciberespaço: uma nova dimensão para o
convívio e o saber
Ciberespaço: ambiente desterritorializado capaz de reunir
pessoas e formar comunidades de compartilhamento de
memórias, experiências, habilidades e competências. Esta
realidade partilhada, baseada na colaboração e cooperação
entre os indivíduos, tem integrado mais cidadãos a cada dia
que passa.
População mundial: 6 bilhões, segundo estimativa do Escritório do Censo
dos Estados Unidos
População na Internet: 600 milhões de usuários, segundo estimativa da
CIA (Central Intelligence Agency), relativa ao ano de 2002
Previsão da população na Internet para 2005: 1 bilhão de usuários,
segundo Castells
Capítulo 2 – Teorias subsidiadoras da aprendizagem
Apresentação e correlação dos princípios que regem a Teoria
Histórico-cultural (Vygotsky) e a Epistemologia Genética (Piaget),
identificando-se o processo da aprendizagem;
Abordagem de subsídios teóricos que complementam tais teorias;
Caracterização da cooperação e colaboração, ressaltando-se a
dimensão social da aprendizagem.
Principais autores pesquisados:
Lev Vygotsky (1998a, 1998b)
Jean Piaget (1962, 1972, 1973, 1977a, 1977b, 1987, 1998, 1999, 2002)
Eliane Schelemmer (2002)
Veer e Valsiner (2001)
Sanmya Tjara (2002)
Pallof e Pratt (2002, 2004)
Humberto Maturana (1998, 2001, 2003)
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Capítulo 2 – Teorias subsidiadoras da aprendizagem
A dimensão social da aprendizagem
“O conhecimento é sempre adquirido na convivência” (Maturana, 2001)
Capítulo 2 – Teorias subsidiadoras da aprendizagem
Fatores associados às práticas sociais, à colaboração e
cooperação e à aprendizagem:
interação; afetividade; tolerância; confiança; respeito;
solidariedade/condutas altruístas; compromisso;
sinceridade/honestidade; motivação; envolvimento com o grupo;
identidade; adaptabilidade/flexibilidade; correspondência/reciprocidade;
atitude/autonomia; espírito colaborativo e cooperativo; apreciação das
diferenças e aceitação do(s) outro(s); capacidade crítica e reflexiva;
habilidades comunicativas; relações heterárquicas; compartilhamento de
idéias, pontos de vistas, habilidades e competências; objetivos, metas,
escala de valores e/ou interesses comuns (ainda que momentâneos);
interdependência; liderança situacional; respeito às decisões tomadas
em grupo; negociação constante.
5
Capítulo 3 – Comunidades virtuais:
colaboração e aprendizagem
Conceituação de comunidade;
Caracterização das comunidades virtuais como ambientes
potencializadores da aprendizagem colaborativa;
Fatores relevantes à formação e ao sucesso de comunidades virtuais
facilitadoras da aprendizagem.
Principais autores pesquisados:
Nick Noakes (1999)
Marcy Bauman (1997)
Alfred Rovai (2002)
Séraphin Alava et alli (2002)
Brent Wilson e Martin Ryder (s.d.)
Palloff e Pratt (2002, 2004)
Pierre Lévy (1993, 1998, 2000, 2001, 2003)
Andy Hargreaves (2004)
Sanmya Tjara (2002)
Franco et alli (2004)
Ana Tijiboy et alli (1999)
Capítulo 3 – Comunidades virtuais:
colaboração e aprendizagem
A vida comunitária fundamenta-se no senso de integração entre os
participantes de determinado grupo
Os fatores associados às práticas sociais, colaboração, cooperação e à
aprendizagem, descritos anteriormente, são observados também na
dinâmica das comunidades on-line
Os membros de uma comunidade virtual dialogam, acessam informações,
pesquisam, jogam, fazem descobertas, ampliam seus laços sociais e
afetivos, atuam de modo recíproco e em rede, compartilhando
experiências e saberes. Interagem socialmente, buscando satisfazer
necessidades individuais, e trocam informações em torno de objetivos
e/ou interesses comuns. Em termos de atitudes políticas, eles articulam
suas hipóteses e adotam protocolos, rituais e regras em suas práticas,
baseando-se em relações não hierárquicas e democráticas
6
Capítulo 3 – Comunidades virtuais:
colaboração e aprendizagem
Principais comunidades virtuais que contam com a
atuação dos participantes da pesquisa:
Ambiente EAD do Curso de Especialização em Informática na
Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(Espie/Ufrgs);
Lista de Discussão do Espie/Ufrgs;
Grupo de Discussão do Espie/Ufrgs no Yahoo;
Orkut;
Mell Comunidade Virtual;
Cidade do Conhecimento (USP);
Comunidade Usen (Sebrae/RS).
Dispositivos utilizados nas interações on-line
7
Quanto aos dispositivos utilizados nas interações on-line:
Mais utilizados
Correio eletrônico
Média: 9,5 e DV: 0,64
Hiperdocumentos
Média: 7,7 e DV: 2,7
Chat
Média: 7,28 e DV:2,09
Menos utilizados
Transmissões de áudio
Média: 4,9 e DV:2,9
Jogos e RPG’s
Média: 3,54 e DV: 3,8
Maior dispersão das respostas
Jogos e RPG’s – DV: 3,8
Simulações – DV: 3,0
DV: desvio padrão
Favorecimento da aprendizagem pelo uso
de dispositivos de comunicação
8
Quanto aos dispositivos favoráveis à aprendizagem:
Mais favoráveis
Simulações
Média: 8,1 e DV: 1,7
Escrita colaborativa
Média: 7,9 e DV: 1,4
Menos favoráveis
Jogos e RPG’s
Média: 6,7 e DV: 3,1
Transmissões de áudio
Média: 6,7 e DV: 2,9
Tele/videoconferência
Média: 7,9 e DV: 1,5
Maior dispersão das respostas
Jogos e RPG’s – DV: 3,1
Transmissões de áudio – DV: 2,9
DV: desvio padrão
Correlação entre dispositivos
utilizados e favoráveis à aprendizagem
Os dispositivos mais utilizados não correspondem àqueles
mais favoráveis para a aprendizagem
Correio eletrônico, hiperdocumentos, chat X simulações, tele/videoconferências, escrita colaborativa
Os dispositivos menos utilizados são também indicados como
menos favoráveis à aprendizagem
Transmissões de áudio, jogos e RPG’s
Em ambos casos, a maior dispersão das respostas
refere-se à categoria Jogos e RPG’s
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Fatores que motivam a participação em comunidades on-line
Quanto aos fatores que motivam a participação
em comunidades on-line:
Fatores mais relevantes
Estabelecer relações sociais
Média:9,2 e DV: 0,9
Estudar, pesquisar e trocar
conhecimentos sobre temas
específicos
Média: 9,1 e DV: 1,0
Atualizar e compartilhar
competências e habilidades
profissionais
Média: 8,7 e DV: 0,9
Fatores menos relevantes
Comercialização de
produtos e serviços
Média: 4,2 e DV: 3,4
Entretenimento
Média: 5,7 e DV: 2,6
Maior dispersão das respostas
Comercialização de produtos
e serviços – DV: 3,4
Entretenimento – DV: 2,6
10
Resultados da participação em comunidades virtuais
Quanto aos resultados da participação em
comunidades virtuais:
Resultados mais relevantes
Aprendizagem a partir das
trocas estabelecidas
Média: 8,1 e DV: 1,2
Conhecimento das
experiências e saberes dos
demais membros pela
observação
Média: 7,7 e DV: 1,3
Conhecimento das
experiências e saberes dos
demais membros pelas falas
dirigidas ao grupo
Resultados menos relevantes
Diversão/entretenimento
Média: 5,7 e DV: 3,0
Efetivação de transações
comerciais e financeiras
Média: 2,6 e DV: 3,3
Maior dispersão das respostas
Diversão/entretenimento – DV: 3,0
Efetivação de transações
comerciais e financeiras – DV: 3,3
Média: 7,6 e DV: 1,1
11
Fatores relevantes à formação de comunidades virtuais
facilitadoras da aprendizagem
Quanto aos fatores relevantes à formação de
comunidades virtuais facilitadoras da aprendizagem:
Fatores mais relevantes
Motivação – Média: 8,8 e DV: 1,3
Disposição para colaborar – Média: 8,7 e DV: 1,2
Metas/objetivos comuns – Média: 8,3 e DV: 1,4
Compartilhamento de competências/habilidades – Média: 8,2 e DV: 1,3
Interesses/afinidades comuns – Média: 8,2 e DV: 1,4
Compreensão compartilhada das criações e descobertas do grupo –
Média: 8,0 e DV: 1,6
Compromisso entre os membros – Média: 8,0 e DV: 1,9
Disposição para cooperar – Média: 8,0 e DV: 2,6
Intenção explícita de agregar valores – Média: 8,0 e DV: 2,0
12
Quanto aos fatores relevantes à formação de
comunidades virtuais facilitadoras da aprendizagem:
Fatores menos relevantes
Presença de moderador formal (institucional) – Média: 5,7 e DV: 3,0
Delineamento subtendido das responsabilidades – Média: 5,1 e DV: 2,4
Maior dispersão das respostas
Tolerância – DV: 3,0
Moderador formal (institucional) – DV: 3,0
Fatores relevantes ao sucesso de comunidades virtuais
facilitadoras da aprendizagem
13
Fatores relevantes ao sucesso de comunidades virtuais
facilitadoras da aprendizagem
Fatores mais relevantes
Motivação – Média: 9,0 e DV: 1,2
Disposição para cooperar – Média: 8,8 e DV: 1,4
Disposição para colaborar – Média: 8,6 e DV: 1,3
Compreensão compartilhada das criações e descobertas do grupo –
Média: 8,6 e DV: 1,0
Apreciação da diversidade – Média: 8,4 e DV: 1,5
Autodisciplina – Média: 8,3 e DV: 1,1
Compromisso entre os membros – Média: 8,3 e DV: 1,8
Criação coletiva de espaços para abrigar as produções dos
membros – Média: 8,2 e DV: 1,1
Habilidades de comunicação – Média: 8,1 e DV: 1,4
Fatores relevantes ao sucesso de comunidades virtuais
facilitadoras da aprendizagem
Fatores menos relevantes
Ambiente formal – Média: 6,7 e DV: 2,1
Interdependência entre os membros – Média: 6,6 e DV: 1,7
Moderador formal (institucional) – Média: 6,6 e DV: 2,6
Maior dispersão das respostas
Condições semelhantes de atuação – DV: 2,5
Moderador formal (institucional) – DV: 2,6
14
Correlação entre os fatores relevantes à formação e ao
sucesso de comunidades virtuais facilitadoras da
aprendizagem
Correlação entre os fatores relevantes à formação e ao
sucesso de comunidades virtuais facilitadoras da
aprendizagem
Categorias com médias aproximadas:
motivação; disposição colaborativa;
objetivos e metas comuns;
vontade de compartilhar habilidades e competências;
interesses e afinidades comuns; compromisso;
confiança; adaptabilidade e flexibilidade;
autonomia e atitude; habilidades comunicativas;
relações heterárquicas; ambiente informal e ambiente formal;
comportamento de grupo; liderança situacional;
delineamento explícito das responsabilidades;
delineamento subentendido das responsabilidades; interdependência.
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Correlação entre os fatores relevantes à formação e ao
sucesso de comunidades virtuais facilitadoras da
aprendizagem
Categorias com médias divergentes:
solidariedade;
autodisciplina;
disposição para cooperar;
reciprocidade;
moderador formal;
Tolerância;
capacidade crítica;
intenção explícita de partilhar valores
Conclusões
• Todos os dispositivos foram considerados favoráveis à
aprendizagem. Os mais utilizados não correspondem
àqueles mais favoráveis ao processo de construção de
conhecimentos. A simulação é o dispositivo mais favorável à
aprendizagem.
• Principais fatores motivacionais: interesse em estabelecer
relações sociais, estudar, pesquisar e trocar conhecimentos
sobre temas específicos, atualizar e/ou compartilhar
competências e habilidades necessárias ao trabalho.
• Os resultados da participação nessas comunidades também
estão associados à sociabilidade, ao estudo e intercâmbio de
saberes e ao aprimoramento das habilidades e
competências profissionais.
16
Principais fatores
Formação Sucesso
Motivação
x
x
Disposição para colaborar e cooperar
x
x
Metas/objetivos comuns
x
Interesses/afinidades comuns
x
Compartilhamento de competências/habilidades
x
Compreensão compartilhada das criações e
descobertas do grupo
x
x
Compromisso entre os membros
x
x
Intenção explícita de agregar valores
x
Apreciação da diversidade
x
Autodisciplina
x
Habilidades de comunicação
x
Criação coletiva de espaços para as produções
x
17

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