junho 2012 revista da associação académica da universidade da

Transcrição

junho 2012 revista da associação académica da universidade da
REVISTA DA
ASSOCIAÇÃO
ACADÉMICA DA
UNIVERSIDADE
DA MADEIRA
JUNHO 2012
03
JUN. 2012
NESTA
EDIÇÃO
AS EMISSÕES DE
GASES DE EFEITO ESTUFA
ASSOCIADAS À PRODUÇÃO
DA REVISTA JA SÃO
NEUTRALIZADAS
PELA GRÁFICA PELO
QUE ESTA REVISTA É
CARBONFREE®.
A ABRIR COM PEDRO OLIVEIRA
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À CONVERSA COM... RÚBEN GOUVEIA
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O QUE FAZER DEPOIS DOS EXAMES
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SCP-UMa, A CHAVE PARA O SUCESSO: CRI(S)E!
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OFERTAS GAUDEAMUS
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EM PORTUGUÊS ESCORREITO
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DE MOCHILA ÀS COSTAS NA BÓSNIA E HERZEGOVINA
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TALVEZ OS SANTOS NOS VALHAM
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HISTÓRIAS DO ARCO DA VELHA, LÁGRIMAS DE UM MESTRE
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NA UMa ERA BOM...
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A. I., É URGENTE UM TRATADO À PROVA DE BALA
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(IN)DECISÕES
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BOAS NOTÍCIAS
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REDESCOBRIR A MADEIRA, O PILAR DE BANGER
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TROFÉU DO REITOR CHEGA AO FIM
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SER ECO COMPATÍVEL EM ÁREAS REDE NATURA 2000
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CINM É O CENTRO DO MEU FUTURO
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COMO PREPARAR (E FAZER) UMA DEFESA DE SUCESSO
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AS DIETAS LOUCAS
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IPSIS VERBIS
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FOI DITO
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SPAD, A SAÚDE ORAL DOS ANIMAIS DE COMPANHIA
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PALAVRAS E NÚMEROS
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ORDEM DOS ENGENHEIROS
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AGONIA JOVEM
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PAUTA FINAL
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FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE: Associação Académica da UMa · DIRECTORA: Andreia Nascimento · EDITOR: Rúben Castro · REVISÃO: Carlos Diogo
Pereira · DESIGN GRÁFICO: Eduarda Rodrigues · Ângela Ferreira · Sílvia Fernandes · FOTOGRAFIA E EDIÇÃO: Eduarda Rodrigues
EDIÇÃO E PUBLICIDADE: Departamento de Comunicação da AAUMa [email protected] · DISTRIBUIÇÃO: Gratuita · VERSÃO ON-LINE: www.
aauma.pt · TIRAGEM: 1500 exemplares · EXECUÇÃO GRÁFICA: Nova Gráfica, Lda. · DEPÓSITO LEGAL: 321302/10 · ISSN: 1647-8975
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JUN. 2012
A ABRIR
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UMA VIDA FEITA
DE EXERCÍCIOS
Para uma grande percentagem da população
mundial, a prática de actividade física e desporto
não é um hábito exercido regularmente. No entanto, estes constituem um importante pilar para
um estilo de vida saudável, pois só assim se pode
alcançar um estado de, completa boa disposição
física, psíquica e social.
A prevenção da hipertensão e a redução do risco de desenvolver diabetes e osteoporose verificam-se com a prática de actividade física. Esta
tem, também, um papel significativo na melhoria da composição corporal, através de uma redução da percentagem gorda, de um melhor controlo do peso, prevenindo assim a obesidade.
Em termos psicológicos, o desporto promove,
em quem o pratica, uma maneira para suportar
melhor as tensões e frustrações do dia-a-dia e
controlar os seus níveis de ansiedade. Com recurso ao exercício, as pessoas melhoram os seus
níveis de autoestima, autoconfiança e de motivação para realizar diferentes tarefas.
A nível social, o desporto é um óptimo ponto de
partida para a criação de laços sociais. A oportunidade de pertencer a um grupo, traz consigo a
possibilidade de partilhar emoções e sentimentos, aproveitando tudo o que de bom este tenha
para lhe oferecer.
Considerando estes aspectos e segundo a Direcção-Geral da Saúde, os benefícios para a saúde são, geralmente, obtidos através de, pelo menos, 30 minutos de actividade física moderada,
diária.
Aproveite esta dica, pratique desporto e encontre a base da fórmula para uma vida saudável.
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PEDRO OLIVEIRA
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JUN. 2012
À CONVERSA
COM...
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RÚBEN GOUVEIA
Ligo o telejornal, alimentando a alma com mais
duas horas do atual estado de pessimismo e austeridade vivida em Portugal: “aumento do IVA; gasolina mais cara; desemprego a disparar”. Uma
espiral de más notícias, que sugam a alma para
um estado de decadência e pessimismo. Enfim,
um dia normal, suspiro, pensando para mim mesmo. Mas deixemos as histórias tristes de parte, e
foquemo-nos na minha não-tão triste história.
Nascido na bela Ilha da Madeira, embarquei
(ainda de fraldas) juntamente com os meus pais,
para a cidade de Sydney, Austrália, numa busca
por melhores condições de trabalho e qualidade
de vida. Para trás ficou um país onde pouco tínhamos, emigrando para outro onde, à partida, ainda
menos tínhamos.
Mas, ao bom estilo Inglês, a Austrália rapidamente evidenciou os seus princípios. Desde sempre, primou por ser um país onde os seus residentes são recompensados pelo trabalho que
efetuam, e não pelas “pessoas que conhecem”.
Saber fazer prevalece, assim, perante o parecer
ser. E, nesta ótica, os meus pais, trabalhadores
dedicados, foram conquistando o seu espaço profissional, sendo recompensados pela sua persistência e vontade de vincar na vida.
Sendo também conhecido por ser um dos países mais multiculturais do globo, a minha família rapidamente conseguiu instalar-se numa zona
onde a língua Portuguesa fazia-se ouvir ao virar
de cada esquina – seja nas populares churrasqueiras Portuguesas, ou nas festas promovidas
pelos clubes portugueses.
Anos voaram, e pela Austrália fui passando por
várias fases da minha vida – deixei para trás as
fraldas que trazia da Madeira, aprendi as minhas
primeiras palavras, assisti a passagens de ano
sob a ponte de Sydney, e iniciei o meu percurso
académico. Apesar da vida correr de feição à minha família, o “chamamento da pátria” e daquilo que tinha sido deixado para trás (família, amigos) fez-nos mudar regressar ao nosso ponto de
partida.
O regresso à Pérola do Atlântico implicou uma
adaptação a um país com costumes e hábitos
completamente díspares daquilo que entretanto tinha vindo a me habituar: Pessoas com uma
mentalidade “mais fechada”, que nem sempre
respeitam opiniões contrárias e um país com menor renumeração e desenvolvimento, porém, um
país com maior segurança e mais “caloroso”.
Por cá, concluí o secundário, e, de imediato, ingressei na Universidade da Madeira, perfazendo
uma licenciatura e mestrado em Engenharia Informática. Durante o mestrado surgiu a oportunidade de estagiar na Bélgica, o que reacendeu
a minha vontade de viajar e conhecer culturas diferentes.
Concluído o mestrado, seguiu-se a tão medonha transição entre a vida académica e profissional, onde vivi um mês repleto de incertezas
e decisões importantes. Candidatei-me a algumas empresas, convicto que surgiria um emprego que alimentasse a minha realização profissional. Num ápice fui submetido a uma entrevista de
trabalho no M-ITI - Madeira Interactive Technologies Institute - emprego onde fui prontamente
aceite e onde trabalho atualmente.
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“Somos jovens, o
nosso tempo é o
aqui e agora!
E, por mais vezes
que falhem, o
importante é
nunca desistir!”
O QUE É QUE A MINHA EXPERIÊNCIA ME ENSINOU?
Perante a minha experiência de trabalho e de
vida, tanto na Austrália, como na Bélgica e em
Portugal, tenho vindo a conviver diariamente
com pessoas de diferentes nacionalidades. Nesta interação tenho constatado que por mais mal
visto e desorganizado que o nosso país esteja,
os portugueses são dos povos mais trabalhadores que conheço, apresentando projetos tão
bons, ou até mesmo melhores perante outros
vindos de países presumidamente “mais desenvolvidos”.
Dito isto, e em relação à procura de trabalho,
acredito piamente que cada vez menos somos
recrutados pelo valor da universidade onde concluímos um curso, ou pela média com que a concluímos. O mais importante, sob o meu prisma,
é saber “vender o nosso produto”, de forma original e autêntica, visto que a última coisa que a
nossa sociedade precisam é de é de ausência de
empreendedorismo, originalidade e inovação.
A MINHA RECEITA DO SUCESSO?
200 gramas de puxões de orelhas da minha
mãe, a quem estarei eternamente grato, e que
fizeram-me crescer pelo menos 30cm em tamanho, e 30m em carácter.
100 gramas de amigos persistentes e esforçadas, que me incutiram a ambição de querer ser
alguém na vida.
250ml de ambição e inovação, uma pintada de
teimosia, e muita humildade!
QUAL O MEU CONSELHO?
Sejam originais, inovadores, e autênticos! Não
se limitem a seguir o caminho que os outros fazem, mas trilhem o vosso próprio caminho. Demonstrem o vosso valor, provando que conseguem ser joias, no meio de tanto trigo! Podem
começar por coisas simples, tais como os vossos currículos: Não se limitem ao currículo eu-
ropeu, mas tentem investir em apostas visualmente mais atrativas, que consiga expor de
forma clara as vossas habilidades.
Não tenham medo ter medo em arriscar, em
ousar investir no vosso futuro, ao invés de simplesmente se acomodarem a algo que não vos
traz felicidade, nem realização pessoal e profissional. Somos jovens, o nosso tempo é o aqui e
agora! E, por mais vezes que falhem, o importante é nunca desistir e tentar tirar apontamentos das experiências, que foram à partida, menos boas.
“Pedras no caminho? Guardem todas, e construam um castelo com elas”
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RÚBEN GOUVEIA
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990
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O QUE FAZER
DEPOIS DOS
EXAMES
Os exames estão feitos, as férias já espreitam,
e nós, estudantes, que esperámos o ano todo
pelo Verão questionamo-nos: o que fazer agora?
As férias e Verões passados sem nada fazer já lá
vão e nos dias de hoje não fazem sentido.
A praia, o sol e o mar salgado devem fazer
parte mas apenas como um complemento. Existem outras formas de tornar os tempos livres
prolongados mais produtivos para a nossa própria formação pessoal e profissional e, até mesmo, para a comunidade.
Uma forma de tal acontecer é, por exemplo, o
voluntariado. Existem variadas instituições que
necessitam de cooperação, tanto no acompanhamenti aos doentes, aos idosos, aos animais
ou na organização de eventos. Exemplo disso é
a Sociedade Protectora dos Animais Domésticos
que continua com um programa de voluntariado.
Para quem gosta de animais, esta pode ser uma
opção válida para desenvolver competências e
ganhar alguma experiência no mundo real do
trabalho. Procurar um trabalho de Verão pode
ser outra hipótese: para aqueles que além de
quererem ganhar alguma experiência profissional, também necessitam de ganhar uns trocos,
esta é uma opção válida. Para aqueles alunos
que terminaram o curso sem estágio integrado e
se sentem à deriva, com os sussurros do desemprego que se fazem ouvir a toda a hora, a procura de um estágio profissional pode ser uma
excelente escolha. Existem vários mecanismos
que podem ajudar nomeadamente GPC/Clube de
Emprego da UMa, disponível em www.gpc.uma.
pt, o Instituto de Emprego e Formação Profissional, ou ainda através da plataforma electrónica
PEJENE 2012, que visa a “criação de uma relação directa entre a Escola e a Empresa/Organização, através do desenvolvimento de projectos
de formação em local de trabalho, ainda durante o período de estudo dos jovens. Os jovens serão colocados em empresas no período de interrupção das suas actividades lectivas de Verão,
período esse coincidente com as maiores necessidades das empresas em termos de recursos humanos (…)”, segundo afirma o PEJENE. Os
estágios não são remunerados mas os estagiários têm direito a um subsídio de alimentação e
transporte.
Para aqueles que procuram adrenalina e novas oportunidades têm ainda a opção de viajar
e conhecer outros países, numa realidade também muito enriquecedor. Assim sendo, faz as
escolhas certas e tem um Verão produtivo!
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CAROLINA MARTINS
© ALEXANDER KOSAREV / PhotoXpress Inc
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A CHAVE
PARA O
SUCESSO:
CRI(S)E!
Com certeza já ouviu expressão “pensar fora
da caixa”. Esta expressão significa ser criativo
e expandir-se para além das margens do que é
tido como “confortável”.
Uma das caraterísticas mais ricas e potenciadoras de sucesso no ser humano é a sua capacidade de resolução de problemas, que vem permitir uma adaptação bem-sucedida ao contexto
em que se encontra inserido, mesmo em situações adversas. Para resolver problemas, nada
melhor do que ser criativo e inovar na forma de
pensar e agir.
Note-se que a criatividade não é só para alguns, como se chega a pensar. Todos os seres
humanos, independentemente da idade e/ou formação académica, têm um potencial criativo. Tal
constitui uma mais-valia numa altura em que
somos obrigados a uma constante adaptação,
face à velocidade em que o mundo se transforma e à exigência que nos é imposta pelo mercado de trabalho. Ironicamente, a criatividade parece ser uma característica pouco valorizada e
estimulada, uma vez que a sociedade parece se
basear essencialmente num modelo estandardizado, em que há uma imposição de modos de
pensar e de agir, pelo que a maioria das pessoas
resolve problemas imitando soluções anteriores
à procura de obter resultados diferentes.
Em época de crise, criar é a melhor opção.
Pensar “fora da caixa” e reinventar padrões de
resolução de problemas assume-se como fundamental, ao invés de tentar restaurar soluções
inadequadas e mal sucedidas.
Vejamos a importância da criatividade no mundo atual:
O estudante que sai da universidade à espera de entrar no mercado de trabalho transporta uma série de informações e conhecimentos
que quer pôr em prática no seu novo trabalho.
Porém, nem tudo o que é exigido neste contexto
está associado à aplicação direta dos tais conhecimentos teóricos. O que acontece atualmente é
que o ex-estudante, com frequência, não encontra um trabalho na área para a qual estudou, ou
quando encontra uma oportunidade numa instituição pode não lhe ser pedido que aplique os conhecimentos especializados que aprendeu. Assim, em vez de se sentir inútil ou mal preparado,
deverá pôr em prática mecanismos de resolução
de problemas, e sugerir novos projetos criativos
e inovadores.
É, pois, urgente transformar o modo como encaramos o nosso futuro, compreendendo que,
no contexto laboral, é esperado que reinventemos e construamos projetos de forma criativa,
encontrando infinitas formas de os realizar e utilizando inúmeros recursos.
Em tempos de crise não é suficiente lutar nas
mesmas batalhas e percorrer os mesmos caminhos. Encontrar um novo trajeto, fora da “caixa”,
é a melhor solução!
Ser criativo pressupõe correr riscos, vivenciar,
explorar e criar. Não tenhamos medo de falhar,
já que errar faz parte do processo. Criemos e
reinventemos o futuro. Mais do que inovadores,
sejamos criadores de novos mundos e “façamos
o que ainda não foi feito”!
SERVIÇO DE CONSULTA PSICOLÓGICA
Tlm.: 918 159 467
http://scp.uma.pt
[email protected]
_
SCP-UMa
Serviço de Consulta Psicológica da Universidade da Madeira
“Em momentos
de crise, só a
imaginação é mais
importante que o
conhecimento.”
Albert Einstein
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990
© TOMBAKY / PhotoXpress Inc
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ideiossincrazia
falassiozo
3%
ideio-sincracia
EM
PORTUGUÊS
ESCORREITO
_
HELENA REBELO
Docente da UMa
© TAKUS / PhotoXpress Inc
O que terão em comum todas as ciências? Usam,
todas, um método científico e, em princípio, todas recorrem à linguagem verbal para veicular
os conhecimentos que vão descobrindo ou redescobrindo. Além disso, muito vocabulário de
uma determinada área científica é empregue
noutras. Por exemplo, “idiossincrasia” é, na origem, do domínio da Medicina e “falácia” remete
para a Filosofia, sobretudo a aristotélica. Contudo, reencontram-se em outras áreas e, diariamente, nos meios de comunicação social, mas
escrevê-los devidamente pode ser, para alguns,
um desafio.
13%
3%
ideio-sincrasia
44%
falacioso
87%
falaciozo
10%
idiossincrasia
40%
Uma …………………. terá de ser sempre original.
Ele apresentou um argumento claramente........ .
ideiossincrazia / ideio-sincracia
idiossincrasia / ideio-sincrazia
falassioso / falaciozo
falaçoso / falacioso
SOLUÇÃO
Uma idiossincrasia terá de ser sempre original.
SOLUÇÃO
Ele apresentou um argumento claramente falacioso.
EXPLICAÇÃO
Na Medicina, segundo o dicionário Houaiss,
“idiossincrasia” indica a “predisposição particular
do organismo que faz [com] que um indivíduo
reaja de maneira pessoal à influência de agentes
exteriores (alimentos, medicamentos, etc.)”.
Numa acepção geral, significa “característica
comportamental peculiar a um grupo ou a
uma pessoa”, sendo recorrente no âmbito da
Literatura. O termo tem origem no vocábulo grego
“idiosugkrasia,as” com a ideia de “‘temperamento
particular”.
EXPLICAÇÃO
Quem estudou Filosofia, lembrando-se do que
aprendeu, terá mais facilidade em escrever o adjectivo “falacioso”, formado a partir do substantivo “falácia” e de um sufixo (falácia + -oso). O adjectivo e o substantivo apontam para “falsidade”.
Uma falácia corresponde a um raciocínio falso e
enganador, embora simule ser verdadeiro. Reporta-se ao “silogismo sofístico” do aristotelismo. O termo “falácia” provém do vocábulo latino
“fallacia,ae” com o sentido de “engano, trapaça,
manha”. Quando se emprega em qualquer área
do saber, “falacioso” tem sentido idêntico.
DE MOCHILA
ÀS COSTAS
NA BÓSNIA E
HERZEGOVINA
Duas cidades-chave a conhecer: Sarajevo e
Mostar. Após uma longa viagem de autocarro,
desde a Eslovénia, chegámos à capital Sarajevo.
Durante o trajecto até à cidade, fomos observando os arredores, desde as casas, os rios, as montanhas…
Na capital, visitámos o Túmulo da Esperança
(800m). Este ajudou a cidade a resistir às forças
invasoras, no cerco originado durante a guerra
da década de 90. Ao transpor os poucos mais de
20 metros que restam do túnel, somos invadidos
por uma atmosfera sobrecarregada, imaginando
o sofrimento ao qual, há cerca de 20 anos, milhares de pessoas foram submetidas.
Afastando estas imagens pesarosas da nossa
mente, somos movidos pelas maravilhas que nos
esperam. Uma delas é a de percorrer as ruas antigas da cidade, repletas de lojinhas de souvenirs
que utilizam os materiais da guerra que findou
para criar lembranças únicas tais como jarras ou
esferógráficas únicas.
Já a cidade de Mostar, Património da Humanidade, detém um lindíssimo centro histórico. A
ponte, depois de ter sido destruída em 1993, foi
reerguida, continuando como um dos marcos da
cidade. É conhecidíssimo o seu peculiar rio de
águas verdes que deslumbra todos os que por lá
passam.
Aconselho!
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ELISABETE ANDRADE
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TALVEZ OS
SANTOS NOS
VALHAM
As Festas Populares, de Santo António, São
Pedro e São João são celebradas desde há alguns
séculos. Em Portugal, têm origem nas chamadas
“Maias”: cânticos litúrgicos dedicados ao mês de
Maio, que viram o seu significado religioso alterado através dos bailados (considerados pagãos)
que o povo realizava pelas ruas. Muito tempo e
várias alterações depois, no presente, estas festas são encaradas como “restos das antigas festas pagãs do sol integradas nas festas cristãs”,
às quais o povo adere desenfreadamente, sem a
consciência “se é um verdadeiro amor ao santo,
se é antes o sentimento bairrista e desejo de congregar ali os amigos e emigrantes, se é o desejo
de organizar um convívio mundano onde cabem
certas liberdades, ou se essa paixão por aquele
local inclui o prolongamento de uma festa pagã”
(Gonçalves, 2010).
O calendário de festejos desta índole é fruto,
defende-se, quer das celebrações de santos e da
criação de festas de origem, quer, muitas vezes,
da purificação das antigas comemorações pagãs.
Independentemente do começo certo, é um facto que as festas populares têm lugar em diversos
pontos do País, misturando o pagão e o cristão,
com a essência das festividades mais vanguardistas. As celebrações iniciam-se com o casamenteiro Santo António a 13 de Junho, seguindo-se, no dia 24, S. João e, a 29, S. Pedro. Estes
dias foram “escolhidos” por sessenta e nove concelhos portugueses para celebrar os seus feriados municipais. A gastronomia típica, a fogueira,
as marchas, os manjericos, os balões, os arcos, e
muitos outros símbolos, entre o pagão e o cristão,
ilustram este mês de festa.
Um artigo do jornal “Voz do Dão” deixa uma
questão propícia a reflexão: “será que os santos
é que são populares ou foi o povo que assim os
tornou?”. É um facto que, embora com a vertente cristã inerente, estas festas tornaram-se palco popular, pela mão do povo que venera e festeja, de formas distintas e excessivas, cada um dos
santos. Algumas cidades tornaram, até, cada celebração um cartaz turístico, envolvendo procissões, casamentos (como os de Santo António em
Lisboa) e espectáculos musicais e pirotécnicos (à
semelhança do S. João no Porto). Ou seja, cada
cartaz festivo representa um investimento considerável das autarquias e colectividades, sejam
cristãs ou de outra índole.
Embora a crise tenha sido um dos tópicos mais
falados na actualidade, é certo que, mais uma
vez, Portugal inteiro se vai unir para erguer bem
alto o nome das suas festas populares, contornando os cortes que se vão fazendo, e vivendo,
pelo menos, durante alguns dias, acima das suas
possibilidades, entre a sardinha e o cheiro antigo do manjerico ou entre a marcha e o seu arco
moderno. Talvez os santos nos valham, lembrando que as festas “são um hino à vida, proclamam
a fertilidade como uma bênção, revêem no namoro e no casamento um caminho de felicidade”
(Medeiros, 2009). Porque nós, lusitanos do triste fado, também precisamos da mil cores da alegria e da marcha.
_
VERA DUARTE
REFERÊNCIAS
_
Gonçalves, J. (2010). Festas Religiosas Populares. Agência de
Noticias da Igreja Católica em Portugal. De http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=47878
Medeiros, A. (2009). Estalam roqueiras nos céus da crise. A
união, jornal online. De http://www.auniao.com/noticias/ver.
php?id=16564
Voz do Dão, Jornal Independente. (2006). Os Santos Populares.
De http://www.vozdodao.net/index.php?option=com_content&
view=article&id=766&catid=39:geral&Itemid=81
© JUAN FERREIRA SXOXS / PhotoXpress Inc
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HISTÓRIAS
DO ARCO DA
VELHA
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LÁGRIMAS
DE UM MESTRE
Nos olhos do homem colou-se um vapor de
vaidade, de sentimento de realização, de trabalho concretizado. Viu, ao longe, as artes esculpidas pela sua sabedoria, lançando fitas e
pastas e felicidades ao ar. Sentiu as lágrimas
queimarem-lhe os socalcos da pele e suspirou como quem solta um pássaro de um abismo, a medo mas com toda a fome de liberdade. Limpou o nariz ao lenço branco onde a mãe,
que Deus a guarde, estampara o emblema da
universidade: porque ali crescera, como os jovens que gritavam de orgulho; porque ali morreria sabendo que as suas heranças culturais
estavam bem entregues. Centenas de estudantes festejavam o encerrar de uma etapa. A
primeira de muitas. E eram brancos e negros
e chineses e sul-americanos e falavam português e alemão e japonês e espanhol mas entendiam-se e abraçavam-se porque a vitória de um
era a vitória de todos. O professor encarava-os
e encontrava em cada um deles, aquilo que ele
fora um dia: a determinação, a vontade e o sonho misturavam-se aos sorrisos de felicidade.
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VALENTINA FERREIRA
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NA UMa ERA BOM …
“… voltar a poder trabalhar aos domingos e feriados
sem autorizações.”
Andreia Martins, Enfermagem
“… que o bar tivesse melhores condições de higiene.”
Vanessa Nascimento, CET Segurança e Higiene Alimentar
“… igualdade de direitos.”
Joana Freitas, Educação Básica
“… abrir algum curso que não exista em muitas
universidades, para assim esta se destacar.”
Patrícia Amaral, Economia
“… que dessem importância à poupança de energia,
como por exemplo desligar o ar condicionado.”
Manuela Oliveira, CET Segurança e Higiene Alimentar
“… haver mais concertos com artistas convidados
e dj’s… A vida não é só estudo!”
Ana Filipa Freitas, Enfermagem
_
JOANA FRANÇA
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JUN. 2012
É URGENTE
UM TRATADO
À PROVA
DE BALA
_
AMNISTIA INTERNACIONAL PORTUGAL
_
LEGENDAS
1. © Amnistia Internacional
Há regulamentos que controlam o comércio de
bananas, mas nenhum regula a importação e
exportação de armas.
2. © Sarah Carr
Um polícia durante os protestos no Egito, na
Primavera Árabe.
3. © Mira66
Escultura intitulada “Não-Violência”, no exterior das Nações Unidas, em Nova Iorque, Estados Unidos da América.
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990
1.
2.
3.
Em julho as Nações Unidas podem dar um
passo histórico ao criarem um documento que
pode mudar as nossas vidas: o Tratado de Comércio de Armas. Porque nenhum de nós usa
diariamente um colete à prova de bala, é urgente um instrumento que nos proteja. Exijam-no!
internacional. Agora um outro dado interessante: a Rússia é o maior fornecedor de armas da Síria e as armas russas representam 78% das importações deste país, revela o SIPRI-Stockholm
International Peace Research Institute.
E o que é que isso nos interessa a nós, portugueses? É preciso perceber que as consequências deste comércio, que é um dos negócios mais
lucrativos do mundo (a par com a droga e o tráfico de seres humanos), são sentidas sobretudo
por pessoas comuns, como todos nós, que não
andamos diariamente com coletes à prova de
bala. Se abrirmos hoje um qualquer jornal, provavelmente encontramos uma notícia de alguém
assassinado num assalto à mão armada. O estudo “Violência e Armas Ligeiras: Um Retrato
Português”, do Núcleo de Estudos da Paz , revela mesmo que, por semana morrem em Portugal pelo menos duas pessoas vítimas das armas. E acrescenta que se estima existirem no
nosso país 2,6 milhões de armas de fogo na posse de civis, ou seja, 2,5 armas por cada 10 habitantes. Quase metade delas, continua o estudo,
estão ilegais (46%). Dados confirmados pelo Re-
latório Anual de Segurança Interna 2011, do Sistema de Segurança Interna.
Estas armas terão entrado no nosso país de
alguma forma, fruto de um comércio que o mundo (ainda) não controla. É urgente estabelecer
padrões comuns para as importações, exportações e transferências de armas e mecanismos
de controlo destas transações. É ainda fundamental que as normas que regulam o comércio de armas tenham em conta o Direito Internacional e os Direitos Humanos, proibindo o
negócio, por exemplo, quando este possa servir
para cometer atrocidades, como está a acontecer na Síria, com armas russas (entre outras).
Tudo isto pode ser alcançado já no próximo mês
de julho, quando decorrer nas Nações Unidas a
Conferência onde será negociado o Tratado de
Comércio de Armas. Nessa altura a Amnistia
Internacional vai entregar aos Estados um Apelo Global por um Mundo mais Seguro, assinado
por todos nós. Junte a sua assinatura em www.
amnistia-internacional.pt. Não fique fora desta
mudança!
Começamos com uma adivinha: se há regulamentos internacionais que controlam o comércio de bananas e de ossos de dinossauros,
porque será que não existe um tratado que regulamente o comércio de armas? A situação na
Síria talvez ajude a responder à pergunta. Desde
2011 que a população tem exigido o fim do regime do presidente Bashar al-Assad, que respondeu com tanques e snipers que matam indiscriminadamente. O Conselho de Segurança das
Nações Unidas – órgão que visa a segurança
mundial e pode autorizar uma intervenção militar em qualquer país – tentou aprovar uma resolução condenando a ação do Chefe de Estado
sírio. A Rússia e a China bloquearam o processo
até ao passado mês de abril – vetando as resoluções –, mas tiveram de desistir face à pressão
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JUN. 2012
(IN)DECISÕES
© DUSAN ZIDAR / PhotoXpress Inc
Quantas vezes nas nossas vidas já fomos confrontados com momentos de (in)decisão que nos
fizeram ficar sem dormir, alheados de tudo, centrados em como resolver determinada situação,
angustiados sobre qual será a melhor decisão.
É nestes momentos que o nosso corpo e a nossa mente se ativam, dando mesmo sinais de que
estão em funcionamento, através de alguma inquietação, ansiedade, focalização naquele problema em detrimento das nossas tarefas quotidianas, reorganização dos nossos esquemas
mentais, para que possamos finalmente decidir pelo melhor caminho. Este é um processo
que pode conduzir a que nos ponhamos em causa, mas principalmente é um processo de crescimento, uma oportunidade para colocarmos
em prática todas as estratégias e competências
que fomos adquirindo ao longo da vida, em tantas outras experiências pelas quais passamos. O
importante é evitar sofrer por antecipação, pensando em problemas que na maior parte das vezes não chegam a acontecer, mas que nos tiram
horas de sono e nos deixam ansiosos. E, principalmente, fazermos uso dos nossos recursos
internos, ao invés de procurarmos uma solução
alternativa, que poderá ampliar o problema e
colocar entraves ao nosso processo de decisão.
Nestes momentos que surgem nas nossas vidas, sejam eles uma nota menos boa num exame, a repetição do ano letivo, a incerteza se
vamos ou não arranjar trabalho, é importante evitar o consumo de substâncias psicoativas,
pois tal não é a solução ou o refúgio para as situações menos boas. É preferível a essas falsas
sensações, rodearmo-nos daquelas pessoas
que pontuam a nossa vida, quer sejam amigos,
pais, colegas, e que estão sempre disponíveis
para nos ajudar nas nossas (in)decisões.
Em cada fase do nosso percurso existencial
definimos um conjunto de metas a atingir, no
sentido da realização pessoal. Seligman sustém que a autêntica satisfação de vida não só é
possível, como se pode e deve cultivar, identificando e utilizando muitas das fortalezas e recursos que o indivíduo já possui: ao identificar e
desenvolver o melhor de si, o indivíduo melhora sensivelmente a sua vida e a de quantos o rodeiam. Pratique exercício, leia um livro, ouça
música, conviva, dê a si próprio a oportunidade
de viver e verá que, ao tomar o poder da sua vida,
mais facilmente saberá lidar com as (in)decisões
que possam surgir, e que certamente irão surgir, para seu bem. Os indivíduos que sabem controlar e orientar a sua experiência interna, são
capazes de determinar a qualidade das suas vidas, isso é o mais próximo que podemos estar
de uma autêntica satisfação de vida (Czikszenmihalyi, 2000).
Há que estar preparado para enfrentar as várias (in)decisões da vida e consolidar as experiências, para uma maior e melhor qualidade de
vida.
_
BEBIANA RIBEIRO
Psicóloga Serviço de Prevenção de Toxicodependência - IASAÙDE, IP-RAM
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990
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BOAS
NOTÍCIAS
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TIAGO ORNELAS
POUPANÇA DE ENERGIA
DOUTORECOS – ATELIER DE FÉRIAS DA AAUMA
Este ano, a AAUMa organiza um atelier de férias
destinado a crianças entre os 6 e os 10 anos e
que visa proporcionar divertimento e aprendizagem aos mais jovens através da realização de diversas actividades didácticas. A iniciativa irá realizar-se em duas semanas (9 a 13 de Julho e 16
a 20 de Julho), cada qual acolhendo grupos distintos de crianças. Esta actividade pretende encorajar crianças de diversas idades a conviverem em harmonia num estabelecimento que lhes
irá proporcionar todas as melhores condições
para a prática da diversão.
Durante este mês, cerca de 700 lâmpadas de
semáforos vão ser substituídas na zona do Alto
Alentejo por LEDS de modo a poupar cerca de
80% de energia neste tipo de iluminação. Estas
lâmpadas são responsáveis pelo consumo de 150
mil kWh equivalendo assim a 21 mil euros por ano
de poupança. Em tempos de crise ideias económicas como esta são de se prezar pois devem ser
invocados todos os meios para ajudarmos o nosso País a ultrapassar a crise. O custo desta operação ronda os 75 mil euros, valor investido que
deverá ter retorno após apenas quatro anos de
utilização deste sistema. É também sabido que,
em caso de sucesso desta implementação, é bem
possível que esta ideia se possa alastrar a mais
zonas do País.
NAS
HIV: PERITOS ACONSELHAM APROVAÇÃO DE
MEDICAMENTO
Neste concurso disputado por 40 equipas de 22
países, duas equipas constituídas por seis jovens de 16 anos trouxeram para Portugal duas
medalhas de prata. As provas consistiram em
três matérias distintas: Química, Física e Biologia. Com este resultado o nosso país ultrapassou pela primeira vez a fasquia da Medalha de
bronze o que pode espelhar em parte, o esforço
e o investimento que o Estado tem feito na educação. De notar também que as equipas de jovens talentos ombrearam com países em que o
sistema de ensino é considerado muito superior
ao nosso que segundo o estudo da rede internacional de universidades Universitas 21, colocou
Portugal no 23.º lugar de um total de 48 sistemas de educação avaliados onde em 1.º lugar ficou os EUA. Fica então este registo na esperança que este marco seja um impulsionador para
que os jovens deste país invistam mais na sua
educação.
A administração de fármacos e alimentos (FDA),
recomendou a aprovação do primeiro fármaco
que supostamente irá fortalecer o sistema imunitário de modo a impedir a infecção das pessoas
com o vírus da SIDA. De seu nome Truvada, este
JOVENS PORTUGUESES
OLIMPÍADAS DA CIÊNCIA
PREMIADOS
fármaco promete ser útil especialmente para os
grupos da sociedade mais susceptíveis de contrair o vírus da SIDA entre as quais, homossexuais e consumidores de drogas por injecção. A
patente do Truvada é detida da pela empresa Gilead Sciences, Inc. desde 2004 e resulta na combinação de dois fármacos, o Emtriva e o Viread.
Os especialistas temem, no entanto, que o sucesso deste novo medicamento venha a reduzir o
uso de outras formas de protecção, que aumentem a exposição da população a outras doenças
transmitidas sexualmente.
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JUN. 2012
REDESCOBRIR
A MADEIRA
_
O PILAR DE
BANGER
Uma das memórias históricas do porto do
Funchal era o enorme Pilar de Banger que se levantava nas margens da praia e que fazia as delícias dos viajantes que demandavam a ilha da
Madeira, sendo objeto de inúmeras aguarelas e
depois, de fotografias.
O enorme pilar de cantaria do cabo Girão, com
cerca de 30 metros de altura, foi mandado levantar pelo comerciante inglês John Light Banger (1726-1798), estando pronto em 1798, ano em
que pensamos ter este comerciante falecido. A
ideia era para o mesmo servir guindaste e cabrestante para transporte de mercadorias dos
navios ao largo para a praia do Funchal. O aumento da envergadura dos navios, rapidamente,
inviabilizou essa utilização, servindo até aos inícios do século XX como posto de sinais à Casa
Blandy, avisando os exportadores das encostas
da cidade da chegada ao porto dos navios e a que
companhia pertenciam. A comunicação era feita
das encostas do Funchal, especialmente do lugar Avista Navios, na Nazaré, sendo então hasteada no Pilar a bandeira da companhia do navio que estava para entrar no porto, passando os
comerciantes a saber se tinham mercadoria a
receber ou a despachar, se chegava correspondência e jornais que lhes interessavam, etc..
Na década de 30 do século XX, o Dr. Fernão de
Ornelas iniciou uma enorme campanha de obras
em toda a cidade do Funchal, seguindo de muito perto o arrojado Plano de Melhoramentos feito pelo arquiteto Ventura Terra, em 1914 e 1915,
que propunha a construção de uma marginal,
tal como havia nas grandes cidades portuárias
e turísticas pela Europa. Nesse quadro, projeta-
ram-se inúmeras demolições, entre as quais, do
velho Pilar de Banger, o que desencadeou uma
acesa polémica na comunicação social. A Câmara Municipal do Funchal e a Junta Geral do Distrito Autónomo, no entanto, mantiveram o projeto e o pilar foi demolido em 1939, na construção
da marginal do Funchal e da futura Avenida do
Mar.
Nas obras de manutenção e repavimentação
da Avenida do Mar de 1990, entretanto, foram
encontradas as fundações do Pilar de Banger,
então por baixo da faixa de rodagem Norte, frente ao antigo Sunny Bar, onde se encontra hoje a
Pizza Hut. Não sendo possível fazer a reposição
naquele local, foram as pedras da base do pilar
remontadas no jardim anexo e fronteiro, ligeiramente mais para nascente, acompanhadas de
um placar explicativo.
_
RUI CARITA
Professor Catedrático da UMa e Historiador
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990
JUN. 2012
TROFÉU
DO REITOR
CHEGA AO FIM
Ao fim de 5 meses de competição, 125 jogos,
991 golos, 131 amarelos, 26 cartões vermelhos
a terceira edição do Troféu do Reitor chegou ao
fim. Consagram-se os vencedores e atiram-se
piadas e brincadeiras sobre os últimos classificados. Uns cortejam a classificação vangloriando-se dos feitos alcançados, outros choram
o azar, a sorte e as arbitragens deixando todos
eles a vontade de que “para o ano vai ser diferente…”.
O Troféu do Reitor veio dar vida às centenas de
pessoas que se envolveram neste projecto da
Académica madeirense, sejam eles jogadores,
treinadores, adeptos, espectadores, colaboradores, árbitros, cronometristas, namoradas,
esposas, pais, mães e filhos… A envolvência que
este torneio proporciona a cada ano que passa é cada vez maior. A exigência dos participantes é enorme e a logística não pode falhar. Nesta hora de balanço, acreditamos que este ano foi
bastante positivo alcançando os objectivos pro-
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© KONSTANTIN TAVROV / PhotoXpress Inc
34
postos.
Desportivamente, as 21 equipas presentes no
Troféu do Reitor deste ano foram apresentando
argumentos para tentar destronar os campeões
em título: CD Foguetes de Cana. Mas a verdade é
que a equipa de Mário Teixeira, Honorato Sousa
e companhia não teve rivais. Jogaram o suficiente quando era necessário e apresentaram o melhor de si na fase a eliminar. Uns justos vencedores que acabam por alcançar o 4.º título desde a
JUN. 2012
criação do torneio académico de Futsal. Os “Foguetes” também venceram a Taça JOMA, competição paralela ao campeonato, mas onde encontraram uma equipa determinada em vencer
essa competição: os Soccer Terror. No entanto, num jogo frenético que apenas ficou decidido nos últimos segundos do prolongamento, a
maior experiência e talvez uma pontinha de sorte protegeu os Foguetes de Cana que fizeram
a dobradinha. Quanto à restante classificação
do Troféu do Reitor, podemos realçar a grande
competitividade evidenciada ao longo do torneio
onde os candidatos ao título Espeta-Cular SC
(alcançaram um merecido 2.º lugar), Amigos do
Juvenal (os veteranos do torneio), Soccer Terror (antigos Metralhas) e UMa Poison (apesar
de tudo uma pequena desilusão pelo 6.º lugar)
tentaram alcançar o primeiro lugar. Os Bukake
(equipa constituída por alunos da residência universitária uma vez que a sua maioria eram alunos do programa ERASMUS e os WTF foram as
surpresas do torneio enquanto Dáteu-Cupramim e AC Milho ficaram aquém das expectativas. Professores e Funcionários da UMa da equipa + Acção Social (que já apresentou uma claque
organizada) voltaram a marcar presença no torneio deste ano onde alcançaram a meia-final da
Taça JOMA e um respeitável 12.º lugar no campeonato. A equipa Contra-Desgraça “criou” uma
equipa B que acabou por superar a equipa principal na classificação final. A criação da “Liga
dos últimos” gerou grande expectativa junto das
equipas que alcançaram resultados menos bons
na primeira fase. Juventude, E.F. Aparthinaikos
(que voltou a brindar-nos com a sua excelente
claque) e Tabaibos United proporcionaram uma
luta interessante pela vitória desta liga enquanto os estreantes Jumentus e iSeries pagaram
pela sua inexperiência e disputaram entre si a
fuga do último lugar da competição. Inter Marché (brilhante 5.º lugar, West UMa United (não
menos brilhante 7.º lugar), Trocadalho do Ca-
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1.
3.
2.
4.
rilho (8.º lugar) e VALENtes da CIA CF (11.º lugar) completam o lote de equipas participantes
no torneio.
Num torneio que pretende fomentar o espírito
académico, o convívio, a amizade mas também
dinamizar e implementar a prática desportiva de
lazer e recreação, o Troféu Disciplina assume
uma importância redobrada. Este ano, a equipa
Amigos do Juvenal foi um exemplo e a grande
vencedora do prémio deste ano. Parabéns!
Aproveitando este espaço da JA, aproveito
para endereçar uma palavra de agradecimento
a todos os que possibilitaram que este projecto
da AAUMa pudesse ter o notável e notório sucesso no seio da comunidade académica. Obrigado
e até para o ano!
CLASSIFICAÇÃO FINAL
1.º LUGAR: CD Foguetes de Cana
2.º LUGAR: Espeta-Cular SC
3.º LUGAR: Amigos do Juvenal
4.º LUGAR: WTF
5.º LUGAR: Inter Marché
6.º LUGAR: UMa Poison
7.º LUGAR: West UMa United
8.º LUGAR: Trocadalho do Carilho
9.º LUGAR: Contra-Desgraça B
10.º LUGAR: Contra-Desgraça FC
11.º LUGAR: VALENtes da CIA FC
_
ARLINDO SILVA
12.º LUGAR: + Acção Social
13.º LUGAR: AC Milho
14.º LUGAR: Dáteu-Cupramim
15.º LUGAR: Tabaibos United
5.
6.
16.º LUGAR: E. F. Aparthinaikos
17.º LUGAR: Juventude
18.º LUGAR: Jumentus
_
LEGENDAS
1. AC Milho
2. Tabaibos United
19.º LUGAR: iSeries
Bukake
Soccer Terror
3. West UMa United
4. iSeries
TAÇA JOMA: CD Foguetes de Cana
5. Jumentus
TROFÉU DISCIPLINA: Amigos do Juvenal
6. Arlindo Silva e Pedro Setim
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SER ECO
COMPATÍVEL
EM ÁREAS
REDE
NATURA
2000
_
SPNM
A Rede Natura 2000 é a rede de áreas protegidas à escala da União Europeia e o seu objetivo
é garantir a sobrevivência a longo prazo das espécies e dos habitats europeus mais valiosos e
ameaçados. Criada ao abrigo da Diretiva «Habitats» de 1992, esta é a maior rede de áreas protegidas no mundo, e um testemunho da importância que os cidadãos europeus atribuem à sua
biodiversidade.
São 11 as áreas do arquipélago da Madeira
que integram a Rede Natura 2000, abrangendo
área terrestre e área marítima, nomeadamente: a floresta Laurissilva, o maciço montanhoso
central, o Pináculo, a Ponta de São Lourenço, o
Ilhéu da Viúva, as Achadas da Cruz, os Moledos,
os Ilhéus do Porto Santo, o Pico Branco – Porto Santo, as ilhas Desertas e as Ilhas Selvagens.
A biodiversidade é o que torna o nosso planeta habitável e belo. Dependemos dela para o alimento, energia, matérias-primas, ar e água que
tornam a vida possível e são a base da nossa
economia. Mas também olhamos para o ambiente natural à procura de sensações igualmente
importantes, como o prazer estético, a inspiração artística e o lazer.
As áreas classificadas do nosso arquipélago
são lugares de excelência para a prática de atividades de lazer ao ar livre e devemos usufruir
de todo o seu potencial, sem que isso signifique
a sua destruição.
Assim, deixamos aqui uma dica para quando
estiver nestas áreas:
Em plena natureza não há recolha de resíduos.
Leve consigo todos os lixos, não deixe nada
para trás - Os lixos apelidados de biológicos ou
resíduos orgânicos como restos de comida, apesar de se degradarem e transformarem facilmente constituem fonte de alimento a espécies
oportunistas, como é o caso dos ratos e gatos
asselvajados, mantendo e fomentando estas populações que depois são sérias ameaças a outras espécies que não têm defesas contra elas,
como as aves, em especial na época reprodutiva,
estando os ovos e juvenis mais expostos à predação.
Alimentos frescos como as frutas podem ser
vetores de disseminação de pragas e doenças,
transportando no seu interior seres vivos que
quando libertados na natureza podem se disseminar para áreas onde não existiriam naturalmente. Este tipo de transporte tem resultado
em graves prejuízos económicos especialmente
para a agricultura, como é exemplo a mosca da
fruta. Alguns destes seres vivos, mesmo que os
resíduos sejam enterrados, têm grande capacidade de sobrevivência, pelo que devem ser depositados em caixotes de lixo para serem devidamente tratados.
Lenços de papel têm uma decomposição muito lenta, pelo que se abandonados na natureza
são elementos poluidores da paisagem durante
muito tempo. Assim, na impossibilidade de serem recolhidos deverão pelo menos ser enterrados.
Se é fumador, os filtros dos cigarros (beatas)
também são lixo, e de longa duração no meio
ambiente. A ação de um só fumador parece ter
pouco impacto visual num local, a ação repetida
por muitos não terá o mesmo impacto. Por outro
lado estes resíduos muitas vezes são confundidos pelos animais como fonte de alimento, sendo
ingeridos inadvertidamente resultando em graves problemas de saúde para os animais selvagens.
Apoie esta causa, faça eco desta mensagem,
seja eco compatível.
Se ainda não é stakeholder desta causa inscreva-se na página www.lifeecocompativel.com,
dê força a este movimento…
NOTA: Texto escrito na nova grafia ao
abrigo do Acordo Ortográfico de 1990
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Nos últimos meses, o Centro Internacional
de Negócios da Madeira ganhou um protagonismo surpreendente, muito por causa das questões políticas e económicas inerentes ao próprio
CINM. Cabe agora avaliar o quão frutífero poderá ser o CINM para a Região.
Desde já, é necessário definir o próprio centro
tendo em conta as características do local onde
este se insere. A ilha da Madeira, é considerada uma região ultraperiférica, estatuto que lhe
foi atribuído por diversas razões de índole económica, social e natural. Este conceito de ultraperiferia surge na própria União Europeia, não
apenas pela distância existente entre tais regiões e o centro económico e político da UE, mas
de igual forma por estas terem especificidades
como níveis de PIB abaixo da média, grande susceptibilidade a catástrofes naturais, e principalmente por serem territórios demasiado pequenos com pouca população sendo impraticável a
aplicação de um modelo de economias de escala no qual seja possível produzir a custos menores, oferecendo produtos competitivamente baratos no cenário mundial.
O problema que se põe é o panorama político que vigora na actualidade, visto que grande
parte do ideal criado anteriormente, no qual se
defendia uma maior intervenção nestas regiões
através da injecção de fundos que viessem melhorar a estrutura económica, está a ruir lentamente. Talvez pelos efeitos da crise económica
europeia que tem sido encaminhada num único sentido que se caracteriza pela austeridade
e pelo corte de despesas ou talvez porque a injecção de fundos não provocou os efeitos de convergência desejados. Mas se tivermos em conta
que tais territórios partiram de um ponto relativamente bastante atrasado se comparados com
os territórios do centro da Europa e que estes últimos não pararam de evoluir ao longo do tempo, o caminho da convergência absoluta não era
possível. Nos nossos dias vinga o modelo político neoliberal no qual é defendido que as regiões
ultraperiféricas podem inverter as suas limitações, fazendo delas autênticas vantagens competitivas.
No entanto, apesar deste discurso político,
muitos problemas inerentes às regiões ultraperiféricas ainda permanecem, e por isso todas as oportunidades que possam ser frutíferas
para estas devem ser aproveitadas. O CINM, representa uma destas, pois se tivermos em conta
os benefícios que este centro traz para a economia regional chegamos a essa conclusão. Muitos licenciados encontram neste centro uma das
únicas opções para garantirem um local de emprego numa ilha onde abundam pequenas empresas familiares, não havendo um mercado capaz de absorver muitas pessoas detentoras de
um curso universitário. Em 2007, o CINM era
responsável por cerca de 2900 empregos directos e indirectos, sendo a remuneração dos
trabalhadores do mesmo centro acima da média da remuneração regional. Para além disso,
este centro é capaz de desenvolver outras áreas de interesse regional como o turismo, através
da visita dos investidores, dos clientes e até dos
próprios fornecedores.
_
SÉRGIO RODRIGUES
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COMO SE PREPARAR (E FAZER)
UMA DEFESA DE
SUCESSO
© KHZ / PhotoXpress Inc
ANTES DA DEFESA
Após ter submetido os vários exemplares da
sua dissertação, relatório ou tese (normalmente, seis exemplares impressos e um em formato digital) assim como o parecer do seu orientador afirmando que a dissertação, relatório ou
tese se encontra em condições de ir a defesa pública, resta aguardar pelo dia D. Normalmente
demora cerca de um mês e meio a ser aprovada
a constituição do júri e a obterem-se as aprovações preliminares.
Agora, é a altura de trabalhar no seu powerpoint para a apresentação introdutória de 20 minutos onde você apresenta ao júri e à assistência
a síntese do seu trabalho de investigação. Esta
elaboração do powerpoint já é uma excelente
oportunidade para rever bem o seu trabalho. A
exposição deve ter a estrutura semelhante à dissertação, relatório ou tese resumindo os capítulos correspondentes. Treine bem a sua apresentação e controle o tempo para 20 minutos de
apresentação. Faça um powerpoint sóbrio (não
abuse das cores nem da animação). Escreva em
cada diapositivo o mínimo necessário. Tenha,
ainda, em consideração estes conselhos: a) Saiba a sua dissertação de trás para a frente e de
frente para trás; b) Estude bem as fontes, os autores e os estudos que você consultou e refere;
c) Prepare-se para explicar e defender as suas
opções metodológicas; d) Saiba bem o que é que
os dados a que chegou significam; e) Prepare-se para interpretar tabelas e gráficos que você
tem no seu estudo; f) Sobretudo, assimile bem o
seu último capítulo de modo a sabê-lo quase de
cor; g) Antecipe algumas perguntas que lhe po-
dem ser feitas (pode consultar uma lista de perguntas possíveis no livro “Etapas do processo de
investigação: Do título às referências bibliográficas”).
Logo que conheça a constituição do júri, consulte na internet o perfil dos membros que não
conhece, sobretudo o/s arguente/s. Normalmente, o arguente concentra-se na área que
melhor domina e sobre a qual tem escrito; consulte o seu currículo na internet se estiver disponível (talvez na sua página pessoal ou página
institucional).
Naturalmente, uma primeira questão que se
coloca aquando da defesa é o que incluir naqueles 20 minutos que o Mestrando ou Doutorando tem para fazer uma síntese do seu trabalho.
Nesse período de tempo, o Mestrando ou Doutorando não pode deixar de apresentar o seguinte:
1. Os objectivos da investigação, o contexto e
as questões de investigação;
2. Revisão da literatura fundamental assim
como o estado actual do conhecimento;
3. Descrição e justificação da metodologia escolhida;
4. Um resumo dos dados encontrados;
5. Uma análise do que os dados sugerem;
6. Conclusões e recomendações;
DURANTE A DEFESA
Finalmente chegou o grande dia, o dia D,
que só pelo facto de ter chegado já é um grande acontecimento. É um momento que irá recordar pela sua vida fora, uma data marcante que
jamais esquecerá. Esteja calmo/a e tranquilo/a
pois você tem um domínio da sua temática maior
que qualquer outra pessoa que esteja presente na sua sala das provas. O facto de ter chegado aqui significa que o seu trabalho já foi preliminarmente avaliado e considerado adequado
para uma defesa pública. Dê o seu melhor durante a defesa pois esta tem um peso significativo na sua nota final.
O artigo 22.º do Decreto-lei nº 74/2006 de 24
de Março (Graus académicos e diplomas do ensino superior) e que regulamenta a constituição
do júri de Mestrado refere que “o júri é constituído por três a cinco membros, incluindo o orientador ou orientadores” (ponto 2). O artigo 34.º
do mesmo decreto-lei regulamenta a constituição do júri de Doutoramento “o júri é constituído: Pelo Reitor, que preside, ou por quem dele
receba delegação para esse fim; Por um mínimo de três vogais doutorados; Pelo orientador
ou orientadores, sempre que existam”. O ponto 3
do Artigo 34.º do mesmo decreto-lei refere que
“dois dos membros do júri referidos no número anterior são designados de entre professores
e investigadores doutorados de outras instituições de ensino superior ou de investigação, nacionais ou estrangeiros”.
Certamente que soube com alguma antecedência onde irá decorrer a sua defesa. Saiba
se tem de levar consigo algum equipamento ou
se a Universidade dispõe de todo o equipamento necessário. Um ou dois dias antes, vá experimentar o equipamento, verifique as condições
da sala, veja o lugar onde se vai sentar e teste
a sua apresentação. Chegue pelo menos meia
hora antes do início marcado para a sua defesa.
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Cumprimente os membros do júri e apresente-se àqueles membros que não conhece. A defesa, normalmente, começa com o Presidente do
Júri a cumprimentar os restantes membros do
júri, o/a candidato/a e a assistência e explica o
desenrolar do processo da defesa assim como
os tempos atribuídos a cada um. As provas não
demoram mais que 90 minutos (para as provas
de mestrado) e 150 minutos (para as provas de
doutoramento), tendo o/a candidato/a cerca de
20 minutos para fazer a apresentação geral do
seu trabalho e depois o arguente e o candidato têm cerca de sessenta minutos para discussão do trabalho no caso do Mestrado e 120 minutos no caso do Doutoramento (ver Regulamentos
dos cursos de 3.º ciclo de estudos e de 2.º ciclo de estudos em http://uaa.uma.pt). O Presidente do Júri proporcionar-lhe-á tempo idêntico ao utilizado pelo arguente ou pelos membros
do Júri para você poder responder às questões
ou para argumentar. Normalmente os arguentes seguem uma destas metodologias: ou fazem a análise e crítica do trabalho durante o seu
tempo colocando no fim uma série de perguntas ao Mestrando/Doutorando ou, outra metodologia, estabelecem uma conversa, um diálogo
com o/a candidato/a sobre o trabalho de investigação. Prepare-se para, eventualmente, o arguente lhe perguntar que metodologia prefere. A
fase das perguntas é a parte crucial do processo. Você deve responder às perguntas de maneira tal que revele que você está preparado/a para
integrar a comunidade científica dos investigadores: está informado/a, estruturado/a, e confiante. Ouça bem e registe as perguntas que lhe
são feitas. Se, por acaso, não compreender bem
a pergunta, repita a questão como você a entendeu ou peça clarificação. Nas suas respostas evite alguns erros comuns nestas circunstâncias: 1) Não fique na defensiva. Se lhe foi feita
uma pergunta e você a percebe como um ataque
não responda com um contra-ataque; 2) Não
apresente desculpas. Se lhe apontam um problema sério, ouça, admita o mérito da observação e indique que agradece o contributo; 3)
Nunca culpe o seu orientador; poderia ter acontecido que o seu orientador lhe tivesse dado um
mau conselho, mas a defesa não é a altura para
revelar esse facto. No fundo, é a sua dissertação/tese; responsabilize-se por ela; 4) Não tente
responder a uma pergunta que não tenha percebido bem. Peça para que lhe repitam a questão;
5) Evite derivar para fora do âmbito do campo da
sua dissertação ou tese; 6) Se lhe propuserem
algumas alterações ou correcções aceite isso
normalmente e agradeça a contribuição; 7) Estabeleça contacto visual com o seu arguente e
com os restantes membros do júri.
No final, o/a Presidente agradece ao arguente pela sua prestação e dá uns minutos ao orientador e restantes membros do júri para fazerem
algumas considerações. Após isso, a assistência e o/a candidato/a retiram-me da sala e o júri
discute a prestação do/a candidato/a durante a prova e o valor da dissertação, atribuindo-lhe depois uma nota quantitativa (no Mestrado)
ou a classificação de “Recusado” ou “Aprovado”
(no Doutoramento) e elabora a acta. A prestação
do/a candidato/a durante as provas, a maneira
como respondeu às questões, como se comportou durante a arguência tem um peso significativo na sua nota final.
APÓS A DEFESA
Tendo sido aprovado/a nas provas públicas é
altura de se alegrar e celebrar com os seus amigos e familiares. Deve estar orgulhoso/a pela
realização dos seus objectivos e de ter ultrapassado todas as dificuldades e obstáculos encontrados. Depois de ter descansado mais ou menos um mês e enquanto a sua dissertação ou
tese está fresca na sua memória, pense em publicá-la como livro (Ver internet: Edições Pedago, Chiado Editora ou www.bubok.com) ou em
converter os capítulos em artigos a serem publicados em revistas académicas e profissionais da
sua especialidade e, deste modo, alargar a sua
audiência e enriquecer o seu currículo. Se o seu
orientador lhe propuser fazer um artigo em co-autoria ou uma apresentação numa conferência ou congresso, aceite a proposta; você tem
toda a informação necessária, é só preciso mudar o formato. Pode também pedir informação
ao seu orientador sobre as revistas académicas
mais apropriadas para as quais pode submeter
propostas de artigos. No caso de procurar um
emprego ou uma nova posição profissional, o diploma que acabou de obter, a experiência e os
conhecimentos adquiridos representam mais-valias de valor inestimável.
_
ANTÓNIO BENTO
Docente da UMa e Investigador do CIE
REFERÊNCIAS:
Decreto-lei n.º 74/2006 de 24 de Março –
Graus académicos e diplomas do ensino superior.
Fortin, M. (2003). O processo de investigação: Da concepção à realização (3.ª edição).
Loures: Lusociência – Edições Técnicas e
Científicas, Lda.
Regulamento do 2.º Ciclo de Estudos da
Universidade da Madeira. Consultado em 5
de Maio de 2012 em http://uaa.uma.pt/index.php?option=com_content&view=cate
gory&layout=blog&id=87&Itemid=101&lan
g=pt
Regulamento do 3.º Ciclo de Estudos da Universidade da Madeira. Consultado em 6 de Maio de 2012 em http://
uaa .um a . pt / in dex . p hp?o ptio n = co m _ co
n t e n t & v i e w = a r t i c l e & i d = 3 74% 3 A r e g u l
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46
JUN. 2012
AS DIETAS
LOUCAS
_
BRUNO SOUSA
Nutricionista
Começou o verão e a preocupação com as formas corporais sobressai. O desejo por uma perda de peso muito rápida desperta e surge uma
procura desesperada por soluções milagrosas.
Muitas destas soluções “ilusórias” aliciam
aqueles mais sensíveis, que acabam por se submeter a completos “sacrifícios”, que podem passar por comer apenas um tipo de alimento ao
longo de dias ou eliminar certos alimentos que
são fundamentais na nossa alimentação diária
como o pão, a massa ou o arroz, entre outros tipos de desequilíbrios alimentares. Por vezes,
também recorrem ao exercício físico muito intenso, ou até a alguns medicamentos sem modificarem o seu estilo de vida. Opções que, para
além dos possíveis resultados terem uma curta
duração, podem ainda ter consequências nocivas para a saúde individual.
Muitos são aqueles que procuram perder
peso a todo o custo sem olhar aos meios, sem
ter a noção que: uma perda de peso muito rápida
acarreta riscos! Por isso, não “embale em cantigas”, pois muitas soluções milagrosas surgem
nesta época do ano. Cuidado!
É possível perder peso e emagrecer de uma
forma saudável e sem sacrifícios, através de
uma alimentação equilibrada e saborosa e com
a prática regular de exercício físico, usufruindo
ainda de todos os seus benefícios, para além dos
efeitos no emagrecimento.
Há que tomar consciência e mudar os seus
comportamentos, nomeadamente na alimentação, pois se engordou, inevitavelmente teve uma
ingestão energética superior aos gastos.
48
JUN. 2012
“Como sociólogo que es el
ministro Wert, sabe bien
que uno de los procesos
de democratización que
mejoraron la sociedad
española (y no han sido tantos
ni demasiado profundos,
así que debemos cuidarlos
especialmente), a lo largo
del medio siglo último, fue el
acceso de las capas populares
a la enseñanza superior.
Ahora el Gobierno del PP
quiere revertir este proceso
—sin haberlo llevado en su
programa electoral—: el
Real Decreto Ley aprobado
el pasado 20 de abril, entre
otras medidas destructivas
de nuestras universidades,
apunta a reservar la formación
superior para los ricos.
Su acción de gobierno ha
traspasado ese límite tras el
cual una sociedad no puede
mirarse al espejo sin sentir
vergüenza de sí misma”.
_
Opinião de Jorge Riechmann,
professor de Filosofia Moral
da Universidade Autónoma de
Madrid, publicadas no jornal El
País.
IPSIS
VERBIS
“Estabelecemos um diálogo,
no sentido de conhecer os problemas que possam existir e
os senhores reitores e presidentes dos politécnicos frisaram que não existe um maior
abandono. Fizemos muitas
perguntas e este diálogo vai
continuar no sentido de apurar
indicadores fiáveis. Não queremos que nenhum estudante deixe de estudar por razões
económicas mas o que verificamos é que os números do
abandono são idênticos aos
dos anos anteriores”.
_
Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência, em declarações
reproduzidas pelo Público de 8
de Maio de 2012.
“Higher education has become
increasingly international:
Millions of students leave their
home countries to study each
year, faculty are increasingly
mobile, and academic research
is not bound by national
borders. And that calls for
a more global approach to
educational cooperation and
international exchange, to
elevate its profile in economicand foreign-policy discussions,
agreed more than 30 high-level
delegates from 15 countries
who gathered for two days of
talks here. Even so, national
needs and domestic priorities
can complicate efforts to find
common ground, the meeting
made clear.”
_
Karin Fischer, em declarações
ao The Chronicle of Higher
Education, em 3 de Maio de 2012
50
51
JUN. 2012
JUN. 2012
JOÃO VIEIRA
Harvard porque é mais fácil de arranjar trabalho e por ter uma componente
mais prática.
DÉNIO GOUVEIA
Universidade do Porto porque tem Arquitectura.
ÓSCAR GERARDO
Ia para a Universidade
Nova de Lisboa porque
o meu curso lá é mais
completo.
LIZKA TEIJERA
Mudava para a Universidade do Porto
porque tem mais mestrados
na área de Bioquímica.
JOANA SOUSA
Para o Minho porque tem saída
profissional na área da investigação.
SE PUDESSES MUDAR
DE UNIVERSIDADE
PARA QUAL IRIAS?
ROBERTO FERNANDES
Instituto Superior Técnico
porque há mais facilidade em
encontrar trabalho.
ESTER CÂMARA
Ia para a Universidade Nova de
Lisboa porque dizem que o curso
de Psicologia lá é muito bom.
JOÃO FERNANDES
Lisboa para conhecer outra
Universidade.
MAURÍLIA DE NÓBREGA
FEUP porque tem mais variedade de
opções académicas, mais projecção
a nível profissional, os jardins são
acolhedores e come-se bem.
FILIPA TEIXEIRA
Ia para o Porto porque é a Universidade mais indicada para o meu curso.
SARA GONÇALVES
Ia para o Algarve porque acho que lá o curso de
Psicologia é interessante e é uma cidade mais
ou menos parecida com a nossa.
YESSICA SOUSA
Universidade dos Açores
porque tem o curso de
Biologia Marinha.
_
ÂNGELA FERREIRA
SÍLVIA FERNANDES
© z GRIGORIY LUKYANOV / PhotoXpress Inc
52
JUN. 2012
PALAVRAS
E NÚMEROS
A SAÚDE
ORAL DOS
ANIMAIS DE
COMPANHIA
As doenças dentárias são um dos problemas
de saúde mais comuns nos animais de companhia, afectando cerca de 70% dos cães e gatos.
Nestes animais ocorre a deposição de uma
fina camada de bactérias na superfície dos dentes, a placa bacteriana. Sem os cuidados de higiene oral necessários, verifica-se a deposição
de minerais na placa bacteriana originando o
aparecimento do tártaro. O processo agrava-se
com a multiplicação de bactérias que causam inflamação das gengivas e das raízes dos dentes,
resultando em doença periodontal. Com o tempo a doença acentua-se provocando a destruição
gradual dos tecidos e estruturas que dão sustentação aos dentes, causando retracção gengival, rompimento do ligamento periodontal e destruição do osso alveolar. Temos então o aumento
da mobilidade dos dentes, com posterior perda
dos mesmos, dor durante a mastigação, ingestão diminuída de alimento, emagrecimento, hemorragias, hipersalivação e mau hálito.
30%
733
A doença periodontal afecta cães e gatos, de
ambos os sexos e de todas as idades, apesar de
ser mais comum em animais mais velhos e, no
caso dos cães, em raças pequenas.
Previne-se o aparecimento desta doença no
seu animal com a escovagem diária dos dentes
com produtos específicos, que removem a placa bacteriana e os alimentos neles depositados.
Os cuidados de higiene oral deverão iniciar-se
o mais cedo possível na vida do animal.
Nos casos em que já existe deposição de tártaro, a escovagem não é suficiente, sendo necessário o recurso à destartarização.
_
RAQUEL FINO
Médica Veterinário
No ano lectivo 2010/11, a
Universidade Técnica de
Lisboa recebeu 733 estudantes
ao abrigo do programa de
mobilidade Erasmus, o que a
coloca no primeiro lugar do
ranking nacional, e no 26.º da
lista total, encabeçada pela
Universidade de Granada
(2.019). A U. Porto (688) e
a U. Coimbra (686) surgem
nos 33.º e 34.º lugares,
respectivamente. Da lista das
100 universidades que mais
estudantes recebem constam
ainda a Nova de Lisboa (em
40.º com 626 estudantes), e
a U. Lisboa (em 60.º com 520
estudantes).
In Canal Superior de 9 de Maio
de 2012.
1.500.000
O resultado do inquérito da
AAUMa indica que 39% dos
estudantes da UMa enfrentam
dificuldades económicas, uma
percentagem alta e que está
próxima da média nacional que
situou-se bem próximo dos
46%. Destes, 60% referiram
que temem abandonar a
UMa em consequência das
dificuldades económicas. A
nível nacional cerca de 66%
dos estudantes receiam o
abando escolar por esse
mesmo motivo.
_
In Diário de Notícias de 8 de
Maio de 2012.
Mais de 110 mil alunos do
4.º ano do ensino básico
fizeram a prova de aferição
a Português e, na sexta, a
Matemática. A partir do ano
lectivo 2012/2013, as provas
contarão 25% para a nota final
e, daí em diante, o seu peso
aumentará para os 30%. As
metas do Ministério são de
que as positivas a Português
devem chegar aos 95,3% e a
Matemática aos 92,4%. Em
2011, atingiram os 86,7% e
79,6%, respectivamente.
_
In Público de de 8 de Maio de
2012
16900000€
Segundo um comunicado da
sociedade de investimento
SPGM, uma ‘holding’ do
sistema de garantia mútua
nacional, o valor total dos
novos empréstimos de
estudantes do Ensino Superior,
firmados desde 12 de Janeiro
até 31 de Março, ascende a
16,9 milhões de euros, tendo
sido utilizados 2,24 milhões. O
valor médio dos empréstimos
passou de 11,4 para 11,7 mil
euros este ano.
In Correio da Manhã de 8 de
Maio de 2012.
55
JUN. 2012
QUEM SOMOS
A OET, Ordem dos Engenheiros Técnicos, regula o exercício da profissão de engenheiro técnico em Portugal, e é o resultado de quase 160 anos de existência de
uma classe profissional, cuja origem remonta a 1852. Depois de um percurso feito
através de várias associações privadas foi criada, através da Lei n.º 47/2011, de 27
de Junho, a OET – Ordem dos Engenheiros Técnicos, sendo hoje a associação pública de natureza profissional que representa exclusivamente os bacharéis e licenciados do 1.º ciclo de engenharia, atribuindo-lhes o título de Engenheiro Técnico.
ONDE ESTAMOS
A Ordem dos Engenheiros Técnicos, enquanto ordem profissional de âmbito nacional, para melhor e de forma mais próxima servir os engenheiros técnicos, está
organizada em 5 secções regionais, que cobrem todo o território nacional. As Secções Regionais, dotadas de Órgãos Estatutários e instalações públicas, compreendem as seguintes regiões: Açores, sediada em Ponta Delgada; Centro, sediada em
Coimbra; Madeira, sediada no Funchal; Norte, sediada no Porto; Sul, sediada em
Lisboa. A Secção Regional da Madeira da OET, encontra-se localizada no Funchal,
mais concretamente na Rua dos Murças, 88 – 2.º, 9000-058 FUNCHAL.
O QUE PRETENDEMOS
Como associação profissional, a OET, tem por atribuição defender os direitos e
interesses dos engenheiros técnicos. Neste domínio há questões que, por actuais e de primordial importância no âmbito do exercício da profissão, merecem particular atenção dos engenheiros técnicos e dos dirigentes da OET. Nesse sentido,
adoptámos, em 2005, uma postura contra a engenharia ilícita, contra as “assinaturas de favor”, através da implementação de um sistema de informação segundo o qual cada Engenheiro Técnico só pode praticar os actos de engenharia para
os quais provou estar apto, nos termos definidos para cada uma das declarações.
Desta forma, a OET deu um passo em frente para detectar e proceder contra aqueles que põe em causa a credibilidade da engenharia que se pratica em Portugal.
PAULO MAJORA CANAMUS!
A Ordem dos Engenheiros Técnicos (OET) em
boa hora decidiu colaborar com a Associação
Académica da Universidade da Madeira, através
da participação activa na sua revista, carinhosamente conhecida como Jornal Académico. Com
esta participação a OET pretende dar continuidade a uma colaboração que já leva algum tempo,
nomeadamente através da participação de estudantes da UMa em congressos, seminários e visitas oficiais promovidas por esta ordem profissional. No âmbito e no dia inaugural da Feira da
Indústria e da Construção - FIC 2011, que este
ano se realizou pela primeira vez na Avenida Arriaga, no Funchal, contámos com a presença de
um grupo alargado de estudantes de engenharia da UMa, com a oportunidade de participação
numa conferência/palestra onde se reflectiu sobre os temas “Reabilitação Urbana” e “Exercício
da Profissão”.
Porque acreditamos que a prática é uma vertente essencial na evolução de qualquer profissional, convidámos 2 estudantes da Universidade da Madeira para um conjunto de visitas
técnicas à ilha do Porto Santo, inseridas num roteiro de visitas da OET a todos os municípios da
Madeira, onde tivemos o prazer de conhecer infra-estruturas de ponta e que muito orgulham
a Engenharia portuguesa, exemplos da Central
Dessalinizadora e Central de Produção de Biofuel através das algas.
Somos da opinião que ao darmos início a uma
colaboração desta natureza, estamos a prestar uma contribuição determinante na formação dos profissionais do futuro. Para tanto, criámos condições para que os jovens engenheiros
entrem mais cedo para o mercado de trabalho,
com a criação da figura do membro-estudante,
permitindo aos estudantes do último ano do 1.º
ciclo, a possibilidade de fazerem a sua inscrição
na Ordem, bem como com a implementação de
uma bolsa de emprego, inteiramente gerida pela
OET, que reúne oferta e procura de emprego dos
Engenheiros Técnicos.
Por fim, não poderíamos deixar de endereçar
uma palavra de apreço aos estudantes e professores da área das Engenharias, para os quais teremos sempre um conselho, uma ideia ou uma
proposta, não fosse essa a nossa obrigação enquanto Ordem. O nosso contributo para a sociedade, e para o futuro da nossa Região, também passa por esta pareceria e por esta revista.
A Universidade, no seu todo, é o futuro, e a OET
quer continuar a trilhar esse caminho.
A partir desta edição, a Ordem dos Engenheiros Técnicos passará a ter um espaço da sua
responsabilidade, através do qual transmitirá as
suas ideias e propostas, mas aberto à participação de toda a comunidade universitária, num espaço que se quer de todos.
56
JUN. 2012
Suécia 22,8
(7,3%)
DESEMPREGO JOVEM
PELA EUROPA
AGONIA
JOVEM
_
LUIS EDUARDO NICOLAU
“Não basta conhecermos os erros. Deve
existir coragem para
implementação das
correcções. Encarar
a realidade é um bom
começo.”
LEGENDA:
Taxa de desemprego dos jovens
até aos 25 anos em percentagem.
( ) taxa de desemprego geral.
Países em recessão
Fonte: Eurostat.
Diz o ditado popular que “pior cego é aquele
que não quer ver”. Perante todas as dificuldades
que o país enfrenta, num estado de agonia crónica onde os cuidados paliativos parecerem ser a
única terapêutica possível, o Ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, afirmou que “parece
haver um alarmismo” sobre o aumento das dificuldades económicas dos estudantes e que “não
há sinais nenhuns de agravamento da situação
por razões económicas”. Nuno Crato já não frequenta as Universidades
portuguesas como fazia antes de integrar o elenco governativo. No entanto, não deve ter perdido
a sua essência de profissional da estatística e conhece os números avançados pelo seu ministério
sobre a redução das bolsas atribuídas este ano,
em relação ao ano transacto. Até Abril foram
atribuídas cerca de 52 mil bolsas, contra cerca
de 57 mil no ano lectivo anterior. A nível nacional,
46% dos estudantes afirmam que enfrentam dificuldades económicas (39% na UMa), de acordo
com um estudo conduzido pelas estruturas associativas de todo o país.
A acompanhar a crescente dificuldade está a
falta de esperança em dias melhores e a vontade em procurar um destino melhor onde existam mais possibilidade de emprego e de construção de um futuro próspero. Cerca de 55% dos
universitários (60% na UMa) colocam a hipótese
e a vontade em emigrar após o fim do curso. Esse
cenário é uma consequência das dificuldades que
as economias de muitos países europeu.
Os números do desemprego em vários países europeus, com especial destaque para a faixa etária da população activa até 25 anos, é assustador e atinge níveis inéditos. A Grécia lidera
R. Unido 21,9
(8,2%)
Dinamarca
15,1 (8,1%)
Holanda
9,3 (5%)
Irlanda
30,3
(14,5%)
Alemanha
7,9 (7,3%)
Polónia 26,7
(10,1%)
França
21,8
(10%)
Portugal 36,1
(15,3%)
Itália
35,9
(9,8%)
Espanha 51,1
(24,1%)
o índice europeu de desemprego jovem com, inacreditáveis, 51,2% de jovens nessa situação. Segue-se a Espanha (51,1%), Portugal (36,1%), Lituânia (34,3%) e Eslováquia (33,9%). O cenário
europeu mostra-se desanimador para os jovens,
que investem na sua educação superior, e para
as suas famílias que, com cada vez maior esforço
financeiro, apoiam esse percurso.
Todas as universidades estão preocupadas
com a difícil situação económica que os estudantes enfrentam. A apreensão das instituições não
é fruto de altruísmo, mas é motivada pelo receio
em fortes quebras nos ingressos no próximo ano
lectivo e no aumento nas taxas de desistência
derivado dessas dificuldades e da, consequente,
inadimplência.
É fulcral que ocorra uma revisão dos critérios
de atribuição das bolsas de estudo para não sa-
Grécia
51,2 (21,7%)
crificar muitos mais estudantes que não estão a
ser abrangidos por esse apoio, ou que estão a ser
insuficientemente apoiados. Medidas concretas
e efectivas devem ser implementadas para possibilitar um aumento da inserção dos estudantes no mercado de trabalho que deve ser forte e
competitivo. Se as estatísticas nacionais e europeias motivam o facilitismo e a criação de mecanismos pouco transparentes de aprovação,
devemos começar a apostar na qualidade dos docentes e dos estudantes num sistema que prime
pela excelência.
O antigo professor do Instituto Superior de
Economia, Bento de Jesus Caraça, dizia que não
temia o erro, porque estava sempre pronto a corrigi-lo. Não basta conhecermos os erros. Deve
existir coragem para implementação das correcções. Encarar a realidade é um bom começo.
58
JUN. 2012
PAUTA FINAL
INFOALUNOS
O estudante já está habituado a esta ferramenta,
em constante actualização, que mostra-se muito
útil aos estudantes. A contribuir para tal existe
um trabalho árduo de uma competente equipa de
profissionais da UMa.
EXCELENTE
INFORMAÇÃO
Semanalmente o Santander Totta disponibiliza o
maior semanário nacional, gratuitamente, a todos
os interessados. Uma prática à qual já estamos
agradavelmente habituados, mas que merece o
nosso reconhecimento.
MUITO BOM
DIFICULDADES
Cerca de 39% dos estudantes da UMa enfrentam
dificuldades económicas. Tendo em consideração
que o número de bolseiros não chega a 30% dos
estudantes, é evidente que a legislação da Acção
Social não é justa e abrangente.
PÉSSIMO
ELEIÇÕES
O tempo passou, ele já não é Vice-reitor, mas
continua a querer controlar tudo e todos. O docente
que pretendeu condicionar o voto dos alunos das
Ciências da Vida demonstra que não aprendeu com
os erros do passado. Tenha vergonha Sr. Professor.
VERGONHA
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APOIOS:

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