PDF - dinâmia`cet-iul

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PDF - dinâmia`cet-iul
Celui-ci n’est pas Keynes: Uma aproximação oblíqua
às ideias de John Maynard Keynes
Duarte Gonçalves
Dezembro 2011
WP n.º 2011/07
DOCUMENTO DE TRABALHO
WORKING PAPER
Celui-ci n’est pass Keynes: Uma aprroximação oblíquaa às ideias de
John
J
Mayynard Key
ynes
Duuarte Gonça
alves♣
WPP nº 2011/07
Deccember 2011
2
Abstrract I – INTRODUÇÃO 2 II ‐ OB
BJECTIVOS E MÉTODO 3 NCERTEZA III – IN
4 IV ‐ A
A INCERTEZA NA ECONOM
MIA 15 V ‐ O PAPEL DO ESTADO 23 VI ‐ O
O SISTEMA IN
NTERNACION
NAL E AS GRA
ANDES GUER
RRAS 31 VII ‐ ""REVOLUÇÃO
O METODOLÓ
ÓGICA" 34 VIII ‐ REFORMA E SUPERAÇÃO
O DO CAPITA
ALISMO 38 IX ‐ ECONOMIC CONSEQUENC
CES OF KEYN
NES 44 X ‐ CO
ONCLUSÕES 48 BIBLIOGRAFIA 49 ♣ ISC
CTE-IUL.
Agrade
ecimentos: Não
o posso perder a ocasião de ttornar manifesttos os meus ag
gradecimentos à Professora Maria
M
de
Fátima
a Ferreiro por me
m ter proporcionado a oporttunidade de dessenvolver este estudo e pelass atentas correccções e
sugesttões que ajudarram a melhorá-lo, bem como p
pelos seus consselhos e orientação. Por outro lado, são de re
eferir os
importtantes contributtos de Inês Ch
haves e de And
dré Cardoso Dias e o auxílio da minha eteerna revisora. Por
P fim,
agrade
eço ao DINÂMIA
A’CET pelas sign
nificativas alteraações sugeridas e pela abertura
a para aceitarem
m publicar este estudo.
A todo
os, muito obrigado.
Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
Celui-ci n’est pass Keynes: Uma aprroximação oblíquaa às ideias de
John
J
Mayynard Key
ynes
RES
SUMO
Atravvés de fontes secundáriaas, este estuddo pretende mostrar o papel
p
centrall da incertezza nas
teoriaas de John Maynard
M
Keynes. Recoloocando a ên
nfase sobre este
e conceitoo, a partir dee uma
aproxximação à teooria keynesiaana das probbabilidades, pretendemos
p
destacar as llógicas de Keynes
K
refereentes à Econnomia e o papel
p
que, noo âmbito desta, competee ao Estado.. Em seguida, são
analizzados os conntributos prááticos de Keeynes para o forjar do sistema internnacional no EntreE
Guerrras e no pós-II Guerra Mundial, beem como a sua reflexão
o crítica sobbre a metodo
ologia
econóómica, devoolvendo a Ecconomia, poor meio da ideia de org
ganicismo soocial, ao seiio das
Ciênccias Sociais. Depois, identificamoss a finalidaade do seu sistema coom a reform
ma do
capitaalismo, tenddente à suaa própria suublimação. Concluímos
C
com uma breves anottações
refereentes à formaa como foram
m apreendidaas as ideias de
d Keynes.
PALA
AVRAS-CH
HAVE: Keyn
nes; Incertezza; Estado-Prrovidência; Economia;
E
Caapitalismo.
ABS
STRACT
Basedd on secondaary sources, this study aiims to show the central role
r of uncerrtainty in thee John
Maynnard Keynes’s theories. Placing
P
the eemphasis on
n this concep
pt, from a Keeynesian app
proach
to thee theory of probability, we want too highlight Keynes’s
K
log
gic regardinng Economiccs and
state’’s role withiin it. Next, we analyzedd the Keynees’s pratical contributionns for forgin
ng the
internnational systtem from thee Great War onwards an
nd in the post-World Waar II, as well as its
critical reflectionn on econom
mic methodoology, relocating Econo
omics amidstt Social Sciiences
ntify the purrpose of the keynesian system
throuugh the idea of social organicism. Thhen, we iden
with the reform of
o capitalism,, which tend s to its own sublimation. We concludde with brieff notes
regarrding the wayy that Keynes's ideas werre seized.
KEY
YWORDS: Keynes;
K
Unceertainty; We lfare State; Economics;
E
Capitalism.
C
1
DINÂMIA’CET – IUL, Centro de Estudos sobre a Mudança Socio
D
oeconómica e o Território
ISCTE--IUL – Av. das FForças Armadass, 1649-026 Lisb
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Tel.
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
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_____
1. IN
NTRODUÇ
ÇÃO
I do not attempt
a
an answer
a
in thhis place. It
would need a volume of a differennt character
from this one to indiccate even in outline the
practical measures in
n which theyy might be
gradually clothed.
(John Maynard
M
Keyynes, 1936)1
Assim
m se pronunnciou Keynees relativameente à sua Teoria
T
Geral do Empreggo, do Juro
o e da
Moedda e assim introduzimos
i
s este estudoo. É impossíível uma bio
ografia verdaadeira de Keeynes,
mesm
mo ou sobretuudo uma biografia intelecctual. O real é descontínu
uo e a lógicaa que é urdida pelo
génerro biográficco é sempree ex-post, ppelo que é criada pelos próprios biógrafos2. Não
pretenndemos im
mpor uma lógica
l
ao ppensamento de Keynes, pelo quue abdicamo
os da
caraccterização deeste ensaio co
omo uma bioografia. Tam
mbém não pretendemos rrealizar uma metabiogrrafia3 das ideeias de Keyn
nes, já que a nossa aborrdagem às diferentes
d
intterpretações sobre
Keynnes foi mais selectiva e interpretativa
i
a que comprreensiva, perrdendo-se mu
muitas das im
magens
que sse criaram sobre
s
este. A primeira, por reconheecimento das limitaçõess metodológicas e
condiicionantes exxternas, a seg
gunda por see desviar do nosso
n
móbil.
Qual é entãão o nosso in
ntuito? Será simplesmentte o de execu
utar uma aprroximação ob
blíqua
às ideeias de Keynnes, segundo
o Pressman, o economista que teve maior impaccto sobre o século
s
XX4, senão mesm
mo um dos maiores
m
de toodos os sécu
ulos e, simulttaneamente, «mais do qu
ue um
U
aproxim
mação que vvisa relevarr a importân
ncia central da incerteza na
econoomista»5. Uma
Econnomia e no real-social, indistrinçávvel da persspectiva org
ganicista de Keynes so
obre a
sociedade, re-situuando a Econ
nomia entre aas Ciências Sociais,
S
com uma vincadaa dimensão moral,
m
humaana.
A pertinênncia actual do
d tema não podia ser maior,
m
dado não só o eestado presen
nte do
panorrama metoddológico da dita “ortodooxia” – term
mo cunhado pelo própriio Keynes na
n sua
Teoriia Geral6, com
c
uma relevância acuutilante –, como
c
ainda faz este tem
ma derivar a sua
1
2
3
4
5
6
KEYN
NES, 2003.
BOU
URDIEU, 1996..
MAU
URÍCIO, 2005: 11-15.
PRES
SSMAN, 2006: 157.
SKID
DELSKY, 2010: 90.
Send
do que a esta ortodoxia logo no prefácio faz referência
a – KEYNES, 2003.
2
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
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_____
actuaalidade do contexto econ
nómico, ondde se assom
mam problem
mas para os quais parecce não
existiir resposta coerente
c
porr entre as tteorias econ
nómicas dom
minantes. Jullgamos, porr isso,
imperrativo reconnhecer a importância da incerteza keeynesiana e todas
t
as ilaçções a partir desta
foram
m desenvolviidas por Keynes.
2. OB
BJECTIVO
OS E MÉT
TODO
O objjectivo destee ensaio será então tentar expor orden
namente elem
mentos várioss da ou das ló
ógicas
de ideeias de Johnn Maynard Keynes.
K
Contuudo, os nosssos interlocuttores primeirros serão as fontes
secunndárias, cujass interpretaçõ
ões das ideiaas keynesianaas (leia-se, de
d J. M. Keynnes) procuraremos
trazerr e confrontaar, transformando-as com
m a leitura críítica que delaas fazemos. É por isso qu
ue nos
referiimos a uma aproximaçãão, dado quee não atingiiremos a verdadeira lóggica das ideiias de
Keynnes, não apeenas por laccunas de coontacto com
m as fontes primárias, m
mas também
m pela
impossibilidade de
d saber com
mo interpretáá-las, algo que
q possivelmente nem o próprio au
utor é
jamaiis capaz de o fazer, devido à naturezza cambiantee das ideias e da posição do indivíduo face
ao coontexto que o rodeia.
Desta form
ma, a aproxim
mação não será em “lin
nha recta” à teoria de K
Keynes, mass mais
tributtária da aprroximação de
d Ortega y Gasset em
m O que é a filosofia ?, onde preetende
«deseenvolver o meu
m pensam
mento em círrculos sucesssivos de raio
o minguantee, em rota esspiral,
portaanto»7. Apesaar de não intterpelarmos directamentee o autor do cerne deste trabalho, crremos,
se nãão racional, ser pelo meenos “razoávvel”, ter preesente a “expectativa” dde que os esstudos
acadéémicos sobree os quais nos baseámos cconstituírem
m um repositó
ório fidedigno
no das teoriass deste
econoomista, citanndo ainda larg
gas passagenns das suas obras.
Será uma lógica
l
contesstável, mas ttambém a ciiência e a procura do connhecimento são, a
seu m
modo, a arte do
d possível.
7
ORT
TEGA Y GASSE
ET, 1999: 53.
3
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Ke
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3. IN
NCERTEZA
A
Se foosse possívell reduzir o pensamento
p
de John Maaynard Keyn
nes (1883-19946) a uma única
palavvra, essa palaavra seria inccerteza. De ffacto, concorrdamos com Skidelsky qquando este afirma
a
que ««o cerne da teoria de Keeynes é a exxistência de uma inescap
pável incerteeza em relaçção ao
futuroo»8.
o central, com
mo procurarremos mostraar, é possíveel fazer deseenrolar
A partir deeste conceito
toda a teoria de Keynes.
K
É a sua
s porta de entrada e, pode-se dizer, a infraestruutura de todaa a sua
teoriaa.
Prob
babilidade
O deesenvolver da questão da incerteza rremonta aoss tempos de juventude dde Keynes, sendo
indesstrinçável do seu estudo sobre probabbilidades, Trratado sobre as Probabillidades9, dad
do que
é nelee que se geraa este conceitto revolucionnário.
Probabilidaade é «uma relação entree proposiçõees», isto é, «uma
«
relaçãoo lógica e racional
de see conhecer allgo a partir da
d ausência dde informaçãão, e de fontees de inform
mação, perfeittas»10.
Keynnes furta-se à definição co
oncreta de prrobabilidadee, que declaraa impossívell, tal como para G.
E. M
Moore (18733-1958), filó
ósofo cuja oobra teve um
ma grande influência eem Keynes11, era
impossível definir “bem”. Como o “bem” e o “amarelo”, probabiliidade era um
ma noção sim
mples e
os de qualqu
quer espécie de factos» era incorreer numa «ffalácia
tentarr defini-los «em termo
naturralista»12.
Como relaação lógica e racional dde conhecim
mento, temos de consideerar conhecim
mento
directto de um inddivíduo, as in
nformações oobtidas e aprreendidas imediatamente,, a partir das quais
se geram as prem
missas, e conh
hecimento inndirecto, quee se reporta à forma comoo as premissas são
8
SKID
DELSKY, 2010: 17. Veja-se também: «A ffundamental tenet
t
of Keyne
es’s revolutionn in economic theory
is his argument (KEYNES,
(
2003: ch. 12) thaat probabilistic risks, conce
eptually knowaable on the basis
b
of
als, must be d
distinguished from uncertainty where exxisting informa
ation is
pastt and present market signa
not a reliable guide to future performance»
» - DAVIDSON, Paul, «Unc
certainty in eeconomics», DOW
D
&
1
HILLLARD, 1995: 111.
9
Que, embora tenh
ha sido publica
ado em 1921,, sabe-se que começou a se
er redigido, peelo menos, em
m 1905
KIDELSKY, 201
10: 125.
– SK
10
Resspectivamente
e NUNES, 1998
8: 41 e TERRA
A & FERRARI FILHO,
F
2011: 2.
11
Mo
oore publica Principia
P
Ethicca em 1903, o primeiro an
no de Keyness em Cambriddge. Influênciia cuja
impo
ortância este [Keynes] reco
onhece na suaa memória «My Early Beliefss» (1938): «Th
The large part played
by cconsiderationss of probabilitty in his [de Moore] theorry of right co
onduct, was inndeed an imp
portant
conttributory causse to my spen
nding all the leisure of ma
any years on the study of that subject. I was
writing under the
e joint influence of Mooree’s Principia Ethica
E
and Ru
ussell’s Princip
ipia Mathemat
atica» NUN
NES, 1998: 60
0. Veja-se tam
mbém LAWSO N, Tony, «Eco
onomics and expectations»», DOW & HIL
LLARD,
1995
5: 92.
12
NUN
NES, 1998: 76
6-7.
4
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
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____________________
_____
reflecctidas pelo indivíduo
i
e transformada
t
as em propo
osições ou argumentos13 . A probabilidade
traduuzia então o grau
g
de crençça de um inddivíduo relattivamente à possibilidade
p
e de tornar as
a suas
prem
missas num aargumento14. Desta form
ma, a probabiilidade não tinha
t
uma nnatureza estaatística
inata,, mas lógica:: a fonte de conhecimento
c
o não era a observação,
o
mas
m a razão155.
No Tratadoo sobre as Probabilidad
P
des, Keynes procede
p
assiim à distinçãão de três tip
pos de
probaabilidades. Um
U primeiro é a probabiilidade cardiinal ou mensurável (porr exemplo, p(A)
p
=
1/3), viabilizandoo a comparaçção através dda distância entre
e
os seus valores absoolutos, perm
mitindo
r
Um segundo
s
tipoo é a probaabilidade ord
dinal, que tr
traduz apenaas um
a avaaliação do risco.
«conhhecimento vago»,
v
qualittativo, dadoo que é inceerto, impossível de meddir em term
mos de
valorres absolutoss, situando-see entre a freequência estaatística e a in
ncerteza irreedutível por, ainda
assim
m, permitir um
ma comparaçção ordinal ddo tipo p(A) > p(B), mass apenas com
m conhecimen
nto de
p(A) e p(B) se sittuarem algurres entre 0 e 1. Por fim, a tríade fica completa com
om a probabilidade
ma incerteza iirredutível, derivada
d
da ausência
a
de innformação, lacuna
l
descoonhecida, que veicula um
que o tempo preencheria – incerteza eepistemológiica –, ou dee natureza oontológica, sendo
«genuuinamente irrredutível»16.
Como se coompreende, a teoria probbabilística dee Keynes não
o raras vezess passou por “antimatem
mática”, daddo que se preetendeu, efecctivamente, romper
r
com o espartilhoo da lógica fo
ormal,
alargaando-o. À lóógica formall, Keynes adduziu a lógicca humana, racional
r
e reealista e, porrtanto,
reconnhecendo a limitação
l
cog
gnitiva. Os jjuízos de pro
obabilidade eram racionaais, porém, já
j não
frequuentistas, abaarcando o qu
ue é provávell acontecer, como também o que é raazoável acon
ntecer,
ultrappassando a concepção
c
arristotélica dee probabilidade (o que ocorre
o
usuallmente)17 para dar
contaa da complexxidade das estruturas
e
doo universo, que
q não são passíveis dee ser abrangidas e
comppreendidas naa sua totalidaade pelo Hom
mem18. Já Allfred Marshaal, antigo proofessor de Keeynes,
tinha dúvidas com
m a excessivaa matematizaação do estud
do da realidaade económicca. Para Key
ynes, a
presentada por um cardinnal, era, incllusive,
maiorria das probaabilidades nãão era passívvel de ser rep
não-m
matemática, embora
e
lógicca19.
13
De referir que a noção de conhecimento de rivado de Berttrand Russell já
j se baseia ta
também em re
elações
babilísticas e não
n apenas em
m relações form
mais (NUNES,, 1998: 36).
prob
14
TER
RRA & FERRAR
RI FILHO, 201
11: 7.
15
SKIIDELSKY, 2010
0: 126.
16
SKIIDELSKY, 2010
0: 126-30, NUNES, 1998: 411-6.
17
NUN
NES, 1998: 32
2.
18
NUN
NES, 1998: 26
6.
19
BRA
ADY, 1993: 36
60: «we can co
onclude that ffor Keynes mo
ost probabilitie
es were 'non-nnumerical».
5
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__________
__________
__________
____________________
_____
Sendoo lógica, no quadro de um
ma lógica raacional com conheciment
c
o limitado20, a probabilid
dade é
apreeendida intuitivamente, tratando-se de uma “o
opinião”21, uma crençaa, distinguin
ndo-se
probaabilidade e verdade:
v
algo pode ser rrazoável ou provável, mas
m não ocorrrer, logo, nãão ser
verdaade. Contudoo, a probabillidade «respeeita ao grau de crença que
q é admisssível ter em certas
condiições. Uma proposição
p
não é prováveel porque nóss pensamos que
q o seja», nnão é subjecctiva22.
Contrraria desta forma a esstruturação dde ideias da
d Economiaa clássica dde que só existe
conheecimento peerfeito «baseeado na verrdade indisccutível»23. É, para Keynnes, concebíível a
existêência de connhecimento perfeito,
p
mas apenas em circunstância
c
as muito resttritas e para dados
fins teóricos24.
mento,
Se a probabbilidade reprresenta a crennça de que a premissa see possa tornaar num argum
c
entre eviddência favorrável e ev
vidência dessfavorável a um
resulttando da comparação
aconttecimento, o peso do arg
gumento tradduz a evidênccia disponível, seja quanntitativamentte seja
qualittativa e quanntitativamentte25. Se há m
mais evidênciia relevante a suportar um
m argumento
o, não
signiffica que hajja maior prrobabilidade,, mas que a validade da probabiliidade, o pesso do
argum
mento, é m
maior26. Não se tem em
m conta a informação
i
irrelevante, dado que existe
inform
mação irreleevante descon
nhecida, inteegrando-se so
omente a evidência relevvante27. Por outras
palavvras, «Enquaanto a probab
bilidade medde o grau de certeza ou incerteza da conclusão, o peso
medee a incerteza no sentido do
d grau de coonfiança»28, ou
o seja, a pro
obalidade da probabilidad
de29.
nes deixa caiir a categoriaa intermédia de probabiliidade ordinaal para
Na Teoria Geral, Keyn
evideenciar o conntraste entree incerteza e probabiliidade cardin
nal ou frequ
quentista, seg
gundo
Skideelsky30. Assim
m, faz-se corrresponder a probabilidade (TP) à expectativa (TG
TG) e o peso (TP)
(
à
confiança (TG), sendo
s
a inceerteza irreduttível sobretu
udo associadaa ao longo pprazo31, o qu
ue, em
nossaa opinião, ferre o alcance conceptual
c
e analítico daa teoria probaabilística de K
Keynes.
20
Tra
ata-se do con
nhecimento mediato,
m
dadoo que a expe
eriência do in
ndivíduo é lim
mitada, caben
ndo-lhe
aperrceber-se das evidências, se
endo esse o p
papel atribuído
o à intuição ou
u a um juízo a priori, ainda que as
prob
babilididades existem
e
indepe
endentementee dos indivíduo
os – NUNES, 1998:
1
32-4.
21
DOW
W, Sheila, «Uncertainty abo
out uncertaintyy», DOW & HILLARD, 1995: 118.
22
NUN
NES, 1998: 33
3.
23
NUN
NES, 1998: 31
1.
24
NUN
NES, 1998: 41
1, LAWSON, Tony, «Econom
mics and expecctations», DOW
W & HILLARD
D, 1995: 92.
25
NUNES, 1998: 148-9. Esta terrminologia, peeso do argumento, foi usad
da inicialmente
te pelo filósofo
o C. S.
DY, 1993: 358.
Peircce – vd. BRAD
26
Karrl Popper conttestou a ideia
a de peso do argumento, avançando
a
que era paradoxxal – BRADY, 1993:
358. Contudo, O’Donnell desm
mistifica a queestão e explica como não tem validadee a contestaçção de
a própria lógicca interna do T
Tratado de Pro
robabilidades. Vd.
V O'DONNELLL, 1992.
Popp
per a partir da
27
«K
Keynes's existiing rule corre
ectly excludees evidence which
w
has no
o bearing on the proposittion» O'DO
ONNELL, 1992
2: 47.
28
NUN
NES, 1998: 47
7.
29
O'D
DONNELL, 1992: 51.
30
SKIIDELSKY, 2010
0: 128.
31
NUNES, 1998: 12
27. O conceito
o de confiançça probabilísticca é contra-intuitivo, logo, difícil de apre
eender.
delsky confunde expectativaa e confiança,,ou seja, pode
e existir uma confiança elev
vada e
Por exemplo, Skid
6
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____________________
_____
A quuestão da proobabilidade encontra-se
e
ffundada na ideia
i
de inceerteza e, senndo dependen
nte da
intuiçção, como matéria
m
de opiinião, introduuz na Econo
omia a necesssidade do esttudo da psico
ologia
do inndivíduo32, noomeadamentte quanto à fformulação de
d expectativ
vas. Porém, o indivíduo não é
tido como um átomo,
á
senão
o como um
m “indivíduo
o social”, naa linha do que depois foi o
pensaamento de Norbert
sobre a realidade
N
Eliaas33, afectanddo este presssuposto a perspectiva
p
econóómica. Traçáámos os temaas que procuuraremos deseenvolver de seguida.
Incerteza
By uncerttain knowledg
ge, let me expllain, I do not
mean to distinguish what
w
is knownn for certain
from whatt is only proba
able. The gam
me of roulette
is not sub
bject in this sense to unceertainty […]
Even the weather
w
is mo
oderately unceertain, or the
price of copper
c
and th
he rate of intterest twenty
years hen
nce […] Abo
out these maatters is no
scientific basis on wh
hich to form incalculable
W simply do nnot know.
probabilitty whatever. We
(John Maynard Keyynes, 1937)34
Comoo atenta, e beem, Jacinto Nunes,
N
«a inccerteza é um
m facto universal da vida»» e, acrescen
ntamos
nós, a viga-mesttra das ideias de Keynnes. A Econ
nomia clássiica ou “ortoodoxa”35 tom
ma os
indivvíduos como detentores do
d pleno conhhecimento «d
de todas as distribuições
d
de probabiliidades
relativas a aconntecimentos futuros»36, actuando os
o indivíduo
os, segundoo uma lógicca de
om esse conhecimento perfeito. Keynes
K
racionnalidade forrmal ou maatemática, dde acordo co
reconnhece que nem toda a actividade
a
eeconómica esstá pejada de
d incerteza337, mas enfaatiza a
importância destaa, tanto por existir umaa incerteza irrredutível faace ao futuroo de longo prazo,
p
comoo pelo facto de
d ao estudo da Economiia não ser ap
plicável a erg
godicidade esstatística, um
ma vez
que o indivíduo em
e si não é in
nvariante, m
mas sim impreevisível, tantto mais que aas suas acções são
interrrelacionadas com as de todos os resstantes, dado
o o carácter orgânico daa sociedade, como
uma
a expectativa pessimista e uma confian
nça reduzida e uma expecttativa positivaa – vd. SKIDE
ELSKY,
2010
0: 125.
32
BRA
ADY, 1993: 35
59.
33
ELIA
AS, 1993.
34
Apu
ud NUNES, 1998: 149.
35
KEY
YNES, 2003.
36
SKIIDELSKY, 2010
0: 115.
37
SKIIDELSKY, 2010
0: 125.
7
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
verem
mos38. A inceerteza enfraq
quece as prevvisões e corrrelações da teoria
t
clássicca (e neoclásssica),
pois faz considerrar que os números
n
dass fórmulas de
d hoje «é praticamente
p
e certo não serem
aplicááveis amanhã»39.
O’Donnell considera trrês tipos de incerteza keeynesiana: 1) incerteza eem relação a uma
propoosição primáária, não se sabendo da suua veracidad
de ou falsidad
de, onde a prrobabilidade mede
o graau de certezaa ou incertezaa; 2) incertezza em respeiito à evidênccia, estando rrelacionada com
c
o
peso do argumennto, resultand
do de se ter, relativamentte ao argumeento, uma quuantidade lim
mitada
ndo que estaa não altera o argumentto em si, maas o seu peso; 3)
de innformação reelevante, sen
incertteza face a uma proposiição secundáária, sendo as
a probabilid
dades desconnhecidas pello seu
limitaado peso ou escassez de evidência40. A incerteza,, exibindo diferentes grauus, não pode então
ser geenericamentee reduzida ao
o cálculo da pprobabilidad
de, ao risco41.
A ideia de incerteza nãão era complletamente alh
heia à teoria económica, conquanto tivesse
sido recalcada do conscieente teórico face aos pressuposto
os irrealistaas assumido
os de
racionnalidade e coonhecimento
o perfeito. Dee facto, já Riichard Cantilllon (c. 16877 - c. 1734) aborda
a
a inceerteza quanddo se refere à incerteza ddo impacto do
d dinheiro – dito “efeitoo Cantillon” – mas
tambéém encaravva o futuro em geral como incertto, sendo toda a activvidade económica
inerenntemente arrriscada42. J. Stuart Mill ((1806-1873), por outra parte,
p
dá a nnota da incerrteza a
longoo prazo, quaando giza cen
nários de prrevisão da ecconomia, considerando-oos ordinalmeente e
não ccardinalmentte, pelo que pode
p
ser tom
mado como um
m anteceden
nte de Keynees na determiinação
da inncerteza de longo prazo43. Knight, p or exemplo, debruça-se também sobbre a incerteeza do
compportamento humano,
h
intro
oduzindo na sua análise outros
o
factorres, como as emoções, qu
ue não
são ccientificamennte mensuráv
veis, divergiindo dele Keynes
K
ao reejeitar a teorria da competição
perfeita e dos merrcados eficieentes, que Knnight apoia44.
A incerteza é determin
nante na ecoonomia. Um
m exemplo claro é o faccto de a incerteza
influeenciar determ
minantementte o investim
mento, como veremos. Como refere H
Hutchinsson
n, «An
analyysis of a woorld with un
ncertainty inn it […] can
nnot start frrom the sam
me assumptiion of
38
TER
RRA & FERRAR
RI FILHO, 201
11: 5.
SKIIDELSKY, 2010
0: 125; NUNES
S, 1998: 134.
40
NUN
NES, 1998: 14
43-4.
41
LAW
WSON, Tony, «Economics
«
and expectatio ns», DOW & HILLARD,
H
1995: 91 e BRADYY, 1993: 360.
42
PRE
ESSMAN, 2006
6: 20.
43
«Ra
ather than prredicting the ultimate
u
outcoome of these conflicting fo
orces, he (Mil l 1848, book 4) set
forth
h several posssibilities or scenarios for th
he future. As a result, Mill deserves
d
cred it for being th
he first
econ
nomist to recognize that long-run treends or outccomes cannott be forecastt with certain
nty» PRE
ESSMAN, 2006: 65-6.
44
BAC
CKHOUSE, 200
02: 202-4.
39
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
‘ratioonal’ conduct as that app
plicable to a world witho
out uncertain
nty»45. Entãoo, como anallisar o
compportamento dos
d indivíduo
os na sociedaade, num con
ntexto de inceerteza?
Orgaanicismo
Thom
mas Hobbes (1588-1679)), no Leviatãã, foi o prin
ncipal teorizador do atom
mismo ontollógico
comoo concepção da sociedad
de, noção quue está na baase da Econo
omia clássicaa e neoclássiica. A
grandde viragem metodológica
m
a na percepçãão social de que o todo não
n é a somaa das partes está
e já
preseente nos inteelectuais vito
orianos, com
mo Ruskin e Coleridge, que se preeocupavam com
c
a
sociedade como um todo46, sendo o prinncípio das unidades
u
org
gânicas maiss desenvoltamente
concrretizado por Moore nos Principia
P
Ethhica. Nesta obra,
o
estabeleece que todo o Universo é uma
unidaade orgânica, não sendo passível
p
de sse analisar ass partes indep
pendentemennte. Keynes aceita
criticamente estas conclusõess: o todo nãão é a soma das partes, mas o princcípio das uniidades
os da mente individuais47.
orgânnicas deve seer concebido como restritto aos estado
Nas diversas interpretaações sobre aas teorias keeynesianas, existe
e
uma qquesília sobre se a
posiçção deste facce à probab
bilidade era organicista já
j à data daa publicaçãoo do Tratad
do das
Probaabilidades, se
s se alterou de atomista para organicista entre esste momentoo e a vinda a lume
da Teeoria Geral ou se nuncaa foi abandonnada uma posição atomista, controvvérsia amplam
mente
exploorada por Jaccinto Nunes e que nos aabstemos de reproduzir48. Da nossa pparte, partim
mos do
pressuposto, que,, a dada alturra, Keynes aadoptou umaa posição org
ganicista, um
ma vez que ele nos
hesis which hhas worked so splendidly in physiccs breaks down in
diz qque «The atoomic hypoth
psychhics. We aree faced at ev
very turn wiith the prob
blems of organic unity, oof discreteneess of
discoontinuity – thhe whole is not
n equal to the sum of the parts, co
omparisons oof quantity fail
f us,
smalll changes prooduce large effects, the aassumptionss of a uniform
m homogenoous continuu
um are
not ssatisfied»49. Assim
A
sendo
o, pensamoss ser essenciial para com
mpreender ass suas ideiass uma
brevee explanaçãoo desta visão, dado que loogicamente se relaciona com a formu
mulação e alteeração
das convenções soociais.
O organicismo não tom
ma apenas a sociedade como
c
um tod
do, mas antees lhe reconh
hece a
ndo, os seus efeitos. L
Lawson cham
ma-lhe
interddependência das partes, associando , não soman
«interraccionismo societal», segundo
s
Jaciinto Nunes, «uma ideiaa de Wittgennstein, do próprio
Marxx e, mais reecentemente,, de Giddenns»50. Dada a interacçãão entre as partes, o to
odo é
consttantemente redefinido
r
e,, por sua veez, influencia, condiciona a relaçãoo entre as partes.
p
45
46
47
48
49
50
NUN
NES, 1998: 15
52.
NUN
NES, 1998: 67
7.
NUN
NES, 1998: 81
1.
NUN
NES, 1998: 42
2 e ss.
J. M
M. Keynes, apu
pud NUNES, 19
998: 116-7.
NUN
NES, 1998: 15
59.
9
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
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__________
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____________________
_____
Rotheeim defende que o organ
nicismo sociaal «é o recon
nhecimento de
d que a natuureza do indiivíduo
bem como sua percepção
p
dee si mesmo são funçõess de, e mudaam com, suaas interaçõess com
u
correspoondência na relação quee Raymond FFirth (1901--2002)
outroos indivíduoss»51, tendo uma
estabelece entre organização
o
e estrutura soociais52.
Quais as consequênciias para a teorização económica
e
decorrentes
d
desta ideia? Em
primeeiro lugar, a possibilidaade de existêência de “leeis” diferentees para uniddades de differente
compplexidade, o que naturalm
mente invalidda a sua exp
pressão atóm
mica de leis dde relacionam
mento
entre complexos díspares53. Por
P outras ppalavras, a dois
d
complex
xos orgânicoos distintos podem
p
orna inviávell procurarmoos tomar umaa “lei”
corresponder “leis” diferentess, ou até oposstas, o que to
sociaal como derivvando do relaacionamentoo entre os “áttomos” que compõem
c
o ttodo. A natu
ureza e
compplexidade dee uma unid
dade orgâniica que inttegram estes “átomos”” tem modo
os de
funcionamento que
q
podem ser distintoss de uma outra
o
que oss mesmos ““átomos” tam
mbém
xiste uma rellação bívocaa entre
incorrporam: o toddo não é merra soma das ppartes. Segundamente, ex
indivvíduo e aconttecimento ecconómico, coom influênciaa mútua54, o que leva a uuma reciproccidade
causaal55. Em terrceiro, a orrganicidade do sistemaa económico
o traduz-se em relações de
interddependência sincrónicas (espaciais) e diacrónicass (temporais), ocorrendoo a interpenetração
de accções individduais e de prááticas sociaiss56, o que criia uma ligaçãão entre as ddecisões dos vários
agenttes57. Em quaarto lugar, a imprevisibillidade da con
njugação dass partes e acçções incrementa o
nível de incertezaa e limita a capacidade dde previsão, quando não
o gera uma in
incerteza rad
dical58.
mente com a adopção po
or Keynes dee uma preferrência
Por ffim, esta visão relacionaa-se intimam
pela “linguagem
m corrente”, o que se deve ao alaargamento da
d lógica fo
formal à humana,
e conta a ccomplexidad
de da matériaa económicaa. É nesta lin
nha de
precoonizado por este, tendo em
ideiass que se filiaa a aversão deste
d
pensaddor ao predom
mínio do “frrequentismo”” que denom
minava
de “ccálculo benthhamita”.
Face a isto, Keynes contin
nua a considderar válida a indução em Econom
mia, dado que
q
o
nal para a inntuição, a deedução
conheecimento paarcial proporcciona, aindaa assim, umaa base racion
lógicaa e a previsão. É porr ser inconttornável a necessidade
n
de tomar ddecisões, qu
uer as
probaabilidades sej
ejam ou não mensuráveis
m
s, que se torn
na legítimo ser a decisão ou um “caprricho”
indivvidual, uma decisão
d
indiv
vidual, possivvelmente su
ustentada num
m arrazoado sobre a evid
dência
51
TER
RRA & FERRAR
RI FILHO, 201
11: 3.
FIR
RTH, 1954.
53
NUN
NES, 1998: 11
11-2.
54
Tra
ata-se da persspectiva de Anna
A
Carabellii - NUNES, 19
998: 129. Vejja-se também
m CARABELLI, Anna,
«Un
ncertainty and measurementt in Keynes: p
probability and
d organicness»
», DOW & HILLLARD, 1995: 153.
55
TER
RRA & FERRAR
RI FILHO, 201
11: 4.
56
Seg
gundo Lawson – NUNES, 1998: 158.
57
TER
RRA & FERRAR
RI FILHO, 201
11: 3.
58
TER
RRA & FERRAR
RI FILHO, 201
11: 4; NUNES, 1998: 156.
52
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Ke
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________
__________
__________
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__________
____________________
_____
existeente, ou a siimples aceitaação de umaa convenção,, como mais tarde Keynnes veio a prreferir,
dada a ênfase da noção de co
onvenção dee grupo59 sob
bre o carácteer psicológicco do processso de
tomadda de decisãoo, sendo fundada na interrsubjectividaade60.
Convvenções e Exxpectativas
Existtindo a necesssidade de to
omar decisõees, independeentemente do
o grau de inccerteza paten
nte no
conteexto, os indiivíduos utilizzam na sua tomada de decisão con
nvenções, istto é, «parâm
metros
profuundos dentroo dos quais o comporttamento inteencional de seres humaanos racionaais se
maniffesta»61. Sãoo as regras e convenções elementos integrantes
i
do
d sistema orrgânico no qual
q
se
62
inseree o indivídduo como agente de relações sociais
s
, paadrões e coondicionantees do
compportamento que
q em muito se assem
melham às in
nstituições dee pensadoress como Tho
orstein
Vebleen (1857-19229) e John R.
R Commons (1862-1945)63. São as convenções qque permitem
m lidar
com a incerteza, ou melhorr, recalcá-laa para o do
omínio do sub- ou messmo inconscciente,
tranqquilizando e dando
d
confiaança ao indivvíduo64, já qu
ue se consideera razoável, racional atéé (num
âmbitto de uma raacionalidade que integre a lógica hum
mana), tomar decisões de acordo com estas,
comoo refere Keynnes65.
A forrmulação dass convençõess decorre de forma orgân
nica, intersub
bjectiva, send
ndo o seu exp
poente
máxim
mo a assunçção de que o futuro se asssemelhará ao
o passado66, algo que o inndivíduo sab
be não
ser vverdade, daddo que tudo indica o coontrário (a História
H
é diinâmica), m
mas que cimeenta a
estabilidade sociaal e económ
mica67. Não ssão, portanto
o, estáticas, mas sim orrgânicas. Pello seu
caráccter intersubjjectivo e esssência sociaal, a convençção é criadaa pelo proceesso social, sendo
passívvel de sofreer alterações no decursso do tempo. De outraa forma ditoo, as conveenções
apressentam uma parte formad
da pelo indivvíduo, varian
ndo de um para
p
outro inndivíduo68, e outra
pelo conjunto, seendo elas in
nterdependenntes69. A con
nvenção não
o é estática, pelo contráário, é
mica, mas a sua permaanência é dde menor vo
olatilidade que
q a do doomínio da crença
c
dinâm
59
Terriam a sua orig
gem na psican
nálise - NUNES
S, 1998: 159-6
60.
NUN
NES, 1998: 13
32, 150. Keynes recusaria, por isso, o su
ubjectivismo, a “aposta” inddividual, no processo
de tomada de decisão, não
o obstante aatribuir um lugar definido ao papel da subjectiv
vidade,
meadamente quando não ex
xistem probabiilidades cardin
nalmente mensuráveis.
nom
61
SKIIDELSKY, 2010
0: 124.
62
NUN
NES, 1998: 15
56, DAVIS, 199
94: 157.
63
Vd. PRESSMAN, 2006:
2
132-3 e BACKHOUSE,, 2002: 195-6, 198-200.
64
SKIIDELSKY, 2010
0: 149, NUNES
S, 1998: 160.
65
SKIIDELSKY, 2010
0: 129.
66
NUNES, 1998: 169: «As pesso
oas tendem a minimizar ass futuras mudanças, mesmoo quando acreditam
c
existentte não pode d
durar indefinida
amente». Veja
a-se também NUNES, 1998: 160.
que o estado de coisas
67
NU
UNES, 1998: 167-8:
1
«Hábitto e convenç ões têm assim um papel estabilizador no comporta
amento
econ
nómico. A esssência deste,, diz Keynes, é supor que
e a situação existente conntinuará por tempo
inde
efinido, excep
pto quando te
enhamos razõões concretas para esperar uma altera ção. A valida
ade do
método assenta portanto
p
na co
onfiança na coontinuidade da
a convenção».
68
DAV
VIS, 1994: 125.
69
DAV
VIS, 1994: 128
8.
60
11
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________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
indivvidual, pelo que
q serve com
mo ancorageem social70. Por outro lad
do, as conveenções reflecctem o
proceesso de “apprendizagem”” humana ((social), inteegrando evid
dência anterrior nas con
ndutas
sociaais71. Sem elaas, não seriaa possível coompreender a transformação da actuaação individu
ual no
conteexto social.
p
refferir que a aafiliação do conceito de convenção ttem relação,, mais
Torna-se pertinente
uma vvez, com a obra
o
de Moorre, que, quesstionando-se sobre como maximizar o “bem univ
versal”
num mundo funddamentalmente incerto, deefendia deveer a solução basear-se
b
em
m regras sociais ou
72
g
.
costuumes muito gerais
É a conveenção que intermedeia,
i
como as instituições para os innstitucionalisttas, o
compportamento humano
h
e o estado
e
dos faactores produ
utivos ou as condições
c
dee escassez73. Desta
maneeira, o social enquadra a acção,
a
sendoo por sua vez enformado por
p esta.
Num períoodo de transfformação quue seja apercebida de forrma mais dráástica (sendo
o-o ou
não), a confiançça sobre a convenção torna-se red
duzida. A convenção,
c
uuma regularridade
tacitaamente assum
mida pelos agentes,
a
que a utilizam como
c
premissa na qual depositam grande
g
confiança, perde aí a sua peertinência coomo depositáário de confi
fiança e cesssa de ser razzoável
c
ela, algo
o que retomaaremos de seeguida.
actuaar de acordo com
A partir da
d teoria dass probabilidaades, Keynees estabelecee a ideia dee expectativ
va que
corresponde à noção
n
de prrobabilidade,, considerad
da por Fran
nk Hahn (19925- )74 o maior
contrributo da Teooria Geral. A teoria sobrre as expectaativas keynessiana (de Keyynes) disting
gue-se
de um
ma outra quee foi denomiinada de Hippótese das Expectativas
E
Racionais (H
HER), pela qual
q
o
valorr expectável é o valor antecipado
a
ppelo modelo de previsão
o, acrescido do erro aleeatório
representando a ignorância ou
o incompettência residu
ual. A HER,, desenvolviida por Rob
bert E.
Lucass, Jr. (1937- ) e outros teóricos de Chhicago75, partte de dois pressupostos: o primeiro, que
q «o
indivvíduo racionaal faz um uso
o eficaz de tooda a inform
mação a que tem
t acesso»,, o segundo, que o
modeelo que utiliiza para efeectuar as suaas previsõess é o modelo correcto»»76. A crítica que
Skideelsky lhe tecce é que o “m
modelo correecto”, segun
ndo a óptica dos teóricoss, é o de Chicago,
sendoo então o com
mportamento
o racional o qque dispõe expectativas
e
face ao futurro idênticas às
à dos
77
econoomistas de Chicago
C
. Ou
utra sensível contestação é a ideia de aplicabilidaade, dado quee seria
70
71
72
73
74
75
76
77
KIR
RSHNER, 2009
9: 533: «order tends to rest upon crucial (…)
( foundations».
SKIIDELSKY, 2010
0: 129.
LAW
WSON, Tony, «Economics
«
and expectatio ns», DOW & HILLARD,
H
1995: 92.
SKIIDELSKY, 2010
0: 124.
BLA
AUG, 1990: 75
5
NUN
NES, 1998: 17
71.
SKIIDELSKY, 2010
0: 64.
SKIIDELSKY, 2010
0: 65.
12
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T 217938638 Fax. 2179400442 E-mail: dinam
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
uma tteoria aplicáável apenas a uma pequeena parte da realidade,
r
on
nde «os proccessos estocáásticos
envollvidos são esstacionários e ergódicos»»78.
Keynes, peelo contrário, desenvolveeu esta ideia de forma diistinta, alarggando a conccepção
de raccionalidade subjacente. A sua teoria é de expectaativas conven
ncionais, istoo é, que é racional
ter o princípio do
d presente como
c
guia, dado que see desconhecem as formaas, intensidaades e
pio de que o estado de op
pinião
sentiddos que tomaarão as alteraações futurass. A este acreesce o princíp
existeente, traduzido nos preço
os, é baseaddo em avaliaação correctaa das perspecctivas futuraas. Por
fim, a inutilidadde do juízo individual, dado que a expectativa média serria talvez melhor
m
mada79, o que
q
resulta, afirma Keyynes, em tentarmos «ag
gir em confformidade com
c
o
inform
compportamento da
d maioria ou
u da média»880. O processso de formaçção de expecttativas indiv
viduais
tem ccomo ponto de partida uma
u
expectattiva média sobre a expecctativa médiaa81. Contudo
o, se a
parte se transform
ma, dada a dependênciaa recíproca entre
e
parte e todo, o toodo repercutee essa
alteraação, o que,, sendo a reelação bívocca, se volta a reflectir sobre a parrte, isto porrque a
expecctativa médiaa incorpora em
e si todas aas expectativaas individuaiis.
As expectaativas conven
ncionais são assim orgân
nicas ou interrsubjectivas e não atomísticas,
e porr isso, dinâm
micas, qualittativas, dadoo que a elass se associa um dado ggrau de conffiança,
cogniitivas, por o conhecimeento ser sem
mpre o con
nhecimento de
d algo82, oobjectivas, por
p se
consttituírem sobrre a evidênccia relevantee disponívell83. São as expectativas
e
e as conveenções
factorres que lim
mitam a insstabilidade dda realidadee económica, dado quue a curto prazo
depenndemos da confiança
c
nass convençõess, seguindo as
a expectativ
vas convenciionais formu
uladas.
Na toomada de decisões a lo
ongo prazo, o seu efeito
o psicológico
o é de acalm
mia, não ob
bstante
saberrmo-las inadeequadas, estaando também
m delas depen
ndente a estaabilidade dass regularidad
des84.
A probabilidade, convéém recordar, é distinta dee verdade, daado que existtir a probabilidade
de um
m argumentto ocorrer não
n se traduuz na ocorrêência do meesmo. Assim
m, as expecttativas
(probbabilidades) podem
p
estar erradas85. Peelo facto de serem as exp
pectativas um
m alicerce in
nstável
78
NU
UNES, 1998: 171.
1
A economia keynesia na é dinâmicca e não-ergó
ódica: uma veez que o sisttema é
irrevversível, ou se
eja, as condiçõ
ões de partidaa são irrepetíve
eis e o tempo é irreversível,, sendo inapliccável a
prevvisão estatísticca.
79
SKIIDELSKY, 2010
0: 135.
80
Afirrma ainda J. M.
M Keynes: «A psicologia dee uma sociedade de indivídu
uos, em que caada um tenta copiar
os o
outros, conduzz àquilo que podemos
p
desiignar, em sen
ntido estrito, como
c
julgameento convencio
onal» apud
ud SKIDELSKY,, 2010: 135.
81
DAV
VIS, 1994: 127
7-8.
82
NUN
NES, 1998: 38
8.
83
AND
DRADE, 2000:: 86.
84
NUNES, 1998: 168.
1
Como ap
ponta Winslow
w, «He also claims that the
e psychologicaal basis of de
enial is
o Keynes, «Peeace and comffort of mind require
r
that w
we should hide
e from
avoiidance of anxxiety», citando
oursselves how litttle we forese
ee» - WINSLLOW, Ted, «U
Uncertainty an
nd liquidity-prreference», DOW
D
&
HILLLARD, 1995: 237.
2
85
Com
mo nos lembra
a Hahn, BLAUG
G, 1990: 75.
13
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D
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
e sim
multaneamentte primordiall da tomada dde decisão, estão
e
sujeitass a uma alta vvolatilidade face a
inform
mações imeddiatas, como
o «uma muddança do noticiário»86.A
A incerteza ppsicológica que
q se
gera então sobre a confiança nas expectaativas e nas convenções
c
tem um efeiito disruptivo
o, que
move um “com
mportamento
o de manadaa”, com a súb
bita substituiição de convvenções87. É esta a
prom
base teórica que fundamentaa a expressãão animal sp
pirits, adaptaada de Desccartes a umaa ideia
os animais são,
s
para Keeynes, uma marca
freuddiana de actoo mental incconsciente88. Os espírito
fulcraal dos investtidores, levan
ndo-os a emppreendimentos arriscadoss caracterizaados pela incerteza
irreduutível do futturo, o que se desconheece e não se pode conheecer89. Assim
m, está o meercado
sujeitto a ondas de
d optimism
mo e pessimiismo, sem seentido, face à inexistênccia de uma «base
sólidaa para um cálculo
c
razo
oável», mas por isso meesmo legítim
mas90. Não cciclos de neegócio
(Hayeek), nem dee inovação (Schumpeter)): espíritos animais
a
mov
vidos pelas expectativass, pela
confiança nas exxpectativas, em suma, pela incerteeza. Uma co
onsequência disfuncionaal dos
negóccios, agravadda pela dissociação entrre capital e gestão e pella emergênccia dos volátteis (e
volúvveis) mercaddos bolsistass, que subliinham a im
mportância do optimismoo ou pessim
mismo
esponntâneo dos innvestidores, decorrentes de uma consstrução de ex
xpectativas ssobre expectaativas,
em deetrimento dee uma já de sii incerta exppectativa facee à evolução dos factores produtivos91.
Keynes dem
marca-se – e afirma-o – dda postura “o
ortodoxa”. Aponta
A
dois m
métodos paraa lidar
com o futuro: cállculos e conv
venções92. D
Declara o prim
meiro ser um
ma «false rattionalization [that]
follow
ws the liness of Benthaamite calculuus», ignoran
ndo o impacto da dúviida, precarieedade,
esperrança e medoo sobre o com
mportamentoo humano93. Pelo contrárrio, não é deemais reforçaar, são
os innstintos espontâneos e oss motivos, eexpectativas e incertezass psicológicaas individuaiis que
marcaam decisivam
mente a realiidade económ
mica94.
86
SKIIDELSKY, 2010
0: 135.
TER
RRA & FERRA
ARI FILHO, 20
011: 8. Veja--se também SKIDELSKY,
S
2010: 136: «A
A procura de “prova
socia
al” (...) poderá ser um insttinto de sobrevvivência».
88
NUN
NES, 1998: 16
60.
89
KIR
RSHNER, 2009
9: 532.
90
SKIIDELSKY, 2010
0: 135.
91
DA
AVIS, 1994: 126.
1
Veja-se também a sseguinte passsagem: «Inde
eed, a “calcuulated mathem
matical
expe
ectation”, were it to be possible or aappropriate, would
w
at the very least rreflect an ind
dividual
know
wledge of th
he specific facts surroundiing a particu
ular investmen
nt. Yet sincee the separattion of
own
nership and management,
m
the in-housse acquaintan
nce with firm
m operations necessary fo
or this
know
wledge and such
s
a calculation rarely exxists for most investors. Iro
onically, with this separatio
on, the
tech
hnique of judging the sign
nificance of ccollections of the various facts
f
availablee to them th
hat will
imprrove on avera
age expectatio
on. As a resu
ult of an unsta
able balance between an aaverage expectation
thatt is invariably wrong
w
yet acccepted and eaach individual’ss specific judg
gments which lack firm foun
ndation
yet offer at least the promise of
o doing betteer than averag
ge thinking. It is this combinnation that makes it
essary to reg
gard a convention as a sstructure of expectations
e
– a structuree, it should still
s
be
nece
emp
phasized, that is always rootted in a speciffic historical se
etting» - DAVIIS, 1994: 129..
92
WIN
NSLOW, Ted, «Uncertainty and liquidity-p
preference», DOW
D
& HILLARD, 1995: 2355.
93
Keyynes, apud KIR
RSHNER, 2009
9: 532.
94
DAV
VIS, 1994: 133
3.
87
14
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A teooria económiica de Keynees é toda ela construída a partir do prrincípio da inncerteza. Vejjamos
agoraa as implicaçções práticas desta concepptualização.
4. A INCERTE
EZA NA EC
CONOMIA
A
Um ccomentário innteressante que
q escutámoos acerca da teoria económica de Keyynes, stricto senso,
s
é Keyynes “pôr a teoria
t
clássicca a fazer o ppino”. De faacto, partindo
o da incertezza e não da certeza
racionnalizada, Maynard
M
proccede na conntestação, ou
u mesmo inv
versão, da tteoria “ortod
doxa”,
sistem
matizando váários contribu
utos que moddela de form
ma original.
Moed
da e Poupan
nça
Princcipiemos com
m a constataçção de o dinhheiro ser umaa convenção social humaana para fazeer face
à inceerteza95. A teeoria clássicaa classifica a moeda com
mo um mero véu
v que interrmedeia a tro
oca de
bens, sendo estéril em si96. Os preços corrresponderiam
m a um rácio
o entre as quuantidades dee bens
trocaddos entre si,, libertando-se os indivííduos da moeda o mais rapidamentee possível97. Era a
teoriaa quantitativaa da moeda, cujas bases fforam lançad
das por Thom
mas Gresham
m (c. 1519-15
579) e
John Locke (16322-1704)98, qu
ue pressupõee que, não teendo o dinheiro qualquerr utilidade em
m si, a
dupliicação da quuantidade de moeda em ccirculação irria reflectir-sse na duplicaação do preçço dos
bens, teoria desennvolvida maais tarde por Milton Friedman (1912-2006)99. A crítica keyneesiana
ue se escondee nesta persp
pectiva é de que a econoomia era de trocas
diz-nnos que o preessuposto qu
reais,, sendo o dinnheiro um eleemento neutrro, não influeenciando as decisões
d
dos agentes100.
Pelo contrrário, segund
do Keynes, o dinheiro comporta-see como um
m «reservatórrio de
valorr», uma paarte integran
nte da econnomia de mercado,
m
um
ma econom
mia monetarrizada,
concrretizando um
ma ligação en
ntre presente e futuro101.
Sendo um reservatóro de
d valor, há motivos lóg
gicos para preeferir possuíí-la em detrim
mento
de dispender moeeda o mais rapidamente
r
possível. A preferência por liquidezz, sendo a liq
quidez
ma a posse de numerárrio, é justificcada por mo
otivos razoááveis e instinntivos102, sendo o
máxim
principal, já referrido, o de fazzer face à inncerteza, isto
o é, acalmar o desassosseego perante a falta
m
tradiccionalmente apontados para
p
a prefeerência-liquid
dez: o
de coonfiança. Trêês são os motivos
motivvo-transacçãoo, ou seja, para realizzar os pagaamentos corrrentes; o m
motivo-precaaução,
95
SKIIDELSKY, 2010
0: 115.
Um contributo cu
ujas raízes rem
montam já a loongínqua douttrina cristã.
97
SK
KIDELSKY, 201
10: 119, HIL
LLARD, John, «Keynes, intterdependence
e and the m
monetary prod
duction
econ
nomy», DOW & HILLARD, 1995:
1
251.
98
PRE
ESSMAN, 2006
6: 16.
99
PRE
ESSMAN, 2006
6: 237.
100
WIINSLOW, Ted,, «Uncertainty
y and liquidity--preference», DOW & HILLA
ARD, 1995: 2338.
101
SK
KIDELSKY, 201
10: 119, 265.
102
SK
KIDELSKY, 2010: 138 e WIINSLOW, Ted,, «Uncertainty
y and liquidity
y-preference»», DOW & HIL
LLARD,
1995
5: 232.
96
15
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relaciionado com a incerteza, para pagameentos inesperrados; e o motivo-especuulação, dado que a
possee de numeráário permite que, pelo m
menos, o acttivo que se detém não sse desvalorizze em
termoos nominais. Nesse caso, quanto mennor a confian
nça, maior a preferência-l
p
liquidez, o qu
ue faz
com que a taxa de
d juro seja (também)
(
um
m prémio de renúncia à liquidez,
l
um
m «pagamento
o pelo
aumeento do sentiimento de conforto
c
e coonfiança quee a sua possse [de numer
erário] conferia ao
possuuidor»103, disstinguindo-see do prémio de risco, a recompensa da abdicaçãão de determ
minado
monttante de riquueza, no sen
ntido de recceber uma maior
m
quantiidade (quanttidade abdiccada e
quanttidade-prémiio)104. É inteeressante veerificar que também
t
a preferência-li
p
iquidez é alterada
mediaante convennções sociaiis, tendo exxistido umaa translacção
o da conceppção de liq
quidez
privillegiando a posse
p
de pro
opriedade funndiária para a preferência de numerrário, como refere
Winsslow105. Esta ideia pode ser
s ainda com
mplexificadaa pela imiscu
uição de facttores socioló
ógicos,
comoo o desejo dee poder e estatuto (statuus social), qu
ue, infelizmeente, não tem
m cabimento tratar
mais desenvolviddamente nestee ensaio.
Esta liberddade de não gastar, que caracteriza uma
u
econom
mia monetáriaa é a premisssa de
ue afirma a oferta gerar a sua
Keynnes para procceder à refuttação da supposta “Lei dee Say”106, qu
próprria procura, não
n existindo
o pelo empreesário qualqu
uer expectativa de procuura quando produz
p
um serviço, pois esta produçção é «motivvada pela utiilidade que será
s
alcançadda ao se troccar os
um outro bem
m ou serviçço pretendido
o»107. Uma vez que exiistia a
frutoss da produçção por algu
possibilidade de nem todo o rendimentoo ser gasto, Keynes
K
afirm
ma ser a proocura agregaada ou
total que determinna a oferta daa produção1008.
Conssumo
O connsumo era um
m dos destin
nos do rendim
mento. Sobree ele Keyness labora umaa “lei psicoló
ógica”,
pela qual se afirrma que, com um deterrminado aum
mento da qu
uantidade dee rendimento
o (A),
mento do co
onsumo (B), mas de nível inferior (A
A>B). O invverso também era
ocorrreria um aum
válidoo, ou seja, a uma dimin
nuição do renndimento co
orrespondia uma
u
diminui
uição do consumo,
mas eem proporçãão inferior (o
ou seja |A|>||B|). Isto ressulta na assu
unção de quee o consumo
o seria
relativamente mais estável qu
ue o rendimennto, pelo quee «confere ao
o sistema um
ma certa medida de
mentos é a propensão
p
ao consumo, qque decrescerria em
estabilidade»109. O rácio entree os dois aum
mento
relaçãão inversa à quantidadee do rendimeento, isto é,, se um indiivíduo auferre um rendim
superrior relativam
mente a outro indivíduo,, a propensão
o ao consum
mo do primeiiro é inferiorr à do
103
104
105
106
107
108
109
SK
KIDELSKY, 201
10: 129-30.
BR
RADY, 1993: 371 e SKIDELS
SKY, 2010: 1388-9.
WIINSLOW, Ted,, «Uncertainty
y and liquidity--preference», DOW & HILLA
ARD, 1995: 2332.
SK
KIDELSKY, 201
10: 132. Veja-sse também BA
ACKHOUSE, 20
002: 229-30.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 3.
PR
RESSMAN, 200
06: 151-2.
SK
KIDELSKY, 201
10: 132.
16
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________
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____________________
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segunndo. A propeensão margin
nal ao consuumo era decrescente respectivamente a um aumen
nto do
rendimento.
umo encontraamos factorees subjectivo
os, como a incerteza faace ao
Influencianndo o consu
d obter riqu
ueza e o dessejo de disfrrutar de indeependência e poder, e faactores
futuroo, o desejo de
objecctivos, as varriáveis econó
ómicas, sobreetudo o rendiimento auferrido, mas tam
mbém outras como
as taxxas de juro, os impostos, a distribuiçção de rendim
mento e a deesigualdade na distribuiçção de
riqueza e expecttativas quan
nto ao rendim
mento futurro110. Davis, por sua veez, identifica três
mentais, resspeitando a afectação de
d rendimennto, sendo eles
e
a
factorres psicológgicos fundam
propeensão ao coonsumo, a preferência-li
p
c
iquidez e a expectativaa face ao reetorno do capital
invesstido, dependdendo estes do
d estado de confiança e das expectativas face aoo futuro, em suma,
da inccerteza111.
Decorrentee da primaziaa da procura sobre a criaação de ofertaa, da preferêência-liquidez e da
propeensão ao coonsumo, Key
ynes identifiica o “parad
doxo de prosperidade”, que se trad
duz na
inevittabilidade da
d falência do sistema pelo aumeento do rendimento. Veejamos, se todos
prospperarem, obtiiverem maio
or rendimentoo, a propensãão ao consum
mo é menor, com um aum
mento
da pooupança assoociado, pelo que resulta nnuma diminu
uição da pro
ocura agregad
ada, reduzind
do, em
conseequência, a oferta,
o
excep
pto se o inceentivo ao inv
vestimento aumente. «Asssim, quanto
o mais
“prósspera” for um
ma sociedadee, mais dificuuldade terá em
m manter o pleno
p
empreggo”»112.
Invesstimento
O rendimento obbtido por um
u indivíduoo é dividido
o em três parcelas
p
gennéricas, consumo,
p
sendo
s
esta úúltima parcela definidaa como um
m resíduo en
ntre o
invesstimento e poupança,
rendimento e as restantes duas partes. A procura agrregada é enttão a procuraa de consum
mo e a
d
como indicám
mos, o volum
me de
procuura de investtimento agreegadas, senddo esta que determina,
produução e, loggo, o de em
mprego. Senndo que o consumo era
e razoavellmente estáv
vel, a
instabbilidade do sistema era
e
principaalmente atriibuída por Keynes aoo investimen
nto113.
Contrrariamente aos
a clássicoss, que consiideravam a poupança
p
erra igual ao iinvestimento
o, não
conceebendo fugaas do circuito económicoo114, a Econ
nomia de Keeynes demarrca-se: existee uma
fuga do fluxo115, uma vez quee a poupançaa não consisste num aumento de inveestimento, mas
m em
110
PR
RESSMAN, 200
06: 152.
DA
AVIS, 1994: 12
21-3.
112
SK
KIDELSKY, 201
10: 133 e BLAU
UG, 1990: 11..
113
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 17 e SKID
DELSKY, 2010:: 132.
114
Pa
ara os “ortodoxos”, eram as taxas de juro que equ
uilibravam o nível de gasttos com o níível de
poupança, algo que
q
Keynes rejeita
r
pela ssua própria perspectiva sobre a mesmaa, como prém
mio de
renú
úncia à liquide
ez e prémio de
e risco. Para eeste, o equilíbrio entre gasto
o e poupança devia-se ao volume
v
do rrendimento – vd
v . BLAUG, 19
990: 12.
115
BLA
LAUG, 1990: 12.
111
17
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grandde medida na
n procura dee numerárioo, ou seja, naa procura dee liquidez m
máxima116, esstando
directtamente relaacionada com a evoluçção da incerrteza face à expectativaa de retorno dos
invesstimentos.
d investimeento de Keyynes aproxim
ma-se da dee Fisher, est
stando o nív
vel de
A teoria de
invesstimento dependente do retorno
r
esperrado (eficiên
ncia marginall do capital) e da taxa dee juro,
com uuma relaçãoo inversa entrre os dois117 . O investim
mento de capiital a prazo eestá sujeito a uma
incertteza irredutívvel, pois a distância tempporal que sep
para o momeento da tomaada de decisãão e o
mom
mento esperaddo de obtençção de retorrno de invesstimento trará consigo allterações sob
bre as
quaiss não temos quaisquer prrevisões, senndo que todaas as alteraçõ
ões, em maioor ou menorr grau,
afectaarão o negóócio pela naatureza orgâânica da reaalidade sociaal. A natureeza, quantid
dade e
intensidade das variáveis é desconheciida, é incertta. Pretendeer o contrárrio correspon
nde a
o que acrediitamos não ser
s possível. Daí a imporrtância do accto de
pretennder saber o futuro, algo
invesstimento, poiis, estando os
o retornos addiados para uma data distante ou incclusive indeffinida,
pode--se dizer corrresponderem
m a «actos dde fé»118, correspondend
do a expectattivas acertad
das ou
não. Podemos enntão recentrar a ideia de expectativa face à eficiêência marginnal, não sobre um
s
as ex
xpectativas, a confiançaa e as
cálcuulo racional das condições futuras, mas sim sobre
conveenções sobree as quais assentam, que podem alterrar-se subita e radicalmen
ente, tendo so
obre o
invesstimento umaa importânciaa central os ““espíritos animais”119.
A emergênncia do merccado accioniista reduz a incerteza inerente a toddo o investim
mento,
pretenndendo-o líqquido para o indivíduo, mas sendo fixo para o conjunto. PPorém, tornaando o
invesstimento maiis líquido, to
orna-o mais susceptível à preferênccia-liquidez e à flutuaçãão das
expecctativas, pelo que aumeenta a volattibilidade daa realidade económica,
e
com o paraadoxal
resulttado de, enfi
fim, aumentaar a instabiliddade e a inccerteza. Por outro lado, ttem uma nattureza
contrraditória porr pretender dotar
d
de maaior liquidezz o investim
mento individdual, emboraa seja
impossível a liquuidez simulttânea de toddos os accionistas120. A incerteza coloca umaa forte
p
c
prazo, que afectaa, por sua vez,
v
o
relevâância na esspeculação profissional
bolsista a curto
invesstimento de capital,
c
causaando grande instabilidadee121.
Como resuultado, temos a natureza oorgânica e in
ntersubjectivaa do investim
mento, repou
usando
principalmente soobre convençções e expecctativas e, por isso, só ind
directamentee se relacionaado os
116
SK
KIDELSKY, 201
10: 133.
BA
ACKHOUSE, 20
002: 230.
118
SK
KIDELSKY, 201
10: 134.
119
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 9; PRESSM
MAN, 2006: 15
54; e BACKHO
OUSE, 2002: 2230.
120
DA
AVIS, 1994: 132; SKIDEL
LSKY, 2010: 136. Veja-se
e também LA
AWSON, Tonyy, «Economiccs and
expe
ectations», DO
OW & HILLARD
D, 1995: 89,
121
BA
ACKHOUSE, 20
002: 231.
117
18
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
preçoos com as foorças fundam
mentais da prrodutividade122. Eram as expectativass e as decisõ
ões de
longoo prazo que efectivament
e
te produziam
m novos inveestimentos e que promovviam a «ampliação
da riqqueza social»»123, sendo delas
d
dependeente o nível de
d emprego, dado que, ppara Keynes, numa
econoomia em crrescimento, «o desvio entre consu
umo e prod
dução deve ser suprido
o pelo
invesstimento, se se
s pretender manter o em
mprego pleno
o»124. O invesstimento tinhha para este, como
Miltoon Friedman realçou, um papel fulcraal a desempen
nhar na econ
nomia125.
A taxa de juro,
j
relembrremos, é o ppreço que rellaciona a preeferência-liquuidez, o deseejo de
possuuir numerárioo, e a quantidade de num
merário disp
ponível. Key
ynes indica qque a taxa de juro
tem uum efeito mínimo na pou
upança, que ddependeria sobretudo do nível do renndimento, maas tem
forte influência sobre
s
o inveestimento, ccujo aumento
o depende de
d uma reduução do cussto do
N sequênciaa destas locuubrações, Keeynes determ
mina o que é dito como
o uma
emprréstimo126. Na
armaddilha de liqquidez, quan
ndo a procuura de numeerário é tão elevada quue o aumen
nto da
quanttidade de num
merário disponível não s e traduz num
ma redução da
d taxa de jurro127.
A con
ntestação doos pressuposstos irrealisttas
Keynnes contestouu também o irrealismo ddos pressuposstos da Econ
nomia “ortoddoxa” ou, seg
gundo
Skideelsky, mainstream, abran
ngendo aindaa as evoluçõ
ões da teoriaa económica pós-Keyness. Esta
parte de uma série de pressup
postos que nãão correspon
ndiam à realid
dade128. Alguuns deles forram já
aborddados, como a limitação da procura ppela oferta, a neutralidad
de da moeda,, a igualdadee entre
poupaança e inveestimento e a racionaliddade, stricto
o senso, dos agentes, coom conhecim
mento
perfeito. Na sua origem
o
estão as obras de A
Adam Smith
h (1723-1790
0), David Riccardo (1772--1823)
S (1767-18
832), reconheecendo terem
m estes sido tributários dde outros e as suas
e Jeann-Baptiste Say
teses terem sido posteriormeente desenvoolvidas, mas sublinhando
o-os por tereem decisivam
mente
nómico. Porrém, a estes pressuposto
os irrealista juntam-se outros
o
marcaado o pensaamento econ
aindaa, como a auuto-regulação
o dos mercaddos como o sistema maiss eficiente de organizaçãão dos
factorres produtivvos (em regime de óptiimo de Pareeto), por um
ma lógica cooncorrencialm
mente
perfeita e egoísticca, segundo a qual ao proomoverem o interesse pró
óprio, os ageentes promov
veriam
o interesse geral. Associado a esta ideiaa encontram
m-se os concceitos de divvisão do trab
balho,
relaciionado direcctamente com
m a abrangêência do merrcado, prom
movendo ganh
nhos de eficiiência,
bem como o presssuposto da flexibilidade
f
e perfeita de salários e prreços e da auusência de dívidas
d
122
SK
KIDELSKY, 201
10: 135-6.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 9.
124
SK
KIDELSKY, 201
10: 132.
125
BLLAUG, 1990: 83.
8 Sendo a procura a geraadora de ofertta e a procura estando depe
pendente do nível de
rend
dimento, este aumenta só se
s através do iinvestimento, for criado mais emprego.
126
SK
KIDELSKY, 201
10: 138.
127
BA
ACKHOUSE, 20
002: 231.
128
SK
KIDELSKY, 201
10: 94.
123
19
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
contrratuais. Haveeria, por isso
o, benefícioss na não-inteervenção gov
vernamental na economia. Em
sumaa, falamos doo princípio do
os mercadoss eficientes, da
d “mão inviisível” smithhiana, e do la
aissezfaire1129.
Os m
mercados (in)eficientes e as crises ecconómicas
A teooria dos merccados eficien
ntes prende-sse com o con
nceito de equ
uilíbrios de loongo prazo, isto é,
com a estabilizaçção do mercaado num ponnto de equillíbrio atravéss da flexibiliidade dos faactores
produutivos e dos preços, neutralizando a concorrênciia dos erros dos agentes.. Os desvioss eram
tempoorários, ocoorrendo aju
ustamentos ppara o reto
orno ao eq
quilíbrio. A volatilidad
de do
invesstimento era tida como um
u mero erroo de curto prazo
p
dos ageentes. Esta te
teoria foi tom
mando
expreessão, culminnando na co
oncepção waalrasiana da economia co
omo um sisttema de equ
uações
simulltâneas130.
De acordo com o que já referimos, a economiaa é monetáriaa e numa ecoonomia monetária,
afirm
ma Keynes naa Teoria Geeral, as alterrações das ex
xpectativas face
f
ao futurro são capazzes de
influeenciar a quaantidade de emprego e nnão apenas a sua direcçção131. As fo
forças de meercado
estavvam constranngidas por arranjos
a
instiitucionais qu
ue eram alheeios ao merc
rcado, sendo, pelo
mente determ
minados: era em torno deles
d
que grravitava o siistema
contrrário, social e historicam
econóómico, não em
e torno de pretensos
p
ponntos de equillíbrio em ópttimos de Pare
reto132.
Entre os principais
p
arrranjos instiitucionais en
ncontravam-se exactameente os con
ntratos
moneetários133, senndo sobre estes que asssentava toda a organizaçção económiica, sendo en
ntão a
rigideez salarial e dos restantees contratos monetários apenas umaa convenção para minim
mizar a
incertteza relativaamente aos preços
p
futuroos de mão-d
de-obra e do
os bens, senddo estes con
ntratos
usuallmente estávveis134. Estan
ndo consagraada assim a organização
o
económica, quando a prrocura
diminnui, não são os preços relativos que se alteram, mas antes se
s restaura o “equilíbrio” pela
reduçção da produução135, atentta Keynes em
m respeito do
o pressuposto da flexibillidade perfeita dos
saláriios.
É pertinentte sublinhar que
q Keynes procurava ass causas do desemprego.
d
A preocupaação, e
não nnecessariameente a teoriazzação, era, siim, circunstaancial. Depo
ois de uma inncisiva, mas curta,
recessão no inícioo da década de
d 1920, o m
mundo vergou-se, no finaal da mesma,, a uma expressiva
mica, a Gran
nde Depressãão, de natureeza complexa que aqui nnão tratarem
mos. É,
depreessão económ
129
130
131
132
133
134
135
BA
ACKHOUSE, 20
002: 121-3 e SKIDELSKY,
S
20010: 116 e ss..
SK
KIDELSKY, 201
10: 119-20, 13
34.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 10, SKIDE
ELSKY, 2010: 125.
DA
AVIS, 1994: 12
24.
CA
ARVALHO, 200
06: 9.
WIINSLOW, Ted,, «Uncertainty
y and liquidity--preference», DOW & HILLA
ARD, 1995: 2330.
SK
KIDELSKY, 201
10: 139-40.
20
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
contuudo, essenciaal deixar claro que foii um relativamente long
go período qque foi em geral
assocciado com um
ma forte preessão deflaciionária, elevadíssimas taaxas de desem
mprego e grrandes
perdaas, com inconntáveis falên
ncias nos paísses, em maio
or ou menor grau, industrrializados ou
u cujas
econoomias estavaam directameente envolviddas com estes.
Tendo dellineado a prrocura agreggada como fautor de oferta, é reelativamentee fácil
comppreender quee o desempreego se traduzz numa abru
upta quebra de
d rendiment
nto, que se reeflecte
em reedução de prrocura, dimin
nuição da proodução e, con
nsequentemeente, do níveel de emprego
o. Um
ciclo vicioso. Foii avançada a explicação keynesiana de o princip
pal problemaa económico
o ser a
ficiência da procura agrregada, senddo o sistem
ma capitalistaa de laissezz-faire incap
paz de
insufi
garanntir o pleno emprego
e
dos factores de pprodução136. A dificuldade em manteer uma situaçção de
plenoo emprego reesultaria do carácter
c
monnetário da eco
onomia, com
m tudo o que isso acarretaa, e da
assocciação de um
ma taxa de ju
uro de longo prazo estáveel com uma eficiência m
marginal do capital
c
volúvvel e instávell137.
Um dos grandes
g
prob
blemas do ccapitalismo de laissez-ffaire para K
Keynes era a sua
incappacidade de se
s auto-regullar e corrigirr a insuficiên
ncia da procu
ura agregada.. A persistên
ncia da
quebrra da procurra teria como
o consequênncia o estabeelecer de um equilíbrio dde subempreego ou
estaddo de repouso, ou seja, um
u ponto onnde, clarameente não estaando satisfeiitas as propeensões
psicoológicas à prrocura indiviiduais, se esstabelecia a oferta num volume subbóptimo, existindo
condiições para occorrer uma maior
m
produçção138. Os accontecimento
os surgem em
m simultâneo
o, não
sendoo possível poossuir oconheecimento neccessário ao auto-equilíbr
a
io em nível dde pleno emp
prego,
seja a longo prazo, seja a curto139. Aliás, seria essa a mensagem principal
p
da Teoria Gera
al para
algunns economisstas, como James
J
Tobinn (1918-200
02)140. Existiiria então a possibilidade de
múltiiplos “pontoos de equilíb
brio” subópttimos onde haveria deseemprego invvoluntário, isto
i
é,
pessooas com vonttade de trabaalhar pelo sallário correntee, sem conseguirem encoontrar empreg
go141.
Um decrésscimo dos saalários não reesolve a situ
uação142, exceepto se aumeentasse o nív
vel de
procuura efectiva, «o que Keynes considderava muito
o improvávell»143, pois nnão é a poup
pança,
senãoo a despesa que impulsiona a proddução e o em
mprego. A crítica
c
à cappacidade de autoregullação do laisssez-faire tinh
ha sido avanççada por Veb
blen e depoiss por Wickseell (1851-192
26)144,
136
HA
ARROD, 1982: 453; SKIDELS
SKY, 2010: 2113-4; e SANTO
OS, Jorge, «Co
omentário», AA
AAVV, 1986: 34
4.
CA
ARVALHO, 200
06: 9 e SKIDEL
LSKY, 2010: 1 33.
138
HILLARD, John, «Keynes, inte
erdependencee and the mon
netary producttion economy»», DOW & HIL
LLARD,
1995
5: 251.
139
HA
ARCOURT & KE
ERR, 2003: 34
44; DAVIS, 19
994: 122; e SK
KIDELSKY, 201
10: 141-2, 1599.
140
BLA
LAUG, 1990: 66.
141
Dissso nos dá con
nta Frank Hah
hn em BLAUG,, 1990: 77.
142
HA
ARROD, 1982: 457.
143
BA
ACKHOUSE, 20
002: 231.
144
Re
espectivamente
e, PRESSMAN, 2006: 135, 1126.
137
21
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
que cconsiderava que o deseemprego conntinuaria ind
definidamente, a não sser que a po
olítica
econóómica o corrrigisse. Keyn
nes sistematizza esta ideia:: contrariameente à teoria clássica de Smith,
S
Ricarrdo e Say, o mercado não
o se auto-reggulava naturaal e sistematticamente em
m níveis óptimos e
no seeu máximo dee potencial, nem
n sequer nno longo praazo145.
O desvio entre
e
o consu
umo e a proddução teria de
d ser colmattado pelo invvestimento para
p
se
manteer o pleno emprego146, o que não ocorria. A explicação repousava pprincipalmen
nte na
preferência-liquiddez e na exp
pectativa facce ao retorno
o do investim
mento, resum
mindo, resid
dia, de
nvestimento em ser supeerior à poup
pança,
novo, no limite, sobre a inccerteza147. Faalhando o in
o e a econom
mia só não coolapsa pela prressão
rapiddamente se geeraria uma siituação de soobreprodução
que se gera parra o empob
brecimento da comunid
dade, tenden
nte a eclipssar o excesso de
portância da ppoupança sob
bre o investimento anteccedeu Keyness, mas
poupaança148. A ênnfase na imp
a sua preponderânncia tornou-sse definitiva com a Teoriia Geral149.
145
146
147
148
149
CA
ARVALHO, 200
06: 5-6.
SK
KIDELSKY, 201
10: 132.
DA
AVIS, 1994: 13
33 e SKIDELSK
KY, 2010: 1422.
SK
KIDELSKY, 201
10: 141.
HA
ARCOURT & KE
ERR, 2003: 34
44.
22
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as de John Maaynard Keyness
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5. O PAPEL DO
O ESTADO
O
Comoo Schumpeteer (1883-195
50), Keyness vê o capitaalismo como
o inerentemeente instávell150. A
incertteza, que podemos
p
ideentificar com
mo o elemento central da instabiliidade keyneesiana,
camppeava no modelo
m
laisssez-faire, alltamente vu
ulnerável à flutuação dde convençõ
ões e
expecctativas151, sendo
s
logicaamente impoossível nele a eficiência152. Na sua obra The End
E of
Laisssez-faire (19926), sublinh
ha os pressuupostos irreaalistas desta perspectivaa, sobretudo o da
atomiicidade do consumo e produção1533. Devido à falta da su
ustentação dda acção hu
umana
indivvidual, o Estaado é o agen
nte social quue reúne maior quantidad
de e qualidadde de inform
mações
dispeersas, à qual se associa a sua capaciidade decisiv
va de influêência. Assim
m, deve preceeder à
coorddenação da actividade
a
ecconómica, poois só pela co
oordenação da
d livre acçãão individuall pode
ser pootenciada a liberdade
l
ind
dividual154 e pperseguido o bem comum
m.
“Polííticas Econóómicas Inteliigentes”
A coorrecção das instituiçõess existentes não seriam suficientes para resolveer o problem
ma do
desem
mprego155. Apenas
A
a imp
plementaçãoo de políticass governameentais “inteliigentes” pod
deriam
salvaar o capitalism
mo, permitin
ndo beneficiiar dos seus atributos positivos sem ser atingidos pelo
1
seu ““lado negro”156
. O papel do Estado ddeveria ser o de controlarr as actividaddes marcadaas pela
incertteza e com fortes impaactos sobre o bem com
mum157, aten
nuar a incert
rteza em gerral na
realiddade social e económica e promover o investimen
nto158.
urgia-se contra as políticcas de austerridade.
Keynes, noo contexto daa Grande Deepressão, insu
Escreeveu ele quee «As vozes que – numaa tal conjunttura [de subcconsumo e dde recessão] – nos
dizem
m que o cam
minho de fug
ga passa por uma econom
mia de austeridade em qque se deve evitar,
e
semppre que posssível, utilizaar o potenciaal produtivo
o do mundo, são vozess de ignaros e de
loucoos»159. As fluutuações, paara o econom
mista, funcio
onário do Tesouro Britâânico desde 1915,
deviaam ser limitaadas ao míniimo pela gesstão estatal da
d procura attravés do que
ue designava como
«dinhheiro barato,, despesa seensata»160. O
Ou seja, pro
ocurou «form
mas de conte
ter a instabilidade
150
PR
RESSMAN, 200
06: 159, SKIDE
ELSKY, 2010: 140.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 10.
152
DA
AVIDSON, Paul, «Uncertaintty in economiccs», DOW & HILLARD, 1995
5: 112.
153
HILLARD, John, «Keynes, inte
erdependencee and the mon
netary producttion economy»», DOW & HIL
LLARD,
1995
5: 247.
154
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 10.
155
CA
ARVALHO, 200
06: 9.
156
PR
RESSMAN, 200
06: 149.
157
SK
KIDELSKY, 201
10: 239.
158
MA
ARCUZZO, 200
06b: 1.
159
Ke
eynes, apud SK
KIDELSKY, 2010: 118.
160
SK
KIDELSKY, 201
10: 143.
151
23
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as de John Maaynard Keyness
________
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____________________
_____
cíclicca nos níveiss de produto e emprego»»161. Para issso actuaria ao nível da ««formatação e [d]a
ampliiação das convenções»
c
nas quais são baseadaas as decisõ
ões dos ageentes económ
micos,
aumeentando as «premissas dee conhecimeento directo»
», contribuin
ndo para umaa maior confiança
nas exxpectativas e ainda sociaalizando os riiscos»162.
Já os mercaantilistas e fisiocratas
fi
puunham por co
ondição que todo o rendiimento deverria ser
reinvvestido163. Nãão acontecendo isto, cabiaa então ao Estado, segun
ndo Keynes, iincentivá-lo..
Taxaas de juro e política
p
mon
netária
As taaxas de juro deviam ser públicas e eestáveis – esspectáveis, poder-se-ia diizer –, de modo
m
a
consttituirem um conhecimen
nto directo, aatenuando a incerteza164. Deviam seer também baixas,
b
caso a poupançaa excedesse o investimeento, dando então um papel imporrtante aos bancos
b
o
lado, deveria asseggurar a estab
bilidade dos preços, com
m base na ideeia de
centraais165. Por outro
“ilusãão da moedaa”, sobre a qual
q
Irving F
Fisher (1867--1947) tinha teorizado166 . Dado que a vida
econóómica assenttava em con
ntratos moneetários rígido
os, o choque monetário rrepercutia-see, mas
lentam
mente, podeendo as alterrações da quuantidade da moeda «desequilibrar aas expectativ
vas de
167
negóccio», como Keynes
K
afirm
ma em A Tracct on Moneta
ary Reform (1923)
(
. A teoria quantiitativa
da m
moeda, segunndo ele, eraa válida, maas apenas nu
um momentto de pleno emprego. O que
importava princippalmente eraa utilizar umaa política mo
onetária expansionista paara asseguraar uma
taxa de juro perm
manentementte baixa168, uuma vez que este desco
onfiava da efficácia da po
olítica
moneetária, pois operava apenaas indirectam
mente sobre a procura efeectiva, tanto no que respeeita ao
consuumo, como ao
a investimen
nto169.
161
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 10.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 11. O a utor determin
na estas orien
ntações ao nívvel do investim
mento,
conttudo cremos plenamente serem geneeralizáveis ao todo do sistema econóómico pelo exposto
segu
uidamente.
163
Te
enha-se, entre vários, o exem
mplo de Quessnay (1694-1774) – BACKHO
OUSE, 2002: 1102.
164
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 12.
165
PR
RESSMAN, 200
06: 151.
166
SK
KIDELSKY, 201
10: 121-2 e PR
RESSMAN, 20006: 138.
167
Ap
pud SKIDELSKY
Y, 2010: 121.
168
SK
KIDELSKY, 201
10: 242.
169
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 13. Aqui, Keynes distan
ncia-se de Friedman.
162
24
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
O curto-prazo
No ââmbito desta conceptualização, não eexiste lugar para um lon
ngo-prazo eqquilibrado1700. Este
longoo prazo, escreeve Keynes,
é um guiia enganador.
r. A longo-pra
azo estaremoss todos morto
tos. Os econo
omistas
dedicaram
m-se a uma ttarefa demasiiado fácil e demasiado
d
innútil se, nas alturas
a
tempestuo
osas apenas nnos conseguem
m dizer que, depois
d
de passsada a tormeenta, o
mar volta
ará a acalmar..171
A currto prazo – afirma noutrro lugar –ainnda estamoss vivos. «A vida
v
e a histtória são feitas de
curtos-prazos»172. Como nos indica Michhal Kalecki (1899-1970),
(
a tendênciaa de longo-prrazo é
concrretizada por uma cadeia de mudançaas de curto-p
prazo e não uma
u
entidade
de independente173.
O obbjectivo era sustentar a procura aggregada, sen
ndo prestadaa uma atençção particullar ao
objecctivo de garaantir um nív
vel de plenoo emprego1774. Se a confiança era rreduzida dev
vido à
incertteza, o únicoo agente capaz de eficazm
mente se mo
obilizar e injeectar confiannça no sistem
ma era
o Estado.
Invesstimento público
Deviddo à falha doo investimen
nto privado em
m suprir o diferencial
d
en
ntre produçãoo e poupançaa, esse
papell teria de seer assegurad
do pelo Estaado, por meeio de invesstimento púbblico, de modo a
contrrariar a presssão deflacion
nária da pouupança175, asssegurando «uma
«
socialiização algo ampla
dos innvestimentos», defende Keynes176, ppromovendo a propensão
o ao consum
mo e uma sittuação
próxiima do plenoo emprego. De
D referir quue o investim
mento público
o deveria serr complemen
ntar ao
privaado e não conncorrencial, o que se tradduziria num desperdício
d
de
d recursos1777. É aqui quee entra
o fam
moso conceitto de multipllicador desennvolvido porr Richard Kaahn (1905-19989) em 1931, que
determ
mina a relaçção entre o aumento
a
de pprocura inicial e os efeittos deste sobbre o conseq
quente
aumeento da proccura agregaada, relacionnando-se com
m a percentagem de rrendimento que é
conveertida em proocura, ou seja, com a preeferência-liqu
uidez e a propensão ao coonsumo178.
A circulaçãão de riquezaa a partir do ccapital invesstido e remun
neração dos ffactores, ao que
q se
seguee acções dee consumo, tem “efeitoos multipliccadores” doss investimenntos, pelo que
q
a
multiiplicação doo rendimento dos invesstidores teriia como co
onsequência um aumen
nto da
170
171
HA
ARCOURT & KE
ERR, 2003: 35
51.
Ap
pud SKIDELSKY
Y, 2010: 121.
172
Ap
pud SKIDELSKY
Y, 2010: 221.
173
174
175
176
177
178
HA
ARCOURT & KE
ERR, 2003: 35
52.
AR
RIENTI, 2003: 100 e SKIDEL
LSKY, 2010: 2214, 231.
SK
KIDELSKY, 201
10: 242.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 11.
Segundo Kregel – vd. TERRA & FERRARI FIILHO, 2011: 15.
1
BA
ACKHOUSE, 20
002: 229 e BLA
AUG, 1990: 144.
25
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
confiança179. De referir que nos
n inícios dda década de 1930 já erra consensuaal que o gassto em
omo nos transparece da adopção do
o New
obrass públicas auumentaria o volume de emprego, co
Deal rooseveltianno nos EUA
A180. Keynees, com a ideia
i
de “so
ocialização ddo investim
mento”,
a
daas formas dee investimentto, conciliand
do Estado e pprivados, ou
u que a
tambéém refere a ampliação
dissem
minação do capital de um
m negócio foosse de tal fo
orma elevada que de form
ma quasi-natu
ural se
desennvolvessem preocupaçõees pelo bem
m comum181. A questão
o do investiimento públlico é
importante, pois seria
s
este um
m meio de peersecução do bem público
o, dado que «There is no
o clear
ment policy which is socially advanntageous coin
ncides
evideence from exxperience thaat the investm
with that which iss most profittable», comoo afirma Key
ynes na Teorria Geral182, pelo que o Estado
E
aplicaaria medidass não no seu proveito enqquanto agentte económico
o, mas no int
nteresse gerall, algo
que ddificilmente seria
s
possíveel com os privvados.
O orççamento e a política fisccal
O invvestimento púúblico deverria ser executtado através da contracçãão de um déffice do Orçam
mento
1
de Esstado. Contuddo, Keynes não
n defendiaa orçamentos deficitários183
, muito meenos cronicamente
deficiitários, comoo os que se tornaram
t
a nnorma no pó
ós-II Guerra Mundial184. Deveria ter-se em
contaa duas parceelas distintaas do Orçam
mento de Estado: uma corrente e outra de capital.
Correespondendo «à manutençção dos servviços básicoss fornecidos pelo Estadoo à populaçãão sob
sua gguarda, taiss como saúde pública, educação, infra-estrutu
ura urbana, defesa naccional,
segurrança públicca e previd
dência sociaal», o orçam
mento correente deveriaa ser, em regra,
exceddentário, supperando a recceita correntte a despesa corrente, ou
u, pelo menoos, ser equilib
brado,
185
igualaando receitaa e despesa correntes
c
. Isto porque a existênciaa de défices nnesta compo
onente
do orrçamento nãoo gera contraapartidas lucrrativas futuraas, aumenta a pressão sobbre a taxa dee juros
pela pprocura pública de dinheeiro para salldar défices e cria o riscco do Estadoo ter de criarr nova
dívidda para pagarr dívidas anteeriores.
Por outro lado,
l
o orçaamento de caapital, que se
s destinaria a investimeentos reprodutivos
estataais, com o fito
f
de regu
ular o ciclo económico, aumentando
o a procura efectiva, po
oderia
apressentar défice,, dado que, trratando-se dee investimen
nto, geraria o seu próprio superávit a prazo,
p
equiliibrando-o, embora
e
fossee aconselhávvel o exced
dente do orççamento corrrente equilib
brar o
1
déficee da outra ccomponente186
. É desta maneira quee se logra atenuar
a
a deesconfiança face
f
à
179
180
181
182
183
184
185
186
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 17.
BA
ACKHOUSE, 20
002: 229.
SK
KIDELSKY, 201
10: 190.
Ap
pud DAVIS, 1994: 164.
SK
KIDELSKY, 201
10: 19, 143.
MA
ARCUZZO, 200
06b: 2.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 13.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 14-16.
26
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
solvêência estatal, não carecen
ndo o Estado de contrair empréstimoss para manter
er a sua actividade.
É, poor fim, interressante veriificar que K
Keynes apressenta como um pressupoosto a cicliccidade
orçam
mental e, adeemais, quand
do o confronttam com a teeoria do “efeiito evicção” (crowding-o
out)187,
Keynnes rejeita que em peeríodo recesssivo se veerifique, po
ois os inve stidores priivados
simpllesmente nãoo têm apetên
ncia para o iinvestimento em face das expectativaas e confiança em
baixaa188.
Directamennte relacion
nado com aas políticas de investim
mento públiico e orçam
mental
enconntra-se a pollítica fiscal, isto
i porque a despesa co
orrente deviaa ser balanceeada pelas reeceitas
fiscaiis189. Mas nãão se esgota aqui a utiliddade da políttica fiscal. Reconhecendoo que a prop
pensão
ao coonsumo dass famílias co
om maioress níveis de rendimento era menor que aquelaas que
dispuunham de meenores níveiss de rendimennto, a políticca fiscal deveeria ser progrressiva, de modo
m
a
limitaar a tendênciia para a acu
umulação de poupança peelas famílias de maiores rendimentoss, que,
comoo veremos, se associa a uma
u
lógica rredistributivaa para aumen
ntar o consuumo daquelas com
menoores rendimentos e, logo,, maior propeensão ao con
nsumo, evitando-se o enggrossar do vo
olume
de pooupança na sociedade1900. Por este m
mecanismo, imediatamen
i
nte se limitaa a progressãão em
direcçção ao “parradoxo de prosperidadee” identificaado anteriorrmente. As desigualdad
des de
rendimento, e de riqueza, eraam socialmeente injustas e economicaamente inefiicientes, pelo
o que,
s fomenta o incrementto da procura agregada, estimulandoo um ambien
nte de
contrrariando-as, se
igualddade de opportunidades191, reduzinddo as flutuações de in
nvestimento1192, diminuin
ndo a
perceepção social de injustiça social, que ppoderia geraar conturbaçõ
ões sociais coom consequêências
econóómicas e socciais altamen
nte danosas1993. Existindo à época teorrização sobree a importân
ncia da
progrressividade fiscal e da despesa púública com serviços socciais, de moodo a comp
pensar
desiggualdades de
d rendimen
nto em W
Wicksell, porr exemplo, coube a Keynes dar-lhe
d
protaagonismo194, com uma argumentação à qual não era
e alheia um
ma sensibiliddade a impliccações
195
e posssibilidades práticas
p
.
É ainda intteressante attentar em duuas aproximaações teóricaas. A primeiira é em relaação a
Thom
mas Robert Malthus
M
(176
66-1834), um
ma reconheciida influênciia de Keyness. Isto não apenas
a
no quue se refere à necessidadee de realismoo nos pressu
upostos adopttados, como veremos, mas por
Malthhus ter indiicado anterio
ormente os “capitalistass” deterem um excessoo de riqueza que
187
188
189
190
191
192
193
194
195
SA
AMUELSON & NORDHAUS,
N
2005:
2
649.
SK
KIDELSKY, 201
10: 268.
SK
KIDELSKY, 201
10: 163.
BLA
LAUG, 1990: 35 e CARVALHO
O, 2006: 12.
KIR
RSHNER, 2009
9: 530-1.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 13, 16.
KIR
RSHNER, 2009
9: 531.
PR
RESSMAN, 200
06: 129-31.
KIR
RSHNER, 2009
9: 531.
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
poupaavam, por nãão serem cap
pazes de a reiinvestir lucraativamente. A solução quue aponta é similar
à de K
Keynes: polííticas económ
micas que deesviassem deste grupo social parcimoonioso o exceedente
que sseria poupaddo, para ser redireccionaado para o grupo
g
dos “proprietárioss fundiários”” que,
deviddo à sua proodigalidade, gastaria os recursos, mantendo
m
o fluxo
f
no circ
rcuito, evitan
ndo-se
fugass196. A segunnda é relativaa aos clássic os e antecessores em gerral, que critiicavam fortemente
as heeranças, ou seja, a riquezza acumuladaa. Já em Loccke encontraamos a argum
mentação de que a
terra deve pertenncer a quem
m tenha capaacidade (e a concretize)) de a trabaalhar. De Sm
mith e
mente diferen
nte da
Ricarrdo é conheccida a sua aversão às heraanças, embora de naturezza essencialm
de K
Keynes. Este,, por sua veez, vê as heeranças como
o economicaamente inefi
ficientes, pelo que
propõõe altas taxas sobre as heeranças, de fforma a aum
mentar a prop
pensão ao connsumo, segu
undo a
sua lóógica de ideiias197.
Por fim, para
p
colmattar o ciclo, é preciso atentar que Keynes feecha o circu
uito à
possibilidade de fugas
f
do flux
xo para a pouupança pela política fiscaal, liquidanddo a apetência para
a pouupança dos que auferem
m maiores rrendimentoss e/ou dispõ
õem de maioor riqueza, sendo
recannalizada paraa o equilíbriio orçamentaal. O “parad
doxo da prosperidade” sseria evitado
o pelo
increm
mento do innvestimento, para eliminnar a tendên
ncia para a fuga
f
do fluxxo, aumentaando a
procuura, mesmo quando
q
a socciedade no seeu todo fossee mais próspeera.
Redisstribuição e o Estado-P
Providência
Debruucemo-nos agora
a
sobre como
c
foi preeconizada a manutenção
m
vés da
da procura eefectiva atrav
redisttribuição.
d carácter redistributivo
r
o teriam parra Keynes a consequênccia de susten
ntar a
Medidas de
procuura agregadaa. Não apenas o Estado ddevia intervirr no circuito para estimuular directam
mente a
produução e, entãoo, o emprego por via doo gasto de in
nvestimento público, com
mo também devia
aumeentar o nível de rendimen
nto das famíllias de recurrsos inferiorees, pois têm uuma propenssão ao
consuumo superioor. Como o fazer? Tal prende-se com
c
o erigir de um m
modelo de EstadoPreviidência, que assegurasse a protecçãoo contra queb
bras de rendimento, com
mo as que ocorrem
por vvia do desem
mprego, da doença, doo acidente, da
d velhice e invalidez, como aindaa pela
orfanndade e viuveez198 devend
do estes esquuemas redistrributivos inicciar-se em peeríodos recessivos
para ffomentar um
m estado de procura em «qquasi-boom»
», regularizan
ndo o ciclo1999.
196
PR
RESSMAN, 200
06: 50.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 13.
198
Te
enha-se prese
ente o período
o histórico. D
De facto, a asssunção pelo Estado, comoo sua obrigaçção, da
defe
esa das viúvass e dos órfãos tem fortes ra ízes históricass.
199
CA
ARVALHO, 200
06: 18 e HARC
COURT & KERR
R, 2003: 346.
197
28
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
O “reelatório Beveeridge”200, nome pelo quual é conhecido o relatórrio intituladoo Social Insu
urance
and A
Allied Serviices, apresen
ntado por L
Lord William
m Beveridgee (1879-19633) ao Parlam
mento
britânnico em 19442, foi um, senão
s
o, maais importantte marco na conceptualiização do EstadoProviidência. Nelee, são identiificados os ccinco grandees males socciais, a Escaassez, a Doen
nça, a
Ignorrância, a Miiséria e a In
nactividade2011, sendo o dever
d
do Esttado combatter estas “ch
hagas”
sociaais202. O relattório aborda somente a qquestão da Escassez,
E
pretendendo gizzar um plano
o para
dar liiberdade à sociedade
s
faace à Escasssez203 através da seguran
nça social2044. Através de
d três
elemeentos centraais – transferrências paraa as famíliass (subsídios de desemprrego, de doeença e
acideente, de viuveez, reformas), um sistem
ma de saúde compreensivo
c
o e políticas de pleno em
mprego
–, preetende protaggonizar esta reforma
r
inciisiva nas prátticas políticas205.
Apesar de discordânciaas passadas2006, William Beveridge,
B
no
o decurso doo desenvolvim
mento
do seeu famoso relatório, dirige-se a K
Keynes paraa conseguir assegurar a sustentabilidade
finannceira do seuu plano. Este mostra-see fortementee entusiasmaado e desem
mpenha um papel
cruciaal na construução do esqu
uema207 e no apoio políticco à iniciativ
va208. Não é dde estranhar, dado
que o plano preteendia aumenttar os níveis de vida, red
duzir a desig
gualdade, vissava a manuttenção
do em
mprego e da
d procura agregada, coonsequentem
mente limitando as flutu
tuações cícliicas e
reduzzindo a inceerteza, tinha como presssuposto sublliminar a deescrença na capacidade autoregullatória e optiimizante dass forças de m
mercado dessreguladas e era, além diisso, extensiivo ao
todo da populaçãoo e não apen
nas aos grupoos contribuin
ntes209. Marcu
uzzo, enfim, declara Key
ynes, a
par de Beveridge,, um «twin fo
ounding-fathher of the sysstem [of the Welfare
W
Statte]»210.
200
201
Vd
d. JUDT, 2005:: 74-5.
Id
ddlessness, qu
ue é usualmente traduzidaa por “ócio”. Cremos ser uma
u
má traduução, uma ve
ez que
pare
ece ter subjaccente um carácter voluntá rio, algo que,, acreditamoss, não ser o ssentido origin
nal, daí
prefferirmos o term
mo mais abran
ngente de “inaactividade”, que pode reporrtar-se a uma atitude volun
ntária e
invo
oluntária simulltaneamente.
202
BE
EVERIDGE, 199
95: 6.
203
BE
EVERIDGE, 199
95: 7.
204
he securing off an income to
Be
everidge define
e segurança social como «th
o take the placce of earningss when
theyy are interruptted by unemp
ployment, sickkness or accid
dent, to provid
de for retirem
ment through age,
a
to
provvide against lo
oss of supportt by the death
h of another person,
p
and to meet excepptional expend
ditures,
such
h as those co
onnected with
h birth, death
h and marriag
ge. Primarily social
s
securityy means secu
urity of
inco
ome up to a minimum,
m
but the provision of an income should be associated with treatment de
esigned
to b
bring the interrruption of earn
nings to an en
nd as soon as possible» (p. 120).
205
MA
ARCUZZO, 200
06b: 3.
206
Be
everidge terá sido um forte defensor doo mercado-liv
vre e do laisssez-faire, cheggando a direcctor da
Lond
don School off Economics (LSE), e tendoo criticado fortemente a Te
eoria Geral apó
pós a sua publicação
(193
36). Surpreen
ndentemente, as suas ideiaas inverteram
m-se e aproxim
mou-se fortem
mente da lóg
gica de
ideia
as de Keynes. Vd. MARCUZZ
ZO, 2006b, ma
max. 14.
207
A reacção de Keynes
K
em carrta para Beve ridge: «I have read your Memoranda,
M
w
which leave me
m in a
e of wild enthusiasm for your general sch
heme. I think it a vast consttructive reform
m of real impo
ortance
state
and am relieved to
t find that it is so financiallyy possible» - CARVALHO,
C
2006: 24.
208
Nã
ão esquecer qu
ue Maynard Ke
eynes foi Lord
d Keynes, com
m assento na House
H
of Lordss britânica.
209
MA
ARCUZZO, 200
06b: 5-10
210
MA
ARCUZZO, 200
06b: 2.
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
A ressolução do problema
p
po
olítico e a su
uperação da escassez
O’Doonnell identiificou diverssas funções a desempen
nhar pelo Esstado deduzi
zido das ideiias de
Keynnes, sendo ellas: a guardaa do bem com
mum, ser agente da racio
onalidade soocial e defenssor da
liberddade individuual, a promoção de combbinações com
m o sector priivado, desennvolvendo tam
mbém
activiidades tendoo em conta critérios nãoo-económico
os, e devend
do conduzir as suas refformas
modeerada e graduualmente211. Eram as polííticas govern
namentais destinadas a reesolver o prob
blema
polítiico tal comoo Keynes o define:
d
eficiêência económ
mica, justiça social e libeerdade indiv
vidual,
do quual eram indiistrinçáveis os
o problemass económico
os do desemp
prego e da deesigual e arbitrária
212
distribuição de rendimento e riqueza
r
.
Caso as poolíticas certass fossem adooptadas, seriaa possível ultrapassar a eescassez em pouco
p
mais de uma gerração, afirmaa Keynes. Issto implicav
va que, em relativamente
r
e pouco tem
mpo, a
varia a uma eeficiência maarginal do caapital a zero2213, lembrand
do esta
expannsão do inveestimento lev
expreessão a ideia de estado
o estacionáriio de Ricard
do e Marx (1818-1883)), entre outtros214.
Contuudo, isto nãoo implicava a catástrofe , (havendo então
e
similarridades com
m o pensamen
nto de
John Stuart-Mill)). Pelo conttrário, era ddesejável, po
ois aí teria a sociedadee de encaraardo o
verdaadeiro probleema: viver beem, de formaa agradável e sábia215.
Era o papel destas “p
políticas inteeligentes” trransformarem
m a sociedaade216, fazen
ndo os
indivvíduos valoriizar os fins do sistema, viver bem, aos meios, o sistema eeconómico em
e si,
preferindo o bom
m ao útil.
Veremos de
d seguida que
q o “papeel transform
macional” dass ideias e aacções do próprio
n reflexão das
d relações entre a econ
nomia nacion
nal e o “restoo do mundo””, bem
Keynnes teve eco na
comoo no redesenhhar do sistem
ma internacioonal do pós-II Guerra Mu
undial.
211
AN
NDRADE, 2000
0: 88.
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 11.
213
CA
ARVALHO, 200
06: 12.
214
É ccurioso notar que Keynes co
onsiderava o llaissez-faire e o marxismo partilharem
p
a mesma base teórica
econ
nómica, o lega
ado ricardiano
o, que rejeitavaa – CARVALHO
O, 2006: 17.
215
SK
KIDELSKY, 201
10: 144.
216
Skkidelsky é uma
a das vozes iso
oladas que rejjeita que Keyn
nes fosse um reformador
r
soocial, embora aponte
a
as id
deias acima apresentadas.
a
posto, ser conntraditório reccusar a
Naturalmentee, acreditamos, dado o exp
persspectiva de Ma
aynard Keyness como reform
mador social, senão
s
até maiss além.
212
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
6. O SISTEMA
A INTERNA
ACIONAL
L E AS GRA
ANDES GU
UERRAS
Comoo referimos, Keynes é funcionárioo do Tesou
uro Britànico desde 19915. Aquand
do da
negocciação do Trratado de Verrsalhes, incoorpora a delegação do Tesouro. É a suua obra que critica
c
acutillantemente o referido traatado, The E
Economic Co
onsequences of Peace (11919), que o torna
famoso217. O seu protagonism
mo é então inddissociável do
d culminar da
d Grande G
Guerra.
bismo
Proteeccionismo e livre-camb
No qque respeita à sua posição face à dicotomia proteccionissmo/livre-cam
ambismo, esta foi
varianndo de acordo com as lições da connjuntura. Se em 1923 Keynescritica o proteccion
nismo
comoo incapaz dee solucionar o problema do desemprrego218, já co
om a Grandee Depressão a sua
postuura se altera.
e
para
ra o crescim
mento
Veriificanddo a excessiva dependdência do comércio externo
econóómico, com consequências nefastas aao nível das relações inteernacionais, K
Keynes insurrge-se
«conttra o fetiche do crescimen
nto liderado pelas exporttações». Apeesar de reconnhecer existirrem as
ricarddianas vanttagens na divisão innternacional do trabalho, acredittava terem sido
sobreeestimadas2199. Assim, ap
pela para quee o sector fiinanceiro fossse primordiialmente naccional,
acredditando aindaa que, sendo o problema a deflação, as
a tarifas adu
uaneiras podderiam limitaar essa
pressão sobre os preços. Pen
nsava ainda que os países deviam desvincular-s
d
se do padrão
o-ouro
para ppoderem detterminar a su
ua própria poolítica monetária, no sentido de adopttarem uma po
olítica
moneetária expanssionista220.
O virar doo avesso da teoria clásssica torna-see completo com a ideiaa de que, dada
d
a
excesssiva dependdência econó
ómica das exxportações, o que levav
va a encarar agressivameente a
penettração em mercados
m
ex
xternos, peloo que, conttrariamente à ideia smiithiana e affim, a
globaalização podde conduzir à guerra e não à harm
monia, e a au
uto-suficiênccia nacional, pelo
contrrário, à paz221. Poder-se-ia argumentaar que a Histó
ória terá refu
utado as ideiaas de Keyness, uma
vez qque pouco depois se seguiu
s
a II Guerra Mu
undial, num contexto dde incremen
nto do
proteccionismo económico.
e
Porém,
P
tal aafirmação coloca um pesso injusto soobre essa do
outrina
econóómica, pois a guerra deflagrou
d
peelo expansio
onismo impeerialista dass forças do Eixo,
aconttecimentos bélicos,
b
não essencialm
mente económ
micos, sendo
o que, no ppós-guerra, outras
guerrras mortíferas se sucederaam num conttexto de livree-cambismo e globalizaçção em acelerração.
217
RU
UTHERFORD, 2005:
2
222-3 e KIRSHNER, 22009: 533.
SK
KIDELSKY, 201
10: 250.
219
SK
KIDELSKY, 201
10: 250.
220
Dissto dá conta Keynes
K
em «N
National Self-S
Sufficiency» (1
1933) – vd. JA
AMES, Harold,, «The Fall an
nd Rise
of th
he European Economy
E
in the Twentieth C
Century», BLANNING, 2000:: 191.
221
SK
KIDELSKY, 201
10: 250.
218
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: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
Finan
nciar a Guerra
É exaactamente naa conjunturaa da II Guerrra Mundial que
q podemos colher outrros contributtos de
Keynnes. Um delees tem por designação
d
D
Deferred Payyments Plan
n, tendo conssistido num plano
para ffinanciar o esforço
e
de gu
uerra britânicco, tributando
o o rendimen
nto dos indivvíduos além de
d um
determ
minado mínimo, numa proporção
p
prrogressiva. A contrapartida oferecidda era no imediato
pós-gguerra o Esstado dispon
nibilizar estte rendimen
nto, embora de forma mais equittativa,
traduuzindo-se num
ma alavanca para evitar uuma recessãão por procurra insuficientte, sendo qu
ue esse
dinheeiro seria reccuperado a prazo pelo Esstado com o crescimento económico.. Era, desta forma,
f
um plano para evvitar o total colapso das fi
finanças britâânicas em perríodo de gueerra, a curto-p
prazo,
assocciando-lhe a preparação da retoma no pós-guerra e ainda preocupaçõees redistribu
utivas,
aprovveitando a guuerra para inttroduzir refoormas222.
A II Guerrra Mundial obriga Keyynes a advog
gar o intern
nacionalismoo, mas por razões
r
primoordialmente políticas e não
n económiccas223. Isto porque,
p
com o progredir dda guerra e com
c
o
reduzzir das reservvas do Tesou
uro Britânicoo, Keynes, enquanto
e
con
nselheiro do Tesouro, diirector
do Baank of Englaand e membrro da House of Lords, realiza uma séérie de missõões aos EUA
A (seis,
entre 1941 e 19466) por formaa a assegurar auxílio finan
nceiro ameriicano, traduzzindo-se no acordo
a
d-Lease224. Uma
U
das co
ontrapartidas exigidas pelos
p
americcanos era a abdicação pelos
Lendbritânnicos das tarrifas imperiaais preferencciais, sobre o que Keyn
nes tinha forrtes reservass225. O
retornno do internnacionalismo económico tinha uma explicação
e
mais
m de caráccter circunsttancial
que eessencial.
Por u
um novo sisttema monetário internaacional
Foi nno âmbito deestas missõess (sobretudo a de Junho--Agosto de 1944 e a de M
Março de 19
946)226
que uum dos maais importanttes contribuutos de Key
ynes se forjo
ou: o redeseenhar do siistema
moneetário internaacional. Foi Keynes quem
m esteve po
or detrás da filosofia
f
de B
Bretton Woo
ods227,
que estabeleceu o padrão-d
dólar, estanndo as outrras moedas com uma taxa de cââmbio
ólar (USD), embora ajusstável, sendo o dólar connvertível em ouro.
relativamente fixa face ao dó
Comoo instituiçõees estabilizad
doras do sisstema encon
ntramos o Fu
undo Monettário Internacional
(FMII) e o Bancoo Internacion
nal para a R
Reconstrução e Desenvolvimento (BIIRD), actualm
mente
parte integrante do
d Banco Mu
undial. Este sistema esteeve vigente até
a 1971, com
m a decisão de R.
222
PR
RESSMAN, 200
06: 150 e CARV
VALHO, 2006:: 21-2.
JA
AMES, Harold, «The Fall and
d Rise of the European Eco
onomy in the Twentieth Ceentury», BLAN
NNING,
2000
0: 194.
224
Vd
d. MARCUZZO,, 2006a:.
225
Po
odendo, em alguma
a
medida, ter influen
nciado o olharr de Keynes sobre o Impéério, refira-se a sua
posiição no Departamento da Ín
ndia, entre 19006-8, que aba
andonou por desinteresse.
d
226
MA
ARCUZZO, 200
06a: 15.
227
JUDT, 2005: 107
7 e RUTHERFO
ORD, 2005: 2223.
223
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
Nixonn (1913-19994, presid. 19
969-74) de aabandonar a convertibilid
dade do dólaar em ouro, tendo
sido posteriormente substituíído pelo ditto “Consensso de Washiington” desdde cerca de 1980
(polítticas
neolibberais
de
comércio-liivre,
privattizações,
deesregulament
ntação,
equilíbrio
orçam
mental, taxass de câmbio flutuantes). Mostra-nos Skidelsky que,
q na vigênncia do sistem
ma de
Brettoon Woods, houve
h
«meno
or desempreggo, um maiorr crescimento, uma menoor volatilidad
de das
taxas de câmbio e menor dessigualdade»,, ao qual con
ntrapõe o seeu sucessor, que já contaa com
228
m
.
cincoo recessões mundiais
Convém reeferir que este sistema dde Bretton Woods
W
só em
m parte correesponde à arrrojada
propoosta de Keynnes. Este prretendia, em
m primeiro lu
ugar, que estte novo siste
tema internacional
perm
mitisse aos países
p
que apresentasseem défices comerciais fosse empprestado din
nheiro,
penallizando os países que au
uferissem sisstemáticos ex
xcedentes co
omerciais229, por meio dee uma
Clearring Union. Isto porque enquanto oss primeiros perderiam
p
au
utomaticamennte as reserv
vas de
ouro,, sendo forçaados a procurrar financiar o défice com
mercial, estess últimos podderiam optarr entre
o em
mpréstimo e a acumulação de reservaas, o que im
mporia uma pressão
p
deflaacionária e geraria
g
desem
mprego nos anteriores2300, sendo injuusto e ineficciente o repo
ouso do ónuus de ajustam
mento
excluusivamente sobre
s
os países deficitárrios - tal anáálise assentaa no mecaniismo de flux
xo em
espéccie identificaado por Canttillon e Hum
me (1711-177
76)231. Assim
m, pretendia que existissee uma
reservva monetáriaa internacion
nal, o bancorr, administrad
da por um baanco central com a capaccidade
de em
mitir moeda. Prevaleceu o sistema dee quotas defeendido pelos EUA, que reejeitam a pro
oposta
keyneesiana.
Uma últim
ma reflexão sobre
s
o sisteema internaccional versa sobre a reguulação dos fluxos
f
internnacionais dee capitais. Prudente,
P
K
Keynes, com
mo referimoss, não apareentava ser muito
favorrável à globalização, lev
vantando resservas em reelação aos empréstimos
e
s estrangeiro
os que
causaariam tensõees e inimizaades em moomentos cru
uciais de preessão232, pello que prefeeria o
invesstimento inteerno. O pro
oblema era ccomo conciliar a gestão monetáriaa nacional com
c
a
internnacional. Acreditava quee os fluxos dee capitais dee curto-prazo
o deveriam seer regulados, pois,
caso contrário, poderiam
p
pro
ovocar presssões para a convergênciia das taxas de juro entre os
países, que não lhhes seriam benéficas,
b
daada a heterog
geneidade dee circunstânccias que torn
navam
propíícias políticaas macroeco
onómicas dísspares. Por outro lado, a desregulaação aumentaria a
incertteza, o que geraria
g
fluxo
os disruptivoos, desestabilizadores e disfuncionais
d
s, causando fortes
flutuaações nas expectativass dos invesstidores233. Em directa relação coom o expllanado
228
229
230
231
232
233
SK
KIDELSKY, 201
10: 164-175.
PR
RESSMAN, 200
06: 156.
SK
KIDELSKY, 201
10: 243.
Vd
d. capítulos corrrespondentess em PRESSMA
AN, 2006.
SK
KIDELSKY, 201
10: 249.
KIR
RSHNER, 2009
9: 534-5.
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
imediiatamente anntes, dispensaamo-nos de rreferir que a sua lógica foi,
fo em larga medida, ignorada,
em prrol da promooção de um livre-cambissmo com um
m elevado nív
vel de desreggulação, que seria,
sob uuma óptima keynesiana,
k
ineficiente,
i
pporque subóp
ptimo.
7. “R
REVOLUÇ
ÇÃO METO
ODOLÓGIICA”
Keynnes é um doos protagonistas da recoonceptualizaçção da Econ
nomia. Para ele, a Econ
nomia
estariia longe de ser
s uma ciência exacta, m
muito menoss natural. Eraa uma ciênciia moral, um
m ramo
da éttica e da lóggica234. Rejeiita o paradiggma positivissta neoclássiico, com o qqual se preteendeu,
vés da
pela matematizaçção, cientifiicizar a Ecoonomia e affastá-la da Filosofia235, para, atrav
incertteza, introduuzir ou dar relevo a uuma série dee elementos sistematicaamente ignorados:
motivvos, expectaativas, conveenções, instittuições, dinââmica. Era um
u “filósofoo-economistaa”, tal
comoo o tinham sido
s
Smith, Mill
M e Marx2236. É de tal forma persiistente a conntrovérsia qu
ue, em
1982, à afirmaçãoo de Tobin que
q não exisstiria nada de
d mais perig
goso «do que
ue um filósoffo que
nomia», Harvvard Nozick responde «A
A não ser um
m economistta que
sabiaa um bocadinnho de Econ
2
não ssabe nada dee Filosofia»237
. Na sequêência destas ideias, é peertinente menncionar que Anna
Carabbelli vê o Tratado
T
sobrre Probabiliidades como
o um ensaio
o de Filosoffia prática e ética
versaando sobre a aplicação da probabillidade ao âm
mbito das ciências
c
morrais e da co
onduta
humaana238.
Nesta parte do estudo
o, temos já, em maior ou menor detalhe,
d
apreesentados os mais
importantes conttributos de Keynes
K
paraa uma possív
vel transform
mação abruppta do parad
digma
mos este mom
mento para condensá-las
c
s, realçando a sua
metoddológico da Economia. Aproveitam
importância e vallidade.
Incerrto, mas reaalista
O priincípio da incerteza afasttou Keynes dda excessiva matematização da Econnomia, que to
oldava
uma compreensãoo geral, pelo
o que era um
m céptico relaativamente à econometriia, consideraando-a
mpreende, se nos recorrdarmos quee ele crê qu
ue há
uma “distracção””239. Facilmente se com
234
TE
ERRA & FERRA
ARI FILHO, 2011: 2; NUNES
S, 1998: 41, 10
02; e ANDRAD
DE, 2000: 91.
Re
eferimo-nos à vulgarmente conhecida com
mo “revolução
o marginalista” – BACKHOU
USE, 2002: 166
6-72 -,
bem
m como a postteriores desenv
volvimentos, ccomo o robbin
niano – MARCUZZO, 2006b:: 7. Tal lógica vigora
aind
da na “ortodoxxia” teórica eco
onómica.
236
AN
NDRADE, 2000
0: 76.
237
Tra
ata-se de um faits-divers, com
c
validade ilustrativa, referido por M. Jacinto Nunees em NUNES, 1998:
11.
238
AN
NDRADE, 2000
0: 83.
239
RA
AVETZ, Jerry, «Economics as
a an elite foolk-science», DOW
D
& HILLA
ARD, 1995: 633 e LAWSON, Tony,
«Eco
onomics and expectations»,
e
, DOW & HILLLARD, 1995: 77.
7
235
34
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as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
«influuências de taal forma imp
portantes quee não podem ser reduzidaas à forma esstatística»240, além
de discordar do princípio
p
de verificação a posteriori no desenvollvimento da teoria econó
ómica,
p
o
que cconsiderava inaplicável. A teoria freequentista daas probabilidades não eraa adequada para
estuddo da generaalidade da reealidade com
mplexa e inccerta. Sendo a sua base filosófica, critica
c
amplaamente a raccionalização benthamita, isto é, o utiliitarismo, quee teve como expoente as ideias
de Jerremy Benthaam (1748-1832).
Contra o abstraccionism
a
mo ricardianno e o irreallismo dos prressupostos dda teoria cláássica,
Keynnes não abdiicava do priincípio de reealismo. Casso contrário,, não teria qqualquer utilidade
práticca. Em vez da
d sedução do
os modelos m
matemáticos “limpos” e “elegantes”, pode-se dizeer que
preferiu a compplexa, difícil realidadee, maioritariiamente não
o tradutívell por expreessões
q o
numééricas, se seqquer correctamente inteliggível pelo Homem241. Seria interessannte analisar qual
conceeito de valorr subjacente à teorizaçãoo keynesianaa, pois pensamos existirr argumentoss para
falar duma recuperação da ideia de valor intrínseco através
a
do inttuicionismo e da influência de
Moorre242, o que taambém seriaa dificilmentee transposto para um mod
delo matemáático.
Razooavelmente, orgânico e dinâmico
d
Com a teoria de Keynes o postulado da racionalidade indiv
vidual transfforma-se. Não
N
se
orna-se esse um conceiito abrangen
nte. O
abanddona a ideiaa de o indiivíduo racioonal, mas to
capriccho, a expecctativa, o estaado de confiaança incorpo
oram a racion
nalidade hum
mana, que cessa de
ser um
ma racionalidade omniscciente. A cappacidade de conhecer
c
do Homem
H
é lim
mitada, a incerteza
é um
ma cortina esspessa que nos
n impede dde vislumbraar sequer as consequênccias imediataas das
acçõees próprias, quanto
q
mais o panorama geral presen
nte, muito meenos futuro. O comportam
mento
2
racionnal não é noormativo: é pragmático
p
e contingentee, é razoável243
, uma raciionalidade prrática,
portaanto244.
ncontra-se a ttranslacção de
d uma concepção atomiicista da sociiedade
Relacionanndo-se-lhe en
para uma orgâniica, o que permite
p
a ddistinção enttre microeco
onomia e m
macroeconom
mia. O
indivvíduo não existe fora da sociedade, ppelo contráriio, o processso de individduação é coeetâneo
com o processo social, com
mo nos dá cconta o refeerido ensaio de Elias. ««Keynes salv
vou a
240
241
Ap
pud, SKIDELSK
KY, 2010: 131.
Vd. SKIDELSKY
Y, 2010: 116, 123, ANDR
RADE, 2000: 78, 92. De ressalvar, de novo, a inflluência
maltthusiana, que
e, em missiva para Ricardoo, escreve: «ssinto inclinado
o a referir-me frequenteme
ente às
coisa
as como elas são, sendo esssa a única foorma de tornarr aquilo que escrevemos
e
úttil, do ponto de vista
práttico, à socieda
ade» - apud SK
KIDELSKY, 20 10: 120.
242
NU
UNES, 1998: 79.
7 Skidelsky também
t
tem u
uma passagem
m na sua apre
esentação resuumida de Keynes na
quall refere que Keynes
K
teria tido
t
a percepçção de que as
a acções da holdings ameericanas «esta
avam a
deprrimir muito ab
baixo do seu valor
v
intrínsecoo» (itálico nosso) – SKIDELS
SKY, 2010: 1110.
243
SK
KIDELSKY, 201
10: 127-9; NU
UNES, 1998: 115-7; ANDRAD
DE, 2000: 85;; e WINSLOW
W, Ted, «Unce
ertainty
and liquidity-prefe
erence», DOW
W & HILLARD, 1995: 222.
244
AN
NDRADE, 2000
0: 84.
35
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
Econnomia das suuas amarras metodológic
m
cas [da Econ
nomia “ortod
doxa”] restauurando o pap
pel do
indivvíduo-decisorr num univerrso interdepeendente, tem
mporal e orgânico»245. Maais, todo o siistema
é dinââmico, com flutuações,
f
trransformaçõões, múltiploss “equilíbrios” subóptimoos.
Obseervação vigillante
A Ecconomia, paara Keynes, não era m
metodologicaamente comp
patível com
m a verificaçção a
posteeriori das prroposições em
mpíricas, rejjeitando tantto a sua validação, com
mo a sua refu
utação
pelo método em
mpírico, pois,, segundo eele, não exisste regularid
dade na natuureza, o tem
mpo é
pectiva
irreveersível, logoo, as condições de ppartida são sempre differentes246. Uma persp
verdaadeiramente heraclítica.
h
Por outro lado,
l
vê a Economia
E
coomo uma artte ou forma de pensar, ccaracterizadaa pela
“obseervação vigillante” que permita escollher bons mo
odelos, que captem
c
de foorma apropriiada o
papell preciso daas convençõ
ões num daado momen
nto, associad
do às atituddes e propeensões
psicoológicas presentes247. Daq
qui se pode retirar que o desempenh
ho do econom
mista é contíínuo e
tem dde contemplaar várias perrspectivas doo real-social apontado po
or Sedas Nun
unes248, assocciando
uma fforte ligaçãoo entre teoria e prática249.
“Bab
bilónia”
Keynnes parte doo pressupossto epistemoológico que o conhecim
mento comppleto, perfeito, é
inalcaançável. Peersistirá sem
mpre incerteeza. Assim, é-lhe associado um modo de pensar
p
babilóónico, ternárrio, contrário
o ao pensam
mento cartesiiano, dual, onde
o
não exiiste espaço para
p
a
incertteza250. Anttecipa assim
m as modernnas correntees pós-positiivistas, danddo mostras disso
aquanndo da sua superação
s
daa lógica form
mal, ao amplliar a noção de conhecim
mento, abrangendo
lógicaa formal e huumana, que não
n se contraapõe, mas se complementam.
Em directaa relação está a redigniificação da linguagem comum,
c
subbstancial, aberta e
adequuada a racioccínios não-deemonstrativoos, capazes de
d abarcar a variável
v
nãoo-mensurávell, nãoformaalizável, da incerteza
i
e to
odo o decorrrente aparato conceptual251. Em sumaa, abre a Econ
nomia
a todoo o espectro de linguagen
ns relevantess para o estud
do da realidaade: «truth dooes not only come
in thee guise of a mathematicaal model»2522. A defesa da
d pluridispliinaridade e dda pluralidad
de são
245
Ro
otheim em NUN
NES, 1998: 13
39-40.
NU
UNES, 1998: 105-7, 134-5.
247
DA
AVIS, 1994: 12
25.
248
NU
UNES, 1970.
249
AN
NDRADE, 2000
0: 86.
250
NU
UNES, 1998: 20-2.
2
A dialéctica hegeliana faz outro tantto, face ao dua
alismo kantianno, quando an
nalisa a
natu
ureza humana. – NUNES, 19
998: 40.
251
AN
NDRADE, 2000
0: 83-87, NUNES, 1998: 1466.
252
HA
ARCOURT & KE
ERR, 2003: 35
57.
246
36
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: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
postuuras que facillmente podeemos entreveer nas ideias de John Maynard Keynees, nomeadam
mente
no seeu famoso obbituário de Alfred
A
Marshhall (1842-1924), onde, mais do quee uma apologia às
qualiddades de Marshall,
M
teo
oriza sobre as qualidad
des que dev
ve ter um bom economista,
enuncciando todoo um prograama, uma ppostura mettodológica, uma autêntitica revoluçãão na
Econnomia253. Parra ele, não existiriam (e, para elle, não exisstiram) fronnteiras rígidas do
conheecimento254.
A Ecconomia segu
undo Keynees
Consequente com
m as suas ideeias está a tarrefa que deliineia para a Economia: rreduzir a incerteza
255
5
irreduutível, que abbranda ou atté bloqueia o progresso económico
e
, mudando, m
moldando, o meio
envollvente256. Nãão esquece, contudo, quee o futuro não
n é objecto
o de conheciimento, «O futuro
não eestá à espera de alguém que
q o aprendda: somos nó
ós que o criam
mos»257. Afaasta-se portan
nto do
progrrama enunciiado por Mill
M 258, pelo qual a Ecconomia se preocupa ccom o indiv
víduo,
intereessado (e inteeressada, a Economia),
E
aapenas em maaximizar a su
ua riqueza, oou, como dep
pois se
veio a dizer, a suaa “utilidade”259.
Keynes «w
was the right kind of an economist as
a an econom
mic scientist from my po
oint of
view»», declara Milton
M
Friedm
man260.
253
«O mestre econ
nomista deve possuir uma combinação rara de atrib
butos (...) Dev
eve ser matem
mático,
oriador, estad
dista, filósofo – até certo ponto. Deve compreender os símboloss e exprimir-se por
histo
pala
avras. Deve co
ontemplar o particular
p
em ttermos do gerral e tocar o abstracto
a
e o concreto no mesmo
m
rasg
go de pensame
ento. Deve esstudar o prese nte à luz do passado,
p
em fu
unção do futurro. Nenhum aspecto
a
da n
natureza do Homem ou dass suas instituiçções deve ficar completame
ente fora do allcance do seu
u olhar.
Devve ser simultan
neamente detterminado e d
desinteressado
o, alheio e inc
corruptível com
mo um artista
a e, no
anto, ser por vezes
v
tão prag
gmático como um político.» - Keynes, apu
ud SKIDELSKYY, 2010: 91.
enta
254
AN
NDRADE, 2000
0: 93.
255
SK
KIDELSKY, 201
10: 116, 131.
256
MA
ARCUZZO, 200
06b: 8.
257
Co
omo declara Skkidelsky – SKIDELSKY, 20100: 130.
258
MIILL, 1994.
259
KIR
RSHNER, 2009
9: 536.
260
BLA
LAUG, 1990: 89.
37
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____________________
_____
8. RE
EFORMA E SUPERA
AÇÃO DO CAPITAL
LISMO
As posições éticaas de Maynard Keynes têm uma reelevância sig
gnificativa qu
quando se traata de
obretudo dass implicaçõe s derivadas desta.
avaliaar as ideias subliminares da sua teoorização e so
Tomaava uma posstura crítica quanto
q
ao coontexto que o circundavaa, sendo legíttimo, acredittamos,
tomá--las como a base ética e teleológica ddas suas propostas, pois «A todo o siistema econó
ómico
corresponde uma ética»261, incclusive àqueeles que se prroclamam sem
m ética e a-m
morais.
Éticaa do investim
mento
No fiinal da sua vida,
v
Keyness foi adoptanndo uma posttura de respo
onsabilizaçãoo do investid
dor. O
que qqueremos diizer? Que o investidor ttem responsabilidades para
p
com o bbem comum
m, não
devenndo ceder ao
a «pânico das multiddões» em faace da queb
bra da cotaação bolsistaa, por
exem
mplo262. Deviaa combater a obsessão peela liquidez, pois a estabiilidade sociaal também é do
d seu
intereesse e esta é vulnerávell às suas acçções. Keynees foi assim desenvolvenndo uma étiica do
invesstimento que incorpora a admissibiliddade de perd
das, sendo o crucial a fiddelidade à to
omada
de oppções criterioosamente detterminadas.
Diz-nos Keeynes:
N considero
Não
o ser vergonhha nenhuma dever uma acção
a
quandoo o mercado
atinge o seu nível
n
mais baiixo. Não creiio ser a cond
duta adequadaa de (...) um
ueda (...) Vou ainda muito
innvestidor [sérrio] vender e ffugir num meercado em qu
m longe. Deevo dizer que é, de tempos a tempos, devver de um invvestidor sério
mais
aceitar a depreciação dass suas particcipações com tranquilidadde e sem se
ualquer outra política é an
nti-social, desttrutiva para a confiança e
reecriminar. Qu
inncompatível com
c
o funcionnamento do sistema
s
econó
ómico. Um innvestidor (...)
d
deve
ter como
o principal obbjectivo os reesultados a longo
l
prazo, devendo ser
juulgado apenass em função ddestes
(John
(
Maynarrd Keynes)263
Crítiica ao “amorr ao dinheirro” e ao egoíísmo
mor ao dinheeiro” é aindaa um traço doo sistema económico. Paara Keynes, eeste só era frrívolo,
O “am
não sse identificanndo com o bem,
b
moralm
mente ineficaaz, pois não promovia a adopção dee uma
vida boa, e econoomicamente ineficiente, uma vez qu
ue a disposição para a accumulação era um
261
262
263
NU
UNES, 1998: 80.
8
SK
KIDELSKY, 201
10: 109-10.
Ke
eynes, apud SK
KIDELSKY, 2010: 112.
38
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Ke
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________
__________
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__________
____________________
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forte travão ao prrogresso econ
nómico264. Q
Quando chegaasse a era daa abundânciaa, o momento
o em a
onsiderou qu
ue este amorr ao dinheiro
o seria
eficiêência marginnal do capitaal fosse nulaa, Keynes co
tido ccomo «a som
mewhat disg
gusting morbbidity, one of
o those sem
mi-criminal, semi-pathological
propeensities whicch one handss over with a shudder to
o the speciallists in the m
mental diseasse»265.
Daí a ênfase no «ataque à poupança,
p
à abstinênciaa, que era um princípio fundamentaal dos
vitoriianos»266. Dee certa formaa, partilha coom autores da
d Antiguidad
de e com os cristãos umaa série
de ouutras posiçõees, como a noção
n
de jusstiça de preçços, sendo in
njusta a flutuuação do nív
vel de
preçoos267.
Bernard Mandeville
M
e, depois destee, Adam Smiith estabeleceeram que os vícios privad
dos se
conveertiam em viirtudes públiicas, confluinndo o egoísm
mo individuaal em bem ccomum, por via
v de
um ssistema laisssez-faire e de
d um mecan
anismo de “m
mão invisíveel” que caraacterizaria a autoregullação da sociiedade em geeral. Malthuss, pela ideia de parcimón
nia dos capittalistas, que estava
e
fu do fluxo
o, fala de virttudes privadas convertidas em vícioss públicos. Keynes
K
a provocar uma fuga
reconnhece amboss os casos268. Daqui advvém a sua co
oncertação entre
e
coordennação estataal com
liberddade políticaa e económicca individuall. A coorden
nação económ
mica estatal porque, existindo
falhass inerentes ao
a sistema ecconómico, haavendo a possibilidade da
d opção de iinvestimento
o mais
lucrattiva não coinncidir com a socialmentee mais vantaajosa269, então era necesssária a interv
venção
deste agente, com
m capacidadee regulatória,, correctora de
d disfunções e desequilííbrios e prom
motora
do prrogresso Hum
mano em direcção a umaa vida boa. A liberdade política
p
e ecoonómica não é boa
em sii, o que a fazz depender dee uma justifiicação. Keyn
nes olha-a como instrumeental para alccançar
os beens intrínsecoos, uma vez que, não tenndo os indiv
víduos conhecimento direecto de estad
dos de
espíriito alheios, a persecução
o do egoísmoo, enquanto princípio de maximizaçãão e não fau
utor de
270
bem comum, é superior
s
ao altruísmo
a
. O interessee próprio e o interesse ppúblico não eram
naturralmente conciliados271.
O “amor ao dinheiro
o” gerava ddesigualdadees de rendiimento e riiqueza que eram
econoomicamente ineficientes, como aborrdámos atráss. Keynes, co
omo Schumppeter, não erra um
igualiitarista: a suua visão de justiça
j
era cclássica272, sendo justa a recompens a proporcion
nal ao
264
SK
KIDELSKY, 201
10: 198.
KE
EYNES, «Econ
nomic Possibilities for Our G
Grandchildren» (1930), apu
pud WINSLOW
W, Ted, «Unce
ertainty
and liquidity-prefe
erence», DOW
W & HILLARD, 1995: 222.
266
NU
UNES, 1998: 80.
8
267
SK
KIDELSKY, 201
10: 205 e BACKHOUSE, 200 2: 22-4, 42-6..
268
M. Jacinto NUNE
ES, «Posfácio»
», em SKIDELS
SKY, 2010: 26
65.
269
DA
AVIS, 1994: 16
64.
270
SK
KIDELSKY, 201
10: 193.
271
NU
UNES, 1998: 21.
2
272
No
o sentido geral do termo entenda-se, isto é, remo
ontando à An
ntiguidade Cláássica. Neste
e caso,
aristtotélica.
265
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méritto ou à conntribuição273. Contudo, eera problemáática a conccentração exxcessiva, dev
vida a
instituuições distorrcidas, que se
s tornava ddisfuncional2774 e inaceitáv
vel socialmeente. As heranças,
por exemplo, tradduziam a con
ncentração dee riqueza sem
m qualquer contrapartida
c
a individual e era o
missão de riqqueza um princípio «fracco e estúpidoo»275, que po
odia e
princípio hereditáário de trasm
deviaa ser alteradoo sem que a operação eeconómica so
ofresse uma transformaçção substanccial. A
redisttribuição de rendimento
o e riqueza, que preconiiza, era umaa questão daa qual depen
ndia a
legitimidade do sistema, a justiça
j
sociaal e a eficiêência económ
mica, segunndo estes meesmos
mos longe e cada vez m
mais distanttes de atingir estes ideaais, havendo
o, por
princípios. Estam
de relacionad
da, segundo Skidelsky, com
c
a
paraddoxal que poossa parecer,, uma maiorr desigualdad
globaalização276.
Como afirm
ma Kirshnerr, «To revisiit Keynes is to bring the question oof inequality
y back
towarrd the core of
o macroecon
nomic analyssis»277.
Crítiica ao capitaalismo
Para Keynes, o capitalismo
c
u ganho abbstracto e nãão um
era uma proopensão psiccológica a um
ma de relações de proprieedade, comoo definido por Marx, apro
oximando-se,, ao invés, dee Max
sistem
Webeer278. O “amoor ao dinheirro” ou avarezza assumia a sua forma mais
m absolutaa, sendo o siistema
capitaalista «uma máquina geeradora de ddinheiro» e não
n de bens.. Tinha um forte poder «para
exploorar o valor de escassez do capital»2279 e, desreg
gulado, tendiia a aumentaar a desiguaaldade,
dandoo maiores renndimentos e riqueza a quuem deles já dispõe, algo que o dizer popular porttuguês
captaa especialmennte bem na expressão
e
“oo dinheiro geera dinheiro””. Por outro llado, desregu
ulado,
o cappitalismo exiibe uma tend
dência crónicca para um nível subópttimo de empprego dos faactores
produutivos, que tende a min
nar a organnização sociaal e auto-deestruir-se, seegundo o próprio
Keynnes280.
c
coomo princípio
o absoluto dee conduta traansformaria a vida
Tomar o laaissez-faire capitalista
sociaal numa espéécie de paród
dia de pesaddelo de um contabilista, avaliando-se
a
e cada acção pelos
seus potenciais financeiros. «Destruím
mos a beleeza do cam
mpo porquee os esplen
ndores
inaprropriados da natureza nãão têm valoor económico. Somos caapazes de aapagar o Soll e as
273
CA
ARVALHO, 200
06: 7; KIRSHNER, 2009: 5311 e SKIDELSKY
Y, 2010: 204.
Po
or funcional leia-se que resultava
r
no estimular doss comportamentos individuuais de form
ma que
resu
ultasse um bem
m maior para a sociedade n
no seu todo – CARVALHO, 2006:
2
7.
275
Ap
pud CARVALHO
O, 2006: 8.
276
SK
KIDELSKY, 201
10: 189.
277
KIR
RSHNER, 2009
9: 531.
278
SK
KIDELSKY, 201
10: 197.
279
SK
KIDELSKY, 201
10: 205.
280
KIR
RSHNER, 2009
9: 530-2.
274
40
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estrellas porque nãão pagam div
videndos»281 . Há limites morais ao crrescimento ecconómico, declara
d
Keynnes.
A “V
Vida Boa”
Tal como para Saanto Agostinh
ho (354-490))282, para Keynes a procu
ura da riqueza
za é um meio e não
fim. O fim, o viver bem,, não está asssociado ao incessante
i
au
umento da rriqueza, com
mo dão
um fi
contaa vários estuddos relativos ao bem-estaar283.
Keynes afaasta o utilitarrismo e a bussca da felicid
dade ou prazeer das suas ppreocupaçõess, pois
não é linear a liggação entre bondade
b
e pprazer. O quee deve ser maximizado
m
é o bem, istto é, a
bondaade, e tem de
d se levar em
m linha de coonsideração o princípio de
d unidade oorgânica de Moore
M
comoo forma de sopesar a bondade num
m dado mom
mento. A sim
mples adiçãoo de bondad
de nos
estaddos mentais individuais não é posssível: «Con
njunturas bo
oas são “unnidades orgâânicas
compplexas”»284. As
A coisas bo
oas são intrí
rínsecamentee boas, tradu
uzindo-se poor estados mentais
m
atempporais onde se pode enco
ontrar o amoor, a criação,, a experiênccia estética e a prossecuçção do
conheecimento285. É a consequ
uência práticca desta ideiaa que legitim
ma filosoficam
mente a passsagem
da ênnfase para o curto-prazo
o, uma vez qque «a vida é para ser vivida no ppresente, e não
n no
passaado ou no futturo»286.
É por tomaar como fito fundamentaal da existênccia a “vida boa”
b
que Keyynes se deteermina
na neeutralização das flutuaçõ
ões económiccas, pretendeendo ancorarr a economiaa no seu pottencial
máxim
mo, de form
ma que, ob
bviado o prroblema eco
onómico, a Humanidadee se dedicaasse à
prosssecução da referida
r
“vid
da boa”. Supperação da escassez esssa que Keynnes pretendiia que
ocorrresse num futturo próximo
o – primeiro três, depois pouco mais de uma geraação287. À esccassez
se seguiria o cresscimento da abundância para se alcaançar a estab
bilidade288, iisto é, a eficciência
marginal do capittal nula, a satturação do caapital, o estaado estacionáário keynesiaano.
281
Ke
eynes, apud KIIRSHNER, 200
09: 531-2. Tra dução do inglês da nossa autoria.
BA
ACKHOUSE, 20
002: 34. Aliás, era para ele «
anter vivas as tradicionais reesistências religiosas
«essencial ma
à bu
usca incessantte de riqueza»
» - SKIDELSKY
Y, 2010: 190.
283
SK
KIDELSKY, 201
10: 188-9.
284
SK
KIDELSKY, 201
10: 190-2.
285
NU
UNES, 1998: 79,
7 82.
286
NU
UNES, 1998: 79.
7
287
SK
KIDELSKY, 201
10: 142, 200.
288
Skkidelsky reconh
hece-lhe influê
ência de J. R. Commons – SKIDELSKY,
S
20
010: 225.
282
41
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O Esstado como instrumento
i
o
Comoo tivemos oportunidade
o
e de notar, o Estado é uma peça central paara este projecto
transfformacional.. Havia, paraa Keynes, um
ma tendênciia natural paara o alargam
mento do do
omínio
públiico, recomenndando-se a aplicação daas ditas “pollíticas econó
ómicas inteliigentes” tend
do em
vista a coordenaçção económica e a sociallização do in
nvestimento, que provocaariam mudan
nças a
longoo-prazo na sociedade,
s
não apenas eeconómicas, mas também
m psicológiccas ou espirrituais,
comoo indicámos: a preferência do bom aoo útil.
ma «vertentee prática da ética» que procurava a melhor form
ma de
A política era então um
actuaação governaamental, ten
ndo por fim
m facilitar a procura dos
d “bens” aos membros da
comuunidade289. A sua ideia do Governo, nna realidade, era no mín
nimo contextu
tual: este cab
beria a
uma elite desinteeressada quee não abusaaria do podeer290, a quem
m caberia ddefinir os paadrões
M impresssionante é o seu tacto político.
p
Tenndo por influ
uência
polítiicos da comuunidade291. Mais
uma ddeterminadaa perspectiva de Edmund Burke, relaccionando a política
p
e a éttica com o dever e
imbuuído de um princípio dee moderaçãoo292, recusa o fixismo e o dogma, dado que «todos
«
gostaaríamos de tentar
t
arquiteectar a nosssa própria saalvação»293, isto é, deviaa ser defend
dida a
liberddade para a «experimen
ntação “políítico-económ
mica”». Mod
derado, repuudia o marx
xismo,
chegaando a descrever Vladim
mir Lenine como «a bo
ourgeois of the first wat
ater»294, aind
da que
iniciaalmente tennha manifesstado certa simpatia pelos
p
princípios transfformacionaiss que
veicuulavam.
O cap
pitalismo coomo meio pa
ara a sua pr ópria superração
Keynnes não era um revolucionário, mass um reform
mista295. Con
ntudo, não aacreditamos haver
margem para dúvvidas: preten
ndendia, com
m as suas pro
opostas, alcan
nçar um “esttado estacion
nário”
e
de recursos, a partir do qu
ual as lógiccas subjacenttes ao
caraccterizado pello máximo emprego
capitaalismo, a proopensão paraa o ganho absstracto, seriam substituídas por um viiver bem.
Para atingiir esse momento, o capiitalismo era, como para Marx, um pperíodo neceessário
2
para a passagem
m da escasssez para a abundância296
. Esta lóg
gica aproxim
ma-o tambéém de
Schum
mpeter, que acredita na destruição ddo capitalism
mo pelos seu
us sucessos2297. Se esta é uma
formaa de pensar socialista? Não
N obstantee a associaçãão de Keyness ao Partido Liberal, Carrvalho
289
290
291
292
293
294
295
296
297
SK
KIDELSKY, 201
10: 216.
BLA
LAUG, 1990: 50-1.
SK
KIDELSKY, 201
10: 219.
NU
UNES, 1998: 92.
9
SK
KIDELSKY, 201
10: 251.
RU
UTHERFORD, 2005:
2
223.
CA
ARVALHO, 200
06: 16.
SK
KIDELSKY, 201
10: 189.
PR
RESSMAN, 200
06: 161.
42
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Tel.
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
pensaa que sim2988. É discutív
vel, certameente, mas paarece-nos sin
ntomático quue Tony Jud
dt, no
capítuulo intituladdo «The Soccial Democraatic Momentt», cite imed
diatamente eem primeiro lugar
Keynnes como ponnto de partida.
Etimologiccamente, as suas reform
mas e conseq
quências preconizadas ppara o capitaalismo
eram radicais: alteeravam-no na
n sua raíz, leevando à suaa própria subllimação.
All kinds oof social custtoms and econ
nomic practicces, affecting
the distribbution of weealth and off economic rrewards and
penalties, which we now
n
maintain
n at all cossts, however
distasteful and unjust th
hey may be in
n themselves, bbecause they
are tremenndously usefu
ful in promotting the accuumulation off
capital, wee shall then bee free, at last, to discard
(John Maaynard Keynnes)299
298
299
CA
ARVALHO, 200
06: 26.
Re
eferindo-se ao momento apó
ós a saturaçãoo do capital - apud
a
, CARVAL
LHO, 2006: 133.
43
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
9. EC
CONOMIC
C CONSEQUENCES O
OF KEYNE
ES
A qu
uerela do leggado
Diz-nnos Skidelskky que as ideias
i
de K
Keynes foram
m aceites so
obretudo poor resignação
o300 e
imediiatamente oss aspectos ep
pistemológiccos e o cernee dos metodo
ológicos ignnorados301. No
N ano
seguiinte ao da puublicação daa Teoria Gerral, esta foi “sintetizada”” por J. R. H
Hicks (1904--1989)
num modelo que traduziria o sistema do eequilíbrio geeral IS/LM3022: era, segunndo Joan Rob
binson
o303, deixand
do de fora a discussão
o das
(19033-1983), o abastardameento do keyynesianismo
dinâm
micas e dass expectativaas, em sum
ma, da incerrteza304. Estee “keynesiannismo ortod
doxo”,
baseaado na “sínteese neoclássiica”, recalca os ensinameentos sobre a incerteza, a irreversibilidade
do tem
mpo, a centrralidade da procura
p
efecttiva e sobre o papel deseempenhado ppelo dinheiro
o305. O
que é usualmentee considerad
da como um
ma política económica
e
“k
keynesiana” tem, na verrdade,
muitoo pouco a verr com a teoriização de Keeynes relativaa à sociedadee e à ética306 .
Por outro laado, o pós-keynesianism
mo307, que se constituiu
c
co
omo recuperaador dos con
nceitos
fundaamentais de Keynes esqu
uecidos peloo keynesianissmo bastardo
o, foi incapaaz de avançaar com
uma fforma de inccorporar a infformação nãoo-quantitativ
va na teoria, aponta
a
Fitzggibbons308.
As accusações con
ntra o keyneesianismo
Muitoos téoricos apontaram as
a ideias dee Keynes co
omo fundadaas no seu ccontexto histtórico.
Podem
mos asseverar que as cirrcunstâncias históricas, a sua vivência pessoal, innfluenciaram
m a sua
perceepção dos prroblemas e, consequenteemente, dos meios e solluções do sisstema econó
ómico.
Emboora seja eviddente ser posssível um ecoonomista viv
ver um perío
odo onde o siistema econó
ómico
entre em falênciaa, com o volu
ume de desem
mpregados e o nível de miséria
m
e desstruição de riiqueza
potenncial, sem quue isso abale a sua crençaa no equilíbriio óptimo dee mercado, cllaramente nãão terá
sido o caso de Keeynes. Provav
velmente porr isso mesmo
o terá sido um
m fulcral refferente o prob
blema
do ddesemprego, plasmado no
n equilíbriio subóptimo de empreego dos facctores produ
utivos.
Skideelsky rejeita esta acusaçãão dirigida a Keynes com base na in
ntervenção ggovernamenttal ser
um ddado permaneente, por o sistema concoorrencial de mercado serr, por si só, o próprio cau
usador
dos ddesequilíbrioos, e na mo
oral e objecctivos que assim
a
Keynees delineia ppara a activ
vidade
300
301
302
303
304
305
306
307
308
SK
KIDELSKY, 201
10: 148.
NU
UNES, 1998: 8.
8
FIT
TZGIBBONS, Athol,
A
«Keyness’s policy mod
del», DOW & HILLARD,
H
1995
5: 212.
SK
KIDELSKY, 201
10: 150.
BA
ACKHOUSE, 20
002: 236.
AN
NDRADE, 2000
0: 81.
DA
AVIS, 1994: 15
58.
AN
NDRADE, 2000
0: 81.
FIT
TZGIBBONS, Athol,
A
«Keyness’s policy mod
del», DOW & HILLARD,
H
1995
5: 213.
44
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Celui--ci n’est pas Keynes
Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
econóómica309. A Grande Depressão
D
teerá sido um
m factor motivador paara a sua visão?
v
Necessariamente.. Isso implicca serem as suas ideias circunstancciais? Certam
mente que não.
n
A
Milton Fried
dman310, de que
q a teoria foi refutada pelos
inferêência que ussualmente se faz, como M
factoss, referindo--se à estagfflação dos aanos 1970, ignora
i
que as
a medidas preconizadaas por
Keynnes nunca forram implantaadas na sua ggeneralidade..
O “keynessianismo” qu
ue foi, em reegra, vilipen
ndiado peloss neoclássicoos, monetariistas e
outroos «não foi o keynesianissmo deixado por Keyness»311. Afasta--se também ddo plano teó
órico o
facto de muitos dos factores que tornaraam tão pertu
urbada a déccada de 197 0 terem tido
o uma
312
3
p
, que deespoleta a crítica
c
origem exógena, como o caso dos “choques petrolíferos”
Frieddman/Phelps ao “keynesianismo baastardo” ou “hidráulico
o”, desenvollvido a parttir da
persppectiva walraasiana de Keeynes313. Forram as polítiicas do “key
ynesianismo bastardo”, não
n as
precoonizadas porr Keynes, associadas ao despesissmo estatal, com a crriação de défices
d
orçam
mentais e creescimento desmesurado ddo aparelho burocrático
b
apontado
a
com
mo «indiscipllinado
macrooeconomicam
mente e inefficiente microoeconomicam
mente»314. Se no início dda década dee 1970
Richaard Nixon affirmou «We’re all keyneesians now», Friedman, posteriormen
ente acrescen
nta-lhe
«and none of uss are keynessians anymoore»315, acreeditando quee a estagflaçção teria reffutado
o “keynesian
nismo bastarrdo”, mas não
n de
Keynnes316. Foi certamente a declaração de óbito do
Keynnes, declaram
m os pós-keyn
nesianos.
Poderíamos dizer quee a instauraação, mesm
mo deficientee, de um cconsenso317 sobre
determ
minadas pollíticas derivaadas da teoriização de Keeynes no pós-II Guerra Mundial, resultou
num momento de prosperiidade quasee a nível mundial,
m
sup
perando «toodos os reccordes
q ficou con
nhecido com
mo os Trinta Gloriosos ou
o a Época D
Dourada318. Se da
anteriiores», no que
evidêência histórica derivassee a legitimi dade das id
deias keynessianas, esta constatação seria
inconntornável.
A preetensa falta de rigor
Keynnes foi tambéém acusado de falta de rigor, sobrettudo pela dificuldade dee operacionalidade
(mateemática) da sua teoria das probabbilidades. Co
omo a maio
oria das proobabilidades,, para
Keynnes, se enconntrava sob o véu espessoo da incertezaa, logo, não poderiam seer matematizzáveis,
309
SK
KIDELSKY, 201
10: 20.
Millton Friedman em BLAUG, 1990:
1
83.
311
SK
KIDELSKY, 201
10: 148.
312
AR
RIENTI, 2003: 100 e KIRSHN
NER, 2009: 5229.
313
HA
ARCOURT & KE
ERR, 2003: 34
45.
314
AR
RIENTI, 2003: 112.
315
NU
UNES, 1998: 10.
316
Millton Friedman em BLAUG, 1990:
1
87.
317
«K
Keynesianism in this sense was practised
d by the Consservative as well
w as the Labbour Party un
ntil Mrs
Thattcher came to
o power» - CAR
RVALHO, 20066: 2.
318
HO
OBSBAWM, 19
998: 256-7.
310
45
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
não sseriam probaabilidades cardinais, a coonclusão imeediata foi quee as suas ideeias não eram
m uma
teoriaa exacta, pelo que o seu
u método erra não-operaacional319. Lucas conside
dera-o «um desvio
d
tempoorário do proogresso cien
ntífico na ecoonomia»320, ostentando
o
uma
u postura ccontundentemente
positiivista, evideenciando, allém disso, a crença im
mplícita num
ma correlaçção perfeita entre
matem
matização e cientificidad
de. Também a matematizzação da real-social, acreeditamos, é, por si
só, inoperacionaal, dada a complexidad
c
de deste que, no glosssário keynessiano, tem a sua
n incontorn
nável princíípio de inccerteza. O seu
s
rigor, ppoder-se-ia dizer,
fundaamentação no
corresponde em tentar compreeender o mun
undo real, não
o rejeitando os elementoss que tornam
m mais
ue se pretenddem atempo
orais e
difíciil a análise, mas integraando-os, furtaando-se aos modelos qu
“eleggantes”, sem qualquer co
orrespondênccia com o funcionamen
f
nto do sistem
ma económicco, ou
seja, o seu rigor é voluntariaamente limitaado, em detrrimento de um
u rigor falssamente anaalítico.
osta racionallista à incerteza suscitada por Keynees tem sido muito
Diz JJacinto Nunees: «A respo
simpllesmente neggar a sua exiistência. Com
mo escreve Hahn,
H
os argu
umentos daddos por Keyn
nes no
capítuulo XII da Teoria
T
Geral não têm siddo refutados, mas ignorad
dos»321. A Ecconometria ignora
i
a fronnteira cimeirra entre incerrteza e risco3222.
Se acaso a teoria de Keynes
K
não traduz a reealidade com
mplexa, a viisão da Econ
nomia
clássiica também não corressponde ao m
mundo em que vivemos323, sendo que não lo
ogra a
Econnomia “pré-keeynesiana” «encontrar
«
um
ma saída para o desempreego generalizzado»324.
A reaacção do laisssez-faire
Frieddrich von Haayek (1899-1
1992) escrevve, entre 1940-3, uma daas suas mais famosas obrras, O
Camiinho para a Servidão. Sem dúvidaa também in
nfluenciada pelo
p
contextto político coevo,
c
Hayeek insurge-see contra o cen
ntralismo esttatal, pretend
dendo que seeria o individdualismo a melhor
m
salvaaguarda contrra o incorreccto exercício de um forte poder acum
mulado, sendoo o individuaalismo
a exppressão para o respeito pelo livre-arbbítrio individ
dual. A questtão económicca desloca-see para
um pplano políticco. O planeaamento centtral conduzirria, na sua opinião, a uum caminho
o que,
inevittavelmente, decairia no
o totalitarism
mo: «when economic power is ccentralized as an
instruument of pollitical powerr it creates a degree of dependence scarcely disstinguishablee from
slavery»325. Era um
u poder ex
xcesso na suaa essência, irreconciliáveel com a libeerdade indiv
vidual,
mente suborrdinando a sociedade3226. O sistem
ma concorreencial,
pelo contrário, permanentem
olume
comppetitivo, era então o únicco que poderria descentraalizar o podeer social, redduzindo o vo
319
320
321
322
323
324
325
326
BR
RADY, 1993: 360.
NU
UNES, 1998: 172.
NU
UNES, 1998: 178.
SK
KIDELSKY, 201
10: 158.
SK
KIDELSKY, 201
10: 94.
FERREIRA, Edua
ardo de Sousa, em AAVV, 19986: 14.
HA
AYEK, 2005: 42.
HA
AYEK, 2005: 41, 50.
46
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Ke
: Uma a proximação oblíqua às ideia
as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
absolluto de podeer do Estado sobre o inddivíduo327. Apresentava
A
também o pplaneamento como
limitaado, dada a complexidad
c
de da organizzação social,, incapaz de supervisionaar todos os factos,
f
consttantemente mutáveis. O volume de conhecim
mento de que um Esstado dispõe era
«inevvitavelmente inferior ao conhecimennto disperso»
»328 – era tossco, primitivvo e limitado
o329. A
interfferência estaatal no sentid
do de reduziir a instabiliidade resultaaria sempre numa reduçção do
bem-estar social3330, pelo que se
s posicionavva com as medidas
m
keynesianas de poolítica econó
ómica,
o período reccessivo do ciclo de
que aacreditava auumentarem taanto a intensiidade como a duração do
negóccios331.
o política daa liberdade como
c
estreittamente vincculada ao la
aissezTendo umaa concepção
faire,, as propostaas de Hayek foram qualifficadas por alguns
a
de niiilistas332, daddo que a inccerteza
radicaal destruiriaa quaisquer efeitos da acção econ
nómica estattal, inclusivee o propósiito da
regullamentação económica, o que lhe valeu o ep
píteto de “aanarquista liiberal”, dado por
A
um sistema
s
de lliberdade ecconómica naatural334, com
m elevados custos
c
Fitzggibbons333. Advoga
sociaais, ameaçanddo a própriaa viabilidadee da coesão social. Emb
bora o Estaddo seja incap
paz de
deter um conheciimento perfeeito, o sistem
ma de laissezz-faire, segu
undo as ideiaas de Keynes, não
palado da auuto-regulação
o335, pelo qu
ue a sua possição imperffeita o
atingiiria esse equuilíbrio prop
tornaava, ainda asssim, no ageente preferenncial, dado ser
s aquele qu
ue maior voolume absolu
uto de
inform
mação conseegue centraliizar e processsar, para tom
mar medidas de coordenaação da activ
vidade
econóómica. Mayynard escreve então a H
Hayek, comeentando a sua obra O Caminho para a
Serviidão, afirmanndo «what we
w want is noot no plannin
ng, or even less planningg, indeed I should
s
w more»3336. É clara a clivagem
c
que se estabeleece entre o la
aissezsay thhat we almosst certainly want
faire e o keynessianismo no que respeitta à interveenção estatall, entre, podder-se-ia asssociar,
comppetição individual e coord
denação sociial.
327
HA
AYEK, 2005: 59
9.
SK
KIDELSKY, 201
10: 222.
329
HA
AYEK, 2005: 59
9.
330
SK
KIDELSKY, 201
10: 156.
331
HA
AYEK, 2005: 176.
332
NU
UNES, 1998: 165.
333
NU
UNES, 1998: 165.
334
Se
e nos é permittido fazer o paralelismo
p
coom a conceptu
ualização roussseauista pateente em ROUS
SSEAU,
2010
0. De referir que
q a distinçã
ão entre as sittuações ideaiss de “liberdad
de natural” e ““liberdade civ
vil”, em
gera
al teorizada pelo
p
“contratu
ualismo” dá coonta das dua
as feições do liberalismo, eentre a comp
petição
indivvidual e a coordenação social.
335
PR
RESSMAN, 200
06: 180.
336
Ke
eynes, apud CA
ARVALHO, 200
06: 10.
328
47
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Ke
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as de John Maaynard Keyness
________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
CON
NCLUSÕES
Tenddo em mente a sua críticaa à idolatrizaçção do cresccimento econ
nómico comoo um valor em si e
3
não ccomo um meio
m
para se alcançar a “vida boa”337
, as propo
ostas de Keyynes recoloccam a
Econnomia como uma abordag
gem do real--social. A in
ncerteza fund
damental invvalida a conccepção
do hoomos oeconoomicus como
o objecto de estudo, sub
bstituindo o individualism
i
mo ontológicco por
uma aabordagem organicista
o
que
q afasta a iintemporalidade e a constante prospeecção do equilíbrio
atempporal338.
Keynes invventou a macroeconomiaa339. A actuaal visão econ
nómica do siistema econó
ómico
340
operaa sobre um ennquadramen
nto teórico deefinido e eluccidado por Keynes
K
, ainnda que se teenham
dispeensado os connceitos keyn
nesianos centtrais, juntamente com a sua
s densidadde interpretativa341,
que aagora algumaas correntes da
d teoria ecoonómica se prropõem recu
uperar342.
Esperamoss ainda pelass repercussõees da revolução metodollógica de Keeynes nas salas de
aula.
337
SK
KIDELSKY, 201
10: 230.
NU
UNES, 1998: 179.
339
Fra
ank Hahn em BLAUG, 1990:: 76.
340
Dissto dá conta o próprio Miltton Friedman:: «In my opin
nion, if you mean by Keyneesian economics the
theo
ory of The Ge
eneral Theory, essentially noone of its sub
bstance survive
es. What survvives is its lang
guage.
We all of us use the
t Keynesian terminology. We all of us look at the pro
oblem in a diff
fferent way, be
ecause
what Keynes did» - BLAUG, 1990: 88.
of w
341
KIR
RSHNER, 2009
9: 530.
342
Skkidelsky em BLLAUG, 1990: 53-4.
338
48
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________
__________
__________
__________
__________
____________________
_____
BIBL
LIOGRAF
FIA
AAV
VV, 1986, Cinquentenár
C
rio da publiicação da teeoria geral de Keynes:: comunicaçções e
comeentários apreesentados na
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