Doença Hemolítica Perinatal - HU-UFMA

Transcrição

Doença Hemolítica Perinatal - HU-UFMA
Doença Hemolítica Perinatal
Frederico Vitório Lopes Barroso
Setor de Medicina Fetal
Serviço de O&G do HUUFMA
Doença hemolítica perinatal
n
n
n
Definição
Patologia obstétrica que cursa com anemia fetal
conseqüente a hemólise, produzida por anticorpos
maternos do tipo IgG.
Sinônimos:
Aloimunização, Eritroblastose Fetal
Terminologia DeCS/MeSH
Eritroblastose fetal
Doença hemolítica perinatal
§ Classificação saguínea
Sistema ABO
A
Sistema Rh
Sistema Kell
Sistema Lewis
Sistema MNS, etc.
B
270
antígenos
D, C, E,
d, c, e,
Doença hemolítica perinatal
n
1939 – LEVINE & STETSON: mecanismo imunomediado na gênese da DHPN
n
1940 – LANDSTEINER E WIENER: descrevem o
sistema Rh
n
1941 – LEVINE et al.: incompatibilidade Rh é
responsável por 95% dos casos de DHPN
n
1943 – LEVINE: observa proteção conferida pela
incompatibilidade ABO na DHPN
Doença hemolítica perinatal
n
1945 – Robins Coombs et al.: descrevem teste da
antiglobulina (detecção da aloimunização)
n
1954 – CHOWN: demonstra sorologicamente a HFM
n
1957 – KLEIHAUER et al.: eluição ácida
n
1960-65 – FINN, CLARKE, FREDA et al.: realizam
estudos em voluntários com anti-D
n
1968 – Profilaxia com anti-D é adotada como programa
de saúde pública
aloimunização Rh cai de 17% para 2%
Doença hemolítica perinatal
n
Fisiopatologia
Transfusão ou Hemorragia fetomaterna
Anticorpos IgM anti-D
Nova Transfusão ou Hemorragia fetomaterna
hemólise
Anticorpos IgG anti-D
Doença hemolítica perinatal
Doença hemolítica perinatal
Passagem
Transplacentária
Ac IgG
ÝPig. Biliar no LA
Hemólise
ÝDC, ß viscosidade
Anemia
Eritroblastose
Anemia
Eritropoiese
extra-medular
disfunção
hepática
Ý PAN
falência
cardíaca
Ý LA
Hidropsia
placenta
Hipoproteinemia
ascite
hipoxia
lesão endotelial
Plasma no
extra-vascular
Doença hemolítica perinatal
§ Epidemiologia
§ A incidência é de 1 a 6 gestações por 1.000 RN vivos
§ Fator D: 98% dos casos
§ Antígenos Kell, E ou c: 2%
§ Formas de Sensibilização
§ 96% gravidez e parto
§ 1.5% drogas injetáveis
§ 2.5% hemoterapia
Nardozza e cols., 2003
UNIFESP 1991-2002
Doença hemolítica perinatal
n
Fisiopatologenia
Anemia
Fetal
Eritropoiese extramedular
Compensada
Descompensada
Anemia Leve
hetatoesplenomegalia
Hiperbilirrubinemia
neonatal
Disfunção hepática
Hidropsia
Doença hemolítica perinatal
§ Etiologia
-
Transfusão de sangue incompatível
-
Compartilhamento de seringas 75% das gestantes
apresentam HFM na gravidez
ou parto
Hemorragia fetomaterna
-
60% com volume menor que
0,1 ml
Doença hemolítica perinatal
§ Diagnóstico
Incompatibilidade Rh
n
Anamnese
-Antecedente de hidropisia fetal
- Icterícia neonatal
- Antecedentes de transfusão sangüínea
- Parto sem uso de imunoglobulina anti-D
- Uso de drogas
Tipo de sangue e Rh
- Solicitar Rh do cônjuge
- Pesquisa de anticorpos irregulares
-
n
Exames
Doença
hemolítica
perinatal
§ Diagnóstico
Isoimunização Rh
n
Pesquisa de anticorpos maternos: identificar e
quantificar a presença de anticorpos (IgG) maternos que
precedem o aparecimento do comprometimento fetal.
n
Coombs indireto negativo: repeti-lo com 28, 32 e 36
semanas de gestação.
n
Coombs indireto positivo: títulos ≤ 1:8 não são
indicativos de exames complementares.
n
Coombs indireto positivo: títulos > 1:8, risco de anemia
fetal, são indicativos de exames complementares.
Doença
hemolítica
perinatal
§ Diagnóstico
Isoimunização Rh
n
Pesquisa de anticorpos maternos: identificar e
quantificar a presença de anticorpos (IgG) maternos que
precedem o aparecimento do comprometimento fetal.
n
Coombs indireto negativo: repeti-lo com 28, 32 e 36
semanas de gestação.
n
Coombs indireto positivo: títulos ≤ 1:8 não são
indicativos de exames complementares.
n
Coombs indireto positivo: títulos > 1:8, risco de anemia
fetal, são indicativos de exames complementares.
Doença
hemolítica
perinatal
§ Diagnóstico
Isoimunização Rh
n
Pesquisa de anticorpos maternos: identificar e
quantificar a presença de anticorpos (IgG) maternos que
precedem o aparecimento do comprometimento fetal.
n
Coombs indireto negativo: repeti-lo com 28, 32 e 36
semanas de gestação.
n
Coombs indireto positivo: títulos ≤ 1:8 não são
indicativos de exames complementares.
n
Coombs indireto positivo: títulos > 1:8, risco de anemia
fetal, são indicativos de exames complementares.
Doença
hemolítica
perinatal
§ Diagnóstico
Isoimunização Rh
n
Pesquisa de anticorpos maternos: identificar e
quantificar a presença de anticorpos (IgG) maternos que
precedem o aparecimento do comprometimento fetal.
n
Coombs indireto negativo: repeti-lo com 28, 32 e 36
semanas de gestação.
n
Coombs indireto positivo: títulos ≤ 1:8 não são
indicativos de exames complementares.
n
Coombs indireto positivo: títulos > 1:8, risco de anemia
fetal, são indicativos de exames complementares.
Doença hemolítica perinatal
§ Diagnóstico
Isoimunização Rh
n
Pesquisa de anticorpos maternos: identificar e
quantificar a presença de anticorpos (IgG) maternos que
precedem o aparecimento do comprometimento fetal.
n
Coombs indireto negativo: repeti-lo com 28, 32 e 36
semanas de gestação.
n
Coombs indireto positivo: títulos ≤ 1:8 não são
indicativos de exames complementares.
n
Coombs indireto positivo: títulos > 1:8, risco de anemia
fetal, são indicativos de exames complementares.
Doença hemolítica perinatal
n
Exames complementares
- Ultra-som:
- Estabelecer a idade gestacional precisa.
- Aumento da espessura placentária
- Hepato-esplenomegalia
- Polidramnia
- Derrame pleural e/ou pericárdico
- Aumento do átrio D
- Hidropsia
Doença hemolítica perinatal
n
Exames complementares
Dopplervelocimetria:
Pico de velocidade sistólica da ACM do
feto tem provado acurácia na
determinação da anemia fetal grave
(valores maiores que 1,5MOM).
-
Relação inversa entre a concentração
de hemoglobina fetal e a velocidade de
fluxo
-
Mari, G. In: Ultrasound Obstet Gynecol 2005; 25: 323–330
Doença hemolítica perinatal
Resultados Mari
Doença hemolítica perinatal
Doença hemolítica perinatal
Quem deve fazer o Doppler?
I do not see any problem with investigators expressing the
concept of anemia in SD or in absolute values, or when
they develop reference ranges for the MCA-PSV in the
normal fetuses in their population. However, I do see a
problem when investigators – not trained to correctly
sample this parameter – perform a study on fetuses at
risk for anemia, and try to predict this condition by using
the MCA-PSV. This can be misleading (…)
The sensitivity of the MCAPSV for the diagnosis of fetal
anemia ranged from 7% to 100% in the hands of
different operators.
Doença hemolítica perinatal
Em qual região insonar?
Doença hemolítica perinatal
Índices
n
Índices Dopplerfluxométricos
D f sístole c
2 f sístole cos s
S/D =
D f diástole c
2 f diástole cos s
Doença hemolítica perinatal
Ângulo de Insonação
Doença hemolítica perinatal
n
Exames complementares
- Amniocentese:
Espectrofotometria do líquido amniótico (Δ450)
- Quantificar o valor de bilirrubina fetal presente no L.A.
(indicador indireto do grau de hemólise fetal)
-Gráfico de Liley para determinar a conduta a ser adotada
-
Doença hemolítica perinatal
Doença hemolítica perinatal
§ Curva de Liley
ZONA 1 = Doença leve ou ausente. Repetir amniocentese
em 3 semanas.
ZONA 2 = Indicativa de doença moderada. Repetir
amniocentese entre 1-2 sem (Zona 2 inferior); realizar
cordocentese/transfusão intra-uterina (Zona 2 superior).
ZONA 3 = Doença grave. Transfusão intra-uterina (TIU) ou
parto imediato.
Doença hemolítica perinatal
n
Tratamento
Transfusão intra-uterina (TIU): combate a anemia
grave do concepto prematuro pela reposição de hemácias,
altamente concentradas, compatíveis com soro materno e
isentas de outras células sangüíneas
Doença hemolítica perinatal
n
Transfusão intra-vascular
- Indicação: hematócrito fetal < 30%
hemoglobina fetal < 10g%
hidropisia fetal.
- Intervalo : varia de 1 a 4 semanas
- Objetivo: manter o hematócrito fetal final ± 45% ou
hemoglobina de 15mg/dl.
- O hematócrito fetal cai cerca de 1% ao dia após TIV e/ou
hemoglobina cai 0,4mg/dl/dia ou 2g/semana.
Doença hemolítica perinatal
n
Transfusão intra-peritoneal: eritrócitos injetados na
cavidade peritoneal fetal são absorvidos intactos,
através dos linfáticos subdiafragmáticos, do ducto
linfático D, daí ao sistema circulatóriofetal
n
Indicação: feto comprometido sem possibilidade de
realizar a TIV.
n
Intervalo: de 10 a 12 dias (o primeiro) e após 3 - 4
semanas (individualizar).
Doença hemolítica perinatal
n
Tratamento
- Parto Terapêutico Antecipado:
A interrupção da gestação deve ser sempre considerada
e dependente da gravidade do caso e da idade
gestacional (individualizada).
Doença hemolítica perinatal
UNIFESP-EPM (422 TIV)
4%
3%
3% 4%
Fetos não hidrópicos
74 fetos não hidrópicos
232 TIV
Sobrevida
Sobrevida
Óbito
Óbito Intra-uterino
Intra-uterino
Óbito
Óbito neonatal
neonatal
93%
93%
Doença hemolítica perinatal
33 fetos hidrópicos
190 TIV
Fetos hidrópicos
21%
Sobrevida
Óbito Intra-uterino
Óbito neonatal
55%
24%
Doença hemolítica perinatal
§ Complicações da TIV
n
2% dos casos:
¨ Bradicardia
¨ Hipercapinia
¨ Sangramento
¨ Tamponamento
do cordão
¨ Rotura prematura das membranas
¨ DPP
Doença hemolítica perinatal
Doença hemolítica perinatal
§ Profilaxia da Sensibilização Rh
Normas para prevenção da sensibilização pelo fator Rh
a)
Evitar amniocentese nas gestantes Rh (-) não sensibilizadas
b)
Administrar imunoglobulina humana anti-D dentro das primeiras
72 horas em:
Mães Rh (-) não sensibilizadas (Coombs indireto negativo) com
partos de recém-nascidos Rh (+) e Coombs direto negativo
Pós-abortamento, gravidez ectópica ou mola
Pós-amniocentese, cordocentese ou biópsia de vilosidade corial
Depois de sangramento durante a gestação
c)
Administrar imunoglobulina humana anti-D durante gestação de
mulher Rh (-), com Coombs indireto negativo e com marido Rh (+)
entre 28ª e 34ª semanas
Ministério da Saúde, 2000
Doença hemolítica perinatal
§ Profilaxia da Sensibilização Rh
Esquemas de profilaxia com imunoglobulina anti-D
Padrão
Americano1
Padrão Britânico2
Interrupção da gravidez até 12ª semana
50mg*
50mg*
Interrupção da gravidez após 12ª
semana
300mg
100mg (após 20ª
semana)
Anteparto (rotina na 28ª semana)
300mg*
100mg*
Anteparto (rotina na 34ª semana)
-
+100mg*
Amniocentese, manipulação ou trauma
300mg
Idem a interrupção
Cordocentese ou biópsia de vilo corial
300mg
Idem a interrupção
Hemorragia obstétrica
300mg
100mg
Pós-parto
300mg
100mg
SIM
SIM
Indicações obstétricas para anti-D
Recomendação pra avaliação da
hemorragia feto materna excessiva
*dispensada de avaliação para hemorragia feto materna excessiva
HARTWELL, E.A., 1998; AABB, 1999; ACOG, 1999
The Royal College of Physicians of Edinburgh & The Royal College of Gynecologists and Obstetricians, UK, 1998
Doença hemolítica perinatal
Obrigado.

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