nº 5 - Febrasgo
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ISSN 0100-7203 2013 Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia Maio 2013 volume 35 nº 5 volume 35 ANÚNCIO QUARTA CAPA Maio número 5 p. 195 - 238 Publicação mensal ISSN 0100-7203 Órgão Oficial de Divulgação Científica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Rev Bras Ginecol Obstet v. 35, n. 5, p. 195-238, maio 2013 Publicação indexada na Base de Dados LILACS e SciELO. Disponível eletronicamente no SciELO www.scielo.br/rbgo nas versões português e inglês Indexada na Base de Dados Medline Acesso eletrônico através da Scopus: www.scopus.com/scopus/home.url Editor Científico Jurandyr Moreira de Andrade (Ribeirão Preto/SP) Editores Associados Eliana Martorano Amaral (Campinas/SP) Geraldo Duarte (Ribeirão Preto/SP) João Luiz Pinto e Silva (Campinas/SP) José Maria Soares Junior (São Paulo/SP) Marilza Vieira Cunha Rudge (Botucatu/SP) Rosiane Mattar (São Paulo/SP) Rossana Pulcinelli Vieira Francisco (São Paulo/SP) Sophie Françoise Mauricette Derchain (Campinas/SP) Editor Executivo Daniel Guimarães Tiezzi (Ribeirão Preto/SP) Conselho Editorial Antonio Alberto Nogueira (Ribeirão Preto/SP) Antonio Jorge Salomão (São Paulo/SP) Carlos Augusto Alencar Jr. (Fortaleza/CE) Eddie Fernando Candido Murta (Uberaba/MG) Edmund Chada Baracat (São Paulo/SP) Francisco Mauad Filho (Ribeirão Preto/SP) Geraldo Duarte (Ribeirão Preto/SP) Gutemberg Leão de Almeida Filho (Rio de Janeiro/RJ) Haroldo Capurro Alzola (Montevideo, Uruguay) Iracema de Mattos Paranhos Calderon (Botucatu/SP) Ivo Behle (Porto Alegre/RS) Jesus de Paula Carvalho (São Paulo/SP) Jon Oyvind Odland (Tromso, Norway) José Carlos Peraçoli (Botucatu/SP) José Geraldo Lopes Ramos (Porto Alegre/RS) José Guilherme Cecatti (Campinas/SP) José Meirelles Filho (Cuiabá/MT) Joseph A.Spinnato, II (Cincinnati, Ohio) Krikor Boyaciyan (São Paulo/SP) Luiz Carlos Zeferino (Campinas/SP) Luiz Gerk de Azevedo Quadros (São Paulo/SP) Luiz Henrique Gebrim (São Paulo/SP) Manoel J. B. Castello Girão (São Paulo/SP) Manuel de Jesus Simões (São Paulo/SP) Marair Gracio Ferreira Sartori (São Paulo/SP) Marcelo Zugaib (São Paulo/SP) Marcos Felipe Silva de Sá (Ribeirão Preto/SP) Maria de Lourdes Brizot (São Paulo/SP) Marilza Vieira Cunha Rudge (Botucatu/SP) Melania Maria Ramos de Amorim (Campina Grande/PB) Nilma Antas Neves (Salvador/BA) Paulo Traiman (Botucatu/SP) Ricardo Mello Marinho (Belo Horizonte/MG) Roseli Mieko Yamamoto Nomura (Santo André/SP) Ruffo de Freitas Júnior (Goiânia/GO) Rui Alberto Ferriani (Ribeirão Preto/SP) Sebastião Freitas de Medeiros (Cuiabá/MT) Selmo Geber (Belo Horizonte/MG) Sérgio Hofmeister de Almeida Martins Costa (Porto Alegre/RS) Sérgio Mancini Nicolau (São Paulo/SP) Técia Maria de Oliveira Maranhão (Natal/RN) Victor Hugo de Melo (Belo Horizonte/MG) Wagner José Gonçalves (São Paulo/SP) Wellington de Paula Martins (Ribeirão Preto/SP) sEcREtÁRia EXEcUtiva Rosane Aparecida Cunha Casula REvisORa dE REFERÊncias BiBliOGRÁFicas Maria Cristina Manduca Ferreira Órgão Oficial de Divulgação Científica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia RBGO – Editoria Av. Bandeirantes, 3900 – 8º andar – Campus Universitário 14049-900 – Ribeirão Preto/SP Fone (16) 3602-2803 – FAX (16) 3633-0946 Expediente Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, ISSN 0100-7203, é uma publicação mensal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. A responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos é de inteira responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos, desde que mencionada a fonte. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Presidente Etelvino de Souza Trindade (DF) Diretora Administrativa Vera Lúcia Mota da Fonseca (RJ) Diretor Financeiro Francisco Eduardo Prota (SP) Diretor Científico Nilson Roberto de Melo (SP) Diretor de Defesa Profissional Hélcio Bertolozzi Soares (PR) Vice-presidente da região Norte Júlio Eduardo Gomes Pereira (AC) Vice-presidente da região Nordeste Olímpio Barbosa Moraes Filho (PE) Vice-presidente da região Centro-Oeste Paulo Roberto Dutra Leão (MT) Vice-presidente da região Sudeste Hugo Miyahira (RJ) Vice-presidente da região Sul Jorge Abi Saab Neto (SC) Assessora Especial de Diretoria Hitomi Miura Nakagava (DF) Presidência e Secretaria Executiva Avenida das Américas, 8445 – sala 711 Barra da Tijuca – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22793-081 Tel.: (21) 2487-6336 – Fax: (21) 2429-5133 www.febrasgo.org.br [email protected] [email protected] RBGO é uma revista mensal com entrega automática para os sócios da FEBRASGO. Remessa com devolução garantida em caso de erro postal. Assinaturas para pessoas jurídicas pelo fax (21) 2429-5133 Tiragem: 18.000 exemplares Os pedidos de separatas devem ser feitos pelo telefone: 0800 77 23023. As separatas reproduzirão fielmente o texto publicado, não podendo ser feitos acréscimos ou exclusões no mesmo. Produção Editorial Zeppelini Editorial Rua Bela Cintra, 178 Cerqueira César – São Paulo – SP – 01415-000 PABX: (11) 2978-6686 www.zeppelini.com.br [email protected] Publicação mensal ISSN 0100-7203 Órgão Oficial de Divulgação Científica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Rev Bras Ginecol Obstet v. 35, n. 5, p. 195-238, maio 2013 Sumário Editorial 195 Ethical considerations when offering noninvasive prenatal testing Considerações éticas na oferta do teste pré-natal não invasivo Melody Menezes Simon Meagher Fabricio da Silva Costa Artigos Originais 199 Arnildo Agostinho Hackenhaar Elaine Pinto Albernaz 205 Daniela Siqueira Prado Ryane Vieira Lima Leyla Manoella Maurício Rodrigues de Lima 210 André Luiz da Silva Teixeira Érica Condé Marques e Oliveira Marcelo Ricardo Cabral Dias 215 Juliana de Assis Novais Barbosa Maria Helena Costa Amorim Eliana Zandonade Marina Lima Delaprane Prevalência e fatores associados à internação hospitalar para tratamento da infecção do trato urinário durante a gestação Prevalence and associated factors with hospitalization for treatment of urinary tract infection during pregnancy Impacto da gestação na função sexual feminina Impact of pregnancy on female sexual function Relação entre o nível de atividade física e a incidência da síndrome pré-menstrual Relationship between the level of physical activity and premenstrual syndrome incidence Avaliação da postura corporal em mulheres com câncer de mama Evalution of body posture in women with breast cancer 221 Fernando Antonio Mourão Valejo Daniel Guimarães Tiezzi Larissa Raquel Mouro Mandarano Christiani Bisinoto de Sousa Jurandyr Moreira de Andrade 226 Gisele Rodrigues de Oliveira Thaís Duquia Moraes Caldeira Maria Fernanda Martínez Barral Vanessa Döwich Marcelo Alves Soares Carla Vitola Conçalves Ana Maria Barral de Martinez Volume of breast tissue excised during breast-conserving surgery in patients undergoing preoperative systemic therapy Volume de ressecção cirúrgica no tratamento conservador do câncer de mama em pacientes submetidas a tratamento neoadjuvante Fatores de risco e prevalência da infecção pelo HPV em pacientes de Unidades Básicas de Saúde e de um Hospital Universitário do Sul do Brasil Risk factors and prevalence of HPV infection in patients from Basic Health Units of an University Hospital in Southern Brazil Relato de Caso 233 Daniela Angerame Yela Nathalia Marchiani Tratamento conservador da gravidez ectópica em cicatriz de cesárea: relato de caso Conservative management of ectopic pregnancy in cesarean scar: case report Agenda 238 Agenda Instruções aos Autores A Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Rev Bras Gincecol as respectivas publicações sobre o tema. Se houver interesse da revista, será enviado convite para apresentação do texto definitivo. Todos os autores devem ter publicações em periódicos regulares, indexados sobre o tema da revisão. O número de autores é limitado a quatro, dependendo do tipo de texto e da metodologia empregada. Devem ser descritos os métodos e procedimentos adotados para a obtenção do texto, que deve ter como base referências recentes, inclusive do ano em curso. Tratando-se de tema ainda sujeito a controvérsias, a revisão deve discutir as tendências e as linhas de investigação em curso. Apresentar, além do texto da revisão, resumo, abstract e conclusões. Ver a seção “Preparo do manuscrito” para informações quanto ao texto principal, página de rosto, resumo e abstract; Obstet., ISSN 0100 7203), publicação mensal de divulgação científica da Federação das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), é dirigida a obstetras, ginecologistas e profissionais de áreas afins, com o propósito de publicar contribuições originais sobre temas relevantes no campo da Ginecologia, Obstetrícia e áreas correlatas. É aberta a contribuições nacionais e internacionais. A revista aceita e publica trabalhos em português, inglês e espanhol. O material enviado para análise não pode ter sido submetido simultaneamente à publicação em outras revistas nem publicado anteriormente. Na seleção dos manuscritos para publicação, são avaliadas originalidade, relevância do tema e qualidade da metodologia utilizada, além da adequação às normas editoriais adotadas pela revista. O material publicado passa a ser propriedade da Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e da Febrasgo, só podendo ser reproduzido, total ou parcialmente, com a anuência dessas entidades. 5. Comentários Editoriais, solicitados pelo editor; 6. Resumos de Teses apresentadas e aprovadas nos últimos 12 meses, contados da data de envio do resumo. Devem conter, aproximadamente, 300 palavras e, para serem aceitos, devem seguir as normas da revista quanto à estruturação, à forma e ao conteúdo. Incluir título em português e inglês e, no mínimo, três palavras ou expressõeschave. Não há revisão do texto dos Resumos de Teses. No arquivo enviado, informar: nome completo do autor e do orientador; membros da banca; data de apresentação e a identificação do serviço ou departamento onde a tese foi desenvolvida e apresentada. Lembramos que a publicação do resumo não impede a posterior publicação do trabalho completo em qualquer periódico. Os manuscritos submetidos à revista são analisados por pareceristas e o sigilo sobre a autoria e a identidade dos revisores é garantido durante todo o processo de edição. Os pareceres dos revisores e as instruções do editor serão enviados para os autores para que eles tomem conhecimento das alterações a serem introduzidas. Os autores devem reenviar o texto com as modificações solicitadas assim que possível, devendo justificar, na carta de encaminhamento, se for o caso, o motivo do não atendimento de alguma sugestão para modificação. Não havendo retorno do trabalho após três meses, presume-se que os autores não têm mais interesse na publicação. Os autores podem solicitar em qualquer ponto do processo de análise e edição do texto a sustação do processo e a retirada do trabalho. Os conceitos e as declarações contidos nos artigos são de responsabilidade dos autores. A revista publica contribuições nas seguintes categorias: 1. Artigos Originais, trabalhos completos prospectivos, experimentais ou retrospectivos. Manuscritos contendo resultados de pesquisa clínica ou experimental original têm prioridade para publicação. 2. Relatos de Casos, de grande interesse e bem documentados, do ponto de vista clínico e laboratorial. Os autores deverão indicar na carta de encaminhamento os aspectos novos ou inesperados em 7. Cartas dos Leitores para o Editor, versando sobre matéria editorial ou não, mas com apresentação de informações relevantes ao leitor. As cartas podem ser resumidas pela editoria, mas com manutenção dos pontos principais. No caso de críticas a trabalhos publicados, a carta é enviada aos autores para que sua resposta possa ser publicada simultaneamente. Informações gerais 1. A revista não aceita material editorial com objetivos comerciais. 2. Conflito de interesses: devem ser mencionadas as situações que podem influenciar de forma inadequada o desenvolvimento ou as conclusões do trabalho. Entre essas situações, menciona-se a participação societária nas empresas produtoras das drogas ou dos equipamentos citados ou utilizados no trabalho, assim como em concorrentes da mesma. São também consideradas fontes de conflito os auxílios recebidos, as relações de subordinação no trabalho, as consultorias etc. 3. No texto, deve ser mencionada a submissão e a aprovação do estudo por um Comitê de Ética em Pesquisa reconhecido pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). 4. Artigo que trate de pesquisa clínica com seres humanos deve incluir a declaração, na seção Métodos, de que os sujeitos do estudo assinaram o termo de consentimento livre e informado. Os autores relação aos casos já publicados. O texto das seções Introdução e Discussão deve ser baseado em revisão bibliográfica atualizada. O número de referências pode ser igual ao dos trabalhos completos. 3. Técnicas e Equipamentos, para apresentação de inovações em diagnóstico, técnicas cirúrgicas e tratamentos, desde que não sejam, clara ou veladamente, propaganda de drogas ou outros produtos. Valem para essa categoria todas as normas aplicadas para trabalhos completos. 4. Artigos de Revisão, incluindo avaliação crítica e sistematizada da literatura, meta-análises ou revisões sistemáticas. A seleção dos temas e o convite aos autores têm como base planejamento estabelecido pela editoria. Contribuições espontâneas podem ser aceitas. Nesse caso, devem ser enviados inicialmente um resumo ou roteiro do texto, a lista de autores e v devem informar, também, que a pesquisa foi conduzida de acordo com a Declaração de Helsinque revisada em 2008. 5. No caso de trabalhos envolvendo experimentação animal, os autores devem indicar na seção Métodos que foram seguidas as normas contidas no CIOMS (Council for International Organization of Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal - COBEA (www.cobea.org.br). 6. Todos os ensaios controlados aleatórios (randomized controlled trials) e clínicos (clinical trials) submetidos à publicação devem ter o registro em uma base de dados de ensaios clínicos. Essa é uma orientação da Plataforma Internacional para Registros de Ensaios Clínicos (ICTRP) da Organização Mundial da Saúde (OMS), e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE). As instruções para o registro estão disponíveis no endereço eletrônico do ICMJE (http://www.icmje.org/clin_trialup.htm) e o registro pode ser feito na base de dados de ensaios clínicos da National Library of Medicine, disponível em http://clinicaltrials.gov/ct/gui. Preparo dos manuscritos As normas que seguem foram baseadas no formato proposto pelo ICMJE e publicado no artigo “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals”, atualizado em Outubro de 2008 e disponível no endereço eletrônico: http://www.icmje.org/. Apresentação do texto 1. Os trabalhos devem ser digitados em espaço 2 em todas as seções, da página de rosto às referências bibliográficas, tabelas e legendas. Cada página deve conter aproximadamente 25 linhas em uma coluna. Usar preferencialmente o processador de texto Microsoft Word® e a fonte Times New Roman 12. Não dar destaque a trechos do texto: não sublinhar ou usar negrito. Numerar todas as páginas, iniciando pela de rosto. Não usar maiúsculas nos nomes próprios (a não ser a primeira letra) no texto ou nas referências bibliográficas. Não utilizar pontos nas siglas (DPP em vez de D.P.P.). Quando usar siglas ou abreviaturas, descrevê-las por extenso na primeira vez que mencionadas no texto. Iniciar cada seção em uma nova página: página de rosto; resumo e palavras ou expressões-chave; abstract e keywords; texto; agradecimentos; referências; tabelas individuais e legendas das figuras. 7. O número de autores de trabalhos completos e relatos de casos é limitado a sete. Trabalhos de autoria coletiva (institucionais) devem ter os responsáveis especificados. Trabalhos e estudos multicêntricos podem ter número de autores compatível com o número de centros (cada situação será avaliada pela editoria e pelos revisores). Os investigadores responsáveis pelos protocolos aplicados devem ser especificados. Todos os autores devem ter conhecimento do texto enviado para a revista. 2. 8. O conceito de coautoria é baseado na contribuição de cada um, para a concepção e planejamento do trabalho, análise e interpretação dos dados, para a redação ou revisão crítica do texto. A inclusão de nomes cuja contribuição não se enquadre nos critérios citados ou que tenham fornecido apenas suporte material não é justificável. Página de rosto 9. Os autores serão informados, por correspondência eletrônica, do recebimento dos trabalhos. Os trabalhos que estiverem de acordo com as Instruções aos Autores e se enquadram na política editorial da revista serão enviados para análise por revisores indicados pelo editor. Os originais em desacordo com os objetivos da revista ou com essas instruções são devolvidos aos autores para as adaptações necessárias antes da avaliação pelo Conselho Editorial ou recusados sem análise por revisores. 10. Junto dos arquivos originais, deve ser enviada uma carta de encaminhamento, na qual deve ficar explícita a concordância com as normas editoriais, com o processo de revisão e com a transferência de copyright para a revista. 11. Para manuscritos originais, não ultrapassar 25 páginas de texto digitado ou aproximadamente 30.000 caracteres. Limitar o número de tabelas e figuras ao necessário para apresentação dos resultados que são discutidos (como norma geral, limitar a cinco). Para manuscritos do tipo Relato de Caso, não ultrapassar 15 páginas de texto ou 18.000 caracteres (ver “Preparo do manuscrito”, “Resultados”). 12. O trabalho deve ser enviado pelo sistema de submissão online no portal SciELO. O endereço eletrônico de todos os autores deve ser fornecido. Desta forma, os coautores receberão informação sobre a submissão do vi trabalho e, assim, não será necessária a assinatura de todos na carta de encaminhamento. O endereço eletrônico para correspondência com a revista é [email protected]. O arquivo correspondente ao trabalho deve ser único e deve conter texto, referências, tabelas e figuras. Apresentar o título do trabalho em português e em inglês; nomes completos dos autores sem abreviaturas; endereços eletrônicos válidos de todos os autores (opcional, em substituição à carta de encaminhamento); nome da instituição onde o trabalho foi desenvolvido; afiliação institucional dos autores; informações sobre auxílios recebidos sob forma de bolsas de estudos, financiamento, fornecimento de drogas, reagentes ou equipamentos. Obrigatoriamente deve ser fornecido o endereço da instituição onde o trabalho foi desenvolvido, o qual é publicado na página inicial do trabalho. Devem ser indicados nome, endereço, telefone/fax e e-mail do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Essas informações pessoais são empregadas apenas para correspondência com a revista e somente são publicadas se houver pedido do(s) autor(es). Resumo O resumo do trabalho deve aparecer na segunda página. Para trabalhos completos, redigir um resumo estruturado, que deve ser dividido em seções identificadas: objetivo, métodos, resultados e conclusões. Deve ter aproximadamente 300 palavras. O resumo deve conter as informações relevantes, permitindo que o leitor tenha uma ideia geral do trabalho. Deve incluir descrição resumida de todos os métodos empregados e da análise estatística efetuada. Expor os resultados numéricos mais relevantes, e não apenas indicação de significância estatística. As conclusões devem ser baseadas nos resultados do trabalho e não da literatura. Evitar o uso de abreviações e símbolos. Não citar referências bibliográficas no resumo. Abaixo do texto do resumo indicar o número de registro e/ou identificação para os ensaios controlados aleatórios e ensaios clínicos (ver item 5 das “Informações Gerais”). Na mesma página do resumo, citar pelo menos três palavras ou expressões-chave que serão empregadas para compor o índice anual da revista. Devem ser baseadas nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) publicado pela Bireme, que é uma tradução do Medical Subject Headings (MeSH) da National Library of Medicine e está disponível no endereço eletrônico: http://decs.bvs.br. O abstract deve ser versão fiel do texto do resumo estruturado (purpose, methods, results e conclusions). Deve ser também acompanhado da versão para o inglês das palavras ou expressões-chave (keywords). O resumo e o abstract dos Relatos de Casos e dos Artigos de Revisão e de Atualização não devem ser estruturados e são limitados a 150 palavras. Introdução Repetir, na primeira página da introdução, o título completo em português e inglês. Nessa seção, mostre a situação atual dos conhecimentos sobre o tópico em estudo, divergências e lacunas que possam eventualmente justificar o desenvolvimento do trabalho, mas sem revisão extensa da literatura. Para Relatos de Casos, apresentar um resumo dos casos já publicados, epidemiologia da condição relatada e uma justificativa para a apresentação como caso isolado. Expor claramente os objetivos do trabalho. Métodos Iniciar essa seção indicando o planejamento do trabalho: se prospectivo ou retrospectivo; ensaio clínico ou experimental; se a distribuição dos casos foi aleatória ou não etc. Descrever os critérios para seleção das pacientes ou Grupo Experimental, inclusive dos Controles. Identificar os equipamentos e reagentes empregados (fabricante, cidade e país). Se a metodologia aplicada já tiver sido empregada, indicar as referências, além da descrição resumida do método. Descrever também os métodos estatísticos empregados e as comparações para as quais cada teste foi empregado. Os trabalhos que apresentam como objetivo a avaliação da eficácia ou a tolerabilidade de tratamentos ou drogas devem, necessariamente, incluir Grupo Controle adequado. Para informações adicionais sobre o desenho de trabalhos desse tipo, consultar ICH Harmonized Tripartite Guideline - Choice of Control Group and Related Issues in Clinical Trials (http://www.hc-sc.gc.ca/hpfb-dgpsa/tpd-dpt/e10_e.html). Ver também itens 4 e 5 das “Informações Gerais”. Resultados Apresentar os resultados em sequência lógica, no texto, nas tabelas e nas figuras. Expor os resultados relevantes para o objetivo do trabalho e que são discutidos. Não repetir no texto dessa seção todos os dados das tabelas e figuras, mas descrever e enfatizar os mais importantes, sem interpretação dos mesmos (ver também “Tabelas”). Nos Relatos de Casos, as seções “Métodos” e “Resultados” são substituídas pela “Descrição do caso”, mantendo-se as demais. Discussão Devem ser realçadas as informações novas e originais obtidas na investigação. Não repetir dados e informações já mencionados nas seções “Introdução” e “Resultados”. Evitar citação de tabelas e figuras. Ressaltar a adequação dos métodos empregados na investigação. Comparar e relacionar suas observações com as de outros autores, comentando e explicando as diferenças. Explicar as implicações dos achados, suas limitações e fazer as recomendações decorrentes. Para Relatos de Casos, basear a discussão em ampla e atualizada revisão da literatura. As informações sobre os casos já publicados podem ser tabuladas e exibidas nessa seção para comparações. Agradecimentos Dirigidos a pessoas que tenham colaborado intelectualmente, mas cuja contribuição não justifica coautoria, ou para aquelas que tenham provido apoio material. Referências Todos os autores e trabalhos citados no texto devem constar dessa seção e vice-versa. Numerar as referências bibliográficas por ordem de entrada no trabalho e usar esses números para as citações no texto. Evitar número excessivo de referências, selecionando as mais relevantes para cada afirmação e dando preferência para os trabalhos mais recentes. Não empregar citações de difícil acesso, como resumos de trabalhos apresentados em congressos, teses ou publicações de circulação restrita (não indexados). Não empregar referências do tipo “observações não publicadas” e “comunicação pessoal”. Artigos aceitos para publicação podem ser citados acompanhados da expressão: “aceito e aguardando publicação” ou “in press”, indicando-se periódico, volume e ano. Trabalhos aceitos por periódicos que estejam disponíveis online, mas sem indicação de fascículos e páginas, devem ser citados como “ahead of print”. Outras publicações dos autores (autocitação) devem ser empregadas apenas se houver necessidade clara e forem relacionadas ao tema. Nesse caso, incluir entre as referências bibliográficas apenas trabalhos originais publicados em periódicos regulares (não citar capítulos ou revisões). O número de referências bibliográficas deve ser aproximadamente 35. Os autores são responsáveis pela exatidão dos dados constantes das referências bibliográficas. Para todas as referências, citar os autores até o sexto. Se houver mais de seis autores, citar os seis primeiros, seguidos da expressão et al., conforme os seguintes modelos: Formato impresso • Artigos em revistas - Ceccarelli F, Barberi S, Pontesilli A, Zancla S, Ranieri E. Ovarian carcinoma presenting with axillary lymph node metastasis: a case report. Eur J Gynaecol Oncol. 2011;32(2):237-9. - Jiang Y, Brassard P, Severini A, Goleski V, Santos M, Leamon A, et al. Type-specific prevalence of Human Papillomavirus infection among women in the Northwest Territories, Canada. J Infect Public Health. 2011;4(5-6):219-27. • Artigos com título em inglês e texto em português ou outra língua Utilizar o titulo em inglês, entre colchetes e no final da referência, indicar a língua na qual o artigo foi publicado. - Prado DS, Santos DL. [Contraception in users of the public and private sectors of health]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2011;33(7)143-9. Portuguese. - Taketani Y, Mizuno M. [Application of anti-progesterone agents for contraception]. Rinsho Fujinka Sanka. 1988;42(11):997-1000. Japanese. • Livro - Baggish MS, Karram MM. Atlas of pelvic anatomy and gynecologic surgery. 2nd ed. Philadelphia: WB Saunders; 2006. vii • Capítulos de livro - Picciano MF. Pregnancy and lactation. In: Ziegler EE, Filer LJ, editors. Present knowledge in nutrition. Washington (DC): ILSI Press; 1996. p. 384-95. Formato eletrônico Apenas para informações estatísticas oficiais e citação de referências de periódicos não impressos. Para estatísticas oficiais, indicar a entidade responsável, o endereço eletrônico, o nome do arquivo ou entrada. Incluir o número de tela, data e hora do acesso. Termos como “serial”, “periódico”, “homepage” e “monography”, por exemplo, não são mais utilizados. Todos os documentos devem ser indicados apenas como [Internet]. Para documentos eletrônicos com o identificador DOI (Digital Object Identifier), este deve ser mencionado no final da referência, além das informações que seguem: - Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS [Internet]. Informações de Saúde. Estatísticas vitais. Mortalidade e nascidos vivos: nascidos vivos desde 1994. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2008. [citado 2007 Fev 7]. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def> Legendas Digitar as legendas usando espaço duplo, acompanhando as respectivas figuras (gráficos, fotografias e ilustrações). Cada legenda deve ser numerada em algarismos arábicos, correspondendo a cada figura, e na ordem em que foram citadas no trabalho. Abreviaturas e siglas Devem ser precedidas do nome completo quando citadas pela primeira vez no texto. Nas legendas das tabelas e figuras, devem ser acompanhadas de seu nome por extenso. As abreviaturas e as siglas não devem ser usadas no título dos artigos e nem no resumo. Empregar o seguinte endereço para correspondências não previstas nas instruções: Jurandyr Moreira de Andrade Editor Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – Editoria – Avenida Bandeirantes, 3.900, 8º andar – Campus Universitário – CEP 14049-900 – Ribeirão Preto (SP) – Fone: (16) 3602-2803 – Fax: (16) 3633-0946 – E-mail: [email protected]. • Monografia na Internet ou livro eletrônico - Foley KM, Gelband H, editors. Improving palliative care for cancer [Internet]. Washington: National Academy Press; 2001 [cited 2002 Jul 9]. Available from: http://www.nap.edu/books/0309074029/html/. Tabelas Apresentar as tabelas em páginas separadas, com espaço duplo e preferencialmente fonte Arial 8. A numeração deve ser sequencial, em algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Todas as tabelas devem ter título e todas as colunas da tabela devem ser identificadas com um cabeçalho. A legenda deve conter informações que permitam ao leitor entender o conteúdo das tabelas e figuras, mesmo sem a leitura do texto do trabalho. As linhas horizontais devem ser simples e limitadas a duas no topo e uma no final da tabela. Não empregar linhas verticais. Não usar funções de criação de tabelas, comandos de justificação, tabulações decimais ou centralizadas. Utilizar comandos de tabulação (tab) e não o espaçador para separar as colunas e, para nova linha, a tecla enter. No rodapé da tabela, deve constar legenda para abreviaturas e testes estatísticos utilizados. Figuras (gráficos, fotografias e ilustrações) As figuras devem ser apresentadas em páginas separadas e numeradas sequencialmente, em algarismos arábicos, conforme a ordem de aparecimento no texto. Todas as figuras devem ter qualidade gráfica adequada e apresentar título e legenda. Para evitar problemas que comprometam o padrão da revista, o processo de digitalização de imagens (scan) deve obedecer aos seguintes parâmetros: para gráficos ou esquemas, usar 300 dpi/bitmap para traço; para ilustrações e fotos (preto e branco), usar 300 dpi/RGB ou grayscale. Em todos os casos, os arquivos devem ter extensão .tif e/ou .jpg. Também são aceitos arquivos com extensão .xls (Excel), .eps, .psd para ilustrações em curva (gráficos, desenhos e esquemas). São aceitas, no máximo, cinco figuras. Se as figuras já tiverem sido publicadas, devem vir acompanhadas de autorização por escrito do autor/editor e constando a fonte na legenda da ilustração. viii Itens para a conferência para a submissão do manuscrito Antes de enviar o manuscrito, conferir se as Instruções aos Autores foram seguidas e verificar o atendimento dos itens listados a seguir: 1. carta de encaminhamento assinada por todos os autores (escaneada e anexada como documento suplementar ou enviada pelo correio) ou informação dos endereços eletrônicos válidos de todos os autores na página de rosto; 2. citação da aprovação do projeto do trabalho por Comissão de Ética em Pesquisa, assinatura do termo de consentimento livre e informado (na seção “Métodos”) e informação sobre o atendimento das exigências para pesquisa em animais; 3. número ou código do registro do estudo, se necessário, na página de rosto (item 5 das “Informações Gerais”); 4. conflito de interesses: informar se há ou não. Se houver, explicar sem omissão de informações relevantes; 5. página de rosto com todas as informações solicitadas; 6. resumo e abstract estruturados e compatíveis com o texto do trabalho; 7. três ou mais palavras-chave relacionadas ao texto e respectivas keywords baseadas no Decs; 8. verificar se todas as tabelas e figuras estão corretamente citadas no texto e numeradas, e se as legendas permitem o entendimento das mesmas; 9. referências bibliográficas: numeradas na ordem de aparecimento e corretamente digitadas. Verificar se todos os trabalhos citados estão na lista de referências e se todos os listados estão citados no texto. Melody Menezes1,2 Simon Meagher1 Fabricio da Silva Costa1,3 Ethical considerations when offering noninvasive prenatal testing Considerações éticas na oferta do teste pré-natal não invasivo Editorial Technology in the prenatal setting is advancing at an exceptional rate, and these advancements will likely result in major changes to current pregnancy screening and testing paradigms. In Australia, prenatal testing is increasingly becoming a routine part of antenatal care and pregnant women are offered an assortment of screening and diagnostic tests, which give them information about their fetus, and can identify potential anomalies before it is born. In Victoria (Australia), each year approximately 4% of babies will be born with a birth defect or fetal abnormality1 many of which are diagnosed in uterus. Greater than 97% of women in Victoria have at least one or more ultrasounds during pregnancy2 and greater than 80% of pregnant women take up screening for Down syndrome, with the majority having First Trimester Combined Screening (FTCS). FTCS combines maternal serum analytes — pregnancy associated plasma protein-A (PAAP-A) and beta human chorionic gonadotrophin (free β-hCG) — with results from the nuchal translucency ultrasound to give a risk figure for Down syndrome and Trisomy 18. Approximately 5% of women will receive a false positive result from FTCS3, meaning they screen positive for Down syndrome or Trisomy 18 and do not have an affected pregnancy. Women who are considered to be “increased risk” either because of a screening result or ultrasound finding are offered invasive diagnostic testing whereby a fetal sample is obtained via chorionic villus sampling (CVS) or amniocentesis and sent for conventional or molecular karyotyping (microarray). These tests carry a miscarriage risk of up to 1% above the background rate of miscarriage4. There has been increasing demand for a safe and reliable alternative to invasive diagnostic testing and very recently, noninvasive prenatal testing (NIPT) has become commercially available to women in America (2012), Australia and many other countries, including Brazil (2013). NIPT is an advanced screening test, which relies on the fact that small fragments of cell-free fetal DNA and RNA circulate in maternal serum5. In the first and second trimesters of pregnancy, approximately 6–10% of total cell free DNA (cfDNA) circulating in maternal serum is thought to be fetal in origin; this fetal fraction rises to 10–20% in the third trimester6,7. Using massively parallel sequencing technology, scientists can sequence cfDNA fragments in maternal plasma and detect specific chromosome aneuploidies such as trisomies 21, 13 and 188-17, much earlier in pregnancy than has previously been possible, Correspondence Fabricio da Silva Costa Monash Ultrasound for Women Suite 2.5, Level 2, 32 Erin St, Richmond, 3121 Melbourne (Victoria), Australia Received 10/04/2013 Accepted with modifications 02/05/2013 Monash Ultrasound for Women – Melbourne (Victoria) Australia. Genetic Education and Health Research, Murdoch Children’s Research Institute, Royal Children’s Hospital – Melbourne (Victoria), Australia. 3 University of Melbourne Department of Obstetrics and Gynaecology and Department of Perinatal Medicine, Pregnancy Research Centre, Royal Women’s Hospital – Melbourne (Victoria), Australia. 1 2 Menezes M, Meagher S, Costa FC and without having to perform an “invasive” procedure. There are currently five different companies marketing NIPT to obstetricians and pregnant women in Victoria. A summary of the key features of each test can be found in Table 1. There are many advantages to NIPT, the most significant of which, is that it provides highly accurate information about Down syndrome without a miscarriage risk. Thus it is likely to reduce the number of invasive tests being performed. However, there are also a number of ethical considerations, which need to be taken into account when implementing NIPT in clinical practice. Ethical aspects of offering noninvasive prenatal testing 1. Is the Noninvasive Prenatal Testing affordable? The cost of noninvasive testing is currently prohibitive for many Australians. The most economical test retails at $850 AUD (~ $890 USD) with the other four tests retailing from $1,250–1,450 AUD ($1,300 to $1,500 USD). Currently there are no subsidies provided by Australia’s government funded universal healthcare system (Medicare) or by any of the private health insurance providers so these costs are wholly paid by the patient. While it is likely NIPT will become more cost effective in the future, the current pricing raises equity concerns as women who cannot afford the test are at a disadvantage. 2. It is important that women and their referring doctors understand the limitations of the Noninvasive Prenatal Testing NIPT is an advanced screening test and while the sensitivity is high (i.e. >99% for Down syndrome), it does not provide a definitive result. The false positive rate is approximately 1% and thus, patients who received a positive result for aneuploidy are advised to have prenatal diagnosis to confirm this result. The origin of the cell free fragments of fetal DNA is thought to be from placental trophoblast cells5,18, therefore there is a risk of confined placental mosaicism18. Equally, where no aneuploidy is detected, there is a residual risk that the pregnancy may be affected. The resolution of NIPT is not as high as current diagnostic testing however, this will likely improve in the future. Current NIPT providers are offering detection of Trisomy 21, 18, 13 and in some cases sex chromosome aneuploidy. In contrast, conventional karyotyping provides structural and numerical information on all 23 pairs of chromosomes, which means many abnormalities currently detected by karyotyping will not (at present) be detected with NIPT. Furthermore, molecular karyotyping (microarray) has become the first tier test in Victoria for prenatal patients with abnormal ultrasound findings19. Array based technology provides a significantly higher resolution (100 fold increase) when compared with conventional karyotyping20,21. It is able to detect copy number variants (gains or losses in DNA) across the genome and provides increased detection of “pathogenic” and “likely pathogenic” abnormalities19. There has been suggestion that array based technology should be the first tier test for all patients having prenatal diagnostic testing22. It can provide useful clinical information, which will not be detected with current NIPT technology. Thus, it is important patients are making informed decisions about NIPT and about the detail of information they want to receive about their pregnancy, balanced with the miscarriage risks of invasive diagnostic testing. Where ultrasound examination has identified structural abnormalities or multiple soft markers, array-based technology should be recommended in preference to NIPT as it will provide the most comprehensive clinical information. Table 1. Summary of noninvasive prenatal tests available in Melbourne (April, 2013) Sensitivity Specificity False positive rate Test failure rate Chromosomes tested Cost Timing Available for multiple pregnancies A 99.1% for T21 >99.9% for T18 91.7% for T13 99.9% for T21 99.6% for T18 99.7% for T13 0.2% 0.8% 21, 13, 18, X, Y $1,450 AUD From 10 weeks 0 days Yes B >99.9% for T21 97.4% for T18 87.5% for T13 99.8% for T21 99.6% for T18 99.9% for T13 0.2% >1% 21, 13, 18, X, Y $1,250 AUD From 10 weeks 0 days No C >99% for T21 >99% for T18 >99% for T13 100% for T21 100% for T18 100% for T13 0% ‘low’ 21, 13, 18, X, Y $1,250 AUD From 9 weeks 0 days No D >99% for T21 >99% for T18 >99% for T13 – >1% <3% 21, 13, 18 $1,250 AUD From 12 weeks 0 days No E >99% for T21 98% for T18 80% for T13 – 0.1% <3% 21, 13, 18 and Y $850 AUD From 10 weeks 0 days No Lab 196 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):195-8 Ethical considerations when offering noninvasive prenatal testing 3. The importance of informed decision-making Studies have shown that many women take up Down syndrome screening in pregnancy because they view it as a “routine” test23-25 and as such often have inadequate knowledge and understanding of prenatal screening and diagnostic tests26-28. This implies that a large number of women are not making informed decisions about having prenatal testing. Given that NIPT has a much higher sensitivity when compared with any of the current screening programs, it is even more imperative that women understand the conditions that are being tested for and are given balanced and up to date information. Pre-test counselling is therefore crucial in ensuring women not only understand the limitations of the test, but that they have thought about whether or not they want this information about their fetus, and what they would do in the event of an adverse result. As NIPT involves a safe and simple blood test rather than a miscarriage risk, there is a danger that participation will be passive as it has been with current pregnancy screening programs. Facilitating informed decision-making is one of the central tenants of genetic counselling practice29. Genetic counsellors provide women with non-directive information and support to promote autonomous decision-making, and are well placed to provide pre-test counselling to all women considering NIPT. 4. Access to termination of pregnancy When a fetal abnormality is detected during pregnancy women and their partners are faced with the difficult choice deciding whether or not to continue the pregnancy based on their understanding and perceptions of the abnormality and its potential impact on their lives. Victorian records concur with overseas data, indicating that the majority of women will choose to have an abortion following a prenatal diagnosis of Down syndrome30,31. In Australia, abortion law falls under state and territory jurisdiction and in most states it remains in the criminal statutes. However, abortion has been decriminalised in the Australian Capital Territory, Western Australia and Victoria. In Victoria, abortion is permitted until 24 weeks of pregnancy or later if 2 doctors believe it is medically appropriate32. In Brazil, abortion is “only permitted so save a woman’s life, or in cases of rape” and recently in cases of anencephaly33. Thus, women cannot legally access an abortion on the grounds of fetal abnormality. When faced with the diagnosis of a fetal abnormality, there is a risk that women in Brazil and (other countries where abortion is illegal) may choose clandestine and unsafe means of procuring an abortion thereby putting their own health at risk. It is important women undertaking NIPT in countries where abortion is not permitted understand that they will not have safe and legal access to this procedure, and are making informed choices about whether or not they want this information about their fetuses prior to birth. For many women and their partners, having access to NIPT will allow them to prepare for the birth of a child with Down syndrome. In the past, women who would continue their pregnancy regardless of the diagnosis of a fetal abnormality, may have decided not to take up prenatal diagnosis due tot he miscarriage risks. NIPT is able to provide these families with highly accurate information about Down syndrome, Trisomy 13 and 18 without a miscarriage risk. As such, the number of women continuing the pregnancy knowing that their baby is affected by one of these conditions is likely to increase, which will pose additional resource demands for fetal medicine units and perinatal palliative care programs. It is ethically imperative that when offering prenatal screening and testing, women and their partners are provided with appropriate medical and social resources to ensure that they are well supported regardless of whether or not they choose to continue their pregnancy. References 1. Riley M, Halliday J. Birth defects in Victoria 2005-2006. Melbourne: Victorian Perinatal Data Collection Unit; 2008. 2. Chew C, Halliday JL, Riley MM, Penny DJ. Population-based study of antenatal detection of congenital heart disease by ultrasound examination. Ultrasound Obstet Gynecol. 2007;29(6):619-24. 3. Nicolaides KH. Screening for chromosomal defects. Ultrasound Obstet Gynecol. 2003;21(4):313-21. 4. Tabor A, Vestergaard CH, Lidegaard O. Fetal loss rate after chorionic villus sampling and amniocentesis: an 11 year national registry study. Ultrasound Obstet Gynecol. 2009;34(1):19-24. 5. Lo YM, Corbetta N, Chamberlain PF, Rai V, Sargent IL, Redman CW, et al. 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MÉTODOS: Estudo de delineamento transversal, em que foram elegíveis todas as mães dos recémnascidos dos partos ocorridos entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2010 no município de Rio Grande (RS). As mães foram entrevistadas nas duas maternidades da cidade. Foram coletadas informações referentes à internação hospitalar para tratamento da infecção do trato urinário, à assistência pré-natal e às condições socioeconômicas. As análises estatísticas foram realizadas por níveis e controladas para fatores de confusão através da regressão de Poisson. RESULTADOS: Das 2.288 mulheres elegíveis para o estudo, 2,9% haviam sido internadas para tratamento da infecção do trato urinário e foi maior, após ajuste, em mulheres com menor nível econômico (3,1% no menor e 2,1% no maior), mais jovens (4,0% nas adolescentes e 1,8% naquelas com mais de 30 anos), com menor escolaridade (3,2% nas de ensino fundamental incompleto e 1,2% acima do ensino médio) e que não viviam com o companheiro (4,3% naquelas sem e 2,6% naquelas com). Quanto aos desfechos neonatais, esteve associado com a internação o baixo peso ao nascer (6,4% nas de baixo e 2,6% naquelas de peso normal). Das mulheres que frequentaram o prénatal, 23,6% não haviam feito o exame de urina conforme o preconizado e, após ajuste, o risco de não realização foi maior naquelas com menor nível econômico (34,4% no menor nível e 14,4% no maior), menor escolaridade (35,2% nas de ensino fundamental incompleto e 11,0% acima do ensino médio) e que não viviam com o companheiro (32,7% naquelas sem e 22,0% naquelas com companheiro). CONCLUSÕES: A alta taxa de internação hospitalar reflete a falta de efetividade no rastreamento da infecção urinária durante a gestação. O perfil socioeconômico das gestantes que mais necessitam de hospitalização e que não realizaram rastreamento da infecção urinária adequado no pré-natal demonstra a necessidade de atenção mais cuidadosa às gestantes com as características encontradas. Complicações infecciosas na gravidez Infecção Coleta de urina Cuidado pré-natal Hospitalização Keywords Pregnancy complications, infectious Infection Urine specimen collection Prenatal care Hospitalization Abstract PURPOSE: To determine the prevalence and associated factors of the hospitalization of pregnant women for treatment of urinary tract infection and the repercussions on the health of the newborn, and the absence of a urine exam during the prenatal period. METHODS: A cross-sectional design, where were eligible all mothers of newborns with births occurring between January 1st and December 31, 2010 in Rio Grande (RS). Mothers were interviewed in the two maternity hospitals in the city. Information was collected regarding hospitalization for urinary tract infection, the prenatal assistance and sociodemographic conditions. Statistical analyses were performed by levels and controlled for confounding using Poisson regression. RESULTS: Of the 2,288 women eligible for the study, 2.9% were hospitalized for treatment of urinary tract infection and was higher, after adjustment, in woman with lowest economic status (3.1% the lowest and 2.1% the highest), younger (4.0% in adolescents and 1.8% in those over 30 years), had less education (3.1% had seven years or less of studying and 1.2% had 12 years or more) and did not live with a partner (4.3% living without partner and 2.6% living with partner). Pathologies of the newborn associated with hospitalization, were preterm birth (4.1% in pre-term and 2.7% in those at term) and low birth weight (6.4% in low and 2.6% in those in normal). Of the women Correspondência Arnildo Agostinho Hackenhaar Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande Rua General Osório, s/n − Campus Saúde CEP: 96200-400 Rio Grande (RS), Brasil Recebido 14/09/2012 Aceito com modificações 19/04/2013 Trabalho realizado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande – FURG – Rio Grande (RS), Brasil. Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG – Rio Grande (RS), Brasil. 2 Universidade Federal de Pelotas – UFPel − Pelotas (RS), Brasil; Universidade Católica de Pelotas – UCPel – Pelotas (RS), Brasil. 1 Hackenhaar AA e Albernaz EP who underwent prenatal care, 23.6% had not done the urine test as recommended and, after adjustment, and the risk for not done the test was higher among those with lower socioeconomic status (34.4% in lower and 14.4% in the highest level), less educated (32.3% with seven years or less of studying and 11.0% with 12 years or more) and not living with a partner (32.7% living without partner and 22.0% living with partner). CONCLUSIONS: The high rate of hospitalization reflects the lack of effectiveness of screening for urinary tract infection during pregnancy. The socioeconomic profile of women who required hospitalization and who did not undergo adequate screening of urinary tract infection in prenatal care, demonstrate the need of more careful attention to pregnant women with the features found. 200 Introdução Métodos A infecção do trato urinário (ITU) é frequente na gestação, sendo que a sua prevalência é estimada em 20%1. Podem ocorrer três tipos de ITU durante a gestação: a bacteriúria assintomática, a cistite e a pielonefrite2. A bacteriúria assintomática acomete em maiores proporções as gestantes de menor nível socioeconômico, não alfabetizadas, multíparas3 e mais jovens4. Quando não tratada, aumenta o risco do baixo peso ao nascer, porém não aumenta o risco da prematuridade5. Entre as mulheres que deixam de realizar tratamento para a bacteriúria assintomática, a chance de ocorrer pielonefrite durante a gestação é de 30%6. Das ITUs sintomáticas, a pielonefrite é a mais grave, com indicação de internação hospitalar para tratamento com antibioticoterapia endovenosa2. Há maior chance da ocorrência de pielonefrite em mulheres primigestas e nas mais jovens7. As ITUs que apresentam sintomasaumentam o risco de complicações da gestante como a anemia8 e a hipertensão9. Alguns estudos apresentam associação das ITUs sintomáticas com o nascimento pré-termo8,9 e crescimento intrauterino restrito9. Um estudo mais recente, que levou em consideração os fatores socioeconômicos, não encontrou associação deste tipo de ITU na gestante com piora no desfecho da gravidez10. Não há consenso sobre quais agravos do feto estão associadas às ITUs com sintomas11. Para evitar os casos graves de infecção urinária, é preconizado pelas rotinas de pré-natal, o rastreamento da bacteriúria assintomática e o seu tratamento durante a gestação. Para isso, o Ministério da Saúde do Brasil recomenda a realização de dois exames de urina durante o pré-natal. O primeiro exame deve ser solicitado na primeira consulta e o outro exame por volta da trigésima semana de gestação2. Este estudo tem por objetivo verificar a prevalência e os fatores associados à internação hospitalar da gestante para tratamento da ITU e as repercussões sobre o recém-nascido e verificar também os fatores relacionados com a não realização do exame de urina durante o pré-natal conforme preconizado. Com isso, identificar os grupos de gestantes onde o rastreamento deve melhorar, qualificando a assistência pré-natal. Foi realizado um estudo retrospectivo, em que eram elegíveis todas as mães de recém-nascidos cujos partos ocorreram entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2010. As gestações teriam que ter pelo menos 20 semanas ou o peso da criança ao nascer ser igual ou superior a 500 gramas e as mães deveriam residir no município de Rio Grande (RS). Todas as informações foram coletadas por entrevistadoras previamente treinadas, nas duas maternidades da cidade, por meio de questionário único pré-codificado. Este questionário investigou o local de residência, as características demográficas, a história reprodutiva e os hábitos de vida destas mulheres. Foram verificadas as causas da internação hospitalar e a frequência da realização do exame de urina durante o pré-natal. Também foram avaliados o acesso e a utilização de serviços preventivos e curativos em saúde, e a assistência pré-natal recebida durante a gestação. A variável idade gestacional foi obtida a partir da data da última menstruação. No caso de valores ignorados para a data da última menstruação, foi utilizada a idade gestacional pela ultrassonografia realizada entre a 5ª e 20ª semana de gestação, completada pelo método de Capurro et al.12 realizado pelo pediatra. O peso dos recém-nascidos foi obtido por meio de balança eletrônica nas duas maternidades. Para a classificação econômica, foram utilizados os critérios para classificação econômica Brasil, baseada em posse de itens e escolaridade do chefe da família13. Foram considerados casos de internação hospitalar para tratamento da ITU aquelas mulheres que responderam que haviam sido internadas em hospital durante a gestação e que a causa desta internação havia sido tratamento da infecção urinária. Foram considerados casos de não terem realizado dois exames de urina durante o pré-natal aquelas mulheres que responderam que não realizaram o exame de urina no pré-natal ou que realizaram apenas um exame. Os grupos de comparação foram os de mulheres entrevistadas e que não preenchiam os critérios acima. Os questionários foram enviados para digitação. A consistência era verificada periodicamente em bloco e, no caso de valores fora do esperado para qualquer uma das variáveis coletadas, foi feita a verificação no questionário. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):199-204 Prevalência e fatores associados à internação hospitalar para tratamento da infecção do trato urinário durante a gestação Os valores ignorados para cada variável não foram incluídos na análise estatística. As análises tinham um nível de significância de 95%. Para o tamanho amostral, foi utilizada como base a variável nível econômico. Para identificar um risco de 1,5, levando em consideração a prevalência da não realização de dois exames de urina no grupo não exposto (mais ricas) de 18%, seriam necessárias 1.304 entrevistas, já acrescidos 15% para fatores de confusão e 5% para perdas e recusas. Nas análises estatísticas do estudo, foram utilizados os seguintes testes: em caso de comparação de variáveis categóricas dicotômicas ou ordinais, foi realizado o teste do χ2 para heterogeneidade. Na comparação de variável categórica dicotômica com uma variável categórica ordinal, onde tivesse tendência linear, foi realizado o teste do χ2 para tendência linear. A análise multivariável teve como base o modelo conceitual hierarquizado por níveis14, e foi realizada por meio da regressão de Poisson controlando para fatores de confusão. Foram mantidas no modelo as variáveis que na análise univariada mantiverem um valor p≤0,2. O protocolo de pesquisa foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa na Área da Saúde reconhecidos pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa da Fundação Universidade Federal do Rio Grande e do Hospital de Caridade da Santa Casa do Rio Grande. Todas as mulheres entrevistadas assinaram o termo de consentimento livre informado. Resultados Foram entrevistadas 2.395 mulheres e ocorreram 69 perdas. Foram excluídas 107 gestantes que não realizaram o pré-natal. Das 2.288 mulheres incluídas na análise, 18,4% eram adolescentes e 29,1% tinham mais de 30 anos de idade. Em relação a tempo de escolaridade, 80,9% tinham oito anos ou mais de estudo. Viviam com os companheiros 84,8% delas, enquanto 19,1% eram tabagistas no primeiro trimestre da gestação. Das mulheres elegíveis para o estudo, 2,9% internaram para tratamento da ITU. Mulheres que apresentaram maior risco de internação por esta patologia, após ajuste, foram aquelas com menor nível econômico, mais jovens, com menor escolaridade e que não viviam com o companheiro (Tabela 1). Também tiveram maior risco de internação por ITU, após ajuste, mulheres que durante a gestação tiveram trabalho de parto pré-termo, corrimento, pressão alta e anemia (Tabela 2). A internação das gestantes por ITU, após ajuste para as variáveis socioeconômicas, doenças maternas e tabagismo, mostrou-se associada com o baixo peso ao nascer, Razão de Prevalência de 2,1 (p<0,001), mas não esteve associada com o nascimento pré-termo, Razão de Prevalência de 1,1 (p<0,09) tendência linear. Entre as mulheres que frequentaram o pré-natal, 23,6% não haviam feito pelo menos dois exames durante a gestação e esta proporção foi maior, após ajuste, nas Tabela 1. Fatores socioeconômicos relacionados à internação hospitalar para tratamento da infecção do trato urinário durante a gestação Variáveis do nível 1 Número de gestantes Internação hospitalar por ITU (%) Análise bruta RP Classificação econômica por pontos em tercis Valor p Análise ajustada¤ RP <0,001* <0,001* Terceiro (rico) 821 2,1 1,0 1,0 Segundo 853 3,5 1,7 1,4 Primeiro 506 3,2 1,5 Idade da mãe em anos 1,2 <0,001** <0,001** 30 ou mais 666 1,8 1,0 1,0 25 a 29 596 2,9 1,5 1,5 20 a 24 604 3,5 1,9 1,7 Menos de 20 422 4,0 2,2 Grau de ensino da mãe 1,8 <0,001* 0,019* Superior# 247 1,2 1,0 1,0 Médio 817 2,8 2,3 1,8 Fundamental 559 3,4 2,8 1,9 Fundamental incompleto 665 3,2 2,6 Vive com marido ou companheiro 1,7 <0,001* Sim 1.941 Não 347 2,6 1,0 4,3 1,7 Valor p <0,001* 1,0 1,6 As variáveis do primeiro nível foram ajustadas umas às outras;*teste do χ para heterogeneidade de proporções;**teste do χ para tendência linear; RP: Razão de Prevalência; IC: Intervalo de confiança; #completo ou incompleto. ¤ 2 2 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):199-204 201 Hackenhaar AA e Albernaz EP mulheres de menor nível econômico, de menor escolaridade e que não viviam com o companheiro (Tabela 3). Das variáveis relacionadas ao pré-natal, a proporção de mulheres que não efetuaram o exame de urina conforme o preconizado, após ajuste, foi maior naquelas que iniciaram o pré-natal no segundo ou no terceiro trimestre da gestação e que compareceram a menos de seis consultas no pré-natal (Tabela 4). Discussão A internação para tratamento de ITU foi indicada em 2,9% das gestantes da cidade de Rio Grande (RS) em 2010. Esta taxa é elevada, se comparada com os dados da literatura, com números próximos de 1,4%15. Os achados sobre os riscos de internação hospitalar para tratamento de ITU coincidem com aqueles encontrados por outros estudos, nos quais a ocorrência de ITU sintomática é maior nas gestantes de menor nível econômico16 e nas mais jovens7. Neste estudo se evidencia associação entre ITU e hipertensão na gestação. Outros estudos encontraram esta associação17, porém seu mecanismo causal é desconhecido18. A presença de corrimento vaginal durante a gestação aumentou o risco de internação por ITU. Esta associação também foi encontrada por Schieve et al.19 e a explicação é que a uretra mais curta da mulher facilita a contaminação urinária por bactérias do trato genital. Tabela 2. Doenças maternas relacionadas à internação hospitalar para tratamento da infecção do trato urinário durante a gestação Número de gestantes Internação hospitalar por ITU (%) Análise bruta Não 2.080 2,4 1,0 Sim 198 8,6 3,6 Variáveis do nível 2 RP Teve trabalho de parto pré-termo Valor p Análise ajustada¤ RP <0,001* Teve corrimento durante a gestação <0,001* 1,0 2,8 <0,001* Não 1.297 2,2 1,0 Sim 991 3,7 1,6 Teve pressão alta durante a gestação <0,001* 1,0 1,4 <0,001* <0,001* Não 1.830 2,5 1,0 1,0 Sim 217 5,1 2,0 1,9 Não 1.298 2,0 1,0 1,0 Sim 936 4,1 2,0 1,8 Teve anemia durante a gestação Valor p <0,001* <0,001* As variáveis do segundo nível foram ajustadas umas às outras e para todas aquelas do primeiro nível; *teste do χ2 para heterogeneidade de proporções; RP: Razão de Prevalência; IC: Intervalo de confiança. ¤ Tabela 3. Fatores socioeconômicos relacionados a não realização de dois exames de urina no pré-natal Variáveis do nível 1 Classificação econômica por pontos em tercis Terceiro (rico) Segundo Primeiro (pobre) Idade da mãe em anos 30 ou mais 25 a 29 20 a 24 Menos de 20 Grau de ensino da mãe Superior# Médio Fundamental Fundamental incompleto Vive com marido ou companheiro Sim Não Número de gestantes Não realização de dois exames de urina (%) Analise bruta 812 842 503 14,4 24,4 34,4 1,0 1,7 2,4 653 20,5 1,0 1,0 589 599 28,6 21,1 25,9 1,4 1,0 1,3 0,9 1,0 1,0 246 805 553 657 11,0 16,3 26,0 35,2 1,0 1,5 2,4 3,2 1.918 343 22,0 32,7 1,0 1,5 RP Valor p Análise ajustada¤ RP <0,001** Valor p 0,001** 1,0 1,3 1,6 0,003* 0,739* <0,001* <0,001* 1,0 1,3 1,9 2,3 <0,001* 0,013* 1,0 1,3 As variáveis do primeiro nível foram ajustadas umas às outras; *teste do χ2 para heterogeneidade de proporções; **teste do χ2 para tendência linear; RP: Razão de Prevalência; IC: Intervalo de confiança; #completo ou incompleto. ¤ 202 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):199-204 Prevalência e fatores associados à internação hospitalar para tratamento da infecção do trato urinário durante a gestação Tabela 4. Assistência pré-natal relacionada a não realização de dois exames de urina durante a gestação Variáveis do nível 2 Trimestre em que iniciou o pré-natal Primeiro Segundo Terceiro Local onde frequentou o pré-natal Particular o convênio SUS Compareceu a seis ou mais consultas no pré-natal Sim Não Número de gestantes Não realização de dois exames de urina (%) Análise Bruta 1.743 430 54 17,4 41,2 64,8 1,0 2,4 3,7 950 1.311 14,2 30,4 1,0 2,1 1.788 449 16,2 53,2 1,0 3,3 RP Valor p Análise Ajustada¤ RP <0,001** Valor p 0,008** 1,0 1,3 1,6 <0,001* 0,058* 1,0 1,2 <0,001* <0,001* 1,0 2,3 As variáveis do segundo nível foram ajustadas umas às outras e para aquelas do primeiro nível com valor p≤0,20; *teste do χ2 para heterogeneidade de proporções; **teste do χ2 para tendência linear; RP: Razão de Prevalência; IC: Intervalo de confiança; SUS: Sistema único de saúde. ¤ Este estudo encontrou associação entre internação hospitalar por ITU da gestante e a ocorrência da ameaça de trabalho pré-termo. A associação entre ITU na gestante e o trabalho de parto pré-termo também foi constatada por outros autores8. A explicação para essa associação é que a liberação de mediadores dos processos inflamatórios da ITU desencadeia as contrações20. Quanto aos exames de urina durante a gestação já se sabe que a não realização de pelo menos um exame de urina durante o pré-natal foi mais frequente entre aquelas mulheres de menor nível econômico, menor escolaridade, que não viviam com companheiro e que compareceram em menos de seis consultas no pré-natal21. Os fatores relacionados com a não realização de dois exames de urina encontrados por este estudo também foram observados por autores em estudos sobre a qualidade da assistência ao pré-natal. No estudo de Coimbra et al.22, após ajuste, foi observada relação entre inadequação do pré-natal com menor escolaridade, menor renda familiar, que não tem companheiro. Estudo de Gonçalves, Cesar e Mendoza-Sassi.23 constatou que mulheres de menor renda frequentam menos consultas e têm menos exames laboratoriais solicitados no pré-natal. Essas mulheres têm menos chances de acesso aos serviços de saúde e menor grau de informação sobre a importância do pré-natal. Isso reforça a ideia de que a realização de exame de urina na gestação reflete a qualidade de assistência do pré-natal24. Para diagnóstico de bacteriúria assintomática, o padrão ouro é a urocultura. Não existe consenso sobre a quantidade ideal de uroculturas que devem ser obtidas no pré-natal. Um protocolo adotado pela comunidade médica dos Estados Unidos recomenda uma urocultura entre a 6ª e a 8ª semana de gestação25, pois a possibilidade de vir a ter infecção urinária alta após urocultura negativa nesta fase é menor do que 2%26. Na rotina da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, a recomendação é que sejam realizadas três uroculturas, uma a cada trimestre27. Mesmo que a maioria de gestantes tenha realizado dois exames de urina, isso não significa necessariamente qualidade no rastreamento. Pode ter ocorrido falha na efetividade do rastreamento da bacteriúria assintomática, pois na recomendação do Ministério da Saúde, vigente em 2010, a urocultura apenas se justificava quando o exame comum de urina fosse infeccioso28. A alta taxa de internação hospitalar durante a gestação para tratamento da ITU demonstrada por este estudo é um indicador da ineficácia da assistência pré-natal. O critério para o início do tratamento da pielonefrite é a presença de sinais e sintomas apresentados pela gestante associados ao exame comum de urina alterado. A ausência de crescimento bacteriano, neste caso, não exclui a presença de infecção29. As principais limitações deste estudo são a causalidade reversa e o viés de memória. Por se tratar de um estudo transversal, não se pode afirmar que as doenças maternas, como a hipertensão e a anemia, surgiram em momento posterior à internação hospitalar para o tratamento da ITU. O viés de memória interferiu pouco no estudo em se tratando de internação hospitalar. Pode ter ocorrido superestimação do número de exames de urina, pois algumas mulheres podem ter incluído a proteinúria de 24 horas no número de exames. Essa superestimação pode ter ocorrido somente em 67 gestantes que foram internadas por hipertensão na gestação, pois este exame costuma ser realizado em gestantes internadas. Apesar de 23,6% das mulheres terem sido submetidas ao exame conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde, justamente no grupo de maior risco de internação hospitalar ele é realizado com menor frequência. Conclui-se que, para mulheres mais pobres, de menor escolaridade e que não têm companheiro no domicílio, é necessário melhorar o rastreamento da bacteriúria assintomática. Nestes grupos, a percentagem de internação hospitalar para o tratamento da ITU é mais elevada, o que aumenta o risco do baixo peso ao nascer. Agradecimentos Este estudo recebeu financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Secretaria Municipal de Saúde do Rio Grande (RS). Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):199-204 203 Hackenhaar AA e Albernaz EP Referências 1. Montenegro CAB, Rezende Filho J. Rezendeobstetrícia fundamental. 12a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. 15. Hill JB, Sheffield JS, McIntire DD, Wendel GD Jr. Acute pyelonephritis in pregnancy. Obstet Gynecol. 2005;105(1):18-23. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. 5a ed. Brasília (DF): Editora do Ministério da Saúde; 2012. Infecção urinária; p. 111-2. 16. Haider G, Zehra N, Munir AA, Haider A. Risk factors of urinary tract infection in pregnancy. 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Daniela Siqueira Prado1 Ryane Vieira Lima2 Leyla Manoella Maurício Rodrigues de Lima2 Impacto da gestação na função sexual feminina Impact of pregnancy on female sexual function Artigo Original Resumo Palavras-chave Comportamento sexual Disfunção sexual fisiológica Gravidez Prevalência Sexualidade Keywords Sexual behavior Sexual dysfunction, physiological Pregnancy Prevalence Sexuality OBJETIVO: Pesquisar o impacto da gestação na função sexual feminina. MÉTODOS: Foi realizado um estudo analítico, do tipo transversal, com 181 mulheres não gestantes e 177 gestantes. Foram incluídas mulheres com idade entre 18 e 45 anos, gestantes e não gestantes, na pré-menopausa, sexualmente ativas e com parceiro fixo e excluídas aquelas em uso de antidepressivos ou com diagnóstico de depressão. Dessas, 11 (6,2%) encontravam-se no primeiro trimestre; 50 (28,2%), no segundo e 116 (65,5%), no terceiro. A avaliação se deu por entrevista na qual foi aplicado o Índice de Função Sexual Feminina (IFSF). Os dados foram analisados através do programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 16.0. Para a comparação entre as médias do IFSF entre gestantes e não gestantes, utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney. RESULTADOS: A disfunção sexual entre gestantes foi de 40,4% e entre não gestantes de 23,3%, sendo significativa a diferença entre os escores dos grupos estudados (p=0,01). Também foi significativa (p<0,0001) a diferença entre as médias globais do IFSF entre os grupos. Foram observadas diferenças significativas entre gestantes e não gestantes no tocante aos escores dos domínios desejo (p<0,0001), excitação (p=0,003), lubrificação (p=0,02), orgasmo (p=0,005) e satisfação (p=0,03). O mesmo não foi observado no domínio dor. CONCLUSÃO: Diante dos resultados, concluímos que a gestação influencia negativamente a função sexual feminina, particularmente nos domínios desejo e excitação, revelando a importância da abordagem do tema pelos profissionais que lidam com gestantes. Abstract PURPOSE: To investigate the impact of pregnancy on female sexual function. METHODS: An analytical, crosssectional study was conducted on 181 non-pregnant and 177 pregnant women aged 18 to 45 years. The study included premenopausal, sexually active women with a steady partner and excluded those taking antidepressants or with a diagnosis of depression. Eleven of these women (6.2%) were in the first trimester, 50 (28.2%), in the second trimester and 116 (65.5%), in the third trimester of pregnancy. The evaluation consisted of an interview in which the Female Sexual Function Index (FSFI) was applied. The data were analyzed using the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) software, version 16.0. The nonparametric Mann-Whitney test was used to compare the mean FSFI values of pregnant and non-pregnant women. RESULTS: Sexual dysfunction was 40.4% among pregnant women and 23.3% among non-pregnant women, with a significant difference between the scores of the studied groups (p=0.01). The difference in the mean global FSFI values between the groups was also significant (p<0.0001). There were significant differences between pregnant and non-pregnant women regarding desire (p<0.0001), excitation (p=0.003), lubrication (p=0.02), orgasm (p=0.005) and satisfaction (p=0.03). The same was not observed regarding pain. CONCLUSION: We conclude that pregnancy negatively influences female sexual function, particularly the desire and excitement domains, revealing the importance of addressing the issue by professionals dealing with pregnant women. Correspondência Daniela Siqueira Prado Universidade Federal de Sergipe Rua Cláudio Batista, s/n Bairro Santo Antônio CEP: 49060-100 Aracaju (SE), Brasil Recebido 04/11/2012 Aceito com modificações 07/05/2013 Trabalho realizado no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe – UFS – Aracaju (SE), Brasil. 1 Departamento de Medicina, Universidade Federal de Sergipe – UFS – Aracaju (SE), Brasil. 2 Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Sergipe – UFS – Aracaju (SE), Brasil. Conflito de interesses: não há. Prado DS, Lima RV, Lima LMMR Uma vez reconhecida a importância da saúde sexual para a longevidade das relações afetivas e como parte da saúde global e bem-estar do indivíduo, critérios foram estabelecidos de modo a distinguir o patológico do não patológico1. De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (1994), entende-se disfunção sexual como distúrbios no desejo e nas alterações psicofisiológicas que caracterizam a resposta sexual e causam angústia e dificuldades interpessoais2. Muitos estudos mostram que esse distúrbio é altamente prevalente na população feminina3-7. O estudo americano National Health and Social Life Survey demonstrou que 43% das mulheres avaliadas apresentavam algum tipo de disfunção sexual3. Recentemente, um trabalho desenvolvido em Bangladesh revelou que 51,8% das pacientes estudadas queixavam-se de um ou mais problemas sexuais4. No Brasil, o Estudo do Comportamento Sexual do Brasileiro (ECOS) detectou dificuldade sexual em 30% das mulheres, cujas principais queixas foram falta de desejo (34,6%) e dificuldades para obtenção de orgasmo (29,3%)5. Além da idade, estado civil, renda e grau de instrução3, a função sexual pode ser também influenciada por doenças crônicas8-10, uso de medicamentos11-13, disfunção sexual do parceiro14, paridade e gravidez3,15-21, esta caracterizada como um momento de mudanças físicas e psicológicas, sob influência cultural, social, religiosa e emocional que pode levar a mudanças no padrão de vida sexual do casal. Em um estudo transversal com 139 gestantes realizado no Canadá, 71% relataram redução da atividade sexual durante a gravidez ao comparar com o período pré-gestacional19, mudança atribuída principalmente ao receio de prejudicar a gestação, provocar nascimento prematuro do filho ou romper bolsa19,22. Não obstante à alta prevalência da disfunção sexual feminina3-7, em especial no período gestacional19, pouco se aborda sobre atividade sexual nos consultórios médicos23,24. Grande parte dessas mulheres não busca ajuda médica25 e poucos são os ginecologistas que questionam sobre a função sexual de suas pacientes24,26. Diante da escassez de trabalhos sobre disfunção sexual em gestantes em nosso meio, o presente estudo teve por objetivo comparar o Índice de Função Sexual Feminina (IFSF) de mulheres grávidas e não grávidas para avaliar o impacto da gestação na função sexual feminina. Métodos Foi realizado um estudo analítico, do tipo transversal, entre setembro de 2011 e fevereiro de 2012, no qual foram incluídas 358 mulheres, sendo 177 gestantes e 181 não gestantes, atendidas no Centro de Referência da Mulher e nas Unidades Básicas de Saúde Dona Sinhazinha e Francisco Fonseca no município de Aracaju (SE). Dois 206 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):205-9 grupos distintos foram considerados: o primeiro grupo composto por 177 gestantes (G) e o segundo por 181 não gestantes (NG). Os critérios de inclusão foram: ser do sexo feminino, com idade entre 18 e 45 anos, gestantes e não gestantes, no período pré-menopausa, que possuíam parceiro fixo, fossem sexualmente ativas, o que implica ter tido relação sexual nos últimos seis meses, e que concordassem em participar do estudo sob a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foram excluídas mulheres em uso de antidepressivos ou com diagnóstico de depressão. As mulheres eram chamadas em sala reservada nesses serviços, onde eram convidadas a participar da pesquisa após explicação dos objetivos da mesma, deixando claro que sua participação não era obrigatória. A confidencialidade quanto à identificação e aos dados cedidos era garantida e em qualquer momento a entrevistada poderia retirar seu consentimento, inclusive diante de constrangimento. Inicialmente, foram coletados dados referentes a idade, estado civil, grau de instrução, nível socioeconômico, idade de início da atividade sexual, antecedentes ginecológicos e obstétricos, idade gestacional no momento da pesquisa. Questionou-se também sobre comorbidades e uso de medicamentos. O estado civil foi estratificado em solteira ou com união estável e casada; grau de instrução, em ensino fundamental, médio e superior; nível socioeconômico, em até 1 salário mínimo, entre 1 e 5 salários mínimos e 5 salários mínimos ou mais; e antecedentes obstétricos, em até 1, 2 ou 3 e 4 ou mais partos normais, cesáreos e abortos. Foi aplicado o Índice de Função Sexual Feminina (IFSF), escala breve, específica e multidimensional, adaptado à língua portuguesa, que apresenta significante confiabilidade e validade27 e transforma medidas subjetivas em dados objetivos, quantificáveis e analisáveis28. O IFSF é composto por 19 questões agrupadas em seis domínios, desejo sexual, excitação sexual, lubrificação vaginal, orgasmo, satisfação sexual e dor ou desconforto, cujas opções de resposta recebem pontuação entre 0 e 5. Para se chegar ao escore total, deve-se proceder à soma dos valores das questões, multiplicar essa soma pelo fator de correção e, então, somar os valores de cada domínio. Os escores finais podem variar de 2 a 36, sendo que escores mais altos indicam um grau melhor de função sexual27,29. Mulheres que apresentam escores inferiores a 26,55 devem ser consideradas portadoras de disfunção sexual30. Os dados foram analisados através do programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 16.0. As variáveis numéricas foram expressas em média e desvio padrão, já as categóricas, descritas através de frequências simples e relativas e intervalo de confiança para 95% quando mais adequado. Para o teste de hipóteses relativo às variáveis Impacto da gestação na função sexual feminina categóricas, utilizou-se o teste do χ2 de Pearson. A análise das variáveis contínuas normalmente distribuídas foi realizada mediante teste t de Student para amostras independentes. Para a comparação entre as médias do IFSF entre gestantes e não gestantes, utilizou-se o teste não paramétrico de Mann-Whitney, enquanto que, para a comparação entre as médias do IFSF entre trimestres gestacionais, utilizou-se o teste não paramétrico de KruskalWallis, uma vez que os dados não seguem a distribuição normal. A avaliação do pressuposto de normalidade foi realizada através do teste de Shapiro-Wilk. O nível de confiança foi 0,05 para erro α e poder de 0,8. Para o cálculo do tamanho da amostra, levou-se em consideração a prevalência de disfunção sexual em mulheres na população de 25%31 e em gestantes de 40%20, com um nível de significância de 5%, um poder de 80%, utilizando o programa WinPepi. Assim, o tamanho mínimo da amostra foi de 330 mulheres, 165 em cada um dos dois grupos. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Sergipe (CAAE 0115.0.107.000.11) e pela Coordenação de Núcleo de Educação Permanente em Saúde de Sergipe. Resultados Foram entrevistadas 362 mulheres e, dessas, quatro não participaram da pesquisa por estarem em uso de antidepressivos. Foram analisados, portanto, dados de 358 mulheres. O primeiro grupo (G) foi composto por 177 gestantes das quais 11 (6,2%) encontravam-se no primeiro trimestre; 50 (28,2%), no segundo trimestre e 116 (65,5%), no terceiro trimestre. O segundo grupo (NG) foi composto por 181 não gestantes. Houve homogeneidade entre os grupos no que tange às médias de idade (p=0,07), estado civil (p=0,2), escolaridade (p=0,4), nível socioeconômico (p=0,07), médias da idade de início da atividade sexual (p=0,2) e número de partos normais, cesarianas e abortos entre as entrevistadas (p=0,3; p=0,8; p=0,8) (Tabela 1). A maioria das entrevistas (73,7%) não apresentava comorbidades. Hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus foram as mais citadas entre as mulheres que referiam alguma doença. A taxa de disfunção sexual global dessa pesquisa foi de 31,7%, sendo mais prevalente em gestantes (40,4%) que em não gestantes (23,3%) (p=0,01). A média global do IFSF para gestantes e não gestantes apresentou diferença significativa (p<0,0001) (Tabela 2). Quando analisados os domínios da função sexual, foram observadas diferenças significativas entre gestantes e não gestantes no tocante aos escores dos domínios desejo (p<0,0001), excitação (p=0,003), lubrificação (p=0,02), Tabela 1. Comparação entre as características epidemiológicas e socioeconômicas e antecedentes ginecológicos e obstétricos dos grupos de gestantes e não gestantes atendidas no Centro de Referência da Mulher e em duas unidades básicas de saúde de Aracaju (SE) Categoria Idade – média±SD Início da atividade sexual média±SD Estado civil Casada Solteira Outro Escolaridade Sem escolaridade Ensino fundamental Ensino médio Ensino superior Nível socioeconômico ≤1 salário mínimo >1–5 salários mínimos ≥5 salários mínimos Antecedentes obstétricos Partos normais ≤1 2–3 ≥4 Partos cesáreos ≤1 2–3 ≥4 Abortos ≤1 2–3 ≥4 G (n=177) (%) 28,7±6,5 NG (n=181) (%) 30,0±6,7 17±4 18±3 0,2 75 (42,4) 94 (53,1) 8 (4,5) 69 (38,1) 109 (60,2) 3 (1,7) 0,2 34 (19,2) 40 (22,6) 92 (52) 11 (6,2) 25 (13,8) 36 (19,9) 105 (58) 15 (8,3) 0,4 88 (49,7) 83 (46,9) 6 (3,4) 77 (42,5) 88 (48,6) 16 (8,8) 0,07 136 (76,8) 32 (18,1) 9 (5,1) 128 (70,7) 44 (24,3) 9 (5) 0,3 166 (93,8) 9 (5,1) 2 (1,1) 163 (90) 18 (9,9) 0 (0) 0,8 161 (91) 15 (8,5) 1 (0,5) 168 (92,8) 12 (6,6) 1 (0,6) 0,8 Valor p* 0,07 *Teste t de Student. G: gestantes; NG: não gestantes. Tabela 2. Comparação entre o Índice de Função Sexual Feminina de mulheres gestantes e não gestantes atendidas no Centro de Referência da Mulher e em duas unidades básicas de saúde de Aracaju (SE) IFSF e domínios G (n=177) média±SD NG (n=181) média±SD Valor p* IFSF 26,5±5,81 28,54±4,52 <0,0001 Desejo 3,57±1,02 3,97±1,09 <0,0001 Excitação 4,07±1,16 4,43±0,97 0,003 Lubrificação 4,88±1,37 5,22±1,04 0,02 Orgasmo 4,33±1,41 4,75±1,11 0,005 Satisfação 4,98±1,16 5,19±1,02 0,03 Dor 4,67±1,53 4,96±1,26 0,1 *Teste não paramétrico de Mann-Witneys para amostras independentes; IFSF: Índice de Função Sexual Feminina; G: gestantes; NG: não gestantes. orgasmo (p=0,005) e satisfação (p=0,03). O mesmo não foi observado no domínio dor, cuja diferença entre os grupos não foi significativa (p=0,1) (Tabela 2). Não foram observadas diferenças significativas entre os trimestres gestacionais quando comparadas as médias dos respectivos IFSF e por domínios (Tabela 3). Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):205-9 207 Prado DS, Lima RV, Lima LMMR Tabela 3. Média e Desvio Padrão do Índice de Função Sexual Feminina de mulheres gestantes atendidas no Centro de Referência da Mulher e em duas unidades básicas de saúde de Aracaju (SE), separadas por trimestre IFSF e domínios Trimestre 1º 2º 3º Valor p* Valor p** (1ºx2º) Valor p** (2ºx3º) Valor p** (1ºx3º) IFSF 27,7±1,58 26,3±6,25 26,5±5,89 1,0 1.0 0,9 0,8 Desejo 3,49±0,88 3,52±1,08 3,60±1,01 0,7 1,0 0,5 0,6 Excitação 4,34±0,66 4,06±1,21 4,05±1,18 0,9 0,8 1,0 0,7 Lubrificação 5,29±0,91 4,66±1,37 4,93±1,41 0,2 0,2 0,1 0,7 Orgasmo 4,62±0,74 4,36±1,48 4,28±1,44 0,8 1,0 0,6 0,8 Satisfação 4,90±0,78 4,90±1,36 5,02±1,10 0,7 0,4 1,0 0,4 Dor 5,13±0,96 4,78±1,36 4,59±1,64 0,7 0,5 0,8 0,4 *Teste não paramétrico de Kruskal-Wallis para três amostras independentes; **Teste não paramétrico de Mann-Witneys para duas amostras independentes; IFSF: Índice de Função Sexual Feminina. Discussão Nesse estudo, a prevalência de disfunção sexual entre as entrevistadas foi de 31,7%, sendo 23,3% entre as não gestantes, similar ao encontrado por outros estudos16,31, um dos quais também realizado em Sergipe31. No entanto, tal prevalência é inferior à observada em estudo nacional que demonstrou que 50,9% das mulheres possuem algum tipo de disfunção sexual32. Tal fato pode se dever à diferença dos instrumentos utilizados para investigação, bem como à possível dificuldade que as mulheres da região nordeste do Brasil têm de falar sobre sua sexualidade. A prevalência de disfunção sexual foi significantemente superior no grupo de mulheres grávidas, coincidente com o encontrado na literatura20,21. Vale frisar que os grupos analisados foram homogêneos no tocante à idade, estado civil, grau de instrução, nível socioeconômico, idade de início da vida sexual e antecedentes obstétricos, de modo que se pode atribuir à gestação a influência negativa na vida sexual. As mudanças corporais, psicológicas e hormonais inerentes a esse período, bem como o receio de que o intercurso sexual possa culminar com complicações obstétricas ou machucar o bebê18,19,21 podem justificar tal impacto negativo da gestação na função sexual feminina. Entre os domínios da função sexual, os mais prejudicados foram o desejo e a excitação, também similar ao observado em outros estudos20,21. A indisposição e sonolência que as gestantes experimentam no início da gestação, bem como a mudança da autoimagem corporal que ocorre a partir do segundo trimestre podem levar à redução do desejo e, consequentemente, a fase da excitação também fica prejudicada. Mas vale notar que, apesar de a satisfação ter sido também significantemente diferente entre os grupos, tal diferença não foi tão importante quanto nos domínios desejo e excitação, o que é reforçado pela teoria de Basson, segundo a qual só ocasionalmente a mulher começa a experiência sexual com desejo. A maioria das mulheres, em relacionamentos longos e monogâmicos, 208 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):205-9 parte de um estado de neutralidade e, em função dos “ganhos”, tais como proximidade com o parceiro, afeição e carinho, elas deliberadamente escolhem experienciar a estimulação sexual e têm uma vida sexual satisfatória16. Resultados semelhantes a esses foram descritos por outros autores15,33. Foi limitação deste estudo o pequeno número de gestantes no primeiro e segundo trimestres, o que retrata a inadequada assistência pré-natal, que deveria se iniciar o mais precoce possível. A dificuldade pode estar relacionada à falta de conscientização por parte das próprias grávidas da importância do início precoce do pré-natal e do comparecimento às consultas ou pela falta de profissionais e unidades básicas de saúde suficientes pra atender à demanda. Esse fato impediu que os dados por trimestre fossem adequadamente analisados. Parceiros sexuais não terem sido entrevistados constitui outra limitação. Sabe-se que, em alguns casos, é o parceiro quem perde a libido e decide por não ter relações sexuais nesse período19. Para as mulheres, de um modo geral, afeto, carinho e respeito mútuo são aspectos que influenciam a relação sexual5. Vivemos em um momento em que tem havido deterioração destes elementos. Na gestação, a mulher fica emocionalmente lábil e ainda mais ávida por carinho, apoio e compreensão. Somando-se a isso as mudanças corporais, os tabus mantidos pela falta de orientação médica adequada e a ansiedade quanto ao parto e maternidade influenciam diretamente a resposta sexual feminina em todos os seus domínios. Diante do exposto, a influência negativa da gestação na função sexual feminina é notória e, portanto, não deve ser negligenciada, de modo que os médicos devem ser capazes de investigar a incidência de disfunção sexual entre as pacientes, minimizar a ansiedade destas quanto às mudanças trazidas pela gravidez, estimular a participação dos parceiros nas consultas médicas, sanar dúvidas e desmistificar tabus. Impacto da gestação na função sexual feminina Referências 1. Abdo CHN, Fleury HJ. Aspectos diagnósticos e terapêuticos das disfunções sexuais femininas. Rev Psiquiatr Clin. 2006;33(3): 162-7. 2. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-IV-TR. 4a ed. Porto Alegre: Artmed; 1994. 3. Laumann EO, Paik A, Rosen RC. Sexual dysfunction in the United States: prevalence and predictors. JAMA. 1999;281(6): 537-44. 17.Cayan S, Akbay E, Bozlu M, Canpolat B, Acar D, Ulusoy E. 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O nível de atividade física foi mensurado através de questionário, e a síndrome pré-menstrual foi verificada através de um diário de sintomas respondido durante dois ciclos menstruais consecutivos. No diário são considerados 17 sintomas, os quais deveriam ser pontuados em uma escala de 5 pontos (0 a 4) de acordo com sua ocorrência, possibilitando assim o cálculo de um escore em cada ciclo. Foi considerada a ocorrência da síndrome pré-menstrual se três ou mais sintomas fossem relatados até seis dias antes da menstruação (fase pré-menstrual) e ausentes até seis dias após (fase pós-menstrual). RESULTADOS: A correlação de Spearman demonstrou uma relação significativa e negativa entre o nível de atividade física e o escore da síndrome pré-menstrual (r=-0,506; IC95% -0,335 a -0,678; p<0,001). Quando a amostra foi dividida em um grupo com diagnóstico positivo para síndrome pré-menstrual (n=31) e um grupo saudável (n=40), o teste de Mann-Whitney demonstrou que o grupo saudável possui um nível de atividade física habitual significativamente maior do que o grupo com síndrome pré-menstrual (7,96±1,17; 6,63±1,20 respectivamente) (p<0,001). CONCLUSÕES: Existe uma relação negativa entre o nível de atividade física habitual e a incidência da síndrome pré-menstrual, sendo que as mulheres com diagnóstico positivo para síndrome pré-menstrual possuem um nível de atividade física menor que as mulheres saudáveis. Abstract PURPOSE: To determine the relationship between the level of physical activity and the incidence of premenstrual syndrome. METHODS: A cross-sectional design was conducted on 71 apparently healthy university students (24.4±4.8 yrs; 61.5±8.7 kg; 1.63±0.06 m). The level of physical activity was determined with a questionnaire and the presence of premenstrual syndrome was verified based on daily symptoms self-reported in a diary during two consecutive menstrual cycles. 17 premenstrual symptoms are considered in the diary, which should be scored on a 5-point scale (0-4) according to their occurrence, so that a score can be calculated in each cycle. The occurrence of premenstrual syndrome was considered if three or more symptoms were reported up to six days before menstruation (premenstrual period) and were absent up to six days after menstruation (postmenstrual period). RESULTS: The Spearman correlation coefficient showed a significant and negative relationship between the level of physical activity and premenstrual syndrome score (r=-0.506; 95%CI -0.335 to -0.678; p<0.001). When the participants were divided into a group with a positive diagnosis of premenstrual syndrome (n=31) and a healthy group (n=40), the Mann-Whitney test showed higher habitual physical activity in the healthy group than in the premenstrual syndrome group (7.96±1.17 and 6.63±1.20, respectively) (p<0.001). CONCLUSIONS: There is a negative relationship between the level of physical activity and the incidence of premenstrual syndrome, with women with a positive diagnosis of premenstrual syndrome having a lower level of physical activity than healthy women. Correspondência André Luiz da Silva Teixeira Rua Batista de Oliveira, 1.145 – Centro CEP: 36010-532 Juiz de Fora (MG), Brasil Recebido 17/01/2013 Aceito com modificações 26/04/2013 Trabalho realizado no Laboratório de Fisiologia do Exercício e Avaliação Morfofuncional (LabFex) da Faculdade de Educação Física do Instituto Metodista Granbery – IMG – Juiz de Fora (MG), Brasil. 1 Laboratório de Fisiologia do Exercício e Avaliação Morfofuncional – LabFex, Faculdade de Educação Física do Instituto Metodista Granbery – IMG – Juiz de Fora (MG), Brasil. 2 Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário, Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF – Juiz de Fora (MG), Brasil. Conflito de interesse: não há. Relação entre o nível de atividade física e a incidência da síndrome pré-menstrual Introdução Métodos A síndrome pré-menstrual (SPM) é caracterizada pela ocorrência repetitiva de um conjunto de alterações físicas, do humor, cognitivas e comportamentais, que interferem negativamente nas atividades diárias, com início em torno de duas semanas antes da menstruação e alívio rápido após o início do fluxo menstrual1-3. Em um estudo populacional, verificou-se que 96,6% das mulheres apresentavam pelo menos 1 sintoma durante o período pré-menstrual e que 37,5% possuíam alta pontuação na escala de sintomas pré-menstruais4. No Brasil, em um estudo retrospectivo com 254 mulheres, observou-se a prevalência de 43,3% da SPM autoaferida5. Em outro estudo, a prevalência foi de 25,2% em 1.395 mulheres entrevistadas no domicílio6. Entretanto, o instrumento mais rigorosamente elaborado para a avaliação da SPM é o Registro de Sintomas Diários (Daily Symptom Report), publicado por Freeman, DeRubeis e Rickels7, o qual leva em consideração 17 sintomas de ocorrência comum no desconforto pré-menstrual que devem ser pontuados em uma escala de 5 pontos de acordo com sua gravidade. A SPM pode ser influenciada pela idade, pela regularidade menstrual, pela escolaridade, pelo nível socioeconômico e pelo uso de contraceptivos hormonais6,8-10, atingindo tanto atletas11,12, quanto não atletas8,9. A literatura demonstra que a prática de exercícios físicos pode diminuir os sintomas pré-menstruais13-17 e, apesar de não estar bem esclarecido qual o melhor tipo (aeróbio ou resistido), a intensidade e a duração do treinamento, o American College of Obstetrician and Gynecologists18 recomenda a prática regular de exercícios físicos como um dos tratamentos não medicamentosos da SPM. No entanto, em nossa revisão literária, não foi possível encontrar nenhum estudo associando o nível de atividade física (NAF) com a incidência da SPM. O presente estudo teve como objetivo testar as hipóteses de que: existe uma correlação negativa entre o NAF e a magnitude da ocorrência da SPM, e mulheres com diagnóstico positivo para SPM possuem um menor NAF do que as mulheres saudáveis. Trata-se de um estudo transversal quase experimental realizado em universitárias que foram recrutadas por conveniência. Como critério de inclusão, as participantes deveriam: ser aparentemente saudáveis; ter idade entre 18 e 35 anos e ter o ciclo menstrual regular entre 25 e 40 dias19. Foram excluídas da amostra aquelas que: reportaram histórico de qualquer distúrbio relacionado ao sistema endócrino; haviam tido pelo menos uma gestação e as que tivessem intenção de engravidar nos três meses subsequentes ao estudo. Após os critérios de inclusão e exclusão e por desistências ao longo da coleta de dados, a amostra final foi composta por 71 mulheres. Após concordarem em participar da pesquisa, todas assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que atende a resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, MG (parecer nº 011/10). Para caracterização da amostra, foi verificado o peso e a estatura através de uma balança digital Filizolla® e um estadiômetro com precisão milimétrica Sanny® respectivamente, possibilitando assim o cálculo do índice de massa corporal (IMC). As características descritivas das participantes estão apresentadas na Tabela 1. Para mensurar o NAF foi aplicado o questionário de Baecke, Burema e Frijters20, validado no Brasil por Florindo e Latorre21, o qual permite a obtenção de escores do NAF em três domínios: ocupacional, exercício físico/ esporte e lazer/locomoção. O domínio ocupacional leva em consideração o gasto energético durante a atividade profissional. O domínio exercício físico/esporte considera a prática sistematizada de algum esporte ou exercício físico no período de 12 meses e seu gasto energético médio. Já o domínio lazer/locomoção considera o gasto energético das atividades realizadas no tempo livre e o tempo de locomoção diária através de caminhada e/ou bicicleta. Foi considerado como valor representativo do NAF, o escore total obtido no questionário. Intencionalmente, dentro da amostra estudada havia mulheres sedentárias, recreacionalmente ativas e atletas amadoras. Tabela 1. Características descritivas da amostra (n=71) Média Desvio-padrão IC95% Mínimo Máximo Idade (anos) Características 24,4 4,8 23,3–25,6 18 35 Peso (kg) 61,5 8,7 59,5–63,6 42,0 88,0 Estatura (m) 1,6 0,1 1,6–1,7 IMC (kg/m2) 23,0 2,8 22,3–23,7 Menarca (anos) 12,2 1,7 11,8–12,6 7 17 CM (dias) 26,8 2,8 26,1–27,5 21 30 1,52 17,5 1,8 31,7 IMC: índice de massa corporal; CM: ciclo menstrual; IC95%: intervalo de confiança de 95%. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):210-4 211 Teixeira ALS, Oliveira ECM, Dias MRC 10 R2 Linear=0,263; p<0,001 Nível de atividade física 8 6 4 -20 0 20 40 Síndrome pré-menstrual 60 80 * Diferença significativa para o grupo saudável (p<0,001). Figura 1. Correlação entre os escores do nível de atividade física e da síndrome pré-menstrual. 9 Nível de atividade física 8 8 * 7 7 6 Saudável Grupos Síndrome pré-menstrual Figura 2. Nível de atividade física entre o grupo saudável e o grupo com síndrome pré-menstrual. Tabela 2. Prevalência dos sintomas da síndrome pré-menstrual Sintoma Ansiedade Tensão nervosa Irritabilidade Choro Insônia Depressão Mudanças de humor Cefaleia Fadiga Dores contínuas Cólicas Dolorimento de seios Inchaços Compulsão por alimentos Outros 212 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):210-4 Prevalência (%) 10,8 10,8 9,5 7,4 6,8 6,1 6,1 6,1 6,1 5,7 4,6 4,6 4,6 4,0 6,8 Para análise da SPM, foi utilizado o critério proposto por Freeman, DeRubeis e Rickels7, o qual considera-se 17 sintomas pré-menstruais. Para tal, as voluntárias receberam uma ficha autoaplicável com o Registro de Sintomas Diários por dois ciclos menstruais consecutivos, iniciando no primeiro dia da menstruação12. Os sintomas foram pontuados em uma escala de 5 pontos (0 a 4) de acordo com sua ocorrência, sendo considerado: 0=ausente; 1=mínimo (apenas levemente aparente para você); 2=moderado (o sintoma é perceptível, mas não altera a rotina diária); 3=muito (continuamente incômoda pelo sintoma e/ou o sintoma interfere na atividade diária); 4=grave (o sintoma é maior do que se pode controlar/suportar e/ou impossibilita o prosseguimento da atividade diária)7. Foi considerada a ocorrência da SPM se três ou mais sintomas fossem relatados até seis dias antes da menstruação (fase pré-menstrual) e ausentes nos seis dias após (fase pós-menstrual). Além disso, foi calculado um escore em cada ciclo somando os valores da fase pré-menstrual e subtraindo pelos valores da fase pós-menstrual. A cada semana, foi realizada a troca de diários; e após a aplicação dos questionários, a amostra foi dividida em um grupo com diagnóstico positivo para SPM (n=31) e um grupo saudável (n=40). Para a análise estatística, foi realizado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e igualdade de variância pelo critério de Levene. Como os dados não apresentaram distribuição normal, foi utilizada uma estatística não paramétrica. Para verificar a relação entre o NAF e o escore do questionário da SPM, utilizou-se a correlação de Spearman. Para verificar a diferença no NAF entre o grupo com diagnóstico positivo para SPM e o grupo saudável, foi utilizado o teste de Mann-Whitney. Todos os dados foram analisados através do pacote estatístico SPSS 19.0 (SPSS Inc., Chicago, USA) com nível de significância de p<0,05. Resultados Foi observada uma correlação fraca, porém significativa e negativa entre o NAF e o escore obtido pelo questionário de sintomas pré-menstruais (r=-0,506; IC95% -0,335 a -0,678; p<0,001), demonstrando que quanto maior o NAF, menor é a incidência da SPM, sendo que 26,3% da variação no escore de sintomas podem ser explicados pelo NAF (Figura 1). Quando a amostra foi dividida pela ocorrência da SPM, foi verificado que as mulheres com diagnóstico de SPM (n=31) possuem um NAF significativamente menor do que as mulheres saudáveis (n=40) (SPM: 6,63±1,20; saudável: 7,96±1,17; p<0,001) (Figura 2). Adicionalmente, observou-se que os sintomas pré-menstruais com maior prevalência foram: ansiedade, tensão nervosa, irritabilidade, choro e insônia, seguidos por depressão, mudanças de humor, cefaleia e fadiga (Tabela 2). Relação entre o nível de atividade física e a incidência da síndrome pré-menstrual Discussão O presente estudo teve como objetivo verificar a relação entre o NAF e a incidência da SPM. Os resultados confirmaram as hipóteses de que: quanto maior o NAF, menor é a magnitude dos sintomas pré-menstruais; e mulheres com diagnóstico positivo para SPM possuem um menor NAF do que as mulheres saudáveis. Esses resultados são de grande relevância clínica, pois demonstram que a prática de exercícios físicos pode ser benéfica na prevenção e/ou tratamento da SPM, corroborando assim com o posicionamento do American College of Obstetrician and Gynecologists18 que recomenda a prática regular de exercícios físicos como um dos tratamentos não medicamentosos da SPM. Alguns estudos demonstraram que um programa de treinamento físico foi eficaz em diminuir os sintomas da SPM13-17. Prior, Vigna e Alojado14 verificaram que três meses de treinamento aeróbio reduziram os sintomas pré-menstruais em um grupo de oito mulheres previamente sedentárias. O treinamento foi composto de 2 a 4 sessões de 10 a 15 minutos de corrida por semana, sendo que foram realizados incrementos no volume e na intensidade do treinamento durante o delineamento experimental do estudo. Além disso, seis mulheres permaneceram sedentárias compondo um grupo controle, e não foram observadas diferenças significativas nos sintomas pré-menstruais no grupo que permaneceu sedentário. Outros autores demonstraram que 24 semanas de exercício aeróbio moderado (esteira, bicicleta ou escada) realizado 3 vezes na semana e intensidade entre 60 a 85% da frequência cardíaca máxima reduziram os sintomas pré-menstruais em 14 mulheres previamente sedentárias16. Nesse mesmo estudo, os autores verificaram que mulheres que são fisicamente ativas possuem menores escores de sintomas pré-menstruais do que as mulheres sedentárias16. Uma explicação pertinente para os resultados da presente pesquisa é que a prática regular de exercícios físicos pode atenuar alguns sintomas da SPM, entre eles os sintomas de grande prevalência como ansiedade e depressão22-29. Já foi demonstrado que 12 semanas de treinamento com pesos reduziram os níveis de ansiedade em 11 sujeitos (6 homens e 5 mulheres) após acidente vascular isquêmico22. Curiosamente, outros autores23 dividiram 156 sujeitos em 3 grupos para o tratamento da depressão: 1) exercício; 2) medicamento; e 3) exercício e medicamento combinado. Após quatro meses de intervenção, todos os grupos apresentaram melhorias nos escores da depressão, no entanto após seis meses do término da intervenção, o grupo que fez apenas exercício apresentou menores taxas de depressão do que o grupo que recebeu o tratamento medicamentoso. Ao contrário do que vem sendo discutido, foi encontrada uma prevalência de 71% da SPM11 em atletas de handebol. Posteriormente, também foi demonstrada uma alta prevalência da SPM (48%) em 57 atletas de 11 modalidades esportivas, o que nos permite especular que o exercício físico quando realizado de forma exacerbada pode não ser benéfico para atenuar os sintomas da SPM. No presente estudo, como não havia atletas de alto rendimento compondo a amostra, não foi possível confirmar essa hipótese. Como todo estudo de caráter experimental, a presente pesquisa possui algumas limitações metodológicas como a falta de controle do uso de contraceptivos hormonais. Já foi demonstrado que a SPM pode ser influenciada pelo uso de contraceptivos10. Sugere-se que pesquisas futuras sejam desenvolvidas levando em consideração o uso de agentes contraceptivos, o tipo de exercício físico e a inclusão de atletas de alto rendimento para maiores esclarecimentos sobre a relação entre o NAF e a incidência da SPM. Em síntese, de acordo com os resultados obtidos e levando em consideração as limitações da presente pesquisa, podemos concluir que o NAF está relacionado com a incidência da SPM, sendo que quanto maior o NAF habitual, menor é a magnitude dos sintomas pré-menstruais, e ainda, mulheres com diagnóstico positivo para SPM possuem um NAF menor que as mulheres saudáveis, demonstrando assim uma preliminar evidência de que a prática regular de exercícios físicos pode auxiliar no tratamento e/ou prevenção da SPM. Referências 1. Grady-Weliky TA. Clinical practice. Premenstrual dysphoric disorder. N Engl J Med. 2003;348(5):433-8. 2. Valadares GC, Ferreira LV, Correa Filho H, Romano-Silva MA. Transtorno disfórico pré-menstrual: revisão: conceito, história, epidemiologia e etiologia. Rev Psiquiatr Clín. 2006;33(3):117-23. 3. Approbato MS, Araújo e Silva CD, Perini GF, Miranda TG, Fonseca TD, Freitas VC. [Premenstrual syndrome and school performance]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2001;23(7):459-62. 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Juliana de Assis Novais Barbosa1 Maria Helena Costa Amorim1 Eliana Zandonade1 Marina Lima Delaprane1 Avaliação da postura corporal em mulheres com câncer de mama Evalution of body posture in women with breast cancer Artigo Original Resumo Palavras-chave Neoplasias da mama Fotogrametria Postura Biomecânica Keywords Breast neoplasms Photogrammetry Posture Biomechanics OBJETIVO: Avaliar a postura corporal de mulheres submetidas ao tratamento por câncer de mama, identificar as alterações posturais nos três primeiros meses após a cirurgia e investigar a correlação desses achados com a idade da mulher, o tipo e o lado da cirurgia. MÉTODOS: Estudo longitudinal que acompanhou a evolução postural de 39 mulheres submetidas à mastectomia e quadrantectomia. A avaliação postural foi realizada nas vistas anterior e posterior com uso da biofotogrametria antes da cirurgia, após a retirada do dreno e três meses depois da cirurgia. A análise estatística foi realizada através de testes paramétricos e não paramétricos, considerando nível de significância p<0,05. RESULTADOS: A média de idade das mulheres foi 50±10,5 anos; 48,8% foram tratadas com mastectomia sendo que em 61,5% a neoplasia era na mama esquerda. Não houve diferença significante nos ângulos posturais medidos nas mulheres no período estudado. Porém, a pelve e o tronco das mulheres tratadas com quadrantectomia mostraram mais alinhamento (90°) quando comparados aos das mastectomizadas (91,3°); mulheres com cirurgia na mama esquerda apresentaram elevação do ombro e inclinação do tronco homolateral à cirurgia em curto prazo. CONCLUSÃO: As alterações posturais apresentaram correlação com o tipo e o lado da cirurgia. O seguimento desse grupo, após término do tratamento, é necessário para esclarecer alterações posturais a longo prazo. Abstract PURPOSE: To evaluate the body posture of women submitted to treatment for breast cancer, to identify the postural changes in the first three months after surgery and to investigate the correlation of these findings with the woman’s age and type and side of surgery. METHODS: A longitudinal study that monitored the postural changes of 39 women who underwent mastectomy and quadrantectomy. Postural evaluation was performed using the technique of biophotogrammetry before surgery, after drain removal and three months after surgery. Statistical analysis was performed using parametric and nonparametric tests, with the level of significance set at p<0.05. RESULTS: The average age of the women studied was 50±10.5 years, 48.8% underwent mastectomy and the left breast was operated in 61.5% of them . There was no statistically significant difference in the women’s posture during the study period. However, the pelvis and trunk of women submitted to quadrantectomy showed better alignment (90°) compared to the women submitted to mastectomy (91.3°). The women submitted to surgery in the left breast had shoulder elevation and ipsilateral inclination of the trunk within a short period of time. CONCLUSION: Postural changes were correlated with the type and side of surgery. The follow-up of this group after completion of treatment is needed to clarify long-term postural changes. Correspondência Maria Helena da Costa Amorim Departamento de Enfermagem Universidade Federal do Espírito Santo Avenida Marechal Campos, 1.468 – Maruípe CEP: 29043-900 Vitória (ES), Brasil Recebido 30/10/2012 Aceito com modificações 23/04/2013 Trabalho realizado no Programa de Reabilitação em Mulheres Mastectomizadas do Hospital Santa Rita de Cássia – PREMMA – Vitória (ES), Brasil. 1 Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Espírito Santo – UFES – Vitória (ES), Brasil. Conflito de interesse: não há. Barbosa JAN, Amorim MHC, Zandonade E, Delaprane ML Introdução O câncer de mama é o tumor mais comum entre mulheres, apresentando alta taxa de incidência e mortalidade. Dados recentes demonstram uma taxa crescente da mortalidade por câncer de mama nos últimos 27 anos no Brasil1. Para o ano de 2012, são estimados 52.680 novos casos, incidência de 52/100.000 mulheres1,2. O tratamento depende do estadiamento clínico e histológico da doença, sendo ele realizado com cirurgia como a mastectomia, mastectomia com reconstrução imediata, quadrantectomia e tumorectomia, acompanhadas ou não do tratamento adjuvante de quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia2,3. Algumas complicações físicas e funcionais podem ocorrer como consequência do tratamento, destacando-se: alteração de sensibilidade local, dor em membro superior homolateral à cirurgia e na cicatriz, peso e edema no membro homolateral à cirurgia, linfedema, aderência cicatricial, diminuição do movimento do ombro homolateral e alterações na postura corporal4-8. A falta do peso da mama e as complicações do tratamento alteram a biomecânica postural. Essas alterações, se perpetuadas e não tratadas em tempo, podem causar deformidades irreversíveis7,9. Anteriorização da cabeça, protrusão de ombro, acentuação das curvas da coluna (lordose e cifose), elevação do ombro e escápula para o lado operado, rotação da pelve, inclinação da cabeça para o lado contralateral à cirurgia são alterações posturais frequentemente observadas nas mulheres em tratamento por câncer de mama7,9,10. O objetivo deste estudo foi avaliar a postura corporal de mulheres submetidas ao tratamento por câncer de mama, identificar possíveis alterações posturais nos três primeiros meses de tratamento e correlacionar esses achados com a idade da mulher, o tipo e o lado da cirurgia. Métodos Este estudo foi aprovado pelo Centro de Estudo e Pesquisa do Hospital Santa Rita de Cássia (HSRC) e Comitê de Ética e Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), atendendo as normas da resolução 196/96 do CNS, sob o número 230/10. Trata-se de um estudo observacional longitudinal, realizado no Ambulatório Ylza Bianco do Hospital Santa Rita de Cássia em Vitória (ES), de março a dezembro de 2011. Foram incluídas no estudo mulheres com diagnóstico de câncer de mama tratadas com mastectomia ou quadrantectomia no HSRC e, após orientações sobre a pesquisa, consentiram em participar do estudo, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram 216 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):215-20 excluídas mulheres com diagnóstico de câncer de mama recidivante e aquelas reoperadas antes de três meses após a primeira cirurgia. Calculou-se o tamanho da amostra utilizando o programa Bioestat (5.0) e a fórmula para diferenças entre médias pareadas. Esse cálculo baseou-se nas variáveis: nivelamento de escápula e ombro, alinhamento de coluna e rotação escapular, segundo estudo transversal de Rostkowska, Bak e Samborski7. Esse estudo avaliou a postura corporal de 85 mulheres mastectomizadas encontrando alterações como: inclinação lateral de tronco, assimetria nas escápulas e na altura dos ombros, rotação da pelve e aumento das curvaturas da coluna. As variáveis do presente estudo foram: a idade, o tipo de cirurgia, o lado do corpo onde a cirurgia foi realizada, dor na coluna, atividade ocupacional, tratamento adjuvante, complicações pós-cirúrgicas, queixa principal após três meses de cirurgia e postura corporal. A variável dependente foi a postura corporal, avaliada em ângulos através da técnica de biofotogrametria, tendo sido analisadas as correlações com a idade, o tipo de cirurgia e o lado do corpo onde a cirurgia foi realizada. As imagens foram adquiridas com emprego de uma máquina fotográfica semiprofissional da marca Panasonic, posicionada sobre um tripé nivelado a 1 m do chão, com as voluntárias em trajes apropriados para avaliação postural, posicionadas sobre uma marca desenhada no chão, com pés paralelos, a uma distância de 2,2 m da câmera fotográfica nas vistas anterior e posterior. O processamento dessas imagens foi realizado com o Software CorelDraw® (12), sempre pelo mesmo examinador. As mulheres incluídas no estudo foram fotografadas em três momentos distintos. A primeira imagem foi registrada antes da cirurgia (momento PRÉ), a segunda registrada logo após a retirada do dreno, aproximadamente 15 a 20 dias depois da cirurgia (momento PO1) e a terceira, três meses após a cirurgia (momento PO2). Antes da aquisição das imagens, as mulheres foram mapeadas em pontos anatômicos específicos com base no protocolo de posicionamento de marcadores de Ricieri, Costa e Rosário Filho11. O mapeamento foi realizado com marcadores autoadesivos da cor branca, com 13 mm de diâmetro, que serviram de guia para o processamento da imagem e o traçado dos ângulos estudados. Na vista anterior foram marcados: glabela, incisura jugular, acrômio direito e esquerdo, cicatriz umbilical, espinha ilíaca ântero-superior direita e esquerda. Na vista posterior: processos espinhosos das vértebras C7, T9 e L5, ângulos superiores e inferiores das escápulas direita e esquerda. No programa Suíte CorelDraw® (12), as imagens foram processadas quanto à calibração dos eixos e medidas dos angulares e lineares. O alinhamento dos sistemas de coordenadas matriciais da imagem com o sistema de coordenadas do programa CorelDraw® (12), denominado Avaliação da postura corporal em mulheres com câncer de mama de calibração das imagens, foi um procedimento inicial, e a seguir alguns ângulos foram construídos na imagem. Os ângulos de nivelamento têm como objetivo medir a relação entre um vetor que conecta dois pontos bilaterais contra um vetor ortogonal ao solo. São eles: Nivelamento de Ombro (NO), de Pelve (NP) e de Escápula (NE). Os ângulos de alinhamento têm por objetivo medir a relação entre uma linha que une dois pontos ímpares e medianos, paralelos à linha gravitacional, e uma linha paralela ao solo. São eles: Alinhamento de Coluna Superior (CS) e Inferior (CI), Alinhamento do Tronco (AT) e de CabeçaTronco (CT). Na rotação escapular direita e esquerda também se aplica o princípio do alinhamento, pois se verifica a relação entre o ângulo superior e inferior da mesma escápula (pontos ímpares) com uma linha paralela ao solo. A Distância do Talhe (DT) direito e esquerdo é uma medida linear realizada na vista posterior, para a qual são utilizadas medidas geométricas e não anatômicas. É medida pela distância linear no nível da distância média das referências marcadas em T9 e L5 (Figura 1). A análise estatística dos resultados angulares obtidos foi realizada pelo programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 18), considerando o nível de significância p<0,05. A estatística descritiva dos resultados obtidos para os ângulos medidos nas vistas anterior e posterior e a Diferença do Talhe foi representada pela média e desvio-padrão da média. ANTERIOR NO POSTERIOR CT NE RE DT CS CI AT NP D E E D NO: Nivelamento de Ombro; NP: Nivelamento de Pelve; CT: Alinhamento da Cabeça e Tronco; AT: Alinhamento do Tronco; NE: Nivelamento de Escápula; RE: Rotação da Escápula; CS: Alinhamento da Coluna Superior; CI: Alinhamento da Coluna Inferior; DT: Distância do Talhe. Figura 1. Ilustração dos ângulos de nivelamento e alinhamento aferidos nas vistas anterior e posterior. O Teste de Wilcoxon foi usado para analisar a significância das modificações posturais ocorridas nos ângulos medidos nas vistas anterior e posterior nos três momentos avaliados (PRÉ, PO1 e PO2). Para verificar a correlação das modificações posturais com as variáveis — idade, tipo de cirurgia e lado da cirurgia —, utilizou-se o Teste t de Student. A medida linear DT apresentou comportamento não gaussiano na análise, portanto sua correlação foi analisada pelo teste não paramétrico de Mann Whitney. Resultados Participaram do estudo 39 mulheres em tratamento de câncer de mama com média de idade de 50,0±10,5 anos variando de 25 a 71 anos. Dessas mulheres, 20 (51,2%) haviam sido submetidas à quadrantectomia e 19 (48,8%) à mastectomia, sendo 24 (61,5%) dessas cirurgias na mama esquerda e 15 (38,5%) na mama direita. Ao final da coleta de dados, 9 (23%) mulheres estavam em tratamento com radioterapia e 23 (58,9%) com quimioterapia e nenhuma fazia uso de prótese externa. Poucas complicações pós-cirúrgicas foram encontradas nesse grupo. Linfedema grau I, presença de seroma e deiscência cicatricial foram observados em duas mulheres (5,1%). Quando questionadas sobre dor frequente na coluna antes da cirurgia, 24 (61,5%) responderam sim, mas ao final da coleta de dados, 3 meses após a cirurgia, apenas 10 (25,6%) relatavam dor frequente na coluna. A atividade ocupacional mais encontrada foi a do lar, exercida por 20 mulheres (51,2%). As principais queixas relatadas pelas mulheres ao final da coleta foram: dor, edema e limitação da amplitude de movimento do membro superior homolateral à cirurgia em 8 mulheres (20,5%), efeitos colaterais da quimioterapia em 6 mulheres (15,4%) e parestesia na região da cicatriz, axila e braço homolateral à cirurgia em 5 mulheres (12,8%). Para interpretação funcional dos ângulos medidos, consideram-se valores próximos da ortogonal ou de 90° como normalidade postural geométrica. Nos ângulos de NO, NP e NE, resultados inferiores a 90° indicam que a referência anatômica à esquerda encontra-se mais elevada do que a mesma referência do lado direito e o contrário se aplica para valores acima de 90°. Para interpretação funcional dos ângulos de alinhamento da cabeça, AT , das CS (marcações em C7 e T9) e CI (marcações em T9 e L5), resultados inferiores a 90° revelaram inclinação à direita, e resultados superiores a 90°, inclinação à esquerda, dos respectivos segmentos. A análise dos dados não mostrou diferença significante entre os ângulos medidos e a DT nos três momentos investigados. Comparando a diferença de médias entre os tipos de cirurgia analisados (quadrantectomia e mastectomia) e os ângulos medidos, encontra-se significância para o ângulo Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):215-20 217 Barbosa JAN, Amorim MHC, Zandonade E, Delaprane ML Tabela 1. Diferenças de médias entre os ângulos medidos, tipos de cirurgia realizada e o lado do corpo no qual foi realizada a cirurgia Ângulos Cirurgia/ Lado n Média Desviopadrão 89,1° 89,4° 88,8° 90,1° 89,3° 88,3° 88,2° 89,9° 89,1° 89,4° 88,7° 90,3° 91,3° 89,9° 90,9° 90,2° 91,1° 90,0° 90,5° 90,7° 91,4° 90,2° 90,8° 90,9° 89,4° 90,6° 89,9° 90,3° 90,0° 90,4° 90,3° 90,3° 88,9° 90,6° 90,1° 89,3° 1,8° 2,7° 2,3° 2,2° 2,3° 2,2° 2,2° 2,1° 1,7° 2,3° 1,7° 2,3° 1,6° 2,4° 2,3° 2,0° 1,9° 1,3° 1,5° 2,1° 2,2° 1,3° 1,8° 2,2° 2,2° 1,6° 2,2° 1,7° 2,9° 2,2° 3,0° 1,7° 2,5° 2,1° 2,3° 2,6° Valor p Vista anterior Nivelamento de Ombro – PRÉ Nivelamento de Ombro – PO1 Nivelamento de Ombro – PO2 Nivelamento de Pelve – PRÉ Nivelamento de Pelve – PO1 Nivelamento de Pelve – PO2 Alinhamento Onfálico – PRÉ Alinhamento Onfálico – PO1 Alinhamento Onfálico – PO2 M Q E D M Q E D M Q E D M Q E D M Q E D M Q E D M Q E D M Q E D M Q E D 19 20 24 15 19 20 24 15 19 20 24 15 19 20 24 15 19 20 24 15 19 20 24 15 19 20 24 15 19 20 24 15 19 20 24 15 0,7 0,1 0,2 0,01 0,5 0,01 0,04 0,307 0,03 0,7 0,06 0,7 0,05 0,6 0,6 0,9 0,02 0,3 Vista posterior Diferença da Distância do Talhe – PRÉ* Diferença da Distância do Talhe – PO1* Diferença da Distância do Talhe – PO2* M 19 -0,2 mm 0,4 mm Q 20 0,0 mm 0,8 mm E 24 -0,3 mm 0,6 mm D 15 0,3 mm 0,6 mm M 19 -0,4 mm 1,0 mm Q 20 -0,2 mm 1,1 mm E 24 -0,7 mm 1,1 mm D 15 0,2 mm 0,9 mm M 19 -0,3 mm 1,0 mm Q 20 0,1 mm 1,0 mm E 24 -0,4 mm 1,2 mm D 15 0,3 mm 0,9 mm 0,2 0,002 0,8 0,01 0,2 0,04 PRÉ: antes da cirurgia; PO1: pós-operatório 1; PO2: pós-operatório 2; M: mastectomia; Q: quadrantectomia; E: esquerdo; D: direito. *Teste t Student, Teste de Mann Whitney. 218 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):215-20 de NP antes da cirurgia (p=0,04) e no PO1 (p=0,03). Observa-se que, antes da cirurgia, mulheres submetidas à mastectomia apresentavam a pelve direita mais elevada (91,3°), o que se manteve no PO1(91,1°). Igualmente as mulheres submetidas à quadrantectomia, nas quais a pelve estava alinhada antes da cirurgia (89,9°) se mantendo alinhada no PO1 (90°) (Tabela 1). Isso indica que não houve mudança na postura de NP 15 dias após a cirurgia. No momento PO2, o ângulo de AT apresentou variação de medidas significantes (p=0,02). Mulheres mastectomizadas apresentaram inclinação sutil do tronco para o lado esquerdo (88,9°), e naquelas com quadrantectomia, o tronco mostrou melhor alinhamento postural (90,6°) (Tabela 1), sugerindo uma assimetria de tronco 3 meses após a mastectomia. Ao comparar as alterações posturais com o lado homolateral e contralateral à cirurgia, o ângulo de NO e a diferença da DT apresentaram valores significantes. O ombro esquerdo apresenta-se mais elevado nas mulheres com cirurgia na mama esquerda nos dois momentos avaliados após a cirurgia, PO1 88,2° (p=0,01) e PO2 88,7° (p=0,01). Nas mulheres submetidas à cirurgia na mama direita, o ombro apresentou leve inclinação à direita 3meses após a cirurgia com ângulo de NO medindo 90,3° (p=0,01), indicando o impacto da cirurgia sobre o NO, com tendência de elevação deste para o lado da cirurgia. (Tabela 1). Na medida diferença da DT, em que se avalia a inclinação lateral do tronco e/ou cintura escapular, as mulheres submetidas à cirurgia na mama esquerda apresentaram inclinação do tronco para a esquerda nos três momentos, sendo mais acentuada no PO1. Enquanto em mulheres submetidas à cirurgia na mama direita, a inclinação permaneceu para o lado direito também nos três momentos, indicando uma tendência de inclinação do tronco e/ou cintura escapular para o lado homolateral à cirurgia. Não houve modificações significantes para os ângulos medidos e DT quando correlacionados com a idade das mulheres. Discussão A manutenção da postura corporal equilibrada é uma função complexa que depende da interação do sistema neural, por meio de estruturas exteroceptivas e proprioceptivas, e do sistema musculoesquelético. Após a cirurgia por câncer de mama, as mulheres adotam posturas antálgicas compensatórias, a fim de evitar dores e esconder a falta da mama. Na tentativa de se reequilibrar, a mulher altera sua biomecânica postural apresentando com frequência contraturas na região cervical e cintura escapular, elevando o ombro e escápula, e abduzindo escápula homolateral à cirurgia7,9. Avaliação da postura corporal em mulheres com câncer de mama O presente estudo analisou a postura corporal de mulheres em tratamento por câncer de mama através da biofotogrametria. Essa técnica tem sido utilizada para avaliação e diagnóstico físico-funcional em diferentes áreas e especialidades. Ela propõe uma análise acessível à prática clínica, de baixo custo operacional e boa portabilidade, em que as imagens podem ser adquiridas em ambientes típicos de atenção à saúde por câmeras digitais e analisadas por programas de computador de livre acesso comercial. No presente estudo, utilizou-se a medida de oito ângulos posturais para verificar possíveis alterações na postura das mulheres avaliadas11-13. Ao comparar os ângulos posturais medidos, não foi encontrada diferença significante antes da cirurgia, 15 dias e 3 meses após a cirurgia, assim como observado em outro estudo14. Nesse estudo, os autores avaliaram 28 mulheres antes e 30 dias após cirurgia de mama e também não encontraram modificações significantes na postura corporal nesse período. Porém, ressaltaram que, individualmente, todas as mulheres do estudo apresentaram modificações posturais e reforçam a importância do cuidado postural individualizado, a fim de evitar alterações futuras na biomecânica postural. Entretanto, alguns estudos descrevem alterações posturais em mulheres submetidas ao tratamento por câncer de mama a longo prazo. Malicka et al.10 utilizando a mesma técnica, compararam a postura corporal de mulheres saudáveis e mulheres submetidas à mastectomia e quadrantectomia seis anos e meio após o tratamento e encontraram alterações nas curvaturas da coluna, sendo a postura considerada ruim em 82,3% das mulheres após tratamento de câncer de mama e em apenas 35,1% das mulheres saudáveis avaliadas. Os autores observaram que mulheres após tratamento por câncer de mama apresentaram curva da cifose torácica mais acentuada e, 80% delas, relataram dor na coluna. A queixa de dor na coluna foi mais frequente antes da cirurgia (61,5%) do que após 3 meses (25,6%). A prevalência de dor nas costas é maior em mulheres após 40 anos e apresenta relação com as atividades ocupacionais15,16. A média de idade das mulheres deste estudo foi de 50 anos e a atividade do lar foi a mais relatada pelas mulheres, seguida de doméstica e agricultora. Essas atividades podem sobrecarregar a coluna ocasionando alterações e algias. As mulheres deste estudo receberam orientações no Programa de Reabilitação de Mulheres Mastectomizadas do HSRC para evitar atividades domésticas e de sobrecarga de peso nos primeiros meses após a cirurgia. Acredita-se que ao acatar essas orientações, as mulheres reduziram o nível de atividades, podendo ser esse o motivo da redução de dor nas costas, já que nenhuma delas fazia uso de medicamentos analgésicos para esse fim. Em outro estudo de seguimento, foram acompanhadas por dois anos mulheres após cirurgia por câncer de mama, a fim de identificar alterações posturais. Os autores compararam 2 tipos de cirurgia: mastectomia e reconstrução imediata, avaliando a postura corporal antes da cirurgia, 6, 12, 18 e 24 meses após a cirurgia. O seguimento mostrou que mulheres submetidas à reconstrução imediata tiveram menos prejuízos posturais após 24 meses do tratamento. Seis meses depois da cirurgia, a elevação e protrusão do ombro, associadas à rotação escapular do mesmo lado da cirurgia, estavam evidenciadas em mulheres mastectomizadas o que se manteve até o 24º mês9. Ao correlacionar mastectomia e quadrantectomia com os ângulos posturais estudados, observou-se que a pelve e o tronco das mulheres submetidas à quadrantectomia estavam mais alinhados em relação àquelas submetidas à mastectomia. Espera-se que, em cirurgias conservadoras, as alterações posturais sejam menores, pois não existe o importante fator mecânico da retirada da mama, e essas alterações ocorrem mais pelo aspecto psicológico, sensação de mutilação e dor7,9. Entretanto, não foram encontrados estudos que correlacionassem alterações posturais com as cirurgias em questão. A maior parte das mulheres deste estudo foi submetida à cirurgia na mama esquerda (61,5%). Ao correlacionar o lado da cirurgia com os ângulos medidos, o NO antes da cirurgia e no PO1, e a DT antes da cirurgia, no PO1 e no PO2, apresentaram valores significantes. Nas mulheres submetidas à cirurgia na mama esquerda, o ombro esquerdo apresentou-se mais elevado quando comparado àquelas que realizaram cirurgia do lado direito. Esse achado confirma os achados do estudo de Ciesla e Polom9, no qual seis meses após a mastectomia, as mulheres apresentavam elevação e protrusão do ombro, associadas à rotação escapular do lado homolateral à cirurgia. A DT que avalia a inclinação lateral do tronco demonstrou uma inclinação do tronco para o mesmo lado da cirurgia. Rostkowska, Bak e Samborski7 avaliaram e compararam a postura corporal de mulheres após câncer de mama e mulheres saudáveis, encontrando pior postura corporal nas mastectomizadas. Após três anos da cirurgia, essas apresentavam maior ângulo de inclinação anterior e lateral do tronco, maior valor dos ângulos das curvaturas vertebrais e ombros e escápulas assimétricos. Porém, a inclinação do tronco não apresentou correlação com o lado da cirurgia, mas sim com a idade. Mulheres mais velhas apresentavam uma inclinação mais frequente para a direita. No presente estudo, quando correlacionados os ângulos medidos e a DT com a idade da mulher não foram encontrados resultados significantes, sugerindo que todas as mulheres em tratamento precisam de cuidados preventivos em relação às alterações posturais independente da idade. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):215-20 219 Barbosa JAN, Amorim MHC, Zandonade E, Delaprane ML A postura corporal de mulheres em tratamento e após o tratamento por câncer de mama apresenta modificações principalmente nas cirurgias de mastectomia e a longo prazo como foi discutido. De acordo com a análise dos dados deste estudo, observa-se que a postura corporal de mulheres com câncer de mama pode sofrer diferentes alterações no início e durante o tratamento. Porém, o número da amostra pode ter sido uma limitação para identificar outras alterações na postura, já que essas parecem ser sutis logo após a cirurgia, sendo tipicamente compensatórias e adaptativas. Torna-se necessário também, o seguimento do grupo após o término do tratamento, a fim de identificar a persistência das alterações posturais ou aparecimento de um padrão postural típico principalmente nas mulheres mastectomizadas, nas quais a retirada completa da mama é um fator mecânico importante a ser considerado quando se trata de biomecânica postural. Referências 1. Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais. The Lancet: Sáude no Brasil. 2011;4:61-74. 2. Brasil. Ministério da Saúde. INCA [Internet]. 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Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):215-20 Fernando Antonio Mourão Valejo Daniel Guimarães Tiezzi Larissa Raquel Mouro Mandarano Christiani Bisinoto de Sousa Jurandyr Moreira de Andrade Volume of breast tissue excised during breast-conserving surgery in patients undergoing preoperative systemic therapy Volume de ressecção cirúrgica no tratamento conservador do câncer de mama em pacientes submetidas a tratamento neoadjuvante Original Article Abstract Keywords Breast Breast neoplasms/surgery Neoadjuvant therapy Mastectomy, segmental Palpation Palavras-chave Mama Neoplasias da mama/cirurgia Terapia neoadjuvante Mastectomia segmentar Palpação PURPOSE: We aimed to determine whether clinical examination could adequately ascertain the volume of tissue to be resected during breast-conserving surgery after neoadjuvant therapy. METHODS: We reviewed the clinical reports of 279 patients with histologically diagnosed invasive breast carcinomas treated with neoadjuvant therapy followed by surgery or with primary surgery alone. We estimated volumes of excised tissues, the volume of the tumor mass and the optimal volume required for excision based on 1 cm of clear margins. The actual excess of resected volume was estimated by calculating the resection ratio measured as the volume of the resected specimen divided by the optimal specimen volume. The study endpoints were to analyze the extent of tissue resection and to ascertain the effect of excess resected tissue on surgical margins in both groups of patients. RESULTS: The median tumor diameter was 2.0 and 1.5 cm in the surgery and neoadjuvant therapy groups, respectively. The median volume of resected mammary tissue was 64.3 cm3 in the primary surgery group and 90.7 cm3 in the neoadjuvant therapy group. The median resection ratios in the primary surgery and neoadjuvant therapy groups were 2.0 and 3.3, respectively (p<0.0001). Surgical margin data were similar in both groups. Comparison of the volume of resected mammary tissues with the tumor diameters showed a positive correlation in the primary surgery group and no correlation in the neoadjuvant therapy group. CONCLUSION: Surgeons tend to excise large volumes of tissue during breast-conserving surgery after neoadjuvant therapy, thereby resulting in a loss of the correlation between tumor diameter and volume of the excised specimen. Resumo OBJETIVO: Foi determinar se a avaliação clínica é adequada na determinação do volume a ser ressecado em cirurgias conservadoras de mama após tratamento neoadjuvante. MÉTODOS: Avaliamos 279 pacientes com diagnóstico histológico de carcinoma invasor de mama submetidas à terapia neoadjuvante seguida de tratamento cirúrgico ou tratadas com cirurgia primária. O volume de tecido excisado, o volume da massa tumoral e o volume ótimo para a excissão cirúrgica baseado em uma margem de 1 cm foram calculados. O excesso de volume excisado foi estimado pelo cálculo da taxa de ressecção determinada pelo volume de tecido excisado dividido pelo volume ótimo para a excisão cirúrgica. Analisamos a extensão da ressecção cirúrgica e o efeito do exesso de tecido ressecado na obtenção de margens cirúrgicas. RESULTADOS: A mediana do diâmetro tumoral foi de 2,0 e 1,5 cm nos grupos de cirurgia primária e terapia neoadjuvante, respectivamente. A mediana do volume de tecido mamário ressecado foi de 64,3 cm3 no grupo de cirurgia primária e de 90,7 cm3 no grupo de tratamento neoadjuvante. A taxa mediana de ressecção nos grupos de cirurgia primária e terapia neoadjuvante foram 2,0 e 3,3 respectivamente (p<0,0001). Os dados relacionados à margem cirúrgica foram similares em ambos os grupos. A comparação do volume de tecido ressecado mostrou correlação positiva no grupo de cirurgia primária, porém não no grupo de tratamento neoadjuvante. CONCLUSÃO: Existe uma tendência dos cirurgiões a removerem maior quantidade de tecido mamário durante cirurgias conservadoras de mama de pacientes que foram submetidas à tratamento neoadjuvante, resultando na perda da correlação entre o diâmetro tumoral e o volume do espécime excisado. Correspondence Daniel Guimarães Tiezzi 3900 Bandeirantes Avenue Zip code: 14048-900 Ribeirão Preto (SP), Brazil Received 03/20/2013 Accepted with modifications 05/21/2013 Study carried out at Breast Disease Division, Obstetrics and Gynecology Department, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto (SP), Brazil. Breast Disease Division, Obstetrics and Gynecology Department, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP – Universidade de São Paulo (USP) – Ribeirão Preto (SP), Brazil. Conflict of interest: none. Valejo FAM, Tiezzi DG, Mandarano LRM, Sousa CB, Andrade JM Introduction Breast-conserving surgery (BCS) is the standard treatment for early-stage breast cancer patients. Long-term follow-up studies have reported comparable disease-free and overall survival rates between patients undergoing mastectomy and BCS1,2. Use of neoadjuvant therapy is an option for increasing the rate of breast-conserving surgery in breast cancer patients3. Patients initially scheduled to undergo mastectomy achieve comparable control of focal lesions and favorable disease-free and overall survival rates after undergoing neoadjuvant therapy followed by BCS4-7. BCS results in a better cosmetic outcome than mastectomy, alleviating post-surgical psychological stress. Although BCS is the least invasive surgical technique for breast cancer treatment, cosmetic outcomes vary widely. Cosmetic failure rates of up to 40% have been reported. Many factors affect cosmetic outcomes after BCS. However, the volume of excised breast tissue is the most important factor that affects patient satisfaction regarding cosmetic outcomes after BCS8-11. The volume of breast tissue to be excised during BCS is usually estimated by palpation and depends on tumor size. There is a positive association between excised volumes and presence of clear margins in patients undergoing primary BCS, and the positive resection margins in up to 41% of patients in palpation-guided surgery12-14. Neoadjuvant therapy causes non-concentric tumor shrinkage in up to 52% of patients. Among patients showing complete clinical responses, about 35% achieves complete pathological response15. There is no report how neoadjuvant treatment interferes with the accuracy of breast tissue resection in conservative procedures. The objective of this study was to evaluate the effects of neoadjuvant therapy on the resected volumes during breast-conserving surgeries. Methods We retrospectively reviewed the clinical reports of 279 patients with histological diagnoses of invasive breast carcinomas. Patients were treated with BCS at the Hospital das Clínicas of the Ribeirão Preto School of Medicine, University of São Paulo, between January 1990 and December 2003. No oncoplastic procedure was performed as breast conserving therapy. Our institutional review board approved the study design. A total of 191 patients who underwent primary surgery and were at stage I, IIa and IIb (T2N1M0) with T≤3 cm constituted the early breast cancer (EBC) group. The remaining 88 patients who received neoadjuvant treatment followed by BCS and were at stage IIa (T2N0M0) with T≥3 cm, IIb (excluding T2N1M0 with T≤3 cm) and III constituted 222 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(3):221-5 the locally advanced breast cancer (LABC) group. Most patients (n=73) were treated with exclusive neoadjuvant chemotherapy. Thirty-nine patients received a combination of docetaxel (75 mg/m2) + epirrubicin (60 mg/m2). FEC60 (fluoruracil 600 mg/m2, epirubicin 60 mg/m2, cyclophosphamide 600 mg/m2) 25 patients; paclitaxel (135 mg/m2) and epirubicin (60 mg/m2) patients; epirubicin (60 mg/m2) and cyclophosphamide (600 mg/m2) one patient; sequential FEC60 and docetaxel/epirubicin patients or a combination of taxane plus trastuzumab patients. All squemes were i.v. infusion D1 each 21/21 days. Thirteen patients were subjected to neoadjuvant hormone therapy: tamoxifen 20 mg (11 patients) or letrozol 2.5 mg (two patients) both P.O. daily. The remaining two patients were treated with chemo and hormone therapy combination (FEC60 or docetaxel/epirubicin plus tamoxifen). Neoadjuvant therapy was administered until allowing BCS. The patients were examined after each cycle and the response was recorded by clinical measurement of the two largest diameters. NAT patients were selected for surgery if satisfactory tumor downstaging was achieved (partial or complete clinical response with no residual tumor larger than 3 cm in the greatest diameter). The median number of neoadjuvant chemotherapy delivered was three cycles (2–5), and the median time of neoadjuvant endocrine therapy was three months3-5. Our primary aim was to analyze the extent of tissue resection. We estimated volumes of excised tissues using the formula for calculating the volume of an ellipsoid body: V=a×b×c×π 4/3, where a, b and c are the diameters along the x, y and z axes of a specimen, respectively, according to pathology reports. The diameter of the tumor (pT) corresponded to the largest distance between points on the lesion margin, according to the pathology report. Volume of a tumor mass (Tvol) was calculated using the formula 4/3π × (pT/2)3. The optimal volume required for excision was calculated by adding a resection margin of 1 cm to the lesion radius and converting this value into a spherical volume using the formula 4/3π × (pT/2 + 1)3. The actual excess of resected volume was estimated by calculating the resection ratio measured as the volume of the resected specimen divided by the optimal specimen volume16. Additionally, we analyzed the correlation between volumes of specimens and volumes of tumors in the EBC and LABC groups (Pearson correlation test). Our second aim was to ascertain the effect of excess resected tissue on surgical margins. Presence of free surgical margins after primary tumor resections was recorded. All patients showed free surgical margins on intraoperative examination. The final margin status was determined by routine pathological assessments. A negative surgical margin was defined as at least 2 mm of tumor-free distance from resection margins. We compared the resection Volume of breast tissue excised during breast-conserving surgery in patients undergoing preoperative systemic therapy ratio (RR) between the EBC and LABC groups according to the margin status (Median test). Additionally, we analyzed patient characteristics in the EBC and LABC groups (age and relationships between positive margins and age [Student t-test]; histological grade and positive surgical margins [chi-square test]; and volume of resected specimen, pathologic tumor diameter, association between volume and positive surgical margins, and association between diameter and positive margins [Median test]). Results The mean age in the EBC and LABC groups was 56.5 and 53 years (p=0.04), respectively. Clinical staging showed that in the EBC group, 8 patients had non-palpable lesions, 80 were at stage I, and 103 were at stage II. In the LABC group, 47 patients were at stage II and the remaining 41 were at stage III. The complete pathological response ratio was 13.7% (11 patients). The main histological type was invasive ductal carcinoma in both groups (p=0.4). The median pT value was 2 cm (range, 0.35–4.3 cm) in the EBC group and 1.5 cm (range, 0–5 cm) in the LABC group (p=0.1). The median estimated Tvol was 4.1 cm3 (range, 0.002–41.6 cm3) in the EBC group and 1.8 cm3 (range, 0–65.4 cm3) in the LABC group (p=0.1). According to pT values, the median tissue resection volume required to achieve clear margins by 1 cm (RVE) was 33.5 cm3 (range, 6.8–131 cm3) in the EBC group and 22.4 cm3 (range, 4.1–179.5) in the LABC group (p=0.1). The median volume of tissue excised (TVE) was 64.3 cm3 (range, 15.1–375 cm3) and 90.7 cm3 (range, 17.1–609 cm3) in the EBC and LABC groups (p=0.0007), respectively. The median RR was 2.0 (range, 0.43–23.8) and 3.3 (range, 0.4–145.3) in the EBC and LABC groups (p<0.0001), respectively. The rate of involved surgical margins (ISM) was similar in both groups (13.1% and 18.1% in the EBC and LABC groups [p=0.2], respectively). In the EBC group, the median RR was 1.7 (range, 0.5–5.7) among patients with positive margins and 2.0 (range, 0.4–23.8) among patients with negative margins (p=0.4). In the LABC group, the median RR was 2.0 (range, 0.4–13.5) among patients with positive margins and 4.2 (range, 0.6–145) among those with negative margins (p=0.03). We analyzed the correlation of the volume of resected breast tissue with the pT and estimated tumor volume (vT) in both groups. In the EBC group, we observed a weak correlation of the volume of resected tissue with pT and vT (r=0.23, p=0.001 for correlation with pT and r=0.19, p=0.008 for correlation with vT). In the LABC group, the correlation with pT was 0.07 (p=0.4) and that with vT was 0.13 (p=0.2). Table summarizes the patient characteristics and features of resected breast tumor tissues in both groups. Discussion In this study, we assessed some aspects of the volume of resected breast tumor tissues in patients receiving neoadjuvant therapy who underwent BCS. To achieve similar clear margin ratios, surgeons excised a larger volume of tissue from patients treated with neoadjuvant therapy than from patients treated with primary surgery. Extended resection after neoadjuvant therapy was not justified by the residual tumor size or estimated volume. Our data demonstrated that the resection ratio, based on the excised tissue volume to tumor volume ratio, was also higher in patients receiving neoadjuvant therapy than in those undergoing primary surgery. Thus, a large volume of normal breast tissue was excised under such conditions. Tissue resection during breast-conserving surgeries may be guided by palpation. After neoadjuvant therapy, tumors do not shrink concentrically and residual microscopic lesions may remain, surrounding residual tumor Table. Clinical and pathological features of 279 patients undergoing breast-conserving surgery Mean age (years) Clinical stage non-palpable stage I stage II pT (cm) EBC LABC p-value 56.5 53.0 0.04 8 (4.2%) 80 (41.9%) 103 (53.9%) 0 47 (53.4%) 41 (46.6%) 2.0 (0.35–4.3) 1.5 (0–5.0) 0.1 Tvol (cm3) 4.1 (0.002–41.6) 1.8 (0–65.4) 0.1 TVE (cm3) 64.3 (15.1–375.0) 90.7 (17.1–609.0) 13.1% 18.1% ISM RR 0.0007 0.2 margins (+) margins (–) margins (+) margins (–) EBC p-value LABC p-value 1.7 (0.5–5.7) 2.0 (0.4–23.8) 2.0 (0.4–13.5) 4.2 (0.6–145) 0.4 0.03 EBC: early breast cancer group; LABC: locally advanced breast cancer group; pT: diameter os the tumor; Tvol: volume of a tumor mass; TVE: volume of tissue excised; ISM: involved surgical margins; RR: resection ratio. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(3):221-5 223 Valejo FAM, Tiezzi DG, Mandarano LRM, Sousa CB, Andrade JM lumps17,18. Thus, surgeons are obliged to excise larger volumes of breast tissues for safety because the residual tumor lumps may not reflect the actual lesion size or extent. We believe that achieving an adequate surgical margin is important for complete removal of lesions and minimal local recurrences. However, when we compared the volumes of breast tissues excised with positive or negative surgical margins, we observed that the percentages of positive margins were similar between the EBC and LABC groups. We did not observe differences in tumor size or volume between the two groups. Achieving clear surgical margins is crucial to adequate local control in BCS19. Excising large masses of tissue can jeopardize cosmetic outcomes and does not provide better focal control or better overall survival rates2. We found an increase in resection ratios among patients receiving neoadjuvant therapy. The higher RR with clear surgical margins in LABC patients suggests that generous tissue resections are important for avoiding incomplete tumor excisions. Large resections may be important for including contaminated margins in non-concentrically shrunken tumors. In a previous prospective controlled trial16, the authors reported that use of ultrasound-guided surgery facilitated the excision of tumors of small tissue volumes with clear margins compared to palpation-guided surgery. Such techniques result in favorable cosmetic outcomes. The utility of ultrasound-guided surgery for patients receiving neoadjuvant therapy has not been established yet. It is likely insufficient to identify microscopic residual lesions. Some studies have proposed the use of magnetic resonance imaging (MRI) for improving the accuracy of resections20. Some factors may limit its use for this purpose. For example, depending on the patient’s position during the scan, the relationship between tumor and reference points (i.e., the nipple) may vary, reducing the accuracy of the procedure21. Another impediment is the cost of testing every patient before surgery. After neoadjuvant therapy, the use of MRI is useful to estimate the tumor size and the pattern of tumor shrinkage. This preoperative tool reduces the need for re-excision after BCS22,23. However, a recent meta-analysis has demonstrated that preoperative MRI potentially increases the mastectomy ratio24. The authors suggest the routine use of preoperative MRI should be abandoned. Some reports have demonstrated the safety of performing BCS after neoadjuvant therapy based on preoperative clinical and mammographic assessment6,7. Such observation reinforce the use of adjuvant radiotherapy is highly effective in controlling microscopic residual disease achieving a satisfactory local control BCS7,25,26. Other imaging techniques use fluorescent markers (fluorochromes) that specifically bind to biomolecules involved in mammary carcinogenesis (e.g., vascular endothelial growth factor receptor, epidermal growth factor receptor, or the HER2/neu receptor). Fluorescent imaging linked to a mobile device allows surgeons to outline tumor masses, identify residual lesions and locate suspicious lymph nodes, facilitating complete eradication of residual lesions with minimal esthetic issues27. Despite the importance of these complementary tests to assist in tumor resection, the safety of imaging-guided breast-conserving surgeries is not well established. Its use likely achieves conservative surgery with favorable esthetic outcomes. However, the impact on focal recurrences has not been examined. We found that, on performing conservative breast surgery after neoadjuvant therapy, the correlation between tumor size and volume of tissues excised was lost, indicating a surgical tendency to remove a large volume of normal breast tissue. This is one of the limitations of preoperative clinical evaluative methods for ascertaining the volume of breast tissue to be excised by conservative breast surgery after adjuvant therapy. Establishment of an optimal technique for ascertaining the excision volume for conservative breast surgery is paramount for achieving reduced local recurrence rates and favorable cosmetic outcomes. References 1. Fisher B, Anderson S, Bryant J, Margolese RG, Deutsch M, Fisher ER, et al. Twenty-year follow-up of a randomized trial comparing total mastectomy, lumpectomy, and lumpectomy plus irradiation for the treatment of invasive breast cancer. N Engl J Med. 2002;347(16):1233-41. 2. Veronesi U, Banfi A, Salvadori B, Luini A, Saccozzi R, Zucali R, et al. 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Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(3):221-5 225 Gisele Rodrigues de Oliveira1 Valdimara Corrêa Vieira2 Maria Fernanda Martínez Barral1 Vanessa Döwich3 Marcelo Alves Soares2,4 Carla Vitola Conçalves5 Ana Maria Barral de Martinez5 Fatores de risco e prevalência da infecção pelo HPV em pacientes de Unidades Básicas de Saúde e de um Hospital Universitário do Sul do Brasil Risk factors and prevalence of HPV infection in patients from Basic Health Units of an University Hospital in southern Brazil Artigo Original Resumo Palavras-chave Infecções por papillomavirus Reação em cadeia da polimerase Gestantes Fatores de risco Prevalência Hospitais universitários Centros de Saúde Brasil Keywords Papillomavirus infections Polymerase chain reaction Pregnant women Risk factors Prevalence Hospitals, university Health Centers Brazil OBJETIVO: Determinar a prevalência e os genótipos do HPV e identificar os fatores associados à infecção em mulheres, gestantes e não gestantes HIV-1 positivas e negativas, atendidas nos Ambulatórios de Ginecologia e Obstetrícia e em Unidades Básicas de Saúde em Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. MÉTODOS: Amostras de células cervicais de 302 mulheres foram analisadas para presença de HPV e genótipos por reação em cadeia da polimerase, aninhada e em sequenciamento. Foram calculadas as razões de prevalência associadas às variáveis estudadas por meio do teste exato de Fisher ou χ2 e de regressão de Poisson. Foram excluídas as participantes sem material suficiente para realizar a extração de DNA. RESULTADOS: Das 302 mulheres incluídas no estudo, o HPV foi detectado em 55 (18,2%); destas, 31 eram gestantes, apresentando uma associação significativa para a presença do HPV (p=0,04) quando comparadas às não gestantes. Os fatores de risco para infecção foram: pacientes com idades ≤20 anos (p=0,04), início precoce das relações sexuais (p=0,04), ausência do exame citopatológico (p=0,01), diagnóstico de citopatológico alterado (p=0,001) e contagem ≤349 células/mm3 (p=0,05). No entanto, a multiparidade constitui-se como fator de proteção para a infecção (p=0,01). Na análise multivariada, demonstrou-se que idade ≤20 anos (RP=2,8; IC95% 1,0–7,7, p=0,04) e diagnóstico de citopatológico alterado (RP=11,1; IC95% 3,0–4,1, p=0,001) persistiram associadas significativamente à infecção. O genótipo foi determinado em 47 amostras (85,4%), apresentando um por infecção: oito HPV 16 e 58; seis HPV 6; quatro HPV 18 e 33; três HPV 53 e 82; dois HPV 83 e 61; um HPV 31, 35, 45, 64, 68, 71 e 85. CONCLUSÕES: A prevalência de detecção do HPV foi de 18,2%, os genótipos mais frequentes foram o 16 e 58, sendo que fatores sociodemográficos e ginecológicos apresentaram associação com a infecção viral. Abstract PURPOSE: To determine the HPV prevalence and genotypes and to identify factors associated with infection in pregnant and non-pregnant women with positive or negative HIV-1, treated in Gynecology and Obstetrics Ambulatories and in Health Primary Units, in Rio Grande, Rio Grande do Sul State, Brazil. METHODS: Cervical cells samples from 302 patients were analyzed for HPV presence and genotypes were determined by nested and sequencing polymerase chain reaction. We calculated prevalence ratios associated with the studied variables by Fisher’s exact or χ2 tests, and Poisson’s regression. Women with insufficient material were excluded from the study. RESULTS: HPV was detected in 55 of the 302 women included in the study (18.2%); of these, 31 were pregnant, showing a significant association for HPV (p=0.04) when compared to non-pregnant ones. Risk factors for the infection were: patients aged ≤20 years-old (p=0.04), early initiation of sexual life (p=0.04), absence of cytological test (p=0.01), diagnosis of altered cytology (p=0.001), and counting ≤349 cells/mm3 (p=0.05). However, multi-parity was found to be a protective factor for the infection (p=0.01). Multivariate analysis showed that age ≤20 years-old (PR=2.8; 95%CI 1.0–7.7, p=0.04) and an altered cytological result (PR=11.1; 95%CI 3.0–4.1, p=0.001) were significantly associated with infection. HPV genotype was determined in 47 samples (85.4%) presenting one genotype per infection: eight HPV 16 and 58; six HPV 6; four HPV 18 and 33; three HPV 53 and 82; two HPV 83 and 61; one HPV 31, 35, 45, 64, 68, 71 and 85. CONCLUSIONS: The prevalence of HPV detection was 18.2%, the most frequent genotypes were 16 and 58, and sociodemographic and gynecological factors were associated with viral infection. Correspondência Gisele Rodrigues de Oliveira Área Acadêmica da Saúde (FURG) Rua General Osório, s/n – Centro CEP: 96200-190 Rio Grande (RS), Brasil Recebido 08/03/2013 Aceito com modificações 22/05/2013 Trabalho realizado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande – Rio Grande (RS), Brasil. 1 Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande – FURG – Rio Grande (RS), Brasil. 2 Programa de Oncovirologia, Instituto Nacional de Câncer – INCA – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. 3 Curso de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande – FURG - Rio Grande (RS), Brasil. 4 Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. 5 Faculdade de Medicina e Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande – FURG – Rio Grande (RS), Brasil. Conflito de interesse: não há. Fatores de risco e prevalência da infecção pelo HPV em pacientes de Unidades Básicas de Saúde e de um Hospital Universitário do Sul do Brasil Introdução O papilomavírus humano (HPV) é a infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo1. Infecta o epitélio de seres humanos, podendo persistir de forma assintomática ou causar neoplasias2. No mundo estima-se que o número de mulheres infectadas pelo HPV chega a 291 milhões3. Nos EUA, um estudo estimou prevalência de 26,8% em mulheres com idades entre 14 e 59 anos4. No Brasil, a prevalência geral de infecção do colo do útero pelo HPV varia entre 13,7 e 54,3%5. Entre os mais de 140 genótipos identificados, mais de 40 infectam o trato genital dos seres humanos e estão divididos em HPV de alto e baixo risco, dependendo do seu potencial oncogênico. Os HPVs 16 e 18 são os genótipos de alto risco oncogênico, causando aproximadamente 70% dos cânceres cervicais invasivos6. Entre os fatores de risco para a infecção pelo HPV, os mais relevantes são: ser mulher jovem sexualmente ativa, grupo este que apresenta as taxas mais altas de prevalência da infecção viral, entre 50 e 80% após dois a três anos do início da atividade sexual7; o número de parceiros sexuais durante a vida e a idade do parceiro masculino em relação à da mulher, quanto maior essa diferença, maior o risco8. Nas gestantes, estudos demonstram haver maior frequência de infecção por HPV quando comparadas às não gestantes. Durante a gestação ocorre imunomodulação característica deste período, aumentando os casos de HPV9,10. Mulheres infectadas pelo HIV-1 são particularmente suscetíveis à infecção pelo HPV, com prevalências elevadas comparadas às gestantes HIV-1 negativas11. A presença do HPV é condição necessária, porém não suficiente para desenvolver câncer cervical. Sabe-se que 99,7% das mulheres com câncer de colo de útero estiveram expostas ao vírus em algum momento de suas vidas12. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca)13, o câncer do colo do útero é o segundo tumor mais frequente na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, este tipo de câncer apresenta 18.430 novos casos e faz 4.800 óbitos. Para 2012 foram esperados 17.540 novos casos de câncer cervical. No Rio Grande do Sul, o risco estimado é de 14 casos a cada 100.000 mulheres. Pelas presentes circunstâncias expostas, o objetivo do presente estudo foi determinar a prevalência do HPV e os genótipos mais frequentes e identificar os fatores associados à infecção em mulheres, gestantes e não gestantes HIV-1 positivas e negativas, atendidas em Ambulatórios de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário e em Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região Sul do Brasil. Métodos Pacientes Foi realizado um estudo de tipo transversal entre 2010 e 2011. Participaram do estudo 302 mulheres com mais de 14 anos que concordaram em assinar o termo de consentimento livre e esclarecido. Para participantes com menos de 18 anos, os responsáveis legais foram encarregados de assinarem o termo. Dois tipos diferentes de locais de recrutamento foram utilizados para o estudo: 149 pacientes foram atendidas nos Ambulatórios de Ginecologia e Obstetrícia e outras 153 foram recrutadas em 3 UBS. Destas, 96 eram gestantes HIV-1 negativas e 24 positivas, 162 não gestantes HIV-1 negativas e 20 positivas. Foram excluídas as mulheres cujas amostras não tinham material suficiente à extração de DNA. Todas aquelas incluídas no estudo responderam a um questionário autoaplicável padronizado a fim de conseguir informações sociodemográficas (cor da pele, idade, escolaridade, renda e estado civil) e ginecológicas (idade da primeira relação sexual, número de parceiros sexuais na vida, de gestações e de partos e realização do exame citopatológico) e dados laboratoriais, tais como resultados de exame citopatológico. Os dados sobre a carga viral no plasma e linfócitos T CD4 + em pacientes HIV-positivos foram obtidos pela análise de prontuário médico. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde (sob processo 2533/7-74 e pelo 013/2011). Para que as análises sobre prevalência e fatores de risco associados tivessem poder estatístico, o número de pacientes necessários para o estudo foi calculado utilizando o programa Epi-Info, versão 6.04®. Com base nas referências encontradas na literatura que variam de 1314 a 23%15 de prevalência para encontrar uma prevalência de 18% (IC95%) e uma possível perda de 13%, seriam necessárias amostras cervicais de no mínimo 226 mulheres. As amostras de células cervicais das mulheres incluídas na pesquisa foram coletadas pela ginecologista durante a consulta ginecológica, com o auxílio de uma escova Vagispec®, para posteriores análises molecular e citológica. Para análise molecular, as amostras foram condicionadas em tubos criogênicos contendo 1 mL de tampão T.E. (10 mM Tris-HCl pH=8,5; 1 mM EDTA) e encaminhadas ao laboratório de biologia molecular até a etapa de extração do DNA viral. A análise citopatológica foi realizada como procedimento de rotina do laboratório de patologia, e os resultados obtidos foram posteriormente comparados àqueles com detecção molecular do vírus. Detecção molecular do HPV e genotipagem A extração do DNA das amostras coletadas foi feita a partir do kit comercial GFX (GE Healthcare) Genomic Blood DNA Purification Kit, segundo o Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):226-32 227 Oliveira GR, Caldeira TDM, Barral MFM, Döwich V, Soares MA, Conçalves CV, Martinez AMB protocolo de extração das células sanguíneas. Para detecção do HPV, realizou-se uma PCR aninhada. O primeiro round foi realizado com os primers externos: MY09/MY11: 5’CGTCCMAARGGAWACTGATC3’/ 5’GCMCAGGGWCATAAYAATGG3’16, o qual amplifica um fragmento de 450 pb da região L1 do capsídeo viral. O segundo round aconteceu com os primers internos: GP5/6: 5’TTTGTTACTCTGGTAGATAC3’ e 5’GAAAAATAAACTGTAAATCA3’17, amplificando um fragmento de 150 pb também da região L1. As condições da reação para o primeiro round foram constituídas por 40 ciclos subsequentes de 94º C por 30 segundos para desnaturação, 45º C por 30 segundos para o anelamento e 72º C por 30 segundos para extensão. Para o segundo round, 40 ciclos subsequentes de 95, 55 e 72º C todos por um minuto, para desnaturação, anelamento e extensão, respectivamente. O amplicon foi visualizado em gel de agarose 1 e 2%, respectivamente, para o primeiro e o segundo round, após ter sido banhado em brometo de etídio (10 mg/mL) e observado sob luz ultravioleta. A genotipagem do HPV foi realizada por sequenciamento do produto de PCR na Divisão de Genética do Inca Rio de Janeiro. Para esse processo, os produtos de PCR foram purificados com o kit Illustra™ GFX™ PCR DNA and Gel Band Purification (GE Health Care) e, em seguida, sequenciados com o kit ABI Prism® BigDye™ Terminator Cycle Sequencing Ready Reaction (AppliedBiosystems®, Foster City, USA) em um sequenciador automático ABI 3130XL (Life Technologies). Os genótipos foram determinados comparando-se a sequência consenso com outras referências depositadas em bancos de dados de DNA em busca pelo software BLAST (BLASTn). Para a edição e o alinhamento das amostras, foram utilizados os programas SeqMan e EditSeq do pacote DNAStar (LaserGene Inc., Madison, USA) e BioEditSequenceAlignment Editor©. Análise estatística Foram utilizados os programas do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), prevendo a realização da análise bruta, do cálculo da razão de prevalência, dos intervalos de confiança e do valor de p, considerando que as diferenças foram estatisticamente significativas quando p<0,05 e utilizado o teste exato de Fisher ou do χ2. As variáveis analisadas foram: sociodemográficas, ginecológicas e laboratoriais. A análise multivariada foi realizada no Programa SPSS por meio da regressão de Poisson, sendo seguido um modelo hierarquizado de análise, no qual foram integradas as variáveis com p=0,20 na análise bruta. No primeiro nível ingressaram as variáveis sociodemográficas e no segundo, ginecológicas e laboratoriais. 228 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):226-32 Resultados A prevalência do HPV foi de 18,2% (55 pacientes) do total de mulheres que participaram no estudo. Entre as 153 pacientes atendidas nas UBS, 28 (18,3%) foram positivas para o vírus e 27 (18,1%), dentre as 149 pacientes, nos Ambulatórios de Ginecologia e Obstetrícia. Não houve diferença significativa na prevalência do HPV entre os diferentes locais de recrutamento das pacientes. A média de idade das mulheres incluídas neste estudo foi de 32,7 anos (DP±13,6); 66,9% eram consideradas brancas; 65,6% viviam com um único companheiro; 46,6% tinham oito anos ou menos de escolaridade e 88,1% tinham renda de um salário mínimo ou mais. Do total, 71,5% tinham idades iguais ou inferiores a 17 anos na primeira relação sexual, 46,4% eram gestantes; 49,7% tinham mais de um filho, 79,8% já haviam realizado o exame citopatológico, 95,8% apresentavam células normais no exame citopatológico no momento do estudo e 62,5% das pacientes HIV-1 positivas apresentavam a contagem de CD4 igual ou maior a 350 células/mm3. Entre as variáveis sociodemográficas associadas à presença do HPV, a única que mostrou significância estatística foi a idade. Pacientes com idades iguais ou inferiores a 20 anos apresentaram maior prevalência da infecção quando comparadas àquelas de maior idade (p=0,002). Com relação às características ginecológicas das pacientes, observou-se associação significativa entre o início precoce da vida sexual (idade ≤17 anos), com p=0,04, ausência de exame citopatológico (p=0,01) e diagnóstico de lesão intraepitelial de baixo ou alto graus (p=0,001). Dentre as pacientes, a multiparidade constitui-se fator de proteção para a infecção pelo HPV (p=0,01), como observado na Tabela 1. Entre as pacientes HIV-1 positivas, realizou-se a dosagem de células T CD4+. A contagem igual ou menor a 349 células/mm3 teve uma associação significativa com a infecção pelo HPV (p=0,05), não acontecendo a mesma coisa quando comparadas as cargas virais plasmáticas de HIV-1 nestas pacientes (Tabela 1). Os resultados do exame citopatológico se mostraram normais em 272 (95,8%) e com alterações intraepiteliais de baixo ou alto grau em 12 (4,2%) pacientes. No modelo final realizado com uso da análise multivariada, demonstrou-se que o maior risco de infecção pelo HPV está associado à pacientes com idades ≤20 anos (IC95% 1,0–7,7, p=0,04) e aquelas com o resultado do citopatológico alterado (IC95% 3,0–4,1, p=0,001), como visto na Tabela 2. Quarenta e sete amostras (85,4%) do total das 55 incluídas no estudo foram genotipadas. Em cada uma houve apenas um genótipo por infecção. Os resultados encontrados por sequenciamento foram: oito HPV 16 Fatores de risco e prevalência da infecção pelo HPV em pacientes de Unidades Básicas de Saúde e de um Hospital Universitário do Sul do Brasil Tabela 1. Distribuição da amostra e análise das características associadas à prevalência do HPV em mulheres atendidas nos Ambulatórios de Ginecologia e Obstetrícia e nas Unidades Básicas de Saúde Variáveis/Categoria n (%) HPV+ n (%) Razão de prevalência IC95% Valor p* 162 (53,6) 20 (6,6) 96 (31,8) 24 (7,9) 22 (13,6) 2 (10,0) 24 (25,0) 7 (29,2) 1,0 0,7 1,8 2,1 0,19–2,90 1,09–3,10 1,03–4,48 0,04 0,7–1,8 0,33 Categoria da paciente Ginecológica Ginecológica HIV Gestante Gestante HIV Cor da pele Branca Não branca 202 (66,9) 35 (17,3) 1,0 100 (33,1) 20 (20,0) 1,1 Estado civil Com companheiro 198 (65,6) 33 (16,7) 1,0 Sem companheiro 104 (34,4) 22 (21,2) 1,2 0,7–2,0 0,21 62 (21,2) 57 (18,9) 104 (34,4) 77 (25,5) 9 (11,7) 7 (12,3) 17 (16,3) 22 (34,4) 1,0 1,0 1,40 2,94 0,42–2,65 0,66–2,97 1,46–5,93 0,002 17 (15,6) 25 (20,8) 8 (25,8) 13 (23,6) 13 (19,1) 25 (15,6) 1,0 0,6 0,8 0,3–1,2 0,4–1,6 31 (11,9) 8 (25,8) 1, 0 Idade ≥41 anos 31 a 40 anos 21 a 30 anos ≤20 anos Nível de escolaridade 9 ou mais anos 4 ou menos anos 5 a 8 anos 0,39 Renda Menos de 1 salário mínimo 1 a 1,9 salários mínimos 120 (46,2) 25 (20,8) 0,8 0,4–1,6 2 ou mais salários mínimos 109 (41,9) 17 (15,6) 0,6 0,2–1,2 0,37 86 (28,5) 216 (71,5) 10 (11,6) 45 (20,8) 1,0 1,7 0,9–3,3 0,04 85 (28,2) 129 (42,9) 87 (28,9) 11 (12,9) 24 (18,6) 20 (23,0) 1,0 1,4 1,7 0,7–2,7 0,9–3,4 0,23 272 (95,8) 12 (4,2) 43 (15,8) 8 (66,7) 1,0 4,2 2,6–6,8 <0,001 38 (12,6) 74 (24,5) 71 (23,5) 119 (39,4) 10 (26,3) 18 (24,3) 11(15,5) 16 (13,4) 1,0 0,9 0,5 0,5 0,4–1,8 0,2–1,2 0,2–1,0 0,12 81 (26,8) 71 (23,5) 150 (49,7) 22 (27,2) 15 (21,1) 18 (12,0) 1,0 0,7 0,4 0,4–1,3 0,2–0,7 0,01 25 (62,5) 15 (37,5) 2 (8,0) 5 (33,3) 1,0 4,1 0,9–18,8 0,05 Idade da primeira relação sexual ≥18 anos ≤17 anos Número de parceiros 1 parceiro 2 a 4 parceiros 5 ou mais parceiros Citopatologia Sem lesão intraepitelial Com lesão intraepitelial Número de gestações Nuligesta Primigesta Secundigesta Multigesta Número de partos Nulípara Primípara Multípara CD4 Maior ou igual a 350 Menor ou igual a 349 *teste exato de Fisher ou χ2. (17%); oito HPV 58 (17%); seis HPV 6 (12,7%); quatro HPV 18 (8,5%); quatro HPV 33 (8,5%); três HPV 53 (5,4%); três HPV 82 (6,3%); dois HPV 83 (4,2%); dois HPV 61 (4,2%), e os demais, um caso com frequência de 2,1% cada. Quando comparados os genótipos do HPV com os exames citopatológicos, entre todas as pacientes infectadas pelo HPV 16 cinco (62,5%) apresentaram citopatológico sem alterações intraepiteliais e três (37,5%), citopatológico com alterações intraepiteliais de baixo e alto grau. Já para o HPV 18, três delas (75%) tiveram citopatológico sem alterações intraepiteliais e uma (25%) apresentou o citopatológico com alterações intraepiteliais de baixo e alto grau. Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):226-32 229 Oliveira GR, Caldeira TDM, Barral MFM, Döwich V, Soares MA, Conçalves CV, Martinez AMB Tabela 2. Análise multivariada das características associadas à prevalência do HPV em mulheres atendidas nos Ambulatórios de Ginecologia e Obstetrícia e nas Unidades Básicas de Saúde Variáveis/Categoria Razão de prevalência IC95% Valor p* 1,0–7,7 0,4–2,9 0,2–2,6 0,04 0,8 0,7 3,0–41,0 0,001 Idade ≤20 anos 21 a 30 anos 31 a 40 anos ≥41 anos 2,8 1.1 0,8 1,0 Citopatológico Com lesão intraepitelial Sem lesão intraepitelial 11,1 1,0 *teste exato de Fisher ou χ2. Discussão A prevalência do HPV neste estudo foi de 18,2% (55/302). No Brasil, foram encontrados resultados similares que detectaram 18,3%, em João Pessoa, Paraíba18, 17,8 e 16,8%, em São Paulo, São Paulo12,19. Quando comparada a prevalência do HPV entre as pacientes atendidas nas UBS e no Hospital Universitário, não houve diferença significativa. Esse resultado junto às variáveis analisadas em ambos os grupos sugere que as populações atendidas pelas UBS e pelo Hospital Universitário possuem as mesmas características, tanto sociodemográficas como comportamentais, mostrando assim a importância da implantação das UBS para evitar a superlotação dos hospitais, o que melhoraria o atendimento para a maior parte da população. Quando realizada a análise bivariada, o início precoce das relações sexuais mostrou-se um fator de risco para a infecção pelo HPV. Outro estudo demonstrou que tal variável foi um fator importante para o desenvolvimento de neoplasias cervicais20. Em relação ao número de gestações anteriores, os presentes resultados mostraram proteção contra a infecção por HPV em mulheres com maior número de partos o que havia sido relatado21,22. A infecção pelo HPV foi significativamente mais frequente em mulheres que relataram não terem feito o exame citopatológico. Apesar dos benefícios do exame citopatológico serem conhecidos, a cobertura deste exame ainda é baixa23. A sua realização periódica seria a melhor estratégia para o rastreamento do câncer cervical. A gestação também foi um fator associado à infecção, pela alta prevalência do vírus nessa população. Acredita-se que a gravidez possa interferir com a infecção pelo HPV devido a alterações imunes e hormonais11. Sabe-se que altos níveis de hormônios esteroides produzem diminuição da síntese e atividade dos linfócitos e macrófagos. Assim, durante a gestação há depressão transitória e seletiva da imunocompetência celular. A atividade dos linfócitos T auxiliares e T supressores está diminuída, assim como da IgG e IgA no muco cervical10. 230 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):226-32 Já foi demonstrada a relação entre as infecções pelos vírus HPV e HIV-124,25, maior prevalência do HPV em mulheres HIV-1 positivas. No presente estudo, a frequência de infecção pelo HPV entre as gestantes HIV-1 positivas (29,2%) foi mais elevada em comparação com as negativas e as não gestantes HIV-1 negativas e positivas. Esse fato pode se dever à imunomodulação característica durante o período da gestação, ocasionando um aumento dos casos de HPV9. A associação entre a infecção pelo HPV e as mulheres infectadas pelo HIV-1 está bem documentada e, para este grupo, há maior prevalência de HPV de alto risco, persistência e recorrência, quando comparadas com HIV-1 negativas24. As pacientes HIV-1 positivas com a contagem de CD4 ≤349 células/mm3 mostraram associação positiva com a infecção pelo HPV. Já observou-se que a detecção de DNA do HPV está associada com níveis mais baixos de linfócitos T CD4+ e cargas virais mais elevadas do HIV-126. No entanto, na análise multivariada, notou-se que apenas as variáveis que persistiram associadas significativamente à infecção pelo HPV foram a idade e o exame citopatológico alterado. As mulheres com idades ≤20 anos tiveram maiores chances de estar infectada pelo HPV quando comparadas com outras faixa etárias. Neste estudo, a prevalência da infecção pelo HPV nessa população foi de 34,4%, valor este muito superior ao encontrado na amostra geral. Vários trabalhos constataram a infecção em mulheres mais jovens27-29. Adolescentes são consideradas mais suscetíveis à infecção pelo HPV e as lesões precursoras do carcinoma cervical progridem mais rapidamente em mulheres jovens. Esses fatos estariam relacionados ao baixo uso de métodos de barreira, a imaturidade imunológica sistêmica e cervical em diferenças biológicas e/ou fisiológicas no epitélio cervical30. Dessa forma, mais estudos são necessários para se compreender quais são os mecanismos fisiológicos/ biológicos envolvidos na história natural da infecção pelo HPV em mulheres mais jovens. Apesar da população de adolescentes ser considerada de maior risco para portar o HPV, os exames de rastreio neste grupo são menos frequentes do que entre as mulheres adultas. Por isto, sugere-se direcionar projetos de educação em saúde neste grupo para se divulgar não só a importância e a finalidade do exame citopatológico, mas também o uso de preservativos e o controle dos parceiros sexuais, relacionando tais condutas à prevenção do câncer de colo uterino. O genótipo das amostras cervicais de 47 pacientes foi determinado no presente trabalho. Entre aqueles de alto risco encontrados, os mais prevalentes foram o HPV 16, 58, 18 e o 33, sendo estes também os tipos mais encontrados nos casos de lesões intraepiteliais de baixo e Fatores de risco e prevalência da infecção pelo HPV em pacientes de Unidades Básicas de Saúde e de um Hospital Universitário do Sul do Brasil alto grau. Entre os genótipos de baixo risco, o HPV 6 foi o mais prevalente, sendo este um dos virais mais comuns responsáveis pelas verrugas genitais. Com menor frequência também foram encontrados os genótipos HPV 31, 35, 45, 53, 64, 68, 71, 82, 83 e 85, considerados de alto risco oncogênicos, embora a associação com o câncer cervical seja menos forte em comparação aos tipos 16 e 18, e o 61 de baixo risco4,31. De acordo com outros estudos, o HPV 16 é o tipo mais prevalente em todas as regiões brasileiras, mas há uma variação em relação aos tipos e regiões. O HPV 18 é o segundo mais prevalente no Norte, Sudeste e Sul do Brasil e os 31 e 33 são os próximos mais prevalentes no Nordeste e Centro do Brasil, respectivamente32. Em um recente trabalho realizado em 18 países, detectou-se em 46,5% dos casos de lesão intraepitelial de alto grau o HPV 16 e em 8,9%, o 18. Nos casos de câncer cervical invasivo foram detectados 53,2% de HPV 16 e 13,2% de 1833. Em oito amostras não foi possível a identificação do genótipo, que está de acordo com outros estudos. Em um caso-controle, não foi possível identificar por sequenciamento o genótipo viral em 15 casos (23,4%) e em nove amostras (28,6%) o mesmo não foi identificado no Grupo Controle20. Noutro estudo não se identificou o genótipo em três (10%) das mulheres infectadas pelo HIV-1 e em uma (11,1%) daquelas HIV-1 negativas27. Em relação ao exame citopatológico, a prevalência dos genótipos de alto risco oncogênico foi mais elevada entre os resultados citopatológicos que não mostravam alterações intraepiteliais de alto ou baixo grau. Isso poderia ocorrer devido a limitações importantes nas avaliações citológicas, como resultados falso-negativos advindos de erros na coleta, na preparação e na leitura das amostras citológicas, ou visto que a infecção pelo HPV é um fenômeno progressivo e, dependendo do tempo de infecção, sua presença ainda não foi capaz de causar alterações celulares detectáveis pelos métodos citopatológicos e anatomopatológicos convencionais34. Assim, o exame citopatológico associado à detecção do DNA do HPV por técnicas de biologia molecular é a alternativa para identificar precocemente pacientes com elevado risco de desenvolver câncer cervical35. Entre as limitações deste estudo podem ser mencionados os vieses de memória e informação, devido às informações serem baseadas em autorrelatos, podendo interferir nos resultados de estudos transversais. Em conclusão, este estudo detectou, por meio da PCR, uma alta prevalência do DNA-HPV em mulheres com idades inferiores a 20 anos, apresentando uma importante associação entre a idade das pacientes e a infecção pelo HPV. A gestação também está relacionada a uma maior frequência de tal enfermidade. Além disso, a genotipagem viral associada à citologia pode ser útil na identificação de mulheres de risco para lesões cervicais mais graves, resultando em uma melhoria na sua detecção. Referências 1. Aral SO, Holmes KK. The epidemiology of STIs and their social and behavioral determinants: industrialized and developing countries. In: Holmes KK, Sparling PF, Stamm WE, Piot P, Wasserheit JN, Corey L, editors. Sexually transmitted diseases. 4th ed. New York: McGraw-Hill; 2008. p. 53-92. 2. 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Daniela Angerame Yela1 Nathalia Marchiani2 Tratamento conservador da gravidez ectópica em cicatriz de cesárea: relato de caso Conservative management of ectopic pregnancy in cesarean scar: case report Relato de Caso Resumo Palavras-chave A implantação da gravidez na cicatriz de cesárea é considerada uma forma rara de gestação ectópica com uma alta taxa de morbidade e mortalidade. Este tipo de gestação ectópica pode causar complicações graves, em função dos riscos de ruptura e hemorragia volumosa, que pode resultar em histerectomia e comprometimento do futuro reprodutivo da mulher. Reportamos um caso de uma gestação ectópica em cicatriz de cesárea em uma mulher de 28 anos que foi tratada com sucesso com a combinação de três métodos: metotrexate, embolização da artéria uterina e curetagem guiada por ultrassom. Dessa forma foi preservada sua fertilidade. Gravidez ectópica/eiologia Cesárea/efeitos adversos Cicatriz/patologia Metotrexato/uso terapêutico Embolização da artéria uterina Curetagem/métodos Relatos de casos Abstract Keywords Implantation of a pregnancy within a cesarean delivery scar is considered to be the rarest form of ectopic pregnancy, with a high morbidity and mortality. Pregnancy in a cesarean delivery scar may cause catastrophic complications which may result in hysterectomy and compromise the reproductive future of a woman. We report an ectopic pregnancy in cesarean scar case in a 28-year old pregnant woman that was treated with success with the association between three treatment modalities (methotrexate, uterine artery embolization and curettage) and preserve her fertility. Pregnancy, ectopic/etiology Cesarean section/adverse effects Cicatrix/pathology Methotrexate/therapeutic use Uterine artery embolization Curettage/methods Case reports Correspondência Daniela Angerame Yela Rua Alexander Fleming, 101 – Cidade Universitária CEP: 13083-881 Campinas (SP), Brasil Recebido 04/03/2013 Aceito com modificações 03/05/2013 Trabalho realizado no Departamento de Tocoginecologia da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP − Campinas (SP), Brasil. Professora Doutora do Departamento de Tocoginecologia, Universidade Estadual de Campinas − UNICAMP − Campinas (SP), Brasil. 2 Residente do Departamento de Tocoginecologia, Universidade Estadual de Campinas − UNICAMP − Campinas (SP), Brasil. 1 Yela DA e Marchiani N Introdução A implantação de uma gravidez na cicatriz de cesárea é considerada a apresentação mais rara de uma gravidez ectópica e de elevada morbimortalidade1. O primeiro caso foi descrito em 1978 por Larsen e Solomon e sua incidência vem aumentando devido ao aumento das taxas de parto cesárea e maior acurácia da ultrassonografia para diagnóstico2. A incidência estimada é de 1 para 1.800 em até 1 para 2.216 gravidezes, com uma taxa de 6,1% de todas as gestações ectópicas em mulheres com antecedente de uma cesárea anterior3,4. A gravidez na cicatriz de cesárea pode causar complicações catastróficas como ruptura uterina que causa uma grave hemorragia com risco de vida e leva a histerectomia que compromete o futuro reprodutivo5. Atualmente, são descritas inúmeras técnicas de tratamento conservador para este tipo de gestação ectópica, embora não haja consenso sobre a melhor forma delas. Dentre estas modalidades de tratamento podemos citar o metotrexato, a embolização das artérias uterinas, a curetagem, a histeroscopia e a laparoscopia, isolados ou associados6. Relatamos um caso que foi tratado conservadoramente com metotrexato, embolização da artéria uterina e curetagem com sucesso. foi submetida à aplicação de 91,5 mg de metotrexato intramuscular. Após, a ultrassonografia mostrava embrião (CCN 9 mm) com BCF ausente, com saco gestacional de 32x19x32 mm implantado em região de histerorrafia e hematoma de 95x34x80 mm (V=137 mL). Durante seu acompanhamento, a paciente mantinha-se estável, sem sangramento via vaginal e com regressão do hematoma e do saco gestacional a ultrassonografia houve redução dos níveis de β-hCG (43.369 mUI/mL). Recebeu alta após oito dias de internação com orientação de retorno em uma semana para controle. A paciente retorna com β-hCG de 17,908 mUI/mL, mas com aumento do saco gestacional (37x13x25 mm). Como a paciente encontrava-se estável e com desejo de preservar sua fertilidade, optou-se por acompanhamento clínico. Após uma semana, a paciente retornou com queixa de sangramento via vaginal intenso com duração de três dias. Ao exame, apresentava-se descorada com sinais vitais estáveis e com colo impérvio ao toque. Apresentava níveis de hemoglobina de 8,6 g/dL e Relato do caso Gestante de 28 anos, secundigesta com uma cesárea anterior com queixa de atraso menstrual de três meses e sangramento vaginal há onze dias. Foi encaminhada ao Centro de Atenção Integral da Mulher (CAISM), UNICAMP no dia 18 de maio de 2011 com ultra-sonografia de dez dias antes que mostrava gestação de 7 semanas e 1 dia, com batimentos cardíacos fetais (BCF) presentes, com implantação do saco gestacional em região istmo-cervical infiltrando miométrio até serosa. Gestante encontrava-se hemodinamicamente estável, com sangramento discreto via vaginal e colo impérvio ao toque vaginal. Exames laboratoriais normais (hemograma, coagulograma, função renal e hepática), com hemoglobina de 12,1g/dL e β-hCG 89,722 mUI/mL. A ultra-sonografia deste dia evidenciava gestação de 7 semanas e 1 dia (CCN 10,5mm) com volume uterino de 308,5 cm3, com saco gestacional de 24x17x22 mm com embrião vivo implantado em topografia de histerorrafia estendendo-se até serosa desta região e presença de hematoma em região fúndica do útero de 58x24x37 mm (V=65 mL) (Figuras 1 e 2). No dia seguinte, foi submetida à aplicação de 79 mg de metotrexato intraovular. Após os procedimentos BCF não foram evidenciados. Evoluiu com sangramento e diminuição dos níveis de hemoglobina (10,6 g/dL) e então 234 Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):233-7 Figura 1. Ultrassonografia mostrando saco gestacional e decídua implantados na topografia de histerorrafia e grande vascularização desta área. Figura 2. Ultrassonografia mostrando um hematoma em região fúndica do útero. Tratamento conservador da gravidez ectópica em cicatriz de cesárea: relato de caso imagem ecográfica mantida. A paciente foi internada mantendo sangramento e redução dos níveis de hemoglobina (7,9 g/dL) e foi submetida então à curetagem uterina com saída de moderada quantidade de restos e introdução de sonda Foley número 20 com insuflação de 35 mL de soro no balão no interior do útero para tamponar o sangramento. Devido à hemoglobina de 6,9 g/dL, a paciente foi submetida à transfusão de três bolsas de sangue. Após o procedimento apresentava hemoglobina de 8,5 g/dL. Retirada a sonda Foley após 24 horas houve diminuição do sangramento, porém com nova diminuição dos níveis de hemoglobina (7,6 g/dL). A ultrassonografia evidenciava um conteúdo complexo com grande vascularização em topografia de istmo de 77x57x77 mm compatível com coágulos e restos ovulares (Figura 3). Devido ao desejo da paciente de preservar seu útero, esta foi submetida à embolização das artérias uterinas com boa evolução e diminuição do sangramento e melhora nos níveis de hemoglobina (8,6 g/dL). A ultrassonografia após embolização mostrava o mesmo conteúdo em região de istmo com diminuição da vascularização e então a paciente foi submetida à curetagem uterina guiada por ultrassom, sendo necessária transfusão de uma bolsa de sangue durante o procedimento. Recebeu alta no dia seguinte em bom estado geral com discreto sangramento e com hemoglobina de 9 g/dL e β-hCG de 1,026 mUI/mL. Após dois dias da alta, a ultrassonografia mostrava imagem ecogênica em região anterior do útero de 14x17x26 mm, sem fluxo a doplervelocimetria e β-hCG de 196 mUI/mL e, após 12 dias, mostrava sinais de processo cicatricial em topografia istmo uterino com β-hCG de 4,3 mUI/mL. Após oito meses de evolução, a ultrassonografia mostrava-se normal com útero de 68,5 cm3 de volume. Figura 3. Ultrassonografia mostrando um conteúdo complexo (coágulos e restos uterinos) em istmo uterino. Discussão A gravidez ectópica em cicatriz de cesárea é rara. Desde o primeiro caso descrito em 1978 até 2001, só haviam sido reportados 19 casos, até 2006 havia 155 casos e até 2011 o número de casos descritos na literatura era de 751, mostrando um rápido aumento na incidência deste tipo de gestação ectópica1,7-10. Desde o advento da ultrassonografia transvaginal, esse tipo de gravidez ectópica, que costumava ser tratada com histerectomia na maioria dos casos por ruptura uterina e intenso sangramento, pôde ser diagnosticada precocemente e tratada de maneira conservadora, preservando a fertilidade11. A ultrassonografia apresenta uma sensibilidade de 84,6% para a detecção deste tipo de gestação ectópica7. Mesmo assim, há critérios ultrassonográficos rigorosos para se fazer o diagnóstico diferencial com aborto em curso e gravidez cervical. Dentre estes citamos cavidade uterina vazia, canal cervical vazio, desenvolvimento do saco gestacional na parede anterior do istmo e ausência de tecido miometrial normal entre a bexiga e o saco gestacional11,12. Outra forma para o diagnóstico de gestação ectópica em cicatriz de cesárea é a ressonância nuclear magnética13. Várias opções de tratamento conservador têm sido descritas na literatura para preservar a fertilidade das mulheres com esse diagnóstico, embora não haja consenso sobre a melhor modalidade de tratamento. Dentre elas podemos incluir a administração local ou sistêmica de metotrexato, curetagem uterina, histeroscopia, laparoscopia ou laparotomia para retirada do tecido ectópico e embolização de artéria uterina10,14,15. Em uma revisão de literatura, concluiu-se que administração sistêmica de metotrexato é uma alternativa para pacientes estáveis hemodinamicamente e a administração local de metotrexato ou cloreto de potássio guiado por ultrassonografia é outra opção. Após esses procedimentos, deve-se realizar a aspiração cirúrgica do conteúdo guiado por ultrassonografia16. O metotrexato pode causar complicações como: leucopenia, alopecia, estomatite, náuseas e vômitos, disfunção hepática ou renal, infecção genital, além de hemorragia vaginal17. Um estudo alemão publicou 55 casos de ectópica em cicatriz de cesárea tratadas entre 1996 a 2007 com metotrexato local e sistêmico, dos quais 34 com sucesso18. Um estudo recente com esta modalidade de tratamento mostrou que ele é muito efetivo, mas que níveis de β-hCG maiores que 20,000 necessitam de mais de uma aplicação de metotrexato para resolução do quadro14. Em nosso caso, após a curetagem a paciente apresentou sangramento vaginal intenso que foi controlado parcialmente com uso de sonda Foley. Na literatura, um estudo com 45 mulheres que foram tratadas com metotrexato sistêmico seguido de curetagem e uso de sonda Foley para Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):233-7 235 Yela DA e Marchiani N controle do sangramento, mostrou que em apenas três mulheres o tratamento não teve sucesso19. Outra opção de tratamento conservador é a retirada do conteúdo intrauterino por histeroscopia. Foram descritos poucos casos na literatura em gestações ectópicas iniciais6. Recentemente, um estudo utilizou a histeroscopia para tratamento da gestação ectópica da cicatriz em 11 pacientes com sucesso sendo que em uma foi associado com embolização uterina e nas outras 10, associados ao uso de metotrexato20. Outra opção para a remoção da gestação ectópica da cicatriz uterina é através da laparoscopia. Para prevenir a hemorragia, os estudos mostram que antes da laparoscopia é realizada a ligadura da artéria hipogástrica bilateralmente, a embolização das artérias uterinas ou a aplicação de vasopressina intra miometrial21. Atualmente, a embolização da artéria uterina vem sendo a opção para o tratamento conservador da gravidez ectópica em cicatriz de cesárea. Essa forma de intervenção pode ter como complicações: tromboembolismo, febre, dor abdominal, infecção pélvica, fistula vesical, atrofia endometrial e falência prematura ovariana7. Esta abordagem apresenta um índice de sucesso elevado quando associada à administração de metotrexato, ou apenas associada à curetagem pós embolização6,15,22-24. Um artigo de revisão no qual se avaliou 22 artigos publicados até 2012 com 239 casos, mostrou uma taxa de sucesso com tratamentos conservadores de 99,1%. Como em nosso caso, a curetagem uterina foi realizada após 24–72 horas da embolizaçao25. A resolução da gestação ectópica em cicatriz de cesárea com tratamento conservador varia de 20 a 75 dias26 e a negativação do valor de β-hCG demora de 30 a 60 dias9,27. Em nosso caso, a resolução do quadro foi em 31 dias e a negativação do β-hCG ocorre em 43 dias. Recentemente, um artigo chinês mostrou que os sintomas deste tipo de gestação ectópica são inespecíficos e que o diagnóstico é feito pela ultrassonografia e que a melhor escolha de tratamento é a curetagem uterina após uso de metotrexato ou embolização da artéria uterina28. Referências 1. Fylstra DL, Pound-Chang T, Miller MG, Cooper A, Miler KM. Ectopic pregnancy within a cesarean delivery scar: a case report. Am J Obstet Gynecol. 2002;187(2):302-4. 2. Bignardi T, Condous G. Transrectal ultrasound-guided surgical evacuation of cesarean scar ectopic pregnancy. Ultrasound Obstet Gynecol. 2010;35(4):481-5. 3. Jurkovic D, Hillaby K, Woelfer B, Lawrence A, Salim R, Elson CJ. First-trimester diagnosis and management of pregnancies implanted into the lower uterine segment Cesarean section scar. Ultrasound Obstet Gynecol. 2003;21(3):220-7. 4. Seow KM, Huang LW, Lin YH, Lin MY, Tsai YL, Hwang JL. Caesarean scar pregnancy: issues in management. Ultrasound Obstet Gynecol. 2004;23(3):247-53. 5. 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Rev Bras Ginecol Obstet. 2013; 35(5):233-7 237 2013 JULHO de 12 a 13 de julho de 2013 3° Congresso Amazonense de Ginecologia e Obstetrícia Local: Hotel Tropical – Manaus (AM) Realização: ASSAGO Informações: (92) 3584-9016 www.cago.com.br/site/ AGOSTO de 1º a 3 de agosto de 2013 VI Congresso Catarinense de Ginecologia Local: Centro de Eventos da Associação Catarinense de Medicina – Florianópolis (SC) Realização: SOGISC Informações: (48) 3322-1021 – Oceano Eventos www.catarinensegineco2013.com.br www.sogisc.org.br de 8 a 10 de agosto de 2013 XXVIII Congresso de Ginecologia e Obstetrícia de Mato Grosso do Sul Local: Centro de Convenções e Exposições Albano Franco Av. Mato Grosso, 5017 - Carandá Bosque Campo Grande (MS) Realização: SOGOMAT-SUL Informações: (67) 3321-8209/ 3042-2131 de 29 a 30 de agosto de 2013 26ª Jornada de Ginecologia e Obstetrícia do RN e 23ª Jornada da Maternidade Escola Januário Cicco Local: Hotel Pestana – Natal (RN) Realização: SOGORN Informações: (84) 3222-7415 [email protected] 238 SETEMBRO de 5 a 7 de setembro de 2013 XVIII Congresso de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo Local: Transamérica Expo Center – São Paulo (SP) Realização: SOGESP [email protected] www.sogesp.org.br OUTUBRO de 3 a 5 de outubro de 2013 XXXII Congresso Paraibano de Ginecologia e Obstetrícia I Simpósio da Federação Brasileira das Ligas de Ginecologia e Obstetrícia Local: Centro de Convenções de João Pessoa (PB) Informações: [email protected] VA NO CERAZETTE®, Desogestrel. APRESENTAÇÃO: cartucho com 1 cartela com 28 comprimidos. Cada comprimido contém: Desogestrel 75 mcg. INDICAÇÕES: contracepção. CONTRAINDICAÇÕES: CERAZETTE® não deve ser usado na presença de qualquer das condições abaixo ou se as mesmas ocorrerem pela primeira vez, o produto deve ser descontinuado imediatamente: gravidez ou suspeita de gravidez; distúrbio tromboembólico venoso ativo; presença ou história de doença hepática grave enquanto os valores de função hepática não tenham retornado ao normal; tumores progestagênio-dependentes; sangramento vaginal não diagnosticado; hipersensibilidade a qualquer componente do CERAZETTE®. PRECAUÇÕES e ADVERTÊNCIAS: durante o uso de contraceptivos orais (COs) o risco de ter câncer de mama diagnosticado está levemente aumentado. Entretanto, para esses contraceptivos de progestagênio isolado, a evidência é menos conclusiva. Avaliar risco-benefício no caso de câncer hepático. Investigações epidemiológicas associaram o uso de COC a uma maior incidência de tromboembolismo venoso (TEV, trombose venosa profunda e embolismo pulmonar). Embora a relevância clínica deste achado para Desogestrel usado como contraceptivo na ausência de um componente estrogênico seja desconhecida, CERAZETTE® deve ser descontinuado em caso de trombose. A descontinuação de CERAZETTE® deve também ser considerada e caso de imobilização prolongada devida à cirurgia ou doença. Mulheres com história de distúrbios tromboembólicos devem ser alertadas sobre a possibilidade de recorrência. Embora os progestagênios possam apresentar efeito sobre a resistência à insulina e sobre a tolerância à glicose, não há evidência da necessidade de alterar o regime terapêutico em diabéticas usando contraceptivos de progestagênio isolado. Entretanto, mulheres diabéticas devem ser cuidadosamente observadas enquanto usarem CERAZETTE®. O tratamento com CERAZETTE® leva à redução dos níveis séricos de estradiol para um nível correspondente à fase folicular inicial. Apesar do fato de CERAZETTE® inibir a ovulação, a gravidez ectópica deve ser considerada no diagnóstico diferencial se a mulher tem amenorréia ou dor abdominal. Cloasma pode ocorrer ocasionalmente. As seguintes condições foram relatadas durante a gravidez e durante uso de esteróide sexual, mas a associação com o uso de progestagênios não foi estabelecida: icterícia e/ou prurido relacionado a colestase; formação de cálculo de vesícula; porfiria; lúpus eritematoso sistêmico; síndrome urêmica hemolítica; corea de Sydenham; herpes gestacional; perda da audição relacionada a otosclerose. Mesmo quando CERAZETTE® é tomado regularmente, podem ocorrer distúrbios de sangramento. As mulheres devem ser informadas de que CERAZETTE® não protege contra HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. Com todos os contraceptivos hormonais de baixa dosagem, o desenvolvimento folicular ocorre e ocasionalmente o folículo pode continuar o desenvolvimento além do tamanho que poderia atingir num ciclo normal. Geralmente, esses folículos aumentados desaparecem espontaneamente. A eficácia dos contraceptivos de progestagênio isolado pode ser reduzida no caso de esquecimento de tomar os comprimidos, distúrbios gastrintestinais ou de utilização de medicação concomitante. Estudos epidemiológicos extensos mostraram que não há risco aumentado de malformações nas crianças de mães que utilizaram contraceptivos orais antes da gravidez, nem efeitos teratogênicos quando os contraceptivos orais forem administrados inadvertidamente no início da gestação. Dados de farmacovigilância coletados com vários COCs contendo desogestrel também não indicam um risco aumentado. CERAZETTE® não influencia a produção ou a qualidade do leite materno, mas uma pequena quantidade de etonogestrel é excretada no leite. REAÇÕES ADVERSAS: as reações adversas relatadas com maior freqüência nos estudos clínicos com CERAZETTE® (>2,5%) foram sangramento irregular, acne, alterações de humor, dor nas mamas, náusea e aumento de peso. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: podem ocorrer interações com fármacos indutores de enzimas microsomais, resultando em aumento da depuração dos hormônios sexuais. Foram estabelecidas interações com hidantoínas, barbitúricos, primidona, carbamazepina, rifampicina, oxcarbazepina, topiramato, rifabutina, felbamato, ritonavir, griseofulvina e produtos fitoterápicos contendo Hypericum perforatum. Durante o tratamento com carvão medicinal, a absorção do esteróide do comprimido pode ser reduzida bem como sua eficácia contraceptiva. Contraceptivos orais podem interferir com o metabolismo de outros fármacos (por ex., ciclosporina), consequentemente concentrações plasmáticas e tissulares podem ser afetadas. Dados obtidos com contraceptivos orais combinados mostraram que os esteróides contraceptivos podem influenciar os resultados de certos testes de laboratório, incluindo parâmetros bioquímicos do fígado, tireóide, adrenal e de função renal, níveis séricos de proteínas (carregadoras). POSOLOGIA: deve-se tomar um comprimido ao dia durante 28 dias consecutivos na ordem indicada pelas setas impressas na cartela, com pequena quantidade de líquido, aproximadamente no mesmo horário. Cada cartela subseqüente deve ser iniciada imediatamente após o término da anterior. Superdosagem: não há relatos de reações adversas graves em decorrência de superdose. Nesta situação os sintomas que podem ocorrer são: náuseas, vômitos e, em meninas e adolescentes, discreto sangramento vaginal. Não há antídotos e o tratamento deve ser sintomático. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Reg. MS: 1.0171.0089 CERAZETTE® não deve ser usado em casos de gravidez ou suspeita de gravidez e tumores progestagênio dependentes. Pode-se esperar interações durante o uso concomitante de CERAZETTE® com hidantoínas, barbituratos, primidona, carbamazepina, rifampicina. Antes de prescrever, recomendamos a leitura da Circular aos Médicos (bula) completa para informações detalhadas sobre o produto. A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVE SER CONSULTADO. Referência Bibliográfica: 1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lista de medicamentos de referência. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/7b8223004db4095facf9bcd6059e5711/ Lista+A+Isolados_05_12.pdf?MOD=AJPERES. Acessado em 04 de janeiro de 2013. Copyright © 2010 Merck Sharp & Dohme Corp., subsidiária de Merck & Co., Inc., Whitehouse Station, NJ, EUA. Todos os direitos reservados. MC 1150/12 01-2015-CER-13-BR-1150-J WOMN-1067094-0000 IMPRESSO EM JANEIRO/2013 CERAZETTE, CONSIDERADO REfERêNCIA NO mERCADO DE CONtRACEpçãO, AGORA VEm COm 3 blíStERES NA mESmA CAIxA!1 A amamentação com um toque de pura proteção Prepara, protege e trata as mamas para a amamentação. amamentação.1 Não precisa ser removido a cada mamada.1 Não oferece risco se ingerido pelo lactente.1 PREPARA Pode ser usado durante a gestação1 Nutre a pele dos mamilos e das aréolas entre as mamadas1 PROTEGE Evita o surgimento de fissuras nas mamas e traz conforto para a mãe1 Atenua a pele seca e proporciona elasticidade e flexibilidade1 TRATA Cuida das fissuras já existentes1 Alívio já na 1ª- aplicação1 Cuidados essenciais para a mãe no momento mais esperado de sua vida. • HIPOALERGÊNICO1 • NÃO CONTÉM CONSERVANTES OU ADITIVOS DE OUTRA NATUREZA1 • SEM SABOR OU ODOR1 Referência bibliográfica: 1. Data on file Mantecorp. de 1 Te c Fá il e 1 el agradá ura v xt a sp a lhabilid de 12 a 13 de julho de 2013 3° Congresso Amazonense de Ginecologia e Obstetrícia Local: Hotel Tropical – Manaus (AM) Realização: ASSAGO Informações: ((92) 3584-9016 www.cago.com.br/site/ Imagens: http://3.bp.blogspot.com/ | http://www.confiancabr.com.br/
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