1 MOZART (III) WOLFGANG AMADEUS MOZART1 (1756

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1 MOZART (III) WOLFGANG AMADEUS MOZART1 (1756
MOZART (III)
WOLFGANG AMADEUS MOZART1 (1756-1791)
Nasceu em Salzburgo, na Áustria. O seu pai, Leopold Mozart, era vicemestre da capela do arcebispo, compositor de algum mérito, e autor de um
célebre tratado de violino (Versuch einer gründlichen Violinschule, 1756). O seu
talento precoce levou a que o seu pai se concentrasse na sua formação
musical e o levasse em tournées pela Europa (França, Inglaterra, Holanda e
Itália), que ocuparam uma boa parte da sua vida entre os 6 e os 15 anos de
idade.
O Método de Violino de Leopold Mozart foi publicado no ano do
nascimento de Wolfgang, e foi editado várias vezes e traduzido para vários
idiomas. Este manual esteve vigente até princípios deste século, e revela um
conhecimento completo da técnica instrumental e, sobretudo, uma notável
intuição didáctica, experimentada ao longo de muitos anos em que Leopold
esteve encarregue de dar aulas de violino aos alunos da capela salzburguesa.
Nota-se também, além do valor científico da obra, que o autor era um homem
culto, muito atento à realidade que o rodeava.
Leopold pôs a sua ambição, a sua vontade e a sua cultura ao serviço do
filho. A sua severidade em relação a este não pode fazer esquecer que Mozart
deve muita da sua grandeza à presença do pai -e da irmã Nannerl. Leopold
ensinou o filho a tocar cravo e violino, guiou-o nas primeiras experiências
criativas com sábia prudência, pondo-o perante óptimos modelos e incitando-o a
imitá-los, sem nunca lhe impôr regras demasiado rígidas. A severidade do pai
era moderada com a generosidade do mestre.
A irmã Nannerl (=Maria Anna) era mais velha 4,5 anos do que Wolfgang.
Este assistiu às aulas de cravo que o pai dava à irmã quando esta tinha mais
ou menos 7 anos, e mostrava uma boa predisposição para a música. Começou a
tentar imitá-la. Para os seus 2 filhos, Leopold preparou 2 cadernos de peças
para cravo, de vários autores, e que serviram como passatempo, como exercício
e como instrução. O destinado a Wolfgang (1762), que tinha 6 anos, e pouco
tempo antes iniciara uma grande digressão europeia como menino-prodígio,
contém 135 peças, na maior parte minuetos e outras danças, fantasias e
sonatinas, que foram o pão de cada dia do pequeno executante, e através de
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No livro de baptismo, Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus; o pai
depois substituiu Theophilus por Gottlieb, e o filho mais tarde adoptaria a forma
italiana Amadeo
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cujo estudo não só aprendeu a técnica interpretativa, mas também os
procedimentos compositivos de autores famosos e menos famosos da Alemanha,
França e Itália.
Por volta dos 10 anos, o pai aplica-se em completar a educação de
Wolfgang, não só em música como em outras matérias. Wolfgang aprende latim,
italiano e francês, lê os clássicos e desenvolve uma notável aptidão para as
matemáticas. Era um homem bastante culto para a época, o que está patente no
elaborado estilo literário das numerosas cartas que dele se conservaram.
Aos 6 anos, Wolfgang compôs os seus primeiros minuetos, aos 8 ou 9 a
primeira sinfonia, aos 11 a primeira oratória, e aos 12 a primeira ópera (La
Finta Semplice, 1768). Ao longo das viagens, Mozart ia absorvendo com grande
facilidade os conhecimentos colhidos no contacto com toda a música europeia,
ou através de lições ocasionais com compositores tão importantes como
Johann Christian Bach em Londres, ou de professores tão reputados como o
Padre Giambattista Martini, em Bolonha.
O contacto com o Padre Martini vai-lhe ser extremamente proveitoso: o
culto pelo contraponto, tão pouco usado pelos operistas da época, tão
envelhecido e passado de moda, seria o precioso resíduo da estadia mozartiana
em Bolonha: um contraponto entendido como amor pela solidez construtiva e
como baluarte contra improvisações demasiado fáceis, e não como pedante
refúgio para uma mente privada de imaginação; numa palavra, o fresco, airoso e
brilhante contraponto mozartiano, recebido de um homem que, caso raro em
Itália, possuía ainda uma cópia da Arte da Fuga de Bach.
Já vimos atrás o estímulo e influência do seu amigo Haydn, mas é evidente
que ao longo dos seus menos de 20 anos de existência adulta, Mozart criou
um estilo de linguagem musical do seu tempo, estilo que é aquele que mais
perfeitamente realiza a síntese e superação das tradições italiana e alemã
conhecida por Classicismo Vienense.
Para além disso, o que há de aparentemente “misterioso” no seu
desenvolvimento musical e no seu processo de criação é a extraordinária
espontaneidade, facilidade e fecundidade das suas ideias musicais e a ausência
de esforço que se sente no seu encadeamento. A sua facilidade de invenção
melódica leva-o a preferir o bi-tematismo ao monotematismo de Haydn nos
seus allegros em forma-sonata, mas por outro lado é de um modo geral menos
aventuroso do que este ao nível da organização formal.
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Mozart compunha de memória, além de dedicar-se a outras actividades: “já
sabe que, por assim dizer, estou metido em música -trabalho todo o dia nelaagrada-me experimentar-estudar-reflectir” (carta de 1778).
Quase que não há esboços, quase todas as correcções se efectuam na mente,
e depois vem a sua escrita: “tenho que escrever atropeladamente -tudo está já
composto- mas escrito ainda não” (1780). A abertura de Don Giovanni, escreveua numa só noite, antes da estreia.
As suas mais de 600 obras foram inventariadas pelo Cavaleiro Von Köchel
em 1862. Nesse catálogo, posteriormente actualizado pelo musicólogo Alfred
Einstein, e que é universalmente utilizado, cada obra é designada pela
abreviatura K. seguida de um número.
Além da citada Finta Semplice, do Singspiel Bastien und Bastienne, de três
óperas sérias para Milão (1770-1772), as principais obras de juventude são os
primeiros quartetos e as primeiras sinfonias.
O Período de Salzburgo (até 1781)
Entre 1774 e 1781 Mozart viveu quase todo o tempo em Salzburgo,
contrariado com a sua posição de músico-servidor do arcebispo, tendo em 1777
feito uma viagem pela Alemanha e a Paris, na esperança de vir a conseguir
uma melhor situação profissional. Datam deste período várias serenatas e
divertimentos compostos para festas ao ar livre, casamentos, concertos caseiros,
etc. Alguns são para orquestra de cordas, com 2 ou mais partes para sopros,
outras são composições de ar livre, para 6 ou 8 instrumentos de sopro aos
pares. Outros ainda, aproximam-se mais de sinfonias ou de concertos com partes
solistas. Entre as mais famosas encontram-se: Eine kleine Nachtmusik, K.525, a
Serenata Notturna, K.239 e a Serenata Haffner, K. 250.
Deste período datam igualmente os 3 brilhantes concertos para violino em
Sol, Ré e Lá de 1775 (K. 216, 218 e 219), o primeiro concerto importante para
piano, o K. 271 em Mi bemol, e as suas três primeiras sinfonias importantes, K.
183 em Sol e K.201 em Lá.
A música religiosa do período de Salzburgo inclui várias missas, entre elas a
Missa em Dó, K.317, e vários motetos. A sua penúltima ópera séria, Idomeneo
(Munique, 1781) data também deste período, e na sua utilização de coros e
recitativos acompanhados, assim como pela sua espectacularidade, acusa a
influência de Gluck e da ópera francesa.
O período vienense (1781-1791)
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A maior parte das obras mais famosas de Mozart data dos últimos anos da
sua vida, passados em Viena. No início deste período, Mozart conheceu grande
sucesso como pianista e compositor. Contudo, ao fim de algum tempo, o público
abandonou-o, os alunos começaram a rarear, e Mozart começou a ver-se em
sérias dificuldades financeiras, a que se vieram a juntar a doença, e por fim a
morte prematura.
No Verão de 1781, há problemas com o Arcebispo de Salzburgo, e Mozart é
destituído. Começa então uma vida de artista livre, dedicando-se a dar lições,
concertos e a compor sobretudo óperas, o que não lhe é facilitado devido ao
predomínio da ópera italiana (o Mestre de Capela na Corte é Antonio Salieri).
Em 1781/82 escreve O Rapto do Serralho, que obtém grande êxito (é uma
encomenda do Imperador). Também em 1782, casa com Constanze Weber
(1762-1842), prima de Carl M. von Weber, com quem tem 6 filhos. É decisiva
a amizade com Haydn e o círculo do Barão Van Swieten, para cujas audições
de Bach e Haendel Mozart adaptou 4 oratórias de Haendel, incluindo O
Messias. Em 1784 ingressa na Maçonaria. A primeira ópera não composta por
encomenda é o Figaro, que pela conflituosa situação política resulta num êxito
polémico em Viena e absoluto em Praga. Para Praga, escreve Don Giovanni
(1787, com viagem a essa cidade).
Em 1789 viaja com o príncipe Lichnowsky, com passagens por Dresden,
Leipzig (onde ouve obras de Bach) e Berlim (encontro com Frederico Guilherme
II e encomenda de quartetos).
Em Outubro de 1790 actua em Frankfurt, por motivo da coroação do
Imperador Leopoldo II (Concertos para piano K. 459 e 537). No Verão são
compostas A Flauta Mágica e, destinada a Praga, La clemenza di Tito. Depois
de obscuros pressentimentos, morre durante a elaboração do Requiem.
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