CUNHA, Maria dos Anjos Berigo. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Transcrição

CUNHA, Maria dos Anjos Berigo. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
MARIA DOS ANJOS BEIRIGO CUNHA
INOVAÇÃO NO SETOR DE CONFECÇÃO DO VESTUÁRIO:
uma análise das características das indústrias de Divinópolis – MG
Belo Horizonte
2013
MARIA DOS ANJOS BEIRIGO CUNHA
INOVAÇÃO NO SETOR DE CONFECÇÃO DO VESTUÁRIO:
uma análise das características das indústrias de Divinópolis – MG
Dissertação apresentada ao Mestrado em
Administração do Centro Universitário UNA,
como requisito parcial à obtenção do título
de Mestre.
Área de concentração: Inovação e Dinâmica
Organizacional
Linha de pesquisa: Inovação,
Empresariais e Competitividade
Redes
Orientadora: Profª. Dra. Fernanda Carla
Wasner Vasconcelos
Belo Horizonte
2013
C972e
Cunha, Maria dos Anjos Beirigo
Inovação no setor de confecção do vestuário: uma analise das características
das indústrias de Divinópolis - MG/ Maria dos Anjos Beirigo Cunha. – 2013.
160f.: il.
Orientador: Prof.ª. Drª. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos
Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2013. Programa de
Mestrado em Administração.
Bibliografia f. 151-160
1.
Vestuário - Indústria. 2. Inovações tecnológicas. I. Vasconcelos, Fernanda
Carla Wasner. II. Centro Universitário UNA. III. Título.
CDU: 687
Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus João Pinheiro
Dedico esta dissertação ao meu esposo, Jacob, e aos meus filhos, Luíza e Lucas, pelo
apoio e carinho. A minha mamãe, Maria Cecília, e ao meu papai, Ângelo, por
terem deixado a zona rural em prol dos estudos de seus filhos.
AGRADECIMENTOS
Primeiro a Deus, o único criador.
Ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais CEFET/MG, pelo
apoio financeiro.
Ao Núcleo de Pesquisas do Vestuário (NUPEV) do Campus V do CEFET/MG,
pela participação na coleta de dados.
Ao Sindicato das Indústrias do vestuário de Divinópolis (SINVESD), pelo apoio.
Aos associados do SINVESD, pela confiança e tempo dedicados a responder ao
questionário da pesquisa.
À Profa. Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos, pela dedicação e
compromisso com a vida acadêmica.
Às Profas. Dra. Fátima Marília Andrade de Carvalho e Dra. Marta Araújo Tavares
Ferreira, pela contribuição e tempo dedicados a este estudo.
Aos professores do Centro Universitário UNA.
A todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte desta conquista.
“Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que
alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é
a sua porção; porque quem o fará voltar para ver o
que será depois dele?”
(Eclesiastes 3.22)
RESUMO
Esta pesquisa teve por objetivo investigar a relevância das características inovativas
e os resultados empíricos (outputs) de empresas cadastradas em um sindicato de
micro, pequenas e médias empresas (MEPEs) no setor do vestuário, no município
de Divinópolis (MG). Através de uma abordagem survey, identificou-se o
desempenho inovador dessas empresas no contexto do estado de Minas Gerais e
do Brasil, a partir da comparação entre os dados setoriais e os da Pesquisa Nacional
de Inovação – PINTEC – 2008, fonte secundária dos dados. No Brasil, a PINTEC é a
responsável pela construção desses indicadores em níveis estadual e nacional. No
entanto há escassez de divulgação dessas informações entre as empresas
municipais. A inovação desempenha papel fundamental no planejamento
estratégico, visa ao crescimento, ao aumento da competitividade e ao desempenho
das firmas, além de sua sobrevivência no mercado. Os resultados deste estudo
demonstraram a interface das características inovativas com os indicadores de
inovação locais, que nortearam a dinâmica da inovação contabilizada pelo setor, e,
na comparação com os principais dados da PINTEC 2008, demonstraram sua
posição de destaque em relação às inovações implementadas por empresas em
todo o país, seja em produtos, seja em processos, organizacionais e de marketing.
Tudo isso reafirmou, para o município de Divinópolis (MG), o título de “Capital da
Moda”. Criaram-se perspectivas em torno da comparação com os dados estaduais e
nacionais, com vistas a gerar fomento para futuros investimentos, além de
implicações positivas e novos insights sobre as características inovativas das
MEPEs desse setor.
Palavras-chave: Inovação. Tecnologia. Vestuário. Produto. Processo. PINTEC.
ABSTRACT
This research aimed to investigate the relevance of innovative features and empirical
results (outputs) of companies that are registered in a union of micro, small and
medium enterprises (MEPEs), in the clothing sector in the city of Divinópolis (MG).
Through a survey approach, it was identified the innovator performance of these
businesses in the state of Minas Gerais and Brazil, based on a comparison between
the sector data and the National Survey of Innovation - PINTEC - 2008, secondary
source of data. In Brazil, PINTEC is responsible for the construction of these
indicators in state and national levels. However, there is lack of disclosure between
the companies in the city. Innovation plays a key role in strategic planning, aims the
growth, increases competitiveness and the performance of companies, in addition to
its survival in the market. The results of this study has demonstrated the interface of
innovative features with the indicators of local innovation, that guided the dynamics
of innovation acquired by this sector, and, in comparison to the main data of PINTEC
2008, demonstrated its prominent position in relation to the innovations implemented
by companies nationwide, whether in products, whether in organizational processes
and the marketing. All this has reaffirmed, for the city of Divinópolis (MG), the title
"Capital of Fashion". Perspectives were created around the comparison to state and
national data with the purpose of generate encouragement for future investments, in
addition to positive implications and new insights on the innovative features of the
MEPEs of this sector.
Keywords:
Innovation.
Technology.
Clothing.
Product.
Process.
PINTEC.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 -
“Divinópolis Capital Mineira da Moda”.......................................
27
FIGURA 2 -
Modelo linear de inovação.........................................................
40
FIGURA 3 -
Modelo da dinâmica da geração de inovação tecnológica
exercida nos países inovadores................................................
42
FIGURA 4 -
Estrutura do conteúdo do questionário.....................................
59
FIGURA 5 -
Localização do município de Divinópolis (MG)..........................
70
FIGURA 6 -
Modelo teórico das inovações implementadas pelas
empresas associadas ao SINVESD entre 2010 e 2012............ 144
FIGURA 7 -
Criação e desenvolvimento de coleções...................................
FIGURA 8 -
Criação e desenvolvimento de coleções – modelo “cópias
criativas”.................................................................................... 147
GRÁFICO 1 -
Porte das empresas cadeia têxtil..............................................
33
GRÁFICO 2 -
Principais atividades das empresas entre 2010 e 2012............
73
GRÁFICO 3 -
Tipo de gestão das empresas...................................................
73
GRÁFICO 4 -
Porte das empresas..................................................................
74
GRÁFICO 5 -
Principal mercado das empresas entre 2010 e 2012................
74
GRÁFICO 6 -
Principais clientes das empresas entre 2010 e 2012................
75
GRÁFICO 7 -
Produto novo ou significativamente aperfeiçoado para o
mercado mundial, nacional e empresarial.................................
84
GRÁFICO 8 -
Responsável pelo desenvolvimento dos produtos....................
88
GRÁFICO 9 -
Processos novos ou significativamente aperfeiçoados para o
setor em nível mundial, nacional e empresarial........................
90
GRÁFICO 10 - Responsável pelo desenvolvimento da inovação de
processos..................................................................................
GRÁFICO 11 - Inovação de produto..................................................................
146
92
95
GRÁFICO 12 - Inovação de processos..............................................................
95
GRÁFICO 13 - Inovação total............................................................................
96
GRÁFICO 14 - Estatística descritiva do apoio do governo às inovações.......... 109
GRÁFICO 15 - Estatística descritiva dos métodos de proteção utilizados
pelas empresas entre 2010 e 2012........................................... 110
GRÁFICO 16 - Estatística descritiva da solicitação de depósito de registro de
marcas....................................................................................... 111
GRÁFICO 17 - Novas técnicas de gestão para melhorar rotinas e práticas de
trabalho...................................................................................... 117
GRÁFICO 18 - Novos métodos de organização do trabalho para melhor
distribuir responsabilidades e poder de decisão....................... 118
GRÁFICO 19 - Implementação de mudanças significativas nas relações com
outras empresas........................................................................
GRÁFICO 20 - Implementação
de
mudanças
significativas
nos
conceitos/estratégias de marketing...........................................
119
119
GRÁFICO 21 - Implementação
de
mudanças
significativas
no(s)
produto(s).................................................................................. 120
GRÁFICO 22 - Inovação geral - Organizacional e de Marketing......................
121
GRÁFICO 23 - Estimativa mensal do consumo de tecidos em metros das
empresas da amostra entre 2010 e 2012................................. 133
GRÁFICO 24 - Estimativa mensal dos resíduos têxteis produzidos pelas
empresas entre 2010 e 2012..................................................... 134
GRÁFICO 25 - Estimativa do consumo mensal de energia elétrica das
empresas entre 2010 e 2012 em Quilowatt-hora (kWh)............ 135
GRÁFICO 26 - Estimativa do consumo mensal de água das empresas entre
2010 e 2012 em litros (L)........................................................... 136
GRÁFICO 27 - Implantação de coleta seletiva de lixo nas empresas entre
2010 e 2012............................................................................... 138
GRÁFICO 28 - Destino dos resíduos têxteis gerados pelo setor produtivo das
empresas entre 2010 e 2012..................................................... 139
GRÁFICO 29 - Destino dos resíduos de óleo lubrificante gerados pelas
máquinas e equipamentos das empresas entre 2010 e
2012........................................................................................... 140
QUADRO 1 -
Definição dos tipos e níveis de inovação..................................
39
QUADRO 2 -
Indicadores de esforço inovativo...............................................
51
QUADRO 3 -
Principais atividades inovativas ................................................
53
QUADRO 4 -
Situação de coleta das empresas associadas ao SINVESD
entre os meses de mar./ jun. de 2013.......................................
61
QUADRO 5 -
Interpretação da intensidade do coeficiente da correlação.......
66
QUADRO 6 -
Diversificação de produtos – inovação em nível da empresa...
85
QUADRO 7 -
Principal processo ou método inovador introduzido pelas
empresas entre 2010 e 2012.....................................................
91
QUADRO 8 -
Tipo de certificação...................................................................
93
QUADRO 9 -
Caracterização da inovação das empresas de confecção de
artigos do vestuário e acessórios no município de Divinópolis
(MG) entre 2010 e 2012............................................................ 149
TAB. 1 -
Comparativo das principais características abordadas entre
PINTEC 2008 e Divinópolis (MG) 2012..............................................
68
TAB. 2 -
Cargo dos respondentes....................................................................
72
TAB. 3 -
Principais regiões de venda dos produtos de acordo com os tipos
de clientes..........................................................................................
76
Número de funcionários entre 2010 e 2012 em cada
setor....................................................................................................
77
Número médio de peças produzidas/mês entre 2010 e
2012....................................................................................................
78
Percentuais médios das atividades que são realizadas
internamente e/ou terceirizadas (Facção) nos setores, entre 2010 e
2012....................................................................................................
80
Número de máquinas e equipamentos eletrônicos existentes nas
empresas entre 2010 e 2012..............................................................
81
Percentual do faturamento das vendas de cada tipo de
cliente.................................................................................................
82
TAB. 9 -
Força de trabalho entre 2010 e 2012.................................................
83
TAB.10 -
Participação dos produtos nas vendas líquidas e nas exportações...
87
TAB. 11 - Impactos gerados pela inovação de produto nas empresas..............
89
TAB. 12 - Impactos gerados pelas inovações de processos e métodos
implementados nas empresas............................................................
93
TAB. 4 TAB. 5 TAB. 6 -
TAB. 7 TAB. 8 -
TAB. 13 - Estatística descritiva das inovações...................................................
94
TAB. 14 - Teste de Associação entre a inovação geral e o tipo de gestão das
empresas............................................................................................
97
TAB. 15 - Teste de Associação entre a inovação geral e o principal mercado
das empresas (2010 a 2012)..............................................................
97
TAB. 16 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação, o número de
funcionários que trabalham nos setores e o número médio de
peças produzidas por mês.................................................................
99
TAB. 17 - Frequência da participação dos setores internos das empresas nas
atividades de inovação entre 2010 e 2012......................................... 100
TAB. 18 - Estatística descritiva da frequência do uso das fontes de
informação externas às empresas para criar produtos e processos
inovadores entre 2010 e 2012............................................................ 102
TAB. 19 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e a frequência
do uso das fontes de informação externas às empresas para criar
produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012........................ 104
TAB. 20 - Estatística descritiva do nível de cooperação para criar produtos e
processos inovadores entre 2010 e 2012.......................................... 106
TAB. 21 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de
cooperação para criar produtos e processos inovadores entre 2010
e 2012................................................................................................. 107
TAB. 22 - Estatística descritiva do nível de prejuízo causado pelos diversos
obstáculos no desenvolvimento de atividades inovativas entre 2010
e 2012................................................................................................. 112
TAB. 23 - Teste de Mann Whitney U para verificar a diferença do nível de
prejuízo dos obstáculos entre as empresas que inovaram e as que
não inovaram...................................................................................... 113
TAB. 24 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de
prejuízo dos obstáculos dos seguintes elementos nas atividades
inovativas das empresas entre 2010 e 2012...................................... 115
TAB. 25 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Implementação da
gestão do conhecimento pelas empresas entre 2010 e
2012.................................................................................................... 122
TAB. 26 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Descentralização
ou integração de setores pelas empresas entre 2010 e 2012........... 122
TAB. 27 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Terceirização
implementada pelas empresas entre 2010 e 2012............................ 123
TAB. 28 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Adoção de novas
formas para colocação dos produtos no mercado ou canais de
venda pelas empresas entre 2010 e 2012......................................... 124
TAB. 29 - Teste de Associação entre a Inovação geral e as Mudanças
significativas no design dos produtos pelas empresas entre 2010 e
2012.................................................................................................... 124
TAB. 30 - Estatística descritiva do nível de importância das atividades
inovativas das empresas, entre 2010 e 2012, direcionadas ao
desenvolvimento
de
novos
produtos/processos
ou
ao
aperfeiçoamento significativo dos já existentes................................. 126
TAB. 31 - Teste de Mann Whitney U para verificar a diferença do nível de
importância dos esforços inovativos entre as empresas que
inovaram e as que não inovaram....................................................... 127
TAB. 32 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de
importância das atividades inovativas das empresas, entre 2010 e
2012,
direcionadas
ao
desenvolvimento
de
novos
produtos/processos ou ao aperfeiçoamento significativo dos já
existentes........................................................................................... 130
TAB. 33 - Estatística descritiva das principais composições dos tecidos com
base no total de tecidos utilizados nas empresas entre 2010 e
2012.................................................................................................... 137
TAB. 34 - Estatística descritiva do percentual de máquinas e equipamentos
das empresas que possuem o selo PROCEL (Classe
“A”)...................................................................................................... 137
TAB. 35 - Estatística descritiva entre as médias das empresas que
implementaram inovações de produtos e processos - PINTEC
2008.................................................................................................... 141
TAB. 36 - Estatística descritiva entre os tipos de inovações de produtos e
processos - PINTEC 2008.................................................................. 141
TAB. 37 - Estatística descritiva entre as médias dos níveis de inovação das
empresas que implementaram inovações de produtos - PINTEC
2008.................................................................................................... 141
TAB. 38 - Estatística descritiva entre as médias das empresas que
implementaram inovações de processos - PINTEC 2008 ................. 142
TAB. 39 - Estatística descritiva entre as médias das empresas no uso dos
métodos de proteção das inovações de produtos ou processos PINTEC 2008..................................................................................... 142
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABDI -
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
ABIT -
Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção
ABRAVEST -
Associação Brasileira do Vestuário
ANPEI -
Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das
Empresas Inovadoras
APL -
Arranjo Produtivo Local
CAD -
Computer Aided Design
CAM -
Computer Aided Manufacturing
CEFET -
Centro Federal de Educação Tecnológica
CEMPRE -
Cadastro Central de Empresas
CIS -
Community innovation survey
CLT -
Consolidação das Leis do Trabalho
CNAE -
Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CNI -
Confederação Nacional da Indústria
CNPJ -
Código Nacional da Pessoa Jurídica
CNPq -
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CONCLA -
Comissão Nacional de Classificação
EFOM -
Estrada de Ferro Oeste de Minas
ERP -
Enterprise Resource Planning
EUROSTAT -
Statistical Office of the European Communities
FGV -
Fundação Getúlio Vargas
Fig. -
Figura
FINEP -
Financiadora de Estudos e Projetos
FITEDI -
Cia Fiação e Tecelagem Divinópolis
Gráf. -
Gráfico
IBGE -
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICT -
Instituto de Ciência e Tecnologia
IES -
Institutos de Ensino Superior
INMETRO -
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
IPEAD -
Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis
ISO -
International Organization for Standardization
Kg -
Quilograma
Km2 -
Quilômetro quadrado
kWh -
Quilowatt hora
L-
Litro
m-
Metro
MBA -
Master of Business Administration
MG -
Minas Gerais
MPMEs -
Micro, Pequenas e Médias Empresas
NUPEV -
Núcleo de Pesquisas do Vestuário
OCDE -
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico
ONG -
Organização Não Governamental
p. -
Página
PATME -
Programa de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas
P&D -
Pesquisa e Desenvolvimento
PET -
Polietileno Tereftalato
PIB -
Produto Interno Bruto
PINTEC -
Pesquisa de Inovação Tecnológica
P+L -
Produção mais Limpa
PPCP -
Planejamento, Programação e Controle da Produção
PROCEL -
Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
Qual -
Certificação de Qualidade e sustentabilidade da indústria têxtil e
de moda
R$ -
Real
RHAE -
Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas
Estratégicas
SEBRAE -
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAI -
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SIG -
Sistema de Informação Gerenciais
SINDITÊXTIL -
Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem
SINVESD -
Sindicato das Indústrias do Vestuário de Divinópolis
SPSS -
Statistical Package for the Social Sciences
Tab. -
Tabela
US$ -
Dólar Americano
3D -
Três dimensões
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO...........................................................................................
22
2
O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA....................................................
25
3
OBJETIVOS..............................................................................................
29
3.1
Objetivo geral.............................................................................................
29
3.2
Objetivos específicos.................................................................................
29
4
REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................
30
4.1
O setor confeccionista do vestuário no Brasil: panorama histórico...........
30
4.1.1 A indústria têxtil e de confecções em Minas Gerais..................................
34
4.2
Conceitos associados à inovação.............................................................
36
4.3
Tecnologia.................................................................................................
36
4.4
Inovação....................................................................................................
37
4.5
Inovação Tecnológica................................................................................
44
4.6
Inovação Organizacional e de Marketing..................................................
44
4.7
Inovação e Sustentabilidade......................................................................
45
4.8
Inovação de produtos e processos novos ou substancialmente
aprimorados no contexto da pesquisa.......................................................
49
4.9
Relação entre inovação e competitividade................................................
54
5
METODOLOGIA........................................................................................
56
5.1
Caracterização da pesquisa......................................................................
56
5.2
Amostra e procedimentos operacionais....................................................
56
5.3
Instrumentos de coleta de dados MPMEs.................................................
58
5.4
Procedimentos para análise de dados......................................................
61
5.5
Tipos de análises estatísticas utilizadas....................................................
61
5.6
Análises comparativas entre a pesquisa de nível nacional e local............
67
6
ANÁLISES DOS RESULTADOS..............................................................
69
6.1
Divinópolis: Polo de Moda.........................................................................
69
6.2
Caracterização das empresas estudadas.................................................
71
6.3
Inovação de produtos................................................................................
84
6.4
Inovação de processos..............................................................................
89
6.5
Inovação implementada e suas relações..................................................
94
6.5.1 Relação entre inovação e as características das empresas.....................
96
6.5.2 Relação entre inovação e as fontes de informação...................................
99
6.5.3 Relação entre inovação e os agentes de cooperação............................... 105
6.5.4 Relação entre inovação e o apoio do Governo.........................................
108
6.5.5 Relação entre inovação e os métodos de proteção..................................
109
6.5.6 Relação entre inovação e seus obstáculos...............................................
111
6.5.7 Relação entre inovação (produtos e processos) e inovação
organizacional e de marketing................................................................... 116
6.5.8 Relação entre inovação e esforço inovativo..............................................
125
6.5.9 Relação entre inovação e gestão ambiental.............................................. 132
6.6
Comparativo entre os principais indicadores de inovação........................
140
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................
143
7.1
Inferências advindas das principais características de inovação das
MPMEs...................................................................................................... 143
7.2
Principais limitações da pesquisa..............................................................
7.3
Implicação da pesquisa e estudos futuros................................................. 148
REFERÊNCIAS.........................................................................................
147
151
22
1 INTRODUÇÃO
Estudos sobre o paradigma tecnológico têm despertado interesse por parte de
toda a malha empresarial. O ambiente competitivo demanda cada vez mais
tecnologia e inovação, principalmente nas indústrias de transformação. A
globalização e a abertura comercial próprias da contemporaneidade demonstraram,
a princípio para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), uma tendência
ao crescimento influenciada pela facilidade da entrada de novas tecnologias. A
importação de produtos no Brasil, principalmente do mercado chinês, contabilizou a
posteriori os déficits comerciais.
Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) apontam para a
valoração das pequenas empresas, além do estabelecimento de bases sólidas como
diferencial competitivo frente às grandes empresas já estabelecidas.
Inovação e competitividade são elementos fundamentais em planejamento
estratégico, sobrevivência e crescimento das empresas, e se tornam cada vez mais
necessários à medida que o processo de concorrência, por meio do surgimento de
novas empresas de base tecnológica no mercado, se acelera. Atualmente, a
inovação tecnológica tornou-se uma necessidade no mundo empresarial. O
investimento em tecnologia voltado para a cadeia produtiva, nesse caso, não é
apenas uma condição para que as empresas existam, mas um quesito que lhes
garante presença competitiva e, por essa via, sobrevivência e crescimento no
mercado. Dauscha (2010, p. 28) esclarece:
O desafio para os empresários é entender e incorporar que maiores
investimentos em inovação, em geral, levam, além de obviamente a maior
competitividade local, nacional ou internacional de seu negócio, a um
aumento do poder aquisitivo da população e consequentemente do
mercado como um todo, inclusive, no âmbito de sua atuação.
A inovação constitui uma autêntica política empresarial, que define propósitos
e perspectivas para o crescimento das empresas. Nessa perspectiva, de acordo com
Kaplan e Norton (1997), as empresas da era da informação estão baseadas em um
novo conjunto de premissas operacionais, entre elas, a inovação e os trabalhadores
do conhecimento. A inovação, nesse caso, é vista como arte para prever as
23
necessidades futuras dos clientes, idealizar produtos e serviços radicalmente
inovadores e incorporar rapidamente novas tecnologias de produto para dar
eficiência aos processos operacionais e à prestação de serviços.
No entanto o setor confeccionista do vestuário encontra-se fora desse
contexto, mesmo em municípios cuja economia tem esse setor como base de
sustentação. Em relação a esse aspecto, Costa e Rocha (2009, p. 185) enfocaram a
necessidade de desenvolvimento de atividades inovativas na cadeia têxtil em todas
as instâncias e afirmam:
No elo da confecção, a possibilidade de inovação tem sido marginal, dada a
grande relevância do fator humano. Os avanços mais significativos estão
nas fases de desenho e corte, com a aplicação do sistema CAD/CAM1 e o
acoplamento de dispositivos eletrônicos nas máquinas de costura para
aumentar a precisão no acabamento. No segmento do vestuário, em
especial, as maiores inovações ocorrem no design do produto.
O investimento em tecnologia tem sido um dos principais obstáculos a serem
superados pelas indústrias de confecção. As empresas desse ramo, de acordo com
o Sindicato das Indústrias Têxteis (SINDITÊXTIL, 2009), têm investido em
tecnologia, equipamentos modernos, enquanto as pequenas empresas, em muitos
casos, utilizam o que já foi descartado pelas maiores. A tecnologia incorporada pelas
empresas de médio e grande porte, além de maximizar a produção, é capaz de
promover a agilidade administrativa. Com o uso de sistema computadorizado, de
acordo com Jones (2005, p. 56), “atualmente, as roupas podem ser feitas em
medidas individuais e cortadas a laser, usando a tecnologia de design assistido por
computador (CAD – Computer Aided Design)”. Além de máquinas eletrônicas, a
indústria do vestuário ainda pode contar com máquinas que realizam operações
automaticamente como pregar bolsos, botões, entre outras.
Embora as MPMEs sejam maioria no setor confeccionista no Brasil (IPEAD,
2011), há poucos estudos através dos quais se possa caracterizar e analisar esse
segmento, principalmente referente aos indicadores de inovação. Uma vez que os
estudos sobre as MPMEs do setor confeccionista sejam ampliados, as informações
obtidas poderão ser úteis aos órgãos públicos para fomentar políticas que
1
CAD – Computer Aided Desing - Projeto Assistido por Computador;
CAM - Computer Aided Manufacturing - Fabricação Assistida por Computador.
24
possibilitem o investimento em inovação, além de incentivo para os investimentos
privados do setor, de modo a torná-lo mais competitivo. No Brasil, os investimentos
feitos pelo governo por meio de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICT) beneficiam
essencialmente a academia, e é insuficiente para que as empresas alcancem
avanços significativos em inovação (CALMANOVICI, 2011).
25
2 O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA
A globalização econômica tem exigido das empresas um novo padrão
produtivo e de gerenciamento. As regras impostas por tal padronização
possibilitaram às empresas se reestruturarem em todos os setores, dentre os quais
destaca-se o setor da produção, em que a inovação torna-se essencial. Desse
modo, observa-se que investir em novas tecnologias vai além de ser apenas um
diferencial relacionado a algumas empresas; torna-se uma necessidade de todas
aquelas que desejam manter-se no mercado, especialmente, de forma competitiva.
De acordo com Bas e Laužikas (2010), os principais desafios das empresas
ocorrem no momento em que os processos de inovação alteram o seu
comportamento frente aos concorrentes no mercado, o que constitui um dos grandes
desafios também para a administração das operações de uma empresa
confeccionista. Desafio no que se refere às mudanças nas atuais tecnologias
disponíveis para o setor desse segmento empresarial, o que implica adequações
significativas para os gestores de produção, por exemplo, o monitoramento de
tecnologias emergentes. Por sua vez, essas operações devem ser capazes de
mover-se rapidamente para se adaptarem às mudanças tecnológicas e também
desenvolverem melhor entendimento das relações entre o potencial das novas
tecnologias e a possibilidade de inserção para o incremento da produtividade da
empresa e sua maior competitividade no mercado.
O crescimento significativo desse setor nos últimos anos, em decorrência da
reestruturação produtiva iniciada nos anos de 1980, contribuiu para desencadear
uma demanda constante de novas tecnologias voltadas para a expansão produtiva,
assim como de profissionais especializados para a administração e gerenciamento
dessa indústria. Além da abertura da economia, de acordo com Resende Filho
(1999, p. 186), “[...] a inserção do país no mercado mundial globalizado não se daria
em uma situação de igualdade”. A partir da década de 1990, desencadeou-se a
competitividade de produtos em preços e qualidade frente à facilidade de
importação. Em decorrência, inibiu-se a produção industrial brasileira, tal como se
atesta a seguir:
26
Ao final da década de 1990, como decorrência da abertura da economia, a
competitividade passou a aparecer como importante elemento a ser
incorporado nas estratégias de crescimento das empresas e como questão
central a ser enfocada pelas políticas de governo. A competição com
produtos importados e a importância crescente das exportações induziriam
uma demanda por inovações capazes de conferir competitividade ao
produtor nacional, inclusive para garantir a inserção dos produtos no
mercado internacional (CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003, p. 736).
A ascensão de outras economias majoritárias no mercado da confecção,
como a da China, fez com que o mercado internacional e o brasileiro defrontassem
com produtos de menor preço, embora, muitas vezes, de qualidade inferior.
Produtos de origem asiática, especialmente chinesa, tornaram-se competitivos por
motivos diversos, como mão de obra barata, baixo preço de matérias primas e
menor qualidade dos produtos. Essa realidade do setor confeccionista brasileiro e os
efeitos das mudanças nos competidores internacionais também se refletem nas
indústrias mineiras, que ainda convivem com algumas características específicas.
De acordo com Pedrosa (2005), em Minas Gerais, a indústria da confecção não se
encontra pulverizada em muitos municípios, senão que apresenta uma tendência a
se aglomerar em alguns polos. Os principais polos de confecção são Região
Metropolitana da Grande Belo Horizonte, Juiz de Fora, Divinópolis e Uberlândia.
Outros municípios cujo número de empresas é menos expressivo são: Patos de
Minas, Uberaba, Sete Lagoas, Governador Valadares, Formiga.
Atualmente, os dados apresentados pela principal pesquisa setorial de
inovação tecnológica no âmbito estadual e nacional não demonstram a realidade
dos setores locais, o que impossibilita análises específicas, detalhadas e
direcionadas para os municípios, mais especificamente, como o caso de Divinópolis
(MG), cuja principal característica histórica e econômica é o setor têxtil. Pesquisas
que identifiquem as características de esforço inovativo e de inovação são
importantes para o direcionamento e alocação de investimentos. Por outro lado,
constata-se, pela análise do referencial teórico específico, a quase inexistência de
trabalhos científicos relacionados ao setor de confecções em Minas Gerais, o que
reforça a importância desse estudo não apenas para um melhor conhecimento do
setor, mas como uma contribuição para o planejamento estratégico baseado na
inovação e na busca da melhoria de competitividade.
Por tudo isso é que foi selecionado para esta pesquisa o município de
Divinópolis (MG), localizado na região centro-oeste do Estado, polo de moda que
27
possui atualmente 570 indústrias de confecção de artigos do vestuário em atividade.
Responsável pela geração de mais de cinco mil empregos formais, conhecida
nacionalmente, conforme Fig. 1, como “Capital Mineira da Moda”, movimenta mais
de R$120 milhões por ano (DIVINÓPOLIS, 2012).
A confecção de artigos do vestuário é um dos setores mais representativos e
tradicionais da economia de Divinópolis e formou-se entre as décadas de 1980 e
1990, com forte presença de micro, pequenas e médias empresas (SILVA;
TAVARES; ANTONIALLI, 2012).
Figura 1 - “Divinópolis Capital Mineira da Moda”
Fonte: Foto de outdoor MG 050 - Anel Rodoviário de Divinópolis. Dados da
pesquisa.
Outro gerador de empregos é a prestação de serviços do setor (facção 2 ),
estratégia utilizada para atender às sazonalidades dos produtos e contratos. De
acordo com Piccinini, Oliveira e Fontoura (2006) e com o Instituto de Pesquisas
Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD, 2011), a facção
é utilizada para suprir a falta de mão de obra interna das empresas nas diversas
etapas do processo produtivo, principalmente na montagem de peças e
acabamentos.
2
“Empresas faccionistas, em geral, não têm linha de produção própria, trabalhando sob
encomenda para terceiros. Tais empresas contam apenas com instalações, mão de obra e
equipamentos próprios. A empresa contratante orienta a faccionista em relação à matéria-prima,
aos insumos e à fabricação. Essa modalidade de operação é bastante comum na fase de costura”
(ABDI, 2009, p. 80).
28
Os produtos e nichos de mercado são muito diversificados, e entre eles há
atacadistas, varejistas e as chamadas popularmente de “sacoleiras”. De acordo com
García (2009, p. 1.580), talvez o surgimento dessa expressão “[...] seja decorrente
da grande quantidade de pessoas com esta atividade que frequentam as imediações
da Rua 25 de Março3, local onde foi obtida esta acepção”. Além da diversidade na
demanda de produtos em termos de classe econômica, de acordo com o Sindicato
da Indústria do Vestuário de Divinópolis (MG) (SINVESD, 2012), existe também a
diversidade por segmento, que inclui desde a moda feminina até a infantil, além da
moda festa, praia, lingerie, tamanho especial, entre outros.
A inovação contemporânea, principalmente no segmento da indústria de
transformação, como é o caso da confecção do vestuário, deve estabelecer uma
relação estreita com a criação, o desenvolvimento e a sustentabilidade. Criar novos
produtos ou processos com tecnologia inovadora deixou de ser apenas um avanço
competitivo para as empresas e tornou-se necessária para criar uma imagem verde,
com produtos com qualidade ambiental. Isso quer dizer reduzir o uso de matériaprima natural e de energia; otimizar os processos (AZZONE; NOCI,1998), além de
desenvolver novas culturas para o consumo de produtos e serviços sustentáveis.
Em síntese, isso significa produzir mais com menos, de maneira criativa (DAVIS;
POPOVIC; CROWTHER, 2007, MARCHAND; STUART, 2008).
Considera-se que o setor de confecção do vestuário tem relevância na
economia mineira, mais especificamente em alguns municípios, e a perspectiva de
ampliação desse setor evidencia a necessidade de pesquisas que voltem seus
objetivos para a análise dos elementos dessa cadeia produtiva e sua compreensão.
Neste contexto, o problema desta pesquisa é avaliar o nível de inovação em
que se encontram as MPMEs do setor do vestuário no município de Divinópolis (MG)
em relação ao nível estadual e nacional.
3
Rua 25 de Março: importante centro comercial da cidade de São Paulo (SP).
29
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Analisar as características de inovação e de atividades inovativas presentes
na indústria de confecção do vestuário no município de Divinópolis (MG) e comparálos com os principais índices de inovação de Minas Gerais e do Brasil.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A) Caracterizar o polo confeccionista do município de Divinópolis (MG) e o
perfil das MPMEs que o compõem.
B) Selecionar as características das atividades inovativas ou de inputs de
produtos, processos organizacionais e de marketing presentes nas
empresas estudadas.
C) Identificar e analisar as características dos resultados ou outputs
presentes nas empresas estudadas.
D) Comparar os principais indicadores de output presentes nas empresas
estudadas com os dados obtidos na pesquisa setorial de inovação,
referentes à confecção de artigos do vestuário e acessórios de Minas
Gerais e do Brasil.
30
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 O setor confeccionista do vestuário no Brasil: panorama histórico
A industrialização no Brasil, de acordo com Melo et al. (2007), teve seu início
com a indústria têxtil. No período colonial, do século XVI a meados do século XIX, a
característica fundamental foi a incipiência da indústria têxtil, além de sua
descontinuidade. Nas décadas seguintes, houve uma aceleração do processo de
industrialização e, às vésperas da I Guerra Mundial, o Brasil tinha 200 fábricas, o
que pode ser considerado como fator decisivo na consolidação da indústria têxtil
brasileira, pois a limitação da capacidade do país de importar propiciou a
oportunidade de crescimento da produção interna. É claro que esse crescimento
deveu-se à demanda criada pela ausência da importação de tecidos, o que motivou
a produção interna em detrimento da importação.
A produção de roupas em massa tornou-se possível com a invenção da
máquina de costura, em 1829. No entanto foi com a introdução do pedal em 1859,
pelo inventor norte-americano Isaac Singer, que a máquina de costura assumiu um
papel importante tanto nos domicílios quanto nas áreas fabris. Atualmente, quando
se fala o nome Singer, faz-se uma relação direta com a marca cuja popularidade a
fez firmar-se como sinônimo de máquina de costura e está presente e ativa em todo
o mercado nacional e internacional. As máquinas de costura com motores elétricos
apareceram no mercado em 1921 e, com isso, houve um grande aumento na
produção, principalmente de roupas femininas (JONES, 2005).
Nos Estados Unidos e na Europa, no período 1900 a 1925, houve uma
mudança na indústria da confecção: da costura feita à mão evoluiu-se
gradativamente para a confecção industrializada. Um dos fatores que permitiu essa
mudança foi a introdução da divisão do trabalho. Assim, a confecção de um artigo
que antes era realizada de uma só vez por um operador passa a ser fragmentada
em diferentes operações e cada uma das partes é produzida separadamente em
máquinas especializadas. O surgimento gradativo do sistema de pacotes para as
operações de montagem possibilitou a introdução de técnicas de produção em
massa (ABRANCHES; BRASILEIRO JUNIOR, 1996).
31
O esquema da divisão do trabalho foi apresentado por Taylor em 1911, em
seu livro Princípios de Administração Científica, o que aumentou muito a
produtividade na indústria. Jones (2005) corrobora as ideias dos autores
supracitados apontando que os inspetores de fábrica logo descobriram que, se o
operário aprendesse a produzir uma ou duas partes de uma peça de roupa, as
operações seriam realizadas com maior rapidez na linha de produção, ou seja, uma
economia de tempo e de movimentos, além da especialização na tarefa realizada.
Veja-se a importância da engenharia industrial:
No período de 1940 a 1950, a engenharia industrial começou a influenciar
as práticas e os procedimentos usados na indústria de confecção. Pela
primeira vez, as oficinas começaram a adotar métodos científicos para
resolver as tarefas de regência industrial, entre as quais podem ser citadas
as de layout, estudo de tempos, incentivos, métodos, desenvolvimento de
postos de serviço, planejamento e produção, cronograma e controles. Ao
mesmo tempo, os fabricantes de equipamentos reconheceram a
importância de produzir máquinas de costura com maior velocidade e,
ainda, outros tipos de equipamentos mais especializados (ANDRADE
FILHO; SANTOS, 1987, p. 111).
A tecnologia contemporânea para o setor envolve investimento elevado e
beneficia apenas uma parcela das MPMEs. Por exemplo, a criação de softwares e
equipamentos eletrônicos específicos para a criação e desenvolvimento de produtos
viabilizou de forma rápida e precisa a construção de looks diversos para as
coleções. Através de ferramentas computadorizadas, é possível ao designer a
aplicação de cores, tecidos, formas, texturas, acessórios e aviamentos, entre outros,
no desenvolvimento de peças do vestuário.
Para a modelagem, é possível criar moldes e graduações automáticas e
eficazes para todos os manequins. Para o encaixe dos moldes nos tecidos, é
possível realizar operações rápidas com economia de tecido e redução de resíduos
têxteis. Para a impressão dos moldes nos tecidos (risco), utiliza-se plotter com
moderna tecnologia, que garante alta velocidade, precisão e baixo custo nas
impressões. Para o enfesto
4
e corte dos tecidos, são utilizadas máquinas
automáticas com lâminas de corte ou a laser, capazes de reduzir o tempo da
operação, além de otimizar o processo produtivo. A mais recente tecnologia refere4
Disposição dos tecidos, estendidos em uma mesa, em várias camadas sobrepostas para o corte.
32
se ao sistema de 3D, um software para simulação de peça-piloto, ou seja, a
modelagem pode ser feita diretamente nos manequins virtuais, promovendo
otimização do tempo, redução nos custos e no desperdício de materiais (AUDACES,
2013).
Conforme o SENAI (2013), o setor confeccionista conta, hoje, com um
Laboratório de Ensaios Tecnológicos que permite a realização de vários testes
inovadores, com certificação no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia (INMETRO), o que garante o controle de qualidade de seus produtos:
ensaio em costurabilidade nas máquinas, ensaio de determinação da densidade de
pontos por centímetro e controle de qualidade em materiais têxteis para
confeccionados.
Para Andrade Filho e Santos (1987), quando se fala em confecção,
imediatamente pensa-se em vestuário, que é sinônimo de roupa. No entanto as
indústrias de confecção também são responsáveis pela confecção de cortinas,
lenços, artigos de cama, mesa e banho, entre outros tantos que dão forma aos
tecidos. Para a produção, são necessárias várias máquinas e equipamentos, a fim
de realizar o corte, a costura, o acabamento das peças, entre outros. Esse trabalho
é realizado por pessoal treinado, normalmente constituído por mulheres. Conforme
Lima (2010, p. 11), “a cadeia têxtil/vestuário no Brasil ainda é basicamente
constituída pelo trabalho das mulheres, sobretudo no setor de confecções, que
continua sendo o mais intensivo em mão de obra.”
Em termos econômicos, a indústria têxtil do Brasil, de acordo com a
Associação Brasileira da Indústria Têxtil (CNI/ABIT, 2012), é formada por
aproximadamente 30 mil empresas em todo o país, sendo grande parte delas de
pequeno e médio porte, conforme Gráf. 1, entre fiações, tecelagens, malharias,
estamparias, tinturarias e confecções. De acordo com IPEAD (2011, p. 35), “[...] a
cadeia produtiva têxtil e do vestuário é formada, majoritariamente, por pequenas e
médias empresas, com o porte médio diminuindo à medida que se caminha para o
final da cadeia.”
Para mencionar alguns dados, o faturamento da cadeia têxtil e de confecção
do Brasil, em 2010, foi de US$60,5 bilhões, e de US$67 bilhões em 2011. A
produção média de confecção é de 9,8 bilhões de peças (vestuário, cama, mesa e
banho), com 1,7 milhão de empregados diretos e 8 milhões somando-se os
indiretos, dos quais 75% são de mão de obra feminina.
33
O Brasil é o quinto maior produtor têxtil do mundo, responsável por 16,4% dos
empregos e por 5,5% do faturamento da indústria de transformação brasileira.
Nesses dados se vê a importância nacional e internacional do setor. A cadeia têxtil é
uma indústria que se moderniza cada vez mais, sendo o quarto maior parque
produtivo de confecção do mundo.
Gráfico 1 - Porte das empresas cadeia têxtil
Distribuição da cadeia têxtil pelo porte
Micro
empresa
83,3%
Pequena
empresa
14,4%
Média
empresa
2,1%
Grande
empresa
0,2%
Fonte: Adaptado da CNI/ABIT, 2012.
Em 2012, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2013), o
consumo de produtos do setor têxtil no Brasil somou o valor de R$102 bilhões, o que
representa 3,7% do total das despesas do consumo das famílias brasileiras. O maior
percentual dos gastos, ou seja, 45% referem-se ao consumo de artigos para
mulheres, 36% de artigos para os homens, 17% infantis e 2% em tecidos e artigos
de armarinho. O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia têxtil, no período atingiu R$
38,3 bilhões, distribuídos em fabricação de produtos têxteis (R$ 8,1 bilhões),
confecção de artigos do vestuário e acessórios (R$ 9,5 bilhões) e varejo de produtos
têxteis e de confecção (R$ 20,7 bilhões).
34
4.1.1 A indústria têxtil e de confecções em Minas Gerais
A indústria do vestuário teve importância fundamental no processo de
industrialização do estado de Minas Gerais à semelhança da industrialização em
outras partes do país, importância que foi muito evidenciada a partir da década de
1970. A indústria mineira do vestuário, segundo Andrade (2002), desenvolveu-se
devido a alguns fatores importantes como a produção de matéria-prima dentro do
próprio estado, sua localização estratégica em relação ao mercado consumidor e
fornecedor de matéria-prima. Isso possibilitou a criação de novos postos de trabalho,
novos
negócios,
surgimento
de
novas
marcas
reconhecidas
nacional
e
internacionalmente, o que beneficiou a economia do Estado.
Ainda de acordo com o mesmo autor, “a disponibilidade de áreas industriais
de fácil acesso para a mão de obra utilizada, a facilidade de obtenção de mão de
obra de baixo nível de escolaridade, predominantemente feminina” (ANDRADE,
2002, p. 46), foram fatores que muito contribuíram para o crescimento e
desempenho da indústria mineira do vestuário.
Em relação à concepção cultural do gênero, quanto ao papel da mulher no
setor produtivo de uma confecção de artigos do vestuário, Gazzona (1997, p. 90)
especifica:
[...] qualidades e habilidades consideradas naturais à mulher como a
docilidade, a menor combatividade, a maior sensibilidade aos problemas da
família ou ao desempenho de algumas atividades como a costura, são
produto de educação e de formação nem sempre adquiridas por vias
formais, e sim, por exemplo, como parte das atribuições de uma dona de
casa.
Nos anos de 2002 e 2005, o segmento têxtil mineiro apresentou desempenho
superior ao resto do Brasil. No entanto na crise econômica de 2008 o setor foi um
dos mais impactados do país, com queda de 13,26% da produção entre julho de
2008 e julho de 2009. No período de janeiro a julho de 2011, mesmo depois de
apresentar queda de produção em relação ao mesmo período do ano anterior
(9,96%), o segmento voltou a ter desempenho superior ao brasileiro (14,4%)
(IPEAD, 2011). De acordo com a FGV (2013), o Sudeste mostrou, em 2012, os
35
maiores índices de despesas com produtos têxteis do Brasil. O percentual foi de
46,3% do índice nacional, enquanto as regiões Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste
ficaram com os restantes 53,7%.
A Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) é a principal pesquisa do tipo
survey do Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
através do Ministério de Ciência e Tecnologia, com o apoio da Financiadora de
Estudos e Projetos (FINEP). Essa pesquisa tem por objetivo a construção de
indicadores setoriais nacionais e, no caso da indústria, também regionais, das
atividades de inovação das empresas brasileiras, comparáveis com as informações
de outros países, e indicação dos fatores que influenciam o comportamento inovador
das empresas, as estratégias adotadas, os esforços empreendidos, os incentivos, os
obstáculos e os resultados da inovação.
Esses indicadores de inovação abordam questões como: atividades
inovativas (esforço inovador), dispêndios com pesquisa e desenvolvimento (P&D),
aquisição externa de P&D, aquisição de outros conhecimentos externos, aquisição
de software, aquisição de máquinas e equipamentos, treinamento, introdução das
inovações de produto e processo no mercado e outras preparações para a produção
e distribuição. Outros indicadores de inovação envolvem:
Estatísticas de P&D (gastos em P&D, pessoal alocado em P&D), patentes,
monitoração direta da inovação (contabilização e classificação dos anúncios
de descobertas de novos produtos), indicadores bibliométricos
(contabilização de artigos científicos, mais indicadores para pesquisa
básica) e técnicas semiquantitativas (avaliação de desempenho do
departamento de P&D) (STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006, p. 40).
Também
são
considerados
indicadores de
inovação
as
fontes
de
financiamento das atividades inovativas, fontes de informação para inovação,
cooperação para inovação, apoio governamental, entre outros. O IBGE/PINTEC
publica os indicadores setoriais da inovação nas empresas industriais brasileiras em
nível regional e nacional, a cada triênio, desde o ano 2000.
36
4.2 Conceitos associados à inovação
Embora termos como “tecnologia”, “inovação” e “inovação tecnológica” sejam
amplamente utilizados nos mais variados setores da sociedade, é importante
salientar que, neste estudo, esses termos remetem a elementos ligados à produção
industrial, especificamente à indústria de transformação.
O conceito de inovação utilizado neste estudo foi desenvolvido pelo Manual
de Oslo 5 , editado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico (OCDE, 2005), responsável pelas definições mundialmente adotadas
sobre inovação.
4.3 Tecnologia
A tecnologia busca a interação do ser humano com o seu meio físico, através
do conhecimento das técnicas. A tecnologia é mais especializada que a técnica por
se tratar de estágios mais avançados. A diferença de técnica e tecnologia é assim
definida:
Técnica define a capacidade de produzir e fazer mesmo sem artefatos; já a
tecnologia engloba conhecimentos acumulados, trabalho e habilidades,
englobando não só os empreendimentos mais difíceis, mas também os
esforços pacientes e contínuos; não só as mudanças rápidas que costumam
ser chamadas de revolucionárias, mas também as lentas melhorias nos
processos e ferramentas, além das inúmeras ações que podem não ter
significância inovadora imediata, mas que são frutos de conhecimento
acumulado (FIGUEIREDO, 2009, p. 20).
Além disso, a tecnologia pode apresentar-se com conteúdo tácito, cuja parte
do conhecimento tecnológico é fonte das habilidades e competências das pessoas
incorporadas à rotina de trabalho (PORCILE; ESTEVES; SCATOLIN, 2006).
Para a CNI (2005), o desenvolvimento de novas tecnologias é importante para
a indústria, e é frequente na percepção empresarial que a competitividade é
resultado de investimento em desenvolvimento tecnológico e inovação. Os autores
5
Manual de Oslo - Proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação
tecnológica, que tem o objetivo de orientar e padronizar conceitos, metodologias e construção de
estatísticas e indicadores de pesquisa de P&D de países industrializados.
37
acima citados corroboram com essas ideias ao afirmarem que, ao se implantar uma
inovação em uma empresa, esperam-se ganhos de produtividade ou competividade.
4.4 Inovação
Os estudos e conceitos da dinâmica do processo de inovação, no viés de
mudança tecnológica, emergem da teoria do desenvolvimento econômico, a partir
dos trabalhos de Joseph Schumpeter (HASSENCLEVER; TIGRE, 2002; INÁCIO
JUNIOR, 2012). Stal, Campanário e Andreassi (2006, p. 45-46) corroboram a ideia
ao alegarem que “foi só a partir dos trabalhos de Schumpeter, na primeira metade
do século passado, que a tecnologia é analisada mais a fundo, nas respectivas das
teorias de desenvolvimento econômico.”
Toda mudança na forma de fazer negócios ou relativas à melhoria dos
produtos ou dos processos produtivos gera oportunidades para uma maior
sustentação e liderança econômica, de acordo como Schumpeter (1988), em seu
livro A Teoria do Desenvolvimento Econômico. Contudo são necessárias políticas de
fomento e incentivos, com baixas taxas de juros, crédito e capital disponíveis para o
desenvolvimento econômico. Num modelo de economia estacionária, a figura do
empresário inovador é imprescindível para que as mudanças ocorram. Nesse
sentido, cabe ao empreendedor uma hegemonia capaz de induzir o consumidor à
demanda e ao consumo de novos produtos, com vistas a obter um lucro
extraordinário. Em seu livro, Capitalismo, Socialismo e Democracia, Schumpeter
(1961)6, aborda o processo de destruição criativa, o que significa mudanças que
envolvem fatores e respostas intrínsecos aos próprios produtos, seja na qualidade,
nos métodos de produção, no avanço tecnológico ou em outros aspectos.
A complexidade do termo inovação pode ser facilmente confundida com
invenção. Inovação vem do termo latino Innovare e significa renovar ou mudar
(VADROT, 2011). Assim, a inovação pode utilizar tecnologias existentes em uma
combinação criativa, mas pode também nem mesmo ter um componente tecnológico
dominante no desenvolvimento de novos produtos e processos que altere a
estrutura industrial, mediante pesquisa e desenvolvimento (P&D).
6
Original publicado em 1942.
38
Assim, a pesquisa não é vista simplesmente como uma fonte de invenções
que precede a inovação, e sim como uma ferramenta que se utiliza para
resolver os problemas que aparecem em qualquer fase do processo de
inovação, que é complexo, diversificado, pois engloba várias fases que
realizam a interação entre oportunidades de mercado e a base de
conhecimentos e habilidades da firma (IBGE, 2004, p. 12).
Normalmente, as inovações implementadas são incrementais e contínuas e
raramente muda de forma drástica o padrão tecnológico existente, por causa de
novas invenções (FREEMAN, 1982; SEBRAE, 2007). Para Martins (2010, p. 14) as
“invenções estão associadas a descobertas – tecnologias, patentes e fórmulas”.
A inovação não precisa ser totalmente nova, mas deve acrescentar algo
diferente, que seja percebido como novidade pelo usuário (GRIZENDI, 2011). Assim,
a inovação engloba todo o processo dinâmico em busca do novo e estão dividas em
quatro tipos: inovação de produto, de processo, de marketing e organizacional
(OCDE, 2005). Outras formas de inovação são aquelas relacionadas ao design, ao
serviço, ao atendimento, à logística, ao pós-venda, entre outros (CORAL; OGLIARI;
ABREU, 2008).
São vários os níveis de inovação, desde produtos nunca vistos até aqueles já
existentes aos quais se agregam melhorias, novas funções e utilizações. Ressaltase que as inovações diferem entre si, quando se pensa geograficamente, isto é, o
nível da novidade pode abranger apenas a própria empresa, pode alcançar o nível
nacional e até chegar ao nível mundial. A Teoria do Desenvolvimento Econômico
define a inovação do produto e do processo numa dinâmica in locus, em decorrência
das práticas empíricas, como:
Introdução de um novo bem, ou seja, um bem com que os consumidores
ainda não estiverem familiarizados, ou de uma nova qualidade de um bem.
Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda
não tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de
transformação, que de modo algum precisa ser baseada numa descoberta
cientificamente nova (SCHUMPETER, 1988, p. 48).
Figueiredo (2009) define os tipos e os níveis de inovação, de acordo com
seus graus, variando de simples (iniciação à inovação) à complexa (inovação de
39
nível mundial) e descreve as atividades que expressam esses diferentes graus de
inovação, conforme descrito no Quadro 1:
Quadro 1 - Definição dos tipos e níveis de inovação
Tipos/Níveis de inovação
Inovação básica
Definições
Pequenas alterações em processos de produção, produtos e/ou
equipamentos com base em imitação ou cópia de tecnologias
existentes. Trata-se de novidade para a empresa.
Inovação incremental
Corresponde a pequenas melhorias nos componentes da tecnologia
intermediária
existente, mas as relações entre os componentes permanecem
inalteradas. Trata-se de novidade para a empresa.
Pequenas alterações em processos de produção, produtos e/ou
Inovação incremental
equipamentos com base em imitação ou cópia de tecnologias
avançada
existentes. Trata-se de novidade para a empresa.
Compreende as alterações nas relações entre os elementos da
Inovação arquitetural
tecnologia, sejam em produtos ou em sistemas, sem que os
componentes individuais sejam modificados. Trata-se de novidade
para o mercado onde a empresa opera.
Estabelece um conceito novo para o mercado mundial, em que novos
Inovação radical
componentes e elementos são combinados de uma forma diferente,
formando uma arquitetura nova. Trata-se de novidade para o mundo.
Fonte: Adaptado de FIGUEIREDO, 2009, p. 36.
Na prática, é mais fácil gerenciar as inovações incrementais, pois os produtos,
processos ou serviços já são conhecidos, criando-se apenas um avanço da
economia através das melhorias incrementadas. As inovações radicais, que rompem
totalmente com os produtos, processos e serviços existentes, podem apresentar alto
risco, são desafios para a indústria brasileira e demandam grande investimento na
gestão da inovação. A inovação, associada ao desenvolvimento econômico, assume
papel de extrema importância e abrangência. Por isso tornaram-se viáveis e
necessários os estudos e as análises dos fatores contingenciais.
Vários modelos buscaram explicar o processo de mudança tecnológica, além
da necessidade de compreender a sua dinâmica nos diversos aspectos
organizacionais. O primeiro modelo baseou-se no sistema linear de inovação, foi
conhecido por meio da abordagem technology-push ou science-push7 e remonta aos
trabalhos de Schumpeter (1988). O segundo modelo linear de inovação diz respeito
à demanda de mercado, conhecido por meio da abordagem denominada demandpull ou market-pull8, creditado aos estudos de Schmookler (1966).
Esses modelos pressupõem que a pesquisa tecnológica decorre da pesquisa
científica. Com base nesse pressuposto, surgem novas abordagens que se opõem
7
8
Impulso pela tecnologia ou impulso pela ciência.
Puxado pela demanda ou puxado pelo mercado.
40
ao tradicional modelo linear, direcionadas para compreender a inovação num
processo dinâmico e interativo e o avanço do conhecimento científico (MAÇANEIRO;
CUNHA, 2011; INÁCIO JÚNIOR, 2012). Constata-se que nem toda invenção conduz
a uma inovação e atinge a etapa de comercialização, sem nenhum entrave
contingencial ou sociocultural das organizações.
De acordo com Nicolsky (2010), o modelo linear parte do princípio de que a
inovação deve percorrer um processo sequencial de etapas bem definidas: (I)
pesquisa científica, (II) pesquisa aplicada (invenção), (III) desenvolvimento
experimental e (IV) comercialização de novos produtos. Este modelo é utilizado em
países de baixo índice de inovação ou por aqueles que não têm uma cultura
inovativa definida. Supõe-se um fluxo contínuo de inovações, como um processo
industrial, geradoras de invenções radicais por meio de descobertas científicas.
Porém o que ocorre são resultados relativamente raros, implementados no mercado
após longo período de pesquisas. Há uma conexão irrealista entre “descoberta
científica e aplicada” e “desenvolvimento tecnológico” como geradores de produtos
novos ou incrementados para o mercado. A ruptura efetiva com o fluxo está indicada
na Fig. 2, pela linha tracejada, em decorrência da falta de uma ampla estrutura de
P&D, com investimentos a longo prazo, capazes de transformar as descobertas em
tecnologias competitivas ou novos produtos e processos (NICOLSKY, 2010).
Figura 2 - Modelo linear de inovação
Conexão
irrealista
Descoberta/
pesquisa
científica
Descoberta/
pesquisa
aplicada
(invenção)
Desenvolvimento
tecnológico
Produto novo
ou melhoria
Fonte: Adaptado de NICOLSKY, 2010, p. 34.
Nicolsky (2010, p. 35) critica a dependência direta que a inovação mantém do
conhecimento científico: “[...] o modelo linear é aplicável apenas aos processos
representativos de descobertas de conhecimentos científicos aplicáveis, ou de novas
aplicações de princípios científicos conhecidos.”
O autor alega ainda que a descoberta aplicada ou a invenção é relativamente
rara e, para amadurecer um produto inovado para o mercado, leva-se em média de
41
10 a 30 anos, ou mais. O setor produtivo empresarial é o principal responsável pelas
inovações, ou seja, sua fabricação e comercialização devem estar em consonância
com as exigências do mercado. De acordo Tidd, Bessant e Pavitt (2008, p. 27), “a
teoria da inovação ensina que, depois de uma invenção, há um período em que
todas as formas de design e ideias são experimentadas, antes que finalmente o
modelo dominante se estabeleça e a indústria comece a amadurecer.”
Frente às teorias do regime tradicional ou rotineiro da abordagem linear,
surge a corrente dos neoschumpeterianos ou evolucionistas, entre os quais
encontram-se Nelson e Winter (1982), Rosenberg (1982), Freeman (1987) e Dosi
(1988), que dedicaram seus esforços a vários estudos e análises empíricas do
processo inovativo.
Os neoschumpeterianos, “[...] interpretam a presença da firma no mercado
sob uma perspectiva evolucionária, a partir de processos de busca e seleção”
(GRASSI, 2006, p. 616). O processo empírico de inovação não demonstrava
analogia entre investimento em P&D e resultados tecnológicos aplicáveis no
mercado e em suas demandas.
A reboque dessa concepção, a partir dos anos de 1980, ocorre a evolução
dos modelos de inovação numa abordagem dinâmica e interativa entre as
oportunidades de mercado e os conhecimentos endógenos da firma. O modelo
interativo (chain-linked model 9 ), concebido por Kline e Rosenberg (1986), inclui
redes de empresas especializadas, universidades e centros de pesquisa, além de
diferentes atividades de pesquisa, industriais e comerciais. A empresa é vista como
acumuladora de competências organizacionais com vistas à competitividade, numa
visão não linear. (DANTAS; KERTSNETZKY; PROCHNIK, 2002; HASSENCLEVER;
TIGRE, 2002; INÁCIO JUNIOR, 2012).
Os autores neoschumpeterianos rejeitam o paradigma do equilíbrio
característico da análise neoclássica, propondo para o seu lugar o estudo
da interação endógena entre estratégia (da firma) e estrutura (do mercado)
ao longo do tempo a partir dos esforços inovativos das empresas, onde o
desequilíbrio é a regra. A concorrência passa a ser pensada como um
processo dinâmico incessante, endógeno ao sistema econômico, capaz de
gerar instabilidade estrutural, e no qual a diversidade e as assimetrias
competitivas são características permanentes (GRASSI, 2002, p. 12).
9
Modelo de ligações em cadeia.
42
O processo da inovação pelo modelo dinâmico constitui-se com cinco
elementos principais: mercado potencial, invenção e/ou produção de um projeto
básico, projeto detalhado e teste, redesenho ou reprojeto, produção e distribuição, e
comercialização (LONGANEZI; COUTINHO; BOMTEMPO, 2008; INÁCIO JUNIOR,
2012; MOREIRA; VARGAS, 2009).
O IBGE corrobora o pensamento dos autores supracitados e contrapõe-se ao
modelo linear de inovação: “[...] a inovação é compreendida como um conjunto de
atividades relacionadas, sem progressão linear; para resolver os problemas, é
possível voltar a etapas anteriores” (IBGE, 2004, p. 12).
De acordo com Nicolsky (2010), para os países desenvolvidos e inovadores, o
modelo dinâmico de inovação atua diretamente fomentando o processo inovativo,
diferentemente do modelo linear, mesmo em uma área na qual não haja domínio
científico. Para o autor, “[...] a ligação da ciência para a geração de tecnologia ocorre
de forma indireta, via acervo de publicações, significando que o caráter inovador de
um país não depende diretamente dos seus cientistas” (NICOLSKY, 2010, p. 37).
Além disso, o resultado da ligação da área acadêmica com a pesquisa tecnológica é
a formação de recursos humanos qualificados, capazes de transformar o quadro
econômico setorial de um país. A Fig. 3 apresenta a dinâmica da inovação.
Figura 3 - Modelo da dinâmica da geração de inovação tecnológica exercida nos países inovadores
“Market pull”
Ciência
Acadêmica
Realimentação da Ciência:
Demanda de mais conhecimentos
”technology push”
Conhecimento Científico
globalizado: disponível
em revistas de países
desenvolvidos na forma
de artigos (papers)
Fonte: Adaptado de NICOLSKY, 2010, p. 37.
Inovação
Tecnológica de
produtos/processos
(patentes)
43
Outro contraponto ao modelo linear parte do economista “Linsu Kim”, principal
ideólogo do desenvolvimento e do aprendizado tecnológico da Coreia. Para Kim
(1997), a P&D por empresas, universidades e institutos, em economias
desenvolvidas, tem um papel fundamental na expansão da fronteira tecnológica,
porém as inovações em países em desenvolvimento são, sobretudo, resultado dos
esforços gerados pela adaptação de tecnologias desenvolvidas e disponíveis no
mercado através de “cópias criativas”. A chamada engenharia reversa foi usada
como ferramenta standard dominante da acumulação de competência tecnológica
da Coreia. Desfazendo produtos e processos, os coreanos aprenderam também a
inovar tecnologicamente para competir com o Japão e Estados Unidos.
Ressalta-se a importância do uso exclusivo das inovações na produção,
exploração e comercialização, através de patentes (CHAVES et al., 2007). De
acordo com Hyodo e Fujino (2011, p. 2091), “o interesse na transformação do
conhecimento em produto ou serviço para a sociedade depende de vários fatores,
entre eles a detenção dos direitos de produção e comercialização pela empresa ou
indústria.”
O desenvolvimento de novos produtos pelas empresas da cadeia têxtil é
dominado pelos fornecedores (PAVITT, 1984), principalmente pela indústria química
na produção de fibras naturais, artificiais e sintéticas. A indústria do vestuário
depende da indústria têxtil pelos insumos fornecidos por meio de fiação, tecelagens
e malharias, além da indústria de bens de capital. Assim, as inovações desse setor
estão relacionadas principalmente ao corte dos custos e à melhoria do processo
produtivo (IPEAD, 2011; GONÇALVES et al. 2012; INÁCIO JUNIOR, 2012).
A maior dependência dos produtos em relação às variações da moda e a
redução de seu ciclo de vida constituem mecanismos pelos quais as
empresas líderes se protegem contra cópias e imitações, dada a ineficiência
da aplicação de patentes nos segmentos de tecelagem e confecções, por
exemplo. Esse mecanismo determina um padrão competitivo que requer
constante investimento em diferenciação dos produtos e fortalecimento da
marca no mercado (IPEAD, 2011, p. 44).
Assim, uma empresa inovadora deverá adotar a inovação como fator
estratégico determinante de competitividade como valor intangível. A inovação deve
ser considerada, de acordo com Dauscha (2010), como um desafio para os
44
empresários. É necessário entender e incorporar a ideia de que maiores
investimentos em inovação, em geral, possibilitam maior competitividade local,
nacional ou internacional do negócio, além de aumentar o poder aquisitivo da
população e, consequentemente, do mercado como um todo. É importante
reconhecer que a inovação e a tecnologia são fatores relevantes para o crescimento
econômico e da prosperidade social (AUTANT-BERNARD et al., 2010).
4.5 Inovação Tecnológica
Certas inovações tecnológicas, como o surgimento do automóvel, têm o poder
de transformar os sentimentos, percepções, expectativas e, principalmente, as
possibilidades de uma era (ZUBOFF, 1988). 10 Nessa perspectiva, inovar não é
simplesmente criar algo tecnologicamente novo; implica viabilizar economicamente
uma nova ideia, que pode ser ou não resultado de um invento genuíno, capaz de
gerar mudanças sociais, políticas e econômicas. Portanto a inovação tecnológica é a
junção da tecnologia ou do conhecimento a uma nova informação capaz de criar ou
alterar produtos, processos produtivos e serviços, levando à melhoria da
produtividade em toda esfera da produção.
A OCDE (2005), por via do “Manual de Oslo”, 2ª edição (OCDE, 1997),
considera inovações tecnológicas como implantações de produtos e processos
tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnológicas em produtos e
processos. Na 3ª edição do Manual da OCDE (2005, p. 55), “As inovações de
marketing e as inovações organizacionais ampliam o conjunto de inovações tratadas
pelo Manual em relação à edição anterior.”
4.6 Inovação Organizacional e de Marketing
A inovação organizacional, segundo IBGE/PINTEC (2010), é a implementação
de um novo método nas práticas de negócios da empresa, para o funcionamento do
seu local de trabalho ou em suas relações externas, visando melhoria no uso do
conhecimento, eficiência dos fluxos de trabalho ou qualidade dos bens ou serviços.
10
Original publicado em 1951.
45
Os resultados de decisões estratégicas tomadas pela direção constituem novidade
organizativa que, por sua vez, constituem:
Novas técnicas de gestão para melhoria das rotinas e práticas de trabalho,
assim como o uso e a troca de informações, de conhecimento e habilidades
dentro da empresa, novas técnicas de gestão ambiental, novos métodos de
organização do trabalho, para melhor distribuir responsabilidades e poder
de decisão, e mudanças significativas nas relações com outras empresas
ou instituições sem fins lucrativos (IBGE/PINTEC, 2010, p. 24).
A inovação de marketing está relacionada com mudanças novas e
significativas, implementadas na concepção de produtos ou de sua embalagem, no
posicionamento do produto no mercado, na promoção ou na fixação de preços,
melhoria para os clientes, novos mercados e reposição de produtos no mercado,
desde que representem novidades para a empresa (IBGE/PINTEC, 2010).
4.7 Inovação e Sustentabilidade
Em décadas recentes, governo, mercado e sociedade têm incentivado a
preocupação com a sustentabilidade, tanto no que diz respeito aos processos
produtivos, quanto à diversificação dos produtos. Há uma série de problemas
ambientais que ocorrem em escala global, os quais tanto afetam a economia quanto
o tecido social, agravados pelas práticas produtivas e seus modelos de produção
ecologicamente incorretos. Entre esses fatores, citam-se:
Aquecimento global e ameaças impostas pelas mudanças climáticas;
poluição ambiental e pressão por produtos e serviços “ecologicamente
orientados”; aumento e distribuição da população, com os problemas
acessórios do aumento da concentração urbana; fontes alternativas e
renováveis; saúde e fatores relacionados ao acesso a padrões básicos de
atendimento, água tratada, medidas sanitárias etc. (TIDD; BESSANT;
PAVITT, 2008, p. 70-71).
A indústria do vestuário, assim como a de outros segmentos, exerce pressão
sobre os recursos naturais, por causa da exigência de matérias-primas, água,
46
energia, o que causa problemas ao meio ambiente através do descarte
principalmente dos resíduos têxteis, efluentes de lavanderias e, em menor
proporção, óleos lubrificantes restantes do uso de máquinas e equipamentos, entre
outros. Assim, o ritmo de produção, nesse caso, contribui para o aumento da
degradação do meio ambiente, já que a produtividade é proporcional à quantidade
de material descartado no meio ambiente.
É em consideração a esses fatos que Teixeira e Castillo (2012) salientam a
necessidade de as empresas do vestuário adotarem uma postura mais voltada para
a questão da sustentabilidade. Essa postura é chamada de Gestão Ambiental, que
“permite que as empresas reavaliem seus processos produtivos e os impactos
ambientais de forma a voltar sua estratégia para as questões que envolvem a
sustentabilidade ambiental” (TEIXEIRA e CASTILLO, 2012, p. 198-199).
A pressão sobre os recursos naturais e o consequente impacto ambiental
podem ser amenizados por algumas ações ambientalmente responsáveis do setor
do vestuário. Um exemplo é a utilização do selo “Qual” para a certificação de
qualidade e sustentabilidade da indústria têxtil e de moda. De acordo com a
CNI/ABIT (2012, p. 52), essa certificação “atesta que o fabricante do produto não
utiliza mão de obra informal em sua empresa, que a empresa atende às normas
ambientais, não descartando resíduos que causem poluição ao meio ambiente, além
de ser socialmente responsável.”
A inovação social é capaz de atender à demanda de produtos com eficiência
e consciência ambiental, mensurar várias dimensões, seja nos lucros, seja na
participação do mercado, sem comprometer as futuras gerações. Mas não se pode
esperar que empresas adotem um modelo de produção sustentável se não houver
inovação, e, muitas vezes, esta depende do estímulo dado ao desenvolvimento
científico e tecnológico (CNI/ABIT, 2012, p. 9).
A inovação não representa um trade-off para a sustentabilidade. Atualmente,
produtos como
os tecidos inteligentes, fibras naturais e
reciclados são
desenvolvidos com um novo conceito e com características capazes de manter a
preservação, criar uma nova postura social e controlar os impactos gerados ao
meio ambiente, de modo a se enquadrarem em um modelo de processo produtivo
sustentável. Trata-se, nesse caso, do uso de matérias-primas renováveis, sendo
elas recicladas e/ou orgânicas.
47
Para Boss (2009), as empresas são capazes de convencer as indústrias
têxteis a criar tecidos sustentáveis e a compartilhar tais inovações com os
concorrentes, numa relação aberta e clara. De acordo com Freeman e Soete 11
(2008), o desenvolvimento ambiental sustentável para as empresas privadas conta
com alguns instrumentos de políticas orientadoras, principalmente: (I) a regulação
direta, (II) instrumentos econômicos, (III) compras governamentais e (IV) políticas
para alterar os vínculos das mudanças técnicas. Tidd, Bessant e Pavitt (2008)
afirmam que, além dos desafios, há também oportunidades para a inovação.
Segundo os autores, outro norteador importante da inovação refere-se à
descontinuidade em torno da sustentabilidade. Muitas vezes a incongruência nesse
ciclo de informações pode gerar novas oportunidades para as empresas entrantes,
frente a regras sustentáveis mais rígidas ou a mudanças em prol dos atores sociais
e ambientais.
A gestão ambiental não é apenas um conjunto de práticas, mas de mudanças
de comportamento e de responsabilidade social, atitudes, que asseguram a
preservação do ecossistema. No caso da indústria da moda, por exemplo, autores
como Schulte e Lopes (2008) demonstram que a sustentabilidade tornou-se um
desafio para esse setor, não apenas como uma exigência a ser cumprida, mas um
quesito necessário para que se mantenham no mercado, de forma competitiva. Esse
novo paradigma pode ser observado em pelo menos dois modelos de processo
produtivo: a logística reversa e a P+L (Produção mais Limpa).
A logística reversa organiza as etapas do processo produtivo de modo a
possibilitar a reutilização de material através da coleta, desmonte e processamento
de produtos, a fim de garantir seu reaproveitamento e reduzir a poluição do meio
ambiente. Shibao, Moori e Santos (2010, p. 1) definem a logística reversa como:
[...] processo de planejamento, implantação e controle eficiente e eficaz de
custos, dos fluxos de matérias-primas, produtos em estoque, produtos
acabados e informação relacionada, desde o ponto de consumo até um
ponto de reprocessamento, com o objetivo de recuperar valor ou realizar a
disposição final adequada do produto.
11
Original publicado em 1997.
48
A logística reversa no contexto organizacional está associada à reciclagem, já
que reduz uma quantidade significativa de descartes. Um exemplo da reutilização de
materiais é a confecção de camisetas a partir da combinação do algodão com PET
(Polietileno Tereftalato). Outro exemplo são as sacolas ecológicas retornáveis
(ecobags), produzidas a partir de tecidos naturais, reduzindo, assim, os resíduos
advindos do uso de sacolas plásticas.
A produção mais limpa é uma técnica ou um modelo de produção que
enfatiza o aumento do uso eficiente de recursos necessários à produção como
matérias-primas, energia e água, de modo a minimizar a geração de resíduos
derivados do processo produtivo. De acordo com Elias e Magalhães (2003, p. 5),
“[...] a P+L não se preocupa simplesmente com o sintoma, mas procura conhecer as
raízes do problema.” E um diferencial que a P+L traz é o fato de não se limitar a
tratar os resíduos, mas diagnosticar a origem deles, de modo a encontrar formas de
evitá-los.
Desse modo, constata-se que, ao invés de se limitar a utilizar recursos
devolvendo à natureza resíduos ao final do processo, a P+L possibilita, ao mesmo
tempo, preservar as fontes de recursos naturais e tornar o processo produtivo mais
econômico:
“O
Programa
de
Produção
mais
Limpa
objetiva
fortalecer
economicamente a indústria através da prevenção de poluição, contribuindo com a
melhoria da situação ambiental de uma certa região” (ELIAS; MAGALHÃES, 2003, p.
5).
Ressaltam Severo et al. (2009, p. 4) que a P+L, além de permitir a conciliação
entre as preocupações ambientais e o fortalecimento econômico, também possibilita
a melhoria das condições de saúde e de segurança no trabalho.
O acúmulo de sobras de tecidos, principal matéria-prima na confecção do
vestuário, é uma prática comum de muitas empresas e evidencia a necessidade de
uma P+L e mudanças organizacionais no ambiente produtivo, além de programas de
descarte e melhoria na qualidade dos produtos e processos. A Organização Não
Governamental (ONG) “Lixo e cidadania”12 é um exemplo de ação sociocultural e
ambiental desenvolvida no município de Divinópolis (MG): oficinas de artesanato
com o projeto “Retalho e Arte” reaproveitam resíduos têxteis doados por confecções.
A Ong também realiza palestras, desenvolve consultorias na gestão de resíduos
12
http://www.lixoecidadania.org/index.asp?c=padrao&modulo=conteudo&url=16
49
para empresas e instituições, além de incentivar a coleta seletiva de lixo no
município.
4.8
Inovação
de
produtos
e
processos
novos
ou
substancialmente
aprimorados no contexto da pesquisa
A referência conceitual adotada nesta pesquisa tem como base a PINTEC 2008
que, por sua vez, segue a recomendação do Manual de Oslo (OCDE, 2005) e o
modelo da terceira versão da Community Innovation Survey - CIS - versão 2008,
proposto pela Statistical Office of the European Communities - EUROSTAT - da qual
participaram os 15 países membros da Comunidade Europeia. Assim, o conceito de
inovação adotado pela PINTEC 2008 é:
[...] a inovação de produtos e processos é definida pela implementação de
produtos (bens ou serviços) ou processos tecnologicamente novos ou
substancialmente aprimorados. A implementação da inovação ocorre
quando o produto é introduzido no mercado ou quando o processo passa a
ser operado pela empresa (IBGE/PINTEC, 2010, p. 18).
A inserção na economia de bens de consumo ou a implantação de tecnologia
ou de métodos, equipamentos e softwares novos ou substancialmente aprimorados
de suporte à produção garantirão o grau de novidade necessário às invenções ou às
melhorias incrementais frente à capacidade de suprir as necessidades do tecido
social. Em síntese, as abordagens de análise do processo de inovação ocorrem em
três estágios, conforme Vaisnore e Petraite (2011): no primeiro, as ideias são
coletadas ou geradas; em seguida ocorre o desenvolvimento e a especificação
dessas ideias para, finalmente, transformá-las em produtos comercializáveis.
Portanto considera-se inovação quando o produto e/ou processo novos ou
melhorados são efetivamente implementados para o mercado.
Com relação aos indicadores de inovação, Rocha (2003) evidencia que os
países em desenvolvimento atuam distantes da fronteira do conhecimento
tecnológico mundial. A inovação tecnológica retrata a realidade de cada país,
portanto as dimensões fundamentais associadas a esse processo precisam estar
representadas em um conjunto de indicadores que pretenda mensurar a inovação
50
tecnológica empresarial nesses países. Esse conjunto de indicadores proposto foi
subdividido em três grupos: esforço inovativo, investimentos à inovação tecnológica
e impactos gerados pela inovação. O primeiro grupo, de esforço inovativo, é
compreendido pelas atividades desenvolvidas e voltadas para a melhoria do
desempenho
tecnológico
(inputs),
direcionadas
ao
desenvolvimento
implementação de produtos e processos inovadores (Quadro 2).
e
51
Quadro 2 - Indicadores de esforço inovativo
Indicadores
Pesquisa e desenvolvimento (P&D)
Definições
Gastos incorridos diretamente na geração de conhecimentos
tecnológicos de teor inovador para a empresa, a partir da
resolução de problemas científicos e técnicos. Compreendem
os gastos de custeio com pesquisa básica, pesquisa aplicada e
desenvolvimento experimental.
Compreende dois tipos específicos de gastos realizados pela
Aquisição de tecnologia
empresa: com tecnologia incorporada – aquisição de
equipamentos,
máquinas,
aparelhos,
instrumentos
e
instalações (exceto computadores), e com tecnologia
desincorporada – que compreende a soma dos gastos da
13
empresa com royalties.
Compreendem os gastos com implementação de programas de
Mudanças organizacionais
qualidade total, implantação de ISO e (re)arranjo de planta,
necessários à reorganização e modernização da empresa.
Refere-se aos gastos com propaganda, marketing e
Comercialização pioneira
comercialização pioneira de produtos e serviços produzidos
pela empresa.
São os gastos da empresa com a implementação de programas
Formação de pessoal
de desenvolvimento de recursos humanos, capacitação,
reciclagem e treinamento dos funcionários.
São os gastos efetivamente desembolsados pela empresa
Sistemas de informação
relativos à aquisição de novos computadores e programas de
computação, à implantação de ferramentas e aplicativos de
integração de bases de dados e sistemas de informação, à
implantação de plataformas de comunicação interna e externa,
ao acesso a base de dados de natureza científico-tecnológica e
ao custeio das atividades de documentação, biblioteca, normas
técnicas e outras atividades similares.
Fonte: Adaptado de ROCHA, 2003, p. 151.
O esforço inovativo é composto por atividades que a empresa desenvolve
para inovar em produtos e processos. O processo de inovação também envolve,
além da realização de atividade interna de pesquisa e desenvolvimento (P&D), a
contratação externa de P&D; o emprego de novas tecnologias incorporadas em
máquinas e equipamentos; a aquisição de conhecimentos externos (know how,
patentes e licenças); a aquisição de software; o treinamento de pessoal; a
introdução de inovações tecnológicas no mercado; e o projeto industrial e outras
preparações técnicas para a produção e a distribuição (ANPEI, 2009).
As atividades inovativas referem-se aos esforços empreendidos pelas
empresas no desenvolvimento e implementação de produtos (bens ou serviços) e
processos novos ou aperfeiçoados. As atividades que as empresas empreendem
Royalties - “Soma dos gastos da empresa decorrentes de licenças para uso de patentes, serviços
especializados de assistência técnica para as atividades de pesquisa e desenvolvimento, aquisição
de direitos relacionados a novos produtos e processos, e contratos de fornecimento de tecnologia”
(ROCHA, 2003, p. 151).
13
52
para inovar são de dois tipos: Pesquisa e Desenvolvimento - P&D (pesquisa básica,
aplicada ou desenvolvimento experimental); e outras atividades não relacionadas
com P&D, envolvendo a aquisição de bens, serviços e conhecimentos externos. De
acordo com os dados da pesquisa da PINTEC 2008, a mensuração dos recursos
alocados nessas atividades revela o esforço empreendido para a inovação de
produto e processo e é um dos principais objetivos das pesquisas setoriais de
inovação tecnológica (IBGE/PINTEC, 2010).
Na confecção de artigos do vestuário, a maioria dos indicadores de inovação
ocorre no design dos produtos (COSTA; ROCHA, 2009) e, de acordo com Rocha e
Ferreira (2001, p. 65), esses valores “[...], como qualquer outro indicador, devem ser
tomados como ‘sinais’, tendências de comportamento, e não como medidas exatas
das variáveis que se expressam.”
Assim, é possível verificar, no Quadro 3 a seguir, as principais atividades
inovativas desenvolvidas, a fim de identificar as representativas dos esforços da
empresa para a implementação de produtos (bens ou serviços) e/ou processos
novos ou significativamente aprimorados:
53
Quadro 3 - Principais atividades inovativas
Inovação
Descrição das atividades inovativas
Modelagem
Processo
Aquisição de tecnologia
tangível e intangível
Teste
Estudo do layout
Treinamento
Organizacional
Contratação de serviços
Parâmetros de
qualidade
Pesquisa de tendência
Marketing
Análise de criação
Desenvolvimento de
tema
Lançamento de produto
Criação e
desenvolvimento
Participação em projeto
Aplicação dos padrões referenciais que têm como base
as medidas do corpo humano e de moulage.
Aquisição de máquinas, equipamentos, hardwares e
softwares, específicos para a implementação de
produtos ou processos novos ou substancialmente
aperfeiçoados.
Produção de peça piloto ou protótipos de modelos das
coleções.
Estudo da sequência operacional dos produtos e a
disposição de máquinas e equipamentos
Orientação para a criação e desenvolvimento de
coleções.
Atividades relativas à terceirização de serviços, por
exemplo, facções.
Atividades de controle e desenvolvimento do produto.
Pesquisas de estilos da moda, cores dos tecidos,
estampas, padronagens, texturas e aviamentos, e
pesquisas em feiras de moda nacionais e
internacionais.
Análises dos estilistas nacionais e internacionais.
Desenvolvimento de temas para coleção e conceito da
marca nos produtos.
Desenvolvimento de books, portfólios e catálogos de
coleção.
Criações de looks, estamparias, aplicações e desenho
do produto no croqui.
Atividades desenvolvidas pelo Arranjo Produtivo Local
(APL) de moda.
Fonte: Adaptado de CEFET/MG, 2013.
O segundo grupo de indicadores, proposto por Rocha (2003), contabiliza os
investimentos e nesse grupo evidencia-se a intensidade dos esforços empreendidos
pelas empresas direcionados à inovação tecnológica:
A) percentual do faturamento bruto da empresa aplicado em aprendizagem e
inovação;
B) valor per capita gasto com aprendizagem e inovação (montante total gasto
em aprendizagem e inovação dividido pelo número de funcionários da
empresa);
C) número de patentes e/ou títulos de propriedade industrial solicitado pela
empresa no Brasil e no exterior;
54
D) número de patentes e/ou títulos de propriedade industrial obtido pela
empresa no Brasil e no exterior.
E o terceiro grupo de indicadores trata dos impactos gerados pela inovação.
Esses indicadores procuram mensurar os resultados (outputs) e os impactos
produzidos pela implementação de produtos e processos novos ou substancialmente
aprimorados pelas empresas:
A) taxa de inovação: percentual de empresas da amostra que declararam ter
introduzido no mercado novos produtos e serviços;
B) percentual médio do faturamento da empresa obtido com a venda de
novos produtos e serviços;
C) percentual médio das exportações da empresa obtido com a venda de
novos produtos e serviços.
Esses indicadores, através da implementação de produtos e processos novos
ou substancialmente aprimorados, irão mensurar os resultados alcançados e a
hegemonia competitiva das empresas, com vistas ao crescimento e a manterem-se
à frente de seus respectivos concorrentes.
4.9 Relação entre inovação e competitividade
A inovação representa, segundo o SEBRAE (2007), um efetivo ganho de
qualidade ou produtividade e maior competitividade no mercado, seja na concepção
de novos produtos ou processos de produção, seja na agregação de novas
funcionalidades, seja nas características do produto ou processos que impliquem
melhorias incrementais.
Para melhor competir no mercado, segundo a ANPEI (2006), é importante
que as empresas conheçam a taxa de inovação alcançada pelas concorrentes em
uma determinada atividade industrial. Essa taxa indica a intensidade da
diferenciação dos produtos ou de processos inovadores implementados por tais
empresas. Porém, para que a empresa seja competitiva, é necessário que ela esteja
55
atualizada, recriando permanentemente as suas vantagens competitivas e condições
para que se mantenha na liderança, e não somente uma inovação isolada.
A inovação tecnológica é um fator importante no crescimento econômico
industrial de um país. A tecnologia exerce papel fundamental como direcionadora e
propulsora do progresso econômico, condição essencial para a competição entre as
empresas (STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006). No entanto consideram-se
os possíveis entraves contingenciais desse processo, passíveis de resultados
inesperados, conforme afirmam Silva e Berenguer (2000, p. 35): “Embora a inovação
tecnológica possa ser vista como uma ferramenta poderosa de uma estratégia
competitiva, ela não pode ser superestimada, principalmente porque nem sempre
traz os resultados que realmente se espera.” Outros autores, como Porter (1991),
discutem a questão, defendendo que a transformação tecnológica pode ser
benéfica, mas também pode deixar uma empresa em uma posição competitiva pior.
Rosenberg (1982) constata a ausência de estudos sobre os entraves à
inovação e ressalta a importância de conhecer os riscos e potencialidades das
invenções. O que se quer evidenciar, entretanto, é a estreita relação existente entre
inovação tecnológica e competitividade. Na visão de Schumpeter (1988), a inovação
tecnológica permite ao empresário aumentar a capacidade produtiva da empresa.
Entretanto não adianta buscar a introdução de inovações em produtos ou processos
na empresa, se alguns setores estiverem alheios aos objetivos traçados.
Para Serrano e Paulo Neto (2012), novas tecnologias e novos processos
podem desencadear efeitos imprevisíveis e transformar a inovação em um perigo. A
empresa precisa ser modernizada como um todo que se completa e se interrelaciona, caso contrário, corre-se o risco de a inovação trazer efeitos negativos,
reduzindo, assim, a competitividade.
56
5 METODOLOGIA
5. 1 Caracterização da pesquisa
Em relação à dimensão empírica, esta pesquisa tem caráter exploratório,
apresenta uma abordagem quantitativa, utilizando-se levantamento survey. O
objetivo da pesquisa foi explorar e identificar as características inovativas presentes
no município de Divinópolis (MG), com um grupo de empresas associadas a um
Sindicato, com vistas a maximizar a geração de informações para o esclarecimento
e compreensão do tema inovação, relativamente novo no contexto administrativo
das empresas do vestuário. Um dos fatores determinantes deste estudo é a
ausência de pesquisas anteriores sobre o tema in locus, desenvolvido e direcionado
especificamente para o setor e suas peculiaridades. A principal pesquisa setorial de
Inovação Tecnológica (IBGE/PINTEC) aborda o tema em nível estadual e nacional e
não disponibiliza ou divulga os dados dos municípios isoladamente.
Pretendeu-se, então, fazer uma sondagem desse setor após registro, análise
e interpretação dos resultados, verificando o estágio em que se encontram essas
MPMEs no processo de inovação. Destarte, desenvolveu-se uma análise
comparativa dos índices percentuais inerentes à confecção de artigos do vestuário e
acessórios no município de Divinópolis (MG) em comparação com os dados setoriais
do IBGE/PINTEC (2010) (fonte secundária de dados) no âmbito estadual e nacional.
Esta pesquisa torna-se um passo inicial a futuras pesquisas, além da perspectiva de
contribuir, através de seus resultados, para gerar fomento de propostas e priorização
de investimentos privados e de apoio ao setor público, de forma a inserir a economia
local na era da tecnologia e inovação.
5.2 Amostra e procedimentos operacionais
A PINTEC 2008 (IBGE/PINTEC, 2010), no âmbito territorial e populacional de
sua pesquisa, incluiu em sua amostragem empresas inseridas nos requisitos
básicos 14 recomendado pelo Manual de Oslo, mais especificamente o modelo
14
Estar em situação ativa no Cadastro Central de Empresas - CEMPRE, do IBGE, que cobre as
entidades com registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, ter atividade principal
57
proposto pela OCDE (2005). Assim, foram excluídas as empresas com menos de
dez pessoas ocupadas, no ano de referência da pesquisa.
A confecção de artigos do vestuário e acessórios pertence à divisão 14 da
Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 2.0, empresa industrial,
ou seja, aquela em que a principal receita é derivada da atuação nas atividades das
indústrias extrativas ou indústrias de transformação ativas. Especificamente, essa
classificação compreende a confecção de roupas e acessórios por meio da costura
de roupas para adultos e crianças, de qualquer material (tecidos planos e de malha,
couros, etc.) e para qualquer uso (roupas íntimas, sociais, profissionais etc.),
confeccionadas em série ou sob medida. Compreende também os serviços de
confecção (corte, costura etc.), os serviços de facção e a confecção de acessórios
do vestuário para uso pessoal (CONCLA, 2007). Para as análises e comparações,
adotaram-se as mesmas classificações utilizadas pelo IBGE/PINTEC (2010).
O município de Divinópolis (MG) conta em seu universo 570 indústrias de
confecção do vestuário e acessórios e mais de 500 pontos de vendas, cinco
shoppings, além de empresas prestadoras de serviços como facções, estamparias,
lavanderias, serviços de transporte, consultorias, embalagens, entre outros
(DIVINÓPOLIS, 2012).
Esse setor é relativamente amplo e diversificado. Assim, optou-se por um
recorte para compor a amostragem, que privilegiou as empresas associadas ao
SINVESD. O cadastro das empresas associadas ao Sindicato contemplou 152
Indústrias de Confecção de Artigos do Vestuário e acessórios, objeto desta
pesquisa, sediadas no município de Divinópolis (MG) (SINVESD, 2012). O
procedimento utilizado na amostragem foi o não probabilístico por conveniência
pelos principais motivos: acessibilidade e prospecção de eventos e projetos
implantados pelo Sindicato. Um dos exemplos é o foco competitivo, utilizado como
reforço para a competitividade das empresas do Arranjo Produtivo Local (APL) de
moda, além de coordenar iniciativas nas áreas de financiamentos, formação da mão
compreendida nas seções b e c (indústrias extrativas e indústrias de transformação,
respectivamente), nas divisões 61, 62 e 72 (telecomunicações, atividades dos serviços de tecnologia
da informação e pesquisa e desenvolvimento, respectivamente), no grupo 63.1 (tratamento de dados,
hospedagem na internet e outras atividades relacionadas) e na combinação de divisão e grupo
58+59.2 (edição e gravação de som, e edição de música) da classificação nacional de atividades
econômicas versão 2.0 - CNAE 2.0, isto é, estar identificada no CEMPRE com código CNAE 2.0
nestas seções, divisões e grupos; estar sediada em qualquer parte do território nacional, ter dez ou
mais pessoas ocupadas em 31 de dezembro do ano de referência do cadastro básico de seleção da
pesquisa.
58
de obra, treinamento e desenvolvimento, planejamento, diagnóstico do setor, entre
outros (SILVA; TAVARES; ANTONIALLI, 2012). Esse recorte permitiu obter
resultados mais específicos, como também maior detalhamento e aprofundamento
das análises, além da acessibilidade frente à impossibilidade de identificar as
empresas (screening) com o mesmo perfil da amostragem setorial da pesquisa
nacional, no período compreendido entre 2010 e 2012.
Porém houve restrição às variáveis quantitativas inerentes ao número de
pessoas que compunham a força de trabalho das unidades amostrais. Após ter sido
feito um senso entre as empresas associadas ao SINVESD, aquelas que
apresentaram menos de dez pessoas ocupadas, contratadas no regime da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pessoa jurídica ou estagiários, não
fizeram parte da amostra, devido ao fato de essa condição ser necessária para a
realização da comparação, a posteriori, com os resultados da PINTEC 2008.
Ressalte-se que esse é um dos critérios utilizados nas pesquisas sobre inovação
tecnológica em nível nacional e internacional.
O SINVESD representa as indústrias de confecções do município de
Divinópolis (MG) desde 20 de março de 1989, com o compromisso de promover o
fortalecimento da classe confeccionista, estimular a competitividade, fomentar o
desenvolvimento
da
cadeia
produtiva
através
de
ações
estratégicas
e,
principalmente, ampliar a visibilidade das empresas de Divinópolis no cenário da
moda no Brasil (SINVESD, 2012). Atualmente, as empresas associadas ao Sindicato
estão distribuídas nos segmentos de camisaria, bordado, estamparia, facções,
lavanderia, moda feminina, masculina, moda festa, infantil, infanto-juvenil, moda
íntima, jeans, juvenil, moda praia, moda unissex e pijama.
5.3 Instrumentos de coleta de dados MPMEs
Dada à complexidade do conceito de inovação, as informações foram obtidas
através da aplicação de questionário, com abordagem direta, como forma de garantir
uniformidade no entendimento conceitual do tema. Foi aplicado o questionário
presencial com pessoal técnico que detinha o conhecimento estratégico da empresa
e que ocupava cargos com poder decisório: administrador, administrador financeiro,
analista de recursos humanos, auxiliar administrativo/escritório, chefe de produção,
contadora, diretor (a) administrativo (a), empresário (a), gerente, gerente
59
administrativo (a), gerente comercial, gestor financeiro, proprietário (a), sóciogerente e supervisora (o) administrativa (o). O questionário, principal ferramenta da
pesquisa, foi dividido em blocos de perguntas norteadoras dos temas abordados,
identificados no fluxograma da Fig. 4:
Figura 4 - Estrutura do conteúdo do questionário
MPMEs
Confecção de artigos do
vestuário e acessórios
Características das empresas
Sim
Produtos e
processos novos
ou
substancialmente
aprimorados
2010 a 2012
Impacto das inovações
Não
Métodos de proteção e obstáculos à
inovação
Outros métodos de proteção
Fontes de informação
Cooperação para inovação
Métodos de proteção e obstáculos à
inovação
Apoio do governo
Inovação organizacional e de marketing
Esforço inovativo
Gestão ambiental
Fonte: Adaptado de IBGE/PINTEC, 2010, p.17.
Nos blocos, as questões foram dispostas de acordo com os temas abordados,
os principais indicadores de inovação e suas escalas correspondentes. A estrutura
lógica dos blocos de perguntas conduziu aos resultados propostos pela pesquisa.
60
O Núcleo de Pesquisas do Vestuário – NUPEV, CEFET/MG, Campus V – de
Divinópolis contribuiu para a aplicação dos questionários. O NUPEV monitora e
divulga o desempenho do setor do vestuário no município.
No âmbito territorial e populacional da pesquisa, o levantamento dos dados e
informações ocorreu em duas etapas consecutivas. Para a validação do
questionário, na primeira etapa, foram selecionadas as empresas de acordo com os
seguintes critérios:
 estar em situação ativa no SINVESD;
 ser empresa industrial compreendida por confecção do vestuário e/ou
acessórios;
 estar sediada no município de Divinópolis (MG);
 ter dez ou mais pessoas ocupadas em 31 de dezembro de 2012.
As demais empresas associadas ao SINVESD, mas que não atenderam aos
critérios supracitados, foram destituídas da amostra. Dessa forma possibilitou-se, a
posteriori, a comparação com os resultados da pesquisa PINTEC 2008.
Na segunda etapa, foi aplicado um questionário semiestruturado. Ao final das
duas etapas e com os resultados obtidos, foi possível caracterizar o setor
confeccionista do município de Divinópolis (MG) e traçar o perfil das MPMEs, além
de propiciar uma análise das características de esforço inovativo e inovação
presentes nessa indústria, de forma a atender aos objetivos propostos e validar ou
refutar hipótese desta pesquisa, ou seja, a de que a indústria de confecção de
artigos do vestuário e acessórios do município de Divinópolis (MG) encontra-se em
nível inferior à indústria estadual e nacional no que se refere aos indicadores de
esforço inovativo e inovação.
No âmbito temporal, a pesquisa envolveu duas referências:
 a variável quantitativa “pessoal ocupado” refere-se ao último ano do
período de referência da pesquisa, ou seja, 2012;
 as demais variáveis quantitativas e as variáveis qualitativas referem-se a
um período consecutivo de três anos, ou seja, de 2010 a 2012.
61
O Quadro 4 mostra as situações de coleta de dados das Indústrias de
Confecção do Vestuário e Acessórios no município de Divinópolis (MG).
Quadro 4 - Situação de coleta das empresas associadas ao SINVESD entre os meses de mar./ jun.
de 2013
Situações de coleta de dados
Em operação/dez ou mais pessoas ocupadas em 31/12/2012 (contratadas no
regime CLT, Pessoa Jurídica ou Estagiários)
Em operação/menos de dez pessoas ocupadas em 31/12/2012 (contratadas no
regime CLT, Pessoa Jurídica ou Estagiários)
Impossibilitadas de prestar informações/dados incompletos
Recusa total
Total
Número de
empresas
62
28
24
38
152
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=152 empresas.
5.4 Procedimentos para análise de dados
Os dados de natureza primária foram coletados através de pesquisa direta, e
as análises e interpretação dos resultados foram efetuadas de acordo com a
estatística descritiva, que consiste na coleta, organização e análises dos dados. A
partir dos dados apresentados, foi possível relacionar a inovação e suas
características à luz dos principais elementos conceituais que integram o referencial
teórico deste estudo.
5.5 Tipos de análises estatísticas utilizadas
Para realizar as análises descritivas, foram utilizadas as variáveis: razão,
intervalar, algumas variáveis ordinais, além de medidas de tendência central (média
e mediana), medidas de distribuição (quartis) e medidas de dispersão (amplitude e
desvio padrão). Para o cruzamento dos dados, foram utilizados os softwares
Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 17.0) e o Excel 2007.
De acordo com Malhotra (2006), as escalas são conjuntos de símbolos ou
números que possuem um padrão definido e são utilizadas para medir
comportamentos, avaliações ou atitudes de indivíduos. Nesse sentido, de acordo
com a posição do individuo na escala, foi possível identificar o quanto ele contribuiu
62
para um determinado atributo, comportamento ou o que a escala pretende
mensurar.
O autor supracitado enumerou quatro tipos de escalas denominadas de
nominal, ordinal, intervalar e razão. No caso da primeira (nominal), os números
foram utilizados apenas para facilitar a contagem das categorias, não permitindo
qualquer tipo de ordenamento. No caso de escalas ordinais, os números refletem a
hierarquia da categoria, podendo significar que, à medida que cresce ou decresce, o
indivíduo tem mais ou tem menos do que a escala está mensurando, ainda que não
seja possível identificar a diferença de magnitude entre as categorias.
A escala do tipo intervalar mostra essa capacidade, ou seja, os números
refletem a hierarquia quanto à magnitude. Nesse tipo de escala, a magnitude da
distância entre as categorias (marcadas pelos números) é igual, mas ela não tem um
ponto zero absoluto. Desse modo, o único tipo de escala que reúne as
características de todas as outras, além de ter um ponto zero é a Razão. Assim, é
possível transformar uma variável razão em uma variável intervalar ou ordinal, mas o
caminho inverso não é possível.
Nesta pesquisa, foram utilizados os quatro tipos de escalas. Para cada tipo,
empregou-se a análise estatística mais adequada. Primeiramente, foi verificada a
estatística descritiva de todas as variáveis com o objetivo de ter um entendimento
geral dos dados e de resumir as informações coletadas.
Para todos os tipos de variáveis, num primeiro momento, foi observado o
número de respondentes e o de entrevistados que não responderam cada questão,
uma vez que resposta “não” também pode ser um importante resultado de pesquisa.
Para realizar a análise descritiva das variáveis razão, intervalar e algumas
ordinais, foram utilizadas medidas de tendência central, de distribuição e as de
dispersão, que foram apresentadas em tabelas (ANDERSON; SWEENEY;
WILLIAMS, 2008).
No caso da medida de tendência central, foram adotadas duas medidas
definidas como Média (1) e a Mediana, que organiza os dados em ordem crescente,
ou seja, (1a) para um número ímpar de observações, a mediana é o valor do meio
do conjunto de dados, e (2a), para um número par de observações, a mediana é a
média dos dois valores centrais do conjunto de dados. Isso porque a média é
sensível a valores extremos muito distantes, sendo então mais adequada para
analisar a mediana. A primeira foi calculada com base na soma das respostas de
63
todos os indivíduos e essa soma foi dividida pelo número de indivíduos que
responderam à pergunta. A segunda revelou o valor do centro do conjunto de
respostas dos indivíduos a determinada variável, quando eles foram ordenados de
forma crescente. Como medida de dispersão foi adotada a amplitude (2) e o desvio
padrão (3). A amplitude refletiu a diferença entre o maior e o menor valor e
apresentou a vantagem de identificar se houve erros na coleta ou na tabulação dos
dados, caso existissem valores fora dos extremos da escala. A segunda representou
a variabilidade média dos dados, sendo que, quanto maior o desvio padrão, maior é
a distância dos valores em relação à média (ANDERSON; SWEENEY; WILLIAMS,
2008).
Ambas são sensíveis a valores extremos, e, desse modo, foram também
utilizadas medidas de distribuição, no caso, os quartis. Para conhecer os quartis de
determinada variável, num primeiro momento foi necessário ordenar as respostas
em ordem crescente e dividi-las em quatro partes iguais, contendo cada uma 25%
dos respondentes. Dessa forma, o Primeiro Quartil (4) representa 25% das
respostas entre o valor mínimo e ele. O Segundo Quartil é a mediana e compreende
25% das respostas entre o primeiro quartil e ele. O Terceiro Quartil (5), por sua vez,
representou 75% das respostas, considerando do valor mínimo até seu limite, e 25%
dos dados, considerando de sua posição até o valor máximo (ANDERSON;
SWEENEY; WILLIAMS, 2008).
Média =
x
1
 x2  ...  xn
n
Amplitude= XMáx. - XMín
(1)
(2)
Desvio Padrão =
 Xi  média 
n 1
(3)
Primeiro Quartil =
 25 

n
 100 
(4)
64
Terceiro Quartil =
 75 

n
 100 
(5)
Além disso, para as variáveis nominais e algumas variáveis ordinais, foi
utilizada a frequência simples, ou a frequência conjunta, no caso das que permitiam
mais de uma resposta. A frequência consistiu em contabilizar o número de vezes
que determinada categoria apareceu na amostra e dividir pelo total da amostra. Com
base em tais frequências, foram utilizados gráficos de pizza ou barras, verticais ou
horizontais para melhor visualização dos dados analisados (MALHOTRA, 2006).
Além de conhecer a estatística descritiva das variáveis, foram também
utilizados outros três tipos de testes estatísticos, relacionando a realização de
inovação de produto ou processo com os temas abordados no questionário.
Como o percentual de empresas que realizaram inovações na amostra foi
baixo, optou-se por transformar tais variáveis, de forma a possibilitar a utilização de
mais análises estatísticas que trariam respostas mais consistentes. Com essa
transformação, foram obtidas quatro novas variáveis. A primeira delas foi
denominada de “Nível de Inovação Produto” e representou a somatória das
respostas às variáveis relacionadas às seguintes questões de pesquisa:
 Entre 2010 e 2012, a empresa produziu um produto (bem ou serviço) novo
ou significativamente aperfeiçoado para o mercado mundial?
 Entre 2010 e 2012, a empresa produziu um produto (bem ou serviço) novo
ou significativamente aperfeiçoado para o mercado nacional?
 Entre 2010 e 2012 a empresa produziu um produto (bem ou serviço) novo
ou significativamente aperfeiçoado para a empresa, mas já existente no
mercado nacional?
Tal transformação foi considerada, pois se acredita que, quanto maior o
alcance da inovação, maior o seu nível. Em outras palavras, caso a empresa
conseguisse inovar tanto em nível interno quanto em nível nacional, ela estaria em
uma posição melhor que as empresas que só inovassem no primeiro nível. Vale
65
ressaltar que nenhuma empresa inovou em nível mundial. Dessa forma, a nova
variável foi considerada intervalar ou ordinal (uma vez que havia apenas três
categorias): zero (0), um (1) ou dois (2). Tal procedimento foi adotado também por
Martins (2010), na pesquisa realizada no setor de Tecnologia da Informação.
O mesmo procedimento foi realizado para as variáveis referentes à inovação
de processos denominada “Nível de Inovação Processo”. Tais variáveis são
relacionadas às seguintes questões de pesquisa:

Entre 2010 e 2012, a empresa introduziu novos processos e métodos
novos ou significativamente aperfeiçoados, sendo novos para o setor em nível
mundial?
 Entre 2010 e 2012, a empresa introduziu novos processos e métodos
novos ou significativamente aperfeiçoados não existentes em seu setor no
Brasil, mas existentes no exterior?

Entre 2010 e 2012, a empresa introduziu novos processos e métodos
novos ou significativamente aperfeiçoados para a empresa, mas já existente
no setor, no Brasil?
Nesse caso, nenhuma empresa inovou em nível mundial. Assim, a nova
variável é do tipo ordinal dicotômica (uma vez que há apenas duas categorias): zero
(0) e um (1).
A terceira variável foi denominada “Nível de Inovação Total” e foi construída
somando-se as variáveis “Nível de Inovação Produto” e “Nível de Inovação
Processo”. Essa variável foi considerada intervalar ou ordinal (uma vez que há
apenas quatro categorias): zero (0), um (1), dois (2) ou três (3).
A quarta e última variável foi criada com base na variável “Nível de Inovação
Total” em que os valores iguais ou superiores a um foram transformados em um (1)
e os valores iguais a zero (0) foram mantidos dessa forma. Ela foi denominada de
“Inovou”, no caso as empresas que passaram a ter o valor um (1) realizaram
qualquer tipo de inovação, e as que ficaram com valor zero (0) não realizaram
nenhum tipo de inovação. Essa variável foi considerada do tipo nominal ou ordinal
dicotômica.
66
A Tab. 13 apresenta a estatística descritiva das novas variáveis. Os testes
utilizados foram todos não paramétricos uma vez que mesmo as novas variáveis são
de natureza intervalar e não têm distribuição normal. Dessa forma, para comparar as
três variáveis sobre o grau de inovação com outras variáveis ordinais ou
intervalares, foram utilizadas análises de correlação com base no coeficiente de
Spearman,
também denominado
de
coeficiente
de
correlação
de
postos
(MALHOTRA, 2006). Ele varia de -1 a +1, sendo que o valor 0 (zero) representa uma
correlação nula. Dessa forma, a análise de correlação permite identificar se as
variáveis caminharam no mesmo sentido (quando há correlação positiva) ou em
sentido contrário (correlação negativa), ou ainda, se não existe um padrão na
variação, que seria a correlação igual a zero (0) (LEVINE; BERESON; STEPHAN,
2000). Caso sua significação tenha sido inferior a 5%, considerou-se que existe
correlação estatisticamente significativa entre as variáveis.
Além de verificar a existência de correlação, foi importante avaliar também a
magnitude dessa correlação. Para tanto, Shimakura (2013) apresentou um padrão
para interpretação do coeficiente de correlação de Spearman, exibido no Quadro 5.
Assim, adotou-se esse critério para a interpretação da intensidade da correlação,
quando tal intensidade era significativa.
Quadro 5 - Interpretação da intensidade do coeficiente da correlação
Coeficiente da correlação
0,00 a 0,19
0,20 a 0,39
0,40 a 0,69
0,70 a 0,89
0,90 a 1,00
15
Fonte: SHIMAKURA, 2013 online
Intensidade
Correlação muito fraca
Correlação fraca
Correlação moderada
Correlação forte
Correlação muito forte
Para verificar as diferenças entre quem inovou (A) e quem não inovou (B)
com base em variáveis ordinais, intervalares ou razão, foram realizadas análises
com base no Teste de Mann Witney U. Este foi utilizado para comparar se os valores
do grupo A foram superiores aos valores do grupo B (inovou x não inovou), ou seja,
se a mediana dos dois grupos não foi igual. Isso é atestado caso a significância do
teste seja inferior a 0,05 (LEVINE; BERESON; STEPHAN, 2000).
15
http://leg.ufpr.br/~silvia/CE003/node74.html
67
A existência de associação entre a variável Inovou e variáveis nominais ou
dicotômicas foi verificada com o Teste de Associação Qui-quadrado por meio de
tabela cruzada. Malhotra (2006) afirmou que a tabela cruzada permite verificar a
distribuição conjunta da frequência das categorias de duas ou mais variáveis. Nesta
pesquisa, devido à existência de possível associação entre categorias das duas
variáveis, utilizou-se a estatística Qui-quadrado. Para que exista associação, o valor
do teste deve ser inferior a 5%. Se a associação foi encontrada, utilizou-se a medida
denominada “Resíduo padronizado ajustado”, indicando o par de categorias
associadas, no caso de seu valor ser superior a 1,96 ou inferior a -1,96,
considerando um nível de significância de 5% (AGRESTI, 2002).
5.6 Análises comparativas entre a pesquisa de nível nacional e local
Os limites na comparação dos indicadores de inovação da presente pesquisa
relativamente à pesquisa setorial em nível nacional ocorrem no âmbito populacional,
amostral e temporal. O resultado da PINTEC 2008 (IBGE/PINTEC, 2010) refere-se
aos indicadores setoriais de inovação tecnológica obtidos em nível estadual e
nacional,
uma
amostra
representada
por
14.746
empresas,
sendo
80%
potencialmente inovadoras, compreendido no período entre 2006 e 2008. Nesta
pesquisa, as características e os indicadores de inovação foram propostos em nível
municipal, por meio de uma amostra por conveniência, representada por 62
empresas associadas ao SINVESD.
A Tab. 1 apresenta a síntese das principais limitações dos testes de
diferenças de médias entre a base de dados dos indicadores obtidos na pesquisa da
Indústria de Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios da PINTEC, no triênio
de 2006-2008, e a pesquisa realizada no município de Divinópolis-MG, no triênio
2010-2012.
68
Tabela 1-Comparativo das principais características abordadas entre a PINTEC 2008 e Divinópolis
(MG) 2012
Pesquisas
Âmbito
Populacional
Total da
amostra
PINTEC
Nacional
14.746
PINTEC (MG)
Estadual
2.362
Divinópolis
Municipal
62
(MG)
Fonte: IBGE/PINTEC, 2010 e dados da pesquisa.
Aspectos da
amostragem
Âmbito
Temporal
Diversas Fontes16
Diversas Fontes
2006-2008
2006-2008
SINVESD
2010-2012
Os resultados recentes da PINTEC, disponibilizados e divulgados, referem-se
ao período de 2006-2008 e tratam das características setoriais de inovação em nível
nacional e regional. A próxima pesquisa, sua 5ª edição, refere-se ao período de
2009-2011, os resultados serão disponibilizados no ano n, em meados do ano n + 2
e divulgados no portal do IBGE, no início do ano n + 2 online17.
16
17
IBGE, 2010, p. 26-27.
http://www.pintec.ibge.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9&Itemid=8.
69
6 ANÁLISES DOS RESULTADOS
6.1 Divinópolis: Polo de Moda
A história do município teve como marco inicial uma escritura emitida por
Manuel Fernandes Teixeira, no dia 24 de março de 1770, a qual doa 40 alqueires de
terra à capela do Divino Espírito Santo e São Francisco de Paula. Após esse feito
histórico, teria surgido, então, o nome de “Arraial do Espírito Santo do Itapecerica”, e
sua a emancipação política ocorreu no dia 1º de junho de 1912.
Um fator fundamental para a emancipação e o desenvolvimento do município
foi o início da construção da Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM), o que
permitiu a instalação de indústrias siderúrgicas de aço e ferro no local: “no dia 14 de
Junho do ano de 1914, a primeira locomotiva chega a Santo Antônio dos
Campos, passando por Divinópolis, sendo este trecho de estrada inaugurado em
16 de Junho de 1915” (FERREIRA, 2006, p. 60).
Outro
fator
importante
que
representou
um
grande
avanço
e
desenvolvimento para o município foi a fundação da primeira indústria têxtil, a Cia
Fiação e Tecelagem Divinópolis (FITEDI), em meados de 1937. A fábrica dedicouse à produção de tecidos populares, que tiveram fácil aceitação no mercado
brasileiro. Hoje, emprega cerca de 800 funcionários, que trabalham em quatro
turnos, de forma que a indústria funciona vinte e quatro horas por dia (FITEDI,
2013).
Na década de 1980, a estagnação da economia brasileira paralisou a
indústria metalúrgica em Divinópolis. Naquela ocasião, as siderurgias
empregavam parcela expressiva da mão de obra local. Assim, a crise
desempregou milhares de pessoas, que ficaram sem perspectivas de
emprego diante da extinção de postos de trabalho no setor siderúrgico, bem
como em praticamente todos os setores da economia nacional. Nesta
situação os desempregados não tinham alternativa que não fosse
empreender. Desta forma, a confecção, que demanda baixo investimento
inicial tornou-se a alternativa daqueles que precisavam empreender sem
capital próprio e sem crédito. Assim, surgiram as primeiras fábricas em
Divinópolis (FASHIONMIX, 2012) online18.
18
http://fashionmix.net/page/fashionmix-feira-de-negocios-de-moda-divinopolis-mg-confeccao-rou
70
A Fig. 5 mostra a localização do município de Divinópolis (MG) na região
Sudeste do Brasil e na Mesorregião Centro-Oeste de Minas. O município limita-se
ao Norte com Nova Serrana e Perdigão; ao Sul com Cláudio; a Leste com São
Gonçalo do Pará e Carmo do Cajuru; a Oeste com São Sebastião do Oeste e
Santo Antônio do Monte. É cortado pelos rios Itapecerica e Pará, sendo o Rio
Itapecerica a principal fonte de captação de água do município.
Figura 5 - Localização do município de Divinópolis (MG)
59°44'45"
46°54'55"
44°29'30"
41°49'50"
MESORREGIÕES DE MINAS GERAIS
UNIDADES DA FEDERAÇÃO
N
W
W
E
S
E
S
4°29'30"
4°29'30"
N
Norte de Minas
Jequitinhonha
17°54'55"
Vale
do Mucuri
Triângulo/Alto Paranaíba
19°44'45"
19°44'45"
Central
Mineira
500
1000
Oeste
de Minas
LEGENDA
1500 Kilometers
Minas Gerais
Unidades da Federação
Mesorregião Oeste de Minas
Mesorregiões de Minas Gerais
BASE CARTOGRÁFICA: IBGE (2002)
ORGANIZAÇÃO: Nádia Cristina da Silva Mello
ELABORAÇÃO: Márcia Andréia Ferreira Santos (2009)
Vale do
Rio Doce
Metropolitana
de
Belo Horizonte
LEGENDA
0
Sul/Sudoeste
de Minas
Campo das
Vertentes
BASE CARTOGRÁFICA: IBGE (2002)
ORGANIZAÇÃO: Nádia Cristina da Silva Mello
ELABORAÇÃO: Márcia Andréia Ferreira Santos (2009)
59°44'45"
Zona
da Mata
0
100
200
46°54'55"
44°29'30"
17°54'55"
Noroeste
de Minas
300 Kilometers
41°49'50"
44°58'59"
MICRORREGIÃO DE DIVINÓPOLIS
N
Conceição
do Pará
W
Nova Serrana
E
19°58'59"
19°58'59"
S
Perdigão
Igaratinga
São Gonçalo
do Pará
Itaúna
Santo Antônio do Monte
Divinópolis
Carmo
do Cajuru
São Sebastião
do Oeste
LEGENDA
Cláudio
Município de Divinópolis
Municípios da Microrregião de Divinópolis
BASE CARTOGRÁFICA: IBGE (2002)
ORGANIZAÇÃO: Nádia Cristina da Silva Mello
ELABORAÇÃO: Márcia Andréia Ferreira Santos (2009)
0
10
20
30 Kilometers
44°58'59"
Fonte: Adaptado de MELLO; SANTOS, 2013.
Embora o município de Divinópolis tenha grande participação na produção
confeccionista no país, a globalização econômica que se iniciou nos anos de 1990,
no Brasil, e que vem se acentuando desde então, diluiu as fronteiras da
concorrência e refletiu na perda de competitividade, especialmente no comércio
internacional. A incorporação da tecnologia foi um grande diferencial de produção
para enfrentar esse processo. De acordo com Stal, Campanário e Andreassi (2006,
71
p. 92), “[...] nos anos 1990, com a abertura de mercado, os diversos setores da
economia brasileira começaram a reconhecer a importância de se investir em P&D e
inovação.”
Considerando essa perspectiva, o ponto central deste estudo tratou da
inovação na indústria de confecção de artigos do vestuário e acessórios do
município de Divinópolis, buscou informação e conhecimento, de forma a contribuir
para a melhoria da competitividade. Esta análise permitiu verificar o grau de
inovação das empresas selecionadas e o esforço inovativo desenvolvido em relação
às médias setoriais, regionais e nacionais, de acordo com os principais indicadores
de inovação da pesquisa PINTEC realizada em 2008 e que se referiu a um período
de três anos consecutivos, de 2006 a 2008. Essa se elegeu como fonte secundária
de dados deste estudo.
6.2 Caracterização das empresas estudadas
Para análise dos dados, primeiro foram exibidas as informações sobre as
características da amostra e, posteriormente, o quesito inovação. A Tab. 2 exibe o
cargo da pessoa que respondeu à pesquisa. A maior parte (29%) foi respondida pelo
proprietário(a), seguido do gerente administrativo(a) (17,7%).
Sobre as características das empresas, todos os respondentes demonstraram
amplo conhecimento e estavam envolvidos no processo decisório da mesma, o que
implicou confiabilidade e autenticidade dos dados e corroborou a OCDE (2005).
72
Tabela 2 - Cargo dos respondentes
Cargo
Adm. Financeiro
Administrador(a)
Analista Recursos Humanos
Auxiliar Administrativo/Escritório
Chefe Produção
Contadora
Diretor(a)
Diretora Adm.
Empresário(a)
Gerente
Gerente Administrativo (a)
Gerente Comercial
Gestor Financeiro
Proprietário(a)
Sócio-Gerente
Supervisora administrativa
Não respondeu
Total
n
%
2
3
1
3
1
1
6
1
3
11
2
2
1
18
2
1
4
62
3,2
4,8
1,6
4,8
1,6
1,6
9,7
1,6
4,8
17,7
3,2
3,2
1,6
29,0
3,2
1,6
6,5
100,0
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
O Gráf. 2 apresenta a principal atividade das empresas entre 2010 e 2012.
Verificou-se que as atividades mais frequentes são moda feminina (54,8%),
camisaria (32,3%) e moda masculina (11,3%). As outras atividades totalizam o
percentual de 30,50%.
Como se vê, as principais atividades desenvolvidas pelas empresas da
amostra foram a moda feminina, a camisaria e a moda masculina, o que explica
porque anteriormente havia acontecido o crescimento expressivo da confecção de
roupas femininas a partir do século XX, quando surgiram as máquinas de costura
movidas a motores elétricos (JONES, 2005). Essa inovação trouxe para as
máquinas de costura, dispositivos eletrônicos (COSTA; ROCHA, 2009) capazes de
aumentar a produtividade frente à expressiva demanda de artigos para as mulheres
(FGV, 2013) e ainda garantiu à moda feminina, vis-à-vis à moda masculina, papel
dominante. Esse resultado refere-se, logicamente, à demanda do gênero, e
encontrado também no município de Divinópolis (MG), conforme demonstraram os
dados da pesquisa.
73
Gráfico 2 – Principais atividades das empresas entre 2010 e 2012
Moda feminina
54,8
Camisaria
32,3
Moda masculina
11,3
Segmentos
Moda Infantil
6,%
Moda Unissex
4,8
Moda Jeans
4,8
Uniforme
4,8
Moda festa
3,2
Facção
3,2
Moda Juvenil
1,6
Moda íntima
1,6
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
O Gráf. 3 apresenta o tipo de gestão das empresas da amostra desta
pesquisa. Verificou-se que a maioria das empresas apresenta gestão do tipo familiar
(48,4%), seguida da administração profissional (29%) e da mista (22,6%). Isso
implicou redução da demanda por profissional da área administrativa e gerencial no
setor, vivenciada pelos recém-formados dos diversos cursos técnicos, de graduação
e pós- graduação do município.
Tipo de gestão
Gráfico 3 - Tipo de gestão das empresas
Mista
22,6
Profissional
29,0
Familiar
48,4
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
Observou-se que, quanto ao porte, 46,8% são microempresas, 40,3% são
pequenas e 12,9% são médias (Gráf. 4). A predominância das Micro e Pequenas
74
Empresas (IPEAD, 2011; SINVESD, 2012) corroborou a tendência de redução no
tamanho das empresas desse setor, conforme observado por Scherer e Campos
(1996). Ao tratar do número de pessoal ocupado, ressalta-se como principal
propulsora dessas mudanças a terceirização, principalmente do setor de costura. De
acordo com a ABDI (2009), a maioria dessas empresas é de pequeno porte e são
consideradas frágeis.
Porte das empresas
Gráfico 4 - Porte das empresas
Média
12,9
Pequena
40,3
Micro
46,8
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
O mercado nacional representa 62,9% das vendas; o estadual, 29,0%; e o
regional (raio de 100 Km2) representa 8,1%, conforme descrito no Gráf. 5. A principal
abrangência geográfica do mercado foi o nacional, papel importante e bastante
expressivo, que validou a qualidade dos produtos e fez jus ao título dado ao
município de Divinópolis (MG) de “Capital Mineira da Moda” (DIVINÓPOLIS, 2012).
Principal mercado
Gráfico 5 - Principal mercado das empresas entre 2010 e 2012
Nacional
62,9
Estadual
29,0
Regional (Raio de 100 Km)
8,1
0%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
20%
40%
60%
80%
100%
75
É importante ressaltar que os respondentes podiam marcar mais de uma
opção nas alternativas propostas pelo questionário. Nesse cenário, observou-se que
o tipo de cliente mais frequente é atacadista/lojistas (74,2%), seguido de
atacadista/sacoleiras (38,7%) e de varejistas (27,4%), conforme descrito no Gráf. 6.
O principal mercado do setor refletiu os principais clientes (atacadistas/lojas), uma
causalidade estabelecida pelo dimensionamento geográfico do país e pela
localização estratégica do estado (ANDRADE, 2002), o que viabilizou e estabeleceu
tais parcerias.
Gráfico 6 - Principais clientes das empresas entre 2010 e 2012
Principais clientes
Atacadista / Lojas
74,2
Atacadista /
Sacoleiras
38,7
Varejista
27,4
Outros
6,5
Internet
1,6
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
A Tab. 3 apresenta as principais regiões de vendas dos produtos das
empresas da amostra estudada, segmentada pelo tipo de cliente. No caso de
atacadistas/lojas, a região mais frequente é o Sudeste do Brasil (54,8%), seguida do
Centro-Oeste (29%) e do Norte (27,4%). No caso de atacadistas/sacoleiras, a
primeira e a segunda regiões mais frequentes são também o Sudeste e o CentroOeste do Brasil, com 35,5% e 24,2%, respectivamente. Mas, nesse caso, o
município de Divinópolis aparece em segundo lugar também com 24,2%. Conforme
demostraram os dados, a representatividade nacional do setor em nichos de
mercado é muito diversificado, de acordo o SINVESD (2012), nas várias regiões do
Brasil.
76
Tabela 3 - Principais regiões de venda dos produtos de acordo com os tipos de clientes
Locais
Divinópolis
Norte do Brasil
Nordeste do Brasil
Centro-Oeste do Brasil
Sudeste do Brasil
Sul do Brasil
Exterior (fora do Brasil)
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
Atacadista/
Atacadista/Lojas
Sacoleiras
%
%
19,4
24,2
27,4
8,1
29,0
12,9
35,5
24,2
54,8
35,5
11,3
4,8
1,6
0,0
Varejista
%
Internet
%
41,9
0
1,6
9,7
14,5
1,6
0,0
4,8
3,2
6,5
11,3
8,1
6,5
0,0
A Tab. 4 apresenta o número de funcionários das empresas da amostra para
cada setor no período de 2010 e 2012. O setor que emprega o maior número de
funcionários é o da produção, por se tratar de indústria de transformação. É
interessante observar que há empresas que não empregam pessoas nesse setor, ou
seja, terceirizam 100% da produção. Constatou-se que 25% das empresas ou não
contam com possuem funcionários ou contam com até 3 funcionários na produção.
Outros 25% das empresas têm em seu quadro entre 3 e 9 funcionários na produção.
Outros 25% empregam entre 9 e 20 funcionários, e os outros 25% empregam entre
20 e 160 funcionários.
Com relação ao setor Administrativo, observou-se que 25% das empresas
dispõem de 1 a 2 funcionários; outros 25%, de 2 a 3 funcionários; outros 25%, de 3 a
4 funcionários; e os outros 25%, de 4 a 17 funcionários. Tais números condizem com
os observados no setor da produção e com o fato de a maioria das empresas da
amostra ser micro ou pequena.
No setor de criação e desenvolvimento de produtos, verificou-se que 25% das
empresas ou não contam com nenhum funcionário ou contam com apenas um (1).
Outros 25% empregam de 1 a 2 funcionários. Os outros 25% têm 2 funcionários e os
25% restantes têm em seu quadro de 2 a 6 funcionários. Nesse contexto, 75% das
empresas da amostra ou não empregam funcionários nesse setor ou têm até 2
empregados.
Para o setor Estoque e Expedição, 25% das empresas ou não dispõem de
funcionários ou dispõem de apenas um. Outros 25% das empresas contam com um
(1) ou dois funcionários. Outros 25% das empresas, com dois funcionários. E os
outros 25% trabalham com dois a 17 funcionários.
77
No caso do setor de Marketing e Vendas, 25% das empresas ou não têm
esse funcionário especificamente, ou têm apenas um (1) funcionário; outros 50%
contam com dois funcionários para esse setor; e 25% trabalham com dois a 17
funcionários.
Outros setores são observados apenas em 25% das empresas, uma vez que
75% delas afirmaram não empregar funcionários em outros setores. Entretanto
observou-se que 25% têm entre 3 e 60 funcionários trabalhando nesses outros
setores.
Outro dado importante foi o número de funcionários das empresas da
amostra. O setor que empregou o maior número de funcionários foi o da produção, o
que não foi novidade, por se tratar de indústrias de transformação. É comum, nesse
setor, algumas empresas terceirizarem até 100% da produção, o que não descarta a
representatividade delas. De acordo com a ABDI (2009), grandes empresas podem
terceirizar.
Tabela 4 - Número de funcionários entre 2010 e 2012 em cada setor
Números de funcionários entre
2010 e 2012 em cada setor
B1.15.1) Administração
B1.15.2) Criação e
desenvolvimento de produtos
(Design)
B1.15.3) Produção (Modelagem,
risco, enfesto, corte, estamparia,
bordado, costura, lavanderia,
acabamento, passadoria e
embalagem)
B1.15.4) Estoque e expedição
B1.15.5) Marketing e vendas
B1.15.6) Outros setores
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
Quartil
Mínimo
1
Desvio
Máximo Média
1°
2° quartil
3°
padrão
quartil (mediana) quartil
2
3
4
17
4
3
0
1
2
2
6
2
1
0
3
9
20
160
18
27
0
0
0
1
1
0
2
2
0
2
6
3
17
30
60
2
5
3
3
6
8
A Tab. 5 apresenta o número médio de peças produzidas por mês, no período
de 2010 a 2012, nas empresas da amostra. Em primeiro lugar, ressalta-se que 15
empresas não prestaram essa informação. Das outras 47 que deram essa
informação, 25% afirmaram produzir entre 45 e 3.000 peças. Outros 25%
produziram entre 3.000 e 6.000 peças; 25% produziram entre 6.000 e 13.000 peças;
e os 25% restantes, entre 13.000 e 80.000 peças. Observa-se que a grande
78
distância se dá nesse último grupo, que, em média, produziu um número muito
maior de peças. Devido à amplitude verificada nessa análise, observou-se que a
média não refletiu bem a tendência central dos dados e, por isso, não foi
mencionada nesta proposta. Algumas empresas da amostra trabalharam em três
turnos, o que explica a grande diferença no número de peças produzidas entre o
último grupo e as demais empresas.
Tabela 5 - Número médio de peças produzidas/mês entre 2010 e 2012
Quartil
Não
responderam
Mínimo
15
45
1° quartil
3.000
2° quartil
(mediana)
6.000
3° quartil
13.000
Máximo
Média
Desvio
padrão
80.000
12.107
16.731
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
A Tab. 6 apresenta os percentuais médios das atividades que são realizadas
internamente ou que são terceirizadas. No caso da Administração, a maioria das
empresas realiza as atividades internamente. Pelo menos 50% delas o fazem
totalmente no ambiente interno, e outros 25% realizam pelo menos 80% das
atividades dentro da empresa.
No caso do setor de Criação e Desenvolvimento de Produtos, verifica-se que
grande parte das empresas efetua essas ações internamente. Pelo menos 50%
delas o realizam de forma completa em sua estrutura interna, e outros 25% fazem
pelo menos metade das atividades em ambiente interno. Entretanto outros 25% ou
não realizam nada internamente ou realizam até metade das atividades de criação e
desenvolvimento de produto dentro de suas próprias dependências. A média das
empresas que terceirizam as atividades desse setor foi de 8,5%, refletindo
adequadamente a realidade dos dados. Observa-se que os dados relativos a essa
informação são um pouco mais altos do que no caso da terceirização do setor
Administrativo, o que pode explicar o papel da inovação para as empresas
pesquisadas.
No caso da Produção, os dados obtidos nesta pesquisa foram diferentes.
Metade das empresas não terceiriza nenhuma atividade do setor, enquanto pelo
menos 25% terceirizam de 50% a 100% da produção.
79
O Estoque e a Expedição dos produtos são realizados de forma interna por
praticamente todas as empresas. Pelo menos 75% delas realizam de 97,5% a 100%
das atividades previstas para o setor no ambiente interno.
O setor de Marketing e Vendas apresenta um panorama diferente. Ainda que
a maioria das empresas realizem todas as atividades internamente, verificou-se que
cerca de 25% delas terceirizam entre 20% e 100% das atividades do setor.
Ressalta-se, por fim, que os outros setores contabilizam praticamente 100% das
atividades realizadas na própria empresa.
Os resultados foram explicados pela sazonalidade dos produtos, falta de
pessoal qualificado, necessidade de redução da folha de pagamento, entre outros
fatores (PICCININI OLIVEIRA; FONTOURA, 2006; IPEAD, 2011). A terceirização
iniciou-se na década de 1990 (RESENDE FILHO, 1999; CONDE; ARAÚJO-JORGE,
2003; STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006; ABDI, 2009), como consequência
da abertura comercial e inserção do país no mercado mundial. A alta
competitividade dos produtos estrangeiros, tanto pelos preços quanto pela
qualidade, forçou as empresas a reduzir custos e modernizar o processo produtivo.
A terceirização, prática comum no setor, representou uma alternativa na redução de
investimentos, o que torna-se necessário uma avaliação dos resultados, tanto na
qualidade quanto na padronização desses produtos (IPEAD, 2011).
80
Tabela 6 - Percentuais médios das atividades que são realizadas internamente e/ou terceirizadas
(Facção) nos setores, entre 2010 e 2012
Quartil
Mínimo
1°
2° quartil
Setores e responsável
%
quartil (mediana)
%
%
Interno
0,0
80,0
100,0
Administração
Terceirizado
0,0
0,0
0,0
Criação e
Interno
0,0
50,0
100,0
desenvolvimento de
Terceirizado
0,0
0,0
0,0
produtos
Produção
(Modelagem, risco,
Interno
0,0
30,0
50,0
enfesto, corte,
estamparia, bordado,
costura, lavanderia,
acabamento,
Terceirizado
0,0
0,0
30,0
passadoria e
embalagem)
Interno
0,0
97,5
100,0
Estoque e expedição
Terceirizado
0,0
0,0
0,0
Interno
0,0
0,0
70,0
Marketing e vendas
Terceirizado
0,0
0,0
0,0
Interno
0,0
0,0
0,0
Outros setores
Terceirizado
0,0
0,0
0,0
Desvio
Máximo Média
3°
padrão
%
%
quartil
%
%
100,0
100,0
79,7
37,6
0,0
90,0
4,2
13,4
100,0
100,0
72,1
41,3
0,0
100,0
8,5
21,4
81,3
100,0
53,4
33,6
50,0
100,0
30,5
27,4
100,0
0,0
100,0
20,0
0,0
100,0
90,0
100,0
100,0
100,0
77,4
1,6
53,6
17,3
12,7
41,8
11,5
46,0
32,3
31,9
0,0
50,0
1,8
8,2
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
A Tab. 7 apresenta o número de máquinas e equipamentos eletrônicos
existentes nas empresas pesquisadas entre 2010 e 2012. O tipo de máquina mais
comum é a máquina de costura, sendo que 25% das empresas possuem entre 2 e 7;
25% possuem entre 7 e 15; 25%, entre 15 e 20; os outros 25%, entre 20 e 65
máquinas.
No caso da máquina de bordado, observou-se que 50% das empresas
pesquisadas possuem apenas 1; outras 25% possuem de 1 a 2; e os outros 25%, de
2 a 4 máquinas de bordado.
A modernização do setor foi um fator determinante no sistema capitalista. O
SINDITÊXTIL (2009) enfatizou que um dos principais obstáculos a serem superados
pelas pequenas empresas é o investimento em tecnologia. Costa e Rocha (2009),
por sua vez, discutem a importância da aplicação do sistema CAD/CAM na
otimização dos processos e o avanço significativo que o sistema representou para o
setor de desenho e corte. Entretanto Kaplan e Norton (1997) relataram que a
eficiência dos processos operacionais está diretamente associada à incorporação de
81
novas tecnologias para aproveitar todas as possibilidades e potenciais da empresa,
sendo possível, assim, prever a demanda e idealizar produtos inovadores.
Tabela 7 - Número de máquinas e equipamentos eletrônicos existentes nas empresas entre 2010 e
2012
Máquinas
Mínimo
B1.19.1) Máquina de
2
costura
B1.19.2) Máquina de
1
bordado
B1.19.3) CAD/CAM
1
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
Quartil
Desvio
Não
Máximo Média
1°
2° quartil
3°
padrão respondeu
quartil (mediana) quartil
7
15
20
65
17
14
11
1
1
2
4
5
12
52
1
1
1
1
1
0
49
A Tab. 8 demonstra o percentual de faturamento proveniente das vendas para
os diversos tipos de clientes entre 2010 e 2012. Apesar da amplitude dos dados, a
média permite visualizar que o atacado/lojas é o responsável pelo maior percentual
de faturamento (35,5%), seguido pelo atacado/sacoleiras (26,5%) e varejo (19,6%).
Tais dados são condizentes com o percentual das vendas para esses tipos de
clientes. Como foi mencionado, o município tem grande representatividade no
comércio nacional. O que chamou a atenção foi o tipo de cliente denominado
“sacoleira” (GARCÍA, 2009) e sua representação nas vendas do setor.
Em 2010, o setor de confecções foi destaque no maior jornal impresso de
Minas Gerais. A reportagem apontou a transformação de Divinópolis (MG) em “polo
lançador de moda e tendências”, frente a então denominação “cidade das
sacoleiras” (SINVESD, 2011). No entanto os resultados demonstraram o importante
papel das “sacoleiras” e sua representatividade para a economia local. As vendas no
atacado para esse tipo de cliente o colocam em segundo lugar entre os maiores
compradores atacadistas de artigos do vestuário do município de Divinópolis (MG).
82
Tabela 8 - Percentual do faturamento das vendas de cada tipo de cliente
Clientes
B2.1) Atacado/“Sacoleiras”
B2.2) Atacado/Lojas
B2.3) Varejo
B2.4) Internet
B2.5) Outros não
relacionados à vendas
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
Quartil
Mínimo
1°
2° quartil
%
quarti (mediana)
l%
%
0,0
0,0
10,0
0,0
20,0
50,0
0,0
0,0
10,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
3°
Máximo % Média %
quartil
%
41,8
90,0
21,3
90,0
100,0
49,5
21,0
100,0
15,2
0,0
100,0
2,6
0,0
100,0
3,4
Desvio
padrão
%
26,5
35,5
19,6
13,4
15,3
A Tab. 9 apresenta dados referentes à força de trabalho das empresas da
amostra. Verificou-se que 25% das empresas têm entre 10 e 12 funcionários; 25%,
entre 12 e 20 funcionários; 25%, entre 20 e 30 funcionários; os outros 25%, entre 30
e 140 funcionários.
Observando os percentuais referentes ao sexo do trabalhador, constatou-se
que a maior parte da mão de obra é do sexo feminino em detrimento do sexo
masculino. Enquanto a mediana no caso dos homens é de 3 funcionários, no caso
das mulheres é de 13 funcionárias.
Além disso, é possível perceber que o nível de instrução da mão de obra é
baixo. A mediana do número de funcionários que não fizeram curso superior é de
14, enquanto dos que o cursaram é de apenas um funcionário. Funcionários com
cursos de Pós-Graduação não existem em 75% das empresas, e, quando a há
algum pós-graduado na organização, observa-se, no máximo, 2 funcionários com
esse tipo de formação acadêmica entre todas as empresas pesquisadas.
Verificou-se que 75% das empresas afirmaram não ter funcionários
envolvidos com atividades de P&D, porém existem funcionários no setor de Criação
e Desenvolvimento de Produtos envolvidos com P&D.
Outra característica marcante foi a presença do sexo feminino principalmente
no setor produtivo, legado cultural e contemporâneo das profissões do gênero, além
de relacionar-se com as questões de baixos salários e níveis de escolaridade. Essas
características também estão presentes nas indústrias do vestuário de todo o país,
conforme contatam Gazzona (1997); Andrade (2002); Lima (2010); CNI/ABIT (2012).
Segundo Jones (2005), a introdução do esquema da divisão do trabalho em
1911, fragmentou as operações e introduziu técnicas de produção em massa. A
83
especialização em apenas uma tarefa induziu, a posteriori, à mínima formação do
staff feminino (ANDRADE FILHO; SANTOS, 1987; ABRANCHES; BRASILEIRO
JÚNIOR, 1996), o que foi corroborado pelos resultados encontrados na pesquisa.
Tabela 9 - Força de trabalho entre 2010 e 2012
Força de trabalho entre
2010 e 2012*
Quartil
Mínimo
1°
quartil
12
0
9
2° quartil
(mediana)
20
3
13
N° total
10
Sexo masculino
0
Sexo feminino
0
Sem curso Superior
0
10
14
completo
Com curso Superior
0
0
1
completo
Com curso pósgraduação Lato Sensu
0
0
0
(Especialização e MBA)
Com curso pósgraduação Stricto Sensu
0
0
0
(Mestrado e/ou
Doutorado)
Envolvidas com P&D
0
0
0
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
* Contratadas no regime CLT, Pessoa Jurídica ou estagiário.
3°
quartil
30
6
22
Máximo
Média
Desvio
padrão
140
35
130
30
5
20
28
6
24
25
135
23
27
3
15
2
2
0
2
0
1
0
2
0
0
0
8
1
1
Ressalta-se que não foi possível realizar nenhum tipo de análise das
informações referentes ao dispêndio médio salarial de acordo com os setores, bem
como dados sobre faturamento, lucro, prejuízo e investimento em P&D, seja devido
ao baixo percentual de respostas a essas variáveis, seja pela inconsistência
encontrada nas poucas respostas relatadas.
Os dados referentes ao dispêndio médio salarial de cada setor e os dados
sobre faturamento, lucro e prejuízo das empresas não foram acessados de forma
consistente. Simultaneamente, essas informações financeiras, ainda que subjetivas,
quando divulgadas (vale ressaltar que a pesquisa garantiu o sigilo das informações),
comprometiam as empresas, seja pelo baixo, seja pelo alto rendimento
contabilizado, ou ainda pelo desconhecimento dos mesmos.
84
6.3 Inovação de produtos
O Gráf. 7 apresenta o percentual das empresas que inovaram algum produto
em nível mundial, nacional e interno. Verificou-se que nenhuma empresa inovou em
nível mundial; apenas 5% das empresas inovaram em nível nacional; e 32%
inovaram em nível interno. Assim, esses percentuais revelam o baixo nível de
inovação existente nas empresas pesquisadas. Calmanovici (2011), Oliveira e Telles
(2011) demonstraram a ausência de modelos administrativos que potencializem e
agreguem as diversas fontes de investimentos (públicas ou privadas) existentes no
país em prol da geração de novas tecnologias e inovação para as empresas e para
os centros de pesquisas, como resultado da sinergia entre os pares.
Gráfico 7 - Produto novo ou significativamente aperfeiçoado para o mercado mundial, nacional e
empresarial
100,0
100%
95,0
80%
69,0
60%
40%
31,0
20%
3,0
0,0
0%
Inovou
Não inovou
Mundial
Inovou
Não inovou
Nacional
Inovou
Não inovou
Empresa
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
O Quadro 6 apresenta o tipo de produto citado pelos entrevistados como
inovação. Grande parte mencionou itens em camisaria (13%) ou plus size (13%). Em
segundo lugar, apareceram roupas em jeans (9%) ou camisa fit (9%). Ressalta-se
que foi feito um agrupamento nas respostas e, por isso, excedem 100% do valor
total explicado, pois uma mesma empresa citou mais de um tipo de produto ao
responder os questionários. No entanto, para as análises estatísticas, foi
considerado apenas um produto por empresa com seu respectivo nível de inovação.
85
A criação e o desenvolvimento de produtos, assuntos encontrados no
arcabouço teórico da literatura econômica, apresentaram-se em três níveis: o
primeiro considerou algo como inovação para a própria empresa. Assim, o produto
não necessariamente precisou ser novidade para o mercado nacional ou mundial. O
segundo referiu-se aos produtos novos para mercado nacional, e o terceiro envolveu
inovações em nível mundial, e que foram consideradas raras e capazes de alterar
radicalmente toda a estrutura das empresas e da sociedade em geral (ZUBOFF,
1988), sendo, portanto, passíveis de usarem métodos de proteção, por exemplo, o
registro de patentes (MARTINS, 2010).
Os resultados desta pesquisa mostraram um grau de novidade dos produtos
em nível da própria empresa ou mudança de segmento para atender à demanda do
mercado.
Quadro 6 - Diversificação de produtos – inovação em nível da empresa
Principais segmentos
Camisaria
Plus size
Roupas em jeans
Camisa Fit
Roupas em couro
Roupas em musseline
Camisas de malha bordada e/ou silkada
Roupas infantis femininas
Camisa polo
Camiseta
Vestido/festa
Serviços de caseadeira e botoneira
Blusas, calças e vestidos
Não respondeu
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=23 entrevistados
n
4
3
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
3
%
17
13
9
9
4
4
4
4
4
4
4
4
4
13
A Tab. 10 apresenta a participação dos novos produtos nas vendas líquidas e
exportações. Duas empresas não responderam a essa questão 19 . Das três que
responderam, todas afirmaram que o produto inovador teve uma participação em
30% das vendas líquidas internas em nível nacional. Ao considerar as empresas que
19
Entre 2010 e 2012, a empresa produziu um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente
aperfeiçoado para o mercado nacional? - % de participação desse produto nas vendas liquidas
internas; - % de participação desse produto nas exportações da empresa.
86
inovaram, oito não responderam à segunda questão20 referente à participação nas
vendas líquidas internas do produto inovador. Das empresas que responderam,
verificou-se que 25% afirmaram que o produto teve uma participação entre 5% e
15,5%; outras 25% relataram que ele teve uma participação entre 15,5% e 20%;
outros 25% afirmaram que o produto inovador teve uma participação entre 20% e
45%; os outros 25% das empresas relataram que ele teve uma participação entre
45% e 100%.
No que se refere à participação dos demais produtos e serviços nas vendas
líquidas internas das empresas, verificou-se que, para 75% dessas empresas,
produtos e serviços respondem por 100% das vendas. No que tange à participação
do produto inovador ou não nas exportações, apenas uma empresa respondeu a
essa questão 21 . Essa empresa relatou que o produto inovador teve 38% de
participação na exportação e os outros produtos tiveram uma participação
equivalente a 62%.
A participação dos produtos nas exportações foi restrita, pois apenas uma
empresa exportou. Uma das possíveis explicações foi relatada por Calmanovici
(2011): as altas taxas do câmbio desestimularam as exportações e direcionaram o
mercado brasileiro para investir seus esforços em atender ao mercado interno.
Destarte, os resultados apresentados demonstraram sinais à luz da realidade
brasileira: baixas taxas de exportações e inserção no mercado mundial. Isso
demonstra
a
necessidade
de
investimento
em
inovação
como
elemento
diferenciador na competitividade global (KAPLAN; NORTON, 1997; CNI, 2005;
PORCILE; ESTEVES; SCATOLIN, 2006; AUTANT-BERNARD et al., 2010;
SINDITÊXTIL, 2009; DAUSCHA, 2010; CALMANOVICI, 2011).
20
21
% de participação desse produto nas vendas liquidas internas.
% de participação desse produto nas exportações da empresa.
87
Tabela 10 - Participação dos produtos nas vendas líquidas e nas exportações
% de participação
n
Produto inovador em nível
nacional nas vendas
3
líquidas internas
Produto inovador para a
empresa nas vendas
20
líquidas internas
Demais produtos e serviços
de sua empresa nas
61
vendas líquidas internas
Produto inovador para a
20
empresa nas exportações
Demais produtos e serviços
de sua empresa nas
1
exportações
Quartil
Desvio
Não
Mínimo
Máximo Média
1°
2° quartil
3°
padrão
respondeu
%
%
%
quartil (mediana) quartil
%
%
%
%
2
30,0
30,0
30,0
30,0
30,0
30,0
8
5,0
15,5
20,0
45,0
100,0
32,3
27,9
1
30,0
100,0
100,0
100,0
100,0
94,8
13,1
19
38,0
38,0
38,0
38,0
38,0
38,0
0
62,0
62,0
62,0
62,0
62,0
62,0
Fonte: Dados da pesquisa.
Verificou-se que 82,6% afirmaram que a própria empresa foi responsável pelo
desenvolvimento do produto inovador; 13% afirmaram que foram consultores
externos; e 4,3%, que foram institutos de pesquisa (Gráf. 8).
A indústria do vestuário está associada às indústrias dominadas pelos
fornecedores (PAVITT, 1984) e, assim, apresentaram fraco desenvolvimento em
P&D (INÁCIO JÚNIOR, 2012). A posteriori, as inovações consideradas incrementais,
ocorreram exatamente na estética ou design dos produtos (COSTA; ROCHA, 2009).
No segmento das roupas masculinas, representadas pela camisaria, concentraramse em pequenas modificações, principalmente no design e nas cores. O diferencial
implementado no segmento de roupas femininas foi relacionado principalmente aos
tamanhos especiais, o que demonstrou uma representatividade no consumo ainda
modesta no Brasil, conforme mencionado por Ricomini (2013), que o mercado Plus
Size 22 atualmente representa uma pequena parcela do mercado, apenas 5% do
setor.
22
Trata-se de roupas com tamanhos especiais, para mulheres que estão acima do peso.
88
Responsável pelo desenvolvimento do
produto
Gráfico 8 - Responsável pelo desenvolvimento dos produtos
Sua empresa
82,6
Consultores externos
13,0
Institutos de pesquisa externos
4,3
PATME
0,0
Outras empresas do grupo
0,0
Universidades /IES
0,0
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=23 entrevistados
A Tab. 11 apresenta os impactos gerados pela inovação do produto na
empresa. A escala utilizada para as variáveis dessa tabela varia de muito baixo (1) a
muito alto (5). Para essas variáveis, os valores médios ficaram bem próximos da
mediana, o que os torna confiáveis. Dessa forma, é possível observar que o maior
impacto dos produtos inovadores foi na manutenção da participação de mercado
(3,9), no aumento da participação, na abertura de novos mercados (3,7) e no
enquadramento em regulamentos e normas internas (3,6).
No caso do controle de aspectos ligados a saúde e segurança do trabalhador
(ergonomia), a média foi inferior, permanecendo na ordem de 2,3.
Os impactos gerados pelas inovações dos produtos revelaram um cenário
interessante. Para uma parte da amostra, a inovação representou a possibilidade de
ir além, expandindo ou abrindo novos mercados, em prol da competitividade (CNI,
2005; PORCILE; ESTEVES; SCATOLIN, 2006). Para outra parte da amostra, a
postura foi de adequação, seja para a manutenção no mercado (DAUSCHA, 2010;
SCHUMPETER, 1988), seja para adequação às normas (CNI/ABIT, 2012).
89
Tabela 11 - Impactos gerados pela inovação de produto nas empresas
Impactos
Não
Mínimo
respondeu
Aumento da
participação de
mercado
Manutenção da
participação de
mercado
Abertura de novos
mercados
Controle de aspectos
ligados a saúde e
segurança
(Ergonomia)
Enquadramento em
regulamentos e
normas
internas/externas (Lei
das etiquetas)
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=23 entrevistados
Quartil
Desvio
Máximo Média
1°
2° quartil
3°
padrão
quartil (mediana) quartil
5
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,7
1,2
5
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,9
1,1
5
1,0
3,0
3,5
5,0
5,0
3,7
1,2
8
1,0
1,0
2,0
3,0
5,0
2,3
1,4
6
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,6
1,5
6.4 Inovação de processos
O Gráf. 9 apresenta o percentual das empresas que realizaram algum tipo de
inovação em termos de processos em nível mundial, nacional ou interno da
empresa. Verificou-se que nenhuma empresa inovou em nível mundial ou nacional e
39% inovaram em nível interno da empresa. As empresas que realizaram inovação
em processos não apresentaram nenhuma novidade para o mercado. Dessa forma,
as melhorias ocorreram na própria empresa, o que representou um esforço interno,
porém o resultado se contrapõe a Kaplan e Norton (1997), ao afirmarem que, na era
da informação, as empresas devem incorporar novas tecnologias como garantia de
crescimento e eficiência.
De acordo com Silva, Tavares e Antonialli (2012, p. 14), o município de
Divinópolis (MG) lida com dificuldades de interação produtiva “[...] ambiente de
inovação, informação e comunicação pouco avançado, ausência de ações coletivas,
parcerias isoladas e pouco efetivas, contexto político pouco favorável, entre outros
tantos aspectos.”
90
Gráfico 9 – Processos novos ou significativamente aperfeiçoados para o setor em nível mundial,
nacional e empresarial
100,0
100%
100,0
80%
61,0
60%
39,0
40%
20%
0,0
0,0
0%
Inovou
Não inovou
Inovou
Mundial
Não inovou
Nacional
Inovou
Não inovou
Empresa
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
O Quadro 7 apresenta o principal processo ou método inovador introduzido
pelas empresas entre 2010 e 2012. Os resultados demonstraram que a inovação de
processos ocorreu principalmente na aquisição de máquinas e na implementação de
técnicas no controle da qualidade.
O investimento mais comum do setor foi o financiamento exclusivo para a
compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar. No Brasil, de acordo
com Calmanovici (2011), os investimentos em tecnologia estão direcionados à
academia e distanciados das empresas. No quesito avanço em inovação, esse
descompasso entre os pares corroborou o modelo não linear de inovação e reforçou
a importância das variáveis endógenas ao processo inovativo frente à concorrência
inserida em um ambiente competitivo.
91
Quadro 7 - Principal processo ou método inovador introduzido pelas empresas entre 2010 e 2012
Principal processo
Atualização maquinário
Novas técnicas de medição de desempenho
Técnicas significativamente aperfeiçoadas no controle da qualidade
Nova máquina de corte a laser
Nova máquina de etiqueta metálica
Novo processo de modelagem
Método de produção significativamente aperfeiçoado
Técnicas significativamente aperfeiçoadas no planejamento e controle da produção
Não respondeu
Total
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=24 entrevistados
n
2
1
4
1
1
1
4
2
8
24
O Gráf. 10 os responsáveis pelo desenvolvimento do novo processo, na
opinião das empresas. Verifica-se que 70,8% afirmaram ter sido a própria empresa,
e 29,2% afirmaram que foram os consultores externos. Não foram mencionados
pelos entrevistados: PATME, institutos de pesquisa externos, outras empresas do
grupo, universidades/IES.
A inovação apresentou incipiência e encontrou-se no mais baixo nível, ou
seja, a novidade de produtos ou processos se restringiu à própria empresa. Para
Fraga (2012) online23, "a indústria mundial está migrando em direção aos países
asiáticos e o Brasil tem um potencial, deve estimular sua economia criativa porque
tem muito para oferecer ao mundo."
23
http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/ronaldo-fraga-brasil-deve-parar-de-copiar-mundocaduco/
92
Responsável pelo desenvolvimento do
processo
Gráfico 10 - Responsável pelo desenvolvimento da inovação de processos
Sua empresa
70,8
Consultores externos
29,2
PATME
0,0
Institutos de pesquisa externos
0,0
Outras empresas do grupo
0,0
Universidades /IES
0,0
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=24 entrevistados
A Tab. 12 apresenta os impactos gerados pela inovação sobre processos e
métodos implementados na empresa. Nesse caso, foi utilizada uma escala que varia
de muito baixo (1) a muito alto (5), e a média e a mediana ficaram bem próximas. As
médias foram todas regulares, de 3,2 a 2,7. Verifica-se que a inovação teve um
impacto de mediano a alto no aumento da capacidade de produção para 75% das
empresas. No caso do aumento da flexibilidade e redução do custo de produção e
enquadramento em regulamentos e normas internas, o impacto foi de mediano a alto
para 50% das empresas. No caso de redução do custo de mão de obra e controle de
aspectos ligados a saúde e segurança, os impactos foram de regular a alto para
menos de 25% das empresas. Os aspectos de segurança ligados à ergonomia,
como é o caso das cadeiras ergonômicas, ficaram aquém dos impactos ligados ao
aumento da capacidade produtiva. Para os gestores, tiveram pouca importância a
segurança e a qualidade do ambiente de trabalho onde os funcionários exercem
suas atividades durante 8 horas diárias, em posição sentada (como é o caso da
costureira), além do permanente estado de tensão e desconforto em que eles
trabalham.
93
Tabela 12 - Impactos gerados pelas inovações de processos e métodos implementados nas
empresas
Impactos
Não
Mínimo
respondeu
Aumento da
capacidade de
produção
Aumento da
flexibilidade da
produção
Redução de custos da
produção
Redução de custos de
mão de obra
Controle de aspectos
ligados a saúde e
segurança (Ergonomia
no trabalho).
Enquadramento em
regulamentos e
normas
internas/externas (Lei
das etiquetas).
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=24 entrevistados.
Quartil
Desvio
Máximo Média
1°
2° quartil
3°
padrão
quartil (mediana) quartil
3
1,0
3,0
3,0
4,0
5,0
3,3
1,1
4
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
3,0
1,3
4
1,0
3,0
3,0
4,0
5,0
3,2
1,1
4
1,0
2,0
3,0
3,0
5,0
2,8
1,2
4
1,0
1,3
2,5
3,8
5,0
2,7
1,4
4
1,0
1,0
3,0
4,0
5,0
2,9
1,6
Constatou-se que apenas 3,2% das empresas são certificadas, enquanto
96,8% dessas empresas não possuem nenhum tipo de certificação.
O Quadro 8 exibe o tipo de certificação das empresas. Três empresas tinham
certificação, das quais duas não responderam de que tipo ela seria. Os resultados
demonstraram a insignificância ou a falta de conhecimento das empresas quanto às
certificações existentes, como é o caso específico do selo “Qual” 24, que atesta a
formalidade da mão de obra utilizada, o cumprimento das normas ambientais e a
responsabilidade social da empresa.
Quadro 8 - Tipo de certificação
Tipo de certificação
Sistema de gestão da qualidade (ISO 9001)
Sistema de gestão ambiental (ISO 14001)
Selo de qualidade ABRAVEST
Não respondeu
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=3 entrevistados
24
http://www.seloqual.com.br/landing
n
0
1
0
2
94
6.5 Inovação implementada e suas relações
Ressalta-se que as variáveis referentes à inovação de produtos e processos
foram transformadas em outras quatro variáveis. A Tab. 13 apresenta a estatística
descritiva das três primeiras observações. A Inovação de Produtos apresentou um
mínimo de 0 (zero) e um máximo de 2, como o esperado, pois nenhuma empresa
inovou em nível mundial relativamente a produto. A Inovação de Processo
apresentou um mínimo de 0 (zero) e um máximo de 1 (um), pois só foram
observadas inovações de processos, no caso, em nível interno. A variável
representada pelo somatório das duas variáveis anteriores apresentou um mínimo
de 0 (zero) e um máximo de 3.
Tabela 13 - Estatística descritiva das inovações
Quartil
Inovação
Inovação de Produto (soma da inovação
em produto mundial, nacional e para a
empresa)
Inovação de Processo (soma da inovação
em processo mundial, nacional e para a
empresa)
Inovação Total (soma das duas anteriores)
Fonte: Dados da pesquisa.
Mínimo
1°
quartil
2° quartil
(mediana)
3°
quartil
Máximo
0,0
0,0
0,0
1,0
2,0
0,0
0,0
0,0
1,0
1,0
0,0
0,0
1,0
1,0
3,0
O Gráf. 11 apresenta a variável “Inovação Produto”. Verifica-se que 68% não
realizaram nenhum tipo de inovação em produto, 27% apresentaram alguma
inovação em apenas um nível (seja interno ou nacional) e 5% inovou produto em
dois níveis (interno e nacional).
95
Gráfico 11 - Inovação de produto
Inovou em
dois níveis 5%
Inovou em
apenas um
nível 27%
Não inovou
68%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
O Gráf. 12 apresenta o resultado para a variável “Inovação Processo”. Nesse
caso, 61% das empresas não realizaram nenhuma inovação em processo, e 39%
realizaram inovação em apenas um nível, o interno.
Gráfico 12 - Inovação de processos
Inovou em
apenas um
nível 39%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
Não inovou
61%
96
O Gráf. 13 apresenta o resultado para a variável Inovação total. Nesse caso,
43% não realizaram nenhuma inovação de produto ou processo, 40% realizaram
inovação em apenas um nível, 13% realizaram inovação em dois níveis, e 3%
realizaram inovação em três níveis.
Gráfico 13 - Inovação total
Inovou em
dois níveis
13%
Inovou em
três níveis 3%
Não inovou
43%
Inovou em
apenas um
nível 40%
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
6.5.1 Relação entre inovação e as características das empresas
Neste tópico foram realizados alguns cruzamentos das variáveis referentes à
inovação com algumas variáveis do tópico de caracterização das empresas, cujos
resultados significativos estão expostos na Tab. 14, a seguir. Nela se mostra o teste
de associação entre as variáveis “inovação geral” e “tipo de gestão da empresa”. A
estatística Qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 5%, indicando uma
associação em pelo menos um par de categorias das duas variáveis testadas.
A estatística “Ajuste residual” constatou que a gestão mista apresenta uma
associação negativa com a Inovação. Isso revela que existe uma concentração de
empresas com esse tipo de gestão no grupo das empresas que não inovaram, e
uma concentração menor no grupo de empresas que inovaram.
97
Tabela 14 - Teste de associação entre a inovação geral e o tipo de gestão das empresas
B.1.10) Tipo de gestão da empresa
Não inovou
Inovou
n
11
19
Familiar
% coluna
0,407
0,543
AR.
-1,058
1,058
n
6
12
Profissional
% coluna
0,222
0,343
AR.
-1,038
1,038
n
10
4
Mista
% coluna
0,370
0,114
AR.
2,391
-2,391
n
27
35
Total
% coluna
1,000
1,000
Teste Qui-quadrado - valor 5,77; gl. 2; sig. <5%
Fonte: Dados da pesquisa.
Total
30
0,484
18
0,290
14
0,226
62
1,000
A Tab. 15 apresenta o Teste de Associação entre “inovação geral” e “principal
mercado” da empresa entre 2010 e 2012. A estatística Qui-quadrado apresentou
significância inferior a 1%, o que revela que existe associação entre as duas
variáveis. Com base no ajuste residual, é possível perceber que as empresas que
vendem para o mercado estadual apresentaram uma concentração maior no grupo
das que não inovaram. As empresas que vendem para o mercado nacional estão
concentradas no grupo que inovou.
Tabela 15 - Teste de Associação entre a inovação geral e o principal mercado das empresas (2010 a
2012)
B.1.12) Principal mercado da
Não inovou
Inovou
empresa entre 2010 e 2012
n
11
7
Estadual
% coluna
0,458
0,212
AR.
1,974
-1,974
n
13
26
Nacional
% coluna
0,542
0,788
AR.
-1,974
1,974
n
24
33
Total
% coluna
1,000
1,000
Teste Qui-quadrado - valor 0,08; gl. 4; sig. <1%
Fonte: Dados da pesquisa.
Total
18
0,316
39
0,684
57
1,000
98
Verificou-se a existência de associação entre o nível de inovação de produto,
o número de funcionários que trabalham nos setores e número médio de peças
produzidas por mês (Tab. 16).
Os resultados revelaram a existência de uma relação positiva, ainda que
fraca, e estatisticamente significativa entre o nível de inovação de produto e o
número médio de peças produzidas mensalmente.
Foi encontrada também uma correlação fraca, positiva e estatisticamente
significativa entre o nível de inovação de processo e o número de funcionários que
trabalha no setor de Administração e no setor de Produção.
99
Tabela 16 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação, o número de funcionários que
trabalham nos setores e o número médio de peças produzidas por mês
Número de funcionários que trabalham
nos setores e número médio de peças
produzidas por mês
Coef.
Administração
Sig.
n
Coef.
Criação e desenvolvimento de
Sig.
produtos (design)
n
Produção (modelagem, risco,
Coef.
enfesto, corte, estamparia,
Sig.
bordado, costura, lavanderia,
acabamento, passadoria e
n
embalagem)
Coef.
Estoque e expedição
Sig.
n
Coef.
Marketing e vendas
Sig.
n
Coef.
Outros setores
Sig.
n
Coef.
Número médio de peças
produzidas/mês entre 2010 e
2012
Sig.
n
Nível de
Inovação
Produto
0,034
0,792
62
-0,113
0,380
62
-0,083
0,521
Nível de
Inovação
Processo
,252*
0,048
62
0,010
0,941
62
,312*
0,013
62
62
62
-0,134
0,300
62
0,039
0,762
62
-0,179
0,164
62
,352*
-0,131
0,309
62
-0,157
0,223
62
-0,179
0,165
62
-0,024
-0,177
0,169
62
-0,068
0,601
62
-0,238
0,062
62
0,243
0,015
0,873
0,099
47
47
47
Nível de
Inovação Total
0,179
0,165
62
-0,076
0,558
62
0,131
0,310
Fonte: Dados da pesquisa.
6.5.2 Relação entre inovação e as fontes de informação
Neste tópico foram exibidas análises descritivas referentes às fontes de
informação para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012 e os
cruzamentos que apresentaram resultados significativos, com as novas variáveis
referentes à inovação: (i) Inovação de Produto (soma da inovação em produto
mundial, nacional e para a empresa); (ii) Inovação de Processo (soma da inovação
em processo mundial, nacional e para a empresa) e (iii) Inovação Total (soma das
duas anteriores).
A Tab. 17 apresenta a estatística descritiva da frequência do uso das fontes
de informação internas à empresa para criar produtos e processos inovadores entre
2010 e 2012. Vale ressaltar que a escala utilizada para essas variáveis define como
extremos inferiores: pouco frequentemente (1) e superior: muito frequentemente (5).
100
Nesse caso, a média e a mediana são muito próximas. Por isso, uma análise
com base na média é adequada. Em primeiro lugar, é importante ressaltar que
apenas as empresas que inovaram responderam às questões relativas a esse item.
Foi possível perceber que os setores Administrativos, de Criação e
Desenvolvimento de Produto, de Produção e de Marketing foram utilizados com
muita frequência por, pelo menos, 50% dos entrevistados e com frequência de
regular a alta por outros 25%.
O setor de Estoque e Expedição e os outros setores tiveram uma frequência
de utilização menor, uma vez que a mediana foi de 3, revelando uma frequência de
baixa a regular para, pelo menos, 50% da amostra que respondeu. Outros 25%
apresentaram a frequência do uso das fontes de informações internas da empresa
para inovar, de regular a alta, e os outros 25% já utilizaram com muita frequência
essas fontes de informações.
Tabela 17- Frequência da participação dos setores internos das empresas nas atividades de inovação
entre 2010 e 2012
Fontes de informação
internas
Não
Mínimo
respondeu
Quartil
Máximo
1°
2° quartil
3°
quartil (mediana) quartil
3,0
4,0
5,0
5,0
Média
Desvio
padrão
3,8
1,3
Administração
Criação e
desenvolvimento de
produtos (Design)
Produção (Modelagem,
risco, enfesto, corte,
estamparia, bordado,
costura, lavanderia,
acabamento, passadoria
e embalagem)
Marketing e vendas
30
1,0
31
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,7
1,4
32
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,7
1,3
33
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,7
1,3
Estoque e expedição
34
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
3,0
1,4
Outros departamentos
42
1,0
1,3
3,0
4,0
5,0
2,9
1,3
Fonte: Dados da pesquisa.
A Tab. 18 apresenta a estatística descritiva da frequência de uso das fontes
de informação externas à empresa para criar produtos e processos inovadores entre
2010 e 2012. Nesse caso, a escala utilizada foi igual à das fontes de informação
interna, em que o extremo inferior foi pouco frequentemente utilizada (1), e o
superior muito frequentemente usada (5). Além disso, constatou-se que o número de
respondentes foi um pouco maior do que no caso anterior.
101
Verificou-se que pelo menos 50% dos respondentes utilizaram com muita
frequência informações advindas de clientes, internet e fornecedores, e outros 25%
utilizaram com uma frequência de regular a alta as fontes de informação externas.
No caso dos revendedores, concorrentes, feiras e exposições, conferências,
encontros e publicações, a frequência de uso foi de regular a alta para 25% das
empresas, e de alta para outros 25%.
As fontes referentes aos centros de capacitação profissional e o APL de moda
foram usadas com frequência de regular a alta por 25% das empresas, sendo que
75% delas utilizaram muito pouco essas fontes.
Por fim, as fontes externas – Institutos de Pesquisa, Centros Tecnológicos,
Universidades ou Centros de Ensino Superior, outras empresas do grupo e
instituições de testes, ensaios e certificadoras – foram utilizadas com pouca
frequência por mais de 75% das empresas da amostra que responderam às
questões.
102
Tabela 18 - Estatística descritiva da frequência do uso das fontes de informação externas às
empresas para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012
Fontes de informação
externas
Quartil
Não
respondeu
Mínimo
Média
Desvio
padrão
Clientes
33
1,0
Internet
34
1,0
2,3
4,0
5,0
5,0
3,7
1,2
3,6
1,5
Fornecedores
33
1,0
3,0
4,0
4,0
Revendedores
35
1,0
2,0
3,0
5,0
5,0
3,5
1,3
5,0
3,3
1,5
Concorrentes
36
1,0
2,0
3,0
Feiras e exposições
33
1,0
1,0
3,0
4,3
5,0
3,1
1,4
4,0
5,0
2,9
1,5
Consultores
Conferências,
encontros e
publicações
especializadas
Centros de capacitação
profissional
APL de moda
33
1,0
1,0
3,0
4,5
5,0
2,8
1,6
37
1,0
1,0
3,0
4,0
5,0
2,6
1,5
38
1,0
1,0
2,5
3,0
5,0
2,4
1,4
41
1,0
1,0
2,0
3,0
5,0
2,3
1,5
Institutos de pesquisa
38
1,0
1,0
1,0
2,8
5,0
1,8
1,3
Centros tecnológicos
Universidades ou
centros de ensino
superior
Outras empresas do
grupo
Instituições de testes,
ensaios e certificadoras
39
1,0
1,0
1,0
2,0
5,0
1,8
1,3
38
1,0
1,0
1,0
2,0
5,0
1,8
1,3
42
1,0
1,0
1,0
2,0
4,0
1,6
0,9
40
1,0
1,0
1,0
1,3
5,0
1,5
1,2
Máximo
1°
2° quartil
3°
quartil (mediana) quartil
3,0
4,0
5,0
5,0
Fonte: Dados da pesquisa.
Nesse caso, não foram comparadas as respostas das empresas que
inovaram com as que não inovaram. Somente quem inovou respondeu a essas
questões. Assim, foi realizada uma análise de Correlação de Spearman, Tab. 19,
das empresas que inovaram entre o nível de Inovação e a frequência de uso das
fontes de informação externas à empresa, para criar produtos e processos
inovadores entre 2010 e 2012.
Os resultados revelaram que existe uma correlação positiva, regular e
estatisticamente significativa entre o nível de inovação do produto e o nível de
inovação total, com a utilização de informações advindas de fornecedores, clientes e
revendedores. Além disso,
observou-se uma
correlação
fraca,
positiva e
estatisticamente significativa para o nível de inovação do produto com a utilização de
informações advindas da internet. No caso do nível de inovação total, essa relação
apresentou magnitude maior, podendo ser considerada prática regular.
Resultado notável foi o que se apurou entre o nível de inovação de processos
e a frequência de uso de informações advindas de feiras, exposições e APL de
103
moda. Isso porque os dados demonstraram existir uma relação negativa, regular e
estatisticamente significativa entre as variáveis comparadas. Entretanto lembra-se
que a variável era dicotômica, em que o zero (0) significava que a empresa não
inovou e um (1) que a empresa inovou. Dessa forma, pode-se dizer que as
empresas que usaram tais fontes com menos frequência não inovaram em seus
processos.
104
Tabela 19 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e a frequência do uso das fontes de
informação externas às empresas para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012
Fontes de informação externas
Coef.
Sig.
n
Coef.
Fornecedores
Sig.
n
Coef.
Clientes
Sig.
n
Coef.
Concorrentes
Sig.
n
Coef.
Revendedores
Sig.
n
Coef.
Consultores
Sig.
n
Coef.
Universidades ou
centros de ensino
Sig.
superior
n
Coef.
Institutos de pesquisa
Sig.
n
Coef.
Centros tecnológicos
Sig.
n
Coef.
Centros de capacitação
Sig.
profissional
n
Coef.
Instituições de testes,
Sig.
ensaios e certificadoras
n
Conferências, encontros Coef.
e publicações
Sig.
especializadas
n
Coef.
Feiras e exposições
Sig.
n
Coef.
Sig.
APL de moda
n
Outras empresas do
grupo
Nível de Inovação
Produto
0,16
0,502
20
,456*
0,013
29
,464*
0,011
29
0,234
0,249
26
,453*
0,018
27
0,097
0,617
29
0,227
0,285
24
0,275
0,193
24
0,312
0,147
23
0,266
0,21
24
0,288
0,193
22
0,148
0,481
25
0,251
0,19
29
0,171
0,457
Nível de Inovação
Processo
0,022
0,926
20
0,036
0,852
29
0,036
0,853
29
-0,023
0,912
26
-0,016
0,936
27
-0,029
0,883
29
-0,198
0,354
24
-0,213
0,317
24
-0,386
0,069
23
-0,204
0,34
24
-0,388
0,074
22
-0,18
0,389
25
-,391*
0,036
29
-,445*
0,043
21
21
Nível de Inovação
Total
0,188
0,427
20
,501**
0,006
29
,533**
0,003
29
0,192
0,346
26
,457*
0,016
27
0,096
0,622
29
0,118
0,584
24
0,177
0,408
24
0,073
0,74
23
0,182
0,394
24
0,089
0,695
22
0,034
0,871
25
-0,045
0,818
29
-0,096
0,679
21
Continua
105
Continuação
Fontes de informação externas
Coef.
Internet
Sig.
n
Nível de Inovação
Produto
,377*
Nível de Inovação
Processo
0,034
Nível de Inovação
Total
,417*
0,048
28
0,862
28
0,027
28
Fonte: Dados da pesquisa.
6.5.3 Relação entre inovação e os agentes de cooperação
Neste tópico encontra-se a estatística descritiva da variável nível de
cooperação para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012 e suas
relações significativas com as variáveis de inovação. A escala utilizada nesse grupo
de variáveis tem como extremo inferior cooperação baixa (1) e superior cooperação
alta (5).
Na Tab. 20, o maior número de não respondentes foi para as questões
Programa PATME e APL de moda. Verificou-se que, para 25% das empresas, houve
uma cooperação de regular a alta por parte de consultores, clientes, fornecedores,
revendedores e concorrentes. Para outros 25% de empresas, a cooperação por
parte desses agentes foi alta.
No caso dos outros agentes como os Centros de Capacitação Profissional,
Centros Tecnológicos, Universidades ou Centros de Ensino Superior, instituições de
testes, ensaios e certificadoras, institutos de pesquisa, 75% das empresas avaliaram
que o nível de cooperação por parte deles foi baixo ou inexistente.
106
Tabela 20 - Estatística descritiva do nível de cooperação para criar produtos e processos inovadores
entre 2010 e 2012
Quartil
2° quartil
(mediana)
3,0
3°
quartil
4,3
Máx.
Média
Desvio
padrão
1,0
1°
quartil
1,8
5,0
3,1
1,5
11
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
3,0
1,2
Fornecedores
12
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
3,0
1,3
Revendedores
14
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
2,8
1,2
Concorrentes
Centros de capacitação
profissional
14
1,0
1,0
3,0
4,0
5,0
2,5
1,5
15
1,0
1,0
1,0
3,0
5,0
2,1
1,4
Outras empresas
16
1,0
1,0
1,0
3,0
5,0
2,1
1,4
APL de moda
17
1,0
1,0
1,0
3,3
5,0
1,9
1,4
Centros tecnológicos
Universidades ou centros de
ensino superior
Instituições de testes, ensaios e
certificadoras
15
1,0
1,0
1,0
2,8
5,0
1,8
1,4
16
1,0
1,0
1,0
2,0
5,0
1,7
1,3
16
1,0
1,0
1,0
2,0
5,0
1,7
1,3
Programa PATME
18
1,0
1,0
1,0
1,5
5,0
1,6
1,2
Institutos de pesquisa
15
1,0
1,0
1,0
1,8
5,0
1,6
1,1
Itens
NR
Mín.
Consultores
13
Clientes
Fonte: Dados da pesquisa.
Neste caso também, não foram comparadas as respostas das empresas que
inovaram com as que não inovaram. Somente quem inovou respondeu a essas
questões. Dessa forma, foi verificada apenas a correlação existente entre o nível de
Inovação e o nível de cooperação para criar produtos e processos inovadores entre
2010 e 2012.
A única correlação estatisticamente significativa encontrada foi entre o nível
de inovação de produto e a cooperação de clientes (Tab. 21), que se mostrou
positiva e regular.
O nível de cooperação dos outros agentes não apresentou correlação com o
nível de inovação, seja ela de produto, seja de processo, seja total.
107
Tabela 21 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de cooperação para criar
produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012
Itens
Outras empresas
Fornecedores
Clientes
Concorrentes
Revendedores
Consultores
Universidades ou centros de
ensino superior
Institutos de pesquisa
Centros tecnológicos
Centros de capacitação
profissional
Instituições de testes, ensaios
e certificadoras
Programa PATME
APL de moda
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Fonte: Dados da pesquisa.
Nível de Inovação
Produto
0,091
0,711
19
0,396
0,061
23
,517**
0,01
24
0,208
0,365
21
0,29
0,203
21
-0,208
0,353
22
-0,016
0,949
19
-0,001
0,996
20
-0,095
0,689
20
0,025
0,917
20
-0,016
0,949
19
-0,033
0,899
17
0,196
0,436
Nível de Inovação
Processo
-0,098
0,691
19
-0,18
0,412
23
-0,357
0,087
24
-0,359
0,11
21
-0,278
0,223
21
0,049
0,827
22
-0,173
0,478
19
-0,174
0,463
20
-0,117
0,624
20
0,094
0,693
20
-0,173
0,478
19
-0,283
0,271
17
-0,285
0,251
Nível de
Inovação Total
0,036
0,883
19
0,256
0,239
23
0,331
0,114
24
-0,049
0,834
21
0,107
0,645
21
-0,189
0,4
22
-0,184
0,452
19
-0,171
0,472
20
-0,23
0,329
20
0,058
0,81
20
-0,184
0,452
19
-0,302
0,238
17
-0,003
0,991
18
18
18
108
6.5.4 Relação entre inovação e o apoio do Governo
Neste tópico foram apresentados os resultados referentes às variáveis que
tratavam do apoio do governo. Nesse caso, não foi possível realizar nenhum tipo de
cruzamento com a inovação, uma vez que somente empresas que inovaram
responderam a essa questão, além dos baixos percentuais encontrados.
O Gráf. 14 apresenta o uso dos diversos tipos de apoio do governo para a
inovação. Verificou-se que 58,3% afirmaram ter realizado financiamento exclusivo
para a compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar. Além disso,
12,5% afirmaram ter recebido incentivos fiscais à P&D e inovação tecnológica, e
8,3% receberam apoio de capital de risco. Outros 20% relataram outros tipos de
auxílio, tais como: subvenção econômica à P&D e a inserção de pesquisadores (lei
10.973/2004 e art 21 da lei 11.196/2005), financiamentos para P&D e inovação
tecnológica
sem
parceria
com
Universidades
e
Institutos
de
Pesquisa,
financiamentos para P&D e inovação tecnológica com parceria com Universidades e
Institutos de Pesquisa e bolsas oferecidas por Fundações de Amparo à Pesquisa,
Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas/Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (RHAE/CNPq) para
pesquisadores em empresas.
109
Gráfico 14 - Estatística descritiva do apoio do governo às inovações
Financiamento exclusivo para a compra
de máquinas e equipamentos
58,3
Tipos de apoio do Governo
Outros (Apex, BDMG, BNDS e Capital
de Giro)
20,8
Incentivos Fiscais à P&D e Inovação
Tecnológica
12,5
Apoio de Capital de Risco
8,3
Bolsas oferecidas por Fundações de
Amparo a Pesquisa (RHAE/CNPq)
0,0
Financiamentos a P&D e Inovação
Tecnológica com parceria
0,0
Financiamentos a P&D e Inovação
Tecnológica sem parceria
0,0
Subvenção Econômica a P&D e a
inserção de pesquisadores
0,0
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
6.5.5 Relação entre inovação e os métodos de proteção
Neste tópico foi realizada a análise descritiva dos métodos de proteção à
inovação. Nesse caso, não foi possível realizar nenhum tipo de cruzamento com a
variável inovação.
O Gráf. 15 apresenta a frequência do uso de métodos de proteção à
inovação. Verifica-se que 67,7% das empresas da amostra não adotaram nenhum
método de proteção, enquanto 32,3% utilizaram o método de proteção de marcas.
Os resultados apresentados sobre as inovações de produtos e processos não
contabilizaram novidades para o mercado com direito ao uso de patentes: monopólio
temporário na produção, exploração e comercialização de produtos (CHAVES et al.,
2007).
110
Gráfico 15 - Estatística descritiva dos métodos de proteção utilizados pelas empresas entre 2010 e
2012
Métodos de proteção
Não utilizou métodos de proteção
67,7
Marcas
32,3
Patente de modelo de utilidade
0,0
Registro de desenho industrial
0,0
Patentes de invenção
0,0
0%
20%
40%
60%
80%
100%
.
Fonte: Dados da pesquisa
Além disso, foi indagado se as empresas que inovaram realizaram depósito
de patente, (ver Gráf. 16), sendo que 92% afirmaram que não. Os outros 8%
realizaram depósito de marcas no Brasil. Portanto 100% das empresas não
realizaram depósito de patentes no Brasil ou exterior. O número de empresas que
afirmaram ter feito algum depósito, fizeram-no relativamente a registro da marca.
111
Depósito de marcas
Gráfico 16 - Estatística descritiva da solicitação de depósito de registro de marcas
91,9
Não solicitou.
Sim, no exterior.
0,0
Sim, no Brasil e no exterior.
0,0
Sim, no Brasil.
8,1
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
6.5.6 Relação entre inovação e seus obstáculos
Neste tópico foi apresentada a estatística descritiva sobre as variáveis
referentes aos obstáculos encontrados para inovação e a relação significativa com a
inovação. A escala utilizada para tais variáveis tem como extremos inferior prejudicaram pouco (1) e superior - prejudicaram muito (5).
Em primeiro lugar, é importante ressaltar o número de empresas que não
responderam às questões, revelando que provavelmente essas empresas não
priorizaram a inovação como estratégia administrativa. Em segundo lugar, é possível
perceber que os elevados custos da inovação e a falta de pessoal qualificado (ver
Tab. 22) foram relatados como fatores que prejudicaram muito pelo menos 50% das
empresas e que causaram prejuízos regulares a 25% delas.
Riscos econômicos excessivos, escassas possibilidades de cooperação com
outras empresas e instituições, serviços técnicos externos inadequados, falta de
fontes apropriadas de financiamento e falta de informação sobre mercados foram
considerados fatores de grandes prejuízos para 25% das empresas e de prejuízo
regular para outros 25%.
Obstáculos tais como rigidez organizacional, falta de informação sobre
tecnologia, dificuldades para se adequar a padrões, normas e regulamentações,
fraca resposta dos consumidores a novos produtos e centralização das atividades
112
inovativas em outra empresa do grupo foram considerados fatores causadores de
prejuízos regulares para 25% das empresas.
Tabela 22 - Estatística descritiva do nível de prejuízo causado pelos diversos obstáculos no
desenvolvimento de atividades inovativas entre 2010 e 2012
Obstáculos à inovação
Elevados custos de
inovação
Falta de pessoal qualificado
Riscos econômicos
excessivos
Escassas possibilidades de
cooperação com outras
empresas e instituições
Escassez de serviços
técnicos externos
adequados
Escassez de fontes
apropriadas de
financiamento
Falta de informação sobre
mercados
Rigidez organizacional
Falta de informação sobre
tecnologia
Dificuldades para se
adequar a padrões, normas
e regulamentações
Fraca resposta dos
consumidores a novos
produtos
Centralização das
atividades inovativas em
outra empresa do grupo
Não
Mínimo
respondeu
Quartil
1°
quartil
2° quartil
(mediana)
3°
quartil
Máximo
Média
Desvio
padrão
16
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,7
1,3
14
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,7
1,5
15
1,0
3,0
3,0
4,0
5,0
3,3
1,4
19
1,0
2,0
3,0
5,0
5,0
3,1
1,5
19
1,0
1,0
3,0
5,0
5,0
2,9
1,6
18
1,0
1,3
3,0
4,0
5,0
2,8
1,4
17
1,0
1,0
3,0
4,0
5,0
2,8
1,4
19
1,0
1,0
3,0
3,0
5,0
2,7
1,3
16
1,0
1,0
3,0
3,3
5,0
2,7
1,4
20
1,0
1,0
3,0
3,0
5,0
2,6
1,4
19
1,0
1,0
2,0
3,0
5,0
2,3
1,4
60
1,0
1,0
2,0
3,0
3,0
2,0
1,4
Fonte: Dados da pesquisa.
Após a estatística descritiva das variáveis, foi verificado se o nível de prejuízo
dos diversos obstáculos foi diferente no caso das empresas que inovaram em
relação as que não inovaram. Os resultados revelaram, na Tab. 23, que, apenas
para o obstáculo “Falta de informação sobre mercados”, as empresas que não
inovaram se sentiram mais prejudicadas do que as que inovaram. O nível de
prejuízo causado pelos outros obstáculos não apresentou diferenças.
113
Tabela 23 - Teste de Mann Whitney U para verificar a diferença do nível de prejuízo dos obstáculos
entre as empresas que inovaram e as que não inovaram
Obstáculos à inovação
Inovou
Não
inovou
Riscos econômicos excessivos
Inovou
Total
Não
inovou
Elevados custos de inovação
Inovou
Total
Não
inovou
Escassez de fontes apropriadas de
Inovou
financiamento
Total
Não
inovou
Rigidez organizacional
Inovou
Total
Não
inovou
Falta de pessoal qualificado
Inovou
Total
Não
inovou
Falta de informação sobre tecnologia Inovou
Total
Não
inovou
Falta de informação sobre mercados Inovou
Total
Não
Escassas possibilidades de
inovou
cooperação com outras empresas e Inovou
instituições
Total
Não
inovou
Dificuldades para se adequar a
padrões, normas e regulamentações Inovou
Total
Não
Fraca resposta dos consumidores a inovou
Inovou
novos produtos
Total
Não
inovou
Escassez de serviços técnicos
Inovou
externos adequados
Total
Não
Centralização das atividades
inovou
inovativas em outra empresa do
Inovou
grupo
Total
Fonte: Dados da pesquisa.
n
Média do
ranking
Soma do
ranking
17
25,38
431,50
30
47
23,22
696,50
15
26,47
397,00
31
46
22,06
684,00
16
23,09
369,50
28
44
22,16
620,50
15
23,90
358,50
28
43
20,98
587,50
17
25,38
431,50
31
48
24,02
744,50
16
27,53
440,50
30
46
21,35
640,50
16
29,28
468,50
29
45
19,53
566,50
15
25,70
385,50
28
43
20,02
560,50
16
24,84
397,50
26
42
19,44
505,50
16
25,97
415,50
27
43
19,65
530,50
16
25,56
409,00
27
43
19,89
537,00
2
1,50
3,00
a
0,00
0,00
0
2
Est.
Z
Sig.
231,500 -,537 0,59
188,000
0,28
1,081
214,500 -,239 0,81
181,500 -,756 0,45
248,500 -,341 0,73
175,500
0,13
1,532
131,500
0,01
2,455
154,500
0,15
1,456
154,500
0,15
1,451
152,500
0,09
1,672
159,000
0,14
1,470
-
-
-
114
A correlação existente entre o nível de inovação e o nível de prejuízo dos
obstáculos à inovação inerentes às atividades inovativas das empresas entre 2010 e
2012 foi verificada pela correlação de Spearman. Os resultados revelaram, na Tab.
24, que existe uma correlação negativa, fraca e estatisticamente significativa entre o
nível de prejuízo advindo da falta de informação sobre mercados e o nível de
inovação de processos em geral. Isso revela que, quanto maior o prejuízo percebido
referente à falta de informação, menor foi o nível de inovação. O mesmo foi
observado com relação à fraca resposta dos consumidores a novos produtos e o
nível de inovação de processos, ou seja, as empresas que mais sentiram prejuízo
nesse sentido não inovaram em processos.
115
Tabela 24 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de prejuízo dos obstáculos
dos seguintes elementos nas atividades inovativas das empresas entre 2010 e 2012
Obstáculos à inovação
Riscos econômicos excessivos
Elevados custos de inovação
B8.3.3) Escassez de fontes apropriadas
de financiamento
Rigidez organizacional
Falta de pessoal qualificado
Falta de informação sobre tecnologia
Falta de informação sobre mercados
Escassas possibilidades de cooperação
com outras empresas e instituições
Dificuldades para se adequar a
padrões, normas e regulamentações
Fraca resposta dos consumidores a
novos produtos
Escassez de serviços técnicos externos
adequados
Centralização das atividades inovativas
em outra empresa do grupo
Fonte: Dados da pesquisa.
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Nível de
Inovação
Produto
0,179
0,229
47
0,154
0,308
46
0,058
0,71
44
0,199
0,2
43
0,043
0,773
48
-0,112
0,459
46
-0,103
0,499
45
0,105
0,502
43
-0,038
0,812
42
-0,031
0,843
43
-0,027
0,865
43
.
.
2
Nível de
Inovação
Processo
-0,173
0,246
47
-0,224
0,134
46
-0,022
0,886
44
-0,215
0,167
43
0,043
0,772
48
-0,152
0,314
46
-,325*
0,029
45
-0,154
0,323
43
-0,157
0,321
42
-,370*
0,015
43
-0,145
0,353
43
.
.
2
Nível de
Inovação
Total
0
0,998
47
-0,044
0,772
46
0,018
0,906
44
-0,018
0,907
43
0,041
0,78
48
-0,183
0,223
46
-,303*
0,043
45
-0,057
0,715
43
-0,128
0,421
42
-0,286
0,063
43
-0,125
0,423
43
.
.
2
116
6.5.7 Relação entre inovação (produtos e processos) e inovação organizacional
e de marketing
No primeiro momento, foi verificada a estatística descritiva das atividades
relacionadas à inovação organizacional e de marketing e, posteriormente, foram
feitos testes de associação dessas variáveis com a inovação e apresentados os
resultados significativos.
O Gráf. 17 mostra a frequência com que foram implementadas novas técnicas
de gestão para melhorar rotinas e práticas de trabalho, assim como o uso e a troca
de informações, de conhecimentos e habilidades dentro da empresa entre 2010 e
2012. Verificou-se que 30,6% dos entrevistados afirmaram ter implementado o
PPCP (Planejamento, Programação e Controle da Produção); 30,6% dos
respondentes implementaram a administração com foco na qualidade; outros 25,8%,
a
gestão
do
conhecimento;
17,7%
desenvolveram
sistemas
de
formação/treinamento; e 11,3%, o Sistema de Informação Gerencial (SIG). Técnicas
como Reengenharia dos Produtos e Planejamento dos Recursos do Negócio (ERP)
receberam valores inferiores a 10% das citações.
117
Técnicas de gestão
Gráfico 17 - Novas técnicas de gestão para melhorar rotinas e práticas de trabalho
PPCP (Planejamento, Programação e
Controle da Produção)
30,6
Administração da qualidade
30,6
Gestão do conhecimento
25,8
Sistemas de formação/treinamento
17,7
SIG (Sistemas de Informações
Gerenciais)
11,3
Reengenharia dos processos de
negócio
8,1
ERP ( Planejamento dos Recursos do
Negócio)
6,5
Outro(s)
1,6
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Foi indagado se, no período entre 2010 e 2012, a empresa implementou
novas técnicas de gestão ambiental para redução de resíduos. Os resultados
revelaram que apenas 6,5% das empresas implementaram novas técnicas nesse
sentido.
O Gráf. 18 apresenta os resultados referentes à implementação de novos
métodos de organização do trabalho para melhor distribuir responsabilidades e
poder de decisão. Verificou-se que 40,3% dos entrevistados estabeleceram o
trabalho em equipe; 33,9% implantaram a ficha técnica; 21%, o estudo do layout; e
19,4%, descentralização ou integração de setores.
Na indústria de transformação, como é o caso do vestuário, o maior número
de funcionários concentra-se na produção (ROCHA, 2003, IBGE/PINTEC, 2010).
Assim, as ações implementadas para a melhoria e organização do trabalho
estiveram presentes nesse setor, principalmente no que diz respeito ao
estabelecimento de trabalho em equipe, ficha técnica e estudo do layout e
descentralização ou integração de setores. Além disso, a implementação de
mudanças significativas nas relações com outras empresas envolveu atividades
principalmente neste setor.
118
Organização do trabalho
Gráfico 18 - Novos métodos de organização do trabalho para melhor distribuir responsabilidades e
poder de decisão
Estabelecimento do trabalho em
equipe
40,3
33,9
Ficha Técnica
Estudo do Layout
21,0
Descentralização ou integração de
setores
19,4
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráf. 19 exibe os resultados referentes à implementação de mudanças
significativas nas relações com outras empresas. Verificou-se que 40,3% das
empresas realizaram algum tipo de terceirização e 25,8% estabeleceram parcerias.
Alianças, subcontratação de alianças e private label receberam menos de 10% de
citações nas respostas dos entrevistados.
É possível notar que a terceirização e as parcerias foram associadas à
dependência exógena na interação entre as indústrias qualificadas e de
características diferentes, principalmente na administração da produção (RESENDE
FILHO, 1999; CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003; PICCININI OLIVEIRA; FONTOURA,
2006; STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006; ABDI, 2009; IPEAD, 2011).
119
Gráfico 19 - Implementação de mudanças significativas nas relações com outras empresas
Relações externas
Terceirização
40,3
Parcerias
25,8
Estabelecimento pela primeira vez de
alianças
6,5
Subcontratação de atividades
3,2
Contratação de Private Label
1,6
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráf. 20 apresenta os resultados referentes à implementação de mudanças
significativas nos conceitos/estratégias de marketing. Verifica-se que 33,9%
implementaram novas mídias ou novas técnicas para a promoção de produtos;
27,4%, novas formas para colocação de produtos no mercado ou canais de venda; e
22,6%, novos métodos de fixação de preços para a comercialização de produtos.
A adoção de novas mídias ou novas técnicas para a promoção de produtos é
um dos grandes desafios das empresas contemporâneas, a fim de conquistar os
consumidores on-off para sua marca.
Conceitos/estratégias de
marketing
Gráfico 20 - Implementação de mudanças significativas nos conceitos/estratégias de marketing
Novas mídias ou novas técnicas para a
promoção de produtos.
33,9
Novas formas para colocação de
produtos no mercado ou canais de
venda.
27,4
Novos métodos de fixação de preços
para a comercialização de produtos.
22,6
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráf. 21 apresenta os resultados referentes à implementação de mudanças
significativas do(s) produto(s). Verificou-se que 46,8% dos entrevistados realizaram
120
mudanças no design do produto, e 27,4%, na embalagem do produto. Acabamentos,
etiquetas, modelagem e qualidade foram utilizados como mudanças significativas,
igualmente, por 1,6% dos entrevistados. Os resultados demonstraram que a maioria
das inovações ocorreu no marketing, principalmente em mudanças no design e nas
embalagens dos produtos.
Gráfico 21 - Implementação de mudanças significativas no(s) produto(s)
Mudanças significativas
No design do produto
46,8
Na embalagem do produto
27,4
Acabamento
1,6
Etiquetas
1,6
Modelagem
1,6
Qualidade
1,6
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráf. 22 apresenta os resultados de Inovação Organizacional e Inovação
de Marketing de forma geral. Com relação à Inovação Organizacional, verifica-se
que a organização do trabalho (61%) e técnicas de gestão (58%) são os itens que
apresentaram os maiores percentuais, seguidos das relações externas (48%) e das
técnicas de gestão ambiental, com 6% apenas. Para a Inovação de Marketing,
observou-se que a estética/desenho ou outra mudança foram mencionadas por 60%
das empresas, e inovação em conceitos/estratégias de marketing, por 47% dos
respondentes.
121
Gráfico 22 - Inovação geral – Organizacional e de Marketing
80%
58,0
60%
48,0
61,0
60,0
47,0
40%
20%
6,0
0%
Técnicas de
gestão
ambiental
Relações
externas
Técnicas de
gestão
Inovação Organizacional
Organização Conceitos /
Estética /
do trabalho estratégias de desenho ou
marketing
outras
mudanças
Inovação de Marketing
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota: n=62 entrevistados.
Em seguida serão apresentados os resultados do Teste de Associação entre
a inovação geral e as mudanças implementadas. Algumas variáveis foram citadas
por um número muito pequeno de entrevistados, o que impossibilitou a realização do
Teste de Associação. Dessa forma, somente os testes com resultados significativos
estão apresentados a seguir.
A Tab. 25 exibe o Teste de Associação entre a “Inovação geral” e
“Implementação da gestão do conhecimento pelas empresas entre 2010 e 2012”. A
estatística Qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 5%, o que revela
que as duas variáveis estão associadas. Ao verificar o ajuste residual, é possível
perceber que as empresas que implementaram a gestão do conhecimento estão
mais concentradas no grupo que inovou. As empresas que não implementaram a
gestão do conhecimento estão mais concentradas no grupo que não inovou.
122
Tabela 25 - Teste de Associação entre a Inovação geral e Implementação da gestão do
conhecimento pelas empresas entre 2010 e 2012
Gestão do conhecimento
Não inovou
Inovou
n
3
13
Sim
% coluna
0,111
0,371
AR.
-2,323
2,323
n
24
22
Não
% coluna
0,889
0,629
AR.
2,323
-2,323
n
27
35
Total
% coluna
1,000
1,000
Teste Qui-quadrado - valor 0,04; gl. 1; sig. <5%
Fonte: Dados da pesquisa.
Total
16
0,258
46
0,742
62
1,000
A Tab. 26 apresenta o Teste de Associação entre “Inovação geral” e
“Descentralização ou integração de setores” pelas empresas entre 2010 e 2012. A
estatística Qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 5%, o que revela
que as duas variáveis estão associadas. Ao verificar o ajuste residual, percebe-se
que as empresas que implementaram a descentralização ou a integração de setores
estão mais concentradas no grupo que inovou. Por outro lado, as empresas que não
implementaram a descentralização ou a integração de setores estão mais
concentradas no grupo que não inovou.
Tabela 26 - Teste de Associação entre a Inovação geral e Descentralização ou integração de setores
pelas empresas entre 2010 e 2012
Descentralização ou integração de
Não inovou
Inovou
setores
n
2
10
Sim
% coluna
0,074
0,286
AR.
-2,091
2,091
n
25
25
Não
% coluna
0,926
0,714
AR.
2,091
-2,091
n
27
35
Total
% coluna
1,000
1,000
Teste Qui-quadrado - valor 0,05; gl. 1; sig. <5%
Total
12
0,194
50
0,806
62
1,000
Fonte: Dados da pesquisa.
A Tab. 27 exibe o Teste de Associação entre “Inovação geral” e
“Terceirização pelas empresas” entre 2010 e 2012. A estatística Qui-quadrado
123
apresentou uma significância inferior a 5%, o que revela que as duas variáveis estão
associadas. Ao verificar o ajuste residual, é possível perceber que as empresas que
implementaram a terceirização estão mais concentradas no grupo que inovou, ao
passo que as empresas que não implementaram a terceirização estão mais
concentradas no grupo que não inovou. A ausência da terceirização, nesse caso,
demonstrou que os esforços administrativos estão direcionados principalmente para
o setor produtivo.
Tabela 27 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Terceirização implementada pelas
empresas entre 2010 e 2012
Terceirização
Não inovou
Inovou
N
5
20
Sim
% coluna
0,185
0,571
AR.
-3,074
3,074
N
22
15
Não
% coluna
0,815
0,429
AR.
3,074
-3,074
N
27
35
Total
% coluna
1,000
1,000
Teste Qui-quadrado - valor 0,00; gl. 1; sig. <1%
Fonte: Dados da pesquisa.
Total
25
0,403
37
0,597
62
1,000
A Tab. 28 exibe o Teste de Associação entre “Inovação geral” e “Adoção de
novas formas para colocação de produtos no mercado ou canais de venda” pelas
empresas, entre 2010 e 2012. A estatística Qui-quadrado apresentou significância
inferior a 5%, o que revela que as duas variáveis estão associadas. Ao verificar o
ajuste residual, é possível perceber que as empresas que implementaram novas
formas de colocar seus produtos no mercado ou novos canais de venda estão mais
concentradas no grupo que inovou, e as empresas que não implementaram estão
mais concentradas no grupo que não inovou. A adoção de novas formas para
colocação de produtos no mercado ou de canais de venda sinalizou as
necessidades do público-alvo em relação ao consumo de novos produtos.
124
Tabela 28 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Adoção de novas formas para colocação
dos produtos no mercado ou canais de venda pelas empresas entre 2010 e 2012
Novas formas para colocação dos
Não inovou
Inovou
produtos no mercado ou canais de venda.
n
2
15
Sim
% coluna
0,074
0,429
AR.
-3,102
3,102
n
25
20
Não
% coluna
0,926
0,571
AR.
3,102
-3,102
n
27
35
Total
% coluna
1,000
1,000
Teste Qui-quadrado - valor 0,00; gl. 1; sig. <1%
Fonte: Dados da pesquisa.
Total
17
0,274
45
0,726
62
1,000
A Tab. 29 exibe o Teste de Associação entre “Inovação geral” e “Mudança
significativa no design do produto” pelas empresas entre 2010 e 2012. A estatística
Qui-quadrado apresentou significância inferior a 5%, o que revela que as duas
variáveis estão associadas. Ao verificar o ajuste residual, constata-se que as
empresas que realizaram mudanças no design do produto estão mais concentradas
no grupo que inovou. E as empresas que não realizaram alterações estão
concentradas no grupo que não inovou. A mudança significativa no design do
produto depende diretamente do importante papel dos designers, da idealização ao
produto final.
Tabela 29 - Teste de Associação entre a Inovação geral e as Mudanças significativas no design dos
produtos pelas empresas entre 2010 e 2012
Design dos produtos
Não inovou
Inovou
n
8
21
Sim
% coluna
0,296
0,600
AR.
-2,376
2,376
n
19
14
Não
% coluna
0,704
0,400
AR.
2,376
-2,376
n
27
35
Total
% coluna
1,000
1,000
Teste Qui-quadrado - valor 0,02; gl. 1; sig. <5%
Fonte: Dados da pesquisa.
Total
29
0,468
33
0,532
62
1,000
125
6.5.8 Relação entre inovação e esforço inovativo
As estatísticas descritivas das variáveis referentes ao nível de importância
das atividades inovativas da empresa, entre 2010 e 2012, direcionadas ao
desenvolvimento de novos produtos/processos ou de produtos significativamente
aperfeiçoados serão apresentadas neste tópico, assim como sua relação
significativa com a inovação. A escala utilizada em tal questão tem como extremo
inferior - Importância baixa (1), e superior - Importância alta (5).
Em primeiro lugar, conforme Tab. 30, verificou-se que o número de
entrevistados que não responderam a essas questões significou um percentual de
não respostas aproximadamente entre 10% a 26%. Acredita-se que as variáveis que
não obtiveram respostas apresentaram importância nula para o entrevistado, ou
seja, o fato de o entrevistado não ter respondido à questão, subtende-se a
inexistência da atividade inovativa na própria empresa ou o desconhecimento da
existência desse tipo de atividade na empresa por parte do respondente.
Observou-se também que, no caso das variáveis pesquisa sobre tendências
de cores dos tecidos, teste de peças piloto ou protótipos dos modelos de roupas da
coleção, pesquisa sobre tendências de estampas nos tecidos e pesquisa sobre
tendências de estilos da moda, o nível de importância dada a elas foi elevado na
avaliação de 75% dos entrevistados.
No caso das variáveis pesquisa sobre tendências de texturas dos tecidos e de
padronagens, utilização de parâmetros de qualidade no controle do desenvolvimento
de produto, pesquisa sobre tendências de aviamentos, aplicação na modelagem dos
padrões referenciais que têm como base as medidas do corpo humano, estudo do
layout da produção e desenvolvimento do conceito da marca nas roupas, o nível de
importância dada a tais variáveis foi regular na avaliação de 25% das empresas e
alto para 50% das empresas.
Quanto a outras variáveis, o nível de importância dada a elas foi elevado para
apenas 25% das empresas ou menos.
126
Tabela 30 - Estatística descritiva do nível de importância das atividades inovativas das empresas,
entre 2010 e 2012, direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos/processos ou ao
aperfeiçoamento significativo dos já existentes
Atividades inovativas
Pesquisa sobre tendências de
cores dos tecidos.
Teste de peças piloto ou
protótipos dos modelos de
roupas da coleção.
Pesquisa sobre tendências de
estampas nos tecidos.
Pesquisa sobre tendências de
estilos da moda.
Pesquisa sobre tendências de
texturas dos tecidos.
Pesquisa sobre tendências de
padronagens dos tecidos.
Utilização de parâmetros de
qualidade no controle do
desenvolvimento de produto.
Pesquisa sobre tendências de
aviamentos.
Aplicação na modelagem dos
padrões referenciais que têm
como base as medidas do
corpo humano.
Estudo do layout da produção.
Elaboração de looks, books,
portfólios e catálogos da
coleção.
Desenvolvimento do conceito
da marca nas roupas.
Criação e desenvolvimento de
estamparias e aplicações.
Pesquisas de tendências em
feiras de moda nacionais.
Treinamentos relacionados a
pesquisas de tendências,
criação e desenvolvimento de
coleção.
Desenvolvimento de tema para
coleção.
Aquisição de máquinas,
equipamentos, hardware,
especificamente comprados
para a implementação de
produtos ou processos novos
ou substancialmente
aperfeiçoados.
Análise de criações de estilistas
nacionais.
Criação e desenvolvimento do
desenho do produto da moda
no croqui.
Aquisição de softwares
especificamente comprados
para a implementação de
produtos ou processos novos
ou substancialmente
aperfeiçoados.
Não
Mínimo
respondeu
Quartil
Desvio
Máximo Média
1°
2° quartil
3°
padrão
quartil (mediana) quartil
6
1,0
4,0
5,0
5,0
5,0
4,5
1,0
8
1,0
4,0
5,0
5,0
5,0
4,3
1,1
6
1,0
4,0
5,0
5,0
5,0
4,3
1,1
7
1,0
4,0
5,0
5,0
5,0
4,3
1,1
6
1,0
3,0
5,0
5,0
5,0
4,0
1,4
6
1,0
3,3
4,5
5,0
5,0
3,9
1,4
12
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,9
1,3
7
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,9
1,3
9
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,7
1,5
11
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,6
1,4
12
1,0
2,0
4,0
5,0
5,0
3,6
1,6
10
1,0
3,0
4,0
5,0
5,0
3,6
1,5
11
1,0
2,0
4,0
5,0
5,0
3,4
1,6
10
1,0
2,0
4,0
5,0
5,0
3,3
1,5
12
1,0
1,0
4,0
5,0
5,0
3,2
1,6
11
1,0
1,0
3,0
5,0
5,0
3,2
1,7
11
1,0
2,0
3,0
5,0
5,0
3,2
1,6
12
1,0
1,0
3,0
5,0
5,0
3,1
1,6
10
1,0
1,0
3,0
5,0
5,0
3,0
1,8
12
1,0
1,0
3,0
5,0
5,0
3,0
1,7
Continua
127
Continuação
Pesquisas de tendências em
feiras de moda internacionais.
Análise de criações de estilistas
internacionais.
Aplicação de moulage na
modelagem.
Contratação de facção de
moda.
Participação em projetos do
APL de moda.
11
1,0
1,0
2,0
5,0
5,0
2,7
1,6
10
1,0
1,0
2,0
5,0
5,0
2,6
1,7
14
1,0
1,0
2,0
3,0
5,0
2,4
1,5
16
1,0
1,0
1,0
3,3
5,0
2,2
1,5
15
1,0
1,0
1,0
3,0
5,0
2,2
1,5
Fonte: Dados da pesquisa.
A Tab. 31 apresenta os resultados do Teste de Mann Whitney U para verificar
a diferença do nível de importância dos esforços inovativos entre a empresa que
inovou e a que não inovou.
Os resultados revelaram que apenas aos seguintes esforços inovativos:
criação e desenvolvimento de estamparias e aplicações, treinamentos relacionados
à pesquisa de tendências, criação e desenvolvimento de coleção, foi dado um nível
mais elevado de importância pelas empresas que inovaram, comparadas às que não
inovaram.
Tabela 31- Teste de Mann Whitney U para verificar a diferença do nível de importância dos esforços
inovativos entre as empresas que inovaram e as que não inovaram
Atividades inovativas
Pesquisa sobre tendências de
estilos da moda.
Pesquisa sobre tendências de
cores dos tecidos.
Pesquisa sobre tendências de
estampas nos tecidos.
Pesquisa sobre tendências de
padronagens dos tecidos.
Pesquisa sobre tendências de
texturas dos tecidos.
Inovou
Não
inovou
Inovou
Total
Não
inovou
Inovou
Total
Não
inovou
Inovou
Total
Não
inovou
Inovou
Total
Não
inovou
Inovou
Total
n
Média Soma
do
do
ranking ranking
Est.
22
27,91
614,00
33
55
28,06
926,00 361,000
23
27,54
633,50
33
56
29,17
962,50 357,500
23
28,61
658,00
33
56
28,42
938,00 377,000
23
24,74
569,00
33
56
31,12
1027,00 293,000
23
25,13
578,00
33
56
30,85
1018,00 302,000
Z
Sig.
-,039
0,97
-,445
0,66
-,048
0,96
-1,557
0,12
-1,412
0,16
Continua
128
Continuação
Não
inovou
Inovou
Total
Não
inovou
Pesquisas de tendências em
Inovou
feiras de moda nacionais.
Total
Não
inovou
Pesquisas de tendências em
Inovou
feiras de moda internacionais.
Total
Não
inovou
Análise de criações de estilistas
Inovou
nacionais.
Total
Não
inovou
Análise de criações de estilistas
Inovou
internacionais.
Total
Não
inovou
Desenvolvimento de tema para
Inovou
coleção.
Total
Não
Desenvolvimento do conceito da inovou
Inovou
marca nas roupas.
Total
Não
inovou
Criação e desenvolvimento de
Inovou
estamparias e aplicações.
Total
Não
Criação e desenvolvimento do
inovou
desenho do produto da moda no
Inovou
croqui.
Total
Não
Aplicação na modelagem dos
inovou
padrões referenciais que têm
como base as medidas do corpo Inovou
humano.
Total
Não
inovou
Aplicação de moulage na
Inovou
modelagem.
Total
Não
Teste de peças piloto ou
inovou
protótipos dos modelos de roupas Inovou
da coleção.
Total
Pesquisa sobre tendências de
aviamentos.
22
26,70
587,50
33
55
28,86
952,50 334,500
20
25,73
514,50
32
52
26,98
863,50 304,500
19
24,84
472,00
32
51
26,69
854,00 282,000
18
23,58
424,50
32
50
26,58
850,50 253,500
19
25,16
478,00
33
52
27,27
900,00 288,000
19
23,03
437,50
32
51
27,77
888,50 247,500
21
25,17
528,50
31
52
27,40
849,50 297,500
19
20,76
394,50
32
51
29,11
931,50 204,500
19
23,16
440,00
33
52
28,42
938,00
20
-,520
0,60
-,300
0,76
-,446
0,66
-,724
0,47
-,513
0,61
-1,148
0,25
-,542
0,59
-2,015
0,04
250,000
-1,278
0,20
24,93
498,50
33
53
28,26
932,50 288,500
-,797
17
19,68
334,50
31
48
27,15
841,50 181,500
21
25,79
541,50
33
54
28,59
943,50 310,500
-1,884
0,06
-,752
0,45
Continua
129
Continuação
Não
inovou
20
23,40
468,00
Inovou
Total
Não
inovou
Inovou
Total
Não
inovou
Inovou
Total
Não
inovou
Inovou
31
51
27,68
858,00
19
Total
50
Estudo do layout da produção.
Utilização de parâmetros de
qualidade no controle do
desenvolvimento de produto.
Elaboração de looks, books,
portfólios e catálogos da coleção.
Aquisição de softwares
especificamente comprados para
a implementação de produtos ou
processos novos ou
substancialmente aperfeiçoados.
Aquisição de máquinas,
equipamentos, hardware,
especificamente comprados para
a implementação de produtos ou
processos novos ou
substancialmente aperfeiçoados.
Não
inovou
Inovou
Total
Não
Treinamentos relacionados à
inovou
pesquisa de tendências, criação e Inovou
desenvolvimento de coleção.
Total
Não
inovou
Contratação de facção
Inovou
Total
Não
Participação em projetos do APL inovou
Inovou
de moda.
Total
Fonte: Dados da pesquisa.
258,000
-1,049
0,29
24,21
460,00
31
50
26,29
815,00 270,000
-,524
0,60
19
23,29
442,50
31
50
26,85
832,50 252,500
-,892
0,37
19
22,21
422,00
31
27,52
853,00 232,000
-1,289
0,20
20
25,75
515,00
31
26,16
811,00 305,000
-,099
0,92
19
20,34
386,50
31
50
28,66
888,50 196,500
-2,026
0,04
18
20,36
366,50
28
46
25,52
714,50 195,500
-1,394
0,16
18
23,36
420,50
29
47
24,40
707,50 249,500
-,275
0,78
51
A Tab. 32 apresenta os resultados referentes à análise de correlação entre o
nível de inovação e o nível de importância das atividades inovativas da empresa,
entre 2010 e 2012, direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos/processos
ou a produtos significativamente aperfeiçoados.
Foi encontrada uma correlação positiva, fraca e estatisticamente significativa
entre o nível de inovação de produto e a contratação de facção. Observou-se
correlação positiva, fraca e estatisticamente significativa entre o nível de inovação de
processo e a criação e desenvolvimento de estamparias e aplicações, que corrobora
130
os níveis de inovações implementados que giram em torno de novidade entre
produtos e processos para a própria empresa.
Tabela 32 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de importância das
atividades inovativas das empresas, entre 2010 e 2012, direcionadas ao desenvolvimento de novos
produtos/processos ou ao aperfeiçoamento significativo dos já existentes
Atividades inovativas
Pesquisa sobre tendências de
estilos da moda.
Pesquisa sobre tendências de
cores dos tecidos.
Pesquisa sobre tendências de
estampas nos tecidos.
Pesquisa sobre tendências de
padronagens dos tecidos.
Pesquisa sobre tendências de
texturas dos tecidos.
Pesquisa sobre tendências de
aviamentos.
Pesquisas de tendências em
feiras de moda nacionais.
Pesquisas de tendências em
feiras de moda internacionais.
Análise de criações de estilistas
nacionais.
Análise de criações de estilistas
internacionais.
Desenvolvimento de tema para
coleção.
Desenvolvimento do conceito da
marca nas roupas.
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Nível de
Inovação
Produto
-0,007
0,957
55
0,129
0,343
56
0,078
0,565
56
0,177
0,192
56
0,061
0,656
56
0,104
0,45
55
0,158
0,264
52
0,119
0,406
51
0,092
0,526
50
-0,067
0,635
52
0,049
0,733
51
0,144
0,307
52
Nível de
Inovação
Processo
0,042
0,76
55
-0,049
0,719
56
-0,042
0,756
56
0,12
0,378
56
0,185
0,171
56
0,07
0,61
55
-0,024
0,867
52
0,075
0,6
51
0,104
0,473
50
0,093
0,512
52
0,253
0,074
51
0,134
0,343
52
Nível de
Inovação Total
0,028
0,84
55
0,065
0,637
56
0,026
0,849
56
0,215
0,111
56
0,182
0,178
56
0,119
0,386
55
0,099
0,486
52
0,137
0,337
51
0,145
0,316
50
0,045
0,754
52
0,192
0,178
51
0,162
0,25
52
Continua
131
Continuação
Criação e desenvolvimento de
estamparias e aplicações.
Criação e desenvolvimento do
desenho do produto da moda no
croqui.
Aplicação na modelagem dos
padrões referenciais que têm
como base as medidas do corpo
humano.
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Sig.
n
Coef.
Teste de peças piloto ou
protótipos dos modelos de roupas Sig.
da coleção.
n
Coef.
Estudo do layout da produção.
Sig.
n
Coef.
Utilização de parâmetros de
qualidade no controle do
Sig.
desenvolvimento de produto.
n
Coef.
Elaboração de looks, books,
Sig.
portfólios e catálogos da coleção.
n
Aquisição de softwares
Coef.
especificamente comprados para Sig.
a implementação de produtos ou
processos novos ou
n
substancialmente aperfeiçoados.
Aquisição de máquinas,
Coef.
equipamentos, hardware,
Sig.
especificamente comprados para
a implementação de produtos ou
n
processos novos ou
substancialmente aperfeiçoados.
Coef.
Treinamentos relacionados à
pesquisa de tendências, criação e Sig.
desenvolvimento de coleção.
n
Coef.
Contratação de facção
Sig.
n
Coef.
Participação em projetos do APL
Sig.
de moda.
n
Fonte: Dados da pesquisa.
Aplicação de moulage na
modelagem.
0,043
0,763
51
0,082
0,565
52
-0,01
0,944
,323*
0,021
51
0,198
0,159
52
0,195
0,161
0,275
0,051
51
0,203
0,15
52
0,136
0,333
53
53
53
0,142
0,335
48
0,009
0,951
54
0
0,999
51
0,063
0,665
50
0,135
0,352
50
0,082
0,572
0,252
0,083
48
0,221
0,109
54
0,168
0,239
51
0,096
0,509
50
0,158
0,273
50
0,244
0,088
0,273
0,061
48
0,152
0,274
54
0,134
0,347
51
0,114
0,432
50
0,197
0,17
50
0,206
0,151
50
50
50
0,047
0,743
0,091
0,527
0,066
0,643
51
51
51
0,137
0,344
50
,299*
0,043
46
0,01
0,947
47
0,236
0,099
50
0,018
0,905
46
-0,014
0,927
47
0,276
0,053
50
0,237
0,112
46
0,028
0,849
47
132
6.5.9 Relação entre inovação e gestão ambiental
O último tópico da análise dos dados se refere à gestão ambiental das
empresas e apresenta uma análise descritiva desses dados. Foram realizados
testes para verificar a associação entre ”Inovação geral” e os subitens da “Gestão
ambiental”. A estatística Qui-quadrado apresentou insignificância superior a 5%,
indicando não haver associação entre essas variáveis.
O Gráf. 23 apresenta a frequência da estimativa mensal do consumo de
tecidos em metros das empresas da amostra, entre 2010 e 2012. A primeira
observação interessante é referente ao número de entrevistados que não
responderam a essa questão, que é de aproximadamente 25% da amostra. Isso
revela um desconhecimento ou uma falta de controle no consumo mensal de
tecidos, principal matéria-prima desse ramo de negócio.
Verificou-se também que 37,1% têm um consumo mensal acima de 5.000m; e
11,3% consomem de 2.001 a 2.500 m. As outras categorias receberam menos de
10% dessas respostas.
133
Consumo de tecido
Gráfico 23 - Estimativa mensal do consumo de tecidos em metros das empresas da amostra entre
2010 e 2012
Até 500 m
3,2
De 501 a 1.000 m
3,2
De 1.001 a 2.000 m
4,8
De 2.001 a 2.500 m
11,3
De 3.001 a 4.000 m
6,5
De 4.001 a 5.000 m
9,7
Acima de 5.000 m
37,1
Não respondeu
24,2
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráf. 24 apresenta a estimativa mensal dos resíduos têxteis produzidos por
cada uma das empresas estudadas, entre 2010 e 2012. Nesse caso, 17,7% não
responderam à questão. Outros 19,4% afirmaram produzir até 50kg; 17,7%
produziram de 51 a 100kg; 14,5%, de 201 a 300kg; e outros 14,5% produziram
acima de 600kg.
134
Gráfico 24 - Estimativa mensal dos resíduos têxteis produzidos pelas empresas entre 2010 e 2012
Até 50 kg
19,4
De 51 a 100 kg
17,7
Resíduos têxteis
De 101 a 200 kg
6,5
De 201 a 300 kg
14,5
De 301 a 400 kg
1,6
De 401 a 500 kg
6,5
De 501 a 600 kg
1,6
Acima de 600 Kg
14,5
Não respondeu
17,7
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráf. 25 apresenta a estimativa do consumo mensal de energia elétrica das
empresas, entre 2010 e 2012, em quilowatt-hora (kWh). Ressalta-se que
aproximadamente 26% das empresas não responderam a essa questão. Tal
percentual é elevado e pode indiciar diversas explicações para a não resposta, por
exemplo, o desconhecimento desses valores ou o receio do entrevistado de
repassar tal informação.
Dos que responderam, 22,6% afirmaram ter um consumo mensal estimado de
até 500kWh; 21% de 501 a 1.000kWh; e 16,1 %, de 1.001 a 2.000kWh. As outras
faixas de consumo receberam menos de 10% de citações.
Os resultados demonstraram necessidade de redução no consumo de energia
elétrica, com maiores investimentos na aquisição de máquinas e equipamentos
(Classe “A”) com servo-motor, que não consome energia em períodos de interrupção
do operador e economiza cerca de 40% no consumo final de energia em relação às
máquinas convencionais. (AZZONE; NOCI,1998; LIMA, 2001; DAVIS; POPOVIC;
CROWTHER, 2007; MARCHAND; STUART, 2008).
135
Gráfico 25 - Estimativa do consumo mensal de energia elétrica das empresas entre 2010 e 2012 em
Quilowatt-hora (kWh)
Até 500 kWh
22,6
Consumo mensal de energia
De 501 a 1.000 kWh
21,0
De 1.001 a 2.000 kWh
16,1
De 2.001 a 3.000 kWh
4,8
De 3.001 a 4.000 kWh
4,8
De 5.001 a 6.000 kWh
1,6
Acima de 6.000 kWh
3,2
Não respondeu
25,8
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráf. 26 apresenta a estimativa do consumo mensal de água entre 2010 e
2012 em litros (L) das empresas. Nesse caso, o percentual de não respostas foi
menor, da ordem de 16%. Além disso, 35,5% afirmaram ter um consumo estimado
mensal de até 5.000L; 11,3%, de 5.001 a 10.000L; outros 11,3%, de 10.001 a
20.000L. As outras categorias receberam menos de 10% de citações.
136
Gráfico 26 - Estimativa do consumo mensal de água das empresas entre 2010 e 2012 em litros (L)
Consumo mensal de água (L)
Até 5.000 L
35,5
De 5.001 a 10.0000 L
11,3
De 10.001 a 20.000 L
11,3
De 20.001 a 30.000 L
8,1
De 30.001 a 40.000 L
8,1
De 40.001 a 50.000 L
3,2
De 50.001 a 60.000 L
1,6
Acima de 60.000 L
4,8
Não respondeu
16,1
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
A Tab. 33 apresenta a estatística descritiva das principais composições dos
tecidos com base no total de tecidos utilizados nas empresas entre 2010 e 2012. O
percentual de não respostas foi mais baixo para o algodão, com 54,3% e o poliéster,
com 33,9%, que se mostraram os principais tecidos, seguido pelo elastano 16,7%. É
possível que parte desses tecidos (retalhos), foram descartados na natureza, como
lixo residencial, com diferentes especificidades e tempo de degradação.
137
Tabela 33 - Estatística descritiva das principais composições dos tecidos com base no total de tecidos
utilizados nas empresas entre 2010 e 2012
Quartil
Desvio
Não
Mínimo
Máximo Média
1°
2° quartil
3°
padrão
respondeu
%
%
%
quartil (mediana) quartil
%
%
%
%
Algodão
12
5,0
37,8
50,0
76,3
100,0
54,3
26,3
Poliéster
15
5,0
20,0
33,0
50,0
97,0
33,9
20,6
Acetato
58
1,0
1,5
4,0
8,8
10,0
4,8
3,9
Elastano
26
2,0
10,0
15,0
22,3
50,0
16,7
10,7
Nylon ou poliamida
53
5,0
8,0
10,0
20,0
80,0
19,6
23,3
Viscose
50
5,0
5,0
10,0
20,0
30,0
12,9
8,1
Seda
60
7,0
7,0
18,5
30,0
30,0
18,5
16,3
Poliamida
61
10,0
10,0
10,0
10,0
10,0
10,0
Fonte: Dados da pesquisa.
Composição dos
tecidos
A Tab. 34 apresenta a estatística descritiva do percentual de máquinas e
equipamentos das empresas que trazem o selo PROCEL (Classe “A”). Os dados
revelam que mais de 50% das empresas afirmaram que nenhuma de suas máquinas
traz esse selo.
Tabela 34 - Estatística descritiva do percentual de máquinas e equipamentos das empresas que
possuem o selo PROCEL (Classe “A”)
Quartil
Mínimo %
1° quartil
0,0
0,0
Fonte: Dados da pesquisa.
2° quartil
(mediana) %
0,0
3° quartil %
0,8
Máximo %
Média %
Desvio
padrão %
100,0
14,9
32,4
O Gráf. 27 apresenta o resultado referente à variável que indagou se as
empresas implantaram coleta seletiva de lixo entre 2010 e 2012. Apenas 24,2%
afirmaram ter implementado a coleta seletiva de resíduos; 61,3% dos entrevistados
não implementaram; e 14,5% não responderam à questão.
138
Coleta seletiva de lixo
Gráfico 27 - Implantação de coleta seletiva de lixo nas empresas entre 2010 e 2012
Não respondeu
14,5
Não
61,3
Sim
24,2
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráf. 28 evidencia os resultados referentes ao destino dos resíduos têxteis
gerados pelo setor produtivo das empresas entre 2010 e 2012. Verifica-se que a
maioria dos resíduos é descartada no lixo (58,1%) ou é doada (54,8%). Além disso,
25,8% dos entrevistados afirmaram vender os resíduos têxteis, e apenas 6,5%
destinam para a Organização Não Governamental (ONG) "Lixo e Cidadania".
Observa-se ainda que 6,5% não responderam a nenhuma das questões relativas ao
assunto de descarte de resíduos. Os resultados demonstraram que a ONG “Lixo e
cidadania” não conseguiu absorver a maior parte dos resíduos têxteis produzidos,
ainda que tenha buscado a melhor maneira de reaproveitá-los, através
principalmente dos artesãos, que os transformam em produtos comercializáveis
(ELIAS; MAGALHÃES, 2003; SCHULTE; LOPES, 2008; SEVERO et al., 2009;
SHIBAO; MOORI; SANTOS, 2010; TEIXEIRA; CASTILLO, 2012).
139
Destino dos resíduos têxteis
Gráfico 28 - Destino dos resíduos têxteis gerados pelo setor produtivo das empresas entre 2010 e
2012
Não respondeu nenhuma
6,5
ONG “Lixo e Cidadania”- Divinópolis
6,5
Lixo
58,1
Venda
25,8
Doação
54,8
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
O Gráf. 29 apresenta o destino dos resíduos de óleo lubrificante gerados
pelas máquinas e equipamentos das empresas entre 2010 e 2012. Verificou-se que
43,5% não responderam a essa questão, percentual bastante elevado. Dos
entrevistados, 40,3% afirmaram descartar diretamente no lixo; 19,4% doaram esses
resíduos; e 4,8% disseram dar outro destino aos resíduos de óleos lubrificantes,
sem, no entanto, especificar que destino seria esse. Os dados preocupantes foram
os resíduos jogados no lixo, além da quantidade de “não repostas”, o que, numa
interpretação subjetiva, indicia o receio de responder a essa questão.
140
Destino dos resíduos de
óleo
Gráfico 29 - Destino dos resíduos de óleo lubrificante gerados pelas máquinas e equipamentos das
empresas entre 2010 e 2012
Outro destino
4,8
Doação
19,4
Lixo
40,3
Não respondeu nenhuma
43,5
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Fonte: Dados da pesquisa.
6.6 Comparativo entre os principais indicadores de inovação
Diante da hipótese de onde partiu esta pesquisa – A indústria de confecção
de artigos do vestuário e acessórios do município de Divinópolis (MG) encontra-se
em nível inferior à indústria estadual e nacional no que se refere aos indicadores de
esforço inovativo e inovação –, esta seção apresenta os principais indicadores de
inovação, as diferenças de médias e a comparação entre a pesquisa local e a
pesquisa PINTEC em 2008 (nível estadual e nacional) dos principais indicadores da
confecção de artigos do vestuário e acessórios. No município de Divinópolis (MG)
56,5% das empresas implementaram inovações, seja no produto, seja no processo,
índice superior a Minas Gerais, Tab. 35, com 49,15%, e ao Brasil, com 36,75%.
Esses índices estaduais e nacionais são os resultados mais recentes divulgados
pelo IBGE e referem-se ao período entre 2006 e 2008. A divulgação dos resultados
contemplam os indicadores de inovação de produtos e processos novos ou
substancialmente aprimorados, em nível estadual e nacional (IBGE/PINTEC, 2010).
141
Tabela 35 - Estatística descritiva entre as médias das empresas que implementaram inovações de
produtos e processos - PINTEC 2008
Empresas
Implantaram inovação
Não implantaram inovação
MG (%)
Brasil (%)
n=2.362
49,15
50,85
n=14.746
36,75
63,25
Fonte: IBGE/PINTEC, 2010
Nota: Dados trabalhados pela autora.
Em relação aos tipos de inovação, Divinópolis (MG) apresentou-se com
37,10%, índice percentual superior a Minas Gerais, conforme Tab. 36, com 20,30%
e também ao Brasil, com 19,40%. Ressalta-se que o desenho amostral da pesquisa
da PINTEC em 2008 incluiu somente empresas que apresentaram maior
probabilidade de serem inovadoras (IBGE/PINTEC, 2010).
Tabela 36 - Estatística descritiva entre os tipos de inovações de produtos e processos - PINTEC 2008
Tipos de inovação
Inovação de produtos
Inovação de processos
Fonte: IBGE/PINTEC, 2010.
Nota: Dados trabalhados pela autora.
MG (%)
Brasil (%)
n=2.362
14.746
20,30
46,70
19,40
33,40
Quanto aos níveis de inovação de produtos, Divinópolis (MG) apresentou-se
com 32,30%, índice superior tanto a Minas Gerais, ver Tab. 37, com 20,30 quanto
ao Brasil, com 17,80. Relativamente aos produtos novos para o mercado nacional,
Divinópolis (MG) apresentou-se com 4,80%, índice superior a Minas Gerais, com
0,0%, e ao Brasil, com 1,34%. Em nível mundial, apenas o Brasil inovou,
apresentando o índice de 0,27% (IBGE/PINTEC, 2010).
Tabela 37 - Estatística descritiva entre as médias dos níveis de inovação das empresas que
implementaram inovações de produtos - PINTEC 2008
Inovação de produtos ocorreu a nível
Empresa
Nacional
Mundial
Fonte: IBGE/PINTEC, 2010.
Nota: Dados trabalhados pela autora.
MG (%)
Brasil (%)
n=2.362
n=14.746
20,30
0,00
0,00
17,80
1,34
0,27
142
Na inovação de processos, as empresas que apresentaram novidade para o
mercado nacional e mundial foram concentradas nos resultados do Brasil. As
empresas que estão no grupo que utilizou tecnologias disponíveis no mercado
foram: Divinópolis (MG), com 38,7%, índice inferior a Minas Gerais, Tab. 38, com
46,70%, que, por sua vez, é superior ao Brasil, com 32,16% (IBGE/PINTEC, 2010).
Tabela 38 - Estatística descritiva entre as médias das empresas que implementaram inovações de
processos - PINTEC 2008
Inovação de processos ocorreu a nível
Empresa
Nacional
Mundial
Fonte: IBGE/PINTEC, 2010, e dados da pesquisa.
Nota: Dados trabalhados pela autora.
MG (%)
Brasil (%)
n=2.362
n=14.746
46,70
0,00
0,00
32,16
1,23
0,01
O uso de métodos de proteção das inovações de produtos ou processos
(patentes) não foi registrado no município de Divinópolis (MG), tampouco no estado
de Minas Gerais. A proteção da marca foi utilizada por 32,3% das empresas do
município de Divinópolis (MG). A Tab. 39 mostra que no Brasil apenas 0,50% das
empresas utilizaram a patente e a proteção da marca foi utilizada por 2,88% das
empresas em Minas Gerais e 5% no Brasil (IBGE/PINTEC, 2010).
Tabela 39 - Estatística descritiva entre as médias das empresas no uso dos métodos de proteção
das inovações de produtos ou processos - PINTEC 2008
Métodos de proteção (empresa)
Patentes
Marcas
Fonte: IBGE/PINTEC, 2010.
Nota: Dados trabalhados pela autora.
MG (%)
Brasil (%)
n=2.362
0,00
2,88
n=14.746
0,50
5,00
Os resultados demonstraram a inexistência do uso de patentes no município
de Divinópolis (MG) e no próprio Estado. No Brasil, o índice foi muito baixo. Pode-se
afirmar, nesse caso, que a maioria das inovações de produtos e de processos não
contabilizaram invenções e ocorreram principalmente na melhoria de produtos e
processos.
143
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo foi estruturado em uma seção com três subseções. A primeira
relata as principais inferências feitas a partir dos indicadores em relação à inovação;
a segunda apresenta as principais limitações da pesquisa; a terceira trata da
implicação da pesquisa e de estudos futuros.
7.1 Inferências advindas das principais características de inovação das MPMEs
Ao analisar as características das empresas e suas relações, primeiro foram
identificados os tipos de gestão que tiveram influência no processo inovativo. Nesse
caso, a gestão familiar e a profissional demonstraram resultados positivos em
relação aos índices inovativos das empresas estudadas.
O mercado nacional foi o principal destino das vendas das empresas que
inovaram. A cooperação para a inovação de produtos mais uma vez mostrou a
importância da participação dos clientes como principais cooperadores no processo
inovativo. As principais fontes de informação utilizadas pelas empresas são
externas, como fornecedores, clientes e revendedores, além da participação em
feiras, exposições e APL de moda que apresentaram resultados positivos como
contribuintes na inovação de processos.
A inovação organizacional e de marketing, recentemente incluídas nas
pesquisas sobre inovação, demonstraram que as empresas que implementaram
gestão do conhecimento, descentralização ou integração de setores, terceirização,
novas formas para colocação de produtos no mercado ou novos canais de venda ou,
ainda, que realizaram mudanças no design do produto, estão concentradas no grupo
de empresas que inovou.
Os principais obstáculos enfrentados tanto pelo grupo de empresas que
inovou como pelo que não inovou em processos foram: falta de informação sobre
mercados e a fraca resposta dos consumidores aos lançamentos de novos produtos.
Os maiores índices das variáveis referentes ao nível de importância das
atividades inovativas direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos e
processos ou de produtos significativamente aperfeiçoados ocorreram em: criação e
desenvolvimento de estamparias e aplicações, treinamentos relacionados à
144
pesquisa de tendências e criação e desenvolvimento de coleções. A Fig. 6 sintetiza
as principais características das empresas associadas à inovação das MPMEs da
confecção de artigos do vestuário e acessórios no município de Divinópolis (MG), e
que são associadas ao SINVESD. Para a elaboração da Fig. 6, tomaram-se por
base os dados da pesquisa, considerando as empresas que implementaram
inovações de produtos, processos, organizacionais e de marketing no triênio de
2010 a 2012.
Figura 6 - Modelo teórico das inovações implementadas pelas empresas associadas ao SINVESD
entre 2010 e 2012
MPMEs
Confecção de Artigos
do Vestuário e
Acessórios
(SINVESD)
Fornecedores
Feiras e
exposições
Revendedores
APL de moda
Gestão
Familiar/
Profissional
Mercado
(Nacional)
Clientes
Gestão do
conhecimento
Inovação de
Produtos e
Processos
Descentralização ou
integração de setores
Design do produto
Terceirização
Canais de vendas
Fonte: Dados da pesquisa.
Treinamentos: pesquisa de
tendências, criação e
desenvolvimento de coleções
Criação e desenvolvimento
de estamparias e aplicações
Organizacional e
de marketing
145
Diante das análises das diferenças de médias realizadas, foi possível obter
sucintamente os resultados da inovação de produtos, processos, inovação
organizacional e de marketing, (embora seja necessário considerar as limitações
metodológicas desta pesquisa), com o intuito de refutar a hipótese levantada, qual
seja, a de que a indústria de confecção de artigos do vestuário e acessórios no
município de Divinópolis (MG) encontra-se em nível inferior à indústria estadual e
nacional no que se refere aos indicadores de esforço inovativo e inovação.
No contexto geral, o município destacou-se em termos quantitativos,
entretanto não foi possível identificar a relação existente entre as inovações e o
faturamento das empresas, pela omissão de dados sobre esta última questão25 .
Outro fato interessante foi a similaridade entre Divinópolis (MG), Minas Gerais
e Brasil, no quesito inovação de produtos e processos em nível da própria empresa.
É possível identificar a incipiência dos indicadores de inovação do Brasil, seja na
criação e desenvolvimento de produtos seja em processos. O fato demonstra a
fragilidade dos outputs em todo o território nacional quanto aos indicadores de
inovação em nível nacional e mundial. Os modelos de inovação abordados pela
literatura consultada descrevem os procedimentos empíricos e as políticas que
permeiam o processo inovador e buscam uma teoria que explique como esses
agentes atuam no desenvolvimento de novos produtos (LONGANEZI; COUTINHO;
BOMTEMPO, 2008). O modelo de Kim (1997), Imitation to innovation, contribuiu
para se compreender o cenário da P&D das indústrias do vestuário e a incipiência
dos níveis de inovação implementados. A justificativa dos resultados está
evidenciada nas principais ferramentas utilizadas pelo setor para a criação e
desenvolvimento de produtos De acordo com IPEAD (2011), Fig. 7, primeiro, as
coleções são apresentadas ao mercado pelos grandes desfiles de moda europeia e
de marcas mundiais, como as de Paris, Milão, Londres e Nova Iorque. A posteriori,
os estilistas de todo o mundo recriam as coleções com designs inspirados nas
tendências lançadas pelas empresas ofensivas em inovação (FREEMAN; SOETE,
1997), líderes do mercado internacional, a fim de atenderem a públicos distintos,
seja no quesito de nichos de mercado, seja para classes de menor poder aquisitivo.
25
Média de Faturamento anual entre 2010 e 2012; B2.8) Média de Prejuízo Líquido anual entre 2010
e 2012 e B2.7) Média de Lucro Líquido anual entre 2010 e 2012.
146
Figura 7 – Criação e desenvolvimento de coleções
Coleção Própria
Nichos de Mercado
Cópias
Moda Popular
MARCAS MUNDIAS
(Desfiles: Semana de
Moda Internacional)
Fonte: Adaptado de IPEAD, 2011, p. 21.
A utilização da ferramenta de adaptação ou cópias criativas apresentadas por
Kim (1997) traduz os níveis e os tipos de inovação implementados pelas confecções
do vestuário. Esse conjunto de atividades inovativas está relacionado diretamente ao
mercado e às possibilidades de atuação apresentadas na Fig. 8. E corrobora o que
dizem Freeman e Soete (1997) no quesito da estratégia competitiva de inovação
imitativa adotada pelas firmas. Porém ressalta-se a constante dependência dessas
empresas em relação às líderes de mercado. Kearns (1986) definiu como
“Benchmarking” o processo contínuo, em relação aos maiores concorrentes ou às
líderes nas indústrias, de medição de produtos, processos e das melhores práticas
organizacionais. Ressalta-se como vantagem competitiva a implementação do
sistema de administração da produção (just in time) pelas empresas seguidoras,
frente à sua demanda.
Ademais, o Brasil tem se desenvolvido no mundo da moda numa tentativa de
criar sua própria identidade no mercado dominado pelas grandes griffes
internacionais. Exemplos são as coleções apresentadas nos grandes desfiles, que
acontecem em São Paulo (São Paulo Fashion Week), no Rio de Janeiro (Fashion
Rio) e em Minas Gerais (Minas Trend Preview).
No entanto há uma tendência iminente à redução do ciclo de vida desses
produtos, conhecidos como fast fashion, modelo de produção de moda rápida (ciclo
curto), influência das grandes grifes europeias, principalmente as italianas (CIETTA,
2010; SINVESD, 2011). Nesse processo evolutivo, para que se mantenham no
mercado, as empresas terão que adaptar-se às novas mudanças, abandonando as
velhas estruturas, num processo de “destruição criativa” pela inserção de inovações
em produtos, processos organizacionais e marketing.
147
FIGURA 8 – Criação e desenvolvimento de coleções – modelo “cópias criativas”
Inspiração
(releitura)
Desfiles de Moda
Internacional
Mercado
Cópias Criativas
Réplicas
Fonte: Adaptado de KIM, 1997; IPEAD, 2011.
No contexto geral, os resultados da pesquisa confirmaram (apesar das
limitações metodológicas deste estudo) que os tipos e níveis de inovação da
confecção de artigos do vestuário e acessórios do município de Divinópolis (MG)
atingiram patamares melhores de desempenho inovativo vis a vis à realidade
contemporânea do setor, na comparação com a PINTEC 2008. Por meio deles foi
possível relatar as principais inovações implementadas:
 a maioria das inovações de produtos e processos ocorreu em nível
interno das firmas, a partir da incorporação de conhecimentos e
tecnologias disponíveis no mercado;
 as inovações organizacionais e de marketing ocorreram principalmente na
organização do trabalho e na estética, desenho (design) ou outras
mudanças significativas.
7.2 Principais limitações da pesquisa
A limitação desta pesquisa mostra-se principalmente na comparação dos
indicadores de inovação, como já mencionado, em relação à pesquisa de nível
nacional, nos âmbitos populacional, amostral e temporal.
Os critérios utilizados pela principal pesquisa setorial de inovação tecnológica
(IBGE/PINTEC) restringem as empresas, no tocante ao número de pessoas
ocupadas, ou seja, a empresa com menos de dez pessoas ocupadas no ano de
referência da pesquisa não pode fazer parte dela. A justificativa encontra-se no
Manual de Oslo (2005), que entende serem tais empresas incapazes de desenvolver
algum tipo de inovação devido ao seu porte. No entanto as práticas contemporâneas
148
demonstram que grandes empresas utilizam a terceirização como estratégia na
redução de custos, principalmente no setor produtivo, responsável por abrigar o
maior número de pessoal ocupado (RESENDE FILHO, 1999; CONDE ARAÚJOJORGE, 2003; STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006; ABDI, 2009). Adiciona-se
a isso a possibilidade de tais empresas terem um perfil inovador. Assim, poder-se-ia
colocar em questionamento o critério utilizado pela OCDE e pelo IBGE/PINTEC, no
tocante ao número de pessoas ocupadas no ano de referência das pesquisas, pois
ele pode fragilizar os resultados apresentados.
7.3 Implicação da pesquisa e estudos futuros
A priori, buscou-se a reaplicação do questionário (validado) da PINTEC 2008,
fonte secundária de dados. No entanto a realidade local exigiu novas questões e
adaptação daquele questionário, com a finalidade de explorar, esclarecer e
compreender melhor o processo de inovação da indústria de artigos do vestuário e
acessórios do município de Divinópolis (MG), além da necessidade de obter mais
detalhamentos das informações in locus. Assim, este estudo foi capaz de ultrapassar
as informações da pesquisa nacional, ampliando a caracterização da inovação do
setor, conforme Quadro 9, de acordo com os temas abordados.
149
Quadro 9 - Caracterização da inovação das empresas de confecção de artigos do vestuário e
acessórios no município de Divinópolis (MG) entre 2010 e 2012
Fatores
Caracterização
das empresas
Descrição
Principais atividades da empresa, tipo de gestão da empresa, principais clientes,
principais regiões de seus clientes, principais tipos de clientes, número médio de
funcionários por setor, dispêndio médio salarial por setor, número médio de peças
produzidas/mês, percentuais médios por setor das atividades realizadas
internamente e terceirizada (facção), número de máquinas e equipamentos
eletrônicos existentes na empresa.
Informações
financeiras e de
pessoal
Percentual do faturamento das vendas por tipo de clientes; número total de
pessoas ocupadas que compunham a força de trabalho por escolaridade e sexo;
média de faturamento, lucro, prejuízo e percentual investido em P&D.
Inovação de
produtos e
processos
Consultores externos e PATME; impactos das inovações: controle de aspectos
ligados à saúde e segurança (ergonomia), enquadramento em regulamentos e
normas internas/externas (lei das etiquetas), certificação: sistema de gestão da
qualidade (ISO 9001), sistema de gestão ambiental (ISO 14001) e selo de
qualidade ABRAVEST.
Fontes de
informação para
a inovação
Internas à empresa: Administração, criação e desenvolvimento de produtos
(design), produção (modelagem, risco, enfesto, corte, estamparia, bordado,
costura, lavanderia, acabamento, passadoria e embalagem), estoque e expedição
e marketing e vendas. Externas à empresa: APL de moda
Cooperação
para inovação
Inovação
organizacional
e de marketing
PATME e APL de moda.
Descentralização ou integração de setores; estudo do layout e ficha técnica;
contratação de private label; mudanças significativas do(s) produto(s): no design e
na embalagem do produto.
Esforço
inovativo
Pesquisa sobre tendências de estilos da moda, cores, estampas, padronagem,
texturas dos tecidos e aviamentos; pesquisa sobre tendências em feiras de moda
nacionais e internacionais; análise de criações de estilistas nacionais e
internacionais; desenvolvimento de tema para coleção e conceito da marca;
criação e desenvolvimento de estamparias, aplicações; criação e desenvolvimento
do desenho do produto da moda no croqui; aplicação na modelagem dos padrões
referenciais que têm como base as medidas do corpo humano e moulage; teste de
peças piloto ou protótipos dos modelos de roupas da coleção; estudo do layout da
produção; utilização de parâmetros de qualidade no controle do desenvolvimento
de produto; elaboração de looks, books, portfólios e catálogos da coleção;
aquisição de softwares, máquinas, equipamentos, hardware especificamente
comprados para a implementação de produtos ou processos novos ou
substancialmente aperfeiçoados; treinamentos relacionados à pesquisa de
tendências, criação e desenvolvimento de coleção; contratação de facção e
participação em projetos do APL de moda.
Gestão
ambiental
Consumo, principais tipos e composições dos tecidos utilizados; implantação de
coleta seletiva de lixo; estimativa mensal dos resíduos têxteis produzidos; destino
dos resíduos têxteis gerados pelo setor produtivo e resíduos de óleo lubrificantes
gerados pelas máquinas e equipamentos; percentual de máquinas e equipamentos
com o selo PROCEL (classe “A”) e estimativa do consumo mensal de energia
elétrica em quilowatt-hora (kWh) e de água em litros (L).
Fonte: Adaptado de CEFET/MG, 2013 e dados da pesquisa.
150
Portanto, diante da complexidade dos diversos fatores que interagem no
processo inovativo, inclusive no cenário econômico distinto das duas pesquisas,
pode ser que a indústria de confecção do vestuário do município de Divinópolis (MG)
encontre-se em nível superior à indústria estadual e nacional no que se refere aos
indicadores de inovação. A pesquisa ofereceu evidências empíricas, ainda que
numa visão holística, do perfil inovador da “Capital Mineira da Moda”. Além de
sinalizar em direção das condicionantes estruturais, culturais e institucionais que
determinaram as atividades inovativas e tecnológicas in locus.
A inovação requer um sistema de gestão da inovação. Para isso, a priori, é
necessária a criação de um modelo empírico capaz de representar com maior
abrangência suas etapas, além de identificar quais variáveis atuam de forma positiva
ou negativa, a fim de garantir maior credibilidade aos esforços direcionados à sua
implementação.
Assim, a relação criada entre as características inovativas propostas e as
inovações listadas a partir deste estudo foi capaz de demonstrar, ainda que de
maneira teórica, a dinâmica do processo inovativo dessas empresas na criação e
desenvolvimento de produtos e processos, em torno principalmente de mudanças
incrementais. Visa-se com isso incentivar o fomento de políticas públicas e privada
de incentivo ao investimento em inovação, na principal fonte geradora de estratégias
e nas vantagens competitivas. Destarte, serão necessários outros estudos com mais
afinco, por exemplo, estudos de casos, além de outras métricas estatísticas, como
proposta de criação de um modelo que investigue e analise a atuação desses
indicadores (inputs) nos resultados (outputs) e os possíveis entraves no processo
dinâmico da inovação nas indústrias de confecção de artigos do vestuário e
acessórios.
151
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