CUNHA, Maria dos Anjos Berigo. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
Transcrição
CUNHA, Maria dos Anjos Berigo. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO MARIA DOS ANJOS BEIRIGO CUNHA INOVAÇÃO NO SETOR DE CONFECÇÃO DO VESTUÁRIO: uma análise das características das indústrias de Divinópolis – MG Belo Horizonte 2013 MARIA DOS ANJOS BEIRIGO CUNHA INOVAÇÃO NO SETOR DE CONFECÇÃO DO VESTUÁRIO: uma análise das características das indústrias de Divinópolis – MG Dissertação apresentada ao Mestrado em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Inovação e Dinâmica Organizacional Linha de pesquisa: Inovação, Empresariais e Competitividade Redes Orientadora: Profª. Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos Belo Horizonte 2013 C972e Cunha, Maria dos Anjos Beirigo Inovação no setor de confecção do vestuário: uma analise das características das indústrias de Divinópolis - MG/ Maria dos Anjos Beirigo Cunha. – 2013. 160f.: il. Orientador: Prof.ª. Drª. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2013. Programa de Mestrado em Administração. Bibliografia f. 151-160 1. Vestuário - Indústria. 2. Inovações tecnológicas. I. Vasconcelos, Fernanda Carla Wasner. II. Centro Universitário UNA. III. Título. CDU: 687 Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus João Pinheiro Dedico esta dissertação ao meu esposo, Jacob, e aos meus filhos, Luíza e Lucas, pelo apoio e carinho. A minha mamãe, Maria Cecília, e ao meu papai, Ângelo, por terem deixado a zona rural em prol dos estudos de seus filhos. AGRADECIMENTOS Primeiro a Deus, o único criador. Ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais CEFET/MG, pelo apoio financeiro. Ao Núcleo de Pesquisas do Vestuário (NUPEV) do Campus V do CEFET/MG, pela participação na coleta de dados. Ao Sindicato das Indústrias do vestuário de Divinópolis (SINVESD), pelo apoio. Aos associados do SINVESD, pela confiança e tempo dedicados a responder ao questionário da pesquisa. À Profa. Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos, pela dedicação e compromisso com a vida acadêmica. Às Profas. Dra. Fátima Marília Andrade de Carvalho e Dra. Marta Araújo Tavares Ferreira, pela contribuição e tempo dedicados a este estudo. Aos professores do Centro Universitário UNA. A todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte desta conquista. “Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; porque quem o fará voltar para ver o que será depois dele?” (Eclesiastes 3.22) RESUMO Esta pesquisa teve por objetivo investigar a relevância das características inovativas e os resultados empíricos (outputs) de empresas cadastradas em um sindicato de micro, pequenas e médias empresas (MEPEs) no setor do vestuário, no município de Divinópolis (MG). Através de uma abordagem survey, identificou-se o desempenho inovador dessas empresas no contexto do estado de Minas Gerais e do Brasil, a partir da comparação entre os dados setoriais e os da Pesquisa Nacional de Inovação – PINTEC – 2008, fonte secundária dos dados. No Brasil, a PINTEC é a responsável pela construção desses indicadores em níveis estadual e nacional. No entanto há escassez de divulgação dessas informações entre as empresas municipais. A inovação desempenha papel fundamental no planejamento estratégico, visa ao crescimento, ao aumento da competitividade e ao desempenho das firmas, além de sua sobrevivência no mercado. Os resultados deste estudo demonstraram a interface das características inovativas com os indicadores de inovação locais, que nortearam a dinâmica da inovação contabilizada pelo setor, e, na comparação com os principais dados da PINTEC 2008, demonstraram sua posição de destaque em relação às inovações implementadas por empresas em todo o país, seja em produtos, seja em processos, organizacionais e de marketing. Tudo isso reafirmou, para o município de Divinópolis (MG), o título de “Capital da Moda”. Criaram-se perspectivas em torno da comparação com os dados estaduais e nacionais, com vistas a gerar fomento para futuros investimentos, além de implicações positivas e novos insights sobre as características inovativas das MEPEs desse setor. Palavras-chave: Inovação. Tecnologia. Vestuário. Produto. Processo. PINTEC. ABSTRACT This research aimed to investigate the relevance of innovative features and empirical results (outputs) of companies that are registered in a union of micro, small and medium enterprises (MEPEs), in the clothing sector in the city of Divinópolis (MG). Through a survey approach, it was identified the innovator performance of these businesses in the state of Minas Gerais and Brazil, based on a comparison between the sector data and the National Survey of Innovation - PINTEC - 2008, secondary source of data. In Brazil, PINTEC is responsible for the construction of these indicators in state and national levels. However, there is lack of disclosure between the companies in the city. Innovation plays a key role in strategic planning, aims the growth, increases competitiveness and the performance of companies, in addition to its survival in the market. The results of this study has demonstrated the interface of innovative features with the indicators of local innovation, that guided the dynamics of innovation acquired by this sector, and, in comparison to the main data of PINTEC 2008, demonstrated its prominent position in relation to the innovations implemented by companies nationwide, whether in products, whether in organizational processes and the marketing. All this has reaffirmed, for the city of Divinópolis (MG), the title "Capital of Fashion". Perspectives were created around the comparison to state and national data with the purpose of generate encouragement for future investments, in addition to positive implications and new insights on the innovative features of the MEPEs of this sector. Keywords: Innovation. Technology. Clothing. Product. Process. PINTEC. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - “Divinópolis Capital Mineira da Moda”....................................... 27 FIGURA 2 - Modelo linear de inovação......................................................... 40 FIGURA 3 - Modelo da dinâmica da geração de inovação tecnológica exercida nos países inovadores................................................ 42 FIGURA 4 - Estrutura do conteúdo do questionário..................................... 59 FIGURA 5 - Localização do município de Divinópolis (MG).......................... 70 FIGURA 6 - Modelo teórico das inovações implementadas pelas empresas associadas ao SINVESD entre 2010 e 2012............ 144 FIGURA 7 - Criação e desenvolvimento de coleções................................... FIGURA 8 - Criação e desenvolvimento de coleções – modelo “cópias criativas”.................................................................................... 147 GRÁFICO 1 - Porte das empresas cadeia têxtil.............................................. 33 GRÁFICO 2 - Principais atividades das empresas entre 2010 e 2012............ 73 GRÁFICO 3 - Tipo de gestão das empresas................................................... 73 GRÁFICO 4 - Porte das empresas.................................................................. 74 GRÁFICO 5 - Principal mercado das empresas entre 2010 e 2012................ 74 GRÁFICO 6 - Principais clientes das empresas entre 2010 e 2012................ 75 GRÁFICO 7 - Produto novo ou significativamente aperfeiçoado para o mercado mundial, nacional e empresarial................................. 84 GRÁFICO 8 - Responsável pelo desenvolvimento dos produtos.................... 88 GRÁFICO 9 - Processos novos ou significativamente aperfeiçoados para o setor em nível mundial, nacional e empresarial........................ 90 GRÁFICO 10 - Responsável pelo desenvolvimento da inovação de processos.................................................................................. GRÁFICO 11 - Inovação de produto.................................................................. 146 92 95 GRÁFICO 12 - Inovação de processos.............................................................. 95 GRÁFICO 13 - Inovação total............................................................................ 96 GRÁFICO 14 - Estatística descritiva do apoio do governo às inovações.......... 109 GRÁFICO 15 - Estatística descritiva dos métodos de proteção utilizados pelas empresas entre 2010 e 2012........................................... 110 GRÁFICO 16 - Estatística descritiva da solicitação de depósito de registro de marcas....................................................................................... 111 GRÁFICO 17 - Novas técnicas de gestão para melhorar rotinas e práticas de trabalho...................................................................................... 117 GRÁFICO 18 - Novos métodos de organização do trabalho para melhor distribuir responsabilidades e poder de decisão....................... 118 GRÁFICO 19 - Implementação de mudanças significativas nas relações com outras empresas........................................................................ GRÁFICO 20 - Implementação de mudanças significativas nos conceitos/estratégias de marketing........................................... 119 119 GRÁFICO 21 - Implementação de mudanças significativas no(s) produto(s).................................................................................. 120 GRÁFICO 22 - Inovação geral - Organizacional e de Marketing...................... 121 GRÁFICO 23 - Estimativa mensal do consumo de tecidos em metros das empresas da amostra entre 2010 e 2012................................. 133 GRÁFICO 24 - Estimativa mensal dos resíduos têxteis produzidos pelas empresas entre 2010 e 2012..................................................... 134 GRÁFICO 25 - Estimativa do consumo mensal de energia elétrica das empresas entre 2010 e 2012 em Quilowatt-hora (kWh)............ 135 GRÁFICO 26 - Estimativa do consumo mensal de água das empresas entre 2010 e 2012 em litros (L)........................................................... 136 GRÁFICO 27 - Implantação de coleta seletiva de lixo nas empresas entre 2010 e 2012............................................................................... 138 GRÁFICO 28 - Destino dos resíduos têxteis gerados pelo setor produtivo das empresas entre 2010 e 2012..................................................... 139 GRÁFICO 29 - Destino dos resíduos de óleo lubrificante gerados pelas máquinas e equipamentos das empresas entre 2010 e 2012........................................................................................... 140 QUADRO 1 - Definição dos tipos e níveis de inovação.................................. 39 QUADRO 2 - Indicadores de esforço inovativo............................................... 51 QUADRO 3 - Principais atividades inovativas ................................................ 53 QUADRO 4 - Situação de coleta das empresas associadas ao SINVESD entre os meses de mar./ jun. de 2013....................................... 61 QUADRO 5 - Interpretação da intensidade do coeficiente da correlação....... 66 QUADRO 6 - Diversificação de produtos – inovação em nível da empresa... 85 QUADRO 7 - Principal processo ou método inovador introduzido pelas empresas entre 2010 e 2012..................................................... 91 QUADRO 8 - Tipo de certificação................................................................... 93 QUADRO 9 - Caracterização da inovação das empresas de confecção de artigos do vestuário e acessórios no município de Divinópolis (MG) entre 2010 e 2012............................................................ 149 TAB. 1 - Comparativo das principais características abordadas entre PINTEC 2008 e Divinópolis (MG) 2012.............................................. 68 TAB. 2 - Cargo dos respondentes.................................................................... 72 TAB. 3 - Principais regiões de venda dos produtos de acordo com os tipos de clientes.......................................................................................... 76 Número de funcionários entre 2010 e 2012 em cada setor.................................................................................................... 77 Número médio de peças produzidas/mês entre 2010 e 2012.................................................................................................... 78 Percentuais médios das atividades que são realizadas internamente e/ou terceirizadas (Facção) nos setores, entre 2010 e 2012.................................................................................................... 80 Número de máquinas e equipamentos eletrônicos existentes nas empresas entre 2010 e 2012.............................................................. 81 Percentual do faturamento das vendas de cada tipo de cliente................................................................................................. 82 TAB. 9 - Força de trabalho entre 2010 e 2012................................................. 83 TAB.10 - Participação dos produtos nas vendas líquidas e nas exportações... 87 TAB. 11 - Impactos gerados pela inovação de produto nas empresas.............. 89 TAB. 12 - Impactos gerados pelas inovações de processos e métodos implementados nas empresas............................................................ 93 TAB. 4 TAB. 5 TAB. 6 - TAB. 7 TAB. 8 - TAB. 13 - Estatística descritiva das inovações................................................... 94 TAB. 14 - Teste de Associação entre a inovação geral e o tipo de gestão das empresas............................................................................................ 97 TAB. 15 - Teste de Associação entre a inovação geral e o principal mercado das empresas (2010 a 2012).............................................................. 97 TAB. 16 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação, o número de funcionários que trabalham nos setores e o número médio de peças produzidas por mês................................................................. 99 TAB. 17 - Frequência da participação dos setores internos das empresas nas atividades de inovação entre 2010 e 2012......................................... 100 TAB. 18 - Estatística descritiva da frequência do uso das fontes de informação externas às empresas para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012............................................................ 102 TAB. 19 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e a frequência do uso das fontes de informação externas às empresas para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012........................ 104 TAB. 20 - Estatística descritiva do nível de cooperação para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012.......................................... 106 TAB. 21 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de cooperação para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012................................................................................................. 107 TAB. 22 - Estatística descritiva do nível de prejuízo causado pelos diversos obstáculos no desenvolvimento de atividades inovativas entre 2010 e 2012................................................................................................. 112 TAB. 23 - Teste de Mann Whitney U para verificar a diferença do nível de prejuízo dos obstáculos entre as empresas que inovaram e as que não inovaram...................................................................................... 113 TAB. 24 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de prejuízo dos obstáculos dos seguintes elementos nas atividades inovativas das empresas entre 2010 e 2012...................................... 115 TAB. 25 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Implementação da gestão do conhecimento pelas empresas entre 2010 e 2012.................................................................................................... 122 TAB. 26 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Descentralização ou integração de setores pelas empresas entre 2010 e 2012........... 122 TAB. 27 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Terceirização implementada pelas empresas entre 2010 e 2012............................ 123 TAB. 28 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Adoção de novas formas para colocação dos produtos no mercado ou canais de venda pelas empresas entre 2010 e 2012......................................... 124 TAB. 29 - Teste de Associação entre a Inovação geral e as Mudanças significativas no design dos produtos pelas empresas entre 2010 e 2012.................................................................................................... 124 TAB. 30 - Estatística descritiva do nível de importância das atividades inovativas das empresas, entre 2010 e 2012, direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos/processos ou ao aperfeiçoamento significativo dos já existentes................................. 126 TAB. 31 - Teste de Mann Whitney U para verificar a diferença do nível de importância dos esforços inovativos entre as empresas que inovaram e as que não inovaram....................................................... 127 TAB. 32 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de importância das atividades inovativas das empresas, entre 2010 e 2012, direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos/processos ou ao aperfeiçoamento significativo dos já existentes........................................................................................... 130 TAB. 33 - Estatística descritiva das principais composições dos tecidos com base no total de tecidos utilizados nas empresas entre 2010 e 2012.................................................................................................... 137 TAB. 34 - Estatística descritiva do percentual de máquinas e equipamentos das empresas que possuem o selo PROCEL (Classe “A”)...................................................................................................... 137 TAB. 35 - Estatística descritiva entre as médias das empresas que implementaram inovações de produtos e processos - PINTEC 2008.................................................................................................... 141 TAB. 36 - Estatística descritiva entre os tipos de inovações de produtos e processos - PINTEC 2008.................................................................. 141 TAB. 37 - Estatística descritiva entre as médias dos níveis de inovação das empresas que implementaram inovações de produtos - PINTEC 2008.................................................................................................... 141 TAB. 38 - Estatística descritiva entre as médias das empresas que implementaram inovações de processos - PINTEC 2008 ................. 142 TAB. 39 - Estatística descritiva entre as médias das empresas no uso dos métodos de proteção das inovações de produtos ou processos PINTEC 2008..................................................................................... 142 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABDI - Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção ABRAVEST - Associação Brasileira do Vestuário ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras APL - Arranjo Produtivo Local CAD - Computer Aided Design CAM - Computer Aided Manufacturing CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica CEMPRE - Cadastro Central de Empresas CIS - Community innovation survey CLT - Consolidação das Leis do Trabalho CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNI - Confederação Nacional da Indústria CNPJ - Código Nacional da Pessoa Jurídica CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CONCLA - Comissão Nacional de Classificação EFOM - Estrada de Ferro Oeste de Minas ERP - Enterprise Resource Planning EUROSTAT - Statistical Office of the European Communities FGV - Fundação Getúlio Vargas Fig. - Figura FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos FITEDI - Cia Fiação e Tecelagem Divinópolis Gráf. - Gráfico IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICT - Instituto de Ciência e Tecnologia IES - Institutos de Ensino Superior INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia IPEAD - Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis ISO - International Organization for Standardization Kg - Quilograma Km2 - Quilômetro quadrado kWh - Quilowatt hora L- Litro m- Metro MBA - Master of Business Administration MG - Minas Gerais MPMEs - Micro, Pequenas e Médias Empresas NUPEV - Núcleo de Pesquisas do Vestuário OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico ONG - Organização Não Governamental p. - Página PATME - Programa de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas P&D - Pesquisa e Desenvolvimento PET - Polietileno Tereftalato PIB - Produto Interno Bruto PINTEC - Pesquisa de Inovação Tecnológica P+L - Produção mais Limpa PPCP - Planejamento, Programação e Controle da Produção PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica Qual - Certificação de Qualidade e sustentabilidade da indústria têxtil e de moda R$ - Real RHAE - Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SIG - Sistema de Informação Gerenciais SINDITÊXTIL - Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem SINVESD - Sindicato das Indústrias do Vestuário de Divinópolis SPSS - Statistical Package for the Social Sciences Tab. - Tabela US$ - Dólar Americano 3D - Três dimensões SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 22 2 O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA.................................................... 25 3 OBJETIVOS.............................................................................................. 29 3.1 Objetivo geral............................................................................................. 29 3.2 Objetivos específicos................................................................................. 29 4 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................ 30 4.1 O setor confeccionista do vestuário no Brasil: panorama histórico........... 30 4.1.1 A indústria têxtil e de confecções em Minas Gerais.................................. 34 4.2 Conceitos associados à inovação............................................................. 36 4.3 Tecnologia................................................................................................. 36 4.4 Inovação.................................................................................................... 37 4.5 Inovação Tecnológica................................................................................ 44 4.6 Inovação Organizacional e de Marketing.................................................. 44 4.7 Inovação e Sustentabilidade...................................................................... 45 4.8 Inovação de produtos e processos novos ou substancialmente aprimorados no contexto da pesquisa....................................................... 49 4.9 Relação entre inovação e competitividade................................................ 54 5 METODOLOGIA........................................................................................ 56 5.1 Caracterização da pesquisa...................................................................... 56 5.2 Amostra e procedimentos operacionais.................................................... 56 5.3 Instrumentos de coleta de dados MPMEs................................................. 58 5.4 Procedimentos para análise de dados...................................................... 61 5.5 Tipos de análises estatísticas utilizadas.................................................... 61 5.6 Análises comparativas entre a pesquisa de nível nacional e local............ 67 6 ANÁLISES DOS RESULTADOS.............................................................. 69 6.1 Divinópolis: Polo de Moda......................................................................... 69 6.2 Caracterização das empresas estudadas................................................. 71 6.3 Inovação de produtos................................................................................ 84 6.4 Inovação de processos.............................................................................. 89 6.5 Inovação implementada e suas relações.................................................. 94 6.5.1 Relação entre inovação e as características das empresas..................... 96 6.5.2 Relação entre inovação e as fontes de informação................................... 99 6.5.3 Relação entre inovação e os agentes de cooperação............................... 105 6.5.4 Relação entre inovação e o apoio do Governo......................................... 108 6.5.5 Relação entre inovação e os métodos de proteção.................................. 109 6.5.6 Relação entre inovação e seus obstáculos............................................... 111 6.5.7 Relação entre inovação (produtos e processos) e inovação organizacional e de marketing................................................................... 116 6.5.8 Relação entre inovação e esforço inovativo.............................................. 125 6.5.9 Relação entre inovação e gestão ambiental.............................................. 132 6.6 Comparativo entre os principais indicadores de inovação........................ 140 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 143 7.1 Inferências advindas das principais características de inovação das MPMEs...................................................................................................... 143 7.2 Principais limitações da pesquisa.............................................................. 7.3 Implicação da pesquisa e estudos futuros................................................. 148 REFERÊNCIAS......................................................................................... 147 151 22 1 INTRODUÇÃO Estudos sobre o paradigma tecnológico têm despertado interesse por parte de toda a malha empresarial. O ambiente competitivo demanda cada vez mais tecnologia e inovação, principalmente nas indústrias de transformação. A globalização e a abertura comercial próprias da contemporaneidade demonstraram, a princípio para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), uma tendência ao crescimento influenciada pela facilidade da entrada de novas tecnologias. A importação de produtos no Brasil, principalmente do mercado chinês, contabilizou a posteriori os déficits comerciais. Investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) apontam para a valoração das pequenas empresas, além do estabelecimento de bases sólidas como diferencial competitivo frente às grandes empresas já estabelecidas. Inovação e competitividade são elementos fundamentais em planejamento estratégico, sobrevivência e crescimento das empresas, e se tornam cada vez mais necessários à medida que o processo de concorrência, por meio do surgimento de novas empresas de base tecnológica no mercado, se acelera. Atualmente, a inovação tecnológica tornou-se uma necessidade no mundo empresarial. O investimento em tecnologia voltado para a cadeia produtiva, nesse caso, não é apenas uma condição para que as empresas existam, mas um quesito que lhes garante presença competitiva e, por essa via, sobrevivência e crescimento no mercado. Dauscha (2010, p. 28) esclarece: O desafio para os empresários é entender e incorporar que maiores investimentos em inovação, em geral, levam, além de obviamente a maior competitividade local, nacional ou internacional de seu negócio, a um aumento do poder aquisitivo da população e consequentemente do mercado como um todo, inclusive, no âmbito de sua atuação. A inovação constitui uma autêntica política empresarial, que define propósitos e perspectivas para o crescimento das empresas. Nessa perspectiva, de acordo com Kaplan e Norton (1997), as empresas da era da informação estão baseadas em um novo conjunto de premissas operacionais, entre elas, a inovação e os trabalhadores do conhecimento. A inovação, nesse caso, é vista como arte para prever as 23 necessidades futuras dos clientes, idealizar produtos e serviços radicalmente inovadores e incorporar rapidamente novas tecnologias de produto para dar eficiência aos processos operacionais e à prestação de serviços. No entanto o setor confeccionista do vestuário encontra-se fora desse contexto, mesmo em municípios cuja economia tem esse setor como base de sustentação. Em relação a esse aspecto, Costa e Rocha (2009, p. 185) enfocaram a necessidade de desenvolvimento de atividades inovativas na cadeia têxtil em todas as instâncias e afirmam: No elo da confecção, a possibilidade de inovação tem sido marginal, dada a grande relevância do fator humano. Os avanços mais significativos estão nas fases de desenho e corte, com a aplicação do sistema CAD/CAM1 e o acoplamento de dispositivos eletrônicos nas máquinas de costura para aumentar a precisão no acabamento. No segmento do vestuário, em especial, as maiores inovações ocorrem no design do produto. O investimento em tecnologia tem sido um dos principais obstáculos a serem superados pelas indústrias de confecção. As empresas desse ramo, de acordo com o Sindicato das Indústrias Têxteis (SINDITÊXTIL, 2009), têm investido em tecnologia, equipamentos modernos, enquanto as pequenas empresas, em muitos casos, utilizam o que já foi descartado pelas maiores. A tecnologia incorporada pelas empresas de médio e grande porte, além de maximizar a produção, é capaz de promover a agilidade administrativa. Com o uso de sistema computadorizado, de acordo com Jones (2005, p. 56), “atualmente, as roupas podem ser feitas em medidas individuais e cortadas a laser, usando a tecnologia de design assistido por computador (CAD – Computer Aided Design)”. Além de máquinas eletrônicas, a indústria do vestuário ainda pode contar com máquinas que realizam operações automaticamente como pregar bolsos, botões, entre outras. Embora as MPMEs sejam maioria no setor confeccionista no Brasil (IPEAD, 2011), há poucos estudos através dos quais se possa caracterizar e analisar esse segmento, principalmente referente aos indicadores de inovação. Uma vez que os estudos sobre as MPMEs do setor confeccionista sejam ampliados, as informações obtidas poderão ser úteis aos órgãos públicos para fomentar políticas que 1 CAD – Computer Aided Desing - Projeto Assistido por Computador; CAM - Computer Aided Manufacturing - Fabricação Assistida por Computador. 24 possibilitem o investimento em inovação, além de incentivo para os investimentos privados do setor, de modo a torná-lo mais competitivo. No Brasil, os investimentos feitos pelo governo por meio de Institutos de Ciência e Tecnologia (ICT) beneficiam essencialmente a academia, e é insuficiente para que as empresas alcancem avanços significativos em inovação (CALMANOVICI, 2011). 25 2 O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA A globalização econômica tem exigido das empresas um novo padrão produtivo e de gerenciamento. As regras impostas por tal padronização possibilitaram às empresas se reestruturarem em todos os setores, dentre os quais destaca-se o setor da produção, em que a inovação torna-se essencial. Desse modo, observa-se que investir em novas tecnologias vai além de ser apenas um diferencial relacionado a algumas empresas; torna-se uma necessidade de todas aquelas que desejam manter-se no mercado, especialmente, de forma competitiva. De acordo com Bas e Laužikas (2010), os principais desafios das empresas ocorrem no momento em que os processos de inovação alteram o seu comportamento frente aos concorrentes no mercado, o que constitui um dos grandes desafios também para a administração das operações de uma empresa confeccionista. Desafio no que se refere às mudanças nas atuais tecnologias disponíveis para o setor desse segmento empresarial, o que implica adequações significativas para os gestores de produção, por exemplo, o monitoramento de tecnologias emergentes. Por sua vez, essas operações devem ser capazes de mover-se rapidamente para se adaptarem às mudanças tecnológicas e também desenvolverem melhor entendimento das relações entre o potencial das novas tecnologias e a possibilidade de inserção para o incremento da produtividade da empresa e sua maior competitividade no mercado. O crescimento significativo desse setor nos últimos anos, em decorrência da reestruturação produtiva iniciada nos anos de 1980, contribuiu para desencadear uma demanda constante de novas tecnologias voltadas para a expansão produtiva, assim como de profissionais especializados para a administração e gerenciamento dessa indústria. Além da abertura da economia, de acordo com Resende Filho (1999, p. 186), “[...] a inserção do país no mercado mundial globalizado não se daria em uma situação de igualdade”. A partir da década de 1990, desencadeou-se a competitividade de produtos em preços e qualidade frente à facilidade de importação. Em decorrência, inibiu-se a produção industrial brasileira, tal como se atesta a seguir: 26 Ao final da década de 1990, como decorrência da abertura da economia, a competitividade passou a aparecer como importante elemento a ser incorporado nas estratégias de crescimento das empresas e como questão central a ser enfocada pelas políticas de governo. A competição com produtos importados e a importância crescente das exportações induziriam uma demanda por inovações capazes de conferir competitividade ao produtor nacional, inclusive para garantir a inserção dos produtos no mercado internacional (CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003, p. 736). A ascensão de outras economias majoritárias no mercado da confecção, como a da China, fez com que o mercado internacional e o brasileiro defrontassem com produtos de menor preço, embora, muitas vezes, de qualidade inferior. Produtos de origem asiática, especialmente chinesa, tornaram-se competitivos por motivos diversos, como mão de obra barata, baixo preço de matérias primas e menor qualidade dos produtos. Essa realidade do setor confeccionista brasileiro e os efeitos das mudanças nos competidores internacionais também se refletem nas indústrias mineiras, que ainda convivem com algumas características específicas. De acordo com Pedrosa (2005), em Minas Gerais, a indústria da confecção não se encontra pulverizada em muitos municípios, senão que apresenta uma tendência a se aglomerar em alguns polos. Os principais polos de confecção são Região Metropolitana da Grande Belo Horizonte, Juiz de Fora, Divinópolis e Uberlândia. Outros municípios cujo número de empresas é menos expressivo são: Patos de Minas, Uberaba, Sete Lagoas, Governador Valadares, Formiga. Atualmente, os dados apresentados pela principal pesquisa setorial de inovação tecnológica no âmbito estadual e nacional não demonstram a realidade dos setores locais, o que impossibilita análises específicas, detalhadas e direcionadas para os municípios, mais especificamente, como o caso de Divinópolis (MG), cuja principal característica histórica e econômica é o setor têxtil. Pesquisas que identifiquem as características de esforço inovativo e de inovação são importantes para o direcionamento e alocação de investimentos. Por outro lado, constata-se, pela análise do referencial teórico específico, a quase inexistência de trabalhos científicos relacionados ao setor de confecções em Minas Gerais, o que reforça a importância desse estudo não apenas para um melhor conhecimento do setor, mas como uma contribuição para o planejamento estratégico baseado na inovação e na busca da melhoria de competitividade. Por tudo isso é que foi selecionado para esta pesquisa o município de Divinópolis (MG), localizado na região centro-oeste do Estado, polo de moda que 27 possui atualmente 570 indústrias de confecção de artigos do vestuário em atividade. Responsável pela geração de mais de cinco mil empregos formais, conhecida nacionalmente, conforme Fig. 1, como “Capital Mineira da Moda”, movimenta mais de R$120 milhões por ano (DIVINÓPOLIS, 2012). A confecção de artigos do vestuário é um dos setores mais representativos e tradicionais da economia de Divinópolis e formou-se entre as décadas de 1980 e 1990, com forte presença de micro, pequenas e médias empresas (SILVA; TAVARES; ANTONIALLI, 2012). Figura 1 - “Divinópolis Capital Mineira da Moda” Fonte: Foto de outdoor MG 050 - Anel Rodoviário de Divinópolis. Dados da pesquisa. Outro gerador de empregos é a prestação de serviços do setor (facção 2 ), estratégia utilizada para atender às sazonalidades dos produtos e contratos. De acordo com Piccinini, Oliveira e Fontoura (2006) e com o Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD, 2011), a facção é utilizada para suprir a falta de mão de obra interna das empresas nas diversas etapas do processo produtivo, principalmente na montagem de peças e acabamentos. 2 “Empresas faccionistas, em geral, não têm linha de produção própria, trabalhando sob encomenda para terceiros. Tais empresas contam apenas com instalações, mão de obra e equipamentos próprios. A empresa contratante orienta a faccionista em relação à matéria-prima, aos insumos e à fabricação. Essa modalidade de operação é bastante comum na fase de costura” (ABDI, 2009, p. 80). 28 Os produtos e nichos de mercado são muito diversificados, e entre eles há atacadistas, varejistas e as chamadas popularmente de “sacoleiras”. De acordo com García (2009, p. 1.580), talvez o surgimento dessa expressão “[...] seja decorrente da grande quantidade de pessoas com esta atividade que frequentam as imediações da Rua 25 de Março3, local onde foi obtida esta acepção”. Além da diversidade na demanda de produtos em termos de classe econômica, de acordo com o Sindicato da Indústria do Vestuário de Divinópolis (MG) (SINVESD, 2012), existe também a diversidade por segmento, que inclui desde a moda feminina até a infantil, além da moda festa, praia, lingerie, tamanho especial, entre outros. A inovação contemporânea, principalmente no segmento da indústria de transformação, como é o caso da confecção do vestuário, deve estabelecer uma relação estreita com a criação, o desenvolvimento e a sustentabilidade. Criar novos produtos ou processos com tecnologia inovadora deixou de ser apenas um avanço competitivo para as empresas e tornou-se necessária para criar uma imagem verde, com produtos com qualidade ambiental. Isso quer dizer reduzir o uso de matériaprima natural e de energia; otimizar os processos (AZZONE; NOCI,1998), além de desenvolver novas culturas para o consumo de produtos e serviços sustentáveis. Em síntese, isso significa produzir mais com menos, de maneira criativa (DAVIS; POPOVIC; CROWTHER, 2007, MARCHAND; STUART, 2008). Considera-se que o setor de confecção do vestuário tem relevância na economia mineira, mais especificamente em alguns municípios, e a perspectiva de ampliação desse setor evidencia a necessidade de pesquisas que voltem seus objetivos para a análise dos elementos dessa cadeia produtiva e sua compreensão. Neste contexto, o problema desta pesquisa é avaliar o nível de inovação em que se encontram as MPMEs do setor do vestuário no município de Divinópolis (MG) em relação ao nível estadual e nacional. 3 Rua 25 de Março: importante centro comercial da cidade de São Paulo (SP). 29 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Analisar as características de inovação e de atividades inovativas presentes na indústria de confecção do vestuário no município de Divinópolis (MG) e comparálos com os principais índices de inovação de Minas Gerais e do Brasil. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS A) Caracterizar o polo confeccionista do município de Divinópolis (MG) e o perfil das MPMEs que o compõem. B) Selecionar as características das atividades inovativas ou de inputs de produtos, processos organizacionais e de marketing presentes nas empresas estudadas. C) Identificar e analisar as características dos resultados ou outputs presentes nas empresas estudadas. D) Comparar os principais indicadores de output presentes nas empresas estudadas com os dados obtidos na pesquisa setorial de inovação, referentes à confecção de artigos do vestuário e acessórios de Minas Gerais e do Brasil. 30 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 O setor confeccionista do vestuário no Brasil: panorama histórico A industrialização no Brasil, de acordo com Melo et al. (2007), teve seu início com a indústria têxtil. No período colonial, do século XVI a meados do século XIX, a característica fundamental foi a incipiência da indústria têxtil, além de sua descontinuidade. Nas décadas seguintes, houve uma aceleração do processo de industrialização e, às vésperas da I Guerra Mundial, o Brasil tinha 200 fábricas, o que pode ser considerado como fator decisivo na consolidação da indústria têxtil brasileira, pois a limitação da capacidade do país de importar propiciou a oportunidade de crescimento da produção interna. É claro que esse crescimento deveu-se à demanda criada pela ausência da importação de tecidos, o que motivou a produção interna em detrimento da importação. A produção de roupas em massa tornou-se possível com a invenção da máquina de costura, em 1829. No entanto foi com a introdução do pedal em 1859, pelo inventor norte-americano Isaac Singer, que a máquina de costura assumiu um papel importante tanto nos domicílios quanto nas áreas fabris. Atualmente, quando se fala o nome Singer, faz-se uma relação direta com a marca cuja popularidade a fez firmar-se como sinônimo de máquina de costura e está presente e ativa em todo o mercado nacional e internacional. As máquinas de costura com motores elétricos apareceram no mercado em 1921 e, com isso, houve um grande aumento na produção, principalmente de roupas femininas (JONES, 2005). Nos Estados Unidos e na Europa, no período 1900 a 1925, houve uma mudança na indústria da confecção: da costura feita à mão evoluiu-se gradativamente para a confecção industrializada. Um dos fatores que permitiu essa mudança foi a introdução da divisão do trabalho. Assim, a confecção de um artigo que antes era realizada de uma só vez por um operador passa a ser fragmentada em diferentes operações e cada uma das partes é produzida separadamente em máquinas especializadas. O surgimento gradativo do sistema de pacotes para as operações de montagem possibilitou a introdução de técnicas de produção em massa (ABRANCHES; BRASILEIRO JUNIOR, 1996). 31 O esquema da divisão do trabalho foi apresentado por Taylor em 1911, em seu livro Princípios de Administração Científica, o que aumentou muito a produtividade na indústria. Jones (2005) corrobora as ideias dos autores supracitados apontando que os inspetores de fábrica logo descobriram que, se o operário aprendesse a produzir uma ou duas partes de uma peça de roupa, as operações seriam realizadas com maior rapidez na linha de produção, ou seja, uma economia de tempo e de movimentos, além da especialização na tarefa realizada. Veja-se a importância da engenharia industrial: No período de 1940 a 1950, a engenharia industrial começou a influenciar as práticas e os procedimentos usados na indústria de confecção. Pela primeira vez, as oficinas começaram a adotar métodos científicos para resolver as tarefas de regência industrial, entre as quais podem ser citadas as de layout, estudo de tempos, incentivos, métodos, desenvolvimento de postos de serviço, planejamento e produção, cronograma e controles. Ao mesmo tempo, os fabricantes de equipamentos reconheceram a importância de produzir máquinas de costura com maior velocidade e, ainda, outros tipos de equipamentos mais especializados (ANDRADE FILHO; SANTOS, 1987, p. 111). A tecnologia contemporânea para o setor envolve investimento elevado e beneficia apenas uma parcela das MPMEs. Por exemplo, a criação de softwares e equipamentos eletrônicos específicos para a criação e desenvolvimento de produtos viabilizou de forma rápida e precisa a construção de looks diversos para as coleções. Através de ferramentas computadorizadas, é possível ao designer a aplicação de cores, tecidos, formas, texturas, acessórios e aviamentos, entre outros, no desenvolvimento de peças do vestuário. Para a modelagem, é possível criar moldes e graduações automáticas e eficazes para todos os manequins. Para o encaixe dos moldes nos tecidos, é possível realizar operações rápidas com economia de tecido e redução de resíduos têxteis. Para a impressão dos moldes nos tecidos (risco), utiliza-se plotter com moderna tecnologia, que garante alta velocidade, precisão e baixo custo nas impressões. Para o enfesto 4 e corte dos tecidos, são utilizadas máquinas automáticas com lâminas de corte ou a laser, capazes de reduzir o tempo da operação, além de otimizar o processo produtivo. A mais recente tecnologia refere4 Disposição dos tecidos, estendidos em uma mesa, em várias camadas sobrepostas para o corte. 32 se ao sistema de 3D, um software para simulação de peça-piloto, ou seja, a modelagem pode ser feita diretamente nos manequins virtuais, promovendo otimização do tempo, redução nos custos e no desperdício de materiais (AUDACES, 2013). Conforme o SENAI (2013), o setor confeccionista conta, hoje, com um Laboratório de Ensaios Tecnológicos que permite a realização de vários testes inovadores, com certificação no Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), o que garante o controle de qualidade de seus produtos: ensaio em costurabilidade nas máquinas, ensaio de determinação da densidade de pontos por centímetro e controle de qualidade em materiais têxteis para confeccionados. Para Andrade Filho e Santos (1987), quando se fala em confecção, imediatamente pensa-se em vestuário, que é sinônimo de roupa. No entanto as indústrias de confecção também são responsáveis pela confecção de cortinas, lenços, artigos de cama, mesa e banho, entre outros tantos que dão forma aos tecidos. Para a produção, são necessárias várias máquinas e equipamentos, a fim de realizar o corte, a costura, o acabamento das peças, entre outros. Esse trabalho é realizado por pessoal treinado, normalmente constituído por mulheres. Conforme Lima (2010, p. 11), “a cadeia têxtil/vestuário no Brasil ainda é basicamente constituída pelo trabalho das mulheres, sobretudo no setor de confecções, que continua sendo o mais intensivo em mão de obra.” Em termos econômicos, a indústria têxtil do Brasil, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (CNI/ABIT, 2012), é formada por aproximadamente 30 mil empresas em todo o país, sendo grande parte delas de pequeno e médio porte, conforme Gráf. 1, entre fiações, tecelagens, malharias, estamparias, tinturarias e confecções. De acordo com IPEAD (2011, p. 35), “[...] a cadeia produtiva têxtil e do vestuário é formada, majoritariamente, por pequenas e médias empresas, com o porte médio diminuindo à medida que se caminha para o final da cadeia.” Para mencionar alguns dados, o faturamento da cadeia têxtil e de confecção do Brasil, em 2010, foi de US$60,5 bilhões, e de US$67 bilhões em 2011. A produção média de confecção é de 9,8 bilhões de peças (vestuário, cama, mesa e banho), com 1,7 milhão de empregados diretos e 8 milhões somando-se os indiretos, dos quais 75% são de mão de obra feminina. 33 O Brasil é o quinto maior produtor têxtil do mundo, responsável por 16,4% dos empregos e por 5,5% do faturamento da indústria de transformação brasileira. Nesses dados se vê a importância nacional e internacional do setor. A cadeia têxtil é uma indústria que se moderniza cada vez mais, sendo o quarto maior parque produtivo de confecção do mundo. Gráfico 1 - Porte das empresas cadeia têxtil Distribuição da cadeia têxtil pelo porte Micro empresa 83,3% Pequena empresa 14,4% Média empresa 2,1% Grande empresa 0,2% Fonte: Adaptado da CNI/ABIT, 2012. Em 2012, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2013), o consumo de produtos do setor têxtil no Brasil somou o valor de R$102 bilhões, o que representa 3,7% do total das despesas do consumo das famílias brasileiras. O maior percentual dos gastos, ou seja, 45% referem-se ao consumo de artigos para mulheres, 36% de artigos para os homens, 17% infantis e 2% em tecidos e artigos de armarinho. O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia têxtil, no período atingiu R$ 38,3 bilhões, distribuídos em fabricação de produtos têxteis (R$ 8,1 bilhões), confecção de artigos do vestuário e acessórios (R$ 9,5 bilhões) e varejo de produtos têxteis e de confecção (R$ 20,7 bilhões). 34 4.1.1 A indústria têxtil e de confecções em Minas Gerais A indústria do vestuário teve importância fundamental no processo de industrialização do estado de Minas Gerais à semelhança da industrialização em outras partes do país, importância que foi muito evidenciada a partir da década de 1970. A indústria mineira do vestuário, segundo Andrade (2002), desenvolveu-se devido a alguns fatores importantes como a produção de matéria-prima dentro do próprio estado, sua localização estratégica em relação ao mercado consumidor e fornecedor de matéria-prima. Isso possibilitou a criação de novos postos de trabalho, novos negócios, surgimento de novas marcas reconhecidas nacional e internacionalmente, o que beneficiou a economia do Estado. Ainda de acordo com o mesmo autor, “a disponibilidade de áreas industriais de fácil acesso para a mão de obra utilizada, a facilidade de obtenção de mão de obra de baixo nível de escolaridade, predominantemente feminina” (ANDRADE, 2002, p. 46), foram fatores que muito contribuíram para o crescimento e desempenho da indústria mineira do vestuário. Em relação à concepção cultural do gênero, quanto ao papel da mulher no setor produtivo de uma confecção de artigos do vestuário, Gazzona (1997, p. 90) especifica: [...] qualidades e habilidades consideradas naturais à mulher como a docilidade, a menor combatividade, a maior sensibilidade aos problemas da família ou ao desempenho de algumas atividades como a costura, são produto de educação e de formação nem sempre adquiridas por vias formais, e sim, por exemplo, como parte das atribuições de uma dona de casa. Nos anos de 2002 e 2005, o segmento têxtil mineiro apresentou desempenho superior ao resto do Brasil. No entanto na crise econômica de 2008 o setor foi um dos mais impactados do país, com queda de 13,26% da produção entre julho de 2008 e julho de 2009. No período de janeiro a julho de 2011, mesmo depois de apresentar queda de produção em relação ao mesmo período do ano anterior (9,96%), o segmento voltou a ter desempenho superior ao brasileiro (14,4%) (IPEAD, 2011). De acordo com a FGV (2013), o Sudeste mostrou, em 2012, os 35 maiores índices de despesas com produtos têxteis do Brasil. O percentual foi de 46,3% do índice nacional, enquanto as regiões Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste ficaram com os restantes 53,7%. A Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) é a principal pesquisa do tipo survey do Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através do Ministério de Ciência e Tecnologia, com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Essa pesquisa tem por objetivo a construção de indicadores setoriais nacionais e, no caso da indústria, também regionais, das atividades de inovação das empresas brasileiras, comparáveis com as informações de outros países, e indicação dos fatores que influenciam o comportamento inovador das empresas, as estratégias adotadas, os esforços empreendidos, os incentivos, os obstáculos e os resultados da inovação. Esses indicadores de inovação abordam questões como: atividades inovativas (esforço inovador), dispêndios com pesquisa e desenvolvimento (P&D), aquisição externa de P&D, aquisição de outros conhecimentos externos, aquisição de software, aquisição de máquinas e equipamentos, treinamento, introdução das inovações de produto e processo no mercado e outras preparações para a produção e distribuição. Outros indicadores de inovação envolvem: Estatísticas de P&D (gastos em P&D, pessoal alocado em P&D), patentes, monitoração direta da inovação (contabilização e classificação dos anúncios de descobertas de novos produtos), indicadores bibliométricos (contabilização de artigos científicos, mais indicadores para pesquisa básica) e técnicas semiquantitativas (avaliação de desempenho do departamento de P&D) (STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006, p. 40). Também são considerados indicadores de inovação as fontes de financiamento das atividades inovativas, fontes de informação para inovação, cooperação para inovação, apoio governamental, entre outros. O IBGE/PINTEC publica os indicadores setoriais da inovação nas empresas industriais brasileiras em nível regional e nacional, a cada triênio, desde o ano 2000. 36 4.2 Conceitos associados à inovação Embora termos como “tecnologia”, “inovação” e “inovação tecnológica” sejam amplamente utilizados nos mais variados setores da sociedade, é importante salientar que, neste estudo, esses termos remetem a elementos ligados à produção industrial, especificamente à indústria de transformação. O conceito de inovação utilizado neste estudo foi desenvolvido pelo Manual de Oslo 5 , editado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2005), responsável pelas definições mundialmente adotadas sobre inovação. 4.3 Tecnologia A tecnologia busca a interação do ser humano com o seu meio físico, através do conhecimento das técnicas. A tecnologia é mais especializada que a técnica por se tratar de estágios mais avançados. A diferença de técnica e tecnologia é assim definida: Técnica define a capacidade de produzir e fazer mesmo sem artefatos; já a tecnologia engloba conhecimentos acumulados, trabalho e habilidades, englobando não só os empreendimentos mais difíceis, mas também os esforços pacientes e contínuos; não só as mudanças rápidas que costumam ser chamadas de revolucionárias, mas também as lentas melhorias nos processos e ferramentas, além das inúmeras ações que podem não ter significância inovadora imediata, mas que são frutos de conhecimento acumulado (FIGUEIREDO, 2009, p. 20). Além disso, a tecnologia pode apresentar-se com conteúdo tácito, cuja parte do conhecimento tecnológico é fonte das habilidades e competências das pessoas incorporadas à rotina de trabalho (PORCILE; ESTEVES; SCATOLIN, 2006). Para a CNI (2005), o desenvolvimento de novas tecnologias é importante para a indústria, e é frequente na percepção empresarial que a competitividade é resultado de investimento em desenvolvimento tecnológico e inovação. Os autores 5 Manual de Oslo - Proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação tecnológica, que tem o objetivo de orientar e padronizar conceitos, metodologias e construção de estatísticas e indicadores de pesquisa de P&D de países industrializados. 37 acima citados corroboram com essas ideias ao afirmarem que, ao se implantar uma inovação em uma empresa, esperam-se ganhos de produtividade ou competividade. 4.4 Inovação Os estudos e conceitos da dinâmica do processo de inovação, no viés de mudança tecnológica, emergem da teoria do desenvolvimento econômico, a partir dos trabalhos de Joseph Schumpeter (HASSENCLEVER; TIGRE, 2002; INÁCIO JUNIOR, 2012). Stal, Campanário e Andreassi (2006, p. 45-46) corroboram a ideia ao alegarem que “foi só a partir dos trabalhos de Schumpeter, na primeira metade do século passado, que a tecnologia é analisada mais a fundo, nas respectivas das teorias de desenvolvimento econômico.” Toda mudança na forma de fazer negócios ou relativas à melhoria dos produtos ou dos processos produtivos gera oportunidades para uma maior sustentação e liderança econômica, de acordo como Schumpeter (1988), em seu livro A Teoria do Desenvolvimento Econômico. Contudo são necessárias políticas de fomento e incentivos, com baixas taxas de juros, crédito e capital disponíveis para o desenvolvimento econômico. Num modelo de economia estacionária, a figura do empresário inovador é imprescindível para que as mudanças ocorram. Nesse sentido, cabe ao empreendedor uma hegemonia capaz de induzir o consumidor à demanda e ao consumo de novos produtos, com vistas a obter um lucro extraordinário. Em seu livro, Capitalismo, Socialismo e Democracia, Schumpeter (1961)6, aborda o processo de destruição criativa, o que significa mudanças que envolvem fatores e respostas intrínsecos aos próprios produtos, seja na qualidade, nos métodos de produção, no avanço tecnológico ou em outros aspectos. A complexidade do termo inovação pode ser facilmente confundida com invenção. Inovação vem do termo latino Innovare e significa renovar ou mudar (VADROT, 2011). Assim, a inovação pode utilizar tecnologias existentes em uma combinação criativa, mas pode também nem mesmo ter um componente tecnológico dominante no desenvolvimento de novos produtos e processos que altere a estrutura industrial, mediante pesquisa e desenvolvimento (P&D). 6 Original publicado em 1942. 38 Assim, a pesquisa não é vista simplesmente como uma fonte de invenções que precede a inovação, e sim como uma ferramenta que se utiliza para resolver os problemas que aparecem em qualquer fase do processo de inovação, que é complexo, diversificado, pois engloba várias fases que realizam a interação entre oportunidades de mercado e a base de conhecimentos e habilidades da firma (IBGE, 2004, p. 12). Normalmente, as inovações implementadas são incrementais e contínuas e raramente muda de forma drástica o padrão tecnológico existente, por causa de novas invenções (FREEMAN, 1982; SEBRAE, 2007). Para Martins (2010, p. 14) as “invenções estão associadas a descobertas – tecnologias, patentes e fórmulas”. A inovação não precisa ser totalmente nova, mas deve acrescentar algo diferente, que seja percebido como novidade pelo usuário (GRIZENDI, 2011). Assim, a inovação engloba todo o processo dinâmico em busca do novo e estão dividas em quatro tipos: inovação de produto, de processo, de marketing e organizacional (OCDE, 2005). Outras formas de inovação são aquelas relacionadas ao design, ao serviço, ao atendimento, à logística, ao pós-venda, entre outros (CORAL; OGLIARI; ABREU, 2008). São vários os níveis de inovação, desde produtos nunca vistos até aqueles já existentes aos quais se agregam melhorias, novas funções e utilizações. Ressaltase que as inovações diferem entre si, quando se pensa geograficamente, isto é, o nível da novidade pode abranger apenas a própria empresa, pode alcançar o nível nacional e até chegar ao nível mundial. A Teoria do Desenvolvimento Econômico define a inovação do produto e do processo numa dinâmica in locus, em decorrência das práticas empíricas, como: Introdução de um novo bem, ou seja, um bem com que os consumidores ainda não estiverem familiarizados, ou de uma nova qualidade de um bem. Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação, que de modo algum precisa ser baseada numa descoberta cientificamente nova (SCHUMPETER, 1988, p. 48). Figueiredo (2009) define os tipos e os níveis de inovação, de acordo com seus graus, variando de simples (iniciação à inovação) à complexa (inovação de 39 nível mundial) e descreve as atividades que expressam esses diferentes graus de inovação, conforme descrito no Quadro 1: Quadro 1 - Definição dos tipos e níveis de inovação Tipos/Níveis de inovação Inovação básica Definições Pequenas alterações em processos de produção, produtos e/ou equipamentos com base em imitação ou cópia de tecnologias existentes. Trata-se de novidade para a empresa. Inovação incremental Corresponde a pequenas melhorias nos componentes da tecnologia intermediária existente, mas as relações entre os componentes permanecem inalteradas. Trata-se de novidade para a empresa. Pequenas alterações em processos de produção, produtos e/ou Inovação incremental equipamentos com base em imitação ou cópia de tecnologias avançada existentes. Trata-se de novidade para a empresa. Compreende as alterações nas relações entre os elementos da Inovação arquitetural tecnologia, sejam em produtos ou em sistemas, sem que os componentes individuais sejam modificados. Trata-se de novidade para o mercado onde a empresa opera. Estabelece um conceito novo para o mercado mundial, em que novos Inovação radical componentes e elementos são combinados de uma forma diferente, formando uma arquitetura nova. Trata-se de novidade para o mundo. Fonte: Adaptado de FIGUEIREDO, 2009, p. 36. Na prática, é mais fácil gerenciar as inovações incrementais, pois os produtos, processos ou serviços já são conhecidos, criando-se apenas um avanço da economia através das melhorias incrementadas. As inovações radicais, que rompem totalmente com os produtos, processos e serviços existentes, podem apresentar alto risco, são desafios para a indústria brasileira e demandam grande investimento na gestão da inovação. A inovação, associada ao desenvolvimento econômico, assume papel de extrema importância e abrangência. Por isso tornaram-se viáveis e necessários os estudos e as análises dos fatores contingenciais. Vários modelos buscaram explicar o processo de mudança tecnológica, além da necessidade de compreender a sua dinâmica nos diversos aspectos organizacionais. O primeiro modelo baseou-se no sistema linear de inovação, foi conhecido por meio da abordagem technology-push ou science-push7 e remonta aos trabalhos de Schumpeter (1988). O segundo modelo linear de inovação diz respeito à demanda de mercado, conhecido por meio da abordagem denominada demandpull ou market-pull8, creditado aos estudos de Schmookler (1966). Esses modelos pressupõem que a pesquisa tecnológica decorre da pesquisa científica. Com base nesse pressuposto, surgem novas abordagens que se opõem 7 8 Impulso pela tecnologia ou impulso pela ciência. Puxado pela demanda ou puxado pelo mercado. 40 ao tradicional modelo linear, direcionadas para compreender a inovação num processo dinâmico e interativo e o avanço do conhecimento científico (MAÇANEIRO; CUNHA, 2011; INÁCIO JÚNIOR, 2012). Constata-se que nem toda invenção conduz a uma inovação e atinge a etapa de comercialização, sem nenhum entrave contingencial ou sociocultural das organizações. De acordo com Nicolsky (2010), o modelo linear parte do princípio de que a inovação deve percorrer um processo sequencial de etapas bem definidas: (I) pesquisa científica, (II) pesquisa aplicada (invenção), (III) desenvolvimento experimental e (IV) comercialização de novos produtos. Este modelo é utilizado em países de baixo índice de inovação ou por aqueles que não têm uma cultura inovativa definida. Supõe-se um fluxo contínuo de inovações, como um processo industrial, geradoras de invenções radicais por meio de descobertas científicas. Porém o que ocorre são resultados relativamente raros, implementados no mercado após longo período de pesquisas. Há uma conexão irrealista entre “descoberta científica e aplicada” e “desenvolvimento tecnológico” como geradores de produtos novos ou incrementados para o mercado. A ruptura efetiva com o fluxo está indicada na Fig. 2, pela linha tracejada, em decorrência da falta de uma ampla estrutura de P&D, com investimentos a longo prazo, capazes de transformar as descobertas em tecnologias competitivas ou novos produtos e processos (NICOLSKY, 2010). Figura 2 - Modelo linear de inovação Conexão irrealista Descoberta/ pesquisa científica Descoberta/ pesquisa aplicada (invenção) Desenvolvimento tecnológico Produto novo ou melhoria Fonte: Adaptado de NICOLSKY, 2010, p. 34. Nicolsky (2010, p. 35) critica a dependência direta que a inovação mantém do conhecimento científico: “[...] o modelo linear é aplicável apenas aos processos representativos de descobertas de conhecimentos científicos aplicáveis, ou de novas aplicações de princípios científicos conhecidos.” O autor alega ainda que a descoberta aplicada ou a invenção é relativamente rara e, para amadurecer um produto inovado para o mercado, leva-se em média de 41 10 a 30 anos, ou mais. O setor produtivo empresarial é o principal responsável pelas inovações, ou seja, sua fabricação e comercialização devem estar em consonância com as exigências do mercado. De acordo Tidd, Bessant e Pavitt (2008, p. 27), “a teoria da inovação ensina que, depois de uma invenção, há um período em que todas as formas de design e ideias são experimentadas, antes que finalmente o modelo dominante se estabeleça e a indústria comece a amadurecer.” Frente às teorias do regime tradicional ou rotineiro da abordagem linear, surge a corrente dos neoschumpeterianos ou evolucionistas, entre os quais encontram-se Nelson e Winter (1982), Rosenberg (1982), Freeman (1987) e Dosi (1988), que dedicaram seus esforços a vários estudos e análises empíricas do processo inovativo. Os neoschumpeterianos, “[...] interpretam a presença da firma no mercado sob uma perspectiva evolucionária, a partir de processos de busca e seleção” (GRASSI, 2006, p. 616). O processo empírico de inovação não demonstrava analogia entre investimento em P&D e resultados tecnológicos aplicáveis no mercado e em suas demandas. A reboque dessa concepção, a partir dos anos de 1980, ocorre a evolução dos modelos de inovação numa abordagem dinâmica e interativa entre as oportunidades de mercado e os conhecimentos endógenos da firma. O modelo interativo (chain-linked model 9 ), concebido por Kline e Rosenberg (1986), inclui redes de empresas especializadas, universidades e centros de pesquisa, além de diferentes atividades de pesquisa, industriais e comerciais. A empresa é vista como acumuladora de competências organizacionais com vistas à competitividade, numa visão não linear. (DANTAS; KERTSNETZKY; PROCHNIK, 2002; HASSENCLEVER; TIGRE, 2002; INÁCIO JUNIOR, 2012). Os autores neoschumpeterianos rejeitam o paradigma do equilíbrio característico da análise neoclássica, propondo para o seu lugar o estudo da interação endógena entre estratégia (da firma) e estrutura (do mercado) ao longo do tempo a partir dos esforços inovativos das empresas, onde o desequilíbrio é a regra. A concorrência passa a ser pensada como um processo dinâmico incessante, endógeno ao sistema econômico, capaz de gerar instabilidade estrutural, e no qual a diversidade e as assimetrias competitivas são características permanentes (GRASSI, 2002, p. 12). 9 Modelo de ligações em cadeia. 42 O processo da inovação pelo modelo dinâmico constitui-se com cinco elementos principais: mercado potencial, invenção e/ou produção de um projeto básico, projeto detalhado e teste, redesenho ou reprojeto, produção e distribuição, e comercialização (LONGANEZI; COUTINHO; BOMTEMPO, 2008; INÁCIO JUNIOR, 2012; MOREIRA; VARGAS, 2009). O IBGE corrobora o pensamento dos autores supracitados e contrapõe-se ao modelo linear de inovação: “[...] a inovação é compreendida como um conjunto de atividades relacionadas, sem progressão linear; para resolver os problemas, é possível voltar a etapas anteriores” (IBGE, 2004, p. 12). De acordo com Nicolsky (2010), para os países desenvolvidos e inovadores, o modelo dinâmico de inovação atua diretamente fomentando o processo inovativo, diferentemente do modelo linear, mesmo em uma área na qual não haja domínio científico. Para o autor, “[...] a ligação da ciência para a geração de tecnologia ocorre de forma indireta, via acervo de publicações, significando que o caráter inovador de um país não depende diretamente dos seus cientistas” (NICOLSKY, 2010, p. 37). Além disso, o resultado da ligação da área acadêmica com a pesquisa tecnológica é a formação de recursos humanos qualificados, capazes de transformar o quadro econômico setorial de um país. A Fig. 3 apresenta a dinâmica da inovação. Figura 3 - Modelo da dinâmica da geração de inovação tecnológica exercida nos países inovadores “Market pull” Ciência Acadêmica Realimentação da Ciência: Demanda de mais conhecimentos ”technology push” Conhecimento Científico globalizado: disponível em revistas de países desenvolvidos na forma de artigos (papers) Fonte: Adaptado de NICOLSKY, 2010, p. 37. Inovação Tecnológica de produtos/processos (patentes) 43 Outro contraponto ao modelo linear parte do economista “Linsu Kim”, principal ideólogo do desenvolvimento e do aprendizado tecnológico da Coreia. Para Kim (1997), a P&D por empresas, universidades e institutos, em economias desenvolvidas, tem um papel fundamental na expansão da fronteira tecnológica, porém as inovações em países em desenvolvimento são, sobretudo, resultado dos esforços gerados pela adaptação de tecnologias desenvolvidas e disponíveis no mercado através de “cópias criativas”. A chamada engenharia reversa foi usada como ferramenta standard dominante da acumulação de competência tecnológica da Coreia. Desfazendo produtos e processos, os coreanos aprenderam também a inovar tecnologicamente para competir com o Japão e Estados Unidos. Ressalta-se a importância do uso exclusivo das inovações na produção, exploração e comercialização, através de patentes (CHAVES et al., 2007). De acordo com Hyodo e Fujino (2011, p. 2091), “o interesse na transformação do conhecimento em produto ou serviço para a sociedade depende de vários fatores, entre eles a detenção dos direitos de produção e comercialização pela empresa ou indústria.” O desenvolvimento de novos produtos pelas empresas da cadeia têxtil é dominado pelos fornecedores (PAVITT, 1984), principalmente pela indústria química na produção de fibras naturais, artificiais e sintéticas. A indústria do vestuário depende da indústria têxtil pelos insumos fornecidos por meio de fiação, tecelagens e malharias, além da indústria de bens de capital. Assim, as inovações desse setor estão relacionadas principalmente ao corte dos custos e à melhoria do processo produtivo (IPEAD, 2011; GONÇALVES et al. 2012; INÁCIO JUNIOR, 2012). A maior dependência dos produtos em relação às variações da moda e a redução de seu ciclo de vida constituem mecanismos pelos quais as empresas líderes se protegem contra cópias e imitações, dada a ineficiência da aplicação de patentes nos segmentos de tecelagem e confecções, por exemplo. Esse mecanismo determina um padrão competitivo que requer constante investimento em diferenciação dos produtos e fortalecimento da marca no mercado (IPEAD, 2011, p. 44). Assim, uma empresa inovadora deverá adotar a inovação como fator estratégico determinante de competitividade como valor intangível. A inovação deve ser considerada, de acordo com Dauscha (2010), como um desafio para os 44 empresários. É necessário entender e incorporar a ideia de que maiores investimentos em inovação, em geral, possibilitam maior competitividade local, nacional ou internacional do negócio, além de aumentar o poder aquisitivo da população e, consequentemente, do mercado como um todo. É importante reconhecer que a inovação e a tecnologia são fatores relevantes para o crescimento econômico e da prosperidade social (AUTANT-BERNARD et al., 2010). 4.5 Inovação Tecnológica Certas inovações tecnológicas, como o surgimento do automóvel, têm o poder de transformar os sentimentos, percepções, expectativas e, principalmente, as possibilidades de uma era (ZUBOFF, 1988). 10 Nessa perspectiva, inovar não é simplesmente criar algo tecnologicamente novo; implica viabilizar economicamente uma nova ideia, que pode ser ou não resultado de um invento genuíno, capaz de gerar mudanças sociais, políticas e econômicas. Portanto a inovação tecnológica é a junção da tecnologia ou do conhecimento a uma nova informação capaz de criar ou alterar produtos, processos produtivos e serviços, levando à melhoria da produtividade em toda esfera da produção. A OCDE (2005), por via do “Manual de Oslo”, 2ª edição (OCDE, 1997), considera inovações tecnológicas como implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnológicas em produtos e processos. Na 3ª edição do Manual da OCDE (2005, p. 55), “As inovações de marketing e as inovações organizacionais ampliam o conjunto de inovações tratadas pelo Manual em relação à edição anterior.” 4.6 Inovação Organizacional e de Marketing A inovação organizacional, segundo IBGE/PINTEC (2010), é a implementação de um novo método nas práticas de negócios da empresa, para o funcionamento do seu local de trabalho ou em suas relações externas, visando melhoria no uso do conhecimento, eficiência dos fluxos de trabalho ou qualidade dos bens ou serviços. 10 Original publicado em 1951. 45 Os resultados de decisões estratégicas tomadas pela direção constituem novidade organizativa que, por sua vez, constituem: Novas técnicas de gestão para melhoria das rotinas e práticas de trabalho, assim como o uso e a troca de informações, de conhecimento e habilidades dentro da empresa, novas técnicas de gestão ambiental, novos métodos de organização do trabalho, para melhor distribuir responsabilidades e poder de decisão, e mudanças significativas nas relações com outras empresas ou instituições sem fins lucrativos (IBGE/PINTEC, 2010, p. 24). A inovação de marketing está relacionada com mudanças novas e significativas, implementadas na concepção de produtos ou de sua embalagem, no posicionamento do produto no mercado, na promoção ou na fixação de preços, melhoria para os clientes, novos mercados e reposição de produtos no mercado, desde que representem novidades para a empresa (IBGE/PINTEC, 2010). 4.7 Inovação e Sustentabilidade Em décadas recentes, governo, mercado e sociedade têm incentivado a preocupação com a sustentabilidade, tanto no que diz respeito aos processos produtivos, quanto à diversificação dos produtos. Há uma série de problemas ambientais que ocorrem em escala global, os quais tanto afetam a economia quanto o tecido social, agravados pelas práticas produtivas e seus modelos de produção ecologicamente incorretos. Entre esses fatores, citam-se: Aquecimento global e ameaças impostas pelas mudanças climáticas; poluição ambiental e pressão por produtos e serviços “ecologicamente orientados”; aumento e distribuição da população, com os problemas acessórios do aumento da concentração urbana; fontes alternativas e renováveis; saúde e fatores relacionados ao acesso a padrões básicos de atendimento, água tratada, medidas sanitárias etc. (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008, p. 70-71). A indústria do vestuário, assim como a de outros segmentos, exerce pressão sobre os recursos naturais, por causa da exigência de matérias-primas, água, 46 energia, o que causa problemas ao meio ambiente através do descarte principalmente dos resíduos têxteis, efluentes de lavanderias e, em menor proporção, óleos lubrificantes restantes do uso de máquinas e equipamentos, entre outros. Assim, o ritmo de produção, nesse caso, contribui para o aumento da degradação do meio ambiente, já que a produtividade é proporcional à quantidade de material descartado no meio ambiente. É em consideração a esses fatos que Teixeira e Castillo (2012) salientam a necessidade de as empresas do vestuário adotarem uma postura mais voltada para a questão da sustentabilidade. Essa postura é chamada de Gestão Ambiental, que “permite que as empresas reavaliem seus processos produtivos e os impactos ambientais de forma a voltar sua estratégia para as questões que envolvem a sustentabilidade ambiental” (TEIXEIRA e CASTILLO, 2012, p. 198-199). A pressão sobre os recursos naturais e o consequente impacto ambiental podem ser amenizados por algumas ações ambientalmente responsáveis do setor do vestuário. Um exemplo é a utilização do selo “Qual” para a certificação de qualidade e sustentabilidade da indústria têxtil e de moda. De acordo com a CNI/ABIT (2012, p. 52), essa certificação “atesta que o fabricante do produto não utiliza mão de obra informal em sua empresa, que a empresa atende às normas ambientais, não descartando resíduos que causem poluição ao meio ambiente, além de ser socialmente responsável.” A inovação social é capaz de atender à demanda de produtos com eficiência e consciência ambiental, mensurar várias dimensões, seja nos lucros, seja na participação do mercado, sem comprometer as futuras gerações. Mas não se pode esperar que empresas adotem um modelo de produção sustentável se não houver inovação, e, muitas vezes, esta depende do estímulo dado ao desenvolvimento científico e tecnológico (CNI/ABIT, 2012, p. 9). A inovação não representa um trade-off para a sustentabilidade. Atualmente, produtos como os tecidos inteligentes, fibras naturais e reciclados são desenvolvidos com um novo conceito e com características capazes de manter a preservação, criar uma nova postura social e controlar os impactos gerados ao meio ambiente, de modo a se enquadrarem em um modelo de processo produtivo sustentável. Trata-se, nesse caso, do uso de matérias-primas renováveis, sendo elas recicladas e/ou orgânicas. 47 Para Boss (2009), as empresas são capazes de convencer as indústrias têxteis a criar tecidos sustentáveis e a compartilhar tais inovações com os concorrentes, numa relação aberta e clara. De acordo com Freeman e Soete 11 (2008), o desenvolvimento ambiental sustentável para as empresas privadas conta com alguns instrumentos de políticas orientadoras, principalmente: (I) a regulação direta, (II) instrumentos econômicos, (III) compras governamentais e (IV) políticas para alterar os vínculos das mudanças técnicas. Tidd, Bessant e Pavitt (2008) afirmam que, além dos desafios, há também oportunidades para a inovação. Segundo os autores, outro norteador importante da inovação refere-se à descontinuidade em torno da sustentabilidade. Muitas vezes a incongruência nesse ciclo de informações pode gerar novas oportunidades para as empresas entrantes, frente a regras sustentáveis mais rígidas ou a mudanças em prol dos atores sociais e ambientais. A gestão ambiental não é apenas um conjunto de práticas, mas de mudanças de comportamento e de responsabilidade social, atitudes, que asseguram a preservação do ecossistema. No caso da indústria da moda, por exemplo, autores como Schulte e Lopes (2008) demonstram que a sustentabilidade tornou-se um desafio para esse setor, não apenas como uma exigência a ser cumprida, mas um quesito necessário para que se mantenham no mercado, de forma competitiva. Esse novo paradigma pode ser observado em pelo menos dois modelos de processo produtivo: a logística reversa e a P+L (Produção mais Limpa). A logística reversa organiza as etapas do processo produtivo de modo a possibilitar a reutilização de material através da coleta, desmonte e processamento de produtos, a fim de garantir seu reaproveitamento e reduzir a poluição do meio ambiente. Shibao, Moori e Santos (2010, p. 1) definem a logística reversa como: [...] processo de planejamento, implantação e controle eficiente e eficaz de custos, dos fluxos de matérias-primas, produtos em estoque, produtos acabados e informação relacionada, desde o ponto de consumo até um ponto de reprocessamento, com o objetivo de recuperar valor ou realizar a disposição final adequada do produto. 11 Original publicado em 1997. 48 A logística reversa no contexto organizacional está associada à reciclagem, já que reduz uma quantidade significativa de descartes. Um exemplo da reutilização de materiais é a confecção de camisetas a partir da combinação do algodão com PET (Polietileno Tereftalato). Outro exemplo são as sacolas ecológicas retornáveis (ecobags), produzidas a partir de tecidos naturais, reduzindo, assim, os resíduos advindos do uso de sacolas plásticas. A produção mais limpa é uma técnica ou um modelo de produção que enfatiza o aumento do uso eficiente de recursos necessários à produção como matérias-primas, energia e água, de modo a minimizar a geração de resíduos derivados do processo produtivo. De acordo com Elias e Magalhães (2003, p. 5), “[...] a P+L não se preocupa simplesmente com o sintoma, mas procura conhecer as raízes do problema.” E um diferencial que a P+L traz é o fato de não se limitar a tratar os resíduos, mas diagnosticar a origem deles, de modo a encontrar formas de evitá-los. Desse modo, constata-se que, ao invés de se limitar a utilizar recursos devolvendo à natureza resíduos ao final do processo, a P+L possibilita, ao mesmo tempo, preservar as fontes de recursos naturais e tornar o processo produtivo mais econômico: “O Programa de Produção mais Limpa objetiva fortalecer economicamente a indústria através da prevenção de poluição, contribuindo com a melhoria da situação ambiental de uma certa região” (ELIAS; MAGALHÃES, 2003, p. 5). Ressaltam Severo et al. (2009, p. 4) que a P+L, além de permitir a conciliação entre as preocupações ambientais e o fortalecimento econômico, também possibilita a melhoria das condições de saúde e de segurança no trabalho. O acúmulo de sobras de tecidos, principal matéria-prima na confecção do vestuário, é uma prática comum de muitas empresas e evidencia a necessidade de uma P+L e mudanças organizacionais no ambiente produtivo, além de programas de descarte e melhoria na qualidade dos produtos e processos. A Organização Não Governamental (ONG) “Lixo e cidadania”12 é um exemplo de ação sociocultural e ambiental desenvolvida no município de Divinópolis (MG): oficinas de artesanato com o projeto “Retalho e Arte” reaproveitam resíduos têxteis doados por confecções. A Ong também realiza palestras, desenvolve consultorias na gestão de resíduos 12 http://www.lixoecidadania.org/index.asp?c=padrao&modulo=conteudo&url=16 49 para empresas e instituições, além de incentivar a coleta seletiva de lixo no município. 4.8 Inovação de produtos e processos novos ou substancialmente aprimorados no contexto da pesquisa A referência conceitual adotada nesta pesquisa tem como base a PINTEC 2008 que, por sua vez, segue a recomendação do Manual de Oslo (OCDE, 2005) e o modelo da terceira versão da Community Innovation Survey - CIS - versão 2008, proposto pela Statistical Office of the European Communities - EUROSTAT - da qual participaram os 15 países membros da Comunidade Europeia. Assim, o conceito de inovação adotado pela PINTEC 2008 é: [...] a inovação de produtos e processos é definida pela implementação de produtos (bens ou serviços) ou processos tecnologicamente novos ou substancialmente aprimorados. A implementação da inovação ocorre quando o produto é introduzido no mercado ou quando o processo passa a ser operado pela empresa (IBGE/PINTEC, 2010, p. 18). A inserção na economia de bens de consumo ou a implantação de tecnologia ou de métodos, equipamentos e softwares novos ou substancialmente aprimorados de suporte à produção garantirão o grau de novidade necessário às invenções ou às melhorias incrementais frente à capacidade de suprir as necessidades do tecido social. Em síntese, as abordagens de análise do processo de inovação ocorrem em três estágios, conforme Vaisnore e Petraite (2011): no primeiro, as ideias são coletadas ou geradas; em seguida ocorre o desenvolvimento e a especificação dessas ideias para, finalmente, transformá-las em produtos comercializáveis. Portanto considera-se inovação quando o produto e/ou processo novos ou melhorados são efetivamente implementados para o mercado. Com relação aos indicadores de inovação, Rocha (2003) evidencia que os países em desenvolvimento atuam distantes da fronteira do conhecimento tecnológico mundial. A inovação tecnológica retrata a realidade de cada país, portanto as dimensões fundamentais associadas a esse processo precisam estar representadas em um conjunto de indicadores que pretenda mensurar a inovação 50 tecnológica empresarial nesses países. Esse conjunto de indicadores proposto foi subdividido em três grupos: esforço inovativo, investimentos à inovação tecnológica e impactos gerados pela inovação. O primeiro grupo, de esforço inovativo, é compreendido pelas atividades desenvolvidas e voltadas para a melhoria do desempenho tecnológico (inputs), direcionadas ao desenvolvimento implementação de produtos e processos inovadores (Quadro 2). e 51 Quadro 2 - Indicadores de esforço inovativo Indicadores Pesquisa e desenvolvimento (P&D) Definições Gastos incorridos diretamente na geração de conhecimentos tecnológicos de teor inovador para a empresa, a partir da resolução de problemas científicos e técnicos. Compreendem os gastos de custeio com pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental. Compreende dois tipos específicos de gastos realizados pela Aquisição de tecnologia empresa: com tecnologia incorporada – aquisição de equipamentos, máquinas, aparelhos, instrumentos e instalações (exceto computadores), e com tecnologia desincorporada – que compreende a soma dos gastos da 13 empresa com royalties. Compreendem os gastos com implementação de programas de Mudanças organizacionais qualidade total, implantação de ISO e (re)arranjo de planta, necessários à reorganização e modernização da empresa. Refere-se aos gastos com propaganda, marketing e Comercialização pioneira comercialização pioneira de produtos e serviços produzidos pela empresa. São os gastos da empresa com a implementação de programas Formação de pessoal de desenvolvimento de recursos humanos, capacitação, reciclagem e treinamento dos funcionários. São os gastos efetivamente desembolsados pela empresa Sistemas de informação relativos à aquisição de novos computadores e programas de computação, à implantação de ferramentas e aplicativos de integração de bases de dados e sistemas de informação, à implantação de plataformas de comunicação interna e externa, ao acesso a base de dados de natureza científico-tecnológica e ao custeio das atividades de documentação, biblioteca, normas técnicas e outras atividades similares. Fonte: Adaptado de ROCHA, 2003, p. 151. O esforço inovativo é composto por atividades que a empresa desenvolve para inovar em produtos e processos. O processo de inovação também envolve, além da realização de atividade interna de pesquisa e desenvolvimento (P&D), a contratação externa de P&D; o emprego de novas tecnologias incorporadas em máquinas e equipamentos; a aquisição de conhecimentos externos (know how, patentes e licenças); a aquisição de software; o treinamento de pessoal; a introdução de inovações tecnológicas no mercado; e o projeto industrial e outras preparações técnicas para a produção e a distribuição (ANPEI, 2009). As atividades inovativas referem-se aos esforços empreendidos pelas empresas no desenvolvimento e implementação de produtos (bens ou serviços) e processos novos ou aperfeiçoados. As atividades que as empresas empreendem Royalties - “Soma dos gastos da empresa decorrentes de licenças para uso de patentes, serviços especializados de assistência técnica para as atividades de pesquisa e desenvolvimento, aquisição de direitos relacionados a novos produtos e processos, e contratos de fornecimento de tecnologia” (ROCHA, 2003, p. 151). 13 52 para inovar são de dois tipos: Pesquisa e Desenvolvimento - P&D (pesquisa básica, aplicada ou desenvolvimento experimental); e outras atividades não relacionadas com P&D, envolvendo a aquisição de bens, serviços e conhecimentos externos. De acordo com os dados da pesquisa da PINTEC 2008, a mensuração dos recursos alocados nessas atividades revela o esforço empreendido para a inovação de produto e processo e é um dos principais objetivos das pesquisas setoriais de inovação tecnológica (IBGE/PINTEC, 2010). Na confecção de artigos do vestuário, a maioria dos indicadores de inovação ocorre no design dos produtos (COSTA; ROCHA, 2009) e, de acordo com Rocha e Ferreira (2001, p. 65), esses valores “[...], como qualquer outro indicador, devem ser tomados como ‘sinais’, tendências de comportamento, e não como medidas exatas das variáveis que se expressam.” Assim, é possível verificar, no Quadro 3 a seguir, as principais atividades inovativas desenvolvidas, a fim de identificar as representativas dos esforços da empresa para a implementação de produtos (bens ou serviços) e/ou processos novos ou significativamente aprimorados: 53 Quadro 3 - Principais atividades inovativas Inovação Descrição das atividades inovativas Modelagem Processo Aquisição de tecnologia tangível e intangível Teste Estudo do layout Treinamento Organizacional Contratação de serviços Parâmetros de qualidade Pesquisa de tendência Marketing Análise de criação Desenvolvimento de tema Lançamento de produto Criação e desenvolvimento Participação em projeto Aplicação dos padrões referenciais que têm como base as medidas do corpo humano e de moulage. Aquisição de máquinas, equipamentos, hardwares e softwares, específicos para a implementação de produtos ou processos novos ou substancialmente aperfeiçoados. Produção de peça piloto ou protótipos de modelos das coleções. Estudo da sequência operacional dos produtos e a disposição de máquinas e equipamentos Orientação para a criação e desenvolvimento de coleções. Atividades relativas à terceirização de serviços, por exemplo, facções. Atividades de controle e desenvolvimento do produto. Pesquisas de estilos da moda, cores dos tecidos, estampas, padronagens, texturas e aviamentos, e pesquisas em feiras de moda nacionais e internacionais. Análises dos estilistas nacionais e internacionais. Desenvolvimento de temas para coleção e conceito da marca nos produtos. Desenvolvimento de books, portfólios e catálogos de coleção. Criações de looks, estamparias, aplicações e desenho do produto no croqui. Atividades desenvolvidas pelo Arranjo Produtivo Local (APL) de moda. Fonte: Adaptado de CEFET/MG, 2013. O segundo grupo de indicadores, proposto por Rocha (2003), contabiliza os investimentos e nesse grupo evidencia-se a intensidade dos esforços empreendidos pelas empresas direcionados à inovação tecnológica: A) percentual do faturamento bruto da empresa aplicado em aprendizagem e inovação; B) valor per capita gasto com aprendizagem e inovação (montante total gasto em aprendizagem e inovação dividido pelo número de funcionários da empresa); C) número de patentes e/ou títulos de propriedade industrial solicitado pela empresa no Brasil e no exterior; 54 D) número de patentes e/ou títulos de propriedade industrial obtido pela empresa no Brasil e no exterior. E o terceiro grupo de indicadores trata dos impactos gerados pela inovação. Esses indicadores procuram mensurar os resultados (outputs) e os impactos produzidos pela implementação de produtos e processos novos ou substancialmente aprimorados pelas empresas: A) taxa de inovação: percentual de empresas da amostra que declararam ter introduzido no mercado novos produtos e serviços; B) percentual médio do faturamento da empresa obtido com a venda de novos produtos e serviços; C) percentual médio das exportações da empresa obtido com a venda de novos produtos e serviços. Esses indicadores, através da implementação de produtos e processos novos ou substancialmente aprimorados, irão mensurar os resultados alcançados e a hegemonia competitiva das empresas, com vistas ao crescimento e a manterem-se à frente de seus respectivos concorrentes. 4.9 Relação entre inovação e competitividade A inovação representa, segundo o SEBRAE (2007), um efetivo ganho de qualidade ou produtividade e maior competitividade no mercado, seja na concepção de novos produtos ou processos de produção, seja na agregação de novas funcionalidades, seja nas características do produto ou processos que impliquem melhorias incrementais. Para melhor competir no mercado, segundo a ANPEI (2006), é importante que as empresas conheçam a taxa de inovação alcançada pelas concorrentes em uma determinada atividade industrial. Essa taxa indica a intensidade da diferenciação dos produtos ou de processos inovadores implementados por tais empresas. Porém, para que a empresa seja competitiva, é necessário que ela esteja 55 atualizada, recriando permanentemente as suas vantagens competitivas e condições para que se mantenha na liderança, e não somente uma inovação isolada. A inovação tecnológica é um fator importante no crescimento econômico industrial de um país. A tecnologia exerce papel fundamental como direcionadora e propulsora do progresso econômico, condição essencial para a competição entre as empresas (STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006). No entanto consideram-se os possíveis entraves contingenciais desse processo, passíveis de resultados inesperados, conforme afirmam Silva e Berenguer (2000, p. 35): “Embora a inovação tecnológica possa ser vista como uma ferramenta poderosa de uma estratégia competitiva, ela não pode ser superestimada, principalmente porque nem sempre traz os resultados que realmente se espera.” Outros autores, como Porter (1991), discutem a questão, defendendo que a transformação tecnológica pode ser benéfica, mas também pode deixar uma empresa em uma posição competitiva pior. Rosenberg (1982) constata a ausência de estudos sobre os entraves à inovação e ressalta a importância de conhecer os riscos e potencialidades das invenções. O que se quer evidenciar, entretanto, é a estreita relação existente entre inovação tecnológica e competitividade. Na visão de Schumpeter (1988), a inovação tecnológica permite ao empresário aumentar a capacidade produtiva da empresa. Entretanto não adianta buscar a introdução de inovações em produtos ou processos na empresa, se alguns setores estiverem alheios aos objetivos traçados. Para Serrano e Paulo Neto (2012), novas tecnologias e novos processos podem desencadear efeitos imprevisíveis e transformar a inovação em um perigo. A empresa precisa ser modernizada como um todo que se completa e se interrelaciona, caso contrário, corre-se o risco de a inovação trazer efeitos negativos, reduzindo, assim, a competitividade. 56 5 METODOLOGIA 5. 1 Caracterização da pesquisa Em relação à dimensão empírica, esta pesquisa tem caráter exploratório, apresenta uma abordagem quantitativa, utilizando-se levantamento survey. O objetivo da pesquisa foi explorar e identificar as características inovativas presentes no município de Divinópolis (MG), com um grupo de empresas associadas a um Sindicato, com vistas a maximizar a geração de informações para o esclarecimento e compreensão do tema inovação, relativamente novo no contexto administrativo das empresas do vestuário. Um dos fatores determinantes deste estudo é a ausência de pesquisas anteriores sobre o tema in locus, desenvolvido e direcionado especificamente para o setor e suas peculiaridades. A principal pesquisa setorial de Inovação Tecnológica (IBGE/PINTEC) aborda o tema em nível estadual e nacional e não disponibiliza ou divulga os dados dos municípios isoladamente. Pretendeu-se, então, fazer uma sondagem desse setor após registro, análise e interpretação dos resultados, verificando o estágio em que se encontram essas MPMEs no processo de inovação. Destarte, desenvolveu-se uma análise comparativa dos índices percentuais inerentes à confecção de artigos do vestuário e acessórios no município de Divinópolis (MG) em comparação com os dados setoriais do IBGE/PINTEC (2010) (fonte secundária de dados) no âmbito estadual e nacional. Esta pesquisa torna-se um passo inicial a futuras pesquisas, além da perspectiva de contribuir, através de seus resultados, para gerar fomento de propostas e priorização de investimentos privados e de apoio ao setor público, de forma a inserir a economia local na era da tecnologia e inovação. 5.2 Amostra e procedimentos operacionais A PINTEC 2008 (IBGE/PINTEC, 2010), no âmbito territorial e populacional de sua pesquisa, incluiu em sua amostragem empresas inseridas nos requisitos básicos 14 recomendado pelo Manual de Oslo, mais especificamente o modelo 14 Estar em situação ativa no Cadastro Central de Empresas - CEMPRE, do IBGE, que cobre as entidades com registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, ter atividade principal 57 proposto pela OCDE (2005). Assim, foram excluídas as empresas com menos de dez pessoas ocupadas, no ano de referência da pesquisa. A confecção de artigos do vestuário e acessórios pertence à divisão 14 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 2.0, empresa industrial, ou seja, aquela em que a principal receita é derivada da atuação nas atividades das indústrias extrativas ou indústrias de transformação ativas. Especificamente, essa classificação compreende a confecção de roupas e acessórios por meio da costura de roupas para adultos e crianças, de qualquer material (tecidos planos e de malha, couros, etc.) e para qualquer uso (roupas íntimas, sociais, profissionais etc.), confeccionadas em série ou sob medida. Compreende também os serviços de confecção (corte, costura etc.), os serviços de facção e a confecção de acessórios do vestuário para uso pessoal (CONCLA, 2007). Para as análises e comparações, adotaram-se as mesmas classificações utilizadas pelo IBGE/PINTEC (2010). O município de Divinópolis (MG) conta em seu universo 570 indústrias de confecção do vestuário e acessórios e mais de 500 pontos de vendas, cinco shoppings, além de empresas prestadoras de serviços como facções, estamparias, lavanderias, serviços de transporte, consultorias, embalagens, entre outros (DIVINÓPOLIS, 2012). Esse setor é relativamente amplo e diversificado. Assim, optou-se por um recorte para compor a amostragem, que privilegiou as empresas associadas ao SINVESD. O cadastro das empresas associadas ao Sindicato contemplou 152 Indústrias de Confecção de Artigos do Vestuário e acessórios, objeto desta pesquisa, sediadas no município de Divinópolis (MG) (SINVESD, 2012). O procedimento utilizado na amostragem foi o não probabilístico por conveniência pelos principais motivos: acessibilidade e prospecção de eventos e projetos implantados pelo Sindicato. Um dos exemplos é o foco competitivo, utilizado como reforço para a competitividade das empresas do Arranjo Produtivo Local (APL) de moda, além de coordenar iniciativas nas áreas de financiamentos, formação da mão compreendida nas seções b e c (indústrias extrativas e indústrias de transformação, respectivamente), nas divisões 61, 62 e 72 (telecomunicações, atividades dos serviços de tecnologia da informação e pesquisa e desenvolvimento, respectivamente), no grupo 63.1 (tratamento de dados, hospedagem na internet e outras atividades relacionadas) e na combinação de divisão e grupo 58+59.2 (edição e gravação de som, e edição de música) da classificação nacional de atividades econômicas versão 2.0 - CNAE 2.0, isto é, estar identificada no CEMPRE com código CNAE 2.0 nestas seções, divisões e grupos; estar sediada em qualquer parte do território nacional, ter dez ou mais pessoas ocupadas em 31 de dezembro do ano de referência do cadastro básico de seleção da pesquisa. 58 de obra, treinamento e desenvolvimento, planejamento, diagnóstico do setor, entre outros (SILVA; TAVARES; ANTONIALLI, 2012). Esse recorte permitiu obter resultados mais específicos, como também maior detalhamento e aprofundamento das análises, além da acessibilidade frente à impossibilidade de identificar as empresas (screening) com o mesmo perfil da amostragem setorial da pesquisa nacional, no período compreendido entre 2010 e 2012. Porém houve restrição às variáveis quantitativas inerentes ao número de pessoas que compunham a força de trabalho das unidades amostrais. Após ter sido feito um senso entre as empresas associadas ao SINVESD, aquelas que apresentaram menos de dez pessoas ocupadas, contratadas no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pessoa jurídica ou estagiários, não fizeram parte da amostra, devido ao fato de essa condição ser necessária para a realização da comparação, a posteriori, com os resultados da PINTEC 2008. Ressalte-se que esse é um dos critérios utilizados nas pesquisas sobre inovação tecnológica em nível nacional e internacional. O SINVESD representa as indústrias de confecções do município de Divinópolis (MG) desde 20 de março de 1989, com o compromisso de promover o fortalecimento da classe confeccionista, estimular a competitividade, fomentar o desenvolvimento da cadeia produtiva através de ações estratégicas e, principalmente, ampliar a visibilidade das empresas de Divinópolis no cenário da moda no Brasil (SINVESD, 2012). Atualmente, as empresas associadas ao Sindicato estão distribuídas nos segmentos de camisaria, bordado, estamparia, facções, lavanderia, moda feminina, masculina, moda festa, infantil, infanto-juvenil, moda íntima, jeans, juvenil, moda praia, moda unissex e pijama. 5.3 Instrumentos de coleta de dados MPMEs Dada à complexidade do conceito de inovação, as informações foram obtidas através da aplicação de questionário, com abordagem direta, como forma de garantir uniformidade no entendimento conceitual do tema. Foi aplicado o questionário presencial com pessoal técnico que detinha o conhecimento estratégico da empresa e que ocupava cargos com poder decisório: administrador, administrador financeiro, analista de recursos humanos, auxiliar administrativo/escritório, chefe de produção, contadora, diretor (a) administrativo (a), empresário (a), gerente, gerente 59 administrativo (a), gerente comercial, gestor financeiro, proprietário (a), sóciogerente e supervisora (o) administrativa (o). O questionário, principal ferramenta da pesquisa, foi dividido em blocos de perguntas norteadoras dos temas abordados, identificados no fluxograma da Fig. 4: Figura 4 - Estrutura do conteúdo do questionário MPMEs Confecção de artigos do vestuário e acessórios Características das empresas Sim Produtos e processos novos ou substancialmente aprimorados 2010 a 2012 Impacto das inovações Não Métodos de proteção e obstáculos à inovação Outros métodos de proteção Fontes de informação Cooperação para inovação Métodos de proteção e obstáculos à inovação Apoio do governo Inovação organizacional e de marketing Esforço inovativo Gestão ambiental Fonte: Adaptado de IBGE/PINTEC, 2010, p.17. Nos blocos, as questões foram dispostas de acordo com os temas abordados, os principais indicadores de inovação e suas escalas correspondentes. A estrutura lógica dos blocos de perguntas conduziu aos resultados propostos pela pesquisa. 60 O Núcleo de Pesquisas do Vestuário – NUPEV, CEFET/MG, Campus V – de Divinópolis contribuiu para a aplicação dos questionários. O NUPEV monitora e divulga o desempenho do setor do vestuário no município. No âmbito territorial e populacional da pesquisa, o levantamento dos dados e informações ocorreu em duas etapas consecutivas. Para a validação do questionário, na primeira etapa, foram selecionadas as empresas de acordo com os seguintes critérios: estar em situação ativa no SINVESD; ser empresa industrial compreendida por confecção do vestuário e/ou acessórios; estar sediada no município de Divinópolis (MG); ter dez ou mais pessoas ocupadas em 31 de dezembro de 2012. As demais empresas associadas ao SINVESD, mas que não atenderam aos critérios supracitados, foram destituídas da amostra. Dessa forma possibilitou-se, a posteriori, a comparação com os resultados da pesquisa PINTEC 2008. Na segunda etapa, foi aplicado um questionário semiestruturado. Ao final das duas etapas e com os resultados obtidos, foi possível caracterizar o setor confeccionista do município de Divinópolis (MG) e traçar o perfil das MPMEs, além de propiciar uma análise das características de esforço inovativo e inovação presentes nessa indústria, de forma a atender aos objetivos propostos e validar ou refutar hipótese desta pesquisa, ou seja, a de que a indústria de confecção de artigos do vestuário e acessórios do município de Divinópolis (MG) encontra-se em nível inferior à indústria estadual e nacional no que se refere aos indicadores de esforço inovativo e inovação. No âmbito temporal, a pesquisa envolveu duas referências: a variável quantitativa “pessoal ocupado” refere-se ao último ano do período de referência da pesquisa, ou seja, 2012; as demais variáveis quantitativas e as variáveis qualitativas referem-se a um período consecutivo de três anos, ou seja, de 2010 a 2012. 61 O Quadro 4 mostra as situações de coleta de dados das Indústrias de Confecção do Vestuário e Acessórios no município de Divinópolis (MG). Quadro 4 - Situação de coleta das empresas associadas ao SINVESD entre os meses de mar./ jun. de 2013 Situações de coleta de dados Em operação/dez ou mais pessoas ocupadas em 31/12/2012 (contratadas no regime CLT, Pessoa Jurídica ou Estagiários) Em operação/menos de dez pessoas ocupadas em 31/12/2012 (contratadas no regime CLT, Pessoa Jurídica ou Estagiários) Impossibilitadas de prestar informações/dados incompletos Recusa total Total Número de empresas 62 28 24 38 152 Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=152 empresas. 5.4 Procedimentos para análise de dados Os dados de natureza primária foram coletados através de pesquisa direta, e as análises e interpretação dos resultados foram efetuadas de acordo com a estatística descritiva, que consiste na coleta, organização e análises dos dados. A partir dos dados apresentados, foi possível relacionar a inovação e suas características à luz dos principais elementos conceituais que integram o referencial teórico deste estudo. 5.5 Tipos de análises estatísticas utilizadas Para realizar as análises descritivas, foram utilizadas as variáveis: razão, intervalar, algumas variáveis ordinais, além de medidas de tendência central (média e mediana), medidas de distribuição (quartis) e medidas de dispersão (amplitude e desvio padrão). Para o cruzamento dos dados, foram utilizados os softwares Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 17.0) e o Excel 2007. De acordo com Malhotra (2006), as escalas são conjuntos de símbolos ou números que possuem um padrão definido e são utilizadas para medir comportamentos, avaliações ou atitudes de indivíduos. Nesse sentido, de acordo com a posição do individuo na escala, foi possível identificar o quanto ele contribuiu 62 para um determinado atributo, comportamento ou o que a escala pretende mensurar. O autor supracitado enumerou quatro tipos de escalas denominadas de nominal, ordinal, intervalar e razão. No caso da primeira (nominal), os números foram utilizados apenas para facilitar a contagem das categorias, não permitindo qualquer tipo de ordenamento. No caso de escalas ordinais, os números refletem a hierarquia da categoria, podendo significar que, à medida que cresce ou decresce, o indivíduo tem mais ou tem menos do que a escala está mensurando, ainda que não seja possível identificar a diferença de magnitude entre as categorias. A escala do tipo intervalar mostra essa capacidade, ou seja, os números refletem a hierarquia quanto à magnitude. Nesse tipo de escala, a magnitude da distância entre as categorias (marcadas pelos números) é igual, mas ela não tem um ponto zero absoluto. Desse modo, o único tipo de escala que reúne as características de todas as outras, além de ter um ponto zero é a Razão. Assim, é possível transformar uma variável razão em uma variável intervalar ou ordinal, mas o caminho inverso não é possível. Nesta pesquisa, foram utilizados os quatro tipos de escalas. Para cada tipo, empregou-se a análise estatística mais adequada. Primeiramente, foi verificada a estatística descritiva de todas as variáveis com o objetivo de ter um entendimento geral dos dados e de resumir as informações coletadas. Para todos os tipos de variáveis, num primeiro momento, foi observado o número de respondentes e o de entrevistados que não responderam cada questão, uma vez que resposta “não” também pode ser um importante resultado de pesquisa. Para realizar a análise descritiva das variáveis razão, intervalar e algumas ordinais, foram utilizadas medidas de tendência central, de distribuição e as de dispersão, que foram apresentadas em tabelas (ANDERSON; SWEENEY; WILLIAMS, 2008). No caso da medida de tendência central, foram adotadas duas medidas definidas como Média (1) e a Mediana, que organiza os dados em ordem crescente, ou seja, (1a) para um número ímpar de observações, a mediana é o valor do meio do conjunto de dados, e (2a), para um número par de observações, a mediana é a média dos dois valores centrais do conjunto de dados. Isso porque a média é sensível a valores extremos muito distantes, sendo então mais adequada para analisar a mediana. A primeira foi calculada com base na soma das respostas de 63 todos os indivíduos e essa soma foi dividida pelo número de indivíduos que responderam à pergunta. A segunda revelou o valor do centro do conjunto de respostas dos indivíduos a determinada variável, quando eles foram ordenados de forma crescente. Como medida de dispersão foi adotada a amplitude (2) e o desvio padrão (3). A amplitude refletiu a diferença entre o maior e o menor valor e apresentou a vantagem de identificar se houve erros na coleta ou na tabulação dos dados, caso existissem valores fora dos extremos da escala. A segunda representou a variabilidade média dos dados, sendo que, quanto maior o desvio padrão, maior é a distância dos valores em relação à média (ANDERSON; SWEENEY; WILLIAMS, 2008). Ambas são sensíveis a valores extremos, e, desse modo, foram também utilizadas medidas de distribuição, no caso, os quartis. Para conhecer os quartis de determinada variável, num primeiro momento foi necessário ordenar as respostas em ordem crescente e dividi-las em quatro partes iguais, contendo cada uma 25% dos respondentes. Dessa forma, o Primeiro Quartil (4) representa 25% das respostas entre o valor mínimo e ele. O Segundo Quartil é a mediana e compreende 25% das respostas entre o primeiro quartil e ele. O Terceiro Quartil (5), por sua vez, representou 75% das respostas, considerando do valor mínimo até seu limite, e 25% dos dados, considerando de sua posição até o valor máximo (ANDERSON; SWEENEY; WILLIAMS, 2008). Média = x 1 x2 ... xn n Amplitude= XMáx. - XMín (1) (2) Desvio Padrão = Xi média n 1 (3) Primeiro Quartil = 25 n 100 (4) 64 Terceiro Quartil = 75 n 100 (5) Além disso, para as variáveis nominais e algumas variáveis ordinais, foi utilizada a frequência simples, ou a frequência conjunta, no caso das que permitiam mais de uma resposta. A frequência consistiu em contabilizar o número de vezes que determinada categoria apareceu na amostra e dividir pelo total da amostra. Com base em tais frequências, foram utilizados gráficos de pizza ou barras, verticais ou horizontais para melhor visualização dos dados analisados (MALHOTRA, 2006). Além de conhecer a estatística descritiva das variáveis, foram também utilizados outros três tipos de testes estatísticos, relacionando a realização de inovação de produto ou processo com os temas abordados no questionário. Como o percentual de empresas que realizaram inovações na amostra foi baixo, optou-se por transformar tais variáveis, de forma a possibilitar a utilização de mais análises estatísticas que trariam respostas mais consistentes. Com essa transformação, foram obtidas quatro novas variáveis. A primeira delas foi denominada de “Nível de Inovação Produto” e representou a somatória das respostas às variáveis relacionadas às seguintes questões de pesquisa: Entre 2010 e 2012, a empresa produziu um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente aperfeiçoado para o mercado mundial? Entre 2010 e 2012, a empresa produziu um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente aperfeiçoado para o mercado nacional? Entre 2010 e 2012 a empresa produziu um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente aperfeiçoado para a empresa, mas já existente no mercado nacional? Tal transformação foi considerada, pois se acredita que, quanto maior o alcance da inovação, maior o seu nível. Em outras palavras, caso a empresa conseguisse inovar tanto em nível interno quanto em nível nacional, ela estaria em uma posição melhor que as empresas que só inovassem no primeiro nível. Vale 65 ressaltar que nenhuma empresa inovou em nível mundial. Dessa forma, a nova variável foi considerada intervalar ou ordinal (uma vez que havia apenas três categorias): zero (0), um (1) ou dois (2). Tal procedimento foi adotado também por Martins (2010), na pesquisa realizada no setor de Tecnologia da Informação. O mesmo procedimento foi realizado para as variáveis referentes à inovação de processos denominada “Nível de Inovação Processo”. Tais variáveis são relacionadas às seguintes questões de pesquisa: Entre 2010 e 2012, a empresa introduziu novos processos e métodos novos ou significativamente aperfeiçoados, sendo novos para o setor em nível mundial? Entre 2010 e 2012, a empresa introduziu novos processos e métodos novos ou significativamente aperfeiçoados não existentes em seu setor no Brasil, mas existentes no exterior? Entre 2010 e 2012, a empresa introduziu novos processos e métodos novos ou significativamente aperfeiçoados para a empresa, mas já existente no setor, no Brasil? Nesse caso, nenhuma empresa inovou em nível mundial. Assim, a nova variável é do tipo ordinal dicotômica (uma vez que há apenas duas categorias): zero (0) e um (1). A terceira variável foi denominada “Nível de Inovação Total” e foi construída somando-se as variáveis “Nível de Inovação Produto” e “Nível de Inovação Processo”. Essa variável foi considerada intervalar ou ordinal (uma vez que há apenas quatro categorias): zero (0), um (1), dois (2) ou três (3). A quarta e última variável foi criada com base na variável “Nível de Inovação Total” em que os valores iguais ou superiores a um foram transformados em um (1) e os valores iguais a zero (0) foram mantidos dessa forma. Ela foi denominada de “Inovou”, no caso as empresas que passaram a ter o valor um (1) realizaram qualquer tipo de inovação, e as que ficaram com valor zero (0) não realizaram nenhum tipo de inovação. Essa variável foi considerada do tipo nominal ou ordinal dicotômica. 66 A Tab. 13 apresenta a estatística descritiva das novas variáveis. Os testes utilizados foram todos não paramétricos uma vez que mesmo as novas variáveis são de natureza intervalar e não têm distribuição normal. Dessa forma, para comparar as três variáveis sobre o grau de inovação com outras variáveis ordinais ou intervalares, foram utilizadas análises de correlação com base no coeficiente de Spearman, também denominado de coeficiente de correlação de postos (MALHOTRA, 2006). Ele varia de -1 a +1, sendo que o valor 0 (zero) representa uma correlação nula. Dessa forma, a análise de correlação permite identificar se as variáveis caminharam no mesmo sentido (quando há correlação positiva) ou em sentido contrário (correlação negativa), ou ainda, se não existe um padrão na variação, que seria a correlação igual a zero (0) (LEVINE; BERESON; STEPHAN, 2000). Caso sua significação tenha sido inferior a 5%, considerou-se que existe correlação estatisticamente significativa entre as variáveis. Além de verificar a existência de correlação, foi importante avaliar também a magnitude dessa correlação. Para tanto, Shimakura (2013) apresentou um padrão para interpretação do coeficiente de correlação de Spearman, exibido no Quadro 5. Assim, adotou-se esse critério para a interpretação da intensidade da correlação, quando tal intensidade era significativa. Quadro 5 - Interpretação da intensidade do coeficiente da correlação Coeficiente da correlação 0,00 a 0,19 0,20 a 0,39 0,40 a 0,69 0,70 a 0,89 0,90 a 1,00 15 Fonte: SHIMAKURA, 2013 online Intensidade Correlação muito fraca Correlação fraca Correlação moderada Correlação forte Correlação muito forte Para verificar as diferenças entre quem inovou (A) e quem não inovou (B) com base em variáveis ordinais, intervalares ou razão, foram realizadas análises com base no Teste de Mann Witney U. Este foi utilizado para comparar se os valores do grupo A foram superiores aos valores do grupo B (inovou x não inovou), ou seja, se a mediana dos dois grupos não foi igual. Isso é atestado caso a significância do teste seja inferior a 0,05 (LEVINE; BERESON; STEPHAN, 2000). 15 http://leg.ufpr.br/~silvia/CE003/node74.html 67 A existência de associação entre a variável Inovou e variáveis nominais ou dicotômicas foi verificada com o Teste de Associação Qui-quadrado por meio de tabela cruzada. Malhotra (2006) afirmou que a tabela cruzada permite verificar a distribuição conjunta da frequência das categorias de duas ou mais variáveis. Nesta pesquisa, devido à existência de possível associação entre categorias das duas variáveis, utilizou-se a estatística Qui-quadrado. Para que exista associação, o valor do teste deve ser inferior a 5%. Se a associação foi encontrada, utilizou-se a medida denominada “Resíduo padronizado ajustado”, indicando o par de categorias associadas, no caso de seu valor ser superior a 1,96 ou inferior a -1,96, considerando um nível de significância de 5% (AGRESTI, 2002). 5.6 Análises comparativas entre a pesquisa de nível nacional e local Os limites na comparação dos indicadores de inovação da presente pesquisa relativamente à pesquisa setorial em nível nacional ocorrem no âmbito populacional, amostral e temporal. O resultado da PINTEC 2008 (IBGE/PINTEC, 2010) refere-se aos indicadores setoriais de inovação tecnológica obtidos em nível estadual e nacional, uma amostra representada por 14.746 empresas, sendo 80% potencialmente inovadoras, compreendido no período entre 2006 e 2008. Nesta pesquisa, as características e os indicadores de inovação foram propostos em nível municipal, por meio de uma amostra por conveniência, representada por 62 empresas associadas ao SINVESD. A Tab. 1 apresenta a síntese das principais limitações dos testes de diferenças de médias entre a base de dados dos indicadores obtidos na pesquisa da Indústria de Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios da PINTEC, no triênio de 2006-2008, e a pesquisa realizada no município de Divinópolis-MG, no triênio 2010-2012. 68 Tabela 1-Comparativo das principais características abordadas entre a PINTEC 2008 e Divinópolis (MG) 2012 Pesquisas Âmbito Populacional Total da amostra PINTEC Nacional 14.746 PINTEC (MG) Estadual 2.362 Divinópolis Municipal 62 (MG) Fonte: IBGE/PINTEC, 2010 e dados da pesquisa. Aspectos da amostragem Âmbito Temporal Diversas Fontes16 Diversas Fontes 2006-2008 2006-2008 SINVESD 2010-2012 Os resultados recentes da PINTEC, disponibilizados e divulgados, referem-se ao período de 2006-2008 e tratam das características setoriais de inovação em nível nacional e regional. A próxima pesquisa, sua 5ª edição, refere-se ao período de 2009-2011, os resultados serão disponibilizados no ano n, em meados do ano n + 2 e divulgados no portal do IBGE, no início do ano n + 2 online17. 16 17 IBGE, 2010, p. 26-27. http://www.pintec.ibge.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9&Itemid=8. 69 6 ANÁLISES DOS RESULTADOS 6.1 Divinópolis: Polo de Moda A história do município teve como marco inicial uma escritura emitida por Manuel Fernandes Teixeira, no dia 24 de março de 1770, a qual doa 40 alqueires de terra à capela do Divino Espírito Santo e São Francisco de Paula. Após esse feito histórico, teria surgido, então, o nome de “Arraial do Espírito Santo do Itapecerica”, e sua a emancipação política ocorreu no dia 1º de junho de 1912. Um fator fundamental para a emancipação e o desenvolvimento do município foi o início da construção da Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM), o que permitiu a instalação de indústrias siderúrgicas de aço e ferro no local: “no dia 14 de Junho do ano de 1914, a primeira locomotiva chega a Santo Antônio dos Campos, passando por Divinópolis, sendo este trecho de estrada inaugurado em 16 de Junho de 1915” (FERREIRA, 2006, p. 60). Outro fator importante que representou um grande avanço e desenvolvimento para o município foi a fundação da primeira indústria têxtil, a Cia Fiação e Tecelagem Divinópolis (FITEDI), em meados de 1937. A fábrica dedicouse à produção de tecidos populares, que tiveram fácil aceitação no mercado brasileiro. Hoje, emprega cerca de 800 funcionários, que trabalham em quatro turnos, de forma que a indústria funciona vinte e quatro horas por dia (FITEDI, 2013). Na década de 1980, a estagnação da economia brasileira paralisou a indústria metalúrgica em Divinópolis. Naquela ocasião, as siderurgias empregavam parcela expressiva da mão de obra local. Assim, a crise desempregou milhares de pessoas, que ficaram sem perspectivas de emprego diante da extinção de postos de trabalho no setor siderúrgico, bem como em praticamente todos os setores da economia nacional. Nesta situação os desempregados não tinham alternativa que não fosse empreender. Desta forma, a confecção, que demanda baixo investimento inicial tornou-se a alternativa daqueles que precisavam empreender sem capital próprio e sem crédito. Assim, surgiram as primeiras fábricas em Divinópolis (FASHIONMIX, 2012) online18. 18 http://fashionmix.net/page/fashionmix-feira-de-negocios-de-moda-divinopolis-mg-confeccao-rou 70 A Fig. 5 mostra a localização do município de Divinópolis (MG) na região Sudeste do Brasil e na Mesorregião Centro-Oeste de Minas. O município limita-se ao Norte com Nova Serrana e Perdigão; ao Sul com Cláudio; a Leste com São Gonçalo do Pará e Carmo do Cajuru; a Oeste com São Sebastião do Oeste e Santo Antônio do Monte. É cortado pelos rios Itapecerica e Pará, sendo o Rio Itapecerica a principal fonte de captação de água do município. Figura 5 - Localização do município de Divinópolis (MG) 59°44'45" 46°54'55" 44°29'30" 41°49'50" MESORREGIÕES DE MINAS GERAIS UNIDADES DA FEDERAÇÃO N W W E S E S 4°29'30" 4°29'30" N Norte de Minas Jequitinhonha 17°54'55" Vale do Mucuri Triângulo/Alto Paranaíba 19°44'45" 19°44'45" Central Mineira 500 1000 Oeste de Minas LEGENDA 1500 Kilometers Minas Gerais Unidades da Federação Mesorregião Oeste de Minas Mesorregiões de Minas Gerais BASE CARTOGRÁFICA: IBGE (2002) ORGANIZAÇÃO: Nádia Cristina da Silva Mello ELABORAÇÃO: Márcia Andréia Ferreira Santos (2009) Vale do Rio Doce Metropolitana de Belo Horizonte LEGENDA 0 Sul/Sudoeste de Minas Campo das Vertentes BASE CARTOGRÁFICA: IBGE (2002) ORGANIZAÇÃO: Nádia Cristina da Silva Mello ELABORAÇÃO: Márcia Andréia Ferreira Santos (2009) 59°44'45" Zona da Mata 0 100 200 46°54'55" 44°29'30" 17°54'55" Noroeste de Minas 300 Kilometers 41°49'50" 44°58'59" MICRORREGIÃO DE DIVINÓPOLIS N Conceição do Pará W Nova Serrana E 19°58'59" 19°58'59" S Perdigão Igaratinga São Gonçalo do Pará Itaúna Santo Antônio do Monte Divinópolis Carmo do Cajuru São Sebastião do Oeste LEGENDA Cláudio Município de Divinópolis Municípios da Microrregião de Divinópolis BASE CARTOGRÁFICA: IBGE (2002) ORGANIZAÇÃO: Nádia Cristina da Silva Mello ELABORAÇÃO: Márcia Andréia Ferreira Santos (2009) 0 10 20 30 Kilometers 44°58'59" Fonte: Adaptado de MELLO; SANTOS, 2013. Embora o município de Divinópolis tenha grande participação na produção confeccionista no país, a globalização econômica que se iniciou nos anos de 1990, no Brasil, e que vem se acentuando desde então, diluiu as fronteiras da concorrência e refletiu na perda de competitividade, especialmente no comércio internacional. A incorporação da tecnologia foi um grande diferencial de produção para enfrentar esse processo. De acordo com Stal, Campanário e Andreassi (2006, 71 p. 92), “[...] nos anos 1990, com a abertura de mercado, os diversos setores da economia brasileira começaram a reconhecer a importância de se investir em P&D e inovação.” Considerando essa perspectiva, o ponto central deste estudo tratou da inovação na indústria de confecção de artigos do vestuário e acessórios do município de Divinópolis, buscou informação e conhecimento, de forma a contribuir para a melhoria da competitividade. Esta análise permitiu verificar o grau de inovação das empresas selecionadas e o esforço inovativo desenvolvido em relação às médias setoriais, regionais e nacionais, de acordo com os principais indicadores de inovação da pesquisa PINTEC realizada em 2008 e que se referiu a um período de três anos consecutivos, de 2006 a 2008. Essa se elegeu como fonte secundária de dados deste estudo. 6.2 Caracterização das empresas estudadas Para análise dos dados, primeiro foram exibidas as informações sobre as características da amostra e, posteriormente, o quesito inovação. A Tab. 2 exibe o cargo da pessoa que respondeu à pesquisa. A maior parte (29%) foi respondida pelo proprietário(a), seguido do gerente administrativo(a) (17,7%). Sobre as características das empresas, todos os respondentes demonstraram amplo conhecimento e estavam envolvidos no processo decisório da mesma, o que implicou confiabilidade e autenticidade dos dados e corroborou a OCDE (2005). 72 Tabela 2 - Cargo dos respondentes Cargo Adm. Financeiro Administrador(a) Analista Recursos Humanos Auxiliar Administrativo/Escritório Chefe Produção Contadora Diretor(a) Diretora Adm. Empresário(a) Gerente Gerente Administrativo (a) Gerente Comercial Gestor Financeiro Proprietário(a) Sócio-Gerente Supervisora administrativa Não respondeu Total n % 2 3 1 3 1 1 6 1 3 11 2 2 1 18 2 1 4 62 3,2 4,8 1,6 4,8 1,6 1,6 9,7 1,6 4,8 17,7 3,2 3,2 1,6 29,0 3,2 1,6 6,5 100,0 Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. O Gráf. 2 apresenta a principal atividade das empresas entre 2010 e 2012. Verificou-se que as atividades mais frequentes são moda feminina (54,8%), camisaria (32,3%) e moda masculina (11,3%). As outras atividades totalizam o percentual de 30,50%. Como se vê, as principais atividades desenvolvidas pelas empresas da amostra foram a moda feminina, a camisaria e a moda masculina, o que explica porque anteriormente havia acontecido o crescimento expressivo da confecção de roupas femininas a partir do século XX, quando surgiram as máquinas de costura movidas a motores elétricos (JONES, 2005). Essa inovação trouxe para as máquinas de costura, dispositivos eletrônicos (COSTA; ROCHA, 2009) capazes de aumentar a produtividade frente à expressiva demanda de artigos para as mulheres (FGV, 2013) e ainda garantiu à moda feminina, vis-à-vis à moda masculina, papel dominante. Esse resultado refere-se, logicamente, à demanda do gênero, e encontrado também no município de Divinópolis (MG), conforme demonstraram os dados da pesquisa. 73 Gráfico 2 – Principais atividades das empresas entre 2010 e 2012 Moda feminina 54,8 Camisaria 32,3 Moda masculina 11,3 Segmentos Moda Infantil 6,% Moda Unissex 4,8 Moda Jeans 4,8 Uniforme 4,8 Moda festa 3,2 Facção 3,2 Moda Juvenil 1,6 Moda íntima 1,6 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. O Gráf. 3 apresenta o tipo de gestão das empresas da amostra desta pesquisa. Verificou-se que a maioria das empresas apresenta gestão do tipo familiar (48,4%), seguida da administração profissional (29%) e da mista (22,6%). Isso implicou redução da demanda por profissional da área administrativa e gerencial no setor, vivenciada pelos recém-formados dos diversos cursos técnicos, de graduação e pós- graduação do município. Tipo de gestão Gráfico 3 - Tipo de gestão das empresas Mista 22,6 Profissional 29,0 Familiar 48,4 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. Observou-se que, quanto ao porte, 46,8% são microempresas, 40,3% são pequenas e 12,9% são médias (Gráf. 4). A predominância das Micro e Pequenas 74 Empresas (IPEAD, 2011; SINVESD, 2012) corroborou a tendência de redução no tamanho das empresas desse setor, conforme observado por Scherer e Campos (1996). Ao tratar do número de pessoal ocupado, ressalta-se como principal propulsora dessas mudanças a terceirização, principalmente do setor de costura. De acordo com a ABDI (2009), a maioria dessas empresas é de pequeno porte e são consideradas frágeis. Porte das empresas Gráfico 4 - Porte das empresas Média 12,9 Pequena 40,3 Micro 46,8 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. O mercado nacional representa 62,9% das vendas; o estadual, 29,0%; e o regional (raio de 100 Km2) representa 8,1%, conforme descrito no Gráf. 5. A principal abrangência geográfica do mercado foi o nacional, papel importante e bastante expressivo, que validou a qualidade dos produtos e fez jus ao título dado ao município de Divinópolis (MG) de “Capital Mineira da Moda” (DIVINÓPOLIS, 2012). Principal mercado Gráfico 5 - Principal mercado das empresas entre 2010 e 2012 Nacional 62,9 Estadual 29,0 Regional (Raio de 100 Km) 8,1 0% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. 20% 40% 60% 80% 100% 75 É importante ressaltar que os respondentes podiam marcar mais de uma opção nas alternativas propostas pelo questionário. Nesse cenário, observou-se que o tipo de cliente mais frequente é atacadista/lojistas (74,2%), seguido de atacadista/sacoleiras (38,7%) e de varejistas (27,4%), conforme descrito no Gráf. 6. O principal mercado do setor refletiu os principais clientes (atacadistas/lojas), uma causalidade estabelecida pelo dimensionamento geográfico do país e pela localização estratégica do estado (ANDRADE, 2002), o que viabilizou e estabeleceu tais parcerias. Gráfico 6 - Principais clientes das empresas entre 2010 e 2012 Principais clientes Atacadista / Lojas 74,2 Atacadista / Sacoleiras 38,7 Varejista 27,4 Outros 6,5 Internet 1,6 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. A Tab. 3 apresenta as principais regiões de vendas dos produtos das empresas da amostra estudada, segmentada pelo tipo de cliente. No caso de atacadistas/lojas, a região mais frequente é o Sudeste do Brasil (54,8%), seguida do Centro-Oeste (29%) e do Norte (27,4%). No caso de atacadistas/sacoleiras, a primeira e a segunda regiões mais frequentes são também o Sudeste e o CentroOeste do Brasil, com 35,5% e 24,2%, respectivamente. Mas, nesse caso, o município de Divinópolis aparece em segundo lugar também com 24,2%. Conforme demostraram os dados, a representatividade nacional do setor em nichos de mercado é muito diversificado, de acordo o SINVESD (2012), nas várias regiões do Brasil. 76 Tabela 3 - Principais regiões de venda dos produtos de acordo com os tipos de clientes Locais Divinópolis Norte do Brasil Nordeste do Brasil Centro-Oeste do Brasil Sudeste do Brasil Sul do Brasil Exterior (fora do Brasil) Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. Atacadista/ Atacadista/Lojas Sacoleiras % % 19,4 24,2 27,4 8,1 29,0 12,9 35,5 24,2 54,8 35,5 11,3 4,8 1,6 0,0 Varejista % Internet % 41,9 0 1,6 9,7 14,5 1,6 0,0 4,8 3,2 6,5 11,3 8,1 6,5 0,0 A Tab. 4 apresenta o número de funcionários das empresas da amostra para cada setor no período de 2010 e 2012. O setor que emprega o maior número de funcionários é o da produção, por se tratar de indústria de transformação. É interessante observar que há empresas que não empregam pessoas nesse setor, ou seja, terceirizam 100% da produção. Constatou-se que 25% das empresas ou não contam com possuem funcionários ou contam com até 3 funcionários na produção. Outros 25% das empresas têm em seu quadro entre 3 e 9 funcionários na produção. Outros 25% empregam entre 9 e 20 funcionários, e os outros 25% empregam entre 20 e 160 funcionários. Com relação ao setor Administrativo, observou-se que 25% das empresas dispõem de 1 a 2 funcionários; outros 25%, de 2 a 3 funcionários; outros 25%, de 3 a 4 funcionários; e os outros 25%, de 4 a 17 funcionários. Tais números condizem com os observados no setor da produção e com o fato de a maioria das empresas da amostra ser micro ou pequena. No setor de criação e desenvolvimento de produtos, verificou-se que 25% das empresas ou não contam com nenhum funcionário ou contam com apenas um (1). Outros 25% empregam de 1 a 2 funcionários. Os outros 25% têm 2 funcionários e os 25% restantes têm em seu quadro de 2 a 6 funcionários. Nesse contexto, 75% das empresas da amostra ou não empregam funcionários nesse setor ou têm até 2 empregados. Para o setor Estoque e Expedição, 25% das empresas ou não dispõem de funcionários ou dispõem de apenas um. Outros 25% das empresas contam com um (1) ou dois funcionários. Outros 25% das empresas, com dois funcionários. E os outros 25% trabalham com dois a 17 funcionários. 77 No caso do setor de Marketing e Vendas, 25% das empresas ou não têm esse funcionário especificamente, ou têm apenas um (1) funcionário; outros 50% contam com dois funcionários para esse setor; e 25% trabalham com dois a 17 funcionários. Outros setores são observados apenas em 25% das empresas, uma vez que 75% delas afirmaram não empregar funcionários em outros setores. Entretanto observou-se que 25% têm entre 3 e 60 funcionários trabalhando nesses outros setores. Outro dado importante foi o número de funcionários das empresas da amostra. O setor que empregou o maior número de funcionários foi o da produção, o que não foi novidade, por se tratar de indústrias de transformação. É comum, nesse setor, algumas empresas terceirizarem até 100% da produção, o que não descarta a representatividade delas. De acordo com a ABDI (2009), grandes empresas podem terceirizar. Tabela 4 - Número de funcionários entre 2010 e 2012 em cada setor Números de funcionários entre 2010 e 2012 em cada setor B1.15.1) Administração B1.15.2) Criação e desenvolvimento de produtos (Design) B1.15.3) Produção (Modelagem, risco, enfesto, corte, estamparia, bordado, costura, lavanderia, acabamento, passadoria e embalagem) B1.15.4) Estoque e expedição B1.15.5) Marketing e vendas B1.15.6) Outros setores Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. Quartil Mínimo 1 Desvio Máximo Média 1° 2° quartil 3° padrão quartil (mediana) quartil 2 3 4 17 4 3 0 1 2 2 6 2 1 0 3 9 20 160 18 27 0 0 0 1 1 0 2 2 0 2 6 3 17 30 60 2 5 3 3 6 8 A Tab. 5 apresenta o número médio de peças produzidas por mês, no período de 2010 a 2012, nas empresas da amostra. Em primeiro lugar, ressalta-se que 15 empresas não prestaram essa informação. Das outras 47 que deram essa informação, 25% afirmaram produzir entre 45 e 3.000 peças. Outros 25% produziram entre 3.000 e 6.000 peças; 25% produziram entre 6.000 e 13.000 peças; e os 25% restantes, entre 13.000 e 80.000 peças. Observa-se que a grande 78 distância se dá nesse último grupo, que, em média, produziu um número muito maior de peças. Devido à amplitude verificada nessa análise, observou-se que a média não refletiu bem a tendência central dos dados e, por isso, não foi mencionada nesta proposta. Algumas empresas da amostra trabalharam em três turnos, o que explica a grande diferença no número de peças produzidas entre o último grupo e as demais empresas. Tabela 5 - Número médio de peças produzidas/mês entre 2010 e 2012 Quartil Não responderam Mínimo 15 45 1° quartil 3.000 2° quartil (mediana) 6.000 3° quartil 13.000 Máximo Média Desvio padrão 80.000 12.107 16.731 Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. A Tab. 6 apresenta os percentuais médios das atividades que são realizadas internamente ou que são terceirizadas. No caso da Administração, a maioria das empresas realiza as atividades internamente. Pelo menos 50% delas o fazem totalmente no ambiente interno, e outros 25% realizam pelo menos 80% das atividades dentro da empresa. No caso do setor de Criação e Desenvolvimento de Produtos, verifica-se que grande parte das empresas efetua essas ações internamente. Pelo menos 50% delas o realizam de forma completa em sua estrutura interna, e outros 25% fazem pelo menos metade das atividades em ambiente interno. Entretanto outros 25% ou não realizam nada internamente ou realizam até metade das atividades de criação e desenvolvimento de produto dentro de suas próprias dependências. A média das empresas que terceirizam as atividades desse setor foi de 8,5%, refletindo adequadamente a realidade dos dados. Observa-se que os dados relativos a essa informação são um pouco mais altos do que no caso da terceirização do setor Administrativo, o que pode explicar o papel da inovação para as empresas pesquisadas. No caso da Produção, os dados obtidos nesta pesquisa foram diferentes. Metade das empresas não terceiriza nenhuma atividade do setor, enquanto pelo menos 25% terceirizam de 50% a 100% da produção. 79 O Estoque e a Expedição dos produtos são realizados de forma interna por praticamente todas as empresas. Pelo menos 75% delas realizam de 97,5% a 100% das atividades previstas para o setor no ambiente interno. O setor de Marketing e Vendas apresenta um panorama diferente. Ainda que a maioria das empresas realizem todas as atividades internamente, verificou-se que cerca de 25% delas terceirizam entre 20% e 100% das atividades do setor. Ressalta-se, por fim, que os outros setores contabilizam praticamente 100% das atividades realizadas na própria empresa. Os resultados foram explicados pela sazonalidade dos produtos, falta de pessoal qualificado, necessidade de redução da folha de pagamento, entre outros fatores (PICCININI OLIVEIRA; FONTOURA, 2006; IPEAD, 2011). A terceirização iniciou-se na década de 1990 (RESENDE FILHO, 1999; CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003; STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006; ABDI, 2009), como consequência da abertura comercial e inserção do país no mercado mundial. A alta competitividade dos produtos estrangeiros, tanto pelos preços quanto pela qualidade, forçou as empresas a reduzir custos e modernizar o processo produtivo. A terceirização, prática comum no setor, representou uma alternativa na redução de investimentos, o que torna-se necessário uma avaliação dos resultados, tanto na qualidade quanto na padronização desses produtos (IPEAD, 2011). 80 Tabela 6 - Percentuais médios das atividades que são realizadas internamente e/ou terceirizadas (Facção) nos setores, entre 2010 e 2012 Quartil Mínimo 1° 2° quartil Setores e responsável % quartil (mediana) % % Interno 0,0 80,0 100,0 Administração Terceirizado 0,0 0,0 0,0 Criação e Interno 0,0 50,0 100,0 desenvolvimento de Terceirizado 0,0 0,0 0,0 produtos Produção (Modelagem, risco, Interno 0,0 30,0 50,0 enfesto, corte, estamparia, bordado, costura, lavanderia, acabamento, Terceirizado 0,0 0,0 30,0 passadoria e embalagem) Interno 0,0 97,5 100,0 Estoque e expedição Terceirizado 0,0 0,0 0,0 Interno 0,0 0,0 70,0 Marketing e vendas Terceirizado 0,0 0,0 0,0 Interno 0,0 0,0 0,0 Outros setores Terceirizado 0,0 0,0 0,0 Desvio Máximo Média 3° padrão % % quartil % % 100,0 100,0 79,7 37,6 0,0 90,0 4,2 13,4 100,0 100,0 72,1 41,3 0,0 100,0 8,5 21,4 81,3 100,0 53,4 33,6 50,0 100,0 30,5 27,4 100,0 0,0 100,0 20,0 0,0 100,0 90,0 100,0 100,0 100,0 77,4 1,6 53,6 17,3 12,7 41,8 11,5 46,0 32,3 31,9 0,0 50,0 1,8 8,2 Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. A Tab. 7 apresenta o número de máquinas e equipamentos eletrônicos existentes nas empresas pesquisadas entre 2010 e 2012. O tipo de máquina mais comum é a máquina de costura, sendo que 25% das empresas possuem entre 2 e 7; 25% possuem entre 7 e 15; 25%, entre 15 e 20; os outros 25%, entre 20 e 65 máquinas. No caso da máquina de bordado, observou-se que 50% das empresas pesquisadas possuem apenas 1; outras 25% possuem de 1 a 2; e os outros 25%, de 2 a 4 máquinas de bordado. A modernização do setor foi um fator determinante no sistema capitalista. O SINDITÊXTIL (2009) enfatizou que um dos principais obstáculos a serem superados pelas pequenas empresas é o investimento em tecnologia. Costa e Rocha (2009), por sua vez, discutem a importância da aplicação do sistema CAD/CAM na otimização dos processos e o avanço significativo que o sistema representou para o setor de desenho e corte. Entretanto Kaplan e Norton (1997) relataram que a eficiência dos processos operacionais está diretamente associada à incorporação de 81 novas tecnologias para aproveitar todas as possibilidades e potenciais da empresa, sendo possível, assim, prever a demanda e idealizar produtos inovadores. Tabela 7 - Número de máquinas e equipamentos eletrônicos existentes nas empresas entre 2010 e 2012 Máquinas Mínimo B1.19.1) Máquina de 2 costura B1.19.2) Máquina de 1 bordado B1.19.3) CAD/CAM 1 Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. Quartil Desvio Não Máximo Média 1° 2° quartil 3° padrão respondeu quartil (mediana) quartil 7 15 20 65 17 14 11 1 1 2 4 5 12 52 1 1 1 1 1 0 49 A Tab. 8 demonstra o percentual de faturamento proveniente das vendas para os diversos tipos de clientes entre 2010 e 2012. Apesar da amplitude dos dados, a média permite visualizar que o atacado/lojas é o responsável pelo maior percentual de faturamento (35,5%), seguido pelo atacado/sacoleiras (26,5%) e varejo (19,6%). Tais dados são condizentes com o percentual das vendas para esses tipos de clientes. Como foi mencionado, o município tem grande representatividade no comércio nacional. O que chamou a atenção foi o tipo de cliente denominado “sacoleira” (GARCÍA, 2009) e sua representação nas vendas do setor. Em 2010, o setor de confecções foi destaque no maior jornal impresso de Minas Gerais. A reportagem apontou a transformação de Divinópolis (MG) em “polo lançador de moda e tendências”, frente a então denominação “cidade das sacoleiras” (SINVESD, 2011). No entanto os resultados demonstraram o importante papel das “sacoleiras” e sua representatividade para a economia local. As vendas no atacado para esse tipo de cliente o colocam em segundo lugar entre os maiores compradores atacadistas de artigos do vestuário do município de Divinópolis (MG). 82 Tabela 8 - Percentual do faturamento das vendas de cada tipo de cliente Clientes B2.1) Atacado/“Sacoleiras” B2.2) Atacado/Lojas B2.3) Varejo B2.4) Internet B2.5) Outros não relacionados à vendas Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. Quartil Mínimo 1° 2° quartil % quarti (mediana) l% % 0,0 0,0 10,0 0,0 20,0 50,0 0,0 0,0 10,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 3° Máximo % Média % quartil % 41,8 90,0 21,3 90,0 100,0 49,5 21,0 100,0 15,2 0,0 100,0 2,6 0,0 100,0 3,4 Desvio padrão % 26,5 35,5 19,6 13,4 15,3 A Tab. 9 apresenta dados referentes à força de trabalho das empresas da amostra. Verificou-se que 25% das empresas têm entre 10 e 12 funcionários; 25%, entre 12 e 20 funcionários; 25%, entre 20 e 30 funcionários; os outros 25%, entre 30 e 140 funcionários. Observando os percentuais referentes ao sexo do trabalhador, constatou-se que a maior parte da mão de obra é do sexo feminino em detrimento do sexo masculino. Enquanto a mediana no caso dos homens é de 3 funcionários, no caso das mulheres é de 13 funcionárias. Além disso, é possível perceber que o nível de instrução da mão de obra é baixo. A mediana do número de funcionários que não fizeram curso superior é de 14, enquanto dos que o cursaram é de apenas um funcionário. Funcionários com cursos de Pós-Graduação não existem em 75% das empresas, e, quando a há algum pós-graduado na organização, observa-se, no máximo, 2 funcionários com esse tipo de formação acadêmica entre todas as empresas pesquisadas. Verificou-se que 75% das empresas afirmaram não ter funcionários envolvidos com atividades de P&D, porém existem funcionários no setor de Criação e Desenvolvimento de Produtos envolvidos com P&D. Outra característica marcante foi a presença do sexo feminino principalmente no setor produtivo, legado cultural e contemporâneo das profissões do gênero, além de relacionar-se com as questões de baixos salários e níveis de escolaridade. Essas características também estão presentes nas indústrias do vestuário de todo o país, conforme contatam Gazzona (1997); Andrade (2002); Lima (2010); CNI/ABIT (2012). Segundo Jones (2005), a introdução do esquema da divisão do trabalho em 1911, fragmentou as operações e introduziu técnicas de produção em massa. A 83 especialização em apenas uma tarefa induziu, a posteriori, à mínima formação do staff feminino (ANDRADE FILHO; SANTOS, 1987; ABRANCHES; BRASILEIRO JÚNIOR, 1996), o que foi corroborado pelos resultados encontrados na pesquisa. Tabela 9 - Força de trabalho entre 2010 e 2012 Força de trabalho entre 2010 e 2012* Quartil Mínimo 1° quartil 12 0 9 2° quartil (mediana) 20 3 13 N° total 10 Sexo masculino 0 Sexo feminino 0 Sem curso Superior 0 10 14 completo Com curso Superior 0 0 1 completo Com curso pósgraduação Lato Sensu 0 0 0 (Especialização e MBA) Com curso pósgraduação Stricto Sensu 0 0 0 (Mestrado e/ou Doutorado) Envolvidas com P&D 0 0 0 Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. * Contratadas no regime CLT, Pessoa Jurídica ou estagiário. 3° quartil 30 6 22 Máximo Média Desvio padrão 140 35 130 30 5 20 28 6 24 25 135 23 27 3 15 2 2 0 2 0 1 0 2 0 0 0 8 1 1 Ressalta-se que não foi possível realizar nenhum tipo de análise das informações referentes ao dispêndio médio salarial de acordo com os setores, bem como dados sobre faturamento, lucro, prejuízo e investimento em P&D, seja devido ao baixo percentual de respostas a essas variáveis, seja pela inconsistência encontrada nas poucas respostas relatadas. Os dados referentes ao dispêndio médio salarial de cada setor e os dados sobre faturamento, lucro e prejuízo das empresas não foram acessados de forma consistente. Simultaneamente, essas informações financeiras, ainda que subjetivas, quando divulgadas (vale ressaltar que a pesquisa garantiu o sigilo das informações), comprometiam as empresas, seja pelo baixo, seja pelo alto rendimento contabilizado, ou ainda pelo desconhecimento dos mesmos. 84 6.3 Inovação de produtos O Gráf. 7 apresenta o percentual das empresas que inovaram algum produto em nível mundial, nacional e interno. Verificou-se que nenhuma empresa inovou em nível mundial; apenas 5% das empresas inovaram em nível nacional; e 32% inovaram em nível interno. Assim, esses percentuais revelam o baixo nível de inovação existente nas empresas pesquisadas. Calmanovici (2011), Oliveira e Telles (2011) demonstraram a ausência de modelos administrativos que potencializem e agreguem as diversas fontes de investimentos (públicas ou privadas) existentes no país em prol da geração de novas tecnologias e inovação para as empresas e para os centros de pesquisas, como resultado da sinergia entre os pares. Gráfico 7 - Produto novo ou significativamente aperfeiçoado para o mercado mundial, nacional e empresarial 100,0 100% 95,0 80% 69,0 60% 40% 31,0 20% 3,0 0,0 0% Inovou Não inovou Mundial Inovou Não inovou Nacional Inovou Não inovou Empresa Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. O Quadro 6 apresenta o tipo de produto citado pelos entrevistados como inovação. Grande parte mencionou itens em camisaria (13%) ou plus size (13%). Em segundo lugar, apareceram roupas em jeans (9%) ou camisa fit (9%). Ressalta-se que foi feito um agrupamento nas respostas e, por isso, excedem 100% do valor total explicado, pois uma mesma empresa citou mais de um tipo de produto ao responder os questionários. No entanto, para as análises estatísticas, foi considerado apenas um produto por empresa com seu respectivo nível de inovação. 85 A criação e o desenvolvimento de produtos, assuntos encontrados no arcabouço teórico da literatura econômica, apresentaram-se em três níveis: o primeiro considerou algo como inovação para a própria empresa. Assim, o produto não necessariamente precisou ser novidade para o mercado nacional ou mundial. O segundo referiu-se aos produtos novos para mercado nacional, e o terceiro envolveu inovações em nível mundial, e que foram consideradas raras e capazes de alterar radicalmente toda a estrutura das empresas e da sociedade em geral (ZUBOFF, 1988), sendo, portanto, passíveis de usarem métodos de proteção, por exemplo, o registro de patentes (MARTINS, 2010). Os resultados desta pesquisa mostraram um grau de novidade dos produtos em nível da própria empresa ou mudança de segmento para atender à demanda do mercado. Quadro 6 - Diversificação de produtos – inovação em nível da empresa Principais segmentos Camisaria Plus size Roupas em jeans Camisa Fit Roupas em couro Roupas em musseline Camisas de malha bordada e/ou silkada Roupas infantis femininas Camisa polo Camiseta Vestido/festa Serviços de caseadeira e botoneira Blusas, calças e vestidos Não respondeu Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=23 entrevistados n 4 3 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 % 17 13 9 9 4 4 4 4 4 4 4 4 4 13 A Tab. 10 apresenta a participação dos novos produtos nas vendas líquidas e exportações. Duas empresas não responderam a essa questão 19 . Das três que responderam, todas afirmaram que o produto inovador teve uma participação em 30% das vendas líquidas internas em nível nacional. Ao considerar as empresas que 19 Entre 2010 e 2012, a empresa produziu um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente aperfeiçoado para o mercado nacional? - % de participação desse produto nas vendas liquidas internas; - % de participação desse produto nas exportações da empresa. 86 inovaram, oito não responderam à segunda questão20 referente à participação nas vendas líquidas internas do produto inovador. Das empresas que responderam, verificou-se que 25% afirmaram que o produto teve uma participação entre 5% e 15,5%; outras 25% relataram que ele teve uma participação entre 15,5% e 20%; outros 25% afirmaram que o produto inovador teve uma participação entre 20% e 45%; os outros 25% das empresas relataram que ele teve uma participação entre 45% e 100%. No que se refere à participação dos demais produtos e serviços nas vendas líquidas internas das empresas, verificou-se que, para 75% dessas empresas, produtos e serviços respondem por 100% das vendas. No que tange à participação do produto inovador ou não nas exportações, apenas uma empresa respondeu a essa questão 21 . Essa empresa relatou que o produto inovador teve 38% de participação na exportação e os outros produtos tiveram uma participação equivalente a 62%. A participação dos produtos nas exportações foi restrita, pois apenas uma empresa exportou. Uma das possíveis explicações foi relatada por Calmanovici (2011): as altas taxas do câmbio desestimularam as exportações e direcionaram o mercado brasileiro para investir seus esforços em atender ao mercado interno. Destarte, os resultados apresentados demonstraram sinais à luz da realidade brasileira: baixas taxas de exportações e inserção no mercado mundial. Isso demonstra a necessidade de investimento em inovação como elemento diferenciador na competitividade global (KAPLAN; NORTON, 1997; CNI, 2005; PORCILE; ESTEVES; SCATOLIN, 2006; AUTANT-BERNARD et al., 2010; SINDITÊXTIL, 2009; DAUSCHA, 2010; CALMANOVICI, 2011). 20 21 % de participação desse produto nas vendas liquidas internas. % de participação desse produto nas exportações da empresa. 87 Tabela 10 - Participação dos produtos nas vendas líquidas e nas exportações % de participação n Produto inovador em nível nacional nas vendas 3 líquidas internas Produto inovador para a empresa nas vendas 20 líquidas internas Demais produtos e serviços de sua empresa nas 61 vendas líquidas internas Produto inovador para a 20 empresa nas exportações Demais produtos e serviços de sua empresa nas 1 exportações Quartil Desvio Não Mínimo Máximo Média 1° 2° quartil 3° padrão respondeu % % % quartil (mediana) quartil % % % % 2 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0 8 5,0 15,5 20,0 45,0 100,0 32,3 27,9 1 30,0 100,0 100,0 100,0 100,0 94,8 13,1 19 38,0 38,0 38,0 38,0 38,0 38,0 0 62,0 62,0 62,0 62,0 62,0 62,0 Fonte: Dados da pesquisa. Verificou-se que 82,6% afirmaram que a própria empresa foi responsável pelo desenvolvimento do produto inovador; 13% afirmaram que foram consultores externos; e 4,3%, que foram institutos de pesquisa (Gráf. 8). A indústria do vestuário está associada às indústrias dominadas pelos fornecedores (PAVITT, 1984) e, assim, apresentaram fraco desenvolvimento em P&D (INÁCIO JÚNIOR, 2012). A posteriori, as inovações consideradas incrementais, ocorreram exatamente na estética ou design dos produtos (COSTA; ROCHA, 2009). No segmento das roupas masculinas, representadas pela camisaria, concentraramse em pequenas modificações, principalmente no design e nas cores. O diferencial implementado no segmento de roupas femininas foi relacionado principalmente aos tamanhos especiais, o que demonstrou uma representatividade no consumo ainda modesta no Brasil, conforme mencionado por Ricomini (2013), que o mercado Plus Size 22 atualmente representa uma pequena parcela do mercado, apenas 5% do setor. 22 Trata-se de roupas com tamanhos especiais, para mulheres que estão acima do peso. 88 Responsável pelo desenvolvimento do produto Gráfico 8 - Responsável pelo desenvolvimento dos produtos Sua empresa 82,6 Consultores externos 13,0 Institutos de pesquisa externos 4,3 PATME 0,0 Outras empresas do grupo 0,0 Universidades /IES 0,0 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=23 entrevistados A Tab. 11 apresenta os impactos gerados pela inovação do produto na empresa. A escala utilizada para as variáveis dessa tabela varia de muito baixo (1) a muito alto (5). Para essas variáveis, os valores médios ficaram bem próximos da mediana, o que os torna confiáveis. Dessa forma, é possível observar que o maior impacto dos produtos inovadores foi na manutenção da participação de mercado (3,9), no aumento da participação, na abertura de novos mercados (3,7) e no enquadramento em regulamentos e normas internas (3,6). No caso do controle de aspectos ligados a saúde e segurança do trabalhador (ergonomia), a média foi inferior, permanecendo na ordem de 2,3. Os impactos gerados pelas inovações dos produtos revelaram um cenário interessante. Para uma parte da amostra, a inovação representou a possibilidade de ir além, expandindo ou abrindo novos mercados, em prol da competitividade (CNI, 2005; PORCILE; ESTEVES; SCATOLIN, 2006). Para outra parte da amostra, a postura foi de adequação, seja para a manutenção no mercado (DAUSCHA, 2010; SCHUMPETER, 1988), seja para adequação às normas (CNI/ABIT, 2012). 89 Tabela 11 - Impactos gerados pela inovação de produto nas empresas Impactos Não Mínimo respondeu Aumento da participação de mercado Manutenção da participação de mercado Abertura de novos mercados Controle de aspectos ligados a saúde e segurança (Ergonomia) Enquadramento em regulamentos e normas internas/externas (Lei das etiquetas) Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=23 entrevistados Quartil Desvio Máximo Média 1° 2° quartil 3° padrão quartil (mediana) quartil 5 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,7 1,2 5 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,9 1,1 5 1,0 3,0 3,5 5,0 5,0 3,7 1,2 8 1,0 1,0 2,0 3,0 5,0 2,3 1,4 6 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,6 1,5 6.4 Inovação de processos O Gráf. 9 apresenta o percentual das empresas que realizaram algum tipo de inovação em termos de processos em nível mundial, nacional ou interno da empresa. Verificou-se que nenhuma empresa inovou em nível mundial ou nacional e 39% inovaram em nível interno da empresa. As empresas que realizaram inovação em processos não apresentaram nenhuma novidade para o mercado. Dessa forma, as melhorias ocorreram na própria empresa, o que representou um esforço interno, porém o resultado se contrapõe a Kaplan e Norton (1997), ao afirmarem que, na era da informação, as empresas devem incorporar novas tecnologias como garantia de crescimento e eficiência. De acordo com Silva, Tavares e Antonialli (2012, p. 14), o município de Divinópolis (MG) lida com dificuldades de interação produtiva “[...] ambiente de inovação, informação e comunicação pouco avançado, ausência de ações coletivas, parcerias isoladas e pouco efetivas, contexto político pouco favorável, entre outros tantos aspectos.” 90 Gráfico 9 – Processos novos ou significativamente aperfeiçoados para o setor em nível mundial, nacional e empresarial 100,0 100% 100,0 80% 61,0 60% 39,0 40% 20% 0,0 0,0 0% Inovou Não inovou Inovou Mundial Não inovou Nacional Inovou Não inovou Empresa Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. O Quadro 7 apresenta o principal processo ou método inovador introduzido pelas empresas entre 2010 e 2012. Os resultados demonstraram que a inovação de processos ocorreu principalmente na aquisição de máquinas e na implementação de técnicas no controle da qualidade. O investimento mais comum do setor foi o financiamento exclusivo para a compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar. No Brasil, de acordo com Calmanovici (2011), os investimentos em tecnologia estão direcionados à academia e distanciados das empresas. No quesito avanço em inovação, esse descompasso entre os pares corroborou o modelo não linear de inovação e reforçou a importância das variáveis endógenas ao processo inovativo frente à concorrência inserida em um ambiente competitivo. 91 Quadro 7 - Principal processo ou método inovador introduzido pelas empresas entre 2010 e 2012 Principal processo Atualização maquinário Novas técnicas de medição de desempenho Técnicas significativamente aperfeiçoadas no controle da qualidade Nova máquina de corte a laser Nova máquina de etiqueta metálica Novo processo de modelagem Método de produção significativamente aperfeiçoado Técnicas significativamente aperfeiçoadas no planejamento e controle da produção Não respondeu Total Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=24 entrevistados n 2 1 4 1 1 1 4 2 8 24 O Gráf. 10 os responsáveis pelo desenvolvimento do novo processo, na opinião das empresas. Verifica-se que 70,8% afirmaram ter sido a própria empresa, e 29,2% afirmaram que foram os consultores externos. Não foram mencionados pelos entrevistados: PATME, institutos de pesquisa externos, outras empresas do grupo, universidades/IES. A inovação apresentou incipiência e encontrou-se no mais baixo nível, ou seja, a novidade de produtos ou processos se restringiu à própria empresa. Para Fraga (2012) online23, "a indústria mundial está migrando em direção aos países asiáticos e o Brasil tem um potencial, deve estimular sua economia criativa porque tem muito para oferecer ao mundo." 23 http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/ronaldo-fraga-brasil-deve-parar-de-copiar-mundocaduco/ 92 Responsável pelo desenvolvimento do processo Gráfico 10 - Responsável pelo desenvolvimento da inovação de processos Sua empresa 70,8 Consultores externos 29,2 PATME 0,0 Institutos de pesquisa externos 0,0 Outras empresas do grupo 0,0 Universidades /IES 0,0 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=24 entrevistados A Tab. 12 apresenta os impactos gerados pela inovação sobre processos e métodos implementados na empresa. Nesse caso, foi utilizada uma escala que varia de muito baixo (1) a muito alto (5), e a média e a mediana ficaram bem próximas. As médias foram todas regulares, de 3,2 a 2,7. Verifica-se que a inovação teve um impacto de mediano a alto no aumento da capacidade de produção para 75% das empresas. No caso do aumento da flexibilidade e redução do custo de produção e enquadramento em regulamentos e normas internas, o impacto foi de mediano a alto para 50% das empresas. No caso de redução do custo de mão de obra e controle de aspectos ligados a saúde e segurança, os impactos foram de regular a alto para menos de 25% das empresas. Os aspectos de segurança ligados à ergonomia, como é o caso das cadeiras ergonômicas, ficaram aquém dos impactos ligados ao aumento da capacidade produtiva. Para os gestores, tiveram pouca importância a segurança e a qualidade do ambiente de trabalho onde os funcionários exercem suas atividades durante 8 horas diárias, em posição sentada (como é o caso da costureira), além do permanente estado de tensão e desconforto em que eles trabalham. 93 Tabela 12 - Impactos gerados pelas inovações de processos e métodos implementados nas empresas Impactos Não Mínimo respondeu Aumento da capacidade de produção Aumento da flexibilidade da produção Redução de custos da produção Redução de custos de mão de obra Controle de aspectos ligados a saúde e segurança (Ergonomia no trabalho). Enquadramento em regulamentos e normas internas/externas (Lei das etiquetas). Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=24 entrevistados. Quartil Desvio Máximo Média 1° 2° quartil 3° padrão quartil (mediana) quartil 3 1,0 3,0 3,0 4,0 5,0 3,3 1,1 4 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 3,0 1,3 4 1,0 3,0 3,0 4,0 5,0 3,2 1,1 4 1,0 2,0 3,0 3,0 5,0 2,8 1,2 4 1,0 1,3 2,5 3,8 5,0 2,7 1,4 4 1,0 1,0 3,0 4,0 5,0 2,9 1,6 Constatou-se que apenas 3,2% das empresas são certificadas, enquanto 96,8% dessas empresas não possuem nenhum tipo de certificação. O Quadro 8 exibe o tipo de certificação das empresas. Três empresas tinham certificação, das quais duas não responderam de que tipo ela seria. Os resultados demonstraram a insignificância ou a falta de conhecimento das empresas quanto às certificações existentes, como é o caso específico do selo “Qual” 24, que atesta a formalidade da mão de obra utilizada, o cumprimento das normas ambientais e a responsabilidade social da empresa. Quadro 8 - Tipo de certificação Tipo de certificação Sistema de gestão da qualidade (ISO 9001) Sistema de gestão ambiental (ISO 14001) Selo de qualidade ABRAVEST Não respondeu Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=3 entrevistados 24 http://www.seloqual.com.br/landing n 0 1 0 2 94 6.5 Inovação implementada e suas relações Ressalta-se que as variáveis referentes à inovação de produtos e processos foram transformadas em outras quatro variáveis. A Tab. 13 apresenta a estatística descritiva das três primeiras observações. A Inovação de Produtos apresentou um mínimo de 0 (zero) e um máximo de 2, como o esperado, pois nenhuma empresa inovou em nível mundial relativamente a produto. A Inovação de Processo apresentou um mínimo de 0 (zero) e um máximo de 1 (um), pois só foram observadas inovações de processos, no caso, em nível interno. A variável representada pelo somatório das duas variáveis anteriores apresentou um mínimo de 0 (zero) e um máximo de 3. Tabela 13 - Estatística descritiva das inovações Quartil Inovação Inovação de Produto (soma da inovação em produto mundial, nacional e para a empresa) Inovação de Processo (soma da inovação em processo mundial, nacional e para a empresa) Inovação Total (soma das duas anteriores) Fonte: Dados da pesquisa. Mínimo 1° quartil 2° quartil (mediana) 3° quartil Máximo 0,0 0,0 0,0 1,0 2,0 0,0 0,0 0,0 1,0 1,0 0,0 0,0 1,0 1,0 3,0 O Gráf. 11 apresenta a variável “Inovação Produto”. Verifica-se que 68% não realizaram nenhum tipo de inovação em produto, 27% apresentaram alguma inovação em apenas um nível (seja interno ou nacional) e 5% inovou produto em dois níveis (interno e nacional). 95 Gráfico 11 - Inovação de produto Inovou em dois níveis 5% Inovou em apenas um nível 27% Não inovou 68% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. O Gráf. 12 apresenta o resultado para a variável “Inovação Processo”. Nesse caso, 61% das empresas não realizaram nenhuma inovação em processo, e 39% realizaram inovação em apenas um nível, o interno. Gráfico 12 - Inovação de processos Inovou em apenas um nível 39% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. Não inovou 61% 96 O Gráf. 13 apresenta o resultado para a variável Inovação total. Nesse caso, 43% não realizaram nenhuma inovação de produto ou processo, 40% realizaram inovação em apenas um nível, 13% realizaram inovação em dois níveis, e 3% realizaram inovação em três níveis. Gráfico 13 - Inovação total Inovou em dois níveis 13% Inovou em três níveis 3% Não inovou 43% Inovou em apenas um nível 40% Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. 6.5.1 Relação entre inovação e as características das empresas Neste tópico foram realizados alguns cruzamentos das variáveis referentes à inovação com algumas variáveis do tópico de caracterização das empresas, cujos resultados significativos estão expostos na Tab. 14, a seguir. Nela se mostra o teste de associação entre as variáveis “inovação geral” e “tipo de gestão da empresa”. A estatística Qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 5%, indicando uma associação em pelo menos um par de categorias das duas variáveis testadas. A estatística “Ajuste residual” constatou que a gestão mista apresenta uma associação negativa com a Inovação. Isso revela que existe uma concentração de empresas com esse tipo de gestão no grupo das empresas que não inovaram, e uma concentração menor no grupo de empresas que inovaram. 97 Tabela 14 - Teste de associação entre a inovação geral e o tipo de gestão das empresas B.1.10) Tipo de gestão da empresa Não inovou Inovou n 11 19 Familiar % coluna 0,407 0,543 AR. -1,058 1,058 n 6 12 Profissional % coluna 0,222 0,343 AR. -1,038 1,038 n 10 4 Mista % coluna 0,370 0,114 AR. 2,391 -2,391 n 27 35 Total % coluna 1,000 1,000 Teste Qui-quadrado - valor 5,77; gl. 2; sig. <5% Fonte: Dados da pesquisa. Total 30 0,484 18 0,290 14 0,226 62 1,000 A Tab. 15 apresenta o Teste de Associação entre “inovação geral” e “principal mercado” da empresa entre 2010 e 2012. A estatística Qui-quadrado apresentou significância inferior a 1%, o que revela que existe associação entre as duas variáveis. Com base no ajuste residual, é possível perceber que as empresas que vendem para o mercado estadual apresentaram uma concentração maior no grupo das que não inovaram. As empresas que vendem para o mercado nacional estão concentradas no grupo que inovou. Tabela 15 - Teste de Associação entre a inovação geral e o principal mercado das empresas (2010 a 2012) B.1.12) Principal mercado da Não inovou Inovou empresa entre 2010 e 2012 n 11 7 Estadual % coluna 0,458 0,212 AR. 1,974 -1,974 n 13 26 Nacional % coluna 0,542 0,788 AR. -1,974 1,974 n 24 33 Total % coluna 1,000 1,000 Teste Qui-quadrado - valor 0,08; gl. 4; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa. Total 18 0,316 39 0,684 57 1,000 98 Verificou-se a existência de associação entre o nível de inovação de produto, o número de funcionários que trabalham nos setores e número médio de peças produzidas por mês (Tab. 16). Os resultados revelaram a existência de uma relação positiva, ainda que fraca, e estatisticamente significativa entre o nível de inovação de produto e o número médio de peças produzidas mensalmente. Foi encontrada também uma correlação fraca, positiva e estatisticamente significativa entre o nível de inovação de processo e o número de funcionários que trabalha no setor de Administração e no setor de Produção. 99 Tabela 16 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação, o número de funcionários que trabalham nos setores e o número médio de peças produzidas por mês Número de funcionários que trabalham nos setores e número médio de peças produzidas por mês Coef. Administração Sig. n Coef. Criação e desenvolvimento de Sig. produtos (design) n Produção (modelagem, risco, Coef. enfesto, corte, estamparia, Sig. bordado, costura, lavanderia, acabamento, passadoria e n embalagem) Coef. Estoque e expedição Sig. n Coef. Marketing e vendas Sig. n Coef. Outros setores Sig. n Coef. Número médio de peças produzidas/mês entre 2010 e 2012 Sig. n Nível de Inovação Produto 0,034 0,792 62 -0,113 0,380 62 -0,083 0,521 Nível de Inovação Processo ,252* 0,048 62 0,010 0,941 62 ,312* 0,013 62 62 62 -0,134 0,300 62 0,039 0,762 62 -0,179 0,164 62 ,352* -0,131 0,309 62 -0,157 0,223 62 -0,179 0,165 62 -0,024 -0,177 0,169 62 -0,068 0,601 62 -0,238 0,062 62 0,243 0,015 0,873 0,099 47 47 47 Nível de Inovação Total 0,179 0,165 62 -0,076 0,558 62 0,131 0,310 Fonte: Dados da pesquisa. 6.5.2 Relação entre inovação e as fontes de informação Neste tópico foram exibidas análises descritivas referentes às fontes de informação para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012 e os cruzamentos que apresentaram resultados significativos, com as novas variáveis referentes à inovação: (i) Inovação de Produto (soma da inovação em produto mundial, nacional e para a empresa); (ii) Inovação de Processo (soma da inovação em processo mundial, nacional e para a empresa) e (iii) Inovação Total (soma das duas anteriores). A Tab. 17 apresenta a estatística descritiva da frequência do uso das fontes de informação internas à empresa para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012. Vale ressaltar que a escala utilizada para essas variáveis define como extremos inferiores: pouco frequentemente (1) e superior: muito frequentemente (5). 100 Nesse caso, a média e a mediana são muito próximas. Por isso, uma análise com base na média é adequada. Em primeiro lugar, é importante ressaltar que apenas as empresas que inovaram responderam às questões relativas a esse item. Foi possível perceber que os setores Administrativos, de Criação e Desenvolvimento de Produto, de Produção e de Marketing foram utilizados com muita frequência por, pelo menos, 50% dos entrevistados e com frequência de regular a alta por outros 25%. O setor de Estoque e Expedição e os outros setores tiveram uma frequência de utilização menor, uma vez que a mediana foi de 3, revelando uma frequência de baixa a regular para, pelo menos, 50% da amostra que respondeu. Outros 25% apresentaram a frequência do uso das fontes de informações internas da empresa para inovar, de regular a alta, e os outros 25% já utilizaram com muita frequência essas fontes de informações. Tabela 17- Frequência da participação dos setores internos das empresas nas atividades de inovação entre 2010 e 2012 Fontes de informação internas Não Mínimo respondeu Quartil Máximo 1° 2° quartil 3° quartil (mediana) quartil 3,0 4,0 5,0 5,0 Média Desvio padrão 3,8 1,3 Administração Criação e desenvolvimento de produtos (Design) Produção (Modelagem, risco, enfesto, corte, estamparia, bordado, costura, lavanderia, acabamento, passadoria e embalagem) Marketing e vendas 30 1,0 31 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,7 1,4 32 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,7 1,3 33 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,7 1,3 Estoque e expedição 34 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 3,0 1,4 Outros departamentos 42 1,0 1,3 3,0 4,0 5,0 2,9 1,3 Fonte: Dados da pesquisa. A Tab. 18 apresenta a estatística descritiva da frequência de uso das fontes de informação externas à empresa para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012. Nesse caso, a escala utilizada foi igual à das fontes de informação interna, em que o extremo inferior foi pouco frequentemente utilizada (1), e o superior muito frequentemente usada (5). Além disso, constatou-se que o número de respondentes foi um pouco maior do que no caso anterior. 101 Verificou-se que pelo menos 50% dos respondentes utilizaram com muita frequência informações advindas de clientes, internet e fornecedores, e outros 25% utilizaram com uma frequência de regular a alta as fontes de informação externas. No caso dos revendedores, concorrentes, feiras e exposições, conferências, encontros e publicações, a frequência de uso foi de regular a alta para 25% das empresas, e de alta para outros 25%. As fontes referentes aos centros de capacitação profissional e o APL de moda foram usadas com frequência de regular a alta por 25% das empresas, sendo que 75% delas utilizaram muito pouco essas fontes. Por fim, as fontes externas – Institutos de Pesquisa, Centros Tecnológicos, Universidades ou Centros de Ensino Superior, outras empresas do grupo e instituições de testes, ensaios e certificadoras – foram utilizadas com pouca frequência por mais de 75% das empresas da amostra que responderam às questões. 102 Tabela 18 - Estatística descritiva da frequência do uso das fontes de informação externas às empresas para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012 Fontes de informação externas Quartil Não respondeu Mínimo Média Desvio padrão Clientes 33 1,0 Internet 34 1,0 2,3 4,0 5,0 5,0 3,7 1,2 3,6 1,5 Fornecedores 33 1,0 3,0 4,0 4,0 Revendedores 35 1,0 2,0 3,0 5,0 5,0 3,5 1,3 5,0 3,3 1,5 Concorrentes 36 1,0 2,0 3,0 Feiras e exposições 33 1,0 1,0 3,0 4,3 5,0 3,1 1,4 4,0 5,0 2,9 1,5 Consultores Conferências, encontros e publicações especializadas Centros de capacitação profissional APL de moda 33 1,0 1,0 3,0 4,5 5,0 2,8 1,6 37 1,0 1,0 3,0 4,0 5,0 2,6 1,5 38 1,0 1,0 2,5 3,0 5,0 2,4 1,4 41 1,0 1,0 2,0 3,0 5,0 2,3 1,5 Institutos de pesquisa 38 1,0 1,0 1,0 2,8 5,0 1,8 1,3 Centros tecnológicos Universidades ou centros de ensino superior Outras empresas do grupo Instituições de testes, ensaios e certificadoras 39 1,0 1,0 1,0 2,0 5,0 1,8 1,3 38 1,0 1,0 1,0 2,0 5,0 1,8 1,3 42 1,0 1,0 1,0 2,0 4,0 1,6 0,9 40 1,0 1,0 1,0 1,3 5,0 1,5 1,2 Máximo 1° 2° quartil 3° quartil (mediana) quartil 3,0 4,0 5,0 5,0 Fonte: Dados da pesquisa. Nesse caso, não foram comparadas as respostas das empresas que inovaram com as que não inovaram. Somente quem inovou respondeu a essas questões. Assim, foi realizada uma análise de Correlação de Spearman, Tab. 19, das empresas que inovaram entre o nível de Inovação e a frequência de uso das fontes de informação externas à empresa, para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012. Os resultados revelaram que existe uma correlação positiva, regular e estatisticamente significativa entre o nível de inovação do produto e o nível de inovação total, com a utilização de informações advindas de fornecedores, clientes e revendedores. Além disso, observou-se uma correlação fraca, positiva e estatisticamente significativa para o nível de inovação do produto com a utilização de informações advindas da internet. No caso do nível de inovação total, essa relação apresentou magnitude maior, podendo ser considerada prática regular. Resultado notável foi o que se apurou entre o nível de inovação de processos e a frequência de uso de informações advindas de feiras, exposições e APL de 103 moda. Isso porque os dados demonstraram existir uma relação negativa, regular e estatisticamente significativa entre as variáveis comparadas. Entretanto lembra-se que a variável era dicotômica, em que o zero (0) significava que a empresa não inovou e um (1) que a empresa inovou. Dessa forma, pode-se dizer que as empresas que usaram tais fontes com menos frequência não inovaram em seus processos. 104 Tabela 19 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e a frequência do uso das fontes de informação externas às empresas para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012 Fontes de informação externas Coef. Sig. n Coef. Fornecedores Sig. n Coef. Clientes Sig. n Coef. Concorrentes Sig. n Coef. Revendedores Sig. n Coef. Consultores Sig. n Coef. Universidades ou centros de ensino Sig. superior n Coef. Institutos de pesquisa Sig. n Coef. Centros tecnológicos Sig. n Coef. Centros de capacitação Sig. profissional n Coef. Instituições de testes, Sig. ensaios e certificadoras n Conferências, encontros Coef. e publicações Sig. especializadas n Coef. Feiras e exposições Sig. n Coef. Sig. APL de moda n Outras empresas do grupo Nível de Inovação Produto 0,16 0,502 20 ,456* 0,013 29 ,464* 0,011 29 0,234 0,249 26 ,453* 0,018 27 0,097 0,617 29 0,227 0,285 24 0,275 0,193 24 0,312 0,147 23 0,266 0,21 24 0,288 0,193 22 0,148 0,481 25 0,251 0,19 29 0,171 0,457 Nível de Inovação Processo 0,022 0,926 20 0,036 0,852 29 0,036 0,853 29 -0,023 0,912 26 -0,016 0,936 27 -0,029 0,883 29 -0,198 0,354 24 -0,213 0,317 24 -0,386 0,069 23 -0,204 0,34 24 -0,388 0,074 22 -0,18 0,389 25 -,391* 0,036 29 -,445* 0,043 21 21 Nível de Inovação Total 0,188 0,427 20 ,501** 0,006 29 ,533** 0,003 29 0,192 0,346 26 ,457* 0,016 27 0,096 0,622 29 0,118 0,584 24 0,177 0,408 24 0,073 0,74 23 0,182 0,394 24 0,089 0,695 22 0,034 0,871 25 -0,045 0,818 29 -0,096 0,679 21 Continua 105 Continuação Fontes de informação externas Coef. Internet Sig. n Nível de Inovação Produto ,377* Nível de Inovação Processo 0,034 Nível de Inovação Total ,417* 0,048 28 0,862 28 0,027 28 Fonte: Dados da pesquisa. 6.5.3 Relação entre inovação e os agentes de cooperação Neste tópico encontra-se a estatística descritiva da variável nível de cooperação para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012 e suas relações significativas com as variáveis de inovação. A escala utilizada nesse grupo de variáveis tem como extremo inferior cooperação baixa (1) e superior cooperação alta (5). Na Tab. 20, o maior número de não respondentes foi para as questões Programa PATME e APL de moda. Verificou-se que, para 25% das empresas, houve uma cooperação de regular a alta por parte de consultores, clientes, fornecedores, revendedores e concorrentes. Para outros 25% de empresas, a cooperação por parte desses agentes foi alta. No caso dos outros agentes como os Centros de Capacitação Profissional, Centros Tecnológicos, Universidades ou Centros de Ensino Superior, instituições de testes, ensaios e certificadoras, institutos de pesquisa, 75% das empresas avaliaram que o nível de cooperação por parte deles foi baixo ou inexistente. 106 Tabela 20 - Estatística descritiva do nível de cooperação para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012 Quartil 2° quartil (mediana) 3,0 3° quartil 4,3 Máx. Média Desvio padrão 1,0 1° quartil 1,8 5,0 3,1 1,5 11 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 3,0 1,2 Fornecedores 12 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 3,0 1,3 Revendedores 14 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 2,8 1,2 Concorrentes Centros de capacitação profissional 14 1,0 1,0 3,0 4,0 5,0 2,5 1,5 15 1,0 1,0 1,0 3,0 5,0 2,1 1,4 Outras empresas 16 1,0 1,0 1,0 3,0 5,0 2,1 1,4 APL de moda 17 1,0 1,0 1,0 3,3 5,0 1,9 1,4 Centros tecnológicos Universidades ou centros de ensino superior Instituições de testes, ensaios e certificadoras 15 1,0 1,0 1,0 2,8 5,0 1,8 1,4 16 1,0 1,0 1,0 2,0 5,0 1,7 1,3 16 1,0 1,0 1,0 2,0 5,0 1,7 1,3 Programa PATME 18 1,0 1,0 1,0 1,5 5,0 1,6 1,2 Institutos de pesquisa 15 1,0 1,0 1,0 1,8 5,0 1,6 1,1 Itens NR Mín. Consultores 13 Clientes Fonte: Dados da pesquisa. Neste caso também, não foram comparadas as respostas das empresas que inovaram com as que não inovaram. Somente quem inovou respondeu a essas questões. Dessa forma, foi verificada apenas a correlação existente entre o nível de Inovação e o nível de cooperação para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012. A única correlação estatisticamente significativa encontrada foi entre o nível de inovação de produto e a cooperação de clientes (Tab. 21), que se mostrou positiva e regular. O nível de cooperação dos outros agentes não apresentou correlação com o nível de inovação, seja ela de produto, seja de processo, seja total. 107 Tabela 21 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de cooperação para criar produtos e processos inovadores entre 2010 e 2012 Itens Outras empresas Fornecedores Clientes Concorrentes Revendedores Consultores Universidades ou centros de ensino superior Institutos de pesquisa Centros tecnológicos Centros de capacitação profissional Instituições de testes, ensaios e certificadoras Programa PATME APL de moda Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Fonte: Dados da pesquisa. Nível de Inovação Produto 0,091 0,711 19 0,396 0,061 23 ,517** 0,01 24 0,208 0,365 21 0,29 0,203 21 -0,208 0,353 22 -0,016 0,949 19 -0,001 0,996 20 -0,095 0,689 20 0,025 0,917 20 -0,016 0,949 19 -0,033 0,899 17 0,196 0,436 Nível de Inovação Processo -0,098 0,691 19 -0,18 0,412 23 -0,357 0,087 24 -0,359 0,11 21 -0,278 0,223 21 0,049 0,827 22 -0,173 0,478 19 -0,174 0,463 20 -0,117 0,624 20 0,094 0,693 20 -0,173 0,478 19 -0,283 0,271 17 -0,285 0,251 Nível de Inovação Total 0,036 0,883 19 0,256 0,239 23 0,331 0,114 24 -0,049 0,834 21 0,107 0,645 21 -0,189 0,4 22 -0,184 0,452 19 -0,171 0,472 20 -0,23 0,329 20 0,058 0,81 20 -0,184 0,452 19 -0,302 0,238 17 -0,003 0,991 18 18 18 108 6.5.4 Relação entre inovação e o apoio do Governo Neste tópico foram apresentados os resultados referentes às variáveis que tratavam do apoio do governo. Nesse caso, não foi possível realizar nenhum tipo de cruzamento com a inovação, uma vez que somente empresas que inovaram responderam a essa questão, além dos baixos percentuais encontrados. O Gráf. 14 apresenta o uso dos diversos tipos de apoio do governo para a inovação. Verificou-se que 58,3% afirmaram ter realizado financiamento exclusivo para a compra de máquinas e equipamentos utilizados para inovar. Além disso, 12,5% afirmaram ter recebido incentivos fiscais à P&D e inovação tecnológica, e 8,3% receberam apoio de capital de risco. Outros 20% relataram outros tipos de auxílio, tais como: subvenção econômica à P&D e a inserção de pesquisadores (lei 10.973/2004 e art 21 da lei 11.196/2005), financiamentos para P&D e inovação tecnológica sem parceria com Universidades e Institutos de Pesquisa, financiamentos para P&D e inovação tecnológica com parceria com Universidades e Institutos de Pesquisa e bolsas oferecidas por Fundações de Amparo à Pesquisa, Programa de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (RHAE/CNPq) para pesquisadores em empresas. 109 Gráfico 14 - Estatística descritiva do apoio do governo às inovações Financiamento exclusivo para a compra de máquinas e equipamentos 58,3 Tipos de apoio do Governo Outros (Apex, BDMG, BNDS e Capital de Giro) 20,8 Incentivos Fiscais à P&D e Inovação Tecnológica 12,5 Apoio de Capital de Risco 8,3 Bolsas oferecidas por Fundações de Amparo a Pesquisa (RHAE/CNPq) 0,0 Financiamentos a P&D e Inovação Tecnológica com parceria 0,0 Financiamentos a P&D e Inovação Tecnológica sem parceria 0,0 Subvenção Econômica a P&D e a inserção de pesquisadores 0,0 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. 6.5.5 Relação entre inovação e os métodos de proteção Neste tópico foi realizada a análise descritiva dos métodos de proteção à inovação. Nesse caso, não foi possível realizar nenhum tipo de cruzamento com a variável inovação. O Gráf. 15 apresenta a frequência do uso de métodos de proteção à inovação. Verifica-se que 67,7% das empresas da amostra não adotaram nenhum método de proteção, enquanto 32,3% utilizaram o método de proteção de marcas. Os resultados apresentados sobre as inovações de produtos e processos não contabilizaram novidades para o mercado com direito ao uso de patentes: monopólio temporário na produção, exploração e comercialização de produtos (CHAVES et al., 2007). 110 Gráfico 15 - Estatística descritiva dos métodos de proteção utilizados pelas empresas entre 2010 e 2012 Métodos de proteção Não utilizou métodos de proteção 67,7 Marcas 32,3 Patente de modelo de utilidade 0,0 Registro de desenho industrial 0,0 Patentes de invenção 0,0 0% 20% 40% 60% 80% 100% . Fonte: Dados da pesquisa Além disso, foi indagado se as empresas que inovaram realizaram depósito de patente, (ver Gráf. 16), sendo que 92% afirmaram que não. Os outros 8% realizaram depósito de marcas no Brasil. Portanto 100% das empresas não realizaram depósito de patentes no Brasil ou exterior. O número de empresas que afirmaram ter feito algum depósito, fizeram-no relativamente a registro da marca. 111 Depósito de marcas Gráfico 16 - Estatística descritiva da solicitação de depósito de registro de marcas 91,9 Não solicitou. Sim, no exterior. 0,0 Sim, no Brasil e no exterior. 0,0 Sim, no Brasil. 8,1 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. 6.5.6 Relação entre inovação e seus obstáculos Neste tópico foi apresentada a estatística descritiva sobre as variáveis referentes aos obstáculos encontrados para inovação e a relação significativa com a inovação. A escala utilizada para tais variáveis tem como extremos inferior prejudicaram pouco (1) e superior - prejudicaram muito (5). Em primeiro lugar, é importante ressaltar o número de empresas que não responderam às questões, revelando que provavelmente essas empresas não priorizaram a inovação como estratégia administrativa. Em segundo lugar, é possível perceber que os elevados custos da inovação e a falta de pessoal qualificado (ver Tab. 22) foram relatados como fatores que prejudicaram muito pelo menos 50% das empresas e que causaram prejuízos regulares a 25% delas. Riscos econômicos excessivos, escassas possibilidades de cooperação com outras empresas e instituições, serviços técnicos externos inadequados, falta de fontes apropriadas de financiamento e falta de informação sobre mercados foram considerados fatores de grandes prejuízos para 25% das empresas e de prejuízo regular para outros 25%. Obstáculos tais como rigidez organizacional, falta de informação sobre tecnologia, dificuldades para se adequar a padrões, normas e regulamentações, fraca resposta dos consumidores a novos produtos e centralização das atividades 112 inovativas em outra empresa do grupo foram considerados fatores causadores de prejuízos regulares para 25% das empresas. Tabela 22 - Estatística descritiva do nível de prejuízo causado pelos diversos obstáculos no desenvolvimento de atividades inovativas entre 2010 e 2012 Obstáculos à inovação Elevados custos de inovação Falta de pessoal qualificado Riscos econômicos excessivos Escassas possibilidades de cooperação com outras empresas e instituições Escassez de serviços técnicos externos adequados Escassez de fontes apropriadas de financiamento Falta de informação sobre mercados Rigidez organizacional Falta de informação sobre tecnologia Dificuldades para se adequar a padrões, normas e regulamentações Fraca resposta dos consumidores a novos produtos Centralização das atividades inovativas em outra empresa do grupo Não Mínimo respondeu Quartil 1° quartil 2° quartil (mediana) 3° quartil Máximo Média Desvio padrão 16 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,7 1,3 14 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,7 1,5 15 1,0 3,0 3,0 4,0 5,0 3,3 1,4 19 1,0 2,0 3,0 5,0 5,0 3,1 1,5 19 1,0 1,0 3,0 5,0 5,0 2,9 1,6 18 1,0 1,3 3,0 4,0 5,0 2,8 1,4 17 1,0 1,0 3,0 4,0 5,0 2,8 1,4 19 1,0 1,0 3,0 3,0 5,0 2,7 1,3 16 1,0 1,0 3,0 3,3 5,0 2,7 1,4 20 1,0 1,0 3,0 3,0 5,0 2,6 1,4 19 1,0 1,0 2,0 3,0 5,0 2,3 1,4 60 1,0 1,0 2,0 3,0 3,0 2,0 1,4 Fonte: Dados da pesquisa. Após a estatística descritiva das variáveis, foi verificado se o nível de prejuízo dos diversos obstáculos foi diferente no caso das empresas que inovaram em relação as que não inovaram. Os resultados revelaram, na Tab. 23, que, apenas para o obstáculo “Falta de informação sobre mercados”, as empresas que não inovaram se sentiram mais prejudicadas do que as que inovaram. O nível de prejuízo causado pelos outros obstáculos não apresentou diferenças. 113 Tabela 23 - Teste de Mann Whitney U para verificar a diferença do nível de prejuízo dos obstáculos entre as empresas que inovaram e as que não inovaram Obstáculos à inovação Inovou Não inovou Riscos econômicos excessivos Inovou Total Não inovou Elevados custos de inovação Inovou Total Não inovou Escassez de fontes apropriadas de Inovou financiamento Total Não inovou Rigidez organizacional Inovou Total Não inovou Falta de pessoal qualificado Inovou Total Não inovou Falta de informação sobre tecnologia Inovou Total Não inovou Falta de informação sobre mercados Inovou Total Não Escassas possibilidades de inovou cooperação com outras empresas e Inovou instituições Total Não inovou Dificuldades para se adequar a padrões, normas e regulamentações Inovou Total Não Fraca resposta dos consumidores a inovou Inovou novos produtos Total Não inovou Escassez de serviços técnicos Inovou externos adequados Total Não Centralização das atividades inovou inovativas em outra empresa do Inovou grupo Total Fonte: Dados da pesquisa. n Média do ranking Soma do ranking 17 25,38 431,50 30 47 23,22 696,50 15 26,47 397,00 31 46 22,06 684,00 16 23,09 369,50 28 44 22,16 620,50 15 23,90 358,50 28 43 20,98 587,50 17 25,38 431,50 31 48 24,02 744,50 16 27,53 440,50 30 46 21,35 640,50 16 29,28 468,50 29 45 19,53 566,50 15 25,70 385,50 28 43 20,02 560,50 16 24,84 397,50 26 42 19,44 505,50 16 25,97 415,50 27 43 19,65 530,50 16 25,56 409,00 27 43 19,89 537,00 2 1,50 3,00 a 0,00 0,00 0 2 Est. Z Sig. 231,500 -,537 0,59 188,000 0,28 1,081 214,500 -,239 0,81 181,500 -,756 0,45 248,500 -,341 0,73 175,500 0,13 1,532 131,500 0,01 2,455 154,500 0,15 1,456 154,500 0,15 1,451 152,500 0,09 1,672 159,000 0,14 1,470 - - - 114 A correlação existente entre o nível de inovação e o nível de prejuízo dos obstáculos à inovação inerentes às atividades inovativas das empresas entre 2010 e 2012 foi verificada pela correlação de Spearman. Os resultados revelaram, na Tab. 24, que existe uma correlação negativa, fraca e estatisticamente significativa entre o nível de prejuízo advindo da falta de informação sobre mercados e o nível de inovação de processos em geral. Isso revela que, quanto maior o prejuízo percebido referente à falta de informação, menor foi o nível de inovação. O mesmo foi observado com relação à fraca resposta dos consumidores a novos produtos e o nível de inovação de processos, ou seja, as empresas que mais sentiram prejuízo nesse sentido não inovaram em processos. 115 Tabela 24 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de prejuízo dos obstáculos dos seguintes elementos nas atividades inovativas das empresas entre 2010 e 2012 Obstáculos à inovação Riscos econômicos excessivos Elevados custos de inovação B8.3.3) Escassez de fontes apropriadas de financiamento Rigidez organizacional Falta de pessoal qualificado Falta de informação sobre tecnologia Falta de informação sobre mercados Escassas possibilidades de cooperação com outras empresas e instituições Dificuldades para se adequar a padrões, normas e regulamentações Fraca resposta dos consumidores a novos produtos Escassez de serviços técnicos externos adequados Centralização das atividades inovativas em outra empresa do grupo Fonte: Dados da pesquisa. Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Nível de Inovação Produto 0,179 0,229 47 0,154 0,308 46 0,058 0,71 44 0,199 0,2 43 0,043 0,773 48 -0,112 0,459 46 -0,103 0,499 45 0,105 0,502 43 -0,038 0,812 42 -0,031 0,843 43 -0,027 0,865 43 . . 2 Nível de Inovação Processo -0,173 0,246 47 -0,224 0,134 46 -0,022 0,886 44 -0,215 0,167 43 0,043 0,772 48 -0,152 0,314 46 -,325* 0,029 45 -0,154 0,323 43 -0,157 0,321 42 -,370* 0,015 43 -0,145 0,353 43 . . 2 Nível de Inovação Total 0 0,998 47 -0,044 0,772 46 0,018 0,906 44 -0,018 0,907 43 0,041 0,78 48 -0,183 0,223 46 -,303* 0,043 45 -0,057 0,715 43 -0,128 0,421 42 -0,286 0,063 43 -0,125 0,423 43 . . 2 116 6.5.7 Relação entre inovação (produtos e processos) e inovação organizacional e de marketing No primeiro momento, foi verificada a estatística descritiva das atividades relacionadas à inovação organizacional e de marketing e, posteriormente, foram feitos testes de associação dessas variáveis com a inovação e apresentados os resultados significativos. O Gráf. 17 mostra a frequência com que foram implementadas novas técnicas de gestão para melhorar rotinas e práticas de trabalho, assim como o uso e a troca de informações, de conhecimentos e habilidades dentro da empresa entre 2010 e 2012. Verificou-se que 30,6% dos entrevistados afirmaram ter implementado o PPCP (Planejamento, Programação e Controle da Produção); 30,6% dos respondentes implementaram a administração com foco na qualidade; outros 25,8%, a gestão do conhecimento; 17,7% desenvolveram sistemas de formação/treinamento; e 11,3%, o Sistema de Informação Gerencial (SIG). Técnicas como Reengenharia dos Produtos e Planejamento dos Recursos do Negócio (ERP) receberam valores inferiores a 10% das citações. 117 Técnicas de gestão Gráfico 17 - Novas técnicas de gestão para melhorar rotinas e práticas de trabalho PPCP (Planejamento, Programação e Controle da Produção) 30,6 Administração da qualidade 30,6 Gestão do conhecimento 25,8 Sistemas de formação/treinamento 17,7 SIG (Sistemas de Informações Gerenciais) 11,3 Reengenharia dos processos de negócio 8,1 ERP ( Planejamento dos Recursos do Negócio) 6,5 Outro(s) 1,6 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. Foi indagado se, no período entre 2010 e 2012, a empresa implementou novas técnicas de gestão ambiental para redução de resíduos. Os resultados revelaram que apenas 6,5% das empresas implementaram novas técnicas nesse sentido. O Gráf. 18 apresenta os resultados referentes à implementação de novos métodos de organização do trabalho para melhor distribuir responsabilidades e poder de decisão. Verificou-se que 40,3% dos entrevistados estabeleceram o trabalho em equipe; 33,9% implantaram a ficha técnica; 21%, o estudo do layout; e 19,4%, descentralização ou integração de setores. Na indústria de transformação, como é o caso do vestuário, o maior número de funcionários concentra-se na produção (ROCHA, 2003, IBGE/PINTEC, 2010). Assim, as ações implementadas para a melhoria e organização do trabalho estiveram presentes nesse setor, principalmente no que diz respeito ao estabelecimento de trabalho em equipe, ficha técnica e estudo do layout e descentralização ou integração de setores. Além disso, a implementação de mudanças significativas nas relações com outras empresas envolveu atividades principalmente neste setor. 118 Organização do trabalho Gráfico 18 - Novos métodos de organização do trabalho para melhor distribuir responsabilidades e poder de decisão Estabelecimento do trabalho em equipe 40,3 33,9 Ficha Técnica Estudo do Layout 21,0 Descentralização ou integração de setores 19,4 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. O Gráf. 19 exibe os resultados referentes à implementação de mudanças significativas nas relações com outras empresas. Verificou-se que 40,3% das empresas realizaram algum tipo de terceirização e 25,8% estabeleceram parcerias. Alianças, subcontratação de alianças e private label receberam menos de 10% de citações nas respostas dos entrevistados. É possível notar que a terceirização e as parcerias foram associadas à dependência exógena na interação entre as indústrias qualificadas e de características diferentes, principalmente na administração da produção (RESENDE FILHO, 1999; CONDE; ARAÚJO-JORGE, 2003; PICCININI OLIVEIRA; FONTOURA, 2006; STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006; ABDI, 2009; IPEAD, 2011). 119 Gráfico 19 - Implementação de mudanças significativas nas relações com outras empresas Relações externas Terceirização 40,3 Parcerias 25,8 Estabelecimento pela primeira vez de alianças 6,5 Subcontratação de atividades 3,2 Contratação de Private Label 1,6 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. O Gráf. 20 apresenta os resultados referentes à implementação de mudanças significativas nos conceitos/estratégias de marketing. Verifica-se que 33,9% implementaram novas mídias ou novas técnicas para a promoção de produtos; 27,4%, novas formas para colocação de produtos no mercado ou canais de venda; e 22,6%, novos métodos de fixação de preços para a comercialização de produtos. A adoção de novas mídias ou novas técnicas para a promoção de produtos é um dos grandes desafios das empresas contemporâneas, a fim de conquistar os consumidores on-off para sua marca. Conceitos/estratégias de marketing Gráfico 20 - Implementação de mudanças significativas nos conceitos/estratégias de marketing Novas mídias ou novas técnicas para a promoção de produtos. 33,9 Novas formas para colocação de produtos no mercado ou canais de venda. 27,4 Novos métodos de fixação de preços para a comercialização de produtos. 22,6 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. O Gráf. 21 apresenta os resultados referentes à implementação de mudanças significativas do(s) produto(s). Verificou-se que 46,8% dos entrevistados realizaram 120 mudanças no design do produto, e 27,4%, na embalagem do produto. Acabamentos, etiquetas, modelagem e qualidade foram utilizados como mudanças significativas, igualmente, por 1,6% dos entrevistados. Os resultados demonstraram que a maioria das inovações ocorreu no marketing, principalmente em mudanças no design e nas embalagens dos produtos. Gráfico 21 - Implementação de mudanças significativas no(s) produto(s) Mudanças significativas No design do produto 46,8 Na embalagem do produto 27,4 Acabamento 1,6 Etiquetas 1,6 Modelagem 1,6 Qualidade 1,6 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. O Gráf. 22 apresenta os resultados de Inovação Organizacional e Inovação de Marketing de forma geral. Com relação à Inovação Organizacional, verifica-se que a organização do trabalho (61%) e técnicas de gestão (58%) são os itens que apresentaram os maiores percentuais, seguidos das relações externas (48%) e das técnicas de gestão ambiental, com 6% apenas. Para a Inovação de Marketing, observou-se que a estética/desenho ou outra mudança foram mencionadas por 60% das empresas, e inovação em conceitos/estratégias de marketing, por 47% dos respondentes. 121 Gráfico 22 - Inovação geral – Organizacional e de Marketing 80% 58,0 60% 48,0 61,0 60,0 47,0 40% 20% 6,0 0% Técnicas de gestão ambiental Relações externas Técnicas de gestão Inovação Organizacional Organização Conceitos / Estética / do trabalho estratégias de desenho ou marketing outras mudanças Inovação de Marketing Fonte: Dados da pesquisa. Nota: n=62 entrevistados. Em seguida serão apresentados os resultados do Teste de Associação entre a inovação geral e as mudanças implementadas. Algumas variáveis foram citadas por um número muito pequeno de entrevistados, o que impossibilitou a realização do Teste de Associação. Dessa forma, somente os testes com resultados significativos estão apresentados a seguir. A Tab. 25 exibe o Teste de Associação entre a “Inovação geral” e “Implementação da gestão do conhecimento pelas empresas entre 2010 e 2012”. A estatística Qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 5%, o que revela que as duas variáveis estão associadas. Ao verificar o ajuste residual, é possível perceber que as empresas que implementaram a gestão do conhecimento estão mais concentradas no grupo que inovou. As empresas que não implementaram a gestão do conhecimento estão mais concentradas no grupo que não inovou. 122 Tabela 25 - Teste de Associação entre a Inovação geral e Implementação da gestão do conhecimento pelas empresas entre 2010 e 2012 Gestão do conhecimento Não inovou Inovou n 3 13 Sim % coluna 0,111 0,371 AR. -2,323 2,323 n 24 22 Não % coluna 0,889 0,629 AR. 2,323 -2,323 n 27 35 Total % coluna 1,000 1,000 Teste Qui-quadrado - valor 0,04; gl. 1; sig. <5% Fonte: Dados da pesquisa. Total 16 0,258 46 0,742 62 1,000 A Tab. 26 apresenta o Teste de Associação entre “Inovação geral” e “Descentralização ou integração de setores” pelas empresas entre 2010 e 2012. A estatística Qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 5%, o que revela que as duas variáveis estão associadas. Ao verificar o ajuste residual, percebe-se que as empresas que implementaram a descentralização ou a integração de setores estão mais concentradas no grupo que inovou. Por outro lado, as empresas que não implementaram a descentralização ou a integração de setores estão mais concentradas no grupo que não inovou. Tabela 26 - Teste de Associação entre a Inovação geral e Descentralização ou integração de setores pelas empresas entre 2010 e 2012 Descentralização ou integração de Não inovou Inovou setores n 2 10 Sim % coluna 0,074 0,286 AR. -2,091 2,091 n 25 25 Não % coluna 0,926 0,714 AR. 2,091 -2,091 n 27 35 Total % coluna 1,000 1,000 Teste Qui-quadrado - valor 0,05; gl. 1; sig. <5% Total 12 0,194 50 0,806 62 1,000 Fonte: Dados da pesquisa. A Tab. 27 exibe o Teste de Associação entre “Inovação geral” e “Terceirização pelas empresas” entre 2010 e 2012. A estatística Qui-quadrado 123 apresentou uma significância inferior a 5%, o que revela que as duas variáveis estão associadas. Ao verificar o ajuste residual, é possível perceber que as empresas que implementaram a terceirização estão mais concentradas no grupo que inovou, ao passo que as empresas que não implementaram a terceirização estão mais concentradas no grupo que não inovou. A ausência da terceirização, nesse caso, demonstrou que os esforços administrativos estão direcionados principalmente para o setor produtivo. Tabela 27 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Terceirização implementada pelas empresas entre 2010 e 2012 Terceirização Não inovou Inovou N 5 20 Sim % coluna 0,185 0,571 AR. -3,074 3,074 N 22 15 Não % coluna 0,815 0,429 AR. 3,074 -3,074 N 27 35 Total % coluna 1,000 1,000 Teste Qui-quadrado - valor 0,00; gl. 1; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa. Total 25 0,403 37 0,597 62 1,000 A Tab. 28 exibe o Teste de Associação entre “Inovação geral” e “Adoção de novas formas para colocação de produtos no mercado ou canais de venda” pelas empresas, entre 2010 e 2012. A estatística Qui-quadrado apresentou significância inferior a 5%, o que revela que as duas variáveis estão associadas. Ao verificar o ajuste residual, é possível perceber que as empresas que implementaram novas formas de colocar seus produtos no mercado ou novos canais de venda estão mais concentradas no grupo que inovou, e as empresas que não implementaram estão mais concentradas no grupo que não inovou. A adoção de novas formas para colocação de produtos no mercado ou de canais de venda sinalizou as necessidades do público-alvo em relação ao consumo de novos produtos. 124 Tabela 28 - Teste de Associação entre a Inovação geral e a Adoção de novas formas para colocação dos produtos no mercado ou canais de venda pelas empresas entre 2010 e 2012 Novas formas para colocação dos Não inovou Inovou produtos no mercado ou canais de venda. n 2 15 Sim % coluna 0,074 0,429 AR. -3,102 3,102 n 25 20 Não % coluna 0,926 0,571 AR. 3,102 -3,102 n 27 35 Total % coluna 1,000 1,000 Teste Qui-quadrado - valor 0,00; gl. 1; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa. Total 17 0,274 45 0,726 62 1,000 A Tab. 29 exibe o Teste de Associação entre “Inovação geral” e “Mudança significativa no design do produto” pelas empresas entre 2010 e 2012. A estatística Qui-quadrado apresentou significância inferior a 5%, o que revela que as duas variáveis estão associadas. Ao verificar o ajuste residual, constata-se que as empresas que realizaram mudanças no design do produto estão mais concentradas no grupo que inovou. E as empresas que não realizaram alterações estão concentradas no grupo que não inovou. A mudança significativa no design do produto depende diretamente do importante papel dos designers, da idealização ao produto final. Tabela 29 - Teste de Associação entre a Inovação geral e as Mudanças significativas no design dos produtos pelas empresas entre 2010 e 2012 Design dos produtos Não inovou Inovou n 8 21 Sim % coluna 0,296 0,600 AR. -2,376 2,376 n 19 14 Não % coluna 0,704 0,400 AR. 2,376 -2,376 n 27 35 Total % coluna 1,000 1,000 Teste Qui-quadrado - valor 0,02; gl. 1; sig. <5% Fonte: Dados da pesquisa. Total 29 0,468 33 0,532 62 1,000 125 6.5.8 Relação entre inovação e esforço inovativo As estatísticas descritivas das variáveis referentes ao nível de importância das atividades inovativas da empresa, entre 2010 e 2012, direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos/processos ou de produtos significativamente aperfeiçoados serão apresentadas neste tópico, assim como sua relação significativa com a inovação. A escala utilizada em tal questão tem como extremo inferior - Importância baixa (1), e superior - Importância alta (5). Em primeiro lugar, conforme Tab. 30, verificou-se que o número de entrevistados que não responderam a essas questões significou um percentual de não respostas aproximadamente entre 10% a 26%. Acredita-se que as variáveis que não obtiveram respostas apresentaram importância nula para o entrevistado, ou seja, o fato de o entrevistado não ter respondido à questão, subtende-se a inexistência da atividade inovativa na própria empresa ou o desconhecimento da existência desse tipo de atividade na empresa por parte do respondente. Observou-se também que, no caso das variáveis pesquisa sobre tendências de cores dos tecidos, teste de peças piloto ou protótipos dos modelos de roupas da coleção, pesquisa sobre tendências de estampas nos tecidos e pesquisa sobre tendências de estilos da moda, o nível de importância dada a elas foi elevado na avaliação de 75% dos entrevistados. No caso das variáveis pesquisa sobre tendências de texturas dos tecidos e de padronagens, utilização de parâmetros de qualidade no controle do desenvolvimento de produto, pesquisa sobre tendências de aviamentos, aplicação na modelagem dos padrões referenciais que têm como base as medidas do corpo humano, estudo do layout da produção e desenvolvimento do conceito da marca nas roupas, o nível de importância dada a tais variáveis foi regular na avaliação de 25% das empresas e alto para 50% das empresas. Quanto a outras variáveis, o nível de importância dada a elas foi elevado para apenas 25% das empresas ou menos. 126 Tabela 30 - Estatística descritiva do nível de importância das atividades inovativas das empresas, entre 2010 e 2012, direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos/processos ou ao aperfeiçoamento significativo dos já existentes Atividades inovativas Pesquisa sobre tendências de cores dos tecidos. Teste de peças piloto ou protótipos dos modelos de roupas da coleção. Pesquisa sobre tendências de estampas nos tecidos. Pesquisa sobre tendências de estilos da moda. Pesquisa sobre tendências de texturas dos tecidos. Pesquisa sobre tendências de padronagens dos tecidos. Utilização de parâmetros de qualidade no controle do desenvolvimento de produto. Pesquisa sobre tendências de aviamentos. Aplicação na modelagem dos padrões referenciais que têm como base as medidas do corpo humano. Estudo do layout da produção. Elaboração de looks, books, portfólios e catálogos da coleção. Desenvolvimento do conceito da marca nas roupas. Criação e desenvolvimento de estamparias e aplicações. Pesquisas de tendências em feiras de moda nacionais. Treinamentos relacionados a pesquisas de tendências, criação e desenvolvimento de coleção. Desenvolvimento de tema para coleção. Aquisição de máquinas, equipamentos, hardware, especificamente comprados para a implementação de produtos ou processos novos ou substancialmente aperfeiçoados. Análise de criações de estilistas nacionais. Criação e desenvolvimento do desenho do produto da moda no croqui. Aquisição de softwares especificamente comprados para a implementação de produtos ou processos novos ou substancialmente aperfeiçoados. Não Mínimo respondeu Quartil Desvio Máximo Média 1° 2° quartil 3° padrão quartil (mediana) quartil 6 1,0 4,0 5,0 5,0 5,0 4,5 1,0 8 1,0 4,0 5,0 5,0 5,0 4,3 1,1 6 1,0 4,0 5,0 5,0 5,0 4,3 1,1 7 1,0 4,0 5,0 5,0 5,0 4,3 1,1 6 1,0 3,0 5,0 5,0 5,0 4,0 1,4 6 1,0 3,3 4,5 5,0 5,0 3,9 1,4 12 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,9 1,3 7 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,9 1,3 9 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,7 1,5 11 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,6 1,4 12 1,0 2,0 4,0 5,0 5,0 3,6 1,6 10 1,0 3,0 4,0 5,0 5,0 3,6 1,5 11 1,0 2,0 4,0 5,0 5,0 3,4 1,6 10 1,0 2,0 4,0 5,0 5,0 3,3 1,5 12 1,0 1,0 4,0 5,0 5,0 3,2 1,6 11 1,0 1,0 3,0 5,0 5,0 3,2 1,7 11 1,0 2,0 3,0 5,0 5,0 3,2 1,6 12 1,0 1,0 3,0 5,0 5,0 3,1 1,6 10 1,0 1,0 3,0 5,0 5,0 3,0 1,8 12 1,0 1,0 3,0 5,0 5,0 3,0 1,7 Continua 127 Continuação Pesquisas de tendências em feiras de moda internacionais. Análise de criações de estilistas internacionais. Aplicação de moulage na modelagem. Contratação de facção de moda. Participação em projetos do APL de moda. 11 1,0 1,0 2,0 5,0 5,0 2,7 1,6 10 1,0 1,0 2,0 5,0 5,0 2,6 1,7 14 1,0 1,0 2,0 3,0 5,0 2,4 1,5 16 1,0 1,0 1,0 3,3 5,0 2,2 1,5 15 1,0 1,0 1,0 3,0 5,0 2,2 1,5 Fonte: Dados da pesquisa. A Tab. 31 apresenta os resultados do Teste de Mann Whitney U para verificar a diferença do nível de importância dos esforços inovativos entre a empresa que inovou e a que não inovou. Os resultados revelaram que apenas aos seguintes esforços inovativos: criação e desenvolvimento de estamparias e aplicações, treinamentos relacionados à pesquisa de tendências, criação e desenvolvimento de coleção, foi dado um nível mais elevado de importância pelas empresas que inovaram, comparadas às que não inovaram. Tabela 31- Teste de Mann Whitney U para verificar a diferença do nível de importância dos esforços inovativos entre as empresas que inovaram e as que não inovaram Atividades inovativas Pesquisa sobre tendências de estilos da moda. Pesquisa sobre tendências de cores dos tecidos. Pesquisa sobre tendências de estampas nos tecidos. Pesquisa sobre tendências de padronagens dos tecidos. Pesquisa sobre tendências de texturas dos tecidos. Inovou Não inovou Inovou Total Não inovou Inovou Total Não inovou Inovou Total Não inovou Inovou Total Não inovou Inovou Total n Média Soma do do ranking ranking Est. 22 27,91 614,00 33 55 28,06 926,00 361,000 23 27,54 633,50 33 56 29,17 962,50 357,500 23 28,61 658,00 33 56 28,42 938,00 377,000 23 24,74 569,00 33 56 31,12 1027,00 293,000 23 25,13 578,00 33 56 30,85 1018,00 302,000 Z Sig. -,039 0,97 -,445 0,66 -,048 0,96 -1,557 0,12 -1,412 0,16 Continua 128 Continuação Não inovou Inovou Total Não inovou Pesquisas de tendências em Inovou feiras de moda nacionais. Total Não inovou Pesquisas de tendências em Inovou feiras de moda internacionais. Total Não inovou Análise de criações de estilistas Inovou nacionais. Total Não inovou Análise de criações de estilistas Inovou internacionais. Total Não inovou Desenvolvimento de tema para Inovou coleção. Total Não Desenvolvimento do conceito da inovou Inovou marca nas roupas. Total Não inovou Criação e desenvolvimento de Inovou estamparias e aplicações. Total Não Criação e desenvolvimento do inovou desenho do produto da moda no Inovou croqui. Total Não Aplicação na modelagem dos inovou padrões referenciais que têm como base as medidas do corpo Inovou humano. Total Não inovou Aplicação de moulage na Inovou modelagem. Total Não Teste de peças piloto ou inovou protótipos dos modelos de roupas Inovou da coleção. Total Pesquisa sobre tendências de aviamentos. 22 26,70 587,50 33 55 28,86 952,50 334,500 20 25,73 514,50 32 52 26,98 863,50 304,500 19 24,84 472,00 32 51 26,69 854,00 282,000 18 23,58 424,50 32 50 26,58 850,50 253,500 19 25,16 478,00 33 52 27,27 900,00 288,000 19 23,03 437,50 32 51 27,77 888,50 247,500 21 25,17 528,50 31 52 27,40 849,50 297,500 19 20,76 394,50 32 51 29,11 931,50 204,500 19 23,16 440,00 33 52 28,42 938,00 20 -,520 0,60 -,300 0,76 -,446 0,66 -,724 0,47 -,513 0,61 -1,148 0,25 -,542 0,59 -2,015 0,04 250,000 -1,278 0,20 24,93 498,50 33 53 28,26 932,50 288,500 -,797 17 19,68 334,50 31 48 27,15 841,50 181,500 21 25,79 541,50 33 54 28,59 943,50 310,500 -1,884 0,06 -,752 0,45 Continua 129 Continuação Não inovou 20 23,40 468,00 Inovou Total Não inovou Inovou Total Não inovou Inovou Total Não inovou Inovou 31 51 27,68 858,00 19 Total 50 Estudo do layout da produção. Utilização de parâmetros de qualidade no controle do desenvolvimento de produto. Elaboração de looks, books, portfólios e catálogos da coleção. Aquisição de softwares especificamente comprados para a implementação de produtos ou processos novos ou substancialmente aperfeiçoados. Aquisição de máquinas, equipamentos, hardware, especificamente comprados para a implementação de produtos ou processos novos ou substancialmente aperfeiçoados. Não inovou Inovou Total Não Treinamentos relacionados à inovou pesquisa de tendências, criação e Inovou desenvolvimento de coleção. Total Não inovou Contratação de facção Inovou Total Não Participação em projetos do APL inovou Inovou de moda. Total Fonte: Dados da pesquisa. 258,000 -1,049 0,29 24,21 460,00 31 50 26,29 815,00 270,000 -,524 0,60 19 23,29 442,50 31 50 26,85 832,50 252,500 -,892 0,37 19 22,21 422,00 31 27,52 853,00 232,000 -1,289 0,20 20 25,75 515,00 31 26,16 811,00 305,000 -,099 0,92 19 20,34 386,50 31 50 28,66 888,50 196,500 -2,026 0,04 18 20,36 366,50 28 46 25,52 714,50 195,500 -1,394 0,16 18 23,36 420,50 29 47 24,40 707,50 249,500 -,275 0,78 51 A Tab. 32 apresenta os resultados referentes à análise de correlação entre o nível de inovação e o nível de importância das atividades inovativas da empresa, entre 2010 e 2012, direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos/processos ou a produtos significativamente aperfeiçoados. Foi encontrada uma correlação positiva, fraca e estatisticamente significativa entre o nível de inovação de produto e a contratação de facção. Observou-se correlação positiva, fraca e estatisticamente significativa entre o nível de inovação de processo e a criação e desenvolvimento de estamparias e aplicações, que corrobora 130 os níveis de inovações implementados que giram em torno de novidade entre produtos e processos para a própria empresa. Tabela 32 - Correlação de Spearman entre o nível de inovação e o nível de importância das atividades inovativas das empresas, entre 2010 e 2012, direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos/processos ou ao aperfeiçoamento significativo dos já existentes Atividades inovativas Pesquisa sobre tendências de estilos da moda. Pesquisa sobre tendências de cores dos tecidos. Pesquisa sobre tendências de estampas nos tecidos. Pesquisa sobre tendências de padronagens dos tecidos. Pesquisa sobre tendências de texturas dos tecidos. Pesquisa sobre tendências de aviamentos. Pesquisas de tendências em feiras de moda nacionais. Pesquisas de tendências em feiras de moda internacionais. Análise de criações de estilistas nacionais. Análise de criações de estilistas internacionais. Desenvolvimento de tema para coleção. Desenvolvimento do conceito da marca nas roupas. Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Nível de Inovação Produto -0,007 0,957 55 0,129 0,343 56 0,078 0,565 56 0,177 0,192 56 0,061 0,656 56 0,104 0,45 55 0,158 0,264 52 0,119 0,406 51 0,092 0,526 50 -0,067 0,635 52 0,049 0,733 51 0,144 0,307 52 Nível de Inovação Processo 0,042 0,76 55 -0,049 0,719 56 -0,042 0,756 56 0,12 0,378 56 0,185 0,171 56 0,07 0,61 55 -0,024 0,867 52 0,075 0,6 51 0,104 0,473 50 0,093 0,512 52 0,253 0,074 51 0,134 0,343 52 Nível de Inovação Total 0,028 0,84 55 0,065 0,637 56 0,026 0,849 56 0,215 0,111 56 0,182 0,178 56 0,119 0,386 55 0,099 0,486 52 0,137 0,337 51 0,145 0,316 50 0,045 0,754 52 0,192 0,178 51 0,162 0,25 52 Continua 131 Continuação Criação e desenvolvimento de estamparias e aplicações. Criação e desenvolvimento do desenho do produto da moda no croqui. Aplicação na modelagem dos padrões referenciais que têm como base as medidas do corpo humano. Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Sig. n Coef. Teste de peças piloto ou protótipos dos modelos de roupas Sig. da coleção. n Coef. Estudo do layout da produção. Sig. n Coef. Utilização de parâmetros de qualidade no controle do Sig. desenvolvimento de produto. n Coef. Elaboração de looks, books, Sig. portfólios e catálogos da coleção. n Aquisição de softwares Coef. especificamente comprados para Sig. a implementação de produtos ou processos novos ou n substancialmente aperfeiçoados. Aquisição de máquinas, Coef. equipamentos, hardware, Sig. especificamente comprados para a implementação de produtos ou n processos novos ou substancialmente aperfeiçoados. Coef. Treinamentos relacionados à pesquisa de tendências, criação e Sig. desenvolvimento de coleção. n Coef. Contratação de facção Sig. n Coef. Participação em projetos do APL Sig. de moda. n Fonte: Dados da pesquisa. Aplicação de moulage na modelagem. 0,043 0,763 51 0,082 0,565 52 -0,01 0,944 ,323* 0,021 51 0,198 0,159 52 0,195 0,161 0,275 0,051 51 0,203 0,15 52 0,136 0,333 53 53 53 0,142 0,335 48 0,009 0,951 54 0 0,999 51 0,063 0,665 50 0,135 0,352 50 0,082 0,572 0,252 0,083 48 0,221 0,109 54 0,168 0,239 51 0,096 0,509 50 0,158 0,273 50 0,244 0,088 0,273 0,061 48 0,152 0,274 54 0,134 0,347 51 0,114 0,432 50 0,197 0,17 50 0,206 0,151 50 50 50 0,047 0,743 0,091 0,527 0,066 0,643 51 51 51 0,137 0,344 50 ,299* 0,043 46 0,01 0,947 47 0,236 0,099 50 0,018 0,905 46 -0,014 0,927 47 0,276 0,053 50 0,237 0,112 46 0,028 0,849 47 132 6.5.9 Relação entre inovação e gestão ambiental O último tópico da análise dos dados se refere à gestão ambiental das empresas e apresenta uma análise descritiva desses dados. Foram realizados testes para verificar a associação entre ”Inovação geral” e os subitens da “Gestão ambiental”. A estatística Qui-quadrado apresentou insignificância superior a 5%, indicando não haver associação entre essas variáveis. O Gráf. 23 apresenta a frequência da estimativa mensal do consumo de tecidos em metros das empresas da amostra, entre 2010 e 2012. A primeira observação interessante é referente ao número de entrevistados que não responderam a essa questão, que é de aproximadamente 25% da amostra. Isso revela um desconhecimento ou uma falta de controle no consumo mensal de tecidos, principal matéria-prima desse ramo de negócio. Verificou-se também que 37,1% têm um consumo mensal acima de 5.000m; e 11,3% consomem de 2.001 a 2.500 m. As outras categorias receberam menos de 10% dessas respostas. 133 Consumo de tecido Gráfico 23 - Estimativa mensal do consumo de tecidos em metros das empresas da amostra entre 2010 e 2012 Até 500 m 3,2 De 501 a 1.000 m 3,2 De 1.001 a 2.000 m 4,8 De 2.001 a 2.500 m 11,3 De 3.001 a 4.000 m 6,5 De 4.001 a 5.000 m 9,7 Acima de 5.000 m 37,1 Não respondeu 24,2 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. O Gráf. 24 apresenta a estimativa mensal dos resíduos têxteis produzidos por cada uma das empresas estudadas, entre 2010 e 2012. Nesse caso, 17,7% não responderam à questão. Outros 19,4% afirmaram produzir até 50kg; 17,7% produziram de 51 a 100kg; 14,5%, de 201 a 300kg; e outros 14,5% produziram acima de 600kg. 134 Gráfico 24 - Estimativa mensal dos resíduos têxteis produzidos pelas empresas entre 2010 e 2012 Até 50 kg 19,4 De 51 a 100 kg 17,7 Resíduos têxteis De 101 a 200 kg 6,5 De 201 a 300 kg 14,5 De 301 a 400 kg 1,6 De 401 a 500 kg 6,5 De 501 a 600 kg 1,6 Acima de 600 Kg 14,5 Não respondeu 17,7 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. O Gráf. 25 apresenta a estimativa do consumo mensal de energia elétrica das empresas, entre 2010 e 2012, em quilowatt-hora (kWh). Ressalta-se que aproximadamente 26% das empresas não responderam a essa questão. Tal percentual é elevado e pode indiciar diversas explicações para a não resposta, por exemplo, o desconhecimento desses valores ou o receio do entrevistado de repassar tal informação. Dos que responderam, 22,6% afirmaram ter um consumo mensal estimado de até 500kWh; 21% de 501 a 1.000kWh; e 16,1 %, de 1.001 a 2.000kWh. As outras faixas de consumo receberam menos de 10% de citações. Os resultados demonstraram necessidade de redução no consumo de energia elétrica, com maiores investimentos na aquisição de máquinas e equipamentos (Classe “A”) com servo-motor, que não consome energia em períodos de interrupção do operador e economiza cerca de 40% no consumo final de energia em relação às máquinas convencionais. (AZZONE; NOCI,1998; LIMA, 2001; DAVIS; POPOVIC; CROWTHER, 2007; MARCHAND; STUART, 2008). 135 Gráfico 25 - Estimativa do consumo mensal de energia elétrica das empresas entre 2010 e 2012 em Quilowatt-hora (kWh) Até 500 kWh 22,6 Consumo mensal de energia De 501 a 1.000 kWh 21,0 De 1.001 a 2.000 kWh 16,1 De 2.001 a 3.000 kWh 4,8 De 3.001 a 4.000 kWh 4,8 De 5.001 a 6.000 kWh 1,6 Acima de 6.000 kWh 3,2 Não respondeu 25,8 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. O Gráf. 26 apresenta a estimativa do consumo mensal de água entre 2010 e 2012 em litros (L) das empresas. Nesse caso, o percentual de não respostas foi menor, da ordem de 16%. Além disso, 35,5% afirmaram ter um consumo estimado mensal de até 5.000L; 11,3%, de 5.001 a 10.000L; outros 11,3%, de 10.001 a 20.000L. As outras categorias receberam menos de 10% de citações. 136 Gráfico 26 - Estimativa do consumo mensal de água das empresas entre 2010 e 2012 em litros (L) Consumo mensal de água (L) Até 5.000 L 35,5 De 5.001 a 10.0000 L 11,3 De 10.001 a 20.000 L 11,3 De 20.001 a 30.000 L 8,1 De 30.001 a 40.000 L 8,1 De 40.001 a 50.000 L 3,2 De 50.001 a 60.000 L 1,6 Acima de 60.000 L 4,8 Não respondeu 16,1 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. A Tab. 33 apresenta a estatística descritiva das principais composições dos tecidos com base no total de tecidos utilizados nas empresas entre 2010 e 2012. O percentual de não respostas foi mais baixo para o algodão, com 54,3% e o poliéster, com 33,9%, que se mostraram os principais tecidos, seguido pelo elastano 16,7%. É possível que parte desses tecidos (retalhos), foram descartados na natureza, como lixo residencial, com diferentes especificidades e tempo de degradação. 137 Tabela 33 - Estatística descritiva das principais composições dos tecidos com base no total de tecidos utilizados nas empresas entre 2010 e 2012 Quartil Desvio Não Mínimo Máximo Média 1° 2° quartil 3° padrão respondeu % % % quartil (mediana) quartil % % % % Algodão 12 5,0 37,8 50,0 76,3 100,0 54,3 26,3 Poliéster 15 5,0 20,0 33,0 50,0 97,0 33,9 20,6 Acetato 58 1,0 1,5 4,0 8,8 10,0 4,8 3,9 Elastano 26 2,0 10,0 15,0 22,3 50,0 16,7 10,7 Nylon ou poliamida 53 5,0 8,0 10,0 20,0 80,0 19,6 23,3 Viscose 50 5,0 5,0 10,0 20,0 30,0 12,9 8,1 Seda 60 7,0 7,0 18,5 30,0 30,0 18,5 16,3 Poliamida 61 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 Fonte: Dados da pesquisa. Composição dos tecidos A Tab. 34 apresenta a estatística descritiva do percentual de máquinas e equipamentos das empresas que trazem o selo PROCEL (Classe “A”). Os dados revelam que mais de 50% das empresas afirmaram que nenhuma de suas máquinas traz esse selo. Tabela 34 - Estatística descritiva do percentual de máquinas e equipamentos das empresas que possuem o selo PROCEL (Classe “A”) Quartil Mínimo % 1° quartil 0,0 0,0 Fonte: Dados da pesquisa. 2° quartil (mediana) % 0,0 3° quartil % 0,8 Máximo % Média % Desvio padrão % 100,0 14,9 32,4 O Gráf. 27 apresenta o resultado referente à variável que indagou se as empresas implantaram coleta seletiva de lixo entre 2010 e 2012. Apenas 24,2% afirmaram ter implementado a coleta seletiva de resíduos; 61,3% dos entrevistados não implementaram; e 14,5% não responderam à questão. 138 Coleta seletiva de lixo Gráfico 27 - Implantação de coleta seletiva de lixo nas empresas entre 2010 e 2012 Não respondeu 14,5 Não 61,3 Sim 24,2 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. O Gráf. 28 evidencia os resultados referentes ao destino dos resíduos têxteis gerados pelo setor produtivo das empresas entre 2010 e 2012. Verifica-se que a maioria dos resíduos é descartada no lixo (58,1%) ou é doada (54,8%). Além disso, 25,8% dos entrevistados afirmaram vender os resíduos têxteis, e apenas 6,5% destinam para a Organização Não Governamental (ONG) "Lixo e Cidadania". Observa-se ainda que 6,5% não responderam a nenhuma das questões relativas ao assunto de descarte de resíduos. Os resultados demonstraram que a ONG “Lixo e cidadania” não conseguiu absorver a maior parte dos resíduos têxteis produzidos, ainda que tenha buscado a melhor maneira de reaproveitá-los, através principalmente dos artesãos, que os transformam em produtos comercializáveis (ELIAS; MAGALHÃES, 2003; SCHULTE; LOPES, 2008; SEVERO et al., 2009; SHIBAO; MOORI; SANTOS, 2010; TEIXEIRA; CASTILLO, 2012). 139 Destino dos resíduos têxteis Gráfico 28 - Destino dos resíduos têxteis gerados pelo setor produtivo das empresas entre 2010 e 2012 Não respondeu nenhuma 6,5 ONG “Lixo e Cidadania”- Divinópolis 6,5 Lixo 58,1 Venda 25,8 Doação 54,8 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. O Gráf. 29 apresenta o destino dos resíduos de óleo lubrificante gerados pelas máquinas e equipamentos das empresas entre 2010 e 2012. Verificou-se que 43,5% não responderam a essa questão, percentual bastante elevado. Dos entrevistados, 40,3% afirmaram descartar diretamente no lixo; 19,4% doaram esses resíduos; e 4,8% disseram dar outro destino aos resíduos de óleos lubrificantes, sem, no entanto, especificar que destino seria esse. Os dados preocupantes foram os resíduos jogados no lixo, além da quantidade de “não repostas”, o que, numa interpretação subjetiva, indicia o receio de responder a essa questão. 140 Destino dos resíduos de óleo Gráfico 29 - Destino dos resíduos de óleo lubrificante gerados pelas máquinas e equipamentos das empresas entre 2010 e 2012 Outro destino 4,8 Doação 19,4 Lixo 40,3 Não respondeu nenhuma 43,5 0% 20% 40% 60% 80% 100% Fonte: Dados da pesquisa. 6.6 Comparativo entre os principais indicadores de inovação Diante da hipótese de onde partiu esta pesquisa – A indústria de confecção de artigos do vestuário e acessórios do município de Divinópolis (MG) encontra-se em nível inferior à indústria estadual e nacional no que se refere aos indicadores de esforço inovativo e inovação –, esta seção apresenta os principais indicadores de inovação, as diferenças de médias e a comparação entre a pesquisa local e a pesquisa PINTEC em 2008 (nível estadual e nacional) dos principais indicadores da confecção de artigos do vestuário e acessórios. No município de Divinópolis (MG) 56,5% das empresas implementaram inovações, seja no produto, seja no processo, índice superior a Minas Gerais, Tab. 35, com 49,15%, e ao Brasil, com 36,75%. Esses índices estaduais e nacionais são os resultados mais recentes divulgados pelo IBGE e referem-se ao período entre 2006 e 2008. A divulgação dos resultados contemplam os indicadores de inovação de produtos e processos novos ou substancialmente aprimorados, em nível estadual e nacional (IBGE/PINTEC, 2010). 141 Tabela 35 - Estatística descritiva entre as médias das empresas que implementaram inovações de produtos e processos - PINTEC 2008 Empresas Implantaram inovação Não implantaram inovação MG (%) Brasil (%) n=2.362 49,15 50,85 n=14.746 36,75 63,25 Fonte: IBGE/PINTEC, 2010 Nota: Dados trabalhados pela autora. Em relação aos tipos de inovação, Divinópolis (MG) apresentou-se com 37,10%, índice percentual superior a Minas Gerais, conforme Tab. 36, com 20,30% e também ao Brasil, com 19,40%. Ressalta-se que o desenho amostral da pesquisa da PINTEC em 2008 incluiu somente empresas que apresentaram maior probabilidade de serem inovadoras (IBGE/PINTEC, 2010). Tabela 36 - Estatística descritiva entre os tipos de inovações de produtos e processos - PINTEC 2008 Tipos de inovação Inovação de produtos Inovação de processos Fonte: IBGE/PINTEC, 2010. Nota: Dados trabalhados pela autora. MG (%) Brasil (%) n=2.362 14.746 20,30 46,70 19,40 33,40 Quanto aos níveis de inovação de produtos, Divinópolis (MG) apresentou-se com 32,30%, índice superior tanto a Minas Gerais, ver Tab. 37, com 20,30 quanto ao Brasil, com 17,80. Relativamente aos produtos novos para o mercado nacional, Divinópolis (MG) apresentou-se com 4,80%, índice superior a Minas Gerais, com 0,0%, e ao Brasil, com 1,34%. Em nível mundial, apenas o Brasil inovou, apresentando o índice de 0,27% (IBGE/PINTEC, 2010). Tabela 37 - Estatística descritiva entre as médias dos níveis de inovação das empresas que implementaram inovações de produtos - PINTEC 2008 Inovação de produtos ocorreu a nível Empresa Nacional Mundial Fonte: IBGE/PINTEC, 2010. Nota: Dados trabalhados pela autora. MG (%) Brasil (%) n=2.362 n=14.746 20,30 0,00 0,00 17,80 1,34 0,27 142 Na inovação de processos, as empresas que apresentaram novidade para o mercado nacional e mundial foram concentradas nos resultados do Brasil. As empresas que estão no grupo que utilizou tecnologias disponíveis no mercado foram: Divinópolis (MG), com 38,7%, índice inferior a Minas Gerais, Tab. 38, com 46,70%, que, por sua vez, é superior ao Brasil, com 32,16% (IBGE/PINTEC, 2010). Tabela 38 - Estatística descritiva entre as médias das empresas que implementaram inovações de processos - PINTEC 2008 Inovação de processos ocorreu a nível Empresa Nacional Mundial Fonte: IBGE/PINTEC, 2010, e dados da pesquisa. Nota: Dados trabalhados pela autora. MG (%) Brasil (%) n=2.362 n=14.746 46,70 0,00 0,00 32,16 1,23 0,01 O uso de métodos de proteção das inovações de produtos ou processos (patentes) não foi registrado no município de Divinópolis (MG), tampouco no estado de Minas Gerais. A proteção da marca foi utilizada por 32,3% das empresas do município de Divinópolis (MG). A Tab. 39 mostra que no Brasil apenas 0,50% das empresas utilizaram a patente e a proteção da marca foi utilizada por 2,88% das empresas em Minas Gerais e 5% no Brasil (IBGE/PINTEC, 2010). Tabela 39 - Estatística descritiva entre as médias das empresas no uso dos métodos de proteção das inovações de produtos ou processos - PINTEC 2008 Métodos de proteção (empresa) Patentes Marcas Fonte: IBGE/PINTEC, 2010. Nota: Dados trabalhados pela autora. MG (%) Brasil (%) n=2.362 0,00 2,88 n=14.746 0,50 5,00 Os resultados demonstraram a inexistência do uso de patentes no município de Divinópolis (MG) e no próprio Estado. No Brasil, o índice foi muito baixo. Pode-se afirmar, nesse caso, que a maioria das inovações de produtos e de processos não contabilizaram invenções e ocorreram principalmente na melhoria de produtos e processos. 143 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este capítulo foi estruturado em uma seção com três subseções. A primeira relata as principais inferências feitas a partir dos indicadores em relação à inovação; a segunda apresenta as principais limitações da pesquisa; a terceira trata da implicação da pesquisa e de estudos futuros. 7.1 Inferências advindas das principais características de inovação das MPMEs Ao analisar as características das empresas e suas relações, primeiro foram identificados os tipos de gestão que tiveram influência no processo inovativo. Nesse caso, a gestão familiar e a profissional demonstraram resultados positivos em relação aos índices inovativos das empresas estudadas. O mercado nacional foi o principal destino das vendas das empresas que inovaram. A cooperação para a inovação de produtos mais uma vez mostrou a importância da participação dos clientes como principais cooperadores no processo inovativo. As principais fontes de informação utilizadas pelas empresas são externas, como fornecedores, clientes e revendedores, além da participação em feiras, exposições e APL de moda que apresentaram resultados positivos como contribuintes na inovação de processos. A inovação organizacional e de marketing, recentemente incluídas nas pesquisas sobre inovação, demonstraram que as empresas que implementaram gestão do conhecimento, descentralização ou integração de setores, terceirização, novas formas para colocação de produtos no mercado ou novos canais de venda ou, ainda, que realizaram mudanças no design do produto, estão concentradas no grupo de empresas que inovou. Os principais obstáculos enfrentados tanto pelo grupo de empresas que inovou como pelo que não inovou em processos foram: falta de informação sobre mercados e a fraca resposta dos consumidores aos lançamentos de novos produtos. Os maiores índices das variáveis referentes ao nível de importância das atividades inovativas direcionadas ao desenvolvimento de novos produtos e processos ou de produtos significativamente aperfeiçoados ocorreram em: criação e desenvolvimento de estamparias e aplicações, treinamentos relacionados à 144 pesquisa de tendências e criação e desenvolvimento de coleções. A Fig. 6 sintetiza as principais características das empresas associadas à inovação das MPMEs da confecção de artigos do vestuário e acessórios no município de Divinópolis (MG), e que são associadas ao SINVESD. Para a elaboração da Fig. 6, tomaram-se por base os dados da pesquisa, considerando as empresas que implementaram inovações de produtos, processos, organizacionais e de marketing no triênio de 2010 a 2012. Figura 6 - Modelo teórico das inovações implementadas pelas empresas associadas ao SINVESD entre 2010 e 2012 MPMEs Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios (SINVESD) Fornecedores Feiras e exposições Revendedores APL de moda Gestão Familiar/ Profissional Mercado (Nacional) Clientes Gestão do conhecimento Inovação de Produtos e Processos Descentralização ou integração de setores Design do produto Terceirização Canais de vendas Fonte: Dados da pesquisa. Treinamentos: pesquisa de tendências, criação e desenvolvimento de coleções Criação e desenvolvimento de estamparias e aplicações Organizacional e de marketing 145 Diante das análises das diferenças de médias realizadas, foi possível obter sucintamente os resultados da inovação de produtos, processos, inovação organizacional e de marketing, (embora seja necessário considerar as limitações metodológicas desta pesquisa), com o intuito de refutar a hipótese levantada, qual seja, a de que a indústria de confecção de artigos do vestuário e acessórios no município de Divinópolis (MG) encontra-se em nível inferior à indústria estadual e nacional no que se refere aos indicadores de esforço inovativo e inovação. No contexto geral, o município destacou-se em termos quantitativos, entretanto não foi possível identificar a relação existente entre as inovações e o faturamento das empresas, pela omissão de dados sobre esta última questão25 . Outro fato interessante foi a similaridade entre Divinópolis (MG), Minas Gerais e Brasil, no quesito inovação de produtos e processos em nível da própria empresa. É possível identificar a incipiência dos indicadores de inovação do Brasil, seja na criação e desenvolvimento de produtos seja em processos. O fato demonstra a fragilidade dos outputs em todo o território nacional quanto aos indicadores de inovação em nível nacional e mundial. Os modelos de inovação abordados pela literatura consultada descrevem os procedimentos empíricos e as políticas que permeiam o processo inovador e buscam uma teoria que explique como esses agentes atuam no desenvolvimento de novos produtos (LONGANEZI; COUTINHO; BOMTEMPO, 2008). O modelo de Kim (1997), Imitation to innovation, contribuiu para se compreender o cenário da P&D das indústrias do vestuário e a incipiência dos níveis de inovação implementados. A justificativa dos resultados está evidenciada nas principais ferramentas utilizadas pelo setor para a criação e desenvolvimento de produtos De acordo com IPEAD (2011), Fig. 7, primeiro, as coleções são apresentadas ao mercado pelos grandes desfiles de moda europeia e de marcas mundiais, como as de Paris, Milão, Londres e Nova Iorque. A posteriori, os estilistas de todo o mundo recriam as coleções com designs inspirados nas tendências lançadas pelas empresas ofensivas em inovação (FREEMAN; SOETE, 1997), líderes do mercado internacional, a fim de atenderem a públicos distintos, seja no quesito de nichos de mercado, seja para classes de menor poder aquisitivo. 25 Média de Faturamento anual entre 2010 e 2012; B2.8) Média de Prejuízo Líquido anual entre 2010 e 2012 e B2.7) Média de Lucro Líquido anual entre 2010 e 2012. 146 Figura 7 – Criação e desenvolvimento de coleções Coleção Própria Nichos de Mercado Cópias Moda Popular MARCAS MUNDIAS (Desfiles: Semana de Moda Internacional) Fonte: Adaptado de IPEAD, 2011, p. 21. A utilização da ferramenta de adaptação ou cópias criativas apresentadas por Kim (1997) traduz os níveis e os tipos de inovação implementados pelas confecções do vestuário. Esse conjunto de atividades inovativas está relacionado diretamente ao mercado e às possibilidades de atuação apresentadas na Fig. 8. E corrobora o que dizem Freeman e Soete (1997) no quesito da estratégia competitiva de inovação imitativa adotada pelas firmas. Porém ressalta-se a constante dependência dessas empresas em relação às líderes de mercado. Kearns (1986) definiu como “Benchmarking” o processo contínuo, em relação aos maiores concorrentes ou às líderes nas indústrias, de medição de produtos, processos e das melhores práticas organizacionais. Ressalta-se como vantagem competitiva a implementação do sistema de administração da produção (just in time) pelas empresas seguidoras, frente à sua demanda. Ademais, o Brasil tem se desenvolvido no mundo da moda numa tentativa de criar sua própria identidade no mercado dominado pelas grandes griffes internacionais. Exemplos são as coleções apresentadas nos grandes desfiles, que acontecem em São Paulo (São Paulo Fashion Week), no Rio de Janeiro (Fashion Rio) e em Minas Gerais (Minas Trend Preview). No entanto há uma tendência iminente à redução do ciclo de vida desses produtos, conhecidos como fast fashion, modelo de produção de moda rápida (ciclo curto), influência das grandes grifes europeias, principalmente as italianas (CIETTA, 2010; SINVESD, 2011). Nesse processo evolutivo, para que se mantenham no mercado, as empresas terão que adaptar-se às novas mudanças, abandonando as velhas estruturas, num processo de “destruição criativa” pela inserção de inovações em produtos, processos organizacionais e marketing. 147 FIGURA 8 – Criação e desenvolvimento de coleções – modelo “cópias criativas” Inspiração (releitura) Desfiles de Moda Internacional Mercado Cópias Criativas Réplicas Fonte: Adaptado de KIM, 1997; IPEAD, 2011. No contexto geral, os resultados da pesquisa confirmaram (apesar das limitações metodológicas deste estudo) que os tipos e níveis de inovação da confecção de artigos do vestuário e acessórios do município de Divinópolis (MG) atingiram patamares melhores de desempenho inovativo vis a vis à realidade contemporânea do setor, na comparação com a PINTEC 2008. Por meio deles foi possível relatar as principais inovações implementadas: a maioria das inovações de produtos e processos ocorreu em nível interno das firmas, a partir da incorporação de conhecimentos e tecnologias disponíveis no mercado; as inovações organizacionais e de marketing ocorreram principalmente na organização do trabalho e na estética, desenho (design) ou outras mudanças significativas. 7.2 Principais limitações da pesquisa A limitação desta pesquisa mostra-se principalmente na comparação dos indicadores de inovação, como já mencionado, em relação à pesquisa de nível nacional, nos âmbitos populacional, amostral e temporal. Os critérios utilizados pela principal pesquisa setorial de inovação tecnológica (IBGE/PINTEC) restringem as empresas, no tocante ao número de pessoas ocupadas, ou seja, a empresa com menos de dez pessoas ocupadas no ano de referência da pesquisa não pode fazer parte dela. A justificativa encontra-se no Manual de Oslo (2005), que entende serem tais empresas incapazes de desenvolver algum tipo de inovação devido ao seu porte. No entanto as práticas contemporâneas 148 demonstram que grandes empresas utilizam a terceirização como estratégia na redução de custos, principalmente no setor produtivo, responsável por abrigar o maior número de pessoal ocupado (RESENDE FILHO, 1999; CONDE ARAÚJOJORGE, 2003; STAL; CAMPANÁRIO; ANDREASSI, 2006; ABDI, 2009). Adiciona-se a isso a possibilidade de tais empresas terem um perfil inovador. Assim, poder-se-ia colocar em questionamento o critério utilizado pela OCDE e pelo IBGE/PINTEC, no tocante ao número de pessoas ocupadas no ano de referência das pesquisas, pois ele pode fragilizar os resultados apresentados. 7.3 Implicação da pesquisa e estudos futuros A priori, buscou-se a reaplicação do questionário (validado) da PINTEC 2008, fonte secundária de dados. No entanto a realidade local exigiu novas questões e adaptação daquele questionário, com a finalidade de explorar, esclarecer e compreender melhor o processo de inovação da indústria de artigos do vestuário e acessórios do município de Divinópolis (MG), além da necessidade de obter mais detalhamentos das informações in locus. Assim, este estudo foi capaz de ultrapassar as informações da pesquisa nacional, ampliando a caracterização da inovação do setor, conforme Quadro 9, de acordo com os temas abordados. 149 Quadro 9 - Caracterização da inovação das empresas de confecção de artigos do vestuário e acessórios no município de Divinópolis (MG) entre 2010 e 2012 Fatores Caracterização das empresas Descrição Principais atividades da empresa, tipo de gestão da empresa, principais clientes, principais regiões de seus clientes, principais tipos de clientes, número médio de funcionários por setor, dispêndio médio salarial por setor, número médio de peças produzidas/mês, percentuais médios por setor das atividades realizadas internamente e terceirizada (facção), número de máquinas e equipamentos eletrônicos existentes na empresa. Informações financeiras e de pessoal Percentual do faturamento das vendas por tipo de clientes; número total de pessoas ocupadas que compunham a força de trabalho por escolaridade e sexo; média de faturamento, lucro, prejuízo e percentual investido em P&D. Inovação de produtos e processos Consultores externos e PATME; impactos das inovações: controle de aspectos ligados à saúde e segurança (ergonomia), enquadramento em regulamentos e normas internas/externas (lei das etiquetas), certificação: sistema de gestão da qualidade (ISO 9001), sistema de gestão ambiental (ISO 14001) e selo de qualidade ABRAVEST. Fontes de informação para a inovação Internas à empresa: Administração, criação e desenvolvimento de produtos (design), produção (modelagem, risco, enfesto, corte, estamparia, bordado, costura, lavanderia, acabamento, passadoria e embalagem), estoque e expedição e marketing e vendas. Externas à empresa: APL de moda Cooperação para inovação Inovação organizacional e de marketing PATME e APL de moda. Descentralização ou integração de setores; estudo do layout e ficha técnica; contratação de private label; mudanças significativas do(s) produto(s): no design e na embalagem do produto. Esforço inovativo Pesquisa sobre tendências de estilos da moda, cores, estampas, padronagem, texturas dos tecidos e aviamentos; pesquisa sobre tendências em feiras de moda nacionais e internacionais; análise de criações de estilistas nacionais e internacionais; desenvolvimento de tema para coleção e conceito da marca; criação e desenvolvimento de estamparias, aplicações; criação e desenvolvimento do desenho do produto da moda no croqui; aplicação na modelagem dos padrões referenciais que têm como base as medidas do corpo humano e moulage; teste de peças piloto ou protótipos dos modelos de roupas da coleção; estudo do layout da produção; utilização de parâmetros de qualidade no controle do desenvolvimento de produto; elaboração de looks, books, portfólios e catálogos da coleção; aquisição de softwares, máquinas, equipamentos, hardware especificamente comprados para a implementação de produtos ou processos novos ou substancialmente aperfeiçoados; treinamentos relacionados à pesquisa de tendências, criação e desenvolvimento de coleção; contratação de facção e participação em projetos do APL de moda. Gestão ambiental Consumo, principais tipos e composições dos tecidos utilizados; implantação de coleta seletiva de lixo; estimativa mensal dos resíduos têxteis produzidos; destino dos resíduos têxteis gerados pelo setor produtivo e resíduos de óleo lubrificantes gerados pelas máquinas e equipamentos; percentual de máquinas e equipamentos com o selo PROCEL (classe “A”) e estimativa do consumo mensal de energia elétrica em quilowatt-hora (kWh) e de água em litros (L). Fonte: Adaptado de CEFET/MG, 2013 e dados da pesquisa. 150 Portanto, diante da complexidade dos diversos fatores que interagem no processo inovativo, inclusive no cenário econômico distinto das duas pesquisas, pode ser que a indústria de confecção do vestuário do município de Divinópolis (MG) encontre-se em nível superior à indústria estadual e nacional no que se refere aos indicadores de inovação. A pesquisa ofereceu evidências empíricas, ainda que numa visão holística, do perfil inovador da “Capital Mineira da Moda”. Além de sinalizar em direção das condicionantes estruturais, culturais e institucionais que determinaram as atividades inovativas e tecnológicas in locus. A inovação requer um sistema de gestão da inovação. Para isso, a priori, é necessária a criação de um modelo empírico capaz de representar com maior abrangência suas etapas, além de identificar quais variáveis atuam de forma positiva ou negativa, a fim de garantir maior credibilidade aos esforços direcionados à sua implementação. Assim, a relação criada entre as características inovativas propostas e as inovações listadas a partir deste estudo foi capaz de demonstrar, ainda que de maneira teórica, a dinâmica do processo inovativo dessas empresas na criação e desenvolvimento de produtos e processos, em torno principalmente de mudanças incrementais. Visa-se com isso incentivar o fomento de políticas públicas e privada de incentivo ao investimento em inovação, na principal fonte geradora de estratégias e nas vantagens competitivas. Destarte, serão necessários outros estudos com mais afinco, por exemplo, estudos de casos, além de outras métricas estatísticas, como proposta de criação de um modelo que investigue e analise a atuação desses indicadores (inputs) nos resultados (outputs) e os possíveis entraves no processo dinâmico da inovação nas indústrias de confecção de artigos do vestuário e acessórios. 151 REFERÊNCIAS ABRANCHES, Gerson Pereira; BRASILEIRO JUNIOR, Alberto. Manual da gerência de confecção: a indústria de confecções de estrutura elementar. v. 1. Rio de Janeiro: SENAI/CETIQT, 1996. 238 p. ABDI - AGENCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Estudos Setoriais de Inovação: indústria têxtil e de vestuário. Estudo sobre como as empresas brasileiras nos diferentes setores industriais acumulam conhecimento para realizar inovação tecnológica. Belo Horizonte: ABDI – FUNDEP/UFMG, 2009. 100 p. AGRESTI, A. Categorical Data Analysis. 2. ed. New York: Wiley, 2002. 710 p. ANDERSON, D. R.; SWEENEY D. J.; WILLIAMS T. A. Estatística aplicada à Administração e Economia. São Paulo: Cengage Learning, 2008. 597 p. ANDRADE FILHO, José Ferreira de; SANTOS, Laércio Frazão dos. Introdução à tecnologia têxtil. Rio de Janeiro: CETIQT/SENAI, v. 3. 1987. 174 p. ANDRADE, M. E. A. A informação e o campo das micro e pequenas indústrias da moda em Minas Gerais: a entrada no campo da indústria da moda. Perspect. Ciência da Informação. Belo Horizonte, v. 7, n. 1, jan./jun. 2002, p. 39-48. Disponível em: <http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br>. Acesso em: 09 ago. 2012. ANPEI - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO E ENGENHARIA DAS EMPRESAS INOVADORAS. Os novos instrumentos de apoio à inovação: uma avaliação inicial, 2008. Brasília: Centro de gestão e estudos estratégicos – Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento, 2009. 101p. Disponível em: < <https://www.google.com.br/#q=www.cgee.org.br%2Fatividades%2Fredirect.php%3 FidProduto%3D5613%E2%80%8E>. Acesso em: 12 fev. 2012. ANPEI - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO E ENGENHARIA DAS EMPRESAS INOVADORAS. Inovação Tecnológica no Brasil: a indústria em busca da competitividade global. São Paulo: ANPEI, 2006. 117p. Disponível em: <http://www.abimaq.org.br/Arquivos/Html/IPDMAQ/10%20Inov%20Tecn%20no%20B rasil%20-%20ANPEI%20-%20h%C3%A1%20impreso.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2012. AUDACES. A tecnologia da moda: Visualizador de modelagens em manequins virtuais - Audaces 3D online. Disponível em: <http://www.audaces.com/br/Desenvolvimento/audaces-3D>. Acesso em: 14 ago. 2013. AUTANT-BERNARD, C.; CHALAYE, S.; MANCA, F., MORENO, R.; SURIÑ, J. Measuring the adoption of innovation. A typology of EU countries based on the innovation survey. In: Innovation: The European Journal of Social Science Research. v. 23, n. 3. Sept., 2010, p. 199-222. 152 AZZONE, G.; NOCI, G. Seeing ecology and “green” innovation as a source of change. In: Journal of organizational Change Management. v. 11, n. 2, 1998, p. 94-11. BAS, C. L.; LAUŽIKAS, M. Determinants of innovation culture and major impacts on the innovation strategy: the case of the information technology sector in Lithuania. n. 4. v. 8. Polônia: Social Sciences Studies, 2010, p. 125–139. BOSS, S. Action what didn’t work. Nau and again. The sustainable outdoor clothing company Nau tried on too much, too fast Online. Winter: Stanford Social Innovation Review, 2009, p. 71-72. CALMANOVICI, C. E. A inovação, a competitividade e a projeção mundial das empresas brasileiras. In: Revista USP, São Paulo, n. 89, mar./maio 2011, p. 190203. CEFET/MG - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Projeto Pedagógico do Curso Técnico em Produção de Moda. Divinópolis (MG): Campus V, 2013. CHAVES, G. C.; OLIVEIRA, M. A.; HASENCLEVER, L.; MELO, L. M. A evolução do sistema internacional de propriedade intelectual: proteção patentária para o setor farmacêutico e acesso a medicamentos. In: Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, fev. 2007, p. 257-267. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n2/02.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2013. CIETTA, E. A Revolução do Fast-Fashion – Estratégias e modelos organizativos para competir nas indústrias híbridas. Rio de Janeiro: Estação das letras, 2010. 263 p. CONCLA - COMISSÃO NACIONAL DE CLASSIFICAÇÃO. Classificação Nacional de Atividades Econômicas. Versão 2.0. Brasil, 2007. Disponível em: <http://www.cnae.ibge.gov.br/secao.asp?codsecao=C&TabelaBusca=CNAE_200@ CNAE%202.0@0@cnae@0>. Acesso em: 25 ago. 2012. CONDE, M. V. F; ARAÚJO-JORGE, T. C. Modelos e concepções de inovação: a transição de paradigmas, a reforma da C&T brasileira e as concepções de gestores de uma instituição pública de pesquisa em saúde. In: Ciência e Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 8, n. 3. ago. 2003, p. 727-741. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v8n3/17453.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2013. CNI - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Indicadores de Competitividade na Indústria Brasileira. 2. ed. rev. e atual. Brasília: CNI, 2005. 126 p. CNI/ABIT - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E DE CONFECÇÃO. Têxtil e Confecção: inovar, desenvolver e sustentar. Brasília: CNI/ABIT, 2012. 74 p. 153 CORAL, E. ; OGLIARI, A.; ABREU, A. F. (Org.). Gestão integrada da inovação: Estratégia, organização e desenvolvimento de produtos. São Paulo: Atlas, 2008. cap. 4, p. 78. COSTA, Ana Cristina Rodrigues; ROCHA, Érico Rial Pinto da. Setor têxtil e confecções - Panorama da cadeia produtiva têxtil e de confecções e a questão da inovação. In: BNDS Setorial. Rio de Janeiro, n. 29, mar. 2009, p. 159-202. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivo s/conhecimento/bnset/Set2905.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2012. DAUSCHA, Ronald Martin. Definição de inovação em negócios para o Brasil. In: PAROLIN, Sônia Regina Hierro. (Org.); OLIVEIRA; Heloísa Cortiani de (Org.). Inovação e propriedade intelectual na indústria. Curitiba: SENAI/SESI, v. 4. 2010. p. 17-28. DANTAS, Alexis; KERTSNETZKY, Jacques; PROCHNIK, Victor. Empresa, indústria e mercado. In: KUPFER, David (Org.) e HASENCLEVER, Lia (Org.) Economia Industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002. p. 23-41. DAVIS, R.; POPOVIC, V.; CROWTHER, P. Advancing design activity: catalysts for sustained innovation. In: Proceedings The international Association of Societies of Design research. POGGENSPOHL, Sraron, Hong Kong: Polytechnic University. 2007, p. 1-13. DIVINÓPOLIS. Projeto Divinópolis 100 anos. Prefeitura Municipal de Divinópolis. Kely Viviane da Silva (Coord.) Paulo Bocca (Dir.). Divinópolis (MG): ACHIEVEMENTPRP Comunicação e Marketing, 2012. 32 p. DOSI, G. The nature of innovative process. In: G. Dosi, C. Freeman, R. Nelson, G. Silverberg and L. Soete (Eds.) Technical Change and Economic Theory. London: Pinter, 1988. ELIAS, Sérgio José Barbosa; MAGALHÃES, Liciane Carneiro. Contribuição da produção enxuta para obtenção da produção mais limpa. In: XXIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003. Disponível em: <http://www.fat.uerj.br/intranet/disciplinas/Controle%20de%20Qualidade/arranjos%2 03.pdf>. Acesso em: 19 set. 2013. FASHIONMIX. Rede Social de Moda online. Disponível em: <http://fashionmix.net/page/fashionmix-feira-de-negocios-de-moda-divinopolis-mgconfeccao-rou >. Acesso em: 07 maio 2013. FERREIRA, E. Divinópolis: rastros e pegadas. Divinópolis, MG: Express Artes Gráficas, 2006. 214 p. FIGUEIREDO, Paulo N. Gestão da inovação: conceitos, métricas experiências de empresas no Brasil. Rio de Janeiro: LTC, 2009. 356 p. e 154 FITEDI - COMPANHIA DE FIACÃO E TECELAGEM DIVINÓPOLIS. História online. Disponível em: <http://www.fitedi.com.br/institucional/historia/>. Acesso em: 07 maio 2013. FRAGA, R. Brasil deve parar de copiar mundo caduco online. In: Revista exame.com. 2012. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/noticias/ronaldo-fraga-brasil-deve-parar-decopiar-mundo-caduco/>. Acesso em: 22 ago. 2013. FREEMAN, C.; SOETE, L. A economia da inovação industrial. Campinas: UNICAMP, 2008. André Luiz Sica de Campos (Trad.), Janaina Oliveira Pamplona da Costa (Trad.) (Clássicos da inovação). 816 p. Original publicado em 1997. FREEMAN, C.; SOETE, L. The Economics of Industrial Innovation. 3nd ed. London: Pinter, 1997. FREEMAN, C. Technology, policy, and economic performance: lessons from Japan. London: Pinter, 1987. 155 p. FREEMAN, C. The economics of industrial innovation. 2nd ed. The MIT Press, Cambridge, Massachusetts,1982. FGV - FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Artigos femininos lideram gastos com têxteis, revela pesquisa da FGV Projetos online, 2013. Disponível em: <http://fgvnoticias.fgv.br/noticia/mulheres-sao-que-mais-compram-produtos-texteisrevela-pesquisa-da-fgv-projetos>. Acesso em: 06 ago. 2013. GARCÍA, N. A. A variedade regional na sufixação. In: Cadernos do CNLF. v. 13, n. 04. Anais do XIII CNLF. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2009, p. 1573-1586. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiiicnlf/XIII_CNLF_04/tomo_2/a_variedade_regional_na_s ufixacao_NILSA.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2013. GAZZONA, Raquel da Silva. Trabalho feminino na indústria do vestuário. In: Revista Educação e Sociedade, ano XVIII, n. 61, dez. 1997, p. 88-109. GONÇALVES E.; LEMOS, M. B.; AMARAL, P. V.; FAJARDO, B. A. G. Padrões de acumulação de conhecimento e inovação tecnológica no complexo têxtilvestuário brasileiro: documentos técnico-científicos. v. 43, n. 02. Abr./Jun., 2012, p. 267-287. Disponível em: <http://www.bnb.gov.br/projwebren/exec/artigoRenPDF.aspx?cd_artigo_ren=1303>. Acesso em: 03 set. 2013. GRASSI, R. A. Capacitações dinâmicas, coordenação e cooperação interfirmas: as visões Freeman-Lundvall e Teece-Pisano. In: Estudos Econômicos. São Paulo, v. 36, n. 3, jul./set. 2006, p. 611-635. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ee/v36n3/a07v36n3.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2013. 155 GRASSI, R. A. Concorrência schumpeteriana e capacitações dinâmicas: notas para uma integração teórica. In: VII Encontro Nacional da Sociedade de Economia e Política. Curitiba, 2002. GRIZENDI, Eduardo. Manual de orientações gerais sobre inovação. Ministério das Relações Exteriores. Departamento de Promoção Comercial e Investimentos Divisão de Programas de Promoção Comercial. Projeto Nº BRA/O7/017, 2011. 186 p. HASSENCLEVER, L.; TIGRE, P. Estratégias de Inovação. In: KUPFER, David (Org.); HASENCLEVER, Lia (Org.) Economia Industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002, cap. 18, p. 431-447. HYODO, T.; FUJINO A. Interação universidade-empresa: a produtividade científica dos inventores da Universidade de São Paulo. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação. n. 7, 2011. Brasília, ENANCIB, 2011, p. 20852103. Disponível em: <http://200.136.214.89/nit/refbase/arquivos/oliveira/2011/589_Oliveira+Faria2011.pdf >. Acesso em: 21 jul. 2013. INÁCIO JUNIOR, E. PMEs X Inovação <--> Desempenho: o que elas fazem e o que elas obtêm? um estudo exploratório a partir dos microdados da PINTEC 2005. São Paulo: Blucher Acadêmico, 2012. 307 p. IBGE/PINTEC - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. PESQUISA INDUSTRIAL DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA: 2008. Rio de Janeiro, 2010. 164 p. Disponível em: <http://www.pintec.ibge.gov.br/downloads/PUBLICACAO/Publicacao%20PINTEC% 202008.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2012. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa industrial de inovação tecnológica. Série relatórios metodológicos. Rio de Janeiro, v. 30. 2004. 107 p. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/pintec/srmpintec.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2013. IPEAD – FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS, ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE MINAS GERAIS. Diagnóstico situacional de cadeias produtivas de Belo Horizonte: cadeia produtiva do vestuário. UFMG, 2011. 162 p. Disponível em: <http://www.acminas.com.br/uploads/produtoservico/diagnostico-da-cadeia-produtiva-do-vestuario.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2013. JONES, Sue Jenkyn. Fashion design. Tradução de Iara Biderman. São Paulo: COSAC NAIFY, 2005. 240 p. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. A estratégia em ação – Balanced Scorecard. 21. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KEARNS, David T. Quality improvement begins at the top. Bowie: World 20, 1986. 156 KIM, Linsu. Imitation to innovation: the dynamics of Korea’s technological learning. Harvard Business School: Boston, 1997. 304 p. KLINE, S. J.; ROSENBERG, N. An overview of innovation. In: Landau, R.; Rosenberg, N. (Eds.).The positive sum strategy: harnessing technology for economic growth. Washington: National Academy Press, 1986, p. 275-305. LEVINE, D. M.; BERENSON, M. L.; STEPHAN, D. Estatística: teoria e aplicações usando microsoft excel em português. Trad. Teresa Cristina Felix de Souza. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 840 p. LIMA, A. M. de Sousa. Gênero, trabalho faccionado e trabalho a domicílio: as faces da subcontratação na confecção de roupas de Cianorte – PR. In: Anais do I Simpósio sobre Estudos de Gênero e Políticas Públicas. Universidade Estadual de Londrina, 24 e 25 de junho de 2010. 15 p. Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/1.AngelaLimapdf.pdf>. Acesso em: 2 ago. 2013. LIMA, L. E. Equipamentos. In: Revista Costura Perfeita. São Paulo, out., 2001. p. 40. LONGANEZI, T.; COUTINHO, P.; BOMTEMPO J. V. M. Um modelo referencial para a prática da inovação. In: Journal of Tecchnology Management & Innovation. Chile. Universidad Alberto Hurtado - Facultad de Economía y Negocios Erasmo, v. 3, mar. 2008, p. 74-83. Disponível em: <http://www.jotmi.org/index.php/gt/article/view/art74/440>. Acesso em: 18 jul. 2013. MAÇANEIRO; Marlete B.; CUNHA; JOÃO C. Os modelos technology-push e demand-pull e as estratégias de organizações ambidestras: a adoção de inovações tecnológicas por empresas brasileiras. In: Revista Capital Científico, Guarapuava, v. 9, n. 1, jan./jun. 2011, p. 27-41. Disponível em: <http://revistas.unicentro.br/index.php/capitalcientifico/article/view/1087/1629>. Acesso em: 12 jun. 2013. MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 720 p. MARCHAND, A.; STUART, W. Product development and responsible consumption: designing alternatives for sustainable lifestyles. In: Journal of Cleaner Production. v. 16, 2008, p. 1163-1169. MARTINS; I. C. Inovação tecnológica e seus impactos no desenvolvimento de empresas do setor de tecnologia da informação: um estudo empírico em Minas Gerais. GONÇALVES FILHO, C.; SOUKI; G. Q.; MADUREIRA; K.T. (Orgs.). Curitiba: CRV, 2010. 89 p. MELO; M. O. B. C.; CAVALCANTI, G. A.; GONÇALVES, H. S.; DUARTE, S. T. V. G. Inovações tecnológicas na cadeia produtiva têxtil: análise e estudo de caso em indústria no nordeste do Brasil. In: Revista Produção online. UFSC, Florianópolis, v. 7, n. 2, ago. 2007. 157 MELLO, Nádia Cristina da Silva. S. (Org.); SANTOS, Márcia Andréia Ferreira (Elab.). Cidades médias e relações regionais. Tese (Doutoranda em Geografia) Base cartográfica IBGE (2002) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013. Mapa Político. Escala 1:1.000.000. MOREIRA, M. F.; VARGAS, E. R. O papel das compras governamentais na indução de inovações. In: Contabilidade, gestão e governança. Brasília, v. 12, n. 2, p. 35- 43, maio/ago. 2009. Disponível em: <https://cgg-amg.unb.br/index.php/contabil/article/view/66/pdf_59>. Acesso em: 18 jul. 2013. NELSON, R.; WINTER, S. An evolutionary theory of economic change. Cambridge: Harvard University Press, 1982. 439 p. NICOLSKY, Roberto. Modelo dinâmico para inovações tecnológicas. Sônia Regina Hierro Parolin; OLIVEIRA, Heloísa Cortiani de. (Orgs.). Inovação e propriedade intelectual na indústria. Curitiba: SENAI/SESI, v. 4, 2010, p. 29-42. OLIVEIRA, J. F. G. de; TELLES, L. O. O papel dos institutos públicos de pesquisa na aceleração do processo de inovação. In: Revista USP. São Paulo, n. 89, p. 204-217, mar./maio 2011. Disponível em: <http://rusp.scielo.br/pdf/rusp/n89/14.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2013. OCDE - ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO. Manual de Oslo: Diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. Paris: Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Gabinete Estatístico das Comunidades Europeias – OCDE e – Financiadora de Estudos e projetos FINEP, 2005. 184 p. Disponível em: <http://download.finep.gov.br/imprensa/oslo2.pdf>. Acesso em: 20 set. 2013. OCDE - ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO. Manual de Oslo: Diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 2. ed. Paris: Gabinete Estatístico das Comunidades Europeias – OCDE e – Financiadora de Estudos e projetos - FINEP, 1997. 136 p. Disponível em: <http://download.finep.gov.br/imprensa/manual_de_oslo.pdf>. Acesso em: 20 set. 2013. PAVITT, Keith. Sectoral patterns of technical change: towards a taxonomy and a theory. Research Policy, v. 13, n. 6, December, 1984, p. 343-373. PEDROSA, C. M. Limites e potencialidades do desenvolvimento local: a indústria da confecção de Divinópolis. 2005. 178 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais Gestão das Cidades) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Belo Horizonte, 2005. Disponível em: <http://www.biblioteca.pucminas.br/teses/CiencSociais_PedrosaCM_1.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2011. PICCININI, V. C.; OLIVEIRA, R.; FONTOURA, D. dos S. Setor têxtil-vestuário do Rio Grande do Sul: impactos da inovação e da flexibilização do trabalho. In: Ensaios FEE: Porto Alegre, v. 27, n. 2, p. 355-376, out. 2006. 158 PORCILE, G.; ESTEVES, L. A.; SCATOLIN. F. D. Tecnologia e desenvolvimento econômico. In: PELAEZ, V.; SZMRECSÁNYI, T. (Orgs.) Economia da Inovação Tecnológica. São Paulo: HUCITEC, 2006, cap.15, p. 365-382. PORTER, Michael E. Estratégia competitiva: técnicas de análise de indústrias e da concorrência. São Paulo: Campus, 1991. RECEITA DA FAZENDA. Simples Nacional e MEI: alterações para 2012 online. Disponível em:<http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Arquivos/manual/Alteracoe s_2012.pdf>. Acesso em: 08 jun. 2013. RESENDE FILHO, C. B. Economia brasileira contemporânea. São Paulo: Contexto, 1999. (Coleção Manuais). 208 p. RICOMINI, K. Moda para mulheres acima do peso realça pontos fortes e valoriza as formas online. Economia & Negócios. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 26 jun. 2013. Disponível em: <http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,moda-para-mulheresacima-do-peso-realca-pontos-fortes-e-valoriza-as-formas,157590,0.htm>. Acesso em: 23 ago. 2013. ROCHA, Elisa Maria Pinto da. Indicadores de inovação: uma proposta a partir da perspectiva da informação e do conhecimento. Belo Horizonte, 2003. 264 f. Tese (Doutorado em Ciência da Enformação) - Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2003. ROCHA, E. M. P. da; FERREIRA, M. A. T. Análise dos indicadores de inovação tecnológica no Brasil: comparação entre um grupo de empresas privatizadas e o grupo geral de empresas. In: Ciência da Informação. Brasília, v. 30, n. 2, p. 6469, maio/ago. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v30n2/6212.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2012. ROSENBERG, N. Inside the black box – technology and economics. Cambridge University Press: Cambridge, 1982. 304p. SCHERER, L. F.; CAMPOS, S. H. A competitividade da cadeia têxtil: vestuário do Rio Grande do Sul. Indicadores econômicos. In: Ensaios FEE: Porto Alegre, v. 24, n. 2, 1996, p.183-208. SCHULTE, Neide Köhler; LOPES, Luciana. Sustentabilidade ambiental: um desafio para a moda. In: Modapalavra e-periódico. Ano 1, n. 2, ago.-dez. 2008, p. 30 42. Disponível em:<http://fido.palermo.edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicacione s/actas_diseno/articulos_pdf/A6007.pdf>. Acesso em: 20 set. 2013. SCHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juro e o ciclo econômico. Tradução de Maria Sílvia Possas. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os economistas). 169 p. Original publicado em 1942. 159 SCHUMPETER, J. A. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Editado por George Allen e Unwin Ltd. Tradução de Ruy Jungmann. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura. cap. 7, 1961. 488 p. Original publicado em 1942. Disponível em: <ftp://ftp.unilins.edu.br/leonides/aulas/form%20socio%20historica%20do%20br%202/ schumpeter-capitalismo,%20socialismo%20e%20democracia.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2013. SERRANO, M. M.; PAULO NETO. The innovation public policies and the firms’ adoption of innovative processes: some notes about the portuguese case. v. 2, n. 2. Portugal: Sociology Study. Feb. 2012, p. 83‐106. SEBRAE - SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Diretrizes para atuação do sistema SEBRAE em acesso à inovação e tecnologia. Brasília: SEBRAE, dez. 2007. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br>. Acesso em: 22 jan. 2012. SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. Serviços Laboratoriais. Ensaios Acreditados pela CGCRE/INMETRO. SP, 2013. Disponível em: <http://vestuario.sp.senai.br/institucional/1511/0/servicos-tecnicosespecializados>. Acesso em: 06 jun. 2013. SEVERO, E. A.; OLEA, P. M.; MILAN, G. S., DORION, E. Produção mais limpa: o caso do arranjo produtivo local metal-mecânico automotivo da Serra Gaúcha. In: 2 International Workshop Advances in Cleaner Production. 2009. Disponível em: <http://www.advancesincleanerproduction.net/second/files/sessoes/5b/5/E.%20A.%2 0Severo%20-%20Resumo%20Exp.pdf>. Acesso em: 20 set. 2013. SHIBAO, Fábio Ytoshi; MOORI, Roberto Giro; SANTOS, Mario Roberto dos. A Logística Reversa e a sustentabilidade empresarial. In: XIII SEMEAD: Seminários em Administração. Setembro, 2010. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead/13semead/resultado/trabalhosPDF/521.pdf>. Acesso em: 18 set. 2013. SHIMAKURA, E. Interpretação do coeficiente de correlação online. Disponível em: <http://leg.ufpr.br/~silvia/CE003/node74.html>. Acesso em: 2 jul. 2013. SILVA, I. C. da.; TAVARES, B.; ANTONIALLI, L. M. Governança nas aglomerações produtivas: um estudo no setor de vestuário de Divinópolis – Minas Gerais. In: XXXVI Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro, 22 a 26 set. 2012. SILVA, M. F. da; BERENGUER, M. A. L. Inovação tecnológica como fator de competitividade na pequena empresa. In: Revista SYMPOSIUM. Universidade Católica de Pernambuco, ano 4, n. 2, p. 32-41, jul./dez. 2000. Disponível em: <http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/3220/3220.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2012. 160 SINVESD - SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DO VESTUÁRIO DE DIVINÓPOLIS. Associados ao sindicato da indústria do vestuário de Divinópolis online, 2012. Disponível em: <http://www.sinvesd.com/associados-sinvesd-sindicato-da-industriado-vestuario-de-divinopolis-mg-lojas-fabricas-confeccoes-moda-roupas-vestidosblusas-biquinis-jeans-fashion-moda-mineira-modinha-moda-feminina>. Acesso em: 10 jan. 2012; 10 jun. 2013. SINVESD - SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DO VESTUÁRIO DE DIVINÓPOLIS. Cenário da confecção é destaque em nível estadual online, 2011. Disponível em: <http://www.sinvesd.com/noticias-confeccoes-divinopolis-mg-moda-sinvesdreleases-vestuario/cenariodaconfeccaoedestaqueanivelestadual>. Acesso em: 02 ago. 2013 SINDITÊXTIL - SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE FIAÇÃO E TECELAGEM. Guia técnico ambiental da indústria têxtil – Série P + L. Elaboração Elza Y. Onishi Bastian, Jorge Luiz Silva Rocco; colaboração Eduardo San Martin... [et al.]. São Paulo: CETESB/SINDITÊXTIL, 2009. 85 p. STAL, E.; CAMPANÁRIO, M. de A.; ANDREASSI, T. Inovação: como vencer esse desafio empresarial. SBRAGIA, R. (Coord.). São Paulo: Clio Ed., 2006. 328 p. SCHMOOKLER, J. Invention and economic growth. Cambridge: Harvard University Press, 1966. 332 p. TEIXEIRA, Gabriela; CASTILLO, Leonardo. Medição do impacto ambiental dos processos de produção de uma indústria de vestuário de médio porte. In: Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, v. 10, nº 1, p. 195-210, jan/abr. 2012. Disponível em: <http://www.revista.ufpe.br/gestaoorg/index.php/gestao/article/viewFile/486/230>. Acesso em: 17 set. 2013. TIDD, Joe; BESSANT, John; PAVITT, Keith. Gestão da inovação. Tradução de Elizamari Rodrigues Becker; Gabriela Perizzolo; Patrícia Lessa Flores da Cunha; Sara Viola Rodrigues e Semíramis Teixeira Bastos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. 600 p. VAISNORE A.; PETRAITE M. Customer Involvement into Open Innovation Processes: a Conceptual Model. In: Socialiniai Mokslai, n. 3. v. 73, Kaunas University of Technology: Kaunas, Lithuania, 2011, p. 62-75. VADROT, A. B.M. Innovation not just a technical and economic problem! In: Innovation the European Journal of Social Science Research. Associate Editor, Innovation. v. 24, n. 12, Mar./Jun. 2011. 5 p. ZUBOFF, Shoshana. In the age of the smart machine. Basic Books: USA, 1988. 468 p. Original publicado em 1951.