O DESAFIO DO ENVELHECIMENTO AO LONGO DA VIDA
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O DESAFIO DO ENVELHECIMENTO AO LONGO DA VIDA
Modalidade: Comunicação Oral GT:Artes Visuais Eixo Temático: Mediações Culturais: fundamentos, práticas e políticas. O DESAFIO DO ENVELHECIMENTO AO LONGO DA VIDA: Sociologia do corpo apresentado em obras pictóricas ALMEIDA, Simone Aparecida Pinheiro de1 (UEPG - Paraná - Brasil) RESUMO: Este artigo é um relato sobre uma Oficina Pedagógica realizada em julho de 2014 para Formação em Ação de professores da Rede Estadual de Educação do Paraná. Dentre as temáticas sugeridas estava “Educação para o Envelhecimento Digno e Saudável: Uma Questão Curricular”. A temática foi trabalhada no primeiro momento apresentando as Leis que embasam a proteção do idoso na sociedade, bem como as Diretrizes curriculares de inserção da temática como tema transversal em todas as disciplinas da Educação Básica. Utilizou-se de slides com imagens de obras de pictóricas pintadas por artistas que se destacaram ao longo da história. A descrição sociológica e análise das pinturas objetivaram fazer uma reflexão sobre a representação de idosos em períodos diferentes. Ao final da Oficina foram apresentadas algumas questões norteadoras para reflexão do grupo. Destacase que a representação de um segmento da sociedade poderá ser realizada a partir da observação detalhada de obras pictóricas. Para essa reflexão adotamos a Nova História como concepção teórica que embasa a discussão por apresentar novas técnicas de pesquisa, novos métodos de descrição e interpretação da realidade e do cotidiano dos sujeitos, auxiliando assim na análise das imagens enquanto recurso de interpretação de uma determinada realidade. Palavras-chave: Envelhecimento; Currículo; obras pictóricas. EL RETO DE ENVEJECIMIENTO DE POR VIDA: Sociología del cuerpo se presenta en las obras pictóricas RESUMEN: Este artículo es un informe sobre un taller pedagógico, celebrada en julio de 2014 en Formación Acción para los maestros del Estado de la Red de Educación de Paraná. Entre los tema propuesto fue "Educación para el Envejecimiento digno y saludable: Currículo de la materia". El tema se trabajó en la presentación de la primera de las leyes que apoyan la protección de las personas mayores en la sociedad, así como los lineamientos curriculares introducir el tema como un tema transversal en todas las disciplinas de la Educación Básica. Utilizamos diapositivas con imágenes de obras pictóricas pintados por artistas que se han distinguido a lo largo de la historia. La descripción y el análisis sociológico de las pinturas destinadas a reflexionar sobre la representación de las personas mayores en diferentes períodos. Al final del taller se presentaron algunas preguntas orientadoras para la reflexión en grupo. Es de destacar que la representación de un segmento de la sociedad se puede realizar desde la observación detallada de obras pictóricas. Para esta discusión se adopta la nueva historia como un concepto teórico que subyace en el debate mediante la presentación de nuevas técnicas de investigación, nuevos métodos de descripción e interpretación de la realidad y la vida cotidiana de las personas, ayudando así al análisis de las imágenes como un recurso de interpretación de una realidad dada. Palabras clave: Envejecimiento; currículum; obras pictóricas. 1 Introdução Os aportes teóricos que se pretende abordar dentro desta temática são aqui formulados a partir da perspectiva de uma formação histórica e sociológica da educação. Em primeiro lugar é preciso lembrar que o processo de pesquisa teórica é sempre complexo, pois envolve diferentes autores com diferentes pontos de vista, ou defensores dos mesmos métodos. Tomamos como eixo para a revisão da historiografia, a problematização do processo de construção e desconstrução da imagem e da contextualização histórica e sociológica de idosos na sociedade. A velhice não impede que as mulheres elaborem projetos de vida, na terceira idade é que elas exponham com maior determinação suas vontades, libertando-se valores tradicionais que lhes foi cobrado durante boa parte de sua vida. A concepção de envelhecimento de reclusão da mulher em seu ambiente familiar está mudando, agora a mulher da terceira idade está inserida em espaços de educação permanente, elas têm a liberdade de exporem suas lembranças e sentirem-se valorizadas. A presente discussão teórica pautada na Nova História tem como objetivo descrever a contribuição de alguns autores que embasam a temática história, cultura, memória e gênero na terceira idade. A arte visual na perspectiva de obras pictóricas podem ser um recurso didático excelente para se abordar assuntos históricos e sociais. A concepção da Nova História quando enfatiza a contribuição para novos recursos de análise sociológica destaca justamente a possibilidade de novos métodos novas abordagens. O artigo aqui apresentado refere-se a uma descrição de uma prática pedagógica realizada no momento de aplicação de uma Oficina com a temática “educação para o envelhecimento humano digno e saudável: uma questão curricular – aspectos legais”, tendo como participantes professores da Rede Estadual de Educação no momento da Formação em Ação agendada pela Secretaria de Estado da Educação. Cada professor oficineiro recebe a temática em geral e pode montar seu material a perspectiva, o método e o material que pretenda abordar a temática. Após a discussão dos textos sobre políticas públicas e legislação para o idoso, passou-se para a observação de obras pictóricas apresentadas em slides. Assim instigou-se a possibilidade de aprendermos algo com a pintura o que ela nos ensina? qual a mensagem educativa, social, cultural, política implícita nela? Qual a relação das pinturas com a temática velhice, idoso ou terceira idade? Como podermos tratar desta temática nos temas transversais nas disciplinas escolares? Desta maneira ao longo deste trabalho apresenta-se a concepção teórica e os aportes que embasaram as discussões sobre a velhice ao longo do tempo. 1. A VELHICE TEÓRICOS RETRATADA EM OBRAS PICTÓRICAS: APORTES (...) a diversidade dos testemunhos históricos é quase infinita. Tudo o que o homem diz ou escreve, tudo o que fabrica, tudo o que toca pode e deve informar-nos sobre ele Marc Bloch A Nova História/História Nova, cuja principal expressão é a História das Mentalidades, insere-se no contexto conturbado da década de 60, influenciada pelos acontecimentos de maio de 1968, em Paris, da Primavera de Praga, dos movimentos feministas, entre outros movimentos. A publicação do artigo do historiador francês Jaques Le Goff, As mentalidades – uma História ambígua (1974) tornou-se um marco no pensamento historiográfico, apresentando novas abordagens, novos problemas e novos objetos. Le Goff entendeu que o discurso filosófico desdobrou a História em dois modelos de inteligibilidade. O modelo événementielle correspondendo a História dos acontecimentos e o modelo estrutural remetendo à História das grandes estruturas políticas e econômicas, o que levou ao desaparecimento da historicidade. A Historicidade, portanto, permitiu a inclusão no campo da ciência histórica de novos objetos e exclui a idealização da História. Nessa primeira fase de abertura da história a novas influências, a psicologia foi à ciência que mais atraiu certos historiadores, inclusive Lucien Febvre. A mudança em relação ao pensamento histórico ocorreu a partir de 1929 com a criação da Escola de Annales com Lucien Febvre e Marc Bloc, considerados historiadores da primeira geração. A Terceira Fase (geração) de Annales foi marcada pela Nova História (1960) com Le Goff (novos problemas novos objetos). Burke (1992) destaca que a expressão “a nova história” é mais conhecida na França. La nouvelle histoire é o título de uma coleção de ensaios editada pelo renomado medievalista francês Jacques Le Goff. Le Goff também auxiliou na edição de uma maciça coleção de ensaios de três volumes acerca de “novos problemas”, “novas abordagens” e “novos objetos”. (BURKE, 1992, p. 09). A Nova História se afirma “história global, total, e reivindica a renovação de todo o campo da história” (LE GOFF, 1993, p. 34) ela ampliou o campo do documento histórico, ela substituiu a história de Langlois e Seignobos, fundamentada nos textos escritos, para a ampliação de diversas fontes históricas, como oralidade, arqueologia, filme, fotos, memória etc. De acordo com Le Goff, a história vive hoje uma “revolução documental”. “uma nova concepção de documento e da crítica desse documento”. (Documento/Monumento, in Enciclopedia Einaudi, 1978). Le Goff destaca que não há realidade histórica acabada. A construção cientifica do documento deve possibilitar a reconstituição ou explicação do passado. Reconhecemos que, numa sociedade, qualquer que seja tudo se liga e se comanda mutuamente: a estrutura política e social, a economia, as crenças, as manifestações mais elementares e mais sutis da mentalidade. (LE GOFF, 1993, p. 43). Volteire já definia o projeto de história nova, “as novas descobertas levaram à proscrição dos antigos sistemas. “Vai se querer conhecer o gênero humano naquele detalhe interessante que constitui, hoje, a base da filosofia natural [...]” (VOLTEIRE, 1744, citado por Le Goff, p. 50). Le Goff ofereceu significativas contribuições analisando o tempo em diferentes espaços pontua ainda as contribuições de Karl Marx quando apresenta o modo de produção e faz algumas ressalvas criticando a história (marxista oficial) sob o viés econômico, a tendência de situar nas superestruturas as mentalidades, causalidade, linerialidade e um só modo de evolução. A historiografia da Nova História apresenta a contribuição de textos literários ou de arquivos que atestam a realidade cotidiana dos mais humildes. Apresenta também a aproximação entre a história e etnologia/antropologia. “Rever enfim, os hábitos cronológicos dos historiadores é uma das grandes tarefas da história nova...” (Le Goff, 1993, p.58). O diálogo dos historiadores da longa duração com as outras ciências sociais e com as ciências da natureza só poderá ter relações frutíferas sob duas condições: a) não esquecer que as estruturas por ela estudadas são dinâmicas; b) aplicar certos métodos estruturalistas ao estudo dos documentos históricos, à análise dos textos (em sentido amplo), não há explicação histórica propriamente dita. (LE GOFF, 2003, p. 15). Le Goff faz uma crítica a história quantitativa e enfatiza a história qualitativa, o pesquisador deverá tomar cuidado com a pesquisa quantitativa fazendo uma análise de leitura qualitativa após exposição de gráficos, tabelas, etc. A história nova continua sendo em grande parte, qualitativa, e sabese que a fecundidade da história quantitativa depende da qualidade do programa do historiador e que o essencial do trabalho histórico ainda está por fazer, depois que o computador fornece seus resultados. (LE GOFF, 1993, p. 69). Para Le Goff a História Nova apresenta algumas tarefas tais como: Uma nova concepção de documento acompanhada de uma nova crítica desse documento. “É preciso desestruturar o documento para descobrir suas condições de produção”. (1993, p. 76); é preciso delimitar, explicar as lacunas; e ainda dar um“retratamento” da noção de tempo. O tempo não é único, homogêneo e linear. Abordar o modelo de multiplicidade dos tempos sociais. Não generalizar acontecimentos. O estudo da sociedade torna-se um objeto de investigação a respeito do modo de vida das pessoas idosas suas vivências e aspirações, essa descrição pode ter como auxilio a análise de obras pictóricas. A Nova História aborda a história vivida das sociedades humanas e o esforço científico para descrevê-las, defendem que a realidade é social e culturalmente construída. 1.2 Inserção da temática envelhecimento como temas transversais na Educação Básica “Envelhecer é uma arte”. (Adoniran Barbosa) O corpo envelhece sem a sua permissão a alma só envelhece se você permitir.... Um coração não é capaz de envelhecer quando a pessoa que o carrega traz dentro de si o desejo de viver eternamente e eternizado no coração das pessoas.... (Patrícia Felix) A população mundial, e particularmente a brasileira, está envelhecendo progressivamente, isso implica a emergência de novas prioridades e exigências nos diferentes níveis da organização social, resultando em novos olhares direcionados as esferas política, econômica e cultural. O expressivo aumento de idosos na população é um dado relevante que, certamente, influenciará na elaboração de políticas públicas que assegurem a qualidade no atendimento a esse segmento. A palavra velhice quase sempre aparece com uma conotação depreciativa, em sociedades distintas e sobretudo nos ocidentais ela esteve associada a um ser humano decadente e improdutivo. Com o objetivo de separar a figura do idoso do estereótipo e do estigma que lhes é direcionado preferimos neste estudo compreender o envelhecimento como fenômeno intrínseco à experiência humana e ligado a ideia de continuidade de um ciclo de vida. A tendência contemporânea é rever os estereótipos associados ao envelhecimento, A ideia de um processo de perdas tem sido substituída pela consideração de que os estágios mais avançados da vida são momentos propícios para as novas conquistas, guiadas pela busca do prazer e da satisfação pessoal. As experiências vividas e os saberes acumulados são ganhos que oferecem oportunidades de realizar projetos abandonados em outras etapas e estabelecer relações mais profícuas com o mundo dos mais jovens e dos mais velhos. (DEBERT, 2004, p. 14). Simone de Beauvoir (p. 17), traz suas contribuições para a descrição da velhice. (...) A velhice não é um fato estático; é o resultado e o prolongamento de um processo. Em que consiste esse processo? Em outras palavras, o que é envelhecer? Esta ideia está ligada à ideia de mudança. Mas a vida do embrião, do recém-nascido, da criança é uma mudança contínua. Caberia concluir daí, como fizeram alguns, que nossa existência é uma morte lenta? É evidente que não. Um tal paradoxo desconhece a essencial verdade da vida; esta é um sistema instável no qual, cada instante, o equilíbrio se perde e se reconquista: é a inércia que é sinônimo de morte. Mudar é a lei da vida. (p. 17). Beauvoir na primeira parte de sua obra, faz uma descrição histórica do pensamento em relação ao idoso desde as sociedades primitivas até o século XIX. Salientamos que ao longo da história a longevidade era um privilégio dos mais ricos até o século XIX. Beauvoir menciona em sua obra que os idosos pobres não aparecem na história, nem na literatura em determinados períodos. As literaturas analisadas por Beauvoir mencionam que os velhos (homens); as mulheres, por terem sido inferiorizadas ao longo da história não estão em evidência nos registros mais antigos sobre o envelhecimento humano. (BEAUVOIR, 1970). Novas definições de velhice e de envelhecimento ganharam expressão com a denominação de “terceira idade”. A categoria terceira idade surgiu na França nos anos 70 quando da implantação das Universités du Troisième Âge. Vale ressaltar que o primeiro modelo de universidade da terceira idade, como é conhecido, foi implantado em 1974, por Pierre Vellas, em Toullose (França). Outra obra que contribui para estudos historiográficos relacionados a velhice ou “terceira idade”, estão presentes na obra do historiador Philippe Ariès (1981). O autor aborda a infância enquanto construção social da categoria idade inspirando novos estudos em relação a outras categorias como a velhice. O Estado do Paraná por meio da Secretaria de Educação apresenta proposta para inserir a temática educação para o envelhecimento como tema transversal em disciplinas da Educação Básica. A Lei 10.741/2003 dispõe sobre o Estatuto do Idoso, assegurando os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, apontando como dever da família da sociedade do Poder Público e da Educação efetivar com qualidade o direito ao lazer, saúde, educação, alimentação, cultura entre outros direitos que deverão ser respeitados. Conforme artigo 10, inciso III, do Decreto Lei nº 1.948/1996 da Política Nacional do Idoso, (8.842/84), Artigo 10. Ao Ministério da Educação e do Desporto, em articulação com órgãos federais, estaduais e municipais de educação, compete: I viabilizar a implantação de programa educacional voltado ao idoso, de modo a atender o inciso III do art. 10 da Lei n° 8.842 de janeiro de 1994; II incentivar a inclusão nos programas educacionais de conteúdo sobre o processo de envelhecimento; III estimular e apoiar a admissão do idoso na universidade, propiciando a integração intergeracional. (BRASIL, 1996). Tanto no Estatuto do idoso como na Política Nacional do Idoso ambas as leis são delegadas atribuições para a educação, o que descreve-se em seu Artigo 22: Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria. (BRASIL, 2003). Neste sentido a Secretaria de Educação do Paraná assume o compromisso de trabalhar com os professores, diretores e equipe pedagógica a temática sobre envelhecimento digno para que os mesmos insiram no Projeto Político Pedagógico da escola e como tema transversal a partir dos conteúdos estruturantes de cada disciplina. 1.3 Metodologia: Resultados e Análise As Leis do Estatuto do Idoso bem como a Política Nacional do Idoso tornamse uma contribuição teórica para a abordagem inicial da temática. Por uma questão de tempo limitado para trabalhar a temática foram selecionadas algumas obras pictóricas. Para descrever analisar as imagens dos quadros com os(as) cursistas recorri ao estudo de Albano (2010), em seu artigo “arte e pedagogia; além dos territórios demarcados”, a autora menciona que para desenvolver sua atividade prática pedagógica recorreu aos estudos de Jung: No texto Jung and the arts, ajudou-me a identificar alguns procedimentos que utilizo na orientação, enquanto método, que ainda não havia conseguido explicitar com a mesma clareza. Propõe que, diante de uma obra de arte, a atitude junguiana é fazer uma pausa, tão longa quanto for necessário, para emergir tudo que for preciso ser descoberto. Realmente o termo apropriado é “deixar acontecer”. (ALBANO, 2010, p. 30). A orientação da autora é que existem estágios de observação de uma obra de arte, sendo a primeira a observação da obra para ver o que chama a atenção o que é mais impressionante é uma análise subjetiva instigando a sensação, emoção todo sentimento que está exposto na obra e que é transmitido para quem observa. Após o momento de observação instigou-se a possibilidade de aprendermos algo com a pintura o que ela nos ensina? qual a mensagem educativa, social, cultural, política implícita nela? Qual a relação das pinturas com a temática velhice, idoso ou terceira idade? Como podermos tratar desta temática nos temas transversais nas disciplinas escolares? Os professores puderam dialogar e justificar a necessidade da temática proposta pela SEED/PR “Educação para o envelhecimento humano digno e saudável: uma questão curricular – aspectos legais”. Para a realização dos textos propostos pela SEED o grupo realizou leitura sobre Currículo Escolar e o Art. 22 do Estatuto do Idoso, o texto apresenta os aspectos legais sobre a Política do Idoso e indica as disciplinas que devem inserir esta demanda nos conteúdos, aponta também algumas sugestões de trabalhos. Foi feito a reflexão a partir de texto sobre violência contra a Pessoa Idosa, identificando os tipos de violência praticada contra as pessoas idosas o objetivo é chamar a atenção sobre os índices de violência bem como a falta de políticas sociais que rompam com esse ciclo. Após leitura dos textos partiu-se para apresentação de algumas obras pictórica que retratam a velhice. A integração de alguém ao universo de uma dada cultura exige-lhe vontade de participar dela. Para aprender bem a mensagem contida em uma obra de arte, o espectador deve esforçar-se por aprimorar sua capacidade de percepção. Esse aprimoramento quando feito de modo empírico, consome um longo tempo, pois a multiplicação de tentativas característica do empirismo, torna moroso o processo. É possível porém, acelerar esse processo e abreviar o tempo necessário, desde que se obedeça a um roteiro adequado. (COSTELLA, 2002, p. 12). O livro de Costella (2002) torna-se uma das referências para a descrição de um roteiro para apreciadores da arte. Dentre as sugestões de descrição apresentadas pelo autor optou-se pela descrição do ponto de vista estético. Destaco que não entramos na contextualização histórica e técnica dos artistas das obras apresentadas o objetivo foi destacar a presença da velhice nessas obras. Imagem 1 – Velha senhora lendo –Gerrit Dou Fonte: mol-tagge.blogspot.com.br A obra pintada por Gerrit Dou em 1639 é possivelmente o retrato da mãe de Rembrandt do qual ele foi aprendiz. A obra recebe o nome de idosa lendo ou retrato de uma velha lendo. Rembrandt foi um artista difícil de definir e por algumas vezes controverso: Fascinado por texturas, Rembrandt foi o mestre supremo da pintura da mais difícil de todas: a pele do rosto humano, em especial de pessoas velhas. Particularmente difícil de representar é a área frágil ao redor dos olhos, que varia entre os indivíduos – somente Rembrandt conseguiu captar de verdade essa característica. (CUMMING, 2010, p. 48). A obra de Rembrandt selecionada para apresentação ao grupo foi o “Banquete de Baltazar”, com descrição detalhada do quadro. Não a expomos neste momento por questão de limitação de espaço. Imagem 2 – Autorretrato de Renoir (1910) Fonte: http://5arquitetura.blogspot.com.br/2009/10/auto-retratos-de-renoir.html.Acesso em 30 de junho de 2014. Pierre Auguste Renoir foi um artista plástico francês impressionista retratando cenas urbanas, paisagens e a delicadeza da velhice. Nos últimos anos de vida Renoir contraiu artrite o que foi lhe impedindo de continuar suas pinturas em alguns momentos amarrava o pincel em seu braço para poder realizar as obras. Imagem 3 - Dois velhos comendo sopa - Francisco Goya (1819-1823) Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dois_velhos_comendo_sopa. Acesso em 01 de julho de 2014. Imagem 4 - Misantropo, (1568) Fonte: http://www.casthalia.com.br/a_mansao/obras/bruegel_misantropo.htm. Acesso em 26 de julho de 2014. O quadro “Misantropo” de Pieter Bruegel, o Velho pintor holandês, é óleo sobre madeira, retrata um velho recluso em sua própria capa de uma maneira distanciada da sociedade há também uma representação de sabedoria pela barba branca o que caracteriza em algumas sociedades o respeito aos mais velhos como sábios. Imagem 5 - La Celestina, 1903 Retrato de Carlota Valdivia, Barcelona Fonte: http://arteseanp.blogspot.com.br/2012/01/pablo-picasso-fases-azul-e-rosa.html. Acesso em 24 de agosto de 2014. Pablo Ruiz Picasso, pintor espanhol cubista naturalizado francês apresentou alguns momentos de sua vida artística retratados por fases de cores, nesse quadro La Celestina Picasso está na fase azul que é de 1901 a 1905, ele retrata os aspectos mais tristes da vida a solidão, a pobreza, mendigos, cegos os desamparados e a velhice. A descrição de La Celestina é de uma espanhola do séc. XVI, Picasso usou como modelo para posar para ele uma cafetina de Barcelona chamada Carlota Valdívia. Outras obras pictóricas foram apresentadas no momento da Oficina Pedagógica: foram "O velho livro de leitura". “Retrato Dervish”, “Mulher velha com óculos”, “Homem Chinês de idade com óculos” ambas de Atanur Dogan pintor canadense. CONSIDERAÇÕES FINAIS Destacamos que a negação de identidades ou a discriminação por sexo, religião, idade foge aos princípios da Declaração dos Direitos Humanos. A violência física e mesmo simbólica contra a terceira idade é punível em forma de Lei. Considerando que o envelhecimento populacional foi amplamente reconhecido como uma das principais conquistas sociais do século XX, cientistas sociais destacam, também, que o envelhecimento traz grandes desafios para as políticas públicas. Um dos mais importantes é o de assegurar que o processo de desenvolvimento econômico e social ocorra de forma contínua, com base em princípios capazes de garantir uma vida digna tanto no setor econômico como na área de lazer e educação. Constitui-se um desafio criar programas que fomentem a aprendizagem ao longo da vida incluindo atividades que motivem os idosos a participação efetiva nos programas de educação não formal espalhados pelo Brasil. A contribuição das diversas Conferências mundiais tem contribuído para discussões sobre inclusão e diversidade bem como a valorização do idoso na sociedade por meio de sua inserção em espaços de educação e de lazer. A História Nova defende que a realidade é social e culturalmente construída. A dialética da história resume-se num diálogo entre – passado/presente e/ou pressente/passado. Esse diálogo não é neutro exprime-se em uma atribuição de valores, como, por exemplo, nos pares antigo/moderno, progresso/reação, velho/novo, lembrança/memória. Este trabalho pretendeu refletir sobre a possibilidade de se articular a temática sobre o envelhecimento tendo como aporte obras pictóricas, destacando que existe várias formas de aprender a apreciar a arte como caráter subjetivo, pois a análise de uma arte pressupõe uma interpretação pessoal com uma leitura crítica de alguma realidade apresentada pelo autor. Desataco que o grupo participou e observou as obras descrevendo a importância de inserir o tema “educação para o envelhecimento humano digno e saudável” no currículo da Educação Básica, desta maneira os educandos construirão uma concepção mais humanista em relação aos idosos, estes que contribuíram e continuam a contribuir com a história de cada sociedade de cada família. Como foi pontuado há várias maneiras de ver a arte algumas necessitam de conhecimentos específicos, porém é possível a interpretação a partir do contexto social, cultural, político e histórico para uma análise crítica sobre aquilo que vemos. REFERÊNCIAS ALBANO, Ana Angélica. Arte e pedagogia: além dos territórios demarcados. cad. cedes, campinas, vol. 30, n. 80, p. 26-39, jan.-abr. 2010. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. Trad. Dora Flaksman. 2.ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1981. BEAUVOIR, Simone de. A velhice. Tradução de Maria Helena Franco Monteiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1990. BLOCH, Marc. Introdução à História. Lisboa: Europa-América, 1965. BOZAL, Valeriano. Pinturas Negras de Goya. Tf. Editores, Madrid, 1997. BRASIL, Lei n° 8.842. Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e da outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 1994. BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 1992. COSTELLA, A. Para apreciar a arte: roteiro didático. São Paulo, Editora SENAC, São Paulo 2002. Conferência internacional sobre a educação de adultos (V: 1997: Hamburgo – Alemanha): Declaração de Hamburgo: agendas para o futuro. Brasília: SESI/UNESCO, 1999. CUMMING, R. Arte em detalhes. São Paulo: Publifolha, 2010. DECRETO LEI nº 1.948/1996. In: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1948.htm. Acesso em 23 de maio de 2003. DEBERT, G. G. Gênero e envelhecimento: estudos feministas. Rio de Janeiro: UFRJ, v.2, n° 3 p. 35-45, 1996. DEBERT, Guita Grin. A reinvenção da velhice: socialização e processos de reprivatização do envelhecimento. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2004. FLORESTA, Nísia. Cintilações de uma alma brasileira. [1859] Tradução do Italiano de Michele A. Vartulli. Santa Cruz do Sul: Edunisc; Florianópolis: Ed. Mulheres, 1997. LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da Unicamp, 1990. LE GOFF, Jacques (Dir) A história nova. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993. 1 Licenciada em História pela UEPG. Bacharel em Turismo pela UCB. Graduada em Ciências Sociais (UNIMES). Especialista em Educação de Jovens e Adultos (UTFPR). Especialista em Educação Patrimonial (UEPG). Especialista em Educação do Campo pela (UFPR). Mestre em Turismo e Hotelaria (UNIVALI). Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná. Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. http://lattes.cnpq.br/82192182776704
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Católica de Campinas (PUC-CAMPINAS). E-mail: [email protected].
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