Guia de Campo

Transcrição

Guia de Campo
Guia
de Campo
Espécies intertidais características
da costa norte de Portugal
Raquel Vieira | Rui Pereira | Francisco Arenas | Rita Araújo | Isabel Sousa Pinto
Programa Escolar de Monitorização da
Biodiversidade Intertidal e Divulgação Científica
Apoio:
Produzido por:
Design e execução: SerSilito
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As espécies apresentadas neste guia estão classificadas segundo os grupos
taxonómicos a que pertencem. Foram seleccionadas devido à possibilidade de serem
utilizadas como indicadores de alterações ambientais, mas também devido ao facto
de poderem ser facilmente identificadas no campo por qualquer pessoa interessada.
Tendo em conta os critérios utilizados na selecção, algumas espécies estão sinalizadas
com a seguinte simbologia:
Espécie chave: espécie inserida numa comunidade e que pode
influenciar a sua estrutura. A perda destas espécies poderá levar
ao desaparecimento ou à alteração de uma comunidade.
Espécie indicadora de alteração climática: esta espécie poderá
aumentar ou diminuir a sua abundância e/ou distribuição geográfica
e consequentemente, a extensão das comunidades marinhas, com
a esperada subida da temperatura da água até ao fim do próximo
século. A monitorização da ocorrência e abundância das várias
espécies ao longo da sua distribuição geográfica, são registos
fundamentais.
Espécie não nativa: espécie que foi introduzida a partir de outro
espaço geográfico ou habitat nativo. O seu impacto pode ser
considerável, podendo deslocar as espécies nativas ou alterar o
seu habitat. A obtenção de dados de ocorrência e abundância deste
tipo de espécies, irá ajudar no estudo de mudanças na distribuição
e impacto na nossa fauna e flora nativas.
Para mais informações acerca da biologia e distribuição geográfica das espécies
deste guia, visite o site do MoBIDiC
Página na internet: http://www.ciimar.up.pt/biodiversidade
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Ecologia das zonas costeiras
As zonas costeiras são, para nós, os locais mais acessíveis do ambiente marinho,
oferecendo inúmeras oportunidades para a descoberta de uma grande variedade de
espécies. A fronteira entre o mar e a terra, o litoral, constitui um local dinâmico uma
vez que se encontra sujeito à interacção de vários factores. Embora esta zona ocupe
uma área minúscula quando comparada com a imensidão dos oceanos, a vida que
lá existe é bastante complexa. A zona intertidal (entre-marés) situa-se entre o nível
mais alto da preia-mar e o nível mais baixo da baixa-mar, apresentando condições
ambientais variáveis devido a emersões e imersões alternadas como resultado do ciclo
das marés. A existência de marés provoca uma zonação das praias, isto é, a disposição
dos organismos em zonas sensivelmente paralelas ao nível do mar e a alturas
determinadas, formando o que se chama de estratos. Cada zona possui um conjunto
de organismos específicos, com adaptações especiais às condições ecológicas dessa
zona, nomeadamente o batimento das ondas, os períodos de dissecação e exposição
solar na maré baixa, bem como as diferenças de temperatura. Outra particularidade
desta zona litoral é a formação de poças de água entre as rochas – poças de
maré - devido à forte erosão por acção das ondas e as diferenças geológicas. Nestes
micro-habitats, encontra-se uma fauna e flora bastante característica e diversa,
adaptada a uma ampla variedade de factores ambientais.
A distribuição dos seres vivos na zona intertidal varia consoante a sua capacidade
de resistirem a estas condicionantes e, podendo ser avaliada a longo prazo, constitui
um importante referencial da variação das condições ambientais global.
EXPOSTA
PROTEGIDA
Representação esquemática da distribuição das espécies numa zona rochosa
O ambiente marinho oferece uma enorme riqueza e beleza natural, sendo no
entanto um local extremamente delicado. Minimize o mais possível o seu impacto
nestes locais não removendo os organismos dos seus habitats. Caso seja necessário
para uma melhor observação, desloque cuidadosamente as pedras e volte a
colocá-las no mesmo local. Tire apenas fotografias e não espécies!
M acroalgas
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Foto: Francisco Arenas
Ahnfeltia plicata
Consistência: rígida e áspera.
Cor: castanho escuro.
Talo: até 20cm de comprimento; forma tufos de
cordões cilíndricos com 0,5-1 mm de diâmetro,
estreitos até 10cm de altura.
Habitat e sazonalidade: fixa por estrutura fina;
encontra-se no litoral inferior/médio de zonas
abrigadas arenosas e em poças de costas expostas
ou protegidas.
Outras características: perene; pode aparecer
parcialmente coberta de areia.
Foto: Francisco Arenas
Ceramium sp.
Consistência: flexível / áspera.
Cor: vermelho escuro.
Talo: filamentos encurvados no ápice, listados
(quando visto à contraluz); fixa ao substrato por
rizóides.
Habitat e sazonalidade: adaptada a diferentes
ambientes, praticamente em todo o intertidal , em
poças de maré, no subtidal até aos 30 m.
Outras características: existem muitas espécies
pertencentes a este género; cosmopolita; pode
ocorrer como epífita
Foto: Raquel Vieira
Chondria coerulescens
Consistência: mucilaginosa.
Cor: vermelho escuro, azul (quando submerso).
Talo: filamentos cilíndricos com 3-8 cm de
comprimento e 0,5 mm de diâmetro, ramas
estreitas na sua inserção; ápices arredondados.
Habitat e sazonalidade: litoral médio e inferior
de costas semi expostas e protegidas: suporta a
presença de areia.
Outras características: fixa-se por um emaranhado
de feixes.
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Foto: Francisco Arenas
Chondrus crispus
Consistência: membranosa / cartilaginosa.
Cor: vermelho escuro.
Talo: até 22 cm de comprimento; fixa por disco
de onde saem estipes estreitos que alargam
progressivamente e se dividem dicotomicamente
várias vezes.
Habitat e sazonalidade: litoral inferior e infralitoral
de costas expostas e protegidas, formando uma
cintura de vegetação.
Outras características: superfície por vezes com
estruturas reprodutoras; iridiscente quando
submerso.
Foto: Francisco Arenas
Chondracanthus acicularis
Consistência: cartilaginosa.
Cor: vermelho a púrpura.
Talo: cilíndrico, até 9 cm de comprimento e 2 mm
de largura; fixo por base discóide; fronde irregular,
ramos curvos e pontiagudos que frequentemente
crescem emaranhados.
Habitat e sazonalidade: forma um denso tapete no
litoral inferior e médio de costas semi expostas e
protegidas.
Outras características: tolera a presença de areia;
pode ocorrer como epífita.
Foto: Francisco Arenas
Corallina sp.
Consistência: coralínea.
Cor: rosado.
Talo: até 7 cm de comprimento, impregnada com
carbonato de cálcio; fixa por disco; tem vários eixos
segmentados formados por artículos sucessivos.
Habitat e sazonalidade: rochas expostas do litoral
inferior; também comum em poças de maré.
Outras características: aproveita o abrigo e
humidade fornecidos pelos mexilhões e por isso se
encontra frequentemente fixa a estes.
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Dumontia contorta
Consistência: gelatinosa / elástica.
Cor: vermelho escuro.
Talo: até 30 cm de comprimento; fixa por um disco
de onde sai um feixe com ramificação escassa e
irregular.
Habitat e sazonalidade: na Primavera/Verão no
litoral médio e inferior de costas semi expostas e
protegidas.
Outras características: em locais com muita luz
torna-se amarela.
Foto: Marta Tibaldo
Gastroclonium ovatum
Consistência: cartilaginosa.
Cor: vermelho escuro.
Talo: até 15 cm de comprimento; feixes cilíndricos
ramificados dicotomicamente; ramos pequenos e
ovóides.
Habitat e sazonalidade: no litoral inferior e
poças do litoral médio de costas expostas e semi
expostas.
Outras características: fixa por rizóides
filamentosos; por vezes epífita de Corallina.
Foto: Francisco Arenas
Gelidium pulchellum
Consistência: cartilaginosa.
Cor: vermelho escuro.
Talo: ramificação irregular; fixa-se por filamentos
cilíndricos até 0,5-1 mm de largura, dos quais saem
eixos aplanados e estreitos.
Habitat e sazonalidade: no intertidal superior,
durante todo o ano
Outras características: forma pequenos
tufos emaranhados sobre lapas e mexilhões;
frequentemente epizóica.
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Foto: Francisco Arenas
Gigartina pistillata
Consistência: cartilaginosa/ elástica.
Cor: vermelho escuro.
Talo: até 15 cm de comprimento, com várias
ramificações dicotómicas num plano; fronde
comprimida com ápices pontiagudos; fixa por um
pequeno disco.
Habitat e sazonalidade: no litoral médio e inferior
de costas semi expostas e expostas
Outras características: estruturas reprodutoras em
forma de proliferações marginais.
Foto: Helena Abreu
Gracilaria sp.
Consistência: cartilaginosa.
Cor: vermelho escuro.
Talo: cilíndrico, de ramificação irregular e profusa;
um ou mais eixos surgem de um disco pequeno e
perene.
Habitat e sazonalidade: fixa no substrato rochoso no
litoral inferior e poças de maré no litoral médio.
Outras características: estruturas reprodutoras
formam proeminências esféricas por todo o ramo.
Foto: Rita Araújo
Grateloupia turuturu
Consistência: mucilaginosa.
Cor: vermelha.
Talo: em forma de lâmina, lanceolada a ovada, mas
muito variável, por vezes com proliferações laterais;
escorregadia.
Habitat e sazonalidade: : fixa no substrato rochoso
e poças do litoral médio e inferior, durante todo
o ano.
Outras características: espécie invasora, originária
do Pacífico.
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Foto: Francisco Arenas
Hildenbrandia rubra
Consistência: crostosa.
Cor: vermelho escuro e brilhante
Talo: formado por placas incrustadas ao substrato
Habitat e sazonalidade: fixa na rocha no litoral
superior e em poças de maré, durante todo o ano.
Outras características: as placas do talo
sobrepõem-se consoante vão crescendo, daí a cor
escurecer com a idade; tolera variações bruscas de
salinidade; serve de substrato para outras algas.
Foto: Raquel Vieira
Lithophyllum lichenoides
Consistência: crostosa.
Cor: esbranquiçado.
Talo: incrustante formada por lâminas, que deixam
espaços regulares entre si.
Habitat e sazonalidade: fixa no substrato no litoral
médio ou superior de costas expostas.
Outras características: perene; formada por cristais
calcários; aspecto semelhante a um cérebro.
Foto: Francisco Arenas
Lithophyllum incrustans
Consistência: coralínea.
Cor: rosa claro.
Talo: até 20 cm de diâmetro, forma uma crosta
calcária na rocha, de bordos espessos; quando
junto a outro indivíduo, forma uma linha enrolada
entre ambos.
Habitat e sazonalidade: : incrustada na rocha no
litoral inferior e em poças no litoral médio por baixo
de algas e ouriços.
Outras características: quando exposta à luz pode
tornar-se branca.
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Foto: Francisco Arenas
Lomentaria articulata
Consistência: mucilaginosa.
Cor: rosa a castanho.
Talo: até 3 cm de altura; cilíndrica, oca, com
constrições que terminam em segmentos ovóides;
ramificação dicotómica; fixa por pequeno disco.
Habitat e sazonalidade: em rochas e poças do
litoral médio e baixo.
Outras características: zonas superiores do talo
terminam em cunha (semelhante às orelhas de
coelho).
Foto: Francisco Arenas
Mastocarpus stellatus
Consistência: cartilaginosa.
Cor: castanho avermelhado.
Talo: até 17 cm de comprimento; fixa por disco de
onde partem estipes acanaladas na base que formam
a fronde de margens espessas; quando reprodutiva
forma corpos globosos nos bordos e à superfície.
Habitat e sazonalidade: em rochas abrigadas e
expostas, geralmente entre lapas e mexilhões
Outras características: tem uma fase de
ciclo de vida que se apresenta numa forma
incrustante - Petrocelis (semelhante a Hildenbrandia
embora mais esponjoso e escuro).
Nemalion helminthoides
Consistência: mucilaginosa / elástica.
Cor: vermelho acastanhado.
Talo: até 40 cm de comprimento; cordões cilíndrico
até 5 mm de diâmetros; fixa por disco basal de onde
partem os eixos simples ou ramificados.
Habitat e sazonalidade: na Primavera / Verão no
litoral médio e superior de costas expostas; pode
ocorrer sobre lapas e mexilhões.
Outras características: espécie anual e sazonal;
nome comum: Esparguete da costa.
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Foto: Francisco Arenas
Osmundea pinnatifida
Consistência: cartilaginosa.
Cor: vermelho escuro.
Talo: até 8 cm de comprimento; fixa ao substrato
de onde saem frondes aplanadas, com ramos
sucessivamente mais curtos próximo do ápice; fixa
por disco.
Habitat e sazonalidade: ocorre no litoral médio e
inferior.
Outras características: cor varia consoante o
local de ocorrência (médio – amarelada, baixo
– castanho-avermelhado); nome comum:
Erva-malagueta.
Palmaria palmata
Consistência: membranosa / coureácea
Cor: vermelho.
Talo: laminar, até 50 cm de comprimento; fixa por
disco de onde saem estipes curtos que terminam
numa lâmina alongada; ramificação dicotómica.
Habitat e sazonalidade: litoral inferior e infralitoral
de costas expostas e semi expostas; fixa ao
substrato ou como epífita de Laminaria.
Outras características: proliferações marginais de
contorno lanceolado a oval.
Foto: Raquel Vieira
Plocamium cartilagineum
Consistência: cartilaginosa / membranosa.
Cor: rosa claro.
Talo: até 25 cm de comprimento; fixa por disco até
1-2 mm de largura, de onde sai um eixo aplanado;
ramificação alterna num só plano disposta em
forma de pente.
Habitat e sazonalidade: zonas cobertas e paredes
sombrias do litoral inferior e infralitoral; também
em poças.
Outras características: ramos dos ápices pequenos
e afiados.
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Foto: Rui Pereira
Porphyra dioica
Consistência: mucilaginosa.
Cor: verde acastanhado.
Talo: alongada a ovada, até 70 cm de comprimento
e 29 cm de largura; as lâminas podem ser
pequenas, estreitas e simples até lâminas largas,
por vezes laciniadas.
Habitat e sazonalidade: fixa na rocha em locais
semi expostos do litoral médio; presente todo o
ano (mais abundante durante a Primavera)
Outras características: usualmente com margens
onduladas.
Foto: Rui Pereira
Porphyra linearis
Consistência: mucilaginosa
Cor: púrpura.
Talo: até 10-15 cm de comprimento e 3-4 cm de
largura; em forma de lingueta, estreita.
Habitat e sazonalidade: frequente no Outono/
Inverno até ao início do Verão, no litoral superior.
Outras características: por vezes ao nível da franja
ocupada por Pelvetia.
Foto: Rui Pereira
Porphyra umbilicalis
Consistência: mucilaginosa.
Cor: verde acastanhado..
Talo: laminar, até 40 cm de comprimento,
arredondada; fixa na rocha por disco situado no
meio da lâmina (daí a forma umbilicada).
Habitat e sazonalidade: : da Primavera ao Outono
em costas expostas (embora possa existir durante
todo o ano); frequentemente fixa a mexilhões; por
vezes no litoral médio, a altura superior a Fucus.
Outras características: é comum apresentar os
bordos descolorados devido à libertação de esporos.
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Foto: Francisco Arenas
Ascophyllum nodosum
Consistência: cartilaginosa.
Cor: verde escuro (enegrece com a dissecação).
Talo: até 1 m de comprimento, ligeiramente
achatada; ramificação dicotómica; estruturas
reprodutoras por toda a fronde de forma oval e cor
amarelada.
Habitat e sazonalidade: forma cintura de vegetação
no litoral médio de zonas protegidas da costa e
estuários
Outras características: ramos principais com
aerocistos ovais que lhe permite flutuar.
Foto: Francisco Arenas
Bifurcaria bifurcata
Consistência: coureácea.
Cor: castanho amarelado.
Talo: cordões cilíndricos até 30 cm de comprimento
e 3 mm de diâmetro; fixa por eixo rasteiro onde
saem eixos principais; ramificação dicotómica.
Habitat e sazonalidade: litoral inferior e poças do
litoral médio de costas protegidas e semi expostas;
tolera a presença de areia.
Outras características: possui receptáculos
terminais largos, alongados de cor amarelada.
Foto: Marta Tibaldo
Dictyota dichotoma
Consistência: membranosa.
Cor: castanho a verde.
Talo: até 30 cm de comprimento; fixa por disco de
onde parte a fronde com ramificação dicotómica
num só plano, em lâminas de margens paralelas.
Habitat e sazonalidade: litoral superior, médio e
infralitoral de costas expostas e semi expostas.
Outras características: apresenta pontuações
alinhadas transversalmente, no sentido de
crescimento da fronde.
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Foto: Francisco Arenas
Fucus sp.
Consistência: coureácea.
Cor: castanho a verde.
Talo: laminar com ramificação dicotómica; fixa por
disco; receptáculos nos ápices.
Habitat e sazonalidade: litoral médio, geralmente
em locais pouco expostos à ondulação.
Outras características: pode apresentar aerocistos;
dispõe-se em franja, ocupando grandes extensões;
nome comum: Bodelha.
Foto: Francisco Arenas
Himanthalia elongata
Consistência: cartilaginosa.
Cor: castanho.
Talo: duas etapas morfológicas: durante o 1º ano
(Outono) apresenta um talo em forma de botão,
até 4 cm de diâmetro, já no 2º ano o talo apresenta
frondes dicotómicas compridas em forma de fita até
aos 2 m de comprimento e 1cm de largura.
Habitat e sazonalidade: fixa ao substrato em locais
moderadamente expostos; indivíduos de ocorrência
bianual.
Outras características: : forma uma banda por cima
de Laminaria.
Laminaria hyperborea
Consistência: coureácea.
Cor: castanho.
Talo: até 3 m de comprimento; lâmina dividida
em fitas, situada no final de uma pequena haste
cilíndrica; estipe rugoso e erecto, ligado a um
rizóide que a fixa ao substrato.
Habitat e sazonalidade: litoral inferior de costas
expostas e semi-expostas; forma uma cintura de
vegetação com outras espécies de Laminaria.
Outras características: forma as chamadas florestas
de “kelp”; distingue-se de Laminaria ochroleuca por
ter estipe rugoso
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Foto: Rita Araújo
Laminaria ochroleuca
Consistência: coureácea.
Cor: castanho claro (mais claro no final da estipe).
Talo: até 2 m de comprimento;
lâmina dividida em fitas; fixa por rizóide; estipe liso
e cilíndrico.
Habitat e sazonalidade: litoral inferior de costas
expostas e semi-expostas.
Outras características: rizóide e estipe perenes;
longevidade até aos 10 anos; parte final da lâmina é
renovada todos os anos; distingue-se de Laminaria
hyperborea pelo estipe liso.
Laminaria saccharina
Consistência: membranosa firme.
Cor: castanho amarelado.
Talo: até 2,5 m de comprimento; lâmina inteira,
ondulada e ornamentada; fixa por rizóide fino e
estipe cilindríco.
Habitat e sazonalidade: litoral inferior de costas
protegidas, mais ou menos arenosas.
Outras características: quando seca aparecem
açúcares cristalizados na sua superfície.
Foto: Francisco Arenas
Pelvetia caniculata
Consistência: coureácea.
Cor: castanho.
Talo: até 15 cm de comprimento; fixa por pequeno
disco que se ramifica em vários eixos; ramificação
dicotómica; aspecto canelado; ápices com
receptáculos.
Habitat e sazonalidade: litoral superior de costas
semi-expostas, protegidas e estuários, formando
cintura de vegetação.
Outras características: : adaptada à dissecação.
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Foto: Rita Araújo
Saccorhiza polyschides
Consistência: coureácea.
Cor: castanho amarelado.
Talo: até 2,5 m de comprimento; fixa por bolbo
(coberto por papilas) de onde sai um estipe
achatado, de bordos ondulados na base; lâmina
grande e ponteada.
Habitat e sazonalidade: de Março a Novembro, no
litoral inferior de costas expostas e semi expostas
Outras características: marca o limite inferior do
litoral inferior. Distingue-se do género Laminaria
pelo estipe achatado.
Foto: Francisco Arenas
Sargassum muticum
Consistência: cartilaginosa.
Cor: castanho (escurecendo com a dissecação).
Talo: pode atingir vários metros de comprimento;
fixa-se por disco de onde parte um eixo principal de
secção circular; eixos secundários com expansões
laterais.
Habitat e sazonalidade: intertidal, na rocha e em
poças.
Outras características: pequenas vesículas aeríferas
nas axilas.
Foto: Raquel Vieira
Stypocaulon scoparium
Consistência: áspera.
Cor: castanho.
Talo: até 10-15 cm de comprimento; forma tufos
com filamentos ramificados em todos os sentidos;
fixa por rizóides.
Habitat e sazonalidade: poças do litoral médio e
inferior de costas semi expostas e protegidas.
Outras características: perene; com aspecto mais
robusto no Inverno; nas extremidades forma tufos
densos semelhantes a um pincel de barbear.
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Foto: Francisco Arenas
Undaria pinnatifida
Consistência: coureácea.
Cor: castanho – dourado.
Talo: até 2-3m de comprimento; espécie anual com
2 fases do ciclo de vida (esporófito e gametófito)
Habitat e sazonalidade: : no intertidal inferior e
subtidal, até aos 18m; também cresce agarrada
a pontões, cascos de embarcações, cordas, etc.
Outras características: estrutura em espiral e
nervura mediana servem para distinção da espécie;
espécie invasora proveniente da Ásia; nome
comum: Wakame
Foto: Francisco Arenas
Codium tomentosum
Consistência: esponjosa.
Cor: verde escuro
Talo: até 40 cm comprimento; cilíndrico,
ramificação dicotómica; fixa por pequeno disco.
Habitat e sazonalidade: litoral inferior e infralitoral,
em poças do litoral médio de costas expostas e
protegidas.
Outras características: possui pilosidades à
superfície, conferindo-lhe a cor branca quando
submerso.
Foto: Raquel Vieira
Ulva sp.
Consistência: membranosa.
Cor: verde
Talo: morfologia muito variável dependendo das
condições ambientais, desde laminar, simples,
foliáceo e irregular de bordos ondulados com duas
fiadas de células até de forma tubular e aplanada de
15-30 cm; fixa por um pequeno disco.
Habitat e sazonalidade: em zonas pouco profundas
e intertidal.
Outras características: tolera contaminantes
orgânicos; nome comum: Alface do Mar.
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Foto: Felisa Rey
Ulva crinita
Consistência: flexível e áspera.
Cor: verde.
Talo: tubular fino, bastante ramificado, com ramas
laterais cónicas e pequenas.
Habitat e sazonalidade: no litoral médio sobre o
substrato rochoso.
Outras características: forma tufos emaranhados de
indivíduos; pode aparecer como epífita.
L íquenes
21
Foto: Mariana Almeida
Verrucaria maura
Consistência: crostoso.
Cor: preto.
Talo: incrustante.
Habitat e sazonalidade: forma uma franja negra
incrustada nas rochas do litoral superior, em locais
pouco expostos à ondulação
Outras características: semelhante uma mancha
negra de petróleo.
Foto: Raquel Vieira
Lichina pygmaea
Consistência: coureáceo.
Cor: preto.
Talo: ramificada em espiral, até 1 cm de altura;
forma um tapete no substrato rochoso..
Habitat e sazonalidade: forma uma cintura na
parte superior do litoral médio, em locais de média
exposição à ondulação.
Outras características: ápices arredondados;
frequente ocorrer conjuntamente com Chthamalus.
A nimais
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Foto: Agnès Marhadour
Aplysia punctata
Consistência: gelatinosa.
Cor: vermelho escuro com pontuações
esbranquiçadas.
Talo: semelhante às lesmas embora com concha
côncava coberta pelo manto; até 20 cm de
comprimento; com pequenos tentáculos na parte
anterior.
Habitat e sazonalidade: obre rochas no litoral médio;
também podem nadar.
Outras características: posturas semelhantes a “novelo
de esparguete”; quando perturbadas expulsam um
líquido violáceo; nome comum: Lebre do mar.
Foto: Raquel Vieira
Gibbula sp.
Consistência: rígida.
Cor: verde a cinzento, com listas largas castanho
avermelhado.
Talo: concha pequena até 1cm de altura, de
vertentes suaves (semelhante a um turbante).
Habitat e sazonalidade: intertidal, fixo na rocha de
locais abrigados; tolera a emersão.
Outras características: ápice pouco pontiagudo
e desgastado; pode possuir umbílico ao lado do
opérculo; nome comum: Burrié.
Foto: Raquel Vieira
Littorina sp.
Consistência: rígida.
Cor: diversificada
Talo: concha muito cónica, em forma de caracol,
com ápice pontiagudo e estrias longitudinais.
Habitat e sazonalidade: litoral médio,
frequentemente perto de algas das quais se
alimenta
Outras características: estrias tendem a escurecer
com a idade
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Foto: Mariana Almeida
Melaraphe neritoides
Consistência: rígida.
Cor: cinzento a preto.
Talo: concha lisa de vértice pontiagudo, até 5mm de
altura.
Habitat e sazonalidade: fixo à rocha em fissuras (onde
haja humidade) ou exposto no litoral superior.
Outras características: concha mais alta do que larga.
Foto: Francisco Arenas
Monodonta lineata
Consistência: rígida.
Cor: castanho a preto.
Talo: concha cónica até 2,5cm de altura, larga,
rugosa, com o ápice pontiagudo e espirais
salientes; columela com calosidade na parte
inferior.
Habitat e sazonalidade: fixo ao substrato rochoso
no intertidal.
Outras características: distingue-se de Littorina
por ter um dente proeminente no opérculo; nome
comum: Caramujo.
Foto: Raquel Vieira
Mytilus sp.
Consistência: rígida.
Cor: preto azulado.
Talo: corpo protegido por uma concha bivalve
ovalada, com estrias concêntricas até 10cm de
comprimento, unida dorsalmente.
Habitat e sazonalidade: litoral médio e inferior; fixo
nas rochas, geralmente em grupos.
Outras características: tolera águas poluídas; nome
comum: Mexilhão.
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Foto: Mariana Almeida
Nucella lapillus
Consistência: rígida.
Cor: cinzento, castanho, amarelo
Talo: concha cónica longa e pontiaguda até 3cm de
comprimento; com estrias longitudinais; labro com
dentes internos.
Habitat e sazonalidade: litoral médio e inferior, fixa em
substrato exposto ou abrigado.
Outras características: alimenta-se de Balanus; por
vezes com bandas contrastantes; reproduz-se na
Primavera.
Foto: Francisco Arenas
Ocenebra erinaceus
Consistência: rígida.
Cor: castanho claro a cinzento.
Talo: concha com ornamentação rugosa muito
proeminente; canal sifonal fechado (adultos); labro
com dentes; opérculo oval
Habitat e sazonalidade: litoral inferior, fixo ao
substrato em locais abrigados.
Outras características: alimenta-se de ostras.
Foto: Francisco Arenas
Patella sp.
Consistência: rígida.
Cor: cinzento a castanho.
Talo: corpo coberto por concha univalve cónica
(em forma de chapéu chinês); apresenta estrias
concêntricas e verticais (muito salientes).
Habitat e sazonalidade: litoral médio e inferior,
geralmente entre Mexilhões e Laminárias
Outras características: como mecanismo de defesa
pode projectar o probóscide.
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Foto: Mariana Alrmeida
Eulalia viridis
Consistência: viscosa.
Cor: verde.
Talo: larva cilíndrica, achatada dorsalmente com 515cm de comprimento; antena entre os olhos na parte
anterior do corpo.
Habitat e sazonalidade: litoral médio e inferior,
geralmente entre Mexilhões e Laminárias.
Outras características: como mecanismo de defesa
pode projectar o probóscide.
Foto: Raquel Vieira
Pomatoceros triqueter
Consistência: calcárea.
Cor: branco.
Talo: segrega túbulos calcários de 25mm de
comprimento, de secção triangular.
Habitat e sazonalidade: incrustado no litoral
inferior, na rocha e conchas.
Outras características: projecções unidas de cores
variadas.
Foto: Francisco Arenas
Sabellaria alveolata
Consistência: areia agregada.
Cor: castanho claro.
Talo: larva segmentada até 4cm de comprimento
que vive em tubos que constrói com areia e/ou
fragmentos de concha.
Habitat e sazonalidade: litoral médio e inferior,
formando recifes de dimensão variada.
Outras características: nome comum: Barroeira.
27
Foto: Raquel Vieira
Spirorbis borealis
Consistência: rígido.
Cor: branco.
Talo: pequeno animal que constrói um tubo calcário
enrolado em espiral.
Habitat e sazonalidade: incrustado nas rochas,
conchas e frondes de algas no intertidal.
Outras características: incuba os ovos dentro do tubo,
num saco na parte anterior do corpo.
Foto: Mariana Almeida
Balanus sp.
Consistência: rígida.
Cor: branco a castanho claro.
Talo: concha maciça, cónica, até 2cm de altura e
1,5 -3cm de diâmetro.
Habitat e sazonalidade: litoral médio e inferior, fixo
sobre a rocha, geralmente agrupado.
Outras características: cobre as superfícies
rochosas não expostas à acção directa da
ondulação; maiores que Chthamalus.
Foto: Francisco Arenas
Chthamalus stellatus
Consistência: rígida.
Cor: castanho acinzentado.
Talo: concha maciça em forma de cone, composta
por seis placas sólidas; opérculo protegido por
quatro placas; cerca de 14mm de diâmetro.
Habitat e sazonalidade: fixos no substrato rochoso,
geralmente agrupado.
Outras características: cobre as superfícies de
rochas não expostas á acção directa da ondulação;
nome comum: Cracas.
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Foto: Mariana Almeida
Pollicipes sp.
Consistência: rígido.
Cor: castanho e branco.
Talo: pedúnculo longo e flexível que termina na parte
superior num conjunto de valvas brancas móveis.
Habitat e sazonalidade: fixos às rochas no litoral
inferior; geralmente agrupados.
Outras características: nome comum: Perceve.
Foto: Raquel Vieira
Actinia equina
Consistência: esponjoso.
Cor: vermelho acastanhado
Talo: forma cilíndrica, pode atingir 6-7cm de altura;
possui numerosos tentáculos (até 200) retrácteis.
Habitat e sazonalidade: fixo ao substrato no litoral
médio em zonas abrigadas.
Outras características: tolera altas temperaturas e
dissecação; nome comum: Tomate do mar.
Foto: Raquel Vieira
Anemonia sulcata
Consistência: esponjoso.
Cor: variável: cinzento a verde.
Talo: corpo cilíndrico, pode atingir até10cm de
altura; com numerosos tentáculos de cor verde ou
violeta não retrácteis.
Habitat e sazonalidade: litoral médio e inferior e
em poças.
Outras características: possui um disco basal
ocultado pelos tentáculos; nome comum: Anémona
do mar.
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Foto: Raquel Vieira
Asterias rubens
Consistência: rígido.
Cor: laranja a castanho.
Talo: com 5 braços, até 20cm de diâmetro; espinhos
curtos irregulares, pouco salientes.
Habitat e sazonalidade: intertidal inferior.
Outras características: movimenta-se lentamente no
substrato; nome comum: Estrela do mar.
Foto: Marta Tibaldo
Paracentrotus lividus
Consistência: espinhosa.
Cor: violeta a castanho.
Talo: cerca de 6cm de diâmetro, espinhos grandes
e fortes; protegido por um dermoesqueleto
hermético.
Habitat e sazonalidade: fixo em rochas no litoral
inferior e poças de maré.
Outras características: abriga-se em cavidades
forradas por Lithophyllum incrustans; nome comum:
Ouriço do mar.
Foto: Mariana Almeida
Halichondria panicea
Consistência: mole.
Cor: verde a laranja.
Talo: colonial, forma uma crosta com ósculos
semelhantes a vulcões.
Habitat e sazonalidade: fixos em locais húmidos
e poças; em locais abrigados cresce de forma
massiva até aos 20cm de espessura.
Outras características: morfologia e cores variadas.
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Aerocisto: vesícula com ar ou gás que serve de elemento de flutuação do talo.
Alterna: tipo de ramificação em que os ramos se inserem na parte que corresponde ao
espaço que se encontra livre do lado oposto.
Ápice: extremo superior da fronde ou de qualquer das suas partes.
Artículos: espaço entre os nós do talo.
Bolbo: órgão especializado na reprodução vegetativa, formado por uma estrutura
subterrânea dilatada, que contém armazenadas reservas nutritivas.
Dicotómica: tipo de divisão do talo em duas partes sucessivas, onde de uma parte se
formam duas iguais.
Epífito: estrutura não parasita, que vive sobre outra alga que lhe serve de suporte.
Epizóico: organismo que vive na superfície de outro organismo.
Estipe: pé que suporta a fronde da alga.
Fronde: conjunto de lâminas que formam o talo de uma alga.
Iridiscência: propriedade de reflectir as diversas tonalidades cromáticas da luz
mostrando assim as cores do arco-íris; verifica-se melhor se a alga estiver submersa.
Lanceolado: em forma semelhante á de ponta de lança.
Lobulado: contorno de algumas lâminas que se caracteriza pela presença de estruturas
salientes (lóbulos).
Opérculo: peça córnea ou calcária que tapa a abertura das conchas dos moluscos
gastrópodes ou protege as guelras de certos peixes.
Ósculo: estrutura da cavidade gastrovascular de um espongiário de onde sai a água
que entrou pelos poros inalantes.
Pedúnculo: estrutura que suporta algumas das estruturas da fronde.
Probóscide: orgão interno que surge como expansão do aparelho bocal.
Receptáculo: parte do talo que contém os conceptáculos (estruturas reprodutoras)
nas Fucales; caracterizam-se por apresentar pequenas saliências na sua superfície.
Rizóide: estrutura do talo destinada à fixação da alga ao substrato, assemelha-se a
uma raíz.
Talo: corpo vegetativo de uma alga.
Valva: peça ou cada uma das peças, de natureza calcária que constitui a concha de
alguns animais.