O Jornal de Coruche

Transcrição

O Jornal de Coruche
o seu banco
em Coruche
Director: Abel Matos Santos – Ano 1 • Número 10 • 1 de Fevereiro de 2007 – Mensal – Tiragem: 5 000 exemplares – Preço: € 1 – Registo ERC 124937 – ISSN 1646-4222
Coruche Festeja Obras e Desporto
telefs. 243 617 502
243 617 544
Destaques
Portugal e o Oriente, passado,
presente e futuro.
Páginas 11 e 13
Na Rota das Freguesias, em
entrevista com Francisco Godinho.
Páginas 36 e 37
Referendo ao aborto
11 de Fevereiro de 2007
Oferta nesta edição, suplemento de Tauromaquia com
Paco Ojeda na Torrinha-Coruche mais Separata
dedicada ao Major Luíz Alberto de Oliveira
Mais uma iniciativa
do Jornal de
Coruche
João César das Neves, fala-nos
sobre a pena capital.
Páginas 8 e 9
Sandokan de Salgari, a aventura
portuguesa dos sete mares.
Página 22
Os artigos assinados são da inteira
responsabilidade dos seus autores.
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2
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
EDITORIAL
O País discute…
e depois?
sta edição do Jornal
de Coruche sai em
plena campanha eleitoral para o referendo ao
aborto do dia 11 de Fevereiro. Infelizmente, esta discussão tem trazido para a
praça pública os piores argumentos de ambas as partes e
colocado o país numa quase
“guerra civil” entre os apoiantes do Sim e os irredutíveis do Não.
Claro que trazer para a
praça pública tema tão sensível e íntimo, que toca
todos sem excepção (a favor
ou contra) só pode dividir as
pessoas em vez de as motivar para aquilo que penso
ser o fundamental nesta
E
questão e que não oiço falar
muito aos movimentos cívicos e ao Governo.
Falo-vos do Planeamento
Familiar e da Educação para
a Saúde Sexual, e, do apoio
social aos mais desfavorecidos com vista à prevenção
das gravidezes indesejadas e
da tomada de consciência
sobre a maternidade, com
forte importância junto dos
adolescentes, através das
escolas e das organizações
de juventude.
Compreendendo a importância fundamental desta
medidas, o psiquiatra Daniel
Sampaio que tem feito um
trabalho quase hercúleo para
conseguir estruturar e im-
plementar a educação sexual
nas escolas contemplando
estas vertentes, tem sido
confrontado com grupos de
pressão minoritários que se
opõem a estas medidas, chamando a si o exclusivo da
educação sexual dos seus
filhos.
É de salientar que a escola
tem um papel complementar
em relação à família e que
neste momento a Educação
Sexual e a Educação para a
Saúde devem fazer parte do
projecto educativo da escola.
A despenalização do aborto, que aqui se joga, não vem
resolver nenhuma destas
carências e apenas virá adequar a lei à realidade do nos-
so país, já que ela não era
cumprida.
Eventualmente, os vãos
de escada e os locais sem
condições onde se praticam
actualmente em Portugal
interrupções de gravidez,
tenderão a desaparecer e florescerá um negócio privado
que pratique em segurança
em conjunto com o Serviço
Nacional de Saúde as intervenções que forem solicitadas pela mulher, deixando
estas de se deslocarem a Espanha, como agora fazem.
A questão é que independentemente da despenalização, ou da liberalização como alguns dizem, se não se
investir fortemente no Pla-
neamento Familiar e na
Educação Sexual e para a
Saúde, o que poderemos vir
a ter é um método contraceptivo até às dez semanas
que se chama interrupção
voluntária da gravidez, pondo em causa o direito à vida
e vulgarizando um acto que
tão fortemente penaliza a
mulher, física e emocionalmente.
Ao longo do nosso Jornal, encontrarão várias reflexões, artigos e opiniões, a
favor e contra, que dão a conhecer as mais diversas
razões, para que se possa
sentir mais informado e
decidir em consciência no
voto referendário do dia 11.
Jornal de Coruche
passou a dispor da
colaboração do projecto “Alameda Digital”, um
espaço de liberdade informativa na Internet, que o seu
responsável Eng.º José Luís
Andrade, nos permite ter a
partir de agora os textos de
personalidade de relevo da
vida nacional, sendo o primeiro a escrever nesta rubrica o
prestigiado Economista e
Professor Universitário
João César das Neves. O
nosso muito obrigado pelo
vosso apoio que reconhece o
nosso projecto editorial.
Temos também a secção
taurina, o desporto, os artigos de fundo e de opinião, e
as habituais noticias que dão
a conhecer a nossa realidade, destacando aqui a entrevista ao presidente da Freguesia da Branca, as inaugurações do Parque do Vale e
da entrada norte da vila, a
realidade do Centro de Reabilitação Integrada de Coruche, a visita de deputados ao
Observatório da Cortiça, e a
preocupação do município
com a mobilidade urbana
para todos com a atribuição
da bandeira de prata da
mobilidade.
Destaque para a conferência a realizar no dia 3
de Março no Auditório do
Museu Municipal, iniciativa
do Jornal de Coruche, sobre
“A importância de CORUCHE EM PORTUGAL –
Coruchenses importantes
na História da nossa Pátria”, que contará com a
presença de duas personalidades de excelência, o Dr.
Jorge Rangel, presidente da
Sociedade Histórica da Independência de Portugal,
com fortes ligações a Macau
onde foi membro do governo e várias vezes condecorado pela sua dedicação à pátria, e, o genealogista e
investigador histórico João
Alarcão Carvalho Branco,
membro de várias organizações cientificas da área e
autor de vasta obra sobre a
nossa história, que nos darão
a conhecer uma realidade
que nos surpreenderá a
todos! A entrada é livre e
aberta à desejável participação de todos.
Por último, referir a importância da Separata desta
edição, inteiramente dedicada ao nosso Major Luís
Alberto de Oliveira, com o
objectivo de elucidar todos
sobre a sua genialidade e a
importância da sua obra
para o desenvolvimento de
Coruche, com vista à reposição da sua estátua na nossa
terra, que se alcançará através da assinatura das folhas
de subscrição disponíveis
por todos o concelho nos
locais assinalados e onde se
vende o jornal.
Desejo-vos uma agradável leitura e um bom mês
para todos.
O
Fundador, Proprietário e Director: Abel Matos Santos
CP: TE 463 ([email protected])
Redacção: Av. 5 de Outubro, 357-3.º B. 1600-036 Lisboa
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Impressão: Empresa do Diário do Minho, Lda, Braga.
Distribuição e cobranças: Carlos Tadeia • Tlm: 93 632 22 90
Colaboraram neste número: Abel Matos Santos, Ana Picoito, António Gil
Malta, Carlota Barros Alarcão, Domingos da Costa Xavier, João Alarcão, João
César das Neves, João Sobral Barros, João Carlos Louro, João Costa Pereira,
Joaquim Mesquita, José Caeiro, Jorge Maurício, Jorge Rangel, Luís Martins,
Mariazinha Alarcão de Macedo, Manuel Alves dos Santos, Manuel João Barbosa,
Miguel Mattos Chaves, Osvaldo Ferreira, Patrícia Leal, Pedro Vargas, Rita Telles
Branco, Telma Caixeirinho, Vitório Rosário Cardoso, Búzios, Cáritas Coruche, EB1
Coruche, GI-CMC, GI-Verdes, GI-PCP, GI-CDS, Paróquia CCH, Gov. Civil
Santarém, Nersant, ANF, SRUCP.
Fotografias: Abel Matos Santos, Carlota Barros Alarcão, Henrique Lima, João
Carlos Louro, João Costa Pereira, Joaquim Mesquita, Manuel Pinto, Patrícia Leal,
Pedro Vargas, Vitório Rosário Cardoso, Casa do
Ribatejo, CMC, GCS, Nersant, SHIP, SRUCP.
Membro da
Cartoon: Pedro Nascimento
Web: Henrique Lima
www.ojornaldecoruche.com
A bem de Coruche!
____
Abel Matos Santos
Director
I NF ORM AÇÃO
Informamos todos os nossos leitores, assinantes e anunciantes,
que para efeitos de assinaturas, contratação de publicidade ou quaisquer
outros assuntos, só representam o Jornal de Coruche as pessoas constantes
da ficha técnica de acordo com os cargos e áreas de actuação respectivas.
A Direcção
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
Fevereiro de 2007
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Coruchenses importantes na História
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Fax 243 617 163
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Créditos
de 24 a 84 Meses
No seguimento da sua política cultural e de dinamização da nossa terra, o Jornal de
Coruche leva a efeito, com o habitual apoio da autarquia, uma conferência com Jorge
Rangel e João Alarcão sobre os nossos ilustres Coruchenses e a sua importância no todo
nacional ao longo da nossa história, bem como sobre o papel de Portugal no mundo e
os desafios para o futuro.
A moderar e a apresentar estarão o Presidente do Município, Dionísio Mendes e o
Director do Jornal de Coruche, Abel Matos Santos.
A não perder, no dia 3 de Março no auditório do Museu Municipal de Coruche pelas
17.30h. A entrada é livre.
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O Jornal de Coruche
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Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
REFLEXÕES
Aborto
Este termo tão badalado,
comentado, bem tratado, mal
tratado e com um significado
prático de uma subtileza e de
uma actualidade bem visíveis,
sendo embora tema de longas
barbas brancas, tal a sua história e prática.
Mas não sendo aqui necessária qualquer referência material à sua prática e aos seus
custos, assuntos para os quais
não tenho o mínimo de preparação, é preciso deixar algum apontamento, do que neste caso é mais importante, ou
seja, problemas e consequências do acto, a nível do comportamento da mulher e não só.
É evidente que ser mulher
é, à partida, ter a faculdade de
gerar vida, colocando entre nós
mais um ser que terá o seu percurso, como todos os seres
vivos: nascer, viver e morrer.
Logo não é de ânimo leve
que uma mulher irá interromper uma gravidez, desfazer-se de alguma coisa que é
dela e que o seu instinto de
mãe tentará preservar a todo o
custo. Isto será o que uma mãe
faz e pensa, quando pretende
ter um filho, que um dia possa
ser a luz dos seus olhos e a
felicidade do seu lar, casamento, ou outro.
Mas é do aborto, extrema-
José Manuel Caeiro
mente complexo e de consequências por vezes muito traumáticas, que se quer falar.
Assim dada a sua complexidade, não se poderá equacioná-lo
como se de um totobola se tratasse, colocando-se uma cruz
na casa desejada.
Defendem uns a legalização
do aborto e outros, como é
salutar em democracia, pretendem a não legalização do mesmo. Como é evidente quer uns,
quer outros têm razão!
E não terá este tema semelhanças com a Eutanásia, noutras circunstâncias e em situações bem mais cruéis e de sofrimento atroz? Está ou não
Adriano Moreira,
Paulo Portas e José
Ribeiro e Castro juntos
pelo Não ao aborto
O histórico do CDS, Prof. Adriano
Moreira, o ex-presidente do partido popular Paulo Portas e José Ribeiro e Castro,
actual presidente, assinaram um documento pelo direito à vida que defendo o
voto Não no referendo do dia 11 de
Fevereiro. O texto com o nome “Nenhuma Vida é Demais” aponta diversas
razões para votar no Não, afirmando que
a proposta do governo é “uma proposta
sem equilíbrio, nem moderação” visto
“tratar-se de acabar com todas e quaisquer excepções até às 10 semanas”.
Acrescentam ainda que “o Estado
não deve emitir sinais errados à
sociedade civil, traindo os imperativos
da solidariedade social, desleixando as
políticas familiares e fraquejando na
acção social directa nas situações de
maior vulnerabilidade”.
vota Sim ao aborto
A Comissão Concelhia de Coruche do
PCP, em comunicado, apela à participação no referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez,
e a que votem SIM à questão que é colocada. Para os comunistas votar SIM é;
– Contribuir para acabar com o flagelo do aborto clandestino, que é a principal
causa de morte materna em Portugal, e
que significa graves danos para a saúde
física e psíquica das mulheres que se vêm
obrigadas a recorrer à interrupção voluntária da gravidez.
– Contribuir para acabar com processos, julgamentos e humilhações públicas
das mulheres que, por razões económicas
e sociais, são empurradas para o aborto
clandestino.
– Promover a saúde e dignidade das
mulheres, para que estas, recorrendo ao
aborto, não estejam sujeitas aos graves
danos físicos e psíquicos com elevados
custos para a saúde pública e materna
resultantes do aborto clandestino.
– Assumir a maternidade e paternidade como uma decisão livre, consciente e responsável e ter direito de optar,
para que essa opção seja efectivamente
um último recurso, e esteja acessível de
igual modo a todas as mulheres.
– Dizer a este governo e à maioria PS
na Assembleia da República que é
urgente mudar esta lei sem mais demoras,
sem que haja lugar a mais expedientes
para adiar a resolução deste problema
social.
– Um voto de exigência da possibilidade de cada ser humano dar e receber o
direito a uma vida digna e feliz, independentemente do seu sexo, idade, raça, credo religioso ou opção política.
___
uma vida em jogo? Se está, há
que ter muito cuidado com o
que se quer fazer.
Admitindo-se cientificamente que apenas a partir de determinada altura o feto é vida então os defensores desta versão
terão também razão, não havendo nenhuma vida em jogo.
Poder-se-á aceitar a interrupção em casos de violação da
mulher ou eventualmente por se
verificar que o ser que se está a
gerar poderá ser um deficiente
profundo (muito embora quem
o gere o ame muito)
Há uma situação de aborto
que qualquer pessoa verificará
ser condenável, que é, torná-lo,
de algum modo, o remediar de
situações de falha de protecção
sexual no acto.
Despenalizar o aborto e
fazer com que o mesmo tenha
condições dignas para a mulher o poder praticar, muito
bem, mas ao decidir-se o sim
ou não deverá ser em consciência e não com influências de A
ou B, uma vez que não estamos
em presença de decisões políticas, mas sim de assuntos de
grande gravidade, que tocam
fundo no ser humano.
Quando se legislar sobre o
caso há que ter muito cuidado,
pois são necessárias pinças,
dada a sua fragilidade.
CÂMARA MUNICIPAL DE CORUCHE
EDITAL
Alvará de Loteamento
com Obras de Urbanização nº 01/2007
Processo de Loteamento nº 22/2001
Nos termos do disposto pelo nº 2 do Artigo 78º do Decreto-Lei nº
555/99 de 16 de Dezembro, com a redacção dada pelo Decreto-Lei
nº 177/2001 de 4 de Junho, torna-se público que esta Câmara
Municipal emitiu em 19 de Janeiro de 2007, o Alvará de Loteamento
com Obras de Urbanização nº 01/2007, em nome de JOÃO FRANCISCO VIVEIROS DO AMARAL, NIF 127 208 348, residente em Rua
do Navio, Capelas, 9545-140 Capelas, através do qual foi Licenciado
o Loteamento bem como as respectivas obras de urbanização do
prédio localizado em Fazendas das Figueiras, Freguesia da Branca,
descrito na Conservatória do Registo Predial de Coruche sob o nº
554/20061023, inscrito na respectiva matriz sob o Artigo 130 BA.
A operação de loteamento apresenta as seguintes características:
Área abrangido pelo Plano Director Municipal
Descrição da área a lotear: 39.750m2
Área total do loteamento: 17.282,16
Número de Lotes: 14
Área dos lotes: 14.245,50m2
Área da parcela restante 22 467,84m2
Finalidade: 14 Lotes para Habitação
Para constar se publica o presente Edital e outros de igual teor que
vão ser afixados nos lugares públicos habituais.
O Presidente da Câmara
(Dionísio Simão Mendes, Dr.)
Coruche, 22 de Janeiro de 2007.
O Jornal de Coruche
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Ano 1 - Número 10
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Fevereiro de 2007
EM DIRECTO
Referendo 2007
Patrícia Leal *
– Um voto em consciência
Com a proximidade do segundo referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez,
é imperativo que as pessoas se informem e reflictam sobre este tema tão polémico
para que, em consciência, decidam no próximo dia 11 de Fevereiro.
Este tem sido um assunto na
ordem do dia dos políticos
nacionais, bem como de todo o
tipo de organizações não governamentais e autónomas que,
através de campanhas e apelos,
muita tinta têm feito correr na
imprensa portuguesa, confundindo ainda mais os eleitores.
Muito se tem debatido sobre
o aborto, mas nem sempre com
a devida imparcialidade e importância que qualquer um dos
votos merece. Desta forma, uma
abordagem aos dois lados da
questão impõe-se para que ninguém vote sem a devida e real
consciência do que está a fazer.
Desde há cerca de 20 anos
que o tema “interrupção voluntária da gravidez” tem vindo a
ser uma luta constante por parte
de alguns partidos políticos,
intervindo com o objectivo de
acabar com o aborto clandestino
e com toda a recriminação da
mulher que, em alguns casos,
chega a ser julgada e condenada.
No primeiro e único referendo sobre o aborto, em 28 de Junho de 1998, o não conquistou
50% dos votos contra 48,3% do
sim. Esta vitória foi alcançada
nas ilhas e zona a norte do Tejo,
com excepção do distrito de
Coimbra.
Com esta vitória, nada se
alterou no panorama nacional,
continuando muitas mulheres a
sujeitarem-se a todos os perigos
resultantes do aborto clandestino, com prejuízo para a sua
saúde física e mental. Aliás,
segundo um estudo da Associação para o Planeamento Familiar, no último ano, uma em cada
três mulheres em idade fértil
que fizeram uma interrupção da
gravidez tiveram de recorrer aos
serviços de urgência para a completarem.
O nosso país, lado a lado
com a Irlanda, Malta e Polónia,
é um dos poucos países europeus que mantém a penalização
do aborto, contrariando as recomendações por parte de organizações internacionais como o
Comité das Nações Unidas para
a eliminação das discriminações
contra as mulheres que, em
2002, revelou inquietação em
relação aos abortos clandestinos
que, além de um impacto fortemente negativo para a saúde
física e mental da mulher, afecta
igualmente a sua dignidade.
A actual lei do aborto, estipula, nos artigos 140º, 141º e
142º do Código Penal que, em
Portugal, até às doze semanas é
possível abortar dentro dos parâmetros de risco de vida ou
lesão grave para a mulher, perigo para a sua saúde física ou
mental, e em caso de violação
ou outro crime sexual. Os outros
itens referem-se à malformação
do feto e, neste caso, a interrupção da gravidez pode ser
feita até às dezasseis semanas.
A partir deste prazo, a lei
estipula que só em caso de perigo de vida ou lesão irreversível
do corpo ou da mente da mulher
é que a gravidez pode ser interrompida. Factores económicos,
sociais e afectivos não estão
previstos no Código Penal dado
que são considerados evitáveis
através da educação sexual e
planeamento familiar.
Assim sendo, a proposta da
nova lei visa erradicar o aborto
clandestino do país, disponibilizando os meios técnicos e de
higiene necessários, bem como
profissionais qualificados.
A primeira grande discussão
pública do tema aborto ocorreu
depois de aprovada a pergunta
“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da
gravidez, se realizada, por opção
da mulher, nas primeiras dez
semanas, em estabelecimento
de saúde legalmente autorizado?”. Esta questão, além de
complexa é bastante vaga, pode
suscitar dúvidas no eleitor em
relação ao que é que exactamente lhe estão a perguntar.
Seria bem mais fácil compreender se a pergunta fosse, simplesmente, “Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez?”, e o resto dos
pormenores viria mais tarde,
consoante a “sentença” ditada
pela consulta pública.
A questão, no entanto, nunca
foi o voto a favor ou contra o
aborto pois não é isso que está
em causa. A preocupação dos
partidários do sim ao aborto
sempre foi erradicar a clandestinidade deste método e, principalmente, acabar com a “caça ás
bruxas” feita ás mulheres através do Código Penal nacional,
pois a maior penalização que
uma mulher pode ter é abortar,
pois isso já faz com que ela se
julgue a si mesma.
O grande debate gerado em
torno do referendo é a questão
da despenalização ser entendida
pela mulher como uma liberalização geral do aborto, passando
este a ser mais um método contraceptivo. Este tem sido o
grande argumento da campanha
do não ao aborto. Contudo, será
correcto duvidar da capacidade
intelectual e moral da mulher
em reflectir, de forma responsável e consciente, sobre uma
das decisões mais difíceis da sua
vida, como é a continuação de
uma gravidez? Será que é correcto impormos os nossos princípios através do Estado e, particularmente, do Código Penal?
Permanecer na clandestinidade
é a maior forma de liberalizar o
aborto, provocando perigosas e
graves consequências em termos de saúde.
Os argumentos ao voto negativo no próximo dia 11 são compreensíveis. Prendem-se com o
receio de que a despenalização
não acabe com o aborto clandestino e, ao contrário, a defesa
da privacidade de cada um, as
limitações dos serviços de saúde
e a falta de informação resultem
no aumento da sua actividade
ilegal. A campanha do não ao
aborto tem abordado, por diversas vezes os Direitos do Homem
estabelecidos em 1948, entre os
quais o direito à vida. A pergunta que se coloca muitas vezes é
“em que momento adquirimos
em clínicas clandestinas, defendendo que esta deve poder decidir de acordo com a sua consciência. Por esta razão apela-se
a que as pessoas votem na opção
e não na continuidade porque as
mulheres que têm por princípios
não abortar, nunca o irão fazer.
aquilo que nos torna humanos e
que nos dá o direito a viver?”.
Embora não sendo ainda visível,
o feto no momento em que é
concebido, já é uma vida, dado
que no ovo estão a cor dos olhos
e da pele, o coração e o cérebro.
Defende-se, assim, que em
vez de matar um ser humano,
devia-se sim pensar em formas
de contornar os anos de burocracia pelos quais as famílias passam na altura de adoptar uma
criança. Este é um dos aspectos
defendido por muitos médicos
que estão completamente contra
a despenalização da interrupção
voluntária da gravidez e que não
irão colaborar na realização de
abortos, caso o referendo seja
aprovado, invocando objecção
de consciência.
Além disto, os médicos têm
de ter sempre em mente o código deontológico da profissão e
este, no nº 2 do art. 47º atesta
que “constituem falta deontológica grave, quer a prática do
aborto, quer a prática da
eutanásia”.
Por outro lado, a campanha
do sim ao aborto tem como
objectivo a mudança do panorama nacional ao nível das ilegalidades e injustiças cometidas
pelas e contra as mulheres. Os
defensores da despenalização
crêem que alguma coisa deve
ser feita num país onde a mulher
tem de chegar ao desespero de
pôr em risco a sua vida e saúde
No entanto, se não houver uma
mudança, as que o quiserem
fazer, vão continuar a recorrer à
clandestinidade porque ela existe, e pratica-se todos os dias à
margem da lei e sem quaisquer
condições de segurança médica.
Para confirmar este facto, basta
olhar para os dados do último
ano, durante o qual deram entrada nas urgências das unidades
médicas cerca de 5600 mulheres
com complicações graves resultantes da prática clandestina do
aborto.
Agora cabe-nos a nós, cidadãos interessados, pesar na balança os prós e os contras e decidir conscientemente se devemos mudar e aceitar que todos
tenham direito a decidir sem
recriminações nem julgamentos, não pactuando com o aborto clandestino, ou defender o
direito fundamental à vida.
Uma coisa é certa, o aborto
pratica-se e vai continuar a praticar-se. Esta é uma preocupação de várias instâncias internacionais. Será que o direito à vida
não é ter o direito a ser desejado,
a ser tratado como um ser humano, que ama e é amado, que
tem pão para comer e cama para
dormir?
Cabe-nos a todos decidir o
futuro.
____
* Jornalista
6
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
OPINIÃO
Pelo Sim e pelo Não
Está perto, o dia em que
Portugal e os portugueses vão
decidir em consciência, que
direcção vamos tomar na nossa
sociedade no que diz respeito
ao mais elementar e importante
direito consagrado ao ser humano... o direito à vida.
No dia 11 de Fevereiro,
vamos decidir se queremos despenalizar o aborto livre até às
dez semanas! É isso que está
verdadeiramente em causa,
aceitarmos ou não o aborto livre
até às 10 semanas, porque uma
mulher quer... por mais nada!
Será legítimo abrir essa porta?
Não é preciso que a mulher
tenha sofrido uma violação,
nem que o seu bebé seja mal
formado, nem que a sua saúde
física ou psíquica esteja ameaçada, nem tão pouco que o seu
filho por nascer não seja saudável. Todas essas situações já
estão previstas na Lei e já permitem que se aborte muito para
além das dez semanas!
A única coisa que é preciso é
que seja sua vontade não o
deixar nascer, assim como deve
ter sido sua, a opção de o fazer!
Motivos para tomar essa atitude
devem com certeza existir, foi
um erro fazê-lo, não estava à
espera de ficar grávida, vai
agora trocar de emprego e não
dá jeito ficar amarrada a uma
gravidez não planeada, etc., etc.
Mas a única solução para
emendar esse seu erro é tirar o
direito à vida daquele ser minúsculo que já vive dentro dela?
Essa é a pior das soluções
porque é mau para quem faz, a
mulher, e é o fim para quem
ainda nem se pode defender e
pedir o direito à vida.
Estão provados os malefícios do aborto para a mulher,
tanto a nível psicológico como
físico, quer seja feito numa
clínica espanhola, quer seja
feito em casa! É sempre uma
violência contra natura, para a
mente e para o corpo da mulher.
Deixa marcas profundas e é
uma falsa solução.
E para o feto, bebé, filho, o
que lhe quiserem chamar, do
que é que se trata? Às dez semanas só os pulmões ainda não
estão formados, de resto está lá
tudo o que essa pessoa pequenina será quando tiver 80 anos
(se o deixarem). Até as impressões digitais serão as mesmas, únicas e irrepetíveis. Só
está a faltar a nutrição e o desenvolvimento... crescer e nascer!
E para isso é um ser dependente da mulher/mãe que o
transporta no ventre! Precisa
dela para sobreviver, assim
como precisará nos primeiros
anos de vida.
Afinal se ela o abandonar no
berço sem o alimentar também
morrerá. E ela pode ter muitos
motivos para o fazer, para o
abandonar... já tem mais filhos,
não tem tempo para ele, tem
que ir trabalhar, passear, não
tem meios para o ter ou pura e
simplesmente não o quer!! Foi
um erro!! E então?!?!
Não são motivos fortes para
Duas mortes em quinze dias!
Correia de Campos, diz que
esperar 6 horas por apoio
médico adequado é normal
Foi assim que o Ministro da Saúde, Correia de
Campos, respondeu às críticas dos deputados na
assembleia da república no
passado dia 18 de Janeiro,
por causa da morte de um
cidadão português em
Odemira.
Este homem de meia
idade, foi atropelado e uma
sequência de acontecimentos e de desarticulações e
ineficiências do INEM, levaram a que este homem só chegasse ao
Hospital de Santa Maria em Lisboa,
único sitio para ser assistido devidamente pelas lesões sofridas no acidente,
mais de 6 horas depois.
Naturalmente que se exigia um
inquérito para perceber o que correu mal
e se poder corrigir, mas o polémico e
autoritário ministro respondeu aos deputados da Nação, que “isso seria demagógico, quando as pessoas agiram
bem e nada havia de errado”.
Parabéns Sr. Ministro, depois da
piada de mau gosto sobre “enforcamentos” que citou em cerimónia pública oficial, esta posição deixa bem claro para
onde a Saúde pode caminhar em Portugal.
Como se não bastasse, dias depois
morre mais um português na mesma
área geográfica, e, pelos mesmos motivos, a demora na assistência médica
adequada.
À hora de fecho deste jornal, o ministro reforçou em mais viaturas e meios
o Alentejo, reconhecendo implicitamente que existia uma manifesta falha
nos meios de socorro.
O Jornal de Coruche solidariza-se
com a família do falecido e lamenta que
no nosso país ainda possam acontecer
estas situações que nos envergonham a
todos!
o abandonar à própria sorte?
Mas nesse caso já a condenávamos, e com que veemência!
A diferença desse “abandono” mede-se em centímetros,
quilogramas, dias, semanas ou
meses. Sem lhe conhecermos o
rosto e até aos seis gramas de
peso, seis centímetros e dez
semanas, se a mulher/mãe
optar, ele pode deixar de existir
e nunca chegar a nascer! Vai
parar ao lixo de uma clínica
espanhola ou não, que a lei
apoia e o Estado, com o dinheiro de todos nós, até paga!!!
Por estes e outros motivos
(há tantos), pense muito bem
quando lhe pedirem para decidir. É de si que depende o rumo
das gerações futuras! É o seu
voto que vai ou não contribuir
para uma sociedade cada vez
com mais vítimas desses abortos. Com o seu apoio, ou não,
vamos ajudar governos a demitirem-se das suas reais responsabilidades no combate eficaz a
este flagelo que é o aborto clan-
destino! Esse, vai continuar, por
vergonha de se assumir que,
apesar de não ter daqueles motivos já previstos na lei, a mulher não quer, pura e simplesmente, ser mãe!
O aborto vai aumentar com
a liberalização, tal como aconteceu em todos os países que
seguiram esse caminho e o
aborto clandestino vai continuar
a existir! As mulheres que o
fazem vão continuar sem ser
punidas (em 30 anos nenhuma
foi presa) mas vão continuar a
ser vítimas dessa má escolha. E
o feto, bebé ou futuro homem é
que vai depender do seu “não”
para poder viver!
Por isso, no dia 11 pense
bem, para decidir melhor ainda,
em consciência, sabendo, no
futuro, assumir plenamente as
consequências deste seu voto.
Pelo sim ou pelo não, pense
bem e vá votar!
____
Rita Teles Branco
Está disponível a em Portugal a primeira vacina
para a Prevenção do Cancro do Colo do Útero
O CANCRO DO COLO DO ÚTERO
é a segunda causa mais comum de morte
por cancro nas mulheres jovens na
Europa.
Em Portugal verifica-se a maior
incidência de cancro do colo do útero
entre os restantes países da União Euro-
peia, cerca de 17 casos por cada 100 mil
habitantes, com 958 novos casos por ano.
Todas as mulheres entre os 9 e os 26 anos
devem equacionar a vacinação. Para isso
deve falar com o Pediatra da sua filha ou
com o seu Ginecologista para saber como
se vacinar.
Rede de Cuidados Continuados
chega ao Distrito
Os ministérios da Saúde e Solidariedade Social fizeram-se representar na
assinatura dos acordos com as Misericórdias de Tomar e Entroncamento, para
a recentemente fundada Rede de Cuidados Continuados Integrados.
Estas instituições são as primeiras no
Distrito de Santarém a integrar a mencionada rede.
A Misericórdia de Coruche está também a preparar a sua entrada nesta importante rede de apoio.
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
7
Fevereiro de 2007
VIVER COM SAÚDE
(Parte II)
A Dor – do desconforto à tortura
A PERCEPÇÃO DA DOR
Dos diversos sentidos que o organismo humano utiliza, a percepção sensitiva da Dor possui três
propriedades únicas importantes.
Primeiro, ainda que as fibras
nervosas do corpo enviem sinais da
zona lesionada, as células receptoras da Dor são diferentes das de
outros sistemas perceptivos, como
a visão que podem transmitir apeFARMÁCIAS DE SERVIÇO
Q
1
C
4
B
5
C
6
D
7
A
8
B
S
2
D
9 16 23
C B A
S
3 10 17 24
A D C B
S
T
Q
11
A
12
B
13
C
14
D
15
A
18
D
19
A
20
B
21
C
22
D
CONDIÇÕES QUE
PROMOVEM A DOR
• Condições físicas
Extensão da lesão
Níveis de actividade desadequados
• Condições emocionais
Ansiedade ou preocupações
Tensão
Depressão
• Condições mentais
Focalização na dor
Sentir-se maçado – pouco envolvimento nas actividades da
vida
CONDIÇÕES QUE
CONTRARIAM A DOR
• Condições físicas
Medicação
Contra-estimulação
(ex: massagens ou calor)
• Condições emocionais
Positivismo
(ex: alegria ou optimismo)
Relaxação
Descanso
• Condições mentais
Concentração intensa ou distracção
Envolvimento ou interesse em
actividades da vida
COMPORTAMENTOS
CARACTERÍSTICOS DA DOR
• Expressões audíveis/faciais de
angustia como quando as pessoas cerram os dentes, gemem,
se lamentam ou fazem caretas.
• Marcha ou postura distorcida
como deslocar-se de uma forma
defensiva e resguardada, pausas
na marcha, segurar a zona dolorosa ou exercer fricção sobre
ela.
• Afectos negativos como estar
irritado ou hiperreactivo
• Actividades de evitamento
como deitar-se várias vezes por
dia, ficar em casa e faltar ao
emprego ou diminuir actividades motoras e enérgicas.
25
C
26
D
27
A
28
B
A - ALMEIDA
Rua da Misericórdia, 16
2100-134 Coruche
Tel. 243 617 068
C - HIGIENE
Rua da Misericórdia, 11
2100-134 Coruche
Tel. 243 675 070
– OLIVEIRA
Rua do Comércio, 72
2100-330 Couço
Tel. 243 650 297
B - FRAZÃO
Rua Direita, 64
2100-167 Coruche
Tel. 243 660 099
D - MISERICÓRDIA
Largo S. Pedro, 4
2100-111 Coruche
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Exercício
Escala Visual de Analogia
pior Dor
possível
A FISIOLOGIA DA DOR
Para a descrever, utilizaremos a
reacção do corpo à lesão de tecido,
como um corte ou queimadura. O
estímulo nocivo provoca instantaneamente uma actividade química
no local lesionado, libertando-se as
chamadas substâncias algogénicas,
que existem nos tecidos, incluindo
químicos como a serotonina, histamina ou bradiquinina. Estas substâncias promovem a actividade do
sistema imunitário, provocando
inflamação na zona afectada e activando as terminações das fibras
nervosas desse local, assinalando a
lesão.
Este tipo de informação é transmitido por neurónios aferentes do
Sistema Nervoso Periférico à Espinal Medula, que a transporta ao
cérebro. As terminações nervosas
dos aferentes da zona lesionada que
respondem à Dor, são denominados
nociceptores. Estas fibras podem
ser encontradas por todo o corpo,
na pele, vasos sanguíneos, tecido
subcutâneo, músculo, articulações
e outras estruturas. Quando activados, estes órgãos terminais, como
outros receptores, geram impulsos
que são transmitidos ao Sistema
Nervoso Central.
Assim, podemos considerar três
factores envolvidos na promoção
ou não da Dor: A quantidade de
actividade nas fibras nervosas terminais, a quantidade de actividade
noutras fibras periféricas e a informação que descende do cérebro.
Existem então, condições que
promovem ou contrariam a Dor e
comportamentos típicos de quem
se encontra numa situação de desconforto doloroso (vide quadros
anexos).
A ciência e a técnica oferecem
hoje aos pacientes com Dor um
vasto leque de intervenções e abordagens, o importante é que seja
feita por pessoal especializado.
Fonte ANF
FEVEREIRO 2007
D
nas luz. Não há células especificas no
corpo que transmitam apenas Dor.
Segundo, o corpo percepciona
Dor em resposta a diversos tipos de
estímulos nocivos, como pressão
física, lacerações e frio ou calor
intensos. Terceiro, a percepção da
Dor inclui quase sempre um forte
componente emocional.
Deste modo, a percepção da
Dor, envolve um complexo intercâmbio de processos fisiológicos e
psicológicos.
sem
Dor
A DOR CRÓNICA depende
basicamente de dois factores:
(1) Se a situação que a causa é
benigna ou maligna e se vai piorando e (2) se o desconforto existe
continuamente ou ocorre em episódios intensos e frequentes. Assim,
podemos considerar três tipos de
Dor crónica:
1 - DC Recorrente – de causa
benigna, sendo caracterizada por
repetidos e intensos episódios de
queixas dolorosas, separados por
períodos sem dor (ex.: dores de tensão muscular e de cabeça).
2 - DC benigna intratável –
refere-se ao desconforto que está
tipicamente presente em todos os
momentos, com diferentes níveis
de intensidade, não estando relacionada com uma causa maligna
(ex.: dores ao fundo das costas).
3 - DC progressiva – caracterizada por um desconforto contínuo,
é associada com uma causa maligna, tornando-se cada vez mais
intensa enquanto a situação que a
despoleta se agrava (ex.: artrite
reumatóide e cancro).
Dr. Abel Matos Santos *
Escala Visual de Analogia da Dor
Assinale uma cruz na linha, para mostrar a intensidade da
sua Dor. Pode experimentar várias vezes por dia ou semanas,
entre actividades e terapêuticas e verificar se a sua Dor se mantém constante ou se altera.
A Dor é a queixa mais comum na prática clínica, causa grande sofrimento, invade a vida das pessoas, reduz a sua capacidade de trabalho e de se relacionarem social e emocionalmente, levando os doentes a queixarem-se e a procurarem ajuda
médica sem hesitação.
* Assistente de Saúde Especialista
Serviço de Psiquiatria
do Hospital de Santa Maria, Lisboa
Mestre em Psicologia da Saúde
Hospital Distrital de Santarém
Av. Bernardo Santareno
2005-177 Santarém
Tel: 243 300 200
Fax: 243 370 220
www.hds.min-saude.pt
Mail: [email protected]
Tel: 243 300 860
243 300 861
Linha Azul
Tel: 243 370 578
SUGESTÕES
DE LEITURA
Autor: José Rodrigues dos Santos
8
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
ALAMEDA DIGITAL
Pena de morte
Nos disputados problemas
da vida, a pena de morte está
actualmente entre os mais pacíficos em Portugal. Trata-se de
um tema em que não há grande
controvérsia, com a generalidade das opiniões a defender a sua
abolição.
Esta constatação serve para
mostrar como os juízos globais
sobre uma sociedade devem
sempre ser matizados. Muito se
luta hoje entre nós em defesa do
direito à vida contra agressões
graves, do aborto à clonagem e
à eutanásia. No entanto em outras frentes, como a guerra e a
pena de morte, a nossa época
assinala avanços notáveis que
civilizações anteriores dificilmente igualaram.
O papa João Paulo II registou precisamente este ponto na
sua encíclica Evangelium Vitae
(EV): “Entre os sinais de esperança, há que incluir ainda o
crescimento, em muitos estratos
da opinião pública, de uma
nova sensibilidade cada vez
mais contrária à guerra como
instrumento de solução dos conflitos entre os povos, e sempre
mais inclinada à busca de
instrumentos eficazes, mas «não
violentos», para bloquear o
agressor armado. No mesmo
horizonte, se coloca igualmente
a aversão cada vez mais difusa
na opinião pública à pena de
morte — mesmo vista só como
instrumento de «legítima defesa» social —, tendo em consideração as possibilidades que
uma sociedade moderna dispõe
para reprimir eficazmente o
crime, de forma que, enquanto
torna inofensivo aquele que o
cometeu, não lhe tira definitivamente a possibilidade de se
redimir.” (EV 27)
Evolução de atitudes
A abolição da pena de morte
constitui uma das lutas pelos
direitos humanos mais importantes. Mas ela é herdeira de um
processo anterior que defendia
uma “execução mais humana”.
No Império Português, as Misericórdias tiveram secularmente
um papel decisivo nesta dinâmica. Foi mesmo instituído o costume de que, “se a corda da
forca rebentasse e o paciente
caísse ainda vivo, abatia-se
sobre o seu corpo a bandeira da
Santa Casa, o que lhe concedia
o perdão e a liberdade (...) E
consta que, como era a irmandade que fornecia as cordas da
forca, por vezes, e talvez com
intuito de corrigir eventuais
erros judiciais, fornecia-as passadas por água forte, o que fazia com que elas rebentassem
facilmente” (Fonseca, C.D da
(1996) “História e Actualidade
das Misericórdias”, Ed. Inquérito, p.62).
Também a invenção do Dr.
Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814), que haveria de adquirir
contornos sinistros pelo seu uso
revolucionário, tinha como propósito defender os direitos do
acusado. A guilhotina, com a
sua morte rápida e limpa, constituía um avanço muito importante face às anteriores execuções.
No campo das ideias, coube
ao marquês Cesare Beccaria
(1738-1794) na sua obra Dei
Delitti e Delle Pene (1764), uma
das obras mais influentes simultaneamente de direito penal e
teoria do crime, tentar demonstrar a injustiça e ineficácia da
pena de morte. Destes primórdios nasceu um movimento abolicionista que viria a ter os seus
frutos.
Nesse processo Portugal
teria, como se sabe, um lugar de
destaque. Entre nós a pena de
morte para os crimes políticos
foi abolida pelo artigo 16º do
Acto Adicional à Carta Constitucional, sancionado em 5 de
Julho de 1852. A reforma prisional e penal de 1 de Julho de
1867 aboliu-a para os crimes
civis. Foi assim o primeiro estado europeu a abolir a pena de
morte (em 1849 a efémera República Romana e em 1863 a
Venezuela já a tinham abolido
para todos os crimes). Mantevese então apenas para o Exército
e Marinha em caso de guerra,
sendo definitivamente abolida
pelo artigo 25º nº2 da Constituição de 1976, que afirmou
“Em caso algum haverá pena de
morte”. Mas logo a partir de
1846 a pena deixou de ser apli-
cada, sendo sempre comutada,
com excepção de uma execução
durante o conflito de 1914-18.
No mundo, a abolição da pena de morte tem seguido uma
trajectória fortemente favorável.
Em 1984 o número de países
que na prática a tinham abolido
era de 64, tendo subido nos vinte anos seguintes para quase o
dobro, sendo de 117 em 2004 (a
fonte deste dados é um dos sites
mais informativos sobre o
tema:)
O debate americano
Apesar deste quadro geral de
consenso, o debate acerca da
moralidade da pena de morte
está ainda muito vivo, sobretudo
nos Estados Unidos.
Execuções capitais nos EUA
1940-1949
1289
1950-1959
715
1960-1976
191
1976-1979
3
1980-1989
117
1990-1999
478
2000-2006
459
Fonte: www.deathpenaltyinfo.org/
A pena capital está aceite em
38 dos 50 estados, bem como
pelo governo federal e as forças
armadas. Registou-se, como se
pode ver no quadro junto, um
movimento de flutuação, quer
na opinião pública quer no
número de execuções nos EUA.
Após a segunda guerra mundial
houve um repúdio crescente por
essa forma de execução. O
Supremo Tribunal levou mesmo
à suspensão de execuções entre
1973 e 1976. Mas a partir de 17
de Janeiro de 1977 as execuções
foram retomadas, tendo sofrido
uma trajectória crescente.
Apesar disso, a polémica e
contestação é muito forte. No
entanto, o apoio generalizado
que a opinião pública dá a esse
castigo é esmagador. O mais
baixo nível de opinião a favor
da pena de morte foi registado
em 1966 numa consulta da
Gallup poll que deu apenas
42%. Actualmente, o apoio à
pena de morte nos casos de
assassínio é de 65% (ver http://www.angus-reid.com/polls/index.cfm/fuseaction/viewItem/itemID/12409).
A posição da Igreja
A posição da Igreja acerca da
pena de morte ficará mais clara
na secção seguinte. Mas as
ideias básicas são fáceis de
definir. O ponto de partida é,
hoje como antes, aquele que o
próprio Deus formulou a Moisés: «Não matarás» (Ex 20, 13;
23, 7; Dt 5, 17). Perante o carácter taxativo deste mandamento,
os casos de pena de morte tinham de se incluir no único caso
de morte voluntária que aquela
afirmação permite: a legítima
defesa, em que a morte do
agressor cumpre ela mesmo o
mandamento, ao evitar a morte
do agredido.
Jesus Cristo, quando comenta este mandamento, alarga
muito o seu âmbito: “Ouvistes o
que foi dito aos antigos: Não
matarás. Aquele que matar terá
de responder em juízo. Eu,
porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão será réu
perante o tribunal; quem lhe chamar ‘imbecil’ será réu diante
do Conselho; e quem lhe chamar ‘louco’ será réu da Geena
do fogo.” (Mt 5, 21-22).
A Igreja vive há dois mil
anos com esta missão e em cada
tempo anuncia a Salvação com
as formas adequadas a essa cultura. Foi assim, aliás, que Deus
procedeu com o seu povo, afastando-o progressiva e delicadamente dos seus hábitos viciosos.
Por isso, a Lei do Amor teve de
concorrer com muitas situações
em que muitas atrocidades eram
comuns. O Direito Judaico, tal
como o Direito Romano e Grego, tornaram comuns as condenações à morte. A Bíblia regista
várias execuções. Em todos os
tempos, no entanto, a pena de
morte estava reservada para os
casos excepcionais.
Aliás, no centro do mistério
cristão está a execução capital
mais famosa da História. Em
todas as paredes cristãs e no
peito de muitos encontra-se o
símbolo da sua fé que perpetua a
memória daquela pena capital
que nos salvou a todos. Deve
dizer-se, já agora, que a execução de Jesus Cristo violou as
regras romanas da execução,
João César das Neves *
sobretudo pela flagelação ser
anterior à condenação à morte.
O Direito Canónico da Igreja
sempre proibiu aos clérigos o
derramamento de sangue. Por
isso as execuções nunca foram
feitas pela Igreja, mas pelos
poderes civis. S. Tomás de
Aquino disse: “A Igreja não inflige a morte corporal, mas em
lugar dela inflige a excomunhão.” (Suma Teológica II-II
99, 4, 1).
No século XIII, S. Tomás de
Aquino dizia: “Os castigos
desta vida são mais medicinais
do que retributivos. A retribuição está reservada ao Juízo divino, que é pronunciado “de
acordo com a verdade” (Rm 2,
2) contra os pecadores. Por
isso, de acordo com o juízo da
vida presente, a pena capital é
infligida, não em todos os pecados mortais, mas só naqueles
que gerem um dano irreparável,
ou que contenham alguma horrível deformidade.” (Suma Teológica II-II 66, 6, 2).
Estas constatações têm mais
interesse histórico do que real.
Mas na última formulação que a
Igreja Católica fez da sua doutrina sobre o tema houve, curiosamente, uma grande polémica.
A polémica do Catecismo
Em 1992 foi publicado uma
das obras mais influentes da
actualidade, o Catecismo da
Igreja Católica (CIC). Anunciado pelo concílio Vaticano II,
foi o resultado de um longo e
complexo processo de redacção e constitui um documento
precioso e imprescindível para
conhecer as posições doutrinais e morais da Igreja de Jesus
Cristo. Ora “poucos textos do
Catecismo originaram mais
interesse e debate que os Números 2266 e 2267 que tratam
da pena de morte, e isto logo
desde o começo do projecto do
Catecismo”, como afirmou um
dos seus redactores mais influentes, o cardeal de Viena
Christoph Schönborn. Aliás,
nestes pontos se registou “a
única correcção substancial”
do Catecismo (op. cit.).
Quando em 1992 foi publicada a versão francesa do
Catecismo, esses dois números
diziam o seguinte: “Preservar
o bem comum da sociedade
pode exigir que se coloque o
agressor em estado de não
poder fazer mal. A este título,
> continua na página seguinte
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
João César das Neves *
> continuação da página anterior
Pena de morte
reconheceu-se aos detentores
da autoridade pública o direito
e a obrigação de castigar com
penas proporcionadas à gravidade do delito, incluindo a
pena de morte em casos de
extrema gravidade, se outros
processos não bastarem. Por
motivos análogos, foi confiado
às autoridades legítimas o
direito de repelir pelas armas
os agressores da cidade.
As penas têm como primeiro efeito o de compensar a desordem introduzida pela falta.
Quando a pena é voluntariamente aceite pelo culpado, tem
um valor de expiação. A pena
tem como efeito, além disso,
preservar a ordem pública e a
segurança das pessoas. Finalmente, tem também valor medicinal, posto que deve, na
medida do possível, contribuir
para a emenda do culpado.
A doutrina tradicional da
Igreja sempre se exprimiu e
exprime tendo em conta as
condições reais do bem comum
e dos meios efectivos de salvaguardar a ordem pública e a
segurança das pessoas. Na
medida em que outros processos, que não a pena de morte e
as operações militares, bastarem para defender as vidas
humanas contra o agressor e
para proteger a paz pública,
tão processos não sangrentos
devem preferir-se, por serem
proporcionados e mais conformes com o fim em vista e a
dignidade humana.” (CIC
2266-2267, versão 1992).
Na natural polémica mediática à volta da obra, uma ênfase
desmesurada foi concedida a
este trecho. Dos muitos comentadores que se erigiram em
juízes da doutrina cristã, uma
grande parte via nesta posição
umas das provas da iniquidade
e obsolescência da Igreja. Mas
também dentro da Igreja muitas sensibilidades se sentiram
perturbadas com esta formulação da doutrina tradicional.
Entretanto a reflexão sobre
este tema teve um avanço
muito significativo com a publicação, a 25 de Março de
1995, da já citada encíclica
Evangeliuum Vitae do papa
João Paulo II. Nessa magnífica
elaboração sobre os temas da
vida, o papa tinha isto a dizer
acerca da pena de morte:
“Nesta linha, coloca-se o
problema da pena de morte, à
volta do qual se regista, tanto
na Igreja como na sociedade, a
tendência crescente para pedir
uma aplicação muito limitada,
ou melhor, a total abolição da
mesma. O problema há-de ser
enquadrado na perspectiva de
uma justiça penal, que seja
cada vez mais conforme com a
dignidade do homem e portanto, em última análise, com o
desígnio de Deus para o homem e a sociedade. Na verdade, a pena, que a sociedade
inflige, tem «como primeiro
efeito o de compensar a desordem introduzida pela falta». A
autoridade pública deve fazer
justiça pela violação dos direitos pessoais e sociais, impondo ao réu uma adequada expiação do crime como condição
para ser readmitido no exercício da própria liberdade. Deste modo, a autoridade há-de
procurar alcançar o objectivo
de defender a ordem pública e
a segurança das pessoas, não
deixando, contudo, de oferecer
estímulo e ajuda ao próprio
réu para se corrigir e redimir.
Claro está que, para bem
conseguir todos estes fins, a
medida e a qualidade da pena
hão-de ser atentamente ponderadas e decididas, não se devendo chegar à medida extrema da execução do réu senão
em casos de absoluta necessidade, ou seja, quando a defesa
da sociedade não fosse possível de outro modo. Mas, hoje,
graças à organização cada vez
mais adequada da instituição
penal, esses casos são já muito
raros, se não mesmo praticamente inexistentes.” (EV 56).
A 8 de Setembro de 1997
foi finalmente publicada a versão latina do Catecismo, que
ficou definida como a editio
typica. Os redactores, como
estava previsto, aproveitaram
essa oportunidade para corrigir
alguns pequenos detalhes da
versão inicial. A “única correcção substancial”, como foi
dito, deu-se precisamente nos
números 2266 e 2267, para
incorporar as reflexões então
feitas e, inclusivamente uma
citação directa da Evangelium
Vitae. O texto actual desses
dois parágrafos é o seguinte:
“O esforço do Estado em
reprimir a difusão de comportamentos que lesam os direitos
humanos e as regras fundamentais da convivência civil,
corresponde a uma exigência
de preservar o bem comum. É
direito e dever da autoridade
pública legítima infligir penas
proporcionadas à gravidade
do delito. A pena tem como
primeiro objectivo reparar a
desordem introduzida pela
9
Fevereiro de 2007
culpa. Quando esta pena é voluntariamente aceite pelo culpado, adquire valor de expiação. A pena tem ainda como
objectivo, para além da defesa
da ordem pública e da protecção da segurança das pessoas, uma finalidade medicinal, posto que deve, na medida
do possível, contribuir para a
emenda do culpado.
A doutrina tradicional da
Igreja, desde que não haja a
mínima dúvida acerca da identidade e da responsabilidade
de culpado, não exclui o recurso à pena de morte, se for esta
a única solução possível para
defender eficazmente vidas humanas de um injusto agressor.
Contudo, se processos não
sangrentos bastarem para defender as vidas humanas e proteger do agressor a segurança
das pessoas, a autoridade deve
servir-se somente desses processos, porquanto correspondem melhor às condições concretas do bem comum e são
mais consentâneos com a dignidade da pessoa humana.
Na verdade, nos nossos
dias, devido às possibilidades
de que dispõem os Estados
para reprimir eficazmente o
crime, tornando inofensivo
quem o comete, sem com isto
lhe retirar definitivamente a
possibilidade de se redimir, os
casos em que se torna absolutamente necessário suprimir o
réu, “são já muito raros, se
não mesmo praticamente inexistentes.” (CIC 2266-2267,
versão 1997).
Esta é a posição que, perante o mundo que nos rodeia,
um cristão deve defender. A
pena de morte é ainda teoricamente admissível mas na prática deve ser repudiada. A sua
admissão é apenas “se for esta
a única solução possível para
defender eficazmente vidas
humanas de um injusto agressor”. Podem conceber-se casos
extremos em que a prisão de
um malfeitor não seja suficiente para defender a sociedade de perigos gravíssimos.
Nesse caso a sua morte pode
revelar-se necessária.
No entanto, estas situações
hipotéticas não se verificam
actualmente. Elas, “devido às
possibilidades de que dispõem
os Estados para reprimir eficazmente o crime (…) são já
muito raros, se não mesmo
praticamente inexistentes”.
____
* Professor de Economia
da Univ. Católica Portuguesa
Posto de combustível
deve ser removido
A autarquia de Coruche vai
notificar a gasolineira Galp para
que seja rapidamente removido
o posto de combustível que se
encontra desactivado há cinco
anos, na rua 5 de Outubro. Além
disso a Câmara vai reclamar que
sejam selados os depósitos de
combustível que se encontram
vazios, na mesma bomba, em
pleno centro da vila.
Para Dionísio Mendes, presidente da autarquia, o posto
não permite a regularização do
passeio, prejudicando assim a
circulação dos peões.
Paços do Concelho
vai ser remodelado
O projecto de execução da
remodelação do edifício dos
paços do concelho de Coruche
vai ficar a cargo da empresa
Ripórtico. A empresa, que ganhou o concurso público, vai
receber 35 mil euros pelo
serviço, que deve completar até
2010. Em causa está o elevado
grau de degradação do edifício
dos paços do concelho, na Praça
da Liberdade, bem como poder,
com a remodelação, garantir
mais segurança, acessibilidade e
funcionalidade dos serviços aos
munícipes. Antes de ser autarquia, o espaço já foi uma prisão,
um tribunal, ou registo civil.
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10
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
AMBIENTE
Lixeiras domésticas
É muito recorrente ainda no
nosso concelho a prática das
lixeiras. Trata-se de uma modalidade de dar vazão aos resíduos utilizada desde há muitas
décadas. Outrora inexistentes
nos moldes em que hoje são
vistos, os contentores do lixo
eram uma pequena porção face
aos números actuais. Daí as
pessoas recorrerem à prática de
lixeiras e consequentemente à
queima das mesmas. Actualmente, é uma prática que não
faz sentido devido ao elevado
número de contentores geograficamente bem distribuídos
pelos aglomerados habitacionais, mesmo em zonas marcadamente rurais.
A evolução em prol de um
ambiente mais promissor levou
inclusivé à colocação dos denominados “ecopontos”, até
mesmo nos meios rurais. Pois
bem, se outrora se podia admitir a existência deste tipo de
lixeiras domésticas, devido à
falta de equipamentos para o
efeito e por uma falta de informação notória relativamente
aos efeitos nefastos que daí
advêm, hoje em dia é uma prática que terá de acabar. Por razões muito óbvias:
Primeira: A combustão levada a cabo nestas lixeiras eleva para a atmosfera índices de
CO2 (dióxido de carbono) completamente desnecessários; se
pensarmos nas milhares de lixeiras dispersas por este país…
Segunda: A combustão de
determinados resíduos como
os plásticos permite uma emissão de gases igualmente nefastos para a atmosfera;
Terceira: A contaminação e
consequente deterioração do
solo; o solo forma-se a uma
taxa de 0,3 a 1,5 mzm/ano. À
escala humana é um recurso
Uma instituição ao serviço
da diferença
O “sonho” de constituição
do CRIC – Centro de Reabilitação e Integração de Coruche,
começou a nascer nos finais da
década de 70, quando alguns
pais de crianças e jovens portadores de deficiência e alguns
técnicos de Educação Especial
sentiram a necessidade de criar
uma associação sem fins lucrativos de apoio à problemática da
deficiência no concelho de
Coruche.
Desta forma, a associação
CRIC foi declarada Instituição
Particular de Solidariedade Social (IPSS) em 1997, e abriu o
seu Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) no dia 1 de
Abril de 1999, tendo, actualmente, acordos de cooperação
com a Segurança Social para 35
utentes, mas realizando apoio a
mais 9 utentes, por serem enormes as necessidades das pessoas
que solicitam os serviços da
instituição. Através da valência
CAO pretende-se facultar a
estes utentes a possibilidade de
integração social e a promoção
de um equilíbrio psicológico e
emocional, mediante o desempenho de actividades ocupacionais, lúdicas e terapêuticas
que visam fundamentalmente
assegurar a qualidade de vida, o
desenvolvimento e manutenção
de competências, bem como a
estimulação dos interesses e
gostos pessoais. Sempre que
possível, far-se-á o encaminhamento dos utentes para programas de integração sócio-profissional que incluem o acompanhamento na pós-colocação.
A intervenção técnico-pedagógica com os participantes realiza-se através de várias áreas
que compõem o programa de
actividades do CAO, atendendo
ao modo particular de reagir dos
indivíduos e ás consequentes
metas e objectivos planeados
para cada um. Assim, são desenvolvidas as seguintes actividades: expressão plástica, natação terapêutica, hipoterapia,
actividade motora adaptada,
expressão musical, teatro e dança, actividades de vida diária,
carpintaria e horticultura. Para
além destas actividades a equipa
técnica realiza apoio psicológico, triagem e encaminhamento
de casos do foro psiquiátrico,
bem como a reinserção social e
profissional dos mesmos.
A associação CRIC realiza
Actividades Ocupacionais no
Domicílio a utentes que devido
às suas limitações físicas e comportamentais ou porque este tipo
de apoio é considerado mais adequado, não podem frequentar as
instalações do CAO. Quanto a
projectos futuros, a associação
pretende construir um novo Centro de Actividades Ocupacionais
e um Lar Residencial – A Casa
dos Olheiros – para pessoas portadoras de deficiência, no âmbito do PRODESCOOP – Programa de Desenvolvimento
Cooperativo (aguarda aprovação), tendo para esse efeito celebrado dois contratos de comodato com a Câmara de Coruche
para cedência de terreno.
____
Ricardo Jorge Silva
Director Técnico do CRIC
não renovável;
Quarta: Talvez seja a consequência mais grave destas lixeiras e prende-se com a contaminação dos lençóis freáticos.
Com a precipitação, a água da
chuva, ao misturar-se com os
resíduos depositados na lixeira, fica contaminada (chamadas “águas lixiviantes”) – o so-
Dr. Jorge Maurício *
lo recebe esta água contaminada, que irá infiltrar-se, descendo facilmente pela influência
da gravidade por fendas que
atinjam a superfície e penetra
por canais biológicos e macroporos mais lentamente.
Esta descerá até um lençol
freático suportado por um estrato de material impermeável.
Nos últimos anos procede-se,
cada vez mais, à exploração
destes lençóis através dos denominados “furos” utilizados
também para cozinhar alimentos e mesmo para beber. E o
mais caricato da questão…são
os próprios donos dos “furos”
que os poluem com as suas
“lixeiras domésticas.”
O que podemos fazer? É
muito simples. Todos os que
conhecem estas questões procurem informar quem não tem
acesso a estes conhecimentos.
Vamos procurar acabar com
estas lixeiras que em nada
abonam a favor do ambiente
que pretendemos preservar. E é
tão fácil pôr o lixo no lixo!
____
* Geógrafo
Centro de Reabilitação e Integração de Coruche
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
Fevereiro de 2007
11
CRÓNICAS DO ORIENTE
Portugal visto pelos
“Portugueses” do Oriente
Vitório Rosário Cardoso *
– Luso-Descendentes na Ásia, a ponte viva da cooperação
(Parte II)
Num momento em que os
mais altos órgãos estatais, o
Presidente da República e o Governo estiveram recentemente
de visita aos dois gigantes
asiáticos, a Índia e a República
Popular da China, para o reforço de laços políticos e económicos, seria também pertinente
recordarmos a riquíssima região do Sudeste Asiático. Em
termos estratégicos, a nível económico e cultural, esta região
que conta com mais de 10 países, constitui um bloco de oportunidades de economias emergentes e altamente desenvolvidas e a proximidade cultural
com Portugal é a chave que permite abrir portas para aproveitarmos todas as potencialidades
deste mundo global a Oriente
––
No seguimento da primeira
parte do artigo «Portugal visto
pelos “Portugueses” do Oriente», debrucemo-nos sobre a
análise da presença do capital
cultural e económico das Comunidades Portuguesas e de Luso-Descendentes estabelecidas
na região do Sudeste Asiático,
que é composto pelas regiões da
Insulíndia e da antiga Indochina, ambas com fortes marcas da
presença portuguesa, foquemonos em primeiro lugar a primeira região, a do Arquipélago
Malaio. De algumas viagens
realizadas a Malaca, este antigo
bastião de Afonso de Albuquerque é de longe muito impressionante. Esta antiga possessão do
Império Português do Oriente,
que veio a dar o nome ao estreito que regista um dos maiores
fluxos marítimos que liga o
Índico ao Pacífico, foi conquistada por Afonso de Albuquerque
em 1511 em que destronou o
sultão malaio, súbdito e vassalo
do Imperador da China, e que
posteriormente tal situação veio
a complicar a chegada da primeira embaixada portuguesa e
europeia de Tomé Pires à China
e no seu encontro com o Imperador Wu-tsung.
Não obstante, através do uso
de maestras estratégias militares
por Afonso de Albuquerque,
hoje em dia, os governantes
locais recordam este sonante e
inesquecível nome com elevado
respeito e consideração real,
digno de verdadeiros exemplos
de feitos corajosos, heróicos e
imbuído de códigos guerreiros.
Quanto à população luso-descendente, guardam ainda em
crioulo português de Malaca,
em “Papiá Kristang” ou “Falar
Cristão”, lendas e histórias de
amor entre portugueses e os
locais. Recordando uma das
histórias, durante o cerco de
Malaca pelos holandeses em
1641, uma jovem malaia, enamorada por um oficial português,
conseguiu sob perigo de vida,
infiltrar-se nas linhas inimigas
dos holandeses e trazer à parte
portuguesa informações importantes que viriam a permitir à
guarnição portuguesa fazer uma
retirada em segurança.
tuguês, mandado construir pela
população local, apesar de singelo, chega a comover qualquer
bom português. No museu,
coleccionam-se, trajes tradicionais portugueses, fotografias
das paisagens lusas, rótulos de
marcas de cerveja portuguesas,
garrafas, retrato do NRP Escola
Sagres, pequenas lembranças
que turistas portugueses por lá
deixam, de entre autocolantes,
bandeiras nacionais, desde a
azul e branca à verde rubra, e
ainda memórias do Bairro de
Luso-Descendentes.
DA HISTÓRIA ÀS
OPORTUNIDADES
COMERCIAIS
“Malacca, Melaka ou Malaca”, um dia que já foi portuguesa, holandesa, japonesa, britânica e hoje malaia, os seus luso-descendentes permanecem orgulhosos do seu passado apesar das
humildes origens sociais na sua
maioria descendentes de pescadores e que se foram tornando
assessores do governo ou empresários de sucesso, mas sem
hesitações sempre afirmando-se
como Portugueses. São portanto nestas importantes ligações à
sociedade civil local que Portugal – Estado e Privados – deve
actuar, apoiando-os no ensino
da Língua Portuguesa, no desenvolvimento de parcerias empresariais, sobretudo na indústria
naval, sectores do turismo, energéticos, construção civil, electromecânica, têxteis ou calçado.
As exportações portuguesas que
se têm pautado em produtos da
indústria corticeira, farmacêutica, química, moldes entre outros
produtos agrícolas e alimentares, as exportações nacionais
poderão ser ainda mais arrojadas e apostar nos sectores das
tecnologias de informação e
comunicação e produtos inovadores que incorporem valor
acrescentado.
BAIRRO PORTUGUÊS
DE MALACA
De uma conversa mantida
com o “senhor Pedro” – dono de
um restaurante, no Bairro Portu-
guês de Malaca, o “Lisboa” –
em Patuá, “dialecto” português
de Macau, com grandes semelhanças com o crioulo de Malaca, ou de Damão, ou da Guiné
ou Cabo-Verde – interpelei-o,
“vôs papiá Kristang?” (vós
falais cristão), respondeu-me
indignado, “no, iou papiá portuguis” (não, eu falo português).
Neste diálogo, continuei, “vôs
mercê sã portuguis?” (vós sois
português), replicou, “Si, iou
papiá portuguis, iou sã portuguis” (sim, falo português, sou
português), num tom um pouco
PARTICULARIDADES
DOS
LUSO-DESCENDENTES
NA INSULÍNDIA
O Bairro Português tem uma
organização e estruturas parapolíticas próprias e consultivas
do Estado de Malaca, cujo
assessor do Ministro do Estado
de Malaca, Dato Ali Rustam, é
um jovem luso-descendente. As
gentes do “Bairro” têm naturalmente fisionomias diferentes de
um lisboeta, o que é lógico, mas
para não perderem a identidade
e o pouco sangue luso que lhes
restam a correr nas veias, preferem casarem-se dentro da comunidade e principalmente em
casos em que os obrigam à conversão ao islamismo. Os lusodescendentes na Ásia são quase
que na totalidade Católicos
Apostólicos Romanos, um dos
principais marcos ou pré-requisitos para poderem atestar o seu
portuguesismo e patriotismo.
SINGAPURA DA
TRADIÇÃO FAMILIAR
PORTUGUESA
ofendido por duvidar do seu patriotismo e amor a Portugal.
Sendo descendente de português, com este pequeno exemplo, estas comunidade ao auto
proclamarem-se portuguesas,
não por quanto a Pátria os possa
dar, mas pelo genuíno orgulho
do Portugal grande no mundo
herdado pelos egrégios avós e
que acreditam que os há-de
guiar de novo à vitória. Ainda
no Bairro Português de Malaca,
existe um pequeno museu por-
Um dos actuais Tigres Asiáticos, que bem que sobreviveu à
crise financeira de 1998, crise
essa que atingiu forte muitos
outros países do Sudeste-asiático está na senda da expansão da
“Família Portuguesa” pela Insulíndia. Muitas das ligações familiares luso-descendentes na
população singapuriana, são
produto do fluxo migratório que
> continua na página 13
12
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
Coruche aprova
Plano Municipal Contra Incêndios
A Comissão Municipal de
Defesa da Floresta Contra Incêndios aprovou no dia 15 de
Janeiro, o documento que dá as
principais directrizes para uma
preservação eficiente da floresta
do concelho de Coruche.
Os incêndios florestais constituem a principal ameaça associada à floresta portuguesa.
Segundo o Plano Regional de
Ordenamento Florestal do Ribatejo (PROF), os cenários elaborados no âmbito dos estudos de
base para o Plano Nacional de
Alterações Climáticas dão indicações claras quanto ao aumento das condições favoráveis à
ocorrência de grandes incêndios. O objectivo é, então, definir uma estratégia de sensibilização da população, com
objectivo de diminuir o número
de ocorrências.
O Município de Coruche
apresenta uma elevada taxa de
arborização, por isso, é fundamental salvaguardar os espaços
florestais, uma vez que, estes,
além de constituírem uma fonte
de rendimento importante pelo
valor monetário, permitem ainda a realização de actividades de
lazer dentro dos seus espaços.
O Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PMDFCI) de Coruche,
tem a duração de cinco anos e
resulta do trabalho desenvolvido pela Comissão Municipal de
Defesa da Floresta Contra Incêndios, através do Gabinete
Técnico Floresta. Em causa esta
a articulação de todos os meios
e organismos com responsabilidades na Defesa da Floresta
Contra Incêndios (DFCI) e propor acções que permitam garan-
tir a segurança de pessoas e
bens, proteger e conservar os
espaços florestais e minimizar a
incidência dos incêndios no
Santa Casa da
Misericórdia de Coruche
ANÚNCIO
ARRENDAMENTO DE TERRAS
A Santa Casa da Misericórdia de Coruche, disponibiliza para arrendamento pelo
período de 7 anos (2007-2013) as seguintes parcelas de regadio:
1. Lote 9100007 – zona da Courela da Cruz do Perímetro de Emparcelamento das
Courelas do Campo de Coruche, com a área total de 11,3 ha. Esta parcela é de
solo de máxima produtividade, encontra-se nivelada e beneficiada pela Obra de
Rega do Vale do Sorraia.
2. Várzea do Monte da Barca, com a área total de 47,3 ha. Esta parcela é de solo
de máxima produtividade, encontra-se beneficiada pela Obra de Rega do Vale
do Sorraia, tem instalado um pivot que rega 33,7 ha, em bom estado de conservação, com 7 anos de idade, que tem acesso a água própria (açude do
Monte da Barca) e/ou da Obra de Rega, cuja manutenção e conservação será
encargo do arrendatário.
3. Mouchão das Catrinas, com a área total de 21,4 ha. Esta parcela é de solo de
máxima produtividade, contígua à parcela anteriormente descrita, encontra-se
beneficiada pela Obra de Rega do Vale do Sorraia.
As propostas devem ser realizadas individualmente por parcela, admitindo-se propostas por grupo de parcelas. Na sede da Santa Casa podem ser solicitadas as
respectivas plantas de localização, assim como visita ao local.
município e na região. Este Plano é complementado anualmente com um Plano Operacional Municipal (POM), que
em conjunto servirá para operacionalizar as metas, objectivos e
acções propostas.
O comandante do Bombeiros Municipais de Coruche mostrou-se satisfeito com a aprovação do Plano: “É mais um
instrumento que nos ajuda a
preservar a floresta e a segurança das pessoas”. Rafael
Rodrigues lembrou ainda o
esforço que tem sido feito nos
últimos verões para minimizar a
área ardida: “Tem existido uma
óptima colaboração e articulação entre todos; bombeiros,
associação de produtores florestais e população. Entendo
que este plano poderá funcionar
como um manual para uma
ainda maior cooperação no
futuro.”
____
contra o
fecho das urgências
em Coruche e
Benavente
O deputado Bernardino Soares, do Partido Comunista, interpelou o Governo sobre a sua
intenção de encerrar as urgências médicas (SAP) em Coruche
e em Benavente. Para o deputado comunista “o SAP de Benavente constitui uma estrutura
indispensável e a única alternativa para centenas de doentes
sem médico de família”, referindo ainda que só em Benavente
“há mais de 5 mil pessoas sem
médico de família”.
Em relação ao SAP de Coruche, refere que “responde a
uma inegável centralidade importante em situações de emergência”.
Rua 5 de Outubro
2100-127 Coruche
Em relação à proposta de
construção de um Serviço de
Urgência Básico (SUB) no Biscainho, Soares garante que “a
solução não resolve o problema
fundamental da proximidade do
atendimento (…) não tendo em
conta os dados demográficos,
nem o peso relativo das freguesias atingidas pela opção”.
Desta forma, o Ministério da
Saúde foi questionado sobre se
ponderou as consequências, quais
os fundamentos para a decisão,
qual o impacto no acesso aos
cuidados de saúde e qual a opinião das autarquias e dos seus
habitantes sobre esta opção.
AMS
Tel. 243 617 744/5
Fax 243 617 747
Tm. 917 074 345
A Santa Casa da Misericórdia reserva-se o direito sobre a escolha da melhor proposta, que devem ser entregues em carta fechada até às 16:00 h do próximo dia 15
de Fevereiro de 2007, na sede da Santa Casa, sita no Largo de S. Pedro nº 4, 2100111 Coruche.
A Mesa Administrativa
Comida para fora e Frango no Churrasco
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
Fevereiro de 2007
13
A Ásia que ainda se lembra de Portugal
Cavaco na Índia, Sócrates na China
Há pouco mais de 30 anos
que Portugal forçou um corte
radical nas suas relações
trans-oceânicas, voltando costas à sua história e património
onde “o sol nunca se punha”.
Os governantes desde então fizeram apenas vingar
uma das duas linhas mestras
do conceito estratégico de interesse nacional, a da ligação
à Europa, votando o País ao
isolamento do “orgulhosamente sós” na Europa numa era
de desenvolvimento global.
Hoje, com o passar do
tempo, veio a dar-se razão que
para esta Nação à beira-mar
plantada aproveitar as sinergias vindas da globalização
que iniciámos, é urgente retomarmos as rotas comerciais
americanas, africanas e asiáticas.
CRÓNICAS DO ORIENTE
> continuação da página 11
surgiu entre a Malásia e a Singapura. Actualmente, contamos
com luso-descendentes que são
políticos no sistema peculiar do
regime da Cidade-Estado de
Singapura, altas patentes (generais inclusive) das Forças Armadas Singapurianas, e empresários. Uma vez que no Oriente,
o pragmatismo reina, as tradições e valores como a honra, as
castas, a descendência, as relações interpessoais também são
muito importantes.
Portugal para os singapurianos, constitui também um
espaço estratégico, pois também vive das relações alémmar, por isso que uma das principais empresas de gestão de
portos de Singapura, a “Singapore Port Authority” é quem
administra o Porto de Sines,
apercebendo-se desde cedo da
importância geoestratégica do
Mar Português.
Uma das principais catedrais
em Singapura, ostenta ainda as
armas reais portuguesas, tal
como o culto Mariano que foi
difundido a partir de Macau, é
praticado de entre a comunidade Católica local.
(continua no próximo número)
____
* correspondente em Portugal
do Jornal Tribuna de Macau
Estaremos atrasados na
corrida aos mercados emergentes a Oriente?
___
Portugal, aparentemente
com a visita do Chefe de Estado
à Índia e do Chefe do Governo à
República Popular da China
com particular interesse destes
“gigantes económicos” asiáticos
está a dar sinais de vitalidade,
vontade e de esperança em não
querer perder o comboio dos
grandes negócios internacionais. Num momento em que as
grandes potências mundiais
estão famigeradas de recursos
energéticos e naturais e o comércio livre é a chave dos países em vias de desenvolvimento
para quebrarem o ciclo de pobreza, Portugal tornou-se para
estas na natural pedra angular da
cooperação e de entendimento
entre os povos há muito ligados.
É neste contexto que Portugal
deve-se envolver activamente
nesta cooperação e não desperdiçar as grandes oportunidades
que vão surgindo.
Tanto para a Índia, como
para a China, Portugal é o parceiro estratégico para a cooperação económica e comercial
com os Países de Língua Portuguesa que se estendem do Brasil
a África passando por Timor,
sem nos olvidarmos do factor
cultural que nos une, deve ser
igualmente desenvolvido para
fazer fluir o bom relacionamento.
Actualmente, é notório que a
recuperação económica portuguesa tem exigido ao tecido
empresarial e à população em
geral um grande esforço e sacrifício. Sabemos também que a
retoma será gradual, segundo os
mais recentes indicadores económicos, fornecidos pelo Banco
de Portugal, prevê-se para este
ano um crescimento do PIB
ligeiramente acima do intervalo
de 0,4 a 0,9 %, com a inflação
(Índice Harmonizado de Preços
no Consumidor) na orla dos
dois pontos percentuais e as
exportações para a Ásia apenas
significam 3,2 % e a soma do
mercado africano lusófono perfazem os 13 pontos percentuais
ao invés das importações que se
revêem em 4,6 % para o Oriente
e no total para a antiga África
portuguesa 18,3 %.
Uma vez esgotada a exploração do mercado energético do
Oriente Próximo, pela hegemonia norte-americana, os novos
colossos económicos viram-se
para África e América Latina,
principalmente para Angola devido aos recursos energéticos
fósseis e Moçambique à produção eléctrica hidráulica de
Cahora Bassa ou o Brasil dos
recursos energéticos renováveis.
O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, a corrida à indústria
aeroespacial ou a produção de
itens necessários ao bem estar
das populações das nações
envolvidas, da transformação
dos recursos naturais disponíveis são outros dos pontos caros
marcados nas agendas da cooperação. Podemos assim concluir que para estes mercados,
até pelas novas oportunidades
surgidas, há espaço para que
Portugal supere os indicadores
mencionados, se rapidamente e
em força as empresas portuguesas apostarem e estiverem mais
atentas a estes espaços mercantis e que consigam introduzir
nos seus produtos a inovação,
tecnologia ou outro valor acrescentado.
Dentro das actividades económicas tradicionais portuguesas, como a produção vinícola, a
indústria do calçado, dos têxteis,
produtos alimentares, passando
pelo sector da construção civil
entre outras são aquelas que
devem ir mais além, pois ainda
há muito a vestir, a alimentar, a
construir.
Segundo as orientações da
Agência para a Cooperação e
Desenvolvimento Comercial das
Nações Unidas, a UNCTAD, a
chamada cooperação Sul-Sul,
será a privilegiada e Portugal
que vai assumir a Presidência da
União Europeia no segundo
semestre do corrente ano, deve
ser um parceiro de cooperação e
exemplo a dar à União Europeia
no seguimento desta política de
acção, aproveitando os mercados emergentes do Sudeste-Asiático, Ásia-Pacífico e África.
Ainda vamos a tempo!
Vitorio Rosário Cardoso
14
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
Requalificação Urbana da Entrada Norte da Vila e Parque do Vale no Bairro da Areia
Inaugurações em Coruche
Carlos Silva, Arquitecto da obra e Dionísio Mendes,
presidente da autarquia descerram a placa indentificativa
No passado dia 27 de Janeiro, o executivo socialista da Câmara de Coruche, liderado por
Dionísio Mendes, realizou as
cerimónias de inauguração da
requalificação urbana da entrada norte da Vila e Parque do
Vale no Bairro da Areia. O prin-
cipal objectivo das obras foi o
de dar melhores condições para
as pessoas que vivem em Santo
Antonino e no Bairro da Areia.
Segundo Dionísio Mendes,
“pretende-se acrescentar qualidade de vida para as pessoas
que vivem nestas zonas, porque
ordenamos o trânsito rodoviário e existe melhor facilidade de
circulação para os peões. No
Bairro da Areia, o que se trata,
é de um Parque Urbano com as
características próprias desses
Parques, com zona de estacionamento, zona desportiva, parque infantil, zona de lazer com
mesas e bancos onde as pessoas
Parque infantil, um dos equipamentos do Parque do Vale
o seu banco em Coruche
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O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
15
Fevereiro de 2007
Requalificação Urbana da Entrada Norte da Vila e Parque do Vale no Bairro da Areia
podem passar parte do seu
tempo”, adiantou o autarca.
O custo total da obra da zona
norte da Vila, zona dos supermercados, rondou os 320 mil euros
com a comparticipação de
Fundos Comunitários, e, a obra
do Parque do Vale no Bairro da
Areia rondou os 170 mil euros,
além da aquisição do terreno no
valor de 100 mil Euros.
Entretanto, a entrada Norte
da Vila, vai ter continuidade na
requalificação até ao Castelo.
Desde a rotunda dos supermercados até à zona do Castelo, esta
via será “tratada” com passeios,
lancis, esgotos pluviais, regularização dos esgotos domésticos,
e criação de bolsas de estacionamento. Segundo o edil de Coruche, “pretende-se fazer a ligação do arruamento com o Estádio Municipal, Piscinas Muni-
cipais e Avenida Salgueiro Maia.
Além de organizar o trânsito
com a estrada da Lamarosa,
zona dos semáforos, e fazer o
mesmo no cruzamento junto ao
Castelo, avenida do Castelo e
curvas do Castelo. Toda a zona
do largo da Avenida Salgueiro
Maia e as Piscinas Municipais,
criando uma boa área de estacionamento e espaço para três
edifícios de habitação. Preten-
demos o crescimento urbano de
Santo Antonino, zona de excelência, com a totalidade de infra-estruturas e de equipamentos públicos”, adiantou o edil.
A Câmara pretende aproveitar os Fundos Comunitários, “da
melhor maneira, porque são
uma mais valia para qualquer
Câmara que pretende investir e
fazer infra-estruturas. Se conseguir-mos 65 a 70% de financia-
mento, a nossa contra partida é
relativamente baixa e permitenos fazer muito mais obras. Se
tivermos de pagar por inteiro as
obras, naturalmente, faremos
obras, mas menos obras. Como
temos boa saúde financeira,
permite-nos aproveitar ao máximo todos os Fundos Comunitários, candidatarmos todas as
obras, e não deixar nada por
fazer. Este é o quarto Quadro
Comunitário, no anterior mandato aproveitamos parte do terceiro Quadro Comunitário. Recordo que, começou em 1999 e
veio até 2006, e estamos na
Câmara desde 2002. Vamos começar a entregar candidaturas
e a fazer obras, porque temos
projectos concluídos e outros
estamos a realizá-los”, salientou
o presidente da autarquia.
____
João Louro
A nova entrada norte
de Coruche
Os espaços públicos adjacentes à estrada nacional 114
(Vale Mansos/Santo Antonino),
apresentavam-se degradados,
inseguros e esteticamente pouco
atraentes, agora a realidade é
outra, e, finalmente existe segurança no local, principalmente
na relação entre o trânsito automóvel e a circulação pedonal. A
requalificação urbana vai continuar em Santo Antonino, na via
pública que liga a nova rotunda
e o cruzamento do Castelo.
Parque do Vale
• 40 lugares de estacionamento automóvel, dos quais
dois são para deficientes e cinco
para veículos de maiores dimensões (até 3500 kg).
• Áreas de recreio equipadas
com mobiliário urbano e ensombradas por árvores, vocacionadas para as necessidades lúdicas
de todas as classes etárias, motivo pelo qual estão instalados,
não só os tradicionais equipamentos de recreio destinados
aos mais novos, mas também
um equipamento concebido para
os utentes de idade mais avançada, que funcionará como um
“ginásio” ao ar livre, na tentativa de promover a interacção
entre as mais diversas gerações.
• Recinto Polidesportivo
com relva sintética pronta para
receber as mais diversas actividades.
• Iluminação e mobiliário
urbano estão instalados diferentes tipologias de bancos, papeleiras e bebedouros, bem como
de projectores instalados em
colunas metálicas, cuja colocação visa reforçar o carácter funcional dos diferentes espaços,
por forma a garantir a segurança
e o elevado interesse daquele
equipamento em todos os períodos do dia.
Cartas ao Director
Exmo. Sr.
Director de “O Jornal de Coruche”
Sou natural de Coruche e leitora do
Jornal que dirige, desde o seu primeiro
número e quero fazer-me assinante
porque considero que tem, não só mantido o interesse inicial, como até
aumentado a sua qualidade, pelo que
lhe expresso as minhas felicitações.
De facto, Coruche merece (e os
Coruchenses também) um jornal com
boa apresentação, com temas interessantes, com divulgação de noticias da
terra e realização dos seus eventos e um
jornal que defenda os seus interesses e
o seu património, mantendo a isenção e
a qualidade como se tem vindo a fazer.
Por isso, repito, muitos parabéns e o
meu Obrigada.
Estive uns meses sem me deslocar
a Coruche e fi-lo agora, mais prolongadamente, no fim-de-semana passado
tendo constatado, infelizmente, que o
emparedamento do nosso Sorraia era,
de facto, uma realidade.
Tinha prometido a mim própria
que não opinaria antes da obra terminada porque fui um pouco contestatária
com a anterior grande obra de recuperação do Rossio e que hoje considero ter
resultado muito bem e valorizado a
nossa vila já o tendo dito ao Sr.
Presidente da Câmara.
Tinha-o prometido, de facto, mas
não resisto a expressar a minha tristeza
pelo que me parece um tremendo disparate: o esconder dos “passantes” um
dos melhores “trunfos” da nossa Vila
que é o seu rio. Dizem-me que ficará
bonito aquele muro, que irá haver um
passeio pedonal elevado, que o “Muro
do Escondimento” ficará “apenas” com
80cm de altura, que os pedestres
poderão desfrutar da sua vista desse
passeio, etc., etc. mas então e quem
passa de automóvel e não siga o caminho das Pontes ou não vá à esplanada do
Castelo? Ficarão seguramente, sem
saber que Coruche dispõe de um belo
Rio e mais, sem apreciar, as Obras, por
certo dispendiosas que em nome da sua
valorização agora são realizadas. Que
pena se assim for!
A ser assim, Coruche será das terras que conheço bafejadas com a sorte
de disporem, de um rio como o seu, a
primeira e talvez a única que o esconderá dos passantes e, pior ainda, a tirará
àqueles conterrâneos que já não podem
passear a pé mas poderiam deslocar-se
ainda à Avenida e espreitar o seu
Sorraia que agora, como que envergonhado, se esconde deles!
Fiquei triste, muito triste e ainda
um bocadinho incrédula porque considero que a Câmara e o seu Presidente
têm gerido com inteligência e interesse
a nossa terra e o seu Património, e, a ser
verdade que o argumento para a
demasiada altura daquele Muro é o das
“cheias” nas zonas baixas da Vila, não
percebo como é que o muro o vai
resolver, uma vez que elas inundam
muito antes do rio saltar o seu anterior
leito.
Claro que falo totalmente como
leiga nestas matérias e, certamente esta
questão foi considerada e resolvida por
quem sabe, mas, mesmo assim, arrisco
afirmar que se tivessem sido consultados, os moradores dessas zonas teriam
preferido arriscar e continuar a poder
ver o seu Rio das suas janelas ou portas,
do que terem pela frente aquele Muro
que lhes rouba a sua vista.
De resto, ao passar pela Avenida
(que sempre imaginei ao iniciar-se a
Obra ser ela própria valorizada criandose novos espaços com esplanadas, à
semelhança de outras terras ribeirinhas), ouvi muitas vozes referindo-se ao
Muro conotando-o com outro de
recente e triste memória,o que me levou
a pensar nesta eterna faceta dos
Coruchenses de falar muito e intervir
pouco. Porquê, se realmente, viram
crescer demasiado aquele muro não se
fez um movimento que o impedisse?
Será que não haveria outra alternativa?
É que apenas me lembro de ver no seu
Jornal uma leve referência do Sr.
Arquitecto Ribeiro Telles e pelo adiantado da obra penso que nada se
poderá fazer. Ou será que ainda, desperdiçando embora, alguns gastos já
realizados, se poderá tirar alguma
altura, uma vez que mesmo os 80cm de
que ouvi falar me parecem excessivos
até para os pedestres que, eventualmente, possam beneficiar daquele passeio?
Enfim, resta-me aguardar para ver
a obra final e esperar que a beleza exterior da parede seja tal que nos faça
esquecer a verdadeira beleza do correr
das águas do nosso Rio, ao que parece,
no futuro sempre com água corrente.
Os meus votos sinceros de muito
sucesso na Direcção de “O Jornal de
Coruche” e os melhores cumprimentos.
Maria do Castelo Santos
16
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
Irmãs Robalo
na rota do sucesso desportivo
não existia nos Corujas. Após o
ano de adaptação, têm andado
nos lugares cimeiros ao nível
nacional. Contam com um título
de campeãs nacionais em trampolim sincronizado, vários títulos nacionais em trampolim
individual e duplo mini trampolim.
A Andreia no ano passado,
foi campeã nacional em duplo
mini trampolim e ganhou a taça
da Federação Portuguesa de
Trampolim e Desportos Acrobáticos em duplo mini trampolim. A Ana Estela ficou em quarto lugar, no trampolim individual e têm representado a
Selecção Nacional com frequência.
São atletas de bom nível e
poderão obter sucesso em termos futuros”, salientou o técnico das gémeas Robalo.
____
João Louro
Andreia e Ana Estela Robalo, irmãs gémeas, são duas
atletas que residem na Fajarda,
concelho de Coruche, mas representam a Associação Desportiva Salvaterrense, como ginastas na categoria trampolim individual, sincronizado e duplo
mini trampolim.
Representam a colectividade
do concelho vizinho, acerca de
quatro anos e são várias as representações na selecção Nacional na modalidade, com exce-
lentes classificações a nível individual e colectivo.
Segundo o professor Hélder
Silva, “têm obtido óptimos
resultados no duplo mini trampolim e no trampolim individual, embora sejam ginastas
muito diferentes. O primeiro
ano foi de adaptação, porque
vinham da ginástica geral em
Coruche, e optaram por se
especializarem em trampolins e
rumaram a Salvaterra de Magos, uma vez que a modalidade
de 2007
Ondas de calor
matam em Portugal
O grupo parlamentar de
“Os Verdes”, questionou o
Ministério da Saúde sobre o
número de óbitos provocados
por ondas de calor nos últimos
anos. O fenómeno das alterações climáticas não é novo e
Portugal sofre as consequências do aumento de temperatura. Só entre Maio e Setembro
de 2006, foram registadas no
país cinco ondas de calor.
Um acontecimento semelhante, de maior intensidade
mas de menor duração, ocor-
reu no ano de 2003. Nessa
altura, as estatísticas apontaram para 1950 mortes directamente relacionadas com o
aumento das temperaturas.
Segundo “Os Verdes”, a
Direcção-Geral da Saúde tem
estudos que indicam o número
de vítimas do último ano, mas
ainda não os divulgou.
O grupo questiona qual o
número de mortes associadas
às vagas de calor em 2006,
bem como as medidas tomadas
para evitar estes óbitos.
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Ambiente
Nova descarga poluente no Rio Alviela
O Rio Alviela voltou, no dia
11 de Janeiro, a ser alvo de mais
uma descarga poluente, denunciada pelas populações e autarcas ribeirinhos. Este curso de
água é emblemático pelas piores
razões possíveis na história da
poluição e dos atentados ambientais no país.
De acordo com “Os Verdes”,
o “Governo continua a não
assumir a sua quota parte de
responsabilidade como se viu
durante a discussão e votação
do último Orçamento de Estado
para 2007, em que o PS (e o
PSD) chumbaram propostas
para a realização de obras fundamentais para as populações
que vivem nas margens do Rio
Alviela e há tantos anos são
penalizadas com um grave passivo ambiental”.
Pelo facto da ETAR de Alcanena (que continua a ser uma
das grandes fontes poluidoras
do rio) nunca ter sido concluída
pelo Estado quando foi entregue
à Associação de Utilizadores
(AUSTRA), para além de padecer de outros problemas de funcionamento, continua a cair sobre o Governo, a responsabilidade de participar activamente
na resolução deste problema.
Em causa está o investimento de “verbas para a recuperação do sistema de tratamento
de águas residuais e industriais
(essencialmente provenientes do
sector dos curtumes)”.
Contudo, apesar das muitas,
recorrentes e regulares queixas
apresentadas, parece que o Rio
Alviela continua a ser um problema “eternamente adiado”.
Entretanto, o Governador-Civil do Distrito de Santarém,
Paulo Fonseca, informou que
estão a ser diligenciados todos
os esforços para apuramento de
responsabilidades pela descar-
ga. Os serviços da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do
Tejo (CCDRLVT) e da GNR
efectuaram recolha de amostras
nas Ribeiras de Amiais e do
Carvalho (afluentes do Alviela),
avaliadas como potenciais focos
poluidores, e têm realizado a
monitorização diária dos níveis
de poluição do rio.
Segundo o Governo Civil,
esta nova descarga foi consequência de avaria no posto de
transformação da Estação de
Tratamento de Águas Residuais
(ETAR) de Alcanena, agravada
pela ocorrência de um incêndio
que obrigou à paragem do arejamento do tratamento biológico
por mais cerca de 12 horas.
Reconhecendo a gravidade
do problema em torno da poluição do Rio Alviela, o Governador Civil encontra-se em permanente acompanhamento da
situação e em contacto com as
entidades responsáveis.
____
O Jornal de Coruche
Alterações climáticas
– ministro reconhece
falha
O reconhecimento do Ministro do Ambiente, Nunes Correia, de que Portugal deverá falhar o cumprimento do Protocolo de Quioto, no sentido de
diminuir as suas emissões de
CO2, é também o reconhecimento implícito daquilo que
“Os Verdes” têm vindo a repetir,
de que falhou a política de transportes deste Governo “Os Verdes” relembram que o sector
dos transportes é que tem maior
quota de responsabilidade na
emissão de CO2, uma política
que se pretenderia pró-activa
em defesa dos transportes públicos.
“Os Verdes” esperam que o
Ministro vá mais longe neste
reconhecimento (que não podia
deixar de ser feito, visto que os
dados estão em cima da mesa) e
se empenhe, no quadro das
acções do Governo, na defesa
de uma política de transportes
colectivos que represente uma
verdadeira alternativa para a
mobilidade dos cidadãos.
“Os Verdes” relembram que
as tarifas dos transportes públicos aumentaram recentemente,
o que não vai, de modo algum,
antes pelo contrário, incentivar
as populações ao uso dos transportes colectivos.
“Os Verdes” salientam ainda
que, no quadro do QREN, o
valor do investimento previsto
para o sector dos transportes
será quase todo absorvido pelo
TGV e pelo aeroporto da OTA,
o que significa que serão parcos
os investimentos noutras áreas,
sendo certo que, nestas condições, as emissões de CO2 vão
continuar a aumentar.
•
Ano 1 - Número 10
aniversário dos amadores de
Tomar e à prestação em geral de
todos os grupos de forcados desde os mais antigos e prestigiados aos mais recentes ou modestos.
No tocante ao toureio a pé
destaque para a importante
faena de José Luís Gonçalves na
corrida de encerramento do
Campo Pequeno, a alternativa
de Mário Miguel, primeiro
matador açoriano e primeiro
com duas alternativas de profissional do toureio, cavaleiro e
matador. A passagem por cá de
figuras como Ponce, Juli, Gallo,
Castella ou Ivan Garcia, nos
novilheiros, deposita-se actualmente fortes ilusões em António
João Ferreira e Nuno Casquinha
pelos importantes triunfos alcançados alem fronteiras.
No campo ganadeiro o nosso
destaque vai inteirinho para a
ganadaria de Veiga Teixeira,
pelos triunfos e troféus alcançados, pela excelente regularidade
dos curros lidados e um considerável numero de toiros bravos,
no verdadeiro conceito de bravura, e não de menos mansos,
refira-se como importância vital.
No tocante a empresas o
destaque vai para Rui Bento
17
Fevereiro de 2007
Contra o novo Estatuto
da Carreira Docente
O Partido Ecologista “Os
Verdes” respeita, mas lamenta, a
decisão do Sr. Presidente da República de promulgar o diploma
do Governo que consagra o novo Estatuto da Carreira Docente
Em causa está, segundo os
Verdes, não apenas um flagrante
ataque aos direitos e à dignidade
profissional da função docente,
perpetrado durante um vergo-
nhoso processo extremamente
mal conduzido pelo Ministério
da Educação que a tudo recorreu para viciar a discussão e
inviabilizar a negociação com
os representantes dos trabalhadores, mas principalmente o
mais vigoroso ataque à escola
pública e democrática desde há
muitos anos.
No entender de “Os Verdes”,
o facto de existirem inclusivamente pareceres que apontam
para eventuais inconstitucionalidades do diploma, deveriam
justificar outra postura pela parte do Sr. Presidente da República, que assim aparece, mais uma
vez, ao lado do Governo em
relação a um dos piores diplomas que mais negativamente irá
marcar esta legislatura.
As lamentáveis declarações do
Ministro da Economia, na China
É verdadeiramente inacreditável que o Ministro da Economia, Manuel Pinho, tenha afirmado na China, onde se deslocou integrado em visita oficial,
que Portugal é apetecível em
termos de investimento estrangeiro devido aos baixos salários
pagos aos trabalhadores.
É inaceitável que um Ministro, em nome do Governo português, e, com as enormes responsabilidades que tem, se vanglo-
Programa de Toiros da RVS
A temporada 2006 em Portugal teve em Luís Rouxinol o
seu grande triunfador com uma
regularidade de excepção e um
total de 12 troféus conquistados,
onde também Vítor Ribeiro primou por uma temporada de
triunfo, e, Ana Batista se consolidou mais uma vez como primeira figura somando corridas e
triunfos. Sónia Matias este ano
trocou a quantidade pela qualidade e somou importantes triunfos, destaque também para nomes como o renovado José
Manuel Duarte, agora apoderado pelo maior taurino da Raia,
António Morgado, António Maria Brito Paes, Duarte Pinto,
Marcos Tenório, Francisco Palha, Ana Rita e Joana Andrade,
e, ainda amadores como Paulo
D’Azambuja, Tomás Pinto, Tiago Carreiras e Isabel Ramos, a
última convidada em estúdio do
ultimo programa, a quem já denominam de princesa das arenas. No campo da forcadagem
destaque para a temporada do
grupo de Coruche, comandados
de Amorim Ribeiro Lopes. que
realizaram uma excelente temporada, em ano da comemoração dos seus 35 anos de existência. Demos destaque também ao
•
rie dos baixos salários que os
portugueses recebem e demonstre que esses baixos salários são
um instrumento que o Governo
está a usar também para promover potenciais investimentos
externos.
Esta declaração do Ministro
da Economia deve ser entendida
como uma ofensa aos trabalhadores portugueses. Esta declaração de Manuel Pinho é ainda
bem demonstrativa de como o
Governo português insiste em
ficar na cauda da Europa no que
diz respeito à dignidade dos
nossos trabalhadores e de como,
ao invés de promover e propagandear a qualificação da mão
de obra portuguesa, propagandeia e promove o seu baixo custo.
Chegado a Portugal o Sr.
Ministro precisa de ser confrontado no Parlamento com esta
indecente afirmação.
Os Verdes
– Nota de Encerramento do ano 2006
Vasquez como gestor taurino do
Campo Pequeno, a empresa
“Toirolindo” e “Montemor é
Praça Cheia” pelos atractivos
carteis montados levando a
esgotar o aforo das suas praças.
“Toiros e Tauromaquia” pelas
feiras de Vila Franca de Xira e
Alcochete, a empresa “Luso
Toiros” apenas não conseguiu
bons resultados no Montijo e
causou alguma polémica com a
corrida da RTP Norte, de resto
conseguiu atingir bons resultados quer artísticos quer de bi-
lheteira, e, a “Toptoiros” deixou
decair um pouco o nível da feira
da Moita em relação ao ano
anterior.
De negativo apenas deixo
uma reflexão a quem de direito
sobre o facto de nas nossas festas, em Honra de Nossa Senhora
do Castelo, se ter realizado apenas um único espectáculo taurino, uma excelente corrida é
certo, mas muito pouco para
uma terra aficionada por excelência como é Coruche, baluarte
importante de percursos e gen-
(Parte II)
tes da história da tauromaquia.
Tudo isto e muito mais foi o
espólio do nosso trabalho, por
isso vamos hibernar com a consciência tranquila de missão
cumprida.
Despeço-me de todos com
um forte abraço e para o ano
contamos voltar ao convívio de
todos vós, se porventura os responsáveis desta casa assim o
entenderem!
Joaquim Mesquita
(último Programa “Tauromaquia”
realizado a 7 de Novembro de 2006)
Abertura da Escola de Toureio
de Coruche
Os Mestres António e Manuel
Cipriano (Badajoz) abrem a sua
Escola de Toureio de Coruche no
Sábado dia 3 de Fevereiro de 2007,
na Praça de Toiros Sorraiana de
Coruche, prevendo-se a afluência de
muitos candidatos a toureiros, e,
também de bandarilheiros no activo
que querem melhorar os seus conhecimentos e capacidades para a arte
da brega.
No Próximo número, reportagem
alargada com entrevista aos irmãos
Badajoz.
18
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
A UNIÃO EUROPEIA
Inserção de Portugal no Mundo (parte III)
do pós-guerra aos nossos dias
Dr. Miguel Mattos Chaves *
– A posição portuguesa face às Comunidades Originais (CECA, CEE, CEEA)
(continuação do número anterior)
Em 1967 com nova vaga de
pedidos, coube outra vez à
França o papel de, desta vez,
rejeitar a reabertura de negociações para o alargamento das Comunidades com todos
os candidatos, embora o seu
alvo continuasse a ser a Inglaterra, como já se viu. Desta vez
o motivo oficial foi a recente
desvalorização da Libra, e portanto não se considerar oportuna a abertura do processo de
adesão. Por trás destas argumentações técnicas estava contudo o facto de a França ver a
Inglaterra como um braço dos
EUA na Europa, o que colidia
frontalmente com o desejo de
De Gaulle de ver a França liderar o projecto europeu sem
sombras.
O General De Gaulle abandonou a Presidência da França
em 28 de Abril de 1969, na
sequência de um referendo em
que pedia mais poderes para o
cargo de Presidente da França,
o que lhe foi negado pelos
resultados. Tirando todas as
consequências políticas do resultado do referendo o Presidente que tinha unido os franceses, abandonou as suas funções demitindo-se e retirando-se da cena política, para a sua
residência em Colombey-lesdeux-Eglises.
Sucedeu-lhe no cargo Georges Pompidou que solicita
uma cimeira de Chefes de
Estado e do Governo, aos seis,
a qual se veio a realizar em
Haia em 1 e 2 de Dezembro de
1969, cuja agenda foi marcada
pela discussão do dossiê referente à eventual adesão do
Reino Unido às Comunidades
e com a apresentação, pelo
novo Presidente da França, do
que ficou conhecido na formulação de Pompidou como as
políticas de Aprofundamento,
Acabamento e Alargamento.
Apenas em 9 de Junho de
1970, foi decidido pelo Conselho, mandatar a Comissão
europeia para abrir negociações exploratórias com os
países da EFTA, nomeadamente com Áustria, a Finlândia, Suécia e Suíça que não tinham apresentado ainda qualquer solicitação de abertura de
negociações ou pedido de adesão, a Irlanda que já tinha apresentado o seu pedido de adesão
em 1961, reiterado em 1967, e
com Portugal que já tinha
apresentado em 1962 um pedido de abertura de negociações com a Comunidade Económica Europeia. No mês seguinte teve lugar o reatamento
das negociações entre a Comissão e o governo de Londres.
A Dinamarca e a Inglaterra
acabariam por aderir em 1973,
e outros parceiros da EFTA
como a Áustria, a Noruega e a
Suécia acabaram por aderir no
início da década de 1990.
Portugal não abandonou as
suas pretensões e após a decisão do Conselho de Haia, de
Dezembro de 1969, de dar um
mandato à Comissão europeia
para negociar com os países da
EFTA, reiniciou as negociações entregando um memorando ao Presidente da Comissão da CEE, em 28 de Maio de
1970, no qual o governo português manifestava o desejo de
entrar em negociações, com o
objectivo de estabelecer os
laços que verificassem adequados aos interesses das duas
partes.
Os contactos exploratórios tiveram lugar em 24 de
Novembro de 1970, sendo a
delegação portuguesa chefiada
pelo então Ministro dos Negócios Estrangeiros Dr. Rui Patrício que fez uma exposição ao
Conselho que foi muito bem
recebida. As negociações enquanto tal, foram conduzidas
pelo Embaixador Dr. Teixeira
Guerra e desenrolaram-se entre
1971 e 1972.
Este processo, desenvolvido já em pleno governo do
Prof. Marcelo Caetano, levaria
à assinatura de um acordo
comercial em 22 de Julho de
1972, entre as Comunidades
e Portugal. Este acordo continha uma clausula evolutiva
que permitia a Portugal pedir
uma associação mais profunda,
à Comunidade Económica Europeia, à medida que a sua evolução o aconselhasse, e fosse
julgado conveniente pelas partes.
É justo referir os nomes
das pessoas que integraram a
equipa, a convite do então Presidente do Conselho de Ministros, que preparou estas negociações e que acompanhou o
seu desenvolvimento. Era constituída por personalidades de
alta capacidade como o Embaixador Teixeira Guerra,
Embaixador Calvet de Magalhães, Dr. Silva Lopes, Engº
Carlos Lourenço, Dr. Álvaro
Ramos Pereira, Drª Raquel
Ferreira, Engº João Cravinho, Drª Isabel Magalhães
Colaço, Dr. Joaquim Mexia,
Dr. Alberto Regueira, Engº
Torres Campos e o Embaixador Luís Góis Figueira, que
permitiram que Portugal chegasse ao referido acordo com
a, então, Comunidade Económica Europeia.
Este acordo permitia um
desarmamento das barreiras à
entrada de produtos e serviços,
da comunidade, que se podia
prolongar até 1980 ou 1985,
podendo Portugal aplicar restrições quantitativas até essa
data e contingentar a importação de automóveis.
Os direitos aduaneiros, com
fins fiscais, deveriam progressivamente ser substituídos por
impostos directos. Os produtos
agrícolas beneficiariam também de um regime especial de
desarmamento. Na prática isto
significava que Portugal podia
ir renegociando as condições
do acordo, à medida que ia
evoluindo, e que teria um período de cerca de 8 anos para
beneficiar de algumas protecções. Na sequência deste
acordo e ao abrigo desta cláusula, depois de uma reunião
entre Portugal e a Comunida-
* Gestor de Empresas
e Doutorando em Estudos Europeus
pela Universidade Católica
de, no Luxemburgo, em Outubro de 1973, o Conselho da
CEE ofereceu a Portugal uma
ajuda excepcional de urgência.
Posteriormente, no ano de
1976, a pedido de Portugal, o
Conselho decidiu autorizar a
Comissão a iniciar negociações ao abrigo da cláusula
evolutiva do Acordo de 1972,
com vista ao alargamento do
seu domínio de aplicação.
Tais negociações permitiram a conclusão, nesse mesmo
ano, de um Protocolo Adicional ao Acordo de 1972, e de
um Protocolo Financeiro através do qual a Comunidade
Económica Europeia se dispunha a prestar ajuda ao nosso
país, que atravessava graves
dificuldades, derivadas da crise do 11 de Março.
A evolução deste processo
levou, em 1980, o Embaixador
Dr. António de Siqueira Freire
a estabelecer as seguintes
questões encadeadas:
– «Teríamos podido alcançar os termos em que assinámos a Acordo de 1972 com a
CEE, senão estivéssemos na
EFTA? Teríamos podido pedir
já a adesão como membro de
pleno direito às Comunidades
se não tivéssemos adquirido a
imagem e a longa experiência
de integração europeia adquiridas na EFTA e na vivência
do Acordo Portugal – CEE de
1972?».
Em próximos artigos descrever-se-ão mais posições de
Portugal face à Europa.
Sorteio de Natal “Faça compras perto de casa e ganhe prémios”
Numa iniciativa da Câmara Municipal de
Coruche e da Associação de Comerciantes do
Concelho de Coruche com a colaboração das
Juntas de Freguesia, realizou-se o sorteio da 3.ª
edição da Campanha “Faça compras perto de casa
e ganhe prémios”.
Para António José Rosa, representante da
Associação de Comerciantes, “o balanço foi positivo, foi a terceira edição, é um êxito consolidado.
As pessoas continuam a aderir muito bem, e estamos a pensar na próxima edição onde poderemos
melhorar a campanha, nomeadamente com
prémios mais aliciantes. Estamos a trabalhar
neste aspecto com a Câmara e penso que vamos
conseguir dar outra inovação a esta iniciativa”,
salientou.
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
19
Fevereiro de 2007
OPINIÃO
A escolha da maior
figura portuguesa de sempre
O programa da RTP “Os
grandes portugueses”, apresentado por Maria Elisa, que vai
eleger a maior figura nacional
de todos os tempos, tem suscitado interesse e alguma celeuma em torno da “grande figura
nacional”.
Os dez grandes portugueses
mais votados (no programa) foram, por ordem alfabética, D.
Afonso Henriques, primeiro Rei
de Portugal; Álvaro Cunhal, político; António de Oliveira Salazar, político; Aristides de Sousa
Mendes, diplomata; Fernando Pessoa, poeta; Infante D. Henrique,
estadista; D. João II, rei; Camões,
poeta; Marquês de Pombal, estadista; Vasco da Gama, navegador.
Alguns jornais aproveitaram
o repto e também elegeram o
“maior” português de sempre.
Os cronistas do “Diário de Notícias” optaram, por exemplo, na
edição de 13 de Janeiro, pelo
autor d’Os Lusíadas, Luís Vaz
de Camões.
As razões e os critérios de
eleição são os mais diversos. Há
quem avalie uma figura nacional pelo seu contributo para a
História do país, outros elegem
consoante o contributo na área
cultural, política ou desportiva...
Cabe a cada um fazê-lo como
entender.
Dou por mim a entrar neste
debate e a pensar qual é, ou deve
ser, o meu eleito e qual a justificação para essa escolha. Devo
dar primazia ao feito de alguém
que arriscou a vida a defender o
país ou à individualidade que,
com a sua arte, seja ela qual for,
divulgou o nome de Portugal
aos quatro cantos do mundo?
Ou se, por outro lado, uso critérios mais pessoais e elejo o professor de português que, com o
seu rigor e autoridade, marcou
(para sempre) o meu percurso
escolar e pessoal? Ou então
nomeio (em jeito de homenagem) o Coronel Mourão que,
com a sua generosidade finan-
ciou a escola primária da minha
aldeia (Ervidel), um acto de boa
vontade que marcou, indiscutivelmente o percurso de vida de
todos os que nela estudaram e
estudam? Ou simplesmente sigo
o coração (e as preferências pessoais) e elejo a grande figura
que brilhou no meu clube de
futebol (onde já existe uma estátua em sua homenagem, erguida
na “Catedral”), ou o autor do
meu poema preferido ou ainda,
o toureiro que mais me emocionou e emociona cada vez que
entra numa arena?… Decisão
difícil esta… eleger uma, apenas uma, é quase tão difícil como acertar no número do euromilhões. Parece uma comparação um pouco desapropriada
mas não é.
Se tiver em consideração a
História de Portugal, muito rica
em todas as áreas, cheia de
personalidades que, ao longo
dos séculos, deixaram a(s) sua(s)
marca(s) (que são do agrado de
uns e do desagrado de outros
mas que são uma realidade) que
ainda hoje perduram, esta comparação tem algum sentido, pois
a dificuldade é muito grande e a
“concorrência” [entre os grandes portugueses] ainda é maior.
Da mesma forma que acertar
nos números mágicos é um feito quase impossível o que não
impede milhares e milhares de
pessoas de “competirem” para o
alcançar. São as pessoas e os seus
actos que fazem um país, a sua
Telma Leal Caixeirinho *
História. Da minha parte, ainda
não encontrei resposta. Talvez
um dia…
E, voltando aos dez finalistas
do programa da RTP, até serem
divulgados os resultados finais
da votação, aceitam-se apostas
para qual o vencedor de entre as
dez grandes figuras nacionais.
E você, qual O GRANDE
PORTUGUÊS que elege?
____
* Lic. em Sociologia
Os dez grandes portugueses mais votados
(no programa)
NOTARIADO
PORTUGUÊS
CARTÓRIO NOTARIAL DE CORUCHE
– CERTIFICO, para efeitos de publicação que, por escritura de Justificação lavrada no dia vinte e quatro de Janeiro de 2007, neste Cartório, de folhas cinquenta e sete a folhas cinquenta e oito verso do livro de
notas para escrituras diversas número quinhentos e quarenta e cinco-D. MANUEL PIRES, cont. 116 931 345
e mulher JOAQUINA ROSALINA AURÉLIO, cont. 116 931 353, casados sob o regime da comunhão geral
de bens, naturais, ele da freguesia de Alcaravela, concelho do Sardoal, ela da freguesia e concelho de Coruche,
residentes na Rua dos Fidalgos, no lugar e freguesia da Branca, concelho de Coruche, DECLARAM que, são
donos, com exclusão de outrem, do seguinte prédio, na freguesia da Branca, concelho de Coruche: PRÉDIO
URBANO, sito Rua dos Fidalgos, Branca, composto por uma casa de habitação de rés-do-chão, com quatro
divisões, com a superfície coberta de setenta e um vírgula cinquenta e dois metros quadrados e logradouro
com a área de dois mil e três virgula quarenta e oito metros quadrados, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 341, com o valor patrimonial de € 14 110,00, a confrontar de Norte com Virgílio Felício Rodrigues, de
Sul com Leocínio Custódio Veríssimo, de Nascente com Alberto Ramalho e de Poente com Domingos Lopes,
ao qual atribuem para este acto valor igual ao valor patrimonial ou seja catorze mil cento e dez euros.
– Que este prédio não se encontra descrito na Conservatória do Registo Predial do concelho de Coruche
e está inscrito na matriz em nome do justificante marido.
– Que justificam, porém, aquele seu direito de propriedade nos termos seguintes:
– O prédio ora justificado veio à sua posse ainda como terreno urbano, por doação meramente verbal feita
por seus pais e sogros, respectivamente Silvério Pires e mulher Virgínia Maria, que foram casados entre si sob
o regime da comunhão geral de bens e residentes no mencionado lugar da Branca, no ano de mil novecentos
e sessenta, sem, no entanto, terem celebrado a competente escritura pública.
– Desde aquela data, porém, entraram na posse do imóvel construindo nele a sua casa de morada da
família, posse que exerceram em nome próprio até hoje, sem qualquer interrupção, à vista de toda a gente e
sem oposição de quem quer que fosse, suportando todos os encargos a ele respeitantes, designadamente os de
natureza fiscal e actuando em tudo o mais sobre ele em correspondência perfeita com o exercício do direito
de propriedade.
– Exercendo essa posse por mais de vinte anos, sem interrupção e com a consciência de estarem a agir
como verdadeiros donos do prédio, o que confere a tal posse a natureza de pública, pacífica e contínua, fundamentado assim a aquisição do respectivo direito de propriedade por usucapião, o que, pela natureza, impede
a demonstração documental do seu direito e a primeira inscrição , que se pretende, no registo predial.
– Tal posse em nome próprio, pública, pacífica e contínua conduziu à aquisição do imóvel por usucapião,
que ora invocam.
ESTÁ CONFORME.
Cartório Notarial de Coruche, vinte e quatro de Janeiro de dois mil e sete.
O Escriturário Superior
(Assinatura ilegível)
Fonte: www.rtp.pt/wportal/sites/tv/grandesportugueses/
20
O Jornal de Coruche
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Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
Teorias do Poder Marítimo – Aplicação ao Caso Português
O MAR e PORTUGAL
(parte V)
– Passado da relação de Portugal com o Mar
Portugal sempre teve um relacionamento europeu. A graduação deste relacionamento e a importância que os diversos decisores políticos atribuíram às suas
vertentes atlântica, africana e europeia, através dos diversos tempos, é que foram diferentes.
Qualquer destas vertentes sempre fez parte da nossa cultura e
da nossa história e foram, e são,
elementos importantes na formação continuada, e consolidação,
da nossa identidade nacional.
É que, de uma clara opção
Atlântica e Africana, – (motivada pelo geobloqueamento terrestre de Portugal, pela Espanha, e pela existência da barreira
pirenaica) – dos regimes da Monarquia, da 1ª República
(1910/1926) e da 2ª República
(1926/1974), (pelos motivos
atrás expostos e por motivos do
relacionamento com os territórios do ultramar) se passou, na
3ª República – (1974...) a dar
mais importância à vertente
continental europeia. Este facto
foi, e é realmente, uma novidade
em termos das prioridades da
Política Externa de Portugal,
desde os tempos do Rei D. João I.
Isto é, na Monarquia e nas 1ª
e 2ª Repúblicas, Portugal tendo
um relacionamento normal com
a Europa, não lhe atribuiu o
estatuto de prioridade. A prioridade era Atlântica e Africana.
Na 3ª República, Portugal
ficou praticamente “colado” ao
Continente e só no início do
século XXI recomeçou, embora
timidamente, a tratar da diversificação das suas dependências,
ou alianças, nomeadamente com
os EUA e os Palops.
Portugal deve sentir-se muito à vontade no Sistema Internacional. Tem uma história invejável de contactos com países do
mundo inteiro e por isso deve
recapturar parte, e em moldes
diferentes, da sua vocação atlân-
Pu
b.
OFERECEMOS
A COMPOSIÇÃO
GRÁFICA DO SEU
ANÚNCIO
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tica e africana de forma a não
ficar espartilhado no seu caminho de progresso.
Citando o Prof. Políbio Valente de Almeida: “Ao longo da
História, Portugal enfrentou
desafios implacáveis que pareciam excessivos para a sua
dimensão. Teve que enfrentar a
Espanha e fez-se respeitar; teve
que enfrentar o mar desconhecido e transformou-o num instrumento de ligação entre os homens. Teve que enfrentar a pobreza
material e usou-a para o engrandecimento moral; aconteceu-lhe conviver com outras
raças e crescem Brasis; foi marginalizado pela Europa e, no
entanto, a sua estratégia foi
decisiva para o aparecimento
de um novo equilíbrio mundial.
A perda recente de algumas
funções históricas seculares e a
mudança brusca de dimensão
física obrigaram-no a reconciliar-se com o presente e a assumir-se como um pequeno estado
que, pelo reforço dos seus valores espirituais e pelo sentido
que for capaz de dar à sua responsabilidade ecuménica, poderá vir a posicionar-se entre as
médias potências”. (1)
Portugal está hoje inserido na
União Europeia(2). É uma
evidência e uma necessidade estratégica do nosso país. Somos
um dos países que a integram
actualmente. Seremos um dos
vinte e sete, ou trinta, que a integrarão futuramente.
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Não sendo territorialmente, e
populacionalmente, dos maiores
países do Continente, não somos dos mais pequenos. Na Europa temos países mais pequenos que nós: Bélgica, Holanda,
Luxemburgo, Suíça, para dar só
alguns exemplos de países
localizados no centro do Continente. Populacionalmente, estamos com os de média dimensão.
Economicamente, estamos
atrasados face aos nossos parceiros mais desenvolvidos, mas,
ainda assim, somos mais desenvolvidos do que alguns dos que
entraram ou estão para entrar, na
organização denominada de
União Europeia. Mas é bom recordar que quando alguns dizem
que estamos atrasados fazem-no
por comparação, apenas e só,
com os países mais ricos desta
região do planeta.
É bom não esquecer que se
fizermos a comparação entre
Portugal e a totalidade do Sistema Internacional de Estados
Soberanos, que conta com cerca
de 200 Estados, então podemos
afirmar, (e as estatísticas internacionais assim o afirmam), que
Portugal está no Clube dos Países mais ricos do Mundo.
Tecnologicamente, estaremos na média da Europa alargada. No aspecto educacional e de
preparação dos recursos humanos temos muito por fazer.
Neste aspecto, por causa da falta
de objectivos claros e por falta
de organização e métodos.
Em termos de influência política, tudo depende da capacidade dos nossos governantes,
em particular, e das elites, em
geral. Porque, ao nível da política pura, o que tem sido evidenciado é, antes de mais, a necessidade de um pequeno Estado(3), como Portugal, “afrouxar
os modelos tradicionais de
interdependência, muito formais e rígidos, e estabelecer o
maior número possível de ligações informais com o maior número possível de Estados potencialmente colaboradores”.(4)
As ligações informais são menos onerosas que as formais e
podem ser um bom ponto de
partida para aprofundamentos
formais posteriores que conduzam à formalização sustentada
das relações. Mas o que deveríamos colocar na primeira linha
de pensamento é a questão de
como, quando e de que forma
nos poderemos tornar relevantes
no sistema internacional.
O eixo geográfico, político e
económico da comunidade europeia está a deslocar-se para o
Leste europeu. Por haver mais
seres humanos aí a residir. Por
haver maior proximidade e facilidade de deslocação e comunicação entre um número alargado
de pessoas. Por o “coração económico e político” aí se situar.
Donde, temos de encontrar
formas de não nos deixarmos
afundar em pessimismos e derrotismos e ver como poderemos
ter um papel na actual e futura
construção europeia e no Mundo em geral. O Mundo já não é
eurocêntrico e existem várias
possibilidades de expansão da
projecção de Portugal em várias
zonas do planeta.
Não obstante a nossa actual
ligação à Europa Continental
importa não esquecer, como
lembra o Prof. Borges de Macedo, que Portugal não pode aderir
a nenhuma solução externa
exclusiva, (opção continental ou
marítima) dado que ambas as
situações são de considerar, até
porque, o interesse dos países
do centro europeu pelo seu extremo ocidental ou o seu abandono se pode verificar. Portugal
tem que reunir, na sua composição nacional, a permanente
capacidade de escolher, em cada
momento, em qual se deve apoi-
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O Jornal de Coruche
O Mar e Portugal
ar, tem que manter ambas as
opções em aberto.
Erros sempre foram cometidos pelos Estados e continuarão a
sê-los. É próprio do ser humano.
E é ao ser humano que compete
governar o Estado, entidade
abstracta representativa da Nação, por delegação desta. O que
interessa é, sobretudo para um
país pequeno, cometer cada vez
menos erros.
A utilização das rotas marítimas e a livre fruição dos acessos
marítimos desempenharam, e
devem desempenhar, num país
tão ligado ao mar como Portugal, um papel relevante. Esse
papel evoluiu ao longo dos tempos. Nos séculos XV e XVI,
Portugal, como já se referiu, foi
a primeira potência marítima da
Europa e do Mundo. Criou rotas
marítimas oceânicas e sobre
elas estabeleceu o primeiro
império marítimo de dimensão
mundial.(5). Foi a “superpotência” da época.
Até 1974, e apesar de ter deixado de ser uma potência marítima, as rotas oceânicas sempre
tiveram uma importância estratégica para Portugal por quatro
razões:
1 - Primeira: garantiam as
ligações económicas e militares
com o ultramar português;
2 - Segunda: garantiam-nos
a liberdade do comércio marítimo como alternativa ao comércio
por terra, mais caro e passível
de ser controlado pela Espanha;
3 - Terceira: garantiam-nos a
possibilidade de socorro militar
por parte de um aliado;
4 - Quarta: davam-nos a possibilidade de retirar por mar o
Poder Político, e parte do Poder
Militar, em caso de invasão terrestre, obtendo deste modo uma
profundidade estratégica que a
configuração do território continental europeu não possui.
5 - E por fim, Portugal desde
o século XVII até à Segunda
Guerra Mundial teve como aliado a nação que se tornou na
principal potência marítima, a
partir do século XVIII(6): a GrãBretanha.
Destas condições estratégicas mudou de configuração parcial a quarta. A primeira mudou
de cambiante. Mas esta, a primeira, permanece como possibilidade de ligação privilegiada
com os países de língua oficial
portuguesa, se o soubermos fazer, com evidentes benefícios
económicos, financeiros e também culturais e políticos.
Quanto aos outros factores,
acima apontados, eles permanecem verdadeiros. Evidentemente que em tempo de paz no
território europeu, alguns destes
factores tendem a ser desvalorizados. Mas podemos afirmar que
temos garantida a paz eterna?
____
Miguel Mattos Chaves
Gestor de Empresas e
Doutorando em Estudos Europeus
pela Universidade Católica
____
(1) In Almeida, Políbio Valente de Op.
Cit. pp. 372-373
(2) Chaves, Miguel de Mattos – Portugal e a Construção Europeia –
ed. Sete Caminhos – Lisboa 2005
(3) Pequeno Estado – esta noção refere-se sobretudo às dimensões do
território, da população e dos recursos. CF – por exemplo: Carvalho,
Joaquim de – apontamentos da
cadeira de Sistema Internacional,
Políbio Valente de Almeida – do
Poder do Pequeno Estado, Moreira, Adriano – Ciência Política e do
mesmo autor – Teoria das Relações
Internacionais.
(4) In Almeida, Políbio Valente de Op.
Cit. pp. 358
(5) In Martins, François – Apontamentos de Geopolítica e Geoestratégia, Bloco VI, Lisboa, Universidade Lusíada, 1999, pp. 147
(6) Modelsky, George – Long Cicles in
World Politics – ed. Macmillan
Press – 1987 – os cinco ciclos do
Poder Mundial desde 1494 até à
actualidade
____
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Ano 1 - Número 10
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21
Fevereiro de 2007
Recém-criada Bandeira
da Assembleia da República
Segundo a resolução da Assembleia
da República aprovada a 14 de Dezembro, a bandeira é “de prata, tendo
ao centro esfera armilar de ouro e,
brocante sobre ela, o escudo das armas nacionais, com bordadura de
verde”.
A mesma resolução determina que
a bandeira esteja erguida “no período
da sessão legislativa e nos dias de funcionamento parlamentar junto à bandeira nacional”.
Um galhardete “de modelo semelhante à bandeira” deverá ser utilizado na frente da viatura “ao serviço do
presidente da Assembleia da República ou do vice-presidente que legalmente o substitua”.
O primeiro içar da bandeira da
Assembleia da República, foi no passado dia 3 de Janeiro pelas 9,30h, e foi
antecedido de honras militares na
escadaria exterior do Palácio de São
Bento.
Projectos Sociais em Discussão
Governador Civil de Santarém e
Directora da Segurança Social
reúnem
O Governador Civil do Distrito de Santarém reuniu ontem
com a Directora do Centro
Distrital de Segurança Social
(CDSS) de Santarém. Este encontro teve como principais
objectivos o planeamento e organização de actividades conjuntas
e a divulgação de alguns dos projectos governamentais em matéria de Segurança Social.
Paulo Fonseca e Anabela
Rato irão dar continuidade à iniciativa Tempo de Solidariedade,
que teve início em 2005. Nas
últimas segundas-feiras de cada
mês, até ao final do ano, os dois
responsáveis visitarão diversas
Instituições Particulares de Solidariedade Social do Distrito,
numa tentativa de conhecer as
suas potencialidades e ambições
e de tomar contacto com uma
realidade considerada alheia à
sociedade em geral.
A importância destas visitas
passa pela sensibilização da
população para os problemas
afectos aos excluídos e aos mais
carenciados; em suma, aos que,
por diversas razões, não conseguem ser independentes no
alcance de uma qualidade de
vida digna.
Foi igualmente feito um balanço do trabalho produzido em
2006 no âmbito do Programa de
Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES), onde foi realçado o apoio a 15 instituições do Distrito de Santarém foram, em 2006, contempladas com uma comparticipação total de 5.321.184 euros,
distribuídos pelas valências de
lar de idosos (3.299.695 euros),
creches (1.546.667 euros), centros de dia (425.408 euros) e
serviços de apoio domiciliário
(49.414 euros).
Estes investimentos no sector social no Distrito representam o alargamento dos apoios a
731 novos utentes, com principal incidência nas creches, que
abrangerão 323 crianças. Ao
nível dos lares de idosos, prevêse a criação de 203 vagas,
enquanto os centros de dia e os
serviços de apoio domiciliário
contarão com 125 e 80 novos
utentes, respectivamente. Em
valores absolutos, o investimento público por cada novo utente
é de 7.279 euros. Para 2007, o
período de apresentação de candidaturas para o PARES II teve
início no passado dia 18 de Ja-
neiro, terminando o seu prazo
de entrega a 22 de Fevereiro
próximo. Para Paulo Fonseca e
Anabela Rato, trata-se de um
grande passo no desenvolvimento das estruturas sociais do
Distrito.
Outro tema abordado na reunião entre o Governador Civil e
a Directora do CDSS foi o
Complemento Social para Idosos, para o qual já se encontram
igualmente abertas as candidaturas, devendo todos os interessados dirigir-se aos serviços
locais da Segurança Social. Para
puderem usufruir deste benefício, os utentes terão de ter idade
igual ou superior a 70 anos e
auferir um rendimento mensal
inferior a 300 euros. Importa referir que, em 2007, a aplicação
desta medida para a idade de 70
anos representou um relevante
ganho social, medido pela antecipação deste pagamento, previsto apenas para 2008, permitindo o seu alargamento social e etário.
Este resultado foi possível
devido à evidência do excelente
desempenho na gestão financeira dos valores atribuídos para
2006.
22
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
SALGARI, SANDOKAN, E A AVENTURA
PORTUGUESA DOS 7 MARES
EMÍLIO SALGARI, criador do mítico Sandokan, o herói
da minha e de muitas outras
infâncias, foi sem dúvida um
dos mais profícuos autores de
livros de aventuras.
A vastidão da sua obra é
imensa, sobretudo se atendermos à diversidade de regiões
geográficas em que as diferentes
acções vão decorrer.
Nenhuma região do globo
deixou de ser por ele escolhida
como cenário de rocambolescos
episódios vividos por aventureiros de excepção, de entre eles
ressaltando, para os leitores portugueses a figura admirável de
Gastão de Sequeira, nome com
que o orgulho nacional, à época
por sua vez, deram azo a uma
maior mobilização para congressos, encontros literários, ou exposições bibliográficas, que inúmeras universidades e grandes
bibliotecas italianas realizam.
A incansável actividade de
diversos estudiosos, literatos,
bibliófilos ou docentes universitários não se limitou à publicação de ensaios sobre Salgari e
a sua obra, desdobrando-se também em incontáveis artigos vindos a público em publicações
periódicas de grande circulação.
Corine d’Ângelo com o seu
site www.emiliosalgari.it, Vittorio Sarti, com as suas bibliografia Salgariana, editada por Malavasi em 1990, e Nuova Biblio-
desenhadores Alberto della Vale, Pierino Gamba, Gennaro
Amatto e outros grandes colaboradores das editoras Donath,
de Génova, Bemporad, de Florença, etc, na concepção e realização das capas e ilustrações
interiores das primeiras edições
dos livros de Salgari.
À beleza estética destas capas podemos nós atribuir, aliás,
uma parte não irrelevante da
atracção e consequente êxito
que os livros despertaram no
grande público. O que justificou
que os desenhos de Della Valle,
Gamba ou d’Amato, fossem
mantidos inalteráveis, ou apenas
ligeiramente modificados, nas
edições de Saturnino Calleja, em
sua vida com grande orgulho.
A turbulência marítima que
nunca enfrentou manteve-se,
contudo, sempre a fervilhar no
seu espírito, levando-o a produzir
a vasta obra de romances de aventuras que conhecemos e que só
encontra paralelo em Júlio Verne.
Durante os 49 anos que viveu produziu 87 romances, 11
dos quais sob pseudónimo, e um
sem número de contos. Sem
contar com os que teria deixado
incompletos e que vieram a ser
publicados sob o seu nome e em
conjunto com os nomes de seus
filhos Omar e Nadir, ou com o
do seu continuador Luigi Motta.
Este último fenómeno da
proliferação de obras incomple-
Contrariando o sucedido com
estas publicações apócrifas, uma
outra importante parcela da obra
de Salgari foi inicialmente dada
á estampa sem o seu nome, e a
coberto de designações tão diferentes como Capitano Gido Altieri, E. Bertolini, G. Landucci,
um abstracto Romero, ou um rocambolesco L’Ammiragliador.
Este fenómeno de desdobramento, de quase avatares de
Shiva, terceira divindade da trimutri indiana a que Salgari tantas vezes se referiu, ou dos diferentes heterónimos em que Fernando Pessoa se dividiu para as
sua experimentações literárias,
teve no caso de Salgari razões
mais telúricas. Deveu-se a uma
tão positivamente acentuado,
ainda que com algum desrespeito pelos direitos de autor, havia crismado o personagem português, irmão do Tigre da Malásia, que Salgari criara como Yanez de Gomera.
Os livros de Salgari foram
traduzidos do italiano para quase todas as línguas do mundo.
Romances, novelas e contos foram vertidos para banda desenhada e passados ao cinema para séries televisisvas ou longas
metragens de sucesso.
Com a chegada da cibernética o entusiasmo não abrandou.
O fenómeno não secundarizou
Salgari e a sua obra. Antes pelo
contrário, o entusiasmo dos cibernautas gerou edições e edições on line, sites, e fóruns, que,
grafia Salgariana, editada por
Sérgio Pignatore, em 1994; Felice Pozzo, com várias obras,
entre as quais, Emílio Salgari e
d’intorni, ou ainda em 2006
com L’Offizcina Segretta di
Emílio Salgari; Conrado Farina,
Lívio Belli, Cláudio Gallo e,
entre nós, A.J Ferreira, com as 3
edições do seu Diccionário de
novelas e contos de Emílio Salgari, são apenas alguns dos autores que deram grande contributo para os estudos salgarianos.
Sem esquecer, numa vertente
mais estritamente biográfica,
“Mio padre Emílio Salgari”, do
filho do romancista, Omar Salgari, ou, numa prespectiva estética, “L’Occhio delle Tigri” de
Paolla Pallottino, em que aprofundadamente são estudados os
Espanha, de Tallandier, e Hachette,
em França, ou da Editora Romano Torres, em Portugal.
tas ou acrescentadas não escapou à análise criteriosa dos conhecedores da sua obra que na
sua maior parte os consideram e
designam como falsos.
Um pouco pela falta de genuinidade e alterações marcantes
ao seu estilo literário, mas, sobretudo, por terem conseguido provar documentalmente quem foram os seus verdadeiros autores.
O que não impediu que os editores estrangeiros que detinham
os direitos de autor nos respectivos países os publicassem
como genuínos. O que, aliás, já
havia sucedido em Itália, após a
sua morte.
mais do que necessária fuga à
tirania dos editores.
É que, amarrado ao cumprimento dos espartanos contratos
com que os editores italianos lhe
estabeleciam pagamentos para
uma rigorosa cadência produtiva, e assoberbado pelas preocupações de desafogo económico
familiar que o êxito comercial
dos seus livros continuava sem
lhe trazer, Emílio Salgari, quebrava episodicamente essas
amarras contratuais, publicando
noutras casas editoras, e sob os
tais pseudónimos, obras de igual
sucesso que lhe garantiam uns
quantos proventos mais.
DO ADRIÁTICO AO
ESTREITO DE MALACA
Emílio Salgari nasceu em
Verona em 21.8.1862, vindo a
pôr termo á vida, com um
dramático Hara-Kiri, em Torino, a 25.4.1911.
Ao contrário do que os seus
conhecimentos náuticos e geográficos deixariam prever a sua
experiência marítima resumiuse a uma navegação pelo Adriático em 1880 e a uma matrícula
no Instituto Náutico P. Sarti. Ficou-lhe, no entanto, o título de
Capitano, que ostentaria toda a
AVATARES DE SHIVA
E HETERÓNIMOS
DE PESSOA
____
João Alarcão
Director do Jornal de Mondim
suplemento
Tauromaquia
E, Olivença,
aí está!
Como é por demais sabido,
presunção e água benta, cada
um usa a que quer. E, assim inicio, porque me recordo que a
pedido do meu saudoso amigo,
senhor Júlio Gabirra, nos idos
de noventa, tendo eu a co-autoria de um programa de televisão
na RTP 2, “Tauromaquia”, de
boa memória, resolvi dar para o
peditório, isto é, acreditar no
projecto de dois jovens cheios
de ideias, José Cotiño e Joaquim Rodriguez, e promover a
sua ampla divulgação.
A verdade é que, da corrida
inicial de tal projecto, já quase
não há memória, e dos tempos
em que os figurões (Espartaco
incluído…) aproveitavam para
“partir” os trajes novos, até à
actual pequena mas digníssima
feira taurina, muito decorreu e
tudo se consolidou.
Tempos houve em que a única rapaziada da escrita taurina
que se deslocava a Olivença
falava português, e hoje, transformadas as datas em referência
de início de temporada, quase
não há lugar para o “Portugal”,
dado que os figurões da informação taurina já se não dispensam comparecer, sendo que até
em corridas em que como este
ano reaparece uma figura mediática, como é o caso de Ortega
Cano, agora viúvo da Jurado e
por assim ser viúvo de Espanha,
toda a gente que se dedica à
denominada imprensa “rosa”
julga estar por cima de tudo e
todos e quase não sobra espaço
para o taurino.
Sinal da época… Contudo,
III
Suplemento de O Jornal de Coruche • Ano 1 - Número 10 • 1 de Fevereiro de 2007
Olivença, na sua condição de
“última” Praça de Espanha e
“primeira” de Portugal, continua a concitar até ao exagero o
interesse da “aficíon” portuguesa, estando eu em crer que se
vivo fosse o saudoso Adelino da
Pena também ele para lá organizaria excursões.
É por assim ser, que nos sentimos na obrigação de divulgar
o que já se sabe sobre os cartéis
que é suposto lá ocorram, pese a
ausência de confirmação oficial
e definitiva. Diz-se que, no dia 3
de Março pela tarde farão o
“Passeillo”, “El Juli”, Sebastián
Castella e provavelmente Miguel
Angel Perera, no dia 4 pela manhã, cruzarão o “Albero”, “Morante de la Puebla”, Alejandro
Talavante e Cavelano, e que
pela tarde do mesmo dia reaparecerá Ortega Cano, na companhia de Enrique Ponce e António Ferrera. Para qualquer das
corridas ainda não se conhecem
as ganadarias, o que não impede
que se façam projectos de viagem para fruir de corridas, que
como é óbvio se esperam e querem boas.
____
Domingos da Costa Xavier
Vergonha toureira e, elogio
do pundonor…!
Diz-se, e como dizia o Saraiva Mendes, diz-se tanta coisa
que alguma será verdade, que a
carne dos toureiros é diferente
da carne das outras pessoas. No
que reporta à carne, passe o que
passe, quase que é verdade,
dado que os avanços da medicina, permitem que se veja um
toureiro do momento a tourear
aqui e ali, depois que os facultativos clínicos de serviço lhe tenham atestado uma cornada
gorda (ou de “tabaco”) com vinte e tantos centímetros de efracção e vários trajectos.
Não raro sabemos que A ou
B se apresentou, e pondo “a carne no assador” triunfou, aqui ou
ali, com os pontos frescos da vítima cornada, o que evidencia
um querer que se não evidencia
em outras profissões bem pagas, verbi gratia, ou futebolistas.
Quando toca aos ossos é diferente (e, nisso estou desgraçadamente formado…) bastando que
se reflicta o que ocorreu com
José Miguel Arroyo “Joselito”
numa das suas últimas temporadas no activo, retido quase por
inteiro ao longo da mesma, por
lesão óssea, e, importantes são
também as sequelas para futuro,
que o digam os nossos queridos
“irmãos Badajoz”, que apesar
de retirados, é agora que andam
a pagar “facturas” dos azares
ocorridos no activo e em plena
juventude. É todo este conjunto
de circunstâncias que nos leva a
valorizar em extremo a postura
do jovencíssimo Sebastian
Castella. Ainda “un crio” já tem
o corpo cozido a cornadas, tão
só porque para chegar a ser figurita que já é, sempre se colocou
no sítio em que as cornadas e os
triunfos acontecem, dado que
como um dia afirmou
Belmonte, quando toureia se
esquece que tem corpo. Mas,
ora bem, o esquecer-se que tem
corpo jamais o inibe de não ter
dores, e, aqui é que bate o ponto,
como se diz na gíria popular.
Castella, quando os meninos
da sua idade somente se preocupam com o gozo, no dia 29 de
Dezembro em Cali (Colômbia),
afirmou-se como um dos mais
tesos toureiros do momento.
Citando em início de faena para
um dos seus característicos passes cambiados pelas costas, é
enganchado logo abaixo do joelho e trombicado com violência
pelo toiro após a voltareta. Como consequência, costelas partidas, um em três partes, com
roçar pela pleura (e Deus não
quis que com perfuração do pulmão…) e com toda a certeza
dores horrorosas, que suportou
por longos, longos, longos, dez
minutos, cumprindo a faena e
> continuação da página 1
À Procura de Novos Toureiros
bém aos espectadores que assistiram a esta aula prática de
toureio dirigida pelos padrinhos
do concurso. Todos os candidatos desta tarde ficaram apurados para a fase seguinte, e
para as diversas tentas a realizar
até à grande final no dia 20 de
Fevereiro, onde irão ser seleccionados por fases até apurar os
candidatos que chegarão à final.
A primeira das tentas realizou-se na ganadaria de Hrds. de
Conde Cabral a 10 de Janeiro, a
segunda no dia 12, na ganadaria
de Hrds. de Cunhal Patrício,
prosseguindo no dia seguinte na
ganadaria de Sommer D’Andrade. Após este ciclo de tentas
o júri procedeu a uma nova
selecção dos candidatos. Na
decisão do júri pesou, para além
da atitude de cada candidato no
tentadero durante as lides, a postura pessoal que cada um deles
adoptou desde o inicio do concurso. Passaram a esta fase
seguinte 15 jovens: Dinis Coruche, Francisco Correia, “Paco Velasques”, Gonçalo Montóia, Inês Ruivo, Inês Coelho,
Joana Prates, Joaquim Ribeiro
“Cuqui”, Luís Cochicho, Manuel Dias Gomes, Pedro Caldeira, Pedro Brito Sousa, Rui
Esteves “Serranito”, Sérgio
Santos “Lobo dos Santos” e
Wilson Maçarico “Chamaco”.
A 19 e 20 de Janeiro realizaram-se mais duas tentas, desta
vez no palco do funcional tentadero da herdade do Borralho,
e, teve Rui Bento a dupla responsabilidade de ganadeiro e
júri. Na semana seguinte foram
novamente tornados públicos os
nomes dos 10 elementos apurados para uma fase de maior
responsabilidade e compromisso, onde a disputa ao lugar no
passeillo de 20 de Fevereiro
ganha já contornos de mais
entrega, valor e sobretudo muita
ambição. Dinis Coruche, Francisco Correia, Francisco Lopes
“Paco Velasques”, Gonçalo
Montóia, Joana Prates, Luís
Cochicho, Manuel Dias Gomes,
Rui Esteves “Serranito”, Sergio
Santos “Lobo dos Santos” e
Wilson Maçarico “Chamaco”,
são os espólio dos dez melhores
que prosseguiram em mais algumas tentas. No dia 30 e 31 de
Janeiro na ganadaria do Eng.º
António Silva e herdade da
Torrinha, de Mestre David Ribeiro Telles e a 2 de Fevereiro
na ganadaria de Vila Galé sai-
ram Francsico Lopes “Paco
Velasques” (Golegã), Gonçalo
Montóia (Santarém), Joana
Prates (Moita do Ribatejo), Luís
Cochicho (Vila Viçosa), Manuel
Dias Gomes (Lisboa) e Wilson
“Chamaco" (Alenquer)”, os seis
ilusionados jovens que vão disputar os troféus na novilhada
final a 20 de Fevereiro no Campo Pequeno. Mas o melhor dos
troféus reservados ao grande triunfador é a sua presença numa
novilhada em Agosto, já trajando de luces naquele mesmo
albero, além de ter já garantido
outros postos em novilhadas a
realizar por empresas aderentes
à iniciativa, assim como o seu
debute em Espanha nalgumas
novilhadas sem picadores, e
com presença já assegurada em
praças como Saragoça ou S.
estoqueando o toiro, afirmando
à posteriori, que o fez tão só
porque quer ser “o melhor
toureiro do mundo”.
Tenho dificuldades em aceitar este tipo de qualificativos
por óbvio, mas se como reza o
portuguesíssimo ditado “querer
é poder”, o francês já evidenciou o que quer e o que pode,
situando-se em plano de exemplo, possuidor de um valor seguro e sereno, que no passado se
reconheceu a Diego Puerta ou
ao nosso sempre estimado conterrâneo José Simões, que me
não canso de referir como o toureiro da minha rua.
São raros os toureiros que
são capazes de dar provas de
tanta umbria, respeito pelo público e vontade de triunfar, e por
assim ser, Sebastian Castella,
merece todo o respeito do mundo, e notem que quem o afirma
e subscreve, é tão só um aficionado que amante que é do toureio da arte, não consegue entender o tourear como uma briga. Tenho dito!
Domingos da Costa Xavier
Sebastian. No dia da grande
final o triunfador irá receber um
traje de luces, oferta de Rui
Bento Vasquez, um capote e
uma muleta oferecidos pelo
matador de toiros José Luís
Gonçalves e o autor do melhor
quite irá receber um capote de
brega oferecido pelo Real Clube
Tauromáquico Português.
O Jornal de Coruche congratula-se por algumas das
ganadarias aderentes pertencerem a Coruche e expressa os
seus votos de importantes triunfos aos participantes nesta feliz
ideia da SRUCP de reeditar o
concurso que há 25 anos catapultou os jovens de então para o
escalafon maior, preparando-se
agora para lançar novos valores
no mundo da tauromaquia.
Joaquim Mesquita
IV
Suplemento de O Jornal de Coruche • Ano 1 - Número 10 • 1 de Fevereiro de 2007
suplemento
Tauromaquia
Torrinha recebe Paco Ojeda Rui Fernandes triunfa
> continuação da página 1
toureou de antologia. Recortes
de uma finura de encanto a lembrar seu Pai. Joãozinho, toureiro
de inspiração que não esquece a
arte de monta da Torrinha. Veio
a pé para “provar pêlo”, mais
pertito do que é hábito. E então
não é que Joãozinho, com a
“muleta em mano” deu nota de
um “Quinta Grande” colheita
especial! Apeteceu-nos gritar
um olé…
Manuel começou, provando
o toureio apeado. Foi uma curta
meia dúzia de passes. Ali havia
arte para encantar. Templado
com o capote, a gosto, como os
Toureiros. A cavalo, depois, exibiu o classicismo que todos lhe
reconhecem. Cuidando terrenos,
incentivando montadas “novas”
à voz de Mestre David Ribeiro
Telles e com o apoio incondicional de João e António, seus
Tios que cuidam da “camada
jovem” com carinho. Se possível for imaginar a Universidade
do Toureiro total, o que ocorreu
na Torrinha neste 1 de Fevereiro
do ano de 2007 é, sem dúvidas,
a imagem perfeita.
Catedrático do Toureiro a pé:
Paço Ojeda.
Catedrático do Toureiro a
Cavalo: David Ribeiro Telles.
João Ribeiro Telles e António Ribeiro Telles, Mestres, com
lugar assente na tauromaquia.
Manuel Ribeiro Telles Bastos e João Ribeiro Telles (Filho)
os continuadores de uma Dinas-
Ciclo de Cinema Francisco Rocha
Decorre em Vila Franca de
Xira, o Ciclo de Cinema Taurino de homenagem ao cineasta
Francisco Rocha, até ao dia 17
de Março de 2007.
O Ciclo de Cinema, organizado por um grupo de aficionados, com a colaboração do Clu-
be Taurino Vilafranquense, iniciou-se com a intervenção do
jornalista João Mascarenhas,
grande amigo de Francisco Rocha, que narrou uma série de
interessantes episódios passados
pelos dois na busca de muitas
das imagens que hoje fazem
parte da História da Tauromaquia portuguesa. Frisou que esta
era uma homenagem há muito
merecida por aquele a quem
apelidou de grande amante da
Festa e da sua Terra.
Luís Capucha, Presidente do
Clube Taurino Vilafranquense,
referiu acima de tudo a importância do trabalho do homenageado, em que revivemos algumas lembranças e dos grandes
momentos que Vila Franca deu
à festa dos toiros.
Na cerimónia de abertura, o
ilustre aficionado José Amador
falou do interesse da obra daquele que se sente vilafranquense genuíno apesar de ter nascido
em Setúbal, realçando também
o notável papel do toiro, do
campo e das tradições taurinas
na alma e Portugalidade de Vila
Franca de Xira.
Francisco Rocha referiu-se
ainda à simpática manifestação,
agradecendo à organização o
cuidado depositado em todos os
feitos. Emocionado e com a sala
de pé, depois de se ter declarado
um apaixonado pelo Tejo pela
Lezíria e pelos toiros, recebeu
uma calorosa ovação daqueles
que tantas e tantas vezes se deliciaram com as suas reportagens.
e debuta em Medelín
Rui Fernandes, no dia 20 de
Janeiro, somou um triunfo em
terras colombianas. Depois de
ter cortado 2 orelhas em Cali, 3
em Manizales, o português cortou a primeira orelha da feira de
Medelín. Lidaram-se 8 toiros de
D. Carlos Barbero, para Rui Fernandes e os matadores Sebástian
Vargas, Cristóbal Pardo e Manuel
Libardo. Com cerca de 9 mil
pessoas na bonita Praça de La
Macarena, Rui Fernandes esteve muito bem nas bandarilhas e
desta vez certeiro com os rojões
de morte. Cortou uma orelha no
primeiro e no segundo o presi-
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dente não lhe concedeu a orelha.
Foi fortemente aplaudido.
Rui Fernandes debutará no
México no próximo dia 11 de
Fevereiro na Monumental Praça
de Toiros da Cidade de Mérida
(Yucatan). Estão anunciados
toiros da ganadaria de Golondrinas para Rui Fernandes, Gastón Santos, o matador francês
Juan Bautista e o matador mexicano Alfredo Ríos “El Conde”.
Toureará no México ainda a 18
de Fevereiro em Matamoros
(Tamaulipas), a 24 em Mazatlán
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•
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suplemento
Tauromaquia
Coordenação de Domingos da Costa Xavier
Este suplemento é parte de O Jornal de Coruche nº 10 de 1 de Fevereiro de 2007
Torrinha recebe Paco Ojeda
João Costa Pereira
– Toureio e arte numa tarde de Inverno
Na Universidade do toureio a cavalo, montou cátedra
uma figura do toureio a pé. A
Torrinha recebeu Paco Ojeda.
Ali esteve para tourear novilhas de tenta e derramar o seu
saber e a sua arte naquela mítica na “arena” do tentadero
Sorraiano.
Algo “pesado” nos seus
cinquenta e alguns anos, mas
cuidando-se como se fosse
tourear a Sevilha. Ao almoço,
escolheu comer frugalmente,
avançando que toureiro tem
que se preparar do mesmo modo, tanto para tourear um “Toiro de Sevilha” ou uma vaca de
tenta. Impressionou aos mais
atentos os seus exercícios de
“aquecimento “. Era um jovem
toureiro que ali estava. Ao
abrir o capote para lancear “ao
vento” sentiu-se o perfume
toureiro que por ali se derramou. Era outra coisa. À mente
vieram as faenas de antologia
que tivemos a sorte de ver ao
Homem/Toureiro que ali estava a escassos metros de nós.
As vacas saíram a investir.
Aliás outra coisa não seria de
esperar dum cuidado de anos
na selecção na divisa JR. Na
tarde, caindo para o anoitecer,
ouvia-se João Ribeiro Telles
“comandando” a tenta… É difícil descrever o ambiente vivido.
Absorvia-se cada passe,
cada movimento do “maestro”
de Sã Luca de Barrameda.
Toureiro feito a ferro e
fogo. Impondo-se já “tardio”,
ninguém nele acreditou até ao
dia. O dia em que brilhou, deixou arte e encanto toureio em
cada uma das tardes em que
jogou frente a toiros toiros. Os
que lhe “lambiam” a “telleguilha” onde os pitons encostavam suavemente perante a qui-
etude de um Homem/Toureiro.
A Universidade da Torrinha recebia lição. Lição toureira de
um Toureiro. Mas, depois, veio
o encanto dos Toureiros da
Casa. António abriu…Senhor
Toureiro, Mestre, Profundo, de
arte e saber assimilados desde
o berço. Encantou, Recreouse, montou cátedra também.
Os juniores actuaram a seguir, Joãozinho Ribeiro Telles,
> continua na página 4
À Procura de Novos Toureiros
O concurso “À Procura de
Novos Toureiros”, uma feliz
iniciativa da SRUCP, gerida
taurinamente pelo matador Rui
Bento Vasquez, que também
ele há 25 anos atrás foi um dos
brilhantes vencedores de idêntica iniciativa. À época, a praça
capitalina era gerida por Manuel Jorge dos Santos, filho do
matador e grande empresário
taurino que foi Manuel dos
Santos, que marcou presença
nas bancadas do Campo Pequeno para assistir ao dia da
aula pratica com reses.
Rui Bento Vasquez e José
Luís Gonçalves, dois dos vencedores desse concurso apadrinham agora o da nova geração
formando o júri conjuntamente
com Maurício do Vale e em
cada tenta realizada o ganadeiro anfitrião desempenha idên-
ticas funções. O início teve lugar no primeiro fim-de-semana do novo ano, 6 e 7 de Janeiro. No sábado, dia 6, apresentaram-se 49 jovens à aula de
toureio de salão, primeiro teste
com a ilusão de serem apurados para o dia seguinte onde
iriam ser novamente avaliados
numa aula prática com reses.
No domingo, 7 de Janeiro, os
28 candidatos seleccionados:
Alexandre Mira, André Rocha,
Augusto Espiga, Cláudio Miguel, David Ferreira, Dinis
Coruche, Duarte Palha, Erica
Rebelo, Francisco Costa Freire Correia, Francisco Lopes
“Paco Velásquez”, Gonçalo
Montóia, Inês Ruivo, Inês Coelho, Joana Prates, João Miguel
Ribeiro “Cuqui”, Luís Cochicho, Luís Ricardo, Manuel
Dais Gomes, Marcelo Ribeiro,
Joaquim Mesquita
Miguel da Cruz, Miguel Murtinho, Pedro Caldeira, Pedro
Brito Sousa, Rui Esteves “Serranito”, Sérgio Santos “Lobo
dos Santos”, Tiago André,
Júlio Antunes e Wilson Maçarico “Chamaco”, enfrentaram
reses de São Torcato que no
geral saíram a dar bom jogo e a
assim proporcionarem uma
excelente tarde aos debutantes
no Campo Pequeno como tam-
II
Suplemento de O Jornal de Coruche • Ano 1 - Número 10 • 1 de Fevereiro de 2007
suplemento
Tauromaquia
Amadeo
S OBRE T OIR OS
Amadeo
em à portuguesa, que
pese embora eu carregar
sangue euro-afro-asiático, nascido que sou em
Coruche, aos pés da santa (e o
seu afilhado…), muito orgulho
tenho na minha portugalidade;
fui dos que suportou, estóico,
duas horas e meia de fila na
Gulbenkian, para gozar e beber
a pintura de Amadeo de Souza
Cardoso, cotejado com alguns
dos seus pares.
Grato, que desde já saúde o
excelente trabalho de Helena
Freitas, curadora que após ano e
meio de trabalho soube concretizar esta belíssima exposição, de sucesso jamais visto na
galeria de exposições temporárias da fundação, ao ponto de
que pela primeira vez em tantos
anos, tenham tido aberta a porta
dia e noite no último fim-desemana (13 e 14 de Janeiro),
com bichas de quatro horas de
espera, o que é obra, e sobretudo inusual, neste país em que
políticos e “média” teimam em
nos estupidificar, no melhor
estilo dos poderes medievais em
que era norma dificultar a
instrução e a cultura para que o
mando se não contestasse, e
mesmo entre os que assumiam
alguma visibilidade (nomeadamente económica) era bom que
respeitassem a regra em vigor,
de que necessário era dividir
para reinar; que se atente na
quase ausência de investigação
jornalística séria na imprensa,
na pobreza de espírito das televisões em horário nobre, e na
“opinião” domesticada, controlada e educada com que os “plurais” comentadores do costume
nos brindam. “Felizmente” como
diria o saudoso Sttau Monteiro,
“há luar”, que escasso é o sol!
Ficou provado, à evidência,
que a grande cultura (a este respeito, que aqui reafirme que,
cultura, na pureza do conceito, é
a adaptação do homem ao meio
natural circundante, como muito
bem me ensinou o jurista e
sobretudo poeta Gabriel Mariano, quando em Coruche tive a
sobeja honra de ser seu aluno).
Em Portugal ainda não morreu,
bastando tão só que a deixem
respirar, para que grite que existe.
Cá por mim, restaurei, quiçá,
o meu orgulho de português, ao
B
– Diálogo de vanguardas
constatar que um homem luso,
em curta vida, conseguiu, tão
só, ser o verdadeiro precursor de
todos os caminhos da arte actual,
ao ponto de que me permita afirmar, sem complexos, sem pudor, e creio que conscientemente, que se tivesse vivido os mesmos anos que Picasso, seria tal-
do “Avant la corrida” (em verdade, um tesouro reencontrado…),
ao mesmo tempo que uma das
chamadas visitas guiadas.
Um grupo, e para mim nestas circunstâncias os grupos são
sempre duvidosos, que fruir arte
é um acto meramente individual, escutava uma menina bo-
de que as “guias” mais não faziam que papaguear as suas instruções (se assim não foi, desde
já sinceras desculpas…), continuando a agradecer-lhe penhoradamente o ter trazido para
nosso prazer a obra, também lhe
agradeço, que de futuro, não
mintam sobra a mesma. Convic-
vez maior que o genial malaguenho, e, note-se que estabeleço a comparação com o pintor
que pessoalmente mais admiro,
até pela sua profunda “afición”
e pelo respeito que carreou para
a Festa de Toiros ao tê-la como
tema de muitas das suas obras.
Ora, é precisamente a afición, que a propósito desta
exposição, me faz vir a terreiro.
Já louvei, e continuo a louvar,
que o trabalho foi notável, a curadora da mesma, mas por reconhecer o seu extraordinário trabalho, é a ela que tenho que cobrar os despautérios.
Depois do “sacrifício” de esperar para entrar na exposição,
de a admirar quadro a quadro
demoradamente, de constatar
(feliz…) que a coisa táurica não
foi indiferente a tal pintor (um
dos quadros, explicitamente documenta a forma como ele viu a
praça de toiros de San Sebastian, sendo que até nele inseriu
visivelmente na composição a
palavra “toros”, o que a identificação em legenda do quadro
mencionava…), eis que me tocou chegar perto ao tão celebra-
nitinha (valha-nos ao menos
isso…!) a debitar parvoíces
sobre a tela, e juro solenemente
que tive de me conter (pois já
estou velho…) para evitar uma
bronca. Onde Amadeo esgalhou
picadores a caminho da praça a
criatura via guerreiros a cavalo e
o quadro, de facto do nosso orgulho porque ao mundo taurino
reporta, foi pela cachopa entendido, como transposição do
agrado pelo medievalismo e seus
valores, que em outras obras o
pintor explanou. Basta…!!!
Helena fez o mais difícil;
achou o quadro, investigou o
seu percurso, soube até que foi
uma das obras vedeta do quase
mítico “Armory Show”e documentou tal facto, deu-nos conta
do proprietário que tantos anos
gozou a obra, e, convenceu o
mundo da arte, que de facto
tinha (e é verdade…) encontrado e recuperado uma obra fundamental do de Amarante.
Tal facto, estimável e inegável valor, não lhe dá contudo o
direito de em nome do politicamente correcto, adulterar a filosofia temática da obra, e, crente
to do que escrevo, até me disponho a esclarecer a senhora
sobre a simbologia táurica expressa (do leque na mão de uma
figura feminina em suposta bancada, às “monteras” explícitas,
ao grupo de aficionados exibindo chapéu à “mazantini”, ao
toureiro de capote pelas costas –
em época em que a peça era
traste e ainda “vestio”, ao homem de lenço andaluz atado à
cabeça, então atributo dos “monosábios” que a garra viria a
substituir, ao trem de cavalos
em que os toureiros exibindo as
suas vestes típicas da função se
fazem à moda antiga transportar
para a praça, etc, etc, que o quadro tematicamente é de invulgar
riqueza.
Tudo o que supra digo, está
lá, objectivamente, basta querer
(e saber…) ver, Muito grato me
foi o constatar tudo isto, até porque a riqueza de pormenores do
quadro demonstra à exaustão
que só pode ter sido pintado por
alguém de facto bom observador e iniciado; constatar que
uma das maiores figuras da pintura do século XX, para além de
Dr. Domingos da Costa Xavier *
antecipar todas as técnicas e
estéticas que outros vieram a
seguir, também deixou expressa
a sua condição de aficionado,
deixa-me feliz. Que me venham
com a treta, face à sua condição
de nortenho de que no norte a
“afición” se não equivale ao sul,
dado que nos seus tempos de
menino, funcionavam no Porto
três praças de toiros (que o
tempo deixou cair), uma outra e
Espinho (a que a democracia
destruiu o miolo…), outra na
Póvoa do Varzim (que, felizmente, a democracia restaurou…) e outra em Viana do
Castelo (que o portuguesíssimo
sentir da família Pereira, até ao
momento, preservou…). Mais
não fora pela arte patente nas
duas obras referidas (mas há
mais, não faltam pormenores de
cor e desenho, em muitas outras
obras que o seu enorme talento
esgalhou…), Amadeo de Souza
Cardoso assumiu-se como aficionado. Gostar de toiros nunca
foi e não é crime, e, não queiram
portanto agora escamotear tal
evidência, antes sim, considerar
o facto como verdadeiramente
inserido na sua matriz intelectual
profunda.
Em verdade, não somos
obrigados a saber de tudo, e
creio que sabendo muito de arte
(sendo bom que se não esqueça
que as tauromaquias são arte tão
efémera que sequer o seu autor
as pode possuir, como um dia
postulou e muito bem o saudoso
Álvaro Guerra), visto que a
assim não ser a exposição não
tinha sido possível, faltou na
interpretação das duas obras
referidas o encarecimento da
sua valia taurina, o que é triste,
dado que apesar da sua universalidade Amadeo fez questão de
proclamar a sua portugalidade,
quiçá o seu iberismo, mas sobretudo o seu amor à festa de toiros.
É triste, e, não o digo ressábiado,
digo-o com muita pena.
Um português de primeira,
aqui e no mundo que soube deixar constância da sua condição
de taurino, é para mim motivo
de orgulho profundo, e, disso quero dar fé, por gosto e por dever.
Amadeo, aficionado, sempre!
____
Médico Veterinário
e Escriba Taurino
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
27
Fevereiro de 2007
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Abril de 2004 à Rede Nacional
Obras já executadas
> As obras executadas dizem fundamentalmente respeito a instalação de grelhas
nas caldeiras das árvores,
reimplantação de sinalização e equipamento, regularização do pavimento da rua
de Santarém e execução de
rampas de acesso a passadeiras.
Obras a executar
OFICINA DE ALUMÍNIO
Marquises, Divisórias para
Escritórios, Persianas,
Estores de todos os tipos
•
Portões Basculantes para Garagens
PEDRO MANUEL VILELAS
Tels.: Casa - 243 619 547
Oficina - 243 679 053
Tlm. 917 305 762
•
Rua do Alto do Marau – Foros do Paúl
2100-039 Coruche
> Continuidade na colocação de sinalização rodoviária com postes em bandeira, nos locais em que a
dimensão do passeio o justifique, pequenas intervenções de correcção da acessibilidade, sempre que o passeio existente tenha dimensão adequada, elaboração
de caderno de normas de
procedimento para execução de trabalhos e projectos,
execução de projectos de
reordenamento urbano e
execução de obra, pequenas
intervenções de correcção
da acessibilidade e continuação dos trabalhos na
Rua 5 de Outubro.
de Cidades e Vilas com Mobilidade para Todos.
Na sequência da adesão à
Rede, foi assinado um protocolo
com a APPLA (Associação
Portuguesa de Planeadores do
Território), no sentido de integrar a mobilidade e a acessibilidade como um vector fundamental nas intervenções no
espaço público e nos projectos a
executar.
Segundo Dionísio Mendes,
presidente da Câmara, “a acessibilidade e a mobilidade são
factores fundamentais no desenvolvimento do homem como ser
humano, pelo que, devem ser
objecto de garantia de respeito
pela igualdade de direitos e
condições. A Autarquia irá executar novos projectos, no sentido de integrar a mobilidade e a
acessibilidade como um vector
fundamental. O objectivo, é
atingir a Bandeira de Ouro nos
próximos tempos. Quero destacar, o trabalho e empenho dos
técnicos e vereador do pelouro
nesta área”, salientou o autarca.
Pedro Ribeiro da Silva,
presidente da Associação Portu-
•
•
•
•
•
•
•
guesa de Planeadores do Território, referiu “estou muito satisfeito com o trabalho da Câmara
de Coruche, em prol da Mobilidade para Todos. O Município
de Coruche, aderiu em Abril de
2004 à Rede Nacional de Cidades e Vilas com Mobilidade
para Todos. Realizou diversas
intervenções no espaço público
e nos projectos a executar. Relativamente ao perímetro urbano
da Vila de Coruche, foi demarcada uma área de intervenção
na qual a Associação executou
levantamento, diagnóstico e
relatório de intervenção”.
Depilação
Tratamento facial
SPA
Electrocoagulação
Laser
Limpeza de pele
Pigmento a todo o corpo
João Louro
Largo Terreiro do Brito
2100-118 Coruche
Tel. 243 675 402
28
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
PENSAMENTOS
O Optimista:
Ingenuidade ou esperança?
8h:12m:06s: Cândido, uma
personagem literária de Voltaire
respondia a todos os males que
lhe aconteciam com a frase
“mesmo assim este é o melhor
dos mundos possíveis”.
Obrigado a deixar a sua amada, o seu reino, o seu país, passando fome, sofrendo os mais
terríveis males e vendo a agonia
alheia, tudo solucionava defendendo que, apesar de tudo, o mundo, tal como é, não podia ser
melhor.
Pois bem. Este mês decidi
converter-me à causa de Cân-dido e esquecendo todos os pessimismos com que vos tenho presenteado, eis-me rejuvenes-cido. Viver é fixe! Os problemas
do homem têm solução, senão
vejamos:
Problema 1) Buraco do ozono: Não se preocupem quando
ficarmos alagados em água. É
da maneira que poupamos dinheiro em idas à praia e à piscina. Basta chegar à varanda, confirmar que não há ondas e mergulhar. Raios ultra-violeta? Qual
quê. Bronze todo o ano.
2) Fome no mundo: Fome?
Ah! Isso é invenção dos telejornais e das seguradoras.
3) Excedente populacional:
Pois, antigamente a culpa era da
falta de televisão e hoje? Hoje é
porque, quer dizer... pois, digamos que... olha é preciso é que
nos demos todos bem.
Escultura na Bienal de Arte de Veneza 2006, denominada “O Riso”
4) Escassez dos recursos
naturais: Quando acabarem, já
cá não estamos, não se preocupem. Entretanto, os cientistas
resolvem.
5) A morte: Pois, quanto a
isso, quer dizer, da maneira que
isto está, Deus deve estar a chegar para levar a malta, o Apocalyptico não é? Hã? Isso é o filme
do Mel Gibson? Ah pois o Apocalypse!
6) A guerra e a ameaça
nuclear: No fundo, no fundo, lá
Prisioneiro do Linhó
apanhado em Coruche
A GNR deteve em Coruche um homem que
se tinha evadido do Estabelecimento Prisional
do Linhó, Sintra, em Junho de 2003, durante
uma saída precária. A detenção foi realizada
pelo Núcleo de Investigação Criminal e a Equi-
bem no fundo, eles são todos
amigos.
7) O terrorismo: Desde que
não subam o preço do molho de
rosas de 1 para 2 euros.
8) Epidemias: É a maldita
da comida de plástico. Há que
regressar às açordas e aos cozidos. Esses “hamburgues” só
fazem é mal.
9) Crise Económica: Qual
crise? Tem é que haver rendimento mínimo.
10) Deus e a religião: Epá,
pelo sim pelo não, acredita-se,
para o caso de ser verdade, ninguém nos pode apontar o dedo.
Ah, sinto-me bem. E não é
que o mundo é mesmo belo?
Que alívio, porquê dramatizar?
Qual ética, qual moral, a natureza humana é íntegra, e os acidentes da história, pois, não
passaram disso mesmo, de acidentes. Pol Pot, Mao Tsé Tsung,
Hitler, Estaline, Hussein, Bush,
lá no fundo não devem ser más
pessoas, mas também se nunca
tivessem existido, teriam sido
melhores ainda. Sinto-me tão
leve que a única preocupação
que tenho é saber quantas telenovelas com os mesmos actores
em diferentes papéis tem a TVI
(Tantos Vermes Indiferentes).
Ontem, antes de me deitar dizia
a mim próprio, “Em pleno século XXI continuamos com as
mesmas questões dos homens
primitivos: Como alimentar to-
Luis António Martins *
da a gente? Quais os mais aptos
para a caça? Qual dos ri-tuais é
o mais adequado (para eles: o
desenhar de figuras ou o gritar
o mais alto possível e ou-tras
coisas mais, para nós o ca-tólico, o islâmico, budista, protestante, hindu...)?”. Enquanto eles
instintizavam a realidade, nós
hoje, racionamo-la. Conclusões?
Chegámos às mesmas...
Mas hoje, acordei romantizado, pensei que, se aguentámos
até aqui, porque é que não havemos de aguentar até além? E
sorri, quando ouvi o despertador
(em substituição da típica palmada no aparelho que uiva sem
parar). Era um novo dia e estava
reconciliado com os homens.
Escrevi este texto antes que
ficasse preso no trânsito e mudasse de ideias, mas deixei
umas últimas linhas para completar quando, no final do dia
chegasse a casa. Isto na esperança (ou na ingenuidade?) de não
mudar de opinião.
22h:36m:59s: Só gostava de
saber quem se apoderou do meu
computado e escreveu es-tas
barbaidades.
P.S. Gritava Eça de Queirós:
O mundo é um vale de lágrimas
em que nos divertimos bastante.
D´acordo. Mas há mais lágrimas ou divertimentos?
____
* Lic. em Filosofia
Foros de Salvaterra
tem novo executivo
– Maria Rosa Nunes preside ao novo executivo
pa de Intervenção de Coruche. O homem deslocava-se numa viatura e estava acompanhado por
outros quatro indivíduos, suspeitos da prática de
alguns roubos.
____
Ladrão de ouro preso
em Coruche
Um homem de 35 anos foi preso por suspeitas de roubo de ouro numa residência em
Coruche. O indivíduo foi detido a 15 de Janeiro
por agentes do Núcleo de Investigação Criminal
da GNR de Coruche, depois de a proprietária da
casa o ter reconhecido. Durante o roubo o homem levou algumas peças em ouro que não fo-
ram recuperadas e que foram avaliadas em cerca
de 500 euros. Depois de ter sido presente ao
Tribunal, o indivíduo, com cadastro por furto e
tráfico de droga, recolheu ao Estabelecimento
Prisional das Caldas da Rainha onde aguarda
julgamento.
____
Realizou-se no dia 26 de
Janeiro, a Assembleia de Freguesia de Foros de Salvaterra,
que confirmou o novo executivo da Junta de Freguesia, devido à trágica morte do anterior
presidente. Assim, o novo elenco do executivo é composto por
Maria Rosa Anica Nunes (Presidente), Fernando Patrício Vidigal (Secretário) e José Luís
Braga Viana (Tesoureiro).
O Jornal de Coruche
um testemunho, entre as 10h15m
e as 10h35m caíram dispersos
alguns flocos de neve. Houve
alguns momentos, em que o fenómeno era um pouco mais
visível.
Recorde-se que, o Concelho
de Coruche, não assistia á queda de neve há 23 anos. Apenas
há registo de queda de neve, no
carnaval de 1983 cerca de 30
minutos, em 1956, no Inverno
de 1945/1946 e no dia 1 de Janeiro de 1937.
JCL
ABRANTES
Nova extensão de saúde
Abrantes passa a ter uma
nova Extensão de Saúde em
São Miguel do Rio Torto,
localizada num edifício con-
Ano 1 - Número 10
•
29
Fevereiro de 2007
REFLEXÕES
Queda de neve
perto de Coruche
Há precisamente um ano,
(29 de Janeiro de 2006), os
Coruchenses assistiram à queda de neve, o que não acontecia há mais de 23 anos.
Durante a manhã de domingo, (28 de Janeiro de 2007),
aguaceiros de neve caíram em
alguns pontos perto da Vila de
Coruche. Eram visíveis “farrapos” de neve, perto de Coruche, que derreteram ao chegar
ao chão. A situação foi originada pela passagem de uma “massa polar muito fria”. Segundo
•
tíguo à Junta de Freguesia, permitindo um apoio médico e de
enfermagem mais eficaz e
próximo daquelas populações.
Referendo ao
aborto
João Costa Pereira
O aborto, as consciências, os alhos e os bugalhos...
O referendo ao “aborto” visa saber o que pensam os votantes sobre o assunto colocado. Ou seja, que os votantes se
pronunciem sobre uma matéria
muito sensível do foro íntimo
de cada um, das suas convicções religiosas e ou morais.
Qualquer votante independentemente da sua convicção
partidária, mais ou menos militante, pode votar em sentido
contrário à “doutrina” oficial
do partido da sua simpatia/militância. Isto, claro está, se predominar nesta matéria uma
TOTAL LIBERDADE de pensamento e de acção.
O melindre da decisão do
voto de cada um vai cair, em
última instância, nas consequências positivas ou negativas para um feto, uma mulher,
um casal ou uma família.
Cremos que é um ultraje à
inteligência dos Portugueses
ser autorizada qualquer tipo de
campanha eleitoral, patrocinada por partidos políticos. Cada
um que se propuser a votar
deve fazê-lo em consciência.
Se lá vai INFLUENCIADO
pela campanha política do
“sim” ou do “não”, então vale
mais estar quietinho em casa.
O seu voto vai ser um engano,
para si próprio e para a sociedade.
Em cima de tudo isto vem
agora o PS “chantagear politicamente” os seus Presidentes
de Câmara e os Vereadores
mais importantes do partido, a
envolverem-se denodadamente
na campanha pelo “sim”.
Argumento; para os líderes
do PS esta é uma votação cujo
resultado é contra ou a favor
do PS. A mistura “explosiva”
de alhos com bugalhos ou o
medo da perda de influência
política por parte do PS?
____
REFLEXÕES
JS de Coruche
debate o aborto
Faltam apenas alguns dias
para o referendo ao aborto, que
se realiza a 11 de Fevereiro.
Em Coruche, o assunto movimenta diferentes opiniões, tal
como aconteceu no passado
dia 21 de Janeiro, quando a Juventude Socialista de Coruche,
organizou uma sessão/coló-
quio, sobre a questão do referendo ao aborto.
Estiveram presentes individualidades e movimentos
que apresentaram as suas razões a favor do “sim”. A sessão
decorreu no auditório do Museu Municipal de Coruche.
JSD de Coruche
já tem um blogue
A Juventude Socialista
Democrática (JSD) de Coruche tem, desde o dia 8 de
Janeiro, um blogue. O site está
à disposição da população, paa
que cada um dos interessados
possa dar a sua opinião ou sugestão. Para aceder ao blogue,
basta que se dirija à seguinte
morada: www.socialdemocracia-coruche.blogspot.com.
Serviço de Passaportes
com novo horário
O Governador Civil do Distrito de Santarém, Paulo Fonseca, informa que os Serviços de Concessão de Passaporte
têm, a partir de hoje, um novo horário de atendimento ao público, passando a funcionar das 9h às 16h30, sem interrupção
à hora de almoço.
A razão
fundamental
para dizer não
ao aborto livre
António Gil Malta
O DOM MARAVILHOSO DA VIDA
A vida não é uma simples
propriedade nossa. É um dom, é
algo que recebemos e cuja
essência nos escapa e nos supera. É uma transcendência.
Apesar da gestação ser um
prodígio que só o ventre materno pode acolher, a mulher não é
absolutamente dona da nova
vida de que é portadora. Não só
porque não é a única progenitora, mas também porque as características do novo ser humano
não foram fixadas e escolhidas
pelos pais. Há algo de divino em
cada embrião que se desenvolve
no útero de cada mãe.
O que pode ou não pode
cada mulher grávida escolher?
Amar ou não amar a criança que
traz dentro de si. Mas se a vida é
dom e, por isso mesmo, é mistério, também é responsabilidade, como escreveu João Paulo
II. Todo o acto livre é ao mesmo
tempo um acto que implica
responsabilidade. E as opções
que nós fazemos é que são de
facto propriedade nossa. Mesmo que no meio de muitas
condicionantes. Que contudo
não apagam a nossa autoridade.
Fazer um aborto mesmo por
razões sociais ou económicas é
agir contra o sentido transcendente da vida, eliminar o que ela
tem de maravilhoso, negar a
possibilidade de um novo sorriso vir ao mundo: quem sabe, de
uma esperança e consolo para
os que sofrem, de um novo talento para as letras, as artes ou as
ciências ou de uma boa alma
que irradie caridade. Porque as
soluções aparentemente mais
cómodas não são necessariamente as melhores.
Com a justificação do aborto
mesmo apenas até às dez semanas (limite que levanta muitas
interrogações, até porque a ciência assinala cada vez mais perto
do momento da concepção a
formação de órgãos vitais, como, por exemplo, o coração),
não se renovam os valores, não
se transforma a sociedade, não
se torna o mundo melhor. Apenas se introduzem falsos remendos, perpetuando as contradições do viver do nosso tempo.
O que está mal é o nosso
egoísmo, a incapacidade de amar
verdadeiramente o outro, elegendo-o como um fim e não
como um meio.
Se descobrirmos nas preocupações, graças, nos obstáculos,
estímulos, e no outro, eu, saberemos reconhecer no incógnito
mas prodigioso feto, a majestade da inocência e o fascínio de
quem está mais perto da fonte
originária do Ser.
____
30
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
NOTÍCIAS DO DISTRITO
SANTARÉM
Governo Civil acolhe
apresentação do Torneio
do Vale do Tejo
Foi apresentado, no passado dia 15 de Janeiro no Governo Civil de Santarém, o
Torneio Internacional de Futebol do Vale do Tejo 2007, organizado pela Associação de
Futebol de Santarém (AFS).
Em conferência de imprensa, os vários responsáveis presentes reconheceram a importância do evento, que vai já na
sua sétima edição. O Governador Civil de Santarém considerou o Torneio como “um
pilar fundamental para construir a visibilidade da região”
e defendeu a adopção de uma
perspectiva colectiva como um
dos factores de sucesso da iniciativa. Esta deve ser uma
“organização que possa envolver todo o distrito (…) para
percebermos que com uma
visão excessivamente doméstica não chegamos a lado nenhum”, afirmou. Por isso mesmo, a edição de este ano apresenta-se com uma inovação. A
presença de selecções estrangeiras vai ser aproveitada para
a realização de eventos paralelos à competição: “Procurámos que não fosse um torneio
de futebol puro e simples (…),
através do envolvimento das
embaixadas dos países que
participam, que vão organizar
um conjunto de eventos que
vão ajudar à promoção internacional do distrito nas suas
diversas vertentes”, explicou
Paulo Fonseca.
de 2007
Para o Governador Civil,
este tipo de iniciativas deve ser
apoiado pelo poder político e,
por isso, o “casamento entre o
Governo Civil e a AFS está
para vingar num futuro próximo”, manifestando a sua disponibilidade total. Paulo Fonseca anunciou ainda a apresentação para breve da segunda
edição da Volta ao Distrito de
Santarém em Bicicleta.
Aproveitando para fazer a
divulgação do Torneio Internacional de Sub-16, dos jogos
de futsal entre Portugal e Israel
e da homenagem a José Torres
(antigo jogador de futebol do
Benfica natural de Torres Novas), o Presidente da Associação de Futebol de Santarém
falou da organização do Torneio, “um dos nossos filhos
queridos”. Segundo Rui Manhoso, este evento, pelos resultados positivos que tem obtido
ao longo dos anos, dignifica o
distrito e o país, sendo agora o
principal objectivo a sua promoção internacional. “Continuando a contar com o apoio
do Governador Civil, podemos
fazer aqui um intercâmbio que
poderá ter o pontapé de saída
no Torneio e ter continuidade
durante o ano”, reiterou.
Todos os jogos do Torneio
realizar-se-ão às 17horas, situação lamentada pelo responsável da AFS, mas Rui Manhoso pretende contrariar este
facto: “Iremos lutar para que
os campos tenham público,
nem que para isso a Associação tenha de assumir mais
algumas das responsabilidades desta organização”.
Da Direcção da Federação
Portuguesa de Futebol chegaram rasgos elogios à AFS:
“Tem feito das tripas coração
para manter este Torneio de
pé”, sublinhou José Cavaco.
Também o seleccionador nacional de sub-21 reconheceu o
estatuto nacional do evento como uma aposta positiva. Para
José Couceiro, esta será uma
oportunidade para a preparação da sua equipa para o Campeonato Europeu da categoria,
mas não só: “Queremos vencer
o Torneio Internacional do
Vale do Tejo”, assumiu.
Em representação das Câmaras Municipais que aderiram, Manuel Jorge Valamatos,
da autarquia de Abrantes, manifestou disponibilidade para
aumentar a internacionalização
do Torneio e agradeceu o apoio
do Governador Civil para uma
maior projecção da iniciativa.
A sétima edição do Torneio
Internacional do Vale do Tejo
realiza-se de 5 a 9 de Fevereiro, nos Estádios Municipais
de Abrantes, Alcanena, Cartaxo e Rio Maior e conta com a
participação das selecções nacionais da Eslovénia, da Estónia e da República Checa.
____
GI-GCS
Governador Civil
recebe crianças e ouve
cantar as janeiras
O Governador-Civil de
Santarém recebeu um grupo de
crianças que lhe foi cantar as
Janeiras. Num momento de
grande animação, houve perguntas de ambas as partes.
Paulo Fonseca recebeu as
crianças do Clube de Aventuras de Santarém da Associação
para o Desenvolvimento Social
e Comunitário de Santarém,
que lhe cantaram as Janeiras e
aproveitaram para pedir novas
instalações. O actual edifício
foi cedido pela autarquia escalabitana e já não apresentam as
condições necessárias, explicaram as responsáveis pelo
Clube. Antes de mostrar o Salão Nobre do Governo Civil,
Paulo Fonseca distribuiu lembranças e colocou algumas
questões sobre o funcionamento da instituição.
As cerca de 25 crianças
mostraram grande entretenimento e divertiram-se com a
presença dos jornalistas.
CULT promoveu
Seminário sobre
Ensino e Qualificação
No âmbito da elaboração da
Agenda XXI da Lezíria do Tejo,
a CULT levou a efeito um Seminário, subordinado ao tema
“Ensino e Qualificação”, que
teve lugar no passado dia 12 de
Janeiro em Santarém, moderado
e dinamizado por Maria Emília
Sande de Lemos, membro do
Conselho Nacional de Educação.
O segundo Seminário, foi
sobre “Acessibilidades, Transporte e Logística”, e realizou-se
no dia 17 de Janeiro, tendo o
terceiro Seminário, sobre o
tema “Ambiente e Património
Natural”, sido realizado no dia
30 de Janeiro.
Ana Leão deixa a Nersant
A jornalista Ana Leão,
responsável pela comunicação externa da Nersant –
Núcleo Empresarial da Região de Santarém, deixa o
seu trabalho após três anos
de intenso e excelente trabalho na divulgação das actividades e noticias daquele
organismo.
Pelas suas qualidades pessoais e profissionais, o Jornal
de Coruche não quer deixar
de manifestar o seu apreço
pelo nosso relacionamento
de 9 meses (a existência do
nosso jornal) e desejar-lhe as
maiores felicidades no seu
novo desafio profissional.
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
31
Fevereiro de 2007
NOTÍCIAS DO DISTRITO
SANTARÉM
TOMAR
Dez municípios de
Santarém com Sistema
de Gestão da Qualidade
Charola do Convento
de Cristo vai ser restaurada
Chegou ao fim, para dez
municípios do distrito de Santarém, o projecto formativo
integrado no programa FORAL, uma iniciativa de formação direccionada para as autarquias, no sentido de implementar um Sistema de Gestão da
Qualidade nos serviços Licenciamento de Obras Particulares.Alcanena, Almeirim, Alpiarça, Azambuja, Chamusca,
Constância, Coruche, Ferreira
do Zêzere, Rio Maior e Santarém são as autarquias que
terminaram um processo de
cerca de dois anos, desencadeado pela Nersant.
Através do programa de
formação, os municípios afirmam ter registado melhorias
significativas ao nível da sistematização de procedimentos
e envolvimento dos colaboradores no cumprimento de prazos e objectivos, o que tem
permitido agilizar processos e
incrementar o grau de satisfação dos munícipes, no que diz
respeito à divisão de Licenciamento de Obras Particulares.
Neste sentido, os municípios
que participaram no FORAL
admitem estender, a médio
prazo, este processo a outros
departamentos.
OURÉM
Nersant divulgou
projectos
Arrancou no dia 18 de Janeiro o ciclo de seminários que
a Nersant efectuou com o objectivo de apresentar alguns projectos a desenvolver pela Associação em 2007, no âmbito da
Formação Profissional e das
Novas Tecnologias. A primeira
sessão teve lugar no Centro de
Negócios de Ourém e contou
com a presença de treze empresários. No âmbito da Formação
Profissional foram apresentados
os Projectos Formação Acção,
InovEmpresa/InovJovem e o
Programa Formação Valtejo. Na
área das Novas Tecnologias, o
destaque foi para o lançamento
da Incubadora Electrónica. Trata-se de um portal destinado a
disponibilizar dados relativos a
incentivos para as empresas do
distrito de Santarém e ferramentas financeiras de suporte à actividade das empresas.
O portal será também um
instrumento de Gestão para empresas em actividade.
O Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR)
e a CIMPOR – Cimentos de
Portugal, assinaram um protocolo para a conservação e restauro do património móvel e integrado da Charola do Convento
de Cristo, em Tomar.
O evento, presidido pela
Ministra da Cultura, Isabel Pires
de Lima, teve lugar na referida
Charola e contou com a presença do Governador Civil, Paulo
Fonseca e os signatários do
IPPAR e da CIMPOR.
A Charola, primitiva igreja
templária do castelo, data da
fundação do Convento e teve
como modelo a mesquita de
Omar em Jerusalém, constituindo um exemplo da atitude dos
Templários perante outras culturas e crenças. É caracterizada
pela busca do saber e assimilação dos conhecimentos de
outras religiões, culturas e civilizações. É um monumento ímpar na nossa herança patrimonial, não apenas pela inusitada
planta octogonal, mas também
pelas campanhas artísticas que
enriqueceram, ao longo
dos séculos, o seu interior.
Conscientes da necessidade da protecção, valorização e manutenção deste
património, o IPPAR e a
CIMPOR assinam o protocolo para a conservação
e restauro do património
móvel e integrado na
Charola do Convento de
Cristo.
A CIMPOR é mecenas
exclusivo para a recuperação, conservação e restauro do monumento, representando o maior montante obtido pelo IPPAR ao abrigo da lei do mecenato cultural.
A sua participação financeira
permitirá devolver a este legado
artístico e cultural único, situado
num dos espaço nacionais mais
visitados e de meios representatividade, a dignidade de que é
credor, ao possibilitar a conclusão de um processo iniciado
em 1988, com fases e campanhas sucessivas de restauro.
A Direcção do IPPAR louva
o empenho e o crescente inter-
esse dos investimentos privados
no património histórico português, representativos da responsabilidade social que o sector privado vem assumindo ao
longo dos últimos 20 anos e que
em muito contribuem para a criação de riqueza nacional. O
Governo Civil de Santarém considera este evento como um
importante passo na valorização
de um dos principais bens patrimoniais do distrito, símbolo da
história e da cultura regionais.
CARTAXO
III Feira de Stocks
Produtos a Preços Baixos
TORRES NOVAS
Rotary International
promoveu Fórum
Cidadania, Ética e Desenvolvimento
Económico Sustentável em debate
O Auditório da Nersant acolheu, no passado dia 18 de Janeiro, o fórum “Cidadania, Ética e Desenvolvimento Económico Sustentável”, o primeiro integrado num ciclo dedicado ao
Desenvolvimento Sustentável e
que está a ser dinamizado pelo
Rotary International.
António Fonseca Ferreira,
Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento
Regional de Lisboa e Vale do
Tejo foi o orador convidado da
sessão de ontem que contou
ainda com as presenças de Pe-
dro Ferreira, Vice-Presidente da
Câmara Municipal de Torres
Novas, e do Presidente da Nersant, José Eduardo Carvalho.
Ética e Cidadania, Educação,
Desenvolvimento de Competências e a Inovação para a Sustentabilidade foram alguns dos
temas discutidos durante Fórum. Os restantes dois fóruns
integrados neste Ciclo realizamse em Lisboa, no dia 15 de Fevereiro e em Sesimbra, a 21 de
Março, sessões estas abertas a
todos os interessados.
____
O Cartaxo recebe, entre os
dias 2 e 4 de Fevereiro, a terceira edição da Feira de Stocks.
Um certame que se tem revelado um verdadeiro sucesso
tanto em termos de adesão de
empresas participantes, como
de visitantes.
A Feira de Stocks funciona
como uma excelente oportu-
nidade para as empresas, sobretudo comerciais, poderem escoar os seus stocks e restos de
colecção. Quem fica a ganhar é
o consumidor que, assim, adquire produtos a preços bastante
mais baixos do que os praticados no mercado.
A 3.ª Feira de Stocks decorre
no Pavilhão Municipal de Expo-
sições do Cartaxo e conta com
expositores nas áreas do calçado, vestuário, têxteis e acessórios moda, entre outros.
Paralelamente irá também
decorrer a Feira do Livro Barato, a primeira que se realiza no
concelho do Cartaxo. O evento
conta com o apoio da autaraquia
e as entradas são gratuitas.
32
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
TRADIÇÃO
Manuel João Barbosa*
Esta notícia é cortesia do “Jornal Folclore”, ao qual agradecemos
Travestir o folclore – Não há rapazes…
Na falta de elementos masculinos, os grupos estão a travestir raparigas para acudir à
falta de rapazes. Afinal, as
danças entre mulheres foram
um rotineiro costume popular
nos bailaricos de outros tempos,
mas parece ser ainda um tabu
dentro de algum movimento folclórico. Estranha-se o hábito e a
postura não é, hoje ainda, entendida por muitos folcloristas (ou
para-folcloristas). O costume
está vivo na memória de muitos,
não sendo necessário recuar
muitas décadas para trazermos
isso à lembrança.
Por que não retratar o tão
vulgarizado hábito popular no
trabalho dos grupos folclóricos,
ao invés de criarem máscaras
que ridicularizam a actividade
folclórica? A sua representação
é valorizada e o singular quadro
etnográfico, tão usual nos divertimentos populares de outrora,
exalta-se. A mensagem tarda e
muitas naus continuam à deriva,
à espera de uma “bússola” que
lhes dê a orientação necessária
para uma chegada a bom porto.
O Jornal de Notícias relatava um destes dias que o Rancho
Folclórico de Nogueira, do concelho de Lousada, lutava com a
escassez de rapazes para integrar o seu “corpo de baile”. Enquanto isso, as raparigas à
espera de ingressar no grupo
estão em lista de espera. “Uma
crise difícil de resolver”, ajuizou
o jornalista. O presidente do rancho, esse, aflige-se com tantas
moças à sua volta. E até já censurou as “cunhas” que as moçoilas lhe metem para lhes arranjar um par! “Mas não lhes posso
valer”, vai adiantando o dirigente, afirmando peremptoriamente: “Não quero mulheres, mas
homens, sem eles não se dança
o vira nem o malhão”, assegura.
Prevendo maiores dificuldades no futuro, os “preparados”
responsáveis pelo agrupamento
de Nogueira arriscam a “formação” entre os bebés da aldeia:
“O pequeno Nuno, que fez 14
meses, é o elemento mais recente, já mexe o corpito e já sabe
erguer os braços ao toque do
violão. Esperamos que não se
canse”, dizem entusiasmados os
cooperantes do grupo.
A solução para resolver a
carência masculina no elenco do
grupo já passou algumas vezes
por iluminadas fantasias: “Já
houve necessidade de vestir a
minha filha como se fosse um
rapaz, pelo menos duas vezes.
Certa altura tivemos uma saída
para um festival no Estoril, um
rapaz faltou e a minha filha vestiu-se de homem. E olhe, ninguém deu fé”, desabafava para o
repórter a mãe de uma bailadora. Eloquente. Como diz o velho
adágio popular, “Quem não tem
cão caça com um gato”. “O
Rancho, fundado em Julho de
1983, pertence à Federação de
Folclore Português”, adianta o
jornalista.
Pelo que se lê no trabalho do
JN, a noção daquilo que deve
constituir representação do folclore, está completamente arredada do projecto de Nogueira.
Porventura não saberão os seus
responsáveis e demais dilectos
colaboradores que as mulheres
sempre dançaram umas com as
outras? Porque não retratam
então esse costume tão usual
entre o povo no seu grupo? E o
vira e o malhão não se dançaram
sem homens, como afirmam? A
regra, pecando pelo rigor, pede
que essas modas sejam então reproduzidas no rancho com os
poucos rapazes que tem. Não
fantasiem as airosas raparigas
de “Maneis” ou “Josés”. Um
bom trabalho de retratação tradicional tem valor igual com uma
ou duas vintenas de participantes como o terá com apenas uma
dezena. Com efeito, um bailarico de outros tempos não deixa-
va de se fazer porque não havia
no terreiro pares suficientes para
a função. Não sendo de estranhar que tão exemplar desempenho folclórico se acoite no regaço
da Federação do Folclore Português, que estatutariamente obriga ao rigor na representação dos
seus membros, afligirá uma
continuada falta de informação
e formação, que continua a flagelar o movimento folclórico,
com graves repercussões no
seio do organismo de Arcozelo.
Lembremos as promessas
feitas em 2001, garantindo então que, após um período de
aperfeiçoamento dos grupos
membros (dois anos), em favor
de uma completa obediência
estatutária (rigor na representação) “todos os grupos federados
teriam de oferecer qualidade a
partir 2004”. Que credibilidade
pode assim oferecer o “carimbo” de “grupo federado” com
exemplos como aqueles que se
desenham em Nogueira?
Algum desencanto já se passeia pelos corredores da instituição, como pelos canais técnicos
nacionais. Vozes bramam de insatisfação e descontentamento.
E de desilusão. Um exigido estado de graça há muito se finou.
Está morto, com declaração de
óbito passada.
Todos sabemos que não havia bailarico de aldeia que não
tivesse abertura com as mulhe-
res, dançando entre si. Só depois
os homens se abeiravam dos
pares femininos e pediam consentimento para dançar. Em
muitos casos, as moças mais
desengraçadas ficavam “condenadas” a nunca ter um rapaz
pretendente a dançar. Bertino
Coelho Martins, etno-musicólogo e estudioso da cultura popular, debruçando-se sobre participação das mulheres nos bailes,
refere num dos seus trabalhos,
há muito editado: “Ao aprofundarmos as memórias das gentes
simples do nosso País, lá encontramos, num lugar bem destacado – junto das mulheres – as
suas expressões cantadas e dançadas nos bailes das aldeias,
com o par do sexo oposto ou com
outras mulheres, enquanto os
homens não se aproximavam”.
São variadas as expressões
populares relativamente ao pedido dirigido a duas raparigas
que formavam um par num bailarico de aldeia, feito por dois
rapazes, variando naturalmente
de terra para terra. “Separar”,
“apartar”, “desapartar”, “partir o
par” e outras. Há mesmo histórias pitorescas que marcavam a
característica popular de determinadas terras, quando às moças convidadas não convinham
os interessados bailadores. A
renúncia era feita algumas vezes
de modo grotesco e mesmo desprezível. Na Glória do Ribatejo,
localidade com tão singulares particularidades culturais, a função
era um “balho”, e a recusa de dançar chamava-se “cabaça”. Nesta
circunstância, o interessado bailador ouvia dizer: “Na balho”.
Aqui, como em quase todo o
Ribatejo (e eventualmente não
só) as moçoilas em plena adolescência não dançavam com os
rapazes, porque se arriscavam a
ficarem namoradeiras na boca
do povo da terra. Por isso sempre dançavam umas com as outras. Ainda nos bailes da Glória
do Ribatejo, entre 30 ou 40 pares de dançadores, sempre mais
de metade eram constituídos só
por mulheres, segundo Rita Pote, responsável pelo projecto do
Rancho Folclórico da Casa do
Povo local. Em Coruche, os candidatos bailadores diziam perante o par de dançadoras: “Querem apartar?”. Lá para os lados
de Monsanto, na Beira Baixa,
dois rapazes dirigiam-se ao par
de raparigas e, com um ligeiro
toque de mão no ombro da moça,
atirava a frase “Dá cá licença”.
Depois de apartadas, cada
um ficava com a rapariga pretendida, diz quem sabe: Joaquim
Fonseca, responsável pelas Adufeiras de Monsanto. Em Marinhais, no concelho de Salvaterra
de Magos, a moça desinteressada no par pretendente a dançar
logo disparava: “na dunço”.
Curiosa não deixa de ser também a forma como as raparigas
em Amiais (norte do concelho
de Santarém) negavam o convite do rapaz: “Tenho gajo”.
Também curiosa não deixa
de ser a forma como se organizavam os bailes em Covas, Argas, Dem e Cerquido, terras da
Serra d’Arga e fraldas circundantes, no Alto Minho. O “filho”
da terra, José Brito, responsável
técnico do Grupo Besclore (Lisboa), conta-nos como eram os
bailaricos na sua região: “Na
Serra d’Arga e fraldas da Serra
d’Arga os bailes ou serões eram
sempre realizados de uma forma muito singela mas deveras
organizada. Por norma, os rapazes saíam ao terreiro e colocar-se-iam em roda, em serrinha, ou em quadra e as mulheres sairiam à vez ao dançador. Não se podia saltar um
homem, isto é, por onde a primeira mulher começasse a formar, as outras teriam de ir,
homem a homem sucessivamente fechando a roda ou serrinha.
Claro que havia sempre mulheres que não iam a terreiro e
que poderiam pegar em moças
(irmãs, sobrinhas, primas),
mais pequenas e dançariam
umas com as outras. Nesta situação teriam que dois homens ir
apartá-las para dançar. Presenciei isso ainda este Verão num
baile em Santo Aginha”, afirma
José Brito.
Na região norte do Ribatejo
o trabalho de pesquisa de Hugo
Leitão, do Rancho de Linhaceira (Tomar), mostra que o termo
mais usual era “as meninas querem apartar?”. E adianta: “As
raparigas olhavam primeiro a
cara dos rapazes e aceite a proposta separavam-se e aceitavam
o seu par. O costume dava origem a brincadeiras quando as
raparigas não queriam aceitar
os pares. À pergunta ‘as meninas querem trocar?’ elas apenas
trocavam de posição uma entre
outra e continuavam, deixando
os pretendentes à dança com
uma nega ou uma ‘cabaça’”.
____
* Director do Jornal Folclore
O Jornal de Coruche
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Ano 1 - Número 10
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33
Fevereiro de 2007
Visita ao sector da produção e da transformação da cortiça começou em Coruche
Deputados da Nação conhecem
Observatório do Sobreiro e da Cortiça
A Subcomissão Parlamentar
de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, através do
grupo de trabalho “Defender o
Montado, Valorizar a Fileira da
Cortiça”, iniciou no passado
Domingo em Coruche a visita
ça, para o futuro.
Para António Amorim o
Observatório é uma mais valia
para a fileira, o homem forte do
Grupo Amorim e presidente da
APCOR dá os parabéns à autarquia. No entanto diz também
mundiais, com uma produção
muito superior à francesa e italiana”, disse Dionísio Mendes
apontando este caso como exemplo da postura mais agressiva
dos agentes espanhóis ligados
ao sector.
da retenção dos factores de produção que constituem a sua
base económica”, realça Mendes que lembra ainda a mu-
dança de cenários dos últimos anos “os investimentos
recentes desvanecem a con-
É uma rede que pretende
juntar entidades públicas e privadas ligadas à fileira da cortiça,
de Portugal, Espanha, França e
Itália, principais países produtores. Havendo ainda a intenção
de desenvolver esforços de coo-
O que é o Observatório
do Sobreiro e da Cortiça?
Assistência com alguns dos deputados presentes
que vai fazer ao sector da produção e transformação da cortiça, durante três dias.
O auditório José Labaredas,
do Museu Municipal de Coruche acolheu os deputados para
uma reunião de trabalho com
Dionísio Mendes, presidente da
autarquia local, Miguel Teles
Branco, presidente da Associação de Produtores Florestais de
Coruche, António Amorim presidente da APCOR, João Santos
Pereira, professor catedrático no
ISA e Salomé Rafael, Vice-presidente do Nersant.
Dionísio Mendes começou
por apresentar pormenorizadamente aos deputados o projecto
do Observatório do Sobreiro e da
Cortiça, um projecto de dimensão e interesse nacional, que a
autarquia quer iniciar já este ano.
Coruche afirma-se cada vez
mais como a Capital Mundial da
Cortiça, para além do Observatório, os números não enganam:
50.900 Hectares de montado de
sobro, 8.400 toneladas de produção média anual de cortiça e
4,7, sim, 4,7 milhões de rolhas
por dia.
Depois da apresentação do
Observatório, a opinião generalizada de todos os participantes
foi de que é urgente potenciar e
estimular o sector e que para
isso é fundamental uma aposta
na investigação e tecnologia. É
aqui que o Observatório do Sobreiro e da Cortiça é apontado
como um importante pólo de
dinamização da fileira da corti-
que é tempo de começar a trabalhar no “recheio” do projecto
“o hardware é excelente, o projecto do edifício onde se vai
instalar o Observatório é muito
bom, mas penso que a partir de
agora é de extrema importância
pensar e trabalhar o software,
ou seja, o que se vai fazer lá
dentro”.
O presidente da Câmara
alertou ainda os deputados
para a importância de saber
defender a cortiça nacional,
num contexto cada vez mais
globalizado, lembrando o
quanto já foi feito pelos vizinhos espanhóis nessa matéria. Lembrou mesmo o episódio que viveu na Catalunha
no passado mês de Outubro,
onde participou numa reunião
preparatória para a constituição de uma Rede Europeia de
Regiões Corticeiras.
O autarca conta que nessa
reunião só estavam presentes
três municípios portugueses,
e que quando se aperceberam, já os espanhóis se preparavam para votar favoravelmente uma proposta de direcção para a tal Rede Europeia,
que colocava a Espanha com
três representantes enquanto
Portugal ficaria apenas com
um, ao nível de França e
Itália. “É claro que travámos o
processo e aquela proposta foi
abortada, exigimos que a representação nacional fosse no
mínimo igual à espanhola, pois
somos os maiores produtores
Trata-se de um projecto que
pretende, entre muitos outros
objectivos, defender e incentivar a cultura do sobreiro; apoiar
projectos de investigação destinados a aprofundar o conhecimento dos problemas bem como das virtudes dos sobreiros e
ao desenvolvimento e melhoramento das utilizações industriais
da cortiça; defender e proteger
as manchas florestais suberícolas; criação de um laboratório
para apoio aos estudos científicos sobre o sobreiro e a cortiça;
a promoção de eventos relacionados com a fileira da cortiça.
Paralelamente ao observatório
do sobreiro e da cortiça, a autarquia de Coruche pretende, ainda, criar um centro educativo
ambiental e um parque temático,
onde as actividades a desenvolver giram em torno do sobreiro
e da cortiça.
A fileira da cortiça tem uma
enorme importância no contexto
local da área deste município,
no entanto, pela dinâmica económica e social que representa
no âmbito nacional e pela sua
relevância a nível internacional,
é nosso entendimento que este
sector de actividade merece
uma atenção cuidada e que é
preciso intervir numa perspectiva de grande envolvência de
empresas e entidades e de grande abrangência na forma e nas
áreas de acção.
Nesta linha de orientação,
esta autarquia entende ser plenamente justificável a concretização efectiva de um objectivo
estratégico: a criação em Coruche do Observatório do Sobreiro e da Cortiça.
Para o presidente do Município de Coruche, “a região possui vantagens competitivas que
se baseiam em factores de produção e de proximidade. Esta
característica intrínseca proporciona-nos algumas vantagens concorrenciais face a outras regiões, não apenas no plano das trocas comerciais mas,
também, no plano da atracção e
Miguel Teles Branco, António Amorim, Salomé Rafael,
Prof. João Pereira e Dionísio Mendes
tradição que existia no concelho de Coruche. Era um
dos Concelhos do País com a
maior área de produção de
cortiça e onde não existia
uma única fábrica para a sua
transformação. Nos últimos
dez anos construíram-se três
fábricas de cortiça e estão a
surgir outras iniciativas que
vão transformar o Concelho
de Coruche num grande centro produtor de rolhas de cortiça. Nos últimos quatro anos
foram criados mais de 150
novos postos de trabalho no
sector…”.
O que é a Rede Europeia
de Regiões Corticeiras?
peração com países do Magreb,
como Marrocos, Tunísia e Argélia, onde existe também alguma
produção.
Um dos principais objectivos desta estrutura é promover
o sector corticeiro e obter financiamentos conjuntos da União
Europeia, para potenciar ainda
mais as características singulares da matéria-prima cortiça.
Nesta lógica de afirmação
nacional e internacional de Coruche, no contexto corticeiro,
destaca-se a participação da
Câmara Municipal de Coruche
na Comissão que vai concretizar
a Rede Europeia de Regiões
Corticeiras.
GI-CMC
34
O Jornal de Coruche
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Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
ECONOMIA
A “minha” taxa de inflação
O título que escolhi para este
artigo pode não parecer estranho
para muitos dos leitores, contudo, os leitores mais familiarizados com os termos económicos
facilmente detectam o abuso da
expressão: a “minha” taxa de
inflação. A inflação é igual para
todos os agentes económicos,
embora essa taxa afecte mais
uns, que outros.
Diz-se que existe inflação
quando estamos perante uma
subida generalizada e persistente do preço dos bens e
serviços de uma economia. Mas
então, porquê este título? Pois
bem, um destes dias em conversa de café com amigos falávamos dos aumentos anunciados
para o início do novo ano.
Comentávamos inclusivamente
que os 2,1% de taxa de inflação
prevista no orçamento do Estado para 2007 era um valor muito
baixo e que dificilmente se iria
verificar no final do ano. Eis que
alguém comenta “pois é, e o
pior é que a minha taxa de inflação é muito superior àquela que
o governo anunciou!” A risada
foi geral. Pelo que já foi dito,
esta afirmação não está correcta,
mas tem a sua razão.
A ideia de que a inflação não
é igual para todos é muito
comum. Normalmente temos
tendência a comparar os preços
dos bens e serviços que consumimos com maior regularidade. É essa percepção que
temos do indicador económico
“inflação”. É normal que quando verificamos que os bens e
serviços de primeira necessidade como os alimentares,
transporte, educação entre outros, sobem acima do valor
esperado para a inflação, temos
tendência em considerar que a
“nossa” taxa de inflação é superior à anunciada. A subida de
apenas alguns bens e ser-viços
não significa necessariamente
que a taxa de inflação esteja a
subir.
Para calcular a taxa de
inflação é utilizado um índice de
preços no consumidor (IPC),
que mais não é que a comparação, todos os meses, dos preços
de um “cabaz” de bens e
serviços. Até 2002, ano em que
entraram em circulação as moedas e notas de euros, o cabaz utilizado em Portugal para medir o
IPC comportava cerca de 700
bens e serviços. Após a entrada
em circulação do euro começou-se a utilizar um cabaz que
contém cerca de 100 bens e
serviços. Este cabaz comporta
menos bens e serviços que o
anterior mas possui bens e
serviços idênticos a todos os
países da zona euro. Passou-se
então a denominar de índice
harmonizado de preços no con-
Lezíria em Rede
A candidatura do projecto
“Lezíria em Rede – 1.ª fase”,
promovido pela CULT, foi aprovada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da
Região de Lisboa e Vale do Tejo.
Esta decisão foi tomada na
reunião do dia 31 de Janeiro, da
Unidade de Gestão do Eixo II do
Programa Operacional da Região de Lisboa e Vale do Tejo.
O projecto contempla a interligação dos edifícios camarários dos Municípios da Lezíria
do Tejo, com recurso a tecnologias de fibra-óptica, nuns casos,
e tecnologias wireless, noutros
casos. Além das ligações, será
também efectuado um investimento muito significativo ao
nível dos equipamentos de comunicações, quer de voz, quer
de dados. Um dos objectivos
principais do projecto é a obtenção de poupanças nas comunicações, através da utilização de
tecnologia VOIP (Voice Over
Internet Protocol), garantindo a
convergência entre as redes de
comunicações de voz e de dados. O montante total de investimento é de 1.933.378 €.
A CULT – Comunidade Urbana da Lezíria do Tejo é constituída pelos Municípios de Almeirim, Alpiarça, Azambuja,
Benavente, Cartaxo, Chamusca,
Coruche, Golegã, Rio Maior,
Salvaterra de Magos e Santarém.
sumidor (IHPC). Assim, só
existe inflação se, por comparação, se verificar, em média, um
aumento do preço do referido
cabaz de compras.
Voltando à expressão da conversa de café, a sua justificação
racional encontra-se numa outra
questão que também tem uma
abordagem económica. A estrutura de consumo.
Engel (1877) demonstrou
que o aumento do rendimento
provoca uma modificação na
estrutura do consumo. Este estudo, pela sua importância, ficou
conhecido pela Lei de Engel.
No seu trabalho identificou 3
categorias de bens: os bens inferiores, cujo consumo desce à
medida que aumenta o rendimento; os bens normais, cujo
consumo aumenta à medida que
o rendimento aumenta, mas proporcionalmente menos e, os
bens superiores, cujo consumo
aumenta mais que proporcionalmente à subida do rendimento.
A estrutura do consumo varia conforme a composição do
agregado familiar: quanto mais
numerosa for a família, maior é
o peso das despesas de consumo
para a alimentação. A idade dos
elementos que compõem cada
agregado familiar constitui também um factor que influencia a
estrutura de consumo: uma
família com uma média de idades elevada tem tendência a
A TAXA DE INFLAÇÃO EM 2006
SITUOU-SE NOS 3,1%
Segundo o Instituto Nacio-nal de Estatística (INE) em
2006, o Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou
uma taxa de variação média de 3,1%, valor superior em
0,8 pontos percentuais face a Dezembro de 2005. O Índice
Harmonizado (com os restan-tes países da União
Europeia) de Preços no Consumidor (IHPC) registou em
2006 um aumento de 3,0% face ao ano anterior. A taxa de
inflação reduz o poder de compra dos agentes económicos. Suponha que em Janeiro de 2006 o seu salário era
500 euros. Imagine que o seu aumento foi de 1,5%, o que
representa um aumento de 7,5 euros ficando então com
um salário nominal de 507,5 euros. Como a taxa de
inflação média durante o ano de 2006 foi de 3,1%, o seu
salário real, aquele que representa a quantidade de bens e
serviços que efectivamente consegue comprar, foi de 492
euros.
ARRAGEST
Gabinete de Contabilidade e Gestão
Escritório:
Telef./Fax: 243 617 501
Telem.: 966 288 506
Rua de Diu, n.º 9 – 2100-144 CORUCHE
Osvaldo Santos Ferreira *
privilegiar as despesas da alimentação, saúde e habitação,
em detrimento das despesas
com o lazer e transporte.
A localização da habitação
do agregado familiar influencia
também a respectiva estrutura
de consumo. As famílias urbanas gastam mais nas despesas
com lazer e transportes que as
famílias rurais. Resumindo, Engel demonstrou que o peso da
alimentação nas despesas totais
de uma família decresce sempre
que o rendimento aumenta.
É precisamente aqui que
reside o pensamento racional
começado no café. Uma família
que não tenha um rendimento
disponível muito elevado, vai
gastar a maior parte desse rendimento na aquisição de bens e
serviços de primeira necessidade. Se, como verificamos no
início deste ano, os aumentos
são precisamente nesses bens,
por exemplo no pão, é infelizmente natural que as famílias
com menores rendimentos notem mais esses aumentos. E é
precisamente por esse motivo
que têm tendência a julgar uma
inflação superior à inflação real.
_____
* Economista
Serviços
de Informática,
Unipessoal, Lda.
Computadores
•
Software
José J. Roque
Assistência técnica:
Estrada da Lamarosa
Gabinete Técnico de Arquitectura e Engenharia
(frente ao centro de saúde)
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Tel. e Fax. 243 679 394 • Telem. 919 731 153
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Apartado 78
2104-909 Coruche
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
I Grande Gala de
Patinagem Artística
do Distrito de Santarém
José Manuel Caeiro *
35
Fevereiro de 2007
I Gala de Patinagem
Artística
13 de Janeiro de 2007
Organização de
“Os Corujas” e da
Ass. de Patinagem
do Ribatejo
Pavilhão Desportivo
Municipal – Coruche
20 Anos
1986-2006
No passado dia 13 de Janeiro realizou-se no Pavilhão
Municipal, em Coruche, uma
Gala de Patinagem Artística,
organizada conjuntamente pela
Associação de Patinagem do
Ribatejo e pelos Corujas –
Ginásio Clube de Coruche.
Esta é a primeira que a
nível distrital se efectuou e o
nosso Clube e a nossa Vila
tiveram o privilégio de serem
pioneiros neste tipo de evento,
uma vez que a partir daqui outras galas se irão organizar
“Embora resida no
Entroncamento, é com
muita vontade que venho a
Coruche, desde há
quatro anos duas vezes por
semana, treinar as atletas.”
“É motivo de orgulho
receber a primeira Gala
de Patinagem do distrito.”
“Tenho o apoio dos
dirigentes do Clube e pais
das atletas.”
“Estamos satisfeitos com a
presença de cerca de 500
pessoas na assistência.”
M.ª Joaquina Jesus - Treinadora
Luís Marques - Presidente
A Equipa de Patinagem Artística dos Corujas
“É uma forma de divulgar
a modalidade e dar
a conhecer os Corujas.”
noutros locais do Distrito.
Para uma organização desta
envergadura, que colocou em
pista cerca de 200 atletas e que
se pautou pelo sucesso, uma
vez que o Pavilhão encheu e os
comentários ouvidos foram
muito favoráveis, muito
contribuíram todos os
envolvidos, desde os
representantes da Associação, a Direcção do
Clube, os Pais das nossas atletas que em massa apoiaram o evento
bem como as entidades
que se associaram no apoio
e na divulgação do evento.
Com tantas boas vontades
envolvidas a festa só poderia
ter sido o que foi. Um sucesso!
Esperemos que mais e mais
atletas de todas as idades nos
procurem para podermos fazer
mais para eles e por eles.
Deixando um pouco este
tom mais entusiasmado, passo
a referir que estiveram presentes representantes dos seguintes Clubes: Clube Desportivo
de Torres Novas, Associação
Cultural e Recreativa de Santa
Cita, Clube e Natação de Rio
Maior, Hóquei Clube “Os Tigres de Almeirim, União de
Futebol do Entroncamento,
Hóquei Clube de Santarém,
Sporting Clube de Tomar, Juventude Ouriense e “Os Corujas” – Ginásio Clube de Coruche.
A nossa equipa foi composta pelas seguintes atletas: na
CarolinaCoutinho, Ana Isabel
Rita, Ana Lúcia, Ana Ríta
Pereira, Bárbara Ribeiro, Beatríz Matilde, Carolina Pires,
Catarina Rosado, Clara Mesquita, Inês Ferrão, Joana Dionísio, Laurine Mesquita, Maria
Filipa Oliveira, Sara Balcão,
Sara Dionísio, Sofia Ruivo,
Teresa Rita e Vanessa Tadeia.
De referir aqui, porque é de
elementar justiça, que se a
nossa secção de Patinagem
Artística tem hoje a pujança
que tem, isso deve-se à competência técnica da treinadora
D. Joaquina de Deus (Quina) e
também ao seu grande empenho pessoal e ainda aos responsáveis pela Secção.
Valeu a pena o esforço feito
por todos, uma vez que quando
se tem êxito e tinha que o ser,
estamos todos de parabéns.
Bem Hajam!
____
* Dirigente Desportivo
Fotos de João Carlos Louro
36
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
NA ROTA DAS FREGUESIAS
A Freguesia da Branca
em entrevista a Francisco Guilherme Godinho,
Presidente da Junta
Francisco Godinho, actual
presidente da Junta de freguesia da Branca, está a completar
o 4º mandato. Foi eleito como
independente nas listas da
CDU e durante os quatro mandatos obteve sempre a maioria
absoluta. Foi abordado e contactado por outras forças políticas, mas por uma questão de
ética, manteve a tradição e
lealdade à CDU.
O autarca mostra-se preocupado com a população idosa
da freguesia e adiantou que é
necessária a revisão do PDM
para fixar os jovens. O saneamento básico e o abastecimento de água são necessidades
prementes, além da conservação de estradas e arruamentos.
Francisco Godinho afirmou
que, não faz sentido as localidades de Malhada Alta e São
Torcato estarem englobadas na
freguesia de Coruche, porque
ficam mais próximas da freguesia da Branca.
___
JC – Que balanço faz dos
mandatos, como presidente
da Junta de Freguesia da
Branca?
FG – Sem dúvida, que faço
um balanço positivo. A prova é
que fui eleito pela população
ao longo de quatro mandatos e
sempre com maioria absoluta.
Ainda há muito por fazer na
freguesia, mas como sou ambicioso e exigente tento sempre
dar o máximo em prol da população. Estou a completar treze
anos como presidente de Junta
e muitas vezes é difícil conciliar a minha vida particular com
a de Presidente de Junta.
JC – Como surgiu a hipótese de abraçar a vida de autarca?
FG – Devido à minha vida
profissional estava longe de vir
para a política autárquica. Há
treze anos fui convidado por
forças partidárias, mas acabei
por aceitar o convite da CDU.
Foi a única força política que
meteu as cartas na mesa e
aceitou as minhas condições.
Sabe que um autarca ao dar a
cara, tem de ter o respeito da
população e vice-versa. E, sem
dúvida, a CDU deu-me condições e garantias até ao momento, daí manter a tradição apesar
de convites doutras forças partidárias, o que muito me orgulha.
JC – A Cultura e Desporto
são importantes na freguesia?
FG – Sem dúvida! Repare,
neste momento a Juventude
União Figueirense é o embaixador do próprio concelho no
futebol distrital. Uma colectividade da freguesia que merecia outro tipo de apoio e atenção por parte dos eleitos na Câmara. A Junta dentro das suas
limitações, tem dado o apoio
previsto. Repare, há muito tempo que se fala em piso sintético
no campo de jogos, mas até ao
momento é uma miragem. Sou
sócio do Figueirense e tenho
alguma tristeza, quando vejo
os atletas a praticar desporto
num pelado.
Em relação a outras colectividades, felizmente vão mexendo e fazendo pela vida,
apesar da crise no associativismo. O Rancho Folclórico da
Branca, é uma colectividade
que continua activa e representa de forma ímpar a freguesia.
De norte a sul do País, levam o
nome da freguesia da Branca.
Existe o Centro Social, junto à
sede da Junta, que é usufruído
por várias colectividades e pela
população, mas o espaço em
frente é da Paróquia e deveria
ter outra imagem, deveria existir uma requalificação. Na freguesia, continuamos a manter
as tradicionais festas anuais,
cujo modelo é agora assegurado pelas colectividades.
JC – A divisão administrativa do território está bem
elaborada?
FG – Tenho dificuldade em
responder, veja este exemplo,
as localidades da Malhada Alta
e São Torcato pertencem à freguesia de Coruche, mas na realidade estão mais próximas da
freguesia da Branca. Não faz
sentido. No ano passado cheguei a transportar alunos da
Malhada Alta e São Torcato e
diziam-me “você é o nosso
presidente?”. Tive de responder que não, porque pertencem
à freguesia de Coruche. Pela
minha parte, até recebia de
braços abertos a população
destas localidades se a divisão
do território fosse uma realidade. Dou-lhe outro exemplo,
as Fazendas das Latadas, que
pertence ao Montijo. As pessoas
trabalham na Branca, fazem a
sua vida na Branca, e estão
desmotivadas em pertencer ao
Montijo. Realmente, não faz
sentido, porque estão muito próximas da freguesia da Branca.
JC – O saneamento básico
e abastecimento de água está
completo na freguesia ou
existem lacunas?
FG – Na parte do abastecimento de água ainda não estamos nos cem por cento, e em
relação ao saneamento básico é
de facto uma preocupação. Faz
falta uma ETAR, porque as
pessoas se queixam constantemente. Somos a freguesia onde
o saneamento básico não passa
do papel, sendo urgente resolver a situação. Temos 117 Kms
de estradas de terra batida,
muito dispersas e com muitas
linhas de água. Com um Inverno rigoroso, como o actual, a
DESCRITIVO DA FREGUESIA
Desde muito antes da criação da freguesia em 1984 que
eram desenvolvidos os maiores esforços nesse sentido,
pois já em meados do século XX existia aqui um núcleo
populacional muito importante.
A povoação de Branca terá evoluído do trato aforado e
da sesmaria, sendo os seus foros do final do século XIX. A
sua população inicial cresceu rapidamente, dando origem a
um denso aglomerado na época em que o modelo de
povoamento seguido era junto de uma estrada e nas proximidades de uma locanda comercial, com carácter de hospedaria.
Um dos muitos motivos de interesse desta freguesia centra-se na Herdade das Figueiras e sua capela. Em 1949,
Gustavo Matos Sequeira incluiu-a no Inventário Artístico de
Portugal: “Casa e propriedade rústica, na charneca de Coruche, pertenceu ao Sr. D. Jorge Machado Castelo Branco
(Figueira). Centro de um aglomerado característico, dando
o tipo dos núcleos de habitação regional. Junto à casa de
lavoura está uma ermida dedicada a Santa Maria”.
Orago: Nossa Senhora da Conceição
Actividades económicas: Agricultura, indústria e exploração de madeiras e fábricas de cogumelos
Património cultural e edificado: Capela da Branca,
Herdade das Figueiras: Capela e Casas Senhoriais
Gastronomia: Cozido à portuguesa, ensopado de borrego e arroz doce
www.cm-coruche.pt
Igreja de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da Branca
O Jornal de Coruche
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Ano 1 - Número 10
•
37
Fevereiro de 2007
Edifício da Junta de Freguesia da Branca
situação torna-se lamentável e não
damos conta do recado, apesar de todas
as máquinas em serviço.
Em relação a estradas com alcatrão,
na freguesia são poucas as que têm
esse privilégio. Temos apenas 7 Kms
de estradas alcatroadas, numa área de
117 Kms, pelo que é mais fácil divulgar as estradas alcatroadas.
JC – A freguesia tem uma população bastante idosa, é uma preocupação da sua parte, criar boas condições no futuro?
FG – Realmente, somos uma
freguesia com uma população envelhecida. Veja por exemplo, em termos de
transporte para Coruche, onde as pessoas se deslocam para consulta médica.
Existe apenas um autocarro da
Ribatejana que sai às 7 da manhã e
chega à noite. As pessoas idosas, não
têm dinheiro para gastar em táxi, daí
terem dificuldades nos transportes, tornando-se muito complicado. Deveriam
existir diversos horários de transportes
públicos, já fizemos sentir este problema à empresa Ribatejana, mas não
obtivemos resposta. Em relação ao
apoio aos idosos, que é a nossa prioridade, sem dúvida que existem problemas complicados na freguesia. É
necessário um Centro de Dia ou um
Lar de Idosos com outras dimensões e
com maior capacidade de resposta.
JC – Em relação à estrada nacional 251, o cenário de degradação
mantem-se!?
FG – Triste e lamentável esse
cenário da Estrada Nacional 251.
Temos este “cancro” a atravessar a
freguesia da Branca,que deveria ser
resolvido pelas Estradas de Portugal.
Não há memória, existe falta de bom
senso e respeito pelas populações por
Escola primária da Branca
C / Alvará
•
•
•
•
Electricidade Geral
Electrodomésticos
Ar Condicionado e Frio Industrial
Sistemas de Bombagem e Regas
Tel. 243 606 146 – 243 606 261 • Fax 243 605 017
Tlm. 937 266 568
Rua Principal – 2100-607 Branca CCH
parte dessa entidade. Uma ligação
prioritária como esta, não pode ter este
cenário, apesar das tomadas de posição
dos autarcas do Concelho e da população que sofremos na pele este dilema.
Mas, até ao momento os responsáveis
fizerem ouvidos surdos e não resolvem
o problema da estrada que se arrasta há
anos.
JC – O actual PDM está a penalizar a freguesia?
FG – Sem dúvida. É urgente a revisão do Plano Director Municipal para
fixar os jovens na freguesia. Repare,
face ao actual PDM, os jovens querem
construir habitação, mas como alguns
terrenos pertencem à Reserva Agrícola
Nacional não podem construir. Daí,
terem de procurar outras localidades
para construírem as suas habitações.
Veja, a freguesia da Branca é constituída por foros, os herdeiros dividem
esses foros em partes iguais, mas num
ou em dois lotes de terreno não podem
construir habitação.
Este é o grande problema na freguesia, é necessário a revisão do PDM,
para cativar os jovens a fixarem-se na
freguesia. Repare, a freguesia da
Branca tinha muita procura por parte
de Lisboetas, mas quando se confrontaram com o PDM, foram adquirir
terrenos noutras freguesias.
____
Entrevista de
João Carlos Louro
JUNTA DE FREGUESIA
DE BRANCA
A Junta de Freguesia da Branca
apoia a Cultura e o Desporto.
Largo da Liberdade
2100-607 BRANCA
Telefone: 243 606 116 – Fax: 243 606 117
E-mail: [email protected]
Horário de funcionamento
Todos os dias úteis, das 09:00 às 12:30 horas e
das 14:00 às 17:30 horas
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O Jornal de Coruche
CINEMA
Passados 60 anos do fatídico
dia (28 de Agosto de 1947) da
morte de Manuel Rodriguez
Sanchez “Manolete”, chega às
salas de cinema, ao longo deste
ano, o filme sobre a sua vida,
intitulado “Manolete”.
Realizado por Menno Meyjes, “Manolete” tem como protagonista Adrien Brody (vence-
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Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
Manolete
dor do Óscar de melhor actor
pela interpretação em “O pianista”) que encarna o matador
de touros, e conta com a participação de Penélope Cruz como
Lupe Sino, o amor proibido de
Manolete. É em torno desse
amor “quase proibido” que se
baseia o filme. Lupe Sino nunca
fora aceite nem pela família do
Assine a Subscrição Pública
Disponível nos locais assinalados e no site
www.ojornaldecoruche.com
www.ojornaldecoruche.com
toureiro (sobretudo pela mãe,
Doña Angustias) nem pelos aficionados e seus seguidores.
Vivia-se numa Espanha pósguerra civil e, naturalmente, as
marcas dessa época faziam-se
ainda sentir pelo que, dentro das
Praças de Touros, não era diferente. Aqueles que apoiavam o
regime de Franco eram os
apoiantes de Manolete. Eram os
ricos e ocupavam os melhores
lugares nas Praças enquanto que
os republicanos, os pobres, se
limitavam aos lugares piores.
Ora, Lupe, além de ser actriz e
cantora (presença assídua do bar
Chicote, local onde se conheceram, e considerada “una chica
Chicote”) era republicana. Divergências que não permitiram
que Doña Angustias aceitasse
que o seu filho vivesse em pleno
esse amor. Excepção feita quando o toureiro fazia a temporada
pelas arenas sul-americanas.
No filme assiste-se aos últimos sete anos da vida do matador e recorda-se, inevitavelmente, o dia 28 de Agosto de
1947. O dia em que, na praça de
Linares com dez mil aficionados, Manolete, vestindo o seu
traje de luces rosa, foi colhido
por “Islero”, o quinto toiro da
tarde, um Miúra com 495 quilos. Um gesto mais demorado
numa faena perfeita, até então,
fez com que “Islero” lhe perfurasse a coxa direita, um rasgo
de 20 centímetros e que, consequentemente, lhe tirasse a vida,
já no hospital.
A preparação para encarnar
o matador de touros levou Brody a aprender algumas técnicas
do toureio e aplicá-las tourean-
do vacas. O actor contou com a
ajuda de vários toureiros espanhóis, sobretudo de Espartaco e
dos irmãos Rivera Ordóñez. Tão
importante como aprender a utilizar o capote ou a vestir o traje
de luces foi essencial que, segundo a opinião de Espartaco,
Brody entendesse a vida dos
toureiros, as emoções, as preocupações, os rituais vividos antes, durante e após uma actuação. E, sobretudo, como enfrentar o medo. O actor parece ter
passado com distinção neste
exame uma vez que a sua performance é brilhante. Outro
facto importante de registar é a
parecença física entre o actor e
Manolete que é, por demais,
evidente. Acresce ainda um
olhar entristecido que é natural
em ambos, uma mais valia que
torna ainda mais credível o
excelente desempenho do actor.
Um filme a não perder!
Telma Leal Caixeirinho
Monte da Barca – Apartado 122
2104-909 CORUCHE
Telef. 243 610 600
Fax 243 610 602
O Jornal de Coruche
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Ano 1 - Número 10
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Fevereiro de 2007
ARTE E CULTURA
A arte da falcoaria em livro
Uma obra de indiscutível
interesse cultural “A Arte da
caça de Altenaria”, escrita
por um grande caçador do
século XVII, Diogo Fernandes Ferreira, ficou indissociavelmente ligada a Coruche,
não só através do contributo
que até agora tem sido dado
pelos praticantes desta modalidade, entre os quais se
contam tantos coruchenses,
como também porque a edição da obra, se ficou a dever
bastante aos apoios conseguidos em Coruche e Salvaterra de Magos por Alfredo
Gonçalves Ferreira e José
Carlos Correia, membros activos da Associação Portuguesa de Falcoaria.
A cerimónia de lançamento desta obra, cuja edição
contou com um elucidativo
prefácio da Dr.ª Natália Correia Guedes, antiga Secretária
de Estado da Cultura, decorreu no Palácio da Ajuda, onde
muitos dos falcoeiros portugueses conviveram com curiosos e apreciadores do belíssimo espectáculo que a prática desta modalidade proporciona, sustentando no braço
os magníficos falcões com
que habitualmente caçam e
que com cada um deles forma
uma dupla singular.
Mas o que é a Altaneria? É
uma antiquíssima forma de
caçar a céu aberto com auxílio de aves de rapina, e que
conheceu ao longo dos tempos diferente intensidade de
práticas e praticantes. Distinguindo-se duma outra forma
de caçar, a Montaria, esta,
como o nome indica, praticada nos montes e bosques
onde “as feras” se escondiam,
e que se praticava sobretudo
com o auxílio de cães, como
ainda hoje acontece.
Os que estudaram e historiaram este costume cinegético da Altaneria, ou da Falcoaria como tantas vezes é chamada, consideram-no, e nós
concordamos com a justiça
da opinião, uma Arte. Uma
arte que requer um sem número de qualidades do caçador, melhor diríamos da dupla de caçadores: do Homem
e da ave que treina e educa
para esta finalidade venatória.
Assim, a captura, criação
e ensino de aves de rapina
não as retira da natureza, à
qual trazem o equilíbrio que
se conhece. Antes permite
que estas continuem a contribuir para o equilíbrio natural do meio ambiente proporcionando ao caçador-homem,
um espectáculo de grande
beleza.
Sabe-se que já antes da
fundação da nacionalidade
era praticada na Península
Ibérica, conhecendo-se tratados deste costume escritos
nos séculos VIII e IX por caçadores árabes, grandes praticantes desta caça, como o
foram Ghatrif ou
Moamim.
Sabe-se de vários
portugueses escreveram mais tarde
sobre o mesmo tema, mas apenas um
“Livro da Falcoaria”, escrito cerca de
1380 por Pero Menino, caçador do
nosso Rei D. Fernando I, chegou até
nós. Logo traduzido
nesse mesmo ano
para castelhano por
Pedro Lopez de Ayala, vem a constituir a
essência do que Diogo Fernandes Ferreira, caçador de
Dom António, Prior do Crato,
vem a desenvolver na sua
“Arte da Caça da Altenaria”
que se torna, como no início
dissemos um clássico deste
antigo costume cinegético.
A recente edição, parte
daquela que em 1899 o geó-
grafo e cientista, Dr. Luciano
Cordeiro deu à estampa integrada na Biblioteca de Clássicos Portugueses, mas que
há muito se encontrava esgotada.
Com a grafia do seu texto
actualizada, a edição que
agora surgiu foi enriquecida
com ilustrações do “falcoeiro-
João Alarcão Carvalho Branco *
-artista” Carlos Crespo, algumas das quais aqui reproduzimos.
O motivo do seu lançamento deveu-se à constatação, internacionalmente reconhecida de que esta obra, inicialmente publicada há 400
anos reunia ensinamentos
que permaneciam absolutamente actuais.
Ensinamentos que aliás,
em boa hora, Nuno Sepúlveda Veloso, o decano português dos falcoeiros do século
XX, soube transmitir a um
grupo de jovens que estiveram na génese da formação
da Associação Portuguesa de
Falcoaria.
A aquisição do edifício do
Séc. XVII onde esteve sediada a antiga Falcoaria Real de
Salvaterra de Magos, cuja
reutilização se tenta impulsionar, a Exposição “Falcoaria Real” realizada em 1989
no Museu Nacional dos Coches, demonstrando a sobrevivência de antigas peças significativas desta velhíssima
prática peninsular, a constituição da Associação Portuguesa de Falcoaria, em 1991,
e, em 1997, a organização da
Falcoaria Real de Alter do
Chão, no âmbito da Coudelaria de Alter, foram passos
certos para evitar o desaparecimento desta Arte venatório, contribuindo, assim,
para o enriquecimento consciente do nosso Património
Histórico e Cultural Português.
Está por isso de parabéns
a Associação Portuguesa de
Falcoaria, sendo compreensível que, de entre os seus
membros, destaquemos o Dr.
Alfredo Gonçalves Ferreira
(na foto com o seu filho) e os
coruchenses que com ele
contribuíram para que o conhecimento deste Livro se
não perdesse.
____
* Historiador
Fracasso das “Águas do Ribatejo” é culpa de Santarém
O fracasso do projecto
“Águas do Ribatejo”, uma
iniciativa de vários municípios que devia garantir o
saneamento e fornecimento
de água aos concelhos da região, deve-se, segundo a distrital de Santarém do Bloco de
Esquerda, à Câmara de Santarém. “Falta de coerência, solidariedade e responsabilidade” são algumas das acusações feitas pelo BE ao PSD e
à CDU por terem recusado
entrar no projecto multimunicipal, inserido na Comuni-
dade Urbana da Lezíria do
Tejo (CULT).
Segundo o BE a decisão da
autarquia prejudica mesmo a
população de toda a região,
que assim assistirão a sucessivos atrasos na “resolução
dos graves problemas de
abastecimento de água e saneamento básico”.
Em consequência, o projecto perdeu viabilidade económica, já que estava prevista
a constituição de uma empresa com maioria de capital das
autarquias e que iria gerir to-
dos os investimentos nesta
matéria. A autarquia, que
optou por não participar na
nova empresa, e em Dezembro, justificou a decisão com
a “precariedade financeira”
que “herdou” dos executivos
socialistas anteriores.
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O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
PEQUENO REPÓRTER
Escola Básica n.º 1 de Coruche foi ao Teatro
No dia 19 de Janeiro os
cerca de 300 alunos da Escola
Básica n.º 1 de Coruche foram
ao Teatro assistir à peça “O
Principezinho”, um espectáculo de Filipe La Féria baseado
no livro de Antoine de Saint Exupéry.
As crianças juntaram-se
todos no Parque do Sorraia às
8h 20m, foram todas identificadas e seguiram nos 6 autocarros para o Teatro Politeama.
Mas como a fome apertou
pararam na área de serviço da
Ponte Vasco da Gama para um
breve lanche.
Os autocarros pararam no
Rossio e as crianças seguiram
até ao Teatro onde assistiram à
peça protagonizada por Hugo
Rendas no papel de aviador e
Martim Penedo no papel de
Principezinho.
Esta é a história do menino
que vivia num asteróide, com
os seus vulcões em miniatura,
tinha uma linda rosa vermelha
e usava um longo cachecol a
flutuar ao vento. Um dia ele
resolveu viajar e visitou a Terra
onde encontrou um grande
amigo, que depois contou a
história desse menino.
Todas as crianças gostaram
do espectáculo e no final voltaram todos ao seu Planeta –
Coruche. Mas, para brincar e
almoçar voltaram a parar no
Planeta da Galp e fizeram um
grande piquenique, chegaram
ao nosso Planeta à hora marcada, cansados, felizes, e, …
todos!
____
As jornalistas da E.B. 1 Coruche 1
Mª Ribeiro Telles,
Mª Rosário Teixeira, Sara Rafael,
Francisca Salvador, Joana Santos,
Francisca Mª Teixeira,
Ana Cristina Silva,
Filipa Carvalho
Resultados Obtidos em Janeiro
Natação
7 de Janeiro / Coruche –
Jornadas de Hidroginástica
Decorreram no período da
manhã as “Jornadas de Hidroginástica”. Esta foi a primeira
vez que a Escola de Natação
Búzios (ENB) participou numa
competição desta natureza, com
uma coreografia de 10 elementos que embelezou este festival.
De notar a pouca adesão das
outras Escolas do
nosso distrito, pois
para além da nossa
escola apenas participou a Escola de
Natação de Salvaterra de Magos.
7 de Janeiro /
Coruche – Festival
de Inverno Escolas
Destinado
a
atletas não federados, esta competição foi um sucesso
pois a ENB foi pelo terceiro ano consecutivo a escola
com mais participantes. Para além
da forte adesão que
permite “Competição para Todos”,
também de referir a
boa qualidade técnica dos nossos atletas. Digno de referência
foi a distinção atribuída pela
Associação de Natação do
Distrito de Santarém (ANDS) à
ENB pela sua colaboração na
realização destes festivais.
12 a 14 de Janeiro / Tomar Campeonato Regional de Categorias de Inverno
O grande momento desta
primeira fase da época foram os
“Campeonatos Regionais de
Categorias de Inverno”, onde a
BÚZIOS – Coruche participou
com 8 atletas. Tendo conseguido 17 medalhas, 3 de ouro, 5 de
prata e 9 de bronze. Os medalhados foram Carina Pedro (6),
João Pedro (6), João Carlos (3) e
Adriana Lopes (2). Destacamos
ainda o resultado de João Pedro
aos 100m Livres na categoria de
Infantil com um resultado de
1’00’56, tornando-se Campeão
Regional e conseguindo tempos
para os Campeonatos Nacionais
a realizar em Faro no mês de
Julho, juntando-se desta forma a
João Carlos que também já
tinha marcado presença nesta
competição nos 100m Bruços.
20 de Janeiro / Samora
Correia – IX festival SFUS
No dia 20 de Janeiro decorreu em Samora Correia o IX festival da SFUS, onde a BÚZIOS
– Coruche participou com 8 dos
seus atletas mais jovens. O principal objectivo desta competição era conseguir tempos para
os Regionais de Verão, o que
Tatiana Simões (100m Mariposa, 100m Bruços e 100m Livres),
Mário Amorim (100m Mariposa
e 100m Livres) e Francisco Silva
(100m Bruços) conseguiram.
21 de Janeiro / Abrantes – 2ª
Etapa do Circuito Cadetes
Decorreu em Abrantes a 2ª
Prova do Circuito de Cadetes,
onde a BÚZIOS – Coruche se
fez representar por 9 atletas,
sendo 3 estreantes (Ana Monteiro, Liliana Henriques e Pedro
Formigo). Relativamente aos
restantes elementos da equipa
destacamos a evolução compe-
titiva dos nossos atletas comparativamente com a primeira
competição em Ourém.
Triatlo
A época desportiva de Triatlo iniciou-se em Dezembro,
este ano com 10 elementos, sendo alguns estreantes. A equipa
irá realizar 5 treinos semanais (2
de água, 2 de corrida e 1 de bicicleta), com o objectivo de participar no maior número possível
de provas.
Natação Sincronizada
Os grupos foram definidos e
os esquemas estão a ser elaborados e trabalhados com o objectivo de participar nas demonstrações que se aproximam.
Pólo Aquático
A BÚZIOS – Coruche está a
participar na organização do
Campeonato Distrital de Pólo
Aquático, que se deverá iniciar
em Maio de 2007.
____
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
41
Fevereiro de 2007
LAMAROSA
Casa do Benfica de Santarém
XIII Prova de Vinhos
Com 3 Campeões
de Portugal da zona centro
A Junta de Freguesia de São
José da Lamarosa organizou no
passado dia 20 de Janeiro, no
Centro Social da Freguesia de S.
José da Lamarosa, uma magnifica prova de vinhos que contou com inúmeras participantes,
tendo sido uma tarde de são
convívio sob o olhar atento de
Baco. Excelente iniciativa da
Junta da Lamarosa e do seu
Presidente.
No passado dia 21 de Janeiro de 2007 realizou-se em
Coimbra o Campeonato da
Zona Centro de Esperanças e o
Campeonato da Zona Centro
de Juvenis II. Nos Juvenis II,
Vasco Veloso obteve o 3.º lugar e Leonardo Ricardo obteve
o título de Campeão da Zona
Centro.
No Escalão Esperanças,
Paulo Brandão obteve o 3.º Lugar e Nuno Gaivoto e Duarte
Duarte alcançaram o título de
Campeões da Zona Centro.
Também participaram nesta
prova os atletas João Veloso e
Ana Martinho.
Durante a prova, os atletas
receberam orientação técnica
de Carlos Ricardo e Joaquim
Nogueira. Todos os atletas da
Casa do Benfica de Santarém
conseguiram o apuramento para os Campeonatos Nacionais
de Esperanças e Juvenis II que
se realizarão nos dias 3 de
Fevereiro e 3 de Março respectivamente.
Pedro Vargas
Fados na Casa do Ribatejo Judo Nacional de
novo em Santarém
No passado dia 25 de Janeiro pelas 20 horas, a Casa do Ribatejo
em Lisboa, recebeu de novo juntos, para ouvir o (Casimiro
Melancia e guitarristas), com boa comida regional, vinhos
Ribatejanos e a apresentação do projecto Rotas do Tejo.
No passado dia 21 de Janeiro
realizou-se em Santarém a
segunda jornada da Liga de
Portugal em Judo. Tal como na
primeira jornada, esta prova
contou com a presença de alguns dos mais aclamados clubes
do país e com a equipa da
cidade, a Casa do Benfica de
Santarém. Esta jornada pontuou
para a fase final, onde se encontrarão as 8 melhores equipas
nacionais da modalidade.
Os responsáveis da SportsEvents, departamento organizativo da Associação de Judo do
Distrito de Santarém (AJDS)
manifestaram o seu agradecimento à Câmara Municipal de
Santarém, à Casa do Benfica de
Santarém e a todos os patrocinadores que possibilitaram a
realização na nossa cidade
deste evento de elevado relevo
nacional. Com o apoio de todos,
Santarém irá continuar a ser
uma referência na organização
de eventos desta modalidade
que cada vez tem mais adeptos
no nosso País.
Pedro Vargas
Mini-Mercado
de Angélica Coelho Neves Gomes
Açorda de Sável
TEMOS
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Estrada Nacional 114 – Santana do Mato
Informamos os nossos estimados clientes que
encerramos para obras durante o mês de Janeiro
Desejamos um Bom Ano de 2007
• Amanha-se e corta-se o sável em postas muito finas, deixando a posta da cabeça com
dois dedos travessos além dela e a posta do rabo, ambas para a confecção da açorda. As
postas finas do meio arrepiam-se com sal, salpicam-se com sumo de limão e guardam-se.
Cozem-se num tacho as postas da cabeça e do rabo, com algum sal (pouco) juntamente
com as ovas, se forem de sável. Se não as houver, podem utilizar-se também ovas de
bacalhau, neste caso cozendo-se à parte.
• Depois de cozido o peixe, desfia-se com cuidado, por forma a retirar-lhe todas as espinhas, guarda-se, retira-se o véu às ovas que, caso sejam de bacalhau se esfarelam, se de
sável partem-se aos bocadinhos pequenos juntando-as ao peixe. Num tacho, deita-se um
bom fundo de azeite e picam-se-lhe para dentro, finamente, os dentes de alho.
• Entretanto, escaldaram-se com água da cozedura do peixe, a ferver, as fatias de pão
caseiro duro que se deixaram a escorrer do excesso de água. Quando o azeite começar
a ferver com os alhos, sem os deixar alourar, deita-se-lhe o pão para dentro e deixa-se
ferver até o desfazer completamente. Vai-se mexendo até obter uma massa homogénea
e não muito líquida.
• Quando atingir a consistência desejada retira-se do lume e, nesse momento, juntam-se-lhe os coentros cortados miúdos e misturam-se muito bem na açorda. Sacodem-se
as postas para fritar do excesso de sal que, porventura, apresentem, envolvem-se em farinha e fregem-se em bom azeite. A açorda, enfeitada por cima com um raminho de
coentros picados. Serve-se em travessa, rodeada pelas postas fritas.
in “Coruche à Mesa e outros Manjares”, por José Labaredas
42
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
Cáritas Paroquial de Coruche
Apoiar
Gabinete de
Aconselhamento
Parental
ornamo-nos pais quando o nosso filho nasce;
tornamo-nos avós quando, por sua vez, esse filho se
torna pai. Contudo, não basta
simplesmente dizer “já sou
avô/avó!”. Para se tornarem
verdadeiros avós, devem aprender, dia após dia, a assumir
esse novo papel. Como ninguém nasce ensinado, e porque
não existem formações nem
manuais de instrução para preparar avós, importa que cada
um desenvolva a sua forma
pessoal de o ser. Aprender a ser
avô/avó começa desde muito
cedo: quando ainda somos netos dos nossos próprios avós;
quando, mais tarde, ao sermos
pais e nos encontramos entre a
geração neto e a geração avós,
avaliamos as suas relações e
interiorizamos modos de estar
e de agir. Quando nasce o primeiro neto, inicia-se a aprendizagem diária e gradual do papel de avós.
T
CONTRIBUTO DOS AVÓS
PARA OS NETOS
Os avós podem ter uma
influência valiosa sobre o neto
em diferentes aspectos:
Historiadores Familiares
– Os avós são os testemunhos
vivos da história da família.
Sendo a geração mais velha,
estão em melhor posição para a
transmitir aos mais novos.
Através dos avós a criança percebe donde vem e quem a precedeu. Conhecer a sua história,
situar as suas origens, contribui
para que a criança se conheça a
si própria, permitindo-lhe identificar o seu lugar na família.
Descobre também os pais:
quem eram na sua juventude,
do que gostavam, o que faziam, e o que realizaram. Os
avós permitem que os netos
compreendam que os seus pais
também já foram pequenos, e
que ser criança é uma fase da
vida que mais tarde dará lugar
à geração adulta.
Transmissores de Valores
e Conhecimentos – Os avós
revelam-se como pilares dos
valores fundamentais a transmitir, valores esses que resistem ao tempo, e que eles tentam conservar: a importância
da família, do respeito pelo
outro, do amor, das coisas simples, da natureza. Os avós são
para as crianças uma fonte de
conhecimentos.
Os Avós nos dias de hoje
Ensinam, explicam, e interessam-se pelas dúvidas dos netos.
Confidentes – Em muitos
casos, os avós são, para o neto,
confidentes discretos e disponíveis, prontos a ouvir tudo ou
quase tudo. As suas reacções
são frequentemente menos
acesas do que as dos pais, o
que demonstra a sua capacidade para aceitar os problemas. A
intimidade especial entre os
avós e o neto constrói-se a partir do respeito pelos segredos
que lhes são contados.
Atenciosos – O mais belo
presente que os avós podem
oferecer ao neto é a sua atenção. Reservar tempo para brincar, conversar, passear, estar
com a criança, constitui um
presente valioso. Dar-lhe tempo é dar-lhe amor. Junto dos
avós, a criança sente-se uma
pessoa independente das demais, interessante e importante, visto que estes se importam pelo que diz, pelo que faz,
e por tudo o que lhe diz respeito, mesmo quando comete
disparates, ou mesmo se não
faz tudo de forma perfeita.
Disponíveis – As crianças
gostam que escutemos as suas
histórias e as suas aventuras:
por vezes, os adultos revelamse incapazes de o fazer. Apressados ou pouco atentos, muitas
vezes limitam-se a colocar
questões vazias:, como “A
escola foi boa?” e “Recebeste
muitos presentes no Natal?”.
Ou, então, interrompem a criança quando diz algo incorrecto, correndo o risco de lhe retirar o prazer de contar. Os avós
muitas vezes são melhores ouvintes. Geralmente, têm mais
tempo para ouvir, não corrigem constantemente a criança, nem a repreendem quando está a confabular uma história que parece ser mentira.
Neste aspecto, os avós são
como que uns pais sem censura
nem rigidez de regras. Este
amor incondicional dos avós e
este lugar privilegiado que
ocupam nos seus corações fazem com que a criança desenvolva a auto-estima, o que contribui para que cresça íntegra e
tenha orgulho em si própria.
Oásis de Segurança e
Estabilidade – No contexto
social actual, em que as estruturas familiares se tornam mais
frágeis, as famílias se desfazem e se reconstroem sobre
novas bases, no tempo das
famílias recompostas, os avós
são chamados a desempenhar
um novo papel muito importante: o da estabilidade. Nos
momentos de crise familiar
(doenças, divórcio, dificuldades financeiras), desempenham um papel activo, oferecendo um precioso apoio afectivo e/ou financeiro. Nestas
circunstâncias, podem revelarse fundamentais para o equilíbrio e para a felicidade da criança e permitem reduzir o
stress. A criança compreenderá
que, independentemente do
que aconteça na família, pode
sempre contar com os avós.
ENVOLVIMENTO DOS
AVÓS NAS DECISÕES
PARENTAIS
Nos primeiros anos de vida
da criança, a interacção e os
contactos entre avós e neto
passa-se, na maioria das vezes,
na presença dos pais. A primeira e, talvez, a maior dificuldade na relação entre os avós e
os pais do seu neto, é o envolvimento dos avós nas decisões
parentais relativas à educação
da criança e aos seus hábitos
de vida. Por entre as atitudes
dos avós que criam conflitos
com os pais, incluem-se: comentários traiçoeiros, cheios
de subentendidos – “Não ganha peso e está pálido, não
está?” (subentende-se: tem de
estar doente, não tomam bem
conta dele); “Fiz-lhe uma sopa
óptima, devorou-a completamente” (subentenda-se: eu sei
alimentá-lo melhor).
opiniões mais directas e
intrusivas – “Deixa-lo brincar
com o computador? Isso não é
bom para os olhos dele”; “Ele
escolhe as suas próprias roupas? Vai acabar por pensar que
é o rei da família e vai fazer o
que quiser de vocês”.
É difícil resistir à tentação
de dizer aos pais o que fazer e
como agir com as crianças. É o
legado da geração que precede
querer sempre que a que segue
beneficie da experiência acumulada, mesmo sem lhe pedir
nada. Para os pais, os avós não
devem tornar-se treinadores do
papel parental, mas antes um
amparo nesta nova tarefa, com
o seu encorajamento e apoio
infalível. Os avós devem evitar
exibir-se como especialistas
que têm resposta para tudo.
Têm um valor incalculável se
conseguirem não emitir juízos
de valor quer sobre o desempenho dos seus filhos enquanto
pais, quer sobre o comportamento dos seus netos.
IMPORTANTE
Numa geração à procura de
valores a transmitir aos seus filhos, os pais farão bem em virarse para os valores culturais, étnicos e religiosos dos seus próprios pais.
Os avós podem ir mais atrás
com rituais, tradições e histórias
do seu passado. Eles devem
aproveitar todas as oportunidades para partilhar recordações
com os seus netos. Além disso,
uma refeição todos os domingos; umas férias juntos; um passeio pelo campo; uma simples
visita; ou até uma história sobre
o passado da família se transforma numa recordação estimada –
e num laço de harmonia entre
gerações.
NÃO SE ESQUEÇA!
A relação entre avós e netos
é, de certa forma, um encontro
entre o passado e o futuro, e essa
relação é vantajosa para ambas
as partes. O envolvimento é,
hoje mais do que nunca, necessário. Cabe aos pais, a responsabilidade de definir os limites da
acção dos avós junto dos netos,
através do diálogo sincero.
Se quiser falar connosco,
contacte-nos:
Cáritas Paroquial de Coruche
Apoiar – Gabinete de
Aconselhamento Parental
Travessa do Forno n.º 16-18,
2100-210 Coruche
Telefs: 243 679 387 / 934 010 534
O atendimento é realizado às
segundas-feiras à tarde
Equipa Técnica:
Isabel Miranda
(Psicóloga Clínica/Coordenadora)
Mauro Pereira
(Psicólogo Clínico/Psicoterapeuta)
Nuno Figueiredo
(Psicólogo Clínico)
Gonçalo Arromba
(Técnico de Psicologia Clínica)
Noémia Campos
(Assistente Social)
Não perca na próxima edição
o tema:
Gravidez e Maternidade
na Adolescência
JOAQUIM
MANUEL GAFANIZ
Negociante de Lenhas, Cortiça e Carvão
Tels. 243 676 205 / 243 677 135
Tlm. 917 334 517
MALHADA ALTA • 2100 CORUCHE
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
43
Fevereiro de 2007
EDUCAR AGORA
Fazer as próprias máscaras
Já pensaram nas máscaras
que se costumam arranjar na
altura do Carnaval? Costumam
pedir ajuda á vossa mãe? E à
vossa educadora?
Olhem, eu lembrei-me de
lhes dar algumas ideias que
vocês podem, facilmente, realizar.da próxima vez que quiserem brincar ao Carnaval.
Podem juntar-se com vários amigos, prepararem as
vossas próprias máscaras e
depois trocá-las uns com os
outros. E, assim, durante os
dias de Carnaval podem andar
com várias máscaras diferentes. Aqui vão alguns exemplos:
do que enrolam de maneira a
formar uma saia, por exemplo
amarela. Em cima dela agrafam-lhe papel doutra cor, que
pode ser verde, recortado aos
bicos.
Era uma vez. . .
O SORRISO DAS CRIANÇAS
Outra máscara possível é a
de Sininho ou de Peter Pan
Esta é fácil. É só arranjar
uns collants e uma tea shirt
brancas e fazer umas asas de
papel celofane ás cores para
prender nas costas.
A Índia
Para fazer a Índia, arranjam uma fita encarnada, ou
verde, ou amarela. A seguir
vão descobrir algumas penas e
pintam-nas ás cores. Depois,
vão buscar um agrafador e
prendem as penas á fita para a
usarem na cabeça.
Para dar com a fita da
cabeça, arranjam papel plissa-
Depois põem uma almofada
escondida na barriga para
parecerem gordos e umas correias ou cordas a fazer de suspensórios. E vestem umas
calças grandes e uns sapatos
também grandes.
A roda da boca pintam um
bocado de branco com um
risco preto á volta.E põem
duas rodelas encarnadas nas
bochechas.
0Mariazinha A.C.B. Macedo *
Outra ainda é a de palhaço
Pedem aos pais ou avós
um Chapéu velho e um casaco
que lhes fique muito grande.
Arranjam um bocado de
cartolina e fazem um chapéu,
pondo--lhe uma bola pequena
em cima e agrafando-lhe por
dentro lã cor de laranja a fingir
de cabelos.
Na cartolina do chapéu
podem-lhe colar papéis pequenos ás cores para ficar mais
animado.
É verdade, e arranjem
uma meia de cada cor por fora
das calças para ficarem uns
palhaços ainda mais trapalhões, valeu? Vão ver que
assim se divertem uns aos outros seja no Carnaval seja em
festas de anos.
Apostador do Euromilhões não reclama o prémio
Para colaborar nesta rubrica envie,
por e-mail ([email protected])
ou via CTT, as imagens ou situações
que deseje ver publicadas.
Em plena montra da Livraria Maia, Agente
1600513 em Coruche, continua exposta uma
fotocópia de um boletim registado e com
prémio.
O feliz contemplado ainda não deu sinal e
o prazo de reclamação do prémio termina no
dia 15 de Fevereiro.
O boletim é relativo à semana 46/2006 e
tem o número 82108254512 no valor de
3.385,55 euros.
Sempre que falamos sobre Educar vem-nos à ideia a
forma de conseguirmos crianças equilibradas e felizes.
Nem sempre é fácil a
nossa tarefa, mas o esforço é
constante! E nunca é demais
reflectir sobre esses objectivos.
E porque ainda estamos
próximos duma quadra muito
especial para todas as crianças, a do Carnaval, vale a
pena falarmos um pouco mais
sobre a Alegria!
O Carnaval tem para
mim factores importantíssimos: O Sonho, a Magia, a
Imaginação, os jogos de Faz
de Conta (fazer por um dia de
bailarinas, de palhaços, de
príncipes, e todo um mundo
de sonho e disfarce), as partidas, e, sobretudo, a atmosfera
de alegria e divertimento que
acompanha toda esta quadra.
Pelo menos durante dois
ou três dias, nós esquecemos
um pouco os problemas do
dia a dia, as responsabilidades, que por vezes, roubando-nos a alegria, pesam tanto
nas nossas vidas.
E tentamos, também nós
adultos, encontrar a alegria e
felicidade que tanto desejamos.
Pois queridos pais, pensem que as nossas crianças
têm uma alegria que por
vezes é tão grande, tão grande, que para nós quase se
torna difícil de assimilar.
Quantas vezes nós os
mandamos parar porque nos
cansamos com a sua actividades e alegrias ruidosas.
Já repararam nos olhos
das crianças quando estão a
olhar para os palhaços? Para
as partidas que eles fazem?
Para as suas magias? A alegria aparece nas suas carinhas
espantadas e as expressões,
são difíceis de traduzir…
Pois queridos pais, pensem um pouco que a Alegria
é um dos maiores bens que
temos e que é nossa obrigação preservá--la nas nossas
crianças. Nada vale mais na
nossa vida do que ver um sorriso de criança.
E…, como dizia um padre nosso amigo, um Santo
Alegre é sempre um Alegre
Santo.
Nunca deixemos, portanto, nunca, morrer a alegria
nas nossas crianças.
Envie os desenhos e textos
dos seus filhos para:
Rua de Salvaterra de Magos, 95
2100-198 Coruche
Fax: 243 675 693
[email protected]
44
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
Movimento reclama
novas tecnologias
O movimento cívico e-coruche sugeriu a implementação de um pólo tecnológico no concelho, “com alta tecnologia, empresas e ensino politécnico”. Em
causa está, segundo o representante do
movimento, António Pinheiro da Costa,
a necessidade de fixar os mais jovens. O
responsável afirmou que não existe
qualquer “formação na área das novas
tecnologias, e que por isso muitos
jovens são obrigados a sair do concelho. Coruche é um concelho que ainda
se caracteriza por ter uma reduzida sensibilização e adopção das novas tecno-
de 2007
CRIB quer aumentar
lar residencial
logias, uma manifesta insuficiência de
percursos escolares e saídas profissionais nestas áreas, uma reduzida formação de quadros verdadeiramente qualificados e um fraco investimento”, lê-se
numa carta aberta enviada pelo movimento. A localização do concelho e as
acessibilidades do mesmo foram duas
das razões que levaram o movimento
cívico a reagir. O objectivo é tornar o
concelho mais atractivo e aumentar a
competitividade, “a qualificação das
pessoas, qualidade dos serviços, o acesso rápido e a gestão da informação”.
Avé Maria
Pai Nosso
• Fevereiro
O Centro de Recuperação Infantil de
Benavente (CRIB) apresentou um projecto de construção de um lar residencial, junto às actuais instalações na Vila
das Areias, num terreno cedido pela
autarquia. “É um projecto destinado a
quem não tem família ou vive em situação de carência”, adiantou o presidente
do CRIB, António Fernandes.
O lar terá 24 camas e destinar-se-á a
servir o sul do distrito de Santarém que
actualmente não possui este tipo de
equipamento destinado a apoiar pessoas
com deficiência. Actualmente, o CRIB
recebe 53 utentes dos concelhos de
Benavente, Salvaterra de Magos e Vila
Franca de Xira. Mas, a ser construído o
novo espaço, também pode receber residentes no concelho de Coruche.
A Direcção espera que o projecto,
orçado em 500 mil euros, seja inscrito
no Programa de Alargamento da Rede
de Equipamentos Sociais (Pares).
Agência Funerária Jacinto, Lda.
Funerais, Trasladações e Cremações
para todo o País e Estrangeiro.
•
Trata de Toda a Documentação
•
Artigos Religiosos
ARTUR ANTÓNIO SANTOS OLIVEIRA
FALECEU
Pai, nora, netos e bisneta cumprem o doloroso dever de participar
o falecimento do seu ente querido, ocorrido em Cascais,
no dia 28 de Novembro de 2006.
Na impossibilidade de o fazer pessoalmente, vêm por este meio agradecer
a todos os que os acompanharam na sua dor, durante o velório, no funeral
para o cemitério da Guia em Cascais e também na missa do 7.º dia.
Para todos vai o nosso profundo reconhecimento.
Faleceu no passado dia 28 de Novembro, em Cascais, o Senhor Artur António
Santos Oliveira. Por lapso, no número anterior, referimos o seu falecimento
em Setembro quando este ocorreu em Novembro. Era filho do nosso estimado assinante Senhor José Roberto de Oliveira, a quem o “O Jornal de
Coruche” apresenta condolências e desculpas pelo lapso, bem como à Ex.ma
família.
Chamadas a qualquer hora para o Telef.: 243 679 618
Telemóvel 917 284 692 • Fax 243 617 340
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Residência
Rua dos Bombeiros Municipais, 28 r/c
2100-179 Coruche
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Santo António – 2100-042 Coruche
AGÊNCIA FUNERÁRIA SEBASTIÃO, LDA.
De: Sebastião Júlio Pereira
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sofisticados auto-fúnebres
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credenciado
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Informações da Paróquia de Coruche
Janeiro de 2007
• BAPTISMOS •
Igreja do Castelo
Dia 20 - Diogo Miguel Alves Peseiro
Dia 20 - Judite Sofia Alves
Dia 15 Dia 16 Dia 19 Dia 20 -
• FALECIMENTOS •
Dia 1 - Cesaltina Rosa, 79 anos
Dia 1 - Florindo Manuel, 78 anos
Dia 2 - Francisca Maria, 97 anos e
Inácio José Nunes, 73 anos
Dia 3 - Manuel Dias Filipe, 53 anos
Dia 8 - António Joaquim, 78 anos e
Fernanda Maria Henriques
Ferreira, 74 anos
Dia 10 - João de Matos Matias, 74 anos
e António José, 87 anos e
Mariana Perpétua, 92 anos
Dia 11 - José Romão da Costa, 57 anos e
António Manuel Simões
Patrício, 69 anos
Dia 12 - Guilhermina Henriqueta, 84 anos
Dia 13 - António João Emídio, 85 anos
Dia 14 - Custódio Casimiro, 87 anos e
Dia 22 Dia 23 -
Dia 24 Dia 25 -
Dia 26 Dia 27 -
Dia 29 Dia 30 Dia 31 -
Prazeres Perpétua Marques, 77
José João Páscoa da Costa, 53
Maria Augusta Pintor, 96 anos
João Bernardino, 76 anos
Ermelinda Maria Oliveira
Ruivo João, 60 anos e Custódia
Maria, 88 anos
José Júlio Dinis, 77 anos
Custódia Santos, 84 anos e
Emília da Conceição
Gonçalves, 75 anos
António Bento, 82 anos e
Perpétua Pereira Teles, 91 anos
António Matias (Rocha), 80
anos e Mariana Maria Gastão,
71 anos
Manuel Sérgio Vicente, 87 anos
Maria Antónia Santos Silvestre,
75 anos e Joaquim Eusébio
Branco, 76 anos
Francisco Branco Fernandes, 78
António João Cabecinhas, 85
José Carvalho, 83 anos
Informação das agências funerárias de Coruche
Serviço 24 horas
Telefones 243 617 067 e 243 678 318
Telemóveis 938 446 494 e 919 769 058
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Trasladações e Artigos
Religiosos
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toda a documentação,
para o país e estrangeiro,
Agência Funerária de Coruche, Lda.
de Firmino & Irmão
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Largo João Felício, n.º 27 e 27-A
(Frente ao Jardim)
Armazém em:
Biscaínho (Junto ao café Girassol)
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Telemóveis: 935 543 141
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Trata de toda a documentação e dos respectivos subsídios das
Caixas de Previdência e Casa do Povo.
Flores Naturais
e Artificiais
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
•
Fevereiro de 2007
Reportagem fotográfica de
Henrique Lima Pinto
Um olhar sobre o Lisboa-Dakar, na
zona especial 4, classificativa da
Comporta a 6 de Janeira de 2007.
o seu banco em Coruche
telefs. 243 617 502 - 243 617 544 - 243 617 592 • fax 243 617 196
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telefs. 243 689 333 - 243 689 369 • fax 243 689 380
45
46
O Jornal de Coruche
•
Ano 1 - Número 10
• Fevereiro
de 2007
DESPORTO
Dakar, Ténis e Futebol
João Sobral Barros *
Este ano Desportivo foi iniciado pela sempre espectacular
prova do Rali Lisboa-Dakar.
É um privilégio poder receber
uma prova desta importância
no nosso país.
Seguida por espectadores
de todo o mundo, o Dakar também não é indiferente aos portugueses como atestam as
cerca de 400 mil pessoas que
estiveram presentes na primeira etapa, o que não só demonstra a paixão que o povo tem
pelos desportos motorizados, e
o Dakar em particular, como
também, e é sempre importante, deu uma excelente imagem
do nosso país.
Para esta realidade muito
contribuiu a empresa “João
Lagos Sports”, que pela mão
do seu líder, João Lagos, conseguiu “trazer” esta prova para
ser iniciada em Portugal. É
mais um sinal de competência
daquele que é a meu ver o
maior empreendedor a nível
desportivo do país.
Quanto à prova em si mesma, o destaque dos portugueses vai naturalmente para
Hélder Rodrigues nas motos e
Carlos Sousa nos carros. Hélder Rodrigues, um jovem de 28
anos, conseguiu a sua melhor
prestação ficando no 5.º lugar
da geral depois de vencer 2 etapas. Carlos Sousa, que para
muita gente ficou aquém das
expectativas, terminou num
honroso 7.º posto. Fez quanto
a mim na realidade uma boa
prova atendendo ao facto de
ser piloto não-oficial da
Wolkswagen. Venceu etapas e
andou quase sempre ao mesmo
ritmo que o piloto oficial, Carlos Sainz. Vamos ver se para o
ano temos mais portugueses
nos lugares cimeiros o que
seria sinal de que estaríamos a
progredir nos desportos motorizados.
Também em Janeiro decorreu o Open da Austrália em
ténis. É certo que esta prova
não é tão familiar para os portugueses como é o Dakar, no
entanto não será de mais louvar o feito que Roger Federer
alcançou. Aquele que é muito
possivelmente o melhor jogador de todos os tempos, venceu
este torneio sem perder qualquer set, o que é absolutamente
fabuloso tendo em conta o
nível de competitividade deste
desporto. É um jogador que
tem arrasado a concorrência
neste três últimos anos à custa
não só de um excepcional ta-
lento, como também de um
enorme profissionalismo aliado a uma maneira humilde de
estar na vida. Ele é sem dúvida
alguma um exemplo a seguir
para todos os jovens que praticam desporto em todo o
mundo.
No futebol, primeiro jogo
do ano, primeira surpresa. Um
sensacional Atlético a fazer
lembrar os bons velhos tempos, vence no Dragão o FC
Porto por 1-0 e qualifica-se
para a próxima ronda da Taça
de Portugal.
O clube de Alcântara aproveitou-se de um Porto adormecido e convencido de que as
camisolas venciam jogos. O
Porto jogou mal e perdeu por
culpa própria, e Atlético viveu
um dos momentos mais marcantes da vida do clube. Mas
de facto, o mês de Janeiro foi
claramente nefasto para o FC
Porto em termos desportivos.
Após ter sido afastado da Taça,
foi derrotado na última jornada
em Leiria, frente ao União local e viu os seus mais directos
opositores aproximarem-se.
Vida nova no Campeonato? Será que a equipa passa
por uma crise? No artigo que
escrevi no passado mês, referi
CARTOON
que o campeonato estava longe
de ser resolvido porque todas
as equipas passam por um
abaixamento de forma. Penso
ser isso mesmo que se passa na
equipa portista, um abaixamento de forma que poderá ser
acentuado pela ausência de
Quaresma nos próximos dois
jogos e de Pepe no próximo
jogo. É tempo de os rivais da
segunda circular, Benfica e
Sporting aproveitarem.
O Benfica perfila-se como
o mais sério candidato a
ameaçar o domínio do Porto. O
clube da luz está forte. Com
um sistema de jogo perfeitamente identificado pelos jogadores, a equipa encontra-se
muito confiante. Está muito
mais consistente na defesa e
bastante mais pragmático na
frente. Venceu os últimos 6
jogos que disputou entre campeonato e Taça e recentemente
ultrapassou o Sporting na tabela classificativa. É uma equipa
com margem de progressão e
com capacidade para fazer
frente ao Porto.
Chegaram entretanto dois
reforços na reabertura de mercado em Janeiro. Foram eles
Derlei e David Luiz. Derlei
dispensa apresentações, é um
jogado polivalente e poderá se
uma alternativa válida ao constantemente lesionado Miccoli.
David Luiz, é um jovem de 19
anos quem veio substituir a
vaga deixada por Ricardo Rocha, contratado pelo Tottenham.
O jovem que irá ser o terceiro
central da equipa, foi uma
aposta arriscada por parte da
equipa técnica do Benfica já
que é um jogador com pouca
experiência e com poucas
provas dadas.
O caso do Sporting é diferente. Também não passa por
uma boa fase. Parece uma
equipa sem soluções, tem um
conjunto de jogadores de qualidade que jogam sempre mas
não tem alternativas à altura,
por isso, Paulo Bento tem
muita dificuldade em fazer
uma gestão do grupo, tão
importante para uma equipa
que quer lutar pelo título.
Empatou os dois últimos jogos
e não só não aproveitou o
deslize do Porto, como viu ser
ultrapassado pelo seu maior
rival, o Benfica. Ainda para
mais não contratou nenhum
reforço para o que resta de
temporada. O clube passa por
uma débil condição financeira
que não permite loucuras, mas
a equipa necessitava de um ou
dois reforços para equilibrar o
plantel. Vamos ver se a equipa
não sofrerá com isso
Este é portanto um mês
muito importante na definição
das respectivas épocas de cada
equipa. O Porto joga na Liga
dos Campeões frente ao milionário Chelsea, e terá de confirmar a sua vantagem na Liga
sob pena de desmoralizar. O
Benfica joga na Taça UEFA
frente ao Dínamo de Bucareste
numa prova que em tem legítimas aspirações em chegar à
final.
No campeonato carrega
uma pressão terrível de não
poder falhar, sob pena de ver o
Dragão fugir na luta pelo campeonato. O caso do Sporting é
muito similar ao do Benfica,
ou seja, tem pouca margem
para falhar, mas será que os
“putos” têm “estaleca” para
aguentar a pressão? Vamos
ver…
Um abraço!
____
Comentador de Desporto
Estacionamento
para deficientes
nas piscinas
O parque de estacionamento que se encontra nas
imediações das piscinas
municipais de Coruche vai
ter quatro lugares de estacionamento para pessoas
com deficiência. Dois
lugares serão junto à entrada
principal do recinto e os outros dois junto ao restaurante.
____
O Jornal de Coruche
Lançamento do livro
“O que nos dizem
as casas”, de
Carlos Janeiro
O livro que agora vem a
público, numa edição do Museu Municipal de Coruche,
permite, a quem nem sempre
se debruça sobre estes temas,
ter um ponto de partida para se
questionar, ou mesmo inquietar, sobre temas que parecem
ser do senso comum, como
casas, arquitectura e paisagem
construída, adicionando-lhe
uma amplitude técnica, filosófica e artística, sem perder de
vista a realidade do meio onde
vivemos – Coruche.
Integrado na colecção Trajectos da História, terá o seu
lançamento no dia 10 de Feve-
Ano 1 - Número 10
S ITIOS
COM
•
47
Fevereiro de 2007
H ISTÓRIA
Estação Arqueológica
do Cabeço do Pé d'Erra
Na Freguesia da Erra
Nesta estação foram encontrados vestígios
que confirmam a fixação das populações desde o
período Paleolítico.
Foram encontrados, ainda, objectos que datam do período Calcolítico, cerca de 3000 anos
antes de Cristo.
Alguns desses objectos, segundo parecer
especializado, situam-se entre 2800 e 1500 a.c.
Presume-se que neste local existiu um aglomerado populacional da época e que os seus habitantes viviam da pastorícia e da agricultura.
reiro, pelas 16 horas, no Museu
Municipal de Coruche.
A não perder!
Esta Estação Arqueológica encontra-se de
momento fechada ao público e os estudos estão
suspensos.
Antas do Peso
Na Freguesia do Couço
JCL
A Tasca
Restaurante – Cervejaria – Marisqueira
ESPECIALIDADES:
Cozinha Tradicional • Carnes Nacionais • Peixes Frescos
Doces Regionais • Mariscos Frescos
Rua 5 de Outubro
(edifício Mercado Municipal)
2100 Coruche
Telef.: 243 618 748
[email protected]
Ocorrências Finais
de 2006
Em 2006, foram vigiados
durante todo o ano as Piscinas
Municipais de Coruche, de Santarém (Sacapeito) e o Complexo
Aquático de Santarém e de Janeiro a Setembro as Piscinas
Municipais de Almeirim. Durante a Época Balnear, além dos
já referidos, também foram vigiadas as Praias Fluviais de Coruche (Agolada e Monte da
Barca).
•
Registaram-se em 2006, 1039
Ocorrências Totais, 61 Ocorrências Graves, 27 Salvamentos (Incluídos nas ocorrências Graves)
e 0 Acidentes Mortais.
Comparativamente ao ano
de 2005, registou-se uma subida
das ocorrências totais, mas uma
descida de 40%, nas ocorrências
graves e nos salvamentos aquáticos realizados.
____
Assine o Jornal de Coruche
Tlm 91 300 86 58
www.ojornaldecoruche.com
A cerca de 45 km da vila de Coruche, no
extremo sul do concelho, encontram-se as Antas
do Peso, datáveis, grosso modo, dos períodos
Neolítico e Calcolítico.
____
Fonte: www.cm-coruche.pt
Recebemos da Direcção do Grémio – Clube Artístico Comercial Coruchense, a seguinte
carta que a Associação para o estudo e defesa do Património cultural e natural de
Coruche lhes enviou, com pedido de publicação.
Centenário do Grémio
Exmo Sr.
Presidente da Direcção do
Clube Artístico Comercial Coruchense
Rua de Santarém
2100-228 Coruche
Não queremos deixar extinguir o presente ano, sem vir dizer-lhes
quanto, para nós, é agradável podermos registar o facto de a vossa colecAssociação Para
tividade ter completado100 anos de existência.
o Estudo e Defesa
Fundado em 1 de Maio de 1906, o Clube Artístico Comercial
do Património
Coruchense atravessou um século pleno de perturbações sociais e, certamente, a sua longevidade foi conseguida graças a muito esforço e
Cultural e Natural
espírito de resistência, que merecem a nossa admiração.
do Concelho de
Num momento, em que o movimento associativo, no nosso país e
Coruche
no nosso concelho, enfrenta certas dificuldades, consideramos grato,
para todos nós que, a partir deste ano, possamos contar com duas associações centenárias, no Centro Histórico da Vila de Coruche, de onde, esperamo, nunca sejam obrigadas a sair.
Queremos cumprimentar todos os vossos associados, nas pessoas dos órgãos sociais, e desejar
ao “Velho Grémio” vida longa e cheia de realizações, que preencham saudável e culturalmente a vida
de todos os seus elementos, como contributo valioso, para o progresso da comunidade, a que todos
pertencemos.
Neste ano de centenário, queremos, ainda, manifestar-lhes a nossa solidariedade associativa, na
certeza de que todas as associações precisam de estar mais próximas, conhecer-se melhor, sentir-se
solidárias.
Com os melhores cumprimentos
O Presidente da Direcção
António da Silva Teles

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