Revista Reação

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Revista Reação
editorial
A Revista Nacional de Reabilitação - REAÇÃO
- é uma publicação bimestral da
C & G 12 – Comunicação e Marketing S/C Ltda.
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Fax: (11) 3801-2195
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Diretor Responsável - Editor
Rodrigo Antonio Rosso
Reportagem:
Maria Luiza de Araujo
Marketing e Redação
Beatriz Martins
Rodrigo Antonio Rosso
Diretor/Editor
Momento de encontros e novidades
O
mês de abril chegou... e com ele, chega mais uma edição da REATECH !!!
É sempre muito bom rever os amigos, parceiros, assinantes da revista... afinal,
praticamente TODO o segmento da pessoa com deficiência participa ou pelo me-
nos visita a feira. São 4 dias de encontros, abraços... e haja assunto para tanta conversa. E
no meio de tudo isso, muitas novidades, lançamentos, produtos, serviços, projetos e negó-
Consultores Técnicos:
Romeu Kazumi Sassaki
Carlos Roberto Perl
cios. Não há como negar: o nosso mercado espera mesmo pela REATECH e cá para nós, a
Colaboradores:
Adriana Buzelin
Alex Garcia
Celise Melo (Celelê)
Cristiane Rose Duarte
Deborah Prates
Maria Aparecida de Mello
Fabiano Puhlmann
Flávio Scavasin
Hermes Oliveira
Hudson Lima
Isabel Mcevilly
Karolina Cordeiro
Kica de Castro
Luciene Gomes
Marcia Gori
Merian Ribeiro
Neivaldo Zovico
Regina Cohen
Samara Andresa del Monte
Scott Rains
Silvia de Castro
Suely Carvalho de Sá Yanes
Tales Lombardi
Wiliam Machado
particular, é até de certa forma gratificante... motivo de orgulho. Afinal, a REATECH, como
Fotos Capa
Divulgação
Começamos com tímidos 30 expositores num espaço com cerca de 5 mil m², pouco mais
Distribuição
José Faustino
Depto. Comercial:
Etiane Bastos
engrenagem só começa a girar em nosso setor quando a feira começa. Isso, para mim em
todos sabem, nasceu da Revista Reação e a partir de uma ideia minha, de um conceito de
feira com ponto de encontro e negócios, que pude conceber de acordo, na época – isso
lá em 1999/2000/2001 – com a necessidade e o momento que o nosso segmento vivia.
Nós estávamos órfãos de um evento que pudesse atender os anseios, tanto das empresas
e profissionais do setor, como também das pessoas com deficiências e suas famílias. E foi
aí então que criei o conceito e o projeto estrutural todo da REATECH... que é bem verdade,
só se fez realidade quando concretizamos a parceria com o Grupo Cipa – uma das principais promotoras de feiras e eventos do País na ocasião – e que, com toda sua estrutura e
recursos, colocou a feira em pé. Foi uma parceria de sucesso !
A primeira REATECH surgiu então em 2002... ainda pequena, tímida, mas feita com
muito amor, zelo, responsabilidade e profissionalismo. Durante 10 anos, Revista Reação e
a Cipa viram a feira só crescer... chegamos a colocar a REATECH como a 3ª maior feira para
pessoas com deficiência e tecnologias assistivas do mundo, só atrás de Alemanha e EUA.
de 8 mil visitantes foi o que recebemos em 2002... E chegamos rapidamente a mais de
20 mil m², ocupando mais de um pavilhão e meio – fora a área externa onde acontece o
test-drive dos veículos adaptados – ultrapassamos a casa dos 200 expositores e batemos
a marca de 45 mil visitantes... números históricos. Marcas que ficarão para a história de
um segmento. A REATECH marcou a vida e a trajetória da PcD no Brasil. Isso é inegável !
Assinaturas:
Fone: 0800-772-6612
Tiragem: 20 mil exemplares
Redação, Comercial e Assinaturas:
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São Paulo - SP
É permitida a reprodução de qualquer artigo ou matéria
publicada na Revista Nacional de Reabilitação,
desde que seja citada a fonte.
Em 2011, deixei a organização da feira... passei a minha parte do negócio para o Grupo
Cipa, que a partir de então assumiu sozinho a REATECH. E de lá para cá muita coisa mudou
na feira. O Grupo Cipa foi adquirido pela multinacional italiana Fiera Milano, que a partir
desse ano, passou a ser a organizadora da REATECH, com diretoria nova e equipe também.
Com a chegada da Fiera Milano, o nome REATECH ganhou o mundo, e hoje acontecem
feiras com esse nome em pelo menos mais 4 países.
Esse é um ano diferente... teremos uma REATECH diferente – com nova administração – e
provavelmente algumas novidades. Teremos Copa do Mundo no Brasil, eleições... Está sendo
um ano diferente desde o seu início, até porque, está passando ainda mais rápido que os
outros. É um ano de incertezas, ansiedades, mudanças quem sabe... De qualquer forma, só
tem um jeito de saber como será 2014 de verdade: vivendo e trabalhando... todos os dias,
com garra e amor colocando em tudo o que a gente faz !!!
Boa feira a TODOS... até lá !
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“Mas tu, Senhor, és o escudo que me protege; és a minha glória e me fazes andar de
cabeça erguida”...
Salmo 3.3
3
6
entrevista
Marta Gil
Uma dos nomes mais respeitados no meio, essa paulistana, formada em Ciências Sociais na Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, é especialista em comunicação e disseminação da
informação na área da deficiência, especialmente em temas como trabalho e educação
A
trajetória de Marta Gil junto a pessoas com deficiência começa em 1976, quando foi convidada pela
Fundação de Atendimento na Cegueira (FACE) a
elaborar uma pesquisa sobre o perfil sociológico
das pessoas com deficiências visuais (cegueira e
baixa visão) no Brasil, com parceria da Fundação Projeto Rondon e Associação Brasileira de Educação de Deficientes Visuais
(ABEDEV). Não havia, na época, nada sistematizado sobre o
assunto: a “invisibilidade” dessas pessoas era ainda maior do
que hoje. O quadro encontrado foi desolador nos nove estados
pesquisados até 1982: pessoas com deficiências visuais não
trabalhavam, pouco saíam e nem conheciam o sistema Braille,
entre outras dificuldades.
Outro ponto de destaque em sua trajetória é a organização da
Rede de Informações Integradas sobre Deficiência, na USP, em 1990,
que teve como desdobramento a Rede SACI - Solidariedade, Apoio,
Comunicação e Informação - projeto que coordenou até 2006 e que
existe até hoje. Ela acredita que informação e comunicação são faces
indissociáveis da mesma moeda: uma não existe sem a outra. É uma
das fundadoras, e atual Coordenadora Executiva, do Amankay - Instituto
de Estudos e Pesquisas (www.amankay.org.br), ONG que, desde 1989,
atua na área de disseminação da informação para segmentos sociais
em situação de risco, com ênfase no tema da deficiência. Atua como
consultora para empresas e órgãos públicos, é palestrante em encontros
nacionais e internacionais, tem um livro publicado sobre a história das
pessoas com deficiência no SENAI-SP, participa de publicações e tem
artigos em revistas, jornais e sites. Por sua trajetória, já ganhou vários
prêmios, como uma Menção Honrosa no concurso “Projetos Inovadores
Sociais”, promovido pela CEPAL/ONU e apoiado pela Fundação Kellogg
e o Prêmio Mulher do Ano da Revista Cláudia, do qual foi finalista, além
de menção honrosa no Prêmio Rádio Eldorado na categoria cidadania,
entre outros. Marta Gil é também colunista da Revista Reação. Vamos
conhecer um pouco mais de sua trajetória e seus projetos:
Revista Reação - A sua coluna para a Revista Reação tem
como tema o “Olhar inclusivo”. Como você encara a inclusão
nos dias de hoje ?
Marta Gil - Sou otimista e vejo que temos o que comemorar.
Quando olho para trás e lembro de como era, de comentários
ouvidos nas conversas dos mais velhos, sobre a “cruz” que as mães
tinham que carregar, de respostas coletados pelos estudantes do
Projeto Rondon – que eram orientados para escrever exatamente o
que a pessoa dizia e que mostravam a total falta de conhecimento
sobre sua condição e sobre as pouquíssimas possibilidades da
época e comparo com a realidade atual, vejo diferenças significativas, que me estimulam a prosseguir. Dentre os avanços, gostaria
de destacar a postura das pessoas com deficiência, que cada vez
mais fazem sua voz ser ouvida, lutando por seus direitos. Por outro
lado... vejo o quanto ainda temos que fazer. O preconceito, mais
velado, porque é politicamente incorreto, continua forte e coloca
obstáculos a cada momento.
RR - A educação sempre ocupou um lugar central em seu
trabalho. O Brasil tem uma educação inclusiva efetiva ?
MG - Não, ainda não... Adoraria poder responder que sim...
Temos ações e exemplos de políticas públicas inclusivas no campo
entrevista
educacional e também professores que,
em suas salas de aula, adotam posturas
inclusivas, buscando recursos pedagógicos e aplicando estratégias pedagógicas
inclusivas. Temos, também, conhecimento
acumulado: dissertações, teses, pesquisas,
recursos de tecnologia assistiva, livros, vídeos, que relatam experiências, aprendizados
e trazem sugestões. O caminho está sendo
construído – aqui, o gerúndio está correto,
pois há um processo em andamento.
O site Diversa (www.diversa.org.br), que
faz parte do Instituto Rodrigo Mendes, é
um rico manancial de informações sobre
a Educação Inclusiva – e com recursos de
acessibilidade, para citar um exemplo e
excelente fonte de informações. Mas falta
muito para que possamos dizer que há uma
educação inclusiva efetiva. Temos ações
pontuais, profissionais e familiares empenhados. Mas também há fortes resistências, por parte de entidades “especiais”, de
profissionais e de familiares, que chegam
a órgãos de comunicação e a políticos. A
inclusão é um processo, que começa dentro
de cada um de nós. Envolve valores, sentimentos, noções aprendidas. Não se trata
de apontar o dedo no nariz desta entidade
abstrata chamada “sociedade” e esbravejar: “A sociedade não é inclusiva!”. É hora
de nós fazermos a pergunta, baixinho, para
nós mesmos: “Somos inclusivos?”. É bom
lembrar, também, que mesmo nos países
do tal Primeiro Mundo, que fizeram leis
inclusivas antes do Brasil e onde a cultura da inclusão tem raízes mais profundas,
ainda há dificuldades e desafios a serem
enfrentados. Nem tudo é perfeito lá como às
vezes parece ser. Afinal, estamos falando de
natureza humana, que é composta de luz e
sombra, de preconceito e de acolhimento.
RR - Outro ponto que sempre mereceu sua atenção foi o mundo do traba-
lho. No seu ponto de vista, a inclusão na
área é efetiva ?
MG - É verdade, educação e trabalho têm
sido os focos de minha atenção. Isso porque
acho que são indispensáveis para participar
efetivamente em uma sociedade produtiva
como a nossa, que se organiza em moldes
capitalistas. Se uma pessoa não tem acesso
à educação e ao trabalho, ela não faz parte,
fica à margem – tenha ou não uma deficiência. Assim, é indispensável que o grupo
formado pelas pessoas com deficiência ou
com alguma limitação, que correspondem
a 24% da população total brasileira – tenham acesso a esses direitos. Para mim, a
educação deve preparar para a vida; ela
não é um fim em si mesma. Ninguém fica a
vida toda na escola. Assim, é indispensável
que ela prepare para o mundo do trabalho,
desenvolvendo o potencial de crianças e
jovens com deficiência. Não, infelizmente a
inclusão também não é efetiva no mundo
do trabalho. Há iniciativas excelentes, que
têm um potencial multiplicador: empresas
que relutam, no início, mas depois desen-
volvem políticas inclusivas e obtém ótimos
resultados, em termos de sustentabilidade, produtividade, clima organizacional. A
viabilidade da inclusão e sua contribuição
para a sustentabilidade e produtividade da
empresa foram demonstradas onde nunca
se imaginou: na indústria da Construção
Civil pesada - pesquisa feita em canteiros de
obras mostrou resultados positivos, derrubando o mito da impossibilidade da presença de trabalhadores com deficiência nesses
locais. Esses fatos e números mostram que
a inclusão no trabalho é possível e que
traz benefícios às empresas, aos próprios
trabalhadores e suas famílias e à sociedade
em geral: mais pessoas trabalhando, produzindo, consumindo e pagando impostos.
Por outro lado, ainda há muitas resistências
nas empresas, da alta direção ao chão de
fábrica, passando pelo setor de Recursos
Humanos. Entendo que elas vêm da falta
de informação e da falta de convivência
com pessoas com deficiência.
RR - Você é uma consultora bastante procurada pelas empresas. Quais os
principais problemas enfrentados na
inclusão de trabalhadores com deficiência ? O que você recomenda ?
MG - As alegações mais frequentes das
empresas são: não sabem onde encontrar pessoas com deficiência e a falta de
qualificação delas. Na verdade, a situação
das pessoas com deficiência e o trabalho
tem vários aspectos e merece estudos mais
aprofundados do que os que temos. Vale
7
8
entrevista
a pena lembrar que as empresas que saíram na frente – ou seja, que começaram
a recrutar trabalhadores logo que a lei e
seu respectivo decreto entraram em vigor
tiveram mais opções de escolha. As que
começaram a fazer o recrutamento mais
recentemente estão encontrando mais dificuldades. Por outro lado, a escolaridade das
pessoas com deficiência está aumentando:
elas estão chegando às Escolas Técnicas
e mesmo ao Ensino Superior. Então, cabe
perguntar: será que a escolaridade é mesmo tão baixa ? Será que as empresas têm
informações atualizadas ? Ou elas estão
oferecendo cargos abaixo da qualificação
dos candidatos ? As pesquisas do Instituto
Ethos/IBOPE demonstram que os cargos
oferecidos são os de início de carreira e que
raramente há oportunidades de ascensão
profissional. O que recomendo: rever as
vagas oferecidas e seus requisitos; ampliar
os locais de recrutamento, incluindo Escolas
Profissionais, EJA, cursinhos preparatórios
para vestibular (especialmente os cursinhos
sociais) e faculdades; ampliar a concepção
de pessoa com deficiência, considerando
seu potencial e não sua limitação, dando
chance para que ela mostre o potencial
antes de receber o “não”; lembrar que a tecnologia permite a realização de atividades
antes consideradas impossíveis; usar o período de experiência permitido por lei (três
meses) antes de sumariamente descartar
a pessoa; contratar como Aprendiz, o que
é bom para todos; revisitar sua política de
pessoal, contemplando o colaborador com
deficiência nas oportunidades de estudo,
viagens e promoção; cuidar da acessibilidade arquitetônica, porque traz vantagens
para todos.
RR – Fale um pouco sobre o seu trabalho com HIV/AIDS e deficiências.
MG - Ele representou um desafio, que
trouxe muitos aprendizados e gerou pesquisas e artigos; também desenvolvemos
materiais com diversos recursos de acessibilidade.
Esse tema ainda é um tabu, com consequências sérias: não sabemos o número
de pessoas com deficiência que contraíram
o vírus. Nem é preciso dizer os impactos e
consequências que isso traz, para a própria
pessoa, familiares, amigos e sociedade. Ao
longo do trabalho, aprendi que pessoas so-
distintas, em países com histórias e culturas
tão diferentes das nossas. Nos países que
se envolveram em guerras, por exemplo,
os soldados veteranos geralmente são respeitados como heróis, não há essa imagem
social negativa que ainda temos. Prefiro
conhecer o que há de positivo e pensar em
como reeditar aqui, como inspiração. Não
faz sentido tentar simplesmente copiar o
que funciona em outros lugares e nem ficar
lamentando o que não temos. Como disse,
sou otimista (risos) e prefiro focalizar as
conquistas; elas me estimulam a continuar
enfrentando os desafios.
ropositivas também podem adquirir uma
deficiência, fato que é pouco conhecido e
menos ainda discutido. Fizemos um evento
sobre esse tema em João Pessoa/PB, que
proporcionou o encontro e a troca de vivências entre essas duas “tribos”, que foi
extremamente rico. A convite de Rosangela
Berman Bieler, fiz parte da equipe de Deficiência e Desenvolvimento Inclusivo do
Banco Mundial, participando de workshops
no Brasil, América do Sul e Central sobre o
tema. Poder conhecer profissionais e pessoas
com deficiência de outros países foi uma
oportunidade maravilhosa de crescimento
pessoal e profissional, além de contribuir um
pouquinho para dar visibilidade a este tema.
RR - Em suas muitas viagens internacionais como palestrante, qual a análise que
você faz da situação do Brasil em relação
a outros países em relação à inclusão ?
MG - Falando de forma geral, o Brasil se
destaca pelo arcabouço jurídico fortemente inclusivo, que foi até reconhecido pela
OEA – Organização dos Estados Americanos
(2009), que o colocou entre os 5 países
mais inclusivos das Américas. Em relação
ao Primeiro Mundo, ainda estamos devendo em acessibilidade arquitetônica, acesso
à educação, a equipamentos e recursos
disponíveis, ao trabalho, embora muitos
países não tenham lei de cotas. É complicado comparar, porque são realidades muito
RR - Quais os pontos principais de
suas palestras ? Mesmo variando os
temas, há conteúdos básicos que você
passa ao público ?
MG - Que pergunta interessante ! Nunca
tinha pensado nisso... Cada palestra é única: procuro me ater ao tema e ao público.
Mas tem sempre alguns pontos que abordo,
se estiverem de acordo com o tema proposto e sem forçar a barra: a importância
da informação e da comunicação; a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e referências para saber mais.
Também disponibilizo as palestras, caso
alguém tenha interesse – afinal, informação
tem que circular.
RR – Apesar de ser uma experiência recente, depois de tantas edições
conversando com os leitores da Revista
Reação, o que você gostaria de dizer a
eles ? Qual o seu recado ?
MG - A conversa começou há pouco
mais de um ano, em janeiro de 2013 e é
sempre muito bom pensar no que escrever.
Eu gostaria de dizer para serem cada vez
mais inclusivos, cada um em seu espaço.
A inclusão se fortalece a cada dia, com
nossas ações, desde as mais simples. O
Luiz Baggio Neto, um militante “jurássico”
que infelizmente não está mais entre nós,
dizia que o fato de ir para a rua, de circular, equivalia a um discurso. Concordo
com ele. Agradeço imensamente à Revista
Reação a possibilidade de ter uma coluna
e principalmente esta entrevista. Sinto-me
muito honrada e agradecida: foi uma oportunidade de lembrar momentos do passado
e partilhar ideias e valores, que são muito
importantes para mim.
10
coluna especial
por Romeu Kazumi Sassaki
Inclusão combate preconceitos
sem reforçar outros
C
ombater preconceitos é preciso.
Mas, ao mesmo tempo, sem reforçar outros é igualmente preciso. As duas providências juntas
deveriam acontecer sempre no
processo de construção de uma sociedade
inclusiva. A inclusão deve acolher todas as
pessoas.
Leitor, telespectador, cinéfilo - qualquer pessoa que leia, ouça, veja ou se comunique deve
ter notado casos em que alguém combate um
preconceito - por ex., contra pessoas com deficiência física - defendendo-as energicamente
dizendo que a limitação delas está apenas nas
pernas e não no cognitivo. Pronto, sem querer, ele apresentou um preconceito embutido.
Outro alguém defende categoricamente as
pessoas com deficiência intelectual alegando
que a limitação delas está só no cognitivo e
não na visão ou na audição. Outro preconceito
dissimulado. E por aí vai.
Aqui será focalizado um exemplo recente
(dezembro/2012) de combate a um preconceito (contra a depressão) usando um preconceito (contra cachorros pretos). Produzido
como vídeo, autorizado pela Organização Mundial de Saúde e intitulado “Eu Tinha um Cachorro Preto, Seu Nome era Depressão”, ele foi
escrito, ilustrado como história em quadrinho
e narrado em inglês por Matthew Johnstone,
ele próprio uma pessoa que tinha depressão.
Este vídeo poderá ser acessado pelo site
http:www.who.int/mental_health/mhGAP_
nl_December_2012.pdf?ua=1. Mas, como a
narração é feita em inglês e a legenda em português faz parte das imagens (portanto, está
inacessível), farei aqui uma descrição visual
de cada imagem e a transcrição da legenda
entre aspas.
O leitor perceberá que nas falas as informações sobre a depressão estão corretas. O
preconceito está em a depressão (um dos
tipos de transtorno mental, causadores da deficiência psicossocial) ter sido comparada a um
cachorro preto. O tempo todo, o leitor se perguntará: “Por que
cachorro e não outro animal?”, “Precisaria ser cachorro preto
e não de outra cor?”, “Por que comparar a depressão com
um animal?”, “Não havia uma metáfora que não ofendesse
animal ou pessoa?”
1. Homem sentado em um banquinho, preocupado, as
mãos apoiando seu queixo. Sua sombra é a de um cachorro
preto. “Eu tinha um cachorro preto; seu nome era depressão.”
2. Homem vestindo camiseta branca - na estampa, o conhecido desenho do rosto humano sorridente em círculo
amarelo - olha para trás e vê o cachorro preto se aproximando.
“Sempre que o cachorro aparecia, eu me sentia vazio e
a vida parecia tornar-se mais lenta.”
3. Homem mais de perto, olha-se no espelho e vê o rosto
do cachorro. “Ele me surpreendia com uma visita, sem
razão ou ocasião.”
4. Rosto do homem sendo tocadas pelas patas dianteiras do
cachorro. “O cachorro preto me fazia parecer e me sentir
mais velho do que eu era.”
5. Rosto do homem usando óculos escuros. A armação e
as lentes têm o formato do cachorro preto. Atrás dele, uma
paisagem com uma montanha na linha do horizonte, o lago
com barcos e uma alegre mulher correndo de bicicleta pela
avenida à beira-mar. “Enquanto o resto do mundo parecia
aproveitar a vida, eu via tudo através do cachorro.”
6. Homem de pé e o cachorro sentado, ambos olhando
um ao outro. O cachorro pisa na linha da pipa que o homem
havia empinado. “Atividades que antes me traziam prazer,
subitamente pararam de fazê-lo.”
7. Homem sentado à mesa para comer. O cachorro está
sentado em cima do prato do homem. “Ele gostava de arruinar
meu apetite.”
8. Homem preocupado lê um livro. Sua cabeça está sem
a parte superior e do cérebro exposto escapam seus conhecimentos. “Ele mastigou a minha memória e minha
capacidade de concentração.”
9. Homem tenta caminhar, mas o cachorro abocanha seu
paletó e o puxa para trás. “Com ele, era necessária força
sobre-humana para fazer qualquer coisa.”
10. Aparecem várias pessoas em pé, da cintura para baixo,
e o homem está no meio delas, mas o seu tamanho é da
altura do joelho das pessoas. O cachorro aparece em tamanho
normal. “Em eventos sociais, ele espantava para longe
coluna especial
qualquer confiança que eu tinha.”
11. Homem está com os cabelos pretos em formato de
cachorro. Atrás dele, duas pessoas estão olhando-o. Um deles aponta o homem e faz um gesto de pouco caso. “Meu
maior medo era ser descoberto, eu me preocupava que
as pessoas iriam me julgar.”
12. Homem entra no consultório de um profissional de
ajuda. Atrás dele se posiciona um enorme cachorro preto.
“Por causa da vergonha e do estigma do cachorro, eu
estava sempre preocupado em ser descoberto. Então,
investi vastas quantidades de energia para escondê-lo.
Manter uma mentira emocional é exaustivo.”
13. Rosto do homem apavorado. De sua boca aberta sai
o balão de diálogo em formato do cachorro sentado. “O
cachorro podia me fazer pensar e dizer coisas negativas.”
14. Homem diz algo ríspido apontando para a sua esposa,
que fica constrangida, enquanto sua mão direita está colocada
para trás e sendo mordida pelo cachorro. “Ele podia me
deixar irritado e de difícil convívio.”
15. Homem deitado para dormir. O cachorro aparece
deitado olhando para ele e posicionado entre o homem
e a esposa. “Ele tomava meu amor e enterrava minha
intimidade.”
16. Às 3:20 da madrugada, o homem tenta dormir, mas
NOVO FOCUS
11
o cachorro fica sentado sobre ele. “Ter um cachorro preto
não é se sentir triste ou pra baixo, é pior, é não ter a
capacidade de sentir.”
17. O homem aparece dentro de um grande bloco transparente, enquanto o cachorro está do lado de fora. “Eu envelheceria e o cachorro preto ficava maior, aparecendo
toda hora.”
18. O homem, deprimido, está sentado em um banquinho.
Na frente dele está o enorme cachorro preto projetando
sua sombra sobre o homem. “Eu tentava espantá-lo, mas
frequentemente ele vencia. Cair se tornou mais fácil do
que se levantar novamente.”
19. O homem se levanta e se prepara para atirar o banquinho contra o cachorro. “Então eu me tornei bom em
me ‘automedicar’, coisa que não ajudava de verdade.”
20. O cachorro pisa o homem caído no chão. Homem
e cachorro de costas estão sentados em banquetas, lado a
lado, junto ao balcão. Homem está aprisionado pela barriga
do cachorro, que está de pé. “Em certo ponto, me senti
totalmente isolado de tudo e todos.”
21. Ondas do mar enormes. Homem e cachorro estão
à deriva sentados em um bote inflável. “O cachorro preto
tinha finalmente conseguido sequestrar minha vida.”
22. O homem está agachado de quatro com os braços
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12
nota
coluna especial
e pernas dobrados. O cachorro aparece
dentro do homem. “Quando se perde
a felicidade de viver, você começa a
questionar qual é o motivo da vida.”
23. O profissional de ajuda anota em
um bloco de papel o desenho de um
cachorro preto e as palavras “cachorro
preto”. À sua frente está o homem deitado em um divã. “Foi quando eu procurei ajuda profissional. Meu primeiro
passo para me recuperar e uma reviravolta em minha vida.”
24. Oito pessoas, representando milhões, cada uma com o seu cachorro.
“Descobri que não importa quem
você é, o cachorro preto afeta milhões
de pessoas.”
25. Um pote de medicamento. No rótulo, os dizeres “Remédio contra cachorro preto. Tome 2 por dia” e o desenho da
mão humana indicando para o cachorro
correr pra longe. “Todos podem ser
afetados por ele. Não existe pílula
mágica; medicação ajuda alguns, outros precisam de outra abordagem.”
26. Várias pessoas assistem a uma
projeção sobre o cachorro preto. “Também aprendi que ser emocionalmente sincero com as pessoas próximas
pode mudar tudo.”
27. No campo, o homem se prepara
para atirar para longe um graveto. O cachorro, sentado à beira de um abismo,
está pronto para correr. “Acima de tudo,
aprendi a não temer o cachorro preto,
e até o ensinei alguns truques.”
28. O homem está sentado em um
sofá. “Quanto mais cansado e ‘estressado’ você está, mais alto ele late.
Aprenda a ter a mente serena.”
29. O homem corre e, atrás dele, o
cachorro não corre tanto, está cansado,
com a língua de fora. “Colocar seus
sentimentos no papel pode ser catártico e revelador. Lembre-se das coisas
às quais você é grato.”
30. O homem anota o seu progresso em uma folha de papel, onde se vê
uma sequência de cachorros, cada vez
menores ao longo do tempo.
31. O homem está sentado em
um banco de jardim. Acima dele, uma
grande nuvem escura, donde cai uma
pesada chuva sobre ele. “Não importa
quão ruim a sua vida esteja, tomar
os passos certos e conversar com
as pessoas fazem os dias de cão
passar.”
32. O homem sentado no mesmo
banco, no céu as nuvens brancas e o
sol. “Eu não diria que sou grato a
cachorro preto, mas ele tem sido um
professor incrível.”
33. O homem sentado no gramado
abraça o cachorro. “Ele me forçou a
reavaliar minha vida. Aprendi que
ao contrário de correr de meus
problemas devo abraçá-los. Quem
sabe, o cachorro preto faça sempre
parte da minha vida, mas ele nunca
será a fera que já foi.”
34. Em casa, o tamanho do cachorro
preto está agora pequeno em relação
ao tamanho do homem. O cachorro
está sob o comando do homem através
da correia posicionada em seu pescoço. “Nós temos um acordo. Por meio
do conhecimento, paciência, disciplina e humor, até o pior cachorro
preto pode ser curador.”
35. Rosto do homem olhando para
o cachorro preto, que agora cabe na
palma da mão. “Se você está com
problemas, nunca tenha medo de
pedir ajuda. Não existe vergonha alguma em fazê-lo. A única vergonha
é deixar a vida passar.”
36. Logotipo da Organização Mundial de Saúde. “Depressão. Peça ajuda. Seja ajudado.”
Romeu Kazumi Sassaki é consultor e autor
de livros de inclusão social
E-mail: [email protected]
Ainda há tempo para
aproveitar o “Praia para
Todos” no Rio
O projeto, que voltou a funcionar
em dezembro passado na Barra
da Tijuca (Posto 3) e Copabacana (entre os Postos 5 e 6), estará
disponível até o final de abril, aos
sábados e domingos, de 9h às 14h,
no Rio de Janeiro/RJ. Organizado
pelo Instituto Novo Ser (INS), seus
objetivos são aumentar a integração da pessoa com deficiência com
a natureza e o esporte, promover
mais sociabilidade e despertar a
atenção da opinião pública para
a falta de estrutura disponível na
cidade, apesar dela ser sede dos
Jogos Paralímpicos de 2016. Todas
as atividades oferecidas são gratuitas e ministradas por profissionais
capacitados das áreas de educação
física e fisioterapia, além de estagiários e voluntários do Instituto,
que conta com diversas parcerias
e patrocínio da Michelin. Os participantes têm à disposição: banho assistido com cadeiras
anfíbias de fácil deslocamento pela
areia e que flutuam na água; atividades esportivas adaptadas como
vôlei sentado de praia, frescobol,
beach volei, stand up paddle e surf;
handbike (somente em Copacabana); esteira para passagem de
cadeiras de rodas; jogos recreativos
e piscininha infantil; vagas de estacionamento reservadas, rampas de
acesso à areia e sinalização sonora.
14
associações
Instituto Olga Kos
arte e esportes fazem a diferença para pessoas com deficiência intelectual
E
ntre as inúmeras instituições
que trabalham na área, o Instituto Olga Kos de Inclusão
Cultural, uma Organização da
Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP) com sede em São Paulo/SP, se destaca por desenvolver uma
linha muito particular no atendimento a
crianças, jovens e adultos, particularmente os com Síndrome de Down.
Idealizado em 2007 pelo empresário e colecionador de
obras de arte, Wolf
Kos e sua esposa
Olga Kos, atende cerca de 1.800 pessoas
de 6 a 60 anos, promovendo a inclusão
através da arte e dos
esportes (karatê e taekwondo), assim como
a empregabilidade e a geração de renda com a venda das obras realizadas
pelos alunos das oficinas de arte que
promove. A meta é ampliar esse número para 2.050, ao final de 2014. “As
oficinas de arte e esporte estimulam o
desenvolvimento físico, educacional e
psicológico das pessoas”, afirma Olga
Kos, que é vice-presidente da entidade.
Ela explica que não se inspiraram em
nenhum modelo de trabalho, criando
um método próprio que leva em consideração as necessidades específicas do
público alvo como, por exemplo, o ritmo
de cada um, o tempo de aprendizado e
todas as adaptações necessárias para o
desenvolvimento de uma pessoa com
deficiência intelectual.
Para a vice-presidente, a atividade
artística desenvolvida com as pessoas
com deficiência não é essencialmente
diferente daquela desenvolvida com outras sem deficiência. “Busca-se, porém,
ultrapassar a mera atividade mecânica,
por exemplo, de colorir contornos, e
possibilitar a expressão da criatividade
aliada à aquisição de técnicas artísticas”,
explica. No projeto “Pintou a Síndrome do
Respeito” são realizadas oficinas de
arte, organizadas em 8 aulas de duas
horas cada, nas quais é feita uma releitura da obra de um artista e esse artista
participa de uma das aulas, orientando,
explicando e transmitindo sua técnica
aos participantes. “O objetivo é promover atividades artísticas e culturais, acreditando que o exercício da arte possa
desenvolver competências e, acima de
tudo, promover o acesso e a oportunidade de uma nova forma de expressão,
com a ampliação do repertório cultural, o
aumento da motivação e a convivência
social”, conta Olga.
Os projetos de esporte envolvem as
artes marciais e têm como objetivo proporcionar atividade física aos participantes como instrumento eficaz para auxiliar
o tratamento de várias doenças e também por ser um instrumento de inclusão
social. “Essa prática de artes marciais
não visa a aquisição da habilidade de
lutar, mas sim participar de um contexto
que envolve organização, convivência,
hierarquia e exige habilidades que serão
úteis em outros contextos da vida de
uma pessoa”, garante a vice-presidente.
O atendimento é feito em instituições
parceiras que emprestam as salas e indicam os alunos. As oficinas são total-
associações
mente gratuitas e o Instituto leva toda a equipe e o material
utilizado para a oficina, tanto em artes quanto nos esportes.
Ao todo são cerca de 70 funcionários, entre escritório e equipe
das oficinas, todos contratados, sem voluntários.
Este ano é feito também um trabalho junto aos Centros
Educacionais Unificados (CEUs), da prefeitura paulistana, que
se tornaram parceiros com a disponibilização de espaço físico
para a realização dos projetos.
O Instituto também costuma realizar eventos, como no Dia
Internacional da Síndrome de Down, em 21 de março, no
CEU Paraisópolis. “Os eventos possibilitam que as pessoas
que têm a síndrome participem de um momento em que
suas habilidades podem ser constatadas e comprovadas.
Os familiares e outras pessoas podem também constatar
a evolução possível e a prova das capacidades e habilidades que podem ser desenvolvidas. Além disso, esses
eventos, sendo divulgados, mostram à sociedade que há
um segmento social que ainda precisa de oportunidades,
valorização e apoio para efetivamente fazer parte do todo”,
justifica Olga Kos. Trabalhando todo esse tempo com inclusão cultural, a
entidade avalia a situação brasileira nesse quesito, ainda
como deficiente. “Está havendo um crescimento por intermédio de ações que incentivam a participação de toda
a coletividade. Os museus, teatros, cinemas estão sendo
adaptados para receber o público com deficiência. O Instituto costuma levar seus participantes para todos os tipos
de espetáculo, através de doações de convites”, conta a
vice-presidente.
O Instituto se mantém utilizando leis de incentivo fiscal
e doações. Mais informações pelo site:
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trabalho
SENAI/SP é referência em formação
profissional e exemplo para o Brasil !
O
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-SP)
comemora mais de 21 mil
matrículas de pessoas com
deficiência em 3 anos, número atingido no término de 2013. A conta é feita desde que
começou a funcionar o Projeto Incluir, criado no final de 2010,
com o objetivo de ampliar e fortalecer ainda mais as ações de
qualificação para o público PcD.
Antes mesmo de receber um nome específico, a entidade já
atuava nesse tipo de formação profissional, pelo menos desde
1953, inicialmente para pessoas com deficiência visual. Existe
até um livro publicado em 2012, que trata dessa trajetória,
chamado: “Caminhos da Inclusão – A História da Formação
Profissional de Pessoas com Deficiência no SENAI-SP. O texto
fala da evolução do atendimento, segundo as transformações
do mercado de trabalho.
“Há mais de 60 anos a entidade busca atender pessoas com
deficiência e desenvolver programas de capacitação profissional
e tecnologias que sejam realmente inclusivas”, conta Sandra
Rodrigues da Silva Chang, especialista em Educação Profissional.
As áreas mais procuradas, de acordo com os dados das matrículas de 2013, foram Metalmecânica e Gestão e Tecnologia
da Informação. Todos os cursos estão disponíveis, observados
os pré-requisitos de acesso. As 91 escolas fixas do SENAI-SP
estão aptas a receber alunos com deficiência e contam com
um técnico do Programa Incluir, capacitado para atender às
questões voltadas a inclusão e dar as orientações necessárias.
“As adequações são feitas, caso a caso, a partir da necessidade
de acessibilidade de cada aluno. Por exemplo, ao receber uma
pessoa com deficiência visual, temos de verificar se ela precisa
do seu material didático em Braille, se há necessidade de tipos
ampliados ou ainda CD-ROM para ser acessado pelo computador.
E isso se aplica a todas as deficiências”, explica a especialista.
A escola modelo nesse ensino especializado é a Ítalo Bologna,
em Itu/SP, objeto de uma reportagem da Revista Reação (edição
setembro/outubro 2013). Uma das estratégias do SENAI-SP é
atuar em rede, o que estimula a troca de experiências relacionadas à inclusão.
Até agora, as pesquisas rotineiramente realizadas sobre empregabilidade com os alunos que se formam, não computavam
especificamente os que tinham alguma deficiência. De acordo
com Sandra Chang, os parâmetros estão sendo mudados para
proporcionar a mensuração de dados relativos a esse público.
O SENAI-SP também desenvolve assessorias para a inclusão
de pessoas com deficiência na indústria, como por exemplo,
análise dos postos de trabalho, assessoria
no desenvolvimento e adaptação de equipamentos para inclusão da PcD e sensibilização de colaboradores.
“Em 2014, pretendemos continuar ampliando e fortalecendo as ações voltadas à inclusão de pessoas
com deficiência em todas as escolas instaladas no Estado”,
conclui a especialista. Para mais informações sobre os cursos
disponíveis acesse: http://www.sp.senai.br/senaisp
Empresas de Osasco/SP e região avançam em
contratações
Empresas Metalúrgicas de Osasco/
SP e região, atingem 87,6% do cumprimento da Lei de Cotas. Estudo divulgado
em fevereiro passado pelo Sindicato dos
Metalúrgicos e pela Gerência Regional
do Ministério do Trabalho aponta um
crescimento de 6,3% em 2013 no número de contratações. O levantamento
foi feito em 109 empresas, que empregam 28.986 pessoas,
em 12 cidades. A pesquisa, feita pelo oitavo ano consecutivo,
aponta que as empresas com menor número de empregados,
de 100 a 200, têm um índice de cumprimento maior da cota,
em torno de 94%. Entre os estabelecimentos que empregam
entre 201 a 500 trabalhadores, o percentual é 92,1%. A faixa
entre 501 a 1.000 e a partir de 1.001, o índice é 82,5% e
87,6%, respectivamente. Os dados são do Espaço Cidadania,
de Osasco/SP, que tem como um dos responsáveis, Carlos
Clemente.
trabalho
17
SESI apoia atletas
a modalidade Voleibol Sentado Masculino e
Feminino. Em 2011, foram introduzidas as
modalidades Bocha Paralímpica e Atletismo.
Em 2013, entraram Futebol de 7 (para Paralisados Cerebrais) e Atletismo para cadeirantes,
além do Goalball: jogo para PcD visuais.
Atualmente, as seguintes unidades trabalham com esporte:
Para participar das equipes, é preciso preencher os critérios
estabelecidos pelas regras de cada modalidade e do Comitê
Paralímpico Internacional e participar de avaliação com as equipes técnicas nas unidades do SESI. Já foram conquistados vários
títulos estaduais, nacionais e internacionais.
“O Paradesporto do SESI-SP tem como princípio a ‘Pedagogia
do Exemplo’, o ídolo como ‘espelho’ para crianças e jovens, e vem
comprovar que o atleta paralímpico também é um exemplo positivo no desenvolvimento do esporte e estímulo para qualidade
de vida”, diz Catarina Duarte dos Santos, especialista de Esporte.
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A indústria paulista, além da questão do trabalho, também
promove o esporte entre as pessoas com deficiência por
meio do Serviço Social da Indústria (SESI). Atualmente, são 90
atletas nas equipes de Rendimento Esportivo. “Subsidiamos
as equipes arcando com todos os custos com competições –
transporte, alimentação, taxas federativas, uniformes, material
esportivo – e oferecemos, além das instalações esportivas
(quadras, academias, pistas), profissionais competentes e
capacitados para desenvolver o paradesporto e atender às
pessoas com deficiência com qualidade e segurança”, afirma
Mario Sergio Alves Quaranta, supervisor de Esporte.
Esse trabalho começou em 2009, em Suzano/SP, com
- Suzano/SP: voleibol sentado (masculino e feminino), futebol PC (masculino), bocha (masculino e feminino) e atletismo
(masculino e feminino);
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(11)
20
educação
Inclusão rende prêmios a
escolas de educação infantil
O
Ministério da Educação
instituiu o “Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas – a escola aprendendo com as diferenças”
para conhecer e disseminar os projetos
de inclusão para alunos com deficiência
desenvolvidos por Secretarias de Educação
e Escolas Municipais de Educação (EMEIs).
“A Educação Inclusiva não se restringe, apenas, à inclusão de estudantes
com deficiência nas escolas regulares de
ensino. Ela também não é sinônimo de
educação especial. A educação inclusiva
é um movimento muito mais amplo que
envolve mudanças, atualizações, redefinições de práticas pedagógicas tanto da
educação especial quanto
do ensino regular”, explica
Rosangela Machado, gerente de Educação Inclusiva
da Secretaria da Educação
de Florianópolis/SC. A pasta ficou em
primeiro lugar em sua categoria na terceira edição do prêmio, encerrada em
dezembro passado.
A capital catarinense tem 143 alunos
com deficiência nas EMEIs, que atendem
crianças até cinco anos. “Não há negação
de matrículas. Para nós, essa prática é algo
de um passado muito perverso. Também,
não há educação inclusiva responsável ou
gradativa, ou seja, uns podem ser incluídos
e outros ainda não. Inclusão é de todos e
ponto”, garante a gerente.
“Depois da matrícula, entram os serviços de Educação Especial na perspectiva
da Educação Inclusiva, ou seja, é feito um
estudo de caso de cada criança com deficiência para identificação de necessidades, potencialidades e dificuldades. A partir
desse estudo, é elaborado um plano de
Atendimento Educacional Especializado
que inclui o atendimento à criança, produção de materiais acessíveis, acompanhamento do uso desses materiais na sala de
aula, orientação aos professores e família,
entre outras ações”, conta Rosangela.
A Educação Especial é estruturada por
meio de salas de recursos multifuncionais que são localizadas em escolas polo
e atendem escolas de abrangência. Em
cada sala, trabalham dois professores de
Educação Especial e um professor de LIBRAS. A Secretaria também trabalha com
a formação desses professores e organiza
grupos de estudo, de trabalho e de assessoramento para o aperfeiçoamento das
práticas educacionais.
“A Educação Infantil é a primeira etapa
de uma criança à educação escolar e, por
isso mesmo, ela deve receber toda a atenção já nos primeiros anos de vida, além
de conviver desde cedo com crianças sem
deficiência. Que a experiência premiada
inspire todos os profissionais e redes de
ensino do Brasil”, conclui a gerente.
Escola gaúcha fica em primeiro
lugar
Na categoria “Escolas”, em primeiro lugar ficou a EMEI Irmã Consolata, de Erechim/RS. Em 2013, eram 230 estudantes
no total, sendo 5 com deficiência: física
e auditiva.
A Equipe de Apoio ao Processo de
Ensino Aprendizagem é composta pela
diretora, a vice, a Coordenadora Pedagógica, uma professora de Atendimento
Educacional Especializado e uma Professora de Apoio ao Processo de Ensino
Aprendizagem. Essa equipe acompanha
os casos de todos os estudantes, realiza
semestralmente levantamento individual
das dificuldades e aquisições e, quando
necessário, faz encaminhamentos para a
área da saúde e outras.
“O relacionamento dos estudantes
com ou sem deficiência é normal. As
crianças não possuem preconceito, não
veem diferença entre uns e outros. Para
fortalecer a relação de todos, a escola desenvolve projeto de respeito às diferenças
com professoras, funcionárias e famílias.
As crianças, no dia a dia,
sabem que devem auxiliar e apoiar o colega
sempre que necessário”,
conta a diretora Manuela
Basegio Rigo.
A premiação do MEC
tem como critério um
relato de experiência na
área de inclusão. A equipe gaúcha enviou
o trabalho pedagógico com a estudante com paralisia cerebral. Ela entrou no
Maternal II em 2012, com três anos de
idade. Hoje frequenta o Pré B. No início,
ela possuía muitas dificuldades de comu-
22
educação
nicação, locomoção,
alimentação, relacionamento e não aceitava regras e limites.
A escola, através da
mantenedora, trabalha com dois professores nas turmas em
que há estudantes
com deficiência sem
autonomia e é feita uma estimulação individual diária e intensa.
Em 2013, a menina não estudou até maio, pois a família
havia mudado de município. Quando retornou, foi necessário
intensificar mais ainda o trabalho, pois as aquisições adquiridas
em 2012 haviam desaparecido. Até o final de 2013, ela estabeleceu laços afetivos com colegas e professoras, ficou sociável e
desenvolveu a linguagem com sílabas simples, além de participar
de todas as rotinas da escola.
A diretora também destaca a parceria com a Coordenação
de Educação Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação que,
entre outras atividades, realiza formação continuada para os
Professores de Apoio com o objetivo de trabalhar com a família
e a escola no processo educacional.
“A inclusão de estudantes com deficiência é desafiadora,
possível e muito gratificante. Precisamos acreditar que todos
temos potencialidades e diferenças e elas devem ser trabalhadas
e respeitadas nas escolas”, finaliza a diretora.
A experiência paulista
O segundo lugar na categoria
“Escolas” ficou para a EMEI Prof.
Ida Mengual, de Pontal/SP. O
município tem um “Atendimento
Educacional Especializado”, com
uma equipe de profissionais que
também orienta professores –
uma estratégia essencial para o
bom desempenho do processo
inclusivo, de acordo com Andresa Aparecida Costa da Silva,
mediadora da Educação Especial e responsável pela elaboração
do trabalho premiado.
Dos 357 alunos, 2 possuem deficiência física e um é autista.
O caso deste menino autista é que recebeu a premiação. Ele
tem três anos e ingressou na educação infantil em junho de
2012. No início, chorava, não aceitava o que era proposto e, em
algumas situações, batia e gritava, demonstrando nervosismo e
agitamento. No recreio, não se alimentava e se incomodava com
o barulho. Em sala de aula não aceitava a presença de outras
pessoas, o que fez com que os profissionais envolvidos elaborassem práticas educacionais inclusivas para seu desenvolvimento.
Como resultado, a criança já participa de pequenas apresentações, come alguns alimentos, realiza atividades escolares e
aceita a presença e carinho dos amigos. “O trabalho realizado
com o aluno autista é longo e requer muita dedicação por parte dos profissionais e da família. Os objetivos que não foram
atingidos serão reavaliados com o intuito de rever as estratégias
adotadas”, explica a diretora na época da premiação, Carla de
Fátima Machado Treviso.
“Nosso objetivo é favorecer o processo educacional inclusivo
e assegurar que todas as crianças possam aprender tendo ou
não uma deficiência, desde que sejam oferecidas estratégias
e recursos pedagógicos adequados às individualidades”, complementa a ex-diretora. “Nosso município é pequeno, mas a
sementinha está sendo semeada e idealizamos colher bons
frutos, enfatizando a formação de cidadãos éticos, estéticos e
políticos, capazes de construir uma sociedade justa e inclusiva.
Atualmente, a escola tem uma nova diretora, Maria Virgínia Leite
de Castro, e continuaremos com o trabalho em equipe sempre
com o intuito de promover não apenas uma escola para todos
e sim uma sociedade igualitária”, conclui Carla.
24
carnaval
por Deborah Prates
Chuva, Suor e Embaixadores
da Alegria
L
á pelas 5h30 desci com Jimmy para o seu primeiro pipi e já
percebi que estava serenando. Pensei com os meus botões:
- Essa chuva tem cara de que vai durar... levo ou não
levo Jimmy para desfilar logo mais na Marquês de Sapucaí ?
No decorrer do dia a chuva foi aumentando, aumentando
e ouvi no rádio que o centro do Rio de Janeiro/RJ estava um lamaçal
horrível por conta da greve dos garis. Os sacos de lixo e detritos mil
entupiram os bueiros; foi quando decidi não levar Jimmy para preservar a sua saúde. Afinal, são meus olhos e o amor que sinto por ele é
imensurável !
Queiroz, o meu amigo cineasta me ligou avisando que seus assistentes passariam na minha casa para o prosseguimento das filmagens
do nosso longa, rumo ao Sambódromo. Calça e tênis brancos, imaginei
com meus olhos cegos que retornariam negros... a blusa era em tons
azuis, verde, vermelho e branco, representando o time da Itália. O tema
era futebol e a sua história os Embaixadores da Alegria contariam no
curso do nosso desfile, na abertura do sábado de Carnaval das campeãs.
O relógio batia 17h e a bola rolou; lá fomos com a maior alegria
brincar o final do Carnaval. Tão magra, a amiga Berenice (minha bengala)
passava por entre os pingos em direção à estação do Metrô, escoltada
pelas câmeras que eternizariam os mágicos momentos de 2014.
O percurso foi pequeno, porém o suficiente para chegarmos todos
molhados. No desembarque a convicção de que seria impossível para
Jimmy... chovia cântaros ! Os ambulantes nos cercavam para a venda
de capas e, é claro, já nos abrigamos nelas, muito embora de quase
nada serviram diante do vento forte que soprava contra nós.
Pronto, encontramos o local da concentração que já estava abarrotado de foliões com e sem deficiência, ao som dos tamborins frenéticos.
Absolutamente, todos feito pintos molhados... maquiagens derretidas,
babylisses e chapinhas desfeitas, mas quanta empolgação !
Estávamos na boca da Marquês de Sapucaí, no portão de entrada,
entre as arquibancadas que, por incrível que pudesse parecer, já com
muita gente ensopada. A bateria esquentava enquanto 1.500 humanos se sacudiam e arrancavam as capas... Paul Davies, nosso querido
presidente, do alto de um camarote, jogava muitas bolas sobre nós e
a gritaria foi total... e a galera delirou ao ouvir o puxador do Salgueiro
anunciando a nossa entrada para começar o jogo... Pura adrenalina !!!
Nenhum problema... só felicidade !
- “Delira a torcida, Pintou na avenida... Embaixadores da Alegria...
Meu time é guerreiro, valente e na raça... Faz mais um gol de placa” !
Cantávamos a letra contagiante do samba em meio as muitas alas
que, num flash lotaram a avenida. A rainha da bateria (Down); a porta-bandeira (cadeirante); pessoas com nanismo, pessoas com deficiências
intelectuais, sensoriais, autistas, muletantes, bengalantes e pessoas sem
deficiência fizeram o show que arrepiaram as arquibancadas. Muita
chuva, suor e Embaixadores da Alegria...
De quebra, estava o amigo Fábio (andante em cadeira de rodas)
que espantava a toda gente ao se levantar da cadeira para saudar os
presentes... a solidariedade imperava e, como complemento, rolavam
as lágrimas, muitas lágrimas que, gostosamente, desembocavam nas
nossas bocas.
- Gooooooooooooooollllllllllllllllllllllll !!!
Que experiência única, inesquecível e inenarrável que, para ser
melhor, terá que contar com as presenças dos amigos leitores no Carnaval/2015. Assim, fica o convite:
- Vem pra Embaixadores você também... vem !
Deborah Prates é cega, advogada, delegada
da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão
de Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/
RJ além da Comissão Nacional de Promoção da
Igualdade e da Comissão Especial de Direito da
Tecnologia e Informação da OAB. Apresentadora/
coordenadora do programa “Acessibilidade em
Foco”, na rádio Contraponto (RJ). Desenvolve
o blog http://deborahpratesinclui.blogspot.com.
br/ e a página facebook.com/deborahpratespalestrante
26
internacional
por Isabel McEvilly
O “momento Zen”
no Surf Adaptado
O
amor pela prática de esportes não é exclusividade do
povo brasileiro. O americano cadeirante, Christiaan
Otter Bailey, é apaixonado
pelos mais variados segmentos esportivos
e demonstra seu sentimento diariamente:
o rapaz é praticante de surf, mergulho, vela,
paraquedismo e de WCMX – um esporte
radical praticado por pessoas com deficiência, que consiste na execução de manobras
radicais com a cadeira de rodas.
Ainda que a gama de esportes que pratica
seja grande, há um preferido: “o surf é a
única atividade onde você tem conexão e
interação direta com a natureza”, comenta
ele sobre sua maior paixão, praticada ao
longo de 26 anos. Bailey tem lesão medular,
doença que o afeta nas vértebras lombares
L3 e L4, devido ao acidente de skate que
sofreu em 2006.
Eu e a Revista Reação trazemos a você,
nosso leitor, direto dos EUA, a entrevista
publicada no site americano “Wheelchair
Traveling”, produzida pela jornalista Ashley
Lyn Olson, em que Christiaan compartilha
suas emoções e experiências relacionadas
ao esporte.
Site - Wheelchair Traveling: O que inspirou você a surfar ?
Christiaan Otter Bailey: Eu cresci ao lado
do oceano, ele era meu playground. Então,
enquanto a maioria das crianças tinham quadras de baseball e basquete, minha cidade
tinha ondas e skateparks, que é um ambien-
te recreativo construído especialmente para
a prática do Skate.
Site – WCT: Que tipo de prancha de
surf você tem ?
COB: Bem, eu tenho alguns tipos. Para
decidir qual modelo usar, depende muito
do tamanho e da onda que vou surfar. Existem algumas adaptações padronizadas em
relação à prancha. Para mim, elas são especificamente desenhadas para maximizar
o desempenho de quem está deitado nela.
Elas incorporam um design especificamente
embalador, com barbatana, culminando em
um canal específico que tem me ajudado
muito a superar os limites. Quanto às pernas,
tenho uma tira/fita que as mantém juntas e
um par de pequenos ímãs de neodímio –
28
internacional
pessoas gostam de pintar, outros tocam música ou esculpem. Para mim,
minha prancha é o meu pincel; a onda,
minha tela. Eu gosto de pensar no surf
como uma expressão artística. Surfo
porque é onde eu encontro minha felicidade !
um na tira/fita e outros na cauda da prancha
– que impedem as pernas de saltar para
fora em ondas maiores.
Site – WCT: Em quais lugares do mundo você já surfou ?
COB: Seria mais fácil você me perguntar
onde eu ainda não surfei, pois sou um viajante ! Seja por turismo ou a trabalho.
Site - WCT: Quais são seus 3 lugares
favoritos ?
COB: São “Cloud Break”, em Tavarua,
uma ilha em forma de coração que fica em
Fiji, país insular da Oceania; “Jeffreys Bai”, na
África do Sul e “Anchor Point”, no Marrocos.
Esses são os que me vêm à mente, mas há
muito mais lugares no mundo para resumi-los em apenas três, não acha ?
Site - WCT: Perto da sua casa, qual é
seu “ponto de surf” ?
COB: “Pleasure Point” – local de grande
referência à cultura do surf – e “Steamer
Lane” – localização também famosa da
prática do esporte – em Santa Cruz, na Califórnia, Estados Unidos.
Site - WCT: Em quais lugares você ainda quer surfar ?
COB: Eu adoraria ter a oportunidade de
surfar na Patagônia e Antártica. Há algum
tempo, vi fotos e ouvi histórias de amigos
que foram para lá. Eles me dizem quão
estúpido de bonito são os lugares !
Site - WCT: Quais os procedimentos e/
ou equipamentos você usa para ir e sair
do oceano ? Em outras palavras, como
é que você começa a pegar as ondas ?
COB: Sou patrocinado pela Box Wheelchair e eles têm uma cadeira de areia
muito boa para isso. Caso contrário, se estou
viajando sozinho, normalmente me arrasto.
Site - WCT: Você pode fazer qualquer
truque sobre as ondas ? Se sim, como faz
e como se mantém a salvo ?
COB: Faço “cutback”, que consiste em
virar para trás durante a manobra; “floaters”,
que é surfar na crista da onda e, se as condições forem adequadas, salto para fora dela.
Ano passado, fiz o primeiro adaptado “barrel
roll air” – que é dar uma volta completa de
lado – durante o O’neill Coldwater Classic
e, desde então, venho tentando aperfeiçoar
esse truque.
Site - WCT: Qual foi a maior onda que
você surfou ?
COB: Mavericks, local de surf ao norte
da Califórnia, EUA, com cerca de 40 pés, no
ano de 2009. Foi um grande dia !
Site - WCT: Você já viu um grande
tubarão branco ou qualquer outro enquanto surfava ?
COB: Claro... os tubarões-tigre, tubarões-touro e os ocasionais – grande branco. Você
ficaria surpresa se soubesse quantas vezes
eles estão por aí sem serem vistos. Em geral,
os tubarões não têm nenhum interesse em
nós como alimento. Não me preocupo com
isso. Estatisticamente, você teria mais chance
de ser atingido por um raio, imediatamente
em seguida ganhar na loteria e depois de
ser atacado por um tubarão.
Site - WCT: Já foi puxado sob uma
correnteza ? O que aconteceu e o que
você fez para ficar seguro ?
COB: Todo o tempo ! O truque é simplesmente nadar para o mar e, em seguida,
em paralelo com a costa até que esteja livre
da corrente, mas nunca tentar combatê-la.
Isso só faria com que você perdesse uma
energia valiosa e é aí que as coisas ficam
perigosas. Tenha em mente, no final do dia,
que o oceano sempre vence !
Site - WCT: Por que você ama tanto
surfar ?
COB: É assim que eu encontro o
meu “momento Zen” na vida. Algumas
Site - WCT: O que o surf lhe ensinou
sobre si mesmo e sobre vida ?
COB: Ter paciência. Prazer em viajar,
amor pela exploração, harmonia com a natureza e a lista continua... Basta dizer que o
surf tem potencial para ensinar muito sobre a vida. Mas, o que é exatamente isso ?
É um reflexo pessoal, de uma perspectiva
individual.
Conversas à parte, perguntei também
a Christiaan sobre sua opinião em relação
ao Brasil. O surfista pareceu bem animado:
“conheço uma tonelada de coisas sobre o
Brasil, amo esse País ! Comida fantástica,
beleza natural, divertido e apaixonado ! O
Rio de Janeiro está entre os meus Top 5”,
comenta o esportista.
Em relação aos próximos Jogos Olímpicos, o clima ainda é de dúvida e expectativa sobre sua vinda para cá: “Aaron e eu
estávamos na equipe em 2010 para os
jogos de inverno de WCMX, em Vancouver,
na cerimônia de abertura. Se o Brasil nos
convidar, teremos orgulho de ir ! Mas, ainda
não fomos chamados”, finaliza Bailey.
Entrevista produzida por Ashley
Olson. A versão original (inglês)
está publicada em:
wheelchairtraveling.com
Christiaan Otter Bailey:
https://www.facebook.com/christiaan.bailey
Ashley Lyn Olson:
http://www.facebook.com/ashley.l.olson.98
Isabel McEvilly tem
sequela de Pólio, é
brasileira radicada
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assinante e agora,
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notas
29
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O Projeto Atende foi implantado na cidade de São Paulo, em
maio de 1996, com o objetivo de transportar pessoas com deficiência com alto grau de severidade e dependência, impossibilitadas
de utilizar os meios de transporte público para a realização de
tratamentos médicos, estudos, trabalho e lazer. O transporte das
pessoas é feito em vans devidamente adaptadas e o sucesso foi
tanto que o programa acabou sendo copiado por várias cidades
de todo o Brasil e é exemplo comentado em todo o mundo. Em
fevereiro desse ano, a Prefeitura anunciou que também os táxis
acessíveis agora farão parte do Atende e que aplicará cerca de
R$ 2 milhões por ano no novo serviço. O agendamento deverá
ser feito com antecedência e as inscrições para a utilização dos
táxis podem ser feitas nos postos de atendimento da SPTrans.
Um edital da Secretaria Municipal de Transportes convidará
empresas que possuem táxis acessíveis a manifestarem o interesse em utilizar seus veículos para as viagens eventuais do
Atende e assim efetuarem seu credenciamento junto à Prefeitura.
Atualmente, São Paulo conta com 89 táxis acessíveis circulando
pela cidade para fins particulares. Até o final do ano, o Atende passará a transportar regularmente também pessoas com autismo
e surdocegueira, que hoje só têm direito ao serviço com ordem
judicial. Em 2013, o Atende realizou mais de 1,3 milhões de
viagens, percorrendo 16,9 milhões de Km. Atualmente, o serviço
opera com 388 veículos adaptados que transportam um total
de 7.350 passageiros – sendo 4.397 pessoas com deficiência e
2.953 acompanhantes.
30
cultura
100
95
Artistas brasileiros estreiam
trabalho em Londres
75
25
5
0
Q
uatro artistas brasileiros com deficiência apresentam em Londres,
de 15 a 19 de abril, o espetáculo
“Belonging”, como parte da programação de um dos maiores festivais
de circo do mundo, o Circus Fest 2014, que reúne
companhias de diversos países e acontece entre
os dias 26/03 a 27/04 no RoundHouse, uma das
casas mais prestigiadas da cidade.
O espetáculo é uma parceria do Circo Crescer
e Viver, do Rio de Janeiro, com os londrinos da
Graeae Theatre Company, dirigida por Jenny Sealey que assinou, ao lado de Bradley Hemmings, a
cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de
Londres 2012 e alcançou reputação internacional
pelo seu trabalho pioneiro de acessibilidade no
teatro através de montagens e produções com
artistas com deficiência.
Em maio a montagem estará no 2º Festival Internacional de Circo, no Rio de Janeiro/RJ, e depois
em São Paulo/SP. Unindo circo, teatro, música e
dança, “Belonging”, que pode ser traduzido como
“Pertencimento”, quer aprofundar a ideia “daquilo
que nos conecta e também daquilo que nos divide
enquanto pessoas”. É completamente acessível
e tem elenco com artistas com e sem
deficiência.
Sara Bentes, cantora, compositora e
atriz é a única cega. Já cantou e foi premiada fora do país, esteve nos Estados
Unidos, Itália e Argentina. Como atriz,
fez parte da Cia Mix Menestreis, de Deto
Montenegro, e atualmente integra o elenco do Teatro Cego, em São Paulo. Tem
dois livros e dois CDs lançados de forma
independente e prepara um novo CD.
André Melo de Souza foi o primeiro
usuário de cadeira de rodas a surfar a
pororoca do Rio Mearim, na cidade de
Arari, é de São Luiz do Maranhão. Surf
sempre foi sua paixão e ele nunca tinha
trabalhado com circo, mas o trabalho de
seda e trapézio tornaram-se suas especialidades.
Viviane Pereira Macedo é uma conhecida bailarina e coreógrafa, pentacampeã
brasileira de dança esportiva em cadeira
de rodas, tem sua própria companhia de
dança e costuma participar de muitos
campeonatos no exterior.
Marcos Paulo é um esportista, o circo
e o trabalho aéreo foram novas maneiras
de usar sua capacidade atlética.
Eles fizeram capacitação para o projeto
na escola de circo Crescer e Viver e seu
coordenador artístico, Vinícius Daumas,
será co-diretor do espetáculo. Desde
meados de 2013, o Crescer e o Graeae estão trabalhando juntos na busca
do desenvolvimento e consolidação de
100
uma metodologia
de formação e qualificação em artes circenses voltada a artis95
tas com deficiência física. Para Daumas,
que embarcou
junto com o grupo em
75
23 de março, a intenção é capacitar outros profissionais da área que pretendam
atender
de forma qualificada o público
25
com deficiência.
5
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32
especial reatech
Reatech 2014 chega com
novidades e atrações especiais !
A
13ª edição da Feira Internacional de Reabilitação,
Inclusão, Acessibilidade Tecnologias Assistivas e
Paradesporto, que acontece de 10 a 13 de abril,
no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo/SP, segundo informações da organização do
evento, espera 300 expositores em seus 35 mil m² de área.
Considerado o maior evento de inclusão social da América Latina,
tem como tema neste ano: “Levante a nossa bandeira”, escolhido
com a intenção de que cada visitante propague novas ideias.
Os organizadores esperam cerca de 50 mil visitantes na edição
de 2014, e a realização de negócios em torno de R$ 320 milhões.
“Estaremos com um grupo maior de expositores internacionais
de países como Itália, Suíça, Venezuela,
China, Taiwan e Polônia, que trarão para
2014 tecnologias assistivas nunca apresentadas antes ao mercado brasileiro”,
afirma Malu Savieri, diretora da feira.
“Isto é muito importante, pois ajuda a
ter produtos melhores e reduz o preço
no mercado, uma vez que aumenta a
concorrência. Quem ganha é o cliente”,
acredita.
O Grupo Fiera Milano, responsável
pela Reatech desde 2011, depois da
aquisição majoritária do Grupo Cipa,
está com novo nome no comando das
operações no Brasil: é Marco Antonio
Mastrandonakis, que foi nomeado diretor geral da empresa Cipa Fiera Milano
no último dia 17 de março. Ele tem
mais de 25 anos dedicados ao setor de
feiras e revistas no Brasil e no exterior,
e foi presidente do Grupo Fispal Feiras
e Produtos Comerciais e do Grupo BTS
– Brazil Trade Shows. Ele substitui José
Roberto Sevieri à frente da empresa.
Atenção aos visitantes
A preocupação com a acessibilidade é constante entre os
organizadores. Este ano, como nas cinco últimas edições da
especial reatech
Fisioterapia, dentre outros cursos. Alguns voluntários que não participaram da capacitação estarão no balcão de
informações e em outras atividades. Nesta
edição da Reatech serão cerca de 120
pessoas que se revezarão todos os dias
do evento. O serviço de acompanhamento
começará, a priori, em até uma hora após
a abertura do evento, terminando em até
uma hora antes do fechamento. Cada voluntário terá um tempo determinado por
visitante. O balcão do voluntariado ou de
informações fica na entrada da feira.
Aproveitando a viagem
feira, foi feita a capacitação básica de voluntários para a atuação junto a visitantes
com deficiência visual que chegam desacompanhados para a visita, promovida
com apoio da Cipa Fiera Milano e Revista
Reação, realizado pela terapeuta e colunista da revista, Suely Carvalho de Sá Yanes.
Os interessados receberam orientações
sobre como guiar as pessoas nessas condições, receberam uma apostila e também
passaram por algumas vivências (práticas).
Vários dos interessados são alunos de
universidades parceiras, como estudantes
de Terapia Ocupacional, Educação Física,
Como muitas pessoas de outras cidades
visitam a feira, pensando nisso, este ano
a Livre Mundi está pela primeira vez com
um estande na Reatech. Especializada em
turismo acessível há cerca de um ano,
acompanhando cadeirantes em Gramado/
RS, Socorro/SP, São Sebastião/SP e Ubatuba/SP, a empresa montou uma “praia”
em seu estande e convida os visitantes
33
34
especial reatech
para uma água de coco. Também serão oferecidos pela Livre
Mundi, roteiros acessíveis na cidade de São Paulo durante o
período da Reatech e também divulgadas outras opções da
agência para PcD, como: praia, aventura, hotéis de charme,
passeios de balão e viagens internacionais. Os interessados
poderão contratar os passeios na capital paulista no próprio
estande ou antecipadamente pelo site www.livremundi.com.br.
Juliana Nicolia, sócia e gerente de
operações da empresa, explica que os
passeios pela cidade durante a Reatech serão realizados com van acessível
para as pessoas com deficiência, com
audiodescrição e intérprete de libras. Os
roteiros selecionados envolvem o centro histórico, São Paulo cultural, os bares
da Vila Madalena e, especialmente para cegos, a galeria tátil
da Pinacoteca do Estado, com almoço no Mercado Municipal.
Desfile de moda
Já é tradicional na Reatech o palco para shows e apresentações diversas. Este ano não será diferente e uma das atrações,
o Projeto Fashion Inclusivo, traz um grupo de crianças e jovens
com Síndrome de Down, paralisia cerebral, lesão medular e
autismo que se apresentará dia 12, às 17h.
O projeto nasceu em 2010 em Sobradinho/DF, idealizado
pela professora Ângela Ferreira e tem crescido a cada novo
evento. Promoveu desfiles nas Câmaras Legislativa e Federal em
Brasília, na Associação dos Médicos, em Shoppings Centers da
Cidade, no Salão de Acessibilidade e no Capital Fashion Week.
Haverá modelos convidados de outros estados como Adriana
Buzelin, cadeirante e mergulhadora de Minas Gerais, articulista
da revista Reação.
Os objetivos são proporcionar às pessoas com deficiência
situações que favoreçam a autoconfiança e a autoestima, através
da participação em desfiles de moda; estimular o desenvolvimento do senso crítico, buscando maior autonomia, participação e
reflexão de toda a comunidade escolar; proporcionar a inclusão
social e desenvolver as potencialidades significativas dos participantes, entre outros.
Oportunidades de trabalho
Alguns expositores aproveitarão a oportunidade para cadastrar
pessoas interessadas em trabalhar. Um deles é a Associação
Congregação de Santa Catarina (ACSC), instituição filantrópica
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
36
especial reatech
presente em sete estados brasileiros que
participa pelo segundo ano consecutivo.
Seu Programa Vida Plena oferece oportunidades para todos os níveis profissionais.
Para facilitar o acesso às vagas na Reatech,
a ACSC contará com o apoio do site Vagas.
com, para que os visitantes possam fazer
o cadastro online durante o evento e/ou
conhecer as vagas através do endereço:
www.vagas.com.br/acsc
Bancos são destaque
O estande do Bradesco, que participa
da feira desde 2010, também traz oportunidade de cadastramento para vagas
disponíveis. O banco já oferece, gratuita-
mente, um portfólio de produtos e serviços
pioneiros para pessoas com deficiência.
Neste ano, de acordo com Luca Cavalcanti,
Diretor de Canais Digitais, será apresentado o novo serviço de verbalização dos valores e posição das notas dispensadas pelas
máquinas de autoatendimento, durante a
operação de saque por correntistas com
deficiência visual. Por meio do software de
voz, disponível nas máquinas, esse público
pode realizar consultas e transações com
autonomia e independência.
Também estará disponível o cadastramento da Biometria (sistema de segurança
que consiste na leitura da palma da mão
para validação de transações financeiras
nas máquinas de autoatendimento). Os
visitantes terão a oportunidade de abrir
uma conta pessoa física e solicitar os produtos e serviços de acessibilidade. Para
isto, basta comparecer ao estande com
os documentos pessoais. Mais informações podem ser verificadas no site: www.
bradesco.com.br/acessibilidade.
Para Cavalcanti: “é na Reatech que
temos a oportunidade de atingir nosso
público, e também, levar o conhecimento
de todas as soluções que oferecemos a
este segmento. Levando em consideração
a representatividade desta feira junto às
pessoas com deficiência, vale ressaltar que
este é o espaço onde elas encontrarão
soluções para facilitar o seu dia a dia. As
pessoas com deficiências aguardam ansiosamente por este evento, pois anualmente são lançados produtos e serviços que
devolvem a esperança de melhorar suas
condições de vida”, conclui.
Lançamento no setor
automobilístico
A Toyota, presente na Reatech desde
a primeira edição em 2002, aproveita o
seu estande de 360 m² para mostrar seu
lançamento tão esperado: o Novo Corolla
2015 ! Conhecido e reconhecido como o
veículo mais vendido na história da indústria automobilística mundial, são mais de
40 milhões de unidades comercializadas
nos cinco continentes, desde 1966, ano
do lançamento de sua primeira geração.
O modelo, que começou a ser vendido em março, pertence ao segmento de
sedãs médios e reúne qualidade construtiva única, design elegante e moderno.
O modelo já é tradicionalmente um dos
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é uma base giratória opcional projetada para o elevador Fiorella.
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38
especial reatech
mais queridos das pessoas com deficiência, por trazer itens que
facilitam o seu uso, como o câmbio automático e o amplo espaço interno. O mercado de PcD é considerado muito importante
e promissor para a montadora, e o departamento de Vendas
Diretas está pronto para esclarecer todas as dúvidas e ajudar na
compra do novo modelo com isenções. A montadora também
estará mostrando aos visitantes e trabalhando a linha do Etios.
Outras montadoras como: GM/Chevrolet, Fiat, Renault, Nissan, Honda, Hyundai e Ford também marcam presença este ano.
Para os interessados, será possível fazer um test-drive em
alguns dos modelos expostos, em espaço apropriado durante
a feira, com toda segurança, como já é tradição na Reatech.
Acessórios para veículos e outras linhas
“A Reatech tem sido, ao longo dos últimos anos, o evento
no qual a Cavenaghi faz seus mais importantes lançamentos no
mercado. É também um momento onde podemos reencontrar
nossos clientes e voltar toda a empresa a este atendimento”, explica Mônica Cavenaghi, diretora da empresa.
No estande deste ano, estarão todas as plataformas de
atendimento. Além da Linha Direção, o espaço apresentará as
linhas: Transporte, Cadeira de Rodas e Acessórios, Adequação
Postural e Linha Autonomia. A novidade fica por conta da Linha Conforto e Bem Estar que foi incorporada ao portfólio da
empresa, com foco no público de terceira idade.
Para veículos, um dos destaques é o Novo Comando Manual
Universal (CMU), mais ergonômico e com design moderno e diferenciado. O CMU transfere os comandos de acelerador e freio de
serviço para serem acionados pelo membro superior esquerdo do
motorista através de uma empunhadura horizontal posicionada ao
lado esquerdo do volante de direção do veículo.
Já o novo Controle de Comandos Elétricos (CCE) permite o
controle de dirigibilidade (seta, faróis, lavadores, limpadores e buzina)
e do volante do veículo, simultaneamente. O Banco Giratório Turny
Evo torna mais fácil a operação de entrar e sair do carro, tanto para
o passageiro, quanto para o motorista. Um dos grandes diferenciais deste modelo é a capacidade de adaptação do percurso de
movimento giratório do banco e a inclinação ilimitada do encosto,
oferecendo maior conforto na operação e no espaço para o usuário.
Esta versão pode ser instalada em veículos altos (SUVs), pois possui
também o movimento vertical que facilita a saída/entrada do usuário.
A Linha Conforto e Bem Estar apresenta produtos como as
camas articuladas Comfort e Centauro, poltrona Pride que facilita
o sentar e levantar, e pode ser utilizada tanto para usuários ativos,
como para usuários idosos ou que possuam algum tipo de limitação
de mobilidade. Passarão a compor a linha Conforto e Bem Estar
produtos que antes estavam classificados na linha de acessórios
como andadores, bengalas, banquetas, além do Scalamobil que já
foi apresentado na Reatech em 2013.
Na Linha Transporte estará presente o Spin Acessível Cavenaghi, o primeiro veículo de passeio para transporte de cadeirantes.
A principal adaptação é o rebaixamento do piso do modelo da
Chevrolet, que permite ao cadeirante acesso ao veiculo pela parte
traseira do veículo, com a sua própria cadeira de rodas, a partir do
apoio de uma rampa. O veículo apresenta fixadores de cadeiras
de rodas dianteiros e traseiros totalmente automáticos, não permitindo o retorno involuntário da cadeira. A novidade deste ano fica
por conta de algumas mudanças nos bancos e detalhes internos
do veículo, proporcionando muito mais conforto ao cadeirante e
demais passageiros.
Destaque para empresa italiana
Depois de estrear na Reatech em 2013, a Focaccia Group do
Brasil volta confiante
em sua participação:
“Pelo alto número
de visitantes, pelo
clima de amizade
e envolvimento humano que se respira, acreditamos
que a Reatech seja
o lugar melhor hoje,
no Brasil, para levar
ao conhecimento
do grande publico
os produtos e as
inovações para acessibilidade e inclusão social”, explica o diretor Giácomo
Morandini. “A curiosidade e interesse
demostrados pelo público para a nossa plataforma mono braço Fiorella, nos
convenceu em confirmar a nossa presença nesta edição com um estande
mais amplo e com a exposição de veículos”, ele conta. Serão
apresentados um Fiat Doblò e uma Mercedes Sprinter com
duas plataformas Fiorella instaladas, na porta traseira e na porta
lateral, respectivamente. Fiorella é uma plataforma muito silenciosa, segura, certificada com o teste de impacto a 20 G, vinte
vezes a força de gravidade. Por suas características construtivas
e pelos materiais utilizados, além da ergonomia e elegância, o
40
especial reatech
desgaste no tempo é muito reduzido comparado com equipamentos similares.
Também estarão presentes outras novidades da Focaccia:
F-Twister, um equipamento opcional instalado na Fiorella que
permite a plataforma rebater para fora ou para dentro do veículo. Isso facilita as operações de fixação da cadeira de rodas, de
embarque de bagagem ou ainda como saída de emergência;
F-Turbo Slide, em colaboração com a montadora Renault, nos
veículos Fluence e Duster, um suporte de transferência para
cadeirante, bem inovador, elegante, ergonômico, robusto e que
se pode adaptar a quase todos os veículos de passeio; F-Winch,
um guincho acoplando ao veículo que mantém a elegância e
a beleza do modelo de série e oferece a possibilidade para os
cadeirantes, ou seus acompanhantes, que usam veículos com
piso rebaixado ou rampas, de ter uma ajuda na utilização desse
tipo de acesso.
A vez do esporte
Já que este ano o esporte entrou até no nome da Reatech, a
Associação Desportiva para Deficientes (ADD), presente desde
a primeira edição da feira, promete uma presença marcante em
seu espaço de 2.000 m² montado em um pavilhão exclusivo,
onde ocorrerão campeonatos e exibições de jogos esportivos
adaptados para pessoas com deficiência. Além das modalidades
clássicas, como basquete em cadeiras de rodas e atletismo, trará também apresentações de bocha paralímpica e atividades
paradesportivas desenvolvidas pelas crianças da ADD Escola de
Esporte Adaptado.
Aproveitando o evento, será lançado o patrocínio da ADD
para projeto visando o aumento da carga horária de treinamento, descoberta de novos talentos e ampliação do número de
praticantes, bem como o oferecimento de outras importantes
modalidades do rol paralímpico, como a prática paradesportiva
para outras modalidades, além do basquetebol em cadeira de
rodas, como: a Bocha e o atletismo, na cidade de São Paulo/SP
e na cidade de Santos/SP.
“A Reatech é um dos momentos do ano mais importantes
para o setor, uma oportunidade incrível de expormos para as
pessoas o quanto o esporte adaptado é transformador. A ADD
Sports Arena, espaço tradicional no evento, já se tornou também um local de encontro e descontração para os visitantes. É
o espaço mais despojado da Reatech, onde as pessoas podem
conhecer de perto as modalidades, os atletas e os projetos da
associação”, garante Eliane Miada, diretora de gestão na ADD.
Lei de Cotas
Na programação de seminários e discussões está marcado
para o dia 11, de 11h às 14h, o Fórum Lei de Cotas e Trabalho
Decente para a Pessoa com Deficiência, com entrada gratuita,
organizado pelo Espaço da Cidadania e parceiros. A série de
palestras é dedicada às pessoas que atuam no mundo do
trabalho para que descobriam as tecnologias de acessibilidade
que derrubam mitos e preconceitos sobre deficiência e trabalho.
Mais informações: [email protected]
Discutindo a Tecnologia Assistiva
A ABRIDEF - Associação Brasileira das Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para Pessoas com Deficiência
promove no dia 10, de 9h às 17h, um workshop sobre: “O Modelo Need to Knowledge (NtK) - Desenvolvimento e Inovação
Tecnológica em Tecnologia Assistiva - Onde o recurso investido
tem mais retorno, na academia, na indústria ou na combinação
de ambas ?”. O destaque fica por conta da participação especial
do convidado internacional, Joseph P. Lane (SUNY at Buffalo),
trazido pela entidade dos EUA para o evento, que terá também
a participação da Dra. Maria de Mello (TechnoCare).
42
especial reatech
A proposta é discutir o financiamento e execução de projetos
em tecnologia assistiva. Os programas do governo patrocinam
a pesquisa e inovação nessa área. Esses projetos visam gerar
invenções através do desenvolvimento de protótipos de engenharia, e podem incluir a transferência dessas inovações para a
indústria nacional. No entanto, alguns pesquisadores/instituições
que recebem esses financiamentos não têm formação suficiente,
experiência e infraestrutura para concluir com êxito o trabalho
envolvido em todas as três metodologias (investigação científica,
desenvolvimento de engenharia e produção industrial). O encontro quer discutir justamente o Modelo Need to Knowledge - NtK,
desenvolvido em 20 anos de pesquisa, que fornece um “livro de
receitas” para o planejamento, execução, gestão e documentação
de progresso em tais projetos. Para os associados da ABRIDEF
a entrada é gratuita e para outros interessados a taxa é de R$
100,00. Mais informações www.abridef.org.br
Participações oficiais
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República,
por meio da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da
Pessoa com Deficiência (SNPD), montou um estande de 394
m² com a presença de 13 ministérios e órgãos parceiros do
governo federal visando a tecnologia assistiva.
A programação inclui o lançamento do site Turismo Acessível
do Ministério do Turismo, palestra sobre as ações do Ministério
das Cidades para promoção da Acessibilidade no Brasil, apresentação “Aposentadoria para Pessoas com Deficiência e seus
desafios” do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e
apresentação das Ações do Benefício de Prestação Continuada-BPC, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome. As atividades da SDH serão coordenadas pela SNPD com
participação do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência (CONADE) através de 3 oficinas. Uma sobre o Marco
Legal dos Conselhos de Direitos da Pessoa com Deficiência, outra
sobre Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade
e Saúde (CIF) e a oficina Certificação de Entidades de Pessoas
com Deficiência. Além das oficinas, será apresentado o Seminário
Tecnologia Assistiva aos participantes.
A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, volta com um espaço para apresentar todos
os programas desenvolvidos na área. A novidade desta edição é
o tunel sensorial, onde pessoas com e sem deficiência poderão
percorrer, em um trajeto de 15 minutos, um espaço em que
o único sentido não utilizado será a visão. No túnel, estão oito
estações com painéis de diferentes texturas que reproduzem
aspectos da vida cotidiana. Em escuridão total, os visitantes
perceberão aromas, temperaturas e sons diferentes. Quem
enxerga será guiado por um cego.
Por dentro das novidades
Para saber o que está acontecendo na Reatech, é só acompanhar as transmissões da WEB Rádio Vanmix, que faz parte
do Portal Vanmix, idealizados e administrados prioritariamente
por técnicos, programadores, jornalistas, publicitários, sociólogos
e radialistas cegos (80% da equipe). Foi montado um estúdio
externo que servirá de apoio para a cobertura ao vivo dos
principais acontecimentos da feira. É a quinta vez que a rádio
transmite a Reatech, sendo que as duas últimas oficialmente,
a convite da organização do evento. Para ouvir, é só acesar o
site www.vanmix.com/radio
46
iniciativa
por Adriana Buzelin
Filha da Terra, a beleza
das raízes do Brasil
O
projeto Filha da Terra começou a ser idealizado por
mim e a fotógrafa baiana
Daniela Gama em abril de
2013, quando conheci seu
projeto fotográfico Passos Alados para uma
exposição que seria realizada em julho, no
Memorial da Inclusão, em São Paulo.
Em novembro de 2013 já estávamos
com tudo programado para a realização do
ensaio. Foram vários meses correndo atrás
de todo material que necessitaríamos. Com
as parcerias de vários artistas conseguimos
figurino, cocares, colares, tiaras, artefatos
indígenas originais, tratamento dos cabelos
e elaboração da maquiagem, além da reserva do local onde aconteceriam as fotos.
Com as passagens e hospedagens pagas, a
fotógrafa Daniela pode vir a Belo Horizonte
e executamos o tão esperado ensaio.
A locação não poderia ser mais bonita
e mais interativa com o tema. No alto das
montanhas, com a sensação de que se tem
um mundo a conquistar, o restaurante Topo
do Mundo, localizado em Brumadinho, cidade de Minas Gerais, tem um belíssimo
espaço reservado aos praticantes do para-
pente fazerem seus saltos. E é exatamente
por se tratar de um espaço grandioso que
a natureza e a beleza se sobressaem de
forma muito destacada no ensaio Filha da
Terra. Com suas cores e ousadia, pode evidenciar o quão é bela a cultura indígena
e rica na minha terra natal: Minas Gerais.
Decididas a focar o ensaio na temática
dos povos indígenas, por serem de uma
beleza única com seus traços, cores, raízes
artísticas, as fotografias revelaram a relação desses povos, primeiros habitantes do
Brasil, com a arte e a beleza dos povos
brasileiros de hoje, em sua miscigenação.
Porém, a ideia de me fotografar de índia
não é recente. Minha mãe, Iole Marques,
formada em artes plásticas, sempre pintou quadros indígenas, sendo a maioria
parecidos comigo, e desde então povoam
as paredes do meu apartamento. Um dia,
displicentemente, tirei uma foto na webcam
do meu computador e meu amigo Leandro
Mafra me transformou, de brincadeira, em
uma índia em um programa de edição de
imagem. Dá-lhe tempo isto, foi em 2008 !
Após algum tempo, meu irmão Márcio
Buzelin foi à Amazônia e conheceu de perto
toda essa cultura riquíssima e tão representativa do nosso país. Trouxe de lá flechas,
lanças, máscaras, ornamentos corporais,
instrumentos musicais, cerâmicas, cestos
dentre outros artefatos indígenas. Minha
mãe, munida de livros e mais cultura indígena, continuou pintando seus quadros e
eu cada vez mais fascinada pela arte.
Eu já era modelo antes de me acidentar,
mas durante anos deixei de cogitar a possibilidade de voltar a trabalhar com moda.
Fui a primeira modelo cadeirante agenciada
de Minas Gerais pela Woll Agency, mas
quando sou questionada sobre a carreira
de modelo inclusiva ainda percebo, em
meu estado, que a inclusão no universo
da moda para quem tem uma deficiência
ou mesmo possui algo diferente do padrão
ainda é difícil. É preciso divulgação e trabalhos que chamem a atenção da sociedade.
Depois de ter feito alguns ensaios que
chamaram atenção para este novo universo, percebi que poderia ousar em algo mais
temático e que incluísse a união de vários
propósitos: reunir num mesmo ensaio uma
modelo com deficiência e a cultura indígena que é tão excluída e desvalorizada pela
iniciativa
VERSÁTIL - USO SOCIAL/SANITÁRIO
ANGRA
Mas o belíssimo ensaio foi realizado onde eu, como modelo,
incorporei a índia guerreira, batalhadora, lutando pelo seu espaço e
pela inclusão/integração com a sociedade e Daniela, como fotógrafa,
conseguiu unir a beleza valorizando tanto a riqueza do tema com
grande harmonia da natureza e cores das montanhas de Minas.
O ensaio fotográfico conta com 16 fotografias de Daniela Gama.
Nas fotos foram utilizados cocares idealizados pelo artista plástico
Jorge Alberto; colares feitos com fios de algodão e cerâmica, com
grafismos e cores de referência indígena brasileira de autoria da
ceramista Ma Ferreira, um vestido branco longo de seda feito pelo
estilista Romulo Salomão, vestidos de renda e linho cru, feitos
pela estilista Lua Marinho; artefatos indígenas cedidos do acervo
pessoal de Iole Marques e uma belíssima concepção de beleza
desenvolvida pela profissional Alissa Hissa. Espero que gostem
de algumas fotos do ensaio Filha da Terra, que generosamente a
Revista Reação cedeu espaço para apresentá-las.
Adriana Buzelin cursou Relações Públicas,
Produção Editorial, Design Gráfico e Artes Plásticas. É artista plástica, escultora e modelo.
Retomou sua vida após um acidente que a
deixou tetraplégica. É a primeira cadeirante
tetraplégica a ser registrada em mergulho
adaptado pela HSA/Internacional no estado
de Minas Gerais.
Site: www.adrianabuzelin.com
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Fotos apenas ilustrativas
nossa sociedade. E o ensaio Filha da Terra tem a finalidade de
mostrar a inclusão no mundo da moda, bem como no mundo
profissional em geral.
A proposta inicial era de fazermos também uma exposição
em Belo Horizonte/MG de fotos, mas devido aos custos e falta
de empresários que se interessassem em patrocinar a mostra,
infelizmente desistimos da ideia, porém decidimos divulgar através da mídia, finalizando assim o projeto e cada uma seguindo
novos rumos. O que percebo é que, se por um lado são poucos
os empresários interessados ou sem uma visão de beleza voltada
para pessoas com deficiência, por outro os próprios modelos ou
pessoas que gostariam de se tornar modelos encontram neles
próprios e na sociedade, barreiras que os impedem de ir adiante,
em busca deste sonho.
47
48
sexualidade
por Fabiano Puhlmann
Sonhos, desejos e
metas alcançáveis
A
pessoa com deficiência
precisa ter poder sobre
sua vida. Ninguém pode
impedir que ela tome decisões sobre qualquer assunto que lhe diga respeito. Têm direitos
de escolher o rumo que quer dar a sua
vida e liberdade para sentir e exprimir
seus sentimentos com autonomia.
“Empoderamento” é um termo americano que expressa esta necessidade. A
necessidade de resgatarmos ou adquirirmos o controle sobre nossas vidas, o
poder de ser e de viver tal qual desejamos. Poder para planejar o futuro como
sonhamos, vontade para lutar contra as
dificuldades, coragem de enfrentar barreiras sem esmorecer. Ninguém segura
um coração apaixonado, o céu é o limite
! Nada é impossível se, com fé, acreditarmos na felicidade. Independência
ou nada !
Sim, podemos e queremos viver com
autonomia e não estamos sozinhos. Os
líderes com deficiência provaram ser
possível uma vida inclusiva para todos. A
pessoa com deficiência bem informada,
que já atingiu alto grau de autonomia,
consegue se abrir para sonhar com dias
melhores, independente de barreiras físicas, sociais, econômicas e pessoais. Têm
desejos livres, metas possíveis. Querem
encontrar a pessoa certa na estrada da
vida. Querem estar acompanhadas, ser
amadas e felizes, pois sabem que é
possível constituir família e compartilhar
experiências únicas como todo mundo.
Sem bloqueios para acreditar em si
mesmo, são seres apaixonados pela vida
que não se
abateram com a convivência diária
com a deficiência. Lutam para atingir
seus objetivos pessoais, profissionais e
amorosos. Sonham sobre como o andar
veloz é saudável em uma cadeira de
rodas, em saltar sobre as ondas com
suas próteses.
Mobilidade é a meta alcançável para
todos e quem sabe viver assim transborda de entusiasmo. Aquela viagem
idealizada por um cego a lugares exóticos, onde poderá exercitar o paladar e o
olfato. O deslumbramento de tocar em
obras de arte milenares, escalar montanhas, pular de paraquedas, mergulhar
em ilhas paradisíacas ou simplesmente
balançar em uma rede ao som de um
violão tocado por um filho virtuoso...
tudo isso é sonhar e realizar dentro das
possibilidades de cada momento de
vida.
A LIBRAS, tornando-se uma linguagem conhecida por todo cidadão brasileiro, aprendida por todos desde o
ensino infantil até o ensino médio é
uma conquista ! Hoje falamos mal o português, escrevemos e lemos pior ainda.
Nossa segunda língua parece ser o “portunhol” – um desrespeito para com nossos irmãos latino-americanos. A maioria
dos aventureiros em línguas estrangeiras entende pouco do inglês e menos
ainda do francês
e do alemão e
acha que a
escrita dos
orientais veio
de algum extraterrestre...
O surdo sabe sonhar
com metas possíveis. Ele
apenas deseja se comunicar com todos os brasileiros de maneira livre
para poder exercer plenamente seus direitos.
Uma pessoa com deficiência intelectual sonha tanto quanto nós ! Acreditemos em seu potencial. Desde a maternidade, mesmo depois do diagnóstico
clínico, o sonho deve continuar. Pais
bem informados incluem seus filhos na
escola, no lazer e na comunidade. Educam seus filhos com consciência de suas
possibilidades para que eles se tornem
adultos independentes.
As pessoas com deficiência, como
todo brasileiro, desejam um Brasil livre da corrupção, aberto e globalizado,
com uma economia sólida, onde todos
somente precisem seguir as regras para
progredir. Um País sem burocracias intermináveis, com serviços confiáveis, escolas alinhadas com o nível de exigência
dos índices de educação internacional.
Um sistema de saúde estatal ou privado que funcione, sistema jurídico que
defenda os direitos e puna os delitos
em qualquer idade, polícia investigativa
sexualidade
49
deficiência nos últimos 50 anos, mudaram a visão de mundo do brasileiro. Agora podemos acordar muitas pessoas do
pesadelo em que estão vivendo – da inconsciência, da falta
de cidadania – e juntos estabelecermos metas possíveis,
alinhadas com os objetivos para o milênio da ONU, sabendo
que a comunidade internacional também precisa de nós e
caminhará junto com aqueles que lutarem pela felicidade
coletiva, por um mundo inclusivo.
focada na prevenção com o apoio de todos os cidadãos de
bem, exército treinado, armado e preparado para defender
nosso País nas fronteiras, mantendo-o fechado para o contrabando, as drogas e as invasões ilegais. Planejamento e
menos improvisação, profissionalismo da política com líderes
preparados para fazer a grande revolução ética e estética do
nosso cenário atual.
Queremos, na verdade, ter tesão de ser brasileiro. Queremos ganhar as ruas através de calçadas com desenho universal, feitas pelos governantes, padronizadas e mantidas limpas,
arborizadas e cheias de gente que, sem medo, circulem em
qualquer horário com seus pertences, com transporte público
interligado e confortável.
Os movimentos sociais, promovidos pelas pessoas com
formado pela Universidade São Marcos; psicoterapeuta especialista em Psicologia Hospitalar da
Reabilitação pela Faculdade de Medicina da USP;
especialista em Sexualidade Humana pelo Instituto
H. Ellis; especialista em Integração de Pessoas
com Deficiências pela Universidade Salamanca,
Espanha; especialista em Reabilitação pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo; educador
sexual pela Sociedade Brasileira de Sexualidade
Humana e Faculdade de Medicina do ABC; MBA
em gestão para entidades do Terceiro Setor pelo
IGESC/FEA; membro do corpo docente do Curso
de Pós-Graduação da SBRASH; atuação reconhecida nas áreas de Acessibilidade, Tecnologias de
Apoio e inclusão.
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Fabiano Puhlmann Di Girolamo é psicólogo
50
música e arte
por Celise Melo (Celelê)
nota
100
Projetos e Estúdio
de Som na Laramara !
RS: Estádio Beira-Rio deve
ficar mais acessível
95
75
25
5
0
O
lá amigos ! A Laramara –
Associação Brasileira de
Assistência ao Deficiente
Visual – é uma organização da sociedade civil,
sem fins lucrativos, fundada em 1991
pelo casal Victor e Mara Siaulys – cuja
filha, Lara, tem deficiência visual – e por
um grupo de profissionais atuantes na
área. A intenção era viabilizar oportunidades de educação a crianças nas mesmas
condições e compartilhar experiências
com suas famílias.
A equipe atende a todas as idades
com recursos disponibilizados e ações
desenvolvidas no trabalho do Centro de
Ludicidade Brincanto, sendo 100% dos
atendimentos gratuitos e apoiados por
diversos parceiros. As atividades socioeducativas são realizadas em grupos organizados por faixa etária e atendimentos
específicos de Braille, Soroban, Desenvolvimento da Eficiência Visual (Baixa
Visão), Orientação e Mobilidade.
Há projetos especiais, tais como: oficinas de violão, piano, teclado, flauta, dança,
quadros e esculturas em argila, participa-
ção em feiras, exposições de quadros, esculturas e apresentações em vários locais.
Atualmente, estou gravando minhas
canções sobre inclusão no estúdio de
som da Laramara. Um dos convidados
é Renato José da Silva, violonista com
formação erudita e revisor técnico em
máquina Braille, que entre os 17 e 20
anos perdeu a visão e foi à luta. Trabalha
desde os 22 e atualmente, aos 37 anos,
está concluindo a pós-graduação em História na PUC. O outro é Fabiano Gimenez, baterista, toca desde os 7 anos com
latas de reciclagem. Aos 18 comprou
sua primeira bateria e desde criança tem
problemas visuais, tendo apenas 10% da
visão. Também conto com a participação
de sua linda filha, Gabrielly, de 13 anos,
que canta muito bem, estuda e faz curso
de arte e informática.
Enfim, são pessoas muito especiais,
com garra e talento musical de sobra.
Sinto-me feliz e orgulhosa por participar
de projetos verdadeiros de inclusão.
Visitem a Laramara no bairro da Barra Funda, em São Paulo/SP. Conheçam
mais no site: www.laramara.org.br.
Celise Melo (Celelê) é é cantora, compositora, atriz, autora, educadora,
musicoterapeuta e é sucesso de público e crítica há mais de 20 anos. Site: www.
celeleeamigos.com.br
E-mail: [email protected]
Os Ministérios Públicos Federal
e do Rio Grande do Sul, o Sport
Club Internacional, a Associação
Paradesporto e a Associação de
Servidores da Área de Segurança
Portadores de Deficiência (ASAESPODE) assinaram, em março, um
Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC) para garantir a acessibilidade
no Estádio Beira-Rio. De propriedade do Internacional e localizado
às margens do rio Guaíba, em Porto Alegre/RS, o estádio será sede
de 5 jogos da Copa do Mundo. O
TAC prevê que devem ser garantidas as acomodações adaptadas
às pessoas com deficiência para
atender à demanda de, no mínimo, 1% do número de ingressos
ofertados. Estas adaptações para
a Copa deverão ser realizadas até
05 de abril. Conforme o TAC, ainda serão garantidos, além dos 64
lugares do projeto original de reforma do estádio, localizados no
anel inferior, no mínimo mais 64
lugares adaptados às pessoas em
cadeira de rodas, com boa visibilidade e abrigados do tempo. Caso
a demanda se torne muito grande,
o Internacional se comprometeu a
aumentar o número de assentos
para cadeirantes. Todos os locais
adaptados do Estádio deverão contar com o respectivo assento para
o acompanhante. A acessibilidade
no Beira-Rio é uma reivindicação
das associações de pessoas com
deficiência no Rio Grande do Sul
e era alvo de um inquérito no MP
gaúcho.
100
95
75
25
5
0
Fotos: Marcio Rodrigues CPB MPIX
52
esporte
Brasil se fez presente pela 1ª vez
nos Jogos Paralímpicos de Inverno !
A
competição, realizada de 7 a 16 de março último,
em Sochi (Rússia), teve a participação de dois
atletas brasileiros. Fernando Aranha disputou 3
provas do Cross Country: 15km, Sprint 1km e
10km. Já André Cintra esteve no Snowboard
Cross. No total, 547 atletas, de 45 países, competiram em 72
eventos de 5 modalidades: Ski Alpino, Biathlon, Cross Country,
Sledge Hockey e Curling. O Snowboard Cross estreou como
parte da programação do Ski Alpino.
Foi a primeira vez que o Brasil esteve presente e, segundo
a Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) e o
Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) os objetivos se cumpriram.
Além de marcar presença, foram realizadas pesquisas e estudos
para o planejamento dos próximos Jogos. “Colhemos muitas
informações em Sochi. Vamos voltar ao Brasil e planejar tudo. A
CBDN e o CPB fizeram pesquisas, entrevistas e trocaram muito
conhecimento. Faremos um planejamento de longo prazo.
Vamos pensar em PyeongChang-2018, em 2022, em 2026,
e traçar um caminho. A expectativa é muito boa”, comentou
Andrew Parsons, presidente do CPB.
Serão realizados estudos científicos e financeiros de viabilidades, e elaborados planos de negócios para cada uma das
modalidades de inverno que serão escolhidas. As entidades vão
detalhar o que precisam na área esportiva para tornar o Brasil um
país competitivo na disputa. A expectativa das duas entidades
é que, a partir de 2026, o País possa começar a sonhar com
uma medalha paralímpica de inverno.
A competição
André Cintra foi o porta-bandeira brasileiro na abertura dos
Jogos no Estádio Olímpico Fisht. Ele estreou em 14 de março
e conseguiu bom resultado diante dos atletas da classe AK
(amputados acima do joelho). O brasileiro terminou em 28º
lugar geral (entre 33 competidores) e em terceiro em sua clas-
se, à frente de dois outros atletas. “Estou com uma sensação
muito boa. A coisa mais importante era trazer a bandeira do
Brasil para cá pela primeira vez. É claro que também podemos
melhorar. Na minha primeira descida, estava muito nervoso.
Vi os melhores do mundo caindo. Na segunda e na terceira, o
corpo estava mais quente e mais rápido. Já sabia onde estava
errando e como podia consertar”, contou. “Mas achei um bom
resultado, ficar em terceiro entre os AK”, afirmou André. Fernando Aranha fez a prova de 15 Km, no dia 9 (ficou em
15º), e de Sprint 1km, no dia 12 (ficou em 20º) e terminou
sua participação no último dia da competição com a prova de
10 Km (em 21º). O esqui cross-country é aberto a atletas com
deficiências físicas e visuais. Dependendo da limitação física,
o esquiador pode usar um sit-ski (uma cadeira equipada com
um par de esquis), caso dele. “Aprendi e me diverti muito nos
Jogos. Fui o primeiro brasileiro, mas com certeza, não serei o
último. O trabalho está apenas começando. Acredito que temos
muito potencial para desenvolver na neve. Viemos para ver
como funcionava. Agora que já descobrimos, vamos treinar para
dar trabalho aos outros países”, comentou Aranha.
54
lição de vida
O adeus a João Ribas: uma vida
dedicada à inclusão...
U
m dos principais nomes brasileiros no estudo e na ação
pela empregabilidade e inclusão da pessoa com deficiência, João Baptista Cintra
Ribas, nos deixou em 9 de março último,
falecendo aos 59 anos, depois de duas
semanas hospitalizado com problemas renais e pulmonares. Atuante no movimento
da pessoa com deficiência há mais de 30
anos, desde 2001 era coordenador de
Diversidade & Inclusão na empresa Serasa
Experian, onde desenvolveu um programa
de empregabilidade reconhecido em todo
País, que tornou-se modelo para muitas
empresas, baseado na qualificação profissional e contratação.
Ele criou, como parte do seu trabalho
na Serasa, em 2002, um fórum de debates
em que especialistas do Brasil e de outros
países participavam de discussões, ao longo dos anos, compartilhando informações,
opiniões, conhecimento e projetos sobre
os desafios da inclusão. Pela experiência
em contratação e desenvolvimento profissional de pessoas com deficiência, foi um
dos organizadores da Rede Empresarial
de Inclusão Social, estabelecida em maio
de 2012, e que conta hoje com mais de
70 empresas.
Como resultado de sua atuação na Serasa, lançou o manual: “As Pessoas com
Deficiência no Mundo do Trabalho”, em
outubro de 2013, quando deu sua última entrevista para a Revista Reação.
O objetivo era orientar as empresas e suas lideranças a terem um
melhor relacionamento com esses
profissionais. Ribas acreditava que,
apesar do assunto já ser bastante
discutido, até pela obrigatoriedade da
Lei de Cotas, a desinformação sobre
o tema ainda era grande.
Paulistano, João Baptista nasceu
com mielomeningocele, uma má-formação que evita o fechamento da
coluna vertebral na parte posterior. Operado aos 30 dias de vida, ficou paraplégico.
Começou a andar por volta dos 4 anos
de idade, com a ajuda de um aparelho
ortopédico e a ajuda de muletas, usados
até os 40 e poucos anos, quando cansado,
optou por uma cadeira de rodas, considerada mais confortável.
Cursou jornalismo e, quando estava
no último ano, ingressou também em Ciências Sociais. Ainda estudante, deu aulas como professor substituto em escola
pública estadual. Formado, fez mestrado
na Unicamp, prestou concurso para ser
professor da PUC-SP, migrando posteriormente para a UNIP, onde permaneceu por
quase 12 anos. O doutorado na USP foi
sobre mercado de trabalho para a pessoa
com deficiência.
Em 1981, quando a Organização das
Nações Unidas (ONU) instituiu o ano Internacional das Pessoas Deficientes, Ribas
já havia começado a trabalhar com um
grupo de pessoas com deficiência. Também se ofereceu, e foi aceito, em 1983,
para escrever sobre o assunto na coleção
“Primeiros Passos”, o livro: “O que são
pessoas deficientes”.
Escrever e proferir palestras se tornou
um hábito e uma paixão. Um exemplo
foi sua participação na coletânea Global
Diversity Primer. A obra reúne análises de
especialistas de diferentes países sobre a
situação da diversidade nas corporações ao
lição de vida
Pintor com a boca morre em São Paulo
redor do mundo, editada pelo
Diversity Best Practices, instituto americano que incentiva
a prática de ações nesse sentido. No artigo, ele defende os
benefícios da diversidade em
uma empresa que cria, junto
com a inclusão, um ambiente
apropriado para a manifestação de processos inovadores.
“Diversidade humana é fundamental para a vida das organizações”, ele defendia.
O consultor em inclusão e
articulista da Revista Reação,
Romeu Kazumi Sassaki, resume a tristeza de amigos e colaboradores pela morte e perda de João Ribas: “quão difícil me é absorver esta notícia ! Conheci o João Ribas em 1980 em uma das
primeiras reuniões do então Núcleo de Integração de Deficientes
(NID) e fomos juntos a um evento internacional em Bogotá, na
Colômbia, em 1985. São 34 anos de contínuo companheirismo
na luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Sempre percebi
nele um ativista que me prestigiou como profissional. Fui um dos
muitos que tiveram o privilégio de estar com ele dando palestras
em diversas cidades pelo País. É uma enorme perda para todos
nós. Sentiremos muita falta dele nas próximas décadas”.
João Ribas sempre foi um grande amigo e companheiro,
parceiro e leitor, um assinante e admirador que sempre que
podia dava sugestões para a melhoria da Revista Reação. Ajudou
também, na época, na concepção da ideia inicial da formatação do projeto da Reatech. Participativo, sério, sensato, sua
contribuição para o movimento das pessoas com deficiência
ficará eternamente para todos, e será reconhecida sempre, com
gratidão. Fica aqui registrada a nossa homenagem ao amigo,
ao homem, ao incansável batalhador por um mundo melhor
e mais inclusivo para as PcD e ao profissional que sempre foi.
Obrigado João Ribas !
Etedsued Pereira Carvalho, conhecido artista plástico e palestrante, morreu aos 54 anos, em 12 de março último, em
São Paulo/SP, vítima de infecção urinária e falência múltipla de
órgãos. Pai de 3 filhos, era caminhoneiro, quando foi atropelado
na calçada de casa, em 1995. No acidente, uma lesão cervical
(C4) o fez perder os movimentos dos membros superiores e
inferiores. Depois de um mês internado na UTI na Santa Casa
de Misericórdia de São Paulo, onde começou o tratamento de
reabilitação. Profissionais multidisciplinares o incentivaram a iniciar a pintura. Desde menino ele sempre gostou de desenhar e
pintar, constumava desenhar os rostos de pessoas com grafite ou
carvão, como contam os filhos Caio e Lígia. Começou a pintar em
papel e, com o passar dos anos, foi aperfeiçoando sua técnica e
trabalhos, tendo realizado diversas exposições. No ano de 2003
tornou-se membro da Associação dos Pintores com a Boca e os
Pés (APBP), que lhe deu a oportunidade de desenvolver ainda
mais sua técnica. Amava a arte e pintava paisagens, retratos,
natureza morta, tendo preferência por pinturas abstratas. A pintura era seu refúgio e sentia-se revigorado com essa atividade.
A família conta que ele não se sentia vitima, era pai, profissional, amigo, estudioso e sempre batalhou pelos seus projetos e
ideais. Tinha uma vida imensamente ativa, sempre envolvido com
as suas pinturas, exposições e palestras motivacionais. “Nunca se
acovardou diante da vida e viveu 18 anos lutando para vivê-la da
melhor maneira possível. Nós, como filhos, temos um orgulho
imenso da trajetória e história de vida do nosso pai. Uma de suas
maiores preocupações era ser um bom pai, mesmo que não
fosse do modo convencional, com abraços e carinhos (já que
ele não podia nos abraçar), ele o fazia de outras formas, sempre
apoiando nossas ideias e projetos. Ele encontrava uma força e
perseverança incríveis para seguir em frente e o fazia sempre
estudando e se aperfeiçoando”, concluem os filhos.
55
56
acontecendo
Laís Souza luta pela recuperação
depois acidente na neve
A
atleta Laís Souza, conhecida por representar o Brasil
em duas Olimpídas e várias
competições internacionais
de ginástica artística, mudou de área e treinava esqui aéreo, modalidade em que é preciso descer por
uma rampa em alta velocidade, saltar, fazer
acrobacias, aterrissar e frear. Neste ano, ela
competiria nos Jogos Olímpicos de Inverno
em Sochi, na Rússia, mas pouco antes de
embarcar, quando treinava em Salt Lake
City, nos Estados Unidos, Laís sofreu um
grave acidente ao virar de lado para frear.
Desde 27 de janeiro último ela está
hospitalizada. Passou por três cirurgias, no
Hospital Universitário de Utah (EUA), para
realinhamento da terceira vértebra que se
deslocou do restante da coluna cervical e
causou danos na medula espinhal. Também contraiu uma pneumonia. Agora Laís
se recupera no Jackson Memorial Hospital,
em Miami (EUA), mas a trajetória será
longa: os médicos ainda não conseguem
precisar até onde ela poderá chegar, já que
a região lesionada ainda tem um edema.
A rotina envolve fisioterapia motora,
respiratória e ocupacional de forma inten-
siva. Ela consegue respirar sem aparelhos,
comer e controlar os movimentos da cadeira de rodas elétrica, que se move com
toques de seu queixo. Laís fará tratamento
com células-tronco visando a retomar a
sensibilidade e controle de seus membros.
Em 23 de março ela falou pela primeira
vez à imprensa, numa longa entrevista ao
programa “Fantástico”, da Rede Globo, e
disse ainda acreditar que pode voltar a
andar. Laís tem movimentos de pescoço e
ombros, e já começa a sentir sensibilidade
em outras partes do corpo. Ela sentiu, por
exemplo, o furo de uma agulha em um
dos dedos. “Senti vontade de fazer xixi.
Isso é surpreendente demais. Porque não
era para eu sentir nada”, contou a atleta.
O Comitê Olímpico Brasileiro (COB)
lançou uma campanha para angariar fundos para a recuperação dela e explicou
que o seguro contratado pelo COB e a
Confederação Brasileira de Desportos na
Neve (CBDN) garante toda a emergência, o transporte entre os hospitais e o
tratamento hospitalar. Depois de alguns
protestos pela atitude, o COB divulgou
nota explicando que o seguro de vida
ou invalidez contratado cobre apenas os
atletas em Missões como os Jogos Olímpicos de Verão e de Inverno, os Jogos
Olímpicos da Juventude, os Jogos Pan-americanos e os Jogos Sul-americanos.
“No momento do acidente, Laís não participava de nenhuma delegação do COB
ou eliminatória ou classificatória para os
Jogos Olímpicos. Mesmo assim, o COB
assumiu todas as ações desde o momento do acidente”, dizia o texto, afirmando
que “a campanha foi criada pensando no
futuro da Laís Souza, de forma a ajudá-la
a se autofinanciar”. Isso incluiria, segundo
a nota, desde contratar um professor de
inglês ainda em Miami, até a compra de
equipamentos para a mobilidade e o conforto dela quando voltar ao nosso País,
entre outros itens. As doações podem
ser feitas no Bradesco, agência 0548-7,
conta 0110490-0, em nome de Laís da
Silva Souza.
“Já parei para pensar no futuro e me dá
um pouco de medo. Mas penso na solução do problema, o que posso fazer para
melhorar, mesmo com um pouquinho de
movimento, estou me matando para mexer aquele músculo. Tenho momentos de
tristeza... eu encaro, choro. Em nem todos
os momentos sou forte. Eu choro para
caramba, mas isso me dá energia. É aquela apunhalada que me leva a continuar”,
concluiu Laís em entrevista ao “Fantástico”.
notas
APAE perde ação em primeira instância
para Rafinha Bastos
Abertas inscrições para mais um concurso de
moda inclusiva
O humorista e agora apresentador do Programa Agora é Tarde,
da Rede Bandeirantes de Televisão,
Rafinha Bastos, ganhou a disputa
judicial com a Associação de Pais
e Amigos dos Excepcionais (APAE)
que corria desde janeiro de 2012. O
motivo da ação foi uma piada sobre
a instituição e pessoas com deficiência. A APAE diz que vai recorrer da
decisão. O juiz Tom Alexandre Brandão, da 2ª Vara Cível de São
Paulo, proferiu a sentença no final de janeiro último, considerando
que o humorista “age em exercício regular de direito (liberdade de
expressão e manifestação artística)” e dizendo ser um “verdadeiro
nonsense” atribuir ao Judiciário a função de julgar uma piada. A
sentença reproduzida no site Consultor Jurídico (www.conjur.com.
br) diz: “Uma piada não deve ser interpretada de forma literal,
pois é preciso levar em conta que o humor utiliza o exagero e o
absurdo para provocar o riso. Assim, um humorista que faça piada
sobre pessoas com deficiência não pode ser visto como alguém
que deseja o mal a tais pessoas, até porque quem faz piadas sobre
portugueses ou loiras, também não deseja mal a eles”. Vamos
aguardar os novos desdobramentos e acompanhar de perto.
As inscrições
para a 6ª edição
do Concurso
Moda Inclusiva,
iniciativa da Secretaria dos Direitos da Pessoa
com Deficiência
de São Paulo,
podem ser feitas
até 20 de maio.
Podem participar: estudantes de cursos técnicos, universitários
e profissionais da área, brasileiros ou estrangeiros. Os candidatos podem se inscrever pelo site: http://modainclusiva.
sedpcd.sp.gov.br/
Os 20 melhores trabalhos inscritos serão apoiados com
tecido da Vicunha Têxtil para a confecção das roupas e participarão do desfile final em um grande evento em agosto,
na capital paulista. As três melhores colocações serão premiadas. Entre outros prêmios, os três primeiros colocados
ganharão uma máquina de costura da Singer e o primeiro
colocado também poderá conquistar um estágio de um mês
na Vicunha Têxtil.
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parakart
por Tales Nóbrega Lombardi
Motor e Velocidade: sonho e paixão !
O
lá pessoal ! Sob a indicação do piloto e amigo –
e antigo titular dessa coluna na Revista Reação
- Hermes Oliveira, velho conhecido dos leitores
da revista, que voltou para sua cidade natal no
Paraná, estou chegando a seu convite para dar
continuidade ao trabalho iniciado por ele nesse espaço, contando a partir de agora, não só tudo o que acontece no mundo do
Parakart, mas um pouco mais também, falando um pouco de
todas as modalidades dentro do automobilismo para pessoas
com deficiência.
Fiquei muito feliz com o convite e agradeço também a receptividade do Rodrigo Rosso, editor da Revista, e de toda sua
equipe. E como estou chegando agora, nada melhor do que
me apresentar aos leitores.
Meu nome é Tales Nóbrega Lombardi, tenho 35 anos. Sou
e sempre fui apaixonado por motor e velocidade – inclusive, a
partir da próxima edição da Revista Reação, esse passará a ser
o novo nome dessa seção – MOTOR E VELOCIDADE – e não
mais somente Parakart.
Essa paixão por motor e velocidade é que me levou a ser
um piloto de helicóptero e avião. E em 2006, durante um voo
de helicóptero, tive uma severa pane de motor, causa essa que
me obrigou a realizar um pouso de emergência em uma mata
fechada na Serra de Guaíba, no Ceará. Como consequência do
acidente, tive uma compressão medular na T12, com a sequela
de paraplegia – o que não me impediu de continuar buscando
minha realização, tanto pessoal quanto profissional.
Sou casado, tenho minha própria empresa e busco a
realização do sonho de “viver” do
esporte a motor,
como piloto profissional – sonho
esse que vem se
tornando realidade, após meu início em 2008, jus-
tamente no Kart Adaptado - PARAKART.
Como piloto, já participei de algumas categorias e campeonatos. Atualmente integro duas modalidades: PARAKART e o
CAMPEONATO MERCEDES-BENZ GRAND CHALLENGE.
Por isso, meu compromisso é trazer a vocês leitores e amigos,
tudo o que acontece nesses campeonatos e nesse universo que
move tantas paixões, que é o automobilismo. Então, vamos ao
que interessa:
PARAKART
Com duas etapas já realizadas este ano, a PARAKART tem
como projeto principal a busca para contribuir com a inclusão
das pessoas com deficiência na sociedade e no mercado de
trabalho, rompendo a barreira de preconceitos e demonstrando
que as PcD são “eficientes” e não “deficientes”. A modalidade
foi idealizada pelos organizadores, apoiadores e patrocinadores,
para proporcionar todas as emoções de pilotar um Kart utilizando
mecânica quase idêntica aos F-4 tradicionais, com adaptações
para que os pilotos acelerem e freiem utilizando controles manuais localizados no volante.
O campeonato teve sua terceira etapa no dia 5 de abril, na
pista do Kartódromo de Praia Grande, no litoral de São Paulo,
tendo em seu grid 24 pilotos. João Dias, o “Zóio”, que mantém a
liderança com 54 pontos integra a equipe junto de Andrés Lopes,
o “Espanhol”, e Daniel Moraes – cada um com 43 pontos, entre
os três primeiros, disputando esse início de campeonato ponto
a ponto, curva a curva. A temporada começou emocionante !
MERCEDES-BENZ
CHALLENGE
Já a Mercedes-Benz
Challenge é a mais nova
categoria integrante dos
eventos promovidos e
organizados pela Vicar.
A parceria foi anunciada
na sede da Mercedes-Benz, em São Bernar-
parakart
do/SP. Com isso, o Brasil passa a ser o primeiro País do mundo
a ver a estréia do CLA 45 AMG – versão de corrida do mais
novo carro esportivo da marca – que foi apresentado ao público
no Salão do Automóvel de Frankfurt, na Alemanha, no último
mês de setembro.
Com 8 etapas na temporada 2014, o Mercedes-Benz Challenge terá 6 corridas junto ao Brasileiro de Marcas Petrobras
e duas no Circuito Nova Schin Stock Car. Ao lado da principal
e mais tradicional categoria do automobilismo brasileiro, o
Mercedes-Benz Grand Challenge, estarão nas ruas de Ribeirão
Preto/SP e no templo das corridas nacionais, o mítico Autódromo de Interlagos, em São Paulo/SP.
Na reta final de fechamento de patrocínios e apoios, já
estou confirmado como o único piloto com deficiência para
a primeira etapa, que será no dia 5 de maio. A Mercedes de
modelo C250 turbo que eu uso, sai da equipe R SPORTS e
vai a caminho da ADAPTAUTO para os cuidados do amigo
Ponciano, responsável por toda a adaptação do veículo, para
que eu possa pilotar essa máquina nas pistas. Minha primeira
participação em 2014 está prevista para o Autódromo de
Goiânia/GO. Estamos aguardando somente a confirmação por
conta de reformas no Autódromo.
Esse campeonato começa quente, trazendo na categoria,
grandes nomes do automobilismo brasileiro !
Volto a agradecer a oportunidade de aqui escrever, confirmando
meu compromisso em trazer tudo o que rola no esporte a motor
para os leitores que, assim como eu, são apaixonados pelo tema.
E nas pistas, conto com a torcida de todos !!!
Tales Lombardi é cadeirante, ex-piloto
de helicóptero, empresário e corre como
piloto de várias categorias do automobilismo com carro adaptado.
E-mail: [email protected]
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veículos
R$ 70 mil... Até quando ?!?
Por mais incrível que pareça, após quase 2 anos, ainda estamos
lutando com o CONFAZ pelo reajuste do valor para a compra do
carro 0Km por pessoas com deficiência...
P
arece incrível... é uma vergonha !
Já está parecendo até que é
uma “picuinha” dos técnicos do
COTEPE e dos ilustríssimos senhores Secretários de Fazenda
dos Estados brasileiros, que simplesmente
“fingem” que ignoram a solicitação da sociedade brasileira, em especial as mais de 45
milhões de pessoas com deficiência e seus
respectivos familiares. Isso, sem falar das
entidades que os representam, que já vem
há praticamente 2 anos “implorando... suplicando” para que seja aplicado um “simples
reajuste pelos índices da inflação” – de 2009
a 2014 – sobre o valor limite do carro 0Km
para a compra por pessoas com deficiência
e familiares, possibilitando assim, que mais
modelos de automóveis fabricados no Brasil,
possam ser comprados com a isenção do
ICMS para atender as “necessidades” de ir e
vir – direito este, constitucional – dessa parcela
considerável da população.
O CONFAZ, para quem não sabe, é o Conselho Nacional de Política Fazendária, constituído pelos Secretários de Fazenda, Finanças ou
Tributação de cada Estado brasileiro e Distrito
Federal, bem como pelo Ministro de Estado da
Fazenda. Ele é o órgão que rege a tributação
do ICMS em todo Brasil. E o COTEPE é uma
comissão, formada pelos técnicos representantes de cada Estado e governo federal.
Nós, da Revista Reação, juntamente com
várias entidades representativas do setor e
das próprias pessoas com deficiência, bem
como com deputados e senadores da Frente
Parlamentar da Pessoa com Deficiência em
Brasília/DF, mas ao que parece, estamos sendo, simplesmente “ignorados” !
Nos tratam como se estivéssemos pedindo
algo absurdo ! Como se estivéssemos falando
uma grande bobagem... Lógico que não são
todos os Secretários de Fazenda e nem todos
os técnicos do COTEPE que são insensíveis
à essa solicitação, porém, por mais um “absurdo” – entre tantos outros que podemos
constatar na nossa legislação – o CONFAZ
só pode votar favoravelmente a um pleito,
se for por “unanimidade”... indo obviamente,
na contramão da razão, onde tudo que se é
votado, a vitória é da maioria e não da minoria.
Afinal, no CONFAZ, trabalhando apenas com a
“unanimidade”, estão privilegiando o voto da
minoria, porque, por exemplo, se 26 secretários de fazenda estaduais votam a favor e
apenas um secretário de um Estado da nação
vota contra, não se aprova o pleito. Quem
ganhou, então ? A maioria dos 26 ? Não...
venceu o único que foi contra, pois graças
a ele e sua “cabeça privilegiada”, milhões de
brasileiros acabam sendo prejudicados e o
pleito é rejeitado. Isso é coisa de País que se
julga evoluído ? Isso é forma de votar questões
tão importantes para a sociedade brasileira,
em plena democracia ?
Mas pior do que ficar à mercê de uma
“cabeça privilegiada” que possa, quem sabe,
votar contra nossa proposta de reajuste do
valor dos R$ 70 mil pelos índices da inflação dos últimos 4 anos, é esses ilustríssimos
senhores, simplesmente, “ignorarem” nosso
pedido, nem sequer colocando nosso pleito
em pauta para votação nas suas “nababescas”
reuniões do CONFAZ, que coincidentemente
ou não, sempre acontecem em cidades praianas, pontos turísticos do nosso País, em belos
hotéis 5 estrelas, e lembrem-se: quem paga
por todo esse luxo e mordomia, somos nós
mesmos... os mesmos que estão “suplicando”
para que esses camaradas “sustentados” pelo
nosso rico dinheirinho, gozem de tudo isso e,
ainda, “rejeitem” nos dar a atenção e respeito
que merecemos. Não é um contrassenso ?!?!?
Um outro exemplo da “transparência” dessas reuniões para a população brasileira é a
dificuldade em sabermos quando e onde elas
são realizadas... e depois, de se saber o que
foi colocado em pauta e votado nelas. No site
“Portal Confaz”, as últimas notícias que estão
publicadas nele, são de setembro de 2013...
Isso é um desrespeito para com o cidadão !
Desculpem-me a forma de colocação, mas
as reuniões do CONFAZ mais parecem um
encontro de amigos em férias... E a população
brasileira, que paga a conta, mal fica sabendo
ou sequer imagina que elas aconteçam.
Só para se ter uma ideia, a última reunião
do CONFAZ ocorreu agora, há poucos dias, em
20 e 21 de março, em Teresina/PI. Mais uma
cidade turística, e mais uma vez, ignoraram
nosso pleito.
A impressão que dá é que esses técnicos
e secretários acham que as pessoas com deficiência querem comprar carros “caros” para
passear de final de semana... acham um luxo
uma PcD ter um carro que custe mais de R$
70 mil... Pra quê uma pessoa com deficiência
precisa de um carro melhor ? Eles que usem
carros populares.... Certamente pensam assim
– e sabemos que alguns pensam mesmo,
porque até já nos deixaram isso bem claro
em outras oportunidades.
Carros automáticos, com porta-malas grandes, espaçosos internamente, NÃO SÃO LUXO
para uma pessoa com deficiência ou suas
famílias... e sim uma NECESSIDADE ! Muitos
precisam levar consigo, não só seus familiares,
cuidadores ou acompanhantes, mas as suas
cadeiras de rodas, cadeiras de banho, macas,
equipamentos de saúde, oxigênio, guinchos
etc... Será que isso é possível num carro popular com porta-malas minúsculo ? Óbvio
que não !
Nessa última reunião do CONFAZ, repito:
na belíssima Teresina/PI, nossos ilustríssimos
votaram assuntos de importância, vejam e
analisem alguns temas em pauta e votados
por eles e tirem as suas próprias conclusões:
Convênio que autoriza o Distrito Federal
a isentar a venda de mercadorias efetuadas
na IX Feira Nacional da Agricultura Familiar e
Reforma Agrária;
- Isenção do ICMS nas operações com
equipamentos e componentes para o aproveitamento das energias solar e eólica;
- Concessão de redução de base de cálculo do ICMS à indústria do segmento de
fabricação de quadros e painéis elétricos e
eletrônicos localizada no Estado do Amapá;
- Renovação de Credenciamento da empresa J ANDRADES INDÚSTRIA E COMÉRCIO
GRÁFICO LTDA para fabricar formulário de
segurança;
- Autorização para o Estado de Rondônia
a dispensar multas e juros de mora incidentes sobre o ICMS devido por contribuintes
estabelecidos nas cidades de Guajará-Mirim
e Nova Mamoré;
- Autorização para o Estado do Rio Grande
do Sul a não exigir o crédito tributário relativo à
importação de um guindaste portuário;
veículos
- Altera o Ajuste SINIEF 21/10, que institui
o Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais;
- Alteração no Ajuste SINIEF 07/05, que
institui a Nota Fiscal Eletrônica e o Documento
Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica;
- Alteração nos Convênios ICMS que autorizam o Estado de São Paulo e do Rio de
Janeiro a dispensar ou reduzir multas e demais
acréscimos legais mediante parcelamento de
débitos fiscais relacionados com o ICM e o
ICMS;
- Alteração no Convênio ICMS 87/02, que
concede isenção do ICMS nas operações com
fármacos e medicamentos destinados a órgãos da Administração Pública Direta Federal,
Estadual e Municipal;
- Alteração do Convênio ICMS 82/13 que
dispõe sobre a concessão de isenção do ICMS
relativo ao diferencial de alíquota, bem como,
na importação de bens destinados à modernização de Zona Portuária do Estado do Amapá;
- Altera o Convênio ICMS 162/94, que autoriza os Estados e o Distrito Federal conceder
isenção do ICMS nas operações com medicamentos destinados ao tratamento de câncer;
- Entre outras coisas...
Enfim... vejam a “relevância” dos temas
que entraram em pauta nessa reunião. Então,
coloco os leitores e contribuintes para avaliarem cada item votado nessa reunião de 20
e 21 de março último... e não se esqueçam
NUNCA disso: os senhores são ELEITORES e
tem o poder do voto nas mãos, ainda esse
ano... Pensem !
Não menosprezando a importância de
nenhum tema acima citado e votado pelo
CONFAZ... mas só faço questão de abrir aqui
uma reflexão para que os leitores me acompanhem... Os Estados do Amapá, Rondônia, Rio
Grande do Sul e Distrito Federal, que tiveram
suas questões em pauta e votadas nessa
última reunião do CONFAZ, somadas a população de todos eles, não temos 16,5 milhões
de brasileiros. Nós estamos sendo “ignorados”
num pleito que tem relação DIRETA com a
vida e o dia a dia de mais de 45 milhões de
brasileiros... Então, pergunto: será que a nossa
causa, o nosso pleito pelo reajuste dos R$ 70
mil, que mexe com a vida de tantos cidadãos,
tem menos importância do que o restante
dos assuntos votados e colocados em pauta
pelos “ilustríssimos” técnicos e secretários de
fazenda nessa última reunião do CONFAZ ???
Temos que nos mobilizar e sair do ostracismo ! Temos que brigar pelos nossos
DIREITOS ! Não estamos pedindo um favor...
temos que parar de agir como se estivésse-
mos pedindo uma migalha de pão. Somos –
TODOS NÓS – antes de tudo: contribuintes,
cidadãos, eleitores... merecemos respeito e
atenção, independentemente de sermos uma
pessoa com deficiência ou não. E não estamos
pedindo nenhum absurdo, mas “apenas” e
tão somente que seja REAJUSTADO o valor
dos R$ 70 mil pelos índices da inflação dos
últimos 4 anos, permitindo que mais modelos de automóveis nacionais 0Km possam
ser enquadrados na isenção do ICMS para
serem adquiridos por PcD e seus familiares,
lhes dando o direito de ir e vir da melhor
forma possível, e não restringindo a compra
do carro, não pela necessidade da pessoa,
mas pelo preço e pelas poucas opções de
modelos e de marcas que restaram dentro
dessa faixa de preço.
Até quando ainda vamos ter que esperar
pelo respeito das “autoridades” do COTEPE e
do CONFAZ ?... Até quando !?!
Rodrigo Rosso é diretor e
editor da Revista Reação
E-mail:
[email protected]
61
comemoração
62
Foto: Agência Senado
Mais de 40 países comemoram o Dia
Internacional da Síndrome de Down !!!
I
nstituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) a partir de 2006,
o Dia Internacional da Síndrome de
Down é celebrado em 21 de março. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) avalia que haja um caso a cada 800
crianças nascidas vivas. No Brasil, estima-se
que essa alteração genética seja registrada
em cerca de 8 mil bebês por ano.
A Síndrome de Down não é uma doença.
É uma ocorrência genética que acontece
por motivos desconhecidos, na gestação,
durante a divisão das células do embrião.
As crianças nascem dotadas de três cromossomos (trissomia) 21, e não de dois,
como o habitual.
Para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, é preciso um melhor acesso e mais
igualdade aos serviços de saúde. “Muitas vezes, as pessoas com deficiência – incluindo
aquelas com Síndrome de Down – enfrentam o estigma, a discriminação e a exclusão”,
disse Ban em uma mensagem especial para
a data, que teve neste ano um foco especial
na “Saúde e Bem-estar: Acesso e igualdade
para todos”.
Em Brasília/DF, a data foi marcada uma
sessão especial no Senado, em 20 de março. O presidente da Casa, Renan Calheiros,
garantiu apoio total a projetos voltados para
melhorar as condições de vida das pessoas
com deficiência. Ele citou, por exemplo, o
PLS 110/12, da senadora Vanessa Grazziotin
(PCdoB), que permite a dedução, em dobro,
da base de cálculo do Imposto de Renda da
Pessoa Física, de encargo por dependente
com Síndrome de Down. A solenidade foi
acompanhada por parlamentares e repre-
sentantes do Movimento Down e de outras
entidades ligadas ao tema. Também estiveram presentes os três protagonistas do filme
“Colegas”, de Marcelo Galvão: Ariel Goldenberg (Stallone), Rita Pokk (Aninha) e Breno
Viola (Márcio); além do próprio diretor da
obra e outros profissionais da produção. Eles
falaram sobre o trabalho no longa-metragem
e comentaram sua repercussão. Após a sessão especial, foi aberta oficialmente a exposição “Lucio, Arteiro, Artista, Lúcido Pintor”,
de Lucio Piantino, jovem artista brasiliense
com Down.
Segundo o senador Wellington Dias (PT-PI), o preconceito em relação às pessoas
com deficiência vem sendo superado. Ele
afirmou que a palavra de ordem para garantir
o pleno desenvolvimento delas é oportunidade. “O que vimos aqui com a exposição
do Lúcio, com todos os que atuam no cinema ou nas artes, com a sua presença, cada
4º Simpósio Internacional da Síndrome de Down
Aconteceu nos dias 21 e 22 de março, na capital paulista,
o “4º Simpósio Internacional da Síndrome de Down – Saúde e Bem-estar: Acesso e Igualdade para Todos”, realizado
pelo Instituto Ibero Americano de Pesquisas e Diretrizes de
Atenção à Síndrome de Down (IPDSD), com o patrocínio da
Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo, apoiado
pelo CEPEC-SP e pela FBASD - Federação Brasileira das Associações de Síndrome
de Down. O evento foi realizado na sede da Secretaria Estadual da PcD, no bairro
Barra Funda, zona oeste de São Paulo/SP. Como sempre, a coordenação geral foi
de responsabilidade do Dr. Zan Mustacchi, e contou, entre outros, com palestrantes
internacionais, vindos dos EUA. O evento contou com mais de 450 participantes.
comemoração
vez maior nas universidades, no mundo do
trabalho, é que temos que ter o compromisso de abrir cada vez mais oportunidades. Acabar com o preconceito”, afirmou. O
deputado Romário (PSB-RJ), pai de Ivy, de
9 anos, que tem Down, disse que a síndrome não é uma deficiência mental severa e
seu portador pode ter um desenvolvimento
intelectual considerável em várias áreas do
conhecimento. Romário afirmou que tem
aprendido muito com a filha.
Já a APAE de São Paulo aproveitou a
data para lançar a campanha: “Ter mais um
cromossomo não muda quem somos”.
Além de buscar a reflexão e transformação
sobre a deficiência intelectual, a campanha
quer mostrar como a qualidade de vida das
pessoas com Síndrome de Down pode ser
melhorada e os cuidados de saúde que
estes indivíduos precisam receber.
Várias cidades brasileiras comemoraram
com eventos e ações específicas esse dia
tão importante no calendário da pessoa com
deficiência.
Comemoração na Câmara Municipal de São Paulo/SP
Pessoas com Síndrome de Down tomaram
conta do plenário da Câmara Municipal de São
Paulo no dia 21 de março, em uma sessão que
homenageou o seu dia. A solenidade começou
com a apresentação de um musical dos anos 70
com jovens atendidos pela APAE São Paulo e, em
seguida, os microfones foram ocupados pelos
convidados, que puderam falar por si próprios e
expor seus desejos. A Carpe Diem foi a associação realizadora do evento na Câmara Municipal, juntamente com a APAE São Paulo, com o apoio da Secretaria Municipal da Pessoa com
Deficiência e Mobilidade Reduzida (SMPED). Os atores com Síndrome de Down que fizeram
sucesso com o filme “Colegas”, Ariel Goldenberg e Rita Pokk, contaram sua experiência no
cinema e de contracenarem com artistas famosos. Falaram também sobre a vida de casado
que levam há 10 anos e a autonomia que possuem. Emocionados, os dois convidaram a
todos os presentes na sessão para fazerem um juramento de respeito aos sonhos e desejos
das pessoas com Down.
A secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Marianne Pinotti,
aproveitou a solenidade para expor o “Plano São Paulo Mais Inclusiva”. A sessão solene na
Câmara Municipal de São Paulo foi proposta pelo vereador Rubens Calvo e contou com as
presenças dos também vereadores Floriano Pesaro, Andrea Matarazzo, Edir Sales e Masataka
Ota. O evento contou ainda com apoio do Instituto Anjos de Deus - IAD, Instituto Nacional de
Inclusão Social de Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida - INIS e a Revista Reação.
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64
notas
Preconceito: essa palavra não
existe no universo da moda
Imagine uma mulher
desfilando apenas com uma
perna e ainda por cima de
salto alto. Cena que parecia
impossível se tornou realidade para a paratleta e modelo
Marinalva de Almeida.
Com a perna esquerda amputada desde os 15
anos em consequência de
um acidente de moto, ela
não se conformou com a
limitação e buscou novas
possibilidades. Acabou se
tornando paratleta e exemplo de atitude, o que a levou
também para o universo da
moda. Marinalva esteve em
Goiânia/GO no final de março para a sessão de
fotos do catálogo de outono/inverno da marca de
calçados “Nanda Manu”, que desenvolve a campanha “Mulher Brasileira da Cabeça aos Pés”. Em
seus lançamentos de estação durante todo o ano
de 2014, são registradas mulheres “reais”, como
explica o empresário Florêncio Junior, proprietário
da marca, relatando que o objetivo da campanha
é fugir do convencional das passarelas: “queremos
mostrar que beleza existe em diferentes padrões e
estimular que as mulheres valorizem seus atributos
e suas histórias de vida”, destaca. A atitude positiva
diante das adversidades também repercute na
autoimagem e na beleza das pessoas.
A escolha da marca, que remete ainda à inclusão de pessoas com algum tipo de deficiência,
entrou em contato com agência de modelos “Kica
de Castro Fotografias” e escolheu no casting a
modelo, também paratleta, Marinalva de Almeida. Atualmente, ela pratica corrida, dardo, disco
e peso e, como atleta profissional, é velejadora.
É atual recordista brasileira de salto em distância.
Faz parte também da equipe Corredores Reunidos
de Itu e Adaptados (CRIA Itu), em São Paulo. Em
maio, vai para Holanda disputar o campeonato
Delta Loyd. Seu exemplo de persistência acabou
a levando também para o universo da moda. Entrou para o casting da renomada fotógrafa Kica de
Castro. É contratada pela marca de moda inclusiva,
“Lado B” e faz ações com a empresa Conforpés,
patrocinadora de suas próteses.
Lei quer cuidadores obrigatórios nas escolas
As escolas regulares poderão ter cuidadores específicos para alunos com
deficiência, se for verificada a necessidade de atendimento individualizado. A
iniciativa, prevista no Projeto de Lei 8014/10, do deputado Eduardo Barbosa
(PSDB-MG), foi aprovada em 12 de março pela Comissão de Seguridade
Social e Família. De acordo com a Agência Câmara de Notícias, ainda haverá
análises nas comissões de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e
de Cidadania. Como o caráter é conclusivo, se houver aprovação em todas,
o projeto não precisará passar pelo plenário. A legislação brasileira incentiva
a inclusão de PcD no ensino regular, deixando o ensino especial para aqueles com características específicas. Por isso, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (9.394/96) prevê o serviço de apoio especializado aos
alunos com deficiência matriculados nas escolas regulares. O projeto inclui
explicitamente o cuidador como parte desse suporte, desde que necessário.
Reconhecido direito a casamento de pessoas com
deficiência mental
A Procuradoria-Geral de
Justiça de São Paulo foi favorável a um promotor de Justiça que se negou a anular um
casamento em São Bernardo
do Campo/SP, porque a noiva
foi interditada cinco anos antes por ter deficiência mental.
Denominados J.T.T.S. e L.B.G.
no processo, eles se casaram
em dezembro de 2011, sob o
regime de comunhão parcial de bens. O cartório de registro civil de Riacho
Grande (distrito de SBC/SP) percebeu depois a interdição e enviou o caso ao
Ministério Público, mesmo o casal tendo apoio da mãe e curadora da jovem.
O promotor Maximiliano Roberto Führer decidiu arquivar o caso, mas o juízo
da 3ª Vara de Família e Sucessões da comarca não concordou e encaminhou
o processo à Procuradoria-Geral: “para, se for o caso, designar outro promotor
de Justiça a fim de propor ação declaratória de nulidade do casamento”.
O procurador-geral Márcio Elias Rosa concordou com a posição do promotor. No entendimento do procurador, a incorporação no Direito brasileiro da
Convenção Internacional, assinada nos Estados Unidos em 2007 e aprovada
no país pelo Decreto Legislativo 186/2008, que impede a discriminação de
pessoas com deficiência, tem status de emenda constitucional, derrubando
qualquer norma ou interpretação que proíba o casamento delas. A decisão
foi publicada em 15 de março passado. “Não havendo abuso ou fraude, o
Estado deve se afastar de casos como esse. A pessoa com deficiência mental
tem direito a ter uma família”, declarou o promotor.
No Acre, em fevereiro, o casal Francisco Neto – com deficiência
intelectual, e Geice do Carmo – com deficiência auditiva, se casaram na
Paróquia Divino Espírito Santo, em Rio Branco/AC. O casal se conheceu na
APAE. O namoro começou em agosto de 2012 por insistência do rapaz e
terminou em casamento.
66
momento surdo
por Neivaldo Zovico
ONG capacita os surdos sem
acessibilidade de comunicação visual
O
Governo criou uma Lei que obriga a incentivar
a incorporação de pessoas com deficiência
no mercado de trabalho, e determinou que
estes deverão ser capacitados e treinados
por Instituições (ONG), utilizando a verba
doada do Governo Federal, Estadual e Municipal e também
de empresas.
Em vista da exigência de inserir a PcD no mercado de
trabalho por causa da multa, as empresas correram muito
para evitá-la, procurando quaisquer pessoas com deficiência para cumprir a cota dentro da corporação. Além disso,
algumas Instituições (ONG) que disponibilizam cursos para
capacitação não se preocupam muito com o respeito e não
valorizam as pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
As reclamações das pessoas surdas, quando finalizam o
período de estudo nas Instituições, estão aumentando cada
vez mais. Elas ficam muito frustradas por falta de informações
e de aulas práticas para terem mais experiência para trabalhar.
Infelizmente, algumas dessas Instituições não contrataram
intérpretes profissionais para acompanhamento durante o
curso de capacitação, mas sim treinadores ou profissionais
que não fizeram curso de LIBRAS ou que têm somente o
nível básico, com 30 ou 60 horas, não sendo, portanto,
fluentes para ensinar.
Existem locais de ensino, no entanto, que respeitam e
incentivam as pessoas com deficiências auditivas no ambiente
de trabalho, oferecendo em seus treinamentos, intérpretes
profissionais ou treinadores fluentes em LIBRAS.
A LIBRA – Língua Brasileira de Sinais – não é uma ferramenta como Braille. Sendo assim, um curso com carga
horária pequena não habilita um indivíduo para se comunicar
com candidatos surdos durante as aulas de capacitação. A
LIBRAS é uma língua e, assim como qualquer outra língua,
exige muito tempo para seu aprendizado.
Por isso, é necessária a presença de profissionais fluentes
em LIBRAS ou intérpretes de LIBRAS para ajudar a quebrar
as barreiras de comunicação, fazendo os surdos e/ou pes-
soas com deficiências auditivas terem acesso à informação.
Dessa forma, oferecer estudos para capacitação sem respeito
à Acessibilidade de Comunicação Visual poderá prejudicar
seriamente o desenvolvimento do indivíduo e comprometer
sua inclusão no mercado de trabalho.
Lembrando que, segundo a Convenção da ONU no artigo
30, parágrafo 4: “as pessoas com deficiência farão jus, em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a que
sua identidade cultural e linguística específica seja reconhecida e apoiada, incluindo as línguas de sinais e a cultura surda”.
Assim, as Instituições que recebem verba do Governo e
Empresas Públicas devem desenvolver projetos que respeitem
a acessibilidade de indivíduos surdos e/ou com deficiências
auditivas através da Comunicação Visual em cursos de capacitação.
Nós, da Comunidade Surda, esperamos que as entidades
respeitem os direitos de 9,7 milhões de cidadãos surdos,
principalmente sobre Acessibilidade através da Comunicação
Visual.
Neivaldo Augusto Zovico
é professor, Consultor de Acessibilidade para Surdos e
Pessoas com Deficiência Auditiva. Coordenador Nacional de Acessibilidade para Surdos da FENEIS. Diretor de
Relações Públicas da APSSP – Associação dos Professores Surdos do Estado de São Paulo. Colaborador da
equipe do site: www.portaldosurdo.com /
www.acessibilidadeparasurdos.blogspot.com
E-mail : [email protected]
por Márcia Gori
mulher
Mulher com deficiência:
qual o medo afinal ?
C
om o advento das redes sociais, sempre sabemos
sobre nossas mulheres com deficiência que estão esperando um bebê, cheias de dúvidas, medos e pior: reféns de médicos pouco preparados
para executarem um parto tranquilo e sereno.
Há poucos dias nos deparamos com a notícia de uma
mulher que está gestando um bebê com OI (Osteogênese
Imperfecta), com direito e tudo de um laudo médico indicando o aborto, passando insegurança à futura mãe como se ela
não fosse capaz de ir à frente ao propósito da maternidade.
É absurdo, constrangedor, revoltante e humilhante tirar,
cercear o sonho, o direito das pessoas de seguir os seus
desejos – isso porque a nossa Gisele está aguardando a
chegada de filho com OI, imaginem se fosse ela que tivesse
a patologia ? O mundo cairia ! Alguns médicos iriam entender
como impossível a gestação chegar ao final, fazendo essa
mulher ter uma “via crucis”, trazendo-lhe ainda mais inse-
gurança e perdendo tempo com preocupações infundadas,
além de tirar-lhe as delícias da maternidade.
Presencio todos os dias as notícias em nosso meio sobre
Movimentação de pacientes
e pessoas com deficiência
O sistema Guldmann de elevadores de teto é difenciado:
• Está sempre pronto para uso, parando
e carregando em qualquer lugar
• Fácil de entender e usar
• Ampla variedade de módulos
• Velocidade e capacidade ajustáveis
Combinar um elevado grau de conforto
para os pacientes, com o máximo
de assistência ao cuidador, sempre
foi prioridade para Guldmann. Com o
sistema GH3 aprimoramos ainda mais
esses conceitos.
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67
68
mulher
direitos e indignação... muitas se posicionando como feministas, incentivando os namoros e a sexualidade – haja vista que
agora todos são “entendidos” nesta área – mas, infelizmente,
o que há são pessoas falando de suas próprias experiências
como se fossem receitas prontas e as dúvidas permanecem
cada vez maiores. Ainda há necessidade de muita informação
circulando, não para quem está engajado no Movimento de
Mulheres com deficiência, mas para aquelas que estão guardadas dentro de seus lares, semi-alfabetizadas ou analfabetas,
para sua família também ter acesso à informação e se tranquilizarem com as mudanças que ocorrerão nas vidas de todos.
A informação é a luz que apaga a escuridão da ignorância. A
informação faz o indivíduo crescer, abre a mente, tira o medo,
faz com que a caminhada da coragem seja mais colorida e as
cobranças cessam. Sempre digo que a ignorância é um monstro
de muitas cabeças, voraz em sua fome de destruição. Alimenta
o pior de um ser humano, trazendo discórdia, dor, sofrimento,
depressão, mágoas e muitas vezes a morte em sua companhia,
por isso, precisamos estar sempre dispostas a auxiliar uma a
outra, dar as mãos para esta caminhada e ser uma lamparina
na marcha de cada uma de nós, auxiliando no progresso, na
evolução emocional, psicológica e espiritual de cada uma que
passar de alguma forma por nossas mãos.
Porém, o que vejo são conversas mal faladas, rixas idiotas,
“fulana” não gosta de “beltrana”, uma falando mal do trabalho
da outra, todas com o direito de julgar para massagear o próprio ego, porém onde iremos chegar com tal comportamento
? O que iremos construir de fato ? Iremos ajudar a quem ?
Será ? Será ? Será ? Quantos “serás” necessitamos para
fazer o que é correto, digno e justo ? Quantos “serás” tem
que estar martelando em nossas mentes, tirando-nos o foco
e deixando tudo passar a nossa frente como senão fosse
problema nosso ?
Se você, mulher com deficiência, quer mudanças em sua
vida, em sua trajetória, isto somente depende – exclusivamente – de VOCÊ, das suas decisões, da perda dos seus medos e
jogando fora as suas dúvidas. Mas, como fazer isso se eu não
tiro o nariz para fora de casa ?
Leitura, caso seja alfabetizada, muita leitura. A TV também
ainda traz alguns bons programas, conversar com pessoas que
gostam de ensinar, muita roda de conversa com amigas, internet
e interesse em mudanças que elas virão, contudo, tem que
começar por algum lugar, não temer o novo, saber observar o
mundo e não tomar nada como verdadeiro, mesmo porque
precisamos nos reciclar sempre em nossas vidas.
Pessoas que tem opiniões fechadas sobre tudo, que se
acham donas da verdade, são indivíduos preconceituosos, que
não permitem que outras cresçam. São envelhecidas em suas
concepções – haja vista que na vida nada é para sempre: hoje
você não gosta do verde, porém amanhã vai amá-lo. Posso não
gostar de uma pessoa agora, criar situações para que esta não
venha fazer parte do seu grupo de amigos, entretanto, pode
passar o tempo que for que a vida se encarrega de nos mostrar
que precisamos justamente daquela que desmerecemos mais.
Não precisamos amar a todas, virar a melhor amiga, levar
para dormir em casa, contudo, há necessidade do respeito em
primeiro lugar do ser humano, das experiências de vida que
levamos no coração e, ademais, uma líder legitima não critica o
trabalho da outra, mas sim constrói pontes, une pensamentos,
reconhece o valor de sua semelhante e dos esforços feitos
para chegar a um denominador comum.
As críticas sempre serão bem vindas, desde que sejam
para acrescentar, melhorar, mas se for para derrubar, tomar
o espaço da outra... Hummm !!! É bom tomar cuidado quem
gosta de ter essas práticas pouco ortodoxas, porque se puxar
o tapete dos outros, alguém também irá puxar o seu, pois
tudo que vai, volta.
Eu acredito que todas temos nossas estrelas, nosso espaço,
nossa missão. Não precisamos tomar lugar de ninguém, sair
lançando maldades e maledicências com as palavras, somente
é necessário o amor, a compreensão, a união, o respeito mútuo e o pensamento do bem estar do coletivo. Parar com essas
mesquinharias, maldades, intrigas e futricas, pois a oposição
gosta da divisão para ter o poder de governar, mas podemos
mostrar outra postura, outros pensamentos e atitudes.
Novos comportamentos mais evoluídos, pessoas com vontade de somar, cuidar dos outros, sem inveja, sem maldade,
com o olhar verdadeiro pelo coletivo, do trabalho humanitário
que precisa ser desenvolvido, enfim, sem o maldito ego, porque fazer maldade para os outros deve ser divertido, porém
para quem recebe não é nada agradável, é hediondo.
Vou fazer uma proposta: vamos nos unir, aprender uma
com as outras, praticar a amizade, a união. Deixar a inveja, a
cobiça e abrir nossas mentes para que possamos receber novas
energias positivas ? Afinal, em que você é melhor do que a
outra e o seu trabalho tem de melhor do que sua parceira ???
Até nosso próximo encontro !!!
Márcia Gori é bacharel em Direito-UNORP, Presidente-fundadora da Ong “ESSAS MULHERES”, Idealizadora
da Assessoria de Direitos Humanos - ADH Orientação e
Capacitação LTDA, Ex-presidente do Conselho Estadual
para Assuntos da Pessoa com Deficiência - CEAPcD/
SP 2007/2009, ex - apresentadora do Programa Diversidade Atual no canal 30-RPTV, ex-Conselheira Estadual do CEAPcD/
SP 2009/2011, ex-Presidente do Conselho Municipal da Pessoa com
Deficiência de São José do Rio Preto/SP 2009/2012. Idealizadora do I
Simpósio sobre Sexualidade da Pessoa com Deficiência do NIS – Núcleo
de Inclusão Social da UNORP, Seminário sobre Sexualidade da Pessoa
com Deficiência na REATECH 2010 a 2013, co-realizadora do I Encontro
Nacional de Políticas Públicas para Mulheres com Deficiência em 2012,
capacitadora e palestrante sobre Sexualidade, Deficiência e Inclusão
Social da Pessoa com Deficiência, modelo fotográfico da Agência Kica
de Castro Fotografias.
E-mail: [email protected]
Blog/site: www.marciagori.net
Site: www.essasmulheres.org
por Karolina Cordeiro Alvarenga
doenças raras
Comemoração do
Dia Mundial das Doenças Raras
A
data oficial do Dia Mundial
Das Doenças Raras é 29
de fevereiro, por ser um
dia raro. Nos anos não bissextos, a comemoração é
feita um dia antes. Aqui no Brasil, um dos
principais eventos realizados foi em 26 de
fevereiro, na Câmara dos Deputados, em
Brasília/DF, que pelo terceiro ano consecutivo organizou um seminário sobre o
tema. Promovido pelo deputado Romário
(PSB/RJ), teve as presenças do ministro
da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho,
da deputada Mara Gabrilli (PSDB/SP), do
coordenador-geral de Média e Alta Complexidade do Ministério da Saúde, José
Eduardo Fogolin Passos, que representou
o ministro da Saúde, Arthur Chioro, e do
senador Eduardo Suplicy (PT/SP).
O Tema escolhido para este ano foi
“Cuidado”. O principal objetivo do encontro
é a discussão das políticas públicas para as
pessoas com doenças raras e conhecer os
O tom do evento em Brasília/DF ficou por conta da portaria 199/2014,
aprovada em 12/02/2014, que institui a
política nacional de doenças raras. Com
esta Portaria, o Sistema Único de Saúde
(SUS) incorpora 15 novos exames para
diagnosticar doenças raras e credenciar
hospitais e instituições para atendimento
de pacientes com essas enfermidades. As
avaliações abrangem grande parte das 8
mil doenças raras já estudadas. A política
foi criada, após pedidos de organizações
não-governamentais e instituições de pesquisas, que discutiram o assunto com o
governo desde 2012. Segundo o Ministério da Saúde, existem atualmente no
Brasil 240 serviços que promovem ações
de diagnóstico e assistência. Com a nova
norma, instituições poderão se credenciar
ao SUS para receber verbas destinadas
aos exames e às equipes que trabalham
avanços para melhorar a qualidade de vida
delas. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) define como doenças raras as que
afetam um pequeno número de pessoas
quando comparado com a população
total. Na Europa, por exemplo, uma doença é considerada rara quando afeta
uma em cada duas mil pessoas.
Embora raras, a variedade é
grande: existem cerca de 8
mil tipos registrados e 80%
dessas doenças têm origens
genéticas e 50% atingem
crianças. Outras causas podem ser infecções (bacterianas ou virais), alergias, causas
ambientais – ou são degenerativas e proliferativas. Essas doenças são, geralmente, incapacitantes, causando a perda de
autonomia – uma vez que muitas
delas são crônicas, degenerativas
e, frequentemente, fatais.
69
70
doenças raras
no tratamento dos pacientes. De acordo com o governo, será
repassado mensalmente R$ 11,6 mil para custeio da equipe de
serviço especializado (com, no mínimo, um médico, enfermeiro
e técnico de enfermagem) e R$ 41,4 mil para equipes do serviço
de referência, que contam com geneticista, neurologista, pediatra,
clínico geral, psicólogo ou outros profissionais.
Atualmente, o SUS conta com 26 protocolos clínicos para
doenças raras que são a “porta de entrada” para a assistência na
saúde pública. Além disso, há oferta de medicamentos para 11
enfermidades, como a deficiência de hormônio do crescimento
(hipopituitarismo), fibrose cística e hipotiroidismo congênito.
A Portaria foi bastante questionada, pois define equivocadamente, o aconselhamento genético como atividade privativa
do médico geneticista, impedindo outros profissionais de saúde
especializados em genética humana de exercê-la. Existem hoje
no Brasil apenas 160 médicos geneticistas e aproximadamente
6 milhões de pessoas com algum tipo de doença rara. Ou seja,
um especialista para cada 37 mil pacientes.
A portaria tem que ser lida como “para quando isso tudo for
executado”. O artigo 19 é um exemplo. A leitura tem que ser
crítica, se perguntando quando será possível ter 10 centros de
referência no Brasil. Ficou clara a necessidade da melhora desta
portaria, que foi um bom começo para quem possui doenças
raras, mas que precisa de diretrizes e implementações.
Mas o tema central – CUIDADO - nos leva a uma reflexão
sobre como estamos cuidando de nossos raros, hoje em dia...
Como eu cuido do meu RARO ? Com muito amor e a certeza
que sua vida não está sendo em vão. Que o cuidado ultrapassa
o limite do: está bem ! - alimentado, vestido, assistido. Que minhas mãos não apenas o toquem, mas que possuam o poder
de acalmar, de sentir. Que meus olhos, ao alcançarem os seus,
não estejam cansados. Que sempre exista amor para recomeçar
um novo dia. Que meu sorriso te faça uma pluma, onde meus
ombros se tornam de ferro. Que minha voz clame por justiça,
direitos, acessibilidade, respeito, sem ferir o outro...
Que o seu tempo seja o meu tempo, e que outras pessoas
compreendam essa nossa necessidade um do outro. Não sei
onde começa você e nem onde eu termino... Meu braço é sua
extensão, onde encontrará uma mão que você poderá contar
sempre. De minha boca sai a voz necessária para que você seja
ouvido, Pedro ! Que minhas pernas tenham força para te erguer
e, quando cansadas, possamos sentar e gargalhar juntos.
Meu coração, através de você, me ensinou a maior raridade
do mundo: O MUNDO BELO NÃO É O PERFEITO.
O evento foi emocionante, pois, além das discussões sobre
políticas públicas, houve a apresentação “Juntos Cuidaremos
Melhor” - um projeto que visa inclusão social através da dança.
E através do meu Pedro, mostrar que raro, é o amor que temos
por essas pessoas especiais.
Karolina Cordeiro Alvarenga é geógrafa e
participa de corridas de rua com o filho Pedro
que tem uma síndrome genética rara, a Aicardi-Goutieres. Idealizadora de campanha pelo respeito às vagas para pessoas com deficiência em
Uberlândia/MG, onde mora.
nota
Ônibus de turismo adaptado !
A 20ª edição do Workshop & Trade
Show CVC, ocorrido em final de março, em São Paulo/SP, trouxe o primeiro ônibus adesivado com a marca CVC
adaptado para passageiros com mo-
bilidade reduzida. O modelo foi apresentado pela empresária Decca Bologna, proprietária da Potiguar Turismo, de
Natal/RN, que exibiu o funcionamento
da rampa de acesso e do elevador do
veículo aos agentes visitante e, também, compartilhou
a novidade com os demais
participantes do evento (510
expositores do Brasil e de 29
países), entre eles, empresas de turismo receptivo de
todo o Brasil. Fabricado em
2014, com carroceria Irizar
e chassis Scania, o ônibus
permite acomodar, numa
mesma viagem, de 8 a 10
passageiros com mobilidade
reduzida, para cadeirantes e/
ou passageiros com dificuldade de locomoção. Em seu
interior há amplo espaço, de
forma a receber, confortavelmente, uma
cadeira de rodas com cinto de segurança,
e em ângulo de 360º graus, além de 8
lugares de fácil acesso para esse tipo de
uso exclusivo.
71
72
artigo
por Hermes Oliveira
De volta pra minha terra !
D
epois de 20 anos – e 12
desses sendo paraplégico devido a um acidente
(capotamento) com uma
carreta – resolvi sair da
cidade de São Paulo, agora, em 2014
e voltar para minha terra natal: Boa Esperança/PR.
Em São Paulo fiz minha trajetória...
fiquei conhecido e reconhecido como
piloto de Parakart, lancei um livro... me tornei articulista da Revista
Reação... Mas acredito que, nesse momento da minha vida, lá na
minha pequena Boa Esperança/PR, vai ser melhor para que eu
possa realizar alguns projetos que não estava conseguindo colocar
em prática em solo paulista, como por exemplo, ter o meu alvará de
motorista de táxi que, mesmo tendo toda a documentação necessária exigida para isso, e mais um curso de especialização de taxista
com a nota 10, não havia conquistado até então em São Paulo/SP.
A prefeitura de São Paulo está negando o alvará para pessoas
com deficiência que não puderam participar da distribuição anterior
por ser uma atividade proibida pelo código de trânsito. E agora que
já estamos autorizados a exercer funções remuneradas, também
por lei, continua a negação, porque segundo o pessoal da prefeitura,
é suficiente a quantidade de alvarás existentes na cidade. Balela...
a capital paulista é imensa e é nítida a insuficiência da quantidade
de taxis na praça na cidade.
Então, desisti de São Paulo... e pedi uma oportunidade aqui,
onde eu nasci e cresci, e o pessoal está avaliando a possibilidade de
alterar a lei orgânica do município para que eu consiga meu alvará.
Agora sim ! Já estou confiante que vai sair e vou poder trabalhar !
Até pedi autorização para tirar uma foto do lado do táxi do Sr. João
Oliveira, aqui da cidade de Boa Esperança/PR, enquanto ele aguarda
a ligação de seus clientes. Pra dar sorte !
Mas e como fica esta mudança – de uma cidade grande como
São Paulo para uma pequena e pacata cidadezinha do interior do
Paraná ? Bem, fica um pouco mais fácil nesse caso, porque eu já
era da cidade pequena e me adaptei à uma cidade grande, então
agora e só me adaptar a cidade pequena de novo.
Confesso que de muitas coisas não vou sentir saudade. Aqui
não tem trânsito, alagamento, violência e nem poluição. Tem um
vento forte, um sol quente e uma noite fria que parece aumentar
a qualidade de vida da gente... é outra vida mesmo. Em todos os
sentidos... vai ser uma readaptação.
Mudei de estado, mudei de vida e mudei de assunto também...
Passei meu artigo sobre esporte automobilístico e pilotagem de Kart
para meu amigo Tales Lombardi, agora a minha ex-coluna vai ser
responsabilidade dele. E ele vai “pilotar” isso com muito talento,
como sempre faz.
Mas eu não vou deixar de marcar
presença nas páginas da nossa querida
Revista Reação não... de jeito nenhum !
Continuo escrevendo, agora de tudo um
pouco – compartilhando minhas experiências – como me pediu meu amigo
Rodrigo Rosso, editor da publicação. Vou
falar do dia-a-dia no interior, da vida no
campo, da vida... de tudo... do jeito que
a vida me levar.
Na próxima edição, eu conto mais... Até lá !
Boa Esperança/PR dá Cartão Nacional de
Estacionamento
Depois que o cadeirante Genésio
Paiva foi multado em Campo Mourão/
PR usando a vaga reservada para pessoas com deficiência por não portar o
Cartão Nacional de Estacionamento,
que autoriza seu uso, a prefeitura de
Boa Esperança/PR, começou a trabalhar para fazer os documentos. Na primeira quinzena de março, o prefeito
Cláudio Gotardo e o vice-prefeito Osmar Bonomo, juntamente com o presidente da Câmara, João
Maciel Azevedo, e o gerente da Agência do Trabalhador Sérgio
Domingues (GRAIA), fizeram a entrega da primeira Carteirinha
– Cartão de Estacionamento – ao cadeirante, que dá direito de
ampla acessibilidade para vagas de estacionamento em todo
País – criação essa de responsabilidade de cada município. O
morador de Boa Esperança/PR, Genésio Paiva Braga, recebeu o
seu Cartão Nacional – que vale não só para PcD mas também
existe o Cartão para o Idoso.
O idoso e a pessoa com deficiência podem comparecer
até a Assistência Social levando seus documentos como: RG
ou documento equivalente com foto, CPF, comprovante de
residência, como conta de água ou luz. E isso vale não só para
Boa Esperança/PR, mas para todos os municípios brasileiros.
E todas as PcD tem direito !
A credencial (Cartão Nacional de Estacionamento) deverá
ser exibida sobre o painel do veículo, no formato original, com
a frente voltada para cima.
Hermes Oliveira é piloto de Parakart patrocinado pela Revista Reação, estudante de Administração de Empresas e autor do livro: “Um
Motorista Especial de Carreta”.
nota
Dia 2 de abril: Dia Mundial
da Consciencialização do
Autismo
por Samara Del Monte
A realidade dos presos com
deficiência no Brasil
A
A data é comemorada em todo o
mundo e teve iniciativas em todo o País,
desde ações como edifícios iluminados
de azul, até seminários, eventos comemorativos em entidades, conferência
sobre a qualidade de vida das famílias
com crianças e jovens autistas, pronunciamentos políticos, enfim... todos lembram
com carinho e responsabilidade dessa
importante data do calendário mundial.
A ideia da iluminação de edifícios em
azul surgiu do movimento “Light It Up
Blue/Iluminar de Azul”, com ações em
todo o mundo. Ela é simples e dá muita
visibilidade ao movimento. Consiste em
iluminar edifícios, monumentos e casas
na cor azul nesta data ou na semana
da comemoração do autismo, que afeta
cerca de 70 milhões de pessoas em todo
o planeta. No Brasil, além de prédios e
monumentos públicos, o Cristo Redentor,
no Rio de Janeiro/RJ, símbolo mundial,
também será iluminado de azul.
mais eficiente
inclusão social trouxe tantos os direitos à pessoa com
deficiência como também
deveres a serem cumpridos.
Se alguém cometer um crime, terá que pagá-lo e, hoje, há leis bem
específicas para o cumprimento da pena.
A Secretária Executiva do Ministério da
Justiça, Márcia Pelegrini, explica: “a lei determina que para cada crime exista uma
sanção – que deve ser igual para todos. O
juiz faz uma avaliação e pode decidir por
atenuantes a fim de humanizar a pena e
torná-la própria ao indivíduo, considerando
sua deficiência, esforço e necessidade. Há
também a hipótese de indulto – direito
concedido pela Presidência da República
– aplicada a pessoas com paraplegia, tetraplegia ou cegueira desde que comprovada a
necessidade de cuidados que não possam
ser prestados pelo estabelecimento penal”.
O Plano Nacional de Política Criminal e
Penitenciária dispõe sobre a necessidade
de garantia de acessibilidade nas unidades
prisionais, portanto, há previsão de uma
cela acessível em cada bloco, bem como no
entorno. Há ainda equipes de saúde es-
pecializadas para
oferecerem suporte,
mas não se pode
afirmar que esta
seja uma realidade
nos presídios. “Cada
estado brasileiro tem
suas peculiaridades.
Infelizmente, já foi
possível verificar em
inspeções realizadas
pela Ouvidoria do
Sistema Penitenciário que pessoas com
deficiência estão em ambientes que não
permitem sua autonomia e nem o atendimento das suas necessidades”, comenta
a secretária.
Para fortalecer o melhor tratamento das
pessoas presas, foi instituída pelo Ministério
da Justiça e da Saúde uma Política Nacional
de Atenção à Saúde de Pessoas Privadas
de Liberdade no Sistema Prisional, integrando as ações do sistema prisional com
o Sistema Único de Saúde, por meio de
Portaria Interministerial Nº 1, de 2 de Janeiro de 2014. “Com certeza, essa realidade
vai mudar com a implantação dessa nova
política, pois nela há previsões de equipes
especializadas e tratamento adequado às
pessoas com deficiência”, finaliza Pelegrini.
Samara Andresa Del Monte
é jornalista, idealizadora da Revista Mais dEficiente, tem
paralisia cerebral, é cadeirante, se comunica com símbolos
bliss e escreve no computador usando capacete com
ponteira.
E-mail: [email protected]
73
74
espaço aberto
por Alex Garcia
Meus passos para o desenvolvimento !
N
esse artigo – de quatro etapas – pretendo
orientar as pessoas com deficiência e, quem
sabe, até mesmo quem não a possui, sobre
como alcançar o desenvolvimento.
Como de costume em minhas reflexões, vou
trazer uma verdade: a minha verdade e acredito que existam
muitas “outras verdades” por aí, pois cada ser humano é
detentor de sua própria. Os “meus passos”, portanto, podem
ser seguidos. Podem ser até semelhantes. Com certeza, serão
muito distintos dos de outras pessoas, mas são os passos de
um cidadão surdocego.
A surdocegueira é a deficiência que mais “afeta” a essência da sociedade, porque culmina na distância imposta pelas
perdas visuais e auditivas, assim como a impaciência que se
gera pelas dificuldades de comunicação. Tais consequências
remetem as pessoas surdocegas à condição mais temida pelos
seres humanos: o “estar sozinho” como sinônimo de abandono – distinto de solidão em que se pode eleger e desfrutar
quando não se tem medo de si mesmo. Em minha vida, busco
transmitir e exercitar os “meus passos”, jamais os interpretando
como “prontos”, “finalizados”, a mercê da estagnação.
Conhecer a si mesmo
Aqui temos o primeiro passo: conhecer a si mesmo. Saber
de suas necessidades e habilidades leva certo tempo, portanto, não cabe no tempo de novela. Todas as pessoas com
deficiência, em especial pessoas surdocegas, devem ter bem
claro que nada é estático, então, o “conhecer a si mesmo” será
um verdadeiro “re-começar” e é preciso ter muita paciência !
Controlar as emoções
Aqui temos o segundo passo: para controlar as emoções,
devemos nos conhecer – disso, agora já sabemos. Somente
é possível dar um novo passo com segurança se o anterior
estiver sólido. As emoções e seu controle possuem papel de
destaque em nosso desenvolvimento. No cotidiano, observamos com frequência o desespero e o medo das pessoas
com deficiência e pessoas surdocegas. O desespero e o medo
são – em essência – os baixos conhecimentos de si mesmo.
Planejar as ações
Aqui temos o terceiro passo: para planejar ações devemos
nos conhecer e controlar emoções. Fato ! O planejamento é a
mola mestra do desenvolvimento, mas, se mal feito, pode colocar tudo a perder em pouco tempo. Um mau planejamento vai
trazer a tona o descontrole emocional e então constataremos
claramente: “eu não me conheço com a profundidade que
imaginava”; “pensava possuir esta habilidade, mas na verdade,
tenho outra necessidade”. Está muito claro: se conhecermos a
nós mesmos, vamos controlar as emoções. Por consequência,
planejaremos ações para que estas estejam ao alcance de
nossas habilidades, “fugindo” das necessidades.
Orientar o meio
Aqui temos o quarto passo: conhecendo a si mesmo,
controlam-se as emoções. Emoções sob controle, planejam-se
ações e então, por fim, orientar o meio se torna possível. Essa
orientação é o ápice, pois vivemos em sociedade e por mais
que tenhamos habilidades, nenhum ser humano é perfeito
ao ponto de não precisar de algum apoio. Alerto que orientar
o meio pode, nem sempre, ser aquilo que desejamos, ou
seja, pode acontecer de ao tentarmos orientar uma pessoa
a colaborar conosco, a falta de interesse, descaso, apareçam.
Se você se deparar com o desinteressado, francamente, não
tente mudá-lo. Vire-se que, com certeza, logo ali está outra
pessoa com interesse.
Alex Garcia é gaúcho e Pessoa Surdocega. Presi-
dente da Agapasm. Especialista em Educação Especial.
Autor do livro “Surdocegueira: empírica e científica”.
Vencedor do II Prêmio Sentidos. Rotariano Honorário
- Rotary Club de São Luiz Gonzaga/RS. Líder Internacional para o Emprego de Pessoas com Deficiência
pela Mobility International USA/MIUSA. Membro da
Federação Mundial de Surdocegos.
Site: www.agapasm.com.br
E-mail: [email protected]
por Silvia de Castro
moda e estilo
http://t.co/aJFV66276B via @jornalodia
Diversidade sem idade !
O
nicho do mercado de moda está na diversidade,
pois a consciência da realidade de multiplicidade
de manequim, altura e idade está se fortalecendo. Segundo pesquisas, as pessoas gostariam de
ver nos catálogos de moda e nas publicidades
modelos que as representassem, que fossem reais.
É preciso atualizar este conceito dos padrões estéticos e físicos
dos modelos utilizados. A ditadura da moda exclui a diversidade
e, por isso, neste artigo vamos enfatizar as mulheres, em especial
as mais velhas, que raramente são relacionadas com os temas
de sensualidade e beleza.
As mulheres obtiveram muitas conquistas, porém ainda existe
uma “pressão psicológica” em relação à sua aparência e que
muitas vezes acaba afetando a autoestima. Alguns países atentos a essas mulheres “adultas”, que estão em plena atividade
profissional, pessoal, social e sexual, abriram espaço para esta
diversidade. No Brasil, esse conceito ainda precisa evoluir, pois
cresce o número de mulheres que buscam cada vez mais
qualidade de vida e demonstram visão de longo prazo (buscam mais acompanhamentos médicos de forma preventiva,
complementação de renda através de planos de previdência
privada). Portanto, é preciso perceber a importância econômica
que estas mulheres têm e terão cada vez mais, determinando
a maior parte do mercado consumidor.
Hoje podemos falar em terceira e quarta idades, ou melhor:
sem idade. Lembrando ainda que o símbolo da “terceira idade”
com uma pessoa curvada e com bengala (usado para sinalizar
espaços especiais para idosos) mudou, pois esta realidade
também mudou: a longevidade é real e essa fragilidade muitas
vezes não ocorre.
É possível ver disposição e saúde também nesta fase, graças
à evolução da medicina, aos remédios e, portanto, é preciso
pensar nessa perspectiva, pois isso ocorrerá cada vez mais em
diversos países, inclusive no Brasil.
Atento a este mercado da mulher mais adulta, uma marca
americana lançou a campanha de lingerie da American Apparel,
com a modelo Jacky O`Shaughnessy de 62 anos e que atraiu
críticas diversas, inclusive em redes sociais.
Parabéns àqueles que enfatizam a diversidade. Até a próxima
edição !
Silvia de Castro é professora, consultora e estilista de moda, especializada
em moda e estilo para pessoas com
deficiência,
E-mail: [email protected]
Blog: www.estiloterapia.com.br
75
4 anos de atividades: apesar do pouco tempo de
vida, a ABRIDEF trabalha intensamente !
D
urante a REATECH 2014,
a ABRIDEF completa 4
anos de atividades intensas. Desde o seu nascimento, dentro da própria
feira, em abril de 2010, a
associação não parou de crescer e somar
conquistas para o setor, que até então, não
tinha uma entidade patronal que reunisse
as empresas de tecnologia assistiva, sejam
elas indústrias, comércio ou prestação de
serviço.
A ABRIDEF surgiu com a função de
fomentar e organizar o setor. E vem cumprindo com excelência esse papel e hoje,
mesmo com tão pouco tempo de vida, já é
reconhecida nacional e internacionalmente,
respeitada pelo seu desempenho, por suas
propostas e parcerias, tanto políticas como
institucionais.
Devido ao crescimento rápido da associação, desde o ano passado, a diretoria
da Entidade, notando o seu crescimento e
reconhecimento social, sentiu a necessidade de implementação de ferramentas que
ajudem na sua administração, a fim de que
esse crescimento possa ser ordenado e
equilibrado, e principalmente, aconteça de
forma organizada. “Pensando dessa forma,
resolvemos implementar um Planejamento Estratégico para a ABRIDEF, onde toda e
qualquer ação da entidade passe, antes de
sua execução, pelo crivo de sua diretoria,
cada vez mais interessada e participativa.
Isso acontece em criteriosas reuniões mensais, onde tudo é estudado e analisado,
desde o que fazer e até como fazer, e o
momento certo de se fazer... a fim de que
os resultados dessas ações possam ser positivos para seus associados, evidentemente, mas também e principalmente, para
todo o setor”, afirma Mara Di Maio, Superintendente Executiva da ABRIDEF.
Dessa forma, segundo a superintenden-
te, o Planejamento Estratégico é feito por
meio da análise, no sistema SWOT que é
a sigla dos termos ingleses “Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças)”.
Em administração de empresas, a análise
SWOT é um importante instrumento utilizado para planejamento estratégico, que
consiste em recolher dados importantes
que caracterizam o ambiente interno (forças e fraquezas) e externo (oportunidades
e ameaças), no caso, da Associação.
A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer análise ambiental, sendo a
base da gestão e do planejamento estratégico numa empresa ou instituição. Graças
à sua simplicidade pode ser utilizada para
qualquer tipo de análise de cenário, desde
a criação de um blog à gestão de uma multinacional. Este é o exemplo de um sistema
simples destinado a posicionar ou verificar
a posição estratégica da empresa/instituição no ambiente em questão.
Mara Di Maio diz que, dentro desse
conceito, foram estudadas algumas ações
para 2014. E, por ser um ano difícil, com
o evento “Copa do Mundo” e, em seguida, a vinda das eleições,
a diretoria resolveu não investir em pleitos que dependam de resultados políticos. “Este ano, decidimos atacar ações mais diretas
e independentes, como as participações em Feiras e eventos do
setor, bem como aproveitar o momento para acertos internos, organizacionais e estruturais, como por exemplo, a reestruturação
do nosso estatuto, que com o crescimento da Associação precisa
de atualizações e aperfeiçoamentos; a gestão junto ao governo
federal para ampliação do financiamento público de produtos de
TA; realizar campanha informativa ao cidadão quanto aos seus direitos de acesso a TA, promoção de cursos, workshops e seminários visando a profissionalização do setor e de seus profissionais,
entre outras questões, mas quase todas elas voltadas à sua própria gestão, como também a definição do organograma interno e
descrição de funções de sua diretoria”, comenta Mara. A próxima
assembleia geral da ABRIDEF acontece em maio.
“Entendemos que, para o verdadeiro crescimento de qualquer
Associação, se faz necessária a atuação eficaz e o envolvimento
de cada diretor que, conhecendo as suas funções, tem sua ação
facilitada e agilizada para o bom andamento dos trabalhos”, explica
Mara Di Maio.
Outra ação de enorme interesse da Entidade é desenvolver
projetos para captação de recursos, bem como de parcerias com
entidades significativas, como as recém realizadas nos EUA, com a
ATIA e a RESNA, importantes e reconhecidas entidades do cenário
internacional da tecnologia assistiva. “Estamos já na fase de formalização também de duas importantes parcerias, uma com a FIESP
– Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e a outra com a
ABIMO - Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios, fundada em 1962. Ambas entidades com alto grau de reconhecimento
social e político, de credibilidade, e que muito contribuirão para
com os trabalhos e objetivos da ABRIDEF. “Esses assuntos também
fazem parte do nosso Planejamento Estratégico”, diz Mara Di Maio.
Participação em Feiras e eventos
Sobre a participação da ABRIDEF em Feiras do setor, este ano,
na REATECH, a associação está presente de forma diferente, com
uma pequena Ilha composta por alguns associados. A chamada
“Ilha da ABRIDEF” fica entre as Ruas 200 e 300, ao lado do estande da Prefeitura de São Paulo e em frente a Revista Reação.
“Como em todos os anos, faremos a nossa reunião mensal
e aberta, no dia 10 de abril, das 18:00 às 20:00 hs, dentro da
Feira, no auditório 4, onde também comemoraremos o nosso 4º
aniversário, com direito a bolo de aniversário... todos são muito
bem-vindos”, convida a superintendente da entidade.
Ainda, na REATECH 2014, no mesmo dia 10, no auditório externo, das 9:00 às 17:00 hs, fruto da parceria com a ATIA e a RESNA,
acontece o Workshop: “O Modelo Need to Knowledge – NtK Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Tecnologia Assistiva”,
que terá como palestrantes o americano Joseph Lane (SUNY at
BUffalo) e a Dra. Maria de Mello (TechnoCare), diretora científica
da ABRIDEF.
O palestrante Joseph Lane é o investigador principal do Centro de Conhecimento Tradução para Transferência de Tecnologia
SUNY at Buffalo - financiado pela NIDRR/USDE 2008-2018. Ele
era anteriormente o investigador principal do RERC de Transferência de Tecnologia RERC (1993-2008). “Joseph Lane combina
experiência prática na modelagem de processos de comercialização de TA para governo dos EUA, nos setores acadêmicos e empresariais, na criação de modelos e métodos para o planejamento,
implementação e avaliação de progresso através das atividades
de pesquisa , desenvolvimento e produção de inovações de base
tecnológica subjacentes”, destaca Mara Di Maio.
Já a Dra. Maria de Mello é Pós Doutora em Tecnologia Assistiva pela University of FLorida, é Diretora Científca da ABRIDEF e
Diretora da Technocare. Ela trabalha na área de tecnologia assistiva
desde 1993, e possui sólida experiência em pesquisa, programas
e serviços de dispensação e educação em Tecnologia Assistiva,
atuando no Brasil, mas com uma perspectiva internacional. É colega do Joseph Lane desde 1993, quando fez seu Mestrado em
Tecnologia Assistiva na SUNY at Buffalo (EUA).
Workshop: problema e solução
O evento promovido pela ABRIDEF na REATECH, traz a percepção que os programas do governo patrocinam o desenvolvimento
e inovação em tecnologia assistiva no Brasil. Esses projetos visam
ponto de vista
78
por Suely Carvalho de Sá Yanes
Intervenções...
Atendimentos...
LUZES...CÂMERA...AÇÃO !!! (silêncio)
E aí ? Qual o script ?
O que falar ? O que vão falar ? Qual minha deixa ? Qual meu
papel ? Cadê o texto ? Cadê o ponto ?
Opa... o ponto está aqui... mas eu não o vejo...
gerar invenções por meio do desenvolvimento de protótipos
de engenharia, e podem incluir a transferência dessas inovações para a indústria nacional. No entanto, alguns pesquisadores/instituições que recebem esses financiamentos não têm
formação suficiente, experiência e infraestrutura para concluir
com êxito o trabalho envolvido em todas as três metodologias
(investigação científica, desenvolvimento de engenharia e produção industrial).
O Modelo Need to Knowledge - NtK, desenvolvido em 20
anos de pesquisa, fornece um “livro de receitas” para o planejamento, execução, gestão e documentação de progresso em
tais projetos. O Workshop vai se concentrar em 3 principais
elementos do modelo NtK:
1 - Examine as sequências de fases incorporando todas as
três metodologias ;
2 - Rever a literatura acadêmica e da indústria subjacente a
cada etapa e atividade;
3 - Conhecer as ferramentas para realizar a análise técnica,
de marketing e do consumidor exigidas.
Mara Di Maio encerra, convidando a todos para visitarem a
ILHA ABRIDEF na REATECH – para conhecer, além desses aqui
apresentados, outros motivos pelos quais sua empresa precisa
fazer parte do grupo que compõe a ABRIDEF. “Será um prazer
recebê-los”, finaliza a superintendente.
ABRIDEF e você, juntos, fazendo a diferença !!!
Quantas vezes esses foram os primeiros pensamentos de
uma pessoa com deficiência visual em um primeiro contato
com um serviço de Reabilitação ? Posso assegurar que foram
várias, principalmente quando os sinais de interrogação falaram
mais alto que qualquer outro sinal para quem acabou de chegar um tanto confuso na sala de entrevista.
É nesse momento, iniciando um processo de Reabilitação,
que se tornam necessárias algumas reflexões... sobre quem é o
outro. Não cito aqui a anamnese, a ficha cadastral, a entrevista
inicial, triagem... é algo mais... é o que é percebido e avaliado
na convivência... durante...
Parece simples ou até óbvio, mas existem alguns itens de
níveis que são distintos entre todos os que podemos atender
no nosso dia a dia (quer seja individual ou em grupo) que devemos considerar... Dentre alguns itens, podemos citar:
- Experiência de vida histórico
- Problemas familiares/pessoais
- Histórico cultural, outros
- Maturidade emocional, marcas
- Relacionamentos (interpessoais)
- Objetivos de vida/perspectivas
- Objetivos na Reabilitação
- Entendimento sobre Reabilitação
- Compromisso/responsabilidade
- Dificuldades
- Interesse
- Outro
Quando somos considerados e valorizados como únicos,
nos sentimos respeitados. Podemos nos relacionar com mais
segurança e a credibilidade no serviço promove uma quebra
considerável de barreiras para que o desenvolvimento na Reabilitação seja construído.
Assim como os profissionais (terapeutas ocupacionais ou
outros) possuem níveis distintos de conhecimento e formação
(inclusive de vida), os que vamos atender também. Nem sempre o nível cultural, emocional ou outros aspectos são iguais.
A comunicação e as atividades que serão realizadas devem
estar em concordância/sintonia com a realidade de cada pessoa, assim como as expectativas, para que os resultados sejam
conquistados gradativamente. Também nem sempre as pessoas que são atendidas estão de bom humor, nem sempre estão
em dias bons de compreensão, nem sempre colaboram...
ponto de vista
Por isso, e por mais tantos motivos, temos que insistir e
aproveitar cada momento para incentivar quem estamos atendendo.
Parece óbvio também, mas nem sempre isso acontece...
Assim como uma planta viva, todos precisam de solo regado para crescer.
Palavras de incentivo, tempo de qualidade (conhecendo o
histórico de vida), atividades que se tornam concretas (uma
confecção de tear, uma caixa construída, uma tarefa pronta se
torna como um presente), atividades que proporcionam realizações de serviço (alimentação, costura...), o tocar nas mãos
para um cumprimento ou no ombro, despertam um bom relacionamento, o que alguns estudos chamam de “Linguagens”
da comunicação, linguagens do relacionamento, linguagens
do amor. Conhecendo essas linguagens, podemos descobrir
e compreender melhor qual o “idioma” que o outro “fala” e
assim conseguimos entendê-lo e sermos entendidos também.
Podemos agir de forma adequada para termos no outro a re-ação que esperamos.
Importante ressaltar que as técnicas profissionais são ferramentas para a Reabilitação, técnicas que tanto usamos na
Terapia Ocupacional, na busca da independência nas atividades da Vida Diária, na Estimulação do Tato, atividades de Coordenação Motora, mas não podemos “enfiar guela abaixo”.
Temos que, em todo o tempo, respeitar o indivíduo em seus
“níveis” para que não haja resistências ou até abandono da
reabilitação.
Em todos os tipos de relacionamentos, quer seja em uma reabilitação ou em qualquer área na vida,
vamos estar sempre em contato
com alguém que não é um ser humano vazio, mas que carrega história
e histórias com ele. A compreensão
dessas histórias promove uma escolha de atendimentos e atividades gerando uma reabilitação de sucesso,
contínua, crescente e duradoura.
Então... Que ao sermos instrumentos para a reabilitação de cada
pessoa atendida, como se cada uma
fosse uma árvore, possamos afofar a
terra, adubá-la, plantar sementes, regá-la... pois, sabemos que cada uma
é... “como árvore, no seu tempo dá frutos, a folhagem não murcha e será bem sucedida em tudo o que fizer.” (Salmo)
Suely Carvalho de Sá Yañez é
Terapeuta Ocupacional especializada em
Orientação e Mobilidade para pessoas
com deficiência visuaL e atua na área
de reabilitação e Consultoria.
79
80
opinião
por Flávio Scavasin
O Mundo dos Eventos e o Mundo
Real das Pessoas com Deficiência
P
or alguns dias acessando
redes sociais e lendo os e-mails apenas pelo celular ou
tablet a partir de um quarto
de hotel – à noite e com
velocidade de internet abaixo da que costumo trabalhar em casa – percebi que
fica impossível ler tudo de todas as listas
relativas a deficiência, acessibilidade e inclusão das quais participo, além, é claro,
dos “posts” e tuites. E que levante a mão
virtual aquele que não deleta certos e-mails de quem já sabe que não acrescentará nenhuma informação relevante ou que não trará qualquer
avanço às discussões em andamento, até mesmo sem ler. E que
também levante aquele que, tentando fazer leitura dinâmica,
uma hora ou outra não descobre que deletou sem querer ou
deixou de ler algo que até era importante !
Mas, o que se vê na maioria desses “posts”, e-mails e tuites
é que poucas pessoas com deficiência parecem realmente satisfeitas com a morosíssima evolução da acessibilidade, inclusão
e, portanto, qualidade de vida no Brasil, apesar de tanto se falar
nesses temas. É comum que, em meio a fotos de cachorrinhos,
mostre-se a indignação por rampas com forte inclinação ou
obstruídas; em fotos de barreiras arquitetônicas, exponham-se
dificuldades pessoais ou de terceiros cadeirantes, cegos, surdos
ou com deficiências intelectuais, especialmente pelo Facebook,
ao mesmo tempo em que, paralelamente, essa rede social se
tornou a vitrina maior desse fenômeno de marketing pessoal,
onde “selfies” (quando você mesmo tira uma fotografia de si
próprio) e quetais, servem com propósito de evidenciar pessoas que normalmente não conseguem ser ouvidas pelo poder
público ou sequer pelas suas famílias e contatos do dia a dia.
Aqueles com deficiência que conseguem um bom emprego, só
se abstêm de criticar os seus próprios contratantes por motivos
óbvios, porque se lembram do quanto foi difícil consegui-lo.
Daí, também pensei sobre o que tem me desestimulado a
participar de muitas Palestras, Seminários, Encontros, Simpósios, Workshops e tantos outros eventos que cada vez mais se
proliferam na área da deficiência – especialmente daqueles
com uma agenda que pareça absolutamente ousada – pela
decepção que reservam aos incautos, já que as apresentações
são geralmente aquela mesmice de sempre.
Não sou necessariamente contra esses eventos, diga-se
de passagem, até porque são fundamentais e muito úteis
quando bem direcionados, seja nesta área como em outras
como Direito, Medicina, Meio Ambiente,
Petróleo e Gás etc. Mas, da forma como
essa “indústria” ocorre no segmento da
deficiência, me faz pensar que isso poderia
ser muito mais proveitoso se houvesse um
empenho maior da militância em busca de
compromissos e resultados e não só de
palavras bem colocadas, especialmente
por parte dos acadêmicos com ou sem
deficiência, que se apropriam desses palanques. Parece que quanto maior o pós-doutorado há maior distanciamento da
realidade que precisa ser enfrentada.
Quando não absolutamente monótono, um palavrório sem
fim, homenagens ou citações intermináveis, exercícios cruéis
de oratória, tentativas de gerar parte do impacto do famoso
discurso “I have a dream” de Martin Luther King, promoção
pessoal ou partidária de governantes para fazer de conta de
que sob seu governo estamos tão avançados quanto os países
mais avançados em termos de inclusão e acessibilidade, “Power
Points” que privilegiam mais os recursos visuais com vistas de
manter a plateia acordada, bem como alguma frase de efeito
ou piadinha sem graça na tentativa de cumprir da melhor forma
o tempo de exposição que lhe foi destinado.
Se o público fosse tentar resumir os compromissos ou propostas inseridas na maioria desses discursos, veria quanto do
seu tempo foi perdido, salvo raríssimas exceções. E devemos
considerar que grande parte desse público é quase sempre o
mesmo, como figuras carimbadas, às vezes revezando para o
próximo evento quem está nas primeiras fileiras da plateia com
quem está sob as luzes dos holofotes, com a finalidade, essa
sim considerada importantíssima, de inchar cada vez mais alguns
“currículos Lattes” da vida ou “networking”, já pensando em um
novo cargo ou nas próximas eleições.
O que se percebe é um receio muito grande dos participantes
“que não sejam aqueles meros figurantes” para contestar e,
principalmente, checar o que vem sendo feito, propor políticas
públicas ou soluções factíveis e desprovidas de meros interesses pessoais. Com a cooptação de lideranças da sociedade
civil que surgiu a partir dos últimos anos, só o posicionamento
sistematicamente a favor e elogios às autoridades presentes
passaram a ser a tônica para os interessados em ser contratados,
promovidos, terem uma ONG beneficiada ou para se manterem
onde estão, caso já estejam bem colocados. De “concreto”, para
avançar com relação às pessoas com deficiência, às vezes só o
edifício que abriga o evento.
opinião
Da plateia,
antes até ocorria
de alguém se
fazer ouvir protestando com relação a algo ou,
aqueles mais inflamados, gritando como se em
uma discussão
de trânsito, mesmo que sem números, dados objetivos ou propostas concretas,
ao contrário de hoje, onde só se ouvem aplausos protocolares.
Por outro lado, lembro de quando eu atuava no segmento do
meio ambiente, quando a plateia vinha organizada e ciente das
árvores que estava protegendo, do manejo que era necessário
com relação à fauna e flora ou da reivindicação para que mais
áreas fossem reservadas para um novo ecossistema. Seja à Mesa
condutora dos trabalhos ou como ouvinte, ai daquele que não
estivesse bem municiado por documentos e números, porque
todos sabiam que governo é como feijão, tendo de ser submetido a pressão para ficar bom. Quase todos tinham propostas
e alternativas bem embasadas e discutidas previamente entre
seus pares, e quando vieram as primeiras tentativas de administração pública pelas organizações sociais, chamadas OSCIPs,
uma das observações que ouvi mais interessantes foi: “então
vamos ‘oscipizar’ tudo, a começar pelo governo. Mas com OSCIPs
inglesas, por favor...”.
E não é para menos que os ingleses tenham sido lembrados:
afinal, infelizmente os bons exemplos, ao menos na área da
deficiência, geralmente continuam surgindo a partir do exterior,
como hardwares, softwares, próteses, órteses, ajudas técnicas
em geral e, em alguns casos, mão de obra como a de técnicos
ortopédicos, já que a nossa educação e formação profissional
nessa área infelizmente ainda está muito aquém do desejado.
Do que deveria ser feito por aqui, é só observar o percentual
de calçadas ou semáforos acessíveis de nossas cidades para
perceber o nosso atraso.
Assim, embora muito se fale ou escreva, o que tem realmente
evoluído ? Em que ritmo ocorre a inclusão e acessibilidade e
como isso realmente acontece ? O nosso País, o nosso Estado,
a nossa cidade, o nosso bairro ou a nossa rua estão muito mais
acessíveis (considerando-se todas as acepções de acessibilidade)
do que, digamos, 30 anos atrás ? Hoje os surdos estão realmente
incluídos ? Os cegos já podem ler os livros que quiserem, escolher e subir em transportes públicos com autonomia e assistir
aos filmes ou programas que desejarem com audiodescrição ?
Voltando a 1992, quando passei a militar na área, em meu
primeiro dia já cheguei a um encontro com as etiquetas adesivas para postagem de correspondências a todos os senadores
e deputados federais, com vistas a redigir e encaminhar uma
proposta de Projeto de Lei com toda a justificativa pronta, já
pensando que deveríamos começar a agir nas questões envolvendo a Talidomida, incluindo a revisão das defasadíssimas
pensões vitalícias, mesmo sem eu, pessoalmente, recebê-la. E
depois conseguimos a isenção de ICMS para todas as próteses e
órteses, reduzindo seus preços em 18%. E, desde então, sempre
achei que, desde que bem trabalhados, os pleitos de pessoas
com deficiência eram muito mais simples de ser atendidos do
que aqueles de setores industriais pelos quais eu trabalhava profissionalmente antes, envolvendo fortes interesses econômicos
geralmente antagônicos.
Afinal, quem poderia ser contra a inclusão ou acessibilidade?
Quem deixaria de reconhecer a justiça desses pleitos ? Quem
não gostaria logo de ceder aos pedidos de pessoas – à época
chamadas de “portadores de deficiência” – até para se poupar
de vê-las mais à frente, já que muitos até hoje incomodam
porque são preconceituosamente vistos exclusivamente pelas
deficiências que apresentam ?
Então, entendo que deva haver uma mudança de mentalidade. Menos bajulação e mais ação, algo que ficasse mais próximo
do “pensar globalmente, agir localmente”, emprestando um lema
famoso do Greenpeace.
Observo, finalmente, que pela Lei 9.504/97, nos dias 5 e 26
de outubro de 2014 teremos os dois turnos das eleições para
presidente, governador e um senador, além de, no caso de São
Paulo, 70 deputados federais e 94 estaduais. Muitos candidatos,
na propaganda política obrigatória, virão com o tema da deficiência, mostrando fotos, pequenos “takes” de filmagem e sendo
referidos pelos cargos públicos que ocuparam, falando do que
teriam realizado ou se apropriando do que outros fizeram. Enfim,
prometendo lutar ou fazer mais por esse público.
Caberá ao eleitor com deficiência, contudo, bem como a seus
familiares e amigos, também pesquisar sobre a vida pública de cada
candidato, não só quanto ao cargo que ocupou – já que esse pode
ter sido dado a ele por mero compromisso partidário – mas, principalmente, a quais resultados chegou em função do cargo ocupado,
quais prioridades teve, quantas pessoas foram beneficiadas por seus
programas de inclusão ou acessibilidade, além, é claro, de checar
com qual idoneidade teria exercido a função. E se só forem citados
esses eventos anódinos no currículo... fuja !
Flávio Scavasin é pessoa com deficiência,
membro do grupo “Cidade para Todos – Acessibilidade”,
consultor e palestrante em temas voltados a pessoas com
deficiência. Foi fundador e vice-presidente da Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida – ABPST,
ex-presidente voluntário do Instituto de Acessibilidade para a
Diversidade (IAD), foi coordenador de Desenvolvimento de
Programas da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa
com Deficiência de São Paulo (2008 – 2012), foi gestor do
Parque Villa-Lobos, segundo em importância na cidade de
São Paulo, que se tornou no período o primeiro parque acessível do Estado de São Paulo (2004 – 2008). É ex-presidente
do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência – CEAPcD, é pós-graduado em Administração pela
Fundação Getúlio Vargas – FGV, formado em Direito pela
Universidade de São Paulo – USP.
E-mail: [email protected]
81
82
tecnologia
Prótese feita em Impressora 3D
será um sonho que se torna realidade ?
I
mpressoras 3D já existem há um
bom tempo. Começaram na década de 80, nos Estados Unidos,
mas pelo alto custo e pouca utilidade, não se tornaram imediatamente populares. Em 2005, foi fundado o
projeto aberto “RepRap”, com o objetivo
de construir um modelo barato desses
equipamentos e que pudesse produzir a
maioria de suas próprias peças. Em 2010
veio a popularização com várias marcas
lançando produtos de mais baixo custo.
No Brasil, a importação é ainda cara, por
volta de R$ 4 mil a R$ 6 mil, e demorada.
A possibilidade de conseguir “fazer”
uma prótese em casa, utilizando uma impressora desse tipo, abre novos caminhos
em direção a peças personalizadas e de
custo mais baixo que as convencionais.
Uma reportagem exibida no Fantástico,
da Rede Globo, em 05 de janeiro desse
ano, chamou muita atenção ao mostrar
um garoto americano usando uma mão
feita numa dessas impressoras.
Apesar das pesquisas serem promissoras, ainda há um longo caminho a ser
percorrido, tanto na parte das pesquisas,
propriamente ditas, como na própria liberação. Aqui no Brasil, por exemplo, a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) precisa aprovar a resina utilizada
na confecção dessas próteses.
Pesquisadores de vários países trabalham na ideia. A primeira “prótese caseira”
foi uma perna, em 2008. Já utilizando
impressoras e métodos industriais, a primeira “caseira” é considerada o Projeto
RoboHand (http://robohand.net/), ainda
extremamente simples e com utilização
limitada para quem não tem dedos. No
Brasil, um dos principais interessados no
tema é Gustavo Brancante, engenheiro
eletrônico com pós-graduação pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Apaixonado por tecnologia e inovação,
trabalha atualmente como gerente da área
em uma grande empresa, mas sempre se
interessou por tecnologia assistiva, tendo
criado, por exemplo, um boné inteligente
para cegos, capaz de identificar obstáculos
pelo caminho.
“Os testes e aprovações ainda não existem, portanto as próteses não podem ser
comercializadas, mas quem quiser montar
uma, precisará de uma impressora 3D e
baixar os arquivos. Como cada amputação
tem sua característica específica, é provável que necessite de muita customização
e é necessário conhecimento mais avançado em desenho 3D, programação, e
outros atributos”, explica Brancante.
O engenheiro trabalha, no momento,
com um projeto aberto e colaborativo
chamado “Inmoov”, para construção de
um robô humanoide completo, utilizando apenas ferramentas e materiais para
um desenvolvimento caseiro. “Devido às
semelhanças físicas e dos movimentos
humanos, a derivação desse projeto para
próteses é muito grande, surgindo outros
espalhados pelo mundo, como o “Bionic
Hand” da França, e o “Open Arms” aqui no
Brasil”, conta. O Open Arms surgiu depois
que Brancante implementou os sensores
Mio Elétricos no braço do Inmoov, permitindo sua movimentação.
Utilização prática
“Há muita pesquisa sendo realizada
quanto à engenharia do desenvolvimento
do produto, porém ainda não há estudos
conclusivos que apontem as evidências
clínicas necessárias para a adoção do uso
desse tipo de prótese como uma tecnologia segura, embora essa técnica já venha
sendo largamente utilizada em todo o
tecnologia
mundo. É preciso investir em estudos
e pesquisas que possam elucidar os vários aspectos clínicos e
funcionais associados ao
uso desse tipo de produto assistivo”, opina Maria
de Mello, pós-doutora
em Tecnologia Assistiva,
diretora da Technocare, empresa de soluções em acessibilidade, desenho universal
e tecnologia assistiva e que está ajudando o
engenheiro a viabilizar o produto.
Outro aspecto lembrado por Jailene
Chiovatto Parra Rocco, que trabalhou com
protetização na Santa Casa de Misericórdia
de São Paulo e é ex-professora titular e
coordenadora do curso de Medicina de
Reabilitação da Faculdade de Medicina do
ABC, é que ainda é cedo para se afirmar
que esse tipo de prótese seja utilizável em
todo tipo de paciente. “A casuística atual
é muito pequena, só de garotos muito
jovens, e os resultados ainda são, digamos, especulativos. Porém, parece uma
possibilidade bastante promissora, quer
como molde de prova, já barateando, sobremaneira a prótese, como também na
utilização definitiva. Nesse caso, mostra-se
uma alternativa realmente funcional, com
economia incalculável”, afirma.
“Nos casos do uso da impressão como
molde para ajustes, isso sem dúvida, facilitaria muitíssimo a adaptação do paciente quando fosse utilizar sua prótese
definitiva. E, além da economia no custo,
há imensa economia de tempo entre os
acertos a serem feitos e a prótese definitiva, tempo esse fundamental do ponto de
vista da reabilitação”, acredita a médica.
A expectativa é que, em breve, os resultados sejam concretos. “A ideia de utilizar as impressoras 3D na fabricação de
prótese de membros superiores é viável,
de baixo custo e de funcionalidade significativa”, de acordo com Maria Cândida de
Miranda Luzo, que trabalha com Terapia
Ocupacional no Instituto de Ortopedia e
Traumatologia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP, sendo
coordenadora do Curso de Especialização
em Terapia da Mão da FMUSP.
Foi feita uma parceria com a Universidade Federal do ABC na elaboração de
um protótipo que conseguiu realizar mo-
vimentos utilizados nas tarefas diárias. “O
resultado nos deixou bastante excitados
com relação à possibilidade de utilizar
uma prótese em fase precoce, com o
paciente ainda em tratamento pós-amputação, onde antes, ainda não seria um
candidato à prótese convencional”, explica
a especialista.
Estava prevista para a última semana
de março a primeira aplicação clínica no
IOT/HCFMUSP de uma prótese desse
tipo, em um homem de 36 anos, que
sofreu amputação bilateral das mãos por
acidente de trabalho com uma prensa
industrial, em dezembro passado. Houve tentativa de reimplante, porém sem
sucesso, sendo feita a regularização do
coto em janeiro. Devido à necessidade
de oferecer ao paciente meios de realizar
suas atividades da vida diária, de forma
independente o mais rápido possível, e
até que ele receba sua prótese definitiva, ele foi eleito para testar o modelo
que, quando foi fotografado, estava em
fase de acabamento. A prótese recebeu
adaptações como: suportes para escova
de dentes, barbeador, caneta e ponteira
para uso de celular e computador. Até
a entrega foram realizados os cuidados
com a cicatriz e mobilidade, uma vez que
o paciente necessitará da mobilização do
punho para ativar o mecanismo de abrir e
fechar os dedos da prótese para realizar
a pressão.
Pesquisas com 3D
O Centro de Tecnologia da Informação
Renato Archer, em Campinas/SP, comemora, em 2014, 15 anos de pesquisas,
desenvolvimento, aplicações e transferência tecnológica da impressão 3D na
área da saúde. Sua Divisão de Tecnologias
Tridimensionais desenvolve um programa
do uso dessas tecnologias voltado para
aplicações médicas, o ProMED, que engloba um projeto de cunho social, com financiamento do Ministério da Saúde, em que
modelos e moldes 3D são construídos
computacionalmente e, posteriormente,
materializados por impressão 3D como
resultado de planejamentos cirúrgicos
virtuais de alta complexidade. Isso reduz
o tempo de cirurgia e traz resultados de
maior qualidade e menores riscos para o
paciente e o cirurgião.
De acordo com Jorge Vicente Lopes da
Silva, chefe da Divisão, e o pesquisador
Rodrigo Alvarenga Rezende, a impressão
3D tem se mostrado como uma excelente ferramenta para o desenvolvimento de tecnologias assistivas com grande
adaptabilidade e personalização. Com a
vinda do Centro Nacional de Tecnologias
Assistivas (CNRTA) para o CTI, dentro do
Programa Viver Sem Limites, do Governo
Federal, a demanda por desenvolvimentos
de soluções para tecnologias assistivas
tem sido crescente, tendo a impressão
3D como uma ferramenta impulsionadora.
Como exemplos de alguns dispositivos,
eles citam maquetes táteis 3D com leitura
Braille e modelos anatômicos 3D para fins
didáticos, entre outros.
“O CTI pesquisa e desenvolve a impressão 3D de modelos que auxiliam o planejamento cirúrgico e a produção indireta
de próteses, já que as próteses personalizadas ainda não estão regulamentadas”,
explica o pesquisador. Os especialistas
acreditam que serão muitos os benefícios
com a utilização dessas impressoras, além
dos já alcançados e da possibilidade da
implantação de próteses impressas personalizadas assim que houver regulamentação específica para a área.
Outra possibilidade que vem sendo
pesquisada no CTI é o desenvolvimento
de tecnologias da informação, incluindo
a impressão 3D voltada à fabricação de
tecidos ou órgãos humanos. “É um projeto
muito promissor, porém a expectativa de
se alcançar resultados aplicáveis clinicamente não é de curto prazo”, diz Rezende.
O objetivo da bioimpressão será a produção de órgãos humanos em laboratório,
os quais poderão, em um futuro ainda
distante, substituir órgãos danificados ou
com funcionamento comprometido.
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novidade
por Merian Ribeiro
Introdução ao BrowseAloud
Solução Mundial de Inclusão Digital
J
á reparou como a tecnologia se desenvolve e a dependência da Internet cresce a cada dia? Você já pensou
sobre os 59% da população brasileira que não consegue
acessar a informações e serviços online ?
Com uma estimativa de 45 milhões de PcD no Brasil,
tornando-se no 5º maior mercado do mundo para computadores, o fato chocante é que 59% da população nunca acessou à
Internet ou usou um computador. Enfrentar esta exclusão digital
é um elemento essencial da estratégia de inclusão digital do
governo daqui para frente.
A exclusão tecnológica deve-se à uma série de fatores...
Exclusão está intimamente ligada a situação econômica, região,
educação dos usuários e potenciais problemas visuais.
O Browsealoud é uma inovadora ferramenta de leitura online e solução de tradução desempenha um grande papel em
reduzir o fosso digital, em especial para a comunicadade com
dificuldades. Esta solução remove as barreiras para as pessoas
que têm dificuldades de linguagem e dificuldades de impressão,
como a dislexia, deficiência visual leve, distúrbios cognitivos e
onde o Português não é a língua nativa.
Existem muitas ferramentas de tecnologia assistiva disponíveis para ajudar as pessoas com deficiências e dificuldades de
leitura. Isto inclui leitores de tela para pessoas cegas ou com
sérias deficiências visuais, ampliadores de tela e ampliadores
de texto para ajudar as pessoas com deficiências visuais mais
leves e leitores de texto para pessoas que têm dislexia, ou
dificuldades de leitura.
Estas tecnologias, porém, podem ser caras para os usuários
finais que precisam de ajuda com a leitura online. Uma pesquisa
realizada pela Microsoft e Forrester descobriu que as pessoas
que realmente necessitam de tecnologia assistiva não podem
pagar e as pessoas que não podem pagar tecnologia assistiva
são mais propensas a precisar deste tipo de ajuda.
Estes resultados têm sido reconhecidos dentro da cultura
brasileira, como o governo tem uma profunda convicção de
que o software livre é a solução para ajudar a população online.
Por isso, o Browsealoud é fornecido gratuitamente a todos os
usuários. O modelo de negócio foi projetado para garantir que
todos os visitantes do site, independentemente da capacidade,
possam navegar na internet de forma independente, sem nenhum custo extra. São os donos de sites que pagam uma taxa
de assinatura para adicionar Browsealoud para seu site.
O criador do Browsealoud, Texthelp Ltd, é reconhecida como
líder em tecnologia assistiva. Com uma presença global, Texthelp
Ltd continua na vanguarda do desenvolvimento de software inovador. Com parcerias com empresas como a Microsoft, Apple e
Adobe, a Texthelp Ltd foi reconhecida como sendo uma empresa
de rápido crescimento no Reino Unido e, reconhecida com o
prémio das 50 Award Deloitte Technology, nos últimos 15 anos.
Tendo a sede em Antrim, Irlanda do Norte, Texthelp Ltd foi
constituída em 1996 e foi rapidamente reconhecida por trazer
software de assistência à Educação, Empresas e Governo em
mercados de língua Inglesa.
Desde o incio o crescimento da empresa tem sido consistente, com escritórios em Woburn, Massachusetts, Texthelp Ltd
agora tem por sua vez um canal revendedor em expansão que
novidade
Sobre o Browsealoud
• Browsealoud é a solução líder
mundial de leitura Texthelp Ltd, que
é projetado para melhorar o acesso à
informação on-line para a população
idosa, as pessoas com deficiências
cognitivas, como a dislexia, baixa alfabetização, dificuldades visuais leves ou
onde o Português não é a língua nativa.
• Mais de 7.000 sites e plataformas
de aprendizagem estão usando Browsealoud para garantir que cidadãos com
dificuldades não são deixados para trás
durante a revolução digital. O BrowseAloud ajuda a promover a igualdade,
atender às necessidades de uma comunidade diversificada e construir um
ambiente justo e inclusivo para todos.
• Texthelp foi formalmente constituída em 1996 especializada na concepção de soluções de software de
assistência para apoiar aqueles que
lutam para ler e escrever. A empresa é
Microsoft Gold Certified Partner, Adobe Solutions Developer Network, Apple
Business Partner, HP Business Partner
e é ISO 9001:2008 acreditado. Nos
últimos 15 anos consecutivos, Texthelp
tem sido uma empresa vencedora do
prémio 50 Deloitte Technology.
Saiba mais: www.browsealoud.com
abrange o Reino Unido, República da Irlanda, América do Norte, Austrália, bem como
países onde o Inglês não é uma primeira língua , incluindo o Oriente Médio,Portugal,
Brasil e China.
Então, por que as organizações devem considerar o Browsealoud ? O Browsealoud
pode ajudar a chegar a um público mais amplo, ajudando a remover as barreiras para
a inclusão digital. Ele também ajuda a cumprir com as obrigações legais, incluindo a
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e as do
W3C. Browsealoud também promove a inclusão social e capacitação pessoal.
Para as organizações que dependem fortemente de e-commerce, Browsealoud
pode ajudar a entregar um retorno sobre o investimento. Ao garantir que as pessoas
com deficiência de impressão têm as mesmas oportunidades de usar serviços como
todos os outros, as organizações vão ganhar novos clientes, aumentar a fidelidade
dos clientes e melhorar a reputação da empresa.
O Browsealoud funciona em todas as plataformas comuns, incluindo PC, Mac, iPhone,
iPad, tablets e celulares Android. Alguns dos clientes Browsealoud no mundo incluem:
Câmara dos Deputados dos EUA , o Citi Group, Senado Americano, British Council,
Conselho de Normas do Canadá, Smithsonian, Raytheon Austrália, e ao Parlamento
de Victoria, entre outros.
Se você gostaria de ver Browsealoud trabalhando em seu site, você pode pedir um
teste gratuito de 14 dias ou uma demonstração Web 15 minutos sob medida para
guiá-lo através de como Browsealoud funciona, as suas funções e os muitos outros
benefícios que ele tem para oferecer – tanto para você como proprietário do site, como
para os visitantes do site.
Merian Ribeiro
é International Business Development Manage, Diretora Internacional na divisão Browsealoud e é responsável
pelo desenvolvimento de novos negócios na Europa,
América do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
E-mail: [email protected]
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web
Por Hudson Lima
Acessibilidade Web e seus mitos
C
ontinuando o nosso tema de “Acessibilidade Web
e seus mitos” da edição passada, falaremos agora
do Mito II: “Na prática, o número de usuários beneficiados com a acessibilidade é relativamente
muito pequeno.” A própria Lêda Spelta, amiga com
deficiência visual, já nos revela que a resposta a este mito está
no valor do investimento feito para deixar o site acessível, para
pouco retorno financeiro.
Desde o surgimento da Internet, na década de 1990, a
maioria das empresas tem estabelecido uma presença online
para vender/divulgar seus produtos e serviços. Infelizmente,
esta migração deixou de fora muitos usuários com deficiência.
Como a informação digital/conteúdo e as atividades normais
e de negócios são cada vez mais realizadas online, isto torna
importante que sejam considerados todos os usuários, independente de terem ou não, deficiências.
Mas será que o empresário que vende pela Internet se importa em saber se a pessoa que está comprando é ou não PcD.
Acho que não, pois para ele o interesse imediato é apenas que
a venda do produto se transforme em lucro. No entanto, se ele
souber quem são as pessoas que acessam o seu site e quais
as dificuldades que enfrentam para realizar a compra, poderá
tomar providências no sentido de resolver esse problema e,
automaticamente, converter qualquer acesso ao site em uma
venda de produto.
Hoje em dia, podemos comprovar que, ao desenvolver um
site/aplicativo para vender nossos produtos/serviços, temos
primeiro que pensar no perfil do público a ser atendido. Atualmente, devido ao aumento do acesso à banda larga e a dispositivos móveis (como celulares, tablets e notebooks) as classes
C, D e E, têm entrado nesse ramo de comercialização online,
correspondendo quase a 60 % de todo potencial de consumo.
Sendo assim, se lembrarmos que 14% da população possui
alguma deficiência, podemos concluir que, com a inserção de
novas tecnologias, está aumentando cada vez mais o potencial
de consumo dessas pessoas. Um exemplo prático é o comércio
eletrônico (e-commerce), onde o Brasil faturou R$ 28,8 bilhões
em 2013. Além disso, 9,1 milhões de pessoas fizeram compras
online pela primeira vez no ano passado, o que eleva para 51,3
Dados da empresa E-bit sobre os e-commerces, empresa
especializada em informações do comércio eletrônico, e
divulgados em 12/03/2014.
milhões o número de consumidores que, ao menos uma vez, já
utilizaram a Internet para adquirir algum produto. O valor gasto
em média é de R$ 327,00 nas compras on-line.
Mas infelizmente, não temos dados de quantas pessoas que
tiveram esse acesso, possuíam alguma deficiência, ou deixou
de comprar devido a alguma dificuldade no sistema web ou
pela falta de acessibilidade nessas lojas virtuais.
Se você perguntar para qualquer pessoa que possui alguma
deficiência, dificilmente irá ouvir que ela não possui um telefone celular, utiliza computadores para se comunicar, e que
frequenta shoppings, cinemas, lojas, teatros ou restaurantes.
Se compararmos com a Internet, essas mesmas pessoas
adorariam realizar as tarefas de todos os dias, como comprar,
estudar e interagir utilizando a Internet, mas para isso, é de
fundamental importância que qualquer tarefa seja simples e
intuitiva, só assim será possível que qualquer pessoa possa
adquirir um produto/serviço pela Internet, sem auxílio de
ninguém.
Um exemplo prático disto é o próprio site do Google, que
só de acessar já conseguimos entender a sua utilização, pois
tem o foco na usabilidade e na acessibilidade, atingindo desde
pessoas com baixa instrução até pessoas com vasta experiência na Internet. Ao acessar o site do Google (https://www.
google.com.br), o foco já está diretamente ligado ao sistema
de busca, podendo ser utilizado num teclado virtual e até a
voz como meio de inserção de informações, sendo assim,
uma das principais ferramentas utilizadas hoje para encontrar
qualquer coisa na Internet.
Tela principal do site do Google
No Brasil, podemos indicar o site da Secretária dos Direitos
Humanos do Governo Federal (http://www.sdh.gov.br) que possui
a sua acessibilidade e usabilidade pensada nas pessoas que possuem alguma deficiência, onde a utilização do site, ao ser acessado
via teclado, tem como primeira ação a opção de teclas de atalhos
para acessar o conteúdo, o menu, a busca e o rodapé, facilitando
a pessoas com deficiência visual a busca de informação. As cores
utilizadas no site são pensadas em melhorar o contraste, facilitando
a leitura para pessoas com baixa visão ou daltonismo.
web
O ranking de Acessibilidade Web dos principais e-commerces
ficou assim: Posição :
Ecommerce:
Nota/Março
1 :
Lojas Kalunga
5.5
2 :
Lojas Ricardo Eletro
5.5
3:Lojas FNAC5.4
Site da Secretaria de Direitos Humanos
4 :
Lojas Shop Fácil
5.4
5:DrogaRaia5.4
Priorizar as necessidades de um segmento e prestar um
atendimento direcionado a diferentes perfis, são alternativas
de sucesso para qualquer serviço/produto na Internet.
Quanto mais a página principal dos sites for limpa, intuitiva, com carregamento rápido nos diversos dispositivos,
com destaque para o campo de busca e o menu lateral com
suas opções muito bem organizadas, facilitando o acesso ao
detalhe de um produto/serviço, com certeza mais usuários
irão retornar e, consequentemente, aumentarão as vendas e a
utilização dos serviços públicos e, principalmente, a satisfação
da experiência do usuário.
Sites dos E-commerces: será que são
acessíveis ?
Um bom exemplo foi analisar o site dos principais e-commerces (sugestões dos leitores) durante o mês de
março – assim como fizemos nas edições anteriores com os
sites dos principais bancos, cidades do Estado de São Paulo
e montadoras de veículos.
No caso dos sites de e-commerces, analisados agora,
infelizmente, como já era previsto, nenhuma deles possui
uma opção de acessibilidade incorporada, facilitando qualquer
pessoa com deficiência a encontrar mais informações sobre
como comprar qualquer produto.
A maior dificuldade de um e-commerce é disponibilizar
de forma acessível todos os produtos que um usuário possa
escolher, levando em conta que ele utiliza de diferentes dispositivos para realizar a consulta e a compra de um produto/
serviço. Aliás, só lembrando, em todos os rankings organizados até agora, nenhum site foi considerado 100% acessível.
Já estamos na terceira edição da Reação que publicamos
as listas do “Observatório Brasileiro de Acessibilidade Web”,
uma parceria minha com a Revista Reação, enfocando a
acessibilidade, usabilidade dos principais sites de empresas
públicas e privadas de interesse de qualquer pessoa para
comprar ou utilizar produtos e serviços.
Lembramos que utilizamos como índice dos testes, os
padrões de acessibilidade do W3C e do Emag 3.0 para essa
verificação.
6:DrogaSil5.4
7:Lojas NetShoes5.1
8:
Lojas Magazine Luiza 4.8
9:
Lojas Americanas
4.6
10:
Lojas Compra Fácil
4.5
11:Hering4.0
12:
Lojas Ponto Frio 3.9
13:Lojas Walmart3.9
14:Lojas Colombo3.7
15:
Lojas Submarino
3.6
16:
Lojas Fast Shop
3.6
17:Lojas Sephora3.6
18:Livraria Saraiva3.6
19:Lojas Extra3.5
20:Lojas TokStok3.5
21:Casas Bahia3.2
22:Lojas Polishop3.2
23:Lojas Onofre3.2
24:Lojas Marisa2.9
25:Livraria Cultura2.5
Hudson Lima é funcionário público em
Sorocaba /SP e integra o Grupo de Trabalho
sobre acessibilidade web do W3C.
E-mail: [email protected]
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turismo
por Scott Rains
Brasil publica estudo sobre o
perfil dos turistas com deficiência
N
o mês de dezembro de
2013, o Brasil entrou
em um clube de elite de
apenas quatro nações:
Alemanha, Austrália, Estados Unidos e... agora o Brasil. São os
únicos países que fizeram pesquisas
nacionais em viagens e deficiência. E
agora ?
Segundo os dados preliminares do
último Censo do IBGE, em 2010, as
pessoas com deficiência, de vários tipos
e níveis, já somavam 23,9% no mundo
todo – mais de 45 milhões de cidadãos só no Brasil. Para atender a essa
demanda durante as viagens, foi feito
um estudo do perfil dos turistas com
deficiência ou mobilidade reduzida para,
assim, promover um turismo acessível.
O objetivo é identificar as características, comportamentos de consumo e
as necessidades dos turistas – pessoas
com deficiência – averiguando suas percepções de infraestrutura, atendimento,
barreiras e empecilhos na viagem, além
de ter acesso ao relato de suas experiências positivas e negativas.
A pesquisa foi feita em 5 cidades
brasileiras: Belo Horizonte, São Paulo,
Porto Alegre, Rio de Janeiro e Curitiba,
entre maio e junho de 2013. Há, ainda,
grupos localizados no interior, no Norte
e no Nordeste do País, que participaram
da análise.
Os pesquisadores escolheram, em
várias regiões, integrantes de cada uma
das quatro categorias de deficiência
(motora, visual, auditiva e intelectual) e
os separaram em duas equipes: “turistas
reais” e “turistas potenciais”. Turistas reais são aqueles que viajaram a lazer para
alguma localidade brasileira nos últimos
12 meses – estes foram entrevistados
coletivamente por intermédio de moderador treinado com seu roteiro, na
modalidade de “Grupo de Discussão” ou
“Grupo Focal”. Já os turistas potenciais
são aqueles que não realizaram viagens
no último ano, mas pretendem embarcar
para um destino turístico do Brasil nos
próximos 12 meses – essas pessoas
conversaram individualmente com entrevistador treinado, também com acompanhamento de roteiro, na modalidade
de “Entrevista em Profundidade”.
Vamos vislumbrar primeiro uma das
respostas dos 68 participantes e, separadamente, o comentário dos pes-
quisadores. As devolutivas nos dizem
coisas que as pessoas com deficiência
já sabem, mas ao fazê-lo em um documento oficial, publicado pelo governo,
elas falam no lugar de todos nós com
um alto - falante. Alguns dos comentários a seguir são sobre o planejamento
de viagem: “Apesar de o pessoal ter
falado de planejamento pensando muito em preço, acho que ele serve para
ter mais qualidade – no geral – em
sua viagem. Você precisa saber se os
lugares são acessíveis, se não, gasta seu
tempo e seu dinheiro, além de cansar
de sair procurando tentando a sorte
de encontrá-los. Você pode fazer um
plano B.”, menciona o Grupo Focal, em
São Paulo/SP.
Lembram-nos mais uma vez o porquê
o primeiro levantamento profissional do
mundo em grande escala de viajantes
com deficiência, realizado pelo Dr. Simon Darcy, em 1998, foi intitulado de:
“De Ansiedade para a Acessibilidade”.
Quando questionado no estudo sobre
as fontes de informações disponíveis
sobre a viagem, a ansiedade continua:
“As informações não são suficientes.
Quando se chega lá, você pensa que é
uma coisa, mas não é. O transporte não
é aquilo, o local não é todo adaptado,
mas apenas uma pequena área... Não é
como previsto, como eu precisaria que
fosse”, opina turista potencial na categoria de deficiência motora, em Belo
Horizonte/MG.
turismo
A ansiedade ainda é alta no Brasil com a falta de
acesso, treinamento de pessoal do setor turístico e informações relevantes para os viajantes com deficiência. Isso
faz com que a criação de um site confiável seja essencial.
Por exemplo, antes da Copa de 2014, cada Cidade Sede
deve ter um site com todas as informações necessárias
para os viajantes com deficiência para planejar viagens.
Isso, é claro, se estas cidades esperam se beneficiar com
os participantes dos eventos e se querem deixar um legado que justifique o dinheiro que não foi investido em
educação e em hospitais. “Tenho que colocar na balança
os pontos positivos e negativos daquele lugar para saber,
se no saldo final, pelo menos, o positivo será igual ao
negativo, ou um pouquinho melhor. Se não, não vale
a pena sair de casa, gastar dinheiro e chegar naquela
cidade e ficar no hotel. (...) Pois é, passar raiva, gastar
dinheiro e fazer as mesmas coisas que eu faria estando
em casa”, diz turista potencial na categoria de deficiência
motora, no Rio de Janeiro/RJ.
Enfim, o estudo quer contribuir com os debates:
• Qual é a atual situação de acessibilidade na atividade
turística ?
• Quais políticas públicas, planos e projetos de acessibilidade e direitos humanos podem ser desenvolvidos ?
Somos nós que sabemos “a atual situação de acessibilidade da atividade turística”. Em relação à qualidade das
informações que proporcionamos, as políticas públicas,
planos e projetos poderão ser melhores, especialmente,
se o processo de desenvolvimento for aberto a nós. É
papel do governo proteger os direitos humanos dos
cidadãos – neste caso, o direito ao lazer e as viagens –
protegidos no artigo 30 da Convenção sobre os Direitos
Humanos do ONU que tem a força de uma emenda
constitucional no Brasil. A parceria do Ministério do Turismo com a Secretaria de Direitos Humanos ajunta
competências complementares. Em parceria, podem
educar – como sugere os respondentes do estudo – as
empresas. Podem tambem as incentivar. Podem projetar
um levantamento de autoavaliação no setor turístico que
estabelece uma referência sobre a capacidade atual, as
atitudes e os planos para o consumidor com deficiência. Isso já provado por Darcy, na Austrália, em 2005,
com uma série de sessões regionais descritas no artigo:
“Setting a Research Agenda for Accessible Tourism”
Esse estudo pode ser resumido com bom humor.
Basta emprestar o título do artigo de Júnie Fátima
Borges Soares de Sá: “cegos não vão ao teatro para
usar o banheiro” e com sua reflexão: “as pessoas e
as instituições precisam se envolver na construção de
novo caminho que levará, ainda que em longo prazo,
a um resultado concreto de acessibilidade à saúde,
à vida social, à prática profissional, ao lazer, aos bens
culturais e ao conhecimento. Fica nosso convite para
que valorize esse desafio: o corpo é frágil e a vida
é bela” !
Conheça a publicação do estudo do Governo
na íntegra:
http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Estudo_de_dem_turistas_
pessoas_com_def_DocCompleto_12.2013.pdf
Scott Rains é cadeirante,
americano, escritor e palestrante,
mora na Califórnia, e é um dos
maiores consultores mundiais sobre
acessibilidade, uma verdadeira
referência. Foi o fundador do
Fórum Global em Turismo Acessível
e escreve artigos para várias
publicações em diversos países
falando sobre o tema da pessoa
com deficiência.
E-mail: [email protected]
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política
por Wiliam Machado
Os entraves do Viver Sem Limite
C
riado através do Decreto Nº 7.612,
de 17 de novembro de 2011, sob
a coordenação da Secretaria de Direitos Humanos, o Plano Nacional
dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite, visa a atender
os cerca de 45 milhões de brasileiros - 23,9%
da população que possuem algum tipo de deficiência, com metas que devem ser atingidas
até o ano de 2014, com recursos da ordem de
R$ 7,6 bilhões. Seus eixos temáticos giram em
torno do Acesso à Educação, Atenção à Saúde,
Inclusão Social, e Acessibilidade, e vinculam
recursos orçamentários diretamente aportados
nos Ministérios de competência.
O “simples” detalhe de os recursos do Plano estarem aportados em vários ministérios
implica que os mesmos, em termos práticos,
são engessados no nascedouro, pela dificuldade dos gestores municipais em agilizar a sua
captação e utilização em atendimento às reais
demandas do segmento nas cidades brasileiras.
Tudo alinhavado sem o entendimento e amadurecimento de medidas político-institucionais
fundamentais para sua operacionalização, como
a criação e implementação de um FUNDO
NACIONAL DA PcD, e conseguintemente, estimulando a criação dos Fundos Estaduais e
Municipais.
Fundo Nacional voltado para centralizar recursos e direcioná-los às esferas públicas de
competência nos Estados e Municípios brasileiros - Embora não pairem dúvidas de que
beneficiariam diretamente os maiores interessados, pessoas com deficiência e seus familiares,
pois chegariam com mais presteza onde essas
pessoas vivem e de fato podem ter suas vidas
transformadas pelas ações programáticas do
Viver sem Limite.
Como é sabido, são 15 órgãos federais que
integram o Plano: Casa Civil, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República,
Secretaria Geral da Presidência da República,
Ministérios da Educação, Saúde, Trabalho e
Emprego, Desenvolvimento Social e Combate
a Fome, Ciência, Tecnologia e Inovação, Cidades, Fazenda, Esporte, Cultura, Comunicações,
Previdência Social e Planejamento, Orçamento
e Gestão, o que torna deveras difícil identificar
a qual encaminhar projetos municipais. O que
não garante que esse mosaico possa ser desdobrado sem entraves burocráticos.
Para exemplificar o quanto relativo o alcance
das metas traçadas pelo Viver sem Limite, é
imperativo compreender que os recursos do
eixo “Acesso à Educação” são direcionados
ao orçamento das Secretarias Municipais de
Educação, majoritariamente, sob a gestão pública de pessoas sem envolvimento com as
aspirações, necessidades e especificidades das
pessoas com deficiência. Não se pode pensar
mais na Educação Inclusiva sem que a gestão
dos recursos públicos a ela direcionados, sejam administrados por agentes públicos que
vivenciam realidades adversas aos fundamentos norteadores do Plano. Ao menos deveriam
envolver representações do segmento social
organizado das PcD, pessoas com mais sensibilidade e abertura empática para com as necessidades educacionais especiais de milhões
de crianças, adolescentes e adultos com algum
tipo de deficiência.
O Relatório da Organização Mundial de
Saúde, de 2011, chama atenção para crenças
e preconceitos que se constituem barreiras a
educação, ao emprego, aos serviços de saúde e
a participação social. Por exemplo, as atitudes de
professores, administradores de escolas, outras
crianças e ate mesmo de membros da família
afetam a inclusão de crianças com deficiência
nas escolas regulares. Concepções erradas dos
empregadores de que as pessoas com deficiência são menos produtivas do que suas contrapartes sem deficiência, e a ignorância a respeito
dos ajustes disponíveis para os ambientes de
trabalho limitam as oportunidades de emprego.
Ademais, o Relatório da OMS, destaca que
cada vez mais evidencias sugerem que as PcD
experimentam níveis de saúde mais precários
do que a população em geral. Dependendo do
grupo e do ambiente, pessoas com deficiência
podem experimentar maior vulnerabilidade a
condições secundarias, co-morbidades e condições relacionadas à idade que podem ser
prevenidas.
O mesmo se aplicam aos recursos destinados aos demais eixos do Plano, cujos aportes
orçamentários para suas execuções acabam
se perdendo no caminho e não beneficiando
a quem de direito. Enfim, a transformação de
vidas de pessoas com deficiência só ocorrerá a
partir do momento em que se transformem no
nascedouro as políticas públicas nas três esferas
de governo. É fundamental que sejam criados o
Fundo Nacional, os Fundos Estaduais, e os Fun-
dos Municipais de Direitos das PcD, com vistas
na facilitação das ações do Plano Nacional dos
Direitos da Pessoa com Deficiência - VIVER SEM
LIMITE. Os Fundos são para facilitar a captação
direta de recursos no sistema fundo a fundo,
sem a necessidade de passar pelos exaustivos
trâmites burocráticos, quando a única alternativa
é recorrer às solicitações de convênios entre
municípios e estados, por exemplo.
Exatamente por isso, mais adequado seria se
tais recursos fossem direcionados ao orçamento
das Secretarias Municipais de Direitos da Pessoa com Deficiência, tornando sua efetivação
mais objetivada, fidedigna, eficiente, inclusiva.
Nossa experiência na gestão pública municipal
há 5 anos – na cidade de Três Rios/RJ - é
credencial para tal afirmativa. Muitas têm sido
as dificuldades para captação de recursos para
dar conta das várias demandas de pessoas com
deficiência. Acreditem ! Precisamos desvendar
meios, abrir caminhos, construir pontes, identificar estratégias operacionais que viabilizem
pleno acesso aos recursos disponíveis no Viver
sem Limite.
Como delineado pelo Ministério da Saúde
em – “A pessoa com deficiência e o Sistema
Único de Saúde” – a inclusão prevê a modificação da sociedade para que todos, sem
distinção de grupo, raça, cor, credo, nacionalidade, condição social ou econômica, possam
desfrutar de uma vida com qualidade, sem
exclusões. Quanto maior a convivência, sem
discriminações, maior a inclusão. Por meio do
relacionamento entre os indivíduos diferentes
entre si, previsto na sociedade inclusiva, é que
se constrói e se fortalece a cidadania. Por fim, reiteramos imprescindível a criação de Secretarias
Estaduais e Secretarias Municipais de Pessoas
com Deficiência, para gestão mais objetiva e
direcionada das nuances do Plano Nacional
dos Direitos da Pessoa com Deficiência - VIVER
SEM LIMITE.
Como tudo isso depende da iniciativa dos
nossos representantes nos fóruns políticos, em
ano eleitoral, talvez possa se tornar mais uma
bandeira na nossa já vasta pauta de reivindicações. Quiçá a mais premente !
Wiliam Machado é cadeirante e Secretário do Idoso e
da Pessoa com Deficiência na
cidade de Três Rios/RJ
E-mail: [email protected]
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e
Esp
92
por Regina Cohen e Cristiane Rose de Siqueira Duarte
A cidade do Rio de Janeiro/RJ e a
acessibilidade na Copa Fifa 2014:
impactos no turismo inclusivo
Brasil, Rio de Janeiro e Copa Fifa 2014
Muito em breve, o Brasil sediará a COPA DO MUNDO DE
FUTEBOL (um dos mais importantes eventos esportivos mundiais). Entretanto, em nosso país, os espaços da maioria das
cidades ainda não apresentam plenas condições que garantam
o direito à acessibilidade dos cidadãos, considerando-se que
grande parte de seus ambientes e equipamentos urbanos
apresentam muitos obstáculos para as Pessoas com Deficiência.
Rio de Janeiro: Calçada em Ipanema
Uberlândia/MG: Travessia de Rua
Fortaleza/CE: Rampa para a Praia
Pode-se atribuir nosso atual contexto a uma inadequada
configuração dos espaços físicos, mas também à falta de
conhecimento e conscientização de diversos setores da
sociedade, de profissionais e de gestores públicos sobre as
reais necessidades e peculiaridades de acesso de muitas
pessoas com dificuldades físicas, motoras, intelectuais e /
ou sensoriais.
Após termos sediado uma das Conferências mais sustentáveis e acessíveis – a RIO+20, através da Coordenadoria de
Acessibilidade e Inclusão (CAIS – Comitê Nacional Organizador), composta por vários e excelentes especialistas – da
qual fiz parte a convite de minha grande amiga Izabel Maior,
quando contamos com amplo apoio do Governo Federal
Brasileiro e das Nações Unidas, parece que hoje a realidade
é bem diferente.
Nos tempos atuais, em um mundo em que as premissas
da ecologia social e da sustentabilidade clamam pela igualdade e convívio da diversidade humana, não é mais admissível que as cidades não estejam preparadas para receber
seus visitantes nem acolher a totalidade de seus próprios
habitantes. O advento da Copa do Mundo de Futebol no
Brasil devia ter adotado a acessibilidade como um dos seus
paradigmas, fazendo com que o planejamento de espaços
acessíveis fosse ainda mais urgente.
Nesse sentido, o Núcleo Pró-acesso da UFRJ foi convidado pelo Ministério dos Esportes e pelo CNPq para avaliar
93
a acessibilidade das instalações da Copa de 2014, com base
nas premissas do Desenho Universal e do Turismo Acessível
Inclusivo e, a partir dos resultados desta análise crítica, propor
soluções que contemplem o acesso universal nas cidades-sede da Copa.
No que se refere às questões da acessibilidade universal
amplamente relacionada com “mobilidade urbana” e “transporte”, nossa equipe tem buscado, de acordo com os planos
operacionais para a Copa das Confederações e a Copa do
Mundo FIFA de 2014, mapear as redes de transportes com
ligação aos terminais de embarque e desembarque de passageiros (aeroportos, portos e rodoviárias), além dos modais de
transporte que interligam o ESTÁDIO DO MARACANÃ (sede
dos jogos na Cidade do Rio de Janeiro) e suas redondezas.
Com esse mapeamento, temos avaliado o atendimento aos
requisitos de acessibilidade e mobilidade contidos em leis e
normas brasileiras e internacionais de acessibilidade e mobilidade. (transporte e mobilidade)
Estas avaliações têm sido feitas com base em metodologia
desenvolvida pelo Núcleo Pró-acesso da UFRJ, através de checklists elaborados para os espaços a serem analisados. Como
foco de nossas avaliações e acompanhamento das obras para
a Copa de 2014, trabalhamos com 2 temas extremamente
vinculados à acessibilidade e ao desenho universal:
• Turismo Inclusivo e Acessibilidade
• Acessibilidade – Mobilidade Urbana e Transportes
O Projeto de Acessibilidade do Núcleo
Pró-Acesso da UFRJ para a Copa Fifa 2014
Na área de DESENHO UNIVERSAL e ACESSIBILIDADE, nosso
projeto tinha como metas gerais: verificar as ações previstas
no planejamento do setor de TRANSPORTES e MOBILIDADE
URBANA na CIDADE do RIO DE JANEIRO VISANDO A COPA
DE 2014 e avaliar como está sendo incluída a acessibilidade;
gerar relatórios críticos e fornecer subsídios especializados para
garantir condições de acessibilidade de Pessoas com Deficiência
no sistema de transportes planejados para a Copa de 2014;
propor indicadores para que os acessos urbanos e o entorno
garantissem rotas plenamente acessíveis desde o sistema de
transportes até a mobilidade em calçadas, garantindo um legado de acessibilidade a ser deixado para o Rio; acompanhar
o andamento das instalações esportivas, seu acesso através
do sistema de transportes, e ao seu entorno.
Com relação ao TURISMO INCLUSIVO, tivemos como principais objetivos: avaliar tecnicamente os espaços ligados a
infraestrutura turística para Copa de 2014 com base na Matriz de Responsabilidade, nas ações de planejamento para a
94
Copa e nos documentos do Núcleo pró-acesso, observando
os indicadores arquitetônicos e urbanos, as indicações instrumentais e detalhes, os parâmetros de acessibilidade à luz das
normas e leis brasileiras de acessibilidade assim como de
documentos internacionais; acompanhar o andamento das
instalações e adaptações da infraestrutura turística do Rio de
Janeiro por meio de laudos periódicos de acessibilidade para
nortear a execução das obras até sua finalização, mesmo após
o término do presente projeto, por meio do entendimento de
que as ações executadas em locais de grande interesse têm
implicações diretas em todos os segmentos do setor turístico,
deixando um legado para a cidade.
trabalhados através de uma rede sustentável que planeje e se
embase em políticas públicas cariocas para um bom funcionamento e desenvolvimento econômico, social, ambiental e
cultural do Rio de Janeiro.
Por que a Acessibilidade na Copa Fifa 2014
é importante para o Rio de Janeiro ?
A verdadeira Acessibilidade não é alcançada apenas com a
construção de rampas, e sim com a edificação de lugares fáceis
de percorrer, fáceis de entender, atrativos e, acima de tudo,
promotores de encontros e convívio com o Outro. No entanto,
nem sempre os planejadores urbanos, arquitetos e projetistas
reconhecem que as dificuldades motoras e sensoriais estabelecem diferentes relações entre “o espaço” e “o percurso”.
Determinadas soluções para o deslocamento de pessoas
em cadeira de rodas podem, por exemplo, atrapalhar a prática
urbana de deficientes visuais, idosos, pessoas com deficiências
sensoriais ou intelectuais. Por outro lado, medidas que atendam
exclusivamente as pessoas com deficiência, podem estigmatizar
a diferença, favorecendo uma visão redutora da normalidade.
As normas internacionais e as leis e decretos brasileiros determinam que os locais de grande público sejam plenamente
acessíveis e as instalações da Copa 2014 não poderiam correr
o risco de serem mal adaptadas, de apresentarem falhas ou
de não corresponderem às exigências das normas de acessibilidade nacionais e estrangeiras.
Assim, tendo-se como premissa o Desenho Universal, vínhamos buscando garantir a universalidade de acessos, evitando
ao máximo a segregação, procurando igualar as oportunidades
e garantindo, na medida do possível, o exercício do direito de
ir e vir a todos os cidadãos.
Outro ponto importante é a QUESTÃO TURÍSTICA EM UMA
CIDADE MARAVILHOSA COMO O RIO DE JANEIRO, afetada
por essas medidas de acessibilidade seguindo um sistema de
redes. Com base na teoria dos clusters, o local com potencial
turístico faz a ligação de toda a oferta turística por meio de
redes que afetam diretamente na qualidade da acessibilidade
nos espaços esportivos / de transporte e de lazer da COPA
2014 E DA RIO 2016.
De acordo com diversas teorias, para um pleno desenvolvimento do turismo uma localidade com potencial deve possuir
características culturais, fisicoculturais e sociais que definam
a sua identidade regional, mas esses elementos devem ser
Rio de Janeiro/RJ: Pôr do Sol na Praia de Ipanema
Rio de Janeiro/RJ: Cristo Redentor
O NÚCLEO PRÓ-ACESSO da UFRJ e o PROJETO
COPA 2014
O Núcleo Pró-acesso (Núcleo de Pesquisa, Ensino e Projeto
sobre Acessibilidade e Desenho Universal) é um grupo pioneiro
no país dedicado à pesquisa, ao ensino, ao planejamento e
ao projeto inclusivo, buscando a inclusão sócio-espacial das
pessoas com deficiência por meio de um desenho universal
que reduza as barreiras à acessibilidade. Vinculado ao Programa
de Pós-Graduação em Arquitetura (PROARQ) da Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) desde 1994, o Núcleo desenvolve atividades
de pesquisa, ensino e extensão. A Equipe do Núcleo Pró-acesso,
que desenvolveu este trabalho, tem longa experiência e é
altamente especializada nas questões da acessibilidade, dos
espaços inclusivos e do Desenho Universal.
95
Equipe do Núcleo Pró-acesso da UFRJ: composta de
arquitetas, turismóloga e estudantes de Arquitetura
Figuras do Manual de Acessibilidade do Comitê RIO
2016
Tendo já efetuado anteriormente, o MANUAL TÉCNICO DE
ACESSIBILIDADE para o COMITÊ ORGANIZADOR DOS JOGOS
OLÍMPICOS E PARALÍMPICOS RIO 2016, aproveitamos parte da
nossa outra metodologia e dos resultados de vários trabalhos
para a elaboração de um GUIA VIRTUAL DE ACESSIBILIDADE.
Utilizamos os parâmetros ideais de acessibilidade desenvolvidos a partir dos seguintes documentos nacionais: Norma
Brasileira de Acessibilidade NBR 9050; Decreto Federal N°.
5296 de 2004, Convenção da ONU para os Direitos das Pessoas com Deficiência, Lei Geral de Turismo, Planos Diretores
Municipais e Planos Diretores de Transporte e Trânsito, Código
de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso e Ocupação do Solo
e a Lei do Sistema Viário, dentre outras. Também utilizamos
vários documentos internacionais, tais como: “ADA Standards
for Accessible Design (EUA)”, “Australian Standard Design for
access and mobility”, “Inclusive Design Standards (London)”,
“Green Guide – Guide to Safety at Sports Ground” e outros
Manuais Técnicos Europeus.
Confeccionamos mapas de percursos para nos auxiliar na
elaboração destes laudos ou diagnósticos de acessibilidade e,
ao mesmo tempo, avançar no nosso Guia de Acessibilidade.
Também foram elaborados checklists para laudos de acessibilidade, no mesmo modelo que o Núcleo Pró-acesso executou
por ocasião da avaliação das instalações dos equipamentos dos
jogos Panamericanos de 2007 e para o Manual da RIO 2016.
Trabalhamos com o método dos percursos comentados com
a direta participação do usuário.
Com estas e outras ações, pretendíamos nortear a execução das obras até sua finalização. Como encontramos muitas
dificuldades nas autorizações das visitas e com o curto tempo
que nos resta até a Copa 2014, por determinação do Ministério
dos Esportes, mudamos nosso foco e estamos elaborando
diretrizes e propostas para pelo menos deixar um legado de
acessibilidade para os próximos eventos que o Rio irá receber.
Capa da prévia do Manual de Acessibilidade do
Comitê RIO 2016
Maracanã: Lugares reservados para Pessoas
com Deficiência
96
Maracanã: Frente do Estádio
Maracanã: Estreitamento
Calçada no Entorno do Estádio
ência física ou pessoas com mobilidade reduzida, a Copa de 2014 está desperdiçando
uma enorme oportunidade e deixará de ser
um marco para as condições de acessibilidade dos equipamentos urbanos cariocas
e brasileiros.
da
Maracanã: Sinalização Tátil
Direcional dando para um mur
A partir de nossos relatórios críticos, pretendemos fornecer subsídios especializados para,
pelo menos, garantir condições de acessibilidade de Pessoas com Deficiência às instalações
do Estádio do Maracanã, assim como propor
indicadores para que seus acessos urbanos e
entorno sejam igualmente acessíveis.
Desta forma, com os inúmeros resultados
encontrados que poderiam garantir que planejássemos a acessibilidade universal nos espaços da Copa 2014, estamos direcionando
nosso trabalho apenas para a construção de
um legado não apenas físico, mas principalmente atitudinal para nossas cidades.
A Cidade do Rio de Janeiro NÃO
será acessível para a COPA FIFA
DE 2014 !
Com a avaliação das possibilidades de acesso com autonomia e segurança por parte de
pessoas com deficiência sensorial (auditiva e
visual), com deficiência intelectual, com defici-
Planejando um legado de
Acessibilidade para a Cidade
do Rio de Janeiro
Com os resultados e propostas que o
Núcleo Pró-acesso da UFRJ tem feito para
melhorar a acessibilidade na Copa 2014,
poderíamos incluir mais pessoas nas redes
urbanas, de transportes e turísticas da cidade
do Rio de Janeiro. Ao abarcar a acessibilidade mediante o Desenho Universal, estaríamos possibilitando que as pessoas com
deficiência fossem cada vez mais atuantes
na sociedade e aquelas que não possuem
deficiência, poderiam conviver com a diversidade, percebendo e atuando diante de
todos os conflitos da cidade.
Se o Censo do IBGE de 2010 fala em
23,9% de pessoas com deficiência no Brasil, não podemos nos esquecer de seus
familiares e amigos. A acessibilidade física é,
portanto, uma garantia de maior participação
de todos!
Pretendemos, ao menos, deixar esse
LEGADO DE ACESSIBILIDADE para todos
os eventos que virão a acontecer no Rio de
Janeiro. Ademais, a cidade se tornando mais
acessível, as pessoas serão, de fato, incluídas e aptas a estarem engajando na vida
urbana. Isto significa um contingente maior
de cidadãos ativos, trabalhadores, turistas,
participantes da urbe.
Embora busquemos melhorias físicas,
o nosso intento é que as pessoas entendam e se conscientizem da importância
da diversidade e da acessibilidade como
intermediária do enriquecimento da cidade
como um todo.
Um legado de acessibilidade tem como
premissa a garantia e o respeito dos direitos
à mobilidade para todas as pessoas, contempladas em suas diferenças culturais, sociais,
econômicas, físicas e sensoriais.
A garantia de promover espaços acessíveis compatíveis com todas as normas nacionais e internacionais de acessibilidade não
é apenas uma medida de respeito ao ser
humano: é a materialização de uma vontade
política de atingir um patamar de desenvolvimento humano similar ao dos países mais
socialmente desenvolvidos do mundo.
Este poderia ser o principal legado de
acessibilidade deixado por todas as análises
e propostas que fizemos com os resultados
deste projeto.
* Regina Cohen é Arquiteta, Doutora,
Pós-doutora em Arquitetura (bolsista
FAPERJ – PROARQ/FAU/UFRJ) com o
tema de “Acessibilidade de Pessoas
com Deficiência aos Museus”. Coordenadora do Núcleo de Pesquisa,
Ensino e Projeto sobre Acessibilidade
e Desenho Universal (Núcleo Pró-Acesso da UFRJ). Bolsista de Desenvolvimento Tecnológico do CNPq
com o projeto “Acessibilidade e Desenho Universal nas Instalações da Copa 2014 e seus impactos no Turismo Inclusivo.
Participação, como consultora, na Equipe de elaboração do
Manual de Acessibilidade para o Comitê Organizador dos
Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Consultora em
Acessibilidade do Comitê Nacional Organizador da Conferência
sobre Desenvolvimento e Sustentabilidade RIO+20. Possui
graduação em Arquitetura e Urbanismo (1981), mestrado
em Urbanismo (1999) e doutorado em Psicossociologia de
Comunidades e Ecologia Social pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro (2006) e é especialista em História da Arte e
Arquitetura no Brasil pela PUC RJ (1992). Tem experiência na
área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Arquitetura
e Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas:
acessibilidade, inclusão, museus, escolas, espaços urbanos,
ensino superior, universidade e deficiente. Recebeu prêmio
internacional da Association Européene pour l’Enseignement
de l’Architecture pela melhor metodologia de ensino de arquitetura do biênio 2003-2004; diversas moções de congratulações
pelos trabalhos científicos realizados. Possui diversos trabalhos
e livros publicados no tema da “acessibilidade de pessoas
com deficiência”.
E-mail: [email protected]
* Cristiane Rose de Siqueira Duarte é Arquiteta pela UFRJ; Mestre em
Urbanismo (Université de Paris XII);
Doutora em Planejamento Urbano
(Université de Paris I Panthéon Sorbonne); Docente concursada da UFRJ
desde 1983. Atualmente é professora
Titular da FAU/UFRJ com atuação no
PROARQ. Coordenadora do Núcleo Pró-acesso; coordenadora
do Laboratório Arquitetura, Subjetividade e Cultura; Diversas
moções, e trabalhos científicos premiados. Foi membro do
Conselho de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ (1995-2002);
Foi membro do comitê de Assessoramento do CNPq para
a área de Ciências Sociais Aplicadas (2009-2012); Possui
diversos livros publicados nacional e internacionalmente, além
de inúmeros artigos científicos; orienta trabalhos de pós-graduação (mestrado e doutorado) em Arquitetura e Urbanismo;
coordena grupos de pesquisa (LASC e Núcleo Pró-acesso) e
é membro da rede internacional de pesquisa Ambiances.net.
por Luciene Gomes
Situação melhora, mas cidades
precisam ser mais acessíveis...
N
o Brasil, os dados do Censo
de 2010 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
demonstraram que do total
estimado de 190,7 milhões
de brasileiros, aproximadamente 45 milhões de pessoas declararam ter algum tipo
de deficiência, ou seja, quase
24% da população. Nesses
resultados não foram consideradas múltiplas deficiências
(cujos dados mais recentes para estes casos são os do censo
do IBGE divulgados no ano 2000, que apontavam cerca de
9.980.465 pessoas com múltiplas deficiências) e autistas.
Considerando que 4 anos depois da divulgação do censo o
número de PcD tenha aumentado, e somando os mais de
14 milhões de pessoas acima de 65 anos no país, é possível
perceber o grande número de pessoas que precisam de
cidades com acesso universal.
Me tornei cadeirante há 16 anos, arquiteta há quatro, e
posso afirmar que as condições de acesso melhoraram e
a acessibilidade e o desenho universal hoje são temas de
debates, palestras, questionamentos e cobranças, porém a
minha vivência diária mostra que ainda estamos longe de
vivermos em cidades que atendam todas as pessoas, mesmo
com uma ampla legislação vigente no país.
Fazendo uma reflexão sobre o porque ainda muitos espaços
permanecem com problemas de adequações, percebo que
ainda há uma falta do cumprimento e do entendimento
das leis pelos órgãos públicos e privados. Alguns exemplos
desses descumprimentos são o do Decreto Nº 5.296 de
02 de dezembro de 2004, que regulamentou as Leis Nº
10.048/2000, que busca garantir a pessoa com deficiência
a plena integração social com a garantia de acessibilidade
aos prédios de uso público, fato que ainda não condiz com
a realidade.
Também faltam, sinalização universal, transporte público
acessível que atenda a demanda, faltam rampas, elevadores
ou plataformas, muitas guias rebaixadas são mal construídas
e seu uso é inviabilizado, as vagas para estacionar ainda são
ocupadas por pessoas desavisadas (ou mal intencionadas),
falta corrimãos, há buracos nas ruas onde temos que circular
por falta de calçadas seguras etc ... Esses são alguns proble-
mas que, se resolvidos, devem
favorecer qualquer pessoa e
não só as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
Mas percebo algumas mudanças... me lembro perfeitamente a primeira vez que saí
andando de cadeira de rodas
pelas ruas em Brasília/DF... foi
assustador. Hoje ainda é muito
difícil andar pelas cidades no
Brasil, mas nos últimos anos
encontro algumas rampas
adequadas para uso de cadeirantes, guias rebaixadas corretamente, assim como plataformas e elevadores, antes inexistentes, disponíveis em alguns locais. As calçadas da Avenida
Paulista em São Paulo/SP, por exemplo, foram reformadas, a
Pinacoteca do Estado de São Paulo, a Biblioteca Nacional do
Amazonas e o Museu do Futebol, considero bons exemplos
de acessibilidade física e cultural (sim, também considero
o futebol cultura...).
Em Sorocaba/SP no Parque da Água Vermelha, no Jardim
Sensorial do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, no Parque
Villa Lobos na capital paulista, no recém-inaugurado Anna
Laura Parques para Todos, Parque da Vila Guilherme, esses
em São Paulo, o Projeto Socorro Acessível na cidade de
Socorro/SP e a rota acessível no Pelourinho em Salvador/
BA, democratizaram o lazer ao ar livre, assim como o Projeto
Praia para Todos, que teve início na cidade do Rio de Janeiro/
RJ e vem se espalhando para todo o Brasil.
Há iniciativas acerca deste tema também vindas da iniciativa
privada e do âmbito governamental, como o Plano “Viver Sem
Limite” e o Plano de Mobilidade Urbana, que precisam de
fato sair do papel. Sou uma pessoa otimista, por isso trabalho
com essas questões diariamente e mesmo sabendo que o
trabalho é “de formiguinha”, acredito que com a cobrança
da sociedade civil, educação e cumprimento efetivo da legislação, ainda vou conseguir usufruir de uma cidade mais
humanizada e universal.
Luciene Gomes é Arquiteta e Urbanista, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Terapia
Ocupacional (UFSCar) na área de Acessibilidade e
Desenho Universal e Docente do SENAC São Carlos
na área de Acessibilidade e Desenho Universal.
E-mail: [email protected]
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ensaio
Modelo: Déborah Fontenele
31 anos
“Eu não sou o que me falta”
Foto: Kica de Castro

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