Frecuencia Latinoamérica

Transcrição

Frecuencia Latinoamérica
Frecuencia
COMUNICAÇÃO SEM FIO NA AMÉRICA LATINA
Edição Brasil - Ano 8 - Nº 55
Março 2004
Latinoamérica
www.frecuenciaonline.com
Venezuela
aposta em novos
investimentos
Tendências
em debate na
Telexpo 2004
Rumo
NORTE
Inovação conduz o futuro
das redes sem fio
EDITORIAL
FRECUENCIA Nº 55
Março 2004
www.frecuenciaonline.com
DIRETORA & EDITORA-CHEFE
Ana María Yumiseva
[email protected]
DIRETORA EDITORIAL
Graça Sermoud
[email protected]
EDITORA EXECUTIVA
Ana Paula Lobo
[email protected]
EDITORA ASSISTENTE
Clara Persand
[email protected]
CORRESPONDENTES
Argentina - Elías Tarradellas
Ecuador - Jaime Yumiseva
Perú - Marco Villacorta
Miami - Andres Velazquez
CIRCULAÇÃO
Carmen Burgos
[email protected]
WEBMASTER
Danilo Bilbao
[email protected]
TRADUTORA
Ana Cristina Gonçalves
ADMINISTRAÇÃO & FINANÇAS
Carmen Luz Yumiseva
ESCRITÓRIOS REGIONAIS
ITP EDITORIAL – BRASIL
Avenida Cidade Jardim, 400 – 20 Andar
São Paulo, SP – CEP: 01454-000
Tel: 55-11-3818-0848
Fax: 55-11-3818-0899
ITP EDITORIAL – REGIÃO ANDINA
Av. Eloy Alfaro 3822 y Gaspar de Villaroel
Quito – Ecuador
Tel: 593-22-422-568
Fax: 593-22-424-871
REDAÇÃO FRECUENCIA/ BRASIL
Av. Ibirapuera, 2907 / conj: 121
Moema - São Paulo – CEP: 04029-200
Telefones: 55-11-5053-9828 / 9829
FAX: 55-11-5053-9838
Impressão
Henel Indústrias Gráficas Ltda.
www.henel.com.br
Edição de Arte e Diagramação
Pedro R Costa
[email protected]
FRECUENCIA LATINOAMÉRICA circula dez vezes
no ano e é distribuída às empresas e executivos
do mercado de telecomunicações sem fio.
Assinatura anual: Latinoamérica, EUA e Canadá:
US$ 75. Europa e Ásia: US$ 95. Direitos
Reservados. É proibida a reprodução do conteúdo
desta publicação sem prévia autorização da
direção. As opiniões contidas na revista
Frecuencia Latinoamérica refletem a posição dos
autores e não necessariamente a da ITP Editorial.
Tempo de renovação
Desde que o primeiro telefone surgiu, em 1876, a indústria
de telecomunicações revolucionou a economia. Nos últimos
100 anos, os avanços foram excepcionais, apesar das
turbulências políticas, sociais e econômicas no mundo.
Motivo? A aposta constante na inovação.
A maior prova dessa afirmativa está na ascensão da
comunicação sem fio. Até pouco tempo, ela era desfrutada
somente pelos que tinham recursos financeiros para pagar
pelo produto. Hoje, a telefonia móvel celular está disseminada por
todas as camadas sociais. Na América Latina, por exemplo, os
terminais móveis já superam os fixos em vários países, entre eles, o
Brasil e a Argentina.
A tecnologia wireless renova o ânimo de uma indústria que, nos
últimos três anos, passou da euforia da bonança à drástica queda da
demanda de serviços e produtos. Projetar o futuro em meio a uma crise é
um desafio que exige muita disciplina, mas foi uma determinação
cumprida à risca pelo setor.
Hoje, os frutos começam a ser colhidos. O cenário da
"comunicação em qualquer lugar, a qualquer hora" não parece difícil
de ser atingido, pelo menos do ponto de vista tecnológico. A tão
sonhada convergência começa a ser pavimentada com o
desenvolvimento de novas soluções e tecnologias, que prometem
muito mais do que incrementar a velocidade da transmissão
de dados. A reportagem especial desta edição trata
exatamente do tema.
Mas tecnologia só não basta. Ela tem que estar a serviço do
combate à exclusão social e digital, especialmente na América
Latina. E, mais uma vez, a comunicação sem fio parece ser a
melhor receita para levar às regiões mais carentes a infraestrutura de acesso aos serviços de voz, dados e imagens.
Graça Sermoud
Como podemos perceber, as novidades não param. Este é o
nosso compromisso: acompanhar de perto, com olhar atento e
crítico, a evolução da comunicação na região. Neste sentido,
FrecuenciaLatinoamérica prepara, para a próxima edição, o TOP
10 OPERATORS. Com a participação de um conselho de
especialistas de mercado, será elaborado um ranking que
apontará as operadoras móveis que mais se destacam na
região. Critérios como inovação e qualidade de serviço serão
essenciais. Até lá!
Ana Paula Lobo
Equipe editorial
COMERCIAL
Latinoamérica, USA y Europa
GERENTE de
VENDAS & MARKETING
Sara Astoul
475 Biltmore Way, Suite 308
Coral Gables, Fl 33134-5756
tel: 305-567-2492
[email protected]
Argentina
Edgardo Muchnik
Defensa 649 - 4º “D”
C1065 - Capital Federal
Buenos Aires
tel: 15-4182-2565
[email protected]
Ásia
Ben Sanosi
interAct Group
10 Anson Road
No. 11-17 International Plaza
Singapore 079903
Tel/Fax: +65 68770418
[email protected]
Brasil
Avenida Cidade Jardim, 400
20 Andar - CEP: 01454-000
São Paulo, SP
Tel: 55-11-3818-0848
Fax: 55-11-3818-0899
FRECUENCIA – MARÇO 2004
MATRIZ
ITP Editorial
475 Biltmore Way, Suite 308
Coral Gables, FL 33134-5756
3
Í N D I C E
06
NOTÍCIAS DOS PAÍSES
10
ENTREVISTA
12
TECNOLOGIA
Rosa dos
O diretor da Intel para a América Latina, David Hite,
enfatiza que reduzir as exclusões social e digital é tarefa
prioritária na região. A educação fomenta idéias, que
geram novos negócios e ampliam a receita. Software e
comunicação sem fio são estratégicos para a gigante de
processadores.
VENTOS
Comunicação a qualquer hora, em qualquer lugar. Este foi o desafio
que a indústria de telecomunicações se impôs para sobreviver às
turbulências de uma economia globalizada e à drástica queda da
demanda por serviços. Nessa estratégia, a tecnologia sem fio brilha.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
REGIONAL VENEZUELA
4
22
Ainda sob o impacto de uma das maiores crises política,
econômica e social de sua trajetória, o País decide
apostar num ano de retomada de investimentos. Em
entrevista exclusiva à Frecuencia Latinoamérica, o
presidente da Telcel Bell South, Enrique García Viamonte,
revela seus planos de expansão e diz que vai apelar da
decisão judicial que impôs uma sanção milionária à
operadora.
26
MERCADO
30
APLICAÇÃO
A Telexpo 2004 será palco de debates e decisões técnicas
e políticas relevantes para o cenário brasileiro e latinoamericano. A exposição, que reúne os principais players
do setor, promete discutir temas importantes, entre eles,
a regulamentação dos serviços Wi-Fi.
Cidadania digital. A maior parte da população da região
não tem acesso à Internet e está fora do processo de
globalização. Quais são as saídas para reduzir esse
índice de exclusão?
ENVIE SUAS OPINIÕES E COMENTÁRIOS PARA [email protected]
NOTÍCIAS
CHILE
Subtel reage à ação
judicial da Chilesat...
Segundo informações
apuradas com operadoras
chilenas, a Subsecretaria
de Telecomunicações,
Subtel, apresentará, em
breve, um regulamento
para definir as tarifas de cobrança extra por
serviços de valor agregado na telefonia móvel
(linhas 800 e 700, entre outras).
A nova norma é necessária porque a
Chilesat contesta, judicialmente, o decreto
tarifário que impôs uma redução de até
26,5% no custo da tarifa de interconexão. A
partir da regulamentação, a Controladoria
Geral da República poderá fiscalizar as ações
das operadoras.
Segundo fontes do mercado local, a
Chilesat contesta a decisão da Subtel sob a
alegação de que o novo decreto tarifário dá
margem a cobranças abusivas por parte das
operadoras de telefonia móvel, que ficam
com o direito de definir um preço para as
cobranças extras para a oferta dos serviços de
valor agregado.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
... e operadoras
deflagram campanha
publicitária
6
A ação judicial movida pela Chilesat
na Controladoria Geral da República não
impedirá que a Subtel, órgão regulador
chileno, fiscalize a adoção da nova
legislação no mercado, asseguram fontes
das operadoras.
Segundo as empresas de
comunicações móveis, a Chilesat questiona
apenas os aspectos relativos às tarifas de
serviços de valor agregado, entre eles, o
da chamada a cobrar e dos produtos 600,
700 e 800.
Os custos de interconexão representam
cerca de 95% do valor de uma ligação.
Devido à nova legislação, as empresas
celulares deflagraram uma intensa campanha
publicitária para incentivar o aumento do
tráfego entre redes fixas e móveis.
ARGENTINA
Celulares móveis superam os fixos
Dois anos depois de países
como Brasil e Chile, a Argentina
registrou um número maior de
telefones móveis em relação aos
terminais fixos. Em dezembro do
ano passado, o País contabilizou
7.842 milhões de assinantes no
serviço celular. Já as linhas fixas
totalizaram 7.745 milhões.
De acordo com analistas, o
principal motivo para o atraso da
Argentina em comparação aos
demais países da região foi a grave
crise econômica de 2001, quando o
mercado de celulares perdeu cerca
de 600 mil assinantes.
Com os sinais de recuperação, o
mercado retomou o ritmo de
crescimento no ano passado. Em 2003,
informam os analistas, cerca de 1,4
milhão de usuários incrementaram a
base da telefonia móvel na Argentina.
URUGUAI
Antel investirá US$ 58 milhões
Ainda este mês, a operadora
móvel celular do Uruguai, Antel
(Administración Nacional de
Telecomunicaciones) planeja
ativar o serviço de acesso à
internet para atender à demanda
das áreas rurais do País. "Queremos
expandir a oferta da telefonia
móvel nessas regiões, onde não há
o acesso aos serviços de voz e
dados", informa o diretor da Antel,
Oscar Alvarez.
A operadora anunciou ainda
que irá investir US% 58 milhões
na implantação de uma rede
GSM/GPRS. A expectativa da
carrier é expandir a nova infraestrutura para todo o País e iniciar
a oferta de novos serviços a partir
de julho.
Com a decisão de incorporar
novos serviços ao seu portfólio, a
Antel estima faturar mais de US$
500 milhões em 2004. No ano
passado, a receita da operadora
ficou em US$ 470 milhões.
HONDURAS
Megatel implanta 20 mil novas linhas
Com o respaldo do programa
"Telefonia para Todos", lançado
pelo governo de Honduras, a
Megatel anunciou que irá
instalar 20 mil novas linhas
telefônicas em mais de 500
comunidades, distribuídas em 16
cidades do País.
O gerente de operações da
Megatel, Iván Pastor, informou que
a operadora planeja adotar diversas
tecnologias no projeto, entre elas
GSM. As novas linhas vão atender
às demandas dos usuários
residenciais e das pequenas e
médias empresas, que hoje não têm
acesso aos serviços de telefonia e
de acesso à Internet.
NOTÍCIAS
COLÔMBIA
Licitação para expansão de rede
Ainda este ano, a Colômbia Móvil abrirá uma licitação para expandir sua rede
no País. Nortel, Nokia, Alcatel e Ericsson disputam a concorrência, que prevê a
instalação de 250 novas ERBs. O investimento previsto é de US$ 60 milhões.
Até o final de março, a operadora também pretende eliminar, com a
adoção de novos equipamentos, as falhas de transmissão registradas pelos
assinantes nos últimos dois meses. A intenção da carrier é incrementar a
capacidade da sua rede em 10%.
Com pouco mais de três meses de operação, a Colômbia Móvil tem planos
audaciosos. A operadora estima ter em abril 1,2 mihão de assinantes. No final
de fevereiro, a carrier somava 750 mil clientes.
BRASIL
Brasil Telecom escolhe fornecedores
Em um prazo de 13 meses, a Brasil Telecom quer conquistar um milhão
de assinantes para as operações de telefonia móvel celular. Os novos serviços
deverão estar disponíveis comercialmente entre maio e junho deste ano.
Segundo a presidente da carrier, Carla Cicco, os investimentos na área de
telefonia móvel serão de US$ 300 milhões até 2005.
A tecnologia escolhida pela BrT foi a GSM - até o fechamento desta edição, a
operadora não havia anunciado os seus fornecedores. Disputam a concorrência, os
fornecedores Alcatel, Siemens, Nokia e Ericsson. No total, deverão ser instaladas
cerca de 1.500 ERBs na região de atuação da carrier, Centro Sul do Brasil.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Telemar e Oi instalam
rede Wi-Fi no Maracanã
8
O maior estádio do mundo, o Maracanã, localizado no Rio de Janeiro e
palco dos principais jogos de futebol do Brasil, é o mais novo hot spot da
tecnologia Wi-Fi.
No final de fevereiro, a Telemar e a sua empresa de telefonia móvel
celular, a Oi, instalaram uma rede de acesso sem fio no estádio. A partir de
uma rede que combina os serviços Velox, de banda larga via ADSL e o WiFi, visitantes, torcedores e profissionais da imprensa já podem ter acesso à
internet sem fio em alta velocidade durante os jogos. A velocidade de
conexão pode chegar a 11 Megabits por segundo (Mbps).
A cobertura do estádio é obtida por meio de um único access point da
fornecedora israelense Alvarion. A implantação da rede sem fio e a integração
dos hotspots foram feitas pela empresa FTD Comunicação de Dados.
A rede levou aproximadamente três meses para ser desenvolvida e, há
um mês e meio, está em projeto piloto. Os freqüentadores do Maracanã que
tiverem equipamentos com placas Wi-Fi poderão desfrutar do serviço,
gratuitamente, até o mês de abril. A operadora ainda não definiu como será
feita a cobrança, nem revelou o valor investido na infra-estrutura.
MÉXICO
Três milhões de
novos usuários
Dentre os 10
principais mercados de
telefonia móvel da
América Latina, o México
ocupa a segunda
posição, com pouco
mais de 29 milhões
de assinantes. O Brasil é
o líder da região, com cerca de 43 milhões de
usuários, informa a associação 3G Américas.
De acordo com a entidade, o México
deverá contabilizar cerca de três milhões de
novos assinantes ao longo deste ano.
Atualmente, existem quatro operadoras de
telefonia móvel no País: Telcel, que detém
quase 80% do mercado, Telefônica, com
10% de participação, Unefon, com 6% e
Iusacell, com 5%.
Segundo a EMC World Cellular, existem,
hoje, no México, três vezes mais telefones
móveis do que computadores.
Telefónica Móviles quer
mercado corporativo
A operadora deflagrou uma série de ações
para acirrar a competição no mercado
mexicano. No segmento corporativo, a aposta
concentra-se na Rede Avançada Movistar,
lançada durante a Expo Comm México 2004,
evento que reuniu os principais players do
setor de telecomunicações no País.
A nova plataforma é uma rede privada
(VPN), que atenderá clientes empresariais,
com a oferta de tarifas preferenciais. A
intenção é prover o serviço, em nível nacional,
para toda e qualquer corporação com 10 ou
mais linhas telefônicas.
Simultaneamente, a operadora iniciou uma
agressiva campanha de preços. Uma chamada
de longa distância, sem qualquer adicional de
roaming, custará meio peso por minuto (onze
pesos equivalem a US$ 1, aproximadamente).
A expectativa da Telefónica Móviles é
ampliar sua base de clientes em 25% este
ano. No ano passado, a operadora possuía 3,5
milhões de assinantes.
NOTÍCIAS
Impsat fecha primeiro
contrato Global Solutions
Venezuela e Equador selam
acordo de cooperação
O primeiro cliente da plataforma Global Solutions, da Impsat,
é uma multinacional com filiais em vários países da região.
Lançada no final de janeiro, a plataforma permite a oferta de
serviços de comunicação de voz, comunicação entre computadores
de missão crítica, videoconferência, e-mails e acesso à Internet.
"O contrato já está assinado e o cliente adotou a solução para
incrementar seus negócios. As empresas precisam de alta
qualidade em serviços de comunicação e agora reunimos, num
único produto, a oferta de serviços de dados, internet, data
center e telefonia", revela Pablo Yanes, diretor da divisão de
dados da Impsat na América Latina.
A Impsat Global Solutions possui pontos de presença na
Argentina, Chile, Brasil, Venezuela, Equador, Peru, Colômbia e
Estados Unidos. Com isso, a provedora amplia sua cobertura de
infra-estrutura para países da América Central, Caribe, Europa e
Ásia. "Queremos fechar o ano com pelo menos 40 usuários nesta
nova plataforma", finaliza Yanes.
Estabelecer uma
política comum de
regulamentação e
investimentos. Este é o
principal objetivo do acordo
de cooperação assinado em fevereiro pelos órgãos
reguladores do setor de telecomunicações dos dois países.
"Precisamos fortalecer os laços entre os países para
ampliarmos a oferta de serviços de última geração aos
consumidores", afirmou o presidente da Comissão Nacional
de Telecomunicações da Venezuela, Alvin Lezama.
O presidente do Conatel equatoriano, Freddy Rodríguez,
destacou a importância do estabelecimento de uma política
única para a regulamentação de novos serviços nos dois
países. "Atrair investimentos é questão essencial para o nosso
setor e uma política padrão pode nos ajudar a trazer aportes
externos", finalizou o executivo.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
AMÉRICA LATINA
9
EMPRESÁRIOS
INCLUSÃO
é o mote para
novos negócios
Ana Paula Lobo
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Há pouco mais de um ano à frente do comando
da Intel na região latino-americana, o norte-americano
David Hite elegeu a educação como prioridade para
combater os altos índices de exclusão social e digital.
Na visão do executivo, só com a inclusão a América
Latina deixará de ser uma eterna promessa para os
investidores do mundo da tecnologia.Hite sabe do que
fala. O executivo escolheu a América Latina como
desafio profissional e pessoal. Funcionário da gigante
de processadores há 20 anos, optou por viver na região
nos últimos sete anos. Recusou propostas de
transferências. Seus três filhos são latino-americanos.
"Aposto no potencial da região", declarou em
entrevista exclusiva à Frecuencia Latinoamérica.
10
Os índices de exclusão social e digital na América Latina são elevados. A
maior parte da população não tem
acesso à informática. A Intel é uma empresa que tem como negócio vender
tecnologia. Como o senhor planeja sua
atuação na região diante desse quadro
social e econômico?
Estou na região há sete anos e a elegi
para consolidar minha atuação profissional dentro da Intel, empresa em que trabalho há 20 anos. Aqui os problemas so-
ciais, econômicos e políticos são crônicos, mas também há uma sede de conhecimento e de novidades não vistas em
outras regiões do mundo. Os jovens latino-americanos são curiosos, querem
aprender mas muitos, para não dizer a
maioria, ficam sem oportunidades.
Os problemas econômicos também
são relevantes, mas a estabilidade
parece ganhar corpo na região e, mesmo na crise, os negócios da Intel, por
exemplo, ficaram acima do planejado.
O crescimento de receita é contínuo. Só
que, infelizmente, existem problemas
graves para serem resolvidos, entre eles,
a existência de um mercado cinza permanente e crescente na venda de PCs.
O combate à pirataria e à exclusão
passa pela educação. É assim que a Intel enxerga e é assim que ela atua. Sem
dúvida, nessa linha, a aposta concentra-se no programa IntelEducação para
o Futuro, que já formou mais de um milhão de professores do ensino fundamental a partir do uso da tecnologia como
ferramenta de socialização. Estamos
apostando muito nesse projeto e ampliando a sua presença na América Latina. Temos iniciativas fortes programadas para este ano. Queremos alcançar
os resultados já obtidos no México, em
países como Brasil, Chile e Argentina.
Na prática, queremos estimular e
ampliar o acesso à tecnologia nas salas
de aula, além de encorajar os alunos a
ingressar em carreiras técnicas. Reduzir
EMPRESÁRIOS
"Reduzir a exclusão
significa ampliar a inclusão.
Idéias desenvolvidas geram
negócios, que se
transformam em receita.
Este é um ciclo vitorioso"
O senhor elege o software
como elemento de novos
negócios na região, mas o
Brasil, por exemplo, não desiste de tentar convencer a Intel a
construir uma fábrica no País...
a exclusão significa ampliar a inclusão.
Idéias desenvolvidas geram negócios
que se transformam em receita. Este é
um ciclo vitorioso.
A Intel Capital, braço financeiro da Intel, tem feito fortes investimentos na
região. Mas há analistas que afirmam
que a América Latina perde espaço e
interesse das corporações diante do
fenômeno asiático e da abertura comercial da China. Como o senhor enxerga esse movimento mundial?
A Índia e a China são países que
atraem cada vez mais investidores. Mas
descarto um desinteresse pela América
Latina. O mundo enfrenta um momento
histórico conturbado. E nesse cenário, a
região apresenta vantagens. Países como
Brasil, Argentina, México e Chile vivem
um momento de estabilidade política e
econômica, apesar de todas as dificuldades. Então, o que é preciso fazer é apostar nas áreas mais rentáveis e vantajosas.
Fábricas não devem mais ser prioridade máxima de uma política industrial de um País. É claro que um parque
fabril traz benefícios e gera empregos e
dividendos como aconteceu na Costa
Rica, mas cada vez mais fábricas são
investimentos bilionários e não há mais
dinheiro fácil no mundo.
Países como o Brasil devem reformular sua estratégia. Fábricas são importantes, mas centros de competência também o são. O brasileiro tem uma
conhecida criatividade no desenvolvimento de software. Há condições de o
País disputar em condições de igualdade com a Índia, que fez uma revolução social, política e educacional por
meio do software. Basta acreditar e
apostar no potencial.
Reafirmo: a América Latina tem de
apostar em software. Faço dessa linha
uma área de atuação à frente do comando da Intel na região. E esse recado não é apenas para o Brasil. Todos
os demais países têm competência para
conquistar um lugar nessa área. Gerar
empregos, gerar recursos e saldo positivo para a balança comercial.
A Intel aposta cada vez mais em Wireless. É uma das maiores incentivadoras do Wi-Fi (Wireless Fidelity). Como
o senhor organiza a sua atuação na
América Latina para consolidar o uso
das redes sem fio?
Wi-Fi é uma solução que nos permite
a integração de mundos tecnológicos.
Temos de lembrar que Intel significa Integrated Technologies, ou seja, já no seu
nome, a companhia tem a integração
como lema. A convergência é inevitável
e quem a viabilizar terá um espaço especial nesse novo cenário que se desenha
para o mundo da Tecnologia da Informação e das Telecomunicações.
Há ainda um longo caminho a ser
percorrido até se alcançar essa convergência tão falada, mas iniciativas
como o Wi-Fi, e agora o WiMAX, que
promete banda larga para as redes sem
fio, serão cada vez mais incentivadas
pela Intel. E aqui, repito o que venho
afirmando ao longo dessa entrevista, a
América Latina é um campo mais do que
promissor para a adoção dessas novas
tecnologias. Falta infra-estrutura na
região. Novas redes que não exijam tanto investimento financeiro podem ser o
instrumento de combate à exclusão.
Nos últimos três anos, a Intel demonstra um forte interesse em marcar presença no mundo das Telecomunicações, em tornar-se um player
no negócio de telefonia celular. Só
que até agora, os planos ainda não
se concretizaram...
Para sermos um dos players é preciso criar uma base, um ecossistema.
A Intel faz isso. Estamos nos organizamos internamente para ampliar nossa
atuação. Hoje, as divisões de Wireless,
Comunicação e Telecom foram unificadas. Convergência é a nossa marca e
sempre o será. Estamos construindo
uma estrada no mundo das telecomunicações e essa base demanda tempo
para ser consolidada.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Não tenho dúvida em afirmar: software é
a grande saída para a América Latina.
Com relação à Intel Capital, é verdade.
A América Latina é uma das prioridades
da companhia. Já são 21 empresas incentivadas e há recursos para novos negócios. Esta é a prova de que
a região possui competência
para desenvolver idéias e novos negócios. E ressalte-se, a
maior parte dos aportes acontece nas empresas ligadas à
comunicação sem fio, à convergência e à mobilidade.
11
TECNOLOGIA
PROJETAR O QUE SERÁ O MUNDO NOS
PRÓXIMOS CINCO, 10 OU 20 ANOS SEMPRE
FOI UMA MISSÃO PARA A INDÚSTRIA DE
TELECOMUNICAÇÕES. AGORA, ISTO REQUER
UMA DIREÇÃO MAIS APURADA E VOLTADA
PARA A REALIDADE. O DESAFIO DE
SOBREVIVER ÀS CRISES DE UMA ECONOMIA
GLOBALIZADA E À DRÁSTICA QUEDA DA
DEMANDA POR SERVIÇOS INCORPOROU-SE
AO DIA-A-DIA DAS OPERAÇÕES DO SETOR,
MAS NÃO REDUZIU O ÂNIMO PARA
PROJETOS LIGADOS À INOVAÇÃO.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Rosa
12
VEN
TECNOLOGIA
dos
C
omunicação em qualquer lugar, a qualquer hora. Aumento
da velocidade e da capacidade de transmissão de dados e
imagens. Estas são as grandes promessas da indústria de
telecomunicações, principalmente em se tratando das comunicações sem fio. Em paralelo, muitos fornecedores e especialistas do
setor passaram a adotar como tema em seus discursos o combate à
exclusão digital.
"Nos últimos 50 anos, a indústria de telecomunicações preocupou-se em trabalhar no aprimoramento dos sistemas de comunicação para voz. Só que, agora, temos voz, comunicação de dados e
multimídia num único plano. Não será uma tarefa fácil suplantar o
paradigma atual", observa Mário Baumgarten, consultor Geral para
Tecnologias e Estratégias da Siemens e chairman do UMTS Forum
na América Latina.
Nessa busca por novos rumos, a indústria aposta em uma série de
tecnologias para pavimentar o caminho. Ganham destaque as direcionadas para o mundo sem fio, como o WiMAX (Worldwide interoperability for Microwave Access), que promete levar as benesses da banda
larga às redes Wi-Fi (Wireless Fidelity), a 3G e a evolução do CDMA.
Mas é um ledo engano pensar que a infra-estrutura atual, baseada em rede de cabos, será totalmente substituída pela evolução das
comunicações sem fio. Não haverá vencedores e vencidos. Ao contrário, a rede atual também será palco de grandes transformações.
E a tão sonhada convergência entre operações fixa e móvel pode vir,
de fato, a tornar-se uma realidade para o principal beneficiário dessa transformação: o consumidor.
TOS
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Ana Paula Lobo e Graça Sermoud
13
TECNOLOGIA
Velocidade para
QUE TE QUERO!
O MUNDO MODERNO EXIGE QUE TUDO ACONTEÇA PARA
ONTEM. NÃO HÁ TEMPO A PERDER. NA TECNOLOGIA, NÃO
É DIFERENTE. O ACESSO À INTERNET ATRAVÉS DE LINHAS
DISCADAS, UMA REVOLUÇÃO HÁ POUCO MAIS DE 10
ANOS, HOJE, É UM PROCESSO QUASE JURÁSSICO. AFINAL,
QUEM QUER UMA CONEXÃO DE 56 KBPS?
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Nas redes sem fio, o tempo também não pára. Nem bem começou a
ganhar presença e escopo, o Wi-Fi
(Wireless Fidelity) já tem um sucessor:
o WiMAX. Qual o segredo desse novo
rei do pedaço? A oferta de conexão a
velocidades inimagináveis até bem pouco tempo. No Wi-Fi, a taxa de transmissão de dados vai até 11 Mbps, com no
máximo 100 metros de raio de cobertura. No WiMAX, promete-se, essa taxa
pode chegar a 70 Mbps e com cobertura de até 50 km. Será possível?
14
salto na comercialização de soluções Wireless com a chegada dos padrões emergentes. Segundo o instituto, as vendas
de produtos sem fio vão saltar dos atuais
US$ 558,7 milhões para US$ 1,2 bilhão, ao final de 2007.
UM PÉ NA REALIDADE
Sem querer desmerecer os esforços
da indústria quanto ao WiMAX, Marílson Duarte, consultor de Estratégias Tecnológicas da Siemens, diz que é preciso
cuidado redobrado ao se prever funcionalidades de novas tecnologias. No caso do WiMAX,
O QUE É WIMAX
o sonho é chegar a um alCriado em 2001, o WiMAX é o nome comercial do
cance de 50 km , mas uma
padrão 802.16 para as faixas de freqüência entre
distância de 10 km já se10 e 66 GHz. Com a evolução, surgiram os padrões
ria motivo suficiente para
802.16a e 802.16e, voltados para utilização em
comemorações de usuáfaixas de freqüência inferiores a 11GHz. Na
rios e fornecedores.
prática, o WiMAX utiliza freqüências licenciadas
"Temos uma questão
ou não-licenciadas.
prática de engenharia.
Não existe espectro sufiSó o tempo e as aplicações práticas
ciente para interconectar todos os disda tecnologia poderão dar a resposta.
positivos globais. Então, é preciso traHoje, a idéia é que o WiMAX amplie o
balhar dentro do que é possível. Os proraio de ação das MANs (Redes de Áreas
jetistas podem sonhar, mas a realidade
Metropolitanas), sem a exigência de alnão será essa", observa o especialista.
tos investimentos em infra-estrutura. ReMas o WiMAX conseguirá um lugar
cente pesquisa divulgada pelo instituto
de destaque. Segundo Duarte, da Siede pesquisa In-Stat/MDR apontou um
mens, ele terá um papel importante
como complementação às redes Wi-Fi,
especialmente nos locais onde não há
infra-estrutura de rede. "O grande ganho do WiMAX está na possibilidade de
utilizar freqüências licenciadas. Isso
reduz problemas com interferências e
há um incremento na qualidade do
serviço", destaca.
Na visão de Duarte, o WiMAX encontrará fortes competidores no seu caminho, entre eles a tecnologia DSL e as
soluções de rádio nas freqüências em
3,5 GHz e 10,5 GHz. "WiMAX será uma
opção importante, mas lutará pelo seu
espaço", complementa.
CAMPEÃO DE AUDIÊNCIA
Na Intel, o WiMAX é considerado estratégico para a convergência da informática e das telecomunicações. Tanto
que a gigante do ramo de processadores
não poupa recursos para desenvolver
produtos e aplicativos para as redes sem
fio. Já para o segundo semestre deste ano,
ela promete lançar comercialmente o
primeiro chip baseado no padrão 802.16.
Para o vice-presidente executivo e
gerente geral do Grupo de Comunicações da companhia, Sean Maloney,
o WiMAX terá uma função essencial no
combate à exclusão digital. "Ele permitirá fornecer conectividade de última milha a regiões onde as infra-estruturas cabeadas não vão chegar. Se levarmos isto em consideração, milhares
de usuários de países emergentes como
China e os da América Latina serão
beneficiados", destaca o executivo.
TECNOLOGIA
A evolução de padrões é
incrivelmente rápida. Quando
o WMAN 802.16 foi aprovado,
em dezembro de 2001, pelo
IEEE (Institute of Electrical and
Electronic Engineers),
proporcionaria um esquema de
modulação de portadora única
operando em uma faixa de
radiofreqüência de 10 a 66
MHz, sendo necessário, para a
conexão funcionar, a visada
direta das torres.
A extensão 802.16a ,
ratificada em janeiro deste ano
e endossada por gigantes da
indústria como a Intel, utiliza
uma faixa de freqüência
menor, de 2 a 11GHz, além de
dispensar a visada direta para
a conexão.
Mas esse ainda não é
último degrau. Hoje, o IEEE
trabalha com o padrão 802.16e,
que estenderá o padrão WiMAX
para cobrir de forma
"combinada" as operações fixa
e móvel nas bandas licenciadas
da faixa de freqüência entre
2,0 e 6,0 GHz. É um padrão
ainda em discussão, e uma
votação preliminar acontecerá
em julho deste ano.
Paralelamente ao que se
desenvolve no IEEE, há um
outro grupo de fornecedores,
liderados pela Motorola,
trabalhando no padrão 802.20,
batizado de Mobile-Fi. O
objetivo técnico é otimizar o
transporte de dados IP,
concentrando-se em taxas de
transmissão de dados acima
de 1 Mbits, a uma velocidade
de 250 km/hora.
Pioneirismo à mineira
ASSOCIAÇÃO DE OPERADORAS DE MMDS FAZ TESTE
COM TECNOLOGIA MUITO PRÓXIMA AO WIMAX.
No ano passado, um seleto time de
Na visão de Fraunendorf, ainda há
moradores de Belo Horizonte, capital de
pontos a serem estudados com relação à
Minas Gerais, teve a oportunidade de
nova tecnologia. O principal é o uso de
testar os serviços de uma rede sem fio de
soluções proprietárias. Ele lembra que o
alta velocidade. O teste, realizado com
WiMAX Fórum promete, para este ano,
uma tecnologia proprietária desenvolvicriar um padrão para a comunidade.
da pela brasileira NextNet, foi conduziTambém será preciso adequar a faixa
do pela Neotec, associação que reúne as
de transmissão das redes sem fio. "O espeoperadoras de MMDS (Multichannel Disctro é um bem precioso demais. Não é
tribution Service) do País.
possível permitir que aplicações criem inA escolha de Belo Horizonte foi baterferências e prejudiquem outros serviços
seada em questões técnicas, informa o
já em andamento", alerta o executivo. Hoje,
diretor-presidente da Neotec, José Luiz
a tecnologia da NextNet está em teste tamFraunendorf. Segundo ele, a cidade aprebém em Brasília, capital federal, e em São
senta a topologia necessária para testar
Paulo, para demonstração a interessados
uma tecnologia wireless: as montanhas
em conhecer detalhes da solução.
que cercam a capital mineira são obstáculos naturais à transmissão de dados num sistema sem fio.
Foram montadas três
células na capital mineiJosé Luiz Fraunendorf, diretor-presidente da Neotec
ra, duas delas no centro
da cidade. A capacidade
do download com a tecnologia, muito
O pioneirismo da associação já rende
semelhante ao padrão WiMAX proposto
frutos. A Neotec fechou um acordo de
pelo WiMAX Fórum, permitiu downloads
colaboração com a Intel, uma das princia velocidades de 1,8 Mbits e um upload
pais incentivadoras das redes sem fio no
(envio de mensagem) a 300 Kbps.
mundo. Única iniciativa no Brasil sele"Foi surpreendente o resultado. Os
cionada pela Intel, a associação fará tesusuários ficaram impressionados com a
tes piloto com o chip 802.16, que a giqualidade da transmissão, principalgante de processadores planeja lançar no
mente, os que tinham de trafegar vídeo",
segundo semestre deste ano.
comemora Fraunendorf. Ao mesmo temNa opinião do presidente da associapo, um microônibus foi adaptado para
ção, o WiMAX poderá vir a ser um concorcircular pelas ruas da capital mineira.
rente da tecnologia ADSL( Assymetric Digi"Nele, os moradores de Belo Horizonte
tal Subscriber Line), não apenas por causa
puderam baixar e enviar e-mails e realidas limitações técnicas da tecnologia bazar videoconferências móveis com quaseada em DSL(Digital Subscriber Line)
lidade de serviço assegurada", destaca
como saturação e limite de velocidade,
o presidente da Neotec.
mas especialmente no quesito preço.
“Acredito que o ADSL sofrerá uma
concorrência do WiMAX em um
prazo máximo de três anos.”
FRECUENCIA – MARÇO 2004
SOPA DE NÚMEROS
15
TECNOLOGIA
Muito além da
PURA TECNOLOGIA
NÃO FOI APENAS O CRASH DA ECONOMIA MUNDIAL
QUE ABALOU O REINADO DA 3ª GERAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES
MÓVEIS. EM UMA INDÚSTRIA DOMINADA PELA VOZ, APOSTAR
NUM NOVO PARADIGMA REQUER TEMPO E CULTURA.
Terceira geração não é apenas uma
discussão de tecnologia ou de plataformas tecnológicas divergentes, afirma o
chairman do UMTS Fórum para a América Latina, Mário Baumgarten. Segundo
ele, o fracasso da adoção da 3G na Europa tem de ser levado em conta para os
projetos futuros no mundo.
“Foi um erro tratar 3G como uma
mera evolução de tecnologia. Não é as-
“Terceira geração não é
apenas uma questão de
tecnologia. Ela é uma
revolução nos padrões
culturais e econômicos
de uma sociedade.”
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Mário Baumgartem, Chairman do
UMTS Fórum na América Latina
16
sim. É uma mudança de paradigma.
Ela permite uma série de aplicações,
hoje, impensáveis.
É claro que a ganância dos governos
de vários países em incentivar altas cifras
com os leilões de privatização – mais de
US$ 100 bilhões foram investidos na compra de concessões – aliada à uma crise
econômica mundial foram fatores decisivos para o adiamento, e até cancelamento, de vários projetos em direção à 3G.
Ainda assim, a tecnologia caminha e, hoje,
já possui mais de dois milhões de assinantes na Europa e na Ásia.
"Nos últimos 50 anos, a indústria de
telecom direcionou seus esforços para
melhorar e incrementar a rede de voz.
3G exige o casamento de voz, dados e
imagens. É um conceito revolucionário.
Está além de um simples desenvolvimento de tecnologia. Por isso, também houve
enganos em relação a sua implementação", discorre Baumgarten.
No contexto da terceira geração, as
aplicações ganham força. São elas, informa o chairman do UMTS Fórum para a
América Latina, que vão determinar o ritmo da migração. Atualmente, apenas uma
única aplicação é desenhada para atender
a esse casamento de voz, dados e imagem
em alta velocidade: o MMS (Multimídia
Message Service). "É um aplicativo mais
amplo, mas ainda não é a base da 3G".
Uma pergunta se impõe: por que no
Japão e na Coréia, a evolução da telefonia
é mais rápida? Essa região concentra 75%
de todos os terminais móveis de alta velocidade disponíveis no mundo e também
os principais aportes nas redes 3G. "Entendo da seguinte forma: os orientais são
menos resistentes às mudanças. Eles
aceitam as novidades e gostam de adotálas. O europeu e o norte-americano são
mais conservadores. Mudam apenas com
a certeza de estarem na direção correta",
avalia Baumgarten.
A 3G NA AMÉRICA LATINA
Quando a 3G chegará à América
Latina? No seu devido tempo, diz
Mário Baumgarten, chairman do
UMTS Fórum para região. O mais
importante nesse momento, segundo
ele, é consolidar e disseminar as
operações da segunda geração de
telefonia móvel celular, até porque
ainda há muitos consumidores sem
acesso a serviço de voz.
"Queremos a evolução, e ela é
necessária para que o gap entre o
chamado primeiro mundo e o nosso
não fique ainda maior. Mas esses
investimentos não podem
prejudicar a oferta de comunicação
para toda a camada da população.
Seria inviável pensar em 3G em uma
sociedade ainda com tantos índices
de exclusão social, econômica e
digital", completa.
Para o chairman do UMTS
Fórum, pensar numa 4G, então, é
extrapolar todas as barreiras da
realidade. "Será que o mais
importante é ampliar
desesperadamente a velocidade de
transmissão? Será esse o cerne de
toda a discussão da evolução?
Velocidade para quê? Transmitir o
quê?", indaga Baumgarten.
TECNOLOGIA
Inteligência
ACIMA DE TUDO
EM UM MUNDO QUE EXIGE
CADA VEZ MAIS BANDA E
VELOCIDADE, A
INTEROPERABILIDADE É
QUESTÃO DE ORDEM NA
CONVERGÊNCIA DAS
OPERAÇÕES MOVEIS E FIXAS,
AFIRMA O VICE-PRESIDENTE
DE DESENVOLVIMENTO DE
NOVOS NEGÓCIOS DA
LUCENT DO BRASIL, LUIZ
CLÁUDIO ROSA.
será otimizar cada vez mais o uso do
espectro. "É um bem escasso e finito.
Precisamos desenvolver tecnologias
que nos permitam ter mais serviços
dentro do que é disponível hoje", observa Rosa.
Neste caminho, segue a evolução
do CDMA. No caso da Lucent, por exemplo, a aposta para otimizar o uso
da freqüência advém de duas tecnologias: o chip Blast e o software de otimização Ocelot, criados pelo Bell Labs,
braço de pesquisa e desenvolvimento
da Lucent Technologies.
A idéia do Blast, que pode ser chamado de uma porta para a 4G, é alcançar uma taxa de transmissão de dados
sem fio até oito vezes maior do que a
velocidade máxima permitida pelas
redes 3G, algo em torno de 2,5 Mbps.
O sistema do chip é simples. Ele
utiliza múltiplas antenas no terminal
táveis. Temos de otimizar o uso da
freqüência o máximo possível. O Blast
chega com essa missão", reforça o vicepresidente de desenvolvimento de negócios da Lucent do Brasil.
PARA ONDE TUDO CAMINHA?
Outra aposta é a tecnologia Ocelot, utilizada para otimizar e aumentar
a capacidade de tráfego nas redes
móveis. Operadoras como a China Unicom e a Verizon Wireless são, desde o
ano passado, usuárias da ferramenta.
Segundo o vice-presidente da Lucent do Brasil, para tornar real o sonho de trafegar voz, dados e vídeo
numa rede wireless mundial de alta veNa visão do executivo, as redes tenlocidade, será preciso que a indústria
dem a se tornar cada vez mais inde telecomunicações entenda, de fato,
teligentes com a migração das infrao conceito de "rede das redes".
estruturas comutadas para as de pa"Não é mais o momento de chamar a
cote. "As NGNs, ou redes de próxima
Internet
como meio. Estamos falando de
geração, são o futuro das operadoras
uma nova infra-estrutura, de
fixas. No caso das móveis,
um novo conceito, que está
a evolução terá de ser feita
além da rivalidade entre forde modo a obter total intenecedores. Essa "rede das reroperabilidade com esse
des" será multivendor. Todos
novo mundo."
os equipamentos vão se falar
Assim como os terminais
entre si. É de fato, o caminho
celulares de cinco anos
para a construção de uma alatrás são considerados monsdeia global."
trengos, os modelos mais
Luiz Cláudio Rosa, vice-presidente de desenvolvimento
Precisar quando essa
modernos de hoje serão
de Novos Negócios da Lucent do Brasil
"rede das redes estará aticonsiderados jurássicos
va? É uma missão impossímais à frente. "Cada vez
vel nos dias de hoje, decreta Rosa,
e na estação radiobase (ERB) para
mais os terminais, se assim os chamamas, certamente, todos os laboratórios
enviar e receber sinais móveis a vermos num futuro próximo, vão ser
de pesquisa já trabalham em cima
locidades altas. A proposta é ampliar
inteligentes. E um mundo novo se dedesse conceito. "Pode não ser hoje,
o potencial, a cobertura e a capacidade
senha nesse cenário", destaca o vicepode não ser amanhã, nem daqui a
das redes 3G. "As redes de terceira
presidente da Lucent Technologies.
cinco anos. Mas ela virá", finaliza o
geração sofreram o impacto da grave
executivo da Lucent do Brasil.
crise econômica, mas elas são ineviO grande desafio dos próximos anos
FRECUENCIA – MARÇO 2004
“A ‘rede das redes’ será
multivendor. Ela não terá lugar
para disputa de fornecedores.
É de fato, o caminho para a
construção de uma aldeia global.”
18
TECNOLOGIA
Um alô ao
EM ENTREVISTA EXCLUSIVA À FRECUENCIA
LATINOAMÉRICA, O VICE-PRESIDENTE SÊNIOR DE
MARKETING DA QUALCOMM, JEFF BELK, DIZ QUE O
TELEFONE ENFRENTA UMA SEGUNDA REVOLUÇÃO.
MUNDO DOS JETSONS
Quais serão os principais paradigmas
na área para os próximos anos?
No mundo wireless, as mudanças são
velozes e surpreendentes. Num curto espaço de tempo, passamos dos terminais
grandes, feios e monocromáticos para os
coloridos, com telas cada vez menores e
com uma eficiência de resolução de última geração, próprias para texto e imagens.
Não quero dizer que a voz deixou de ser
importante na comunicação sem fio. Ao
contrário, ela ainda é a funcionalidade principal, mas, quando estou
com a minha família, utilizo um terminal com câmera. Uso o browser do
aparelho para buscar novas fontes de informações. Incorporei diversos
aplicativos corporativos
que atualizam minha agenda de reuniões. Um
telefone não é mais um simples telefone.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Até bem pouco tempo, o mundo dos Jetsons era um futuro distante da realidade. Hoje, muitos elementos utilizados no
desenho animado já estão acessíveis.
Nessa linha, o que está nos laboratórios
que será realidade em pouco tempo?
20
Não gosto muito de ir além do horizonte, mas, se verificarmos o que ocorre na
Ásia, podemos imaginar o que virá pela
frente. Países como Coréia e Japão usam
serviços de alta velocidade com 1xEVDO.
Já há a oferta de videoclips e trailers de
filmes inteiros em arquivos de som e vídeo
com multimegabytes. Mas quer saber de
uma coisa? Ainda há muito do mundo dos
Jetsons para desembarcar no nosso dia-adia. Sugiro uma visita ao site 3Gtoday.com
(www.3gtoday.com), no qual podemos
capturar imagens, informações e diferentes produtos de 3G. Ao clicar em 1xEVDO e Samsung, vemos um fone que realmente possui áudio "surround" embutido.
Esse terminal até parece um telefone normal, mas tem dois alto-falantes maiores
nas suas extremidades. Quando segura-
mos nisso? Porque tenho seis funcionários diretos na minha diretoria e 100%
deles usam Wi-Fi em suas casas. Eu tenho Wi-Fi na minha. Mas, quando viajamos pelo país, essa conexão Wi-Fi torna-se um problema. Falta abrangência e cobertura para termos um serviço
eficiente. Quanto ao WiMAX, é preciso um pouco de cautela. Há várias
propostas de padrões e de propostas
para a tecnologia dentro do WiMAX
Fórum (www.wimaxforum.com). Algumas
dessas sugestões são
reais, outras estão em
fase de discussão e, outras ainda, estão num futuro muito distante.
“Estamos vivendo uma
quebra importante de
paradigma. O telefone
deixou de ser apenas
um instrumento de voz.”
mos o fone e escutamos um arquivo de
música ou um toque de campainha, é impossível não exclamar: "Uau! como um
som dessa qualidade pode sair de um
aparelho tão pequenininho".
Fala-se muito em WiMAX. Há quem
diga que essa tecnologia pode ser a
saída para as operadoras que não dispõem mais de recursos bilionários
para investir em infra-estruturas. O
senhor também acata esta tese?
O ponto de vista da Qualcomm é que
tecnologias como Wi-Fi e o WiMAX são
complementares à 3G. Por que acredita-
De onde virão as maiores surpresas no mundo
da tecnologia em 2004?
Veremos um crescimento significativo da tecnologia
CDMA2000 1xEVDO. Na Coréia, ela é
realidade. A japonesa KDDI lançou, em
novembro passado, seu sistema que,
hoje, já cobre aproximadamente 70% da
população. A Verizon já adotou a tecnologia em duas cidades (San Diego e
Washington D.C.) e anunciou que irá expandir o uso da tecnologia para todo o
País. Ainda no Japão, em função da NTT
DoCoMo, temos a 3G com tecnologia
UMTS/WCDMA . Resumindo: o ano de
2004 será excelente para, enfim, vermos consolidadas as aplicações direcionadas para a 3G.
REGIONAL
VENEZUELA
Sobrevivência em
tempos de
CRISE
Ainda sob os impactos de uma das maiores crises
política, econômica e social de suas trajetórias, países
como Venezuela e Colômbia buscam forças para
superar a estagnação. Investimentos em telecom são
a arma para estimular a retomada da produtividade.
Víctor Suárez, de Caracas, especialmente para Frecuencia Latinoamérica
O
ano de 2003 é para
ser riscado da memória de países como Venezuela e Colômbia, que
viveram uma das piores crises
política, econômica e social de
suas histórias. No caso da Venezuela, por exemplo, os setores produtivos praticamente
paralisaram diante da crescente insatisfação com a gestão do presidente Hugo Chávez. Greves e conflitos sociais
mobilizaram a sociedade civil.
Cenário tão devastador
serviu para afugentar os investimentos internos e externos.
Nunca se investiu tão pouco
no País como no ano passado
– US$ 270 milhões em infraestrutura. Nos últimos anos,
a média anual ficava em torno de US$ 1 bilhão. Embora
a crise ainda persista, e apesar da recente desvalorização
de 16% na moeda nacional e
de uma projeção de inflação
MERCADO MÓVEL NA VENEZUELA 2003
OPERADORA
ASSINANTES
3.307.000
Telcel
2.454.000
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Movilnet
22
1.100.000
Digitel
Digicel-Infonet
100.000
6.961.000
TOTAL
Fonte: Dados fornecidos pelas empresas
REGIONAL
VENEZUELA
em torno de 35%, o setor
produtivo decidiu apostar em
um 2004 melhor.
"O País tende a uma normalização", anuncia Vicente
Llatas, vice-presidente executivo da Cantv, operadora privatizada em 1991, e detentora da maior infra-estrutura da
Venezuela. Na visão do executivo, é chegada a hora de investir para superar a estagnação. "Todos os setores que vão
expandir sua atuação precisam
de telecomunicações. Isso significa que temos de melhorar
as nossas redes, aumentar a oferta de serviços para atrair esses novos clientes. Até 2008,
vislumbro uma reação positiva
para todos", completa.
O presidente da primeira
empresa móvel do País, a Telcel BellSouth, Enrique García
Viamonte, segue na linha otimista. "Teremos um bom ano
para dados e voz", enfatiza. E
os números comprovam essa
afirmação. Pela primeira vez
em 12 anos de operação, a
Telcel superou em investimentos à CanTV. Em 2003, tirou
do bolso US$ 125 milhões
FISCO PUNE TELCEL BELLSOUTH
A agência reguladora da Venezuela, Conatel, concluiu, em fevereiro, um procedimento
administrativo que impôs à Telcel BellSouth a devolução do equivalente a US$ 36,2
milhões ao fisco nacional por conta de tributos não pagos, multas e juros de mora
correspondentes. Em entrevista exclusiva à Frecuencia Latinoamérica, o presidente da
companhia, Enrique García Viamonte, revela que irá apelar da decisão. A obrigação
fiscal da operadora venezuelana equivale a mais de 15% do custo anual do serviço de
todas as subsidiárias da BellSouth na América Latina.
Quais são as razões para o
procedimento administrativo da
Conatel contra a Telcel BellSouth?
temos a opção de ir à Justiça, ao Supremo
Tribunal para contestar a decisão.
Este é um assunto que vem sendo
discutido há mais de dois anos e meio com a
entidade reguladora. É um problema de
critérios. Relaciona-se à interpretação que
fazemos do tráfego entre redes de
telecomunicações, ou seja, da interconexão.
A nossa visão é uma e a da Conatel é outra.
Fizeram correções em nossos exercícios
fiscais de 2001 e 2002. Agora, a entidade
notificou-nos que a posição foi reafirmada e
há a cobrança dos encargos por juros de
mora e multas, relativas a esse período.
Qual será a opção da operadora?
A Telcel planeja recorrer da decisão?
Vamos apelar da decisão de acordo
com os procedimentos ditados pela Lei.
Teremos uma apelação administrativa
junto ao organismo responsável, o
Ministério da Infra-estrutura. Mas também
Ainda não tomamos uma decisão.
Nossos assessores legais e tributários
estudam as duas possibilidades.
Existem correções fiscais ao exercício
de 2003?
Nenhuma.
Se a Conatel adotou um critério para os
anos de 2001 e 2002, por que não usou
o mesmo procedimento para 2003?
Eles mudaram de critério. No ano
passado, aprovaram um regulamento que
reforça a visão da entidade sobre a
tributação do tráfego entre redes. De 2003
em diante o que existe são interpretações
da lei, coisa que ainda não está 100% clara.
“Vamos apelar da
decisão da Conatel
em todas as instâncias
necessárias. Temos
uma visão diferente
da agência reguladora
e vamos defender
nossos interesses”
Planejamos uma série de aportes na
nossa infra-estrutura, mas posso ressaltar
que a partir deste mês, novas estações
radiobase serão instaladas em todo o País
visando a nossa migração para serviços de
terceira geração; duplicaremos a capacidade
de transmissão da plataforma de serviços prépagos; teremos o lançamento de novos modelos
de terminais com câmaras fotográficas;
apostamos na implementação do serviço Push
to Talk, da Motorola. E para novembro, teremos
a nossa grande aposta: o lançamento nas
principais cidades do País da rede CDMA EV-DO.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Quais são as prioridades da Telcel
BellSouth para este ano?
23
REGIONAL
VENEZUELA
para a expansão de infra-estrutura e serviços. A sua concorrente, por sua vez, arriscou o
menor montante anual de toda
a sua história como empresa
privada – US$ 100 milhões.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
DISPUTA ACIRRADA
24
Se a crise bate à porta,
sobreviver é estratégia principal de qualquer empresa. Assim reagem as três principais
operadoras de comunicações
móveis da Venezuela – Telcel
e Movilnet, com cobertura nacional, e Digitel TIM, com
atuação na região central. A
ordem é apostar no lançamento de novos serviços para incrementar a base de clientes.
Hoje, a telefonia móvel possui cerca de sete milhões de
usuários, o que representa
aproximadamente 29% da
população venezuelana.
Roberto Quattrini, vicepresidente de planejamento de
negócios da Digitel TIM, antecipa que a operadora coloca
suas fichas no lançamento da
sua plataforma de serviços
móveis multimídia (MMS), ainda neste trimestre. A intenção
da operadora é oferecer troca
automática internacional de
MMS com todas as subsidiárias
da Telecom Italia na América
do Sul, Itália, Grécia e Turquia.
"Nosso faturamento com
serviços de valor agregado está
acima da média de todas as
operadoras móveis da América Latina, mesmo com a crise
econômica. E com novos serviços tende a crescer ainda
mais", garante Quattrini. No
ano passado, a operadora aumentou em 20% a sua base
de assinantes.
A Cantv, por sua vez, explora o recurso de telefonia
wireless fixa através das redes da sua associada Movilnet. Em novembro do ano
passado, já havia conseguido
instalar mais de 20 mil linhas
em zonas de difícil acesso e
sem conexão física. E os planos de crescimento não
param. Em janeiro, a carrier
solicitou 55 mil novos terminais ao fabricante Telular,
além de uma quantidade não
revelada à LG Electronics.
Os números da Movilnet,
que difunde o uso de sua
nova rede CDMA 1X sobreposta a sua antiga rede
TDMA, não demonstraram
crescimento significativo nos
últimos dois anos. Para aumentar sua receita, a operadora investe em serviços como
o correio eletrônico móvel e o
envio de mensagens de texto,
nicho no qual é líder com uma
média de oito milhões de
mensagens diárias.
A Telcel BellSouth ri e chora ao mesmo tempo. Na convenção que reuniu suas subsidiárias durante a primeira semana de fevereiro, em Miami,
foi reconhecida pela corporação com o prêmio "El Regreso
del Año", como a operadora
que melhor enfrentou a crise
e apostou na inovação para
sobreviver. Só que o prêmio
não foi suficiente para evitar
situações constrangedoras. A
Conatel notificou a operadora
por falta de pagamento de
obrigações fiscais.
(Leia entrevista exclusiva com o
presidente da Telcel BellSouth,
Enrique García Viamonte,
na página anterior)
COLÔMBIA
DEVAGAR COM O ANDOR
Se nos ambientes político, econômico e social, a
Colômbia enfrenta um duro período de adversidade, na
área de telecomunicações, a competição traz vantagens
para o consumidor. A presença de um novo player
incrementa a disputa. Mas a qualidade dos serviços
prestados ainda é aquém da esperada.
Resultado de uma aliança estratégica entre as
empresas públicas de telecomunicações de Medellín e
Bogotá, a Colômbia Móvel, comercialmente batizada
como OLA, em apenas três meses de operação,
conquistou 27% da preferência dos novos assinantes no
País. Para este semestre, a expectativa é conquistar o
seu primeiro milhão de usuários.
Para atacar tão fortemente o mercado, a OLA lançou
uma agressiva campanha para atrair os consumidores.
Desde setembro, a operadora vem oferecendo preços
inferiores aos do mercado para os primeiros assinantes.
Uma das promoções foi congelar a tarifa de conversação
por um período de três anos.
Diante dessa oferta, num País em crise financeira, a
procura foi intensa e, claro, os problemas pelo excesso de
demanda também. Vários pontos de vendas foram
fechados e faltou terminal para vender. A rede apresentou
congestionamento e falha de sinais.
Diante das inúmeras reclamações, o Congresso
Nacional da Colômbia decidiu, tão logo retorne as suas
atividades, em março, convocar o presidente da operadora,
Mauricio Mesa Londoño, para uma audiência pública. Nela,
o executivo terá de explicar o porquê das falhas no
atendimento e na infra-estrutura do sistema de telefonia.
MERCADO MÓVEL DA COLÔMBIA 2003
OPERADORA
2003
2002
Comcel
3.674.414
3.070.636
BellSouth
2.082.158
1.525.958
429.634
No existía
6.186.206
4.596.594
Colombia Móvil-OLA
TOTAL
Fonte: Ministério das Comunicações da Colômbia
MERCADO
Razão e
Fórmulas em prol de uma melhor
rentabilidade e a discussão em torno
da regulamentação de novos
serviços são as atrações da Telexpo,
evento que acontece de 02 a 05 de
março, em São Paulo.
SENSIBILIDADE
Ana Paula Lobo
S
e não houver nenhuma turbulência no
cenário macroeconômico, a indústria de telecomunicações acredita que
irá, enfim, enfrentar um ano
de bons negócios na América Latina. Uma estrela brilha
em especial: a comunicação
sem fio. Operadoras, provedores de serviços, fabricantes e desenvolvedores apos-
tam na tecnologia wireless
como opção à retomada dos
bons negócios.
Não à toa, o clima de otimismo impera. De acordo
com Lígia Amorim, diretorageral da Advanstar, empresa
organizadora da feira, o
evento deverá gerar aproximadamente R$ 700 milhões
em novos negócios. "Isto representa um crescimento de
FRECUENCIA – MARÇO 2004
ATUALIZAÇÃO
26
A universalização do acesso à
informação, as políticas e tecnologias que
possam aumentar a competitividade,
convergência e modelos de negócios para
a comunicação sem fio são temas que
prometem agitar os debates do Congresso
da Telexpo 2004.
A expectativa dos organizadores é de
que mais de mil profissionais discutam os
assuntos mais importantes ligados à
inovação. O Congresso terá oito fóruns,
com temas como redes convergentes e
banda larga em destaque. Sessões sobre
Wi-Fi, voz sobre IP e portais interativos
também prometem atrair a atenção do
público mais técnico.
"Há uma grande participação de
executivos e gerentes nessas palestras.
É a oportunidade para trocar
conhecimento", destaca o diretor de
Congressos da Telexpo 2004, Luiz Carlos
Moraes Rego.
40% em relação ao ano passado. A participação das empresas ligadas à tecnologia
wireless cresceu 17%. É a
prova que os negócios foram
retomados, pelo menos, nessa linha de atuação", informa a executiva.
Palco de debates políticos
significativos na história do
setor, a Telexpo 2004 servirá
de prova de fogo para o
recém-nomeado ministro das
Comunicações, Eunício de
Oliveira. Apesar de proprietário de uma emissora de rádio, o político – deputado federal pelo PMDB/Ceará – não
tem participação expressiva
junto à indústria.
A expectativa é que Oliveira aproveite o evento para
anunciar suas prioridades e
estratégias à frente do Ministério. Questões polêmicas
prometem acirrar o debate.
Entre elas, as definições das
MERCADO
17
putam com o Brasil um lugar
de destaque na área de tecnologia", reforça a executiva.
O evento terá a participação de 380 expositores,
entre eles, gigantes como Motorola, LG Electronics, Lucent
Technologies, Motorola, Nextel, Nokia, Panasonic, Qualcomm, Samsung e Siemens.
A grande baixa é a ausência
das empresas de telefonia
fixa, que enfrentam um momento de reestruturação e
consolidação.
Em compensação, as operadoras ligadas à telefonia celular prometem continuar a
festa no mercado. Responsáveis pelos melhores resultados de negócios e financeiros, as carriers aproveitam
o evento para atualizar os
seus portfólios de serviços aos
usuários corporativos e ao
consumidor final.
linhas da nova política industrial que o Governo Lula desenha para a sua gestão. Os
terminais celulares são o principal item de exportação nacional e a indústria reivindica uma atenção mais dedicada do Poder Executivo.
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil
ATRAÇÃO
Um dado importante em
relação ao evento deste ano
é o desembarque de empresas interessadas em estreitar parcerias com os mercados brasileiro e latino-americano. Este é o caso da 4RF,
da Nova Zelândia, especializada na oferta de soluções
sem fio e de alta performance para Internet.
Durante a Telexpo, a companhia anunciará seu primeiro
distribuidor no mercado brasileiro, a WNI do Brasil, especialista em soluções e serviços
de rede wireless para empresas de telecomunicações e
concessionárias de serviços
públicos. "A chegada de novos players significa uma
renovação do evento. No total, teremos 40 estreantes. É
importante frisar que são empresas de países como Rússia, Índia e China, que dis-
%
GRITO DE ALERTA
No evento, quem estará sob os holofotes do mercado é
a Agência Nacional de Telecomunicações. Num momento
de reestruturação - o quadro de conselheiros está em
processo de renovação -, o órgão regulador prepara-se para
tomar decisões importantes sobre novos serviços, entre
eles, os ligados às redes Wi-Fi e voz sobre IP.
Também será a oportunidade para que Pedro Ziller,
novo presidente da Agência, demonstre a sua habilidade
para negociar com a indústria e entidades ligadas ao
setor. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica (Abinee) aproveitará a Telexpo 2004 para
solicitar o emprego racional da verba do Fust ( Fundo de
Universalização dos Serviços de Telecomunicações),
retida pelo Poder Executivo.
De acordo com o vice-diretor da área de Telecom da
Abinee, Roberto Lamoglia, o governo deverá ter um cuidado
especial para evitar que os recursos não se percam em
iniciativas sem futuro. Além disso, é imperativo que haja
uma deliberação de incentivo ao desenvolvimento do setor
como um todo. "Não podemos pensar no Fust apenas como
um meio para fomentar o acesso à informação dos órgãos
públicos", observa o dirigente da Abinee.
Para a entidade, o setor ainda precisa entender quais
são os reais objetivos da Anatel com relação ao Serviço de
Comunicações Digitais, eleito uma das prioridades da
gestão de Ziller à frente do órgão regulador. "Num
mercado que é dominado pelas carriers no quesito infraestrutura, fica díficil acreditar que algum provedor se
interesse pelo negócio. Há ainda muitas dúvidas em
relação ao serviço que precisam ser esclarecidas",
complementa Lamoglia.
O Serviço de Comunicação Digital foi criado pelo governo
para expandir o uso da banda larga no País. O projeto tem o
objetivo de, até 2014, levar o
acesso rápido à Internet
para todas as cidades com
mais de 1000 habitantes.
Também é prioridade do
SCD, a oferta dos serviços
de acesso à Internet para as
Pedro Ziller,
escolas, bibliotecas, órgãos
presidente da Anatel
públicos, hospitais e outros.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
A participação
das empresas
ligadas à
tecnologia
wireless cresceu
27
MERCADO
O reinado dos terminais móveis
Os handsets são os astros da Telexpo.
Os fabricantes prometem uma série de
novidades. Fornecedores de soluções
também aproveitam o evento para
apresentar suas novas plataformas.
SIEMENS
Companhia investe em soluções
direcionadas ao mercado corporativo.
Um exemplo é o aparelho telefônico
Gigaset SL1 Professional, o menor
telefone sem fio do mercado (11,4
cm, do tamanho de um celular) e
design diferenciado. O equipamento
é compatível com os sistemas HiPath
Cordless para as plataformas de
comunicação (PABX) HiPath 3000 e HiPath
4000 da Siemens. Na área de terminais móveis, a coleção
Xelibri, criada para acompanhar as coleções de moda, terá
um destaque especial. Já na seção reservada ao futuro das
comunicações, a Siemens mobile demonstrará o U15,
celular de 3G, capaz de fazer videoconferências.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
ZTE
28
Fabricante chinesa aproveitará o
evento para anunciar a instalação
de uma fábrica no Brasil. Entre
os sistemas e produtos em
demonstração se destacam as
soluções para redes em
banda larga; equipamentos
DSLAM (Digital Subscriber
Line Acess Multiplexer) e os
sistemas IN – Intelligent Network, direcionado para as
redes NGNs (Next Generation). Para a área de handsets,
a gigante chinesa fará o lançamento dos seus terminais
que embutem as funcionalidades PTT (Push-to-Talk ),
MMS (Multimedia Services) e GSM1x.
MOTOROLA
Para o consumidor final, a fabricante
demonstrará um portfólio de 30 aparelhos
celulares, sendo que 18 são lançamentos
previstos para este ano. São modelos
nas três tecnologias – GSM, CDMA e
TDMA – e para todos os perfis de
usuário. A empresa lançará ainda
uma linha completa de
acessórios bluetooth,
incluindo fone de ouvido,
viva-voz portátil, kit veicular,
adaptador e o Mobile Phone
Tools, uma ferramenta para sincronizar dados entre
celular e computador – tudo isso sem usar fios.
3COM
Anuncia o lançamento do Switch 7700R. O produto
embute funções de gerenciamento, largura de banda e
redundância para aplicações convergentes de voz, vídeo e
dados, além de identificar e priorizar o tráfego de
informações críticas. Esta linha é voltada a organizações
de grande porte interessadas em otimizar o uso da infraestrutura da rede local (LAN) e de sistemas wireless em
Wide Area Network (WAN), obter convergência,
confiabilidade e segurança de ponta a ponta.
AVAYA
Apresentará duas novidades direcionadas para o mercado de
pequenas e médias empresas. O primeiro produto é o Small
Office Edition, nova versão do IP Office, que atende até 28
usuários. Entre as funcionalidades da solução destacam-se o
firewall para segurança de rede, acesso à Internet,
conectividade wireless e capacidades avançadas de
monitoramento de mensagens. Também será apresentada ao
público, a versão 2.0 do Avaya Communication Manager, que
embute uma nova camada de segurança para os dados
transmitidos através das redes IP.
cidadania
A P L I C A ÇÃO
FRECUENCIA – MARÇO 2004
DIGITAL
30
* Luiz Cláudio Rosa
é vice-presidente de
Desenvolvimento de
Negócios da Lucent Brasil.
UMA RODOVIA EM CONSTRUÇÃO
É essencial que haja uma atuação conjunta da indústria, das operadoras, do governo,
das universidades e da sociedade civil para que a América Latina encontre o melhor
caminho para construir a estrada da inclusão social e digital.
Luiz Cláudio Rosa *
A inclusão digital está relacionada a todas as
necessidades humanas: cidadania, abrangendo
questões relativas à segurança, saúde e educação. Na questão da cidadania, por exemplo,
os processos digitais podem contribuir para aumentar a participação do cidadão na sociedade,
ao possibilitar o acesso à informação aos habitantes das mais longínquas cidades.
Por isso, quando se discute a universalização do acesso à Internet é importante levar em
conta as questões tecnológicas e regionais. As
tecnologias 3G UMTS (W-CDMA), CDMA 2000
1X (transmissão de dados até 153 Kbps) e 1XEVDO (transmissão de dados a 2,4 Mbps) possuem arquiteturas que permitem transmissão de
pacotes IP/ATM para acesso compartilhado fima-fim, capazes de prover serviços em alta velocidade através da banda larga, de forma
econômica, se comparada às tecnologias TDMA
e GSM. Como se sabe, essas últimas são baseadas
na comutação de circuito de rede, que não permitem acesso compartilhado, tornando o custo
mais elevado na hora de prover serviços.
No caso da América Latina, os países em sua
maioria possuem grandes extensões territoriais, onde
as redes de fibra ótica se tornam inadequadas, pelo
custo elevado para cobrir uma grande área com população dispersa. Neste caso, as soluções UMTS (WCDMA) e CDMA na freqüência 450 MHz são a melhor alternativa, pois conseguem cobrir uma área
em um raio de até 60 quilômetros, onde não há
infra-estrutura adequada à última milha.
O CDMA2000 implantado em redes 450MHz,
que até bem pouco tempo eram alocadas apenas
para serviços de telefonia móvel analógica, é a solução ideal para se atingir a democratização da informação. Isto porque, pela abrangência de cobertura, leva-se a Internet para todos cantos do País a
baixo custo de investimento. A redução de custos
para a operadora é de mais de 50%, comparandose a outras tecnologias para inclusão digital.
Por permitir uma cobertura geográfica de 10
a 20 vezes maior que as ERBs nas freqüências
em uso, a operadora utiliza menos torres e ERBs
para transmissão de dados em alta velocidade do
que usaria para executar o mesmo processo no
tradicional sistema de freqüência. Desta forma, a
tecnologia 3G na freqüência 450MHz assegura a
extensão dos serviços de dados e de voz multimídia para uma camada mais ampla da população.
E isso já é realidade em diversos países com
características semelhantes aos países da América Latina, como: Rússia (Delta Telecom e a Moscow Cellular Communications), Romênia (Telemobil) e China (TeleMobile).
A implementação no país da tecnologia CDMA
operando em baixa freqüência ainda depende de
definições dos órgãos reguladores do setor. Mas
estamos trabalhando junto à Anatel e outros reguladores na América Latina, apresentando estudos
e fazendo demonstrativos práticos que comprovam
as vantagens da regulamentação desta freqüência.
A P L I C A ÇÃO
No ranking global Networked Readness Index 2003/2004, divulgado pelo
Fórum Econômico Mundial, o resultado da América Latina é sofrível: a maior
parte da população não tem acesso à Internet e está fora do processo de
globalização. FRECUENCIA LATINOAMÉRICA convidou dois executivos do
setor para discorrerem sobre o papel da tecnologia no combate à exclusão.
COMPETIÇÃO SÓ NÃO BASTA
Mario Baumgarten *
Uma análise desapaixonada do assunto
demonstra que a evolução da 3G ainda depende
da elevação da produtividade dos cidadãos que
a usam. Em última análise, é deste aumento de
produtividade que serão extraídos os recursos
para incrementar todo o projeto.
Em todo o caso, é necessário reconhecer que
os países desenvolvidos vieram se preparando
para absorver as novas tecnologias digitais como
a 3G. Realizaram maciços investimentos em Tecnologia da Informação que, combinados com o
elevado padrão médio de ensino, acabaram por
criar toda uma "cultura digital".
Nos países latino-americanos encontramos um
cenário bastante diverso e menos preparado para a
implantação da 3G. Os investimentos governamentais em Tecnologia da Informação foram relativamente baixos e, no campo da educação, verifica-se
um alarmante índice de analfabetismo funcional.
A este baixo nível de "aculturação digital"
soma-se o fato de que a renda da maioria das
pessoas não assegura o acesso a equipamentos
como computadores e celulares avançados. Assim sendo, tudo indica que os celulares 2G básicos continuarão, por um longo período, a oferecer as melhores oportunidades de investimento
no mercado latino-americano. A maior barreira
para a massificação do serviço móvel de voz, no
entanto, continuará sendo o custo do aparelho
celular e do respectivo serviço.
Atenção especial deve ser dada pelas autoridades
regulatórias ao balanceamento do cenário competitivo, para que a comercialização de produtos e
serviços mais baratos seja compensada com aumento
de volume, ao longo de toda a cadeia produtiva.
Como fica, então, a 3G na América Latina?
Para a parcela mais rica e aculturada da população, a implantação da 3G global (UMTS) não
só é desejável, como também contribui para que
o fosso digital com os países altamente industrializados não se amplie.
Sem aqui pretender discutir as regras para a
definição da implantação da 3G na América Latina, um bom começo certamente seria a observação atenta, pelas autoridades, da instalação
dos sistemas 2,5G (GPRS, EDGE, 1xRTT), que
já suportam muitas das soluções multimídia da
3G global (UMTS).
Em síntese, o mercado latino-americano não
é um mero reflexo daquilo que ocorreu e do que
acontece nos países desenvolvidos. Suas características especiais sugerem que, com o empenho governamental, a sensibilidade regulatória e o apoio da indústria, poderemos criar um
mercado 2G que de outra forma não existiria.
É necessário manter-se um equilíbrio saudável e realista entre os investimentos na massificação da 2G e a sua evolução à 3G global
(UMTS). O maior inimigo neste avanço é certamente a inércia e a aplicação de um receituário
pré-concebido e pouco adequado à realidade da
região. Mãos à obra!
* Mario Baumgarten
é Consultor Geral para
Tecnologias e Estratégias
na Siemens Ltda e
chairman do UMTS Forum
na América Latina.
FRECUENCIA – MARÇO 2004
Há muitos anos, a 3G vem prometendo a revolução das comunicações móveis através
do transporte da informação digital, em grande velocidade, pelas ondas de rádio.
Mas a quantas anda esta promessa? Por quê ela demora tanto para se concretizar?
31
EVENTOS
MARÇO
ABRIL
SETEMBRO
NOVEMBRO
Telexpo
Março 2-5
Expo Center Norte
São Paulo, Brasil
www.telexpo.com.br
Conosur Telecom
Summit
Abril 29- 30
Santiago, Chile
www.ibctelecoms.com.br
Expo Comm Argentina 2004
Setembro
Buenos Aires, Argentina
www.expocomm.com.ar
GSM Americas
www.ibctelecoms.com.br
CTIA
Março 22-24
Atlanta, Georgia
www.ctiashow.com
JUNHO
OUTUBRO
Mobile Messaging
Americas 2004
Junho 2-4
Miami, Florida
www.ibctelecoms.com.br
Futurecom 2004
Outubro 25 -28
Florianópolis, Brasil
www.futurecom.com.br
Alacel Conference
Março 23
Atlanta, Georgia
www.alacel.com
CDMA Americas
www.iir-ny.com
GSM Brazil 2004
Junho 23 - 25
Río de Janeiro, Brazil
ÍNDICE DE ANUNCIANTES
COMPANHIA
PÁGINA
PRÓXIMA EDIÇÃO
WEB
10 Top Ten
FRECUENCIA –– ENERO
MARÇO2004
2004
FRECUENCIA
BRIGHTSTAR
34
Capa 2
WWW.BRIGHTSTARCORP.COM
SIEMENS
Página 5
WWW.SIEMENS.COM
CSG
Página 7
WWW.CSGSYSTEMS.COM
RECELLULAR
Página 9
WWW.RECELLULAR.COM
ACTERNA
Página 17
WWW.ACTERNA.COM
TIMES MICROWAVE
Página 19
WWW.TIMESMICROWAVE.COM
SAMSUNG
Página 21
WWW.SAMSUNG.COM
FRECUENCIAONLINE
Página 25
WWW.FRECUENCIAONLINE.COM
CONOSUR
Página 29
WWW.IBCTELECOM.COM/CONOSUR
INTELSAT
Capa 3
WWW.INTELSAT.COM
ZTE
Capa 4
WWW.ZTE.COM.CN
Frecuencia Latinoamérica destaca
as 10 melhores operadoras
móveis da América Latina. Eleição
contará com a participação de um
conselho editorial e de
especialistas ligados à operação
móvel celular. Entre os critérios
para a definição das TOP TEN
estão os investimentos realizados
em infra-estrutura, inovação de
serviços e estabilidade
econômica.
Wi-Fi
Quais são os passos mais recentes rumo a uma possível
regulamentação única para os serviços baseados na
tecnologia na América Latina.
Terceira geração wireless
Como e quais são os principais passos das operadoras rumo
à evolução da tecnologia. Será a hora de investir em uma
nova infra-estrutura?

Documentos relacionados

Frecuencia Latinoamérica

Frecuencia Latinoamérica Sara Astoul 475 Biltmore Way, Suite 203 - Coral Gables, FL - USA Tel: 305-567-2492 EUA OESTE [email protected] Jordan Sylvester 1715 Mtn. Ridge CT NE - Albuquerque, NM 87112 Tel: 505-480-5109...

Leia mais

Frecuencia Latinoamérica

Frecuencia Latinoamérica ARGENTINA Edgardo Muchnik [email protected] Defensa 649 - 4º “D” - C1065 - Capital Federal Buenos Aires Tel: 15-4182-2565 ÁSIA Ben Sanosi [email protected] interAct Group 10 A...

Leia mais

Latinoamérica Latinoamérica

Latinoamérica Latinoamérica DIRETORA & EDITORA-CHEFE Ana María Yumiseva [email protected] DIRETORA EDITORIAL

Leia mais