sreet de gergelim

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sreet de gergelim
Actualização da Perspectiva de Segurança Alimentar em MOCAMBIQUE
Maio 2012
Condições de ‘stress’ de insegurança alimentar continuam em partes das zonas semi-áridas
Figura 1 Condições mais prováveis de
segurança alimentar, Maio-Junho 2012
Destaques •
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Enquanto se espera pela realização, nos próximos meses, de avaliações de segurança alimentar pós‐colheita a nível nacional, no geral, a segurança alimentar parece estar estável na maior parte do país, incluindo em regiões afectadas pela seca e cheias. Os alimentos estão disponíveis nos mercados e o acesso a estes é actualmente favorável para a maioria das famílias pobres e muito pobres. Os preços nominais dos alimentos permanecem estáveis e, no geral, inferiores aos do ano passado, mas ainda acima da média de cinco anos em alguns locais. Os meses de Abril/Maio geralmente marcam o período em que a variação sazonal dos preços dos alimentos é mínima. A variação mínima dos preços dos alimentos é típica para esta altura do ano e vai durar até Junho/Julho, altura em que os preços deverão começar a aumentar. Condições de ‘stress’ de insegurança alimentar (IPC Fase 2) registam‐se actualmente nos distritos de Machanga, Govuro, Funhalouro, Panda e Chigubo, e deverão permanecer assim durante todo o período do cenário a não ser que medidas para reverter a situação sejam pontualmente tomadas. Depois de Setembro, as condições de ‘stress’ poderão ser sentidas noutros distritos preocupantes onde as famílias podem ser obrigadas a expandir as suas estratégias de sobrevivência para satisfação das suas necessidades alimentares básicas mínimas. Perspectiva da segurança alimentar actualizada até Setembro de 2012 Enquanto se espera pela realização nos próximos meses de avaliações de segurança alimentar pós‐colheita a nível nacional, no geral, a segurança alimentar parece estar estável na maior parte do país, incluindo em regiões afectadas pela seca e cheias deste ano. Os mercados estão suficientemente abastecidos com alimentos do ano passado, bem como alimentos da última colheita. Enquanto se espera pela publicação das estimativas finais, a produção agrícola global deverá permanecer a mesma do ano anterior ou ligeiramente maior. A produção agrícola na região norte foi avaliada como tendo registado um bom desempenho, mas a região sul teve um fraco desempenho. A maior parte da região centro do país registou uma produção agrícola média, enquanto as restantes partes da região registaram uma produção agrícola abaixo da média. A segunda época, que decorre entre Abril e Setembro, depende principalmente da humidade residual e da disponibilidade de sementes. O milho, legumes e tubérculos são as principais culturas cultivadas nesta época. Ao nível nacional, a produção da segunda época é menor quando comparada com a época principal, Fonte: FEWS NET
Figura 2. Condições mais prováveis de
segurança alimentar, Julho-Setembro 2012
Fonte: FEWS NET
Para mais informações sobre a Tabela de Referência do
IPC Segurança Alimentar Aguda, por favor visite:
www.fews.net/FoodInsecurityScale
Este relatório actualiza o relatório da Perspectiva da Segurança Alimentar da FEWS NET de Abril que estimou as condições de segurança alimentar em Moçambique
até ao mês de Setembro de 2012.
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mas a segunda época pode fazer uma contribuição substancial para a renda familiar e na produção de alimentos em algumas zonas. A produção agrícola para a segunda época poderá registar um desempenho razoável. Após vários meses de seca que afectaram negativamente a produção agrícola, a actual situação de segurança alimentar na região sul é satisfatória. A maioria das famílias desta região tem um número adequado de refeições por dia e uma dieta diversificada. No entanto, as famílias pobres nos distritos de Machanga, Govuro, Funhalouro, Panda e Chigubo actualmente enfrentam condições de ‘stress’ de insegurança alimentar (IPC Fase 2) e deverão permanecer assim durante todo período de cenário, a menos que sejam tomadas medidas para determinar o tipo e nível de assistência necessária. O stock de ajuda alimentar do Programa Mundial de Alimentação (PMA) está abaixo das necessidades de assistência para muitas destas famílias vulneráveis. Mercados e Preços Os preços dos alimentos de Março a Abril mantiveram‐se estáveis e têm geralmente baixado de acordo com as tendências sazonais. A disponibilidade sazonal do feijão está um pouco atrasada em relação a do milho a razão pela qual a queda de preços sazonais desta cultura também está atrasada. O milho encontra‐se prontamente disponível e os preços têm baixado ou permanecido inalterados, seguindo a tendência sazonal em todos os mercados monitorados. O amendoim também seguiu a mesma tendência com quedas mensais de preços em todos os mercados, enquanto os preços do arroz permaneceram geralmente inalterados. A crescente disponibilidade das culturas básicas mais acessíveis, incluindo o milho, o arroz, a mandioca e o amendoim, também melhorou o acesso aos alimentos para as famílias pobres e muito pobres nas zonas urbanas e semi‐urbanas que normalmente dependem dos mercados para a aquisição de alimentos. Os alimentos da colheita principal da campanha agrícola 2011/12 ainda estão a abastecer os mercados em muitas partes do país e os preços dos alimentos básicos continuam baixos. Nas zonas deficitárias o fluxo de produtos alimentares tem vindo a seguir os padrões normais. Por exemplo, o milho proveniente do norte está a abastecer os principais centros urbanos locais e partes da região centro enquanto o milho da zona centro do país também abastece os mercados locais e partes do sul, incluindo a cidade de Maputo. Os meses de Abril/Maio geralmente marcam o período em que a variação sazonal dos preços dos alimentos atinge seu mínimo. A variação mínima dos preços dos alimentos é típica para esta altura do ano e vai durar até Junho/Julho, quando espera‐se o começo da subida dos preços. Constatações da Avaliação Rápida de Segurança Alimentar de 5‐15 de Maio de 2012 Com vista a actualizar a Perspectiva de Segurança Alimentar de Abril a Setembro, a FEWS NET levou a cabo mais uma ronda de rápidas avaliações qualitativas de segurança alimentar de 5 a 15 de Maio de 2012. Esta avaliação abrangeu as zonas preocupantes na região centro do país, incluindo os distritos de Caia, Chemba e Machanga na Província de Sofala, Mutarara, Moatize e Changara, na Província de Tete e Tambara em Manica (Figura 3). As zonas visitadas incluem as seguintes zonas de formas de vida: Zona de Formas de Vida do Vale do Zambeze, Zona de Formas de Vida Semi‐árida do Norte do Vale do Zambeze e Zona de Formas de Vida da Bacia do Save. A avaliação consistiu em entrevistas com informadores chaves incluindo autoridades administrativas distritais e locais, autoridades agrícolas, líderes comunitários, agricultores, ONGs baseados nos distritos e agregados familiares, bem como observações de visitas às comunidades. No geral, em todos os distritos visitados as chuvas estiveram abaixo do normal, irregulares e caracterizadas por longos períodos de estiagem que obrigaram os agricultores a efectuar várias sementeiras na sequência de fracasso das culturas de uma forma consecutiva. Em alguns casos, mais do que cinco tentativas foram feitas. Devido a estas condições adversas, as famílias procuraram tirar o máximo proveito das terras disponíveis onde condições favoráveis para desenvolvimento das culturas pudessem existir. Para muitas, isso incluiu sementeiras em zonas baixas, com humidade residual, bem como sementeiras em diversas ilhas existentes nos grandes rios. Esta estratégia minimizou os défices alimentares em várias partes destas zonas e como resultado a maioria das famílias das zonas visitadas têm uma probabilidade de permanecerem em condições de insegurança alimentar mínimas (IPC Fase 1) durante todo o período da Perspectiva (Abril a Setembro). O milho é a cultura que foi mais afectada nas zonas de sequeiro. Outras culturas cultivadas naquelas zonas, incluindo a mexoeira, a mapira e o feijão, comportaram‐se razoavelmente melhor em relação ao milho. A maioria das famílias está actualmente a colher parte das suas culturas de mapira e mexoeira, enquanto outra parte ainda se encontram em campo. Também, a maioria do feijão ainda está a atingir a maturidade mas algum já está sendo colhido. O milho colhido vem principalmente das zonas baixas e ilhas, incluindo famílias que vivem ao longo de grandes rios, tais como o Zambeze. Como Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome
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resultado de várias sementeiras sempre que as chuvas ocorressem durante a época, as culturas podem ser vistas em vários estágios de desenvolvimento. Para preparar para a segunda época a Figura 3. Distritos (excluindo Machanga) cobertos pela avaliação rápida e qualitativa
maioria das famílias está actualmente sobre a segurança alimentar efectuada pela FEWS NET, 5-15 de Maio de 2012.
empenhada em aproveitar no máximo as terras com humidade residual, para o cultivo de culturas principalmente hortícolas e milho. A maioria dos membros das famílias já se transferiu para as ilhas existentes ao longo do rio Zambeze e seus afluentes para se engajar na produção da estação seca e na pesca. As autoridades agrícolas a nível distrital estão engajadas na distribuição maciça de ramas de batata‐doce de ciclo curto a serem plantadas em todos os locais onde condições fracas de precipitação existiram durante a estação principal. A colheita da batata‐doce e a maior parte das culturas da segunda época está prevista para Julho/Agosto. Nas zonas situadas longe dos grandes rios Fonte: FEWS NET
e sem acesso às terras baixas ou sistemas de irrigação, as famílias pobres que não conseguem satisfazer as suas necessidades alimentares básicas durante o período do cenário através de sua própria produção vai depender grandemente dos mercados. Actualmente a maioria das famílias possuem alimentos suficientes para satisfazer as suas necessidades básicas, mas estas reservas alimentares vão durar até Agosto/Setembro. Daí em diante, os mercados locais serão a principal fonte de alimentos para a maioria das famílias pobres. Figura 4. Mapira e a mexoeira recentemente colhidas em Cado, distrito de Chemba (esquerda); venda de milho em Machanga (centro) e
milho recentemente semeado (segunda época) no distrito de Machanga (direita). Fonte: FEWS NET, Maio 2012
De forma a obter dinheiro as famílias pobres envolver‐se‐ão em actividades de auto‐emprego, incluindo a venda de lenha, carvão, madeira e estacas para construção. As famílias ricas empregam pessoas na construção de casas, celeiros, latrinas e curais. Os pobres também vendem capim para a cobertura de casas localmente e ao longo das estradas. Membros de famílias muito pobres e pobres migrarão para terras férteis distantes pertencentes as famílias mais ricas para trabalhar no desmatamento, sementeira, sacha e colheita em troca de dinheiro. Novas oportunidades de auto‐emprego têm surgido nos últimos anos, incluindo corte de madeira e produção de tijolos. No distrito de Moatize a indústria mineral, incluindo a exploração de carvão, está a crescer e proporciona oportunidades de emprego aos membros das famílias locais. Nesta região do país as culturas de rendimento têm um impacto significativo na renda familiar. Na maioria das zonas, para além das culturas alimentares, as famílias tendem a cultivar o algodão e o gergelim. Geralmente, o gergelim, a batata‐doce Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome
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e o algodão são semeados individualmente. Na maioria das zonas visitadas especialmente em Caia e Chemba, as culturas de algodão e gergelim foram observadas nos campos agrícolas, embora os rendimentos poderão também ser afectados por chuvas erráticas. Em todos os distritos visitados, os alimentos silvestres desempenham um papel importante como complemento às culturas alimentares. As zonas visitadas têm uma grande gama de alimentos silvestres, incluindo principalmente nhica (nenúfaro) e malambe (fruta do embondeiro), lírio aquático, massanica, matondo e muitos outros raízes e frutas menos utilizados são comuns na zona. A fim de garantir a disponibilidade de alimentos nos mercados locais nas zonas deficitárias durante o pico da época de escassez a preços relativamente acessíveis, o Governo, através do fundo de desenvolvimento distrital, está a dar crédito financeiro para os comerciantes locais que compram milho das zonas excedentárias para zonas deficitárias. No entanto, em todas as zonas visitadas a maioria dos comerciantes informais já traziam milho das zonas excedentárias para as zonas deficitárias usando seus próprios recursos. A oferta de milho nos mercados locais é actualmente elevado, enquanto a demanda é extremamente baixa. Os preços actuais estão em níveis normais para esta altura do ano Tabela 1.Breve descrição da segurança alimentar a nível do distrito Distrito Descrição da Segurança Alimentar Chemba Condições de insegurança alimentar agudas permanecerão a níveis mínimos durante o período de cenário. Em Mulima, a segurança alimentar é garantida como resultado de uma boa produção da mexoeira, mapira e feijão. Em Chiramba e Chemba sede, as famílias dependerão fortemente da produção da segunda época e pesca. Caia O distrito está bem abastecido por alimentos provenientes da presente campanha agrícola e não se prevê quaisquer condições de insegurança alimentar aguda durante período do cenário. Tambara Devido à cultura da mapira que neste momento está em colheita e em maturação, não se prevê quaisquer condições de insegurança alimentar aguda. Nhacolo foi afectado por chuvas irregulares, mas tem fácil acesso às zonas baixas e ilhas, havendo algum potencial para a produção da segunda época e pesca. Changara A combinação das reservas de alimentos das famílias, venda de animais e alimentos silvestres vai estabilizar o acesso aos alimentos no distrito durante todo o período cenário e depois. Mutarara Em Inhagoma e Charre, as condições de insegurança alimentar aguda serão mínimas durante o período do cenário. Em Doa e Nhamayabuè (sede do distrito), a combinação das reservas alimentares, compras nos mercados locais, disponibilidade de alimentos silvestres e auto‐emprego será suficiente para garantir a segurança alimentar em todo o período do cenário. Moatize Em Zóbue, a produção de milho foi um sucesso com excedentes a serem levados para as zonas deficitárias de Kambulatsisi e Moatize. Em Kambulatsistsi e Moatize, as reservas de alimentos das famílias, as compras nos mercados locais, o auto‐emprego, o emprego nas indústrias de carvão, a produção da segunda época serão suficiente para garantir a segurança alimentar em todo o período do cenário. Machanga O fracasso da produção agrícola foi evidente em todos os locais visitados no distrito. As famílias pobres e muito pobres já reduziram o número de refeições de três para duas e algumas vezes para uma. Nessas zonas, as actuais condições de insegurança alimentar aguda são de “stress (IPC Fase 2). Nos locais visitados, o milho foi amplamente visto em boas condições, mas as condições agroclimáticas durante a estação seca serão cruciais para determinar o sucesso ou o fracasso da segunda época em zonas altas. Os mercados locais estão bem abastecidos com o milho proveniente dos distritos vizinhos, mas o nível de compras pelos residentes locais é ainda muito baixo. Actualização do Cenário de Segurança Alimentar As condições de ‘stress’ de insegurança alimentar (IPC Fase 2) se registam actualmente nos distritos de Machanga, Govuro, Funhalouro, Panda e Chigubo, e poderão permanecer durante todo o período do cenário. Para estas zonas, a falta de resposta através de assistência humanitária em tempo útil poderá resultar na deterioração das condições de insegurança alimentar nas famílias mais pobres. Recomenda‐se fortemente que recursos sejam alocados para evitar agravamento da situação de insegurança alimentar, especialmente para o período entre Outubro de 2012 e Fevereiro/Março de 2013, antes da disponibilidade dos alimentos sazonais da campanha agrícola 2012/13. Presume‐se que condições de segurança alimentar noutras zonas preocupantes permaneçam as mesmas, como indicado no relatório sobre a Projecção das Condições de Segurança Alimentar da FEWS NET publicado em Abril último. Além disso, as condições de ‘stress’ (PC Fase 2) poderão ser sentidas depois de Setembro, altura em que estas famílias serão obrigadas a expandir as suas estratégias de sobrevivência, de forma a satisfazer as suas necessidades alimentares básicas mínimas. Para além da falta de alimentos essenciais e básicos, o acesso muito limitado a água potável pode levar à propagação de Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome
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doenças, incluindo a cólera e diarreia nas zonas preocupantes. Os preços dos alimentos poderão permanecer estáveis durante todo o período do cenário, mas em muitos casos acima da média. O acesso aos alimentos nos mercados por parte das famílias pobres continuará a ser difícil, forçando‐as a intensificar as estratégicas de sobrevivência para a satisfação das suas necessidades alimentares mínimas. Calendário sazonal e de eventos críticos Fonte: FEWS NET
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