Macau Grand Prix

Transcrição

Macau Grand Prix
1999 – Darren Manning bate Jenson Button e
alcança a vitória
2000 – André Couto torna-se o primeiro piloto de
Macau a vencer o Grande Prémio de F3
2001 – Takuma Sato arrasou em Macau
UMA DÉCADA DE DRAMA
PHILIP NEWSOME, HISTORIADOR DO GRANDE PRÉMIO DE MACAU E ESCRITOR, FAZ UMA RETROSPECTIVA
DAS GRANDES MUDANÇAS VIVIDAS NOS ÚLTIMOS ANOS
M
acau tem vivido mudanças extraordinárias
nos últimos dez anos. No dia 20 de
Dezembro de 1999, após a transferência
de poderes da administração portuguesa para a
República Popular da China, o território passou a ser
a Região Administrativa Especial de Macau.
O desenvolvimento intensivo de infra-estruturas,
que tem transformado radicalmente o rosto de
Macau, é talvez o aspecto mais marcante da
evolução do território após a transferência
de poderes, a par de um incrível crescimento
da indústria dos casinos e hotéis, especialmente na
zona de aterros da faixa do CoTai, entre as ilhas da
Taipa e de Coloane.
No meio de todas as grandes transformações
ocorridas ao longo dos anos, o Grande Prémio
de Macau continuou a evoluir e a consolidar a sua
estatura, bem como a reforçar a reputação com
algumas corrridas fora de série e a graduação
de pilotos que, depois do evento da Região
Administrativa Especial e tal como no passado,
2002 – Tristan Gommendy bate Heikki Kovalainen,
a actual estrela de F1, em Macau
acabam por dominar, ao mais alto nível, no mundo
do desporto motorizado.
Macau e o seu mítico circuito da Guia sempre se
orgulharam de ser o teste derradeiro na carreira das
futuras estrelas e lograram manter a sua tradição
de qualidade ao longo dos últimos dez anos. O
inglês Darren Manning dominou completamente
o evento em 1999 e venceu duas mangas do GP,
com uma vantagem de quase meio minuto. Ele foi
o primeiro piloto, desde Ayrton Senna em 1983, a
assegurar a pole na grelha, vencer as duas mangas
e estabelecer um novo recorde de volta mais rápida.
Em segundo lugar ficou um tal Jenson Button, o
recém consagrado detentor do título de campeão
do mundo de Fórmula 1 de 2009.
No início do milénio, foi estabelecido um novo
formato em que a primeira das duas corridas
passou a determinar a composição da grelha da
seguinte que, presentemente, é a finalíssima, com 15
voltas, sem tempos agregados ou dependentes de
outros antecedentes.
Takuma Sato e Narain Karthikeyan, da Carlin
Motorsport, então os favoritos, bateram e ficaram de
fora, logo na primeira corrida, deixando a liderança
para um jovem piloto local – André Couto. Apesar
de ter chegado à bandeira de xadrez enquanto
aguardava atrás do Safety Car, Couto tornou-se no
primeiro piloto residente a vencer o GP depois de
Eddie Carvalho, na primeira edição em 1954.
Se Sato era uma das promessas em 2000, um ano
depois seria o grande favorito. Depois de vencer
o prestigiado campeonato britânico de Fórmula
3, muitos consideravam desnecessário arriscar
uma nova derrota. Mas, lá no fundo, ele sabia que
tinha ainda algumas questões mal resolvidas do
ano anterior. E, na segunda visita a Macau, acabou
por vencer as duas corridas em grande estilo,
tornando-se o primeiro piloto japonês a vencer o
Grande Prémio.
Um ano mais tarde, quando tudo parecia indicar que
a vitória estava destinada ao futuro piloto de Fórmula
1, Keikki Kovalainen, após a liderança de quase todas
2003 – Nicolas Lapierre triunfa no 50.o Grande Prémio 2004 – Alexandre Premat, o terceiro piloto francês a
de Macau
vencer em Macau
56˚ GRANDE PRÉMIO DE MACAU
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2005 – Lucas di Grassi trava o sonho de Robert Kubica 2006 – Mike Conway safou-se dos problemas e
ao vencer em Macau
arrebatou a vitória
as provas de qualificação, ele viu os seus objectivos
saírem gorados com as constantes entradas do Safety
Car acabando por ser ultrapassado pelo francês
Tristan Gommendy.
De qualquer modo, esta corrida foi o aperitivo para
o Grande Prémio de Macau de 2003, a 50.a edição
de um evento em que poucos acreditaram nas
hipóteses de ir além da estreia, no Outono de 1954.
O jubileu de ouro foi um evento inesquecível, com
uma lista de estrelas em pista e outros, em via rápida
de ascenção para a fama. Nelson Piquet Júnior, Nico
Rosberg, ambos filhos de campeões mundiais de
Fórmula 1, lado a lado com Lewis Hamilton, futuro
campeão mundial de Fórmula 1 e o altamente
cotado Robert Kubica, foram alguns pilotos que
alinharam na grelha de partida.
Não foi um início auspicioso para Hamilton, que se
qualificou em décimo oitavo. Contudo, as fortes
características da sua condução e capacidade de
pressionar os adversários trouxeram-no para a quinta
posição, logo na primeira corrida, colocando-o como
um forte pretendente à coroa de louros. Mas, tudo
isso não foi suficiente, depois de uma aproximação
precipitada por um Kubica exuberante, a sua
participação terminou em apenas três voltas.
O australiano James Courtney parecia ter a corrida
garantida quando um furo, na décima volta, permitiu
a Nicolas Lapierre chegar à vitória, a primeira de
um piloto estreante no evento depois de David
Coulthard, em 1991.
2008 – Keisuke Kunimoto supera as expectativas e
conquista um lugar na história do Grande Prémio de
Macau
44
56˚ GRANDE PRÉMIO DE MACAU
Em 2004, Kubica e Hamilton eram já companheiros
de equipa na Manor Motorsport e, apesar de o
primeiro ter conquistado a posição da frente, o
segundo dominou a primeira das duas corridas do
fim-de-semana e fixou um novo recorde de 2min
12,801s. Infelizmente, Hamilton não saiu favorecido
nas contas finais e a colisão, à segunda volta, desta
vez com Rosberg, deitou tudo a perder. Pelo terceiro
ano consecutivo um francês, Alexandre Premat,
veio do nada (oitavo na grelha) e arrancou a vitória,
para a equipa ASM, e a um Kubica desapontado.
Robert Kubica, à terceira tentativa em 2005, poderia
e deveria ter conseguido vencer o GP de Macau –
segundo na grelha, conhecedor do circuito e com
uma tremenda dose de boa sorte, já que, na segunda
corrida, o homem da pole, Loic Duval, arrancou
ainda sobe a luz vermelha e saiu penalizado. No
entanto, a entrada do Safety Car lançou novamente
os dados: o piloto brasileiro Lucas di Grassi lançouse e negou a vitória a um Kubica completamente
frustrado e, mais uma vez, em segundo lugar.
Quase desconhecido, o piloto Sebastian Vettel ficou
em terceiro lugar e, depois de se juntar à equipa de
Fórmula 1 da Scuderia Toro Rosso no ano seguinte,
tornou-se no mais jovem piloto a pontuar em um
Grande Prémio. Em 2008, passou a ser o piloto de
F1 mais novo a conseguir garantir a pole na grelha
– durante a qualificação para o Grande Prémio de
Itália – e, depois de vencer a corrida, também o mais
jovem piloto vitorioso de F1 quase um ano. Vettel
é igualmente o piloto mais jovem com coroas de
louros para duas equipas – Scuderia Toro Rosso e
Red Bull Racing – e, estranhamente, o piloto mais
rápido a ser multado na F1, aos nove segundos da
sua carreira, com uma penalização de mil dólares
por excesso de velocidade na pitlane.
O circuito da Guia tem uma reputação justificada
de ser implacável e inesquecível, o que, de algum
modo, compensa os pilotos com um estilo misto
de condução suave com certa agressividade. E,
esta é a principal razão de tantos pilotos, que aqui
se destacam, continuarem a carreira na senda do
êxito. No entanto, o reverso da medalha também
acontece com pilotos ultragressivos, que tendem
a sair-se mal e sucumbir ao som das sirenes dos
muros, sempre presentes, de Macau. Assim, em
2006, muitos deles, um atrás do outro, alguns por
ambição desmedida outros por falta de sorte, foram
sugados para o meio de um molho de carros e
2007 – Domínio total de Oliver Jarvis com pole, vitória
nas duas corridas e a volta mais rápida
ficaram pelo caminho, deixando terreno livre para o
inglês Mike Conway, 11.o na geral, ficar com a vitória,
que ninguém acreditava ser possível no ínicio da
competição. O americano Richard Antinucci ficou
em segundo, à frente das estrelas em ascensão
Adrian Sutil, Sebastien Buemi e Romain Grosjean, na
terceira, quarta e quinta posição, respectivamente.
A vitória de Ayrton Senna em 1983, no primeiro
Grande Prémio de Macau com os regulamentos
de Fórmula 3, assinalou o início da era moderna
no evento. Juntamente com o triunfo de Michael
Schumacher em 1991, foram acontecimentos
decisivos que marcaram Macau como um lugar
muito especial. Apesar da morte de Senna, no GP
de São Marino, ter chocado o mundo do desporto
automóvel, a participação do seu sobrinho em
Macau, Bruno Senna, criou, sem surpresas, um
enorme interesse local e internacional. O seu
desempenho no GP foi bastante apagado, tendo
batido e saído de competição à sexta volta, na
primeira prova de qualificação. O fim-de-semana
terminou com o domínio completo de Oliver Jarvis
que, tal como o compatriota Darren Manning
sete anos antes, garantiu a pole, vitórias nas duas
corridas e recorde de volta mais rápida.
Finalmente, no ano passado, outro familiar de um
antigo campeão foi alvo das atenções: Jules Bianchi,
o neto de Mauro Bianchi, cuja vitória do GP em
1966, ao volante do mítico Renault Alpine azul de Le
Mans, tal como a de Ayrton Senna, marcou mais um
momento histórico do evento com a presença em
Macau de uma equipa de corridas verdadeiramente
profissional pela primeira vez. A aventura de Jules
Bianchi foi menos profícua, sem ir além do nono
lugar, o que, apesar de tudo, em ano de estreia no
Circuito da Guia, pode ser considerado como um
resultado muito razoável. O vencedor da corrida foi
Keisuke Kunimoto no seu TOM’S.
O homem do décimo lugar, Jaime Alguesuari,
recentemente promovido à Fórmula 1 com a
Scuderia Toro Rosso, é agora o piloto mais jovem
no escalão máximo do desporto automóvel, apenas
com 19 anos e 125 dias, quebrando o recorde
anterior de um dos antigos pilotos favoritos de
Macau, Mike Thackwell, e representa mais um sinal
de que continua bem viva a tradição de o Circuito
da Guia ser palco de futuras estrelas do desporto
automóvel.

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