CARACTERÍSTICAS EXTERIORES DO BOVINO DE

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CARACTERÍSTICAS EXTERIORES DO BOVINO DE
CARACTERÍSTICAS EXTERIORES DO BOVINO DE LEITE:
O tipo ideal pode ser definido como uma norma de perfeição que combina as características físicas
que contribuem para a utilização de um animal para o propósito específico. As diferentes partes
exteriores da vaca leiteira recebem denominações especificas. Para facilitar a avaliação do animal,
considerando-se que o ponto de partida é o tipo ideal, agrupa-se diversas partes em grandes
regiões, as quais são:
- aparência geral;
- temperamento leiteiro;
- capacidade corporal;
- sistema mamário.
Desta forma podemos avaliar as diferentes regiões as quais devem apresentar as seguintes
características:
- o animal leiteiro deve ter a pele solta (flácida);
- o animal leiteiro não deve ter acúmulo de gordura no peito, dorso e anca;
- quando a vaca estiver seca o úbere deve estar pregueado (indica capacidade produtiva).
Deve revelar o aspecto de "feminilidade" da vaca leiteira e as partes que compõem são:
Características da raça que devem ser consideradas:
Cor: dentro dos padrões da raça. Ex.: no caso da vaca holandesa, deve apresentar manchas
brancas e pretas claramente definidas;
Tamanho: atingir o tamanho médio da raça. Ex: vaca holandesa em produção deve pesar
aproximadamente 600 kg de peso vivo (PV);
Chifres: não discriminação por ausência;
Cabeça: bem constituída, proporcional ao corpo, narinas amplas, olhar vivo;
Paletas: Fortemente unidas;
Dorso: Reto e forte, com lombo amplo;
Anca: larga e bem modelada, sem excesso de gordura, quase nivelada, implante da cauda suave e
nivelada com a linha dorsal;
Pernas e cascos: osso plano e forte, de quartela pequena e forte com jarrete modelado,
apresentando curvatura natural, cascos redondos com talão profundo;
Pescoço: largo, descarnado e unido suavemente ao tórax; garganta, papada e peito descarnados;
Cernelha: aguda, costelas bem separadas com osso amplo, plano e profundo formando um
aspecto de "cunha" com o tórax do animal;
Flanco: profundo e refinado, formando um aspecto de "cunha" com o corpo do animal, tendo
como base à cabeça;
Nádegas: bem separadas e descarnadas, deixando espaço suficiente para o úbere e seus
ligamentos;
Capacidade corporal: Relativamente grande em proporção ao tamanho do animal, as partes que
se compõe são:
Costado: forte, largo e profundo, apresentando costelas arqueadas;
Ventre: amplo;
Tórax: grande e profundo, com peito amplo;
Sistema Mamário: úbere fortemente implantado, bem balanceado, de grande capacidade e boa
textura, indicador de alta produção e grande vida útil, as partes que o compõe são:
Úbere: simétrico de longitude, amplitude e profundidade moderada, fortemente aderido,
reduzindo após ordenha; quando a vaca estiver seca o úbere deve estar pregueado;
Quarto dianteiro: de comprimento moderado, amplitude uniforme desde a frente até atrás
e fortemente aderido;
Quarto traseiro: alto, amplo e ligeiramente arredondado, com boa uniformidade desde
cima até a base e fortemente aderida;
Tetas: tamanho uniforme, com aproximadamente 10cm, de longitude e diâmetro mediano,
cilíndricos, bem separados, apresentando um aspecto de "quatro pés de uma mesa de bilhar".
Veias mamárias: grandes, largas, tortuosas e ramificadas.
RAÇAS:
Ayrshire
Taurino britânico, de origem escocesa. Seu primeiro registro no Brasil é de 1930, data da
fundação da Associação dos Criadores de Ayrshire. Até 1983, somava 284 cabeças, sendo que em
1986 apenas três cabeças foram registradas pelo Ministério da Agricultura. É gado de leite, com
produção semelhante ao holandês, o ayrshire é uma raça em plena redução no Brasil.
Gir Leiteiro
Generalidades
A raça gir leiteira originou-se na região de Gir, Península de Kathawar, na Índia. A entrada das
raças zebuínas no Brasil ocorreu em meados do século XVII até a década de 60; é provável que o
gir tenha chegado por volta de 1906. A princípio foram importados animais da região do Rio Nilo,
ao norte da África, em seguida da África Ocidental (Senegal, Guiné e Congo) e, finalmente da
Índia.
No início das importações mais expressivas das raças indianas, destacou-se a atuação do criador
brasileiro Teófilo de Godoy, que tendo feito várias viagens à Índia, entre 1893 e 1906, incentivou
outros criadores.
Características
O gir leiteiro, como define o próprio nome, foi adaptado para maior produção de leite, índole
natural da raça. A produção leiteira da raça é controlada oficialmente assim com genealogias
registradas na ABCZ-Associação Brasileira dos Criadores Zebu; um controle independente
distingue do gir de corte. Todo gir produz leite, mas o leiteiro está em processo contínuo
aperfeiçoamento por várias gerações, com produções aferidas que permitem distinguir os animais
pelo desempenho, não por indicativos subjetivos do que poderá ser ou produzir. O que determina
o valor de um animal, de maneira a prever sua capacidade de melhorar o rebanho, é o
conhecimento do nível de produção de sua linhagem, como bisavós, avós, pais, irmãos e filhos.
Os níveis de produção do gir leiteiro apresentam produtividade mais do que adequada para o
clima brasileiro e condições de criação, existindo variabilidade genética capaz de sustentar um
programa de seleção visando o melhoramento. A percentagem de gordura é alta (em torno de 5%).
A persistência da lactação não é problema nestes rebanhos, com vacas produzindo leite além de
305 dias. Sua produtividade média (3.233 kg) torna possível manter o rebanho com níveis de
suplementação mínima, com possibilidade de ser mantida apenas com manejo em pastagens
melhoradas. No período da estação seca, as vacas não apresentam queda na produção de leite,
desde que atendidas em termos de exigência nutricional mínima para seus níveis de produção. Os
animais são extremamente dóceis, de boa índole e lida fácil, facilitando o esquema de criação
confinada. As vacas gir se adaptam facilmente à ordenha, mesmo aquelas mais velhas, que foram
criadas no sistema de cria ao pé. O bezerro é facilmente criado, com aleitamento artificial usando
mamadeira ou com acesso a um dos peitos durante ou após a ordenha. As vacas gir permitem,
sem restrição, a utilização de ordenharia mecânica. O gir leiteiro expressa seu potencial produtivo
com menos alimento e sofre menos com a restrição alimentar, pois sua exigência, seu índice de
metabolismo e de ingestão de alimentos é mais baixo em relação às raças taurinas, sendo
necessário menor reposição alimentar.
Padrão da raça
O gir leiteiro além de ser extremamente dócil, com aptidões para o leite e carne, caracteriza-se por
apresentar perfil convexo e ultra-convexo, testa proeminente, com chifres laterais freqüentemente
retorcidos, barbela desenvolvida e com pelagens das mais variadas, podendo apresentar pêlos
brancos, vermelhos, amarelos e pretos em combinações muito variadas.
Uso no cruzamento
O gir leiteiro tem sido preferido para cruzamentos com as raças européias especializadas, tais
como a holandesa, jersey e pardo-suiço, sendo utilizada, inclusive, na formação do mestiço leiteiro
brasileiro, reconhecido como raça a girolanda. O gir mocho, bem como os demais mochos, devem
ter sido originados a partir de cruzamentos de animais da raça gir com aqueles da raça mocha
nacional existentes, sobretudo, em Goiás, que por sua vez tem suas origens ligadas aos primeiros
animais taurinos introduzidos no país. Através de um processo de seleção, para as características
produtivas do gir, acabou-se por modelar dois tipos distintos na raça, separando-o no sentido
mais próximo do ideal para o gir carne ou gir leite. O gir não formou variedades diferentes na
raça, mas sim aptidões de produção desiguais. Os criadores de gir leiteiro dão ênfase na seleção
para o leite, enquanto que para o gir de corte está para as características raciais.
Produtividade de leite
O gado gir leiteiro sob controle oficial apresenta produção média de 3.233 kg, índice que está
290% acima da média nacional. As médias das produções de leite de 15.846 lactações controladas
pela ABCZ revelam avanços contínuos. De 1964 a 1977 houve ganho de 69,0%, em 13 anos, com
aumento de 1.148 kg. Em 1988 apresentou aumento de 21 kg em relação a 1977; de 1988 a 1998
houve aumento de 410 kg na média das vacas, com ganho de 14,52%. O aparecimento nos
rebanhos de vacas gir de elevada capacidade leiteira evidencia existência de potencial genético,
chegando a 13.000 kg e produção de 44 kg.
Melhoramento genético
As possibilidades atuais e futuras da pecuária, com base no zebu, são inquestionáveis, dada sua
importância na estrutura genética da população de bovinos e destaque dos rebanhos elite,
havendo interesse de muitos países em utilizar este material genético. Aliado a isto, o
melhoramento genético animal vem se modernizando aceleradamente no Brasil. Na bovinotecnia
vêm sendo implementados diversos programas comerciais com metodologia moderna de avaliação
e de melhoramento genético. É a avaliação genética da funcionalidade, e não a forma do animal,
que determina o preço dos reprodutores, do sêmen e dos embriões. Cada vez mais o mercado
exige qualidade genética, avalizada pela tecnologia moderna e não apenas pela propaganda.
Destaca-se a tecnologia moderna aliada a organização.
Guernsey
Origem: Inglaterra, na ilha de Guernsey, no Canal da Mancha;
Pelagem: amarelo malhado, com combinações variadas;
Aptidão: leiteira, do grupo das manteigueiras; produção no país de origem é de aproximadamente
3000 kg de leite; leite com 4,5 a 5,5% de gordura; peso médio da fêmea adulta é de 400 a 500 kg,
e nos machos, de 700 a 750 kg de peso vivo.
Guzerá
Origem: região central da Índia;
Pelagem: predominante é a fumaça (cinza - prateada);
Aptidão: mista, ou seja, é uma raça de corte com linhagem leiteira; produção media de 2300 kg
de leite; leite com 3,5% de gordura, peso na fêmea adulta é de 500 kg e no macho é de 800 kg.
Holandesa
Generalidades
Pouco se sabe sobre a origem da raça holandesa, ou frieshollands veeslay, ou ainda frísia
holandesa, havendo anotações que vão até o ano 2000 a.C. Alguns afirmam que foi domesticada
há 2.000 anos nas terras planas e pantanosas da Holanda setentrional e da Alemanha. Eram
animais de origem grega, de acordo com ilustrações antigas, o que causa maior dúvida sobre sua
formação. No Brasil não foi estabelecida uma data de introdução da raça. Paulino Cavalcanti
(1935) cita que baseado em dados históricos, referentes à nossa colonização, presume-se que o
gado holandês foi trazido nos anos de 1530 e 1535. Quase todos os touros da atualidade são
originários de três países famosos: da Frísia, Groningen e Holanda.
Características
As holandesas apresentam as seguintes características:
Idade para a primeira cobertura: 16 a 18 meses;
Idade para o primeiro parto: 25 a 27 meses;
Duração da gestação: 261 dias a 293 dias (média de 280 dias);
Intervalo entre partos: 15 a 17 meses.
Padrão da raça
Malhadas de preto-branco ou vermelho branco; ventre e vassoura da cauda branca; barbela e
umbigueira pouco pronunciada, tamanho da vulva discreta, não pregueada animal não preto e
nem totalmente branco. Cabeça bem moldada, altivo, fronte ampla e moderadamente côncava,
chanfro reto, focinho amplo com narinas bem abertas, mandíbulas fortes que exprimem o estilo
imponente e viva e própria da raça. Pescoço longo e delgado que se une suavemente na linha
superior ao ombro refinado e cruz angulosa; vértebras dorsais que se sobressaem e inferiormente
ao largo peito com grande capacidade circulatório e respiratório. Dorso reto, fone e linha lombodorsal levemente ascendente no sentido da cabeça. Garupa comprida, larga e ligeiramente
desnivelada no sentido quadril a ponta da nádega. Coxas retas, delgadas e ligeiramente côncavas,
bem separadas entre si, cedendo amplo lugar para o úbere. Pernas com ossatura limpa, chata e
de movimentos funcionais que terminam empatas de quartelas fortes e cascos bem torneados.
Pele fina e pregueada e pêlo fino e macio.
Cruzamento industrial
Os principais cruzamentos são com a raça gir, formando o girolando, e com o guzerá, formando o
guzolando (ou guzerando), ambos com livro de registro genealógico. Desde 1991, todo o gado
holandês é registrado desde o nascimento. A pecuária de gado holandês para carne, com novilhos
precoces, caminha aceleradamente desde a década de 1970. Já na década de 1980 foi
estabelecido um programa alternativo de cruzamentos com raças especializadas de corte,
destacando-se o charolês, o limousin, o piemontês, o bleu-blanc-belge, e outras, para incrementar
o rendimento de carne, promovendo o surgimento de linhagens de melhor rendimento no abate.
Esta é a grande novidade científica da vinda do milênio, prometida pela Associação Brasileira de
Criadores de Gado Holandês que pode revolucionar a pecuária mundial. "Assim como o holandês
revolucionou a pecuária leiteira, essa alternativa (carne-leite) pode provocar uma segunda
revolução", profetiza.
Produtividade de leite
Existem 961 criadores inscritos no Controle Leiteiro Oficial, que somaram 104.382 animais em
produção no ano de 1998. A média brasileira de produção leiteira foi de 6.622 (305 dias) em 1998
e de 7.290kg na idade adulta (305 dias). Cerca de 84% dos criadores residem em São Paulo,
Paraná e Minas Gerais. A média de Produção de Leite em 1998, foi a seguinte:
Lactações padronizadas em 305 dias e em 2 ordenhas: 6.622 kg;
Lactações padronizadas em 305 dias, 2 ordenhas à idade adulta: 7.290 kg;
Lactações em 2 ordenhas, até 305 dias: 5.962 kg; de 306 a 365 dias: 7.862 kg;
Lactações em 3 ordenhas, até 305 dias: 7.160kg.
Melhoramento genético
Até o inicio de 1980, o Brasil foi considerado o detentor do maior rebanho mundial de HVB
(holandês vermelho branco), mas o efetivo foi decrescendo, ano após ano, por falta de
disponibilidade de reprodutores VB (vermelho branco) com provas genéticas comprovadas e
também pela não aceitação das cobrições de vacas VB por touros PB (preto branco). A abertura
para uso de reprodutores PB sobre vacas VB somente aconteceu por volta de 1984 desde que o
reprodutor fosse portador de gene recessivo para pelagem VB. A FAO, organização da ONU
vinculada ao setor de alimento e agricultura relacionou, na década de 1950, três tipos de gado
holandês, cada uma com seu próprio registro genealógico:
a) Holandês preto e branco (ou vermelho e branco), com cerca de 80% do total;
b) Meuse-Rhine-ljssel (vermelha e branca), com cerca de 18%;
c) "Groningen" (cabeça branca), com cerca de 2%.
Jersey
Generalidades
A raça jersey é originária de uma pequena ilha, de apenas 11.655 hectares, no Canal da Mancha,
entre a Inglaterra e a França (região da Normandia). É denominada "Ilha de Jersey", e pertence ao
Reino da Grã-Bretanha. Em 1763, foram decretadas leis que proibiam a entrada na Ilha de Jersey
de qualquer animal vivo que pudesse transmitir doenças aos seus bovinos.
No Brasil, o jersey foi introduzido em 1896, no Rio Grande do Sul, pelo grande pecuarista e
embaixador J. E de Assis Brasil. Em 1938, foi fundada no Rio de Janeiro a Associação dos
Criadores de Gado Jersey do Brasil (ACGJB), a partir daí tem inicio a expansão da raça.
Características
A raça jersey é uma das mais eficientes e é encontrada nos cinco continentes. Atualmente, é a
segunda raça leiteira criada no mundo, devido às suas características:
Alta precocidade: é possível ter maior lucratividade com as fêmeas, pois são precoces e oferecem
bom lucro pela venda do leite;
Adaptação: alta capacidade de adaptar-se a vários tipos de climas, manejo e condições
geográficas; além de apresentar bom desempenho em instalações comerciais e em programa de
pastoreio;
Prolificidade: boa capacidade de reprodução;
Facilidade de parição (perpetuada geneticamente): aos 26 meses já cria, voltando a emprenharem
em 110 dias;
Longevidade: permanecem mais tempo no plantel;
Tolerância ao calor: escolha lógica para os criadores de raças leiteiras em regiões tropicais;
Conversão alimentar: transforma, de maneira eficiente, rações e a forragem em leite, produzindo
mais por área, por tonelada de forragem; produz mais leite corrigido em gordura, por 100 kg de
peso vivo animal.
Padrão da raça
Vaca boa é boa em qualquer lugar do mundo, não importando a linhagem, e muito menos o país
de origem. O que vale na raça jersey, como em toda raça pura, são as seguintes particularidade:
Cabeça: limpa, bem proporcional, de comprimento moderado;
Pescoço: limpo, moderadamente comprido;
Pés: curtos, compactos e redondos; úbere: largo, alto e amplo ;
Um úbere de boa qualidade é pregueado, macio, de boa textura, e descamado;
Pele: pigmentada.
A jersey possui um temperamento leiteiro bem evidenciado e harmonia total entre as partes de
seu corpo.
Cruzamentos
Segundo a ACGJB o jersey tem sido criado em estado puro há mais tempo que qualquer outra
raça leiteira, e isto lhe dá grande facilidade para transmitir à progênie as boas qualidades da raça.
A facilidade de parição, elevada produção leiteira e mantegueira, fazem da jersey uma raça
eficiente para cruzamentos com raças zebuínas, quando se pretende aumentar a produção de
leite. Na Índia, através de cruzamentos, visando diminuir a idade de parição e aumentar a
produção leiteira das vacas zebuínas, ficou comprovado que touros da raça geram novilhas (jersey
x zebu) que tiveram sua primeira cria aos dois anos de idade, com uma produção media de 12 kg
de leite por dia. Percebeu-se, então, que a raça jersey teve um aproveitamento de 70% dos touros
utilizados em 20,4 milhões de cruzamentos. Resultando em um tipo ideal leiteiro pelas
qualidades, simetria e ligamentos do úbere.
Produtividade de leite
Os bons resultados do manejo da vaca de alta produção requerem ao mesmo tempo ciência e arte.
A ciência se baseia em conhecer e compreender o metabolismo e a fisiologia da vaca; a arte, na
habilidade de fazer uso desse conhecimento para atingir um resultado final desejado. A lactação
da vaca jersey é uma vantagem devido os pequenos intervalos; assim sendo sua alimentação é
feita em menos dias, sem produção e tendo-se um maior número de lactação'na vida útil. O leite
jersey oferece grande quantidade de proteína, comprovando assim sua qualidade. De acordo com
pesquisas, contém em média 20% a mais de cálcio - mineral essencial na dieta humana,
necessário para dentes e ossos fortes - do que outras raças. Contém maior quantidade proteínas,
lactose, vitaminas e minerais, oferecendo um leite completo. Quando consumido na forma fluída,
tem mais consistência e um gosto mais forte. Quanto mais componentes, mais saboroso e
nutritivo ele é, além de indicado para a alimentação de crianças e adultos.
Melhoramento genético
Quando se pensa em melhoramento, deve se ter em mente, ao escolher um reprodutor, que ele
vale pelo que transmite, e não pelo que realmente é fenotipicamente. O melhoramento genético, de
uma maneira geral, é muito auxiliado por testes de progênie. Os criadores de jersey devem buscar
a evolução genética de seus rebanhos, usando para isso a maior parte do seu rebanho (no mínimo
80%), de reprodutores provados. Outro fato é que esses touros dentro de alguns anos devem ser
superiores aos touros atuais, em relação a produtividade e outros aspectos economicamente
importantes, já que o aperfeiçoamento e a seleção da raça vai estar relacionado com à produção e
produtividade leiteira.
Lavínia
Origem: Fazenda Sr. Rubens F. Mello, município de Lavínia - SP; raça mista, formada de 5/8
Pardo Suíço + 3/8 Zebu;
Pelagem: parda - cinzenta, de cor mais clara ao redor do focinho e orelhas;
Aptidão: mista; produção de 3000 kg de leite; leite com 4,0% de gordura; atinge 450 kg de peso
vivo aos 24 meses de idade.
Mantiqueira
Raça nacional, praticamente desaparecida, de alta potencialidade genética e boa produtividade
leiteira. Tem a vantagem de ser uma raça inteiramente adaptada as condições de clima, pastos e
topografia acidentada, especialmente de Minas Gerais, onde se encontra a maioria de seus
exemplares.
Origem: Vale do Paraíba Paulista; no início do século, ocorreram cruzamentos entre touros
holandeses (Turino-Portugal) e vacas comuns da região;
Pelagem: malhada do preto com partes brancas salpicadas de preto;
Aptidão: leiteira; produção média de 1863 kg de leite; leite com 3,4% de gordura, equivalente 76,6
kg, com lactação média de 232 dias, porte inferior ao da raça holandesa; raça de grande
adaptação ao regime de campo.
Pardo Suíço
Generalidades
É uma raça pura e milenar, uma das mais antigas, com registros datados de 80 a.C. Documentos
comprovam que há mais de 1000 anos atrás existia criação de braunvieh no convento de
Einsedein, no cantão de Schwyz, na Suíça.
Essa criação de braunvieh (pardo-suíço corte) é uma das mais antigas, com registros de dados de
performance nos últimos 850 anos. No Brasil em meados de 1900 foram feitas as primeiras
importações da Suíça; esses animais foram para o Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Para
atender novas exigências do mercado, houve um redirecionamento de muitos criadores, visando o
melhoramento genético.
Características
O pardo-suíço se adaptou muito bem às diferentes regiões brasileiras, devido às suas
características: alta conversão alimentar; alta fertilidade de machos e fêmeas; precocidade sexual:
as novilhas entram no cio aos 332 dias; rusticidade: tolerância ao frio e calor; camada de gordura
na quantidade certa, sem excessos; produção leiteira: mais de 2.500 quilos de leite em 200 dias;
habilidade materna; viabilidade econômica em confinamento. Todas essas características
produtivas e sua rusticidade permitiram que a raça se espalhasse pelo mundo todo, estando
presente em mais de 60 países, do Círculo Ártico aos trópicos, totalizando 11 milhões de
exemplares puros e cruzados em todo o mundo, com 42 Associações de registro de gado puro.
O parto é um acontecimento cercado de expectativa, pois a fêmea traz todo o potencial de um
acasalamento meses antes de sua gestação. A confiança é de 99% com parto de curso normal
para o criador. O pardo-suíço de corte produz uma carne macia, bem marmoreada, com pouca
gordura externa.
Padrão da raça
Diferentes fatores como a qualidade do solo, variações climáticas, topografia montanhosa e pastos
entre 700 e 2.000 metros acima do nível do mar, tornaram o Pardo-Suíço robusto e autosuficiente, um verdadeiro produto da terra. São pontos fortes da raça, além de suas principais
características: boa pigmentação; pelo curto, que é capaz de crescer ou se manter de acordo com
o clima; cascos: pretos e fortes; bons aprumos; pêlos de cor parda, variando do muito claro para o
muito escuro.
Cruzamentos
O pardo-suíço é uma das raças mais antigas e puras de dupla aptidão. Tem elevada performance
para produção de leite e carne e imprime em sua progênie logo no primeiro cruzamento e em
gerações posteriores, também suas características fenotípicas e produtivas. Fazendo o
cruzamento com raças zebuínas - nelore ou guzerá - obtém-se alta taxa de heterose ou vigor
híbrido, fenômeno que se verifica no produto de animais sem parentesco algum. No Brasil, o uso
do pardo-suíço para cruzamento industrial foi a solução encontrada, por muitos criadores, para
aumentar a produção eficiente de carne. Em um programa de cruzamento, os critérios de descarte
devem ser: fertilidade, idade, qualidade de produção, estado geral, defeitos adquiridos, etc. É
importante que o produtor conheça a raça que vai utilizar em cruzamento, pois não são todas que
têm boa eficiência para cria, algumas só se prestando para cruzamentos terminais, com abate de
machos e fêmeas. O macho cruzado suíço-corte tem bom ganho de peso e rendimento de carcaça,
e sua carne é marmoreada e macia. A fêmea meio sangue suíça é dócil e tem excelente habilidade
materna, além de ser fértil e precoce sexualmente.
Ganho de peso
O Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte da Embrapa, em Campo Grande (MS), é
importante para os criadores de pardo-suíço, pois com a promoção de provas e experimentos tem
auxiliado no desenvolvimento dó um manejo adequado e na divulgação das linhagens do pardosuíço com aptidão para carne. Na Primeira Prova de Ganho de Peso de Pardo-Suíço Corte, em
1998, o melhor animal obteve ganho de peso médio acima de 1500 gramas por dia. A primeira
fase da prova durou 52 dias: foi o período de adaptação com o objetivo de minimizar os efeitos de
ambiente representado pelas diferenças na alimentação ministradas pelas propriedades. A prova
teve seu inicio na segunda fase, com duração de 112 dias, e os animais eram pesados a cada 28
dias. A ração fornecida para o lote era feno de brachiaria decumbens misturado com concentrado.
A Prova de Peso evidenciou as características dos animais: ótima musculosidade, com grande
ganho de peso e excelente rendimento de carcaça.
Melhoramento genético
No ano de 2000 foi apresentado durante a Exposição Nacional de Pardo-Suíço de Corte no mês de
abril, um trabalho organizado pelos professores da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de
Alimentos da Universidade de São Paulo, campos Pirassununga, para DEPs (Diferenças
Esperadas na Progênie) de reprodutores da raça. Esse trabalho foi o começo do programa para o
melhoramento genético do pardo-suíço corte.
O Brasil possui hoje um dos melhores bancos genéticos de todo o mundo, com um plantel de 14
pecuaristas, proprietários de 1300 fêmeas puras e 3000 cruzadas inscritos no programa da USP.
Pitangueiras
Generalidades
O Brasil durante a Segunda Guerra Mundial, sofreu uma acentuada falta de leite fresco, e as
importações eram difíceis; visando atenuar essa situação, os dirigentes do Grupo Anglo uma das
maiores companhias internacionais, programaram a formação de uma raça tauríndica. Usaram
como base a raça britânica red poll, mista e tida como rústica, e a guzerá, trazida da Índia, tendo
em vista a produção de leite. Touros red poll foram cruzados com vacas guzerás, dando produtos
de meio-sangue. Novilhas 1/2 sangue foram padreadas por touros guzerás, dando os 3/4 guzerás
e 1/4 red poll. As fêmeas da segunda geração foram fecundadas por reprodutores red poll,
originando mestiços com 5/8 da raça taurina e 3/8 de sangue zebuíno, que receberam a
denominação de pitangueiras. O nome da raça foi tomado da região de origem, conforme a
tradição nos meios pecuários: o município de Pitangueiras, interior do estado de São Paulo.
Características
O animal pitangueiras típico é de pelagem vermelha, uniforme, com pequenas variações de
tonalidade, podendo ir do vermelho escuro ao caju e vermelho claro. Tem como característica
principal o fato de ser geneticamente mocho, isto é, nasce e se mantém sem chifres; não é,
portanto, animal descornado ou mochado, embora mesmo nos rebanhos puros possa surgir
exemplares com chifres rudimentares ou normais, eventualmente. A conformação pode variar um
pouco, mas normalmente o pitangueiras apresenta aspecto às raças mistas, com predominância
da função leiteira. Em alguns rebanhos o tipo leiteiro é mais acentuado, enquanto em outros, os
criadores estão selecionando para a produção carne, colocando o leite em segundo plano. Mas a
tendência é para a fixação de uma raça leiteira tropical, de produção média, sem grandes
pretensões. É o tipo de gado leiteiro para regime de campo. Dada a sua rusticidade, apresenta
certa resistência contra várias moléstias, sendo imunizado contra outras através de vacinas.
Como raça de dupla aptidão, apresenta muito bom desempenho no confinamento, demonstrando
sua habilidade na conversão de alimentos. Outra característica é a mansidão dos touros e vacas
(submetem-se perfeitamente ao regime de ordenha mecânica). Essas qualidades conferem ao
pitangueiras condições para a sua expansão em qualquer região do país.
Padrão da raça
A Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Pitangueiras estabeleceu o seguinte como padrão
da raça:
Estatura: média, touros adultos com cerca de 1,50 m de altura; pelos curtos, lisos, finos,
brilhantes; cor uniforme vermelha variando do vermelho claro ao caju; temperamento dócil;
cabeça leve, de perfil retilíneo; fronte larga, ligeiramente achatada, focinho largo com mucosa
cremosa ou escura; tronco musculoso, cilíndrico, de comprimento médio; costelas arqueadas,
bem afastadas, dorso e lombo largo, horizontal; tórax amplo e profundo, ventre bem desenvolvido;
garupa larga, longa, horizontal, sacro pouco saliente; bom afastamento entre os ísquios; cauda
bem inserida, longa, achatada na base; vassoura bem recoberta pelos membros de comprimento
médio bem afastados, bons aprumos; paletas inseridas, com boa cobertura muscular; quarto
posterior bem coberto de músculos; jarretes fortes, mas não grosseiros; cascos de tamanho médio,
bem conformados.
Cruzamentos
O rebanho é estimado em 70 mil cabeças, quase todos puros, que vem crescendo rapidamente
pela multiplicação natural do gado puro e através de cruzamentos, de touros pitangueiras com
vacas de quaisquer outras raças ou grau de sangue. Em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, o
gado se adaptou perfeitamente e vem sendo objeto de seleção no plantel puro e na utilização de
touros para a padreação ou inseminação de matrizes da raça nelore, com excelentes resultados no
tocante ao desenvolvimento ponderal e características econômicas como produtor de carne. Os
criadores que visam a produção de carne fazem a seleção com o intuito de aumentar o peso do
gado, usando touros de maior precocidade e bom desenvolvimento ponderal. O rendimento no
corte é elevado, com carne de boa qualidade, sendo tenra e bem marmorizada, idêntica a de
outros cruzamentos industriais em voga. Nas explorações leiteiras, são usados reprodutores
pitangueiras na cobertura de vacas mestiças de gado holandês e, principalmente, com fêmeas
girolandas e guzolandas, com evidente elevação da produtividade, como resultado de maior
heterose, em virtude da participação de três ou quatro raças, constituindo quase um novo tipo de
composto.
Ganho de peso e produtividade de leite
Nas Provas de Ganho de Peso, em Sertãozinho (SP), durante vários anos, os pitangueiras deram
em média 1.110g de peso diário, posicionando-se bem no confronto com o gado de corte taurino e
zebuíno. Como gado leiteiro, a raça está bem colocada, produzindo leite em regime de campo, que
é o mais comum e econômico. A produção média diária, nos grandes rebanhos, é de 9 kg na
estação seca e 11 a 12 no período das águas. As boas produtoras dão 4.000 a 5.000 kg por
lactação em 300 dias. As vacas continuam a lactação mesmo depois de apartados os bezerros,
diferentemente do que acontece com as fêmeas das raças zebuínas, que suspendem a lactação
quando morre o bezerro ou delas são separados definitivamente (desmame).
Melhoramento genético
Fundado em 1990, o primeiro Núcleo de Criadores de Pitangueiras (NCP), com sede em Recife
(PE), possui hoje um banco de sêmen com mais de quatro mil doses de 20 touros melhoradores; o
NCP permite aos associados adquirir animais de alto valor genético e, mediante um cronograma,
passam a fazer coberturas nas fazendas, garantindo com isso, aos criadores, o mínimo de
investimento e fácil acesso a um rápido e eficiente melhoramento genético de seus rebanhos. O
melhoramento da raça tende a se intensificar através da inseminação artificial e, sobretudo pela
transferência de embriões, já em prática em vários plantéis.
Simental
Generalidades
Com origem na Suíça onde era utilizada para produção de leite, carne e tração, a raça pura
simental foi criada, selecionada e disseminada pelo mundo, sendo considerada uma das mais bem
distribuídas do planeta. No Brasil, chegou há mais de 80 anos e de lá para cá tem se espalhado
por todas as regiões com uma seleção genética cada vez mais apurada. Estima-se que o rebanho
brasileiro de simental puro e mestiço tenha cerca de 400.000 animais, incluindo o rebanho não
registrado.
Características
Está em primeiro lugar entre as raças européias, na produção de sêmen congelado, coleta e
transferência de embriões, com opção para cruzamento industrial. A vaca pura simental tem sua
primeira parição antes de completar dois anos de vida, com crias pesando em média 38kg para
fêmeas, e 43 kg para machos, sem problemas de parto. O ganho de peso diário fica acima de
1.000 g, e as vacas possuem habilidade materna fantástica, desmamando suas crias por volta do
7º mês de vida, com a média de 250 kg a 300 kg de peso; coincidindo, assim, com início da
puberdade. A idade média para cobertura de fêmeas é a partir do 14º mês, quando estarão
pesando cerca de 400 kg. Os machos têm o mesmo comportamento quanto a precocidade, no que
tange a parte reprodutiva, podendo ser utilizados para cobertura a campo antes do 18º mês de
vida, com mais de trinta matrizes e, para monta controlada, pode-se até antecipar esta idade.
São animais rústicos que podem ser criados a pasto desde o nascimento. A raça vem conseguindo
cada vez mais adeptos entre invernistas e confinadores, graças a sua precocidade, adaptabilidade
e qualidades, dupla aptidão e forte penetração internacional quando cruzado com rebanhos
nacionais. Conforme as condições ambientais, manejo e objetivos de cada criação, os criadores
encontram linhagens diferentes dentro da riqueza de variabilidade genética que forma o simental
mundial, e lhes oferece genes que poderão incrementar o potencial genético de seus animais para
produção leiteira e de carne. As diversas linhas de seleção que cada país assume são em
decorrência do que o mercado local exige deles. Em determinados locais, onde o animal é 30%
carne e 70% leite, certas linhagens são mais utilizadas que em outros onde o mercado exige 70%
carne e 30% leite, ou até 80% carne e 20% leite, como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.
O simental brasileiro apresenta características sui generis, que suporta nossa adversidade
climática. Trata-se de um gado que possui uma herança muito forte de adaptação às condições
tropicais com boa conversão alimentar em pastos pouco favorecidos em valores nutritivos.
No mercado vem se mantendo como uma boa opção para quem deseja resultado a custos baixos.
Padrão da raça
No Brasil, as primeiras importações do simental apresentavam a pelagem tapada de amarelo, com
áreas brancas maiores e extremidades na cabeça totalmente branca; isso descrito segundo o
escritor e pesquisador Fernando Antonio Nunes Carvalho, uni apaixonado pela raça. O simental
de pura raça é de temperamento dócil, sua pelagem é branca ou ligeiramente creme com grandes
manchas amarelas ou vermelhas, ou uma só grande mancha, que varia do amarelo trigo ao
vermelho castanho. A cabeça, parte inferior do corpo, dos membros e ponta de calda é branca.
Cruzamentos
O cruzamento industrial é a grande arma que o pecuarista tem para aumentar sua eficiência
reprodutiva. O simental merece ser observado com bastante atenção, pois vem apresentando
resultados excelentes, não só como raça pura, mas também nos mais variados níveis de
cruzamento que é, sem dúvida alguma, a grande saída para a pecuária nacional. Do cruzamento
entre as melhores linhagens da raça simental surgiu o simbrasil - uma raça sintética de
características muito apreciadas, especialmente para a produção leiteira. O zebu é o grande
responsável pelo sucesso do cruzamento da raça simental, caso contrario não teria base, sem
motivos, para existir em regime extensivo no Brasil. Através da absorção genética por meio de
cruzamentos com gado zebuíno, contribuiu para a formação de animais com maior resistência ao
clima tropical. Destaca-se também a utilidade do cruzamento do simental, com vacas girolandas,
visando o aumento na produção leiteira.
Ganho de peso e produtividade leiteira
As vacas podem ter uma produção com média de 20 kg/dia; concursos leiteiros realizados no
Brasil revelam que a raça registra em media 25 e 30 kg/leite/vaca/dia. A aptidão do simental
mostra uma grande predominância do leite (50%), sobre a carne (25%) e uso no trabalho (25%).
Para se ter uma idéia uma vaca de 42 meses, ½ simental - ½ nelore conta em sua vida produtiva
com duas crias e mais seu peso, de aproximadamente 1.000 kg; é uma máquina de produzir
carne. Para a pecuária de corte o ganho de peso diário médio pode chegar a 1.052 kg.
Melhoramento genético
A seleção, que no caso seria a escolha dos "melhores" para os atributos desejados e préestabelecidos pelo criador, deve ser feita para que os animais escolhidos tenham o maior número
possível de filhos, garantindo desta forma que o rebanho tenha genes desejáveis na população.
Este efeito genético aditivo pode representar um ganho em até 25% de diferença em favor da
progênie dos animais positivos, sendo 12% de ganho conseguindo seguramente. O cruzamento
visa potencializar os efeitos aditivos e não aditivos dos genes da heterose, tendo como principais
características: fertilidade; percentual de desmama; habilidade materna e precocidade para o
abate. O cruzamento e a seleção são dois métodos básicos usados pelos criadores que juntos
podem aumentar em mais de 25% a produtividade da pecuária brasileira.
MANEJO REPRODUTIVO
Sistemas de Cobertura
Existem dois sistemas: o natural e o artificial. O sistema de cobertura natural apresenta duas
modalidades: uma a campo e a outra controlada. A cobertura natural a campo é a mais empírica
que existe, pois o touro fica a vontade com as vacas, ocorrendo excessivas coberturas em uma
mesma fêmea e muitas delas em momentos inadequados. Neste caso, a relação touro x vaca é de
1:25. A cobertura natural controlada é um sistema mais eficiente que o anterior, pois o touro
fica num piquete separado das vacas e a fêmea no cio é levada ao reprodutor para a cobertura. O
touro não executa grande número de coberturas em uma mesma fêmea, efetuando as coberturas
em momento adequado, permitindo manter-se no sistema uma relação touro x vaca de 1:50.
Neste sistema fica mais fácil controlar a fertilidade dos touros, além de se conhecer a paternidade
da progênie. O sistema de cobertura artificial refere-se à inseminação artificial. Neste método,
ocorre a interferência do homem na reprodução, não ocorrendo a cobertura, e sim a introdução do
sêmen no aparelho reprodutor de fêmea, com a ajuda de instrumentos e técnicas adequadas, em
condições de fecundá-la. A técnica utilizada em bovinos é a retro-cervical profunda. Quando o
homem deve fazer a inseminação? Quando a vaca estiver no 1/3 final do cio. A idade zootécnica
para a inseminação é de 16 meses, sobrepondo-se a idade o "score corporal", que é a condição
corporal de peso vivo, este deve ser ideal quando a vaca pesar 375 kg de P.V. (peso vivo). Serve
também para a cobertura natural controlada. Neste momento, aumenta a probabilidade de
concepção. Por isso é fundamental que ocorra a detecção do cio. Os sintomas de cio são
modificações psicossomáticas na vaca.
Sintomas de cio
A vaca vai apresentar monta e deixa-se montar pelas companheiras; fica inquieta; apresenta
micção freqüente; apresenta a vulva tumefeita e congestionada; apresenta corrimento vaginal
cristalino. Quando este mesmo corrimento apresenta-se turvo ou purulento, pode caracterizar
problemas de infecção, devendo intervir com tratamento adequado, prescrito por veterinário; a
vaca aceita espontaneamente o macho. Aproximadamente 50% das vacas apresentam um cio na
parte da manhã. É necessário observar o cio pelo menos duas vezes ao dia.
Nem sempre a fêmea apresenta o cio com todas as sintomatologias, tendo o cio silencioso; neste
caso, a vaca apresenta corrimento que se adere à cauda. O ciclo estral dos bovinos é de 21 dias,
tendo o cio duração de 14 a 18 horas; a ovulação ocorre 12 a 14 horas após o término do cio,
ficando o momento adequado para a cobertura no 1/3 final do cio (12 horas). O espermatozóide
tem capacidade fecundante de no máximo 24 horas.
Ocorrendo o cio pela manhã, faz-se a cobertura na parte da tarde e vice-versa. O cio dos Taurinos
é mais longo do que o cio dos Zebuínos, por isso, quando se faz cobertura natural controlada,
coloca-se a fêmea zebu com o macho no período da manifestação do cio e reforça a cobertura no
período posterior (se a vaca zebu manifesta o cio pela manhã, coloca com o macho pela manhã e
novamente à tarde).
O rufião é um touro vasectomizado, utilizado para marcar as vacas no cio ele permanece junto
com as vacas o tempo inteiro. O animal é provido de um "busal marcador" que risca a anca das
vacas montadas. Este sistema de detecção é mais fácil de trabalhar, mas ocorre a penetração na
vaca, podendo ocorrer transmissão de doenças. No caso do animal de elite, o rufião é submetido a
um desvio de pênis.
Avaliação Reprodutiva do Touro
Na pecuária bovina, o macho é acasalado com um grande número de fêmeas. Por isto, o uso de
touros de baixa fertilidade, inférteis ou de qualidade genética inferior, pode acarretar sérios
prejuízos aos criadores, levando a um maior intervalo entre partos das vacas e ou produção de
filhos de baixa qualidade. A substituição de reprodutores, de um modo geral, tem por objetivo:
evitar consangüinidade; melhorar a qualidade genética do rebanho; melhorar a eficiência
reprodutiva do rebanho; fins comerciais (lucros). Antes da aquisição de um reprodutor deve-se
definir a raça e o grau de sangue, em função da qualidade ou tendência racional do rebanho
existente e da finalidade a que se propõe. É importante considerar, também, a região e condições
de manejo da propriedade. Muitos criadores são ludibriados na compra de um reprodutor, ao
confiar na afirmativa do vendedor de que se trata de um animal provado. A prova de um
reprodutor se faz através do "teste de Progênie" (única forma de garantir a qualidade genética do
reprodutor), porém, o Brasil é carente em provas de teste de progênie. Assim sendo, na
impossibilidade deste resultado deve-se levar em consideração uma avaliação do reprodutor, com
relação aos seguintes aspectos: condição corporal; fertilidade; sanidade.
Condição corporal:
É o aspecto do reprodutor e é muito importante, principalmente se há necessidade de seu uso
imediato, uma vez que o animal magro ou fraco pode apresentar uma baixa produção e ou
qualidade dos espermatozóides. A compra de um reprodutor é quase sempre efetuada em função
do tipo do animal (aspecto externo), sem nenhuma informação complementar capaz de auxiliar na
sua avaliação. Este procedimento conduz a erros. Tem-se conhecimento de reprodutores usados
com finalidade leiteira, de extrema beleza nas características externas (altura, peso e
conformação), cujas filhas se caracterizam por baixa produção de leite e peso elevado (situação
comum na aquisição de touros Gir para obtenção de mestiços leiteiros). É muito importante
analisar também a coordenação Motora do animal. A caminhada em piso de grama ou cimento
permite observar se o animal apresenta defeitos de aprumo e incoordenação dos movimentos
(andar cambaleando ou manqueira). Touros com problemas de casco, membros, articulações e ou
coluna podem apresentar dificuldades para montar na fêmea.
Fertilidade
Comportamento sexual: o reprodutor colocado junto a uma fêmea em cio permite as seguintes
observações:
Desejo sexual (libido): o desejo sexual é avaliado pelo tempo que o animal demora a se exercitar e
saltar. O salto deve ser imediato ou em até 20 minutos. E importante saber que os machos da
raça zebuína são por natureza mais vagarosos ou lentos. Cansaço ou esgotamento devido ao
manejo incorreto pode acontecer.
Ereção e exposição do pênis: comprometida por aderência, processos inflamatórios dolorosos ou
verrugas (papilomas) na glande ou corpo do pênis.
Introdução do pênis na vagina: em casos de fraturas, paralisia ou abscesso do pênis, os animais
montam, mas não conseguem introduzir o pênis na vagina da vaca.
É interessante ressaltar que o comportamento sexual; deve ser observado a uma distância regular
do animal, pois, se o observador estiver muito perto, a sua presença poderá inibir o touro. Por
outro lado, se o observador estiver muito longe, pode-se comprometer a observação.
Obs.: Capacidade coeundi: é a capacidade de efetuar montas sem problemas físicos.
Defeitos nos órgãos genitais:
Prepúcio: pus junto ao pênis de abertura pode indicar presença de infecção; crescimento anormal
dos tecidos junto ao orifício de entrada chamado de acrobustite (umbigueira). Nesses casos não é
indicada a compra, por necessitar de tratamento específico e longo tempo de recuperação.
Bolsa escrotal e testículos: na bolsa escrotal estão localizados os testículos. Sua pele não deve
apresentar ferimentos, queimaduras ou vermelhidão, que podem ser indicativos de inflamação ou
abscesso. Os testículos são responsáveis pela produção de espermatozóides, sendo por isto, de
fundamental importância no processo produtivo. Os dois testículos devem ter pouca ou nenhuma
variação de tamanho. Um testículo pode estar localizado um pouquinho mais alto que o outro ou
ligeiramente inclinado para trás. O animal deve demonstrar sinal de dor quando se aperta
ligeiramente está região. Algumas anormalidades podem ocorrer com os testículos, sendo
perfeitamente percebidas, e as mais importantes são a falta de um ou ambos testículos, na bolsa
escrotal, contra indicação a aquisição do animal. Mobilidade dos testículos: os testículos são
normalmente móveis dentro da bolsa escrotal, podendo-se através de pressão, fazer subir um de
cada vez sem maiores dificuldades. Em caso de aderência ou inflamações, esta mobilidade deixa
de existir ou diminui, afetando o mecanismo termorregulador dos testículos e, conseqüentemente,
a produção e a qualidade dos espermatozóides. Com relação à consistência deve ser firme, ou
seja, não são duros nem moles (duro = calcificado, atrofia, fibrosos; mole = degeneração
testicular). O tamanho dos testículos é importante por estar relacionado com a concentração e
normalidade dos espermatozóides. A diminuição do peso e volume pode ocorrer em um ou ambos
os testículos. Este detalhe tem grande importância em bovinos devido a sua possível origem
genética poderá ocorrer Hipoplasia Testicular, é quando sempre um testículo for menor que o
outro (origem genética), e ou Atrofia Testicular, quando o testículo normal diminui de tamanho
(adquirido). O importante é saber que em ambos os casos a compra é desaconselhável. Ainda em
relação ao tamanho dos testículos, é bom saber que ambos os testículos podem ter o mesmo
tamanho, embora menores que o tamanho normal. Em touros acima de 30 meses de idade a
medida do diâmetro da bolsa escrotal não deve ser inferior a 30 cm.
Qualidade do sêmen (espermograma): os testículos são muito mais sensíveis às alterações
metabólicas (hormonais, bioquímicas, etc.) e do ambiente (frio, calor, etc.), que afetam bastante a
produção e a qualidade dos espermatozóides.
Desse modo, qualquer alteração no trato genital do touro, independente de sua origem, resulta em
menor fertilidade ou mesmo esterilidade. A quantidade de sêmen (constatada pelo espermograma)
constitui o fator mais importante e seguro para determinação da eficiência reprodutiva do touro.
De um modo geral, a qualidade é baseada nos espermatozóides (presença, contaminação, relação
vivos/mortos, tipos de patologia, etc.). Indiscutivelmente para verificar a fertilidade do touro, o
método mais seguro é efetuar o espermograma, porém, no campo, devido à dificuldade deste
procedimento (falta de laboratórios), todos os aspectos aqui mencionados devem ser considerados
na tentativa de se evitar a aquisição de um animal inadequado para a função.
Sanidade
Os testes para brucelose campilobacteriose, bem como a identificação de trichomonas, devem ser
realizados com a finalidade de se evitar a introdução destas doenças no rebanho. Além das
doenças de reprodução, outras devem ser observadas: tuberculose, papilomatose (verrugas),
aftosa, etc.
Avaliando a Matriz
Na escolha de matrizes, deve-se observar o potencial genético através da produção de leite, a
fertilidade através do I.E.P. (intervalos entre partos), período de serviço (período que vai do parto
até a concepção) e idade do primeiro parto, e a sanidade através de todos os testes negativos,
além da verificação da presença de mastite (inflamação da glândula mamária). Devem-se
considerar também os aspectos externos anteriormente citados.
Modelo - Ficha de Controle de Gado
Nº ......Nome.......................................Grau................Nascimento..../...../....
Pai .......................................Mãe ...............................Procedência............
Peso/nasc........kg Peso/210d.........kg Peso/365d........kg Peso/550d.........kg
Cobertura........./........../.................
Artificial..................
Touro...................................Natural........................
TE.........................
Diagnóstico da estação ..........................................
Macho....................
Cria........../........./...........
Fêmea...................
Artificial..................
Cobertura........./........../.................
TE.........................
Touro...................................Natural........................
Macho....................
Diagnóstico da estação ..........................................
Fêmea...................
Cria........../........./...........
Cobertura........./........../.................
Touro...................................Natural........................
Artificial..................
Diagnóstico da estação ..........................................
TE.........................
Cria........../........./...........
Macho....................
Fêmea...................
Cobertura........./........../.................
Touro...................................Natural........................
Diagnóstico da estação ..........................................
Cria........../........./...........
Cobertura........./........../.................
Touro...................................Natural........................
Diagnóstico da estação ..........................................
Cria........../........./...........
Cobertura........./........../.................
Touro...................................Natural........................
Diagnóstico da estação ..........................................
Cria........../........./...........
Cobertura........./........../.................
Touro...................................Natural........................
Diagnóstico da estação ..........................................
Cria........../........./...........
Cobertura........./........../.................
Touro...................................Natural........................
Diagnóstico da estação ..........................................
Cria........../........./...........
Marca Vacina
AFTOSA
AFTOSA
Carbúnculo
Brucelose
RAIVA
Botulismo
Leptospirose
Vermifugação
Vermifugação
Data
Data
Data
Data
Artificial..................
TE.........................
Macho....................
Fêmea...................
Artificial..................
TE.........................
Macho....................
Fêmea..................
Artificial..................
TE.........................
Macho....................
Fêmea...................
Artificial..................
TE.........................
Macho....................
Fêmea...................
Artificial..................
TE.........................
Macho....................
Fêmea...................
Data
Data
Data
Data
Antes de comprar um touro...
Algumas informações devem ser obtidas com outras pessoas da fazenda, já que o vendedor poderá
colocar o interesse comercial acima da verdade. Caso o vendedor tenha grande reputação torna-se
desnecessário. Para conseguir tais informações algumas perguntas podem ser formuladas:
1. Já possui filhas no rebanho? Quantas? Elimina esterilidade;
2. As vacas cobertas por ele repetem muito cio? Pequeno número de animais com retomo de cio,
leva a suspeita de problemas com as fêmeas; grande número de retornos, possibilidade de o
macho ser portador de algum problema;
3. Suas filhas têm problemas de falta de cio? Isto pode ser indicativo de problemas hereditários de
fertilidade. Ex: hipoplasia ovariana;
4. Vacas que ele cobriu abortaram ou voltaram ao cio com intervalo maior que 30 dias? A
resposta positiva pode sugerir presença de agentes infecciosos transmitidos pelos machos; Ex:
Trichomonas, Campilobacter, Micoplasma, etc.
Obs: mesmo tendo dois ou mais touro no rebanho, é costume o criador destacar o touro como
sendo o pai das melhores bezerras e novilhas ou vacas do rebanho, tendo em vista a importância
de se conhecer a produção de suas filhas.
FISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
No macho
O testículo apresenta duas funções específicas: espermatogênica e endócrina.
Espermatogênese
É a produção de espermatozóides; ela ocorre nos testículos, que são as gônadas masculinas. A
espermatogênese nos bovinos demora 65 dias para ocorrer. A temperatura normal da
espermatogênese é de 2°C a menos que a temperatura da cavidade abdominal que é de
aproximadamente 39°C, variando de acordo com as raças. O plexo pampiliforme é um
emaranhado de vasos sangüíneos que promovem o resfriamento da bolsa escrotal. A produção
diária de espermatozóides no touro adulto é da ordem de 12 a 14 bilhões de células.
Hormônios
FSH (hormônio folículo estimulante): atua no tubo seminífero, promovendo a espermatogênese;
LH (hormônio luteinizante): atua nas células de Leyding, produzindo a testosterona, hormônio
masculino responsável pela libido (desejo sexual) e pelo desenvolvimento das características
sexuais secundárias masculinas, como o desenvolvimento da musculatura (hipertrofia), formação
dos pelos, tom do mugido, etc.
Na fêmea
O ovário é a gônada sexual feminina, também apresenta duas funções: ovogênica e endócrina.
Cio ou estro
A fêmea exterioriza a fertilidade através do cio ou estro, que são modificações psicossomáticas no
animal, detectadas pela aceitação do macho. O Ciclo compreende o inicio de um estro até o inicio
do estro seguinte, sendo no caso da vaca igual há 21 dias. O estro tem duração média de 14 a 18
horas, sendo a ovulação 12 a 14 horas após o termino do estro.
Hormônios
Controle hormonal: a glândula hipófise libera o hormônio FSH, o qual atua no ovário promovendo
o desenvolvimento do folículo e a produção do hormônio estrogênio, sob o efeito do estrogênio a
vaca manifesta o cio e a hipófise libera o hormônio LH, o qual promove o rompimento do folículo
(ovulação), na parede do ovário, onde ocorre a ovulação forma-se o corpo lúteo, responsável pela
produção do hormônio progesterona. Havendo a concepção, há o desenvolvimento da gestação e
posterior parição. Não havendo a concepção, o corpo lúteo regride, iniciando um novo ciclo. O
hormônio estrogênio é responsável pelas características sexuais secundárias femininas
(maturidade sexual). O hormônio progesterona é responsável pela manutenção da gestação.
Fecundação
A fecundação ocorre no terço superior do oviduto; se a mesma não ocorrer até 6 horas após a
ovulação, o óvulo é envolto por uma camada lipóide, impedindo a concepção. O ovo caminha do
oviduto para o corno uterino, onde ocorrerá a nidação, que é a fixação do mesmo na carúncula
uterina para o desenvolvimento do feto.
Gestação
A gestação tem duração de 9 meses. A placenta se desenvolve na sua totalidade nos primeiros
meses da gestação, sendo que o animal tem 2/3 do seu desenvolvimento no terço final da
gestação. As exigências de nutrição do animal são somente acrescidas no terço final da gestação,
onde ocorre desenvolvimento significativo do feto.
As funções da placenta
Proteção do feto contra órgãos vizinhos (rúmen); possibilita o desenvolvimento do feto; nutrição do
feto capta e elimina os resíduos metabólicos; produção de progesterona; função hormonal: a partir
do 7º - 8º mês de gestação a placenta consegue produzir quantidade suficiente de progesterona
para manter a gestação.
Parto
É a expulsão do feto após ele atingir o seu desenvolvimento animal; iniciando se o parto, o qual
leva normalmente cerca de duas horas; nascimento com as patas dianteiras na frente com a
cabeça repousando sobre elas. Importante: próximo ao parto deve ser feito apalpação, para
verificar a posição do bezerro, que deve ser com cabeça e patas juntas. Ele sugará o seu dedo.
Hormônios que atuam no parto
Ovariano (Relaxina): promove a abertura da pélvis;
Hipofisário (Ocitocina): contração da musculatura do útero, promovendo a expulsão do feto.
Quando o feto sai, nem sempre a placenta sai junto. De um modo geral, a expulsão da placenta é
considerada normal se ocorrer até 6 horas pós-parto. Após o parto, a vaca entra num período
fisiológico chamado puerpério, que é o período de involução do útero e regeneração das
carúnculas uterinas.
Caso a placenta não seja expulsa até 12 horas, pós-parto, caracteriza-se retenção de placenta, a
qual pode levar o aparecimento de uma metrite na vaca, que é o processo de inflamação do útero,
cuja mesma, pode levar a esterilidade. A metrite ocorre quando há partos distócicos, ou seja,
partos difíceis em que a vaca não consegue parir sozinha; o parto distócico geralmente ocasiona
retenção de placenta. Para o tratamento da metrite, consulte um veterinário. Logo após o
nascimento do bezerro a vaca entra em lactação.
CRIAÇÃO DE BEZERROS
Princípios básicos sobre o manejo de recém-nascidos
Um manejo cuidadoso com as matrizes, alimentação adequada, boas instalações e higiene são
pontos básicos que asseguram a saúde dos bezerros.
Vaca
Para vaca seca, uma ração apropriada é essencial para manter a vaca saudável e diminuir a
incidência das doenças do período pós-parto. Fêmeas magras têm crias com baixo "peso ao
nascer" e por outro lado as excessivamente gordas poderão ter partos distócicos.
Com um mínimo de uma semana de antecedência da data de parição prevista, remova a vaca
para uma área já reservada para tal. Escolha uma baia bem ventilada ou um piquete maternidade
limpo e seco. Evite usar serragem como cama, pois esta pode obstruir a boca e as narinas do
recém-nascido. Ao nascer deve-se limpar a boca e as narinas do bezerro. A água fria estimula os
reflexos de visão e esfregá-lo com um pano seco e limpo estimula a respiração. Após secar o
recém-nascido mergulhe seu umbigo por completo no iodo para prevenir infecções.
Alimentação do bezerro
Ao nascer o bezerro não possui imunidade a doenças. Este é o motivo pelo qual ele precisa tanto
do colostro, que contem proteínas denominadas imunoglobulinas (anticorpos), absorvidas
diretamente através do intestino. Os anticorpos absorvidos darão proteção ao recém-nascido
contra infecções. A qualidade de colostro varia de uma fêmea para outra. Vacas com vacinação
completa e vacas adultas, em geral, produzem colostro de melhor qualidade do que as novilhas,
devido ao maior período de exposição a diversos agentes patogênicos de organismos causadores
de doenças. O ideal é que 2 litros de colostro sejam fornecidos nos primeiros quinze minutos pós
parto, ou no máximo uma a duas horas após o nascimento. A qualidade do colostro diminui
acentuadamente após a primeira ordenha. Alimente o recém-nascido utilizando uma mamadeira
limpa para induzir a sucção e o fechamento da "goteira esofagiana" fazendo assim com que o leite
vá direto para o abomaso ao invés do rúmen. Caso o bezerro não sugue, utilize um aumentador
esofagiano para forçar a ingestão do colostro. Oito a doze horas mais tarde, forneça mais 2 litros
do colostro, o segundo fornecimento auxiliará a empurrar a primeira mamada do colostro do
estomago para o intestino delgado, permitindo dessa maneira além de um aumento na absorção
de anticorpos a lavagem do intestino evitando a aderência da bactéria Escherichia coli. Nas
primeiras 20 horas de vida do bezerro ele deve receber de 12 a 15% do seu peso vivo em colostro.
Animais recém-nascidos devem receber 2 litros de colostro 2 vezes ao dia, durante três dias, e
leite durante a primeira semana de vida. Após ter recebido colostro adota-se o fornecimento de
um dos seguintes alimentos líquidos: leite por completo ou substitutivos do leite. A maioria das
recomendações é de 8% do peso corporal do bezerro/dia, fornecido parceladamente. O que irá
apenas manter o bezerro, 10 - 12% são o suficiente para manutenção e crescimento. Os
substitutos do leite também estão sendo utilizados em larga escala. Devem ser constituídos a
base de leite ou de subprodutos do leite, conter 22% de proteína, 10-12% de gordura e menos de
0,25% de proteína crua.
A recomendação técnica canadense é de 0,25 Kg de substitutivo do leite para 1 Kg de água,
fornecida 2 vezes ao dia até o desmame. A ração inicial de bezerros deve conter 18 a 20% de PB e
70 a 71% NDT, um agente antiácido, ser palatável e livre de impurezas. Ofereça ao bezerro entre 4
e 6 dias de idade iniciando em pequenas quantidades, retirando sempre as sobras ao fazer a
reposição para que a ração não estrague. O bezerro poderá ser desmamado quando estiver
ingerindo de 500 a 700g de ração por dia, regularmente por uma semana. Água limpa e fresca
deve estar à disposição. Uma vez que o feno é digerido no rúmen, este precisa estar funcionando
antes de fornecer a forragem efetivamente. Inicie com feno quando o bezerro estiver com pelo
menos três semanas de idade e ingerindo algum tipo de grão. Deve-se estimular o consumo para
acelerar o desenvolvimento do rúmen. Os utensílios devem ser lavados e desinfetados para
impedir proliferação de germes.
Instalações
Basicamente deve ser limpa, seca e bem arejada, mas sem correnteza. Os bezerros devem ser
alojados em abrigos individuais, separados das vacas, pois os animais adultos são fontes de
vários agentes infecciosos. As baias devem ser limpas, desinfetadas e forradas com uma cama de
palhada. Recomenda-se que permaneça vazia por uma semana entre um bezerro e outro. As
gaiolas individuais são estruturas únicas, de plástico ou madeira, abertas na frente. Assim como
qualquer outra instalação deve ter boa drenagem, uma cama seca e face voltada para o sul. No
período entre um bezerro e o próximo a ocupar a mesma gaiola, estas devem ser limpas,
desinfetadas e removidas para outro espaço. A cada 6 meses todas as gaiolas devem ser
removidas para uma área completamente nova, e o espaço que estava sendo ocupado pelas
mesmas deve ser limpo (carpido) de modo que o solo fique exposto ao poder desinfetante do sol.
MANEJO DE NOVILHAS
O sistema de criação de bezerras deve ter como objetivo colocar a novilha no ponto de reprodução
o que deve acontecer quando elas apresentam pesos mínimos de 300 kg nas raças grandes e 250
Kg nas pequenas. Essa proposição é feita porque se admite que os animais devam apresentar por
ocasião do parto, pesos superiores a 500 kg nas raças de maior porte, e 400 kg nas consideradas
pequenas. Com isso, as novilhas de primeira cria mostrarão menos propensão a partos distócicos
e terão condições de enfrentar a lactação sem desgaste físico acentuado, características dos
animais que apresentam crescimento reduzido. Sob o ponto de vista técnico, o peso, e não a idade
deve ser o fator a ser observado na reprodução de novilhas leiteiras. Quando se analisam sistemas
de criação de bezerras deve atentar para o fato de que, na época da puberdade, quando ocorre o
primeiro cio (200 a 240 kg nas raças grandes e 150 a 200 kg nas pequenas) o ganho de peso não
deve ultrapassar 750 g/dia, pois trabalhos têm demonstrado que ganhos mais acelerados nessa
fase são capazes de prejudicar o desempenho futuro das novilhas. Essas pesquisas têm revelado
redução na produção de leite de cerca de 20%, sendo o efeito permanente. Assim sendo é
aconselhável a programação de ganho mensal máximo de 22 kg/na/mês, como garantia na fase
anterior à entrada na reprodução. As vantagens do crescimento acelerado de novilhas podem ser
facilmente demonstradas quando a produção na primeira lactação for suficientemente elevada
para pagar qualquer investimento adicional a ser feito com alimentação. Quando existe utilização
de touros provados, pode-se esperar cerca que 2/3 das novilhas produzidas serão de boa
qualidade, e assim, os sistemas mais intensificados podem ser adotados. O crescimento das
bezerras depende basicamente da nutrição e deve-se considerar que nas raças leiteiras os animais
são precoces, ou seja, amadurecem sexualmente cedo, e são capazes de apresentar crescimento
rápido em curto período de tempo. Quando tem que responder por uma parcela considerável das
exigências diárias das novilhas, o volumoso pode se tornar um fator limitante ao processo de
crescimento se sua composição não for favorável. Não se obtém crescimento rápido das novilhas
através do uso de forragens de alta qualidade. O volumoso deve apresentar de 60-75% de NDT,
10-13% de PB, de 0,3-0,65% Ca e de 0,22-0,32% P para ser utilizado sozinhos na criação de
bezerras. Quando se faz a introdução de concentrados, torna-se fácil atender as exigências dos
animais porque a composição teórica do volumoso passa a ser mais fácil de ser atendida na
prática. Deve-se dar ênfase ao fato de que volumosos de qualidade muito baixa são consumidos
em quantidades reduzidas e que é de grande importância garantir o consumo de matéria seca
especificado. O fornecimento de concentrado deve ser encarado como importante sob o ponto de
vista de fornecimento de energia e proteína e, sobretudo de minerais. Sabe-se que os bovinos não
sabem como, quando ou porque devem consumir misturas minerais, pois, trabalhos de pesquisas
têm demonstrado que a ingestão no cocho não segue um padrão regular.
Assim sendo, não se pode depender desse tipo de fornecimento para o atendimento de exigências
mais elevadas principalmente quando mantidas em pastagens estabelecidas em terrenos de baixa
fertilidade. A utilização de forragens cultivadas em terrenos de alta fertilidade pode contribuir
decisivamente para a obtenção de ritmos de crescimento mais acelerado. Trabalhos de pesquisas
em nosso meio tem mostrado a possibilidade de se obter com forragens tropicais teores na
matéria seca de 0,25-0,40% de P e de 0,30 a 0,60% Ca. Por outro lado, havendo controle do
crescimento das plantas bem adubadas é viável a obtenção do volumoso contendo de 10 - 13% PB
e de 58-65% NDT na matéria seca. O uso de fertilizantes e a adoção de manejo adequado podem
contribuir para promover uma redução considerável no uso de alimentos concentrados.
MANEJO DE VACAS SECAS
Com a busca de um aumento na produção leiteira, tem-se motivado a procura de animais
provados e com um alto potencial de produção. No entanto outros fatores altamente decisivos
acompanham o mérito genético do rebanho, tais como nutrição e manejo. Uma das melhores
maneiras é a adoção correta das técnicas alimentares especificas para cada fase do processo
produtivo, dentre estas, as vacas secas, que por não estarem em lactação não aumentam
diretamente o lucro líquido da propriedade e são às vezes, esquecidas pelos produtores. O
programa das vacas secas inicia o próximo ciclo da lactação, exercendo uma grande influência na
ocorrência de desordens metabólicas (cetose, deslocamento de abomaso, síndrome da vaca gorda
e febre do leite), na mudança da condição corporal, no fornecimento de nutrientes necessários ao
rápido crescimento do feto e na otimização da reprodução na próxima lactação. O período seco
deve durar 60 dias a fim de permitir uma boa regeneração das células epiteliais desgastadas, um
bom acúmulo de colostro e assegurar um bom desenvolvimento do feto, bem como completar as
reservas corporais, caso estas ainda não tenham ocorrido. Desta forma, as vacas, no período seco,
devem ser agrupadas em dois grupos distintos. O primeiro grupo abrange todos os animais que
iniciam o período de repouso, que vai da primeira a quinta ou sexta semana, enquanto que o
segundo grupo abrange os animais nas duas ou três últimas semanas que antecedem o parto.
Uma das maiores razões que explica a necessidade à vantagem de se ter dois grupos diferentes
para as vacas sêcas, é a de que se deve levar em conta a diminuição do consumo entre os dois
grupos. Deste modo, no início do período seco os animais podem ser alimentados com uma
pastagem de boa qualidade, feno, silagem e ou a combinação destes. No entanto, no final do
período seco onde ocorre um grande aumento no crescimento fetal, existe uma elevação da
pressão interna nos órgãos digestivos, diminuindo desta forma o espaço ocupado pelos alimentos.
Este fato, associado com a grande variação hormonal no período pré-parto, ou seja, um aumento
nas concentrações sanguíneas de estrógeno e corticóides e uma queda nas concentrações de
progesterona, reduzem o consumo de matéria seca em até 30%, predispondo o animal a um
balanço energético negativo. Com isso, aumentam o catabolismo de gordura elevando as
concentrações de ácidos graxos não esterificados na circulação, onde serão posteriormente
acumulados no fígado podendo causar problemas metabólicos e diminuindo a posterior produção
leiteira. Uma das medidas básicas a ser tomadas é a elevação da densidade energética da dieta
final do período seco (aproximadamente 21 dias antes do parto), aumentando conseqüentemente
a relação concentrado/volumoso, compensando desta forma a redução do consumo de alimentos.
O aumento do consumo de concentrado, além de adaptar os microorganismos do rúmen a uma
dieta rica em aminoácidos, favorece o desenvolvimento das papilas ruminais (pequenas projeções
em forma de dedo na parede ruminal). O crescimento das papilas aumenta a superfície de contato
do rúmen possibilitando uma maior absorção dos ácidos graxos voláteis, promove pequena
variação no pH do rúmen e diminui o risco de acidose no início da lactação, onde grandes
quantidades de grãos são introduzidas na dieta. Todavia, são necessárias de quatro a cinco
semanas para que o alongamento das papilas se complete. Recentes pesquisas têm mostrado que
o aumento no fornecimento de proteína na dieta pode ter um efeito benéfico, principalmente
porque mantém as reservas protéicas do animal, diminuindo suscetibilidades às desordens
metabólicas. Porém, não devemos esquecer de atender as exigências em proteínas não
degradáveis no rúmen (3% de farinha de sangue), vitaminas, minerais e outros aditivos são
bastante úteis na alimentação das vacas secas. A Niacina pode prevenir cetose e manter o
consumo de matéria seca, a recomendação atual é de 6 a 12g de Niacina/dia, iniciando vinte e
um dias da data provável do parto até o trigésimo dia de lactação, principalmente para vacas de
alta produção (> 32 Kg leite/dia) e vacas de primeira cria produzindo acima de 25 Kg/dia, bem
como as vacas obesas. Assim como a niacina, o propilenoglicol pode ser fornecido em até 500 g/d,
pois o mesmo é convertido em glicose no fígado, diminuindo a cetose e a formação do fígado
gordo.
Devemos ainda considerar que a imunidade das vacas é menor no período pré-parto e no início da
lactação, onde o aparelho reprodutivo se encontra aberto e as taxas de infecção e mastite são
altas, com isso o fornecimento de vitamina E, Zinco, Cobre e Selênio pode ser benéfico evitando
problemas como mastite e retenção de placenta. No inicio da lactação, principalmente em vacas
de alta produção, existe um elevado fluxo de cálcio para a glândula mamária, reduzindo o teor de
cálcio sangüíneo e como conseqüência predispõe a vaca a hipocalcemia que afeta até 75% das
vacas de alta produção. Níveis reduzidos de cálcio no sangue podem levar à retenção de placenta,
involução uterina, evolução intensiva ineficiente, diminuição na contração do músculo liso e um
aumento na incidência de deslocamento do abomaso. Desta forma, a utilização de sais aniônicos
(sulfato de cálcio) pode evitar a hipocalcemia, aumentando a mobilização de cálcio nos ossos. No
entanto, devemos ter cuidado, pois os sais aniônicos são impalatáveis podendo reduzir o consumo
de alimento, desta forma a utilização de palatabilizantes podem ser necessárias.
Um outro ponto importante que deve ser levado em consideração é a condição corporal das vacas
próximas ao parto. Para avaliação é adotado o método da condição corporal de 1 (muito magra) e
5 (muito gorda) sendo que para o parto o ideal é que a vaca apresente de 3,4 a 3,75. Inúmeras
pesquisas têm mostrado que as vacas super condicionadas consomem menos alimento no préparto e no pósparto, apresentando uma alta incidência de problemas metabólicos, existindo alta
correlação entre condição corporal no pré-parto e consumo de matéria seca no primeiro e vigésimo
primeiro dia pós-pano. Desse modo, a obesidade pode ser tão prejudicial quanto à falta de
condição corporal no momento do parto.
Secagem
Objetivos: proporcionar descanso à vaca a fim de prepará-la para a próxima lactação. Consiste em
interromper sua lactação. As razões da secagem se baseiam nos seguintes fatos: vacas que parem,
ainda dando leite, produzem bezerros fracos e não apresentam boas condições corporais no
momento do parto; boas condições corporais e sanitárias facilitam o parto e favorecem a produção
de leite na próxima lactação; proporciona tempo suficiente para regeneração dos tecidos
secretores do leite (aproximadamente 60 dias); a secagem proporciona maior produção de
colostro, essencial para sobrevivência da cria recém-nascida e maior resistência à mamite; facilita
o aparecimento do cio pós-parto em virtude das melhores condições corporais da vaca; quando a
vaca apresenta uma produção tão baixa que se torna antieconômica mantê-la em lactação. Nessa
situação além da mão-de-obra gasta em seu manejo, há uma sobrecarga desnecessária na área de
pasto das vacas em lactação, justamente daquelas que consomem mais alimentos.
Período = 60 dias antes do parto, se o motivo for à proximidade do parto. Quando não compensar
economicamente, nos casos de baixa produção.
Procedimento
Consiste em alterar de uma só vez os principais fatores que influem na produção de leite, isto é, a
alimentação e os estímulos psíquico-hormonais (presença do bezerro, das companheiras de
rebanho e/ou presença à saia de ordenha, cheiro de ração e/ou silagem). Deve-se proceder da
seguinte maneira:
O primeiro cuidado é verificar no inicio da secagem se a vaca está com mamite. O diagnostico será
feito com o uso de caneca telada, ou de fiando preto. Se o teste for negativo, a vaca estará apta ao
processo de secagem; se for positivo, não se deve secar a vaca, mas tratar a mamite;
Feito as recomendações acima, deve-se esgotar bem o úbere da vaca. Em seguida colocar em
cada, um antibiótico de longa duração (próprio para vacas secas);
Transferir o animal do local onde está acostumada a rotina da ordenha para um piquete ou pasto
afastado do curral ou do estábulo. Este pasto deve ser pobre de capim, de modo a não permitir
que a vaca se alimente bem. Não fornecer concentrado. Embora dispondo de pouco alimento, a
vaca deve beber água à vontade;
Não ordenhar mais, mesmo se o úbere encher de leite, este fato não ocasionará nenhum mal ao
animal, pois o organismo da vaca absorverá o leite. Entretanto, deve-se observar diariamente,
para ver se o úbere está avermelhado ou dolorido, coisa muito rara de acontecer. Na hipótese de o
úbere estar inflamado, deverá ser feita nova ordenha e repetida aplicação de antibiótico;
Decorridas duas semanas a vaca não mais produzirá leite e a secagem estará completa, quando
então poderá ter uma alimentação normal - volumosa e concentrada - condizente com o período
pré-parto.
Vacas leiteiras
A produção de leite por vaca continua aumentando 2 a 3% anualmente. O melhoramento genético
responde por 33 a 40% deste crescimento, ao passo que a nutrição e o manejo perfazem os 60 a
67% restantes.
Os primeiros 60 dias após a parição são críticos para a saúde da vaca e para o sucesso econômico
da lactação como um todo. Vacas recém-paridas enfrentam vários desafios que devem ser
considerados e controlados, quais sejam: o pico da lactação geralmente ocorre 50 a 60 dias após o
parto, determinando a curva da lactação; para cada 1 kg de aumento de pico de produção, a
lactação verifica um aumento de 0,200 a 0,225 kg de leite; o déficit máximo de energia ocorre nas
primeiras três semanas de lactação; cerca de um terço a metade das vacas de alta produção
apresentam cetose, podendo levar a síndrome do fígado gordo se não for controlada; acidose
ruminal é a desordem metabólica predominante em vacas pós-parto; vacas com reprodução em
bom funcionamento apresentarão o primeiro ciclo estral em 15 a 25 dias pós-parto; o "status"
energético nas primeiras três semanas após o parto afeta os folículos que se desenvolverão 60
dias depois.
Consumo de matéria seca (MS)
Um programa de vacas secas adequado, dividido em duas fases distintas, permitirá as vacas
secas que tenham uma transição bem sucedida do período seco para a lactação. O consumo de
MS é reduzido em 18% no início da lactação. Desse modo, a concentração de nutrientes deve ser
corrigida para este potencial de consumo menor. Alguns fatores que podem melhorar o consumo
de matéria seca devem ser implementados: o uso de rações completas irá maximizar o consumo
de MS no início da lactação; a forragem deve ter valor superior a 1,32 Mcal de energia líquida/kg
de MS; a digestão ruminal deve ser maximizada através do balanceamento de proteínas
degradáveis e carboidratos não estruturais, permitindo produções microbianas de ácidos graxos
voláteis maiores, taxas ótimas de passagem do alimento e máxima produção de proteína
microbiana; o pH e o ambiente ruminal devem ser favoráveis para o desempenho e crescimento
microbiano; o manejo de alimentação deve proporcionar alimento á vontade, fresco e palatável,
além de encorajar os animais a retomar freqüentemente para se alimentar especialmente durante
condições de "stress" térmico (calor ou frio excessivo).
Considerações sobre a perda de peso
As vacas entram em balanço energético negativo após o parto uma vez que os requerimentos
nutricionais para a produção de leite excedem o consumo de energia. A perda de peso deve ser
limitada a um máximo de 1 kg/dia, resultando em um total de 1 a 1,5 escores na condição
corporal (60 a 90 kg), devendo o balanço energético positivo retornar 60 dias após o parto ou até
antes. Fatores que auxiliam na manipulação da perda de peso são listados a seguir: as vacas não
devem estar excessivamente pesadas (condição corporal - CC- acima de 4) o que reduz o apetite e
o consumo de MS. Vacas magras (escore inferior a 3,0 em CC) não apresentam reservas
energéticas suficientes. Um kg de gordura corporal mobilizada pode gerar o equivalente a 7Kg de
leite em energia. vacas mobilizando peso corporal precisam de proteína adicional para equiparar a
energia obtida pela perda de peso. Essa proteína deve ser proveniente de fontes não degradáveis
no rúmen e com um perfil de aminoácidos bem balanceados.
Dinâmica ruminal
As papilas ruminais gradualmente se alongam a medida que dietas com maior quantidade de
carboidratos fermentáveis são fornecidas. Os riscos de acidose ruminal são maiores se as
mudanças na dieta forem muito bruscas, especialmente na vaca de primeira cria. Novamente,
rações completas podem minimizar riscos Outras práticas tais como manter as porcentagens de
fibra em detergente ácido (FDA) em níveis mais altos pelo fornecimento de 2-3 kg de feno e reduzir
o teor de carboidratos não estruturais (CNE) diminuem o acúmulo de ácidos no rúmen. Se o pH
do rúmen estiver abaixo de 6, pode haver redução no crescimento microbiano, diminuição da
digestão de fibra e na proporção de ácidos graxos voláteis produzidos. Acidose severa pode causar
laminite e crescimento anormal do casco.
Utilização de aditivos
A Niacina pode prevenir cetose e manter o consumo de MS. A recomendação atual é fornecer 6 a
12g/dia até que o pico de consumo ocorra (10-12 semanas após o parto). Vacas candidatas
incluem vacas secas obesas (CC > 3,0), vacas de alta produção (vacas adultas produzindo mais do
que 35 kg de leite/dia e vacas de primeira cria acima de 25 kg/dia), vacas com tendência a ter
cetose e vacas que perdem peso em excesso. Tamponantes são aditivos que mantém o pH ruminal
entre 6,0 a 6,3. Bicarbonato de sódio é um produto comumente usado, sendo fornecido 120 250g/vaca/dia. Óxido de magnésio não é um tamponante, mas, sim um alcalinizante (eleva o pH).
A combinação de 2 a 3 partes de bicarbonato para a uma pane de óxido de magnésio é
recomendada.
A utilização de tamponantes deve ocorrer quando se tem vacas que param de se alimentar, baixo
consumo de MS em geral, alimentos muito úmidos, dietas baseadas em grandes quantidades de
silagem de milho, dietas com alto teor de concentrados e manejo com alto teor de concentrados
por refeição. Propilenoglicol é convertido em glicose no fígado, podendo prevenir cetose e formação
de fígado gordo. O fornecimento de 0,5Kg/dia deste produto na forma liquida para vacas com
elevada concentração de corpos cetonicos no sangue (com base em teste de coloração da urina ou
do leite) tem verificado resultados positivos a campo. A utilização de 0,1 a 0,25 kg no concentrado
ou na ração completa pode ser efetuada com o intuito de evitar a cetose, mas tanto a
palatabilidade como os custos devem ser considerados. Culturas e produtos de levedura podem
estimular as bactérias utilizadoras de fibras, manterem o pH ruminal estável e estimular a
produção de Ácidos Graxos Voláteis (AGV). Estes produtos podem manter as vacas com o
consumo de MS em níveis adequados e são palatáveis. A quantidade adicionada varia de 10 a 115
g/vaca/dia, dependendo da concentração de leveduras e da fonte do produto, a um custo de U$
0,06/dia.
Aplicações
Grandes rebanhos têm dietas específicas para vacas recém-paridas, agrupadas em separado por 2
a 3 semanas após o parto. Em estábulo do tipo "Tie-stall" 3 há possibilidade de suplementação
especifica de um concentrado para vacas pós-parto, fornecendo nutrientes necessários a esta
categoria e 2 a 3 Kg. de feno palatável de alta qualidade.
MANEJO NA ORDENHA
A escolha do sistema
O tipo de sistema a ser utilizado deve levar em consideração: número de animais a serem
ordenhados; nível de produção dos animais; tipo de leite a ser produzido; qualidade da mão de
obra; investimentos totais a serem realizados; custos operacionais a serem realizados.
Tipos de ordenha
Manual: esse tipo de ordenha é largamente empregada no Brasil e é caracterizado por sua baixa
eficiência e pela produção de um leite com alto grau de contaminação.
Mecanizada: balde ao pé, RST circuito fechado, Tandem, espinha de peixe, poligonal, paralela ou
rotatória.
Balde ao pé: sistema mais barato que se conhece. Possui eficiência de 15 vacas/homem/ hora
com 2 baldes. No Brasil, devido à mão-de-obra ainda ser relativamente barata, é o sistema mais
indicado para propriedades, com até 50 animais. Existem 3 tipos de Balde de Pé: no estábulo, na
Sala de Ordenha e portátil.
Circuito fechado: também inidicado para rebanhos menores. Neste sistema, o leite no momento
da ordenha é transportado por tubo de PVC. A velocidade é de 8 vacas/hora/unidade.
Sistema de tandem: esse sistema foi desenvolvido para os rebanhos maiores, de até 80 animais. o
sistema mais comum é o "4x4"; apresenta um rendimento de 22 a 32 vacas/homem/hora. O
manejo neste sistema é individual e a entrada e saída das vacas são controladas por meio de
fotocélulas. Com o tandem um único profissional pode cuidar de 6 a 8 animais.
Espinha de peixe: é o sistema mais utilizado entre os criadores; apresenta um rendimento de 37 a
42 vacas/homem/hora no tipo "4x4"; os animais ficam posicionados em 45° em relação ao fosso,
posição que facilita a visualização dos úberes e tetos; as vacas entram e saem em lote, sendo a
maior desvantagem do sistema, pois as vacas devem ser manejadas em lotes de produção
semelhante. Este sistema de ordenha é indicado para criatórios com até 300 animais.
Poligonal: considerada uma variação do espinha de peixe, os animais ficam na mesma posição.
Com capacidade para 4 lotes, este sistema é mais indicado para os criadores que desejam instalar
máquinas maiores e desenvolver um trabalho mais racional dentro do fosso.
Paralela: é indicada para propriedades que contenham de 300 a 1.000 animais, em que cada
operador cuida sozinha de 12 a 30 unidades. Neste sistema as vacas ficam umas ao lado das
outras e de costas para o fosso.
Rotatória: é o mais moderno de todos os sistemas de ordenha. Desenvolvido para atuar em
fazendas com mais de 500 vacas, sua extensão máxima atendem até 60 unidades. Nesse sistema,
o ordenhador cuida de 30 vacas e são ordenhados 120 animais/hora.
Higiene
Práticas higiênicas inadequadas prejudicam a qualidade do leite, predispõem a ocorrências de
mastite, que ocorre, na maioria das vezes, por penetração de microorganismos através do canal da
teta. As medidas higiênicas visam evitar esse acesso. A higiene, portanto, é a palavra chave no
controle da mastite. Para obtenção de leite de melhor qualidade e para prevenir e/ou reduzir a
níveis toleráveis as infecções da glândula mamária do rebanho, uma vigilância constante deve ser
dirigida ao manejo e ordenhadores.
No curral e sala de ordenha
As instalações como sala de ordenha e curral de espera, por onde circulam os animais antes,
durante e após a ordenha, devem ser mantidas limpas e secas, para evitar a multiplicação de
microorganismos. Na limpeza diária, recomenda-se remover as fezes para evitar a proliferação de
moscas e lavar em seguida com água corrente de boa qualidade.
Mensalmente deve-se fazer, após a limpeza do local, a desinfecção com cal virgem ou soluções à
base de cresóis na concentração de 1%.
Com os utensílios
Os utensílios de ordenha, tais como baldes e latões devem ser limpos e desinfetados. A limpeza é
feita nos intervalos da ordenha, de preferência com água quente ou morna, utilizando detergente
biodegradável e desinfetante apropriado.
Uma solução de 5 a 10 ppm de cloro ativo (1ml de solução de hipoclorito de sódio, contendo 10%
de cloro ativou de água), é eficaz após 5 a 10 minutos de contato.
Após serem lavados e enxaguados, os utensílios devem ser mantidos destampados e de boca para
baixo até secarem por completo.
Onde se usa ordenha mecânica, a limpeza adequada e a manutenção, de acordo com as
recomendações do fabricante, são essenciais para prolongar a vida útil do equipamento e ajudar
na prevenção de mastite. A limpeza da ordenhadeira com substâncias apropriadas e na
concentração indicada pelo fabricante compreende três fases:
Pré-lavagem: deve ser feita com água fria, e tem como finalidade remover os resíduos de leite que
se aderem ao equipamento;
Lavagem principal: utiliza-se uma solução de limpeza apropriada a equipamentos de ordenha
(detergente alcalino) em água aquecida a 50-60ºC deixando o conjunto funcionar por 15 minutos
para remover todo o resíduo.
Enxágüe final: é realizado com água fria em abundância, para remoção completa da solução de
limpeza, mantendo-se o conjunto funcionando por 5 minutos.
Uma vez por semana ou a cada 15 dias, inclui-se antes da lavagem principal um detergente ácido,
específico para ordenhadeiras mecânicas, além do detergente alcalino e em seguida, enxagua-se
com água.
Com os animais
Antes da ordenha: as tetas devem ser lavadas com água potável corrente, removendo-se a sujeira
e enxugando-as com toalha de papel descartável.
Realizar o teste da caneca de fundo preto, pois além de permitir a identificação dos casos de
mastite clínica em sua fase inicial, evita a contaminação do ambiente com os primeiros jatos de
leite.
Após a ordenha: as tetas devem ser imersas em solução à base de iodofor ou de iodo glicerinado.
Estabelecer linha de ordenha quando for detectado algum animal com mastite, sendo que estas
deverão ser ordenhadas por último, desinfetar o canal da teta em solução de iodo glicerinado,
antes de aplicar o medicamento e massagear o quarto teto medicado para dispersar o remédio.
Os remédios deverão ser baseados em exames de antibiogramas.
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ÚBERE
Anatomia de úbere
Canal galactóforo; Cisterna; Canais lactíferos; Tecidos Glandulares; Veias; Artéria; Gânglio
linfático.
Fisiologia da glândula mamária
O desenvolvimento da glândula mamária ocorre em várias fases: Recém-nascido (hormônios
maternos) pré-puberal; Puberal (hormônios ovarianos, principalmente); Cíclico (estrogênio e
também progesterona); Gravídico (estrogênio e progesterona da gestação). Fatores do
desenvolvimento da glândula mamária de maneira geral pode-se dizer que os estrogênios
desenvolvem os dutos da glândula mamária, enquanto o progesterona promove o desenvolvimento
dos alvéolos. A glândula mamária desenvolve quando: não amamenta; após a castração; na
menopausa.
Como se produz o leite
Fases de secreção (produção) da glândula mamária a produção do leite se inicia pela ação da
prolactina da hipófise anterior, que estimula diretamente as células produtoras do leite dos
alvéolos da mama. Leite é sangue transformado; nasce no úbere (composto por quatro glândulas
mamárias que transformam componentes sanguíneos em alimento). O úbere é dividido em quatro
partes, correspondendo cada uma a um teto. Vazio, o úbere pesa cerca de 15 kg, podendo
comportar até + ou- 40 kg de leite. Para cada litro de leite produzido, passa pela glândula
mamária cerca de 300 a 500 litros de sangue, portanto, uma boa vaca leiteira deve ter o úbere
muito bem irrigado pela rede sanguínea. Logo após o parto, a desinibição da hipófise anterior pela
queda dos estrogênios e progesterona circulantes, leva a um aumento abrupto da secreção de
prolactina que, agindo sobre a glândula mamária plenamente desenvolvida pelos hormônios da
gestação, irá promover a produção do leite. A manutenção da produção normal do leite, depende
da produção de prolactina, do hormônio de crescimento, pequena quantidade de estrogênio
presente, do funcionamento da tireóide, da supra renal e do sistema nervoso. E necessária ainda
uma alimentação adequada e ausência de doenças em geral. A amamentação e o esvaziamento da
glândula mamária são os fatores estimulantes da produção de prolactina. O não esvaziamento
adequado da glândula implica na cessação da produção do leite. A produção do leite também
poderá ser suspensa mediante a administração de doses elevadas de estrogênios, que impedirão a
secreção de prolactina pela hipófise.
A expulsão do leite
Ao se iniciar e durante o ato de mamar, a sensação táctil gera estímulos, que por via nervosa, vão
até o SNC (sistema nervoso central) estimulando o hipotálamo a produzir e a hipófise posterior a
liberar ocitocina para a circulação. Esta, na glândula mamária, provoca a contração das células
mioepiteliais dos alvéolos e a musculatura lisa dos dutos, propulsionando o leite ali formado na
cisterna da mama. A compressão dessas cisternas provoca a saída do leite. Sob a ação da
ocitocina, a canulação das cisternas faz o leite jorrar espontaneamente. Em alguns casos, isto
ocorre mesmo sem a canulação. A prolactina também é secretada sob controle do arco reflexo
descrito. Fenômenos relacionados com o ato de mamar, o mugido do bezerro, os ruídos do balde
de ordenha, etc, podem desencadear o reflexo, que por sua vez também pode ser abolido por
diversos fatores, como susto, a substituição de um ordenhador por outro, etc., através da
liberação do hormônio adrenalina.
A produtividade média do rebanho brasileiro é tão pequena quanto o lugar que o país ocupa entre
os países produtores do mesmo. A produção de leite no país é menor que a demanda pelo
produto. Este fato pode ser devido a vontade do consumidor de antigamente, que queria leite
barato, não de boa qualidade.
Visando a redução de custos e riscos, muitos produtores investiram em rebanhos de dupla
aptidão (produção de leite e carne), uma vez que o preço do leite e da carne são inversamente
proporcionais. Resultado: baixa produtividade de ambos. O produtor também não se especializou,
pois não tem o leite como principal atividade, na maioria dos casos. É como se fosse uma
produção para subsistência. Além disso, o grande número de propriedades existentes (pequenas
propriedades) dificulta a formação de associações capazes de representar os produtores com o
mínimo de eficácia. Para ocorrer a modernização do setor, seria certa a redução do número de
produtores, porém isso teria um alto custo social, a não ser que a economia estivesse em
crescimento para absorver tanta mão-de-obra.
O LEITE
Produção de leite no Brasil
O Brasil apresenta alta produção de leite, mas a sua produtividade é baixa quando comparada a
de outros países.
Causas da baixa produtividade
Rebanho: a maioria dos animais produtores de leite no Brasil não são especializados para essa
atividade e portanto apresentam uma baixa produção. A falta de assistência técnica, de controle
leiteiro e de um manejo correto associados com a baixa utilização de inseminação artificial, o alto
custo dos reprodutores e de medicamentos são alguns dos fatores responsávies pela baixa
produtividade do rebanho brasileiro.
Nutrição: os animais são mantidos em pastagens que são utilizadas de forma contínua,
sem reposição de nutrientes e que ficam sujeitas às variações climáticas ao longo do ano, como
por exemplo, a falta de chuvas que provoca uma menor produção das forrageiras e
conseqüentemente redução na produção de leite. O alto custo dos concetrados, a falta de
forragens conservadas e a ausência de mineralização comprometem a nutrição dos animais e a
produtividade.
Instalações: bezerreiros, currais ou estábulos para ordenha inadequados podem provocar alta
mortalidade dos bezerros e uma higiene deficiente com alta transmissão de doenças.
Mão de obra. A ausência de pessoas especializadas, com falta de aptidão e a subutilização de
instalações e equipamentos também são responsáveis pela baixa produtividade.
Causas das variações da quantidade e qualidade do leite
Raça: algumas raças são mais especilaizadas para produção de leite que outras, influênciando
principalmente quanto à qualidade e porcentagem de gordura.
Nutrição: a produção de cada animal é determinada pela sua genética e pelo ambiente. Portanto
se um animal for alimentado em demasia não produzirá mais leite do que a sua capacidade
permite, porém, uma alimentação deficiente, vai refletir numa produção bem abaixo do nível
normal. Daí a necessidade de uma alimentação balanceada.
Idade e número de parições: a produção de leite aumenta com o número de lactações atingindo o
pico de produção na quarta lactação.
Tempo de lactação: a época da lactação (tempo decorrido após a parição) influi muito sobre a
composição do leite de um animal. Atinge o pico de produção na lactação no segundo mês.
Variações climáticas: com relação a influência do ambiente na produção de leite, o frio, vindo
repentinamente diminui a produção tanto do leite como em gordura. Com o frio constante, as
vacas produzirão mais ou menos o normal se forem bem alimentadas, apenas a gordura será um
pouco reduzida. Em situções de calor intenso os animais diminuem a ingestão de alimento o que
também prejudica a produção de leite.
Prática de ordenha: o número de ordenhas influi na produção. Vacas de primeira cria têem em
média um aumento na sua produção de 50% quando são ordenhadas duas vezes ao dia ao invés
de uma vez. E quando são realizadas três ordenhas a produção pode ter um acréscimo
de aproximadamente 15%.
Composição do leite
O leite é uma emulsão de glóbulos de gordura, estabilizada por substâncias albuminóides num
soro que contem em solução = um açúcar = a lactose, matérias protéicas, sais minerais, sais
orgânicos e pequenas quantidades de vários produtos, tais como: lecitina, uréia, ácido láctico,
vitaminas, enzimas, etc.
Higiene do leite
Com o objetivo de manter a qualidade do leite deve-se tomar alguns cuidados como: o colostro,
assim como o leite de vacas com mastite ou que tenham recebido recentemente antibióticos não
devem ser utilizados; o leite deve ser armazenado em recipientes limpos; não deve-se misturar
leites de diferentes ordenhas; o leite deve ser resfriado de 4 a 5 ° C.
PRINCÍPIOS DE ENFERMAGEM
Aplicação de medicamentos
Subcutânea: mais indicada para vacinas e vermífugos. O local ideal de aplicação é a região atrás
ou à frente da pá, conhecida como paleta. É uma área fácil de ser atingida, além de possuir pele
frouxa e fina e apresentar maior segurança para o aplicador. Como o próprio nome diz, o líquido
fica depositado entre o couro e a carne. Para que a injeção seja melhor absorvida, recomenda-se
direcionar a agulha obliquamente de cima para baixo, como também dobrar a pele, para impedir o
refluxo do medicamento. Não se deve aplicar na região da cauda, por estar suja de fezes e
apresentar-se pouco elástica, seca e distendida.
Endovenosa: é a que proporciona mais facilidade na absorção e ação mais rápida. Vai
diretamente ao sangue e é a via preferencial para administrar soros e soluções de cálcio e fósforo.
Os melhores locais são as veias jugular e mamária (ou abdominal), quando desenvolvida.
Normalmente os medicamentos são acompanhados do equipo (material necessário para realizar o
procedimento). Caso não haja gente treinada na fazenda para a aplicação endovenosa, esta pode
ser substituída pela subcutânea, porém repetida em várias regiões do corpo, como atrás da
paleta, barriga e outras em que a pele é abundante e solta. Aplicar tantas vezes quanto
necessárias para esgotar as dosagens recomendadas.
Intramuscular: relativamente complicada para quem não possui prática. A agulha, sendo de
latão, não suporta grandes tensões, quebrando freqüentemente devido aos movimentos bruscos
dos animais no tronco. Deve ser dada em caso de medicamentos oleosos e de antibióticos
específicos, situações esclarecidas pelas bulas. Nesse caso, o medicamento chega mais rápido aos
vasos do que através da subcutânea. Os melhores locais de aplicação são a região glútea (garupa),
o músculo da tabua do pescoço e da coxa, os mais volumosos.
Intra-ruminal: dada com uma agulha especial, mais comprida, de calibre groso, com resistência
para atravessar o couro, as paredes musculares, o peritônio e o rúmen. De uso bastante restrito,
a injeção intra-ruminal de antelmíntico oferece a vantagem de ser menos trabalhosa que a
administração oral e proporciona manejo mais rápido. Apenas o veterinário ou alguém treinado
pode fazer essa aplicação, pois algum erro pode causar infecções de difícil recuperação pelos
animais.
Intradérmica: aplica-se somente para testes de tuberculose e alérgicos. Feita com agulha
especial, bem pequena. Resultados conferidos em algumas horas. O local de aplicação é debaixo
da cauda, pela ausência de pêlos, o que facilita a observação das reações.
Problemas nos cascos dos bovinos
Podem ocorrer por lesões causadas por febre aftosa, brocas, traumatismos, postura defeituosa do
membro, podridão do casco e permanência por longo tempo em pisos ásperos (cimento), que
levam à formação de ferida de difícil recuperação, agravada pelo excesso de umidade. Geralmente
aparece quando o animal começa a mancar, havendo mudança na posição de apoio devido à dor.
O tratamento é cirúrgico, aparando os cascos, moldando a unha, para que o animal volte a pisar
normalmente. Para cascos com feridas, deve ser feita limpeza e curativo, com enfaixamento da
pata para evitar hemorragia. Animais com esse problema devem ser manejados em locais secos,
sem acúmulo de água e barro, para evitar agravamento e facilitar a cicatrização.
Uma das formas preventivas é a utilização de pedilúvio, em que o animal precisa passar,
molhando os cascos, pelo menos uma vez ao dia.
Pedilúvio: 5 litros de formol, 5 kg de sulfato de cobre e água suficiente para completar 100 litros.
Banho Carrapaticida
Geralmente a única atividade utilizada para combater carrapatos. O gado leiteiro, por ter maior
grau de sangue holandês e serem manejados de maneira mais intensiva, sofre mais com esse
problema. O preparo correto da solução é muito importante. Para que a solução fique homogênea
é necessário diluir-se o carrapaticida em 2 a 3 litros de água e misturar muito bem. Só depois
disso é que a mistura pode ser novamente diluída para o volume total do pulverizador,
misturando-se muito bem novamente. O banho não deve ser dado com pressa, mas sim com
cuidado para que o corpo todo do animal seja pulverizado, garantindo maior eficiência. O
equipamento deve estar em boas condições, com pressão suficiente para saída de um jato com
micro gotículas, que, com muita velocidade, penetram nos pêlos e atingem os carrapatos
pequenos. Para o banho os animais devem ser contidos por corda, canzil, brete de tábuas
estreitas ou cordoalha de aço e banhados individualmente. Para cada animal se gasta de 3 a 4
litros de solução. Os banhos por aspersão não se mostram eficientes, pois os carrapatos pequenos
não são mortos, fazendo com que as fêmeas cresçam até cair no chão e botar ovos. A eficiência só
é alcançada com banhos a cada quinze dias. O banho deve ser aplicado no sentido contrário aos
pêlos e de cima para baixo, sempre a favor do vento. O aplicador deve proteger-se com luvas,
máscara e roupa apropriada, tanto na preparação como na aplicação. Em caso de chuva, os
animais devem ser mantidos em local coberto por duas horas após o banho. O produto
carrapaticida deve ser de boa qualidade, mas mesmo assim pode causar resistência dos
carrapatos, dependendo dos parasitos sobreviventes após o banho. Os produtos são divididos por
famílias e os carrapaticidas da mesma família devem ser administrados por cerca de dois a três
anos, da forma mais correta possível e pelo menor número de vezes possível, para que a
resistência demore mais para se instalar. Quando for feita a troca, deve-se escolher um
carrapaticida de família diferente. A melhor época para a aplicação de medicamento carrapaticida
é a dos meses quentes do ano, janeiro a abril, quando os carrapatos proliferam com maior
facilidade. Recomenda-se uma série de cinco a seis banhos a cada 21dias.
Temperatura normal: de 37,5 ºC a 38,5ºC
DOENÇAS INFECCIOSAS
Brucelose (zoonose)
Causa: é causada pela bactéria Brucella abortus.
Sintomas: causa aborto no final da gestação (aproximadamente no 8º mês), mas a partir da
segunda gestação apresenta imunidade, ou seja, não aborta na terceira vez, mas continua
transmitindo a doença. Nos touros, causa orquite (inchaço dos testículos), podendo levar a fibrose
dos mesmos. É uma doença infecto-contagiosa e transmissível ao homem.
Meios de cura e prevenção: os animais positivos na prova de sorologia devem ser sacrificados, e
a vacinação deve ser feita nas bezerras entre 4 e 8 meses de idade. Os restos placentários são
altamente infecciosos tanto para outros animais quanto para o homem, portanto, tomar os
devidos cuidados na manipulação deles.
Obs: se o animal não for vacinado até o 8º mês, não vacine mais, pois poderá mascarar a doença,
devendo o animal ser abatido.
Tricomonose
Causa: Trichomonas foetus, um protozoário.
Sintomas: nos touros forma reservatório no prepúcio, sem sinais aparentes. Nas vacas causa
esterilidade temporária com inflamação catarral no útero, causando aborto até o 4º mês de
gestação (sem retenção de placenta), esterilidade temporária, irregularidades no cio, podendo
apresentar imunidade por 2 a 3 anos e sofrer nova infecção. É uma doença sexualmente
transmissível (DST) e contagiosa.
Meios de cura e prevenção: utilização de inseminação artificial; eliminação dos animais
positivos, controle do estado sanitário dos machos reprodutores. As fêmeas infestadas que não
foram descartadas, devem ficar em repouso sexual por no mínimo 3 meses.
Campilobacteriose (vibriose)
Causa: Vibrio fetus, bactéria.
Sintomas: não apresenta, entretanto nos touros forma reservatório no prepúcio e nas vacas
causa aborto no 5º ao 6º mês de gestação, ciclos estrais longos e irregulares (+ou- 25 dias). É uma
doença sexualmente transmissível (DST) e infecto contagiosa.
Meios de cura e prevenção: utilização de inseminação artificial; eliminação dos animais
positivos, controle do estado sanitário dos machos reprodutores. As fêmeas infestadas que não
foram descartadas, devem ficar em repouso sexual por no mínimo 3 meses.
IBR
É uma doença importada, pode ser detectada na vagina que fica ulcerada (pequenas feridas);
causa aborto.
Colibacilose ou curso branco
Causa: Eschericha coli; bactéria, ataca na 1º semana de vida.
Sintomas: diarréia branco-leitosa, emagrecimento progressivo, apatia e até morte;
Meios de cura e prevenção: antibióticos e quimioterápicos específicos; higiene e desinfecção do
umbigo.
Onfaloflebite (umbigueiro)
Causa: diversas bactérias;
Sintomas: inflamação do umbigo que aparece nos primeiros 15 dias de vida e apresentam sinais
da inflamação local, como inchaço e aumento da temperatura.
Meios de cura e prevenção: limpeza do local e aplicação de tintura de iodo. Logo após o parto,
deve-se aplicar tintura de iodo no umbigo, e manter as instalações limpas e com controle de
moscas.
Pneumonias
Causa: Vários microorganismos como Mycoplasma mycoides, Pasteurella sp e o vírus da
Parainfluenza;
Sintomas: febre alta e fraqueza que atinge principalmente bezerros.
Meios de cura e prevenção: Antibióticos específicos. A umidade deve ser evitada (trocando a
cama sempre que necessário), assim como ventos frios. É importante garantir ingestão de colostro
e manter os animais bem nutridos. Deve-se também evitar usar camas e rações que produzam
muito pó.
Paratifo (Pneumoenterite)
Causa: a bactéria Salmonella dublin;
Sintomas: Diarréia intensa (amarelo acinzentado), febre alta, emagrecimento e morte. Pode
aparecer do 15º dia ao 4º mês de vida.
Meios de cura e prevenção: não há cura, e deve-se vacinar a vaca no 8º mês de gestação e o
bezerro aos 15 dias de vida.
Febre aftosa
Causa: vírus;
Sintomas: febres, aftas na boca e mastites que aparecem em qualquer idade. Os animais perdem
apetite, apresentam mastigação lenta e dolorosa e salivação profunda.
Meios de cura e prevenção: Não há cura, e a vacinação semestral do rebanho a partir dos 4
meses de idade é obrigatória.
Carbúnculo Sintomático (manqueira)
Causa: Clostidium chauvoei;
Sintomas: tumores e inchaços nos membros, principalmente dos posteriores e morte. Atinge
principalmente animais de 4 a 12 meses de idade.
Meios de cura e prevenção: não há cura, e é obrigatória a vacinação dos animais aos 4 meses de
idade, com reforço aos 18 meses.
Carbúnculo Hemático
Causa: Bacillus anthracis;
Sintomas: morte súbita com hemorragias nas aberturas naturais; aparece em qualquer idade.
Meios de cura e prevenção: Não há cura, e a vacinação deve ser feita em locais onde houver
ocorrência da doença, uma vez ao ano.
Babesiose/Anaplasmose
Causa: (B. Bigeemina, B. Bovis e B. Argemtina) (A. Marginale e A. Centrale)
Sintomas: febre falta de apetite, anemia, icterícia e apatia. Aparece em qualquer idade.
Meios de cura: antibióticos e quimioterápicos específicos.
Meios de prevenção: Boa nutrição dos animais, controle de carrapatos através de pulverização
periódica, pré-imunização de animais que venham de áreas sem a doença.
Verminoses
Causa: endoparasitas;
Sintomas: Emagrecimento, apatia, anemia profunda;
Meios de cura: Vermífugos específicos em doses curativas;
Meios de prevenção: Vermífugos específicos em doses preventivas.
Raiva
Causa: vírus neurotrópico;
Sintomas: Paralisia de membros, apatia, isolamento do grupo, salivação intensa e incoordenação.
Meios de cura e prevenção: vacinação de todo rebanho nas regiões de incidência de morcego
hematófago, uma vez por ano a partir de 4 meses de idade.
DOENÇAS HEREDITÁRIAS
Free-martin
Definição: 95% das fêmeas nascidas de uma gestação gemelar de macho e fêmea, ocorre
anastomose dos vasos coriônicos (divisão de vasos, ocorrendo troca de sangue entre macho e
fêmea).
Causa: o hormônio masculino do irmão gêmeo, a testosterona, vai interromper o desenvolvimento
dos órgãos diferenciais da fêmea.
Sintomatologia: grande crescimento de pêlos na comissura vulvar inferior, clitóris muito
desenvolvido (hipertrofiado), esterilidade.
Meios de cura e prevenção: eliminar os produtos de gestação gemelar casal e avaliar os pais.
Observação: na gestação gemelar casal é normal ocorrer aborto, ocorrer natimortos, retenção da
placenta em mais de 50% dos casos, causando metrite e parto distócico (parto difícil).
Hipoplasia testicular
Definição: subdesenvolvimento anatômico e funcional das glândulas masculinas, mais
freqüentemente nas raças leiteiras.
Causa: a) Congênita: gene recessivo de penetração incompleta;
b) Degeneração Testicular: problemas nutricionais quando jovem e enfermidades.
Sintomas: testículos de tamanhos diferentes (pequenos e de consistência flácida).
Diagnóstico: exame da bolsa escrotal.
Meios de cura e prevenção: eliminar os animais portadores da anomalia congênita.
Observação: Estes machos apresentam baixa eficiência reprodutiva, sêmen de baixa qualidade.
Criptorquidismo
Definição: o testículo não migra para a bolsa escrotal permanecendo na cavidade abdominal.
Causa: hereditária, porém alguns casos são hormonais.
Sintomas: a doença pode apresentar-se unilateralmente (roncolho), onde somente um testículo
fica na bolsa escrotal, ou bilateralmente, onde há ausência de testículos na bolsa escrotal.
Meios de cura e prevenção: eliminar os animais criptorquidicos unilaterais.
Observação: animais criptorquidicos apresentam baixa eficiência reprodutora e sêmen de baixa
qualidade.
PARASITAS
Carrapatos
Há várias espécies de carrapatos, que se localizam por toda a parte externa do corpo do animal,
amplamente distribuídos. Algumas espécies podem produzir dores fortíssimas e serem vetores de
várias doenças, como a tristeza parasitária dos bovinos, anaplasmose, febre maculosa das
montanhas rochosas, febre Q, tularemia, babesiose, prejudicando o animal, deixando-o
debilitado e, caso alguma doença seja adquirida pelo rebanho, há défict na produção e até morte.
Causam irritação, anemia, perda de peso, desenvolvimento precário, ulceração, obstrução da
orelha (surdez), distúrbios digestivos e nervosos. Carrapatos adultos são facilmente reconhecidos
na pele do animal, porém os filhotes e os parasitas pequenos ficam escondidos no subpêlo. A
única forma de matá-los e prevenir-se contra eles é o banho carrapaticida e uso de outras
substâncias químicas. As pulverizações devem ser feitas com cuidado e de forma adequada.
Ácaros
Localizam-se na pele do hospedeiro, algumas espécies preferindo áreas de pelagem escassa e
outras preferindo regiões de pelagem densa. Causam sarnas, danos na pele com défict na
produção de couro, podendo levar à morte. Alimentam-se de restos de pele e linfa, entram nos
folículos pilosos e glândulas sebáceas, causando inflamação crônica, espessamento da pele e
perda de pêlo. Nas feridas penetram bactérias, o que piora o estado dos abcessos e nódulos. A
perfuração da pele causa escorrimento de fluido, formando crostas. Também surgem dermatite,
prurido e arranhões. O controle deste parasita é feito com banhos acaricidas, pulverizações,
banhos e imersões.
Piolhos
Encontrados com mais freqüência nas partes protegidas da pele, como parte lateral do pescoço,
dorso, peito, entre os membros, base da cauda e cabeça. Algumas espécies atacam locais com
temperatura mais fria, disseminando-se com mais facilidade no inverno. Já outras se disseminam
em todas as regiões do mundo. Quando presentes em grande número, podem danificar o
desenvolvimento dos animais, acarretando perdas. A irritação causada nos animais prejudica a
alimentação e o sono. O coçar produz feridas e torna a pele áspera. Se a infestação for grande,
pode ocorrer anemia, deixando os animais susceptíveis a doenças. O diagnóstico é feito apenas
pela observação. O controle é feito por pulverizações, pós, banhos e inseticidas.
Moscas
Vivem em feridas sobre a pele, podendo depositar ovos sobre os pêlos, vivendo as larvas no tecido
subcutâneo. Causam sérios abcessos, que devem ser tratados. As larvas digerem os tecidos,
expandindo a lesão e deixando o animal susceptível a infecções diversas. A morte ocorre com
freqüência, ocorrendo perda da qualidade do couro para exploração comercial, aumentando os
prejuízos. As feridas têm odor pútrido, liberando líquido de cheiro desagradável. O diagnóstico é
feito pela presença de larvas nas feridas, por nódulos dolorosos, presença de ovos sobre o pêlo,
remoção das larvas e exame.
Como tratamento deve ser feito curetagem do tecido necrosado e higienização do local. As afecções
causadas por moscas são conhecidas por bicheira ou berne e podem ser evitadas com imersões,
banhos, inseticidas e agentes químicos diversos.
Sempre deve-se lembrar que o tratamento de qualquer enfermidade deve ser feito pelo médico
veterinário responsável pela propriedade, de preferência alguém que já faça acompanhamento dos
animais e esteja ciente da situação da fazenda. Medicações sem aval do veterinário só devem ser
ministradas em caso de extrema emergência, enquanto o médico veterinário não chega ao local.
Se possível, deve-se evitar medicação sem prescrição.
APARELHO DIGESTIVO
O que difere os ruminantes dos demais animais é o fato de serem poligástricos, ou seja, possuem
quatro estômagos, chamados rúmen, retículo, omaso e abomaso. O tamanho de cada um varia
no decorrer da vida do animal. Na primeira mastigação ocorre a trituração dos alimentos e a
ensalivação. Em média, o bovino libera de 50 a 60 quilos de saliva por dia. Quando os alimentos
fornecidos são fluidos, a salivação torna-se fraca, o conteúdo do rúmen, então, torna-se viscoso e
o gás resultante a digestão causa a aparição de espumas, surgindo a indigestão gasosa ou
espumosa, característicos da meteorização. Esses animais são altamente adaptados para a
digestão de celulose, tornando-se completamente herbívoros quando adultos. Os alimentos
mastigados e engolidos são armazenados no retículo, onde ocorre sua maceração e trituração,
para voltarem à boca e serem mastigados novamente, processo chamado de ruminação. No rúmen
há milhares de microorganismos, responsáveis pela digestão da celulose contida nos vegetais
ingeridos e pela formação de ácidos voláteis. Percebe-se, que o aparelho digestivo dos ruminantes
possui adaptações para tornar viável a sobrevivência desses microorganismos. Portanto, qualquer
variação na alimentação pode modificar a colônia de bactérias, alterando a digestão do animal e
podendo levá-lo a ter alguma doença. No folhoso (omaso) a água do bolo alimentar é absorvida
para que no coagulador (abomaso) ocorra o ataque do suco gástrico e a digestão propriamente
dita. O suco gástrico é constituído principalmente por água, sais minerais, ácido clorídrico e
pepsina (uma proteína com ação enzimática). A partir daí, a digestão ocorre como em qualquer
outro animal, com a absorção das substâncias pelo intestino delgado e absorção de água pelo
intestino grosso, com a produção das fezes (resíduos alimentares não aproveitados). Como os
microorganismos residentes no estômago bovino estão constantemente reproduzindo-se e
morrendo, eles também são digeridos.
MANUAL DO LEITE PURO
Siga as dicas para produzir leite com qualidade e produtividade.
1. Controle a Mastite
Mantenha a higiene e um bom manejo na ordenha.
• Não estresse os animais, principalmente próximo à hora da ordenha;
• Mantenha as mãos sempre limpas;
• Respeite o tempo de descida do leite: a vaca precisa começar a ser ordenhada no
máximo após um minuto e meio da retirada dos primeiros jatos;
• Lave os tetos e a parte inferior do úbere;
• Úberes muito sujos devem ser lavados antes da ordenha;
• Examine os primeiros jatos de leite em caneca telada ou fundo escuro, para
detectar grumos característicos da mastite clínica. Seja rigoroso;
• Use um desinfetante pré-ordenha. Respeite seu tempo de atuação (normalmente 30
segundos). Seque com papel toalha;
• Coloque a ordenhadeira evitando o escape de vácuo e posicionando-a
adequadamente para evitar lesões;
• Não mantenha a ordenha por período maior que o necessário;
• Retire as teteiras, ao final da ordenha, fechando o registro de vácuo do copo coletor
(não “puxe” a ordenhadeira dos tetos);
• Previna a ocorrência de leite residual, através de ordenha organizada, eficiente e
completa;
•
•
•
•
Use um desinfetante pós-ordenha: aplique-o por todo o teto, evitando o uso de
desinfetante “sujo” (com restos de leite, pus ou matéria orgânica / fezes);
Conserve os desinfetantes sempre em seu frasco original, em local fresco e longe de
raios solares;
Ordenhe primeiro as vacas sadias e de primeira cria, depois as vacas com mastite
subclínica e finalmente as vacas com mastite clínica, ou de preferência em local
separado. O leite de vacas com mastite clínica não deve ser misturado ao leite
normal.
Evite que a vaca se deite logo após a ordenha, oferecendo alimento, por exemplo.
Faça a manutenção do equipamento de ordenha.
• Faça a limpeza e desinfecção de todo o equipamento ao final de cada ordenha;
• Controle o sistema de vácuo, de pulsações e de transporte de leite da ordenhadeira
regularmente;
• Troque as peças de uso contínuo (teteiras, mangueiras, reparos, etc.) antes que
estraguem completamente: veja as recomendações do fabricante;
• Siga sempre as orientações de limpeza e manutenção recomendadas pelo fabricante
e exija Assistência Técnica Autorizada.
Registre os dados de mastite na sua propriedade.
• Anote o nº dos animais com mastite, qual o teto afetado, a duração das mastites
clínicas, os medicamentos usados e o resultado do exame de laboratório (sempre
que possível, colete com toda a assepsia amostra de leite do quarto com mastite,
congele e mande para o laboratório;
• Registre os dados de mastite subclínica: faça o teste do CMT mensal ou
bimestralmente.
Trate imediatamente os casos clínicos de mastite. Escolha medicamentos de eficácia
comprovada.
Trate TODAS as vacas no dia da secagem, usando produto específico para vaca seca.
Descarte ou segregue vacas com mastite crônica.
Mantenha a higiene e o conforto ambiental, tanto das vacas em lactação, como das vacas
seca e das novilhas.
• Mantenha a sala de ordenha sempre lima e ventilada;
• Evite falta de ventilação, insolação direta, temperatura elevada, pisos irregulares,
acúmulo de água e dejetos nos estábulos, confinamentos, bezerreiros e
maternidade;
• Maneje corretamente as camas dos confinamentos;
• Evite lamaçais nas saídas dos estábulos e nos piquetes;
• Propicie sombreamento e fontes de água, adequados para os animais;
• Maneje corretamente os dejetos líquidos e sólidos, evitando a proliferação de
moscas, vermes e carrapatos;
• Desinfete regularmente as instalações.
2. Forneça alimentação adequada.
Confira os níveis energéticos, protéicos, de vitaminas e minerais do arraçoamento de todas
as fases de criação (vacas em lactação – de acordo com a sua produção, bezerras, novilhas
e vacas secas).
3. Use água de boa qualidade.
Tenha disponível água clorada, armazenada em reservatórios tampados e isolados, na
quantidade de 100 litros por vaca mais 6 litros de água por litro de leite produzido
diariamente.
4. Faça o manejo correto das vacas em lactação.
Respeite o período de descanso da vaca, secando-a dois meses antes da data prevista do
parto. Fique atento a condição corporal de cada animal neste período.
5. Conserve corretamente o leite produzido.
Todos os utensílios (baldes, tanques, latões, etc.) que servem ao trabalho de ordenha,
armazenagem e transporte do leite, devem ser lavados com água e detergente, enxaguados,
desinfetados e secos antes de serem usados.
• O leite deve ser resfriado a 4ºC imediatamente após a ordenha;
• O transporte deve ser resfriado (até 5ºC), ou realizado nas horas mais frescas do
dia, com tempo máximo de percurso de duas horas.
6. Faça esquema de vacinação rigoroso.
Muitas doenças que afetam a que afetam a qualidade do leite são previníveis com vacinas:
como a brucelose e a leptospirose. Outras, como raiva, febre aftosa, clostridioses, doenças
entéricas, reprodutivas e respiratórias também podem ser evitadas com vacinas
comprovadamente eficazes que, se não interferem no leite diretamente, aumentam a
eficiência e a produtividade leiteira.
• Contra mastite, use apenas vacinas comprovadas. Seu resultado depende do tipo
de mastite mais prevalente na propriedade.
7. Combata a tuberculose.
Rebanhos que apresentam esta importante doença que afeta o gado leiteiro e também o
homem, devem ter cuidados redobrados. Fazer exames periódicos, identificando os
animais positivos. Descartá-los ou trata-los, sob orientação do veterinário (se o animal for
de alto valor zootécnico).
8. Respeite os períodos de carência recomendados dos medicamentos.
PRINCÍPIO ATIVO
Ceftíofur
Amitraz
Amoxacilina 140 mg + ac-clavulâmico 35 mg/g
Albendazol 10%
Colistina 25 mil UI/kg/4h
Cloridrato de pirlimicina
Enrofloxacina
Amoxacilina 150 mg/ml
Tetraciclina (HCI) 5 mg/kg/12h
Ampicilina 12 mg/kg/4h oleosa
Tilosina
Gentamicina 150 mg intramamária
Cefoperazone
Cefacetril
Cefalexina 100 mg, neomicina 100 mg e prednisolona 10 mg/100 ml
Oxitetraciclina (HCI) 10 mg/kg/8h
Penicilina procaína 2 milhões UI/12h
Fenbendazol
Closantel
Penicilina benzatina 2 milhões UI/48h
Ivermectina 0,5% pv
*
**
***
PERÍODO DE CARÊNCIA*
12 horas
1 dia**
1 dia**
2 dias**
2 dias***
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4 dias
15 dias**
17 dias***
28 dias**
(varia conforme o produto, a via de administração, a dose, o excipiente e sua solubilidade, além do estado sanitário da glândula
mamária);
Compêndio Veterinário. Ed. Andrei 28ª ed.
Costa, E. O.; Melville, P. A.; Ribeiro, A. R.; Watanabe, E. T.;Benites, N. R. Resíduos de Antibióticos: comprometimento à qualidade
do leite. Gado Holandês, nº 488. Jan/Fev 96.

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