programa de bacantes 1996 (pdf, 30 pgs., 9 mb)
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programa de bacantes 1996 (pdf, 30 pgs., 9 mb)
bacantes teatro oficina uzyna uzona apresenta: subs tância corpo técnico y artístico 06 lambidas y chupadas 08 10 o teat(r)o 14 Argumento de Eurípides para Bacantes (tradução de Jaa Torrano) tyato do coração (por Zé Celso Martinez Corrêa) 15 a busca da feritilidade perdida (por Mario Vitor Santos) 16 Bacantes 18 corpo técnico e artístico D MA s ON o i nysRUMM o i d D ELO C R d ZÉ ireçã CEL o SO kadm os, z e PAS us, emp COA rega L DA do, o CON 2 me CEIÇ nsag ÃO eiro penteu RAÚJO GIO A R É S N A FR iro e g sa ALI n e AV C o m 1 A e, ON l l me LLEY e s A tir ZÉ Césias ELSO e) ITE o n to O LE u a a ( RRET r e h BA A R E V agave çÃO DENISE ASSUN CORO: patrícia winceski, fabiana serroni, bibba chuqui e tânia regina albissú PERCUSSÃO E BATERIA: deko PERCUSSÃO: beth beli BAIXO: chantilly CORDAS: pepê neves PIANO, TECLADO E PERCUSSÃO: marcelo pellegrini GARÇONS (DIREÇÃO DE CENA): vadim nikitim e franklin albuquerque MAQUINISTAS: joão marcos e dagoberto marcelino VERSÃO BRAZYLEYRA: denise assunção, josé celso martinez correa, marcelo drommond e catherine hirsch MÚSICA: josé celso martinez correa DIREÇÃO MUSICAL: marcelo pellegrini DIREÇÃO DE PERCUSSÃO: deko PREPARAÇÃO VOCAL (FALA): lúcia helena gayotto PREPARADORES CORPORAIS: eliana carneiro, cristina cibilis, fabiana serroni TRILHA SONORA: zé celso, marcelo pelegrini e zero freitas OPERADOR DE SOM: juarez adriano ILUMINAÇÃO: cibele forjaz ASSISTÊNCIA E MONTAGEM DE LUZ: ari nagô e alex saldanha OPERADORES DE FOCOS MÓVEIS: yuri sanpaio, alessandra souto, valéria simeão, odara costa e flavio sassioto CENOGRAFIA E ADEREÇOS: martín corullón, guilherme wisnik, elaine coimbra, andrés rodrigues, josé da silveira jr. e luciana pinto DIREÇÃO DE ARTE: marcelo drommond e cibele forjaz CENOTÉCNICOS: joão marcos, claudio cabrera e dagoberto marcelino PAINEL DE FUNDO: fernanda ferreira, luciana noleto, emilia ramos, giuliano scandiuzzi, eduardo fernandes e rodrigo araújo PAINEL DE FACHADA: rodrigo lopez, andré stolarski, guilherme wisnik FIGURINOS: marcelo drommond, adriana da cunha, carla caffé, marcos pedroso, caio da rocha (veste agave, hera e ino), jeziel moraes (veste kadmos), cacá valadares e fábio barreto (vestem músicos) CORPO SANTO: hector othon, ana vitória, beth carpinelli e vasco COSTUREIRA E CAMAREIRA: nirce PRODUÇÃO EXECUTIVA: rosana costa SECRETARIA DE PRODUÇÃO: elizete maria BILHETERIA: sandra regina campos FRENTE: joaquim soares e lacy VIDEOMAKER: fernando coimbra lambidas y chup adas BACANTES CO-AUTORAS: EVOÉ! À dura criação desse enjeitado, o sonho dos Mystérios Gozozoz do Teatro do Extádio d Oswald d Andrade À Mênade Lina Bardi: O Teatro Pé na Estrada Ao Poeta Roberto Piva: Porta estandarte da Associação dos Garotos contra Cristo À Papiza Zuria: “Cuzinho d tudo. Do Pingo ao pó.” A Edson Elito: concretista d delyrios Ao coro d peões e seu corypheu Luís, o Báquico Aos q, não phoderam nem saíram d cima Aos q, nos dias de hoje, ainda phodem Às Escolas d Samba À Saga d cinema do Noilton Nunes À Luciana Domschke, Bacante, Medicatriz, por sua volta à Medicina d cura pelo teatro Às Leoas encarceradas Ao Bach Bacante J.C. Martins A Anelena D’Staal, musa inspiradora desta encenação em papel A Celso Furtado, engenheiro das possibilidades culturais do Brasil q sua paixão descobriu como fundamento d uma revolução econômica A Fábio Magalhães, por sua tomada d partido pública e explícita ao lado deste trabalho Ao Lança Perfume Aos q chegarão A todos os sambas da Época d Ouro do Dragão q cantam a Orgya A Orpheu do Carnaval À Afro Dita Ao Deus da vida etherna: Dyonyzios SP, 13-02-87 Você se lembra quando traduziram em co-autorias os “Pequenos Burgueses”, “Os Inimigos”, “Um mês no campo”? Vives nos mitos. Não sabes q os inventores são apenas os q acrescentam as últimas pedras ao edifícil experimentado antes por inúmeros trabalhadores anônimos e silenciados? Nós pilhamos o passado e trazemos esse etherno presente. Nessa orgya lambemos e xupamos: Chico Aschar, A.Medina, Torrano, Eudoro, Marias Portuguesas, Berguin et Duclos, Alman y Boulykan, Richard Schechner, Maysa, Carmem Miranda, Ana e Lala Martinez Corrêa, Bibi Ferreira, Noilton, BB, São João Gilberto Gil e Genet, Nietzsche Prestes, Euclides da Cunha, Zuria, Rimbaud, Annette, James Dean, Qorpo Santo, Aracy de Almeira, Castro Alves, Tim Maia, Lamartine Babo, Cocteau, Edgar Ferreira, Billie Holliday, Wagner, Adoniran, Pascoal da Conceição, Clementina de Jesus, Oswald de Andrade, Ary Barroso, Marcelo Santiago e Serra, Nelson Rodrigues, Souzãndrade, Bidu Saião, Tom Jobim, Vinícius, Dircinha e Linda Batista, Antonin Artaud, Nanã, Glauber. Wally Salomão, Cida Assumpção, Roberto Piva, Caetano Veloso, Cazuza, Luis Melodia, Angela Ro Ro e Correia, Noel Rosa, Luis Fernando Guimarães, Alexandre, o Luca Maluca, Macalé, Lupiscínio Rodrigues, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Assis Valente, Villa Lobos, Jorge Ben, Denis Brian, Rochelle Pedro Maxwell, Domitila Amaral, Baudelaire, Dorival Caymmi, João Donato, Pai Gilberto, Vera Barreto Leite, Lafayette, Anelena Du Staal, Vincent Van Gogh, Joaozinho Trinta, Tereza, Isaurinha Garcia, Tarsila do Amaral, Junito Brandão, Hélioiticica, Pietro Paulo Pasolini, Bizet, Carmen, Jorge d Lima, Vicente Celestino, Gilda de Abreu, Conceição Tavares, Surubim, Luis Bernardo, Nelson Cavaquinho, Neuza Pinheiro, Lacanianos do Rio, Fernando Pinto, Sandy Celeste, Renné Gumiel, não lembrados, todos. Mas, palmas pras Notícias Populares. bebidas para os /executantes, encarregar-se do salário diário dos artistas. Avaliam-se em vinte e cinco minas os custos de uma coregia trágica, em quinze minas os de uma coregia cômica (a mina correspondia mais ou menos a cem dias de salário de um operário nâo especializado). ROLAND BARTHES O Teatro Grego C CIMENTO E TIRA D TERRA CRUA PISTA DUPLA VIA DUTO NIVEL DA RUA 0 (ZERO) CANAL D LIGAÇÅO BOCASCUS ENTRADAS E SA∑DAS DUAS PORTAS = DIONYZIOS, NAS PONTAS EXTREMAS SETE COMPORTAS CORTINAS D TEBAS chão traduçâo de Isabel Pascoal pista Teatro de estádio Est/á aí um teatro para hoje, um teatro de estádio... participante dos debates do homem... estádio de nossa época onde há de se tornar uma realidade o teatro de amanhã, como foi o teatro na Grécia, o teatro para a vontade do povo e a emoção do povo... OSWALD DE ANDRADE cenário c Ponta de Lança PASSAGEM PARA UM TEATRO DE PASSAGEM E A EXATA A PRECISA ESTREITEZA DE CRISTA DE GILETE que eram admitidos: o corego tinha de alugar a sala de ensaios, pagar o equipamento, fornecer as f p aqueles que o arconte designava os coregos de cada ano, evidentemente tantos quanto os coros D E S F I L A D E I R O sica, de cerca de mil e duzentos, dentre os quarenta mil cidadãos que a tica contava. Era dentre NÅO TEM A LARGURA DE REDE DE SEGURANÇA TEM É A LARGURA DO ARAME, DE UM ARAME SEM REDE impôr uma liturgia por causa das suas fortunas (havia outra além da coregia) era, na época clás- TOMADA DE PONTA CABEÇA, PLUG PRO CÉU PRIMEIRA LIGAÇÃO PROPAGANDA PAINEL ELEKTRÔNICO DE XIFRES DE COBRE DO BI CORNADO XAMA RAIO OLHOS VAZADOS OLHOS VAZANDO LUZES DE FORA PRA DENTRO DE DENTRO PRA FORA DE NARIZ BIGORNUDO BOCA ABERTA BOCA FEXADA ENGOLINDO TODOS BEBE D BACO FASE BUCAL GULOSA KANAL o corego devia mandar instruir e equipar um coro. O número dos cidadãos aos quais era possível fachada era uma liturgia, quer dizer, uma obrigaçâo oficialmente imposta aos cidadâos ricos pelo Estado: TEBAS TEBASP TERREIRA ELEKTRÔNICA EXTRATOPORTO TEATRO D DIONYZIOS BURACO VÁRZEA PIRAMBEIRA STALKER TERRENO BALDIO MATAGAL MORRO DO CYTHERON ENCRUZILHADA O CENTRO PÉ NA ESTRADA O teatro grego foi um teatro oferecido legalmente aos pobres pelos ricos. A coregia O TEAT(R)O Coréga o teatro como ele era o teatro como ele era F X X X X PENTEU HERA APOLO AGAVE INO C a DO ALTO DO MURO BOCA D CANO NO CENTRO LATERAL INVERSO AO FOGO: A FONTE D DIRCINHA CAXOEIRANDO TORNEIRA: D GOTA A CACHOEIRA VIRA FONTE MILAGROSA D VINHO JORRANDO NO CYTHERON NUM TANK BACIA MUSGO água ABERTO OU PARCIALMENTE FEXADO MAS NUNCA COBERTO/ POR OUTRA CONSTRUÇÃO ENCIMA O CÉU E O TETO SÃO DO TYATO RAMPA D LANÇA NO CASO D PARCIALMENTE FEXADO, TELHADO DIÁPHANO, OU PARTE, NUNCA FEXADO TOTALMENTE π À AÇÃO D ELEKTRA DA LUZ E DO AR NEM SE FOR SO POR UM ORIFICIO TETO MÓVEL. DOURADO. céu o TONÉIS D VINHO FORMIGUEIRO ATRÁS DE UMA MOITA ANDANTE CALDEIRÕES DOURADOS PRA CUZINHAR SARAPATEL D PENTEU LOCAL D POUSO DOS INSTRUMENTOS E DO CORO AO LADO DO FOGO PERTO DO JARDIM observatório d tirésias MORTAIS MULTIDÅO EM VOLTA UM OVO VAGINA NA PISTA EM TORRES GALERIAS D 3 ANDARES PULEIRO GALHOS D CIRCULAÇÃO PRATICÁVEL PRA DANÇA ENGALANADAS D HERA VÉU CORTINA D FILÓ LEVE CABAÇO ENTRE PUBLICO E PALCO PISTA MULTIDÅO COM MISSAL NA MÃO OU DE COR NA CABEÇA público PINHO MEKHANÊ CARALHO RITUAL PHALOS ENTRA EM EREÇÃO CYBERNÉTICA LEVANDO PENTEU ENCADEIRADO HOMENAGEM À INFORMÁTICA, INDÚSTRIA D PONTA ESCADA D BOMBEIRO GRUA KARALHUS ELETKTRÔNIKUS DO DEUS EX MACHINA VINHAL TÚMULO D SEMELE FRUTAS FLORES FOLHAS D TODOS OS TEATROS POMAR D TODOS OS DEUSES CEREJEIRA JUREMA PRETA BANANEIRA PAU BRASIL CAMÉLIAS CACTUS PAPOULAS PALMEIRAS IMPERIAIS COQUEIROS DA BAHIA COGUMELOS CIPÓS HERVAS VIOLETAS DINHEIRO EM PENCA HERA TUDO AO VIVO OU AO PLÁSTICO NUNCA SEM AO MENOS UM PARALELEPÍPEDO ARRANCADO E UMA SEMENTE PLANTADA O JARDIM ESTÁ LOCALIZADO NO CENTRO LATERAL J jardim NAVIO NEGREIRO Q TRAZ TODO O TYASO D DYONYZIOS E OS SEUS BALANGANDÃS CARRO D CORSO D RANCHO VELAS BRANCAs ENROLADAS D HERA PRETA ESTACIONADO DENTRO DA PISTA DESMONTÁVEL UM ESTÁBULO PUXADO POR TANQUE D GUERRA = ID DENTRO UM TOURO E PESSOAS PALCO ITALIANO, MORADA DOS PALACIANOS = EGO UM BALCÃO CÚPULA CELESTE MORADA DOS DEUSES OLYMPICOS = SUPEREGO. CABEÇA D PENTEU CABEÇA D ALAÍDE DO VESTIDO D NOIVA CAMBURÃO LANDAUS camarote d penteu carro naval d dyonyzios PALCO TINA ONDE SE ESMAGAM AS UVAS E SE GUARDA VINHO NOVO PRA SER SERVIDO COLETIVAMENTE NO RITUAL rython AUTONOE KADMOS MENSAGEIRO 2 COROS D EMPREGADOS palácio d penteu X X X X r c pC DIONYZIOS RHEA ZEUS SEMELE PUXA VIDA TECE VIDA CORTA VIDA TYRÉSIAS MENSAGEIRO 1 COROS D BACANTES personagens P É PERMANENTE DO LADO DO JARDIM TUMELE PAVIO REGULÁVEL DUMA XAMA CURTA A UM JATO LÍNGUA D FOGO D ZEUS fogo O TEAT(R)O bacantes TYATO DO CORAÇÃO (Zé Celso Martinez Corrêa) Confessado ou não, Consciente ou inconsciente, O estado poético D invenção... D graça... D êxtase... Ou está(cio)... Dê o nome q quiser, É o q as pessoas procuram No amor, No crime, Nas drogas, Na guerra, Na insurreição, Na transição... E é o q o tyato do coração Pode e quer dar: a coisa do espírito. Não vai deixar essa bola toda só com o cinema Ou com o futebol... Os mithos dos mortais e da vida contemporânea São sua razão d ser... Mas vai fazer do seu jeito: Em oposição à chatice tecnocrática utilitária D todos os congelamentos e fiscalizações Da velha nova república. E vai tratar das grandes paixões ARGUMENTO DE EURÍPIDES PARA BACANTES Q o teatro moderno encobre Sob o verniz gelado da caretice, Da domesticação civilizada, social-democrata, Pós pós new new look look wave wave. Dionizyos seus parentes negavam ser deus. Este lhes infligiu a punição que convinha: enlouqueceu as mulheres de Tebas; as filhas de Cadmos, guiando-lhes os tyasos, conduziram-nas para o Cyteron. Seus temas vão ser antigos, Pilhados das mais imortais das cosmogonias índias Africanas, Judaicas, Iranianas, Da Frígia Os que o dominaram, consentindo-o o deus, levaram-no a Pentheu Este ordenou que o prendessem e encarcerassem não só dizendo que Dionizyos não é deus, mas ainda ousando tratá-lo em tudo como a um homem. Dionizyos, com um terremoto, destruiu o palácio real, persuadiu Pentheu a espionar as mulheres vestido de mulher e conduziu-o ao Cyteron. Elas o dilaceraram por iniciativa da mãe Agave. Cadmos, ao saber do acontecimento, reuniu os membros dilacerados e por fim avistou o resto nas mãos de sua filha. Dionizyos, manifesto, falou a todos e esclareceu a cada um o que lhes aconteceria, para que nenhum estranho aos seus, por atos ou palavras, não o desprezasse como a um homem. TRADUÇÃO: JAA TORRANO Ou dos sertões bacantes Pentheu, filho de Agave, herdeiro da realeza, indispôs-se com esses acontecimentos, capturou e prendeu algumas Bacas, e em vão perseguiu o deus mesmo. comunistas E das Arábias. O tyato do coracão vai trazer todos os meios antigos, Experimentados e mágicos d ganhar a sensibilidade humana. Esses meios d produção q precisamos São os q criem intensidades d cor, luzes, vibração, trepidação, repetição... A dissonância do som e da luz. Do chão até as paredes o mortal “espectador” será mantido num banho constante d luz, gestos, tonalidades, Sons, imagens, movimentos, barulhos extasiantes. Entre a vida e o teatro, nenhum corte. Nós queremos, para este espetáculo, Tudo q é meio material d iluminação, audição, imagens em acão etc... Os mesmos meios q se desperdiçam à toa, hoje em dia Tudo q é gasto na atividade mágica deste trabalho Não se perde nunca mais. Por isso o coração quer tudo! Pois só tem valor, só se deve ao q é do coração, O mais caro, o mais querido, pra todos, o q não se perde nunca e faz das pessoas atletas e campeãs. (1987) a busca Antes de começar suas “Bacantes”, José Celso Martinez Corrêa, se concentra. Atrás da boca de entrada no palco do teatro de arena de Ribeirão Preto, numa noite quente de agosto, ele está ali, nu, de tênis, abraçado a uma árvore. É quase hora do início do espetáculo. Os músicos a essa altura ainda não sabem como vão entrar, abrindo a peça. Os integrantes da banda procuram o diretor, mas se retraem ante o ritual particular de Zé Celso. Enquanto aguardam, divertem-se ali ao lado, batendo uma bolinha de ar. De repente, o diretor larga a árvore: “É isso. Vocês vão entrar assim mesmo, batendo bola!”. Tudo resolvido, exceto para um dos músicos. Ele tinha que convencer a namorada, cantora e bacante, a não aceitar ficar nua, na cena em que todas se despem e sobem em meio ao público pelas arquibancadas do teatro de arena. O músico não queria de jeito nenhum que a namorada aparecesse pelada. A bacante estava em dúvida. Pouco antes do início da peça, ela optou. Era um trabalho teatral, ia tirar a roupa, como as outras bacantes do coro. Ao saber, o rapaz se enfurece. Dá um bico na parede. Quebra o pé. E depois ainda teve que assistir com os outros a namorada tirar a roupa. A nudez, sem trocadilho, abunda nas “Bacantes”. É uma peça jovem, com o clima de um happening dos anos 60, com imenso apelo para a platéia de todas as idades que compareceu ao teatro de arena, localizado no bosque, no alto de um morro que fica bem no centro da cidade de Ribeirão Preto. Texto de Eurípides, “As Bacantes” aborda o conflito de um deus, Dionísio, com o governante da cidade de Tebas, Penteu. Este resiste a reconhecer e autorizar o culto dionisíaco em suas terras. Penteu duvida de sua divindade, acha que os seguidores de Dionísio que se reúnem em bacanais no alto do morro nas franjas de Tebas estão apenas cometendo imoralidades. Considera que Dionísio na verdade não existe, que não é filho de Zeus, mas resultado de um estratagema cometido pela mãe, a mortal Semele, para simular a divindade. Do conflito entre Dionísio, interpretado com brilho e magnetismo por Marcello Drummond, e Penteu, a peça recebe muito de sua força. Este Penteu, filho de Agave e neto deCadmo, tem como asseclas guardas d e uma transportadora de moedas. O culto à moeda é a religião deste Penteu moderno. Quando a maioria das mulheres da cidade se amontoam no monte Citerão, para tomar parte nas orgias de Dionísio, Penteu faz de tudo para impedi-las. Mas o frenesi e os poderes do deus que realiza milagres por da fertilidade A Por Mario Vitor Santos intermédio das mulheres, tornaas fortes até para enfrentar um exército. A energia aterradora do coro de mulheres bacantes, de suas músicas encantadas, de seu transe extático, artístico, libidinoso, descontrolado, amalucado, contrasta com a pobreza da existência humana, restringida pelos constrangimentos de uma mentalidade estagnada e estéril. De um estrangeiro fantasiado, Penteu recebe conselho para disfarçar-se de mulher e assim ir ver por si mesmo o que os fiéis de Dionísio estão fazendo. No monte, da árvore em que observava a folia bacante, Penteu é arremessado ao ar, seu corpo retalhado em pedaços. Inadvertida, a mãe Agave, interpretada na peça por Denise Assunção, tem papel de destaque na morte do próprio filho. Presencia-se a luta de uma crença recente para se impor contra a aliança de religiões mais antigas e o poder temporal. Tem a ver com o momento atual, mas fala de maneira mais geral de épocas em que novas crenças ocupam o lugar de ritos obsoletos. As orgias báquicas, origem do teatro, estão fundadas em cerimônias arcaicas de louvor à fecundidade e à fertilização da terra, em que o êxtase e o entusiasmo banham-se de sagrado. Penteu adentra a cena por um palco italiano. É um corpo estranho naquela arena colocada em transe pelo teatro de estádio do Oficina, com volumosas e até elaboradas movimentações de atores, as músicas, as cantorias e a incitação à participação do público. No palquinho, Penteu é recebido por vaias gerais, como aquelas em que os jurados de programas de calouros são saudados pelas macacas de auditório. Ele surge de terno neoliberal, guardião do dinheiro, bonequinho de palco italiano, exterminador da arte e da cultura. Há óbvias referências à estreiteza da ação do governo tucano de São Paulo no campo da cultura. É coerente com a atitude cultural radicalmente avessa ao establishment mantida pelo Oficina desde os anos 60. Mas a política não é seu objetivo maior. A montagem das “Bacantes” está destinada a buscar a força do teatro. Não da força do teatro de 30 anos atrás, que isso é pouco para a ambição de Zé Celso e seu grupo. Eles parecem querer destruir uma civilização, uma cultura, que, segundo sua visão, está morta. Destruir essa cultura implica pôr ao chão seu símbolo teatral, o palco italiano. No lugar dele, o anfiteatro grego propõe uma experiência dramática renovada, que Zé Celso pretende seja o futuro do teatro. É como sugere Friedrich Nietzsche, em “A Origem da Tragédia”, citado por Mauro Meiches em sua tese “Psicanálise e Teatro: Uma Pulsionalidade Especular”. Diz Nietzsche: “No teatro antigo, graças aos degraus sobrepostos em arcos concêntricos, cada qual podia muito facilmente deixar de ver o ambiente civilizado em que se encontrava, para se entregar totalmente à embriaguez da contemplação do espetáculo, para se imaginar um dos elementos do coro”. Há implícita uma proposição cultural abrangente, em que o idílio bacante,o distanciamento em relação à civilização é a própria razão de ser do novo teatro. A novidade religiosa trazida por Dionísio é abraçada por Tirésias, o profeta, e por Cadmo, o fundador e primeiro rei de Tebas. Ambos são velhos e dispostos a abraçar o novo. Zé Celso interpreta um Tirésias ao mesmo tempo velho e infantil. As pernas finas folgam no calção, lembrando um bebê de cabelos brancos a balançar os “cambitinhos” na fralda larga. Sua figura magra e pálida, perene, vinda da alvorada da aventura grega, paira dominante sobre o espetáculo, a que parece ter chegado depois de viajar nos tempos, tanto no papel de profeta como na função de diretor em cena. Desde o retorno com “As Boas”, em 1993, “Bacantes” é o espetáculo mais eficiente em termos teatrais que o Oficina realiza. Embalado por ondas sucessivas e concomitantes de energia, comicidade e erotismo, o público parece às vezes num estado de iminente descontrole. E não é disso que se trata quando a bacante Alleyona Cavali se esfrega frenética no colo do prefeito de Ribeirão Preto, Antonio Palocci Filho? Por vezes, tem-se a sensação de que a platéia, animada e sutilmente embalada pela profusão emocionante de símbolos, emblemas, convites e alegrias, está prestes dade de Ribeirão Preto? Soa improvável a existência de algum grupo tão disposto a explorar os limites do teatro e da vida, a expor com tal sinceridade e confiança sua loucura em público como o Oficina. Daí vem o sucesso de sua apresentação única até agora. Paradoxalmente, “Bacantes” constitui também, talvez pela rapidez com que foi montado para um festival de teatro grego patrocinado pelo Sesc, o espetáculo mais controlado, mais cerebral e estratégico que a companhia realiza desde “Hamlet”. Talvez a intenção de ser coerente com a total conciliação final entre Apolo e Dionisio tenha obstaculizado as possibilidades dramáticas de um bacanal ainda maior, o que o texto permitia e, deve-se admitir, dificilmente seria considerada um exagero numa montagem de “Bacantes” dirigida por Zé Celso. A ambição da peça é destruir o drama e a dramaturgia, desmantelar o palco italiano, para alcançar a “tragycomediorgya” (na peculiar escrita de Zé Celso). O Oficina quer recuperar a vitalidade existente na origem do teatro. A julgar pela reação da platéia após mais de três horas de espetáculo, está em bom caminho. Zé Celso e grupo não se abstiveram de assumir a fundo uma co-autoria com Eurípides, sendo assim profundamente fiéis ao espírito do texto original. Depois de Ribeirão Preto e do patrocínio do Sesc, o coro de bacantes se dispersou, os músicos da banda também e “Bacantes” pode não vir a ser encenada em São Paulo, se o núcleo central da companhia não tiver apoio e energia para forjar um novo parto das cinzas do velho teatro. TRANSCRITO DA FOLHA DE S. PAULO DE 24 DE SETEMBRO DE 1995 perdida a deixar seus lugares, e de duas uma: sair do teatro ou se coroar de hera agarrada a uma bacante nua nas águas do fosso em torno da arena central. Fica a impressão de que, só se isso ocorresse, o esforço do Oficina estaria recompensado, a ruptura da passividade do público pela rejeição moral ou a adesão carnal. Mas será que isso é tão necessário, depois de tão enérgica comunhão com a entusiasmada platéia da comuni- tya to do cor a ção bakx ai ópera d carnaval a c i a l b o d n a k o r t elek bacantes d é m rt a o c gy a y g r io N E R T Á P A D R A D O O CANTO 4 CANTO 3 BAKIADA O coro preparando tyrsos e coroas pra incorporar. Secr XAMANDO PRA BAIKXAR OLHOS NOS OLHOS Quem está por aqui quem? Pra si, Pra mim, Pro sol. Lábios molhados Silêncio Cio sagrado O carro naval de carranca na proa entra trazendo toda a procissåo dos tyasos com as fantasias, os balangandås, os phalos. GRITO D CARNAVAL EVOÉ! etíssimo NASCIMENTO D ZEUS Invenção do pandeiro CANTO 2 CANTO 1 TIRÉZIAS Silêncio, é madrugada, No morro do Bixiga A raça dorme em paz. Mas cá em baixo... /Vamos cantar os hinos Dos ritos de Baco. Ó bem aventurado, Ó feliz! Quem por uma sorte do destino Se inicia nos Mystérios Divinos A vida vira santa, a alma vira corpo Bacando nos Morros E pratica sagradas ações Noite e dia E celebra a orgya Da grande mãe Cacilda E a Dionyzios se entrega Coroa a cabeça de hera Um tyrso levando na mâo REFRÃO Bakxai, Bacantes Bakxai Bacantes Vem Ébrios, menino d Zeus Dionyzios vem Das montanhas da Phrígia Pras amplas ruas da Grécia dos Brazys!!! Bakxai Bacantes Bakxai Bacantes da flauta da gira da farra Rhea (Menininha) parindo e Rhea - IO! Creta gruta Secreta sagrada Dos Bruxos! Greta preta Onde Zeus Nasceu Nhéé... Bebê Zeus chora elektrônico CORO Lá os corybantes D penacho d três cristas Inventaram Esse couro redondo esticado Pro barulho bacante da bakiada Toq d pavor TIRÉZIAS Sopraram d flautas phrígia Melodiaram Este auxílio luxuoso d pandeiros Toq d religiâo Deram nas mâos da mâe Rhea Q excitou cantos Bacantes RHEA E CORO a e i u o CORO Das Terras da Ásia Das Santas Montanhas Floridas Do Tmolo Eu chego Com o Deus do Barulho Io, Io, Io, A dor é doce O fardo leve Cantando Evohé Baco TIRÉZIAS Daí a mâe do Deus Passou pra mâo dos Sátyros Q pra alegria do coraçâo d Dionyzios Toq d arte Deliraram E caíram na farra Bakiada O coro inventa o carnaval A procissão dos phalos Zeus vai pro Olimpo ‘s Escuridão. Tirésias abre os olhos e nada vê. TO 5 N A C S RTO A P OS TA NTA CA NA OC R O M ZEUS - Mas vai ver tudo. Vai ser o R TER E U É A a cant a ; t a a r t e an de h emele. O aac a r ç e e S to b nicio a ca canta enquan s u s No i us do éu a, roan ndo. Ze vemari e dos c tra o c ba ele os esc aA Sem , dytiram ra Her Zeus d Zeus m . a / Zeus canta p Semele Semele. çâo. a coro s cagam trar com ara ador o sátir e encon (tyrso) p is e va amenta sse? e lico. r é r ó e c o f i u c a b nto negó a c Q e r ELE num M s E o S stam . , a r b oroa c A a t S buce ZEU a a ostr m e l e Sem vam ê d O COR Vam fo chê vam ) bu Vam uça vam ... m b (Na nda va u Na b QUE BRE JALUZI Tango elektrônico d Hera com breques para Tirézias. TIRÉZIAS No início era o ciúme ZEUS - O que você quiser. SEMELE - Jura pela água? ? inda A ELE ho... n i SEM d ca m bo U S m ZEU ê va m d O o R f a CO Vam buchê v m Vam nda va u Na b . uma a d m ca a t n Inve E L E ! SEM rada a p O ÁTIR anhei a S A T SA alha G Garg HERA Tirézias, Você q já foi os dois, Quem goza mais: O homem ou a mulher? TIRÉZIAS A mulher. Dez vezez mais. HERA Tirézias, Quem goza mais: A imortal ou a mortal? A esposa legítima ou a amante? Hera ou Semele? TIRÉZIAS Semele goza mais. HERA Você vê demais. De hoje em diante você nâo vai enxergar mais nada. vedor. ZEUS - Juro. As cortinas de tule das arquibancadas se abrem. SEMELE - Eu quero ser adorada por HERA Semele, Uma simples mortal, Ama um deus Mas não é uma deusa, É uma mortal, e não d Zeus. Eu, Hera, Sou a amada imortal de um imortal. Zeus te ama mortal, Não te enganes. Você só terá o melhor de Zeus Quando, como eu, Trepar com o deus imortal! de dor! um deus. Com amor imortal. ZEUS - Mas o melhor amor q existe é o mortal. Eu adoro você uma mortal. SEMELE - Então você não me adora. E não me dá seu amor imortal. (Chora) Estou trazendo teu filho. Ele precisa do divino pai tocando de divino sua mãe. ZEUS - É perigoso. SEMELE - Mas é gozozo. ZEUS - De um imortal por uma mor- tal? SEMELE - De uma mortal por um Hera se disfarça d bruxa da Branca de Neve, vendedora d maçã imortal. ZEUS - Do céu? HERA O amor mortal O amor imortal Não se misturam... Zeus te ama como uma mortal só. A Hera ele deu o amor imortal. SEMELE - Eu quero todos. O mortal, o imortal, o bestial e essa maçã. Semele morde a maçã. Hera dá uma gargalhada e o céu troveja em zinco. GRAVIDEZ Semele cantarola “Jaluzi”. SEMELE - Da terra. ZEUS - Não posso. SEMELE - Phodemos. AQUELE DIA 1º NASCIMENTO: NO FOGO Semele se deita com Zeus. Nos movimentos do amor, Zeus se transforma e vai virando Deus. O Deus Pã reina, fazendo tudo cair em cima d Semele: os ventos, as luzes, os coros, todas as naturezas e todas as eletricidades. A estrela CORO Ele máxima com tudo em todas. Os fogos e Trazido por Semele aquele dia. raios glorificam Semele d Deusa. Aquele dia. SEMELE - Você me ama? ZEUS - Adoro. SEMELE - Como mortal. ZEUS - O melhor amor q existe. SEMELE - E por esse amor você faz No gozo O raio alado de Zeus Parte a barriga de Semele, Que no último Ai Pare prematuro o menino. Dando à luz tudo q eu te pedir? ZEUS - Faço. SEMELE - Tudo? ZEUS - Tudo! SEMELE - Qualquer coisa? SEMELE - Brômios! Morro de gozo ou Perde a luz, Na brasa do tesão de Zeus. O último suspiro Seu último suspiro De gozo ou de dor Batizou o filho. Hera gargalha. “Jáluzi” mixa com a “Cantata”. As Bacantes caem fulminadas pelo raio. Nasce Dionyzios prematuro, DYTIRAMBOmomo precoce: um phalos. Incêndio. CORO Zeus meteu a mão na brasa eterna Tirou o filho e mergulhou Nas suas águas Depois trouxe pras coxas E gritou assim: ZEUS Dytirambo, Vem Pro meu útero, coração Entra vIril Eu te xamo, Baco, aqui em Tebas Dytirambo CORO Água doce, fonte sagrada d Tebas Q batizou na hora q nasceu O menino, filho d Zeus, Dytirambo THE CHILD GOD BLESS CORO Mas Zeus, ronos, Filho de Ch a do parto m a c a n a d Ain erço novo b m u z fa o xas Log filho nas co o o d n e d n Esco ÉPHODO O Canto do Q fecha bem o inete d our lf a m u m o C rdo Pro olho go ver. D Hera não za. Hera fiscali S D ZEUS E T R A P S A ENTO: D 2º NASCIM fios: Puxa s u e s m o c Moiras ndo os Surgem as ida, Corta Vida, canta Vida, Tece Vouraria. fados da M AS MOIRAS ria Ai Moura Moiras Quando as s trabalhos u e s m a r a Termin segunda la e p , e c s a tado. N O fio é cor ios bebezinho. vez, Dionyz CORO u Zeus lhe de A luz Outra vez Bebê Com xifres D touro o Eu sou divin ar Vim pra atu is Meus ritua r... E pra nasce Coro cai Quando a ) o morro (bis e r r o c te n e g r por terra a d e c o d é Como roupa santa a r a s s a m A s do Bode Correr atrá Pra matar Ra Ra Ra Ra Ra Ra Ra s. ra Dionyzio r a os. m A . s á tr s: Sparagm o ç a Corre a d e p 7 çalha em Mata. Estra gue Beber o san crua q ele tem rne Comer a ca gia. a: Omopha u r c e n r a c a gue e come Bebe o san ydia e da L a E aí, d s e t los mon Zanzar pe vai na frente o Phrígia c a B o d n a Qu voé! Gritando E s ado. Muito in c lu a é x fo a e orgya em em, q vão s a r d r p o s o e d d n a m z e s, Sai zan . s e solitário e õ d r o c , s la ho da orgya in m a c coros, a o d e o no galop organizand orre leite (O chão esc o Sangra vinh melam As abelhas o ar ) A fumaça n ado da Síria m fu r e p o s n Cheira ince beça Coroou a ca lda d cobras rina Com uma g nades Daí q as Mê s tam as fera n e m a m a Q nos cabelos s a r b o c m a us Mênades s a d a d o m Desfile d PRÓLOGO Bode CORO es. d mênad o d a h n a acomp Dionyzios s Conforme fala, vai revelando cenários e personagens, num trailer do enredo. Primeira hora, vapor da primeira respiração da Terra e dos bixos. Hora de colher cogumelos. CANTO 6 cima E Baco lá em vermelha no tyrso cha Amarra a to Corre Salta Grita rsos Excita dispe s! d novo coro r a m r ta fo a r P ando na tes o v s o x a c s Os lindo s cantos No meio do ia vai xamando: legr Na maior a acas! Vamos lá, B acas! ! Vamos lá, B scorre ouro e q lo o m T o Na delícia d nyzios! Dançar Dio yzios! Cantar Dion o surdo! Bumbando rômio! Saudando B ta sagrada! u a fl a ro! o d n Toca os pro mor d o T ! o r r o Todos pro m ! Vai, Bacante e prazer! za d Galopa! Go s da égua. á tr a a tr o p Como a s!) (Pés ligeiro a! Canta! Salta! Danç a La La La La La La L a Ha Ha H a H a H Ha Ha Ra Ra Ra Ra a R a R a R DIONYZIOS - Cheguei da Ásia nesta terra: Tebas. Eu, filho de Zeus, Dionyzios, e de Semele, cria de Kadmos, que teve como parteira a brasa do raio do Deus do Fogo. Estou aqui, entre as fontes do Dirce e as águas do Ismenos, deus feito homem. Na frente do Palácio está o túmulo de minha mãe, “a fulminada pelo raio”, nas ruínas de sua morada consumida pela chama - crueldade eterna do ciúme de Hera, esposa legítima invejosa de Zeus, contra minha mãe. Através da fumaça vejo ainda vivo o fogo de Zeus! Louvado seja Kadmos que tornou este lugar inviolável, tombando como recinto sagrado da filha. Eu escondi com uma parreira cheia de ramos carregados de cachos de uvas douradas. Deixei os rios de ouro da Lídia e da Frígia, passei pelas planícies da Pérsia, dardejadas de Sol, pelas estepes geladas dos medos terríveis! As muralhas da Báctria e a Arábia feliz. Toda a Ásia banhada pelo mar salgado e suas cidades de belas torres, cheias de gregos misturados com bárbaros. Aqui é a primeira cidade da Grécia que ouviu meus gritos... Porque esta cidade, queira ou não queira, tem de aprender o quanto custa desprezar a orgya. E eu, por amor a Semele, minha mãe, vou aparecer de Deus, que ela deu pra Zeus. CANTO 7 IO = XAMADO CORO IO Tebas Terreira Mama d Semele Coroa a sua cabeça D hera Agora Kadmos passou o poder dessa cidade pra Penteu, seu neto. Este luta contra mim, que sou um Deus. Não me oferece nada, nunca fala de mim nas suas rezas. Daqui a pouco ele vai ver, ele e os tebanos, que já nasci Deus. Pra brotar Pra sangrar A vinha verde Os novos frutos E depois de aprontar bem e ter resolvido este assunto aqui, vou ouriçar em outros cantos, revelando quem sou. E se Tebas, de raiva, vier com armas expulsar as Bacantes do Morro, eu solto as Mênades em cima. Por isso tomei corpo de mortal, troquei minha forma de Deus pela que a natureza deu pra raça humana. Mas, IO meu tíaso! Vocês que deixaram as cordilheiras do Tmolo, fortaleza da Lydia, mulheres do meu coro, que eu escolhi pra virem comigo das terras bárbaras, levantai vossos pandeiros, que minha mãe Rhea na Phrígia inventou, tocai cercando o Palácio pra atordoar Penteu, sacudir toda a cidade e avisar que chegamos. Eu vou com as Bacantes ensaiar os coros nas quebradas do Cytheron. T fantasia Pra gingar nas bacanais Com ramo d pinheiro e palmares Com pele d viadinho Plumas e brilhos Pega com fé A vara libertina Q a terra toda Vai dançar Todos pro morro (bis) PRIMEIRO Quem dança dança EPISÓDIO Dança dança dança O adivinho da Virahistória Baco vai buscar o Governador pra bacanal. Rei da festa Todos pro morro (bis) No carro alegórico do Palácio, palco Ondedestá o mulherio italiano em cima tank d guerra. O IO Tirésias, IO IO velho adivinho cego, o tyrso na mão, vestido com pelo d veado, coroQ trocou corte e costura ando d hera. Na picada d Baco Depois de ter posto esses povos distantes pra dançar, beber meus mystérios e me mostrar Deus pros mortais, Tebas é a primeira cidade que levanto com meus berros nesta terra da Grécia, ululando. Vesti suas mulheres com pele de veado, pus em suas mãos um bastão enrolado de hera: o tyrso. Porque as irmãs de minha mãe, minhas tias, suas próprias irmãs diziam: A caxoeira d Dircinha jorra. AGAVE - “Dionyzios não é filho de CORO Zeus, Semele foi na conversa de qualquer um e inventou que a mancha da sua cama era de Zeus.” DIONYZIOS - Morrendo de inveja, diziam: TIRÉSIAS - para a Coriphea. IO! IO! Tirézias! Tirézias! Tirézias! Chi l’avreble, mai creduto Che tu avessi Che tu avessi Che tu avessi i baffi Nel buco del cul! AUTÔNOE - “É tudo história do pai TIRÉZIAS - Tem alguém na portaria? Kadmos, e Zeus, pela falsidade dessas núpcias, torrou Semele.” Xama pra fora do Palácio o Kadmos, o filho d Agenor q largou Sidon pra construir as torres d Tebas. Vá alguém anunciar q Tirésias chegou. Ele já está sabendo porque estou aqui. É q combinamos, apesar da minha velhice, e ele mais decrépito ainda, pegar o tyrso, se vestir com pele d veadinho e coroar a cabeça com folhas fresquinhas de hera. DIONYZIOS - Por isso arrastei elas pra fora de casa, piradas. Obriguei a se vestirem com os parangolés dos meus trabalhos. E agora moram no morro. Tudo quanto é mulher da Kadméia, escorracei de suas casas e, misturadas com as filhas de Kadmos, perambulam doidas, sem abrigo, rolando com as pedras, debaixo dos pêlos verdes dos carvalhos. Tirézias tateia com seu tyrso fosforescente no ar, bate no tank: gongo. A corti- qua na do Palácio se abre. Farfalha. Kadmos sai do Palácio, vestido ele também com os emblemas do Deus. KADMOS - Eu não brinco com os Deuses. Não passo d um simples mortal. dra KADMOS - IO! Ilustríssimo, caríssimo, meu querido amigo. Reconheci lá d dentro a voz sábia dum sábio. Já vim pronto, investido com os paramentos d Deus. Louvado seja o santo q nasceu da minha filha… Vamos prestigiar meu neto, Dionyzios, q se mostrou um Deus diante dos homens. Aonde vai ser a dança? Onde vamos dar os nossos passos e balançar nossos cabelos brancos? Você me guia, um velho carregando um outro. E você, Tirézias, é entendido. Daqui pra frente acho q não vou deixar d bater no chão com este tyrso, noite e dia. De tanta alegria me TIRÉZIAS - Não vamos fazer teologia sobre os Deuses. Nenhum discurso é capaz de desvendar as mitolorgyas q fomos recebendo desde a semente do tempo. Nenhum pensar, por mais sábio, alcança. Vão dizer q, depois d velho, perdi a vergonha e o juízo, porque estou querendo dançar todo coberto d hera. O Deus não mandou avisar se só jovem ou se só velho pode dançar nos coros. Ele quer receber d todos, não “estabelece distinção ao nível das categorias”, não barra ninguém. inesperado q invadiu nossas cidades da pouca vergonha q anda se passando por aqui, no meu país. Nossas mulheres estão abandonando o lar, só por causa d mysteriosas orgyas. Andam correndo atrás pra endeusar um recém-chegado, um novo charlatão, perdidas no morro mais assombrado, dançando feito malucas nessa mania d adoração desse tal d Dionyzios, q eu não sei quem é. Nunca se ouviu falar desse Deus, q, se chegou, já chegou tarde. No meio dos coros erguem crateras cheias d vinho, fogem pros cantinhos e caem com os machos nas moitas, dizem que são Mênades, q estão praticando um ritual sagrado; mas estão mesmo é a fim d Vênus, muito mais q de Baco. As q já peguei, estão algemadas com correntes d ferro, na cadeia pública, debaixo da vigilância dos meus guardas. As q ainda faltam, vou atrás, no morro. do c u do santas bacanais. Se eu pego esse cara aqui, sob o meu teto, acabo com o batuque desse tyrso. E quando ele estiver sacudindo os cachos, eu corto a cabeça dele do corpo. Ele se diz o divo Dionyzios, o tal parido das partes d Zeus. Aquele q não existe mais, já morreu, foi queimado junto com a mãe, castigada por meter Zeus, nosso pai celeste, nas suas metidas. Não deve ir pra forca esse estranho que blasfema, debocha d nós, quem quer q seja ele? Constata a presença d Tirézias e Kadmos, fantasiados. Não, essa agora é demais! Estou vendo o adivinho, o “vedor” Tirézias, enfeitado com pele d veadinho! e o pai da minha mãe! Q coisa ridícula! Bancando a Bacante com tyrso na mão! Pai, q vergonha! Ver na velhice, dois velhos descambar assim? Completamente cadukos! Não vai tirar a grinalda? Nem tua mão d autoridade vai largar esse tyrso, pai da minha mãe? Isso é coisa tua, Tirésias. Você quer inventar esse diabo dessa nova divindade pra faturar em cima das pessoas e fazer render teus despachos com vítimas, vísceras, pra observar o vôo das aves... nas entranhas... d passarinhos?!! Se você não fosse tão velho, eu não me segurava e punha você sentado, amarrado com as tuas bacas, por ter trazido pra cá esses rituais pesados e perversos. E quanto a mulher, vou dizer: sempre q jorra o licor da vinha entre elas, não venha me falar em “puras orgyas”. É pura orgia! Bakanalha! A CORYPHEA - Forasteiro, você não esqueci que estou velho. tem medo dos deuses? Você não sente a adoração? Nem Kadmos, seu avô, q semeou uma seara humana em Tebas dos dentes do dragão, você respeita? E justamente você, “o” filho d Équion! Como? Negando a raça? TIRÉZIAS - Sinto a mesma coisa. Tam- bém me sinto jovem, como você. E louco pra me juntar aos coros. qua KADMOS - Vamos pegar um carro pra ir pro morro? TIRÉZIAS - Não. Assim não íamos hon- rar tanto o Deus. A pé. KADMOS - Velho por velho, eu te levo como se fosse criança. TIRÉZIAS - O Deus leva, corpo leve. KADMOS - De todo cidadão tebano, só nós vamos entrar no coro das Bachianas? TIRÉZIAS - De cabeça no lugar, só nós. Os outros só no final do juízo. dra KADMOS - Já q você não vê a luz, Tiré- zias, agora é a minha vez d ser o teu profeta. Adivinha quem estou vendo. Penteu entra com seus seguranças. Penteu, o filho d Équion, pra quem passei o comando desta nação. Vem vindo acelerado! Possuído! Q novidade está trazendo? A POLÍCIA VESTE AS CALÇAS KADMOS - Estamos marcando passo. Aqui está a minha mão. Segura PENTEU - TIRÉZIAS - Aqui a minha. Entrelaça. Pro público, pra mídia e pra sua comitiva. Voltei! Lá fora fiquei sabendo do mal Dá o braço. TIRÉZIAS - Quando uma pessoa q em off Ino, minha tia Agave, q me pariu d Équion, minha mãe; a mãe do meu primo Ácteon, Autônoe, vão ser as primeiras. E depois de eu capturar as três com uma rede d ferro, vou acabar com a bacanal desse culto babaka, pra sempre. do no ar Estão dizendo q chegou o padre dessa religião. Um farroesteiro, gemedor, encantador, lá das terras da Lydia, com cachos louros cheirosos e pele d viadinho. Os olhos pretos, pérolas d Vênus. Uma uva. Passa dias e noites com nossos jovens nessa conversa d ritos e evoés, organizan- sabe das coisas tem o q dizer, não é difícil, fala bem. Tua língua é solta. Parece até q está dizendo coisa com coisa. Mas no q você fala, se vê: você não sabe nada das coisas. Um cidadão q pode, q é audacioso, q é eloqüente, tem lábia, se não sabe das coisas, é um perigo. Esse diabo dessa nova divindade que você não sabe, nem consegue comprar, eu nem seria capaz d t explicar quanta riqueza pra Grécia vai trazer. Menino, Só duas coisas têm valor na vida: Comida e bebida.(bis) el dorado. Penteu, vai por mim. AgoComida é terra Deusa Terra, Demeterra ra eu q mando. Não pensa q só porque você manda você vale alguma Tua velha conhecida coisa. Acredita em mim. Não acrediQ você xama pelo nome q t apraz; ta como você acredita e se valoriza, Pois com comida sólida, acreditando q sabe d tudo. Recebe Mostrando a taça com vinho. Ela dá d mamar ela dá de mamar ela dánadetua mamar o deus terra. Brinda, dança, Prosporque mortais.ele foi paricoroa sua cabeça d hera. Você esculhamba do das partesAgora d Zeus. t dar a somaVou pra multiplicar. luz: quando Zeus tirou ele do fogo CORO Coroa sua cabeça d hera. Bebida, do raio, transportou pras alturas TIRÉZIAS - Não é Dionyzios q vai manQ o filho d Semele trouxe do Olympo o deus menino renascifruto molhado da vinha, dar as mulheres se moderarem... do; Hera quisDochutar a criancinha em tudo mais d Afrodita. Aí é a natuos mortais do céu. Zeus,Embebedando como se espera dum reza q manda se elas estão a fim ou grande criador, cria uma cena: queE lyquydando os seus ais não. E elas sabem das coisas. bra uma parte, não parto, do éter Trazendo o sonho, Se inteire delas sem haver engano: q vidra o mundo e modela dos comendividamentos ela O apagamento até mesmo na orgya, mulher q é um cover d Dionyzios, e dá pro ciúD cada dia. mulher só faz o q quer. me d Hera descontar do adultério Você não fica feliz com as praças Um Deus que aos deuses se dá em cima da criança duplicata. E costura o filho Umreal Deusnas quecoxas, se põe pra ao disporlotadas, com a multidão aclamando teu nome, Penteu!? Ele também gosesconder da inveja Hera. Foi daí qpra dor. Não hádmelhor drogaria ta, fica vaidoso, alegre. Pois é, agora os mortais começaram DioÉ a ele q seadádizer: os bens q se tem e qvamos se detêm. nós gritar por ele, eu e Kadnyzios nasceu das partes d Zeus!, Um messias q se bebe. mos, teu avô, com quem você não fazendo troca-troca de “parto” com “partes”. Muitos acreditam mesmo q o Deus deu à Deusa um parto d suas partes, quando, sacana, vendeu um pedaço do éter por Dionyzios. É oráculo esse Deus, é oráculo. O êxtase, o delyrio possuem o poder de predizer o futuro. Quando o Deus penetra com toda sua potência, os possessos recebem o poder da previsão e da anunciação. Dionyzios tem parte com Marte, o Santo Guerreiro contra ele, exércitos em linha d combate, equipados, armados, ensinados, prontos, debandam atordoados no terror, sem um disparo. Essa doideira Dionyzios pode. Você vai ver ele subir até os penhascos d Delfos, surfando picos, planícies, planaltos, tocha na mão, balançando, evoluindo com os ramos d Baco, adorado em toda Grécia, teve a menor consideração. Vamos dançar coroados d hera. Dupla caduka, mas dançando. Eu não vou, só pra obedecer tuas ordens, deixar d adorar meu Deus. Você está no limite, na pior das piores, não tem remédio nem medicina q te possa curar. Só se... A CORYPHEA - IO, velho! Você fala com a clareza d Apolo. E adorando Brômio, você está iluminado. O mar é esse Deus! KADMOS - Meu neto, Tirésias t falou lindo. Pro teu bem, vem pra orgya. Não barra a lei da gira. Agora você está perdendo a cabeça. Você pensa q está pensando com ela, mas ela já está começando a rodar. Mesmo se esse deus não existe, você q disse, diz q ele existe. Pelo menos dessa vez mente d verdade, mentira sagrada. Fala: ele existe. Semele merece gozar a glória d ter parido um deus, pra q nós, a família, e todo nosso povo se regozije com essa honra. Você viu bem a caxorrada q aconteceu com teu primo Acteon, coitado. Os cães carnívoros pra quem ele dava d comer, comeram ele e despedaçaram inteiro, porque ele quis ser “caçador” da Deusa da Caça na mata virgem! Dia- as na acabou caçando o caçador. Pra afastar essa praga, eu quero t cobrir d hera. Vem junto. Vamos saudar o deus. Evoé! SANGUE Y AREIA Tirésias oferece o vinho. Kadmos se aproxima d Penteu com uma coroa d hera. Penteu dá um golpe na mão do cego, q segura a taça. O vinho cai, manchando o chão no centro da cena. Kadmos insiste ainda em coroar Penteu com a hera. PENTEU - para um empregado Depressa, chama os homens e vai no terreiro onde esse bruxo observa o vôo das aves, passando na faca passarinhos, só pra ler no sangue mau agouro; e vira tudo do avesso com o tridente. Não deixa nada em pé. E entrega pro vento levar, e desaparecer pra sempre, todas as faixas e coroas q encontrar desse palhaço. Assim o castigo vai começar a doer muito mais. no PENTEU - Tira essa mão d cima d CAÇA mim. Está querendo me infeccionar com essa tua frescura? Mas esse teu professor d demência, vou castigar. PENTEU - BLITZ A sub raça da ani dadeA sub raça da macomo sub raça da humanidadeA b raça da humanidadeA A sub raça da humanidadeA lorsub raça da humanidadeA sub raça da humanidadeA sub raça da humanidadeA sub caindo é vexame. Der no q der, o q vale é o q é devido a Baco, filho d Zeus. Q pena, Penteu. Q pena no teu nome não pentelhe d penas e d luto (Covas) todo teu Palácio. Não é um profeta fazendo profecias. São os fatos, fadando. Louco fala língua d louco. aos outros guardas E vocês, pra caça desse estrangeiro afeminado q trouxe essa peste nova pras mulheres, pra contaminar nossa cama. Se ele for pego, traz amarrado pra mim. Tá condenado à morte. Vai morrer apedrejado, pra ficar sabendo o gosto amargo q têm suas doces bacanais aqui em Tebas. TIRÉZIAS - Você está perdido! Você não sabe onde a mola solta dessa língua leva. Antes você já era doido. Agora você enlouqueceu de vez. Vamos embora. Vamos pra lá. A única coisa q a gente pode fazer agora é rezar por ele, mesmo furioso como ele está, e pela cidade. Q o novo Deus congele um pouco seus castigos. Mas te apóia comigo aqui no bastão d hera. Me ajuda a me segurar nas minhas pernas q te ajudo a t segurar nas tuas. Velho com velho Tirézias e Kadmos saem juntos d braços dados. s xi m uo a A CANÇÃO D AMOR PRA PENTEU PRIMEIRO EXTÁSIMO . lico entro m. b ú o p s pra d Fuma r p 8 TO erto i. Olho ra sol. N b A a s C lo ,p rcu os pra tudo í c pro olh o: o Cor s nos Olhos o . Olh mi(m) O A pra AÇà ÃO R AÇ ADO das caça a R r O u D s do aniza a e d iza u org m a e das o Pent es! i s r u o t e B uan o” a dos d ã ç enq O ’ora rad rra! COR “Ad ta ado e t a San ração. ouro d Ado asas s Tua m ava l o ir are c u ç ! teu , ma ? n e e e t s P ia is ço ? Ouv ácia do lasfêm bra mio b ô d r a u B A iste ta, tra n v a r o u O ta ba lo, c ! o ele? das, A la ro d t m a Se u s d s dour Oo o i láb izade “O” s o m d r am uses ado?! se o a s d d a ar ris d os de amor ora f o a d b la os Bo ias d ido n o m é a t r Au ele q n s alegr is quer sol Aqu ura da , o ma a o Na dorad ode ro, h l p e É os s d ou h l a a trab uman os, s u se tes h , tyat m s n o a q c corre orada y e l d e é s, m Aqu tyaso s ena do trag a Cria panhi cantan , Com çando alas?! iros Dan coros e e m i Em s pr o , a uta cri bode a l o f h d , na o ezin antos f d o n b ir ri ando, ios ças e c e z b y z a n q s satiri steza, Dio os, dan e l o e ri t Aqu rizand om a t ia. tya y Sat ando c d alegr Goz rando , s Cho uva , eira édia d a a d s rinc s. Kom gue deuse s b n s a e e t a s r o as dos is verd iam jaculan a r r c r o a s rr az j das fa canavi ça yro paus e f t á q S os ele ndor s nos cabe u m q o A c ple ortai as na s e No os m d herv s o Com rdura s vinh e s?! a ç D v osa do s, a st r E d sonho ndo na l?! Dos bagira o azu e taça eita. Pom o sobr a num Ele rej Our o d i . traz muro é s o ro mos no h n i v d . O o a Ka a y Org erecid é of CANTO 9 EXORCISMO D BROXARIA CORO Se o amor é cego o negócio é apalpar Os caçadores d Penteu estão farejando QUÁ?QUÁ?QUÁ?? DIONYZIOS. QuáQuáQuá? CORO Acaba mal quem não sabe o q diz, Quem é louco d não saber adorar E d nem querer saber ser feliz. Não acaba Quem aprendeu que pode viver Só por gostar, Só por saber, Só por viver. Silêncio. Ouvir música das esferas. Deixar extraterrestres urânidas verem atores e público. Lá longe, Os moradores do éter, os urânidas, São o nosso público. Aqui, não sabe nada Quem acha q sabe Além do além Daqui. Da órbita mortal Do pingo ao pó, A vida é curta. Quem quer muito chegar lá, Nem chega a tocar O q está aqui Ou é louco varrido Ou está querendo varrer) AGAVE A entidade gosta d comer Muito Muito bem Muita gente Muita alegria IO! Adora a paz Essa deusa adorada da fartura Comida da juventude Pro rico e pra gente pobre, amargurada Inventou alegria embriagada da bacaneada Pra se deixar o padecer Salvou o prazer! Não deixa passar Detesta quem não quer viver só delycias E nos claros dias E nos cios das noites Bacantes pratikantes, Sai À caça, à cata, Na fissura da mais nova aventura. Sempre mais, sempre mais, sempre mais Uma! Surra d palmas. Sai broxaria dos raciosignos, Orgulho do universotário! Q eu saiba o melhor É o q é mais simples. Nessa eu estou Nessa eu vou À caça, à cata, Na fissura da mais nova aventura. Sempre mais, sempre mais, sempre mais Uma! paz e amor 10 ALHAS G N A C MARA quera Na ilha caça, na pã na saem CORO is tez os ma PRIMEIRO DUELO: A CAÇA E O CAÇADOR úblic s do p udo o. d o rio ente N Inch CORO CORO sou eu q estou levando o senhor preso. Foi seu Penteu q mandou. Seu Penteu, está feito! O q o senhor mandou caçar, nós caçamos. A caça! Entra Dionyzios, tirado preso dum camburão, d São Sebastião flexado, amarrado no tronco, carregado no andor pela PM d Penteu. Não causou pra nós problema nenhum esse corno. Foi tão manso pra nós, nem quis fugir e até ofereceu as mãos. Sem mudar d cor, com a mesma pele d vinho, sorriu pra mim e mandou braza. Nós ficamos desarmados e obedecemos. Bom. Agora, as Bacantes, q o senhor mandou os homens baixar em cima, botar no ferro, no forno no Penteuzão nos presos públicos, saltaram, desembestaram pro mato, pulando soltas com as outras, xamando São Brômios! As correntes dos pés, as trancas da prisão se abriram por si, par em par, encantadas! Seu Penteu, nem o “senhor” viu coisa assim. Esse homem não xegou à toa em Tebas. Traz as mãos cheias d milagres! Cuidado! Muita coisa ainda vai acontecer. teu Oía ría PENTEU - Cavalgadura! Bronco! Q atraPra Pie felicidade a d a r so! Parece q todos enlouqueceram! Ter odas t d a i Curiboka! Desamarra as mãos dele, Bah as z u s i m não tem perigo: está nas minhas a Das acan b s a o d p mãos, das minhas redes ele não Daodé da do Olym a x escapa. Embai ! a Ebrio v e l e M á, a pra l v e l e M brio! Leva, E o Évio ad a Guiam svia-dor! a orgy r de ção! p a o r s b o a a t i C ! D er graças tas estão ab m e t r Lá s as po emente a d o t r Lá bra liv e l e c e Es ! Tesão O Rei: adores ç a c s s. .O arrafa os bahiano g a n dança . ercam O coro entram e c bas mesmo Te eu ortal m d Pent ai na real: é m u c lo d O coro s está no co a, pra ir . eg zio Diony co e se entr seu caçador i l o do púb esa à caça d pr como DIONYZIOS - Pra boçal, parece boçal porque não está aqui. a boca q sabe o q fala. PENTEU - Levem esse sujeito. Desaca- tou a mim e a Tebas. zer esse Exu?! mundo já trabalham, há muito tempo, pras suas giras. DIONYZIOS - Não me amarrem! Me proclamo uma pessoa q sabe das coisas. Não me dobro a quem não sabe. PENTEU - Vivem d brisa e não sabem PENTEU - Amarrem! Eu t dobro, sou DIONYZIOS - Modéstia à parte, vou pensar como os gregos. dizer: sou das Santas Montanhas Floridas do Tmolo. Já ouviu falar? autoridade, meu poder é maior q o teu. DIONYZIOS - Nem tanto. Até q nisso PENTEU - Claro! As q cercam a cidade vão mais longe. “Diferença”, só nos costumes. DIONYZIOS - Todos os bárbaros do d Sardes num anfiteatro, em caracol? PENTEU - E a bacanal? É d noite ou DIONYZIOS - Você não sabe o q está tramando, o q faz, nem quem é! é d dia? PENTEU - Penteu, filho d minha mãe Agave e d meu pai Équion. DIONYZIOS - De noite, principalmen- DIONYZIOS - Teu nome já traz tua te. A escuridão tem um não sei o q d santo. pena, Penteu. DIONYZIOS - Eu vim de lá. Lydia é a minha mátria. PENTEU - E d onde importou esses mystérios aqui pra Grécia? PENTEU - Imediatamente, amarrem PENTEU - E pras mulheres, doce vene- DIONYZIOS - Dionyzios me ensinou, o filho d Zeus. no, perdição! DIONYZIOS - D dia também, quem pro- PENTEU - Então lá existe um Deus q pare deuses? cura encontra putaria. PENTEU - Por justiça, você vai me DIONYZIOS - Lá não, aqui. O mesmo q, ele na pata dos cavalos nos estábulos. Lá ele pode dançar na escuridão mais profunda. E aquelas q você trouxe aqui, essas vagabundas dessas desgraçadas dessas tuas cúmplices, vou vender e arrancar das mãos delas esses pandeiros q me dão nos nervos, e pôr pra trabalhar como minhas empregadas, nos meus teares. D agora em diante, quem manda nelas sou eu. neste lugar, trepou com Semele. pagar caro por sua irreverência maldosa. PENTEU - Era noite ou era dia quan- DIONYZIOS - E você pela piração d não do ele t apareceu? saber me adorar. DIONYZIOS - Eu vou. Quem não tem eu ent Fe O EMPREGADO - Ô brazyleiro, não DIONYZIOS - Em mim. Você não vê PENTEU - E logo praqui você veio tra- Esse caxo fede sexo! Pele bem curtida, não do sol, mas da sombra, traindo no rastro desta beleza, pro bote certo, Aphrodita! Primeira pergunta: donde você vem? aos olhos meus? assunto pra não dizer nada! do p do pen Ovou a, lo Pro Ni eca não sec s, as Onde or cem boca do rio p es Onde, ras corrent ba As bár Dezen m Bucha idade terra nd A fecu gue mãe da n No ma a a Bahi n o ã s Rei Te sta do leva. Cheirando os caxos PENTEU - Outra vez! Desviando do lho Kitira. a r p a or ir emb ga. a Ai, r e d me ami Quem ita é minha , os od Lá Afr m os Kulpid os, d ra Lá mo ndo namora ra s. Namo , ocada s r t s s i a i a t c arí nai Mor iros, k cos nus kar p s u s Nos mági m a r t n Eles e DIONYZIOS - Me acorrenta e me “Garanhão!” Pra isso você está em Tebas? Cabelão! Esses caxos na cara não são d quem vai à luta. PENTEU - E onde está, q não brilha nte rubins u S d as Surub Aphrodita d Ierês na Ilha Eros Dionyzios é desamarrado e se desflexa. Relaxa. Penteu examina Dionyzios Até q de corpo passa. o pe telho o pen CANTO SEGUNDO EPISÓDIO DIONYZIOS - Foi olhos nos olhos, me passou seus mystérios. PENTEU - Olha a audácia do Baco! Lábia é o q não falta! PENTEU - O q são esses mystérios? DIONYZIOS - Me diz: o q é q eu tenho DIONYZIOS - São vedados pros tapa- q sofrer ainda? Qual é a pena q me penteias? dos q não têm fé cênica. PENTEU - Primeiro: tosar teus caxos. PENTEU - E o q q as macacas lucram com isso? DIONYZIOS - São sagrados! É promes- sa pro deus. DIONYZIOS - Tudo. Mas esse segredo seria um sacrilégio t revelar. Você não está preparado pra saber, nem ouvir. PENTEU - Depois, me dá esse tyrso. DIONYZIOS - Dionyzios. Vem pegar! É d PENTEU - Não encobre o q eu mais quero saber, só pra me deixar com mais vontade. DIONYZIOS - Orgya não é pra pouca porcaria. Quem não tem balangandã não vai ao Bonfim. PENTEU - No fundo do forno vamos “conservar” teu corpo. DIONYZIOS - O Diabo em pessoa me solta, quando eu quiser. PENTEU - Só se você invocar por ele PENTEU - Esse Deus q você diz ter estado com ele, como é q ele é? por meio das suas Bacantes. DIONYZIOS - O q eu já sofro, aqui ago- DIONYZIOS - Como ele quer. Não sou eu quem manda. ra, ele assiste. d sofrer, é destino, não sofre. Mas, ai d ti! A caça vai caçar o caçador. Dionyzios q você diz não existe, vai t castigar. Me ferrando, é a ele q você humilha. Os guardas levam Dionyzios. Penteu sai, com seus seguranças. dar o c foda, mas t na moda dar o c foda, mas t na moda CANTO Os empregados d Penteu vão fechando as sete tetas d Tebas. Diante da fonte q pinga rala. MEIO DIA A FONTE SECOU segundo EXTÁSIMO CORO ( Ai... Ai... Dircinha, Filha menininha do rio mar Aparecida Sereiaciosa e karinhosa Água doce Fonte Sagrada d Tebas Q batizou Na hora q nasceu O menino, filho d Zeus, “Dytirambo” Zeus meteu a mão na braza eterna, Tirou o filho e mergulhou Nas suas águas... Depois trouxe pras coxas E gritou assim: “Dytirambo” Vem No meu útero coração, Entra viril Eu t xamo, Baco, aqui em Tebas, “Dytirambo” E agora, Dircinha, Princesinha, Q eu vim Pra t dar Meus tyasos florindo, Meus tyasos. Tebas me rexaça? Enxota meus coros? Foge d mim? A fonte seca. Ai! Silêncio d um minuto. As crianças estão sem leite. Deixa estar. No dia das graças d Baco Você vai me procurar Chorando Vi Na videira Viçosa Das uvas Você Gemendo por Brômios!) CANTO 11 ONDE ESTÁ O TYRSO D OURO? CADÊ? CORO (Quanto ódio, Quanta raiva Ostenta a raça nascida Justamente Na terra das sementes, Dos dentes Do dragão! Vê Penteu, O q Équion, um terrestre amado, gerou! Um espermatheca furioso Um gigante boçal. Enciumado, invejoso, Bate-boca,raivoso Antagonista dos deuses Não é mais gente É gentinha, E daqui a pouco vai querer Me empregar, Me enlaçar, Me fechar na sua casa. IO dos Tyatos coroados de Dionyzios!!!??? IO! Já trancou na escuridão, No isolamento do cárcere especial, No estábulo do palácio, Meu amor Meu divino amor, Meu diretor querido: Dionyzios. O Deus do Tyato) Ó deus, onde estás q não vês Suas guerreiras Batendo a cabeça contra os fados? Dyonizios, baixa do Olympo, Nas mil línguas do dragão, Trazendo seu tyrso d ouro. Levanta! Quebra a crista, a couraça, Desse q empata e Q mata. O 12 T N CA DA RA A P A XIM PRÓ DO O ÉPH C s apa ons m ndo a t l u ios, os z os? y t m a n a y o i v T ra, D q nós nossos O o R g CO E a nde é ocar o t pra lugar , q ncia Em ê g er e? na Div s y ra N da do P a s m ge Pau Lon e t dera s Ond amar mama D m dão as As q feras? Pras so? a n r Pa pro u O sa po, Pau , m o y . não no chã s do Ol eu, á L sa céu brada Orph lão o r Pau P que ar com eu vio tais, s a r P elyr as de s os mor D a Pr s cord Cio d ? E na vinho Com ar, t Can ar, ç Dan r a as Am as fer eiras Com mangu E as iéria P a io! r v p É s d amo a! ção V a r ( o sa tos oc Pau Gos o sai d ã irá, Q n !) v e l é Evo iería e jando P Pra do, via s n o Vira os cor is, a Com bacan corte o Pras ando o alizad b t Cor do, glo Gela ô é! ydia Xô x a L o i g Che ndo o r ais. t r o a Rol eando os m r p d o On ejand beleza Verd eza da Riqu nda nda u b Fecu i do q a ada pata a h a l h p o in a m Ó rra ata a m ha égu e t A n emp gua mi s e D lo tré m ava e c S gosa u me Den alo do a z f No im go é! m Evo , Em o d rifa r o sb o, e ktras as d n za ele lad (Cru cargas dasge io, a Das enxurr rio Ax , o ydia L Das raios d o i r oo Dos !! d n a sa é Evo ois pas riquez e Dep sorte s. cia, i á n a d t â r d Q o s m a abun o r P d pai o É , m, uas r, Dize ndado elas ág éguas Fecu suas b lindas ;) s d Com terras ngoso e Das alos d v E ca ! Hio as bacantes botam pra fudê dar o c foda, mas t na moda dar o c foda, mas t na moda pelo cansaço, larga a espada, caindo no chão. O mortal desiste da audácia de brincar contra um Deus. Na maior tranquilidade, deixei ele lá na kasa e estou aqui com vocês. Penteu nem percebeu. IO! SOTERRADO VOLTA À LUZ DIONYZIOS - (Invisível) IO! Escutem minha voz! IO, Bacantes! IO, Bacas! CORISTA E COROS - Q é? Quem é q está gritando? De onde vem? Quem está xamando? É Évio! as bacantes botam pra dê TERCEIRO EPISÓDIO Jogar o corpo, tremer no chão! Nosso Rei avança, pondo de cima a baixo o palácio no chão! O ator, o filho de Zeus! Dionyzios sai como mortal, com sua cara de brazyleiro DIONYZIOS - Mulheres! Bárbaras! O dos atores! Vem a nós, ao nosso tyato.? Brômios!? Brômios! q q estão procurando, apavoradas aí no chão? Aá! Vocês acabaram de viver “Baco acabando com a kasa de Penteu.” Agora já podem levantar, sacudir a poeira e chacoalhar o pânico pra fora do cavalo, coragem! Tremem Iansãs CORO - Astros! Estrela! É a maior luz DIONYZIOS - IO! Xamo d novo! IO filho d Semele e d Zeus, IO! CORISTA E COROS - IO! IO! Ator! Ator Terremoteiam CORYPHEA E COROS - A terra treme. Ter- remoto divino!IO! IO! O palácio d Penteu está balançando. Vai cair! Prestes! Dionizios está dentro. Adoremos... das terreiras, o predileto dos tyatos! Tesouro! Só d estar junto vem alegria, vem prazer!!! É impossível ser feliz sozinho!!! Q alegria te ver depois da solidão!!! DIONYZIOS - Vocês se encagaçaram CORO - Adoremos! Ó adoração! CORISTA E COROS - Olha! A trave do só porque eu fui fazer meus ensaios nos cenários tétrikos do cárcere de Penteu? teto está mexendo! As colunas estão ruindo! CORO - E como não? O q ia ser d Trovão A QUEDA CORISTA - Brômios, do fundo do Palá- cio, dá o berro da vitória! nós se você se desse mal? Mas o q q você fez pra t livrar desse canastrão? DIONYZIOS - Nada. CORO - Mas ele não te amarrou? DIONYZIOS - Não, eu confundi ele. DIONYZIOS - Acendam o incêndio da tocha no fogo do raio! Braza, braza no palácio de Penteu! CORISTA E CORO - Ai, Ai, o fogo, olha! No Túmulo d Semele, Ave! O fogo do Raio de Zeus, vivo! Sempre vivo!O mesmo q baixou em Semele. Mênades, vamos jogar o corpo no chão. MEMÓRIAS DO CÁRCERE XANXADA KOMÉDIA D TRAPALHÕES DIONYZIOS - Ele acreditou tanto q estava me prendendo q não me prendeu, nem me tocou. Ficou só na cabeça dele. Foi abrir a cela pra sabe q os deuses atravessam paredes? PENTEU - Você sabe tudo! Menos o q tem q saber. DIONYZIOS - Do q tem q saber, já nasci Mas, o q é isso? Tá ressoando o tacão de alguém q vem vindo. Q q ele vai dizer disso tudo? Eu vou, na maior calma, encarar bem nos olhos, por maior q seja a fúria dele. Aquele q sabe tem d experimentar aquilo q sabe. Vou ensaiar: Pode entrar Estou em êxtase. sabido. entra o mensageiro Mas fica sabendo o q esse mensageiro trouxe d novo lá dos morros. Vê se aprende alguma coisa com esse homem. Nós vamos ficar quietos aqui, não vamos fugir. NO CYTHERON “omaku” MENSAGEIRO (Boiadeiro) - Penteu, me prender, topou lá dentro com um touro. Aí começou a querer amarrar o touro pelo casco, pelas patas, pelo rabo, bufando, pondo a alma pra fora, escorrendo suor do corpo, se mordendo todo. E eu? Ali sentado, tranquilo, pertinho dele, feliz, só assistia. Aí chego d Baco, balançando a kasa: Vou até o túmulo d minha mãe e acendo o tyrso na pira, q dá uma pirada. Aí, Penteu vendo isto, achou q a kasa inteira estava pegando fogo. Começa a pular daqui pra lá, xamando os empregados mandando buscar água do Rio Mar, Gritando PENTEU - Akelu! Quero toda a água do Akelu! DIONYZIOS - Todos os empregados, completamente abestalhados, começam a ir atrás, d um lado pro outro, querendo se ajudar, brigando, quebrando coisas. E ele lá gritando SEGUNDO DUELO O palácio está desmantelado, Penteu sai, fora de si senhor das terras desse País Tebas, acabei d chegar do morro do Cyteron, onde nunca falta o brilho branco dessa heroína: a neve, q nunca as agulhas dos raios do sol nos picos chega a esgotar. PENTEU - Q porrada! Ai d mim! E ain- Todas dormiam, corpo entregue ao léu. Umas espreguiciadas no tronco peludo do pinho, outras descansam a cabeça num chão d folhas secas caídas d uma mangueira ou d um carvalho. Aqui, ali numa jurema preta, cada uma no seu lugar sagrado, não como o senhor propaga: “Bêbadas d porre d vinho e barulhentas do som das flautas, histéricas, umas vagabundas caçando homem a esmo no meio da estrada, no mato de Aphrodita.” E aí, ouvindo o mugido do xifre dos meus bois, a senhora sua mãe dá um alarido, lá bem no meio do coro das Bacas, pra elas se alinhar. EMBAIXADA DO CÉU MIRAÇÕES da por cima me escapa aquele filho da puta daquele forasteiro. Agora mesmo estava lá preso. PENTEU - Qual é o noticiário extra q MENSAGEIRO - Elas expulsam da por- você vem me trazer? Se é urgente, eu quero saber já! Desembucha. Topando com Dionyzios, olha duas vezes, ri, depois grita MENSAGEIRO - Eu vi! Eu vi as vené- tela da pálpebra a remela do sono xapado, pulam d pé, q espetáculo! Dá gosto d ver a disciplina: Solteiras, desenvoltas, despejadas, soltas, moçasdonzelas, moças-damas, criancinhas, viradas! Livres! Atiçam os cabelos corredios ou duros, trufas escandalosas d africanas, madeixas castanhas e louras, ajeitam a túnica d pele d veadinho, pegando as cobras q estavam lambendo os rostos delas pra enroçar na cintura. Umas com cabritinho no colo, outras com caxorrinhos selvagens do mato, concentradas, dando leite branco q as recém-paridas destilam das tetas cheias, porque abandonaram os filhos legítimos com o lar. Se cobrem d folhagens d palmeiras, d hera, arruda, mandioca, umbu, pinha, a água brota fresca. Outra mexe com canudo em braza na terra, só cisca, e ali esse Deus desconhecido jorra uma fonte d vinho. As Xupadoras, babando pela baba branca, tocam no chão com os punhos e a ponta dos dedos, elas se empapuçam! o Cytheron vira mar! Dos tyrsos anelados d dinheiro em penca espirram, escondem gotas e gotas d mel dourado! Nas espumas flutuantes: azul, ouro, azul, ouro. O senhor tinha d assistir. Daí, esse mesmo Deus q agora o senhor ataca, só pelas mirações o senhor ia oferecer tudo, todas as suas rezas, até o fim da vida. outra. Pára essa ira e respira! reas! As veneradas Bacantes!!! As mesmas q, picadas pelo Deus, deram pé, descalças, daqui dessas terras. Eu venho, meu rei, louco pra contar, pro senhor e pra todos, os fenômenos fantásticos, além da imaginação, mais fortes q uma miração, acreditem se quiser. Eu vim informar ao País inteiro as notícias exatas do prelúdio da guerra sertaneja das bacantes. PENTEU - Como o senhor conseguiu pausa Não! Não... Não é possível! O q é isso? Não!... É o homem mesmo! Escuta aqui: o senhor ainda tem o descaramento d se apresentar diante d mim, na porta da minha kasa. O senhor não tinha fugido? DIONYZIOS - Sossega, leão! Passa pra escapar lá da prisão e estar aqui? PENTEU - Quero toda a água do Rio DIONYZIOS - Mas eu não disse - ou Mar! você não ouviu - q alguém me soltaria? DIONYZIOS - Todo esse trabalho, inú- til. D repente, ele muda d idéia, porque me vê. E vem na cabeça dele q eu vou fugir. Aí ele entra correndo pela kasa adentro e volta com um pedaço de ferro na mão. Aí Brômios _não sei, parece, só estou dando uma opinião. Acho q produziu um fantasma, projetando uma luz no local. E pra q? Penteu ficou todo excitado, começou a furar o éter, axando q estava me degolando. Mas aí Baco exagera, castiga mesmo. Vira d cabeça pra baixo o palácio, arrasa, derruba tudo no chão. Tudo desmorona, vira pó diante dos olhos de Penteu. Pagou um preço amargo demais e vai ter q soltar muito mais ainda, por ter me prendido. Vencido mulheres. Um, quem dirigia? Sua tia, Autônoe. O segundo, quem? A senhora sua mãe, seu Penteu, dona Agave. O terceiro, Ino, a terceira irmã. PENTEU - Quem? Você sempre kala quando fala. DIONYZIOS - O q traz a vinha, o vinho, o prazer, esse tyato pros mortais. PENTEU - E quem traz esse vinho, esse prazer, esse tyato, eu já censurei. DIONYZIOS - A usura da censura é gló- ria pra Dionyzios. Eu quero falar. Mas antes eu preciso saber se com as palavras eu informo tudo aquilo lá, ou se encolho as falas; porque eu tenho medo do senhor ter um ataque d repente. O senhor é muito temperamental tem transições imprevistas, autoridade demais. PENTEU - Pode falar, d mim não precisa ter medo d nada quem está cumprindo seu dever. Depois, quanto piores os fatos q se revelarem sobre as Bacantes, pior ainda vai ser o castigo d quem meteu essas prátikas na cabeça delas. MENSAGEIRO - Eu tinha acabado de PENTEU - Fechem todas as portas! Eu estou mandando! Fechem todas as portas desse lugar! DIONYZIOS - Pra q? Você ainda não tanger minha boiada da planura pra altura, pelas rampas das rochas, quando o raio do sol katuca com seu ferrão e a terra começa a esquentar. No ato vejo: três tyatos, três coros d ASSEMBLÉIA D JAGUNÇOS MENSAGEIRO - Daí, nós, boiadeiros, PRIMEIRA EXPEDIÇÃO O EMPREGADO - Murici, murici, cada um cuida d si. MENSAGEIRO - Fomos pra tocaia no meio do arvoredo, justamente a hora q elas dão sinal com o bastão, pra começar a bacanal. Xamam com todos os pulmões o filho d Zeus, Brômios! O monte todo dançou, até os bixos, e nada ficou parado. Tudo disparou correndo. Nessa, aconteceu quem? Dona Agave, em pessoa, passa pulando perto d mim. Aí preparo meu corpo pra dar o bote. Mal ponho o pescoço pra fora da tocaia em q eu tava enfiado, ela grita: AGAVE - IO minhas cadelas, minhas pernas ligeiras! Tem homem atrás d nós. Vem cá, vem comigo, armadas, cada uma com seu tyrso! Maior vergonha: Mulheres pondo homens pra correr! Mas não sem ajuda desse Deus desconhecido. MENSAGEIRO TERCEIRO DUELO DIONYZIOS - Não adianta. Você não aprende? Não entende ou não quer ouvir? Mesmo vocé não querendo, eu quero t dar um conselho: Brômio nunca vai deixar ninguém acabar nem com o sussurrar das Bacantes. MENSAGEIRO - Voltam depois pro lugar donde tinham saído, pra fonte mesma q esse deus criou pra elas. Lavam o sangue e as suçuaranas, com a língua, vão xupando as gotas q ficam no rosto, polindo suas peles, q vão ficando brilhantes. APELO MENSAGEIRO - Esse demônio, dá o nome q quiser, presidente, recebe na sua república, Porque ele é grande conselheiro em tudo. E além disso, tem outras coisas mais, como o povo diz, e eu canto d coro com ele: Deu vinho, cio dos mortais, e a tristeza acabou. Se não tivesse vinho, não tinha Vênus, prazer nenhum aos mortais ia sobrar. Então: CORO Melhor era tudo se acabar. CORYPHÉA - Tenho medo d falar d ver- dade com o presidente, mas phalo: se todos os deuses fossem iguais a Dionyzios. Bacantes estraçalham espectador No tempo dum abrir e fechar do olho, pro seu Penteu pensar no seu papel na república elas já tinham comido toda a carne deles. Depois elas partem como um bando de passarinhos, voando juntas pelos rasos da caatinga, até as caxoeiras d Santa Maria da Boa Vista, onde brilham os vignais d Tebas. Aí, no limite do Cyterão, dessa terra ignota! Esse sagrado planalto! Lá elas, pombas brancas, saqueiam as taipas d Uauá e Elytreia. Viram - AO BATER DA AVE MARIA MENSAGEIRO - E nós então, nos pica- mos pra não virar picadinho. Aí elas, d vingança, atakaram nossos bois q pastavam inocentes a herva, com as mãos nuas. Uma _ o senhor tinha q ver_ pega à unha uma vaca leiteira, levanta mugindo em pleno ar e rasga em duas postas. Outras estraçalham bezerrinhas a passarinho. Pra onde o senhor olhasse ia ver costelas, pés em forquilha jogados pra cima e pra baixo, pendurados nos ramos, sangue nas folhas, estranhos frutos. Touros enfurecidos, ameaçando com xifres, caíam por terra, arrastados por um enxame d mãos menininhas. E agora, um copo d’água. Nasci pra ser homem, sou homem, não vou apanhar d mulher! CORO Q maravilha viver! SÃO JORGE SE ENCOURAÇA E EMPINA A ESPADA PENTEU - O dragão da barbárie vomi- tou fogo pelas siete cabezas, em outros tempos. Mas agora tudo parecia estar congelado e, d repente, mais outras cabeças? Esse incêndio das Bacas traiçoeiras cercando, cre- Pausa Não empene tua lança. Empina sim, pra mim... em paz. PENTEU - Quem é o senhor pra me aconselhar? O senhor é um foragido. Eu é q aconselho o senhor a começar a correr já! Não ouviu? Meus exércitos já estão em cima! Pra folia. as bacantes botam pra fudê wamo mos da idéia. pausa PENTEU - Como? Virando servo das as bacantes botam pra fudê wamo CORO D MÚSICOS JAGUNÇOS - Gosta- mando, esquentando... Sem perder mais tempo, se dirigiam pra porta central da Elektra! Convoquem todos os lanceiros, cavaleiros encouraçados, cruzados, bons corredores, escudos leves, máquinas pesadas, os santos guerreiros q sabem fazer cantar e gemer as cordas, os metais, os ferros, os arcos, a orquestra toda. Ordem do diazzz; guerra às Bacantes! cai matando, apagando pra sempre o brazeiro do dragão. as bacantes botam pra fudê wamo nesse pé d Serra d Boa Esperança, topam tirar Dona Agave dessas bacanais pra puxar o saco do chefe? Ele ia ficar muito agradecido. tudo! Tiram as crianças das casas, levam com elas. E nada q carregam nos ombros vai amarrado. Mesmo assim não cai nada no chão preto. Nem ferro, nem aço, nem lata. Seus cabelos pegam fogo, mas não se queimam. Os posseiros das taipas pegaram em armas, e nós com eles, como um exército se juntamos em linha d fogo contra as Bacantes. Pra q? Aí então foi o apogeu! Era tremêndulo d ver, comandante!!! No corpo delas os disparos não deixavam um só arranhão, uma só gota d sangue. Mas elas, era só apontar o tyrso pro nosso lado, já sangrava. Foi um salve-se quem puder. Uma correria. as bacantes botam pra fudê wamo MÚSICO JAGUNÇO - Vocês q moram as bacantes botam pra fudê wamo as bacantes botam pra fudê wamo pastores, capatazes, fizemos uma roda d conselho pra conversar e discutir: como é q elas têm o poder d fazer essas façanhas? Todos pasmos!!! Um d nós, q frequenta mais a cidade, bom d conversa, falou. minhas servas no fim? PENTEU - Me dirige! Mas rápido! Não estou entendendo essa demora. DIONYZIOS - Por ruas escondidas. Eu sou seu labirynto. DIONYZIOS - Não. Eu trago elas pra DIONYZIOS - Veste uma saia. D linho. PENTEU - Qualquer coisa é melhor q cá. Sem armas. Só com o poder da presença diante da presença do teu poder. Gostosa no corpo. o riso das Bacantes na minha cara. DIONYZIOS - — ? — PENTEU - Ai, meu Deus! Uma cilada contra mim está sendo fabricada! “ARRANJA TUA FANTAZIA” “TENTE USAR A ROUPA Q ESTOU USANDO” DIONYZIOS - Q nada. com meu tyato PENTEU - O q? D homem q sou vou quero t curar. virar mulher? Você quer me passar pra essa categoria? DIONYZIOS - Vamos. Pra mim, tudo DIONYZIOS - Pra q elas não t matem. PENTEU - Vou d qualquer maneira: Como homem você não pode ser reconhecido lá. ou pego as armas e avanço ou o vestido e sigo esse conselho. PENTEU - Falou bem d novo. E outra Penteu entra no palácio PENTEU - Um complot. Tática pra con- tinuar a desobecer minhas ordens e praticar orgyas explícitas. Contra mim, trabalho, magia negra e o bode sou eu. DIONYZIOS - É. Jogo feito. Já não depende só de mim q bicho vai dar. vez, foi esperto. Já tinha notado isso. DIONYZIOS - Dionyzios ensina. PENTEU - Minhas armas! Enquanto veste todas as couraças e vira São Jorge. Pra Dionyzios E você: vai calar a boca! GOLPE Meus exércitos! Atacar! CONTRA-GOLPE PENTEU - E o primeiro passo? Pra passar logo pro lado prátiko. DIONYZIOS - Vamos pra dentro. No toucador do palácio eu vou t vestir. PENTEU - Me toucar como mulher! Fico com vergonha. DIONYZIOS - Perdeu a coragem! DIONYZIOS - Você quis assim. PENTEU - Com q vestido você quer me PENTEU - Vamos lá pra dentro do palácio. Lá eu tomo a decisão q for melhor pra mim. bem. BOLA PRETA DIONYZIOS - Mulheres, o peixe caiu na rede: Vai pra bacanal e lá vão beber o sangue dele. Dionyzios, agora é a tua vez. Está quente! Castiga! Primeiro: pinga no juízo dele umas gotas q sejam pra ti doce loucura, do pingo ao pó. Sim, porque de cara limpa, bom senso, ele não vai querer se vestir d mulher, cabeça feita, ele vai. Eu quero q ele seja condenado às gargalhadas pelos tebanos desfilando pela cidade fantaziado d mulher. Ele, q ainda agora há pouco, com suas ameaças, com sua cara séria, impunha tanto respeito. PENTEU - 5... 4... 3... 2... vestir? DIONYZIOS - Se fosse eu, em vez d MIXÊ DIONYZIOS - Vou soltar uma cabelei- ficar me mortificando, sem nunca conseguir vencer a tentação, eu mortal _ Ave Semele!_ me entregava a ele como hóstia! Comida d santo! DIONYZIOS - Você quer ver as Bacantes na boca? Concentradas no canal? Sinal aberto... Verde. ra caindo nos seus ombros. VOYEUR DIONYZIOS - Uma saia, comprida até VAI DAR O Q FALAR os pés. Na cabeça? Um turbante asiático. DIONYZIOS - Agora eu vou fazer o Sacrifício! PENTEU - Vou sacrificar, sim. Dar pro santo matança pesada, despacho d mulher. Elas merecem, já fizeram muito pior nas encruzas do Cytheron e daqui. DIONYZIOS - Elas vão pôr teus exérci- tos pra correr, d vergonha d ver seus escudos escurraçados, suas couraças da Elektra descabaçadas pelos canudos d pastorinha das Bacantes. PENTEU - Muito. Eu até pago. Banco, com um pacotão pesado. Em ouro. DIONYZIOS - Porque você ficou todo excitado assim? Q desejo violento! PENTEU - Vai ainda acrescentar mais PENTEU - Porque eu quero ver, mesmo DIONYZIOS - Um pandeiro na mão. q doa, elas encharcadas no vinho. E depois, me pagando em dobro. Um tyrso. Uma pele de veadinho pintado. DIONYZIOS - Mas você sente prazer PENTEU - Mas eu não posso vestir d assistir um espetáculo q te machuca? roupas de mulheres! PENTEU - Esse estrangeiro é in-tra- PENTEU - Sinto. Quieto, na moita, gá-vel! Não dá pra negociar. Nem por tortura ou soltura kala a boca. atrás dum carvalho. ULTIMATUM DO DRAGÃO RENDEZ-VOUS DIONYZIOS - D coração: essa novela ainda pode acabar bem. PENTEU - E depois? Q mais? DIONYZIOS - Mas elas t farejam e t acham, até escondido. PENTEU - Falou bem, então me mos- tro às claras. DIONYZIOS - Tá pronto? Sou teu guia. alguma coisa? DIONYZIOS - Então o sangue vai rolar na peleja com as Bacas. PENTEU - Verdade. Primeiro é preciso espiar. DIONYZIOS - É mais sabido q ser caçado pela caça. PENTEU - Mas como atravessar a cidade sem o olho da cidade olhar? Dionyzios vai pra porta do palácio papel d camareira d Penteu. Faço a fantazia da gaveta d Agave, mãe de Penteu, rompo uma cortina pra fazer uma saia, na roleta do riso e da emoção com a cena da mãe degolando, mandando pro inferno o filhinho sujo d rouge e d pó, por ter pego suas coisas e se fantaziado de Agaveta. Vai dar o q falar na Risoleta do riso e da emoção! Vai ficar sabendo, na hora q o sol raiar, quem é Dionyzios, o filho d Zeus! Pros mortais: mau d profissão mas bom d coração. Dionyzios entra no palácio o r i O e M c I r S e t TÁ X E CANTO 13 PRESENTE DOS DEUSES caralhos e vinhos caralhos e vinhs caralhos e vinhos CANTO 14 CABEÇA DO INIMIGO NA MÃO E DO AMIGO NO CORAÇÃO (Na sala d espelhos, Dionyzios d camareira despe Penteu d São Jorge - Relax for man - Body-fashion) CORO (Até q enfim Vou entrar descalça Brilhando Na roda HORA D UZONA Bacando a noite inteira Delyrando No orvalho caído Arremessando a bola da cabeça traves fora Inspirando éter Lançado em perfume pelo ar Pulando feito cabrita Se delicyando com herva Depois d driblar a ratoeira do esquadrão da caça Dos olheiros E dar um bom pinote nas redes enredadas PINOTE SIVUÁ O caçador solta a sirene E os cachorros dos homens em cima A cabra marcada dá tudo Corre pra ganhar o vento Salta rio abaixo Ruma pra baixada E curte a solidão sem os homens... E os brotinho do mato Na sombra do arvoredo Pedindo até pra lua pra nascer mais cedo!) Até q enfim Vou entrar descalça Brilhando Na roda Qual é o mais lindo presente Q os deuses dão pros mortais? - O q é mais lindo? - É o q é mais amigo. Ter a cabeça do inimigo nas mãos E a sabedoria d tocar Pra ele ver d pé A nossa victória! - O q é mais lindo? - É o q é mais amigo. MAXADO DA IMPONTUALIDADE SEM MEDO D XANGÔ Na sala d espelho, Dionyzios estuda a máscara do Deus: a d touro CORO (Tarda É devagar Demora Mas não falha O castigo do malho do deus Ele castiga o enchristado O emproado mortal Q trabalha pra injustiça Em vez d trabalhar Pra adoração do coração bacanal Pro inchado Pro famoso Disfarça q marca passo Na cadência da paciência Mascara: não resistiu Põe o bobo no alto E retira a escada E na hora certa Escarra fogo do Brazyl) CANTO 15 CORAÇÃO DO MAR É O NAVIO NEGREIRO QUENTE HUMANO DO MANGUE ÉPHODO ECUARDOR CORO ‘Stamos em pleno mar... Feliz é quem atravessa A tempestade no meio do mar E atraca no porto Salvo! Iemanjás namoram Iansãs - Fuzileiros Navais e sereias Muitos e muitos competem De muitos e muitos jeitos PHODER E FELICIDADE Nada Q não seja o mais simples Q até já virou mytho Na orgya da boca Da voz do morro Numa canção popular Vale ser pensado Ou praticado A força da divindade Dê o nome q quizer É Etherno É verdade Abunda na natureza E como em toda façanha Há um q perde Outro q ganha Inúmeras são as esperanças Algumas felizmente chegam até os mortais Outras se esfumam Marulhos - Emilinha Borba - Favoritos da Marinha Mas quem goza a vida vivida d cada dia declaro: É o feliz. (Qual é o mais lindo presente Q os deuses dão pros mortais? Qual é o mais lindo presente Q os deuses dão pros mortais? - O q é mais lindo? - É o q é mais amigo. Ter a cabeça do inimigo nas mãos E a sabedoria d tocar Pra ele ver d pé A nossa victória! - O q é mais lindo? - É o q é mais amigo.) - O q é mais lindo? - É o q é mais amigo. É o q aqui se vive Um etherno presente ‘Stamos em pleno mar... BREQUE Aqui o passado se pilha tenta esquecer em q ano estamos ‘Stamos em pleno mar... entregue inteiro nas tuas mãos. Dionyzios sai d trás da cortina do palácio pra apresentar o novo Penteu, q se prepara atrás dos panos. Traz a máscara d touro DIONYZIOS - Ó tu, q não t seguras mais na aflição d ver o q é vedado a quem não sabe ver,q queres o q não queres: sai do palácio e t apresenta pra nossos olhos fantaziado d mulher, bacante ou mênade espiã da mãe, das tias e companhia. E agora: Penteu! Filho d Équion! Dionyzios bate com o tyrso. A cortina se abre da sala d espelhos Penteu aparece d Agaveta. Desce a escadaria, vedeta UP- DIONYZIOS - Você é a cara das filhas d Kadmos! PENTEU - Estou vendo tudo duplo. O sol, as sete portas d Tebas também. Duplo! E você parece q está virando touro na minha frente! Você sempre foi fera? Na tua cabeça estou vendo: duas aspas! estão nascendo xifres! Acabou d virar touro! Na minha frente! DIONYZIOS - Agora estamos na com- panhia do Deus. Antes você não via. Agora ele t guia e você vê o que não via. PENTEU - Afinal d contas, com quem eu fiquei mais parecido? Estou mais com a cara da minha tia Ino ou da minha mãe Agave? DIONYZIOS - T vendo, parece q estou diante das três irmãs,tuas tias Inoleta e Autonieta, tua mãe Agaveta. WORKSHOP PARA TRAVESTIS E ETIQUETA PARA OGANATAS Um silêncio. Dionyzios toca a cabeça d Penteu ÓDIOS GERANDO FLORES Penteu desmaia em seus braços DIONYZIOS - Teu cinto está frouxo. A saia, muito comprida, fica pegando no calcanhar e aí as pregas não caem bem. PENTEU - Eu também estou axando. Mas só do lado do pé direito, porque do lado esquerdo está caindo bem. Está ótimo! DIONYZIOS - Quando, contra o q você gostaria q fosse, eu t mostrar q Bacantes são mulheres q sabem d si, você não vai axar q sou seu melhor amigo? PENTEU - Pra ficar mais parecido com elas, eu pego o tyrso com a mão esquerda ou direita? DIONYZIOS - Tem d ser com a direita e ao mesmo tempo você levanta do chão o pé esquerdo. VACILO D FALSA BACANTE QUERENDO SER DEUS PENTEU - Assim vou poder carregar comigo o monte do Cytheron com as Bacantes e tudo, nos meus ombros? DIONYZIOS - Vai com calma. Por enquanto você pode o q merece. Antes você estava perturbado, sem saber d nada. Agora q começou a saber, já acha q pode ter tudo! Ainda não! PENTEU - Mas será q eu não consigo arrancar a montanha puxando o pico pelas mãos, enquanto forço na base com o ombro... ou com o braço? Ou pego um ferro d alavanca? Cães d caça! DIONYZIOS - E olha só o q estou ven- do! Você deixou sair do lugar um caxo q eu tinha acabado d arrumar no teu turbante! DIONYZIOS - Pera aí. Assim você aca- ba destruindo a gruta sagrada das pastorinhas, as cantadas d vento da flauta d pã. PENTEU - Foi lá dentro, quando fiquei tomado. Na hora q eu ia bacanear, fui balançar a cabeça e aí axo q saiu do lugar. PENTEU - Falou bem: não é com a força q vamos vencer as mulheres. Eu fico escondido no pinheirinho. não adianta PENTEU - Pronto dá um jeito. Estou disfarce para a ça! A VIRADA DO VIRADO QUARTO DUELO TRANSADA PRODUZIDA MOST moorte¡ ela enxerga seus ossos QUARTO EPISÓDIO pra se esconder, quando as Mênades vierem espiar você, o expião experto. PENTEU - Ah! Parece q já estou ven- do, no meio do mato! Elas, aí eu vou e apanho feito passarinho, no ninho do amor, abraçadas, nas minhas apaixonadas redes. DIONYZIOS - Mas você não vai lá pri- meiro só pra espreitar? Pode ser q você consiga, mas cuidado! Pra não acabar apanhando, e ainda ser apanhado por elas. D E B U TA N T E READY PENTEU - Pode me levar, pela aveni- da Sou o único homem d Tebas com essa coragem. DIONYZIOS - Só tu penas por essa cidade, só tu, o único. T aguardam pelejas merecidas, dignas d ti. Só eu posso t dar o q você quer. Me segue. PÓS DUELO DUO DIONYZIOS - Escondido você vai ficar, compete t recompor. Levanta a cabe- no esconderijo q você vai arrumar FIRST LOVE DIONYZIOS - Sou teu guia salvador na ida. Outro vai t trazer d volta. PENTEU - Aquela q me deu à luz! DIONYZIOS - Diante d todos, à luz do sol. PENTEU - É pra isso q eu vou. DIONYZIOS - Voltarás carregado... PENTEU - Q delícya... mais... DIONYZIOS - ... nas mãos da tua mãe. PENTEU - Ai! Onde é q você quer me fazer chegar? Q prazer é este q eu nunca senti? Com q você quer me satisfazer? DIONYZIOS - Com certos prazeres. Você merece mais. PENTEU - Eu tomo sim. porque mere- ço. DIONYZIOS - Você é duro\, duro, e uma dor tão dura é o teu destino. Mas você vai encontrar a glória d ser erguido e tocar o céu. Penteu sai DIONYZIOS - Mas eu sou teu aio. Me DESCIDIDA NA CABEÇA DIONYZIOS - Abram os braços e cantem, Agave, filhas d Kadmos, q eu já estou levando esse moço pra luta final. Quem vai ganhar sou eu, Brômios. O resto, deixa rolar, os fados vão falar. Dionyzios sai O ALUGUEL Vem justiça justa d Xango Visível Raia já D maxado luminoso Decepa a cabeça Desse moço Q não sabe namorar Q quer ser meu expião E me diz q ainda tenho D controlar meu coração Q trabalha contra a aliança Q encontrei um dia Numa pedra branca D justiça e adoração Como! Como! Como! Inteiro! Esse filho do dragão! Como! Ao molho pardo! Só não como o coração. Q é pra ele aprender Q quando eu quero Eu sou ruim. CORO Quem é? Quem é? Quem é? Q mãe pode ter parido Não. Não é filho d sangue d mulher nascido! É d leoa. Pode ser. Ou d matrona Górgona Líbica Megera Marchadeira Patrulheira Bacanóloga Dama d ferro Senhora da liga AGAVE Silêncio _ não fala, grita sussurrando É ele. E vem pra me expiar? Quem é essse Kadmeu? Kadmééééias. Q acaba d entrar no morro Pra expiar nosso tyato Bacantes Kadméééias Invadiu nossa concentração Penetrou na nossa área Está na nossa cola Kadmééias procissão manifestação sussuradas Fiscal d bacanal Fiscal d bacanal Fiscal d bacanal (Quem vive a vida Viva Ao vivo dos mortais Conhece e não briga Com os deuses reais Imortais Da justiça e do coração Namora com eles Em bacanais d paixão Não, não tenho ciúme da ciência Sou mais da alegria D fabricar outra poesia Escandalosa E precisa D ensaiar minha vida Sol a sol, lua a lua Beleza E adoração E estrelar Na orgya dos tyatos Com todos os santos e todos os beatos D todas, todas as mortais idades e dessa hora) Vem justiça justa d Xangô Visível Raia já D maxado luminoso Decepa a cabeça Desse moço Q quer ser meu expião Olha o bofe! Pra caçoar do nosso ritual Brômio, Brômio, NÃO TEM PERDÃO, BOFE Olha o bode! Lá vem ele Cabeça cheia Novos enganos Coração mordido d ciúmes Enviado dum exú muito xato Pra invadir a orgya Suicidar nossos trabalhos! Estuprar a bacanal d sua mãe Ave Semele Lá vem ele Furão da gira Querendo ganhar na grossura D quem não perde na doçura Vem vindo Bofe sem cadência Q a minha independência Há d ser a sua morte Vem o bode! CORO CANTO 17 quarto EXTÁSIMO (Logo sua mãe Sentinela da gávea D cima d uma pedra careca Do topete dum coqueiro Vê com olho zoom) Anda, anda, anda! Corre rápida, raiva da caxorra! Corre pro morro, pros tyatos, pras companhias Onde as três irmãs, filhas d Kadmos Trabalham. Excita a raiva da caxorra Contra aquele q Com nossos próprios Parangolés Faz d conta q É bacante Travestido d travesti, camuflado d mulher Vem d rato espiar - Tô com a caxorra! - Tô com a caxorra! (bis) CORO CANTO 16 CORO ÉPHODO ENTRA CANTO 18 Dum abraço mortal Com laço Agora Xega, xega, xega D Deus T mostra aos nossos olhos Em forma d touro D um leão D muchas cabezas Ou dum dragão Ventando braza Vai Baco Ao encontro dele Q se lança devassando O tyato das Bacantes Põe sorrisinho na cara Veste ele O TYATO T RECLAMA ch ica ga e tos se at u s ac am gatos Tebas, manda em mim. SEGUNDO MENSAGEIRO - Respeito e peço desculpa, pois quem viu o q eu vi precisa perdoar. Mas fazer komédia da tragédia alheia não fica bem. CORYPHÉA - Mas, mensageiro, qual é a mensagem? Conta logo! D q morte morreu esse feitor do mau humor? Esse homem só tinha essa mania: Não deixar ninguém feliz. VIAGEM SEM VOLTA TURISMO D TERROR SEGUNDO MENSAGEIRO - Saímos d nossas casas, aqui d Tebas, xegamos na fronteira. Atravessamos a nascente do Asopo q cai a caxoeiradas, entramos na garganta do Cytheron escalando; era Penteu, eu q servia e o forasteiro, q também servia d guia e nos levava pra assistir as Bacantes na intimidade. CYTHERON BY NIGHT SEGUNDO MENSAGEIRO - Primeira parada: um vale d hervas. Aí, muito cuidado, silêncio na língua e no pé, esticamos o pescoço pra ver sem ser vistos. Era uma caverna peluda, aguada dos corrimentos dos córregos, onde as Mênades estão se preparando pra bacanal. Umas se banham, outras, com os tyrsos quase já desfolhados, substituem por uma nova cabeleira d tufo d herva nova. Embaixo da sombra dos pinhos, um grupo – pareciam umas éguas sem cabresto – a toar pras outras um ponto d Bachiana. QUINTO EPISÓDIO Dionyzios se transformando num enorme caralho cyberneticamente em ereção, vai entrando dentro do reizinho Penteu, trazido na sua ponta, levado aos céus 7 m acima do solo. Homenagem à indústria d ponta SEGUNDO MENSAGEIRO - Nesse momen- to eu vejo um milagre do forasteiro: Ele pega a ponta do tronco do pinho apontado pro céu nas mãos e abaixa, abaixa, abaixa até o chão preto, a árvore da montanha e inclina até tocar a terra. Isso mortal não faz. Com a mão faz a árvore subir, devagarzinho, em ereção, cuidando pro outro não perder a montaria, até o tronco ficar perfeitamente erecto. Duro pro alto do céu o pinho levantou, tendo na ponta do pico o rei sentado. Foi visto antes d ver, as Mênades viram. Mal ele é visto enrabado no alto, o forasteiro some. OFERTÓRIO OU ENTREGAÇÃO d Équion, morreu. ESFREGAÇÃO CORYPHÉA - Evoé!!! Brômios mostrou: SEGUNDO MENSAGEIRO - Penteu _q VIA SATÉLITE EM REDE MUNDIAL pode mais o Deus q a terra. marcação! _como não conseguia ver o bando d mulheres, reclamou: SEGUNDO MENSAGEIRO - Ah! Casa SEGUNDO MENSAGEIRO - Como vocês grande, o palco mais feliz iluminado dos anos dourados da Grécia do Brazyl. Ah! Casa d Kadmeus Kadmééééu, q semeou, no transe da terra, os dentes do dragão, q deu numa safra humana d heróis sem nenhum caráter, devoradores, mas eu choro, todas as dores, choro. Sou do barracão, da senzala, mas choro. Sou fiel na dor do meu patrão. podem ficar felizes com as desgraças dos nossos donos? CORYPHÉA - Você vem do retiro das Bacantes? Quais são as novas? SEGUNDO MENSAGEIRO - Penteu, filho CORYPHÉA - Eu? Eu não sou daqui. Evoé! Eu canto noutro ritmo. Eu sou bárbara. Estou tremendo, mas não d medo, nem d dono, nem d enveado d dono. SEGUNDO MENSAGEIRO - Você está pensando q aqui é sua terra? Q Tebas não tem mais macho? CORYPHÉA - Dionyzios, meu coração, é minha terra. Meu coração, não PENTEU - Brazyleiro, daqui não enxer- go com meus olhos o arrasta pé das mênades. Eu trepo no pico do penhasco ou no pinho? D cima eu ia ver mais d perto, com mais detalhe, a pouca vergonha, a corrupção das mênades, e aí formava uma opinião! MILAGRE DA EREÇÃO (Dionyzios começa a comer e beber Penteu e, enquanto Penteu olha a bacanal, Também não tinha mais saída, era o bode. Elas arrancam galhos d pinho para usar como alavanca pra arrancar as raízes, não tinha ferro. Como esse trabalho não dava certo, Agave declarou: AGAVE - Vamos ficar em círculo, Mênades, agarrar o tronco e vamos capturar essa fera trepadeira, antes dela sair por aí profanando nossos mistérios gozozos. SEGUNDO MENSAGEIRO - As mil mãos bacantes agarram o pinho. Puxam, puxam, puxam e arrancam do chão. Pro céu onde foi levado, das alturas pro chão, soltando mil gemidos, Penteu cai. Pausa SÚPLICA D PENTEU PIEDADE MÃE! SEGUNDO MENSAGEIRO - Uma voz do éter, muito parecida com a d Dionyzios irradia: DIONYZIOS - Minhas macacas, sur- presa da noite! Um prêmio: Aquele q caçoa da nossa orgya finalmente em nossas mãos! Estou entregando o nosso ator convidado. Agora vocês podem castigar! sas palavras, entre o céu e a terra extoura uma luz duma xama q brilha abençoando. O ar se cala. Silêncio na selva. Nem o eweó das folhas. Nenhum coxixo das feras. Nem um mé d cabra. Elas, q não tinham ouvido bem a xamada, pulam aprumadas, com os olhos batendo uma geral panorâmica. Quando as três irmãs, filhas d Kadmos, reconhecem a batida de Baco, correm juntas com as pombas e gaivotas. Seus pés ágeis batem carreiras bem afinadas. A mãe Agave, suas irmãs d sangue e todas as bacantes, pelas caxoeiras do vale vão pulando precipícios, soltando fúria pelo chão revoltoso, levadas pelo sopro da voz d ouro do deus. Quando elas reconhecem o rei, no pinho a cavalo, sobem num rochedo q parece uma torre, na mesma altura, e mandam uma xuva d pedra contra ele. Depois atakam com palmas e ramos d pinho. Outras atiram o tyrso pros ares contra Penteu, feito alvo. Mas não conseguem. Ele estava ainda por cima demais pro trabalho delas. Lá no alto ele suportava sozinho do a carne fora. Autônoe, puxando todas as alas das Bacantes, cai com todas, d boca. Era uma gritaria só, d tudo ao mesmo tempo, solta no ar. Ele geme seus últimos suspiros. Elas urram, umas aparecem com pedaço d braço, outra vem com pé ainda com bota e tudo. Pelam as costelas, xegam até o osso e vão todas com as mãos ensanguentadas e entram nas entranhas d Penteu, e numa roda viva arremessam pros quatro cantos do campo bolas d carne, gritando: Goal! Go! Go! Go! (Dionyzios, d touro, apanha o coração d Penteu no centro, traz pras suas coxas, planta no jardim da sua mãe Semele, com tyrso.) SEGUNDO MENSAGEIRO - O corpo des- pedaçado jaz aqui, ali, parte nas pedras q não estão no caminho, parte no arvoredo cerrado do mato, pra ninguém axar fácil; o coração, Dionyzios tomou pra si. A mísera cabeça, o prêmio, quis o fado, foi parar nas mãos da própria mãe. SEGUNDO MENSAGEIRO - Penteu sente o horror da situação e aprende, mas agora é a última cena. A primeira dama do tyato, a ialoixá, sua mãe abre a orgya. Se lança pro bode, seu filho. Penteu tira o disfarce da cabeça, arranca a máscara da face pra q sua azarada mãe Agave reconheça ele e não mate o próprio filho. E diz, acariciando o rosto da mãezinha: SEGUNDO MENSAGEIRO - No meio des- Ele dá a segunda xamada. EDIÇÃO EXTRA: PENTEU MORREU! desamparado. PENTEU - Alô, mamãe, sou eu, o teu Penteu, Q você pariu no palácio. Tem pena d mim, mamãe, do teu Penteu. Errei sim, mas não é por meus erros q você vai pagar com o sacrifício dum filho teu. SEGUNDO MENSAGEIRO - Mas ela, expelindo expuma pela boca, com a menina dos olhos revirada, em êxtase, não encontrava o coração materno q tinha. Estava lá, mas ela não sentia como devia, porque estava possuída por Baco. E nem escutou nada. SPARAGMOS MÃE E TIAS FAZEM PICADINHO DO FILHO E SOBRINHO SEGUNDO MENSAGEIRO - Pegou o bra- ço esquerdo com a mão, apoiou o pé no flanco do coitado e arrancou o ombro, não por força própria, mas pela força d todas, d tudo em cima q lhe mandava a força pra mão. Do lado direito, Ino respondia arrancan- OMOPHAGIA (Ino e Autônoe acendem o pavio pra cozinhar a cabeça no caldeirão) SEGUNDO MENSAGEIRO - Agave crava a cabeça do filho na ponta do tyrso, como se fosse a cabeça dum leão, e sai como porta-bandeira, levando esse troféu. Vem descendo o Cytheron afora. Deixou suas irmãs e a ala das Mênades preparando a comida. Ela vem toda cheia d si, voltando, exibindo seu globo d ouro, seu prêmio fatal. Ela vem vindo, já deve ter passado as sete portas e atravessado a fronteira. Daqui a pouco vai estar em nossas casas, xamando Baco à cena, tratando d colega, parceiro d caça, com quem ela quer dividir as glórias da victória. “com o mais lindo, mais divino, com o vencedor.” Canta, banhada em lágrimas, chorando d alegria. CORO - Vitória, vitória da minha paixão. MENSAGEIRO - Eu, da minha parte, me retiro, antes q Agave entre nesse palácio. Não tenho mais estructura pra assistir esse theatro da crueldade. Respeito sempre a vontade d deus. Não me importa em q lugar, em q religião ela se manifesta; e até pratiko o q tem d melhor em cada uma. Eu creio mesmo q é o mais certo e o mais lucrativo pra nós, pobres mor- y p u m quinto u s i o a d m a n i a a h r l EXTÁSIMO p a a b a a r r t a p o r g i n i é a m o i r d l e a u b q a r s t i o a g m n i u e m o e d u m oq a u r s a i p a r i m r é a a s i n r a e c u s q e s d i e a n m i u m e o e d u m q u o s o i d a n a m r h a a s i r n e a u c q s e s d i a e a m i u a e r e ap u q m o u o s d i a n a m h r l a a s b n a a r c t s e go s d i e a a m i a u r e p l a e a u r q a p o r o d éi a n c a a h . l l a a b n a i r v t o o n g n á i t s m e r do i é o n a a i r g ue (HINO DA VITÓRIA DA PAIXÃO CORO (Gloria! Vitória! Da besta fera, na feira da paixão! Cai na folia, meu amor, Dá pra Baco. Cai na alegria, Grita rindo da desgraça d Penteu, Vou comer, Orar E gargalhar Da desgraça d Penteu; Penteu pentagônico Descendente do Dragão Tinha uma mania: Jogar água fria no coração Até q um dia Encontrou um touro q ria E q roubou seu coração. Se vestiu d mulher Pegou no canudo Em braza No tyrso do touro E se queimou O touro só queria A folia das vadias E q tudo mais fosse pro inferno Penteu pentagônico perdeu Se fudeu E agora no inferno chia Pode ser até sorria Como Christo na cruz Ganhou o touro Dionyzios A besta fera da feira da paixão E ainda ficou com o coração Do leão. KADMÉIAS Bacantes Kadméias Nosso canto acaba em pranto Nossa Glória Vitória Em dor Bela ação Chora por mim Conceição Divida comigo A dor da dívida Da vida A Baco A mãe mete a mão Na tripa da cria E espalha sangue Em toda a criação) ÊXODO SAÍDA OVERDOSE D HEROíNA AGAVE Ió! Bacantes da Ásia Ió! Bacantes daqui! CORO Ió! Pra q me atiças? CANTO 19 ANUNCIAÇÃO BEL CANTO PRÊMIO DA PRIMA DONA É A MAIOR CORYPHÉA E CORO D KADMÉIAS DEBUTANTES VIDRADAS (Ave, Eva, Agave Perua Saião Vem chegando A mãe d Penteu Ela vem chegando Vem correndo pra cá Pro palanque do palácio Vem direta Vidrada Vem vindo Vamos encontrar esse cordão Vadiar nessa alegria Curtindo até a dor Vem vindo Enviado d Évio EVOÉ!!!) Agave entra, delyra, puxando o cordão bacante, trazendo a cabeça d Penteu na ponta do tirso, d porta bandeira Solo d prima dona Agave Salomé com coro d violinos AGAVE ‘Stamos trazendo Do morro pro palácio um caxo cortado agora Q caça divina! Gostosa! Q gozo! CORO Estou vendo Pode entrar O coro é seu. gargalha AGAVE Sem rede Peguei esse leãozinho Pode olhar CORO Essa caça deu certo. AGAVE Então vamos comer! Pra esse banquete eu convido todos a participar CORO Q banquete é esse? Desgraçada! (acariciando com cafuné na cabeça) AGAVE É um bixinho criancinha ainda Já tem pêlo no queixo E uma jubinha está florindo! Q caxinho meigo fora do capacete! Me beija Mas espeta! CORO Isso daí parece mesmo a juba duma fera AGAVE Baco, caçador entendido Profissional da caça Armou o laço da intriga: Soltou as loucas na pista da fera na hora certa CORO Dionyzios é caçador! Eu ouvi assobiar! CORO Em q buraco? AGAVE E Eu? Não mereço nada? E as minhas homenagens?! AGAVE No Cyterão!... CORO Você merece todas CORO Ah!... No Cytheron! AGAVE E daqui a pouco até minha família vai me reconhecer AGAVE Assistiu a morte dele. CORO E teu filho Penteu? CORO E quem acertou primeiro? AGAVE Vai se orgulhar da mãe! (divina) AGAVE Eu! A primeira d todas fui eu! CORO Vai se orgulhar da mãe. palmas AGAVE Por essa caça leonina CORO Q caça deliciosa! CORO A felicidade guerreira em pessoa! AGAVE Deliciosamente caçada! AGAVE Em todos os tyatos Assembléias Minha fama vai me xamar: A felicidade guerreira em pessoa! CORO Na companhia d quem? AGAVE D Kadmos Do Governador Kadmos. CORO Feliz? AGAVE Gozo! Me rejubilo! Grande! Grande! D alegria d ter cabido A mim essa façanha!... CORO ... Pra terra CORO D Kadmos? Como? AGAVE Das filhas d Kadmos Minhas irmãs Kadméias Eu fui a primeira! A primeira! Só depois d mim é q tocaram a fera CORYPHÉA Todas aqui já sabemos Q foi você a estrela D’Alva desse rancho Mas agora mostra, infeliz, pra sua cidade Esse resto d carne crua Q está expetado d porta bandeira po r COMÍCIO FEMISTA Agave sobe no palanque do palácio vê a filha Agave E não mentiu... É ela mesma. Pois está na minha frente! Uma visão sinistra! AGAVE - Povo d Tebas! Cidadão! Cidadã! Moradores dessas belas torres tão bem guardadas! Venham e vejam esta presa q nós, as filhas do governador Kadmos, caçamos. Não com uma lança nacional da Elektra, equipada d cruzados, nem com uma rede! Foram as lâminas brancas d nossas mãos bem cuidadas! Depois disso, como continuar valorizando o exército q compra o fabricante q vende armas supérfluas! Inúteis! Se nós mesmas, com nossas próprias mãos, agarramos essa fera e com nossas unhas estraçalhamos? Onde está meu pai? Meu velho, q venha já! E Penteu, meu filho, onde está? Eu quero q ele encoste uma escada, com os degraus muito firmes, no muro do palácio e suba até o alto. NÃO É POR AÍ AGAVE - Pai, pode se orgulhar o máxi- CORO - Q perigo! AGAVE - E na faxada crave, no mas- KADMOS - Não me seguro... Dor sem tro da bandeira, essa cabeça d leão, esse troféu q acabei d caçar! freio, ai!!! Não consigo assistir esse espetáculo! Isso é matança! Com as tuas mãos, miserável! Brilhante era a vida q vocé sangrou pra uma cena d teatro... E ainda vem me convidar, a Tebas e a mim, pra um banquete, pra um jantar? AI!!! Primeiro já estou chorando por você, por toda tua desgraceira. Depois vou chorar por mim! Esse deus pode até estar fazendo justiça, mas castigou duro demais! Brômio, deus nascido da minha filha! Entra Kadmos, seguido por guardas, exércitos, empregados; numa padiola os restos mortais d Penteu; seguem o carro do palácio KADMOS - (em nível d República) Me acompanhem, carregadores desse doloroso fardo! Me acompanhem, soldados, até a frente do palácio. Vamos depositar o corpo d Penteu, esse corpo q com tanta dificuldade buscamos, até a estafa, só fomos encontrar nos mais ignotos trechos do Cytheron aos pedaços, nenhum perto dos outros. Nas escarpas e na selva emaranhada... Vamos expor à visitação dos tebanos, das embaixadas. (em nível privado) Eu fiquei sabendo, ao mesmo tempo q me avisaram, q minhas filhas teriam cometido o crime. Tinha acabado d atravessar, com meu velho Tirézias, as portas d nossa cidade. Voltando das bacanais, subi imediatamente no morro com a busca, pra encontrar o corpo do meu neto lynchado pelas Mênades. Lá eu vi Autônoe, mulher d Aristeu, mãe d Acteon, com minha outra filha Ino, vagando, coitadas, rodopiando entre os pinhos, picadas d demência furiosa pelo ferrão da mania divina, abanando o fogo num caldeirão! A outra, Agave, fui informado q estava vindo pra cá, em compasso báquico. humor, Velho só vê o lado dele, o lado velho sombrio. Oxalá, meu pai, se meu filho seguisse meus rastros e virasse um caçador e saísse à caça com os garotos d Tebas. Mas não! Esse só quer saber d patrulhar os deuses, ir contra, pai, o senhor tem d falar com ele. Mas por que ele não está aqui ainda? Alguém vá xamar. Olho no olho, ele vai ver como estou feliz! KADMOS - Ai, não!!! Quando você tomar consciência do q fez e cair em si, você vai sentir uma dor medonha! Agora, se você ficar sempre no estado q está, não digo q vá ser feliz, mas pelo menos não vai ficar sabendo o q é ser infeliz. phano q nunca! Está brilhando. AGAVE - Não sei... Não estou enten- AGAVE - E o q q ele tinha d fazer lá no Cytheron? Desgraçado! KADMOS - Troçar dos desuses e tran- car tuas bacanais. dendo muito bem do q você fala. AGAVE - Mas nós,como fomos para Uma coisa vem me vindo. Uma coceira dentro da alma ...no cérebro... Agora parece q sou eu d novo. KADMOS - Vocês estavam bêbadas! KADMOS - Então agora você seria Bebidas,tomadas por Baco! E não só vocês, a cidade inteira! capaz d me entender e responder com clareza. AGAVE - Agora eu compreendi. Eu fui AGAVE - Axo q sim. Só q me esqueci usada por Dionysios pra ele acabar com a casa do Senhor. lá? do q falamos antes. KADMOS - Na Casa d quem você deu seu Hymen? AGAVE - D Équion. Você me deu para ele. Pro Semeado dos Dentes do Dragão. O Fabuloso Équion! KADMOS - E agora. D quem é a cabe- ça q você tem na mão? KADMOS - Claro. Ele se sentiu ultra- jado. Vocês não acreditavam, q ele fosse um Deus. A inveja de vocês não podia admitir q ele fosse filho de Zeus E da irmã de vocês, Semele, minha filha adorada. AGAVE - Mas pai, onde está a outra parte do corpo do meu filho querido? AGAVE - Dum Leão. Minhas amigas KADMOS - Numa canseira imensa d caça me disseram. procurei, e o q eu encontrei eu trouxe. KADMOS - Olha bem... Não custa nada. AGAVE - Todos os...membros foram reunidos ...com decência? q eu tenho na mão ? (Pausa) KADMOS - Olha mais, olha de novo, reconhece melhor. Qual é o papel d Penteu na minha loucura? AGAVE - Vejo uma dor ... Ai! Desgra- KADMOS - O mesmo q o teu na dele: çada! ...enorme demais! protagonista d não saber adorar. KADMOS - Você ainda axa q parece a Então ele nos reuniu a todos,numa só cena, e num só golpe destruiu ele, você, nossa casa, nosso palácio, e eu, q além d destruído fico sem descendência masculina. Desta fruta saída d teu ventre miserável q eu vejo na minha frente. Natureza morta, esbagaçada,comida e jogada fora... cabeça de um leão? AGAVE - Fracassada! Amaldiçoada! Desgraçada! Não ! Eu estou segurando a cabeça de Penteu! KADMOS - Já muito chorada. Antes mesmo d você reconhecer. Olhando o corpo AGAVE - Quem matou? E como foi parar nas minhas mãos? KADMOS - Verdade Maldita! Chegou d feio, triste, odioso, lúgubre nisto? atrasada! KADMOS - Primeiro levanta teus olhos. meram Acteon. KADMOS - Ainda está deslumbrada. AGAVE - Mas o q te magoa? O q tem RIVERÃO KADMOS - Onde antes os caxorros co- AGAVE - Está mais iluminado e diá- AGAVE - O q...? O q estou vendo? O q AGAVE - Q velho chato! sempre d mau tuas irmãs! AGAVE - Onde morreu? Na casa? No Palácio? Nos arredores? KADMOS - É o mesmo ou mudou algu- ma coisa? mo d nós, ficar todo inchado, porque criou as filhas mais valorosas entre os mortais. Falo em nome d todas e d mim mais q todas, q abandonei fuso e tear, aulas e maridos, causas e casos, pra subir mais alto e caçar feras com as minhas próprias mãos tão finas. Trago na mão, como o senhor está vendo, esse primeiro prêmio, pra ser dependurado em teu palácio. Pai, meu pai, toma das minhas mãos pras tuas. Envaidecido com minhas aventuras? Convida seus amigos pro banquete. O senhor está feliz, não é? Muito feliz! Pela ação brilhante q praticamos. O PHÉRETRO D PENTEU Olha pro céu. AGAVE - Pronto. Por q? AGAVE - Fala! Meu coração já explo- de pelo q ainda vem! KADMOS - Foi você q matou! Você com cara, d medo do castigo, o inimigo já esfriava. Pra sociedade civil e militar Agora aqui do meu palácio, da capital da dor, Vou ser exilado no escândalo, na corrupção, na desonra. Eu Kadmos, o integro,o sério, O honesto, o reconciliador, o aliancista! Eu, q a mais formosa seara tebana semeei e ceifei. Uma kadméia joga sobre Agave a capa da vergonha d zebra preta e branca; Agave nervosa chicleta uma muka d hera e vai se acalmando. Oh tu entre os mortais o mais caro, Embora não existas entre os q, também muito caros, ainda vivem entre nós, Tu continuas o mais caro. Declaro na minha última homenagem, antes do teu repouso eterno. Ai filho! Você nunca mais vai aparecer, Pra vir acariciar minha barba com a sua mãozinha. Não vai me abraçar mais apertado nem me beijar, E depois me chamando “pai de minha mãe”, oh filho, e me dizendo: “Quem é q está falando mal d você?! “Quem é q não t respeita, vovô?” “Quem t maxuca o coração e t dá desgosto?” “Diz! Q eu castigo e quebro a cara já, D quem t maltrata, meu pai!” Agora não passo de um coitado. Você outro, mas já se foi. Tua mãe d dar dó... e tuas tias...d vomitar. Eu não merecia isto! Pro povo e pro clero Se existe alguém q se ponha acima dos deuses, brinca, não acredita, Então q venha aqui no meu lugar, estudar o caso. E vai ficar sabendo, vai começar a acreditar. CORYPHEA - Eu sinto tua dor no meu peito, Kadmos. O filho da tua filha mereceu o castigo, Mas foi doer demais em você. DIONYZIOS - Quantas fofocas rolam, dizendo q Dionyzios, o tyato, não é filho d Zeus. Fui aprisionado, cuspiram em cima. Quiseram me esfriar, e assassinaram. Por isso, morre quem morre, nas mãos d quem matava! Nascemos e morremos uns dos outros!!! Não escondo o q ainda vão sofrer: Vocês vão deixar os palcos da cidade, A pátria vai sumir. Os bárbaros vão beber. Os assassinos não podem ficar junto aos corpos q assassinaram. MINIMORATóRIA AGAVE - (Pra multidão e pras câme- ras) Peço autorização pra, apesar d contaminada por tão grande crime, recompor o corpo pra ser sepultado. Kadmos dá seu consentimento com a cabeça. Agave tenta unir o corpo e beija cada uma das suas partes. KADMOS - Dionyzios. Piedade! Pieda- de pros q t crucificaram! DIONYZIOS - Não. Agora é tarde. Quan- do era tempo, Voces não me colheram. O pecado da impontualidade é inadmissível no tyato. KADMOS - Está certo. Mas você é mui- AGAVE - Vê como minha vida mudou, to duro com minha casa. pai? KADMOS - Ai, filho! Você só vivia para os seus, pra sua casa, pro seu palácio, E nós tinhamos os olhos voltados só pra você. Você: “Nova Visão D Nossa Casa.” Você zelava por nosso palácio, filho da minha filha! Nosso povo t respeitava e t temia. E contra o velho aqui, ninguém ousava dizer nada. Só d olhar na sua DIONYZIOS - Sendo Deus, não fui reco- FIM DO DRAMA A VINGANÇA DE DIONYZIOS Dionyzios aparece d cima do caralho elektrôniko d Deus Ex Machina com máscara d touro nhecido, nem adorado. Mas humilhado por vocês. KADMOS - Sendo Deus, você não pode guardar rancor como os mortais. DIONYZIOS - Há muito tempo q Zeus meu pai, Previa esse final infeliz pra vocês. Se vocês não tivessem tanta vergonha d gostar, d extar, d amar... Vocês podiam continuar aqui neste anel, o tyato, com Dionyzios na orgya de viver! posso negar. Adorados amigos, detestados inimigos, Ódio sincero, amor não fingido. Q seja dada com tudo. A última cena do último drama. LES ADIEUX PROFECIAS O DIRETOR DIONYZIOS TROCA OS PAPÉIS Dionyzios se torna invisível. Acordes do Drama. por toda a dor do mundo! AGAVE - Mas só vingança, vingança, vingança, o divino Dionyzios, deus das performações, contra nós clamou? Exagerado, terrorista, até seu palácio contra nós derrubou?! O palácio desmontado sai AGAVE - Adeus, meu pai! Fica com os KADMOS - Minha filha, q fim tris- os papéis, você passa pra dragão e a sua senhora vira animal: uma cobra. A filha do deus da guerra, dona Harmonia, vira cobra. Um oráculo d Zeus viu você num carro d boi com sua esposa, dirigindo um exército numeroso d bárbaros. Vai arrasar muitas cidades. te onde todos nós fomos cair. Você arruinada com suas irmãzinhas adoráveis. Eu, sou um fracassado! Depois d velho, condenado, imigrante, errante, Vou ter q me ajoelhar pros bárbaros; Um oráculo jogou e me mandou pra xefiar uma onda babélica de bárbaros pra atacar os próprios gregos. Meus irmãos, minha mulher, Harmonia, filha do santo guerreiro, vai virar, junto comigo, dragão d cobra coral, Vai queimar comigo: cemitérios, altares, palácios, palanques, da minha Grécia, Pra iluminar e abrir a cancela pros nossos inimigos! Nem no céu vou ter paz. Meu desespero não tem fim. Mesmo depois de passar o Styx, de ter viajado no fundo do inferno, d ter caido no céu, meu desespero não tem fim. Na própria dor não encontro meu caminho, e a minha tristeza não acaba. deuses. Seja feliz. e DIONYZIOS - (Pra Kadmos) Invertendo KADMOS - Seja feliz! Vai ser difícil. AGAVE - Eu gostaria d poder abraçar ort a todas vocês, q estão nessa vigília. Minhas guias, minhas amigas, me acompanhem até a saída! Onde vou me juntar às minhas irmãs, minhas irmãs d exílio. Penteu ressuscita d Apolo equilibra Nupcial na brisa Casa com Dionyzios Abençoado pelo Transeiro Doum DIONYZIOS - Mas quando chegar pra saquear o Vale do Sol, santuário d Apolo, um bode d volta t espera. Lá tem o coração dum guêsa. Apolo cosme do damião Dionyzios, quando juntos danças harpas selvagens, Flautas e tamborins Sempre xega mais um, Xega Doum. AGAVE - Pai, apartada de ti parto pro DIONYZIOS - (Para Kadmos) Por isso, KADMOS - Por q me ninhas com não fica aflito com essse capítulo, porque Marte vai t salvar com Harmonia. E levar tua vida pra sempre pra terra dos aventurados: o céu. O país dos holofotes. É oraculo o q falei, Eu, não nascido d pai mortal, mas d Zeus. tuas asas de cisne jovem, a um outro pena branca, cysne sem último canto, pássaro ferido? AGAVE - Ai, meu pai, meu velho, Está KADMOS - Sei lá, menina. Teu pai não decretada a nossa pena. Exílio miserável, eu orfã d você. está em estado d ajudar. m exílio. Oh pai! O ÚLTIMO ADDIO DO DRAMA ENQUANTO A TRAGYKOMÉDIORGYA SE PREPARA NOS BASTIDORES DIONYZIOS - “Sai de baixo se não vou passar por cima. Sai da frente se não vou atropelar.” Pra q está demorando tanto, se o que tem de ser já é? Xega d drama q já é hora d tragédya d comédia e d orgya entrarem em cena. Dá passagem, q eu não resisto, AGAVE - Adeus, meu palácio, minhas praças. Adeus minha velha cidade. Vou embora chorando. Adeus! A vespa da intriga me exilou do meu lar. KADMOS - Vai, minha filha, antes q te aconteça pior caxorrada q com teu primo filho d Aristeu. AGAVE - Choro por ti, pai! APOLO - Dionyzios, e o drama? KADMOS - E eu por ti e por tuas irmãs DIONYZIOS - Seu último desejo não e pelo filho d Aristeu e por Penteu e EPIPHANIA DA EPHIDEMIA Quero sumir pra um lugar bem longe, onde nunca mais ouça falar desse maldito Cytheron, nem esse maldito Cytheron ouça falar d mim, onde nunca mais me lembre do tyrso. Breke kekex Coax, coax Alagadas filhas das fossas Das fontes Entoamos no mangue Das poças, dos montes Façamos ouvir o clamor O torpor harmonioso Da embriaguez dos festins Nossos hinos d Breu Nos doces acordes dos peidos meus Em honra a Dionyzios Filho d Zeus Vai até a padiola onde está o corpo d Penteu. Arranca a cabeça do tyrso, deposita-a na padiola. AGAVE - Passo meu tyrso pra outra (Ela estende o tyrso _Semele-Cacilda sai do inferno Hades ressucitada com a cabeça de Penteu, que coloca na frigideira. Pega o tyrso q Agave entrega. Dá as batidas d Molière tropical) são meus teat(r)os onde então vou caminhar meus passos? CANTO DO CYSNE ADEUS AO TYATO RECITAL D DESPEDIDA CORO INICIAL DA ORGYA CORO DAS RÃS E DOS SAPOS SEMELE-CACILDA - Todos o teat(r)os AGAVE - Banida da minha terra, pra CANTO 22 (Mal dá as costas) bacante. IO Pà entra a tina de uvas e Dionyzios começa a pisar DIONYZIOS - Vocês deviam é me agradecer, me aplaudir, como eu agradeço ter sido injuriado, calado, isolado, virado nome tabu em Tebas, Evoé! Fermentado por vocês. Hoje, d uva trago meu vinho pra essa última ceia e vou brindar com vocês. Todos os pés esmagando, dichavando vocês. Apodreçam na longa peregrinação do adeus e apareçam, q eu bebo. Podem sair da história e cair CANTO 21 CORO FINAL GLASNOST CORO Nas sagradas panelas A massa humana Entra pelo cano Da minha habitação Breke kekex Coax, coax na vida! Q eu recebo! Como vocês viram, o Tyato é a casa do caralho! Fogos d artifício (peidos d Baco). O fogo sobe. A fonte d Dirce começa a chorar até gargalhar em caxoeira. Dionyzios e a Coryphéa se deitam no jardim, nos túmulos onde crescem as vinhas enroscadas nos tyrsos das semente d Semele e d Penteu (o coração). Formam um amphiteatro em volta da tina e vão reinventando no amassar da uva: o Teatro. Os tonéis trazem o vinho novo. As taças-bigornas se erguem trombetas. Enquanto o coro todo e o público can- MANDU SARARÁ Toma conta d tudo: da pista e das galerias com dois coros: misto e infantil Ce Ramonha, Re Meen Chá Rí Né Remiara Ce Ramona, Né Remiara? Mocaen Taina, Yepé Payaó Mumbure Caá Peterpe Teára Reté Initiana U Cêca Aintá Ariré Ainta O Puitá Caá Pê O Caíma Açuhí O Maan Currupira Ratá Uyé O Çô Arama Tátá Rê Cé Aé Arâ O Acêma Currupira Chií I mocaen Chiriara eré Maá rupi cê, cê Maá rupi cê, cê Rapé cê, cê, cê ramonha? O nonuca a ná Ce ti man roôcuera O meen aintá o ú Ai munhan moracé, Mandú Çárárá Guia petuna rupí, Mandú Çárárá Cuchiíma chicó, Mandú Çárárá Um! Um! Um! Um! Um! Um! Um! O Currupira ú! Currupira! Currupira! Currupira! O Currupira ú! Um! Um! Um! Chamarú ce peá ne recarece, Mandú Çárárá Cacé catú nepeá pe, Mandú Çárárá Ai munhan moracé, Mandú Çárárá Moracé, moracé, moracé Mandú Çárárá Currupira! Currupira! Ai moracé é, Mandú Çárárá Ai Currupira munhan moracé Ah! Çárárá! Ua í! O vinho é servido com carne mal passada. O coração d Penteu se incendeia Eveó! Numa chama enorme d coração santo. Muitos são os santos Todos divinos E muitas as ações Surpresa dos deuses Como esperamos Nunca acontece Mas pro inesperado Os deuses Sempre abrem caminho. Assim acaba o drama E a dramaturgia E assim começa a TragikomédiaOrgya. FIM Não sei se já aí chegaram notícias da “Reforma Orthographica”... (Aí deixo, nestes maíusculos e nestes hh, o meu espanto e a minha intransigência etimológica) (...) Há ali coisas inviáveis: a exclusão do y, tão expressivo na sua forma de âncora a ligar-nos com a civilização antiga e a eliminação completa do k, do hierático k (kapa como dizemos cabalisticamente na álgebra)... Como poderei eu, rude engenheiro, entender o quilômetro sem o k, o empertigado k, com as suas duas pernas de infatigável caminhante, a dominar distâncias? Quilômetro, recorda-me kilômetro singularmente esmagado ou reduzido; alguma coisa como um relíssimo decímetro, ou grosseira polegada. Mas decretou a enormidade; e terei, doravante, de submeter-me aos ditames dos mestres. EUCLIDES DA CUNHA, carta a Domício da Gama, Rio, 15.08.1907 Não tem tradução No idioma francês tudo aquilo que o malandro pronuncia com voz macia é Brazyleiro Já passou de português “Não tem tradução” NOEL ROSA Pinheiro consultoria gráfica: Eliane Stephan fotos: Lenise projeto gráfico: Alexandre Ferreira editor: Mario Vitor Santos Carla Zório Chelotti Bacantes é publicação do Teatro Oficina Uzyna Uzona revisão: estabelecimento do texto: Marcelo Drummond produção executiva: lorem iosyn impresso em: lorem ipsum