anais de resumos expandidos 2012
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anais de resumos expandidos 2012
IV SIMBRAS IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL A sustentabilidade dentro de sistemas associativistas de produção ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS Realização Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS Pró Reitoria de Extensão – PROREXT/UFRGS Faculdade de Agronomia/UFRGS Departamento de Zootecnia/UFRGS Universidade Federal de Viçosa – UFV Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PEC/UFV Centro de Ciências Agrárias – CCA/UFV Porto Alegre – RS – Brasil 2012 2 © 2012 by Rogério de Paula Lana, Geicimara Guimarães, Harold Ospina Patino, Gumercindo Souza Lima Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a autorização escrita e prévia dos detentores do Copyright. Impresso no Brasil Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa S612a 2012 Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável (4 : 2012 : Porto Alegre, RS). Anais de resumos expandidos [recurso eletrônico] / IV Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável, 01 a 03 de agosto de 2012, Porto Alegre, RS ; Editores Rogério de Paula Lana, Geicimara Guimarães et al. – Porto Alegre, RS: Os Editores, 2012. 1 CD-ROM (950p.) : il. ; 4 ¾ pol. Tema do congresso: Agropecuária, agroecologia e cooperativismo. Inclui bibliografia. ISSN 2176-0772 1. Agropecuária – Congressos. 2. Ecologia agrícola – Congressos. 3. Cooperativismo – Congressos. I. Lana, Rogério de Paula, 1965-. II. Guimarães, Geicimara, 1980-. III. Título. IV. Título: IV Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável. V. Título: IV SIMBRAS-AS. VI. Título: A sustentabilidade dentro de sistemas associativistas de produção. CDD 22.ed. 630.6 Diagramação e montagem: Rogério de Paula Lana Geicimara Guimarães Contato: Rogério de Paula Lana Geicimara Guimarães Tel. (31) 3899 3288 Cel. (31) 9691 4015 E-mail: [email protected] [email protected] www.simbras-as.com.br [email protected] 3 IV SIMBRAS IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL A sustentabilidade dentro de sistemas associativistas de produção ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS Editores Rogério de Paula Lana Geicimara Guimarães Harold Ospina Patino Gumercindo Souza Lima 01 a 03 de agosto de 2012 Porto Alegre – RS – Brasil 4 IV SIMBRAS IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL A sustentabilidade dentro de sistemas associativistas de produção ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS Presidente Rogério de Paula Lana – Professor e Pesquisador do Departamento de Zootecnia, UFV. Diretor do IV SIMBRAS Harold Ospina Patino – Professor e Pesquisador do Departamento de Zootecnia, Faculdade de Agronomia, UFRGS. Coordenadora Geicimara Guimarães – Graduanda de Gestão de Cooperativas – Departamento de Economia Rural, UFV. Comissão Organizadora Concepta Margaret McManus Pimentel – Professora e Pesquisadora do Departamento de Zootecnia, Faculdade de Agronomia, UFRGS. Ingrid Bergaman Inchausti de Barros – Professora e Pesquisadora do Departamento de Horticultura e Silvicultura – Faculdade de Agronomia, UFRGS. Paulo César de Nascimento – Professor e Pesquisador do Departamento de Solos – Faculdade de Agronomia, UFRGS. 5 Flávia Charão Marques – Professora e Pesquisadora do Departamento de Horticultura e Silvicultura – Faculdade de Agronomia, UFRGS. Cristina Mattos Veloso – Professora e Pesquisadora do Departamento de Zootecnia, UFV. José Carlos Peixoto Modesto da Silva – Pós Doutorando do Departamento de Zootecnia, UFV. Diogo Vivacqua de Lima – Doutorando do Departamento de Zootecnia, UFV. Gustavo Leonardo Simão – Mestrando em Administração – Departamento de Administração, UFV. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Carolina Heller Pereira – Doutoranda do Programa de Pós – Graduação em Zootecnia – UFRGS. Claudina JantschAndriotti – Graduanda em Agronomia – Bolsista no Departamento de Zootecnia da UFRGS. Dejani Maira Panazzolo – Graduanda em Zootecnia – CESNORS/UFSM; Estagiária no Departamento de Zootecnia da UFRGS e no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Diogo Del Ré – Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFRGS. Fernanda Araújo Costa – Graduanda em Agronomia – Bolsista no Departamento de Zootecnia da UFRGS. Fredy Andrey López González – Graduando em Zootecnia da Universidade de Antioquia, Medellin. Intercâmbio Acadêmico com o Departamento de Agronomia da UFRGS. Gabriela Arenhart – Graduanda em Agronomia – Bolsista no Departamento de Zootecnia da UFRGS. 6 Hani Mohammed Mohammed El-Zaiat – Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, UFRGS. José Augusto Queirolo Díaz – Graduando em Agronomia – Bolsista no Departamento de Zootecnia da UFRGS. Laura Victoria Márquez – Graduanda em Zootecnia da Universidade Nacional de Colombia, Medellin. Intercâmbio Acadêmico com o Departamento de Agronomia da UFRGS. Luis Fernando Monsalve – Graduando em Zootecnia da Universidade Nacional de Colombia, Medellin. Intercâmbio Acadêmico com o Departamento de Agronomia da UFRGS. Priscila Coruja Barth – Graduanda em Agronomia – Bolsista no Departamento de Zootecnia da UFRGS; Estagiária do Grupo Angus/RS. Rogério Rohan – Graduando em Agronomia – Bolsista no Departamento de Zootecnia da UFRGS. Sandra Natalia Usuga Perez – Graduanda em Zootecnia da Universidade de Antioquia, Medellin. Intercâmbio Acadêmico com o Departamento de Agronomia da UFRGS. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA Camila Vieira de Paula – Graduanda em Gestão de Cooperativas – Departamento de Economia Rural, UFV. Camila Tristão Pontes – Graduanda em Gestão de Cooperativas – Departamento de Economia Rural, UFV. Luzia Mariana Guimarães – Graduanda em Pedagogia – UNOPAR. Ramon de Castro Paula Lana – Estudante do Ensino Médio do Coluni / UFV. Tamara Aparecida Guimarães Gomes – Graduanda em Economia Doméstica – Departamento de Economia Doméstica, UFV. 7 REALIZAÇÃO Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS Pró Reitoria de Extensão – PROREXT/UFRGS Faculdade de Agronomia/UFRGS Departamento de Zootecnia/UFRGS Universidade Federal de Viçosa – UFV Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PEC/UFV Centro de Ciências Agrárias – CCA/UFV APOIO CAPES FAPERGS FAPEMIG FUNARBE 8 Comissão científica avaliadora dos resumos do IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL – 01 a 03 de agosto de 2012 Coordenador: Rogério de Paula Lana, Ph.D. Pareceristas: Alan Ferreira de Freitas, Anderson de Moura Zanine, Carolina Heller Pereira, César Roberto Viana Teixeira, Daniel Arruda Coronel, Daniel Carneiro Abreu, Daniela Faria Florêncio, Daniele de Fátima Alves Venâncio, Daniele de Jesus Ferreira, Diogo Del Ré, Diogo Vivacqua de Lima, Edilene Pereira Guimarães, Frederico Antonio Mineiro Lopes, Harold Ospina Patino, Haroldo Wilson da Silva, Geicimara Guimarães, Gustavo Leonardo Simão, Jacson Zuchi, José Carlos Peixoto Modesto da Silva, Layon Carlos Cezar, Luiz Humberto Castillo Estrada, Maria Elizabete de Oliveira, Paula Lima Romualdo, Pedro Guilherme Lemes Alves, Renata de Souza Reis, Rodolfo Molinário de Souza, Rogério de Paula Lana, Rosane Cláudia Rodrigues, Sabrina Almeida, Sanely Lourenço da Costa, Silvana Aparecida da Silva Souza e Tatiana Cristina da Rocha. Trabalhos selecionados para receber a comenda “Ordem do mérito científico em agropecuária sustentável” do IV Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável – A sustentabilidade dentro de sistemas associativistas de produção: 1 2 3 4 5 6 7 Autores Mara Regina Arend, Glauco Schultz, Rafael Rodrigo Eckhardt, Sofia Royer Moraes Resumo expandido Avaliação da sustentabilidade ambiental de propriedades rurais que atuam com sistemas orgânicos de produção de hortaliças no Vale do Taquari / RSência Seidler, E.; Sacramento, R.M.O.; Yoshi- Utilização de macroalgas arribadas na mura, C.Y.o adubação orgânicagânico (p.388) Luidi Eric Guimarães Antunes, Rafael Avaliação do uso de terra de diatomácea Gomes Dionello, Roberto Gottardi contra a infestação de grãos de milho, Geraldo Stachetti Rodrigues submetidos ao ataque de Sitophilus zeamais (Coleoptera: Curculionidae) e Tribolium castaneum (Coleoptera: Tenebrionidae) de Sâmela Keila Almeida dos Santos, Daniel Efeito do tipo de cobertura no aviário Emygdio de Faria Filho, João Batista Matos móvel sobre o ambiente térmico Júnior, Tatiana Cristina Rocha, Karine Aparecida Rodrigues Souza, Anne Evis Pereira Rodriguese Cármem Ozana de Melo, Gerson Henrique Eficiência energética e cultural da cana-deda Silva, Maura Seiko T. Esperancini açúcar no estado do Paraná, 2011/12 e Carlos Eduardo Seoane, Rodrigo Ozelame, Espécies da Agrofloresta com potencial Walter Steenbock, Wilnatã Maschio, Isaque econômico no longo prazo, bioindicadoras Leal Pinkuss, Luís Cláudio Maranhão e facilitadoras de fluxo gênico capriFroufe (p.983) Bruno Said Leão Schettini, Laércio Antonio Diagnóstico ambiental do município de Gonçalves Jacovine, Rogério Assunção Paula Cândido para pagamento por Campos, Juliana Reis Sampaio, Ana serviços ambientais Carolina Campanha de Oliveira, Mariana Barbosa Vilar 9 Prefácio O IV SIMBRAS terá como tema “A sustentabilidade dentro de sistemas associativistas de produção”, que tem importância para o desenvolvimento econômico e social, preferencialmente em áreas estratégicas apresentando soluções para uma agropecuária sustentável e discutir o papel das cooperativas, aproveitando o ano internacional do cooperativismo. O evento tem como meta abordar as produções científicas e tecnológicas relevantes para o desenvolvimento da agropecuária sob a perspectiva da sustentabilidade com a participação de palestrantes do Brasil e de outros países. Os objetivos do evento estão relacionados com a discussão de soluções baseadas na ciência inovadora e em tecnologias que permitam o estabelecimento de sistemas de produção ecologicamente eficientes que possam ajudar a superar as barreiras que dificultam o desenvolvimento econômico e a inclusão social. O evento será organizado em painéis com o objetivo de abordar temas relevantes para o desenvolvimento da agropecuária sob a perspectiva da sustentabilidade. Os painéis serão os seguintes: Painel 01 - Sistemas associativistas de produção tecnológica; Painel 02 - Gestão agropecuária e preservação dos serviços ambientais; Painel 03 Energias renováveis para o desenvolvimento rural; e Painel 04 – Tecnologias de desenvolvimento para o Rio Grande do Sul. Os objetivos específicos serão avaliar os resultados discutidos por diferentes prelecionistas renomeados e em diversas áreas em prol de soluções imediatas e, em longo prazo, trazendo como foco a ciência inovadora, tecnológica, com linhas de parâmetros de desenvolvimento, inclusão social, mudanças climáticas, eficiência, racionalidade e implantação em conjunto com o setor privado, de programas de larga escala de mobilização de empresas e difusão de metodologias e melhores práticas sobre gestão de inovação. O IV SIMBRAS é interinstitucional e multidisciplinar, envolvendo a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), e faz parte das atividades realizadas com a criação da Associação Brasileira de Agropecuária Sustentável (ABRAAS), que também vai editar a Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável. O evento é apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão - PROREXT/UFRGS, Faculdade de Agronomia da UFRGS, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura - PEC/UFV e Centro de Ciências Agrárias/UFV, além de contar com parcerias em órgãos públicos tais como CAPES e FAPEMIG. Os organizadores do IV Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável (SIMBRAS) 10 Índice Item Página 1. Agricultura familiar 11 2. Agroecologia 72 3. Agroenergia 109 4. Aquicultura 119 5. Biodiesel 126 6. Ciência, tecnologia e inovação 131 7. Cooperativismo, associativismo e economia solidária 140 8. Economia 165 9. Entomologia 180 10. Extensão rural 204 11. Forragicultura 227 12. Meio ambiente 490 13. Mudanças climáticas 521 14. Políticas públicas 567 15. Produção animal 580 16. Produção vegetal 888 17. Ruralidade 937 Obs.: Para localizar nomes de autores ou assuntos ao longo dos Anais, utilizar o recurso “Localizar” do editor ou leitor de texto. 11 1. Agricultura familiar 12 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.1. Diagnóstico de Boas Práticas Pecuárias (BPP) na produção de leite em propriedades familiares Maria da Penha Piccolo Ramos1, Sâmela Lima Carvalho 2, Cláudia Lúcia Oliveira Pinto3, Mayara Ferreira Sabino 4, Lorena Vilela Cangussú4 1 Engenheira de Alimentos, D.Sc., Profª Adjunta UFES - DCS/CEUNES, São Mateus-ES. email: [email protected] 2 Farmacêutica, mestranda em Biologia e Biotecnologia de Microrganismos, UESC, Ilhéus, BA. 3 Farmacêutica Bioquímica, D.Sc., Pesq. EPAMIG-UREZM, Cx. Postal 216, Viçosa-MG. 4 Graduanda Farmácia, UFES - DCS/CEUNES, São Mateus-ES. Resumo: A atividade leiteira no Brasil representa um dos principais setores em geração de renda e arrecadação tributária. No Estado do Espírito Santo, a produção de leite contribui, aproximadamente, com 2% do volume nacional com expressiva importância social associado ao fato de gerar mais de 30 mil postos de trabalho. Entretanto, a falta de adequação das propriedades às Boas práticas pecuárias é um dos grandes entraves do setor. Este trabalho teve como objetivo verificar grau de adequação às boas Práticas Pecuárias (BPP) de propriedades leiteiras familiares. Entre agosto de 2009 a julho de 2010, foram avaliadas quatro comunidades codificadas como A, B, C e D compostas de 28 propriedades no município de São Mateus, ES. Aplicou-se um questionário previamente estruturado com base nas exigências da legislação do Ministério da Agricultura. Levantaram-se dados sobre o tipo de ordenha, procedimentos de limpeza e sanitização e estrutura física do estábulo, procedimentos de higiene dos tetos e, tipo de material utilizado para secagem dos tetas, e controle sanitário do rebanho. Em todas as propriedades a ordenha era manual. Observou-se considerável percentual de não conformidades quanto a estrutura física, higiene do estábulo, do animal, e ordenha, controle de vacinas e controle da mastite. Em nenhuma das propriedades era realizado o pré-dipping e pós-dipping. Concluiu-se pela necessidade de implementação de políticas públicas voltadas à orientação dos produtores familiares de leite para implementação das Boas práticas de produção de leite e, assim, garantir a obtenção de matéria-prima de acordo com os padrões de qualidade, a segurança do consumidor e a sustentabilidade da atividade leiteira. Palavras Chave: agricultura familiar, Boas práticas agropecuárias, mastite, segurança alimentar, sustentabilidade 13 Diagnosis of good farming practices (GFP) in dairy production in family properties Abstract: Milk production in Brazil represents one of the main sectors in income generation and tax revenues. In the state of Espírito Santo, milk production contributes approximately 2% of the national volume associated with significant social importance to generating more than 30,000 jobs. However, the lack of suitability of the properties to the Good farming practices is one of the greatest barriers in the industry. This work aimed to verify the degree of compliance with good farming practices (GFP) of family dairy farms. From August 2009 to July 2010, four communities were evaluated coded as A, B, C and D. There are 28 properties evaluated in these communities and they are from the municipality of São Mateus, ES. We applied a previously structured questionnaire based on the requirements of the legislation of the Ministry of Agriculture. We collected data on the type of milking, cleaning and sanitization procedures and physical structure of the barn, teat hygiene procedures and type of material used for drying the teats, and sanitary control of the herd. In all farms milking was manual. We observed a significant percentage of non-compliance as the stable physical structure, stable hygiene, animal hygiene , and milk hygiene, vaccine control and control of mastitis. In none of the properties was performed pre-dipping and postdipping. We concluded that is necessary to implement public policies for the guidance of family producers of milk for the implementation of good practices in milk production and thus ensure the obtaining of raw materials according to quality standards, consumer safety and dairy sustainability. Key Words: family farming, food security, good agricultural practices, mastitis, sustainability Introdução O leite constitui um alimento de alto valor nutritivo sendo consumido, universalmente, por indivíduos de quaisquer faixas etárias, na forma fluida ou de seus derivados. Associado ao seu alto valor nutritivo, o leite é considerado um excelente meio de cultura para bactérias e outros microrganismos, pela riqueza de substratos nele contidos como lactose, proteínas, ácidos graxos, sais minerais e vitaminas (GONZÁLEZ, 2001). No município de São Mateus, localizado na região norte do estado do Espírito Santo a produção leiteira é tradicional e proveniente, principalmente, de propriedades rurais familiares, e o rebanho apresenta baixa produtividade associado à utilização de técnicas de manejo inadequadas (SILVA et al., 2009, RAMOS et al., 2011). A implementação das Boas Práticas Pecuárias é uma condição indispensável para a produção de leite de qualidade segura e, exigida pelo Ministério da Agricultura. Este trabalho teve como objetivo verificar grau de adequação às boas Práticas Pecuárias (BPP) de propriedades leiteiras familiares do município de São Mateus/ES. 14 Material e Métodos Aplicou-se um questionário previamente estruturado com base nas exigências da legislação do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2008). Levantaram-se dados sobre o tipo de ordenha, a limpeza e a estrutura física do estábulo, procedimentos de higienização e sanitização das tetas, tipo de material utilizado para secagem das tetas, e a realização do controle sanitário do rebanho. Foram avaliadas quatro comunidades codificadas como A, B, C e D compostas de 28 propriedades rurais do município de São Mateus, localizado na região norte do estado do Espírito Santo, no período de agosto de 2009 a julho de 2010. Os dados sobre as práticas de produção foram levantados in loco por meio da aplicação de questionário previamente elaborado com base em exigências legais do Ministério da Agricultura. Avaliou-se o tipo de ordenha, a limpeza e a estrutura física do estábulo, procedimentos de higienização das tetas do animal e tipo de material utilizado para secagem das tetas, e a realização do controle sanitário com relação à raiva, brucelose, aftosa, tuberculose e controle da mastite. Os dados foram analisados, utilizando-se como resposta os valores em frequência relativa (%) e construção de gráficos. Resultados e Discussão Em todas as vinte e oito (28) propriedades rurais o tipo de ordenha era manual. A limpeza do estábulo era realizada diariamente em 36% e semanalmente em 82% das propriedades. E 60% das propriedades possuíam o estábulo coberto; 18% possuíam piso cimentado e 36% dos estábulos eram cercados lateralmente com alvenaria. Eram realizadas lavagem dos tetos e úbere apenas com água antes da ordenha em 100% do rebanho e não era utilizado papel toalha para a secagem dos tetos em 100% das propriedades Observou-se que, embora existisse a preocupação dos produtores com a mastite clínica, em nenhuma das propriedades era realizado o pré-dipping e pósdipping. Com relação ao controle sanitário, em relação ao controle da raiva, observou-se que 100% dos produtores das comunidades B e D vacinavam o rebanho contra a raiva, enquanto que nas comunidades A e C eram de 75% e 67%, respectivamente. Com relação à brucelose, apenas a comunidade B vacinava o rebanho 100%, enquanto que as comunidades A, C e D vacinavam 75%, 89% e 33% respectivamente. Com relação à aftosa nas comunidades B, C e D era realizada a vacinação em 100% do rebanho e na comunidade A apenas em 75%. E com relação à tuberculose, na comunidade A 75% do 15 rebanho era vacinado; 17% na comunidade B, 33% na comunidade C e na comunidade D nenhum animal era vacinado. Foi constatado alto percentual de inadequações nos requisitos de controle sanitário do rebanho (Figura 1). Embora existisse a preocupação com a ocorrência de mastite clínica, em nenhuma das propriedades era realizado o teste da caneca de fundo preto nem o Califórnia Mastite Teste (CMT) fator que compromete a obtenção de leite com qualidade e coloca em risco a saúde do consumidor. Os resultados deste trabalho são semelhantes aos de outros estudos realizados (SILVA, et al., 2009; PEDRICO et al., 2009; NERO et al., 2009, RAMOS et al., 2011 ), o que indica a falta de políticas voltadas à orientação dos produtores no sentido de implementara as Boas Práticas Pecuárias as quais são imprescindíveis e exigidas por lei para a obtenção de leite de acordo com os padrões de qualidade afim de garantir a saúde da população do consumidor e a sustentabilidade do produtor familiar. Respostas (%) 100% 80% 60% SIM 40% NÃO 20% 0% A B C Raiva Raiva D A B C Brucelose D A B C Aftosa D A B C D Tuberculose Figura 1 - Frequência do controle sanitário do rebanho realizado em propriedades rurais localizadas em diferentes comunidades de São Mateus-ES (A, B, C e D) com relação à raiva, brucelose, aftosa e tuberculose. Conclusão O alto número de não conformidades constatadas nas propriedades familiares produtoras de leite relacionadas à sua estrutura física, aos procedimentos de higiene ambiental e dos animais e ao controle sanitário do rebanho em todas as vinte e oito propriedades indicam a necessidade da implementação de políticas públicas voltadas para a implementação e monitoramento contínuo das Boas Práticas Pecuárias na propriedades avaliadas considerando-se as questões prioritárias como atendimento á legislação, segurança do consumidor e sustentabilidade 16 Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES). Ao Instituto Capixaba de Pesquisa e Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER) São Mateus/ES. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Literatura Citada BRASIL. Ministério da Agricultura. Decreto n° 30.691 de 29/03/1952 e alterado pela última vez pelo Decreto nº 6.385, de 27 de fevereiro de 2008. Regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal – RIISPOA. Diário Oficial da União, Brasília, p. 10785, 27 fev. 2008. Seção 1. NERO, L.A.; VIÇOSA, G.N.; PEREIRA, F.E.V. Qualidade microbiológica do leite determinada por características de produção. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 29, n. 2, p. 386-390, abr.jun. 2009. PEDRICO, A.; CASTRO, J. G.D.; SILVA, J.E. C.; MACHADO, L.A.R. Aspectos higiênico- sanitários na obtenção do leite no Assentamento Alegre, município de Araguaína, TO. Ciência Animal Brasileira, v. 10, n. 2, p. 610-617, abr./jun. 2009. RAMOS, M.P.P.; CARVALHO, S.L.; PINTO, C.L.O.; OLIVEIRA, J.C. Avaliação de boas práticas de produção de leite em propriedades familiares de São Mateus-ES. In ANAIS III Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável, Viçosa, MG. v.1, 2011. SILVA, F.C.N.N.; RAMOS, M.P.P.; FARIÑA, L.O.; SARAIVA, S.H. Características de produção de leite cru obtido por ordenha manual em propriedades rurais localizadas no município de São Mateus/ES. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes. nº 371 ,v. 64, Nov/Dez. 2009. 17 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.2. Potencialidade do melhoramento de cultivares para agricultura familiar Marco Aurélio Oliveira Santos2, Débora Lopes Teixeira3, Adriane de Oliveira Santos4, Antônio Carlos Baião de Oliveira5. 1 Relatório parcial de pesquisa. Graduando em Gestão do Agronegócio Universidade Federal de Viçosa. ([email protected]) 3 Graduando em Administração pela Universidade Federal de Viçosa. 4 Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal de Viçosa. 5 Pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais-EPAMIG. 2 Resumo: Devido à importância do agricultor familiar na geração de renda, emprego e porcentagem da produção brasileira de café, estando esta concentrada maioria em minas gerais, pelas características geográficas o emprego intensivo de maquinário é prejudicado. A produção é feita por mão-de-obra braçal elevando os custos inviabilizando a continuidade nesta atividade para muitos deste, saber se o emprego de novos cultivares pode mudar esta realidade torna-se uma fator determinante para continuidade de muitos nesta esta cadeia Conclui-se o trabalho desenvolvimento destes cultivares uma saída para minimizar os custos de produção e garantir a continuidade na atividade. Mas se não ocorrer um ajuste nos programas de preços mínimos os esforços de geração trará resultados. Palavras Chave: café, custos, pesquisas, realidade competitiva, renda Potential improvement of cultivars for family farming Abstract: Due to the importance of the family farmer income generation, employment and percentage of Brazilian coffee production, this being concentrated mostly in mines, by the geographical features intensive use of machinery is damaged, the production is done by labor-menial work driving up costs making it impossible to continue this activity for many of these, whether the use of new cultivars can change this reality becomes a factor for many in this continuity of this chain it is the work of these cultivars develop a means to minimize production costs and ensure continuity in the activity. But if it does not set a minimum price programs in the generation efforts will bring results Key Words: coffee, costs, research, competitive reality, income 18 Introdução O café é a commodity que tem maior relação histórica com o Brasil, desde sua chegada, difundiu-se pelo País, sendo esta produzida em todas as regiões, se tornando, em pouco tempo, o produto base da economia brasileira. Sendo esta diversidade que transforma o país no maior produtor e exportador deste produto, sendo a agricultura familiar responsável por cerca de 25% de toda produção, empregando cerca 400 mil pessoas vindo a contribuindo para geração de renda e desenvolvimento do país. Minas gerais concentra a maior parte da produção nacional composta em sua maioria pequeno produtor. As condições geográficas elevam os custos desta atividade para os agricultores familiares, visto a maioria das lavouras se situa em locais de difícil emprego de maquinários que torna mais ágil e barato o processo produtivo, necessitando maior número de trabalhadores na excussão destas etapas. A mão-de-obra representa cerca de 50% dos custos, 25% deste com a temporária utilizada quase que exclusivamente nas épocas de colheita, e os outro 25% são os gastos, da familiar que mantém a cultura. Outro fator agravante é o ciclo bianual desta planta, já que alterna alta produtividade em um ano e baixa outra, gerando oscilações da renda frente aos custos que mantém uma média (Pereira, 2006). Passando a surgir iniciativas de pesquisas voltadas a geração de novos cultivares mais aptos e produtivos. Um destas iniciativas é o Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café uma ampla coligação de instituições visando dar suporte técnico ao agronegócio do café. No cenário nacional destacam-se a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG). Estas buscam de alternativas viáveis para melhorar a realidade competitiva, para o pequeno produtor, para incorrer no menor custo possível (Binotto e Pedrozo, 2000). Por mais que se tenha tecnologia e instituições geradoras, estas pecam na transferência desta tecnologia aos produtores, podendo usufruir de maior eficiência agronômica destes híbridos (Silva, 2008). Aproveitar eficiência produtiva desta gerando beneficio econômica torna-se fundamental para sobrevivência neste ramo de atuação (Silva, 2011). Por meio deste trabalho visou apresentar os benefícios do desenvolvimento de cultivares em prol da agricultura familiar frente à nova realidade competitiva do mercado do café. Material e métodos Os dados aqui a discutidos foram recolhidos juntos a Conab um conjunto de dados relativos a produtividade e dados de pesquisa do pesquisador da EPAMIG Antônio Carlos Baião de Oliveira, valendo-se do calculo do custo médio (CTMe) como meio de quantificar a minimização dos custos, grau de eficiência de exploração da terra, entre as variedades tradicionais e melhoradas para compara-las. Esta é dada pela equação: GEE = (QC/IR) x 100, onde QC e a quantidade colhida por hectares e o IR, e o índice de rendimento de cada produto. Resultados e Discussão Em Minas Gerais esta cadeia produtiva tem mantido uma produtividade em torno de 22 Sc/ha, com apresenta a figura 1. Esta produtividade não condiz com a realidade de algumas regiões, visto que as regiões do Triangulo, alto Parnaíba e Noroeste empregam modelos produtivos intensivos em tecnologia, alto emprego de maquinário e uso de irrigação culminando com altos índices de produtividade. A zona da mata tem no 19 agricultor seu principal agente, diferente a este que não emprega arranjos produtivos intensivos em tecnologia, visto que as características geológicas dificultam seu emprego, o que tornando a produtividade desta cultura inferior às demais regiões, tornando os custos de produção maiores, acarretando prejuízos para vários produtores, levando-os a desistir de permanecer na atividade. 40,00 Minas Gerais 35,00 Sul e Centro-Oeste Triângulo, Alto Paranaiba e Noroeste Produtividade 30,00 Zona da Mata, Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Central e Norte 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 Safras 2009/10 2010/11 2011/12 (*) Fonte: CONAB (2012) (*) dados preliminares sujeitos a mudanças. Figura 1 - Produtividade nas regiões mineiras Os grandes produtores empregam maior nível tecnológico em extensas áreas de cultivo e visão direcionar o produto ao mercado externo. Com capital para atender as exigências do cultivo nos moldes empresariais empregando maior beneficiamento, controle de pragas, e irrigação para épocas de estiagem estes alcançam medias superiores de produtividade cobrindo ocorrendo o rateio dos custos por esta ampla produção barateando o processo produtivo. Para o pequeno produtor o custo de adoção restringe destes métodos de produção e com a atual produtividade o custo médio apresenta-se inviável para este se manter na atividade, frentes aos preços alcançados nos programas de aquisição da agricultura familiar (PGPM), esta elevação frente aos retornos para muito pequenos agricultores é inviável se manter na atividade (Tabela 1). Tabela 1 - Custo de produção de café em Minas Gerais Safras 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 Custo total R$/ha Custo médio R$/Sc 6.562,05 270,83 8.519,27 325,59 8.621,32 330,15 8.834,72 340,08 Preço no PGPM 157 211,75 261,69 261,69 Fonte: CONAB (2012) As novas variedades representam ganhos de eficiência, pois se obtém plantas mais produtivas e com maior resistência a pragas. Estas novas variedades são ciclo mais precoce a fim de ganhar eficiência produtiva e econômica. Comparando a produtividade das plantas tradicionais com as novas variedades tipo o Catucai Amarelo 2SL desenvolvido pelo convenio MAPA/Fundação Procafé, Sacramento MG1 da EPAMIG/ (UFV), ou, Tupi Amarelo 5162 do IAC. Estas novas variedades são mais produtivas e 20 apresenta tolerância à ferrugem e a cercosporiose doenças que limitam o potencial produtivo da cadeia. Em experimentos com 32 espécies diferentes melhoradas obteve-se na media 26 Sc/ha enquanto algumas espécies alcançou mais de 35Sc/ha (figura 2), estas apresentaram boa tolerância a pragas. 40,00 35,00 Produtividade Produtividade 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 Tipo de variedade Fonte: Elaborado pelos autores. Figura 2 - Produtividade média dos experimentos. Com estas novas variedades o pequeno produtor pode reduzir gastos com defensivos e sendo mais eficiente na exploração da terra, visto que em uma mesma área ele consegue produzir mais a um menor custo conseguindo uma renda superior (Tabela 2). Tabela 2 - Eficiência produtiva Região Média dos tratamentos GEE 100% Minas Sul e centrooeste Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste 81% 79% 102% Zona da Mata, Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Central e Norte 75% Fonte: Elaborado pelos autores. Conclusão O trabalho desenvolvido pro estas instituições pode representar para muitos agricultores uma saída para minimizar os custos de produção e garantir a continuidade na atividade. Mas se não ocorrer um ajuste dos preços dos programas de preços mínimos os esforços de geração de cultivares que aumente a capacidade produtiva, emprego desta em áreas pouco propicia ao cultivo garantindo a constância na colheita, para este seguimento nada adiantara. Literatura Citada BINOTTO, E; PEDROZO, E. A. O comportamento adaptativo na cadeia produtiva do leite no RS- Estudo de caso. In: Seminário de administração Rural. Itajaí, SC, 2000. SELIG, P. M.; ROCHA, J. S. Estudo comparativo entre as premissas básicas da teoria de custos. Bahia. 2008. 21 PEDROZO, E. A.; SLUZZ, T. Vantagens competitivas proporcionadas pelo consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café. Passo Fundo. Novembro de 2006 V. 14 p.26. OLIVEIRA, A. C. B. Aplicação técnica de marcadores moleculares no melhoramento de plantas. Documentos IAC, Campinas, n. 81, 2007 23p SILVA, L. M. Mercado de Opções - Conceitos e Estratégias. São Paulo. 2008. P.15 SILVA, J. C. Microeconomia. Faculdade de economia de Porto. Portugal, 2011. 22 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.3. Implantação de Unidade Demonstrativa de Sistema Integrado de Produção Agroecológica Sustentável para Agricultura Familiar do Norte Fluminense: uma experiência no assentamento Josué de Castro¹ Juliana Costa Velho de Abreu², Luis Humberto Castillo Estrada³, Carolina Cristina Sampaio Marques4, Henrique Lemos Santos5 1 Projeto de Extensão da Universidade Estadual do Norte Fluminense/UENF. Graduada em Zootecnia – Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal/UENF. 3 Professor do Departamento de Zootecnia e Nutrição Animal/UENF. 4 Estudante de graduação em Zootecnia/UENF. 5Técnico Agropecuário, estudante de graduação em Agronomia/UENF. 2 Resumo: O Norte Fluminense caracteriza-se pela predominância da agricultura familiar, abrigando quase 70% da mão-de-obra utilizada, representando 36% do valor anual de produção (VAP). Apesar da sua importância, são poucos os trabalhos multidisciplinares e interdisciplinares que analisam as dificuldades e técnicas encontradas na agricultura familiar, muito menos sobre sistemas integrados de produção. Desprende-se do exposto a importância da implantação de uma Unidade Demonstrativa de Sistemas Integrados de Produção Agroecológica (UDSIPA), sendo esta, um instrumento de pesquisa, ensino e extensão. A UDSIPA será implantada no assentamento Josué de Castro. Para iniciar o projeto, elaborou-se um Diagnóstico Rural Participativo – DRP onde foram levantados dados acerca da comunidade e também dados socioeconômicos. O DRP realizado na comunidade nos indica que entre as fortalezas destacam-se: boas estradas; energia elétrica; água de qualidade; instalações comunitárias e existe uma associação. Entre oportunidades observaram-se: proximidade de mercado consumidor; criação de animais de pequeno porte; horticultura; parceria com a UENF; minhocário; compostagem. Em contrapartida, as fraquezas observadas foram: pragas; clima (seca x chuvas); solo debilitado. E entre as ameaças estão: falta de apoio governamental para transporte, educação, saúde, maquinário, lazer; necessidade de comercialização por atravessadores. A comunidade em questão possui excelente senso ambiental e organização de grupo. Encontram-se em processo de capacitação profissional e demonstram pleno entendimento, aptidão e concordância com relação a já iniciada UDSIPA. Palavras Chave: agroecologia, diagnóstico rural participativo/DRP, pequenos produtores rurais 23 Deployment of a demonstration unit for integrated production system for sustainable agroecological farming family in North Fluminense: an experience in the settlement Josué de Castro Abstract: The North Fluminense characterized-if by the predominance of family farming, housing almost 70% of hand-to-work used representing 36% of the annual value of production (VAP). Despite its importance, are few and interdisciplinary multidisciplinary work to analyze the difficulties and techniques found on family farming, much less, on integrated systems of production. Falls Off-if the foregoing, the importance of the deployment of a unit of integrated systems shows Production (UDSIPA Agroecológica), and this, an instrument of research, teaching and extension. The settlement will be deployed to UDSIPA Josué de Castro. To start the project, has produced-if a Diagnosis Rural Participatory – DRP. The DRP performed in the community tells us that among the strengths are: good roads, electricity, water quality, community facilities and there is an association. Among opportunities were observed: proximity to the consumer market, the creation of small animals, horticulture, and partnership with UENF, worm farm, composting. However, weaknesses were observed: plagues, climate (drought rainfall x); weakened soil. And those threats are: lack of government support for transportation, education, health, machinery, leisure, need for marketing by middlemen. The community in question has an excellent sense of organization and environmental group. They are in the process of professional training and demonstrate a full understanding, capability and agreement with respect to UDSIPA already begun. Key Words: agroecology, diagnosis rural participatory/DRP, small rural producers Introdução O Censo Agropecuário de 2006 indica que 84,4% dos estabelecimentos brasileiros são caracterizados como agricultores familiares (IBGE, 2009). No Norte Fluminense, 83,7% dos estabelecimentos pertencem à agricultura familiar. Estes estabelecimentos abrigam 69,1% da mão-de-obra utilizada e representam 35,8 % do valor anual de produção (VAP) do território, daí a importância quantitativa da agricultura familiar no Norte Fluminense, seja pelo número de estabelecimentos, seja pela participação na geração de emprego no campo. CAPORAL & COSTABEBER (2002) defendem a agroecologia como um promissor campo do conhecimento, uma ciência com especial potência para orientar os processos de transição a estilos de agricultura e de desenvolvimento rural sustentável. A agricultura orgânica e a agroecológica segundo FUNES (2001), não é apenas uma mudança tecnológica, é também uma mudança da concepção agrícola. Com este objetivo, propõe-se a implantação de uma ―Unidade Demonstrativa de Sistemas Integrados de Produção Agroecológica - UDSIPA‖ como um recurso que contribuirá como método para o fortalecimento da agricultura familiar, a inclusão social e a transferência tecnológica em sistemas de produção integrada ecologicamente sustentável na produção de alimentos saudáveis e na geração de emprego e renda. A criação da UDSIPA visa fortalecer a agricultura familiar mediante mecanismos capazes de atender a demanda de tecnologias ambientalmente apropriadas 24 e capazes de garantir a produção de alimentos sadios, sem contaminação por agrotóxicos e de melhor qualidade biológica. A sua implantação permitirá a visualização in loco, por parte dos agricultores familiares e assentados da região, da utilização de algumas tecnologias inovadoras de caráter agroecológico, que agregadas às atividades de capacitação previstas, poderão proporcionar a reprodução das mesmas nas propriedades destes agricultores, seja através do financiamento direto pelo PRONAF, seja mediante outros projetos e políticas públicas de caráter Municipal, Estadual ou Federal. Para início da implantação da UDSIPA faz-se necessário a elaboração de um Diagnóstico Rural Participativo com a finalidade de realizar um levantamento de dados socioeconômicos da comunidade selecionada, bem como do assentamento como um todo. Material e Métodos O assentamento possui 34 lotes com aproximadamente 10 ha por lote, sendo esta área variável em tamanho de acordo com a qualidade da terra em questão. Localizada à aproximadamente 48 km da Universidade Estadual do Norte Fluminense na cidade de Campos dos Goytacazes. Iniciam-se as atividades com aplicação de um Diagnóstico Rural Participativo (DRP). O DRP é um conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e a partir daí comecem a autogerenciar o seu planejamento e desenvolvimento (VERDEJO, 2006). Como estratégia de procedimentos, antes da aplicação do DRP, realizou-se uma FOFA, ou seja, uma dinâmica para encontrar os pontos Fracos, Oportunidades, as Fortalezas e as Ameaças do grupo. O objetivo principal do DRP é apoiar a autodeterminação da comunidade pela participação e, assim, fomentar um desenvolvimento sustentável. Para isto, foram feitas diversas reuniões para seu planejamento e execução. Primeiramente foi necessário esclarecer os conceitos do DRP que são definidos com: fortalezas, fatores do interior do grupo que contribuem para seu melhor desempenho; fraquezas são fatores no interior do grupo que influem negativamente sobre seu desempenho; oportunidades são fatores externos que influem ou poderiam influenciar positivamente para o desenvolvimento do grupo; ameaças são fatores que influenciam negativamente sobre o desenvolvimento do grupo, sobre os quais o grupo não tem controle. Após a execução do DRP e questionário sócio-econômico, começou-se uma sequência de cursos e oficinas de caprinovinocultura, compostagem, entre outros. No momento, a UDSIPA encontra-se em processo de implantação. Foram iniciadas a construção de um sistema de produção agroecológica de frango caipira, instalação de mini-centro de compostagem, revitalização de tanques para cultivo de peixes, além de uma estufa para cultivo coletivo de plantas medicinais. O questionário socioeconômico foi composto por 7 perguntas, tais como: ―quantas pessoas moram em seu lote?‖; ―pra quem vende o que cultiva?‖; ―o que planta?‖; ―quais animais cria?‖; ―o que mais gostaria de cultivar?‖; ―no que trabalhava antes de produzir em seu lote‖; ―qual o número total de assentados?‖. 25 Resultados e Discussão Após esclarecimento conceitual definido acerca do DRP e FOFA, na FOFA obtivemos os seguintes resultados: Fortalezas: boas estradas; energia elétrica; água de qualidade; instalações comunitárias; proximidade com a estrada BR-101; união do grupo; bom relacionamento com as comunidades vizinhas; associação influente e ativa pastagens já estabelecidas. Oportunidades: piscicultura; proximidade da cidade; criação de animais de pequeno porte; horticultura; parceria com a UENF; minhocário; compostagem. Fraquezas: pragas; clima (seca x chuvas); solo debilitado; falta de área reflorestada; relevo montanhoso; falta de capital para investimento. Ameaças: falta de apoio governamental para transporte, educação, saúde, maquinário, lazer; necessidade de comercialização por atravessadores. No DRP encontramos que a maioria dos produtores (93,3%) plantam mandioca; 60% cultivam fruteiras; 33,3% cultivam hortaliças; 20% cultivam cana-de-açúcar, pimenta e abóbora. Quanto á produção de animais de interesse zootécnico, apenas 46,7% tem criação de animais, dos quais 66,6% dedicam-se a criação de galinhas; 20% a produção de bovinos leiteiros; e, 6,6% a criação de bovinos de corte, ganso, suínos e pato. Entretanto, após de três meses de trabalho, a maioria manifesta o desejo de mudanças para outras culturas. Também percebe-se acolhimento para produção coletiva, base para o êxito da implantação de uma cooperativa de produção. Entre essas iniciativas pode-se registrar a confecção de um galinheiro e aprisco coletivo, um viveiro para produção de mudas para frutas e preparação de terra para a implantação de uma horta de ervas medicinais e aromáticas, e limpezas de tanques para a produção de peixes. Conclusões A comunidade em questão possui excelente senso ambiental e organização de grupo. Encontram-se em processo de capacitação profissional e demonstram pleno entendimento, aptidão e concordância com relação a implantação já iniciada UDSIPA. Literatura Citada CAPORAL, F.R. & COSTABEBER, J. A. Análise multidimensional da sustentabilidade. Uma proposta metodológica a partir da agroecologia. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. v.3 n.3. 2002. FUNES, F. M. La agricultura cubana, en camino a la sostenibilidad. Revista Agroecologia. v. 17 n. 01. 2001. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. 2009. Estimativas de população. In: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/ estimativa2009/default.shtm> . Acessado em 17 de agosto de 2009. VERDEJO, M. E. Diagnóstico Rural Participativo. Um guia prático. In: http://redeagroecologia.cnptia.embrapa.br/biblioteca/manuais-e-guias/DRRP.pdf. Acessado em 10 de agosto de 2010. 26 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.4. Perspectiva de mercado para produtos tradicionais: O ora-pro-nobis em contextos locais de produção em Minas Gerais1 Cléverson Silva Ferreira Milagres2, Maria Regina de Miranda Souza3, Glória Zélia Teixeira Caixeta4, Alice de Souza Silveira5, Valéria Fernandes Vieira6, Paulo Roberto Gomes Pereira7 1 Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pela FAPEMIG Graduando em Gestão do Agronegócio -UFV - Estagiário/EPAMIG - UREZM 3 Pesquisadora da EPAMIG - Unidade Regional da Zona da Mata - Fitotecnia/Agroecologia 4 Pesquisadora da EPAMIG - Unidade Regional da Zona da Mata - Sócio-Economia 5 Graduanda em Agronomia - UFV - Estagiária EPAMIG - UREZM 6 Graduanda em Zootecnia - UFV - Colaboradora 7 Professor Departamento de Fitotecnia - UFV 2 Resumo: O ora-pro-nobis (Pereskia aculeata Mill) é considerado uma hortaliça tradicional, por estar associada à cultura popular. Seu potencial na agricultura familiar se deve a baixa exigência em insumos para cultivo, constitui uma alternativa na diversificação da produção, e ao atributo de novidade que pode ser incorporado em sistemas locais. Seu valor é expressivo na gastronomia de Minas Gerais, o que em outros contextos é um fator insuficiente para agregar valor ao produto. Sua comercialização é ainda incipiente, o que ocorre também com as demais hortaliças tradicionais, e está restrita a feiras livres e eventos gastronômicos. Um dos atrativos para o consumidor pode ser a apresentação do produto de forma adequada. Embalagens como bandeja de isopor e sacos plásticos, que possibilitam o acondicionamento das folhas, podem constituir uma forma de agregação de valor mais apropriada do que a oferta de molhos feitos com as hastes de ora-pro-nobis. Este trabalho busca caracterizar e analisar a agregação de valor ao ora-pro-nobis, associada à forma de apresentação e comercialização, em diferentes contextos locais de produção, no estado de Minas Gerais - Brasil. Palavras Chave: Agricultura familiar, Hortaliças tradicionais, Pereskia aculeata Mill, Novidades. Perspective of the market for traditional products: the ora-pro-nobis in local contexts of production in Minas Gerais Abstract: The ora-pro-nobis (Pereskia aculeata Mill) is considered a traditional vegetable, to be associated with the popular culture. Its potential in family farming due to low demand in inputs for cultivation. is an alternative in the diversification of production, and the novelty attribute that can be incorporated into local systems. Its value is significant in the gastronomy of Minas Gerais, what in other contexts is a factor 27 sufficient to add value to the product. His commercialization is incipient, which also occurs with other traditional vegetables, and is limited to street fairs and events gastronomic. One of the attractions for the consumer may be the presentation of the product appropriately. Packing such polystyrene trays and plastic bags, that enables the packaging of the leaves, may be a way of adding value more appropriate than the supply of sauces made with rods ora-pro-nobis. This paper seeks to characterize and analyze the value added to the ora-pro-nobis, associated with the manner of presentation and commercialization in different contexts local production in the state of Minas Gerais Brazil. Key Words: Family farming, Traditional vegetables, Pereskia aculeate Mill, Novelty. Introdução As hortaliças tradicionais, como a taioba, a serralha, a mostarda, a capiçova, o ora-pro-nobis, dentre outras, são assim conhecidas por seu uso estar associado à cultura popular e às suas formas de socialização próprias, em especial à transmissão natural de conhecimento entre gerações. O ora-pro-nobis, Pereskia aculeata Mill., em especial, pode ser considerado uma espécie de grande potencial produtivo, por apresentar características desejáveis, como o fácil cultivo e propagação, resistência a déficit hídrico, rusticidade, e principalmente pelo fato de que pode ser uma alternativa como hortaliça folhosa complementar nos períodos em que há carência de outras (Souza et al., 2009). A principal forma de sua aquisição para consumo é a troca entre vizinhos, pois a sua comercialização é ainda incipiente, restrita a circuitos turísticos, a festivais gastronômicos e na maioria dos casos, a feiras livres semanais (Pereira et al., 2011). Dessa forma, a oferta do ora-pro-nobis no mercado ocorre de forma irregular, e muitas vezes esporádica. A produção do ora-pro-nobis, no contexto do desenvolvimento local sustentado, pode ser inserido como uma alternativa de diversificação na agricultura familiar, se devidamente conduzida, de forma a agregar valores. Numa abordagem de desenvolvimento local, na qual se adéqua a produção de novidades, a agregação de valores a produtos tradicionais ou diferenciados com atributos de novidade, tem-se intensificado como uma forma primordial para o desenvolvimento dos negócios. De acordo com Schneider e Gazolla (2011), as novidades são inovações que se contradizem com o paradigma da modernização agrícola, pois possuem um embasamento em saberes locais e uma relação entre conhecimento científico e tradicional. A produção de novidades visa proporcionar uma nova alternativa ao desenvolvimento da agricultura, diferentemente do modelo convencional, de forma a otimizar o uso de fatores de produção e práticas de agricultura. Nesse sentido, o simples fato de agregar valor a produtos tradicionais, como o ora-pro-nobis, pode predispor o público a uma novidade, ou seja, os consumidores tendem a valorizar esse tipo de produto quando lhe são conferidos novos valores, que não sejam convencionais. Muito se tem visto do ora-pro-nobis em regiões com características turísticas, caso típico de Sabará, onde pratos elaborados com base no ora-pro-nobis agregaram valor relacionado ao turismo gastronômico (Pereira et al., 2011). Como Sabará, cidades de valor histórico e cultural como Ouro Preto, Diamantina e São João Del Rei, além de alguns restaurantes em Belo Horizonte, também utilizam o ora-pro-nobis em pratos que passaram a ser tradicionais na gastronomia mineira (Crespo, 2012). Esse é um valor associado ao conteúdo que o ora-pro-nobis normalmente traz. A esse valor pode ser associado o valor relacionado à forma. Consumidores tendem a valorizar o produto quando esse é mais bem apresentado. Daí, a transformação de matéria-prima em 28 produtos agroindustrializados ou processados de forma a melhorar a apresentação do produto, pode ser conveniente para melhor inserção do ora-pro-nobis no mercado, de forma a torná-lo mais atraente ao consumidor, e, portanto, regularmente demandado e consumido como as demais hortaliças. O objetivo desse trabalho foi caracterizar formas de comercialização do ora-pronobis em contextos locais de produção em Minas Gerais, e analisar o potencial de agregação de valores nas diferentes situações investigadas, além de servir como base para novos estudos com espécies tradicionais. Material e Métodos A metodologia utilizada foi da observação participante em feiras-livres de Viçosa, Mercado Central de Belo Horizonte e pontos de venda em Sabará, Minas Gerais, Brasil. A análise considerou as principais formas observadas de apresentação do ora-pro-nobis para comercialização: em molhos pequenos, médios e grandes (com caule e folhas), em saquinhos (apenas folhas), ora-pro-nobis em bandeja (apenas folhas), os seus preços e a relação dos preços com a quantidade de folhas e, ou caules. Resultados e Discussão Há uma grande variação de preços, de acordo com o local e o contexto. Em feiras livres e vendas diretas ao consumidor, em Viçosa, o ora-pro-nobis foi encontrado em forma de molhos de 10-15 cm de diâmetro, formado por ramos de aproximadamente 25 cm. No Mercado Central de Belo Horizonte esse produto é encontrado em saquinhos plásticos, em folhas, incluindo brotos novos. Em pontos de venda de produtos típicos da agricultura familiar, observou-se a venda em bandeja. Em um hipermercado de Belo Horizonte encontrou-se em um dos momentos da pesquisa, bandeja no valor de R$4,00, com a quantidade de 250 g (Tabela 1). Os restaurantes de Sabará que fornecem além de pratos à base de ora-pro-nobis, quantidades maiores para outros restaurantes ou compradores, na faixa de R$ 5,00 por quilo, incluindo ramos e folhas. Tabela 1 – Média de preços do ora-pro-nobis em diferentes formas e embalagens Descrição Molho (folhas e caule) Molho (folhas) Molho grande (folhas e caule) Molho grande (folhas) Saquinho plástico (folhas) Bandeja (folhas) Quantidade (gramas) 300 - 700 150 – 350* 1000 500* 200 - 300 150 - 250 Preço (R$) 1,00 - 1,80 1,00 - 1,80 5,00 5,00 2,00 - 3,00 2,50 - 4,00 Valores para 100g (R$) 0,51 - 1,20 1,00 1,00 - 1,50 1,00 - 2,67 (*) Valores estimados. Fonte: Dados de pesquisa. Para agregar valores alguns requisitos são necessários, como o cuidado de separar as folhas dos caules e o uso de embalagens mais apropriadas ao armazenamento. Esses cuidados requerem uma maior disponibilidade de mão-de-obra e a aquisição das embalagens, bandeja e sacos plásticos. Considerando esses custos, ocorre aumento do preço ofertado aos consumidores, enquanto que os processos necessários para agregar esses valores atenuam a quantidade oferecida por unidade. Dessa maneira, tem-se um produto com menor volume ou peso de matéria-prima disponível a um valor de mercado superior. 29 Os molhos observados variaram em termos de peso e da proporção de folhas em relação ao caule. Para molhos com caules maduros há uma menor concentração de folhas, do que com caules novos. Considerando um valor médio entre 40 a 70% de folhas em relação ao caule, obtém-se a proporção estimada de 50% de folhas com relação ao caule, ou seja, de 1:1. Ao analisar agregação de valores ao produto, a perda ou ganho a partir do preço devido deve considerar essa relação, e o preço deverá ser proporcional a quantidade de folhas disponível em uma unidade. Encontrou-se na análise do molho uma baixa agregação em relação aos demais produtos, chegando a valores inferiores a R$1,00 para cada 100 gramas de folhas. Com a retirada das folhas do caule o preço de venda do produto se embalado em saco plástico, atinge valores entre R$1,00 e R$1,50 para cada 100 gramas de folhas ou R$10,00 a R$15,00 por quilograma. Na perspectiva do consumidor, apesar deste pagar o dobro do preço por uma quantidade menor, evita o trabalho de separar a folha do caule, e principalmente o incômodo dos espinhos presentes no caule. A apresentação do ora-pro-nobis em bandeja fechada foi encontrada em empório e feira em Sabará, e em hipermercado de Belo Horizonte – MG, e contém aproximadamente de 150 a 250 gramas de folhas (Tabela 1), alcançando um valor de até R$2,67 para cada 100 gramas de folhas. A bandeja é feita de isopor e para acondicionar nela as folhas é usado um filme plástico, o que evita a perda de água, durante o armazenamento. O uso da bandeja garante, paralelamente, uma boa apresentação visual e comunica qualidade do produto aos consumidores. Em Belo Horizonte, principalmente no Mercado Central e em hipermercado, os preços do ora-pro-nobis costumam ser mais altos do que aqueles adquiridos em feiras populares, provavelmente devido à parcela de lucro do setor intermediário entre produtor e consumidor. Mas de forma geral, o processamento pode gerar maior retorno econômico para quem comercializa, e, ou para quem produz, o que depende de se avaliar o custo de produção associado à mão-de-obra adicional e para aquisição das embalagens. Conclusões A comercialização do ora-pro-nobis em sacos plásticos ou bandeja representa um fator de agregação ao produto e pode representar também um aumento de renda para o produtor, o que deve ser avaliado em outros estudos que relacionem custos de produção com a rentabilidade, o que pode variar com o sistema de produção adotado e para cada contexto local. Agradecimentos À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro. Literatura Citada CRESPO, P. Sucesso abençoado. Estado de Minas, Belo Horizonte, 22 abr. 2012. Caderno de cultura. PEREIRA, R. G. F.; SOUZA, M. R. M.; PEREIRA, P. R. G. Experiências locais e investigação científica na produção do ora-pro-nobis. Cadernos de Agroecologia, v. 6, p. 1-4, 2011. 30 SCHNEIDER, S.; GAZOLLA, M. Os atores do desenvolvimento rural: perspectivas teóricas e práticas sociais. Porto Alegre: UFRGS, 2011. 323 p. SOUZA, M. R. M. et al. O Potencial do Ora-pro-nobis na Diversificação da Produção Agrícola Familiar. Revista Brasileira de Agroecologia, Curitiba, PR, v. 4, n. 2, p. 3550-3554, 2009. 31 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.5. A mulher e o acesso ao Pronaf: A questão dos paradigmas Creiciano Garcia Paiva ¹ Raul da Cruz Couceiro ¹ 1 - Graduando em Gestão de Cooperativas pela Universidade Federal de Viçosa. Resumo: Neste artigo procuraremos mostrar algumas questões relacionadas ao Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) do Governo Federal. Este visa o financiamento de projetos individuais ou coletivos, tendo como base a Lei n° 11.326 de 24 de julho de 2006. Destacaremos também alguns tipos e itens que são financiáveis pelo programa que é de suma importância para saber se o agricultor esta entre os possíveis beneficiários. Existem também garantias e seguros para que resguardem a instituição financeira que emprestara o dinheiro, além do próprio produtor caso haja alguma imprevisto com sua produção. Para tanto neste daremos ênfase a um dos tipos de Pronaf existente, que será o Pronaf-Mulher. O programa veio para tentar diminuir essa diferença entre homens e mulheres, a fim de que elas também possam com a força de seu trabalho desempenhar algumas atividades, como por exemplo, a venda de doces, entre outras. Abordaremos para tanto, a questão do empoderamento que esta intimamente ligada à questão da subordinação das mulheres ao homem principalmente no meio rural, onde se considera sempre o homem detentor dos conhecimentos e sua esposa esta ali só para ajudá-lo. Essa base de pensamento esta ligado ao modelo patriarcal que vivenciamos infelizmente em muitos casos atualmente, que é algo que não devemos comemorar, já que isso devia fazer parte apenas do passado. O que buscamos mostrar com esse trabalho usando como base alguns referenciais teóricos, é que com programas como este as mulheres estão cada vez mais independentes e com isso buscando novas fontes de renda, libertando-as do paradigma que existe. Com essa maior participação das mulheres elas terão maior participação nas decisões políticas e econômicas onde estão inseridas, além de que terão outra fonte de recurso já que mesmo a mulher possuindo sua essa linha de crédito seu marido também poderá ter outra linha de crédito para a família. Palavras chave: pronaf, mulher, políticas públicas. Introdução O PRONAF (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar) é um programa do Governo Federal, que visa o financiamento de projetos individuais ou 32 coletivos, que visa gerar renda ao agricultor familiar e assentado da reforma agrária. Atualmente o programa possui as mais baixas taxas de juros aplicadas no mercado para financiamento rural, alem de que possui baixa inadimplência dos produtores que adquirem essa linha de credito. Atualmente no Brasil a agricultura familiar é responsável por aproximadamente 60% do alimento que é consumido no país. O termo agricultor familiar presente no entendimento do PRONAF é pelo fato de que este possui algumas peculiaridades presentes na Lei n° 11.326, de 24 de julho de 2006, como por exemplo: Art. 3° Para os efeitos desta Lei considerase agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, entendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I – não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II – utilize predominantemente mão-deobra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III – tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; IV – dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. A partir da criação do Pronaf que esta integrado ao MDA, por meio do Programa de Igualdade de Gênero, Ração e Etnia (PIGRE), houve um maior estimulo de liberação de credito para as pequenas produtoras rurais, o que estimulo também a criação do Pronaf-Mulher. Este artigo tem como objetivo mostrar o que é o Pronaf, e acentuar que existem diferenças de gêneros na aquisição do programa, o empoderamento e a discriminação da mulher no campo. Este teme tem suma importância na questão da ―evolução‖ das políticas públicas, a fim de que tais possam realmente ser inclusivas e alcançar seus objetivos. Tipos e itens financiáveis do Pronaf Dentre as diversas linhas de credito oferecidas pelos programas, citaremos algumas a seguir: Custeio, que financia atividades agropecuárias ou industrialização da produção própria ou de terceiros; Investimento, que se destina a implantação, ampliação ou modernização da infraestrutura; Pronaf agroindústria, que visa o beneficiamento, processamento e comercialização da produção agropecuária ou não, de produtos florestais e do extrativismo, ou artesanais; 33 Pronaf agroecologia, financia investimentos de produção agroecológicos ou orgânicos; Pronaf eco, que visa financiar técnicas que minimizem os impactos da atividade rural ao meio ambiente; Pronaf floresta, financia projetos no sistema agroflorestal; Pronaf semi-árido financia projeto relacionados com o semi-árido, focando a sustentabilidade do sistema, tendo como prioridade a infraestrutura; Pronaf mulher, visa o financiamento de investimentos de propostas de credito da mulher agricultora. O programa procura financiar bens e serviços que serão necessários ao empreendimento, fazendo a ressalva de que sejam relacionados à atividade em questão, a fim de promover o aumento da renda familiar, assim alguns destes itens são: Construção, reforma ou ampliação de benfeitorias e instalações permanentes; Obras de irrigação, recuperação do solo, florestamento e reflorestamento; Formação ou recuperação de pastagem; Aquisição de maquinas e equipamentos novos de provável duração útil superior a cinco anos; Recuperação ou reforma de maquinas e equipamentos, entre outros itens que pode ser financiáveis. Para tanto o programa tem algumas garantias, que serão firmadas entre o tomador do empréstimo e a agencia que financiara, levando em conta o montante a ser tomado como empréstimo, o prazo para o pagamento, a natureza do empréstimo, mas obedecendo as normas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil. A mulher e o Pronaf Levando em consideração essas diversas linhas de créditos oferecidas pelo programa, e os itens que o mesmo financia, neste trabalho teremos como foco de discussão o PRONAF MULHER, as melhoras que tal financiamento pode oferecer as mulheres agricultores, a fim de incentivar elas terem uma autonomia econômica. A partir daqui tentaremos mostrar essa grande ―discriminação‖ que ocorre em relação à mulher, principalmente a mulher rural, já que muitas das vezes a mulher se considera subordinada ao homem. Muito disso vem do modelo ideológico patriarcal no qual vivemos, onde o homem tem o conhecimento de tudo e é o responsável pela contratação e execução dos trabalhos, mesmo que a mulher tenha tido alguma atuação. As mulheres deixaram de ser enxergadas como capazes de desempenhas funções de gestão, e acabaram sendo excluídas dos diferentes espaços de atuação na sociedade. Com isso as mulheres deixaram de ser consideradas como trabalhadoras efetivas e assim quando procuravam ter uma maior atuação, como a busca de financiamento a órgãos financeiros, em sua maioria fazia-se necessário a atuação do homem. O Pronaf-mulher veio trazer uma maior empoderamento para as mulheres. Entendemos que como proposto por Deere e Léon (2002) o termo empoderamento remete a, ―transformação no acesso da mulher tanto aos bens quanto ao poder‖, e ainda segundo os mesmo autores: 34 [...] noção de pessoas obtendo poder sobre as próprias vidas e definindo o próprio planejamento; é geralmente associado aos interesses dos desprovidos de poder, e pressupõe-se que seja uma expressão de mudança desejada, sem especificação de o que esta mudança implica. (Deere e Léon, 2002, p. 53). A partir de momento que houve esse empoderamento, a mulher passou a ter uma participação mais efetiva nas questões ligadas à organização, produção, administração da terra. Antes da portaria n°981 de 2003, referente à titulação de conjunta obrigatória da terra para assentamentos de reforma agrária, era necessário que a mulher declarasse seu estado civil no certificado de cadastro de imóvel rural, a partir desta portaria não houve mais essa necessidade de declaração do estado civil. Justificativa A justificativa para este trabalho vem juntamente com a iniciativa da criação de uma linha exclusiva de credito para as mulheres no Pronaf, conhecido hoje como Pronaf-Mulher. Esta linha de credito voltado ao publico feminino iniciou na safra de 2003/2004, onde as mulheres rurais reivindicavam que o trabalho que exercem fosse reconhecido e valorizado pelas políticas publicas, sendo assim contempladas por linha de credito, dando a elas uma maior autonomia. Para tal fato, procuraremos mostrar alguns exemplos onde essa linha de credito exclusiva para das mulheres rurais foi um grande beneficio, não somente pela questão de uma maior autonomia, mas pela questão do gênero onde as mulheres romperam uma enorme barreira que existia, a do preconceito. Na constituição de 1988, em seu capitulo III, intitulado: ―Da Política Agrícola e Fundiária e de Reforma Agrária‖, Art. 189, Parágrafo Único, não há mais a necessidade por parte das mulheres de que se declare seu estado civil, saindo assim da condição de ―mulher de proprietário‖. 35 Fonte: Cirandas do pronaf para mulheres. MDA/NEAD Brasília, 2005. A partir desse gráfico observamos a grande diferença que ocorre entre homens e mulheres no acesso ao programa em questão, onde na safra 2004/2005 a porcentagem de mulheres que acessaram ao mesmo em relação ao total foi de 16.58%, sendo esse numero muito baixo, já que o governo com a criação do programa tinha como mete um mínimo esperando de 30% de mulheres acessando o mesmo, pois o programa veio para incentivar as mulheres acessarem esse crédito. ―[...] Esta política desconsiderou a tradicional discriminação da realidade rural e nenhuma estratégia foi elaborada para o acesso das mulheres a esta linha de crédito, assim poucas foram atendidas‖. (MELO e SABBATO, 2008, p. 175). Com um aumento na participação das mulheres em políticas publicas como neste caso, as mulheres terão maior participação nas decisões políticas e econômicas onde estão inseridas, alem disso vale ressaltar novamente a questão do empoderamento feminino e da ampliação da autonomia para a concessão do crédito. Com relação ao gráfico ainda, Alzira Salete Menegat (Pronaf Mulher: Perspectivas para o empoderamento feminino nos assentamentos rurais do estado do Mato Grosso do Sul, p. 13) coloca que Outro fator, e entendemos que este também tem muita importância, está relacionado ao formato de como foi pensado o PRONAF-Mulher, um financiamento que parece existir enquanto uma extensão PRONAF geral. Por isso, defendemos a idéia de que o PRONAFMulher é uma importante política que permite o iniciar do empoderamente, mas para ser eficaz em sua meta, é preciso que venha desvinculado do PRONAF, caso contrário reproduzirá as situações de subserviência histórias que ligaram as 36 mulheres aos homens, definindo seus interesses em primeiro plano. Acreditamos que o pronaf-mulher aumentou significativamente o acesso da mulher ao crédito e ao poder da terra, com essa política publicas. Porém ainda temos o que conscientizar a mulher que ela pode ter autonomia e não depender do seu marido. Conclusão A partir da segunda metade da década 1990, segundo Castilhos (2002), houve significativo aumento das políticas públicas voltadas para a agricultura familiar, devido ao contexto macroeconômico da época. Pela grande exclusão social, houve necessidade de o governo intervir com programas socais, onde a agricultura familiar foi à maior responsável um grande numero de mão-de-obra trabalhadora no setor agrícola, e podemos retomar o que já foi dito que atualmente no Brasil a agricultura familiar é a maior responsável pela produção de alimentos de consumo no país. Vimos com o decorrer dos textos lidos e discussão, que há necessidade de políticas públicas que promovam o empoderamento da mulher no campo, onde promova maior visibilidade para as mesmas com relação à terra, as questões políticas e econômicas e quaisquer outra que houver relação direta a mulher que afetará de alguma forma. Essas políticas contribuem para diminuir a diferença que há em relação a homens e mulheres e que isso deve diminuir até não existir mais. A mulher deve ser encara como igual na sociedade nas questões debatidas anteriormente, porém por não ser tratada de forma igual, ainda, devem ser pensadas melhores formas de ação para distribuição desse programa e outros, já que há essas particularidades e preconceitos em relação à mesma. Sabendo que esse o empoderamento da mulher é difícil e lento de acontecer, evidenciamos que a cause seja a forma como a sociedade vê as mulheres. O que é evidenciado em ―a subordinação da mulher parece normal dentro da ideologia patriarcal, é difícil que a mudança entre em erupção espontaneamente da condição de subordinação.‖ (DEERE & LEÓN, 2002, p.55). O campo ainda ―pede passagem‖ para sair da invisibilidade e aparecer como a força econômica e social que, de fato, representa para o país. O desvelamento só ocorrerá quanto for possível tirar da invisibilidade o trabalho feminino e a contribuição das mulheres à produção agrícola de um modo geral. (Militante da FETRAF-SUL) Referencias Bibliográficas ALVES, Maria de Fátima Paz. DIFICULDADES NO ACESSO AO CRÉDITO PELAS MULHERES RURAIS: DISCUTINDO A EXPERIÊNCIA DO PRONAF MULHER NO OESTE POTIGUAR, 2005. 37 Brasil, Ministério do Desenvolvimento Agrário. Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural. Cirandas do Pronaf para mulheres. -- Brasília: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, 2005. http://www.mda.gov.br/portal/saf/programas/pronaf http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_Financeiro/P rogramas_e_Fundos/pronaf.html http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/F8D5FB4FAB4789938325771C0068 DA07/$File/NT00044052.pdf DUARTE, Ana Maria Timbó. MULHERES NA REFORMA AGRÁRIA E POLÍTICAS DE CRÉDITO: AVALIAÇÃO DO PRONAF MULHER EM ASSENTAMENTOS DE MONSENHOR TABOSA-CE, Fortaleza 2010. MENEGAT, Alzira Salete. PRONAF mulher: perspectivas para o empoderamento feminino nos assentamentos rurais do estado de mato grosso do sul, 2010. 38 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.6. Viabilização de tecnologias nas criações de suínos em Campos dos Goytacazes como alternativa de sobrevivência1 Marize Bastos de Matos2, Natália Oliveira Cabral3, Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares4 1 Parte do trabalho de extensão desenvolvido em Campos dos Goytacazes. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da UENF. 3 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da UENF. 4 Professor do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal –LZNA da UENF. 2 Resumo: O trabalho teve como objetivo viabilizar e estimular o uso de tecnologias para desenvolvimento da suinocultura na região de Campos dos Goytacazes, disponibilizando assistência técnica e material genético para os pequenos produtores, que têm procurado a universidade com o intuito de melhorar sua produção. O sêmem dos reprodutores foi coletado no setor de suinocultura do LZNA e as doses inseminantes preparadas, fornecidas aos produtores. As matrizes destes pequenos produtores foram inseminadas no momento de ocorrência do cio e todo período gestacional acompanhado, bem como os primeiros cuidados com os leitões recém nascidos. O período de lactação e as fases seguintes acompanhados através de visitas periódicas nas propriedades. Além disso, foram oferecidos cursos de treinamento básico e palestras aos produtores. Os produtores conseguiram melhorar sua produção com a utilização destas tecnologias, aumentando consequentemente seu lucro e com isso melhorando o poder aquisitivo dos mesmos, que aperfeiçoaram sua criação. Palavras Chave: assistência técnica, produção de suínos, produtores rurais Enabling technology in swine stocks in Campos as alternative survive Abstract: The study aimed to facilitate and encourage the use of technologies for development of pig farming in Campos dos Goytacazes region, providing genetic material and technical assistance to small farmers who have sought the university in order to improve their production. The semen, from breeding, was collected in the hog sector LZNA insemination and provided to producers. The matrices of these small farmers were inseminated at the time of occurrence of estrus and all pregnancy period were supervised, as well as the first cares of just born piglets. Lactation period and the following phases were supervised through periodic visits to the properties. In addition, courses about basic training and lectures were offered to farmers. The producers have improved their production with the use of these technologies, thereby increasing their 39 profits and also improving the purchasing power of those who have perfected their creation Key Words: farmers, pig production, technical assistance Introdução O estado do Rio de Janeiro, sobremaneira a região Norte Fluminense não é uma região característica de produção de suínos. São conhecidas algumas pequenas produções, em pequenas unidades, muitas das quais constituem a principal fonte de renda dos proprietários, porém, em um estudo realizado por OLIVEIRA et al. (2005) evidenciaram que a comercialização de carne suína em açougues é maior que nos supermercados, sendo respectivamente, em média 86,8 e 67,8 kg/semana, caracterizando mercado potencialmente promissor na suinocultura no município. A suinocultura poderá se expandir, de forma a aumentar a participação do produtor local no abastecimento do mercado estadual. O grande diferencial da suinocultura praticada no município de campos dos Goytacazes, quando comparados a suinocultura tecnificada, predominantes de municípios da região sul e sudeste do Brasil, são em geral, pequenos produtores, má qualidade genética do rebanho, falta de manejo adequado e nutrição deficiente. Assim, o objetivo do trabalho foi o de viabilizar e incentivar o desenvolvimento de tecnologias visando o melhoramento dos rebanhos dos suinocultores regionais, com prestação de assistência técnica, disponibilizando aos produtores material genético para o aprimoramento da criação suinícola da região. Material e Métodos Inicialmente foram feitas visitas em assentamentos da região com o intuito de diagnosticar a situação das propriedades. Após estas visitas foram feios o cadastro dos produtores interessados na prestação de assistência técnica e utilização do material genético oferecido pela suinocultura do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal CCTA/UENF, que dispunha de reprodutores suínos das raças Pietran e Large White, o sêmen destes animais foram coletados por semana, doses de sêmen e preparo das doses inseminantes que foram utilizadas nas matrizes dos produtores. Trabalho foi realizado principalmente no assentamento rural Antônio Farias que compreende parte das terras da antiga fazenda Santa Rita do Pau Funcho, no município de Campos dos Goytacazes e em adjacências de acordo com interesses de produtores da localidade, interessados em fazer parte do grupo. Á medida que as matrizes iam entrando em cio fazia-se a inseminação artificial e acompanhava-se todo o processo de gestação, assim como nascimento dos leitões e primeiros cuidados com os recém nascidos, período de lactação e engorda dos animais, através de visitas periódicas aos produtores. Além disso, foram oferecidos periodicamente, cursos de aperfeiçoamento para os cadastrados, com o objetivo dos mesmos continuarem os procedimentos técnicos de criação de forma correta. Resultados e Discussão De acordo com o acompanhamento técnico, os produtores tiveram uma melhora no rebanho, já que todas as inseminações realizadas foram positivas. Segundo 40 SILVEIRA et al. (2005), a inseminação artificial garante melhoramento genético dos plantéis em curto espaço de tempo, melhoria das características de interesse do produtor, como ganho de peso, conversão alimentar e qualidade da carcaça, além de garantia de qualidade sanitária devido aos procedimentos corretos de higiene na hora da inseminação. Observou-se, porém que alguns produtores, por possuírem o cachaço na propriedade, realizaram a monta natural com bom resultado, porém o melhoramento genético, neste caso, não é implementado, visto que os animais não são de raça pura. o manejo do recém nascido é feito de forma correta, com a utilização de todos os procedimentos recomendados, como: aplicação de ferro, corte dos dentes, castração, o desmame é feito em média aos 35 dias e a média de peso ao desmame é de 10 a 12 kg, de acordo com as especificações técnicas e os cursos oferecidos . Ao longo da realização dos trabalhos técnicos os produtores foram enfáticos em salientar as vantagens da inseminação artificial, bem como do acompanhamento técnico, os próprios produtores dizem que têm melhor produtividade, pois nascem maior número de leitões e mais pesados, fazendo com que haja um aumento da renda dos mesmos, que comercializam os produtos em feiras livres ou em açougues. Conclusões De acordo com o trabalho realizado, conclui-se que é possível a utilização da tecnologia para a melhoria da produção dos agricultores regionais, colocando-os com produtos de qualidade, no mercado competidor e exigente do momento. Agradecimentos Aos produtores que possibilitaram a realização deste trabalho. Literatura Citada OLIVEIRA, A.L.B.; FERREIRA, R.A, SOARES, R.T.R.N., Caracterização do mercado de carne em campos dos Goytacazes e viabilização do uso de soro de leite na alimentação de suínos. Anais..., Cd room. III mostra de extensão da UENF, PROEXUENF, 2005. SILVEIRA, P.R.S.; SCHEID, I.R.; CRESTANI, A.M. Inseminação Artificial de Suínos: um guia para os produtores. Concórdia, Embrapa suínos e aves, 2005. 41 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.7. Programa de Aquisição de Alimento (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) são novas alternativas de escoamento dos produtos da agricultura familiar Camila Tristão Pontes1, Vaneza Maria Assis Paixão 1, Vanessa Maria Amaral1, Ana Lídia Coutinho Galvão2, Geicimara Guimarães1 1Estudante de Gestão de Cooperativas - DER/UFV 2Professora do Departamento de Economia Doméstica - DED/UFV; [email protected]. Resumo: O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) visa garantir o acesso a alimentos em quantidade e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional. Visa também contribuir para formação de estoques estratégicos e permitir aos agricultores familiares que armazenem seus produtos para que sejam comercializados a preços mais justos. Além do mais, o programa é de extrema importância para o desenvolvimento rural sustentável, porque é mais uma alternativa de renda para o agricultor familiar, pois garante a venda de seus produtos, valoriza e preserva a cultura local. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) visa garantir, por meio de recursos financeiros, a alimentação dos alunos de toda a educação básica em escolas públicas e filantrópicas. O objetivo é atender as necessidades nutricionais dos alunos durante a permanência em sala de aula. Como as escolas precisam cumprir com o cronograma, o agricultor tem renda garantida. O que é muito importante, porque, às vezes, ele vai à feira e volta para casa com os produtos. A iniciativa ajudou as famílias a garantirem espaço no mercado, uma vez que antes os agricultores tinham dificuldade para vender seus produtos. Mas, agora, os agricultores familiares conseguem comercializar o que produzem e receber o valor de mercado. Palavras Chave: agricultura familiar, política pública, programa Food Purchase Program (PAA) and the National School Feeding Programme (PNAE) are new alternatives for disposing of agricultural family Abstract: The Food Purchase Program (Programa de Aquisição de Alimentos - PAA) aims to ensure access to food in quantity and regularity necessary for populations in situations of food and nutrition insecurity. Also contributing to the formation of strategic stocks and allows farmers to store their products to be sold at fair prices. Besides the program of great importance to sustainable rural development, because it is an alternative income for the family farmer and because it guarantees the sale of its 42 products, enhances and preserves local culture. The National School Feeding Programme (Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE) aims to ensure, through financial resources, the supply of students of all basic education in public schools and charities. The goal is to meet the nutritional needs of students during their stay in the classroom. As schools must comply with the schedule, the farmer has a guaranteed income. What is very important because sometimes it goes to the market and back home with products. The initiative has helped the families to ensure space in the market than before, farmers had difficulty selling their products. But now, farmers can sell what they produce and receive the market value. Key Words: family farms, public policy, program Introdução É sabido que a agricultura familiar sofre algumas dificuldades na comercialização de seus produtos (TRICHES & SCHNEIDER, 2010; FONSECA, TEIXEIRA & FONSECA, 2009). Ciente dessas dificuldades o Governo Federal através de mobilizações em torno do Programa Fome Zero, lançou no ano de 2003 o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) com o objetivo de propiciar uma nova alternativa de escoamento dos produtos da agricultura familiar. O PAA tem por objetivo principal propiciar garantias ao acesso de alimentos em quantidade, qualidade e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional, além de promover a inclusão social no campo por meio do fortalecimento da agricultura familiar (BRASIL, 2006). Uma de suas modalidades é a aquisição por meio da compra direta da agricultura familiar, estruturada em organizações formais (cooperativas e associações) via Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) de alimentos para a doação em instituições locais, como escolas, creches, populações vulneráveis a segurança alimentar. Nesse sentido, o PAA demonstra ser uma boa oportunidade de política pública aos municípios principalmente aos seus produtores rurais, que são formados basicamente por agricultores familiares. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um Programa do Governo federal que, por meio da lei federal nº 11.947, garante que 30% dos recursos para a merenda escolar sejam destinados à compra de gêneros alimentícios, produzidos pela agricultura familiar. Dessa forma, o PNAE tem garantido um cardápio variado na merenda escolar e mercado para os agricultores familiares. Justificativa O problema é que o enfoque dos agricultores familiares, principalmente na forma de organização coletiva em nível local para o acesso as políticas públicas, é bastante recente e poucos estudos têm sido desenvolvidos no sentido de uma pesquisaobservação nas questões relacionadas à qualidade das ações empreendidas e os efeitos locais nas organizações que operacionalizam essas políticas públicas (FREITAS et al., 2011). Corroborando com a idéia, MÜLLER (2007, p.70) ressalta que grande parte das interpretações sobre políticas públicas apresentam-se com uma visão estruturalista, com pouco espaço para a compreensão do papel dos atores sobre a determinação dos resultados. 43 Contudo, a agricultura familiar é carente de ferramentas do sistema de gestão, como o esquema de custeio e indicadores de desempenho. Além disso, em um processo de gestão sempre há uma grande barreira, chamada incerteza e diante disso é preciso que os agricultores tomem consciência da importância das ferramentas gerenciais específicas para o processo de produção e comercialização de seus produtos (MORAIS & TORRICELLI, 2004). Com isso fica clara a necessidade de tornar disponíveis os conhecimentos mínimos acerca das práticas gerenciais, principalmente aqueles agricultores envolvidos na direção de empreendimentos associativos. Por outro lado a ação coletiva, imposta com a exigência da constituição de organizações formais ao acesso as políticas sociais, ou seja, forjada de cima para baixo, conforme ressalta FREITAS et al. (2009) compromete a perenidade da ação, uma vez que desconsidera o enraizamento social que essas organizações possuem em sua localidade. No entanto, ressaltam SOUZA et al. (2009) se bem trabalhado a nível local o PAA é um programa de extrema importância para o desenvolvimento rural sustentável, porque é mais uma alternativa de renda para o agricultor familiar, pois garante a venda de seus produtos, valoriza e preserva a cultura local, e fortalece o associativismo. Objetivo geral é valorizar os alimentos regionais, o programa garante renda aos agricultores familiares, o que, conseqüentemente, contribui para o desenvolvimento econômico do município. O objetivo específico do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é garantir o acesso a alimentos em quantidade e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional. Visa também contribuir para formação de estoques estratégicos e permitir aos agricultores familiares que armazenem seus produtos para que sejam comercializados a preços mais justos. Além do mais o programa é de extrema importância para o desenvolvimento rural sustentável, porque é mais uma alternativa de renda para o agricultor familiar, pois garante a venda de seus produtos, valoriza e preserva a cultura local. O objetivo específico do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é visar garantir, por meio de recursos financeiros, a alimentação dos alunos de toda a educação básica em escolas públicas e filantrópicas. O objetivo é atender as necessidades nutricionais dos alunos durante a permanência em sala de aula. Desenvolvimento O PAA existe nas seguintes modalidades: 1. Compra Direta , 2. Compra Direta no Local com Doação Simultânea ; 3. Formação de Estoque ; 4. PAA Leite ; 5. Compra com Doação Simultânea. A modalidade Formação de Estoques pela Agricultura Familiar foi criada para propiciar aos agricultores familiares, enquadrados no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), instrumentos de apoio à comercialização de seus produtos, sustentação de preços e agregação de valor. A operacionalização cabe à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a partir de acordo firmado com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A modalidade é importante para o MDS, pois propicia o fornecimento de alimentos básicos para distribuição a populações em situação de insegurança alimentar. 44 A modalidade Compra da Agricultura Familiar com Doação Simultânea é a aquisição de alimentos de agricultores familiares organizados em grupos, associações ou cooperativas e destinados a entidades que compõem a Rede de Proteção e Promoção Social que tenham programas e ações de acesso à alimentação. Desenvolvida com recursos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), a modalidade é operada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A organização de agricultores encaminha à Conab uma proposta de participação ao Programa informando aos agricultores familiares envolvidos os alimentos a serem adquiridos e as respectivas quantidades, as entidades que serão contempladas e a periodicidade de entrega dos alimentos. Os preços dos produtos são definidos em conjunto com a Conab a partir de levantamento de preços praticados no mercado local. A parceria entre a Prefeitura e a EMATER, que vem desde 1977, contribui para o desenvolvimento do município ao incentivar a agricultura familiar. Um exemplo recente desta parceria é o contrato firmado entre a Prefeitura e 21 produtores rurais para a aquisição de gêneros alimentícios para a merenda escolar da rede municipal de ensino. Neste processo, a EMATER auxiliou os agricultores no planejamento da produção e os orientou sobre a qualidade e a comercialização dos produtos. A empresa oferece assistência técnica aos agricultores familiares do município, através de programas, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). A merenda escolar é comprada pela prefeitura com recursos provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O Ministério do Desenvolvimento Agrário incentiva os agricultores familiares a se organizarem para comercializar pelo PNAE. Pela lei, as escolas devem comprar da agricultura familiar ao menos 30% dos produtos usados na merenda escolar. A cada semestre é realizada uma chamada pública. Os produtores rurais se cadastram e, aprovados, podem receber do município até R$9 mil por ano. O pagamento é em cima do preço de mercado, e é depositado em uma conta poupança do produtor. Em 2012, a Emater–MG deve atender 7.079 agricultores, visando a participação deles no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). O Programa tem garantido a inserção de produtos da agricultura familiar no mercado institucional, fortalecendo o setor em muitos municípios mineiros. A Emater–MG tem desempenhado papel importante para o cadastro dos produtores no PNAE, atuando desde a orientação técnica até a emissão de documentos exigidos para a comercialização com as escolas. Em 2011, a Empresa cumpriu a meta de atender 6.411 produtores. As atribuições da Emater–MG no Programa são bem amplas e abrangem desde a assistência técnica, mobilização de agricultores, emissão da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), orientação e elaboração de projetos até a capacitação dos agricultores em boas práticas de produção. A iniciativa ajudou as famílias a garantirem espaço no mercado. ―Antes, os agricultores tinham dificuldade para vender seus produtos. Mas, agora, melhorou. Eles não só conseguem comercializar o que produzem como também recebem o valor de mercado‖, diz a extensionista do escritório da Emater em Coimbra, Cláudia de Fátima Saraiva Souza. 45 Conclusão Mais do que propiciar uma alimentação saudável aos estudantes e valorizar os alimentos regionais, o programa garante renda aos agricultores familiares, o que, conseqüentemente, contribui para o desenvolvimento econômico do município. Como as escolas precisam cumprir com o cronograma, o agricultor tem renda garantida. O que é muito importante, porque, às vezes, ele vai à feira e volta para casa com os produtos. A iniciativa ajudou as famílias a garantirem espaço no mercado que antes, os agricultores tinham dificuldade para vender seus produtos. Mas, agora, os agricultores familiares conseguem comercializar o que produzem e receber o valor de mercado. Agradecimentos À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro. Referências Bibliográficas CONAB Companhia Nacional de Abastecimento In: www.conab.gov.br/conabweb/ (acessado em 24 de agosto de 2010). FONSECA, A. I. A.; TEIXEIRA, L. R.; FONSECA, V. As feiras e o mercado como alternativa de renda para agricultores familiares: um estudo de caso do município de Bocaiúva – Norte de Minas Gerais. In: Anais do Seminário de Pós-Graduação em Geografia da UNESP – Rio Claro. Rio Claro/SP. 2009. Brasil. FREITAS, A. F.; FREITAS, A. F.; COELHO, F. M. G.; DIAS, M. M. Implicações da constituição de organizações formais para o acesso a políticas públicas. In: Revista Isegoria – Ação Coletiva, ano 1, vol. 01, março a agosto de 2011. Viçosa/MG. Brasil. MORAIS, E. P.; TORRICELLI, D. Ferramentas de gestão para a agricultura familiar: o uso de sistemas de custeio e indicadores de desempenho. In: Disciplina de Administração de Empresas. Faculdade XV de agosto. Socorro/SP. Dez. 2004. Brasil. SECRETARIA DE AGRICULTURA FAMILIAR DO MINITÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO In: portal.mda.gov.br/portal/saf/programas/paa (acessado em 24 de agosto de 2010). SOUZA, M. A.; ALMEIDA, C. A.; MARCELINO, R. J. S. Programa de segurança alimentar e nutricional, PAA – Programa de Aquisição de Alimentos, São Miguel do Anta/MG. In: Anais do IV Congresso de Extensão da UFLA – CONEX. Lavras/MG. Maio de 2009. Brasil. TRICHES, R. M.; SCHNEIDER, S. Alimentação escolar e agricultura familiar: reconectando o consumo à produção. In: Revista Saúde e Sociedade. São Paulo, v.19, n.4, p.933-945, 2010. Brasil. 46 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.8. Condições Sociais de Produtores Familiares no Município de Olinda Nova do Maranhão Jailson Penha Costa¹, José Eduardo Costa de Freitas¹, Bruna Penha Costa² José dos Santos Pinheiro 3 1 Aluno do Curso de Zootecnia/ UEMA : [email protected] ² Aluna do Curso de Agronomia/UEMA: [email protected] ³ Professo e Diretor do Cursod e Zootecnia/UEMA : [email protected] Resumo: O objetivo deste trabalho foi traçar um perfil social de produtores familiares do município de Olinda Nova do Maranhão. Foram aplicados questionários à 10 agricultores familiares, contendo perguntas sobre suas condições socioeconômicas e tabelaram-se os dados. O Abastecimento de água nas propriedades era constituído por 90% de poços artesianos e 10% de outras fontes de abastecimento. Não foram verificados serviços de rede pública no abastecimento de água. A fonte de iluminação era 100% elétrica, consequente do programa do governo LUZ PARA TODOS do Governo Federal. O tipo de construção das casas era constituído de 90% de alvenaria e 10% de pau a pique. Entre o meio de transporte nove produtores (90%) dispunham de motocicleta como forma de locomoção, e um apenas (10%) de bicicleta. O destino dado ao lixo na maioria das propriedades era no fundo da propriedade, este por sua vez pode causar poluição ao solo, a água e ao ar. Palavras Chave: agricultura familiar, desenvolvimento, desigualdade de renda Social Conditions of Farmers in Family Units in Nova Olinda do Maranhão Abstract: The objective of this study was to establish a social profile of family farmers in the municipality of Nova Olinda do Maranhão.Questionnaires were administered to 10 farmers, including questions about their socioeconomic conditions and tabelaram the data. Thewater supply in properties comprised 90% of water wells and 10% from other sources. There were no public services in water supply. The light source was 100% power, resulting from the government program LIGHT FOR ALL Federal Government. The construction of houses consisted of 90% and 10% masonry stick to sink. Among the means of transport nine producers (90%) had a motorcycle as a means of locomotion, and only one (10%) by bicycle. The destination of the waste in most of the properties was the bottom of the property,this in turn can cause pollution to soil, water or air. Key Words: family farming, development, income inequality 47 Introdução No aspecto social, geralmente considera-se a desigualdade de renda e o acesso a serviços que afetam o bem estar dos agentes. Se a agricultura de pequeno porte consegue sobreviver em determinado mercado, esta condição em si já seria um indicador de que o ambiente competitivo admite algum grau de distribuição de renda. Entretanto, deve-se aprofundar a análise para que possa conhecer as perspectivas do produtor conforme as tendências daquele mercado. Em mercados que passam por processos de consolidação e mudanças tecnológicas que favorecem o aumento de escala pode-se esperar que os pequenos produtores fossem excluídos em um futuro previsível. NOGUEIRA & SCHMUKLER (2011). Segundo SCHNEIDER (2006), a discussão sobre a agricultura familiar vem ganhando legitimidade social, política e acadêmica no Brasil, passando a ser utilizada com mais frequência nos discursos dos movimentos sociais rurais, pelos órgãos governamentais e por segmentos do pensamento acadêmico, especialmente pelos estudiosos das Ciências Sociais que se ocupam da agricultura e do mundo rural. Segundo NOGUEIRA & SCHMUKLER (2011) Apesar dos avanços observados no Brasil na área de proteção social por meio de programas de renda mínima e aposentadoria rural, as condições de vida da maioria dos pequenos produtores ainda são precárias. As necessidades básicas seriam o acesso do produtor e sua família a educação, saúde, cultura, infraestrutura para moradia e convivência comunitária. O objetivo deste trabalho foi traçar um perfil social de produtores familiares do município de Olinda Nova do Maranhão. Material e Métodos Esse trabalho foi realizado no município de Olinda nova do Maranhão. A pesquisa foi realizada por meio da aplicação de questionários no período de Abril a Maio de 2012, sendo explorada neste trabalho apenas a parte social. Foram entrevistados 10 produtores escolhidos de formas aleatórias com o intuito de obter uma distribuição heterogênea. Para a análise dos dados obtidos foi utilizados a tabulação simples, onde foi realizado a adição das respostas e o balanço de seus percentuais respectivos. Resultados e Discussão A tabela 1 mostra os percentuais obtidos na pesquisa do perfil social de produtores familiares no município de Olinda Nova do Maranhão. O Abastecimento de água nas propriedades era constituído por 90% de poços artesianos e 10% de outras fontes de abastecimento. Não foram verificados serviços de rede pública no abastecimento de água. A fonte de iluminação era 100% elétrica, consequente do programa do governo LUZ PARA TODOS do Governo Federal. O tipo de construção das casas era constituído de 90% de alvenaria e 10% de pau a pique. 48 Tabela 1 Apresentação dos dados obtidos da pesquisa Abastecimento de água % Fonte de iluminação % Tipos de casa % Poços Artesianos 90 Luz elétrica 100 Alvenaria 90 Rede publica 0 Outras fontes 0 Barro ( pau a pique ) 10 Outras fontes 10 Total 100 Fonte: Dados da Pesquisa 100 100 Entre os produtores entrevistados, 100% responderam dispor em suas residências equipamentos como fogão a gás e geladeira, sendo que deste apenas 1 (10%) possui fogão de barro, e 100% relataram que possui televisão, antenas parabólicas, aparelho celular e aparelho de DVD. Em todas as casas foram encontrados sanitários dentro das residências, proporcionando um maior conforto aos moradores, sendo que todos os produtores afirmaram ter também sanitário externo (latrina) e o destino dos dejetos de todos os entrevistados era à fossa impedindo assim uma contaminação dos recursos naturais. Entre o meio de transporte nove produtores (90%) dispunham de motocicleta como forma de locomoção, e um apenas (10%) de bicicleta. O destino dado ao lixo na maioria das propriedades era no fundo da propriedade, este por sua vez pode causar poluição ao solo, a água e ao ar. Conclusões As condições sociais dos produtores devem se observadas dada seu importante papel no desenvolvimento do município, necessitando de um maior incentivo por parte do governo. Agradecimentos Agradeço aos produtores que contribuíram para a realização do trabalho. Literatura Citada NOGUEIRA, A.C.L.; SCHMUKLER, A. Os Pequenos Produtores Rurais e a Sustentabilidade. Março.2011. disponivel em: http://www.portaldoagronegocio.com.br. Acessado 28/05/12 as 19:25. SCHNEIDER, S. Agricultura familiar e desenvolvimento rural endógeno: elementos teóricos e um estdo de caso. In: Froehlich, J.M.;Vivien Diesel. (Org.). Desenvolvimento Rural- Tendencias e debates contemporâneos. Ijuí:Unijuí.2006. 49 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.9. A diversidade de condições socioeconômicas e as práticas de manejos das pastagens em São Félix do Xingu, Sul do Pará1 Livio Sergio Dias Claudino 2, Laura Angélica Ferreira Darnet 3, René Poccard-Chapuis4 1 Parte dos resultados da dissertação de mestrado em Agriculturas Amazônicas do primeiro autor. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Rural – UFRGS. 3 Professora do Núcleo de Ciências Agrárias e Desenvolvimento Rural – UFPA. 4 Pesquisador Centre de Cooperation International en Recherche Agronomique pour le Développement. 2 Resumo: A atividade pecuária bovina apresentou rápido e exponencial crescimento em diversas regiões da Amazônia brasileira nas últimas décadas, sendo marcada pelo aumento quantitativo dos rebanhos e de áreas de pastagens, notadamente em algum estágio de degradação. Diversos questionamentos sobre as causas da degradação das pastagens e quais grupos são os mais responsáveis emergiram. O objetivo desse trabalho foi caracterizar a condição socioeconômica de 61 pecuaristas de São Félix do Xingu, Sul do Pará, e comparar práticas de manejo das pastagens que são adotadas nas distintas categorias. Os resultados, obtidos por analises de variância, indicam diferenças socioeconômicas significativas, e práticas de manejo das pastagens como reforma dos pastos e uso do fogo que são mais frequentes em alguma categoria específica. Por fim, se questiona quais rumos devem ser dados à própria atividade pecuária, no contexto mais amplo e complexo de questão ambiental e social da atualidade. Palavras Chave: condições socioeconômicas, manejo de pastagens, pecuária bovina, são félix do xingu The diversity of socioeconomic conditions and pastures managements in São Félix do Xingu, South of Pará - Brazil Abstract: The livestock has expanded considerably in in various regions of the Brazilian Amazon especially among the 90‘s years, marked by a quantitative increase in cattle herds and pastures planted notably that presents a lowdurability. Several questions about the causes of degradation of pastures and which groups are most responsible have emerged. The aim of this study was to identify socioeconomic characteristics of the 63 farmers in the region of São Félix do Xingu, South of Pará (Brazil), and compare the pasture management adopted in different categories. The results obtained by analysis of variance showed significant socioeconomic differences, and pasture management practices such as pasture reformation and use of fire are more frequent in particular groups. Finally, it asks which direction should be given to the livestock in the broader context of social and environmental. 50 Key Words: Livestock, pasture management, são félix do xingu, socioeconomics characteristic Introdução A pecuária na Amazônia é praticada entre pecuaristas nas mais distintas condições socioeconômicas e tecnológicas (MATTOS et al., 2010). Atualmente, de 70-80% dos espaços de uso agrícola da região amazônica são ocupados por pastagens (DIASFILHO, 2007). Em São Félix do Xingu, no Sudeste de Pará, especialmente após os anos 1990 a pecuária bovina cresceu exponencialmente, sendo visto principalmente pelo aumento na área de pastagens e efetivo de rebanhos. Esse desenvolvimento da atividade trouxe ao cenário de debate diversos questionamentos a cerca principalmente da relação entre a pecuária e os desmatamentos (MARGULIS, 2003) e também ao elevado percentual de pastagens degradadas (DIAS-FILHO, 2007). A degradação das pastagens se constitui um dos principais entraves técnicos ao desenvolvimento da pecuária na Amazônia, sendo objeto de inúmeras pesquisas com avanços significativos na identificação das causas e como conter os processos de degradação (COSTA, 2006). O ponto comum entre os principais estudiosos é a constatação de que a degradação das pastagens na Amazônia é consequência das práticas de implantação e manejo dos pastos, carecendo se analisar quais as diferenças que podem ser constatadas entre os diferentes grupos que desenvolvem a atividade na região. Nesse sentido, esse artigo caracteriza a estrutura dos estabelecimentos e compara as praticas de manejo das pastagens entre pecuaristas pertencentes a distintas condições socioeconômicas, identificando se a categoria socioeconômica é o fator que causa diferenciação nas principais práticas de manejo das pastagens numa microrregião da Amazônia brasileira. Material e Métodos Esta pesquisa foi conduzida na microrregião de São Félix do Xingu, Sul do estado do Pará, ao longo dos pontos cartográficos 5,5° e 7° de latitude Sul, e 50° e 52,5° longitude Oeste, abrangendo os municípios de São Felix do Xingu e Tucumã. As localidades foram escolhidas em função da plena expansão da pecuária e por se constituir em área de abrangência de diversos projetos da Rede de Pesquisas GEOMA Rede Temática de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia, que, por intermédio do projeto ―Caracterização das Estratégias de Manejo e Mapeamento das Pastagens na Região de São Félix do Xingu‖, viabilizou condições para essa pesquisa. A cobertura vegetal predominante da área é de floresta equatorial latifoliada, com média anual de precipitações de 1.760 mm, do qual 91% desse total se concentra entre outubro e maio, ocasionando déficit hídrico nos demais períodos (LUCAS et al., 2009). O solo que predomina no município, em associação é o Podzólico VermelhoAmarelo equivalente eutrófico. Foram entrevistados 61 pecuaristas em 2008, escolhidos ao acaso em campo, e abrangendo a maior diversidade possível de situações socioeconômicas. Essa coleta fomentou a construção de uma tipologia baseada no: a) capital fundiário (área total do estabelecimento); b) capital produtivo (número de animais , perfil racial do rebanho e a diversificação ou não com cultivos), e; c) mão-de-obra predominante (familiar ou assalariada). Desse agrupamento, foram identificadas três categorias socioeconômicas de pecuaristas: i) Familiar Pouco Capitalizado (F.P.C.); ii) Familiar Capitalizado (F.C.); iii) Patronais (P.). 51 Utilizou-se análise de variância (ANOVA de fator único) para comparar as variáveis nas distintas categorias socioeconômicas. Resultados e Discussão Das três categorias identificadas, os Familiares Pouco Capitalizados são os mais representativos, correspondendo a 44,3% da amostra (27 indivíduos). Estes possuem estabelecimentos de até 150 ha manejados principalmente com mão de obra familiar, e eventual contratação temporária para roçagem dos pastos, vendendo também a própria força de trabalho. As atividades desenvolvidas incluem cultivos anuais e ou perenes, e rebanhos de até 120 cabeças sem raça definida, destinados à produção de leite e venda de bezerros. O segundo grupo, os Familiares Capitalizados correspondem a 34,4% da amostra (21 indivíduos). As áreas totais variam de 100 a 350 ha, manejadas com mão de obra familiar, havendo contratação de mão de obra temporária para limpeza dos pastos Nesse grupo, a diversificação com cultivos é baixa, e os rebanhos variam de 100 a 500 cabeças com perfil misto (dupla aptidão), ou dois rebanhos especializados, um de corte para produção de bezerros, e um para produção de leite. O grupo dos Patronais corresponde a 21,3% da amostra (13 indivíduos). Possuem módulo fundiário entre 400 e 3000 ha, e sempre utilizam mão de obra contratada e assalariada (2 a 9 funcionários permanentes). Nessa categoria os rebanhos variam entre 500 a 3000 cabeças, especializados em corte, podendo ser cria e/ou recria e/ou engorda, com raros casos de produção de leite. Recentemente houve a introdução de culturas anuais mecanizados em sistemas de plantio direto. A tabela abaixo (Tabela 1) apresenta os resultados obtidos na analise de variância, onde se constata que as principais diferenças entre os grupos são de características econômicas e estruturais, com destaque para área total da propriedade, número de animais e número de divisões nos estabelecimentos, nos quais quanto melhor posicionada economicamente é a categoria maior é o valor da variável. Independentemente do nível econômico da família, há uma tendência em destinar entre 60-70% da área total para uso como pastagem, indicando que proporcionalmente o impacto de desmatamento de um Patronal é bem maior que dos pecuaristas familiares. Tabela 1 – Valores médios e valor-P das variáveis analisadas para as categorias de pecuaristas familiares pouco capitalizados (F.P.C.), familiares capitalizados (F.C.) e patronais (P.) Unidade F.P.C. F.C. Área do Estabelecimento ha 73,9 185,5 Pasto/área total % pasto 64,1 69,6 Número de Animais Unidade 62,7 213,1 Número de Parcelas Unidade 3,59 5,52 Utiliza Fogo % indivíduos 0,63 0,33 Taxa de Lotação UA/ha 1,07 1,27 Reforma do Pasto % indivíduos 0,37 0,76 *** = P<(0,001); ** P<(0,01); * P<(0,05); NS = não significativo Variáveis P. 1539,4 73,4 1211,1 23,77 0,23 0,91 0,77 Valor-P 3,74E-13*** 0,4507ns 1,79E-13*** 1,08E-10*** 2,61E-02* 4,70E-02* 6,67E-03** Diferenças com menor nível de significância foram identificadas para variáveis de manejo do pasto, como uso do fogo, taxa de lotação e percentual de indivíduos que reformaram a pastagem. Os resultados médios obtidos indicam que o uso do fogo é mais frequente entre os menos capitalizados (F.P.C.), sendo que entre esses houve também 52 menor frequência de reforma de pastos. Por outro lado, os familiares capitalizados apresentaram médias bastante similares às dos patronais. Esses resultados revelam que as condições de exploração da pecuária bovina na Amazônia são bastante variadas, indo desde pequenos estabelecimentos com menos de 70 ha até grandes fazendas com mais de 1500 ha, mas que conservam pouca ou nenhuma diferença significativa em termos de forma predominante de cobertura de solo e entre as práticas de manejo dos pastos e dos rebanhos. Conclusões A pecuária bovina em São Félix do Xingu é praticada por indivíduos em condições socioeconômicas distintas, e em média reservam mais de 60% dos espaços para implantação de pastagens. Embora haja diferenças significativas nas principais práticas de manejo estudadas, são praticadas em todas as categorias socioeconômicas, variando a frequência dependendo da condição socioeconômica do grupo. É importante refletir sobre o impacto do direcionamento dado à atividade pecuária na região amazônica, sendo relevante considerar o que se pode fazer para o futuro, frente à questão ambiental que se desenrola, e às realidades sociais e conflitantes. Sabe-se que o apoio aos pecuaristas familiares em situação de vulnerabilidade é relevante, mas também o direcionamento da própria atividade, que pode seguir em várias direções, como o fortalecimento da diversificação das atividades produtivas, busca de agregação de valor aos produtos, redirecionamento técnico/tecnológico, implantação de sistemas agroflorestais, etc. Enfim, que rumos devem tomar a pecuária na Amazônia? O que pode ser feito para atender as diferentes demandas, ambientais e sociais, que parecem caminhar em sentidos opostos? Agradecimentos Ao Museu Paraense Emilio Goeldi – MPEG, CNPq e GEOMA, que possibilitaram esse trabalho. Literatura |Citada MATTOS, C. A. C. de; SANTANA, A. C. de; PINTO, W da S.; Características socioeconômicas e ambientais dos sistemas de produção da pecuária do Estado do Pará. Rev. Ci. Agra, v.53, n.2, p.150-58, 2010. DIAS-FILHO, M. B. Degradação de pastagens: processos, causas e estratégias de recuperação. 3. ed. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2007. MARGULIS, S. Causes of deforestation of the Brazilian Amazon. World Bank Working, Paper Series, Dec., 2003. COSTA, N. de L., TOWNSEND, C. R., MAGALHÃES, J. A. et al. Recuperação e renovação de pastagens degradadas. 2006. Revista Electrónica de Veterinaria. In: http://www.veterinaria.org/revistas/redvet/n010106.html#010606 (acessado em 15 de setembro de 2010). LUCAS, E. W. M.; SOUSA, F. de A. S.; SILVA, F. D. dos S. et al. Modelagem hidrológica determinística e estocástica aplicada à região hidrográfica do Xingu – Pará. Revista Brasileira de Meteorologia, v.24, n.3, 308-322, 2009. 53 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.10. Diversificação da Renda da Agricultura Familiar do Território dos Lençóis Maranhense/Munim Daniela Pinto Sales¹, Larissa Hellen Almeida Rodrigues², Emanoelle Lyra Jardim³, Carlos Augusto de Oliveira Furtado 4, Itaan de Jesus Pastor Santos5 ¹ Estudante de graduaçao do curso de Medicina Veterinária- UEMA; ² Bolsista de extensão do Projeto SGE/CNPQ*; ³ Técnico do Projeto SGE/CNPQ; 5 Professor da UEMA e coordenador do Projeto SGE/CNPq. * Projeto ―Implantação do processo de avaliação e acompanhamento do Sistema de Gestão Estratégica no território dos Lençóis Maranhenses / Munim - SGE Resumo: A agricultura familiar entende-se aquele modelo na qual o cultivo da terra é realizado por pequenos proprietários rurais envolvendo a mão-de-obra do núcleo familiar. Para que esta possa manter-se no atual cenário de mercado cada vez mais competitivo e excludente é necessário criar formas e alternativas de trabalho e sobrevivência. A diversificação rural pode ser uma dessas formas. Nesse contexto, este presente trabalho objetiva avaliar a diversificação da renda da agricultura familiar nos municípios de Morros e Barreirinhas do território dos Lençóis Maranhenses/Munim. Esse território está inserido na Mesorregião Norte Maranhense, formado por 12 municípios onde a produção agropecuária é baseada em produtos da agricultura familiar. Esta pesquisa foi realizada com os moradores de diversas comunidades do município de Morros e Barreirinhas, através de aplicação de 54 questionários sob forma de entrevistas. Conforme os resultados encontrados, observou-se que, a situação da renda familiar se encontrava regular em ambos os municípios. A fonte de renda e de ganhos em dinheiro dos moradores do município de Morros e Barreirinhas se encontrava pouco variada, da mesma forma ocorre com a produção sendo pouco variada também. Em relação às principais fontes de renda a maior parte provém do sistema agropecuário de produção. Dessa maneira, concluímos que a situação da renda, e as das diversas fontes de renda e produção, ainda é incipiente, pois são poucos que executam a pluriatividade. Palavras Chave: Agricultura familiar, diversificação da renda, territórios Abstract: Family farming means that model in which the cultivation of the landis held by small landowners involving hand labor of the family. So that it can remain in the current market scenario increasingly competitive and exclusionary is necessary to create and alternative forms of work and survival. The rural 54 diversification can be one of those ways. Therefore, this present study aims to evaluate the income diversification of family farms and hills in the municipalities of the territory of Barreirinhas Maranhenses / Munim. This territory is inserted in the Greater Region North of Maranhão, formed by 12 municipalities where agricultural production is based on family agriculture products. This research was conducted with residents of several communities in the city of hills and Barreirinhas, by application of 54 questionnaires in the form of interviews. As the results, it was observed that the situation of the family income wasregular in both municipalities. The source of income and cash income of the residents of the city of hills and Barreirinhas was somewhat varied, as occurs with the production being slightly too wide. Regarding the main source of income comes from most agricultural production system. Thus, we conclude that the situation of income, and the various sources of income and production is still incipient, because there are few running pluriactivity. Key Words: Family agriculture, income diversification, territories Introdução No cenário que compõe o meio rural existe um ator com grande importância econômica e social: o agricultor familiar. A agricultura familiar é um setor estratégico para a manutenção e recuperação do emprego, para redistribuição da renda, para a garantia da soberania alimentar do país e para a construção do desenvolvimento sustentável (SCHUCH, 2004). Por agricultura familiar entende-se aquele modelo na qual o cultivo da terra é realizado por pequenos proprietários rurais, e todo o processo que envolve a produção provem da mão-de-obra do núcleo familiar, diferente da agricultura patronal, onde a mão-de-obra é de trabalhadores contratados, em propriedades de médio ou grande porte. Com a diversificação da propriedade, além de garantir a segurança alimentar de sua família, já que a maioria dos alimentos consumidos vem da própria produção, o pequeno agricultor pode obter renda de diversas fontes, independente da situação do mercado. O agricultor enraizado na concepção da monocultura corre riscos perante o mercado agropecuário produtivo. Para que a agricultura familiar possa manter-se no atual cenário de mercado cada vez mais competitivo e excludente é necessário criar formas e alternativas de trabalho e sobrevivência. A diversificação rural/agrícola pode ser uma dessas formas, uma vez que poderá diminuir os riscos de se ter apenas uma atividade como principal fonte de renda e manutenção familiar. Encarada como um ato coletivo enquadrador de um processo de revitalização social, econômica e ambiental, a diversificação constitui uma das opções estratégicas na política do desenvolvimento rural, em particular dos territórios rurais mais afetados pelo declínio de determinadas atividades agrícolas O Território Lençóis Maranhenses/Munim está inserido na Mesorregião Norte Maranhense, formado por 12 municípios, a área total do território alcança 14.374,9 km², a população total do território é de 201.574 habitantes, dos quais 64,65% vivem no meio rural. A produção agropecuária no Território é baseada em produtos da agricultura familiar (mandioca, milho, feijão, arroz e frutos extrativos) voltada para a subsistência da família, assim como a criação de pequenos e médios animais e bovinos que funcionam como poupança para os momentos necessários, essas atividades são desenvolvidas em propriedades rurais de pequeno e médio porte (abaixo de 200 há) (PTDRS, 2005). Nesse contexto, este presente trabalho possui como investigação a diversificação da renda da agricultura familiar nos municípios de Morros e Barreirinhas do território dos Lençóis Maranhenses / Munim. 55 Material e Métodos Esta pesquisa foi realizada nos meses de Outubro a Dezembro de 2010, nos municípios de Morros e Barreirinhas no Estado do Maranhão, através de aplicação de questionários sob forma de entrevistas realizada pela equipe do projeto ―Implantação do processo de avaliação e acompanhamento do Sistema de Gestão Estratégica no território dos Lençóis Maranhenses / Munim, através do resultado do levantamento do índice de condição de vida (ICV)1. Estas entrevistas foram realizadas com os moradores de diversas comunidades do município de Morros e Barreirinhas. Foram 52 famílias entrevistadas, sendo 27 em Morros e 27 em Barreirinhas. No município de Morros as comunidades entrevistadas foram: Bacaba, Baixa Grande, Brejo Velho, Buriti dos Ramos, Centrinho, Lago, Mata dos Alves, São Jose, São Jose dos Bezerros e São Jose dos Bichos. No município de Barreirinhas foram entrevistadas as comunidades de: Bom Jardim, Bom Passar, Buriti Amarelo (Breu), Caboclo I, Caboclo II, Maricão, Massangano I e Massangano II. No questionário foram pautadas algumas inquietações, baseada em questões sobre a fonte de renda e da produção conforme o ponto de vista dos entrevistados, tais como: a situação de renda da sua família, no sentido da quantidade de dinheiro que sobrava para a família, a resposta era indicada através de uma escala de 1 a 5, onde 5 é a resposta máxima (ótimo) e 1 a resposta mínima (péssima); a produção da família era variada, muito, mais ou menos, pouco ou nada variada; de onde provinha a renda ou os ganhos em dinheiro da família; a fonte de renda ou de ganhos em dinheiro da família era muito, mais ou menos, pouco ou nada variada. Resultados e Discussão Conforme as questões abordadas, observou-se que, segundo o ponto de vista dos entrevistados do município de Morros e de Barreirinhas, a situação de renda de sua família se encontrava regular em ambos os município, 11 dos 27 entrevistados responderam que a quantidade de dinheiro que sobrava para a manutenção da família era irregularmente satisfatória para suprir a necessidade básica da mesma, representando 40,7%. Em Morros somente em três comunidades os moradores afirmaram que a situação de renda se encontrava boa. A fonte de renda e de ganhos em dinheiro dos moradores do município de Morros, dos informantes 7,4% afirmaram ser nada variada, 44,4% alegaram sua fonte de renda pouco variada, enquanto 18,5% mais ou menos variada e 22,2% nada variada, em Morros. Em Barreirinhas, encontramos 7,4% nada variada 40,7% pouco variada, 18,5% mais ou menos variadas e 22,2% disseram ser variada. Dessa forma, percebemos que são poucos os moradores que usam da pluriatividade e da diversificação uma fonte de variação de renda e agregação de valor ao próprio meio de trabalho que foi proporcionado. Por produção agropecuária entende-se tudo aquilo que a propriedade produz em uma área que irá gerar um produto onde será vendido ou consumido pela família. Nas comunidades do município de Morros, 51,8 % dos moradores afirmaram que sua produção é pouco variada, e 11,1% disseram que a produção de suas propriedades era 1 O objetivo deste projeto é implantar no Território dos Lençóis Maranhenses / Munim o Sistema de Gestão Estratégica do Programa Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais a partir de uma articulação entre a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), o Colegiado Territorial (CODETER), a Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT), a ETHOS – Assessoria, Consultoria e Capacitação em Desenvolvimento Local Sustentável, a Cooperativa de Serviços, Pesquisa e Assessoria Técnica (COOSPAT) e a Delegacia Regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). 56 variada. Em barreirinhas o histórico é pouco parecido, pois 40,7% alegaram ter sua produção pouco variada, enquanto 15,5% foram varidas. Através desse quadro podemos observar que algumas comunidades ainda vivem enraizadas no sistema de monocultura. Tabela 1. Representação da quantidade de respostas das principais atividades desenvolvidas pelos moradores das comunidades entrevistadas no município de Morros e Barreirinhas – MA RESPOSTA MORROS ATIVIDADE RESPOSTA BARREIRINHAS Produção agrícola/pecuária/pesqueira/extrativista própria 21 18 Trabalho agrícola para terceiros (safrista, temporários, etc.) 8 9 Trabalho não agrícola (serviço, comércio ou indústria) 3 2 Artesanato/manufatura 0 5 Turismo rural/ambiental/ecológico/aventura 0 0 Processamento ou beneficiamento de produtos 8 7 Aposentadoria ou pensão 4 11 Programas de transferência de renda (bolsa família, etc.) 20 11 Arrendamento de áreas 1 0 Remessas de familiares, amigos, etc. (doações) 2 5 Outras fontes de renda 0 2 Conforme tabela acima, observados algumas formas de fonte de renda de ambos os municípios entrevistados. Percebemos que as principais fontes de renda provém do sistema agropecuário de produção, não diferindo do trabalho realizado por Perondi (2007) em um município do sudoeste do Paraná onde 38% da renda total era agrícola e 22% provinha de transferências sociais como aposentadoria. Outra questão, implicante e que predominou nas respostas de ambos os municípios são os Programas de transferência de renda (bolsa família, etc.), que apesar de garantir um capital para as famílias rurais desprovidas de oportunidades em geral, infelizmente é um dos incentivadores do falta de diversificação da renda e do comodismo do homem e mulher do campo. Conclusões Podemos concluir que a diversidade da renda ainda é incipiente, pois são poucos que executam a pluriatividade. Existe a necessidade de políticas de incentivo e suporte para os produtores dessa região, pois como foi abordado acima, são poucos os que usam da diversidade de produção para garantir sua renda, predominando um sistema que degrada o meio ambiente e dificulta o crescimento do próprio produtor e do município. Acreditamos também que a diversificação da renda precisa ser incentivada, pois não somente estes municípios estudados neste trabalho, mais quase todos os outros pertencentes a esse território apresentam uma região rica em solo, água e vegetação. Então, estes devem ser valorizados, mobilizados, estimados, voltando-se políticas publicas de instiguem e baluarte voltados para aquele faz do uso desta a fonte de sobrevivência, o homem e mulher do campo. 57 Referências 1. PTDRS – Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Território Lençóis Maranhenses\ Munim, elaborado por ETHOS – Assessoria, Consultoria e Capacitação em Desenvolvimento Local sustentável. São Luís\MA, maio 2005. 2. PERONDI, M.A. Diversidade dos meios de vida e mercantilização da agricultura familiar. Tese de doutorado - Porto Alegre, 2007, p. 130. 3. SCHUCH, H.J. A Importância da opção pela Agricultura Familiar. http://gipaf.cnptia.embrapa.br/itens/publ/fetagrs/fetagrs99.doc.(17/01/2004). 58 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.11. Politica ambiental no Brasil: Avanços e retrocessos Maria de Fátima Souza, Nathani de Souza Bressan, Maria de Fátima Silva, Ana Lidia Coutinho Galvão Resumo: O aumento da população mundial e da indústria, de maneira exorbitante e descontrolada tem afetado o equilíbrio do meio ambiente. Leis e Tratados como o Estatuto da Cidade ‖Lei 10.257 de 2001‖ e o Protocolo de Quioto foram estabelecidos para controlar e ou amenizar os danos. Em 1990, criou-se o Fórum das Organizações Não-governamentais Brasileiras Preparatórios para a Conferência da Sociedade Civil sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, fundamental no processo de discussão da política ambiental no Brasil. No plano plurianual do governo Collor foi instituído a Secretaria de Meio Ambiente da Presidência da República-Semam/PR que tinha como competências todas as atividades relativas à Política Nacional do Meio Ambiente. A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Conferência do Rio), teve como anfitrião o Brasil, evento que marcou decisivamente a preocupação do governo com a preservação ambiental. Os problemas ambientais do Brasil na década de 70 como: Poluição atmosférica, resíduos sólidos, poluição hídrica e desflorestamento, mostram que o objetivo da política econômica não foi compatível com a proteção ao meio ambiente. Foi também criada a Lei n. 9.433, de 1997, que estabeleceu o plano de uma nova Política Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, e o Código Florestal (Lei 4.771/95). Particularmente no Brasil, essa questão do meio ambiente hoje está fazendo parte da agenda política e no planejamento empresarial. Entretanto, o tamanho do problema ambiental é conhecido por todos e necessita de análise profunda e abrangente das relações com a adaptação das políticas públicas ambientais ao crescimento econômico. Palavras Chave: Políticas públicas, políticas ambiental, sustentabilidade. 59 1. Introdução O planeta tem se deparado com desafios relacionados ao aumento populacional e crescimento industrial acentuado gerado pelo consumismo desenfreado, o que traz conseqüências significativamente danosas para o meio ambiente. No entanto, o planeta vem assistindo a uma propagação da consciência ecologia e grande preocupação com as alternativas de desenvolvimento sustentável, que tem como objetivo permitir a inserção de mecanismos de ação para utilizar os recursos naturais com mais responsabilidade e que seja acrescentada na agenda da ação do Estado (MORAES e TUROLLA, 2004). A discussão sobre a sustentabilidade vem sendo aprofundado nos problemas dos ambientes construídos, principalmente o ambiente urbano. Assuntos como sustentabilidade urbana e cidades sustentáveis está sendo inserido nas agendas ambientais e urbana. O Estatuto da Cidade, Lei 10.257 de 2001, definiu os princípios e instrumentos básicos da política urbana no Brasil e é a principal referência em gestão urbana, junto com os planos diretores municipais. Pode-se dizer que embora a Lei 10.257 signifique um grande avanço na política urbana brasileira. (BRAGA, 2010). Durante o governo do presidente Collor (1990-1992) buscou incorporar à sua pauta discussões sobre a problemática ambiental no Brasil, reforçando a idéia de modernidade que procurava representar. A partir de então, discursava-se sobre o desenvolvimento econômico aliado à preservação do meio ambiente, política que reforçou a abertura econômica do país ao mercado externo, mas foi considerado um retrocesso, pois colocou em risco direitos já garantidos. Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, os ambientalistas se reuniram e formularam uma série de medidas necessárias a serem tomadas com urgência, documentado na ―Plataforma ambiental mínima para os presidenciáveis‖, o qual foi enviado aos candidatos à presidência com o fito de demonstrarem concordância ou não. Em 1990, o plano do Governo Collor, orientava todos os órgãos da administração pública federal a definir prioridades, diretrizes e metas ambientais em suas respectivas áreas de forma a incorporar a preocupação ecológica ao planejamento e à ação. Este artigo tem como objetivo apontar os problemas ambientais, os seus avanços e retrocessos e a metodologia utilizada foi revisão bibliográfica. 60 2. Principais problemas ambientais no Brasil Em 1974 com a implantação do II Plano Nacional de Desenvolvimento, nesse período o objetivo da política econômica não foi compatível com a proteção ao meio ambiente, acelerando ainda mais o processo de degradação ambiental. Exemplificamos neste contexto uso não sustentável de recursos apresentados no Brasil nesse período: Poluição atmosférica, Resíduos sólidos, Poluição hídrica e desflorestamento. 2.1. Políticas públicas ambientais no Brasil Com a falha do sistema de mercado em destinar com eficiência os recursos naturais, tornaram se maior os problemas ambientais ao longo dos séculos. Para reverter estes problemas precisou haver intervenção decisiva do Estado, que possui um papel regulador e ainda estratégias que favoreceram a urgência do compromisso dos vários interesses da sociedade, empresas e outros. O Estado pôde intervir com medidas como: A utilização de instrumentos econômicos (taxação, subsídios, mercados de direitos de uso); normas e regulamentos; fiscalização. As que tiveram maior relevância foram: Políticas de proteção à atmosfera: são de responsabilidade do Estado. O Brasil contribui através de programas executados, na extinção dos graves riscos globais de mudanças climáticas, atuando com responsabilidade para a implementação do Protocolo de Quioto. Políticas de resíduos sólidos: a gestão desta política é de competência dos estados. O processo de seleção e separação é promovido pelo Poder Público municipal pelos setores privado e catadores. Algumas ações em recinto federal foram desenvolvidas na expectativa da aprovação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que faz necessário para regular o setor. Políticas de saneamento e recursos hídricos: É de responsabilidade da União legislar sobre as águas e ainda de responsabilidade dos Estados e Municípios promover a qualidade desses recursos e combater a poluição. O saneamento básico durante o período de industrialização tolerou grande pressão na demanda pelo serviço. Teve como resposta a criação do Plano Nacional de Saneamento (PLANASA) que facilitou as melhorias no sistema, apesar das suas deficiências. 61 Políticas de proteção às florestas os principais instrumentos que regulamentam a questão florestal no País são: o Código Florestal (Lei 4.771/95), a Lei de Proteção à Fauna (Lei 5.197/67) e a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/81). 2.2. Cidadanias Ambientais Todavia, as metas estabelecidas no plano plurianual do presidente Fernando Collor, não só não foram implementadas, como demonstravam clara contradição com as ações efetivas do governo no que diz respeito à política de meio ambiente. Visando melhorar a imagem do Brasil como um país preocupado com as questões ambientais, a principal estratégia de marketing do governo Collor foi a política indigenistas. No entanto, tal política não se mostrou permanente, visto que os grupos de apoio aos indígenas denunciaram a total inércia da FUNAI e a insuficiência de recursos. Mais uma vez implementando medidas que não viabilizaram a preservação ecológica. O governo Collor restabeleceu a política de incentivos fiscais para a Amazônia, suspenso desde 1989 e criada durante o regime militar. Ocorre que tal medida foi responsável por sérios danos ao meio ambiente, pelo aumento dos conflitos fundiários e por colocar em risco a sobrevivência de vários povos indígenas. As razões que explicariam tal situação seriam o desrespeito das medidas, recomendações técnicas e as práticas de desmatamento, gerando a degradação dos solos, bem como a má utilização dos recursos públicos. 3. Considerações finais Nos últimos anos a questão do meio ambiente fortaleceu, pois a população em geral está cada vez mais consciente do problema que acarreta o mau uso dos recursos naturais, e que afetam o meio ambiente trazendo conseqüências desagradáveis à humanidade. Particularmente no Brasil, essa questão do meio ambiente hoje está fazendo parte da agenda política e no planejamento empresarial. Entretanto, o tamanho do problema ambiental é conhecido por todos e necessita de análise profunda e abrangente das relações com a adaptação da política publica ambientai ao crescimento econômico. 62 4. Referências Bibliográficas BRAGA, Roberto. Política Urbana e Desenvolvimento sustentável: Avanços e Limites do Estatuto da Cidade. In: PPLA 2010: SEMINÁRIO POLÍTICA E PLANEJAMENTO, 2, 2010. Curitiba. Anais... Curitiba: Ambiens, 2010. [CD] MORAES, Sandra Regina Ribeiro de. e TUROLLA, Frederico Araújo. Visão geral dos problemas e da Política Ambiental no Brasil. Informações Econômicas, SP, v.34, n.4, abr. 2004. SILVA-SÁNCHES, Solange S. Cidadania ambiental: novos direitos no Brasil. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2000. http://www.achegas.net/numero/vinteeseis/ana_sousa_26.htm <acessado em> 30/08/2011. 63 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.12. Produção de mudas de maracujazeiro-amarelo com resíduo agroindustrial de batata como estratégia na sustentabilidade da atividade agrícola familiar Leonardo Humberto Silva e Castro¹, Josiane Cristina de Assis², Luiz Gustavo Silva e Castro³ ¹ Aluno de Eng. Agr., UNIARAXÁ, Araxá-MG, e-mail: [email protected] ² Dra. Eng. Agr., professora UNIARAXÁ, Araxá-MG, e-mail: [email protected] ³ Aluno de Eng. Agr., FAFRAM, Ituverava-SP, e-mail: [email protected] Resumo: Com as dificuldades enfrentadas pelos agricultores familiares, objetivou-se analisar mudas de maracujazeiro-amarelo ‗cultivar IAC-275‘ oriundas de misturas com o resíduo agroindustrial de batata, como estratégia de diminuição dos custos com matérias-primas. O experimento foi conduzido em estrutura de viveiro, sob sombra de 50%, na Fazenda Experimental de Araxá (FEAX) - EPAMIG, entre os meses de fevereiro a abril de 2012, testando 6 misturas, baseadas em 3 dosagens do resíduo, 10%, 20% e 30%, respectivamente, associadas ao tratamento químico (5 kg de super fosfato simples + 1 kg de KCl + 1 kg de Yoorin Master 1S) e uma testemunha. Foi utilizado o delineamento experimental em blocos casualizados, com 6 tratamentos, 4 repetições e 20 plantas por parcela. Após 70 dias da semeadura, avaliaram-se as características: altura da parte aérea (cm), comprimento radicular (cm), número de folhas e matéria seca total (g). Foi observado que a utilização do resíduo como parte do substrato é uma alternativa favorável ao desenvolvimento do maracujazeiro-amarelo, sendo, então, uma estratégia de viabilização econômica para agricultores familiares. Palavras Chave: agricultura familiar, batata, maracujazeiro-amarelo, mudas, resíduo, sustentabilidade, estratégia Production of passionfruit seedlings with agro residue of potato as a strategy in the sustainability of agricultural activity family Abstract: With the difficulties faced by family farmers, aimed to analyze passionfruit seedlings 'IAC-275' originated from mixtures with the agro industrial residue of potato as a strategy to decrease costs with raw materials. The experiment was conducted in structure of nursery under the shade of 50 %, at the Experimental Farm of Araxa (FEAX) - EPAMIG between the months of February to April 2012, testing 6 mixtures based on 3 dosages of the residue - 10 %, 20% and 30% - respectively, associated with 64 the chemical treatment (5 Kg of super phosphate simple + 1 kg of KCl + 1 kg of Yoorin Master 1S) and a witness. Experimental design was used in a randomized complete block with 6 treatments, 4 reps and 20 plants per plot. After 70 days of sowing evaluated the characteristics: height of air (cm), root length (cm), number of leaves and total dry matter (g). It was observed that the use of the residue as part of the substrate and an alternative favorable to the development of yellow passion fruit, and then a strategy of economic viability for family farmers. Key Words: family agriculture, passionfruit, potato, residue, seedlings, strategy, sustainability Introdução Sendo uma cultura de grande importância mundial, por ter acentuada aceitação no mercado (COSTA et al., 2009), o maracujazeiro-amarelo ganhou importância no Brasil a partir das primeiras exportações de suco, na década de 70 (MENDONÇA et al., 2006), principalmente pelo fato de apresentar características físico-químicas e pelos efeitos fármacoterapêuticos dos seus frutos ( COSTA et al., 2009). MENDONÇA et al., 2007 citam que a cultura do maracujazeiro emprega grande quantidade de mão-de-obra, assim caracterizada como atividade agrícola familiar. Este tipo de atividade, do ponto de vista estratégico, tem grande importância para a manutenção e recuperação do emprego, redistribuição de renda, garantia de alimento e para o desenvolvimento sustentável (FERREIRA et al., 2003), mesmo enfrentando grandes entraves, destacando-se a incapacidade de acompanhar o grande avanço tecnológico do setor agrícola e à discriminação da política passada (SOUZA et al., 2008). O elevado custo de produção de mudas é um dos maiores problemas enfrentados pela atividade (MENDONÇA et al., 2004), o que dificulta a estadia do agricultor familiar nesta atividade agrícola. Daí, em 1996, houve o surgimento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, que financia operações de custeio e investimento (SOUZA et al., 2008), podendo auxiliar o agricultor familiar a suprir suas baixas produtividades e possibilitar um melhor uso dos recursos existentes. Os substratos empregados devem apresentar propriedades físico-químicas adequadas, bem como fornecer os nutrientes essenciais ao desenvolvimento das plantas (MENDONÇA et al., 2006), ter ausência de agentes patogênicos de raízes e sementes infestantes, ser de fácil aquisição e transporte, ter boa textura e estrutura e pH adequado (COSTA et al., 2009). O resíduo gerado pela empresa Bem Brasil – Araxá-MG, que produz batata pré-frita congelada e em flocos, é uma alternativa observada para a composição do substrato, sendo um fator de grande relevância social, econômica, e ambiental, principalmente por ser um produto-descarte da empresa e pelo fato de, atualmente, não ter valor comercial, nem destinação direta, estando, então, estocado em grandes quantidades em seu parque industrial. A empresa estima produzir em média 400 toneladas do resíduo por mês. Sua interferência na agricultura pode ser observada na diminuição direta no custo com matérias-primas. Objetivou-se com este trabalho avaliar a qualidade de mudas de maracujazeiroamarelo quando utilizado o resíduo agroindustrial de batata como parte do substrato, sendo uma estratégia de viabilização econômica para agricultores familiares. 65 Material e Métodos O ensaio foi conduzido em estrutura de viveiro, coberta com tela de 50% de sombreamento, na Fazenda Experimental de Araxá (FEAX) – EPAMIG, (S 19º36‘0.2‘‘ e W 46º53‘52.9‘‘; 1031 m de altitude), nos meses de fevereiro a abril de 2012. Utilizaram-se 480 sacolas plásticas de 14 x 28 cm, semeando uma semente por sacola, com sementes da cultivar IAC-275. O delineamento utilizado foi o de blocos casulalizados, com 6 tratamentos e 4 repetições e 20 plantas por parcela experimental. As misturas empregadas foram: [M1: LV; M2: LV+TQ; M3: LV+TQ+10%RB; M4: LV+TQ+20%RB; M5: LV+TQ+30%RB; M6: LV+30%RB; sendo, LV: latossolo vermelho; TQ: tratamento químico (5 kg de super fosfato simples + 1 kg de KCl + 1 kg de Yoorin Master 1S); RB: resíduo de batata]. Após 70 dias, avaliou-se: altura da parte aérea (cm), comprimento radicular (cm), número de folhas e matéria seca total (g), encontrada após estadia em estufa a 60ºC, por 72 horas. Os dados foram submetidos à análise de variância a 5% e foi realizado o teste de médias DMS-t a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Comparando as variáveis, evidenciou-se que todos os tratamentos diferiram entre si para todas, como mostrado na análise de variância (Tabela 1). As médias das variáveis foram de 18,60 cm de altura da parte aérea; 9,46 cm de comprimento radicular; 7,16 folhas e 0,17 g de matéria seca total. Tabela 1 – Quadados médio da altura da parte aérea (cm), comprimento radicular (cm), número de folhas e matéria seca total (g) medidas em plantas de maracujazeiro-amarelo ‗IA-275‖, em seis misturas, aos 70 dias de desenvolvimento. FEAX-EPAMIG, Araxá, MG, 2012. GL Altura da parte aérea (cm) Comprimento radicular (cm) Número de folhas Matéria seca total (g) Blocos 3 18,08 0,81 0,10 0,00 Tratamentos 5 73,39** 23,31** 1,62** 0,0095** Resíduo 15 2,89 0,56 0,09 0,00 Média 18,60 9,46 7,16 0,17 CV (%) 9,16 7,94 4,36 3,38 F.V. **e* significativos a 1 e 5% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. Ao observar variabilidade estatística, os dados foram submetidos ao teste de médias DMS-t (Tabela 2). 66 Tabela 2 – Médias da altura da parte aérea (cm), comprimento radicular (cm), número de folhas e matéria seca total (g) medidas em plantas de maracujazeiroamarelo ‗IAC-275‖, em seis misturas, aos 70 dias de desenvolvimento. FEAX-EPAMIG, Araxá, MG, 2012. Tratamento Altura da parte aérea (cm) Comprimento radicular (cm) Número de folhas Matéria seca total (g) M1 14,470b 8,095d 6,725c 0,109e M2 13,805b 6,245e 6,983c 0,121d M3 23,260a 8,485d 7,650b 0193b M4 22,153a 11,188b 8,250a 0,169c M5 21,873a 9,705c 6,765c 0,195b M6 16,023b 13,058a 6,633c 0,236a Dados seguidos de mesma letra na coluna não diferem entre si estatisticamente ao nível de 5% de significância pelo teste DSM-t. Para a variável ‗altura da parte aérea‘ as misturas M3, M4 e M5 foram as que resultaram nos melhores resultados, dando ênfase à mistura M3 com 23,26 cm, evidenciando sua maior eficiência em relação à utilização de Concinal Fertilizador® em substratos, aos 128 dias (14,71 cm), verificado por (MENDONÇA et al., 2006). O maior comprimento radicular avaliado foi o da mistura M6 (13,058 cm), mostrando um maior aprofundamento radicular, quando comparado com 7,96 cm, avaliado aos 80 dias, em substratos alternativos com doses de Osmocote® (MENDONÇA et al., 2004), bem como a matéria seca total (0,236 g), corroborando com (MENDONÇA et al., 2006), que avaliou 0,21 g utilizando Concinal Fertilizador® em substratos, aos 128 dias. A maior quantidade de folhas obtida foi evidenciada na mistura M4 (8,25), valor superior a 6,4, encontrado por (MENDONÇA et al., 2007) utilizando doses do fertilizante de adubação lenta Entec® no substrato, aos 120 dias. Conclusões A partir dos resultados deste trabalho, pode-se afirmar que a utilização do resíduo agroindustrial de batata como parte do substrato é uma alternativa favorável ao desenvolvimento do maracujazeiro-amarelo, sendo, sim, uma estratégia de viabilização econômica para agricultores familiares. Literatura Citada COSTA, E. et al. Efeitos da ambiência, recipientes e substratos no desenvolvimento de mudas de maracujazeiro-amarelo em Aquidauana – MS. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 31, n. 1, p. 236-244, 2009. FERREIRA, V. R. et al. A fruticultura como alternativa para a produção familiar no âmbito do PRONAF nos municípios de Campos dos Goytacazes e São Francisco do Itabapoana – RJ. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 3, p. 436439, 2003. 67 MENDONÇA, V. et al. Osmocote e substratos alternativos na produção de mudas de maracujazeiro-amarelo. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 28, n. 4, p. 799-806, 2004. MENDONÇA, V. et al. Qualidade de mudas de maracujazeiro-amarelo formadas em substratos com diferentes níveis de Lithothamniun. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 30, n. 5, p. 900-906, 2006. MENDONÇA, V. et al. Fertilizante de liberação lenta na formação de mudas de maracujazeiro ‗amarelo‘. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 31, n. 2, p. 344-348, 2007. SOUZA, P. M. et al. Otimização econômica, sob condições de risco, para agricultores familiares das regiões norte e noroeste do estado do Rio de Janeiro. Pesquisa Operacional, v. 28, n. 1, p. 123-139, 2008. 68 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 1.13. Percepção dos consumidores quanto à qualidade e à certificação de produtos coloniais / artesanais Milene Dick1, Verônica Schmidt 2, Marcelo Abreu da Silva3 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Agronegócios / UFRGS. Professora do Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios / UFRGS. 3 Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia / Faculdade de Agronomia / UFRGS. 2 Resumo: A preocupação com a qualidade dos produtos de origem animal tem direcionado os esforços dos diferentes elos das cadeias produtivas. A produção local é uma significante fonte de renda para os pequenos produtores e a qualidade dos produtos coloniais é indispensável para a inserção e permanência dos mesmos no mercado. A proposta do trabalho foi identificar através de entrevistas os aspectos de qualidade relevantes para os consumidores de produtos de origem animal oriundos de agricultura familiar de maneira a valorizar esse tipo de produção, assim como avaliar o entendimento dos consumidores quanto a questões de certificação. Foram realizadas 131 entrevistas no período de 29 a 31 de agosto de 2011 no Pavilhão da Agricultura Familiar do Parque de Exposições Assis Brasil em Esteio / RS, durante a Expointer. Observou-se que grande parte das pessoas que opta por esses produtos, o faz baseandose em critérios sensoriais. A preocupação com a saúde e questões culturais também se mostram presentes. Quanto ao conhecimento sobre certificações, verificou-se um confundimento com inspeção sanitária, alertando para a necessidade de esclarecimentos da população com o intuito de agregar valor aos produtos. Palavras Chave: orgânicos, pequenos produtores, produção verde, rastreabilidade, valor agregado The consumers perception about quality and certification of local products Abstract: The concern about the quality of animal products has directed the efforts of different links in supply chains. The local production is a significant source of incomes for small farmers, and the local products quality is essential for its introduction and permanence in the market. This paper aims to identify, through interviews, quality aspects which are relevant to consumers of animal products produced in agricultural family in order to value this kind of production, as well as to assess consumer‘s understandings in certification issues. A total of 131 interviews were conducted from 29 to 31 August 2011, at the Pavilion of Agricultural Family of Assis Brasil Exhibition 69 Park, in Esteio / RS, during Expointer. It was observed that most people who opt consumption these products, choose it based on sensory criteria. Moreover, there was considering the concern about health and cultural issues. Regarding knowledge of certification, there was observed a misunderstanding related to sanitary inspection, presenting the need to clarify the population in order to add value for the products. Key Words: organics, small farmers, green production, rastreability, value-added Introdução O perfil dos consumidores tem mudado significativamente nas últimas décadas. O desejo por uma vida longa e saudável tem estimulado as pessoas a se interessarem pela qualidade de tudo que as rodeiam principalmente dos alimentos que ingerem. Essa demanda tem exigido um controle mais rigoroso quanto à qualidade ao longo de toda cadeia produtiva, desde a matéria-prima, passando pelos processos de produção, armazenagem e transporte, até a distribuição final. Nesse sentido, muitos produtores locais têm buscado ferramentas para garantir e comprovar a qualidade de seus produtos como forma de conquistar e /ou manter seus clientes e também de agregação de valor. O presente artigo tem como objetivo avaliar a percepção dos consumidores quanto à qualidade dos produtos coloniais / artesanais e desta maneira identificar os aspectos que influenciam na escolha dos consumidores e na sua predileção pelos produtos locais. Material e Métodos Foram realizadas 131 entrevistas dentro do pavilhão da agricultura familiar no Parque de Exposições Assis Brasil em Esteio / RS – Brasil durante os dias 29, 30 e 31 de agosto de 2011, no período da Expointer. O método de abordagem foi aleatório, independente de gênero ou idade, sendo que as entrevistas foram realizadas por quatro entrevistadores em diferentes horários do dia. As questões abordadas foram: (1) Por que consome estes alimentos? (2) O que entende por qualidade? E (3) defina certificação. As respostas foram categorizadas por semelhança, sendo os dados obtidos submetidos à análise fatorial de correspondência múltipla (AFCM), através do software Multiv 2.4 (2006). Resultados e Discussão Na análise inicial dos efetivos das diferentes classes de variáveis, verificou-se que do total de 131 respondentes somente seis afirmaram não consumir ou não ter o hábito de consumir alimentos coloniais / artesanais, fato devido provavelmente ao local de aplicação das entrevistas onde se encontram majoritariamente pessoas interessadas neste tipo de produto e que motivou sua exclusão do conjunto de dados que foi submetido à AFCM. Nesta fase, destaca-se também o número de entrevistados que confundem certificação com inspeção (de origem sanitária e que condiciona a destinação dos alimentos para consumo humano) ou que não sabem o que o termo significa (37 e 23, respectivamente), o que demonstra o grande desconhecimento do tema demonstrado por parte das pessoas envolvidas no estudo. Na AFCM realizada a partir de 22 classes de variáveis, observou-se que os dois primeiros eixos acumulam 18,15% da variabilidade total, ao invés de 9,1% no caso das variáveis de base serem totalmente independentes umas das outras (figura 1) 70 Figura 1 – Coordenadas da análise fatorial de correspondência múltipla realizada sobre 22 classes de variáveis. São identificadas no gráfico as seguintes classes de variáveis: Sexo feminino (fem); sexo masculino (hom); até 29 anos de idade (<30); entre 30 e 39 anos de idade (<40); entre 40 e 49 anos de idade (<50); entre 50 e 59 anos de idade (<60); 60 ou mais anos de idade (60>); consome alimentos coloniais / artesanais por hábito (coha); consome por qualidade (coqu); consome porque é saudável (cosa); consome por questões sensoriais (cose); consome por outras razões (coou); qualidade = bom em termos sensoriais (qse); qualidade = saudável (qsa); qualidade = na validade/fresco (qva); qualidade = higiênico (qhi); qualidade = com origem conhecida (qor); qualidade = forma de produção correta (qfo); certificação = inspeção (cein); certificação = garantia de qualidade (cega); certificação = normas/selo (ceno); não sabe o que é certificação (cena). O eixo 1 que responde por 9,49% da variabilidade total, discrimina os entrevistados principalmente em função de gênero e de características relativas ao grau de conhecimento dos mesmos sobre os termos qualidade e certificação. De um lado, observam-se respondentes de sexo masculino, que consomem alimentos coloniais / artesanais por hábito, relacionam qualidade com higiene e certificação com normas ou selos. De outro lado, observam-se entrevistados de sexo feminino, que relacionam qualidade e consumo destes alimentos a características sensoriais (gosto, cheiro) e não sabem o que é certificação. O eixo 2 que responde por 8,66% da variabilidade total, discrimina os entrevistados principalmente em função da faixa etária e de sua preocupação com características sensoriais e nutraceuticas dos alimentos. De um lado, observa-se entrevistados com sessenta ou mais anos de idade que relacionam qualidade e consumo de produtos coloniais / artesanais a seu efeito sobre a saúde. De outro lado, observam-se respondentes entre 30 e 49 anos de idade que relacionam consumo e qualidade destes 71 alimentos a questões sensoriais e que entendem o termo certificação como garantia de qualidade. Destacam-se assim nestes resultados uma maior atenção do público estudado para características sensoriais e relativas ao impacto dos alimentos sobre a saúde dos consumidores. Esta maior atenção por características sensoriais foi observada por Cantarelli (2000) juntamente com um aumento crescente da preferência pela preparação por métodos tradicionais. Com relação à saúde, Ablan (2000) incorpora à noção de qualidade, aspectos relativos ao processo produtivo como o uso de agroquímicos. Niño de Zepeda et.al. (1999) classificam qualidade quanto inocuidade, valor nutricional e atributos de valor. Estes últimos relacionados a valores socioculturais e de convivência, assim como a questões sociais e ambientais. A combinação destas características aponta para a oportunidade de se ressaltar através de diferentes estratégias de divulgação e de rotulagem de produtos, suas características diferenciais em termos sensoriais e nutraceuticos. Estas informações também indicam um grande campo de ação no que se refere à formação/educação dos consumidores com vistas à compreensão e valorização da qualidade e certificação de produtos alimentícios em geral e, em particular, de produtos diferenciados como os de origem colonial / artesanal. Conclusões Nas condições de realização do presente trabalho observou-se que: - A compreensão dos termos qualidade e certificação pelos consumidores de alimentos coloniais / artesanais é relacionada principalmente a características sensoriais e nutraceuticas destes alimentos; - Há um grande desconhecimento do público quanto ao significado do termo certificação, incluindo o confundimento com temas tão diversos, tais como, inspeção sanitária. Agradecimentos À Sarita, Francisco e Charles. Literatura citada ABLAN, E. Políticas de Calidad en el Sistema Agroalimentario Español. Agroalimentaria, N° 10: 63-72. Venezuela, 2000. CANTARELLI, F. El Observatorio Internacional para la valorización de los alimentos tradicionales de los países mediterráneos de la Unión Europea, Agroalimentaria, N°10: 45-51. Venezuela, 2000. NIÑO de ZEPEDA A., GODOY P. y ECHAVARRI V. Calidad como Opción Estratégica de Desarrollo Pecuario, en de Recursos Productivos a Alimentos: Estrategias de Calidad, págs. 1-11. IICA / SAG, 1999 PILLAR, V. de P. Multiv: Multivariate Exploratory Analysis, Randomization Testing and Bootstrap Resamplimg. User‘s Guide. Versão 2.4. Porto Alegre: UFRGS, 2006. 51p. 72 2. Agroecologia 73 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 2.1. A Extensão Rural Agroecológica sob o Desenvolvimento Sustentável Haroldo Wilson da Silva1 1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UNIFENAS. Resumo: Nesta revisão, abordamos discussões que permeiam questões sobre um novo modelo de extensão rural com base em uma nova ciência, no caso a agroecologia. Desde os conceitos e debates sobre o desenvolvimento rural a partir de uma concepção de crescimento econômico, até as novas abordagens sobre o desenvolvimento rural com princípios agroecológicos. Analisar a temática da extensão rural agroecológica e como esta se insere na perspectiva das abordagens sobre desenvolvimento sustentável que tratam da relação sociedade e natureza é o objetivo deste trabalho. Isso nos motiva a levantar questões sobre como um novo modelo de extensão rural agroecológicapoderá promover possibilidades e alternativasdo desenvolvimento rural sustentável. O discurso e a prática de uma nova extensão rural, pautada nos princípios agroecológicos e visando a um desenvolvimento rural sustentável, apresentam, portanto, um cenário que envolve pressupostos sobre as relações entre sociedade e natureza, que merece ser estudado pela abordagem da agroecologia. Nas considerações finais procuramos responder se a incorporaçãoé possível de êxito. Palavras Chave: agroecologia, extensão rural, desenvolvimento sustentável. The Rural extension Qualification under sustainable development Abstract: In this review, we approach discussions about issues that permeate a new rural extension model based on a new science, in case the Agroecology. Since the concepts and debates about rural development from a conception of economic growth, until the new approaches on rural development with agroecological principles. Analyze the theme of the qualification in rural extension and how this fits into perspective approaches on sustainable development dealing with the relationship society and nature is the goal of this work. This motivates us to raise questions about how a new model of rural extension qualification can promote possibilities and alternatives of sustainable rural development. The discourse and practice of a new rural extension, based on the principles agroecological and aimed at sustainable rural development, feature, Therefore, a scenario that involves assumptions about the relationship between society and nature, it deserves to be studied by the approach of Agroecology. At the considerations we asked if the final embedding is possible with success. Key Words: Agroecology, rural extension, sustainable development 74 Introdução Esta revisão realiza um apanhado teórico sobre a agroecologia, abordando sua concepção e contribuição sob o desenvolvimento rural sustentável. Inicia-se com a compreensão de desenvolvimento rural sustentável, a partir da agroecologia, para então aprofundarem-se na questão da extensão rural agroecológica. Assim, é intenção desta revisão é reforçar a compreensão do desenvolvimento rural sustentável em bases agroecológica de sustentabilidade. No entanto, a extensão rural agroecologia é possível e quais os parâmetros da agroecologia sob a extensão rural no processo de transição agroecológica? Dessa maneira, temos o objetivo de desenvolver uma análise da agroecologia fundamentada na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável. Será descrita nos seguintes tópicos:Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável; Extensão Rural Agroecológica. Assim, é intenção reforçar a compreensão da extensão rural agroecológica que vem se constituindo como uma alternativa extremamente importante para o desenvolvimento sustentável. É atribuída à relevância a esta revisão como um mecanismo de contribuição a compreensão do impacto gerado pela agroecologia sob a extensão rural na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável. Contudo, ainda assim, o relato dessa revisão apesar de aprendizado, deve servir, exclusivamente, de motivação a futura pesquisa com maior detalhamento da temática supracitada. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável A ligação entre sustentabilidade e Agroecologia é amarrada pelo uso racional dos recursos naturais. Onde por meio de práticas agroecológicas se conseguirá um modelo de desenvolvimento que vai culminar em um ambiente sustentável, (Freitas at al., 2006). De acordo com Moreira & Carmo, (2004), a agroecologia representa uma forma de abordar agricultura que incorpora cuidados especiais relativos ao ambiente, aos problemas sociais e à sustentabilidade ecológica dos sistemas de produção. Vale ressaltar também que, a agroecologiaabrange uma concepção dos níveis ecológicos e sociais,da estrutura e do funcionamento dos agroecossistemas,motivando os pesquisadores a conheceremda sabedoria e as habilidades dos agricultores e a reconhecer a capacidade, sem limites, de unir biodiversidade aos sistemas produtivos,como forma de criar sinergismos úteis quefavoreça os agroecossistemas dahabilidade de manter-se ou voltar a um estado inato de estabilidade natural,(Moreira & Carmo, 2004). Para Freitas et al., (2006), a agroecologia prima pela vida e pelo saber teórico e empírico dos agricultores, tem como base às diversas relações e interações que ocorrem em determinado local, e a partir desse conhecimento se busca maximizar as interações no intuito de alcançar a estabilidade e a produtividade total da propriedade. Por conseguinte, para o desenvolvimento rural sustentável, a partir da agroecologia, não deve constituísse como hegemônica a todo meio rurais do mundo, ao invés disso, a sustentabilidade e a estratégia de desenvolvimento rural devem ser determinadas a partir da participação e da identidade etnoecossistêmica de acordo com cada localidade a ser considerada. Tal estratégia, para tanto, deve ser originada no interior da localidade pelo reforço aos mecanismos de oposição ao discurso hegemônico da modernização agrária, tão comum nas zonas rurais, (Moreira & Carmo, 2004). Segundo Freitas et al., (2006), o desenvolvimento rural sustentável implica em potencializar formas de desenvolvimento cujo objetivo seja a satisfação das necessidades das gerações presentes, sem que a condição para isso, seja a não disponibilidade destas condições para as gerações futuras. 75 Extensão Rural Agroecológica A Extensão Rural Agroecológica compõem-se a partir da intervenção planejada para a criação e de estratégias de desenvolvimento rural sustentável, com destaque na participação popular, na agricultura familiar e nos princípios da Agroecologia como direcionamento para a elevação de estilos de agricultura socioambiental e economicamente sustentáveis, (Caporal & Costabeber, 2000). Pressupõe, ainda, o processo de intervenção de caráter educativo e transformador, fundamentado em metodologias de investigação-ação participante que proporcione o desenvolvimento de uma prática social por meioda qual os sujeitos do processo recorrem à construção e sistematização de conhecimentos que os conduza a incidir conscientemente sobre a realidade, (Caporal & Costabeber, 2000). Ademais, Ao contextualizar a extensão rural agroecológica já ver claramente se a imprescindível necessidade de se conhecer outro desenvolvimento, respaldado na agricultura sustentável, e na ação da nova extensão rural, (Caporal & Costabeber, 2000). Portanto, a Extensão Rural Agroecológica pode ser definida como fonte principal de orientação para a o cumprimento de nossa atuação em prol do desenvolvimento rural sustentável. Conclusões A agroecologia pressupõe a construção de uma nova ciência comprometida com a compreensão dos problemas socioambientais da atualidade, buscando cada vez mais soluções realmente sustentáveis. A agroecologia não é uma ciência acabada, pelo contrário, ela é recente e se encontra em plena construção, na direção da construção do Desenvolvimento Rural Sustentável. A agroecologia é uma junção de conhecimentos de diferentes ciências, bem como o saber popular, que possibilita tanto a compreensão, análise e crítica do atual modelo do desenvolvimento rural. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável:perspectivas para uma nova extensão rural. In: Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v.1, n.1, p.16-37, jan./mar. 2000. FREITAS, D. M., et al. AGROECOLOGIA E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL NA PERSPECTIVA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DO CAMPO. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul - Ronda Alta, 2006. MOREIRA, R. M. & CARMO, M. S. AGROECOLOGIA NA CONSTRUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL. Agric. São Paulo, São Paulo, v. 51, n. 2, p. 37-56, jul./dez. 2004. 76 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 2.2. Serviços Ambientais e Domesticação da paisagem através de Agrofloresta R. O. Silva1, W. Steenbock2, P. Sogabe3, L.G. Salmon4 C. E. Seoane5, L. C. M. Froufe5 1_ Pesquisador da Cooperafloresta. 2_ Pesquisador do ICMBio. 3_ Graduanda de Agroecologia, UFPR; estagiária da Embrapa Florestas. 4_ Graduando de Gestão Pública, UFPR; estagiário da Embrapa Florestas. 5_ Pesquisador da Embrapa Florestas. Resumo: O objetivo deste trabalho foi estudar a domesticação de paisagens e serviços ambientais da Agrofloresta praticada pela Cooperafloresta no Vale do Ribeira, através de entrevistas, análise fitossociológica e estimativas de biomassa e carbono na vegetação. Há dois métodos de domesticação de paisagem: Parcelas de Manejo Intensivo (PMI) e Parcelas Sem Intervenção Direta (PSD). As PSD são as atuais matrizes da paisagem destas propriedades. Nas PMI identificamos 222 espécies vegetais. A biomassa de carbono variou entre 39,56 e 129,06 Mg C ha -1 e a taxa anual de incremento de carbono variou de 6,59 a 21,51 Mg C ha -1.. As Agroflorestas promovem restauração da floresta tropical e a fixação de carbono. Palavras Chave: Sistema Agroflorestal, Agroecologia, serviço ambiental. Abstract: The aim of this research was to study Cooperafloresta Agrofloresta's landscape domestication and environmental service, trough interviews, Phytossociological analysis and plant biomass and carbon estimates. There are two landscape domestication methods: Intensive management plots (PMI) e No Direct Intervention Plots (PSD). PSD are the actual landscape matrix in these properties. In PMI we identified 222 plant especies. Carbon biomass varied from 39.56 to 129.06 Mg C ha-1 and the annual carbon increment rate from 6.59 to 21.51 Mg C ha -1.. Agroflorestas promote tropical forest restoration and higher carbon fixation rates. Key Words: Agroforestry System, Agroecology, Environmental Services. 77 Introdução Vários estudos recentes estão caracterizando os mecanismos de formação das paisagens sob a influência humana. A domesticação das paisagens para a produção de alimentos e madeira geralmente decresce tanto a resiliência do ecossistema quanto os serviços ambientais. Sistemas de produção que contribuam positivamente para a resiliência do ecossistema e ofereçam serviços ambientais devem ser buscados, estudados e incentivados (FROUFE et al., 2011). Neste contexto, um sistema promissor é o Sistema Agroflorestal Multiestratificado Sucessional Agroecológico Participativo, popularmente conhecido como Agrofloresta. O Vale do Ribeira, entre as divisas dos estados Paranaense e Paulista, encontra-se inserido no mais preservado mosaico de Mata Atlântica do Brasil. Ali a agricultura praticada tradicionalmente era a de coivara e os agricultores sobreviviam principalmente da produção de feijões. A Cooperafloresta, uma organização de 112 familias rurais, vem há mais de quinze anos transformando a situação econômica e social de seus associados através de Agroflorestas. Os associados em pouco mais de uma década triplicaram suas rendas (COSTA-E-SILVA, 2011) e melhoraram consideravelmente sua alimentação (FONINI, 2011) e sua qualidade de vida (BRAGA, 2011). A Cooperafloresta vende uma variedade de aproximadamente 130 produtos in natura, entre frutas, legumes, tubérculos e produtos processados. Os atuais mercados incluem mercados institucionais do governo, feiras livres e vendas no varejo (PEREZCASSARINO, 2011). O objetivo deste trabalho foi identificar e discutir aspectos relacionados a Agrofloresta em termos de domesticação de paisagens e determinar os efeitos da agrofloresta sobre os serviços ambientais relacionados a diversidade de plantas e estocagem de carbono. Material e Métodos Para identificar aspectos de domesticação de paisagens associados a Agrofloresta, nós entrevistamos famílias de associados sobre usos anteriores praticados antes da associação à Cooperafloresta e mapeamos in loci os atuais usos de terra e classes de idade das Agroflorestas com o apoio de técnicas de Sistema de Posicionamento Geográfico (GPS). Para determinar os efeitos da Agrofloresta sobre a diversidade de plantas e potencial de estocagem de carbono, nós conduzimos uma análise fitossociológica em 12 Parcelas de Manejo Intensivo (PMI), com diferentes idades entre 3 e 15 anos, considerando árvores e arbustos com pelo menos 1,5 m de altura. Foram medidos a altura e o diâmetro na altura do peito (DAP), que foram utilizados para estimar biomassa e carbono na vegetação, através das análises de correlação de Pearson. Resultados e Discussão A Agrofloresta deve ser denominada corretamente de 'Sistema Agroflorestal Multiestratificado Sucessional Agroecológico Participativo'. Multistratificado pois é composto de vários estratos produtivos, do herbáceo ao arbóreo; é sucessional pois sua implantação e manejo buscam uma analogia aos processos da sucessão natural da floresta tropical; é agroecológico, e oficialmente certificado com tal, por ter sustentabilidade economica, ambiental e social; e participativo por que a tomada de decisões, as implantações, os manejos e a comercialização são realizadas coletivamente. 78 Na média cada propriedade tem 22,1 hectares. Em média, 13,9% de uma propriedade tem florestas em estado de regeneração avançada. Nós distinguimos dois métodos de domesticação de paisagem: Parcelas de Manejo Intensivo (PMI) e Parcelas Sem Intervenção Direta (PSD). Ao longo dos últimos quinze anos, uma média de 38% da área total da propriedade foi convertida a PMI. Geralmente as PMI são implantadas na primavera e a cada ano o tamanho das novas implantações vem diminuindo, pela percepção de que parcelas menores porém melhores planejadas e manejadas dão melhores resultados que parcelas maiores. As PMI atuais tem geralmente 600 metros quadrados, dez vezes menor que as mais antigas. Na PSD não há intervenção direta, ali ocorrendo portanto os processos naturais de sucessão secundária. Nas PSD se intenciona acumular biomassa, fertilidade e biodiversidade, que oferecerão condições iniciais otimizadas para as futuras PMI. As PSD são as atuais matrizes da paisagem destas propriedades, sendo encontradas em toda a propriedade com exceção das PMI, e incluem as PMI antigas não mais manejadas e os remanescentes de floresta nativa. Nós identificamos 222 espécies vegetais, grande parte destas arbóreas (tabela 1), e das quais 77% eram espécies nativas do local. Há na média 6.800 indivíduos/ha. A diversidade e densidade arbórea das agroflorestas são maiores do que as de regenerações secundárias vizinhas, das mesmas idades (45 espécies; 3,620 indivíduos/ha). Já que inicialmente perto de 100% das árvores encontradas nas PMI foram plantadas, nós encontramos uma correlação positiva entre riqueza e árvores plantadas (r=0.628; p=0.021). A biomassa de carbono variou entre 39,56 e 129,06 Mg C ha-1 e teve uma alta correlação positiva com a idade da PMI (r=0,742, p=0,004). A taxa anual de incremento de carbono variou de 6,59 a 21,51 Mg C ha -1, valores significativamente maiores do os encontrados em florestas de regeneração secundárias. Conclusões As Agroflorestas da Cooperafloresta oferecem uma gama de serviços ambientais, incluindo a promoção da diversidade arbórea, a restauração da floresta tropical e a fixação de carbono. A Agrofloresta é um exemplo sábio de domesticação da natureza pois seus dois métodos, rotacionando no espaço e no tempo, resultam em uma paisagem produtiva sob intenso processo de restauração. Agradecimentos Ao Projeto Agroflorestar, da Cooperafloresta/Petrobrás; ao Projeto Agroflorestas, da Embrapa. Literatura citada BRAGA, P.C. Resistência e autonomia na construção do sujeito agroflorestal. Dissertação de mestrado, Programa de pós graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento - MADE – UFPR. 2011. COSTA E SILVA, L. As necessidades e fontes de informação para a comercialização de produtos agroecológicos na Região Metropolitana de Curitiba: um estudo de caso na Cooperafloresta. Dissertação de Mestrado, Programa de PósGraduação em Ciência, Gestão e Tecnologia da Informação, UFPR. 2011. 79 FROUFE, LCM; RACHVAL, MFG; SEOANE, CES. Potencial de Sistemas Agroflorestais Multiestrata para sequestro de carbono em áreas de ocorrência de Floresta Atlântica. Pesquisa Florestal Brasileira, v. 31, n. 66, pp143-154, 2011. FONINI, R. Agrofloresta e Alimentação: estratégias de adaptação de um grupo quilombola em Barra do Turvo (SP). Dissertação de mestrado, Programa de pós graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento - MADE – UFPR. 2011. PEREZ-CASSARINO, J. A construção social de mecanismos alternativos de mercado no âmbito da Rede Ecovida de Agroecologia. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. 80 Tabela 1 – Lista parcial das espécies arbóreas encontradas nas PMI Nome comum local Nome Científico família Alexeiro Angico Aperta guela Araçatinga Araticum cagão Ariticum Arueira Barriguda Cabeludinha Camirinha Canela Canela branca Canela niúva Canela sebosa Canjarana Capiruvu (guapuruvu) Capororoca Caquera Caquera sem espinho Carne de paca, maria mole Caroba Casca de areia Cedro Coração de bugre Embaúba, embaúba branca Erva de lagarto Fruta do conde Gabiroba Graviola Guassatunga Imbira Ingá Ingá mirim Ingá preto Jabuticaba Jacarandá Jacataúva Jinipapo Juçara, palmito juçara Mamica de cadela Miguel pintado Orianeira Paineira Pata de vaca Pata de vaca com espinho Pau jacaré Pimenta de sabia Pitanga Tamanqueira Tapia (tapiaieiro) Tauva (tauveira) Timbó Pera glabrata Parapiptadenia rigida Gomidesia affinis Eugenia leitonni Anonna cacans Anonna coriaceae Schinus terebenthifolius Cavanillesia arborea Eugenia tomentosa Gaylussacia brasiliensis Nectandra sp Nectandra membranacea Nectandra lanceolata Alouea saligna Cabralea canjerana Schizolobium parahyba Myrsine coriaceae Senna multijuga Senna sp Guapira opposita Jacaranda micrantha Lamanonia sp Cederla fissilis Prunus sellowi Cecropia glaziovii Casearia sylvestris Annona squamosa Campomanesia xanthocarpa Annona muricata Casearia decandra Daphnopsis sp Inga sp Inga sellowiana Inga lenticifolia Eugenia edulis Dalbergia brasiliensis Citharexylum myrianthum Genipa americana Euterpe edulis Zanthoxylum rhoifolium Matayba eleagnoides Alchornea glandulosa NI Bauhinia sp Bauhinia forficata Piptadenia gonoacantha Xylopia brasiliensis Eugenia uniflora Aegiphila sellowiana Alchornea triplinervea Guarea macrophylla Lonchocarpus sp Euphorbiaceae Fabaceae Myrtaceae Myrtaceae Annonaceae Annonaceae Anacardiaceae Bombacaceae Myrtaceae Ericaceae Lautaceae Lauraceae Lauraceae Lauraceae Meliaceae Caesalpiniaceae Myrsinaceae Fabaceae Fabaceae Nyctaginaceae Bignoniaceae Cunoniaceae Meliaceae Rosaceae Cecropiaceae Fabaceae Annonaceae Myrtaceae Annonaceae Flacourtiaceae Thymelaeaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Myrtaceae Fabaceae Verbenaceae Rubiaceae Arecaceae Rutaceae Sapindaceae Euphorbiaceae Bombacaceae Fabaceae Fabaceae Fabaceae Annonaceae Myrtaceae Lamiaceae Euphorbiaceae Meliaceae Fabaceae 81 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 2.3. Utilização de macroalgas arribadas na adubação orgânica1 Seidler, E.2, Sacramento, R.M.O.2, Yoshimura, C.Y.3 1 Parte do projeto de iniciação científica júnior dos dois primeiros autores, financiado pela Fapesc. Alunos do Curso técnico em Agropecuária do Instituto Federal Catarinense – Campus Camboriú. 3 Professora orientadora, Instituto Federal Catarinense – Campus Camboriú. 2 Resumo: As macroalgas marinhas normalmente ocorrem fixas às rochas, mas eventualmente são arrancadas de seus substratos e acabam depositadas nas praias, constituindo as chamadas algas arribadas. O presente projeto analisou a utilidade destas macroalgas como fertilizante do solo em cultivos orgânicos. As macroalgas utilizadas no presente projeto foram coletadas na Praia de Armação do Itapocoroy, Penha, SC. O projeto consistiu na análise do desenvolvimento de 825 plantas de alface (Lactuca sativa), submetidas a três tratamentos: sem adubação, com adubação de cobertura e com adubação de farinha de algas. O plantio foi realizado em 3 canteiros com volume aproximado de 8,1 m³, e em cada um deles foram transplantadas 275 plantas. A cada semana, foram coletadas aleatoriamente 25 plantas de cada tratamento, que foram lavadas, secas ao sol e depois secas em estufa. A análise do desenvolvimento das plantas foi feita a partir do peso seco médio. A média dos pesos secos foi utilizada para calcular e comparar as taxas de crescimento relativo (TCR, % dia -1) dos 3 tratamentos testados ao longo de 7 semanas. As TCR‘s dos 3 tratamentos mostraram padrões similares ao longo do tempo, entretanto, as plantas cultivadas com farinha de algas obtiveram TCR e pesos mais altos que os outros dois tratamentos. Palavras Chave: adubação orgânica, agroecologia, cultivo orgânico, macroalgas arribadas Utilization of macroalgae as organic fertilizer Abstract: Marine macroalgae typically occur fixed on rocks, but eventually can be ripped from their substrates and end up deposited on beaches, constituting the so-called beach-cast algae. This project examined the usefulness of this biomass as soil fertilizer, mitigating the environmental impacts caused by chemical fertilizers and contributing to the proper disposal of that biomass. The seaweeds used in this study were collected at Armação do Itapocoroy beach, Penha, SC. The study consisted in the analysis of development of 825 plants of lettuce (Lactuca sativa), cultivated under three treatments: without fertilizing, with conventional fertilizer and fertilized with algae. The planting was done in 3 beds with approximate 8.1 m³ each. Weekly, during 7 weeks, 25 plants per treatment were randomly collected, washed, sun-dried and then dried in an oven. The analysis of plants development was made from weekly assessment of the mean dry 82 weight. The mean was used to calculate and to compare the Relative Growth Rate (RGR, %.day-1) for each treatment. The RGR of 3 treatments showed similar patterns over time, however, the plants grown with seaweed meal obtained higher TCR and mean weight than the other two treatments. Key Words: agroecology, beachcast macroalgae, organic cultivation, organic fertilization Introdução As macroalgas marinhas são encontradas em ambientes costeiros e são abundantes onde há substrato disponível. Eventualmente, algumas destas macroalgas podem ser arrancadas de seus substratos, indo parar nas praias, constituindo o que se denomina de algas arribadas (Kirkman & Kendrick, 1997). Dentre estas, costuma-se destacar o Sargassum spp (Ochrophyta) e a Ulva spp (Chlorophyta) pela grande biomassa apresentada (Braga, 2000). Um problema que tem sido cada vez mais frequente no litoral catarinense é a eutrofização, ou seja, o aumento excessivo na quantidade de nutrientes inorgânicos, causado principalmente pela ação antrópica, seja pela emissão de esgotos e resíduos da agricultura diretamente nas águas costeiras, seja pelas práticas de aquicultura. Tal eutrofização pode acarretar no aumento da taxa fotossintética das algas marinhas, pela grande quantidade de nutrientes. Nessas condições, há um aumento da biomassa das algas, que muitas vezes acumulam-se nas praias. Com o recolhimento desta biomassa, a prefeitura tem custos, e em geral, despeja esse excesso de algas em aterros ou lixões. Uma alternativa ecologicamente correta para esse excesso seria utilizá-lo como adubo. Dessa forma, as algas arribadas passariam a ser consideradas um insumo agrícola, uma vez que esta biomassa poderia ser utilizada para produção de alimentos. Esta seria uma alternativa para muitos profissionais que buscam produzir alimentos de forma menos impactante ao ambiente. O presente projeto visa comparar o crescimento de alface (Lactuca sativa) cultivada no sistema convencional (com adubação de cobertura), com adubação com farinha de macroalgas arribadas e sem adubação. O objetivo geral foi analisar a utilidade das macroalgas arribadas como fertilizante do solo. Os objetivos específicos foram: produzir a farinha de algas a partir de sua biomassa seca, e calcular e comparar as taxas de crescimento das alfaces nos três tratamentos testados. Material e Métodos As macroalgas arribadas utilizadas no presente projeto foram coletadas na Praia de Armação do Itapocoroy, município de Penha, SC. A biomassa coletada foi de aproximadamente 150 kg. Após a coleta as algas foram triplamente lavadas, secas ao sol e depois secas em estufa a uma temperatura de 60ºC durante 48 horas. Depois deste processo, as algas foram trituradas com liquidificadores para obtenção de 10 kg de farinha de algas, que foi incorporada ao solo do tratamento correspondente. Foram semeadas 1200 sementes de alface em bandejas, que após 4 semanas foram transplantadas para os canteiros de 8,1m³ (275 plantas em cada tratamento: com adubação de cobertura, com farinha de algas e sem adubação). A cada semana, durante 7 semanas foram coletadas aleatoriamente 25 plantas de cada tratamento, que foram lavadas, secas ao sol e depois em estufa a 60ºC e pesadas. A partir do peso individual foi calculado o peso médio das plantas de cada tratamento e estes dados foram utilizados para calcular e comparar as taxas de crescimento relativo (TCR, % dia-1) dos tratamentos avaliados. 83 Resultados e Discussão Os resultados obtidos estão apresentados na Figura 1A. Nesta, é possível verificar que na primeira semana de análise das plantas de alface, o tratamento correspondente ao uso da farinha de algas se mostrou mais eficaz quanto à TCR, comparado aos demais tratamentos, que por sua vez não mostraram muita diferença entre seus valores. Na segunda semana de análise, observa-se uma considerável queda nas TCR‘s de todos os tratamentos comparado à semana anterior, ao mesmo tempo ocorreu uma similaridade entre as TCR‘s dos tratamentos com a farinha de algas e o tratamento convencional. Na terceira semana ocorreu um significativo aumento nas TCR‘s de todos os 3 tratamentos, entretanto, é evidente um melhor desempenho das plantas cultivadas com adubação, e ao mesmo tempo que o tratamento sem adubação apresentou resultados menos expressivos. Na quarta semana ocorreram mudanças significativas entre os tratamentos, observando que o tratamento com a farinha de algas apresentou o menor desempenho, embora os valores de TCR‘s nos 3 tratamentos tenham sido muito próximos. Na quinta semana os tratamentos com adubação de farinha de algas e de cobertura melhoraram visivelmente seus desempenhos, com uma taxa mais alta do tratamento com a farinha. Já o tratamento sem adubação apresentou o pior resultado entre os tratamentos nesta coleta e também o pior desempenho quando comparado às semanas anteriores. Na sexta semana foi observada uma queda drástica nos valores das TCR nos tratamentos com adubação, atingindo inclusive um valor negativo no tratamento com farinha de algas (provavelmente por perda de biomassa das plantas). No tratamento sem adubação a TCR foi similar à semana anterior. Na última semana verificou-se a elevação dos valores de TCR dos tratamentos com adubação, ao passo que o tratamento sem adubação manteve-se similares às duas semanas anteriores. Assim observamos que ao longo de todas as semanas, apesar das variações apresentadas pelaTCR do tratamento com farinha de algas, este foi o que apresentou o melhor resultado, ao longo das semanas, no que diz respeito ao crescimento relativo das plantas, comparando com os demais tratamentos. A B Figura 1- A) Taxas de Crescimento Relativo (TCR) das plantas de alface cultivadas em três condições diferentes de adubação, durante sete semanas. B) Peso Médio das plantas de alface cultivadas em três condições diferentes de adubação, durante oito coletas. ■Tratamento sem adubação, ■Tratamento convencional, ■ Tratamento com algas. 84 A primeira coleta da análise do peso médio (Figura 1B) é referente ao peso médio das mudas no momento do transplante para os canteiros e por este motivo as plantas possuíam a mesma média, uma vez que as plantas não haviam sido submetidas a nenhum tratamento. A partir da segunda coleta, observou-se que as plantas submetidas ao tratamento com farinha de algas alcançaram médias superiores, ao longo de todas as coletas. Na sexta coleta observou-se um crescimento substancial, principalmente por parte dos tratamentos de adubação com algas e o convencional. Na última coleta observou-se um grande aumento no peso médio das plantas, tanto no tratamento com farinha de algas, que se manteve superior aos demais, quanto no tratamento convencional. O peso médio das plantas cultivadas sem adubação, embora tenha aumentado, foi muito inferior aos valores observados nos tratamentos com adubação, como era esperado. O experimento foi executado somente até a sétima semana de cultivo pelo fato de as plantas terem atingido o ponto de colheita. Conclusões O tratamento com a utilização da farinha de algas alcançou os melhores resultados, tanto na TCR quanto no peso médio das plantas. Portanto, é possível a utilização dessas macroalgas arribadas como insumo agrícola, já que estas apresentaram resultados favoráveis para a produção agrícola. É importante ressaltar que no processo de lavagem dessas algas há um consumo muito grande de água, mas a partir de uma possível parceria com a prefeitura de Penha, poderia ser montada uma estrutura nas proximidades do local de coleta, e que fosse coletada e utilizada água da chuva para lavagem das mesmas. Um ponto importante que deve ser ressaltado seria a análise e acompanhamento da salinidade da farinha de algas, pois se as algas arribadas forem utilizadas em grande escala, o excesso de sal proveniente delas pode vir a prejudicar a saúde do solo. Literatura citada BRAGA, M.R.A. 2000. Algas do mar. In: Ciência Hoje na Escola, 4: Meio Ambiente: Águas. Sociedade Brasileira para o Progresso de Ciência. 3. Ed. Rio de Janeiro. RJ. p. 45-48. KIRKMAN, H. & Kendrick, G.A. 1997. Ecological significance and commercial harvesting of drifting and beachcast macroalgae and seagrasses in Australia: a review. Journal of Apllied Phycology 9: 311-326. 85 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 2.4. Espécies da Agrofloresta com potencial econômico no longo prazo, bioindicadoras e facilitadoras de fluxo gênico Carlos Eduardo Seoane1, Rodrigo Ozelame2, Walter Steenbock3, Wilnatã Maschio4, Isaque Leal Pinkuss5, Luís Cláudio Maranhão Froufe1 1_ Pesquisador da Embrapa Florestas. 2_ Pesquisador da Cooperafloresta. 3_ Pesquisador do ICMBio. 4_ Graduando de Geografia, UTP; estagiário da Embrapa Florestas. 5_ Graduando de Engenharia Florestal, UFPR; estagiário da Embrapa Florestas. Resumo: A facilitação de fluxo gênico é um potencial serviço ambiental das Agroflorestas, que também necessitam de alternativas economicas de ciclo longo. Este trabalho objetivou selecionar espécies arbóreas bioindicadoras com potencial econômico. Para tanto, realizou-se levantamento fitossociológico em Parcelas de Manejo Intensivo (PMI) das Agroflorestas e pesquisa bibliográfica. Se destacaram: Zanthoxylum rhoifolium, Campomanesia xanthocarpa, Prunus sellowi, Centrolobium spp e Citharexylum myrianthum. Palavras Chave: Fluxo gênico, bioindicadores, sistema agroflorestal, Agroecologia. Abstract: Gene flow facilitation is an Agrofloresta's potential environment service. Agrofloresta also needs economic alternatives in the long run. This work aimed to select tree species adequated for bioindication that have economic potential. Phytosociological surveys in Intensive Management Plots (PMI) of Agroflorestas and bibliographical surveys were realized. The species Zanthoxylum rhoifolium, Campomanesia xanthocarpa, Prunus sellowi, Centrolobium spp e Citharexylum myrianthum are the ones indicated. Key Words: Gene flow, bioindicators, Agroforestry system, Agroecology. Introdução A fragmentação florestal é uma das maiores ameaças para a conservação da biodiversidade dos remanescentes das florestas tropicais (Seoane et al., 2010). Os remanescentes florestais da Mata Atlântica se encontram em fragmentos florestais cercados por uma matriz antrópica, ocupada principalmente por atividades ligadas a 86 agropecuária. Frente a este quadro, um importante serviço ambiental que uma atividade humana pode proporcionar é ser permeável à movimentação da biota silvestre entre os fragmentos florestais, facilitando o fluxo gênico dessa. A facilitação da permeabilidade de matriz para fluxo gênico da biota nativa está entre os potenciais serviços ambientais ofertados pelo Sistema Agroflorestal Multiestratificado Sucessional Agroecológico Participativo, popularmente conhecido como Agrofloresta, praticado no Vale do Ribeira, entre as divisas dos estados Paranaense e Paulista, pela Cooperafloresta, uma organização de 112 familias rurais. As Parcelas de Manejo Intensivo (PMI) da Agrofloresta atualmente praticada pela Cooperafloresta tem um ciclo sucessional 'clareira à clareira' de cerca de 15 anos, relativamente mais curto do que o mesmo ciclo na floresta nativa, que é em média de 47 anos (Martinez-Ramos et al, 1988). Isto atualmente ocorre por que uma PMI de 15 anos oferece menos produtos e ganhos economicos para o agricultor do que PMI mais jovens, e assim deixa-se de manejar a PMI e esta torna-se uma Parcelas Sem Intervenção Direta (PSD), onde não se espera grande retorno economico, ou realiza-se corte raso, reiniciando o ciclo agroflorestal de PMI. Portanto estudar, planejar e implementar alternativas econômicas de ciclo longo é importante para uma maior semelhança entre o ciclo sucessional das PMI e o da floresta natural, aumentando com isto o potencial de conservação de biodiversidade da Agrofloresta. Algumas destas alternativas econômicas de ciclo longo residem nos potenciais madeireiros e de produção de frutos das espécies nativas. O objetivo deste trabalho foi, a partir de PMI representativas do conjunto de PMI da Cooperafloresta, selecionar espécies arbóreas nativas espontâneas que sejam adequadas para bioindicação e facilitação de fluxo gênico da biota nativa e que tenham potencial econômico. Material e Métodos Foram realizados as seguintes etapas: 1 - Seleção das PMI para os levantamentos fitossociológicos, 2 - Levantamento Fitossociológico e 3 – Seleção de espécies. A seleção das PMI para os levantamentos fitossociológicos foi realizada através de um diagnóstico participativo nas comunidades de associados, que identificaram critérios que caracterizam ―uma boa Agrofloresta‖. Tais critérios foram discutidos em grupo, hierarquizados por priorização coletiva (Geilfus, 1997) e sistematizados. A partir dos critérios selecionados realizou-se diagnóstico participativo, de cada uma das PMI da Cooperafloresta (Figura 1), que permitiu selecionar as 12 melhores PMI para o levantamento fitossociológico. Para a realização do levantamento fitossociológico, em cada uma das 12 PMI foram implantadas cinco parcelas de 100 m2. Neste levantamento foram identificados todos os indivíduos com mais de 1,5 m de altura, bem como medidos a CAP (Circunferência a Altura do Peito) e a altura de cada indivíduo. Identificou-se se cada indivíduo é de uma espécie nativa ou exótica e se foi plantado ou espontâneo. Foram realizadas coletas para a confecção de exsicatas e estas foram identificadas e depositadas no Herbário Fernando Cardoso, na Embrapa Florestas. As espécies nativas encontradas no levantamento fitossociólogico foram selecionadas de acordo com os seguintes critérios, buscados na bibliografia: 1 - Valor econômico no longo prazo, 2 - Espontânea (não plantada) na PMI, 3- Polinização e/ou dispersão de sementes realizada pela fauna; 4 – Interesse de cultivo da espécie por parte 87 dos agricultores da Cooperafloresta e 5 - Existência de protocolo de marcador molecular microssatélites. Selecionaram-se apenas espécies espontâneas nas PMI pois estas, diferentemente das nativas que não ocorrem nas PMI, demonstram adequação para domesticação às condições agroflorestais. Resultados e Discussão Pelo diagnóstico participativo foram identificados 32 critérios de 'Boa Agrofloresta', excluindo-se os critérios repetidos ou com o mesmo significado. Analisando o significado dos mesmos, foi possível agrupá-los em cinco eixos (Figura 1): (1) critérios relacionados ao manejo, (2) critérios relacionados à biodiversidade, (3) critérios relacionados ao ―cuidado e carinho‖, (4) critérios relacionados à ―terra boa‖ e (5) critérios relacionados à produção. Seguindo estes critérios foram selecionadas 12 'boas Agroflorestas' (PMI). O método de diagnóstico participativo se mostrou eficiente para a seleção de PMI. Figura 1 – Exemplo de diagnóstico participativo de Agrofloresta e das notas dadas nos cinco eixos de critérios de seleção participativa. No levantamento fitossociológico das PMI foram identificadas 222 espécies vegetais, das quais 77% eram espécies nativas do local. Algumas espécies atendem plenamente ao potencial econômico e de bioindicação de permeabilidade de matriz, porém ainda não existem protocolos de microssatélites para seu gênero disponíveis na literatura: Miguel Pintado (Matayba eleagnoides), Canela Niúva (Nectandra 88 lanceolata), Canela Branca (Nectandra membranacea), Angico (Parapiptadenia rigida) e Urucurana (Hyeronima alchorneoides). Mamica de cadela (Zanthoxylum rhoifolium), Gabiroba (Campomanesia xanthocarpa), Coração de bugre (Prunus sellowi), Araribás (Centrolobium spp) e jacataúva (Citharexylum myrianthum) (Tabela 1) são as principais espécies indicadas tanto para serem alvo de enriquecimento e cultivo nas PMI, por seu potencial de geração de renda no longo prazo, quanto para ter suas populações nas florestas naturais pesquisadas, por seu potencial de bioindicação de fluxo gênico, pois aliam o potencial econômico no longo prazo com o potencial de bioindicação e facilitação de fluxo gênico. Tabela 1 – Espécies espontâneas nas Parcelas de Manejo Intensivo (PMI) de Agroflorestas da Cooperafloresta indicadas para cultivo e bioindicação de fluxo gênico Nome comum Nome científico Polinização Mamica de cadela Zanthoxylum rhoifolium Abelhas e diversos insetos pequenos Abelhas e Campomanesia Gabiroba diversos insetos xanthocarpa pequenos Coração de bugre Araribá Jacataúva Dispersão de sementes Utilidades econômicas Dados silviculturais Principalmente por aves Madeira, apícola e medicinal Pioneira, crescimento moderado Vários animais Madeira, frutos, apícola e medicinal Tolera sítios mal drenados, de crescimento lento Prunus sellowi Principalmente abelhas Aves e animais Madeira Secundária, adaptação a diversos solos. Crescimento relativamente rápido Centrolobium spp Abelhas sem ferrão e outros insetos Anemocoria (vento) Madeira Secundária inicial, crescimento moderado Citharexylum myrianthum Insetos e beijaflores Aves (principalmente tucano) e mamíferos Madeira e apícola Secundária inicial, crescimento moderado Conclusões O método de diagnóstico participativo se mostrou eficiente para a seleção de Parcelas de Manejo Intensivo (PMI) de Agroflorestas. Há várias espécies arbóreas espontâneas que aliam o potencial econômico no longo prazo com o potencial de bioindicação e facilitação de fluxo gênico, que devem ser cultivadas nas PMI de Agroflorestas e estudadas nas florestas naturais quanto ao fluxo gênico. Agradecimentos Ao Projeto Agroflorestar, da Cooperafloresta/Petrobrás; ao Projeto Agroflorestas, da Embrapa. 89 Literatura citada GEILFULS, F. 80 herramientas para el desarollo participativo: diagnóstico, planificación, monitoreo, evaluación. San Salvador: Prochalate-IICA, 1997. 208p. MARTINEZ-RAMOS, M.; ALVAREZ-BUYLLA, E.; SARUKHAN, J.; PINERO, D. Treefall Age Determination and Gap Dynamics in a Tropical Forest. Journal of Ecology, v.76, n.3, p.700-716, 1988. SEOANE, C.E.S.; DIAZ, V.S.; SANTOS, T.L.; FROUFE, L.C.M. Corredores ecológicos como ferramenta para a desfragmentação de florestas tropicais. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, v.30, n.63, p.207-216, 2010. 90 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 2.5. Atividade cicatrizante do Cajueiro (Anacardium occidentale) e do Angico vermelho (Parapiptadenia rígida) no tratamento da pododermatite ovina. Magna Coroa Lima1 ; Adelmo Ferreira de Santana2; Simone Assis Aquino Rosas Viegas³; Guisela Mónica Rojas Tuesta1; Christiane Silva Souza4 ¹ Mestranda do Programa de Pós graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa. ² Professor do Departamento de Produção Animal da Universidade Federal da Bahia ³ Professora do Departamento do Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Federal da Bahia 4 Pós-graduanda em Bioquímica Agrícola (UFV); Resumo: A pododermatite é uma doença acomete os cascos dos ovinos e caprinos, causada pelo sinergiusmo entre as bactérias: Dichelobacter nodosus e Fusobacterium necrophorum. Pesquisas com plantas, que apresentam atividade microrganismos estão em amplo crescimento na medicina veterinária objetivando a redução de problemas sanitários. Objetivou-se neste estudo avaliar o potencial fitoterápico do angicovermelho (Parapiptadenia rigida Benth. Brenan) e do cajueiro (Anacardium ocidentale Linn) nas lesões nos cascos de ovinos acometidos com pododermatite. Foram utilizados 36 animais mestiços das raças Santa Inês, Dorper e Somális, criados a campo e alimentados com pastagem de capim pangola (Digitaria decumbens) com água e sal mineral, oferecidos Ad libitum. Foi realizada a caracterização clinica da doença e feito o tratamento com fitoterápicos: cajueiro e do angico vermelho. Os resultados foram avaliados por meio de análises de variância e pelos testes de médias (Turkey a 5% de probabilidade). Houve diferença estatística (p<0,05) na redução das lesões antes e após o tratamento com os fitoterápicos e dos grupos tratados e controle, embora não houve diferença (p>0,05) entre os tratamentos as plantas cajueiro e o angico vermelho O percentual médio de redução do grau das lesões encontradas foi de 84,21% para A. occidentale e 88,88% para a P. rígida. As plantas A. occidentale e P. rigida podem ser utilizadas no tratamento da pododermatite ovina. Palavras Chave: Cicatrização, Parapiptadenia rigida pododermatite, Anacardium occidentale, Healing activity of cashew tree (Anacardium occidentale) and Angico red (Parapiptadenia rigid) in the treatment of footrot sheep Abstract: The foot pad dermatitis is a disease affecting the hooves of sheep and goats caused by sinergiusmo between Bacteria Dichelobacter nodosus and Fusobacterium necrophorum. Research on plants, microorganisms that are present activity in ample growth in veterinary medicine aimed at reducing health problems. The objective of this study was to evaluate the potential of herbal angico-red (Pirapiptadenia rigida ) and cashew (Anacardium ocidentale) lesions in the hooves of sheep affected with footrot. 91 We used 36 crossbred Santa Inês, Dorper and Somalis, raised in the field and fed Pangola pasture grass (Digitaria decumbens) with water and mineral salt, offered ad libitum. We performed the characterization of clinical disease and treatment with herbal medicines made: cashew and red mimosa. The results were evaluated by analysis of variance and by multiple comparisons (Turkey 5% probability). There was statistical difference (p <0.05) in reducing injuries before and after treatment with herbal medicines and treatment and control groups, although there was no difference (p> 0.05) between treatments plants and cashew angico The Red average percentage reduction in the degree of the lesions was 84.21% for A. occidentale and 88.88% for P. rigid. Plants A. occidentale and P. rigid may be used in the treatment of footrot in sheep. Key Words: Healing, Footrot, Anacardium occidentale, Parapiptadenia rigida Introdução Na produção de pequenos ruminantes os problemas sanitários tem alta relevância, devido a contribuição para o baixo desempenho dos animais levando consequentemente prejuízos econômicos. A pododermatite é uma doença altamente contagiosa que atinge os cascos dos ovinos e caprinos, caracterizada pela separação do tecido queratinizado do tecido epidérmico causada pelo sinergiusmo entre duas bactérias anaeróbias o Dichelobacter nodosus e o Fusobacterium necrophorum (Wani, Samanta & Kawoosa, 2007). As plantas possuem diversas substancias que podem ser responsáveis pelos efeitos fitoterápicos, desta forma pesquisas com plantas, que apresentam atividade contra bactérias, fungos e parasitos estão em amplo crescimento na medicina veterinária objetivando a redução de problemas sanitários, que é de grande importância devido ao baixo custo, fácil aplicação e pela crescente preocupação da sociedade em consumir produtos de origem animal livre de resíduos de antibióticos. O angico-vermelho (Parapiptadenia rigida Benth. Brenan) é uma espécie pertencente à família Leguminosae Mimosoideae, podendo atingir 20 metros de altura, com tronco de 40 a 60 centímetros de diâmetro. Ocorre preferencialmente em terrenos altos e bem drenados. O angico possui 11,89% de taninos condensáveis (Paes et al., 2006). O Anacardium occidentale Linn. É uma planta originária do Brasil, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Pertencente à família Anacardiaceae, conhecida popularmente como cajueiro. Há diversos relatos de efeitos terapêuticos entre estes o alivio da dor de dente e anti-inflamatório. o cajueiro possui 19,83% de taninos condensáveis (Moraes et al., 2005) Objetivou-se neste estudo avaliar o potencial fitoterápico do angico-vermelho (Parapiptadenia rigida Benth. Brenan) e do cajueiro (Anacardium ocidentale Linn.) nas lesões nos cascos de ovinos acometidos com pododermatite. Material e Métodos O presente trabalho foi desenvolvido na Fazenda Experimental da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, localizada no município de Entre Rios – BA, na mesoregião do Nordeste Baiano e na microrregião de Entre Rios, com uma latitude 11º56'31" sul e a uma longitude 38º05'04" oeste, com altitude de 162 metros e com clima variando de úmido a sub úmido. As cascas das plantas foram coletadas na própria fazenda em pouca quantidade para não causar impacto negativo para o vegetal. As cascas das plantas foram fragmentadas com o auxilio de um facão e posteriormente seca em estufa de ventilação 92 a 65° C, durante 48 horas. Após a secagem foram moídas em moinho tipo Willey, a fim de se obter um material de menor granulometria e mais homogêneo. A pasta foi preparada utilizando 50 g da casca da planta em forma de pó e 50 mL de vaselina sólida. A vaselina foi utilizada como veiculo por não possuir princípio ativo sendo e ajudar na aderência do fitoterápico ao casco. Foram utilizados 36 ovinos mestiços das raças Santa Inês, Dorper e Somális, criados em sistema semi- extensivo e alimentados com pastagem de capim pangola (Digitaria decumbens) com água e sal mineral, oferecidos Ad libitum. Estes animais foram divididos aleatoriamente em três grupos, composto de 12 animais por grupo. Após a identificação dos animais, foi efetuado o corte e limpeza assim inicial dos cascos, para remover aderências e o tecido necrosado para melhorar a atividade do fitoterápico. A caracterização clinica da pododermatite utilizada neste trabalho foi definida por Egerton & Roberts (1971) que usou o simples sistema de escore individual da pata. Sendo grau 0 - casco sem apresentar lesões, grau 1 - casco apresentando leve escarificação do espaço interdigital, grau 2 - casco apresentando lesão mediana do epitélio do espaço interdigital, grau 3 - casco apresentando lesões graves do epitélio interdigital e/ou necrose do casco, grau 4 – necrose do casco incluindo a pinça. Os grupos foram divididos de acordo com os fitoterápicos a serem utilizados. Sendo que o grupo I utilizou se pasta do cajueiro (Anacardium occidentale Linn), no grupo II a pasta do angico vermelho (Parapiptadenia rigida) e o grupo III tiveram seus cascos afetados aparados e limpos sendo mantidos como controle. A pasta foi aplicada na mucosa do espaço interdigital do casco, casco duro e casco mole e feito uma sapatilha com gaze e emborrachado (cortado em forma arredondada proporcional ao tamanho do casco) envolvida com uma atadura. Realizaram-se duas aplicações com intervalo de 48 horas sendo observado o grau das lesões antes e depois do tratamento. Os resultados foram avaliados por meio de análises de variância e pelos testes de médias (Turkey a 5% de probabilidade). Resultados e Discussão Houve diferença estatística (<0,05) na redução das lesões antes e após o tratamento com os fitoterápicos e dos grupos tratados e controle, embora não houve diferença significativa (p>0,05), entre os tratamentos as plantas cajueiro e o angico vermelho. No grupo onde utilizou se a pasta de cajueiro observando a média do grau das lesões antes de 1,75 ± 1,11 e depois 0,375 ± 0,69. No grupo que utilizou a pasta do angico vermelho, a média das lesões antes foi de 2,125 ± 1,08 e depois de 0,1428 ± 0,52. 93 Figura 1. Comparação do grau da lesão antes e após o tratamento fitoterapico. O percentual médio de redução do grau das lesões encontradas foi de 84,21% para A. occidentale e 88,88% para a P. rigida. Os resultados concordam com estudo Schirato et al.(2006) fizeram um estudo sobre o potencial cicatrizante do A. occidentale em lesões cutâneas, e demonstraram que os animais tratados tiveram sinais de edema e hiperemia menos intenso durante o período inflamatório compatível com a reparação tecidual. O grupo controle teve uma redução de 20%, esse fato é justificado devido ao corte e lavagem do casco, pois, o corte faz com que as bactérias anaeróbias tenham contato com o oxigênio reduzindo sua proliferação. As pastas do cajueiro e do angico vermelho apresentaram ação antimicrobiana e cicatrizante, provocando redução do grau das lesões quando o grau da doença apresentava se de 2, 3 ou 4 e cura das lesões quando os animais apresentavam se no grau inicial da doença. Essa atividade antimicrobiana das planta deve se ao teor de tanino e as propriedades dos taninos em precipitar proteínas. A ação cicatrizante se deve aos taninos auxiliarem na formação de uma camada protetora (complexo taninoproteína e/ ou polissacarídeo) sobre tecidos epiteliais lesionados, ocorrendo naturalmente logo abaixo dessa camada, o processo curativo (Mello & Santos, 2001). Conclusões A utilização da pasta das plantas A. occidentale e da P. rigida utilizadas no tratamento da pododermatite se mostraram eficientes demonstrando ação cicatrizante e antiinflamatória quando aplicadas diretamente no casco lesionado. O tratamento com fitoterápicos demonstrou alta eficiência além sua importância tanto na questão ecológica com a valorização das plantas existentes no semiárido colaborando para a preservação, como também na parte econômica haja vista que os tratamentos convencionais oneram altos custos aos produtores rurais às vezes inviabilizando o tratamento desses animais. 94 Literatura citada EGERTON, J.R. e ROBETS, D.S. Vaccination against ovine footrot. Journal of comparative pathology, v.81, p.179-185, 1971. MELLO, J. P. C. & SANTOS, S. C. In:_________. Farmacognosia: da planta ao medicamento; Simões, C. M. O.; Schenckel, E. P., orgs.; 3. ed. Porto Alegre –RS: Ed. UFSC; 2001. 459 - 461. WANI, S.A.; SAMANTA, I.; KAWOOSA, S, Isolation and characterization of Dichelobacter nodosus from ovine and caprine footrot in Kashmir, Índia. Research in Veterinary Science, v. 83, p. 141 – 144, 2007. MORAES, S.M.; DANTAS, J.D.P.; SILVA, A.R.A.; MAGALHÃES, E.F. Plantas medicinais usadas pelos índios Tapebas do Ceará. Rev. Bras. Farmacognosia. v. 15, p. 169-177, 2005. PAES, B.P.; DINIZ, C.E.F.; MARINHO, I.V.; LIMA, C.R.de. Avaliação do potencial tanífero de seis espécies florestais do semiárido brasileiro. Cerne, v. 12, n. 3, p. 232238, 2006. SCHIRATO, G.V.; MONTEIRO, F.M.F.; SILVA, F. de. O; LIMA FILHO, J.L.de.; LEÃO, A.M.dos A. C.; PORTO, A.L.F. O polissacarídeo do Anacardium occidentale L. na fase inflamatória do processor cicatricial em lesões cutâneas. Ciência Rural. v.36, n.1, p.149-154, 2006. 95 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 2.6. Atividade antimicrobiana do Cajueiro, Angico Vermelho, Jurema preta, Jurema vermelha e Quixabeira sobre bactérias anaeróbias Magna Coroa Lima1 ; Adelmo Ferreira de Santana2; Simone Assis Aquino Rosas Viegas³ ¹ Mestranda do Programa de Pós graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa. ² Professor do Departamento de Produção Animal da Universidade Federal da Bahia ³ Professora do Departamento do Medicina Veterinária Preventiva da Universidade Federal da Bahia Resumo: Os crescentes episódios da resistência dos microrganismos a múltiplas drogas, causado pelo uso indiscriminado de antimicrobianos tem estimulado os pesquisadores a buscar novas alternativas terapêuticas. Neste trabalho objetivou-se testar a sensibilidade antimicrobiana das plantas: Jurema preta (Mimosa tenuiflora), Jurema vermelha (Mimosa arenosa), Cajueiro (Anacardium occidentale Linn), Angico vermelho (Parapiptadenia rigida Benth. Brenan) e Quixabeira (Bumelia sertorium Mart) em bactérias anaeróbias: Dichelobacter nodosus, Fusobacterium necrophorum, Bacteróides fragilis, Prevotella Melaninogenica, Bacteróides intermedius, Bacteróides ovatus e Fusobacterium perfoetens isoladas das lesões de pododermatite ovina. A análise mostrou que os extratos hidroalcoólicos das plantas estudadas apresentaram atividade antimicrobiana tendo halo de inibição > 6 mm. Palavras Chave: Fitoterapia, Plantas taníferas, bactéria anaeróbias Antimicrobial activity of Cajueiro, Angico Vermelho, Jurema preta, Jurema vermelha and Quixabeira on anaerobic bacteria Abstract: The increasing episodes of resistance of microorganisms to multiple drugs, caused by the indiscriminate use of antibiotics has prompted researchers to seek new therapies. This work aimed to test the antimicrobial susceptibility of plants: Jurema preta (Mimosa tenuiflora), Jurema vermelha (Mimosa arenosa), Cajueiro (Anacardium occidentale Linn), Angico vermelho (Pirapiptadenia rigida Benth. Brenan) and Quixabeira (Bumelia sertorium Mart) in anaerobic bacteria, Dichelobacter nodosus, Fusobacterium necrophorum, Bacteroides fragilis, Prevotella melaninogenica, Bacteroides intermedius, Bacteroides ovatus and Fusobacterium perfoetens isolated from footrot in sheep. The analysis showed that the hydroalcoholic extracts of the plants studied showed antimicrobial activity with inhibition zone > 6 mm. Key Words: Herbal Plants tanniferous, anaerobic bacteria 96 Introdução Devido ao grande aumento da resistência de microrganismos a múltiplas drogas, causado pelo uso indiscriminado de antimicrobianos, essa situação tem forçado os pesquisadores a buscar novas alternativas terapêuticas (Novais et al., 2003). A origem do conhecimento do homem sobre as propriedades medicinais das plantas confunde-se com sua própria história. Há milênios os vegetais têm sido utilizados pelos seres humanos no tratamento de doenças, porém, apenas recentemente as plantas tornaram-se objeto de estudo científico no que se referem às suas variadas propriedades medicinais, inclusive quanto a sua atividade antibacteriana ou antifúngica (Niezen,1995). Os fitoterápicos são medicamentos preparados exclusivamente com plantas ou partes de plantas medicinais (raízes, cascas, folhas, flores, frutos ou sementes), que possuem propriedades reconhecidas de cura, prevenção, diagnóstico ou tratamento sintomático de doenças variadas em estudos etnofarmacológicos, documentações tecnocientíficas ou ensaios clínicos (Brasil, 2004). Objetivou-se neste estudo avaliar a atividade antimicrobiana das plantas: Jurema preta (Mimosa tenuiflora), Jurema vermelha (Mimosa arenosa), Cajueiro (Anacardium occidentale Linn), Angico vermelho (Parapiptadenia rigida Benth. Brenan) e Quixabeira (Bumelia sertorium Mart) em bactérias anaeróbias isoladas de ovinos com pododermatite. Material e Métodos Foram utilizados 48 animais com sintomatologia clinica de pododermatite onde foram coletados amostras das lesões dos cascos desses animais para isolamento do agente etiológico. A amostra foi coletada retirando parte do tecido necrosado com um bisturi e auxilio de uma pinça estéril da parte mais profunda do casco e colocada em tubo (18 x 180 mm) contendo caldo de carne cozida, selado com vaselina liquida. As amostras mantidas em temperatura ambiente foram levadas ao para o processamento. No laboratório de Zoonoses da Universidade Federal da Bahia as amostras foram repicadas em ágar sangue com cristal violeta e cisteína onde foram semeados 0,2 mL da amostra em uma placa de Petri com o meio e incubadas a 37°C durante 48 horas em jarra de anaerobiose. Após crescimento realizou-se a coloração de Gram e observação em microscópio com lente de imersão (100X). As cascas das plantas foram coletadas em propriedades do semiárido baiano em pouca quantidade para não causar impacto negativo para o vegetal. As cascas das plantas foram secas em estufa de ventilação forçada a 65° C, durante 48 horas e moídas em moinho tipo Willey (2mm). Para preparo do extrato hidro alcóolico os fragmentos do vegetal foram acondicionados em Becker, sendo então totalmente submerso em etanol a 70º %, em infusão por 72 horas em banho – maria a 60º C por 120 mim , sendo então realizada a filtração a quente em funil por algodão e acondicionado em garrafas de cor âmbar tampadas. Preparou se o extrato em duas concentrações a 10% e a 20% utilizando as plantas: Mimosa tenuiflora,Mimosa arenosa, Parapiptadenia rigida, Anacardium occidentale e a Bumelia sartorium. Para se certificar da inocuidade do extrato foram inoculados os extrato em ágar sangue e incubados em aerobiose e 97 anaerobiose a 37ºC em estufa bacteriológica durante 48 horas, e não apresentando o crescimento de nenhuma colônia bacteriana, comprovou se a inocuidade do extrato. O disco foi confeccionado com papel Framex com 5,0 mm de diâmetro e impregnado com o extrato hidroalcoólico das plantas individualmente, durante 24 horas e após isso foram secos em estufa a 38ºC durante 48 horas para fazer uma secagem lenta, evitando possíveis perdas das suas propriedades. Resultados e Discussão A análise dos dados mostrou que os extratos hidroalcoólico das plantas Jurema preta (M. tenuiflora), Jurema vermelha (M. arenosa), Cajueiro (A.occidentale), Angico vermelho (Parapiptadenia rigida) e Quixabeira (B. sertorium) apresentaram atividade antimicrobiana sobre as bactérias: Dichelobacter nodosus, Fusobacterium necrophorum, Bacteroides fragilis, Prevotella melaninogenica, Bacteroides intermedius, Bacteroides ovatus e Fusobacterium perfoetens. Os resultados estão apresentados na tabela 1. Tabela 1. Atividade antimicrobiana de diferentes tipos de extratos hidroalcoólico de Mimosa tenuiflora, Anacardium occidentale Linn, Parapiptadenia rigida, Mimosa arenosa e Bumelia sertorium em bactérias anaeróbias isoladas de pododermatite. PLANTAS B.fragilis P.melaninogenica F. perfoetens F.necrophorum D.nodosus R S10 S10 R S10 S8 S16 S15 S15 S12 R S12 S10 S20 P. rigida 10% S10 S13 S6 S8 R S12 S12 P. rigida20% S12 S15 S14 S16 R S14 S16 M. tenuiflora 10% R S10 S7 S6 S7 R R M. tenuiflora 20% S16 S12 S10 S10 S8 R S8 M. arenosa 10% S7 S6 S10 S10 S6 S7 S10 M. arenosa 20% S10 S10 S12 S12 S9 S16 S16 B. sertorium 10 % R R R R R S10 S7 B. sertorium 20 % R R R R R S12 S10 A. occidentale 10% A. occidentale 20% B.intermedius B. ovatus R=resistente (não houve desenvolvimento do halo de inibição), S=sensível (houve desenvolvimento do halo de inibição) em mm, incluindo o próprio disco de 5 mm, número após o S indica o tamanho do halo de inibição. 98 Das plantas utilizadas neste estudo todas apresentaram ação antimicrobiana com halo igual ou superior a 6 mm, sendo considerado neste trabalho a boa atividade antimicrobiana as placas que apresentaram halo igual ou superior a 10mm. O Fusobacterium necrophorum mostrou-se sensível aos extratos a 10 % e a 20 % de A. occidentale, P. rigida, M. arenosa, B. sertorium, sendo resistente a M. tenuiflora.Bacteroides fragilis apresentou sensibilidade aos extratos de A.occidentale e a da M. tenuiflora a 20%, bem como aos extratos da P. rigida e da M. arenosa mostraram ação antimicrobiana nas duas concentrações. Já para o extrato do A. occidentale e da M. tenuiflora a 10 % extrato da B. sertorium nas duas concentrações estudadas, o B. fragilis foi resistente. A P. melaninogenica apresentou sensibilidade nas concentrações 10% e 20 % dos extratos das plantas: M. tenuiflora, A. occidentale, P. rigida, M. arenosa, entretanto a P. melaninogenica mostrou-se resistente ao extrato B. sertorium nas concentrações de 10% e 20%. Por outro lado o Bacteroides intermedius e o Bacteroides ovatus foram sensíveis aos extratos de M. tenuiflora, A. occidentale, P. rigida e M. arenosanas concentrações 10% e 20%, sendo resistente ao extrato de B. sertorium nas duas concentrações. O Fusobacterium perfoetens apresentou sensibilidade aos extratos de A. occidentale, M. arenosa e M. tenuiflora nas concentrações 10 e 20 %, entretanto este agente foi resistente ao extrato de P. rigida e ao B. sertorium nas duas concentrações testadas. Todos os extratos nas duas concentrações estudadas mostraram ação antimicrobiana ao D. nodosus justificando a eficiência no tratamento dos animais no estágio inicial da doença, já que está bactéria é o principal patógeno envolvido na pododermatite ovina como citam os autores. O extrato hidroalcoólico de M. tenuiflora na concentração de 10 % teve o halo variando de 6 a 10 mm, mas na concentração de 20 % obteve halos de 8 a 16 mm, sendo que estes resultados concorda com Gonçalves et al.(2008) obtiveram alta atividade antimicrobiana com o extrato de Mimosa tenuiflora frente as bactérias: Proteus mirabilis, Streptococcus pyogenes, Staphylococcus aureus, Shigella sonnei, Staphylococcus sp. com halos de 33 mm, 24mm, 23 mm, 20mm e 12 mm, respectivamente. O extrato hidroalcoólico de P. rigida apresentou atividade antimicrobiana nas bactérias anaeróbia isoladas neste experimento com halo variando de 6 a 13 mm e de 12 a 16 mm nas concentrações de 10 % e 20%. Em estudo realizado por Gonçalves et al. (2006) o extrato de P. rigida inibiu ocrescimento do Proteus mirabilis, Shigella sonnei, Staphylococcus aureus e Staphylococcus spp. Entretanto este fitoterápico não inibiu o crescimento da Escherichia coli, Enterobacter aerogenes, Streptococcus pyogenes, Klebsiella pneumoniae, Providencia spp. Proteus mirabilis, Pseudomonas aeruginosa,Shigella sonnei, Staphylococcus aureus e do Staphylococcus sp. O extrato hidroalcoólico da B. sertorium foi o que demonstrou menor atividade antimicrobiana demonstrando que pode ocorrer devido à resistência do D. nodosus ao fitoterápico ou devido à concentração utilizada. O extrato hidroalcoólico de A. occidentale na concentração de 10% demonstrou neste estudo halo de 8 a 16 mm frente a bactérias anaeróbias e o extrato a 20% obteve halos de 10 a 20 mm nas mesmas bactérias estudadas sendo que trabalho realizado por Pereira et al., (2006) o extrato alcoólico da folha do cajueiro a 5 % apresentou halo de inibição superior a 16 mm frente a cepas de Escherichia coli. 99 Gonçalves et al., 2005 avaliaram a atividade antimicrobiana de algumas plantas medicinais, as plantas foram testadas através de discos impregnados com 10 mg do extrato hidroalcoólico do Anacardium occidentale, Mimosa tenuiflora e Anandenanthera colubrina nas bactérias: Enterobacter aerogenes, Providencia sp., Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e Klebsiella sp. Isolada de úlcera de decúbito, sendo somente o S. aureus foi sensível ao extrato de A. occidentale e a M. tenuiflora sendo que todas as outras bactérias foram resistentes a esses fitoterápicos, nenhuma bactéria isolada apresentou sensibilidade a A. colubrina. Conclusões Este estudo é muito importante devido aos constantes relatos de resistência bacteriana e dificuldade no tratamento das lesões o que demanda maiores pesquisas quanto às propriedades terapêuticas das plantas medicinais e seu uso na Medicina Veterinária. Literatura citada BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 48, de 16 de março de 2004. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. GONÇALVES, A.L. ALVES FILHO, A.; MENEZES, H. Estudo comparativo da atividade antimicrobiana de algumas árvores nativas. Arq. Inst. biológico, v.72, n. 3, p.353-358,2005. GONCALVES, A. L.; ALVES FILHO, A. ; MENEZES, H. – Efeitos antimicrobianos de algumas árvores medicinais nativas nas conjuntivites infecciosas. O Biológico, 68: 134, 2006. GUILIETTI, A.M.; SOARES, M.B.P.; SANTOS, R.R. Atividade antibacteriana em alguns extratos de vegetais do semi-árido brasileiro. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.13, n. 2, p.05-08, 2003. NIEZEN, J.H.;WAGHORN, T.S.; CHARLESTON, W.A.G.; WAGHORN, G.C. Growth and gastrointestinal nematode parasitism in lambs grazing either lucerne (Medicago sativa) or sulla (Hedysarum coronarium) which contains condensed tannins. Journal of Agriculture Science,v.125, n.3, p. 281-289, 1995. NOVAIS, T.S.; COSTA, J.F.O; DAVID, J.P.L.; DAVID, J.M.; QUEIROZ, L.P.; FRANÇA, F.; PEREIRA, M.do. S.V.; RODRIGUES, O.G.; FEIJÓ, F.M.C.; ATHAYDE, A.C.R.; LIMA, E.Q.de.; SOUZA, M.R.Q.de. Atividade antimicrobiana de extratos de plantas no Semiárido Paraibano. ACSA – Agropecuária Cientifica no Semi – Árido, v.2, n.1, p. 31-32, 2006. 100 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 2.7. Uso de leguminosas anuais como adubos verdes no Norte de Minas Gerais 1 Jéssica Costa de Oliveira2, Marília Dutra Massad3, Tiago Reis Dutra2, Mateus Felipe Quintino Sarmento 2 1 Trabalho de Iniciação Científica da primeira autora, financiado pela FAPEMIG 2 Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, Fazenda Varginha, Km 02, Rodovia MG-404, Zona Rural, Salinas-MG; [email protected], [email protected], [email protected] 3 Instituto Federal do Paraná, Rua Pedro Koppe, 100, Vila Matilde, Irati-PR, [email protected] Resumo: A adubação verde é uma prática agrícola simples capaz de promover benefícios nas características químicas, físicas e biológicas do solo. O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento de diferentes leguminosas anuais nas condições edafoclimáticas de Salinas - MG. O delineamento adotado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições, e os tratamentos consistiram das seguintes leguminosas: crotalária juncea, crotalária espectabilis, mucuna preta, mucuna cinza, feijão-de-porco e pousio (vegetação espontânea). Avaliou-se a taxa de cobertura do solo, produção de fitomassa seca e a capacidade de supressão sobre a vegetação espontânea. As leguminosas anuais que mais se destacaram nas variáveis analisadas foram o feijão-de-porco, mucuna preta e mucuna cinza, sendo dessa maneira indicadas para a realização da prática de adubação verde nas condições de estudo. Palavras Chave: adubação verde, cobertura do solo, fitomassa, vegetação espontânea Use of annual legumes as green manure in northern Minas Gerais Abstract: Green manure is a simple agricultural practice can provide benefits in the chemical, physical and biological soil properties. The objective of this study was to evaluate the behavior of different annual legumes at conditions of Salinas - MG. The experimental design was randomized blocks with four replications and the treatments consisted of the following legumes: Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis, velvet bean, mucuna, jack bean, pork and fallow (weed). We evaluated the rate of ground cover, dry biomass production and the ability of suppression on spontaneous vegetation. The annual legume that stood out in the variables analyzed were the bean-to-pig, velvet bean and mucuna, thus being suitable for carrying out the practice of green manuring on study conditions. Key Words: Green manure, cover crops, biomass, natural vegetation 101 Introdução A cidade de Salinas – MG encontra-se no Semiárido Mineiro, onde os pequenos agricultores contam apenas com o potencial produtivo da terra e com o manejo da vegetação para repor os nutrientes ao solo, promovendo uma agricultura de sequeiro. Com isso fica evidente a necessidade de uma prática de manejo do solo diferenciada que vise repor ao solo os nutrientes retirados com a produção, e minimize os problemas decorrentes da baixa pluviosidade, característica marcante dessa região. Uma alternativa a essa realidade é a adubação verde, prática que consiste no uso de plantas em rotação ou consórcio com culturas de interesse econômico, tendo seus resíduos incorporados ao solo ou mantidos na superfície, em geral, permitindo a melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo, além do controle das plantas espontâneas. Dentre as espécies utilizadas como adubos verdes as leguminosas são preferidas por serem capazes de fixarem nitrogênio atmosférico, além de acumularem grandes quantidades de fitomassa e nutrientes. Diante do exposto o presente trabalho teve como objetivo conhecer o comportamento e as potencialidades de algumas espécies leguminosas anuais, nas condições edafoclimáticas de Salinas – MG, gerando e adaptando conhecimentos e tecnologias que possibilitem ampliar o uso da adubação verde em sistemas alternativos de produção familiar, na região do Semiárido Mineiro. Material e Métodos O trabalho foi realizado na Fazenda Furados, em Salinas-MG no período de março a junho de 2011, sendo conduzido em solo classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, com as seguintes características químicas: 17 g dm-3 de matéria orgânica; 6,3 de pH em água; 3,1 mg dm-3 de P; 113,7 mg dm-3 de K; 6,6 e 1,8 cmolc dm-3 de Ca e Mg, respectivamente, e 74% de Saturação por Bases. Com base nos resultados da análise química do solo, não foi necessário a realização da calagem. Para evidenciar o comportamento das espécies leguminosas não foi feita adubação. O delineamento adotado foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições, e os tratamentos correspondendo às espécies estudadas: crotalária juncea (Crotalaria juncea), crotalária espectabilis (Crotalaria spectabilis), mucuna preta (Mucuna aterrina), mucuna cinza (Mucuna cinereum), feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) e pousio (vegetação espontânea). Antes da semeadura realizou-se capina manual em toda a área do experimento, sendo as leguminosas semeadas na profundidade de 2 a 5 cm, espaçamento entre os sulcos de 40 cm e com a densidade de 10 sementes por metro de sulco, para a mucuna cinza, mucuna preta e feijão-de-porco, e na densidade de 20 sementes por metro de sulco para as demais espécies. A área de cada parcela foi de 4 m² (2 m x 2 m), sendo considerada área útil o 1 m² central. Os parâmetros avaliados nas leguminosas foram: taxa de cobertura do solo; capacidade de supressão sobre a vegetação espontânea e produção de fitomassa seca. A taxa de cobertura do solo foi determinada aos 40, 60 e 90 dias após a semeadura das leguminosas pelo método do número de interseções, descrito por Oliveira et al. (2010). A capacidade de supressão da vegetação espontânea pelas leguminosas foi observada pela avaliação de composição da massa total das plantas espontâneas realizada na área de 1m² central das parcelas durante os primeiros 60 dias após a semeadura. A massa seca foi 102 determinada após secagem em estufa, com ventilação forçada de ar à temperatura de 65ºC até peso constante. Para determinação da produção total de fitomassa seca da parte aérea foi realizado o corte no momento em que as plantas encontravam-se na fase de enchimento dos frutos, sendo determinada indiretamente, através da umidade do material verde, aferida em amostras de 100g, que foram secas em estufa de ventilação forçada de ar a 65ºC até atingiu massa constante. Os dados foram submetidos à análise de variância e, quando o efeito da espécie leguminosa foi significativo, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (p < 0,05). Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software Sisvar 5.1 Build 72. Resultados e Discussão Todas as variáveis avaliadas sofreram efeito significativo dos tratamentos testados. Nota-se com os resultados obtidos uma superioridade das espécies feijão-de-porco, mucuna preta e mucuna cinza. Com relação à produção de fitomassa seca, o feijão-de-porco se diferenciou dos demais tratamentos, destacando-se com a maior média produtiva (7,6 t ha-1) (Figura 1a). De acordo com Alvarenga et al. (2001), o acúmulo de 6 t ha-1 é uma quantidade de fitomassa seca que proporciona boa taxa de cobertura do solo, o que torna, segundo esse autor, a espécie a única leguminosa anual avaliada nesse trabalho promissora para adubação verde na região, pela capacidade de acumular matéria seca. Os valores alcançados por essa espécie foram superiores aos obtidos por Fávero et al. (2001), demonstrando o grande potencial de uso dessa leguminosa como adubo verde. Figura 1 - Produção de fitomassa seca das leguminosas anuais (a) e vegetação espontânea (b). Médias seguidas de mesma letra não se diferem entre si pelo Teste Tukey (p < 0,05). Apesar das mucunas cinza (4,46 t ha-1) e preta (3,96 t ha-1) apresentarem médias de fitomassa seca da parte aérea inferior ao feijão-de-porco (Figura 1a), a produção de massa de ambas foram superiores aos observados por Oliveira et al. (2010), sob as condições edafoclimáticas do município de Formoso do Araguaia-TO, tornando essas espécies em uma alternativa também viável para a região em estudo. O mesmo não pode ser observado para a crotalária juncea (1,70 t ha-1) e crotalária espectabilis (2,96 t ha-1), pois essas apresentaram produção de fitomassa seca muito inferior ao encontrado por Massad et al. (2010). Observou-se que o feijão-de-porco, mucuna preta e mucuna cinza apresentaram um rápido recobrimento do solo já aos 40 dias após semeadura (DAS), atingindo percentagens de coberturas superiores a 50% (Tabela 1). Essas espécies também demonstraram um alto potencial para recobrimento do solo que os demais tratamentos no final de seus ciclos, onde 103 a mucuna cinza foi responsável por recobrir 85% do solo (Tabela 1). A elevada taxa de cobertura do solo das espécies mucuna cinza e mucuna preta também foi observado por Oliveira et al. (2010), com 100 e 99,25% respectivamente. Comportamento semelhante foi observado por Fávero et al. (2001) para o feijão-de-porco e a mucuna preta. Esses resultados demonstram que as espécies, além de serem utilizadas como uma prática agrícola conservacionista de manejo do solo, apresentam grande potencial de uso em atividades de recuperação inicial de áreas que possuem degradação física do solo, por diminuírem o efeito do embate de gotas de chuva sobre o solo, o escoamento superficial de água e carreamento de partículas do solo, dentre outras. O rápido estabelecimento do feijãode-porco, mucuna preta e mucuna cinza nos primeiros dois meses após semeadura, onde as mesmas apresentaram percentuais de recobrimento do solo superiores a 60% (Tabela 1), refletiu na diminuição da produção de massa seca de plantas espontâneas (Figura 1b). O crescimento rasteiro dessas plantas confere maior capacidade de se distribuírem melhor e mais próximo do solo exercendo alta capacidade de abafamento e competição por fatores de crescimento (especialmente luz). Tabela 1 - Cobertura do solo mensurados aos 40, 60 e 90 dias após semeadura (DAS) Cobertura do Solo (%) Espécie 40 DAS 60 DAS 90 DAS Crotalária juncea 33,0 c 38,0 c - Crotalária espectabilis 37,5 b 38,0 c 40,3 b Feijão-de-porco 55,5 ab 61,6 b 76,6 a Mucuna preta 64,2 a 67,2 ab 70,0 a Mucuna cinza 57,7 a 77,5 a 85,0 a Pousio 5,00 d 3,2 d 0,0 c CV (%) 19,91 11,24 14,77 Valores seguidos de mesma letra na coluna não se diferem entre si pelo Teste Tukey (p < 0,05) Nota-se também que à medida que se aumentou a fitomassa seca das leguminosas anuais (Figura 1) houve diminuição da matéria seca de plantas espontâneas (Figura 1b). A redução no peso seco das plantas espontâneas desenvolvidas nas áreas sob cobertura do feijão-de-porco (0,106 t ha-1), mucuna preta (0,111 t ha-1) mucuna cinza (0,107 t ha1 ) em relação ao pousio (0,581 t ha-1) foi de 82, 80 e 81%, respectivamente. Conclusões As maiores produções de fitomassa seca foram alcançadas pelo feijão-de-porco, mucuna cinza e mucuna preta. Essas espécies também apresentaram maior capacidade de recobrimento do solo além de proporcionarem maior inibição do desenvolvimento de plantas espontâneas, podendo as mesmas serem indicadas para a realização da prática de adubação verde nas condições edafoclimáticas de estudo. 104 Agradecimentos À FAPEMIG pela concessão de bolsa de iniciação científica. Literatura citada ALVARENGA, R.C.; CABEZAS, W.A.L.; CRUZ, J.C. et al. Plantas de cobertura de solo para sistema plantio direto. Informe Agropecuário, v. 22, p. 25-36, 2001. FÁVERO, C.; JUCKSCH, I.; ALVARENGA, R.C. et al. Modificações na população de plantas espontâneas na presença de adubos verdes. Pesquisa agropecuária brasileira, v. 36, n. 11, p. 1355-1362, 2001. MASSAD M.D.; OLIVEIA, F.L.; FÁVERO, C. et al. Desempenho produtivo da cultura do milho em pré-cultivo com crotalária aliado a doses de esterco bovino. Horticultura Brasileira (Volume Suplementar), v. 28, p. S3685-S3692, 2010. OLIVEIRA, F.L.; GOSCH, C.I.L.; GOSCH, M.S. et al. Produção de fitomassa, acúmulo de nutrientes e decomposição de leguminosas utilizadas para adubação verde. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v. 5, n. 4, p. 503-508, 2010. 105 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 2.8. Avaliação da sustentabilidade ambiental de propriedades rurais que atuam com sistemas orgânicos de produção de hortaliças no Vale do Taquari / RS Mara Regina Arend1, Glauco Schultz2, Rafael Rodrigo Eckhardt 3, Sofia Royer Moraes4 1 Graduada em Ciências Biológicas – Centro Universitário UNIVATES. Doutor em Agronegócios (UFRGS) e Professor da Faculdade de Ciências Econômicas / UFRGS. 3 Mestre em Sensoriamento (UFRGS) e Professor no Centro Universitário UNIVATES. 4 Graduanda do Curso de Engenharia Ambiental do Centro Universitário UNIVATES. 2 Resumo: O objetivo desse trabalho é contribuir com a discussão sobre a avaliação da sustentabilidade de sistemas orgânicos de produção, utilizando-se de indicadores ambientais que buscam expressar alguns atributos dos agroecossistemas sustentáveis, tais como a produtividade, a estabilidade e a resiliência. Foram definidos três indicadores para cálculo do Indicador de Sustentabilidade Ambiental em oito sistemas orgânicos de produção de hortaliças, localizadas na Região do Vale do Taquari/RS. Os resultados evidenciam a necessidade dos sistemas orgânicos estudados avançarem no redesenho dos agroecossistemas, a partir da melhoria incremental da paisagem da propriedade e da diversidade produtiva, com o objetivo de gerar condições ecológicas favoráveis para o funcionamento sustentável dos sistemas orgânicos, processo esse não contemplado somente com a adoção de práticas conservacionistas substitutas de insumos e de manejo da produção. Palavras Chave: agroecossistemas, indicadores, sistemas orgânicos de produção Assessment of environmental sustainability of rural properties that act with organic rural vegetable systems in the Vale do Taquari/ RS Abstract: The purpose of this article is contribute to the discussion on the evaluation of the sustainability of rural properties that work with organic production systems, using environmental indicators that seek to express some attributes of sustainable agroecosystems, such as the productivity, stability and resilience. Three indicators were defined to calculate the Indicator Environmental Sustainability in eight organic production systems for vegetables, located in the Taquari Valley Region/RS. The results highlight the need of the organic systems studied move forward in the redesign of agroecosystems, based on improving incremental landscape of property and productive diversity, in order to generate favourable ecological conditions for the operation of sustainable organic systems, processes that not only are contemplated with the adoption of conservationist practices replacement of supplies and management of production. 106 Key Words: agroecosystems, indicators, organic production systems Introdução O objetivo desse trabalho é contribuir com a discussão sobre a avaliação da sustentabilidade de sistemas orgânicos de produção, utilizando-se de indicadores ambientais que buscam expressar a produtividade, a estabilidade e a resiliência dos agroecossistemas. Indicadores de sustentabilidade, segundo Sarandón (2002), além de fornecerem informações essenciais sobre o funcionamento de um agroecossistema devem possuir capacidade de previsão, serem objetivos e de fácil interpretação. Assim, o autor afirma que a informação mais valiosa, do que somente indicar se determinado sistema é ou não sustentável, é identificar os pontos fracos ou riscos para a sustentabilidade e assim propor medidas corretivas e monitorá-las. O tempo como gerador dos pontos de referência, portanto, é o fator chave nas avaliações da sustentabilidade. Como afirma Gliessman (2005, p. 567), a medição da sustentabilidade é um ―teste de tempo‖, ou seja, é necessário um longo período para comprovar se as práticas, tanto ambientais, econômicas ou socioculturais, adotadas proporcionarão aumento da produtividade, da estabilidade e da resiliência. Assim, as avaliações pontuais limitam-se a identificar parâmetros de funcionamento sustentável dos agroecossistemas, que não traduzirão a sustentabilidade em si, mas as ―condições de sustentabilidade‖. Condições essas possíveis de serem medidas no presente, como por exemplo, a cobertura vegetal do solo, o aporte regular de matéria orgânica, a adoção de mecanismos de reciclagem de nutrientes e o manejo da biodiversidade, na dimensão ambiental (Altieri & Nicholls, 2000). O foco do presente trabalho é apresentar a avaliação das condições ambientais presentes nos sistemas orgânicos estudados e se essas provocarão a manutenção, melhoria ou a degradação dos parâmetros de sustentabilidade ambiental no futuro. Material e Métodos A amostra para estudo constituiu-se de 8 propriedades rurais definidas através de reunião conjunta do grupo de pesquisa, com as 3 dimensões (Ambiental, Econômica e Sociocultural), onde foram selecionadas propriedades com características diversas, conforme Tipologia de Sistemas Orgânicos de Produção, levando-se em consideração o tempo de produção orgânica (algumas em fase de transição, outras com maior tempo de produção e mais estáveis), a certificação (sistemas certificados, SPGs e OCSs), quantidade e tipo de canais de comercialização e a distribuição espacial na Região de estudo. A coleta de dados foi realizada por meio de visitas aos sistemas orgânicos para aplicação de questionário e realização de entrevistas gravadas, de mapas de utilização das áreas (com delimitação por GPS) e registros fotográficos. A partir do diagnóstico dos sistemas orgânicos e identificação dos fatores críticos, foram definidos três indicadores ambientais compostos para avaliação da sustentabilidade: práticas conservacionistas; paisagem da propriedade; e diversidade produtiva. Foram utilizados como parâmetros de avaliação as dimensões riqueza relativa de espécies/práticas e uniformidade relativa de espécies/práticas (número de práticas e distribuição das práticas). Os parâmetros de sustentabilidade (―pontos de referência‖), para efeitos de comparação, segundo Gliessman (2005), poderão ser extraídos tanto dos ecossistemas naturais quanto dos agroecossistemas tradicionais. Partindo desse princípio, para o presente estudo considerou-se a biodiversidade das 107 propriedades rurais como o principal parâmetro para avaliação da sustentabilidade ambiental. A promoção da diversidade biológica, em longo prazo e em várias dimensões, destaca-se na literatura científica como a condição ecológica fundamental para a conquista de estabilidade, produtividade e resiliência em sistemas agrícolas. A integração dos resultados foi realizada mediante atribuição de valores (diferentes medidas da variável que compõem a nota) de 1 a 3 (1 – baixa; 2 – média; 3 – alta) para cada uma das variáveis, sendo o cálculo das notas (valor final que representa o estado de uma variável) realizado por média simples, permitindo a agregação das informações em um único indicador composto. Foram atribuídos pesos para as diferentes variáveis que compõem cada indicador composto, conforme a importância de cada prática ambiental, mas não se diferenciando em importância cada um dos três indicadores. A soma das notas de cada indicador composto resultou no Indicador de Sustentabilidade Ambiental (ISA). Para a apresentação dos resultados foram utilizadas técnicas quantitativas (indicadores numéricos e representação gráfica), utilizando-se diagramas radiais (gráfico ―ameba‖). Resultados e Discussão Na Figura 1 apresentam-se os resultados da pesquisa. O ISA médio, com possibilidade de variação entre 3 e 9, calculado para as oito propriedades estudadas foi de 2,15 destacando-se o indicador práticas conservacionistas com maior contribuição para essa nota, com média de 2,50. Os indicadores diversificação produtiva e paisagem da propriedade contribuíram, respectivamente, com 2,06 e 1,89 para o ISA. Figura 1 – Indicadores compostos das 8 propriedades avaliadas e suas respectivas médias. Os melhores níveis de sustentabilidade ambiental dos sistemas orgânicos avaliados estão relacionados às práticas conservacionistas. As práticas conservacionistas são consideradas estratégias de manejo da produção que contribuem para gerar as condições adequadas para a sustentabilidade ambiental. Para Flores e Sarandón (2002) a sustentabilidade de um agroecossistema é condicionada pela capacidade das práticas de manejo manterem ou incrementarem a diversidade dentro da paisagem agrícola. O indicador diversificação do sistema produtivo apresentou a segunda melhor nota (2,06), com equilíbrio entre os dois parâmetros avaliados. Os policultivos são sistemas complexos de produção considerados como referência para a sustentabilidade ambiental, que contribuem para a preservação dos ecossistemas naturais nos interiores das propriedades e adjacências. Galán e Pohlan (2005, p.3), ao se referirem à instabilidade de produção dos sistemas agrícolas baseados nos monocultivos, afirma que somente o resgate da biodiversidade, por meio de ―desenhos poli estratificados‖, poderá 108 gerar o equilíbrio necessário para o controle de pragas e doenças. A nota mais baixa identificada está relacionada à paisagem das propriedades (1,89), influenciando para esse baixo desempenho, principalmente, a inadequação das Áreas de Preservação Permanente (APP), e, em segundo lugar, a distribuição do uso e cobertura da terra. As estratégias estão relacionadas à combinação de árvores, culturas e animais, biodiversidade essa que ocasiona o que Altieri (2009, p.24) denomina de ―sinergismos complementares‖, que se constitui na base fundamental para a auto-regulação e a sustentabilidade dos sistemas agrícolas de produção. Conclusões Conclui-se que as propriedades avaliadas na Região do Vale do Taquari/RS apresentaram indicadores bons de sustentabilidade ambiental (2,15). A média entre as propriedades ficou acima de 70%, o que demonstra a busca dos agricultores pela transição agroecológica, aperfeiçoando as formas de manejo e as práticas que possam garantir a resiliência, produtividade e estabilidade. As melhores condições de sustentabilidade estão relacionadas com as práticas conservacionistas, relacionadas com a produtividade, seguido da diversificação do sistema produtivo¨, e a paisagem propriedade com a menor condição de sustentabilidade. Os respectivos resultados evidenciam a necessidade dos sistemas orgânicos de produção de hortaliças estudados avançarem no redesenho dos agroecossistemas (3º nível evolutivo de conversão a caminho da sustentabilidade, proposto por Gliessman (2005)), a partir da melhoria incremental da paisagem da propriedade e da diversidade produtiva. As adoções dessas estratégias proporcionam o surgimento de condições ecológicas favoráveis para o funcionamento sustentável dos agroecossistemas, processos esses não contemplados somente com a adoção de práticas conservacionistas com ênfase na substituição dos insumos e no manejo da produção orgânica. Agradecimentos Os autores agradecem a todos os integrantes do Grupo de Pesquisa (Cadeias Produtivas e Desenvolvimento Sustentável) e às seguintes instituições apoiadoras: UNIVATES, CNPq, FAPERGS e UFRGS. Literatura citada ALTIERI, M.; NICHOLLS, C.I. Agroecología: Teoría y práctica para uma agricultura sustentable. 1ª edição (Série textos básicos para formação ambiental). México: PNUMA, 2000. FLORES, C.; SARANDÓN, S. Los câmbios em la biodiversidad em los sistemas de cultivos extensivos y su influencia sobre la sustentabilidade – el caso de três Arroios, Argentina. Revista Brasileira de Agroecologia, v.1, n.1, p.345-348. GLIESSMAN, S.R. Agroecologia: Processos Ecológicos em Agricultura Sustentável. 3ed. Porto Alegre: UFRGS, 2005. SARANDÓN, S.J., 2002-b. El desarrollo y uso de indicadores para evaluar la sustentabilidad de los agroecosistemas. In: SARANDÓN, S. J. (Editor) Agroecología: El Camino hacia una agricultura sustentable. Ediciones Científicas. La Plata, Argentina Ediciones Científicas Americanas, 2002. Cap. 20, pp. 393-414. 109 3. Agroenergia 110 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 3.1. Produtividade de nove genótipos de canola na região da depressão central do Rio Grande do Sul Adriano Bialozor1, Sandro L. P. Medeiros2, Gilberto O. Tomm3, Jean C. Biondo1, Fagner S. Dias1 1 Estudante de graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria-UFSM. Pesquisador Doutor da EMBRAPA Trigo de Passo Fundo. 3 Professor Doutor do Departamento de Fitotecnia da UFSM. 2 Resumo: A cultura da canola surge como uma nova alternativa de rotação de cultura no inverno para a produção de biodiesel. Com o desenvolvimento da pesquisa, a recomendação de novos híbridos vem sendo particularizada para cada região devido às condições específicas de cada ambiente. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de nove genótipos de canola (Hyola 50, 61, 432, 433, 401, 411e 76, I4815, K9209 e Q6503) em Santa Maria. Os parâmetros avaliados foram altura de plantas, número de hastes, número de síliquas, grãos por síliqua, massa de mil grãos (MMG) e produtividade de grãos (kg/ha). Os híbridos que combinaram maiores valores de grãos por síliqua, com MMG ou número de síliquas foram os que obtiveram melhores produtividades, nas condições do experimento em Santa Maria, RS, na safra 2011. Palavras Chave: Brassica napus, componentes do rendimento, biodiesel, produção Productivity of nine genotypes of canola in the region of the central depression of Rio Grande do Sul Abstract: The culture of canola appears as a new alternative of crop rotation in the winter and also for the production of biodiesel. With the development of research, the recommendation of new hybrids are being adapted for each region due to the particular conditions of each environment. Thus, the objective of this study was to evaluate the performance of nine genotypes of canola (Hyola 50, 61, 432, 433, 401, 411e 76, I4815,K9209, and Q6503) in Santa Maria. The genotypes were sown in plots with six rows spaced at 0.34m and 5m in length, on June 1, 2011. Fertilization and other cultural practices followed the recommendations for canola cultivation for the state of Rio Grande do Sul. The parameters evaluated were plant height, stem number, number of pods, seeds per pod, weight of thousand seeds and productivity (kg/ha). The hybrids that combined the highest values of grains per pod, with MMG or number of pods were the best yields were obtained under the conditions of the experiment in Santa Maria, in the 2011 harvest. Key Words: Brassica napus, yield components, hybrids, production 111 Introdução A canola (Brassica napus L. var oleiífera) é uma oleaginosa pertencente à família das crucíferas e ao gênero Brassica. Os grãos de canola atualmente produzidos no Brasil possuem em torno de 24 a 27% de proteína e, em média, 38% de óleo (TOMM et al., 2009). O cultivo de canola configura-se como uma importante fonte alternativa de renda para áreas onde tradicionalmente ficam em pousio no período de outono-inverno. O seu cultivo também é uma opção para o sistema de rotação de culturas, auxiliando a redução da ocorrência de doenças nas culturas subseqüentes ao cultivo de canola. Com essas características, há uma crescente demanda por grãos de canola no estado do Rio Grande do Sul para rotação de culturas e produção de biodiesel. Existe, porém, carência de pesquisas com canola na região Sul do Brasil, e ainda mais na região da Depressão Central do Rio Grande do Sul. O experimento buscou avaliar o desempenho de 9 híbridos de canola através da quantificação dos componentes do rendimento e da produtividade de grãos, a fim de contribuir para a recomendação do cultivo e verificar a adaptabilidade dos diferentes híbridos na região da Depressão Central. Material e Métodos O experimento foi realizado no ano de 2011 na área experimental do Núcleo de Pesquisa em Ecofisiologia no Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Santa Maria - RS, com coordenadas geográficas: latitude 29º43‘S, longitude 53º43‘W, altitude 95m e solo classificado como Argissolo Vermelho distrófico arênico. O preparo do solo foi convencional, consistindo em uma subsolagem e uma gradagem em resteva de soja. A adubação foi feita conforme análise de solo, sendo aplicados 350kg/ha de adubo NPK da fórmula 5-20-20 e na adubação de cobertura, 100kg/ha de Nitrogênio. O protocolo experimental seguiu as recomendações de Tomm et al. (2004). Para avaliação do desempenho de genótipos de canola foram utilizados os híbridos Hyola 50, 61, 432, 433, 401, 411e 76 e também os híbridos I4815, K9209 e Q6503. A semeadura foi realizada em parcelas compostas por seis linhas de cada híbrido, com espaçamento de 0,34m e 5m de comprimento. Para a determinação da produção de grãos, foram colhidos 4 metros centrais de 4 fileiras de plantas, perfazendo 5,44m2.. Os componentes do rendimento foram obtidos através da análise de uma amostra de plantas de 0,5m em uma linha central da parcela. A colheita realizou-se após a maturação fisiológica, em sistema corte-enleiramento, seguida imediatamente de secagem em local coberto. Posteriormente, foi efetuada a trilha, quantificação da umidade e a determinação da massa dos grãos com auxílio de uma balança analítica, com sensibilidade de 0,01g. A duração do ciclo foi contabilizada através do período de tempo decorrido desde a data da emergência até a data de maturação fisiológica, a qual é descrita por Tomm et al. (2007) como sendo a data em que 50% das sementes mudaram para cor escura nas síliquas localizadas sobre o meio do racimo principal das plantas. A estatura de plantas foi determinada desde a base da planta até a inserção da última síliqua, com o auxílio de uma trena métrica. Os componentes hastes, síliquas e grãos por síliqua foram determinados por contagem direta. A MMG foi determinada por contagem direta e pesagem em balança de precisão com sensibilidade de 0,01g. O delineamento experimental usado foi o de blocos ao acaso com nove tratamentos (9 híbridos) e quatro repetições (4 blocos). Os dados foram submetidos à 112 análise de variância, sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade de erro. Resultados e Discussão A emergência ocorreu entre os dias 11 e 12 de junho de 2011, com incidência de chuvas acima da média, porém bem distribuídas durante o ciclo. As maiores produtividades foram verificadas nos híbridos Hyola 401, Hyola 50, Hyola 61, Hyola 76, Hyola 433, Hyola 432 e K9209, os quais não diferiram estatisticamente entre si (Tabela 1). As menores produções de grãos foram verificadas nos híbridos Q6503 e I4815, porém, somente foram estatisticamente inferiores aos híbridos Hyola 401, 50 e 61. A produtividade média variou de 932,9 a 375,9kg/ha, com um valor médio de 779,1kg/ha (Tabela 1), sendo esse valor abaixo da média do estado do Rio Grande do Sul que é de 1.307kg/ha, para o ano de 2010, de acordo com IBGE (2010). Possivelmente, a baixa produtividade dos híbridos pode ser explicada, em grande parte, pela alta umidade do solo, característica de uma argissolo, associado com um ano de El Nino. Corrobora nesse sentido, o trabalho realizado em situações de alagamento por Perboni (2011), o qual destaca que os híbridos Hyola 43, 401 e 432 foram mais sensíveis ao excesso de água no solo do que o Hyola 420. Tabela 1 - Produtividade, duração do ciclo, estatura de plantas, número de hastes, número de síliquas, número de grãos por síliqua e Massa de Mil Grãos (MMG) de híbridos de canola em Santa Maria, RS, 2011. Tratamentos Produção Ciclo Estatura Hastes Síliquas MMG Grãos por (Híbridos) (Kg/ha) (dias) (cm) (gramas) síliqua Hyola401 932,9 a 120,3 de 92,2 ab 5,9 ab 68,3 ab 4,59 a 13,6 ab Hyola50 910,1 a 131,5 a 94,7 a 3,9 ab 58,2 ab 3,57 b 13,5 ab Hyola61 891,5 a 128,5 b 86,8 ab 4,8 ab 60,3 ab 3,57 b 14,2 a Hyola76 886,2 a 130,8 a 86,2 ab 3,1 b 42,6 b 4,19 ab 13,1 abc Hyola433 767,5 ab 124,3 c 81,5 ab 5,9 ab 69,2 ab 3,39 b 12,5 abcd Hyola432 761,1 ab 125,8 c 92,2 ab 8,4 a 73,4 a 4,22 ab 8,9 cd K9209 723,0 ab 130,5 ab 82,4 ab 3,8 ab 46,9 ab 3,39 b 10,4 abcd I4815 520,9 bc 121,8 d 76,3 b 6,5 ab 63,6 ab 4,65 a 9,5 bcd Q6503 375,9 c 119,3 e 91,0 ab 6,9 ab 61,6 ab 3,93 ab 8,8 d Médias 799,1 126,7 86,5 5,3 60,3 3,9 12,0 17,7 0,7 6,7 29,6 17,0 8,3 15,2 C. V. (%) * Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade de erro. A maior duração do ciclo foi verificada nos híbridos Hyola 50, Hyola 76 e K9209 (Tabela 1), os quais não diferiram significativamente entre si, porém foram superiores ao ciclo dos híbridos Hyola 401, Hyola 433, Hyola 61, Hyola 432 e Q6503. Confrontando-se os dados de duração do ciclo e a produtividade, observa-se que não ocorre associação entre menor duração do ciclo com menor produtividade. Em relação à estatura de plantas, houve pouca diferença estatística entre os híbridos (Tabela 1), pois somente o Hyola 50 foi significativamente superior ao I4815. 113 O valor médio de estatura de plantas foi de 0,865m. Comparando-o com os dados de Tomm et al (2004), os quais encontraram altura média de 1,47m em genótipos no município de Três de Maio-RS, constata-se que os híbridos cultivados em Santa Maria apresentaram menor estatura. O número de hastes foi maior no híbrido Hyola 432 com 8,4 hastes, e menor no híbrido Hyola 76 com 3,1 hastes (Tabela 1). Pode-se observar que há grande variabilidade nos dados deste componente entre os híbridos, o que fica evidenciado pelo alto valor do coeficiente de variação. Os maiores valores de MMG foram verificados nos híbridos Hyola 401 e I4815, os quais não apresentaram diferenças estatísticas com os híbridos Q6503, Hyola 76 e Hyola 432, porém diferenciaram-se dos demais (Tabela 1). O híbrido que apresentou o maior número de grãos por síliqua foi Hyola 61, não diferindo estaticamente dos Hyola 401, Hyola 76, Hyola 50, Hyola 433 e K9209. Entretanto, o Hyola 61 foi superior aos híbridos Hyola 432, I4815 e Q6503 (Tabela 1). Com excessão do híbrido K9209, o componente número de grãos por síliqua teve boa relação com os híbridos mais produtivos. Para fazer recomendações mais precisas e obter maior confiabilidade dos dados é necessário repetir o experimento, a fim de verificar a consistência e manutenção dessas características. Conclusões Os genótipos avaliados mostram diferenças significativas entre si para produtividade, porém com baixa produtividade comparando-se com a média do estado. Híbridos que obtiveram maior número de grãos por síliqua, combinado com maior massa de mil grãos ou número de síliquas foram os mais produtivos. Literatura citada IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento sistemático da produção agrícola (2010). In : <http://www1.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/ agropecuarios/ispa/ispa02200506.htm> (acessado em 02 de Abril de 2012). PERBONI, A. T. Estresses abióticos em híbridos de canola: efeito do alagamento e de baixas temperaturas. Pelotas, 2011.-53f. - Dissertação (Mestrado em Fisiologia Vegetal). Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2011. TOMM, G. O.; GARRAFA, M.; BENETTI, V.; WOLBOLT, A. A.; FIGER, E. Efeito de épocas de semeadura sobre o desempenho de genótipos de canola em Três de Maio, RS. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2004. 11 p. TOMM, G. O. Indicativos tecnológicos para produção de canola no Rio Grande do Sul. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2007. 32p. TOMM, G. O.; WIETHOLTER, S.; DAMALGO, G. A.; SANTOS, H. P. Tecnologia para a produção de canola no Rio Grande do Sul. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2009. 88p. 114 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 3.2. Eficiência energética e cultural da cana-de-açúcar no estado do Paraná, 2011/12 Cármem Ozana de Melo 1, Gerson Henrique da Silva2, Maura Seiko T. Esperancini3 1 Doutora em Agronomia/Energia na Agricultura. Prof. Curso de Economia da Unioeste-Fco Beltrão-PR. Doutor em Agronomia/Energia na Agricultura. Prof Curso de Economia da Unioeste - Fco Beltrão-PR. 3 Doutora em Economia. Prof. do Programa de Pós-graduação em Agronomia/Energia na Agricultura, Unesp – Botucatu-SP. 2 Resumo: Este estudo teve como objetivo proceder a estimativa da eficiência energética e cultural da cana-de-açúcar no estado do Paraná. Os resultados obtidos permitiram concluir que, do ponto de vista energético, a cana-de-açúcar no estado do Paraná apresenta-se altamente eficiente, com índices de eficiência energética e cultural bem superiores à unidade, demonstrando viabilidade e sustentabilidade em termos energéticos. Verificou-se também maior dependência em relação à energia proveniente de fonte industrial, seguida de fonte biológica e, por último, de fonte fóssil. Palavras Chave: balanço energético, eficiência cultural, eficiência energética Energy analysis of sugar cane in the state of Paraná, 2011/12 Abstract: This study aimed to examine energy sugar cane in the state of Parana. For this purpose, three indicators were used: Energy Balance, Efficiency Cultural and Energy Efficiency. The results showed that, in terms of energy, the sugar cane in the state of Paraná has become highly efficient, with favorable energy balance and rates of energy efficiency and cultural well above the unit, demonstrating the viability and sustainability energy. There was also greater dependence on energy from biological source, followed by fossil fuel source and, finally, the industrial source. Key Words: energy balance, cultural efficiency, energy efficiency Introdução A produção de energia é um dos aspectos fundamentais da sociedade moderna, uma vez que a questão energética está intimamente ligada ao desenvolvimento. Entretanto, é necessário que esse processo ocorra de forma sustentável. Sendo assim, buscam-se novas formas para geração de energia, que façam uso mais eficiente dos recursos naturais e com utilização de recursos renováveis. Dentre as energias renováveis, a agroenergia tem papel de destaque. Neste sentido, torna-se relevante a análise energética de sistemas produtivos, especialmente aqueles que têm importância social, econômica e ambiental, para 115 identificar o grau de dependência de fontes não renováveis de energia, bem como a quantidade de energia que podem ser geradas por estes sistemas. Neste contexto a análise energética do agroecossistema da cana-de-açúcar, é importante, uma vez que a cultura tem participação considerável na economia e na matriz energética brasileira, contribuindo para o uso de fontes renováveis de energia. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e o principal país do mundo a implantar, em larga escala, um combustível renovável alternativo ao petróleo. Também no Paraná o setor sucroalcooleiro tem destaque. Segundo a ALCOPAR (2012), ―no Paraná, a cana-de-açúcar é um dos principais produtos agrícolas, desenvolvendo-se principalmente na região norte. O Estado é o segundo produtor nacional e sua maior safra foi colhida no período 2008/2009: 44.829.652 toneladas, obtidas em 555.563 hectares cultivados‖. Neste contexto, este estudo tem como objetivo proceder à estimativa da eficiência energética e cultural da cana no estado do Paraná. Material e Métodos Neste trabalho, dois indicadores foram utilizados para a análise energética da cana-de-açúcar no estado do Paraná: Eficiência Cultural = (∑ Energias Totais) (∑ Entradas de Energias) -1 Eficiência Energética = (∑ Energias Totais) (∑ Entradas de Energias Não Renováveis) -1 Considera-se que o somatório das energias totais refere-se à saída de energia do sistema, ou seja, da energia produzida pela cultura, medida em Megajoules (MJ). Desse modo estima-se o valor bruto da energia do produto: produtividade média de cana de cinco cortes, por hectare, multiplicado pelo valor calórico (kcal.kg -1), convertido em MJ. São consideradas, na análise, energias não renováveis como aquelas provenientes de fontes fósseis. As entradas de energia referem-se ao dispêndio de energia necessário no processo de produção e podem ser discriminadas de acordo com a fonte : Biológica, que inclui dispêndios energéticos da mão-de-obra e mudas; Fóssil, que considera os dispêndios provenientes do uso de óleo diesel, lubrificantes e graxas; Industrial, que agrega os gastos energéticos oriundos da depreciação energética de máquinas e implementos, uso de fertilizantes químicos, corretivos, inseticidas, formicidas e herbicidas. Convém ainda apontar que as energias provenientes das fontes biológica e fóssil são tipificadas como energia direta e as energias oriundas de fonte industrial são ditas energia indireta. O indicador Eficiência Cultural é um dos índices mais utilizados na literatura em análise energética de culturas agrícolas. O indicador Eficiência Energética, avança em direção à relação entre sustentabilidade e análises energéticas de explorações agrícolas (BUENO, 2002). Os coeficientes técnicos de cada operação, que permitiram identificar e especificar os tipos e quantidades de máquinas e implementos utilizados, o número de horas de cada operação; material consumido e mão-de-obra envolvida, foram feitos com base na matriz elaborada por FNP para o estado do Paraná, safra 2011/12 (FNP, 2012). Foram consideradas as operações realizadas desde o preparo do solo para implantação até o carregamento. A fim de se obter o valor médio por corte (ano), os dispêndios incorridos nas operações realizadas na implantação da lavoura foram rateadas pelos cinco cortes (anos de produção) e adicionados à média anual dos dispêndios no período de condução da lavoura. Na estimativa da saída de energia, foi considerada a produtividade média em cinco cortes, estimada em 76 t/ha (FNP, 2012). 116 Para a forma de energia derivada da mão-de-obra, adotou-se o dispêndio energético diário calculado por SILVA (2008) para agricultores do Paraná, da ordem de 1532,16 kcal, equivalente a 6,41 MJ. A estimativa das energias provenientes das mudas foi feita a partir do valor calórico da cana, estimado em 640 kcal.kg -1 (CALORIAS, 2009), que convertidos em MJ, equivale a 2,68 MJ. O valor calórico óleo diesel (9.763,87 kcal.l-1), lubrificantes (9.016,92 kcal.l-1), graxas (10.361,52 kcal.kg -1), 83.090 kcal.kg-1 (herbicidas); 74.300 kcal.kg-1 (inseticidas), 51.600 kcal.kg-1 (fungicida) e 21.340 kcal.kg-1 ( formicidas), trator (3.494 Mcal . t-1), pneus (20.500 Mcal . t -1), implementos e outros equipamentos (2.061Mcal . t 1 para aqueles utilizados em todas as operações até o plantio ou semeadura e 1.995Mcal . t-1 para as demais operações pós-plantio ou semeadura), calcário (40 kcal/kg), são encontrados em BUENO (2002), ROMERO (2005), SILVA (2008). Para fertilizantes foram adotados os coeficientes: 62,49MJ.kg -1 (N); 9,63MJ.kg-1 (P2O5); e 9,17 MJ.kg-1 (K2O), conforme Bueno (2002). A composição do fertilizante usado na cana planta (5-25-25) e na soqueira (20-5-20) seguiu CANZIANI (2008). Resultados e Discussão A Tabela 1 mostra a matriz energética do agroecossistema da cana-de-açúcar no estado do Paraná. Verifica-se que o indicador de eficiência energética (relação entre a saída de energia e a entrada de energia fóssil) apresentou-se também significativo, com valor de 33,37, o que representa uma importante característica da cultura da cana-deaçúcar, no sentido da sustentabilidade ambiental. Tabela 1. Estrutura de dispêndios por tipo, fonte e forma de energia bruta da fase agrícola do sistema de produção da cana-de-açúcar no estado do Paraná, 2011/12, em MJ x ha -1 TIPO, Fonte e Forma ENERGIA DIRETA Biológica Mão-de-obra Mudas Fóssil Óleo diesel Lubrificante Graxa ENERGIA INDIRETA Industrial Máquinas e implementos Fertilizantes químicos e calcário Herbicida, dessecante e maturador Inseticida, nematicida e formicida TOTAL ENERGIA BRUTA DO PRODUTO BALANÇO ENERGÉTICO EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EFICIÊNCIA CULTURAL Fonte: Resultados da pesquisa Entradas de Energia (MJ) 13.705,83 7.602,34 99,59 7.502,75 6.103,50 6.067,48 11,54 24,47 Participação (%) No tipo e fonte No total 56,55 55,47 1,31 98,69 44,53 99,41 0,19 0,40 10.530,75 10.530,75 103,08 8.506,36 1.445,56 475,75 100,00 0,98 80,78 13,73 4,51 24.236,58 203.645,95 197.542,45 33,37 8,40 31,37 25,18 43,45 43,45 100 No que diz respeito à eficiência cultural, que considera a relação entre a saída de energia e a entrada total de energia no sistema, o resultado de 8,40 também revela o bom desempenho da cana em termos de eficiência. 117 Quanto ao tipo de energia usado no sistema, destaca-se a maior participação da energia direta, que representou 56,55% em relação ao total de entradas, ficando a energia indireta com 43,45%. Uma análise detalhada indica que as formas de energias derivadas de fonte biológica apresentaram participação de 55,47% em relação ao total de energia direta e 31,37% em relação ao total de entradas de energia no sistema. Este resultado é derivado principalmente do dispêndio energético das mudas (98,69% de participação na fonte biológica). Em seguida, observa-se a também considerável dependência de energia direta proveniente de fonte fóssil. Os resultados apontam que as formas de energia provenientes de fonte fóssil possuem uma participação de 44,53% no total de energia direta empregada no processo produtivo e 25,18% quando comparado ao total de entrada de energia no sistema. É de se destacar que o óleo diesel é a forma de energia com maior peso, respondendo pela quase totalidade de dispêndio energético de fonte fóssil. Os resultados referentes à energia indireta apontam que, classificados como energia proveniente de fonte industrial, destaque se dá aos fertilizantes químicos e calcário, com participação de 80,78% em relação ao total de energia industrial. É importante destacar que a fonte industrial participa com 43,45% do total de energia gasto no sistema, de modo que o dispêndio energético de fertilizantes químicos mostrou-se relevante na produção da cana. Conclusões Os resultados obtidos permitem concluir que, do ponto de vista energético, a canade-açúcar no estado do Paraná apresenta-se altamente eficiente. De acordo com os indicadores utilizados na análise, foi possível verificar o bom desempenho do sistema da cana, que apresentou índices de eficiência energética e cultural bem superiores à unidade, o que demonstra a sua viabilidade em termos energéticos. Assim sendo, pode-se concluir pela sustentabilidade energética da cultura da cana-de-açúcar no estado do Paraná, uma vez que a energia produzida pelo sistema situa-se em níveis superiores às suas necessidades de energia. Literatura citada ALCOPAR – Associação de produtores de Bioenergia do Estado do Paraná. Histórico da cana-de-açúcar. Disponível em < http://www.alcopar.org.br/produtos/hist_cana.php> Acesso em 29.maio.2012 BUENO, O.C. Análise energética e eficiência do milho em assentamento rural, Itaberá-SP. 2002.146 p. Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura)Faculdade de Ciências Agronômica, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2002. CALORIAS dos Alimentos. Nutrição. Disponível em: <http://www.cdof.com.br/nutri4. htm>. Acesso em 11.jun.2009. CANZIANI, J.R. Custo total de produção e rentabilidade da cana-de-açúcar no estado do Paraná–safra 2007/08. Federação da Agricultura do Estado do Paraná, Curitiba, 2008 (digitado). FNP. Agrianual 2012. AgraFNP, SP, 2012 ROMERO, M.G.C. Análise energética e econômica da cultura de algodão em sistemas agrícolas familiares. 2005. 139f. Dissertação (Mestrado em 118 Agronomia/Energia na Agricultura)-Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2005. SILVA, G.H. Eficiência econômica e energética de sistemas de produção de mamona nos estados de Minas Gerais e Paraná. 2008. 129f. Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura)-Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2008. 119 4. Aquicultura 120 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 4.1. Ìndice Gonadossomático de fêmeas de peixe-rei (Odontesthes humensis e Odontesthes bonariensis). Dados preliminares Andressa Ribeiro Cardoso1, Sabrina Bom Costa2, Daiane Machado Souza3, Suzane Fonseca Freitas4, Sérgio Renato Noguez Piedras5 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia. 3 Estudante de graduação em Zootecnia. 4 Estudante de graduação em Zootecnia. 5 Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Pelotas. 2 Resumo: Neste trabalho objetivou-se conhecer a variação do Índice Gonadossomático do peixe-rei O. bonariensis e O. humensis nos meses de junho a setembro de 2011,com o intuito de analisar se há diferença entre os índices das duas espécies. Dessa forma, podemos fornecer dados preliminares de valores de IGS para identificar o ciclo reprodutivo da espécie, e assim promovero gerenciamento e conservação dos recursos pesqueiros. Foram avaliadas 40fêmeas da espécie O. bonariensis e O. humensis, mensurados o comprimento total, peso total e Índice Gonadossomático de ambas. Palavras Chave: índice gonadossomático, Loricariicthys anus, Lagoa Mangueira Gonadosomatic index of females of pejerrey (Odontesthes humensis and Odontesthes bonariensis). preliminary data Abstract: This work aimed to know the variation of gonadosomatic index of the pejerrey O. humensis and O. bonariensis in the months from June to September 2011 with the aim of analyzing whether there are differences between the indices of the two species. Thus, we can provide preliminary values of GSI to identify the species' breeding cycle, and thus promote the management and conservation of fishery resources. We evaluated 40 females of the species O. bonariensis and O. humensis, measured the total length, total weight and gonadosomatic index of both. Key Words:gonadossomatic index, Loricariicthys anus, LagoonMangueira Introdução A Lagoa Mangueira situa-se no extremo Sul brasileiro, entre as dunas que separam o município de Santa Vitória do Palmar e o Oceano Atlântico Mega et al. (2006). Entre espécies que ocorrem na região, destacam-se o peixe-rei, Odontesthes 121 humensis e Odontesthes bonariensis representantes da família Atherinopsida e encontrados em climas subtropicais e temperados de águas interiores da América do Sul.O peixe-rei se destaca por sua grande aceitação no mercado brasileiro e internacional, mas apesar de ser uma espécie economicamente promissora, ainda não foram obtidos resultados satisfatórios para seu cultivo Tsuzuki (2000). A pesca extrativista em geral, alcançou altos níveis de produção na Lagoa Mangueira e caso não houver planejamento adequado, os recursos podem ser altamente afetados Britto, (2011). Por isso, informações que possibilitem o gerenciamento dos recursos ou o favorecimento do cultivo aquícola são essenciais, eeste conhecimento pode ser conquistado através do domínio da biologia reprodutiva. Durante o ciclo reprodutivo, os peixes sofrem significativas variações no peso total das gônadas, essas alterações podem ser expressas através do Índice Gonadossomático que demonstra a porcentagem representada pelas as gônadas em relação ao peso total dos espécimes, este índice vem demonstrando ser um importante indicador de período de reprodução Pereira, (2004) e com o domínio da reprodução é possível gerenciar estoques pesqueiros e partir para estudos que promovam o cultivo aquícola das espécies. Neste trabalho objetivamos obter dados preliminares de IGS das duas espécies de peixe-rei Odontesthes humensis e Odontesthes bonariensis, e verificar se há diferença entre os índices. Material e Métodos As amostragens foram realizadas no período de junho de 2011 a setembro de 2011. Foram avaliados 40 espécimes sendo 20 exemplares de fêmeas de peixe-rei O. humensis e 20 exemplares de fêmeas de peixe-rei O. bonariensis. Os animais foram coletados mensalmente na Lagoa Mangueira, utilizando-se de redes de espera com malhas entre 30 e 35 mm entrenós. Os animais foram acondicionados em gelo, e transferidos ao Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de Pelotas, onde ocorreu a obtenção dos dados biométricos. Os animais foram medidos, pesados com o auxilio de instrumentos como ictiômetro (mm) e balança analítica com precisão 0,01. Após incisão ventral, foi realizada a extração de gônadas para pesagem (0,001g). De cada exemplar, foi obtido o comprimento total (Lt), peso total (Wt), peso das gônadas (Wg). Para a determinação do Índice Gonadossomático (IGS) foi utilizada a fórmula IGS = Wg / Wt.100. Os dados foram devidamente tabulados e analisados através programa Microsoft Excel. Resultados e Discussão O resultado obtido para comprimento total médio das fêmeas de O. humensis foi de 29,4 ± 3,39 e para O. Bonariensis 28 ± 2,89. O peso total médio para as fêmeas O. humensis foi 257 ± 52,93de O. bonariensis foi de 202 ± 60,41.O IGS médio alcançado para fêmeas de O. humensis, nos meses de junho, agosto e setembro, foram respectivamente 5,02 ± 2,29; 7,07 ± 1,08;9,28 ± 0,01; e para as fêmeas de O. bonariensis2,74±1,32 ; 7,78 ± 2,92; 9,54±2,51; As observações realizadas com base nos valores de IGS evidenciaram que considerando o desvio padrão, não ocorreram diferenças entre as médias das duas espécies em nenhum dos três meses coletados, e em ambas as espécies o IGS apresenta um aumento consecutivo durante os meses, o que ocorre no período reprodutivo. As espécies estariam sujeitas as mesmas condições bióticas e abióticas que ocorrem na Lagoa Mangueira entre os meses citados, logo não houve diferença entre os índices. 122 Conclusões Durante o período observado foram constatados valores de IGS muito próximos entre as duas espécies. O período reprodutivo do peixe-rei é longo estendendo-se de julho a dezembro, apresentando desova do tipo parcelada Fialho (1996); Estudos mais completosserão necessáriospara verificar como ocorrerá alterações que podem ser expressivas através do Índice Gonadossomático. Literatura citada BRITTO, A.C.P; SANTOS, J.D.M; POUEY, J.L.O.F; CARDOSO, A.R; COSTA, S.B; PIEDRAS, S.R.N et al.Sustentabilidade da pesca da viola (Loricariichthys anus) Capturada na Lagoa Mangueira, RS-Brasil. 2011. FIALHO, C.B; VERANI, J.R; PERET, A.C; BRUSCHI JR, W. et al. Dinâmica da reprodução Odontesthesaff. perugiae (EVERMANN & KENDALL,1906) da Lagoa Emboaba, RS, Brasil (PISCES, ATHERINIDADE), 1996. MEGA, D.F; BEMVENUTI, M.A.et al. Guia didático sobre alguns peixes da Lagoa Mangueira, RS.Cadernos de Ecologia Aquática p.1-15, 2006. PEREIRA, B.L; CINTRA, B; FONSECA, V.E; LUNA, H.S. et al. Índice gonadossomático como indicador do período reprodutivo de Prochiloduslineatus (Pisces, Characidae) nos Rios Aquidauana e Miranda, MS. In: IV Simpósio sobre recursos naturais e Sócio-econômicos do Pantanal, 2004, Corumbá. Anais do IV Simpósio sobre recursos naturais e Sócio-econômicos do Pantanal. Corumbá: SIMPAN, 2004. TSUZUKI, M. Y; AIKAWAI, H; STRUSSMAN, C.A; TAKASHIMAO, F. et al. Comparative survival and growth of embryos\ larvae\ and juveniles of pejerrey Odontesthes bonariensis and O. hatchery at different salinities. Journal Applied Ichthyology, p.126-130, 2000. 123 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 4.2. Sustentabilidade da pesca de viola (Loricariitchys anus) na Lagoa Mirim, RS Brasil Andressa Ribeiro Cardoso1, Sabrina Bom Costa2, Daiane Machado Souza3, Suzane Fonseca Freitas 4, Sérgio Renato Noguez Piedras5 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia. 3 Estudante de graduação em Zootecnia. 4 Estudante de graduação em Zootecnia. 5 Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Pelotas. 2 Resumo: A viola (Loricariichthys anus) é uma importante espécie capturada na Lagoa Mirim e demonstra representatividade econômica para os pescadores locais. Anualmente a pesca na região vem apresentando consecutiva diminuição no índice de captura, em vista disso, este trabalho tem como objetivo comparar o comprimento total (CT) e peso total (PT) de violas capturadas com redes de emalhar de 30 e 35 mm, a fim de verificar em qual malha se obtém a melhor média. Foram coletados 80 animais, 40 exemplares com malha de 30 mm entrenós e 40 exemplares com malha 35 mm entrenós. O resultado encontrado de peso total com a malha 30 mm e 35 mm foi de 152,20 ± 29,23 g e 172,05 ± 46,59 g respectivamente. E o comprimento total obtido com malha 30 mm e 35 mm foi 29,73 ± 2,24 cm 31,38 ± 2,05 cm respectivamente. Mostrando que obtivemos a maior média no peso total com a malha de 35 mm. Palavras Chave: Lagoa Mirim, Loricariichthys anus, sustentabilidade Sustainability of fishing viola (Loricariichthys anus) in Lagoa Mirim, Brazil RS Abstract: Viola (Loricariichthys anus) is an important species caught in the Mirim Lagoon and demonstrates economic representation for local fishermen. Every year fishing in the region has been showing consecutive decrease in the rate of capture, in view of this, this paper aims to compare the total length (LT) and total weight (WT) of violas captured with gill nets of 30 and 35 mm, the order to verify which network you get the best average. 80 animals were collected, 40 specimens with 30 mm mesh internodes and 40 specimens with 35 mm mesh between. The results found with the total weight of the mesh 30 mm and 35 mm was 152.20 ± 172.05 ± 29.23 g and 46.59 g respectively. And the length obtained with a mesh 30 mm and 35 mm was 29.73 ± 2.24 31.38 cm ± 2.05 cm. Obtained showing that the highest average of the total weight with a mesh of 35 mm. Key Words: Lagoon Mirim, Loricariichthys anus, sustainability 124 Introdução O crescimento demográfico das últimas décadas trouxe a necessidade de encontrar novas alternativas de produção alimentar, a fim de suprir necessidades básicas das regiões desfavorecidas. A viola, Loricariichthys anus (Valenciennes, 1840), representa uma espécie abundante no Rio grande do Sul, e é uma importante fonte de alimento para as populações ribeirinhas de diversas regiões do estado Bruschi, (1997). A Lagoa Mirim constitui uma das principais bacias hidrográficas transfronteiriças da América do Sul, e a viola é tida como importante componente da sua fauna íctica, estando entre as principais espécies capturadas e comercializadas na região Klippel (2003). Com intuito de regulamentar a pesca, em 1994 foi instituída a portaria do IBAMA N° 119-N/93 que estabeleceu o tamanho mínimo de captura (malha de 40 mm entrenós), ainda assim, houve consecutivas diminuições no índice de estoques, fato este, que estaria atrelado ao maior esforço de pesca e a redução do tamanho da malha, indo de encontro à legislação vigente e pondo em risco a sustentabilidade da pesca na região (Santos). Desta forma, pretendemos neste trabalho, estabelecer critérios relacionados ao uso da malha adequada, através da comparação entre o comprimento total (CT) e o peso total (PT) de violas capturadas com malhas 30 e 35 mm entrenós e verificar em qual delas obtemos melhor índice. Material e Métodos As amostragens decorreram no período de setembro de 2011 a janeiro de 2012 na Lagoa Mirim. Para as coletas utilizaram-se redes de espera com malhas de 30 e 35 mm entrenós. Os animais foram acondicionados em gelo, e transferidos ao Laboratório de Ictiologia da Universidade Federal de Pelotas, onde se realizou a mensuração dos dados biométricos (comprimento total e o peso total). Foram avaliados 80 animais, 40 coletados com malha 30 mm e 40 com malha 35 mm. Os dados foram devidamente tabulados e analisados através programa Microsoft Excel, aonde foram comparados o comprimento total e o peso médio dos animais capturados com malhas 30 e 35 entrenós. Resultados e Discussão O peso médio dos espécimes capturados com malha de 30 mm foi de 152,20 ± 29,23 g e das redes com malhas 35 mm 172,05 ± 46,59 g, resultados que estabelecem a maior média para os animais capturados com malhas de 35 mm. O comprimento total dos espécimes capturados com a malha de 30 mm foi de 29,73 ± 2,24 cm e da malha 35 mm foi de 31,38 ± 2,05 cm não demonstrando diferença entre as malhas considerando o desvio padrão. Entretanto, Marques ET AL. (2007) estudando o tamanho de primeira desova da viola na Laguna dos Patos, afirmam que a viola tem tamanho de primeira desova de 27 cm. Assim a malha de 30 mm captura animais em primeira desova, colocando em risco a manutenção dos estoques da espécie. Resultado semelhante a este foi encontrado por Britto, ET AL (2011) trabalhando com a viola na lagoa Mangueira, esta sugere que os pescadores vêm diminuindo o tamanho da malha em suas capturas. Silva (2004) salienta em seu estudo que os estoques pesqueiros na Lagoa Mangueira e Mirim vêm diminuindo afetando a subsistência dos pescadores que atuam na região, demonstrando assim, que o tamanho da malha afeta diretamente a produção total de pescado em uma região, mas ainda assim, mais estudos sobre o assunto devem ser realizados a fim de promover a sustentabilidade da pesca na região. 125 Conclusões O peso total dos animais capturados com a malha 35 mm obtiveram um resultado superior que os da 30 mm. Quanto ao comprimento, observou - se nao haver diferença entre as duas malhas. Assim, o uso da malha 35 mm é mais indicado para a captura da espécie na Lagoa Mirim. Literatura citada BRITTO, A.C.P; SANTOS, J.D.M; POUEY, J.L.O.F; CARDOSO, A.R; COSTA, S.B; PIEDRAS, S.R.N et al. Sustentabilidade da pesca da viola (Loricariichthys anus) Capturada na Lagoa Mangueira, RS – BRASIL. 2011. BRUSCHI JR, W; PERET, A.C; VERANI, J.R; FIALHO, C.B. et al. Boletim instituto da pesca, Crescimento de Loricariicthys anus na lagoa emboaba, Osório, RS. 1997. KLIPPEL, S; Pesca II. Termo NEMA/CNPq/PROBIO, p.5.2003. de referência n° 829/2003 Relatório MARQUES, C.S; BRAUN, A.S; FONTOURA, N.F et al. Estimativa de tamanho de primeira maturação a partir de dados de IGS: Oligosarcus jenynsii, Oligosarcus robustus, Hoplias malabaricus, Cyphocharax voga, Astyanax fasciatus (CHARACIFORMES), Parapimelodus nigribarbis, Pimelodus maculatus, Trachelyopterus lucenai, Hoplosternum littorale, Loricariichthys anus (SILURIFORMES) E Pachyurus bonariensis (PERCIFORMES) no Lago Guaíba Laguna dos Patos, RS. Biociências, Porto Alegre, v.15, n.2, p.230-256,jul. 2007. SANTOS, J.D.M; VIANA, A.E; COSTA, S.B; POUEY, J.L.O.F et al. A pesca artesanal na Lagoa Mirim - RS. 2011. SILVA, R. S. 2004. Relatório das entrevistas com pescadores: CET. p.32. 2004. 126 5. Biodiesel 127 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 5.1. Potencialidade do uso do amendoim na produção de Biodiesel1 Débora Lopes Teixeira2, Marco Aurélio Oliveira Santos3, Adriane de Oliveira Santos4, Carlos Antonio Moreira Leite5 1 Relatório parcial de pesquisa . Graduando em Administração pela Universidade Federal de Viçosa ([email protected]). 3 Graduando em Gestão do Agronegócio pela Universidade Federal de Viçosa 4 Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal de Viçosa 5 Professor do departamento de Economia Rural- UFV 2 Resumo: O biodiesel é uma alternativa à crise do petróleo, visto que provem de fonte renováveis, tendo extrema importância social no que diz respeito à renda e segurança alimentar necessita-se desenvolver meios tecnológicos, produtivos, estruturais adequados a estes agentes. Precisa-se de maiores informações para aumentar sua competitividade sendo o primeiro passo melhorar as condições para quem nesta sobrevive. Conclui-se que a exploração desta commodity é viável economicamente, mas o grau de extração de óleo torna o processo de produção de biodiesel inviável a partir do amendoim. Os benefícios do óleo devem ser considerados para criar meios de agregar melhorias nesta cadeia, tornando-a eficiente, para melhores condições de renda a teus agentes. Palavras Chave: biocombustíveis, cadeia produtiva, desenvolvimento, entraves Potential use of peanuts in the production of Biodiesel Abstract: Biodiesel is an alternative to the oil crisis, since it comes from renewable sources, and extreme social importance as regards income and food security will need to develop technological means of production, structural suitable to these agents. They need more information to increase its competitiveness is the first step to improve conditions for those who survive this. It is concluded that the operation of this commodity is economically viable, but the degree of extraction of oil makes the process of producing biodiesel from peanut unfeasible. The benefits of the oil should be considered to create a means to aggregate improvements in the chain, making it efficient, better income to your agents. Key Words: biofuels, supply chain, development barriers Introdução O biodiesel e uma alternativa à crise do petróleo, pois deriva de fonte renováveis e uma desta é o amendoim. O amendoim teve importância na geração de óleo até a 128 década de 80 com o desenvolvimento tecnológico e o aumento da produção da soja que acabou perdendo espaço. O amendoim é fonte de geração de renda e apresenta importância alimentar para a agricultura familiar de diversas regiões, especialmente para o nordeste. Assim, é importante avaliar a importância do amendoim dentro de um contexto sistêmico, considerando os aspectos referentes aos seus diversos usos, suas implicações socioeconômicas e sua inserção nas cadeias produtivas, conforme observado por Chopra (2009). Hemerly (1975), avaliando a demanda e a oferta de amendoim argumenta, mesmo que haja melhores meios tecnológicos, produtivos, estruturais e de comercialização, se estes não estiverem dentro da realidade do produtor, pouco sua cadeia produtiva prosperará. Carvalho (2004) argumenta que expor o panorama de uma cadeia pode ser considerado o primeiro passo para fornecer informações que contribuam para o aumento de sua competitividade e melhoria da qualidade de vida dos que nesta trabalham. Este trabalho objetivou identificar os pontos fortes e fracos existentes ao desenvolvimento da cadeia produtiva do amendoim, uma vez que a matriz energética do país demanda novas fontes renováveis de matéria-prima. Examinaram-se as barreiras e oportunidades ao desenvolvimento dessa cadeia, bem como agregação de benefícios á cadeia do amendoim por meio da produção de biocombustível a partir desta oleaginosa. Material e métodos Para realização deste trabalho precedeu-se com uma avaliação detalhada da literatura sobre a cadeia agroindustrial do amendoim. Foram avaliadas as produtividades dos diversos sistemas de produção e a integração da matéria-prima na produção de biocombustível. A partir dessas análises foram levantadas as vantagens e restrições atuais ao desenvolvimento da cadeia agroindustrial do amendoim e sua contribuição na matriz energética do Brasil. Resultados e Discussão O Biodiesel para a agricultura familiar Proveniente de fontes renováveis, a utilização do amendoim como matéria-prima para a produção do biodiesel, pode significar grande avanço para o pequeno produtor em termos de renda. Para isso, é necessário o desenvolvimento de novas variedades adaptados aos solos fracos e a morfologias regionais, a um custo acessível para a agricultura familiar. Investimento em novas formas de capital propiciará maior produtividade da mão-de-obra, fixando o homem no campo. Um grande entrave ao uso de diversas oleaginosas, e aí inclui o amendoim, é que, dadas as atuais produtividades, essas matérias-primas ainda não são economicamente competitivas com o petróleo na produção de diesel. A principal matéria-prima utilizada para produção de biodiesel e a soja, e os custos de produção do amendoim é maior diante os da soja (Tabela 1), então o agricultura familiar necessita de maiores informações para decidir onde empregar os seus recursos produtivos. 129 Tabela 1: Custos produção Janeiro/ 2012 no Brasil. Custo de produção Operações Mecânicas Tratamento de Sementes Defensivos Sementes Fertilizante MDO Gastos administrativos Outros Custo de produção Soja R$/ha 412,00 52,00 216,00 97,00 62,00 289,00 38,07 156,58 1323,65 Amendoim R$/ha 432,42 360 562,21 360 301,35 6,58 24 424,76 2089,1 Fonte: Dados fornecidos pelas cooperativas (2012) O mercado oferece remuneração estável, com capacidade de crescimento para solver a produção, a produtividade do amendoim prevista pra safra de 2011/12 é de 40SC/ha enquanto a da soja é de 50Sc/ha sacas. Os preços do amendoim é de R$ 79,92/Sc enquanto a soja é de R$42,17/Sc o bom momento do mercado acaba por compensando o custo oferecendo maior retorno frente a soja, na tabela 2. Tabela 2: Resultados esperados para Abril/2012 nos mercados agrícolas. Índices financeiros /ha Receita Custo total Resultado Fonte: Dados fornecidos pelas cooperativas (2012) Soja 2108,50 1323,65 784,85 Amendoim 3308,84 2089,1 1219,74 Pontos fracos e as dificuldades enfrentadas pelos produtores A cadeia produtiva é uma rede de organizações agindo em diferentes processos e atividades. A boa remuneração oferecida pelo mercado não é aproveitada pelo pequeno produtor, visto a incapacidade de realizar o processamento, vindo a dispor do produto a um preço inferior, sendo este refletido pelo baixo padrão de qualidade e nível tecnológico que os ofertantes dispõem para esta cultura. As tecnologias disponíveis não condizem com a realidade da agricultura familiar. Nova tecnologia representa um alto custo de aquisição para o pequeno produtor significando um entrave ao desenvolvimento e funcionamento desta cadeia. O óleo proveniente desta fonte em sua maioria e destinado à alimentação humana, visto seu potencial para prevenir doenças cardiovasculares, sendo um fator limitante, seu teor de extração de óleo é baixo apenas 50 % tornando este inviável para produção de biodiesel. A visão de que se tem desta cadeia, impede o potencial competitivo, pois este é visto como rotativo de cultura não se tem estimulo para desenvolver tecnologias e infraestrutura, faz desta apenas um adicional e não o objeto principal do trabalho do empresário rural. Papel do biocombustível para o desenvolvimento desta cadeia A produção de biocombustível a partir do amendoim poderia agregar melhorias a esta cadeia, incentivando o investimento em novas variedades mais produtivas, geração de cultivares tolerante a pragas e as características morfológicas regionais propiciando aumento da produção, barateando o custo de produção visto que reduziria os gastos 130 dispensados à cultura. Novas variedades reduziriam o custo para o pequeno produtor, pois produziria maior quantidade na mesma área. Os desenvolvimentos de tecnologias mais baratas e disponíveis aos pequenos beneficiariam na colheita e armazenagem, diminuindo assim a propagação da aflotoxina. Desta forma o programa de biocombustível possibilitando uma opção econômica e de valor alimentar aos produtores de regiões nas quais não se oferece grandes alternativas. Conclusão A cadeia do amendoim é um importante sistema produtivo, e o avanço competitivo desta é dependente da solução dos pontos de estrangulamento, o que tornaria esta mais atuante no mercado pelos avanços que o potencial de produção do bicombustível propiciaria. Visto que esta commodity se apresenta viável economicamente, mas o grau de extração de óleo que esta oferece acaba por tornar o processo de produção de biodiesel inviável apartir do amendoim. E os benefícios do teu óleo é um fator que deve ser levado em conta para que se possa buscar meio de agregar melhorias nesta cadeia, visando alcançar sinergia entre seus agentes, tornando-a eficiente no atendimento das necessidades do consumidor final, tanto pela redução de custos, podendo ofertar ao agricultor familiar melhores condições renda com esta atividade. Literatura citada BATALHA, M. O.; SILVA, A. L. Gerenciamento de sistemas agroindustriais: definições e correntes metodológicas. 2 ed. São Paulo: atlas, 2001. V. 1, p. 23-63. CARVALHO, J. C. S.; SALERMO, M. S. Desempenho e Crescimento do Agronegócio no Brasil. Brasília: IPEA/DISET, 2004. 48 p. FAGUNDES, M. H. Amendoim: desafios da produção agrícola ao processamento industrial. IEA. Secretaria de agricultura e abastecimento. Out/ 2002. 54p. FURIGO JR, A. Biodiesel: Aspectos gerais e produção enzimática. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. Abr/ 2009. 54p. HEMERLY, F. X. Modelo econométrico dos mercados internos e de exportação de amendoim. Viçosa: UFV, Imprensa Universitária, 1975. 55p. LOURENZANI, W. L.; LOURENZANI, A. E. B. S. Potencialidades do agronegócio brasileiro de amendoim. UNESP. Tupã-SP. 2011. 20p. 131 6. Ciência, tecnologia e inovação 132 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 6.1. Efeito do tipo de cobertura no aviário móvel sobre o ambiente térmico1 Sâmela Keila Almeida dos Santos2, Daniel Emygdio de Faria Filho 3, João Batista Matos Júnior4, Tatiana Cristina Rocha5, Karine Aparecida Rodrigues Souza2, Anne Evis Pereira Rodrigues2 1 Parte da monografia da primeira autora. Apoio FAPEMIG. Estudantes de graduação em Zootecnia. UFMG/Montes Claros. 3 Professor orientador. UFMG/Montes Claros. 4 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. UNESP/Jaboticabal. 4 Professora do departamento de Zootecnia. UFMG/Montes Claros. 2 Resumo: Este trabalho foi realizado com o objetivo de testar o efeito de diferentes tipos de materiais de cobertura para metade do telhado de aviários móveis sobre índices de conforto térmico para aves. Os tratamentos experimentais foram: 1) papelão revestido com lona plástica de dupla face (branca e negra); 2) papelão revestido com embalagem longa vida (Tetra Pak®) com face metálica voltada para o exterior; e 3) cobertura do telhado com lâmina formada por embalagem longa vida (Tetra Pak®) com face metálica voltada para o exterior. Os tratamentos foram distribuídos em delineamento em blocos casualizados com 15 repetições geradas no tempo sendo os blocos constituídos pelos dias de amostragem. Foram analisados, o índice de temperatura de globo negro e umidade, a temperatura de bulbo seco, carga térmica radiação, umidade relativa (UR), temperatura superficial externa do telhado, temperatura superficial interna do telhado e a diferença entre a temperatura superficial externa e a temperatura superficial interna (DIF). O telhado que proporcionou índices de conforto térmico compatíveis com a criação de aves foi o tratamento com papelão revestido com lona plástica. Concluindo que o telhado de papelão revestido com lona plástica foi o que proporcionou melhores condições de conforto térmico para as aves. Palavras Chave: ambiência, aves e aviário móvel Effect of type of coverage on thermal environment about mobile Aviary Abstract: This work has been done in order to test the effect of different types of roofing materials for half of mobile roof aviaries on thermal comfort indices for birds. The experimental treatments were: 1 cardboard coated with plastic canvas) double-sided (black and white); cardboard coated with 2) long life packaging (Tetra Pak ®) with metal face facing outwards; and 3) roof with blade composed of long-life packaging (Tetra Pak ®) with metal face facing outwards. The treatments were distributed in block design blocks with 15 repetitions that are generated in the time being the blocks consist 133 of the days of sampling. Were analyzed, the black globe temperature index and moisture, dry bulb temperature, radiation thermal load, relative humidity (RH), external surface temperature of roof, inner surface temperature of the roof and the difference between the temperature outside and the superficial surface temperature inside (DIFF). The roof which provided thermal comfort indices that are compatible with the creation of birds was the treatment with cardboard coated with plastic canvas. Concluding that the roof coated cardboard with plastic canvas was what provided the best thermal comfort conditions for birds. Key Words: ambience, birds and mobile aviary Introdução A sustentabilidade baseada em sistemas agropecuários saudáveis tem sido a principal busca dos pesquisadores para a inclusão de produtores familiares no prosseguimento do agronegócio (Sales, 2005). A exploração econômica viável de aves em pequena escala, que aumenta a geração de renda desse segmento, faz com que se tenha disponível um produto de excelente qualidade e de menor custo. Novas tecnologias como a dos aviários móveis se incluem no contexto da avicultura, sendo essa adaptável à necessidade do produtor (Faria Filho et al., 2011). Em vista das necessidades de um ambiente confortável nas instalações e que seja alternativo de baixo custo, o presente trabalho foi realizado com objetivo de identificar qual o material alternativo para metade do telhado do aviário móvel que proporcione melhor ambiente térmico nos aviários e com custos acessíveis aos pequenos produtores rurais. Material e Métodos O experimento foi conduzido no período de 24 de setembro a 10 de outubro de 2010, próximo ao Setor de Avicultura do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais, situado na cidade de Montes Claros – MG. Foram construídos três aviários móveis orientados no sentido Leste-Oeste, com tubo metálico para a base com 2 m de comprimento x 1 m de largura x 1,2 m de altura. Foi usada armação de vergalhão para sustentar a tela utilizada para fechar o aviário. Foram utilizados três tratamentos, com diferentes tipos de cobertura, a saber: 1) papelão revestido com lona plástica de dupla face (branca e negra), sendo a face branca voltada para o exterior e a face negra voltada para o interior; 2) papelão revestido com embalagem longa vida (Tetra Pak®) com face metálica voltada para o exterior; e 3) cobertura do telhado com lâmina formada por embalagem longa vida (Tetra Pak®) com face metálica voltada para o exterior. Os tratamentos foram distribuídos em delineamento em blocos casualizados com 15 repetições geradas no tempo sendo os blocos constituídos pelos dias de amostragem. Foram medidos durante 15 dias a temperatura de bulbo seco (TBS), índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU), a carga térmica radiação (CTR), umidade relativa do ar (UR), temperatura superficial externa (TSE) do telhado, temperatura superficial interna (TSI) do telhado e a diferença entre a TSE e TSI (DIF). A UR e a TBS foram coletadas por meio de termo-higrômetro inserido dentro dos aviários a uma altura de 0,07 m do solo. A temperatura do globo negro utilizou-se termômetros de globo, dentro dos aviários a uma altura de 0,07 m do solo. A velocidade do ar foi obtida com anemômetro digital de hélice. As TSE e TSI foram obtidas a uma distância de 5 centímetros dos telhados com auxílio de um termômetro infravermelho. O 134 ITGU foi calculado, segundo Buffinoton et al. (1981), por meio da seguinte equação: ITGU = Tgn + 0,36Tpo + 41,7 Os dados foram verificados quanto à presença de dados discrepantes, normalidade dos erros (teste Cramer-Von-Mises) e homogeneidade de variâncias (teste Brown-Forsythe). Após constatado o atendimento das pressuposições do modelo, os dados foram submetidos a análise de variância por meio do programa SAS® e em caso de diferença significativa aplicou-se o teste de Duncan (5%). Resultados e Discussão Os resultados da TBS encontram-se na Tabela 1, na qual se verifica que não ocorreu diferença significativa entre os tratamentos. Segundo as recomendações de Ferreira (2005) a zona de conforto térmico para aves estão compreendidos entre 22 e 27 °C. Ocorreu diferença significativa nos valores da TSE (Tabela 1) nos três tratamentos. O tratamento de papelão revestido com lona obteve valor da TSE superior aos demais tratamentos Tetra Pak® + papelão e Tetra Pak® que obtiveram comportamentos térmicos iguais, este comportamento térmico semelhante pode ser explicado pela constituição do material da cobertura do telhado que são de embalagens longa vida (Tetra Pak®) que são constituídos de 5% de alumínio, 20% de plástico e 75% de papelão. Esta maior reflexibilidade do tratamento de papelão revestido com lona esta relacionado com alta refletividade solar da cor branca presente na lona, que promove maior reflexão da radiação solar e, com isto, ocasiona a redução na quantidade de calor dentro da instalação gerado por meio da cobertura. Os resultados da TSI apresentados na Tabela 1 demonstram diferença significativa nos valores da TSI entre os tratamentos. Os tratamentos com Tetra Pak® + papelão e Tetra Pak® não diferiram estatisticamente. Segundo Tinoco (2001) a camada de ar móvel que se forma junto à cobertura contribui para redução de calor no interior da construção o que é verificado no tratamento com papelão revestido com lona. Podese verificar nos dados de diferença de TSE - TSI, que ocorreu diferença significativa nos valores da TSE - TSI entre os tratamentos. Os tratamentos de Tetra Pak® + papelão e Tetra Pak® não diferiram estatisticamente entre si, no entanto, geraram valores inferiores ao tratamento de papelão revestido com lona. Tabela 1 – Temperatura do bulbo seco (TBS), temperatura superficial externa (TSE), e temperatura superficial interna (TSI), diferença entre TSE e TSI (DIF) de aviários móveis com diferentes tipos de cobertura Tratamentos TBS (°C) TSE (°C) TSI (°C) DIF (°C) Lona + Papelão 35,90 b 50,31 a 42,50 a 7,81 a Tetra-Pak® 36,07 ab 42,63 b 40,92 b 1,71 b Tetra-Pak® + Papelão 36,37 a 44,19 b 41,09 b 3,10 b CV (%) 1,43 4,69 2,38 0,53 Médias ± erro padrão da média. CV = coeficiente de variação. Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan (5%) A faixa indicativa de conforto térmico para aves adultas compreende-se entre valores de ITGU de 75 a 77 (Oliveira et al., 2006). Verifica-se que todos os tratamentos apresentaram valores de ITGU (Tabela 2) fora da faixa indicativa de conforto térmico para aves adultas, estando estes valores acima do desejável. Na Tabela 2 verifica-se os resultados da CTR, na qual ocorreu diferença significativa entre os tratamentos. Os tratamentos Tetra Pak® + papelão e papelão revestido com lona obtiveram diferenças 135 significativas entre si, mas não diferenciaram do tratamento com Tetra Pak®. Observando os valores da CTR, verifica-se que os tratamentos com Tetra Pak® + papelão e Tetra Pak® não diferiram estatisticamente entre si, no entanto, geraram valores superiores ao tratamento com papelão revestido com lona. A cor branca presente na lona promove maior reflexão da radiação solar reduzindo a quantidade de radiação incidente no interior do aviário móvel, sendo este outro fator que ocasionou o menor valor da CTR. Os resultados da UR dos tratamentos não apresentaram diferença significativa. Tabela 2 – Índice de temperatura de globo negro e umidade (ITGU), carga térmica de radiação (CTR) e umidade relativa (UR) de aviários móveis com diferentes tipos de cobertura Tratamentos ITGU CTR (W.m-2) UR (%) Lona + Papelão 85,42 b 538,75 b 30,99 a Tetra-Pak® 85,52 b 540,34 ab 29,92 a Tetra-Pak® + Papelão 86,07 a 544,24 a 30,37 a CV (%) 0,63 1,26 8,59 Médias ± erro padrão da média. CV = coeficiente de variação. Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan (5%) Conclusões Conclui-se que a cobertura de metade do telhado do aviário móvel formada por papelão revestido com lona plástica de dupla face proporciona melhores condições de conforto térmico para as aves. Literatura citada BUFFINGTON, D. E.; COLLASSO-AROCHO, A.; CANTON, G. H.; PIT, D. Black globe-humidity index (BGHI) as comfort equation for dairy cows. Transactions of the ASAE, St. Joseph, v. 24, n. 3, p. 711-14, 1981. FARIA FILHO, D. E.; VELOSO, A.L.C.; MATOS JUNIOR, J. B.; FERNANDES, V.; DIAS, A. N. Criação Agroecológica de Aves em Aviários Móveis. Montes Claros: Biblioteca Comunitária do ICA/UFMG, 2011. 19p. FERREIRA, R. A. Maior produção com melhor ambiente para aves, suínos e bovinos. Viçosa: Aprenda Fácil, 2005. 371 p. GUELBER SALES, M. N. Criação de galinhas em sistemas agroecológicos. Vitória: Incaper, 2005. 284 p. OLIVEIRA, R. F. M.; DONZELE, J. L.; ABREU, M. L. T.; FERREIRA, R. A.; VAZ, R. G. M. V.; CELLA, P. S. Efeitos da temperatura e da umidade relativa sobre o desempenho e o rendimento de cortes nobres de frangos de corte de 1 a 49 dias de idade. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, n. 3, p. 797-803, 2006. TINÔCO, I. F. F. Avicultura industrial: novos conceitos de materiais, concepções e técnicas construtivas disponíveis para galpões avícolas brasileiros. Revista Brasileira de Ciências Avícolas, Campinas, v. 3, n. 1, p. 1-26, 2001. 136 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 6.2. Avaliação da germinação e Índice de Velocidade de Germinação em sementes de Pinus elliottii Engelm, em diferentes recipientes Dane Block Araldi1, Iris Cristiane Magistrali2, Danilo Boanerges Souza3, Ervandil Corrêa da Costa4 1 Doutor em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria. Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria. 3 Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências de Florestas Tropicais – CFT/INPA 4 Professor Titular de Entomologia Florestal. Departamento de Defesa Fitossanitária/ CCR. Universidade Federal de Santa Maria. 2 Resumo: A germinação de sementes é realizada em laboratório sob condições controladas e por meio de métodos padronizados. O objetivo do trabalho é avaliar dois recipientes na germinação de Pinus elliotti. As sementes foram testadas em dois tipos de recipientes sendo eles: Grbox e Cellbox. O substrato utilizado foi papel mata-borrão e água destilada. Os recipientes foram mantidos em câmaras climatizadas tipo BOD. Como resultados obteve-se diferença na germinação entre os tratamentos pelo teste Tukey. O recipiente Gerbox não diferiu da Cellbox com 96 células, porém houve diferenças em relação às médias dos outros tratamentos. Já para pó índice de velocidade de germinação não houve diferenças significativas entre os diferentes tratamentos. A metodologia empregada fora dos padrões da RAS quanto aos recipientes Cellbox, revelou-se satisfatória. Palavras Chave: germinação, recipiente, sementes florestais Evaluation of germination and speed germination in seeds of Pinus elliottii Engelm, in different containers Abstract: The evaluation of the performed germination in the laboratory under controlled conditions and by means of standard methods. The objective is to evaluate two containers on the germination of Pinus elliottii. The seeds were tested in two types of containers which are: Gerbox and Cellbox. The substrate was blotting paper and distilled water. The containers were kept in growth chambers BOD. The results obtained are mong the difference in germination treatments by the Tukey test. The container seedling did not differ from Cellbox with 96 cells, but were no differences in the averages of other treatments. As for dust index of germination speed were no significant differences between different treatments. The methodology employed outside the standards of the RAS and containers (Cellbox), was satisfactory. Key Words: germination, containers, seed Forest 137 Introdução A pesquisa com sementes de espécies florestais é recente quando comparada às grandes culturas, mas isso não implica que seja escassa, apenas não se encontra organizada de maneira a facilitar a regulamentação para comercialização. Nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 1992), poucas espécies florestais têm os procedimentos de análise listados para emissão de boletim técnico. Essa informação restrita se deve a dificuldade de determinar procedimentos de análise para espécies que ainda carregam grande variabilidade genética e interação dessa variabilidade com seus locais de ocorrência, dificultando a padronização (SANTANA, 2009). A utilização de sementes de qualidade, sejam elas: genéticas, físicas, fisiológicas ou sanitária é fundamental para o sucesso de qualquer implantação. Nesse sentindo, é de fundamental importância o conhecimento do poder germinativo, dos mecanismos de acúmulo de reserva, bem como vigor do lote de sementes, pois estes dados podem ser usados para se ter uma estimativa do potencial de desempenho de sementes no campo (TUNES et al., 2008; FERREIRA e BORGUETTI, 2004). Entretanto, há uma dificuldade de analisar a germinação em sementes de espécies florestais tanto exóticas como nativas, devido á grande diversidade bio-morfológica das sementes, tem comprometido e, muitas vezes, causado muita insegurança quanto a confiabilidade dos resultados obtidos. Nesse sentido, existe a necessidade de trabalhos que avaliem a germinação de espécies florestais utilizando diferentes técnicas ou métodos. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a percentegem de germinabilidade (G%) e o índice de velocidade de germinação (IVG) de Pinus elliotti em dois recipientes caixas germinadoras (CELLBOX), e caixa do tipo (GERBOX). Material e Métodos O presente trabalho foi conduzido no Laboratório de Entomologia Florestal e Laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Para testar a germinabilidade (G%), agregando o Índice de Velocidade de Germinação (IVG), foram usados caixas para cultura de tecidos com vários diâmetros e quantidade de células (agora denominada de Cellbox, comparando com o recipiente Gerbox. A caixa de germinação do tipo Cellbox não é um recipiente padronizado pela RAS. A quantia de sementes testadas na Cellbox foi pelo menor número de células presentes nesses recipientes, ou seja, 12 células com diâmetro de 2,1 cm. As sementes de Pinus elliotti utilizadas no presente trabalho são oriundas de um mesmo lote da Unidade de Pesquisa Florestal, pertencente à Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO) Florestas, localizada em Santa Maria, RS. O substrato utilizado foi papel mata-borrão, em forma de discos, com irrigação de água destilada controlada. A metodologia usada para germinação nas Cellbox e Gerbox é a que preconiza a RAS. Para análise da germinabilidade (G%), foi usado o método segundo LABOURIAU, (1983) e para o cálculo do índice de velocidade de germinação (IVG), o método segundo MAGUIRE, (1962). Na presente pesquisa, as variáveis consideradas são as caixas com diversas quantidades de células e diâmetros (Cellbox). Os tratamentos utilizados foram: T1 – Caixa Gellbox 11 x 11 x 3,5 cm, total de 100 mossas (10x10); T2 – Cellbox 0,7 mm de diâmetro com 8 x 12 total de 96 células; T3 – Cellbox 11 mm de diâmetro com 6 x 8 total de 48 células; T4 – 17 mm de diâmetro com 4 x 6 total de 24 células; T5 – 21 mm de diâmetro com 3 x 4 total de 12 células. Os recipientes utilizados encontram-se na (Figura 1). 138 T1 T2 T3 T4 T5 Figura 1- Tipos de recipientes utilizados. Santa Maria, RS Os recipientes foram acondicionados em câmaras climatizadas tipo BOD com fotoperíodo de 12 h, com isotermal em 25 ± 2 oC e irradiância de 45 μmol.m-2.s-1, munidas de um recipiente com água para manter elevada a umidade, e para a irrigação das sementes, foi utilizada uma micropipeta monocanal tipo Eppendorf Repeater Pipette 4780. A germinação foi monitorada diariamente, a cada 24 h durante 21 dias. O experimento foi considerado concluído quando não foi verificada germinação nas quatro repetições por duas contagens consecutivas, o que justifica a variação no número de dias apresentado no experimento. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com 5 tratamentos, 8 repetições. Os dados forma submetidos a Análise de Variação (ANOVA) e quando houve diferença as médias foram comparadas pelo teste Tukey 5% de probabilidade de erro. Resultados e Discussão Germinação - (G%) A análise dos dados através do teste Tukey demonstrou diferença significativa entre os tratamentos. O recipiente Gerbox não diferiu da Cellbox com 96 células, porém houve diferenças em relação às médias dos outros recipientes (Figura 2). 100 95 90,66 90 85,39 % germinação 85 80 75 73,46 70,83 70 65,62 65 60 55 1 2 3 4 5 Tratamentos Figura 2 - Gráfico das médias do % de germinação conforme o tratamento, com intervalos de confiança para as médias (0,95) nas barras verticais. 139 Os tamanhos maiores de células não tiveram interferência na germinação das sementes. Porém o recipiente com 96 células surge como uma opção quando se necessita isolar as sementes umas das outras e controlar a nutrição e irrigação no experimento, sem perda do poder germinativo das células. Índice de Velocidade de Germinação – (IVG%) Não houve diferenças significativas entre as médias dos diferentes tratamentos em relação ao IVG% (Tabela 1). O tamanho das células não interferiu no IVG% das sementes, mesmo com maior área de substrato. Observou-se um maior índice de infestação de fungos nos recipientes Gerbox, em relação aos recipientes Cellbox. Tabela 1 – Análise de variância para IGV. Causas de variação GL SQ QM F P Tratamento 4 2,5033 0,62583 0,15190 0,960891 Erro 35 144,1994 4,11998 Total 39 146,7027 Conclusão A metodologia empregada fora dos padrões da RAS quanto aos recipientes (Cellbox), revelou-se bastante satisfatória ao atendimento dos objetivos do trabalho. Os critérios definidos para avaliar os fatores de pesquisa (caixas) foram influenciados pelas características das mesmas. A Cellbox com 96 celulas apresentou melhores valores para germinação entre as várias divisões deste modelo de recipiente. Portanto, pode ser uma alternativa utilizada, pois é tão eficiente quanto o modelo padrão Gerbox. A divisão em células não demosntrou ter influencia no aumento da germinação e IVG% das sementes, entretanto houve um maior índice de infestação de fungos nos recipientes Gerbox.em relação aos recipientes Cellbox. Literatura citada BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. FERREIRA, A. G.; BORGUETTI, F. Germinação: do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 2004. 323 p. LABORIAU, L.G. A germinação das sementes. Washington: Secretaria Geral da Organização dos Estados Americanos, 1983. 174p. MAGUIRE, J.D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science, v.2, n.1, p. 176-177. 1962. SANTANA, D. G. de. Validação em Análise de Semente. Disponível xiiimet.cpatu.embrapa.br/arquivos/minicurso/validação> em: 15 Abr. 2012. em: < TUNES, L. M.; OLIVIO, F.; BADINELLI, P. G.; CANTOS, A.; BARROS, A. C. S. A. Testes de vigor em semente de aveia branca. Revista FZVA, v. 15, n. 2, p. 94-106, 2008. 140 7. Cooperativismo, associativismo e economia solidária 141 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 7.1. O associativismo como alternativa de desenvolvimento na dinâmica da Economia solidária – O caso da APROCOR – Associação de Produtores de Corumbataí do Sul – Pr 2 Andreia Machado Groff3, Janete Leige Lopes4, João Carlos Leonello 5, Sandro Nasser de Santi6 Resumo: O presente estudo apresenta as idéias que conduziram a pesquisa realizada nos anos 2007 e 2010, no município de Corumbataí do Sul, no Paraná, junto aos associados da Associação dos Produtores Rurais de Corumbataí do Sul – APROCOR. O intuito de discutir políticas públicas, oportunidades e limites voltados ao fortalecimento do associativismo nesse município, por meio de um conjunto de iniciativas para o enfrentamento das diferenças e para a promoção do desenvolvimento local, só foi possível pela identificação da APROCOR como espaço associativo de desenvolvimento da economia solidária e como alternativa viável de desenvolvimento social. A identificação de medidas e características desse sistema de economia solidária pode contribuir para que o meio rural se torne um processo de desenvolvimento local e social, além de identificar a construção de vínculos sociais para formação de identidade coletiva (construção da cidadania; organização e participação social). Com base nestes objetivos, levantaram-se os dados que deram subsídios à investigação, por meio de pesquisa bibliográfica, observação direta e entrevistas semiestruturadas. As entrevistas efetuadas com associados (produtores), diretores (gestores) da APROCOR, comunidade e dirigentes públicos indicaram que encontrar alternativas de desenvolvimento e tornálas instrumentos viáveis são medidas importantes que poderão representar vantagens competitivas para o desenvolvimento social local e regional. Palavras chave: associativismo; desenvolvimento social, desenvolvimento local economia solidária, inclusão social. 2 Parte da tese de doutorado do primeiro Autor financiada pela CAPES Professora do Departamento de Engenharia de Produção da UNESPAR/FECILCAM – Campus de Campo Mourão – Pr [email protected] 4 Professora do Departamento de Ciências Econômicas da UNESPAR/FECILCAM – Campus de Campo Mourão – Pr – email: [email protected] (Grupo de Pesquisa Desenvolvimento Econômico e Social Sob a Perspectiva Regional e Urbana ) 5 Professor Adjunto do Departamento de Ciências Econômicas da UNESPAR/FECILCAM – Campus de Campo Mourão – Pr – email: [email protected],.br (Grupo de Pesquisa Desenvolvimento Econômico e Social Sob a Perspectiva Regional e Urbana ) 6 Mestrando em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria – RS – email: [email protected] 3 142 Introdução A busca de ações que vislumbrem concretizar interesses comuns, capazes de promover o desenvolvimento social através de práticas associativas, vem se perpetuando ao longo dos tempos. Por isso, a compreensão do processo de transformação e consolidação das bases locais inscritas pelo associativismo como um conjunto de iniciativas para o enfrentamento das diferenças e para a promoção do desenvolvimento local, só é possível por meio de argumentações críticas sobre o significado e conceitos que retratam o tema. Presente nesse contexto encontra-se o associativismo no contexto da economia solidária, constituindo-se como alternativa para melhorar a qualidade da existência humana, isto é, para melhorar as condições de vida dos indivíduos de um determinado local, pois faz com que a troca de experiências e a convivência entre as pessoas se constituam em oportunidade de crescimento e desenvolvimento. Santos (2002) destaca que não basta ser alternativa; esta economia precisa impor-se como paradigma formando redes de empreendimentos solidários, inclusive internacionais e globais, para que surja o necessário volume de pressão. Nesse contexto, o convite à reflexão proposto por Arroyo e Schuch (2006, p. 34) vem complementar a necessidade de conceber a economia popular e solidária sob nova perspectiva, pois para os autores, a organização popular merece ―políticas públicas adequadas, que a trate como parte da solução econômica que temos que construir para direcionar o desenvolvimento nacional no rumo da inclusão e da sustentabilidade‖. Como objeto de estudo, determinamos o fortalecimento da economia solidária como espaço de desenvolvimento do associativismo. Para isso, elegemos a APROCOR como lócus dessa investigação, por entender que o cotidiano de espaços democráticos de participação social em uma região administrativa, que comporta diferentes estruturas populacionais, proporcionaria-nos uma riqueza de informações maiores. Como objetivo geral buscamos discutir políticas públicas, oportunidades e limites voltados ao fortalecimento da economia solidária em Corumbataí do Sul-PR, como espaço de desenvolvimento do associativismo, bem como seus efeitos sociais no período de 2007 a 2010 junto aos associados da APROCOR . Metodologia A investigação em questão caracteriza-se como exploratória e qualitativa, pois como salientam Cooper e Schindler (2003), o estudo exploratório conduz o pesquisador a desenvolver conceitos mais claros, estabelecendo prioridades. O qualitativo segundo Bruyne (1977) possibilita o uso de várias técnicas de coleta, tratamento e análise de dados. Enquanto estudo empírico, esta pesquisa caracteriza-se como descritiva interpretativa, pois busca observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los (CERVO; BERVIAN, 2002). Isto é, o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para modificá-la, procurando avaliar as informações obtidas por meio de diversos instrumentos. Sendo assim, optou-se pelo estudo qualitativo, principalmente pela necessidade de profundidade do objeto da pesquisa, uma vez que se procura discutir políticas públicas, oportunidades e limites voltados ao fortalecimento da economia solidária em Corumbataí do Sul-PR, como espaço de desenvolvimento do associativismo, bem como seus efeitos sociais no período de 2007 a 2010 junto aos associados da APROCOR. 143 Para tanto, buscou-se, num primeiro momento, apresentar o município onde está localizada a APROCOR para, em seguida, apresentá-la como espaço de desenvolvimento do associativismo, procurando avaliar até que ponto esse sistema econômico pode ser uma alternativa viável de desenvolvimento local e sustentabilidade social. Também verificar em que medidas e com quais características contribui para que o meio rural de Corumbataí do Sul-PR alcance o desenvolvimento social, procurando identificar a construção de vínculos sociais para formação de identidade coletiva. Como sujeitos desta pesquisa, foram definidos: o atual presidente da Associação e demais gestores. Além desses, fizeram parte da pesquisa, seis produtores rurais associados à APROCOR, três comerciantes e três pessoas ligadas ao meio político, totalizando treze entrevistas, realizadas durante o desenvolvimento da pesquisa. Resultados e Discussão Avanços importantes têm suscitados no âmbito da economia solidária, neste sentido (POCHMANN, 2004, p.23) reconhece-se que no rastro da crise do desenvolvimento capitalista progrediram, simultaneamente, modos de produção distintos, principalmente aqueles que surgiram no interior de segmentos não organizados do mundo do trabalho, dando sinais do desenvolvimento de uma fase embrionária da economia solidária, para além dos estágios da economia doméstica, popular e pré-capitalista. O aparecimento de um enorme excedente de mão de obra com algumas novidades em relação ao verificado durante o ciclo da industrialização nacional, conjugados com importantes grupos de diferentes ideologias e organizados socialmente, colaboraram na construção de alianças com segmentos excluídos da população, possibilitando esses avanços. Em face do crescente interesse pela economia solidária como objeto de estudo, identificamos que essas formas econômicas associativas significam, do ponto de vista de construções sociais, alternativas de vínculos sociais e identidade coletiva, formas de organização baseadas no trabalho associado, na propriedade coletiva, na cooperação e na autogestão, reafirmando esta como estratégia política de desenvolvimento. Para Scherer-Warren (2001, p.42) o associativismo é concebido como formas organizadas de ações coletivas empiricamente localizáveis e delimitadas, criadas pelos sujeitos sociais em torno de identificações e propostas comuns, buscando a melhoria da qualidade de vida, defesa de direitos de cidadania, reconstrução ou demandas comunitárias. Em um município essencialmente agrícola, constituído de pequenas unidades de agricultura familiar que tem na cafeicultura sua principal atividade econômica, como é o caso do município de Corumbataí do Sul – Pr, onde situa-se sede da APROCOR, a economia solidária se manifesta diante da necessidade de diversificação da pequena propriedade, face a decadência da cultura do café em meados de 2000, com consequente queda na renda da agricultura familiar, a diversificação veio com a produção de maracujá azedo, fortalecendo a partir de então o associativismo, pois a produção dessa frutífera, passou a exigir organização dos produtores e escala de produção para atender ao mercado. Essa diversificação aproximou os produtores, gerando escala na produção e comercializando de forma conjunta, assim esclarece com sua palavras o Presidente da APROCOR, ―imagina nós da linha da agricultura familiar trabalhar sozinho, competir nesse mercado aí que é gigantesco, talvez selvagem, então o produtor se une para ter volume por exemplo da produção, ele tem escala também, isso ajuda muito também, porque se você pegar o produtor isolado, isso nunca poderia ter acontecido”. 144 A movimentação física com a cultura do maracujá, demonstrada na tabela 01 abaixo, evidencia que a diversificação e o incremento na produção, só foi possível graças as práticas associativista na perspectiva da economia solidária, gerando renda, participação solidária com inclusão social. Tabela 01 – Recebimento e Comercialização de Maracujá – nas safras de 2006 a 2010 Pelos Associados da APROCOR – Base 31/12/10 – em Kg. Safra Industria/Kgs* Mesa/Kgs** 2001 3.000 - 2002 30.000 - 2003 275.007 5.149 2004 613.068 7.988 2005 261.621 416.724 8.907 30.159 2006 2007 849.901 51.679 2008 923.689 629.382 2009 882.813 478.946 2010 758.685 469.664 Obs: * vendas as indústrias de processamento; ** vendas in natura p/redes de supermercados. Conclusões Em Corumbataí do Sul observamos que as ações da associação de produtores devidamente formalizadas configuram-se dentro do espaço do associativismo e da economia solidária, pois identificamos que a combinação de desenvolvimento e sustentabilidade pode, neste sentido, ser alcançada e potencializada a partir dos propósitos, de gerar renda de forma sustentável, por meio da cooperação dos trabalhadores, com processos autogestionários entre os integrantes da associação e os demais trabalhadores na sociedade. A forte presença de empreendimentos econômicos solidários, como este, é encontrado sob variadas denominações e em várias regiões de nosso Brasil, exigindo da academia que estudos como este sejam ampliados e divulgados, e que políticas públicas sejam reproduzidas pelos poderes públicos nos três níveis, federal, estadual e municipal, para um melhor ajuste das medidas e ações de fomento e apoio a esse cada vez mais expressivo segmento da economia. Literatura citada ARROYO, João Cláudio Tupinambá; SCHUCH, Flávio Camargo. Economia popular e solidária: a alavanca para um desenvolvimento sustentável. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006. (Coleção Brasil Urgente). BRUYNE, Paul de. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais: os pólos da prática metodológica. Rio de Janeiro: F. Alves, 1977. 145 COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. Business research methods. McGraw-Hill. Irwin, 2000. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SANTOS, B. S. (Org.). Produzir para viver: os caminhos da produção não capitalista. v.3. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. SCHERER-WARREN, I.; NPMS. Movimentos sociais e participação. In: SORRENTINO, M. (Coord.). Ambientalismo e participação na contemporaneidade. São Paulo: EDUC/FAPESP, 2001 146 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 7.2. Perfil Socioeconômico dos Apicultores da Associação de Apicultores da Cachoeira do Teobaldo (AAPICATE)¹ Raquel Costa Palma2, Frederico Antônio Mineiro Lopes3, Tatiana Cristina da Rocha4, Sâmela Keila Almeida dos Santos5, Karine Aparecida Rodrigues de Souza5 1 Parte da monografia de graduação da primeira autora. Apoio FAPEMIG. Graduada em Zootecnia. 3 Professor Orientador. 4 Professora do Departamento de Zootecnia. 5 Estudante de graduação em Zootecnia. 2 Resumo: Objetivou-se com esta pesquisa compreender a contribuição da Associação dos Apicultores da Cachoeira do Teobaldo (AAPICATE) para a vida de seus associados e o perfil desses. Para tanto, foi realizado um estudo sobre a região Norte de Minas Gerais, em especial a microrregião do Alto Médio São Francisco ou de Pirapora, na qual está inserida a AAPICATE. Além dessa primeira percepção, analisou-se a apicultura, a agricultura familiar e o associativismo. Com a abordagem qualitativa de cunho descritivo e utilizando o estudo de caso como o procedimento técnico, munida de questionário e por meio de entrevistas, vivência não-participativa e de visitas à sede da associação e a um dos apiários, foi possível obter os dados para construir essa pesquisa. A AAPICATE trouxe benefícios para os agricultores familiares e para o Norte de Minas Gerais, devido ao aumento da fonte de renda e melhoria da qualidade de vida dos associados. Palavras Chave: apicultura, agricultura familiar e associativismo Socioeconomic Profile of the Beekeepers Association Beekeepers of Waterfall Theobald (AAPICATE) Abstract: The objective of this research was to understand the contribution of the Beekeepers Association of Waterfall Theobald (AAPICATE) for the life of its members and the profile of these. For this purpose, a study was conducted on the northern region of Minas Gerais, in particular micro Upper Middle San Francisco or Pirapora, which is inserted AAPICATE. In this first perception, we analyzed the beekeeping, agriculture and family associations. With the qualitative approach of using the descriptive case study as the technical procedure, provided a questionnaire and through interviews, non-participatory experiences and visits to the headquarters of the association and one of the apiaries, it was possible to obtain data to build this 147 research. The AAPICATE brought benefits to family farmers and to the north of Minas Gerais, due to increased source of income and improved quality of life associated with it. Key Words: beekiping, family farms and partnerships Introdução A economia da região do Alto Médio São Francisco, localizado no Norte de Minas Gerais, é baseada na agropecuária e no extrativismo vegetal. Os agricultores familiares enfrentam grandes problemas, como estiagens prolongadas, terras muitas vezes inférteis e pressões de produtores que adquirem grande quantidade de terras de melhor qualidade. Devido a essa situação, muitas comunidades vêm se estruturando em associações, para poderem superar, principalmente, os problemas produtivos da região (EMATER, 2006). Atualmente, a apicultura vem conseguindo lugar de destaque na economia agropecuária em torno do mundo. No Brasil, é uma prática que gera renda e trabalho e contribuiu para o bom desenvolvimento socioeconômico de vários segmentos da agricultura familiar, considerados um dos maiores propagadores da atividade. Nessa perspectiva de melhoria das condições de vida, alguns agricultores da região do Alto Médio São Francisco decidiram fundar a Associação de Apicultores da Cachoeira do Teobaldo (AAPICATE), abrangendo municípios como Buritizeiro, Pirapora, Ibiaí, Ponto Chique, Várzea da Palma, Lassance e Santa Fé de Minas. O objetivo foi avaliar a contribuição da AAPICATE, por meio de questionários, das visitas e entrevistas, analisando os aspectos relacionados à organização familiar e o perfil dos associados. Material e Métodos A pesquisa tem uma abordagem qualitativa de cunho descritivo, onde o procedimento técnico utilizado é o estudo de caso. Foi utilizado também o auxilio de questionário, entrevistas e várias visitas à AAPICATE. Foram realizadas também visitas ao Entreposto do mel, onde aconteceram várias oportunidades de assistir a como funciona o trabalho de recebimento do mel, do envase e da comercialização do mesmo. Aconteceram visitas na chácara (apiário) de alguns associados, onde pôde haver o acompanhamento das atividades desses produtores em relação à apicultura. Para se realizar esta pesquisa, procurou-se fazer uma amostragem e proceder às entrevistas e às visitas à AAPICATE. Para selecionar os associados contou-se com informações, principalmente, da diretoria da AAPICATE sobre os sócios mais frequentes. Em um universo de 220 associados, somente um número restrito que gira em torno de 40 associados são frequentes na participação dos eventos da AAPICATE. Assim, foi escolhido um grupo de vinte apicultores para responder o questionário. Segundo Spiegel (1976, apud SILVA 2004), o mínimo de 5% de uma população já é considerado uma amostra quantitativa. Portanto, a seleção de 20 pessoas está adequada e representa o grupo de associados. 148 Resultados e Discussão Os associados apresentaram características bastante semelhantes entre eles. Vários aspectos foram relacionados: a faixa etária, o grau de escolaridade, a motivação para a atividade e o que mudou na vida dos associados após terem entrado para a AAPICATE. A AAPICATE é uma associação sem fins lucrativos, que agregou apicultores técnicos, agricultores familiares e aficionados para o intercâmbio social e cultural, sempre visando a incrementar a apicultura. Esses apicultores são todos alfabetizados, apesar de alguns não terem frequentado a escola. Quase 40% dos apicultores possuem somente a quarta série do ensino fundamental. Esse fato faz perceber que essas pessoas, por serem em grande parte trabalhadores rurais, tiveram a necessidade de, desde muito novos, participar das atividades da casa, ajudando no sustento de suas famílias. Isso acabou sendo um fator determinante para deixar de se dedicarem aos estudos. Grande parte dos entrevistados é responsável pelo domicílio em que reside, sendo que alguns são agregados, isto é, moram com os pais ou filhos que complementam com a renda familiar. Apesar de vários anos trabalhando com a apicultura, ela não é a única fonte de renda para a maior parte dos associados Gráfico 1. Gráfico 1 – Apicultores que tem a apicultura como única fonte de renda Fonte: Dados da pesquisa, 2011. A qualificação profissional dessas pessoas varia entre empregador, assalariado, autônomo, mas prevalece o trabalhador rural. A faixa etária dos associados varia, conforme o Gráfico 2, entre 21 a 70 anos, sendo que a faixa etária predominante é a de 41 a 50 anos, pode-se perceber que devido a escolaridade e a faixa etária em que os associados se encontram a apicultura é uma fonte de renda alternativa, uma vez que a inserção desses no mercado de trabalho é mais difícil. Mesmo com o nível de escolaridade baixo, esses apicultores possuem grande interesse em se atualizarem na atividade escolhida, principalmente por meio de cursos básicos profissionalizantes, aumentando, assim, a qualificação e o conhecimento dos mesmos. 149 Gráfico 2 – Porcentagem de apicultores por faixa etária, em outubro de 2011 Fonte: Dados da pesquisa, 2011. Pôde-se perceber que, antes de participarem da AAPICATE, essas pessoas tinham um nível diferente de vida. Apesar de muitos membros ressaltarem que vida de agricultor não se transforma de forma alguma, ficou evidente que, por meio da AAPICATE, essas pessoas tiveram alguns benefícios trazidos pela associação, tais como: meios de trabalho, melhoria na situação financeira, obtiveram qualificação e conhecimentos em torno não só da apicultura, mas uma visão de como entender os aspectos fundamentais de mercado, da comercialização e do desenvolvimento regional. Conclusões Pode-se chegar à conclusão de que a AAPICATE é uma conquista para a região. Sem ela, a produtividade e as garantias de ampliação de serviços e melhoria das condições de vidas dos associados e famílias tornam-se difíceis de serem atingidas. É necessário, portanto, haver uma preocupação para manter a AAPICATE funcionando e trazendo benefícios sociais e econômicos para a região de abrangência, ampliando esses benefícios para todo o Norte de Minas Gerais. Literatura citada EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais. Projeto de implementação da apicultura, 2006. SILVA, Natasha Rovena da. Aspectos do perfil e do conhecimento de apicultores sobre manejo e sanidade da abelha africanizada em regiões de apicultura de Santa Catarina. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004. 115 f. 150 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 7.3. A emergência da Economia Solidária como Campo de Pesquisa na Área de Administração Layon Carlos Cezar1, Alan Ferreira de Freitas2 1 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Administração - UFV Professor do Departamento de Administração e Contabilidade - UFV Resumo: A Economia Solidária vem despertando interesse das mais variadas áreas de estudo devido os inúmeros campos que este movimento está inserido. Grande parte das pesquisas aborda o contexto histórico, suas características, suas implicações, suas propostas e conseqüências. Na área de administração observa-se um reconhecimento desta temática enquanto objeto de investigação de pesquisadores com objetivos de identificar seus efeitos e de certa forma estimular a criação de políticas públicas por parte do governo. Dessa forma, este trabalho objetiva identificar as publicações sobre Economia Solidária, em um dos principais congressos da ANPAD, sinalizando sua inserção enquanto campo de estudo. Observamos que houve um significativo aumento das publicações no ano de 2011 ligadas às áreas de Políticas Públicas e Gestão Social e Ambiental. Esse resultado indica a importância que a economia solidária tem ganhado frente a políticas públicas de geração de trabalho e renda. Palavras Chave: autogestão, economia solidária, solidariedade The emergence of the Solidarity Economy as Field Research in Management Area Abstract: The Solidarity Economy is attracting interest from many areas of study because of the numerous fields that this movement is inserted. Much of the research addresses the historical context, its characteristics, its implications and consequences of their proposals. In the administration area there is a recognition of this subject as an object of research investigators with a view to identifying their effects and somehow stimulate the creation of public policies by the government. Thus, this study aims to identify publications on the Solidarity Economy in a major congress ANPAD, signaling its insertion as a field of study. We observed a significant increase in publications in 2011 related to the areas of Public Policy and Social and Environmental Management. This result indicates the importance the solidarity economy has gained against public policy to generate jobs and income. Key Words: self-management, solidarity economy ,solidarity 151 Introdução A Economia Solidária (ES) desperta interesse de diversos pesquisadores devido seu caráter multidisciplinar. A ES é hoje um conceito amplamente utilizado em todas as partes do mundo, com diferentes nomenclaturas, mas que ―giram todas ao redor da idéia da solidariedade, em contraste com o individualismo competitivo que caracteriza o comportamento econômico padrão nas sociedades capitalistas‖ (SINGER, 2003, 116). Percebemos então que esse fenômeno compreende diversos empreendimentos pautados em princípios de solidariedade e de autogestão. Como enfatizado por Sucupira & Braga (2011) a ES permite que o trabalhador seja um participante ativo, com poder de responsabilidade cedendo possibilidade de emancipação dos mesmos. Este fenômeno visa reunir homens e mulheres que, ―vitimados pelo capital‖, organizam-se como produtores associados, com o objetivo não só de ―ganhar a vida‖, mas reintegrar-se à divisão do trabalho em condições suficientes para competir com as empresas tradicionais (SINGER, 2002). A ES atende a uma classe de trabalhadores marginalizados do mercado de trabalho que se unem em muitos casos para a criação de associações e cooperativas em que possam trabalhar em grupo buscando melhores condições de trabalho e renda. Estes empreendimentos são denominamos Empreendimentos Econômicos Solidários ou Empreendimento de Economia Solidária (GAIGER, 2003). A ES ganha força no Brasil com o governo Lula iniciado em 2002, onde se criou junto ao Ministério do Trabalho e Emprego, a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES). Para Alcântara (2005) a ES aparentemente é um fenômeno recente, mas seus primórdios remontam à primeira Revolução Industrial. Dessa forma a ES vem ganhando espaço nos meios acadêmicos e governamentais devido à sua importância quer seja na geração de oportunidades para uma grande maioria de trabalhadores, quer seja para gerar cada vez mais discussões que levem a reflexões mais aprofundadas acerca do assunto. Tendo em vista este contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar uma análise sobre os estudos em Economia Solidária nos anais de um dos principais eventos científicos da área de administração do Brasil. Vale ressaltar que nossa pesquisa foi analisada sobre a ótica dos estudos em administração, por se configurar como nossa área de atuação. Material e Métodos Para efetivação desse estudo, foram analisados os trabalhos publicados desde 1997 até 20117 em um dos principais eventos realizado pela Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD). Foram avaliados anais do evento EnANPAD8 (Encontro da ANPAD) classificado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) como E1. A análise quantitativa dos dados foi consolidada por meio do software estatístico IBM SPSS 20. 7 8 A escolha do ano é condizente com o banco de dados disponível no site da ANPAD Nossa análise foi realizada no site da ANPAD onde se encontra um banco de dados com os trabalhos apresentados em todos os anos de realização do EnANPAD 152 Resultados e Discussão Encontramos com nossa pesquisa 21 trabalhos abordando a temática Economia Solidária englobando várias vertentes ligadas a administração de uma forma geral. A Tabela 01 apresenta as respectivas áreas em que foram encontrados os trabalhos. Tabela 01 – Área de Classificação Área Frequência Porcentual Porcentagem acumulativa Válido Casos para Ensino em Administração e 1 4,8 4,8 2 9,5 14,3 1 4,8 19,0 1 4,8 23,8 Gestão de Pessoas 1 4,8 28,6 Gestão Pública e Governança 1 4,8 33,3 Gestão Social e Ambiental 3 14,3 47,6 Marketing e Sociedade 1 4,8 52,4 Organizações / Teoria das 1 4,8 57,1 Políticas Públicas 3 14,3 71,4 Prazer e Sofrimento no Trabalho 1 4,8 76,2 Redes e Relacionamentos intra e 1 4,8 81,0 Relações sujeito-trabalho-organização 1 4,8 85,7 Teoria Crítica em Estudos 2 9,5 95,2 Trabalho e Diversidade 1 4,8 100,0 Total 21 100,0 Contabilidade Estado, Administração Pública e Sociedade Civil Estudos Críticos e Práticas Transformadoras em Organizações Federalismo, relações intergovernamentais, governabilidade, governança, participação, capital social Organizações interorganizacionais Organizacionais Conforme verificado na tabela, há um predomínio de publicações nos campos ―Políticas Públicas‖ (14,3%) e ―Gestão Social e Ambiental‖ (14,3%). Analisando inicialmente o alto índice de publicações no campo Políticas Públicas, cabe aqui levantarmos alguns posicionamentos. No atual cenário político brasileiro, há uma necessidade de ser firmar a Economia Solidária enquanto política pública. Segundo Alcântara (2005) houve tentativas de institucionalizar a Economia Solidária enquanto política pública, de acordo as ações desempenhadas pelo governo federal por meio de decretos, medidas provisórias, discursos e projetos de lei. Entretanto consideramos que ainda há um amplo caminho a ser percorrido uma vez que é preciso não só uma rotinização da prática perante aos governos, mas, um maior entendimento aos princípios 153 de solidariedade e autogestão perante os trabalhadores e demais envolvidos nos empreendimentos econômicos solidários. Quanto ao alto índice de publicações no campo Gestão Social e Ambiental, consideramos que a temática da Economia Solidária encontra apoio na área de Gestão Social uma vez que ambos os conceitos tornam-se híbridos, ao passo que visam identificar práticas sociais em parcerias com o Estado e sociedade. Para França Filho (2008, 32) a Gestão Social ―corresponde ao modo de gestão próprio às organizações atuando num circuito que não é originalmente aquele do mercado e do Estado (...). Pode-se dizer que a Economia Solidária também atua neste cenário uma vez que ela atende a população a margem do mercado e que buscam recolocar-se em uma atividade, porém vale ressaltar que em muitos casos as empresas privadas e ou públicas exercem parcerias com os empreendimentos de Economia Solidária. Quanto ao ano de publicação, identificamos uma predominância de publicações no ano de 2011 (28,6%). Acreditamos que dois fatores podem ter interferido para um ―ressurgimento‖ das publicações neste ano: primeiro a transição presidencial e posteriormente a campanha pela Lei de Incentivo a Economia Solidária. A vitória de Dilma Rouseff nas urnas culminando na continuidade dos programas Petistas pode ter despertado atenção de alguns pesquisadores. Por outro lado, a campanha pela Lei de Economia Solidária tem por objetivo ―criar a primeira lei brasileira que reconheça o direito ao trabalho associado e apoie as iniciativas da economia solidária, dando espaço para as pessoas poderem se organizar em cooperação, com justiça e preservação ambiental. Conclusões Por meio da análise dos dados e das contribuições bibliográficas, percebemos que a temática Economia Solidária possui grande relevância social para os pesquisadores não só da área de administração, mas também de outras áreas. Ainda pode ser considerado um terreno de contestações uma vez que necessita-se de pesquisas e conceitos mais sólidos. Cabe aqui destacar que a pesquisa serve como instrumento de instigação de novos estudos a respeito. A análise apresenta algumas limitações ao analisar apenas um evento, não levando em consideração que devido a multidisciplinaridade do tema, alguns trabalhos podem ser publicados em outras áreas. Agradecimentos Os autores deste trabalho agradecem a FAPEMIG por proporcionar os recursos financeiros necessários para a participação neste evento. Literatura citada ALCÂNTARA, Fernanda. Economia solidária: o dilema da institucionalização. São Paulo: Arte & Ciência, 2005. FRANÇA FILHO, Genauto Carvalho de. Definindo Gestão Social. In: SILVA JUNIOR, Jeová Torres, MÂSIH, Rogério Teixeira (Orgs). Gestão Social: práticas em debate, teorias em construção. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2008. 248p. 154 GAIGER, Luís Inácio. ―Empreendimentos Econômicos Solidários‖. In.: CATTANI, Antonio David. A outra economia. Porto Alegre: Veraz Editores, 2003. SINGER, Paul . Introdução à Economia Solidária. Fundação Perseu Abramo, 2002. 1a ed. São Paulo: Editora _______. ―Economia Solidária‖. In.: CATTANI, Antonio David. A outra economia. Porto Alegre: Veraz Editores, 2003. SUCUPIRA, Grazielle Isabele Cristina Silva; BRAGA, Marcelo José. Empreendimentos de Economia Solidária e Discriminação de Gênero: Uma Abordagem Econométrica. In: FERREIRA, Marco Aurélio Marques, EMMENDOERFER, Magnus Luiz, GAVA, Rodrigo (orgs.). Administração pública, gestão social e economia solidária: avanços e desafios. Viçosa, MG: 2010. 350p. 155 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 7.4. Representatividade da produção e características de propriedades leiteiras de uma associação de produtores em Juiz de Fora, Minas Gerais João Paulo Pacheco Rodrigues1, Marcos Inácio Marcondes2, Júlia Luiza Coelho Dias3, Lucas Diogo Fontes3, Aureana Matos Lisboa3, Alexandre Franz Wagner de Oliveira3 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia – UFV – [email protected] Professor do Departamento de Zootecnia - UFV 3 Estudante de graduação em Zootecnia - UFV 2 Resumo: Objetivou-se avaliar a representatividade de produção de produtores de diferentes escalas e caracterizar aspectos relacionados ao manejo do leite pós ordenha das propriedades avaliadas. A caracterização foi realizada com informações relativas às características produtivas obtidas no mês de dezembro de 2010, através de visitas aos estabelecimentos e entrevista com os produtores. A associação possui maior quantidade de produtores de menor escala de produção, no entanto esses são menos representativos na produção total. Do total de propriedades, 71,05% caracterizam-se como de agricultura familiar, 47,37% realizam apenas uma ordenha pela manhã, e nas outras 52,63% realiza-se duas ordenhas. A ordenha manual é a mais utilizada, presente em 97,37% das propriedades, sendo que o restante faz uso do sistema mecânico balde ao pé. A não refrigeração do leite é caracterizada em 47,37% das propriedades, que são as mesmas que realizam apenas uma ordenha. Dentre os que realizam duas ordenhas, 26,32% das propriedades utilizam o tanque de imersão como método de refrigeração, 21,05% utilizam geladeira, e os 5,26% restantes utilizam tanque de imersão. O leite de 73,68% das propriedades é transportado no caminhão da associação, sendo que as outras utilizam métodos alternativos. As propriedades são predominantemente de agricultura familiar, realizam ordenha manualmente, transportam o leite em um caminhão do grupo e fazem pouca utilização de tanques de expansão para o resfriamento. Palavras Chave: associativismo, agricultura familiar, sistemas de produção Production representativeness and characteristics of dairy farms from an association of producers in Juiz de Fora, Minas Gerais Abstract: This study aimed to evaluate the production representativeness of producers of different scales and characterize aspects related to the management of milk after milking. The characterization was carried out with information on production characteristics obtained in December 2010, through visits to establishments and interviews with producers. The association producing a higher amount of small-scale 156 production, however these are less representing the total production. Of all properties, 71.05% are characterized as family farms, 47.37% have only a morning milking, and the other 52.63% is held two milkings. The hand milking is the most used, present in 97.37% of the properties, and the remainder makes use of mechanical milking. The cooling of the milk is not made in 47.37% of the properties which are the same that perform only one milking. Among those who carry out two milkings, 26.32% of the properties using the immersion tank as a method of cooling, 21.05% use the refrigerator, and the remaining 5.26% using immersion tank. 73.68% of milk produced in the properties is carried in the truck of the association, and the others use alternative methods. The properties are predominantly family farming, milking by hand carry, carrying milk in a truck of the group and make little use of expansion tanks for cooling. Key Words: associativism, family farming, production systems Introdução O associativismo é um caminho para a sustentabilidade econômica do pequeno produtor destacado por Melo & Reis (2007), os quais afirmam que o desenvolvimento de grupos sociais com características produtivas semelhantes contribui para o fortalecimento de seus agentes pela maior representatividade política e de mercado. Objetivou-se avaliar a representatividade de produção de produtores de diferentes escalas e caracterizar aspectos relacionados ao manejo do leite pós ordenha de propriedades vinculadas a uma associação de produtores de leite na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Material e Métodos O estudo foi realizado na Associação de Produtores Rurais de Pires (APRPires), que é constituída por 38 produtores, os quais comercializam leite em conjunto, com produção média diária por propriedade entre 15 e 400 litros, localizada na microrregião de Juiz de Fora, Zona da Mata do estado de Minas Gerais. A caracterização das propriedades foi realizada com informações relativas às características produtivas de cada propriedade obtidas no mês de dezembro de 2010, através de visitas aos estabelecimentos e entrevista com os produtores, fazendo-se um histórico de cada propriedade. Levou-se em consideração, para classificação como agricultura familiar a proporção de mão de obra familiar igual ou superior a 50% em relação á mão de obra total. A classificação para sistemas de transporte utilizados diariamente foram: carroça (leite no latão transportado por um veículo de tração animal), caminhão (leite no latão transportado todas as manhãs por um caminhão da associação), carro (entrega do leite pelo produtor em veículo automotivo) e direto (leite em tanque particular transferido para caminhão isotérmico). Os sistemas de refrigeração do leite utilizados nas propriedades foram classificados como: não (quando os produtores realizavam apenas a ordenha da manhã), geladeira (refrigeração do leite no latão em geladeira), imersão (latão em tanque de imersão) e tanque (leite em tanque de expansão particular). Foi utilizada a estatística descritiva, sendo calculadas as frequências relativas das características das propriedades. Resultados e Discussão Houve uma assimetria relacionando-se número de produtores em cada escala de produção e a representatividade destes no volume total produzido pelo grupo (Figura 1). Observa-se que produtores com produção diária menor que cinquenta litros são metade 157 do total, no entanto representam pequena faixa de produção (20,4%), Por outro lado, produtores que produzem 200 litros/dia ou mais são apenas 10,5% dos indivíduos, e representam 35,4% da produção total do grupo. Gomes (2006), em estudos caracterizando produtores que forneciam leite à cooperativa Itambé nos anos de 1998 e 2005, respectivamente, também observaram distribuição semelhante. Segundo Gomes (2006), essa característica é marcante no setor de produção de leite do Brasil, e o aumento dessa assimetria seria uma tendência, principalmente causada pela migração para o mercado informal ou abandono da atividade leiteira pelos pequenos produtores. De acordo com Gomes (2006), o uso de tanques coletivos é mais observado em produtores com produção diária abaixo de 50 litros, o que é uma afirmativa coerente com o perfil da Figura 1, comprovando que a permanência desses pequenos produtores na atividade leiteira vem sendo feita com o agrupamento de pequenos produtores. Figura 1 – Número de produtores presentes em cada escala de produção, na Associação de Produtores Rurais de Pires (APRPires), em Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, no ano de 2010. Um total de 71,05% das propriedades caracteriza-se como de agricultura familiar (Tabela 1) de acordo com a lei n.º 11.326 (Brasil, 2006), uma informação importante para o presente estudo, de modo que sob o ponto de vista social, a produção de leite pode representar a principal fonte de renda da maioria dos produtores avaliados. A organização de grupos de pequenos produtores pode favorecer a permanência desses na atividade e garantir melhores resultados econômicos, sendo uma alternativa em ascendência na cadeia produtiva do leite no Brasil (Melo & Reis, 2007). A realização de apenas uma ordenha pela manhã é observada em 47,37% das propriedades, quase metade do total (Tabela 1). Esta prática de manejo é característica em sistemas de produção de leite com vacas de baixa produção, a alternativa torna-se interessante pela diminuição dos custos com mão de obra e a não necessidade de refrigeração do leite na propriedade, característica também presente em 47,37% das propriedades (Tabela 1). Neves et al. (2011), em estudo realizado no estado de Pernambuco, observaram que 67,8% dos produtores avaliados realizavam uma ordenha por dia, sendo em grande maioria produtores de pequena escala, o que corrobora a maior utilização de uma ordenha em sistemas pouco especializados em outras regiões. Cerca de 14% das unidades produtoras de leite na Zona da Mata mineira fazem uso de ordenha mecânica. No presente estudo, observou-se que 97,37% dos produtores realizam a ordenha de forma manual (Tabela 1). Outro fator que mostra o baixo grau de 158 tecnificação dos produtores em estudo, estando o grupo de produtores, em 2010, abaixo da frequência de utilização de ordenha mecânica na região (Gomes, 2006). Tabela 1 – Frequências relativas de características dos sistemas de produção de leite na Associação de Produtores Rurais de Pires (APRPires), em Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, no ano de 2010. Característica Frequência (%) Familiar Contratada Mão de obra 71,05% 28,95% Manhã (uma) Manhã e Tarde (duas) Número de ordenhas 47,37% 52,63% Manual Mecânica balde ao pé Sistema de ordenha 97,37% 2,63% Geladeira Imersão Tanque Ausente Refrigeração na propriedade 21,05% 26,32% 5,26% 47,37% Caminhão Carro Direto Carroça Transporte 73,68% 15,79% 5,26% 5,26% Dentre os produtores, somente os que possuem tanque (5,26%) não fazem uso do tanque coletivo, que é utilizado pelos que refrigeram o leite na propriedade através de geladeira (21,05%), imersão (26,32%) ou que não refrigeram (47,37%) (Tabela 1). A utilização de geladeira para refrigeração de leite na propriedade não é um método recomendado pela Instrução Normativa n.º 51 (Brasil, 2002). Já os que não fazem uso de refrigeração na propriedade, realizam apenas uma ordenha, e encaminham seu produto para o tanque coletivo, sem acúmulo de leite na propriedade. Grande parte dos produtores (73,68%) utilizam o caminhão contratado para o transporte do leite, outros optam pelo uso de carro particular (15,79%) ou veículo de tração animal (5,26%). Os demais 5,26%, que utilizam transporte direto são aqueles que não fazem uso de tanque coletivo (Tabela 1). Conclusões Os produtores de menor escala, apesar de serem maior numero representam menor parte da produção do grupo. A utilização de ordenha manual é predominante enquanto o uso de tanques particulares é pouco representativo. Literatura citada BRASIL. Presidência da República. Lei nº. 11.326 de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Diário Oficial da União, Brasília, p.01, 25 de julho de 2006. Seção 1. BRASIL. Instrução Normativa nº 51, de 20 de setembro de 2002. Aprova os regulamentos técnicos de produção, identidade e qualidade do leite tipo... Diário Oficial da União, Brasília, p.13, 18 de setembro de 2002. Seção 1. MELO, A.D.S. & REIS, R.P. Tanques de expansão e resfriamento de leite como alternativa de desenvolvimento regional para produtores familiares. Organizações Rurais & Agroindustriais, v.9, p.111-122, 2007. 159 NEVES, A.L.A.; PEREIRA, L.G.R.; SANTOS, R.D. et al. Caracterização dos produtores e dos sistemas de produção de leite no perímetro irrigado de Petrolina/PE. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.12, p.209-223, 2011. GOMES, S.T. Diagnóstico da pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005: relatório de pesquisa. 1.ed. Belo Horizonte: FAEMG, 2006. 156p. 160 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 7.5. Panorama das cooperativas agropecuárias brasileiras pós-crise: uma comparação entre os anos de 2008 e 2010 Gustavo Leonardo Simão 1, Edson Arlindo Silva2, Alan Ferreira de Freitas3, Geicimara Guimarães4 1 Mestrando em Administração pela Universidade Federal de Viçosa/MG – [email protected]; Doutor em Administração pela Universidade Federal de Lavras/MG e professor do Departamento de Administração da Universidade Federal de Viçosa/MG – [email protected]; 3 Mestre em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa/MG e professor do Departamento de Administração da Universidade Federal de Viçosa/MG - [email protected]; 4 Graduanda em Gestão de Cooperativas pela Universidade Federal de Viçosa/MG – [email protected]. 2 Resumo: O presente estudo objetivou analisar os possíveis efeitos da crise financeira de 2008 às cooperativas agropecuárias brasileiras. Para isso utilizou-se de uma abordagem exploratória-descritiva com dados secundários. Através da comparação entre os anos de 2008 e 2010, sumarizou-se o desempenho das cooperativas do agronegócio no tocante às suas exportações, crescimento das vendas das maiores cooperativas do setor rural e a evolução do número total de empreendimentos nos respectivos anos. Conclui-se que apesar da queda no número de empreendimento cooperativos do setor agropecuário da ordem de 3,9% em 2010 quando comparados a 2008, isso não representa necessariamente uma crise no setor, haja vista, que há uma tendência crescente de fusões/incorporações. Essa afirmação pode ser corroborada pelo crescimento das vendas daquelas cooperativas agropecuárias figurantes entre as maiores empresas brasileiras. Além disso, notou-se um incremento positivo na participação nos volumes totais exportados pelo Brasil e no aumento das exportações do setor. Palavras Chave: desempenho, cooperativas agropecuárias, crise financeira. Abstract: This study aimed to analyze the possible effects of the financial crisis of 2008, in the Brazilian agricultural cooperatives. For this we used an exploratorydescriptive with secondary data. By comparing the years 2008 and 2010, we verified the performance of agribusiness cooperatives in relation to their exports, growth in sales of the largest cooperatives in the sector and evolution of the total number of enterprises in the respective years. It is concluded that despite the drop in the total number of cooperative of the agricultural sector of around 3.9% in 2010 compared to 2008, this does not necessarily represent a crisis in the sector, considering that there is a tendency of fusions / incorporations. This can be corroborated by the growth of sales of those 161 agricultural cooperatives among the largest Brazilian companies, as well as positive increment in total volumes exported by the Brazil and increasing the sector's exports. Key Words: agricultural cooperatives, financial crisis, performance. Introdução O presente artigo tem por objetivo realizar um panorama do desenvolvimento econômico das cooperativas agropecuárias brasileiras posteriormente a crise financeira mundial de 2008. Intentou-se analisar principalmente questões relacionadas aos possíveis impactos negativos do colapso financeiro nas vendas totais, nas exportações e possíveis impactos no número total de empreendimentos cooperativos do agronegócio brasileiro. Em razão da crise financeira internacional, originada inicialmente nos Estados Unidos e que posteriormente a meados de 2007 adquiriu proporções sistêmicas na economia mundial, inúmeros setores da economia dos mais diversos países foram seriamente prejudicados. Ainda no inicio da crise já se previam os impactos negativos da mesma junto à economia dos países em desenvolvimento, com destaque para os agregados econômicos reais (produção, investimento, empregos, etc.) e ao dinamismo do comércio internacional (MAZZUCCHELLI, 2008; ). As organizações cooperativas possuem certas peculiaridades inerentes ao seu modelo estrutural. Neste tipo de empreendimento a figura de usuário, fornecedor e cliente na maioria das vezes é marcada pelo mesmo individuo, além disso, os processos relacionados a tomada de decisão dos rumos do negócio são decididos de maneira democráticas. Tudo isso segundo Bialoskorski Neto (2008:27), faz com que haja claros custos de participação e de tomada de decisão, seja pela presença dos associados nas esferas de gestão, seja pela própria demora de um processo participativo de tomada de decisão. Este fato faz com que todas as decisões estratégicas de importância e de longo prazo, nessas sociedades, sejam custosas e lentas, podendo fazer com que haja prejuízo no processo de adaptação da firma às modificações no mercado e no ambiente institucional, quando comparadas às firmas de capital. A Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) 9 classifica as cooperativas em 13 ramos distintos, respectivamente de acordo com a atividade econômica desempenhada pelas mesmas. Desses ramos, o agropecuário destacava-se por concentrar cerca de 23% (1.548 organizações) do número total de cooperativas no ano de 2010 (OCB, 2011). Fato esse que o torna o ramo mais representativo em números de organizações no âmbito das organizações deste segmento. Os empreendimentos cooperativos, com destaque para o agrobusiness cooperativo, também se destacam por sua representatividade nas exportações brasileiras, tendo sido responsável em 2010 por enviar ao exterior mais de US$ 4 bilhões (BRASIL, 2012). Destarte, as organizações cooperativas também têm figurado com expressividade entre aos empreendimentos com maior volume de vendas no país, em um levantamento anual realizado por uma tradicional revista do setor de negócios. Não resta dúvida, portanto, da relevância do movimento cooperativo na economia brasileira, principalmente àquelas cooperativas ligadas ao agronegócio. Contudo, ainda não se tem notícia de pesquisas científicas com vistas ao levantamento do impacto que a 9 A OCB é o órgão representativo do setor cooperativista a nível nacional de acordo com os preceitos jurídicos definidos pela Lei nº 5.764/71. 162 crise econômica trouxe ao seguimento cooperativista. No sentido de suprir essa lacuna, este estudo visou analisar o desempenho das cooperativas do ramo agropecuário comparando os anos de 2008 e 2010, no tocante a três quesitos, a saber: número de organizações, desempenho das exportações e evolução nas vendas totais das maiores cooperativas do segmento em 2010 comparadas a 2008, ano em que se constitui o ápice dos efeitos negativos do colapso financeiro. Metodologia A pesquisa tem caráter descritiva-exploratória, na medida em que ainda se tem pouco conhecimento acerca do impacto da crise financeira no segmento do agronegócio cooperativo. A esse respeito, Vergara (2008:35) ressalta que uma pesquisa descritiva tem por objetivo conhecer e descrever os atores de um mercado específico bem como entender o seu comportamento para a formulação de estratégias. Ainda segundo esse autor, uma pesquisa exploratória é utilizada quando não se encontram informações cientificamente produzidas que atendam as necessidades propostas. Para o levantamento dos dados utilizados na pesquisa, foram utilizadas bases secundárias, tais como a Secretária de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio (MDIC), a base de dados das maiores e melhores empresas da Revista Exame e a Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB. Resultados e Discussão A participação das cooperativas nos volumes totais exportados pelo Brasil no ano de 2008 foi de US$ 4.010,6 bilhões (BRASIL, 2012), o que correspondia a cerca de 2,03 % dos volumes totais exportados pelo país (US$ 197,942,44 bilhões SECEX/MDIC, 2012). Já em 2010 10, percentualmente, as exportações do setor cooperativista tiveram um pequeno incremento passando a representar 2,19% do total exportado com valores da ordem de US$ 4.361,34 bilhões (BRASIL, 2012)11. Além disso, as exportações do segmento cooperativista tiveram um crescimento levemente superior ao crescimento total das exportações brasileiras comparando-se o ano de 2008 a 2010, sendo de 1,09% e 1,01% respectivamente. Tais fatos demonstram que as cooperativas tiveram um incremento, mesmo que pequeno, tanto em sua participação percentual nas exportações do país, quanto com relação ao crescimento no tocante a comparação do que foi exportado pelo segmento em 2008 e 201012. Quanto ao número total de empreendimento do agronegócio cooperativo nos anos de 2008 e 2010 pode-se notar pela Figura 1, que o segmento diminui. Contudo, essa queda foi inferior ao número total de cooperativas fechadas no mesmo período. O que não necessariamente nos leva a inferir que as cooperativas, inclusive as do ramo agropecuário, foram impactadas pela crise. Mesmo com uma queda no número de cooperativas num dado período, isto não acarreta obrigatoriamente uma diminuição do volume produzido/comercializado. Haja vista os casos crescentes de fusão de 10 Há de ser ressaltado que para fins de comparação todos os valores do ano de 2010, citados neste artigo, encontram-se deflacionados pelo Índice de Preço ao Consumidor dos Estados Unidos da América, ano base 2008. 11 Nesse ano o Brasil negociou no comércio internacional cerca de US$ 199.333, 47 milhões. 12 SIMÃO & CAMPOS, 2010 apontam em pesquisa relacionada as exportações do segmento cooperativista que o complexo do agronegócio é era responsável entre 1990 à 2009 por mais de 90% de tudo o que era exportado pelo segmento. Nesse sentido, é que uma relativização entre as exportações totais cooperativistas com o setor do agrobusiness é válida. 163 cooperativas, o que é uma tendência que pode ser apreciada tanto em países desenvolvidos, quanto em países em desenvolvimento (AMODEO, 2001). Fonte: OCB, 2011. Figura 1 – Comparação entre o número total de cooperativas brasileiras com o número das cooperativas agropecuárias no período de 2008 a 2010. Por fim, existiam em 2010 entre as mil maiores organizações (em vendas anuais) atuantes no cenário econômico brasileiro, segundo a Revista Exame S/A, 51 cooperativas, destacando-se entre elas, àquelas do seguimento agropecuário (36 organizações). Deste modo, quando se compara os volumes totais de vendas dessas 36 cooperativas agropecuárias com o ano de 2008 nota-se uma elevação nos volumes totais negociados da ordem de 2,04 %. Conclusões Apesar das limitações inerentes ao modelo de tomada de decisão característico dos empreendimentos cooperativos, esse modelo parece não ter interferido numa pior recuperação desse tipo de organização pós-crise de 2008. Desse ponto, pode-se inferir com base no foco de analise delimitado por esta pesquisa, que mesmo apresentando uma retração no número total de cooperativas do segmento agropecuário, isso não quer dizer que o segmento sofreu impactos negativos com a crise financeira de 2008. Tal afirmação é corroborada pelo crescimento nas exportações do setor, numa maior participação na fatia do total exportado pelo Brasil e no aumento das vendas daquelas cooperativas do agronegócio que figuram entre os maiores empreendimentos do país. Nesse sentido, o declínio do número de empreendimentos pode ser talvez atribuído a crescente tendência de incorporações/fusões das cooperativas no cenário mundial. O que sugere que o momento de instabilidade da economia iniciado em 2008 não gerou grandes impactos ao seguimento cooperativista do agropecuário brasileiro. 164 Agradecimentos Os autores desse trabalho agradecem a Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais que proporcionou recursos financeiros para a participação no evento. Literatura citada AMODEO, Nora Beatriz. As cooperativas e os desafios da competitividade. Revista Estudos Sociedade e Agricultura, 17, outubro 2001: 119-144. BIALOSKORSKI NETO, Sigismundo. A economia da Cooperação. In: BIALOSKORSKI NETO, S (Org.). Ensaios sobre o Cooperativismo. Universidade de São Paulo, setembro de 1998: 05-35. MAZZUCCHELLI, Frederico. A crise em perspectiva: 1929 e 2008. Novos estudos CEBRAP, São Paulo, n. 82, Nov. 2008. OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras. Dados do Cooperativismo – 2011. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/site/servicos/biblioteca.asp?CodPastaPai=2>. Acesso: 31/05/2012. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC)/ Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Balança Comercia – Cooperativas. Disponível em: <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=3186>. Acesso: 31/05/2012. REVISTA EXAME. Maiores e Melhores de 2010. Disponível <http://exame.abril.com.br/negocios/melhores-e-maiores/>. Acesso: 31/05/2012. em: SIMÃO, G. L.; CAMPOS, A. C. Composição e desempenho das exportações dos empreendimentos cooperativistas brasileiros, 1990 a 2009. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – SOBER, 2011, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte/MG: Universidade Federal de Minas Gerais, 2011. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas Editora, 287 pgs. Brasil. 1998. 165 8. Economia 166 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 8.1. Análise do potencial de influência na formação de preços pelo atacado no mercado mineiro de café1 Marco Aurélio Oliveira Santos2, Débora Lopes Teixeira3, Adriane de Oliveira Santos4, Glória Zélia Teixeira Caixeta5 1 Resultados da pesquisa em tópicos especiais em agronegócio. Graduando em Gestão do Agronegócio pela Universidade Federal de Viçosa. ([email protected]) 3 Graduando em Administração pela Universidade Federal de Viçosa. 4 Graduando em Pedagogia pela Universidade Federal de Viçosa 5 Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais-EPAMIG 2 Resumo: Por ter a produção oscilante, o preço do café dependente da oferta, assim à escassez desta gera picos de preços influenciando a formação de preço nas regiões produtoras, atacado e varejo. O atacado detém liderança de preços, devido à concentração do numero de agentes, enquanto os setores em maior número e dispersos, comercializando menor volume são tomadores de preços, perdendo poder de barganha. Usando o modelo de Barros (2007), analisou-se o índice de concentração do atacado influencia a formação dos preços aos demais setores, concluindo mesmo tendo capacidade de influenciar o mercado, o atacado contabilizou perdas. Sendo o produto responsável pela oferta, este obteve vantagens com a crise, pois obteve melhores preços ao produto, e o varejista alcançou maior renda ter maior parcela na formação dos preços no mercado. Palavras chave: cadeia do agroindustrial, Concentração de mercado, margens de comercialização, volatilidade Analysis of the potential influence on pricing in the wholesale market in Minas Gerais coffee Abstract: By having the oscillating production, the price of coffee depends on the way to the shortage of supply causes price spikes influencing price formation in the producing regions, wholesale and retail. The wholesale price leadership has, due to the concentration of the number of agents, while the sectors in greater numbers and dispersed, lower trading volume are price takers, losing bargaining power. Using the model of Barros examined whether the concentration index of wholesale prices influence the formation of the other sectors, concluding with the same ability to influence the market, the wholesale posted losses. Being responsible for the product offering, it had benefits with the crisis, because the product had better prices, and the retailer has achieved higher incomes have greater share in the formation of market prices. 167 Key Words: agro-industrial chain, market concentration, commercialization margins; volatility Introdução Como os demais produtos agrícolas o café, tem a produção oscilante e formação do preço dependente da oferta do produto ao consumidor (Spers e Nassar, 1998). A iminência de escassez no atacado ou no varejo gera picos de preços, sendo esses picos refletidos, imediatamente, para trás na cadeia tendo reflexos semelhantes nos três setores, de produção, atacado e varejo. Essas variações de preços proporcionam efeitos indesejáveis tanto para o produtor quanto ao consumidor. As margens de comercialização são um indicador de eficiência de mercado, pois esta se relaciona com o bem estar social Aguiar et al. (1994) citado por Alves (1996). As margens de comercialização expõem os indicadores de ineficiência do mercado em atender as necessidades do consumidor (Alves, 1996). Pelo pequeno numero de agentes concentrado o atacado detém liderança de preços, enquanto os demais perdem poder de barganha por estar em maior numero dispersos, comercializando menor volume de produto tornando-os tomadores de preços. Neste ambiente se formam os preços, sendo a instabilidade destes uma característica das commodities gerando instabilidade de renda aos produtores e investidores. Entender este ambiente significa melhores condições para os atuantes, no mercado, objetivou analisar se o índice de concentração apresentado no atacado influencia a formação nos preços aos demais setores. Material e Métodos Levantou-se junto a Fundação Getúlio Vargas uma série de preços diários compreendendo o período de janeiro de 2008 a abril de 2011, para analisar os mecanismos de formação de preços usou-se o modelo de Barros (2007) que se baseia nas seguintes equações: Margem relativa total; MRT= ((Pv-Pp)/Pv)x100, Margem varejo:MRv+ ((Pv-Pa)/Pv)x100, Margem ao atacado: MRa= MRa=((Pa-Pp)/Pv)x100, e ao produtor (MRp)= 1- MRT. Onde: Pv= Preço no varejo, Pa= Preço ao atacadista e Pp= Preço aos produtores. As de preços oscilações chamamos de volatilidade, para quantificar esta empregou o modelo de Black e Scholes: σ = , Onde, , , sendo: Xi = i-ésima observação, Ln = logaritmo neperiano e P i = preço ao fim de cada intervalo. N = número de observações, M = média aritmética. Para identificar tendências valeu-se de convergência e divergência de médias aritméticas, ou análise técnica (MACD). Usando uma média aritmética de longo prazo sobre o preço do ativo, e duas médias exponenciais à primeira, uma de curto e outra de longo prazo e realizando a diferença entre estas se obtém o MACD. Para se identificar os pontos de compra e venda com maior precisão, aplica-se uma terceira média exponencial de curto prazo ao MACD produzindo um sinalizador com esta função. Subtraindo o sinalizador do MACD identificam-se o histograma, pontos de tendência de inversão de preços, deste modo: MACD= mmeCP-mmeLP se MACD > 0 alta, caso contrário tendência de baixa. Sinalizador = mmeMACD e Histograma = MACD – Sinalizador. (curto prazo, 11 dias e longo prazo 22dias) Na teoria das finanças o desvio-padrão é uma forma de quantificar o risco do mercado. 168 Resultados e Discussão O varejo alcança o menor risco por atuar no mercado tendo sido apenas R$ 13,23. No atacado e na produção ocorrem às maiores etapas de agregação de valor, apresenta o risco mais acentuado R$72,06 para o atacado e R$71,36 para o produtor, conclui-se apartir da tabela 1. Tabela 1- Análise dos preços do café-janeiro/2008- abril/2011. Dados em (R$ / Saca) Média Mediana Desvio-Padrão Assimetria Produtor 290,44 263,40 71,36 2,31 Atacado 284,84 257,82 72,06 2,19 Varejo 499,21 497,36 13,23 0,92 Fonte: Dados da Pesquisa. Análise da volatilidade e das Margens Relativas A crise financeira internacional iniciada em 2008 desvalorizou o dólar frente ao real, diminuído o fluxo de exportação, o excedente direcionando ao mercado interno derrubando os preços nos três elos. Este fato levou muitos produtores a abandonar a cultura, diminuindo a oferta, agravada por fatores climáticos que afetara a produtividade das lavouras, provocando a volatilidade. Ao setor primário esta foi de 32%, com pouco produto para ofertar este passa a recolher uma maior parcela dos preços de venda com produto, obtendo uma margem de 37%. Para o setor secundário os 26% de volatilidade provocou perdas de 1% de margem visto que o custo da matéria-prima aumenta. O café tem demanda inelástica, por este fator a volatilidade de 11% gerou ganho de margem de 64% para o varejo. (tab. 2) Tabela 2 - Volatilidade e margens relativas da cadeia do café em Minas. Mercado Volatilidade Margem relativa Produtor 32% 37% Atacado 26% -1% Varejo 11% 64% Fonte: Dados da pesquisa Análise Técnica A grande safra conquistada em 2008 produziu ganhos ao produto, mantendo-se estável até agosto de 2010, os problemas climáticos agravaram a oferta, não obtendo meio de satisfazer a demanda expressando uma tendência de alta de preço possibilitando melhor remuneração com a venda (fig.1). 60 50 HISTOGRAMA MCDA SINALIZADOR 40 R$/Sc 30 20 10 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 -10 Figura 1- Análise técnica ao produtor. Fonte: Dados da pesquisa Di as 169 R$/Sc Com a saturação do mercado interno causado pela crise o atacado adquiriu este produto até março de 2010 a um preço baixo tendo este obtido a menor cotação em agosto de 2009. Quanto à escassez observou o inverso obrigando este a desembolsar mais recursos apartir de março de 2010 para obter o café juntando com os demais custos de processamento, o que gerou perdas a este (fig. 2). 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 HISTOGRAMA MCDA SINALIZADOR 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 Dias Figura 2- Apreciação técnica no atacado. Fonte: Dados da pesquisa. Por excesso de oferta neste mercado o varejo pode gerar estoque do produto aproveitando os preços baixos e quando o sua demanda começou a não ser mais atendidas os problemas gerado já estavam prestes contornados com uma nova safra que veio sanar os entraves enfrentados. (fig. 3) 3 2 HISTOGRAMA MCDA SINALIZADOR 1 R$/Sc 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 -1 -2 -3 -4 -5 Dias Figura 3- Julgamento técnico no varejo. Fonte: Dados da pesquisa. Conclusão No período analisado, mesmo tendo grande parcela de mercado, o atacado contabilizou perdas, visto que este necessita melhor remunerar os agentes a priori para garantir o abastecimento do mercado. Porém devido a fatores climáticos estes não conseguem ofertar o quanto o mercado deseja, agravando o processo de formação de preços, gerando altas taxas de volatilidade e margem aos agentes. Bibliografia ARÊDES, A. F. Transmissão de preços e da volatilidade na comercialização de carne suína. Viçosa-mg: DER-UFV. 2009. 163p. BARROS, G. S. Economia da comercialização agrícola. Piracicaba: USP. 2007. 221p. COELHO, F. V. Análise de preços e margens de comercialização na avicultura de corte paraense. Belém – Pará 2000.26p. SAES, S. M.; ESCUDEIRO, F. H.; SILVA, C. L. Estratégia de diferenciação no mercado brasileiro de cafés. Vol. 8. São Paulo. 2006. Pag. 24 – 32. VALE, S. L. R. Diagnóstico da cafeicultura em Minas Gerais/FAEMG: Belo Horizonte: faemg, 1996. 52p. 170 VILELA, P. S.; RUFINO, J. L. S. Caracterização da cafeicultura de montanha de Minas Gerais. Estudos INAES. Cadeias Produtivas. Café – Vol.1 Belo Horizonte (MG), INAES, Julho de 2010. Lastro Editora Ltda. 300p. 171 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 8.2. Perfil do Consumidor de Carne Vermelha do Município de São Luis do Maranhão Jailson Penha Costa1, Bianca Evanita Pimenta Mendes¹, Ângelo Silva Matias¹, Luciana de Paula Costa Lima¹, Ilka South de Lima Cantanhêde2, Luciano Cavalcante Muniz3 1 Graduando(s) do curso de Zootecnia/UEMA: [email protected] Professora Doutora do Instituto Federal do Maranhão, IFMA, Campus Maracanã. 3 Professor Adjunto do Departamento de Economia Rural, UEMA. 2 Resumo: O presente estudo teve como objetivo analisar o perfil do consumidor de carne de aves no município de São Luís, no Estado do Maranhão. Foi efetuada uma pesquisa descritivo-quantitativa. Os dados foram coletados por meio de interrogatório direto, utilizando-se questionário formal por escrito, visando à padronização no processo de coleta. A população estudada foi a do município de São Luís, no Estado do Maranhão e os questionários foram aplicados em feiras e supermercados da cidade, sendo estes situados em localidades distintas do município, totalizando 280 entrevistados aleatoriamente. Os dados foram analisados por meio de análise de freqüência simples. Com relação aos dados demográficos 51% dos entrevistados foram do sexo masculino, 54% apresentaram faixa etária entre 21 a 40 anos, 39,6% apresentaram escolaridade de nível médio e 56,1% apresentaram renda de até dois salários mínimos. Quanto ao critério de escolha da carne na hora da compra 41,6% se preocupava com a higiene do local. E em substituição a carne vermelha por outra carne, 48,7% deu preferência à carne de aves. Sobre o sabor da carne bovina e bubalina, 74,6% dos entrevistados acham bom. Palavras Chave: alimento, comportamento, consumo Consumer Profile of red meat of the Municipality of San Luis Maranhão Abstract: The present study aimed to analyze the profile of the consumer of poultry meat in São Luís, in Maranhão State. It was done adescriptive-quantitative. Data were collected through direct examination, using formal written questionnaire, aiming to standardize the collection process. The population studied was the city of São Luís, in Maranhão State and questionnaires were usedat fairs and supermarkets in the city, which are situated in different localities of the city, totaling 280 respondents randomly. Data were analyzed using simple frequency analysis. With respect to demographics 51% of respondents were male, 54% 172 were aged 21-40 years, 39.6% had medium level education and 56.1% hadincomes of up to two minimum wages. The criterion of choice of meat when buying 41.6% worried about the hygiene of the place.And in place of red meat for other meat, 48.7% gave preference topoultry. About the taste of beef and buffalo, 74.6% of respondent sthink good. Key Words: behavior, consumer, food Introdução O consumo global de carnes deverá crescer cerca de 2% anualmente até o final de 2015 à medida que a população e a renda das pessoas vão aumentar e mais pessoas migrarão para as cidades, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO 2002). A maioria deste aumento deverá ocorrer nos países em desenvolvimento, onde o consumo deverá crescer cerca de 2,7% ao ano, comparado com o crescimento de 0,6% ao ano dos países ricos. O tipo de proteína de origem animal mais consumido no Brasil é carne bovina. A população brasileira apresenta o costume de consumir carne vermelha em suas refeições diárias, fazendo parte da cultura alimentar. A carne vermelha, assim como todos os alimentos de origem animal, é fonte de proteína essencial para o desenvolvimento normal do homem, principalmente nos primeiros anos de vida. Por se constituir em uma proteína altamente nobre sua manipulação deve ter todo um controle higiênico e sanitário (GERMANO & GERMANO,2003). Material e Métodos Este estudo foi realizado no município de São Luís, Maranhão. As estrevistas foram realizadas no mês de janeiro de 2012, os dados foram coletados por meio de interrogatório direto, utilizando-se questionário formal por escrito, visando a padronização no processo de coleta (MALHOTRA, 2003). Estes questionários abordaram perguntas para conhecer os dados demográficos como: gênero, faixa etária, escolaridade e renda dos entrevistados. E perguntas para conhecer a preferência dos consumidores com relação ao consumo de carne vermelha, como: freqüência de consumo semanal; onde compra; critério de escolha em relação a decisão na hora da compra; que outra carne compraria para substituir a carne vermelha; que conceito o entrevistado dá ao sabor da carne bovina e bubalina e da capina e ovina. Os questionários foram aplicados em feiras e supermercados da cidade, situados em localidades distintas do município totalizando 280 entrevistados, sendo que a forma de escolha dos entrevistados foi aleatória com o intuito de obter uma distribuição heterogênea da população local. Para a análise dos dados obtidos realizou-se tabulação simples, onde foi realizado a adição das respostas e o balanço de seus percentuais respectivos. Resultados e Discussão A amostra foi composta por 51,4% de indivíduos do sexo feminino e 48,6% do sexo masculino. Este resultado confirma as conclusões de CASOTTI (2002), segundo as quais, na maioria das famílias, a mulher, ainda que exerça atividade remunerada, continua a dar mais importância ao lar do que ao trabalho remunerado, assumindo, portanto, a responsabilidade nas tarefas domésticas, na compra de alimentos e na criação dos filhos. Destes entrevistados, a grande maioria (54,3%) apresenta faixa etária 173 entre 21 a 40 anos. Com idade até 20 anos são 21,1%; a faixa de 41 a 60 anos representa 19,6% e maiores de 60 anos são apenas 5% (Tabela 1). Com relação ao grau de escolaridade, 11,1% dos entrevistados apresentaram escolaridade até o ensino fundamental, 39,6% até o ensino médio, 14,3% tinham o ensino médio incompleto, 24,6 % tinha graduação e 10,4% pós-graduação. Sobre a distribuição dos entrevistados segundo a renda familiar a grande maioria (56,1 %) recebe até dois salários, 31,4% com renda entre dois a quatro salários e 12,5% acima de quatro salários. Tabela1 - Distribuição percentual de freqüência dos dados demográficos dos de São Luís – MA Gênero % Faixa etária % Escolaridade % Ensino Masculino 48,6 Até 20 anos 21,1 11,1 Fundamental Feminino 51,4 21 a 40 anos 54,3 Ensino Médio 39,6 41 a 60 anos 19,6 Curso Técnico 14,3 Acima de 60 5 Superior 24,6 anos Pós-superior 10,4 Total 100 100 100 Fonte: Dados da pesquisa. entrevistados no município Renda (salário) % Até dois 56,1 De dois a quatro Acima de quatro 31,4 12,5 100 Em relação ao critério de escolha na hora da compra 42,7% diziam levar em consideração a higiene do local, 41,6% levam em consideração a aparência da carne, 5,4% a origem, 10,4% o preço. Já quando foram perguntados que outra carne compraria para substituir a carne vermelha caso o preço aumentasse, a carne de aves é a preferida (48,7%). Como segunda opção, aparece a carne de peixe, com 38,4% de preferência. A maioria dos entrevistados (44,8%) compra a carne vermelha em supermercados. 23,7% compram em feiras livres; 26,9% declararam que compram em mercadinhos; 2,5% diretamente do produtor e apenas 2,2% no interior do Estado. Já em relação ao sabor da carne de bovino e bubalino, 17,6% classificaram como excelente, 74,6% bom, 2,5% regular, 3,2% ruim e 2,2% péssimo. Sobre o sabor da carne de caprino e ovino 49,0% classificou como boa; 24,9% classificaram como excelente, e apenas 5,8% classificou como péssimo, sendo que 22 pessoas que foram entrevistadas nunca comeram carne caprina ou ovina. Conclusões A carne vermelha bovina e bubalina é a carne mais consumida na cidade de São Luís, contudo, existem outras opções de substituição desta carne como caprina, ovina, suína, aves e carnes exóticas. A carne vermelha e um das mais consumidas pela população ludovicense. De um modo geral tem-se notação uma grande preocupação com a segurança alimentar. Literatura citada CASOTTI, L. À mesa com a família: um estudo do comportamento do consumidor de alimentos. Rio de Janeiro: Muad, 2002. MALHOTRA, N.K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. GERMANO, P.M.L & GERMANO,M.I.S. Higiene e Vigilância sanitária de alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 2003. 174 Tabela 2 - Distribuição percentual de freqüência de consumo semanal, critério de escolha na hora da compra, outra carne substituta a de ave, o local de compra, sabor da carne de ave caipira, sabor da carne de ave de granja, tipo de ave preferido e o tipo de ave que consome regularmente. Freqüência de consumo semanal ( % ) Nenhuma ou raramente Uma vez Duas a três vezes 11,8 46,5 9,7 Acima de três vezes 12,1 Critério de escolha na hora da compra ( % ) Higiene do local Aparência Origem Preço 41,6 5,4 10,4 42,7 Local de compra ( % ) Rede de supermercado Mercadinhos 44,8 Feiras livres 26,9 Direto do produtor 23,7 4,7 Sabor da carne bovina e bubalina ( % ) Excelente Boa Regular Ruim Péssima 17,6 74,6 2,5 3,2 2,2 Ruim Péssima Sabor da carne caprina e ovina ( % ) Excelente 24,9 Boa Regular 49,0 12,8 7,4 5,8 Outra carne substituta a vermelha ( % ) Aves 48,7 Fonte: Dados da pesquisa. Peixe 38,4 Carne exóticas 8,2 Suíno 3,2 175 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 8.3. Desenvolvimento Rural das Microrregiões geográficas do estado do Paraná Salatiel Turra1, Cármem Ozana de Melo2 1 Bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Técnico de Manejo e Meio Ambiente da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento – SEAB – PR. 2 Professora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar o desenvolvimento rural das microrregiões do estado do Paraná, através da análise fatorial. Os resultados mostraram que, numa escala de zero a cem, o Índice Médio de Desenvolvimento Rural situou-se em 36,17, resultando num total de 16 microrregiões acima deste valor (41,03%) e 23 microrregiões abaixo (58,97%), evidenciando que mais da metade das microrregiões se encontram nos níveis baixo e/ou muito baixo de desenvolvimento rural, o que sugere a necessidade de medidas que venham reduzir os efeitos negativos gerados pelo processo de modernização da agricultura nessas regiões. Palavras Chave: Desenvolvimento Econômico, Desenvolvimento Rural, Modernização Agrícola Development of rural micro geographic state of Paraná Abstract: This paper aims to analyze the development of rural micro-regions of the state of Paraná, through factor analysis. The results showed that, on a scale from zero to one hundred, the Middle Rural Development Index stood at 36.17, giving a total of 16 micro-regions above this value (41.03%) and below 23 micro-regions (58.97%), showing that more than half of the micro levels are low and / or very low rural development, which suggests the need for measures that will reduce the negative effects generated by the process of modernization of agriculture in these regions. Key Words: Economic Development, Rural Development, Agricultural Modernization Introdução A questão do desenvolvimento rural constitui um tema sempre em aberto, dado o próprio dinamismo do processo, aliado ao fato de que abarca inúmeras transformações tecnológicas, sociais, ambientais e econômicas. Entretanto, desde os anos 1950, países como o Brasil começaram a dar atenção à formulação de planos que se limitaram, essencialmente, a um procedimento de industrialização intensiva, que se configurava como sinônimo de desenvolvimento econômico. Neste contexto, a agricultura tornou-se absorvedora de produtos advindos do setor industrial, o que passou a configurar o próprio processo de modernização agrícola. 176 Segundo Santos (1986), a partir da década de 1960, o uso de máquinas, adubos e defensivos químicos, ganharam importância no aumento da produção agrícola, resultando em mudança da base técnica e consequente modernização da agricultura, preconizados pelos princípios da ―Revolução Verde‖. No Paraná, o modelo de modernização da agricultura teve grande importância. O estado inseriu-se no processo, a agricultura se modernizou de forma intensa, o que gerou importantes transformações em sua economia e no meio rural. Sendo assim, importante se faz estudos que abordem o tema, uma vez que se pressupunha que o processo de modernização da agricultura teria como conseqüência natural o desenvolvimento rural. Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo analisar o desenvolvimento rural do estado do Paraná. Pretende-se, especificamente, através de uma medida sintética, aferir o grau de desenvolvimento rural das microrregiões geográficas do estado, o que pode possibilitar verificar possíveis desigualdades de níveis de desenvolvimento das várias regiões. Material e Métodos Este estudo tomou como unidade de análise as microrregiões geográficas do Estado do Paraná, com intuito de focalizar as particularidades regionais, possibilitando assim, verificar desigualdades e potencialidades. Foram selecionadas 14 variáveis como indicadores de desenvolvimento rural das microrregiões do estado: X1: densidade demográfica rural; X2: proporção de população rural; X3: área explorada; X4: População masculina total no meio rural em relação à população feminina total no meio rural; X5: Número de domicílios particulares permanentes rurais com instalação sanitária; X6: Consumo de energia elétrica rural; X7: Número de consumidores de energia elétrica rural; X8: Número de estabelecimentos agropecuários que obtiveram financiamentos de custeio, investimento e comercialização e manutenção de estabelecimento; X9: Número de tratores existentes nos estabelecimentos agropecuários; X10: Valor das despesas realizadas com agrotóxicos por estabelecimentos no período de 01/01 a 31/12/10; X11: Valor das despesas realizadas com adubos pelo estabelecimento no período de 01/01 a 31/12/10; X12: Valor das despesas realizadas com combustível pelo estabelecimento no período de 01/01 a 31/12/10; X13: Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP); X14: Número de alunos matriculados nos ensinos pré-escolares, fundamental e médio - zona rural. Os dados utilizados são secundários e obtidos através de estudos e do banco de dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES e do Departamento de Economia Rural – DERAL da Secretaria de Estado da Agricultura e do abastecimento do Paraná – SEAB, disponíveis nos site das instituições. Os resultados foram obtidos com o uso do software SPSS versão 11.5. Este trabalho utiliza-se da técnica da análise estatística multivariada, mais especificamente, a análise fatorial. Este método de análise é muito empregado, como aponta Haddad (1989), para juntar regiões ou locais de acordo com a similaridade de seus perfis; e agrupar variáveis para delinear padrões de variações nas características. Estes agrupamentos definem um conjunto de fatores que permitem identificar o estágio de desenvolvimento econômico, social, urbano e outros tipos de desenvolvimento de um determinado local ou região. A fim de aferir o grau de desenvolvimento das microrregiões, foram obtidos os fatores e selecionados os que apresentaram valores maior que 1. Identificados os fatores, foi feita a estimação do escore fatorial, por meio do método semelhante ao da 177 regressão. Através da média aritmética simples dos fatores pertencentes a cada observação (microrregião) foi obtido o Índice Bruto de Desenvolvimento Rural (IB) das microrregiões (eq. 1): n IB (F ) i i 1 (1) n Sendo: IB = índice bruto (média aritmética simples dos escores fatoriais); Fi = escores fatoriais; n = número de fatores (escores fatoriais) A partir daí, por meio da interpolação, considerando-se como o maior valor igual a 100 e o menor igual a zero, obteve-se o Índice de Desenvolvimento Rural (IDR) para cada microrregião do Estado. O quadro 1, apresenta as categorias adotadas para classificação de desenvolvimento rural, considerando o desvio padrão em torno da média. Quadro 1 – Categorias de Desenvolvimento Rural Categoria Alto Médio Baixo Muito Baixo Sigla A M B MB Desvio Padrão (σ) A ≥ (M + 1σ) Média ≤ M < A MB ≤ B < Média MB ≤ (Média - 1σ) Resultados e Discussão A análise aplicada ao modelo possibilitou a extração de três fatores com raiz característica maior que a unidade e que sintetizam as informações contidas nas 14 variáveis originais. Através da estimativa do Índice Bruto de Desenvolvimento (IB), foi encontrado como IDR médio o valor de 36,17 e um desvio padrão de 18,11, gerando os seguintes limites inferiores e superiores para a determinação da categoria do grau de desenvolvimento (Tabela 1). Tabela 1 – Intervalos do IDR e graus de desenvolvimento rural Categoria A M B MB Fonte: Resultados da pesquisa Limite Inferior 54,29 36,17 18,06 0,00 Limite Superior 100,00 54,28 36,16 18,05 Após serem calculados os IDRs e classificado pelo Grau de Desenvolvimento as microrregiões, é possível observar, através da Figura 1, como o IDR está distribuído espacialmente e de forma heterogênea no Estado. Verificou-se que cinco microrregiões do estado apresentaram grau de desenvolvimento alto (A), totalizando 12,82% do total das microrregiões. Já as que tiveram categoria de médio desenvolvimento rural foram da ordem de 28,21%. Assim, a maioria se situou na categoria de baixo (46,15%) e muito baixo (12,82%) grau de desenvolvimento rural. As microrregiões de Toledo e Cascavel apresentaram os maiores IDRs. Estas microrregiões são consideradas importantes produtoras de soja, cultura que teve 178 destaque no processo de modernização agrícola, além de se destacar também a produção avícola e de suínos (atividades demandadoras de soja), o que pode ter se refletido no resultado. Segundo o DERAL (2003), a adoção de tecnologia faz do Paraná um dos estados com maior rendimento por área. No outro extremo, pode-se observar que as microrregiões com grau de desenvolvimento rural muito baixo (MB). Estas tiveram praticamente todos os fatores negativos, espelhando assim os aspectos que necessitam mais atenção, ao se considerar as variáveis com maior correlação com tais fatores. Figura 1 – Distribuição espacial do Índice de Desenvolvimento Rural das Microrregiões Geográficas do Estado do Paraná, 2011 Fonte: Resultados da pesquisa Conclusão Este trabalho procurou abordar a questão, considerando variáveis relacionadas ao desenvolvimento rural, aferindo assim uma medida sintética para as microrregiões geográficas do estado do Paraná. Os resultados permitiram concluir que mais da metade (58,97%) das microrregiões estão abaixo da média, o que deixa transparecer a necessidade de maior atenção para as regiões que apresentaram tal resultado. A análise dos escores fatoriais de cada região pode apontar para as particularidades de cada uma, ou seja, os aspectos que em cada uma merece mais atenção, no sentido de melhorar a sua condição e desenvolvimento. Literatura citada HADDAD, P.R. et al. Economia regional. Fortaleza, BNB, 1989. 179 INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL <http://www.ipardes.gov.br/pdf/mapas/base_fisica/microrregioes_geograficas_base_20 10.pdf> Acesso em 10.set.2011 SANTOS, R.F. Análise crítica da interpretação neoclássica do processo de modernização da agricultura brasileira. In: SANTOS, R.F. dos. Presença de viéses de mudança técnica da agricultura brasileira. São Paulo: USP/IPE, p.39-78, 1986. SEAB – Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento / DERAL – Departamento de Economia Rural. Disponível em http://www.pr.gov.br/seab/deral. Acesso em 2011. 180 9. Entomologia 181 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 9.1. Avaliação do uso de terra de diatomácea contra a infestação de grãos de milho, submetidos ao ataque de Sitophilus zeamais (Coleoptera: Curculionidae) e Tribolium castaneum (Coleoptera: Tenebrionidae)1 Luidi Eric Guimarães Antunes2, Rafael Gomes Dionello 3, Roberto Gottardi4 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CAPES Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul 3 Professor do Departamento de Fitossanidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 4 Estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 Resumo: Entre os principais insetos que atacam produtos armazenados, destacam-se as espécies Sitophilus zeamais e Tribolium castaneum. Objetivou-se verificar a eficiência de diferentes dosagens de terra de diatomácea na proteção de grãos de milho durante 60 dias em contato com adultos de S. zeamais e T. castaneum. Utilizaram-se grãos com 12, 14 e 16% de umidade e doses de 0, 1000 e 2000 g.t -1 de terra de diatomácea com cinco repetições de 100 g de grãos com 10 adultos de ambas as espécies e a infestação ocorrendo 20 dias após a aplicação do produto. Verificou-se a análise tecnológica e os maiores níveis de grãos carunchados (34,87% e 24,55%) foram obtidos nos tratamentos controle dos grãos com os maiores teores de umidade (14 e 16%, respectivamente). Ao classificar os tratamentos quanto à tipificação, os tratamentos controle dos grãos contendo 14 e 16% de umidade, foram classificados como abaixo do nível padrão para comercialização. Conclui-se que grãos de milho sem terra de diatomácea são danificados facilmente pelos insetos e em dois meses podem passar da classificação Tipo 1 para a classificação abaixo do nível padrão de comercialização. Palavras Chave: besouro castanho dos cereais, gorgulho-do-milho, pó-inerte Evaluation of the use of diatomaceous earth agains the infestation of corns subjected to the attack of Sitophilus zeamais (Coleoptera: Curculionidae) and Tribolium castaneum (Coleoptera: Tenebionidae) Abstract: Among the main insects that attack stored products, flour beetle species Sitophilus zeamais and Tribolium castaneum. The porpose is to check efficiency of different dosages of diatomaceous earth in protecting maize grain during 60 days in contact with adults of S. zeamais and T. castaneum. Used grain with 12, 14 and 16% 182 humidity and doses of 0, 1000 and 2000 g. t-1 of diatomaceous earth with five repetitions of 100 grams of grain with 10 adults of both species and the infestation occurring 20 days after the product application. There has been a technological analysis and the highest levels of grain carunchados (34.87% and 24.55%) have been obtained in grain control treatments with the highest levels of humidity (14 and 16%, respectively). Grains with 12 and 16% humidity presented the greatest values of whole grains. To classify the type treatments, the grain control treatments containing 14 and 16% humidity, were classified as below the standard level for marketing. It is concluded that maize grain without diatomaceous earth are easily damaged by insects and in two months may pass the classification Type 1 for classification below the standard level of marketing. Key Words: brown Beetles, maize weevil, powder-inert Introdução De acordo com Elias et al. (2009), entre os principais insetos de grãos armazenados destacam-se Sitophilus zeamais Motschulsky (Coleoptera: Curculionidae) e Tribolium castaneum (Herbst) (Coleoptera: Tenebrionidae). Segundo Lorini (2008), a terra de diatomácea confere longo período de proteção à massa de grãos, sem deixar resíduos em alimentos destinados ao consumo. Desta forma, objetivou-se com este trabalho verificar a eficiência da terra de diatomácea aplicada em grãos de milho na proteção dos mesmos ao longo do tempo da infestação. Material e Métodos Os grãos de milho foram secos em secador estacionário com ar natural, até teores de água de 12, 14 e 16%, em base úmida. A aplicação de terra de diatomácea (TD) ocorreu em bandejas retangulares, com homogeneização durante dois minutos, e o armazenamento em recipientes plásticos de 2 L. Essa homogeneização foi realizada manualmente com uso de luvas cirúrgicas, sendo um par para cada dosagem de TD. Os grãos de milho apresentavam, aproximadamente, umidades de 12, 14 e 16% em base úmida (b.u.) e cada uma foi tratada com 1000 e 2000 g de TD por tonelada de grãos de milho. O controle constou de grãos sem tratamentos, ou seja, livres de TD. Cada tratamento foi composto por cinco repetições, onde foram colocados 100 g de grãos de milho, em recipientes plásticos de 300 mL fechados com tecido tipo voile, juntamente com 10 adultos de Sitophilus zeamais e de Tribolium castaneum, com idades variando de 20 a 50 dias, sem padronização sexual. Este experimento foi conduzido em sala climatizada nas mesmas condições da criação (25 ± 5°C; 60 ± 5% UR e fotoperíodo de 16L:8E). A infestação ocorreu aos 20 dias após a aplicação do produto nos grãos de milho, para verificar a ação da TD na proteção dos grãos ao longo do tempo. Os grãos foram armazenados por um período de 60 dias. Ao final deste período, realizou-se a análise de 183 defeitos, sendo os resultados expressos em porcentagem. Também foi realizada a classificação quanto ao tipo de grão (BRASIL, 1996). Resultados e discussão As maiores médias de grãos carunchados foram observadas nos tratamento controle dos grãos com 14 e 16% de umidade (b.u.), 34,87 e 24,55%, respectivamente, e diferiram estatisticamente dos demais tratamentos e entre si (Tabela 1). Tabela 1. Valores médios (%) de defeitos em grãos de milho ―in natura‖ e tratados sem e com terra de diatomácea (1000 e 2000 g.t-1), infestados com insetos adultos de Sitophilus zeamais e Tribolium castaneum 20 dias após a aplicação, armazenados por 60 dias (25 ± 5°C; 60 ± 5% UR; fotoperíodo 16L:8E). I* 12 % 14% 16% Dose (g.t-1)/Danos (%) --- 0 1000 2000 0 1000 2000 0 1000 2000 Carunchado 0,26 d ** 5,78 c 0,56 d 0,37 d 34,87 a 1,29 cd 1,25 d 24,55 b 0,48 d 0,11 d Quebrado 4,36 a 5,09 a 5,05 a 5,68 a 5,18 a 5,05 a 6,21 a 3,34 a 4,14 a 4,00 a Fragmentado 1,15 ab 3,24 a 2,45 ab 2,63 ab 3,24 a 2,64 ab 3,43 a 0,11 b 0,05 b 0,42 b Ardido 1,44 ab 2,06 ab 2,26 ab 2,65 ab 0,78 b 1,76 ab 0,71 b 1,50 ab 2,68 ab 3,32 a Brotado 0,0 a 0,00 a 0,48 a 0,28 a 0,00 a 0,27 a 0,68 a 0,04 a 0,46 a 0,38 a Chocho 0,39 a 0,00 a 0,46 a 0,25 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a Fermentado 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a Mofado 0,00 a 0,00 a 0,01 a 0,18 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a 0,00 a Impurezas 0,05 b 1,26 a 1,32 a 1,60 a 0,34 b 0,30 b 0,47 b 0,12 b 0,35 b 0,10 b Inteiro 92,35 a 82,57 ab 87,41 a 86,36 a 55,59 c 88,69 a 87,35 a 70,34 b 91,84 a 91,67 a *I = ―In natura‖ **Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade. Essas maiores médias estão relacionadas à maior umidade dos grãos, o que favorece os danos nos mesmos. Grãos com altos teores de água tornam-se muito vulneráveis a serem atacados por grandes populações de insetos e fungos (Kawamoto et al., 1992; Lorini, 2002). Podemos verificar a existência de relação inversamente proporcional entre grãos inteiros e carunchados, visto que os grãos com 14 e 16% de umidade (b.u.) apresentaram maiores valores de grãos carunchados e menores quantidade de inteiros. Na classificação destes tratamentos, levando em consideração o total de grãos avariados, são classificados como tipo 1 os tratamentos ―in natura‖, 1000 e 2000 g.t -1 TD dos grãos com 16% de umidade. Tipo 2 são os tratamentos 1000 e 2000 g.t -1 TD dos grãos com teor de umidade de 12 e 14%, assim como o tratamento controle dos grãos com 12% de umidade. Já os tratamentos controle dos grãos com 14 e 16% de umidade 184 são classificados como abaixo do nível padrão para comercialização. Nenhum destes tratamentos foi classificado como Tipo 3. Como os grãos tendem a entrar em equilíbrio higroscópico, que é o momento em que eles não perdem e nem ganham água, provavelmente os grãos com 16% de umidade (b.u.), diminuíram esse teor, tendo a maior proteção da terra de diatomácea. Os tratamentos classificados como abaixo do nível padrão para comercialização, mostram que grãos com umidade elevada e sem TD tendem a serem mais suscetíveis aos danos causados pelos insetos. Conclusões Grãos de milho sem terra de diatomácea são danificados facilmente pelos insetos e em dois meses podem passar da classificação Tipo 1 para a classificação abaixo do nível padrão de comercialização. Literatura citada BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Portaria N° 11, de 12 de abril de 1996. Comissão Técnica de Normas e Padrões. Norma de Identidade, Qualidade, Embalagem e Apresentação do Milho. Brasília, 1996. ELIAS, M. C.; LORINI, I.; MALLAMANN, C. A.; DILKIN, P.; OLIVEIRA, M.; MALLMANN, A. O. Manejo integrado no controle de pragas de grãos e derivados. In: Elias, M. C.; Oliveira, M. Aspectos Tecnológicos e Legais na Formação de Auditores Técnicos do Sistema Nacional de Certificação de Unidades Armazenadoras. Pelotas, 2009. v.único, p.305-354. LORINI, I. Manejo Integrado de Pragas de Grãos de Cereais Armazenados. EMBRAPA TRIGO, Passo Fundo, v.2, 2008. 72p. LORINI, I.; Miike, L. H.; Scussel, V. M. Armazenagem de Grãos. Campinas, SP: Instituto Biogeneziz, v. 1, 2002. 1000p. KAWAMOTO, H.; SINHA, R. N.; MUIR, W. E. Computer simulation modelling for stored-grain pest management. Journal of Stored Product Research, v.28, n.2, p.139145, 1992. 185 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 9.2. Alterações estruturais na folha de ficus benjamina L. durante a infestação de gynaikothrips ficorum (marchal) (thysanoptera: phlaeothripidae) 1 Camila Ferreira Pontes Bezerra2, Isabela Almeida Ramos3, Max Valério Doria Barbosa4, André Luiz Gomes da Silva 5 1 Parte do trabalho de monografia da primeira autora CCAA/UFMA. Aluna de Monografia, curso de Agronomia CCAA/UFMA. 3 Aluna de Iniciação científica, curso de Agronomia, CCAA/UFMA . 4 Pesquisador colaborador Museu Nacional/UFRJ. 5 Professor do curso de Agronomia, CCAA/UFMA 2 Resumo: A ocorrência de galhas é relativamente comum nas folhas de algumas espécies do gênero Ficus, sendo seu principal agente causador espécies do gênero Gynaikothrips. Foram avaliados indivíduos adultos de Ficus benjamina infestados por G. ficorum, escolhidos aleatoriamente de árvores de até quatro metros de altura em vários estágios de predação com base na presença de lesões e no dobramento da lâmina foliar. Nas folhas saudáveis, a epiderme em ambas as faces é pluriestratificada e apresenta células arredondadas revestidas por cutícula delgada e mesófilo dorsiventral. Em folhas infestadas, as células do mesofilo, próximo aos pontos de lesão, apresentam hipertrofia e o tecido, como um todo, hiperplasia. As galhas em F. benjamina são rudimentares, pois não há formação de novos tecidos após a infestação por G. ficorum, o que é comum a outras espécies vegetais atacadas por estes insetos. Palavras Chave: galhas, trips, Moraceae Structural alterations in leaf of the Ficus benjamina L. during Infestation of Gynaikothrips ficorum (marchal) (thysanoptera: phlaeothripidae) Abstract: The occurrence of galls is relatively common in leaves of some Ficus species, and its main causative agent is the species of the genus Gynaikothrips. We evaluated adult individuals of Ficus benjamina infested with G. ficorum. The trees was selected randomly, with the leafs at various stages of predation based on the presence of lesions and the folding of the leaf. In healthy leaves, the epidermis on both sides present 2-3 layered of the rounded cells, covered by a thin cuticle. The mesophyll is dorsiventral and the vascular bundle of the midrib is the discontinuous type. In infested leaves, the mesophyll cells near to the point of lesion, presents hypertrophy and the tissue presents hyperplasia. The galls on F.benjamina are rudimentary, because there is no formation of new tissue after infestation by G.ficorum, which is common to other plant species attacked by these insects. 186 Key Words: galls, trips, Moraceae Introdução Ficus é o gênero mais abundante da família moraceae, com mais de 1000 espécies distribuídas principalmente na região tropical, com poucos representantes na região temperada (Carauta & Diaz, 2002). A ocorrência de galhas é relativamente comum nas folhas de algumas espécies do gênero Ficus, sendo seu principal agente causador espécies do gênero Gynaikothrips (Condit, 1969; Ananthakrishnan & Raman 1989; Mound, 2005; Tree & Walter, 2009), conhecidos popularmente como Trips ou Lacerdinha. Estes insetos ao pinçar a epiderme foliar para retirada da seiva acabam por ocasionar a morte das células afetadas diretamente, induzindo as células vizinhas a se tornarem meristemáticas e produzirem substâncias fenólicas, processo que induz a dobradura foliar ao longo da nervura central, formando uma galha para o desenvolvimento dos insetos (Souza et al., 2000; Tree & Walter, 2009). O desenvolvimento destes insetos depende da estrutura formada pela galha, que proporciona um micro-clima perfeito para o acasalamento, a deposição de ovos e desenvolvimento das ninfas. A infestação por Trips causa uma alteração estrutural significativa nas folhas atacadas de F. Benjamina, como a dobradura completa da lâmina foliar, pontos de necrose ao longo da superfície foliar, hipertrofia e hiperplasia dos tecidos envolvidos direta e indiretamente, produção e acúmulo de compostos fenólicos, maior quantidade de estômatos em folhas jovens, estômatos mau formados e mesófilo desorganizado (Souza et al., 2000). O objetivo desta pesquisa foi estudar as alterações estruturais ocorrentes nas folhas de Ficus benjamina Infestadas por Gynaikothrips ficorum (Marchal) (Thysanoptera: Phlaeothripidae). Material e Métodos O estudo foi realizado no laboratório de Botânica Estrutural do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do Maranhão (CCAA/ UFMA) localizadas no município de chapadinha, Maranhão. Foram utilizados indivíduos adultos de Ficus benjamina localizados em praças e avenidas da cidade de Chapadinha, MA. Os indivíduos foram escolhidos aleatoriamente de árvores de até quatro metros de altura infestadas por Gynaikothrips ficorum (Marchal) (Thysanoptera: Phlaeothripidae) em vários estágios de desenvolvimento com base na presença de lesões e no dobramento da lâmina. Foram realizados cortes histológicos paradérmicos e transversais do limbo foliar de folhas sadias e folhas atacadas pelo G. ficorum para descrição das características anatômicas. Os cortes foram realizados com auxílio de um micrótomo de Ranvier usando raiz de cenoura como suporte. Os cortes foram clarificados em solução comercial de hipoclorito de sódio a 30%, por 5 minutos, lavados com água destilada, corados com safranina e azul de astra por 3 minutos, montadas em glicerina 50% em lâminas permanentes com vedação das lamínulas por meio de esmalte neutro. Para visualização dos cortes, as lâminas foram observadas com o auxilio do microscópio óptico (BEL Photonics) com câmara acoplada. As imagens foram então processadas utilizando um sistema de captura de imagens (BEL View). Resultados e Discussão O estudo demonstrou que o ataque de G. ficorum ocorre em folhas jovens e maduras de F. Benjamina, sendo os tecidos jovens mais sensíveis ao ataque. 187 A epiderme pluriestratificada tem a função de reserva de água e a disposição compacta das células bem como a presença de uma cutícula rígida fazem com que a epiderme proporcione uma melhor sustentação mecânica (Figura 1D). O mesófilo tende a dorsiventral sendo constituido de três a quatro camadas de parenquima paliçadico sob a epiderme superior com células relativamente longa e justapostas e mais de cinco camadas de parenquima lacunoso, compactado com celulas relativamente pequenas de contorno arredondado ( Figura 1D). A epiderme da face adaxial da nervura mediana é coberta por uma fina cutícula e é biestratificada. (Figura 1D) Abaixo da epiderme há uma camada de 2-3 células de colênquima. O sistema vascular da nervura mediana é em formato descontínuo. Na face abaxial os feixes ocorrem em forma de meia lua e na face adaxial em formato de um pequeno arco. O xilema está diferenciado em protoxilema e metaxilema (Figura 1D). As folhas infestadas por G. Ficorum apresentam deformação em sua estrutura. As duas lâminas foliares se curvam na face adaxial formando um ângulo de 90o, ao ponto de tocarem suas bordas. Esta curvatura forma uma câmara onde os insetos sobrevivem e procriam. Esta deformação foliar pode ser considerada uma galha (Figura 1C). Durante a infestação, os insetos inserem seu aparelho bucal na epiderme foliar para coleta de seiva. As células adjacentes aos pontos de lesão da epiderme sofrem necrose, provocando uma alteração na pigmentação. As folhas então se tornam amareladas e depois de algum tempo, caem ( Figura 1B). As células epidérmicas apresentam concentração de compostos fenólicos próximo aos pontos de lesões. As células do mesofilo, próximo aos pontos de lesão, apresentam hipertrofia e o tecido, como um todo, hiperplasia (Figura 1E). No mesófilo foram observados também uma grande concentração de compostos fenólicos (Figura 1E). Tanto na nervura central como nas secundárias não foram evidenciads diferenças significativas em sua estrutura anatômica. Com tudo, não foi observado formação de novos tecidos após a infestação por G. Ficorum, caracterizando estas galhas como rudimentares, o que é comum a outras espécies vegetais atacadas por estes inseto Figura 1: A. Folha sadia; B. Trips sobre a folha de Fícus benjamina; C. Folha atacada; D. Secção transversal da nervura central; E. Secção transversal da nervura central da folha atacada. Ep = Epiderme pluriestratificada; Ct = Cutícula; X = Xilema; F = Floema; Cl = Colênquima; PJ = Parênquima lacunoso; PP = Parênquima paliçadico. 188 Conclusão O ataque de Gynaikothrips ficorum sp. em Ficus benjamina causou alterações nos tecidos foliares danificando suas estrututas e consequentemente comprometendo seu desenvolvimento , bem como suas funções na planta. Literatura citada CARAUTA, J.P.P. & DIAZ, B.E., 2002. Figueiras no Brasil. Rio de Janeiro, RJ: Editora UFRJ. SOUZA, S.C.P.M.; KRAUS, J.E.; ISAIAS, R.M. & NEVES, L.J., 2000. Anatomical and ultrastructural aspects of leaf galls in Ficus microcarpa L. F. (Moraceae) induced by Gynaikothipis Marchal (Thysanoptera). Acta Botanica Brasilica 14(1): 57-69. SALAZAR-RETANA, A. P. et. al. Anatomía de la agalla en Ficus benjamina (Moraceae) asociada a "thrips" (Tubulifera: Phlaeothripidae). Revista de Biología Tropical, v .57, n.1, nov. 2009. SILVA, R.A; et al. Danos de Tripes em Ficus sp. no Amapá. Comunicado 121 técnico, dez, 2006 TREE, D.J. & WALTER, G.H., 2009. Diversity of host plant relationships and leafgalling behaviours within a small genus of thrips – Gynaikothrips and Ficus in south east Queensland, Australia. Australian Journal of Entomology, 48: 269–275 189 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 9.3. AVALIAÇÃO DA MORTALIDADE DE SITOPHILUS ZEAMAIS (COLEOPTERA: CURCULIONIDAE) EM GRÃOS DE TRIGO, TRATADOS COM TERRA DE DIATOMÁCEA, CAL HIDRATADA E CALCÁRIO AGRÍCOLA DOLOMÍTICO1 Roberto Gottardi2, Rafael Gomes Dionello 3, Luidi Eric Guimarães Antunes4 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CNPQ Estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul 3 Professor do Departamento de Fitossanidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 4 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 Resumo: O uso de pós-inertes é uma das alternativas existentes no controle de pragas de grãos armazenados em substituição ao controle químico. Portanto, este trabalho objetivou verificar a eficácia de três pós-inertes no controle de Sitophilus zeamais em trigo. Utilizou-se 3,2 kg de grãos de trigo e adultos de S. zeamais não sexados, oriundos de criação em sala climatizada (25 ± 5 °C e 70 ± 15%). Os tratamentos com 4 repetições de 100g de trigo cada um foram: terra de diatomácea (2000 g.t -1), cal hidratada (4000 g.t-1), calcário agrícola dolomítico (4000 g.t -1) e testemunha. Em cada repetição procedeu-se as infestações com 15 ou 30 insetos. Verificou-se a mortalidade aos 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias após a infestação e a umidade dos grãos ao início e final do experimento, obtendo-se que as médias de mortalidade do tratamento com cal hidratada não diferiram estatisticamente do tratamento com terra de diatomácea. Aos 10 dias, os dois tratamentos obtiveram 100% de controle enquanto o tratamento calcário apresentou 50% de controle. Conclui-se que a terra de diatomácea e cal hidratada apresentam controle com maior rapidez em relação ao uso de calcário, a quantidade de insetos infestantes não altera a eficiência dos produtos e grãos sem tratamento (in natura) tendem a aumentar a umidade. Palavras Chave: gorgulho-do-milho, pó-inerte Evaluation of Sitophilus zeamais mortality (Coleoptera: Curculionidae) in Wheat grain treated with diatomaceous earth, hydrated lime, and limestone dolomitico agricultural Abstract: The use of pós-inertes is one of the alternatives that exist in control of stored grain pests in substitution to the chemical control. Therefore, this work sought to verify 190 the effectiveness of three pós-inertes in the control of Sitophilus zeamais in wheat. Used 3.2 kg of wheat grain and adults of s. zeamais not sexed, from inception in heated room (25 ± 5° C and 70 ± 15%). Treatments with 4 repetitions of 100 g of wheat each were: diatomaceous earth (2000 g. t-1), hydrated lime (4000 g. t-1), agricultural limestone Dolomite (4000 g. t-1) and witness. In each iteration with infestations were the 15 or 30 insects. The mortality was 5, 10, 15, 20, 25 and 30 days after infestation and the humidity of the grain to the beginning and the end of the experiment, getting that mortality averages with Hydrated lime treatment differed not statistically treatment with diatomaceous earth. To 10 days, the two treatments have gained 100% control while the limestone treatment 50% control. presented by It is concluded that the diatomaceous earth and Hydrated lime are faster control over use of limestone, the amount of insects weeds does not alter the efficiency of products and grain treatment (in natura) tend to increase the humidity. Key Words: maize weevil, powder-inert Introdução O controle químico dos insetos pragas de grãos armazenados é muito preconizado na atualidade, porém apresenta múltiplos inconvenientes tais como a poluição ambiental devido aos resíduos que permanecem nos grãos após a aplicação dos produtos e/ou o risco à saúde dos consumidores (RIBEIRO, 2008). Diante desse cenário, o uso de métodos alternativos no controle de pragas nas etapas de pós-colheita se mostra muito importante. No interior do RS, o emprego de pós-inertes pelos agricultores como (por exemplo) o calcário agrícola, cal hidratada e cinzas de madeira na conservação de produtos agrícolas tais como o controle do caruncho Acanthocelides obtectus (Coleoptera: Bruchidae) do feijão, é utilizado há muito tempo (GUERRA, 1985). O objetivo deste trabalho foi verificar a eficácia de três pós-inertes no controle de Sitophilus zeamais (Coleoptera: Curculionidae) em grãos de trigo. Material e Métodos Os materiais utilizados foram: 3,2 kg de grãos de trigo com umidade inicial de 12,4% (―in natura‖, grãos prontos para comercialização) e adultos de S. zeamais não sexados oriundos de criação própria com temperatura e umidade controladas (25 ± 5 °C e 70 ± 15%). Os tratamentos foram: terra de diatomácea (2000 g.t-1), cal hidratada (4000 g.t-1), calcário agrícola dolomítico (4000 g. t-1) e testemunha (livre de aplicações). Os pós-inertes foram homogeneizados manualmente usando luvas cirúrgicas, aos grãos de trigo, durante 3 minutos, procurando evitar a presença de grãos sem tratamento. Cada tratamento foi constituído por oito repetições com o uso de recipientes plásticos de 300 ml, onde cada uma recebeu 100 g de trigo com os respectivos tratamentos e procederam-se as infestações com 15 ou 30 insetos, ficando quatro repetições com cada infestação. Individualmente os recipientes foram fechados com tecido tipo voile para impedir a fuga dos insetos. Verificou-se a mortalidade aos 5, 10, 15, 20, 25 e 30 dias após a infestação e a umidade dos grãos ao início e final do experimento. Considerou-se morto o inseto que não apresentou movimentos durante 2 minutos de observação. As médias foram analisadas pelo teste de Tukey a 1%. 191 Resultados e discussão Os resultados obtidos mostraram que as médias de mortalidade do tratamento com cal hidratada não diferiu estatisticamente do tratamento com terra de diatomácea tanto com a infestação de 15 com o de 30 insetos (Tabela 1). Tabela 1. Média de mortalidade de 15 adultos de Sitophilus zeamais infestando grãos de trigo com diferentes tratamentos ao longo de 30 dias Dias de análise Tratamentos 5 10 15 20 25 30 CV** Terra de diatomácea 14,50* Aa 15,00Aa 15,00Aa 15,00Aa 15,00Aa 15,00Aa 0,03 Cal hidratada 13,00 Ab 15,00Aa 15,00Aa 15,00Aa 15,00Aa 15,00Aa 0,07 Calcário Agrícola 8,00Bc 10,00Bb 13,50Aa 13,75Aa 14,75Aa 15,00Aa 0,27 Testemunha 0,25Cc 2,00Cc 2,25Bb 3,00Bb 4,75Ba 5,5Ba 0,75 * Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade. ** CV = coeficiente de variação a 99% de probabilidade Aos 10 dias, os dois tratamentos obtiveram 100% de controle, enquanto o tratamento calcário apresentou 50% de controle para 15 insetos infestantes. Em relação às médias de umidade, o tratamento testemunha com 30 insetos (Tabela 2) apresentou o maior valor e diferiu estatisticamente de todos os tratamentos, inclusive da testemunha com 15 insetos. Tabela 2. Média de mortalidade de 30 adultos de Sitophilus zeamais infestando grãos de trigo com diferentes tratamentos ao longo de 30 dias Dias de análise Tratamentos 5 10 15 20 25 30 CV** Terra de diatomácea 29,50Aa 29,75Aa 30,00Aa 30,00Aa 30,00Aa 30,00Aa 0,01 Cal hidratada 26,75Ab 28,75Aab 29,50Aab 30,00Aa 30,00Aa 30,00Aa 0,10 Calcário Agrícola 14,50Bc 21,00Bb 24,75Ba 27,00Aa 29,25Aa 29,50Aa 0,25 Testemunha 0,25Cc 2,25Cbc 2,75Cb 3,25Aab 6,25Bab 7,75Ba 0,84 * Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 1% de probabilidade. ** CV = coeficiente de variação a 99% de probabilidade A terra de diatomácea e a cal hidratada apresentaram controle com maior rapidez em relação ao uso do calcário. A quantidade de insetos infestantes não alterou a 192 eficiência dos produtos e grãos sem tratamento (―in natura‖) tenderam a aumentar a umidade. Literatura citada GUERRA, M.S. Receituário caseiro: alternativas para o controle de pragas e doenças de plantas cultivadas e de seus produtos. Brasília, EMBRATER, 1985, 166p. RIBEIRO, L. P.; COSTA. E. C.; KARLEC. F.; BIDINOTO, V. M. Avaliação da eficácia de pós inertes minerais no controle de Sitophilus zeamais mots. (Coleoptera: Curculionidade). Revista da Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia, v. 15, p. 19-27, 2008. 193 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 9.4. Abundância e Riqueza de afídeos em pastagens cultivadas em São Vicente do Sul, RS1 Michel Walker2, Vinícius Soares Sturza3, Sônia Poncio 4, Aline Bosak dos Santos 5, Marcelo Lopes da Silva 6 1 Trabalho de Pesquisa – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Acadêmico do Curso de Agronomia (UFSM). 3 Programa de Pós-Graduação em Agronomia (UFSM) . 4 Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade (UFPEL). 5 Programa de Pós-graduação em Agrobiologia (UFSM). 6 Pesquisador Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. 2 Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar como a composição de diferentes espécies de poáceas como pastagem tem efeito sobre a população de afídeos. Foram realizadas coletas em áreas com diferentes pastagens, sendo uma área monocultivo de Avena strigosa L., outra com monocultivo de Lolium multiflorum L. e outra área com consórcio destas duas espécies. Foram avaliados o número de indivíduos de afídeos encontrados em cada tratamento e identificado a abundância e diversidade das espécies. Palavras Chave: Avena strigosa, gramíneas, Lolium multiflorum, pulgões Wealth and Abundance of aphids on cultivated pastures in São Vicente do Sul, RS Abstract: This study aimed to evaluate the composition of different species of grasses as pasturehas no effect on the population of aphids. Collections were conducted in areas with different pastures, and an area monoculture of Avena strigosa L., another withmonoculture of Lolium multiflorum L. and another area with a consortium of these two species. We evaluated the number of individuals of aphids found in each treatment andidentified the abundance and species diversity. Key Words: Aphids, Avena strigosa, grasses, Lolium multiflorum Introdução Normalmente, as pragas de pastagens não são devidamente controladas, embora o manejo da diversidade de plantas possa reduzir os problemas com pragas (ARSUSDA, 2011). Muitos insetos são associados com as espécies de gramíneas empregadas como pastagens no sul do Brasil, como a aveia preta (Avena strigosa L.) e o azevém 194 (Lolium multiflorum L.) (Poaceae), dentre eles as várias espécies de afídeos (Blackman & Eastop 2000). Cinco espécies de afídeos são comumente encontrados no Brasil: Metopolophium dirhodum (Walker, 1849), Sitobion avenae (Fabricius, 1775), Schizaphis graminum (Rondani, 1852), Rhopalosiphum padi (Linnaeus, 1758), e Rhopalosiphum maidis (Fitch, 1856) (Hemiptera: Aphididae) (Celis et al 1997; Ronquin et al 2004). Não se sabe como a mistura de gramíneas em pastagens pode afetar a composição e diversidade de espécies de afídeos no campo, especialmente em pastagens. Este conhecimento é essencial para entender a dinâmica de surtos de pulgões em culturas de cereais. Neste trabalho foi avaliado se a composição de espécies de pulgões em pastagens pode ser diferente de acordo com a composição de espécies de plantas e se a mistura de duas espécies de plantas pode modificar a quantidade e diversidade de afídeos, em comparação com um campo de espécies em monocultivo. Material e Métodos O trabalho foi realizado em uma área rural de São Vicente do Sul, município do centro-oeste do Rio Grande do Sul (29 º 42 '0'' de latitude S, 54 º 39' 5'' W longitude e 121 m acima do nível do mar). As áreas avaliadas foram três, uma de 1.050 m 2 de aveia (BO), uma outra área de 1.750 m2 de azevém (RG), e a terceira área de 1.050 m2 de uma mistura de aveia e azevém (BO + RG). A distância entre BO e RG foi de 20 m, e destes para BO + RG 230 m. Este estudo foi realizado durante o inverno de 2009. O preparo do solo foi convencional com semeadura manual, utilizando 20 kg de sementes no campo BO, 12 kg no RG e 18 kg no BO + RG (8 kg de sementes de aveia preta + 10 kg de sementes de azevém). Estes campos foram fronteira com área de cana para oeste, floresta nativa ao norte e campo nativo ao sul, leste, e entre as áreas. O levantamento de insetos foi realizado seis vezes com intervalos de sete dias, exceto durante o período de chuvas, quando um tempo adicional de sete dias foi necessário para uma nova coleta. As coletas foram realizadas nos dias: 24/07 (1), 02/08 (2), 15/08 (3), 23/08 (4), 29/08 (5) e 06/09 (6). Seis pontos de coleta foram escolhidos aleatoriamente dentro de cada campo, cada um medindo 0,24 m2 (0,6 mx 0,4 m) e delimitada por uma moldura de madeira quadrada. Todos as ninfas e adultos recolhidos foram transferidos para sacos de plástico com pedaços das folhas para o transporte até o laboratório para identificação. Após a transformação logaritimica, o teste ANOVA F foi realizado a fim de detectar diferenças significativas entre o número médio de pulgões e o Teste Qui-quadrado com correção de Yates para continuidade também foram realizado para comparar a proporção de espécie de pulgão em cada área. Resultados e Discussão O número de pulgões foi maior na área BO, seguido em ordem decrescente por BO + RG e RG. Apesar do fato de que BO apresentaram níveis mais elevados de infestação em todas as amostragens, não foi estatisticamente diferente do BO + RG (Tabela 1). As espécies de afídeos encontrados foram Rhopalosiphum padi (Linnaeus, 1758), Rhopalosiphum maidis (Fitch, 1856), Metopolophium dirhodum (Walker, 1849), Sitobion avenae (Fabricius, 1775) e Schizaphis graminum (Rondani, 1852) (Hemiptera, Aphididae). Todas as espécies foram encontradas na área BO + RG. S. graminum não foi coletado em RG, enquanto M. dirhodum foi coletado apenas na área RG + BO. A 195 baixa densidade de M. dirhodum não era apropriada para a análise de associações de área / espécie de pulgão. Tabela 1. Número médio de pulgões por data de avaliação (1-6) coletados em aveia preta (BO), Avena strigosa L., azevém (RG), Lolium multiflorum L., e área mista BO + RG. São Vicente do Sul, RS, Brasil, inverno de 2009 Avaliação 1 2 3 4 5 6 Cultura Número médio de afídeos BO 7.5Aa* 12.1Aa 13.8Aa 11.1Aa 4.3Aa 1.4Aa BO+RG 9.2Aa 10.1Aa 7Aa 3.4Aa 1.5Aa 0Aa RG 0Ba 1.5Ba 3Ba 2Ba 1Ba 0Ba CV (%) 35.65 ** P tratamento *** P data 0.0001 0.0002 * Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes, nas colunas e letras minúsculas, nas linhas, mostram diferença significativa (P <0,05). CV = coeficiente de variação; ** P = probabilidade de erro para o tratamento; *** P = probabilidade de erro por data de avaliação. Existem muitos fatores que afetam a colonização de pulgões em suas plantas hospedeiras. A aveia preta foi relatada como fonte de alimento adequado para os pulgões (Lopes-da-Silva & Vieira, 2010). De acordo com os resultados, o azevém foi um hospedeiro inadequado para a colonização de pulgões. Este registro é a primeira constatação das diferenças de colonização de pulgões em azevém e outras Poaceae cultivadas. Plantas hospedeiras podem selecionar genótipos de pulgões específicas ou espécies. Muitas plantas contêm ácidos hidroxâmicos, um mecanismo de defesa contra ataques de pulgões (Givovich & Niemeyer, 1994). Elevados níveis destes compostos são encontrados em trigo e milho, mas eles estão ausentes na aveia e azevém (Figueroa et al. 2002). No entanto, L. perenne é considerado um hospedeiro inadequado para pulgões por causa de sua associação com endossimbiontes fúngicos (Meister et al. De 2006). A baixa incidência de pulgões em azevém é uma informação valiosa, pois indica que este acolhimento pode contribuir para menor infestação de pulgões em áreas de pastagens. Por outro lado, a aveia preta parece ser uma fonte adequada para a difusão de pulgões para outros cereais. R. padi foi a espécie de afídeo mais abundante. No entanto, no decorrer das avaliações, as variações na dominância espécies foram observadas. R. padi foi dominante até a terceira amostragem e da quarta em diante, S. avenae tornou-se a espécie dominante. Provavelmente isso ocorreu devido à preferência alimentar das espécies, considerando-se que R. padi é freqüente durante as fases de emergência e de perfilhamento das plantas e S. avenae durante a fase reprodutiva da planta, o que correspondeu a avaliação inicial e final, respectivamente, bem como as variações de predominância. A associação de aveia + azevém reduziu a quantidade global de afídeos para aproximadamente 50% da infestação de pulgões encontrado na área BO. Essa constatação reforça o "efeito azevém", negativo sobre as populações de pulgões. 196 Conclusões A mistura de plantas infestadas (aveia) com as plantas pouco infestadas (azevém) resultou em menos pulgões em comparação com um campo cultivado com uma única espécie de pastagem. Além disso, a mistura parece favorável para a redução de pulgões em pastagens e em termos práticos, o uso de azevém como pastagem, em áreas mistas ou isoladas, é uma boa alternativa porque não é favorável para populações de pulgões. Agradecimentos Os autores agradecem a; a José Henrique Souza da Silva, Universidade Federal de Santa Maria, pela assistência na análise estatística e Rick pela revisão Inglês; à CAPES pelas bolsas de estudo concedidas. Literatura citada ARS-USDA, 2011. Forage and grazing lands biodiversity project - Pasture Diversity and Management. Pastures systems and watershed management research unity fact sheet. Available from: http://grazingguide.net/wpcontent/uploads/2011/05/Goslee_diversity_factsheet.pdf (Accessed 6 October 2011). Blackman, R. L. & V. F. Eastop, 2000. Aphids on the World’s Crops. An Identification and Information Guide. Johns Wiley Sons. Second edition. John Wiley & Sons, Chichester, 466 p. Celis, V.R.; D. Gassen; V. L. Valente; A. K. Oliveira 1997. Longevity, fecundity and embryogenesis in Brazilian Aphids. Pesquisa Agropecuária Brasileira 32: 137-145. Figueroa, C. C.; R. Loayza-Muro & H. M. Niemeyer. 2002. Temporal variation of RAPD-PCR phenotype composition of the grain aphid Sitobion avenae (Hemiptera: Aphididae) on wheat: role of hydroxamic acids. Bulletin of Entomological Research 92: 25-33. Givovich, A. & H. M. Niemeyer. 1994. Effect of hydroxamic acids on feeding behaviour and performance of cereal aphids (Hemiptera: Aphididae) on wheat. European Journal of Entomology 91: 371–374. Lopes-da-Silva, M. & L. G. E. Vieira. 2010. Temporal genotypic diversity of Schizaphis graminum (Rondani, 1852) (Hemiptera: Aphididae) in a black oats (Avena strigosa) field. Brazilian Archives of Technology 53: 911-916. 197 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 9.5. Ocorrência de Phidotricha erigens Raganot, 1889 (Lepidoptera: Pyralidae) em milho no Brasil1 Anderson Bolzan2, Michel Walker2, Candice Güths2, Roger Bohn2, Vinícius Soares Sturza3, Sônia Thereza Bastos Dequech4 1 Trabalho de Pesquisa – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Acadêmico do Curso de Agronomia (UFSM). 3Programa de Pós-Graduação em Agronomia (UFSM) . 4 Professora do Departamento de Defesa Fitossanitária (UFSM). 2 Resumo: Phidotricha erigens Raganot, 1889 (Lepidoptera: Pyralidae) é registrada no Brasil com ocorrência em cafeeiro, algodoeiro e pomares cítricos. Este é o primeiro registro de larvas de P. erigens na cultura do milho em Santa Maria (29°43‘S, 53°43‘W), RS, Brasil. Palavras Chave: Danos na espiga; insetos-praga; lagartas; Zea mays L. Occurence of Phidotricha erigens Raganot, 1889 (Lepidoptera: Pyralidae) in corn in Brazil Abstract: Phidotricha erigens Raganot, 1889 (Lepidoptera: Pyralidae) is recorded in Brazil in coffee, cotton and citric orchards. This is the first register of P. erigens larvae in corn crop, in Santa Maria (29°43‘S, 53°43‘W), Rio Grande do Sul State, Brazil. Key Words: Caterpillars; ear damages; insect pest; Zea mays L. Introdução Entre os fatores que afetam a produtividade do milho no Brasil, pode ser citada a ocorrência de insetos-praga durante o desenvolvimento da cultura, especialmente durante a fase reprodutiva, tais como aqueles que ocorrem nas espigas. Em outros países da América Latina, Phidotricha erigens Raganot, 1889 (Lepidoptera: Pyralidae), que é descrito atacando espigas de milho no Peru e na Colômbia (WILLE, 1943 apud COSTA LIMA, 1950, p.83; CAJIAO et al, 1984). No Brasil, foi identificado erroneamente como Pococera atramentalis Lederer, 1863 (Lepidoptera: Pyralidae) por Costa Lima (1950) (Vitor Osmar Becker, informação pessoal) e é relatado em outras espécies cultivadas (COSTA LIMA, 1950; NAVA et al, 2006), mas não há qualquer menção de ocorrência no milho. Este trabalho relata a primeira ocorrência de P. erigens alimentando-se de milho em Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. 198 Material e Métodos O experimento foi realizado em uma área de 680 m² (34m x 20m), situada no Campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em Santa Maria (29° 43'S, 53° 43'W, 95m), no período de janeiro a maio de 2011. A área central foi dividida em 20 parcelas de 24 metros quadrados cada (6m x 4m), sendo que a área restante foi utilizada como bordadura. A amostragem foi realizada coletando duas espigas, aleatoriamente, por parcela, diariamente, durante o período reprodutivo, a partir do sétimo dia após o espigamento (DAE), até 26 DAE, com um total de 20 amostras e 800 espigas avaliadas. As espigas foram identificadas quanto ao local de coleta e transportadas para o laboratório, onde a ocorrência de larvas foi analisada. Em seguida, os insetos foram contados, separados e mantidos individualmente em copos plásticos de 100 mL, com dieta artificial até a emergência dos adultos, para a devida identificação. Resultados e Discussão Um total de 30 larvas P. erigens foram encontradas, distribuídas em três tamanhos diferentes: <0,5 cm (22 larvas), 0,6 - 1cm (3 larvas) e > 1cm (5 larvas), o que representou a segunda menor incidência entre os insetos lepidópteros coletados no experimento. A lagarta-da-espiga, Helicoverpa zea (Boddie, 1850) (Lepidoptera: Noctuidae); a lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda (JE Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae), e Dichomeris famulata (Meyrick, 1914) (Lepidoptera: Gelechiidae) também foram encontrados, com um total de 308, 90 e 26 insetos, respectivamente. As larvas de P. erigens ocorreram de 13 a 26 DAE, o que correspondeu às datas de coleta de 27/03/2011 a 09/04/2011 (última amostragem), durante os estágios R3 e R4 do milho. A maior infestação foi no período de 18 a 23 DAE, com seis larvas (Figura 1), totalizando 15 e 12,5% de espigas de milho avaliadas com a presença da praga, respectivamente. Da mesma forma, a coleta aos 23 DAE foi a única amostra com mais de uma larva por espiga (duas larvas). Dias Após o Espigamento (DAE) Figura 1 - Número de larvas de Phidotricha erigens (Raganot, 1889) (Lepidoptera: Pyralidae), coletadas durante a fase reprodutiva do milho. Santa Maria, RS, março / abril de 2011. 199 Conclusões O registro de P. erigens alimentando-se de milho no Brasil demonstra a capacidade de adaptação do inseto às condições subtropicais brasileiras. Devido à diversidade de culturas hospedeiras, a ocorrência de P. erigens leva a uma preocupação com o monitoramento dessa espécie, mesmo sendo considerada uma praga secundária na cultura do milho. Agradecimentos Os autores agradecem ao Dr. Vitor Osmar Becker pela identificação de P. erigens e ao Sr. Paulo Roberto da Silva, da Pionner Sementes, pelo fornecimento de sementes de milho. Literatura Citada CAJIAO, V.C.H.; RODRÍGUEZ E, O.V.; PULIDO FONSECA, J.I. Ciclo de vida y hábitos de Pococera atramentalis Lederer (Pyralidae) plaga de la panoja de sorgo. Acta Agronómica (Colombia), v.34, p.53-58, 1984. COSTA LIMA, A.M. Insetos do Brasil. Lepidópteros. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Agronomia, 1950. 420p. [6º tomo, 2ª parte]. NAVA, D.E.; FORTES, P.; DE OLIVEIRA, D.G. et al. Platynota rostrana (Walker) (Tortricidae) and Phidotricha erigens Raganot (Pyralidae): artificial diet effects on biological cycle. Brazilian Journal of Biology, v.66, p.1037-1043, 2006. 200 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 9.6. Parasitoides e parasitismo de afídeos em pastagens cultivadas em São Vicente do Sul, RS1 Michel Walker2, Vinícius Soares Sturza3, Sônia Poncio 4, Aline Bosak dos Santos 5, Marcelo Lopes da Silva 6 1 Trabalho de Pesquisa – Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Acadêmico do Curso de Agronomia (UFSM). 3 Programa de Pós-Graduação em Agronomia (UFSM) . 4 Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade (UFPEL). 5 Programa de Pós-graduação em Agrobiologia (UFSM). 6 Pesquisador Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. 2 Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar como a composição de diferentes espécies de poáceas como pastagem, tem efeito sobre a taxa de parasitismo em afídeos. Foram realizados coletas em áreas com diferentes pastagens, sendo uma área monocultivo de Avena strigosa L., outra com monocultivo de Lolium multiflorum L. e outra área com consórcio destas duas espécies. Foram avaliados a taxa de parasitismo em campo e em laboratório e os parasitoides identificados. Palavras Chave: Aphidius sp., controle biológico, Diaretiella rapae. pulgões Parasitoids and parasitism of aphids on cultivated pastures in São Vicente do Sul, RS Abstract: This study aimed to evaluate the composition of different species of poaceae as pasturehas no effect on the rate of parasitism in aphids. Collections were conducted in areas with different pastures, and an area monoculture of Avena strigosa L., another with monoculture of Lolium multiflorum L. and another area with a consortium of these two species. We evaluated the rate of parasitism in field and laboratory and parasitoids identified. Key Words: Aphidius sp., Aphids, biological control, Diaretiella rapae Introdução No Sul do Brasil, aveia preta (Avena strigosa L.) e azevém (Lolium multiflorum L.) (Poaceae) têm sido utilizados como fonte alternativa de alimento para o gado durante os meses de inverno (Aguinaga et al. 2008). Muitos insetos são associados com 201 estas duas espécies de gramíneas, várias espécies de afídeos estão entre eles (Blackman & Eastop 2000), conhecidos como pulgões, que causam injúrias nas plantas sugando a seiva e injetando substâncias tóxicas na planta, além da atuação como vetores de viroses. A mistura de espécies forrageiras, como a aveia preta e o azevém são comumente usadas pelos agricultores, porque eles podem estender o período de pastejo em campo (Luczyszyn & Rossi Júnior 2007) e melhorar o rendimento de matéria seca da pastagem. Não se sabe como a mistura de gramíneas em pastagens pode afetar os parasitoides de pulgões no campo. Este conhecimento é essencial para entender a dinâmica de surtos populacionais de pulgões em culturas de cereais. Neste trabalho foi avaliado se a composição de espécies de plantas de uma pastagem tem um efeito sobre a taxa de parasitismo de afídeos presentes. Material e Métodos O trabalho foi realizado em uma área rural de São Vicente do Sul, município do centro-oeste do Rio Grande do Sul, (29 º 42 '0'' de latitude S, 54 º 39' 5'' W longitude e 121 m acima do nível do mar). As áreas avaliadas foram três, uma de 1.050 m2 de aveia (BO), uma outra área de 1.750 m2 de azevém (RG), e a terceira área de 1.050 m2 de uma mistura de aveia e azevém (BO + RG). A distância entre BO e RG foi de 20 m, e destes para BO + RG 230 m. Este estudo foi realizado durante o inverno de 2009. O preparo do solo foi convencional com semeadura manual, utilizando 20 kg de sementes no campo BO, 12 kg no RG e 18 kg no BO + RG (8 kg de sementes de aveia preta + 10 kg de sementes de azevém). Estes campos foram fronteira com área de cana para oeste, floresta nativa ao norte e campo nativo ao sul, leste, e entre as áreas. O levantamento de insetos foi realizado seis vezes com intervalos de sete dias, exceto durante o período de chuvas, quando um tempo adicional de sete dias foi necessária para uma nova coleta. As coletas foram realizadas nos dias: 24/07 (1), 02/08 (2), 15/08 (3), 23/08 (4), 29/08 (5) e 06/09 (6). Seis pontos de coleta foram escolhidos aleatoriamente dentro de cada campo, cada um medindo 0,24 m2 (0,6 mx 0,4 m) e delimitada por uma moldura de madeira quadrada. Todos os ninfas e adultos recolhidos foram transferidos para sacos de plástico com pedaços das folhas para o transporte até o laboratório. Pulgões mortos por parasitismo foram contados separadamente,, mas neste caso apenas "múmias" (carcaças deixadas por parasitoides de pulgões) foram contados, mas não identificado, chamado "parasitismo observadas em campo" (Pf). Em laboratório, os pulgões foram identificados, contados e mantidos isolados em condições controladas (25 ± 1 ° C, 60 ± 10% UR) para emergência dos parasitóides. Parasitóides que emergiram foram conservadas em frascos com etanol a 70%, e montadas em lâminas para identificação por especialistas. Este foi chamado "parasitismo observado em laboratório"(Pl). Após a transformação logarithmical, o teste ANOVA F foi realizado a fim de detectar diferenças significativas entre o número de carcaças de pulgões nos campos (Statistical Analysis System, versão 8.2 - SAS-2001) e o Qui-quadrado com correção de Yates para continuidade também foram realizado para comparar o parasitismo em cada área. 202 Resultados e Discussão O PF (número de carcaças) encontrados nas áreas BO e BO + RG foram maiores do que na área de azevém, em todas as datas (Tabela 1). No entanto, em termos proporcionais, ou seja, Pf / pulgões coletados, o PF foi semelhante nas três áreas. Tabela 1. Parasitismo no campo (PF) - Número médio de múmias de pulgões por amostragem (1-6) em aveia preta (BO), Avena strigosa, azevém (RG), Lolium multiflorum, e área mista BO + RG em diferentes datas de avaliação. São Vicente do Sul, RS, Brasil, inverno de 2009. Avaliação 1 Cultura BO BO+RG RG 2 3 4 5 6 Número médio de múmias 2Aa * 1Aa 5Aa 2.5Aa 6.5Aa 1.2Aa 3.5Aa 1Aa 7Aa 4Aa 1.3Aa 1Aa 0Aa 1Aa 1.5Aa 2.7Aa 0Aa 0Aa CV (%) ** 32.89 P tratamento 0.0001 P*** data 0.0466 * Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes, nas colunas e letras minúsculas, nas linhas, apresentaram diferença significativa pelo teste F (P <0, 05). CV = coeficiente de variação; ** P = probabilidade de erro para o tratamento; *** P = probabilidade de erro para a data. O parasitismo foi maior na área BO + RG do que na área BO, em quase todos os levantamentos, embora a população de pulgões foi semelhante em ambos. Em termos qualitativos, outra diferença encontrada foi a maior incidência do parasitóide A. colemani em BO + RG do que em áreas de BO (Tabela 2). Tabela 2. Parasitismo observado em laboratório (PL). Espécies de parasitóides emergidas de afídeos coletados em áreas de aveia preta (BO), Avena strigosa L., azevém (RG), Lolium multiflorum L., mistura de BO + RG. São Vicente do Sul, RS, Brasil, inverno de 2009. área BO RG BO + RG Aphidius colemani 37 10 52 Aphidius sp. (except A. colemani) 7 1 11 Diaretiella rapae 4 - 1 Total 48 11 64 Parasitoide Supõe-se que a diferença está diretamente relacionada com diferenças entre as espécies de afídeos e a proporção entre as duas áreas. Espécies de Aphidius são consideradas agentes de controle biológico de pulgões em cereais no Brasil (Stary et al. De 2007). Estas espécies foram importadas por institutos de pesquisa brasileira em um programa de controle biológico clássico durante o último século, em 1970 (Gassen & 203 Tambasco 1983). Tornaram-se bem adaptados e conseguiram estabelecer-se como agentes de controle biológico da maioria das espécies de afídeos de cereais. Diaeretiella rapae (McIntosh, 1855) (Hymenopter: Braconidae) não foi tão abundante como Aphidius spp. e não é considerado um bom agente de controle de afídeos em cereais, mas é considerado ser um parasitoide eficiente de muitas outras espécies de afídeos (Le Ralec et al. 2011). Em baixa densidade de pulgões, D. rapae pode ser encontrada pulgões de cereais. No entanto, mesmo neste caso, D. rapae não é um parasitóide especialista de afídeos de cereais, ao contrário de Aphidius spp. (Rehman & Powell 2010). Conclusões As pastagens podem ser uma fonte de afídeos para as culturas de cereais que esses infestam, mas podem proporcionar ambientes adequados para a manutenção e multiplicação de agentes de controle biológico (parasitóides microhimenópteros). Além disso, a mistura parece favorável para o aumento do parasitismo e assim é benéfica para controle natural de pulgões em pastagens. Em termos práticos, o uso de azevém como pastagem, em áreas mistas ou isoladas, é uma boa alternativa porque pode favorecer o parasitismo natural em áreas de cereais. Agradecimentos Os autores agradecem a Marcus Vinicius Sampaio - Universidade Federal de Uberlândia pela identificação dos parasitóides; a José Henrique Souza da Silva, Universidade Federal de Santa Maria, pela assistência na análise estatística e Rick pela revisão Inglês; à CAPES pelas bolsas de estudo concedidas. Literatura citada Aguinaga, A. A. Q.; P. C. F. Carvalho; I. Anghinoni; A. Pilau; A. J. Q. Aguinaga & G. D. F. Gianluppi. 2008. Componentes morfológicos e produção de forragem de pastagem de aveia e azevém manejada em diferentes alturas. Revista Brasileira de Zootecnia 37: 1523-1530. Blackman, R. L. & V. F. Eastop, 2000. Aphids on the World’s Crops. An Identification and Information Guide. Johns Wiley Sons. Second edition. John Wiley & Sons, Chichester, 466 p. Gassen, D. & F. J. Tambasco 1983. Controle biológico de pulgões do trigo no Brasil Informe Agropecuário 9: 47-51. Le Ralec, A.; A. Ribulé; A. Barragan; Y. Outreman. 2011. Host range limitation caused by incomplete host regulation in an aphid parasitoid. Journal of Insect Physiology 57: 363-371. Luczyszyn, V. C.; P. R. Rossi Júnior. 2007. Composição bromatológica de pastagens de inverno submetidas a pastejo por ovinos, obtidas por fístulas esofágicas. Revista Acadêmica Ciências Agrárias e Ambientais 5: 345-351. Rehman, A. & W. Powell. 2010. Host selection behaviour of aphids parasitoids (Aphiididae: Hymenoptera). Journal of Plant Breeding and Crop Science 2: 299-311. 204 10. Extensão rural 205 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 10.1. Diagnóstico ambiental do município de Paula Cândido para pagamento por serviços ambientais Bruno Said Leão Schettini1, Laércio Antonio Gonçalves Jacovine2, Rogério Assunção Campos1, Juliana Reis Sampaio 3, Ana Carolina Campanha de Oliveira4, Mariana Barbosa Vilar5 1 Estudante de graduação em Engenharia Florestal Professor do Departamento de Engenharia Florestal 3 Engenheira Florestal DEF/UFV 4 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agroecologia.Mestre em Ciências Florestais – DEF/UFV 5 Mestre em Ciências Florestais – DEF/UFV 2 Resumo: A utilização de métodos participativos para entender e avaliar situações rurais e para planejamento do desenvolvimento de comunidades torna-se uma importante ferramenta para o manejo dos recursos naturais e para o desenvolvimento rural sustentável. O diagnóstico rural pode ser definido como uma atividade sistemática, semi-estruturada, realizada por uma equipe de profissionais capacitados para obter rapidamente informações sobre a vida de determinada comunidade. A bacia do Rio Xopotó está inserida na cabeceira da Bacia Hidrográfica do Rio Doce e é caracterizada por população de baixa renda e baixo IDH. A proposta de trabalho pode ser definida como uma estratégia para conservação dos recursos naturais e para manutenção dos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas naturais, aliada ao desenvolvimento sustentável das populações locais. Desta forma, o Instituto Xopotó junto a seus parceiros busca a valoração ambiental como um instrumento econômico para incentivar os produtores rurais a adotarem técnicas conservacionistas, de modo a garantirem a função ambiental dos recursos naturais existentes nas propriedades e efetivando os como produtores de serviços ambientais. Foi possível constatar que as matas da região não estão em um bom estado de conservação e que a agricultura é em grande parte de subsistência, sendo necessário assim o pagamento de serviços ambientais para que o produtor comece a enxergar a preservação das matas como uma forma lucrativa. Palavras Chave: diagnóstico rural, rio xopotó, bacia hidrográfica do rio doce, serviços ambientais, valoração ambiental. Environmental diagnosis at Paula Cândido for payment for environmental services Abstract: The use of participatory methods to understand and evaluate the rural and community development planning becomes an important tool for natural resource management and sustainable rural development. The rural appraisal can be defined as a systematic activity, semi-structured, conduced by a team of trained professionals to 206 quickly get information about the life of a given river basin community. The Xopotó river is inserted at the head of the Rio Doce basin and is characterized by low-income and low HDI. The proposed work can be defined as a strategy for conservation of natural resources and environmental services provided by natural ecosystems, coupled with the sustainable development of local populations. So, the Xopotó Institute with its partners seek to environmental valuation as a economic instrument to encourage farmers to adopt conservation techniques in order to insure the environmental function of the natural resources in the properties and effective the producers to environmental services. It was found that the forests of the region are not in a good state of repair and that agriculture is largely subsistence, thus requiring the payment of environmental services for the producer to begin to see the preservation of forests as a profitable way Key Words: rural diagnosis, xopotó river, rio doce basin, environmental services, environmental valuation. Introdução A bacia do Rio Xopotó, inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Doce, apresenta uma significativa extensão territorial, de cerca de 83.400 km², dos quais 86% pertencem ao estado de Minas Gerais e o restante ao estado do Espírito Santo. Os principais afluentes do Rio Xopotó se encontram nos municípios de Senhora dos Remédios, Rio Espera, Dores do Turvo, Divinésia, Paula Cândido, Senhora de Oliveira e Ubá. Esta bacia é constituída por pequenos municípios, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os mais baixos do país. O município de Paula Cândido, onde foi realizado o estudo, é caracterizado por pequenas e médias propriedades, a maior parte das terras da região está ocupada por pastagens naturais e artificiais (principalmente brachiárias), que suportam rebanhos bovino. A necessidade da expansão das atividades agropecuárias em conjunto com o desconhecimento das leis florestais, fez com que produtores degradassem excessivamente suas matas. Dessa forma, o pagamento por serviços ambientais surge como uma alternativa para que o produtor ao invés de explorar, opte por preservar as áreas protegidas por lei da sua propriedade. Material e Métodos Os métodos de diagnóstico rural permitem não só identificar os recursos existentes em nível local, mas também perceber como interesses sociais se estruturam e se articulam naquele espaço. Para efetivação deste diagnóstico buscou-se identificar as características principais do grupo social com o qual se trabalhou. As atividades realizadas resultaram da mobilização e do contato realizado pelo técnico do Instituto Xopotó que identificou pessoas interessadas em participar do programa. Dentro desta perspectiva social e participativa procurou-se estabelecer um diálogo entre os saberes técnico-científico e o saber popular buscando sempre esclarecer aos produtores rurais sobre a necessidade de manter os recursos naturais e os benefícios destas ações. Além disso, buscou-se incentivar as boas práticas no campo, enfatizando o papel de cada ator social no processo de transformação da realidade, viabilizando a existência do grupo enquanto cidadãos com direitos, deveres, necessidades culturais e compromisso políticos. Dentro desta lógica, foram aplicados 20 questionários sócio-econômico e ambiental no município de Paula Candido visando conhecer de forma detalhada a 207 realidade local, levantando potencialidades e demandas da população pesquisada. Neste questionário foram levantadas as seguintes questões: perfil social, caracterização da família do produtor, localização da propriedade, caracterização da propriedade, caracterização ambiental e disposição a receber. Resultados e Discussão Durante a execução desse trabalho as informações coletadas nas entrevistas, por meio da aplicação do questionário sócio-econômico e ambiental, foram analisadas para delinear um perfil dessa população e da realidade do meio em que vivem. Nessa ótica, a sistematização dos dados técnicos e sociais é de suma importância para a criação de parcerias institucionais na busca de melhorias sociais com o intuito de deixar o homem do campo mais assistido e mais capacitado de conhecimentos. PERFIL SOCIAL: Tomando como base os dados referentes aos chefes de família, a maioria apresenta baixo grau de escolaridade sendo 42% com ensino fundamental incompleto. Figura 01 – Escolaridade dos chefes das famílias dos 20 produtores rurais em Paula Cândido, MG. PERFIL ECONÔMICO: A região de Paula Cândido é caracterizada por pequenas propriedades rurais, que apresentam na sua maioria áreas que variam de 10 a 40 hectares. A Figura 02 ilustra as principais atividades rurais presentes nas propriedades participantes do diagnóstico. Percebe-se que tanto para subsistência como para comercialização as culturas tradicionais, foram que apresentaram maior expressão. Figura 02 – Principais atividades rurais desenvolvidas pelos produtores. PERFIL AMBIENTAL: Todos os produtores visitados possuem algum tipo de Áreas de Preservação Permanente em suas propriedades, verifica-se que o estado de 208 conservação perturbado prevaleceu na maioria das áreas, o que demonstra a exploração contínua das mesmas. Figura 3 – Classificação dos estados de conservação nas diferentes APPs encontradas nas propriedades. DISPOSIÇÃO A RECEBER: Na finalização do diagnóstico, foi perguntado ao produtor rural qual seria o valor da disposição a receber (DAR) por hectare/ano, pela manutenção das áreas de matas em suas propriedades, onde os valores oscilaram entre R$100,00 e R$360,00, o que mostra que é viável para o produtor a preservação desde que haja uma compensação financeira. Conclusões Todos os produtores envolvidos no diagnóstico podem ser considerados produtores ambientais, no entanto, estas pessoas não recebem nenhum incentivo para garantir a provisão dos serviços ecossistêmicos. Estes produtores, pelo contrário, temem a legislação ambiental e estão inseridos em um conjunto de políticas de comando controle que, além de ineficientes, são muitas vezes intangíveis. O processo de compensação ou pagamento por serviços ambientais pode ser útil para promover a conservação ambiental e a inclusão social visto que cada produtor se sentirá parte do processo de transformação da realidade, cumprindo os seus deveres e entendendo o seu papel como cidadão. Como na região do estudo ocorre o predomínio da agricultura de subsistência, o produtor tem no pagamento por serviços ambientais uma alternativa economicamente atrativa para a preservação e, desse modo, reduzir a exploração de áreas preservadas por lei na sua propriedade. Agradecimentos Agradecimento ao Instituto Xopotó pelo apoio e parceria nas atividades do projeto e ao CNPq e a FAPEMIG pela concessão de bolsas e financiamento para a execução do trabalho. Bibliografia COMITÊ DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOCE (CBH - Rio Doce, 2005). Diagnóstico consolidado da bacia, 2005. Disponível em: www.riodoce.cbh.gov.br/>. Acesso em 10 de agosto de 2008. 209 COPAM. Comissão de Política Ambiental. http://www.zee.mg.gov.br/zee_externo/index.html. Disponível em: Prefeitura Municipal de http://www.paulacandido.mg.gov.br. Disponível em: Paula Cândido. 210 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 10.2. Agroecologia e suas práticas: exemplos no município de Santa Maria/RS 1 Aline Guterres Ferreira2, José Geraldo Wizniewsky3, Cristiane Maria Tonetto Godoy4, Daiane Loreto de Vargas5 1 Parte da monografia da primeira autora. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Extensão Rural. 3 Professor do Departamento de Educação Agrícola e Extensão Rural. 4 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Extensão Rural. 5 Mestre em Extensão Rural. 2 Resumo: Pode-se verificar a presença de práticas agroecológicas no meio rural do município Santa Maria, com a realização do estágio curricular, do curso de Zootecnia, da Universidade Federal de Santa Maria, no escritório municipal da EMATER/RSASCAR. Acompanhada do técnico extensionista, pode-se observar algumas práticas agroecológicas que estão sendo realizadas, como por exemplo, a criação de galinhas ―caipiras‖ pelo sistema de galinheiro móvel e a produção de leite pelo Sistema de Pastoreio Racional Voisin. Os acompanhamentos técnicos feitos pelos órgãos de fomento para o desenvolvimento rural do município possibilitaram aos agricultores, essa transição da agricultura convencional para a agricultura com enfoque agroecológico. As visitas revelaram que os produtores que aderiram ao sistema de produção agroecológicos, também utilizam do tratamento de resíduos animais por meio de compostagem para a adubação orgânica. As práticas agroecológicas que estão sendo desenvolvidas no meio rural de Santa Maria devem continuar a serem pesquisadas e analisadas, para uma melhor transição da agricultura convencional para a agricultura com enfoque agroecológico. Palavras Chave: Desenvolvimento sustentável, práticas agroecológicas, propriedades rurais. Agroecology and their practices: examples in the municipality of Santa Maria / RS Abstract: You can verify the presence of agroecological practices in the rural municipality of Santa Maria, with the completion of probation, the course of Animal Science, Federal University of Santa Maria, in the office of municipal EMATER/RSASCAR. Accompanied by technical extension, one can observe some agroecological practices being carried out, such as raising chickens "rednecks" by the system of mobile henhouse and milk production by Rational Voisin Grazing System. The technical side dishes made by funding agencies for rural development in the municipality enabled the farmers, the transition from conventional agriculture to agro-ecological approach to 211 agriculture. The visits revealed that producers have joined the agroecological production system, also use the animal waste treatment through composting for organic fertilizer. The agroecological practices that are being developed in rural Santa Maria should continue to be researched and analyzed for a better transition from conventional agriculture to agro-ecological approach to agriculture. Key Words: Sustainable development, agroecological practices, rural farming. Introdução A atual preocupação da sociedade com o meio ambiente também se encontra presente no meio rural, onde os agricultores demonstram preocupação com o manejo ecologicamente correto e economicamente sustentável dos seus processos produtivos. Enfatiza-se que para ser sustentável, qualquer empreendimento humano deve ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito. Desse modo o produtor rural além de economizar renda tem uma melhor qualidade de vida, pois ―estilos de agricultura menos agressivos ao meio ambiente, promovem também a inclusão social e proporcionam melhores condições econômicas aos agricultores‖ (Costabeber & Caporal, 2002). Na agroecologia a agricultura é vista como um sistema vivo e complexo, inserida na natureza rica em diversidade, vários tipos de plantas, animais, microorganismos, minerais e infinitas formas de relação entre estes e outros habitantes do planeta Terra. Para Costabeber e Caporal (2000) a agroecologia é uma ciência que estabelece as bases para a construção de estilos de agriculturas sustentáveis e de estratégias de desenvolvimento rural sustentável. No acompanhamento das visitas realizadas, nas propriedades de agricultores familiares, pelos técnicos extensionistas, nota-se que o conceito de agroecologia está fortemente inserido nessas propriedades, mesmo que de forma inconsciente entre os produtores. Assim a transição da agricultura convencional para a agricultura com enfoque agroecológico se dá de forma tranquila e concisa. As práticas agroecológicas que estão sendo promovidas no meio rural do município de Santa Maria são a criação de galinhas ―caipiras‖ pelo sistema de galinheiro móvel e a produção de leite pelo sistema de Pastoreio Racional Voisin, e em todas as propriedades em que esses sistemas estão sendo desenvolvidos os agricultores utilizam os resíduos dos animais para adubação orgânica, via compostagem. Material e Métodos Para este trabalho utilizou-se do acompanhamento das visitas nas propriedades de agricultores familiares, realizadas no estágio curricular supervisionado em Zootecnia que foi realizado no Escritório Municipal da Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural (ASCAR)/Associação Rio-grandense de Empreendimento de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), de Santa Maria/RS, período de 10 de março a 01 de maio de 2011. No decorrer do estágio foram visitadas inúmeras propriedades de agricultura familiar, nas quais estavam sendo promovida, a criação de galinhas ―caipiras‖ pelo sistema de galinheiro móvel e/ou a produção de leite sob o sistema de Pastoreio Racional Voisin. E em todas elas, estava presente a utilização dos resíduos dos animais para a produção de adubo orgânico, via compostagem. 212 Durante as visitas acompanhadas pelo técnico extensionista, foi utilizado o método da observação participante para compreender a implantação dos sistemas alternativos de produção e interagir com os agricultores, e também se fez uso de ―diários de bordo‖ para registros mais específicos e de apoio audiovisual. Resultados e Discussão A agroecologia oferece ferramentas importantes para subsidiar a promoção do desenvolvimento rural sustentável e a meta possível é atingir sistemas de produção economicamente viáveis, ecologicamente equilibrados, socialmente justos e culturalmente aceitáveis, e também consiste em uma proposta alternativa para a agricultura familiar do meio rural do município. A proposta agroecologica segundo a pesquisadora Ivani Guterres (2006, p. 56): a abordagem agroecológica propõe mudanças profundas nos sistemas e nas formas de produção. Na base dessa mudança está a filosofia de se produzir de acordo com as leis e as dinâmicas que regem os ecossistemas – uma produção com e não contra a natureza. Propõe, portanto, novas formas de apropriação dos recursos naturais que devem se materializar em estratégias e tecnologias condizentes com a Filosofia-base. Os agricultores familiares que aderiram aos sistemas de produção com enfoque agroecológicos possuem a adubação orgânica como um bom exemplo de prática agroecologia, pois todos utilizam os resíduos dos animais (fezes, urina e etc.), como processo de tratamento de compostagem para adubação de pequenas hortas ou grandes lavouras, sem nenhum problema grave de contaminação. Entretanto, é preciso ter presente, que a simples substituição de agroquímicos por adubos orgânicos mal manejados não significa a solução do destino de dejetos, podendo inclusive causar outro tipo de contaminação. A criação de galinhas ―caipiras‖ pelo sistema de galinheiro móvel se dá pela utilização de um galinheiro construído sem fundo, obedecendo à área-animal e assim respeitando o bem-estar animal e também permite que as aves ―pastem‖, o que caracteriza a ave denominada ―caipira‖, e adubem o solo onde está localizado, este galinheiro pode ser trocado de um lugar para outro, deixando ali um solo excelente para plantio das maiorias das culturas vegetais. Os agricultores que aderiram a esta tecnologias opinaram que é de muito fácil manejo, que possibilita resultados satisfatórios e pretende continuar por muito tempo, pois todos os insumos que requer o galinheiro são de fácil adesão. Nas propriedades que aderiram ao sistema de produção de leite sob o Pastoreio Racional Voisin (PRV), utiliza-se a definição de Pinheiro Machado: O fundamento do PRV está no desenvolvimento da biocenose do solo e nos tempos de repouso e de ocupação das parcelas de pastagens, sempre variáveis, em função de condições climáticas, de fertilidade do solo, das espécies vegetais e tantas outras manifestações de vida, cuja avaliação não se enquadra em esquemas preestabelecidos (Pinheiro Machado, 2004, p.6). O Pastoreio Racional Voisin é um sistema racional de manejo de pastagem que preconiza a divisão da área de pasto em várias parcelas, onde, na mesma, são fornecidos água e sal mineral. Além disso, os pastos são manejados de tal forma que, aumentam sua produtividade. As propriedades que estão sendo promovida essa tecnologia estão obtendo um aumento nos índices de produção, na qualidade de leite e no bem estar 213 animal, diminuindo significativamente as patologias animais, assim caracterizando um leite com maior valor adquirido e um animal com melhor qualidade de vida. Esta nova produção baseada nos conceitos básicos de agroecologia nos traz a ideia e a expectativa de uma nova agricultura, capaz de fazer bem aos homens e ao meio ambiente como um todo, pois a agroecologia nos proporciona conhecimentos com bases científicas para apoiar o processo de transição do modelo de agricultura e desenvolvimento convencional para estilos de agriculturas de base ecológica ou sustentáveis, assim como para o processo de desenvolvimento rural sustentável. Conclusões A agricultura alternativa que esta sendo fomentada, no meio rural do município de Santa Maria, pelos órgãos de assistência técnica e extensão rural, praticada por produtores familiares, é caracterizada por possuir enfoques agroecológicos, pois demonstra que práticas como a adubação orgânica, criação de galinhas ―caipiras‖ e produção de leite sob sistema de Pastoreio Racional Voisin, podem ser viáveis economicamente, além de serem sustentáveis. Neste sentido, práticas como estas permitem que práticas convencionais sejam mudadas para praticas menos poluentes e mais ecológicas, possibilitando o desenvolvimento rural sustentável. Entretanto, é necessário que os centros de pesquisas invistam em projetos que buscam novas práticas, visando à melhoria e a sustentabilidade dos processos produtivos, nos aspectos econômicos, sociais e ambientais, além de buscar a conscientização agroecológica dos produtores para a multiplicação dos usos e adoção de novas práticas com princípios ecológicos. Literatura Citada COSTABEBER, J.A.; CAPORAL, F.R. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável: perspectivas para uma nova Extensão Rural. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v. 1, n. 1, p.16-37, 2000. COSTABEBER, J.A.; CAPORAL F.R. Agroecologia: enfoque científico e estratégico para apoiar o desenvolvimento rural sustentável (texto provisório para discussão). Porto Alegre: EMATER/RS-ASCAR, 2002. (Série Programa de Formação TécnicoSocial da EMATER/RS, texto cinco.). Guterres, I. Agroecologia militante: contribuições de Enio Guterres. São Paulo: Expressão Popular, 2006. PINHEIRO MACHADO, L. C. Pastoreio racional Voisin: tecnologia agroecologica para o terceiro milênio. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2004. 310 p. 214 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 10.3. Determinantes da alocação de trabalho agrícola nas regiões brasileiras Filipe de Morais Cangussu Pessoa1, Daniel Arruda Coronel2, Airton Lopes Amorim3, João Eustáquio de Lima4 1 Doutorando em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: [email protected] 2 Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: [email protected] 3Professor. 3 Doutorando em Economia Aplicada e Mestre em Economia pela UFV. E-mail: [email protected] 4 Professor Titular do Programa de Pós-Graduação em Economia Aplicada da UFV. E-mail: [email protected] Resumo: O objetivo deste trabalho foi analisar os determinantes da alocação de trabalho agrícola nas regiões brasileiras, com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2009). Para isso, o procedimento empírico consistiu na utilização de dois modelos: Análise Fatorial Confirmatória (AFC) e o Modelo Logit. Os resultados indicaram que o fato de um indivíduo ser do sexo masculino e residir no meio rural aumenta a probabilidade de ele estar alocado na atividade agrícola, enquanto ser da cor branca reduz essa probabilidade. Ademais, as variáveis renda e qualificação se relacionam de forma negativa com a alocação de trabalho agrícola, sendo a Região Centro-Oeste a que mais contribuiu para um indivíduo estar alocado em um trabalho agrícola. Palavras Chave: Análise Fatorial Confirmatória, Modelo Logit, PNAD Determining the allocation of farm work in brazilian regions Abstract: The objective of this study was to analyze the determinants of allocation of agricultural labor in the Brazilian regions, based on microdata from the National Household Sample Survey (NHSS, 2009). For this, the empirical procedure consisted in using two models: Confirmatory Factor Analysis (CFA) and the Logit Model. The results indicated that the fact of a person being male and living in rural areas increases the chances of him to be allocated in agriculture, and being white man reduces this probability. Furthermore, the variables income and qualifications relate negatively with the allocation of agricultural labor, and the Midwest contributed the most to an individual being placed in an agricultural work. Key Words: Confirmatory Factor Analysis, Logit Model, NHSS 215 Introdução Ao longo do século XX, o Brasil passou por um intenso processo de urbanização da sua estrutura produtiva, o que vem gerando significativas mudanças no meio rural brasileiro, tais como aumento das ocupações não agrícolas, elevação da produtividade agrícola e aumento da qualificação da mão de obra. Tais questões vêm sendo estudadas por vários pesquisadores, merecendo destaque os trabalhos de Graziano da Silva (1996), Graziano da Silva e Del Grossi (2001) e Kageyama (2004). Não obstante esse processo de urbanização, o Brasil iniciou este século com uma população rural ainda expressiva. Em 2008, 30,8 milhões de pessoas declararam residir em zona rural. Entretanto, a consolidação de uma malha urbana com elevado número de pequenas cidades determina que parte dos residentes na zona rural trabalhe em áreas urbanas, ocorrendo também a situação inversa. Deste modo, a medida mais precisa da ocupação no campo corresponde à população ativa vinculada às atividades agrícolas. Segundo esta perspectiva, tais atividades envolviam 16 milhões de pessoas em 2008, representando 17,4% da população ocupada do país (Buainain & Dedecca, 2010.) Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi analisar os determinantes da alocação de trabalho agrícola nas regiões brasileiras, com base nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2009), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para isso, utilizou-se o Modelo de Análise Fatorial Confirmatória (AFC) e o Modelo Econométrico Logit. Material e Métodos Este estudo investiga os determinantes das decisões de alocação de trabalho agrícola nas regiões brasileiras, por meio do exame de dados microeconômicos. Para isso, propôs-se uma estratégia empírica composta de duas etapas. A primeira consiste na estimação do modelo de Análise Fatorial Confirmatória (AFC) e a segunda etapa consiste de um modelo Logit. A ideia de se utilizar a AFC consiste em obter escores fatoriais de variáveis latentes que são importantes para a determinação da alocação de trabalho no setor agrícola, juntamente com outras variáveis, que serão utilizadas no modelo Logit para mensurar a contribuição de cada uma e explicar a alocação de trabalho no setor supracitado. O modelo Logit se faz necessário, neste contexto, pela natureza da variável que representa a alocação de trabalho, a qual é binária. A análise empírica realizada neste trabalho foi baseada nos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) para o ano de 2009, ou seja, a pesquisa mais recente disponível. Os microdados da PNAD consistem em dados individuais das principais características socioeconômicas dos indivíduos e famílias, umas de caráter permanente, como as características gerais da população quanto a educação, trabalho, rendimento e habitação, e outras com periodicidade variável, como as características sobre migração, fecundidade, nupcialidade, saúde, nutrição e outros temas que são incluídos no sistema de acordo com as necessidades de informação para o País (IBGE, 2007). Resultados e Discussão Com base na PNAD 2009, a amostra selecionada (indivíduos ocupados no período de referência de 365 dias) ficou representada por 208.580 pessoas (34.407 da área rural e 174.173 da área urbana) sendo 55,94% do sexo masculino e 44,06% do sexo 216 feminino. Na Tabela 1, é possível observar que o percentual de trabalhadores urbanos é superior ao de trabalhadores rurais em todas as regiões brasileiras. Tabela 1- Percentual de trabalhadores ocupados, por área e região brasileira Região Rural Urbano Norte 22,96 77,04 Centro-Oeste 12,27 87,73 Nordeste 23,08 76,92 Sudeste 8,88 91,12 Sul 15,93 84,07 Total 16,50 83,50 Fonte: Elaboração dos autores a partir dos dados da PNAD/2009. A Tabela 2, por sua vez, contém informações mais detalhadas a respeito da amostra selecionada, enfatizando a questão do gênero, idade, escolaridade e setor de atividade. Tabela 2- Percentual de trabalhadores ocupados, por setor de atividade e região brasileira Variável Norte Centro-Oeste Nordeste Sudeste Sul Masculino 57,69 55,66 56,81 55,25 54,40 Feminino 42,31 44,34 43,19 44,75 45,60 De 10 a 29 anos 38,43 35,53 36,96 32,93 33,58 De 30 a 49 anos 44,45 45,91 44,24 46,08 44,66 De 59 a 69 anos 15,96 17,10 16,98 19,41 20,06 De 70 anos ou mais 1,16 1,46 1,82 1,58 1,70 Sem instrução 8,82 5,98 13,08 4,67 3,68 1º Grau incompleto 35,31 32,10 35,85 29,46 32,37 1º Grau completo 8,97 8,81 7,78 10,45 11,64 2º Grau incompleto 7,82 7,91 7,04 6,84 7,15 2º Grau completo 26,53 26,39 25,20 29,94 26,44 Superior 12,55 18,81 11,05 18,64 18,73 Agrícola 19,26 13,22 23,13 9,47 13,84 Industrial 10,63 11,17 10,20 16,72 19,20 Comércio 19,10 18,80 18,14 17,90 18,51 Serviços 51,02 56,81 48,52 55,91 48,45 Gênero Faixa Etária Grau de Escolaridade Setor de Atividade Fonte: Elaboração dos autores a partir dados da PNAD/2009. Do total de trabalhadores ocupados, observou-se que a maioria era do gênero masculino, em todas as regiões brasileiras. Ainda com respeito ao gênero do 217 trabalhador, embora o número relativo de trabalhadores masculinos seja superior ao feminino, percebe-se que esta diferença é menor nas regiões Sudeste e Sul do país. Quanto à análise por faixa etária, destaca-se que a participação dos ocupados nas faixas etárias mais baixas (10 a 29 anos e 30 a 49 anos) é muito superior às demais faixas etárias. Em relação ao grau de escolaridade, percebe-se a redução no percentual de ocupados das classes com menor grau de escolaridade e o aumento da participação das classes com maior grau de escolaridade, independente da região brasileira. As últimas variáveis de análise da Tabela 2 referem-se ao setor de atividade, no qual fica evidente a predominância do setor terciário em todas as regiões brasileiras. Entretanto, vale destacar o elevado percentual de pessoas ocupadas na atividade agrícola na região Nordeste do Brasil, bem como o elevado percentual de pessoas ocupadas na indústria nas regiões Sudeste e Sul do país. Conclusões As principais análises deste trabalho indicaram que ser do sexo masculino aumenta a probabilidade de estar alocado em um trabalho agrícola em 4,93 pontos percentuais; o fato de um indivíduo ser da cor branca reduz sua probabilidade de estar alocado em trabalho agrícola, com os indivíduos residentes no meio rural apresentando maiores chances de estarem alocados em trabalho agrícola. Renda e qualificação se relacionam de forma negativa com a alocação de trabalho agrícola, indicando que indivíduos com maior renda e qualificação têm menores chances de estarem alocados nesse tipo de atividade. Em termos geográficos, a região que mais contribui para um indivíduo estar alocado em um trabalho agrícola é a Centro-Oeste. Este trabalho contribui com o estudo dos determinantes da alocação de trabalho agrícola nas regiões brasileiras. Contudo, torna-se necessário que pesquisas futuras considerem e aprofundem as discussões relacionadas a questões como os determinantes da alocação de trabalho não agrícola nos estados brasileiros, a incorporação de outros modelos e métodos de análise e uma maior comparação com outros trabalhos. Outra abordagem que poderia enriquecer a análise seria a incorporação de uma dimensão temporal, dado que a única dimensão presente neste trabalho é a de seção cruzada. Isso poderia ser feito ao empilhar diversas PNAD‘s mediante a utilização de um pseudo-painel, tornando os resultados aqui encontrados mais robustos. Literatura citada BUAINAIN, A. M.; DEDECCA, C. S. Mudanças e reiteração da heterogeneidade do mercado de trabalho agrícola. In: GASQUES, J. G.; VIEIRA FILHO, J. E. R.; NAVARRO, Z. (org.) A Agricultura Brasileira: desempenho, desafios e perspectivas. Brasília: Ipea, 2010. 298 p GRAZIANO DA SILVA, J. A nova dinâmica da agricultura brasileira. Campinas: UNICAMP, 1996. GRAZIANO DA SILVA, J. DEL GROSSI, M. E. Rural nonfarm employment and incomes in Brazil: patterns and evolution. World Development, v.29, n.3, p.443-453, 2001. KAGEYAMA, A. Mudanças no trabalho rural no Brasil, 1992-2002. Agricultura em São Paulo. São Paulo, v.51, n.2, p.71-84, 2004. 218 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 10.4. Mapeamento do público atendido pelo setor de Transferência de Tecnologias da Embrapa Agrobiologia no ano de 2010 Leonardo Lopes da Silva3, Cristhiane Oliveira da Graça Amâncio 1, Ilzo Artur Moreira Risso2, Renata Rangel3, Ana Cristina Garofolo 1 1 Pesquisadora da Embrapa Agrobiologia 2 Analista de Transferência de tecnologias da Embrapa Agrobiologia 3 Bolsista de Graduação da Embrapa Agrobiologia Resumo: Este trabalho apresenta uma análise do mapeamento do público atendido pelo setor de Transferência de Tecnologias (TT) da Embrapa Agrobiologia no ano de 2010 e ações do programa Mais Alimentos do Governo Federal durante os eventos de comunicação e extensão rural. Estes eventos estão voltados à promoção do desenvolvimento rural sustentável, através da apresentação, capacitação e acompanhamento da adoção de novas tecnologias, produtos ou processos para o meio rural. A maior parte das atividades foi desenvolvida em um espaço próprio para este fim e especificamente voltado para a agricultura orgânica e a agroecologia. Estes eventos foram Dias de Campo para os mais diversos públicos de visitantes, entre eles agricultores, estudantes, professores, pesquisadores e agentes de assistência técnica e extensão rural. Observou-se na prática que a metodologia de TT adotada não estava de acordo com a demanda pedagógica de cada público alvo, como revelam os dados da pesquisa onde o ―dia de campo‖ (DC) foi o principal recurso (6 eventos). Como a maior parte dos visitantes (38) foram membros de comunidades acadêmicas o DC não é a metodologia que melhor se enquadra, já que ele pressupõe a demonstração pratica das tecnologias geradas e capacitação dos interessados na adoção das mesmas. Para o público acadêmico o melhor seriam palestras, estágios de vivência, cursos e seminários temáticos. A não atenção para esses quesitos implicam na perda da qualidade das ações de TT, e conseqüentemente ao não alcance dos objetivos que uma empresa como a Embrapa tem perante o desenvolvimento da agricultura sustentável Brasileira. Palavras Chave: agricultura orgânica, desenvolvimento, transferência de tecnologias Mapping of the public served by the sector of Technology Transfer Embrapa Agrobiology in 2010 Abstract: This paper presents an analysis of the mapping of the public served by the sector of Technology Transfer (TT) of Embrapa Agrobiology in 2010 and More Food 219 program actions of the Federal Government during the events of communication and extension. These events are aimed at promoting sustainable rural development through the presentation, training and monitoring of the adoption of new technologies, products or processes for rural areas. Most activities were conducted in a proper space for this purpose and specifically focused on organic agriculture and agroecology. These events were Field Days for all audiences of visitors, including farmers, students, teachers, researchers and staff of technical assistance and rural extension. Observed in practice that the TT methodology adopted was not in accordance with the educational demands of each target, as revealed by the survey data where the "field day" (DC) was the main feature (6 events). Like most visitors (38) were members of academic communities DC is not the methodology that best fits, since it presupposes the practical demonstration of technologies developed and training of those interested in adopting them. To be the best academic public lectures, stages of experience, courses and thematic seminars. The attention to these questions does not imply the loss of quality of the actions of TT, and therefore does not reach the goals that a company like Embrapa has before the sustainable development of Brazilian agriculture. Key Words: agriculture organic, development, transfer of technology Introdução Este trabalho apresenta uma análise do mapeamento do público atendido pelo setor de transferência de tecnologias da Embrapa Agrobiologia no ano de 2010. Como uma unidade descentralizada de pesquisa de temas básicos, o Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia, cujo nome síntese é Embrapa Agrobiologia, tem por missão desenvolver pesquisas em diferentes áreas do avanço do conhecimento, porém, tem no processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN) e na agricultura orgânica entre seus principais núcleos de pesquisa, áreas que empreende esforços para continuar sendo reconhecida no Brasil e no exterior por sua excelência nas contribuições técnico – cientificas e nas tecnologias geradas nesses temas. A área de Transferência de Tecnologias (TT) da Embrapa Agrobiologia assume o papel de organizar os eventos de divulgação das tecnologias desenvolvidas na Unidade, estabelecer o diálogo com membros da extensão rural em âmbito nacional, licenciar produtos/processos e capacitar o público interno quanto as melhores metodologias para atingir com eficácia seu público beneficiário. Este setor é recente, criado em abril de 2011 e assume um papel preponderante na consolidação da marca Embrapa no meio rural Fluminense. Assim, primar pela excelência no atendimento ao seu público alvo tem sido condição ―sine qua non‖ para este setor, dado o tamanho da responsabilidade a ele atribuído. Quantos aos eventos, estes estão voltados à promoção do desenvolvimento rural sustentável, através da apresentação, capacitação e acompanhamento da adoção de novas tecnologias, produtos ou processos para o meio rural. Entendendo a transferência de tecnologias como o processo de socializar conhecimentos e práticas a partir dos resultados de pesquisas, se faz importante transmiti-los de forma apropriada para que o público-alvo seja de fato beneficiado por tais inovações tecnológicas para que a agricultura nacional não perca seu papel de destaque seja na manutenção da segurança alimentar, seja nas divisas geradas. Dessa maneira, o mapeamento do público atendido pelo setor de TT exerce um importante papel para o alcance destes objetivos. Assim sendo, através do aperfeiçoamento das atividades de comunicação para a transferência 220 de tecnologias, das ações de implementação da programação da transferência de tecnologias e, sobretudo da forma de diálogo estabelecido com o agricultor (prospecção de demandas), as quais se buscam conhecer melhor o perfil e as necessidades dos interessados pelos eventos realizados assume papel preponderante. Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivo a realização do mapeamento dos freqüentadores do Sistema Integrado de Produção Agroecológica (SIPA) no ano de 2010 e procurando diagnosticar os principais temas demandados, bem como o perfil dos beneficiários das capacitações promovidas por este programa governamental. Material e Métodos Para executar este estudo foram analisadas as fichas de cadastro dos eventos de transferência de tecnologias realizados em 2010, com o propósito de selecionar aqueles relacionados ao nosso objetivo e ao objetivo do evento, público alvo, tema e número de participantes. Após a realização deste filtro, foram analisadas as listas de presença, digitando-as em uma planilha eletrônica a fim de separar algumas categorias de análise que nos interessava para a caracterização do público beneficiário destas atividades, entre eles os principais temas procurados, origem e formação dos participantes destes eventos. Os resultados encontrados serão apresentados a seguir, no próximo tópico deste artigo. Resultados e Discussão O local com maior demanda para eventos de TT é o Sistema Integrado de Produção Agroecologica (SIPA), que ocupa uma área de 70 ha destinados á pesquisas e ao desenvolvimento de práticas agroecológicas em sistemas de produção orgânica. Nestes eventos assumem destaque os Cursos, Dias de Campo e Palestras para os mais diversos públicos de visitantes, priorizando a participação de agricultores, estudantes dos mais diversos níveis, professores, pesquisadores e agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER e ATES, pública e privada.A seguir os títulos dos eventos em ordem decrescente de participantes: Plantio Direto de Hortaliças (36); Produção de Hortaliças sob Manejo Orgânico (36); Manejo da Olericultura e Bovinocultura em Sistema Orgânico (36); Manejo de Hortaliças em Sistemas Agroflorestais dentro do SIPA (22); SIPA com ênfase em Sistemas Agroflorestais e Olericultura (21); Manejo de Cafeeiro em Sistema Agroflorestal sob cultivo orgânico (15); O mapeamento do público contou com um total de 6 eventos distribuídos em Dias de Campo contando com a participação de 166 visitantes distribuídos entre estudantes de graduação(15), pós-graduação(23), ensino médio ou fundamental(34), agricultores(27), professores(3), pesquisadores(1),Outras formações(43), agentes de assistência técnica e extensão rural(10) e o restante entre pessoas que não informaram sua formação(10). Conclusões Os eventos realizados pelo setor de TT da Embrapa são apenas uma etapa do processo de transferência de tecnologia, contudo, antes da realização dos mesmos o ideal é que sempre haja prospecção da demanda dos interessados nas pesquisas da 221 empresa, de forma participativa. Essa estratégica metodológica baseia-se no principio de que os próprios agricultores são os que melhor conhecem suas dificuldades e, portanto, devem contribuir na definição da pauta de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação a eles dedicadas. Após a realização dos eventos é importante também fazer um acompanhamento do que foi aproveitado (monitoramento), tanto para estimular a adoção do que foi observado, quanto para a reflexão pelo público interno da Embrapa seja sobre a ação afirmativa metodológica do evento seja pela aplicabilidade da tecnologia por parte do extensionista ou do agricultor ( público-alvo das ações realizadas). Está em fase de implantação esse monitoramento e essa prospecção de demandas como forma de qualificar as ações de TT da Embrapa Agrobiologia frente a seus beneficiários. Serão retiradas das listas de presença dos eventos informações sobre públicos estratégicos para TT e definida uma amostragem não probabilística, em caráter experimental, para que seja feito contato. Este contato será feito por telefone, e-mail ou presencial. Nele procuraremos extrair informações sobre a adoção de alguma técnica observada durante a visita, dificuldades encontradas para a adoção e interesses futuros quanto à pesquisa e TT na Embrapa. Observou-se na prática que a metodologia de dia de campo adotada não estava de acordo com a demanda pedagógica de cada público-alvo, como revelam os dados da pesquisa onde o ― dia de campo ― (DC) foi o único recurso utilizado (6 eventos). O Dia de Campo (DC) é definido como um evento de transferência de tecnologia, conhecimento e inovação, com demonstração pratica ou de imagem (Dia de Campo na TV) de resultados de pesquisa ou tecnologias geradas, adaptadas ou adotadas pela Embrapa, por meio de visitas aos campos experimentais da empresa, vitrines de tecnologia, plantas agroindustriais e áreas demonstrativa. (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISAS AGROPECUARIAS, 2009) Como a maior parte dos visitantes (38) foram membros de comunidade acadêmica o DC não é a metodologia que melhor se enquadra, já que ele pressupõe a demonstração pratica das tecnologias geradas e capacitação dos interessados na adoção das mesmas. Na realidade, o que foi evidenciado, eram eventos sendo denominados como Dia de Campo que na prática se tratavam de visitas técnicas, o que acabou por confundir a análise dos dados desta pesquisa. Para efeito de monitoramento dos impactos das ações de TT, definir conceitual e metodologicamente cada evento de TT é de suma importância para conferir credibilidade nas nossas intervenções frente a parceiros e beneficiários. Em se tratando do publico acadêmico o melhor seriam palestras, estágios de vivência, cursos, visitas técnicas ou seminários temáticos. A não atenção para esses quesitos implicam na perda na qualidade das ações de TT, e conseqüentemente ao não alcance dos objetivos que uma empresa como a Embrapa tem perante o desenvolvimento da agricultura sustentável brasileira. Literatura citada ALVES,Eliseu .Difusão de tecnología: uma visão neoclássica.Cadernos de Ciência e Tecnologia.Brasília,v 15,n.2, 1998. GUIJT,Irene. Monitoramento Participativo: conceitos e ferramentas práticas para a agricultura sustentável. Rio de Janeiro: AS-PTA, 1999. RUAS,Elma Dias ET AL. Metodologia participativa de extensão rural para o desenvolvimento Sustentável - MEXPAR.Belo Horizonte, março 2006.134p. 222 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 10.5. O Papel de Inserção Social da Universidade: Agricultura Familiar no Norte de Minas Gerais Keila Fernandes Jorge1, Marlúcia Pereira dos Santos², Josimara Mendes Rabelo², Adriana Rodrigues Lima2, Jéssica Adriana Matos2, Joyce Gomes Damascena² 1. Engenheira Agrônoma/Bolsista Nível de Treinamento – CNPq/ UNIMONTES/TCSG 2. Graduandas em Engenharia Agronômica/UNIMONTES Resumo: A partir do acompanhamento do trabalho extensionista desenvolvidos por 5 acadêmicas do curso de agronomia da Unimontes, com um agricultor familiar, pretende-se analisar o papel da universidade na extensão. A unidade de agricultura familiar é de aproximadamente 5 ha com modelo agroecológico de produção, a área é visitada semanalmente, com a orientação da professora da disciplina de Extensão Rural, todas as intervenções são realizadas em conjunto e de forma participativa. O agricultor relata que o acompanhamento das estudantes tem o auxiliado principalmente no controle das pragas e doenças, com a substituição dos agroquímicos pelo o uso de produtos alternativos, o quanto tem apreendido, e que elas são sempre bem vindas. As acadêmicas narram como essa experiência tem favorecido o aprendizado, pois com as dificuldades que encontram buscam mais informações e geram conhecimento e que o agricultor as tem ensinado muito com todo o saber que adquiriu na sua vivência no campo. A partir desses relatos foi possível perceber que a Unimontes pode exercer seu papel extensionista com intervenções simples e de grandes resultados para ambas as partes e tornar-se um agente transformador/construtor de uma sociedade mais igualitária. Palavras chave: extensão rural, sistema social e Unimontes. The Role of Social Integration at the University: Family Farmer in the North of Minas Gerais Abstract: From the accompanying extension of the work developed by 5 academic course of Agronomy, Unimontes with a family farmer, we will analyze the role of universities in extension. The family unit is approximately 5 ha with agroecological model of production, the area is visited weekly with the guidance of teacher, discipline of Agricultural Extension, all operations are performed together in a participatory way. The farmer reports that the monitoring of students has helped mainly in the control of pests and diseases, with the substitution of agrochemicals by the use of alternative 223 products, how much you have learned, and they are always welcome. The academic narrate how they have farmer has taught a lot with all the knowledge gained in his experience in the field. From these reports it was revealed that the Unimontes can play a role extension with simple interventions and great results for both parties and become a change agent/ builder of a more egalitarian society. Key Words: extension, the social system and Unimontes Introdução A Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES foi fundada 1963, ainda como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FAFIL e 1996 foi criado o Campus Avançado na cidade de Janaúba, com o curso de Agronomia, e hoje conta com os cursos de Pedagogia e Zootecnia. Situada em Minas Gerais, Janaúba segunda maior cidade do Norte de Minas, segundo o Instituto Brasileiro de Geociência – IBGE sua população em 2010 girava em torno de 80 mil pessoas. A agropecuária é a sua principal atividade econômica, com a fruticultura empresarial e principalmente com a agricultura familiar, tendo cerca de 1485 DAP‘s - Declaração de Aptidão ao Pronaf (documento que caracteriza o agricultor de base familiar), que em sua maioria não contam com um trabalho de assistência técnica e extensão rural em qualidade e quantidade satisfatórios (BRASIL, 2012). Diante deste cenário faz-se necessário que a Unimontes repense a sua função social extensionista, pressupõe-se que pela sua autonomia, a universidade deva demonstrar concepções alternativas de inserção social, levando em conta a perspectiva de um atendimento à maioria da população (RODRIGUES, 1999). A Extensão Rural brasileira pede uma nova forma de intervenção que atendam aos interesses e necessidades da sociedade da nossa época, contribuindo para o enfretamento da crise socioambiental resultante dos modelos de desenvolvimento e de agriculturas convencionais, implementados nas últimas décadas (CAPORAL & RAMOS, 2006). Atuar, nessa nova perspectiva, requer das entidades, de seus diretores, de seus gerentes e de seus agentes uma nova postura de trabalho, um novo papel e um novo perfil, além de uma atuação baseada em métodos e técnicas que estimulem a participação. Uma nova Ater precisa ser, verdadeiramente, uma ação educativa, democrática e participativa. De igual modo, torna-se fundamental a adoção dos princípios da Agroecologia como direção na busca do desenvolvimento rural sustentável (CAPORAL & RAMOS, 2006). A partir do acompanhamento do trabalho extensionista desenvolvido por acadêmicas do curso de agronomia com um agricultor familiar residente no entorno da Unimontes – Campos Avançado de Janaúba, pretende-se analisar o papel da universidade na extensão Métodos O estudo foi realizado com o acompanhamento e relato da experiência vivenciada por 5 acadêmicas do curso de agronomia da Unimontes e de um agricultor familiar assistido por elas. 224 A unidade de agricultura familiar é de aproximadamente 5 ha irrigados de consórcio das culturas de mamão e feijão, seguindo o modelo agroecológico de produção e localiza-se nas proximidades do Campus. As visitas ao agricultor iniciaram antes do plantio, com acompanhamento da produção das mudas de mamão e seguiram semanalmente, com a orientação da professora da disciplina de Extensão Rural da Unimontes. Todas as intervenções na área são realizadas em conjunto e de forma participativa. Desenvolvem-se atividades de monitoramento de pragas e doenças e a partir dos resultados obtidos, se necessário são preparadas e aplicadas caldas de nim, de urina de vaca, calda viçosa, bordaleza e sufocálcica, também são acompanhados o desenvolvimento fisiológico das plantas de mamão, que são adubadas juntamente com o feijão com esterco bovino e biofertilizantes, a irrigação também é monitorada. Resultados e Discussão Como primeiro passo para o desenvolvimento do trabalho, uma prévia conversa com o agricultor familiar facilitou bastante o entendimento e o atendimento aos seus interesses. Cultivar o mamão era um desejo antigo do agricultor, que só foi possível devido a intervenção das universitárias, pois o custo de produção da cultura é elevado, fato que o deixou extremamente satisfeito, já o feijão é tradicionalmente cultivado por ele, que é utilizado prioritariamente na alimentação da sua família. O agricultor familiar conforme mostra a figura 1, beneficiado pelo projeto de extensão da Unimontes relata que o acompanhamento das acadêmicas tem o auxiliado, principalmente no controle das pragas e doenças, com a substituição dos agroquímicos pelo o uso de produtos alternativos no seu controle, diz também que tem apreendido muito, e que elas são sempre bem vindas na propriedade. Figura 1 - agricultor familiar cultivando área a ser plantada. As acadêmicas mostradas na figura 2, narram o quanto elas tem crescido com essa experiência, com as dificuldades que encontram no campo buscam mais informações e geram conhecimento. Outro aspecto relatado por elas é a troca de experiências com o agricultor que muito tem as ensinado. Uma das universitárias conta que tinha receio de trabalhar com pequenos produtores, pelo fato de acreditar que a maioria deles não aceita novas idéias, principalmente vindas de estudante e mulheres. Mas ao desenvolver o trabalho pode perceber que é uma das melhores experiências que já teve durante o período de acadêmica, pois percebe a vontade do agricultor de 225 aprender e também de ensinar todo o conhecimento que adquiriu durante a sua vida, com um trabalho árduo no campo. Figura 2 – acadêmicas realizando avaliações à campo. Desta forma, percebe-se que a troca de experiências, bem como a inserção de acadêmicos no meio social, podem desenvolver ainda mais suas habilidades profissionais, conferindo segurança e maturidade ao recém formados. Conclusões A partir desses relatos é possível perceber que a Unimontes pode exercer seu papel extensionista com intervenções simples e de grandes resultados para ambas as partes, percebe-se a urgente necessidade de sair da inércia que se encontram entre ensino – pesquisa/ pesquisa - ensino e uma pseudo extensão que em sua maioria é prestada a uma pequena porção da população que pode pagar por ela. A Universidade Pública não pode ser passiva, é preciso demonstrar concepções de inserção social que vai muito além de ensino, é preciso envolver-se com os problemas das pessoas quer sejam da cidade ou do campo, enquanto docente e discente precisa-se abandonar os discursos demagógicos e tornar-se um agente transformador/construtor de uma sociedade igualitária, a qual é responsável pela existência e manutenção da universidade. Agradecimento Agradeço ao Território da Cidadania Serra Geral, ao apoio MDA/SDT/CNPq pela concessão de bolsa de incentivo a extensão. Literatura Citada BRASIL. Subsecretaria de Agricultura Familiar- Declaração de Aptidão do Pronaf. Brasil: 2012. Disponível em: http://smap13.mda.gov.br/ExtratoDap/ PesquisaMunicipio.aspx. Acesso em: 20 de março de 2012. CAPORAL, F. R. & RAMOS, L. de F. Da Extensão Rural Convencional à Extensão Rural para o Desenvolvimento Sustentável: Enfrentar Desafios para Romper a Inércia. 2006. Disponível em: <http://www.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/ater/ artigos-e- 226 revistas/Da_Extens%C3%A3o_Rural_Convencional_%C3%A0_Extens%C3%A3o_Rur al_para_o_DS.pdf>. Acesso em: 12 de abril de 2012. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro, 2010. RODRIGUES, M. M. Universidade, Extensão e Mudanças Sociais. Revista em Extensão, Uberlândia, 1999. Disponível em: <revistadeextensao.proex.ufu.br>. Acesso em: 23 de maio de 2012. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS. Histórico da Unimontes. Disponível em: <http://www.unimontes.br/index.php/institucional/historico-daunimontes>. Acesso em: 23 de maio de 2012. 227 11. Forragicultura 228 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.1. Acúmulo de forragem, perfilhamento e área foliar do capim-Mulato em função de doses de nitrogênio e potássio Carlos Magno Lima Galvão1, Sâmara Stainy Cardoso Sanchês1, Rosane Cláudia Rodrigues2, Jefferson Costa de Siqueira², Francisco Martins de Castro³, Daurivane Rodrigues de Sousa³, Antônio Lima da Silva Júnior¹, Xerxes Moraes Tosta4 1 Discentes do Curso de Zootecnia do CCAA/UFMA. E-mail: [email protected] ²Professores do Curso de Zootecnia do CCAA/UFMA. [email protected] e [email protected] 3 Mestrandos do programa de pós-graduação em ciência animal e pastagens da UAG/UFRPE. 4 Mestrando em Ciência Animal, CCAA/UFMA. Resumo: Objetivou-se avaliar o acúmulo de forragem, perfilhamento e área foliar do capim-Mulato (Brachiaria hibrida) cultivado sob doses crescentes de nitrogênio e potássio. O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do CCAA/UFMA. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com arranjo fatorial 4 x 2 (quatro doses de N : 0, 75, 150 e 225 kg/ha e duas doses de K: 20 e 60 kg/ha) perfazendo oito tratamentos e cinco repetições, totalizando 40 unidades experimentais. Foram realizados quatro cortes nas plantas, sendo um de uniformização e três de avaliação. As características produtivas: acúmulo de forragem, área foliar e perfilhamento não foram influenciadas pela interação N x K , no primeiro corte. As doses de K influenciaram apenas no acúmulo de forragem. No segundo e terceiro cortes, houve influência apenas das doses de N, para todas as variáveis. Em todos os casos, as equações se ajustaram ao modelo linear de regressão, de forma que quanto maior a dose de N, maior acúmulo de forragem, área foliar e perfilhamento do capim-Mulato, respectivamente. Palavras Chave: adubação nitrogenada, adubação potássica, produção de forragem Forage accumulation, tillering and leaf area-Mulato as a function of nitrogen and potassium Abstract: This study aimed to evaluate the accumulation of grass, tillering and leaf area-Mulato (Brachiaria hybrid) grown under increasing levels of nitrogen and potassium. The experiment was carried out in a greenhouse the CCAA / UFMA. We used a completely randomized design with factorial arrangement 4 x2 (four N rates: 0, 75, 150 and 225 kg/ha and K two rates: 20 and 60 kg/ha) comprising eight treatments and five replicates, totaling 40 experimental units. Four cuts were made in the plants and a three on a standard evaluation. The productive characteristics, herbage accumulation, leaf area and tillering were not influenced by the interaction N x K, the first cut. K fertilization influenced only in herbage accumulation. In the second and third cuts, there was only the influence of N rates, for all variables. In all cases, the equations fitted the linear regression model, so that the higher the dose of N, higher herbage accumulation, leaf area and tillering of Mulato grass, respectively. Key Words: nitrogen, potassium fertilizer, forage production Introdução O capim-Mulato é um híbrido do gênero Brachiaria, obtido a partir de cruzamentos no Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT). O capim-Mulato caracteriza-se por apresentar um número de folhas que varia de nove a dez por perfilho, alto potencial de perfilhamento, que contribui para uma ótima cobertura do solo (Pinzón & Santamaria, 2005). Partindo-se da hipótese que o N e o K são 229 indispensáveis no estabelecimento e manutenção da produção de gramíneas, objetivou-se neste trabalho determinar a influência das combinações desses nutrientes nas características produtivas (acúmulo de forragem, perfilhamento e estimativa da área foliar) durante três estágios de crescimento do capimMulato. Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Setor de Forragicultura pertencente ao CCAA/UFMA, no município de Chapadinha, situada a 03º44‘33‖S de latitude e 43º20‘30‖W de longitude. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com arranjo fatorial 4 x 2 (4 doses de N, 0 75, 150 e 225 kg/ha e 2 doses de K, 20 e 60 kg/ha de K2O), perfazendo oito tratamentos e cinco repetições, totalizando 40 unidades experimentais. O solo utilizado no experimento foi classificado como Latossolo Amarelo, sendo coletado à profundidade de 0-20 cm. Após a coleta o solo foi seco, peneirado, homogeneizado e colocado em vasos plásticos, utilizando-se 8 kg de solo em cada vaso. O solo apresentou as seguintes características químicas: pH em CaCl2 = 4,1; M.O.= 18 g/dm³; P = 4 e S = 6 mg/dm³, respectivamente; K = 0,9, Ca = 5, Mg = 2, H+Al = 34, Al = 1, CTC = 42, SB = 8 mmolc/dm³, respectivamente; V = 19 e m = 14%; e B = 0, Cu = 0,6, Fe = 5 Mn = 0,1 e Zn = 0,1mg/dm³, respectivamente. A calagem foi realizada pelo método da elevação da saturação por bases (V%), elevando a V% de 37, para 60%. O PRNT do calcário utilizado foi de 94%, e logo após a aplicação do calcário, os vasos foram mantidos na capacidade de campo por 30 dias. As mudas do capim-Mulato foram retiradas dos canteiros do Setor de Forragicultura, levadas para a casa-de-vegetação e plantadas seis mudas em cada balde plástico. Em seguida aplicou-se fósforo na forma de supersimples (90 kg de P2O5), que correspondeu à 1,28 g/vaso, a aplicação foi feita em sulco ao lado das mudas. Quanto à necessidade hídrica, os vasos foram mantidos na capacidade de campo, sendo monitorados três vezes ao dia. Os cortes ocorreram com intervalos de 24 dias sendo que o primeiro foi de uniformização, e três de avaliação onde todas as plantas de cada tratamento foram cortadas a 30 cm do nível do solo e aplicou-se as doses de nitrogênio, na forma de ureia, e potássio na forma de cloreto de potássio, as quais foram divididas em três e aplicadas após cada corte. A área foliar foi estimada através da coleta da lâmina foliar completamente expandida, separada em secções de comprimento constante, conforme a seguinte fórmula: A= P X a / p, onde: em que, A= área foliar. O perfilhamento em cada tratamento foi contabilizado momentos antes do corte. Inicialmente os dados de cada variável foram submetidos à testes de normalidade (Crame-Von Mises) e homocedasticidade (Levene) e, atendidas estas pressuposições, foram submetidos a análises de variância de acordo com o modelo estatístico: Yij(k) = μ + Ni + Kj + N*Kij + eij(k), Em que Yij(k) é o valor observado para a variável estudada, μ é o efeito da média geral, N i é o efeito da i-ésima dose de nitrogênio, Kj é o efeito da j-ésima dose de potássio, N*K ij é o efeito da interação entre a i-ésima dose de nitrogênio e a j-ésima dose de potássio e eij(k) é o erro experimental. Posteriormente os dados foram submetidos a análises de regressão utilizando modelos polinomiais de primeira ou segunda ordem, conforme melhor ajuste, observando-se a significância do teste ―T‖ para os parâmetros das equações (β0, β1 e β2) e os coeficientes de determinação (R2 = SQModelo/SQTotal). As análises estatísticas foram realizadas considerando-se um nível de significância de até 5% por meio do procedimento GLM do software SAS 9.0 (2002). Resultados e Discussão No primeiro corte as respostas do acúmulo de forragem, área foliar e o número de perfilhos vivos às doses de nitrogênio foram independentes das doses de K, evidenciado pela ausência de interação (P>0,05) entre os fatores estudados (Tabela 1). As doses de K exerceram efeito (P<0,05) apenas sobre o acúmulo de forragem. A dose correspondente a 60 kg de K2O/ha foi, em média, 16,11% superior que com a aplicação de apena 20 kg de K2O/ha. As doses de nitrogênio afetaram positivamente o acúmulo de forragem e o perfilhamento que melhoraram de maneira quadrática e linear, respectivamente. Tendo em vista os efeitos das doses de K e N sobre o acúmulo de forragem, foram realizados testes para comparar os parâmetros (β0, β1 e β2) das curvas-resposta específicas para cada dose de K. Foram detectadas diferenças (P<0,05) apenas entre as constantes (β0; 26,85 vs 21,08), evidenciando que o comportamento das respostas às doses de N foi semelhante, entretanto, a magnitude da resposta foi superior quando aplicou-se 60kg/ha de K, conforme equação [Y20=26,85V(-5,77) + 0,337N + 0,00118N²,R²=0,56; P<0,001, o número entre parêntese deve ser subtraído para obter a equação para a 230 dose de 20 kg/ha kg de K2O], o que não ocorreu para o número de perfilhos vivos/vaso e estimativa da área foliar da gramínea. No segundo corte, o acúmulo de forragem, a área foliar e perfilhamento foram influenciadas apenas pelas doses de N (Tabela 1). Em todos os casos, as equações se ajustaram ao modelo linear de regressão, de forma que quanto maior a dose de N, maior o acúmulo de forragem (Y=10,33 + 0,128N, r²=0,77; P<0,001), a área foliar (Y=29,18 + 0,087N, r²=0,39; P<0,001) e perfilhamento do capim-Mulato, respectivamente. À resposta no terceiro corte foi semelhante aos resultados do segundo corte, onde apenas as doses de N, influenciaram nas características produtivas. Para todas as variáveis, o ajuste se deu ao modelo linear de regressão. Assim, quanto maior as doses de N, maior o acúmulo de forragem, estimativa da área foliar e perfilhamento, conforme as equações de regressão (AcF=43,81 + 0,143N, r²=0,54, P<0,001; AF=21,18 + 0,0874N, r²=0,39, P<0,001; e Perf.=10,06 + 0,0348N, r²=0,42, P<0,0001), respectivamente. O incremento das doses de nitrogênio e potássio influenciaram positivamente no perfilhamento, na produção de forragem e na área foliar total do capim-Mulato. Em estudo que avaliou doses de nitrogênio e potássio no capim-Xaraés, Rodrigues et al. (2006) verificaram que os incrementos nas doses N e K influenciaram positivamente a produção de MS da parte aérea dessa gramínea. Esses autores relataram que, para se obter maior produção dessa gramínea, é indispensável o emprego de doses maiores de N e K. Resultados semelhantes foram obtidos por Lavres Jr & Monteiro (2003) que, trabalhando com capim-Mombaça sob doses de nitrogênio e potássio, observaram padrão de comportamento semelhante. Conclusões As doses de N incrementaram positivamente o acúmulo de forragem, perfilhamento e estimativa da área foliar, sendo que, esta foi maior mediante o suprimento de 60 kg/ha de K. Literatura citada KAPS, M.; LAMBERSON, W.R. Biostatistics for animal science. Wallingford: CABI Publishing, 2004. 445p. PINZÓN B. E. SANTAMARÍA C. Valoracion Del compormiento agronômico de nuevo híbridos y variedades de Brachiaria. Instituto Panameno de investigación agropecuária (ID. AP), informe mineografiado:7 p. , 2005. RODRIGUES, R.C., ALVES, A.C., BRENNECKE, K. PLESE, L.P.M. Densidade populacional de perfilhos, produção de massa seca e área foliar do capim-Xaraés cultivado sob doses de nitrogênio e potássio. Boletim de Indústria Animal, v.63, n.1, p.27-33, 2006. SAS Institute. SAS user’s guide: statistics. 5th ed. Cary: Statistical Analysis System Institute, 1985. 231 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.2. Características morfogênicas e estruturais do capim-Mulato em função de doses de nitrogênio e potássio Ana Paula Ribeiro de Jesus², Carlos Magno Lima Galvão1, Sâmara Stainy Cardoso Sanchês1, Rosane Cláudia Rodrigues2, Jefferson Costa de Siqueira², Sanayra da Silva Mendes1, Antonio Lima da Silva Junior1 1 Discentes do Curso de Zootecnia do CCAA/UFMA. E-mail: [email protected] ²Professores do Curso de Zootecnia do CCAA/UFMA. [email protected] e [email protected] Resumo: Objetivou-se neste trabalho determinar a influência das combinações de Nitrogênio e Potássio nas características morfofisiológicas: TALC(Taxa de Alongamento do Colmo), NFV(Número Folhas Vivas), NPV( Número de Perfilhos Vivos), CF(Comprimento Foliar), TApF( Taxa de aparecimento Foliar), TALF(Taxa de Alongamento Foliar), TSF(Taxa de Senescência Foliar) e DVF(Duração de Vida da Folha), durante três estágios de crescimento do Brachiaria hybrida Mulato. O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do CCAA/UFMA. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com arranjo fatorial 4 x 2 (4 doses de N : 0, 75, 150 e 225 kg/ha e 2 doses de K: 20 e 60 kg/ha) perfazendo oito tratamentos e cinco repetições, totalizando 40 unidades experimentais. Foram realizados quatro cortes nas plantas, sendo um de uniformização e três de avaliação. O N influenciou de forma positiva nas características morfofisiológicas (TALC, NFV, NPV, CF, TApF, TALF, TSF e DVF), sendo a eficiência de utilização maior mediante o suprimento de 60 kg/ha de K2O. Todavia, as respostas são diferenciadas ao longo dos cortes, o que demonstra que o manejo do capim-Mulato não deve ser generalizado, pois o mesmo depende do estágio de crescimento/desenvolvimento das plantas. Palavras Chave: alongamento foliar, alongamento do colmo, aparecimento foliar, perfilhos vivos Morphogenetic and structural traits of Mulato grass due to nitrogen and potassium Abstract: The objective of this work to determine the influence of combinations of nitrogen and potassium on the characteristics and morphophysiological: RSE (rate stem elongation), NLL (Number living leaves), NTL (Number of Tillers Living), LL (Length Foliar), LAR (leaf appearance rate), ER (elongation rate), LSR (rate of leaf senescence) and LLL (Length of Life Leaf), during three stages of growth of Brachiaria Mulato hybrida. The experiment was carried out in a greenhouse the CCAA / UFMA. We used a completely randomized design with factorial arrangement 2 x 4 (four N rates: 0, 75, 150 and 225 kg / ha and K 2doses: 20 and 60 kg / ha) comprising eight treatments and five replicates, totaling 40 experimental units. Four cuts were made in the plants and a three on a standard evaluation. On a positive influence on morpho-physiological characteristics (RSE, NLL, NTL, LL, LAR, ER, LSR, and LLL), and greateruse efficiency through the supply of 60 kg /ha K2O. However, the responses are differentiated along the cuts, which shows that the management of Mulato grassshould not be generalized, because it depends on the stage of growth /development of plants. Key Words: elongation, stem elongation, leaf appearance, tiller living Introdução O conhecimento das características morfofisiológicas das gramíneas é essencial para se estabelecerem procedimentos adequados de manejo que promovam a perenidade das pastagens. Vale ressaltar, que existem diferenças entre espécies que devem ser consideradas (Martuscello et al., 2009). 232 Partindo-se da hipótese que o N e o K são indispensáveis no estabelecimento e manutenção da produção de gramíneas, objetivou-se neste trabalho determinar a influência das combinações desses nutrientes nas características e morfofisiológicas TALC, NFV, NPV, CF, TApF, TALF, TSF e DVF, durante três estágios de crescimento do Brachiaria hybrida Mulato. Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do Setor de Forragicultura pertencente ao CCAA/UFMA, no município de Chapadinha, situada a 03º44‘33‖S de latitude e 43º20‘30‖W de longitude. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com arranjo fatorial 4 x 2 (4 doses de N, 0 75, 150 e 225 kg/ha e 2 doses de K, 20 e 60 kg/ha de K2O), perfazendo oito tratamentos e cinco repetições, totalizando 40 unidades experimentais. O solo utilizado no experimento foi classificado como Latossolo Amarelo, sendo coletado à profundidade de 0-20 cm. Após a coleta o solo foi seco, peneirado, homogeneizado e colocado em vasos plásticos, utilizando-se 8 kg de solo em cada vaso. O solo apresentou as seguintes características químicas: pH em CaCl2 = 4,1; M.O.= 18 g/dm³; P = 4 e S = 6 mg/dm³, respectivamente; K = 0,9, Ca = 5, Mg = 2, H+Al = 34, Al = 1, CTC = 42, SB = 8 mmolc/dm³, respectivamente; V = 19 e m = 14%; e B = 0, Cu = 0,6, Fe = 5 Mn = 0,1 e Zn = 0,1mg/dm³, respectivamente. A calagem foi realizada pelo método da elevação da saturação por bases (V%), elevando a V% de 37, para 60%. O PRNT do calcário utilizado foi de 94%, e logo após a aplicação do calcário, os vasos foram mantidos na capacidade de campo por 30 dias. Foram retiradas mudas dos canteiros do Setor de Forragicultura, levadas para a casa-de-vegetação e plantadas seis mudas em cada balde plástico. Onde aplicou-se fósforo na forma de supersimples (90 kg de P2O5), que correspondeu à 1,28 g/vaso, a aplicação foi feita em sulco.Os cortes ocorreram com intervalos de 24 dias sendo que o primeiro foi de uniformização, e três de avaliação onde todas as plantas de cada tratamento foram cortadas a 30 cm do nível do solo e aplicaram-se doses de nitrogênio, na forma de ureia, e potássio na forma de cloreto de potássio, as quais foram divididas em três e aplicadas após cada corte. Para comparar as respostas das doses de N, os dados obtidos foram analisados por teste de paralelismo, utilizando-se como variável classificatória as doses de N (N) e como co-variável as doses de K (K), segundo o modelo descrito por (Kaps & Lamberson; 2004). As análises estatísticas foram realizadas considerando-se um nível de significância de até 5% por meio do procedimento GLM do software SAS 9.0 (2002). Resultados e Discussão No primeiro corte, todas as características morfogênicas e estruturais do capim-Mulato foram influenciadas pelas doses de N e, apenas o NFV, TSF e DVF foram influenciadas pelas doses de K (Tabela 1). No desdobramento das equações verificou-se efeito linear decrescente para a TALC apenas para 20 kg/ha de K2O; para a TSF com a aplicação de 60 kg/ha de K2O e, linear crescente para a TApF e DVF mediante o suprimento de 60 kg/ha de K2O. Enquanto, o NFV, o CF e a TALF tiveram comportamento quadrático, cujos maiores valores foram obtidos mediante a aplicação de 180, 140 e 186 kg de N/ha, respectivamente. À exceção da TALF que teve uma única equação independente da dose de K, para as demais características as doses de N foram otimizadas quando da aplicação de 60 kg de K2O/ha. No segundo corte, houve interação N x K apenas para a TALC, cujo comportamento foi quadrático, com máximo alongamento de colmo obtido em 168 kg de N/ha, com o suprimento de 20 kg de K2O/ha. Já com a aplicação de 60 kg de K2O/ha, quanto maior a dose de N, maior a TALC. Para o NFV, a dose de 20 kg/ha de K2O não teve efeito, ao passo que para 60 kg/ha de K2O. As demais características: NPV, TSF, DVF e TApF, sofreram incremento com o aumento das doses de N, independente das doses de K (Tabela 1). No terceiro corte, houve interação N x K apenas para a DVF, onde apenas a adubação com 60 kg/ha de K2O teve efeito linear decrescente. Para a TALC, somente houve efeito na utilização de 60 kg/hA de K2O, cujo efeito foi linear positivo. O mesmo ocorreu com o CF e TApF, porém, o comportamento foi quadrático, com máximo CF obtido em 153 e 103 kg de N/ha, respectivamente. A TSF, independente das doses de K, teve comportamento quadrático, sendo o maior valor de senescência obtido em 153 kg de N/ha. O mesmo ocorreu para o NPV, só que comportamento linear crescente (Tabela 1). A TALF e o NFV, não foram influenciados por nenhum dos fatores estudados, nesse período. 233 Conclusões O N influenciou de forma positiva nas características morfofisiológicas (TALC, NFV, NPV, CF, TApF, TALF, TSF e DVF), sendo a eficiência de utilização maior mediante o suprimento de 60 kg/ha de K2O. Tabela 1 – Equações de regressão, significância, R² e nível ótimo, da taxa de alongamento do colmo (TALC), número de folhas vivas por perfilho (NFVP), comprimento final da lâmina foliar (CF), taxa de alongamento da lâmina foliar (TALF), número vivo de perfilhos (NVP), taxa de senescência foliar (TSF), duração de vida das folhas (DVF) e taxa de aparecimento foliar (TApF) do capim-Mulato, em função de doses de N e K, no primeiro, segundo e terceiro corte. Variável Equação Significância R² P = 0,0237 0,25 Nível Ótimo 1º Corte TALC NFV CF TALF TALC = 0,651 - 0,00085N NFV = 5,63(-0,675)+0,0216N-0,00006N2 P=0,0001 0,41 180 2 P = 0,0005 0,68 147 2 P<0,001 0,51 186 160 CF = 14,979 + 0,0595 N -0,000203N TALF = 2,607 + 0,0186N - 0,00005N 2 PV NVP = 0,5100 + 0,0428N – 0,000133N P=0,0060 0,64 TSF TSF = 0,7753 - 0,0033N P=0,0006 0,51 TApF TApF = 0,03520 + 0,000483N P=0,0002 0,55 DVF DVF = 21,579 + 0,00986N P=0,0007 0,5 TAICk20 = 01877 + 0,00402N - 0,000012N² P=0,0394 0,5 TAICk60 =0,263+0,00084N P= 0,0082 0,33 NFV = 4,30 +0,00773N (P= 0,0022 0,41 P=0,0002 0,30 P=0,0004 0,29 P=0,0146 0,29 P=0,0025 0,65 153 2º Corte TALC NFV CF TALF 168 Não teve efeito TALF=2,041+0,00502N PV Não teve efeito TSF TSF=0,02941+0,00155N TApF Não teve efeito DVF Não teve efeito 3º Corte TALC NFV CF TAIC=0,1186 + 0,00067N Não teve efeito CF = 11,058 - 0,0427N + 0,000139N2 TALF Não teve efeito PV Não teve efeito TSF TSF = 0,0504 + 0,00231N –0,00009N2 P=0,0297 0,18 128 2 103 TApF TAPF = 0,0663-0,00064N+0,000003N P=0,0390 0,24 DVF DVF= 23,523 - 0,00846N P=0,0105 0,33 234 KAPS, M.; LAMBERSON, Publishing,2004.445p. W.R. Literatura citada Biostatistics for animal science. Wallingford:CABI MARTUSCELLO, J. A.; FONSECA, D. M.; MOREIRA, L.M.; RUPPIN, R.F.; CUNHA, D.N.F.V. Níveis de fósforo no solo e na parte aérea no estabelecimento de capim-elefante. Revista Brasileira de Zootecnia., v.38, n.10, p.1878-1885, 2009. SAS Institute. SAS user’s guide: statistics. 5th ed. Cary: Statistical Analysis System Institute, 1985. 235 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.3. Características morfogênicas e estruturais do capim-Xaraés cultivado em solo de Cerrado e adubado com diferentes níveis fósforo Thiago Vinícius Ramos de Sousa¹, Wale Lopes de Oliveira2, Rosane Cláudia Rodrigues3, Carlos Magno Lima Galvão 1, Sâmara Stainy Sanches Cardoso 1, Mabson de Jesus dos Santos1, Vannadson da Coneição Silva1, Ricardo Araújo Alves¹ 1 Alunos do Curso de Graduação em Zootecnia do CCAA/UFMA Engenheiro Agronomo, CCAA/UFMA. e-mail: [email protected] 3 Professor Adjunto II do Curso de Zootecnia do CCAA/UFMA. e-mail: [email protected] 2 Resumo: Dada a importância do P para a produtividade e perenidade das pastagens, objetivou-se com o presente estudo avaliar as características morfogênicas e estruturais do capim-Xaraés, cultivado em solo de Cerrado e adubado com diferentes níveis fósforo. O experimento foi conduzido em casa-de-vegetação do CCAA/UFMA, no Município de Chapadinha, Região do Baixo Parnaíba. A espécie utilizada foi a Brachiaria brizantha cv. Xaraés, cultivada no período de julho a novembro de 2011. Utilizaram-se quatro doses de P, a saber: (0,50, 70 e 90 kg/ha de P2O5), correspondentes ao tratamento testemunha, baixo, médio e alto nível tecnológico. O NPV foi influenciado pelas doses de P e a maior quantidade de perfilhos foi mediante a aplicação de 70 kg/ha de P2O5. Para o NFV, o maior valor foi obtido com a aplicação de 90 kg/ha de P2O5, nas demais doses de P os valores foram semelhantes. O CF da folha foi influenciado pelas doses de P, sendo o menor CF obtido quando não foi aplicado P e o maior CF na maior dose de P. A TALF e a DVF também foram afetadas positivamente com o incremento das doses de P, sendo os maiores valores obtidos na maior dose de P. Por sua vez o filocrono teve seu maior valor na ausência da adubação fosfatada e o menor na maior dose de P. A TALC foi influenciada pelas doses de P, sendo os menores valores observados para a dose zero e os maiores para a maior dose de P. A TSF e a TapF não foram afetadas pelos tratamentos. As doses de P influenciaram positivamente nas características morfogênicas e estruturais do capim-Xaraés, exceto para a TapF e TSF que não são influenciadas. A maioria das características teve maior expressividade mediante a aplicação de 70 kg/ha de P2O5. Palavras Chave: comprimento da folha, duração de vida da folha, taxa de alongamento foliar, taxa de aparecimento foliar Morphogenetic and structural characteristics of the grass Xaraés grown in Cerrado soil and fertilized with different phosphorus levels Abstract: Given importance of P for productivity and sustainability of pastures, with the objective of this study to evaluated the morphogenetic and structural characteristics of Xaraés grass cultivated in Cerrado soil and fertilized with different phosphorus levels. The experiment was carried ou in a greenhouse of the CCAA/UFMA in Chapadinha municipality, Region of the Baixo Parnaíba. The species used was Brachiaria brizantha cv. Xaraés grown from July to November 2011. We used four doses of P, namely: 0, 50, 70 and 90 kg/ha de P2O5, corresponding to control treatment, short, medium and high technological level. The NTL was influenced by P rates and the highest number of tillers was applying 70 kg/ha de P2O5. For NLL, the highest value was obtained applying 90 kg/ha de P2O5 in the other levels of P values were similar. The ST was influenced by the levels of P the lowest ST achieved when P was applied and the highest ST at the highest dose of P. The LER and DLL were also positively affected with increasing 236 levels of P, and the highest values obtained at the highest dose of P.vIn turn, the phyllochronum was the highest in the absence of fertilization and the lowest at the highest dose of P. The RSE was influenced by P levels, with the lowest values observed for the zero dose and highest for highest dose of P. The RLS and LAR were not affected by treatments. The P had a positive influence on morphogenetic and structural characteristics of the grass Xaraés except for LAR and RLS are not influenced. Most traits had greater expression through the application of 70 kg/ha de P2O5. Key Words: leaf length, leaf lifespan, leaf elongation rate, leaf appearance rate Introdução O fósforo (P) é um dos nutrientes que merecem mais atenção para a produção em solo de Cerrado, pois a disponibilidade desse elemento, em condições naturais, é muito baixa. Dessa maneira, a adubação fosfatada é prática imprescindível nesse ambiente (Sousa et. al., 2004). Segundo Werner (1986), depois da água e do nitrogênio (moduladores da produtividade e persistência da pastagem), o P é o nutriente mais limitante à produção das plantas forrageiras, sendo de fundamental importância, principalmente no estabelecimento, estimulando a formação e o crescimento das raízes e o perfilhamento. Apesar disso, existem poucos estudos que avaliaram os efeitos da adubação fosfatada na morfogênese de gramíneas forrageiras tropicais. A morfogênese define o fluxo de tecidos numa comunidade vegetal e, foi definida, por Chapman & Lemaire (1993), como a dinâmica de geração e expansão da forma da planta no espaço, podendo ser expressa em termos de aparecimento e expansão de novos órgãos e de sua senescência. Então, é de se prever que, as características morfogênicas, assim como, as características estruturais, definida como a distribuição e o arranjo espacial de partes da planta sobre o solo dentro da sua comunidade, são ferramentas que podem auxiliar na definição de estratégias de manejo da pastagem. Assim, objetivou-se com o presente estudo avaliar as características morfogênicas e estruturais do capim-Xaraés, cultivado em solo de Cerrado e adubado com diferentes níveis fósforo. Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação do CCAA/UFMA, no Município de Chapadinha, MA. A espécie utilizada foi a Brachiaria brizantha cv. Xaraés, cultivada no período de julho a novembro de 2011. Utilizou-se quatro doses de P como tratamentos, a saber: (0,50, 70 e 90 kg/ha de P2O5), correspondentes ao tratamento testemunha, baixo, médio e alto nível tecnológico. Os tratamentos foram dispostos num delineamento inteiramente casualizado, com 5 repetições, totalizando 20 unidades experimentais. O solo utilizado no experimento foi coletado no Setor de Forragicultura, à profundidade de 0-20 cm, e depois seco, homogeneizado, peneirado, pesado, colocado em vasos plásticos com capacidade para 6 kg. O solo do local onde foi coletada a terra utilizada no experimento é um Latossolo Amarelo, que apresentou as seguintes características químicas: 19,0 g/dm3 de M.O.; 5,0 mg/dm3 de P; 0,4 mmolc/dm3 de K; 5,0 mmolc/dm3 de Ca; 2,0 mmolc/dm3 de Mg; 29,0 mmolc/dm3 de H + Al e 4,2 de pH em CaCl2 ; 7,0 mmolc/dm3 de SB; 36,0 mmolc/dm3 de CTC; 20,0 % de V e 0,43 mg/dm3 de B; 0,2 mg/dm3 de Cu; 55,0 de mg/dm3 Fe; 0,4 mg/dm3 de Mn e 0,3 mg/dm3 de Zn. O solo foi calcareado em 23/06/2011, sendo a V% estimada em 45%. Utilizou-se um calcário dolomítico, com PRNT%=98. Todos os vasos receberam a mesma quantidade de calcário e a umidade foi monitorada diariamente para permitir a reação do calcário com o solo. O período de incubação durou 30 dias. Durante esse período, foram feitas regas diariamente, a fim de favorecer a reação do calcário no solo. O plantio das mudas do capim-Xaraés foi realizado em 23/07/2011utilizando-se oito perfilhos por vaso. Vinte e um dias após o plantio das mudas foi feito o desbaste, permanecendo cinco plantas por vaso e logo após o corte de uniformização a 20 cm de altura do colo da planta. As doses de P foram fornecidas em uma única aplicação, utilizando-se como fonte de P, o supersimples. Utilizou-se ainda o equivalente a 150 kg/ha de N e 40 kg/ha de K, para todos os tratamentos, divididos em três aplicações, sendo a primeira aplicada após o corte de uniformização e as outras duas após cada 28 dias (intervalos entre os cortes). A fonte de N foi a ureia e a de K, cloreto de potássio. O intervalo de cortes adotado foi de 28 dias e o critério utilizado foi o aparecimento de folhas senescentes. No momento do corte foi realizada a contagem de perfilhos vivos e mortos. Em seguida, era efetuado o corte a 20 cm do nível do solo, exceto no terceiro corte em que as plantas foram cortadas rente ao solo. 237 Foram marcados perfilhos vegetativos com cores diferentes, em cada tratamento. Semanalmente foram realizadas medições nesses perfilhos. A partir dos dados obtidos pela análise de crescimento das estruturas das plantas, foram calculadas as seguintes variáveis: Taxa de alongamento do colmo (TALC): diferença obtida entre os comprimentos finais e iniciais dos colmos, dividida pelo número de dias decorridos no período de avaliação; Número de folhas vivas por perfilho (NFVP): número de folhas vivas presente no perfilho no final de cada período de avaliação; Número vivo de perfilhos (NVP): número de perfilhos vivos presente na planta avaliada no final de cada período de avaliação; Comprimento final da lâmina foliar (CF): comprimento do ápice até a lígula da folha totalmente expandida de cada folha do perfilho; Taxa de alongamento da lâmina foliar (TALF): diferença obtida entre os comprimentos finais e inicias das lâminas foliares, dividida pelo número de dias decorridos no período avaliação; Duração de vida das folhas (DVF): tempo em que a folha permaneceu viva após a completa exposição da lígula; Taxa de aparecimento foliar (TApF): obtida pelo número de folhas surgidas nos perfilhos marcados de cada parcela, dividido pelo número de dias decorridos no período avaliação; Taxa de senescência foliar (TSF): área da lâmina foliar senescente nos perfilhos marcados. Desta forma foi obtido o acúmulo de material morto (em cm), dividindo o valor encontrado pela quantidade de dias decorridos no período avaliação. O filocrono foi calculado como o inverso da TapF. Os dados dos três cortes foram agrupados depois submetidos à análise de variância por meio do pacote estatístico software Infostat® (Infostat - Software estatístico, Córdoba - Argentina, 2004). Resultados e Discussão A análise de variância revelou efeito das doses de P sobre as características de morfogênicas e estruturais do capim-Xaraés (Tabela 1). Apenas a TSF e a TapF não foram influenciadas pelos tratamentos (P>0,05). O NPV foi influenciado pelas doses de P e a maior quantidade de perfilhos foi mediante a aplicação de 70 kg/ha de P2O5. Resultados semelhantes foram obtidos por Patês et al. (2007) que trabalhando com o capim-Tanzânia submetido a duas doses de N (0 e 100 kg/ha) e quatro doses de P (0,50, 100 e 150 kg/ha de P2O5) verificaram que à medida que se incrementaram as doses de P2O5 em combinação da dose 100 kg de N, observaram-se respostas significativas de 2,25; 6,50; 9,25 e 9,82 perfilhos por planta para os respectivos tratamentos de 0, 50, 100 e 150 kg de P2O5/ha. Para o NFV, o maior valor foi obtido com a aplicação de 90 kg/ha de P2O5, nas demais doses de P os valores foram semelhantes (Tabela 1). No trabalho de Patês et al (2007) só houve efeito das doses de P sobre o NFV do capim-Tanzânia mediante a aplicação de 100 kg de N, cujo os valores foram de 4,7;4,1; 2,5 e 2,2 folhas, respectivamente, para as doses 0, 50, 100 e 150 kg de P2O5/ha, valores estes, inferiores aos valores obtidos no presente trabalho. O CF da folha foi influenciado pelas doses de P, sendo o menor CF obtido quando não foi aplicado P (dose zero) e o maior CF na maior dose de P (90 kg de P2O5). Garcez Neto et al. (2002), estudando as características morfogênicas do Panicum maximum cv. Mombaça em casa de vegetação, em função de diferentes níveis de suprimento de nitrogênio (0, 50, 100 e 200 mg/dm 3), constataram que o aumento no tamanho da lâmina pode ser explicado simultaneamente pela dose de nitrogênio, aumentando de forma expressiva o número de células em processo de divisão, e pela altura de corte, definindo maior comprimento da bainha, o que pode ser válido também para o capim-Xaraés mediante aplicação de P. A TALF e a DVF também foram afetadas positivamente com o incremento das doses de P, sendo os maiores valores obtidos na maior dose de P. Por sua vez o filocrono que é o tempo gasto para o aparecimento de duas folhas consecutivas teve seu maior valor na ausência da adubação fosfatada (dose zero) e o menor na maior dose de P, o que demonstra o potencial de crescimento do capim-Xaraés quando adubado no nível tecnológico alto (90 kg/ha de P2O5). O aumento no filocrono (dias/folha) ocorre em razão do aumento no tempo necessário para a folha percorrer a distância entre o meristema apical e a extremidade do pseudocolmo formado pelas bainhas das folhas mais velhas, que aumenta sucessivamente para cada folha (Miglietta, 1991; Skinner & Nelson, 1994), então altas doses de P, reduzem esse tempo. A TALC foi influenciada pelas doses de P, sendo os menores valores observados para a dose zero e os maiores para a maior dose de P. No trabalho de Patês et al. (2007), os autores verificaram efeito de interação P x N sobre a TALC apenas quando da utilização de 100 kg de N. Esta variável notadamente sofreu influência da adubação nitrogenada, apresentando os valores de 1,4; 2,4; 2,5 e 2,6 mm/dia, respectivamente, para as doses 0, 50, 100 e 150 kg de P2 O5. Por outro lado, os tratamentos que não receberam nitrogênio apresentaram valores inferiores, além de não responderem às doses de P. A TSF e a TapF não foram afetadas pelos tratamentos. A TapF é determinada geneticamente sendo pouco influenciada pelos fatores externos. A senescência foliar é um processo natural que caracteriza a última fase de desenvolvimento de uma folha. Essa característica morfogênica pode ser acelerada por ação de fatores de meio, como competição por luz, água e nutrientes. No presente trabalho, 238 os diferentes níveis de adubação fosfatada não foram capazes de provocar diferenças significativas sobre essa característica que, de modo geral teve baixos valores. Tabela 1 – Número de perfilhos vivos (NPV), número de folhas vivas (NFV), comprimento final das folhas (CF) em cm, taxa de alongamento foliar (TALF) em cm, duração de vida das folhas (DVF) em cm, filocrono (folhas/dia), taxa de alongamento do colmo (TALC) em cm, taxa de senescência foliar (TSF) em cm e taxa de aparecimento foliar (TapF) folha/dia, do capimXaraés durante três cortes, submetido a doses crescentes de P. Variáveis Doses de P2O5 (kg/ha) 0 50 70 90 CV(%) ¹NPV 2,22B 2,39AB 3,19A 2,67AB 27,21 ¹NFV 4,31B 4,22B 4,17B 4,89A 7,93 ¹CF (cm) 17,24B 18,66AB 18,75AB 21,35A 13,57 ¹TALF (cm/dia) 2,01B 2,35B 2,29B 2,99A 20,09 ¹DVF (dias) 25,1AB 24,65B 24,51B 25,5A 2,6 ¹Filocrono (Folhas/dia) 22,36A 18,66AB 19,55AB 16,6B 15,8 ²TALC (cm/dia) 0,12B 0,23A 0,24A 0,34A 50 ²TSF (cm/dia) 0,03A 0,01A 0,01A 0,01A 50 0,06A 50 ²TapF (folha/dia) 0,05A 0,06A 0,06A Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan (P < 0,05) 2 Medianas seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste t de Student (P < 0,05) 1 Conclusões As doses de P influenciaram positivamente nas características morfogênicas e estruturais do capim-Xaraés, exceto para a TapF e TSF que não são influenciadas. A maioria das características teve maior expressividade mediante a aplicação de 70 kg/ha de P2O5. Agradecimentos A todos integrantes do grupo FOPAMA (Forragicultura e Pastagens no Maranhão), CCAA/UFMA, pela ajuda na condução do experimento. Literatura citada CHAPMAN, D. F.; LEMIRE, G. Morphogenetic and structural determinants of plant regrowth after defoliation. In: International Grassland Congress, 17, 1993, Proceedings..., p.95-104, 1993. MIGLIETTA, F. Simulation of weath ontogenesis. I. Appearance of main stem leaves in the field. Climate Research, 1:145-150, 1991. PATÊS, N.M.S.; PIRES, A.J.V.; CARVALHO, G.G.P.; OLIVEIRA, A.C.; FONCÊCA, M.P.; VELOSO C.M. Produção e valor nutritivo do capim-tanzânia fertilizado com nitrogênio e fósforo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.11, p.1934-1939, 2008. SKINNER, R.H., NELSON, C.J. Effect of tiller trimming on phyllochron and tillering regulation during tall fescue development. Crop Science, 34(5):1267-1273, 1994. SOUSA, D.M.G.; LOBATO, E.; REIN, T.A. Adubação com fósforo. Cerrado: correção do solo e adubação. Eds. SOUSA, D.M.G & LOBATO, E. 2.ed. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. p.147-167. WERNER, J.C. Adubação de pastagens. 2.ed. Nova Odessa: Instituto de Zootecnia, 1986. 49p. 239 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.4. Avaliação das características estruturais do capim-Andropogon submetido a doses crescentes de nitrogênio e duas intensidades de desfolha Irving Sousa Campo1, Rosane Cláudia Rodrigues2, Maria da Conceição Linhares Conceição3, Susan Emanuelly P. Amorim3, Clésio dos Santos Costa3, Thiago Vinicius Ramos de Sousa3, Laíze Viana Santos, Ivone Rodrigues da Silva 1 Aluno de graduação do Curso de Agronomia, CCAA/UFMA. Professora do Curso de Zootecnia e do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal do CCAA/UFMA. E-mail: [email protected] 3 Alunos de Graduação em Zootecnia, CCAA/UFMA. 2 Resumo: Objetivou-se com o presente estudo avaliar a produção de biomassa de folhas, colmos, densidade populacional de perfilhos vivos e mortos do capim-Andropogn submetido a doses crescentes de N e duas intensidades de desfolha. O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Setor de Forragicultura pertencente ao CCAA/UFMA, no município de Chapadinha. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com arranjo fatorial 5 x 2 (5 doses de N, 0, 150, 300, 450 e 600 kg/ha e 2 alturas de cortes 15 e 30 cm), perfazendo dez tratamentos e quatro repetições, totalizando 40 unidades experimentais. A análise de variância revelou efeito das doses de N e da altura de corte para a produção de folhas. Para a altura de 15 cm, o máximo acúmulo de folhas ocorreria em dose maior a dose utilizada no presente estudo (682 kg/ha de N), ao passo que para a altura de 30 cm a máxima produção de folhas foi obtida mediante a aplicação de 482 kg/ha de N. A produção de colmos foi maior na altura de 30 cm, exceto em 0 e 600 kg/ha de N. As doses de N que promoveram o maior incremento nessa fração foi as de 300 e 450 kg/ha de N, para ambas as alturas, respectivamente. Com relação ao número de perfilhos vivos e mortos, não houve diferença significativa (P>0,05) entre as doses de N e nem entre as alturas de cortes. As doses de N e as alturas de corte incrementaram a produção de biomassa de folhas e de colmos, entretanto não afetaram a DPP e o número de perfilhos mortos. Palavras Chave: produção de folhas, produção de colmos, número de perfilhos vivos, número de perfilhos mortos 240 Evaluation of structural characteristics of the grass Andropogon subjected to increasing doses of nitrogen and two grazing intensities Abstract: The objective of this study to evaluate the biomass production of leaves, stems, density of tillers of the grass Andropogon subjected to increasing doses of N and two grazing intensities. The experiment was conducted in greenhouse of Department of Forage belonging to CCAA/UFMA in the municipality of Chapadinha. We used a completely randomized design with 5 x 2 factorial arrangement (five doses of N, 0, 150, 300, 450 and 600 kg/ha and two cutting heights 15 and 30 cm), comprising ten treatments and four repetitions, totaling 40 experimental units. The analysis showed the effect of N and the cutting height for the production of sheets. The height of 15 cm, the maximum accumulation of sheets occur at higher doses the dose used in this study (682 kg/ha), while for the 30 cm maximum yield from leaves was obtained by applying of 482 kg N/ha. The production was highest in stem height of 30 cm, except at 0 and 60 kg N/ha. The N promoted the largest increase in this fraction was the 300 and 450 kg N/ha for both heights, respectively. With the number of tillers, there was no significant difference (P>0,05) between the doses of N and not between the heights of cuts. The N and cutting heights increased biomass production of leaves and stem, but did not affected the TDP and number of dead tillers. Key Words: production of leaves, stem production, tiller number, number of dead tillers Introdução A estrutura do dossel forrageiro é definida como a distribuição e o arranjo das partes da planta, ou a quantidade e organização de seus componentes, dentro de sua comunidade, sobre o solo (Laca & Lemaire, 2000). Essas características são influenciadas pela adubação, notadamente a nitrogenada, pois o N acelera o processo de divisão celular favorecendo o acúmulo de biomassa em gramíneas forrageiras. Dessa maneira, estudos que esclareçam a dinâmica de produção das gramíneas forrageiras, por meio de avaliações das características estruturais (Lemaire & Chapman, 1996) são relevantes por ajudar na definição de estratégias de manejo. Assim, objetivou-se com o presente estudo avaliar a produção de biomassa de folhas, colmos, densidade populacional de perfilhos vivos e mortos do capim-Andropogn submetido a doses crescentes de N e duas intensidades de desfolha. Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Setor de Forragicultura pertencente ao CCAA/UFMA, no município de Chapadinha, situada a 03º44‘33‖S de latitude e 43º20‘30‖W de longitude. A espécie utilizada foi o Andropogon gayanus. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com arranjo fatorial 5 x 2 (5 doses de N, 0, 150, 300, 450 e 600 kg/ha e 2 alturas de cortes 15 e 30 cm), perfazendo dez tratamentos e cinco repetições, totalizando 50 unidades experimentais. O solo utilizado no experimento foi classificado como Latossolo Amarelo, sendo coletado à profundidade de 0-20 cm. Após a coleta o solo foi seco, peneirado, homogeneizado e colocado em vasos plásticos, utilizando-se 8 kg de solo em cada vaso. O solo apresentou as seguintes características químicas: pH em CaCl2 = 4,1; M.O.= 18 g/dm³; P = 4 e S = 6 mg/dm³, respectivamente; K = 0,9, Ca = 5, Mg = 2, H+Al = 34, Al = 1, CTC = 42, SB = 8 mmolc/dm³, respectivamente; V = 19 e m = 14%; e B = 0, Cu = 241 0,6, Fe = 5 Mn = 0,1 e Zn = 0,1mg/dm³, respectivamente. A calagem foi realizada pelo método da elevação da saturação por bases (V%), elevando a V% de 37, para 60%. O PRNT do calcário utilizado foi de 94%, e logo após a aplicação do calcário, os vasos foram mantidos na capacidade de campo por 30 dias. As mudas do capim-Andropogon foram retiradas dos canteiros do Setor de Forragicultura, levadas para a casa-de-vegetação e plantadas seis mudas em cada balde plástico. Em seguida aplicou-se fósforo na forma de supersimples (90 kg de P 2O5), que correspondeu a 2 g/vaso, a aplicação foi feita em sulco ao lado das mudas. Utilizou-se o equivalente a 60 kg de K2O, na forma de KCl, que correspondeu à 0,41 g/vaso. Quanto à necessidade hídrica, os vasos foram mantidos na capacidade de campo, sendo monitorados três vezes ao dia. Os cortes ocorreram com intervalos de 28 dias sendo que o primeiro foi de uniformização, e três de avaliação onde as plantas de cada tratamento foram cortadas nas suas respectivas alturas de corte. Após cada corte efetuava a adubação nitrogenada, na forma de ureia, as quais foram divididas em três e aplicadas após cada corte. Os dados individuais de cada corte foram agrupados e, então submetido à análise de variância. A produção de folhas e de colmos foi estimada fracionando-se a forragem colhida e, posterior secagem em estufa de circulação forçada de ar a 65 0 C, por 72 horas até peso constante. A contagem do número de perfilhos vivos densidade populacional de perfilhos e o número de perfilhos mortos foi efetuado antes do corte. As análises estatísticas foram realizadas considerando-se um nível de significância de até 5% por meio do pacote estatístico Infostat. Resultados e Discussão A análise de variância não revelou efeito da interação doses de N x altura de corte e, sim efeito individual de ambos para a produção de folhas (Figura 1). Consistentemente, a altura de 15 cm apresentou maior produção de folhas em relação à altura de 30 cm, exceto mediante a aplicação de 300 kg/ha de N. Para ambas as alturas a resposta as doses de N se ajustaram ao modelo quadrático de regressão. Para a altura de 15 cm, o máximo acúmulo de folhas ocorreria em dose maior a dose utilizada no presente estudo (682 kg/ha de N), ao passo que para a altura de 30 cm a máxima produção de folhas foi obtida mediante a aplicação de 482 kg/ha de N. As variáveis acúmulo de colmo e número de perfilhos mortos tiveram o coeficiente de variação superior a 50% e, foi realizada apenas o teste Kruskal Wallis (Tabela 1). De maneira geral, com 30 cm de resíduo houve maior acúmulo de colmo, exceto em 0 e 600 kg/ha de N. As doses de N que promoveram o maior incremento nessa fração foi as de 300 e 450 kg/ha de N, para ambas as alturas, respectivamente. Vale ressaltar que apesar do acúmulo de colmo incrementar a produção total de forragem, a participação dessa fração pode limitar o consumo e o desempenho animal, por possuir menor valor nutritivo. 242 Figura 1 - Produção de folhas do capim-Andropogon, em função de doses crescentes de N e duas intensidades de cortes. Com relação DPP e número de perfilhos mortos, não houve diferença significativa (P>0,05) entre as doses de N e nem entre as alturas de cortes (Tabela 1). Sousa et al. (2010), trabalhando com o capim-Andropogon submetido a três alturas de corte (20, 27 e 34 cm) observaram que os maiores valores de DPP (densidade populacional de perfilhos) foram encontrados nas maiores alturas e os menores para a altura de corte de 20 cm. Segundo esses autores a frequência e não a severidade de desfolhação é mais determinante em promover modificações nas variáveis morfogênicas e estruturais do dossel, o que pode ter ocorrido no presente estudo. Tabela 1. Produção de colmos (g/vaso), densidade populacional de perfilhos/vaso (DPP) e número de perfilhos mortos/vaso do capim-Andropogon, submetido a doses crescentes de nitrogênio e duas alturas de cortes. Altura 0 Doses de nitrogênio (kg/ha) 300 450 150 600 Acúmulo de colmo (g/vaso) 15 cm 2,51Ba 6,2ABa 5,96ABa 6,56Aa 6,29ABa 30 cm 1,03Ba 6,47Aa 9,54Aa 7,48Aa 5,88Aa 22,5Aa 26,17Aa 38,67Aa 26Aa 24,83Aa 25,33Aa DPP/vaso Aa 15 cm 15,17 30 cm 15,00Aa 28,33 Aa 31,33Aa Perfilhos mortos/vaso Aa 15 cm 4,67 30 cm 3,33Aa 5,5 Aa 1,17Aa 7,67Aa 7,33Aa 4,83Aa 6,5Aa 6,33Aa 4,83Aa Médias seguidas de mesma letra, maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas, não diferem entre si pelo teste t de Student (P < 0,05). 243 Conclusões As doses de N e as alturas de corte incrementaram a produção de biomassa de folhas e de colmos, entretanto não afetaram a DPP e o número de perfilhos mortos. Literatura citada LACA, E.A.; LEMAIRE, G. Measuring sward structure. In: MANNETJE, L.; JONES, R.M. (Eds.) Field and laboratory methods for grassland and animal production research.Wallingford: CABI Publication, 2000. p.103-121. LEMAIRE, G.; CHAPMAN, D.F. Tissue flows in grazed plant communities. In: HODGSON, J., ILLIUS, A.W. (Eds.). The ecology and management of grazing systems. Oxon: CAB International, 1996. p.3-36. SOUSA, B.M.L.; NASCIMENTO JÚNIOR, D.N.; SILVA, S.C.; MONTEIRO, H.C.F.; RODRIGUES, C.S.; FONSECA, D.M.; SILVEIRA, M.C.T.; SBRISSIA, A.F. Morphogenetic and structural Caracteristics of andropogon grass submitted to different cutting heights. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.10, p.2141-2147, 2010. 244 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.5. Produção de forragem do capim-Andropogon submetido a doses crescentes de nitrogênio e duas intensidades de desfolha Irving Sousa Campo1, Rosane Cláudia Rodrigues2, Susan Emanuelly P. Amorim3, Antônio José Temístocles Lima de Sousa4, Maria da Conceição Linhares3, Thiago Vinicius Ramos de Sousa3, Francisco Naysson de Sousa Santos3, Anália Sousa dos Santos 1 Aluno de graduação do Curso de Agronomia, CCAA/UFMA. Professora do Curso de Zootecnia e do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal do CCAA/UFMA. E-mail: [email protected] 3 Alunos de Graduação em Zootecnia, CCAA/UFMA. 4 Aluno do Curso de Mestrado em Ciência Animal, CCAA/UFMA. 2 Resumo: O capim-Andropogon foi lançado como alternativa para a formação de pastagens em substituição ao monocultivo da Brachiaria decumbens, na região do Cerrado. Dada a sua importância objetivou-se com este trabalho avaliar a produção de forragem, a relação folha/colmo e o acúmulo de material morto do capim-Andropogon cultivado em solo de Cerrado, submetido a doses crescentes de nitrogênio e a duas alturas de cortes. O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Setor de Forragicultura pertencente ao CCAA/UFMA, no município de Chapadinha. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com arranjo fatorial 5 x 2 (5 doses de N, 0, 150, 300, 450 e 600 kg/ha e 2 alturas de cortes 15 e 30 cm), perfazendo dez tratamentos e quatro repetições, totalizando 40 unidades experimentais. A análise de variância revelou efeito para as doses e alturas de cortes (P>0,05), separadamente. A menor altura de corte (15 cm) apresentou consistentemente a maior produção de forragem, exceto na dose equivalente a 150 kg/ha, em que a altura de 30 cm foi superior. Para a relação folha/colmo não foi detectado diferenças entre as doses de N, tanto na altura de resíduo de 15 cm, quanto na altura de 30 cm, respectivamente. Entretanto, foi observado diferenças na relação folha/colmo entre as alturas de resíduo. O acúmulo de material morto foi influenciado pelas alturas de cortes e doses de N, tanto em 15 quanto em 30 cm. A ausência de aplicação de N provocou o menor acúmulo de material morto, nas duas alturas de resíduo. O capim-Andropogon respondeu à intensidade de corte e a adubação nitrogenada. A altura de manejo recomendada é 15 cm e até 421 kg/ha de N. No entanto, pesquisas em condições de campo são sugeridas. Palavras Chave: acúmulo de forragem, Andropogon gayanus, material morto, relação folha/colmo 245 Forage production of grass Andropogon subjected to increasing doses of nitrogen and two defoliation intensities Abstract: The grass Andropogon was launched as an alternative to the formation of pastures replacing the monoculture of Brachiaria decumbens on Cerrado region. Given its importance, the porpose of this work was to evaluate forage production, leaf/stem and dead material accumulation of the grass Andropogon grown in Cerrado soil, subjected to increasing levels of nitrogen and two cutting heights. The experiment was conducted in a greenhouse of Department of Forage belonging to CCAA/UFMA in municipality of Chapadinha. We used a completely randomized design with 5 x 2 factorial arrangement (five doses of N, 0, 150, 300, 450 e 500 kg/ha and two cutting heights 15 and 30 cm), comprising ten treatments and four repetitions, totaling 40 experimental units. The analysis of variance showed effect for the doses and times of cuts (P>0,05), separately. The lower cutting height (15 cm) showed consistently higher forage yield, except at a dose equivalent to 150 kg/ha, in which the height of 30 cm was higher. For the leaf/stem was not detected differences between the amounts of N, both in height residue of 15 cm in height and 30 cm, respectively. However, differences were observed in leaf/stem ratio between the heights of waste. The accumulation of dead material was influenced by the heights of cuts and N levels in both 15 and 30 cm. The absence of N application caused the least accumulation of dead material in two heights residue. The grass Andropogon responded to intensity of cutting and fertilization. The time management is recommended to 15 cm and 421 kg N/ha. However, research in the field are suggested. Key Words: forage accumulation, Andropogon gayanus, dead material, leaf/stem ratio Introdução O capim-Andropogon foi lançado inicialmente no Brasil em 1942. Essa gramínea foi introduzida na região do Cerrado como alternativa para a formação de pastagens em substituição ao monocultivo da Brachiaria decumbens, que embora adaptada às condições dessa região, apresenta susceptibilidade ao ataque da cigarrinhadas-pastagens e fotossensibilização em bovinos, restringindo o seu uso (Nicola et al., 1984). Por ser uma planta que resiste bem à seca e a solos de baixa fertilidade, essa gramínea assume papel importante na produção de ruminantes na Região do Baixo Parnaíba, porção leste do Estado do Maranhão. Em levantamento realizado, constatouse que 93% das pastagens dessa região é composta pelo capim-Andropogon. Se manejado corretamente, esse capim pode ser uma alternativa viável para aumentar a produtividade pecuária, além de diversificar as opções forrageiras. Apesar da grande importância dessa gramínea, principalmente em solos de cerrados, ainda existe uma lacuna no tocante ao seu comportamento em diferentes condições edafoclimáticas. Dessa maneira, objetivou-se com este trabalho avaliar a produção de forragem, a relação folha/colmo e o acúmulo de material morto do capim-Andropogon cultivado em solo de Cerrado, submetido a doses crescentes de nitrogênio e a duas alturas de cortes. Material e Métodos O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Setor de Forragicultura pertencente ao CCAA/UFMA, no município de Chapadinha, situada a 03º44‘33‖S de latitude e 43º20‘30‖W de longitude. A espécie utilizada foi o Andropogon gayanus. 246 Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com arranjo fatorial 5 x 2 (5 doses de N, 0, 150, 300, 450 e 600 kg/ha e 2 alturas de cortes 15 e 30 cm), perfazendo dez tratamentos e cinco repetições, totalizando 50 unidades experimentais. O solo utilizado no experimento foi classificado como Latossolo Amarelo, sendo coletado à profundidade de 0-20 cm. Após a coleta o solo foi seco, peneirado, homogeneizado e colocado em vasos plásticos, utilizando-se 8 kg de solo em cada vaso. O solo apresentou as seguintes características químicas: pH em CaCl2 = 4,1; M.O.= 18 g/dm³; P = 4 e S = 6 mg/dm³, respectivamente; K = 0,9, Ca = 5, Mg = 2, H+Al = 34, Al = 1, CTC = 42, SB = 8 mmolc/dm³, respectivamente; V = 19 e m = 14%; e B = 0, Cu = 0,6, Fe = 5 Mn = 0,1 e Zn = 0,1mg/dm³, respectivamente. A calagem foi realizada pelo método da elevação da saturação por bases (V%), elevando a V% de 37, para 60%. O PRNT do calcário utilizado foi de 94%, e logo após a aplicação do calcário, os vasos foram mantidos na capacidade de campo por 30 dias. As mudas do capim-Andropogon foram retiradas dos canteiros do Setor de Forragicultura, levadas para a casa-de-vegetação e plantadas seis mudas em cada balde plástico. Em seguida aplicou-se fósforo na forma de supersimples (90 kg de P 2O5), que correspondeu a 2 g/vaso, a aplicação foi feita em sulco ao lado das mudas. Utilizou-se o equivalente a 60 kg de K2O, na forma de KCl, que correspondeu à 0,41 g/vaso. Quanto à necessidade hídrica, os vasos foram mantidos na capacidade de campo, sendo monitorados três vezes ao dia. Os cortes ocorreram com intervalos de 28 dias sendo que o primeiro foi de uniformização, e três de avaliação onde as plantas de cada tratamento foram cortadas nas suas respectivas alturas de corte. Após cada corte efetuava a adubação nitrogenada, na forma de ureia, as quais foram divididas em três e aplicadas após cada corte. Os dados individuais de cada corte foram agrupados e, então submetido à análise de variância. As análises estatísticas foram realizadas considerando-se um nível de significância de até 5% por meio do pacote estatístico Infostat. Resultados e Discussão A análise de variância revelou efeito para as doses e alturas de cortes (P>0,05), separadamente (Tabela 1). A menor altura de corte (15 cm) apresentou consistentemente a maior produção de forragem, exceto na dose equivalente a 150 kg/ha, em que a altura de 30 cm foi superior. Com relação às doses de N, nessa altura a maior produção foi verificada mediante a aplicação de 600 kg/ha de N (Tabela 1). Com relação à altura de resíduo de 30 cm, as doses de N se ajustaram melhor ao modelo quadrático de regressão, cujo a máxima produção de forragem foi obtida com a aplicação de 421 kg/ha de N, conforme a equação de regressão (Produção de forragem, H30 cm =Y =11,87 + 0,16X – 0,00019X², R²= 0,88). Apesar da altura de 15 cm ser considerada drástica para essa gramínea, as altas doses de nitrogênio utilizadas, amenizaram o efeito negativo da intensidade de desfolha. Para a relação folha/colmo não foi detectado diferenças entre as doses de N, tanto na altura de resíduo de 15 cm, quanto na altura de 30 cm, respectivamente. Entretanto, foi observado diferenças na relação folha/colmo entre as alturas de resíduo (Tabela 1). A altura de 15 cm proporcionou maior relação folha/colmo em todas as doses de N, em comparação ao resíduo de 30 cm. Houve uma redução em torno de 94% na relação folha/colmo nos tratamentos que foram mantidos a 30 cm de altura. O aumento na altura de corte reduziu a relação folha/colmo devido a menor remoção dos mesmos com o corte da forragem, diminuindo a participação de colmos e elevando a participação de folhas. Processo inverso ocorreu com a altura de resíduo de 15 cm. 247 O acúmulo de material morto foi influenciado pelas alturas de cortes e doses de N. Tanto em 15 quanto em 30 cm. A ausência de aplicação de N provocou o menor acúmulo de material morto, nas duas alturas de resíduo. A altura de resíduo de 30 cm proporcionou maior acúmulo de material morto, exceto mediante a aplicação de 600 kg/ha de N. Essa informação é relevante, pois indica que a utilização da adubação nitrogenada acelera o processo de senescência, reduzindo a produção de forragem, portanto, quando da utilização de doses acima de 150 kg/ha o processo de colheita dessa forragem deve ser acelerado, pois se acentua o acúmulo de material morto. Tabela 1. Produção de forragem (g/vaso), relação folha/colmo e material morto do capim-Andropogon, submetido a doses crescentes de nitrogênio e duas alturas de cortes Doses de nitrogênio (kg/ha) Produção de forragem (g/vaso) Altura 0 150 300 450 600 15 cm 20,61Da 37,17BCa 33,69Ca 45,62ABa 46,60Aa Cb Ba Aa Aa 30 cm 11,53 32,11 41,64 43,68 37,44ABb Relação folha/colmo Aa 15 cm 6,29 8,15Aa 6,51Aa 6,89Aa 6,6Aa Ab Ab Ab Ab 30 cm 0,6 0,29 0,41 0,42 0,45Ab Material morto (g/vaso) Ba 15 cm 1,6 4,31ABa 6,13Aa 5,03ABa 6,01Aa 30 cm 1,95Ba 6,62Aa 8,52Aa 7,18Aa 5,64Aa Médias seguidas de mesma letra, maiúscula nas linhas e minúscula nas colunas, não diferem entre si pelo teste t de Student (P < 0,05). Conclusões O capim-Andropogon respondeu à intensidade de corte e a adubação nitrogenada. Nas condições em que o experimento foi conduzido a altura de corte recomendada é 15 cm e até 421 kg/ha de N. No entanto, pesquisas em condições de campo são sugeridas. Agradecimentos Aos integrantes do Grupo de Estudo, Pesquisa e Extensão FOPAMA pela colaboração na condução do experimento. Literatura citada SOUSA, B.M.L.; NASCIMENTO JÚNIOR, D.N.; SILVA, S.C.; MONTEIRO, H.C.F.; RODRIGUES, C.S.; FONSECA, D.M.; SILVEIRA, M.C.T.; SBRISSIA, A.F. Morphogenetic and structural Caracteristics of andropogon grass submitted to different cutting heights. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.10, p.2141-2147, 2010. NICOLA, S.M.C; FARIA, V.P.; CORSI, M. Efeito de dias de vegetação e data de corte sobre a digestibilidade ―in vitro‖ do capim andropógon (Andropogon gayanus Kunth) var. bisquamulatus. O Solo, v.76, n.2, p.6-12, 1984. 248 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.6. Espécies indesejáveis em área de pastagem natural do bioma Pampa na região da Campanha do Rio Grande do Sul Aline Bosak dos Santos1, Lidiane da Rosa Boavista2, Vinícius Soares Sturza3, Fernando Luiz Ferreira de Quadros4, José Pedro Pereira Trindade5, Marcos Flávio Silva Borba5 1 Zootecnista. Mestre em Agrobiologia/UFSM. E-mail: [email protected] Bióloga, Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ecologia/UFRGS. 3 Engenheiro Agrônomo. Mestre em Agronomia/UFSM. IF Farroupilha, Campus Santo Augusto. 4 Professor Assoc. do Departamento de Zootecnia/UFSM. 5 Pesquisadores EMBRAPA/CPPSul/Bagé. 2 Resumo: Considera-se planta indesejável aquela que não integra a dieta do animal, e que pode diminuir o rendimento das espécies desejáveis, sendo que algumas espécies nativas são consideradas indesejáveis nas pastagens naturais do Rio Grande do Sul (RS). Objetivou-se avaliar, em duas épocas, a presença de espécies indesejáveis em áreas de pastagem natural no bioma Pampa, na região da Campanha do RS. Foram realizados levantamentos fitossociológicos em dois locais (Candiota e Pinheiro Machado) em duas épocas (final do inverno de 2010 e início do outono de 2011) e com os dados obtidos foram calculados frequência relativa, densidade relativa e valor de importância. No total dos levantamentos, foram descritas nove espécies de plantas indesejáveis. A família Asteraceae apresentou maior número de espécies representantes em todas as áreas. Em Candiota e Pinheiro Machado, no inverno e no outono, respectivamente, as espécies de maior representatividade foram B. trimera e E. horridum, seguidas por espécies do gênero Senecio spp.. A família Asteraceae foi a mais representativa nas duas áreas e períodos, seja pelo número de indivíduos dentro das parcelas, como pelo número de espécies descritas. As espécies E. horridum e B. trimera foram as que apresentaram maior participação nas áreas do estudo. Palavras Chave: biodiversidade, competição, conservação, fitossociologia Weed species at Pampa biome nature grassland in the Rio Grande do Sul state Campanha region Abstract: A weed plant in pastures is one which is not part of the animal's diet, and may decrease the yield of desirable species. In Rio Grande do Sul (RS) State some native species are considered undesirable in natural pastures. The objective was to evaluate, in two seasons, the occurrence of undesirable species in areas of natural grassland in Pampa biome, in the ―Campanha‖ region of RS. Phytosociological surveys 249 were conducted at two cities (Candiota and Pinheiro Machado) in two seasons (late winter of 2010 and early fall of 2011) and the evaluated data were: relative frequency, relative density and importance value. A total of nine undesirable plant species were described. The Asteraceae family showed the greatest number of species in all areas. In Candiota and Pinheiro Machado, in winter and fall, respectively, the most representative species were B. trimera and E. horridum, followed by species of the genus Senecio spp. The family Asteraceae was the most representative in the two areas and periods, either by the number of individuals within the plots as the number of described species. The species E. horridum and B. trimera were the most active areas of study. Key Words: biodiversity, competition, conservation, phytosociology Introdução Em áreas de pastagem natural do bioma Pampa com produção animal é frequente a necessidade de controle de determinadas espécies vegetais, exóticas ou não, em determinados períodos do ano. Na produção animal, considera-se planta indesejável aquela que não integra de forma contínua a dieta do animal e que diminui o rendimento das espécies desejáveis e, assim a capacidade de suporte da pastagem. Incluem-se ainda aquelas espécies que provocam efeitos tóxicos no animal quando consumidas, ou afetam a dinâmica do pastejo pela estrutura formada (Nabinger et al., 2009). O desenvolvimento da maioria das espécies indesejáveis é predominante na primavera e verão, sendo esses os períodos em que usualmente é realizado o controle. Desta forma, o conhecimento dos parâmetros fitossociológicos dessas espécies é importante para a determinação de qual (is) espécie(s) necessitam de um manejo no início ou final da estação de crescimento. O objetivo do trabalho foi avaliar, em duas épocas, a presença de espécies indesejáveis em áreas de pastagem natural do bioma Pampa, situadas na região da Campanha do Rio Grande do Sul (RS). Material e Métodos Os levantamentos foram realizados em duas áreas de pastagem natural, nas cidades de Candiota nos dias 24. 08. 2010 e 09. 05. 2011 e Pinheiro Machado nos dias 25. 08. 2010 e 09. 05. 2011, buscando demonstrar as variações antes da primavera e depois do verão. As áreas avaliadas possuem aproximadamente 5 ha cada uma e são caracterizadas pela presença da vegetação campestre natural, sendo a principal atividade econômica a pecuária exclusivamente familiar. Essas áreas vêm sendo manejadas com altas lotações de bovinos e ovinos em sistema de pastejo rotacionado. O controle de espécies indesejáveis é realizado através de esporádicas roçadas manuais. A região caracteriza-se por solos rasos e profundos, com afloramentos rochosos, fertilidade baixa e alta, relevo ondulado e vegetação de mosaico de floresta nativa com áreas de campo. Em cada local foram marcados, a cada 30 metros, parcelas em formato de quadros de 0,5 x 0,5 m. A fim de repetir a avaliação nos mesmos pontos, foram fixadas estacas de madeira em uma diagonal do quadrado. No interior de cada parcela foram identificadas as espécies de plantas indesejáveis e o número de indivíduos de cada uma dela, foram avaliadas 25 parcelas no total das duas áreas (6,25 m²). Para análise da estrutura das comunidades de plantas indesejáveis foram calculados os seguintes parâmetros: (1) frequência relativa (FR) - Frequência da espécie x 100/Frequência total de todas as espécies; (2) Densidade relativa (DR) - Densidade da espécie x 100/Densidade total de todas as espécies e (3) Índice de valor de importância - (IVI = FreR + Den R + Abu R). Para o cálculo da frequência e da densidade relativa foram utilizados resultados de 250 frequência e densidade, assim como para o IVI foram os resultados de abundância e abundância relativa (Brandão et al., 1998). Resultados e Discussão No total foram identificadas 9 espécies indesejáveis. Em Pinheiro Machado, a família Asterácea apresentou maior número de indivíduos nas duas avaliações, sendo que em agosto 85 indivíduos foram encontrados sob quatro espécies representantes da família (Baccharis trimera, Baccharis ochraceae, Senecio selloi e Senecio brasiliensis) e, na avaliação de maio, 55 indivíduos foram encontrados das mesmas quatro espécies (Tabela 1). Eryngium pandanifolium foi encontrada apenas em Pinheiro Machado. Tabela 1 – Espécies de plantas indesejáveis encontradas no final do inverno e no início do outono em pastagem natural nos municípios de Pinheiro Machado e Candiota/RS. Pinheiro Machado Inverno Nº N° Espécies p. ind. B. trimera 18 43 B. ochraceae 7 15 Senecio selloi 9 17 S. brasiliensis 6 10 E. horridum 15 36 E. pandanifolium 1 4 Sisyrinchium platense 3 3 FR DR IVI 30,5 11,8 15,2 10,1 25,4 1,7 5,1 33,6 11,7 13,3 7,8 28,1 3,1 2,3 79,53 37,42 40,73 28,7 69,05 30,65 13,89 Espécies B. trimera B.ochraceae Senecio selloi S. brasiliensis E. horridum E. pandanifolium Sisyrinchium platense Outono Nº N° FR p. ind. 18 32 4 4 6 8,9 5 9 11,1 6 8 13,3 11 12 24,4 1 1 2,2 0 0 0 DR IVI 47,1 107,97 8,8 35,36 13,2 45,52 11,7 40,78 17,6 54,92 1,5 15,45 0 0 Candiota Inverno Nº N° Espécies FR DR p. ind. Baccharis trimera 12 75 20 34,2 Baccharis coridifolia 5 18 8,3 8,2 E. bunifolium 4 8 6,6 3,6 Senecio selloi 12 39 20 17,8 Senecio brasiliensis 1 1 1,6 0,4 E. horridum 19 61 31,7 27,8 Sisyrinchium platense 7 17 11,7 7,7 - IVI 83,0 33,11 19,52 52,76 6,72 74,29 30,6 - Espécies Baccharis trimera Baccharis coridifolia B. ochraceae E. bunifolium Senecio selloi Senecio brasiliensis E. horridum Sisyrinchium platense Outono Nº N° FR DR p. ind. 14 36 20,3 24,3 4 8 5,8 5,4 4 11 5,8 7,4 5 10 7,2 6,7 13 29 18,8 19,6 6 6 8,7 4,1 22 47 31,9 31,7 1 1 1,4 0,7 IVI 61,0 23,95 30,76 26,75 52,65 19,12 77,26 8,5 No de p. = número de parcelas; No de ind. = número de indivíduos; FR= frequência relativa; DR= densidade relativa; IVI= índice de valor de importância. Em Candiota, novamente a família Asterácea apresentou maior número de indivíduos nas duas avaliações, sendo que em agosto, 140 indivíduos foram encontrados sob cinco espécies representantes da família (B. trimera, Baccharis coridifolia, Eupatorium bunifolium, S. selloi e S. brasiliensis). Em maio, 100 indivíduos foram encontrados, em seis espécies, sendo as mesmas de agosto, mais B. ochraceae (Tabela 1). Uma espécie que se destacou nos levantamentos por sua alta contribuição em Candiota foi B. trimera, a carqueja com IVI 83,0, em agosto, seguida pela espécie E. horridum, o caraguatá, com IVI de 74,29. Na avaliação de maio, ocorreu fenômeno 251 contrário à avaliação de agosto, sendo destaque a espécie E. horridum, com IVI de 77,26 e maior número de indivíduos, e em segundo lugar, a espécie B. trimera, com IVI de 61,0 (Tabela 1). Na área de Pinheiro Machado B. trimera apresentou IVI 79,53 no inverno e IVI 107,97 no outono, posteriormente E. horridum com IVI 69,05 no inverno e 54,92 no outono (Tabela 1). A espécie E. horridum é pouco procurada por animais em pastejo, sendo consumido apenas quando jovem. Seu controle é recomendado quando, por manejo inadequado, são oferecidas condições para a infestação da pastagem por essa espécie. Porém o caraguatá apresenta função muito importante para a ecologia de ambientes naturais, uma vez que devido à presença de espinho em suas folhas, e consequente desinteresse dos animais, oferece proteção a espécies de estação fria, permitindo com isso seu desenvolvimento (Flores & Jurado, 2003). Baccharis trimera assim como E. horridum, também é considerada indesejável por não ser consumida pelos animais. No entanto, dentro do ecossistema é de extrema importância na proteção/facilitação de algumas espécies forrageiras, promovendo a interação ecológica facilitador-facilitado (Callaway et al., 2000), demonstrando que com manejo adequado elas podem permanecer na área sem comprometer áreas de pastejo. O controle dessas plantas pode ser feito através de roçadas, queimadas, pastejos intensos por determinadas espécies animais, sendo a melhor opção a união de métodos mecânicos (roçadas) e biológicos (pastejos intensivos de ovinos/bovinos) (Nabinger et al., 2009). A aplicação de herbicidas pode eventualmente contribuir para o controle de espécies indesejáveis, principalmente em grandes extensões. No entanto em alguns casos não promovem efeito significativo na redução de algumas espécies indesejáveis. Conclusões A família Asteracea tem maior participação tanto em número de indivíduos quanto em número de espécies representantes nas estações de inverno e outono. As espécies Baccharis trimera e Erygium horridum são as espécie predominantes, em áreas de pastagem natural do bioma Pampa, na região da Campanha do RS. Literatura citada BRANDÃO, M.; BRANDÃO, H.; LACA-BUENDIA, J. P. A mata ciliar do Rio Sapucaí, município de Santa Rita do Sapucaí-MG: fitossociologia. Daphne, v. 8, n. 4, p. 36-48. 1998. CALLAWAY, R.M., KIKVIDZE, Z. & KIKODOZE, D. Facilitation by unpalatable weeds may conserve plant diversity in overgrazed meadows in the Caucasus Mountains. Oikos 89: 275-282. 2000. FLORES, J. & JURADO, E. Are nurse-protégé interactions more common among plants fromarid environments? Journal of Vegetation Science, 14: 911-16. 2003. NABINGER, C; FERREIRA, E.T.; FREITAS, A.K. Produção Animal com base no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. In: Pillar V.D., Müller S.C., Castilhos Z.M.S. & Jacques A.V.A. (eds). Campos Sulinos: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. p. 175-198. 2009. 252 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.7. Alternativas para o controle da estacionalidade produtiva das pastagens naturais em solos rasos Jean Kássio Fedrigo1, Júlio Cezar Rebes de Azambuja Filho 2, Pablo Fagundes Ataide2, Laion Antunes Stella2, Carlos Nabinger3 1 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, UFRGS. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected] 2 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, UFRGS. Bolsistas CAPES/CNPq. 3 Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia, UFRGS. Resumo: A estacionalidade da produção forrageira é um aspecto decorrente das condições climáticas, que causa variações acentuadas no desempenho dos animais mantidos em pastejo, impactando diretamente no retorno econômico do setor pecuário. Nas pastagens naturais sobre solos rasos, que representam grande parte da Campanha do Rio Grande do Sul, esse efeito é ainda mais severo devido à baixa capacidade de armazenamento de água do solo. Medidas de manejo como o diferimento da pastagem na sua época de maior crescimento possibilitam, além do ideal ajuste da carga animal neste período, a disponibilização de forragem aos animais no período crítico. O suprimento de nutrientes via fertilização associado ao diferimento também se constitui numa alternativa para minimizar o efeito do vazio forrageiro, pois proporciona incrementos na produção e na qualidade da forragem. O objetivo da presente revisão bibliográfica é propor estratégias de manejo para a mitigação dos efeitos da estacionalidade forrageira em pastagens naturais sobre solos rasos. Palavras Chave: fertilização, diferimento, condições climáticas Alternatives to control the seasonal production of rangelands in shallow soils Abstract: The seasonality of forage production is one aspect arising from climatic conditions, causing significant variation in performance of animals on pasture, directly impacting the economic return of the livestock industry. In rangelands on shallow soils, which represent a large part of the Campaign of Rio Grande do Sul, this effect is even more severe due to the low storage capacity of soil water. Management measures such as grazing deferment in their time of greatest growth possible, and the ideal stocking rate adjustment during this period, the availability of forage for animals during the critical period. The supply of nutrients through fertilization associated with the deferment also is an alternative to minimize the effect of forage empty, it provides increases in production and forage quality. The aim of this literature review is to 253 propose management strategies to mitigate the effects of seasonality on rangeland forage in shallow soils. Key Words: deferment, fertilization, weather conditions Introdução A variabilidade climática pode afetar de forma importante a vida econômica e social da população em geral, na geração de energia, nas atividades agrícolas, na indústria turística e, de forma indireta, em todo setor produtivo. A precipitação pluvial é um dos fenômenos físicos decorrentes da variabilidade climática que pode causar restrições à produção agropecuária, principalmente em regiões onde a quantidade total ou a distribuição deste elemento não atende às necessidades hídricas para um adequado desenvolvimento das culturas. No estado do Rio Grande do Sul, onde as culturas se desenvolvem em sua maioria sem irrigação complementar, existem variações interanuais e regionais da precipitação pluvial, tendo-se, portanto, maior preocupação com tal variável. A estacionalidade da produção forrageira em pastagens naturais, decorrente da variabilidade climática ao longo do ano, é um fenômeno bem conhecido pelos pecuaristas, pois causa oscilações na oferta quantitativa e qualitativa da forragem, impactando negativamente as diferentes cadeias de produção de animais herbívoros. Solos com baixa capacidade de armazenamento de água, como é o caso da região do basalto superficial da Campanha Gaúcha, apresentam esses efeitos ainda mais severos (Boldrini, 1997), originada pelo déficit hídrico que normalmente ocorre no período de verão. O pastejo continuado durante o ano e a ausência de medidas que minimizem essas adversidades edafoclimáticas geram enormes flutuações no desempenho dos animais, comprometendo os resultados da produção pecuária, principal atividade econômica desenvolvida na região. A presente revisão bibliográfica tem como objetivo apresentar alternativas de fácil adoção pelo meio produtivo que visem controlar os efeitos da estacionalidade da produção forrageira em pastagens sobre solos rasos. Revisão bibliográfica As pastagens naturais inseridas nos Campos Sulinos, presente na Argentina, Uruguai e parte do Rio Grande do Sul (29,3% do Estado; segundo IBGE, 2006), são reconhecidas pela sua ampla biodiversidade, representando o habitat de 3.000 plantas vasculares, 385 espécies de pássaros e 90 mamíferos terrestres (Bilenca e Miñarro, 2004). Além de toda essa importância ambiental e biológica na manutenção dessa vegetação, as pastagens naturais do sul do Brasil também representam a principal fonte de alimento dos ruminantes domésticos criados extensivamente na região. A Campanha Gaúcha é uma das mais tradicionais regiões de pecuária do estado. Nela estão localizados solos com material de origem basalto, variando em profundidade de acordo com a sua classificação. Uma das classes de solo mais freqüentes nesta zona é a dos Neossolos Litólicos eutróficos típicos (Unidade de Mapeamento Pedregal), os quais caracterizam-se por serem rasos, de baixa capacidade de retenção de água, altamente deficientes em fósforo disponível às plantas e com uma baixa cobertura vegetal, esta última influenciada fortemente pelo manejo. Os efeitos do déficit hídrico sobre a planta forrageira nessas condições tendem a ser, portanto, ainda mais intensos. Embora os índices reprodutivos regionais tenham melhorado nos últimos anos, ainda existe uma grande ineficiência no sistema produtivo como um todo, devido ao 254 baixo nível nutricional ao qual tal rebanho está submetido. Diversos autores apontam que a causa principal desse baixo desempenho produtivo é o manejo inadequado de pastagens e rebanhos, consequência do desconhecimento dos limites ecofisiológicos e de resistência ao pastejo das plantas forrageiras. A estacionalidade da produção forrageira, ocasionada pelas condições climáticas, é apontada como um fator determinante para tal problema. Normalmente a produção forrageira na região da Campanha gaúcha passa por dois períodos críticos, nos quais ocorre a estabilização do crescimento das pastagens. O primeiro período é no verão, no qual em 70% dos anos ocorre probabilidade de seca, ou seja, a precipitação pluvial é menor do que a evapotranspiração potencial. O segundo período é no inverno, porém neste caso, normalmente, a estabilização da produção forrageira se dá em virtude do decréscimo de temperatura e luminosidade. Em condições de escassez forrageira, fato que normalmente ocorre no Rio Grande do Sul nos períodos supracitados, uma das práticas mais interessantes e eficazes para minimizar os efeitos da falta de alimento é o diferimento. O diferimento ou veda de pastagens consiste em impedir a permanência de animais numa certa área durante um determinado período de tempo, servindo como uma alternativa viável e de nenhum custo para contornar tais flutuações produtivas. O principal incremento visível é, evidentemente, o acúmulo de massa de forragem, que deve ser realizado em épocas favoráveis de crescimento vegetal para ser utilizada em época desfavorável. Nabinger et al. (2009) também relatam que o pastejo diferido pode servir de excelente meio para adequar a lotação em função da produção estacional das pastagens naturais, ao constituir áreas de reserva de forragem em pé. O sucesso desta técnica está na elevada disponibilidade de forragem, que permite ao animal selecionar as partes mais nutritivas do pasto, resultando em níveis mais elevados de desempenho. A fertilidade do solo é outra variável que merece atenção. A produção vegetal (forragem) é conseqüência da disponibilidade do meio (temperatura e radiação), sendo ainda limitada pela disponibilidade de fatores (manejáveis), como nutrientes e água (Nabinger et al, 2009). Solos pobres resultam em baixa produção de forragem e esta, por sua vez, resulta em baixo desempenho animal. O uso de potássio e fósforo, em geral, elevam a porcentagem de leguminosas. O nitrogênio proporciona maior participação das gramíneas em detrimento das leguminosas, mas é essencial para a maior produção de matéria seca. Em geral, são necessários alguns anos para que os efeitos dos fertilizantes sobre os campos se evidenciem, especialmente sobre a aplicação de fósforo e à modificação na composição botânica. No entanto, nas condições do RS, estas respostas têm sido surpreendentemente rápidas e consistentes (Gomes 2000). Gomes (2000), avaliando a produtividade de um campo nativo melhorado submetido à adubação nitrogenada com 200 kg de N ha -1 ano-1, produziu 697 kg de PV ha-1 ano-1, produção cerca de 10 vezes maior que a média estadual, situada em torno de 70 kg de PV ha-1 ano-1. Corrobora este resultado o trabalho de Boggiano (dados não publicados), que obteve sobre campo nativo adubado, onde predominava a gramaforquilha, cerca de 700 Kg de ganho de peso vivo em 210 dias. Fedrigo (2011) em estudo realizado em campo diferido sobre solos rasos da região da Campanha durante a primavera verificou que a massa de forragem passou de menos de 1000 kg ha-1 para mais de 2000 kg ha-1 em 75 dias de diferimento, podendo-se entrar no período seco com uma boa disponibilidade forrageira. Já, quando o diferimento foi associado à fertilização nitrogenada e fosfórica, a massa encontrada no final do período chegou a mais de 5.000 kg ha -1, constatando que as espécies nativas de solos rasos respondem bem tanto ao diferimento como à fertilização. A aplicação de 255 nitrogênio também possibilitou melhor valor nutricional à forragem, que chegou a 16% de proteína bruta com a aplicação de 250 Kg de nitrogênio ha-1. Conclusões O diferimento em épocas de maior crescimento da pastagem possibilita a minimização dos efeitos da estacionalidade da produção forrageira em solos rasos. A fertilização permite potencialização dos efeitos benéficos do diferimento, possibilitando reservar quantidades de forragem superiores e de maior qualidade. Literatura citada BILENCA, D., MIÑARRO, F. Identificación de áreas valiosas de pastizal em las Pampas y Campos de Argentina, Uruguay y Sur de Brasil. Fundación vida silvestre. 323p. 2004. BOLDRINI, I.I. Campos do Rio Grande do Sul: caracterização fisionômica e problemática ocupacional. Boletim do Instituto de Biociências/UFRGS. n.56. 39p, 1997. FEDRIGO, J.K. Diferimento e fertilização de pastagem natural em neossolo de basalto na Campanha do Rio Grande do Sul. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Zootecnia, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. 84f. GOMES, L.H. Produtividade de um campo nativo melhorado, submetido à adubação nitrogenada. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Zootecnia, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. 93f. IBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário: Rio Grande do Sul 2006. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rs&tema=censoagro. Acesso realizado em: 23 de abril de 2011. NABINGER, C.; FERREIRA, E.T.; FREITAS, A.K.; CARVALHO, P.C.F. & SANT‘ANNA, D.M. 2009. Produção animal com base no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S. & JACQUES, A.V.A. (eds.). Campos Sulinos, conservação e uso sustentável da biodiversidade. MMA, Brasília/DF. Pp. 175-198. 256 11.8. Produção de gases, efluente e recuperação de matéria seca da silagem de capim-xaraés com inclusão do coproduto de feijão Arnaldo Oliveira Araújo 1, Anna Luz Netto Malhado 2, Fagton de Mattos Negrão 3, Wlademiro Silvano Pereira Neto 3, Wanderson José Rodrigues de Castro1, Joadil Gonçalves de Abreu4 1 Graduandos do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT/Rondonópolis-MT. Graduanda do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT/Cuiabá. Email: [email protected] 2 Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato GrossoUFMT, Cuiabá-MT. 3 Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia e Extensão Rural-UFMT/Cuiabá-MT. 2 Resumo: Realizou-se um experimento com o objetivo de avaliar as perdas por gases, efluente e a recuperação de matéria seca da silagem de capim-xaraés aditivada com diferentes níveis do coproduto do feijão. O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos avaliados foram: Capim-xaraés, Capim-xaraés + 10% do coproduto, Capim-xararés + 20% do coproduto e Capim-xaraés + 30% do coproduto, com base na matéria natural. De acordo com o aumento na inclusão do coproduto do feijão entre tratamentos, a recuperação de matéria seca teve aumento significativo (26,44; 30,94; 35,43; 39,93%). Houve redução na produção de efluente somente no tratamento com 30% de inclusão do aditivo. A produção de gases não deferiu entre os tratamentos com o aditivo. O coproduto de feijão pode ser incluído até o nível de 30% sem comprometimento recuperação de matéria seca, das perdas da silagem por gases e efluentes e, considerando o aspecto econômico, pode ser adotado. Palavras Chave: aditivo, Brachiaria brizantha, fermentação Gas production, effluent and recovery of dry matter grass silage xaraesgrass with inclusion of byproduct bean Abstract: We conducted an experiment to evaluate the losses due to gas, wastewater and recovery of dry matter grass silage xaraesgrass added with different levels of the byproduct of the beans. The experiment was completely randomized with four treatments and five repetitions. The treatments were: xaraesgrass, xaraesgrass + 10% of the byproduct, xararesgrass + 20% of the byproduct and xaraesgrass + 30% of coproduct based on natural materials. In accordance with the increase in the inclusion of byproduct bean between treatments, the recovery of dry matter increased significantly (26.44, 30.94, 35.43, 39.93%). There was a reduction in effluent production only in the treatment with 30% inclusion of the additive. The gas production is not granted between treatments with the additive. The byproduct of beans can be added to the 30% level without compromising dry matter recovery, silage losses of gas and effluent, and considering the economic aspect, can be adopted. 257 Key Words: additive, Brachiaria brizantha, fermentation Introdução A ensilagem é um método de conservação de forragem em seu estado úmido que segundo Zanine et al. (2006a), por meio da fermentação realizada por bactérias formadoras de ácido lático, as quais promovem uma diminuição ou redução do pH, inibindo o crescimento de microrganismos indesejáveis. Contudo, para que se obtenha uma silagem de boa qualidade, devem-se usar forrageiras que apresentem teores de umidade e quantidade de carboidratos solúveis adequados, características que são limitantes para ensilagem do capim-xaraés (Brachiaria brizantha) que, segundo Ferrari Jr. e Lavezzo (2001), apresenta, no estádio de melhor valor nutritivo, excesso de umidade, resultando em silagem de baixa qualidade, com grande decomposição proteica, além de elevadas perdas por efluente. O capim-xaraés é uma planta de alto vigor, com característica de rebrota muito rápida. É indicado para as regiões de clima tropical úmido e também para as de cerrados, com estação seca variando entre quatro e cinco meses. É indicado, também, para solos de média fertilidade, apresentando boa resposta à adubação e de boa produtividade. O feijão possui um elevado teor de matéria seca e uma grande capacidade de absorção de umidade, deste modo pode-se concluir que é uma boa alternativa na redução de perdas por efluente e gases aumentando também a recuperação de matéria seca, visando a não elevação de custos com a alimentação dos rebanhos. Objetivou-se, com o experimento, avaliar o efeito da adição de coproduto de feijão na ensilagem de capim-xaraés sobre as perdas da silagem e recuperação de matéria seca. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso, localizada em Santo Antônio do Leverger-MT, situado a 15°47´5´´de latitude sul; 56°04´ de longitude oeste; altitude média de 140 m. O clima, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Aw, ou seja, clima tropical, megatérmico, caracterizando-se por duas estações bem definidas: seca (abril a setembro) e chuvosa (outubro a março). A precipitação anual média é de 1500 mm, com intensidade máxima nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. O solo predominante na região é caracterizado como Plintossolo (textura media e relevo plano). Apresenta uma textura que facilita a infiltração de água, aeração do solo, penetração das raízes e desenvolvimento do sistema radicular das plantas. A espécie forrageira estudada foi o capim-xaraés (Brachiaria Brizantha). O delineamento foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos, cada um com cinco repetições. Os tratamentos avaliados foram: Capim-xaraés, Capim-xaraés + 10% do coproduto, Capim-xaraés + 20% do coproduto e Capim-xaraés + 30% do coproduto, com base na matéria natural. Após 60 dias de rebrota, apresentando altura média de 0,45 m, o capim foi manualmente colhido por corte rente ao solo, seguido por empilhamento no campo. Em seguida, foi levado para um galpão coberto, onde foi picado em partículas de aproximadamente 3 cm, utilizando-se uma picadeira estacionária. O aditivo utilizado foi o coproduto do feijão, adicionado à massa de forragem e homogeneizada sobre lona plástica. Os silos experimentais foram confeccionados, utilizando-se canos de PVC (50 cm de altura e 10 cm de diâmetro) acondicionando cerca de 3 kg da forragem picada. A 258 compactação foi realizada com bastão de madeira confeccionado sob medida para que a pressão utilizada na compactação pudesse ser uniforme. Após o enchimento, os silos foram vedados com tampa de PVC adaptadas com válvulas do tipo Bunsen, para permitir o escape dos gases provenientes da fermentação. Os silos foram conduzidos para o Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, armazenados em temperatura ambiente. As perdas por efluente foram calculadas com base na diferença de peso da areia colocada no fundo dos silos por ocasião do fechamento e abertura dos silos experimentais. Pelas equações abaixo, foram obtidas as perdas por gases, efluentes e a recuperação da matéria seca. As perdas por gases foram obtidas pela seguinte equação: G = (PCI – PCF)/(MFI x MSI) x 100, onde: G: perdas por gases (%MS); PCI: peso do silo cheio no fechamento (kg); PCF: peso do silo cheio na abertura (kg); MFI: massa de forragem + aditivo no fechamento (kg); MSI: teor de matéria seca da forragem + aditivo no fechamento. A produção de efluente foi calculada pela equação a seguir, baseada na diferença de peso da areia colocada no fundo do silo por ocasião do fechamento e abertura dos silos experimentais: E = [(PVF – TS) – (PVI – TS)]/MFI x 100, onde: E: produção de efluentes (kg/tonelada de silagem); PVF: peso do silo vazio + peso da areia na abertura (kg); TS: tara do silo; PVI: peso do silo vazio + peso da areia no fechamento (kg); MFI: massa de forragem + aditivo no fechamento (kg). A seguinte equação foi utilizada para estimar a recuperação de MS: RMS = (MFF x MSF)/(MFI x MSI) x 100, onde: RMS: taxa de recuperação de matéria seca (%); MFF: massa de silagem na abertura (kg); MSF: teor de matéria seca da silagem na abertura; MFI: massa de forragem + aditivo no fechamento (kg); MSI: teor de matéria seca da forragem + aditivo no fechamento (%). Os dados obtidos referentes às perdas por gases, efluente e recuperação da matéria seca foram analisados estatisticamente através da análise de variância (teste F) e, nos casos de significância (P<0,05), procedeu-se a análise de regressão, testando-se modelos polinomiais de primeiro e de segundo graus, utilizando-se o programa SAEG, 1999 versão 8.1 (UFV). Resultados e Discussão Observa-se na Tabela 1, que a recuperação de matéria seca, perda por gases e efluente da silagem de capim-xaraés com níveis de inclusão do coproduto de feijão reduziu com eficiência o teor de umidade das silagens, comprovando sua boa capacidade de retenção de umidade, consequentemente diminuindo para valores mínimos as perdas por efluente, sendo sua menor produção significativa ao nível de adição de 30% (0,78 L/ton). De acordo com o aumento na inclusão do coproduto do feijão entre tratamentos (0, 10, 20 e 30%) na silagem, a recuperação de matéria seca teve aumento significativo (26,44; 30,94; 35,43 e 39,93%) elevando o teor de matéria seca presente na silagem. As perdas por gases reduziram entre os silos com o aditivo, mas houve redução em maior escala na silagem com 30% de inclusão (0,02 %MS). No geral, os valores de perdas por gases podem ser considerados reduzidos e estão próximos aos verificados por Zanine et al (2006ab), que avaliaram silagens mistas de capim-elefante e mombaça com farelo de trigo. A redução das perdas por gases deve-se, provavelmente, à redução de microrganismos produtores de gás, como as enterobactérias e bactérias clostrídicas, que se desenvolvem em silagens mal conservadas (Pereira e Santos, 2006). 259 Tabela 1 - Valores médios da recuperação da matéria seca (RMS), das perdas por gases (PG) e efluente (PE) nas concentrações de resíduo de feijão (0, 10, 20 e 30%) na silagem de capim-xaraés Nível de inclusão Equação de (% matéria natural) Variável CV R2 Regressão* 0% 10% 20% 30% RMS(%) 26,44 30,94 35,43 39,93 Y=21,954+4,494X 6,04 94,44 PG(% MS) 0,25 0,10 0,07 0,02 Y=0,297-0,072X 15,47 87,55 PE(kg/ton) 2,95 2,23 1,51 0,78 Y=3,677-0,722X 22,87 66,17 * Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. Conclusões O coproduto de feijão pode ser incluído até o nível de 30% sem comprometimento da recuperação de matéria seca, das perdas por gases e efluente da silagem de capim-xaraés. Literatura citada FERRARI Jr., E.; LAVEZZO, W. Qualidade da silagem de capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) emurchecido ou acrescido de farelo de mandioca. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, p.1424-1431, 2001. PEREIRA, O.G.; SANTOS, E.M. Microbiologia e o processo de fermentação em silagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM, 3., 2006, Viçosa, MG. Anais...Viçosa, MG: UFV, p.393-430, 2006. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. Sistema de análises estatísticas e genéticas – SAEG: manual do usuário. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 138p., 1999. (Versão 8.0). ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J. et al. Efeito do farelo de trigo sobre as perdas, recuperação da matéria seca e composição bromatológica de silagem de capim-mombaça. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v.54, n.208, p.1-10 (2006a). ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J. et al. Avaliação da silagem de capim-elefante com adição de farelo de trigo. Archivos de Zootecnia vol. 55, n. 209, p.75-84. (2006b). 260 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.9. Controle da desfolha como estratégia de recuperação de pastagens naturais degradadas Jean Kássio Fedrigo1, Laion Antunes Stella2, Júlio Cezar Rebes de Azambuja Filho 2, Carlos Nabinger3 1 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS. Bolsista CAPES. E-mail: [email protected] 2 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS. Bolsistas CAPES/CNPq. 3 Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia, UFRGS. Resumo: A degradação de pastagens naturais é um problema que traz anualmente importantes perdas econômicas e ambientais em todo o mundo. O sobrepastejo, caracterizado pela utilização de lotação animal acima da capacidade de suporte da pastagem, tem sido apontado como um dos principais causadores deste processo, levando à diminuição da diversidade de plantas, queda na persistência das espécies de bom valor forrageiro, degradação do solo e, por conseguinte, diminuição da produção animal. O controle da desfolha é uma medida que permite tanto impedir a degradação de pastagens como recuperar as que já se encontram em degradação, podendo ser efetuada através do correto ajuste da lotação animal e por meio do diferimento de pastagens. A presente revisão bibliográfica tem como objetivo demonstrar o impacto da degradação de pastagens para o ecossistema produtivo e indicar medidas simples para o seu controle. Palavras Chave: ajuste de lotação, diferimento, sobrepastejo Control of grazing as a strategy for recovery of degraded rangelands Abstract: The degradation of natural pastures is a problem that every year brings important environmental and economic losses worldwide. The overgrazing, characterized by the use of stocking rate above the carrying capacity of grazing, has been touted as a major cause of this process, leading to reduced plant diversity drop in the persistence of the species of good forage value, soil degradation and therefore, reduction in animal production. The control of defoliation is a management technique that allows both to prevent the degradation of pastures recovering those already in decay, can be made through the proper adjustment of stocking rate and through deferred grazing. This literature review aims to demonstrate the impact of degradation of pastures for productive ecosystem and indicate simple measures for its control. Key Words: deferment, overgrazing, stocking rate 261 Introdução O pasto, principal alimento para os rebanhos de herbívoros úteis ao homem, é responsável por grande parte da produção pecuária no Brasil e no mundo. Além dos aspectos econômicos e sociais, as pastagens cumprem importante função na regulação dos processos biogeoquímicos e na biodiversidade do planeta. De acordo com Oldeman (1994), grandes proporções de pastagens em todo o globo têm sido degradadas, tendo como causa principal o sobrepastejo. A utilização de lotação animal acima da capacidade de suporte das pastagens é uma situação ainda comum no bioma Pampa, região sul-brasileira de vegetação campestre que apresenta características comuns com a Argentina e o Uruguai. O pastejo ininterrupto ao longo dos anos tem reduzido o vigor e a densidade das espécies mais aceitas pelos animais, com drástica perda da capacidade de suporte da pastagem. O pastejo pesado e desregulado pode levar a uma redução da cobertura de plantas, desaparecimento das espécies forrageiras de maior qualidade, aumento de plantas indesejáveis e grandes perdas de solo (resultado de menor infiltração de água e menor quantidade de mantilho sobre o solo). A principal proposta desta revisão bibliográfica é debater o tema degradação de pastagens e propor alternativas práticas e de baixo custo, embasadas biologicamente, a serem utilizadas por produtores rurais a fim de minimizar o processo de degradação. Revisão bibliográfica A vegetação nativa é capaz de se manter em equilíbrio com os animais silvestres, devido às migrações que os mesmos fazem de uma área para outra, deixando a área recém utilizada em diferimento; mas pode sofrer grandes distúrbios com a criação de animais domésticos (Nabinger et al, 2009). A degradação de pastagens se refere à perda de vigor, de produtividade, de capacidade de recuperação natural das plantas forrageiras para sustentar os níveis de produção e qualidade exigidas pelos animais, assim como de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais. Um estudo tri-lateral entre Brasil, Uruguai e Argentina (Bilenca e Miñarro, 2004), revelou que o excesso de lotação normalmente empregado no manejo de pastagens naturais, juntamente com o aumento de áreas cultivadas com espécies exóticas, são os fenômenos mais preocupantes e ameaçadores a este importante recurso natural. Existem muitos sintomas de degradação e perda de biodiversidade nos campos sulinos. Mais de 50 espécies forrageiras, 16 mamíferos e 38 espécies de pássaros, dentre outros, tem sido classificados em diferentes níveis de ameaça. Outro exemplo é o processo de arenização, que poderia ser prevenida pelo uso adequado dos campos que mantenha a cobertura vegetal, protegendo o solo dos processos erosivos hídrico e eólico. Um dos processos de degradação mais importantes em curso é a invasão de capim anonni (Eragrostis plana), uma gramínea de origem Sul-Africana que tem baixa palatabilidade, alta produção de sementes e exibe alelopatia. De acordo com Carvalho (2006), este processo também tem no sobrepastejo um grande facilitador, pois elevadas intensidades de pastejo aumentam a pressão sobre as espécies preferidas, decrescem a diversidade dos campos e a cobertura vegetal como um todo, favorecendo a invasão de capim anonni. Certamente, o ponto inicial para qualquer manejo de pastagem é o correto ajuste de carga. A ação do pastejo, que envolve a desfolha, o pisoteio e o retorno de nutrientes 262 ao solo, é um fator bastante relevante na dinâmica do ecossistema de pastagens naturais. A imposição de diferentes pressões de pastejo a uma pastagem afeta a qualidade, produção de massa seca, composição botânica e persistência da pastagem, e com isto condiciona diferentes ganhos por animal e ganhos por área. De acordo com Nabinger (2009) o equilíbrio da biodiversidade, potencialização da produção animal e persistência da pastagem é atingido em condições de pressões de pastejo intermediárias, isto é, em ofertas de forragem nem tão altas e nem tão baixas. O sobrepastejo não traz prejuízos somente para o bioma, mas também para os retornos financeiros do setor pecuário. Nabinger (1998) demonstrou a otimização que podemos ter do campo nativo através de técnicas de manejo simples como o ajuste de carga em função da oferta de forragem. A oferta de 4,0% (4 kg de MS/100 kg de peso vivo) corresponde a um campo excessivamente utilizado, com alta lotação, onde o campo se apresenta com fisionomia do tipo ―rapado‖. Nestas condições, a área foliar é reduzida e a captação da radiação também o é, acarretando uma baixa eficiência de transformação da PAR (radiação fotossinteticamente ativa) em produção primária aérea. Uma vez que a colheita de forragem num campo rapado é reduzida porque o animal tem o seu consumo limitado (não consegue ―encher a boca‖), a eficiência de conversão da radiação em produto animal também é reduzida. À medida em que se aumenta a oferta de forragem, maior a área foliar residual e maior a captação da energia solar e transformação em produção de forragem. O mesmo é observado em relação à produção animal. Quanto maior a oferta de forragem, maior a oportunidade de colheita e seleção da forragem pelo animal em pastejo. A eficiência de conversão da PAR incidente em produção animal pode ser aumentada em quase 100 % quando aumentamos a oferta de forragem de 4,0 para 12,0 %. Outra prática de baixo custo e de fácil adoção pelos produtores é o diferimento, que consiste em impedir a permanência de animais numa certa área durante um determinado período de tempo, servindo como uma alternativa viável e de nenhum custo para contornar as flutuações produtivas que ocorrem durante o ano (Nabinger et al., 2009). O diferimento tem efeitos benéficos mais evidentes na recuperação de pastagens sobrepastejadas do que em locais que apresentem boas condições produtivas. O principal incremento visível é, evidentemente, o acúmulo de massa de forragem, que deve ser realizado em épocas favoráveis de crescimento vegetal para ser utilizada em época desfavorável. Nabinger et al. (2009) também relatam que o pastejo diferido pode servir de excelente meio para adequar a lotação em função da produção estacional das pastagens naturais, ao constituir áreas de reserva de forragem em pé. A ausência de pastejo por um determinado período também interfere na composição botânica das pastagens, ao permitir melhorar o vigor das plantas e a ressemeadura de espécies forrageiras desejáveis. Os dados de Moojen (1991) mostram que os diferimentos em épocas distintas favorecem a manifestação de diferentes espécies em função de distintas fenologias. Dessa forma, o autor encontrou maior freqüência de ocorrência de Briza spp. e Piptochaetium montevidense (gramíneas de inverno), respectivamente no diferimento de inverno-primavera e inverno-primaveraverão, e elevação na ocorrência de Paspalum notatum (gramínea estival) no diferimento de verão. Associada ao incremento em massa de forragem que o diferimento proporciona, está a elevação na quantidade de matéria orgânica e desenvolvimento de raízes, que geram uma melhoria na estrutura do solo. O aumento da cobertura vegetal por efeito do diferimento melhora a infiltração de água no solo, diminuindo o escorrimento superficial. Essa maior infiltração e a menor evaporação de água (em virtude da maior 263 cobertura vegetal) condicionam a uma maior quantidade de água no solo, formando reservas importantes para períodos posteriores em que haja probabilidade de deficiência pluviométrica. A ausência de pastejo por um período também condiciona à minimização dos efeitos de compactação do solo pelo pisoteio dos animais, o que mais uma vez auxilia na infiltração de água e diminuição da erosão. Conclusões Existem alternativas de fácil adoção pelos produtores de animais herbívoros que possibilitam melhorar a produção animal em pastagens naturais e ao mesmo tempo conservar os recursos do meio. O diferimento e o correto ajuste da carga animal são medidas que permitem recuperar as pastagens degradadas, prevenir o processo de degradação e ao mesmo tempo proporcionar maiores retornos financeiros para o setor pecuário. Literatura citada BILENCA, D., MIÑARRO, F. Identificación de áreas valiosas de pastizal em las Pampas y Campos de Argentina, Uruguay y Sur de Brasil. Fundación vida silvestre. 323p. 2004. CARVALHO, P.C.F. et al. Produção Animal no Bioma Campos Sulinos. Brazilian Journal of Animal Science, João Pessoa, v. 35, n. Supl. Esp., p. 156-202, 2006. MOOJEN, E.L. Dinâmica e potencial produtivo de uma pastagem nativa do Rio Grande do Sul submetida a pressões de pastejo, épocas de diferimento e níveis de adubação. 1991. 172f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Programa de Pós Graduação em Zootecnia/Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. NABINGER, C. Princípios de manejo e produtividade de pastagens. In: CICLO DE PALESTRAS EM PRODUÇÃO E MANEJO DE BOVINOS DE CORTE, 3, 1998, Canoas, RS. Anais... Canoas: ULBRA. p.54-107. 1998. NABINGER, C.; FERREIRA, E.T.; FREITAS, A.K.; CARVALHO, P.C.F. & SANT‘ANNA, D.M. 2009. Produção animal com base no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S. & JACQUES, A.V.A. (eds.). Campos Sulinos, conservação e uso sustentável da biodiversidade. MMA, Brasília/DF. Pp. 175-198. OLDEMAN, L.R. Soil resilience and sustainable land use. D.J. Greenlan & I. Szablocs, eds. Wallinford, UK, CAB International, 1994. p. 99-118 264 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.10. Desempenho de cordeiros em pastagem de sorgo com uso de suplementação proteica Laion Antunes Stella1, Lucía Piaggio2, Maria Liliana Del Pino Baladon2, Haroldo Deschenaux2, Ênio Rosa Prates3, Jean Kássio Fedrigo 4 1 Mestrando em Zootecnia, UFRGS. Bolsista CAPES. e-mail: [email protected] Secretariado Uruguayo de la Lana. 3 Departamento de Zootecnia, UFRGS. 4 Doutorando em Zootecnia, UFRGS. Bolsista CAPES. 2 Resumo: Conduziu-se o presente estudo com o intuito de avaliar o desempenho de cordeiros suplementados a campo com diferentes fontes proteicas em pastagem de sorgo forrageiro, com sistema rotativo. O trabalho foi conduzido em uma área experimental do Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL), localizado em Cerro Colorado – Uruguai, no período de 11/01/2012 até 16/04/2012. Os tratamentos foram: T1=controle (CON), T2=farelo de soja peletizado (FSP), T3=grão de ervilha (GE), T4=milho distillers dried grains sem tanino (DDG), T5=milho distillers dried grains com tanino (DDGt). A média do peso inicial (PI) dos animais foi de 21,2 kg, tendo como média para todos os tratamentos o peso final (PF) de 31,98 kg após 89 dias de trabalho. O tratamento que apresentou o maior ganho de peso médio final foi a FSP (34,5 kg), sendo superior em 6,7 kg quando comparado ao tratamento CON. O ganho médio diário ficou na média de 121,6 gramas dia, sendo que a suplementação proteica resultou em alta eficiência quando comparado ao tratamento CON com um ganho médio de apenas 73 gramas dia por animal. O uso de suplementação proteica a campo para cordeiros em pastagem de sorgo forrageiro em sistema rotativo é eficaz para aumentar a produção de carne por hectare. Palavras Chave: carga animal, condição corporal, ganho de peso Performance of lambs grazing sorghum with use of protein supplementation Abstract: The present study was conducted with the purpose of evaluating the performance of lambs supplemented into the field with different protein sources in pasture forage sorghum with rotation. The study was conducted in an experimental area of the Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL) located in Cerro Colorado - Uruguay, for the period 11/01/2012 to 16/04/2012. The treatments were: T1=control (CON), T2=soybean meal pellets (SMP), T3=pea grain (PG), T4=corn distillers dried grains without tannin (DDG), T5= corn distillers dried grains with tannin (DDGt). The average 265 initial weight (IW) of the animals was 21.2 kg, with an average for all treatments, the final weight (FW) of 31.98 kg after 89 days of work. The treatment had the highest average weight gain was the final FSP (34.5 kg), exceeding by 6.7 kg when compared to the CON treatment. The average daily weight gain was on average 121.6 grams day, with supplemental protein resulted in high efficiency when compared to treatment with an average gain CON only 73 grams day per animal. The use of protein supplementation to the field for lambs grazing forage sorghum in rotation is effective to increase the meat production per hectare. Key Words: body condition, stocking, weight gain Introdução A introdução da fibra têxtil no mercado nacional ocasionou a desvalorização do preço da lã, como consequência o declínio na cadeia e sistemas de produção ovina. Nos dias atuais a revalorização no preço da lã e o preço pago ao produtor pelo quilograma de carne produzido, faz a ovinocultura resurgir como um sistema produtivo lucrativo. A terminação de cordeiros é realizada sobretudo em três sistemas de produção: extensivo, intensivo e semi-intensivo sendo que cada sistema possui vantagens e desvantagens, e a opção pelo sistema a ser adotado depende da realidade e objetivo de cada produtor. O sistema extensivo onde os animais são terminados exclusivamente em campo natural tem como desvantagem os baixos índices produtivos por hectare, pelas baixas cargas em virtude da menor oferta de alimento para os animais. Um sistema intensivo se caracteriza por um incremento na intensificação com o uso de tecnologias, que possibilitem ao produtor uma maior produção por área. Sua desvantagem é o alto custo, tornando-o uma atividade de alto risco ao empresário rural. E por fim, o semiintensivo seria um meio termo entre os dois sistemas supracitados, onde possui uma maior produtividade que o extensivo e um custo de produção inferior ao intensivo. O uso de pastagem estival com suplementação pode ser uma alternativa na terminação de cordeiros nascidos no final da primavera que possibilita o abate precoce dos animais, visando uma carne de qualidade com alto valor agregado. Em sistemas de produção em pastagens, é necessário ter conhecimento sobre as relações entre disponibilidade de pasto, oferta de forragem e nível de suplementação, a fim de otimizar a eficiência de conversão do suplemento e aumentar a eficiência econômica (Beretta, 1998). Objetivou-se avaliar o desempenho de cordeiros suplementados a campo com diferentes fontes proteicas em pastagem de sorgo forrageiro. Material e Métodos O trabalho foi conduzido em uma área experimental do Secretariado Uruguayo de la Lana (SUL), localizado em Cerro Colorado – Uruguai. Uma semana antes de começar o experimento os animais foram desmamados e permaneceram em pastagem natural onde começaram a receber suplemento para se adaptar ao cocho. O período experimental foi realizado de 11/01/2012 até 09/04/2012, perfazendo um total de 89 dias, onde os primeiros 10 dias foram utilizados para adaptação dos animais aos tratamentos. Dividiu-se em três subperíodos o período experimental: 20/01-17/02; 18/02-16/03; 17/03-09/04. Utilizou-se o sorgo forrageiro Nutritop (BMR, fotosensitivo), semeado em 14 de novembro de 2011, com espaçamento entrelinhas de 17 cm. Realizou-se uma adubação básica de 100 Kg/ha (fertilizante 20-40), e de cobertura de 200 Kg/ha de ureia. O 266 pastoreio foi rotativo, com 7 dias de ocupação e 21 dias de descanso por parcela. Quando necessário foram utilizados ovelhas para regular a massa de forragem. A altura do pasto era manejada entre 50 cm e a massa de forragem era de 4 toneladas de matéria seca por hectare. Foram utilizados 75 cordeiros testes cruza Corriedale com Poll Dorset, nascidos no final da primavera de 2011. Os animais foram divididos aleatoriamente em 15 grupos de forma homogênea, onde foram distribuídos 5 animais por tratamento, que possuía três repetições de campo, totalizando 15 animais por tratamento. Os tratamentos do experimento foram: T1=controle (CON), T2=farelo de soja peletizado (FSP), T3=grão de ervilha (GE), T4=milho distillers dried grains sem tanino (DDG), T5=milho distillers dried grains com tanino (DDGt). Cada animal recebia 100g de proteína bruta de cada suplemento segundo NRC (2007), divididas em duas vezes por semana conforme o tratamento que pertencesse. As pesagens ocorriam a cada 14 dias com jejum prévio de sólidos de no mínimo 12 horas. A condição corporal (escala 1 a 5) por palpação na região lombar era realizada a cada 28 dias sempre pela mesma pessoa. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o procedimento GLM do pacote estatístico SAS (2001), sendo que as médias foram comparadas pelo teste de tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Na tabela 1 são apresentadas as médias do desempenho dos cordeiros nos três períodos do experimento, para os diferentes tratamentos. A média do peso inicial (PI) dos animais foi de 21,2 kg, tendo como média para todos os tratamentos o peso final (PF) de 31,98 kg após 89 dias de trabalho. O tratamento que apresentou o maior ganho de peso médio final foi a FSP (34,5 kg), sendo superior em 6,7 kg quando comparado ao tratamento CON. Tabela - 1: Desempenho e produção de cordeiros em pastagem de sorgo forrageiro com diferentes sdiferentes suplementos proteicos PI (kg) PF (kg) CCI CCF GMD (g/dia) GH (kg/PV/ha) CA (Kg/PV/ha) CON 21,3a 27,8b 3,3a 3,4b 73b 326b 1573b FSP 21,2a 34,5a 3,3a 3,8a 149a 664a 1709a GE 21,2a 31,8a 3,3a 3,8a 120a 532a 1619a DDG 21,1a 33,0a 3,4a 3,9a 134a 598a 1669a DDGt 21,0a 32,8a 3,3a 3,8a 132a 590a 1663a Média 21,2 31,98a 3,32 3,74 121,6 542 1646 Médias seguidas de letras minúsculas distintas na linha diferem (P<0,05) pelo teste Tukey Peso inicial (PI), peso final (PF), condição corporal inicial (CCI), condição corporal final (CCF), ganho médio diário (GMD), ganho de peso por hectare (GH), carga animal (CA) Quando se busca uma boa cobertura de gordura na carcaça de cordeiros, grande parte dos frigoríficos exige uma condição corporal superior a 3,5. Sendo assim, somente o tratamento CON não foi capaz de obter uma boa média de animais em condição para o abate após 89 de pastejo em sorgo forrageiro. Segundo Motta et al. (2001), a eficiência na produção de carne, com máximo de músculo e adequada quantidade de 267 gordura, é o objetivo dos sistemas modernos de produção. O ganho médio diário (GMD) ficou na média de 121,6 gramas dia, sendo que a suplementação proteica resultou em alta eficiência quando comparado ao tratamento CON com um ganho médio de apenas 73 gramas dia por animal. Em um trabalho realizado por Macedo et al (1998), cordeiros da raça Corriedale tiveram um GMD do desmame ao abate 144 gramas em regime de confinamento, e 106 gramas em pastagem. O ganho de peso por hectare (GH) entre os tratamentos que recebiam suplementação proteica variou de 532 kg/PV/ha (GE) para 664 kg/PV/ha (FSP), já o tratamento CON produziu apenas 326 kg/PV/ha. Essa menor produção no tratamento CON se justifica pelo requerimento de proteína que os cordeiros necessitam para a produção de músculos, que não pode ser obtido apenas via forragem, no caso usando o sorgo como fonte de volumoso. Atualmente o preço pago pelo Kg vivo de cordeiro no Brasil está em média R$ 4,00. Sendo assim, a renda bruta por hectare ficaria na faixa de: R$ 5.560, R$ 6,900, R$ 6,360, R$6,600 e R$ 6,560; respectivamente para os tratamentos CON, FSP, GE, DDG E DDGt. Conclusões O uso de suplementação proteica a campo para cordeiros em pastagem de sorgo forrageiro em sistema rotativo é eficaz para aumentar produção de carne por hectare. Agradecimentos Ao Secretariado Uruguayo de la Lana pelo financiamento do projeto. Literatura citada BERETTA, V.; LOBATO, J.F.P. Sistema "um ano" de produção de carne: avaliação de estratégias alternativas de alimentação hibernal de novilhas de reposição. Revista Brasileira de Zootecnia, v.27, n.1, p.157-163, 1998. MACEDO, F.A.F. Desempenho e características de carcaças de cordeiros Corriedale mestiços Bergamácia x Corriedale e Hampshire Down x Corriedale, terminados em confinamento. Botucatu: Universidade Estadual Paulista, 1998. 72p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Estadual Paulista, 1998. MOTTA, O.S.; PIRES, C.C.; SILVA, J.H.S.; ROSA, G.T.; FÜLBER, M. Avaliação da carcaça de cordeiros da raça Texel sob diferentes métodos de alimentação e pesos de abate. Ciência Rural, v.31, p.1051-1056, 2001. NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requirements of small ruminants: sheep. Washington: National Academy Press, 2007. 362p. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM - SAS. Statistical analysis system user’s guide. Version 8.2. Cary: Statistical Analysis System Institute, 2001. 268 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.11. Dinâmica da fertilização em sistemas de pastagens naturais Jean Kássio Fedrigo1, Pablo Fagundes Ataide2, Júlio Cezar Rebes de Azambuja Filho 2, Laion Antunes Stella2, Carlos Nabinger3, Vanessa Peripolli1 1 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, UFRGS. Bolsista CAPES. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, UFRGS. Bolsista CAPES/CNPq. 3 Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia, UFRGS. 2 Resumo: A presente revisão bibliográfica tem como objetivo trazer alguns dos importantes avanços da postura da pesquisa nos últimos anos com relação às pastagens naturais. Um desses aspectos é com relação à fertilização de espécies nativas que, igualmente às espécies exóticas, apresentam um bom potencial de produção tanto se tratando de massa de forragem como de qualidade bromatológica, desde que bem manejadas e com adequado suprimento de nutrientes. A interação entre fósforo e nitrogênio, quando um dos elementos é limitante, permite consideráveis acréscimos na produção forrageira por desempenharem funções distintas, porém complementares, no metabolismo vegetal. Palavras Chave: manejo, massa de forragem, qualidade bromatológica Dynamics of fertilization on rangeland systems Abstract: This literature review aims to bring some of the important advances of the posture of research in recent years with respect to rangeland. One aspect is related to the fertilization of native species, which also alien species have good potential for producing both the case of herbage mass and chemical quality, if well managed and adequate supply of nutrients. The interaction between phosphorus and nitrogen, when an element is limiting, allows considerable increases in forage production by playing different roles but complementary in plant metabolism. Key Words: chemical quality, forage mass, management Introdução A produção das pastagens naturais é reflexo do equilíbrio estabelecido entre o tipo de solo, sua fertilidade natural, a composição botânica e as condições ambientais inerentes a cada região. Quando as condições de fertilidade natural são limitantes, o uso de fertilizantes pode ser uma alavanca para promover e melhorar a produção das pastagens nativas, podendo complementar o efeito benéfico do manejo correto das 269 pastagens naturais. Sabe-se, entretanto, que a maioria dos solos brasileiros apresenta acidez elevada, o que afeta tanto o estabelecimento como o desenvolvimento das culturas sendo a calagem uma prática essencial em tais circunstâncias. Devido à complexidade dos ambientes pastoris supracitados, as respostas à adubação também são variáveis, sendo que muita informação básica ainda é necessária para que se possa recomendar e predizer com segurança os efeitos da fertilização em pastagens naturais. De acordo com Nabinger et al. (2009), alguns resultados recentes possibilitam que se adote com as pastagens naturais a mesma postura, em termos de adubação, que se tem com relação às espécies exóticas. A presente revisão bibliográfica insere-se na preocupação de apresentar, de forma concisa, resultados importantes sobre as possibilidades e potencialidades de produção animal no Bioma Pampa. Esta revisão visa trazer conhecimento científico sobre a resposta das plantas forrageiras nativas à fertilização e desmistificar a ideia de que ―o campo nativo não responde à aplicação de fertilizantes‖. Revisão bibliográfica O baixo nível de fertilidade dos solos do Rio Grande do Sul é um grande, senão o maior limitante ao desenvolvimento das forrageiras nativas e, portanto, a sua elevação é uma alternativa para melhorar a produção e a qualidade das pastagens. As respostas à aplicação de fertilizantes, todavia, são extremamente variáveis conforme a composição botânica, tipo de solo, particularidades climáticas, tipo de fertilizante, além das múltiplas interações pré e pós-adubação (Nabinger et al., 2009). Como para a maioria das culturas, o nitrogênio é um dos nutrientes absorvidos em maiores quantidades pelas forrageiras. O elemento é parte integrante da molécula de clorofila, influenciando, conseqüentemente, o processo de fotossíntese e o crescimento das plantas, bem como a qualidade da forragem através do teor de proteína bruta e digestibilidade. Com o aumento do status nitrogenado do sistema, as plantas apresentam um maior crescimento e, sendo este crescimento bem aproveitado, ocorrerá um aumento na produtividade. Cerca de 95% do nitrogênio do solo faz parte da matéria orgânica, que constitui o grande reservatório desse nutriente para as plantas. A capacidade de o solo fornecer N às culturas depende, no entanto, da mineralização do N orgânico, que é função de fatores climáticos e bióticos, de difícil previsão. Segundo Lazenby (1981), independentemente do nível de N no solo, a resposta na produção de forragem é aproximadamente linear até níveis de 300 Kg/ha de N em condições temperadas e até 400 Kg/ha em condições tropicais. O fósforo é talvez o macronutriente mais estudado, devido à sua importância para a vida da planta, do animal e do homem, além da frequência com que limita a produção e do fato de ser um insumo mineral finito e insubstituível. O fósforo é essencial para o crescimento da planta e está envolvido na maioria dos processos metabólicos. Este elemento é constituinte dos ácidos nucléicos, fosfolipídios, proteínas, éster fosfato, dinucleotídeos e adenosina trifosfato (ATP). Portanto, o P é requerido para o armazenamento e transferência de energia, fotossíntese, processo de transporte de elétrons, regulação de atividade enzimática na síntese de açúcar e no transporte de carboidratos. Dentre essas várias funções, o fósforo é responsável por ativar a divisão celular, a formação de reservas, a floração, a frutificação, a formação de sementes e de raízes. Também atua na resistência a enfermidades, qualidade da forragem e associações microbianas, especialmente leguminosas. 270 O uso de fertilizantes em pastagens naturais tem normalmente sido associado a respostas positivas. Gomes (2000), estudando a produtividade de um campo nativo melhorado submetido a diferentes doses de N, obteve uma produção de matéria seca verde (MSV) de 1.989 kg/ha para o tratamento sem nitrogênio e 3.422 kg de MSV/ha para o tratamento com 200 kg de N/ha ao longo das estações primavera e verão/outono. As baixas produções encontradas pelo autor em todos os tratamentos foi consequência de déficit hídrico que perdurou por quase todo o experimento, determinando baixas taxas de acréscimos. É consenso de muitos autores que o nitrogênio é o nutriente que restringe de forma mais direta a produção de matéria seca das pastagens, obtendo-se o máximo rendimento, porém, somente na presença de outros macro-elementos, tais como o fósforo e o potássio. Bottaro & Zavala (1973), estudando a resposta da adubação N, P, K de pastagens nativas em vários tipos de solo (Litosolos, Vertisolos na região do basalto, Planosolos e Brunizém), indicaram que o N foi o nutriente que mais limitou a produção de forragem em todos os solos, apresentando respostas quadráticas para a produção de MF na amplitude das doses estudadas, sendo que o efeito da interação N*P sempre foi alta e significativa, enquanto que as respostas ao K foram inconsistentes. A importância dessa interação em pastagens naturais vem sendo destacada há bastante tempo na literatura. Fedrigo (2011), verificou que a resposta da produção forrageira em pastagens naturais é limitada tanto pelo suprimento de fósforo como de nitrogênio, sendo que na ausência de qualquer um deles as respostas não se mostram significativas. Com o adequado suprimento de ambos os elementos, no entanto, o autor verificou acúmulo de mais de 5000 kg de MS por hectare em 70 dias de acúmulo na primavera, sendo que na ausência de fertilização esses valores não superaram 1500 kg de MS ha -1. A adubação também pode atuar desequilibrando a capacidade competitiva de alguns grupos de espécies, determinando variações na composição botânica da mesma. O uso de potássio e fósforo, em geral, eleva o percentual de leguminosas. Gomes (1996) verificou o aumento na proporção de Desmodium incanum, que passou de menos de 1% para aproximadamente 24% ao longo de quatro anos, com aplicação de 216 kg ha-1 de P. Porém, com o aumento das doses de N, as gramíneas passaram a dominar. O autor mostrou que a velocidade das mudanças na composição botânica aumentou com nível de fertilidade e a disponibilidade de água no solo. Muitos trabalhos sobre o efeito da adubação em pastagens naturais têm mostrado melhorias na qualidade da forragem com a adição de nitrogênio ao solo, levando a um aumento direto dos valores de proteína bruta com a aplicação de tal elemento. Em muitos locais, além do nitrogênio, fósforo e enxofre são necessários para a obtenção de tais resultados. Um levantamento realizado com mais de 60.000 amostras de solo coletadas no Rio Grande do Sul indicou que 70% delas apresentaram pH (H2O) inferior a 5,5, que é o valor de referência para indicar solos que podem apresentar prejuízos ao desenvolvimento vegetal. A acidez do solo é o segundo maior fator edáfico de restrição da produção das pastagens naturais, ficando atrás somente da baixa disponibilidade de fósforo. As implicações deste inconveniente incluem, entre outras, a redução na disponibilidade de nutrientes para as plantas, principalmente dos macronutrientes, o efeito negativo na capacidade de troca de cátions e a toxidez vegetal causada pelo alumínio solúvel. A correção de tais problemas pode e deve ser feita pelo uso correto dos corretivos no processo de calagem. No caso da correção em áreas já formadas, como as pastagens naturais, a calagem é em parte dificultada pelo fato de não se conseguir incorporar o corretivo de forma adequada ao solo. Impulsionadas principalmente pelo aumento da área cultivada 271 em sistema de plantio direto, inúmeras pesquisas têm sido realizadas na avaliação da mobilidade do calcário e na sua eficiência na redução da acidez em camadas subsuperficiais. Nelas foram constatadas que a calagem na superfície cria uma frente de correção alcalinizante do solo em profundidade, que é proporcional à dose e ao tempo. Conclusões A fertilização é uma prática que promove positivas respostas produtivas em pastagens naturais, melhorando tanto a composição botânica como a produção de forragem. A interação entre fósforo e nitrogênio, quando um dos elementos é limitante, permite consideráveis acréscimos na produção forrageira por desempenharem funções distintas, porém complementares, no metabolismo vegetal. Literatura citada BOTTARO, C.; ZAVALA, F. Efecto de la fertilización mineral NPK en la producción de forraje de algunas pasturas naturales del Uruguay. 1973. 170 p. (Doutorado em Agronomia) – Facultad de Agronomía/Universidad de la Republica, Montevideo, 170 f. FEDRIGO, J.K. Diferimento e fertilização de pastagem natural em neossolo de basalto na Campanha do Rio Grande do Sul. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Zootecnia, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. 84f. GOMES, L.H. Produtividade de um campo nativo melhorado, submetido à adubação nitrogenada. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Zootecnia, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. 93f. GOMES, K.E. Dinâmica e produtividade de uma pastagem natural do Rio Grande do Sul após seis anos de aplicação de adubos, diferimentos e níveis de oferta de forragem. 1996. 223p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. LANEZBY, A. Nitrogen relationships in grasslands ecosystems. In: International Grassland Congress, 14, 1981, Kentucky. Proceedings… p.56-63, 1981. NABINGER, C.; FERREIRA, E.T.; FREITAS, A.K.; CARVALHO, P.C.F. & SANT‘ANNA, D.M. 2009. Produção animal com base no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S. & JACQUES, A.V.A. (eds.). Campos Sulinos, conservação e uso sustentável da biodiversidade. MMA, Brasília/DF. Pp. 175-198. 272 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.12. Teor de matéria seca e perdas por gases voláteis da silagem de capimelefante sob diferentes tempos de fechamento e abertura de silo Fernanda Cardoso Romano1, Evelyn Drielle da Silva2, Fagton de Mattos Negrão 3, Arthur Behling Neto3, Wlademiro Silvano Pereira Neto 3, Joelson Antônio Silva3 1 Graduanda do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Rondonópolis-MT. Graduanda do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, Cuiabá-MT. e-mail: [email protected] 3 Mestrandos em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, Cuiabá-MT. 2 Resumo: Foi conduzido um experimento com o objetivo de avaliar o teor de matéria seca e as perdas por gases voláteis de silagens de capim-elefante sob tempos de fechamento e abertura do silo, com e sem adição de aditivo comercial. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial (2x2) com quatro tratamentos e cinco repetições, avaliadas aos 3, 6 e 9 dias após a ensilagem. Os tratamentos foram: Capim-elefante, fechado após 10 horas; Capim-elefante, fechado imediatamente; Capim-elefante com aditivo, fechado após 10 horas; Capim-elefante com aditivo, fechado imediatamente. O maior valor de matéria seca foi verificado na silagem com aditivo (36,24%), fechado imediatamente. O menor teor de matéria seca foi verificado na silagem sem o aditivo (35,68% e 35,70% fechado após 10 horas e fechado imediatamente). Observa-se que na silagem com aditivo, houve maior redução das perdas por gases voláteis. A utilização do aditivo comercial melhora o teor de matéria seca e reduz as perdas por gases voláteis da silagem de capim-elefante. Palavras Chave: aditivo, matéria seca, Pennisetum purpurium Dry matter and losses volatile gases from the elephantgrass silage at different times of closing and opening the silo Abstract: An experiment was conducted to evaluate the dry matter losses and volatile gases from silage of elefantegrass in times of opening and closing of the silo, with and without addition of commercial additive. The experimental design was completely randomized in factorial scheme (2x2) with four treatments and five replications, evaluated at 3, 6 and 9 days after ensiling. The treatments were: elephantgrass, closed after 10 hours, elephantgrass, closed immediately, elephantgrass with additive, closed after 10 hours; elephantgrass with additive, closed immediately. The highest dry matter was observed in silage with additive (36.24%), closed immediately. The lower dry matter content was observed in silage without additive (35.68% and 35.70% closed after 273 10 hours and closed immediately). It is observed that silage with additive, there was a greater reduction of losses due to volatile gases. The commercial use of the additive improves the dry matter content and reduces losses by volatile gases of elephantgrass silage. Key Words: additive, dry matter, Pennisetum purpurium Introdução O capim-elefante é uma forrageira com excelente potencial de produção de matéria seca por área cultivada, com quantidades razoáveis de carboidratos solúveis. Apesar disso, o teor de umidade elevado, na fase em que é ótimo o seu valor nutritivo, representa um obstáculo para o seu aproveitamento na forma de silagem, pois resulta em fermentações indesejáveis, com consideráveis perdas de nutrientes. Desta forma, para que uma forrageira seja conservada sob a forma de silagem é necessário o predomínio da fermentação láctica sob condições de anaerobiose. Vários são os fatores que podem interferir na qualidade da fermentação. Entre eles, citam-se a presença de bactérias homo e heterofermentativas, o teor de carboidratos solúveis, os teores de matéria seca, a compactação e a rapidez no fechamento do silo. A produção de silagem constitui alternativa para suprir a demanda de nutrientes dos animais no período crítico do ano. Entre as forrageiras utilizadas com esta finalidade, o capim-elefante tem se destacado em diversas pesquisas realizadas no País (Bernardino et al., 2005), principalmente por apresentar elevada produção de matéria seca (Andrade & Lavezzo, 1998). Porém, o elevado teor de umidade presente no capim no momento da ensilagem é um fator limitante para a obtenção de silagem de boa qualidade. Neste sentido, o uso de aditvos é uma ferramenta que garante adequada fermentação no interioir do silo. Dentre as espécies de microrganismos o Lactobacillus planturum foi considerado um dos mais promissores, com bons resultados de diminuição do pH, dos teores de amônia e ácido acético e maiores produções de acido lático nas silagens inoculadas (Carvalho et al., 2007). O estudo presente foi levado a cabo para avaliar a silagem de capim-elefante sob diferentes tempos de fechamento e abertura de silo, com e sem aditivo comercial. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT, localizada no município de Santo Antônio do Leverger-MT, situado a 15°47´5´´ de Latitude Sul, 56°04´ de Longitude Oeste de Greenwich, altitude média de 140 metros, mesorregião Centro-Sul de Mato Grosso, microrregião de Cuiabá. O clima, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Aw, ou seja, clima tropical, megatérmico, caracterizando-se por duas estações bem definidas: seca (abril a setembro) e chuvosa (outubro a março). A precipitação anual média é de 1500 mm, com intensidade máxima nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. O solo predominante na região é caracterizado como Plintossolo (textura media e relevo plano). Apresenta uma textura que facilita a infiltração de água, aeração do solo, penetração das raízes e desenvolvimento do sistema radicular das plantas. A espécie forrageira estudada o capim-elefante (Pennisetum purpurium), oriundo da área experimental do setor de forragicultura. O aditivo biológico comercial utilizado continha cepas dos microorganismos Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentosaceus. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial (2x2) com quatro tratamentos e cinco repetições por tratamento, avaliadas no 274 tempo (3, 6 e 9 dias, respectivamente após a ensilagem). Os tratamentos foram: silagem de capim-elefante sem aditivo, fechado imediatamente (SAxF); silagem de capimelefaante sem aditivo, fechado após 10 horas (SAxA); silagem de capim-elefante com aditivo, fechado imediatamente (CAxF); silagem de capim-elefante com aditivo, fechado após 10 horas (CAxA), com base na matéria natural. Foi realizado um corte de padronização, rente ao solo. O capim foi colhido 90 dias após a rebrota, em outubro de 2011, com aproximadamente 1,5 mtros de altura. O capim foi manualmente colhido por corte rente ao solo, seguido por empilhamento no campo. Em seguida, o capim foi levado para um galpão coberto, onde foi picado em partículas de 3 cm, utilizando-se uma picadeira estacionária (PP-47-4 facas). O aditivo foi adicionado à massa de forragem e homogeneizado sobre uma lona plástica. Utilizou-se 4 ml do aditivo comercial por quilo de forragem ensilada. Os silos experimentais foram confeccionados, utilizando-se sacos de plástico com lacre, acondicionando cerca de 0,2 kg da forragem picada e, posteriormente, identificados. Os sacos foram armazenados no Laboratório de Nutrição Animal/UFMT para posterior abertura e análises laboratoriais. Para a determinação dos teores de matéria seca (MS), foi realizada uma présecagem das amostras, em estufa de circulação forçada de ar, em temperatura de 55 a 60ºC por 72 horas. Em seguida foram feitas a pesagem e a moagem do material utilizando moinho estacionário com peneira de 1 mm. Posteriormente, foram tomadas amostras (3 g) deste material, as quais foram levadas à estufa a 105ºC para determinação da MS (secagem definitiva), de acordo com metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Os dados obtidos referentes à percentagem de matéria seca e perdas por gases voláteis foram analisados de forma descritiva. Resultados e Discussão Na tabela 1, podem ser observados os valores médios da matéria seca da silagem de capim-elefante sob os tempos de fechamento e abertura de silo com e sem aditivo. Há uma diminuição na matéria seca da silagem com aditivo com abertura após dez horas, verificados no dia 09, porém os valores finais de matéria seca continuam dentro dos padrões que conferem a silagem uma classificação de excelente qualidade (McDonald, 1981). Tabela 1 – Valores médios de matéria seca de silagem de capim-elefante sob diferentes tempos de fechamento e abertura dos silos com e sem aditivo. % Matéria seca Dia 0 Dia 3 Dia 6 Dia 9 SA x F 41,33 37,42 35,96 35,68 SA x A 41,33 38,16 35,99 35,7 CA x F 41,33 36,92 36,31 36,24 CA x A 41,33 37,07 36,31 36,04 Como pode ser observado na tabela 2, houve efeito na adição do aditivo se tratando de perdas por gases na silagem de capim-elefante no dia 06 quando comparado ao aumento de matéria seca no mesmo dia. As características químicas e microbiológicas de uma silagem estável, de qualidade, incluem altos teores de ácido lático relativo a acido acético e acido butírico, baixo pH, baixos teores de amônia e nitrogênio volátil e baixa contagem de microrganismos anaeróbicos formadores de 275 esporos, que garantem que a massa estocada se mantenha estável sem maiores perdas advindas do processo de fermentação. (Vieira, 1974). Houve maior perda por gases voláteis na silagem sem o aditivo. A redução das perdas por gases deve-se, provavelmente, à redução de microrganismos produtores de gás, como as enterobactérias e bactérias Clostrídicas, que se desenvolvem em silagens mal conservadas (Pereira et al., 2007). Tabela 2 – Valores médios das perdas por gases voláteis da silagem de capim-elefante sob diferentes tempos de fechamento e abertura dos silos com e sem aditivo. % Gases Voláteis Dia 3 Dia 6 Dia 9 SA x F SA x A CA x F CA x A 9,46 6,14 10,67 9,16 11,74 9,69 11,29 8,95 11,91 6,23 9,55 8,79 Conclusões Nas condições experimentais, a utilização do aditivo comercial melhorou o teor de matéria seca e reduziu as prdas por gases voláteis da silagem de capim-elefante. Literatura citada BERNARDINO, F.S.; GARCIA, R.; ROCHA, F.C.; SOUZA, A.L.; PEREIRA, O.G. Produção e características do efluente e composição bromatológica da silagem de capim-elefante contendo diferentes níveis de casca de café. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6, p.2185-2191, 2005. CARVALHO, G.G.P; GARCIA, R.; PIRES, A.J.V. et al. Valor nutritivo de silagens de capim-elefante emurchecido ou com adição de farelo de cacau. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.5, p.1495-1501, 2007. MCDONALD, P. The biochemistry of silage. Chichester: John Wiley e Sons, 218p., 1981. PEREIRA, O.G.; ROCHA, K.D.; FERREIRA, C.L.L.F. Composição química, caracterização e quantificação da população de microrganismos em capim-elefante cv. Cameroon (Pennisetum purpureum, Schum.) e suas silagens. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.6, p.1742-1750, 2007. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa: Universidade Federal de Viçosa), 2002. VIEIRA, A.M.P. Fundamentos da exploração racional de pastagens tropicais. 2ª edição. Editora FEALQ. Piracicaba-SP, 1974. 276 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.13. Influência estacional sobre a taxa de elongação e duração da elongação foliares em gramíneas nativas do Rio Grande do Sul (RS)1 Greice Kelly Gomes Machado 5, Aline Bosak dos Santos2, Anna Carolina Cerato Confortin3, Fernando Luiz Ferreira de Quadros4, Liane Seibert Ustra Soares5, Bruna San Martin Rolim Ribeiro 6 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela Capes Zootecnista, Mestre em Agrobiologia – UFSM. E-mail: [email protected] 3 Zootecnista, Programa de Pós-Graduação em Zootecnia - UFSM 4 Prof. Adj. Depto. de Zootecnia – UFSM. Bolsista de Prod. em Pesquisa do CNPq. 5 Acadêmicas do curso de Zootecnia –UFSM. 6 Aluna do curso Técnico em Agropecuária – Colégio Politécnico da UFSM 2 Resumo: Objetivou-se avaliar o efeito da estação do ano na taxa de elongação foliar (TEF) e duração da elongação foliar (DEF) em gramíneas nativas da região central do RS. Realizou-se o estudo com dois tratamentos: avaliações da morfogênese nas estações de primavera e de verão. As áreas foram manejadas sob pastoreio rotativo com dois intervalos de pastoreio (IDP) baseados nas somas térmicas de 375 e 750 graus-dia. Foram avaliadas 5 espécies de gramíneas nativas classificadas em tipos funcionais (TF; A, B, C, D): Axonopus affinis (TF A), Andropogon lateralis e Paspalum notatum (TF B), Paspalum plicatulum (TF C) e Aristida laevis (TF D). Houve diferença significativa entre estações (P<0,001), entre espécies (P<0,0001) e interação entre espécies e IDP. Os maiores valores de DEF foram observados em A. laevis em ambas as estações e IDP. Os menores valores foram obtidos para A. affinis. Todas as espécies foram influenciadas pela estação, mostrando redução na TEF no verão, sem alterações significativas entre IDP. As características de elongação foliar são superiores na primavera em comparação ao verão. Segundo as variáveis de crescimento foliar, a primavera se caracteriza como estação de crescimento e verão como início do período reprodutivo. Palavras Chave: estação, morfogênese, pastagem natural, pastoreio, soma térmica Seasonal influence in leaf elongation rate and elongation duration at Rio Grande do Sul (RS) native grasses Abstract: The seasonal effect in the leaf elongation rate (LER) and leaf elongation duration (LED) was evaluated in native grasses of RS region central. Study was carried out with two treatments: morphogenesis evaluations at spring and summer seasons. Areas were managed under rotational grazing with two grazing intervals (GI) based in the thermal times of 375 and 750 degree-days (DD). Five native grasses species were 277 evaluated classified in functional types (FT; A, B, C, D): Axonopus affinis (FT A), Andropogon lateralis e Paspalum notatum (FT B), Paspalum plicatulum (FT C) and Aristida laevis (FT D). Significant difference was found between seasons (P<0,001), among species (P<0,0001) and GI and species interaction. The largest LED was observed in A. laevis in both seasons and GI. The smallest values were observed for A. affinis. All species were influenced by season, showing reduction in the LED at summer, without significant changes between seasons. Leave elongation characteristics are higher at spring comparing to summer. According to leaf growth variables, spring is characterized as a growing season and summer like reproductive period beginning. Key Words: season, morphogenesis, natural grassland, grazing, thermal time Introdução No Brasil, o bioma Pampa equivale a cerca de 2% do território nacional e apresenta grande biodiversidade. No RS, as pastagens naturais desse bioma representam a principal fonte de alimento na dieta dos bovinos de corte e ovinos. O conhecimento da morfogênese das forrageiras favorece o uso sustentável dessas pastagens. Devido à grande diversidade florística das pastagens naturais, o agrupamento de espécies segundo atributos funcionais torna a pesquisa e utilização dessas pastagens mais compreensíveis. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da estação do ano sobre a taxa de elongação de folhas e duração da elongação foliar de gramíneas nativas da região central do RS, representativas desses grupos. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido em área de 3,0 hectares (ha) divididos em 6 piquetes de 0,5 ha, na Universidade Federal de Santa Maria. Realizou-se o estudo em delineamento inteiramente casualizado com seis repetições e dois tratamentos: avaliações da morfogênese das plantas nas estações de primavera e de verão. As áreas foram manejadas sob pastoreio rotativo com dois intervalos de pastoreio (IDP) baseados nas somas térmicas: intervalo curto (IC), 375 e intervalo longo (IL), 750 graus-dia (GD) sendo a soma térmica obtida através da equação: ST = Σ Tmd (somatório das temperaturas médias diárias do período). Foram avaliadas cinco espécies enquadradas em tipos funcionais (TF) segundo os atributos foliares, teores de matéria seca crescentes e área foliar específica decrescente, (A, B, C e D): Axonopus affinis Chase (TF A), Andropogon lateralis Nees e Paspalum notatum Flüegge (TF B), Paspalum plicatulum Michx. (TF C) e Aristida laevis Nees (TF D). Para a determinação da morfogênese utilizou-se a técnica de ―perfilhos marcados‖. Em cada área foram marcados, com fios coloridos de 1,0 mm de espessura, 20 perfilhos vegetativos por espécie aleatoriamente ao longo da área. As avaliações foram realizadas a cada 7 dias contando-se as folhas verdes e medido o comprimento da lâmina foliar (cm). As folhas completamente expandidas foram medidas a partir de sua lígula e as folhas em expansão foram medidas a partir da lígula da última folha completamente expandida. A duração de elongação foliar (DEF) foi obtida a partir do produto entre o número médio de folhas em expansão e o filocrono correspondente. A taxa de elongação foliar (TEF) foi calculada a partir da relação entre a variação do comprimento das folhas em elongação entre duas avaliações sucessivas e a soma térmica acumulada no período correspondente. A partir dos dados obtidos foram calculadas as variáveis DEF (GD) e TEF (cm/GD) para as estações de primavera e de 278 verão. Os dados de DEF e TEF foram submetidos à análises de variância, utilizando testes de aleatorização com o software MULTIV comparando as estações e as espécies. Resultados e Discussão Houve diferença significativa entre estações (P<0,001), espécies (P<0,0001) e interação entre espécies e IDP (P<0,01). Os maiores valores de DEF foram observados em A. laevis em ambas as estações e IDP (Tabelas 1 e 2). A espécie pertence ao TF D, que reúne espécies com alta TEF e consequentemente, altas DEF, sendo seguida pelas espécies A. lateralis no IL e no verão, e por P. notatum no IC e na primavera, ambas do TF B. Os menores valores de ambas as variáveis analisadas foram obtidos para A. affinis, sendo essa espécie pertencente ao TF A, onde se agrupam as espécies que possuem alta renovação foliar (Cruz et al., 2010), ou seja, espécies com alta ritmo de emissão de folhas e, consequentemente, reduzidas TEF e DEF. Tabela 1 – Valores médios entre intervalos de pastoreio de taxa de elongação foliar (TEF; cm/GD), duração da elongação foliar (DEF; GD) e número de dias em que as folhas permanecem em elongação (dias) de gramíneas nativas do RS nas estações de primavera e verão, Santa Maria/RS. Espécies Primavera TEF DEF a Dias Espécies a Verão TEF DEF a Dias a A. laevis 0,067 (±0,0278) * 514 (±84) 23 A. laevis 0,041 (±0,029) 609 (±142) 24 P. plicatulum 0,062b (±0,0111) 430b (±90) 19 P. plicatulum 0,035a (±0,024) 522a (±141) 21 A. lateralis 0,032c (±0,0165) 436c (±98) 19 A. lateralis 0,015b (±0,009) 486b (±129) 19 P. notatum 0,023d (±0,0085) 399d (±84) 18 P. notatum 0,013b (±0,009) 552b (±122) 22 A. affinis 0,022d (±0,0082) 338d (±48) 15 A. affinis 0,012b (±0,009) 442b (±113) 18 *Desvio padrão Médias seguidas por letras minúsculas diferentes nas linhas diferem estatisticamente entre si (P<0,01). A espécie cujas folhas permaneceram mais tempo em elongação foi A. laevis, com 22,5 dias na média das estações e dos IDP. Um maior número de dias de elongação de folhas permite maior tamanho final de folha e assim maior área foliar para interceptação de luz solar, permitindo taxas fotossintéticas mais elevadas influenciando positivamente no aumento do crescimento vegetal e acúmulo de forragem na pastagem. Os valores da TEF para A. lateralis desse trabalho foram inferiores aos encontrados por outros autores, na primavera e verão. Trindade e Rocha (2002), no entanto, encontraram TEF semelhante ao desse trabalho durante a primavera, avaliando também o efeito do pastoreio (Tabelas 1 e 2). Todas as espécies foram influenciadas pela estação, mostrando redução nas TEF e aumento na DEF no verão (Tabela 1). Santos (2012) justifica essa redução nas características de crescimento foliar no verão por esse período ser o início do estágio reprodutivo das espécies, onde as plantas irão priorizar os produtos da fotossíntese para o alongamento dos entrenós e formação da inflorescência. 279 Tabela 2 – Valores médios entre estações de taxa de elongação foliar (TEF; cm/GD), duração da elongação foliar (DEF; GD) e número de dias em que as folhas permanecem em elongação (dias) de gramíneas nativas do RS nos intervalos de pastoreio, Santa Maria/RS. Espécies 375 GD TEF DEF a dias Espécies a 750 GD TEF DEF a dias a A. laevis 0,061 (±0,0278) * 555 (±84) 24 P. plicatulum 0,062 (±0,029) 518 (±142) 22 P. plicatulum 0,035b (±0,0111) 435b (±90) 19 A. laevis 0,047b (±0,024) 568b (±141) 24 A. lateralis 0,022b (±0,0165) 429b (±98) 18 A. lateralis 0,026b (±0,009) 493b (±129) 21 P. notatum 0,018c (±0,0085) 481c (±84) 21 P. notatum 0,019c (±0,009) 470c (±122) 20 A. affinis 0,015c (±0,0082) 393c (±48) 17 A. affinis 0,018c (±0,009) 387c (±113) 17 *Desvio padrão Médias seguidas por letras minúsculas diferentes nas linhas diferem estatisticamente entre si (P<0,01). Efeito estacional sobre a morfogênese de forrageiras também foi verificado por Vilela et al. (2005) avaliando Cynodon dactylum cv. Coastcross sob pastoreio rotativo, os autores observaram aumento no aparecimento de folhas na primavera e maior TEF no verão. Apesar de terem estudado espécie cultivada, ainda assim fica evidente o efeito da estacional sobre o desenvolvimento de gramíneas. Conclusões A elongação foliar é mais intensa na primavera em comparação ao verão. A primavera se caracterizou como a estação de crescimento e o verão como o início do período reprodutivo, sendo essas variáveis influenciadas pelo pastejo. Literatura citada CRUZ, P. et al. Leaf traits as functional descriptors of the intensity of continuous grazing in native grasslands in the South of Brazil. Rangeland Ecology Management. N. 63, p. 350-358. 2010. SANTOS. A.B. Morfogênese de gramíneas nativas do Rio Grande do Sul (Brasil) submetidas a pastoreio rotativo. 2012. 86 f. Dissertação (Mestrado em Agrobiologia) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2012. TRINDADE, J.P.P; ROCHA, M.G. Rebrotamento de Capim Caninha (Andropogon lateralis Nees) sob o efeito de pastejo e fogo. Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.1, p.141-146, 2002 VILELA, D., et al. Morfogênese e Acúmulo de Forragem em Pastagem de Cynodon dactylon cv. coastcross em Diferentes Estações de Crescimento. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 6, p. 1891-1896, 2005. 280 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.14. Influência estacional sobre o aparecimento foliar e o número de folhas verdes de gramíneas nativas do Rio Grande do Sul sob pastoreio rotativo 1 Aline Bosak dos Santos2, Fernando Luiz Ferreira de Quadros3, Liane Seibert Ustra Soares4, Pedro Trindade Casanova4, Paula de Oliveira Severo 4, Diego Coppetti5 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pelo Capes . Zootecnista. Mestre em Agrobiologia/Universidade Federal de Santa Maria/UFSM. E-mail: [email protected] 3 Prof. Associado Depto. de Zootecnia/UFSM/ Bolsista de Prod. em Pesquisador CNPq. 4 Estudantes de graduação em Zootecnia/UFSM. 5 Estudante de graduação em Agronomia/UFSM. 2 Resumo: Objetivou-se avaliar o efeito das estações do ano primavera/verão, sobre o aparecimento foliar e o número de folhas verdes de gramíneas nativas da Depressão Central do RS. As áreas foram manejadas sob pastoreio rotativo com dois tratamentos baseados em intervalo de somas térmicas de 375 e 750 graus-dia (GD), sendo a soma térmica obtida através do somatório das temperaturas médias diárias do período. Foram avaliadas cinco espécies enquadradas em tipos funcionais (TF) segundo o teor de matéria seca e a área foliar específica, classificadas em (A, B, C e D): Axonopus affinis (TF A), Andropogon lateralis e Paspalum notatum (TF B), Paspalum plicatulum (TF C) e Aristida laevis (TF D). Os valores de taxa de aparecimento foliar (TAF) e número de folhas verdes (NFV) foram submetidos à análises de variância, utilizando testes de aleatorização com o software MULTIV, comparando os intervalos, as estações e as espécies. Houve diferença significativa entre estações (P<0,001) e também entre espécies (P<0,0001). Os intervalos de desfolhações avaliados, bem como suas interações com os fatores supracitados não apresentaram diferença estatística (P>0,1). A espécie P. notatum apresentou maior valor de NFV e maior TAF na primavera e no verão. A espécie A. affinis apresentou o menor NFV e TAF no verão se comparado com a primavera. Na primavera, há maior aparecimento foliar, e no verão ocorre aumento no intervalo de aparecimento de folhas, sendo as mais longevas. Palavras Chave: estações do ano, morfogênese, pastagens nativas, pastejo Seasonal influence on leaf appearance rate and green leaves number of Rio Grande do Sul native grasses under under rotational grazing Abstract: The objective of this trial was to evaluate the effect of spring/summer seasons on leaf appearance and the number of green leaves of native grasses of Depressão Central of RS. The areas were managed under rotational grazing with two 281 treatments based on thermal sums range from 375 to 750 degree-days (DD). The thermal time value is obtained by the sum of daily average temperatures for the period. We evaluated five species grouped into functional types (FT) according to the leaf dry matter content and specific leaf area, classified as (A, B, C and D). Axonopus affinis (FT A), Andropogon lateralis and Paspalum notatum (FT B), Paspalum plicatulum (FT C) and Aristida laevis (FT D). Leaf appearance rate (LAR) and green leaves number (GLN) were subjected to analysis of variance, using randomization tests with the software MULTIV comparing intervals, seasons and species. There were significant differences between seasons (P <0.001) and between species (P <0.0001). Defoliation intervals as well as their interactions with the above mentioned factors were not statistically different (P> 0.1). The species P. notatum showed higher LAR and GLN in the spring and summer. The species A. affinis showed the lowest LAR and GLN in the summer compared with spring. In the spring, there is greater leaf appearance, though in summer there is an increase in the range of leaf appearance, enlarging its lifespan. Key Words: grazing, morphogenesis, natural grasslands, seasonality Introdução No Rio Grande do Sul (RS), o bioma Pampa é uma região com alta diversidade vegetacional, com predominância de gramíneas. As pastagens naturais do RS ocupam importante função econômica na produção animal, proporcionando um alimento diferenciado e de baixo custo. Mesmo assim, poucos trabalhos foram realizados com o objetivo de entender essas respostas nas espécies forrageiras nativas. O estudo da morfogênese, geração e expansão das formas da planta no espaço, fornece informações do crescimento vegetal, auxiliando práticas de manejo. A classificação de espécies em tipos funcionais (TF), de acordo com as características adaptativas ao ambiente das plantas nativas, vem sendo utilizada para o entendimento das respostas das plantas a desfolha (Cruz et al., 2010). Este trabalho tem por objetivo avaliar o efeito da estação do ano e de intervalos de descanso sobre o aparecimento foliar e o número de folhas verdes de gramíneas nativas da Depressão Central do RS. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido em área de 24 hectares (ha) dividida em piquetes de 0,5 ha, na Universidade Federal de Santa Maria. Realizou-se o estudo em delineamento inteiramente casualizado com seis repetições e dois tratamentos, sendo avaliada a morfogênese das gramíneas de maior contribuição na massa de forragem nas estações de primavera e na estação do verão. As áreas foram manejadas sob pastoreio rotativo com dois intervalos de descanso baseados nas somas térmicas de 375 e 750 graus-dia (GD) sendo a soma térmica obtida através da equação: ST = Σ Tmd (somatório das temperaturas médias diárias do período). Foram avaliadas cinco principais espécies enquadradas em quatro TF segundo o teor de matéria seca (TMS) e a área foliar específica (A, B, C e D): Axonopus affinis Chase (TF A), Andropogon lateralis Nees e Paspalum notatum Flüegge (TF B), Paspalum plicatulum Michx. (TF C) e Aristida laevis Nees (TF D) (Cruz et al., 2010). Para a determinação da morfogênese utilizou-se a técnica de ―perfilhos marcados‖, sendo escolhidos seis potreiros para representar os dois tratamentos. Em cada área foram marcados, com fios coloridos de 1,0 mm de espessura, 20 perfilhos vegetativos por espécie aleatoriamente ao longo da área. As avaliações foram realizadas a cada sete dias. A partir dos resultados foram calculadas a 282 taxa de aparecimento foliar (TAF; folhas/GD) e o número de folhas verdes (NFV) nas espécies para as estações de primavera e verão. A TAF foi calculada a partir do coeficiente angular da regressão linear entre o número de folhas surgidas por perfilho e a soma térmica acumulada. O NFV foi obtido através de contagem do número de folhas completamente expandidas e em expansão. Os dados TAF e NFV foram submetidos à análises de variância, utilizando testes de aleatorização com o software MULTIV comparando os intervalos de pastoreio, as estações e as espécies. Resultados e Discussão Houve diferença significativa entre estações (P<0, 001) e também entre espécies (P<0,001). Os intervalos de desfolhações avaliados, bem como suas interações com os fatores supracitados não apresentaram diferença estatística (P>0,1). Na primavera houve diferença entre as espécies para NFV e TAF onde P. notatum e A. affinis são semelhantes, diferindo das demais espécies. A espécie P. notatum apresentou maiores valores (6,1 folhas e 0,007 folhas/GD para NFV e TAF, respectivamente), enquanto que A. laevis apresentou os menores valores (3,2 folhas e 0,0026 folhas/GD) (Tabela 1). Tabela 1 – Valores médios entre intervalos de pastoreio do número de folhas verdes (NFV) e da taxa de aparecimento foliar (TAF; n° folhas/GD) de gramíneas nativas do RS nas estações de primavera e verão, Santa Maria/RS. Primavera Espécies NFV P. notatum 6,1a (± 0,9)* A. affinis 5,7a (± 0,8) P. plicatulum 3,8b (± 0,7) A. lateralis 3,4b (± 0,7) TAF 0,007a (±0,0013) 0,0041a (±0,001) 0,0035b (±0,0035) 0,0032b (±0,0007) 0,0026b (±0,0005) Verão Espécies NFV P. notatum 6,8a (± 1,2) P. plicatulum 4,7b (± 1,1) A. affinis 4,5b (± 0,5) A. lateralis 4,1b (± 0,7) TAF 0,0051a (± 0,0012) 0,0033b (± 0,0008) 0,0034b (± 0,0008) 0,0031b (± 0,0086) 0,0023c (± 0,0006) A. laevis 3,2b (± 0,6) A. laevis 3,0c (± 0,7) *Desvio padrão Médias seguidas por letras minúsculas diferentes nas linhas diferem estatisticamente entre si (P<0,01). Segundo a literatura, o NFV é uma característica genotípica estável em condições edafoclimáticas distintas, no entanto foi observada variação entre estações para algumas espécies, mas pode variar amplamente entre as espécies conforme pode ser constatado entre as espécies de P. notatum e A. laevis em ambas as estações (Tabela1). No verão P. notatum manteve-se com os maiores valores (6,8 folhas e 0,0051 folhas/GD), diferindo das espécies P. plicatulum, A. affinis e A. lateralis com valores intermediários, seguidos de A. laevis que manteve os menores valores. Os TF podem ser identificados pelas diferenças no NFV na primavera entre P. notatum e A. laevis. Segundo Quadros et al. (2009) este comportamento pode ser atribuído as características dos TF de cada espécie de acordo com seu hábito de crescimento, renovação foliar e teor de matéria seca. 283 Tabela 2 – Valores médios entre estações do número de folhas verdes (NFV) e da taxa de aparecimento foliar (TAF; n° folhas/GD) de gramíneas nativas do RS nos intervalos de pastoreio, Santa Maria/RS 375 graus-dia Espécie NFV P. notatum 6,7a (±1,2)* A. affinis 4,4b (±0,7) P. plicatulum 4,3b (±0,9) A. lateralis 3,6b (±0,7) TAF 0,0058a (±0,001) 0,0036b (±0,001) 0,0035b (±0,0008) 0,0032b (±0,0009) 0,0024b (±0,0005) Espécie 750 graus-dia NFV P. notatum 6,1a (± 0,9) A. affinis 5,8a (± 0,7) P. plicatulum 4,2ab (± 0,9) A. lateralis 3,8b (± 0,8) TAF 0,0062a (± 0,0012) 0,0035a (± 0,0007) 0,0032ab (± 0,0005) 0,003b (± 0,0007) 0,0024c (± 0,0006) A. laevis 3,2b (±0,8) A. laevis 3,0c (± 0,6) *Desvio padrão Médias seguidas por letras minúsculas diferentes nas linhas diferem estatisticamente entre si (P<0,1). A espécie P. notatum nos tratamentos 375 e 750 GD diferiu das demais apresentando os maiores valores para ambas variáveis. Já A. laevis se manteve com os menores valores em ambos tratamentos (Tabela 2). Esses resultados podem ser atribuídos à intensidade de desfolha e aos TF em que se enquadra a espécie P. notatum (A e B), caracterizada por ser captadora de recursos, emitindo maior número de folhas. Entretanto o contrário ocorre com a A. laevis (TF D) caracterizada como uma conservadora de recursos. Apesar de serem características determinadas geneticamente, elas podem ser influenciadas por variáveis do ambiente, como temperaturas e efeitos do pastejo (BARBOSA et al, 2002). Conclusões O aparecimento foliar e o número de folhas verdes são maiores na primavera em comparação ao verão. A primavera caracteriza-se como uma estação de crescimento das pastagens nativas, e o verão como um período de redução nessas características. Os intervalos de descanso não afetam as variáveis avaliadas. Literatura citada BARBOSA, R.A.; NASCIMENTO JR, D.; EUCLIDES, V.P.B. Características morfogênicas e acúmulo de forragem do Capim-Tanzânia (Panicum maximum Jacq. cv. Tanzânia) em dois resíduos forrageiros pós-pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n. 2, p. 583-593, 2002. CRUZ, P. et al. Leaf traits as functional descriptors of the intensity of continuous grazing in native grasslands in the South of Brazil. Rangeland Ecology Management. N. 63, p. 350-358. 2010. QUADROS, F.L.F; TRINDADE, J.P.P; BORBA, M. A abordagem funcional da ecologia campestre como instrumento de pesquisa e apropriação do conhecimento pelos produtores rurais. In: ______. Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. Ministério do Meio Ambiente, Brasília-DF, 2009, p. 206-213. 284 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.15. Efeito de frequência de suplementação na ingestão de matéria seca por novilhas de corte¹ Maria José de Oliveira Sichonany2, Marta Gomes da Rocha3, Ana Paula Binato2, Laila Arruda Ribeiro2, Anelise Pereira Hundertmarck4, Mônique Foggiato da Silva4 1 Parte da dissertação do primeiro autor, financiada pela CAPES Mestrando do programa de pós-graduação em Zootecnia – UFSM 3 Professora associada do Departamento de Zootecnia – UFSM 4 Estudante de graduação em Zootecnia - UFSM 2 Resumo: Nos estádios fenológicos ―Vegetativo‖ e ―Reprodutivo‖ do papuã (Urochloa plantaginea Link.) foi avaliada a ingestão de matéria seca por novilhas exclusivamente em pastejo ou recebendo grão de aveia diariamente (frequente) ou de segunda a sexta-feira (infrequente). O método de pastejo foi continuo com número variável de animais. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, arranjado em esquema fatorial 3x2, três frequências alimentares e dois estádios fenológicos. A ingestão de matéria seca foi estimada por meio de técnica do óxido de cromo como indicador da produção fecal. Animais em pastagem exclusiva de papuã e com suplemento diário consumiram mais forragem (2,91% do PC em MS) que os animais que receberam suplemento infrequente (2,00% do PC em MS). O consumo de forragem foi maior no estádio ―Vegetativo‖ que no ―Reprodutivo‖. Mudanças na frequência de suplementação e nos estádios fenológicos do papuã modificam o consumo de forragem de bezerras de corte. Palavras Chave: branca, estádio fenológico, óxido de cromo, Urochloa plantaginea The effects of several supplementation frequencies on dry matter intake by beef heifers Abstract: The dry matter intake was evaluated on beef heifers exclusively on pasture or receiving oats grain daily (‗frequent‘) or from Monday to Friday (‗infrequent‘) in "Vegetative" and "Reproductive" phenological stages of Alexandergrass (Urochloa plantaginea Link.). The grazing method was continuous with a variable number of animals. The experimental design was completely randomized, in a factorial 3 x 2 arrangement (three supplementation frequency and two phenological stages). Forage intake was estimated using chromium oxide as an indicator of fecal output. Forage intake was greater for heifers exclusively on pasture and daily supplemented (2.91% of body weight (BW)) than for heifers receiving infrequent supplementation (2.00% of BW). Forage intake was greater in "Vegetative" than "Reproductive‖ stage. Changes in supplementation frequency and phenological stages of Alexandergrass caused variation in forage intake of beef heifers. Key Words: chromic oxide, oats, phenological stage, Urochloa plantaginea Introdução As pastagens cultivadas de verão são uma alternativa para fornecer forragem de melhor qualidade para novilhas de corte visando o seu acasalamento aos 18 meses de 285 idade. O papuã, mesmo sendo considerado planta invasora de culturas de verão, possui alto potencial forrageiro. As forrageiras tropicais, com o avanço do seu ciclo fenológico, apresentam redução na sua qualidade, com maiores teores de fibra em detergente neutro e menores de proteína bruta e digestiblidade. Assim, o fornecimento de suplementos aos animais em pastejo pode ser uma ferramenta com efeitos positivos sobre o desempenho dos animais, tendo em vista que essas novilhas exigem nível alimentar alto e contínuo. Uma das maneiras de racionalizar o uso de suplementos é diminuir os gastos com mãode-obra e a utilização de maquinários para a sua distribuição por meio da redução da frequência de seu fornecimento. Esse trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a ingestão de matéria seca por novilhas de corte em pastagem de papuã submetidas a variação na frequência de suplementação, nos estádios vegetativo e reprodutivo do pasto. Material e Métodos O experimento foi realizado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em área experimental com seis piquetes de 0,8 ha e mais uma área contígua de 1,5 ha. Para formar a pastagem de papuã (Urochloa plantaginea Link.) foi utilizado o banco de sementes existente na área. Os animais-teste foram novilhas de corte da raça Angus, com idade e peso corporal iniciais de 14 meses e 251,97 kg, respectivamente. As novilhas permaneceram exclusivamente em pastagem de papuã, em pastagem de papuã e recebendo 0,8% do peso corporal (PC) de grão de aveia, de segunda a domingo e em pastagem de papuã recebendo 1,12% do PC de grão de aveia de segunda a sexta-feira. O grão de aveia foi fornecido diariamente às 9:00h e a quantidade diária fornecida foi o resultado da divisão entre a quantidade semanal total e o número de eventos de suplementação na respectiva frequência. O método de pastejo foi o contínuo com número variável de animais. A MF foi determinada por meio da técnica de dupla amostragem e, na mesma ocasião, foi medida a altura do dossel. A partir da proporção de folhas e colmos, nas amostras de dupla amostragem, foi determinada a relação folha:colmo. A taxa de acúmulo de forragem (TAD, kg/ha/dia MS) foi determinada em gaiolas de exclusão ao pastejo. A disponibilidade diária de forragem foi obtida pela soma da TAD com a MF do período, dividido pelo número de dias do período. Para o cálculo da lotação foi utilizado o somatório do peso médio dos animais-teste, com o peso médio de cada animal regulador multiplicado pelo número de dias que o mesmo permaneceu no piquete, dividido pelo número de dias totais do período. A oferta de forragem (OF) foi expressa como a disponibilidade de forragem dividida pela lotação, expressa em kg de MS de forragem por hectare/kg de peso corporal/dia. A oferta de lâminas foliares verdes (OFL) foi obtida por meio da multiplicação da OF pelo percentual de lâminas foliares na MF. Por meio da simulação de pastejo foram tomadas amostras de forragem para determinação das características químicas do pasto. Nessas amostras de forragem foram determinados os teores de proteína bruta (PB), de fibra em detergente neutro (FDN) e digestibilidade in situ da matéria seca (DISMS). A avaliação da ingestão de forragem foi realizada nos estádios vegetativo (15-26/01/2011) e reprodutivo (12-23/03/2011) do pasto. Foi utilizado óxido de cromo (Cr 2O3) como marcador externo e o período de fornecimento foi de 12 dias. A dosificação foi feita, por via oral, fornecendo-se dez gramas de óxido diárias às 12:00h. O nível de cromo nas fezes secas foi determinado por espectrofotometria de absorção atômica (Kozlozki et al.,1998). Para estimação da produção fecal foi utilizada a fórmula: PF=cromo administrado (g/dia)/cromo nas fezes (g/kg de MS). Avaliou-se a ingestão de MS (IMS, em g/dia) pela fórmula: IMS=produção fecal/1–digestibilidade e a ingestão de MS em 286 porcentagem do peso corporal (IPV). A partir desses dados foi calculado o consumo total, de pasto, de FDN do pasto e PB do pasto, em % do PC. As avaliações das estações alimentares e do deslocamento das novilhas foram realizadas durante os períodos de pastejo diurnos em 25/01 (Vegetativo) e 24/03 (Reprodutivo). Foi observada a atividade de pastejo dos animais-teste de cada piquete, em cinco ciclos de 10 estações alimentares cada um. As medidas de tempo de pastejo, cocho, ruminação e outras atividades, foram feitas nas datas de 28/01 (Vegetativo) e 23/03 (Reprodutivo), por observação visual direta durante 24 horas. Foram efetuados registros da atividade de maior ocorrência ao final do intervalo de dez minutos. Concomitantemente às observações da atividade de pastejo foram registrados o número máximo possível de registros, com cronômetro, do tempo necessário para os animais realizarem 20 bocados, para cálculo da taxa de bocados (boc./min.). O número de bocados diários (boc./dia) foi obtido pela multiplicação da taxa de bocados pelo tempo diário de pastejo (min./dia). Os valores de massa de bocado (g/boc. de MS) foram estimados pela equação: MB = I/(NB x TP))* %MS; onde: MB = massa do bocado (g MS); I = ingestão de MS (g.dia-1); NB = taxa de bocados (boc./min); TP = tempo de pastejo (min./dia); %MS = teor de matéria seca da forragem aparentemente consumida pelos animais em pastejo. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 3x2, três frequências alimentares e dois estádios fenológicos. Foram utilizadas quatro repetições para as avaliações de consumo e oito repetições para as avaliações de comportamento e padrões de deslocamento, onde cada animal foi considerado uma unidade experimental. Os dados foram analisados por meio de análise de variância, comparação de médias e contrastes. Para comparar o efeito dos tratamentos foi utilizado o teste Tukey, em 10% de probabilidade. Na análise de regressão múltipla, para identificar as variáveis independentes com influência sobre as variáveis resposta foi utilizado o procedimento Stepwise. Foram obtidas as equações possíveis, e uma foi selecionada de acordo com os seguintes critérios: menor valor de P, menor variância residual, maior coeficiente de determinação e menor número de variáveis independentes. As análises foram efetuadas com o auxílio do programa estatístico SAS v. 9.1.3 (2001). Resultados e Discussão Não houve interação entre as frequências de suplementação X estádios fenológicos para consumo total, de pasto, fibra em detergente do pasto e proteína bruta do pasto (P>0,10). O consumo total foi semelhante nas frequências de suplementação, sendo equivalente a 3,25% do peso corporal (PC). Quando realizada a análise de contraste (P=0,0084), no entanto, as novilhas que receberam suplemento, independentemente da frequência, apresentaram consumo total 19,02% maior que os animais que permaneceram exclusivamente em pastejo. O consumo total foi 10,13% maior no estádio vegetativo do papuã (3,06% do PC). Essa variável foi influenciada principalmente pela massa de bocado (MBOC; Consumo total=1,31+3,84MBOC; P=0,0030; R²=0,92). A massa de bocado foi 19g de MS maior (57g de MS) para novilhas que receberam suplemento diariamente e elas permaneceram 102,73 minutos a menos (341,27 min) em pastejo quando comparada com novilhas exclusivamente em pastejo e com as que receberam suplemento de forma infrequente. O herbívoro modifica seu comportamento ingestivo para manter constante a ingestão de nutrientes, explicando assim, a similaridade do consumo total pelas novilhas nas diferentes frequências de suplementação. A massa de bocado e o tempo de pastejo foram semelhantes nos estádios fenológicos do papuã, com média de 0,43g de MS e 412,82 minutos, respectivamente, e houve redução de 16,96% (8,04 boc/min) na taxa de bocado no 287 estádio reprodutivo. As novilhas exclusivamente em pastejo e as que receberam suplemento diariamente tiveram consumo de pasto 45,5% superior às novilhas que receberam suplemento infrequente (2,00% do PC). Os animais que recebiam suplemento de segunda a sexta consumiam quantidade diária maior de suplemento e, provavelmente, atingiam a sensação de saciedade com menor consumo de forragem. As novilhas consumiram 12,70% menos pasto no estádio reprodutivo (2,44% do PC) e essa redução pode ser atribuída a redução de 48,94% (2,07% do PC) na oferta de laminas foliares, 62,50% (0,85) na relação folha:colmo e 14,68% (9,19% de MS) na digestibilidade in situ da matéria seca. As novilhas que permaneceram exclusivamente em pastejo tiveram o consumo de pasto influenciado pelo teor de proteína bruta (PB) do material colhido por simulação de pastejo, representado pela equação: Consumo Pasto=7,4689-0,4395PB; P=0,0329; R²=0,93. A quantidade de folhas no dossel, componente que possui maior teor de PB, assume maior importância para o desempenho dos animais quando esses não recebem suplemento. O consumo de pasto por novilhas que receberam suplemento diariamente foi influenciado pela oferta de forragem (OF; r²=0,89) e taxa de bocado (TXBOC; r²=0,10), representado pela seguinte equação: Consumo Pasto=1,4799+0,0116TXBOC+0,08639OF; R²=0,99; P=0,0384. Se mantida constante a oferta de forragem, a mudança na estrutura do pasto durante o ciclo do papuã faz com que os herbívoros modifiquem a taxa de bocado, sendo esse um dos mecanismos utilizados para manter a ingestão de nutrientes. Quando essas fêmeas mantêm a taxa de bocado constante, o aumento na oferta de forragem proporcionará aumento no consumo de forragem. O consumo de pasto das novilhas que receberam suplemento infrequente foi influenciado pela taxa de bocado (TXBOC), representado pela equação: Consumo Pasto =-2,0329+0,0964TXBOC; R²=0,97; P=0,0170. A massa de bocado foi menor quando a suplementação foi infrequente, se comparada aos animais suplementados diariamente. Com variação na massa de bocado, a taxa de bocado é um dos mecanismos acionado pelo herbívoro para manter uma ingestão de pasto relativamente constante. O consumo de PB do pasto foi semelhante nas frequências de suplementação (P=0,1239) e nos estádios fenológicos do papuã (P=0,3111), com média de 0,28% PC. O consumo de PB do pasto foi influenciado negativamente pelo número de passos realizados entre cada estação alimentar (PASEST), representado pela seguinte equação: Consumo PB Pasto=0,380-0,0051PASEST; R²=0,85; P=0,0243. Para manter o mesmo consumo de PB do pasto durante o estádio reprodutivo do papuã, as novilhas aumentaram o tempo de permanência em cada estação alimentar, com isso visitaram menos estações alimentares por minuto, mantiveram semelhante o número de passos entre cada estação alimentar e diminuíram seu deslocamento. Esse comportamento caracteriza aumento da seletividade das novilhas, explicada em função da redução da oferta de lâminas foliares e a relação folha:colmo no decorrer do ciclo do papuã. As novilhas exclusivamente em pastejo e as que receberam suplemento diariamente consumiram 0,63% mais FDN do pasto que os animais que receberam suplemento de forma infrequente (1,33% do PC). O maior consumo de pasto, com semelhante teor de FDN possibilitou um maior consumo de FDN destas novilhas. O consumo de FDN do pasto foi semelhante nos estádios fenológicos, com média de 1,74% PC. Para manter um consumo de PB do pasto semelhante, as novilhas exclusivamente em pastejo de papuã e as que receberam suplemento diariamente colheram pasto com menores teores de PB e maior teor de FDN por bocado. 288 Conclusões O consumo de pasto e de fibra em detergente neutro do pasto, por novilhas de corte, são modificados pela freqüência de suplementação. O avanço do ciclo fenológico do papuã modifica o consumo total e de pasto por novilhas de corte. Literatura citada KOZLOZKI, G.V.; FLORES, E. M.M.; MARTINS, A.F. et al. Use of chromium oxide in digestibility studies: variations of the results as a function of the measurement method. Journal Science Food Agriculture, v.76, p. 373-376, 1998. 289 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.16. Massa de forragem e componentes estruturais de uma pastagem natural manejada sob diferentes intervalos entre pastoreios Régis Maximiliano Roos de Carvalho 1, Fernando Luiz Ferreira de Quadros2, Cezar Wancura Barbieri1, Émerson Mendes Soares1, Leandro Bittencourt de Oliveira3, João Bento Pereira4 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/Universidade Federal de Santa Maria, Professor do Departamento de Zootecnia/Universidade Federal de Santa Maria . 3 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/Universidade Federal de Santa Maria. 4 Estudante de graduação em Zootecnia/Universidade Federal de Santa Maria 2 Resumo: O objetivo desse trabalho foi avaliar a quantidade de massa de forragem (MF) disponível e seus componentes, em uma pastagem natural manejada sob pastoreio rotativo com diferentes intervalos de descanso em função da soma térmica. A pastagem foi manejada no período de novembro de 2011 a março de 2012 com cargas variáveis, em duas alternativas de pastoreio rotativo com intervalo de descanso de 375 e 750 graus-dia. Foram mensuradas a MF, massa de lâminas foliares verdes (MLFV), Colmos, Outras espécies (Outras) e Material Morto (MM). O delineamento experimental foi em blocos completamente casualizados, com dois tratamentos. Os dados de MF e seus componentes estruturais foram submetidos ao teste de Aleatorização pelo software Multiv. Não houve interação entre os intervalos de descanso e os períodos (p = 0,842). Isso demonstra que os intervalos tiveram as mesmas características de dossel ao longo dos períodos, o que pode ser explicado pela carga animal usada conforme a disponibilidade de forragem. A MF, de MFLV, de colmos e MM sempre foram maiores no tratamento 750, devido ao maior período de descanso que possibilitou um maior acúmulo de massa de forragem total e maior senescência das plantas. A massa de forragem e seus componentes estruturais não diferiram para os diferentes intervalos entre pastoreios avaliados. Palavras Chave: pastoreio rotativo, soma térmica, componentes da forragem; intervalos de descanso; Herbage mass and components structural of a natural grassland managed under different rest intervals Abstract: The purpose of this work was evaluate the amount of available herbage mass (MF) and her components in a natural grassland managed under rotational grazing with different rest intervals as function of thermal time. The grassland was managed in the period of November, 2011 to March, 2012 with variable stocking rate by two 290 alternatives of rotational grazing with different rest intervals: 375 e 750 degrees-day. MF, green leaf (MFLV), dry stems, other species (OTHER) and senescent material (MM) were evaluated. The experimental design was completely randomized blocks with two treatments. The MF data and its structural components were submitted to randomization tests with software Multiv. There was no interaction between rest intervals and periods (p=0,842). This demonstrates that the intervals had the same characteristics‘ canopy during the periods that could be explained by the variable stocking rate according to available herbage mass. The MF, MFLV, dry stems and MM were always higher in the treatment 750 due the longer rest interval that allowed increase in the herbage mass and senescence of plants. In a natural grassland, the herbage mass and its structural components managed with different rest intervals has no difference for the intervals evaluated. Key Words: rotational grazing; thermal sum; forage components; rest intervals; Introdução A pecuária de corte no Brasil tem se caracterizado pelo aumento no rebanho efetivo, porém essa mesma tendência não é apresentada na produção efetiva de carne no país (ANUALPEC, 2011). Isso se dá, especialmente pela carência na gestão dos recursos naturais nos quais esses animais são criados fazendo com que, ocorra uma menor uniformidade na resposta produtiva. No Rio Grande do Sul, a ampla maioria das propriedades de pecuária de corte utilizam como base forrageira as pastagens naturais do Bioma Pampa. Essas pastagens caracterizam-se por sua grande diversidade florística bem como pela sua característica de heterogeneidade estrutural que, em grande parte das situações, acaba dificultando o manejo deste ambiente pastoril. A utilização do agrupamento de gramíneas baseado em seus atributos foliares (QUADROS et al. 2009) pode ser uma ferramenta para auxiliar no manejo deste ambiente tornando-o menos complexo para o entendimento, facilitando assim a análise de uma determinada área para a determinação das técnicas que serão utilizadas. Desta maneira, o entendimento de como essas características do pasto se comportam, bem como suas relações com os animais em pastoreio podem ajudar a esclarecer pontos dúbios no manejo desse tipo de ambiente e, não menos importante, estabelecer focos de estudo nestes temas. Considerando a importância da antecipação da inclusão das novilhas como categoria produtiva dentro do sistema, estabelecer alternativas de pastoreio que possibilitem isso é de suma importância para a viabilização econômica da pecuária nos sistemas produtivos. O objetivo desse trabalho foi avaliar a quantidade disponível de massa de forragem (MF) e seus componentes em uma pastagem natural manejada sob pastoreio rotacionado com diferentes intervalos de descanso em função da soma térmica. Material e Métodos O experimento foi conduzido em área de pastagem natural do Laboratório de Ecologia de Pastagens Naturais da Universidade Federal de Santa Maria, situada na Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul, no período de novembro de 2011 a março de 2012. O clima da região é Cfa, subtropical úmido, segundo a classificação de Köppen. Na área experimental existe a predominância de solo Planossolo Hidromórfico eutrófico, com argila de alta atividade nas áreas de baixada e, nas áreas de topo e 291 encosta predominam os solos do tipo Argissolo Vermelho distrófico, com argila de baixa atividade (STRECK et al., 2002). O experimento foi realizado em uma área com 45 piquetes com tamanho médio de 0,5 ha e uma área adjacente de 17 ha destinada aos animais reguladores de carga. Os tratamentos foram constituídos por 2 intervalos de descanso da pastagem submetida a pastoreio rotacionado: 375 e 750 graus-dia (GD). O primeiro deles privilegiando as espécies dos grupos A e B, e o último as do grupos C e D dos tipos funcionais propostos por Quadros et al.(2009). A soma térmica acumulada foi calculada pelo somatório das médias das temperaturas máximas e mínimas diárias até que fosse atingido o momento da troca de potreiros. A carga animal utilizada foi variável, sendo ajustada a cada 28 dias conforme a seguinte equação: CA= MF-1500*% de folhas verdes*0,7/ dias de Ocupação/0,045, onde: CA: carga instantânea em Kg de peso vivo/ha; MF: massa de forragem total em Kg/ha; Dias de ocupação: número estimado de dias que os animais permanecerão nos potreiros durante determinado período; 4,5: porcentagem estimada de desaparecimento (Consumo+perdas) de forragem em relação ao peso vivo por animal por dia. As avaliações de MF foram realizadas em um potreiro representativo de cada bloco. A MF foi determinada através da técnica da dupla amostragem, sendo realizadas 20 estimativas visuais e 6 cortes em cada potreiro. Por ocasião da dupla amostragem amostras compostas do material proveniente dos cortes foram separadas em componentes estruturais para a determinação das proporções de laminas foliares (folhas), colmos e bainhas de gramíneas, material morto e outras espécies. Foram utilizadas quatro animais teste em cada unidade experimental, totalizando 24 animais teste. O número de reguladoras foi variável conforme a carga suportada pelos potreiros, sendo esta ajustada a cada retorno dos animais ao potreiro representativo dependendo da soma térmica. Foram utilizadas terneiras com predominância de sangue da raça angus, com idade média de 12 meses. Os animais tiveram livre acesso à água e a sal mineral em todos os potreiros. O delineamento experimental foi em blocos completamente casualizados, com dois tratamentos (diferentes intervalos entre pastejos) e três repetições para cada tratamento, sendo a topografia do terreno (topo, encosta e baixada) o fator de bloqueamento. Os dados de da massa de forragem e seus componentes estruturais foram submetidos ao teste de aleatorização pelo software Multiv (PILLAR, 2004). Resultados e Discussão Os valores das MF e seus componentes da pastagem nos tratamentos 375 GD e 750 GD de descanso respectivamente no momento da entrada dos animais nos potreiros representativos encontram-se na Tabela 1. Para o conjunto das variáveis analisadas não houve interação entre os intervalos de descanso entre os períodos (p = 0,842). Isso demonstra que os intervalos tiveram as mesmas características de dossel ao longo dos períodos, o que pode ser explicado pela carga animal usada conforme a disponibilidade de forragem. Já na comparação dos intervalos entre pastoreios para a média dos períodos em todas as variáveis foram encontradas diferenças (p= 0,043). A massa de forragem, de material verde e de colmo sempre foi maior no tratamento 750, e a massa de material morto também devido ao maior período de descanso que possibilitou um maior acúmulo de massa de forragem total e maior senescência das plantas. Segundo Quadros et 292 al.(2011) intervalos maiores entre pastoreios favorecem a ocorrência de gramíneas que apresentam um maior acúmulo de biomassa. Estas gramíneas normalmente são cespitosas, ocasionando uma maior massa de colmos nos intervalos entre pastoreios maiores. Tabela 1 – Valores em Kg/ha de massa de forragem total (MF Total), massa de lâminas foliares verdes (MLFV), Colmos, Outras espécies (Outras) e Material Morto (MM) de uma pastagem natural manejada sob pastoreio rotacionado com diferentes intervalos de descanso. Tratamento MF total MLFV Colmo Outras MM 375 2848,8b 1454,7b 84,1b 277,0b 1032,9b 750 3485,8a 1746,8a 66,9a 439,6a 1232,5a Conclusões Um intervalo entre pastoreios de 750 GD aumenta a massa de forragem e seus componentes estruturais em pastagem natural. Literatura citada ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: Prol Editora Gráfica. 2011. 378 p. PILLAR, V. D. MULTIV, Multivariate Exploratory Analysis, Randomization Testing and Bootstrap Resampling. Departamento de Ecologia, UFRGS. Porto Alegre, 2004. QUADROS, F. L. F. de; TRINDADE, J. P. P.; BORBA, M. A abordagem funcional da ecologia campestre como instrumento de pesquisa e apropriação do conhecimento pelos produtores rurais. In: PILLAR, V. de P.; MÜLLER, S. C.; CASTILHOS, Z. M. de S.; JACQUES, A. V. A. (Ed.). Campos sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2009. cap. 15, p. 206-213. QUADROS, F. L. F. et al. Utilizando a racionalidade de atributos morfogênicos para o pastoreio rotativo: experiência de manejo agroecológico em pastagens naturais do Bioma Pampa. Cadernos de Agroecologia, v. 6, n. 1, 2011. STRECK, E.D.; KÄMPF, N.; DALMOLIN, R.S.D. et al. Solos do Rio Grande do Sul: EMATER/RS, UFRGS, 2002. 126 p. 293 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.17. Meta-análise da composição bromatológica da silagem de cana-deaçúcar com uso de aditivos Laion Antunes Stella1,4, Jean Kássio Fedrigo2, Júlio Cezar Rebes de Azambuja Filho 1, Vanessa Peripolli2,4, Ênio Rosa Prates3,4, Júlio Otávio Jardim Barcellos3,4 1 Mestrandos em Zootecnia, UFRGS. Bolsistas CAPES/CNPq. e-mail: [email protected] Doutorandos em Zootecnia, UFRGS. Bolsistas CAPES/CNPq. 3 Departamento de Zootecnia, UFRGS. 4 Integrantes NESPRO/UFRGS. 2 Resumo: Objetivou-se avaliar meta-analiticamente o efeito do uso de aditivos sobre a composição bromatológica de silagens de cana-de-açúcar em condições brasileiras. A base de dados utilizada neste estudo foi composta por 288 tratamentos provenientes de 48 trabalhos científicos. O uso de aditivos na silagem de cana-de-açúcar visa reduzir perdas de MS durante o processo fermentativo, e melhorar o valor nutritivo do alimento. A silagem exclusiva de cana-de-açúcar apresentou baixo teor de proteína bruta (3,36%) e alto teor de fibra em detergente neutro (63,41%). A adição de ureia a silagem incrementou o teor proteico e a técnica de hidrolização reduz a parede celular da silagem de cana-de-açúcar. No Brasil novas pesquisas devem ser realizadas visando o aumento dos teores de proteína e a redução da parede celular das silagens de cana-deaçúcar. Palavras Chave: carboidratos, forragem, nitrogênio Meta-analysis of the chemical composition of silage from sugar cane with the use of additives Abstract: Objective was to evaluate meta-analytically the effect of the use of additives on the chemical composition of silages of cane sugar in Brazilian conditions. The database used in this study consisted of 288 treatments from 48 scientific papers. The use of silage additives in cane sugar is to reduce DM losses during the fermentation process and improve the nutritional value of food. The silage unique cane sugar had low crude protein content (3.36%) and high content of neutral detergent fiber (63.41%). The urea silage increased the protein content and technique reduces the hydrolysis of cell wall silage cane sugar. In Brazil, new research should be conducted in order to increase the protein content and reduced cell wall incubation of cane sugar. Key Words: carbohydrates, forage, nitrogen 294 Introdução O cenário produtivo da cana-de-açúcar no país é promissor. A modernização no sistema de produção e o aumento da demanda energética fazem do Brasil o maior produtor mundial, sendo os estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Goiás os maiores produtores nacionais. A cana-de-açúcar abastece vários setores da indústria alimentícia e energética, também tem grande importância de seu uso na alimentação animal. A utilização da cana-de-açúcar na nutrição de bovinos traz uma boa resposta produtiva por uma série de vantagens desse volumoso, como: alta produção de matéria verde por hectare, maturidade na estação da seca (melhor época para seu corte), baixo custo de implantação, alta durabilidade (dependendo da região 4 a 5 anos), resistência a pragas e doenças, e boa aceitabilidade na dieta de ruminantes. A cana-de-açúcar é utilizada de diferentes formas na alimentação de bovinos de corte: picada in natura, silagem e na forma de bagaço. A silagem de cana é uma alternativa para reduzir os custos com dietas mais onerosas em categorias e raças com menores exigências nutricionais, como o caso de vacas secas e novilhas de reposição. Em substituição à silagem de milho, com alto custo de implantação, e de concentrados energéticos, pode trazer um bom retorno econômico, pela boa resposta produtiva dos animais. Com o uso de inoculantes microbianos ou de um aditivo alternativo, possibilita adequada fermentação, o que gera um volumoso conservado de excelente qualidade. Objetivou-se realizar uma meta-análise da composição bromatológica da silagem de cana-de-açúcar com uso de aditivos produzido de forma experimental no Brasil. Material e Métodos Para formação da base de dados a busca de trabalhos científicos de domínio público, foi realizada no Scientific Electronic Library Online (SciELO) e no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT). O conjunto de dados foi obtido de experimentos, publicados entre abril de 2001 a maio de 2011, os quais foram realizados nos seguintes estados: Bahia, Paraná, Minas Gerais e São Paulo. A base de dados foi constituída por 288 tratamentos provenientes de 48 experimentos. Os trabalhos que formaram a base de dados não foram referenciados neste resumo, pelo fato da limitação de referências, mas a relação pode ser solicitada aos autores do resumo. Avaliou-se a composição bromatológica da silagem de cana-de-açúcar com, e sem o uso de aditivos. Os aditivos utilizados foram: inclusão de ureia em diferentes porcentagens (teor de 1 a 2% na MS), hidrolizada com hidróxido de cálcio ou hidróxido de amônia, e com inoculante bacteriano. Os dados foram tabulados obtendo as médias (X) dos seguintes parâmetros: matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), carboidratos solúveis (CHO), proteína bruta (PB), fibra em detergente netro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemiceliulose (HEM), celulose (CEL), liginina (LIG) e pH. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software MINITAB (Mckenzie & Goldman, 1999). Resultados e Discussão O uso de aditivos na silagem de cana-de-açúcar visa reduzir perdas de MS durante o processo fermentativo, e melhorar o valor nutritivo do alimento. Como pode 295 ser observado na tabela 1, a silagem exclusiva de cana-de-açúcar apresenta baixo teor de proteína bruta (3,36%) e alto teor de fibra em detergente neutro (63,41%), sendo necessário uso de concentrado para correção da dieta quando é utilizada como única fonte de volumoso em ruminantes. Tabela 1- Composição bromatológica da silagem de cana-de-açúcar sem (controle) e com com o uso ureia, hidrolisada e inoculante Controle Ureia Hidrolizada N X(%) N X(%) EP N X(%) EP N X(%) EP MS 73 26,27 0,66 57 25,31 0,40 66 29,25 0,54 47 26,84 0,99 MO 32 96,28 0,27 20 94,97 0,37 67 93,87 0,37 17 95,49 0,44 CHO 50 13,52 1,29 26 9,83 1,66 45 25,25 1,39 41 12,03 0,09 PB 72 3,36 0,23 37 9,82 0,60 88 0,07 45 3,33 0,12 FDN 78 63,41 0,96 48 61,50 0,91 93 52,27 0,89 45 60,60 1,06 FDA 70 40,42 0,73 42 39,14 0,79 93 0,87 40 38,83 1,05 HEM 68 23,69 0,56 46 26,00 1,87 93 17,56 0,34 38 22,76 0,78 CEL 51 33,76 0,63 35 31,80 0,54 69 28,29 1,06 29 32,93 1,13 LIG 52 6,85 0,31 36 7,52 0,79 69 6,76 0,17 29 6,43 0,38 pH 59 3,79 0,08 59 3,98 0,12 49 5,33 0,32 41 3,70 0,09 2,95 34,8 EP Inoculante Número de tratamentos(N), média (X), erro padrão (EP) A aplicação de aditivos pode melhorar a qualidade de silagens de cana-de-açúcar e diminuir a população de leveduras e mofos, reduzindo a produção de etanol, as perdas de MS e de carboidratos solúveis e proporcionando melhor composição bromatológica em silagens tratadas, em comparação a silagens exclusivamente de cana (Alli et al., 1983). O tratamento ureia apresentou teor proteico superior aos demais tratamentos (9,83%). Esse incremento no teor de proteína bruta do volumoso é muito válido na dieta de ruminantes, pois reduz os custos com suplementação proteica para balancear a alimentação dos animais. A maior redução na parede celular da silagem ficou a cargo do tratamento hidrolizada (FDN=52,27%). Menores teores de fibra em detergente ácido caracterizam silagens de melhor qualidade, pois este componente da parede celular é inversamente correlacionado à digestibilidade da matéria seca (Mertens, 1982). Segundo McDonald et al (1991), silagens de boa qualidade podem apresentar pH entre 3,6 a 4,2. Entretanto essa faixa de pH não era esperada quando foi utilizada a forma hidrolizada, pois estas apresentam um caráter alcalino e, ao reagirem no processo de ensilagem, podem aumentar o poder tampão da massa ensilada, o que viria a dificultar a queda do pH (Siqueira et al., 2007). Sendo assim, o tratamento de silagem hidrolizada apresentandou o menor ter de MO (93,87%) em relação aos outros tratamentos. Schmidt et al. que o pH não é um ponto crítico em silagens de cana-deaçúcar e tampouco indicador de qualidade fermentativa. 296 Conclusões No Brasil novas pesquisas devem ser realizadas visando o aumento dos teores de proteína e a redução da parede celular das silagens de cana-de-açúcar. Literatura citada ALLI, I.; FAIRBAIRN, R.; BAKER, B.E. et al. The effects of ammonia on the fermentation of chopped sugarcane. Animal Feed Science and Technology, v.9, n.4, p.291-299, 1983. McDONALD, P., HENDERSON, A.R., HERON, S. The biochemistry of silage. 2ed. Marlow: Chalcombe Publications, 1991. 340p. MCKENZIE, J.; GOLDMAN, R.N. The student edition of Minitab for windows manual: release 12. Belmont: Addison-Wesley Longman, Incorporated: Softcover ed. 1999. 592p. MERTENS, D.R. Using neutral detergent fiber to formulate dairy rations. In: Nutrition conference process gant conference for the feed industry, 1982, Athens. Proceedings... Athens: University of Georgia, 1982. p.116-126. SCHMIDT, P.; MARI, L.J.; NUSSIO, L.G. et al. Aditivos químicos e biológicos na ensilagem de cana-de-açúcar. 1. Composição química das silagens, ingestão, digestibilidade e comportamento ingestivo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.5, p.1666-1684, 2007 (supl. 2). SIQUEIRA, G.R.; REIS, R,A.; SCHOCKEN-ITURRINO, R.P. et al. Perdas de silagens de cana-de-açúcar tratadas com aditivos químicos e bacterianos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.6, p.2000-2009, 2007. 297 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS 11.18. Duração de vida de folhas e taxa de senescência foliar de gramíneas nativas do Rio Grande do Sul sob pastoreio rotativo em duas estações Paula de Oliveira Severo 1, Aline Bosak dos Santos2, Fernando Luiz Ferreira de Quadros3, Liane Seibert Ustra Soares1, Greice Kelly Machado 1, Lidiane da Rosa Boavista4 1 Alunos do curso de Zootecnia - UFSM Zootecnista, Mestre em Agrobiologia - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria/RS. Email: [email protected] 3 Prof. Associado Depto. de Zootecnia/UFSM/CCR, Santa Maria-RS.*Bolsista de Prod. em Pesquisador CNPq. 4 Bióloga, Mestre em Agrobiologia- Universidade federal de Santa Maria(UFSM) Santa Maria/RS 2 Resumo: Objetivou-se avaliar o efeito de intervalos de pastoreio rotativo determinado por somas térmicas sobre duração de vida de folhas (DVF) e taxa de senescência foliar (TSF) de gramíneas nativas da região central do RS. O trabalho foi desenvolvido em 6 piquetes de 0,5 ha avaliados nas estações de primavera e verão, sob manejo de pastoreio rotativo com intervalos de pastoreio de 375 e 750 graus-dia (GD) correspondente a uma característica morfogênica das espécies avaliadas. Foram avaliadas cinco espécies, enquadradas em tipos funcionais (TF) segundo dois atributos foliares (A, B, C e D): Axonopus affinis (TF A), Andropogon lateralis e Paspalum notatum (TF B), Paspalum plicatulum (TF C) e Aristida laevis (TF D). Os dados DVF e TSF foram submetidos à análises de variância, com testes de aleatorização comparando os intervalos de pastoreio, as estações e as espécies. Não houve diferença significativa entre os intervalos de pastoreio e suas interações (P>0,43), mas houve entre espécies (P<0,001) e entre estações (P<0,01). As espécies P. plicatulum e A. laevis apresentaram os maiores valores de TSF, sendo que A. laevis obteve o maior valor de DVF na primavera, e P. plicatulum no verão. Em A. lateralis observou-se resposta estacional demonstrando plasticidade fenotípica. O pastejo afeta a longevidade e senescência foliar das gramíneas, mas a variação estacional exerce influência mais significativa. Palavras Chave: desfolha, longevidade, morfogênese, pastagem natural, soma térmica Leaf lifespan and leaf senescence rate of Rio Grande do Sul native grasses under rotational grazing at two seasons Abstract: The effect of rotational grazing intervals, determined by thermal times, on leaf lifespan (LLS) and leaf senescence rate (LSR) was evaluated at RS central region. The trial was carried out in six 0.5 ha paddocks evaluated at spring and summer, under rotational grazing management with grazing intervals of 375 and 750 degree-days (DD) corresponding to the average of one morphogenic characteristic of the evaluated 298 species. Five species were evaluated, classificated in functional types (FT) according to two leaf traits (A, B, C, D): Axonopus affinis (FT A), Andropogon lateralis e Paspalum notatum (FT B), Paspalum plicatulum (FT C) and Aristida laevis (FT D). LLS and LSR data were submitted to variance analysis, with randomization tests comparing grazing intervals, seasons and species. There was no significant difference between grazing intervals and the interactions (P>0.43), but there was among species (P<0,001) and between seasons (P<0,01). Paspalum. plicatulum and A. laevis species showing the largest LSR, and A. laevis presented the largest LLS at spring, and P.plicatulum at summer. In A. lateralis a seasonal response was observed indicating phenotypic plasticity. Grazing affect grasses‘ leaf longevity and senescence, however seasonal variation has more significant influence. Key Words: defoliation, natural grassland, longevity, morphogenesis, thermal time Introdução O bioma Pampa abrange mais da metade do território do Rio Grande do Sul (RS) e é formado principalmente por pastagens naturais, as quais apresentam grande diversidade florística, sendo compostas por diversas famílias, principalmente gramíneas. A diversidade das pastagens naturais, além de ser um patrimônio genético, é importante para a produção animal por representar a principal fonte de alimento para os ruminantes. A pecuária é uma das principais atividades econômicas da região sul do Brasil, devido à presença de pastagens naturais. Morfogênese representa a formação e o desenvolvimento de órgãos da planta ao longo do tempo e de acordo com o ambiente. Através de informações obtidas pela morfogênese das plantas podemos otimizar seu potencial forrageiro através de práticas de manejo que permitam tal objetivo aliado conservação. Devido a dificuldade no reconhecimento dos processos causada pela diversidade das pastagens naturais, Quadros et al. (2009) sugeriram estudar a organização das espécies nas comunidades por meio de uma abordagem funcional baseada em atributos foliares. O objetivo foi avaliar o efeito do pastoreio rotativo sobre a duração de vida de folhas e taxa de senescência foliar de gramíneas nativas da Depressão Central do RS. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido em área de 3,0 hectares (ha) divididos em 6 piquetes de 0,5 ha, na Universidade Federal de Santa Maria. Realizou-se o estudo em delineamento inteiramente casualizado com três repetições e dois tratamentos testados, sendo eles: áreas pastoreadas a intervalos de pastoreio de 375 graus-dia (GD) e áreas pastoreadas a intervalos de 750 GD na primavera 2010 e verão 2010/2011. Os intervalos de pastoreio foram baseados em somas térmicas, correspondentes a duração de elongação foliar média dos tipos funcionais (TF) A/B e C/D, sendo essas obtidas através da equação: ST=ΣTmd (somatório das temperaturas médias diárias do período). Foram avaliadas cinco espécies sendo essas enquadradas em tipos funcionais (A, B, C e D) segundo o teor de matéria seca (TMS) e a área foliar específica (QUADROS et al., 2009): Axonopus affinis Chase (TF A), Andropogon lateralis Nees e Paspalum notatum Flüegge (TF B), Paspalum plicatulum Michx. (TF C) e Aristida laevis Nees (TF D). Para a determinação da morfogênese utilizou-se a técnica de ―perfilhos marcados‖. Em cada área foram marcados, com fios coloridos de 1,0 mm de espessura, 20 perfilhos vegetativos por espécie aleatoriamente ao longo da área. As avaliações foram realizadas a cada 7 dias contando-se as folhas verdes e medindo o comprimento 299 da lâmina foliar (cm), nas folhas em senescência foi medida apenas a porção verde da lâmina. A partir dos resultados foram calculadas a duração de vida das folhas (DVF; GD) e a taxa de senescência foliar (TSF; cm/GD) para ambos intervalos de pastoreio. Os dados DVF e TSF foram submetidos à análise de variância, utilizando testes de aleatorização com o software MULTIV comparando os intervalos de pastoreio, as estações e as espécies. Resultados e Discussão Não houve diferença significativa entre intervalos de pastoreio e suas interações (P>0,43), mas houve entre espécies (P<0,001) e entre estações (P<0,01), por isso os dados são apresentados em médias dos intervalos de pastoreio nas estações de primavera e verão. Segundo a Tabela 1, a espécie P. plicatulum foi a que apresentou maior valor médio de TSF entre estações, seguida por A. laevis. Esse resultado é bem relacionado com o hábito de crescimento de ambas as espécies, apresentando folhas com elevado TMS que, associado à formação de touceiras densas, facilita o acúmulo de material morto, originando maior senescência. Muitas vezes, a senescência também pode estar associada ao processo de alongamento do pseudocolmo, pois, sob sombreamento, tanto o alongamento da bainha quanto a morte de folhas são desencadeados (Santos et al., 2011). Tabela 1 – Valores médios dos dois intervalos de pastoreio de duração de vida foliar (DVF; GD), número de dias de descanso médio para atingir a DVF (dias) e taxa de senescência foliar (TSF; cm/GD) de gramíneas nativas do RS nas duas estações, Santa Maria/RS. Primavera Espécies DVF dias a Verão Espécies TSF DVF a dias TSF a A. laevis 1292,3 (±405)* 61 0,111 (±0,0401) P. plicatulum 1626,3 (±397) 67 0,044a (±0,0276) A. lateralis 1187,8ab (±332) 55 0,057ab (±0,0415) A. affinis 1569,6b (±397) 65 0,012b (±0,045) A. affinis 1124,2bc (±334) 51 0,033bc (±0,0691) A. lateralis 1473,2bc (±316) 61 0,021bc (±0,0198) P. plicatulum 1111,2c (±372) 50 0,12c (±0,0177) P. notatum 1427,4c (±320) 59 0,015c (±0,08175) 1012,5d 0,033d 1366,3d 0,052d 47 A. laevis 57 (±286) (±0,0211) (±220) (±0,0111) *Desvio padrão Médias seguidas por letras minúsculas diferentes nas linhas diferem estatisticamente entre si (P<0,01). P. notatum A espécie A. laevis também apresentou o maior valor de DVF na primavera. Sendo as espécies A. laevis e P. plicatulum pertencentes aos TF D e C, respectivamente, esperava-se que ambas apresentassem folhas mais duradouras, devido suas características específicas de conservação de recursos. No entanto, esse resultado foi observado de forma mais proeminente apenas na primavera para A. laevis e no verão para P. plicatulum. Os resultados concordaram com a descrição das espécies segundo os TF usados. 300 Andropogon lateralis na primavera (Tabela 1) apresentou folhas menos longevas o que permite inferir que a espécie apresenta maior aparecimento de folhas nessas condições, ao contrário do observado no verão, onde a espécie apresentou maior tempo de vida. Pode-se observar também na Tabela 1, que o tempo de descanso necessário para a espécie atingir sua DVF (DD) foi em geral, intermediário às demais espécies em ambas as estações. Logo, esses resultados reforçam uma característica marcante da espécie, que é a plasticidade fenotípica, já citada por outros autores. Essa característica é uma alteração do plano morfogênico da planta em função de diferentes condições ambientais correspondendo assim à grande adaptação a ambientes variados. A partir da DVF e de outras características morfogênicas, busca-se melhor definição do tempo de descanso em áreas submetidas a pastoreio rotativo. Entretanto, esse critério apesar de permitir atingir o acúmulo de forragem máximo entre os pastoreios, reduz a qualidade da forragem oferecida e ultrapassa o ponto em que as taxas de expansão de novos órgãos da planta são ótimas. A alternativa poderia ser a utilização da duração de elongação foliar, como critério para os períodos de descanso (Confortin et al., 2010), conforme utilizado nesse trabalho, justificando mais uma vez a importância de se determinar as características morfogênicas de gramíneas pertencentes a pastagens naturais do bioma Pampa sob diferentes condições de manejo. Conclusões Os intervalos de pastoreio não influenciam a longevidade e a senescência foliar de gramíneas nativas. As condições ambientais relacionadas às diferentes estações do ano causam efeitos significativos. As características morfogênicas estudadas reforçam a classificação das espécies nos tipos funcionais onde foram enquadradas segundo outros atributos de folhas. Literatura Citada CONFORTIN, A. C. C. et al. Structural and morphological characteristics of black oats and Italian ryegrass on pasture submitted to two grazing intensities. Revista Brasileira de Zootecnia , v.39, p. 2357 - 2365, 2010. QUADROS, F. L. F. et al. A abordagem funcional da ecologia campestre como instrumento de pesquisa e apropriação do conhecimento pelos produtores rurais. In: ______. Campos Sulinos: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. Ministério do Meio Ambiente, Brasília-DF, 2009, p. 206-213. SANTOS, M. E. R. et al. Características morfogênicas e estruturais de perfilhos de capim-braquiária em locais do pasto com alturas variáveis. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.3, p.535-542, 2011. 301 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.19. Produção de matéria seca do capim Panicum maximum cv. Mombaça no período chuvoso e seco na região de Rondonópolis-MT Arnaldo Oliveira Araújo 1, Nelson Monteiro Vital de Arruda2, Fernanda Cardoso Romano1, Fagton de Mattos Negrão3, Dayla Mayra Santos Scheffer1, Aline Jovita Bissoni1 1 Acadêmicos do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT/Rondonópolis. Professor Adjunto do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT/Rondonópolis. e-mail: [email protected] 3 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato GrossoUFMT/Cuiabá. 2 Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção e o teor de matéria seca do capim Panicum maximum cv. Mombaça durante o período chuvoso e seco na região de Rondonópolis. Foi avaliada a forrageira Panicum maximum cv. Mombaça em um delineamento experimental inteiramente casualisado, com dois tratamentos e quinze repetições. A área total da pastagem foi de 3 ha, realizando a coleta para a estimativa da matéria seca em uma área de 1,0 m2. Foram coletadas amostras compostas do capimmombaça durante o período chuvoso e seco do ano. Com base nos percentuais de matéria seca e com o peso inicial da amostra natural, foi calculado a produção de matéria seca para os dois períodos do ano. Pode-se utilizar maior taxa de lotação no período das águas, onde a produção do capim-mombaça é elevada, e reduzir no período seco, bem como utilizar uma taxa de lotação menor e armazenar o excedente na forma de silagem ou feno para ser utilizado no período de escassez, mantendo o desempenho animal. Palavras Chave: estacionalidade, forragem, Panicum maximum Dry matter production of grass Panicum maximum cv. Mombaça during the rainy season an dry in the region of Rondonópolis-MT Abstract: This study aimed to evaluate the production and dry matter content of the grass Panicum maximum cv. Mombasa during the rainy and dry in the region of Rondonopolis. We evaluated the forage Panicum maximum cv. Mombasa in a completely randomized design with two treatments and fifteen repetitions. The total area of 3 ha of pasture was, doing the collection for the estimation of dry matter in an area of 1.0 m2. Samples were collected from the grass Panicum maximum during the 302 rainy season and dry season. Based on the dry matter percentage of initial weight and the nature of the sample was calculated on the dry matter for the two periods of the year. You can use higher stocking rate in the rainy season, where the production of Mombaçagrass is high, and reduce the dry period, and use a lower stocking rate and store the surplus as silage or hay to be used the period of scarcity, maintaining animal performance. Key Words: seasonality, forrage, Panicum maximum Introdução O Brasil é um dos países de maior potencial de produção pecuária a pasto, determinada principalmente pelas suas condições climáticas e vasta extensão territorial. As plantas forrageiras, tal como qualquer outra planta de interesse econômico, necessitam estar bem nutridas para que apresente uma boa produção, conjugado com adequado valor nutritivo, visando ao atendimento das exigências dos animais. Um dos fatores que determinam os baixos índices zootécnicos é a estacionalidade da produção das plantas forrageiras tropicais, característica marcante em forrageiras tropicais (Rolim, 1994). A estacionalidade da produção está relacionada com a baixa intensidade de chuva, propriedades físicas e químicas do solo, utilização e manejo da pastagem, dentre outros. O nosso estado possui período seco e chuvoso bem definido, onde se alcança a máxima produção na época das águas e ocorre um decréscimo acentuado no período da seca. Dessa maneira muitos produtores utilizam como alternativa o ajuste da taxa de lotação ou suplementação proteica no período de escassez de forragem, bem como o uso de silagem e feno. Para obter a máxima produção por área de um determinado capim é necessário que se conheça as suas exigências quanto a fertilidade do solo, susceptibilidade a determinados climas e regiões, tolerância ao pisoteio dos animais. O capim-mombaça, foi lançado no Brasil em 1993, pela EMBRAPA, no Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte (Jank et al., 1994; Jank, 1995). É um cultivar de alta produtividade, apresenta elevada porcentagem de folhas, principalmente na seca, destacando-se também por apresentar menor estacionalidade de produção do que o cultivar Colonião. No intuito de melhorar o manejo e utilização da pastagem, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção e o teor de matéria seca do capim Panicum maximum cv. Mombaça no período chuvoso e seco, na região de Rondonópolis-MT. Material e Métodos O experimento foi realizado em uma propriedade particular no município de Rondonópolis, a 160 30 S e 550 05 L, região sul do estado de Mato Grosso, no período de outubro de 2010 a fevereiro de 2011. O clima na classificação de Kopen é definido com tropical úmido, com estação chuvosa no verão e seca no inverno. Foi avaliada a forrageira Panicum maximum cv. Mombaça em um delineamento experimental inteiramente casualisado, com dois tratamentos e quinze repetições. A área total da pastagem foi de 3 ha, realizando a coleta para a estimativa da matéria seca em uma área de 1,0 m2. As análises laboratoriais foram feitas no Laboratório de Bromatologia do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT, Campus Universitário de Rondonópolis. O material amostrado foi acondicionado em saco plástico, identificado e enviado ao laboratório, onde foi pesado e posteriormente retirada 303 uma subamostra representativa de cada piquete coletado, de aproximadamente 400 g, que em seguida foi colocada em estufa de circulação forçada, com temperaturas de 58ºC a 65ºC por 72 horas, para determinação da matéria seca parcial. Após a secagem, as amostras foram moídas em moinho do tipo Willey, com peneira de 1 mm, armazenadas em sacos de plástico e identificada, conforme Silva e Queiroz (2002). Com base nos percentuais de matéria seca e com o peso inicial da amostra natural, foi calculado a produção de matéria seca para os dois períodos do ano. Os dados obtidos referentes à produção e teor de matéria seca foram analisados estatisticamente através da análise de variância (teste t) e, nos casos de significância (P<0,05), procedeu-se o teste de médias a 5% de probabilidade pelo teste Tukey, utilizando-se o programa SAEG, 1999 versão 8.1 (UFV). Resultados e Discussão Na (Tabela 1) são apresentados os valores médios da produção e teor de matéria seca do capim Panicum maximum cv. Mombaça. Observa-se que houve maior produção de matéria seca no período das águas (363,58 kg MS/ha) quando comparado com o período seco (301 kg MS/ha). Os resultados deste trabalho estão de acordo com Cecato (1993), que enfatiza que as plantas, no período seco, tem uma produção de matéria seca menor que no período chuvoso e essas produções são proporcionalmente maiores em matéria seca de folhas do que as de colmo, haja vista que nesse período as condições, principalmente de umidade e temperatura, reduzem o crescimento e alongamento dos colmos. Neste sentido, o estado de Mato Grosso possui uma estação chuvosa e seca bem definida, onde se alcança uma produção satisfatória durante o período das águas e ocorre redução significativa durante o período seco. Houve efeito significativo (P<0,05) para o teor de matéria seca do capimmombaça em função das diferentes estações do ano. Observou-se maior percentagem de matéria seca no período seco (64,59%) em relação ao período chuvoso (29,30%). Este fato pode ser explicado pela estacionalidade da produção forrageira, onde ocorre maior fluxo de biomassa na presença de água. Os dados de produção de matéria seca do presente trabalho são inferiores aos reportados por Soares et al. (2005) que encontraram valores de 3295 e 3326,7 kg/ha, em alturas de corte de 30 e 40 cm, respectivamente, com adubação de 200 kg/ha/ano de N. Possivelmente, as doses superiores de N adotadas pelos autores contribuíram para a maior produção matéria seca obtida. Em estudo de pastejo com a cultivar Gatton da espécie Panicum maximum, Davison et al. (1985) observaram, no verão, outono e inverno, decréscimo linear da massa de folha verde, à medida que se elevou a taxa de lotação. Tabela 1 – Valores médios da produção e teor de matéria seca do capim Panicum maximum cv. Mombaça no período chuvoso e período seco, RondonópolisMT. Produção de matéria Variável MS (%) seca (kg/ha) Período Chuvoso 363,58a 29,30 b Período seco 301,00 b 64,59 a CV (%) 21,58 7,76 Médias seguidas de letras diferentes na vertical diferem estatisticamente entre si, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey. 304 Conclusões Considerando a região em estudo, pode-se utilizar como alternativa uma taxa de lotação maior no período das águas onde a produção do capim-mombaça é elevada, e reduzir no período seco, bem como utilizar uma taxa de lotação menor e armazenar o excedente na forma de silagem ou feno para ser utilizado no período de escassez, mantendo o desempenho animal. Literatura citada CECATO, U. Influência da frequência de corte, níveis e formas de aplicação de nitrogênio na produção e composição bromatológica do Capim-aruana (Panicum maximum cv. Jacq. cv. Aruana). Jaboticabal, 1993. 112f. Tese (Doutorado em Produção Animal) – Departamento de Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal – Universidade Estadual Paulista, 1993. DAVISON, T.M.; COWAN, R.T.; SHEPHERD, R.K.; MARTIN, P. Milk production from cows grazing on tropical grass pastures. 1. Effects of stocking rate and level of nitrogen fertilizer on the pasture and diet. Australian Journal of Experimental Agriculture, v.25, p.505-514, 1985. JANK, L. Melhoramento e seleção de variedades de Panicum maximum. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 12, Piracicaba, Anais... Piracicaba: FEALQ, p.21-58. 1995. ROLIM , F.A. Estacionalidade de produção de forrageiras. I n : PEIXOT , A.M.; MOURA, J .C.; FARIA, V.P. et al. (Eds.). Pastagens: fundamentos da exploração racional. 2.ed. Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, p.533-565, 1994. SOARES, T. V. Avaliação da produção de massa seca, eficiência e recuperação do nitrogênio pelo capim-tanzânia em duas alturas de corte, 2005. Disponível em: http://www.sbz.org.br/scripts/revista/sbz1. acesso em 03 de maio de 2012. 305 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.20. Tempo de pastejo, ócio e ruminação noturna de borregas em pasto de capim massai Wanderson José Rodrigues de Castro 1, Anderson de Moura Zanine2, Gabriel Henrique Borghetti Lemes1, Renan Marvila da Silva Santos1, Daniele de Jesus Ferreira3, Alexandre Lima de Souza2 1 Graduandos em Zootecnia. Universidade Federal de Mato Grosso. Rondonópolis-MT. E-mail: [email protected] 2 Professor Adjunto do Curso de Zootecnia. Universidade Federal de Mato Grosso. RondonópolisMT. E-mail: [email protected] 3 Doutoranda em Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa. Viçosa-MG. Resumo: Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o comportamento ingestivo no período noturno de borregas mestiças da raça Santa Inês pastejando o capim Panicum máximum cv. Massai em sistema de lotação continua com taxa de lotação variável. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, sendo o período experimental de 30 dias, sendo 20 para adaptação dos animais e 10 para avaliações, que consistiram de três, com duração de 12 horas cada, nos dias 02, 03 e 14 de março de 2011. Os dados referentes ao tempo de pastejo, ruminação e ócio total noturno foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. O tempo de ruminação no período noturno foi em torno de 5 horas, o mesmo aconteceu com o ócio, os animais buscaram pastejar poucas vezes o que significa que o seu pico de pastejo é durante o período diurno. Tal informação é importante para os produtores que tem por manejo prender os animais nas instalações no período noturno, e de acordo com os dados, em pasto bem manejado a ingestão no pastejo diurno seria suficiente para manter boa produção animal, é que se fosse de interesse bastaria fazer apenas uma suplementação durante a noite. Palavras Chave: hábito de pastejo, ruminação, ócio, Panicum máximum Grazing time, ruminating and idle night of lambs on pasture grass Massai Abstract: The objective of this work was to evaluate the ingestive behavior during the night of lambs (Ovis aries) crossbred Santa Inês grazing the grass Panicum maximum cv. Massai in system capacity continues with variable stocking rate. The experimental design was completely randomized, and the experimental period of 30 days, 20 for diet adaptation and 10 for assessments, which consisted of three periods of 12 hours each on days 02, 03 and March 14, 2011 . The data on grazing time, ruminating and total idle night were subjected to analysis of variance and means compared by Tukey test at 5% probability. The rumination at night was around 5 hours, the same happened to the leisure, grazing animals rarely sought meaning that its peak is grazing during the day. Such information is important for producers is managing to hold the animals on the premises at night, and according to the data, well managed pasture intake in grazing day would be sufficient to maintain good animal production, is that if interest supplementation would be sufficient to just one night. Key Words: behavior, ethology, grazing habit, leisure, manage 306 Introdução A produção de ovinos no Brasil vem crescendo a cada ano, porém a falta de experiência de alguns produtores faz com que este sistema não seja tão lucrativo, a utilização inadequada das pastagens e falhas no manejo nutricional do rebanho são exemplos de situações que determinam prejuízos econômicos à ovinocultura. Em Mato Grosso a ovinocultura ainda é pouca expressiva normalmente os ovinos são criados juntamente com bovinos, ocupando o mesmo espaço e as mesmas pastagens, geralmente de grande extensão, com isso os animais são criados totalmente em regime a pasto e sem manejo apropriado às diferentes categorias de animais, como consequência obtêm-se baixos índices de desfrute com a criação. Desse modo é de suma importância conhecer mais sobre o hábito alimentar e o comportamento ingestivo dos animais para que possamos fornecer uma estrutura de pasto apropriada ao melhor consumo de cada espécie. De acordo com Silva et al. (2004) os fatores que afetam o comportamento ingestivo estão ligados ao alimento, ao ambiente e ao animal, sendo assim este estudo teve como principio avaliar tempo de pastejo, ócio e ruminação de borregas mestiças da raça santa Inês no período noturno do capim Panicum máximum cv. Massai. Material e Métodos O experimento foi realizado no Setor de Forragicultura do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso Campus de Rondonópolis-MT. Foi utilizado um pasto já formado de capim Panicum máximum cv. Massai. Para a análise da composição bromatológica foram coletadas dez amostras aleatoriamente no pasto, formando uma amostra composta, da qual foram retiradas 100g para posterior análises. Os valores encontrados na composição bromatológica do capim massai foram de 30,3% de matéria seca, 10,89% de proteína bruta, e 60,21% de fibra em detergente neutro. Utilizou-se o método direto para estimativa da disponibilidade de forragem, em 10 subáreas de 0,25 m2 cada, onde a forragem foi cortada rente ao solo. A disponibilidade de forragem foi de 5,8 toneladas de matéria seca por hectare. A relação lâmina foliar:colmo, lamina foliar:material morto foram determinada nas mesmas subamostras utilizadas para estimativa da disponibilidade de forragem, sendo de 3,88 e 1,27, respectivamente. Apresentaram porcentagens de lâmina foliar, colmo e material morto de 52,44%, 12,58% e 34,98%, respectivamente. Foram utilizados 8 ovelhas fêmeas mestiças da raça Santa Inez, com peso médio de 35 kg. O sistema de pastejo foi o de lotação contínua, com taxa de lotação variável, com objetivo de manter as alturas dos pastos em torno de 30 cm. Para tanto, foram utilizados animais reguladores, tendo em vista o piquete compreendeu uma área de 0,5 ha. Os animais foram identificados com brincos. Foi oferecido as ovelhas sal mineral à vontade em todo o período experimento, a adaptação foi feita com 30 dias de antecedência. O período experimental teve duração de 30 dias, sendo 20 para adaptação dos animais ao pasto e 10 para avaliações. Foram feitas três avaliações com duração de 12 horas cada, de maneira que a média das três avaliações fosse utilizada nas análises estatísticas. As avaliações foram realizadas nos dias 02, 03 e 14 de março de 2011. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com 8 repetições (8 animais no pasto). As variáveis analisadas foram: tempo de pastejo, ócio e ruminação. Esses foram obtidos por meio de observações visuais dos animais a cada 10 minutos, em determinado estado. Foi considerado como período noturno, aquele das 19:00 às 06:50 horas. Para a análise gráfica do comportamento durante as 12 horas noturna foram feita análise descritiva dos dados. Para os dados referentes ao tempo de pastejo, ruminação e ócio total noturno foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram realizadas utilizando-se o pacote estatístico SAEG, 1999. Resultados e Discussão Conforme pode ser observado na figura 1, no período noturno os animais passam a maior parte do tempo ruminando ou em ócio, sendo que no período das 19:00 às 21:50 horas os animais permaneceram o maior período de tempo em ruminação, ao longo de todo período noturno, fato que deve ser explicado devido ao rumém do animal ainda estar com bastante alimento, por ser as primeiras horas que sucederam após o período diurno,em que os animais passam a maior parte do tempo em pastejo. Destaca-se que no período de 4:00 às 6:50 apesar do maior valor do tempo de ócio, os animais apresentaram o maior tempo em pastejo, o que provavelmente vem do estímulo do baixo consumo durante o período noturno em que os ovinos concentraram suas ações em ruminar e ficar em ócio. Provavelmente, a partir do amanhecer os animais concentraram suas atividades no pastejo. Como foi 307 registrado no trabalho de Parente et al. (2007) que observaram que o momento de intensificação da atividade de consumo para borregas sob pastejo no capim tifton 85 ocorreu durante o dia (6,25 horas), e o tempo de ruminação e ócio foi de 1,75 e 3,87 horas, isso explica o maior tempo em que os animais permaneceram em ócio e ruminando no período noturno. Figura 1. Variação no comportamento noturno de pastejo, ruminação e ócio de borregas no pasto de capim Panicum maximum cv. Massai. Na figura 2 pode ser observado que no período noturno não houve diferença estatística entre ruminação e ócio, com superioridade em torno de 4:00 horas em relação ao tempo de pastejo Segundo Van Soest (1994), os ruminantes com sua fermentação pré-gástrica representam um avanço evolutivo em relação a outros herbívoros, aumentando sua capacidade de adaptação, fazendo com que no período noturno o animal esteja mais preparado a possíveis ataques de predadores, o que de fato pode ser comprovado com o tempo de pastejo que se restringiu a pouco mais de 1:00 hora. Essa estratégia reflete a tentativa do animal em garantir a quantidade de forragem necessária ao longo do dia, o que, provavelmente é conseqüência da maior competição pela forragem disponível, decorrente da maior presença de animais em atividade de pastejo em mesmo intervalo de tempo (Armstrong et al., 1995) e, pela sua alta capacidade de selecionar partes da planta que são mais nutritivas, como no caso do manejo do capim massai que preconizou-se pela alta percentagem de lâminas foliares. Resultado similar foi registrado por Cardoso et al. (2006) avaliando cordeiros em confinamento, os autores observaram que a maior parte (82,65%) da atividade de ingestão ocorreu no período diurno enquanto que (50,92%) da atividade de ruminação foram desempenhadas no período noturno. 308 Figura 2. Tempo de pastejo, ócio e ruminação noturna (horas) de borregas no pasto de capim Panicum maximum cv. Massai. Médias com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. Conclusões No período noturno os animais apresentaram maior tempo de ruminação e ócio, e poucas vezes procuraram pastejar. Literatura citada ARMSTRONG, R.H.; ROBERTSON, E.; HUNTER, E.A. The effect of sward height and its direction of change on the herbage intake, diet selection and performance of weaned lambs grazing ryegrass swards. Grass and Forage Science, v.50, p.389-398, 1995. Cardoso, A.R.; Carvalho ;S.; Galvani, P. B. et al. comportamento ingestivo de cordeiros alimentados com dietas contendo diferentes níveis de fibra em detergente neutro Ciência Rural, v. 36, n.2, p. 604-609, 2006. PARENTE, H.N.; ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.; OLIVEIRA, J.S. Comportamento ingestivo de ovinos em pastagem de tifton-85 (Cynodon ssp) na Regiao Nordeste do Brasil. Revista Ciência Agronômica, v.38, n.2, p.210-215, 2007 SILVA, R.R.; Magalhães, A.F.; Carvalho, G.G.P. et al. Comportamento ingestivo de novilhas mestiças de holandês suplementadas em pastejo de brachiaria decumbes. Aspectos metodológicos. Revista eletrônica veterinária, v.s, n.10, p.1-7,2004. VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca: Cornell University Press, 1994. 476p. 309 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.21. Teor de matéria seca e pH da silagem de capim-elefante com e sem aditivo microbiológico Wanderson José Rodrigues de Castro 1, Wlademiro Silvano Pereira Neto2, Fagton de Mattos Negrão2, Joelson Antônio Silva2, Camila Gabriela Miranda Silva2, Angélica Gonçalves da Silva¹ 1 2 Graduando do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, Rondonópolis-MT Mestrandos em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT Resumo: Foi conduzido um experimento com o objetivo de avaliar o teor de matéria seca e o valor de pH de silagens de capim-elefante com aditivo microbiológico. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial (2x2) com quatro tratamentos e cinco repetições, avaliadas aos 3, 6 e 9 dias, respectivamente após a ensilagem. Os tratamentos foram: Capim-elefante; Capimelefante + aditivo comercial; Capim-elefante + 5% de esterco; Capim-elefante + 5% de esterco + aditivo comercial. O valor de pH da silagem de capim-elefante puro aumentou no decorrer dos dias de avaliação (5,47). O maior valor de pH foi verificado na silagem de capim-elefante com 5% de esterco bovino (6,11). O valor máximo de matéria seca foi verificado na silagem de capim-elefante puro (40,22%). O aditivo microbiológico mostrou-se eficaz em reduzir os valores de pH e aumentar o teor de matéria seca das silagens de capim-elefante. Palavras Chave: matéria seca, Panicum maximum, pH Dry matter and pH of the silage grass elephant with and without additive microbiological Abstract: An experiment was conducted to evaluate the dry matter content and pH value of elephant grass silages with additive microbiological. The experimental design was completely randomized in factorial scheme (2x2) with four treatments with five replicates per treatment, evaluated at 3, 6 and 9 days respectively after ensiling. The treatments were: elephant grass, elephant grass + commercial additive; elephant grass + 5% manure, elephant grass + 5% manure + commercial additive. The pH of the silage of elephant grass plain increased over the time intervals (5.47). The highest pH was observed in elephant grass silage with 5% cattle manure (6.11). The maximum dry matter was found in the elephant grass silage pure (40.22%). The microbiological additive was effective in reducing the pH and increase the dry matter content of silages of elephantgrass. Key Words: dry matter, Panicum maximum, pH Introdução Quando a gramínea utilizada para a produção de silagem, é feita visando buscar o máximo de aproveitamento dos seus nutrientes, acarretará em baixa produção de massa de forragem e alta umidade, podendo causar fermentações indesejáveis. No Brasil, há vários aditivos que apresentam potencial de serem incluídos no processo de produção de silagem de capim. O capim-elefante (Pennisetum purpurium Schum.) é uma forrageira com excelente potencial de produção de matéria seca, sendo uma alternativa às culturas anuais para produção de silagem. Para essa finalidade, têm sido recomendados cortes desta 310 forrageira quando nova, visando melhor valor nutritivo; porém, é necessário eliminar o excesso de umidade da forragem (Zanine et al., 2006). Entretanto, é fundamental lembrar que a utilização de aditivos não elimina os cuidados normais para obtenção de boas silagens (época de corte, compactação da forragem, vedação do silo, etc.). Neste sentido, foi conduzido um experimento objetivando-se avaliar o percentual de matéria seca e determinar os valores de pH de silagens de capim-elefante com ou sem aditivo microbiológico. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato GrossoUFMT, localizada no município de Santo Antônio do Leverger-MT, situado a 15°47´5´´ de Latitude Sul, 56°04´ de Longitude Oeste de Greenwich, altitude média de 140 metros, mesorregião Centro-Sul de Mato Grosso, microrregião de Cuiabá. O clima, segundo a classificação de Koppen, é do tipo Aw, ou seja, clima tropical, megatérmico, caracterizando-se por duas estações bem definidas: seca (abril a setembro) e chuvosa (outubro a março). A precipitação anual média é de 1500 mm, com intensidade máxima nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. O solo apresenta uma textura que facilita a infiltração de água, aeração do solo, penetração das raízes e desenvolvimento do sistema radicular das plantas. A espécie forrageira estudada foi o capim-elefante (Pennisetum purpurium), oriundo da área experimental do setor de forragicultura. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial (2x2) com quatro tratamentos e cinco repetições por tratamento, avaliadas no tempo (3, 6 e 9 dias, respectivamente após a ensilagem). Os tratamentos foram: Capim-elefante; Capim-elefante + aditivo comercial; Capim-elefante + 5% de esterco; Capim-elefante + 5% de esterco + aditivo comercial, com base na matéria natural. Foi realizado um corte de padronização, rente ao solo. O capim foi colhido 90 dias após a rebrota, em outubro de 2011, com aproximadamente 1,5 metros de altura. O capim foi manualmente colhido por corte rente ao solo, seguido por empilhamento no campo. Em seguida, o capim foi levado para um galpão coberto, onde foi picado em partículas de 3 cm, utilizando-se uma picadeira estacionária (PP-47-4 facas). O aditivo foi adicionado à massa de forragem e homogeneizada sobre uma lona plástica. Utilizouse 4 ml do aditivo microbiológico por quilo de forragem ensilada e 0,5 kg de esterco bovino para cada 10 kg de forragem ensilada. Os silos experimentais foram confeccionados, utilizando-se sacos de plástico com lacre, acondicionando cerca de 0,2 kg da forragem picada e, posteriormente, identificados. Os sacos foram armazenados no Laboratório de Nutrição Animal/UFMT para posterior abertura e análises laboratoriais. Para a determinação dos teores de matéria seca (MS), foi realizada uma pré-secagem das amostras, em estufa de circulação forçada de ar, em temperatura de 55 a 60ºC por 72 horas. Em seguida foram feitas a pesagem e a moagem do material utilizando moinho estacionário com peneira de 1 mm. Posteriormente, foram tomadas amostras (3g) deste material, as quais foram levadas à estufa a 105ºC para determinação da MS (secagem definitiva). Para a análise de pH, foram coletadas sub-amostras de, aproximadamente 25 g, às quais foram adicionados 100 ml de água destilada, e, após repouso por duas horas, efetuou-se a leitura do pH, introduzindo um potenciômetro no suco extraído das silagens, de acordo com metodologia descrita por Silva & Queiroz (2002). Os dados obtidos referentes à percentagem de matéria seca e ao valor pH foram analisados de forma descritiva. Resultados e Discussão Na tabela 1 observam-se os valores médios do pH das silagens de capim-elefante. O valor de pH da silagem de capim-elefante puro aumentou no decorrer dos dias de avaliação, atingindo valores de 5,47 no 90 dia de avaliação. Quando foi adicionado 5% de aditivo comercial na massa ensilada, o valor de pH mostrou-se estável (6,00), possivelmente, devido à proliferação dos micro-organismos contidos no aditivo. O maior valor de pH foi verificado na silagem de capim-elefante com 5% de esterco bovino (6,11), indicando que houve contaminação do silo. O menor valor foi verificado na silagem de capim-elefante puro (5,47). Os valores encontrados no presente trabalho não estão dentro da faixa considerada ideal por McDonald et al. (1991), que é de 3,8 a 4,2. Este fato indica que houve pouca ação dos microrganismos na massa ensilada. O aditivo microbiológico mostrou-se eficiente em reduzir o valor de pH da silagem com esterco no último dia de avaliação (5,81). 311 Tabela 1 – Valores médios do pH das silagens de capim-elefante. Dia 3 Dia 6 Dia 9 TRATAMENTOS pH Capim-elefante 5,34 5,39 5,47 Capim+5%aditivo 5,70 6,00 6,00 Capim+5%esterco 5,87 5,90 6,11 Capim+5%esterco+5%aditivo 5,99 6,14 5,81 Houve aumento na percentagem do teor de matéria seca das silagens de capim-elefante (Tabela 2). O valor máximo de matéria seca foi verificado na silagem de capim-elefante puro (40,22%), provavelmente, devido à idade com que a forragem foi cortada. O aditivo microbiológico não se mostrou eficiente em aumentar o teor de matéria seca das silagens de capim-elefante, verificando teores de 37,78 e 37,69%, respectivamente. Estes resultados estão de acordo com os encontrados por Rodrigues et al. (2005) e Rezende et al. (2008) que obtiveram aumentos na matéria seca da silagem de capim-elefante utilizando polpa cítrica, farelo de trigo e milho desintegrado com palha e sabugo, respectivamente. Tabela 2 – Teores de matéria seca (MS) das silagens de capim-elefante. Dia 3 Dia 6 TRATAMENTOS MS (%) Dia 9 Capim-elefante 38,12 38,54 40,22 Capim+5%aditivo 34,93 37,71 37,78 Capim+5%esterco 39,29 39,36 39,77 Capim+5%esterco+5%aditivo 35,42 35,60 37,69 Conclusões O aditivo microbiológico mostrou-se eficaz em reduzir os valores de pH e aumentar o teor de matéria seca das silagens de capim-elefante, aumentando a viabilidade da sua utilização na cadeia produtiva. Literatura citada McDONALD, P.; HENDERSON, A.R.; HERON, S.J.E. The biochemistry of silage. 2 ed. Marlow:Chalcombe Publications, 340p. 1991. REZENDE, A.V.; RODRIGUES, R.; BARCELOS, A.F.; CASALI, A.O.; VALERIANO, A.R.; MEDEIROS, L.T. Qualidade bromatológica de silagens de capim-elefante aditivadas com raspa de batata. Revista Ciência e Agrotecnologia, v. 32, n. 2, p. 604-610, 2008. RODRIGUES, P. H. M.; BORGATTI, L. M. O.; GOMES, R. W.; PASSINI, R.; MEYER, P. M. Adição de níveis crescentes de polpa cítrica sobre a qualidade fermentativa e o valor nutritivo da silagem de capim-elefante. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 4, p. 1138-1145, 2005. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa: Universidade Federal de Viçosa), 2002. ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.; OLIVEIRA, J.S.; ALMEIDA, J.C.C.; PEREIRA, O.G. Avaliação da silagem de capim-elefante com adição de farelo de trigo. Archivos de Zootecnia, v. 55, n. 209, p. 75-84, 2006. 312 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.22. Habito alimentar noturno de borregas sob pastejo em lotação continua Wanderson José Rodrigues de Castro 1, Anderson de Moura Zanine2, Renan Marvila da Silva Santos1, Angélica Gonçalves da Silva 1, Daniele de Jesus Ferreira3, Guilherme Ribeiro Alves Alves2 1 Graduandos em Zootecnia. Universidade Federal de Mato Grosso. Rondonópolis-MT. E-mail: [email protected] 2 Professor Adjunto do Curso de Zootecnia. Universidade Federal de Mato Grosso. Rondonópolis-MT. Email: [email protected] 3 Doutoranda em Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa. Viçosa-MG. Resumo: Foi realizado um experimento com o objetivo de avaliar o comportamento ingestivo no período noturno de borregas (Ovis aries) mestiças da raça Santa Inês pastejando o capim Brachiaria brizantha cv. Marandu em sistema de lotação continua com taxa de lotação variável. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, sendo o período experimental de 30 dias, sendo 20 para adaptação dos animais e 10 para avaliações, que consistiram de três, com duração de 12 horas cada, nos dias 02, 03 e 14 de março de 2011. Os dados referentes ao tempo de pastejo, ruminação e ócio total noturno foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Houve diferença estatística (P>0,05), para o tempo noturno de pastejo total (2,05 horas), ruminação total de (5,80 horas) e ócio total de (4,15 horas). O tempo de pastejo foi baixo nos horários de 22:00 as 3:50 horas onde os animais alternaram entre ruminação e ociosidade e só retomaram ao pastejo próximo ao amanhecer. Palavras Chave: Brachiaria brizantha, comportamento animal, ovelha, ruminação Night eating habits of grazing lambs grazing continues Abstract: The objective of this work was to evaluate the ingestive behavior during the night of lambs (Ovis aries) crossbred Santa Inês grazing the grass Brachiaria brizantha cv. Marandu in system capacity continues with variable stocking rate. The experimental design was completely randomized, and the experimental period of 30 days, 20 for diet adaptation and 10 for assessments, which consisted of three periods of 12 hours each on days 02, 03 and March 14, 2011 . The data on grazing time, ruminating and total idle night were subjected to analysis of variance and means compared by Tukey test at 5% probability. There was statistical difference (P> 0.05) for the total night time grazing (2.05 hours), total ruminating (5.80 hours) and total idleness (4.15 hours). It was observed that the grazing time was low in nosreduzido hours 3:50 to 22:00 hours the animals where they alternated between rumination and idleness idleness and only returned to grazing close to dawn. Key Words: ethology, ingestive behavior, lambs, leisure, manage 313 Introdução A criação de ovinos no Brasil vem crescendo e já se tornou uma alternativa para o produtor rural. Destaca-se que esses se caracterizam pela sua elevada capacidade de adaptação ambiental, já que há ocorrência desses animais em grande parte das regiões do mundo (Cunha et al., 1997). Apesar do todo esse potencial, ainda existem inúmeras dúvidas a respeito do comportamento ingestivo e etológico dos ovinos criados a pasto. O animal em pastejo está sob o efeito de muitos fatores, que podem influenciar a ingestão de forragem; entre eles, sobressai a oportunidade do animal em selecionar a dieta, pois o pastejo seletivo permite até certo ponto compensar a baixa qualidade da forragem, por meio do consumo de partes mais nutritivas das plantas, entretanto o comportamento seletivo promove aumento no tempo total de pastejo. Segundo Zanine et al. (2006), o tempo gasto em ruminação é mais prolongado a noite, mas os períodos de ruminação são ritmados também pelo fornecimento de alimento, no entanto, existem diferenças entre indivíduos quanto à duração e repetição das atividades de ingestão e ruminação, que parecem estar relacionadas aos apetites dos animais, as diferenças anatômicas, exigências energéticas, influenciadas pela relação de volumoso concentrado. Nessa realidade, foi realizado um experimento com objetivo de avaliar o comportamento alimentar das borregas sob pastejo no capim marandu no período noturno. Material e Métodos O experimento foi realizado no Setor de Forragicultura do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso Campus de Rondonópolis-MT. Foi utilizado um pasto já formado de capim Brachiaria brizantha cv. Marandu. Para a análise da composição bromatológica foram coletadas dez amostras aleatoriamente no pasto, formando uma amostra composta, da qual foram retiradas 100 g para posterior análise. Os valores encontrados na composição bromatológica do capim marandu foram de 31,67% de matéria seca, 7,55% de proteína bruta, e 64,35% de fibra em detergente neutro. Utilizou-se o método direto para estimativa da disponibilidade de forragem, em dez subáreas de 0,25 m2 cada, em que a forragem foi cortada rente ao solo. A disponibilidade de forragem foi de 8,5 toneladas de matéria seca por hectare. A relação lâmina foliar:colmo, lamina foliar:material morto foram determinada nas mesmas subamostras utilizadas para estimativa da disponibilidade de forragem, sendo de 1,05 e 1,16, respectivamente. Apresentaram porcentagens de lâmina foliar, colmo e material morto de 37%, 34% e 29%, respectivamente. Foram utilizados 8 ovelhas fêmeas mestiças da raça Santa Inez, com peso médio de 35kg. O sistema de pastejo foi o de lotação contínua, com taxa de lotação variável, com objetivo de manter as alturas dos pastos em torno de 40 cm. Para tanto, foram utilizados animais reguladores, tendo em vista o piquete compreendeu uma área de 0,5 ha. Os animais foram identificados com brincos. A adaptação foi feita com 30 dias de antecedência. O período experimental teve duração de 30 dias, sendo 20 para adaptação dos animais ao pasto e 10 para avaliações. Foram feitas três avaliações com duração de 12 horas cada, de maneira que a média das três avaliações fosse utilizada nas análises estatísticas. As avaliações foram realizadas nos dias 02, 03 e 14 de março de 2011. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com 8 repetições (8 animais no pasto). As variáveis analisadas foram: tempo de pastejo, ócio e ruminação. Esses foram obtidos por meio de observações visuais dos animais a cada 10 minutos, em determinado estado. Foi considerado como período noturno, aquele das 19:00 às 06:50 horas. Para a análise gráfica do comportamento durante as 12 horas noturna foram feita análise descritiva dos dados. Para os dados referentes ao tempo de pastejo, ruminação e ócio total noturno foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram realizadas utilizando-se o pacote estatístico SAEG, 1999. Resultados e Discussão Pode-se observar na figura 1 que o maior pico de pastejo ocorreu entre as 04:00 às 06:50, sendo que o menor tempo ficou entre 22:00 às 00:50 o que pode ser explicado devido ao pico de pastejo que ocorreu das 19:00 às 21:50, em que os animais pastejaram, enchendo o rúmen e, nesse intervalo concentrou-se no ócio e na ruminação, como pode ser visto no tempo de ócio e ruminação nesse intervalo de tempo. Como o tempo de pastejo foi mais intenso no período de 4:00 às 6:50 horas, pouco antes do amanhecer, o pastejo menos intenso ocorreu entre 22:00 as 3:50 horas, período este onde foram observados os maiores índices de ruminação e ociosidade nos animais. Parece ser uma realidade que os 314 animais satisfazem suas exigências nutricionais durante o dia, pelo menor tempo de pastejo durante o período noturno presenciado no presente experimento. Todavia outro aspecto, que pode estar relacionado com o baixo pastejo no período noturno, seria um comportamento instintivo do animal, pois no período noturno dedicaria mais a ruminação e ociosidade para maior atenção para com algum predador, visto que observou-se nos animais nesse período maior proximidade entre eles, o que seria também uma forma de defesa da espécie. Figura 1-Variação no comportamento noturna de pastejo, ruminação e ócio de borregas no pasto capim Marandu. Na figura 2, pode ser observado o comportamento ingestivo das borregas, havendo diferença estatística (p<0,05), entre pastejo, ruminação e ócio noturno. Observou-se que a atividade de ociosidade correspondeu a um percentual de 34,58% , a ruminação 48,33%, e a atividade de pastejo correspondeu apenas 17,08% do tempo total dos animais no período da noite. Tal observação é interessante, pois, o manejo e recolhimento dos animais no período noturno se tornam mais viável, pois, estes animais pastejam menos a noite e consequentemente tendem a ganhar menos peso nesse período, o uso de suplementação no caprisco poderia viabilizar a eficiência da criação. Os resultados obtidos são semelhantes aos encontrados por Cardoso et al (2006) e Fisher et al (1998), que verificam maior tempo de ruminação e menor tempo de pastejo no período noturno. Figura 2 - Tempo de pastejo, ócio e ruminação noturna (horas) de borregas no pasto de capim Marandu. Médias com letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. 315 Conclusões Borregas sob pastejo no capim Brachiaria brizantha cv. Marandu obtiveram no período noturno um maior tempo de ruminação e ócio do que de pastejo. Literatura citada CARDOSO, A. R.; CARVALHO, S.; GALVANI, D. B.; PIRES, C. C.; GASPERIN, B. G. ;GARCIA, R. P. A. Comportamento ingestivo de cordeiros alimentados com dietas contendo diferentes niveis de fibra em detergente neutro. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.2, p.604-609, mar-abr, 2006. CUNHA, E. A.; SANTOS, L. E.; RODA, D. S.;POZZI, C. R.; OTSUK, I. P.; BUENO, M.S.; RODRIGUES, C. F. C. Efeito do sistema de manejo sobre o comportamento em pastejo, desempenho ponderal e infestação parasitária em ovinos suffolk. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.17, n. 3-4, p. 1005-1011, 1997. FISCHER, V. et al. Padrões nictemerais do comportamento ingestivo de ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.27, n.2, p.362-369, 1998. ZANINE, A., Santos, E.M., Ferreira, D.deJ., Graña, A.L., Graña, G.L. Comportamento Ingestivo de Ovinos e Caprinos em Pastagem de Diferentes Estruturas Morfológicas. Revista Eletrônica de Veterinária (REDVET), – 7504, v. VII, nº. 4, 2006. 316 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.23. Características anatômicas da folha de duas espécies de leguminosas utilizadas como forrageiras em uma área de cerrado maranhense 1 Isabela Almeida Ramos2, Camila Ferreira Pontes Bezerra3, André Luiz Gomes da Silva4, Rosane Cláudia Rodrigues5, Max Valério Doria Barbosa6 1 Projeto de Iniciação Científica. Estudante de graduação em Agronomia. 3 Estudante de graduação em Agronomia. 4 Professor do curso de Ciências Biológicas. 5 Professor do curso de Zootecnia. 6 Pesquisador colaborador Museu Nacional/UFRG 2 Resumo: Este trabalho teve por objetivo descrever a anatomia foliar de duas espécies de leguminosas ocorrentes em uma área de cerrado no município de Brejo, MA, utilizadas como forrageiras para caprinos. Foram coletadas folhas maduras e sem qualquer sinal evidente de lesões. A epiderme foliar de Parkia platycephala é revestida por cutícula espessa. O mesófilo é dorsiventral. No ráquis, as células de xilema e as fibras pericíclicas apresentam parede espessa e lignificada, sendo consideradas indigestíveis. Bauhinia glabra possui parênquima paliçádico com células longas, espaçadas entre si e o parênquima lacunoso é constituído de células irregulares. O feixe vascular da nervura mediana apresenta disposição em forma de ferradura com fibras intercalando os elementos de vaso e os raios medulares. Este feixe é circundado por cerca de sete camadas de fibras pericíclicas. Palavras Chave: anatomia foliar, forrageiras, lignina, parede celular Characteristics of leaf anatomical of two legume species used as fodder in a Cerrado area of Maranhão Abstract: The present research aimed to evaluate the foliar anatomy of two legume species occurring in a Cerrado area in the Brejo city, Maranhão, Brazil, used as fodder for caprines. Were collected Healthy leaves without any sign of lesion. The leaf epidermis of Parkia platycephala is lined with thick cuticle. The mesophyll is dorsiventral. In the rachis, cells xylem and pericyclic fiber have lignified and thickened wall and are considered indigestible. Bauhinia glabra has palisade parenchyma with spaced long cells and spongy parenchyma with irregular cells. The vascular bundles of the midrib is horseshoe type, with bundles of fibers between the vessels and medullary rays. This bundle is surrounded by approximately seven layers of pericyclic fibers. Key Words: Fodder, lignin, cell wall, leaf anatomy 317 Introdução O Nordeste brasileiro tem sido destacado durante séculos como área de vocação para a exploração de ruminantes domésticos, notadamente caprinos e ovinos, pelo potencial da vegetação natural para a manutenção e sobrevivência dos animais destas espécies (Leite e Simplício, 2005). O cerrado brasileiro apresenta grande riqueza em espécies que se destacam por apresentarem valor alimentício, madeireiro, forrageiro, entre outros (Partelli et al. 2010). O Cipó-de-escada (Bauhinia glabra) é uma leguminosa liana, perene, de caule com curvas alternadas simulando degraus de escada. Nativa da bacia do rio Parnaíba, ocorre nos biomas da Amazônia, Cerrado e Pantanal de Mato Grosso. Encontrado com bastante frequência em áreas de pastagem nativa (Batista et al. 1999). A Faveira (Parkia platycephala) planta semidecídua, heliófita. Destaca-se nos cerrados maranhenses e piauienses, ocupando grandes áreas e contribuindo para a alimentação de bovinos, caprinos e outros animais criados em regime extensivo (Nascimento et al. 2009). A qualidade da forragem pode ser determinada por fatores como a digestibilidade e o consumo, porém a digestibilidade pode ser afetado por características anatômicas como a proporção de tecidos e a espessura da parede celular, que tem relação com teores de lignina. A lignina é uma molécula tridimensional amorfa que tem a finalidade de conferir rigidez, impermeabilidade e resistência contra ataques biológicos aos tecidos vegetais. O estudo anatômico de lâminas foliares tem auxiliado na compreensão das diferenças qualitativas entre essas plantas (Lempp et al. 2002; Jerba et al. 2004). A observação dos hábitos alimentares espontâneos de animais nas áreas onde o animal frequenta pode levar à identificação de plantas com potencial forrageiro. Identificar plantas que tenham esse potencial na rica biodiversidade do cerrado contribui para um manejo sustentável da criação de caprinos. O trabalho tem por objetivo descrever a anatomia do Cipó-de-escada (Bauhinia glabra) e da Faveira (Parkia platycephala), espécies amplamente utilizadas como forrageiras nos cerrados maranhenses. Material e Métodos As folhas das espécies de Bauhinia glabra e Parkia platycephala foram coletadas no povoado de Acampamento, situado no município de Brejo, no estado do Maranhão, onde os caprinos são criados no sistema extensivo. Foram coletadas folhas maduras e sem qualquer sinal evidente de lesões, depois levadas ao laboratório de Anatomia Vegetal do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, campus IV, da Universidade Federal do Maranhão, onde foram conservadas em uma solução de álcool 70%. Os cortes foram feitos a mão livre, com uma lâmina de aço. Em seguida, os cortes foram clarificados com hipoclorito de sódio a 10% e depois lavados em água destilada. Os cortes foram corados em solução de Fasga diluída a 1/8 (Tolivia e Tolivia, 1987), durante 10 min, lavados em água destilada, montados em glicerina e analisados sob microscópio óptico BELL fhotonics. Todas as análises foram feitas em imagens digitais, usando o programa de análise de imagens BELL Views. Resultados e Discussão Bauhinia glabra (cipó de escada) - Apresentam folha simples, bífida com dois lóbulos de nervura reticulada. 318 Lamina foliar - Ambas as epidermes dispõe de células com paredes anticlinais levemente ondulados em formas e tamanhos variáveis. A folha é hipoestomática. No mesófilo, o parênquima paliçádico é constituído de células longas, espaçadas entre si, ricas em cloroplastos e dispostas perpendicularmente à superfície da lâmina foliar. O parênquima lacunoso é constituído de células irregulares, apresentando quatro a cinco camadas de célula dispostas paralelamente à superfície das células epidérmicas, com amplos espaços intercelulares (Figura 1B). Um dos primeiros tecidos a sofrer a digestão são as células do mesófilo, pois possuem paredes delgadas e não lignificadas. Outra característica positiva do mesófilo em relação a digestibilidade é que se comparado com outros tecidos ele se dispõem de forma mais dispersa, com muitos espaços intercelulares, o que permite que os microrganismos penetrem de forma mais rápida, facilitando a digestão do tecido (Wilson, 1993). Nervura mediana- A nervura mediana apresenta feixe vascular circundado por uma bainha de uma camada de células parenquimáticas da endoderme. O feixe vascular da nervura mediana apresenta disposição em forma de ferradura com fibras intercalando os elementos de vaso e os raios medulares. O floema está localizado na região externa do xilema. As fibras pericíclicas acompanham o formato do cilindro vascular e contém cerca de seis camadas de células com paredes espessadas e lignificadas (Figura 1A). Essas células geralmente possuem parede secundária e podem possuir de 15% a 35% de lignina, limitando a digestão desse tecido pelo rúmem do animal. Tecidos como o esclerênquima e o tecido vascular lignificado, que são formados por células de parede secundária espessada, são os que mais contribuem para a baixa qualidade da forragem (Wilson, 1993). A lignina limita a digestão de alguns tecidos devido não somente ao efeito que causa na digestão da parede celular, mas também pela espessura da parede celular e pelo arranjo das sua moléculas (Rodrigues & Gobbi, 2004). Parkia platycephala (Faveira)– As folhas são bipenadas com folíolos de nervura reticulada. Lâmina foliar- A epiderme do folíololo em ambas as faces é unisseriada e apresenta células retangulares amplas (Figura 1C). Em cortes paradérmicos as paredes das células epidérmicas da face adaxial e abaxial são levemente sinuosas. A folha é hipoestomática. O mesofilo é dorsiventral. Nervura mediana - A nervura mediana apresenta feixe vascular circundado por uma bainha de uma camada de células parenquimáticas da endoderme. As fibras pericíclicas contêm cerca de duas camadas de células. Os elementos de vasos são em pequeno número e se distinguem em protoxilema e Metaxilema. Os elementos de tubo crivado ocorrem externamente ao xilema. Células de xilema e das fibras pericíclicas são caracterizadas por apresentarem parede espessa e lignificada, as paredes dessas células são consideradas indigestíveis. A espessura da parede celular é um dos fatores que dificulta a digestão dos tecidos, pois reduz o acesso dos microrganismos presentes no rumem ao material vegetal. A baixa digestão de alguns tecidos advém, principalmente, do arranjo adensado de suas células, da elevada espessura das paredes celulares e da presença de lignina (Paciullo, 2002, Jerba et al, 2004). Ráquis- Apresenta epiderme uniestratificada e parênquima cortical com cerca de cinco a seis camadas de células com paredes delgadas. As fibras pericíclicas contem cerca de quatro camadas de células. Estas fibras apresentam paredes secundárias espessadas e são fortemente lignificadas. Faixas de colênquima ocorrem internamente às fibras pericíclicas (Figura 1D). A presença desses tecidos dificulta a digestibilidade do ráquis, pois ocupam grande área desse órgão vegetal se comparado com a presença de outros tecidos que são mais facilmente digeridos como o parênquima e o floema. 319 Segundo Rodrigues & Gobbi (2004), as principais características que interferem negativamente na qualidade nutritiva das forrageiras estão relacionadas com a proporção de tecido vascular e esclerenquimático. Figura 1: A. Seção transversal da nervura da folha da Bauhinia glabra. B. Seção transversal do limbo da folha da Bauhinia glabra. C. Seção transversal da nervura da folha da Parkia platycephala. D. Seção transversal do ráquis da Parkia platycephala. Ep = epiderme; Fb = fibras pericíclicas; F = floema; X = xilema; PP = parênquima paliçádico; PL = parênquima lacunoso; FV = feixe vascular; Pc = parênquima cortical; Cl = colênquima. Conclusões A ráquis de Parkia platycephala e a nervura mediana do Bauhinia glabra foram as estruturas que mais apresentaram tecidos lignificados: fibras pericíclicas, colênquima e xilema e desta forma podem afetar negativamente a digestibilidade pelos caprinos. O mesófilo é organizado de forma mais dispersa, com paredes delgadas e não lignificadas e por isso mais facilmente digerido, em ambas as espécies. Literatura citada CARVALHO, G. G. P., PIRES, A. J. V. Organização dos tecidos de plantas forrageiras e suas implicações para os ruminantes, revisão bibliográfica. Arch. Zootec. 57 (R): 1328. 2008. JERBA, V. F., MEDEIROS, S. R., FERNANDES, C. D. Forrageiras: principais fatores de antiqualidade. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2004. 38 p.; 21 cm. LEITE, P. M. B. A., SILVA, M. A., SANTOS, M. V. F. Características anatômicas de leguminosas nativas não degradadas e degradadas in vivo. X JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2010 – UFRPE: Recife, 18 a 22 de outubro. PACIULLO, D S. C. Características anatômicas relacionadas ao valor nutritivo de gramíneas forrageiras, revisão bibliográfica. Ciência Rural, v. 32, n. 2, 2002. WILSON, J.R., MERTENS, D.R., HATFIELD, R.D. Isolates of cell types from sorghum stems: digestion, cell wall and anatomical characteristics. J. Sci. Food Agric., v.63, p.407-17, 1993. 320 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.24. Ressemeadura de espécies desejáveis em campo nativo submetido ao diferimento Júlio Cezar Rebés de Azambuja Filho 1, Jean Kásio Fedrigo2, Pablo Fagundes Ataide2, Laion Antunes Stella1, Carlos Nabinger3 1 Mestrandos em Zootecnia UFRGS. Bolsista CAPES/CNPq. Email: [email protected] Doutorando em Zootecnia UFRGS . Bolsista CAPES. Email:[email protected] 3 Professor do Departamento de Plantas forrageiras da UFRGS. Email: [email protected] 2 Resumo: O diferimento é uma técnica de melhoramento de campo que apresenta baixo custo e traz muitos benefícios para o sistema solo-planta-animal. O acúmulo de forragem e ressemeadura natural de espécies desejadas são alguns incrementos que o diferimento de campo proporciona para o sistema. Um importante motivo para o diferimento de pastagem nativa seria permitir à ressemeadura de espécies forrageiras desejáveis, as quais se têm interesse que aumentem sua contribuição na forragem disponível. Esta revisão tem o objetivo de esclarecer alguns benefícios do diferimento por meio do que esta disponível na literatura contribuindo cientificamente com pesquisadores e técnicos que atuam desde a área de manejo e conservação de solos até produção animal. Palavras Chave: forragem, manejo, ruminantes, solo Reseeding of desirable species on native pasture submitted to the deferred Abstract: The deferral is a technique for improving the field that has low cost and has many benefits for the soil-plant-animal. The accumulation of fodder and natural seeding of desired species are some increases that the field provides for deferred of the system. An important reason for the deferral would allow the native pasture reseeding of desirable forage species, which is an interest to increase their contribution to the available forage. This review aims to clarify some of the deferred benefits through what is available in the literature contributing to scientific researchers and technicians who work from the area of management and soil conservation to animal production. Key Words: forage management, ruminants, soil Introdução Embora sem embasamento teórico, mas munidos do conhecimento empírico, ausentar a herbivoría doméstica de um campo era uma prática utilizada no manejo dos pastos de muitas propriedades, com intenção somente de acumular forragem e também 321 devido à venda do gado. Após a safra, em meados do mês de maio, os pastos muitas vezes ficavam ausentes de pastejo durante o inverno e início da primavera. Essa prática se aproxima a condição de clímax e pode ter ajudado a garantir a sustentabilidade desse sistema de terminação por muitos anos. Antes disso, podemos lembrar que os herbívoros selvagens em seu ambiente natural se isolam de determinadas áreas em certas épocas do ano por condições que põem em risco seu conforto. Exemplificando esse comportamento, no RS, com as altas temperaturas os animais evitam as áreas de mato devido à grande quantidade de insetos. O substrato deste ambiente rico em leguminosa acumula forragem, que posteriormente será utilizada quando baixem as temperaturas e as moscas e mutucas não forem mais um afronto ao conforto desses herbívoros (NABINGER, 2009). A exclusão do pastejo também exerce grande influência na composição florística. Analisando a dinâmica vegetacional em uma pastagem nativa na depressão central do Rio Grande do Sul, QUADROS (1998), sugere na discussão da composição botânica que o pastejo tenha sido o distúrbio com maior capacidade de afetar a dinâmica vegetacional. O pastejo vem demonstrado ser um dos fatores mais influentes na composição botânica em vários trabalhos (QUADROS, 1998; CASTILHOS, 2002; PANTULIANO, 2002). O que leva a pensar que ao ausentar uma área do pastejo ocorre um rearranjo da composição botânica. Esta revisão tem o objetivo de esclarecer alguns benefícios do diferimento por meio do que esta disponível na literatura contribuindo cientificamente com pesquisadores e técnicos que atuam desde a área de manejo e conservação de solos assim como produção animal. Revisão bibliográfica Um importante motivo para o diferimento de pastagem nativa seria permitir à ressemeadura de espécies forrageiras desejáveis, as quais se têm interesse que aumentem sua contribuição na forragem disponível (NABINGER, 2009). Podemos verificar em trabalhos como MOOJEN (1991) que testou diferentes épocas de diferimento e detectou diferença na frequência de ocorrência de espécies nos diferentes tratamentos. O diferimento de outono proporcionou maior frequência de Paspalum paucifolium, Sporobolus indicus, Oxalis spp e Hypoxis decumbens, enquanto o diferimento de inverno-primavera aumentou presença de Briza ssp, espécie hibernal de interesse forrageiro com baixa ocorrência naqueles pastos quando mantidos em pastejo continuo. No diferimento de verão Desmodium incanum apresentou maior freqüência que no diferimento em outras épocas. Richardia spp, solo descoberto e mantilho tiveram maior ocorrência no campo nativo sem diferimento e o Paspalum notatum teve maior freqüência no diferimento de verão e no não deferido. Ainda, Piptochaetium spp e Setaria geniculata foram mais freqüentes nos diferimentos de inverno-primavera e verão. Aspilia montevidensis teve maior freqüência nos diferimentos de outono e inverno-primavera. Por último lado, Eryngium ciliatum foi mais frequente nos diferimentos de outono, inverno-primavera e no sem diferimento. A prática de manejo em questão tem demonstrado diferença na proporção da composição de espécies nos campos em diferentes estabelecimentos, ao comparar propriedades adeptas ao diferimento com as que utilizam alta pressão de pastejo durante todo ano. Comparando a diversidade funcional em campo nativo na fronteira oeste do RS, PEREIRA (2010) ao analisar os valores de produção de matéria seca relativos às famílias, encontrou diferença significativa para o local. O autor verificou um aumento na massa de forragem da família Poaceae e redução da família Asteracea em uma 322 propriedade que adotou adequação de carga e uso do diferimento no manejo dos pastos. Isso proporcionou um incremento de gramíneas contribuintes na massa de forragem e consequente aumento da produção animal. Alguns trabalhos internacionais também têm demonstrado a influência do manejo na composição florística. Segundo PANTULIANO (2002), a mobilidade é crucial para sobrevivência do pastoralismo Beja 13. Esses pastores peregrinam pastoreando seu rebanho, o que é realizado buscando-se aliar as necessidades de cada categoria animal com os atributos qualitativos do pasto, ficando áreas ausentes de pastejo por algum tempo. Devido a fatores externos essa característica tem sido perdida por esse povo nas últimas três décadas, fazendo eles se concentrarem aos arredores da cidade. Isso acabou ocasionando modificação na composição botânica nessas áreas de maior concentração de animais, ocorrendo o desaparecimento de sete espécies palatáveis e aumento de espécies consideradas de baixo valor forrageiro. Um experimento realizado na FEPAGRO de São Gabriel-RS, comparou diferentes níveis de adubação com presença e ausência de pastejo. Nos tratamentos sob pastejo observou-se comunidades vegetais semelhantes independentes do uso ou não de adubação. O fator mais determinante para a modificação na composição florística, neste trabalho, foi a presença ou ausência do pastejo, e não as condições do solo (CASTILHOS, 2002). Após acompanhar estes e outros trabalhos dentro da literatura especializada, é importante salientar que destinar todos os anos piquetes diferentes para o diferimento evitam modificações indesejadas na composição botânica. Sendo importante adequar época e tempo no uso do diferimento de modo que proporcione o aparecimento ou perpetuação de espécies desejadas como forrageiras (NABINGER, 2009). Conclusões O uso do diferimento nas estratégias de manejo pode contribuir para uma melhor harmonia das comunidades vegetais em pastagem nativa. Literatura citada CASTILHOS. Z. M. S., Dinâmica vegetacional e Tipos Funcionais em áreas excluídas e pastejadas sob diferentes condições iniciais de adubação. 2002. 52f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - programa de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. MOOJEN, E.L. Dinâmica e potencial produtivo de uma pastagem nativa do Rio Grande do Sul submetida a pressões de pastejo, épocas de diferimento e níveis de adubação. 1991. 172 f. Tese (Doutorado)-Programa de Pós-graduação em Zootecnia, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,1991. NABINGER, C.; FERREIRA, E.T.; FREITAS, A.K.; CARVALHO, P.C.F. & SANT‘ANNA, D.M. Produção animal com base no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S. & JACQUES, A.V.A. (Ed.). Campos Sulinos, conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília/DF: MMA, 2009. p 175-198. 13 Povo pastor do leste da África. 323 PANTULIANO, S. Sustaining livelihoods across the around settlements has changed, with the disappearance of seven palatable species and challenges facing the Beja pastoralists of north eastern Sudan. 2002. International Institute for environment and development. (IIED). London, UK. p. 11-12. PEREIRA, L. P. Perfil sócio-produtivo de pecuaristas na área de proteção ambiental do rio Ibirapuitã (APA do Ibirapuitã) e avaliação da diversidade funcional de pastagens naturais da região centro-oeste do rio grande do sul. 2010. Dissertação. (Mestrado em Zootecnia) – Curso de pós- graduação em Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria. QUADROS, F.L.F., (1998) Dinâmica vegetacional em pastagem natural submetida a queima e pastejo. Ciência Rural, v.31,n.5, p.863-868. 2001. 324 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.25. Influência da intensidade de pastejo sobre a estrutura da vegetação e no comportamento ingestivo de bovinos pastejando pastagens naturais no sul do Brasil Júlio Cezar Rebés de Azambuja Filho 1, Jean Kásio Fedrigo1, Laion Antunes Stella1, Fabio Pereira Neves1, Carlos Nabinger2 e Paulo Cesar de Faccio Carvalho 2 1 2 Programa de Pós-graduação em Zootecnia – UFRGS. Departamento de plantas forrageiras - UFRGS. Resumo: As pastagens nativas desempenham importante função na regulação dos ciclos biogeoquímicos e na biodiversidade do planeta, além de cumprir um importante papel como suporte forrageiro de uma pecuária de corte, que mantém a sustentabilidade dos ecossistemas pastoris naturais quando manejadas adequadamente. Contudo, faz-se necessário o entendimento dos processos envolvidos neste ambiente pastoril. Alguns trabalhos já demonstraram que cargas animais intermediárias proporcionam desempenhos adequados juntamente com a manutenção da diversidade em ambientes pastoris heterogêneos. Parâmetros de estrutura da vegetação e comportamento ingestivo estão sendo estudados, e os resultados estão consistentes em demonstrarem limites em algumas variáveis de estrutura do pasto que depreciam o consumo de forragem. Essas informações geradas pela pesquisa científica são ferramentas que juntamente com a experiência dos manejadores podem gerar contribuições aos sistemas pecuários baseados em pastagens naturais. Palavras Chave: altura do pasto, touceiras, massa de forragem, oferta de forragem, consumo de forragem Set of factors considerable to the management of heterogeneous rangelands Abstract: The native pastures play an important role in the regulation of biogeochemical cycles and biodiversity of the planet and play an important role as a forage crop of beef cattle, which maintains the sustainability of natural ecosystems pastoris when properly managed. However, it is necessary to understanding the processes involved in the pastoral environment. Some studies have shown that intermediate stocking rates provide adequate performance with the maintenance of diversity in heterogeneous environments pastoris. Parameters of vegetation structure and ingestive behavior are being studied and the results are consistent in demonstrating limits for some variables of sward structure that detract from the consumption of forage. The information generated by scientific research are tools that together with the experience of managers can generate contributions to the livestock systems based on natural pastures. 325 Key Words: forage allowance, forage height, forage intake, tussocks Introdução As pastagens nativas desempenham importante função na regulação dos ciclos biogeoquímicos e na biodiversidade do planeta, além de cumprir importante papel como suporte forrageiro de uma pecuária sustentável. Portanto, faz-se necessário o melhor entendimento das relações de causa/efeito entre a interface planta animal nestes ecossistemas complexos. O Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia da UFRGS (DPFA) há 25 anos mantém um protocolo experimental com novilhos (as) de corte desde 1986. Os tratamentos são níveis fixos de oferta de forragem (OF) de 4, 8, 12, 16 kg de material seca/100 kg de peso vivo (% PV). Depois de observada a sazonalidade de produção e interação do desempenho com as estações do ano, em 1999 foram introduzidas três combinações de variação de OF na primavera, 12 8% PV, 8 12% PV e 16 12% PV, sendo que o primeiro número representa a OF mantida na primavera e o segundo no restante do ano. Durante os primeiros 14 anos de experimento, o manejo da OF em 12% PV sempre proporcionou os maiores desempenhos animais e produção de forragem em relação aos demais tratamentos, ao passo que a OF extremas, como 4% PV e 16% PV o desempenho era inferior, assim como a produção de forragem (Moojen e Maraschin, 2002). Porém, a partir da introdução dos tratamentos de OF variável a estratégia de manejo 8 12% PV proporcionou maior produção vegetal e animal em relação à OF 12% PV. Este efeito é resultado de um maior controle na estrutura do pasto pela diminuição da OF na primavera (Neves, 2012). Uma série de experimentos avaliando o comportamento ingestivo de bovinos foram conduzidos em diferentes escalas de observação, partindo da escala diária e em nível de piquete, e de curto prazo (50 min – 1h), sítio de pastejo, onde se consegue medir variáveis até escala de bocado. Com os resultados obtidos, algumas perguntas científicas e práticas, podem ser mais bem entendidas: i) Quais as explicações, via comportamento ingestivo, que justificam a queda de desempenho animal em situações extremas de intensidade de pastejo? ii) Qual a altura ideal para manejar a pastagem natural? Quando a estrutura do pasto pode limitar a colheita de forragem pelos bovinos a ponto de causar redução no desempenho animal e quando dever ser realizada alguma intervenção antrópica? A presente revisão tem por objetivo apresentar a comunidade científica, técnicos, produtores e gerentes de sistemas pecuários, uma sinopse dos estudos de relacionado a estrutura da vegetação e comportamento ingestivo de bovinos em experimentos realizados nos últimos 10 anos de pesquisa no DPFA - UFRGS. Revisão bibliográfica As principais teorias atualmente dominantes na ecologia mencionam que o pastejo constitui-se num distúrbio capaz de afetar, direta e indiretamente, as relações de competição entre plantas dentro de uma comunidade vegetal e, por consequência, o ecossistema seria afetado pela alteração de suas trajetórias vegetacionais. A estrutura da vegetação num determinado sítio seria resultante de um equilíbrio provocado por combinações de fatores locais que afetam a competição interespecífica no seio da comunidade, conferindo um potencial de produção de forragem para cada tipo de estrutura formada. Uma pastagem manejada com alta pressão de pastejo promove um ambiente homogêneo, composto somente de estrato inferior com baixa altura do pasto e massa de forragem, reduzindo a massa do bocado e limitando a taxa de ingestão (Gonçalves et al. 326 2009). Com o objetivo de explicar a influência da altura no processo de pastejo, Gonçalves et al., (2009) verificou que ALT menores que 5 cm prejudica a coleta do pasto e reduz taxa de ingestão de forragem em 60%, logo, com ALT de 11,5 cm foram encontradas as maiores taxas de ingestão de forragem em bovinos. Da Trindade et al (no prelo), em escala temporal diária, também verificou menor consumo diário de forragem em alturas inferiores a 5 cm. Neste contexto, nota-se que altura do pasto é um parâmetro de simples adoção e com boa utilidade. Da Trindade et al. (2012) estudando as relações da estrutura do pasto com o consumo diário, também concluiu que o consumo foi potencializado em ALT entre 8 e 13 cm em pastagem nativa, resposta semelhante a obtida por Gonçalves et al., (2009) em escala de sitio de pastejo e de bocado, os quais encontraram maior massa de bocado, profundidade de bocado e taxa de ingestão de forragem. Desta forma, têm sido aceito que a faixa de 8 a 13 cm de altura do estrato inferior como adequada para manter os animais com alta taxa de consumo de forragem. Ainda que a altura seja uma excelente ferramenta para manejar uma pastagem, o processo de pastejo pode ser mais bem entendido quando são levadas em conta, simultaneamente, outras variáveis descritoras da estrutura do pasto. A frequência de touceiras (FT) é outra variável importante a se considerar como efeito da estrutura sobre o comportamento ingestivo. Em pastagens heterogêneas a formação de touceiras tornase um obstáculo, quando em alta frequência, dificulta a colheita de forragem pelos bovinos por encontrarem espécies e/ou estruturas de pasto de maior qualidade e preferidas, ocultando o estrato inferior do pasto (Laca et al, 2001, Neves, 2012). Da Trindade et al., (2012), estudando o consumo diário de pasto encontrou queda no consumo diário em pastos com FT superior a 35%. Esta mesma queda no consumo foi também observada em escala reducionista por Bremm et al., (submetido). Estes autores ajustaram um modelo onde a taxa de ingestão forragem declinou em pasto com mais 34% de touceiras de capim Annoni (Eragrastis plana Ness). Neves (2012) verificou aumento de frequência de pastejo na touceira e redução na taxa de ingestão quando a frequência de touceiras ultrapassou 40%. Neste tipo de situação seria conveniente a utilização de um método para o controle das touceiras como, por exemplo, roçadora, a partir de valores superiores a 35 – 40% de touceiras. A informação de que alta frequência de touceira limita a taxa de ingestão podem intuir que a heterogeneidade das pastagens não seja conveniente ao meio produtivo, porém estudos tem demonstrado que a presença das touceiras na pastagem aumenta a taxa de ingestão de forragem. Bremm et al. (2012) moldaram pastos naturais com mesma altura do estrato inferior (10 cm) e encontraram um comportamento quadrático desta variável quando aumentou a FT, e foi observado um aumento na taxa de consumo até 35% de touceiras, evidenciando sua importância, para o aumento da taxa de consumo dos bovinos, sem falar nos benefícios ecológicos proporcionados. A alta FT muitas vezes pode se configurar como um complicador do manejo, porém, é um componente necessário ao funcionamento do ecossistema, pois permite aos animais uma alta oportunidade de seleção de dieta, através das várias opções de estrutura de plantas que são oferecidas. A aplicação desse conhecimento é fundamental aos manejadores de pastagens buscarem a obtenção de uma estrutura que resulte em uma maior massa de bocado e um grau de heterogeneidade do pasto, desde que não dificulte a colheita de forragem. A adequação do manejo a cada situação particular de pastagem deve ser levada em consideração quando se deseja realizar uma intervenção visando à melhoria da estrutura do pasto, e assim o conhecimento empírico da superfície pastoril aliado aos 327 conhecimentos científicos aqui apresentados, servem de referencial para auxiliar na tomada de decisão de quando é necessário realizar uma intervenção de manejo ou não, e como são caracterizadas as estruturas de pasto que maximizam a colheita de forragem. Conclusões Intensidades de pastejo extremas podem limitar o consumo de forragem por problemas estruturais agindo sobre o comportamento ingestivo dos bovinos. Por um lado, há falta de heterogeneidade quando a pastagem é mantida sobre alta pressão de pastejo, e por outro pelo aumento da frequência de touceira e diminuição da presença de estrato inferior. Pode-se concluir que os resultados convergem para uma configuração estrutural do pasto com massa de forragem variando ente 1500 a 2000 kg MS/ha e altura do estrato inferior ente 8 e 13cm, com frequências de touceiras inferiores a 35%. Este valor pode ser considerado como referência para se manejar as pastagens naturais de forma sustentável. Literatura citada BREMM, C., LACA, E. A., FONSECA, L., MEZZALIRA, J. C. G., ELEJALDE, D. A., GONDA, H. L., CARVALHO, P. C. F. Foraging behaviour of beef heifers and ewes in natural grasslands with distinct proportions of tussocks. Applied Animal Behaviour Science. Submetido, 2012. DA TRINDADE, J.K., PINTO, C. E., NEVES, F.P., MEZZALIRA, J.C., BREMM, C., Genro, T.C.M., Tischler, M.R., NABINGER, C., GONDA, H.L., Carvalho, P.C.F.. Forage Allowance as a Target of Grazing Management: Implications on Grazing Time and Forage Searching. Rangeland Ecology & Management, 2012. GONÇALVES, E. N., CARVALHO, P.C.F., KUNRATH, T.R., CARASSAI, I.J., BREMM, C., FISCHER, V.. Relações planta-animal em ambiente pastoril heterogêneo: processo de ingestão de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia 38:1655-1662, 2009. LACA, E.A., SHIPLEY, L.A., REID, E.D. Structural anti-quality characteristics of range and pasture plants. Journal of Range Management 54:413-419, 2001. MOOJEN, E.L.; MARASCHIN, G.E., 2002. Potencial produtivo de uma pastagem nativa do Rio Grande do Sul submetida a neveis de oferta de forragem. Ciência Rural, 32, 127-132. NEVES, F.P., 2012. Oferta de forragem em pastagem natural: estrutura do pasto e taxa de ingestão de novilhas de corte. Tese de Doutorado, Faculdade de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, p.208, 94-95. 328 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.26. Produção animal em pastagem natural manejada na estação fria sob pastoreio rotativo com diferentes intervalos de descanso João Bento Pereira1, Bruno Castro Kuinchtner3, Fernando Luiz Ferreira de Quadros 2, Régis Maximiliano Roos de Carvalho³, João Elias Alfonso 1, Fernando Forster Furquim1 1 Alunos do programa de pós-graduação em zootecnia da UFSM Professor associado da Universidade Federal de Santa Maria ³ Alunos de mestrado do programa de Pós-graduação em Zootecnia da UFSM 2 Resumo: O experimento foi realizado entre maio e setembro de 2011 em uma área pertencente a UFSM, dividida em 42 piquetes de 0,5 ha. Foram utilizados 36 animais suplementados com 0,5% do peso vivo com milho triturado. O método de pastorio utilizado foi o rotativo com diferentes intervalos de pastejo em função das somas térmicas de 375 ou 750 graus dia (GD) acumulados. Os animais-testes foram novilhas de idade média inicial de 18 meses, sendo utilizadas seis novilhas teste por unidade amostral mais um número variável de reguladoras, ajustadas de acordo com a massa de forragem. Não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos, para a massa de forragem do estrato inferior e ganho por área. Para a variável ganho médio diário (GMD) foi observada diferença apenas no terceiro período de avaliação. Palavras Chave: ganho médio diário, novilhas, suplementação. Animal production in natural pasture managed under rotative grazing with different resting gaps Abstract: The experiment was realized between May and September, 2011, in a UFSM‘s campus area, divided in 42 paddocks of 0,5 ha. It was utilized 36 animals, supplemented with 0,5 % of their live weight with triturated corn. It has been used the rotational grazing with different graze intervals, determined by the thermal amount of 350 or 750 degree grade (DG) accumulated. The animals used in this experiment were heifers with the average age of 18 months, utilizing 6 heifers per sample unit plus a variable number of regulators determined by the forage mass. For the inferior stratum and the area gain there weren‘t found significant differences between the treatments. For the average-daily-gain (ADG) was observed difference only on the third evaluation period. Key Words: heifers, rotational grazing, supplementation Introdução A produção de carne bovina no Rio Grande do Sul ocorre predominantemente em pastagens naturais do bioma Pampa, um ambiente alimentar extremamente 329 heterogêneo, formado por uma vegetação de elevada diversidade florística, funcional e estrutural. Essas pastagens são o maior recurso forrageiro existente e o de menor custo (Nabinger et al., 2009). Apesar disso, tais pastagens vem perdendo áreas expressivas para outras culturas comerciais, como a soja, o florestamento, e mais recentemente a cultura da cana ( QUADROS et al. 2011). Diante desta situação torna-se necessário a racionalização do uso destes sistemas e o uso do pastoreio rotativo para melhor utilização da forragem disponível. O aporte nutricional de pastagens naturais gaúchas, no período de inverno, é reduzido devido às baixas temperaturas e também à ocorrência de geadas. Nesse período, há uma diminuição na oferta de nutrientes devido à diminuição do crescimento e uma queda na qualidade das pastagens naturais. Isto pode prejudicar o desempenho dos animais sobre estas pastagens. O uso da suplementação pode suprir tas exigências propiciando um desempenho desejado aos animais. Uma alternativa para se obter índices produtivos durante o período de inverno pode ser o pastoreio rotativo definido pelo acúmulo térmico diário. A radiação solar acumulada ao longo tempo de descanso da pastagem beneficia o crescimento da planta, pois permite um desenvolvimento de folhas e um armazenamento de reservas que serão utilizados no rebrote. O uso da duração de vida das folhas, como critério de intervalo entre pastejos, tem sido recomendado por permitir manter índice de área foliar mais próximo da máxima eficiência de interceptação luminosa e máxima taxa de crescimento (SILVA & NASCIMENTO JR., 2007). Diante desse contexto, este trabalho teve como objetivo avaliar a quantidade de biomassa no estrato inferior, o ganho médio diário (GMD) e o ganho de peso vivo por área (GPA) de uma pastagem natural durante a estação fria. Material e Métodos O experimento foi realizado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no período de maio a setembro de 2011 em uma área de pastagem natural manejada pelo Laboratório de Ecologia de Pastagens Naturais (LEPAN). A área é localizada na região fisiográfica denominada Depressão Central, do Rio Grande do Sul, com coordenadas geográficas 29º43‘ S, 53º42‘ W, com altitude de 95 m acima do nível do mar. O clima da região é Cfa, subtropical úmido, segundo a classificação de Köppen com precipitação média anual de 1769 mm, temperatura média anual de 19,2°C, com média das mínimas de 9,3°C em junho e média das máximas de 24,7°C em janeiro. Os animais teste foram novilhas com predominância de sangue da raça Angus e novilhas provenientes de cruzamento Charolês-Nelore. Foram utilizados seis animais em cada unidade experimental, sendo três de cada grupo. Os animais tinham idade inicial média de doze meses com peso médio inicial de 220 kg. A área experimental utilizada foi constituída por 42 piquetes de aproximadamente 0,5 ha cada. As espécies predominantes na área são Aristida laevis, Andropogon lateralis, Paspalum notatum, Axonopus affinis e ainda uma quantidade representativa de Erianthus spp. As novilhas receberam suplementação energética de milho moído a 0,5% do peso vivo, sendo fornecido no período da tarde. Estes animais também receberam sal proteinado (45 % de PB). O delineamento experimental foi em blocos completamente casualizados, com dois tratamentos (diferentes intervalos entre pastoreios) e três repetições para cada 330 tratamento. O fator de bloqueamento foi a topografia do terreno (topo, encosta e baixada). Foram avaliados dois intervalos de pastejo, 375 e 750 graus-dia (GD), correspondentes a duração da elongação foliar de gramíneas pertencentes aos grupos A e B, ou C e D dos tipos funcionais propostos por Quadros et al.(2009). Resultados e Discussão O ganho médio diário dos animais, o ganho de peso por área e a massa de forragem do estrato inferior estão apresentados na Tabela 1. Houve diferença entre tratamentos para o ganho médio diário apenas no terceiro período, não sendo observadas mais diferenças, inclusive na média dos períodos. Tabela 1- Ganho médio diário, ganho de peso por área por dia de novilhas de corte recebendo suplemento protéico energético e biomassa de forragem do estrato inferior (0 – 15 cm) durante o outono/inverno. Santa Maria, RS. Ganho Médio Diário Tratamento 375 GD 24/06 0,058 22/07 ns 0,231 ns 20/08 0,357 b 16/09 0,413 ns 750 GD 0,157 0,087 0,554a 0,332 Média 0,108 0,159 0,456 0,372 Ganho de peso por área Média 0,265ns 0,282 Total 375 GD 2,33ns 12,17ns 20,77ns 22,44ns 57,71ns 750 GD 9,77 4,89 31,66 18,00 64,32 Média 6,05b 8,53b 26,22a 20,22a Massa de Forragem do Estrato Inferior Média 375 GD 2463,1ns 2778,9ns 1972,2ns 2267,5ns 2370,4ns 750 GD 2534,0 1661,5 2097,7 1682,8 1994,0 ns Não houve diferença entre os períodos e entre os tratamento pelo teste de Tukey em nível de 5%. Letras distintas na coluna indicam que houve diferença entre os tratamentos. Tais ganhos foram cerca de 3 vezes superiores aos ganhos observados durante o período de inverno por Soares et al.(2005). Esses autores obtiveram como melhor ganho médio diário o valor de 0,178 kg/an/dia e um ganho por área de 18 kg/ha, em pastagem natural submetida a diferentes ofertas, sem suplementação. Baseado nisso, observamos que o uso da soma térmica aliada à suplementação na estação fria pode ser uma ferramenta útil na otimização da eficiência produtiva zootécnica. Não foram encontradas diferenças entre tratamentos para a massa de forragem no estrato inferior, o que pode explicar a ausência de diferença dos ganhos médios diários (GMD). A forragem do estrato inferior, principalmente a altura desta, apresenta grande influência no consumo de forragem e consequentemente no ganho de peso (PINTO et al., 2007). O consumo médio estimado de matéria seca destes animais foi de 2,4% do peso vivo, sendo que o suplemento energético representou aproximadamente 20% da dieta, o que também pode ter colaborado na semelhança dos GMD. 331 Conclusões Não foram observadas diferença significativa entre os tratamentos para o ganho médio diário (GMD) ou ganho por área.. Não foi observada diferença significativa entre a biomassa do estrato inferior entre os tratamentos. Literatura Citada NABINGER, C. et al. Produção animal com base no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. In: PILLAR, V. de P.; MÜLLER, S. C.; CASTILHOS, Z. M. de S.; JACQUES, A. V. A. (Ed.). Campos sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2009. cap.13, p. 175-198. PINTO et al. Comportamento ingestivo de novilhos em pastagem nativa no Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.2, p.319-327, 2007. QUADROS, F. L. F. et al. Utilizando a racionalidade de atributos morfogênicos para o pastoreio rotativo: experiência de manejo agroecológico em pastagens naturais do Bioma Pampa. Cadernos de Agroecologia, v. 6, n. 1, 2011. QUADROS, F. L. F. et al. Uso de tipos funcionais de gramíneas como alternativa de diagnóstico da dinâmica e do manejo de campos naturais. In: Anais... Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2006, João Pessoa, CD-Rom. SILVA, S. C.; NASCIMENTO, D. Avanços na pesquisa com plantas forrageiras tropicais em pastagens: características morfofisiológicas e manejo do pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, suplemento especial, p.121-138, 2007. SOARES, A. B. et al. Produção animal e de forragem em pastagem nativa submetida a distintas ofertas de forragem. Ciência Rural, Santa Maria. v.35, n.5, p.1148-1154, 2005. 332 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.27. Consumo de matéria seca por novilhas de corte em pastagem natural no período de outono/inverno manejadas em sistema de pastoreio rotativo Pedro Trindade Casanova4, Fernando Luiz Ferreira de Quadros3, Manuella Fleig4, Paula de Oliveira Severo4, Régis Maximiliano Roos de Carvalho 2, Bruno Castro Kuinchtner1 1 Parte da dissertação de mestrado do último autor, financiada pelo CNPq. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia. 3 Professor do Departamento de Zootecnia. 4 Estudante de graduação em Zootecnia. 2 Resumo: O experimento foi realizado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em uma área de 24 hectares dividida em 42 piquetes de aproximadamente 0,5 ha cada, pertencente ao Laboratório de Ecologia de Pastagens Naturais (LEPAN) no período de maio a setembro de 2011. Foram utilizadas 36 novilhas com idade média de 20 meses e 238 kg de peso vivo, sendo 18 da raça Red Angus e 18 oriundas do cruzamento das raças Charolês x Nelore. As novilhas foram manejadas em um sistema de pastoreio rotativo, os tratamentos foram dois intervalos de descanso, a somas térmicas de 375 e 750 graus-dias. Os animais receberam 0,05% do peso vivo de suplemento energético. O consumo de matéria seca foi determinado utilizando como indicador externo o óxido de cromo, não havendo diferença para o consumo de matéria seca entre os tratamentos e entre períodos. Palavras Chave: duração da expansão foliar, graus-dia, óxido de cromo, suplemento Dry matter intake by beef heifers on grasslands during autumn/winter managed under rotational grazing Abstract: The experiment was conducted in a UFSM`s between May and September, 2011, in area of 24 hectares divided into 42 paddocks of approximately 0.5 ha each, belonging to the Laboratory of Nature Pasture (LEPAN). Were used 36 heifers with age of 20 months and 238 kg live weight, 18 was Red Angus and 18 from the crossing of Charolais vs Nellore. Heifers were managed in a rotational grazing system, the treatments were two rest breaks, thermal sum of 375 and 750 degree-days. The animals received 0.05% of body weight of energy supplement corn. The dry matter intake was determined using as marker external chromium oxide, no were observed difference to the dry matter intake between treatments and between periods. Key Words: chromium oxide, degree-days, intake, supplement 333 Introdução No Rio Grande do Sul, a produção pecuária de corte, ainda é baseada em sistemas extensivos a campo, tendo como base de produção as pastagens naturais (SEBRAE, SENAR e FARSUL, 2005). A busca por manejos que auxiliem em uma colheita de forragem de melhor qualidade pelos animais pode gerar um incremento nos índices produtivos. O campo nativo tem uma variação quantitativa e qualitativa significante no decorrer do ano, devido a sua sazonalidade na produção de biomassa pela maior contribuição de espécies estivais que o compõe. O consumo de forragem é o principal fator determinante do desempenho dos animais em pastejo, este é influenciado por vários fatores associados ao animal, ao pasto, ao ambiente e às suas interaçõesCarvalho et al. (2009). Entre outros fatores que influenciam no consumo, é importante destacar a estrutura da pastagem disponível aos animais, que interfere na apreensão da forragem. Estimar o consumo de matéria seca dos animais é importante para a partir desta informação se quantificar a ingestão de nutrientes. Conhecendo a qualidade do alimento ingerido pelos animais é possível ajustar as deficiências nutricionais da dieta. Uma das formas de disponibilizar nutrientes aos animais é pelo fornecimento de suplementos que contemplem o déficit de nutrientes essenciais. O uso da suplementação é uma forma de aumentar a ingestão de nutrientes pelos animais mantidos a campo, com intuito de melhorarmos o desempenho produtivo dos mesmos. Barbosa et al. (2007). Este trabalho teve a intenção de avaliar o consumo de matéria seca de suplemento e da pastagem natural ingeridos por novilhas de corte manejadas em sistema de pastoreio rotativo no período de outono/inverno. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em uma área de aproximadamente 24 hectares de pastagem natural pertencente ao Laboratório de Ecologia de Pastagens Naturais (LEPAN). A área disponibilizava 42 piquetes com aproximadamente 0,5ha onde foram manejadas 36 novilhas com idade de 20 meses e com peso inicial de 238 kg no período de maio a setembro de 2011, sendo a metade da raça Red Angus e as outras 18 oriundas do cruzamento entre Charolês x Nelore. As novilhas foram manejadas em sistema de pastoreio rotativo com intervalos de descanso determinados pelas somas térmicas acumuladas de 375 e 750 graus dias (GD), distinguindo os tratamentos. As somas térmicas de 375 e 750 GD correspondem a duração da elongação foliar das principais espécies que pertencem aos grupos funcionais de plantas A e B ou C e D propostos por Quadros et al. (2009). Os animais tinham livre acesso a cocho de água e sal proteinado com 45% de PB e recebiam 0,05% do PV, diariamente, de milho triturado. A estimativa do consumo de matéria seca (CMS) foi realizada utilizando como indicador externo o óxido de cromo (Cr2O3), fornecido em cápsulas uma vez ao dia, juntamente com o suplemento energético durante 10 dias. Foram fornecidos aproximadamente 40 gramas de marcadores de polietileno de cores diferentes para cada animal, auxiliando na identificação das fezes no momento da coleta, as quais eram realizadas nos turnos da manhã e tarde durante os últimos três dias de fornecimento do óxido de cromo. As fezes que continham os marcadores foram coletadas e armazenadas em bandejas de alumínio ―marmitex‖ e alocadas em estufa com circulação de ar forçado até 334 peso constante. Após foram maceradas e moídas em moinho tipo Willey com peneira de 1 mm para posterior análise química. O teor de cromo nas fezes foi determinado com auxílio de espectrofotômetro de absorção atômica, conforme metodologia descrita por Williams et al. (1962). A produção fecal (PF) foi obtida pela fórmula: cromo fornecido (g/dia) dividido pela concentração de cromo nas fezes (g/ kg MS), dividido pela taxa de recuperação do cromo. O consumo de matéria seca (CMS) de pasto é o resultado da PF menos a quantidade de suplemento ingerido pelos animais multiplicado por (1 – DIVMS suplemento), dividido por (1 – DIVMS pasto). Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM pelo Software estatístico SAS (2001), utilizando as médias para comparação pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Não foi observada diferença no consumo de matéria seca para os tratamentos e períodos como pode ser evidenciado na Tabela 1. A suplementação energética fornecida às novilhas pode ter contribuido para a ausência de diferenças de consumo entre os tratamentos, podendo ter beneficiado a taxa de passagem da MS nos dois tratamentos, mantendo níveis de consumo semelhantes. A suplementação representou aproximadamente 20% da matéria seca total da dieta ingerida. O menor consumo para o segundo período pode ser atribuído à redução na oferta de biomassa, pois como a carga animal foi fixa, neste período os animais possuíam peso corporal superior. Tabela 1- Ingestão de matéria seca por novilhas de corte em pastagem natural em porcentagem do peso vivo. Tratamento Julho Setembro Média* 375 GD 2,54 2,18 2,36 750 GD 2,54 2,34 2,44 2,54a 2,26a Médias com letras iguais não diferem pelo teste de Tukey em nível de 5%. *C.V=15,59 % Conclusão Não foram encontradas diferenças entre os diferentes intervalos de descanso para o consumo de matéria seca total por novilhas de corte manejadas em sistema de pastoreio rotativo pastagem natural na estação fria, com valor médio de 1,94 % do peso vivo de matéria seca da pastagem.. Referências bibliográficas BARBOSA, F.A.; GRAÇA, D.S.; MAFFEI,W.E.F. Desempenho e consumo de matéria secade bovinos sob suplementação proteicoenergética,durante a época de transição água seca. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, p.160-167, 2007. CARVALHO, P. C. de F. et al. Lotação animal em pastagens naturais: políticas, pesquisas, preservação e produtividade. In: PILLAR, V. de P.; MÜLLER, S. C.; CASTILHOS, Z. M. de S.; JACQUES, A. V. A. (Ed.). Campos sulinos: conservação e 335 uso sustentável da biodiversidade. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2009. cap. 16, p. 214-228. QUADROS, F. L. F. de; TRINDADE, J. P. P.; BORBA, M. A abordagem funcional da ecologia campestre como instrumento de pesquisa e apropriação do conhecimento pelos produtores rurais. In: PILLAR, V. de P.; MÜLLER, S. C.; CASTILHOS, Z. M. de S.; JACQUES, A. V. A. (Ed.). Campos sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2009. cap. 15, p. 206-213. SEBRAE; SENAR; FARSUL. Diagnóstico de Sistemas de Produção de Bovinocultura de corte do Estado do Rio Grande do Sul. 2005. 144 p. Relatório de Pesquisa – Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2005. WILLIAMS, C.H.; DAVID, D.J.; ILSMAA, O. The determination of chromic oxide in faeces samples by atomic absorption spectrophotometry. Journal of Agricultural Science, v.59, n.1, p.381-385, 1962. 336 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.28. Simulação da qualidade da dieta de novilhas de corte em pastagem nativa manejada sob pastoreio rotativo com diferentes dias de ocupação Camila da Rosa Carnelosso 1, João Bento Pereira1, Pedro Trindade Casanova1, Thiago Henrique Nicola de Carvalho 2, Cezar Wancura Barbieri3, Fernando Luiz Ferreira de Quadros4 1 Aluno do Curso de Graduação em Zootecnia – UFSM email: [email protected]. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia - UFSM. 3 Metrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia - UFSM. 4 Professor do Departamento de Zootecnia – UFSM. 2 Resumo: O conhecimento da quantidade, composição e qualidade da forragem produzida e disponível aos animais é o ponto inicial para a estruturação do sistema de produção da propriedade de forma sustentável (DIAS, 1998). O objetivo deste trabalho foi analisar a qualidade da forragem aparentemente consumida, na estação quente, por novilhas através de sua avaliação bromatológica, em pastagem natural manejada de forma rotacionada, com diferentes intervalos de descanso. Foram utilizadas novilhas com predominância de sangue da raça angus, com idade inicial média de 12 meses. O peso médio inicial foi de 185,2kg. O método de pastoreio utilizado foi o rotativo com intervalo de descanso determinado pelo acúmulo de 375 e 750 graus-dia (GD). Os valores obtidos de PB, FDN e FDA foram submetidas a análises de variância pelo procedimento GLM pelo teste de Tukey (P<0,05) pelo programa estatístico SAS. Houve diferença significativa entre os tratamentos, 375 GD e 750 GD, no primeiro período para FDN E FDA, não havendo diferença para MS, MO e PB. No segundo período houve diferença significativa para teores de MS e FDN, não havendo diferença para valores de MO, FDN e PB. No terceiro período não houve diferença significativa para nenhuma das variáveis analisadas. Os meses da estação quente, quando a temperatura é elevada, favorecem o rápido crescimento das espécies forrageiras tropicais e subtropicais e o rendimento da pastagem é alto, pois o campo nativo apresenta melhor valor forrageiro, maior quantidade e qualidade de espécies na sua estação de crescimento (primavera-verão). Não houve diferença significativa na qualidade da forragem aparentemente ingerida pelos animais para os diferentes tratamentos. Palavras Chave: fibra em detergente ácido, fibra em detergente neutro, pastagem natural, pastoreio rotativo, proteina bruta Abstract: The knowledge of quantity, composition and quality of forage produced and available for animal is the initial point to build up a farmer‘s production system in a sustainable manner (DIAS, 1998). The objective of this study was to analyze the quality of heifers‘ apparently consumed forage in the warm season through its proximal 337 analysis in a natural pasture managed with rotational grazing with different rest intervals. Heifers with predominance of the Angus breed with 12 months of initial average age were used. Its weight was 185.2 kg in average. The grazing method was the rotational grazing with rest intervals determined by the accumulation of 375 and 750 degree-days (DD). The values obtained for CP, NDF and ADF were submitted to analysis of variance by the GLM procedure using the Tukey test (P <0.05) with statistical program SAS. There were differences for NDF and ADF between treatments, 375 DD and 750 DD, in the first period , with no difference for DM, OM and CP. In the second period there was a significant difference for DM and NDF, with no difference in values of OM, NDF and CP. In the third period there was no significant difference for any of the variables. The warm season months , when the temperature is high, enhances rapid growth of tropical and subtropical forage and pasture yield is high because natural pasture has better forage value, higher quality and quantity of species in their growing season (spring-summer). No significant differences was found in forage quality apparently eaten by animals in different treatments. Key Words: Acid detergent fiber, neutral detergent fiber, natural pasture, rotational grazing, crude protein. Introdução O estado do Rio Grande do Sul tem o 6º maior rebanho bovino do país com mais de 14,366 milhões de cabeças e 68,9% da área pastoril do estado é composta por campo nativo. Boa parte dos produtores considera os campos nativos como um excelente recurso na alimentação e nutrição dos rebanhos, pelo seu aporte energético, principalmente para cria e recria de animais de corte, devido à sua formação expontânea, e por pertencer ao Bioma dos Pampas. A produção animal é uma resposta direta da quantidade e qualidade do alimento consumido (MINSON, 1982). O conhecimento da quantidade, composição e qualidade da forragem produzida e disponível aos animais é o ponto inicial para a estruturação do sistema de produção da propriedade de forma sustentável (DIAS, 1998). O objetivo deste trabalho foi analisar a qualidade da forragem aparentemente consumida por novilhas através de sua avaliação bromatológica, na estação quente, em pastagem natural manejada de forma rotacionada, com diferentes intervalos de descanso. Material e Métodos O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em área de pastagem natural pertencente ao Laboratório de Ecologia de Pastagens Naturais (LEPAN), no período compreendido entre novembro de 2011 á março de 2012. A área é localizada na região fisiográfica denominada Depressão Central, do Rio Grande do Sul, com coordenadas geográficas 29º43‘ S, 53º42‘ W, com altitude de 95m acima do nível do mar. O clima da região é Cfa, subtropical úmido, segundo a classificação de Köppen com precipitação média anual de 1769 mm; temperatura média anual de 19,2° C, com média das mínimas de 9,3° C em junho e média das máximas de 24,7°C em janeiro; e umidade relativa do ar de 82% (MORENO, 1961). Na área experimental existe a predominância de solo Planossolo Hidromórfico eutrófico, com argila de alta atividade, nas áreas de baixadas e, as áreas de topo e encosta, são classificadas como Argissolo Vermelho distrófico, com argila de baixa atividade (STRECK et al., 2002). 338 A área experimental utilizada foi constituída por 42 piquetes de aproximadamente 0,5ha cada. As espécies dominantes na área são Aristida laevis, Andropogon lateralis, Paspalum notatum, Axonopus affinis e ainda uma quantidade representativa de Saccharum spp. Os animais testes foram novilhas com predominância de sangue da raça angus, com idade inicial média de 12 meses. O peso médio inicial foi de 185,2kg. Cada unidade experimental recebeu 24 animais testes, perfazendo um total de 36 animais testes mais um número variável de animais reguladores, conforme a massa de forragem do período. O delineamento experimental foi em blocos completamente casualizados, com dois tratamentos (diferentes intervalos entre pastoreios) e três repetições para cada tratamento, conforme o relevo ( Topo, encosta e baixada). O método de pastejo utilizado foi o rotativo com intervalo de descanso determinado pelo acúmulo de 375 e 750 graus-dia (GD), equivalente a soma térmica acumulada para a duração média de elongação foliar de gramíneas de pastagem nativa agrupadas, respectivamente, nos grupos A e B ou C e D, propostos por QUADROS et al. (2006). Nas datas de 06/03, 07/03, 08/03, 10/03, 11/03, 12/03 e 13/03 foram coletadas amostras similares à forragem pastejada pelos animais por amostradores previamente treinados. Foi coletado material similar ao pastejado em cada tratamento. As amostras oriundas desta coleta foram separadas em folha, colmo, material morto e outros, secas em estufa de circulação de ar forçada por 52 horas, pesadas, moídas e posteriormente submetidas a analise bromatológica para obtenção dos valores de PB, FDN e FDA. Os valores obtidos de PB, FDN e FDA foram submetidas a análises de variância pelo procedimento GLM pelo teste de Tukey (P<0,05) pelo programa estatístico SAS. Resultados e Discussão Houve diferença significativa entre os tratamentos, 375 GD e 750 GD, no primeiro período para FDN E FDA (P<0,05), não havendo diferença para MS, MO e PB. Isto se deve ao tratamento 750 apresentar um maior período de descanso, proporcionando um maior acúmulo de forragem, mas maior lignificação dos componentes estruturais. Uma pastagem abundante em folhas jovens com certa proporção de lâminas expandidas intactas ou uma massa de folhas residuais que não seja pequena completam o cenário de um ambiente confortável do ponto de vista alimentar (Carvalho & Moraes, 2005). No segundo período houve diferença significativa para teores de MS e FDN, não havendo diferença para valores de MO, FDN e PB. No tratamento 750, devido ao maior período de crescimento da pastagem, pode-se observar uma redução na qualidade da forragem. No terceiro período não houve diferença significativa para nenhuma das variáveis analisadas. Em relação aos tratamentos, os menores valores de FDA e FDN foram observados no tratamento de 375 GD, decorrentes do menor período de descanso da pastagem, conseqüentemente do menor acumulo de lignina, cutina nas plantas. 339 Tabela 1 - Percentual de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro (FDN) e proteína bruta (PB) de simulação de pastejo em pastagem natural, no verão de 2012, manejada de forma rotativa, com diferentes intervalos de descanso (somas térmicas acumuladas de 375 e 750 GD). Tratamentos MS MO FDA FDN PB 375 94,34 93,67 34,41 b 77,21 b 9,33 750 94,00 92,30 38,43 a 79,95 a 12,08 07/03 e 11/03 MS MO FDA FDN PB 93,82 b 93,25 34,25 b 75,75 9,33 94,44 a 93,26 37,42 a 77,73 8,25 08/03 e 12/03 MS MO FDA FDN PB 94,32 94,32 36,21 76,05 10,05 91,76 92,27 34,55 73,16 10,74 Períodos 06/03 e 10/03 Letras diferentes na linha indicam diferenças pelo teste de Tukey (P<0,05) Os meses de estação quente, quando a temperatura é elevada, favorecem o rápido crescimento das espécies forrageiras tropicais e subtropicais e o rendimento da pastagem é alto, e podem apresentar melhor valor forrageiro, maior quantidade e qualidade de espécies na sua estação de crescimento (primavera-verão). Lemaire & Chapman (1996) relatam que o crescimento depende do acúmulo de temperatura, e que quanto maior, mais rapidamente os tecidos estarão maduros, maior será a translocação de nutrientes e, conseqüentemente, a perda do valor nutritivo. Para pastagem natural, como qualquer outra pastagem, o clima se constitui como fator incontrolável (temperatura e umidade), que age sobre seu rendimento potencial afetando toda a dinâmica de produção da forragem (Nabinger 1996). Conclusões Não houve diferença significativa na qualidade da forragem aparentemente ingerida pelos animais para os diferentes tratamentos. Literatura citada DIAS , A. E .A. Caracterização da qualidade nutricional da pastagem natural da região agroecológica Serra do Sudeste – RS. 1998. 152f . Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Pelotas. LEMAIRE, G.; CHAPMAN, D. Tissue flows in grazed plant communities. In: HODGSON, J.; ILLIUS, A. W. (Ed.). The ecology and management of grazing systems. Wallingford: CAB, 1996. p. 3-36 340 MORENO, J.A. Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Agricultura - RS, 1961. 41p. NABINGER,C. Princípios de exploração intensiva de pastagens. In: SIMPOSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS: PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO, 8., 1996, Piracicaba. Anais... piracicaba: FEAL, 1996 b. p. 275-301. QUADROS, F. L. F. de ; CRUZ, P.; THEAU, J. P.et al. (2006) Uso de tipos funcionais de gramíneas como alternativa de diagnóstico da dinâmica e do manejo de campos naturais. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2006, João Pessoa. Anais da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, CD-Rom. STRECK, E.D.; KÄMPF, N.; DALMOLIN, R.S.D. et al. Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS, UFRGS, 2002. 126 p. 341 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.29. Períodos de observação sobre o comportamento ingestivo de bezerros girolandos em pastagem de capim-marandu1 Fabiano Gama de Sousa2, Rafael Henrique Pereira dos Reis2, Ernando Balbinot 2, Leandro Cecílio Matte2, Ana Letícia Scarmucin Doerzbacher3, Cláudia Santos Brito3 1 Projeto financiado pelo CNPq e pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO). 2 Professor de Ciências Agrárias do IFRO, Campus Colorado do Oeste. e-mail: [email protected]. 3 Graduando do Curso de Engenharia Agronômica do IFRO, Campus Colorado do Oeste. Resumo: O presente estudo teve o objetivo de avaliar o efeito de dois períodos de 24 e 48 horas sobre o comportamento ingestivo de bezerros girolandos em pastagem de capim-marandu. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado, composto de dois tratamentos e seis repetições. Os tratamentos consistiram de dois períodos de avaliação: 24 e 48 horas. Foram utilizados seis bezerros selecionados previamente com peso vivo médio de 170 kg e idade média de 11 meses. Foi adotada a observação visual direta dos animais em intervalos de 10 minutos registrando a atividade de pastejo, ruminação ou ócio. A avaliação dos animais iniciou-se às 6 horas e encerrava depois de um período de 24 e 48 horas consecutivas. As durações e os números dos períodos discretos do comportamento ingestivo foram contabilizados diretamente nas planilhas do comportamento ingestivo. Para a determinação da avaliação das atividades de pastejo, ruminação e ócio do comportamento animal recomenda o período de 24 horas. A discretização das séries temporais do comportamento ingestivo deve ser realizada no período de 24 horas. Palavras Chave: discretização, ócio, pastejo, planta-animal, ruminação Periods of observation under the ingestive behavior of girolandos calves in pasture of marandugrass Abstract: The objective with this study was evaluate the effect of periods two of 24 and 48 hours under the ingestive behavior of girolandos calves in pasture of marandugrass. The experimental design used was the completely randomized, composed of two treatments and six replicates. The treatments consisted of two periods of evaluate: 24 and 48 hours. Were used six calves previously selected with mean body weight of 170 kg and age mean of 11 months. Was adopted the visual direct observation of the animals in intervals of 10 minutes registering the activities of grazing, ruminating or idle. The evaluation of the animals started to 6 hours and concluded after a period of 24 and 48 consecutive hours. The durations and numbers and of the discrete periods were entered directly into spreadsheets of the ingestive behavior. For the evaluation of the 342 activities of grazing, ruminating and idle of the ingestivo behavior it is recommended used the period of 24 hours. The discretization of the time series of ingestive behavior must be performed in the period of 24 hours. Key Words: discretization, grazing, idle, plant-animal, ruminating Introdução As pesquisas na área zootécnica geralmente são direcionadas no padrão de desenvolvimento e dinâmica de produção das pastagens. Entretanto, para aprimorar as estratégias do rebanho bovino é imprescindível a compreensão da relação planta-animal objetivando uma visão holística do ambiente. Desse modo, os pesquisadores têm focado às suas investigações nos animais. Atualmente, a mudança no enfoque produtivista para a investigação dos processos envolvidos no ato do animal buscar seu alimento, via pastejo, assim como as consequências do pastoreio sobre o ambiente, tem assumido maior importância (Mezzalira et al., 2011). Diante desse cenário, o estudo do comportamento animal vem alcançado relevância com vistas ao aumento da produtividade animal integrado com a mitigação de impactos ambientais negativos. Contudo, a avaliação do comportamento ingestivo dos bovinos deve ser realizado de maneira a garantir a confiabilidade dos resultados. Portanto, escalas de intervalos e períodos de observação têm sido definidos, bem como metodologias que visem a aplicabilidade no campo conjugado com a redução dos custos. Dessa forma, o presente estudo teve o objetivo de comparar dois períodos de observação sobre o comportamento ingestivo de novilhas da raça Girolanda em pastagem de capim-marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu). Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no Setor de Animais de Grande Porte do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, campus Colorado do Oeste. A região apresenta clima do tipo Awa, tropical chuvoso com verão quente segundo a classificação de Köppen. O solo da área experimental é do tipo Argissolo Vermelho eutrófico (EMBRAPA, 2006). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com dois tratamentos e seis repetições. Os tratamentos consistiram de dois períodos de observação, um de 24 e o outro de 48 horas. Foram selecionadas seis bezerros dentro do mesmo estádio de desenvolvimento fisiológico e peso vivo médio de 170 kg e idade média de 11 meses. Os animais foram adaptadas previamente às condições ambientais, correspondendo a 14 dias antes do início do experimento. A escala de intervalo observada visualmente adotada foi 10 minutos, sendo obtida por observadores situados a uma distância que interferisse o mínimo possível no comportamento dos animais. Os períodos de observação foram de 24 horas e 48 horas ininterruptas, iniciando às 6 horas e encerrando às 5:50 horas após um dia ou dois dias consecutivos, respectivamente. Foram analisados os tempos de pastejo, ruminação e ócio. A determinação do número e da duração dos períodos discretos foram realizados diretamente nas planilhas, com a contagem dos períodos de cada animal. As variáveis analisadas foram submetidas à análise de variância, e realizou-se a o teste F a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão O dados referentes aos tempos de pastejo, ruminação, ócio e taxa de mastigação total (TMT) não foram influenciados (P>0,05) entre os períodos de observação. Dessa 343 forma, o período de 24 horas é suficiente para descrever as atividades de pastejo, ruminação, ócio e a TMT sem comprometer a confiabilidade dos resultados. Dessa forma, sugere-se que o período de observação de 24 horas consecutivas seja utilizado sem comprometer a avaliação do comportamento ingestivo, bem como de diminuir a mão-de-obra e, por conseguinte, os custos em atividades de pesquisa na área de ecologia do pastejo. Isto comprova que nem sempre longos períodos ininterruptos de observação são necessários para precisar a avaliação das atividades de pastejo, ruminação e ócio. Dentre os componentes utilizados no estudo do comportamento animal, a escolha do intervalo de tempo entre as observações é um fator bastante relevante, uma vez que a observação contínua dos animais é um processo que despende muita mão-de-obra, tornado-se impraticável quando se deseja observar um número elevado de animais (Silva et al., 2005). Tabela 1 - Tempos despendidos em pastejo, ruminação, ócio e taxa de mastigação total (TMT) em diferentes períodos de observação de bezerros girolandos em pastagem de capim-marandu Atividades (minutos) Pastejo Ruminação Ócio 24 horas 416,66 528,33 500,00 48 horas 428,33 495,00 516,66 CV(%)a 7,76 7,19 4,87 Teste F ao nível de 5% de significância. aCoeficiente de variação. Períodos TMT 940,00 923,33 2,66 As durações dos períodos de pastejo (DPAST), ruminação (DRUM) e ócio (DOC) e os números dos períodos de pastejo (NPAST), ruminação (NRUM), ócio (NOC) não foram influenciados (P>0,05) pelos períodos de observação de 24 e 48 horas. Diante destes resultados, infere-se que as avaliações para descrição do comportamento ingestivo e da discretização das séries temporais devem ser utilizado o período de 24 horas. O período de 24 horas é eficaz para descrever os períodos discretos de pastejo, ruminação e ócio. O período dentro do nictêmero é suficiente para a descrição das séries temporais, não havendo necessidade de aumentar o período de observação. Assim, reduz a mão-de-obra para avaliação dos animais e reduz o custo para aplicar experimentos de ecologia do pastejo. Tabela 2 - As durações dos períodos de pastejo (DPAST), ruminação (DRUM) e ócio (DOC) e os números dos períodos de pastejo (NPAST), ruminação (NRUM) e ócio (NOC) em diferentes períodos de observação de bezerros girolandos em pastagem de capim-marandu Períodos Discretos DPAST DRUM DOC NPAST 24 horas 51,70 31,47 26,20 9,16 48 horas 43,23 30,47 29,21 8,66 CV(%)a 20,72 9,74 16,21 24,86 Teste F ao nível de 5% de significância. aCoeficiente de variação. Períodos NRUM 16,16 16,00 5,84 NOC 20,50 19,41 7,88 Segundo Carvalho et al. (2007), o tempo despendido em alimentação, ruminação e descanso, deve ser uma ponderação entre o poder de detectar mudanças na ocorrência das atividades e a precisão, sem, no entanto, incorrer em redundância. Portanto, as 344 metodologias utilizadas devem ser precisas ao ponto de não necessitar de longos períodos de observação. Conclusões A descrição do comportamento ingestivo deve ser realizada no período de 24 horas ininterruptas. Para a discretização das séries temporais do comportamento ingestivo dever ser utilizado o período de 24 horas, ou seja, dentro do nictêmero. Literatura citada CARVALHO, G.G.P.; PIRES, A.J.V.; SILVA, H.G. et al. Aspectos metodológicos do comportamento ingestivo de cabras lactantes alimentadas com farelo de cacau e torta de dendê. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.1, p.103-110, 2007. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2.ed. Rio de Janeiro, 2006. 306p. MEZZALIRA, J.C.; CARVALHO, P.C.F.; BREMM, C. et al. Aspectos metodológicos do comportamento ingestivo de bovinos em pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.5, p.1114-1120, 2011. SILVA, R.R.; SILVA, F.F.; CARVALHO, G.G.P. et al. Comportamiento ingestivo em pesebre de novilhas cruzadas de holandês. Archivos de Zootecnia, Cordoba, v.54, n.205, p.75-85, 2005. 345 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.30. Refeições alimentares de novilhas de corte mantidas em pastagem natural manejada sob dois intervalos de soma térmica durante a estação fria Gabriela Machado Dutra1, Fernando Luiz Ferreira de Quadros2, Fernando Ongaratto 1, Anderson Marques3, Leandro Bittencourt de Oliveira4, Pedro Trindade Casanova5 1 Aluno de graduação em Zootecnia – UFSM/ Santa Maria Doutor professor adjunto do Departamento de Zootecnia – UFSM/Santa Maria 3 Aluno de pós-graduação em Agrobiologia - UFSM/Santa Maria 4 Aluno de pós-graduação em Zootecnia – UFSM/Santa Maria 5 Aluno de graduação em Zootecnia – UFSM/Santa Maria. Bolsista PIBIC- CNPq 2 Resumo: Objetivou-se avaliar as diferenças entre os processos de procura e manipulação da forragem pelos animais, devido às mudanças na estrutura da pastagem. Foram utilizadas 18 novilhas das raças Red Angus e 18 oriundas do cruzamento das raças Nelore x Charolês, o método de lotação foi rotativa com carga animal fixa com intervalos entre pastejo de 375 e 750 graus-dia (GD), que determinaram os tratamentos. Foram calculadas: taxa de bocados (bocados por minuto) e massa do bocado (g de MS/bocado), além das contagens de estações alimentares por minuto e passos entre estações. Foram observadas diferenças nas atividades de comportamento ingestivo entre os tratamentos apenas para estações alimentares por minuto, número de bocados por minuto e massa de forragem por bocado no primeiro período, 04/06/2011. Houve diferença entre os períodos apenas para massa de bocado. Palavras Chave: estações alimentares, estrutura da pastagem, massa de bocados, recria de novilhas, taxa de bocados Meals of beef heifers grazing on natural pasture managed with two thermal times grazing intervals during the cold season Abstract: The objective of the trial was to evaluate the differences between the processes of searching and manipulation of forage for animals, due to changes in sward structure. We used beef heifers, being 18 from Red Angus breed and 18 originated from crosses of Nelore x Charolais. The grazing method was rotational with intervals between grazing of 375 and 750 degree-days (DD), which determined the treatments. Bite rate (bites per minute) and mass bit (g DM / bite) were calculated, and feeding stations per minute and distance between stations were 346 registered. Differences between treatments were observed only for feeding stations per minute, number of bites per minute and dry matter per bit in the first period, 04/06/2011. Difference between periods occurred only for bite mass. Key Words: beef heifer‘s rearing, feeding stations, sward structure, bite mass, bite rate Introdução A pecuária de corte no Rio Grande do Sul (RS) tem como base alimentar as áreas de pastagens naturais. Apesar de possuírem uma capacidade de suporte mais baixa do que as pastagens cultivadas adubadas, ainda são a forma mais barata de se produzir carne e/ou de criar e recriar matrizes de bovinos de corte, nesta região do país, desde que devidamente manejada (Nabinger, 2006). Além disso, através de seu comportamento ingestivo, o animal é capaz de demonstrar as características do ambiente pastoril onde se encontra. Neste contexto, o manejo do processo de pastejo, particularmente via definição de metas de estrutura do pasto, tem avançado dentro da perspectiva de que o manejo da pastagem signifique a construção de ambientes pastoris (incluído a manipulação da estrutura) ecologicamente sustentáveis e favoráveis ao forrageamento (Carvalho, 2005). O número de refeições parece ser um indicador da qualidade do ambiente pastoril, de forma que quanto maior a qualidade e altura do dossel, menor é o tempo de refeição e menor é também o intervalo entre refeições. Os processos de procura e manipulação determinarão a taxa de encontro do animal com o alimento e, portanto, influenciarão não apenas a resposta funcional, mas também a percepção do animal quanto à qualidade e disponibilidade do alimento no ambiente como um todo. Sendo assim, objetivou-se avaliar as diferenças entre os processos de procura e manipulação da forragem pelos animais, devido às mudanças na estrutura do campo nativo oriunda de diferentes intervalos de descanso entre pastoreios, gerados pelo acúmulo de distintas somas térmicas diárias. Material e Métodos A área experimental pertence à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), localizada na região Central do estado do RS. A região possui clima subtropical úmido (Cfa) com temperaturas médias de 19,2ºC e precipitação anual em torno de 1.769 mm. O solo é classificado como Planossolo Háplico Eutrófico nas áreas de baixada e Argissolo Vermelho Distrófico nas áreas de topo e encosta (Streck et al., 2008). A área experimental possuía 42 piquetes com aproximadamente 0,5 ha cada, Foram manejadas 36 novilhas com idade de 18 meses e peso médio inicial de 220 kg, sendo a metade da raça Red Angus e as outras 18 oriundas do cruzamento entre Charolês x Nelore. O método de pastoreio foi rotativo com dois intervalos de descanso através do acúmulo térmico. As somas térmicas de 375 e 750 GD correspondem a duração da elongação foliar das principais espécies que pertencem aos grupos funcionais A, B, C e D de plantas propostos por Quadros et al. (2009). Foram realizados três ensaios de acompanhamento das atividades de comportamento ingestivo, nas datas de 04/06/2011, 19/07/2011 e 03/09/2011. Os animais tiveram suas atividades monitoradas e registradas a cada 10 minutos. As avaliações foram realizadas de maneira visual de forma ininterrupta durante 24 horas por observadores previamente treinados para que não interferissem no comportamento dos animais. Para avaliação do comportamento ingestivo dos animais, as seguintes 347 relações foram calculadas: taxa de bocados (bocados/minuto); massa do bocado (g de MS/bocado). Os passos entre estações foram contados utilizando-se como critério a movimentação das patas dianteiras. O número de estações alimentares por minuto foi dado pelo quociente entre o número total de estações alimentares e a duração, em minutos, da avaliação de pastejo. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento General Linear Model (GLM) através do Programa Estatístico SAS, utilizando as médias para comparação pelo Teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Resultados e Discussão Foram observadas diferenças nas atividades de comportamento ingestivo monitoradas entre os tratamentos apenas para estações alimentares percorridas por minuto, número de bocados por minuto e massa de forragem em gramas de MS por bocado no primeiro período, 04/06/2011 (Tabela 1). Tabela 1 - Estações alimentares por minuto (Estações/min), número de passos entre estações alimentares (Passos/est), número de bocados por minuto (Bocados/min) e massa de forragem em gramas por bocado (massa/boc). Santa Maria/RS, 2011. Tratamentos 04/06 375 GD 750 GD Média* Estações/min 5,76 a 4,29b 5,02 Passos/est 1,62 1,70 1,66 Bocados/min 49,6a 31,53b 40,58 Massa/boc 0,25b 0,42a 0,33A Estações/min 5,94 3,96 4,95 Passos/est 1,52 1,98 1,75 Bocados/min 35,82 44,57 40,19 Massa/boc 0,29 0,28 0,28A Estações/min 6,52 6,95 6,74 Passos/est 1,54 1,59 1,56 Bocados/min 44,48 46,27 45,38 Massa/boc 0,18 0,23 0,20B 19/07 03/09 *Médias finais seguidas de letras maiúsculas distintas, na coluna indicam diferenças pelo teste de Tukey em nível de 5%. Médias finais seguidas de letras minúsculas, na linha indicam diferenças entre os tratamentos por Tukey em nível de 5%. Não foram observadas diferenças entre os tratamentos nos demais períodos para nenhuma das atividades monitoradas. Houve diferença significativa nas médias entre os períodos apenas para massa de bocado. Estes resultados podem ser explicados pela mesma relação encontrada por Carvalho & Moraes (2005), que demonstra que a massa de forragem varia com a altura do pasto e, portanto, pastos mais baixos têm menor oferta de forragem. Como a soma 348 térmica de 750 GD proporciona um maior tempo de crescimento da forragem, a massa de forragem acumulada e a massa de bocado também é maior, fazendo com que o número de bocados por minuto seja menor. Além disso, os animais precisam buscar menos estações alimentares por minuto para atender suas necessidades nutricionais e têm mais condições de seleção do pasto, o que explica o maior número de passos entre estações. Também segundo Carvalho & Moraes (2005), quanto mais massa for obtida no último bocado, mais tempo o animal tem para deslocamento, o que se reflete num maior número de passos na transição entre estações. Quando a oferta de forragem é baixa, os animais apresentam deslocamentos curtos e retilíneos (Carvalho & Moraes, 2005). Em situações com abundância de forragem, o número de passos entre estações é alto, já que o animal caminha entre estações por mais tempo enquanto mastiga. Quanto à diferença encontrada entre períodos para as médias de massa de bocado, pode-se atribuir a menor massa do último período à variações de massa de forragem, que segundo Soares (2005), estão na dependência dos valores de taxa de acúmulo e desaparecimento de cada período e, também, associados à fenologia e concentração de matéria seca das plantas. Conclusões O intervalo entre pastoreios pela soma térmica proposta influencia na estrutura da pastagem. A estrutura da pastagem determina a procura e a manipulação do pasto pelos animais. Literatura citada CARVALHO, P. C. F. O manejo da pastagem como gerador de ambientes pastoris adequados à produção animal. In: Simpósio sobre manejo da pastagem, Anais... Fealq, 2005. CARVALHO, P. C. F.; MORAES, A. Comportamento ingestivo de Ruminantes: bases para o manejo sustentável do pasto. In: Ulysses Cecato; Clóves Cabreira Jobim. (Org.). Manejo Sustentável em Pastagem. Anais... Maringá-PR: UEM, 2005, v. 1, p. 1-20. NABINGER, C.; FERREIRA, E.T. et al. Produção animal com base no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. Cap.13 pag. 175-198. Livro Campos Sulinos, 2009. QUADROS, F. L. F.; TRINDADE, J. P. P e BORBA, M. A abordagem funcional da ecologia campestre como instrumento de pesquisa e apropriação do conhecimento pelos produtores rurais. Cap.15 p. 206-213. Livro Campos Sulinos, 2009. SOARES, A.B; CARVALHO, P.C.F; NABINGER, C. et al. Produção animal e de forragem em pastagem nativa submetida a distintas ofertas de forragem. Ciência Rural, Santa Maria, v35, n.5, p.1148-1154, set-out, 2005. STRECK, E.D.; KÄMPF, N.; DALMOLIN, R.S.D. et al. Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EMATER/RS, UFRGS, 2002. 126 p. 349 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS 11.31. Determinação da fibra em detergente ácido e neutro de uma pastagem natural do Rio Grande do Sul no período de outono/inverno Fernando Forster Furquim1, Fernando Luiz Ferreira de Quadros2, Bruno Castro Kuinctner3, Gabriela Dutra Machado 4, Liane Seibert Ustra Soares4, Pedro Trindade Casanova4 1 Aluno de Graduação em Zootecnia – UFSM/ Santa Maria. E-mail: [email protected] Doutor Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia – UFSM/Santa Maria. 3 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM/Santa Maria. 4 Aluno(a) de Graduação em Zootecnia – UFSM/Santa Maria. 2 Resumo: O objetivo foi avaliar o teor de fibra em detergente ácido (FDA) e fibra em detergente neutro (FDN) de uma pastagem natural da Depressão Central do Rio Grande do Sul, entre os meses de maio a setembro de 2011, pastejada por novilhas com idade de 18 meses, o método de pastoreio foi o rotativo com intervalos de 375 e 750 graus-dia (GD) de descanso entre pastejos no período de outono/inverno, foram utilizados 36 animais testes, sendo 18 da raça Red Angus e 18 de cruzamento entre Charolês x Nelore. Não foram observadas diferenças, para os teores de FDA e FDN entre os tratamentos 375 e 750 GD, observou-se diferença para os teores de FDN entre os períodos avaliados. Palavras Chave: pastoreio rotativo, qualidade da forragem, soma térmica, tipos funcionais, ACID AND NEUTRAL DETERGENT FIBER OF A NATIVE GRASSLAND OF DEPRESSION CENTRAL RIO GRANDE DO SUL DURING THE AUTUMN/WINTER Abstract: In order to evaluate the content of acid detergent fiber and neutral detergent fiber of dry matter of natural grassland of the Central Depression of Rio Grande do Sul, a trial was held during autumn/winter. We used 36 testers animals in a rotational grazing system with rest intervals of 375 and 750 degree-days as treatments.. There were no significant differences in fibers levels between the treatments 375 and 750 degree-days, but there was significant difference in neutral detergent fiber level between the periods. Key Words: forage quality, functional types, rotational grazing, thermal sum 350 Introdução Os campos nativos, nos quais está baseada grande parte da atividade pecuária gaúcha, são caracterizados pela sazonalidade de sua produção forrageira. Esses campos possuem uma composição botânica majoritariamente de gramíneas C4, ocorrendo maior desenvolvimento dessas espécies durante o período de primavera/verão e uma carência forrageira no período outono/inverno. Baseado nisso, o manejo torna-se um importante fator para o aumento da produtividade animal nesses campos. Aspectos quantitativos e qualitativos da forragem que o animal ingere são essenciais para uma melhor produção pecuária. As baixas temperaturas do período de inverno reduzem a produção da massa de forragem e pode acarretar na redução da oferta de forragem e de nutrientes. Em condições assim, há um desequilíbrio nutricional na dieta dos animais e o consumo de energia digestível torna-se o principal limitante do desempenho animal (FREITAS, 2003). A correta adequação do manejo pode atenuar a queda no desempenho dos animais. Medidas como subdivisão da pastagem em piquetes, adequação da carga animal, pastoreio rotativo e soma térmica favorável ao crescimento das plantas podem favorecer o acúmulo de biomassa de lâminas foliares e, consequentemente, ser uma opção para o aumento da qualidade forrageira. A temperatura e a umidade do ambiente são fatores importantes para o crescimento das plantas, o desenvolvimento foliar seria favorecido com um intervalo de descanso entre os pastejos, que mesmo em condições adversas, atingiria a máxima expansão foliar. Este trabalho deve por objetivo avaliar o teor de fibra em detergente ácido e de fibra em detergente neutro em função do acúmulo de biomassa através do descanso da pastagem por somas térmicas de 375 e 750 graus-dia no período de outono/inverno. Material e Métodos O experimento foi realizado na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no período de maio a setembro de 2011 em uma área de pastagem natural pertencente ao Laboratório de Ecologia de Pastagens Naturais (LEPAN). A área se localiza na região fisiográfica denominada Depressão Central, do Rio Grande do Sul, com coordenadas geográficas 29º43‘ S, 53º42‘ W, com altitude de 95m. O clima da região é Cfa (subtropical úmido), segundo a classificação de Köppen. Apresenta uma precipitação média anual de 1769 mm. A temperatura média anual é de 19,2°C, com média mínima de 9,3°C em junho e média máxima de 24,7°C em janeiro. A área do ensaio constitui-se de 42 piquetes com aproximadamente 0,5 ha cada, Foram manejadas 36 novilhas com idade de 18 meses e peso médio inicial de 220 kg, sendo a metade da raça Red Angus e as outras 18 oriundas do cruzamento entre Charolês x Nelore. O método de pastoreio foi o rotativo com dois intervalos de descanso através do acúmulo térmico. As somas térmicas de 375 e 750 GD correspondem a duração da elongação foliar das principais espécies que pertencem aos grupos funcionais A e B ou C e D de plantas propostos por Quadros et al. (2009). O período de ocupação dos animais nos piquetes variou conforme as temperaturas diárias, em média permaneciam 04 dias para o tratamento de 375 GD e de 07 dias para o tratamento de 750 GD. 351 As amostras foram coletas através de simulação de pastejo e seus componentes estruturais foram separados em lâminas foliares, colmo, material morto e outros (espécies que não pertencem ao grupo poaceae), posteriormente levados à estufa de circulação forçada de ar com temperatura de 65 0C, por 72 horas. As lâminas foram trituradas em moinho tipo Willey em peneira de 2 mm e analisadas pelo método de VAN SOEST (1967). Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM através do pacote estatístico SAS (2001), utilizando as médias para comparação pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Não foram observadas diferenças na comparação, dos tratamentos 375 e 750 GD para os teores de FDA e FDN. No entanto, foram observadas diferenças entre os períodos para os teores de FDN, como pode ser observado na Tabela 1. Tabela 1- Valores de FDA e FDN da matéria seca de uma pastagem natural da Depressão Central do Rio Grande do Sul no outono/inverno FIBRA EM DETERGENTE ÁCIDO TRATAMENTO 15/06 01/08 07/09 MÉDIA 350 GD 29,5 35,0 32,3 32,2 750 GD 36,7 37,1 34,9 36,2 36,1 33,6 34,3* 33,1 NS FIBRA EM DETERGENTE NEUTRO 350 GD 58,32 73,08 72,5 67,9 750 GD 51,2 72,8 74,2 66,0 a a a 67,0* 54,8 72,9 73,4 a, b: médias seguidas por letras diferentes na mesma linha diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05) NS: não houve diferença pelo teste de Tukey (P<0,05) *Coeficientes de variação: FDA = 17,5; FDN = 16,1 A fibra em detergente ácido (FDA) é a porção menos digerível, pelos microorganismos ruminais, da parede celular das forrageiras e é composta principalmente por lignina e celulose. O alto índice de FDA na dieta dos animais correlaciona-se negativamente com sua digestibilidade, sendo, portanto, um fator limitante da produção animal. Segundo Salomiet al. (1988), o percentual médio de fibra em detergente ácido, nas pastagens nativas gaúchas, no período outono/inverno, ficam em torno 48,02; 48,39; 46,54. Os dados observados indicam valores médios inferiores, portanto de melhor qualidade. Há uma relação diretamente proporcional entre o aumento dos teores de FDN e o aumento da maturação da pastagem nativa. Quanto mais FDN a pastagem tiver, menor será o consumo de matéria seca pelos animais, uma vez que a fibra causa uma rápida 352 sensação de enchimento ruminal. Esse fato pode acarretar em perdas no desempenho animal, pois a saciedade do animal ocorre antes que sua demanda de energia seja suprida. Trabalhos que relatam o valor nutritivo das pastagens naturais para o mesmo período em que este foi realizado encontraram porcentagens médias de 74,8; 73,4; 73,1; 72,1 (KNORR, 2004) para fibra em detergente neutro. Os teores médios de FDN, em algumas áreas de campos nativos do Rio Grande do Sul, durante o inverno, ficam próximos a 72%, ou seja, acima dos valores médios aqui registrados. Com base nesses valores, observa-se que mesmo não havendo diferenças entre os tratamentos 375 e 750 GD, o uso da soma térmica pelos graus-dia pode ser um eficiente parâmetro para a melhoria da qualidade da pastagem. É importante, porém, considerar as variáveis morfogênicas das espécies forrageiras. Para isso, o pecuarista deverá manejar a pastagem de maneira que permita um acúmulo de soma térmica entre pastejos que proporcione uma biomassa que não restrinja o consumo animal. Conclusões O método de pastoreio rotativo baseado na soma térmica, permite uma melhor qualidade da massa de forragem ofertada aos animais. Métodos de manejo adequados ao tipo de vegetação campestre podem melhorar a qualidade da pastagem. Literatura citada FREITAS, Suzana Gomes de et al . Efeito da suplementação de bezerros com blocos multinutricionais sobre a digestibilidade, o consumo e os parâmetros ruminais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, dez. 2003. KNORR, Marcelo. Avaliação do desempenho de novilhos suplementados com sais proteinados em pastagem nativa na microrregião da Campanha Ocidental RS. 2004. 86 f. Dissertação (Mestrado) - UFRGS, Porto Alegre, 2004. QUADROS, F. L. F ; TRINDADE, J. P. P e BORBA, M. A abordagem funcional da ecologia campestre como instrumento de pesquisa e apropriação do conhecimento pelos produtores rurais. Livro Campos Sulinos. Cap.15 p. 206-213., 2009. SALOMONI, E. et al. Idade e peso à puberdade em fêmeas de corte puras e cruzas em campo natural. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.23, n.10, p.1171-1179, 1998. SAS, SAS user‘sguide: statistical, Analysis System Institute, Inc., Cary, NC, 2001. VAN SOEST, P. J.; Wine, R. H. Use of detergents in the analysis of fibrous feeds. IV Determination of plant cell-wall constituents, 1967. 353 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.32. Influência da adubação mineral e orgânica nas características morfogênicas de aveia preta e azevém cultivadas em consórcio Anderson Cesar Ramos Marques1, Edson Luis Rigodanzo 2, Eloir Missio 3, Laudenir Juciê Basso2, Robson Antonio Botta4, Rodrigo Holz Krolow5 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agrobiologia – UFSM [email protected]. Engenheiro Agrônomo. 3 Professor do Departamento de Solos – UNIPAMPA. 4 Estudante de graduação em Agronomia - UNIPAMPA. 5 Professor do Departamento de Zootecnia – UNIPAMPA [email protected] 2 Resumo: O objetivo deste estudo foi testar o dejeto de leiteria como fertilizante, comparando com adubação mineral, e a sua influência nas características morfogênicas de plantas de aveia preta e azevém cultivadas em consórcio. O delineamento utilizado foi blocos ao acaso, com quatro repetições, os tratamentos foram: T1 – testemunha; T2 adubo mineral; T3 - 50% adubo mineral e 50% dejeto líquido bovino; T4 - dejeto bovino. Utilizaram-se 75 kg/ha de sementes de aveia-preta e 30 kg/ha de azevém no plantio. Avaliou-se o número de afilhos (NA) e folhas (NF), e altura de plantas (AP), através da marcação de seis plantas por espécie, por parcela. Realizaram-se 3 cortes, com intervalos de trinta dias, visando simular o uso das plantas para alimentação animal, em sistema rotativo. Não houve diferença entre as adubações para NA no inicio do cultivo, já no final, o resultado foi similar entre os tratamentos, este fato deve-se a fase final do ciclo (fase reprodutiva) em que se encontravam as gramíneas. Não se observou diferença significativa constante para NF, ao longo do ciclo, devido possivelmente as características genéticas das espécies. Com relação a variável AP não ocorreu diferença entre as adubações no início do ciclo, onde a testemunha obteve em média, apenas metade da altura dos demais tratamentos. Conclui-se desta forma que o dejeto de leiteria apresenta efeito similar a adubação mineral sobre as características morfogênicas avaliadas. Palavras Chave: Avena strigosa Schreb, Dejeto, Forragem, Lolium multiflorum Lam Influence of mineral and organic fertilization in morphogenetic characteristics of oat black and ryegrass cultivated in intercropping system Abstract: The objective of this study was to test the of dairy manure as fertilizer, compared with mineral fertilizer, and its influence on the morphogenic characteristics of oat and ryegrass cultivated in intercropping system. The experimental design was randomized blocks with four replicates, the treatments were: T1 - control without 354 fertilizer, T2 - mineral fertilizer, T3 - 50% mineral fertilizer and 50% cattle slurry, T4 cattle manure. We used in the planting 75 kg/ha of oats seeds and 30 kg/ha of ryegrass. We evaluated the number of tillers (NT) and leaves (NL), and plant height (PH), using the mark in six plants per species per plot. Three cuts were done in 30-day intervals, in order to simulate the use of plants for feed animal, in rotation. There was no difference among fertilization to NT at the beginning of cultivation, at the end, the result was similar among treatments, this is due the final phase of the cycle (reproductive phase) in which the grasses were. No constant significant difference was observed for NL, throughout the cycle, possibly due to the genetic characteristics of the species. In relation to PH variable there was no difference among fertilization early in the cycle, where the control without fertilizer obtained, on average, only half the height of the others treatments. It is concluded thus that the of dairy manure has an effect similar to mineral fertilization on the morphogenetic characteristics evaluated. Key Words: Avena strigosa Schreb, Wastes, fodder, Lolium multiflorum Lam. Introdução A semeadura de gramíneas anuais de inverno, isoladamente ou em consócio, para cobertura de solo ou para pastejo, é uma prática que vem ao longo dos anos sendo utilizada pelos produtores e estudada pelos pesquisadores. Um consórcio de gramíneas muito utilizada, é a mistura de aveia preta (Avena strigosa L.) e azevém (Lolium multiflorum Lam.), podendo ser com a finalidade de cobertura de solo ou fornecimento de forragem para os animais no período de inverno, principalmente em áreas de lavoura não cultivadas com trigo ou outros cultivos. O uso da mistura da aveia preta e azevém para o pastejo apresenta uma produção elevada de forragem e esta pode suprir as deficiências de alimento provocadas nessa época do ano pela pastagem nativa, segundo relatado por MACARI et al. (2006). É importante ressaltar, que a utilização de pastagens garante um alimento mais em conta para o produtor, diminuindo a necessidade da compra de suplementos. A pecúaria leiteira, é um exemplo, onde se verifica o uso bastante intensivo de pastagens cultivadas, sendo o consórcio aveia preta com azevém um dos mais utilizados para suprir a necessidade alimentar dos animais, estes que apresentam uma grande demando de alimento com elevada qualidade. No entanto, a produção de leite bovino apresenta um entrave, assim como outras criações, que é a geração de dejetos, que pode em sistemas confinados ou semi confinados atingir grandes volumes devido a concentração de um grande número de animais em pequena área. Desta forma, o produtor deve estar ciente que a produção deveria ser conduzida de forma sustentável, com devidos cuidados para que a produção caminhe sem agredir o meio ambiente, nestes cuidados entram controle no consumo de água, medidas para destinação correta dos resíduos ou aproveitados dentro da propriedade. Uma alternativa para evitar a contaminação seria o uso do dejeto liquido na propriedade como fonte de nutrientes para as culturas cultivadas fazendo com que o material retorne para a lavoura. Em função disso, realizou-se este trabalho com o objetivo, de testar o dejeto de leiteria como fertilizante, comparando com adubação mineral, e a sua influência nas características morfogênicas das plantas de aveia preta e azevém. Material e Métodos Este experimento foi conduzido no município de Itaqui, na região da FronteiraOeste do Rio Grande do Sul, na área experimental da Universidade Federal do Pampa, 355 campus Itaqui. O solo é do tipo plintossolo e o clima tipo Cfa: subtropical temperado. O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso com quatro repetições, possuindo as parcelas 6 m². Foram avaliados os seguintes tratamentos: T1 – testemunha; T2 - adubo mineral (300 kg/ha de NPK na fórmula 10-15-20); T3 - 50% adubo mineral e 50% dejeto líquido bovino (150 kg/ha de NPK na fórmula 10-15-20 + 67.000,00 l/ha de dejeto); T4 - dejeto bovino (135.000,00 l/ha), o dejeto utilizado teve como origem uma propriedade de produção leiteira familiar. No plantio que ocorreu no dia 15 de maio de 2010, utilizaram-se 75 kg/ha de sementes de aveia-preta e 30 kg/ha de azevém, conforme a recomendação de densidade de semeadura para cada espécie. Aplicaram-se os fertilizantes na superfície do solo antes da semeadura e estes foram parcialmente incorporados na mesma operação de incorporação das sementes da aveia preta e azevém. As recomendações das quantidades dos fertilizantes, tanto mineral como orgânico, foram de acordo com a análise de solo interpretada conforme CQFS (2004), sendo a quantidade de fertilizante orgânico determinada pelo método de densidade do dejeto, esta que apresentou um valor de 1016 kg/m3, com teores de N= 1,16 kg/m3; P2O5=0,65 kg/m3 e K2O= 1,09 kg/m3. Para avaliar as variáveis morfogênicas, número de afilhos (NA) e folhas (NF), e altura (AP) realizou-se a marcação de seis plantas por espécie, por parcela, as quais tinham seu desenvolvimento acompanhado semanalmente. A contagem do número de afilhos e folhas foi realizada manualmente nas plantas marcadas, considerando afilho e folha emitidos, estrutura com mais de 1 cm de comprimento. Para a avaliação da variável comprimento da parte aérea aferiu-se com régua graduada em cm desde a base do solo até a ponta da última folha estendida, nas mesmas plantas utilizadas nas avaliações anteriores. Realizou-se 3 cortes, com intervalo de trinta dias, simulando o uso das plantas como fonte alimentar para animais em sistema rotativo, sendo os 30 dias referentes a um suposto período de descanso entre piquetes. Utilizou-se uma média dos valores semanais das variáveis obtidos até cada corte, como forma de avaliação dos efeitos, constituindo três avaliações. Os dados foram submetidos a análise de variância pelo Teste F, sendo significativo aplicou-se o teste de Tukey para comparação das médias através do programa ASSISTAT, versão 7.6 BETA. Resultados e Discussão Observa-se, conforme Tabela 1 abaixo, que não houve diferença entre as adubações para NA no inicio do cultivo, indicando que ambas as adubações forneceram nutrientes de forma satisfatória, o fato de não ocorrer diferença para esta variável na ultima avaliação deve-se a fase final do ciclo em que se encontravam as gramíneas, fase reprodutiva. Com relação a baixa diferença referente ao NF nos diferentes tratamentos e espécies, esta pode não estar relacionada com as adubações, mas sim com suas características genéticas, segundo FREITAS (2000) o surgimento e o número de folhas por afilhos depende do genótipo da espécie e cultivar, podendo explicar o fato da ausência de significância. 356 Tabela 1 - Média do número de afilhos, folhas e altura das plantas (cm) nas culturas da aveia preta e azevém, avaliadas antes dos corte, nos diferentes tratamentos (T1- Sem Adubação; T2Adubação Mineral; T3-Metade Mineral- Metade Orgânica;T4-Adubação Orgânica). Trat. Aveia preta 1° Avaliação NA T1 T2 NF AP 2° Avaliação NA NF AP Azevém 3° Avaliação NA NF 1° Avaliação AP 2° Avaliação NA NF AP 3° Avaliação AP NA NF NA NF AP 3,3b 10b 25,5b 4,1b 11,8a 43,a 1,4a 2,5a 46a 1,9b 7b 13,5b 3,7a 10,6a 28,4c 2,1a 3,8a 49,7a 5,1a 15,8a 56,1a 5,1ab 12,6a 54,a 1,8a 3,6a 51a 4,3a 12,4a 33a 5,2a 12a 46,1a 1,6a 3,3a 37,7a T3 5,7a 19,8a 59,5a 5,9a 13,7a 56,5a 2,4a 5,1a 49,2a 4,0a 12,6a 39,2a 5,5a 13,4a 36,3b 2,1a 6,1a 42,9a T4 5,4a 17,8a 56,7a 6a 10,9a 51,a 1,1a 2,6a 36,4a 4,2a 13,6a 34,5a 5,5a 12,9a 39,7a 2,4a 6,2a 51a Número de afilhos (NA); Número folhas (NF); Altura de planta (AP); Mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si (p<0,05). Em ambas as gramíneas, a grande altura inicial para ambas as adubações, indica um efeito positivo e similar do dejeto de leiteria em comparação com a adubação mineral, disponibilizando os seus nutrientes rapidamente no inicio do cultivo devido a seu estado liquido (CQFS, 2004). No entanto mais estudos são necessários para avaliar o efeito há longo prazo do uso do dejeto sobre as características químicas, físicas e biológicas do solo. Conclusões Não houve diferença entre as adubações utilizadas, sobre as características morfogênicas avaliadas, onde os resultados corroboram para uma disponibilidade de nutrientes de forma similar entre as adubações mineral e com dejeto. Literatura citada MACARI, S.; ROCHA, M.G.DA R.; RESTLE, J.; PILAU, A.; DE FREITAS, F.K.; NEVES, F.P. Avaliação da mistura de cultivares de aveia preta (Avena strigosa Schreb) com azevém (Lolium multiflorum Lam.) sob pastejo. Revista Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.3, p.910-915, 2006. COMISSÃO DE QUIMICA E FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC. Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porto Alegre, 2004. 394p. FREITAS, A.W.DE P. Dinâmica do perfilhamento em pastagens sob pastejo. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2000. 21p. 357 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.33. Influência estacional de intervalos de pastoreio sobre a taxa de aparecimento foliar e o filocrono em gramíneas nativas do Rio Grande do Sul1 Aline Bosak dos Santos2, Fernando Luiz Ferreira de Quadros3, Liane Seibert Ustra Soares4, Bruna San Martim Rolim Ribeiro5, Diego Coppetti4, Pedro Trindade Casanova4 1 Parte da dissertação de mestrado da 1ª autora Zootecnista, Mestre em Agrobiologia-Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Santa Maria/RS. Email: [email protected] 3 Prof. Associado Depto Zootecnia/UFSM/ Santa Maria-RS.*Bolsista de Prod. em Pesquisador CNPq. 4 Alunos - UFSM 5 Aluna do curso Técnico em Agropecuária - Colégio Politécnico – UFSM 2 Resumo: Objetivou-se avaliar o efeito de intervalos de pastoreio (IDP) e da estação do ano sobre a taxa de aparecimento foliar (TAF) e o filocrono de gramíneas nativas da região central do RS. As áreas foram manejadas sob pastoreio rotativo com dois IDP baseados em somas térmicas, 375 e 750 graus-dia (GD), sendo a soma térmica obtida através do somatório das temperaturas médias diárias do período. Foram avaliadas cinco espécies enquadradas em tipos funcionais (TF) segundo o teor de matéria seca e a área foliar específica (A, B, C e D) Axonopus affinis (TF A), Andropogon lateralis e Paspalum notatum (TF B), Paspalum plicatulum (TF C) e Aristida laevis (TF D). Os valores de TAF e filocrono foram submetidos à análises de variância, utilizando testes de aleatorização com o software MULTIV, comparando os intervalos, as estações e as espécies. Houve diferença significativa entre estações (P<0,001) e também entre espécies (P<0,0001) e interação entre esses fatores, não havendo efeito significativo (P>0,14) dos intervalos de pastoreio ou de suas interações. A espécie P. notatum apresentou maior valor de TAF e menor filocrono, na primavera e verão. A espécie A. laevis apresentou a menor TAF e o maior filocrono nas duas estações. Na primavera, há maior aparecimento foliar, e no verão, há um aumento no intervalo de aparecimento de folhas assim como na longevidade destas. Primavera se caracteriza como uma estação de crescimento, e o verão é marcado pelo início do florescimento. Palavras Chave: estações do ano, morfogênese, pastagens naturais, pastoreio rotativo Seasonal influence of grazing intervals in leaf appearance rate and phyllochron at Rio Grande do Sul native grasses Abstract: This trial aimed to evaluate the effect of grazing intervals (GI) and seasonality in leaf appearance rate (LAR) and phyllochron of native grasses of RS 358 central region. The areas were managed under rotational grazing with two GI based on thermal time of 375 and 750 degree-days (DD) and the thermal time was obtained by the sum of daily average temperatures for the period. We evaluated five species grouped into functional types (FT) according to the dry matter content and specific leaf area (A, B, C and D) Axonopus affinis (FT A), Andropogon lateralis and Paspalum notatum (FT B), Paspalum plicatulum (FT C) and Aristida laevis (FT D). TAF and phyllochron data were submitted to analysis of variance, using randomization tests with the software MULTIV comparing grazing intervals. seasons, and species. There was significant difference between seasons (P <0.001) and among species (P <0.0001) and interaction between these factors. Grazing intervals don‘t show significant differences or interactions (P>0,14). P. notatum showed the highest TAF and the smallest phyllochron during the spring and summer. A. laevis showed the smallest TAF and the largest phyllochron in both seasons. In the spring, it has higher leaf appearance, and in summer there is an increase in the range of leaf appearance as well as the longevity of these. Spring is characterized as the growing season, and summer is marked by the beginning of flowering. Key Words: morphogenesis, natural grasslands, rotational grazing, seasonality Introdução Os campos naturais do Rio Grande do Sul (RS) são ecossistemas complexos, devido às variadas condições edafo-climátias que promovem variabilidade nas espécies vegetais e em sua composição botânica (Bandinelli et al., 2003). As pastagens naturais caracterizam-se pelo predomínio de vegetação herbácea basicamente formada por gramíneas, constituindo potencial para produção de carne, lã, leite e outros produtos de importância na economia do estado. A partir de características adaptativas das plantas, como atributos foliares, algumas espécies nativas das pastagens naturais da região Central do RS foram classificadas em diferentes tipos funcionais (TF) a partir de respostas comuns dessas ao ambiente (Cruz et al., 2010). Esse trabalho tem por objetivo avaliar o efeito da estação do ano sobre a taxa de aparecimento foliar e filocrono de gramíneas nativas da Depressão Central do RS. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido em área de 24 hectares (ha) dividida em piquetes de 0,5 ha, na Universidade Federal de Santa Maria. Realizou-se o estudo em delineamento inteiramente casualizado com seis repetições e dois tratamentos, sendo avaliada a morfogênese das gramíneas de maior contribuição na massa de forragem nas estações de primavera e na estação do verão. As áreas foram manejadas sob pastoreio rotativo com dois intervalos de descanso baseados nas somas térmicas de 375 e 750 graus-dia (GD) sendo a soma térmica obtida através da equação: ST = Σ Tmd (somatório das temperaturas médias diárias do período). Foram avaliadas cinco principais espécies enquadradas em quatro tipos funcionais (TF) segundo o teor de matéria seca e a área foliar específica (A, B, C e D): Axonopus affinis Chase (TF A), Andropogon lateralis Nees e Paspalum notatum Flüegge (TF B), Paspalum plicatulum Michx. (TF C) e Aristida laevis Nees (TF D) (Cruz et al., 2010). Para a determinação da morfogênese utilizou-se a técnica de ―perfilhos marcados‖, sendo escolhidos seis potreiros para representar os dois tratamentos. Em cada área foram marcados, com fios coloridos de 1,0 mm de espessura, 20 perfilhos vegetativos por espécie aleatoriamente ao longo da área. As avaliações foram realizadas 359 a cada 7 dias contando-se as folhas verdes. A partir dos resultados foram calculadas a taxa de aparecimento foliar (TAF; folhas/GD) e filocrono (FILO; GD) para as estações de primavera e verão. A TAF foi calculada a partir do coeficiente angular da regressão linear entre o número de folhas surgidas por perfilho e a soma térmica acumulada. O filocrono foi considerado como o valor inverso da TAF. Os dados TAF e filocrono foram submetidos à análises de variância, utilizando testes de aleatorização com o software MULTIV comparando as estações e as espécies. Resultados e Discussão Houve diferença significativa entre estações (P<0,001) e entre espécies (P<0,0178), assim como interação entre esses fatores. Os intervalos de desfolhações avaliados, bem como suas interações com os fatores supracitados não apresentaram diferença estatística (P>0,14). Segundo a Tabela 1, a espécie P. notatum, apresentou TAF mais elevada do que as demais espécies assim como menor intervalo de surgimento de duas folhas consecutivas, nas duas estações. Este comportamento é atribuído ao seu hábito de crescimento prostrado, apresentando alta renovação foliar e grande capacidade de reciclagem interna de recursos, principalmente no período de primavera, quando as espécies são favorecidas devido ao crescimento vegetativo ser mais intenso, caracterizando-a como planta de captura de recursos (Cruz et al., 2010) e mantendo a classificação da mesmas entre os TF A e B. Tabela 1 - Valores médios dos intervalos de pastoreio de taxa de aparecimento (TAF; n° folhas/graus-dia), filocrono (FILO; graus-dia) e filocrono em dias, nas estações de primavera de 2010 e verão de 2010/2011, Santa Maria/RS Espécies P. notatum A. affinis P. plicatulum A. lateralis A. laevis Primavera Verão Espécies TAF FILO Dias TAF FILO Dias a a a 0,007 151 0,0051 210a 7 P. notatum 8 (±0,0013)* (± 28) (± 0,0012) (±45) 0,0041b 266b 0,0034b 338b 12 A. affinis 14 (±0,001) (± 63) (± 0,00087) (± 86) 0,0035b 294b 0,0033b 325b 14 P. plicatulum 13 (±0,0035) (±56) (± 0,00082) (±77) 0,0032c 395c 0,0031b 355b 18 A. lateralis 14 (±0,0007) (± 76) (± 0,0086) (± 106) 0,0026c 399c 0,0023c 470c 18 A. laevis 19 (±0,0005) (± 74) (± 0,00062) (± 106) *Desvio padrão Médias seguidas por letras minúsculas diferentes nas linhas diferem estatisticamente entre si (P<0,01). Conforme Tabela 1, as espécies que necessitam de maior tempo para o surgimento de uma nova folha são A. laevis e A. lateralis, com intervalos médios de 18 e 16,5 dias, respectivamente para primavera e verão. Ou seja, sob manejo de pastoreio rotativo, essas espécies apresentam ritmo de emissão de folhas mais lento, sendo necessário, portanto, um maior acúmulo térmico para o surgimento de novas folhas, não sendo observado, no entanto, diferença entre as estações. Bandinelli et al. (2003) estudando a morfogênese de A. laterialis observaram que a longevidade das folhas segue padrões sazonais, ou seja, as folhas iniciadas quando as condições de crescimento são mais favoráveis, primavera/início do verão, têm menor longevidade de folhas e, por 360 conseguinte, maior TAF, do que aquelas iniciadas em períodos menos favoráveis. Trindade e Rocha (2002) avaliando A. lateralis observaram que o menor filocrono médio encontrado foi de 325 GD sob pastejo, valor semelhante ao presente trabalho. Vilela et al. (2005) estudando Cynodon dactylum cv. Coastcross observaram efeito estacional sobre a morfogênese da espécie, com maior TAF na primavera e maior elongação de folhas no verão. Apesar de esses autores estudarem uma gramínea cultivada, torna-se evidente o efeito da estação do ano sobre o desenvolvimento de gramíneas. A espécie A. laevis no período da primavera demostrou uma menor TAF e consequentemente um maior filocrono Estes valores possivelmente são atribuídos às características do TF D no qual a espécie se enquadra, com seu hábito de crescimento cespitoso promovendo grande acúmulo de material senescente e ciclagem lenta de tecidos, caracterizando a espécie como de conservação de recursos. No verão (Tabela 1), pode-se perceber aumento no filocrono e redução na TAF em todas as espécies , se comparado à primavera, exceto para A. laterialis, como já comentado. Segundo Santos (2012), esse resultado pode ser explicado pelo fato dessas gramíneas estarem em um período de transição do estádio vegetativo para o reprodutivo, desta forma destinando mais recursos para alongamento de colmo, formação de inflorescência e fruto do que para o aparecimento e crescimento foliar. Conclusões Primavera se caracteriza como a estação de crescimento, com valores superiores de aparecimento foliar, e verão é marcado pelo início do florescimento, marcado pelo alongamento dos entrenós e redução na característica citada. P. notatum, apresentou TAF mais elevada do que as demais espécies assim como menor intervalo de surgimento de duas folhas consecutivas, nas duas estações. Literatura citada BANDINELLI. D.G. et al. Variáveis morfogênicas de Andropogon lateralis Nees submetido a níveis de nitrogênio nas quatro estações do ano. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.1, p.71-76, 2003. CRUZ, P. et al. Leaf traits as functional descriptors of the intensity of continuous grazing in native grasslands in the South of Brazil. Rangeland Ecology Management. N. 63, p. 350-358. 2010. SANTOS. A.B. Morfogênese de gramíneas nativas do Rio Grande do Sul (Brasil) submetidas a pastoreio rotativo. 2012. 86 f. Dissertação (Mestrado em Agrobiologia) - Pós-graduação em Agrobiologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2012. TRINDADE, J.P.P; ROCHA, M.G. Rebrotamento de Capim Caninha (Andropogon Lateralis Nees) sob o efeito de pastejo e fogo. Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.1, p.141-146, 2002 VILELA, D., et al. Morfogênese e Acúmulo de Forragem em Pastagem de Cynodon dactylon cv. coastcross em Diferentes Estações de Crescimento. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n. 6, p. 1891-1896, 2005. 361 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.34. Teores de matéria seca total, folha e colmo do capim Panicum maximum cv. Mombaça nas estações seca e chuvosa em Rondonópolis-MT Fernanda Cardoso Romano 1, Nelson Vital Monteiro de Arruda2, Arnaldo Oliveira Araújo1, Fagton de Mattos Negrão 3, Diana Cleide Cunha Silva1, Lorran Souza Hartmam1 1 Acadêmicos do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT/Rondonópolis. Professor adjunto do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso-UFMT/Rondonópolis. email: [email protected] 3 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato GrossoUFMT/Cuiabá. 2 Resumo: Objetivou-se avaliar, com este experimento, o teor de matéria seca da planta inteira, da folha e do colmo, nas diferentes épocas do ano (seca e águas), na região de Rondonópolis-MT. Foi avaliada a forrageira Panicum maximum cv. Mombaça em um delineamento experimental inteiramente casualisado, com dois tratamentos e quinze repetições. A área total da pastagem foi de 3 ha, realizando a coleta para a estimativa da matéria seca em uma área de 1,0 m2. Foram estimados os teores de matéria seca planta inteira, da folha e do colmo. Observou-se maior percentagem de matéria seca total (MST), da folha (MSF) e do colmo (MSC) no período chuvoso (29,30, 47,65 e 32,46%, respectivamente). O teor de matéria seca da folha e do colmo diferiram entre os períodos avaliados, onde o período seco apresentou maior teor (77,31 e 70,12%, respectivamente). Houve variação no teor de matéria seca da planta inteira, da folha e do colmo do capim-mombaça, servindo como ferramenta para aperfeiçoamento do manejo das pastagens na região em estudo. Palavras Chave: matéria seca, pastagem, Panicum maximum Total dry matter, leaf and stem of the grass Panicum maximum cv. Mombaça in dry and wet seasons in Rondonopolis-MT Abstract: The objective was to evaluate this experiment, the dry matter content of whole plant leaf and stem, in different seasons (dry and wet) in the region of Rondonopolis-MT. We evaluated the forage Panicum maximum cv Mombaça in a completely randomized design with two treatments and fifteen repetitions. The total area of 3 ha of pasture was, doing the collection for the estimation of dry matter in an area of 1.0 m2. Were estimated dry matter whole plant, leaf and stem. There was a higher percentage of total dry matter (TDM), leaf (MSF) and stem (MSC) in the rainy 362 season (29.30, 47.65 and 32.46%, respectively). The dry matter content of leaf and stem differed between periods, where the dry season showed higher content (77.31 and 70.12%, respectively). There was variation in dry matter content of whole plant leaf and stem of mombaça grass, serving as a tool for improving the management of pastures in the study area. Key Words: dry matter, pasture, Panicum maximum Introdução É inquestionável o grande potencial de produção animal em pastagens nas condições brasileiras, caracterizadas por grande extensão territorial de áreas agricultáveis e condições climáticas que favorecem o crescimento vigoroso e acelerado das gramíneas. Nos últimos anos nota-se um grande crescimento e desenvolvimento econômico do Brasil em relação aos demais países deve-se ao fato da grande exploração da atividade pecuária além das condições climáticas favoráveis e sua ampla extensão territorial. De acordo com Costa et al. (2005) o Brasil é um dos países de maior potencial de produção pecuária a pasto, sendo esta uma das alternativas de produção com baixo custo, entretanto para que a produção pecuária se mantenha com alto nível é necessário que se tenha uma manejo adequado das forrageiras, além do potencial de produção e estacionalidade da região conhecidos. A estacionalidade da produção forrageira é um fenômeno que ocorre na maioria das espécies tropicais, sendo determinada, principalmente, pelas limitações de luz, disponibilidade de água e temperatura, bem como pela concentração energética da planta para o esforço reprodutivo (Maldonado et al., 1997). O capim Panicum maximum cv. Mombaça, foi lançado no Brasil no ano de 1993, no CNPGC (Centro Nacional de Pesquisas de Gado de Corte – Embrapa Gado de Corte). Revelam o grande potencial de produção de MS por unidade de área chegando a 41 t.ha-1.ano -1, sendo 33 t.ha-1.ano-1 de folhas, representando 81,9% da matéria seca total. Diante do exposto, objetivou-se avaliar, com o experimento, o teor de matéria seca da planta inteira, da folha e do colmo nas diferentes épocas do ano (seca e águas), na região de Rondonópolis-MT. Material e Métodos O experimento foi realizado em uma fazenda particular no município de Rondonópolis, Região Sul de Mato Grosso, no período de outubro de 2010 a fevereiro de 2011. O clima da região, conforme classificação de Koppen é o tropical úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno. O solo é classificado como podzólico vermelho amarelo. Foi avaliada a forrageira Panicum maximum cv. Mombaça em um delineamento experimental inteiramente casualisado, com dois tratamentos e quinze repetições. A área total da pastagem foi de 3 ha, realizando a coleta para a estimativa da matéria seca em uma área de 1,0 m2. Após a coleta, as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos identificados, e levados ate uma balança eletrônica, onde foi retirado o peso da matéria natural. As amostras foram levadas para o Laboratório de Bromatologia do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Mato Grosso-UFMT, campus universitário de Rondonópolis, onde foi separado colmo e folha, posteriormente foi retirado 100 g de cada amostra composta e levadas para estufa a 65º C por um período de 72 horas (ASA), após esse 363 período foi retirado e extraído seu peso, em seguida foram moídas em moinho tipo Willey e retirada 1g de cada amostra colocando-se em cadinhos e levadas para a estufa a 105º C por 24 horas (ASE), após feita toda a marcha analítica, conforme Silva e Queiroz (2002), pode-se obter percentuais de planta inteira, folha e colmo, dos período avaliados (seca e águas). Os dados obtidos referentes ao teor de matéria seca total, da folha e do colmo foram analisados estatisticamente através da análise de variância (teste t) e, nos casos de significância (P<0,05), procedeu-se o teste de médias a 5% de probabilidade pelo teste Tukey, utilizando-se o programa SAEG, 1999 versão 8.1 (UFV). Resultados e Discussão Observou-se maior percentagem de matéria seca total (MST), da folha (MSF) e do colmo (MSC) do capim Panicum maximum cv. Mombaça no período chuvoso (Tabela 1). Os dados desta pesquisa corroboram com os de Costa et al. (2005), onde observaram que a matéria seca apresentou menores teores nos meses de maiores precipitações, ou seja, no período chuvoso do ano. O teor de matéria seca da folha e do colmo diferiram significativamente entre os períodos avaliados, onde o período seco apresentou maior teor de matéria seca (77,31 e 70,12%, respectivamente). Cecato (1993) enfatiza que no período seco a matéria seca de folhas e de colmo são encontradas em maiores proporções, e quando comparadas entre si a produção de matéria seca de folhas são proporcionalmente maiores do que as de colmo. No caso das gramíneas tropicais de hábito de crescimento ereto, Da Silva e Brissia (2000) descreveram a importância do alongamento do colmo como resposta morfogênica determinante do crescimento e acúmulo de forragem e condicionante da relação folha:colmo, característica estrutural importante de dosséis formados por essas plantas. No entanto, à medida que a planta forrageira atinge seu potencial produtivo ou a intensidade de desfolhação é diminuída, ocorre aumento do acúmulo de colmo e material morto depois de alcançada a condição de 95% de IL pelo dossel forrageiro durante a rebrotação. Esses componentes, além de modificarem a estrutura do pasto, contribuem negativamente para o valor nutritivo da forragem produzida. A quantidade de folhas presente na forragem altera a qualidade da dieta ofertada, pois uma alta relação folha:colmo representa uma forragem de elevado teor de proteína, boa digestibilidade. Considerando que a presença de colmos e pseudocolmos podem impedir o processo de formação do bocado, então a distribuição espacial e a altura destes são importantes determinantes da desfolhação (Rego et al., 2003). Tabela 1 – Valores médios da produção de matéria seca total (MST), da folha (MSF) e do colmo (MSC) do capim Panicum maximum cv. Mombaça no período seco e chuvoso, Rondonópolis-MT. Variável MST (%) MSF (%) MSC (%) Período seco 64,59a 77,31a 70,12a Período chuvoso 29,30b 47,65b 32,46b CV (%) 7,76 13,79 12,55 CV= Coeficiente de variação; a,b Médias seguidas de diferentes letras minúsculas nas linhas, diferem entre si estatisticamente pelo teste Tukey a 5% de significância. 364 Conclusões O efeito da estacionalidade refletiu na produção de matéria seca do capimmombaça, apresentando alta percentagem no período seco, servindo como uma ferramenta para aperfeiçoamento do manejo das pastagens na região em estudo. Literatura citada CECATO, U. Influência da frequência de corte, níveis e formas de aplicação de nitrogênio na produção e composição bromatológica do Capim Aruana (Panicum maximum cv. Jacq. cv. Aruana). Jaboticabal, 1993. 112f. Tese (Doutorado em Produção Animal) – Departamento de Zootecnia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal – Universidade Estadual Paulista, 1993. COSTA, K.A.P.; ROSA, B.; OLIVEIRA, I.P.; CUSTÓDIO, D.P.; SILVA, D.C.E. Efeito da estacionalidade na produção de matéria seca e composição bromatologica da Brachiaria brizantha cv. Marandu. Ciência Animal Brasileira (UFG), Goiânia, v. 6, n. 3, p. 187-193, 2005. DA SILVA, S. C.; SBRISSIA, A.F. A planta forrageira no sistema de produção. In:PEIXOTO, A. M.; PEDREIRA, C. G. S.; MOURA, J. C. de; FARIA, V. P. de. (Eds.). SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM: A planta forrageira no sistema de produção, 17, Piracicaba, 2000. Anais... Piracicaba: FEALQ, p.3-20, 2000. MALDONADO, H.; DAHER, F.R.; PEREIRA, A.V. Efeito da irrigação na produção de matéria seca do capim elefante (Pennisetum purpureum Schum) em Campos dos Goytacazes, RJ. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34., Juiz de Fora, 1997. Anais... Juiz de Fora: SBZ, 1997. REGO, F.C.A.; CECATO, U.; DAMASCENO, J.C. Valor nutritivo do capim-tanzânia (Panicum maximum Jacq cv. Tanzânia-1) manejado em alturas de pastejo. Acta Scientiarum, v.25, n.2, p.363-370, 2003. 365 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.35. Parâmetros fisiológicos de animais de produção submetidos ao estresse térmico Danilo Ferraz Ruas¹, Ana Cláudia Maia Soares¹, Gabriela Almeida Bastos¹, Sâmara Raiany de Almeida Rufino¹, Neide Judith Faria de Oliveira², Luciana Castro Geraseev². 1 2 Discente de Zootecnia-UFMG Docente do Instituto de Ciências Agrárias-UFMG Resumo: Elevar a produtividade de leite de forma sustentável é um dos desafios para os produtores. A adaptabilidade do rebanho em relação ao clima, a nutrição, o manejo são os principais fatores que podem definir o resultado. A temperatura e umidade relativa do ar são consideradas fatores com influência na produtividade leiteira. Animais submetidos a essa produção são pouco adaptados a condições extremas de temperatura, apresentando, portanto, uma zona de conforto térmico, nessa faixa não é necessário a perda ou a conservação de calor. São as respostas fisiológicas dos animais que permitem avaliar o seu estado de conforto térmico. Palavras Chave: condições climáticas, leite, produção, sustentabilidade Abstract: Raising the productivity of milk in a sustainable manner is one of the challenges for producers. The adaptability of the herd in relation to climate, nutrition, management are the main factors that determine the outcome. The temperature and relative humidity are considered factors that influence the milk productivity. Animals subjected to this production are poorly adapted to extreme conditions of temperature, and so presents athermal comfort zone, this range is not needed in the loss or retention of heat. Are thephysiological responses of animals to assess their state of thermal comfort. Key Words: climatic conditions, milk, production, sustainability. Introdução Os parâmetros fisiológicos são métodos que permitem a avaliação dos animais de produção quanto às condições e ao manejo que são submetidos. Os sinais metodológicos que são utilizados para a determinação são batimento cardíaco, temperatura retal, frequência respiratória. Porém existem fatores genéticos e ambientais que podem comprometer. Já o estresse térmico pode ser definido como a somatória de forças externas ao animal homeotérmico, desequilíbrio entre condições ambientais e 366 animal que alteram a temperatura corporal do estado de repouso, ou seja, a condição de homeostase. Fatores ambientais são um dos principais problemas que interferem na produção de leite, sobretudo em vacas de alta produção que necessitam de maior ingestão de alimentos e consequentemente maior produção de calor metabólico (PEGORER, 2006). O conhecimento da interação entre os animais e o ambiente é fundamental para a tomada de decisões quanto a estratégias de manejo a serem utilizadas para maximizar as respostas produtivas. Dessa forma, o entendimento das variações diárias e sazonais das respostas fisiológicas permite a adoção de ajustes que promovam maior conforto aos animais. É inquestionável que nas regiões intertropicais as trocas térmicas por radiação entre os animais e o ambiente assumem uma grande importância: elas determinam em muitos casos a diferença entre um ambiente confortável e outro intolerável. Nessas trocas, o papel da capa de pelame nos animais é fundamental (PIRES, 2006). Objetivouse com o presente trabalho discutir os parâmetros fisiológicos de animais de produção submetidos ao estresse térmico de acordo com as informações disponíveis na atualidade. Para atingir este objetivo, realizou-se uma criteriosa revisão bibliográfica, para a obtenção dos dados e subsídios necessários para discutir a cerca do tema proposto. Revisão de Literatura A temperatura corporal nos mamíferos é mantida dentro de estreitos limites, independente das variações ambientais de temperatura. Para a manutenção da temperatura dentro desses limites, o animal necessita regular a velocidade do ganho e da perda de calor. A atividade termorregulatória necessária para os homeotérmicos manterem em equilíbrio suas temperaturas corporais aumenta com a alteração das condições ambientais de temperatura para os extremos. Em condições moderadas a produção e a perda de calor estão em equilíbrio. Essa faixa é chamada de zona de neutralidade térmica que varia de acordo com a taxa metabólica. A vaca leiteira que possui uma alta produção leiteira, produz uma grande quantidade de calor metabólico fazendo com que sua zona de neutralidade térmica seja baixa: entre 4 a 15°C (ROBINSON, 2004). Segundo Bianca (1963), um animal sob condições de estresse térmico, o aumento da frequência respiratória antecede a elevação da temperatura retal. A frequência respiratória observada em um experimento que avaliava o local em que os animais eram alojados mostrou que na parte da tarde os animais que eram mantidos a céu aberto foi maior (p<0,05) que naqueles criados sob sombrites. Os animais mantidos em abrigos móveis apresentaram valores intermediários de frequência respiratória que não diferiram (p>0,05) dos obtidos nos animais mantidos a céu aberto e sob sombrite. Esses resultados evidenciaram que, independentemente dos tipos de instalação avaliados, os animais intensificaram os processos latentes de perda de calor na tentativa de manter a temperatura corporal dentro da normalidade fisiológica, apesar de, no período da tarde, este mecanismo não ter sido eficiente para os animais mantidos a céu aberto. Façanha et al. (1997) observaram que animais mantidos em abrigos móveis ingeriam água mais vezes por dia que aqueles mantidos em galpões. Essa diferença na ingestão de água era uma forma alternativa na tentativa de dissipar o calor e manter a temperatura corporal. Na tentativa de amenizar o desconforto do animal e aumentar a sua produtividade é possível utilizar algumas alternativas. O uso de instalações que reduzam 367 o calor pode melhorar tanto a produção de leite como as taxas de prenhes. A redução no calor depende da otimização da troca de calor através de convecção, condução, radiação e evaporação, e o melhor sistema de resfriamento depende de cada local (THATCHER, 2010). Conclusões O estresse térmico interfere negativamente em vários aspectos na produção leiteira. Podendo associar a queda de produtividade e ao comprometimento reprodutivo o que prejudica o potencial econômico dos rebanhos. Por isso é necessário o manejo adequado, pois existem várias alternativas para minimizar o desconforto térmico dos animais. Literatura Consultada BIANCA, W. Rectal temperature and respiratory rate as indicators of heat tolerance in cattle. Journal of Agriculture Science, v.60, p.113-120, 1963. FAÇANHA, D.A.E.; VASCONCELOS, A.M.; OLIVIO, C.J. Comportamento de bezerros da raça Holandesa submetidos a diferentes tipos de instalações. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 23., 1997, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1997. p.115-116. PEGORER, M. F. Influência do estresse calórico na reprodução de vacas leiteiras de alta produção. Tese (Doutorado em Reprodução Animal)- Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP, 2006. PIRES, M. F. A. Manejo nutricional para evitar o estresse calórico, EMBRAPA, Juiz de Fora, MG, p. 1-4, Nov 2006. (Comunicado técnico, 52). ROBINSON, N. E.; Homeostase, Termorregulação. In: CUNNINGHAM, J. G.; Tratado de Fisiologia Veterinária. 3. ed. p. 550-561. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2004. THATCHER, W. W. Manejo de estresse calórico e estratégias para melhorar o desempenho lactacional e reprodutivos em vacas de leite. XIV Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, 2010. Uberlândia, MG. Anais... 2010, p. 2-25. 368 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.36. Variáveis do comportamento ingestivo e componentes estruturais de uma pastagem natural Leandro Bittencourt de Oliveira2, Bruno Castro Kuinchtner3, Émerson Mendes Soares3 Régis Maximiliano Roos de Carvalho3, Cezar Wancura Barbieri3 Fernando Luiz Ferreira de Quadros4 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, financiada pelo CNPq. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia. 3 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia. 4 Professor do Departamento de Zootecnia. 2 Resumo: O objetivo desde trabalho foi relacionar variáveis de comportamento ingestivo, como a massa seca do bocado e taxas de bocados por minuto, com as medidas de biomassa seca e altura por estratos de uma pastagem natural no período de outonoinverno. A pastagem foi manejada no período de maio a outubro com cargas fixas por duas alternativas de pastoreio rotativo de intervalo de descanso de 375 e 750 GD. Foram avaliados a massa seca de bocado (MSboc), a taxa de bocados (TXboc), matéria seca do estrato inferior (MSei), superior (MSes) e total da pastagem (MS), a matéria seca de colmos, folhas, material senescente (MM) e outras espécies (não gramíneas) e as alturas do estrato inferior (Hei) e superior (Hes). Os resultados foram transformados pela amplitude dentro das variáveis e usada a distância euclidiana como medida de semelhança para aplicação de teste de aleatorização e ordenação. A massa de colmos, Hei e Hes foram as variáveis que mais correlacionaram-se com a MSboc. A TXboc foi inversamente correlacionada com as variáveis acima mencionadas e com MSboc. Palavras Chave: estrutura da pastagem, massa de bocado, massa de forragem Variables of ingestive behavior and structural components of a natural grassland Abstract: The aim of this work was to relate variables of ingestive behavior, such as bite mass and bites per minute, with measures of dry biomass and sward‘s height of grasslands during autumn-winter. The pasture was managed from May to October with fixed stocking for two alternative rotational grazing rest interval of 375 and 750 GD. We evaluated bite mass (MSboc), bite rate (TXboc), dry matter of the lower stratum (MSei), higher strata (MSEs) and total pasture (MS), the dry matter of stems, leaves, senescent material (MM) and other species (not grass) and of the inferior stratum height (Hei) and higher (Hes). The results were transformed within the range of variables and subjected to the dissimilarity measure euclidean distance for the application of randomization test and ordination. The mass of stems, Hei and Hes were the variables most correlated with MSboc. The TXboc was inversely correlated with the variables mentioned above and MSboc. 369 Key Words: sward structure, bite mass, herbage mass Introdução No Rio Grande do Sul, cerca de 90% das propriedades de pecuária de corte manejam o rebanho exclusivamente em pastagens nativas (SEBRAE, SENAR e FARSUL, 2005). Tais pastagens caracterizam-se pela sua heterogeneidade, com uma variada composição florística, sendo capazes de proporcionarem bons ganhos de peso animal, principalmente na estação quente do ano. Isso ocorre porque as gramíneas, principais espécies forrageiras das pastagens naturais, são megatérmicas e predominantemente C4. Assim, há menor produção animal na estação fria, pela redução no crescimento e qualidade da pastagem, com baixos níveis de proteína bruta e altos níveis de fibra em detergente neutro. As pastagens naturais, devido a sua complexidade, podem apresentar uma dupla estrutura vegetacional, decorrente do hábito de crescimento das espécies que compõem este ecossistema. Normalmente, a dupla estrutura é condicionada pelo pastejo animal sendo caracterizada por dois estratos bem distintos: o estrado inferior onde predominam espécies prostradas de melhor valor nutritivo como Paspalum notatum e Axonopus affinis e o estrato superior dominado por espécies cespitosas, de porte ereto e de menor qualidade forrageira, como Andropogon lateralis e Aristida laevis. Baseado nisso, em ambientes heterogêneos como as pastagens naturais, o bom desempenho animal é dependente da relação de disponibilidade de forragem e altura entre os estratos para que o animal, quando em pastejo, consuma uma dieta de qualidade para atender as exigências de mantença e produção (Gonçalves et al., 2008). A quantificação da massa de forragem é indispensável para que se possa oferecer uma quantidade de matéria seca ―ideal‖ ao animal. A massa de forragem é o resultado da interação entre os fluxos de crescimento, senescência vegetal e consumo pelo animal (Nabinger & Pontes, 2001). Esses condicionantes aliados ao manejo da desfolha são formadores da estrutura da pastagem. A massa de forragem, por si só, é uma medida que não informa como a pastagem se apresenta ao animal, por isso medidas como a altura podem ter uma melhor relação com estrutura da pastagem. A altura do pasto é principalmente relacionada com a profundidade do bocado do animal. O volume de massa de cada bocado, bem como a qualidade dessa massa, são definidores do desempenho animal. Então entender a estrutura que melhor condiciona o desempenho animal é imprescindível em sistemas que preconizem a utilização de pastagens naturais heterogêneas. O objetivo desde trabalho foi relacionar as variáveis de consumo de forragem, massa seca do bocado e o bocado por minuto com as medidas de massa seca e altura por estratos de uma pastagem natural no período de outono/inverno. Material e Métodos O experimento foi realizado em área de pastagem natural pertencente ao Laboratório de Ecologia de Pastagens Naturais (UFSM) no período de maio a setembro de 2011. A área do ensaio constitui-se de 42 piquetes com 0,5 ha cada. A pastagem foi manejada por duas alternativas de pastoreio rotativo as quais deram origem aos tratamentos. Os critérios que diferenciaram os tratamentos foram dois intervalos de descanso da pastagem dados pela soma térmica diária acumulada de 375 e 750 graus-dia (GD) entre os pastoreios. Para atender o intervalo de descanso foram alocados em blocos ao acaso, com 3 repetições, 6 e 8 piquetes de 0,5 ha de área para os intervalo de descanso de 375 e 750 GD, respectivamente. O período de ocupação de 370 cada piquete foi definido pela soma térmica de descanso dividida pelo número de piquetes de cada tratamento. Na média os animais permaneceram 04 e 07 dias para os tratamentos de 375 e 750 GD, respectivamente. A carga animal média foi de 464,8 kg PV ha -1 fixa ao longo do período de avaliação. Foram manejadas 36 novilhas com idade de 18 meses e peso médio inicial de 220 kg, sendo a metade da raça Red Angus e as outras do cruzamento Charolês x Nelore. As novilhas foram suplementadas, diariamente, com milho moído (na proporção de 0,5% do PV) e fornecido sal proteinado (42% Proteína Bruta). Para a determinação da massa de forragem (MS) foi escolhido um piquete representativo de cada bloco. As avaliações de massa sempre foram realizadas antecedendo a entrada dos animais nos piquetes representativos pelo método de dupla amostragem com 06 cortes e 20 avaliações visuais, e através das amostras coletadas foi realizada a separação dos componentes estruturais em lâminas foliares (FOLHAS), colmos, material senescente (MM) e outras (espécies que não fossem gramíneas). Os estratos foram classificados em baixo/inferior ou alto/superior conforme a altura média do dossel forrageiro, sendo de 0 – 20 cm inferior (Hei) e, superior, acima de 20 cm (Hes). Estas alturas foram estabelecidas em função da composição botânica da pastagem que até 20 cm não apresentava espécies de hábito ereto. A taxa de bocados (TXboc) foi obtida por um avaliador treinado que cronometrava o tempo para o animal realizar 20 bocados, posteriormente transformada em minutos. A massa do bocado (MSboc) é resultante do consumo de forragem em gramas de MS dividido pelo número de bocados por minuto vezes o tempo total de pastejo. Os dados foram transformados dentro das variáveis pela amplitude e a medida de semelhança utilizada foi a distância euclidiana entre unidades amostrais para a realização de testes de aleatorização e ordenação das médias pelas coordenadas principais, todos realizados no software MULTIV. Os fatores de agrupamento foram os intervalos de descanso da pastagem e os períodos de avaliação. Foram consideradas significativas as probabilidades menores que 0,05. Resultados e Discussão O diagrama de ordenação (Figura 1) sumariza a trajetória dos tratamentos nos períodos avaliados em função das variáveis relacionadas com os eixos x e y. Os dois eixos de ordenação explicaram 72,2 % da variação total dos resultados. A análise de variância com testes de aleatorização de todas as variáveis apresentou interação entre os intervalos de descanso e os períodos (p= 0,025). As variáveis foram separadas por uma análise gráfica pelo seu comportamento ao longo do período e foram agrupadas as variáveis MS, MSes, MSei, FOLHA, MM e OUTRAS. Essas quando analisadas em conjunto não apresentam interação significativa (p= 0,316) e não diferiram quanto aos intervalos de descanso (p= 0,65) e períodos (p= 0,151). Isso demonstra que mesmo com as cargas fixas durante o período, a quantidade de matéria consumida foi muito similar à taxa de acúmulo da pastagem. Ainda, a menor correlação dessas variáveis com a MSboc e TXboc ocorreu porque as medidas de massa dos componentes da pastagem não expressam a complexidade estrutural de uma pastagem formada por espécies cespitosas e prostradas, tal qual a utilizada no presente trabalho. As variáveis Txboc, MSboc, COLMO, Hes e Hei quando avaliadas em conjunto demonstraram interação entre os intervalos de descanso e os períodos (p= 0,001). Porém quando avaliadas em cada período não foram encontradas diferenças entre os intervalos de descanso da pastagem. 371 As variáveis mais correlacionadas a MSboc foram COLMO, Hei e Hes. Isto é explicado pela estrutura do campo nativo afetar o padrão de desfolhação (Gonçalves et al., 2009). A maior altura do estrato inferior pode permitir ao animal dar bocados mais profundos e, consequentemente, de maior massa. Porém, a altura do estrato superior, pode representar também menor facilidade de apreensão das lâminas foliares, quando há aumento da massa de colmos, o que dificulta a oportunidade de os animais encontrarem lâminas foliares. Isso não ocorreu nesse trabalho pelas elevadas massas de lâminas foliares proporcionadas pelo pastoreio rotativo intervalos de descanso. Além disso, a utilização da suplementação protéica pode ter estimulado os animais a consumir partes da planta de menor qualidade, justificando a relação entre a MSboc e COLMO. A Txboc pelo seu posicionamento no quadrante oposto a MSboc, COLMO e Hei foi correlacionada inversamente a MSboc. Figura 1 – Diagrama de ordenação da MS= massa seca de forragem, MSes= massa seca do estrato superior, MSei= massa seca do estrato inferior, COLMO= massa seca de colmo, FOLHA= massa seca de folhas, OUTRAS= massa seca de espécies não gramíneas, MM= massa seca senescente, Oflaf= oferta de lamina foliar, Hes= altura estrato superior, Hei= altura do estrato inferior, MSboc= massa seca do bocado e TXboc= numero de bocados por minutos em função das trajetórias ao longo dos períodos de avaliação dos intervalos de descanso da pastagem de 375 e 750 GD. Conclusões A massa do bocado é dependente da altura da pastagem, principalmente da altura do estrato inferior da pastagem. Literatura citada GONÇALVES, E.N.; CARVALHO, P.C. de F; SILVA, C.E.G. da; et al. Relações planta-animal em ambiente pastoril heterogêneo: padrões de desfolhação e seleção de dietas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p.611-617, 2009. NABINGER, C.; PONTES, L.S. Morfogênese de plantas forrageiras e estrutura do pasto. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: SBZ, 2001. p.755-771. 372 SEBRAE; SENAR; FARSUL. Diagnóstico de Sistemas de Produção de Bovinocultura de corte do Estado do Rio Grande do Sul. Relatório de Pesquisa – Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas, UFRGS, Porto Alegre. 2005. 144 p. 373 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.37. Características estruturais do papuã pastejado por bezerras de corte recebendo ou não sal proteinado Lidiane Raquel Eloy1, Luciana Pötter²; Viviane da Silva Hampel1, Sheila Cristina Bosco Stivanin1, Paulo Roberto Salvador3, Anelise Pereira Hundertmarck4 1 Programa de pós graduação em Zootecnia UFSM/Santa Maria, RS. e-mail: [email protected] Departamento de Zootecnia UFSM/Santa Maria, RS. e-mail: [email protected] 3 Curso de Zootecnia UFSM/CESNORS Palmeira das Missões, RS. 4 Curso de Zootecnia UFSM/Santa Maria, RS. 2 Resumo: Foram avaliadas as características estruturais do papuã (Urochloa plantaginea (Link) Hitch.) pastejado por bezerras da raça Angus com 15 meses de idade e peso médio inicial de 254,00 kg em pastejo exclusivo ou recebendo 0,20% do peso corporal de sal proteinado. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo e duas repetições de área. Para avaliar a estrutura do papuã, foram marcados 40 perfilhos em cada repetição de área. Foram realizadas quinze medições, nos seguintes períodos: 22/01 a 09/02; 10/02 a 27/02; 28/02 a 12/03. Esses períodos foram arbitrados para coincidir com os demais dados coletados na pastagem e nos animais. O fornecimento de sal proteinado como suplemento para bezerras de corte não resultou em alterações nas características estruturais do papuã. A altura do dossel, relação folha:colmo e profundidade de lâminas foliares apresentaram comportamento linear decrescente em função dos dias de utilização do papuã. Palavras Chave: Angus, profundidade de lâminas foliares, sal proteinado, Urochloa plantaginea Structural characteristics of Alexandre grazed by beef heifers receiving or not protein salt Abstract: We evaluated the structural characteristics os alexandregrass (Urochloa plantaginea (Link) Hitch.) grazed with angus heifers 15 months old and initial body weight of 254.00 kg grazing exclusive of receiving o.20% of body weight of salt protein. The experimental design was completely randomized design with repeated measures and two plots. To evaluate the structure of alexandregrass, 40 tillers were marked on each repetition of the área. Fifteen measurements were performed in the following periods: 22/01 to 09/02, 10/02 to 27/02. 28/02 to 12/03. These periods were arbitrated to match the other data collected in the pasture and animals. The supply of salt and protein supplement for beef heifers resulted in no change in the structural 374 characteristics of alexandergrass. The canopy height, leaf:stem ratio and depht of leaf blades linearly decreased as a function of days of use of alexandergrass. Key Words: angus, depth of leaf, salt protein, Urochloa plantaginea Introdução O papuã (Urochloa plantaginea (Link) Hitch) é considerado uma planta invasora das culturas de verão como soja e milho, possuindo características desejáveis como espécie forrageira, com elevada produção de matéria seca de boa qualidade. O uso de forrageiras de ciclo tropical, aliado à prática de suplementação proteica, pode proporcionar aos bovinos ganhos superiores do que os obtidos exclusivamente em pastagens (Restle et al., 2002). A estrutura do pasto é definida como a disposição espacial da biomassa aérea em uma pastagem, ou seja, a distribuição e o arranjo da parte aérea das plantas em uma comunidade vegetal (Laca & Lemaire, 2000) e pode ser modificada quando os animais em pastejo recebem suplementos. O estudo da morfogênese em pastagens tem sido realizado com o intuito de acompanhar a dinâmica de aparecimento e morte de folhas e perfilhos, os quais constituem a unidade básica da pastagem. Também, o estudo da morfogênese dá um sentido mais dinâmico à natureza das transformações na forma e estrutura das plantas ao longo do tempo, permitindo conhecer os diferentes fatores que integram aos processos de crescimento e desenvolvimento (Marcelino et al., 2006). O objetivo deste trabalho foi avaliar as respostas das características estruturais do papuã utilizado por bezerras de corte exclusivamente em pastagem ou recebendo 0,20% do peso corporal de sal proteinado. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido entre janeiro a março de 2010, em área do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria - RS. A área experimental, com 3,2 hectares, possui quatro subdivisões de aproximadamente 0,8 hectares cada, as quais constituíram as unidades experimentais e mais uma área anexa de 1,5 hectares. Foram utilizados 250 kg/ha de adubo N-P-K da fórmula 05-20-20. A quantidade de nitrogênio (N) em cobertura foi de 45,00 kg/ha, na forma de ureia, aplicada nos dias 11/01 e 10/02/2010, com 22,25 kg/ha por aplicação. As bezerras, da raça Angus, permaneceram em pastagem de papuã exclusiva ou em pastagem de papuã e recebendo 0,20% do peso corporal de suplemento. As bezerras tinham 15 meses de idade e peso médio de 254,00 kg no início do experimento. O suplemento utilizado foi um produto comercial, contendo 34% de proteína bruta, composto de farelo de soja, óleo vegetal, ureia, calcário e premix mineral, fornecido diariamente às 8 h. A massa de forragem pretendida foi entre 2500 e 3000 kg/ha de matéria seca, estimada a cada dez dias pelo método de estimativa visual com dupla amostragem. A partir da amostra proveniente da massa de forragem foi determinada a relação folha:colmo. Para calcular a taxa de lotação foi utilizado o somatório do peso médio das bezerras-teste, com o peso médio de cada bezerra reguladora multiplicado pelo número de dias que as mesmas permaneceram no piquete, dividido pelo número de dias totais do período. A simulação de pastejo foi realizada a cada 21 dias por dois avaliadores treinados, por unidade experimental, que após observarem o comportamento ingestivo dos animais por 15 minutos, efetuaram a coleta de forragem semelhante a ingerida, até constituir amostras de 500 g. Essas amostras foram secas e moídas para determinação da composição bromatológica. Para avaliar a estrutura do papuã, foram marcados 40 perfilhos em cada repetição de área. Foram realizadas quinze medições no decorrer da utilização do papuã, 375 nos seguintes períodos: 22/01 a 09/02; 10/02 a 27/02; 28/02 a 12/03. Esses períodos foram arbitrados para coincidir com os demais dados coletados na pastagem e nos animais. O número de folhas expandidas, senescendo e em expansão foram monitoradas em cada avaliação nos perfilhos marcados. A densidade populacional de perfilhos (perfilhos/m²) foi avaliada pela contagem dos mesmos em quatro locais fixos, de área equivalente a 0,0625m² cada, em cada piquete. A altura do dossel (cm) foi determinada duas vezes por semana em 10 pontos por piquete, definidos aleatoriamente antes do início das medições. A altura do pseudocolmo (cm) foi avaliada com o auxílio de uma régua graduada em centímetros, sendo o seu comprimento medido desde a base do solo até a altura da lígula da última folha expandida. A profundidade de lâminas foliares foi calculada substraindo-se a altura média do dossel da altura média do pseudocolmo. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, com dois tratamentos e duas repetições de área. Os dados foram submetidos a análise de variância e quando identificadas diferenças foi realizada comparação entre médias pelo teste Tukey. Foi realizada a análise de regressão em função dos dias de utilização da pastagem. As análises foram efetuadas com o auxílio do programa estatístico SAS, versão 9.2 (2008). Resultados e Discussão O valor da massa de forragem (MF) permaneceu dentro dos valores pretendidos no protocolo experimental (2906,43 ± 137,87 kg/ha de MS; P>0,05) e, para manter essa MF foi usada uma taxa de lotação de 2649,09 ± 436,34 kg/ha de peso corporal (P>0,05). Para valores de MF similares em diferentes sistemas alimentares, é esperado que os animais tivessem uma condição similar de pastejo, recebendo ou não suplemento. Deve ser considerado, no entanto, que mesmo com condições de MF similares, as características estruturais do pasto podem se apresentar das mais diversas formas no espaço, fruto de diversas combinações possíveis de altura e densidade (Carvalho, 1997). Não houve diferença (P>0,05; Tabela 1) entre sistemas alimentares para as características estruturais do pasto. O uso de sal proteinado não resultou em mudanças na densidade populacional de perfilhos e essa densidade foi similar para os dias de utilização da pastagem (P>0,05). Levando em consideração que a densidade de perfilhos é influenciada pelo ambiente, luz, água, manejo de desfolha e quantidades disponíveis de nutrientes, principalmente nitrogênio e que esses fatores foram atendidos de mesma forma, era esperado essa semelhança. A altura do dossel (Ŷ = 36,55 – 0,40x; R²=84,27%; CV=10,61%0), a relação folha:colmo (Ŷ = 1,96 – 0,03x; R²=86,21%; CV=25,78%) e a profundidade de lâminas foliares (Ŷ = 9,67 – 0,13x; R²=82,22%; CV=15,75%) apresentaram um comportamento linear decrescente em função dos dias de utilização da pastagem ou seja, com o avanço da utilização da pastagem, ocorre um decréscimo diário de 0,4 cm na altura do dossel, 0,03 na relação folha:colmo e 0,13 cm na profundidade de lâminas foliares. A altura do pseudocolmo diminuiu em função dos períodos de avaliação (P<0,05), sendo maior no primeiro período, intermediária no segundo e inferior no terceiro período de avaliação, com valores de 23,22; 19,37 e 17,58 cm, respectivamente. A proporção de pseudocolmo em relação à altura do dossel aumentou (79,58%; 90,26% e 95,11%), pois o papuã é uma forrageira de ciclo anual, e quando essa começa a chegar ao seu estádio reprodutivo, ocorre a redução de emissão de folhas, passando a remobilizar seus nutrientes para a produção de colmos (Pompeu et al., 2009). O número de folhas expandidas, senescentes e em expansão foi semelhante nos diferentes sistemas alimentares e períodos de utilização da pastagem (P>0,05), o que pode ser explicado porque o consumo deve ter sido semelhante tanto nos sistemas 376 alimentares, quanto nos períodos, sendo mantida a mesma relação dos diferentes tipos de folhas. Tabela 1 – Valores médios para as características estruturais do papuã sob pastejo de bezerras de corte recebendo ou não suplemento proteinado Variáveis Média e desvio padrão Altura do dossel3 22,52 ± 0,71 Altura do pseudocolmo³ 20,06 ± 1,93 Relação folha:colmo 0,74 ± 0,10 3 Profundidade de lâminas foliares 2,46 ± 0,23 Número de folhas expandidas 2,55 ± 0,21 Número de folhas em expansão 1,57 ± 0,12 Número de folhas senescendo 1,24 ± 0,06 1 Probabilidade; ²Probabilidade interação tratamento período; 3cm; P1 T x P² 0,49 0,91 0,35 0,08 0,44 0,84 0,82 0,2772 0,5991 0,8917 0,6237 0,4160 0,3863 0,2334 Conclusões Quando é mantida uma mesma massa de forragem, o fornecimento de sal proteinado para bezerras de corte em pastagem de papuã não resulta em alterações nas variáveis estruturais. A altura do dossel, relação folha:colmo e profundidade de lâminas foliares decrescem linearmente em função dos dias de utilização do pasto. Literatura citada CARVALHO, P.C.F. A estrutura da pastagem e o comportamento ingestivo de ruminantes em pastejo. In: SIMPÓSIO SOBRE AVALIAÇÃO DE PASTAGENS COM ANIMAIS, 1. Maringá. Anais… Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 1997, p.25-52. LACA, E.A.; LEMAIRE, G. Measuring sward structure. In: t‘MANNETJE, L.; JONES, R.M. (Eds) Field and laboratory methods for grassland and animal production research.Wallingford: CAB International, 2000. p.103-122. MARCELINO, K.R.A.; NASCIMENTO JÚNIOR, D.; SILVA, S.C. et al. Características morfogênicas e estruturais e produção de forragem do capim-marandu submetido a intensidades e frequências de desfolhação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.6, p.2243-2252, 2006. POMPEU, R.C.F.F.; CÂNDIDO, M.J.D.; NEIVA, J.N.M. et al. Fluxo de biomassa em capim-tanzânia sob lotação rotativa com quatro níveis de suplementação concentrada. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.5, p.809-817, 2009. RESTLE, J.; ROSO, C.; AITA, V. et al. Produção animal em pastagem com gramíneas de estação quente. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.3, suple, p.1491-1500, 2002. SAS-STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM INSTITUTE. Statistical analysis system user‘s guide: statistics. Version 8.2, Cary: Statistical Analysis System Institute, 2008. 1680p. 377 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.38. Comportamento ingestivo de ovinos em pastagem de azevém manejada em método intermitente de pastejo Lidiane Raquel Eloy1, Marta Gomes da Rocha2, Sheila Cristina Bosco Stivanin1, Viviane da Silva Hampel1, Marcos Bernardino Alves1, Mateus Negrini3 1 Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM. e-mail: [email protected] Professora do Departamento de Zootecnia - UFSM 3 Estudante de graduação do curso de Zootecnia – UFSM 2 Resumo: Em método intermitente de pastejo foi estudado o comportamento ingestivo de cordeiras Suffolk em três estádios fenológicos (vegetativo, pré-florescimento1 e préflorescimento2) do azevém nos três dias de ocupação da parcela. A taxa de lotação foi variável para obter 50% de remoção da biomassa existente por ocasião da entrada das cordeiras na parcela. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em arranjo fatorial, com três estádios fenológicos e três dias de ocupação da parcela, com oito repetições. As cordeiras foram consideradas as unidades experimentais. Não houve interação estádio fenológico x dias de ocupação para as variáveis tempo de pastejo, tempo de ócio, tempo de ruminação e taxa de bocado. As cordeiras pastejaram por menor tempo no estádio vegetativo com média de 356,66 ± 57,63 minutos/dia. O tempo de ruminação e a taxa de bocados, em média 103,33 ± 40,79 minutos/dia e 48,76 ± 4,16 bocados/minuto respectivamente, foram semelhantes nos estádios fenológicos e nos dias de permanência das cordeiras nas parcelas. O tempo de ócio, no estádio vegetativo foi em média, 242,51 ± 54,82 minutos/dia, sendo superior aos outros estádios. O tempo de ócio foi superior no segundo dia de ocupação da parcela, em média 217,50 minutos/dia, valor 13,45% superior aos demais dias de ocupação. Palavras Chave: profundidade de bocados, Suffolk, taxa de bocado, tempo de pastejo Feeding behavior of sheep on ryegrass pasture under intermittent grazing Abstract: Feeding behavior of Suffolk lambs was studied under an intermittent grazing method in three phenological stages of ryegrass (vegetative, pre-reproductive 1 and prereproductive 2) over three days of plot occupation. The stocking rate was variable in order to achieve a 50% removal of pasture biomass at the entrance of the lambs in the plot. The experimental design was completely randomized in a factorial arrangement with three phenological stages and three days of plot occupation, with eight replications. 378 The lambs were considered as experimental units. There was no interaction phenological stage x day of occupation for the variables grazing time, idle time, ruminating time and bite rate. The lambs grazed for less time in the vegetative stage, with an average of 356.66 ± 57.63 minutes / day. The rumination time and bite rate, on average 103.33 ± 40.79 minutes/day and 48.76 ± 4.16 bites/minute respectively, were similar in all phenological stages and among days of plots occupation. The idle time on vegetative stage, about 242.51 ± 54.82 minutes / day, was higher than the other stages. In the second day of the plot occupation the idle time was 13.45% higher than the others, on average 217.50 minutes / day. Key Words: bite depth, Suffolk, bite rate, grazing time Introdução O método de pastejo rotacionado possibilita maior controle da forragem disponível e maior ganho de peso por área. O conhecimento do comportamento ingestivo dos herbívoros auxilia nas decisões das estratégias do manejo dos animais e plantas, para obtenção de melhores resultados de produtividade. No decorrer dos estádios fenológicos de uma gramínea é verificada uma mudança na sua estrutura, ocorrendo uma crescente participação de colmos e material morto e redução na presença de folhas. Essas modificações nas características estruturais também são verificadas em forrageiras sob método rotativo de pastejo durante os dias de ocupação da parcela pela ação seletiva do herbívoro na ingestão de forragem. Isso, por sua vez, provoca diferentes ações no seu comportamento ingestivo em relação aos tempos de pastejo, ruminação e ócio e taxa de bocado. O trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar o comportamento ingestivo de cordeiras em pastagem exclusiva de azevém de acordo com os dias de ocupação da parcela e os estádios fenológicos do pasto. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, de 27 de julho a 24 de outubro de 2011. A área experimental foi constituída de cinco parcelas de 0,13 ha, constituindo as unidades experimentais, e mais uma área contínua de 0,35 ha. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam.) foi estabelecida no dia 20/05/2011 com semeadura a lanço, sendo utilizados 30 kg/ha de sementes. A adubação utilizada foi 200 kg/ha de NPK (fórmula 05-20-20) e 123 kg de nitrogênio na forma de ureia, em sete aplicações, sendo a primeira realizada em 24/06 e as demais com intervalos de 15 dias. Os animais experimentais foram cordeiras da raça Suffolk com idade e peso corporal inicial de 10 meses e 45,57 ± 4,39 kg, respectivamente. O método de pastejo foi o intermitente, com permanência das cordeiras por três dias em cada parcela. O intervalo entre os pastejos foi estimado para corresponder a soma térmica necessária para o surgimento de 1,5 folha de azevém, de acordo com um filocrono estimado de 188 graus-dia. Os tratamentos consistiram de animais em pastagem exclusiva de azevém, durante os estádios vegetativo (27/07 a 25/08), pré-florescimento1 (26/08 a 24/09) e pré-florescimento2 (25/09 a 24/10) e nos três dias de ocupação da parcela. Um ciclo de pastejo correspondeu a 15 dias de intervalo e a três dias de ocupação, sendo avaliados dois ciclos por estádio fenológico. Foram utilizados 16 animais-teste e um número variável de animais reguladores para um desaparecimento previsto de 50% do valor da massa de forragem (MF) existente no dia de entrada dos animais na parcela. Para isso foi usada uma taxa de desaparecimento diária 379 de 4,5% do peso corporal. A massa de forragem foi determinada por meio da técnica de estimativa visual com dupla amostragem na entrada e na saída dos animais em cada parcela, com 20 estimativas visuais e cinco cortes, os quais foram homogeneizados para a separação dos componentes botânicos e estruturais. A partir da proporção de lâminas foliares e colmos foi determinada a relação folha:colmo. O comportamento ingestivo dos animais foi avaliado em uma única parcela experimental, nos três dias de ocupação, em dois ciclos de pastejo por estádio fenológico do azevém. As medidas de tempo de pastejo, ócio e ruminação (min/dia) foram avaliadas em intervalos de dez minutos durante 12 horas diárias por observação visual de oito animais-teste. Concomitantemente às observações da atividade de pastejo foram registrados os tempos necessários para os animais realizarem 20 bocados (Hodgson, 1982) para cálculo da taxa de bocados (boc./min.). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em arranjo fatorial com três estádios fenológicos (vegetativo, pré-florescimeto1 e préflorescimento2) x três dias de ocupação dos piquetes e oito repetições. Os animais foram considerados as repetições. Foi realizado teste de normalidade e após os dados foram submetidos à análise de variância, e quando detectada diferenças, as médias foram comparadas pelo teste Tukey em 5% de probabilidade. As análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SAS 8.2. Resultados e Discussão A massa de forragem e a relação folha:colmo na entrada dos animais na parcela e no terceiro dia de ocupação foram, em média, de 1643,4 ± 123,54 kg/ha de MS; 3,53 ± 0,84 e 1185,69 ± 104,66 kg/ha de MS; 1,32 ± 0,50 respectivamente, com desaparecimento médio de 457,7 kg/ha de MS nos dias de ocupação. Não houve interação (P>0,05) estádios fenológicos x dias de ocupação da parcela para as variáveis tempo de pastejo, tempo de ruminação, tempo de ócio e taxa de bocado. O tempo de pastejo diferiu entre os estádios fenológicos do azevém (P = 0,0001) e os dias de ocupação das parcelas (P = 0,0057). Os animais pastejaram por menor tempo no estádio vegetativo, com média de 356,66 min/dia enquanto o tempo de pastejo foi em média de 476,23 min/dia nos estádio de pré-florescimento1 e préflorescimento2. Segundo Pedroso et al. (2004), os ovinos necessitam de maior tempo de pastejo para compensar a queda de qualidade da pastagem com o avanço dos estádios fenológicos do azevém. No terceiro dia de ocupação, período em que antecedia as trocas de parcela o tempo de pastejo foi em média 400,83 minutos/dia sendo 11,74% inferior aos demais dias de ocupação. Baumont et al. (2004) também observaram que nos períodos que antecediam as trocas de parcelas, os animais ficavam aguardando, parecendo relutar em gastar mais tempo e energia selecionando pequenas quantidades de lâminas foliares. O tempo de ruminação foi semelhante (P>0,05) nos estádios fenológicos do pasto e entre os dias de ocupação das parcelas, com média de 103,33 ± 40,79 minutos/dia. A constância no tempo de ruminação das cordeiras é um indicativo de que elas tiveram a oportunidade de colher um alimento com semelhante teor de fibra ao longo dos estádios fenológicos e dos dias de ocupação. As cordeiras selecionaram de forma similar os componentes estruturais do azevém, colmos e lâminas foliares, que possuem teores distintos de participação da parede celular. O tempo de ócio diferiu (P>0,05) entre os estádios fenológicos do azevém, sendo que as cordeiras permaneceram maior tempo em ócio durante o estádio vegetativo, em média 242,514 minutos/dia. Nos demais estádios as cordeiras permaneceram, em média 149,19 minutos/dia nessa atividade. De acordo com Patiño 380 Pardo et al. (2003), as atividades comportamentais dos animais são consideradas mutuamente excludentes, desta forma o aumento no tempo de ócio foi concomitante com a diminuição no tempo de pastejo nesse mesmo estádio. A taxa de bocado foi semelhante nos estádios fenológicos e dias de ocupação da parcela com média de 48,76 ± 4,16 bocados/minuto, indicando que as diferenças na estrutura do pasto nos dias de ocupação das parcelas não foram suficientes para modificar esse componente do comportamento ingestivo. Conclusões O tempo de pastejo diário de cordeiras em azevém é menor no estádio vegetativo do azevém e no terceiro dia de ocupação da parcela. O tempo de ócio diário é superior no estádio vegetativo e no segundo dia de ocupação da parcela. O tempo de ruminação e o a taxa de bocados não são modificados nos dias de ocupação e estádio fenológico do pasto. Literatura citada BAUMONT, R.; COHEN-SALMON, D.; PRACHE, S. et al., Mechanistic model of intake and grazing behaviour in sheep integrating sward architecture and animal decisions. Animal Feed Science and Technology, v.112, p.5-28, 2004. HODGSON, J. Ingestive behavior. In: LEAVER, J.D. (Ed.) Herbage intake handbook. Hurley: British Grassland Society, p.113.1982. PATIÑO PARDO, R.M.; BALBINOTTI, M.; FISCHER, V. et al. Comportamento ingestivo diurno de novilhos em pastejo submetidos a níveis crescentes de suplementação energética. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6, p.1408-1418, 2003. THARMARAJ, J.; WALES, W.J.; CHAPMAN, D.F. et al. Defoliation pattern, foraging behaviour and diet selection by lactating dairy cows in response to sward height and herbage allowance of a rye-grass dominated pasture. Grass and Forage Science, v.98, p.225-238, 2003. 381 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.39. Consumo de forragem por novilhas de corte em pastagens de ciclo estival Guilherme Pegoraro Gai1, Marta Gomes da Rocha2, Renato Alves de Oliveira Neto3, Aline Tatiane Nunes da Rosa3, Ludmila Leonardi Biscaíno3, Paulo Roberto Salvador4 1 Graduação em Zootecnia – UFSM, Bolsista BIC/FAPERGS. e-mail: [email protected] Professora associada do Departamento de Zootecnia - UFSM. e-mail: [email protected] 3 Programa de Pós Graduação em Zootecnia – UFSM 4 Graduação em Zootecnia – UFSM 2 Resumo: Foi avaliado o consumo de forragem por novilhas de corte em pastagem de coastcross (Cynodon dactylon (L.) Pers) e papuã (Urochloa plantaginea Link.) recebendo ou não suplemento proteinado. Foi utilizado o método de pastejo continuo com número variável de animais. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3 x 2, três sistemas forrageiros e dois estádios fenológicos, denominados vegetativo e reprodutivo. O consumo de forragem foi estimado por meio de técnica com óxido de cromo como indicador da produção fecal. O consumo de forragem é maior no estádio vegetativo dos pastos (2,81% do peso corporal (PC) em MS) que no reprodutivo (1,92% do PC em MS). As novilhas consomem mais forragem quando recebem suplemento proteinado em pastagem de papuã (2,44% PC em MS) do que as novilhas em coastcross (2,28% PC em MS), sendo semelhantes aquelas exclusivamente em papuã (2,38% PC em MS). Palavras Chave: Cynodon dactylon, óxido de cromo, Urochloa plantaginea Forage intake by beef heifers in tropical pasture systems Abstract: The intake of beef heifers grazing coastcross (Cynodon dactylon (L.) Pers) and Alexandergrass (Urochloa plantaginea Link.) receiving proteic supplement or not was studied. The grazing method was continuous with variable number of animals. The experimental design was completely randomized in a factorial 3 x 2 array, three pasture systems and two phenological stages, called vegetative and flowering. The forage intake was estimated using chromic oxide as an indicator of fecal output. The forage intake is greater in the vegetative stage (2.81% body weight (BW) DM) than in the reproductive (1.92% BW DM). The forage intake of heifers receiving proteic supplement is greater (2.44% BW DM) than the intake of heifers in Alexandergrass (2.28% BW DM), being similar to those exclusively in Alexandergrass (2.38% BW DM). Key Words: chromic oxide, Cynodon dactylon, Urochloa plantaginea 382 Introdução Forrrageiras de estação quente como o papuã (Urochloa plantagínea Link) ou coastcross (Cynodon dactylon (L.) Pers) podem ser alternativas para compor sistemas alimentares de novilhas de corte. O consumo de forragem nesses ambientes pastoris pode ser considerado o fator determinante no desempenho desses animais. No estádio reprodutivo, as forrageiras apresentam redução nos teores de proteína bruta e aumento nos teores de fibra em detergente neutro, os quais podem se tornar fatores limitantes e reduzirem o consumo de forragem pelos animais em pastejo. Nessa condição de pastejo, o fornecimento de suplemento proteinado pode melhorar a fermentação ruminal, proporcionando maior degradação da fibra, aumentando a taxa de passagem da digesta e o consumo de forragem pelos animais. A determinação do consumo de forragem com o uso de marcadores externos, como o óxido de cromo, pode ser útil para explicar o desempenho animal em diferentes sistemas alimentares. O objetivo deste trabalho foi avaliar o consumo de forragem por novilhas de corte em pastagem de coastcross e papuã recebendo ou não suplemento proteinado. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, de dezembro de 2009 a abril de 2010. A área experimental utilizada foi 6,3 ha, subdivididos em seis unidades. A pastagem de coastcross (Cynodon dactylon (L.) Pers.), já se encontrava estabelecida desde 2006. A pastagem de papuã (Urochloa plantagínea Link.) foi implantada utilizando o banco de sementes existente na área. O método de pastejo foi o contínuo com número variável de animais. Dos animais testes, da raça Angus, duas novilhas, por piquete, foram dosificadas com cápsulas de óxido de cromo, via oral, para determinação da excreção fecal. Os animais tinham idade inicial de 15 meses e peso corporal (PC) inicial médio de 253,3 ± 4,8 kg. Os tratamentos foram: novilhas de corte exclusivamente em pastagem de coastcross, em pastagem exclusiva de papuã ou em pastagem de papuã recebendo 0,1% do PC de suplemento proteinado. O suplemento foi um produto comercial fornecido diariamente às 8 horas, com teor de proteína bruta de 34%. A massa de forragem (MF) foi avaliada por meio da técnica de dupla amostragem. A forragem proveniente dos cortes foi homogeneizada e dividida em duas sub-amostras para determinação do teor de matéria seca do pasto e para separação manual dos componentes botânicos e morfológicos. Após a separação botânica e secagem dos componentes estruturais da pastagem, foi determinada a participação percentual de lâminas foliares, colmos e material morto. A partir da proporção de folhas e colmos foi determinada a relação folha:colmo (RFC). A oferta de forragem (kg de MS/100 kg de PC) foi calculada por meio do quociente entre a disponibilidade diária de MS e a carga animal (kg/ha peso vivo). A partir da oferta de forragem e da proporção de lâminas foliares na massa de forragem, foi possível calcular a oferta de lâminas foliares (% do PC). As avaliações do consumo de forragem (CF) foram realizadas nos períodos de 03-14/02/2010 (estádio vegetativo) e 1728/03/2010 (estádio florescimento). Foi utilizado óxido de cromo (Cr 2O3) como marcador externo da produção fecal, fornecido em cápsulas, diariamente às 8 horas. O período de fornecimento foi de 12 dias (oito dias para adaptação e quatro dias para coleta fecal). O nível de cromo nas fezes secas foi determinado por espectrofotometria de absorção atômica pela técnica adaptada por Kozloski et al. (1998). Para estimativa da produção fecal foi utilizada a fórmula: PF=cromo administrado (g/dia)/cromo nas fezes (g/kg de MS). Avaliou-se o consumo de forragem (CF, em kg/dia de MS) pela fórmula: CF=produção fecal/1–digestibilidade. Na forragem das amostras de pasto obtidas por simulação de pastejo foi determinado o teor de nitrogênio (N) e o teor de fibra em detergente neutro (FDN). A partir do CF e da porcentagem de FDN e de N, foi obtido o consumo de PB (% do PC). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, arranjado em esquema fatorial 3x2 (três sistemas forrageiros X dois estádios fenológicos). Foram utilizadas duas repetições de área por tratamento. Os dados foram submetidos à análise de variância e se detectadas diferenças, as médias foram comparadas pelo teste Tukey a 5% de significância, com auxilio do programa estatístico SAS, versão 8.2 (2001). 383 Resultados e Discussão Não houve interação entre sistema forrageiro X estádio fenológico para consumo de forragem (CF) e consumo de proteína bruta (CPB; P>0,05). Houve diferença entre sistemas forrageiros para CF (P<0,05), CPB (P<0,10) e teor de fibra em detergente neutro (%FDN) (P<0,01; Tabela 1). O consumo de forragem em ―Papuã+Suplemento‖ foi superior ao consumo em ―Coastcross‖ (P<0,05), não sendo diferente de ―Papuã‖ (P<0,05). Isso está de acordo com a afirmação de que, ao receberem suplementos protéicos, os animais podem aumentar o desempenho devido a vários fatores, sendo o aumento na ingestão de forragem o principal. (McCollum III & Horn,1989). O consumo de proteína bruta (CPB) oriundo apenas dos pastos foi semelhante entre animais nos diferentes sistemas forrageiros (P=0,5867), no entanto, quando computado o consumo de proteína advindo do suplemento no sistema ―Papuã+Suplemento‖, o CPB é superior nesse sistema (P=0,0852). Mesmo que os pastos tenham apresentado teores de proteína bruta no estádio vegetativo (14,00%) e estádio reprodutivo (9,90%) que não são considerados limitantes ao consumo, a ingestão de suplemento proteinado foi capaz de aumentar o consumo do pasto. O consumo de fibra em detergente neutro foi semelhante entre os sistemas forrageiros (P>0,05), com média de 1,70% do PC. O teor de FDN em Papuã e Papuã+suplemento foi 8,07% menor que o teor de FDN em Coastcross e ambos esses valores estão acima dos valores de 55-60% considerados como limitantes ao consumo. Houve diferença entre estádio fenológico para as variáveis consumo de forragem (CF), consumo de proteína (CPB), relação folha:colmo (RFC) e oferta de laminas foliares (P<0,05; Tabela 2). O consumo de forragem apresentou correlação positiva com a oferta de lâminas foliares (r=0,82; P<0,001) e relação folha:colmo (r=0,81; P<0,001). No estádio ―vegetativo‖ dos pastos os animais apresentaram maior consumo de forragem, o qual pode estar associado à maior oferta de lâminas foliares e relação folha:colmo. Em ambientes pastoris, a proporção de folhas disponíveis aos animais e a facilidade com que os animais colhem as mesmas, podem ser considerados fatores que tornam o pastejo mais eficiente, favorecendo o consumo de forragem, com reflexo positivo no desempenho. O consumo de proteína bruta foi menor no estádio reprodutivo, acompanhando a redução do consumo de pasto. Tabela 1 Consumo de forragem e consumo de proteína bruta por novilhas de corte, teor de proteína bruta (%PB) e teor de fibra em detergente neutro (%FDN) nos sistemas forrageiros ―Coastcross‖, ―Papuã‖ e ―Papuã+Suplemento‖ Sistemas forrageiros Consumo Consumo de % PB2 % FDN2 1 1 forragem proteína bruta Coastcross 2,28 b 0,28 b 12,32 76,27 a Papuã 2,38 ab 0,29 b 11,58 71,55 b Papuã+Suplemento 2,44 a 0,34 a 12,06 69,71 b Desvio-padrão 0,19 0,02 0,07 0,97 1 Valores em % do PC; 2% da MS. *Valores seguidos de letras distintas na coluna diferem pelo teste de Tukey Tabela 2 Consumo de forragem (CF; % do PC), consumo de proteína bruta (CPB; % do PC), relação folha:colmo (RFC) e oferta de lâminas foliares (OFLF; kg de MS/ 100kg) em dois estádios fenológicos Variáveis Estádio Fenológico P1 CV (%) Vegetativo Reprodutivo CF 2,81 1,92 0,0041 20,60 CPB 0,41 0,19 0,0005 7,40 RFC 0,42 0,26 0,0200 20,80 OFLF 2,50 1,20 0,0200 30,60 1 probabilidade teste F 384 Conclusões Novilhas de corte consomem mais forragem no estádio vegetativo dos pastos do que no reprodutivo. O consumo de matéria seca do pasto é maior em papuã em relação ao Coastcross quando os animais recebem suplemento proteinado e é semelhante para animais em papuã independentemente do fornecimento de suplemento. Literatura citada BARBOSA F.A.; GRAÇA, D.S.; MAFFEI, W.E. et al. Desempenho e consumo de matéria seca de bovinos sob suplementação protéico-energética, durante a época de transição águaseca. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.59, n.1, p.160-167, 2007. KOZLOSKI, G.V.; FLORES, E.M.M.; MARTINS, A.F. et al. Use of chromium oxide in digestibility studies: variations of the results as a function of the measurement method. Journal Science Food Agriculture, v.76, n.3, p.373-376, 1998. McCOLLUM III, F.T., HORN, G.W. Protein supplementation of grazing ruminants. Journal of Animal Science, 67:304(suppl. l989. 385 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.40. Dinâmica da pastagem de azevém sob pastejo intermitente de cordeiras Lidiane Raquel Eloy1, Luciana Potter2, Sheila Cristina Bosco Stivanin1, Viviane da Silva Hampel1, Lucas Munareto Cadó3, Aline Colpo Dotto3 1 Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM. e-mail: [email protected] Professora do Departamento de Zootecnia - UFSM 3 Estudante de graduação do curso de Zootecnia – UFSM 2 Resumo: Em azevém pastejado por cordeiras Suffolk, em método intermitente com taxa de lotação variável, foram avaliadas a massa de forragem, a altura do dossel, a oferta de forragem e a oferta de lâminas foliares na entrada e saída dos animais no piquete, em três estádios fenológicos (vegetativo, pré-florescimento1 e préflorescimento2) do azevém. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três estádios fenológicos e duas repetições no tempo (ciclos de pastejo). O intervalo entre pastejos foi de 15 dias e o período de ocupação do piquete foi de três dias. A massa de forragem (MF) e a altura do dossel foram semelhantes entre os estádios fenológicos do azevém, sendo em média 1643,4 ± 123,5 e 1185,7 ± 104,7 kg/ha de MS para a MF na entrada e saída e 18,5 ± 2,9 e 9,1 ± 1,4 cm para a altura do dossel na entrada e na saída das cordeiras dos piquetes, respectivamente. O desaparecimento de forragem foi de 28% da massa de forragem existente na entrada dos animais nos piquetes experimentais e correspondeu a uma redução de 50% na altura do dossel. A oferta de forragem decresceu 20,9% ente a entrada e saída dos animais nos piquetes, com valores médios de 9,6 ± 0,8 e 7,6 ± 0,8 kg de MS/100 kg de PC respectivamente. A oferta de lâminas foliares na entrada dos animais no piquete foi 44,1% superior no estádio vegetativo quando comparada ao estádio de préflorescimento2. Palavras Chave: altura do dossel, massa de forragem, oferta de lâminas foliares Dynamics of ryegrass pasture under intermittent grazing by lambs Abstract: In annual ryegrass grazed by Suffolk lambs under intermittent grazing method, with variable stocking rate, the variables forage mass, sward height, forage offer and leaf blades offer at the first and last day of animals in the paddock were evaluated on three growth stages (vegetative, pre-flowering1 and pre-flowering2) of annual ryegrass. The experimental design was completely randomized with three growth stages and two replications in time (grazing periods). The grazing interval was 15 days and paddock occupation period was three days. The forage mass (FM) and canopy height were similar between the growth stages of annual ryegrass, 386 averaging 1643.4 ± 123.5 and 1185.7 ± 104.7 kg / ha DM for FM at the entrance of the animals and 18.5 ± 2.9 and 9.1 ± 1.4 cm for the height of the canopy at the first and last day of grazing, respectively. The disappearance of forage was 28% of the preexistent forage mass and corresponded to a 50% reduction in canopy height. Forage offer decreased 20.9% between first and last day of the animals in the paddocks, with average values of 9.6 ± 0.8 and 7.6 ± 0.8 kg DM/100 BW respectively. The leaf blades offer at the entrance of the animals on the paddock was 44.1% higher than in the vegetative stage compared to pre-flowering2 stage. Key Words: canopy height, herbage mass, leaf blades offer Introdução O azevém (Lolium multiflorum Lam.), é uma espécie forrageira hibernal, que tem seu uso consolidado no Sul do Brasil, principalmente em sistemas de integração lavoura pecuária. Devido à produção de forragem na primavera e qualidade nutricional, esta forrageira tem um lugar importante nos sistemas de produção ovina. As diferentes respostas das plantas forrageiras estão relacionadas ao método de desfolhação. O conhecimento das respostas na estrutura do pasto, bem como da oferta de forragem e de lâminas foliares disponíveis aos herbívoros no método intermitente de pastejo é importante na tomada de decisões sobre o manejo do pasto. Este trabalho tem como objetivo avaliar a massa de forragem, a altura do dossel, a oferta de forragem e a oferta de lâminas foliares na entrada dos animais e saída dos animais no piquete nos diferentes estádios fenológicos do azevém. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, RS, durante o período de 27 de julho a 24 de outubro de 2011. A área experimental foi constituída de cinco piquetes de 0,13 ha, correspondente às unidades experimentais, e mais uma área contígua de 0,35 ha. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam.) foi estabelecida no dia 20/05/2011por semeadura a lanço, sendo utilizados 30 kg/ha de sementes. A adubação utilizada foi 200 kg/ha de NPK (fórmula 05-20-20) e 123 kg de nitrogênio na forma de ureia em sete aplicações, sendo a primeira realizada em 24/06 e as demais com intervalos de 15 dias. Os animais experimentais foram cordeiras da raça Suffolk com idade e peso corporal inicial de 10 meses e 45,6 ± 4,4 kg, respectivamente. Foram utilizados 16 animais-teste e um número variável de animais reguladores, de acordo com o valor da massa de forragem inicial existente em cada piquete para um desaparecimento previsto de 50% (4,5% do PC) da biomassa existente por ocasião da entrada dos animais nos piquetes. Os tratamentos consistiram de azevém pastejado durante os estádios vegetativo (27/07 a 25/08), préflorescimento1 (26/08 a 24/09) e pré-florescimento2 (25/09 a 24/10). O método de pastejo foi o intermitente, com intervalo de 15 dias entre pastejos e três dias de ocupação em cada piquete. O intervalo entre os pastejos foi estimado para corresponder a soma térmica necessária para o surgimento de 1,5 folhas de azevém, de acordo com um filocrono estimado de 188 graus-dia. A massa de forragem foi determinada por meio da técnica de estimativa visual com dupla amostragem na entrada e no terceiro dia de ocupação dos animais em cada piquete. A carga animal (kg/ha de peso corporal (PC)) foi calculada pelo somatório do peso médio das cordeiras-teste, com o peso médio de cada cordeira reguladora, multiplicado pelo número de dias que estas permaneceram no piquete, dividindo pelo número de dias do período experimental. A altura do dossel foi 387 medida diariamente em 40 pontos fixos por piquete, sendo considerada como a distância (cm) do solo até a altura média do dobramento das folhas de azevém. A oferta de forragem, kg de MS/100 kg de PC, foi calculada por meio do quociente entre a disponibilidade diária de MS e a carga animal (kg/ha de PC). A partir da proporção de lâminas foliares na massa de forragem e da oferta de forragem, foi calculada a oferta de lâminas foliares (% do PC). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três tratamentos (estádios fenológicos) e duas repetições no tempo para cada estádio (ciclos de pastejo). Foi realizado teste de normalidade e após os dados foram submetidos à análise de variância. Quando detectadas diferenças foi utilizado o teste Tukey em 5% de probabilidade. As análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SAS 8.2. Resultados e Discussão A carga animal durante os estádios fenológicos avaliados foi constante (P>0,05), sendo em média 1489,7 ± 161,3 kg/ha de PC. A massa de forragem e a altura do dossel na entrada e na saída das cordeiras nos piquetes foram semelhantes (P>0,05) entre os estádios fenológicos do azevém, sendo em média 1643,4 ± 123,5 e 1185,7 ± 104,7 kg/ha de MS para a massa de forragem e 18,5 ± 2,9 e 9,1 ± 1,4 cm altura do dossel respectivamente. O desaparecimento médio de forragem foi de 2,5% do peso corporal das cordeiras, correspondendo a uma redução de 28% da massa de forragem e 50% da altura do dossel existente no início de cada utilização da parcela, caracterizando uma baixa intensidade de desfolhação (Confortin et al., 2010). A massa de forragem na entrada dos animais quando o intervalo de pastejo correspondeu a um acúmulo térmico de 147,8 graus-dia (aparecimento de 1,2 folhas de azevém) é semelhante aos valores observados por Confortin et al.(2010), de 1650 kg/ha de MS, em intervalos entre pastejos correspondentes a um acúmulo térmico de 313 graus-dia (aparecimento de 2,5 folhas de azevém). A altura do dossel na entrada das cordeiras nos piquetes foi 18,9% superior aos valores sugeridos por Pontes et al. (2004), entre 10 e 15 cm para um adequado desempenho de cordeiras em pastagem de azevém. A semelhança destas características ao longo dos estádios fenológicos do azevém demonstra que o intervalo de 147,8 graus-dia utilizado entre pastejos assegurou uma estrutura adequada ao pastejo nas sucessivas utilizações das parcelas. A oferta de forragem foi semelhante (P>0,05) entre os estádios fenológicos do azevém por ocasião da entrada e saída das cordeiras nos piquetes, sendo em média 9,6 ± 0,8 e 7,6 ± 0,8 kg de MS/100 kg de PC respectivamente. O valor observado de oferta de forragem na entrada dos animais está próximo ao relatado por Pilau et al. (2005), de 10,2% do peso corporal em pastagens de aveia mais azevém. A semelhança nos valores de oferta de forragem entre os estádios fenológicos avaliados, tanto na entrada dos animais nos piquetes quanto no dia de saída dos mesmos pode ser justificada pelos valores constantes de massa de forragem e carga animal, já que estas variáveis influenciam de forma direta esse resultado. A oferta de lâminas foliares foi diferente (P<0,05; tabela 1) nos estádios fenológicos do azevém por ocasião da entrada dos animais nos piquetes, decrescendo ao longo das avaliações do pasto. A oferta de lâminas foliares foi 44,1% superior no estádio vegetativo do azevém em relação ao estádio de pré-florescimento2. Comportamento similar com relação a oferta de lâminas foliares foi observado por Pedroso et al. (2004). Quando o azevém aproxima-se do estádio de diferenciação floral, a estrutura da planta é alterada, pela redução da emissão de lâminas foliares e alongamento dos colmos para emissão das inflorescências, cessando a emissão de novas folhas. A oferta de lâminas foliares no dia de saída dos 388 animais do piquete foi semelhante nos estádios fenológicos do pasto (P>0,05; tabela 1), sendo em média 2,9 ± 0,7% do PC, representando 49,5% da oferta de lâminas foliares na entrada dos animais e 61,8% da oferta de forragem por ocasião da saída das cordeiras dos piquetes. Tabela 1 Oferta de lâminas foliares do azevém por ocasião da entrada e da saída dos animais nos piquetes de acordo com os estádios fenológicos do pasto Estádio Oferta de lâminas foliares2 P1 Vegetativo Pré-florescimento1 Pré-florescimento2 0,0127 Entrada 7,5a 5,6ab 4,2b a a a 0,0686 Saída 4,5 2,3 1,9 Letras distintas nas linhas indicam diferença pelo teste Tukey (P<0,05) 1 probabilidade; 2% do peso corporal Conclusões Em método de pastejo intermitente, a massa de forragem, a oferta de forragem, a altura do dossel na entrada e no terceiro dia de ocupação dos animais nos piquetes e a oferta de lâminas foliares no terceiro dia de ocupação do piquete pelos animais não são influenciadas pelos estádios fenológicos do azevém quando o intervalo entre pastejos é de 147,8 graus dia. A oferta de lâminas foliares no dia da entrada dos animais varia de acordo com o estádio fenológico do pasto. Literatura citada CONFORTIN, A.C.C; QUADROS, F.L.F; ROCHA, M.G. et al. Morfogênese e estrutura de azevém anual submetido a três intensidades de pastejo. Acta Scientiarum Animal Sciences, v.32, n.4, p.385-391, 2010. PEDROSO, C.E.S; MEDEIROS, R.B; SILVA, M.A. et al. Produção de Ovinos em Gestação e Lactação sob Pastejo em Diferentes Estádios Fenológicos de Azevém Anual. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.5, p.1345-1350, 2004. PILAU, A.; ROCHA, M.G.; RESTLE, J. et al. Desenvolvimento de novilhas de corte recebendo ou não suplementação energética em pastagem com diferentes disponibilidades de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n.5, p.1483 – 1492 (Supl. 2), 2005. PONTES, L.S; CARVALHO, P.C.F; NABINGER, C. et al. Fluxo de Biomassa em Pastagem de Azevém Anual (Lolium multiflorum Lam.) Manejada em Diferentes Alturas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.3, p.529-537, 2004. 389 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.41. Efeito de diferentes métodos de controle de plantas indesejáveis no campo nativo Pablo Fagundes Ataide1, Jean Kássio Fedrigo 2, Júlio Cezar Rebes de Azambuja Filho 1, Geraldo José Rodrigues1, Rogério Fontoura Chimanski1, Carlos Nabinger3 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, UFRGS. Bolsista CAPES/CNPq. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, UFRGS. Bolsista CAPES. 3 Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia, UFRGS. 2 Resumo: A baixa produtividade da pecuária no Rio grande do Sul passa, sem dúvida, pela degradação das pastagens naturais em consequência de equívocos de manejo, quando se trabalha, na maioria dos casos, com uma ótica extrativista sem levar em conta qualquer princípio de sustentabilidade para produção. Uma melhor utilização deste recurso natural é primordial para o aumento da produtividade do setor e também pode contribuir para a preservação do bioma. Estratégias básicas de manejo como ajuste de carga ou lotação que propicie uma maior eficiência de utilização da forragem e consequentemente uma maior produção de kg de peso vivo por hectare são indispensáveis para a manutenção do sistema. O controle de espécies invasoras ou indesejáveis e uma prática que precisa ser mais discutida e entendida para obter-se melhor efeito de sua utilização. Neste contexto a presente revisão traz algumas informações sobre a dinâmica das plantas indesejáveis nos sistemas pastoris e algumas estratégias de controle. Palavras Chave: pastagens naturais, invasoras, estratégias de manejo. Effect of different methods for controlling undesired plants in native Abstract: The low productivity of cattle in Rio Grande do Sul is undoubtedly the degradation of natural pastures as a result of management mistakes, when it works in most cases, with an optical extraction without regard to any principles of sustainability for production . A better use of this natural resource is vital for increasing productivity in the sector and may also contribute to the preservation of biome. Basic management strategies such as adjusting the load or capacity that provides a more efficient use of forage and consequently a greater production of kilograms of live weight per hectare are required for maintaining the system. The control of invasive or undesirable and a practice that needs to be further discussed and understood in order to obtain better effect of its use. In this context the present review provides some information on the dynamics of undesirable plants in pastoral systems and some control strategies. Key Words: grazing, invasive plants, management strategies 390 Introdução A produção pecuária no sul do Brasil está praticamente alicerçada sobre pastagens naturais. Embora ocorra um crescimento muito expressivo na produção em pastagens cultivadas, principalmente no sistema de integração lavoura pecuária, o esteio de sustentação da produção de gado de corte nesta região ainda é o campo nativo. No entanto, neste ambiente de produção animal, como em qualquer outro, existe a necessidade vital de se melhorar a produtividade com foco na sustentabilidade do sistema para que ele se mantenha sempre viável e o mais próximo possível do ponto de equilíbrio. Nos campos nativos do Rio Grande do Sul uma das limitações na capacidade de suporte ocorre devido a grande quantidade e diversidade de espécies indesejáveis que diminuem o aproveitamento das áreas de pastagem nativa. A presente revisão traz algumas informações sobre a dinâmica das plantas indesejáveis nos sistemas pastoris e sobre as estratégias de controle. Revisão bibliográfica Considera-se planta indesejável aquela que não se integra de forma contínua à dieta do animal e que, por sua frequência, traz prejuízos ao sistema de forrageamento, pela redução significativa da frequência e produção de espécies forrageiras desejáveis, com consequente diminuição da capacidade de suporte da pastagem e do desempenho animal (Nabinger, 2002). Estes prejuízos podem ser justificados por uma competição desvantajosa já que as plantas indesejáveis possuem um sistema radicular mais profundo, que as favorece na busca de água e nutrientes, nas camadas mais profundas do solo e ainda são dotadas de uma arquitetura foliar mais eficiente na captação da luz solar e transformação em energia, essenciais para o seu desenvolvimento (Vitória Filho, 1985). Em situações onde claramente há substituição das principais espécies desejáveis por outras indesejáveis, evidencia-se a chamada degradação da composição botânica da pastagem comprometendo a produtividade. Os métodos de controle de plantas indesejáveis mais utilizados são os mecânicos (roçadas), os químicos (herbicidas), os biológicos, os físicos (fogo) e os de planejamento (culturais). Pellegrini et. al (2007) observaram que na ausência de controle, a participação de gramíneas e leguminosas foi reduzida em decorrência da maior participação de plantas indesejáveis, em comparação aos controles mecânico e químico. O mesmo autor observou que o controle mecânico eliminou a porção da parte aérea das plantas indesejáveis, mas manteve parte das gemas axilares e todas as gemas basais, o que possibilita o rebrote, diferentemente do que se constatou no controle químico, o qual promoveu o desaparecimento das plantas indesejáveis por atuar sistemicamente sobre a planta, atingindo todas as regiões meristemáticas e axiais. No entanto o autor também verificou ausência total de massa de forragem de leguminosas no controle químico, enquanto, no controle mecânico e no sem-controle, a massa de forragem de leguminosas foi de 587,9 e 472,0 kg de MS/ha, respectivamente. Já Allegri (1978), verificou que o uso de herbicida Picloram + 2,4-D na primavera permitiu 100% de controle da chirca, caraguatá, carqueja e do mio-mio, enquanto sua aplicação no outono não resultou em qualquer controle tanto da chirca como da carqueja, mas controlou cerca de 50% do caraguatá e 58% do mio-mio. Segundo o autor, não se observou efeito posterior sobre as leguminosas nativas. Em outro experimento Nunez et al., (1997) trabalharam com herbicida (Picloram + 2,4-D) em diferentes pastagens (Colonião, Tanzânia e Brizanta) na obtenção do 391 ganho, carga animal e produção de carne. Os resultados foram favoráveis às pastagens que receberam o tratamento com herbicida. Sendo que os animais apresentaram 50 @/ha a mais nos tratamentos com herbicida. O uso da roçadeira propicia rebrotes mais tenros e menos fibrosos que são utilizado pelos animais, e ocorre uma diminuição da competição entre as espécies de porte alto (arbustivas) e baixo (gramíneas e leguminosas), permitindo maior desenvolvimento daquelas de melhor qualidade (Nabinger, 1980). O mesmo autor destaca que no processo de melhoramento de campos naturais, aspectos como presença e proporção de espécies indesejáveis devem ser considerados, sob o ponto de vista da tecnologia a ser aplicada e do custo representado por esta tecnologia. Pellegrini (2007), também observou em seu trabalho, que a eliminação ou diminuição das plantas competidoras (indesejáveis) promoveu o aumento da interceptação da radiação solar por espécies forrageiras dos estratos inferiores, que antes não recebiam radiação com mesma intensidade, justamente em virtude das características estruturais das plantas indesejáveis que ocupavam o estrato superior da pastagem. Conclusões O uso de roçada e controle químico com herbicida diminui a frequência de plantas indesejáveis no campo nativo. O controle de invasoras aumenta a proporção de plantas forrageiras de importância na alimentação dos ruminantes nas pastagens naturais. O método químico de controle pode diminuir a frequência de leguminosas na pastagem levando a uma diminuição na qualidade da dieta dos animais. Literatura citada ALLEGRI, M. Mejoramiento de pasturas naturales. Control de malezas. In: REUNION DEL GRUPO TECNICO REGIONAL DEL CONO SUR EN MEJORAMIENTO Y UTILIZACIÒN DE LOS RECURSOS FORRAJEROS DEL AREA TROPICAL Y SUBTROPICAL, 1., 1978, Mercedes. Informe... Montevideo: extenso Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, 1978. p.120-132. NABINGER, C. Sistema de pastoreio e alternativas de manejo de pastagens. In: CICLO DE PALESTRAS EM PRODUÇÃO E MANEJO DE BOVINOS DE CORTE, 7., 2002, Canoas. Ênfase: manejo reprodutivo e sistemas de produção em bovinos de corte. Anais... Canoas: Universidade Luterana do Brasil, 2002. p.7-60. NABINGER, C. Técnicas de melhoramento de pastagens naturais no Rio Grande do Sul. In: SEMINÁRIO SOBRE PASTAGENS – ―DE QUE PASTAGENS NECESSITAMOS‖, 1980, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, 1980. p.28-58. NUÑEZ, H.; DEL PUERTO, O. Biologia de Baccharis trimera. In: REUNION DEL GRUPO TÉCNICO REGIONAL DEL CONO SUR EN MEJORAMIENTO Y UTILIZACIÓN DE LOS RECURSOS FORRAGEROS DEL ÁREA TROPICAL Y PELLEGRINI, L. G. Diferentes métodos de controle de plantas indesejáveis em pastagem nativa. R. Bras. Zootec., v.36, n.5, p.1247-1254, 2007. VITORIA FILHO, R. Fatores que influenciam a absorção foliar dos herbicidas. Informe Agropecuário, v.11, n.129, p.31-38, 1985. 392 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.42. Composição bromatológica do feno de milheto (Pennisetum americanum (L.) Leeke) amonizado com ureia Angélica Gonçalves da Silva¹, Mariane Moreno Ferro², Fagton de Mattos Negrão², Anderson de Moura Zanine³, Wanderson José Rodrigues de Castro¹,Emerson Alencar Bonelli4 1 Graduando do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, Rondonópolis-MT Mestrandos em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT ³ Professor adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso 4 Ms. em Ciência Animal pela Universidade Federal de Mato Grosso 2 Resumo: Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da amonização com ureia em doses crescentes na composição bromatológica do feno de milheto (Pennisetum americanum (L.) Leeke). O delineamento foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos: T1- feno de milheto puro, T2 – feno milheto + 2% de ureia, T3 – feno milheto + 4% de ureia e T4 – feno milheto + 6% ureia, com base na matéria seca, totalizando cinco repetições por tratamento. Houve efeito linear negativo (p<0,05) para matéria seca (MS), fibra em detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HEM) conforme o aumento do nível de ureia na dosagem. Proporcionou também, um aumento no teor de proteína bruta (PB) por meio de um comportamento linear positivo. O valor obtido pela equação de regressão nas doses mais alta foi de 13,06%. Para FDN houve uma resposta quadrática, apresentado um maior valor (32,83%) na dosagem de 4% de ureia. O tratamento com ureia proporcionou melhorias na qualidade nutricional do feno de milheto. Palavras Chave: amonização, feno, ureia, milheto Chemical composition of hay millet (Pennisetum americanum (L.) Leeke) ammoniated with urea Abstract: The objective of this study was to evaluate the effect of ammoniation with urea in increasing doses on the chemical composition of hay millet (Pennisetum americanum (L.) Leeke). The design was completely randomized design with four treatments: T1: hay millet pure T2 - millet hay plus 2% of urea, T3 - millet hay plus 4% of urea and 4 - hay millet plus 6% urea, based on field dry, with five replications per treatment. There was a linear effect p <0.05) for dry matter (DM), acid detergent fiber (ADF) and hemicellulose (HEM) with the increase of urea level in dose. It has also provided an increase in crude protein (CP) through a linear positive. The value obtained by the regression equation in higher doses was 13.06%. For NDF there was a quadratic 393 response, presented a higher value (32.83%) at a dosage of 4% urea. The urea treatment brought improvements in the nutritional quality of millet hay. Key Words: ammoniated, hay, millet, urea Introdução O milheto (Pennisetum glaucum) é uma gramínea de origem tropical, anual de verão, de fácil implantação e manejo, que se destaca por sua adaptação a uma grande diversidade de ambientes e a diferentes condições de clima e solo, caracterizando-se por sua precocidade, seu alto potencial de produção (KOLLET et al., 2006). Quando cortado em período tardio, apresenta elevador conteúdo de parede celular o que resulta em um alto teor de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e lignina, bem como a baixa digestibilidade da matéria seca. Diversos métodos de tratamento tem sido testados visando melhorar o aproveitamento de forragens de baixa qualidade nutricional, tais como: tratamentos físicos, químicos ou biológicos que visam a elevação do valor nutritivo das forragens por torná-las mais aproveitáveis no rúmen, mediante alterações na parede celular. Entre os tratamentos químicos, destaca-se a amonização que promove alterações na composição química dos volumosos, solubilizando parte da hemicelulose e aumentando o conteúdo dos compostos nitrogenados. A amonização de forragens tem sido uma das alternativas em razão de ser de fácil aplicação, não poluir o ambiente, fornecer nitrogênio não protéico, provocar decréscimo no conteúdo de fibra em detergente neutro (FDN), favorecer a solubilização parcial da hemicelulose, aumentar o consumo e a digestibilidade. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito do tratamento químico do feno de milheto com ureia durante a armazenagem. Material e Métodos O experimento foi realizado na área experimental do curso de Zootecnia pertencente à Universidade Federal de Mato Grosso – Campus de Rondonópolis. Utilizou-se uma área de aproximadamente 6x10 m² formada por milheto (Pennisetum americanum (L.) Leeke) que foi estabelecido por método convencional, utilizando-se aproximadamente 35 kg/ha de sementes da espécie, semeadas em linha com espaçamento médio de 25 cm entre linhas. A gramínea foi cortada a 5 cm do solo após 65 dias de plantio e picada em picadeira estacionária. O processo de desidratação ocorreu por secagem exclusiva ao sol por um período de 24 horas, sobre lona plástica em camada de aproximadamente 10 cm, submetido às viragens manualmente a cada 3 horas. Para evitar a ação do orvalho e de chuvas, o material foi coberto com lona plástica ao entardecer e descoberto ao amanhecer do dia seguinte para continuação da desidratação. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos: T1 – feno milheto puro, T2 – feno milheto + 2% de ureia, T3 – feno milheto + 4% de ureia e T4 – feno milheto + 6% ureia, com base na matéria seca, totalizando cinco repetições por tratamento. O feno foi misturado à quantidade de ureia correspondente a cada dose. A quantidade de água utilizada como veículo para a ureia foi de 50 mL, essa mesma quantidade foi aplicada inclusive no tratamento testemunha. Em seguida efetuou-se a homogeneização. Esta mistura foi então colocada em sacos de polietileno com dimensões de 0,60 x 0,90 m e espessura de 0,20 mm, e em seguida vedadas e armazenadas por um período de 40 dias. Então retiraram-se amostras, que 394 foram levadas a estufa a 65°C por um período de 72 horas para a pré-secagem e posterior determinação das análises bromatológicas. Foram determinados os teores de matéria-seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e hemicelulose. Os dados da composição bromatológicas foram submetidos à análise estatística, utilizando-se o programa SAEG, 1999 versão 8.1 (UFV). Para estimar o efeito dos níveis de ureia sobre cada variável utilizou-se regressão a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Na Tabela 1 estão expressos os valores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HEM) do feno de milheto amonizados com diferentes níveis de dosagens de ureia, e as respectivas equações de regressão. Nota-se que para a MS, HEM e FDA houve uma resposta linear negativo (p<0,05), ou seja, a medida que se aumentou o nível de ureia na dosagem houve uma redução na MS, HEM e FDA, onde na dosagem mais alta de ureia (6%) obteve-se o menor valor observado (88,03, 25,20 e 32,39%), respectivamente. Resultado semelhante também foi observado por Oliveira et al., (2006) avaliando o efeito de níveis de ureia sobre o valor nutricional do feno do capim Tanzânia (Panicum maximum). Esse fator da redução do teor de MS pode estar relacionado a poder higroscópico que a ureia apresenta, assim como a redução nos teores de fibras (FDN, FDA e HEM) comparadas a testemunha pode ser atribuída à solubilização parcial da fração da hemicelulose, celulose e lignina da parede celular. Essas suposições baseiam-se no fato de que a maioria das forragens submetidas a esse tipo de tratamento não apresenta diminuição dos outros constituintes da parede celular e, quando isso ocorre, é proporcionalmente em menor escala (OLIVEIRA et al., 2006). Para a proteína bruta (PB) houve uma resposta linear positiva (p>0,05) com a adição dos níveis de ureia, proporcionando um aumento de três pontos percentuais em relação ao tratamento testemunha, e para FDN houve uma resposta quadrática, resultado também encontrado por ZANINE et al., (2006) avaliando o efeito da amonização com níveis de ureia no bagaço de cana-de-açucar. Conclusões O uso da ureia promove efeitos qualitativos no feno de milheto através da redução da fração fibrosa e aumento do teor protéico da matéria seca. Literatura citada KOLLET, J.K.; DIOGO, J.M.S.; LEITE, G.G. Rendimento forrageiro e composição bromatológica de variedades de milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. BR.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4, p.1308 – 1315, 2006. OLIVEIRA, J.S., ZANINE, A.M., SANTOS, E.M., FERREIRA, D.J., PEREIRA, O.G. Efeito de níveis de ureia sobre o valor nutricional do feno de capim-Tanzânia (Panicum maximum). IV Congresso Nordestino de Produção Animal, p.01-04. Petrolina-PE, 2006. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análises de alimentos (métodos químicos e biológicos). 3.ed. Viçosa, MG: Editora UFV, 2002. 235p. 395 ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.; OLIVEIRA, J.S.; PEREIRA, O.G. Efeito da amonização com níveis de ureia sobre o desenvolvimento de mofos e leveduras e no valor nutricional de bagaço de cana-de-açucar. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43, João Pessoa, 2006. Tabela 1. Valores médios da matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HEM) do feno de milheto (FM) amonizado com diferentes níveis de dosagem de ureia Composição bromatológica MS (%) PB (% MS) FDN (% MS) FDA (% MS) HEM (% MS) MS PB FDN FDA HEM Parâmetros avaliados FM FM + 2,0% FM + 4,0% 90,41 88,72 89,53 10,67 11,63 12,29 59,70 57,60 58,25 33,83 32,38 32,83 26,20 26,20 25,40 Equações de regressão CV (%) Y=90,478-0,461X 2,16 Y= 9,972+0,774X 6,46 Y=59,737-1,423X+0,273X2 5,48 Y=33,861-0,351X 7,76 Y=26,700-0,3800X 6,11 CV= Coeficiente de variação; R2= Coeficiente de determinação. FM + 6,0% 88,03 13,06 58,30 32,39 25,20 R2 (%) 62,02 99,36 66,06 58,39 89,01 396 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.43. Teores de carboidratos e de nutrientes digestíveis totais no feno de milheto amonizado Angélica Gonçalves da Silva¹, Mariane Moreno Ferro², Fagton de Mattos Negrão², Anderson de Moura Zanine³, Wanderson José Rodrigues de Castro¹,Emerson Alencar Bonelli4 1 Graduando do curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, Rondonópolis-MT Mestrandos em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT ³ Professor adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso 4 Ms. em Ciência Animal pela Universidade Federal de Mato Grosso 2 Resumo: Objetivou-se avaliar os teores de carboidratos fibrosos, carboidratos totais e Nutrientes digestíveis totais do feno de milheto (Pennisetum glaucum (L.)) submetidos á diferentes níveis de amonização com ureia. Foram utilizados quatro doses de adição da ureia (0%, 2%, 4% e 6% de ureia) para o tratamento do milheto, com cinco repetições. O milheto foi colhido com 65 dias, picado e desidratado. Após amonização foi armazenado em sacos por um período de 40 dias. O valor de pH foi alterado de forma quadrática (P<0,05). Os valores de carboidratos não fibrosos (CNF), carboidratos totais (CT) e nutrientes digestíveis totais (NDT) reduziram. Conclui-se que a inclusão de ureia provocou baixos valores de carboidratos não fibrosos devido ao comportamento da fibra detergente neutra, influenciando nos valores de nutrientes digestíveis totais. Palavras Chave: amonização, milheto, úreia, valor nutritivo Carbohydrates and total digestible nutrients in ammoniated hay millet Abstract: The objective was to evaluate the content of fibrous carbohydrates, total carbohydrate and total digestible nutrients of the hay millet (Pennisetum glaucum (L.)) will undergo different levels of ammoniation with urea. Were used four rates of addition of urea (0%, 2%, 4% and 6% urea) for the treatment of millet, with five replicates. The millet was harvested at 65 days, chopped and dehydrated. After ammoniation was stored in bags for a period of 40 days. The pH value was changed quadratically (P <0.05). The values of non-fiber carbohydrates (NFC), total carbohydrates (TC) and total digestible nutrients (TDN) reduced. It is concluded that the inclusion of urea caused low values of non-fibrous carbohydrates due to the behavior of neutral detergent fiber in influencing the values of total digestible nutrients. Key Words: Ammoniation, millet, urea and nutritive value 397 Introdução A alimentação de ruminantes, como importante componente econômico dentro do processo produtivo, busca alternativas que reflitam na diminuição de custos. Tem sido utilizado, como alternativa, volumosos como as palhadas de culturas anuais de verão e de inverno e os fenos de baixa qualidade resultante do processo de fenação ou do armazenamento inadequado. O milheto (Pennisetum glaucum (L.)) é muito promissor por ser adaptado a vários tipos de solos, especialmente os arenosos, tolerante à baixa fertilidade do solo e às condições de déficit hídrico. Essa gramínea proporciona alto rendimento, produzindo até próximo de 22 t de MS/há. (PINTO et al., 1999). Diversos métodos têm sido testados visando melhorar o aproveitamento de forragens de baixa qualidade, tais como: tratamentos físicos, químicos ou biológicos. Todavia os volumosos de baixa qualidade, são indicados para os tratamentos, pois apresentam alto conteúdo de parede celular (valores acima de 60%) e de fibra em detergente ácido (FDA) acima de 40%, e baixos teores de proteína bruta (PB), de minerais e de vitaminas, sendo a digestibilidade da matéria seca (MS) baixa (40 a 50%), o que resulta em baixos níveis de consumo. Dentre os tratamentos químicos avaliados, principalmente com palhas ou resíduos de culturas e, mais recentemente, com fenos, destacam-se o uso da amônia anidra (NH3) ou da ureia, processo denominado de amonização. Os efeitos da amonização sobre a estrutura da fibra dos volumosos inclui a solubilização da hemicelulose, o aumento da digestão da celulose e da hemicelulose em razão da expansão da fração fibrosa Objetivou-se avaliar os teores de carboidratos e nutrientes digestiveis totais do feno de milheto submetido á amonização com diferentes níveis de ureia. Material e Métodos O experimento foi realizado em área Experimental do Curso de Zootecnia/ICAT, que pertence à Universidade Federal do Mato Grosso UFMT – Campus de Rondonópolis, coordenadas geográficas: 16º28‘ Latitude Sul, 50º34‘ Longitude Oeste. A espécie forrageira estudada foi o Milheto (Pennisetum glaucum (L.)), oriundo da área experimental do setor de forragicultura. Antecedente ao plantio aplicou-se calcário, afim de diminuir a acidez do solo. A área foi dividida em 20 parcelas de aproximadamente 6x10m, o plantio foi feito com espaçamento entre linhas de 25 cm. A colheita ocorreu com 65 dias. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos: T1 – feno milheto + 0% de ureia, T2–feno milheto + 2% de ureia, T3 –feno milheto + 4% de ureia e T4 – feno milheto + 6% ureia, com cinco repetições por tratamento. Após a colheita o milheto foi desidratado naturalmente por aproximadamente 24 horas, em seguida amonizado. Para amonização pesou-se a ureia conforme a quantidade de feno á ser amonizado, a quantidade de água utilizada como veículo para a ureia foi de 50 mL, essa mesma quantidade foi aplicada inclusive no tratamento testemunha. A solução foi aplicada no feno através de um borrifador, sendo aplicado homogeneamente na amostra. Em seguida os tratamentos foram armazenados em local arejado por 30 dias. Após feito coleta dos tratamentos, as mesmas foram pré secas em estufa de ventilação forçada a 65°C, por 72 horas e moídas em moinho tipo Willey, para posterior determinação de extrato etéreo (EE), pH, carboidratos não fibrosos (CNF), carboidratos 398 totais (CT) e nutrientes digestiveis totais (NDT) segundo metodologias descritas por Silva & Queiroz (2002). Os dados obtidos referentes à composição bromatológica foram analisados estatisticamente através da análise de variância (teste t) e, nos casos de significância (P<0,05), procedeu-se a análise de regressão, testando-se modelos polinomiais de primeiro e de segundo graus, utilizando-se o programa SAEG, 1999 versão 8.1 (UFV). Resultados e Discussão Conforme apresentado na figura 1, os valores de pH se comportaram de forma quadrática (P<0,05). Tabela 1. Composição bromatológica de feno de milheto submetido á amonização com úreia. Composição FM+0% FM+2% FM+4% FM+6% CV(%) Equação** pH 5,17 5,15 5,12 5,16 1,99 Y= 5,237-0,074X+0,014X2 CNF 14,58 13,89 13,39 12,79 23,36 Y= 15,136-0,587X CT 73,28 71,54 70,84 69,69 2,91 Y= 74,206-1,145X NDT 63,67 64,44 63,22 63,17 3,08 Y= 64,316-0,274X Bromatológica (%) ** Significativo a 0.5% de probabilidade pelo teste tukey Segundo ROTH et al. (2008), a elevação do pH ocorre devido à formação de uma base fraca, o hidróxido de amônia (NH4OH), em função da afinidade da amônia (NH3) pela água contida na forragem. O pH da forragem deve ser aumentado suficientemente para permitir o rompimento das ligações do tipo éter entre a lignina e os carboidratos estruturais. Os valores de carboidratos não fibrosos e de carboidratos totais reduziram linearmente (P<0,05) conforme a inclusão de níveis de ureia. Com a redução dos componentes fibrosos em materiais amonizados, em especial da hemicelulose, resultando em redução da fração fibra em detergente neutra (FDN), quanto mais acentuada for a redução dessa fração, maior será o conteúdo de carboidratos não fibrosos (CNF), uma vez que a FDN é subtraída na obtenção dos CNF . De acordo com a figura 1, os valores de nutrientes digestíveis totais (NDT) reduziram linearmente (P<0,05). Conforme apresentado acima, os valores de carboidratos não fibrosos reduziram linearmente influenciando diretamente nos valores de nutrientes digestiveis totais. Souza et al. (2008) ao trabalharem com cana de açúcar hidrolizada com ureia, encontrou um acréscimo significativo (P<0,05) nos valores de NDT, relacionando com os valores encontrados para fibra em detergente neutra (FDN), onde foi encontrado um decréscimo significativo (P<0,05), pois os teores de NDT sendo estimados pelos valores de FDN podem explicar assim este comportamento, confirmando o resultado encontrado neste trabalho. 399 Figura 1. Comportamento da equação de regressão do Extrato eteréo (EE), pH, carboidratos não fibrosos (CNF), carboidratos totais (CT) e nutrientes digestiveis totais (NDT) do feno de milheto amonizado com úreia. Conclusões Os níveis de amonização apresentaram baixos valores de carboidratos não fibrosos devido ao comportamento da fibra detergente neutra, influenciando nos valores de nutrientes digestiveis totais. Literatura citada PINTO, J.C.; CHAVES, C.A.; PEREZ, J.R.O. et al. Valor nutritivo das silagens de capim sudão, milheto, teosinto e milho. Ciências e agrotecnologias, v.23, n.4, p.980986,1999. ROTH, M. T. P. Avaliação da amonização de fenos de resíduo de pós colheita de sementes de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Dissertação. Universidade Estadual Paulista. Jaboticabal, 2008. SOUZA, M. M.; REIS, W.; MACEDO, V. P. et al. Valor nutritivo da cana de açúcar (Saccharum officinarum L.) hidrolisada com diferentes níveis de ureia. PUBVET, v. 2, n. 4, 2008. 400 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.44. Taxa de lotação e características da pastagem de azevém utilizada por cordeiras em método rotativo de pastejo Guilherme Pegoraro Gai1, Luciana Pötter2, Sheila Cristina Bosco Stivanin3, Viviane da Silva Hampel3, Lucas Munareto Cadó4, Érica Dambros de Moura4 1 Graduação em Zootecnia – UFSM, Bolsista BIC/FAPERGS. e-mail: [email protected] Professora Adjunta do Departamento de Zootecnia – UFSM. e-mail: [email protected] 3 Programa de Pós-graduação em Zootecnia – UFSM. 4 Aluno de graduação em Zootecnia – UFSM 2 Resumo: O experimento foi desenvolvido no período julho a outubro de 2011, em área do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria. Os animais experimentais foram cordeiras da raça Suffolk manejadas sob o método de pastejo rotacionado. Foi avaliada a taxa de lotação, a taxa de acúmulo de forragem, a densidade populacional e o peso por perfilho nos diferentes estádios fenológicos do azevém (vegetativo, pré-florescimento 1, pré-florescimento 2). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três estádios fenológicos e duas repetições no tempo (ciclos de pastejo). A taxa de lotação, taxa de acúmulo de forragem, densidade populacional de perfilhos e peso por perfilho foram similares nos estádios fenológicos do azevém. Palavras Chave: densidade populacional de perfilhos, Lolium multiflorum Lam., suffolk Stocking rate and characteristics of ryegrass grazed by lambs under rotational grazing method Abstract: The grazing trial was carried out during July-October 2011 in an area of the Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Santa Maria. Stocking rate, forage losses, herbage accumulation rate, tiller population density and weight per tiller were evaluated in ryegrass phenological stages (vegetative, pre-reproductive one, prereproductive two). The experimental design was completely randomized with repeated measures, three phenological stages and two replicates in time (grazing cycles). Stocking rate, forage losses, herbage accumulation rate, tiller population density and weight per tiller were similar in the phenological stages of ryegrass. Key Words: Lolium multiflorum Lam., tiller density, suffolk 401 Introdução Dentre as espécies forrageiras de clima temperado, o azevém (Lolium multiflorum Lam.) é utilizado como alternativa de baixo custo para aumentar a qualidade e a disponibilidade de forragem fornecida para o rebanho ovino. O conhecimento da estrutura do pasto e suas consequências no desempenho animal pode ser utilizado como ferramenta para um manejo mais adequado desta forrageira. Conhecidas as variáveis determinantes da otimização do uso do pasto, podem ser criados ambientes pastoris por meio do manejo que não venham limitar o animal no emprego de suas estratégias de pastejo (Carvalho et al., 2001). O trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a taxa de lotação, perdas de forragem, taxa de acúmulo de forragem e a densidade populacional de perfilhos do azevém pastejado por cordeiras manejadas sob sistema de pastejo rotacionado nos diferentes estádios fenológicos do pasto. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, durante o período de 27 de julho a 24 de outubro de 2011. A área experimental foi constituída de cinco piquetes de 0,13 ha, constituindo as unidades experimentais, e mais uma área contígua de 0,35 ha. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam.) foi estabelecida por semeadura a lanço, no dia 20/05/2011, sendo utilizados 30 kg/ha de sementes. A adubação utilizada foi 200 kg/ha de NPK (fórmula 05-20-20) e 123 kg de nitrogênio na forma de ureia em sete aplicações, sendo a primeira realizada em 24/06 e as demais com intervalos de 15 dias. Os animais experimentais foram cordeiras da raça Suffolk, com idade e peso corporal inicial de 10 meses e 45,57±4,39 kg, respectivamente. Foram utilizados 16 animais-teste e um número variável de animais reguladores, de acordo com o valor da massa de forragem inicial existente em cada piquete para um desaparecimento previsto de 50% da biomassa existente por ocasião da entrada dos animais nos piquetes. Os tratamentos consistiram de azevém pastejado durante os estádios vegetativo (27/07 a 25/08), pré-florescimento 1 (26/08 a 24/09) e pré-florescimento 2 (25/09 a 24/10). O método de pastejo foi o rotacionado, com intervalo de 15 dias entre pastejos e três dias de ocupação em cada piquete. O intervalo entre pastejos foi estimado para corresponder a soma térmica necessária para o surgimento de 1,5 folhas de azevém, de acordo com um filocrono estimado de 188 graus-dia. A massa de forragem foi determinada por meio da técnica de estimativa visual com dupla amostragem na entrada e no terceiro dia de ocupação dos animais em cada piquete. A taxa de lotação (kg/ha de peso corporal (PC)) foi calculada pelo somatório do peso médio das cordeiras-teste, com o peso médio de cada cordeira reguladora, multiplicado pelo número de dias que estas permaneceram no piquete, dividindo pelo número de dias do período experimental. A taxa de acúmulo diária de MS (kg de MS/ha/dia) foi determinada por meio da diferença entre o valor da massa de forragem na entrada dos animais e a massa de forragem na saída dos animais no pastejo anterior, em cada parcela experimental e dividida pelo número de dias de intervalo entre os pastejos. A oferta de forragem (kg de MS/100 kg de PC) foi calculada por meio do quociente entre a disponibilidade diária de MS e a taxa de lotação. A altura do dossel foi medida diariamente em 40 pontos fixos por piquete, sendo considerada como a distância (cm) do solo até a altura média do dobramento das folhas de azevém. As perdas de forragem, a densidade populacional de perfilhos foi avaliada em uma única parcela experimental, no terceiro dia de ocupação da mesma. As perdas de forragem foram avaliadas com intervalos de 15 dias, correspondendo a duas avaliações por estádio fenológico, em três pontos fixos no piquete, onde a forragem considerada não 402 aproveitável pelos animais foi coletada, seca e pesada. Foi realizada a soma das duas avaliações por estádio para a determinação das perdas de forragem em kg/ha de MS. A divisão do valor diário de perdas de forragem (kg/ha/dia) pela taxa de lotação (kg/ha de peso corporal), e posterior multiplicação deste resultado por 100, resultou no percentual de perdas de forragem em relação ao PC. A densidade populacional de perfilhos (perfilhos/m²) foi avaliada por meio da contagem dos perfilhos de azévem em três locais fixos na parcela, e posterior corte dos perfilhos em outra área com semelhante densidade de perfilhos. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três tratamentos (estádios fenológicos) e duas repetições no tempo para cada estádio fenológico (ciclo de pastejo). Foi realizado teste de normalidade e após os dados foram submetidos à análise de variância. Quando detectadas diferenças foi utilizado o teste Tukey em 5% de probabilidade. As análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SAS 8.2. Resultados e Discussão A massa de forragem, a oferta de forragem e a altura do dossel foram, em média, 1643,38 kg de MS/ha; 9,58% do PC e 18,53cm respectivamente por ocasião da entrada dos animais nos piquetes, sendo semelhante nos estádios fenológicos do azevém (P>0,05), e as perdas de forragem foram, em média, de 12,33 kg de MS/ha e 0,82% do PC. As variáveis taxa de lotação, taxa de acúmulo de forragem e densidade populacional de perfilhos foram semelhantes (P>0,05; tabela1) nos estádios fenológicos avaliados. Tabela 1 Valores médios para a taxa de lotação (TLOT), densidade populacional de perfilhos (DPP) e taxa de acúmulo de forragem (TAC) do azevém de acordo com os estádios fenológicos do pasto Estádios Variáveis P4 CV5 PréPréVegetativo florescimento1 florescimento2 TLOT1 (kg/ha de PC) 1383,2 1518,6 1567,4 0,5631 10,8 2 2 DPP (perfilhos/m ) 3852,0 4408,0 3700,0 0,5884 16,6 TAC3 (kg de MS/ha/dia) 33,1 35,5 33,2 0,9736 18,2 1 2 3 taxa de lotação; densidade populacional de perfilhos; taxa de acúmulo de forragem; 4 probabilidade; 5coeficiente de variação A taxa de lotação média (1489,7 kg/ha de PC), foi 32,1% superior ao valor de 1.010,8 kg/ha de PC observado por Farinatti et al. (2006) em estudo com ovinos recebendo suplementos ou mantidos exclusivamente em pastagem de azevém. Como a taxa de lotação é reflexo da massa de forragem, esta semelhança pode ser resultado do fato de a massa de forragem também ter permanecido constante ao longo dos diferentes estádios fenológicos do pasto. A taxa de acúmulo de forragem foi em média de 33,92±0,16 kgha-1 de MS/dia, sendo 49,72% inferior ao encontrado por Barbosa et al. (2007). No sistema de pastejo rotativo, que se caracteriza por períodos distintos de descanso e desfolha, é importante que a taxa de acúmulo seja constante ao longo do período de utilização do pasto, pois 403 garantem a sustentabilidade do sistema quando associada a um índice de área foliar remanescente adequado para a rebrota. O valor de densidade populacional de perfilhos foi 33,2% superior ao observado por Cauduro et al. (2006) que estudaram a estrutura do azevém em diferentes métodos de pastejo e observaram para o método de pastejo rotativo uma densidade populacional de perfilhos média de 2661,8 perfilhos/m2. De acordo com Gomide & Gomide (2001) o processo de perfilhamento varia conforme a espécie, cultivar, disponibilidade de nutrientes, qualidade da luz e manejo do pasto. Como a estrutura do pasto foi semelhante para os estádios fenológicos, este comportamento da densidade populacional de perfilhos é coerente. Conclusões Os estádios fenológicos do azevém não resultam em alterações na taxa de lotação, perdas de forragem, taxa de acúmulo de forragem e a densidade populacional de perfilhos quando utilizado em método de pastejo rotativo com ovinos. Literatura citada BARBOSA, C.M.P; CARVALHO, P.C.F; CAUDURO, G.F; LUNARDI, R; KUNRATH, T.R; GIANLUPPI, G.D.F. Terminação de cordeiros em pastagens de azevém anual manejadas em diferentes intensidades e métodos de pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.6, p.1953-1960, 2007 (supl.). CARVALHO, P.C.F. et al. Importância da estrutura da pastagem na ingestão e seleção de dietas pelo animal em pastejo. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2001. p. 853-871. CAUDURO, G.F; CARVALHO, P.C.F; BARBOSA, C.M.P. et al. Variáveis morfogênicas e estruturais de azevém anual (Lolium multiflorum Lam.) manejado sob diferentes intensidades e métodos de pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4, p.1298-1307, 2006. FARINATTI, L.H.E; ROCHA, M.G; POLI, C.H.E.C; PIRES, C.C; PÖTTER, L; SILVA, J.H.S. Desempenho de ovinos recebendo suplementos ou mantidos exclusivamente em pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam.), Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.2, p.527-534, 2006. GOMIDE, C.A.M.; GOMIDE, J.A.M. The duration of regrowth period and the structural traits in a rotationally razed Panicum maximum sward. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19., 2001, São Pedro. Proceedings... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 2001. 404 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.45. Características produtivas do capim Aruana submetidos a diferentes doses de bokashi Dayana Cristina de Oliveira Pereira¹, Cesar Augusto Pecoraro², Thiago Andrade Martins³, Sérgio Kenji Homma³ 1 Zootecnista do Centro de Pesquisa Mokiti Okada – CPMO ² Mestrando em Engenharia de Sistemas Agrícolas/ESALQ/USP. ³ Eng. Agrônomo do Centro de Pesquisa Mokiti Okada – CPMO Resumo: O objetivo desta pesquisa foi avaliar o efeito de diferentes doses do fertilizante orgânico bokashi sobre as características produtivas do capim Aruana (Panicum maximum cv. Aruana). O bokashi é obtido através da fermentação predominantemente láctica de diferentes farelos e tortas, subprodutos da agroindústria, e funciona como um condicionador biológico de solo. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 5 tratamentos: (a) 0,0g de bokashi.vaso -¹; (b) 2,5 g de bokashi.vaso-¹; (c) 5,0 g de bokashi.vaso -¹; (d) 10,0 g de bokashi.vaso -¹; e (e) 20,0 g de bokashi.vaso-¹; em seis repetições cada. Determinou-se o número de perfilhos, a produção de matéria verde, a produção de matéria seca da parte aérea e da raiz. Todas as características produtivas avaliadas responderam positivamente às crescentes doses do bokashi, nas condições de fertilidade de solo do presente teste. Conclui-se que o fertilizante orgânico bokashi foi eficaz na promoção do desenvolvimento vegetativo do capim Aruana, apresentando-se como uma boa opção para utilização em pastagens. Palavras Chave: matéria seca, nutrição de plantas, Panicum maximum, perfilho, raiz Productive characteristics of grass Aruana subjected to different doses of Bokashi Abstract: The aim of this research was to assess the effects of different dosages of the organic fertilizer ‗bokashi‘ on the productive characteristics of the Aruana grass (Panicum maximum cv. Aruana). The organic fertilizer ‗bokashi‘ is made mainly by a lactic fermentation of a meals mixture, which is coming from agroindustry as a byproduct, and it works like a soil biological conditioner. The experimental design was completely randomized with five treatments and six replicates each one, using 12 dm³ content pots: (a) 0.0 g of bokashi.pot-¹; (b) 2.5 g of bokashi.pot-¹; (c) 5.0 g of bokashi.pot-¹; (d) 10.0 g of bokashi.pot-¹; and (e) 20.0 g of bokashi.pot-¹. The number of tillers, aerial fresh and dry weight and root dry weight were measured. All of the assessed productive characteristics were positive at the crescent dosages of bokashi, under levels of soil fertility which was applied in this test. From these results we can conclude that organic fertilizer bokashi was capable to promote plant growth of Aruana grass and it show that it could be good options to use on pasture. 405 Key Words: dry matter, plant nutrition, Panicum maximum, tiller, root Introdução O bokashi é um fertilizante orgânico, resultante de um método de compostagem de farelos e tortas, subprodutos da agroindústria, acrescidos de uma solução líquida de microrganismos efetivos (Souza Resende, 2003). Usualmente utilizado na agricultura orgânica, é rico em nitrogênio, fósforo e potássio, sendo aplicado em substituição aos fertilizantes químicos tradicionais (Penteado, 2003). Segundo o mesmo autor, o uso de doses crescentes de bokashi pode afetar diretamente o acúmulo de massa seca, devido a maior disponibilização de nutrientes no solo. Essa maior disponibilidade de nutrientes é, em parte, devido ao seu efeito benéfico sobre as características físicas, químicas e biológicas do solo. Devido a estes fatores, o bokashi é considerado um condicionador de solo. A espécie P. maximum destaca-se pelo alto potencial de produção de massa seca e pela boa qualidade nutricional, o que justifica a ampla utilização como forrageira em pastagens. A cultivar Aruana é caracterizada pela elevada capacidade de emitir folhas, perfilhos e também pela rápida rebrota após o corte (Biachini et al.,1999). Considerando a importância do capim Aruana na produção pastoril e a deficiência de informações relacionadas ao uso do bokashi na formação de pastagens, este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar o efeito sobre características produtivas desta gramínea submetida a diferentes doses de bokashi. Material e Métodos A pesquisa foi conduzida em casa de vegetação, no Centro de Pesquisa Mokiti Okada, em Ipeúna-SP entre os meses de janeiro a abril de 2011. A espécie utilizada foi Panicum maximum cv. Aruana, cultivada em vasos de 12dm³, cujo solo utilizado possuía as seguintes características de fertilidade: pH = 4,9; P e K= 4,0 e 66,5 mg/dm³, respectivamente; Al = 0,3cmolc/dm³; Ca + Mg = 2,6 cmolc/dm³; H + Al = 3,6 cmolc/dm³; CTC efetiva = 3,11 cmolc/dm³ e V% = 44%. O bokashi foi incorporado ao solo dez dias antes do plantio nas seguintes doses: (a) 0,0 g.vaso-¹; (b) 2,5 g.vaso -¹; (c) 5,0 g.vaso-¹; (d) 10,0 g.vaso -¹ e; (e) 20,0 g.vaso -¹, com seis repetições cada. O bokashi foi elaborado com 30% de farelo de mamona, 65% de farelo de arroz e 5% de casca de arroz moída. A mistura foi submetida ao processo de fermentação utilizando uma suspensão de microrganismos lácticos obtido do solo. Em cada vaso foram semeadas vinte sementes viáveis a uma profundidade de um cm cada. Sete dias após a emergência das plântulas foi realizado o desbaste, permanecendo quatro plantas por vaso. Os critérios utilizados para o desbaste foram: altura, homogeneidade e posição dentro do vaso. Em seguida foi realizado um corte de uniformização a 5cm do solo. O controle hídrico foi realizado diariamente, sendo que todos os vasos receberam o mesmo volume de água. Semanalmente, os vasos foram remanejados de posição segundo um sorteio, de forma que não fossem influenciados por microclima dentro da casa de vegetação. Quarenta dias após o corte de uniformização foi determinado o número de perfilhos e em seguida foi realizado o corte para avaliar a produtividade a cinco centímetros do solo. A parte aérea foi levada ao laboratório para determinação do peso da matéria verde e da matéria seca, segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Para avaliação do peso seco das raízes, todo o material remanescente nos vasos foi lavado em água corrente, utilizando-se uma peneira de malha de 0,25 mm, 406 separando-se as raízes do solo, em seguida as raízes foram secas em estufa de circulação forçada a 65ºC até atingirem o peso constante. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado e os resultados foram avaliados estatisticamente através da análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste Scott Knot (p<0,05). Utilizou-se também a análise de regressão polinomial para as doses de bokashi. Resultados e Discussão As aplicações de doses crescentes de Bokashi propiciaram aumento na produção de massa verde (r= 0,97), número de perfilhos (r= 0,97), matéria seca da raiz (r = 0,99) e matéria seca da parte aérea (r = 0,97) (Tabela 2). O maior perfilhamento das plantas submetidas às maiores doses do bokashi, 10,0 g.vaso-1 e 20,0 g.vaso-1, influenciou no peso da matéria verde, apresentando estes tratamentos diferença estatística se comparado aos demais tratamentos (Tabela 1). A utilização do bokashi proporcionou maior peso seco da parte aérea se comparado ao tratamento controle, onde não se incorporou o bokashi (Tabela 1). Possivelmente, a resposta do capim Aruana a adição do bokashi esteja relacionado com a maior disponibilidade de nutrientes, especialmente de nitrogênio presente nos tratamento que receberam o bokashi. Segundo Abreu (1994), a emissão de perfilhos do P. maximum é altamente influenciada pela disponibilidade de nutriente e constitui uma importante ferramenta para sua sobrevivência, principalmente no pós pastejo. Outra característica altamente desejável e essencial, positivamente influenciada pela utilização do bokashi (Tabela 1), é a capacidade das plantas em expandir o sistema radicular, a qual assegura a perenidade das gramíneas tropicais sujeita a períodos longos de ―seca‖. Melhorias no sistema radicular de plantas submetidas a aplicações de bokashi também foram observadas por Homma (2012) em Tangerina Murcott (Citrus reticulata, Blanco x Citrus sinensis, Osbeck), que apresentou maior área radicular (56,1%) e maior comprimento de raízes (26,9%), quando comparada com o tratamento que utilizou adubos químicos solúveis. Segundo o autor, estes resultados são devidos às propriedades de condicionador de solo do bokashi, que proporciona melhorias nas características físicas e estruturais deste, possibilitando maior expansão do sistema radicular. Tabela 1 - Número de perfilhos, Matéria verde, Materia seca da parte aérea e Materia função das doses de Bokashi aplicadas. Doses de bokashi Número de perfilhos/planta Matéria verde aérea seca da raíz, em Matéria seca aérea Matéria seca raiz (g) (g) (g) 0,0 1,62 ± 0,13e 37,49 ± 3,55b 8,33 ± 0,94c 7,42 ± 0,77c 2,5 2,36 ± 0,06d 42,66 ± 2,22b 10,00 ± 0,55b 9,38 ± 0,52c 5,0 2,89 ± 0,09c 44,39 ± 0,90b 10,66 ± 0,35b 11,50 ± 0,77b 10,0 3,58 ± 0,09b 49,86 ± 2,69a 12,16 ± 0,65a 13,04 ± 0,62b 20,0 4,42 ± 0,22a 51,41 ± 3,09a 12,54 ± 0,64a 16,10 ± 1,18a CV (%) 18,45 14,40 14,17 17,24 Letras diferentes na coluna indicam diferença estatística pelo teste de Scott Knot ( P<0,05) 407 Tabela 2 - Equações de regressão para os valores de Matéria verde, Número de perfilhos, Massa seca da parte aérea e Materia seca da raíz, em função das doses de Bokashi aplicadas. Parâmetro avaliado Regressão Matéria verde y= -0,249x² + 4,9996x + 32,906* N° perfilhos y = -0,0571x² + 2,9029x + 5,380* MS da parte aérea y = -0,0027x² + 0,0225x + 0,2065* MS da raiz y = 0,0011x² + 4,9996x + 32,906* * Significativo para P<0,05, pelo teste Scott Knot. R² 0,9750 0,9703 0,9713 0,9932 Conclusões A utilização do bokashi contribuiu para o aumento do número de perfilhos, massa verde e também para o aumento do peso seco da parte aérea e da raiz e Panicum maximum cv. Aruana, mostrando potencial para a complementação ou substituição de adubos químicos na formação de pastagens. Literatura citada ABREU, J.B.R. Níveis de nitrogênio e proporção de nitrato e amônio afetando produção, atividade de redutase do nitrato e composição de três gramíneas forrageiras. 1994. 109 f. Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Piracicaba,1994. BIANCHINI, D.; CARRIEL, J. M.; LEINZ, F. F.; et al. Viabilidade de doze capins tropicais para criação de ovinos. Boletim de Indústria Animal, v.56, p.163-177, 1999. HOMMA, S.K.; TOKESHI, H.; MENDES, L.W. et al. Long-term application of biomass and reduced use of chemicals alleviate soil compaction and improve soil quality. Soil and Tillage Research, v.120, p. 147 – 153, 2012. PENTEADO, S.R. Introdução à agricultura orgânica. Viçosa, MG: Grafica Impress, 2003. 235p. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa, MG: UFV, 2002. 235p. SOUZA, J.L.; RESENDE, P. Manual de horticultura orgânica. Viçosa, MG: Aprenda Fácil, 2003. 564p. 408 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.46. Atraso na germinação de sementes de plantas forrageiras em decorrência de interação com Medusahead1 Luis Henrique Silva Correia2, Paulo César Faccio Carvalho 3, Emílio A. Laca4 1 Experimento realizado na Universidade da California - Davis. Estudante de graduação UFGRS. 3 Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia. 4 Professor do Departamento de Ciência de Plantas e do Ambiente, Universidade da California. 2 Resumo: Medusahead (Taeniatherum caput-medusae) é uma gramínea invasiva anual que rapidamente invade pastagens e cultivos agrícolas no Oeste dos EUA. Oriunda da região do Mediterrâneo da Eurásia, e introduzida em meados do século XVII, esta planta configura como umas das mais problemáticas daninhas invasoras da América do Norte. Uma série de experimentos de germinação foi conduzida, a primeira no ano de 2007 e a segunda em 2011, testando três espécies forrageiras comumente utilizadas no estado da Califórnia, sendo elas: Aveia Selvagem (Avena fatua), Azevém Anual (Lolium multiflorum Lam.) e Cevadilha (Bromus hordeaceus). Os tratamentos foram: Controle; Sementes (20 sementes); Aristas (20 aristas). Os resultados apontam um retardo na germinação das sementes testadas frente as estruturas de medusahead quando comparadas aos controles para todas as espécies, e em ambas as realizações do experimento. Onde se pode observar uma janela de tempo que pode alcançar de 1 a 3 dias. Os resultados encontrados se pode sugerir que haja algum tipo de interação entre Medusahead e as plantas testadas, fazendo com que exista algum atrasado na germinação destas plantas. Palavras Chave: Medusahead, alelopatia, germinação de sementes, pastagens, plantas daninhas, gramínea invasiva Delay in germination of forage plants seeds caused by interaction with Medusahead Abstract: Medusahead (Taeniatherum caput-medusae), is an annual invasive grass that invade quickly pastures and crops in West of USA. It comes from Mediterranean portion of Eurasia, and introduced around XVII sec, this plant is one of most important invasive weeds in North America. A series of germination experiments was conducted, the first was in 2007 and the second 2011, testing tree species commonly used in pastures on California, which are: Wild Oats (Avena fatua), Ryegrass (Lolium multiflorum Lam.) and Soft Chess (Bromus hordeaceus). The treatments were: Control; Seeds (20 seeds); Awns (20 awns). The results indicate a delay in germination of tested 409 seeds in Medusahead presence, when compared the controls. Where we can observe a window of time around 1 and 3 days. These results can sugest a interaction between Medusahead plant and cultivate plant, doing a delay of germination on field of this plants. Key Words: Medusahead, allelopathy, germination of seeds, grasslands, weeds, invasive grass Introdução Medusahead (Taeniatherum caput-medusae) é uma gramínea invasiva anual que rapidamente invade pastagens e cultivos agrícolas no oeste dos EUA, Duncan e Clark (2005). Oriunda da região do Mediterrâneo da Eurásia, e introduzida em meados do século XVII, esta planta configura como umas das mais problemáticas daninhas invasoras da América do Norte. Desta forma, se torna vital o entendimento das interações entre esta planta nos ecossistemas agropecuários para desenvolver tecnologias capazes de frear seu avanço, assim como controlar áreas infestadas. O presente trabalho objetiva comprovar e existência de alelopatia entre Medusahead e outras espécies cultivadas. Material e Métodos Uma série de experimentos de germinação foi conduzida, a primeira no ano de 2007 e a segunda em 2011, testando três espécies forrageiras comumente utilizadas no estado da Califórnia, sendo elas: Aveia Selvagem (Avena fatua), Azevém Anual (Lolium multiflorum Lam.) e Cevadilha (Bromus hordeaceus). Na realização as estruturas de Medusahead foram postas e umedecidas previamente às sementes das espécies testadas, em placas de Petri forradas com papel toalha, após passados quatro dias as estruturas de Medusahead foram sacadas. Para então serem postas a espécies a serem testadas exatamente no mesmo local nas placas em que estavam as estruturas de Medusahead. Os tratamentos foram: Controle; Sementes (20 sementes); Aristas (20 aristas); Foram realizadas contagens do número de sementes germinadas ao longo dos dias, tanto para as espécies desejadas como para as sementes de Medusa até que o número de sementes germinadas atingisse uma constante. Os resultados de germinação de sementes foram analisados pelo método Survival Analisys, usando o software JMP v.8. Resultados e Discussão Os resultados apontam um retardo na germinação das sementes testadas frente as estruturas de medusahead quando comparadas aos controles para todas as espécies, e em ambas as realizações do experimento. Onde se pode observar uma janela de tempo que pode alcançar de 1 a 3 dias, sobretudo para Aveia e Cevadilha observadas no primeiro ano. Conforme a figura 1 mostra. 410 Figura 1 – Percentual de sementes germinadas ao longo do tempo (dias); No entanto, deve-se haver cautela ao atribuir o expressivo sucesso desta planta em ambientes agropecuários unicamente a relações alelopáticas, e sim estar ciente de que características morfológicas e fisiológicas também podem estar regendo este êxito, em outras palavras, pode existir sinergismo das múltiplas facetas desencadeando o sucesso. Como por exemplo, Young e Mangold (2008) citam a rápida taxa de crescimento ser uma característica importante para esta planta. Ou também o agressivo sistema radicular e a alta capacidade de explorar o meio em busca de água e nutrientes. E é justamente por estes fatores que Nilsson 1994 e Karban 2007 julgam ser tão difícil separar e distinguir tais efeitos. Conclusões Com os resultados encontrados se pode sugerir que haja algum tipo de interação entre Medusahead e as plantas testadas, fazendo com que exista algum atrasado na 411 germinação destas plantas. De modo que, outros experimentos são necessários para entender as relações interespecíficas que levam esta gramínea ser tão invasiva em pastagens. Assim como descobrir quais os tecidos em especial contenham tal substância alelopática, podendo-se sugerir estratégias de manejo capazes de evitar o aparecimento destas. Literatura Citada Duncan, C,A. and J. K. Clark. Invasive plants of range and wildlands and their environmental, economic and social impacts. Lawrence, KS. Weed Science Society of America. Ed 2005. p.1-7. Karban, R. Experimental clipping of sagebrush inhibits seed germination of neighbours. Ecology Letters. Ed 1997. cap10, pp.791-797. Nilsson, M. C. Separation of allelopathy and resource competition by the boreal dwarf shrub Empetrum hermaphroditum Hagerup. Oecologia. Ed 1994. pp 1-7. Young, K., and J. Mangold. Medusahead (Taeniatherum caput-medusae) outperforms squirreltail (Elymus elimoides) through interference and growth rate. Invasive Plant Science and Management 1:73-81, 2008. 412 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.47. Dinâmica florística de uma pastagem natural submetida a diferentes adubações e manejo do pastoreio na Região do Alto Camaquã 1 Liane Seibert Ustra Soares2,Lidiane da Rosa Boavista3, Fernando Luiz Ferreira de Quadros4, José Pedro Pereira Trindade5, Marcos Flávio Silva Borba5, Aline Bosak dos Santos6 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, financiada pelo Cnpq. Estudante de graduação em Zootecnia/UFSM. 3 Bióloga, Mestre em Agrobiologia/Universidade Federal de Santa Maria/UFSM. [email protected] 4 Prof. Associado Depto. de Zootecnia/UFSM/ Bolsista de Prod. em Pesquisador CNPq. 5 Pesquisadores EMBRAPA/CPPSul/Bagé. 6 Zootecnista, Mestre em Agrobiologia/Universidade Federal de Santa Maria/UFSM 2 E-mail: Resumo: Objetivou-se avaliar o efeito de diferentes adubações e manejo de pastoreio na caracterização da composição florística de uma pastagem natural na Região do Alto Camaquã /RS. O trabalho foi realizado em uma área de vegetação campestre localizada na porção superior da bacia do Rio Camaquã, no período de 2008 a 2011. Foi descrita a composição florística através da listagem das espécies componentes e respectivas quantidades de biomassa por estimativa visual. As amostragens foram adaptadas ao método BOTANAL. Os levantamentos nas áreas adubadas e com pastejo controlado tiveram trajetórias maiores, onde foi possível verificar mudanças na composição florística em relação ao período inicial, com exceção da área que não recebeu adubação e permaneceu sob pastejo contínuo. Observou-se que no primeiro levantamento, existiu uma condição da vegetação muito similar em todos os tratamentos, tendo todas as trajetórias seu início praticamente no mesmo quadrante, entretanto posteriormente divergem para trajetórias bem distintas apresentando uma composição florística diferenciada. O uso de estratégias de manejo diferenciadas e fertilização afetaram a composição florística ao longo do período de avaliação em quase todos os tratamentos. Palavras Chave: biomassa, fertilização, pastejo, vegetação campestre Floristic dynamics of a natural grassland under different fertilizer and grazing management in the Upper Camaquã Region Abstract: The objective was to evaluate the effect of different fertilizers and grazing management to characterize the floristic composition of a natural pasture in the Upper Region Camaquã/RS. The study was conducted in an area of grassland located in the 413 upper basin of the Rio Camaquã in the period 2008 to 2011. Floristic composition was described by listing the component species and their quantities of biomass by visual estimation. The samples were adapted to BOTANAL. The surveys in the areas fertilized and with controlled grazing had higher trajectories, where we observed changes in floristic composition in relation to the initial period, with the exception of the area that received no fertilizer and remained under continuous grazing. It was observed that in the first survey, vegetation is very similar in all treatments, with all its trajectories start at almost the same quadrant, but then diverge into distinct trajectories presenting a different floristic composition. The use of different management strategies and fertilization affected the floristic composition during the evaluation period in almost all treatments. Key Words: biomass, fertilization, grazing, grassland Introdução As pastagens naturais da região sul do Brasil (Bioma Pampa), tem um enorme potencial para a criação de bovinos, ovinos, produzindo carne, couro, leite, lã e outros produtos. Este potencial advém de boas e diferenciadas condições edafo-climáticas, permitindo o crescimento de uma grande diversidade florística de plantas que produzem forragem o ano todo (Pallarés et al., 2005). O ecossistema campestre sulino possui em torno de 3 a 4 mil espécies vegetais campestres, entre as quais 523 espécies de gramíneas e 250 espécies de leguminosas. O conhecimento do potencial de produção de espécies nativas em resposta a fertilização é fundamental para um manejo adequado. A estrutura de uma pastagem varia consideravelmente em relação ao manejo sob o qual é submetida, o pastejo tem efeito significativo na estrutura da pastagem. Este trabalho teve o objetivo de avaliar o efeito de diferentes adubações e manejo de pastoreio na caracterização da composição florística de uma pastagem natural na Região do Alto Camaquã RS. Material e Métodos O trabalho foi realizado em uma área de vegetação campestre localizada na porção superior da bacia do Rio Camaquã, em Pinheiro Machado/RS, no ano de 2008 a 2011. A área de 10 ha-1,foi subdividida, com cercas eletrificadas e os níveis de adubação foram 500 Kg/ha de Fosfato Natural Reativo (FN) – Bayóvar (Sechura) e 2.000 kg/ha de calcário (CAL), composta por 14 subdivisões. Foram 4 adubadas com FN, 4 com CAL e 4 não receberam adubação, totalizando 12 subdivisões sob pastoreio controlado e as outras duas não receberam adubação e permaneceram sob pastoreio contínuo. Em cada subdivisão foi alocada uma transecta de 2 m de comprimento por 0.50 m de largura, e em cada tratamento foram alocadas 4 transectas visando representar a heterogeneidade ambiental, totalizando quatorze. A composição florística foi descrita através da listagem das espécies componentes e respectivas quantidades de biomassa por estimativa visual. As amostragens foram adaptadas ao método BOTANAL. Para gerar hipóteses sobre a composição e dinâmica de species foi usada uma análise de ordenação por coordenadas principais e para testar a significância das diferenças entre os tratamentos , foram utilisados testes de aleatorização, todas as análises foram feitas com o auxilio do software MULTIV. 414 Resultados e Discussão No diagrama de dispersão (Figura 1) observa-se uma similaridade da composição botânica no primeiro levantamento em todos os tratamentos, tendo assim uma condição inicial bastante similar. A condição de semelhança inicial das áreas devese provavelmente ao histórico de manejo das mesmas, que sempre foram manejadas em sistema de pastoreio contínuo e sem controle, onde o manejo da vegetação sempre foi o mesmo para todas as estações do ano e o diferimento nunca havia sido aplicado. No último levantamento, as áreas adubadas e com pastejo controlado tiveram trajetórias maiores, onde foi possível verificar mudanças na composição florística em relação ao período inicial, com exceção da área que não recebeu adubação e permaneceu sob pastejo contínuo, que esteve muito próxima das condições de composição do primeiro levantamento. Este comportamento pode ser atribuído ao manejo, associado com a presença dominante de espécies estoloníferas e prostradas, dados que assemelham-se com os descritos por Boldrini e Eggers, (1997), onde ficou evidente que diferenças estruturais na vegetação podem ser dependentes de diversas situações de pastejo, sendo áreas pastejadas continuamente caracterizadas por uma vegetação mais baixa e área com pastejo controlado vegetação mais elevada, ou seja, com trajetórias maiores. Figura 1. Diagrama de dispersão representando as trajetórias dos tratamentos no início e no final dos levantamentos, em função das espécies. Onde: A e B designam primeiro e segundo levantamentos, CN= pastejo controlado, CT= pastejo sem controle, CAL= calcário, FN= Fosfato natural, SA= sem adubação, Papu= Paspalum pumilum, Anla= Andropogon lateralis, Padi= Paspalum dilatatum, Batr= Baccharis trimera, Erai= Eragrostis airoides, Sebr= Senecio brasiliensis, Sopt= Soliva pterosperma, Fare= Facelis retusa, Trpo= Trifolium polymorphum, Pano= Paspalum notatum, Scsp= Schyzachirium spicatum, Sthy= Stipa hyalina, Sth= Stenchisma hyans, Dede= Desmanthus depressus, Elmo= Elephantopus mollis, Adla= Adesmia latifolia, Axaf= Axonopus affinis, Ande= Andropogon ternatus,Dein= Desmodium incanum. Na Figura 1, as trajetórias dos tratamentos no início e no final dos levantamentos, em função das espécies, o eixo I sintetizou (57%) e o eixo II (21%), representando 76% da variação total.. A área que recebeu FN no último levantamento teve uma contribuição maior de das espécies E. mollis, S. spicatum, D. depressus, A. 415 latifolia diferenciando-se da área SA e CAL onde se destacaram em maior frequência as espécies E. airoides, A. affinis, P. dilatatum. Na Figura 2, fica evidente a distinção de 2 grupos obtidos pelo teste de nitidez, sendo o 1º representado pelos tratamentos que receberam adubação e com pastoreio controlado (CN), no último levantamento. O 2º grupo é composto por todos os tratamentos, no 1º levantamento e pelo tratamento sem adubação e pastejo sem controle, no último levantamento. O tratamento SA e sem pastejo CN esteve mais associado com espécies mais prostradas e estoloníferas, caracterizadas por serem bem adaptadas ao pastoreio, evidenciando a mudança na característica da estrutura da pastagem, confirmando outros estudos semelhantes em ambientes sob pastoreio (Boldrini e Eggers, 1997 e Castilhos, 2002). A análise de variância através de testes de aleatorização indicou interação significativa entre os fatores época/adubação (P=0,01), com isso os mesmos foram analisados separadamente, indicando valores significativos para época (P=0,03), e a não significância para adubação (P>0,05), com isso ficou evidente as diferenças de composição florística entre as adubações dependem do período avaliado. Grupo 1 Grupo 2 Figura 2. Dendrograma de classificação dos tratamentos conforme a composição e dinâmica de espécies em função dos tratamentos, obtido por análise de agrupamento pelo método da soma de quadrados. Onde: A e B designam primeiro e segundo levantamentos, CN= pastejo controlado, CT= pastejo sem controle, CAL= calcário, FN= Fosfato natural, SA= sem adubação. Conclusões O uso de estratégias de manejo diferenciadas e fertilização afetam a composição florística. Entretanto são necessárias outras pesquisas para entender a dinâmica da vegetação campestre sob diferentes aspectos. Literatura citada BOLDRINI, I.I.; EGGERS, L. Vegetação campestre do Sul do Brasil: dinâmica de espécies à exclusão do gado. Acta Botânica Brasílica, Brasília, v. 10, n. 1, p. 63-66, 1997. CASTILHOS, Z.M.S de. Dinâmica vegetacional e tipos funcionais em áreas excluídas e pastejadas sob diferentes condições iniciais de fertilização. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 2002. PALLARÉS, O. P.; BERRETTA, E. J.; MARASCHIN, G. E. The South American 416 Campos ecosystem. In: SUTTIE, J. M.;REYNOLDS, S. G., et al (Ed.). GRASSLANDS of the WORLD. Rome: FAO - FOOD AND AGRICULTURE OF THE UNITED NATIONS, v.34, 2005. p.171-220. 417 IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL I CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 01 a 03 de Agosto de 2012 – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 11.48. Efeito do diferimento de pastagem nativa na radiação fotossinteticamente ativa interceptada Pablo Fagundes Ataide1, Jean Kássio Fedrigo 2, Júlio Cezar Rebes de Azambuja Filho 1, Fernando Machado Pfeifer¹, Jean Vítor Savian¹, Carlos Nabinger 3 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, UFRGS. Bolsista CAPES/CNPq. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, UFRGS. Bolsista CAPES. 3 Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia, UFRGS. 2 Resumo: A produção de gado de corte no Rio Grande do Sul está alicerçada no campo nativo, pois a maior parte da cria no estado ainda é mantida neste ambiente. No entanto, como se isso não tivesse importância, as pastagens nativas vem sendo destruídas cada vez mais para proporcionar espaço para monoculturas agrícolas. Além disso, andando pelo estado, nota-se facilmente que áreas existentes deste tipo de ambiente são manejadas com cargas acima de sua capacidade de suporte, contribuindo ainda mais para a degradação deste bioma. A diminuição da carga animal em períodos específicos do ano é um manejo utilizado para melhorar a oferta de forragem em épocas de baixo crescimento do pasto, isto porque um melhor desenvolvimento das folhas proporciona uma melhor capacidade das plantas em realizar a fotossíntese. Neste contesto o objetivo deste trabalho é avaliar o efeito do diferimento da pastagem nativa na interceptação da radiação fotossinteticamente ativa. Palavras Chave: Indice de área foliar, balnço hídrico, interceptação luminosa. Effect of deferred grazing on native photosynthetically active radiation intercepted Abstract: The production of beef cattle in Rio Grande do Sul is grounded in the pasture, because most of the offspring in the state is still maintained in this environment. However, as it did not matter, the native grasslands are being destroyed to provide more space for agricultural monocultures. In addition, walking by the state, there is easily that existing areas of this environment are handled with loads above their ability to support further contributing to the degradation of this ecosystem. The reduction in stocking rate at specific times of the year is a management used to improve fodder supplies during periods of low pasture growth, this because a better development of the leaves provides a better ability of plants to perform photosynthesis. In this contest the objective of this paper is to evaluate the effect of deferring the native pasture in the interceptio