Chega de desperdício! - La Giornata del Camminare

Transcrição

Chega de desperdício! - La Giornata del Camminare
A pé
Roteiros inusitados
revelam uma Itália
ainda mais bela
Primeira vez
A emocionante
visita do
embaixador ao RS
Mostra em Roma
O lendário tesouro de
San Gennaro sai pela
primeira vez de Nápoles
www.comunitaitaliana.com
Rio de Janeiro, novembro de 2013
Ano XIX – Nº 184
Chega de
desperdício!
ISSN 1676-3220
R 9,00 R$ 14,90
O péssimo hábito de desperdiçar
alimentos gera prejuízos de
milhões de dólares em todo o
mundo, seja nos países pobres, seja
nos ricos. Saiba como combater o
problema a partir da sua casa
Vinhos: veja quais serão as melhores garrafas da safra 2013
www.telespazio.net.br
N o v e mbro de 2013
A no X IX
N º184
Nossos colunistas
09 | Cose Nostre
Cesare Battisti cancela
participação em seminário
no sul a pedido do
governo federal
12 | Fabio Porta
La risposta migliore a
questa crisi sarebbe la nuova
legge elettorale e le riforme
istituzionali
42
13 | Ezio Maranesi
Alitalia: i contribuenti non
possono più finanziare le
perdite della società
De norte a sul da península, italianos voltam a celebrar itinerários a pé em mais
de cem cidades. Quem se aventura descobre agradáveis surpresas, como as
ruínas da Appia Antica, em Roma
Capa
Politica
Arquitetura
32 | Um problema
mundial Ouvimos
20 | L’esercito dei
vitalizi La lista di ex
45 | Sustentável
e humano Mario
Andrea Segrè, professor da
Universidade de Bolonha
que luta para acabar com o
desperdício de toneladas de
alimentos, problema que
afeta todos os países do
globo, dos desenvolvidos
aos mais pobres. Ele lidera
um grupo de trabalho no
Ministério italiano do
Ambiente e dá dicas para
não jogar comida fora,
começando pelos cuidados
com a geladeira em casa
parlamentari mantenuti dallo
Stato italiano costa 215 milioni
di euro all’anno e include
politici come Giulio Di Donato,
condannato nel processo sulla
gestione dei rifiuti a Napoli
Cucinella defende na Bienal
de Arquitetura de SP projetos
que priorizem a utilidade para
o povo e a cultura locais
Vinho
16 | O sul do Brasil
53 | Colheita O que
Em sua primeira visita
ao Rio Grande do Sul,
embaixador Trombetta se
surpreende com a forte
herança cultural italiana do
estado e reforça relações
institucionais e comerciais
com os gaúchos
reserva aos amantes do vinho
a promissora safra de 2013,
favorecida pelo bom clima do
ano, de norte a sul, em cada
região da península italiana
18 | Emergenza La
Negócios
24 | Gigante do
aço Empresa de Trieste é
tragica morte di centinaia di
immigrati preoccupa tutta
Italia e conferma il fallimento
della legge Bossi-Fini
responsável pelos cabos do
bondinho do Pão de Açúcar e
por estruturas de estádios de
Brasília, Salvador e Porto Alegre
6
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Montenapoleone, artéria
principal do shopping
de luxo, 45% das lojas
já pertencem a grupos
não italianos
Exposição
47 | Opulência As
magníficas joias do tesouro
de San Gennaro saem pela
primeira vez de Nápoles para
uma mostra em Roma
Consumo
49 | Italian Sytle
Atualidade
37 | Guilherme
Aquino Na via
Confira a nossa seleção de
dicas de presentes para o Natal.
Da linha de acessórios para
doces da Bialetti às porcelanas
estampadas da Versace
Lettore
56 | Giorgio
Mortara Conheça a história
do estatístico e jurista italiano
de origem judaica que escapou
da Itália de Mussolini e
contribuiu para profissionalizar
a estatística brasileira por meio
de seu trabalho no IBGE
58 | Claudia
Monteiro De Castro
Em Roma, há um museu feito
para os pequenos, que podem
explorar, de modo divertido,
campos da ciência, comunicação,
economia e tecnologia
Editorial
Expediente
A metade
italiana da maçã
A
grande metrópole americana tem um novo prefeito. Bill De Blasio,
o novo chefe de Nova York, ganhou as eleições em meio a uma campanha que ressaltou suas origens italianas. O sucessor de Michael
Bloomberg, que teve mais de 70% dos votos, reivindicou em vários
momentos o orgulho de suas origens na pequena cidade de Sant’Agata dei
Goti, província de Benevento, na Campânia, de onde sua família saiu ainda
antes de 1900. Em seus discursos, fiel ao partido Democrático, as conquistas
das minorias negras, hispânicas e hebraicas juntaram-se às frases que evocavam as conquistas da imigração italiana para atrair
um eleitorado que soma mais de três milhões de cidadãos de origem italiana, de uma população total de
8,2 milhões na região central e outros 12 milhões no
entorno urbano.
Pietro Petraglia
Editor
Por lá, a comunidade itálica se destaca com nomes importantes em setores como a moda, as finanças, a magistratura e a alta gastronomia, no lugar de
outros que no passado foram importantes construtores, importadores, juízes e comerciantes. Não assusta
mais a palavra máfia, que por décadas foi usada como
rótulo e responsável por calúnias e difamações em
pleitos passados.
Ainda na última noite antes do voto do último dia 5 de novembro, o
próprio Bloomberg dedicou-se às excelências italianas da Big Apple. Numa
recepção organizada pelo importante Instituto Italiano de Cultura da cidade,
que juntou representantes de grande fatia do PIB nova-iorquino para celebrar a memória de Giovanni Agnelli, na presença do neto John Elkann, que
preside o Grupo Fiat nos EUA, a arte da Itália que influenciou diretamente a
sociedade americana foi aplaudida de pé. Aliás, poderia servir de inspiração
à unidade do Rio de Janeiro que, lamentavelmente, naquela mesma noite,
deixou os convidados Vips presentes à inauguração da 9ª Mostra Venezia Cinema no Brasil a ver navios, e mais de 200 pessoas abandonaram a sala do Espaço Itaú de Cinema em Botafogo desiludidas por não terem visto o campeão
da mostra veneziana deste ano, “Sacro Gra”. Entre os participantes estava
o ativo embaixador Raffaele Trombetta, que nada pôde fazer diante de um
problema técnico. Simplesmente faltou conferir o código e testar a exibição
da película europeia.
Mais da metade dos 52 milhões de turistas que chegam à Nova York a
cada ano, segundo pesquisas, vão em busca de cultura. Isso é um alerta para
o Brasil, que deve garantir que os turistas voltem nos anos sucessivos aos
grandes eventos.
Boa leitura!
Fundada
em
março
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
1994
Diretor-Presidente / Editor:
Pietro Domenico Petraglia
(RJ23820JP)
Diretor: Julio Cezar Vanni
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Esta edição foi concluída em:
08/10/2013 às 16h10
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Gina Marques; Cintia Salomão Castro;
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Subedição: Cintia Salomão Castro
REVISÃO / TRADUÇÃO: Cristiana Cocco
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Alberto Carvalho
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Capa: Editoria de arte
Colaboradores:
Pietro Polizzo; Marco Lucchesi; Domenico De
Masi; Fernanda Maranesi; Beatriz Rassele;
Giordano Iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro;
Ezio Maranesi; Fabio Porta; Venceslao Soligo;
Paride Vallarelli; Aline Buaes; Franco Gaggiato;
Walter Fanganiello Maierovitch;
Gianfranco Coppola; Lisomar Silva
CorrespondenteS:
Guilherme Aquino (Milão); Gina Marques (Roma);
Janaína Cesar (Treviso); Quintino Di Vona (Salerno);
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e estrangeiros. Os artigos assinados são de
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opiniões e conceitos da revista.
La rivista ComunitàItaliana è aperta ai contributi e
alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e
estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima
libertà, personali opinioni che non riflettono
necessariamente il pensiero della direzione.
ISSN 1676-3220
8
de
cosenostre
JulioVanni
Persona
non grata
ex-ativista italiano Cesare Battisti cancelou sua partici-
O
pação em um seminário patrocinado com verba pública
na Universidade Federal de Santa Catarina, após recomendação do assessor especial para assuntos internacionais da
Presidência, Marco Aurelio García. O seminário aconteceu
entre 6 e 8 de novembro, e abordou o tema “Quem tem direito ao dizer”. Grupos de estudantes já haviam convocado nas
redes sociais um protesto diante da reitoria. Em nota enviada aos organizadores, Battisti lamentou “ter de comunicar,
de última hora”, que não participaria. “O evento começou a
adquirir uma conotação política e poderia prejudicar Battisti, já que nossa legislação impede que asilados façam pronunciamentos políticos”, disse o senador Eduardo Suplicy.
MafiaLeaks
utores anônimos criaram uma página na internet para re-
A
velar segredos da máfia italiana chamada de MafiaLeaks,
em referência ao site WikiLeaks, criado por Julian Assange,
que revela segredos de Estado. No endereço www.mafialeaks.
org, criado no final de agosto, é possível fazer denúncias anônimas por meio de mensagens, vídeos, fotografias a respeito
da atuação de criminosos. “Se você faz parte de uma organização e gostaria de denunciar a máfia, a existência, ilegal, tráfico ou qualquer tipo de atividade, nossa plataforma garante
o anonimato absoluto. Ninguém nunca vai saber sua identidade”, esclarecem. Sobre a identidade dos criadores, eles explicam: “somos um grupo pequeno de técnicos que paga do
nosso bolso a gestão da página. Não é nosso trabalho fixo”.
Zanuto
na rede
Mais médicos
O
programa Mais Médicos
levou 13 profissionais da
saúde aos hospitais de Campinas (SP), entre os quais o ítalo-brasileiro José De Toffoli. O
médico é filho de brasileiros,
mas estudou medicina na Itália, onde nasceu. Com 30 anos
de experiência e junto com 12
colegas cubanos, começou a
atuar no dia 11 de novembro.
Antes, passou por uma semana
de treinamento sobre o sistema de saúde de Campinas e as
unidades de bairros periféricos
onde irá trabalhar. A função
dos médicos é realizar atendimento domiciliar, combate à
dengue e saúde preventiva.
Inventário
D
e acordo um levantamento inédito, a Amazônia é formada por 390
bilhões de árvores, que
pertencem a 16 mil espécies diferentes, entre as
quais apenas 227 (1,4%)
dominam metade da biodiversidade da floresta. O
estudo foi publicado na revista Science. A espécie individualmente mais abundante é um tipo de açaí
(Euterpe precatoria). Outro
tipo de árvore de açaí aparece em sexto (E. oleracea),
usado na alimentação. São
9 bilhões de plantas, ou
seja, mais de um açaí para
cada habitante da Terra.
B
P
arecem as cenas dos protestos no Rio de Janeiro, mas estamos falando de Roma. Na capital italiana, os manifestantes
também entraram em choque com a polícia no dia 31 de outubro, quando grupos que reivindicam o direito à habitação
e pedem o fim dos despejos reagiram às forças policiais nas
proximidades da Fontana di Trevi, piazza Montecitorio e na
via del Tritone, onde um carro blindado da polícia foi atacado. Pelo menos seis pessoas ficaram feridas e oito
manifestantes foram detidos.
Guru para casais
O
ator pornô italiano Rocco Siffredi será o protagonista do
novo programa televisivo Ci pensa Rocco. Segundo ele, o
objetivo é recompor casais em crise. As redes sociais contribuíram para os problemas dos casais, observa: “A internet
está nos levando cada vez mais para a solidão. Precisamos
focalizar a atenção na nossa parceira, e as mulheres devem
ser menos agressivas e duras, e mais femininas”. Siffredi vai
liderar provas como o karaocco, um karaoquê onde o canto
é acompanhado de uma mímica das posições do kamasutra.
Retrato do país
O
dia 26 de outubro foi a data escolhida para gravar as
imagens de Italy in a Day, o primeiro filme coletivo gravado pelos italianos que contribuíram com o vídeo de um
fragmento do dia. O diretor italiano Gabriele Salvatores é
o responsável pela seleção e montagem das histórias, e vai
transformar os pedaços em um filme de 90 minutos. O projeto da Rai pretende fazer uma fotografia atual do Belpaese.
runo Zanuto, tricampeão da superliga masculina de vôlei e atual ponteiro
do Molfetta, se naturalizou
para ter uma chance na
azzurra. Depois do caso do
futebolista brasileiro Diego Costa, que decidiu atuar
pela Espanha na próxima
Copa do Mundo, ele espera
conseguir uma oportunidade na seleção da Itália de vôlei em 2014. “Ter sido eleito
o melhor jogador na última
partida me deixou muito
feliz. É o reconhecimento
do meu trabalho. Particularmente é uma temporada
especial porque acabo de me
naturalizar Italiano, o que
faz esse prêmio ganhar um
significado ainda mais importante”, afirmou o esportista, que teve como último
clube no Brasil o Campinas,
na temporada 2011/12.
Em um dia
A
Itália irá votar como o Brasil só em um dia. Essa foi
uma das consequências da legge di stabilità, que acaba com a
“anomalia italiana” de votar em
dois dias. Nas ultimas eleições,
as urnas ficaram abertas de
domingo, das 8h às 22h, e na
segunda-feira, das 7h às 15h.
Segundo o primeiro-ministro
italiano, Enrico Letta, a medida vai possibilitar a economia
de 100 milhões de euros.
comunit àit aliana | novem br o 2013
9
Opinião
enquetes
frases
“Francesca é lésbica, e eu fui muito mais
que sua amiga. Silvio só decidiu anunciar
publicamente o noivado para continuar a
se divertir-se com as suas ‘amigas’ e não
ser julgado pela sociedade”,
Você concorda
com o movimento de
artistas brasileiros
que querem proibir a
publicação de biografias
não autorizadas?
Sim - 25%
Não - 75%
No site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 15/10/13 e 21/10/13.
Você achou certa a
privatização da bacia de
pré-sal de Libra?
Sim - 25%
Não - 75%
No site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 25/10/13 e 31/10/13.
O que você acha dos
testes de cosméticos e
remédios aplicados em
animais?
Contra 63,6%
A favor 36,4%
No site www.comunitaitaliana.com
entre os dias 01/11/13 e 05/11/13.
no celular
Acesse comunitaitaliana.
com no seu smartphone
com o código QR acima
Michelle Bonev, atriz búlgara, ao escrever
em seu blog sobre a namorada
de Silvio Berlusconi, que
anunciou que irá processar
a ex-amiga por difamação
“Avete brindato? Dovete riporre
i calici, perché Silvio non è
morto. Se lui va ai servizi sociali,
io andrò tutte le mattine con
lui. Qualcuno ha detto, e perché
non vai a pulire i cessi? Certo, lo
farò, io pulisco i cessi, e lui mi
porta la carta igienica”,
“Quando um
país acha que há
espiões de potências
estrangeiras atuando
em seu território, faz-se
contraespionagem para
verificar se está ou não
havendo espionagem. O que
não podem é violar os direitos
e a soberania das pessoas”,
Iva Zanicchi, vicepresidente della
Commissione Sviluppo
dell’Europarlamento, parlando sull’ex
premier Silvio Berlusconi
José Eduardo Cardozo,
ministro da Justiça, ao
defender a atuação da
Abin no monitoramento
de funcionários
de embaixadas
estrangeiras no país
“A coragem é
algo semelhante
à diversão dos
jogos infantis
imprudentes. Esses
jogos que acabam
te machucando e,
de fato, o meu filme
toca pontos doloridos.
Acho que, onde uma
pessoa está muito
confortável, não
consegue encontrar
coisas interessantes”,
“Não é que eu não quis,
era uma fase da minha
vida que eu estava
muito zen. Se ela tivesse
aparecido um pouco
depois, talvez eu tivesse
desenvolvido”,
Reynaldo Gianecchini, ao
confirmar que deu um fora na
modelo e cantora Carla Bruni, em
entrevista à revista Trip de outubro
Valeria Bruni Tedeschi,
atriz e diretora do filme
Um castelo na Itália,
atualmente em cartaz nos
cinemas brasileiros
“Foi Fellini que me empurrou
para o meu cinema. Há poucos
diretores que ampliaram
a nossa forma de ver e
mudaram completamente o
modo em que experimentamos
essa forma de arte. Fellini é
um deles. Não basta chamá-lo
de diretor, ele era um mestre”,
“Os meus filhos dizem se
sentir como as famílias de
judeus na Alemanha durante o
regime de Hitler. Todos estão
olhando para nós”,
Silvio Berlusconi, pai de Marina (1966),
Pier Silvio (1968), Barbara (1984),
Eleonora (1986) e Luigi (1988), em
entrevista ao jornalista Bruno Vespa
Martin Scorsese, filho de imigrantes
italianos em Nova York, ao lembrar de
Fellini, 20 anos após sua morte
cartas
“E
stou maravilhado pela reportagem, muita bem feita e
interessante, que retrata a história de nossa fundadora
que deixou o nome à vila de Ana Rech. Nossos cumprimentos
pela beleza da revista, de alta qualidade, com farto material
de interesse para todos os leitores.”
VALTER SUSIN, (Ana Rech – RS), por e-mail
10
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
“M
uito útil a matéria sobre o ranking das universidades
em todo o mundo. Ajuda o estudante na hora de escolher onde estudar no exterior.”
LUÍS COSTA, (São Paulo – SP), por e-mail
Serviço
agenda
9ª Semana Venezia
Cinema no Brasil
Embaixada, Consulados, Bienal
de Veneza, TIM e os Institutos
Italianos de Cultura de São
Paulo e Rio de Janeiro renovam a colaboração para levar
às cidades brasileiras uma seleção dos filmes apresentados na
Mostra Internazionale d’Arte
Cinematografica di Venezia.
Em Curitiba, será exibida de 18
a 23 de novembro, no Espaço
Itaú de Cinema, no Shopping
Crystal. Já em Brasília, as exibições vão de 2 a 8 de dezembro,
no Espaço Itaú de Cinema, no
Shopping Casa Park SGCV sul.
Expo Estádio
A quinta edição do maior
evento de equipamentos e tecnologia para áreas esportivas
da América Latina acontece
público poderá interagir com
os equipamentos e tecnologias para locais esportivos.
www.expo-estadio.com.br
Mestres do Renascimento
– Obras-Primas Italianas
Após passar por São Paulo, a
exposição está em Brasília, no
CCBB, até o dia 5 de janeiro de
2014. Com 57 obras provenientes de importantes coleções da
Itália, a mostra apresenta ao
público brasileiro a extraordinária riqueza da arte italiana
no Renascimento. De terça a
domingo, de 9h às 21h.
FIT 016
Com cerca de 150 expositores, a
42ª Feira Internacional do Setor
Infanto-Juvenil, Teen e Bebê vai
de reunir confecções e expositores de produtos, como acessórios
de moda, calçados, cama e banho,
de 3 a 5 de dezembro, em São
Paulo, no Expo Center Norte,
no Pavilhão Azul.
A exposição contará com espaços demonstrativos, onde o
decoração, móveis, brinquedos,
enxoval, equipamentos para loja
e serviços.
De 24 a 27 de novembro de
2013, aberta a empresários
de 10h às 19h, e das 10h às
17h no dia 27, no Expo Center
Norte em São Paulo .
Powergrid Brasil 2013
A Feira e Congresso de Energia, Tecnologia, Infra-Estrutura
e Eficiência Energética reúne
cerca de 120 expositores e irá
mostrar novos equipamentos
para geração, transmissão e distribuição de energia materiais
para instalação, automação e
instrumentação, meio ambiente, concessionárias de geração,
transmissão e serviços em geral. De 27 a 29 de novembro, no
Expocentro Edmundo Doubrawa, em Joinville - SC.
www.messebrasil.com.br
Florence Creativity
Fato a mano in Italia
O evento é dedicado a todos os amantes das artes
manuais. De 21 a 24 de novembro, na Fortezza da Basso
Firenze, cerca de 100 expositores irão exibir materiais para
hobbies, tecidos, fios, componentes e ideias para casa ou
naestante
para o Natal. Também haverá
a realização de workshops e
atividades criativas.
A feira abre de 9.30h às 19h.
www.florencecreativity.it
Fiera Internazionale
d’Autunno
A Feira de Outono apresenta o
que há de melhor na produção
do mercado regional e da economia do sul do Tirol, região
italiana que faz fronteira com
Áustria e Suíça. O espaço está
dividido em três áreas temáticas: residencial, vivendo Alto
Ádige e Tasty. Também haverá um bazar de produtos. De
20 a 24 de novembro, na Fiera
Bolzano Spa, Piazza Fiera 1,
de 9:30h às 18:30h.
[email protected]
www.autunno.fierabolzano.it
clickdoleitor
O bibliotecário do imperador Marco Lucchesi volta ao século XIX de O dom do crime, romance em que dialoga com a obra de Machado de Assis.
Agora, seu personagem é Ignácio Augusto Cesar Raposo,
bibliotecário de dom Pedro II. Testemunha dos bastidores
da Corte, é o fio-condutor para apresentar as mudanças no
tabuleiro de poder e no cotidiano do Rio a partir da Proclamação da República. Ao misturar personagens reais e
figuras fictícias, Lucchesi convida a percorrer um fluxo de
muitas vozes, mostrando o quanto é difícil e fascinante discernir o a realidade da ficção.
Editora Biblioteca Azul, 112 páginas, R$ 29,90
Arquivo pessoal
A literatura italiana no Brasil e a literatura
brasileira na Itália – sob o olhar da tradução
Organizado pela professora Patrícia Peterle, reúne artigos
que abordam as dificuldades relacionadas a vocabulários diferenciados de autores brasileiros. O livro também indaga a
respeito não apenas das traduções de títulos entre os sistemas
literários Itália/Brasil, como também de um processo maior
que envolve literatura e tradução. Aborda ainda o “saboroso e
condimentado” problema de traduzir o vocabulário alimentar
de Jorge Amado para o sistema literário italiano.
Editora Copiart, 248 páginas. Disponível para download no
site: http://www.pget.ufsc.br/BibliotecaDigital
“E
sta foi a minha primeira vez em
Veneza, a primeira de muitas.
Sem dúvidas, foi especial, pois me
encantei e me apaixonei pelo lugar.
Pela sua beleza, arquitetura e singularidade, Veneza é única! De todos os
lugares onde já estive, é seguramente
uma das minhas cidades preferidas.”
Manuela Pereira
Salvador, BA — por e-mail
comunit àit aliana | novem br o 2013
11
opinione
FabioPor ta
Mal comune
mezzo gaudio?
Una crisi sottile ma ormai evidente colpisce
tutti i partiti politici italiani, nessuno escluso
A
meno di un anno dalle
ultime elezioni politiche
italiane i principali partiti politici sono alle prese
con una vera e propria “rivoluzione
copernicana”, che nel giro di poche
settimane potrebbe dare all’Italia un
quadro politico nuovo e per certi versi
imprevedibile.
Il maggiore partito politico, il
Partito Democratico (PD), affronterà
tra pochi giorni il suo Congresso Nazionale e quindi – l’8 dicembre – le
elezioni ”primarie” per la scelta del
nuovo leader.
Il trauma della mancata-vittoria
alle ultime elezioni non è ancora stato
elaborato e superato dal partito, che
nel giro di soli cinque anni ha già cambiato ben quattro segretari (Veltroni,
Franceschini, Bersani ed Epifani); i
due principali candidati alla segreteria
del partito, Gianni Cuperlo e Matteo
Renzi, rappresentano due visioni distinte della politica e del partito e non
è scontato che la vittoria dell’uno o
dell’altro riesca a tenere unita l’eterogenea base elettorale e un gruppo
dirigente formato ancora dalla classe
politica dei due partiti che diedero vita al PD: i “Democratici di Sinistra” e
la “Margherita”.
Non meno stabile e tranquilla la
vita dell’altro grande partito italiano,
il “Popolo della Libertà”: per la prima
volta il partito di Silvio Berlusconi appare spaccato in due; un’ala ‘moderata’,
che si riconosce nel Vice Presidente del
Consiglio Alfano e nei quattro ministri
del governo guidato da Enrico Letta e
la cosiddetta ala dei ‘lealisti’, fedeli ad
oltranza al loro capo e pronti a fare cadere il governo e a nuove elezioni per
evitare la decadenza dalla carica di senatore di Berlusconi.
La terza forza che sostiene l’attuale governo di larghe intese è
“Scelta Civica”, il partito nato dall’incontro tra l’ex Primo Ministro e
Senatore a vita Mario Monti e il
leader della Unione Democratica Cristiana, Pierferdinando Casini; anche
questo gruppo è spaccato in due (o
12
forse in tre), con un settore che guarda
ad una possibile unificazione con il nuovo
centrodestra (prossimo erede del postberlusconismo) ed un’altra che vede con
attenzione alla probabile vittoria di Renzi
e quindi alla nascita di un centrosinistra
post-ideologico condizionato da una forte
componente di stampo cattolico.
Nessuno sembra trarre beneficio da
questo mini-terremoto che colpisce i tre
partiti che sostengono l’attuale coalizione di governo. Il “Movimento 5 Stelle”,
vera sorpresa delle ultime elezioni, viene
dato in tutti i sondaggi molto al di sotto dal recente risultato elettorale e in
qualche modo è anch’esso alle prese con
una crisi di identità nel conflitto latente
(anche se non ancora evidente) tra i suoi
parlamentari da un lato e i veri leader del
movimento, Grillo e Casaleggio.
E non possiamo certo dire che le formazioni politiche minori presenti in
Parlamento e anch’esse all’opposizione,
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
La risposta migliore
a questa crisi
sarebbero la nuova
legge elettorale e le
riforme istituzionali
la Lega Nord e SEL-Sinistra Ecologia e Libertà, vadano meglio. Anzi.
Cosa succede, allora? Quali letture e
quali considerazioni far derivare da una
situazione così poco chiara e logica? Difficile arrivare a delle conclusioni definitive
e coerenti, perlomeno ora.
Probabilmente le ultime settimane del
2013 contribuiranno a chiarire il tutto,
anche grazie al risultato del Congresso del
PD da un lato e al voto definitivo del Senato sulla decadenza di Berlusconi dall’altro.
Una cosa, però, è certa: questo sistema
politico e questo assetto istituzionale non
sono più in grado di rispondere alle domande che emergono drammaticamente dalla
gravissima crisi economica e dalla perdita
di credibilità dei partiti politici in Italia.
E’ per questo motivo che la risposta
migliore a tutto ciò, comunque la si pensi e a qualsiasi ‘fazione’ si appartenga,
sarebbe quella di fare subito le due riforme che tutti gli italiani aspettano ormai
da tempo: una legge elettorale semplice e
chiara, che dia agli elettori la scelta di chi
si manda in Parlamento e definisca in maniera inoppugnabile chi vince le elezioni
e quindi va al governo, una modifica del
bicameralismo ‘perfetto’ con l’eliminazione del Senato (e la creazione del “Senato
delle regioni”) e una riduzione drastica e
radicale del numero dei parlamentari.
Non saranno sufficienti, queste riforme,
a cambiare l’acqua in vino, a spezzare cioè in
un colpo solo questa sorta di ‘circolo vizioso’
che avvelena da troppo tempo la politica italiana; serviranno però sicuramente a frenare
la deriva demagogico-populista alla quale
attingono certi movimenti interessati più
allo sfascio e al ‘tanto peggio tanto meglio’
che non al futuro del Paese e – di conseguenza – a ridare fiducia nelle istituzioni
democratiche e nel loro ruolo indispensabile di motore della ripresa socio-economica,
che da anni l’Italia sta aspettando.
opinione
EzioMaranesi
Alitalia: un
problema eterno
L
I contribuenti non possono più finanziare le perdite della società
a colpa è del governo. È sempre del governo. Lo conferma il
detto popolare: “ Piove, governo ladro”. Ciò che dice il popolo,
in democrazia, è legge. Qualche volta. La
vicenda Alitalia, da anni sull’orlo del fallimento, prova che la colpa è del governo
ma dimostra che anche i privati, quando
sono incompetenti, sono colpevoli. Fino al
2008 l’impresa era statale, amministrata
con logica politica, e i concetti di efficienza
e utile di esercizio erano optional trascurabili. Perdeva soldi? Lo stato ripianava
le perdite, anno dopo anno, col danaro
dei cittadini. Parliamo di cifre enormi: si
stima 4 miliardi di euro nel solo periodo
2001/2008.Soffrí gestioni assurde, tanto
che Mengozzi e Cimoli, amministratori in
quegli anni, sono stati rinviati a giudizio.
Incredibile è che lo stato pagasse i danni
senza esigere che Alitalia varasse un piano
per migliorare l’efficienza e i risultati gestionali. I timidi tentativi di risanamento
erano seppelliti dai sindacati, che difendevano la routine demenziale della
gestione per proteggere le viziate abitudini delle maestranze. Ricordate i frequenti
scioperi di quel periodo? La supponenza
con cui hostess e steward trattavano noi
passeggeri? I sindacati ebbero un ruolo
negativo nello stato di crisi permanente della nostra compagnia di bandiera.
Lufthansa rifiutò di associarsi ad Alitalia
visto l’incontenibile potere dei sindacati. Lo stato azionista, la dirigenza inetta,
i contribuenti che pagavano i danni, non
ebbero mai la forza di dire basta a una
situazione insostenibile. Fino al 2008,
quando finalmente la situazione di insolvenza portò ad avviare le procedure di
fallimento della società. Alitalia però, pur
decotta, aveva degli asset e un mercato interessanti: Air France la voleva comprare.
Berlusconi, abilissimo quando amministra
i suoi affari e molto meno abile quando
usa i soldi degli altri, fece appello all’amor
di patria degli italiani: rifiutò di vendere e
mise insieme un gruppo di imprenditori,
“patrioti” ma non fessi, che rilevò soltanto
gli attivi della società. I debiti se li accollò
lo stato e li pagammo, ancora una volta,
noi contribuenti. Si stima che il danno
che ci ha causato l’improvvida decisione
di Berlusconi di non vendere sia di 4 miliardi di euro. Grazie Silvio. Finalmente
Ancora una volta
le cattive gestioni,
associate da una
“cultura” aziendale poco
attenta all’efficienza
e ai risultati, furono
però i responsabili
del nuovo “buco”
però Alitalia era impresa privata, da gestire con logica di efficenza da imprenditori
di affermata onestà, capacità e esperienza. Forse non tutti: tra i patrioti c’erano
Ligresti e Bellavista Caltagirone, entrambi
sotto processo per reati commessi nella
gestione delle loro imprese, e c’era Riva,
accusato dell’inquinamento di vaste aree di Taranto. Infine però il contribuente
italiano non sarebbe stato più chiamato
a coprire i buchi gestionali e il tricolore
sulla coda degli aerei avrebbe continuato
a testimoniare nel mondo che l’Italia era
viva e pulsante. Ma una macumba malefica e una maledizione cosmica devono
aver cospirato contro la nostra impresa
che, dal 2008 al 2012, accumulò perdite
per 843 milioni di euro. Più che il fato avverso, ancora una volta le cattive
gestioni, associate da una “cultura” aziendale poco attenta all’efficienza e
ai risultati, furono però i responsabili
del nuovo “buco”. Oggi Alitalia perde
un milione e mezzo di euro al giorno;
è praticamente fallita. Il governo tenta
di salvarla, salvare i posti di lavoro e il
tricolore dipinto sugli aerei; per farlo
ci mette pure danaro suo, cioè nostro,
facendo sottoscrivere a una impresa
statale, le Poste, un intervento di 75
milioni di euro. E spera che una impresa straniera rilevi, anche gratis, la
nostra storica impresa. I ridicoli e ciechi responsabili dei nostri tre maggiori
sindacati applaudono: i posti di lavoro sono salvi, per un paio di mesi. Noi
contribuenti siamo un po’ meno felici:
come sempre siamo chiamati a pagare errori altrui. Questa volta però, se
piovve, la colpa non fu dello stato; neppure i privati riuscirono a raddrizzare
la barca. Furono incompetenti? Oppure Alitalia, per la sua cultura aziendale,
è senza speranza? Duole pensare che
un nostro simbolo soccomba, e duole
pensare ai dipendenti che fatalmente
perderebbero il lavoro, ma se neppure
l’iniziativa privata è stata capace di salvarla, lasciamola fallire.
comunit àit aliana | novem br o 2013
13
Politica
vogliono uccidere il padre, con
l’obiettivo di prenderne il posto.
Il variegato universo di starlette
e ruffiani, che ha prosperato nel
corso del lungo ventennio berlusconiano, è più eccitato che mai, e
svariati personaggi in cerca di autore fanno a gara per conquistare
le ultime briciole di notorietà o per
ricostruirsi un’improbabile verginità. Il leone non è più leone, non
azzanna e non reagisce. Ciò che si
dice e accade, gli scivola addosso.
Berlusconi non si è scomposto neanche dinanzi ad un nuovo rinvio a
giudizio, frutto delle rivelazioni del
reo confesso Sergio De Gregorio,
ex senatore, che ai tempi del governo Prodi, dalla maggioranza, passò
armi e bagagli all’opposizione: secondo l’accusa il cambio di casacca,
favorito da alcuni intermediari,
sarebbe stato pagato 3 milioni di
euro da Silvio Berlusconi.
In cerca
di ossigeno
Angosciato, l’ex premier continua a ruggire come un leone
ferito dalla sentenza di condanna del Tribunale del Milano,
ma c’è chi scommetta che abbia in serbo un colpo a sorpresa
Stefano Buda
S
De Roma
olitario, incerto, disilluso.
Una maschera malinconica, a tratti tragica. Tira
aria di fine impero dalle
parti di Arcore e l’imperatore è più
solo che mai. Non c’è più traccia
dell’uomo che il mondo, nel bene
o nel male, ha conosciuto, criticato, ammirato, irriso o invidiato:
istrionico, guascone, sorridente e
spavaldo. Sicuro di sé e della propria
grandezza, a tal punto da mostrare
le corna, mentre posa per una foto
di famiglia dell’Unione Europea o
da abbandonare la Merkel, durante
un cerimoniale, per farsi una chiacchierata al telefono. Di quell’uomo
esplosivo, sorprendente e inesauribilmente vitale, non resta che una
pallida controfigura.
Fino a poche settimane addietro, il leone Silvio Berlusconi
continuava a ruggire. Un leone ferito, dalla sentenza di condanna
del Tribunale del Milano, che lo ha
condannato a quattro anni e mezzo
di reclusione, da un clima politico
mutato ed ostile, dall’impossibilità
di fidarsi degli avversarsi, degli interlocutori e ancor meno della sua
schiera di cortigiani. Contro tutto
14
questo e molto altro, il leone ha lottato. Accecato dall’ira e dal dolore,
ha reagito in maniera scomposta:
prima il profilo basso, la via politica, la trattativa nell’ombra con
il presidente Napolitano e con gli
alleati-nemici del centrosinistra.
Quando ha annusato l’odore della
trappola, si è affidato alla pancia e
all’istinto: l’indice puntato contro
i giudici “comunisti”, le manifestazioni di piazza, la minaccia di far
saltare il banco. Fino alla prova di
forza finale, segnata dal tradimento
e terminata in una disfatta. Un duro colpo il voltafaccia dei fedelissimi
di un tempo, da Angelino Alfano
a Fabrizio Cicchitto, passando per
Gaetano Quagliariello, Beatrice Lorenzin e Nunzia De Girolamo.
Berlusconi già pregustava una
nuova battaglia elettorale, nel corso della quale giocarsi il tutto per
tutto. E invece il Governo ha ottenuto la fiducia ed è rimasto in
piedi. Uno smacco. Berlusconi disarcionato dai berlusconiani. Da
quel giorno il leone si è trasformato in un agnellino, che incerto e
spaurito si è ritirato nell’ombra. Il
mondo, intorno a lui, ha preso invece a ribollire. Molti peones, che
un tempo gli erano devoti, adesso lavorano alla sua successione:
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Il voto sulla
decadenza da
senatore dell’ex
premier Silvio
Berlusconi si terrà
nell’aula del Senato
mercoledì 27
novembre
Un agnellino o forse
un gatto dalle sette vite?
Gli incubi dell’ex imperatore sembrano essere dunque sul punto
di materializzarsi: se Berlusconi,
come appare ormai scontato, decadrà dalla carica di senatore, rischia
di mettersi in moto una slavina
giudiziaria capace di travolgerlo irreparabilmente. Berlusconi lo sa e
non sa come uscirne. E’ talmente
angosciato, dall’assenza di prospettive e dalla mancanza di orizzonti,
che ha perso perfino la capacità di
indignarsi. Ascolta impassibile, davanti al televisore, le dichiarazioni
dei nuovi capobastone del suo
partito, che pubblicamente si stracciano le vesti per le sorti del capo,
ma in realtà non vedono l’ora di
liberarsene. Lo considerano un fardello ormai troppo ingombrante.
Il leone di un tempo, proprio in
questi giorni, si appresta a giocare
la sua ultima partita, nell’estremo
tentativo di scongiurare la decadenza da parlamentare: chiede il
voto segreto in aula, invoca un
intervento del premier, ma sa bene che il tempo è scaduto. Non
combatte, ma cerca ossigeno. Non
rilancia, ma attende. Un ex leone,
però, non può morire agnellino, e
c’è chi scommette che ha in serbo
un colpo a sorpresa. La candidatura
della figlia Marina? Nonostante le
smentite della diretta interessata,
corre voce che un entourage sia già
al lavoro per preparare la sua discesa in campo. Sarebbe l’ennesima
resurrezione di Silvio Berlusconi.
Non un leone, non un agnellino,
forse un gatto dalle sette vite.
Política
Cooperação BR-IT
Representantes dos governos e das indústrias dos dois
países debatem em Roma temas como previdência social,
cooperação jurídica e intercâmbio tecnológico
Gina Marques
B
De Roma
rasil e Itália estão unidos
por laços culturais e de
parentela, mas na prática
o reconhecimento desta
união depende de acordos bilaterais
ainda em fase de negociações. A 5ª
Reunião do Conselho Brasil-Itália de
Cooperação Econômica, Industrial,
Financeira e para o Desenvolvimento, que ocorreu em Roma, no dia
25 de outubro, teve como objetivo
relançar as relações políticas bilaterais. Os dois países haviam passado
um período morno, marcado por
momentos delicados entre as políticas, se considerarmos que a última
reunião de cooperação aconteceu em
2009 e só agora foi retomada.
Paralelamente, de 21 a 23 de
outubro, também na capital italiana, foram organizadas reuniões
da comissão mista de ciência e tecnologia, uma mesa redonda sobre
o programa Ciência sem Fronteiras, encontros empresariais que
contaram com a participação de
delegações de brasileiros e italianos
e a discussão de temas sociais. Para tratar destes últimos, o governo
brasileiro enviou o secretário-executivo do Ministério da Previdência
Social, Carlos Eduardo Gabas, e o
chefe da Assessoria de Assuntos Internacionais, Eduardo Basso. Eles
conversaram com representantes
italianos, como o diretor-geral das
políticas previdenciárias e de seguridade social, Edoardo Gambacciani.
Entre os temas discutidos,
estavam a seguridade social e
a cooperação jurídica, além do
negociado acordo para a validade recíproca das carteiras de
habilitação. Foram abordados ainda assuntos como aposentadoria,
cooperação em saúde e a proteção
dos direitos trabalhistas.
Governo brasileiro
comemora números do
Ciência sem Fronteiras
As autoridades brasileiras ressaltaram o sucesso do programa de
cooperação Ciência sem Fronteiras — que promove colaboração
cultural e intercâmbio científico
e tecnológico através de viagens e
estadias no exterior de estudantes
e pesquisadores. Desde a implantação do programa em 2011, mais
de 600 bolsistas brasileiros vieram
à Itália pra aprimorar seus estudos.
O objetivo é alcançar a marca de
seis mil bolsas de estudo até 2015.
Atualmente, a Itália é o quarto país
com maior fluxo de bolsistas brasileiros, depois de Reino Unido,
Estados Unidos e Canadá.
— Estamos contentes com os
progressos registrados no setor
científico através do Ciência sem
Fronteiras, e expressamos um
particular reconhecimento ao governo italiano, às universidades
e aos vários institutos científicos pelo apoio dado — declarou o
secretário-geral das Relações Exteriores do Brasil, o embaixador
Eduardo dos Santos.
O ministro da
Previdência Social
Eduardo Gabas foi
uma das autoridades
brasileiras presentes
na reunião realizada
na sede da Farnesina,
em Roma
Industriais
também se reúnem
A sessão plenária foi aberta pelo
embaixador Eduardo dos Santos e
pelo secretário-geral do ministério
italiano das Relações Exteriores,
o embaixador Michelle Valensise,
com a participação do embaixador
do Brasil em Roma, Ricardo Neiva
Tavares, e do embaixador da Itália
em Brasília, Raffaele Trombetta.
A Itália é o oitavo principal parceiro comercial do país e, de 2007
a 2012, o intercâmbio comercial
cresceu em 40%.
Durante
reuniões
paralelas, membros da Confederação
Nacional da Indústria (CNI) encontraram os representantes da
Confindustria italiana
para a realização da Missão Empresarial Italiana
ao Brasil no primeiro semestre de 2014. A CNI
foi representada pelo
seu vice-presidente Paulo Tigre, pelo presidente
da FIESC, Glauco José
Corte, e pelo presidente da FIEP, Edson Luiz
Campagnolo, acompanhados de empresários.
Na mesa temática de
Assuntos Econômicos, a
Itália registrou o desejo
de fortalecer parcerias
nos campos de empreendedorismo
e de investimento, em especial nos
segmentos de alta tecnologia e de
meio ambiente.
O Brasil na Expo 2015
A
reunião foi uma ocasião para o Brasil confirmar sua presença
como país participante na Exposição Universal (Expo 2015), em
Milão, de 1º de maio a 31 de outubro de 2015. O tema da Expo é Nutrir
o planeta, Energia para a vida. O pavilhão brasileiro deverá contar com
quatro mil metros quadrados, onde o país pretende apresentar a eficiência tecnológica da agricultura nacional e sua capacidade de misturar produtos estrangeiros e ingredientes locais na culinária. Dentro da
exposição, o tema brasileiro será Brasil: Nutrir o mundo com soluções.
comunit àit aliana | novem br o 2013
15
Atualidade
A bota
gaúcha
Em sua primeira visita ao Rio Grande do Sul, embaixador se
emociona ao ouvir o dialeto talian, alavanca parcerias com o setor
industrial e diz que a Serra Gaúcha é um pedaço da Itália no Brasil
Aline Buaes
De Porto Alegre
E
m sua primeira visita oficial ao estado gaúcho, o
embaixador da Itália no
Brasil, Raffaele Trombetta, se reuniu com autoridades e
empresários locais para alavancar
parcerias comerciais e industriais,
além de ter visitado duas cidades
da Serra Gaúcha, onde se emocionou com o que definiu “um pedaço
da Itália no Brasil”. Entre os dias 12
e 14 de outubro, Trombetta esteve em Porto Alegre, Caxias do Sul e
Antônio Prado. Na capital, a agenda
oficial incluiu encontros com empresários locais e autoridades, como o
governador Tarso Genro e o prefeito
porto-alegrense José Fortunati.
— Fiquei impressionado e
emocionado nesta minha primeira visita ao Rio Grande do Sul.
Além de ser um estado grande e
16
importante, possui uma presença
italiana extraordinária — afirmou
à Comunità.
Ele destacou a viagem pela Serra Gaúcha, que definiu “não apenas
como uma comunidade italiana,
mas como uma parte da Itália aqui
no Brasil”.
O diplomata nascido em Nápoles e com quase 30 anos de carreira
diplomática ficou surpreso ao ouvir, em Antônio Prado, o talian,
nome oficial do dialeto falado no
Rio Grande do Sul.
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
O embaixador italiano,
Raffaele Trombetta,
com a esposa Victoria
Mabbs; o cônsul da
Itália em Porto Alegre,
Augusto Vaccaro;
o vice-cônsul,
Stefano Di Vittorio;
e a deputada ítalobrasileira, Renata
Bueno. Ele esteve em
Galópolis, em Caxias
do Sul, fundada em
1892 por italianos
— O mais interessante e emocionante foi ouvir o dialeto que eles
falam aqui nesta parte do Brasil:
uma mistura do dialeto vêneto, do
italiano e do português, uma experiência realmente única — salientou.
Trombetta assistiu a uma missa
em talian em Antônio Prado, a 184
km de Porto Alegre, onde também
visitou a tradicional feira de especialidades gastronômicas Fenamassa
e acompanhou a cerimônia de assinatura do acordo de Gemellagio
do município gaúcho com as cidades italianas de Rotzo (na província
de Vicenza) e Cavaion Veronese (na
província de Verona). O acordo foi
assinado pelo prefeito de Antônio
Prado, Nilson Camatti, e por Lorenzo Sartori, prefeito de Cavaion
Veronese, e Constantino Slaviero, representante da prefeitura de Rotzo.
O embaixador acompanhou a
inauguração do Monumento Leão
de San Marco, que faz parte do Projeto Leoni Nelle Piazze, cujo objetivo
é instalar em cidades de colonização
italiana a escultura do leão alado
— símbolo do Vêneto, marcando a
origem da colonização na cidade. O
leão foi encomendado ao escultor
italiano Enrico Pasquale, que apresentou a obra pessoalmente.
Acompanhado do cônsul da
Itália em Porto Alegre, Augusto
Vaccaro, do vice-cônsul, Stefano Di
Vittorio, e da deputada ítalo-brasileira Renata Bueno, Trombetta
também conheceu de perto os bastidores da tradicional Festa da Uva
de Caxias do Sul, que, em 2014,
chegará a sua 30ª edição. Recepcionado pelo prefeito da cidade, Alceu
Barbosa Velho, ele também visitou
os pontos turísticos identificados
com a imigração italiana, como o
Instituto Hércules Galló, em Galópolis, a Estrada do Imigrante, a
Igreja San Pelegrino e o Monumento Nacional ao Imigrante.
Caroline Bicocchi
Caroline Bicocchi
Relações comerciais entre
Mercosul e UE na pauta
Ao voltar a Porto Alegre, o embaixador reuniu-se com representantes
da Federação das Indústrias do
Rio Grande do Sul (Fiergs), quando discutiu sobre oportunidades
de crescimento na relação bilateral com o Brasil e a viabilidade de
União Europeia e Mercosul aumentarem o comércio entre os blocos.
Para o embaixador, apesar da afinidade cultural, a relação política
e econômica entre as duas nações
ainda é tímida e pode ser reforçada.
Trombetta também citou a possibilidade de os dois países formarem
um Conselho Empresarial para se
reunir regularmente, definir prioridades e colaborar para superar
dificuldades mútuas.
— Discutimos sobre as oportunidades para as empresas italianas
aqui no Brasil, mas também sobre
as possibilidades de investimentos brasileiros na Itália — afirmou
à Comunità, lembrando que o
governo italiano lançou recentemente um pacote de medidas para
facilitar justamente os investimentos estrangeiros na Itália. Segundo
dados divulgados pela Fiergs, o país europeu foi apenas o 33º destino
das exportações do Rio Grande do
Sul e o 10º das importações, com
US$ 149,5 milhões e US$ 339 milhões, respectivamente. Houve
uma queda de 40% nas exportações gaúchas em relação a 2011.
A comitiva italiana esteve ainda
no Palácio Piratini, sede do governo
estadual, onde Trombetta foi recepcionado com honras militares pelo
governador Tarso Genro. Ao final
do encontro, ele anunciou a realização de um seminário nos próximos
meses para alavancar as relações
comerciais entre a Itália e estado.
— O Rio Grande do Sul é um estado
importante, onde a presença italiana é muito forte. Concordamos
em organizar, nos próximos meses, um seminário com a presença
de representantes de instituições
comerciais e industriais italianas e
gaúchas, para incentivar ainda mais
as relações comerciais com a Itália
— revelou na saída do encontro.
Para o cônsul em Porto Alegre,
esta viagem marcou uma primeira
aproximação do embaixador com
o estado.
— Foi importante porque ele
conheceu um mundo que ainda
não conhecia, tanto dos italianos
que vivem aqui quanto dos gaúchos de origem italiana — afirmou
Vaccari à Comunità, salientando
que esta visita trará “muitos benefícios tanto para o governo italiano
quanto para o governo do estado”.
Eventos especiais
devem ser realizados
nas cidades-sede da Copa
Para encerrar sua viagem, o embaixador se reuniu com o prefeito de
Porto Alegre, José Fortunatti. Na
pauta da reunião, entre outros temas, como mobilidade urbana e o
projeto do metrô da capital gaúcha, o
destaque ficou com a Copa do Mundo de 2014. Trombetta destacou
que os italianos estão organizando
uma série de eventos especiais para a ocasião e buscam a colaboração
dos prefeitos das cidades-sede para
desenvolver projetos culturais. Fortunatti, por sua vez, contou de uma
viagem recente a Roma, onde participou do lançamento da campanha
Não Desvie o Olhar, que tem como
objetivo criar uma cultura comum
de combate à exploração sexual de
crianças e adolescentes em grandes
eventos como as Olimpíadas.
A Copa do Mundo também esteve na pauta do encontro com o
prefeito de Caxias do Sul, que pediu apoio para trazer a azzurra para
treinar na sua cidade, que está trabalhando para se tornar um centro
de treinamento para as seleções
durante a Copa do Mundo.
— Seria muito bom se a seleção
ficasse aqui em Caxias do Sul, onde
há uma presença italiana histórica,
mas isso é assunto para ser debatido com a Federação de Futebol
— afirmou Trombetta, desejando
que os italianos sejam sorteados
para jogar em Porto Alegre nos jogos da Copa.
— Esta foi a primeira (viagem)
de muitas vezes, pois ainda pretendo vir ao Rio Grande do Sul
— despediu-se o embaixador, prometendo uma nova visita à Serra
Gaúcha para celebrar os 30 anos
da Festa da Uva, em fevereiro de
2014, e também durante o Mundial, se a seleção italiana passar por
Porto Alegre.
O embaixador em vários momentos da visita: na
missa em Antônio Prado, celebrada em taliam,
variante do dialeto vêneto; recebendo uma tela
do artista plástico Fábio Balen; com as rainhas
da Festa da Uva; com o prefeito de Caxias do Sul,
Alceu Barbosa Velho; e com o governador Tarso
Genro, que o recepcionou com honras militares
comunit àit aliana | novem br o 2013
17
Attualità
Emergenza
in mare
La tragica morte di centinaia di immigrati preoccupa tutta
Italia, il cui litorale è la principale porta dell’Europa
Stefano Buda
U
De Roma
n cimitero in mezzo al
mare, che di giorno in
giorno si ingrossa a dismisura. L’Italia, cerniera
tra il Mediterraneo e l’Europa, continua ad assistere impotente alla
tragica morte di centinaia di immigrati. Uomini, donne e bambini,
provenienti principalmente dalla
Somalia, dalla Tunisia, dalla Siria,
dall’Afghanistan, dall’Eritrea e dal
Mali, che lasciano il proprio Paese
alla ricerca di un futuro migliore.
Utilizzano i risparmi di una vita,
ovvero cifre che oscillano tra i 3
mila e i 6 mila euro a persona, per
pagare il proprio viaggio della speranza. Si ritrovano stipati, a bordo
di vecchi barconi, senza alcuna garanzia per la propria sicurezza.
Destinazione Sicilia: Lampedusa, ma
anche Ragusa, Trapani e Siracusa. I
18
loro traghettatori sono scafisti senza scrupoli, che molto spesso, per
evitare di essere identificati dalle
autorità italiane, li abbandonano
al proprio destino in prossimità
della costa. Non importa se il mare è in burrasca, se la gran parte di
quei disperati sarà inghiottita dalle onde e se in pochi riusciranno a
sopravvivere. E’ quanto accaduto il
3 ottobre scorso al largo dell’isola
di Lampedusa, dove il naufragio di
un barcone, abbandonato alla deriva, ha provocato la morte di quasi
400 persone. Una tragedia che ha
scosso nel profondo la coscienza degli italiani, pur trattandosi soltanto
dell’ultimo atto di una lunga catena.
Naufragi e annegamenti, infatti, si verificano quotidianamente
da diversi anni e, prima della strage
di Lampedusa, quasi non facevano
più notizia. Da quel giorno qualcosa
è cambiato, sul piano della determinazione politica nell’affrontare
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
La Guardia Costiera
e le forze dell’ordine
hanno aiutato i
sommozzatori a
recuperare i corpi di
quasi 400 migranti
morti nel naufragio
davanti all’Isola dei
Conigli a Lampedusa
i problemi, ma gli sbarchi non accennano a diminuire e decine di
persone, ogni giorno, trovano la
morte al largo della costa italiana.
La Guardia Costiera non conosce
pace e fa quel che può per soccorrere
le migliaia di disperati che tentano
la via del mare. Secondo le stime,
dall’inizio dell’anno, sono già sbarcati in Italia oltre 35 mila immigrati.
Molti fuggono dalla fame e da guerre sanguinarie, la gran parte non
ha alcuna intenzione di restare
nello Stivale: sanno che l’Italia offre
poche opportunità, sono solo di
passaggio e il loro sogno si chiama
Germania, Francia o Inghilterra.
Il litorale italiano è la principale porta dell’Europa e l’Europa,
di fronte alle stragi quotidiane,
avrebbe il dovere di farsi carico del
problema. La Guardia Costiera e le
forze dell’ordine, da sole, non sono
in grado di garantire la sicurezza.
Gli esponenti del Governo italiano
hanno chiesto all’Europa un cambio di passo. Giusi Nicolini, sindaco
di Lampedusa che da mesi cerca invano di richiamare l’attenzione su
quanto accade nell’isola, ha avuto
la possibilità di intervenire al parlamento europeo, che l’ha ascoltata
con grande attenzione.
— Ora che tutti avete visto
quelle bare — ha detto rivolgendosi
agli europarlamentari — speriamo
che qualcosa cambi davvero. Non
deludeteci.
E qualcosa, lentamente, sembra essere in procinto di cambiare.
L’ultimo vertice Ue ha accolto le richieste dell’Italia, inserendo nel testo
conclusivo un riferimento alla necessità “di fornire una risposta europea,
guidata dal principio della solidarietà, al problema dell’immigrazione e
di ripartire equamente le responsabilità”. L’Europarlamento, inoltre,
ha approvato una risoluzione bipartisan, sui flussi dei migranti nel
Mediterraneo, in cui si chiede di
“modificare o rivedere eventuali normative che infliggono sanzioni a chi
presta assistenza in mare”. Evidente
il riferimento alla legge Bossi-Fini,
che fissa la normativa in materia di
immigrazione, punendo chi soccorre
gli immigrati clandestini.
Il sindaco di Lampedusa, nei
giorni scorsi, ha raccontato che il
giorno della strage di inizio ottobre
tre pescherecci locali si sarebbero
allontanati dal luogo del naufragio:
avrebbero rinunciato a prestare
soccorso proprio perché in passato
altri pescatori, dopo aver salvato la
vita ad alcuni immigrati, sono finiti sotto processo con l’accusa di
favoreggiamento dell’immigrazione
clandestina.
Anche il premier Letta
si è dichiarato deciso a
superare la legge Bossi-Fini
Un altro aspetto controverso è quello
dei respingimenti, che in base alla
legge Bossi-Fini sono ammessi anche nelle acque extraterritoriali: con
l’obiettivo di evitare che i barconi
attracchino sul suolo italiano, viene
consentito che l’identificazione degli eventuali aventi diritto all’asilo
politico o a prestazioni di cure
mediche e assistenza avvenga direttamente in mare. E’ questa una
delle principali ragioni che spingono i migranti clandestini a gettarsi
in acqua: provano a dribblare i controlli e a raggiungere la riva a nuoto.
Tra i migranti che viaggiano sui
barconi possono esserci profughi in
cerca di protezione internazionale
e il respingimento senza una verifica approfondita, che spesso non
avviene, viola la Carta dei Diritti
Fondamentali dell’Unione europea,
che recepisce a sua volta il principio stabilito dalla Convenzione di
Ginevra, secondo cui gli Stati non
possono rinviare i rifugiati nei Paesi
dove questi sono perseguitati e rischiano la vita. La Bossi-Fini ha fallito su tutti
i fronti: sul piano della deterrenza, dal momento che gli sbarchi
sono addirittura aumentati; sul
piano della sicurezza, visto che la
legge punisce chi aiuta i migranti
e incoraggia il compimento di gesti
disperati e talvolta letali; e infine sul
piano delle condizioni umanitarie,
dal momento che i cosiddetti centri di accoglienza, nei quali vengono
rinchiusi gli immigrati clandestini
prima di essere espulsi, sono iperaffollati e in alcuni casi assomigliano
a veri e propri lager.
Anche i superstiti della strage
di Lampedusa, subito dopo essere
stati soccorsi, sono stati raggiunti
dal provvedimento di espulsione e
rinchiusi nel centro di accoglienza
locale, dove attualmente si trovano 750 persone, a fronte di una
capienza massima di 380 posti. Ragioni più che sufficienti per
mandare in soffitta una normativa
inadeguata e inefficace.
Lo stesso presidente del Consiglio, Enrico Letta, che ha reso
omaggio alle vittime della strage di
Lampedusa, si è dichiarato deciso a
superare la legge Bossi-Fini. Il tema,
però, è delicato. Nella gran parte
dell’Europa, come spesso avviene
nei tempi di crisi acuta, soffia un
vento contrario agli immigrati, che
rappresentano l’obiettivo più facile:
l’estrema destra e i movimenti populistici continuano a guadagnare
consensi puntando il dito contro gli
stranieri, accusandoli di rubare il
lavoro, di occupare indebitamente
le case e di ridurre in miseria le popolazioni autoctone. Naturalmente
le cose non stanno così, ma anche
la politica italiana è prigioniera di
logiche simili: senza contare la Lega e l’estrema destra, che fanno una
bandiera della battaglia contro gli
immigrati, il centrodestra italiano
è arroccato a difesa della Bossi-Fini,
il centrosinistra è diviso ed incerto,
mentre Beppe Grillo ha già sconfessato i senatori del Movimento 5
Stelle che si erano pronunciati per
la cancellazione della legge.
Il sindaco di
Lampedusa Giusi
Nicolini si è incontrata
il 5 novembre con il
premier Letta a cui ha
chiesto di trasferire
al più presto da
Lampedusa gli oltre
cento eritrei superstiti
perché è “da più
di un mese che
continuano a essere
sequestrati nel Centro
di accoglienza dove
vivono in condizioni
quasi disumane”
La cronaca di ogni giorno continua ad incalzare, allungando il
triste elenco dei morti in mezzo
al mare. Occorre interrompere la
spirale: l’Europa deve passare dalla
politica degli annunci a quella dei
fatti. Alcune conclusioni operative approderanno al Consiglio
europeo già a dicembre e riguarderanno soprattutto il rafforzamento
di Frontex, l’Agenzia che ha lo scopo di coordinare il pattugliamento
delle frontiere esterne aeree, marittime e terrestri degli Stati membri
della Ue e l’implementazione di
accordi con i Paesi confinanti, per
la riammissione dei migranti extracomunitari respinti lungo le
frontiere. Anche l’Italia ha il dovere
di attivarsi sul fronte interno, impegnandosi per correggere il tiro.
Papa Francesco, che pochi mesi prima aveva fatto visita agli immigrati
rinchiusi nel Centro di accoglienza
di Lampedusa, ha utilizzato la parola “vergogna” per definire quanto
accaduto e ha invitato tutti ad “unire gli sforzi per fermare le stragi in
mare”. Da Milano a Napoli, da Roma fino alle isole, non andrebbe
mai dimenticato che anche l’Italia
è un Paese di migranti.
comunit àit aliana | novem br o 2013
19
Attualità
L’esercito
dei
vitalizi
La grossa lista di ex parlamentari mantenuti dallo Stato
italiano costa 215 milioni di euro all’anno e include una
pornostar come Cicciolina, artisti come il cantautore
genovese Gino Paoli , e politici corrotti come Giulio Di Donato,
condannato nel processo sulla gestione dei rifiuti a Napoli
Stefano Buda
T
Di Roma
re milioni di disoccupati e quasi un giovane su due senza lavoro. Gli italiani, flagellati
dalla crisi, fanno fatica ad arrivare alla fine del
mese, ma devono sborsare ogni anno 215 milioni di euro per pagare le pensioni a vita di circa duemila
ex parlamentari. Un dato al quale occorre aggiungere le
oltre 500 reversibilità versate a coniugi e figli dei politici deceduti. Gli importi dei vitalizi oscillano tra i 1.500
e i 6.500 euro netti al mese (ma considerando tasse e
20
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
contributi costano ai cittadini molto di più) e variano a seconda del
numero di legislature. Per molti politici, una sola pensione d’oro non è
sufficiente: oltre 200 ex parlamentari ne incassano anche un’altra, in
virtù dei loro trascorsi da consiglieri regionali. Se si è stati ministri o
presidenti di Camera e Senato, si
cumulano ulteriori benefici. La casta, insomma, non conosce crisi e
continua a drenare risorse pubbliche
dalle casse di un Paese che soffre.
Peraltro sono davvero pochi gli ex
deputati ed ex senatori realmente a
riposo: nella gran parte dei casi si riciclano all’interno degli enti pubblici
e delle fondazioni o tornano ad esercitare le rispettive professioni.
Qualcosa, però, negli ultimi tempi è cambiato. Fino a pochi anni
addietro bastava un solo giorno in
parlamento per avere in tasca la pensione. Dal primo gennaio del 2012,
invece, i nuovi deputati e senatori sono stati costretti a dire addio
al sistema dei vitalizi, passando al
sistema contributivo, che aggancia
l’importo della pensione ai contributi effettivamente versati. Bisognerà
attendere ancora molti anni, però,
prima di assistere all’estinzione
dell’esercito dei mantenuti di Stato, che negli anni si è ingrossato
a dismisura e conta tra le sue fila
politici di professione, magistrati,
giornalisti, imprenditori, sindacalisti e personaggi dello spettacolo.
Un carrozzone affollato e variegato, sul quale trova posto anche
una pornostar come Ilona Staller (in
arte Cicciolina) che Marco Pannella,
nel 1987, candidò con il Partito Radicale: con una sola legislatura alle
spalle, Cicciolina ha diritto a riscuotere 2.120 euro netti al mese. Sempre
Pannella, nel 1983, candidò alla Camera Toni Negri, ex leader di Potere
Operaio, una delle formazioni più
intransigenti della sinistra extraparlamentare. A quel tempo Negri era
detenuto per associazione sovversiva
e insurrezione armata contro i poteri
dello Stato. Pannella, per protestare
contro l’applicazione di leggi che riteneva repressive, gli restituì la libertà
facendolo eleggere in parlamento,
ma il neodeputato, temendo di finire
nuovamente in carcere, dopo poche
settimane scappò in Francia, dando
inizio ad una latitanza che durò fino
al 1997. Nonostante la fuga e le rare e fugaci apparizioni alla Camera,
Negri riscuote un vitalizio da 2.006
euro al mese.
È ampia la schiera dei pensionati d’oro condannati nel corso della
prima tangentopoli, che negli anni
1990 portò alla luce un diffuso sistema di corruzione, concussione
e finanziamento illecito ai partiti,
nel quale risultarono coinvolti alcuni dei principali esponenti della
politica italiana: personaggi come l’ex ministro della Giustizia
Claudio Martelli, condannato per
aver intascato 500 milioni di lire
nel caso della maxitangente Enimont (20 anni in parlamento e un
vitalizio da 4.684 euro al mese),
come l’ex segretario del Partito Liberale Italiano, Renato Altissimo,
condannato nell’ambito dello stesso
processo (22 anni in parlamento e
un vitalizio da 4.856 euro al mese),
come il socialista Giulio Di Donato,
ex braccio destro di Bettino Craxi,
condannato nel processo sulla gestione dei rifiuti a Napoli (20 anni in
parlamento e un vitalizio da 3.796
euro netti al mese), come Gianpaolo Pillitteri, cognato di Craxi ed ex
sindaco di Milano, condannato a 4
anni e 6 mesi per ricettazione (10
anni in parlamento e un vitalizio da
2.906 euro al mese) e come Giovanni Prandini, quattro volte ministro,
condannato per abuso di potere (30
anni in parlamento e un vitalizio da
5.403 euro al mese).
L’ex presidente della Fifa
e Uefa Antonio Matarrese
riceve 4.346 euro mensili
Oltre a nani, ballerine e politici corrotti, i contribuenti italiani sono
costretti a mantenere numerosi imprenditori che non avrebbero certo
bisogno del sussidio di Stato. Tra
questi Luciano Benetton, numero
uno dell’omonimo gruppo attivo
nel settore della moda, al Senato
per soli tre anni, nelle file del Partito Repubblicano Italiano e titolare
di una pensione a vita da 2.191 euro
netti al mese. Antonio Matarrese,
imprenditore pugliese salito alla ribalta negli anni 80 e 90 per essere
stato presidente della squadra di
calcio del Bari e della Federcalcio
italiana, e in seguito vicepresidente della Fifa e dell’Uefa, è stato 18
anni in parlamento e ha diritto a un
vitalizio da 4.346 euro al mese.
Se per gente come Benetton e
Matarrese le pensioni pubbliche
sono poco più di una mancia, per
Vittorio Cecchi Gori, che intasca
3.068 euro netti al mese, in virtù
del suo passato da senatore, il vitalizio rappresenta una bella boccata
d’ossigeno. Infatti, nonostante sia
stato produttore cinematografico
di successo, imprenditore televisivo e presidente della Fiorentina,
la sua storia più recente è segnata da paurosi crack finanziari: più
volte arrestato per bancarotta fraudolenta, è stato condannato per i
fallimenti della Fiorentina, della
Safin e della Finmavi, collezionando
pene che, nell’insieme, ammontano
ad oltre 10 anni di reclusione.
Anche una parte del mondo
dello spettacolo ha voluto provare
l’ebbrezza della politica, maturando contestualmente il diritto al
vitalizio: il cantautore genovese
Gino Paoli, che ha messo in musica brani celebri come Sapore di sale
e C’era una volta una gatta, è stato
deputato del Partito Comunista
Italiano dal 1987 al 1992 e percepisce ogni mese 2.019 euro netti.
I registi Franco Zeffirelli, senatore
democristiano per un decennio, e
Pasquale Squitieri, a Palazzo Madama per una sola legislatura,
ricevono rispettivamente 3.030 e
2.021 euro netti al mese.
Tra i beneficiati di Stato anche
alcuni mostri sacri del giornalismo,
Dal primo gennaio del 2012, i
nuovi deputati e senatori sono
stati costretti a dire addio al
sistema dei vitalizi, passando
al sistema contributivo,
che aggancia l’importo
della pensione ai contributi
effettivamente versati
Il politico Giulio Di
Donato, il cantante
genovese Gino
Paolo e Cicciolina:
vitalizi dai 2.000
euro netti al mese
come Eugenio Scalfari, storico
direttore del quotidiano La Repubblica, alla Camera dal 1968 al 1972,
nelle file del Psi (2.162 euro netti al
mese), come l’ex direttore del Tg2
Rai, Alberto La Volpe, deputato socialista nella dodicesima legislatura
(vitalizio da 2.129 euro al mese) e
come Lucio Manisco, corrispondente Rai dagli Stati Uniti, per otto
anni a Montecitorio tra i banchi di
Rifondazione Comunista (2.016
euro al mese). Completano il quadro leader sindacali come Pierre
Carniti e Vittorio Foa, magistrati
saliti agli onori delle cronache come
Ferdinando Imposimato e Tiziana Parenti, avvocati di grido come
Carlo Taormina, Giuliano Pisapia e
Raffaele Della Valle, intellettuali del
calibro di Alberto Asor Rosa, Stefano Rodotà e Vittorio Sgarbi.
Gli ex parlamentari che godono
dei vitalizi più sostanziosi sono coloro che hanno calcato più a lungo
la scena politica. La pensione più
ricca in assoluto è quella di Roland
Riz, docente universitario e storico
leader del Südtiroler Volkspartei
(Svp), un piccolo partito regionale
localizzato in Trentino Aldo Adige
e impegnato a tutelare gli interessi
delle minoranze tedesca e ladina.
In virtù di una presenza parlamentare lunga nove legislature, Riz
riceve 6.331 euro al mese.
Nel gruppone di testa anche
alcuni dei leader politici più noti
dell’ultimo ventennio: dall’ex presidente del Senato, Nicola Mancino
(6.191 euro) all’ex presidente della
Camera, Gianfranco Fini (5.614
euro), passando per uomini di
punta del centrosinistra, come
Massimo D’Alema (5.283 euro), e
per alcuni capobastone del centrodestra, come Marcello Dell’Ultri
— quest’ultimo, ex braccio destro
di Silvio Berlusconi all’interno di
Fininvest e Publitalia, è stato condannato a sette anni di reclusione
per concorso esterno in associazione mafiosa dalla Corte di Appello di
Palermo e riceve 4.424 al mese.
comunit àit aliana | novem br o 2013
21
Fotos: Claudio Junior Barragan
Negócios
O rei das válvulas
Presidente da empresa líder no segmento de válvulas
assina o primeiro acordo de cooperação entre Brasil e Itália
com o Senai e aponta o Rio como sede da sua próxima filial
Stefania Pelusi
O
presidente da Zavero,
Gianluigi Zanin, não tem
filhos, mas as válvulas se
tornaram a sua família,
como ele mesmo gosta de dizer.
— A minha família era pobre.
Aos 13 anos, eu já trabalhava. Foi
assim que me especializei nas válvulas. A princípio, trabalhei para
uma empresa. Depois, com sacrifícios e obstinação, consegui montar
a minha própria firma — conta à
Comunità o presidente da empresa italiana, que vai oferecer a sua
longa experiência à formação de
técnicos brasileiros no Senai.
A Zanin representa a força das
pequenas e médias empresas italianas. Especialista no setor das
válvulas industriais, há 40 anos o
empresário cuida dos “seus filhos”
com paixão e dedicação. Situada
na província de Novara, no norte
da península, a empresa assinou
o primeiro acordo de cooperação
voltado para a formação de mão de
obra especializada com o Centro de
Tecnologia Senai Solda (CTS Solda)
em 23 de outubro, durante o XV
Seminário Exposol Rio 2013, na
sede do centro tecnológico, na capital fluminense.
22
O presidente da Zavero assina o primeiro acordo
com o gerente do Centro de Tecnologia Senai Solda,
Mauricio Ogawa. Abaixo, a equipe da empresa
italiana, da esquerda para a direita: o especialista
em gestão de empresas e finanças públicas Odilon
Silva; o presidente Gianlugi Zanin; a responsável
pelo departamento comercial Alessia Cogo; e a
manager da empresa no Brasil, Joana Lucia Maciel
À cerimônia compareceram o
gerente executivo do Centro de
Tecnologia Senai Solda, Mauricio Ogawa, e os representantes da
Firjan e da Câmara de Comércio
Ítalo-Brasileira do Rio de Janeiro.
— Quando os diretores do Senai
conheceram a nossa companhia,
souberam de uma pesquisa que fizemos sobre os círculos de válvulas
e viram que seriam interessante para o desenvolvimento do mercado
petróleo, óleo e gás aqui no Brasil — explica à Comunità Joana
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Lucia Maciel, responsável pela área
Brasil da empresa italiana. Nascia,
assim, a cooperação, e a indústria
italiana ofereceu um curso de formação em tratamento de válvulas
para conferir maior longevidade ao
produto, destinado a um dos multiplicadores de informações do CTS
que pode vir a ser no futuro um gerente ou um professor.
Além disso, a Zanin vai doar à
instituição brasileira uma válvula para ser montada, que poderá
ser usada para explicar como se
faz a longevidade dos ativos, a nova linguagem que a Petrobrás está
usando no mercado de petróleo,
óleo e gás.
— Os ativos são produtos que
são inseridos dentro do contexto
de organização, produção e desenvolvimento do mercado petróleo,
óleo e gás. E a Zavero foi a primeira
indústria italiana convidada para ministrar um curso para nível
técnico e superior — explica a executiva brasileira, que divide a sua
vida entre Turim e o Rio.
Apesar do momento de crise
no qual está mergulhada a Itália,
a empresa de válvulas investiu no
ano passado sete milhões e meio de
euros com capital próprio para ampliar a indústria e adquirir novas
tecnologias. A qualidade do produto e a grande gama de válvulas são
o segredo da companhia.
— É como fazer um vestido. Se
for de ótima qualidade, sempre vai
ter clientes, mesmo em época de
vacas magras. O nosso diferencial
é a qualidade do produto e os diferentes tipos de válvulas que temos.
Temos uma estrutura para fazer
qualquer tipo de válvula e trabalho não falta — ressalta o dono da
empresa, que recebe encomendas
da Rússia, do Japão e de países do
norte da Europa.
Internacionalizar:
o sonho das
pequenas e médias
O
Brasil, para o empresário Zanin, é um sonho que ele sempre
quis realizar. O país será a próxima meta de internacionalização
de sua indústria: ele anuncia que, dentro de 18 meses, vai abrir uma
filial no Rio de Janeiro.
O objetivo da companhia italiana é atender à nova e aquecida demanda das refinarias, termoelétricas, onShore, offShore e petroleiras, como a
Petrobrás, que requerem equipamentos para o grande mercado do setor.
— Para internacionalizar uma indústria, não se trata apenas de
levar a empresa para outro país. É preciso conhecer a cultura local. Por
isso, os alunos do curso serão nossos futuros técnicos de manutenção
na sede, aqui no Brasil. Com a colaboração da CTS Solda, estamos gerando mão de obra específica e qualificada para o mercado brasileiro
— finaliza Joana Lucia Maciel, responsável pela área Brasil da Zavero.
Fotos: Marcos Fioravante
Meio Ambiente
Tecnologia solar
Pirelli e governo italiano vão implantar
equipamento solar de grande porte para reduzir
emissões de gás carbônico em fábrica na Bahia
Janaína Pereira
A
De São Paulo
empresa Pirelli e o Ministério italiano do
Ambiente, em colaboração com o Fórum
das Américas, vão implantar o
primeiro equipamento solar de
grande dimensão no mundo para
a produção direta de vapor, a uma
temperatura média para utilização
em uma fábrica. O projeto piloto
será realizado na fábrica da Pirelli,
em Feira de Santana, na Bahia. O
anúncio oficial foi feito no dia 31
de outubro, em São Paulo, por autoridades italianas e executivos
da empresa, como o diretor geral
para o Desenvolvimento Sustentável, Clima e Energia do Ministério
italiano, Corrado Clini; o presidente da Pirelli na América do Sul,
Paolo Dal Pino; o cônsul-geral da
Itália em São Paulo, Mauro Marsili; o diretor da Agência italiana de
Comércio Exterior (ICE), Federico
Balmas; e o presidente do Fórum
das Américas, Mario Garnero.
Fruto do acordo de colaboração
assinado pelo Ministério italiano e
a Pirelli em janeiro do ano passado,
o projeto tem como objetivo reduzir
as emissões de dióxido de carbono,
e faz parte da cooperação ambiental
entre a Itália e o Brasil, consolidada
em junho de 2012 — mês em que
foi realizada a conferência Rio+20
— com o compromisso assinado
pelo ministro brasileiro de Minas e
Energia brasileiro e o ministro italiano do Ambiente.
— Devido às características
geográficas e meteorológicas da
Bahia, a fábrica de Feira de Santana foi escolhida para receber o
projeto piloto. No futuro, poderemos aplicar a outros setores do
mercado brasileiro e mundial. O
Brasil é um país com sensibilidade
para energias renováveis e a preocupação com o meio ambiente está
no DNA da Pirelli — explicou Paolo
Dal Pino, lembrando que a empresa
integra o Índice Dow Jones de Sustentabilidade.
O sistema recebeu um investimento do governo italiano de 1,3
milhão de euros e estará ligado
diretamente às linhas de vapor utilizadas para a produção de pneus. Faz
parte da empreitada o Politécnico
de Milão, universidade responsável pelos estudos preliminares; e o
O presidente da
Pirelli, Paolo Dal
Pino, assina o acordo
para a instalação do
equipamento solar
Grupo Angelantoni, que fornecerá a tecnologia exclusiva do solar
termodinâmico de concentração,
desenvolvido na Itália.
— O mais fascinante é a transferência de tecnologia avançada
para um país de economia emergente. É algo inédito e já estamos
estudando a possibilidade de aplicá-lo em outros setores, adequando
sua escala — disse Corrado Clini.
Ele revela que está em andamento uma negociação com o governo
de São Paulo para que a produção
de vapor por meio de energia solar
possa ser testada no setor civil e na
refrigeração de hospitais. O ICE e a organização não-governamental brasileira Fórum das
Américas garantirão o monitoramento do projeto.
— É importante que uma marca tome a responsabilidade das
questões ambientais. E a Pirelli faz
exatamente isso — ressaltou Federico Balmas, do ICE.
Segundo o executivo do
setor de energias da Pirelli, Mario Apollonio, o equipamento
solar será conectado diretamente às linhas de vapor utilizadas
para a produção de pneus e o campo dos coletores solares terá uma
superfície espelhada de aproximadamente 2.400 m² dentro da área
da fábrica. A potência de pico do
equipamento poderá chegar a 1,4 MW térmicos, o
que garante uma cota de
armazenagem térmica do
ciclo de produção regular
da fábrica. Estima-se uma
redução de duas mil toneladas de CO2 em emissões
em cinco anos.
O monitoramento e a
análise pontual das condições climáticas locais, a
gestão da fase de funcionamento inicial diário e a
distribuição não uniforme
da radiação no campo dos coletores são os principais aspectos que
serão observados e aprofundados
durante o experimento. A experiência acumulada lançará as bases
para a utilização mais ampla do
equipamento solar de concentração no setor industrial.
Para o cônsul-geral da Itália em
São Paulo, Mauro Marsili, o projeto marca um momento especial da
relação entre o Belpaese e o Brasil.
— É um projeto complexo,
mas sem dúvida temos nele a
criatividade necessária para se realizar um importante trabalho de
sustentabilidade.
comunit àit aliana | novem br o 2013
23
Negócios
Ao lado fica outra indústria logística,
como a Artoni-Samer, especializada em carregamento marítimo, que
transporta também os grandes motores navais da Wartsila, além das
bobinas colossais da Redaelli.
O gigante
Redaelli
Cabos de aço do bondinho do Pão de
Açúcar e estruturas de estádios de
Brasília, Salvador e Porto Alegre são
assinados por empresa de Trieste
Gina Marques
D
De Trieste
izem que Deus é brasileiro e que, entre as
maravilhas do mundo, criou o Pão de Açúcar. O bondinho, porém, tem as mãos de
um gigante italiano: a Redaelli. Foi a empresa italiana de engenharia que fabricou os cabos de
aço do teleférico que diariamente conduz milhares de
pessoas para ver a Cidade Maravilhosa do alto. Como
um gigante, a Redaelli “toca o céu” com cabos de aço de
teleféricos e grandes gruas, a terra com minas e tensoestruturas para pontes e estádios (como os de Brasília,
Salvador e Porto Alegre), e as profundezas do mar com
as frotas para a extração de petróleo e gás.
Líder mundial do setor, a companhia acaba de bater
pela terceira vez consecutiva o recorde do maior cabo
de aço do mundo, chamado Flexpack, com um diâmetro de 158 mm, mais de 4 km de comprimento e um
peso superior a 430 toneladas: uma tarefa digna de
Titãs. Para celebrar o feito, foi organizado um evento
em 10 de outubro em Trieste, cidade no nordeste da
Itália, onde a Redaelli fabrica o Flexpack. O evento contou com as “feras” do setor, como Giuseppe Coronella,
vice-presidente executivo offshore de negócios Unit da
Fincantieri; Maurizio Fermeglia, reitor da Universidade
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no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
de Trieste; Luca Farina, presidente
e CEO da Orion; Paolo Portonero,
membro da RemaCut; Sergio Razeto, vice-presidente de produto
centre 4-Stroke e presidente e CEO
da Wartsila Italia; Mauro Piasere,
presidente e CEO da Saipem America; Alexandr Shevelev, CEO da
Severstal-Metiz; e Maurizio Prete,
chefe executivo da Redaelli, que fez
as honras de casa.
O cabo de aço Flexpack apresenta
um design modular formado de uma
base simples, mas extremamente
robusta (são cordões entrançados de
apenas sete fios). Estas tranças de fio
de aço super resistentes representam a solução mais completa para
aplicações de levantamento offshore
em águas profundas. Para trabalhar
em mais de quatro quilômetros de
profundidade, são necessários produtos de alta tecnologia por causa
das cargas axiais elevadas, além de
alta resistência às pressões transversais devido ao seu uso.
Transportar uma estrutura
enorme que pesa 430 toneladas requer condições específicas.
— Esforçamo-nos para ser o
número um do mundo e por isso
escolhemos realizar esta maquina
única em Trieste, onde encontramos condições ideais — explica à
Comunità o chefe executivo da
Redaelli, Maurizio Prete.
A fábrica está localizada em uma
posição estratégica em Trieste, sobre
um canal navegável com profundidade compatível, na frente de um cais.
Segurança e redução
do impacto ambiental
Além de ser o maior cabo de aço
do mundo, o Flexpack é o primeiro
a possuir uma “Imagine-ID card”.
Trata-se de um sistema de monitoramento que filma milímetro por
milímetro cada fase do ciclo de vida
da estrutura com um controle constante da durabilidade do produto.
— Para nós, a segurança e a
prevenção dos acidentes são fundamentais, principalmente porque,
no nosso setor, um acidente pode
ser fatal. Por isso é importante fazer constantemente uma previsão
de duração dos nossos produtos —
explica Maurizio Prete.
Ele ressalta a preocupação com
o meio ambiente:
— Para reduzir o impacto ambiental, por exemplo, tivemos que
mudar o tipo de graxa que usávamos nos teleféricos. A graxa antiga
pingava causando danos ambientais, portanto passamos a usar um
produto ecocompatível.
A Redaelli
no Brasil
A
empresa italiana trabalha diretamente com o Brasil, com uma das
duas bases operativas no Rio de Janeiro. A
outra fica em Shanghai, na China.
— Considere que um quarto das frotas
offshore do mundo com o sistema Flexpack
estão no Brasil, país que se tornou fundamental em nosso setor — ressalta Prete.
Além das frotas offshore, eles forneceram as tensoestruturas para os estádios
Mané Garrincha em Brasília, Fonte Nova
em Salvador e Beira Rio em Porto Alegre.
Sem contar a ponte pênsil de São Vicente,
feita com material da Redaelli.
Notícias
Quartel-general da azzurra
A
Itália já sabe onde vai fazer a preparação para as
Olimpíadas de 2016: São Paulo. Pesou na escolha
a proximidade com o Rio, a menos de uma hora de avião.
O quartel-general será a USP. Quanto à Copa do Mundo,
Mangaratiba (RJ) é a preferida do técnico Cesare Prandelli.
Há outras opções, como Búzios, Rio, BH e Itu, mas Prandelli parece querer fugir da agitação de grandes centros ou
balneários badalados. O Hotel Portobello é o favorito para a
Santa enquete
O
Vaticano chama os fiéis a expressarem suas opiniões sobre
questões como contracepção, matrimônio gay, controle de
natalidade, e comunhão de divorciados e dos casados pela segunda vez​. A Santa Sé está realizando pela primeira vez uma pesquisa
global sobre como as paróquias abordam questões sensíveis em
preparação para a Conferência dos Bispos sobre a família, prevista para outubro de 2014. As respostas da sondagem deverão ser
enviadas até janeiro de 2014. “A intenção é fotografar a realidade
na qual a Igreja é chamada hoje a anunciar o Evangelho e também
coletar propostas para que a pastoral se torne mais adequada”,
explica o secretário da Congregação para os Bispos, Lorenzo Baldisseri, único apostólico da Santa Sé no Brasil de 2002 a 2012.
Europa reduz juros
E
concentração. Porém, falta a permissão para a utilização de
um aeroporto militar nas vizinhanças. A Federação Italiana
de Futebol informou à Comunità que o local será anunciado somente após o sorteio dos grupos da primeira fase, em 6
de dezembro. “O critério estará vinculado à tabela das sedes
e ao fato de estar entre as oito cabeças-de-chave dos grupos,
pois a Itália poderá enfrentar uma situação logística mais
complexa”, explica o assessor Diego Antenozio. Afinal, serão
12 cidades-sede, de norte a sul, de Manaus a Porto Alegre.
nquanto o Brasil sobe os juros, a Europa os reduz. O
Banco Central Europeu (BCE) baixou, no dia 7 de novembro, a taxa básica de juros de 0,50% para 0,25%, em
uma decisão que surpreendeu o mercado, já que a maioria
dos analistas dizia esperar uma ação como esta somente em
dezembro. Após o anúncio, o presidente do BCE, o italiano
Mario Draghi, afirmou que os juros permanecerão baixos
por um período prolongado. A taxa não era modificada desde maio. Ele destacou, porém, que a instituição está pronta
“a considerar todos os instrumentos disponíveis para sustentar a zona do euro” e que é “essencial reforçar a solidez”
dos bancos locais.
Copa do Mundo
Preparativos
mobilizam país
Com obras nas 12 cidades-sedes, Brasil se prepara para reunir um
público de três milhões de brasileiros e 600 mil estrangeiros. Governo
promete reforçar serviços policiais, médicos e de atendimento ao turista
Caroline Pellegrino
A
maior Copa da história”. Assim os
organizadores apresentam o principal
evento do futebol mundial, que acontecerá no Brasil entre 12 de junho e
13 de julho do próximo ano. Serão 32
seleções reunidas em 12 cidades-sede: e a hospedagem mais vultosa que
o país já recebeu. Para os visitantes
que vierem assistir a esse megaevento, nada melhor do que torcer com
segurança e saber onde buscar informações, antes e durante a estadia.
De acordo com o Ministério do
Turismo, quatro mil municípios
26
recebem investimento em infraestrutura turística para a Copa do
Mundo de 2014. As principais obras
são de sinalização, acessibilidade e
centros de atendimento, além da
capacitação de mão de obra.
— Estamos investindo em qualificação profissional para melhorar
o atendimento. Haverá o sistema
de classificação hoteleira por estrelas, que é voluntário, mas ajuda
a identificar estabelecimentos de
qualidade — explica o ministro
Gastão Vieira. A Copa das Confederações da
FIFA, que ocorreu no Brasil em
junho deste ano, serviu como experiência para o evento de 2014 e
recebeu cerca de 800 mil pessoas.
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
O ministro Gastão
Vieira: investimentos
na qualificação
profissional do setor
de Turismo
— Houve uma avaliação positiva dos turistas com relação à
infraestrutura das cidades, à qualidade dos serviços, e à organização
do evento. Os preços e as telecomunicações tiveram a pior avaliação,
mas mesmo assim, foram considerados bons por mais de 50% dos
viajantes. Os aeroportos funcionaram melhor do que em períodos de
pico de demanda, como as férias —
completa Vieira.
Novos hotéis devem ser inaugurados, nos próximos meses e a
projeção do governo é que, até a
Copa, cerca de 25 mil novos quartos sejam construídos.
Haverá ainda apoio antes da
chegada do visitante para obter o
visto para os países que não têm
acordo de isenção com o Brasil. Os
membros da União Europeia, como
os italianos, não precisam de visto.
O país está isentando das taxas de
visto no período do evento e todos
os consulados brasileiros são instruídos a priorizar os pedidos de
visto para a Copa.
— Como é de costume, o Ministério das Relações Exteriores cria
uma interlocução muito próxima
com os consulados para apoiar os
turistas. Detalhes disso podem ser
obtidos junto ao Itamaraty — informa o representante do Ministério.
Governos prometem
reforçar polícia, bombeiros
e emergência médica
Uma série de ações vem sendo planejada nas três esferas — federal,
estadual e municipal. Nos Centros
de Atendimento aos Turistas (CATs),
localizados nas estações de embarque e desembarque intermunicipal, nas entradas das cidades, nas arenas
e nos pontos de fanfest (espaços de
entretenimento), estarão equipes
das Secretarias estaduais e municipais de Turismo. Esses grupos serão
reforçados com voluntários, especialmente, nos trajetos de acesso às
arenas, para oferecer pronta orientação. Entre esses profissionais há
bilíngues e poliglotas.
Todos os serviços de atendimento ao cidadão, como polícia,
bombeiros e emergência médica
vão receber reforço de equipes durante os jogos, como ocorreu na
Copa das Confederações.Os órgãos
de segurança e defesa implantaram
o Centro Nacional e os Centros Regionais de Comando e Controle,
inicialmente, para atendimentos
de demandas de Defesa e Segurança, com funcionamento integral,
do dia anterior até o seguinte aos
eventos. O Sistema Único de Saúde
(SUS) terá esquema especial com
hospitais de referência para a Copa
e um reforço de mil profissionais.
— Em algumas cidades-sede,
haverá disponibilização de sinais eletrônicos e de orientação via internet,
com sinais wi-fi. Também existirão
telefones úteis, nos casos de emergências, um guia de restaurantes,
hotéis, uma campanha sobre turismo
acessível e cartilhas contra a exploração sexual — adianta o ministro.
Estrangeiros reclamam
do trânsito caótico e
da insegurança nas
cidades brasileiras
Quando o assunto é segurança, a
atenção deve sempre ser redobrada. O engenheiro civil Christian
Ceccato, 40 anos, natural de Treviso, trabalha no Brasil há cinco
anos. Ele já assistiu a partidas de
futebol em estádio e dá dicas para
os italianos que vierem ao Brasil.
— Eu fui num jogo do Campeonato Paulista e, em geral, gostei,
foi calmo. As pessoas são muito
simpáticas, mas acho que o turista
deveria ter cuidado, especialmente, com horários, porque as cidades
brasileiras não são como as da Europa. Não se pode ir onde quer, em
qualquer hora — recomenda.
Ceccato, que atualmente trabalha como projetista das estruturas
das fachadas do estádio do Corinthians, conhece São Paulo, Rio de
Janeiro, Belo Horizonte, Recife,
Belém e Foz de Iguaçu, e ainda cita
que nas grandes cidades também
há o problema do deslocamento.
— São Paulo, por exemplo,
tem um trânsito e um barulho insuportáveis. O turista deve estar
preparado, pois a vida nas cidades italianas é infinitamente mais
tranqüila — avalia.
O trevigiano
Christian Ceccato
mora no Brasil há 5
anos e recomenda
aos turistas cuidado
com os horários ao
andar na rua
Números da Copa
Impactos diretos:
33bilhões de reais
em investimentos
em
infraestrutura
Estádios
Mobilidade urbana
Portos e aeroportos
Total Infra Civil
Telecom e energia
Segurança e Saúde
Hotelaria
Total Infra
5,7 bi
11,6 bi
5,5 bi
22,8 bi
3,8 bi
4,6 bi
1,9 bi
33,1 bi
Nota: estudo realizado em 2010, com estimativas
preliminares não associadas diretamente aos
projetos. Valores não devem ser comparados
diretamente com os investimentos finais.
Sinalização temporária
para melhorar o transporte
Para melhorar a situação do transporte, serão destinados R$ 45
milhões para sinalização temporária. Ainda estão sendo implantados
e requalificados corredores de transporte urbano, estações de embarque,
portos e pistas de aeroportos nas 12
cidades-sede e seus arredores.
Proprietário de escola de idioma FastTalk, o inglês Ian Douglas
Bowes mora em São Paulo há cinco
anos e pretende assistir aos jogos
do Mundial em 2014. — Eu já fui
à Copa da Alemanha com meus
irmãos e pretendo conferir as partidas no Brasil, junto com alguns
amigos da Inglaterra que virão, somente para os jogos — conta.
Apesar de nunca ter tido problemas em estádios brasileiros, o
inglês faz um alerta.
— Vou recomendar aos meus
amigos não sair de carro, por causa
do trânsito, e também para não usarem roupas e acessórios caros que
chamem atenção. Acho também
que os turistas serão surpreendidos com os preços que devem subir
muito, durante os jogos, eles precisam vir preparados. Mas, em geral,
acho que o estrangeiro tem que se
relacionar com a população local,
sempre muito amigável e receptiva
— finaliza Bowes.
O plano de investimentos para a Copa do Mundo de 2014 é da
ordem de R$ 25,9 bilhões e a estimativa sobre o retorno, após a
competição, pode atingir a ordem
de US$ 147 bilhões para o país.
O governo brasileiro criou um site específico
Copa do Mundo, no qual disponibiliza
sobre a
informações a torcedores brasileiros e
estrangeiros, como as atrações naturais e
culturais das
12 cidades-sede e notícias sobre
as obras: www.copa2014.gov.br
Fonte: Governo federal
comunit àit aliana | novem br o 2013
27
Esporte
Umemano
alto-mar
A única regata do mundo composta de amadores chegou em outubro
ao Rio de Janeiro na primeira etapa e seus tripulantes explicaram à
Comunità a emoção de atravessar o oceano por meses a fio
Stefania Pelusi
Divulgação
28
o ut ubr o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Rodolfo Teichner
Q
uem não pensou pelo
menos uma vez na vida em deixar tudo e dar
uma volta ao mundo,
ou em fazer uma viagem de barco a vela como os antigos? E, por
que não, unir tudo isso à emoção
de uma competição? A Clipper de
Volta ao Mundo oferece a todos
— mesmo a quem não sabe que
a água do mar é salgada — a
oportunidade de viver as emoções de uma regata oceânica.
A ideia partiu do inglês
Robin
Knox-Johnston,
que, em por volta de
1968,
tornou-se
o
primeiro homem a circunavegar o globo sem
escalas, sozinho. Hoje, aos 74 anos, é o
O italiano de apenas 20 anos Jonathan Morris
realizou o seu sonho de atravessar o Atlântico
graças a uma herança deixada pelo avô
presidente-executivo e fundador
da Clipper. Ele continua a velejar:
em 2010, participou da corrida
Sydney-Hobart.
Embora a vela seja vista como um esporte de elite, o
fundador da regata queria que
fosse acessível a todas as pessoas,
independentemente da idade ou
do nível de experiência. Até hoje,
mais de três mil pessoas já competiram nas oito edições da Clipper,
a regata oceânica mais longa do
mundo, que reúne 40.000 milhas e
oito etapas.
— Uma pessoa pode começar a
competição como principiante, mas
depois de um ano se torna um especialista. Há pessoas que velejam
uma vida inteira e nunca alcançaram 40 mil milhas — revela à
Comunità Jonathan Morris, italiano que participou da primeira etapa
da regata até o Rio de Janeiro.
A regata começou no dia 1º de
setembro em Londres e em outubro
chegou à sede oficial dos eventos
de vela para os Jogos Olímpicos de
2016, a Marina da Glória, na capital fluminense.
— A vela é uma doença de família. Aprendi a velejar com o meu
avô que tinha um barco. Descobri Clipper numa propaganda no
metrô de Londres, onde moro atualmente. Liguei para saber como
participar e me disseram que era
muito novo. Tinha 17 anos e a idade mínima é 18 — conta Jonathan,
que agora tem 20 anos e conseguiu
realizar o seu sonho graças a um
dinheiro que lhe deixou o seu avô
antes de falecer, mais umas libras
que obteve vendendo pedaços de
parmesão na capital britânica.
— Custa muito participar. Para
fazer apenas a primeira etapa, são
necessárias 3000 libras (cerca de
R$10 mil reais) e para dar a volta
ao mundo 45 mil (150 mil reais).
Além disso, tem que pagar o treinamento e o vestuário que não é
barato — ressalta o estudante, filho de mãe italiana e pai inglês.
Enfim, é uma aventura para todos, mas não para todos os bolsos,
embora todos os entrevistados tenham concordado com o fato de
que valeu a pena por terem realizado um sonho.
Com desconhecidos
no mesmo barco, de
onde não se pode descer
Os participantes podem escolher
entre a inscrição para a volta ao
mundo ou apenas uma ou mais
etapas. Em média, 10 membros de
cada tripulação optam por conhecer
os seis continentes. Os tripulantes
que participam não se conhecem e
por isso é preciso muita adaptabilidade e abertura mental. Este ano,
são 670 pessoas provenientes de 40
países, com estilos de vida completamente diferentes.
Para se ter uma ideia, em cada
barco convivem de 20 a 24 pessoas amadoras, guiadas por um
skipper profissional. As idades e
as profissões são as mais variadas:
há enfermeiros, veterinários, banqueiros, estudantes, motoristas
de caminhão, diretores de cinema,
empreendedores e engenheiros.
Desta edição, participa o capitão
da seleção inglesa de rugby, Sevens
Ollie Phillips, que deve disputar as
Olimpíadas de 2016. Tem até um
ex-agente da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos.
— Precisava de uma mudança.
Quero desacelerar um pouco a minha vida e dedicar mais tempo a mim
mesmo e menos ao trabalho — explica à Comunità Kevin Harney, um
maltês de 54 anos casado três vezes e
sem filhos. Presidente de uma empresa alemã, ele decidiu passar um ano
competindo no barco Henry Lloyd.
Os motivos que levam alguém a
empreender uma viagem como essa
são vários: há aqueles que, como Kevin, pararam de trabalhar e querem
fazer um ano “sabático”, e há quem
se separou recentemente e quer dar
um novo rumo à vida. Existem também aqueles que querem testar os
próprios limites ou realizar o sonho
de cruzar o oceano em uma embarcação como profissionais.
Nas edições passadas, pessoas
que estavam na mesma embarcação se apaixonaram. Terminada a
regata, se casaram.
— Muitas pessoas, depois de terem dado a volta ao mundo, mudam.
Alguns trocam de trabalho, outros
se divorciam. Entendem-se muitas
mais coisas, como, por exemplo,
que as coisas pequenas fazem uma
diferença enorme dentro de um
barco. Tudo aquilo a que normalmente não se dá tanta importância
vale muito, como um banho quente, ou um vaso sanitário que fica
parado e não se mexe — conta, rindo, Jonathan, que aproveitou a
viagem para conhecer a família da
avó emigrada para o Rio de Janeiro
no segundo pós-guerra.
O participante mais jovem desta edição tem 18 anos e o mais
velho 73. Cerca de 40% da tripulação nunca velejou antes de iniciar o
treinamento obrigatório, que dura
de três a quatro semanas.
— O treinamento começou em
junho do ano passado no Canal da
Mancha, onde existem condições
climáticas incertas, embora não
possam ser comparadas àquelas de
uma travessia no Atlântico. Durante a regata, passamos por todas as
condições meteorológicas que se
As etapas da regata
A
regata leva 11 meses para completar o percurso de 40 mil milhas, seis continentes e 16 portos, com uma
frota de 12 barcos de 70 pés. A Clipper Race 13-14 é composta de oito pernas, que inclui 16 corridas
individuais. A primeira equipe a cruzar a linha de chegada ganha 12 pontos automaticamente. O número
de pontos diminui a partir da ordem de chegada, ou seja, a equipe que chega por último ganha apenas um
ponto. A equipe com o maior número de pontos ao final da competição é a campeã da Clipper Race.
Início e Chegada
Londres
Reino Unido
Derry-Londonderry
Reino Unido
Nova Iorque
Estados Unidos
São Francisco
Estados Unidos
Port Antonio
Jamaica
Den Helder
Holanda
Brest
França
Qingdao
China
Cingapura
Cingapura
Rio de Janeiro
Brasil
Cidade do
Panamá
Panamá
Cidade
do Cabo
África do Sul
Albany
Austrália
Sidney
Austrália
Brisbane
Austrália
Participação:
650 pessoas 40países
aproximadamente
Hobart
Austrália
Fonte: Revista Nautica
comunit àit aliana | novem br o 2013
29
Racionamento de
água no Equador
Jonathan revela que atravessar o
Equador foi a parte mais difícil.
— É um desafio mental mais
do que físico, pois as pessoas ficam
nervosas, bravas. É uma situação difícil; a temperatura chega a
50 graus — afirma o tripulante
do Henry Lloyd, o barco que ficou
parado por 10 dias com o dessalinizador quebrado.
— Tivemos que racionar a água:
nas últimas semanas, cada um tinha à sua disposição só dois litros
de água por dia, no máximo, incluída a água para se limpar. Depois do
Equador, havia muitas tempestades
e chovia muito: aproveitamos para
coletar, beber água da chuva e tomar
banho — conta o jovem italiano.
A convivência forçada com desconhecidos num barco de 70 pés
em alto-mar coloca a dura prova os participantes, que testam
os próprios limites e a confiança
nos outros. Por isso, é necessário
colaborar sempre em qualquer condição. Se, por exemplo, uma pessoa
deixa a corda de forma errada sem
ver que do outro lado do barco há
uma pessoa, pode machucá-la e até
fazê-la perder um membro.
Uma escola flutuante para
se aprender a viver na terra
A vela é uma escola de vida, por
isso empresas fazem cursos de
integração em alto-mar entre os
colegas que trabalham na mesma
equipe: todos devem saber o que
está fazendo a outra pessoa. Quando alguém faz algo errado pode
prejudicar o trabalho do outro.
— Se você fica bravo com alguém
ou não gosta de outra pessoa, não
pode ir embora e depois voltar, tem
que ficar dentro do barco, não é possível descer. Não tem um espaço para
você, nem um lugar para dormir. Dependendo da inclinação (45° ou 90°),
dorme-se no lado direito ou no lado
esquerdo, sobre um colchonete fino
— explica o bolognese de 20 anos que
bateu o recorde de velocidade na primeira etapa: 30,7 nós no Henry Lloyd.
A mesma opinião tem Antonio,
que comparou a cama do barco a
um caixão de mortos.
— Os espaços eram muito reduzidos porque a embarcação é
30
Lorenzo Allisio
possa imaginar, da tempestade à
calmaria sem vento — conta à Comunità Antonio Naddeo, oriundo
de Pompeia. Depois de 10 anos em
Londres, mudou-se para Dubai, onde trabalha no mundo das finanças.
criada exclusivamente para competições oceânicas.
Tudo é calculado, a comida por
um mês e até os espaços. O abastecimento dos alimentos é feito sob
o chão, para tomar banho usam-se
lenços umedecidos e o cardápio é
decidido antes de começar a regata.
— Acho que existe uma
componente em comum entre os participantes. Além da paixão pelo mar,
existe o desejo de desafiar a si mesmo
e querer entender o próprio limite
de resistência, como quem escala o
Himalaia — declara Antonio, que
participou da Clipper no barco suíço.
Junto a ele, havia outros dois
italianos e um ítalo-suíço na embarcação. Terminada a primeira etapa da
travessia, eles já estão se organizando para fazer uma viagem, juntos, no
barco de um deles, nas águas mais
tranquilas do Mediterrâneo.
— Depois de 40 dias em alto-mar, estou feliz de chegar, pois sei
que realizei a minha aventura, mas
não daria a volta ao mundo... Um
ano comendo comida inglesa, não
aguentaria! — brinca Mario Bitonti, recém-chegado ao Rio de Janeiro
e já pronto para voltar a abraçar os
seus dois filhos de cinco e oito anos
em Cosenza, na Calábria, e trabalhar na sua empresa de madeira.
De acordo com o calabrês de 42
anos, é uma experiência que deixa
muitas lembranças e também “muita saudade do céu estrelado que não
existe em outro lugar, das cores do
pôr do sol, do amanhecer no meio
do oceano e da beleza do planeta”.
Outro italiano que participa do
Clipper este ano é Andrea Sangiorgi,
que comemorou 42 anos em meio ao
oceano na primeira etapa. O tripulante italiano mora em Hong Kong
há 14 anos e por isso ele escolheu velejar no barco chinês Qingdao.
— Queria navegar por todos os
oceanos ou pelo menos pelos mais
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Os três italianos que
competiram juntos
no barco suíço,
Mario Bitonti, Antonio
Naddeo e Paolo
Radaelli, prometeram
organizar outra
viagem pelo
Mediterrâneo juntos
importantes: Atlântico, Índico e Pacifico. Faço três quartos da volta ao
mundo — comentou o italiano, praticamente de vela nos fins de semana.
De acordo com ele, o clima no
barco é relaxado, embora não faltem os momentos tensos e difíceis.
— Não pode haver brigas no meio
do oceano. Às vezes dá vontade de
descer e ir embora devido ao cansaço
ou porque bate a vontade de desistir, mas estamos psicologicamente
preparados. No fim das contas, são
apenas semanas, dias, tudo passa.
As condições de vida a bordo também testam a paciência e o
espírito de aventura dos participantes. Cada barco tem as suas normas.
Normalmente a jornada se divide
em turnos de quatro horas no convés e quatro horas no porão.
Tripulantes
verde-amarelos
S
eis brasileiros experimentaram as emoções e os desafios da regata
Clipper. A maior parte está tripulando o mesmo barco, o Old Pulteney. Um deles, João Gustavo Togneri, comentou em seu blog, antes de
chegar ao Rio de Janeiro: “Não vejo a hora de chegar e correr para uma
churrascaria rodízio e comer um boi inteiro!”. Já a brasileira Elaina Lourenço teve que ficar em um barco diferente do marido, João Guilherme
Sauer, pois a regra não permite casais na mesma equipe. De acordo
com o casal, que mora em Londres desde 2008, “foi uma maneira emocionante de visitar as famílias no Brasil”. A regata pode ser seguida em
tempo real através do site www.clipperroundtheworld.com.
Náutica
Tenacidade
de armador
Estaleiros italianos desafiam os ventos da crise e
apresentam obras-primas no Salão Náutico de Gênova
Guilherme Aquino
O
De Gênova
Salão Náutico de Gênova reduziu este ano seu
tempo de duração de
nove para cinco dias. O
vento da recessão, que sopra com
a constância de um alísio, provoca
e testa a criatividade, a competitividade e a resistência de estaleiros
pequenos, médios e grandes. Mesmo
que as “ondas” na superfície tenham
diminuído um pouco, a corrente de
fundo é forte, condiciona e arrasta o
mercado para um marasmo a perder
de vista. Ainda assim, os armadores
não se abatem e desembarcaram em
Gênova com uma força-tarefa capaz
de levantar o moral da tropa.
A nave-mãe que roubou a cena
é o mega-iate Chopi Chopi, com 80
metros de comprimento, ancorada
na marina mais externa. Recorta
a linha do horizonte com os seus
cinco andares — sendo um apenas
para o uso exclusivo do proprietário, que não é italiano. O colosso
hospeda até 30 tripulantes e 12
convidados. O portal da popa, uma
vez rebaixado até a linha d’água,
cria uma praia de cem metros quadrados. Cada metro quadrado deste
mega-iate, obra-prima do estaleiro
italiano CNR, está avaliado em cerca de um milhão de euros.
A frota naval do salão, realizado
no início de outubro, trouxe cerca
de mil embarcações. As novidades
chegam a uma centena, apesar da
queda de 4% nas vendas do setor,
em comparação com 2012. O total
acumulado chega a quase 60% desde 2008. Por isso, todos seguem a
rota das antigas caravelas de Vasco
da Gama e Cristóvão Colombo, para não falar de Marco Polo. Para o
Velho Mundo, o Novo Mundo e as
Índias continuam sendo o Eldorado
da redenção. A exportação está, a
duras penas, mantendo o “ barraco
em pé”, como diz o ditado italiano,
pois o prestígio do Made in Italy é
o selo de qualidade de um produto
que os concorrentes tentam imitar.
Litoral catarinense se
afirma como o Eldorado
dos produtores italianos
A última terra prometida é a foz
do rio Tijucas, em Santa Catarina, onde os estaleiros estrangeiros
poderão contar com um grande
desconto para vender seus produtos sem as tarifas alfandegárias que
dobram ou triplicam o preço final
de um iate estrangeiro comprado no
Brasil. O projeto Cidade do Mar prevê a construção de marinas privadas
e trapiches públicos. Sessa Marine,
Ferretti (sob o guarda-chuva de um
fundo de investimentos da China) e
Azimut, três dos principais estaleiros italianos, já estão presentes, mas
outros também devem desembarcar, atraídos pelos incentivos. Isto
explica a participação da secretária
de Indústria, Comércio e Turismo
de Santa Catarina no Salão de Gênova. A realização dos molhes e o
desassoreamento do rio são condições fundamentais para dar largada
ao projeto, que traz na planta uma
universidade náutica e estaleiros.
Ainda é uma miragem, mas se os
investidores forem convencidos, a
força política se encarrega de abrir
os caminhos para a obra.
Enquanto o projeto não sai do
papel, os italianos seguem produzindo iates como o novo Pershing
62 — uma das lanchas mais visitadas do salão. O interior vem
dividido em três cabines. Como a
personalização ao extremo é a última fronteira do luxo, o cliente pode
substituir uma das cabines por um
living room. As grandes vidraças
permitem iluminação natural e
integração total da paisagem. Da
concorrência, chega o Magellano
53, de Azimut-Benetti, um iate tipo “explorer” que faz o armador
sentir-se um Jacques Costeau.
Também não passa sem ser notada
a Honert Tender 1.300, do estaleiro francês Couach. Com capacidade
para transportar até 12 pessoas, é
uma da principais opções para rápidos passeios entre ilhas. O casco
em Kevlar e fibra de carbono garante a leveza e a resistência. Em águas
territoriais “inimigas”, é preciso
admitir que, no campo das regatas,
os franceses são imbatíveis.
Todos os iates estão equipados
com acessórios com tecnologia de
ponta. Um relógio de pulso a bordo
não indica apenas as horas: age também como um salva-vidas, desliga o
motor e emite um sinal de alerta na
sala de comando caso o portador
caia no mar. Já as novas sondas de
rastreamento do fundo do mar trazem imagens muito próximas da
terceira dimensão. Se estivesse vivo,
Julio Verne reescreveria a história
do Nautilus. Afinal, a realidade tem
superado a ficção científica sem nenhuma cerimônia.
comunit àit aliana | novem br o 2013
31
Capa
Atualidade
A
batalha
contra o
desperdício
La battaglia contro gli sprechi
Há quinze anos, o professor da Universidade de Bolonha,
Andrea Segrè, luta para transformar o desperdício em recurso e lidera
um grupo de trabalho no Ministério italiano do Ambiente
Da quindici anni il professore dell’Università di Bologna Andrea Segrè
lotta per trasformare gli sprechi in risorse e dirige un gruppo di lavoro
al Ministero italiano dell’Ambiente
Stefania Pelusi
P
ara mostrar as dimensões globais do problema chamado desperdício, o agroeconomista
italiano Andrea Segré usa os números. A
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que, em 2050,
seremos nove bilhões de pessoas no mundo.
— Todos precisamos comer e beber. Por isso, a
produção agrícola de alimentos terá que aumentar
em 60%​​, mas a FAO estima também que, atualmente,
um terço de toda a produção mundial é jogada fora.
O dado mais alarmante é este último: cerca de 1,3
bilhão de toneladas de alimentos, ou seja, mais de
US$ 750 bilhões são desperdiçados a cada ano.
— É evidente que a primeira coisa que temos
que fazer antes de aumentar a produção é reduzir e
prevenir o desperdício. Se aumentarmos em 60% a
produção e ao mesmo tempo continuamos a perder
um terço, não faz sentido. Isso é um absurdo! —
declara à Comunità o diretor do departamento de
ciências e tecnologias dos agroalimentos da Universidade de Bolonha.
No Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro,
as Nações Unidas apontaram o desperdício alimentar
como uma das principais causas para que 842 milhões
32
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
P
er dimostrare le dimensioni globali del
problema chiamato spreco, l’agroeconomista italiano Andrea Segré usa i numeri.
L’Organizzazione delle Nazioni Unite per
l’Alimentazione e Agricultura (FAO) stima che nel
2050 ci saranno nel mondo nove miliardi di persone.
— Tutti abbiamo bisogno di mangiare e bere. Perciò la produzione agricola di alimenti dovrà
aumentare del 60%​​, ma la FAO stima anche che attualmente un terzo di tutta la produzione mondiale
viene gettata via.
Il dato più allarmante è proprio questo: circa 1,3
miliardi di tonnellate di alimenti, ovvero più di US$
750 miliardi, vengono sprecati ogni anno.
— È evidente che la prima cosa che dobbiamo fare
prima di aumentare la produzione è ridurre e prevenire lo spreco. Se aumentiamo la produzione del 60%
e allo stesso tempo continuiamo a perderne un terzo,
non ha senso. È un’assurdità! — dichiara a Comunità
il Direttore del Dipartimento di Scienze e Tecnologie
Agroambientali dell’Università di Bologna.
Il 16 ottobre, Giornata Mondiale dell’Alimentazione, le Nazioni Unite hanno segnalato lo
spreco alimentare come una delle cause principali
del motivo per cui 842 milioni di
persone continuano ad essere prive del necessario per alimentarsi.
Il dibattito quest’anno ha avuto
come tema “le perdite e gli sprechi
alimentari globali” e ha avuto come moderatore il professor Segré
che lotta contro questo problema
da più di 15 anni. Lo stesso giorno sono stati celebrati i 68 anni
dell’organizzazione. Per festeggiare la data è stato offerto nella sede
della FAO a Roma un pranzo preparato completamente con prodotti
destinati alla spazzatura.
— Non sprecare deve essere il
primo comandamento laico in questi tempi di crisi. Gettare il cibo
che è ancora buono e che possiamo
mangiare non è solo un peccato in
tutti i sensi, ma è anche un costo
economico, ambientale e sociale.
Ridurre lo spreco alimentare deve
essere una priorità politica — avvisa l’italiano che il 16 ottobre è stato
nominato coordinatore del nuovo
gruppo di lavoro contro gli sprechi
alimentari istituito dal Ministero italiano dell’Ambiente.
Riguardo alle priorità il professore, originario di Trieste, ha già
le idee chiare: parlando dell’Italia
vuole convocare fra breve una riunione a cui parteciperanno tutte
le persone che hanno a che vedere
con lo spreco, con l’obiettivo di ridurlo e impedirlo.
Nel frattempo il Ministro italiano degli Affari Esteri, Emma
Bonino, tenendo presente la Expo 2015 il cui tema è “Nutrire il
pianeta Energia per la vita”, ha
riproposto di proclamare il 2015
come l’anno dell’Europa contro lo
spreco alimentare, come era stato
sollecitato nel gennaio 2012 dal
Parlamento Europeo. Secondo ricerche recenti dell’osservatorio
italiano Waste Watcher, ogni anno
Ingimage.com
de pessoas continuem privadas de
quantidades suficientes de alimentos. O debate deste ano teve como
tema “as perdas e o desperdício alimentar global” e foi moderado pelo
professor Segré, que há mais de 15
anos luta contra essa questão. No
mesmo dia, foram comemorados os
68 anos da organização. Para festejar a data, um almoço totalmente
feito com produtos destinados ao
lixo foi oferecido na sede da FAO,
em Roma.
— Não desperdiçar deve ser
o primeiro mandamento laico do
nosso tempo de crise. Jogar fora a comida que ainda é boa e que
podemos comer não é apenas um
pecado em todos os sentidos, mas
é também um custo econômico,
ambiental e social. Reduzir o desperdício alimentar deve ser uma
prioridade política — alerta o italiano, que no dia 16 de outubro
foi nomeado coordenador do novo
grupo de trabalho contra o desperdício alimentar instituído pelo
Ministério italiano do Ambiente.
Entre as prioridades, o professor originário de Trieste já tem as
ideias claras: em nível italiano e
em curto prazo ele quer convocar
uma reunião na qual reunirá todos os atores que giram em torno
do desperdício, com o objetivo de
reduzi-lo e impedi-lo.
Enquanto isso, a ministra italiana das Relações Exteriores, Emma
Bonino, tendo em vista a Expo 2015
cujo tema é “Nutrir o planeta, Energia para a vida”, lançou novamente
a proposta de proclamar 2015 como
o ano europeu contra o desperdício alimentar, conforme solicitado
em janeiro de 2012 pela resolução
do Parlamento Europeu. Segundo
pesquisa recente do observatório
italiano Waste Watcher, a cada ano
o desperdício alimentar doméstico
custa ao país 8,7 bilhões de euros, ou
seja, cerca de 0,5% do PIB italiano,
em um desperdício semanal calculado em 213 gramas de comida.
comunit àit aliana | novem br o 2013
33
Capa
Atualidade
Dez conselhos
para reduzir
o desperdício
dos alimentos*
Dez conselhos para
reduzir o desperdício
dos alimentos*
O assustador desperdício
praticado nos bastidores
dos supermercados
A questão não surgiu agora. Há vários anos,
o docente italiano se mobiliza para dar
novamente valor aos alimentos sem desperdiçá-los.
— No final dos anos 90, levei ao supermercado os meus alunos para entender a
logística e a disposição dos produtos nas
prateleiras. Naquele momento, cruzei com
os bastidores da loja, onde todos os produtos chegam e onde também são jogados
fora. A partir dali, tudo começou — conta
o agroeconomista, chocado com a quantidade de produtos desperdiçados: iogurtes
que ainda não haviam expirado, retinas
de laranjas jogadas fora só porque uma estragou, latas de atum e cereais um pouco
machucadas que já faziam parte do lixo.
Foi assim que nasceu o Last Minute
Market, um spin-off universitário no qual
Segré e seus alunos conjugaram solidariedade e sustentabilidade.
— Tentamos ser uma ponte para facilitar esse intercâmbio entre as associações
que precisam de alimentos para doá-los
aos necessitados e os supermercados que
abundam de produtos e os desperdiçam —
revela o pioneiro.
O Last Minute Market começou como
projeto de pesquisa e agora é um spin-off
da Universidade de Bolonha. O docente
italiano é o presidente e os estudantes que
participaram da iniciativa, já formados ou
doutorandos, tornaram-se sócios do projeto. De acordo com o docente de 52 anos,
o desperdício alimentar é algo que as pessoas não veem. Nesse momento em que os
italianos estão em condição de pobreza alimentar, é necessário mudar.
— Precisamos retomar a educação alimentar porque a estamos esquecendo
completamente. Se deve começar pelas crianças, nas creches — alerta.
O seu lema é “se pode fazer mais com menos”.
— Perdemos a noção de limite. Os recursos naturais são limitados e a nossa
sociedade é construída sobre o consumo
de bens materiais. Temos que ir além disso,
34
1.
Compra inteligente: antes de comprar,
verifique exatamente do que você precisa
e o que já tem. Faça uma lista de compras,
de acordo com as necessidades reais.
Assim, é possível evitar compras inúteis
que podem se transformar em desperdício.
La spesa smart: prima di fare la spesa,
controlla bene cosa ti serve e cosa hai già.
Fai una lista, in base alle reali esigenze.
Cosí si possono evitare acquisti inutili che
potrebbero trasformarsi in rifiuti.
2.
Cozinha inteligente: ao cozinhar,
fique atento à quantidade.
La cucina smart: quando cucini, fai
sempre attenzione alle quantità.
3.
Geladeira inteligente: muitas vezes,
os produtos deixados atrás tendem a
apodrecer ou a expirar na geladeira, e
logo viram resíduos.
Il frigorifero smart: spesso i prodotti
lasciati dietro tendono a marcire o a
scadere in frigo andando e diventano
subito rifiuti.
No Brasil, uma família
de classe média
joga fora 180 quilos
de comida todos os
anos, o suficiente
para alimentar uma
criança por seis
meses. Na Itália, o
problema custa ao
país 8,7 bilhões de
euros, ou seja, 0,5%
do PIB italiano
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
In Brasile una famiglia di
ceto medio butta 180 chili di
cibo tutti gli anni, sufficienti
a nutrire un bambino per sei
mesi. In Italia il problema costa
al paese 8,7 miliardi di euro,
ossia lo 0,5% del PIL italiano
lo spreco alimentare in casa propria costa
al paese 8,7 miliardi di euro, ossia lo 0,5%
circa del PIL italiano, con uno spreco settimanale calcolato in 213 grammi di cibo.
Lo spaventoso spreco praticato
dietro le quinte dei supermercati
Il problema non è di adesso. Da parecchi anni il docente italiano si impegna per dare di
nuovo valore agli alimenti senza sprecarli.
— Alla fine degli anni ’90 ho accompagnato al supermercato i miei alunni per
poter capire la logica della disposizione dei
prodotti sugli scaffali. In quell’occasione
sono capitato nel magazzino del negozio
dove arrivano tutti i prodotti e dove accade anche che sono gettati via. A partire da
quel momento è cominciato tutto— racconta l’agroeconomista, scioccato con la
quantità di prodotti sprecati: yogurt ancora con data valida, reticelle piene di aranci
buttate solo perché un arancio era andato
a male, scatole di tonno e di cereali in stato
non perfetto perché ammaccate che già erano finite nella spazzatura.
E così è nato il Last Minute Market, uno
spin-off universitario nel quale Segré e i suoi alunni uniscono la solidarietà alla sostenibilità.
— Tentiamo di fare da ponte per facilitare questo scambio fra le associazioni che
hanno bisogno degli alimenti per donarli a
chi ne ha bisogno e i supermercati che sono
pieni di prodotti che gettano via— rivela il
professore che è stato un pioniere.
ter uma inteligência ecológica para colocar
limites no uso dos bens naturais e nos consumos — ressalta Segré, que enxerga a crise
atual como uma oportunidade para mudar
o estilo de vida dos cidadãos com o objetivo
de consumir menos e estar melhor.
Segundo ele, não é verdade que, com a
crise atual, o desperdício diminuiu, já que
os italianos compram menos produtos.
— O desperdício é diferente dos resíduos. Vou usar um exemplo para explicá-lo.
Uma pessoa vai ao supermercado e compra
um iogurte. Depois, em casa, come o produto e joga fora o copinho de plástico: isso
4.
Pacotes inteligentes: evite os “bichinhos”
que se formam nos pacotes de massa,
farinha, legumes e cereais, mantendo limpa
a despensa e guardando os produtos em
potes rígidos de vidro ou de plástico.
O professor de Política Agrária Internacional e
Comparada da Universidade de Bolonha, Andrea
Segrè, foi nomeado no mês passado coordenador
do novo grupo contra o desperdício alimentar,
instituído pelo Ministério italiano do Ambiente
Il professore di Politica Agraria
Internazionale e Comparata dell’Università
di Bologna, Andrea Segré, il mese scorso è
stato nominato coordinatore del nuovo
pool contro lo spreco alimentare, istituito
dal ministero italiano dell’Ambiente
Le confezioni smart: evita gli “animaletti”
che si formano nei pacchi di pasta, farina,
legumi e cereali mantenendo pulita la
dispensa e conservando questi prodotti in
contenitori rigidi di vetro o di plastica.
5.
Freezer inteligente: congele os produtos
frescos (como pão e restos de comida), se
não houver a possibilidade de comê-los
antes que estraguem. Assim, você poderá
consumi-los com calma nos dias seguintes.
Freezer inteligente: congele os produtos
frescos (como pão e restos de comida), se
não houver a possibilidade de comê-los
antes que estraguem. Assim, você poderá
consumi-los com calma nos dias seguintes.
10.
Receitas inteligentes: use sobras de
comida. Cascas de batata, restos de arroz,
pão seco, talos de espinafre e leite azedo
podem se transformar em ingredientes de
infinitas receitas.
Ricette smart: utilizza avanzi
alimentari. Bucce di patata, riso avanzato,
pane secco, gambi di spinaci e latte cagliato
possono essere trasformati in ingredienti di
innumerevoli ricette.
*Extraído do livro de Andrea Segré, Vivere a
spreco zero: Una rivoluzione alla portata di tutti
6.
Il Last Minute Market era cominciato come progetto di ricerca e adesso è uno spin-off
della Università di Bologna. Il docente italiano ne è il presidente e gli studenti che avevano
partecipato all’iniziativa, ora laureati o laureandi, sono diventati soci del progetto. Secondo
il docente, 52enne, lo spreco alimentare è una
cosa che le persone non vedono. In questo momento in cui gli italiani si trovano in una fase
di povertà alimentare bisogna cambiare.
— Dobbiamo riprendere in mano l’educazione alimentare perché la stiamo
dimenticando completamente. Si deve cominciare dai bambini all’asilo— avvisa.
La sua norma è “si può fare di più con meno”.
— Abbiamo perso la nozione dei limiti.
Le risorse naturali sono limitate e la nostra società è costruita sul consumo di beni
materiali. Dobbiamo superare questo concetto, avere un’intelligenza ecologica per
mettere dei limiti all’uso dei beni naturali
e ai consumi — mette in risalto Segré, che
vede nell’attuale crisi un’opportunità per
cambiare lo stile di vita dei cittadini per
consumare meno e stare meglio.
Secondo lui non è vero che con questa
crisi lo spreco è diminuito perché gli italiani
comprano di meno.
— Lo spreco è diverso dai residui. Faccio un esempio per spiegarlo. Una persona
va al supermercato e compra uno yogurt.
7.
Compartilhe: se você perceber que tem
produtos em excesso em casa e que não
vai conseguir comê-los antes da data do
vencimento, dê de presente ao vizinho.
Etiquetas inteligentes: preste atenção
ao significado das etiquetas relativas ao
prazo de vencimento.
Condivisione smart: se ti accorgi di
avere prodotti in eccesso che sai già non
riuscirai a consumare in tempo utile,
fanne dono al tuo vicino/a di casa.
Etichette smart: fai attenzione
al significato delle etichette
riguardanti le scadenze.
9.
8.
Estação inteligente: se puder, compre
as frutas e as verduras da estação e
diretamente do produtor.
Stagione smart: Se puoi, acquista
frutta e verdura di stagione
direttamente dal produttore.
Manutenção inteligente: verifique
a temperatura da sua geladeira. Os
alimentos devem ser armazenados a
uma temperatura entre 1 e 5 graus para
mantê-los frescos por mais tempo possível.
Manutenzione smart: controlla la
temperatura del tuo frigorifero. Gli
alimenti devono essere conservati a una
temperatura tra 1 e 5 gradi per mantenerli
freschi il più a lungo possibile.
comunit àit aliana | novem br o 2013
35
Capa
Atualidade
é um resíduo que pode ser reciclado. Quando o iogurte está perto do vencimento e a pessoa tem medo de
consumi-lo, joga fora o copinho de plástico com o seu
conteúdo dentro: isso é desperdício porque dentro
daquele iogurte tem fermento lácteo, alguns hectares
de solo, litros de água, quilowatts de energia, recursos naturais — explica o docente.
O presidente de Last Minute Market lembra
que o problema não se limita à Europa. Segundo o
relatório da FAO, nos países em desenvolvimento,
as reduzidas capacidades de armazenamento e de
acesso ao mercado são as principais causas do desperdício, enquanto nas sociedades industrializadas,
a responsabilidade é do excesso de normas e regras
devido a preocupações sanitárias ou estéticas.
Mesmo em países desenvolvidos, com técnicas agrícolas e transportes eficientes, o desperdício
ainda ocorre, principalmente pelas mãos dos vendedores e do consumidor. O Velho Mundo joga fora a
cada ano 90 milhões de toneladas de alimentos. No
Novo Mundo, a situação não é muito diferente.
Segundo os dados do Centro de Agroindústria de
Alimentos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil, um dos cincos maiores
produtores de alimentos no mundo, desperdiça mais
de 11 milhões de toneladas anualmente. Estimativas da Embrapa apontam que uma família de classe
média joga fora pouco mais de 180 quilos de comida
todos os anos. Esse desperdício é suficiente para alimentar uma criança por seis meses.
No relatório sobre os custos ambientais do
desperdício da ONU, emerge que, se avaliarmos o desperdício alimentar como um
país, este seria “o terceiro emissor de gás
de efeito estufa, depois da China e dos
Estados Unidos”, com um consumo
de água equivalente a três vezes o
Lago Léman (entre Suíça e França).
— Há, portanto, tarefas para
todos. É um problema global que
não pode ser apenas abordado pelos pequenos países, e sim em todo
o mundo — finaliza Segré, considerando a FAO, atualmente presidida
pelo brasileiro José Graziano, como o
organismo mais adequado para dar voz a
essa luta global.
No Brasil, lei do bom
samaritano espera
aprovação há 15 anos
A
Itália foi o primeiro país europeu a aprovar, em 2003, a Lei do Bom Samaritano,
que disciplina a recuperação e a redistribuição de alimentos frescos e cozidos
por ONGs e associações, cuja atividade consiste na ajuda alimentar para fins de solidariedade social (L. 155/2003 do dia 16 de julho de 2003). Muitas indústrias, empresas,
restaurantes e até pessoas comuns não consideravam a opção de doar os alimentos
porque temiam a responsabilidade legal sobre o que pudesse ocorrer com quem recebeu a doação. A pessoa poderia passar mal, e até morrer, e haveria espaço para um
processo judicial. A partir da lei, as empresas passaram a se sentir confortáveis para
doar comida própria para consumo, e sabem que estão fazendo a coisa certa. Poucos
países no mundo têm essa lei. No caso do Brasil, a legislação dificulta a generosidade.
O país não possui uma lei que proíbe a doação de alimentos, mas também não conta
com uma lei que regule essa doação. Um projeto de lei chamado Lei do Bom Samaritano tramita no Congresso Nacional desde 1998: o texto foi aprovado no Senado, mas
ainda tramita na Câmara dos Deputados e não tem previsão para ser votado.
36
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Poi a casa mangia il prodotto
e butta il vasetto di plastica:
questo è un residuo che può
essere riciclato. Quando lo yogurt è vicino alla scadenza e la
persona ha paura di consumarlo
butta il vasetto di plastica con tutto
il contenuto: questo significa spreco,
perché in quello yogurt ci sono fermenti
lattici, alcuni ettari di terreno, litri d’acqua, kilowatt di energia, risorse naturali— spiega il docente.
Il presidente di Last Minute Market ricorda che il
problema non si limita all’Europa. Secondo il rapporto della FAO, nei paesi in via di sviluppo le capacità
ridotte di immagazzinamento e di accesso al mercato sono le cause principali degli sprechi, mentre nelle
società industrializzate la responsabilità è dell’eccesso di norme e regole, dovuto a preoccupazioni di tipo
sanitario o estetico.
Anche nei paesi sviluppati, con tecniche agricole e
trasporti efficaci, lo spreco può avvenire principalmente
attraverso venditori e consumatori. Il Vecchio Mondo
butta via ogni anno 90 milioni di tonnellate di alimenti.
Nel Nuovo Mondo la situazione non è molto diversa.
Secondo i dati del Centro de Agroindústria de
Alimentos dell’Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), il Brasile, uno dei cinque
maggiori produttori di alimenti nel mondo, getta via
annualmente più di 11 milioni di tonnellate. Le stime
dell’Embrapa segnalano che una famiglia di ceto medio butta poco più di 180 chili di cibo tutti gli anni.
Questo spreco sarebbe sufficiente per alimentare un
bambino per sei mesi.
Nel rapporto dell’ONU sui costi ambientali dello spreco emerge che, se valutassimo lo
spreco alimentare come fosse un Paese, sarebbe “il terzo emissore di gas effetto stufa
dopo la Cina e gli Stati Uniti”, con un consumo di acqua equivalente a tre volte il Lago
Lemano (fra Svizzera e Francia).
— Perciò c’è da fare per tutti. È un problema globale che non può essere affrontato
dai paesi piccoli ma da tutto il mondo— finisce col dire Segré, che considera la FAO, che ha
attualmente come presidente il brasiliano José
Graziano, l’organismo più adatto a dare voce a
questa lotta globale.
In Brasile la legge del buon
samaritano è in attesa di
approvazione da 15 anni
L’
Italia è stato il primo paese europeo a approvare nel 2003 la Legge del Buon Samaritano, che disciplina il recupero e la ridistribuzione degli alimenti freschi e cotti
da parte di ONGs e associazioni la cui attività consiste nell’aiuto alimentare a scopi di
solidarietà sociale (L. 155/2003 del 16 luglio 2003). Molte industrie, aziende, ristoranti
e persino persone comuni non prendevano in considerazione la possibilità di donare gli
alimenti, perché temevano la responsabilità legale su quello che sarebbe potuto succedere a chi avesse ricevuto il donativo. La persona si sarebbe potuta sentire male, persino
morire, e avrebbe potuto aprire un processo. Con la nuova legge le aziende si sono sentite
libere di donare il cibo adatto al consumo e sanno che stanno facendo la cosa giusta.
Pochi paesi al mondo hanno questo tipo di legge. Nel caso del Brasile la legislazione rende
difficile la generosità. Il paese non ha una legge che proibisce i donativi di alimenti, ma
non ha nessuna legge che regola questo donativo. Un progetto di legge, detta Lei do Bom
Samaritano, tramita nel Congresso Nacional dal 1998: il testo è stato approvato in Senato
ma deve passare alla Camera dei Deputati e non è prevista la data della votazione.
milão
GuilhermeAquino
Terapia
cinematográfica
hospital Humanitas abriu uma nova
O
ala. Aquela cinematográfica, na realidade, é uma sala, com 65 poltronas de veludo vermelho. Cada uma delas tem o dobro da dimensão para oferecer conforto
aos pacientes que irão assistir aos filmes.
O objetivo é dar um pouco de “normalidade” e de alívio à pessoa internada e aos
familiares em visita. O projeto é da instituição MediCinema Italia e tem o apoio
das distribuidoras e produtoras Universal
Pictures, Fox, Warner, Medusa e Nexo.
Luxo internacional
A
via Montenapoleone, artéria principal do shopping de luxo italiano, e as
suas ramificações ao longo do quadrilátero da moda, como as ruas Sant’Andrea
e Pietro Verri, estão sendo disputadas
pelo capital estrangeiro. A área é uma
ilha de prosperidade em um mercado
cada vez mais atingido pela crise. Depois da francesa Hermès, chega a vez
da chinesa Giada. Das quase cem lojas
abertas, cerca de 45% pertencem a grupos e grifes não italianos.
E liás,
sem
dentes
a crise que assola as famílias
A
Sem
comida
Salvem
o Lírico
número de pessoas desamparadas e,
m 1779, um concerto de Salieri inau-
E
guraria o teatro Cannobio, hoje teatro Lírico, em pleno centro de Milão, na
via Larga, perto da sede da arquidiocese. Agora, depois das chuvas que inundaram
o histórico prédio, a prefeitura, proprietária do imóvel desde 1926, deve lançar
uma campanha para coletar os 16 milhões de euros que servem para reformar
o teatro. “Um tijolo para salvar o Lírico”,
afirma a promoção pública, que espera
contar com a generosidade dos milaneses.
O
principalmente, sem ter o que comer
no jantar, aumentou em 30%, desde 2008.
Em Milão, a distribuição da cesta básica —
composta de leite pasteurizado, conservado e massa — chegou a 63 mil famílias, italianas, com fome. Os operadores sociais,
principalmente aqueles relacionados com
as paróquias, chamam a atenção das autoridades para a gravidade da situação. E isso
na cidade que vai hospedar a Expo 2015,
inteiramente dedicada à alimentação.
em Milão pode ser traduzida pela
queda do número de consultas aos
dentistas. Na capital da Lombardia
eles somam quatro mil e nunca reclamaram do falta de trabalho e, muito
menos do excesso. No último ano,
porém, a categoria registrou uma
diminuição de 30%. O serviço não é
coberto pela saúde pública. A queda
foi apontada, principalmente, na implantação de próteses, que custam,
em média, mil euros. Sendo a sociedade italiana, a segunda mais velha
do planeta, atrás somente do Japão,
a estatística deve começar a registrar
a falta de sorrisos numa cidade que
já se lamentava mesmo quando não
tinha motivo algum.
comunit àit aliana | novem br o 2013
37
Mercado
Ventos
contrários
Brasil perde cruzeiros de turismo para países vizinhos como
o Chile e mais distantes como a Austrália, onde os custos de
cabotagem são menores e a infraestrutura portuária é maior
Rodrigo Silva
C
om a chegada de novembro, se inicia a temporada
brasileira de cruzeiros
que vai até abril de 2014.
Para este ano estão previstos 12
navios, três a menos em relação ao
ano passado. A queda no número de
embarcações vem ocorrendo desde
a temporada 2010/2011. Naquele
período, foram 20 navios e quase
800 mil passageiros transportados.
Entre os fatores apontados pelas
companhias, está a falta de estrutura dos portos e o alto custo de
praticagem (operação de manobra
para a entrada e saída de navios nos
portos), que no Brasil é um dos mais
altos do mundo. O diretor geral do
Grupo Costa Crociere para a América do Sul, Renê Hermann, explicou
38
à Comunità as razões pelas quais a
empresa reduziu para dois o número de navios em 2013, dois a menos
que no ano passado.
— Nos últimos anos, as taxas e
os impostos praticados para o setor
de cruzeiros no Brasil só aumentam. Esse cenário, infelizmente, se
reflete na operação. Os altos custos
pagos para a cabotagem de navios
na América do Sul geram um custo extra de milhões para a Costa
Cruzeiros e acabam contribuindo
para que outros mercados recebam
os navios. Por isso, decidimos reequilibrar nossa capacidade global
e desenvolvemos novos cruzeiros
pela Europa, Caribe, Emirados Árabes e Ásia — contou.
A taxa cobrada pela manobra de
navios deverá ser monitorada pela
Comissão Nacional de Praticagem.
A medida faz parte das mudanças
que o governo pretende fazer no
setor portuário e visa acabar com
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
o monopólio e redefinir o preço
do serviço prestado de acordo com
uma metodologia clara em relação
ao tamanho do navio, ao tipo de
carga e a questões meteorológicas. Porto de Santos
cobra a taxa de manobra
mais cara do globo
Um levantamento da CLIA Abremar Brasil (Associação Brasileira
de Cruzeiros Marítimos) mostra
a diferença de valores cobrados
nos principais portos do mundo.
Entre os mais caros, aparecem Santos, Ilhabela e Rio de Janeiro. Com
tudo isso, o país perde em competitividade para regiões da América
do Sul que operam taxas mais atrativas, como Valparaíso (Chile) e
Montevidéu (Uruguai). Além disso,
perde navios e turistas para mercados emergentes, como Pequim
(China) e Sidney (Austrália). Este
último, além de apresentar taxas
extremamente mais atrativas que
as brasileiras, possui clima similar
ao nosso e um extenso litoral.
Os roteiros para Buenos Aires,
por exemplo, cresceram 27% na
temporada 2012/2013. Já a movimentação na Australásia (região
que comporta Austrália, Nova Zelândia e Indonésia) crescerá 155%
até o final do ano.
Segundo a CLIA Abremar, na
última temporada, que durou de
novembro de 2012 a abril de 2013,
os navios que percorreram a costa
brasileira transportaram 732.163
passageiros, ou seja, 9% a menos em comparação à temporada
de 2011/2012, quando foram
Quarenta mil pessoas na fila
para trabalhar nos navios
Outro setor que pode ser afetado é
o da contratação de tripulantes. Segundo a Resolução Normativa 71 do
Ministério do Trabalho, todas as embarcações estrangeiras de turismo
que operam no Brasil devem apresentar, no mínimo, 25% da tripulação
composta por brasileiros. O trabalho
a bordo é dirigido, em sua maioria,
a jovens entre 18 e 35 anos com inglês fluente. O salário geralmente
está na faixa de US$ 550 a US$ 1200,
mais comissões. Além do salário, os
tripulantes têm a possibilidade de
conhecer diversos lugares, aprender
uma nova língua e obter uma experiência internacional. Os candidatos
podem se inscrever para vagas nas
áreas de restaurante, bar, limpeza,
recreação, fotógrafo, massagista,
manicure e cabeleireiro. Apesar da
diminuição da quantidade de embarcações o número de contratações se
mantém constante.
O número de inscritos para o
processo seletivo desse ano foi de
40 mil candidatos, informa Felipe
Freitas, da Infinity Brasil, uma das
maiores agência de recrutamento
de tripulantes. Desses, 2500 foram
aprovados. Como a agência contrata durante todo ano, esse número
poderá chegar a três mil, igualando
o número de tripulantes contratados no ano passado.
A italiana Costa traz
dois navios para a
temporada 2013/2014
A Costa Cruzeiros contará apenas
com dois navios para a temporada 2013/2014: o Costa Fascinosa
e o Costa Favolo, ambos entre os
mais modernos navios da frota.
Cada embarcação tem capacidade para aproximadamente 3.800
Quantidade de navios
e passageiros em
redução desde 2010
Temporada
Navios
Passageiros
2010/2011
20
792.752
2011/2012
17
805.189
2012/2013
15
732.163
2013/2014*
12*
668.000*
Fonte:CLIA Abremar
registrados mais de 805 mil passageiros. A entidade também estima para
esse ano uma queda, pois são esperados 668 mil passageiros, número
inferior ao do ano passado. A redução
também deve gerar perda de receita
por parte de cidades que recebem as
embarcações, como Rio e Búzios.
Os navios trazem benefícios
econômicos para as cidades, pois
impulsionam as economias locais,
influenciam diretamente a expansão dos negócios ligados ao turismo,
abrem oportunidades de emprego e
propiciam a melhoria da infraestrutura de serviços. Até abril de 2014, a
capital fluminense deverá registrar
a movimentação de mais de 500 mil
turistas, que irão injetar US$ 150
milhões na economia do município,
o equivalente a R$ 330 milhões. De
acordo com a BITO (Associação Brasileira de Operadores de Turismo
Receptivo Internacional), cada turista gasta, em média, US$ 300 por dia.
Muitos dos insumos adquiridos para
a operação do navio são nacionais,
como bebidas, frutas, e alimentos
básicos. Porém, as constantes quedas
fizeram com que o Brasil perdesse
duas posições no ranking mundial
de cruzeiros marítimos: o país caiu
da quinta para a sétima colocação,
segundo os dados da CLIA (Cruise
Lines International Association).
*Previsão
passageiros e refletem o conceito
de navios-destino, com inúmeras
atrações e atividades a bordo como
Cinema 4D, simulador de Grand
Prix e de golfe, e uma área de Samsara Spa. Mesmo com apenas dois
navios(menos do que no ano passado), a empresa se mostra otimista,:
— As perspectivas são as melhores. Cada vez mais os brasileiros
compreendem os cruzeiros como
uma excelente opção para as férias.
Em uma única viagem, o turista
tem contato com diversas atrações a
bordo e visita diferentes localidades
na América do Sul. O cruzeiro marítimo é, definitivamente, um passeio
para diferentes perfis de público e
faixas etárias — avalia o diretor para América do Sul, Renê Hermann.
A empresa também aposta nos
cruzeiros de longa duração devido
a uma mudança de perfil do turista brasileiro.
comunit àit aliana | novem br o 2013
39
Mercado
Empresários do setor
defendem reestruturação
Não se pode dizer que o setor passa
por uma crise. Porém, uma reestruturação é necessária para que o setor
volte a crescer, pois o que impede o
crescimento da atividade no Brasil não é a ausência de demanda,
e sim um a infraestrutura portuária inadequada e insuficiente para
atender o enorme potencial turístico e econômico que o país possui.
Renê Hermann, do Grupo Costa
Crociere, destaca a necessidade de reestruturação dos portos brasileiros,
principalmente de um planejamento
direcionado aos navios de cruzeiro.
— A infraestrutura portuária
precisa melhorar muito ainda. Há
40
O custo da praticagem no
Brasil é o maior do mundo
Porto
Custo por escala
(2 manobras)
Vs. Pequim
Vs. Barcelona
Santos
$ 44.799,00
152%
1080%
Ilha Bela
$ 37.675,00
112%
892%
Rio de Janeiro
$ 23.602,00
33%
521%
Pequim, China
$ 17.785,16
Nova Iorque, Eua
$ 14.438,02
Miami, Eua
$ 11.063,19
Fort Lauderdale, Eua
$ 10.450,00
Sydney, Austrália
$ 9.822,34
Rotterdam, Holanda
$ 9.149,45
Montevidéu, Uruguai
$ 8.801,00
Lisboa, Portugal
$ 7.669,55
Nápoles, Itália
$ 7.588,52
Valparaíso, Chile
$ 7.518,11
Atenas, Grécia
$ 5.736,72
Veneza, Itália
$ 4.688,76
Copenhagen, Dinamarca
$ 4.497,99
Roma, Itália
$ 4.377,53
Southampton, Inglaterra
$ 4.207,07
Barcelona,Espanha
$ 3.797,67
Média no Mundo
$ 8.224,44
problemas de custo de operação,
entraves burocráticos e taxações. O
reajuste de tarifas no último minuto para a retirada de cargueiros em
locais de atracação, previamente
agendados para os navios de cruzeiros, é comum. As principais cidades
emissoras, como Buenos Aires, Rio
e Salvador, ainda adaptam o atendimento aos navios de cruzeiro
em estrutura de movimentação de
cargas. Ainda não surgiram portos com finalidade exclusivamente
turística. É fundamental um esforço conjunto entre as companhias
marítimas e os governos. Somente
uma política integrada de fomento
aos cruzeiros e uma legislação específica podem trazer resultados
concretos em curto prazo — avalia.
Para atender o grande número
de turistas que deve visitar o Rio
até as Olimpíadas de 2016, a cidade criou o projeto urbano Porto
Maravilha, com apoio dos governos estadual e federal. O objetivo
é recuperar a região portuária, que
há anos não recebia incentivos de
melhorias. A estratégia do Pier
Mauá e de todas as entidades envolvidas nas obras será solicitar às
autoridades municipais apoio especial nas operações de embarque
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Fonte:CLIA Abremar
— O passageiro brasileiro está mais exigente. Observamos um
novo perfil de consumidor a bordo
dos navios da Costa. Ele busca uma
experiência de qualidade totalmente diferenciada a bordo. Por isso,
apostamos em serviços, inovações
e modernidade, sem esquecer a
tradição italiana de navegar. Esse
novo hóspede também está disposto a ficar mais tempo a bordo, então
optamos por ampliar o número de
roteiros mais longos na temporada
2013/2014. A Costa Cruzeiros terá uma oferta maior de cruzeiros
de longa duração e que variam de
seis e nove noites, visitando, além
do Brasil, destinos como Argentina
e Uruguai.
O Costa Fascinosa realizará,
alternadamente, cruzeiros de seis
e oito noites pela Bahia, por Buenos Aires e Punta Del Este, saindo
do porto de Santos. Por sua vez, o
Costa Favolosa fará viagens de oito
a nove noites pela região do Prata,
partindo exclusivamente do Rio de
Janeiro. A também italiana MSC
contará com o mesmo número de
navios do ano passado, quatro: MSC
Orchestra, MSC Magnifica, MSC
Poesia e MSC Preziosa. O destaque
fica por conta da MSC Preziosa, o
mais novo da frota, batizado em
março deste ano em Gênova. É a
primeira vez que a companhia traz
um navio recém-batizado ao país.
Com capacidade para 4.345 hóspedes e 1.751 cabines, o MSC Preziosa
partirá sempre de Santos rumo ao
nordeste, e com mini cruzeiros pelo
sudeste. Já a Royal Caribbean trará mais uma vez o seu Splendour
of the Seas. A espanhola Ibero Cruzeiros irá trazer dois navios, Grand
Mistral e Grand Celebration, e a
Pullmantur vai trazer os tradicionais Zenith, Sovereign e Empress. O projeto do Porto
Maravilha visa
modernizar a região
portuária carioca e
recuperar as áreas
ao redor
e desembarque de passageiros, para facilitar o fluxo dos turistas.
Em Búzios (RJ), além da redução
do número de navios, haverá apenas
dois pontos de fundeio, ao invés de
quatro. A solicitação de alterar de
quatro para dois pontos de fundeio
foi efetuada pela gestão anterior
do município e a Marinha somente acatou o pedido. A assessoria da
Porto Veleiro Búzios afirmou que
um estudo foi realizado por uma
empresa credenciada e autorizada
pela Marinha, onde se confirma que
não existe fundo de corais.
Em novembro de 2012, Santos (SP) começou oficialmente a se
preparar para a Copa do Mundo. A
ampliação do cais de Outerinhos,
que é público, permitirá a atracação
de até cinco navios, simultaneamente, nas proximidades do Terminal
Marítimo Giusfredo Sansini - Concais. As mudanças ocorrerão entre
o cais 23 e 29 do porto de Santos.
A obra é financiada pelo Programa
de Aceleração do Crescimento voltado à Copa do Mundo (PAC Copa),
do governo federal. O cais passará
de 630 metros de extensão para
1320 metros. A obra também vai
aumentar a área disponível para
desembarque e embarque de passageiros, na chamada retroárea.
Os benefícios da obra poderão ser
sentidos fora da temporada de cruzeiros marítimos, quando navios de
carga poderão atracar no local, aumentando a produtividade.
Turismo
A estação da arte
Com a chegada do outono europeu, principal meta são as cidades
com rico patrimônio artístico, como Florença, Roma e Veneza,
que continua sendo um dos destinos mais caros do mundo
Stefano Buda
P
assado o verão e arquivadas as férias à beira-mar,
começa a estação das
viagens às capitais europeias da arte. Se o turista escolhe
adentrar na descoberta de cidades
menores e menos conhecidas, mas
nem por isso menos fascinantes,
visitar o Belpaese se torna realmente conveniente. É o que surge dos
resultados mensais do Trivago, um
dos principais motores de busca de
hotéis. A ferramenta monitora, em
escala mundial, os preços médios
dos hotéis, servindo-se de um índice específico denominado tHPI
(Trivago Hotel Price Index).
Neste primeiro vislumbre do outono, Veneza se confirma como uma
das metas mais desejadas e mais caras do globo: para passar uma noite
na laguna, se gasta em média 252
euros. E os preços estão em queda, considerando que em setembro
o tHPI de Veneza se atestava em
torno dos 280 euros por noite. Por
outro lado, uma caminhada entre
as maravilhas da Praça San Marco,
ou um passeio de gôndola entre os
milhares canais da cidade, representam o sonho romântico de casais
em qualquer latitude do planeta.
Os números mostram claramente
que nenhuma outra cidade europeia
tem um custo parecido: passar uma
noite num hotel é custoso também
em Genebra, Londres e Paris, onde,
contudo, não supera 231, 208 e 198
euros por noite.
Em uma escala europeia, o país menos abordado é a Suíça, onde
uma noite em um hotel custa em
média 185 euros. Carteiras recheadas também são necessárias para
permanecer na Noruega (160 euros
por noite), na Suécia (150 euros por
noite) e na França (144 euros por
noite). A Itália, em um todo, não
está entre as metas mais caras e o
preço médio de um hotel gira em
torno dos 131 euros, como na Holanda e em Luxemburgo, menos que
na Dinamarca (137 euros) e na Grã
Bretanha (134 euros), porém mais
que na Áustria (123 euros), na Irlanda (101 euros) e na Espanha (96
euros). Os alojamentos menos custosos se encontram na em Portugal
(85 euros), Bulgária (58 euros),
Romênia (64 euros), Polônia (67
euros), Hungria (80 euros), Croácia
(86 euros) e Grécia (88 euros).
Abruzzo e Molise, com
rico patrimônio natural
e cultural, estão entre as
localidades menos custosas
e menos exploradas
Em nível nacional, a cidade italiana
mais cara, logo depois de Veneza, é
Florença, com um tHPI de 164 euros
por noite, mas em queda de 6% em
relação a setembro passado. A seguir,
aparece Roma, onde uma noite custa,
em média, 162 euros por noite. Os
preços são mais contidos em Milão
(152 euros) e em Turim (106 euros).
Paisagens de Veneza,
Molise e Abruzzo
(abaixo): ideais para
serem apreciadas
sob as temperaturas
do outono
Uma viagem nos meses de outono pode ser a ocasião certa para
descobrir os grandes centros do sul
da península italiana, ricos em arte,
história e cultura, e caracterizados
por uma grande tradição enogastronômica. Uma noite em Bari, cidade
de San Nicola e porta da costa para
o oriente, custa 99 euros, enquanto
uma estadia em Nápoles, entre os tesouros de San GregorioArmeno, do
MaschioAngioino e do Capodimonte,
custa 95 euros. Preços razoáveis também nas ilhas: dormir em Palermo,
na Sicília, ou em Cagliari, na Sardenha, requer uma despesa de 91 euros.
Existem áreas do país menos notadas, mas capazes de satisfazer as
exigências dos turistas, graças à ampla variedade paisagística, histórica
e cultural que caracterizam a bota.
Em Abruzzo e em Molise, por exemplo, o custo médio de uma noite é o
mais baixo da Itália: 81 euros. Nestas duas regiões é possível escolher
entre localidades costeiras, antigas
vilas, parques nacionais e zonas
montanhosas que não devem nada
às zonas mais renomadas. A Úmbria,
com um tHPI de 90 euros por noite,
e Marche, com um índice de preços
de 96 euros por noite, também são
territórios ricos em arte e cenários
naturais. Para não falar da Basilicata, onde o custo médio de uma noite
é de 98 euros. Ali, o turista pode
conhecer Matera, a extraordinária
cidade das “pedras”, patrimônio da
humanidade pela Unesco.
comunit àit aliana | novem br o 2013
41
Turismo
O Belpaese a pé
Dia Nacional da Caminhada celebra os melhores itinerários em mais de
cem cidades italianas e revela fabulosas surpresas a turistas e moradores,
entre vilas pouco conhecidas, reservas naturais e ruínas arqueológicas
Aline Buaes
T
Especial para Comunità
ênis confortáveis, muita disposição e curiosidade. Conhecer as cidades italianas a pé
sempre foi a melhor maneira de se fazer
turismo na bota. Com o crescimento urbano desordenado, este hábito quotidiano acabou sendo
deixado de lado por muitos italianos. Com o objetivo
de promover o ato de caminhar como “uma profunda e positiva transformação social”, foi criado o Dia
Nacional da Caminhada na Itália, que este ano chegou à segunda edição e envolveu mais de cem cidades
italianas em mais de 200 itinerários de caminhadas,
realizadas simultaneamente de norte a sul do país no
dia 13 de outubro.
— Nas nossas metrópoles, cada vez mais pessoas
querem se locomover com os meios públicos e a pé,
mas frequentemente não encontram cidades organizadas para favorecer aquela que é a única e verdadeira
mobilidade sustentável — afirmou à Comunità Paolo Piacentini, presidente da Federação Italiana de
Trekking (Federtrek) e um dos idealizadores do evento,
ao defender que “os percursos urbanos para pedestres
representam eixos fundamentais de um novo, mais racional e sustentável conceito de mobilidade urbana”.
42
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Milhares de pessoas participaram
em toda a Itália de excursões guiadas
por caminhos urbanos e rurais. Só
em Roma, onde dez diferentes itinerários foram realizados, o evento
reuniu mais de três mil pessoas.
— Os itinerários que atraíram
mais pessoas foram aqueles com
valor cultural e ambiental — explica Piacentini. Ele destaca o público
heterogêneo que participou das
caminhadas, de crianças a idosos,
inclusive pessoas com deficiências, que tiveram uma participação
especial na pequena Gioia Tauro,
cidade no litoral da Calábria onde
a organização SudTrek realiza um
ativo trabalho de inclusão social
através de excursões de trekking.
Da Sicília ao Vale d’Aosta,
os percursos revelam
uma rica história
As centenas de itinerários realizados
no dia do evento em toda a península incluíram iniciativas nas grandes
cidades, como Roma, Milão, Nápoles, Florença e Palermo, e também
nas pequenas localidades rurais.
Os caminhos eram percorridos em
meio a centros urbanos, arquiteturas históricas, parques naturais,
parreiras, oliveiras e montanhas.
Trajetos inusitados, como o que
ocorreu em Florença, organizado
pela associação Firenze Migranda,
que propôs uma caminhada orientada por imigrantes estrangeiros,
mostraram “a sua visão” da cidade.
Em Palermo, o trajeto Palermo Go!
atravessou a cidade histórica, do Palazzo Reale ao Porto, passando pela
antiga estrada sarracena Simat al
Balat, com explicações históricas sobre as igrejas, praças, fontes e ruas
que narram a história dos povos e
reinos que por ali passaram ao longo dos séculos. Em Milão, as áreas
arqueológicas da Milano Romana
foram priorizadas em quatro percursos que mostraram atrações como as
antigas residências de imperadores
e bispos, desconhecidas até mesmo de boa parte dos milaneses. O
objetivo era uma espécie de gemmelaggio com os percursos de Roma.
Em Nápoles, um dos itinerários propostos, o Collina Gentile levou os
caminhantes ao topo da Colina de
Capodimonte através de pequenas
ruelas e escadarias.
Entre os caminhos rurais,
um deles ocorreu na província de
Palermo, onde uma associação ambiental organizou um percurso para
marcar a inauguração de uma nova
trilha ecológica dentro da Reserva
Natural de Capo Rama, na cidade
de Terrasini, localizada à beira do
mar Tirreno. O itinerário de quatro
quilômetros atraiu dezenas de pessoas. Já na luxuosa ilha de Capri, a
organização ambientalista Legambiente aproveitou o evento para
mostrar um lado desconhecido do
paraíso natural tão procurado por
turistas do mundo inteiro. No percurso intitulado Terra de Anacapri,
os guias ambientalistas levaram os
caminhantes por ruas históricas e
produções agrícolas, atravessando
vinhedos e plantações. Já nas montanhas do extremo norte italiano,
onde o francês também é língua
oficial, o evento levou os excursionistas pelas trilhas do Valle d’Aosta
entre vinhedos, castelos e burgos
medievais. O percurso de quatro
horas iniciou no centro da cidade de
Chambave e passou pelas cidades
vizinhas de Saint-Denis, onde se
encontra o famoso Castello de Cly,
Marseiller, Verrayes e Champagne.
Até chegar ao Fórum
Imperial, reservas naturais,
margens de rios e vilas
pouco conhecidas
Na Cidade Eterna, os diversos
itinerários realizados simultaneamente por diferentes associações
e entidades mostraram uma Roma
pouco conhecida de turistas e até
mesmo dos moradores. Das periferias ao centro histórico, o Roma
Caminha passou por vilas, rios,
bairros e até pelo litoral romano
em dez percursos oficiais, com todos os caminhos levando ao Fórum
Imperial, no centro histórico, onde uma grande festa no fim do dia
marcou o encerramento do evento.
O itinerário “Percursos Garibaldinos” também merece destaque:
mostrou vilas históricas romanas, como a Villa Doria Pamphili,
através de um itinerário histórico-naturalístico que teve como ponto
alto um dos “terraços” mais impressionantes de Roma: o Parque
do Gianicolo. A descida ao centro
histórico foi feita através da Scalinata (escadaria) di Porta San
Pancrazio, que levou os caminhantes ao bairro de Trastevere e de lá
ao Fórum Imperial.
Já a caminhada “Roma através
das sete colinas históricas” durou
quatro horas e mostrou aos participantes a história romana através
de ruínas, igrejas, praças e prédios
históricos que hoje caracterizam
as antigas colinas sobre as quais a
cidade de Rômulo e Remo teria sido fundada.
“Sete villas, sete belas e pouco
conhecidas visões de Roma” foi o
título de outro itinerário de destaque, que levou os participantes
às vilas históricas da cidade com
suas impressionantes vistas panorâmicas. Do terraço Il Pincio, com
vista panorâmica do centro histórico, e da Piazza del Popolo, o grupo
passou pela Villa Borghese e Villa
Giulia, com seus museus de Belas
Artes e Arte Moderna, pela pouco
conhecida Villa Balestra, Villa Glori
e Villa Ada, incluindo uma subida
ao Monte Antenne e uma travessia
do Parque Acqua Acetosa, totalizando 17 quilômetros de percurso.
Dois itinerários ainda tiveram
como foco as margens dos rios romanos. Um dos percursos passou
pelas margens do Tevere, começando na Basílica de São Paulo,
adentrando as ruelas do bairro de
Trastevere, o Jardim Botânico e,
por fim, atravessando a famosa
Ponte Sisto para seguir rumo ao
Fórum Imperial. O outro percurso
atravessou as margens do menos
famoso Rio Aniene, através do bairro Monte Sacro e das trilhas dos
parques Delle Valli, Villa Ada e Villa
Borghese, para depois descer pela
Via Veneto até a região da festa de
encerramento. Nem mesmo o litoral romano ficou de fora do grande
evento. O percurso de 15 quilômetros que percorreu a reserva natural
de Ostia, a mais famosa praia romana, chegou de trem à estação Roma
Ostiense, para, de lá, chegar à grande festa no Fórum Imperial.
O mais badalado dos itinerários
romanos contou com a presença da
presidente da Câmara italiana dos
Deputados, Laura Boldrini: trata-se
da Appia Antica, que, dividido em
três grupos, percorreu o caminho
repleto de história, arqueologia e
natureza formado pela ampla área
arqueológica Parque Appia Antica, ao sul de Roma. O trajeto mais
longo, de 17 quilômetros, começou
nos Castelos Romanos, na cidade
Entre as atrações ao
longo dos itinerários a
pé: a trilha da Reserva
Natural de Capo Rama,
na Sicília; a pequena
cidade de Gioia Tauro,
na Calábria, onde a
SudTrek realiza um
trabalho de inclusão
social; a caminhada em
Florença orientada por
imigrantes; e o histórico
caminho romano da
Appia Antica, que
contou com a presença
da presidente da
Câmara dos Deputados,
Laura Boldrini
de Frattocchie, e percorreu a Via
Appia desde o início, passando pelo Parque dos Acquedutos, Villa dei
Quintili, Valle della Caffarella, Porta
San Sebastiano e Termas de Caracalla, até chegar ao Fórum Imperial.
Em 2014, o evento ocorrerá
em âmbito europeu e vai reunir
entidades e associações de todo o
continente. As associações ítalo-brasileiras poderiam participar
da próxima edição do evento, diz o
presidente da Federtrek.
— Gostamos de sonhar, sem
parar nunca, passo por passo —
concluiu Piacentini.
comunit àit aliana | novem br o 2013
43
Arquitetura
Milão
arranha o céu
Projeto revitaliza o complexo de Porta Nuova, que recebe o
novo quartel-general da UniCredit, principal investidor do
empreendimento, que estará pronto antes da Expo 2015
Guilherme Aquino
O
De Milão
crescimento urbano de
Milão acontece em plena crise imobiliária. O
fenômeno não chega a
ser um milagre mas, sim, fruto de
uma estratégia com as fundações
bem presas no aporte financeiro e
na qualidade do complexo. A começar pela localização: o cruzamento
de uma estação ferroviária, a Porta
Garibaldi, com linhas internacionais. Paris está somente a cinco
horas de distância com o TGV que
chega na porta de casa de um sistema intermodal urbano — como
quatro linhas de metrô e tantas outras de bonde e ônibus — além de
estar plantada numa passarela obrigatória para quem vive e respira a
moda e o design, em corso Como e
na via Moscova. O complexo residencial e comercial de Porta Nuova,
distante apenas um quilômetro do
Duomo, revitalizou uma zona milanesa abandonada a si própria, que
começava iluminada mas terminava
na maior escuridão, como trilhos
que acabavam em um terreno baldio. Em meio a mil e uma polêmicas,
a prefeitura autorizou a realização
de arranha-céus, e tudo deverá estar pronto até a primavera de 2014.
O skyline de Milão foi redesenhado com o condomínio Bosco Vertical
do arquiteto Stefano Boeri, e com a
torre UniCredit, eleita uma das dez
mais belas do planeta pelo Emporis
Skycraper award 2012, segundo a
rede de televisão CNN. Ambos são
apenas a ponta do iceberg de um
44
conjunto de três quarteirões — Garibaldi, Varesione e Isola, numa área
total com cerca de 300 mil metros
quadrados, dos quais 90 mil dedicados à criação de um parque verde
denominado “os jardins de Porta
Nuova”. A visão dos sócios do fundo Hines, principais empreiteiros
da obra, se confirma: o projeto, nascido em 2005, antes da crise, é hoje
o maior da Europa, e responde por
10% do total de obras na Lombardia.
Hoje, a média por metro quadrado das residências de luxo colocadas
à venda gira em torno dos 9 mil euros — 50% acima dos apartamentos
normais das áreas vizinhas. Dos 380
apartamentos divididos ao longo de
15 edifícios, 60% já foram vendidos.
Quase todos os compradores são residentes milaneses do centro, além
de dois brasileiros que fazem parte
dos 30% da clientela internacional.
Desde fevereiro, a torre do banco
UniCredit, uma das duas maiores
instituições financeiras do país,
vem sendo ocupada pelos quatro
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
mil funcionários do grupo, de mudança para o novo quartel-general
do colosso, o principal financiador
do projeto, orçado em cerca de 2 bilhões de euros. Essa massa de gente
já encontra a praça Gae Aulenti servindo de cenário para fotografias
de moda e “takes” de produções
estrangeiras, entre indianas e chinesas, e trilhas urbanas novas que
conectam os quarteirões históricos
de Brera, Isola e Reppublica, além
da inauguração da filial de supermercados Esselunga no subsolo da
torre e lojas de grifes. Tudo nasce dentro de uma zona
urbana condenada ao abandono nos
últimos 30 anos, fruto da suspensão
de estações e galpões ferroviários.
Durante a escavação do terreno, os
operários não se depararam com
ruínas romanas, e sim com trilhos
de ramais soterrados pelo tempo.
Desde 2005, a área estava imersa
em uma nuvem de poeira. A Casa
da Memória e a Biblioteca das Árvores, o Centro Cultural de Unicredit
e um pequeno centro comercial irão
surgir antes da Expo 2015. O fundo
soberano do Quatar comprou 40%
do projeto este ano, operação que
foi o maior “ shopping” imobiliário
dos árabes por estas bandas.
O crescimento vertical de Milão
ocupa um terreno já explorado anteriormente e não acrescenta cimento
à superfície. É verdade que os novos
prédios projetam uma grande sombra sobre aqueles mais baixos. Por
isso, urbanistas internacionais que
defendem a verticalização das cidades estão propondo que os prédios
mais baixos tenham um desconto
nos impostos. Em tempos de vacas
magras, porém, é difícil imaginar
uma compensação que interfira no
já escasso orçamento público. Com
certeza, o tema vai ser alvo de uma
discussão futura. Surge no horizonte a pergunta: “em termos de
qualidade de vida, quanto custam as
minhas horas de sol a menos”?
Arquitetura
Para as
cidades e
seu povo
Mario Cucinella participa da Bienal de
Arquitetura de São Paulo e defende
projetos sustentáveis que priorizem a
funcionalidade para o povo e a cultura
locais, e não apenas o custo
Janaína Pereira
C
processo de degradação. A área foi
transformada em nível estrutural e
também cultural, repensando a relação dos moradores com o município.
— O caráter sustentável está muito mais ligado à forma de usar
materiais simples do que a processos tecnológicos. É preciso ter
atenção ao meio ambiente, à cultura
de cada povo — defende Cucinella
em entrevista à Comunità.
Ele trabalhou como responsável de projeto com Renzo Piano em
Gênova, cidade onde se formou, e
em Paris. Desde 2004, é professor
honorário da britânica Nottingham
University. Em 2012, fundou a Building Green Futures, instituição sem
fins lucrativos que tem por objetivo
consolidar tecnologia e cultura ambiental. Este ano, passou a lecionar
na Technische Universitat de Mônaco
como professor especial de tecnologia emergente. Atualmente, é diretor
da comissão científica internacional
da Plea (passive and low energy architecture), organização empenhada
em promover arquitetura sustentável
e projeto urbano no mundo. Ensinar
aos jovens arquitetos de hoje a importância de projetos sustentáveis,
para ele, é fundamental.
— A arquitetura sustentável é
feita em todo o mundo. Existe muito
este tipo de arquitetura na Europa.
Na Itália, um pouco menos, por
causa da crise. Os Estados Unidos
pensam muito na questão da energia. Temos que dar mais atenção às
áreas públicas, e assim conseguiremos melhorar a vida nos edifícios,
na vida privada. O modelo atual de
arquitetura valoriza o contrário.
Italiano vai abrir
escritório em São Paulo,
onde “o caos é evidente”
Sediado em Bolonha, o escritório
do arquiteto siciliano, Mario Cucinella Architects (MCA), desenvolve
projetos na China, África e Oriente
Médio, e terá uma sede em São Paulo, que deve começar a funcionar em
2014. Sobre a arquitetura no Brasil,
Cucinella ressalta o caos, evidente
no tráfego das grandes cidades.
— Conheço um pouco da arquitetura brasileira, como a construção
de Brasília, o trabalho de Oscar
Niemeyer. Em São Paulo, gostei do
Mube, do prédio da faculdade de
arquitetura na USP, mas faltam espaços públicos e áreas verdes. E isso
é fundamental para o bem-estar da
população. A cidade não teve um
crescimento planejado, isso fica
evidente em seu trânsito, em sua
forma, que é um caos — avalia.
Sobre o fato da arquitetura
sustentável ainda ser considerada
cara, ele acredita que o mais importante é pensar no custo-benefício.
— Não é que seja caro, vai
compensar depois de pronto. Um
projeto para uma cidade grande,
por exemplo, é difícil, mas é preciso
pensar em obras sustentáveis para
essas cidades. Porque, sem elas, surgem as favelas. Então acho errado
pensar só pelo custo, tem que pensar também o quanto vai trazer de
benefício — pondera.
Cucinella aponta também que
a ideia do projeto pode ser global,
mas tem que pensar localmente, e
que “é preciso ter empatia com o
projeto, pensar em uma modernidade que funciona”:
— O projeto tem que funcionar
para aquele lugar, aquela cidade,
aquele povo especificamente. Porque a arquitetura é para o homem,
não para o arquiteto — conclui.
Mario Cucinella já recebeu vários
prêmios, como o Arquitetura Ance (Catania, 2012) e o Mipim Green
Building Award (Cannes, 2011). Entre os seus projetos, estão o Centre
for Sustainable Energy Technoligies
em Nigbo, na China; a sede da prefeitura de Bolonha; e a estação Villejuif
- Leo Lagrange do metrô de Paris.
De São Paulo
om 20 anos de carreira, o arquiteto italiano Mario Cucinella é reconhecido pela sua
arquitetura contemporânea voltada à sustentabilidade e urbanização. Convidado a
participar como representante da Itália da 10ª edição da
Bienal de Arquitetura de São Paulo — evento mais importante do setor na América do Sul, que acontece até 30
de novembro — Cucinella expõe ao público brasileiro o
projeto de reurbanização do bairro San Berillo, em Catânia, na Sicília. A Bienal tem como tema este ano Cidade:
Modos de Fazer, Modos de Usar — através do qual discute
o espaço público contemporâneo e a mobilidade urbana.
Exposto na seção Espaço Público, o projeto do arquiteto nascido em Palermo aborda a revitalização de uma
grande área urbana que esteve por mais de 50 anos em
Projetos de Cucinella realizados em
Milão e Recanati
comunit àit aliana | novem br o 2013
45
Música
e percussão (Festival Internacional de Música Contemporânea de
1979); Und: Das ist Fest em vollem
Gang para violoncelo e orquestra
(Festival Internacional de Música Contemporânea de 1995);
e Fachwerk para Bayan, com corda
orquestra e percussão, apresentado
no último Festival, em 2012. — É uma honra e um privilégio
viver este momento em Veneza.
Só tenho que dizer uma palavra:
obrigada — disse Sofia ao receber
o Leão de Ouro.
Leão para ela
Pela primeira vez, uma mulher ganha a premiação
máxima na Bienal de Música de Veneza
Janaína Pereira
V
De Veneza
eteranos e nomes das
novas gerações mostraram a vitalidade
musical da atualidade
durante a 57ª edição do Festival
Internacional de Música Contemporânea, também conhecido como
Bienal de Música de Veneza. O tema
deste ano foi Altra voce, altro spazio
(Outra voz, outro espaço), sob a direção do compositor Ivan Fedele.
A compositora russa Sofia Gubaidulina recebeu o Leão de Ouro
pela sua carreira: ela tornou-se a
primeira mulher a ganhar a honra
máxima do evento. O prêmio para a artista foi recomendado pelo
diretor Fedele e aprovado pelo Conselho de Administração da Bienal,
presidido por Paolo Baratta. Os
últimos vencedores foram Goffredo Petrassi (1994), Luciano Berio
(1995), Friedrich Cerha (2006),
Giacomo Manzoni (2007), Helmut
Lachenmann (2008), György Kurtág (2009), Wolfgang Rihm (2010),
Peter Eötvös (2011) e Pierre Boulez (2012). Segundo Fedele, o Leão de Ouro
atribuído a Sofia Gubaidulina reconhece o valor artístico e humano
46
excepcional de uma artista que,
por causa de suas escolhas estéticas não-conformistas, sempre teve
que lutar contra o poder político da
extinta União Soviética, que não
hesitou em definir a sua música como “irresponsável”. — Em 1979, Sofia estava na
lista negra pelo VI Congresso dos
Compositores da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
por causa de sua participação em
um grupo de músicos dissidentes e em festivais condenados
pelo regime. Apesar das enormes
dificuldades, ela continuou se expressando com extrema coerência
e liberdade, e ofereceu ao mundo
da música sua inspiração, permeada por uma espiritualidade que
é, ao mesmo tempo, delicada e incandescente, que lhe trouxe fama
e admiração em todo o mundo —
disse o diretor da Bienal, realizado
entre 4 e 13 de outubro.
Sofia Gubajdulina, de 81 anos,
tem participado do Festival desde
os anos 1970, quando sua carreira
internacional começou. A primeira peça a ser executada foi Rumore
e silenzio para cravo e percussão
(1977, da Bienal de dissidência);
seguido pela estreia italiana de cinco estudos de harpa, contrabaixo
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Leão de Prata fica em casa
A premiação concedida àqueles que
incentivam a música, o Leão de
Prata, ficou com a Fondazione Spinola Banna per l’Arte. Fundada em
2004, em Turim, por Marchesi Orsola e Gianluca Spinola, tem como
objetivo promover as áreas de arte
e de música contemporânea por
meio de seminários, workshops e
outras atividades.
Segundo o presidente da Bienal
de Veneza, Paolo Baratta, um dos
trabalhos da Fondazione Spinola
Banna é particularmente inovador.
— O Progetto Musica, no qual
a Fondazione atua, incentiva a
criação de novas obras musicais,
destaca os talentos de jovens compositores e dá visibilidade para as
melhores experiências no campo
da música contemporânea. É um
trabalho admirável que merece ser
reconhecido — elogia.
Cada concerto do Progetto Musica foi gravado e produzido em
uma coleção de CDs, relançado
ano após ano. A Fondazione Spinola Banna per l’Arte também está
aberta a músicos para residências
curtas, o que torna o Concert Hall
disponível para gravação de CDs e
contribui para a publicação de livros de interesse dos admiradores
da música.
— Apoiamos a disseminação
da nova música e colaboramos com
os novos artistas, e é para eles que
dedicamos este prêmio — disse
Gianluca Spinola.
O Festival foi criado em 1930 e
foi o primeiro a funcionar ao lado
da Exposição de Arte Internacional, que caracterizou o nascimento
da Bienal em 1895. Desde então,
revela novas composições e promove estreias europeias e mundiais, e
grandes orquestras e solistas, confirmando a vocação para ser um
descobridor de novas tendências. A
cada edição, tem evidenciado que
seu objetivo é mostrar o panorama
da música atual.
Exposição
Tesouros da
fé napolitana
As ricas peças e joias reunidas em homenagem ao
padroeiro de Nápoles ao longo de 17 séculos chegam
à capital italiana para uma exposição inédita
Gina Marques
T
De Roma
rata-se de uma riqueza de valor inestimável:
entre objetos em ouro,
prata e pedras preciosas, acrescenta-se uma cultura de
séculos de amor e devoção dos napolitanos pelo seu santo padroeiro:
o lendário tesouro de San Gennaro. Pela primeira vez, parte das
relíquias sai de Nápoles para ser
exposta na capital italiana, graças à
Fundação Roma Museu. A mostra
está aberta ao público no Palazzo
Sciarra até 16 de fevereiro e conta
sete séculos de história. Trata-se de
uma viagem através das doações de
papas, imperadores, reis e pessoas
comuns, para reconstruir uma das
heranças mais importantes da arte
de joalheiros do mundo.
— Segundo os especialistas, o tesouro de San Gennaro vale mais que
o da rainha da Inglaterra e do Czar da
Rússia. Mas estou cansado de ouvir
este comparação. O valor do tesouro
é Nápoles e os napolitanos, embora
eu seja siciliano — disse na abertura
da mostra o professor Emmanuele
Francesco Maria Emanuele, presidente da Fundação Roma.
Em Nápoles, o conjunto reúne
21.610 peças, mas as 70 que chegaram a Roma foram transportadas
em carros fortes, escoltados pela
polícia. Não é para menos: entre elas, está a Mitra, com
suas 3.964 pedras preciosas, feita pelo mestre
Matteo Treglia em 1713.
O majestoso São Miguel
Arcanjo desembainha a
sua espada em uma escultura barroca em prata e bronze
dourado. Mostra-se o ato do
documento de 13 de janeiro de
1527, pelo qual toda a cidade se
compromete a construir uma
nova capela para o padroeiro, que a salvou da peste,
da guerra e do Vesúvio.
San Gennaro e a história
de Nápoles, entre carestias,
milagres, paixão e esperança
A história da devoção do povo napolitano a San Gennaro e do seu
tesouro é antiga, e está intrinsecamente ligada à cidade, entre fé e
descrença, paixão e ceticismo, nas
aventuras e desventuras, alegrias
e carestias, na solidez e nos tremores do Vesúvio, ao longo de 17
séculos. Ele nasceu no fim do III
século d.c. em Benevento, distante de Nápoles 80 km a nordeste, da
qual foi bispo. Os cristãos sofriam
cruéis perseguições do imperador
Diocleciano e Gennaro, junto com
discípulos, foi condenado a morrer na arena de Pozzuoli, trucidado
pelos leões. As feras, porém, teriam recuado e se inclinado junto
aos sete condenados por milagre.
Mesmo assim, ele foi condenado
à decapitação. O seu sangue e outras relíquias foram recolhidos e
guardados em duas ampolas. Mil
anos depois, o rei Carlos II d’Angiò
mandou fazer um busto relicário
em prata dourada, dando início ao
“Tesouro de San Gennaro”. Seu sucessor, Roberto d’Angiò, mandou
fazer a caixa de vidro com moldura de prata que guarda as
ampolas. Em 17 de agosto
de 1389, durante uma
procissão para pedir o
fim de uma grave carestia, ocorreu a primeira
liquefação. Até hoje,
três vezes por ano,
em uma cerimônia celebrada pelo arcebispo
de Nápoles, os fiéis esperam ver o milagre. A
liquefação significa que
Nápoles terá sorte; caso contrário pode ser um
sinal de eventos negativos
para a população. Após uma
terrível epidemia entre 1526
e 1529, os napolitanos fizeram um voto a San Gennaro
para construir uma nova
capela dentro do Duomo.
Em 1646, a Real Capela
do Tesouro, realizada em
magnífico estilo barroco,
foi consagrada e até hoje
guarda as preciosidades
do santo.
Entre os tesouros: coppia
di infule della Mitra (1713),
em prata, ouro, diamantes,
esmeraldas e rubis; Tobiolo
e o anjo (São Rafael), de
1797, em prata; e Santa
Maria Egiziaca (1699), em
prata e cobre dourado
comunit àit aliana | novem br o 2013
47
firenze
GiordanoIapalucci
Il Rinascimento da
Firenze a Parigi.
Andata
e Ritorno
ino al 31 dicembre saranno esposte
F
presso la splendida cornice di Villa Bardini 30 opere provenienti dal Museo Jacquemart-André di Parigi. La villa fiorentina
è in effetti un luogo perfetto in cui ospitare
opere rinascimentali di Botticelli, Mantegna, Paolo Uccello, Donatello e Giambologna. All’interno della mostra sono stati
creati dei percorsi paralleli in cui vengono
analizzati aspetti relativi all’epopea dei
grandi antiquari fiorentini, la nascita del
mito della Firenze rinascimentale e quella
che fu definita a cavallo del XIX e XX secolo la febbre del collezionismo. Orario 8.1518.30 con ingresso a 8 euro. Lunedì chiuso.
Impressionisti
a Palazzo Pitti
F
irenze sta vivendo un momento di intensi rapporti culturali con Parigi e da
questa collaborazione viene presentata al
Salone da Ballo del Quartiere d’Inverno di
Palazzo Pitti l’esposizione nata dal prestito di 12 capolavori del periodo impressionista da parte del Museo d’Orsay. Tra le
opere la famosa tela Répétition d’un ballet
sur la scène del 1874 di Edgar Degas, Les
Tuileries del 1875 di Claude Monet e Sentiero in mezzo al bosco d’estate di Camille
Pissarro. Il percorso artistico intrapreso
con questa stretta collaborazione vuole approfondire nuove strade di ricerca
e mettere in luce punti di contatto tra la
cultura francese e quella toscana al fine
di ricostruire alcuni degli elementi delle
esperienze artistiche di tutto il novecento.
Izis, il poeta
della
fotografia
zis Bidermanas, nato nel 1911 a
I
Marijampole in Lituania, nella Russia zarista, è oggi considerato tra i fotografi umanisti più illustri del mondo e definito il “poeta dell’immagine”.
Il Museo Nazionale Alinari della Fotografia gli dedica una mostra aperta
fino al 6 gennaio prossimo, in cui l’elemento cardine è il sogno. Emigrato
a Parigi nel 1930, Izis, inizia a lavorare in un laboratorio fotografico e la
sua notorietà incomincia a farsi breccia solo dopo l’occupazione tedesca
nel 1941. Si unisce alla Resistenza e
comincia a realizzare bellissimi ritratti di partigiani, fondendo realismo e
poesia, facendo sí che ogni dettaglio
completasse quel mosaico del racconto della realtà umana di quel periodo.
Orario: tutti i giorni dalle 10.00 alle
18.30, mercoledì chiuso. Biglietto: € 9,00.
48
L’avanguardia
Il ricordo
russa
di25Annigoni
e sale di Palazzo Strozzi vi guideranno
anni dalla scomparsa dell’artista
L
alla scoperta dei capolavori russi del
primo ‘900, in una ricchissima esposizione
inedita. Le opere di Kandinsky, Malevič,
Filonov e Gončarova, intrecciando spiritualità e sciamanesimo, filosofia e antropologia, sapranno condurre il visitatore
in una nuova linea di confine artistica tra
deserti sterminati e ghiacci polari. E’ l’arte
russa che attinge dalle innumerevoli sembianze e fattezze della sua natura sconfinata. Saranno più di 130 opere, tra cui
pitture, acquerelli, disegni e 15 sculture.
Aperto tutti i giorni dalle 9.00 alle 20.00
fino al 19 gennaio. Ingresso 10 euro.
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
A
Pietro Annigoni, l’Ente Cassa di Risparmio di Firenze ha voluto rendergli
omaggio con una mostra di grande spessore, con oltre 6000 pezzi tra dipinti,
disegni, incisioni, litografie, e sculture.
L’Ente, dopo aver acquistato l’importante raccolta di opere ha istituito nel 2008
il “Museo Pietro Annigoni” all’interno di
Villa Bardini a Firenze. L’esposizione raccoglie una serie di opere inedite tra cui
i disegni preparatori per i ritratti della
Regina Elisabetta, del Principe Filippo di
Edinburgo e della Regina Margarethe di
Danimarca. Ingresso gratuito.
Presentes para o Natal
ItalianStyle
Confira a nossa seleção de dicas de presentes made
in Italy para alegrar a família ou os amigos neste
Natal. São ideias para decoração, gastronomia e moda,
assinadas pelos grandes ícones do design italiano.
Scudetto Ferrari
Uma nova série de acessórios celebra a paixão pelo “cavallino
rampante”. Anunciada pela loja online da Ferrari neste final de
ano, seus artigos evocam a magia do mito “vermelho” da fábrica
automobilística de Maranello, como a jaqueta de nylon Scudetto
Ferrari, que traz o típico padrão acolchoado usado pelos pilotos
da Fórmula 1, um escudo de prata com o símbolo da marca na
manga esquerda e o logo Scuderia Ferrari nas costas.
Preço: € 250 store.ferrari.com
Roberto Cavalli
Sparkling
Christmas
Entre as sugestões de presentes,
o destaque vai para a coleção de
anéis 2013/2014. Na foto, modelo
com detalhes em strass.
Preço: € 200 store.robertocavalli.com
Fotos: Divulgação
A Versace renovou a parceria
de sucesso com a fábrica de
porcelanas alemã Rosenthal e
lançou mais uma
coleção especial para
enfeitar com muito luxo
as festas natalinas. A coleção
Sparkling Christmas une símbolos tradicionais
do Natal com estampas da joalheria
Versace. As peças em porcelana
apresentam uma estampa barroca
de fundo com pequenas árvores
de natal que se alternam em meio
a enfeites em fio de ouro.
Preço: € 225 (fruteira)
e € 245 (prato com
30 cm de diâmetro).
www.versace.com
Dolce Chef Bialetti
Lançada há poucos meses na Itália, a linha de
acessórios para doces da Bialetti, famosa pelas
suas cafeteiras, transforma
qualquer cozinha de
casa em uma moderna
pasticceria. As formas
em pintura dourada
para bolos, tortas, pudins,
pães e pizzas são feitas em
aço de carbono, resistem a
temperaturas de até 250ºC
e ainda podem ser lavadas na
máquina. As peças contam com
o sistema antiaderente XP3Stars,
exclusivo da Bialetti. Além dos
formatos inusitados, possuem
tampas e alças de plástico
que facilitam o manuseio. Os
novos produtos estão à venda
exclusivamente nas lojas Bialetti
Store. Preço: € Sob consulta
www.bialetti.it
Illy Art Collection
Desde 1992, as xícaras de café da Illy se transformam anualmente em
“pequenas telas brancas de porcelana”, sobre as quais mais de 70 artistas
contemporâneos deixaram sua marca. Este ano, a empresa de Trieste
chamou pela terceira vez o artista plástico chinês Liu Wei. As obras fazem
parte da série The Purple Air e representam a contínua evolução do processo
de urbanização e as mudanças estruturais nas áreas rurais contemporâneas.
Preço: € 99 (conjunto com seis peças) shop.illy.com
comunit àit aliana | novem br o 2013
49
Vinhos
Para
estourar
a rolha
Após os últimos anos marcados por intenso
calor e fortes temporais, os vinicultores do
Trentino à Sardenha comemoram a safra de
2013 com expectativa de aumento da produção
e alta qualidade em quase todas as regiões
Stefano Buda
De Roma
M
ais garrafas de um
vinho de melhor
qualidade. Graças a
condições atmosféricas particularmente favoráveis,
que fazem os banhistas torcerem
o nariz, mas que deixam felizes
os produtores de vinho, o ano
de 2013 pode ser uma safra para
ficar na memória da vinicultura italiana. Na maior parte dos
vinhedos da bota, a estação da
última colheita acaba de ser concluída. Segundo as previsões da
Assoenologi, a mais antiga associação dos técnicos vinicultores
italianos, a produção nacional se
firmará em torno dos 45 milhões
de hectolitros de vinho e mostos,
o que evidencia um aumento de
8% em relação ao ano passado,
quando não foi possível superar
os 41 milhões de hectolitros. Após
as últimas duas safras, marcadas
pelo calor intenso e por violentos
temporais, não será difícil fazer
melhor em relação à qualidade.
Os operadores do setor, por enquanto, preferem não se exceder,
mas muitos dos vinhos que vão
levar o selo 2013 parecem destinados a apresentar perfis de relevo
particular. Mérito de um singular
comportamento climático, favorável às videiras. As frequentes
precipitações invernais, a primavera fresca e chuvosa e, o verão
com diferenças significativas nas
52
temperaturas entre o dia e a noite, têm permitido uma maturação
das uvas através do tempo e muito
promissora, que restituiu ácidos
maiores e mais ricos. O período
da colheita, que nos últimos anos
havia sido inevitavelmente antecipado, retornou quase aos seus
tempos canônicos. O único fator
adverso é representado pelas chuvas de granizo, que nos últimos
meses ocorreram em diversas zonas do país.
Em geral, este ano reservará
ótimos vinhos aos apaixonados.
Em relação a 2012, a concentração
de açúcar será menor, enquanto a
acidez ficará mais acentuada. A maturação, feita por etapas, favoreceu
o acúmulo de substâncias positivas, como aquelas aromáticas, nas
uvas brancas, e os polifenólicos nas
uvas vermelhas. Agora, passa-se a
bola aos produtores, técnicos e
enólogos, que, com a própria visão
e as próprias competências, têm o
dever de completar a obra. Os interessados diretos são sempre muito
cautelosos e prudentes, um pouco
por superstição, um pouco porque
sempre dá tempo de serem negados. Pelos sinais, porém, a Itália do
vinho parece se encaminhar para
uma comemoração. São previstas
ótimas safras, sobretudo para as
vermelhas da Toscana e as brancas
do Alto Ádige, mas também para
o Aglianico, na Basilicata; para o
ConeglianoValdobbiadene, no Vêneto; e para o Montepulciano, em
Abruzzo.
no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Piemonte
A qualidade promete ser ótima tanto para as
uvas brancas quanto para as vermelhas. À
exceção da Nebbiolo, todas as outras, a partir da
Moscatel, Brachetto e Barbera, devem registrar
um incremento da produção de 5%. Muito bem
também a qualidade de Chardonnay e PinotNoir,
a base do espumante.
Lombardia
O aumento da produção regional é estimado
em 5%, mas a safra é caracterizada pela
heterogeneidade de maturação, às vezes alta
devido às diversas exposições dos vinhedos.
Em Franciacorta e Oltrepò, a qualidade das
uvas usadas como base para espumantes é
boa, com alguns ótimos pontos. Outras brancas
e vermelhas também são boas. As numerosas
chuvas de granizo criaram problemas mais
ligados à quantidade. No Valtellina a maturação
das Nebbiolo teve atrasos, mas está estimada
entre o bom e o ótimo.
Trentino
Alto-Adige
A produção deve crescer 15% e a pré-colheita
revela para Chardonnay e PinotGrigio, nas
zonas de vale, teores de açúcares médios em
12º Brix, com acidez acentuada e pH muito
interessante. A boa produção das variedades
brancas ocorre devido a um maior peso dos
cachos, com 30% a mais de ácidos em relação
a 2012. Para as variedades de fruto branco, em
particular Chardonnay e PinotGrigio, se preveem
ótimos níveis. O mesmo vale para as variedades
aromáticas Müller-Thurgau e Gewürztraminer.
Veneto
A produção deve aumentar em geral em 5%.
Para Doc Valpolicella e Bardolino, se estima uma
redução quantitativa de 10%, e para Doc Soave,
Lugana, Custoza, Vicenza e Durello, é esperado
um aumento entre 5 e 15%. A época da maturação
voltou a ocorrer no período tradicional, com 10
dias de atraso em relação a 2012. O teor de açúcar
é ligeiramente inferior às safras precedentes,
mas com um melhor quadro de acidez. Preveemse vinhos de boa qualidade, com bom perfil
aromático e um quadro ácido interessante.
Friuli
Venezia Giulia
É a única região que vai contra a tendência. A
produção se apresenta boa em qualidade, mas
em quantidade se espera uma queda de 5%,
em particular para PinotGrigio, Tocai Friulano,
Chardonnay, Cabernet Frace e Merlot, enquanto
o Prosecco (Glera) deve crescer em 10%. O
clima desfavorável determinou uma escassa
fecundação das flores, com fenômenos de
brotamento. A alta umidade trouxe míldio e oídio
até nos cachos, reduzindo a produção.
Vinhos
A safra 2013 em cada regiao
Emilia-Romanha
Registrou um aumento produtivo de 5%, com índices
de 10% na Romanha. A concentração de açúcar teve
resultados inferiores comparada com a de 2012, enquanto
a acidez total está mais alta. Para todas as variedades,
de Albana a Sangiovese, passando por Trebbiano e
Pignoletto, se estimam consideráveis níveis qualitativos.
O crescimento quantitativo deve girar em
torno dos 5% e a qualidade se anuncia
particularmente interessante, seja para
os brancos, seja para os tintos, com bons
padrões e algumas pontas de excelência em
algumas zonas. A safra poderia se revelar
muito entusiasmante para alguns dos
principais embaixadores do vinho italiano
no mundo: Brunello di Montalcino, Chianti,
Carmignano, Nobile di Montepulciano e
Morellino di Scansano. Bons também os de
San Gimignano por causa das uvas de baga
branca de Vernaccia.
Lacio e Umbria
A quantidades deve aumentar em 5%, apesar da chuva
de granizo, que este ano atingiu duramente as zonas
do Orvietano, do Montefalco e dos Castelli Romani. A
mudança térmica elevada enriqueceu os fenóis e os aromas
e conservou um discreto frescor e a acidez. Especialmente
boas são as brancas precoces, como Chardonnay e Pinot.
Abruzzo
Marche
A região foi muito beneficiada pelas condições climáticas tanto em
quantidade quanto em qualidade. A produção deve experimentar
uma autêntica explosão: mais 20% em relação a 2012. Espera-se uma
safra muito interessante, com vários ótimos aspectos, em particular
para os vinhos tintos, mas também para os brancos, a exemplo de
Trebbiano e Pecrino, que estão em um evidente crescimento.
Puglia
Em 2013, a produção aumentará em
15%, graças ao clima favorável, sem
os picos de calor de 2012. Uma boa
mudança térmica entre o dia e a noite,
além do hábito de colher as uvas à noite
ou nas primeiras horas do dia, permitiu
obter uvas de um ótimo conjunto
aromático e boa acidez. A colheita,
iniciada com o corte das uvas de base
para os espumantes, e continuada
com Chardonnay, Pinot e Sauvignon,
evidenciou ótimos resultados. Existe
uma grande espera por Primitivo,
Negroamaro, Bombino e Nero di Troia.
Sardenha
Toscana
Sinaliza um incremento de 5% de produção. Esperamse vinhos de ótima qualidade para os brancos, come
Verdicchio, Passerina, Pecorino e Trebbiano; e para
os tintos, a partir de Montepulciano e Sangiovese.
Nos brancos, se assinala uma interessante dotação
de ácidos orgânicos. Já os tintos serão ricos em cor,
com taninos maduros e bem equilibrados.
Campania
A produção registra um incremento
considerável: perto dos 15%. A colheita
teve início com as uvas de Asprinio
e de Fiano del Cilento, e prosseguiu
com Beneventano e Falanghina; no
Avellinese, com o Fiano di Avellino e o
Greco di Tufo. A última variedade a ser
colhida foi a Aglianico, pela produção
da Docg Taurasi. É previsto um padrão
de qualidade entre bom e ótimo, com
elevados níveis de acidez.
Deve apresentar um incremento produtivo geral de
10%, ainda que o clima tenha dividido a região em
duas. Do outono de 2012 até a primavera, chuvas
superiores à média atingiram a faixa ocidental.
No oeste, foram registradas temperaturas muito
acima da média, criando problemas sobretudo para
algumas variedades de Moscatel. Por outro lado, a
abundância das reservas hídricas deu lugar a uma
ótima colheita na maior parte da ilha, com cachos
maiores. O ano deve proporcionar uma ótima
safra, principalmente para Cannonau, Vermentino,
Carignano, Monica, Nuragus, Nasco e Malvasia.
Sicilia
Na maior parte da ilha se
registra um aumento de 10%
graças ao bom clima, com
chuvas abundantes no inverno
e temperaturas adequadas na
primavera e no verão. A colheita
foi iniciada com as brancas
PinotGrigio, Sauvignon blanc,
Chardonnay. Espera-se qualidade
de Merlot, Syrah, Nero d’Avola,
Frappato e Cabernet Sauvignon,
mas também de variedades
autóctones de baga branca, como
Catarratto, Insolia e Grillo.
comunit àit aliana | novem br o 2013
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Gastronomia
Sabores da
Lombardia à Sicília
Semana da Cozinha Regional Italiana levou a São
Paulo a diversidade gastronômica do país, com pratos
típicos de cada uma das 20 regiões da península
Vanessa Pilz
Ingimage.com
ssim como no Brasil
a gastronomia se estende do churrasco
gaúcho ao pato no tucupi paraense, na Itália há uma grande
variedade de pratos de acordo com
as regiões do país. Do risoto milanês com seu colorido do açafrão,
aos suculentos arancini sicilianos, o
Belpaese apresenta uma diversidade
de pratos inversamente proporcional ao tamanho de seu território. De 13 a 20 de outubro os paulistanos tiveram a oportunidade de
conhecer essa diversificada culinária durante a 2ª Semana da Cozinha
Regional Italiana. Alguns dos mais
tradicionais restaurantes italianos
da cidade participaram do evento
gastronômico, tendo desenvolvido
menus especiais. Foram selecionados 20 estabelecimentos, um para
cada região. Entre os participantes
havia o Friccò, que representou a
cozinha da Úmbria; a Osteria del Petirrosso, com pratos típicos do Lácio;
e o Piselli, que apresentou criações
inspiradas no Piemonte. Todos ofereceram cardápios completos com
entrada, primo e secondo piatto, e sobremesa, a preços fechados.
Este ano, o evento contou com
a presença de chefs italianos que
desenvolveram cardápios para algumas casas. Foi o caso do Zena
A chef do Vinheria
Percussi, Silvia
Percussi, e Gerardo
Landulfo, membro da
Accademia Italiana
della Cucina
Tadeu Brunelli
A
servidos no restaurante, já que o
cardápio do Pasquale é baseado
em comidas de minha infância —
explica o chef e proprietário da
cantina Pasquale Nigro.
De São Paulo
Caffè, que recebeu a chef Rosanna Sartorelli para elaborar pratos
típicos da Ligúria, e da cantina Pasquale, que teve pratos da culinária
da Puglia desenvolvidos por Sebastiano Lombardi, chef do Cielo, que
fica na cidade de Ostuni e possui
uma estrela no guia Michelin.
— Lombardi trouxe criações da
cozinha pugliese contemporânea
e ingredientes típicos da região,
como a cicerchia, uma espécie de
grão parecido com o grão-de-bico.
São pratos diferentes daqueles
Inhoque de açafrão
homenageia culinária
abruzzese
Para homenagear Abruzzo, a chef
Silvia Percussi, do Vinheria Percussi,
ofereceu em seu menu pratos como
inhoque de açafrão e arrosticini, os
espetinhos de carne de cordeiro
acompanhados de legumes.
— Já havia feito uma pesquisa
intensa sobre a culinária italiana
para uma coleção de livros sobre
o tema, então usei esse conhecimento para escolher os pratos que
fariam parte do cardápio. A Vinheria tem mais pratos da Ligúria
e da Toscana, mas outras regiões
também estão representadas, especialmente na extensa carta de
vinhos — disse Silvia.
No ano passado, a casa teve a
Sicília como tema de seu cardápio.
A chef acredita que a gastronomia
italiana está cada vez mais difundida no Brasil:
— Hoje todo mundo faz questão de comer uma massa autêntica.
Todo mundo entende qual é o ponto de um risoto. O brasileiro tem
se interessado mais pela culinária
da Itália.
A Itália dos saberes
O
festival gastronômico fez parte da Semana da Língua Italiana no
Mundo, evento que acontece em diversos países todos os anos,
cujo objetivo é promover a língua italiana e a cultura do país. Este ano,
em sua 13ª edição, a semana teve como tema Pesquisa, descoberta,
inovação: a Itália dos saberes — abordando a diversidade das identidades regionais italianas.
A Semana da Língua Italiana é promovida pela Accademia della
Crusca (a academia da língua italiana), em cooperação com o Ministério italiano das Relações Exteriores e seus órgãos no exterior
(institutos italianos de cultura, embaixadas e consulados). Em São
Paulo, também conta com a colaboração do Italian Culinary Institute
for Foreigners (ICIF), além do apoio do Consulado da Itália, do Instituto
Italiano de Cultura, do Instituto do Comércio Exterior Italiano e da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura.
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no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
Gastronomia
A mestra caótica
Com suas receitas e dicas, Marcella Hazan transformou o modo
de cozinhar e de comer pratos italianos nos Estados Unidos
Vanessa Pilz
M
arcella Polini nasceu
em 25 de abril de
1924 em Cesenatico,
uma cidade banhada pelo mar Adriático que fica na
Emília-Romanha. Filha de uma libanesa com um italiano, se mudou
para o Egito ainda criança, vivendo
com a família em Alexandria. Aos
sete anos de idade, por conta de
uma queda na praia na qual quebrou o braço direito de maneira
grave, Marcella teve que ser levada de volta à Itália, onde passou
por cirurgias para curar a lesão.
Ela nunca mais recuperou completamente os movimentos do braço,
mas o problema não conseguiu
afastá-la da cozinha ou impedir
que se transformasse em um dos
nomes mais famosos da gastronomia da Itália.
No último dia 29 de setembro,
a especialista morreu aos 89 anos,
devido a complicações causadas por
um enfisema e por problemas circulatórios. Ela vivia na Flórida, nos
Estados Unidos, país para o qual se
mudou em 1955 e no qual se tornou
uma das principais divulgadoras da
verdadeira comida italiana.
Após a Segunda Guerra, Marcella completou um doutorado em
ciências naturais e biologia na Universidade de Ferrara e se tornou
professora. No início da década de
1950, conheceu o ítalo-americano
Victor Hazan, com quem se casou e
se mudou para a América do Norte.
Foi lá que a italiana, que passou a
se chamar Marcella Hazan, começou a cozinhar, tentando recriar
pratos de sua juventude e seguindo
receitas de um livro de Ada Boni,
autora italiana de livros de gastronomia. Descontente com os pratos
e a qualidade dos ingredientes encontrados nos Estados Unidos,
Marcella não conseguia reproduzir
fielmente as receitas italianas que
conhecia desde criança. Por conta de um trabalho de Victor na área de publicidade, o casal,
já com um filho, Giuliano, voltou a
morar na Itália, em 1962. Eles só
retornariam ao país americano em
1969. Ela aproveitou a temporada na Itália para aprofundar seus
conhecimentos
gastronômicos:
aprendeu receitas de outras regiões
além da Emília-Romanha.
Com a ajuda de Craig
Claiborne, crítico de
gastronomia do jornal
The New York Times,
a italiana Marcella
Hazan se tornou a
principal divulgadora
da culinária italiana
nos Estados Unidos
crítico de gastronomia do jornal
The New York Times. Foi então que a
italiana da pequena cidade de Cesenatico se tornou famosa e começou
sua carreira como a principal divulgadora da culinária do Belpaese no
país. Ela defendida o uso de produtos frescos e legumes da estação e
dizia que a verdadeira cozinha italiana fazia mais uso de sal do que de
alho, ao contrário do que a maioria
dos americanos acreditava.
Marcella passou a receber
ofertas para escrever um livro e,
como ainda não dominava a língua inglesa, Victor, que se tornou
especialista em vinhos, se dispôs
a traduzir seus escritos em italiano — o que fez em todas as
publicações da esposa. Além das
traduções, o marido era responsável por medir os ingredientes e dar
alguma ordem ao modo caótico como a esposa cozinhava. Em 1973,
saiu a primeira edição de The Classic Italian Cookbook, que ensinava
aos americanos não só o jeito italiano de se cozinhar, mas também
o jeito italiano de se comer. Marcella continuou ensinando técnicas
e receitas da gastronomia em Nova
York . Alguns anos depois, passou a
dividir o tempo entre a cidade americana, Veneza e Bolonha, onde
também manteve cursos de culinária até sua aposentadoria, quando
se mudou para a Flórida.
Ao longo de sua carreira, escreveu mais cinco livros: More Classic
Italian Cooking (1978); Marcella’s
Italian Kitchen (1986); Marcella
Cucina (1997); Marcella Says
(2004); e suas memórias, Amarcord (2008). Em português, seus
ensinamentos podem ser lidos no
livro Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica, lançado em 1997 e
que este ano teve uma nova edição
publicada pela Martins Fontes. Sua
influência agora se mantém viva
por meio de seu filho, Giuliano Hazan, que também se especializou
em gastronomia italiana.
Ela queria aprender
culinária chinesa e
acabou dando aula de
gastronomia italiana
De volta à América, ela decidiu fazer um curso de culinária chinesa.
Quando seu professor teve que
voltar à China por conta de uma
emergência familiar, seus colegas
sugeriram que ela lhes ensinasse
pratos italianos. Comentários sobre essas aulas informais chegaram
aos ouvidos de Craig Claiborne,
comunit àit aliana | novem br o 2013
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IlLettoreRacconta
E
m 1938, com o advento das leis raciais do governo de Mussolini,
Giorgio Mortara, descendente de família judaica, perdeu o emprego de professor universitário de estatística e os filhos sequer
podiam frequentar escolas. Nascido em Mântova em 1885 e filho
do ministro italiano da Justiça Ludovico Mortara (1919-1920), ele começou a planejar a mudança de país.
“Com aquela situação, meu pai passou a procurar por uma emigração possível, pois não queria ser um cidadão de segunda ou terceira
classe. Felizmente, recebeu um convite do Brasil através do embaixador
Barbosa Carneiro, que tinha contato com o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), que estava recrutando pessoal para o censo de
1940, na época do governo de Getúlio Vargas”.
O engenheiro Valerio tinha apenas sete anos, mas lembra da viagem de
navio, que tinha até uma piscina. Desembarcaram no Rio em janeiro de 1938, e
logo Giorgio começou a trabalhar na comissão censitária nacional, na
Urca, tendo sido muito bem acolhido, conforme ele mesmo descreveu. A necessidade de um trabalho cuidadoso era grande: o
recenseamento, que devia ser realizado a cada 10 anos,
tinha uma lacuna, pois em 1930 não havia sido feito.
Rio de Janeiro
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no v e m br o 2 0 1 3 | c o m u n it à it a lia n a
No IBGE, Giorgio dirigiu o Gabinete Técnico e conduziu o Laboratório de Estatística, interligado ao Conselho Nacional de Estatística,
que ele mesmo teve a ideia de criar, contribuindo para formar gerações de
profissionais brasileiros por meio de cursos especializados e estudos sobre
problemas demográficos, sociais e econômicos.
Em 1945, o governo italiano chamou de volta os funcionários que tinham
sido afastados por causa das leis fascistas. Giorgio agradeceu, mas explicou
que tinha uma dívida de gratidão com o Brasil, e que não poderia deixar inacabado o seu trabalho. Porém, quando se aposentou, foi lecionar por quatro anos
na Universidade de Roma, passando as férias no Rio, onde morreu em 1967.
Os Mortara voltaram à Itália a passeio várias vezes, mas todos
permaneceram no Brasil. “Nosso ponto de vista mental já era muito diferente, e seria difícil nos readaptarmos. Sentimos que a nossa pátria era aqui,
sem querer cortar as ligações. Mas falávamos em italiano em casa. Meu
pai lia comigo trechos de autores italianos para não esquecermos o idioma
e a cultura”, lembra o filho.
A esposa Laura Ottolenghi também era de origem judaica, mas a família não praticava a religião há duas gerações. “Meu pai acreditava em Deus,
mas não seguia religião. Alguns de nossos amigos na Itália praticavam,
outros não. Dois primos morreram em campos de concentração. Os demais
parentes sobreviveram. Alguns fugiram para outros países”, conta Valerio.
O Brasil agradeceu a Mortara pelo seu empenho em diversas ocasiões. Em 1953, a Universidade do Brasil lhe concedeu o título de professor Honoris causa pelos serviços prestados à cultura nacional. O livro
Giorgio Mortara – Ampliando os horizontes da
demografia foi publicado
pelo IBGE em 2007. Na
autobiografia, ele descreve várias passagens de
sua vida, como o início do
magistério na Faculdade
de Direito em uma Messina
reduzida a escombros após
Giorgio Mortara com o filho Valerio, e
o terremoto de 1908, o
familiares em passeios pela Itália: família
afastamento da direção do
voltou ao país de origem diversas vezes, mas
adotou o Brasil como pátria definitiva
Giornale degli Economisti
devido às leis racistas e
o primeiro encontro com os
estatísticos brasileiros que
“pareceram como velhos e
queridos amigos reencontrados, tão afetuosa e familiar foi a gentileza com
que nos orientaram no novo
ambiente”. As pesquisas
sobre os países americanos
(1962) estão entre seus últimos trabalhos, durante os quais ficou “impressionado com a elevadíssima frequência das uniões conjugais livres, e da
consequente alta frequência de nascimentos ilegítimos, na maior parte dos
países latino-americanos”.
No centenário de seu nascimento (1985), o IBGE
batizou com seu nome um auditório. Em 2007, o Seminário Giorgio Mortara homenageou mais
uma vez o jurista e estatístico italiano.
Mântova
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saporid’italia
JanaínaPereira
Infalíveis
clássicos
Tadeu Brunelli
Munida do torchio, a mais nova entre as casas
italianas da capital paulista enfatiza os pratos
mais clássicos da gastronomia do país
S
ão Paulo – Uma varanda de pé direito alto, quadros do
fotógrafo Luiz Tripolli nas paredes, decoração simples.
Logo na entrada, é possível perceber o toque intimista
do novo restaurante italiano da capital paulista, o Benedictine. Localizado no badalado eixo Itaim-Jardim Paulistano,
a casa é a mais nova empreitada do chef e agora também empresário Marcilio Araújo. Depois de 12 anos à frente do Grupo
Le Vin, de especialidade francesa, Marcílio abriu seu próprio
restaurante, em sociedade com a empresária Cecília Ribeiro.
— Nossa intenção é homenagear a Ordem Beneditina, fundada na Idade Média por São Bento, em Núrsia, na Itália —
conta Cecília.
O interesse do mineiro Marcilio Araújo pelo país veio mais
forte quando o chef abriu o Figurati, nos Jardins.
— Viajei diversas vezes para o país para fazer pesquisas e
me encantei pela gastronomia italiana. Fiquei maravilhado ao
ver como as pessoas conseguem fazer pratos incríveis e ricos
de produtos e ingredientes, mas ao mesmo tempo com uma
simplicidade visível no preparo — revela.
Com o fim das atividades do Figurati no início deste ano, ele
agora volta a se dedicar exclusivamente à gastronomia italiana.
Com ambiente amplo, o Benedictine é dividido em diferentes
espaços da entrada ao salão maior ao fundo. No cardápio figuram receitas clássicas de diversas regiões da Itália, preparadas
por Marcilio Araújo e por seu braço direito Arthur Lins. Ambos
trabalham juntos há seis anos.
O chef aponta como destaque da casa as massas artesanais
feitas com prensas importadas.
— Temos o torchio, que permite fazer receitas como o picci, massa fresca com linguiça e cogumelos porcini. Outros equipamentos auxiliam na preparação de raviólis e outras massas
frescas produzidas diariamente no pastifício do restaurante. Um bar de ostras frescas vindas de Florianópolis está disponível todos os dias na entrada. Durante este mês de novembro, a casa oferece pratos feitos com trufas brancas. Para isso,
o chef passou os últimos dias de outubro na Itália, caçando a
valiosa iguaria para fazer receitas especiais. Outro ponto forte do Benedictine é a salumeria.
— Damos ênfase a embutidos e queijos de alta
qualidade importados da
Itália para compor o cardápio — informa Marcílio.
Com 230 rótulos, a
carta de vinhos, na qual
predominam os italianos,
foi elaborada por Carlos
Gustavo Lima, sócio do
restaurante e com mais
de 10 anos de experiência
O restaurante Benedictine é, decorado com
na área. Lima conta como
imagens do fotógrafo Luiz Tripolli, conta com
um bar de ostras frescas vindas de Florianópolis
foi feita a seleção:
Gnudi di spinaci e ricotta alla Fiorentina
(Inhoque de espinafre e ricota à fiorentina)
Ingredientes: 200g de espinafre cozido; 200g de ricota
fresca; 80g de farinha de trigo; 10 g de cebola finamente
cortada; 8g de queijo parmesão ralado na hora; 1 gema de
ovo; 100g de manteiga sem sal; ceboulette finamente cortada a gosto; pinoli torrados a gosto; noz moscada a gosto;
pimenta branca moída na hora a gosto; 36 folhas de sálvia
fresca; sal refinado a gosto; flor de sal a gosto.
Modo de preparo: Em uma tigela de inox, junte o espinafre, a ricota ralada, a cebola, a noz moscada, a pimenta
branca moída na hora, o parmesão, o ceboulette e as gemas. Confira o tempero com sal refinado, misture tudo e
adicione a farinha de trigo. Faça pequenas bolas e cozinhe
em água fervente salgada até que os inhoques venham à
superfície. Derreta a manteiga até obter uma coloração
dourada e forme espumas, adicione as folhas de sálvia e
retire do fogo. Sirva o inhoque com manteiga, sálvia, parmesão ralado na hora e os pinoli. Salpique a flor de sal.
Para a sobremesa, Marcílio Araújo aposta em sugestões clássicas.
— Temos tiramisú montado na hora, panna cotta e raffica
di vento, uma espécie de rabanada italiana molhada com bebida à base de laranja e acompanhada por sorvete de baunilha.
Durante a semana, no horário do almoço, o restaurante
oferece um menu executivo com entrada, prato principal e sobremesa, sempre focando nos grandes clássicos da gastronomia italiana.
Serviço:
Benedictine
Rua Dr. Mario Ferraz, 37 – Itaim – São Paulo | Tel.: (11) 3034-3125
De segunda a quinta das 12h às 15h30, das19h à meia-noite.
Sexta de 12h às 15h30 e das 19h à 1h. Sábados das 12h à 1h.
Domingo de 12h às 18h. www.restaurantebenedictine.com.br
comunit àit aliana | novem br o 2013
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la gente, il posto
ClaudiaMonteiroDeCastro
Um museu para
os pequenos
E
m Roma há um museu feito especialmente para os pequenos, que mostra
o dia-a-dia de modo divertido. Vários
campos são explorados: ciência, meio ambiente, comunicação, sociedade, economia
e novas tecnologias. Em um supermercado, com produtos de mentira, as crianças
podem fazer as compras com um cestinho
e passar no caixa. Tem o caminhão de bombeiros, uma fonte hidráulica, uma horta e
um banco de faz-de-conta, para pegar dinheiro para as compras. Para visitar o local,
é preciso fazer reserva. Os pequenos têm
uma hora e 45 minutos para ficar no museu. Depois, devem deixar espaço para
outros pequenos exploradores.
Via Pomponazzi
Q
uando eu era pequena, uma das grandes diversões era brincar no playground de minha avó. No fundo do prédio, havia uma
área onde as crianças faziam a festa. É comum nas grandes cidades do Brasil que os prédios tenham uma área reservada às
crianças. E, às vezes, também um salão de festas, para crianças e adultos.
Na Europa, e em Roma, em particular, é preciso improvisar. Quanto às festinhas de criança, quando o tempo é bom, tem
quem opte por organizar a festa em um dos parques da cidade. Os pais levam pipoca, batatinhas e bebidas. Contratam teatrinho
ou palhaço. Assim, resolve-se a falta de espaço dos prédios de uma forma bem gostosa.
Quando à área para brincar, é estranho, mas, apesar de alguns prédios de Roma terem um pátio interno, na maioria é proibido jogar bola, andar de bicicleta, fazer barulho, e obviamente, criança silenciosa não existe.
O negócio é apelar para os playgrounds que existem em cada bairro. Não são muitos, mas quebram o galho. No meu bairro,
Prati, existe um playground bem simpático na Via Pomponazzi. É um parque numa rua de pedestres, entre duas ruas principais.
Tem um escorregador, quatro cavalinhos, duas gangorras e duas balanças. A criançada faz a festa à tarde, quando saem da escola,
e nos finais de semana: sopram bolinhas de sabão, empurram carrinhos com bonecas, andam de bicicleta e patinete, jogam bola,
trocam brinquedos com outras crianças, fazem novas amizades.
Mas, dizendo assim, parece tudo muito idílico e poético. O que sai de quebra-pau não está escrito no gibi (me perdoe,
caro leitor, a expressão em desuso; meu irmão Denis me alerta sempre que devo atualizar minhas gírias, mas sou meio démodé mesmo)... Algumas crianças sobem pelo próprio
escorregador ao invés de subir as escadas. Outras pegam o brinquedo do amigo e dizem: “É meu!”. Tem
até quem jogue o brinquedo do outro no bueiro.
Muitas mães acabam fazendo o papel de juiz de paz,
ajudando as crianças a resolverem a questão. Outras
não estão nem aí, e ficam mandando torpedo pelo celular. É uma amostra colorida do mundo de crianças
e pais — uma preparação para a vida.
Mas do que eu mais gosto nesse parque, além
do fato de ser uma preparação para a vida, é de um
casal de idosos, a sra. Siena e o sr. Angelo, na casa
dos 80 anos. Eles batem cartão todo dia, sentando-se num dos banquinhos do parque. São tão queridos
pelas crianças que elas os adotam como avós; sentam-se ao lado deles, puxam conversa, dão um beijo.
Na Via Pomponazzi não falta nada: diversão,
amizades, inimizades, beijos, brigas, vista para a Catedral de São Pedro, e até um casal de avós emprestado!
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