Projeto O Amendoim e a Saúde: Fatos e Mitos

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Projeto O Amendoim e a Saúde: Fatos e Mitos
Projeto
O Amendoim e a Saúde: Fatos e
Mitos
(15/03/2011)
Controle de Aprovação
Responsabilidade Organizacional
Diretora Presidente
Nome
Data
Laila de Camargo Chaparro
16/03/2011
Controle de Versão deste Documento
Versão
1.0
Data
01/03/2011
Redator
Bianca Bellizzi de Almeida
Descrição da Mudança
Criação e revisão do
documento
1.1
03/03/2011
Laila de Camargo Chaparro
Revisão do documento
1.2
05/03/2011
Dr. Alceu Afonso Jordão Júnior
Revisão do documento
1.3
15/03/2011
Bianca Bellizzi de Almeida
Revisão do documento
1.4
15/03/2011
Letícia Watanabe Ribeiro
Padronização do documento
1.5
23/03/2011
Gabriela Salim Ferreira de Castro;
Revisão do documento
Bianca Bellizzi de Almeida
O Amendoim e a Saúde: Fatos e Mitos
Revisão Bibliográfica realizada para ABICAB (Associação Brasileira da Indústria de
Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados) para o Programa de AutoRegulamentação e Expansão do Consumo de Amendoim.
Bianca Bellizzi de Almeida
Nutricionista graduada pelo curso de Nutrição e Metabolismo – FMRP/USP. Mestranda do
Departamento de Clínica Médica – FMRP/USP. [email protected]
Gabriela Salim Ferreira de Castro
Nutricionista graduada pelo curso de Nutrição e Metabolismo – FMRP/USP. Mestre em
Clínica Médica – FMRP/USP. Doutoranda do Departamento de Clínica Médica –
FMRP/USP. [email protected]
Alceu Afonso Jordão Jr.
Professor Doutor da Divisão de Nutrição do Departamento de Clínica Médica da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo. Av. Bandeirantes
3900. 14049-900 Ribeirão Preto/SP. [email protected]
Ribeirão Preto/2011
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1
Introdução
O amendoim é a semente de uma leguminosa, a Arachis hypogea. Entretanto, é
frequentemente incluído no grupo das nozes, castanhas e amêndoas por apresentar
composição nutricional semelhante a essas1.
Suas
propriedades
nutricionais,
como
a
alta
quantidade
de
gordura
monoinsaturada, vitaminas e minerais são atrativos adicionais às suas qualidades
organolépticas1.
Existem
diversas receitas tradicionais à cozinha brasileira que utilizam o
amendoim como ingrediente principal, como a paçoca e o pé-de-moleque, fazendo parte
fundamental em algumas festas típicas e comemorações. Algumas dessas receitas
podem ser encontradas no site
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Amendoim/CultivodoAmendoi
m/mercado.html)1 da Embrapa.
É largamente utilizado na culinária, compondo doces, balas, bolos e diversos
outros produtos de confeitaria. Também é muito consumido em pratos salgados ou
mesmo em grãos torrados, fritos ou cozidos1.
Uma parte considerável do amendoim produzido é usada na fabricação de óleo
comestível, sendo este o quinto óleo mais consumido do mundo1.
Houve aumento da área cultivada e da produtividade do amendoim nos últimos anos no
Brasil. A região Sudeste é a maior produtora, seguida pela região Centro-Oeste e
Nordeste. Aproximadamente 80% da produção nacional é proveniente do estado de São
Paulo1.
A pesquisa realizada pelo Grupo IBOPE revelou que grande parte dos
consumidores ainda possui conceitos errôneos a respeito da composição de nutrientes,
sendo que muitos acreditam que o amendoim é um alimento rico em gordura saturada e
por isso não o consideram benéfico à saúde2.
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2
Tendo em vista estas considerações, esta revisão buscou alguns dados recentes
disponíveis na literatura científica para elucidar a composição nutricional, possíveis
benefícios à saúde e os riscos potenciais do consumo deste grão.
Composição Química:
As leguminosas e nozes em geral são importantes fontes de proteínas, lipídeos e
ácidos graxos necessários para a nutrição humana3. A composição química varia de
acordo com o tipo, cultivar, localidade, ano e maturidade fisiológica da semente4.
O grão do amendoim contém aproximadamente 45 a 50% de lipídeos, 25 a 32% de
proteína, 8 a 12% de carboidrato, 5% de água, 3 % de fibra, e 2,5% de cinzas, que
corresponde ao conteúdo de minerais4-6. A pele apresenta maior percentual de
carboidrato (49%) e de fibra (19%), das quais, 25% são constituídas de fibras solúveis,
bem como taninos e pigmentos5, 7.
As proteínas presentes no amendoim são classificadas como albuminas e
globulinas5. Os inibidores de protease e inibidores da α-amilase atuam como fatores
antinutricionais, pois inativam a atividade enzimática da tripsina, quimotripsina e amilase,
prejudicando os processos de digestão e absorção de proteínas e carboidratos5, 8. A
atividade
dos
inibidores
da
tripsina
e
quimiotripsina
podem
ser
reduzidas
significativamente pelo calor9, no entanto o mesmo efeito não é observado para os
inibidores
da
α-amilase,
cuja
atividade
mostra-se
relativamente
resistente
ao
aquecimento10.
O amendoim é rico nos aminoácidos essenciais fenilalanina, histidina, e nos
aminoácidos condicionalmente essenciais, arginina, ácido aspártico e ácido glutâmico. No
entanto, apesar do elevado teor de proteína, apresenta a lisina, treonina, isoleucina e
metionina, como aminoácidos limitantes, pois estes são essenciais e estão presentes em
menor quantidade11-12.
O perfil lipídico apresenta maior conteúdo de ácidos graxos insaturados, destes
cerca de 25% são ácidos graxos monoinsaturados e cerca de 15% são polinsaturados13NutriRP | Av. 9 de Julho, 980, sala 36
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3
15
. Os principais ácidos graxos insaturados encontrados no amendoim pertencem às
classes ω-9 e ω -6. Os ácidos oléico (18:1n-9) e linoléico (18:2n-6) estão presentes na
faixa de 30 a 57 g/100g e 27 a 47g/100g, respectivamente, e o ácido graxo
monoinsaturado eicosenóico (20:1n-9) é encontrado em menor quantidade (1,3 a
3,2g/100g)4,
6
. O ácido graxo α-linolênico (18:3n-3), pertencente à classe -3, é
encontrado em muito baixa quantidade (0,30g/100g)16.
Os ácidos graxos saturados estão presentes em pequena quantidade (~8%)13-15.
Os principais representantes são os ácidos palmítico (16:0, 9.5-12g/100g), esteárico
(18:0, 1,6 a 2,6g/100g), araquídico ( 20:0, 0,9 a 2,0g/100g), behênico (22:0, 2,1 e
6,2g/100g), e lignocérico (24:0, 1,0 a 2,3g/100g)4.
A maior relação dos ácidos graxos oléico/linoléico é encontrada nos grãos mais
maduros e também esta relacionada com interações climáticas e genéticas17. O maior
conteúdo de ácidos graxos monoinsaturados é associado à maior durabilidade do
amendoim devido à redução da rancificação e também confere melhora na qualidade
nutricional17. O estudo de Nordern et al.18 identificou um genótipo do amendoim contendo
80% do acido oléico e 2% do linoléico18. Já Andersen & Gorbet17 encontraram uma razão
oléico/linoléico de 18:1 a 51:1, para as linhagens ricas em ácido oléico, sendo que nos
genótipos normais a relação é de 1,7:1 a 3,5:117.
As vitaminas e os minerais presentes no amendoim são representados pela
vitamina E, vitaminas do complexo B, folato, zinco, cobre, magnésio, fósforo, sódio,
potássio e cálcio6-7,
14
. As quantidades dos principais compostos presentes em 100g de
amendoim são apresentadas na Tabela 1.
A importância nutricional do amendoim, além da densidade de nutrientes e perfil de
ácidos graxos, também esta relacionada à presença de compostos bioativos com
propriedades antioxidantes como o α-tocoferol, os esteróis e os fitoquímicos como as
isoflavonas, polifenóis e flavonóides que contribuem para a atividade de sequestro dos
radicais livres e inibição dos efeitos da peroxidação lipídica e glicação de proteínas
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4, 14, 19-
4
22
. A atividade antioxidante dos polifenóis também promove uma proteção contra a
oxidação e auxiliam na estabilidade dos ácidos graxos presentes no amendoim20.
O conteúdo de tocoferol total no amendoim pode variar de 19,0 a 25,7mg/100g,
sendo representado em maior proporção pelo α-tocoferol (7,8 a 13,5mg/100g) e tocoferol (8,5 a 13mg/100g)19.
O
principal
representante
dos
esteróis
no
amendoim
é
o
β-sitosterol,
(47,20mg/100g do grão, que representa de 55,7 a 60,2g/100g dos esteróis totais), seguido
pelo campesterol (5,8mg/100g do grão e de 12,4 a 16,5g/100g dos esteróis totais) e
stigmasterol (7,7mg/100 do grão e 9,7 a 13,3g/100g dos esteróis totais)4,14. O
∆5-
avenasterol representa de 9,7 a 13,4g/100g dos esteróis totais, já o colesterol (0,8g a
1,7g/100g dos esteróis totais), ∆ 7-stigmasterol (1,0g a 1,9g/100g dos esteróis totais), ∆7avenasterol (1,3 a 2,1g/100g dos esteróis totais), estão presentes em menor quantidade4,
14
.
Atualmente, já foram identificados cerca de 50 polifenóis presentes no amendoim.
Os principais representantes são as catequinas, epicatequinas, epigalocatequina,
procianidinas, ácido propiônico, ácido benzóico, ácido clorogenico, acido cafeico, acido
ferrulico, quercetina, glucopiranosida, luteolina e isoflavonas 14, 20, 23.
A maior concentração dos polifenóis encontra-se na pele do amendoim13.
O
conteúdo de fenólicos totais presente na pele é cerca de 74 mg/g, semelhante ao
encontrado na avelã e maior que na amêndoa21. Segundo Ballard et al (2009),
dependendo do tipo de extração utilizado para a determinação, o conteúdo de flavonóides
totais pode variar de 81 a 118mg/g de pele. Este trabalho indicou que a extração de
compostos fenólicos totais é maior quando o solvente é o etanol24. Também a extração de
fenólicos totais da pele com gordura e da pele sem gordura apresenta diferenças, sendo
que a pele de amendoim sem gordura apresenta maiores concentrações de fenólicos
totais quando extraída com metanol, seguido pela extração em etanol25.
Os flavonóides (catequina, galocatequina, proantocianidinas) estão presentes em
torno de 16mg em 100g de amendoim14. As proantocianidinas (epiafzelequina,
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5
epicatequina, epigalocatequina) são as principais representantes do conteúdo de
flavonóides na pele do amendoim, pois estão presentes em maior quantidade (17 a
19%)13, 21.
O amendoim apresenta quantidade significativa do trans resveratrol, na faixa de
0,022 a 5,50µg/g, próximo ao encontrado no pistache (0,09 a 1,67µg/g)26-27. A manteiga
de amendoim apresenta em média 0,814µg/g de trans-resveratrol, sendo que destes,
0,143µg/g pertencem a forma glicosilada denominada pieced (3β-glicose-transresveratrol),
com maior potencial de absorção pelo trato intestinal28. O ácido cumárico é representante
dos ácidos fenólicos e foi observado que o seu conteúdo no amendoim encontra-se na
faixa de 8 a 66mg/Kg14. O amendoim também é considerado fonte de isoflavonas, como a
daidzeína, genisteína, gliciteína e formononetína, contendo 21,1mg/100g14.
Estudos relaram que a quantidade de resveratrol pode ser alterada pelas condições
climáticas e por técnicas empregadas após a colheita. O estudo de Chen, et al., 2002,
observou diferença significativa no conteúdo do resveratrol (cis e trans 3,4’,5trihidroxiestilbeno) de 1,33 a 0,13mg/g e 0,063 a 0,015mg/g, no amendoim das safras de
outono e primavera, respectivamente29. O aumento da quantidade de trans resveratrol
pode ser atingida após a colheita quando submetidas ao estresse por meio do fatiamento
do grão e exposição ao ultrassom e subsequente incubação30.
O processamento do amendoim parece influenciar o conteúdo de fitoquímicos. O
aquecimento por meio da fervura parece aumentar o conteúdo das isoflavonas
(biochanina A, genisteina), dos flavonols (kaempferol), proantocianidinas (flavanol) e do
trans-resveratrol no amendoim. Segundo Chukwumah, et al.,13o conteúdo de polifenóis
totais é maior nos grãos de amendoim cozidos com pele em água fervente, comparadas
aos grãos torrados em forno a seco ou com óleo e também comparado aos grãos crus13.
A fervura faz com que o grão absorva a água que permeia a pele e, desta forma, os
polifenóis solubilizados na água13. Já o grão do amendoim tostado, apesar de apresentar
um maior conteúdo de polifenóis totais em relação ao amendoim cru, a diferença não é
significativa13.
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A concentração do trans - resveratrol no amendoim também é maior quando
submetido à cocção em água fervente (5,138µg/g), comparado ao amendoim torrado
(0,055µg/g) e a manteiga de amendoim (0,324µg/g)31.
Foi identificada a presença de vanilina, um aldeído fenólico utilizado como agente
flavorizante, somente no grão de amendoim cozido com água fervente (1,35 –
2,46µg/g)31.
Algumas toxinas podem estar presentes nos grãos cultivados no solo, como o
amendoim. A aflatoxina é produzida pelos gêneros do fungo Aspergillus flavus e A.
parasiticus e A. nomius e apresentam propriedade toxigenicas, mutagênicas e
carcinogênicas32-33. O uso de compostos antioxidantes em escala industrial como butil
hidroxianisol (BHA), butil hidroxitolueno (BHT) e propil parabeno (PP) promovem um
controle na germinação, crescimento de espécies micotoxigênicas e previne a produção
da aflatoxina durante o armazenamento do amendoim32-33.
Tabela 1. Compostos benéficos encontrados em 100g de amendoim.
Nutriente
Quantidade
Valor Calórico
567Kcal
Proteína
25-32g
Carboidrato
8-16g
Gordura Total
45-50g
Ácidos graxos monoinsaturados
24,64 - 46g
Ácidos graxos polinsaturados
15,69g
Ácidos Graxos Saturados
6,8g
Fibra
3-8,5g
Vitamina E (α-tocoferol)
6.93-8,3mg
Folato
145-240µg
Magnésio
168-397,2 mg
Potássio
658 – 8603,62 mg
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7
Sódio
100,47mg
Fósforo
343,39mg
Cálcio
54 – 603,5mg
Zinco
3,3mg
Cobre
1,25mg
Fitosteróis Totais
60,7mg
β-sitosterol
47,20mg
Campesterol
5,8mg
Stigmasterol
7,7mg
Proantocianidinas Totais
15,60mg
p-Acido Coumarico
8.82mg
(-)-Epigallocatechina
0,66mg
trans - resveratrol
0,22 -5,50µg
Isoflavonas
21,1mg
Biochanina A
0,13mg
Daidzeína
1,75mg
Genisteína
0,23mg
Fonte: Francisco & Resurreccion14 (2008); Alper & Mattes15 (2003); Chukwumah et al.13
(2007); Özcan6 (2010); Grosso et al.4 (2000).
Relação entre Consumo de Amendoim e Saúde
1. Doenças Cardíacas e Dislipidemias
No Brasil, atualmente observa-se que as doenças cardiovasculares são
consideradas a principal causa de morte, em cerca de 30% dos indivíduos adultos,
mesmo após um declínio no período de 1980 a 200534-35. A prevalência das dislipidemias,
fator de risco para as doenças cardiovasculares, é de 40,8% na America Latina36.
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8
De acordo com a Organização Mundial da Saúde as doenças cardiovasculares,
diabetes e hipertensão no ano de 2020 irão contar com 75% das mortes nas populações
em desenvolvimento37.
Diversos estudos mostram a associação entre o consumo do amendoim e a
redução de doenças cardiovasculares.
Um grande estudo populacional intitulado Nurses’ Health Study (NHS), do qual
participaram 121.700 mulheres com idade entre 30 a 55 anos, mostrou que a substituição
de fonte lipídica de gordura saturada ou fonte de carboidrato, por uma porção de nozes ou
amendoim, equivalente em energia, promove a redução de 30% e 45% do risco de DCV,
respectivamente38.
A ingestão do amendoim é benéfica para a normalização dos lipídeos plasmáticos
e lipoproteínas, devido à associação com a redução do colesterol total, LDLcolesterol e
triglicérides38. A redução do HDLcolesterol, um efeito indesejado frequentemente associado
ao elevado consumo de ácidos graxos polinsaturados, não ocorre com o consumo do
amendoim38.
Pelkman et al.39 (2004), avaliaram o perfil lipídico sanguíneo dos indivíduos
submetidos a dietas para perda de peso. Apesar de ambas as dietas promoverem a
redução do LDLcolesterol, somente a dieta composta por 33% do valor energético de fonte
lipídica, com o consumo de amendoim, promoveu uma manutenção nos níveis da
HDLcolesterol. A dieta com 16% de lipídeos, sem o consumo do grão, apresentou efeitos
negativos, pois foi associada tanto à redução da HDLcolesterol quanto ao aumento dos
triglicérides39.
O estudo de Stephens et al.40 (2010), sugere que o amendoim ou o óleo de
amendoim pode retardar o desenvolvimento da aterosclerose40. A redução dos níveis
séricos de colesterol total, LDLcolesterol e VLDLcolesterol foi associada a um menor aumento
do colesterol total e também de ésteres de colesteril (presentes em grande quantidade na
LDLcolesterol e utilizado como parâmetro metabólico primário associado ao desenvolvimento
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9
da aterosclerose) na aorta dos animais que ingeriram a dieta rica em colesterol
adicionada dos grãos ou óleo de amendoim40.
Os benefícios cardiovasculares atribuídos ao consumo do amendoim são
relacionados às suas características nutricionais: rico em fibras, ácidos graxos
monoinsaturados (principalmente acido oléico), arginina, folato, α-tocoferol, magnésio e
se deve também à presença de substâncias bioativas como o resveratrol, β-sitosterol e
esteróis7, 41.
Os esteróis são associados à redução do risco de doenças cardiovasculares, pois
atuam na redução da absorção do colesterol provenientes da dieta e também na alteração
de enzimas envolvidas no metabolismo e na excreção do colesterol42. Kris-Etherton et
al.42 (2002) e Francisco & Resurreccion14 (2010) demonstram a associação entre o
consumo dos esteróis presentes no amendoim e a redução dos níveis de colesterol total e
de LDLcolesterol em estudos realizados com humanos14, 42.
Vita et al.43 (2005) demonstraram que indivíduos com maior ingestão de
flavonóides apresentam uma moderada redução do risco de doenças cardiovasculares43.
Os flavonóides atuam como antioxidantes e previnem a modificação oxidativa da
LDLcolesterol e a agregação plaquetária nas artérias, prevenindo o desenvolvimento da
aterosclerose14, 43.
Shimizu-Ibuka et al.44 (2009) demonstraram o efeito dos polifenóis presentes tanto
na pele do amendoim quanto em extratos contendo fração solúvel em água e fração livre
de fibra na redução do colesterol total sérico nos animais alimentados com dieta rica em
colesterol durante 3 semanas44. A redução dos níveis séricos foi associada ao aumento
da excreção do colesterol pelas fezes, evidenciando a inibição da absorção do colesterol
exógeno e lipídeos no intestino delgado44. A maior redução do colesterol foi observada
nos animais que receberam a dieta com a pele do amendoim, tal consequência é
resultante do efeito multiplicador dos componentes44.
O efeito benéfico da arginina, magnésio, folato, α-tocoferol na redução de doenças
cardiovasculares em estudos realizados com o amendoim são pouco avaliados.
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Alper & Mattes15 (2003) observaram que o consumo de 500Kcal/d proveniente do
amendoim durante 30 semanas em adultos normolipidêmicos promoveu um aumento da
ingestão de fibra, magnésio, folato, α-tocoferol, cobre e arginina. O aumento da ingestão
dietética de magnésio foi associada ao aumento dos níveis séricos, assim como verificouse um maior nível de ácidos graxos poli-insaturados
e da relação ácidos graxos
insaturados/ácidos graxos saturados nos eritrócitos. No entanto, apesar do maior
consumo de folato, não foram observadas alterações significativas no nível de
homocisteína plasmática15. O efeito benéfico na redução de lipídeos sanguíneos somente
foi observado na redução dos níveis de triglicérides, provavelmente por se tratar de
indivíduos normolipidemicos15.
Níveis reduzidos de magnésio são associados ao maior risco de doenças
cardiovasculares, em parte, devido à redução da lipase lipoprotéica e da atividade da
lecitina colesterol aciltransferase (LCAT), que resulta na hiperlipidemia15, 45. O aumento da
ingestão de magnésio é associado a uma redução na formação de moléculas reativas ao
oxigênio e pró-inflamatórias e à inibição da agregação plaquetária15, 46.
O folato também é associado à redução do risco de doença cardiovascular, pois
promove uma redução na concentração da homocisteína plasmática, auxiliando na
conversão da homocisteína à metionina47.
A arginina é precursora do oxido nítrico que influencia positivamente na
vasodilatação e redução da agregação plaquetária48.
O aumento da ingestão de α-tocoferol pode promover uma redução do processo
aterogênico oxidativo49. Portanto, o aumento destas substâncias na dieta podem
promover um efeito cardioprotetor adicional50.
Segundo McKiernan et al.41 (2010) o processamento do amendoim, como a adição
de sal e açúcar e também o uso do amendoim torrado ou moído, apesar de pequenas
diferenças, não altera o efeito benéfico nos lipídeos sanguíneos41. O estudo realizado com
118 adultos obesos (IMC>30) que apresentavam a hiperlipidemia, observou um efeito
hipolipemiante, após 4 semanas com o consumo de 56g (318 a 335Kcal) de amendoim
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processado (in natura sem sal, torrado, com e sem sal e torrado doce). No estudo
verificou-se a redução dos níveis de LDLcolesterol, colesterol total e triglicérides, e aumento
do HDLcolesterol41.
O efeito benéfico nos níveis de triglicerídeos foi resultante de uma
redução espontânea da ingestão de carboidratos41.
Apesar das evidências científicas associarem a ingestão do amendoim com a
redução do risco de doenças cardiovasculares há resultados controversos na literatura em
estudos que utilizaram animais.
O estudo realizado por Saso et al.51 (1994), demonstra que coelhos alimentados
com uma dose oral de 6% de óleo de amendoim e 0.5% de colesterol durante 14
semanas apresentaram maior gravidade nas placas ateromatosas comparado aos
animais que receberam a mesma quantidade de colesterol e 3% de óleo de soja51.
Outros estudos relatam o desenvolvimento de lesões fibrocelulares aórticas,
mesmo com a mínima deposição de lipídeos intracelulares, tanto em coelhos alimentados
durante 10 meses com 14% do óleo de amendoim52, quanto em macacos alimentados
com 25% de óleo de amendoim e 2% de colesterol durante 12 meses53.
Jacques et al.54 (2010) observaram o aumento dos níveis de colesterol plasmático
e triglicérides hepático em ratos alimentados com o amendoim como fonte proteica,
provavelmente associada a uma alteração no metabolismo de lipídeos devido ao
decorrente aumento da massa gorda e redução da excreção intestinal de lipídeos54.
O amendoim demonstra ter efeitos benéficos na melhora dos lipídeos sanguíneos e
redução do risco de doenças cardiovasculares, no entanto o seu consumo deve ser
associado a uma dieta saudável para prevenção de doenças cardíacas e dislipidemias.
2. Diabetes Mellitus
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) atualmente apresenta crescente prevalência
mundial e também constitui um fator de risco importante para outras doenças como
doenças cardiovasculares e renais. Modificações de estilo de vida, as quais incluem a
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adoção de hábitos alimentares saudáveis e prática de exercícios físicos, são
fundamentais para a prevenção e tratamento do DM2.
Em um estudo com células beta pancreáticas da linhagem INS-1, as quais são
dependentes de glicose para a secreção de insulina, verificou-se que o ácido oleico, um
ácido graxo abundante em amendoins, foi capaz de estimular a secreção de insulina
mesmo na presença de TNF-α (tumor necrosis factor-α, fator de necrose tumoral alfa),
uma citocina pró-inflamatória que parece reduzir a secreção de insulina55.
Devido a esses resultados, essa habilidade do ácido oleico foi testada em vivo em
camundongos da linhagem Kunming tratados com streptozotocina para a indução de
diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e em camundongos KKAy, os quais foram mantidos com
dieta rica em gordura por dez dias para indução do DM255. Os animais foram alimentados
com dieta suplementada com óleo de amendoim.
Os animais com DM2 tiveram a
glicemia normalizada após 21 dias com tratamento com óleo de amendoim, não houve
diferenças nas glicemias dos animais com DM155.
Contudo, em outro estudo que utilizou o modelo de DM1 (induzida com
streptozotocina) em ratos, a suplementação de 0,62% da dieta com amendoim mostrouse benéfica em aumentar a concentração de HDLcolesterol sérica (lipoproteína de alta
densidade) e manter a quantidade de glutationa reduzida (GSH), um antioxidante
endógeno56. Tendo em vista a associação do DM com o aumento de colesterol e
triglicérides séricos e diminuição de HDLcolesterol, a suplementação de amendoim foi
eficiente em prevenir a depleção dessa última. A presença de ácidos graxos mono e poliinsaturados, magnésio, fibras e baixo índice glicêmico presentes no amendoim foram os
prováveis protetores.
O estudo populacional The Nurses’ Health Study (NHS) mostrou que o consumo
frequente (5 vezes por semana) de manteiga de amendoim está associado com redução
do risco de DM2 comparado a mulheres que não consumiam57. Esse estudo também
encontrou redução do risco para DM2 com o consumo de nozes, castanhas e amêndoas,
incluindo o amendoim57.
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13
Os amendoins, nozes e castanhas são ricos em fibras e magnésio, também
possuem baixo índice glicêmico. Diversos trabalhos já demonstraram que dietas ricas em
fibras permitem menor demanda de insulina e o magnésio parece propiciar uma melhora
da sensibilidade à insulina57-59.
Outra análise utilizando dados de mulheres diabéticas da mesma coorte do NHE,
indicou que o consumo frequente de nozes, castanhas, amêndoas, amendoim e pasta de
amendoim diminuiu o risco de doenças cardiovasculares e infarto do miocárdio60.
Esses dois trabalhos em conjunto indicam que tanto para a prevenção do DM2
como também para a prevenção de outras doenças associadas, o consumo de amendoim
e pasta de amendoim foi benéfico.
Contudo, são poucos os estudos que avaliaram diretamente o efeito do consumo
de amendoim em indivíduos diabéticos. Os trabalhos como a coorte do NHE demonstram
diminuição do risco de DM em mulheres com consumo mais elevado de amendoim e
manteiga de amendoim, contudo essas mulheres também apresentavam menor consumo
de grãos refinados e carnes57. Em um outro estudo de coorte realizado em Iowa/EUA com
35988 mulheres no pós-menopausa não encontrou a mesma associação inversa entre o
DM e consumo de nozes e amendoins, pois mulheres que apresentaram maior consumo
por semana tiveram pouca ou nenhuma redução do risco, já mulheres com consumo de 1
a 4 vezes por semana e consumo menor que uma vez por semana tiveram uma redução
do risco de 15%61.
Essas diferenças entre esses dois grandes trabalhos pode ser decorrentes das
variáveis alimentares incluídas, o estudo de Iowa utilizou somente uma, as medidas
usadas para o diagnóstico de DM podem diferir e a média etária da coorte do NHE é
menor61.
A inclusão de amendoim, nozes e castanhas em indivíduos com DM que
apresentam uma dieta saudável deve ser estimulada. Componentes nutricionais tais como
ácidos graxos mono e poli-insaturados, magnésio, selênio, vitaminas, demais minerais e
compostos fenólicos consumidos em quantidades adequadas parecem auxiliar na
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manutenção dos níveis glicêmicos e na resposta antioxidante ao estresse gerado pelo
DM.
3. Obesidade
A prevalência da obesidade tem crescido marcadamente nos últimos 25 anos nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento, e representa um fator de risco para as
doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão62-63.
Estima-se que a prevalência mundial de indivíduos com excesso de peso seja
cerca de 1 bilhão e com obesidade 315 milhões64. Nos EUA estima-se que a obesidade
atinja a 1/3 da população adulta64. No Brasil, a prevalência de adultos com sobrepeso e
obesidade (IMC ≥ 25Kg/m2) aumentou nos homens de 18% para 41% e nas mulheres de
27% para 40%, entre os anos de 1975 e 200365.
O consumo do amendoim é popularmente associado ao ganho de peso por ser um
alimento
de
elevada
densidade
energética.
No
entanto,
estudos
clínicos
e
epidemiológicos não demonstram associação entre o consumo de amendoim, ganho de
peso e maiores IMCs7, 15, 38.
Em um estudo que avaliou a qualidade da dieta de indivíduos (homens, mulheres e
crianças) que consumiam amendoim ou produtos derivados do grão, foi observado que
apesar de uma maior ingestão energética, o consumo do amendoim não foi associado ao
aumento do IMC e ainda teve impacto positivo na qualidade nutricional da dieta, pois foi
relacionado a uma melhora na ingestão de proteína, gordura insaturada (ácidos graxos
mono e poli-insaturados), fibras, vitamina A, vitamina E, folato, cálcio, magnésio, zinco e
ferro, além da uma redução no consumo de gordura saturada e colesterol7.
O aumento do consumo de nozes e amendoim no The Nurses’ Health Study
também não resultou em um aumento no IMC. No estudo foi observada uma redução do
IMC associada ao aumento do consumo de cada quartil das nozes e amendoim quando a
ingestão energética total foi controlada66.
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15
Segundo Griel et al.7 (2004), a inclusão da ingestão das nozes, amendoim e
derivados do amendoim em um padrão alimentar saudável que atinja o controle da
ingestão calórica pode resultar na redução do IMC7.
O estudo de Coelho et al.67 (2006) demonstra que o consumo do óleo de
amendoim em indivíduos com sobrepeso promoveu um aumento da ingestão energética
associada a um aumento do gasto energético (5%) que resultou em um menor aumento
de peso (43% abaixo do esperado)67.
Alper & Mattes15 (2002), demonstraram em um estudo cross-over que o consumo
de 505Kcal/dia provenientes do amendoim por indivíduos eutróficos durante 8 semanas
promoveu uma resposta compensatória significativa (66% da energia proveniente da
dieta) e um aumento de 11% no gasto energético, resultando em menor ganho de peso
(28% do previsto)15.
O mecanismo compensatório consiste na redução espontânea de ingestão
energética subsequente ao consumo de nozes. Os grãos de nozes e amendoim podem
promover um maior efeito compensatório (65 a 75%), em relação aos óleos (45 a 50%)68.
A ingestão de nozes e amendoim pode promover maior efeito de saciedade devido
à presença dos ácidos graxos insaturados, e também por ser um alimento rico em fibra e
proteínas15, 67, 69-70.
Sabate et al.71 (2006) sugerem que o baixo índice glicêmico das nozes também
pode ser proposto como um mecanismo modulador do apetite71, no entanto, o mecanismo
ainda não está totalmente esclarecido.
A absorção da gordura proveniente do grão de amendoim é ineficiente, e resulta na
eliminação de cerca de 18% da gordura, excretada pelas fezes15, 72. Já a eliminação de
lipídeos após a ingestão da manteiga de amendoim e do óleo é de 7% e 4,5%,
respectivamente68. A perda de energia devido à eliminação fecal dos lipídeos
provenientes do amendoim, pode resultar em cerca de 9,4%, devido à eliminação de 12%
da carga de lipídeos73. A menor absorção de lipídeos de fonte vegetal como das nozes e
amendoim pode ocorrer por estarem menos biodisponíveis devido à resistência das
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16
paredes
das
células
parenquimais
às
degradações
mecânica,
enzimática
e
microbiológica67.
O elevado conteúdo de ácidos graxos monoinsaturados e de proteína podem
promover um aumento na taxa metabólica basal e na indução da termogenese67,
70
. Os
ácidos graxos monoinsaturados, como o acido oléico são absorvidos e oxidados mais
rapidamente do que os saturados67, 74.
Esses fatores podem resultar na redução do acúmulo de energia e menor ganho de
peso. Assumindo um gasto energético basal de 1600Kcal/dia e um aumento de 5%
decorrente do consumo de 42g de amendoim, irá resultar em aproximadamente 30% da
carga de energia proveniente das nozes68.
Pelkman et al.39 (2004) relatam que os indivíduos que adotaram a dieta moderada
em lipídeos (33% do valor energético), utilizando o amendoim como fonte lipídica,
apresentaram semelhante perda de peso em relação aos indivíduos que consumiram a
dieta com 16% do valor energético de fonte lipídica, sem a ingestão do amendoim (7,2Kg
e 6,5Kg, respectivamente)39.
É descrito na literatura que a ingestão dos compostos ativos presentes no
amendoim também podem influenciar a alteração de peso. O efeito do extrato de
amendoim, contendo compostos ativos como os flavonóides, no metabolismo lipídico foi
investigado por Moreno et al.75 (2006). O estudo realizado em animais demonstrou que o
extrato pode atuar na inibição da absorção de gordura no trato digestivo, na ativação do
metabolismo de lipídeos no fígado e redução da lipólise no tecido adiposo75.
Os efeitos da proteína do amendoim na composição corporal e das características
do músculo esquelético em ratos foi avaliada por Jacques et al.54 (2010). A redução da
massa muscular esquelética e redução da contratilidade muscular foram associadas ao
aumento da gordura corporal54. O amendoim apresenta baixo conteúdo de aminoácidos
essenciais (leucina, metionina, lisina, treonina, isoleucina) e, portanto, pode levar a menor
ganho de massa proteica corporal, dos órgãos e do músculo esquelético devido ao baixo
potencial de síntese proteica54.
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A introdução do amendoim em uma dieta saudável parece não promover o
aumento de peso devido aos mecanismos de compensação na ingestão alimentar, devido
a sua ação no metabolismo lipídico e no aumento do gasto energético. Somente o uso do
amendoim como fonte de proteína pode não ser indicado devido ao baixo conteúdo de
aminoácidos essenciais que limitam a síntese proteica e podem ser associadas a uma
redução na massa corporal magra.
4. Câncer
Em 2005 a incidência mundial de câncer foi de aproximadamente 11 milhões com
mais de 7.6 milhões de morte. A perspectiva para 2030 é que a incidência aumente para
15.5 milhões e o número de mortos esteja entre 11.5 milhões76. Desta forma, a prevenção
deve ser priorizada e esta pode ser feita de duas formas principais: evitando o uso de
agentes biológicos, químicos e físicos capazes de causar câncer e o consumo habitual de
dietas ricas em alimentos protetores ao câncer77. Cerca de 30 a 40% do número de
cânceres podem ser prevenidos com uma alimentação saudável, atividade física regular e
manutenção do peso corporal ideal77.
A quimioprevenção tem recebido grande interesse. É definida como uma forma de
controle da doença na qual esta pode ser evitada, retardada ou revertida através da
administração de substâncias naturais ou sintéticas77.
A ação quimiopreventiva e cardioprotetora do resveratrol tem ganhado atenção da
comunidade científica. Ele está presente principalmente no vinho tinto, em uvas
vermelhas e amendoim77.
Em estudos com animais, o resveratrol mostrou-se benéfico no tratamento e
prevenção de câncer de pele. Em estudos pré-clínicos ele também foi efetivo contra
outros tipos de cânceres, como o hepático, pancreático, gastrointestinal e pulmonar77.
É importante ressaltar que os efeitos encontrados com o uso do resveratrol de
forma isolada não podem ser extrapolados diretamente para suas fontes alimentares, pois
nos
alimentos
existem
diversos
outros
compostos
que
podem
diminuir
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a
biodisponibilidade deste polifenol. Estudos comparando a biodisponibilidade de algumas
nozes e castanhas indicaram que o consumo destas inteiras apresentou baixa absorção
possivelmente devido à manutenção da integridade da parede celular78.
Um estudo de coorte prospectivo avaliando o consumo de amendoim e sua
associação com o risco de câncer de colorretal em Taiwan mostrou que o consumo
frequente de amendoim e produtos derivados deste possuem efeito protetor em
mulheres79. A incidência desse tipo de câncer em homens foi positivamente associada
com o índice massa corporal (IMC), colesterol sérico e o consumo de cigarros. Para
mulheres o aumento da incidência relacionou-se positivamente com o IMC, colesterol e
triglicérides séricos. Também mulheres na menopausa tiveram maior risco79.
Este trabalho aponta para os benefícios do consumo de amendoim e seus produtos
devido a alguns componentes específicos, como fitosteróis, ácido fítico e resveratrol. O βsitosterol, principal componente dos fitosteróis no amendoim, apresenta efeito protetor ao
câncer de colorretal por inibir a linhagem de células HT-29, vinculadas a esse câncer79-80.
O ácido fítico é um antioxidante capaz de formar quelatos com metais diminuindo sua
reatividade. Já o resveratrol mostrou-se capaz de inibir a ciclooxigenase-2, enzima capaz
de induzir a formação de prostaglandinas pró-inflamatórias, em células de câncer de cólon
e também inibir o crescimentos de focos de criptas intestinais aberrantes81. Entretanto,
este estudo não encontrou a mesma relação protetora do consumo de amendoim e
diminuição de câncer colorretal em homens79.
O consumo de amendoim e produtos derivados acarreta também a ingestão de
aflatoxinas. Estas micotoxinas são produzidas por fungos do gênero Aspergillus: A. flavus,
A. parasiticus, A. nomius. A contaminação pode ocorrer antes e depois da colheita, no
armazenamento e transporte dos alimentos. Desta forma, para minimizar a ingestão de
aflatoxinas é preciso que todas as etapas da produção de alimentos como o amendoim,
leite, milho, dentre outros, implantem normas de Boas Práticas de Fabricação e Análise
de Perigos e Pontos Críticos de Controle, as quais possibilitam controlar e monitorar a
qualidade do produto final.
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Ratos que consumiram quantidades crescentes de aflatoxinas
(1, 5, 15, 50 e
100ppb) tiveram aumento da incidência de câncer de fígado (9%, 19%, 80% e 100%,
respectivamente)82. Desde a década de 60 busca-se investigar a associação entre a
incidência de carcinoma hepatocelular e o consumo de aflatoxina, visto que ambos se
distribuem mundialmente de forma similar82.
O câncer hepático é influenciado nessas áreas por dois fatores principais: a
exposição a aflatoxinas e ao vírus da hepatite B e/ou C83. Existe uma vasta associação
ecológica entre as áreas com alta exposição a aflatoxina e o vírus hepatite B, isto porque
o vírus afeta a eficiência hepática em detoxificá-lo o que propicia maior exposição a essa
micotoxina83.
Os principais alimentos que contêm aflatoxina são: amendoim, milho, trigo, arroz,
dentre outros listados na Tabela 2. Esta tabela também contém exemplos de alimentos
contaminados de acordo com o país e as concentrações de aflatoxinas.
Tabela 2. Produtos frequentemente contaminados em diversos países.
Frequencia
País e Produto
Amostras
de
Positivas
para Aflatoxinas
Taxa
de
Contaminação
%
ppb
19,6
Positivo
67
33,0 (média)
Milho
38,3
0,2-129,0
Produtos de Amendoim*
67
43,0-1099,0
Amendoim*
27
43,0-1099,0
Sorgo
12,8
7,0-33,0
Argentina
Milho
Bangladeshe
Milho
Brasil
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20
China
Milho
76
>20,0
Costa Rica
80
>20
56,7
>10,0
90
25,0-175,0
Milho
Chipre
Manteiga de amendoim
Egito
Avelã
Amendoim
e sementes
de 82
Positivo
melancia
35
5,0-35,0
Soja
40
>0,250
Temperos
75
15,0-25,0
Nozes
Gâmbia
Molho de amendoim
162,0
Gana
Amendoim
12,8-31,7
Positivo
Pimenta malagueta
18
>30,0
Fatias de marmelo secas
23,14
96,0-8164,0
Amendoim
21
>30,0
Milho
26
>30,0
Derivados de cevada
12
26,0 (média)
Derivados do milho
19
74,0
6
>0,2
Índia
Coréia
Kuait
Leite
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21
Portugal
Iogurte
18,8
19,0-93,0
1,2
>25,62
45
25,0-770,0
8,7 a 33
>20,0
85
40,0 (média)
Queijo
12,28
Positivo
Avelã, pistache
Presente
>4,0
Milho
29
1-100
Amendoim, mandioca
12
>100
Malásia
Trigo
Nigéria
Milho
Catar
Pistache
Senegal
Óleo de amendoim
Turquia
Uganda
Adaptada de Williams et al.83 (2004). * Dados conflitantes. Mais estudos estão listados no
texto.
No Brasil a frequência de contaminação do amendoim e produtos derivados deste
é bastante conflitante. Dados do período de 1998 a 2000 referentes ao Distrito Federal
apontaram uma contaminação de 49,1% do amendoim cru; 51,2% de paçocas e doces de
amendoim e 40% do amendoim torrado e confeitado84.
A análise realizada em produtos comercializados na cidade de Alfenas – MG
indicou que dentre as 21 amostras de amendoim, 8 (38%) delas foram positivas para a
contaminação por aflatoxinas; já para as 15 amostras de paçocas, 2 (13%) delas foram
positivas85.
Em outro trabalho feito com amostras coletadas de cidades da região nordeste do
Estado de São Paulo (Araras, Leme, Pirassununga e Porto Ferreira) observou-se que
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39,6% das amostras de amendoim com pele não processado foram positivas para
aflatoxinas, sendo que 8,3% ultrapassavam 20µg/kg; das amostras de paçoca 72,9%
continham aflatoxinas e 8,3% continham mais que 20µg/kg; 41,7% do amendoim salgado,
dos quais 2,1% possuíam limites superiores a 20µg/kg; 31,2% do amendoim salgado e
torrado e 35,4% de balas de amendoim (amendoim revestido), destes não houve
contaminação acima do permitido86
Visando a proteção à saúde da população, a Agencia Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) estabeleceu limites máximos de aflatoxinas para o leite (aflatoxima M1
no valor máximo de 0,5 µg/l; com especificação para o leite fluido, com concentração
limite de 5,0 µg/kg), milho (em grão, farinhas ou sêmolas de milho, com limite máximo de
aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 de 20,0 µg/kg) e amendoim (com pele, despeledo, cru,
tostado e pasta ou manteiga de amendoim com concentração máxima das aflatoxinas B1,
B2, G1 e G2 de 20,0 µg/kg). Em publicação recente (RDC-7/2011 de 22/02/2011), a
ANVISA estabelece também que os produtos contendo amendoim devam considerar as
proporções deste e a quantidade de aflatoxinas não deve ultrapassar a concentração
limite estabelecida para o amendoim. É importante ressaltar que a maior parte dos
produtos contendo amendoim apresentam outros ingredientes, o que proporcionalmente
diminui a concentração de aflatoxinas.
Desta forma, o controle de aflatoxinas deve ser criteriosamente acompanhado
pelas agências governamentais responsáveis assim como pelas indústrias produtoras
desses alimentos, visto que altas concentrações dessa micotoxina apresentam forte
associação com câncer hepático. A ABICAB – Associação Brasileira da Indústria de
Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados possui um selo de certificação para
amendoim e derivados, este selo visa garantir que os produtos não contenham teores de
aflatoxina acima do permitido pela ANVISA.
5. Doenças Hepáticas:
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A doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD) é uma doença de grande
incidência mundial que afeta de 25 a 35% da população adulta dos Estados Unidos87. A
prevalência da NAFLD na população Ocidental é estimada entre 20 e 30%88. Cerca de
13% dos casos de carcinoma hepatocelular são associados à esteatohepatite não
alcoólica, forma mais grave da NAFLD88.
A cada ano, cerca de 600.000 pessoas têm o carcinoma hepatocelular como a
principal causa de morte, sendo que a maioria dos casos ocorre nos países
desenvolvidos89. A incidência do carcinoma hepatocelular nos Estados Unidos tem
aumentado nas ultimas décadas e a exposição crônica à aflatoxina e à infecção pelo vírus
da hepatite C são estabelecidas como os maiores fatores de risco para o seu
desenvolvimento90.
A literatura apresenta poucos estudos que descrevem as alterações hepáticas
associadas ao acúmulo de lipídeos resultantes do consumo do amendoim.
O consumo da dieta contendo 15% de óleo de amendoim por ratos durante 28 dias
promoveu alterações hepáticas, observadas no exame microscópico, no entanto,
apresentavam características semelhantes às observadas nos animais alimentados com
óleo de milho5.
Cintra et al.91 (2006) observaram que os animais alimentados com a dieta
hiperlipídica contendo óleo de amendoim apresentaram acúmulo de gordura total hepática
semelhante ao observado nos grupos alimentados com óleo de soja, sendo que pela
analise histológica apresentaram menor grau de esteatose hepática (>50%), quando
comparados aos animais alimentados com óleo de soja (>75%)91.
O efeito hepatoprotetor foi observado no estudo de Makni, et al.92 (2010) em que a
mistura de óleo de linho e amendoim promoveu uma melhora no acúmulo de gordura
hepática, preservação das enzimas antioxidantes hepáticas (glutationa peroxidase,
catalase e superóxido dismutase) e redução nos níveis de malondialdeído, composto
produzido na peroxidação lipídica, comparado com os animais alimentados com a dieta
rica em colesterol92.
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24
Os benefícios observados são associados às características do amendoim, devido
ao baixo conteúdo de colesterol e gordura saturada e a presença de compostos bioativos
que desempenham atividades antioxidantes.
O aumento do risco de doenças hepáticas (cirrose e carcinoma hepatocelular)
resultantes do consumo do amendoim é associado à exposição ao alimento contaminado
com a aflatoxina93.
A associação entre o consumo da manteiga de amendoim e o câncer hepatocelular
foi observada por Omer, et al.94 (2001). Em indivíduos com a deleção homozigotica do
gene GSTM1, relacionado a expressão da enzima glutationa transferase M1, foi
caracterizada a ausência da atividade desta enzima, que desempenha um importante
papel na defesa contra compostos reativos como a aflatoxina94.
Estudos epidemiológicos e experimentais indicam que indivíduos portadores da
Hepatite B e C apresentam maior predisposição ao dano hepático induzido pela
exposição à aflatoxina, que também promove um aumento na susceptibilidade a infecção
crônica por HBV, além da exacerbação do estresse oxidativo devido à co-exposição a
aflatoxina e infecção por hepatite crônica95.
6. Alergias
A prevalência de alergia a amendoim em todo o mundo é alta, principalmente nos
países desenvolvidos, sendo que na população americana atinge mais de um 1%96.
Também consiste em uma das principais causas de morte por reação anafilática gerada
por alimentos97. Contudo, ainda não há consenso sobre os possíveis fatores que geram a
alergia ao amendoim98.
Muitos fatores específicos vinculados ao amendoim e outros mais abrangentes
foram estudados, tais como: quantidade de amendoim consumida, processamento do
alimento, dieta materna e da criança, higiene, exposição ao sol e vitamina D, uso de
antiácidos e exposição não oral às proteínas do amendoim98. Contudo, nenhum destes
demonstrou forte associação com o surgimento de alergias98.
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25
Foram buscadas alternativas para prevenir o desenvolvimento da imunoglobulina E
(IgE) mediada por alergia alimentar, tais como evitar o consumo de amendoim durante a
gravidez, lactação e na primeira infância98. Entretanto, essas estratégias não tiveram
resultados conclusivos98.
São reconhecidas 8 proteínas potencialmente alergênicas no amendoim: Ara h 1 a
Ara h 8 (nome proveniente na leguminosa a Arachis hypogea, planta que tem o amendoim
como semente). Essas proteínas apresentam resistência ao calor, a enzimas digestivas, e
ao processamento alimentar; a elevada temperatura empregada no amendoim torrado
aumenta sua alergenicidade99. Isto porque a glicosilação das proteínas, resultantes da
Reação de Maillard gerada pelo aumento da temperatura, propicia maior estabilidade a
essas facilitando a ligação com as IgEs100.
Essa reação resulta nos chamados produtos avançados de glicação (AGEs advanced glycation end adducts)99. Os receptores presentes na IgE apresentam afinidade
para moléculas com caráter anionico, o que facilita a ligação à lisina que sofreu a glicação
(carboximetilisina)101.
O amendoim torrado possui compostos como o malondialdeído (MDA) e 4hidroxinonenal (HNE), formados após a peroxidação lipídica101.
Ocorre maior ligação de IgE em amendoins assados por 10 a 15 minutos, a
quantidade de IgEs diminui com o aumento do tempo (25 a 30 minutos), isso porque em
um curto período a proteína Ara h1 torna-se mais acessível, com o aumento do tempo, as
proteínas parecem ser desnaturadas, no entanto a quantidade de IgEs ligadas em
amendoins torrados é maior que em amendoins crus102. Este trabalho avaliou a ligação a
essa proteína alergênica, não excluindo o provável aumento de IgEs ligadas também às
demais proteínas da família Ara h102.
O Governo Britânico publicou algumas recomendações sobre o consumo de
amendoim por gestantes e crianças103. Nestas orientações, as gestantes e as que estão
no período de amamentação devem consumir amendoim como parte de uma dieta
saudável, independentemente se possuem parentes com alergia a amendoim. A
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26
introdução do amendoim deve ser feita juntamente com as outras leguminosas e o
período de amamentação exclusivo até os seis meses de vida deve ser respeitado. Isto
porque se o amendoim for introduzido nestes primeiros seis meses há aumento do risco
de desenvolver alergia a este assim como a outros alimentos apresentados nesse período
(ovos, nozes, trigo, peixes, mariscos, leite de vaca) e se a criança possui outro tipo de
alergia ou parente próximo com alergia a amendoim, as mães devem procurar um
especialista antes de introduzir este alimento104.
A alergia a amendoins é mais frequente em alguns países como Estados Unidos e
Inglaterra. No Brasil foi realizado um estudo multicêntrico com o objetivo de identificar os
principais agentes causadores de doenças atópicas. Neste trabalho, publicado em 1995,
foram avaliadas crianças da região Sudeste, Nordeste e Sul, nas quais foi observado que
o amendoim, dentre os alergênicos alimentares, é o segundo mais prevalente (com
ocorrência de 3,5%) antecedido pelo leite de vaca (com ocorrência de 5,2%); contudo é
importante ressaltar que ocorreram apenas 9,1% de testes positivos para alimentos nas
306 crianças avaliadas105. Já em um trabalho mais recente, publicado em 2004, com o
objetivo de avaliar a correlação de um teste in vitro para alergênicos inalantes, as alergias
alimentares, incluindo a alergia ao amendoim, não foram relevantes106.
A maior parte dos estudos que investigam a relação entre amendoim e alergia é
proveniente de países como os Estados Unidos e Inglaterra, decorrente da maior
incidência desse tipo de alergia. Apesar do grande número de trabalhos envolvendo o
amendoim como alergênico alimentar ainda são necessários mais estudos para
esclarecer as causas. No Brasil é preciso mais estudos para que seja possível uma
melhor estimativa da incidência desse tipo de alergia.
Considerações Finais
O amendoim é um alimento com grande quantidade de nutrientes e benéfico em
muitos aspectos, se o seu consumo for habitual e dentro de uma dieta saudável. O
consumo do amendoim promove, comprovadamente, um impacto positivo na qualidade
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nutricional da dieta, pois é associado à maior ingestão de proteína, gordura insaturada
(ácidos graxos mono e poli-insaturados), fibras, vitamina A, vitamina E, folato, cálcio,
magnésio, zinco, ferro, compostos bioativos como os polifenois, além da redução no
consumo de gordura saturada e colesterol.
Diversos estudos demonstram o efeito benéfico do consumo do amendoim na
redução de lipídeos sanguíneos (LDLcolesterol e Colesterol Total e manutenção dos níveis
de HDLcolesterol) e redução do risco de doenças cardiovasculares, devido a efeitos positivos
como a vasodilatação, a redução na formação de moléculas reativas ao oxigênio, a
redução das substâncias pró-inflamatórias e a inibição da agregação plaquetária. A
presença dos nutrientes como as fibras, ácidos graxos monoinsaturados (principalmente
acido oléico), arginina, folato, α-tocoferol, magnésio, polifenóis (resveratrol) e esteróis (βsitosterol) são associados aos efeitos benéficos nas doenças cardiovasculares resultantes
do consumo do grão.
O amendoim também é benéfico na manutenção dos níveis glicêmicos e na
resposta antioxidante ao estresse gerado pelo Diabetes Mellitus, além do maior consumo
de ácidos graxos mono e poli-insaturados. Outros componentes nutricionais como o
magnésio, selênio, vitaminas, demais minerais e compostos fenólicos parecem auxiliar no
efeito positivo do consumo do amendoim no DM.
A relação entre o consumo de amendoim e sobrepeso/obesidade não é observada
nos estudos. A influência do consumo do grão nos mecanismos de compensação na
ingestão alimentar, no metabolismo lipídico e no aumento do gasto energético são
resultantes do maior consumo de ácidos graxos insaturados, fibras, proteínas e
flavonóides e podem auxiliar no controle de peso, quando associado a uma dieta
saudável.
O resveratrol, um polifenol presente principalmente em uvas vermelhas e no vinho
tinto, que é associado à quimioprevenção do câncer, também está presente no
amendoim. Outros compostos como os fitosteróis (β-sitosterol) e ácido fítico também
desempenham ação preventiva. No entanto, o consumo de amendoim e produtos
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derivados acarreta também a ingestão de aflatoxinas (micotoxinas produzidas por fungos
do gênero Aspergillus: A. flavus, A. parasiticus, A. nomius) que são associadas ao
desenvolvimento de câncer, principalmente o câncer hepático. Portanto, cabe ressaltar
que o controle na produção e comercialização é fundamental para assegurar a qualidade
aos consumidores e estratégias de fiscalização da quantidade de aflatoxinas são
primordiais para a redução dos riscos à saúde humana.
Como citado anteriormente, o aumento do risco de doenças hepáticas é associado
à exposição ao amendoim contaminado com a aflatoxina. Os benefícios observados em
estudos que verificaram a redução do acúmulo de gordura hepática e da peroxidação
lipídica são associados ao baixo conteúdo de colesterol e gordura saturada e também à
presença de compostos bioativos que desempenham atividades antioxidantes, no
amendoim.
A alergia ao amendoim tem elevada prevalência. No entanto, os fatores que levam
ao desenvolvimento desse tipo de alergia não estão totalmente elucidados e podem ser
dependes de fatores específicos vinculados ao consumo como a quantidade de
amendoim, o processamento do alimento, dieta materna e da criança, higiene, exposição
ao sol e vitamina D, uso de antiácidos e exposição não oral às proteínas do amendoim.
Por fim, um resumo dos aspectos positivos e negativos resultantes do consumo do
amendoim para a saúde são apresentados na tabela abaixo:
Tabela 3. Aspectos positivos e negativos associados ao consumo do amendoim para a
saúde.
Amendoim e
Saúde
Aspectos Positivos
Rico
em
Nutrientes
Aspectos Negativos
(ácidos Pouca
quantidade
Composição
graxos mono e poli-insaturados, aminoácidos essenciais;
Química
vitaminas,
polifenóis);
minerais,
de
fibra, Inibidores de Protease e αamilase;
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Elevado conteúdo Proteico;
Baixo
conteúdo
de
Taninos.
gordura
saturada e colesterol.
Redução do Risco de DCVs e Estudos
infarto do miocárdio;
observaram
maior
em
placas
gravidade
Ação benéfica nas dislipidemias ateromatosas;
(Redução
do
e Aumento do Colesterol total e
LDLcolesterol
Colesterol Total, manutenção do triglicérides
HDLcolesterol);
utilizado
séricos,
como
única
quando
fonte
Retardo no desenvolvimento da proteica.
Doenças
aterosclerose;
Cardiovasculares Redução
(DCVs)
da
agregação
plaquetária;
Redução
da
produção
de
substàncias pró-inflamatórias;
Redução
da
produção
das
substàncias reativas ao oxigênio;
Vasodilatação;
Redução
da
absorção
do
colesterol proveniente da dieta;
Aumento da secreção de insulina;
Aumento da sensibilidade à ação
da insulina;
Diabetes
Normalização da glicemia;
Mellitus
Aumento do HDLcolesterol;
-
Manutenção dos níveis de GSH
(antioxidante endógeno);
Redução do risco de DM2.
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Não
há
associação
consumo
de
entre
amendoim
o Aumento da gordura corporal e
e redução da massa muscular,
quando utilizado como única
aumento do IMC;
Aumento do gasto energético de fonte proteica.
5 a 11% (taxa metabólica basal e
termogenese);
Obesidade
Maior
saciedade
e
menor
ingestão energética subsequente
devido à resposta compensatória;
Menor
absorção
proveniente
de
do
gordura
grão
de
amendoim (fonte vegetal);
Aumento do metabolismo lipídico.
Quimioprevenção dos cânceres Redução
da
absorção
de
de pele, colo retal, hepático, polifenóis devido à integridade
Câncer
pancreático,
gastrointestinal
e da parede celular;
pulmonar;
Ingestão de aflatoxinas e maior
Redução de prostaglandinas pró- risco de desenvolvimento de
inflamatórias.
câncer.
Redução do acúmulo de gordura Aumento do risco de doenças
hepatica/menor grau de esteatose hepáticas devido à exposição à
Doenças
hepática
Hepáticas
Preservação
aflatoxina.
das
enzimas
antioxidantes hepáticas
Menor peroxidação lipidica
Recomendações
Alergias
consumo
de
sobre
amendoim
gestantes e crianças;
o Prevalência
ainda
não
por estabelecida no Brasil;
Proteínas
alergênicas
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A alergia ao amendoim depende apresentam resistência ao calor,
de fatores como quantidade de a enzimas digestivas, e ao
amendoim
consumida,
o processamento alimentar;
processamento do alimento, dieta A
elevada
materna e da criança, higiene, empregada
exposição ao sol e vitamina D, torrado
temperatura
no
amendoim
aumenta
sua
uso de antiácidos e exposição alergenicidade.
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oral
às
proteínas
do
amendoim.
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