Pelos caminhos da história - UNIDADES 4 E 5

Transcrição

Pelos caminhos da história - UNIDADES 4 E 5
CAPÍTULO 16
O Primeiro
Reinado, 246
CAPÍTULO 17
O turbulento Período
Regencial, 262
CAPÍTULO 18
O início do Segundo
Reinado, 280
Frei Caneca? Revolu;’ao
Na imagem acima, Frei Caneca Revolução
de 1824. Painel de Cícero Dias, 1981. Na
imagem maior, paisagem de Debret.
245
O Primeiro Reinado
O processo de formação do Estado Nacional brasileiro se deu de maneira bastante peculiar.
Segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello, a emancipação política do Brasil não foi
resultado de movimentos nacionalistas. Para ele, o Estado exerceu função central na formação
social e politica do país. Diferentemente do dinamismo contemporâneo, o surgimento do
Estado Brasileiro ocorreu antes do aparecimento dos movimentos nacionalistas e,
particularmente, precedendo a sociedade brasileira. Portanto, Evaldo Cabral concluiu que “o
Brasil fez-se império antes de se fazer nação”.
O período que vai da proclamação da Independência em 1822 à proclamação da República
em 1889 ficou conhecido como Brasil Império. A designação império deve-se à imensa
extensão territorial, e não ao fato de corresponder o domínio de várias nações, como, por
exemplo, o Império Russo. Alguns historiadores dividem o período em primeiro e segundo
império, uma vez que a maneira mais adequada é Primeiro e Segundo Reinado, em referência
aos governos, respectivamente, de D. Pedro I e D. Pedro II.
Debret, Cerimônia de coroação de dom Pedro I como imperador do Brasil.
Vale salientar também, que a independência não foi um simples “presente” de Portugal.
Alguns historiadores defendem que embora tenha existido um “comprometimento” com o
governo português, a emancipação gerou despesas exorbitantes para o Brasil, devido ao
pagamento de indenização a Coroa Portuguesa e aos mercenários europeus que
desempenharam relevante papel nas lutas de reconhecimento da independência nas províncias
da Bahia, Piauí, Pará, Maranhão e Cisplatina (atual Uruguai). Essas regiões se recusavam a
reconhecer a o governo de D. Pedro I.
“A Independência não foi, portanto, uma vitória incruenta, nem se limitou à guerra da
Bahia, pois havia que contar com as forças estacionadas no Sul, especialmente em
Montevidéu; todas, exceto as do Maranhão, foram pagas e sustentadas com as rendas do
Rio de Janeiro. A Independência é o fruto de uma guerra não é dádiva de Portugal, nem um
presente da Casa de Bragança”.
José Honório Rodrigues
246
Ser brasileiro
O que existia antes da emancipação na América portuguesa eram sentimentos antilusitanos
e noções de identidade regional, ou seja, as pessoas ficavam contra os portugueses em linhas
gerais e se identificavam com o local que haviam nascido, isto é, consideravam-se
pernambucanos, paulistas, mineiros. De maneira geral, não havia a noção do que era ser
brasileiro. Os regionalismos e a dificuldade da formação de uma identidade nacional foram
reforçados pela dimensão territorial, os problemas de comunicação que contribuía para o
isolamento entre a população. A Independência do Brasil não foi procedida de um projeto de
integração nacional. O Estado brasileiro surgiu com o propósito de atender os privilégios das
elites, que enxergaram na Monarquia um meio de proteger seus interesses e manter os grupos
mais radicais afastados.
“A ideia de pátria manteve-se ambígua até mesmo depois da independência. Podia ser
usada para denotar o Brasil ou as províncias. Um deputado mineiro, Bernardo Pereira de
Vasconcelos, insuspeito de separatismo, falando a seus conterrâneos referia-se a Minas
Gerais como ‘minha pátria’, em contraste com o Brasil, que seria o ‘Império’. A distinção é
reveladora: a identificação emotiva era com a província, o Brasil era uma construção
política, um ato de vontade movido antes pela mente que pelo coração”.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. p.77.
Divergências entre as elites
No decorrer do Primeiro Reinado, as diferentes facções políticas, representando diversos
grupos elitistas, iniciaram uma acirrada disputa pelo poder, uma vez que mesmo alcançando a
autonomia político, foi mantida no Brasil estrutura estatal montada pelos portugueses. Apesar
das divergências políticas e dos interesses em jogo, de modo geral o objetivo comum era
implantar um Estado forte que pudesse afastar qualquer ameaça revolucionária, conforme
analisou a historiadora Maria Odila Dias:
“(...) pânico de uma revolta escrava incontrolável, as profundas disparidades entre os
vários setores da população, homens livres e escravos, homens de ascendência europeia,
outros de origem africana e indígena, levaram os proprietários rurais a protegerem-se sob
o manto de um Estado capaz de manter o controle através da força, garantindo a
dominação da elite branca. Elite que se espelhava nas sociedades europeias e sonhava em
criar um país à sua imagem e semelhança, a despeito da sociedade escravocrata e
mestiça”.
Após a culminação da independência surgiram dois “partidos”, o português e o brasileiro
que tiveram importante atuação ao longo dos acontecimentos posteriores à emancipação
política. A rigor, esses grupos consistiam em correntes de opiniões, não podendo, desse modo,
ser classificados ideologicamente como partidos políticos.
O “partido português” era formado por comerciantes portugueses, por burocratas e
membros do alto escalão do Exército. Os integrantes desse grupo pretendiam manter os
privilégios concedidos durante o período colonial, eram favoráveis o retorno de D. Pedro a
Portugal e a implantação de medidas recolonizadoras.
Já o “partido brasileiro” era composto essencialmente por comerciantes, burocratas,
grandes proprietários de terras, investidores urbanos e advogados, nascidos em Portugal ou no
Brasil. Esse grupo expressava os desejos dos que se beneficiaram com a chegada da família
real em 1808. Suas principais reivindicações iam desde a liberdade comercial até o
reconhecimento e respeito a igualdade política e jurídica alcançada em 1815 pela elevação do
Brasil a Reino Unido. Posteriormente, dissidentes dessa facção formaram o Partido Liberal
Radical, que não era efetivamente nem “partido”, nem “liberal” e muito menos “radical”.
Os atritos entre os grupos políticos portugueses e brasileiros se estenderam até as Cortes
de Lisboa, onde os reinóis eram muito mais favorecidos. Das 205 vagas na Assembleia, apenas
75 pertenciam ao Brasil, sendo que destas, 25 permaneciam desocupadas. Entre os principais
representantes brasileiros estavam Cipriano Barata, Antônio Carlos Andrada, padre Diogo
Antônio Feijó e Nicolau de Campos Vergueiro. Eles tiveram que entrar em choque com os
“liberais” portugueses, que pretendiam reconduzir o Brasil à condição de colônia e restabelecer
o monopólio comercial. Entretanto, em outubro de 1822, alguns parlamentares brasileiros se
recusaram a jurar a Constituição portuguesa.
247
O reconhecimento da independência
Os Estados Unidos, em 1824, foram os primeiros a reconhecerem a independência brasileira. Os norte-americanos seguiam os princípios da Doutrina Monroe e pregavam o critério
da não-intervenção das potências europeias na América. Segundo alguns historiadores,
tratava-se de uma reposta às medidas da Santa Aliança de intervenção no continente
americano apoiando a Espanha e Portugal em suas pretensões de manter seus domínios
coloniais. Em contrapartida, a Doutrina Monroe também foi avaliada por muitos historiadores
como uma medida inicial para o futuro imperialismo dos Estados Unidos em relação aos países
americanos.
Em 1825, com mediação da Inglaterra, Portugal reconheceu a emancipação do Brasil por
intermédio de uma série de exigências, aceitas por D. Pedro I. Nesse contexto, os ingleses
também fizeram várias reivindicações, entre elas a renovação dos Tratados de 1810 e o comprometimento do governo brasileiro de extinguir o tráfico de escravos em curto prazo. Em
seguida, outros países passaram a reconhecer a independência do Brasil.
“Na Europa, o liberalismo era uma ideologia burguesa voltada contra as instituições do
Antigo Regime, os excessos do poder real, os privilégios da nobreza, os entraves do
feudalismo ao desenvolvimento da economia. No Brasil, as idéias liberais teriam um
significado mais restrito, não se apoiariam nas mesmas bases sociais, nem teriam
exatamente a mesma função. Os princípios liberais não se forjaram, no Brasil, na luta da
burguesia contra os privilégios da aristocracia e da realeza. Foram importados da Europa.
Não existia no Brasil da época uma burguesia dinâmica e ativa que pudesse servir de
suporte a essas ideias. Os adeptos das ideias liberais pertenciam às categorias rurais e
sua clientela. As camadas senhoriais empenhadas em conquistar e garantir a liberdade de
comércio e a autonomia administrativa e judiciária não estavam, no entanto, dispostas a
renunciar ao latifúndio ou à propriedade escrava. A escravidão constituiria o limite do
liberalismo no Brasil”.
COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: Momentos Decisivos. São Paulo: Grijalbo. p.27-28.
A constituição de 1824
A organização do Estado brasileiro foi acompanhada de
intensos debates na Assembleia Constituinte reunida em
maio de 1823 (convocada antes mesmo da independência).
O objetivo dessas reuniões era elaborar e promulgar,
pautado no ideário liberal, a primeira Constituição do Brasil.
Para alguns historiadores, o projeto constitucional de 1823
representava as aspirações e os interesses das classes
dominantes.
Nesse momento, torna-se fundamental analisar os
limites evidentes do liberalismo no Brasil, pois de acordo
com a teoria liberal “todos os homens nascem livres e
iguais”, porém, a escravidão foi mantida até 1888.
Sob os aspectos gerais, o projeto de 1823, composto
por 272 artigos, ficou conhecido como a “Constituição da
Mandioca”, em referência ao seu caráter censitário que
concedia direitos políticos somente aqueles que possuíssem
determinada renda líquida anual, tendo como base a
produção de mandioca. As principais características dessa
carta foram: existência de três poderes (executivo,
do juramento da Constituição de 1824.
judiciário e legislativo), eleições censitárias, ampliação das Alegoria
D. Pedro salva a índia (que representa o Brasil)
funções atribuídas ao poder legislativo e limitação do poder
da ameaça do absolutismo.
do Imperador.
D. Pedro I ficou insatisfeito com o projeto constitucional, uma vez que lhe limitava poderes
e numa ação autoritária e absolutista, ele dissolveu a Assembleia Constituinte em novembro
de 1823. Após a dissolução da Constituinte, o imperador outorgou, em 1824, a primeira
Constituição do Brasil. Composto por 179 artigos, o documento possuía as seguintes
características: monarquia constitucional hereditária; unitarismo, que provocou a subordinação
das províncias às decisões do poder central; sufrágio censitário masculino para maiores de 25
248
anos; eleições indiretas; liberalismo moderado, que pretendia conciliar o ideal liberal com o
absolutismo; estabelecimento do catolicismo como religião oficial do Estado; Igreja submetida
ao Estado (regime de Padroado – os clérigos eram pagos pelo Estado e o imperador
nomeava os sacerdotes aos diversos cargos clericais); o direito do Beneplácito que dava
autonomia ao imperador para aprovar previamente os decretos papais; estabelecimento de
quatro poderes: Executivo (exercido pelo Conselho de Ministros chefiados e escolhidos pelos
Imperador), Legislativo (bicameral, com senado vitalício e pela Câmara dos Deputados),
Judiciário (exercido pelo Supremo Tribunal, sendo os magistrados nomeados pelo Imperador) e
Moderador (exercido exclusivamente pelo Imperador). De acordo com o artigo 98 da
Constituição de 1824: “o poder moderador é a chave de toda a organização política, e é
delegado privativamente ao Imperador (...) para que incessantemente vale sobre a
manutenção da independência, equilíbrio e harmonia dos demais poderes políticos”.
Constituição outorgada de 1824 concentrava plenos poderes nas mãos de D. Pedro I, o que
torna evidente as limitações do liberalismo político e o problema de inserção das camadas
populares nas decisões políticas. Em relação a esse aspecto, o historiador Raymundo Faoro,
escreveu:
“O Brasil entrou no processo constitucionalista pela porta que a Revolução do Porto
abriu (24 de agosto de 1820) sempre retardado não só em relação aos Estados Unidos e à
Europa sacudida pela Revolução Francesa, senão com referência à própria Península
Ibérica. (...) Os sublevados do Porto, no momento ainda sem a solidariedade de Lisboa,
juristas e letrados com o estímulo ostensivo dos comerciantes, apoiados pela guarnição
local, exigiam uma constituição, capaz de fixar as relações entre os cidadãos e o governo
(...)
Pela primeira vez na história, os brasileiros elegeram e enviaram a Lisboa
representantes a uma constituinte, que, embora extremada no seu colonialismo, teve
relevante papel indireto e involuntário na independência do Brasil. O ingresso no caminho
constitucional seria, porém, irreversível, ainda que, sempre segundo o modelo
contemporizador e conciliador, a soberania nacional e popular fosse negada, freada,
mutilada e, mais tarde, golpeada.”
FAORO, Raymundo. Assembleia Constituinte: a Legitimidade Recuperada. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. p.7-9.
A Confederação do Equador
A dissolução da Constituinte e a Carta constitucional outorgada contribuíram para a eclosão,
em 1824, no nordeste da Confederação do Equador de caráter liberal, republicano,
federalista, antilusitano e separatista que, de certo modo, resgatava os ideais e o projeto da
Revolução Pernambucana de 1817. Os confederados combatiam o centralismo monárquico e as
ações autoritárias do Imperador.
Reunião da Junta Revolucionária
da Confederação do Equador.
Gravura de Joham Moritz
Rugendas, Biblioteca Mário de
Andrade, São Paulo.
249
O movimento contou com a participação de amplos setores da aristocracia agrária
nordestina, de perfil “liberal”, que sofria também com a crise da agricultura canavieira
exportadora. O estopim para a deflagração do movimento foi à nomeação de um presidente
para a Pernambuco, que era indesejado pelos habitantes da província.
Para alguns historiadores, a Confederação do Equador é tida como a extensão da Revolução
de 1817, pois as propostas liberais influenciaram fortemente os insurretos. Um de seus
principais líderes, Manuel de Carvalho, ex-revolucionário de 1817, devido a repressão exilou-se
nos Estados Unidos, onde foi impactado ainda mais pelos ideais federalistas, republicanos e
liberais. O fervor revolucionário dos pernambucanos atraiu a adesão das províncias da Paraíba,
do Ceará e do Rio Grande do Norte.
Os principais pontos propostos pelos confederados foram: união de diversas províncias do
Nordeste (Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco) num sistema representativo;
criação de um novo Estado sem ligação com o Império brasileiro; adoção momentânea da
Constituição da Colômbia até a convocação de uma Constituinte; criação de uma Junta
Provisória sob a presidência de Manuel de Carvalho; implantação de um governo republicano,
representativo e federativo, visando garantir a autonomia das províncias confederadas.
A imprensa teve um papel de extrema importância na difusão dos ideais revolucionários. O
jornal Liberdade na Guarita de Pernambuco, dirigido por Cipriano Barata, desempenhou um
exímio papel na propagação das ideias revolucionárias do movimento em Pernambuco.
A inserção das camadas populares e a proibição de tráfico de escravos para o Recife
levaram o afastamento da elite agrária. Enfraquecidos, os insurretos não conseguiram resistir
à violenta repressão do governo imperial, contando, inclusive, com o aparato de mercenários
ingleses. Além disso, o governo central contraiu empréstimos com os banqueiros da Inglaterra
para reprimir o movimento nordestino. Os últimos focos de resistência foram derrotados no
final de 1824. Os principais líderes foram presos, julgados e condenados à morte, entre eles o
frei do Amor Divino Careca, o frei Caneca. Entretanto, a repressão imperial não pôs fim ao
sentimento de autonomia das elites locais. Eles foram manifestados em outras situações, como
a Revolução Praieira, em 1848.
A Guerra da Cisplatina
A situação política e econômica durante o governo de D. Pedro foi ainda mais agravada com
eclosão da Guerra Cisplatina. A região fazia parte da América hispânica, que foi anexada ao
Brasil em 1820 devido às pressões de Carlota Joaquina, que almejava se tornar a “Rainha da
Prata”, ao seu marido D. João VI. Sob o comando do general Juan Antonio Lavalleja, os
guerrilheiros cisplatinos estavam decididos em lutar pela separação da província do Império
Brasileiro.
Em 1825, os insurretos cisplatinos se organizaram na República das Províncias do Rio da
Prata (atual Argentina), frustrando os interesses do governo do Brasil. Buscando uma ofensiva,
D. Pedro I declarou guerra à Argentina. O conflito foi travado até 1828 quando houve a
intervenção da Inglaterra, desejosa no equilíbrio de forças na Bacia Platina. Nesse mesmo ano,
foi criada a República Oriental do Uruguai.
Detalhe do quadro do pintor uruguaio Juan Manuel Blane intitulada O Juramento d trinta e três orientais
(1877). A tela representa a união dos moradores da região leste do rio Uruguai, que começaram uma
revolta contra a dominação brasileira na região em 1825.
250
A impopularidade do imperador
O ascendente desgaste de imagem do imperador somado aos problemas econômicos
sociais e políticos conduziu o primeiro reinado a uma crise irreversível. A situação econômica
era bastante grave, uma vez que com a renovação do tratado de 1810, os ingleses tinham
plena liberdade de viajar, negociar e utilizar os portos brasileiros, introduzindo diversos
produtos importados nas regiões brasileiras. Apenas em 1826, as tarifas alfandegárias são
padronizadas entre todos os países.
Devido aos elevados investimentos ingleses, as exportações brasileiras caíram vertiginosamente, dificultando a criação de renda nacional. Quando houve a elevação de produção e da
exportação os preços de gêneros agrícolas como cacau, fumo e café não aumentaram significativamente por causa da concorrência dos produtos industrializados ingleses. Somente em
1824, o Brasil contraiu um empréstimo de 3 milhões de libras com a finalidade de adotar
medidas para resolver os problemas econômicos surgidos com a fundação do Estado. Assim, a
crise financeira foi aprofundada em grande parte pelo crescente déficit público, pois as
arrecadações encontravam empecilhos nas baixas tarifas alfandegárias e nos seguidos
empréstimos internacionais que consumiam as receitas com a efetuação de pagamentos das
taxas de juros e amortizações.
Outro problema enfrentado por D. Pedro I foi a dificuldade de gerenciar o Banco do Brasil
que sofreu uma forte sangria, em 1821, quando D. João ao retornar à Lisboa levou consigo
todo o ouro ali depositado. Com o propósito de aliviar a crise, o imperador aumentou os juros
e emitiu moeda, o que provocou o desgaste da mesma. Em 1829, o Banco do Brasil faliu o que
contribuiu ainda mais para o desgaste do prestígio e autoridade de D. Pedro I, já instável
devido aos problemas políticos.
A abdicação de D. Pedro I
Diante do cenário crítico e desfavorável da década de 1820, repleto de problemas sociais,
econômicos e políticos, a autoridade de D. Pedro foi bastante enfraquecida. No fim dessa
década, a fragmentação no campo governista ficou mais nítida. Os brasileiros aproximaram-se
do grupo liberal e os portugueses reuniram-se aos conservadores. Paulatinamente, os liberais
foram se afastando do imperador, o que potencializou a posição dos conservadores perante o
governo.
Outro fato que influenciou no governo de D. Pedro I foi a questão sucessória do trono
português em razão da morte de D. João VI, em 1826, o dava a possibilidade do imperador do
Brasil assumir o governo de Portugal. No entanto, D. Pedro I preferiu abdicar em nome da sua
filha Maria da Glória, menor de idade, eliminando, assim, temores de um possível
restabelecimento das relações políticas entre os dois países. Em 1828, D. Miguel, irmão de D.
Pedro I, deu um golpe e tornou-se rei de Portugal, o que desencadeou um intenso conflito
sucessório. D. Pedro se envolveu nessa disputa, gastando volumosas verbas dos cofres
estatais. O objetivo do imperador era ao mesmo tempo, fortalecer-se internamente e adquirir
apoio do “partido português”. No entanto, essa estratégia política só fez aumentar ainda mais o
sentimento antilusitano.
Abdicação de dom Pedro I, tela de Aurélio de Figueiredo , obra de 1890. Dom Pedro entrega
o documento de sua abdicação que continha: “Quando o direito que a Constituição me
concede, declaro que irei mui voluntariamente abdicado na pessoa de meu amado e prezado
filho, D. Pedro de Alcântara”.
251
A considerável oposição liberal foi manifestada por vários jornais, entre eles O Observador
Constitucional, dirigido por Líbero Badaró, assassinato em 1830 por simpatizante do
imperador. Em visita a Minas no mesmo ano, D. Pedro I foi recebido sob protestos do
assassinato do jornalista Líbero Badaró, o que desgastou ainda mais o governo imperial. Em
resposta aos protestos, os portugueses que moravam no Rio de Janeiro preparam uma
recepção calorosa para o imperador. Na noite seguinte portugueses e brasileiros travaram um
conflito aberto. Esse evento ficou conhecido como Noite das Garrafadas.
Tentando solucionar esses problemas políticos, D. Pedro nomeou um novo ministério, mas
tal tentativa fracassou. Diante desse quadro político insustentável, em 7 de abril de 1831, D.
Pedro I abdicou o trono em favor do seu filho, que tinha apenas 5 anos de idade e partiu para
a Europa com o objetivo de recuperar o trono português, usurpado pelo seu irmão, o que
realmente aconteceu.
Charge do confronto entre D. Pedro I e D.
Miguel nas Guerras Liberais (1831-1834).
A abdicação de D. Pedro I significou o término da primeira fase de consolidação do Estado
brasileiro. Além disso, representou a vitória dos setores agrários e outros grupos sociais que se
auto-proclamaram seguidores do “liberalismo”. Durante as regências, os problemas sociais e
políticos permaneceram, demonstrando, dessa forma, que a emancipação política não foi
suficiente para construir um país, organizar uma sociedade e acabar com os interesses
preexistentes.
“Com a abdicação de D. Pedro I chega a revolução da Independência ao termo natural de
sua evolução: a consolidação do ‘estado nacional’. O primeiro reinado não passara de um
período de transição em que a reação portuguesa, apoiada no absolutismo precário do
soberano, se conservara no poder. Situação absolutamente instável que se tinha de resolver
ou pela vitória da reação – a recolonizarão do país (...) – ou pela consolidação definitiva da
autonomia brasileira, noutras palavras, do ‘estado nacional’. É este o resultado a que
chegamos com a revolta de 7 de abril”.
PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil e outros Estudos. 9 ed. São Paulo: Brasiliense. p. 58.
252
TEXTO COMPLEMENTAR
A difícil construção de nossa nacionalidade
“É difícil determinar em que momento de nossa história começa a nascer a ideia de
nacionalidade brasileira, ou a consciência nacional. Até o início do século XIX os colonos
viam a si mesmos como portugueses; mesmo os nascidos aqui pensavam dessa forma
porque as terras brasileiras eram consideradas território português. Quando Pedro I
pronuncia a conhecida frase do Dia do Fico (“Se é para o bem de todos e felicidade geral
da nação, diga ao povo que eu fico.”), a nação a que ele se referia era a nação
portuguesa e não a brasileira, uma vez que ele próprio afirmaria, posteriormente, que
Brasil e Portugal eram duas pátrias com uma só nação (a portuguesa). Portanto, os
movimentos emancipacionistas ocorridos no final do século XVIII e início do século XIX
não visavam a tornar independente toda a colônia portuguesa. Analisando essas
rebeliões o professor Boris Fausto escreveu: ‘podemos mesmo dizer que foram
movimentos de revolta regional e não revoluções nacionais. (...) as conspirações e
revoluções ocorridas nos últimos decênios do século XVIII e nos dois primeiros do século
XIX são frequentemente apontadas como exemplos afirmativos da consciência nacional.
Se é possível dizer que eles indicam essa direção, devemos lembrar que até a
independência, e mesmo depois, a consciência nacional passa pela regional. Os rebeldes
do período se afirmam como mineiros, baianos, pernambucanos e, em alguns casos,
como pobres, tanto ou mais do que como brasileiros’.”
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp/FDE, 1997. p.113-114. In: Sistema Uno de Ensino. p.34.
Analisando o texto
1. Comente as principais ideias contidas no texto em relação as dificuldades de construir
identidade nacional.
2. Em sua opinião, atualmente, podemos afirmar que existe uma identidade brasileira? Por
quê? Justifique.
253
FAZENDO HISTÓRIA
1. (UFU-MG) A independência e a organização do Estado Brasileiro se processaram de acordo
com os interesses e as aspirações da aristocracia rural, principal beneficiário do 7 de
setembro. Quais eram os interesses e as aspirações dessa aristocracia? Cite três.
2. “Odeio cordialmente as revoluções (...) Nas reformas deve haver muita prudência (...) Nada
se deve fazer aos saltos, mas tudo por graus como manda a natureza (...) Nunca fui nem
serei absolutista, mas nem por isso me alistarei jamais debaixo das esfarrapadas bandeiras
da suja e caótica democracia.”
José Bonifácio de Andrada e Silva, Diário da Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil – 1823.
Sessão de 21 de maio de 1823, v.1, p.97.
Analise em texto, associando-o ao processo de independência do Brasil no que se refere
à forma assumida pela monarquia no Brasil.
3. Considere as informações contidas na tabela abaixo.
EMPRÉSTIMOS EXTERNOS BRASILEIROS
Ano
Valor
(libras)
Taxa de
juros (%)
Finalidade
1824
1.332 300
5
Cobrir dívidas
1825
2.352 900
5
Cobrir dívidas, juros e
amortizações
1829
769.200
5
Cobrir dívidas, juros e
amortizações
Fonte: NORMANO, J. F. evolução econômica do Brasil.
São Paulo: Nacional, 1939.
a) Que conclusões podem ser tiradas da tabela acima?
b) Comente as causas do desequilíbrio financeiro da economia brasileiro após a
emancipação política.
4. (UFRN) A Inglaterra teve influência significativa no difícil processo de reconhecimento
externo do Brasil como nação soberana, após a independência.
Analise um dos interesses da Inglaterra no reconhecimento da independência do Brasil.
5. (UFG-GO) A história do Brasil só pode ser bem compreendida se relacionada com os
acontecimentos que marcaram a história mundial. O entrelaçamento entre os processos
históricos nacionais e internacionais constitui elemento fundamental do trabalho do
historiador.
A partir da relação estabelecida – nação e mundo -, analise o processo de emancipação
política do Brasil ocorrido nas primeiras décadas do século XIX.
254
6. (Vunesp-SP) “Brasileiros! Salta aos olhos a (...) perfídia, são patentes os reiterados
perjuros do imperador, e está conhecida a nossa ilusão ou engano em adotarmos um
sistema de governo defeituoso em sua origem e mais defeituoso ainda em suas partes
componentes. As constituições, as leis e todas as instituições humanas são feitas para os
povos e não os povos para elas. Eis, pois, brasileiros, tratemos de constituir-nos de um
modo análogo às luzes do século em que vivemos (...), desprezemos as instituições
oligárquicas, só cabidas na encanecida Europa”.
Manifesto dos Revolucionários da Confederação do Equador, 1824.
Com base no texto, indique:
a) O tipo de governo qualificado como defeituoso.
b) O sistema de governo proposto pelos revoltosos.
7. (Unicamp-SP) Em 1824, Frei Caneca criticou a Constituição outorgada por D. Pedro I,
dizendo que o poder Moderador era a chave mestra da opressão da nação brasileira e que a
Constituição não garantia a independência do Brasil, ameaçava sua integridade e atacava a
soberania da nação.
Baseado em Frei Caneca, “Crítica da Constituição
outorgada”In Ensaios políticos. Rio de Janeiro,
Editora Documentário. p.70-75.
a) Defina o poder Moderador.
b) O que foi a Confederação do Equador, da qual Frei Caneca participou?
8. (UFU-MG) Em 3/5/1823 instalou-se no Brasil a Assembleia Constituinte, que contava com
uma maioria ligada aos interesses da aristocracia rural. Esta Assembleia designou uma
comissão de seis deputados para redigir o anteprojeto constitucional, que ficou conhecido
como “Constituição da mandioca”.
a) Dê três princípios defendidos por este anteprojeto.
b) Explique por que ele ficou conhecido como “Constituição da mandioca”.
9. (Fuvest-SP) A Constituição imperial de 1824 estabelece que o governo é monárquico
hereditário, constitucional e representativo (artigo 3) e que a pessoa do Imperador é
inviolável e sagrada, não estando sujeita a responsabilidade alguma (artigo 99).
Comente esses textos constitucionais, definidores da monarquia brasileira.
10.Faça uma relação entre o texto constitucional de 1824 e 1988. Acesse em um site digitando
“Constituição de 1824 – Constituição de 1988. Estabeleçam comparação avaliando os
seguintes aspectos:
a) Direitos políticos e sociais.
b) Forma de governo;
c) Direitos e garantias fundamentais.
d) Direitos da criança, do adolescente e do idoso.
255
QUESTÕES DE VESTIBULARES
1. (CESGRANRIO) No contexto da Independência do Brasil, os dirigentes políticos, atentos ao
processo de fragmentação dos Vice-Reinados da América espanhola em várias nações
independentes, preocuparam-se com a manutenção da unidade política e territorial da excolônia portuguesa na América. As estratégias para manter a unidade política e territorial do
Brasil, nesse contexto, foram:
I. A criação do Poder Moderador, de atribuição exclusiva do imperador, possibilitando a
dissolução da Assembleia Geral e a nomeação de cargos no poder judiciário.
II. A instituição, na Constituição de 1824, do unitarismo, restringindo as propostas de
descentralização da administração estatal.
III. A repressão militar dos revoltosos da Confederação do Equador, da Farroupilha e da
Balaiada, adeptos de propostas separatistas e/ou federalistas.
IV. A flexibilização das relações escravistas para evitar movimentos de fragmentação,
insuflados por quilombolas e seguidores da Revolução do Haiti.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
d) Somente a afirmativa II, III e IV são corretas.
e) Todas as afirmativas são corretas.
2. (UFPE) Apesar da conquista da Independência do Brasil, não havia a liberdade política que
grupos mais radicais desejavam. A administração de D. Pedro I provocava rebeldias e
constantes inquietações. Na Confederação do Equador, em 1824, os rebeldes:
a) consideravam a Constituição de 1824 como autoritária e conservadora, combatendo as
medidas políticas do governo central.
b) conseguiram ajudas expressivas das províncias do sul do Brasil, interessadas em
afirmar o domínio do liberalismo radical.
c) adotaram idéias socialistas, embora seguissem o modelo da Constituição norteamericana no seu conteúdo maior.
d) fizeram alianças com as províncias do Norte, mas se limitaram à assinatura de um
manifesto político contra a escravidão.
e) defenderam o liberalismo, propondo mudanças na Constituição de 1824, sem, contudo,
almejar a radicalização política.
3. (PUC-RS) A Confederação do Equador (Pernambuco, 1824) foi um movimento regional de
grande relevância na crise política do Primeiro Reinado. O movimento pernambucano
radicalizou-se de forma notável, incluindo reivindicações de caráter popular no confronto
com o poder imperial. É correto afirmar que esse processo de radicalização foi condicionado
a) pela influência do movimento operário europeu, que começava a organizar-se segundo
a perspectiva revolucionária do socialismo científico.
b) pelo fortalecimento do movimento abolicionista na região, devido ao processo de
modernização da lavoura canavieira, que então se verificava.
c) pelo apoio material dos comerciantes portugueses às frações radicais do movimento,
objetivando o não-reconhecimento internacional da independência.
d) pela liderança de imigrantes europeus, que pretendiam alterar a estrutura fundiária da
região, baseada no latifúndio.
e) pela necessidade dos grupos dominantes locais de mobilizar o apoio das camadas
populares para sustentar o confronto com o poder central.
4. (UEM) O período da história brasileira que vai de 1822 a 1831 é conhecido como Primeiro
Reinado. Sobre esse período histórico, assinale o que for correto.
a) É no início desse período, em 1823, que se reúne a primeira Assembleia Nacional
Constituinte do Brasil independente. Porém, antes do encerramento dos trabalhos, essa
assembleia é dissolvida por D. Pedro I, temeroso de que os deputados constituintes
aprovassem uma constituição limitadora de seus poderes monárquicos.
256
b) Nesse período, não eclodiu movimento político separatista algum que ameaçasse o
poder de D. Pedro I e a integridade territorial e política do Brasil.
c) Durante o Primeiro Reinado, em razão da inexistência de uma Carta constitucional para
regular a vida política nacional, D. Pedro I governou os brasileiros de maneira
totalmente pessoal e arbitrária.
d) No Primeiro Reinado, diante da menoridade de D. Pedro I, o Brasil foi governado pela
chamada Regência Trina Provisória.
e) O Primeiro Reinado foi o período mais liberal do Império, com extensa descentralização
política do Estado e ampla e irrestrita participação de negros libertos, brancos pobres e
mestiços na vida política nacional.
5. (UEPG-Alt.) Sobre o I Império (1822 – 1831) e a formação do Estado no Brasil, avalie as
proposições a seguir.
I. Esse período, além de marcar a organização do Estado, caracterizou-se pela disputa pelo
controle político nacional entre o Imperador e a aristocracia rural brasileira.
II. Em 1824, em Pernambuco, eclodiu a Confederação do Equador, um movimento de
protesto contra o autoritarismo de D. Pedro I e que pretendia separar as províncias do norte
e do nordeste do restante do país.
III. A Constituição de 1824 estabeleceu o voto censitário que exigia que o eleitor e/ou
candidatos tivessem uma renda mínima permanente, o que excluiu a maior parte da
população brasileira do cenário político ao longo de todo o Império.
IV.Na prática, o Poder Moderador, instituído pela Constituição de 1824, dava grandes
poderes ao Imperador.
V. A presença de um considerável grupo de portugueses ocupando cargos importantes no
Estado brasileiro produziu um grande desgaste entre D. Pedro I e a aristocracia rural
brasileira.
6. (UFPE) No governo de D. Pedro I, a situação do Brasil:
a) era de prosperidade econômica, com o crescimento da lavoura cafeeira na região de
São Paulo.
b) era alvo de constantes conflitos políticos provocados pelos adversários do imperador, na
defesa de mais liberdade.
c) era de estabilidade, depois da Constituição de 1824, com a defesa das idéias liberais.
d) assistia a dificuldades diplomáticas, devido à não aceitação da Inglaterra, de considerar
o Brasil como um país independente.
e) era de estabilidade política, em face do apoio da maior parte da população, e devido ao
fato de o imperador ter decidido permanecer no Brasil.
7. (SELECT) A Guerra da Cisplatina ocorreu de 1825 a 1828, entre Brasil e Argentina, pela
posse da Província de Cisplatina, atual Uruguai. Localizada numa área estratégica, a região
sempre foi disputada pela Coroa Portuguesa e Espanhola. Observando as assertivas abaixo,
avalie as proposições a seguir.
I. Os brasileiros não apoiaram este conflito, pois sabiam que o governo aumentaria
impostos para financiar a guerra. Este episódio desgastou ainda mais a imagem de Dom
Pedro I.
II. No ano de 1825, um novo movimento surgiu em prol da libertação da província. Mas os
moradores de Cisplatina se recusam a fazer parte do Brasil, e João Antonio Lavalleja,
organiza um movimento para declarar independência da região. A Argentina por
interesse no território da Cisplatina, ajuda no movimento, ofertando, força política,
armas, alimentos, etc. O Brasil se revoltou declarando guerra à Argentina e ao revoltosos
da região de Cisplatina.
III. Foram muitos conflitos entre os combatentes, e com tudo isso muito dinheiro público foi
gasto, desequilibrando a economia brasileira. E além de tudo, o Brasil foi vencido na
batalha.
IV. No ano de 1828, sob interferência da Inglaterra, foi firmado um acordo entre Brasil e
Argentina, que foi marcado pela incorporação da Província da Cisplatina ao território
Argentino.
Sendo assim, marque a alternativa correta:
a) FVVV.
b) VVVF.
c) FVFV.
257
d) VVVF.
e) VFVV
8. (MACK)
Carlos Eduardo Novaes e César Lobo, História do Brasil
para Principiantes: 500 anos de idas e vindas pág. 43
A charge se refere à:
a) promulgação do Ato Adicional de 1834, quando D. Pedro I estabeleceu a criação do
Poder Moderador, de uso exclusivo do imperador.
b) promulgação da Constituição de 1824 por D. Pedro I, estabelecendo o Poder Moderador,
de uso tanto do imperador quanto do Conselho de Ministros.
c) outorga da Constituição de 1824, por D. Pedro II, estabelecendo o Poder Moderador, de
uso tanto do imperador quanto do Conselho de Ministros.
d) outorga da Constituição de 1824 por D. Pedro I, estabelecendo o Poder Moderador, de
uso exclusivo do imperador.
e) A Constituição Imperial de 1824 estabeleceu a divisão dos poderes em Legislativo,
Executivo, Judiciário e Moderador. O poder Moderador era exercido pelo imperador e
tinha caráter centralizador e que oficializou ao Legislativo o exercício de controlar o
Estado.
9.(UPE-Alt.) A Confederação do Equador foi um movimento de contestação do poder central,
revelando insatisfações políticas importantes. Os rebeldes procuraram evitar os erros
cometidos no movimento de 1817, mas:
I. foram derrotados e duramente reprimidos pelo governo, sendo Frei Caneca fuzilado.
II. não contaram com a participação das elites liberais.
III. não conseguiram empolgar a população, ficando totalmente isolados.
IV. suas divergências com D. Pedro I foram contornadas através de negociações políticas.
V. não contaram com a participação de lideranças liberais expressivas, entre elas Manuel
de Carvalho e Cipriano Barata.
10.(UPE-Alt.) A Independência do Brasil trouxe uma reorganização política, mas as
desigualdades sociais continuaram evidentes. A instalação do governo imperial não evitou
que rebeldias políticas acontecessem em várias províncias. A sociedade continuou
hierarquizada com a permanência da escravidão, e a economia continuou, tendo como
suporte fundamental a produção agrícola, com destaque para a cafeicultura.
O texto acima:
I.faz uma síntese correta dos anos do império, não cometendo nenhum equívoco histórico.
II. apesar de não cometer equívocos, não faz menção a processos importantes, como a
luta contra a escravidão.
III. comete um equívoco ao afirmar que a cafeicultura foi o destaque da produção
econômica, esquecendo-se da importância da cana-de-açúcar, ainda o produto mais
rentável.
258
IV. está incorreto com relação à política, pois com a independência, houve acordos entre as
elites que esvaziaram as tentativas de rebeldias.
V. destaca a continuidade das desigualdades sociais, mas se esquece de ressaltar que elas
só existiam devido ao escravismo.
11.(ENEM) Constituição de 1824:
“Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização política, e é delegado
privativamente ao Imperador (...) para que incessantemente vele sobre a manutenção da
Independência, equilíbrio, e harmonia dos demais poderes políticos (...) dissolvendo a
Câmara dos Deputados nos casos em que o exigir a salvação do Estado.”
Frei Caneca:
“O Poder Moderador da nova invenção maquiavélica é a chave mestra da opressão da
nação brasileira e o garrote mais forte da liberdade dos povos. Por ele, o imperador pode
dissolver a Câmara dos Deputados, que é a representante do povo, ficando sempre no gozo
de seus direitos o Senado, que é o representante dos apaniguados do imperador.”
Voto sobre o juramento do projeto de Constituição.
Para Frei Caneca, o Poder Moderador definido pela Constituição outorgada pelo imperador
em 1824 era:
a) Adequado ao funcionamento de uma monarquia constitucionais, pois os senadores eram
escolhidos pelo Imperador.
b) Eficaz e responsável pela liberdade dos povos porque garantia a representação da
sociedade nas duas esferas do poder legislativo.
c) Arbitrário, porque permitia ao Imperador dissolver a Câmara dos Deputados, o poder
representativo da sociedade.
d) Neutro e fraco, especialmente nos momentos de crise, pois era incapaz de controlar os
deputados representantes da Nação.
e) Capaz de responder ás exigências políticas da nação, pois supria as deficiências da
representação política.
12.(UFRB-Alt.)
Com base na leitura da tira, associada aos conhecimentos sobre as diferentes instituições
políticas, em variados momentos da história da humanidade, pode-se afirmar:
I. A tira é representativa de um Estado monárquico marcado pela centralização dos
poderes.
II. O Estado liberal, surgido com o movimento iluminista, foi estruturado com base na
separação dos três poderes, com diferentes atribuições.
III. O Estado republicano, ao contrário do Estado monárquico absolutista, tem garantido,
na prática, a separação entre o público e o privado.
IV. A existência do Poder Moderador, no Brasil Império, assegurou a intervenção do
Imperador nos demais poderes estabelecidos pela Constituição de 1824.
V. As constantes medidas provisórias editadas pelo governo brasileiro representam o
reconhecimento das atribuições constitucionais conferidas ao Poder Legislativo.
13.(CESGRANRIO) A concretização da emancipação política do Brasil, em 1822, foi seguida
de divergências entre os diversos setores da sociedade, em torno do projeto constitucional,
culminando com o fechamento da Assembléia Constituinte.
Assinale a opção que relaciona corretamente os preceitos da Constituição imperial com as
características da sociedade brasileira.
a) A autonomia das antigas capitanias atendia aos interesses das oligarquias agrárias.
259
b) O Poder Moderador conferia ao imperador a proeminência sobre os demais poderes.
c) A abolição do padroado, por influência liberal, assegurou ampla liberdade religiosa.
d) A abolição progressiva da escravidão, proposta de José Bonifácio foi uma das principais
razões da oposição ao imperador Dom. Pedro I.
e) A introdução do sufrágio permitiu a participação política das camadas populares,
provocando rebeliões em várias partes do País.
14.(UFPE-Alt.) Na manhã de 13 de fevereiro de 1825, na porta da Igreja do Pátio do Terço,
em Recife, Frei Caneca foi despojado de suas ordens e executado. Considera(m) – se
atividade(s) revolucionária(s) do Frei:
I.jornalista, redator de O Diário Novo, jornal praieiro, responsável pela agitação intelectual
da Revolução de 1848 em Pernambuco.
II.Frei Caneca participou da revolução de 1817 cujo ideário republicano era semelhante ao
da Revolução de 1824.
III. Frei Caneca dirigiu, durante o Primeiro Reinado, um período revolucionário intitulado
“Sentinela da Liberdade na Guarita de Pernambuco”.
IV. Frei Caneca insurge-se contra a Constituição Outorgada, logo após a dissolução da
Constituinte em 1823.
V. Dirigiu e foi redator principal do jornal o Tífis Pernambucano que combatia o absolutismo
do Imperador Pedro I e incitava à rebelião.
15.(UFAL/COVEST) Apesar da conquista da Independência do Brasil, não havia a liberdade
política que grupos mais radicais desejavam. A administração de D. Pedro I provocava
rebeldias e constantes inquietações. Na Confederação do Equador, em 1824, os rebeldes:
a) consideravam a Constituição de 1824 como autoritária e conservadora, combatendo as
medidas políticas do governo central.
b) conseguiram ajudas expressivas das províncias do sul do Brasil, interessadas em
afirmar o domínio do liberalismo radical.
c) adotaram idéias socialistas, embora seguissem o modelo da Constituição norteamericana no seu conteúdo maior.
d) fizeram alianças com as províncias do Norte, mas se limitaram à assinatura de um
manifesto político contra a escravidão.
e) defenderam o liberalismo, propondo mudanças na Constituição de 1824, sem, contudo,
almejar a radicalização política.
16.(UPE) Sobre Frei Caneca, um dos líderes da Confederação do Equador, analise as
afirmativas abaixo.
I. Defendia a instituição do federalismo, era contra o mandato vitalício dos senadores e
condenava a existência de um poder moderador, que lhe parecia a chave-mestra da
opressão.
II. Opunha-se ao direito do imperador de outorgar a constituição do país, roubando do povo
o direito de expressar sua vontade por seus representantes na assembleia legislativa.
III. Condenou o regime do padroado, que, instituído pelo imperador, dava autonomia
política à Igreja Católica.
IV. Propunha a criação da República Juliana que tinha como base constitucional a Carta
Magna da Colômbia.
Estão corretas.
a) somente I e II.
b) somente I e III.
c) somente II e IV.
d) somente I, II e III.
e) I, II, III e IV.
260
OLHARES HISTÓRICOS
•
Livros
O processo de independência do Brasil. BAGNO, M. São Paulo: Ática, 2000. (História do
Brasil através dos viajantes)
7 de setembro, Independência: até onde se chegou? BOULOS JÚNIOR, Alfredo. São
Paulo: FTD, 1996.
A confederação do Equador. LEITE, G. L. São Paulo: Ática, 1996.
7 de setembro de 1822: a independência do Brasil. OLIVEIRA, C. H. de. S. São Paulo:
Nacional, 2005.
•
Cinema
Independência ou morte
Direção de Carlos Coimbra. Brasil, 1972. 108 min.
Faz uma abordagem do movimento de independência do Brasil, segundo uma visão
oficial da ditadura militar em vigor no país nos anos 70.
• Sites
Museu Paulista
www.mp.usp.br
O famoso Museu do Ipiranga, foi construído às margens do riacho Ipiranga, local onde foi
proclamada a independência política do Brasil. Ao navegar pelo site, o internauta terá
acesso ao histórico da instituição e parte do seu acervo.
•
Músicas
É pra rir ou pra chorar?
O cantor e compositor Gabriel, o Pensador aborda de forma criativa as limitações da
independência política do Brasil. A letra da música faz uma análise crítica e reflexiva das
várias fases da História do país, marcadas por contradições e problemas de inclusão social.
261
O turbulento Período Regencial
O período compreendido entre a abdicação de D. Pedro I (1831), acontecimento que ficou
conhecido como a Revolução do Sete de Abril, até a antecipação da maioridade de D. Pedro II
(1840) denomina-se de Período Regencial. Foi a fase mais instável e turbulenta do Brasil
Imperial. As discussões giravam em torno da centralização ou descentralização, da unidade
política, da formação das Forças Armadas e patamar de autonomia das províncias. Diante
desse cenário, instalou-se, dadas as circunstâncias políticas, a confluência de interesses
envolvendo as elites que tinham a pretensão de manter a ordem e garantir a realização de
seus projetos sem nenhuma participação popular.
Segundo a Constituição de 1824, a idade
legal para que o novo imperador pudesse
assumir o governo era de dezoito anos. Todavia,
como Pedro de Alcântara tinha somente cinco
anos, o comando do país seria entregue a
pessoas escolhidas pelo Congresso. Em abril de
1831, foi estabelecido um governo provisório
de três regentes em decorrência do recesso
dos parlamentares. Em junho do mesmo ano,
formou-se a Regência Trina Permanente, que
permaneceu até 1835. As dificuldades políticas
enfrentadas por essa regência impulsionou a sua
dissolução em favor da criação da Regência
Una. A partir de então, a nação passou a ser
governada por um único regente. Houve duas
regências com essa característica: a do padre
Feijó (1835-1837) e a de Araújo Lima (18371840).
D. Pedro II criança. D. Pedro I nomeou
José Bonifácio de Andrada e Silva para
ficar como tutor do seu filho, o
pequeno Pedro de Alcântara.
O Capítulo V da Constituição de 1824 previa a possibilidade do império ser governado
por uma Regência:
“(...) Art. 121. O imperador é menor até a idade de dezoito anos completos.
Art. 122. Durante a sua menoridade, o Império será governado por uma Regência, a
qual pertencerá ao Parente mais chegado do Imperador, segundo a Ordem de Sucessão, e
que seja maior de vinte e cinco anos.
Art. 123. Se o Imperador não tiver Parente algum que reúna estas qualidades, será o
Império governado por uma Regência permanente, nomeada pela Assembleia Geral,
composta de três membros, dos quais o mais velho em idade será o Presidente.”
Artigos da Constituição de 1824 – Cap. V – Da Regência na menoridade, ou impedimento do Imperador.
Diante da impossibilidade de uma criança com apenas cinco anos assumir o governo, a
Contituição previa a formação de regências até que o sucessor do trono atingisse a
maioridade. Formaria-se, assim, uma Regência Trina, ou seja, composta por trê políticos
escolhidos pela Assembleia Geral. Entretatnto, os deputados estavam de recesso e, portanto,
262
não tinha como cumprir as determinações constitucionais. Devido a esse impasse, decidiu-se
pela composição de uma Regência Trina Provisória, que seria subtituída por uma
permanente assim que a Assembleia Geral retomasse suas atividades.
As Regências
Regência Trina
Provisória
(abril de 1831 a
junho de 1831)
Regência Trina
Permanente:
Francisco de Lima e Silva,
João Bráulio Muniz e José
Costa Carvalho
(junho de 1831 a outubro
de 1835)
Decretou anistia a todos os envolvidos em crises políticas anteriores e
aprovou a indissolubilidade da Câmara dos Deputados.
Nessa regência houve a aprovação do Ato Adicional, que determinou,
entre outras medidas, a substituição para a Regência Una; ficou
estabelecido que o regente seria eleito, por meio de eleições indiretas,
a cada quatro anos, pelos “eleitores de província” (aproximadamente
cinco mil pessoas, o equivalente a 0,1% da população brasileira)
Regência Una de Feijó
(outubro de 1835 a
setembro de 1837)
Em razão da grande pressão dos “regressistas”, Feijó renunciou ao
cargo. Para alguns historiadores, o fato de o regente ter exercido o
poder executivo e ser eleito para cumprir período de governo pode ser
entendido com uma “experiência republicana”
Regência Una de Araújo
Lima
(setembro de 1837 a julho
de 1840)
Essa regência se estendeu até a Lei da Maioridade, a qual antecipou a
idade legal do herdeiro, que assumiu o poder com 14 anos e 7 meses,
em vez dos 18 estabelecido no Ato Adicional de 1834. Porém, a
coroação de D. Pedro II só ocorreu em 1841, ao completar 15 anos.
As tendências políticas
A saída de D. Pedro I do poder representou a
consolidação do processo de emancipação política do Brasil.
Vários portugueses que ocupavam cargos públicos foram
destituídos de suas funções e substituídos por brasileiros.
Tornou-se comum nessa época, reuniões da elite nacional e
membros da classe médias urbanas que discutiam os
projetos para o país. Desses encontros surgiram três
tendências políticas que disputaram as eleições regenciais:
os liberais moderados, os liberais exaltados e os
restauradores.
Conhecido também como “chimangos”, os liberais
moderados consistia numa espécie de direita liberal e
defendiam os interesses dos grandes proprietários de terras
e escravos do centro-sul do Brasil. Esse grupo político era a
favor da monarquia, pois via na pessoa do imperador a
proteção para os seus interesses. Além disso, defendia o
aumento do poder legislativo, a manutenção da ordem
através de um governo constitucional e centralizado. Os
principais representantes dessa corrente foram, entre
outros, Bernardo Pereira de Vasconcelos, o jornalista
Evaristo da Veiga e o padre Diogo Antônio Feijó. Com a
renúncia regencial de Feijó, em 1837, houve a dissidência
dos chimangos entre progressistas e regressistas.
263
Diogo Antônio Feijó, regente único de 1834 a
1837. Era integrante do clero. Entretanto, seus
retratos o representam com trajes civis, como na
imagem acima, gravura de Sébastian Auguste
Sison.
Os liberais exaltados eram formados essencialmente por profissionais liberais, pequenos
e médios comerciantes. Devido a sua forte ligação com as camadas populares urbanas, esse
grupo também era conhecido como “farroupilhas” (farrapos). Suas principais reivindicações
eram a liberdade de manifestação e a realização de reformas políticas, que variavam desde
uma monarquia descentralizada até a instauração de um governo republicano. Além disso,
defendiam o federalismo, o fim do Poder Moderador, a extinção do Conselho de Estado e da
vitaliciedade do Senado. As medidas políticas pregadas pelos liberais exaltados se expandiram
por várias regiões impulsionando insatisfações contra a administração central. Entre os
principais seguidores dessa tendência foi Antônio Borges da Fonseca, responsável pela redação
do Manifesto ao Mundo da Rebelião Praieira de Pernambuco, em 1848.
Os restauradores ou “caramurus” representavam a alta burocracia estatal e os grandes
exportadores e comerciantes portugueses. Eram o grupo político mais conservador do cenário
político regencial. Almejavam restaurar a monarquia sob o governo de D. Pedro I. Eram
defensores de poder centralizado, forte e nacionalista. Suas ideais e críticas eram veiculadas
em jornais como Carijó e Caramuru. A figura mais importante dessa corrente foi José Bonifácio
de Andrada. Após a morte de D. Pedro I, em 1834, a tendência enfraquece e seus membros
migram para outras bases políticas. Alguns se aproximaram dos liberais moderados, dando
origem a uma nova tendência política: os regressistas. Já outros setores dos liberais
moderados uniram-se aos liberais exaltados, dando origem aos progressistas.
Os partidos políticos durante o Império
Liberais moderados
(divisão em 1837)
Liberais exaltados
(correntes moderadas)
Restauradores
Progressistas
Regressistas
(fim da regência de Feijó)
(regência uma
de Araújo Lima
Partido Liberal
Partido
Conservador
Fonte: MORAES, José Geraldo Vinci de. História Geral e do Brasil. 1. Ed. São Paulo: Atual, 2003.
Na fase final da regência, essas novas tendências políticas foram alicerces dos primeiros
partidos políticos no Brasil: o Liberal (progressista) e o Conservador (regressista). Todavia,
vale salientar, as contradições existentes entre essas correntes. Quanto as suas propostas,
ambos defendiam a permanência das estruturas socioeconômicas, ou seja, a manutenção de
privilégios para aristocracia e a não-participação de camadas populares nas importantes
esferas do poder.
As primeiras agitações político-sociais e a criação da Guarda Nacional
O início do Período Regencial foi marcado por intensas e constantes agitações sociais e
políticas. Nos dias 12 e 13 de junho de 1831 eclodiu um movimento popular no Rio de Janeiro
que contou também com a adesão de grupos sublevados. Instigados pelos exaltados, esse
movimento exigiam várias medidas a fim da implantação de reformas na sociedade: proibição
264
da imigração portuguesa por dez anos, reforma constitucional, expulsão de alguns senadores,
funcionários públicos e militares portugueses e, por fim, afastamento do Ministro da Justiça,
padre Feijó. O governo regencial rejeitou tais reivindicações, o que levou a desmobilização do
movimento. Em 1832 e 1833 houve tentativas de golpes restauradores, porém fracassaram.
Outro problema enfrentado pelo governo regencial foi a resistência da aristocracia rural de
diversas regiões em obedecer as determinações do poder central.
Visando conter os vários conflitos sociais e políticos, o governo da Regência Trina
Permanente criou a Guarda Nacional, aprovou o Ato Adicional e promulgou o Código do
Processo Criminal. A Guarda Nacional, supervisionada pelo Estado, consistia numa milícia
civil formada por homens livres, maior parte oficiais do Exército, proprietários de terras e
comerciantes. Criada pelo ministro da Justiça Diogo Feijó, a Guarda Nacional rapidamente
aumentou seus efetivos. Para alguns historiadores, a nova corporação tratou-se num
verdadeiro instrumento de controle social cujo maior objetivo seria manter a “ordem”
escravista e reprimir as manifestações populares.
“Artigo 1º - As Guardas Nacionais são criadas para defender a Constituição, a Liberdade, a
Independência e a Integridade do Império; para manter a obediência às leis. Conservar,
ou estabelecer a ordem e a tranqüilidade pública, e auxiliar o Exército de Linha na defesa
das fronteiras, e costa. (...)
Artigo 10 – Serão alistados para o Serviço das Guardas Nacionais nas cidades do rio de
Janeiro, Bahia, Recife, Maranhão e seus respectivos termos:
§ 1º Todos os cidadãos brasileiros que possam ser Eleitores, contanto que tenham menos
de 60 anos de idade e mais de 21.
§ 2º Os cidadãos filhos de famílias que têm a renda necessária para serem Eleitores,
contanto que tenham 21 anos de idade para cima.”
Coleção de Leis do Império do Brasil de 1831: 1ª parte. Rio de Janeiro: Typ. Nacional, 1875.
A Lei Orgânica que implantou a Guarda Nacional foi influenciada por uma lei francesa,
aprovada também 1831. O recrutamento para compor a Guarda Nacional era obrigatório, o
que provocava desfalque no Exército, cujo
ingresso era facultativo. A corporação
mobilizou milhares de homens livres na
ocasião em que o quadro do exército
sofreu grande desfalque (formado por
cerca de 10 mil homens). Os elementos
recrutados da Guarda Nacional estavam
subordinados à autoridade dos juízes de
paz, dos juízes criminais, do ministro da
justiça e dos presidentes das províncias.
Vários fazendeiros e chefes políticos
regionais receberam o título de coronel da
Guarda Nacional, fortalecendo assim seu
poder e influência em suas localidades
(coronelismo).
Os coronéis, figura representativa de
autoridade local, sobreviveram ao fim do
Batalhão de Fuzileiros da Guarda Nacional (1840–1845).
Império e tiveram grande presença durante
a República Velha.
O Código de Processo Criminal foi aprovado em 1832 e estabelecia que cabiam aos
municípios elegerem as autoridades judiciárias locais (juízes e promotores), que até, então,
eram nomeadas pelo governo central. Participavam das eleições os cidadãos ativos, ou seja, os
que possuíam uma renda mínina por ano de 100 mil réis. A partir deste Código, os juízes de
paz receberam mais poderes, uma vez que passaram a ter direito de julgar e prender pessoas
acusadas de cometer delitos.
Implantado como um meio de consolidar as reivindicações dos liberais exaltados em
relação à autonomia local, a descentralização judiciária acabou contribuindo para o
fortalecimento da elite agrária. Nessa perspectiva, apesar, do caráter liberal, o documento
reforçou o poder da aristocracia rural, pois o Código se transformou num instrumento de
impunidade criminal, abrindo possibilidade para a formação de bandos armados a disposição
do coronelismo.
265
O Ato Adicional de 1834: um “ensaio republicano”?
Em agosto de 1834 foi homologado o Ato Adicional que propunha relevantes mudanças à
Constituição de 1824. A nova legislação confirmou a tendência descentralizadora e atribuiu
significativas concessões às províncias. A partir de então, cada província tinha a permissão de
criar uma Assembleia, o que poderia desse modo controlar os tributos e as despesas locais,
bem como escolher seus próprios funcionários. As medidas do Ato Adicional procurou conciliar
as diferentes forças políticas atuantes na época, porém, os maiores beneficiados foram os
moderados. A considerável autonomia das províncias provocou uma sensação de vitória
política aos liberais exaltados. No entanto, as assembleias eram instituições ligadas ao poder
central e o governo da província não poderia prejudicar as determinações da administração
imperial.
Em linhas gerais, as medidas mais importantes do Ato Adicional foram: supressão do
Conselho de Estado; preservação do Poder Moderador; substituição da Regência Trina pela
Regência Una; criação das Assembleia Legislativas Provinciais; criação do “município neutro”
que separou a cidade do Rio de Janeiro da província do Rio de Janeiro, em razão de sua
condição especial de capital do Império.
Ao analisar alguns pontos da nova lei percebe-se o seu caráter ambíguo. Por exemplo,
houve a extinção do Conselho do Estado, órgão que assessorava o imperador, equilibrou-se
com permanência da vitaliciedade do Senado (formado por muitos caramurus), o que
beneficiou os restauradores. Na verdade, o Ato Adicional foi resultado de um “arranjo político”
marcado por várias concessões às diversas correntes da época.
Apesar dessas dualidades, alguns historiadores afirmam que o Ato Adicional representou
um “ensaio republicano”, mesmo ficando depois muito aquém das pretensões dos exaltados.
Em relação a esse aspecto, o historiador Luiz Roberto Lopez comentou:
“Os liberais moderados, isto é, o governo, sofriam ataques à direita (restauradores) e à
esquerda (liberais exaltados). Tudo funcionava ao máximo como fonte de tensões: crise
das exportações, privilégios da Inglaterra, falta de dinheiro nos cofres públicos, centralismo
opressivo, antilusitanismo, custo de vida, males decorrentes da monocultura e da
concentração da propriedade, falta de terra no campo e de empregos na cidade, etc.
Foi diante desse quadro, que, em 1834, os liberais moderados resolveram fazer um
acordo a partir de certas concessões políticas a fim de amenizar o radicalismo federalista
dos exaltados, mantendo, assim, o controle geral sobre a situação nacional. Enfim, uma
variante da tática de ‘dar alguns anéis antes que peçam os dedos’. Nascia o Ato Adicional,
primor de acomodação e compromisso. Este documento mudou algumas coisas na
Constituição de 1824, coisas acessórias, evidentemente, conservando o essencial.
O Ato Adicional consagrou o estilo das classes dominantes daquele momento e do futuro,
um estilo conciliador, largamente utilizado sempre em soluções políticas foram exigidas
com urgência. (...)
É de se notar que as revoltas ocorridas nas províncias na fase da Regência Una mostram
muito bem com as concessões do Ato Adicional ficaram aquém de muitas expectativas.”
LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil Imperial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982. p.52-53.
As Revoltas Regenciais
Muitas contradições no Período Regencial provocaram tensões entre o governo central e
algumas regiões do país. A partir de 1835, uma série de movimentos sociais se alastrou por
diversas províncias.
A eclosão desses conflitos foi resultado dos problemas econômicos, exclusões sociais e
instabilidades políticas acentuados naquela época, que colocou em risco a manutenção da
unidade territorial do Brasil. Revelaram também os anseios das camadas populares urbanas
(negros, mulatos, brancos e pobres), dos escravos, dos sertanejos, todos inconformados com o
exclusivismo da aristocracia rural.
Essas rebeliões possuíam peculiaridades e especificidades históricas, que marcaram a efervescência e ações de cada um dos levantes. Por exemplo, muitas dessas lutas tinham um
caráter popular, como foram os casos da Cabanagem, Balaiada e Revolta dos Malês. Já, a
Farroupilha foi um movimento que visava solucionar entraves econômicos entre criadores
brasileiros e as políticas fiscais praticadas em benefícios dos produtos importados.
266
LOCALIZAÇÃO DAS PROVÍNCIAS ONDE OCORRERAM
AS REVOLTAS REGENCIAIS
Cabanagem
Balaiada
Sabinada
e Malês
Farroupilha
Fonte de
ésquisa: IstoÉ
Brasil 500 anos:
Atlas Histórico.
São Paulo: Ed.
Três, 1998.
p.57
Sob os aspectos gerais, em todas as revoltas foram discutidas projetos separatistas, no
entanto, tais propostas se diferenciavam quanto ao conteúdo e forma de implantação que
variava de levante para levante. Algumas manifestavam a separação como algo essencial, já
outras o desejo era efêmero. As formas de composição da administração também foram
distintas. Verificou-se que algumas revoltas defendiam a república, enquanto que outras
optaram pela monarquia.
“A proliferação de rebeliões nas províncias na época da Regência exprimiu um desejo de
autonomia na medida em que na sua base estavam atos políticos que pretendiam resolver
a questão da opressão econômica e fiscal. Os presidentes de província eram nomeados
pelo centro e tinham amplo controle sobre as Assembleias Legislativas provinciais, únicos
órgãos políticos que representavam as oligarquias locais. Tamanha limitação de espaço
político incomodava, já que não tinham como lutar contra as exações fiscais do centro via
presidente da província. O centro arrecadava os impostos e os distribuía a seu bel-prazer,
não se interessando em realizar as obras de infraestrutura que a província reclamava.
Essa questão e outros elementos de ordem fiscal permitem entender especificamente a
Revolução Farroupilha, que não foi, sob nenhum aspecto, um movimento popular.
No caso do Nordeste, outros fatores ainda interferiram: a existência de massas pobres e
livres, os deserdados do sistema; a escravidão; o declínio das principais exportações como
algodão, fumo e açúcar; a estagnação econômico-social da região; (...)”.
LOPEZ, Luiz Roberto. História do Brasil Imperial. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982. p.54-56.
Guerra dos Cabanos (1832-1835)
A Cabanada ou Guerra dos Cabanos ocorreu nas pronvíncias de Pernambuco e
Alagoas, entre 1832 e 1835. Essa revolta apresenta certas particularidades em relação aos
outros movimentos que aconteceram durante a regência. Segundo o historiador Marcus
Carvalho “Diferente de todas as outras, a Cabanada não foi uma contestação ao regime
267
imperial autoritário, nem ambicionava a independência regional. Foi uma guerra das ‘gentes do
mato’ – índios, escravos, posseiros – em defesa de sua porção de terra.”
As motivações que desencadearam a cabanada tem conotação política. Em abril de 1832, no
Recife, houve um conflito entre militares e proprietários rurais. Eles não estavam satisfeitos
com as mudanças geradas após a
renúncia de D. Pedro I. O retorno
do imperador à Lisboa provocou o
perdão de alguns participantes da
Confederação do Equador, os
quais lutaram pela emancipação
da região em 1824. O cenário
político se encontrava assim: os
que haviam combatido contra os
confederados e garantiram a
manutenção do regime estavam,
agora, perdendo poder para seus
opositores. Alguns membros da
elite local amotinou-se contra a
nova administração provincial,
porém não obtiveram êxito.
Preocupados o fortalecimento
A cabanada. O movimento recebeu esse nome em referência às pequenas dos adversários, os senhores de
cabanas, localizadas no meio do mato, em que viviam a chamada “gentes do
engenhos entregaram armas aos
mato”.
índios e aos escravos, num
possível confronto com os dissidentes. Diante desse contexto, o governo decidiu enviar mais
de mil soldados em direção à fronteira de Alagoas para reprimir as denominadas “gentes das
matas”, moradores das florestas, que sobreviviam por meio de uma economia local e pautada
na de cana-de-açúcar e plantio de algodão. A repressão à cabanada foi rápida e cruel.
Os soldados do exército passaram a chamar os insurretos de “cabanos” em alusão às
cabanas que viviam. Quando os rebeldes passaram a alcançar algumas vantagens com as
tropas militares, a partir do final de 1832, destacou-se a figura de Vicente de Paula, líder do
movimento. Ele tinha o hábito de assinar “General” ou “Comandante de Todas as Matas”. Em
alguns momento proclamou-se “Comandante Geral do Imperial Exército de Sua Majestade
Imperial Dom Pedro I”.
Os cabanos desejavam o retorno de D. Pedro I e lutavam contra os privilégios dos
“Jacubinos” (acusados de se apropriarem do poder após a derrubada do imperador). De acordo
Marcus Carvalho o que os rebeldes pretendiam “era manter suas terras contra os proprietários
rurais que passaram a invadir as florestas, cuja madeira era antes reservada à Marinha
Imperial. Muitos habitantes das matas haviam sido recompensados por sua participação na
repressão às revoltas contra o imperador, e agora temiam represálias. Era o caso dos índios de
Jacuípe. Os escravos envolvidos, por sua vez, tinham outra demanda específica: lutavam pela
nova condição adquirida (...).”
Com a morte de D. Pedro I, em 1834, o grande objetivo dos cabanos não poderia mais ser
realizado. Todavia a luta permaneceu. Com intenção de reprimir de uma vez com o
movimento, naquele mesmo ano, os presidentes de Alagoas (Antonio Pinto Chichorro da
Gama) e Pernambuco (Manoel de carvalho Paes de Andrade) fizeram uma reunião para
elaborar uma estratégia unificada. Com mais de quatro mil homens, o comandante das
operações, coronel Joaquim José Luíz de Souza, afirmava que a única maneira de prender os
cabanos era fazer tocaia, como as “gentes do mato” faziam. O plano deu certo. Todas as
plantações e cabanas encontradas foram destruídas.
O clero pernambucano também ajudou na repressão dos cabanos. O bispo de Pernambuco
mobiblizou um grupo de padres para fazer pregações no perímetro do conflito, confirmando a
morte de D. Pedro I e que a Regência não era ruim para o cristianismo.
Aos poucos, os cabanos e os índios de Jacuípe foram se entregando. Todos receberam a
anistia, com exceção do líder Vicente de Paula. Autoridades queriam vê-los preso ou morto,
porém não conseguiram sua captura. Provavelmente, conseguiu escapar na companhia de
algumas dezenas de seus leais “papas-méis”. Porém, acabou sendo preso em 1848, sendo
levado para Fernando de Noronha, quando ainda liderou um rebelião em 1853.
268
Carrancas (1833)
A revolta ocorreu, em 1833, no município de Carrancas, região de Minas Gerais. Esse
movimento foi liderado pelo escravo africano Ventura Mina, que pertencia ao deputado
Gabriel Francisco Junqueira. Ventura junto com vários outros escravos assassinaram o filho do
deputado e mais nove outras pessoas. Alguns escravos ficaram na fazenda, enquanto os
demais foram para outra proriedade, possivelmente com o propósito de alcançar a adesão de
mais escravos. Entretanto, se depararam com forte resistência dos proprietários e até mesmo
de escravos, os quais mataram Ventura Mina e outro integrantes rebeldes.
A repressão a revolta de Carrancas foi exemplar, uma vez que o governo deixou bem nítido
de como seriam tratadas as sublevações dessa categoria. No total, foram 17 escravos
condenados à pena de morte por enforcamento. Para alguns historiadores, esse motim
colaborou para o decreto de 10 de junho de 1835, que continha a punição de pena de morte
para os atos de rebeldia escrava.
Cabanagem (1835-1840)
A Província do Grão-Pará, entre 1835 e 1840, foi palco da sublevação popular, conhecida
como a Cabanagem, que se alastrou até a região do Amazonas. Os principais fatores que
motivaram os permanentes levantes foram às precárias condições de trabalho e de vida, a
exclusão social e o declínio das atividades econômicas locais, que se pautava basicamente, na
exploração das drogas do sertão (tabaco, cacau, algodão, arroz), na pesca e no comércio que
era monopolizado virtualmente pelos portugueses. A força de trabalho era composta por
escravos negros, mestiços e indígenas (semi-escravidão) que eram violentamente explorados e
viviam em situação de extrema miséria, habitando em “cabanas” nas beiras dos rios. Daí a
origem do nome da revolta, em decorrência das moradias.
A revolta reuniu amplos setores sociais: camponeses, índios, mestiços, escravos foragidos,
trabalhadores independentes e até mesmo parte da elite local, comerciantes ingleses e portugueses. Entretanto, a maior parcela dos integrantes da insurreição era oriundos das camadas
mais pobres.
Após a renúncia de D. Pedro I, o quadro político, social e econômico foi agravado. Esse
cenário impulsionou disputas políticas entre membros da aristocracia local. O clima ficou mais
acirrado em 1832, quando se realizou um levante armado visando impedir a posse de um
governador escolhido pelo governo central e reivindicando a expulsão dos portugueses,
atribuindo-os pela pobreza predominante na região. Em 1833, o novo presidente provincial,
Bernardo Lobo de Sousa, administrou com rigidez, reprimindo e deportando os insurretos.
Essas medidas aumentaram a tensão no Pará, incentivando outros conflitos políticos e levantes
populares.
No ano de 1835, os rebelados se organizaram em tropas formadas por mestiços, índios e
negros tomaram a cidade de Belém e executaram o governador da província. Nesse momento,
começaram a emergir lideranças dos cabanos, como os irmãos Vinagre e o jovem cearense
Eduardo Angelim, que instigaram as camadas populares e abriram caminho para a
radicalização do levante. A Regência enviou tropas para conter os sublevados, mas não
conseguiram. Um dos líderes dos revoltosos, o proprietário Félix Antônio Malcher, assumiu o
governo provincial.
As disputas internas entre as lideranças dos revoltosos enfraqueceram o governo cabano.
Em razão da radicalização, a elite começou a abandonar o movimento. Isso porque, a
aristocracia temia que a popularização da insurreição viesse a prejudicar seus interesses e
passou a apoiar as forças repressivas do governo. Dada a debilidade do processo
revolucionário, as tropas do governo central, sob o comando do almirante inglês John Taylor,
conseguiram derrotar os cabanos em Belém.
Os sublevados, no entanto, sob a direção de Eduardo Angelim, ocuparam novamente a
capital. O jovem líder proclamou a república, separando a província do Pará da administração
regencial.
O governo de Angelim possuía caráter tipicamente revolucionário, o que gerou boas
expectativas entre as camadas mais carentes. Porém, a expectativa da realização das
propostas radicais e democráticas foi frustrada.
Por causa do isolamento com outras
províncias, o que dificultava uma boa articulação governamental, a república dos cabanos não
resistiu por muito tempo as ofensivas das tropas da Regência. Os últimos rebeldes foram
269
vencidos em março de 1840 no território do Amazonas. Aproximadamente mais de 30 mil
pessoas morreram nos incêndios, na destruição e nos assassinatos anos da revolta.
Concernente à Cabanagem, o historiador Caio Prado Júnior analisou:
“É ela um dos mais, se não o mais notável movimento popular do Brasil. É o único em que
as camadas mais inferiores da população conseguem ocupar o poder de toda uma província
com certa estabilidade. Apesar de sua desorientação, apesar da falta de continuidade que o
caracteriza, fica-lhe contudo a glória de ter sido a primeira insurreição popular que passou
da simples agitação para uma tomada efetiva do poder”.
PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil e Outros Estudos. 9. ed. São Paulo: Brasiliense. p. 69.
A historiografia avalia a Cabanagem como a mais importante rebelião do Período Regencial,
devido a sua diversificada composição e a ampla participação dos setores populares. Foi o
único em que as camadas mais humildes tomaram o poder de uma província, mesmo de forma
temporária.
A Revolta do Malês (1835)
Em janeiro de 1835 eclodiu em Salvador um movimento liderado por negros escravos,
conhecida como a Revolta dos Malês. O termo era usado na Bahia na época colonial para
designar o escravo, que independentemente da etnia, seguisse as crenças islâmicas, soubesse
ler e escrever árabe. O movimento dos malês era essencialmente antiescravista, mesmo que
os revoltosos hostilizassem os negros nascidos no país (crioulos e mulatos). A principal
proposta dos rebeldes era transformar a Bahia numa região unicamente para os africanos.
Diversos escravos e negros libertos das mais variadas etnias, lutaram contra as tropas
armadas repressivas. Em relação ao significado desse movimento, o historiador João José
Reis, observou:
“Na noite do dia 24 para o dia 25 de janeiro de 1835, um grupo de africanos escravos e
libertos ocupou as ruas de Salvador, Bahia, e durante mais de três horas enfrentou
soldados e civis armados. Os organizadores do levante eram malês, termo pelo qual eram
conhecidos na Bahia da época os africanos muçulmanos.
Embora durasse pouco tempo, apenas algumas horas, foi o levante de escravos urbanos
mais sério ocorrido nas Américas e teve efeitos duradouros para o conjunto do Brasil
escravista. Centenas de insurgentes participaram, cerca de setenta morreram e mais de
quinhentos, numa estimativa conservadora, foram depois punidos com penas de morte,
prisão, açoites e deportação. (...)”
REIS, João José. Rebelião no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
O levante contou com a participação de mais de 1500 negros que se articulavam em uma
sociedade secreta. A rebelião estava planejada para ocorrer no dia 25 de janeiro. Entretanto,
uma escrava liberta, em troca de favores, vazou as informações, e autoridades conseguiram
reprimir preventivamente o movimento. No final, os malês foram derrotados e submetidos a
punições severas: deportações, açoites e torturas. Mais de setenta escravos foram mortos.
Sabinada (1837(1837-1838)
Sob a liderança do médico e jornalista Francisco Sabino (daí o
derivado do nome da revolta), a Sabinada ocorreu na Bahia tendo
uma trajetória um pouco distinta da Cabanagem e a Revolta dos
Malês, uma vez que estas foram lideradas por camadas populares.
Diferente, da Sabinada que foi promovida por membros das
classes medias da sociedade.
Desde a emancipação política, a Bahia foi cenário de vários
movimentos sociais, alguns simpatizantes, outros desfavoráveis à
Monarquia, como era o caso da Sabinada. Ao término de 1837,
Sabino proclamou a República Bahiense, que iria permanecer até
D. Pedro de Alcântara atingir a maioridade legal. Desse modo, a
revolta não tinha um intenso sentimento separatista ou social.
Suas discussões estavam relacionadas com questões políticas do
momento.
270
Na imagem, artesãos confeccionando
balaios. Litogravia de L. Laurens.
No começo de 1838, as tropas governistas reprimiram o movimento, retomaram Salvador e
prenderam mais 3 mil rebeldes foram presos. Aproximadamente mil pessoas morreram nos
enfrentamentos.
A Balaiada (1838-1841)
A Balaiada ocorreu, na pobre província do Maranhão, sob as lideranças do vaqueiro
Raimundo Gomes, do fazedor de balaios Manuel dos Anjos Ferreira, o Cara Preta e o
quilombola negro Cosme. O Maranhão passava por sérios problemas sociais e econômicos,
agravados ainda mais com a crise na produção algodoeira, principal produto da região. As
desavenças entre as os segmentos dirigentes e o isolamento das decisões políticas do governo
central determinaram o início do levante em 1838. Em pouco tempo, as camadas populares
aderiram ao movimento, chegando os rebeldes a tomar a cidade de Caxias em 1839.
A princípio, houve uma aliança entre os populares e a elite para combater o governo
provincial e central. Porém, os distintos interesses e os desentendimentos internos fragilizaram
o movimento.
Em 1840, os rebeldes foram reprimidos pelas tropas de Luís Alves de Lima e Silva, o futuro
Duque de Caxias. Parte dos insurretos foi anistiado e outros punidos. Em 1842, o negro Cosme
foi enforcado.
A Revolta dos Farrapos (1835-1845)
A Revolta dos Farrapos ou Farroupilha ocorreu no Rio Grande do Sul, entre 1835 e 1845, se
estendendo por Santa Catarina. Os motivos dos conflitos remontam os atritos entre os grandes
pecuaristas gaúchos e o governo central. Essa província, devido sua localização geográfica,
tinha forte contato com a região platina. Sua principal atividade economia era a criação de
gado destinada para a produção de carne seca ao sol (charque), que abastecia o mercado
interno do país. A mão de obra utilizada na pecuária era livre, havendo um pequeno número
de escravos.
Sob os aspectos políticos, os produtores gaúchos se manifestaram contra as medidas
alfandegárias implantadas pelo governo central, que diminuía os impostos para a entrada no
mercado brasileiro de artigos dos países platinos, similares e mais baratos do que os
produzidos no Rio Grande do Sul. A justificativa usada pelo governo para tal atitude se
fundamentou nas reclamações dos consumidores do sudeste quanto aos elevados preços dos
produtos sulistas. Diante disso, os criadores brasileiros e os charqueadores sentiram-se
prejudicados por tais procedimentos.
Essa situação gerou tensão e as lideranças gaúchas começaram a lançar ideias em relação
à autonomia política e a formação de uma república, que permaneceria mantendo laços com o
Império. Em tese, o separatismo representaria a perda de amplo mercado consumidor.
Contudo, os trabalhadores pobres engajados na rebelião vislumbravam a instauração de
um autogoverno republicano, um meio para a resolução dos problemas enfrentados por eles.
Foi nesse projeto republicano, e não pelas tarifas do comércio da charque, que o italiano
Giuseppe Garibaldi participou do movimento dos farrapos.
Cena de uma das batalhas da Guerra
de Farroupilha. Quadro de Wasth
Rodrigues.
271
A rebelião teve início em 1835, quando o estancieiro e militar Bento Gonçalves comandou
tropas de particulares com o propósito de derrubar o presidente provinciano escolhido pelo
poder regencial. Em setembro do mesmo ano, os farrapos ocuparam Porto Alegre e
proclamaram a República Rio-Grandense ou República de Piratini, sendo o seu primeiro
presidente Bento Gonçalves. Em julho de 1839, sob a liderança de Garibaldi e David
Canabarro, Santa Catarina foi invadida pelos rebeldes e proclamaram a República Catarinense
ou República Juliana, integrada à República Rio-Grandense.
Os confrontos tornaram-se extensos, desgastantes e sem vencedores. Esse impasse não
era bom para ninguém. Apenas em março de 1845, as tropas comandadas por Luís Alves de
Lima e Silva contiveram o movimento. No final, o governo agiu de maneira cautelosa e
estabeleceu a tarifa de importação de 25%, como reivindicavam os produtores gaúchos, sobre
os produtos dos países da Prata. No acordo assinado entre os revoltosos e o governo, ficou
também deliberado a concessão de anistia geral aos estancieiros, a integração dos soldados e
oficiais rebelados ao Exército Nacional e a devolução das áreas confiscadas. Muito diferente do
que ocorreu com os cabanos e os malês, o governo brasileiro negociou, cedeu e reprimiu
brandamente os estancieiros gaúchos.
272
TEXTO COMPLEMENTAR
“O governo regencial alegava que a violenta repressão à Balaiada e à Cabanagem era
necessária porque aquelas revoltas provocavam as anarquias no país, o que poderia levar
a nação a se dividir. Na realidade, o governo percebia nessas revoltas a insatisfação das
camadas mais pobres da população em relação às suas más condições de vida e a uma
realidade social injusta, e temia as conseqüências de um movimento popular. A
preocupação maior do governo era quanto ao fato de as classes oprimidas estarem
participando ativamente do processo político, com armas na mão. Para a classe
dominante, a participação popular, por si só, era o grande perigo, o mal que precisava ser
evitado a qualquer custo.
Mas então, por que o governo precisava dizer que reprimia esses movimentos para
manter o país unido?
Ora, isso ocorria pelas mesmas razões de hoje: os governantes sempre querem
convencer a todos que agem de acordo com a vontade e os interesses da nação, quando,
na verdade, governam para atender as exigências de um grupo ou de uma classe de
privilegiados que controla a nação.
Na época da Regência, você já sabe quem controlava a nação. E hoje?
OLIVEIRA, Roberson. As rebeliões regenciais. São Paulo: FTD, 1996. p.51 (Para melhor conhecer o mundo).
Analisando o texto
1. Diversos fatores contribuíram para a eclosão das rebeliões no período Regencial. Entre as
inúmeras causas, podem ser citadas a insatisfação das elites provinciais, o sentimento
antiportuguês e os protestos das camadas populares contra a exclusão e injustiças sociais e
econômicas da época. Nessa perspectiva, responda:
a) De acordo com o texto, qual a justificava usada pelas Regências para reprimir as
rebeliões populares? Comente.
b) Faça uma rápida análise quanto à opinião do autor.
273
FAZENDO HISTÓRIA
1. O que significou a criação da Guarda Nacional e do Código Criminal de 1830 para o
momento político do Brasil?
2. A Lei do Império do Brasil de 10 de Juno de 1835 previa a pena de morte para os escravos
que assassinassem ou ferissem gravemente seus senhores, feitores, administradores e
familiares, sem recurso algum. Explique as condições históricas que levaram a essa lei
repressora.
3. (UFPI) Leia o texto a seguir.
“As revoltas do período regencial não enquadram em uma moldura única. Elas tinham a ver
com as dificuldades da vida cotidiana e as incertezas da organização política, mas cada uma
delas resultou de realidades específicas, província ou locais.”
(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001. p.164.)
A partir desse texto e dos seus conhecimentos, comente os principais motivos que
impulsionaram os principais movimentos durante as regências.
4. Comente os aspectos gerais da Revolta dos Cabano ocorrida entre Pernambuco e Alagoas.
5. (UNICAMP-SP) “Dois partidos lutam hoje em nossa pátria: o Restaurador e o Moderado. O
primeiro foi leal ao monarca que abdicou e defende os inquestionáveis direitos do Sr. Pedro
II. O segundo é partidário do sistema republicano e que reduzir o Brasil a inúmeras
Repúblicas ‘fracas’ e ‘pequenas’, e assim seus membros poderiam tornar-se seus futuros
ditadores”.
Adaptado do Jornal o Caramuru de 12 de abril de 1832, citado por Arnaldo Contier,
Imprensa e Ideologia em São Paulo, 1979.
A partir do texto, responda:
a) Em que período da história política do Brasil o texto foi escrito?
b) Qual o regime político defendido pelos partidos citados no texto?
c) Quais são as críticas que o jornal O Caramuru faz ao Partido Moderado?
274
6. (PUC-RJ) “Rebeldes verdadeiros ou suposto eram procurados por toda parte e perseguido
como animais ferozes! Metidos em troncos e amarrados, sofriam suplícios bárbaros que
muita vezes lhes ocasionavam a morte. Houve até quem considerasse como padrão de
glória trazer rosários de orelhas secas de cabanos.”
Relato de Domingos Raiol acerca da repressão à Cabanagem.
“Reverendo! Precedeu a este triunfo derramamento de sangue brasileiro. Não conto como
troféu desgralas de concidadãos meus, guerreiros dissidentes, mas sinto as suas desditas e
choro pelas vítimas como um pai pelos seus filhos. Vá, Reverendo, vá! Em lugar de Te
Deum, celebre uma missa de defuntos, que eu, com meu Estado-Maior e a tropa que na sua
Igraja couber, irei amanhã ouvi-la, por alma dos nossos irmãos iludidos que pereceram no
combate.”
Pronunciamento do barão de Caxias acerca da comemoração da vitória sobre as farroupilhas.
Os textos apresentam testemunhos sobre a repressão empreendida pelos dirigentes do
governo a duas revoltas ocorridas no Império do Brasil: a Cabanagem (Grão-Pará, 18351840) e a Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835-1845).
A partir da análise desses testemunhos:
a) Identifique os segmentos sociais predominantes na Cabanagem e na Farroupilha.
b) Explique por que os dirigentes do estado Imperial trataram de forma diferenciada os
rebeldes envolvidos na Cabanagem e na Farroupilha.
7. Identifique os grupos políticos existentes no Brasil durante o período regencial e as
principais ideias que defendiam.
8. Elabore uma síntese das quatro revoltas regenciais principais. Para isso, desenvolva um
quadro com os seguintes dados: nome, data, local, grupos sociais participantes, razões do
conflito, como se desenrolou o conflito e o desfecho.
275
QUESTÕES DE VESTIBULARES
1. (UERJ) “Fui liberal; então a liberdade era nova no país (...) o poder era tudo; fui liberal.
Hoje (...) os princípios democráticos tudo ganharam (...) a sociedade, que então corria o
risco pelo poder, corre o risco pela desorganização e pela anarquia.”
Bernardo Pereira de Vasconcelos.
In: TORRES, João Camilo de Oliveira. Os construtores do Império. São Paulo: Nacional, 1968. p.55.
O discurso acima, preferido pelo deputado regressista em 1838, demonstra o temor dos
representantes da elite quanto aos rumos do Período Regencial (1831-1840). Pode ser
considerada como causa desta preocupação:
a) A supressão da Guarda Nacional.
b) A política regencial de protecionismo alfandegário.
c) As rebeliões ocorridas durante todo o período regencial.
d) A possibilidade de nova união entre as coroas portuguesa e brasileira.
e) A intenção do Partido Progressista em antecipar a maioridade de D. Pedro II.
2. (FUVEST-SP) Sobre a Guarda Nacional, é correto afirmar que ela foi criada:
a) Pelo imperador, D. Pedro II, era por ele diretamente comandada, razão pela qual
tornou-se a principal força durante a Guerra do Paraguai.
b) Para atuar unicamente no Sul, a fim de assegurar a dominação do Império na Província
Cisplatina.
c) Segundo o modelo da Guarda Nacional Francesa, o que fez dela o braço armado de
diversas rebeliões no Período Regencial e início do Segundo Reinado.
d) Para substituir o exército extinto durante a menoridade, o qual era composto, em sua
maioria, por portugueses e ameaçava restaurar os laços coloniais.
e) No Período Regencial como instrumento dos setores conservadores destinado a manter
e restabelecer a ordem e a tranqüilidade públicas.
3. (SEPLAG/CESGRANRIO-RJ) “Os grupos de escravos egressos da Costa da Mina, sob
diferentes identidades (Nagô, Hauçá, Jeje, Tapa), promoveram o maior ciclo de revoltas
escravas africanas de que se tem notícia na história do Brasil. O caráter de resistência
sistêmica à escravidão só teve equivalente, antes, na Guerra dos Palmares e, depois, no
movimento abolicionista da década de 1880. Com efeito, entre 1807 e 1835, a Bahia viveu
um período de rebeliões contínuas dos escravos africanos, cujo ápice foi a Revolta dos
Malês.” REIS, João José. Rebelião Escrava no Brasil, a História do Levante dos Malês em 1835. Cia. das Letras.
Completando 176 anos em 2011, a Revolta dos Malês, na Bahia, embora não tenha
conseguido modificar a ordem escravista brasileira, teve um aspecto bastante
representativo, uma vez que:
a) foi o levante de escravos urbanos, na sua grande maioria de religião muçulmana, mais
sério ocorrido no Brasil.
b) foi um levante de escravos com objetivos claros e definidos, o que justifica a sua longa
duração.
c) foi, por meio dessa Revolta, que, pela primeira vez, um grupo de escravos ocupou,
ainda que por curto período, o poder em Salvador.
d) precipitou a assinatura da Lei Eusébio de Queirós, que extinguiu o tráfico negreiro.
e) acelerou a introdução de imigrantes para substituir a mão de obra escrava negra.
4. (SELECT) “Sabinada” e “Malês” na Bahia, “Balaiada” no Maranhão e “Farroupilha” no Rio
Grande do Sul, foram algumas das lutas que ocorreram no Brasil em um período
caracterizado:
a) Por um regime centralizado na figura do imperador, impedindo a constituição de
partidos políticos e transformações sociais na estrutura agrária.
b) Pelo estabelecimento de um sistema monárquico descentralizado, o qual delegou às
Províncias o encaminhamento da “questão servil”.
c) Por mudanças na organização partidária, o que facilitava o federalismo, e por
transformações na estrutura fundiária de base escravista.
276
d) Pela
redefinição
do
poder
monárquico
e
pela
formação
dos
partidos
políticos(Restauradores, Liberais Exaltados e Liberais Moderados), sem que se
alterassem as estruturas sociais e econômicas estabelecidas.
e) Por uma fase de transição política, decorrente da abdicação de Dom Pedro I, fortemente
marcada por um surto de industrialização, estimulado pelo Estado.
5. (UFPR) Sobre a Crise Regencial, afirma-se que os principais elementos que a caracterizam
são:
I. o franco declínio das relações escravistas de produção, com a crescente entrada de
imigrantes e as pressões inglesas para a extinção do tráfico negreiro.
II. as lutas de facções políticas pelo poder central, após a abdicação de D.Pedro I, as
disputas entre grupos de grandes proprietários dentro de cada província e os levantes
da população pobre em vários pontos do Império.
III. a imposição do domínio da facção da classe dominante ligada ao café do Vale do
Paraíba sobre as demais.
IV. o agravamento da situação econômico-Financeira do Império: prática livre-cambista
adotada na política de reconhecimento da independência, queda dos preços dos
produtos tradicionais de nossa exportação.
V. a criação de novos corpos armados de pouca ou nenhuma eficiência, como a Guarda
Nacional, e reformas políticas que radicalizavam as posições dos grupos opostos, como
a promulgação do Ato Adicional de 1834.
Dentre as afirmativas são verdadeiras:
a) somente I e II.
b) somente I, III e V.
c) somente II e IV.
d) somente I, II, III e IV.
e) todas elas.
6. (TJ-PE) Madrugada de 07 de abril de 1831, O Imperador e primeiro mandatário do Estado
brasileiro, D. Pedro I abdica do Trono. Economia fragilizada, elevados gastos com a
organização do Estado, inexistência de fonte nacional de recursos, hostilidades políticas, são
alguns argumentos que explicam o afastamento do governante. Com a abdicação, seguese:
a) O período Regencial compreendido entre 1831 até 1840, considerado como um dos
mais agitados da história brasileira.
b) O período regencial, marcado por profundas mudanças na vida do jovem estado
brasileiro com muitos entendimentos entre as várias facções das elites políticas.
c) O período regencial, diante da não aceitação imediata do príncipe herdeiro, que tinha
identificação com as forças que queriam a volta ao colonialismo.
d) O período regencial, solução política em completa discordância com o que estabelecia a
constituição brasileira de 1824.
e) O período regencial instituído para poder apaziguar os interesses conflitantes entre
grupos que discordavam do herdeiro do trono.
7. (UEL-PR) No governo do regente Araújo Lima (1837-1840) foi aprovada a Lei de
Interpretação ao Ato Adicional. Esta lei:
a) Modificava alguns pontos centrais da Constituição vigente, extinguindo o Conselho de
Estado, mas conservando o Poder Moderador e a vitaliciedade do Senado.
b) Buscava a centralização como forma de enfrentar os levantes provinciais que
ameaçavam a ordem estabelecida, limitando os poderes das Assembleias Legislativas
Provinciais.
c) Criava o Município Neutro do Rio de Janeiro, território independente da Província, como
sede da administração central, propiciando a centralização política.
d) Revelava o caráter liberal dos regentes, suspendendo o exercício do Poder Moderador
pelo governo, eixo da centralização política no Primeiro Reinado.
e) Restabelecia os poderes legislativos dos Conselhos Municipais, colocando nas mãos dos
conselheiros o direito de governar as províncias.
8. (UNIR) Camaradas! Nós, que compomos a 1ª brigada do exército liberal, devemos ser os
primeiros a proclamar, como proclamamos, a independência desta província, a qual fica
277
desligada das demais do império, e forma um estado livre e independente, com o título de
República rio-grandense, e cujo manifesto às nações civilizadas se fará competentemente.
(Mensagem de um comandante das tropas republicanas gaúchas enviada em 11 de set. de 1836 aos seus soldados. Citado por
SPALDING, Walter. A revolução Farroupilha. São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1943, pp.190-1.)
Sobre a Revolução Farroupilha, assinale a afirmativa correta.
a) Foi um movimento das províncias do Norte do Brasil contrárias aos privilégios
concedidos às províncias do Sul.
b) Fez parte de um conjunto de revoltas contra as elites locais e favoráveis à permanência
do imperador no trono.
c) Foi um movimento insuflado pelos Estados do Rio da Prata preocupados com o
nascimento de um império forte em sua fronteira.
d) Fez parte de um conjunto de movimentos que consolidaram a autonomia provincial e a
descentralização política que marcaram o império brasileiro até 1889.
e) Fez parte de um conjunto de revoltas que contestava o poder central de D. Pedro I e
buscava maior autonomia política.
9. (COMVEST) Considerando as rebeliões regenciais, analise as proposições a seguir:
I. O descontentamento com o centralismo político foi deflagrador da Sabinada que ocorreu
na Bahia e teve a participação ativa de líderes urbanos que se manifestaram
abertamente em jornais, panfletos e se reuniam em lojas maçônicas.
II. No interior do Nordeste eclodiu uma rebelião, Guerra dos Cabanos, movimento
restaurador, ocorrido entre 1832 e 1835 nas regiões da Zona da Mata pernambucana e
no Norte de Alagoas. De âmbito rural, teve a participação de vários segmentos sociais.
Lutavam pela restauração de D. Pedro I e pela defesa da religião católica.
III. A Guerra dos Farrapos aconteceu no Sul do país e se estendeu por dez anos. Tinha
como reivindicação a autonomia federativa e a implementação de uma república
separatista.
Está(ão) correta(s) a(s) proposição(ões):
a) II, apenas.
b) I, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, II e III.
e) III, apenas.
10.(UFPE-Alt.) Não basta a emancipação formal dos laços de dependência para a construção
de uma sociedade com ideais de liberdade social. No Brasil, depois de 1822, muitos
problemas permaneceram, provocando revoltas políticas. Uma delas, A Cabanagem,
aconteceu na província do Grão Pará, com:
I.a participação de membros da elite local, que desejava mais liberdade política e contava
com o apoio dos mais pobres.
II. a forte colaboração de outras províncias em ações militares que incomodaram o governo
central.
III. a indiferença do governo, devido a sua falta de estrutura militar e à pouca participação
dos grupos da elite política.
IV. a morte de boa parte dos rebeldes, devido à forte repressão utilizada pelo governo e à
resistência encontrada na população.
V. a derrubada do governo provincial e a libertação dos escravos, durante toda a década de
1830, que resultaram na expulsão dos grandes latifundiários.
11.(UPE) Sobre a Revolta dos Cabanos, analise as afirmativas abaixo.
I. Ocorreu logo após a abdicação de D. Pedro I, nas províncias de Pernambuco e Alagoas.
II. Era objetivo dos rebeldes criar uma província exclusiva dos africanos.
III. Os cabanos reivindicavam a volta de D. Pedro I.
IV. Os rebeldes constituíram e conservaram, durante dez anos, um governo republicano.
Estão corretas.
a) somente I e II.
b) somente I e III.
c) somente II, III e IV.
d) somente I, II e IV.
e) I, II, III e IV.
9
278
OLHARES HISTÓRICOS
• LIVROS
A Guerra dos Cabanos. ANDRADE, Manuel Correia de. Rio de Janeiro:1965; Recife:
Editora da Ufpe, 2005.
A revolução farroupilha (1835-1845). ALBUQUERQUE, E. S. São Paulo: Saraiva,
2003.
A Balaiada. JANOTTI, Maria de Lourdes M. São Paulo: Brasiliense, 2005.
O Império em construção: Primeiro Reinado e Regências. LYRA, Maria de Lourdes
Viana. São Paulo: Atual, 2000.
“Um exército de índios, quilombolas e senhores de engenho contra os
‘jacubinos’: A Cabanada, 1832-1835”, in Mônica Dantas (org.), Revoltas, motins,
revoluções Marcus J. M. de Carvalho. (São Paulo: Alameda, 2008, no prelo).
O Império da boa sociedade: a consolidação do Estado Imperial brasileiro.
MATTOS, I. R. de; GONÇALVES, M. de. A. 10. ed. São Paulo: Atual, 1994.
As rebeliões regenciais. OLIVEIRA, R. São Paulo: FTD, 1996.
• CINEMA
Anahy das Missões
Direção de Sergio Silva. Brasil, 1996. 134 min.
Épico gaúcho que retrata a Guerra dos Farrapos por meio da história de Anahy que,
para sobreviver, pilha os cadávares dos soldados.
• SÉRIES TELEVISIVAS
A Casa das sete mulheres, de Jayme Monjardim, baseada no livro homônimo de
Letícia Wierzchowski, conta a história de Bento Gonçalves.
10
279
O início do Segundo Reinado (1840-1850)
O Segundo Reinado (1840-1889) teve início com o Golpe Parlamentar da
Maioridade, que encerrou o governo das Regências. Como foi visto no capítulo anterior, a
chegada ao poder de D. Pedro II, tinha como pretensão acabar com tensões e as revoltas
regências. Todavia, o Golpe não conseguiu produzir os resultados desejados e o começo
desse período foi caracterizado também por grandes turbulências. As dificuldades
apresentadas no decorrer do Segundo Reinado foram solucionadas à custa das forças
repressivas e negociações políticas.
O signo de uma sociedade tradicional, latifundiária e escravocrata ainda permanecia
evidente no Império. Mesmo assim, as diversas modificações sociais e econômicas ocorridas
comprometeram as bases do regime imperial, fundamentado numa forte estratificação
social. Sob esse aspecto, a historiadora Lilia Schwarcz, em seu livro As barbas do
imperador, observou:
“Afinal, como explicar a permanência, por quase sessenta anos, de uma monarquia
rodeada de repúblicas por todos os lados? Como entender o enraizamento de uma
realeza Bragança, mas também Bourbon e Habsburgo, em um ambiente tropical,
cercado de indígenas, negros e mestiços? A resposta é estranhar o que parece tão
natural em nossos compêndios de história. Longe das luxuosas cortes europeias, a
capital da monarquia brasileira, em 1838, possuía cerca de 37 mil escravos numa
população total de 97 mil habitantes (38% da população), e em 1849, em uma
população de 206 mil pessoas, 79 mil cativos (mesmos 38%). Além disso, 75% dos
escravos eram, em média, africanos, dado que indica a importância da população de cor
na cidade do Rio de Janeiro. Por outro lado, os grupos indígenas, tão afastados da corte
e dizimados de forma bastante sistemática, eram convertidos, porém, em símbolo da
monarquia. Distantes enquanto realidade, ganhavam vida na representação: nos
quadros e alegorias, nas esculturas e nos títulos de nobreza.”
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
O Golpe da Maioridade
Após a saída de Feijó, em 1837, assumiu o governo
interino Araújo Lima que conseguiu expressiva vitória nas
eleições realizadas em 1838. O seu governo tinha o apoio
do Partido Conservador. A principal meta do novo regente
uno era conter as convulsões sociais e as revoltas
provinciais. Os regressistas acreditavam que tal desordem
foi resultado das prerrogativas do Ato Adicional de 1834 e o
Código de Processo Criminal. Nesse sentido, o governo
central publicou um documento denominado de Lei de
Interpretação do Ato Adicional, que anulava a
autonomia legislativa cedida às províncias em 1834,
devolvendo à Câmara e ao Senado, no Rio de Janeiro, os
atributos de legislar.
A aproximação do poder Executivo e Legislativo foi
fundamental para reprimir as revoltas provinciais. Porém, as
dificuldades políticas conduziram a uma nova configuração
política. Em 1840, surgiram os partidos Conservador e
Liberal, os dois representavam os interesses aristocráticos.
Os conservadores eram defensores de um Estado forte e
11
280
D. Pedro II em 1840, com 12 anos por Felix
Émile Taunay, 1837.
centralizador, enquanto que os liberais defendiam uma ampla autonomia para as províncias,
ou seja, um Estado descentralizado. Entretanto, levando-se em consideração as propostas e
os anseios políticos de ambos os grupos eram bastante semelhantes, como analisou o
escritor Francisco de Oliveira Viana: “Nada mais conservador que uma liberal no poder.
Nada mais liberal que um conservador na oposição”.
As pressões comandadas pelos liberais ao governo centralizador do regente Araújo Lima
tornaram-se mais intensas. Muitos integrantes das classes políticas havia a necessidade de
encontrar uma imediata solução que pudesse acabar com as instabilidades vivenciadas pelo
Brasil.
“É neste ambiente que nasce a ideia da Maioridade. A redução do prazo legal em que
ela se tinha de naturalmente operar impõe-se pela ânsia de sair deste período de
transição, de consolidar as instituições com o desaparecimento dessa forma, passageira
por natureza, qual a Regência; pela esperança, enfim, de encontrar na ascensão do
menino imperador ao trono, a tranquilidade do país.
Os governos que se seguem à Maioridade têm todos o mesmo caráter. Se bem que
diferenciados no rótulo com as designações de ‘liberal’ e ‘conservador’, todos evoluíram
em igual sentido, sem que esta variedade de nomenclatura tivesse maior significação.
Por isso mesmo é comum, e mal se estranha, a passagem de um político de uma para
outro grupo. O liberalismo – e liberalismo era então sinônimo de democracia – entra por
esta época, nas rodas oficiais, em franco declínio. Os poucos políticos que por suas
tendências se aproximavam das aspirações populares, ou são segregados para o
ostracismo, ou se englobam na reação dominante”.
PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil e Outros Estudos. 9. ed. São Paulo: Brasiliense. p. 78.
É nesse cenário que no final de 1839, os liberais começaram a defender o projeto de
antecipação da maioridade de D. Pedro I, possível alternativa para finalizar as crises e
tensões sociais, restabelecendo a ordem definitiva. Para muitos historiadores, os liberais
visavam na verdade, ao derrubar o regente Araújo Lima, assumir o poder e manipular o
imperador adolescente. Em 1840 houve a fundação do Clube da Maioridade, presidido pelo
liberal Antônio Carlos de Andrade e Silva. Em julho do mesmo ano, por meio do Golpe da
Maioridade aprovado pela Câmara, D. Pedro II assumiu o governo com apenas 14 anos de
idade, numa tentativa de resolver as instabilidades políticas e sociais do império.
Liberais e conservadores
O chamado Gabinete da Maioridade era constituído, em sua maior parte, por liberais,
liderados pelas famílias Cavalcanti e Andrada. Antônio Holanda de Cavalcanti ocupava o
ministério da Marinha, seu irmão Francisco de Paula Cavalcanti, a pasta da Guerra, e os
irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco de Andrada, as do Império e da Fazenda, na
ordem. Por esse fato, ficou conhecido como “Ministério dos Irmãos”.
A Câmara dos Deputados, de maioria de tendência conservadora, não apoiava o
gabinete. Os atritos políticos tornaram-se intensos, principalmente após os conservadores
rejeitarem as nomeações dos presidentes provinciais indicados pelo ministério. Atendendo
ao pedido dos liberais, o imperador dissolveu o Congresso.
Visando garantir as aprovações das medidas políticas e garantir a maior quantidade de
parlamentares, o governo imperial usou de vários instrumentos fraudulentos e repressivos.
O uso desses expedientes abusivos transformaram essas eleições em uma das mais
violentas de todo o Segundo Reinado. Devido a esse fato, elas ficaram conhecidas como as
“eleições do cacete”. Conservadores e Liberais contratavam grupos armados para
violentar os adversários políticos. Após fraudes e pancadarias os liberais saíram vitoriosos.
Em 1841, D. Pedro II dissolveu novamente o Congresso, antes mesmos das atividades
iniciarem. O imperador organizou outro ministério que tinha como maioria conservadores.
Nesse mesmo ano, o Conselho de Estado, extinto em 1834, foi restabelecido. Outros
projetos constitucionais foram aprovadas: reforma da Lei do Processo Criminal(1841),
pela qual centralizou as decisões nas mãos do governo central, tirando poder dos juízes de
paz; e, restauração do Poder Moderador. Essas reformas contribuíram para o
fortalecimento da autoridade política do imperador.
12
281
As normas para recrutamento de pessoas para a Guarda Nacional também foram
alteradas. A partir de então, o imperador escolhia os oficiais. Além disso, com o objetivo de
evitar atritos envolvendo jurisdição e Exército, as atribuições de ambos os órgãos foram
estabelecidas pelo imperador: o Exército ficaria responsável pelas questões externas, a
preservação das fronteiras e a manutenção da ordem social no país; enquanto que a Guarda
Nacional defenderia os anseios das elites locais.
Charge de Ângelo Agostini publicada no jornal Cabrião em fevereiro de 1867. Nela Agostini satiriza as
fraudes nas eleições. Agostini teve participação ativa na imprensa humorística e crítica do século XIX,
favorável aos ideais abolicionistas e republicanos.
Em 1847, foi introduzido um estranho parlamentarismo no Brasil. Esse modelo de
“parlamentarismo à brasileira” se distingue bastante do modelo implantado na GrãBretanha. No caso inglês, o monarca tinha função meramente decorativa, pois quem
governa na verdade é o primeiro ministro, integrante do partido que obteve na eleições a
maioria na Câmara. Entretanto, no Brasil, cabia ao imperador demitir ou nomear o
ministério, ignorando, assim, o Parlamento. Como afirmam os historiadores, consistia num
“parlamentarismo às avessas”, no qual o monarca reinava e governava verdadeiramente.
Amparado pelo Poder Moderador, D. Pedro II possuía poder para fechar o Parlamento e
convocar novas eleições. No decorrer da Monarquia brasileira não houve de fato o
parlamentarismo.
Permitiu-se, na verdade, a alteração no governo de liberais e conservadores, não
resultando em mudanças significativas na ordem política e social do país. Durante os mais
de quarenta anos de experiência “parlamentarista”, compreendido entre 1847 e 1889, foi
constituído 36 Gabinetes (21 liberais e 15 conservadores. Entre 1853 e 1857), houve a
consolidação do denominado “Ministério da Conciliação”, composto, até mesmo, por
membros de ambos os partidos.
Liberais e conservadores na Europa e no Brasil
No decorrer da primeira metade do século XIX, diversos países da Europa vivenciaram
movimentos revolucionários liberais. Na época, a luta foi desencadeada contra o
absolutismo monárquico e pela afirmação dos direitos individuais.
Os revolucionários, reivindicavam, entre outras coisas, a diminuição do poder real, ou
seja, que o povo verdadeiramente tivesse uma maior representatividade parlamentar.
Cobrava-se, também, o sufrágio universal, por meio do qual o voto seria o instrumento que
faria prevalecer a vontade da população em detrimento de qualquer governo tirânico.
Os conservadores, todavia, enxergavam a ampliação dos direitos dos cidadãos como
uma ameaça a ordem política e social. Com o intuito de manter seus privilégios políticos,
recorreram várias vezes aos regimes antidemocráticos como meio de impedir os
radicalismos revolucionários.
13
282
Diferente do contexto europeu, havia poucas distinções entre liberaos e conservadores.
Os dois “partidos” eram monarquistas, favoráveis à escravidão e defensores dos latifúndios
rurais. Além disso, suas plataformas políticas eram praticamente iguais: representavam
variados segmentos da oligarquia agrária e camadas médias urbanas. Contudo, havia uma
distinção entre os dois grupos nessa época. Diferente dos conservadores, os liberais eram
defensores da descentralização política. Cobravam maior autonomia provincial e eram
seguidores do federalismo, que se manifestará intensamente na década de 1870 no
movimento republicano.
Em 1842, nas províncias de Minas Gerais e São Paulo, eclodiram as revoltas liberais,
sob as lideranças, de Teófilo Ottoni e o ex-regente Feijó, respectivamente. Esses
movimentos se manifestaram contra a forte centralização e as fraudes nas eleições,
chamadas de “eleições do cacete”. Houve intensas lutas armadas nas duas regiões, porém,
os rebeldes foram controlados pelas tropas de Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de
Caxias. É importante salientar, que essas manifestações representavam, essencialmente, o
inconformismo dos liberais em razão da perda das eleições da Câmara para os
conservadores.
Revolução em São Paulo (17 de maio a 20 de junho)
Alguns dias após o anúncio da dissolução da Câmara, liberais de São Paulo afirmaram
que não iriam mais ficar sujeitos às ordens do presidente da província, o qual havia sido
escolhido pelo Rio de Janeiro. Recusando essa nomeação, os liberais paulistas aclamaram à
presidência Rafael Tobias de Aguiar. Inciava-se, assim, o movimento da Revolução de
1842.
Apesar de não aceitação a principal autoridade imperial na província, os liberais
paulistas não tinham a intenção de declarar a independência de São Paulo com relação ao
Brasil, muito menos implantar o republicanismo. Buscavam, na verdade, obter o controle
sobre importante parte territorial da província para, em seguida, começar uma série de
negociações com o governo imperial, que estava sendo comadado pelos conservadores.
Outros prestigiados líderes liberais se destacaram, entre eles Nicolau de Campos Vergueiro
e Diogo Feijó.
Sob o comando do barão de Caxias, as tropas imperiais conseguiram sufocar o
movimento. Tobias de Aguiar e o ex-regente Digo Feijó foram presos e encaminhandos,
respectivamente, para o Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Revolução em Mina Gerais (10 de junho a 20 de agosto)
Dias antes da vitória imperial em São Paulo, liberais mineiros, sob a liderança de Teófilo
Ottoni, declararam à presidência da província, em Barbacema, a João Pinto Coelho Cunha.
Fazendo o mesmo ato dos pauslitas.
Entretanto, em Minas Gerais houve uma maior adesão de vilas ao movimento em
comparação ao que sucedeu em São Paulo. Porém, o fim foi semelhante. Os mineiros foram
derrotados pelas forças imperiais no dia 20 de agosto de 1842, na região de Santa Luzia. A
partir desse acontecimento, para recordá-los da derrota, os conservadores passaram a
chamar os liberais de luzias.
A Revolta da Praieira (1848)
Em 1848, ocorreu em Pernambuco um movimento liberal, denominado de Revolta da
Praieira. O termo que resigna revolta é originário de um jornal que divulgava o
pensamento liberal (Diário Novo), localizado na Rua da Praia. Essa rebelião retoma as
concepções já vistas na Revolução Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador
de 1824.
No plano da ideias, os praieiros foram influenciados pelas concepções dos socialistas
utópicos Proudhon, Robert Owen e Charles Fourier. No entanto, essa rebelião não pode ser
analisada como um movimento socialista, e sim, num confronto armado entre facções
14
283
políticas que pertenciam ao mesmo quadro aristocrático. Esses proprietários
pernambucanos estavam organizados no Partido Conservador (Guabiru) e no Partido da
Praia.
A revolta contou também com a participação de mestiços, escravos libertos e índios. No
entanto, a revolta teve como principais líderes (tendências liberais) senhores de engenho,
militares e intelectuais, que não faziam alusão a abolição da escravidão. Os pontos básicos
do programa dos praieiros foram: liberdade de imprensa, abolição do recrutamento militar
obrigatório, sufrágio universal, fim do Poder Moderador, expulsão dos portugueses,
autonomia provincial por meio da adoção do federalismo e nacionalização do comércio local.
Essas reivindicações estavam contidas num documento escrito em 1849, chamado de
“Manifesto ao Mundo”.
EXTENSÃO DOS CONFLITOS DA REVOLUÇÃO PRAIEIRA
Fonte de pesquisa, Antonio Paulo Rezende. A revolução Praieira. São Paulo: Ática, 1995.
O começo da revolta está relacionado com as insatisfações das elites locais devido a
política de benefícios para o centro-sul e a crise econômica regional, provocada,
principalmente, em decorrência do declínio da produção açucareira. Outro objetivo dos
praieiros era proibir a atuação dos comerciantes estrangeiros (portugueses) na área.
Os praieiros assumiram o poder, em 1845, quando Antônio Pinto Chichorro da Gama foi
nomeado presidente da província. Porém, em 1847, o governo central determinou o
afastamento do cargo do líder praieiro, o que provocou muitas insatisfações. Todavia, os
enfretamentos armados iniciaram-se em Olinda, quando teve a nomeação do mineiro
Herculano Ferreira Pena para presidir a província, em 7 de novembro de 1848. Esse novo
presidente era avesso aos praieiros. Além disso, os militantes do Partido da Praia foram
progressivamente sendo afastados de cargos administrativos.
No início de 1849, os rebeldes invadiram Recife, mas as forças imperiais com o apoio da
Guarda Nacional detiveram reprimiram o movimento. Os combates se estenderam até 1850,
quando os praieiros foram definitivamente derrotados. Entre governistas e insurretos, a
Revolta da praieira deixou mais de 800 mortos. As principais lideranças da Praia, que
conseguiram sobreviver ao conflito e não fugiram para o exterior, foram condenados à
prisão perpétua no arquipélego de Fernando de Noronha. Porém, em 1851, o governo
central anistiou todos os participantes. Após esse acontecimento, o Império viveu um
período de relativa estabilidade política e social, estremecidas, posteriormente, pelas
questões abolicionistas, militares, religiosas e republicanas.
15
284
TEXTO COMPLEMENTAR
Revolução à européia com toque tropical
Era 1848, conhecido como “o ano das revoluções”. A multidão corria pelas ruas centrais
da cidade. Desordem geral. Aflita, a polícia apreendia panfletos que defendiam o direito
ao trabalho e melhores condições de vida. Chamada às pressas, investiu contra a
multidão espalhada pelo principal bairro da cidade. Um inglês, ao ser atacado pela turba,
conseguiu segurar um homem, que tentou fugir quando viu um delegado de polícia se
aproximando. Mas, ao chegar, o delegado disse que não podia fazer nada naquelas
circunstâncias. E o inglês teve que soltar o homem. No dia seguinte, uma passeata saiu
em direção à Assembléia Provincial, levando uma petição assinada por artesãos, por
gente do povo e por alguns deputados. Mas onde foi isso? Na revolucionária Paris de
1848? Não, foi no Recife, em julho do mesmo ano. Em novembro explodia a Insurreição
Praieira, um movimento com muitas faces e significados. Em Pernambuco, ainda na
primeira metade da década de 1840, surge o chamado “Partido Praieiro”, uma dissidência
do Partido Liberal. O “racha” ocorreu por influência de três irmãos, os Cavalcanti, que se
tornaram senadores – caso único na história do Brasil. A família praticamente comandava
os dois partidos em Pernambuco. No Partido Liberal despontava Holanda Cavalcanti, que
mais tarde foi o visconde de Albuquerque. No Conservador estavam Pedro Francisco e
Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, o futuro visconde de Suassuna, um eterno
vice-presidente da Província, que chegou a assumir o governo pernambucano sete vezes
entre 1826 e 1844. Somados aos primos e aliados diretos, como o ex-regente Araújo
Lima (marquês de Olinda), formavam uma bancada de quinze senadores em meados do
século XIX. (...)
(...) Em fevereiro de 1849, o líder praieiro Pedro Ivo articulou uma manobra ousada.
Simulou uma retirada, atraindo para o interior os batalhões do exército imperial, e
marchou rapidamente para um Recife desguarnecido. Ao chegar, encontrou resistência
das tropas de segunda linha e da Guarda Nacional. O ataque fracassou. Dali em diante, os
praieiros foram capturados ou mortos até a derrocada do movimento, praticamente
extinto em abril de 1849. A Praieira encerrou uma era de grandes rebeliões que, embora
inteiramente distintas, tiveram em comum o fato de ameaçarem a ordem imperial, ou
mesmo a unidade territorial brasileira. Junto com a Insurreição Pernambucana de 1817 e
a Confederação do Equador em 1824, ela compõe o “ciclo das insurreições liberais do
Nordeste”. No entanto, o que mais chama a atenção na Praieira é a mobilização das
massas urbanas em torno de um discurso liberal radical que defendia o direito ao
emprego e à representação popular, beirando as idéias igualitárias pregadas pelos
chamados “socialistas utópicos” na Europa na mesma época. O historiador Caio Prado
Júnior considerava a Praieira como o último dos movimentos de caráter popular e
democrático que acompanharam o processo de Independência. Para ele, os rebeldes
tinham uma ideologia reformista, sintetizada no conteúdo do manifesto “Ao Mundo”,
escrito pelo liberal radical Borges da Fonseca, que pregava o voto livre e universal para
todos os homens, emprego para todos e o fim do recrutamento forçado para o serviço
militar. A discussão continua, mas numa coisa todos concordam hoje em dia: os rebeldes
de 1848.
Marcus de Carvalho é professor de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor de Liberdade, Rotinas e Rupturas do
Escravismo, Recife, 1822-1850. (UFPE, 1998).
Comente os principais aspectos desenvolvido pelo autor em relação à Revolta Praieira.
16
285
FAZENDO HISTÓRIA
1. A campanha pela emancipação da maioridade ganhou a Câmara, o Senado e as praças.
Manifestações populares em versos e em quadrinhos podiam ser ouvidas nos salões e na
ruas. Algumas a favor como:
“Queremos Pedro II
Ainda que não tenha idade.
A nação dispensa lei.
Viva a Maioridade!”
Em que contexto se deu o movimento pela Maioridade? Explique-o e justifique a sua
resposta.
2. O Clube da Maioridade foi fundado pelos liberais, em 1840. Explique qual era o objetivo
dessa entidade.
3. Quais os motivos gerais que levaram os integrantes dos partidos liberais de São Paulo e
Minas Gerais a se rebelarem em 1842? Comente-os.
4. Em janeiro de 1849, o jornalista Borges da Fonseca, um dos envolvido na Revolução
Praieira, publicou o Manifesto ao Mundo. Leia um trecho desse documento e responda às
questões propostas.
Manifesto ao mundo
Protestamos só largar as armas quando virmos instalada uma Assembleia Contituinte.
Esta Assembleia deve realizar os seguintes princípio.
1º O voto livre e universal do povo brasileiro.
2º A plena e absoluta liberdade de comunicar os pensamentos por meio da imprensa.
3º O trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro.
4º o comércio de retalho só para os cidadãos brasieiro.
5º Inteira e efetiva independência dos poderes constituídos.
6º A extinção do Poder Moderador e do direito de agraciar.
7º O elemento federal na nova organização.
Disponível em www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo02/praieira.html; Acesso em 06 de maio de 2011.
a) Após a leitura, qua a relação pode-se fazer entre os parágrafos 5º e o 6º do
Manifesto.
b) De que grupo político os revoltosos se aproximaram ao propor o federalismo?
5. (Fuvest-SP) Dentre as rebeliões ocorridas no Brasil durante o Segundo Reinado, qual o
sentido social que se atribui à Revolução Praieira?
17
286
QUESTÕES DE VESTIBULARES
1. (Mackenzie–SP) O Golpe da Maioridade que colocou Pedro II no trono em 1840
representou:
a) o enfraquecimento do regime monárquico e o crescimento do republicano.
b) o declínio da aristocracia rural, já que o novo governo não apoiava a manutenção de
seus privilégios.
c) o fortalecimento da democracia, fato comprovado na primeira eleição do Segundo
Reinado,a “eleição do cacete”.
d) a vitória dos liberais que retornaram ao governo, convidados para formar o primeiro
ministério do Segundo Reinado.
e) a ascensão dos conservadores, afastados do poder desde o Avanço liberal.
2. (PUC-RS) O Golpe da Maioridade (1841), que permitiu que D. Pedro II subisse ao
trono,
a) provocou a formação do Partido Republicano.
b) impediu a consolidação de partidos em âmbito nacional.
c) assinalou o fim do período de hegemonia dos partidários do escravismo.
d) permitiu a reatamento das relações diplomáticas com Portugal.
e) abriu caminho para a pacificação interna e para a estabilidade política.
3. (UFPI) Sobre o sistema parlamentarista brasileiro na época do Império, pode-se
afirmar:
I. As eleições para a Assembleia geral eram diretas e o sufrágio, universal.
II. O imperador detinha o poder de dissolver a Câmara dos Deputados e convocar novas
eleições.
III. O imperador detinha o poder de designar o Presidente do Conselho de Ministros.
IV. O Presidente do Conselho de Ministros nomeava os Presidentes das Províncias.
Estão corretas as afirmativas
a) I, III e IV, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I e II, apenas.
e) Apenas I.
4. (UFPE) O segundo reinado no Brasil ocorreu sem as muitas instabilidades políticas que
marcaram os primeiros anos da independência. Pernambuco, que mantinha uma
tradição liberal, decorrente de movimentos, como a Revolução de 1817 e a
Confederação do Equador, mostrou seu descontentamento com o governo central na
Revolução Praieira de 1848. Com relação ao movimento praieiro, podemos afirmar que:
a) tinha a liderança das elites políticas liberais e expressava também o radicalismo
político dos grupos socialistas pernambucanos.
b) foi cenário de confrontos militares, que obrigaram o governo a reforçar suas tropas e
a julgar os rebeldes presos com rigor.
c) foi um movimento político socialista, que expressou ideais de liberdade e de
socialização das riquezas.
d) ameaçou o governo central, pois contou com o apoio militar de várias províncias do
Norte e do Nordeste.
e) não passou de uma rebelião local, sem grandes repercussões políticas, restringindose a uma disputa por cargos administrativos.
5. (UFAL/COVEST) As instabilidades políticas não cessaram com a instalação do Segundo
Reinado no Brasil. Apesar do maior controle do Estado sobre as províncias, as
insatisfações e as inquietudes políticas continuavam com menos intensidade, mas a
Rebelião Praieira de 1848 marcou politicamente a época de D. Pedro II. Os rebeldes
tiveram:
18
287
a)
b)
c)
d)
e)
um apoio militar de todas as províncias situadas no Norte e no Sul.
um ideário político influenciado pelas obras de Marx e Saint-Simon.
um forte sentimento antilusitano, com conflitos chamados “mata-marinheiros”.
uma organização militar exemplar, com ajuda de mercenários ingleses.
uma propaganda política bem organizada, liderada por uma elite socialista.
6. (COMVEST) A Revolução Praieira foi um levante armado, autonomista e federalista e,
para muitos, republicano. Acontecido entre 1848 e 1849 na província de Pernambuco, foi
um movimento com objetivos claros que ameaçavam a ordem social do Império
brasileiro. Assinale a única alternativa incorreta.
a) Mesmo irrompendo no reinado de Pedro II, a Praieira pertence ao ciclo das agitações
da minoridade e reflete inquietações sentidas em outros Estados, onde, em geral
pelas armas, se buscavam soluções não monárquicas para problemas institucionais
do país.
b) Longe das influências dos movimentos de 1817 e 1824, os praieiros descartavam a
mobilização das massas, preferindo as operações de assalto ao poder. Foi assim que
conseguiram sublevar várias províncias pernambucanas e invadir e tomar a capital,
Recife.
c) A Praieira repercutiu, no Brasil, ideias de revoluções acontecidas na Europa em 1848.
No “Manifesto ao Mundo”, se reivindica o voto livre e universal, a liberdade de
imprensa, a autonomia dos poderes constituídos, além da extinção do Poder
Moderador.
d) A Praieira lutava pela Convenção Nacional, uma espécie de Assembléia Constituinte,
que soberanamente tomaria decisões como substituir o sistema monárquico pelo
republicano.
e) Ao longo da década de 1840, os radicais do Partido Liberal Recifense usavam o Jornal
Diário Novo, localizado na Rua da Praia, para veicularem suas ideias liberais e a
necessidade de um ato revolucionário. Em pouco tempo, passaram a ser chamados
de “praieiros”.
7. (COTEC) “(...) à medida que avançamos na evolução do Império, vai a agitação
democrática e popular perdendo em intensidade. Como as demais revoltas que se
seguem à abdicação de Dom Pedro I, não passou a revolta da Praia [Praieira] de um
impulso dado pela revolução da Independência. Mas, então, já era vigorosa a
contramarcha. Tinha cessado aquele impulso, e era agora a reação que dominava.”
(PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil. Citado por FERREIRA, Olavo Leonel. História do Brasil. 17ª. ed. São Paulo: Ática,
1995, p. 241)
Assinale a alternativa historicamente correta à qual o texto se refere.
a) Ao fim da Revolução Praieira, o mais radical movimento popular imperial, que
pregava, entre outras medidas, a supressão do trabalho escravo.
b) À centralização política, durante o chamado Segundo Reinado, período em que a
“União” se fortaleceu em detrimento da autonomia das províncias e municípios.
c) À vitória do Partido Conservador, que assumiu o poder após a abdicação de D. Pedro
I, aniquilando as chances de uma descentralização democrática.
d) À indiferenciação ideológica dos Partidos Conservador e Liberal, aspecto que permitiu
ao Governo Central reprimir, indistintamente, as revoltas do período.
e) À forma pela qual os revoltosos firmaram uma alianação com os conservadores para
se manterem conjuntamente no poder.
8. (IPAD) A Rebelião Praieira trouxe inquietações políticas para o governo imperial e
agitou a província de Pernambuco. Os praieiros defendiam:
a) a existência de um governo republicano e descentralizado.
b) a autonomia de Pernambuco e o fim da monarquia.
c) a divulgação do socialismo nas escolas da época.
d) a expulsão dos portugueses da província de Pernambuco.
e) o combate à administração dos governos do Partido Conservador.
19
288
OLHARES HISTÓRICOS
•
LIVROS
Sua majestade o café.
2003.
GANCHO, C. V.; TOLEDO, V. V.. 2. ed. São Paulo: Moderna,
O império do café: a grande lavoura no Brasil (1850 a 1890). MARTINS, A. L. São
Paulo: Atual, 1990.
A fazenda de café. MORAES, A. C. R. 13 ed. São Paulo: Ática, 2003.
Revolta praieira. MORAES, E. R. São Paulo: Ática, 1995.
•
CINEMA
Mauá – O Imperador e o Rei
Direção de Sérgio Rezende. Brasil, 1999. 1332 min.
O diretor Sérgio Rezende leva às telas a biografia de Irineu Evangelista de Souza, o
Visconde de Mauá, um dos principais homens de negócios do 2º Reinado.
20
289
CAPÍTULO 19
As ondas
revolucionárias do
século XIX, 291
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
Nacionalismo e
unificações, 303
As utopias
revolucionárias, 315
CAPÍTULO 22
Os EUA no
século XIX, 352
CAPÍTULO 23
A Era
dos Impérios, 344
CAPÍTULO 24
Ideias, novas
tecnologias e cultura
no século XIX, 363
21
“A Liberdade iluminando o mundo”. A
Estátua da Liberdade se transformou
em um dos ícones dos Estados
Unidos.
As ondas revolucionários
do século XIX
O século XIX caracterizou-se por diversas modificações que impactaram vários
continentes. O avanço técnico-científico, engendrado ao desenvolvimento capitalista,
contribuiu para a formação de um ambiente cada vez mais intenso e complexo. A paisagem
rural passa a dar lugar as novas configurações urbanísticas. A figura do trabalhador rural e
dos latifundiários, cede lugar para o operário e os donos das fábricas. A partir de então, o
trabalho livre e assalariado prevalece. Essas transformações, entretanto, geraram muitos
movimentos revolucionários.
Muitas revoluções liberais transfiguraram o cenário do continente europeu a partir de
1820. Aglutinado à afirmação do modelo do capitalismo industrial, esses conflitos sacudiram
a Europa, com ressonância em outras regiões do mundo.
Cena da revolução de 1830 na Bélgica. Obra de Gustave Wappers, Museu de Royaux, 1834. A partir de 1820 várias revoluções de
caráter liberal eclodiram na Europa.
Devido ao forte processo de exclusão e injustiças sociais, emergiram movimentos que
lançaram novas plataformas ideológicas em oposição ao capitalismo. Foi o caso, por
exemplo, do socialismo.
Nessa mesma época, as nações industrializadas, implementaram ações imperialistas sob
o argumento de propagar a cultura europeia para os continentes asiáticos e africanos. A
intenção genuína, porém, era adquirir vantagens econômicas.
Esse contexto intensificou uma fase de ocidentalização planetária, fundamentada em
preconceitos e imposições políticas. Toda essa situação gerou muitas resistências dos povos
dominados, deixando claro que a expansão do capitalismo enfretaria muitas tensões e
trágicas consequências.
22
291
Romantismo e a luta política na Europa
Os ideiais preconizados pela Revolução Francesa influenciou muitos movimentos
revolucionários no século XIX. As transformações geradas pelas revoluções lideradas pela
burguesia afugentaram os grupos conservadores no continente europeu, que tentaram
ainda uma contra-ofesinva. Muitas vertentes surgiram para criticar o projeto iluminista.
Entre esses movimentos temos o romantismo que pregava um regresso à natureza e aos
costumes, enaltecendo o exótico, o maravilhoso e o selvagem.
Os princípios românticos tiveram bastante repercussão nos movimentos nacionalistas e
libertários no decorrer do século XIX. O romantismo voltou-se para o passado com o
objetivo de recuperar, na cultura popular, as referências sentimentais que foram colocadas
em segundo plano pela racionalidade iluminista.
O romantismo criticou o padrão do classicismo e do neocolonialismo. As principais
caractirísticas do romanstimo foram: subjetivismo, liberdade na abordagem das temáticas,
retorno ao passado, valorização das tradições autênticas, exaltação da imaginação e da
sensibilidade, sentimento nacionalista e busca de referências para a construção da
identidade nacional.
Sob o aspecto estético, os românticos defendia a liberdade de criação do artista. No
campo da pintura, a imaginação adquiriu muita relevância, merecendo destaque os
percepções dramática, melancólicas e diferentes. Os pinturas do romantismo privilegiava as
cores e elevados contrastes entre o sombrio e a luminosidade.
Entre os principais românticos merece destaque: poetas como Byron, Keats, Shelley;
compositores como Chopin, Tchaikovsky, Wagner, Verdi, Schubert e Beethoven; escritores
como Victor Hugo; pensadores como Schiller e Schelling.
Representação da Barca de Dante (1822), obra Eugène Delacroix, considerado um das maiores expressões do
romantismo francês.
As ondas revolucionárias
Ao processo revolucionário francês direcionou várias alternativas que fragilizaram as
estruturas do Antigo Regime. As ideias iluministas apontaram para grandes alterações nos
cenários econômicos, políticos e sociais. Na França, houve a deposição da Monarquia que
abriu caminhos para o combate às benesses da aristocracia, o enaltecimento dos princípios
de igualdade jurídica de todos e o estabelecimento de governos democráticos. Os valores da
23
292
Revolução de 1789 foram difundidos no continente europeu, primeiramente por Napoleão,
que teve seu governo encerrado em 1815. As transformações posteriores às Revoluções
Industrial e Francesa incontornáveis. Ambas, foram decisivas para a consolidação do poder
econômico da burguesia e pelas profundas mudanças nas relações sociais.
No início do século XIX, as massas urbanas faziam oposição aos governos autoritários,
que ainda persistiam em alguns países europeus. Nesse momento, torna-se interessante
perceber a aproxição, mesmo que por alguns instantes, de capitalistas e operários. Eles
tinham em comum a oposição às forças estatais opressoras. Dessas convergências de
interesses se propagaram as ondas revolucioárias do século XIX.
“Houve três ondas revoluciorárias principais no mundo ocidental entre 1815 e 1848. A
primeira ocorreu em 1820-4. Na Europa ela ficou limitada principalmente ao
Mediterrãneo, com a Espanha(1820), Nápoles (1820) e a Grécia (1821). Fora a grega,
todas as insurreições foram sufocadas.
A segunda onda revolucionária ocorreu em 1829-34, e afetou toda a Europa a oeste
da Rússia e o continente norte-americano. (...) Na Europa, a derrubada dos Bourbon na
França estimulou várias outras insurreições. (...)
A terceira e maior das ondas revolucionárias, a de 1848, (...) explodiu e venceu
(temporariamente) na França, em toda a Itália, nos Estados alemães, na maior parte do
império dos Habsburgo e na Suíça (1847). (...) Nunca houve nada tão próximo da
revolução mundial com que sonhavam os insurretos do que esta configuração
espontânea e geral. (...). O que em 1789 fora o levante de uma só nação era agora,
assim parecia, ‘a primavera dos povos’ de todo um continente.”
HOBASBAWN, Eric J. A Era das Revoluções: 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. p.127-130
A Revolução de 1830
Por volta de 1814, após a queda de Napoleão Bonaparte houve reação dos conservadores
que tinham o intuito de restaurar o absolutismo na Europa. Os países europeus se
reuniram, em 1815, no Congresso de Viena com o objetivo de retomar os privilégios do
clero e da nobreza, reorganizar as delimitações territoriais modificadas com a expansão
napoleônica, reconduzir ao poder às monarquias depostas e adotar uma postura de pleno
combate aos anseios revolucionários.
Na França, em 1814, os Bourbon voltou ao trono. Devido à morte de Luís XVI na
guilhotina, em 1793, assumiu o cargo, o duque de Anjou, que recebeu o título de Luís XVIII.
Ao longo do seu governo surgiu três facções políticas em permanentes divergências: os
ultrarrealistas, que eram favoráveis a restauração do modelo do Antigo Regime e a
devolução das propriedades confiscadas da aristocracia; os constitucionalistas, compotos
por realistas moderados que eram defensores da implantação da Carta de 1814, que,
apesar de afirmar a existência do poder divino do rei, era composta também de cláusulas
que limitavam o poder monárquico; os independentes ou liberais, formados pelo
bonapartistas e burgueses que lutavam por mais espaço político.
O reinado de Luís XVIII, entretanto, adotou um perfil moderado e implantou a Mornaquia
Constitucional, fato este que não agradou a ala conservadora. Com esse desagravo, os
absolutistas franceses apoiaram o conde de Artois, futuro Carlos X, que assumiu o trono,
em 1824, após a morte de Luís XVIII. O novo rei era o líder dos ultrarrealistas.
Como chegou ao poder com o incentivo dos grupos conservadores, Carlos X adotou
medidas com a intenção de restabelecer o absolutismo, entre elas, a defesa da Igreja
(concessão para ensinar), censura da imprensa e ordenou que a nobreza fosse indenizada
devido o confisco de seus bens. Essas ações autoritárias desegradaram as camadas
populares, estudantes, trabalhadores e os burgueses. Tal impopularidade, também
contribuíram para que nas eleições de 1830 para escolha dos integrantes do Parlamento, os
liberais saíssem vitoriosos. Carlos X, por meio da publicação da Ordenações de Julho,
dissolveu o Parlamento, alterando a lei eleitoral e intensificando a censura. O golpe
absolutista foi o estopim para a eclosão de reações populares que levou Carlos X à renúncia
e, posterior exílio na Inglaterra.
24
293
A alta burguesia passou a controlar o movimento revolucionário, pois estava temerosa
que a rebelião alcançasse aspectos mais radicais, como, por exemplo, a instauração de uma
república. Para evitar tal situação, os burgueses oferecem o trono a Luís Felipe de Orleans,
primo de Carlos X. Os três dias de tensões do mês de julho (27 a 29), que levaram a
abdicação de Carlos X e a condução de Luís Felipe ao poder, receberam o nome de “Três
Dias Gloriosos”. Com essa atitude, evitou-se a Revolução Liberal, que teve início com a
pequena burguesia e os trabalhadores urbanos, que conclamavam a igualdade social.
Luís Felipe extinguiu a os resquícios do absolutismo francês, respeitou a Constituição e a
Assembleia. Por suas manobras que combateram a aristocracia e por forte aproximação com
os burgueses, recebeu o título de o “rei burguês”.
O governo de Luís Felipe deu estabilidade ao projeto
da burguesia e motivou a ocorrência de outros
movimentos, como a independência da Bélgica e os
processos de unificações dos Estados Alemães e
Italiano. Os levantes também ocorreram na Espanha,
em Portugal e na Polônia. Maior parte dessas dessas
revoluções foram duramente reprimidas pela Santa
Aliança.
O
rei
Felipe
fez
uma
associação
entre
conservadorismo político e liberalismo econômico. Fez
adoção à bandeira tricolor em referência à Revolução e
usou a educação com o propósito de contrinbuir para o
crescimento da economia Francesa. Todas essas
medidas, entretanto, não evitou a formação de grupos
opositores que eram constituídos por: legitimistas
(nobreza que defendia o retorno de Carlos X),
bonapartistas (formada pela pequena burguesia e
liderados por Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão),
republicanos (desejavam implantar o direito universal
do voto e a anulação do direito hereditário dos reis) e
socialistas (movimentos liderados pelos trabalhadores
Imagem de Luís Felipe, monarca da França (1830urbanos influenciados pelas ideias socialistas).
1848), por Franz Xaver Winterhalter, 1841.
Em 1847 diversos fatores (crise de abastecimento,
baixos salários, desemprego) ampliou a o clima de tensão. A oposição passou a promover
muitos encontros políticos (Campanha dos Banquetes), algo que não eram permitidos. Para
driblar a proibição monárquica, o revoltosos organizaram “barricadas”, onde eram
divulgados os princípios do movimento que exigia a minimização do censo eleitoral e
mudanças no quadro enconômico.
A Primavera dos Povos
Mais uma vez os eventos que eclodiram na França tiveram repercussão em outros países
europeus. Em 1848, muitas revoltas se espalharam em toda a Europa, deixando evidente
que as movimentações conservadoras, que persistiam em restaurar as bases do Antigo
Regime desde o Congresso de Viena, não encontraria mais ambiente. Essas revoluções
compõe uma fase de muitas expectativas e a ascensão de vários projetos fundamentados
no nacionalismo, socialismo e nos ideias liberais. Essa fase de convulsões revolucionárias
ficaram conhecidas como Primavera dos Povos.
A revolução na França
O quadro sócioeconômico europeu permaneceu tenso durante a década de 1840. Na
França, os republicanos tentaram realizar um grande banquete no dia 22 de fevereiro de
1848, em Paris. O governo, todavia, proibiu sua realização. Mesmo a burguesia respeitando
a proibição, o proletariado parisiense manifestou-se. Várias barricadas foram levantadas
contra o governo. Percebendo que a revolta da população não cessaria a curto prazo, o rei
decidiu renunciar.
A partir de então foi instaurada a Segunda República e instituído um governo
provisório composto por vários segmentos políticos, com destaque para os republicanos
25
294
socialistas. As primeiras decisões desse governo republicano foram: redução da jornada de
trabalho, reintrodução da liberdade de imprensa e reunião, estabelecimento do voto
universal masculino e criação dos Ateliers (Oficinas Nacionais). Essas oficinas consistiam
numa espécie de agência de obras públicas e foram criadas com objetivo de acabar com o
desemprego, uma vez que o Estado passou a reconhecer o direito ao trabalho e à garantia
de um vida digna aos cidadãos. Os Ateliers ofereciam empregos em aterros, construções
estatais e fábricas.
O governo provisório marcou eleições para os dias 23 e 24 de abril de 1848. Os
republicanos moderados saíram vitoriosos do processo eleitoral. Apoiado pela burguesia e
pelos pequenos proprietários rurais, o governo eleito assume o poder em maio e adota
medidas impopulares, entre elas, o fechamento das oficinas nacionais.
Essas medidas não agradou ao proletrariado
urbano-industrial. O novo gorveno foi acusado de
atender aos desejos burgueses. Em junho de 1848, os
operários organizaram várias barricadas nas ruas de
Paris e reivindicavam a implantação de uma república
social e democrática. A revolta foi brutalmente
reprimida: mais de 1500 rebeldes mortos, 12 mil
presos e outros 4 mil foram levados para a Argélia.
Após o esmagamento do movimento, uma nova
Constituição foi promulgada em 4 de novembro de
1848. Ela previa que a composição dos poderes se
daria através de uma república presidensialista e o
voto universal. Com o apoio dos camponeses e
trabalhadores, Luís Napoleão Bonaparte venceu as
eleições (dezembro de 1848) com grande margem de
votos. Três anos depois de eleito, Luís Nonaparte
desferiu um golpe, que Karl Marx denominou de
“Golpe de 18 Brumário”, porque o sobrinho parecia
tentar seguir o percurso do seu tio Napoleão
Bonaparte. Nesse momento, estabeleceu-se um forte
aparelho repressor: opositores foram presos e jornais
Representação da revolução de junho de 1848 em
paralarizaram suas circulações. Em dezembro de Paris. Esses movimentos ficaram conhecidos como as
1853, Luís Bonaparte autoproclamou-se Napoleão III, Jornadas de Junho. Quadro Barricada na rua de La
Mortellerie, de Ernest Meissonier, 1849.
inaugurando, assim, o Segundo Império e finalizando
o ciclo convulsionado na França.
A Expansão das
Revoltas
PRINCIPAIS REBELIÕES NA EUROPA EM 1848
Após
o
sufocamento
dos
movimentos rebeldes na França,
outros países tornaram-se palcos de
muitos focos revolucionários, entre
eles, Hungria, Polônia, Dinamarca e
Áustria.
Na Hungria houve lutas contra a
dominação austríaca, enquanto que
na Croácia, na Sérvia e na Romênia
ocorreram insurreições contra o
domínio húngaro. Por sua vez, os
poloneses insurgiram-se contra os
prussianos, russos e autríacos.
Já
na
Áustria,
movimentos
estudantis e populares obrigaram o rei Fernando I adotar a Monarquia Parlamentar. Porém,
o absolutismo monárquico foi restabelecido em 1848. Na Dinamarca, os enfrentamentos
foram para a instauração do modelo de monarquia constitucional ou parlamentarista.
26
295
TEXTO COMPLEMENTAR
Um dos mais renomados historiadores contemporâneos, o inglês Eric Hobsbawn, avaliou
as ações revolucionárias de 1848 no seu livro A era das revoluções: Europa 1789-1848. Leia
atentamente um dos trechos retirado dessa obra e, sem seguida, responda as questões
requisitadas.
Quase simultaneamente, a revolução explodiu e venceu (temporariamente) na França,
em toda a Itália, nos Estados Alemães, na maior parte do Império Habsburgo e na Suíça
(1847). De forma menos aguda, a intranquilidade também afetou a Espanha, a Irlanda,
a Grécia e a Grã-Bretanha. Nunca houve algo tão próximo da revolução mundial com
que sonhavam os insurretos do que esta conflagração espontânea geral (...)
O que em 1789 fora o levante de um só nação era agora, assim parecia, ‘a primavera
dos povos’ de todo um continente.
HOBSBAWN, Eric. A era das revoluções: Europa 1789-1848. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. p.130.
Analisando o texto
1. De acordo com o historiador, a revolução de 1848 obteve pleno sucesso na França? Por
quê? Jutifique.
2. Qual correlação feita pelo autos entre os movimentos revolucionários do século XIX e a
Revolução Francesa?
3. Qual o objetivo do autor ao desenvolver a expressão “a primavera dos povo”? O que
esse fenômeno possibilitou criarna nações impactadas pelas rebeliões?
27
296
FAZENDO HISTÓRIA
1. Quais as principais características do movimento romântico? Quais as influências do
romantismo em relação aos movimentos rebeldes na Europa no século XIX?
2. Comente duas razões que levaram a continuidade as tensões sociais e políticas na
França ao longo do século XIX.
3. Aponte as particularidades e os pontos em comuns entre as revoltas de 1830 e 1848.
4. Quais os motivos que levaram Luís Filipe de Orleans ficouconhecido com o “rei
burguês”?
5. Numa perspectiva global, o termo Privamera dos Povos faz referência ao processo
revolucionário que se propagou no continente europeu em 1848. O nacionalismo foi um
dos principais movitadores desses movimentos. Comente outras razões presentes
nessas revoluções.
6. Mesmo em sua maioria reprimidas, as revoluções de 1848 possibilitaram algumas
conquistas. Comente-as.
7. Respeitando as proporcionalidades e o contexto histórico específico, faça uma
comparação entre o golpe de estado promovido por Napoleão Bonaparte, em 1799, com
o seu sobrinho Luís Bonaparte, em 1851.
28
297
QUESTÕES DE VESTIBULARES
1. (UFPE) O Romantismo, como movimento cultural do século XIX, merece destaque
pelas críticas que já fazia à forte presença do racionalismo na sociedade ocidental da
época e pela sua ampla e rica produção intelectual e artística. Sobre o Romantismo,
podemos afirmar que foi um movimento:
a) de nostalgia cultural, que buscou a recuperação das regras do Classicismo, as quais
dominavam a arte conservadora do século XVIII.
b) de grande diversidade cultural, com obras de artistas e pensadores, como Schiller,
Chopin, Byron e Goethe, importantes filósofos, compositores e escritores.
c) que, no século XIX, esteve na base das grandes revoluções que combatiam o
capitalismo; foi amplamente renovador, no contexto mundial, pelas suas utopias
exclusivamente socialistas.
d) restrito à pintura e à música, sem expressões de destaque na poesia e na literatura
em prosa, pois as via com perspectivas bastante acadêmicas.
e) de convergência das forças conservadoras da época, com valor histórico secundário;
foi um movimento bastante mistificado pelos políticos alheios às mudanças.
2. (UPE) O movimento romântico foi um protesto contra certos caminhos que a sociedade
burguesa estava tomando e uma maneira de se colocar contra as mudanças trazidas pelo
capitalismo. Havia a defesa de certos valores do passado, um grande interesse pela
história e uma crítica ao racionalismo cartesiano. No Brasil, ele apresentou certas
singularidades, mas manteve suas afinidades com o romantismo europeu, no qual
podemos destacar figuras como Victor Hugo, Chopin, Goethe entre tantos outros. O texto
acima:
a) aproxima erradamente o romantismo europeu do brasileiro.
b) destaca figuras pouco expressivas do romantismo europeu.
c) equivoca-se ao afirmar que o romantismo tinha um apego ao passado.
d) está correto, pois o romantismo buscou o resgate do passado, apesar de ser
movimento apenas literário na Europa.
e) apresenta uma análise sintética do romantismo, não cometendo qualquer erro
histórico.
3. (UFPE-Alt.) O Romantismo trouxe críticas à sociedade capitalista, colocando questões
sobre a felicidade e o apego aos bens materiais. Na sua visão de mundo, marcada pela
diversidade de pensadores, criticou o Iluminismo e defendeu:
I. com equilíbrio, a liberdade individual, exaltando os ensinamentos do racionalismo
grego.
29
298
II. a possibilidade de viver a emoção, procurando se libertar das censuras feitas pelas
regras sociais mais rígidas.
III. em muitos dos seus aspectos, as teorias vindas de Rousseau, um dos iniciadores do
Romantismo.
IV. a liberdade para viver as paixões e emoções humanas e concedeu importância à
capacidade de imaginação.
V. o respeito a todos os limites da sociedade tradicional, para recuperar a liberdade,
primeira fundadora do social.
4. (CESGRANRIO) A gravura abaixo foi difundida pelos revolucionários franceses das
barricadas de 1848 e simbolizava a sua principal reivindicação.
França 1848 - O voto ou o fuzil, gravura de M. -L. Bosredon (B.N., Paris).
http://www.histoire-image.org
Considerando a gravura e o debate político no qual se insere, é possível concluir que:
a) a urna eleitoral representa o sufrágio universal defendido pela burguesia liberal que
reconhecia o papel das classes trabalhadoras nas guerras anti-absolutistas.
b) a ampliação do voto é apresentada como uma conquista dos setores militares
positivistas, idéia reforçada pela presença simultânea da urna e do fuzil.
c) a defesa do sufrágio universal era um meio de os liberais franceses restaurarem a
ordem social após as agitações da Revolução de 1789, como indica a deposição das
armas.
d) os democratas eram a favor da soberania popular e a identificavam com o voto
universal, masculino e feminino, tal como o demonstra a imagem.
e) a República e a revolução social eram reivindicações de socialistas, democratas e
trabalhadores urbanos, como é ilustrado pelo acesso ao voto por parte de um
operário.
5. (UFPE-Alt.) Sobre as revoluções de 1848 na Europa, pode-se afirmar:
I. tentaram impor o retorno do absolutismo, anulando as conquistas da Revolução
Francesa.
30
299
II. foram caracterizadas pelo nacionalismo e pelo liberalismo, incluindo propostas
socialistas.
III. provocaram a união das tropas de Bismark e Napoleão III, para destruir o governo
revolucionário.
IV. conduziram Luís Felipe ao trono da França e deram origem à Bélgica como Estado
independente.
V. foram vitoriosas e completaram as unificações nacionais na Itália e na Alemanha.
6. (UFPE-Alt.) Sobre os movimentos revolucionários ocorridos na França, durante o século
XIX, a historiografia dá ênfase às condições da pequena burguesia e do proletariado.
Sobre estes movimentos podemos afirmar:
I. As medidas que Carlos X adotou, em 1830, atingiam a pequena burguesia e o
proletariado: dissolveu a Câmara, restringiu o direito ao voto e promulgou lei contra a
imprensa.
II. A insatisfação da pequena burguesia e do proletariado, que trabalhava quatorze horas
por dia, o apoio da Guarda Nacional e de republicanos radicais possibilitaram, após
lutas cruentas em Paris, a instalação do governo republicano provisório, em 1848.
III. Na disputa para presidente da república francesa entre o General Cavagnac e Luís
Bonaparte (sobrinho de Napoleão), venceu este último. Apoiado pelo exército e pelos
pequenos proprietários de terras faz uma política favorável à pequena burguesia e ao
operariado francês, culminando com o golpe de estado conhecido como 18 BRUMÁRIO.
IV. O governo de Carlos X desgostava a nobreza por não indenizá-la das perdas territoriais
e apoiava as reivindicações do proletariado quanto à diminuição das horas diárias de
trabalho.
V.
A reação ao governo de Luís Felipe resultou na Revolução de 1848 na França, que
fracassou por causa da aliança do proletariado com os grupos mais conservadores.
7. (PUC-RS) Na Europa da primeira metade do século XIX, como reação às forças
conservadoras que formavam a Santa Aliança, eclodiram, em 1830, revoluções nas quais
os ideais da Revolução Francesa articulavamse aos princípios do ________ e do
________. A essas correntes doutrinárias viria a acrescentar-se, a partir dos movimentos
de 1848, o ________.
a) Liberalismo, imperialismo e comunismo.
b) iluminismo, nacionalismo e comunismo.
c) Liberalismo, nacionalismo e socialismo.
d) Iluminismo, imperialismo e socialismo.
e) Liberalismo, federalismo e comunismo.
8. (UFPE-Alt.) Durante o século XIX, uma onda revolucionária varreu a Europa, ora a favor
da derrubada das monarquias, ora pela volta da aristocracia ao poder. Sobre estas
mudanças, identifique as proposições verdadeiras e falsas.
I. Após a queda de Napoleão, a dinastia dos Bourbons retornou ao poder, na França,
através dos reinados de Luís XVIII e Carlos X.
II. Na região onde atualmente reconhecemos a Itália, a revolução pretendeu expulsar o
domínio estrangeiro e unificar todos os Estados independentes.
III. Na Alemanha, a onda revolucionária provocou a cisão no Cristianismo, possibilitando
o aparecimento da Reforma.
IV.A situação sócio – econômica européia, entre 1845 e 1848, foi crise e fome
provocadas pela falta de alimentos e pela presença de constantes guerras.
V. A burguesia urbana e o proletariado, durante esse período, realizaram alianças
temporárias e dessas alianças surgiram idéias nacionalistas, liberais e socialistas.
9.
(UFPE-Alt.) A onda revolucionária de 1848 varreu a Europa e teve repercussão no
Brasil. Sobre este tema, analise as proposições abaixo.
I.O liberalismo esteve presente nessas revoluções, contrariando as limitações impostas
pela monarquia absoluta.
II. O nacionalismo foi uma bandeira utilizada pelos revolucionários, tanto na Europa
quanto no Brasil.
III.A nacionalização do comércio a retalho estava entre as reivindicações dos
revolucionários da Praieira – 1848, em Pernambuco.
IV.A igualdade social e econômica também esteve na mira dos revolucionários europeus.
31
300
V. Com a miséria dos camponeses e proletários, a organização dos partidos socialistas,
na Europa e no Brasil, antecedeu e preparou as revoluções de 1848.
10.(PUC-RS) Entre 1820 e 1848, enfrentaram-se, em ondas revolucionárias na Europa, as
forças sociopolíticas partidárias do conservadorismo restauracionista e dos princípios
liberais. São exemplos de Estados nos quais triunfaram, no final daquele período, as
forças conservadoras, com governos altamente centralizadores, fundados na aristocracia
agrária:
a) a Inglaterra, a França e a Prússia.
b) a França, a Rússia e a Alemanha.
c) a Áustria, a Prússia e a Rússia.
d) a Itália, a Bélgica e a Áustria.
e) a Alemanha, a Inglaterra e a Turquia.
11.(SEPLAG/CESGRANRIO-RJ) Obedecendo às mesmas razões das Revoluções de 1830
(crise econômica, propaganda das ideias liberais e nacionais, descontentamento da
burguesia e do proletariado), as Revoluções de 1848, na Europa, tiveram como novidade
a entrada em cena do Socialismo. Era o “socialismo utópico” ou “romântico”, pregado por
vários pensadores que discutiam os problemas do proletariado. No Brasil, desde o
Período Colonial, passando pelo Período Joanino e pelo 1º Reinado, havia, em
Pernambuco, uma forte tradição revolucionária. No Período Regencial, o clima de agitação
se alastrou por todo o país e alcançou também essa Província. As pequenas rebeliões que
eclodiram entre 1831 e 1834 revelaram o descontentamento popular e prepararam uma
revolta mais profunda. Tal movimento, ocorrido em 1848, foi o último grito do liberalismo
radical contra o domínio conservador que iria se estender por todo o Império e parte da
República.
Qual a revolta liberal radical ocorrida em 1848, no Brasil, que apresenta semelhança
com as Revoluções Liberais que aconteceram na França e em outros locais da Europa, no
mesmo ano?
a)
b)
c)
d)
e)
Sabinada.
Revolução Praieira.
Cabanagem.
Balaiada.
Guerra dos Farrapos.
12.(COVEST) O Romantismo fez críticas ao Racionalismo do século XVIII e buscou outras
alternativas para se encontrar com a felicidade. De fato, os românticos:
a) defenderam uma sociedade de homens iguais e livres, lembrando os caminhos da
Revolução Francesa.
b) combateram o capitalismo e o desejo de lucros, sendo solidários com todos os
sindicatos operários ingleses.
c) enfatizaram o valor do passado e das tradições, mas foram inimigos do clero e do
cristianismo católico.
d) destacaram a importância da sensibilidade e da emoção e desconfiaram das certezas
iluministas.
e) tiveram um pensamento homogêneo, com utopias que defendiam a vida rural e o
sentimento de coletividade.
13.(IPAD) O século XIX foi importante para fundamentar o ofício do historiador. Nesse
sentido, a contribuição dos pensadores românticos:
a)
b)
c)
d)
e)
reforçou a perspectiva objetiva e neutra de Escola Metódica.
fez ressaltar o valor dos sentimentos para vida social.
consolidou a luta de classes com chave do conhecimento histórico.
defendeu as utopias que estavam relacionadas com o feudalismo.
consolidou as filosofias de Hegel e Rousseau, defendendo o socialismo.
32
301
OLHARES HISTÓRICOS
•
Livros
O século XIX (1815-1914). René Rémond. São Paulo: Cutrix.
Utopias românticas. E. T. 2 ed. São Paulo: Etação Liberdade, 2003.
•
Cinema
Oliver Twist
Inglaterra, 1948. Direção de David Lean. O filme é baseado no
romance homônimo de Charles Dickens, em que um garoto órfão
foge para Londres na época da Revolução Industrial. 116
minutos.
Os miseráveis (Estados Unidos, 1978). Direção de Glenn
Jordan. Baseado no romance homônimo de Victor Hugo, o filme,
ambientado na França do século XIX, retrata a história de um
trabalhador desempregado que é preso após roubar um pedaço
de pão para alimentar a família. 123 minutos.
33
302
Nacionalismo e unificações
O nacionalismo
Um dos temas mais importantes da historiografia contemporânea é a constituição do
Estado-nação ou Estado Nacional, que surgiu no século XIX. De acordo com os
historiadores, a percepção de soberania enaltecida ao longo da Revolução da Francesa e
pelos movimentos posteriores deram grande impulso para a definição de nação. Este
conceito designava a um processo de fusão de aspectos geográficos (grupos de pessoas
nascidos numa mesma área), políticos (tipos de associação ou organização), culturais
(hábitos, costumes, tradições) e históricos (retorno ao passado em busca de referenciais)
para formar uma identidade coletiva.
O desenvolvimento do Estado-nação implicou na necessidade de projetar o
dsenvolvimento de uma cultura nacional homogênea, a organização de poder estatal
legítimo, defesa de interesses comuns para o país, a existência de um monopolólio legal da
“repressão” do Estado (aparelho policial e jurídico), sistema de tributação e a prática do
exercício juridiscional com o propósito de garantir o bem-estar social.
Conflitos populares nas ruas de Paris, em 26 de fevereito de 1848. As bandeiras sendo elevadas projetam uma das marcas de
nacionalismo. Obra de Felix Philipoteaux. (Musée Du Petit Palais, Paris, França).
Desde o século XVIII, o aparato de sustentação do Estado estava adquirindo novos
nuances, entre eles, a introdução das ideias liberais. Segundo o liberalismo, o homem livre
antecede ao Estado, o qual existe para preservar a ordem consentida e pactuada através
das leis, fazendo as míninas intervenções da vida dos indivíduos e nas práticas econômicas.
Além disso, a ideia de soberania popular adquiriu muita força entre as correntes liberais.
“Associar a soberania com a nação é um critério político que designava que cada
nação deveria organizar a sua vida política em um Estado. Esse processo é bastante
dinâmico: uma nação é construída historicamente, ou seja, por mais que as pessoas
possam supor vinculações remotas, a associação ou separação entre os povos e
comunidades tem as marcas de um tempo específico.
Por que isso era importante no contexto das revoluções do século XIX?
Ao criar uma associação entre nação e Estado, por exemplo, é mais fácil obter a adesão
e participação da população que será integrada por esse Estado. As vinculações que
difundiam com a soberania exercida pelos franceses criavam mecanismos de
contestação ao monarca e privilegiavam a população que se identificava com a
nacionalidade supostamente comum. As diferenças entre os grupos sociais (burgueses,
camponeses, trabalhadores urbanos) desapareciam diante de uma característica
comum: ser francês.”
FREITAS, José Alves de Freitas. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2011. p.580-581.
34
303
Apesar de possuir suas raízes nas ideias liberais, o nacionalismo se fortaleceu com
movimento romântico. Os românticos defendiam a coletividade, ou seja, a relevância do
homem compartilhar a língua, a cultura, a unidade territorial, as tradições e hábitos
pertecentes historicamente ao país.
Há duas correntes principais que faz um rico debate sobre o nacionalismo: a orgânica e
a liberal. Para os defensores da primeira vertente, a nação é formada ao decorrer de um
processo histórico que precede a construção do Estado burocrático e político. É só a partir
da formação da identidade coletiva e do sentimento pleno de pertencimento da nação, que
o Estado Nacional se desenvolve. Essa corrente foi influenciada pelos filósofos alemães
românticos Johann Gottlieh Fichte e Gotfried Von Herder, que rearfimavam que a nação
designa a unidade orgânica e cultural de um povo através do compartilhamento de seus
costumes e tradições.
Já a corrente liberal defendia que a nação só se afirmaria pela ação voluntária e
consciência individual. A coletividade somente seria constituída pelo individualismo. Os
filósofos liberais, dessa forma, discordavam com os românticos.
Os movimentos nacionalistas se expandiram por diversas formas e adquiriram variados
aspectos políticos no decorrer do século XIX. Por exemplo, nos Estados Unidos e na França,
os partidos políticos, as escolas e as tropas militares desempenharam importante papel para
a afirmação do nacionalismo. Além disso, o florescimento da literatura, do folclore, da arte e
dos símbolos nacionais também foram decisivos.
Todavia, em territórios em que não havia situações políticas definidas, os levantes
nacionais se encaminharam para duas perspectivas: fragmentação política (Bélgica,
Grécia, Polônia e Irlanda) e unificação do Estado Nacional ou unidades políticas
menores (Espanha, Alemanha e Itália).
Há vários pontos em comuns entre o proceso de constituição do Estado centralizado
entre da Alemanha e da Itália: ambos se encontravam fragmentados em diversos Estados
independentes; forte intereferência da Áustria nos territórios dos dois países; unifcação com
a participação da burguesia; o processo de unificação gerou a expectativa para a introdução
de reformas econômicas e sociais.
Unificação Italiana
Em meados do século XIX, duas importantes regiões européias (Estados Germânicos e
península Itálica) estavam fragmentadas politicamente em diversos territórios, mesmo
constituindo costumes e tradições comuns.
UNIFICAÇÃO ITALIANA
A partir da segunda metade do século
XIX,
houve
um
crescimento
do
nascionalismo nessas áreas. As relações
de interesses econômicos e políticos,
associadas aos ideais nacionalistas, foram
decisivos para a formação de novos
países: a Itália e a Alemanha.
Até os meados do século XIX, a Itália
estava
dividida
em
muitas
regiões
independentes. Boa parte do território,
entretanto, era governado por Estados
estrangeiros. Veneza e Milão eram
administradas
pelo
Império
Romano
Germânico. Já o sul, a próspera Nápoles e
a ilha da Sicília estava sob o domínio da
Espanha. A região central era ocupada
pelos Estados Pontifícios, sediados em
Roma. Os italianos controlavam dois
Estados apenas: O Reino da Sardenha e a
República de Veneza.
Durante a era napoleônico, as tropas
francesas conquistaram muitas áreas
italianas, extinguindo vantagens clericais e
35
304
taxações feudais. As concepções liberais da Revolução Francesa difundidas na dominação de
Napoleão incentivaram a população italiana a combater a opressão estrangeira e a lutar pela
unidade política da península.
A queda de Napoleão Bonaparte restaurou na região as antigas estruturas políticas, as
quais eram defensoras do Absolutismo. Resoluções aprovadas no Congresso de Viena
(1815) aprovaram que as regiões de Vêneto, Lombardia e Toscana pertencenriam aos
austríacos. Nesse mesmo decreto, as duas Sicílias retornariam para a Dinastia Bourbon
(Espanha). Ao papa foram devolvidos os Estados Pontifícios. Somente o reino de PemonteSardenha permaneceu sob a tutela italiana.
Motivados por outros movimentos revolucionários de 1848, os italianos insurgiram-se
contras os seus opressores externos e os dilemas internos. De forma convergente, os
rebeldes objetivavam expulsar os autríacos, franceses e o papado. As revoltas foram
iniciadas na Sicília e se propagaram pelo norte. A repressão, todavia, coneguiu conter os
italianos.
O projeto de unificação italiana, porém, não foi homogêneo, pois houve muitos aspectos
discordantes entre os líderes dos movimentos. O movimento Risorgimento
(Ressurgimento: periódico criado em 1847, tornando-e sinônimo movimento patriótico) que
defendia a criação de um Estado nacional italiano dividia-se entre os moderados e
revolucionários.
Os principais líderes dos revolucionários foram Giuseppe Mazzini (1805-1872) e
Giuseppe Garibaldi (1807-1882). Eles fundaram um movimento, denominado de Jovem
Itália, criado em 1831. Desejavam implantar uma república democrática que permitisse
ampliar os direitos e o poder político dos trabalhadores.
Já
os nacionalistas italianos moderados pretendiam fundar uma Monarquia
Constitucional, sob o comando dos monarcas do Piemonte-Sardenha. Essa proposta recebeu
a adesão dos burgueses, uma vez que expandia o mercado consumidor e eliminava os
tributos alfandegários, sem resultar em transformações radicais para a Itália. Camilo
Benso de Cavour (1810-1861), primeiro ministro peimontês, era a principal liderança
desse movimento revolucionário. Por volta de 1859, com o auxílio francês, Cavour deu início
a guerra de unificação contra a Áustria, dominando parte da Lombardia.
Pragmático em suas ações, Cavour desempenhou um exímio papel diplomático. O
diferencial de Cavour se deu na sua admirável habilidade de conseguir apoio externo e
derrotar os adversários internos ao longo as lutas pela unificação.
Com o triunfo de Piemonte, outras regiões italianas aderiram ao movimento de libertação.
O conflito atingiu proporções inesperadas por Cavour. Em 1860, Garibaldi levantou um
exército de mil soldados da cidade de Gênova que acabou dominando o reino das Duas
Sicílias, posteriormente, Nápoles. Grupos da
CAMPANHAS DA UNIFICAÇÃO ITALIANA
Sardenha foram conduzidas para o sul.
As
expressivas
conquistas
dos
“camisas
vermelhas” (tropas de Garibaldi) causaram certo
receio entre os mais conservadores, entre eles,
Cavour que fez ameaças para ocupar os Estados
Pontifícios. Ao perceber os possíveis riscos de
fracasso e as inviabilidades que poderiam ser
criadas no projeto de unificação, Garibaldi abriu
mão do republicanismo e transferiu, as regiões
dominadas por suas tropas a Vítor Emanuel II, rei
Piemonte-Sardenha.
O projeto moderado saiu vitorioso, e no ano de
1861 Vítor Emanuel II tornou-se o principal chefe
político da Itália. O processo de unificação, todavia,
não havia sido completado: ainda faltavam Veneza
e Roma. A conquista de Veneza ocorreu em 1866,
quando os italianos entraram no conflito entre
prussianos e austríacos. A Prússia saiu vitoriosa,
sendo a Itália recompensada com o território de
Veneza. Restava apenas Roma, que representava o
antigo brilhantismo da glória italiana.
36
305
O papado romano contava com a ajuda dos franceses, os quais estavam travando uma
guerra com a Prússia. Devido a isso, o exército francês abandonou Roma, deixando-a
vulnerável a ocupação dos revolucionários. Depois de diversas tentativas, Roma foi
incorporada em 1870, transformando-se na capital do Estado Italiano.
A anexação de Roma provoucou tensões entre a Igreja e o governo da Itália, pois o
papado não reconhecia a unificação. Esse acontecimento ficou conhecido como a “Questão
Romana”, sendo solucionada, em 1929, com o estabelecimento do Tratado de Latrão,
assinados pelo governo italiano Benito Mussolini e o papa Pio IX. Segundo o acordo, o
Vaticano se tornaria uma região independente, apesar de encontrar dentro da circunscrição
da capital italiana.
A unificação Alemã
Desde a Baixa Idade Média, a Alemanha estava fragmentada em variados Estados ou até
mesmo cidades-estados. Havia também reinos poderosos, entre os mais importantes
merecem destaque a Prússia e a Áustria.
No começo do século XIX, grande parte dos Estados Germânicos estavam sob o domínio
do Império Napoleônico. Porém, com o fim da Era Napoleão Bonaparte o Congresso de
Viena aprovou a criação da Confederaçao Germânica, formada por 38 Estados
independentes e 4 cidades livres, sob a liderança dos austríacos e prussianos.
Essas regiões possuíam uma especificidades econômica em relação, a saber, formaram
unidade econômica alcançada em 1834 com a criação da União Aduaneira, chamada de
Zollverein (espécie de união aduaneira) que englobavam vários Estados alemães. Esta
extinguia as taxas e os entraves internos, além de padronizar as tarifas e estimular o
comércio interregional da Confederação. Alguns historiadores, concebem esse processo
como uma primeira forma de unificação, pois integravam a economia de graus distintos de
desenvolvimento do Estados alemãs. Essa união motivou o surgimento de movimentos que
se interessaram em estender a unidade para outros horizontes.
No cenário de ampliação das ideias nacionalitas e o desejo dos Estados mais ricos em
expandir seus negócios, a Prússia e a Áustria iniciam uma disputa para decidir quem
comanda o processo de reunificação.
UNIFICAÇÃO ALEMÃ (1815-1971)
Ao longo das revoltas burguesas e populares da Primavera dos Povos, os alemães
marcaram uma reunião na cidade de Frankfurt e aprovaram uma constituição para a
Alemanha. Percebe-se, assim, a relevância política e econômica da Prússia, e
consequentemente, nas etapas de unificação alemã.
A experiência política de Otto Von Bimarck (1815), chanceler prussiano do rei
Guilherme I, impulsionou a região a três conflitos que resultlaram em ações fundamentais
para a unidade política da Alemanha. A Prússia liderou três grandes conflitos que foram
37
306
decisivos para o processo de unificação alemã. Em linhas gerais, sob o comando de
Bismarck, a Prússia desenvolveu um projeto expansionista pautado numa política
diplomática e em confrontos militares.
Para Bismarck era fundamental mobilizar os prussianos em prol do projeto de
centralização da Alemanha. Nessa perspectiva, concedeu direitos aos grandes proprietários
de terras, aristocratas chamados de junkers. Além disso, esses nobres também passaram a
compor as mais elevadas funções militares.
Simultaneamente, Bismarck agradou aos anseios burgueses, dinamizando a economia
industrial prussiana por meio de estímulos estatais nos setores bélico, siderúrgico e de
trnasportes.
Bismarck, entretanto, acreditava que a unidade política só seria viabilizada com a
ausência dos austríacos. Porém, antes de enfrentá-los era necessário criar um pretexto para
excluir a Áustria da Confederação Germânica. Dessa forma, em 1864, a Prússia apoiou os
austríacos no triunfo contra os dinamarqueses, que possibilitou a influência política sobre os
Estados germânicos de menor porte.
Com o término da guerra, os austríacos perceberam a verdadeira intenção de Bismarck
e não chegaram a um consenso sobre a divisão dos territórios conquistados. Inicia-se,
assim, a guerra entre a Prússia e a Áustria.
Os prussianos derrotaram os austríacos, em 1866, não anexando nenhum território da
Áustria, mas a excluiu do novo agrupamento político que originou a Confederação do Norte.
A relevância do comando de Bismarck tornou-se inquestionável, conseguindo canalizar os
desejos
nacionalistas
no
processo
de
expansão prussiano. Porém, para completar
a unidade política, faltava apenas a adesão
dos Estados do sul, especialmente, a Baviera.
Essa região, por possuir a maioria católica, se
opunha ao predomínio prostentante do
governo prussiano. Só mesmo uma guerra
seria capaz, segundo Bimarck, de incorporar
a Baviera. E foi isso que aconteceu.
A expansão da Prússia não foi vista com
bons olhos pelos franceses, pois temiam a
ascensão desse poderoso vizinho. Um fator
externo arregimentou as tensões e motivou a
Guerra franco-prussiana de 1870.
Na época a Espanha atravessava uma crise
sucessória, o que criou a possibilidade do
primo de Guilherme I, o príncipe prussiano
Leopoldo, assumir o governo espanhol. Tal
situação desagradou à França, o que levou
Napoleão III a exigir a retirada da Representação da proclamação do Império Alemão, liderado por
Bismarck (ao centro do quadro, de branco). Pintura de Anton
candidatura prussiana.
Alexander Von Werner, 1885.
Em mais uma ação manipulada por
Bismarck, houve a divulgação de um documento secreto que forjava insultos entre
franceses e alemães. A França caiu na armadilha e declarou guerra à Prússia em 1870.
As investidas francesas provocaram a cooperação dos estados germânicos do norte e do
sul em defesa da Prússia. Até a Baviera participou do conflito.
A Alemanha conseguiu uma vitória esmagadora. Motivados pelo sentimento nacionalista,
os germânicos comemoraram no palácio de Versalhes, em 1871, o surgimento de um
Estado unficado e centralizado sob a liderança do Kaiser Guilherme I. Iniciava-se, dessa
forma, o Império Alemão, o chamado II Reich. O governo de Guilherme I foi marcado pelo
autoritarismo e pela não-inserção de práticas liberais ou democráticas.
Os franceses também perderam as regiões da Alsácio e Lorena, que serão ainda
discutidas em outros conflitos, como, por exemplo, na Primeira Guerra Mundial.
Após a derrota, o governo de Napoleão III entrou em decadência e os franceses
restauraram a República, depois de intensas tensões, dava início a Comuna de Paris, tema
do nosso próximo capítulo.
38
307
TEXTO COMPLEMENTAR
A questão do nacionalismo
“Como maioria dos estudiosos rigorosos, não considere a ‘nação’ como uma entidade
social originária ou imutável. A ‘nação’ pertence exclusivamente a um período particular
e historicamente recente. (...)
A ‘questão nacional’ (...) está situada na intersecção da política, da tecnologia e da
transformação social. As nações existem não apenas como funções de um tipo particular
de Estado territorial ou da aspiração em assim se estabelecer (...), como também no
contexto de um estágio particular de desenvolvimento econômico e tecnológico. A
maioria dos estudiosos, hoje, concordaria que línguas padronizadas nacionais, faladas ou
escritas, não podem emergir nessa forma antes da imprensa e da alfabetização em
massa e, portanto, da escolarização em massa. Já foi, inclusive, mostrado que a
capacidade de o italiano popular falado ser um idioma capaz de expressar toda a
extensão das necessidades de uma língua do século XX, fora da esfera da comunização
doméstica e pessoal, está sendo construída hoje apenas como uma função das
necessidade de programação de televisão nacional. As nações e seus fenômenos
associados devem, portanto, ser analisados em termos de condições econômicas,
administrativas, técnicas, políticas e outras exigências.
Por essa razão as nações são, do meu ponto de vista, fenômenos duais, construídos
essencialmente pelo alto, mas que, no entanto, não podem ser compreendidas sem ser
analisados de baixo, ou seja, em termos de suposições, esperanças, necessidades,
aspirações e interesses das pessoas comuns, as quais não são necessariamente
nacionais e menos ainda nacionalistas. (...) Essa visão de baixo, isto é, a nação vista
não por governos, porta-vozes ou ativistas, mas sim pelas pessoas comuns que são o
objeto de sua ação e propaganda, é extremamente difícil de ser descoberta.”
HOBSBAWN, E. J. Nações e Nacionalismo desde 1780. 3. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. p.19-20. In: FREITAS, José
Alves de Freitas. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2011. p.583.
Analisando os textos
1. O historiador Eric Hobsbawn é um dos maiores historiadores contemporâneos. Um dos
temas estudados por ele é o conceito de nação e de nacionalismo. Com base no texto,
qual o conceito de nação para Hobasbwn?
2. Comente a tese defendida pelo o autor. Você concorda? Por quê? Justifique.
39
308
FAZENDO HISTÓRIA
1. Leia o texto a seguir, escrito por Karl Renner, no final do século XIX.
“Uma vez tendo sido alcançado um certo grau de desenvolvimento europeu, as
comunidades de povos, lingüísticas e culturais, tendo maturado silenciosamente através dos
séculos, emergem do mundo da existência passiva como povos. Tornam-se conscientes de
si mesmas como uma força que possui destino histórico. Demandam o controle do Estado
como o mais alto instrumento de poder disponível, e lutam pela sua autodeterminação
política. O aniversário da ideia política de nação e o ano em que nasceu esta nova
consciência é 1789, o ano da Revolução Francesa.”
K. Renner. Staart und Nation. Apude: Eric Hobasbawn. Nações e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1990. p.125.
a) Identifique os argumentos usadaos pelo autor que revelam o processo de construção
do Estado-nação e seu conceito ao longo do século XIX.
b) De acordo com o texto, pode-se afirmar que o autor acredita que o Estado é o
destino de todos os povos? Justifique.
c) O autor afirma que a Revolução Francesa deu início a todo esse processo. Comente
tal afirmação.
2. Para o historiador René Rémond, o nacionalismo:
“(...) não conta como força, não se torna um fator de mudança senão a partir do
momento em que passa a se integraar no modo de penar, de sentir, em que passa a ser
percebido como um fato de consciência, um fato de cultura.
(...) O movimento toca também a sensibilidade (...) e é como tal que ele se transforma
numa força irresistível (...)
(...) na origem desse movimento das nacionalidades, confluem a reflexão, a força dos
sentimentos e o papel dos interesses. Política e economia interferem estreitamente, e é
justamente essa interação que constitui a força de atração da ideia nacional pois,
dirigindo-se ao homem em sua integridade, ela pode mobilizar todas as suas faculdades
ao serviço de uma grande obra a ser realizada, de um projeto capaz de despertar
energias e de inflamar os espíritos.”
René Remond. O século XIX: 1815-1914: introdução à história de nosso tempo. São Paulo: Cultrix, 1983. p.150.
a) De acordo com o texto e os seus conhecimentos, qual o papel desempenhado do
nacionalismo no século XIX.
b) Qual de categoria de sensibilidade o nacionalismo deve mobilizar? Comente.
3. Defina o contexto histórico da Primavera dos Povos.
4. Faça um comentário sobre a importância do Conde de Cavour e de Otto Von Bismarck
no processo de de unificação italiana e alemã?
40
309
5. Comente as principais consequências da unidade política da Itália e da Alemanha para
cenário político e conômico da Europa.
6. Indique as principais diferenças entre os processos de unificação italiana e alemã.
7.Por que o nacionalismo é importante elemento político para explicar os processos do século
XIX? Em quais áreas ele foi decisivo para a constituição de novos Estados?
8.Com as articulações políticas usadas por Bismarck na condução do processo de Unificação
alemã?
9.Defina e explique o Zollverein. Identifique, no mundo atual, os principais blocos que se
assemelham ao Zollverein.
10.Leia atentamente o texto a seguir.
“Para uma nação que ofre de contínua superprodução e envia, anualmente, 200 mil dos
seus filhos para o estrangeiro, a questão da colonização é vital.
A emigração alemã será, por muito tempo, uma necessidade inevitável, e é dever da
mãe-pátria cuidar para que seus filhos errantes continuem fiéis à sua nacionalidade e
abram novos canais para seu comércio, isto é mais importante do que nosso controle
político sobre as terra colonizadas.
Portanto, é justificável dirigir a corrente de emigrantes alemães para terras onde eles não
correm perigo de perder sua nacionalidade. Tal território já foi encontrado no Sul do Brasil.
Ali, a nacionalidade alemã permanece intacta, e o nosso comércio exportador crescente
com essa área mostra os lucros proporcionados para a velha pátria pela lealdade de seus
filhos emigrados.”
TREITSCHKE, H. Von. Primeiras tentativas de colonização alemã, 1884-1885. In: Coletânea de documentos históricos. São Paulo:
Secretaria de Estado da Educação, 1980. p.91.
De acordo com o autor, a região sul do Brasil era um bom lugar para os alemães emigrarem?
Comente sua resposta.
41
310
QUESTÕES DE VESTIBULARES
1. (UFRN) Sobre a unificação alemã no séc. XIX, Marionilde Magalhães afirma:
Desde o final do século XVIII, a criação de inúmeras associações resultou num
determinado patriotismo cultural e popular, num território dividido em estados feudais
dominados por uma aristocracia retrógrada. Tais associações se dirigem à nação teuta,
enfatizando o idioma, a cultura e as tradições comunitárias, elementos para a elaboração
de uma identidade coletiva, independentemente do critério territorial. E, de fato, esse
nacionalismo popular, romântico-ilustrado (uma vez que pautado no princípio da
cidadania e no direito à autodeterminação dos povos), inspirará uma boa parcela dos
revolucionários de 1848. Mas não serão eles a unificar a Alemanha. Seus herdeiros
precisarão aguardar até 1871, quando Bismarck realiza uma revolução de cima,
momento em que, em virtude do poderio econômico e da força militar da Prússia, a
Alemanha se unifica como Estado forte, consolidando-se a sua trajetória rumo à
modernização.
[adaptação] MAGALHÃES, Marionilde D. B. de. A reunificação: enfim um país para a Alemanha? Revista Brasileira de História.
São Paulo: ANPUH/Marco Zero, v.14, n. 28,1994. p.102.
Tendo-se como referência essas considerações, pode-se concluir que:
a) o principal fator que possibilitou a unificação alemã foi o desenvolvimento econômico e
social dos Estados germânicos, iniciado com o estabelecimento do Zollverein - liga
aduaneira que favoreceu os interesses da burguesia.
b) a unificação alemã atendeu aos interesses de uma aristocracia rural desejosa de formar
um amplo mercado nacional para seus produtos, alicerçando-se na idéia do patriotismo
cultural e do nacionalismo popular.
c) na Alemanha, a unificação nacional ocorreu, principalmente, em virtude da formação de
uma identidade coletiva baseada no idioma, na cultura e nas tradições comuns.
d) na Alemanha, a unificação política pôde ultrapassar as barreiras impostas pela
aristocracia territorial, que via no desenvolvimento industrial o caminho da
modernização.
2.(UFRS) A Unificação Alemã, habilmente arquitetada por Otto Von Bismarck, realizou-se em
torno de guerras bem-sucedidas contra potências vizinhas. Assinale a alternativa correta em
relação às motivações e aos acontecimentos que desencadearam esse processo de
unificação.
a) A fragmentação política obstaculizava o pleno desenvolvimento comercial e industrial da
região. A unificação promoveria um mercado ágil e ampliado, com condições de enfrentar
a concorrência inglesa através da proteção governamental.
b) A unificação foi liderada pela Áustria, o mais poderoso dos Estados germânicos e
sucessora do extinto Sacro-Império, capaz de eliminar as pretensões da Prússia. Aliado
da França, o país austríaco contou com o seu apoio para vencer as resistências
germânicas do sul.
c) A constituição, redigida por Bismarck, inaugurou uma era democrática nos estados
alemães, sob influência dos ideais da Revolução Francesa, baseados na soberania e na
participação popular.
d) As decisões do Congresso de Viena, ao reconhecerem o direito de independência da
Alemanha, foram fundamentais para a consolidação da unificação, pois inibiram as
pretensões italianas aos territórios do sul da Alemanha.
e) O processo de unificação alemã contou com o apoio da França, que, acossada pela
supremacia britânica, via no novo Estado um importante aliado na corrida imperialista.
3. (UNESP) Nas últimas décadas do século XIX, na Europa, dois países ainda lutavam pela
unidade e pela consolidação de um Estado Nacional. Esses países são:
a) França e Alemanha.
b)França e Itália.
e) Alemanha e Itália.
c) Itália e Espanha.
d)Espanha e França.
42
311
4. (UERJ) Em 1860, um contemporâneo da unificação da Itália afirmou "Fizemos a Itália;
agora precisamos fazer os italianos." (D’AZEGLIO, Massimo (1792-1866). Apud HOBSBAWM, E.
A era do capital: 1848-1875. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.)
Essa frase traduz uma particularidade da construção da unidade italiana, que é
identificada na:
a) divergência entre nacionalismo e nação-estado.
b) fusão entre nacionalismo de massa e patriotismo.
c) adoção da língua italiana no dia a dia da população.
d) união entre os interesses dos partidários da Igreja e da República.
e) cooperação entre as regiões prussianas e as austríacas.
5. (UTFPR) Sobre a unificação italiana, é correto afirmar que:
I. Após o Congresso de Viena, a Itália foi dividida e transformada numa simples
“expressão geográfica”, motivando o “Risorgimento”.
II. A liderança na luta pela unificação coube ao reino do Piemonte-Sardenha, sob
orientação de Benito Mussolini.
III. Foi na década de 1870 que os italianos conquistaram Roma e completaram a
unificação.
IV. A conquista da unidade deu origem à Questão Romana, monarquia italiana versus
Papa, que só foi resolvida com o tratado de Latrão, em 1929, quando foi criado o
Estado do Vaticano.
Das proposições acima, são corretas somente:
a) II, III e IV.
b) I, III e IV.
c) I, II e III.
d) I e IV.
e) I e II.
6. (UEL) Sobre a unificação da Itália (1870) e da Alemanha (1871), analise as afirmativas
abaixo:
I. Os movimentos liberais, que nesses países assumiram um aspecto fortemente
nacionalista, tiveram importante participação no processo de unificação.
II. A ausência de guerras ou revoltas marcou a unificação italiana e alemã.
III. O processo de unificação acelerou o desenvolvimento do capitalismo na Alemanha e
na Itália, o que resultou em disputas que desembocaram na Primeira Guerra Mundial.
a)
b)
c)
d)
e)
Assinale a alternativa correta.
Apenas a afirmativa II é verdadeira.
Apenas a afirmativa III é verdadeira.
Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
7. (UFRS) Dentre as alternativas a seguir, assinale aquela que está correta em relação ao
processo de unificação italiana, concluída na segunda metade do século XIX.
a) O Congresso de Viena concluiu o processo de integração nacional italiano na medida em
que este veio ao encontro dos interesses das elites locais.
b) O processo de unificação nacional resultou das fortes pressões da burguesia do sul do
país, cuja economia demandava um mercado interno homogêneo, dinâmico e integrado
para a colocação da sua moderna produção industrial.
c) A construção do Estado Nacional implicou enfrentar e expulsar as tropas de ocupação
pertencentes aos impérios britânico, russo e espanhol, estabelecidas na Península
Itálica desde os acontecimentos de 1848.
d) O movimento de unificação partiu das áreas mais industrializadas, teve forte presença
de uma burguesia interessada na ampliação do mercado interno e foi sustentado pela
ideologia do nacionalismo.
e) A consolidação da formação do Estado nacional italiano ocorreu com a anuência do
papa Pio IX e o reconhecimento, pelo primeiro-ministro Cavour, da existência e da
soberania do Estado do Vaticano, após as negociações da Questão Romana.
43
312
8. (UEL) Sobre a unificação da Itália (1870) e da Alemanha (1871), analise as afirmativas
abaixo:
I. Os movimentos liberais, que nesses países assumiram um aspecto fortemente
nacionalista, tiveram importante participação no processo de unificação.
II. A ausência de guerras ou revoltas marcou a unificação italiana e alemã.
III. O processo de unificação acelerou o desenvolvimento do capitalismo na Alemanha e
na Itália, o que resultou em disputas que desembocaram na Primeira Guerra
Mundial.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
b) Apenas a afirmativa III é verdadeira.
c) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
d) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
e) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
9. (UFG) A unificação italiana, no final do século XIX, ameaçou a integridade territorial da
Igreja. Esse impasse resultou:
a) no reforço dos sentimentos nacionalistas na Itália, provocando a expropriação das
terras da Igreja.
b) no envolvimento da Igreja em lutas nacionais, criando congregações para a expansão
do catolicismo.
c) na adoção de atitudes liberais pelo Papa Pio IX, como forma de deter as forças
fascistas.
d) na assinatura do Tratado de Latrão, em 1929, quando Mussolini criou o Estado do
Vaticano.
e) no "Risorgimento", processo em que segmentos ligados à Igreja defenderam a Itália
independente.
10. (UNESP) As unificações políticas da Alemanha e da Itália, ocorridas na segunda
metade do século XIX, alteraram o equilíbrio político e social europeu. Entre os
acontecimentos históricos desencadeados pelos processos de unificações, encontram-se:
a)
b)
c)
d)
e)
a
a
o
a
o
ascensão do bonapartismo na França e o levante operário em Berlim.
aliança da Alemanha com a Inglaterra e a independência da Grécia.
nacionalismo revanchista francês e a oposição do Papa ao Estado italiano.
derrota da Internacional operária e o início da União Européia.
fortalecimento do Império austríaco e a derrota dos fascistas na Itália.
11.(PUC-RS) Em 1871, alterava-se profundamente o quadro geopolítico europeu com a
conclusão do processo de unificação da Alemanha sob hegemonia prussiana e a criação
do "Segundo Reich". É correto afirmar que um componente político fundamental da
estratégia prussiana de unificação foi o _____, tendo como base social decisiva ______ .
a) republicanismo a alta burguesia.
b) nacional-socialismo os operários fabris.
c) militarismo a aristocracia fundiária.
d) nacional-socialismo a alta burguesia.
e) militarismo os operários fabris
12.(FUVEST-SP) “Fizemos a Itália, agora temos que fazer os italianos”.
“Ao invés da Prússia se fundir na Alemanha, a Alemanha se fundiu na Prússia”.
Estas frases, sobre as unificações italiana e alemã,
a) aludem às diferenças que as marcaram, pois, enquanto a alemã foi feita em benefício
da Prússia, a italiana, como demonstra a escolha de Roma para capital, contemplou
todas as regiões.
b) apontam para as suas semelhanças, isto é, para o caráter autoritário e incompleto de
ambas, decorrentes do passado fascista, no caso italiano, e nazista, no alemão.
c) chamam a atenção para o caráter unilateral e autoritário das duas unificações,
impostas pelo Piemonte, na Itália, e pela Prússia, na Alemanha.
d) escondem suas naturezas contrastantes, pois a alemã foi autoritária e aristocrática e a
italiana foi democrática e popular.
e) tratam da unificação da Itália e da Alemanha, mas nada sugerem quanto ao caráter
impositivo do processo liderado por Cavour, na Itália, e por Bismarck, na Alemanha.
44
313
OLHARES HISTÓRICOS
•
Livros
Bismarck e seu tempo. George Kent. Brasília: UnB, 2007.
18 Brumário de Luís Bonaparte. Karl Marx. São Paulo: Martin Claret, 2008.
A unificação da Itália. John Gooch. São Paulo: Ática, 1995.
Garibaldi: realidade e mito. Lotario Neuberger. São Paulo: Ediplat, 2007.
•
Cinema
O Leopardo (Itália, 1963). Dir eção de Luchino Visconti. Centrado na
história de uma aristocrática família siciliana no período da unificação
da Itália, o filme retrata as tranformações sociais decorrentes desse
processo. 185 minutos.
A casa dos Rothchild (EUA, 1934). Direção de Alfred Werker. Clássico sobre a história da
famosa família alemã, de origem judaica, que fundou a principal rede bancária inglesa no
século XIX. 94 minutos.
•
Sites
Site da Embaixada Italiana no Brasil
http://www.ambbrasilia.esteri.it/Ambasciata_Brasilia. Acesso em 22 de maio de 2011.
45
314
As Utopias Revolucionárias
A partir do século XIX, a industrialização propagou-se no continente europeu, no Japão e
nos EUA. Depois da participação em vários movimentos em defesa de seus interesses, a
burguesia transformou-se na classe dominante e teve muita influência nas decisções
políticas dos países. Com a consolidação do ideal burguês, os países procuraram ampliar
seus mercados e elevar sua dominação nas regiões fora da Europa, consideradas
economicamente frágeis.
A expansão de mercados segmentou o mundo em grandes áreas de fluxos de produtos
industrializados. Essas regiões não sofreram apenas pela exploração econômica, mas
também pela imposição cultural dos países industrializados. Todavia, a numerosa massa de
trabalhadores se organizaram e promoveram revoluções em combate aos malefícios
provocados pelo modelo capitalista.
Trabalhadores vão à luta. No século XIX houve várias manifestações operárias, além do surgimento de um
novo pensamento social, o Socialismo. Na xilogravura, trabalhadores articulam uma greve. Cosson Smeeton,
França, 1870.
Sociedade Industrial
As sociedades industriais consituídas no século XIX foram marcadas por uma intensa
dinâmica demográfica. Sob o aspecto geral, a população mundial cresceu rapidamente
nessa fase, obviamente, em ritmos particulares e distintos.
O novo ciclo de crescimento demográfico caracterizou-se pela elevada taxa de natalidade
e reduzido índice de mortalidade, contribuindo dessa forma para o aumento da expectativa
de vida.
Essa acelerada dinâmica social resultou em fluxos migratórios diversificados e em vários
sentidos: das pequenas para as grandes cidades, devido ao desenvolvimento da
urbanização; do campo para os principais centros industriais; de regiões mais pobres para
as mais prósperas economicamente.
Ao longo do século XIX, o universo industrial e urbano impulsiona para um novo modo de
vida. Hábitos e costumes são alterados pelo fenômeno da industrialização. Avanços
técnicos, novas redes de transportes e de comunicação tornam a cidade mais atraente. De
certa forma, a paisagem urbana sinalizou promessas de emprego, cultura, educação e
melhorias de vida.
46
315
O cotidiano nas grandes cidades gerou necessidades especiais, às quais tecnologia e
ciência buscaram suprir através do desenvolvimento da iluminação pública, melhorias no
saneamento, abastecimento, transporte coletivo e calçamento das ruas.
Nesse contexto, o poder estatal praticamente viu-se obrigado a desenvolver políticas de
incentivos a geração de empregos como meio de atender a demanda população. O setor da
economia que mais cresceu nesse momento foi o terciário, ou seja, o setor de serviços.
Inegavelmente, a vida mas cidades modificou as relações sociais. Lazer, trabalho,
economia, literatura, enfim, o mundo cultural dos homens foram profundamente impactados
pela urbanização. Jovens e velhos, pobres e ricos, patrões e empregados, todos foram
afetados por essas mudanças.
“O processo de crescimento urbano foi repleto de contradições, tendo um lado perverso
e caótico, que se tornaria característico da nova realidade. De modo geral, a população
urbana aumentou significativamente, mas as estruturas e os serviços das cidades não
conseguiram acompanhar esse crescimento, para o qual não havia controle ou
planejamento.
Nem todos, portanto, podiam usufruir plenamente os avanços e benefícios dos serviços
urbanos. A pobreza, a miséria e os flagelos sociais cresciam mais rapidamente que as
estruturas urbanas, e os poderes públicos e privados neglenciavam esse fato.
Esse contraditório modo de desenvolvimento urbano se manifestou inicialmente nas
cidades européias, mas logo se reproduziu nos grandes centros urbanos em geral,
sobretudo nos países pobres”.
MORAES, José Vinci de. História: Geral e Brasil: ensino médio. Volume único. 3 ed. São Paulo: Atual, 2009. p.362.
O Proletariado
A Revolução Industrial causou vários impactos
sociais, especialmente, ao longo do século XIX.
Essas alterações trouxe benefícios para uns e
transtornos para outros. Enquanto a burguesia se
afirmava como
principal classe social, os
trabalhadores das fábricas (o proletariado)
viviam em situação de penúria.
Esses
dois
grupos
sociais,
entretanto,
ocupavam o mesmo espaço de produção: as
fábricas. Os patrões eram os donos das
unidades de produção e exerciam atividades
administrativas. Por sua vez, os operários
desenvolviam atividades produtivas em troca de
baixíssimos salários e condições insalubres de
trabalho.
Na
ausência
de
leis
trabalhistas
ou
regulamentatórias, o proletariado era vítima de
fortes espoliações por parte da burguesia.
Elavadíssimo período de trabalho, ausência de
direitos de férias, aposentadoria e descanso
semanal remunerado.
Havia crianças e mulheres que acompanhavam
os homens na linha de produção. Os seus
salários eram piores ainda. Além disso, em caso Sistema capitalista. Capa da revita Industrial Worker (1911),
pirâmide ilustra o sistema capitalista. Na parte superior, as
de ferramenta danificada ou máquina quabrada, uma
classes sociais dominantes, enquanto base, os trabalhadores.
o operário era obrigado a pagar multas. Os
patrões não ofereciam nenhum tipo de seguro caso o trabalhador se machucasse. Outro
problema pela industrialização foi a questão do desemprego devido a crescente introdução
de máquinas espaço fabril.
À medida que o capitalismo avançava ficava bem perceptível as contradições entre
burgueses e operários. A burguesia ostentava luxo e riqueza. Por outro lado, a probreza do
operariado.
47
316
As lutas operárias
Os desdobramentos sociais gerados pelo capitalismo industrial e urbano impulsionaram os
movimentos organizados pelos trabalhadores. As primeiras manifestações ocorreram no
começo do século XIX e reivindicavam, entre outras coisas, melhores salários e redução na
jornada de trabalho. Essas organizações se desenvolveram no contexto da ampliação do
processo industrial. O movimento operário teve forte magnitude nos grandes centros
urbanos.
A classe operária era desprovida de leis trabalhistas. Os trabalhadores cumpriam
extenuantes jornadas, que duravam até 16 horas diárias ou mais. Sofriam com a falta de
segurança e condições higiênico-sanitárias precárias. Além disso, sofriam vários tipos de
abusos e exploração. No final do século XVIII, irromperam na Inglaterra os primeiros
movimentos operários que que questionavam essa situação.
Movimento Ludista
No final do século XVIII e início do XIX, a classe
de trabalhadores protestaram contra as precárias
condições sociais através do movimento ludista
ou quebradores de máquinas que era
caracterizado por ações de quebra de máquinas,
vistas
como
responsáveis
pelos
baixas
remunerações e elevados desempregos.
Os movimentos ludistas tiveram grandes êxitos
na Inglaterra, nos condados de Lancashire e
Yorkshire. Vale salientar, que o processo de
resistência dos trabalhadores não significou um ato
impensado ou uma ação contra o desenvolvimento
tecnológico. Na verdade, foram iniciativas em
combate a alienação do trabalho e reinvidicavam
melhores
salários
e
melhores
condições
trabalhistas. Dessa forma, a destruição das
máquinas consistiu no último recurso em defesa
dos modos de vida mais digno e decente.
Desenho publicado em 1812 mostrando
trabalhadores comandados pelo lendário
general Ned Lud destruindo uma tecelagem.
O ludismo ou luditismo grandes dificuldades. Em 1812, o parlamento inglês homologou
uma lei penalizando com prisões, deportações e mortes aos participantes do movimento
“quebradores de máquinas”. Em relação aos ludistas, o historiador Edward Thompson fez
a seguinte referência:
“Os principais distúrbios começaram em Nottingham em 1811. Uma grande manifestação de malharistas, gritando por trabalho e um preço mais liberal, foi dissolvida pelo
exército. Naquela noite, sessenta armações de malha foram destruídas na grande vila de
Arnold por amotinados que não tomaram nenhuma preocupação em se disfarçar e foram
aplaudidos pela multidão. Por várias semanas os distúrbios continuaram, principalmente à
noite, por todas as vilas de malharias do noroeste de Nottinghamshire. Embora policiais e
tropas patrulhassem as vilas, não se conseguiu fazer nenhuma prisão.”
THOMPSON, E. P. A formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. v. III, p. 125.
Os ludistas surgiram na cidade de Nottingham, quando o operário denominado de Ned
Ludd se convenceu de que as maquinarias eram as responsáveis pela miséria entre os
proletários, passando a destruir os teares. Em suas rebeliões, os ludistas cantavam canções
como “De pé ficaremos todos/ E com firmeza juramos/ Quebrar tesouras e válvulas/ E pôr
fogo às fábricas daninhas”.
48
317
A Carta ao povo
Os ideais de democracia, liberdade e coletivismo foram
bastante difundidos entre os movimentos trabalhistas na
Inglaterra, entre as décadas de 1830 e 1840. Os
primeiros movimentos teve suas raízes no Reform Act,
que concedeu o direito de voto à maior parte dos
homens adultos da classe média, aos pequenos e médios
proprietários rurais. No entanto, a maioria dos
trabalhadores do campo e urbano não foram
contemplados com o sufrágio.
A classe dos operários da Grã-Bretanha reivindicava
sua participação efetiva no processo eleitoral, mas teve
que enfrentar grande resistência do Parlamento. Diante
disso, vários trabalhadores participaram com bastante
motivação ao movimento que ficou conhecido como
cartista.
Liderado por Feargus O’connor e William Lovett, o
cartismo teve suas origens numa petição publicada em A gravura representa o gigantismo da classe
1837, denominada de Carta ao Povo. Na época, o trabalhadora e do movimento cartista diante de um
parlamentar assutado. Cartum da Punch Magazine, de
documento foi considerado ilegal pelas autoridades 1848.
inglesas. Em linhas gerais, o programa da Carta consistia
exigia o sufrágio universal masculino, fim do trabalho infantil, jornada de trabalho de oito
horas, salário mínimo, folga semanal, voto secreto, abolição do censo eleitoral, legislaturas
anuais, remuneração aos parlamentares e representação política dos trabalhadores.
Após o movimento cartista, diversas agitações e ondas de greves perduraram ao longo
de aproximadamente dez anos.
“Em 1836, a crise industrial e comercial que acabava de estalar deixou no meio da rua
e sem trabalho milhares de trabalhadores. Em Londresm agruparam-se formando a
‘Associação dos Operários’ que devia lutar pela obtenção do sufrágio universal.
No ano seguinte, essa mesma Associação redigiu o programa de Carta do Povo, que
devia ser apresentada ao Parlamento. A Carta deu origem ao movimento cartista. (...)
Em maio de 1842, tendo-se agravado ainda mais a crise e a diminuição do trabalho
operário, a petição foi apresentada ao Parlamento. Era apoiada por mais de três milhões
de assinatura. Mas o Parlamento recusou a petição. Para apoiar as suas reivindicações,
os cartistas declararam greve geral (‘o mês sagrado’), que de fato não chegou a ser
geral. Os organizadores da greve fracassada foram presos e julgados. Os anos de 1840,
1841, 1842, que marcam o ponto culminante do movimento cartista, foram seguidos
pela sua decadência.”
Adaptado de: EFÍVOV; GALKINE; ZUBOK. As Revoluções de 1848. 2. ed. Lisboa: Editorial Estampa. P. 32-36.
Em 1848, a Europa vivenciou uma onda de movimentos revolucionários (a “Primavera
dos Povos”). Nesse ano, os cartistas organizaram uma marcha em Londres que contou
com a participação de 500 mil homens, para exigir a aprovação da Carta ao Parlamento. Os
organizadores pensavam que pela quantidade de participantes nas manifestações, o
parlamento aprovaria as reformas.
No entanto, em 10 de abril de 1848, dia marcado para apresentação o movimento foi
esvaziado por uma forte chuva. O protesto fracassou, participando apenas, um número bem
inferior dos inscritos para a marcha. Todavia, os anseios do cartismo prevaleceu. Excluindo
a exigência de legislaturas, outros pontos do programa foram inseridos posteriormente pelo
governo inglês, como a extinção do trabalho de crianças menores de 9 anos e o
estabelecimento de dez horas no horário de trabalho para homens e mulheres.
Apesar da repressão, o movimento cartista representou o embrião dos sindicatos na
Grã-Bretanha que teve grande desenvolvimento na segunda metade do século XIX, tanto na
Europa (Inglaterra, Alemanha e França) quanto nos Estados Unidos. Mais organizado que as
trade-union, o sindicalismo apresentou amplas propostas, mobilizou a classe trabalhadora
e criticou a ordem capitalista e burguesa. As greves se tornaram um dos principais
instrumentos de reivindicações dos operários.
49
318
A Internacional
O movimento sindical ganhou expressiva força e se propagou pelos países industrializados
depois das ações dos operários. As reivindicações do proletariado por uma legislação
trabalhista foram influenciadas politicamente por várias correntes políticas, como os
trabalhistas, os anarquistas e os socialistas de diversas tendências. As reivindicações dos
operários tiveram repercussão extraodinária, o que contribiu para o surgimento de
organizações internacionais de trabalhadores.
Em 1864, surgiu em Londres a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), ou a
Primeira Internacional, que perdurou até 1872. No final do século XIX, houve a
organização das Centrais Gerais dos Trabalhadores (CGTs).
O Objetivo da Internacional era somar forças em prol dos trabalhadores de todo o
planeta. Dela participaram variadas correntes de pensamento - cartistas ingleses,
blanquistas franceses, socialistas, republicanos e sindicalistas – e lideranças como PierreJoseph Produdhon, Karl Marx e Mikhail Bakunin. O principal embate político interno
aconteceu entre marxistas e anarquistas. Em 1889 foi criada a II Internacional, a qual ficou
conhecida como Internacional Socialista, encontro esse que não contou com a participação
dos anarquistas.
Os confrontos políticos e ideológicos entre os segmentos socialistas foram intensos
nesses encontros. Em síntese, da II Internacional foi formada duas vertentes de
pensamento: uma que defendia no caminho democrático-parlamentar com perspectiva
reformista e outra que acreditava que a única maneira de implantar o socialismo seria
através de uma revolução radical.
No contexto de modificações que se deu no decorrer da Primeira Guerra Mundial, os
trabalhadores se ramificaram ainda mais, pondo fim a II Internacional. A III Internacional
ou a Internacional Comunista, organizada pelos Bolcheviques, ocorreu em Moscou, 1919, na
calorosa atmosfera da Revolução da Russa.
O pensameno social
Os paradoxos expostos pelo capitalismo industrial conduziram grande número de pessoas
em condições de miseralabilidade. Com a finalidade de refletir e acabar com as injustiças
sociais advindas com o capitalismo, várias correntes de pensamento enalteceram a
instauração de uma nova ordem, mais igualitária e justa.
Sob os aspectos gerais, essas ideias propagaram um um incerto socialismo, termo usado
desde o século XVIII. Inserido no contexto das mudanças políticas na França, em 1796,
ocorreu um movimento liderado por François Noel Babeuf, conhecido como Conspiração os
Iguais, o qual defendia o estabelecimento de um governo republicano e o fim da
propriedade privada. Fortemente reprimido pelo governo francês, Babeuf foi condenado a
guilhotina.
A partir da segunda década do século XIX, entretanto, o termo socialismo passou a
ganhar uma percepção mais moderna. Isso se deu, a princípio, pelas propostas de
programas de cooperação operária e de gerência comum dos meios de produção,
elaboradas por Robert Owen (1771-1858).
Owen defendia que o socialismo se realizaria pela associações cooperativas. Já Pierre
Leroux afirmava que o socialismo consiste num sistema que se opõe ao individualismo.
Outros intelectuais definia o socialimo como comunitarismo. Ao decorrer das décadas de
1830 e 1840, o conceito adquiriu consistência na França e na Inglaterra, onde teve grande
repercussão.
A partir da segunda metade do século XIX, os socialistas sistematizaram suas críticas ao
capitalismo, ao individualismo liberal e a sociedade industrial. Das críticas houve uma
extensão para possíveis alternativas para superar o capitalismo ou fragilizá-lo, com o intuito
de formar uma sociedade igualitária.
Socialismo Utópico
O pensamento socialista surgiu como resposta às desigualdades sociais e a ascensão
política, econômica e intelectual dos burgueses. As primeiras ideias socialistas que
50
319
defendiam uma sociedade igualitária foram desenvolvidas pelos franceses Claude SaintSimon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837) e Louis Blanc (1811-1882) bem como
pelo empresário inglês Robert Owen. As reformulações elaboradas por esses teóricos
receberam o nome de Socialismo Utópico.
Segundo Karl Marx, as críticas feitas por esses intelectuais eram até bem-intencionadas,
porém, fugia um pouco da realidade. Desse modo, o termo Socialismo utópico era favorável
ao estabelecimento de uma sociedade idealizada, construída pela ação dos indivíduos bons.
Para os críticos, entretanto, os utópicos se comprometiam com a ordem burguesa, uma vez
que sonhavam com uma transição lenta e pacífica para um modelo socialista. Já para
Friedrich Engels, os pensadores utópicos esqueceram que a “luta de classes” e,
essencialmente, procuraram destruir o capitalismo pelo próprio sistema capitalista.
Saint-Simon defendia a transformação da sociedade por meio do fim da propriedade
privada e o estabelecimento do coletivismo. Acreditava que uma reforma moral era
fundamental para gerar as mudanças sociais. Segundo Saint-Simon, a sociedade deveria
transformar-se numa grande fábrica, regulamentada pelo progressismo e anti-parasitismo,
uma vez que o mundo para ele era formado por trabalhadores e ociosos.
Charles Fourier foi um dos criadores do cooperativismo. Projetou a ideia das unidades
socialistas, os falanstérios, comunidades nas quais a não haveria distinção de grupos de
classes e os indivíduos se dedicariam às atividades agrícolas e industriais. Fourier afirmava
que a agricultura era o principal recurso que garantiria a subsistência e o bem-estar
humano. Para viverem de forma harmoniosa, as pessoas deveriam e dedicar a mais de uma
atividade produtiva. A administração, a produção e os bens consumidos nos falanstérios
eram distribuídos entre todos os cooperados.
Semelhante a Fourier, Robert Owen também era defensor do cooperativismo.Buscou
implantar suas ideias socialistas em comunidades criadas nos Estados Unidos (New
Harmony) e na Escócia (New Lanarck). Em suas fábricas propiciou melhores condições de
trabalho e de vida para os operários. Nessas
colônias-modelo, houve a redução da jornada
de trabalho para dez horas, aumento salarial,
construção de habitações e escolas para os
trabalhadores e seus filhos, pois segundo
Fourier a educação influenciaria diretamente
numa melhor produção. Além disso, cada
operário recebia um bônus proporcional a
carga horária de trabalho.
Instalações das indústrias de Robert Owen em
New Lanark, Escócia, declarado patrimônio
cultural da humanidade pela Unesco.
Fotografia de 2007.
Louis Blanc pertencia à corrente socialista francesa reformista, a qual pleiteava o
direito de participação das classes dos trabalhadores no processo eleitoral. Participou da
Revolução de 1848 na França e afirmava que a igualdade social entre os homens só seria
possível com a desapropriação de todos os meios de produção, que deveria ser realizada
pelo Estado. Nessas perspectiva, Blanc defendia que o Estado era o responsável pela
organização dos bens de produção e, consequentemente, o grande gerador de trabalho.
O Socialismo científico
O Socialismo Científico foi desenvolvido pelos teóricos alemães Karl Marx (1818-1883)
e Friedrich Engels (1820-1895), os quais criaram conceitos basilares dessa corrente
socialista. Eles buscaram alternativas mais concretas como meio de contrapor ao
pensamento dos utópicos. Segundo declaravam, estes não cnoseguiram analisar a
sociedade com olhar científico, pois enalteciam meios irreais para suplantar o capitalismo.
“Em suma, acusai-nos de abolir a vossa propriedade. Pois bem, é exatamente isso o
que temos em mente. (...) Os comunistas não se rebaixam em dissimular suas ideias e
seus objetivos. Declaram abertamente que seus fins só poderão ser alcançados pela
derrubada violenta das condições sociais existentens. Que as classes dominantes
tremam diante da revolução comunista! Os proletários nada têm a perder senão seus
grilhões. Tem um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!”
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O manifesto Comunista. 2. Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p.124.
51
320
Marx e Engels formularam ideias sobre o homem, a
sociedade, a natureza e a história sedimentadas
essencialmente nas seguintes concepções: a história da
humanidade é marcada pela permanente lutas de
classes entre os detentores das riquezas (burguesia) e
as classes deprovidas desses recursos (o operariado);
desenvolvimento do conceito de materialismo histórico
ou dialético; abolição da propriedade privada,
considerada o fundamento da dominação burguesa; o
sistema capitalista explora o proletariado, levando-o a
alienação e a espoliação nos meios de produção através
da mais-valia; vários modelos de produção permearam
a História, entre eles, modo de produção comunal,
asiático, escravista, feudal e capitalista; para Marx as
injustiças e desigualdades típicas do capitalismo seriam
superadas
com
instalação
do
socialismo
e,
posteriormente, do comunismo, fase máxima da
evolução da História; o comunismo só seria alcançado
através do movimento operário via Revolução; por fim,
Marx fez um análise do capitalismo sob as perspectivas
filosóficas, econômicas e históricas.
Antes de divulgar a tese do socialismo científico,
em 1848, no famoso Manifesto Comunista, Marx
(à direita) e Engels (à esquerda) fizeram um
denso estudo das relações econômicas no
decorrer da HistóriaLitogragia, século XIX.
Ao realizar um rigoroso estudo crda sociedade capitalista, Marx e Engels afirmavam que
as condições materiais eram os principais eixos evolutivos das sociedades ao longo da
história. Concluíram, dessa forma, que a existência humana era determinadas pelas
condições materiais.
As ideias marxistas foram publicadas na França, em 1848, no conhecido Manifesto do
Partido Comunista. Em sua mais importante obra, O Capital, publicado em 1867, Marx
aborda procura mostrar os fatores de desenvolvimento e contradições do capitalismo, as
configurações desse sistema e seus mecanismos de exploração.
Os dois pensadores perceberam que a força política em potencial preparada para romper
com as estruturas capitalistas seria a classe dos trabalhadores ou o proletariado. A união
desse grupo era fundamental no processo de transformações sociais e no estabelecimento
da igualdade social entre os homens. Para alcançar tal feito, a organização da classe
operária era essencial, como mesmo convocou Marx:”proletários de todo mundo, uni-vos”.
O Marxismo passou a se tornar num relevante movimento intelectual e político na
História do século XX, principalmente a partir de 1917, quando foi instaurado, após a
Revolução Russa, o primeiro Estado socialista.
A Social-Democracia
Inspirada pelo ideal marxista, a social-democracia surgiu na Alemanha, em 1875, no
Congresso de Gotha. Essa corrente defendia era possível implantar as propostas socialistas
pela conquista do governo via processo eleitoral.
Aos poucos, as distinções entre os socialistas e os social-democratas ficaram mais
evidentes. A trágica crise do capitalismo em 1929 obrigou muitos países liberais a
repensarem nas suas políticas governamentais. Vários Estados adotaram, a partir de então,
medidas oriundas da social-democracia, entre elas, leis trabalhistas mais aperfeiçoadas, que
dava mais garantia e assistência ao trabalhador.
A teoria keynesiana, vertente econômica criada por John Maynard Keynes (18831946), pregava a necessidade da interferência estatal na economia por meio de ações
fiscais e monetárias, as quais seriam importantes para controlar as periódicas crises,
recessões ou e grandioso crescimento econômico. A economia keynesiana se opunha a
escola neoclássica que defendia a liberdade de mercado.
Nesse contexto, sob a influência da social-democracia, alguns estados liberais passaram
a reorientar e reformar o capitalismo, surgia, assim, o welfare state (Estado de bem-estar
social).
52
321
O Anarquismo
Simultâneo a difusão do socialismo, surgiu no século XIX o anarquismo. Para os
seguidores desse movimento, o verdadeiro fundamento da luta se encontra na permanente
defesa da liberdade. Diferente das ideias liberais clássicas, os anarquistas afirmavam que a
liberdade deveria vir engendrada com a igualdade social. Desse modo, uma sociedade não
podia fazer nenhuma restrição à liberdade do indivíduo. Por isso, os anarquistas também
são conhecidos como libertários.
A expressão anarquismo, termo de origem grega significa “sem governo”. Para os
anarquistas, qualquer tipo de autoridade e hierarquia é opressora. Portanto, os membros
dessa corrente condena e repudia toda forma de governo. Até mesmo a organização
partidária formada por trabalhadores era rejeitada, pois os anarquistas a consideravam
como o embrião de uma estrutura de poder.
Os anarquistas afirmavam que os poderes políticos (governos, partidos e burocracia),
ideológicos (políticas, religião, doutrinas filosóficas), jurídicas (leis, decretos, normas) e
sociais (dominação de uma classe sobre a outra) tinham que ser comabatidas, pois essas
relações de poder eram permeadas pela sujeição, e, deviam ser rejeitadas. Para eles,
acima de tudo estava a total e irrestrita liberdade humana.
O Anarquismo condenava também o clericalismo. Segundo os anarquistas, a hierarquia
eclesiástica era uma reprodução da dominação do Estado. Apesar da defender a liberdade
religiosa, o anarquismo observou que os princípios dogmáticos legitimavam a subordinação.
Violenta repressão policial aos anarquismo. Xilogravura de 19893, Félix Valloton.
Os principais mecanismos de luta dos anarquistas consistiram em: realização de greves
gerais, desobediência civil, sabotagem, boicote e ações violentas.
Em meados do século XIX, surgiram duas grandes vertentes anarquistas. A primeira
teve o destaque do francês Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), precursor do
movimento e o primeiro a usar a palavra anarquismo. Já na segunda corrente, as ideias
anarquistas foram desenvolvidas pelos russos Mikhail Bakunin (1814-1876) e Pior
Kropotkin (1842-1921). Ambos defendiam o fim da propriedade privada e do aparelho
burocrático estatal.
Proudhon
Prodhon afirmava que a propriedade consituia um roubo, uma vez que era o produto de
espoliação do homem pelo homem. Sua proposta consistia em implantar um modelo de
53
322
sociedade fundamentado nas cooperativas de ajuda mútua. Essas organizações seriam
compostas por trabalhadores que passariam a possuir bens de produção.
Dessa forma, o anarquismo mutualista rejeitava a coletivização ou socialização de todas
os meios de produção. Percebe-se, nesse momento, as críticas de Proudhon perpassavam o
capitalismo. Para ele, o comunismo seria um tipo de organização autoritária. Proudhon
considerava a liberdade individual como uma condição inalterável. Ela estaria acima de
qualquer coisa ou situação. Nessas perspectiva, Proudhon era contrário a qualquer força
burguesa e do Estado, incluisive, o comunista.
Bakunim
Bakunin é o criador do anarquismo coletivista. Para ele, os meios de produção deveriam
socializadas e gerenciadas coletivamente, ou seja, pelos trabalhadores.
Diferente de Proudhon, Bakunin enaltecia a revolução como maneira de pulverizar o
capitalismo. Ele também afirmava que a revolução deveria extinguir ao mesmo tempo o
Estado e a propriedade privada. No seu lugar se instauraria a autogestão, uma espécie de
democracia direta, sem representatividade escolhida.
O anarcossindicalismo
No século XIX também surgiu uma extensão do movimento anarquista, o
anarcossindicalismo, o qual era favorável a implementação de medidas educativas e
políticas coordenadas pelos sindicatos. Nesse sentido, o sindicato se transformaria no
instrumento político e social que substituiria o Estado capitalista.
Os teóricos mais influentes dessa variante anarquista foram Antonio Labrionla (18431904) e Georges Sorel (1847-1922).
A Comuna de Paris
A derrota da França, em 1870, na guerra contra a Prússia trouxe resultados desastrosos,
como invasão e ocupação do território francês por tropas inimigas. Paris virou palco de
muitas tensões. A população não admitia o fracasso na guerra franco-prussiana e era
irredutível aos possíveis acordos de paz assinados pelo governo-provisório, o qual havia
ocupado o governo no lugar da frágil administração de Napoleão III. Diante dessas
incertezas, a Assembleia Nacional proclamou a Terceira República.
Conservadores e republicanos não chegavam a uma definição em comum concernente ao
futuro da França. A depender da vontade dos republicanos, a guerra deveria continuar,
mesmo com a exaustão do exército. Já os conservadores eram favoráveis a celebração de
um acordo de paz e posterior restauração do regime monárquico. Havia também grupos
socialistas que projetavam outros rumos, como o estabelecimento de uma república
socialista francesa.
As tensões, entretanto, permaneceram durante quatro meses, quando foi assinado um
armistício em janeiro de 1871. Instantes depois, Guilherme I seria conclamado imperador
da Alemanha, em plena Paris.
O processo de reorganização da frança parecia cada vez mais complexo. Em fevereiro
houve a eleição de uma nova Assembleia Nacional sob a liderança do conservador Adolfo
Thiers, designado para chefiar o poder executivo. Thiers negociou o acordo de paz na cidade
Frankfurt, pelo qual comprometeu-se em pagar elevadas indenizações ao governo alemão e
o repasse das áreas de Alsácia e Lorena. Os franceses ficaram indignados com tais cláusulas
aceitas, consideradas humilhantes, e manifestaram-se contra o governo francês.
Nesse clima de instabilidades ocorreu um movimento revolucionário formado por
socialistas e anarquistas conhecio como Comuna de Paris. O governo socialista
permaneceu no poder durante 72 dias. Tal acontecimento é considerado por muitos
historiadores como a primeira experiência de um governo constituído pelo Proletariado. Os
operários assumiram o poder em 18 de março de 1871, quando a Guarda Nacional se negou
em sufocar a revolta. Ao perceber o descontrole da situação, as autoridades francesas
fugiram para Versalhes, enquanto que os revoltosos instalaram, em Paris, um governo com
caráter popular.
O governo socialista decretou a diminuição da jornada de trabalho, a desapropriação de
bens imóveis desocupados, o estabelecimento da liberdade de imprensa, a garantia do
54
323
ensino público, laico e gratuito, proibição do trabalho infantil e feminino. No plano político, a
Comuna adotou o sufrágio universal para preencher, via processo eleitoral, todos os cargos
judiciais, educacionais e administrativos da França.
A derrota na guerra franco-prussiana (1870) desmantelou o Segundo Império de Napoleão III. As mudanças poteriores a esse
conflito contribuíram para o estabelecimento da terceira República na França. Anúncio da Abolição do Regime Imperial em frente
ao palácio do Legislativo. Óleo sobre tela de Jules Didier e Jacques Gauiaud, Museu Carnalet, Paris.
A ação da Comuna, todavida, retrinsgiu-se a Paris. Depois de dois meses de governo, o
exército de Versalhes reprimiu violentamente o communards (expressão usada para
designar os integrantes da Comuna). O contigente de soldados do governo central
aumentou de 30 mil para 130 mil soldados. A Comuna estava seriamente ameaçada.
Sob o comando de Thiers, o governo francês atacou violentamente Paris. A Comuna foi
massacrada. Aproximadamente 40 mil pessoas foram detidas, cerca de 15 mil mortos e
milhares foram deportadas. A repercussão dessa repressão sangrenta estimulou os
governantes a usar de truculência para manifestações organizadas pelos operários ou ações
partidárias inspirados no ideal de revolução social.
Nas eleições seguintes, os monarquistas Thiers e Mac-Mahon saíram vitoriosos,
assumiram o novo govenro com a incubência de liderar a reestruturação da República
francesa por meio de políticas conservadoras e da homologação da Constituição de 1875.
55
324
TEXTO COMPLEMENTAR
A Igreja e a questão social: a Rerum Novarum
“Em 1891, a Igreja católica tomou posição sobre vários aspectos da formação das
sociedades industriais e dos movimentos operários na encíclica Rerurm Novarum (que
significa “das coisas novas”), do papa Leão XIII.
Nessa encíclica, além de tratar das relações entre patrões e empregados, do Estado e
da Igreja, o papa rejeitou o socialismo, por seu caráter materialista e contrário a
qualquer forma de religião, defendendo a propriedade priva e o capital. Em
contrapartida, condenou as desigualdades sociais e criticou os patrões por não darem a
seus empregados remuneração justa.
Leia o trecho do documento:
O primeiro é que o Homem deve aceitar com paciência a sua condição: é impossível
que na sociedade civiltodos sejam levados ao mesmo nível. É, sem dúvida, isto o que
desejam os socialistas; mas, contra a natureza, todos os esforços são vãos. Foi ela,
realmente, que estabeleceu entre os homen diferenças tão múltiplas como profundas;
diferenças de inteligência, de talento, de habilidade, de saú, de força; diferenças
necessárias, de onde nasce espontaneamentea desigualdde das condições. (...)
O erro capital na questão presente é crer que as duas classes são inimigas natas uma
da outra, como se a natureza tivesse armado os ricos e os pobres para se combaterem
mutuamente num duelo obstinado. Elas têm imperiosa necessidade uma da outra: não
pode haver capital sem trabalho, nem trabalho em capital. A concórdia traz consigo a
ordem e a beleza; ao contrário, dum conflito perpétuo só podem resultar confusão e
lutas selvagens.
Ora, para dirimir este conflito e cortar o mal na sua raiz, as instituições possuem
uma virtude admirável e múltipla. E, primeiramente, toda a economia das verdades
religiosas, de que a Igreja é guarda e intérprete, é de natureza a aproximar e
reconciliar os ricos e os pobres, lembrando às duas classes os seus deveres mútuos e,
primeiro que todos os outros, os que derivam da justiça.
Dada em Roma, junto de S. Pedro, a 15 de Maio de 1891, no décimo quarto ano do Nosso Pontificado. PAPA LEÃO XIII.
(LEÃO XIII. Carta Encíclica Rerum Novarum. Sobre a condição doss operários. São Paulo: Edições Loyola, 1991. p. 16. IN:
História: volume único/Ronaldo Vainfas. São Paulo: Saraiva, 2010. p.444.
1. Comente os principais pontos apresentados no texto, que a Igreja Católica defendiam.
2. Na Encíclica Rerum Novarum, como a Igreja analisa a relação entre burguesia e
operariado?
56
325
FAZENDO HISTÓRIA
1. (Unicamp-SP)
“De pé ficaremos todos
E com firmeza juramos
Quebrar tesouras e válvulas
E pôr fogo às fábricas daninhas.”
Canção dos quebradores de máquinas do século XIX, citada por HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. Rio de
Janeiro: LCT, 1986.
a) A partir do texto, caracterize o tipo de ação dos quebradores de máquinas.
b) Explique os motivos desse movimento.
2. Faça um paralelo entre o movimento ludista e o cartista?
3. Quais as principais diferenças e as possíveis semelhanças entre os ideais socialistas e os
princípios anarquistas?
4. Por que os socialistas científicos consideravam romântica ou reformista ação dos
socialistas utópicos Fourier, Owen e Saint-Simon?
5. De acordo com o abordado no capítulo, pode-se afimar que com o desenvolvimento da
social-democracia no século XIX, houve um abandono do movimento revolucionário em
defesa dos direitos dos trabalhadores? Comente.
6. Explique a frase a seguir.
“o motor da história da humanidade reside na luta de classes”.
Marx e Engels
7. As teorias de Karl Marx e Friedrich Engels, contidas no Manifesto do Partido Comunista,
combatem não apenas o liberalismo, mas também os princípios do nacionalismo.
Comente essa afirmação.
57
326
8. Qual a principal finalidade da Primeira Internacional, criada em 1864?
9. “A propriedade é um roubo.”
Pierre Proudhon, 1809-1865.
A frase de um dos principais teóricos anarquistas ataca um dos pilares da
sociedade capitalista. Explique por que a propriedade contraria os princípios
anarquistas.
10.(UNESP) (...)
Considerando que para os senhores não é possível
Nos pagarem um salário justo
Tomaremos nós mesmos as fábricas
Considerando que sem os senhores, tudo será melhor para nós.
Considerando que os senhores nos ameaçam
Com fuzis e canhões
Nós decidimos: de agora em diante
Temeremos mais a miséria que a morte.
Considerando que o que o governo nos promete sempre
Está muito longe de nos inspirar confiança
Nós decidimos tomar o poder
Para podermos levar uma vida melhor.
Considerando: vocês escutam os canhões
Outra linguagem não conseguem compreender
Deveremos então, sim, isso valerá a pena
Apontar os canhões contra os senhores!
(Bertolt Brecht, "Os dias da Comuna".)
a) Esse poema de Brecht refere-se à chamada Comuna de Paris, de 1871. Como pode
ser definida a inspiração política dos revolucionários de 1871?
b) Quais as principais medidas políticas e sociais tomadas pelos participantes da
Comuna de Paris durante os cerca de três meses em que ela existiu?
11.(UFF-RJ) Escrito em 1880, o livro de Friedrich Engels, Do Socialismo Utópico ao
Socialismo Científico, buscou discutir os limites do chamado Socialismo Utópico. Os
filósofos do Socialismo Utópico acreditavam que a partir da compreensão e da boa
vontade da burguesia se poderia transformar a sociedade capitalista, eliminando o
individualismo, a competição, a propriedade individual e os lucros excessivos, todos
responsáveis pela miséria dos trabalhadores. Como alternativa àquela corrente, Engels e
Marx propunham o Socialismo Científico.
Com base nessa informação.
a) Caracterize a alternativa proposta por Engels e Marx - o Socialismo Científico –
em relação ao papel dos trabalhadores na transformação da sociedade.
b) Mencione uma proposta levada a efeito pelos socialistas utópicos.
58
327
QUESTÕES DE VESTIBULARES
1.
(UFPB) “A quebra de máquinas e a destruição de mercadorias estão entre as primeiras
reações coletivas de trabalhadores [...]. Esses grupos de operários ingleses destruíam as
máquinas (segundo eles, o principal motivo dos baixos salários) que permitiam a
economia de mão de obra, atentando, ao mesmo tempo, contra o patrimônio dos
proprietários”. CATELLI JUNIOR, Roberto. História: texto e contexto. Ensino Médio, volume único.
Colaboração de Maria Soledad Más Gondim e Renata Lima Aspis. São Paulo: Scipione, 2006, p. 307.
Considerando o contexto histórico e os motivos políticos do movimento trabalhista
referido no texto, é correto afirmar:
a) Os participantes do movimento de quebra de máquinas ficaram conhecidos como
Luditas.
b) Os trabalhadores representavam as máquinas como menos trabalho e mais salários.
c) A Revolução Industrial instalou ambientes de trabalho adequados à saúde.
d) Os empresários recusavam a mão de obra composta por mulheres e crianças.
e) A jornada de trabalho atendia as necessidades de descanso do trabalhador.
2. (UEAP) “O século XIX produziu ainda o Socialismo, ‘a mais original e, por momentos, a
mais vigorosa das ideologias da nossa época. A expressão, empregada em seu sentido
moderno nos anos de 1830, significa: reforma da sociedade beneficiando as classes mais
numerosas, os mais pobres, ou seja, o proletariado” (DUROSELE , J. B.; GERBET, P. Histoire: 18481914. Citado por AQUINO, Rubens S. L de et all. História das Sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais. Rio
de Janeiro: Ao Livro Técnico, p.217).
Com base no texto e em seus conhecimentos sobre as doutrinas socialistas do século XIX,
é correto afirmar:
a) As doutrinas socialistas estão ligadas à Revolução Industrial, já que o surgimento e
desenvolvimento dessas doutrinas se deram no contexto dos problemas econômicosociais criados pelo capitalismo, a chamada Questão Social.
b) O socialismo Utópico propunha os fundamentos de uma sociedade futura ideal,
defendendo a necessidade de se suprimir qualquer forma de governo.
c) O socialismo romântico desenvolveu-se dentro do catolicismo, que pregava a
aplicação dos ensinamentos cristãos para corrigir os males criados pela
industrialização no mundo capitalista.
d) O socialismo científico pregava que a sociedade estava dividida entre ociosos e
produtores e que necessitava de um governo de trabalhadores, industriais,
banqueiros e comerciantes. ceitava o lucro dos capitalistas, desde que eles
assumissem certas responsabilidades sociais.
e) O socialismo marxista propunha mudanças para a sociedade a partir de uma
organização baseada na associação e no cooperativismo, que permitisse aos homens
o desenvolvimento pleno de seus talentos.
3. (UFPE-Alt.) Mudar a sociedade, remover práticas injustas, buscar a igualdade são
metas presentes nas ideias de muitos intelectuais favoráveis à renovação e ao fim de
tradições ditas conservadoras. Saint-Simon foi um desses intelectuais franceses que
criticou a dominação capitalista. Com suas críticas, Saint-Simon:
I.conseguiu adesão de outros intelectuais, liderando revoltas importantes na Europa, no
início do século XIX, e assegurando a expansão do Socialismo.
II. defendia uma sociedade que tivesse um planejamento, onde fosse marcante a
participação de cientistas na sua elaboração.
III. influenciou as formulações socialistas do século XIX, sendo considerado um utópico,
apesar das críticas que sofreu dos marxistas e anarquistas.
IV. tinha propostas semelhantes às de Fourier, imaginando uma sociedade harmônica
com a criação de pequenas comunidades agrícolas.
V. foi respeitado por afirmar o valor dos direitos humanos e ressaltar que a propriedade
privada é ilegítima.
59
328
4. (UPE) Os progressos científicos e tecnológicos e os movimentos culturais tiveram lugar,
em crescente escala, no século XIX. Foi um período, também, em que a sociedade
experimentou novas formas ideológicas de lutas políticas e utopias revolucionárias.
Nesse sentido, é incorreto afirmar que:
a) em termos de tecnologia industrial, a presença do ferro superou a do aço, facilitando
os progressos na construção de maquinarias pesadas, naval e eletro-mecânica,
responsáveis pelo aumento da produção em larga escala.
b) a energia elétrica para fins industriais, comerciais e domésticos representou um
avanço significativo, pois podia ser transmitida à longa distância e transformada em
outras fontes de energia.
c) o sistema capitalista foi questionado teoricamente, principalmente pelas ideias de
Karl Max, que acreditava numa fase socialista com bases na ditadura do proletariado,
na remuneração do trabalho, de acordo com o trabalho executado, e na propriedade
e operação pelo Estado de todos os meios de produção.
d) as descobertas científicas de Robert Koch e Louis Pasteur favoreceram intervenções
planejadas nas áreas da saúde pública e saneamento, a partir do momento em que
eles provaram que todas as formas de vida, por menores que sejam, só são
reproduzidas por seres vivos.
e) houve uma reação da Igreja Católica Romana ao pensamento moderno, condenado
através do Syllabus Errorum, espécie de bula papal que não admitia o materialismo,
o livre-pensamento e o indiferentismo.
5.(UPE) O crescimento da produção industrial favoreceu à burguesia europeia, embora
aumentando a concentração de riquezas e as injustiças sociais. Surgiram muitas idéias
contra o capitalismo, dentre elas as defendidas por Karl Marx, ainda hoje presentes nas
discussões políticas. O marxismo:
a) defendeu o fim do capitalismo com a imediata instauração de uma sociedade
socialista, sem classes sociais.
b) influenciou muito pouco os movimentos contra as desigualdades sociais, sobretudo
nos países da Europa mais industrializados.
c) combateu o capitalismo, mas não negou a sua importância histórica para mudanças
econômicas e renovação social.
d) foi uma concepção de mundo original e revolucionária, deslocada historicamente
devido aos seus princípios utópicos.
e) permaneceu politicamente importante só até a metade do século XX, sendo a base
dos movimentos favoráveis à descolonização dos países asiáticos.
6.(UFCE) “A maneira como os indivíduos manifestam sua vida reflete exatamente o que
são. O que eles são coincide, pois, com sua produção, isto é, tanto com o que eles
produzem quanto com a maneira como produzem. O que os indivíduos são depende,
portanto, das condições materiais da sua produção.”
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1989, p. 13.
Com base nessa citação do livro A ideologia alemã, que trata da teoria marxista para a
interpretação da sociedade, é correto afirmar que:
a) o capitalismo teve origem no modo de produção socialista, a partir de uma revolução
burguesa.
b) o capitalismo teve origem em ideias religiosas, a partir do Renascimento, e no
crescimento da burguesia.
c) a produção de ideias na vida social, no decorrer da história, está separada da
produção da vida material.
d) a perspectiva de análise marxista examina a sociedade levando em consideração as
relações sociais estabelecias no modo de produção.
e) o pensamento marxista surgiu no início da revolução francesa, com a defesa da
igualdade e da fraternidade entre todos os seres humanos.
7. (UFPE) O século XIX foi cenário de movimentos políticos que criticaram o capitalismo.
Pensadores como Karl Marx defendeu alternativas políticas diferentes e formularam
utopias. Sobre as ideias de Marx, podemos afirmar que elas:
60
329
a) ressaltaram a necessidade política de fazer reformas no capitalismo, contudo, sem
grandes radicalizações.
b) restringiram-se ao mundo europeu e ao catolicismo da época, marcados pelo
conservadorismo.
c) denunciaram, de forma apaixonada, as injustiças sociais e políticas do capitalismo,
sem construir utopias.
d) sofreram influências de algumas idéias do liberalismo, embora construíssem outra
concepção de mundo.
e) fortaleceram a crítica à classe dominante, sem contudo, oferecer alternativas
políticas para mudar.
8. (UFJF – PISM ) Leia, atentamente, a citação abaixo a respeito da Comuna de Paris e, em
seguida, assinale a alternativa correta.
“Os homens e mulheres que fizeram a Comuna de Paris, em 1870, eram de extração social
operária e vinham se organizando em torno de idéias que tendiam ao socialismo. (...) Dois
terços da população economicamente ativa da cidade eram compostos de assalariados, (...)
e mais da metade desta mesma população ativa trabalhava na indústria. Paris converterase, ao longo do Segundo Império (1852-1870) numa cidade de assalariados e industrial.”
(BOITO Jr., A. Comuna Republicana ou Operária? In: A Comuna de Paris na História.)
a) Uma de suas causas foi o atraso industrial da França, onde o processo de
industrialização só eclodiu no último quartel do século XIX.
b) Influenciou outros movimentos de operários anarquistas que defendiam a instituição
de uma república com sufrágio universal.
c) Foi um movimento organizado, em sua maioria, por trabalhadores influenciados pelo
ideário socialista.
d) Conseguiu, ao longo de duas décadas, manter sua estrutura de poder e fundar as
bases da nova república na França.
e) Influenciou movimentos de libertação colonial na segunda metade do século XIX,
conclamando a união dos trabalhadores.
9. (UPE-Alt.) As utopias, no século XIX, progressivamente foram se distanciando dos
projetos iniciais até chegar ao mundo atual, ficando longe das promessas da
modernidade, como a de acabar as desigualdades sociais. Essas desigualdades sociais
afirmam:
I. o fim das utopias e a impossibilidade de se viver num mundo efetivamente mais justo,
com o fim da História.
II. a presença do conflito e das diferenças na História que dificultam a harmonia entre os
povos e as culturas.
III. as fragilidades de vários aspectos do processo de globalização.
IV. a expansão capitalista que, apesar das ilusões, não consegue promover o equilíbrio
social.
V. o fim definitivo de culturas seculares que provocam a desesperança e o retorno das
religiões para o mundo.
10.(UFPE) Os caminhos do capitalismo não eram tão sem obstáculos como muitos dos
liberais europeus pensavam. Havia oposições, descontentamentos, condições de vida
amplamente desfavoráveis. O movimento revolucionário intitulado A Comuna de Paris
representou um momento de resistência ao projeto da burguesia francesa, pois:
a) inspirado nas ideias socialistas de Marx e Engels, teve uma longa atuação,
ameaçando os governos liberais da Europa.
b) foi uma revolução marcada por uma forte repressão do governo, defensor de ideias
conservadoras.
c) derrubou o imperador e colocou a classe operária no poder por um longo período,
divulgando idéias socialistas radicais.
d) criou uma ampla rede de articulação com forças estrangeiras socialistas e abalou as
forças conservadoras da Europa.
e) expressou ideias contrárias ao capitalismo, mas não conseguiu adesão popular,
restringindo-se apenas à divulgação dos manifestos libertários.
61
330
OLHARES HISTÓRICOS
•
Livros
Anarquistas graças a Deus. GATTAI, Zélia. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Marxismo. LEFEBVRE, Henri. Porto Alegre, L&PM Editores, 2009.
O que é anarquismo. COSTA, Caio Túlio. São Paulo: Brasiliense, 1983.
Socialismo: caminhos e alternativas. MARTINEZ, Paulo. São Paulo: Sciopione, 1999.
O que é o marxismo. PAULO NETTO, José. São Paulo: Brasiliense, 2006.
A formação da classe operária. SINGER, Paul. São Paulo: Atual, 1986.
•
Cinema
A Comuna (Inglaterra/frança, 2000). Direção de Peter Watkins. Primeiro
filme sobre a Comuna de Paris instalada em 1871, no contexto da queda
de Napoleão III. Duração: 5h40 min.
Daens, um grito de justiça (Bélgica/Holanda/Itália, 1992). Na cidade de Aalst, norte
da Bélgica, um grupo de trabalhadores é vítima da exploração da indústria de tecidos
onde estão empregados. Mas a situação começa a mudar quando um padre
revolucionário é transferido para a cidade. Duração: 136 min.
Os acompanhantes (Itália, 1963) Direção de Mario Monicelli. Filme clássico sobre o
movimento operário italiano no século XIX. Duração: 126 min.
62
331
Os Estados Unidos no século XIX
Ao longo do século XIX vários acontecimentos foram determinantes para a ascensão dos
Estados Unidos, entre eles a consolidação do modelo institucional republicano e o processo
de expansão das fronteiras. Com o encerramento da Guerra de Secessão, o governo norteamericano criou mecanismos para impedir a fragmentação nacional, aboliu o trabalho
escravo, avançou para o oeste e industrializou-se. Esse conjunto de fatores, contribuíram
para que os Estados Unidos transforma-se numa das potências mundiais.
Marcha para o oeste. Após a consolidação da Independência, os EUA iniciaram um movimento conhecido como a conquista do
oeste. A consquista dessas áreas foram impulsionados pelo desejo de encontrar ouro, obter posse de terras férteis e explorar
outras inúmeras riquezas. Desenho de William Henry Jackson, 1880.
O século XIX também foi marcado por muitos conflitos latino-americanos. Nesse período,
os países das Américas criam ou redefinem seus projetos nacionais. Alguns impasses são
solucionados, outros, todavia, permanecem até os dias atuais, como a pobreza e os
problemas políticos.
Afirmação da República
Os norte-americanos procuram desenvolver o país, consolidando suas instituições
democráticas e republicanas, os ideais políticos e nacionais. Internamente, os Estados
Unidos no decorrer de determinado tempo passaram por uma fase de relativa estabilidae
política, diferente do continente europeu que enfretava convulsões revolucionárias.
Esse ambiente impulsionou a criação dos dois mais importantes partidos políticos: o
Federalista e o Republicano. Além disso, houve uma ampliação dos direitos e garantias
63
332
fundamentais inerentes aos indivíduos. Quanto ao quadro social, as elites do leste
(industriais, comerciantes, banqueiros) e os tradicionais latifundiários sulistas (proprietários
de escravos) formavam os grupos hegemônicos politicamente, os quais escolhiam e elegiam
os presidentes através de acordos firmados.
Na política externa, os norte-americanos mantiveram relativo distanciamento das tensões
europeias, provacadas pelo desejo de Napoleão em dominar a Europa. Os Estados Unidos,
porém, após o decreto do Bloqueio Continental em 1806, acompanhada das pressões da
Inglaterra, não conseguiu ficar mais isento desses conflitos. Nesse contexto, em 1812, teve
início a Segunda Guerra de Independência, qua colocou mais uma vez em contronto os
ingleses e os norte-americanos. A vitória dos Estados Unidos foi essencial para o
fortalecimento do poder central e união entre os estados.
Mesmo com a queda de Napoleão Bonaparte, os desdobramentos políticos europeus
continuaram tendo repercussão no continente americano. A formação de um acordo
político-militar entre as nações absolutistas, conhecida como a Santa Aliança, que tinha o
propósito de recolonizar os países da América, desagradaram aos norte-americanos. Para
conter essa pretensão, os Estados Unidos lançaram, em 1823, a Doutrina Monroe. O
presidente estadounidense James Monroe (1817-1825) fez o anúncio dessa doutrina num
discurso proferido no congresso.
A essência do documento consistia em rejeitar a criação de novas colônias americanas e
a defender a soberania dos países da América, pois como afirmava o lema dessa doutrina “A
América para os americanos”. Nas próprias palavras do presidente Monroe: “julgamos
propícia esta ocasião para afirmar, como um princípio que afeta os direitos e interesses dos
Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e
independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no futuro,
como suscetíveis de colonização por nenhuma
potência européia […] (Mensagem do Presidente James
Monroe ao Congresso dos EUA, 1823)
Como sequência dessa diplomacia pautada na
cooperação entre os países americanas, ocorreu
nos Estados Unidos, em 1889, o Primeiro
Congresso Pan-americano, reunindo 18 nações em
Washington. Posteriormente, outros encontros
foram
promovidos
até
a
instituição
da
Organização dos Estados Americanos (OEA), em
1948. Essas alianças favoreceram à hegemonia
econômica e política dos Estados Unidos sobre o
continente americano.
Charge política do início do século XX, a qual faz
representação da Doutrina Monroe. De um lado,
o Tio Sam (EUA) exibe sua hegemonia na
América aos países europeus, representados no
outro lado do globo.
A conquista do oeste
Com relativa estabilidade política nacional e internacional, os norte-americanos iniciaram
um projeto de expansão territorial, cujas aquisições ocorreram através de acordos
diplomáticos, compra de extensas áreas, guerras contra os indígenas e os mexicanos.
O crescimento populacional, impulsionado pela ondas migratórias (ingleses, franceses,
eslavos), ajudou na necessidade de adoção de políticas de conquista de novas fronteiras.
O processo de expansão começou, 1803, quando o presidente Thomas Jefferson (18011809) comprou o estado da Louisiana pertencente à França. Devido aos preços baixos das
terras, houve uma intensa marcha para ocupação do oeste. Em 1819, aproveitando da crise
espanhola, a Flórida foi comprada pelos EUA.
Na década de 1840, muitos imigrantes europeus chegram aos Estados Unidos com o
desejo de enriquecer rapidamente. Esse fato acelerou a ocupação de Oregon (1840), que
mais tarde os norte-americanos adquiriram do governo britânico. Após a guerra contra os
64
333
mexicanos (1846-1848), foram anexados as regiões do Texas, de Utah, da Califórnia, do
Novo México, do Colorado, de Arizona e de Nevada.
A incorporação de milhões de quilômetros do oeste, deu-se à custa da dizimação de
milhares de indígenas provocada pela guerra, desnutrição e por dissiminação de doenças.
Em 1830, foi aprovada a Lei de Remoção dos Índios, que obrigou o deslocamento das
populações indígenas para reservas de terras do oeste.
Em 1853, os EUA compraram do México o território de Gadsden e do Império Russo, em
1867, adquiriram o Alasca. Dessa forma, os Estados Unidos iam ganhando nova
configuração territorial com proporções continentais e transformando-se num país
hegemônico no continente.
A EXPANSÃO TERRITORIAL DOS ESTADOS UNIDOS ATÉ 1853
ARRUDA, José Jbson de A. Atlas histórico básico. 17 ed. São Paulo: Ática, 2007. P.23.
A Guerra de Secessão
O processo de expansão das fronteiras contribuiu para a abertura de novas regiões
agrícolas e a formação de extenso mercado consumidor, o qual beneficiou a economia
industrial dos estados do Norte. Foi criado uma rede de transportes (ferrovias, barcos a
vapor) para escoamento de mercadorias e produtos industrializados. Em contrapartida, a
economia dos estados sulistas continuavam agroexportadora, ou seja, pautavam-se na
produção de trigo, cana-de-açúcar, tabaco e algodão.
As divergências políticas entre sulistas e nortistas vão ser ampliadas ainda mais com a
questão das distribuição de terras. A burguesia industrial do norte, percebeu que os
minifúndios do Oeste favoreceu à elevação do consumo e à oferta itens alimetícios. Por isso,
eram favoráveis à política de barateamento das terras estatais. Enquanto, os sulistas
discordavam com essa política, uma vez que observavam que as pequenas propriedades
constituíam um obstáculo à escravidão. Esses entraves colaboraram para a eclosão da
Guerra de Secessão (1861-1865).
65
334
Na década de 1860, o expansionismo foi paralisado por um intenso conflito civil,
resultado das contradições de dois modelos de desenvolvimento. Os interesses econômicos,
sociais e políticos dos estados do sul confrontavam-se com os anseios da burguesia nortista.
Os nortistas defendiam uma política alfandegária fundamentada na elevação de tarifas
com objetivo de proteger os produtos de suas indústrias, já os sulistas defendiam a redução
das taxas para deixar mais baratos as mercadorias importadas. A aristocracia agrária do sul
também reclamava que o governo federal investia mais nos estados do Norte, através de
construção de ferrovias, portos e estradas.
A questão da abolição do trabalho escravidão consituiu outro sério impasse entre o
Norte e o Sul. Os fazendeiros defendiam a mão de obra escrava e o desenvolvimento da
plantation. Já os nortistas eram favoráveis à pequena propriedade e ao trabalho livre.
O embate político entre dois modelos socioeconômicos ficaram mais nítidos nas eleições
presidenciais de 1860, quando os cadidatos Abraham Lincoln (Partido Republicano, defensor
da abolição e política protecionista), e o escravocrata John Breckinridge (Partido
Democrata), confrotaram-se na campanha eleitoral. A vitória de Lincoln desencadeou o
conflito civil. A Carolina do Sul, Alabama, Texas, Flórida, Geórgia e Mississípi retiram-se da
União e formaram os Estados Confederados da América. Outros estados integraram-se
ao grupo: Louisiana, Virgínia, Arkansas, Carolina do Norte e Tennessee. Os separatistas
elegeram Jefferson Davis como presidente dos confederados.
A guerra começou, em 1861, quando os Confederados atacaram o Forte Sumter. Em
resposta, sob o comando de Lincoln, os estados da União que possuíam um número de
soldados quatro vezes maior, contra-ataca. Com o objetivo de fragilizar os sulistas, Lincoln
aboliu a escravidão, em 1863. Além disso, estabeleceu a Lei do Confisco, que permitia
aos nortistas apreender os bens usados em benefício dos confederados.
Dada a superioridade econômica e populacional, o norte derrotou os confederados,
encerrando a guerra civil em 1865. O resultado da guerra foi cruel: aproximadamente 600
mil americanos mortos. Os invetimentos bélicos arruinaram a economia do Sul.
A Batalha de Gettysburg, de James Ives e Nathaniel Courrier. (Biblioteca do Congresso Washington, EUA).
O desafio dos EUA agora consistia em reconstruir o país. Abraham Lincoln, reeleito
presidente, não chegou a cumprir esse projeto, pois foi assassanido em 1865. Os estados
sulistas foram reintegrados à União e foram obrigados a aceitar o direito de voto aos afro-
66
335
descendentes, o fim do trabalho escravo e supremacia política do Norte. Assim, a guerra
fortaleceu a economia dos nortistas, consolidando o setor industrial e tornando o país numa
das maiores potências capitalistas do mundo.
A hegemonia militar nortista e a questão da abolição instigaram reações entre os
conservadores sulistas. Esse ressentimento motivou o surgimento da Ku klux Klan ou KKK,
organização racista e segregacionista que pregava a violência, o terror e a perseguição
contra os afro-americanos. O objetivo era impedir a integração social dos negros após a
abolição.
Em 1872, essa associação racista foi banida dos Estados Unidos. Porém, ainda atuou até
meados do século XX. A KKK defendia a prevalência dos brancos protestantes sobre os
católicos, os judeus, os imigrantes e os negros. O grupo chegou a possuir na década de
1920, 4 milhões de integrantes, entre eles delegados, políticos e policiais.
Desenvolvimento econômico e o Big Stick
Com o término da Guerra da Secessão e reorganização nacional, os Estados Unidos
entraram numa fase de grande crescimento econômico. A enorme área conquistada
transformou-se numa extensa produtora agrícola, suficiente para manter em dia a demanda
de mercado interno e direcionando também para o exterior. O setor industrial teve elevados
índices de lucros. O eficiente sistema ferroviário e de comunicação foram essenciais para
que esse quadro de desenvolvimento industrial e agrícola fosse mantido. Além disso, as
políticas protecionista, a grande quantidade de matérias-primas e a instalação de um
sistema bancário norte-americano.
A existência de um amplo mercado consumidor, modernização agrícola, recursos naturais
disponíveis em abundância, mão de obra barata, terras disponíveis e as políticas financeiras
contribuíram para que os Estados Unidos entrassem no rol das nações mais poderosas do
planeta.
No final do século XIX, a política externa dos Estados Unidos dedica-se às questões da
América Central e da América do Sul, buscando motivar a economia interamericano e se
colocar como potência imperialista no cenário mundial.
Fundamentados na Doutrina Monroe e na política do presidente Theodore Roosevelt
(1901-1909), os norte-americanos promoveram articulações com o intuito de alcançar o
domínio na América Central. A política internacional de Roosevelt teve como base a
interferência nos assuntos econômicos e políticos internos das nações latino-americanas,
apoiando os governos aliados e derrubando os
oponentes
estadunidense.
Essas
medidas
intervencionistas foram cahamadas, a partir de
1904, de big stick (“grande porrete”).
As intervenções dos Estados Unidos na América
Latina solidificaram-se ao longo do século XX. A
forte influência militar e política norte-americana
nas questões internas dos países caribenhos foram
nomeadas de República das bananas (bananas
republics). Esse termo faz referência aos produtos
primários exportados (bananas, café) e por essas
repúblicas estarem subjugadas aos interesses dos
Estados Unidos.
Os norte-americanos envolveram-se no processo
de independência cubana (1898), quando houve a
assinatura da Ementa Platt que permitia os
Estados Unidos interferirem em Cuba a fim de
manter a “estabilidade e a independência”. Houve
também a instalação de uma base naval em
Guantánamo.
Em 1903, os Estados Unidos apoiaram os
Charge publicada na revista norte-americana Judge
panamenhos na separação da Colômbia, o que
Magazine representa o presidente Roosevelt trajado como
um jogador de beisebol, sustentando o big stick, que
garantiu a construção do Canal do Panamá. No
metaforiza sua política internacional para a América
final de 1999, o canal passou a ser administrado
central.
pelo governo do Panamá.
67
336
TEXTO COMPLEMENTAR
Uma nova liberdade nas palavras de Lincoln
O Discurso de Gettysburg é um dos grandes discursos proferidos na língua inglesa, o
mais conhecido discurso de Lincoln, possivelmente o mais importante presidente
americano, e um discurso político essencial para a história americana e da democracia
ocidental.
O assunto principal do discurso é a nova Democracia a instituir após a Guerra Civil,
com a participação dos negros libertos da escravatura, não sendo preciso mais do que
reafirmar os objectivos do sistema político criado com a Revolução Americana de 1777:
Um governo do povo, pelo povo e para o povo, consagrado ao princípio de que todos
os homens nascem iguais.
Há 87 anos, os nossos pais deram origem neste continente a uma nova Nação,
concebida na Liberdade e consagrada ao princípio de que todos os homens nascem
iguais.
Encontramo-nos atualmente empenhados numa grande guerra civil, pondo à prova se
essa Nação, ou qualquer outra Nação assim concebida e consagrada, poderá perdurar.
Eis-nos num grande campo de batalha dessa guerra. Eis-nos reunidos para dedicar uma
parte desse campo ao derradeiro repouso daqueles que, aqui, deram a sua vida para que
essa Nação possa sobreviver. É perfeitamente conveniente e justo que o façamos.
Mas, numa visão mais ampla, não podemos dedicar, não podemos consagrar, não
podemos santificar este local. Os valentes homens, vivos e mortos, que aqui combateram
já o consagraram, muito além do que nós jamais poderíamos acrescentar ou diminuir
com os nossos fracos poderes.
O mundo muito pouco atentará, e muito pouco recordará o que aqui dissermos, mas
não poderá jamais esquecer o que eles aqui fizeram.
Cumpre-nos, antes, a nós os vivos, dedicarmo-nos hoje à obra inacabada até este
ponto tão insignemente adiantada pelos que aqui combateram. Antes, cumpre-nos a nós
os presentes, dedicarmo-nos à importante tarefa que temos pela frente – que estes
mortos veneráveis nos inspirem maior devoção à causa pela qual deram a última medida
transbordante de devoção – que todos nós aqui presentes solenemente admitamos que
esses homens não morreram em vão, que esta Nação com a graça de Deus venha gerar
uma nova Liberdade, e que o governo do povo, pelo povo e para o povo jamais
desaparecerá da face da terra.
Abraham Lincoln,
19 de novembro de 1863,
Pensivânea, Estados Unidos
Discurso disponível em http://www.arqnet.pt. Acesso em 04 de junho de 2011.
Após a leitura do discurso proferido por Abraham Lincoln, comente a relação entre a
Nação e Liberdade feita pelo presidente norte-americano.
68
337
FAZENDO HISTÓRIA
1. Comente os mais importante desdobramentos da Conquista do Oeste para os EUA?
2. Leia atentamente os textos a seguir.
Texto 01
“Cada conquista territorial foi antecipada pela ocupação de colonos. A marcha para o Oeste
ete imbuída de um sentimento religioso-nacionalista, que considerava ecolha divina fazer
dos Estados Unidos uma nação poderosa, capaz de levar seus ideais de liberdade e
democracia a regiões inóspitas, a outros Estados e demais povos. Tal concepção recebeu o
nome de Destino Manifesto”.
NOGUEIRA, Fauto Henrique Gomes; CAPELLARI, Marcos Alexandre. História: Ensino Médio.
São Paulo: Edições SM, 2010. (Coleção ser protagonista). p.498.
Texto 02
“A expansão territotiral dos Estados Unidos não causava (...) maior alvoroço nas
chancelarias europeias. (...)
(Contudo) A maior parte do mundo, e especialmente a Europa, estava aos Estados Unidos,
porque neste período (1848-75) vários milhões de europeus haviam emigrado para lá, e
porque sua grande expansão territorial e extraordinário progresso fizeram-no rapidamente o
milagre técnico do planeta. (...)
E dentro dos Estados Unidos, o sonho revolucionário estava longe de desaparecer. A
imagem da república era a de uma terra de igualdade, democracia, talvez de liberdade
anárquica, oportunidade ilimitada, tudo isto mais tarde chamado de “destino manifesto” da
nação. (...)”
Eric Hobsbawn. A era do capital: 1848-1875. 3 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p.154-155.
a) Quais os interesses que impulsionaram os Estados Unidos expandir as fronteiras para o
oeste?
b) Em que consiste o Destino Manifesto?
3. Explique as principais causas e consequencias da Guerra de Secessão para os Estados
norte-americanos.
4. O general Philip Sheridan (1831-1888), que participou da Guerra de Secessão norteamericana, afirmou: “Os únicos índios bons que vi estavam mortos”. Comente o sentido
dessa dessa frase no contexto do processo de conquista do oeste no século XIX.
69
338
5. Indique pelos menos dois pontos em que os sulistas e os nortistas divergiam, fatores que
provocaram a Guerra de Secessão.
6. Aponte as medidas tomadas por Abraham Lincoln que acabaram contribuindo para a
vitória dos estados do Norte contra os Confederados do Sul.
7. Explique o que era a política externa do big stick. Que países mais foram atingidos por
essas medidas?
8. Leia o trecho a seguir, extraído do discurso do presidente dos Estados Unidos norteamericano James Monroe proferido no Congresso em 1823.
“É impossível que as potência aliadas estendam seu sistema político a qualquer porção
de qualquer continente sem pôr perido nossa paz e nossa felicidade; niniguém tampouco
acreditará que nossos irmãos do sul, entregues a si mesmos, o adotem voluntariamente.
É também impossível, portanto, que consideremos tal intervenção com indiferença.”
MONROE, James. Citado por KARNAL, Leandro et al. História dos Estados Undiso:
das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2008. p.106.
a) Segundo o trecho acima, que assunto é abordado no discurso de James Monroe?
b) De acordo com o documento, qual o posicionamento dos Estados Unidos perante a
intervenção dos países europeus nas repúblicas hispânicas?
c) O Discurso de Monroe era direcionado às potências estrangeiras. Que motivo levou
os norte-americanos a se colocarem como “protetores” da América? Comente.
70
339
QUESTÕES DE VESTIBULARES
1. (FATEC-SP) Sobre a Guerra de Secessão, ocorrida em meados do século XIX, nos
Estados Unidos, é correto afirmar:
a) com a vitória dos estados do Norte sobre os estados do Sul, a servidão foi abolida e
foi adotada uma política protecionista.
b) Abraham Lincoln, eleito a presidente pelos sulistas, tentou evitar a guerra com o
Norte, que era totalmente contrário à abolição da escravatura no país.
c) os estados do Norte, predominantemente agrícolas, defendiam uma política de livre
comércio, enquanto os estados do Sul, industrializados, reivindicavam uma política
protecionista.
d) os estados do Norte, por não fabricarem armas ou navios, foram bloqueados pelos
estados do Sul e impedidos de exportar seus produtos e de receber ajuda externa.
e) os nortistas obtiveram alguns êxitos iniciais nessa guerra, mas, graças à
superioridade populacional, industrial e financeira dos sulistas, terminaram derrotados.
2. (UFMG) Leia este trecho de documento:
Odeio-a porque impede a nossa República de influenciar o mundo pelo exemplo da
liberdade; oferece possibilidade aos inimigos das instituições livres de taxar-nos, com razão,
de hipocrisia e faz com que os verdadeiros amigos da liberdade nos olhem com
desconfiança. Mas, sobretudo, porque obriga tantos entre nós, realmente bons, a uma
guerra aberta contra os princípios da liberdade civil. Discurso de Abraham Lincoln, em 1859.
Nesse trecho de discurso, Abraham Lincoln, que seria eleito Presidente dos Estados
Unidos no ano seguinte, faz referência:
a) à política de segregação racial existente nos estados do sul dos Estados Unidos, que
gerou a formação de organismos voltados ao extermínio dos negros, à destruição de
suas propriedades e a atentados constantes contra suas comunidades.
b) à posição dos estados do sul de defesa intransigente de tarifas protecionistas, o que
levava os Estados Unidos a comprometer a crença na liberdade de mercado, numa
conjuntura de predomínio do capitalismo liberal.
c) à questão da escravidão, que levou a uma guerra civil, nos Estados Unidos, entre o
Norte, industrializado, e o Sul, que lutava para preservar a mão de obra escrava nas
suas plantações de produtos para a exportação.
d) à defesa, pelos imigrantes, do extermínio dos índios nas terras conquistadas a oeste,
especialmente após a edição do "Homestead Act", visando ao desenvolvimento da
agricultura e da pecuária naquelas áreas.
3. (UFPE-Alter.) "O sistema político dos poderes aliados é essencialmente diferente do
vigente na América. (…) Nós devemos, portanto, declarar com simplicidade em vista das
relações amistosas existentes entre os Estados Unidos e aqueles poderes, que
consideraremos qualquer tentativa se sua parte para estender seu sistema a qualquer
parte deste hemisfério como perigosa para nossa paz e segurança". Monroe, 02-12-1823.
Analise as proposições apresentadas, no que se refere aos fatores que levaram o
Presidente James Monroe a enunciar esta mensagem.
I. Havia uma preocupação dos EUA com a sua própria segurança, devido à política
defendida pela Santa Aliança em relação aos regimes republicanos.
II. O governo norte-americano concordava com Bolívia que defendia uma América
unida, forte e solidária, capaz de enfrentar futuros colonialismos.
III. Existiam projetos expansionistas, nos EUA e interesse em garantir um comércio livre
com os demais países independentes da América, ameaçados pelas antigas
metrópoles.
IV. Norte-americanos e ingleses tinham interesses comuns na América e, por isto,
formularam nota conjunta contra a Santa Aliança, tendo a Inglaterra prestado apoio
à mensagem de Monroe.
71
340
V. Países da América Latina pediram aos EUA proteção contra a Inglaterra que
planejava o total controle do comércio externo e interno desses países.
4. (UFMS-Alter.) Sobre a conquista territorial do Oeste dos Estados Unidos da América,
conhecida como a expansão para o Far West (Extremo Oeste), pode-se afirmar que:
I. ocorreu paralelamente à Guerra da Secessão.
II. esteve ligada, entre outros fatores, à exploração de minérios e à expansão da
agropecuária.
III. esteve ligada a uma intensa imigração e ao crescimento das estradas de ferro.
IV. foi nesse período que todos os povos indígenas que viviam no território
estadunidense, os povos nativos, consolidaram definitivamente a posse sobre suas
terras.
V. ocorreu imediatamente após a independência das 13 colônias inglesas, ainda no final
do século XVIII.
5. (FUVEST-SP) A incorporação de novas áreas, entre 1820 e 1850, que deu aos Estados
Unidos sua atual conformação territorial, estendendo-se do Atlântico ao Pacífico, deveuse fundamentalmente:
a) a um avanço natural para o oeste, tendo em vista a chegada de um imenso
contingente de imigrantes europeus.
b) aos acordos com as lideranças indígenas, Sioux e Apache, tradicionalmente aliadas
aos brancos.
c) à vitória na guerra contra o México que, derrotado, foi obrigado a ceder quase a
metade de seu território.
d) à compra de territórios da Inglaterra e Rússia que assumiram uma posição
pragmática diante do avanço norte-americano para o oeste.
e) à compra de territórios da França e da Espanha que estavam, naquele período,
atravessando graves crises econômicas na Europa.
6. (UFF) Imbuídos da moral protestante e movidos pelo sonho de uma nova vida
proveniente das transformações industriais européias, os pioneiros da marcha para o
oeste iniciaram a grande obra de povoamento do território norte-americano e de
reconhecimento de suas riquezas. Considerando-se o aspecto histórico do alargamento
de fronteiras nos Estados Unidos, pode-se dizer que a marcha para o oeste:
a) foi o marco inicial da expansão da economia norte-americana, uma vez que os
pioneiros eram organizados pelo Estado e deveriam auxiliá-lo na eliminação dos
índios.
b) significou a abertura de um conflito entre os vários tipos de pioneiros e teve como
conseqüências a Guerra de Secessão e a autonomia dos Estados da federação norteamericana.
c) teve como repercussões, apenas, a matança dos índios e a fabricação de heróis dos
filmes de far-west.
d) revelou um território rico que teve condições de ser ocupado graças à aliança entre os
pioneiros e os índios.
e) constituiu um dos marcos da identidade homem-terra na construção da nação norteamericana, possibilitando o alargamento do território.
7. (UEL) Sobre os Estados Unidos no século XIX, considere as afirmativas:
I.A “Marcha para o Oeste” efetuou-se com conflitos com os povos nativos das regiões
ocupadas, empurrando-os mais para oeste ou mesmo exterminando-os.
II. Após a independência, a maior fonte de controvérsia política foi a definição do alcance
do poder do Estado Nacional (União), em relação aos poderes dos estados da federação.
III.A expansão territorial dos Estados Unidos efetuou-se através da aquisição de terras
de outros países (Louisiana, Flórida), pela guerra (Texas, Califórnia, Novo México) e
acordo diplomático (Oregon).
IV.Os governos dos Estados Unidos combateram a imigração estrangeira, exigindo vistos
de entrada e punindo severamente os que entravam ilegalmente no país.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
72
341
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
8.(UEM) Ao longo do século XIX, os Estados Unidos da América viveram um grande
crescimento populacional e uma expansão territorial. Tais fatos conduziram a uma “marcha
para o Oeste”, imortalizada no cinema pelos filmes de “faroeste”. Sobre os Estados Unidos
da América no século XIX, assinale a alternativa incorreta.
a) As disputas entre o Norte, industrialista e protecionista, e o Sul, livre-cambista e
escravista, desencadearam conflitos que conduziram à Guerra de Secessão.
b) A distribuição de terra a estrangeiros, autorizada em 1862, acelerou a ocupação
rumo ao Pacífico e a conquista de terras indígenas.
c) Ao longo da segunda metade século XIX, os EUA viveram um grande crescimento
econômico. Entre os ramos industriais que mais cresceram, destacam-se as
indústrias têxtil, siderúrgica e metalúrgica.
d) A incorporação do Texas conduziu a uma guerra contra o México. Após a guerra, os
EUA anexaram Nevada, Califórnia, Utah, Arizona e Novo México.
e) A vitória da União (estados do Norte) sobre os Estados Confederados (Sul) colocou
fim aos conflitos raciais nos Estados Unidos e possibilitou a construção de uma
“Democracia Racial” na América.
9.(UFCE) Com a adoção da política do Big Stick, os EUA, no governo de Theodore Roosevelt,
inauguraram uma prática de intervenção, inclusive armada, em especial nos países latinoamericanos, onde o capital estadunidense tornou-se hegemônico. Em decorrência desta
política, é correto afirmar que:
a) a intervenção dos EUA na América Central foi rejeitada pelos movimentos populares,
como as revoluções sandinista e mexicana.
b) a política do Big Stick foi amplamente rechaçada pelo governo brasileiro graças ao
apoio político e financeiro da Inglaterra e da França.
c) o governo estadunidense favoreceu o Paraguai na guerra contra a Argentina pelo
controle da região petrolífera do Chaco, onde atuava a Standard Oil Co.
d) os movimentos populares apoiados na luta e no pensamento político de José Martí
evitaram que Cuba, logo após a independência, se tornasse um protetorado dos EUA.
e) a República do Panamá proclamou sua independência da Colômbia em 1903,
tornando-se um protetorado dos EUA, e, em 1914, foi inaugurado um canal ligando o
Atlântico ao Pacífico.
10.(FGV) A Ku Klux Klan representa, entre as organizações de segregação racial, uma das
mais conhecidas. Surgida e proibida na segunda metade do século XIX, ainda hoje tem
adeptos que a fazem ressurgir em atos isolados e, muitas vezes, apenas simbólicos. Sobre
a KKK é correto afirmar que:
a) foi uma resposta de intimidação à vitória do Sul na Guerra de Secessão e à abolição
dos escravos nos EUA.
b) é uma organização que se inicia no norte dos EUA, após o assassinato de Lincoln,
representando o interesse dos republicanos feridos pela derrota na Guerra de
Secessão.
c) sua criação está relacionada ao repúdio se setores segregadores sulistas à aprovação
de 138 e da 148 Emendas Constitucionais, que buscaram definir as relações interraciais nos EUA, após a Guerra de Secessão.
d) constituiu uma organização secreta, de segregação racial, responsável pela
campanha e pela vitória de Lincoln nas eleições presidenciais de 1860, pelo partido
republicano.
e) foi uma resposta, dos negros sulistas, a uma política de interação racial, autoritária e
desigual, proposta pelos Estados Confederados.
73
342
OLHARES HISTÓRICOS
•
Livros
Estados Unidos: a formação da nação. KARNAL, Leandro. São Paulo, Contexto, 2002.
(Coleção Repensando a História)
A guerra civil norte-americana. EISENBERG, Peter Louis. São Paulo: Brasiliense, 1998.
A formação dos Estados Unidos. NARO, Nancy Priscilla Smith. São Paulo, Atual. 2000.
(Coleção Discutindo História)
A guerra da Secessão dos Estados Unidos. CLARK, Philip. São Paulo: Ática, 1991.
Os índios norte-americanos. Cinco séculos de luta e opressão. SOLA, José Antônio.
São Paulo: Moderna, 2000.
•
Cinema
Dança com Lobos
(1990, EUA, Direção de Kevin Costner)
Filme sobre os dilemas de um oficial norte-americano num posto
avançado da fronteira, nos anos de 1860. O personagem acaba se
encantando com a cultura indígena e passa a viver entre os indígena.
Duração de 180 minutos.
... E o vento levou (1939, EUA, Direção de Vitor Flemming)
A guerra de Secessão, no sul dos Estados Unidos, contada de maneira épica pelo
envolvimento de uma sulina com um conquistador.
Butch Cassidy (1969, EUA, Direção de George Roy Hill)
Dois bandidos no Velho Oeste dos EUA são perseguidos pelas forças da lei e fogem para a
Bolívia.
Cold Mountain (2003, EUA, Direção de Abthony Minghella)
Filme sobre o fim da Guerra civil norte-americana, mostrando a
desagregação do exército confederado. Duração de 155 minutos.
74
343
A Era dos Impérios
Entre o final do século XIX até a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o mundo foi
impactado por densas alterações. Nessa época, as nações industrializadas deram início a
uma nova etapa do capitalismo, denominada de imperialismo, política de partilha de
territórios entre as potências capitalistas.
Enquanto os italianos e os alemães lutavam em prol de sua unificação, alguns países do
continente europeu, o Japão e os Estados Unidos colocavam em prática uma política
denominada de imperialismo. As regiões africanas, asiáticas e latino-americanas foram
subjugadas aos interesses militares, econômicos, políticos e culturais dos estados
imperialistas.
Ilustração de uma propaganda de Sabão da década de 1890, na Inglaterra, que repassa a ideia de que os brancos seriam
os reponsáveis pela limpeza e higiene de outros de outros grupos sociais, no caso, os africanos.
A Revolução Técnico-científico
Para maior parte dos estudiosos, a expansão do capitalismo foi impulsionada pelas
profundas mudanças tecnológicas que nortearam a Segunda Revolução Industrial,
conhecida também como Revolução Técnico-científica, devido as profundas transformações
desencadeadas a partir de 1870.
As moficações proporcionadas pela Segunda Revolução Industrial alterou
consideralvelmente o ritmo de produção, pois houve a introdução de novos recursos
energéticos, como a eletricidade e o petróleo. Houve também várias pesquisas tecnológicas
que visavam dinamizar a produção de bens, permitindo o aceleramento econômico. A união
entre ciência e tecnologia foram fundamentais para o avanço do capitalismo e para
implementação de novidades no cotidiano da sociedade industrializada.
75
344
Inúmeras inovações tecnológicas foram introduzidas nas potências capitalistas
ocidentais, entre o motor de explosão, o telefone, os corantes sintéticos, a produção de aço,
desenvolvimento nos transportes (locomotivas e trens mais eficientes), aperfeiçoamento
dos navios transoceânicos, melhoria e ampliação na automatização das máquinas, novas
indústrias nas áreas de siderurgia e metalurgia, melhorias consideráveis nos serviços
públicos, como o fornecimento de energia elétrica. Nos grandes centros urbanos, a
iluminação pública tornou-se o símbolo da modernidade. Os bondes e as locomotivas
elétricas dinamizou enormente o deslocamento das pessoas.
Outros meios de comunicação evoluíram ligeiramente, como o telégrafo, o linotipo e o
cinema. No campo da medicina, desenvolveram-se novas vacinas e o tratamento para
muitas endemias. Essas descobertas reduziu as taxas de mortalidade, o que contribuiu
para o crescimento demográfico. Assim, o mundo tornava-se cada vez mais dinâmico, as
distâncias iam se reduzindo, o homem criou técnicas e mecanismos com objetivo de
garantir seu bem-estar, enfim, as incríveis transformações impuseram novos hábitos e
cotumes, era consolidação do modelo capitalista.
No texto a seguir, o autor elenca uma série de inovações tecnológicas e produtos
desenvolvidos no final do século XIX e começo do XX.
“(...) o veículos automotores, os transatlânticos, os aviões, o telégrafo, o telefone, a
iluminação elétrica e ampla gama de utensílios eletrodomésticos, a fotografia, o cinema,
a radiofusão, a televisão, os arranha-céus e seus elevadores, as escadas-rolantes eos
sistemas metroviários, os parques de diversões elétricas, as rodas-gigantes, as
montanhas-russas, a seringa hipodérmica, a anestesia, a penicilina, o estetoscópio, o
medidor de pressão arterial, os processos de pausterização e esterilização, os adubos
artificiais, os vasos sanitários como descarga automática e o papel higiênico, a escova de
dente e o dentifrício, o sabão em pó, os refrigerantes gasosos, o fogão a gás, o
aquecedor elétrico, o refrigerador e os sorvetes, as comida enlatadas, as cervejas
engarrafadas, a Coca-Cola, a aspirina, o Sonrisal e, mencionada por último mas não
menos importante, a caixa registradora.”
Nicolau Sevcenko. Introdução. In _____ (org.). História da vida privada no Brasil:
da Belle Époque à era do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 198. V. 3, p. 9-10.
O intenso ritmo de produção, entretanto, gerou duas necessidades essenciais: a busca
por mercado consumidor e a permanente procura por matérias-primas. A partir de então,
foi instaurada uma divisão econômica internacional entre as nações produtoras de bens de
consumo e os estados consumidores dos materiais industrializados e fornecedores básicos
de matérias-primas. Foram essas determinantes, que contribuiu para a “partilha do planeta”
entre as potências industrializadas.
Capitalismo monopolista
O processo de expansão industrial fundamentou-se na aquisição de matérias-primas para
suprir as fábricas em pleno desenvolvimento e, simultaneamente, após industrializados, os
produtos e bens seriam disponibilizados para que as pessoas adquirissem, aumentando,
dessa forma, o mercado consumidor.
As grandes empresas que investiram em novas tecnologias passaram a produzir
mercadorias em larga escala. As empresas de pequeno porte não tinham condições de
competir com o grau de produtividade das maiores, pois detinham poderosas máquinas e
avançadas técnicas de produção. Por isso, muitas fábricas decretaram falências e outras
foram vendidas a grupos de investidores maiores. Originam-se, desse modo, o
conglomerados ou fusão de empresas.
O processo de concentração empresarial contribuiu para a formação de trustes,
holdings e cartéis. O truste consiste na fusão de várias empresas, as quais são
comandadas por um mesmo administrador. A Holding coonstitui numa grande empresa
criada para administrar as subsidiárias com a detenção majoriárias das ações. Nesse caso
as empresas não se fundem. Essa prática resultou no domínio de todas as etapas de
produção e comercialização, desde a captação de matérias-prima até a fase de distribuição
e venda dos produtos, como o objetivo de monopolizar o mercado. O cartel é formado
76
345
quando empresas autônomas (donos diferentes) de um mesmo setor se reúnem ou
estabelecem um acordo, tais como o tabelamento de preços, os meios de pagamentos das
mercadorias, a segmentação estratégica do mercado e os preços de compras das matériasprimas. Todos esses procedimentos eram executados para eliminar a concorrência.
As grandes empresas passaram a depender de enormes quantias de capital para investir
cada vez mais em seus negócios. Os bancos, nesse momento, surgem com os grandes
financiadores. De acordo com os historiadores, os interesses industriais e bancários se
convergiram, impulsionando o surgimento do capitalismo monopolista ou financeiro.
Ideologia do “progresso”
Paulatinamente, o dia a dia das pessoas, especialmente as que moravam nos centros
urbanos, começou a modificar. O impacto dessas alterações se deu em vários aspectos: o
dinamismo cotidiano, pautado na instaneidade e na permanente tensão; mudanças
substanciais nos hábitos e costumes, entre os mais destacados: a frequência ao cinema,
conversa ao telefone e ouvir os fonógrafos; inserção de novas práticas de consumo, como
comprar móveis sofisticados e tomar café; hábitos higiênicos passaram a ser valorizados e
as pessoas criaram padrões de limpeza individual; variadas atividades esportivas foram
desenvolvidaas, como futebol e as regatas.
Toda essa modernidade se propagou nos principais centros urbano, irradiando para as
várias regiões os referenciais e valores de saúde, serviços, trabalho, cultura, educação e
inovações tecnológicas. As mudanças foram tão impactantes que o ideal de civilização e
progresso se vinvularam fortemente às zonas urbanas, enquanto que as símbolos do
tradicionalismo e “atraso” continuaram associadas às regiões rurais. Nesse contexto, houve
um rápido crescimento exagerado da população urbana.
Nessa época foi criada a utopia de que o homem caminhava permanentemente para o
sucesso material, trilhando um contínuo caminho de progresso tecnológico e científico. Essa
percepção foi usada para justificar às ocupações feitas pelas potências europeias nos
continentes africano e asiático. Difundia-se, assim, a ideologia do “fardo do homem branco”
que consistia na necessidade de levar o ideal civilizatório a todos os cantos do mundo.
As ideias evolucionistas de Charles Darwin foram aplicadas como ideologia pelos países imperialistas,
contribuindo para alcerçar o denominado darwinismo social. Na imagem, missionários belgas no Congo.
“Assim sendo, a sensação de superioridade que uniu os brancos ocidentais – rico, classe
média e pobres – não se deveu apenas ao fato de todos eles desfrutarem de privilégios
de governante, sobretudo quando efetivamente estavam nas colônias. Em Dacar ou
Mombaça, o mai modesto funcionário era um amo e era aceito como gentleman pó
rpessoas que nem teriam notado sua existência em Paris ou Londres.”
HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios: 1875-1914.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p.107.
77
346
Conceitos de imperialismo e Neocolonialismo
O termo imperialismo é originário do latim e significa “possuir o poder de controlar”.
Historicamente, correspondeu a um processo de expansão, consquista e exploração
econômica de várias regiões africanas e asiáticas. Essa etapa alcançou maturidade entre
1875 e 1914, quando o capitalismo encontra-se plenamente consolidado. Nessa época,
houve, também, imposições políticas e culturais promovidas pelos Estados dominantes.
Para o historiador Heinz Gollwitzer, o imperialismo pode ser definido como uma
extensão da política nacional num âmbito internacional, dessa forma ele comentou:
“Por volta de 1900, o Imperialismo era coniderado como um prolongamento da política
nacional no quadro da política internacional. A palavra tinha acabado por significar
construir um império como base em aquisições coloniais; deenvolver a marinha e o
exército como instrumentos desta política. O Imperialismo consistia, também, em
desenvolver as exportações e os invetimentos no estrangeiro em proveito da economia
nacional.”
GOLLWITZER, Heiz. O Imperialismo Europeu: 1880-1914.Liboa: Verbo, 1969. p.11-12.
Sob o aspecto geral, o imperialismo adquiriu o sentido de opressão, intolerância e
etnocentrismo. Pode-se acrescentar outros elementos, tais como: a subjugação de vários
povos, espoliação econômica e deseorganização de culturas seculares.
Já o termo neocolonialismo faz referência a fixação dos europeus nas regiões africanas
e asiáticas, comumente estabelecendo relações econômicas, políticas e administraticas nas
áreas ocupadas. Vários historiadores traçam um paralelo entre o colonialismo da época
moderna e a colonização do século XIX. O primeiro fundamentava-se no amadurecimento
dos Estados absolutistas, no tráfico de escravos, nos intensos mercados de especiarias, nas
atividades agrárias e no extrativismo mineral. Já o neocolonialismo foi deenvolvido a fim de
contemplar os interesses da burguesia industrial-financeira, sequiosa por novos mercados
consumidores, matéria-prima e obtenção de novas áreas de aplicação de capitais
excedentes.
O Imperialismo situa-se numa fase de grande euforia nacionalista e forte concorrência
entre as potências industrializadas. O extremo dessa política impulsionou os países
europeus a formarem grandes impérios.
O apogeu da política imperialista foi atingido nas últimas décadas do século XIX, quando
houve a multiplicação de empresas que concentravam enorme capital, instaurava-se, assim,
a etapa do capitalismo monopolista, como vimos anteriormente. Na tabela, a seguir, podese perceber como ficou distribuídas as colônicas nessa época.
País
Inglaterra
França
Alemanha
Portugal
EUA
Japão
Turquia
Rússia
Espanha
Dinamarca
Países Baixos
Itália
Império Austro-Húngaro
Colônias
50
33
13
9
6
5
4
3
3
3
3
2
2
Fonte: “Pelos Caminhos da História”.Adhemar
Campos. Positivo: Paraná. p.306.
Nesse quadro geral, os franceses e os ingleses detinham mais colônias, pois suas ações
imperiais tiveran início no século XVIII. No caso de Portugal, apenas mantiveram as antigas
posses. Os norte-americanos possuíam áreas de influências na América Central e alguma
78
347
colônias no Pacífico. Alemanha e Itália foram as últimas a entrarem na corrida imperialista
devido ao processo de unificação e afirmação na Revolução Industrial. Diante disso, esses
países ficaram com fragmentos territoriais no continente africano, o que gerou uma política
de insatisfação por parte do governo alemão, o que o levou a ocupar algumas regiões
próxima ao domínio francês e inglês.
O Imperialismo fundamentou-se em ideais racistas e preconceituosos, uma vez que
houve desprezos às culturas dos povos dominados, que eram considerados “selvagens”,
“atrasados” e “inferiores”. No final do século XIX surgiram vários paladinos ideológicos que
serviu como suporte para as práticas imperialistas, entre eles, a teoria evolucionista de
Charles Darwin. Essa visão que os europeus detinham uma “cultura e povos superiores”
legitimou os interesses imperialistas.
O Darwinismo social deu base científica às ações violentas e de dominação imperialista.
Ideologicamente, seus seguidores acreditavam que existiam raças humanas mais superiores
ou capacitadas que outras. O darwinismo social constituiu na antropologia biológica, que
marcou fortemente o século XIX.
As fases do Imperialismo, segundo Vladimir Lênin
I.A concentração de produção e capital, em tão alto grau de desenvolvimento, que cria
monopólios que desempenham um papel decisivo na vida econômica;
II. a fusão do capital do bancário com o capital industrial, originando o “capital
financeiro” e uma oligarquia financeira;
III. a exportação do capital, diferente da exportação de mercadorias, torna-se de
fundamental importância;
IV. a formação de consórcio de monopólios internacionais de capitalistas, que dividem o
mundo;
V. O término da divisão territorial do mundo pelas maiores potências capitalistas
LÊNIN, Vladimir Ilitch. “O Imperialismo, fase superior do capitalismo”.
In: Obras escolhidas. São Paulo:Alfa-ômega, 1979. p.641-642.
A difusão das conquistas europeias pelo planeta significou o produto das mudanças que
começaram no final do século XVIII (primeira Revolução Industrial), e se expandiram com
muita intensidade na segunda metade do século XIX (segunda Revolução Industrial).
Diversos elementos contribuíram para isso, como vimos no início do capítulo: as
imensas
transformações
técnico-científicas,
aumento
populacional,
a
expansão
das
indústrias, a consolidação do capitalismo
financeiro e expansão das atividades comerciais
que estruturaram uma econômica munidalizada.
A Partilha da África
A exploração promovida pelas potências
europeias em regiões coloniais não denotava
algo novo como vimos anteriormente, uma vez
que desde a época da Expansão Marítima,
Portugal e Espanha desenvolveram esse tipo de
dominação. A maior parte das colônias, porém,
localizavam-se na América, que foi impactada
pelo processo de indenpendência política no
decorrer do século XIX. Já a dominação europeia
no contexto da expansão de mercados na África
e na Ásia ficou conhecida como neocolonialimo.
Antes do imperialismo do século XIX, o
imaginário europeu sobre os povos africanos era
marcado por esteriótipos: doenças, densas
florestas, muitos animais selvagens e muitos
mistérios. Na verdade, havia uma grande
articulação entre as regiões econômicas no
79
348
Religiosos alemães com um grupo de africanos na região
que correspondem atualmente a Camarões. As expediões
religiosas católicas e protestantes tiveram forte presença
na África. Fotografia de autor desconhecido, 1891.
deserto do Saara e seus limítrofes, que comprovam a exitência de muitas comunidades
históricas próprias, antes da ocupação europeia, especificamente durante o processo de
colonização do século XVI. A sintonia econômica das áreas africanas ocorria pelas rotas
comerciais das caravanas que percorriam vastas regiões do continente, estendendo-se à
Ásica e Europa. Desse modo, a percepção de um continente exótico foi se desfazendo aos
pouco, principalmente, no bojo da cobiça e ambição dos países europeus durante a etapa da
partilha da África.
O médico ecocês David Livingstone, missionário protestante e explorador, cruzou o continente africano, a partir de 1853, e fez
denúncias da escravidão na atual Zâmbia: “Nossa expedição é a primeira que o tráfico em todas as suas fases em seu local de
origem. Eu me sinto cada vez mais disposto a não permitir o comércio de escravos nas regiões que tenho percorrido”.
A exploração na África teve começou a ser desenvolvida na primeira metade do século
XIX. Com o suporte da Legião Estrangeira (tropa de mercenários), os franceses iniciaram
suas conquistas no norte africano, ocupando, em 1830, a Argélia. Em 1844, foi a vez de
Marrocos e, em 1854, o Sengal. Depois houve avanço para as regiões do Gabão e Guiné.
Já os ingleses dominaram os territórios que correspondiam desde o norte do Egito até a
África do Sul. Ao longo da década de 1880, foram anexados Sudão, Costa do Ouro, Nigéria
Quênia, Somália e Uganda.
Portugal praticamente manteve suas antigas colônias conquistadas nos séculos XV e XVI.
Os demais países europeus ainda conseguiram ocupar outras áreas. A Alemanha ocupou
parte da África oriental (atual Tanzânia), Namíbia e Camarões. A Itália invadiu a Líbia e
parte da Somália. A Bélgica dominou o Congo. Os espanhóis ficaram com o pequeno
território do Rio do Ouro.
Entre os anos de 1884 e 1885 realizou-se a Conferência de Berlim, sugestão do
chanceler alemão, Otto Von Bimarck. A pretensão dessa conferência era resolver alguns
impasses e oficializar a partilha da África. O objetivo seria definir acordos para evitar
possíveis litígios posteriormente quanto a divisão do continente africano. As 14 principais
potências europeias participaram desse encontro, além dos Estados Unidos, que não tinham
colônias na África, mas que constituía um país em plena ascensão. Visando traçar
regulamentações da expansão colonial na África, a divisão foi extremanente arbitrária. Não
foi levado em consideração os aspecto étnicos ou culturais dos povos, o que impulsionou a
desorganização de sociedades lá estabelecidas, o que contribuiu diretamente para os
múltiplos conflitos atuais em regiões africanas.
Entre 1870 e 1914, o continente africano se transformou em praticamente um
“patrimônio” europeu. Em 1900, mais de 90% do território africano estavam nas mãos dos
países europeus. Na divisão das terras, a maior parte ficou com a Inglaterra e a França,
como foi analisado no início deste capítulo.
80
349
Segundo vários historiadores, a partilha da África contribuiu para o estabelecimento de
um clima de tensão entre os países europeus, o que fica bem evidente em um trecho da Ata
Geral da Conferência:
“Art. 34 – A Potência que, de futuro, tome posse de um território nas costas do
continente africano situado fora das suas possessões atuais, ou que, não as tendo então,
venha a adquiri-las, e do mesmo modo uma potência que assuma um protetorado,
acompanhará a Ata respectiva duma notificação dirigida às outras potências signatárias
da presente Ata, a fim de as pôr em condições de valer, se disso for caso, as suas
reclamações. (...)”
Ata Geral, elaborada em Berlim a 26 de fevereiro de 1885, entre a França, Alemanha, Áustria-Hungria, Bélgica, Dinamarca,
Espanha, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Rússia, Suécia, Noruega e Turquia.
FREITAS, Gustavo de. 900 textos e Documentos de História. 2 ed. Liboa: plátano, s.d. v. III, p.170.
Um dos mecanismos utilizados pelos europeus para dominar os africanos foi o incentivo
aos atritos entre os grupos locais que, ao brigarem entre si, fragmentavam-se, facilitando a
subjugação. A colonização, ao instalar novas formas administrativas e políticas contribuiu
para o colapso das tradições africanas. Além dos interesses em matérias-primas e
exploração de minérios, os estados europeus contruíram estradas de ferro que faziam
conexões com portos localizados no litoral. Os trabalhadores eram submetidos a condições
desumanas.
ÁFRICA ANTES DA CONFERÊNCIA DE BERLIM (1880)
ÁFRICA DEPOIS DA CONFERÊNCIA DE BERLIM (1914)
A resistência africana
Os africanos não aceitaram facilmente a dominação imperialista. Houve lutas e
enfretamentos contra a subordinação colonial. Vale salientar, que as rebeliões anticoloniais
objetivavam restaurar a identidade tribal ou nacional, desconfigurada pela violência dos
conquistadores.
81
350
Um desses movimentos ocorreu em 1899, conhecido como Guerra dos Boêres (18991902), ocorrida na África do Sul. Os ingleses dominavam a região mais central, enquanto o
interior era controlado pelos bôeres ou africâners, descendentes de holandeses que tinham
ocupado a região desde o século XVII. Os bôeres se estabeleceram no território
interessados em utilizar a rota comercial para a Índia. Com o rápido avanço da Inglaterra,
os colonos foram obrigados a se deslocarem cada vez mais para o interior, onde
organizaram as repúblicas de Transvaal e de Orange. A descoberta de diamante e ouro na
região dos bôeres alterou substancialmente o cenário, pois os britânicos ampliaram sua
cobiça e iniciaram uma guerra aberta com o objetivo de controlar o território.
Os africanos resistiram à penetração inglesa, porém, depois de uma sangrenta luta
foram derrotados, em 1902. Muitos bôeres foram encacerados em campos de concentração.
Dessa forma, as áreas anexadas pela Inglaterra constituíram em 1910 a União Sul-Africana.
Em 1911, os brancos na União Sul-Africana, africâners e ingleses, formavam a menor
parte da população diante da maioria absoluta dos negros. Com receio que os negros
ameaçassem a dominação dos brancos foram instauradas medidas segragacionistas contra a
população negra. A política de preconceito racial foi oficializada em 1948, com a instalação
do apartheid, que siginifica em africâner “separação”.
Com essa lei, os cerca de 29 milhões de negros foram submetidos à dominação dos 5
milhões dos brancos. O apartheid proibia o acesso dos negros à propriedade privada e à
participação política. Além disso, eram impedidos de se casarem e estabelecer relações
sexuais com pessoas de outras etnias. Durante esse períoro, os negros na África do Sul,
foram confinados em guetos e sofreram todo tipo de humilhação.
O imperialismo da Ásia
As relações comerciais entre o Oriente (especialmente a Índia) e os europeus eram
bastante antigas. Algumas regiões forneciam especiarias, tecidos e outros variados
produtos, que atraíam interesses da Europa. Nesse sentido, durante a era das grandes
navegações (séculos XV e XVI), os portugueses colonizaram Damão, Goa e Diu (Índia), e
outras áreas asiáticas, como Timor Leste (Indonésia) e Macau (China). Em seguida vieram
os espanhóis, que se apossaram da Filipinas e o holandeseses, que dominaram Java
(Indonésia), transformando-a em sua colônia.
A partir do século XVIII, os ingleses já tinham forte influência no território indiano,
impondo regras e subjugando a população local, exercendo rígido controle administrativo e
político. Enquanto isso, os franceses se apropriaram da Indochina, localizada no sudesde
asiático. Já os alemães tomaram uma parte da Nova Guiné, no Oceano Índico, dividindo-a
com a Inglaterra.
Há duas diferenças básicas entre a exploração colonialista africana e o equivalente na
Ásia. A primeira distinção: o território asiático já era parcialmente conhecido no século XIX.
Assim, não estabeleceu, no sentido mais real do termo, a instauração de uma fase épica de
grandes aventuras. A segunda distinção: a região asiática era povoada por civilizações
milenares, as quais os europeus já conheciam há algum tempo, especialmente os ingleses,
que dominavam o subcontinente indiano.
O Imperialismo provocou
grandes tragédias, isso fica
bem perceptível nessa foto
de 1877, na qual percebese as dimensões
subumanas e cruéis que os
indianos viviam.
82
351
A conquista da Índia
A Índia era constituída por um conjunto de domínios, administrados por alguns marajás
que impunham sua autoridade a milhares de miseráveis. A partir do século XVIII, porém,
através da Companhia das Índias Orientais, a Inglaterra estabelece sua hegemonia na
região. Os britânicos detinham o monopóçio comercial sobre seda, tecidos de algodão, jóias
e outros produtos tipicamente indiano. Politicamente, essa empresa beneficiava-se das
rivalidades e atritos entre inúmeras casta e etnias para alcançar o poder.
Do ponto de vista administrativo, os britânicos assumiam os cargos de confiança, porém,
as atividades subalternas eram destinadas aos nativos. Em relação aos marajás, os ingleses
preferiu não mexer na estrutura social, o que consistiu num modo de cooptar as elites
locais, mantendo-as, com uma relativa autonomia.
A instalação do governo inglês na Índia alterou substancialmente as relações de trabalho.
Nessa perspectiva, os historiadores José Alves de Freitas Neto e Célio Ricardo
comentam:
“A concorrência entre os sistemas de produção industrializados dos ingleses e os trabalho
manufatureiros dos indianos alterou a vida dos indianos. Muitas pessoas não tinham
como manter seus antigos trabalhos. A chegada das estradas de ferro, entre os anos de
1840 e 1850, permitiu a integração territorial e acelerou as grandes plantações visando
ao mercado externo, com produtos como trigo, algodão e tabaco. As pequena
propriedades e a variedade de cultivos eram substituídas por grandes faixas de produção
voltadas para a exportação. Com isso, o preço da terra se elevou e muitas pessoas
perderam suas terras.”
História geral e do Brasil. NETO, Joe Alves de Freitas; TASINAFO, Célio Ricardo.
2ª Ed. São Paulo: HARBRA, 2011. p.602.
A introdução de mercadorias industrializadas modificou constumes e hábitos dos
indianos, que passaram a consumir os produtos metropolitanos. Seguindo a ótica
imperialista, os indianos forneciam matérias-primas e, em seguida, consumiam os produtos
industrializados. Este qaudro provocou insatisfação entre as elites e na população em geral.
Em 1857, os cipaios, soldados mercenários indianos que prestavam serviços à
Companhia inglesa, rebelaram-se. A Revolta dos Cipaios ou a Grande Rebelião foi
resultado da insastifação indiana e caracterizou-se por uma onda de rebeliões que se
propagaram nas áreas centrais e norte da Índia. O estopim para eclosão do conflito foi a
divulgação de que o novo rifle utilizado pelos exérctiro seria lubrificado com banha bovina e
suína. Essa notícia gerou descontentamento entre os hinduítas e islâmicos. Para seguidores
do hinduísmo, as vacas são animais sagrados e para os seguidores do islamismo, os suínos
são considerados impuros. Com o apoio da população local, os rebeldes assassinaram
muitos súditos ingleses. Essa tentativa de resistência contra a dominação britânica foi
reprimida em 1859, todavia, tornou um símbolo de luta, uma vez que contribuiu para
alterar a estrutura administrativa britânica.
Com dificuldades para administrar os conflitos internos entre os indianos, a Companhia
das Índias foi extinta e o controle foi transferido para a coroa inglesa, que passou a escolher
um representante da rainha, um Vice-Rei. Escolhido pelo parlamento inglês, o vice-rei,
nomeado em 1876, podia aceitar, em cargos de confiança, habitantes locais. A rainha Vitória
foi conclamada a “Imperatriz das Índias”.
O Império nipônico
O processo de ocupação da China e do Japão possui algumas peculiaridades. No
imperialismo no século XIX, as potências capitalistas impuseram práticas e costumes que
alteraram profundamente essas duas civilizações.
Os primeiros contatos dos japoneses com os ocidentais ocorreram no século XVI, no
contexto da expansão marítima quando os portugueses e espanhóis pretendiam instalar
missões na região. Os nipônicos reagiram, e fecharam os portos aos estrangeiros em 1648.
Sustentando por uma estrutura feudal, o Japão manteve-se isolado até a era dos impérios.
No século XVII, os japoneses alcançaram a unidade política, passando a viver sob o
domínio de um xogum (líder militar e político), mas, hierarquicamente, estavava
subordinado ao imperador que possuía poderes praticamente simbólico. Em fins do século
83
352
XVII, o isolacionismo aumentou com a chegada ao poder da dinastia do xogunato
Togunawa, também conhecida como feudalismo de Togunawa. Nessa época, a economia
japonesa era essencialmente agrária e a estrutura social marcada pela existência de
grandes latifundiários. Apesar das dificuldades existentes, o comércio interno desenvolveuse. A sede de poder do xogum era a cidade de Edo, enquanto o imperador fica instalado na
cidade de Kyoto.
A política de isolamento só termina em meados do século XIX. Em virtude de vários
problemas internos, o xogunato entre em derrocada. A partir de então, o Japão passará por
uma série de transformações.
No período de sua expansão, os Estados Unidos necessitavam de bases de apoio no
Pacífico para seus navios. Assim, em 1854, os norte-americanos ameaçaram bombardear a
capital japonesa caso o governo não liberasse alguns portos ao comércio internacional.
Apesar das pressões dos Estados Unidos, os japoneses foram inflexíveis. Depois de alguns
pedidos e bajulações feitas às autoridades nipônicas, houve a assinatura de tratados
comerciais que oficializou a abertura dos portos às nações estrangeiras (Estados Unidos,
França, Inglaterra e Rússia). Esse ato promoveu o começo da europeização do Japão.
Após a queda da dinastia Togunawa, em 1867, o poder foi transferido para um grupo de
samurais (nobreza guerreira). O restabelecimento do poder imperial foi comandado pelo
Imperador Matsuhito, que implantou uma série de reformas na sociedade japonesa.
Investimentos em educação (abertura de escolas), nas forças armadas (serviço militar
obrigatório) e adoção do calendário cristão ocidental e outras
As intensas modificações sociais (crise das estruturas feudais), econômicas (processo de
industrialização) e políticas (instauração de regime parlamentar bicameral, modelo
germânico) redefiniram os rumos do Japão. Tais transformações receberam o nome de
Revolução ou Era Meiji, em referência aos 45 anos de governo do imperador Mutsuhito,
conhecido como o “imperador iluminado”. Diante desse quadro de mudanças, já nas últimas
décadas do século XIX, o Japão despontava como uma potência industrial.
Semelhante aos países industrializados ocidentais, o Japão desenvolveu uma política
imperialista no continente asiático. Devido à pobreza de recursos minerais e fontes
energéticas, além da busca de
mercado consumidor, os japoneses
lançaram-se na corrida imperialista
no extremo oriente. A população do
Japão saltou de 39,5 milhões de
habitantes em 1888 para 55 milhões
na segunda década do século XX.
Com um poderoso exército e frota
naval, o Japão declarou guerra à
China em 1894. A guerra sinojaponesa (1894-1895) foi vencida
pelo Japão, que no final anexou a ilha
de Taiwan (atual Formosa) e a região
da Manchúria.
O forte Império Russo, que
também tinha interesses sobre a
Manchúria, não se conformou e
declarou guerra aos japoneses. Em
1904, teve início a Guerra RussoJaponesa. A guerra acabou em
A
industrialização
japonesa
implicou
numa
série
de
transformações, entre elas a expressa construação de ferrovias.
1905, com a vitória dos japoneses.
Na imagem, a primeira estrada de ferro, qua fazia a ligação entre
Tal acontecimento demonstrou o
Tóquio e Yokohama, inaugurada em 1872. Xilogravura de autoria
poderio do Japão e ao mesmo tempo
desconhedida, século XIX.
a falência do czarismo na Rússia.
A China
Atualmente a China é uma das principais potências econômicas do planeta e conta com
uma população que ultrapassa 1,3 bilhão de habitantes. Na época do imperialismo, a China
já chamava atenção pela sua densidade demográfica e, obviamente, suas fascinantes
riquezas. Os chineses ficaram fechados por muito tempo para o Ocidente.
84
353
No início do séxulo XIX, a China era governada pela Dinastia Manchu, que estava
debilitada devido às rebeliões camponesas e conflitos políticos internos. A China constituía
um mercado consumidor em potencial, além disso possuía um subsolo rico em minerais.
Esses fatores atraíram a cobiça dos países ocidentais. As transações comerciais entre
chineses e os europeus eram realizados através de Hong Kong. Através desse porto a
Companhia das Índias Orientais contrabandeava o ópio, produzido pelos britânicos na Índia
e na Birmânia. Apesar da proibição em vários países, o governo inglês aprovou a
comercialização do ópio. Diante dessa intensificação do tráfico ilegal, os chineses reagiram
com a apreensão de 20 mil caixas da droga, no Porto de Cantão, em 1839. Era o início da
Guerra do Ópio (1839-1842).
Insatisfeitos com atitude e com o
comprometimento do promissor comércio,
os
ingleses
enviaram
tropas
para
combatê-los. Derrotados em 1842, o
chineses foram tiveram que aceitar o
Tratado de Nanquim, o qual obrigou o
governo chinês abrir seus cinco portos ao
comércio britânico, ceder Hong Kong
(devolvido à China em 1997) e tratamento
jurídico especial aos cidadãos ingleses que
não podiam ser punidos por leis chinesas.
Posteriomente, os norte-americanos e os
franceses também alcançarão vantagens
comerciais.
Em contestação aos governantes
manchus que flexibilizaram o mercado
A ilustração faz referência ao Imperialismo na China. As
chinês ao imperialismo, nacionalistas da
principais potências (Grã-Bretanha, Alemanha, França,
China promoveram, em 1853, na região
Japão e Rússia) dividem a China em zonas de influência.
de Yang Tsé, a Revolta dos Taipings
Edição de 16 de janeiro de 1898 do Le Petit Journal.
(1851-1864). Os Taipings chegaram a
dominar importante áreas chinesas. Para sufocar os rebeldes, os líderes manchus pediram
apoio das forças estrangeiras, ampliando ainda mais a presença internacional no território
chinês. Outras revoltas aconteceram, entre elas, a Guerra dos Boxers (1900-1901).
No decorrer da Guerra Sino-japonesa (1894-1895), a China foi dividida entre
Alemanha, França, Japão, Inglaterra e Rússia. O território chinês ficou distribuído por áreas
de influências. Essa situação só chegou ao fim em 1912, com o estabelecimento da
República.
As conquistas europeias não se limitaram à China e à índia, diversas outras regiões
foram também apossadas. Os franceses dominaram parte do sudeste asiático (Vietnã e
Camboja), e os ingleses anexaram a Birmânia, o Oriente Médio e o Afeganistão.
A Oceania
A Oceania foi dominada pelas potências europeias e pelos Estados Unidos. A espoliação
do continente teve início em 1815, quando os ingleses conquistaram a Nova Zelândia, a
Austrália e outras diversas ilhas. Já a Nova Guiné, ficou dividida entre holandeses, alemães
e ingleses. Os franceses se apossaram das ilhas de Taiti e Nova Caledônia. A Holanda
conquistou os territórios de Java, Sumatra e Bornéu. Os norte-americanos dominaram
regiões estratégicas para suas pretensões imperialistas, tais como as ilhas de Guam, O
Havaí e Mamila (Filipinas).
A América Latina
No continente americano, mesmo sem haver novas incursões territoriais, a hegemonia
imperialista ocorreu através da influência econômica e política.
Depois do processo de emancipação das colônicas hispânica e portuguesa na primeira
metade do século XIX, a América Latina sofreu dupla influência, ou seja, os Estados Unidos
e da Inglaterra.
85
354
No decorrer do século XIX, os ingleses manteviveram forte controle econômico nos
países sul-americanos, explorando muitas riquezas naturais
e vendendo produtos
industrializados. Na virada do século, entretanto, os Estados Unidos passam a encarar com
os ingleses a hegemonia na região.
Como vimos no capítulo 22, os norte-americanos exerceram grande influência na
América Central, que veio a fomentar a Doutrina Monroe nessas regiões. Sob o uso do
discurso de auto-determinação dos povos, no século XIX, os norte-americanos realizaram
intervenções militares no Panamá, na Nicarágua e em Cuba. Tal postura teve continuidade
ao longo século XX.
86
355
TEXTO COMPLEMENTAR
O Imperialismo e o pensamento racial no século XIX
Até o período da “corrida para a África”, o pensamento racista competia com muitas
ideias livremente expressas que, dentro do ambiente geral de liberalismo, disputavam
entr e si a aceitação da opinião pública. Somente algumas delas chegaram a tornar-se
ideologias plenamente desenvolvidas, isto é, sistemas baseados numa única opinião
suficientemente forte para atrair e persuadir um grupo de pessoas e bastante ampla para
orientá-las nas experiências e situações da vida moderna. Pois a ideologia difere da
simples opinião na medida em que se pretende detentora da chave da história, e em que
julga poder apresentar a solução dos “enimas do universo” e dominar o conhecimento
íntimo das leis universais “ocultas”, que supostamente regem a natureza e o homem.
Poucas ideologia granjearam suficiente proeminência para sobreviver à dura concorrência
da persuasão racional. Somente duas sobressaíram-se e praticamente derrotaram toda
as outras: a ideologia que interpreta a hitória como uma luta econômica de classes, e
que interpreta a história como uma luta natural entre raças. Ambas atraíram as massas
de tal forma que puderam arrolar o apoio do Estado e se estabelecer como doutrinas
nacionais oficiais. Mas, mesmo além das fronteiras dentro das quais a ideologia racial e a
ideologia de classes formaram moldes obrigatórios de pensamento, a opinião pública
livre as adotou de tal modo que não apenas os intelectuais, mas até grances massas,
rejeitam apresentações de fato, passados ou presentes, que não se ajustem a uma
delas.
A extraordinária força de persuasão decorrente das principais ideologias do nosso
tempo não é acidental. A persuasão não é possível sem que o seu apelo corresponda às
nossas experiências ou desejos ou, em outras palavras, a necessidades imediatas.
Nossas questões, a plausibilidade não advém nem de fatos científicos, como vários
cientistas gostariam que acreditássemo, nem de leis históricas, como pretendem os
historiadores em seus esforços de descobrir a lei que leva as civilizações ao surgimento e
ao declínio. Toda ideologia que se preza pe criada, mantida e aperfeiçoada como arma
política e não como doutrina teórica. (...). Seu aspecto científico é secundário. Resulta da
necessidade de proporcionar argumentos aparentemente coesos, e assume
características reais, porque seu poder persuasório fascina também a cientistas,
desinteressados pela pesquisa propriamente dita e atraídos pela possibilidade de pregar
à multidão as novas interpretações da vida e do mundo. É graças a esses pregadores
“científicos”, e não a quaisquer descobertas científicas, que não há praticamente uma
única ciência cujo sistema não tenha tido profundamente afetado por cogitações raciais.
(...) E, se, para dar (um exemplo), a teoria (...) que dizia serem as tribo selvagens
resíduos em decomposição dos antigos povos, se houvesse ajustado tão bem aos
mecanismos políticos do século XIX quanto a teoria do progresso, provavelmente pouco
teríamos ouvido falar de “seres primitivos”, e nenhum cientista teria perdido seu tempo à
procura do “elo que faltava” entre o macaco e o homem. A culpa não da ciência em si,
mas de certos cientistas não menos hipnotizados pela ideologias que o seus concidadãos
(...).
ARENDT, Hanna. Origens do Totalitarismo: antissemitismo, imperialismo, totalitarismo.
São Paulo: Comanhia das Letras, 1989. p. 189-190.
1. Comente os principais pontos abordados pela autora sobre o processo de expansão do
capitalismo no século XIX. Qual o perfil argumentativo desenvolvido por ela?
87
356
FAZENDO HISTÓRIA
1. “O Imperialismo não só deixou um sabor amargo onde se instalou, como também
queimou com ácido e perfumou com enxofre três continentes. Chegou como um
vendaval, destruindo sociedades milenares e construindo um mundo de angústias sobre
as ruínas de milhões de seres humanos. (...) O efeito foi demolidor e a fome
assassinoumilhões de pessoas.” (BRUIT, Héctor H. O Imperialismo. São Paulo: Atual, 1986. p.58 e 63)
Com base no texto, comente as principais razões que contribuíram para o surgimento
do imperialismo no final do século XIX e quais as seqüelas deixadas nas regiões
espoliadas.
2. (UNICAMP) No século XIX, surgiu um novo modo de explicar as diferenças entre os
povos: o racismo. No entanto, os argumentos raciais encontravam muitas dificuldades:
se os arianos originaram tanto os povos da Índia quanto os da Europa, o que poderia
justificar o domínio dos ingleses sobre a Índia, ou a sua superioridade em relação aos
indianos? A única resposta possível parecia ser a miscigenação. Em algum momento de
sua história, os arianos da Índia teriam se enfraquecido ao se misturarem às raças
aborígenes consideradas inferiores. Mas ninguém podia explicar realmente por que essa
ideia não foi aplicada nos dois sentidos, ou seja, por que os arianos da Índia não
aperfeiçoaram aquelas raças em vez de se enfraquecerem.
(Adaptado de Anthony Pagden, Povos e Impérios. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 188-194.)
a) Segundo o texto, quais as incoerências presentes no pensamento racista do século
XIX?
b) O que foi o imperialismo?
3. Leia o texto abaixo.
“(...) o fato maior do século XIX é a criação de uma economia global única, que atinge
progressivamente as mais remotas paragens do mundo, uma rede cada vez mais densa
de tranações econômicas e movimentos de bens, dinheiro e pessoas ligando os países
desenvolvido entre si e ao mundo não desenvolvido (...). Sem isso, não haveria um
motivo especial para que os Estados europeus tivessem um interesse algo mais que
fugaz nas questões, digamos, da bacia do rio Congo, ou tivesem se empenhado em
disputas diplomáticas em torno de algum atol do Pacífico. (...)”
Eric Hobsbawn. A era dos impérios. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. P.95.
a) Que elementos impulsionaram à expansão do capitalismo e à industrialização
mundial?
b) Qual a relevância da exportação de capitais para a organização das empresas da
Europa.
4. (UNICAMP) Ao exaltar o imperialismo inglês, Rudyard Kipling escreveu em um de seus
poemas: "Aceitai o fardo do homem branco, Enviai os melhores dos vossos filhos,
Condenai vossos filhos ao exílio, Para que sejam os servidores de seus cativos."
a) Como esses versos de Kipling explicam o imperialismo inglês?
b)Quais as áreas mais cobiçadas pelo imperialismo inglês e por quê?
88
357
5. (UNICAMP-SP) A biologia era essencial para uma ideologia burguesa teoricamente
igualitária, pois deslocava a culpa das desigualdades humanas da sociedade para a
natureza. As vinculações entre biologia e ideologia são evidentes no intercâmbio entre a
eugenia e a genética. A eugenia era essencialmente um movimento político, que
acreditava que as condições do homem e da sociedade só poderiam melhorar através do
incentivo à reprodução de tipos humanos valorizados e da eliminação dos indesejáveis. A
eugenia só passou a ser considerada científica após 1900, com o surgimento da genética,
que parecia sugerir que o cruzamento seletivo dos seres humanos segundo o processo
mendeliano era possível.
(Adaptado de Eric Hobsbawm, A Era dos Impérios: 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992, p. 351-353.)
a) Quais as implicações políticas do desenvolvimento da genética, no início do século
XX?
b) Relacione a ciência do final do século XIX e a política externa européia do período.
6. (UNICAMP-SP)
Mapas extraídos de H. L. Wesseling. Dividir para dominar: a partilha da África, 1880-1914.
São Paulo: Revan/Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ, 1998, p. 462-463. (Adaptado).
a) A que processo histórico os mapas acima se referem?
b) Quais os interesses dos europeus pela África, nesse período?
c) Caracterize o processo de descolonização da África.
7. A “superioridade” branca está clara no poema The White Man´s Burden, de Rudyard
Kipling, escrito em 1898 como um apelo aos EUA, então apenas no início de sua
afirmação como potência expansionista, mas essa ideologia também se encaixa
perfeitamente aos europeus.
“Tomai o fardo do Homem Branco, enviai os teus melhores filhos –
Ao exílio entrelaçados para servir às faltas de teus cativos;
Para esperar em duro ofício, gentes agitadas e selvagens –
Vossos recém-conquistados, fastientos povos
Meio demônios, meio crianças. (...)
Comente a percepção desenvolvida pelos imperialistas em relação aos povos dominados.
89
358
QUESTÕES DE VESTIBULARES
1. (FUVEST) Arthur de Gobineau, no seu Ensaio sobre as desigualdades das raças
humanas, de 1853, defendia a tese de que a decadência da humanidade era inevitável e
a atribuía à degeneração provocada pela mistura entre raças superiores e inferiores. Mais
tarde, teorias raciais, como as de Gobineau, associadas à compreensão simplificada e
deturpada das teses biológicas de Charles Darwin (1859) sobre a evolução das espécies,
ganharam força, em nome do chamado Darwinisno Social, para explicar desigualdades
sociais e entre os povos. Assim, o “racismo científico” servia como uma das justificativas,
no final do século XIX e início do XX, ao neocolonialismo, ou seja, às conquistas
europeias de territórios habitados por raças consideradas inferiores.
A partir do texto, pode-se afirmar que
a) a evolução das espécies de Charles Darwin indicava que a desigualdade entre os
homens era decorrente de suas raças.
b) o neocolonialismo foi a fase de conquistas territoriais que correspondeu às grandes
descobertas.
c) o Darwinismo Social serviu de base para práticas de conquista territorial e de
exclusão social, justificadas pela ciência.
d) as conquistas territoriais pelos europeus permitiram aos pobres de diversas
sociedades ascenderem economicamente.
e) a sobrevivência dos menos capazes era a grande motivação para as conquistas
territoriais europeias do final do século XIX.
2.Leia atentamente o documento a seguir.
Ata Geral da Conferência de Berlim – 26 de fevereiro de 1885.
“Capítulo I – Declaração referente a liberdade de comércio na Bacia do Congo.
...........................................
Artigo 6.o – Todas as Potências que exercem direitos de soberania, ou uma influência nos
referidos territórios, comprometem-se a velar pela conservação dos aborígenes e pela
melhoria de suas condições morais e materiais de existência, bem como a cooperar na
supressão da escravatura e sobretudo do tráfico de negros; elas protegerão e favorecerão,
sem distinção de nacionalidade ou de culto, todas as instituições e empresas religiosas,
científicas ou de caridade, criadas e organizadas para esses fins, ou que tendam a instruir
os indígenas e a lhes fazer compreender e apreciar as vantagens da Civilização.”
A Conferência de Berlim estabeleceu normas para a partilha e a exploração da África
Negra pelas potências colonialistas. A leitura do trecho transcrito:
a) demonstra que os interesses voltados para investimentos financeiros foram a tônica da
Conferência.
b) evidencia o fascínio que o exotismo da África exercia sobre os europeus.
c) explicita as intenções religiosas do imperialismo, reveladas na proteção à ação dos
missionários.
d) revela a ideologia do neocolonialismo ao se referir às “vantagens da Civilização”.
e) reflete a preocupação das potências capitalistas em manter a escravidão negra como
força de trabalho.
3.(UFTM) Assinale a alternativa que apresenta fatores que explicam as práticas imperialistas,
a partir da segunda metade do século XIX, pelas potências capitalistas.
a) Buscava-se controlar as regiões fornecedoras de mão de obra escrava e ampliava-se a
exploração de regiões mais afastadas com o objetivo de descobrir novas fontes
energéticas e comprar metais preciosos.
b) Precisava-se de mão de obra da África e da Ásia para trabalhar como colonos na zona
rural das potências europeias e realizar investimentos em áreas de urbanização, como
transporte, saneamento e ferrovias.
90
359
c) Diante da existência de capitais excedentes na Europa, procuravam-se novos mercados
consumidores, buscavase controlar regiões produtoras de matérias-primas e direcionar
para as áreas coloniais excedentes populacionais europeus.
d) Em função de um crescimento econômico sem precedentes na Europa, os capitais
excedentes precisavam ser aplicados em áreas que necessitavam de investimentos
humanitários, daí a escolha da África e da Ásia.
e) A Europa necessitava com urgência de metais preciosos, abundantes na África, e
conflitos religiosos obrigaram os governos da França e da Inglaterra a mandarem para
a Ásia parte dos religiosos mais radicais.
4.(VUNESP) O imperialismo colonial europeu do final do século XIX e início do século XX
mudou a geopolítica do continente africano, fragmentando-o em fronteiras representadas
pelo aparecimento de novos espaços linguísticos e novas dinâmicas espaciais e
econômicas.
Analisando o mapa, pode-se afirmar que:
a) em 1895, França, Grã-Bretanha, Portugal, Espanha, Alemanha e Itália fizeram um
acordo de divisão da totalidade do continente africano.
b) os impérios coloniais, a partir da Conferência de Berlim, dominaram a África para
instalar indústrias, visto que era algo inexistente na Europa.
c) os países envolvidos nesse processo necessitavam de mercados exteriores, matériasprimas agrícolas e minerais para compensar o declínio da industrialização na Europa.
d) a repartição da África foi um projeto civilizador europeu, que, para ser estabelecido,
exigiu a destruição social das oligarquias locais.
e) o imperialismo apoiou-se também nas rivalidades nacionalistas britânica, francesa e
alemã, que originaram novos espaços linguísticos na África.
5. (UFPE) A expansão capitalista no século XIX ficou conhecida como imperialismo, e o
domínio dos países europeus sobre a África e a Ásia foi denominado neocolonialismo. Sobre
o resultado da junção desses dois fenômenos – o imperialismo e o colonialismo – na África e
na Ásia, assinale abaixo a alternativa correta.
a) O imperialismo e o neocolonialismo ajudaram os povos africanos e asiáticos a saírem
de seu atraso secular, possibilitando-lhes o acesso ao progresso tecnológico.
b) A segunda revolução industrial, o capitalismo monopolista e os ideais de progresso
estão associados ao imperialismo, ao neocolonialismo e ao completo domínio dos
Estados Unidos, no final do século XIX.
91
360
c) Os maiores beneficiários de todo o domínio imperialista e do neo-colonialismo na
Ásia e África foi a classe operária européia, em face do pleno emprego da indústria.
d) Através do imperialismo e do neocolonialismo, as elites econômicas e políticas
inglesas construíram a imagem de que eram o modelo de cultura e civilização, a ser
imitado em todo o mundo.
e) Entre as nações da África, as que transferiram maiores quantidades de pedras
preciosas para a Inglaterra foram Angola e Moçambique, em razão do neocolonialismo.
6. (CESGRANRIO) Com a Conferência de Berlim em 1885, o Continente africano foi
partilhado entre as potências européias como França, Inglaterra, Alemanha, Itália,
Bélgica, Portugal e Espanha. O interesse pela matéria-prima que a África poderia oferecer
para abastecer a indústria europeia despertou o interesse dos empresários e
comerciantes da época. Esses agentes fragmentaram arbitrariamente o Continente,
impondo sua dominação. Essa forma de dominação foi acrescida do discurso ideológico,
segundo o qual:
a) o Continente africano recebia ajuda monetária dos países europeus em troca de
lealdade e de submissão.
b) o Continente africano produzia manufaturados e cultura exportável, enquanto, a
Europa fornecia mão de obra assalariada.
c) o paganismo africano seria substituído pela fé cristã que lhes proporcionaria o saber
próprio dos países desenvolvidos.
d) o ‘laissez faire, laissez passer’ deveria ser difundido pelo Continente, estimulando os
projetos industrializantes liberais e fomentando revolução industrial no território
africano para ampliar as relações capitalistas no mundo.
e) os países europeus contribuíam com a civilização, enquanto o Continente africano
partilhado oferecia matéria-prima e mercado consumidor aos produtos
industrializados europeus.
7. (PUC-RJ) “…Nós conquistamos a África pelas armas…temos direito de nos glorificarmos,
pois após ter destruído a pirataria no Mediterrâneo, cuja existência no século XIX é uma
vergonha para a Europa inteira, agora temos outra missão não menos meritória, de fazer
penetrar a civilização num continente que ficou para trás…”
(“ Da influência civilizadora das ciências aplicadas às artes e às indústrias”. Revue Scientifique, 1889)
A partir da citação acima e de seus conhecimentos acerca do tema, examine as
afirmativas abaixo.
II. A idéia de levar a civilização aos povos considerados bárbaros estava presente no
discurso dos que defendiam a política imperialista.
III. Aquela não era a primeira vez que o continente africano era alvo dos interesses
europeus.
IV. Uma das preocupações dos países, como a França, que participavam da expansão
imperialista, era justificar a ocupação dos territórios apresentando os melhoramentos
materiais que beneficiariam as populações nativas.
V. Para os editores da Revue Scientifique (Revista Científica), civilizar consistia em retirar
o continente africano da condição de atraso em relação à Europa.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente a afirmativa IV está correta.
b) Somente as afirmativas II e IV estão corretas.
c) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
92
361
OLHARES HISTÓRICOS
• Livros
Explorando a África. IBAZEBO, Isimeme. São Paulo: Ática. 1993.
Explorando a China. TAO, Wang de. São Paulo: Ática, 2001.
Explorando a Índia. GANERI, Anita de. São Paulo: Ática, 2002.
No tempo das certezas: 1890-1914. SCHWARCZ, Lilia; COSTA, Ângela. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000. (Col. Virando séculos)
•
Cinema
As montanhas da Lua (Estados Unidos, 1990). Direção de Bob Rafelson. O filme conta a
história de uma disputa entre um explorador e um oficial militar para encontrar a nascente
do rio Nilo, no final do século XIX. 135 minutos.
Kim (Inglaterra, 1984). Direção de John Davies. Baseado no romance homônimo de
Rudyard Kipling, o filme narra a história de um garoto mestiço na índia no final do século
XIX, durante a dominação inglesa. 135 minutos.
Passagem para a Índia (Inglaterra, 1984). Direção de David Lean. O filme trata do
cotidiano de britânicos que passaram a morar na Índia e do choque entre as culturas de
colonizados e colonizadores. 163 minutos.
•
Sites
O portal disponibiliza mapa de conceitos fundamentais relativos ao imperialismo no mundo.
De forma objetiva, o site faz uma abrodagem global do imperialismo.
Disponível em: http://www.claseshistoria.com/c-maps/mapa-imperialismo.html. Acesso em 28 de
junho de 2011.
93
362
Ideias, novas tecnologias e
cultura no século XIX
As reordanções econômicas, sociais e políticas no século XIX, a consolidação da burguesa,
as emancipações das Américas (Hispânica e Portuguesa), o intenso processo de
industrialização, as lutas por direitos políticos e civis no continente europeu, as diversas
teorias científicas e a expansão do capitalismo associados a outros fatores contribuíram para
uma série de transformações no jeito de agir e pensar o mundo naquela época.
O quadro cultural e do século XIX foi decisivo para a introdução de um novo tempo no
continente europeu, com desdobramentos que se estenderam também no século XX. Desse
modo, concepções liberais e socialistas tiveram fortes evidências no processo revolucionário
e nos processos políticos como o confronto entre os blocos capitalistas e socialistas, a
chamada Guerra Fria. Os preconteitos, ainda presentes nos dias atuais em vários países,
fundamentam muitos argumentos defendidos no século XIX.
Le conservatoire, pintura de Adouard Manet, considerado um das maiores expoentes do Impressionismo.
As teorias de intelectuais e criações desenvolvidas na época redefiniram os hábitos e
costumes de vida. Além disso, houve um aumento nos movimentos de reivindicações da
igualdade entre homens e mulheres, um intenso processo de urbanização, movimentos
artísiticos e literários, surgimento de novas tecnologias, variadas pesquisas científicas, e a
afirmação do ideal burguês, entre eles, o individualismo, novos modos de viver e
questionamentos dos de pensadores no século XIX.
O conhecimento científico
O Positivismo consistiu em uma das maiores correntes de penamento do século XIX. O
seu precursor, Augusto Comte (1798-1857), defendia que o saber científico só seria obtido
por meio de regras e métodos comprovados. Essas medidas seriam utilizadas para evitar as
possíveis abstrações ou falsas noções. O método positivista dava estímulo a obervação
94
363
empírica, a organização dessa pesquisa e, finalmente, a definição de leis gerais. Comte,
desse modo, estudou o percurso pelo qual a ciência passou e defendeu o permanente
progresso da ciência. A teoria comteana repercutiu amplamente em diveras áreas do saber
humano (História, Filosofia).
As descobertas científicas foram bastante intensas no século XIX, com variadas teorias e
trabalhos em diversificados ramos do saber. O resultado dessas inovações resultaram em
melhorias nas condições de vida dos indivíduos.
No campo da Física, em 1896, Henri Becquerel (1852-1908) descobriu a radiotividade,
que criou perspetivas de pesquisas posteriores que contribuíram para o aperfeiçoamento de
métodos diagnósticos.
Na Biologia, devido ao avanço científico do século XIX, a ciência médica toma novos
rumos. O biólogo e químico francês Louis Pasteur (1822-1895) elaborou estudos nas áreas
da microbiologia e da bacteriologia.
A partir de 1864, Pasteur pesquisou os motivos pelos quais determinados líquido, como o
vinagre e a cerveja, se modificavam, processo que até então a Química não havia
desvendado. Pasteur, no entanto, percebeu que as razões dessas alterações residiam nos
microrganismos. Nesses estudos, Pasteur também concluiu que a temperatura elevada de
um componente líquido até certo grau, acompanhado de rápido resfriamento, eliminavam os
micróbios. Em sua homenagem, o sistema recebeu o nome de pasteurização.
As descobertas de Pasteur acabou definitivamente com a teoria dos miasmas (partículas
invisíveis oriundas da putrefação de vegetais e de animais). Segundo Pasteur, grande parte
das doenças eram provinientes de microrganismo. Definia-se, assim, nova interpretação
sobre as causas das doenças.
As maiores medidas, entretanto, ocorreu nas tentativas de controlar os micróbios e
bactérias, pautadas em técnicas antissépticas e de esterilização advindas das pesquisas de
Pausteur. Além disso, os estudos de Pasteur foram essenciais para a adoção de ações
profiláticas e tratamento através de vacinas.
Nessa mesma época, Gregor Mendel (1822-1884)
desenvolveu os primeiros trabalhos no campo da genética.
Suas pesquisas, no entanto, foram publicadas apenas no
começo do século XX. Os conceitos fundamentais criados por
Mendel em contidas na lei de segregação ou pureza dos
gametas e na lei da segregação independente dos genes.
O inglês Charles Darwin (1809-1882) foi outro grande
expoente nos estudos biológicos. Em sua obra A Origem das
espécies, publicada em 1859, utilizou a ideia de seleção
natural. Darwin fez viagens de observação a algumas ilhas da
costa sul americana, e, fazendo análises sobre as espécie da
região, concluiu que várias tinham sido extintas e outras
readaptadas. Para ele, a evolução das espécies ocorre através
de um processo de seleção natural, ou seja, os mais fortes e os
que conseguem se adaptarem melhor ao meio natural tem
mais chances de sobrevivência. Em 1871, Darwin publicou A
origem do homem cujo texto defende a ideia de que exisitiria
um ancestral em comum entre os seres humanos e algumas O jovem Charles Darwin. Tela de
George Richmond, 1830.
espécies de pongídeos.
Essa teoria evolucionista provocou forte repercussão em várias áreas do conhecimento.
Em sociologia, surgiu uma corrente, denominada de darwinismo social, que defendia o
individualismo e a competição como mecanismos que determinariam a prevalência dos mais
evoluídos. O eurocentrismo, o racismo, a expansão capistalista em direção aos continentes
africanos e asiáticos, a crença na superioridade do homem branco e a hierarquização dos
povos, foram sutentados por esse pensamento.
As ideias darwinistas também contribuíram para a realização de pesquisas relacionadas à
eugenia, que consistia no estudo genético das raças, com a finalidade de preservar os
mais evoluídos e eliminar os considerados inferiores . O primo de Darwin, Francis Galton,
por exemplo, defendia a realização de uma seleção artificial, ou seja, que fosse
desenvolvida uma ciência específica para identificar os membros com melhores condições
biológicas (não-portadores de doenças degenerativas), para a procriação.
95
364
Na área de humanas, destacou-se Émile Durkheim (1858-1917) que criou contribuiu
enomermente para a afirmação da Sociologia como ciência. Sua teoria fundamenta-se no
conceito de fato social, que caracteriza-se por um acontecimento marcado pela
generalidade, coerção social e exterioridade. Em sua obra, O Suicídio (1897), avaliou os
índices e as pré-condições que levariam a prática de suicídios.
Outro sociólogo importante foi Max Weber (1864-1920), que aplicou métodos inovadores
em suas pesquisas sociais. Afirmava que era necessário analisar a sociedade por meio do
método compreensivo, também conhecido como tipo ideial. Weber desenvolve o conceito de
ação social e elenca as formas de dominação (legal, carismática e tradicional). Em sua obra
mais conhecida, A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904), faz uma análise da
relação entre capitalismo e religião.
Na psicanálise, o médico austríaco, Sigmund Freud (1856-1939) formulou uma
importante teoria que teve ampla repercussão nos estudos educacionais, nas ciências
humanas e nas artes. Freud observou vários pacientes e concluiu que havia nelas uma área
no interior da vida psíquica que nem sempre são recordados ou manifestados
conscientementes, que ele denonominou de inconsciente.
Avanço na medicina e as inovações tecnológicas
As teorias desenvolvidas no século XIX foram fundamentais para as melhorias higiênicasanitárias. A partir de então, várias medidas preventivas aplicaram-se ao combate das
doenças. Os governos passaram a criar departamentos de saúde pública, os quais
procuraram fazer um trabalho de limpeza
urbana e de saneamento, como formas de
conter os surtos epidêmicos.
Os órgãos públicos também investiram
em outros meios preventivos: a vacina. No
começo do século XX, o médico britânico
Edward Jenner, criou a vacina contra a
varíola, considerada uma das epidemias
mais devastadora da história. Jenner
observou que a secreção das erupções das
vacas contagiadas pela varíola bovina
poderia imunizar os homens, ao concluir
que as pessoas que ordenhavam o animal
infectado não contraíram a enfermidade. O
método usado por Jenner ficou conhecido
de “inoculação de braço em braço”. A Cena do momento em que o médico inglês Edward Jenner retira a secreção
imunização contra varíola, entretanto, de uma vaca com cowpox (nome dado a varíola bovina na época), para em
ser enjetada no braço de uma mulher. Imagem de autoria
acabou implicando a transmissão de outras seguida
deconhecida, publicada no Le Petit Journal, Paris, 1905.
doenças, como sífilis.
No decurso do século XIX ocorreram amplas e significativas transformações tecnológicas.
Inventos e descobertas impactaram o cotidiano das pessoas. Entre as novidades podemos
enumerar alguns, como: o telefone, inventado em 1876, cuja patente consta no nome do
norte-americano Alexander Graham Bell; o aprimoramento da lâmpada elétrica e a
criação da lâmpada encandescente (1878), resultados das experiências de Thomas
Edison; a difusão da iluminação pública; o sistema de códigos transmitidos por um fio
condutor, desenvolvido por Samuel Morse, daí o nome código de Morse; o surgimento do
telégrafo; ampliação dos meios de comunicação com a invenção do rádio (1896), feito
atribuído ao italiano Guglielmo Marconi. O seu aperfeiçoamento, todavia, ocorre somente na
década de 1920.
Literatura
No começo do século XIX, o romantismo constituiu a principal escola literária. Esse
movimento valorizou o sentimentalismo, o apego ao passado e a busca de referenciais.
Numa sociedade cada vez mais industrializada, o romantismo representou um contraponto à
realidade material vigente da época. Os escritores dessa escola, associaram a idealização de
um passado e um nascente nacionalismo. Os romancistas, ambientalizaram sua histórias na
época medieval, abordando atitudes míticas e heroicas. Como foi visto no capítulo 19, o
96
365
romantismo influenciou no processo de unificações italiana e alemã, na perspectiva que
contribuiu para a contrução da identidade nacional.
Os principais autores do romantismo foram: Alexandre Dumas, com o clássico da
literatura Os três mosqueteiros, publicado em 1844; Jacob e Wilhelm Grimm, com a
literatura de contos populares, destaque para o livro Contos de Fadas para as crianças e o
lar (1812); o dinamarquês Hans Christian Andersen que publicou diversos contos, dando
vida aos objetos inanimados; por fim, o historiador romântico Jules Michelet, que escreveu
o livro A feiticeira, em 1862.
Outros movimentos literários que surgiram em
meados do século XIX foram o realismo e o
naturalismo.
O realismo valorizava a realidade concreta e do tempo
presente, em oposição as subjetividades e o apego ao
passado. O realismo opõe-se, desse modo, ao
sentimentalismo e imaginação literária dos românticos.
Os realistas preferem elaborar uma narrativa mais
objetiva e reflexiva, preocupados em retratar o cotidiano
e os dilemas psicológicos e sociais dos homens. Os
escritores realistas sofreram influências das concepções
científicas e filosóficas, como as ideias deterministas, o
evolucionismo e até mesmo o pensamento socialista.
Os mais importantes intelectuais foram os franceses
Honoré de Balzac (1799-1850) e Gustave Flaubert(18211902), Stendhal (1783-1842), o russo Ivan Turgueniev
(1818-1883), o português Eça de Queirós(1845-1900),
os ingleses Charles Dickens (1812-1870) e Thomas
Émile Zola, óleo sobre tela de Édouard Manet, Hardy (1840-1928).
em 1868.
O movimento naturalista, de certo modo, radicalizou
com o realismo. O principal escritor foi o francês Émile Zola (1840-1902), que teve
repercussão pela forma que detalhava em suas obras a vida cotidiana dos pobres. Sua obra
mais conhecida foi Germinal, publicada em 1885, descreve as dificuldades vivenciadas
pelos mineiros. O livro O Vermelho e o negro foi a principal obra escrita por Stendhal. Já a
Balzac produziu uma obra com marcas peculiares da literatura realista, conhecida como A
comédia humana, a qual fazia descrições dos ambientes e os desejos ambiciosos dos
homens, mostrando os principais comportamentos da sociedade da época. O romance mais
conhecido de Flaubert foi Madame Bovary, classificado como imoral para os críticos da
época. Na Inglaterra, Charles Dickens escreveu romances que faziam denúncias contra as
desigualdades sociais, como David Copperfield e Oliver Twist.
Na Rússia, Dostoiewski (1821-1881) e Tolstoi (1828-1910) são considerados figuras
expressas da literatura realista. Os romances de Dostoiewski possuem forte densidade
psicológica. Suas principais obras foram Crime e castigo e os Irmãos Karamazov. Tolstoi
defendia as propostas do anarquismo. Escreveu dois clássicos do romance moderno: Ana
Karenina e Guerra e paz. Esta última foi adaptada para o cinema e recebeu o Globo de Ouro
de melhor filme estrangeiro, em 1957. Na Alemanha, a referência foi Thomas Mann (18751955), autor de Buddenbrooks, uma narrativa detalhada do cotidiano de uma tradicional
família de comerciantes germânicos.
Artes plásticas
Surgido no final do século XIX, o Impressionismo consistiu num movimento artístico,
cujas obras caracterizaram-se por um inconformismo e oposição aos padrões acadêmicos. O
impressionismo é considerado como a primeira manifestação do Modernismo.
As pinturas impressionistas tiveram início na França, por volta de 1830, com artistas
oriundos de várias regiões francesas. Com relativa influência do neoclassicismo, o artistas
pintavam ao livre, com a finalidade de captar as percepções imediatas e tonalidades claras
da natureza, em contraste com obras acadêmicas da época.
Os mais expressivos artistas do impressionismo foram Alfred Sisley, Camille Pissarro,
Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Adouard Manet e Edgard Degas. Posteriomente,
97
366
artistas como Cézame, Van Gogh, Seurat e Gauguin trouxeram inovadas concepções na arte
impressionista, causando forte repercussão com suas ousadas pinturas. Eles introduziram
novos conceitos de cor, sombra, luz e forma em suas obras.
Paul Gauguin questionou as verdadeiras benesses da civilização, que, segundo ele, impedia o indivíduo experimentar toda
intensidade dos sentimentos. A sua mudança para o Taiti, marcou fortemente a sua obra. Gostava de pintar a
exuberância da natureza, assim como as paiagens exóticas e selvagens são aboardados frequentemente em suas telas.
Nessa obra O Filho de um Deus nascido (1896, Munique), percebe-se facilmente a fusão da cultura ocidental com os
hábitos taitianos.
A situação das mulheres
Os direitos relativos às mullheres passaram por impoertantes debates ao longo do século
XIX. O desempenho da mulher nas sociedades industriais impulsionaram o surgimento de
vários movimentos que exigiam igualdade jurídica entre as pessoas. Esses fatores foram
fundamentais na redefinição da função das mulheres no contexto da época.
A padrão tradicional de sistema patriarcal, era aos poucos discutido entre os grupos
urbanos e as manifestações trabalhistas.
O movimento das sufragistas, ocorrido na Inglaterra, defendia o direito do voto feminino.
Participaram dessa manifestação as mulheres de classe média e poucas mulheres operárias.
Apesar da maior parte das mulheres conquistarem direitos políticos e sociais mais amplos
no século XX, fica evidente os movimentos do século XIX representaram um relevante papel
na concretização dos direitos feminino.
A Belle Époque
O termo Belle Époque (Época Bela) faz referência às transformações culturais, sociais e
tecnológicas ocorridas entre o fim do século XIX e as primeiras décadas do XX. A expressão
surgiu na França, após a Primeira Guerra, para caracterizar o período marcado pelo intenso
desenvolvimento material, artíticos e científicos.
Paris tornou-se cenário principal da Belle Époque, com seus hábitos requintados e estilos
refinados, concertos, cafés, salões, banquetes, intelectuais e artistas. A vida boêmia atingiu
seu apogeu nos famosos cabarés, como o Moulin Rouge, que o pintor francês Toulouse-
98
367
Lautrec(1864-1901) registrou com maestria em suas obras. A capital francesa transformouse na cidade dos teóricos, escritores, boêmios, centros culturais, passando a ser vista como
a cidade modelo para as demais cidades do planeta.
Salão na Rue dês Moulins, de Paris, óleo sobre tela pintado por Henri de Toulouse-Lautre em 1894. O artista pósimpressionista Lautrec viveu autenticamente como um boêmio. Ele frequentou assiduamente o Moulin Rouge e outros cabarés.
Suas obras retrata muito bem a vida boêmia parisiense. Morreu precocemente, em 1901, aos 36 anos de idade vítima de
alcoolismo e sífilis. O artista deixou centenas de pinturas, desenhos, gravuras e cartazes.
A Belle Époque criou muitas utopias e euforia entre os burgueses. Esse entusiasmo foi
impulsionado pelas invenções tecnológicas e descobertas científicas. Diante desse cenário
de prosperidade, propaga-se a ilusão de que as novas tecnologias solucionariam todos os
problemas humanos. Nesse período, surgiram o cinema, a bicicleta, telégrafo sem fio, o
avião, o telefone e o automóvel.
Nas decorações arquitetônicas e no design gráfico, destacaram-se o Art Nouveau (Nova
Arte), inaugurada, em 1895, pelo comerciante Siegfried Bing. Esse movimento teve
ressonância internacional, marcado pela inserção de ondulações e curvas, valorização de
elementos da natureza, como peixes, árvores e animais.
Os desvaneios da Belle Époque foram abalados com a início da Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), que gerou incertezas e desconfianças no ideal de permanente progresso
defendido pela burguesia.
99
368
TEXTO COMPLEMENTAR
A fotografia e os novos hábitos
(...) A fotografia (...) permitirá a democratização do retrato. Pela primeira vez a fixação,
a posse e o consumo em série de sua própria imagem estão ao alcance do homem do
povo. Tegistrada em 1841, a patente deste novo processo ofre uma série de melhorias
técnicas, ao longo dos dez anos subseqüentes. O tempo da pose vai se reduzindo aos
poucos, até a descoberta, em 1851, do registro espontâneo. (...) Os fotógrafos se
instalam até nas menores cidades; artistas forasteiros instalam até barracas na rua e
oferecem fotografias a um franco.
Ascender à representação e posse de sua própria imagem é algo que instiga o
sentimento de autoestima, que democratiza o desejo do atestado social. Os fotógrafos o
percebem muitíssimo bem. No interior do estúdio-teatro, abarrotado de acessórios, de
colunas, de cortinas, mesinhas, é o corpo inteiro que eles passam a registrar. Exageram
a ênfase, etimulam a distensão interior do fotografado; algun chegam a lançar, a partir
de 1861, a moda do retrato eqüestre. Esta teatralização das atitudes, dos gestos e das
expressões faciais, em uma palavra, da pose (...) invade pouco a pouco a vida cotidiana.
Milhões de retratos fotográficos difundidos e cuidadosamente inseridos em álbuns
impõem gestuais que renovam a cena privada; ensinam a olhar com novos olhos para o
corpo, especialmente as mãos. (...) A arte de ser avô, assim como o gesto de reflexão do
pensador, obedecem a partir de agora a uma banal encenação. (...)
O álbum de fotografias da família delimita a configuração da parentela e conforta a
coesão do grupo, então ameaçado pela evolução econômica. A irrupção do retrato no
seio de vastas camadas da sociedade modifica a visão das idades da vida, e, portanto, o
sentimento do tempo. (...)
Esteio da rememoração, a foto renova a nostalgia. Pela primeira vez, a maior parte da
população tem possibilidade de representar antepassados desaparecidos e parentes
desconhecidos. A juventude dos ascendentes com quem se convive no dia a dia torna-se
perceptível. Opera-se no mesmo processo uma mudança das referências da memória
familiar. De uma maneira geral, a possessão simbólica de outra pessoa tende a canalizar
os fluxos sentimentais, valoriza a relação visual em detrimento da relação orgânica,
modifica as condições psicológicas da ausência. A foto dos defuntos atenua a angústia de
sua perda e contribui para desarmar o remorso causado pelo desaparecimento.
CORBIN, A. O segredo do indivíduo. In: PERROT, M. (Org.). História da Vida Privada.
São Paulo: Companhia das Letras, 1991. v.4, p. 425-426.
Uma das mais importantes invenções do século XIX foi a fotografia. Esta pretendia a
pricípio reproduzir as imagens das pessoas mais ricas, mas com o tempo ela se popularizou.
Comente os principais aspectos apresentados pelo autor do texto quanto à relação entre a
fotografia e os novos hábitos introduzidos por essa nova criação.
100
369
FAZENDO HISTÓRIA
1. Leia atentamente o texto a seguir.
“O primeiro grau de riqueza de um salão é ter cortinas de veludo, de uma só cor ou
pintadas, um espelho de alto a baixo nas paredes, um CE pintado no teto, belo divãs de
seda descobertos, assoalho avermelhado et. O segundo é ter afrescos, com colunas e
espelhos recortando-os, emoldurados por cavalho decorado, duas, quatro ou eis
banquetas e poltronas recobertas de seda. O terceiro grau consiste em uma tapeçaria de
parede aveludada e tapetes otomanos ou caucasianos em cashmere ou com um selo
identificando sua recente fabricação. O quarto grau são tapeçarias pintadas, poltronas e
cadeiras recobertas em veludo. (...) Um piano é mais do que obrigatório.”
Mme. Celnart. Manual da senhora da caa. Enciclopédia Roret, 1839.
O texto apresentou algumas caracteríticas essenciais do “parecer burguês”. Cite as
principais práticas sociais de etiqueca consideradas tipicamentes burguesas
2. Explique como as descobertas e as teorias surgidas na Biologia, como a evolucionista, de
Charles Darwin, influenciaram os diversos campos do conhecimento.
3. Comente a principais características da Belle Époque.
4. Qual a importância da fotografia, para a preservação da memória?
5. Quais os principais inventos ou descobertas do século XIX ainda hoje são fortemente
utilizados?
6. Quais os mais destacados romancistas realistas europeu e suas principais obras?
7. Pesquise e escreva as semelhanças e as diferenças entre os estilos: impressionismo,
expressionismo e cubismo. Comente aspectos em relação às cores, técnicas e temáticas.
8. Quais as principais propostas da Art nouveau?
101
370
QUESTÕES DE VESTIBULARES
1. (UNESP) "É difícil acreditar na guerra terrível, mas silenciosa, que os seres orgânicos
travam em meio aos bosques serenos e campos risonhos".
("C. Darwin, anotação no Diário de 1839".)
Na segunda metade do século XIX, a doutrina sobre a seleção natural das espécies,
elaborada pelo naturalista inglês Charles Darwin, foi transferida para as relações
humanas, numa situação histórica marcada:
a) pela concórdia universal entre povos de diferentes continentes.
b) pela noção de domínio, supremacia e hierarquia racial.
c) pelos tratados favoráveis aos povos colonizados.
d) pelas concepções de unificação européia e de paz armada.
e) pela fundação de instituições destinadas a promover a paz.
2. (UPE) A “Origem das Espécies”, obra de Charles Darwin, já foi considerada uma das
mais revolucionárias da história das ciências. Suas idéias básicas são:
I. “O processo de evolução das espécies é gradual e contínuo”.
II. “O que diferencia o ser humano das demais criaturas vivas é a espiritualidade e a
semelhança divina”.
III. “O senso de moralidade, sentimentos e fé tornam o homem superior aos outros
animais”.
IV. “Todos os seres vivos descendem, em última instância, de um ancestral comum”.
V. “O mecanismo pelo qual os seres vivos mudam e evoluem é a seleção natural”.
Estão corretas
a) apenas I, II e III.
b) apenas II, IV e V.
c) apenas I, IV e V.
d) apenas II, III, IV e V.
e) I, II, III, IV e V.
3. (FUVEST) Das três seguintes formulações – primeiro, a de Copérnico, a terra não é o
centro do mundo, depois a de Darwin, não nascemos de Deus mas viemos do macaco, e,
por último, a de Freud, não somos senhores de nossa própria consciência – pode-se dizer
que:
a) contribuem para tornar o homem cada vez mais confiante e orgulhoso de sua
infalibilidade e perfeição.
b) constituem os fundamentos da modernidade e desfecham golpes profundos na
pretensão do homem de ser o centro do universo.
c) fortalecem a posição científica dos que criticam esses pressupostos, tendo em vista
sua falta de fundamentação empírica.
d) perdem cada vez mais credibilidade com o avanço científico proporcionado pela
astronomia, biologia e psicologia.
e) harmonizam-se com as concepções dos que defendem a tese criacionista, ou que
propõem um desenho inteligente sobre a criação do universo.
4. (UFPE-Alt.) As mudanças nas concepções de mundo trouxeram perspectivas estéticas
diferentes que fundamentaram as vanguardas modernistas. O Impressionismo foi
importante na construção dessas concepções estéticas, pois:
I. fortaleceu as tradições vindas da cultura clássica.
II. incentivou a autonomia criativa do artista.
III. contou, já no seu início, com um mercado de arte receptivo e economicamente
favorável.
IV. tinha a participação de artistas defensores de uma representação geométrica do
mundo.
V. contribuiu com uma nova técnica para se trabalhar as formas e as cores.
102
371
5.(FAAP-SP) Biólogo e químico francês, que lançou as bases da ciência da bacteriologia em
seu ataque à teoria da geração espontânea. Acreditava que todas as formas existentes de
vida são reproduzidas somente por seres vivos. É a lei da biogênese (toda vida vem de
uma vida preexistente). Estamos falando de:
a) Lavoisier.
b) Claude Bernard.
c) Louis Pasteur.
d) Jean Lamarck.
e) Charles Darwin.
6.(COVEST-Alt.) A história é uma construção surpreendente, que não cessa de apresentar
concepções diferentes de mundo. Na primeira metade do século XIX, o movimento
romântico foi de grande importância para se pensar as mudanças que estavam ocorrendo
em razão do fortalecimento da burguesia. Em suas análises, os românticos:
I. negavam a importância da razão, subestimando a força do individual e desprezando
as conquistas da religião.
II. enfatizavam a fragilidade do Iluminismo, criticando a emoção e a imaginação,
conforme definidas nas obras de Rousseau.
III. não se apegavam às tradições do passado, considerando as religiões como vazias de
conteúdo humanista.
IV. destacavam o valor da liberdade de criação, buscando muitas vezes, nas tradições do
passado, suas referências.
V. admitiam o significado da subjetividade para a arte, embora não costumassem admitir
a importância da sensibilidade humana.
7.(UFMG) Ao longo do século XIX, ocorreram, no mundo, diversas pesquisas, inovações e
publicações que contribuíram para o desenvolvimento da técnica e da ciência. É correto
firmar que, entre elas, se incluem:
a) a descoberta de novos elementos químicos, as pesquisas de Pasteur na microbiologia
e a publicação da "Origem das espécies", de Darwin.
b) a invenção do telescópio, o desenvolvimento do descaroçador de algodão e a
publicação da "De humani corporis fabrica", de Andrea Vesálio.
c) a invenção do microscópio, a construção de containers para transporte a longa
distância e a publicação da "Nova Atlântida", de Bacon.
d) a descoberta da circulação sangüínea, a utilização do carvão mineral como
combustível e a publicação da "Ótica", de Newton.
8.(UNIFESP) “... o mestre que eu tive foi a natureza que me envolve... desse livro secular e
imenso, é que eu tirei as páginas de O Guarani , as de Iracema ... Daí, e não das obras de
[Renée de] Chateaubriand, e menos das de [Fenimore] Cooper, que não eram senão a
cópia do original sublime que eu havia lido com o coração."
(Do romancista José de Alencar.)
Sobre o texto, pode-se sustentar que o autor:
a) confessa ter seguido modelos externos para compor seus livros.
b) nega ter se inspirado no sentimento para compor suas obras.
c) segue uma das fontes de inspiração do romantismo.
d) acusa Cooper de ter copiado Chateaubriand.
e) apresenta uma espécie de manifesto nacionalista.
9.
(UFU) No final do século XVIII e durante o século XIX, a cultura européia sofreu
importantes transformações, sobretudo no campo da pintura e da literatura. A respeito
deste contexto, podemos afirmar que
I.
II.
O Romantismo, marcado pela emoção, pelo sentimento e pela individualidade,
criticava as regras acadêmicas e propunha a liberdade de expressão e a
espontaneidade, nele se destacando o poeta inglês Lord Byron e o romancista e
poeta francês Victor Hugo.
o Realismo pretendia realizar uma volta ao classissismo e ao barroco, retratando a
imponência das fábricas, a riqueza das cidades e o progresso da civilização, por meio
do avanço tecnológico, nele se destacando os pintores Pablo Picasso e Eugene
Delacroix.
103
372
III. os seguidores do Impressionismo defendiam uma reprodução da realidade conforme as
impressões recolhidas pelos sentidos, enfatizando o uso da luz e das cores, nele se
destacando os pintores Monet e Renoir.
IV. o Naturalismo, cujos maiores representantes foram Charles Dickens e Dostoievski,
promovia a identidade nacional e a valorização da cultura burguesa, em
contraposição ao multiculturalismo pregado pelos realistas.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I e III são corretas.
b) Apenas I e IV são corretas.
c) Apenas III e IV são corretas.
d) Apenas II e III são corretas.
e) Apenas I está correta.
10.(UFPE-Alt.) Alguns movimentos intelectuais, inovações técnicas e científicas bem como
obras artísticas literárias e políticas são considerados representativos do século XIX. A
este respeito, analise as proposições a seguir.
I. O Romantismo foi um movimento literário e artístico desenvolvido pela aristocracia e
outros conservadores, em oposição aos burgueses que passaram a dominar a nova
sociedade.
II. Gauss inventou o telégrafo elétrico; Braille criou um alfabeto para os deficientes
visuais; e Daguerre desenvolveu trabalhos que possibilitaram o aparecimento da
fotografia.
III. Na literatura, alguns autores se colocaram contra as condições sub-humanas de
trabalho, criando uma oposição ao Romantismo: Víctor Hugo (Os Miseráveis),
Stendhal (O Vermelho e o Negro) e Balzac (A Comédia Humana).
IV. Na pintura, são nomes de expressão para o século XIX, Claude Monet e Renoir. Na
escultura, Auguste Rodin e Camile Claudel.
V. No Brasil, nomes como o de Joaquim Nabuco, abolicionista e monarquista, Machado
de Assis, escritor, e Carlos Gomes, compositor, revelam para o mundo a expressão
da cultura do Brasil.
104
373
OLHARES HISTÓRICOS
•
Livros
Darwin: a vida de um evolucionista atormentado. MOORE, James & DESMOND, Adrian.
São Paulo: Geração, 2007.
A ciência através do tempo. CHASSOT, Attico. São Paulo: Moderna, 1994.
Médicos e assassinos na Belle Èpoque. DARMON, Pierre. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1991.
Louis Pasteur e Oswaldo Cruz. LIMA, N. & MARCHAND, M. H. Rio de Janeiro: Fiocruz,
2005.
•
Cinema
Moulin rouge – Amor em vermelho
(Direção de Bazmark Luhrman. EUA, 2001)
Christian é um jovem escritor que possui um dom para a poesia e
que enfrenta seu pai para poder se mudar para o bairro boêmio de
Montmartre, em Paris. Lá ele recebe o apoio de Henri de ToulouseLatrec, que o ajuda a participar da vida social e cultural do local,
que gira em torno do Moulin Rouge, uma boate que possui um
mundo próprio de sexo, drogas, adrenalina e Can-Can. Ao visitar o
local, Christian logo se apaixona por Satine, a mais bela cortesã de
Paris e estrela maior do Moulin Rouge.
Duração de 126 minutos.
Titanic
(EUA, 1998. Direção de James Cameron)
O filme conta a história do transatlântico Titanic, que partiu do porto inglês de
Southampton rumo a Nova York em 14 de abril de 1912, mas naufragou no dia seguinte.
O filme expõe os valores do mundo burguês na Belle Èpoque, contrastando os diferentes
costumes de cada grupo de passageiros, segundo as classes do navio.
Duração de 194 minutos.
A vida de Louis Pasteur
(EUA, 1936. Direção de William Dieterle)
Clássico sobre a biografia de Pasteur, mostrando os problemas que enfrentou no meio
científico francês no ano de 1860.
Duração de 87 minutos.
Madame Bovary
(França, 1991. Direção de Claude Chabrol)
Filme baseado no romance homônimo de Gutave Flaubert, publicado em 1856,
exemplo do estilo literário realista do século XIX. Retrata os desejos e alfições de uma
mulher burguesa envolvida em adultério.
Duração de 136 minutos.
Sites
http://www.ricci-arte.biz. Acessada em 04 de junho de 2011.
A página contém obras de inúmeros artistas impressionistas, cubistas, expressionistas e
outros movimentos artísticos. De modo criativo e dinâmico, o site expõe pinturas e dados
gerais de cada obra.
105
374
Bibliografia
ABREU, Capistrano de. Capítulos de história colonial: 1500-1800. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo:
Publifolha, 2000.
ALBUQUERQUE, Manoel Maurício de et alii. Atlas histórico escolar. 8 ed. Rio de Janeiro, FAE, 1991.
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. A economia política dos descobrimentos. In: NOVAES, Adauto org. A
descoberta do homem e do mundo. São Paulo, Companhia das Letras, 1998.
_______________________. O trato dos viventes: formação do Brasil no Atlântico Sul. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.
_______________________. Vida privada e ordem no privada no Império. In: História da vida
privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. v.2.
ALFONSO-GOLDFARB, Ana Maria & Mala, Carlos A. História da ciência: o mapa do conhecimento. São
Paulo, Expressão e Cultura/Edusp, 1995.
ALVES FILHO, Ivan. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro, Muad, 1999.
AMRSTRONG, Karen. Uma história de Deus: quatro milênios de busca do judaísmo, cristianismo e
islamismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
ANDERSON, Perry. Linhagens do estado absolutista. São Paulo: Brasiliense, 2004.
_______________. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 198
ANASTASIA, Carla Maria Junho. Inconfidência Mineira. São Paulo: Ática, 1995.
ANTENORE, Armando. Católicos e luteranos se reconciliam. Folha de S. Paulo, 19 de set. 1999. p.1-16
e 1-17.
ANTONIL. André J. Cultura e opulência do Brasil. 3 ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp,
1982.
ARIÈS, Philippe. e DUBY, Georges. História da vida privada: do Império Romano ao ano mil. São
Paulo: Companhia das Letras, 1995.
ARGAN, Giulio C. Clássico anticlássico: o Renascimento de Brunelleschi a Bruegel. São Paulo:
Companhia das Letras, 1999.
ARROYO, Leonardo. A carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: Melhoramentos, 1971.
ARRUDA, José J. de A. A Revolução Inglesa. São Paulo: Brasiliense, 1984.
__________________. Revolução industrial e capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1984.
APTHEKER, Herbert. Uma nova história dos Estados Unidos: a era colonial. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1967.
AQUINO, Rubim Santos Leão de; LEMOS, Nivaldo Jesus Freitas de; LOPES, Oscar Guilherme Pahl
Campos. História das sociedades americana. 10 ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2005.
AUSTIN, Michel; NAQUET, Pierre Vidal. Economia e Sociedade na Grécia Antiga. Lisboa: Edições 70,
1986.
AZEVEDO, F. L. N.; DAYRELL, E. G.; SCHIMIDT, G. G. A conquista da América espanhola (antologia).
Rio de Janeiro: Fundação José Bonifácio; UFRJ, 1992.
106
375
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. 2 ed. São Paulo, Hucitec, 1993.
BARBOSA, Maria Luiza Victor. América Latina: em busca do paraíso perdido. São Paulo, Saraiva, 1995.
BARTLETT, W. B. História ilustrada das Cruzadas. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
BAXANDALL. Michael. O olhar renascente: pintura e experiência social na Itália da Renascença. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1991.
BERCÉ, Yves-Marie. O rei oculto: salvadores e impostores. Mitos políticos na Europa moderna. Bauru:
Edusc: São Paulo: Imesp, 2003.
BERNAND, Carmen; GRUZINSKI, Serge. História do Novo Mundo. São Paulo: Edusp, 1997.
BERNARDES, Décio. Um império entre repúblicas. São Paulo: Global, 1983.
BELLUZZO, Ana M. de M. (org.). O Brasil dos viajantes. Rio de Janeiro: Metalivros/Odebrecht, 1994.
BETHELL, Leslie (org.). História da América Latina. São Paulo: Edusp, 1998.
BÍBLIA SAGRADA. Traduzida por vários autores portugueses para editorial Universus e anotada pela
Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra. Edições Theologica (3 vols.), Braga, 1990.
BLOCH, Marc. Os Reis Taumaturgos. São Paulo: Editora Cia. das Letras, 1993.
BOAHEN, Albert Adu. História geral da África: a África diante do desafio colonial. São Paulo:
Ática/Unesco, 1991.
BOBBIO, Norberto et tal. Dicionário de política. Brasília: Editora da UnN, 1986.
BOISSET, Jean. História do protestantismo. São Paulo: Difel, 1971.
BONASSIE, Pierre. Dicionário de História Medieval. Lisboa: Dom Quixote, 1985.
BOORSTIN, Daniel J. Os Americanos: a experiência colonial. Lisboa: Gradiva, 1997.
BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.
BOTELHO, Tarcísio. Censos e construção no Brasil Imperial. Tempo social. Ano 17, n.1, jun. 2005.
BOURDÉ, Guy ; MARTIN, Hervé. As escolas históricas. Lisboa : Europa - América, 1983.
BOXER, Charles R. O império marítimo português (1415-1825). São Paulo: Companhia das Letras,
2002.
_______________. A Igreja e a expansão ibérica (1440-1770). Lisboa: Edições 70, 1981.
________________. Salvador de Sá e a luta pelo Brasil e Angola. São Paulo: Nacional/Edusp, 1973.
BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrâneo. Lisboa, Livraria Martins Fontes Editora,
1984. v. 1.
BROWN, Dee. Enterrem meu coração na curva do rio. São Paulo: Melhoramentos, 1986.
BROWN, Dale M. (Dir.). Astecas: reinado de sangue e esplendor. Rio de Janeiro: Abril Livros; Time
Life, 1999. (Civilização perdidas)
__________________. Império Inca. Rio de Janeiro. Abril Livros; Time Life, 1999.
(Civilização perdidas)
__________________ . O esplendor dos maias. Rio de Janeiro: Abril Livros; Time Life, 1999.
(Civilizações perdidas)
107
376
BURKE, Peter. Testemunha ocular. História e imagem. Bauru, Edusc, 2004.
___________. A escrita na história. Novas Perspectivas. São Paulo: Unesp, 1992.
BURCKHARDT, Jacob. A cultura do Renascimento na Itália. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
BURGA, Manuel. Nascimento de uma utopia: muerte y resurrección de los incas. Lima: Instituto de
Apoyo Agrário, 1983.
BURKE, Peter. A exploração da informação. Folha de S. Paulo. São Paulo, 16 jul. 2000. Caderno Mais
__________. Cultura popular na Idade Média. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
__________. Cultura popular na Idade Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
BURNS, Edward M. História da civilização ocidental. 22 ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
BURNS, Edward McNall. História da Civilização Ocidental. Tradução de Lourival Gomes Machado,
Lourdes Santos Machado e Leonel Vallandro - Porto Alegre: Editora Globo, 1972 (2a. edição).
CANÊDO. Letícia Bicalho. A Revolução Industrial: tradição e ruptura. 9. Ed. São Paulo: Atual;
Campinas: Editora da Unicamp, 1987.
CARDOSO, Ciro Flamarion S. A crise do colonialismo luso na América Portuguesa. In: CARDOSO, Ciro
Flamarion S. et al. História Geral do Brasil: da colonização portuguesa à modernização autoritária. Rio
de Janeiro: Campus, 1990.
__________________. Um historiador fala de teoria e metodologia. Ensaios, Bauru: Edusc, 2005.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem: a elite política imperial. Rio de Janeiro: Campus,
1980.
CASCUDO, Luís Câmara. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Global, 2004.
CASTRO, Celso; IZECKSOHN, Vitor; KRAAY, Hendrik. Nova História militar brasileira. Rio de Janeiro:
Editora FGV, 2004.
CASTRO, Moacir W. de. O libertador: a vida de Simón Bolívar. Rio de Janeiro: Record, 1988.
CAVALCANTE, Berenice. A Revolução Francesa e a modernidade. São Paulo: Contexto, 2001.
CARTA de Pero de Vaz de Caminha. Salvador: Comphan/Conder, s/d.
CASTILHO, Céspede del. La exploración del Atlântico. Madrid, Mapfre, 1991.
CASTRO, Antonio Barros de. Trabalho escravo, economia e sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1984.
CHARTIER, Roger (org.). História da vida privada: da renascença ao século das luzes. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002.
CHAUNU, Pierre. História da América Latina. 4. ed. São Paulo: Difel, 1979
____________. A América e as Américas. Lisboa/Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, 1969.
CHEVITARESE, A. L. O Espaço Rural da Pólis Grega. O caso ateniense do período clássico. Rio de
Janeiro, Fábrica de Livros/UFRJ, 2000.
CIMI. História dos povos indígenas: 500 anos de luta no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1987.
COHAT, Yves. Os vikings. Lisboa : Civilização, 1991.
COGGIOLA, Osvaldo (org.). A Revolução Francesa na América e seu impacto na América Latina. São
Paulo: Nova Stella, 1990.
108
377
COLOMBO, Cristóvão. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto
Alegre: L&PM, 1999.
CONRAD, Robert E. Tumbeiros: o tráfico escravista para o Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1985.
CONTE, G. Da crise do Feudalismo ao nascimento do Capitalismo. 2. ed. Lisboa: Editorial Presença,
1984.
COSTA, Emília Viotti da. Da Monarquia à República: momentos decisivos. São Paulo: Brasiliense, 1985.
COTRIM, Gilberto. Representações de D. João VI em livros didáticos brasileiros e portugueses e no
filme Carlota Joaquina (1994-2002). São Paulo: Universidade Mackenzie, 2003.
COOPER, Fredrick et al. Além da escravidão. Rio de Janeiro: Record, 2005.
CUNHA, Manuela C. da (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: SMC/Companhia das Letras,
1992.
CORTEZ, Hernan. A conquista do México. Porto Alegre: L&PM, 1986.
COSTA, Emília Viotti da. Introdução ao estudo da emancipação política. In: MOTA, Carlos Guilherme
(org.). Brasil em perspectiva. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990.
CUNHA, Manuela C. da (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: SMC/Companhia das Letras,
1992.
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1986.
DANIELOU, J. e MARROU, H. Nova História da Igreja. Vol. I, Petrópolis: Editora Vozes, 1973.
DANIEL-ROPS, Henri. História da Igreja de Cristo. Tradução de Henrique Ruas; revisão de Emérico da
Gama - São Paulo: Quadrante, 2006 (coleção).
DARNTON, Robert. O grande massacre dos gatos e outros episódios da história cultural francesa. Rio
de Janeiro: Graal, 2001.
________________. Edição e sedição: o universo da literatura clandestina no século XVIII. São
Paulo: Companhia das Letras, 1992.
DAVATZ, Thomas. Memórias de um colono Brasil (1850). Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp,
1980.
DAVIDSON, Brasil. A descoberta do passado de África. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
DAVIDOFF. Carlos. Bandeirantismo: verso e reverso. São Paulo: Brasiliense, 1982.
DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da mata Atlântica brasileira. São Paulo:
Companhia das Letras, 1996.
DECCA, Edgar S. de. O nascimento das fábricas. São Paulo: Brasiliense, 1982.
________________. MENEGHELLO, Cristina. Fábricas e homens: a Revolução Industrial e o cotidiano
dos trabalhadores. São Paulo: Atual.
DEL PRIORE, Mary. Religião e religiosidade no Brasil Colonial. São Paulo: Ática, 1997.
_______________. Revisão do Paraíso. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento. Lisboa: Stampa, 1984.
______________. O nascimento e afirmação da Reforma. São Paulo: Pioneira, s/d.
109
378
______________. História do medo no Ocidente (1300-1800): uma cidade sitiada. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989.
DEYON, Pierre. O mercantilismo. 3 ed. São Paulo: Perspectiva, 1992.
DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo. 9. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
DOMINGUES, Francisco C. Arte e técnica e o Tratado de Tordesilhas: das primeiras viagens à armada
de Cabral. In: NOVAES, Adauto (org). A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Companhia
das Letras; Brasília; MinC, 1998.
DONGHI, Túlio Halperin. História da América Latina. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.
DONOFRIO, Salvatore. Pequena enciclopédia da cultura ocidental: o saber indispensável, os mitos
eternos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
DRUSCHMIED. Erik. Como a natureza mudou a história. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
D’ORBIGNY, Alcide. Viagem pitoresca através do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia/São Paulo: Edusp,
1976.
DUBY, Georges. Atlas historique. Paris, Larousse, 1987.
_____________Guerreiros e Camponeses. Lisboa: Editorial Estampa, 1980.
______________ As Três Ordens ou o Imaginário do Feudalismo. Lisboa: Editorial Estampa, 1992.
_____________ O Ano Mil. Lisboa: Edições 70, 1986.
_____________ A Idade Média na França. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1992.
_____________O Tempo das Catedrais. Lisboa: Editorial Estampa, 1979.
_____________ A Sociedade Cavalheresca. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1992.
_____________Senhores Camponeses. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1993.
DURANT, Will. História da Civilização. São Paulo: CEN, 1957.
DUVIOLS, Jean-Paul. Nos passos de... Cristóvão Colombo. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
ECO, Umberto. Arte e Beleza na Estética Medieval. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1993.
EISEMBERG, José. Missões jesuíticas e o pensamento político moderno. Belo Horizonte: Editora da
UFMG, 2000.
ELIADE, Mircea; COULIANO, Loan P. Dicionário das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
ELIAS, Norbert. O Processo Civilizador: Formação do Estado e Civilização. Vol. II, Rio de Janeiro:
Editora Zahar, 1990.
ESPINOSA, Fernanda. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
ELLIOT, J. H. O Velho Mundo e o Novo. Lisboa: Editorial Querco, s.d.
ELTON, G. R. A Europa durante a Reforma (1519-1559). Lisboa: Editorial Presença, 1982.
ENGELS, Frederico. As guerras camponesas na Alemanha. São Paulo: Ciências Humanas, 1975.
EYMERICH, N.; LA PENA, F. Manual dos inquisidores. Rio de Janeiro: Rosa dos Ventos/ EdUnB, 1993.
FALCI, Miridan B. K. Escravos do sertão: demografia, trabalho e relações sociais (Piauí, 1826-1888).
Teresina: Fund. Cult. Monsenhor Chaves, 1995.
110
379
FALCON, Francisco J. C. Mercantilismo e transição. São Paulo: Brasiliense, 1987.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. São Paulo:
Globo/Publifolha, 2000. 2 v.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1994.
____________. DEVOTO. Fernando J. Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada (18502002). São Paulo: Editora 34, 2004.
FAZOLI, Arnaldo Filho. O Período Regencial. São Paulo: Ática, 1990.
FERREIRA, Alexandre R. Viagem ao Brasil. São Paulo: Kapa, 2002.
FERREIRA, Graça Maria Lemos. Atlas geográfico – espaço mundial. São Paulo, Moderna, 1998.
FERREIRA, José Ribeiro. A Grécia Antiga. Sociedade e Política. Lisboa: Edições 70, 2ª edição, 2004.
FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas às independências (séculos XVIII a XX). São
Paulo: Companhia das Letras, 1996.
FIGUEIREDO, Luciano Raposo de Almeida. Barrocas famílias: vida familiar em Minas Gerais do século
XVIII. São Paulo: Hucitec, 1997.
FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massino (Dir.). História da alimentação. 4. ed. São Paulo:
Estação Liberdade, 2004.
FLECHTER, Richard. A cruz e o crescente: Cristianismo e Islã, de Maomé à Reforma. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2004.
FLORES, Elio Chaves. O caudilhismo. São Paulo, FTD, 1997. (Coleção para conhecer Melhor)
FLORENTINO, Manolo G. Em costas negras: uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio
de Janeiro (séculos XVIII e XIX). 2. Ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
FORENZANO, Modesto. As revoluções burguesas. São Paulo: Brasiliense, 1998.
FRANCO JR, Hilário. O Feudalismo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.
________________As Cruzadas. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984.
________________A Idade Média: O Nascimento do Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.
________________As Utopias Medievais. São Paulo: Editora Brasiliense, 1992.
FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. Homens livres na ordem escravocrata. São Paulo: Unesp, 1997.
FREIRE, Gilberto. Casa-grande e senzala. 23 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.
______________. Sobrados e Mocambos. Rio de Janeiro: Record, 2000.
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro : PUC, 1979.
FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda; GOUVÊA, Maria Fátima (orgs.). O Antigo Regime nos
Trópicos: a dinâmica Imperial Portuguesa (séculos XVI-XVIII). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2001.
FUENTES, Carlos. El espejo enterrado. México: fondo de Cultura Económica, 1992.
FUNARI, P.P.A. (org.) 2002. Repensando a Antigüidade. Campinas, IFCH, 2002 (Textos didáticos
volumes n.47 e n. 49).
FURET, François. A revolução em debate. Bauru: Edusc, 2001.
FURTADO, Celso. A Economia Latino-Americana. São Paulo: Brasiliense, 1989.
______________. Formação econômica do Brasil. 24. ed. São Paulo: Nacional, 1991.
111
380
FURTADO, Júnia Ferreira. Chica da Silva e o contratador de diamantes: o outro lado do mito. São
Paulo: Companhia das Letras, 2003.
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
GÂNDAVO, Pero Magalhães. Tratado da terra do Brasil e história da província de Santa Cruz. Belo
Horizonte: Itatiaia/São Paulo: Edusp, 1980.
GANSHOF, F. L. Que é feudalismo? 4. ed. Mira-Sintra: Europa-América, 1976.
GARRAFFONI, R. Bandidos e salteadores na Roma Antiga. São Paulo: Annablume/FAPESP, 2002.
GARCIA, José Manuel. O descobrimento do Brasil nos textos de 1500-1571. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbekian, 2000.
GASMAN, Lydinéia. Documentos Históricos Brasileiros. Rio de Janeiro: Fename, 1976.
GENDROP, Paul. A civilização maia. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.
GENOVESE, Eugene. A terra prometida: o mundo que os escravos criaram. Rio de Janeiro: Paz e
Terra; Brasília: CNPq, 1988.
GÉRARD, Alice. A revolução francesa. São Paulo: Perspectiva, s/d.
GIMPEL, Jean. A Revolução Industrial da Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
______________.Os andarilhos do bem: feitiçaria e cultos agrários nos séculos XVI e XVII. São Paulo:
Companhia das Letras, 1988.
GIORDANI, Mário Curtis. História do império bizantino. Petrópolis : Vozes, 1992.
GIUCCI, Guilherme. Viajantes do maravilhoso. O Novo Mundo. Trad. Josely Vianna Baptista. São
Paulo: Companhia das Letras, 1992.
GODINHO, Vitorino M. A ideia de descobrimento e os descobrimentos e expansão. História. N. 1,
1993. p.6-15.
GOMBRICH, Ernst H. Breve História do mundo. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
GORENDER, Jacob. A escravidão reabilitada. São Paulo: Ática, 1991.
________________. O escravismo colonial. São Paulo: Ática, 2001.
GOZZOLI, Maria Cristina. Como reconhecer a arte gótica. Lisboa : Edições 70, 1986
GRAÇAS FILHO, Afonso de Alencastro; LIBBY, Douglas Cole. A economia do Império Brasileiro. São
Paulo: Atual, 2004.
GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1990.
GRAY, John. Voltaire. São Paulo: UNESP, 2000.
GRESPAN, Jorge L. S. Revolução francesa e iluminismo. São Paulo: Contexto, 2003.
GRUPIONI, Luís D. B. (org.). Índios no Brasil. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, 1992.
GRUZINSKI, Serge. A colonização do imaginário: sociedades indígenas e ocidentalização no México
espanhol – séculos XVII-XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
GUARINELLO, Norberto Luiz. Os primeiros habitantes do Brasil. São Paulo: Atual, 1994.
112
381
GUEDES, Max J. Os mapas da mina. Nossa História. São Paulo: Vera Cruz, ano 1, n.4, fev. 2004. p.3944.
GUELLOUZ, Azzedine. O Alcorão. Lisboa: Instituto Piaget, 2007.
HALPHEN, L. Carlos Magno e o Império Carolíngio. Lisboa: Início, 1971.
HAGEN, Rainer; HAGEN, Rose-Marie. Egito: Pessoas, Deuses, Faraós. Taschen, 2005.
HERMANN, Jacqueline. No reino do Desejado: a construção do sebastianismo em Portugal (séculos XVI
e XVII). São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
HERNÂNI, Donato. História de usos e costumes do Brasil: 500 anos de vida cotidiana. São Paulo:
Melhoramentos, 2005.
HILL, Christopher. A bíblia inglesa e as revoluções do século XVII. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2001.
______________. O mundo de ponta-cabeça: idéias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640.
São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
______________. O eleito de Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
HOBSBAWN, Eric J. Da Revolução industrial inglesa ao imperialismo. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2003.
__________________. Mundo do trabalho: novos estudos sobre a história operária. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 2000.
___________________. A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
___________________. A revolução francesa. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
___________________. Nações e nacionalismo desde 1870. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
___________________.A invenção das tradições; São Paulo: Paz e Terra, 2002.
__________________. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
HOLANDA, Sérgio Buarque de Holanda. Visão do Paraíso: os motivos endêmicos no descobrimento e
colonização do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1994.
_______________________________. Raízes do Brasil. 24. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1992.
________________________________. Contos, mitos e lendas para crianças da América Latina. São
Paulo: Ática, 1985.
_______________________________.O extremo oeste. São Paulo: Brasiliense, 1986.
_______________________________. Caminhos e fronteiras. 2. Ed. Rio de Janeiro: José Olympio,
1975.
HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
IGLÉSIAS, Francisco. A Revolução Industrial. 6. Ed. São Paulo : Brasiliense, 1985.
JACQ, Christian . O Egito dos Grandes Faraós. Porto: ASA, 1999.
JANCSÓN, István. A sedução da liberdade. In: SOUZA, Laura de Mello (org.). História da vida privada
no Brasil: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
JANOTTI, Maria de Lourdes Mônaco. A Balaiada. São Paulo: Brasiliense, 1985.
JOHNDON, Paul. O Renascimento. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. (História essencial)
113
382
JUNQUEIRA, Mary A. Estados Unidos: a consolidação da nação. São Paulo: Contexto, 2001.
KAPLER, Claude. Monstros, demônios e encantamentos no fim da idade média. São Paulo : Martins
Fontes, 1993.
KARASH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras,
2000.
KARNAL, Leandro. Estados Unidos: a formação da nação. São Paulo: Contexto, 2001.
______________. Estados Unidos: da colônia à independência. São Paulo: Contexto, 1999.
KI-ZERBO, Joseph. História da África negra. Lisboa: Publicações Europa-América, 1972. v.1
KUG, João. Lutero e a reforma religiosa. São Paulo, FTD, 1998. (Coleção para conhecer melhor)
LADURIE, Emmanuel Le Roy. O Estado monárquico: França, 1640-1610. São Paulo: Companhia das
Letras, 1994.
LARA, Silvia Hunold. Tiradentes e a nação esquartejada. In: Pátria amada esquartejada. São Paulo:
DPH/SMC, 1992.
LAS CASAS, Frei Bartolomé de. O paraíso destruído: a sangrenta história da conquista da América
espanhola. Porto Alegre: L&PM, 2001. v. 230. (L&PM Pocket)
LAUND, Luiz Jean (org.). Cultura e educação na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
LEITE, Glacyra Lazzari. A insurreição pernambucana de 1817. São Paulo: Brasiliense, 1984.
LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean-Claude. Dicionário temático do Ocidente. Bauru: Edusc, 2002. v. 1 e
2.
________________. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. São Paulo: Hucitec/Editora
da UnB, 1987.
__________________. Mercadores e banqueiros da Idade Média. Lisboa: Estampa, 1995.
_________________. Para Um Novo Conceito de Idade Média. Lisboa: Editorial Estampa, 1980.
_______________O Maravilhoso e o Cotidiano no Ocidente Medieval. Lisboa: Edições 70, 1985.
_______________O Homem Medieval. Lisboa: Editorial Estampa, 1989.
_______________Os Intelectuais na Idade Média. São Paulo: Editora Brasiliense, 1988.
____________O Nascimento do Purgatório. Lisboa: Editorial Estampa, 1993.
LEON-PORTILLA, Miguel. Los antigos mexicanos. México, Fondo de Cultura Econômica, 1992.
___________________. A conquista da América vista pelos índios. Petrópolis: Vozes, 1984.
LEVEQUE, Pierre. As Primeiras Civilizações - Volume I: Os Impérios do Bronze. Lisboa: Edições 70,
1998
LINHARES, Maria Yedda; SILVA, Francisco C. T. da. Terra Prometida: uma história da questão agrária
no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
LOPEZ, Adriana. A América dos libertadores. São Paulo, Ática, 1998. (Coleção O Cotidiano da História)
_____________. Franceses e tupinambás na terra do Brasil. São Paulo: Senac, 2001.
_____________; Guerra, açúcar e religião no Brasil dos holandeses. São Paulo: Senac, 2001.
LOYON, H. R. (org.). Dicionário de Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.
LOPEZ, Luiz Roberto. História da América Latina. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986.
114
383
LOSURDO, Domenico. Democracia ou bonapartismo: triunfo e decadência do sufrágio universal. São
Paulo: Editora da Unesp; Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2004.
LOT, Ferdinand. O Fim do Mundo Antigo e o Princípio da Idade Média. Lisboa: Edições 70, 1980.
LUIZZETTO, Flávio. Reformas religiosas. São Paulo: Contexto, 1991.
MACEDO, Rivair José. Movimentos populares na Idade Média. São Paulo: Moderna, 1993.
_________________. Viver nas cidades medievais. São Paulo: Moderna, 1999.
MAESTRI. Mário. Senhores do litoral: colonização portuguesa e agonia tupinambá no litoral brasileiro.
Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1994.
______________. O escravismo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1982.
MAHN-LOT, Marianne. A Descoberta da América. São Paulo: Perspectiva, s/d.
MAALOUF, Amim. As cruzadas vistas pelos árabes. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MALACO, Jonas Tadeu Silva. Da forma urbana. O casario de Atenas. São Paulo: Alice Foz, 2002.
MANFRED, A. Z. Do Feudalismo ao Capitalismo. São Paulo: Global, 1982.
MANTRAN, Robert. Expansão muçulmana: séculos VII-XI. São Paulo: Pioneira, 1977.
MARCHANT. Alexander. Do escambo à escravidão. 2. Ed. São Paulo: Nacional; Brasília: INL, 1980.
MARQUES, A. H. de Oliveira. A sociedade medieval portuguesa. 4. Ed. Lisboa: Sá da Costa, 1981.
MARQUESE, Rafael de B. Feitores do corpo, missionários da mente: senhores, letrados e o controle
dos escravos nas Américas, 1660-1860. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
MARTINS, Tarcísio J. Quilombo do Campo Grande. São Paulo: Gazeta Maçônica, 1995.
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Lisboa: Europa-América, 1976.
MARTINA, Giacomo. História da Igreja, de Lutero a nossos dias: a era da Reforma. São Paulo: Loyola,
1997. v.1.
MATTOSO, Kátia M. de. Q. Ser escravo no Brasil. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.
MAXWELL, Kenneth. Chocolate, piratas e outros malandros: ensaios tropicais. Petrópolis: Vozes, 1984.
MEDINA, João; HENRIQUES, Isabel C. A rota dos escravos: Angola e a rede do comércio negreiro.
Lisboa: Cegia, 1996.
MELATTI, Júlio C. Índios do Brasil. 7. Ed. São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora da UnB, 1993.
MELLO, Evaldo C. de. Os holandeses no Brasil. In: HERKENHOFF, Paulo (org.). O Brasil e os
Holandeses. Rio de Janeiro: GMT, 1999.
__________________. O negócio do Brasil. Rio de Janeiro: Topbooks, 2003.
__________________. A outra independência: o federalismo pernambucano de 1817 e 1824. São
Paulo: Editora 34, 2004.
__________________. A ferida de narciso: ensaio de história regional. São Paulo: Editora Senac,
2001.
MELLO, José A. G. de. Tempo dos flamengos. 3 ed. Recife: Fundaj/Massangana; Brasília: INL, 1987.
MELLO, José Roberto. As Cruzadas. São Paulo: Ática, 1989.
115
384
________________. O Cotidiano no Imaginário Medieval. São Paulo: Editora Contexto, 1992.
MENDES, JR., Antônio et tal. Brasil história: texto e consulta. São Paulo: Brasiliense, 1983.
MESCRAGRAVIS, Laima. O Brasil nos primeiros séculos. São Paulo: Contexto, 1989.
MEURS, Paul. Engenho São Jorge dos Erasmos: estudos de preservação. Cadernos de Pesquisa do LAP
FAU-USP, n. 7, jul./ago. 1995.
MICELI, Paulo. O povo onde estamos. São Paulo: editora da Unicamp, 1997.
MIRANDA ROCHA, Cristiany, História de famílias escravas. Campinas: Unicamp, 2004.
MOCTEZUMA, Eduardo Matos. Los aztecas. Barcelona, Lunwerg Editores, 1989.
MOKHTAR, G. (Org.). História geral da África. São Paulo: Ática, 1983. v.7.
MOLLAT, Michel. Os Pobres na Idade Média. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
MONTANARI, Massimo. A fome e a abundância: história da alimentação na Europa. Bauru: Edusc,
2003.
MONTEIRO, John. Negros da Terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo:
Companhia das Letras, 1994.
MONTELLATO, Andrea Rodrigues Dias. História temática: terra e propriedade. 2ª Edição. Editora
Scipione, 2002.
MONTES, Maria Lucia et al (curadores). Eu, Maurício: os espelhos de Nassau. Recife: Instituto Cultural
Bandepe, 2004.
MOREL, Marco. Cipriano Barata na Sentinela da Liberdade. Salvador, Academia de Letras da
Bahia/Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, 2001.
MORETTIN, Eduardo V. Produção e formas de circulação do tema do descobrimento do Brasil: uma
análise de seu percurso e do filme Descobrimento do Brasil (1937), de Humberto Mauro. Revista
Brasileira de História. n.20, 2000. p.39.
MOOG, Viana. Bandeirantes e pioneiros. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993.
MOURÃO, Ronaldo Rogério Freitas. A astronomia na época dos descobrimentos. O céu dos navegantes
nos séculos XV e XVI – a importância dos árabes e dos judeus nas descobertas. Rio de Janeiro,
Lacerda Editora, 2000.
NEVES, Ana M. B,; HUMBERG, Flávia R. Os povos da América: dos primeiros habitantes às primeiras
civilizações urbanas. São Paulo: Atual, 1996.
NOGUEIRA, C. R. F. O Diabo no Imaginário Cristão. São Paulo: Editora Ática, 1986.
NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial: 1777-1808; São Paulo:
Hucitec, 1983.
______________. MOTA, Carlos Guilherme. A independência política do Brasil. São Paulo: Hucitec,
1996.
NUNES, Ruy A. da C. História da educação no Renascimento. São Paulo: EPU/Edusp, 1980.
ORLANDIS, José. História breve do Cristianismo. Tradução de Osvaldo Aguiar - Lisboa: Rei dos Livros,
1993.
PADRÒN, Francisco Morales. Manual de História Universal – História General de América. Madrid,
Espasa-Calpe, 1975.
116
385
PAIS, Marco Antônio de Oliveira. O despertar da Europa: A Baixa Idade Média. São Paulo, Atual, 1992.
PARAGUASSU, Lisandra. Amazônia sofre com devastação acelerada. O Globo. Rio de Janeiro, 28 dez.
2002.
PARKER, Geoffrey. Atlas Verbo de História Universal. Lisboa/São Paulo, Verbo, 1996.
PEDRERO-SÁNCHEZ, Maria Guadalupe (org.). História da Idade Média: textos e testemunhas. São
Paulo: Unesp, 2000.
PEREGALLI, Enrique. Como o Brasil ficou assim? Formação das fronteiras e tratados de limites. 7. Ed.
São Paulo: Global, 1997.
PERNOUD, Regime. Idade Média: O que não nos ensinaram. Rio de Janeiro: Salvat, 1979.
PERROT, Michelli (org.). História da vida privada: da revolução francesa à Primeira Guerra Mundial.
São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
__________________. Os excluídos da História: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1988.
PIGAFETTA, Antonio. A primeira viagem ao redor do mundo: o diário da expedição de Fernão de
Magalhães. Porto Alegre: L&PM, 1986.
PILETTI, Nelson; PRAXEDES, Walter. O Mercosul e a sociedade global. 12 ed. São Paulo: Ática, 1999.
PIRENNE, Henri. As Cidades da Idade Média. Lisboa: Europa-América, 1964.
PIRES, Francisco Lucas. O que é Europa. Lisboa: Difusão Cultural, 1994.
PRADO JR., Caio. Formação do Brasil Contemporâneo: Colônia. 19. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.
PRADO, João F. de A. (estudo e notas). A carta de Pero Vaz de Caminha. 2. Ed. Rio de Janeiro: Agir,
1977.
PRADO, Maria Lígia Coelho. América Latina no século XIX: tramas, telas e textos. São Paulo: Edusp,
2004.
________________________. A formação das nações latino-americanas. 2 ed. São Paulo: Atual;
Campinas: Editora da Unicamp, 1986.
________________________. América Latina no Século XIX: tramas e textos. São Paulo: Edusp;
Bauru: Edusc, 1999.
PREZIA, Benedito; HOONAERT, Eduardo. Esta terra tinha dono. São Paulo: FTD, 1995.
PRODANOV, Cleber C.O mercantilismo e a América. 3 ed. São Paulo: Contexto, 1994.
PROENÇA, G. História da arte. São Paulo: Ática, 2000.
POMER, Leon. As independências na América Latina. São Paulo: Brasiliense, 1982.
QUEIROZ, Tereza A. P. de. O Renascimento. São Paulo: Edusp, 1995.
RABELAIS, François. Gargântua e Pantagruel. Belo Horizonte: Villa Rica, 1991.
RANDELL, Keith. Lutero e a Reforma alemã. São Paulo: Ática.
RECALDE, Héctor. Pueblos, Culturas y Civilizaciones. Buenos Aires: Ediciones del Aula Taller, 1977.
REIS, João José. A morte é uma festa. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
_____________. Notas sobre a escravidão na África pré-colonial. Estudos afro-asiáticos. N. 14, 1987,
p. 5-21.
117
386
______________. MOTA, Carlos Guilherme (org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (15002000), formação. São Paulo: Editora Senac, 2000.
______________. Rebelião escrava no Brasil: a história do levante dos malês em 1835. 2 ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 2003.
RIBEIRO, Daniel Valle. A cristandade do Ocidente medieval. São Paulo: Atual, 1998. (Discutindo
História)
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
RIBEIRO JR., J. Pequena história das heresias. Campinas: Papirus, 1989.
RICCI, Magda. Assombrações de um padre regente: Diogo Antônio Feijó (1784-1843). Campinas:
Cecult/Editora da Unicamp, 2002.
RICHARDS, Jeofrey. Sexo, Desvio e Danação: As Minorias na Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar
Editora, 1993.
RODRIGUES, Jaime. O tráfico de escravos para o Brasil. 3. Ed. São Paulo: Ática, 1999.
_________________. O infame comércio: propostas e experiências no final do tráfico de africanos
para o Brasil. 2 ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2005.
_________________. De costa a costa: escravos, marinheiros e intermediários do tráfico negreiro de
Angola ao Rio de Janeiro (1780-1860). São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
___________________. O infante comércio: propostas e experiências no final do tráfico de africanos
para o Brasil (1800-1850). Campinas: Editora da Unicamp, 2000.
ROY-HENRY, Bruno. Dossiê Napoleão. História viva. São Paulo: Duetto, ano I, n. 1, Nov. 2003. p.4059.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Textos filosóficos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
ROUSSET, Paul. História das Cruzadas. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.
ROUSSIAUD, Jacques. A Prostituição na Idade Média. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1991.
ROUGEMONT, Denis de. O Amor e o Ocidente. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988
RUDÉ, George. A Multidão na História. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas. Rio de Janeiro: Imago, 2002. 3 v.
RUSSEL-WOOD, A. J. Escravos e libertos no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.
SAAB, Paulo. 1500: A grande viagem. São Paulo: Global, 1991.
SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.
SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo, Brasil Debates,
1981.
SAINT BRIS, Gonzague. A vida atribulada de um gênio cheio de contradições. História Viba. São Paulo:
Duetto, ano I, n. 2, dez. 2003. p.22-29.
SALE, Kirkpatrick. A conquista do paraíso: Cristóvão Colombo e seu legado. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1992.
SCATAMACCHIA, Maria Cristina M. O encontro entre culturas: europeus e indígenas no Brasil. São
Paulo. São Paulo: Atual, 1994.
118
387
SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial (1550-1835). São
Paulo: Companhia das Letras, 1996.
SILVESTRE, Armando A. Calvino e a resistência ao Estado. São Paulo: Editora Mackenzie, 2003.
SODRÉ, Nelson Werneck. Formação histórica do Brasil. São Paulo: Difel, 1982.
_____________________. Síntese da história da cultura brasileira. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1980.
SOUZA, Laura de M. e. O nome do Brasil. Nossa História. São Paulo: Vera Cruz, ano 1, n. 5, abri.
2004. p.34-39.
___________________. O diabo na terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
___________________. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. 4. Ed. Rio de
Janeiro: Graal. 2004.
SOUZA, Paulo César. A Sabinada: a revolta separatista da Bahia (1837). São Paulo: Brasiliense, 1987.
SÁNCHEZ, Maria Guadalupe Pedrero. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo:
Editora da Unesp, 2000.
SANDRONI, Paulo (org.). Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: Best Seller, 2003.
SCHOULTS, Lars. Estados Unidos, poder e submissão: uma história da política norte-americana em
relação à América Latina. Bauru: Edusc, 2003.
SYRETT, Harold (org.). Documentos históricos dos Estados Unidos. São Paulo: cultrix, 1995.
SEFFNER, Fernando. Da Reforma à Contra-Reforma: o cristianismo em crise. São Paulo, 1993.
SERRÃO, Joel; OLIVEIRA MARQUES, A. H. (dir.). Nova história da Expansão Portuguesa. Lisboa:
Editorial Estampa, 1991. v.7.
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. 6. ed. São Paulo: Atual; Campinas: Editora da Universidade
Estadual de Campinas, 1988.
SIQUEIRA, Sonia Aparecida. A Inquisição. São Paulo, FTD, 1998. (Coleção para conhecer melhor)
SILVA, Alberto da Costa e. A enxada e a lança: a África antes dos portugueses. 2. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1996.
___________. Studia, n. 52. Lisboa, 1994. Apud AGUILAR, Nelson (org.). Mostra do redescobrimento:
negro de corpo e alma. São Paulo: Associação Brasil 500 anos/Artes Visuais, 2000.
SILVA, Francisco Carlos T. da. Sociedade Feudal: Guerreiros, Sacerdotes e Trabalhadores. São Paulo:
Brasiliense, 1982.
SILVA, Janice T. da. Descobrimentos e Renascimento. São Paulo: Contexto, 1991.
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. Vida privada e quotidiano no Brasil na época de D. Maria I e D. João VI.
Lisboa: Referência/Estampa, 1993.
SIMAAN, Arkans; FONTAINE, Joelle. A imagem do mundo: dos babilônios a Newton. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003.
SINGER, Paul. A formação da classe operária. São Paulo: Atual, 2002.
SOARES, Luiz Carlos. Do Novo Mundo ao universo heliocêntrico. São Paulo, Hucitec, 1999.
SOBOUL. Albert. A Revolução Francesa. São Paulo: Difel, 1995.
SOLÉ, Jacques. A Revolução em questões; Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988.
119
388
SOUSTELLE, Jacques. A civilização asteca. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.
SOUTHERN, R. W. A Igreja Medieval. Lisboa: Editora Ulisseia, s/d.
SOUZA, Bernardino J. de. O pau-brasil na história nacional. Brasília: Conselho da Justiça Federal,
1999.
SILVA, Aracy L. da; GRUPIONI, Luís D. B. (org.). A temática indígena na escola. Brasília:
MEC/MARI/Unesco, 1995.
STRYER, J. R. As Origens Medievais do Estado Moderno. Lisboa: Editora Gradiva, s/d
TAVARES, António Augusto. Civilizações Pré-Clássicas. Lisboa: Universidade Aberta, 1995.
TEIXEIRA, Francisco M. P. As guerras de independência da América Latina. São Paulo, Ática, 1996.
(Coleção Guerras que mudaram o mundo)
THELM, N. O público e o privado na Grécia do século VIII ao IC a.C. O modelo ateniense. Rio de
Janeiro, Sette Letras, 1998.
THEODORO, Janice. Descobrimentos
Repensando a História).
e
Renascimento.
São
Paulo,
Contexto,
1991.
(Coleção
THOMPSON, Edward P. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
_________________. A formação da classe operária inglesa. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
THORNHILL. John. Napoleão, 2000, gera auto-análise francesa. Folha de S. Paulo. São Paulo, 23 jan.
2005. p. A-27.
TODOROV, Tzvetan. A conquista da América: a questão do outro. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
TOLEDO, Edilene; CANO, Jefferson. Imigrantes no Brasil do século XIX. São Paulo: Atual, 2003.
VACA, Alvar Nunez Cabeza de. Comentários. Porto Alegre: L&PM, 1999.
VAINFAS, Ronaldo (dir.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
VAN ACKER, Maria Tereza Vianna. Renascimento e humanismo: o homem e o mundo europeu do
século XIV ao século XVI. São Paulo, Atual, 1992. (Coleção História Geral em Documento).
VEIGA, Luiz. A Reforma protestante. São Paulo, Ática, 1998. (Coleção O cotidiano da História).
VENTURI, Franco. Utopia e reforma no iluminismo. Bauru: Edusc, 2003.
VERGER, Jacques. As Universidades na Idade Média. São Paulo: Editora Unesp, 1990.
VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo: do tráfico de escravos entre o Golfo do Benin e a Baía de Todos os
Santos. Salvador: Corrupio, 2002.
VERGUEIRO, Laura. Opulência e miséria das Minas Gerais. São Paulo: Brasiliense, 1981.
VESPÚCIO, Américo. Novo Mundo: cartas de viagens e descobertas. Porto Alegre, L&PM, 1984.
VIARELLO, Georges. O Limpo e o Sujo: a Higiene do Corpo desde a Idade Média. Lisboa: Fragmentos,
1988.
VIEIRA, Antônio. Sermões. 12. Ed. Rio de Janeiro: Agir, 1995.
VIDAL-NAQUET, Pierre e BERTIN, Jacques. Atlas histórico. Lisboa, Círculo dos Leitores, 1990.
120
389
______________. Os gregos, os historiadores, a democracia. O grande desvio. São Paulo, Cia das
Letras, 2002.
VILAR. Jean. A sociedade encantada. História viva. São Paulo: Duetto, ano II, n. 13. p.41-45.
VOLPATO, Luiza. Entradas e Bandeiras. 3 ed. São Paulo: Global, 1991.
VOVELLE, Michel. Combates pela revolução francesa. Bauru: Edusc, 2003.
WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras,
2004.
WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José C. de. Formação do Brasil colonial. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1994.
WERNET. Augustin. O período regencial. São Paulo: Global, 1982.
WHITE, Michael. Leonardo: o primeiro cientista. Rio de Janeiro: Record, 2002.
WOHL, Louis de. Fundada sobre a rocha, história breve da Igreja. Tradução de Teresa Jalles - Lisboa:
Rei do Livros, 1993.
WRIGHT, Ronald. Continentes robados – América vista por los índios desde 1492. Madrid, Anaya &
Mario Muchnik, 1994.
YENNE, Bill. Cem invenções que mudaram a história do mundo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
ZAMBONI, Ernesta. Representações e linguagens no ensino de História. revista Brasileira de História.
ano 18, n. 36, 1998.
121
390