MPECM_ Dissertação de Mestrado_ Marina Cadete da Penha
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MPECM_ Dissertação de Mestrado_ Marina Cadete da Penha
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA MARINA CADETE DA PENHA DIAS O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA COMO ESPAÇO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES Vitória 2014 MARINA CADETE DA PENHA DIAS O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA COMO ESPAÇO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Educação em Ciências e Matemática do Campus Vitória do Instituto Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação em Ciências e Matemática. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Manuella Villar Amado Coorientador: Prof. Dr. Athelson Stefanon Bittencourt Vitória 2014 (Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo) D541m Dias, Marina Cadete da Penha. O museu de ciências da vida como espaço de alfabetização científica : um olhar na formação continuada de professores / Marina Cadete da Penha Dias. – 2014. 173 f. : il. ; 30 cm Orientador: Prof.ª Dr.ª Manuella Villar Amado Co-orientador: Prof. Dr. Athelson Stefanon Bittencourt Dissertação (mestrado) – Instituto Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática, 2014. 1. Professores – Formação. 2. Museus e escolas. 3. Sistema nervoso. 4. Educação não-formal. I. Amado, Manuella Villar. II. Bittencourt, Athelson Stefanon. III. Instituto Federal do Espírito Santo. IV. Título. CDD- 21: 507 AGRADECIMENTOS Gratidão ao meu Deus, minha força, refúgio e fortaleza. A ti a honra, glória e louvor. Gratidão a minha família, mãe, irmã, esposo, sogra e cachorro. Mãe, que é pai também, minha luz, meu exemplo, minha melhor amiga. Irmã, companheira e incentivadora. Esposo, minha metade, meu suporte, meu amigo, minha paixão, meu amor (não há melhor adubo que você e eu!). Sogra, incentivadora e amiga. Cachorro, companheiro, alegria. Gratidão família, gratidão, por terem me carregado no colo quando não tinha mais forças para caminhar. Gratidão aos meus mestres, Manuella Villar Amado e Athelson Stefanon Bittencourt. Gratidão pela dedicação, conselhos e conhecimento compartilhado. Gratidão por poder caminhar junto, por aprender junto e por sonhar junto. Como fui abençoada! Gratidão a minha amigairmã Thamires Belo de Jesus. A palavra AMIGO se resume a você. Sonhamos juntas, choramos juntas e nos alegramos juntas (agora só falta eu ser Federal também!). Gratidão aos professores do Programa de Pós-graduação em Ciências e Matemática. Gratidão ao pedagogo Alessandro Poleto. Gratidão aos professores Ana Paula Dias Pazzaglini Roldi, Kleber Roldi, Nardely Sousa Gomes, Sérgio Fraga Ferreira Júnior, Vinicius Cardoso, Ana Neide Carleti Pereira, Dalva de Oliveira Ferraz, Edmar Guimarães Manduca, Flávia Nessrala Nascimento, Silzinei Pereira Guedes Barbalho, André Pittol Tambaroto, Bianca de Mello Sant’ Ana, Geraldo Sebastião Correa, Lidiane do Espirito Santo Trancho, Simone de Carvalho Machado, Vania Astori Porto. Gratidão ao Prof. Eduardo Augusto Moscon Oliveira, a Prof.ª Alessandra Fernandes Bizerra e a Prof.ª Priscila de Souza Chisté. Gratidão ao conhecimento compartilhado, ao incentivo e atenção. Gratidão ao Museu de Ciências da Vida pela parceria. Gratidão a FAPES e ao contribuinte brasileiro pelo apoio e financiamento. A Antônio Marinho Cadete (in memoriam), Marinazinha. da sua eterna Tá ventando no monte Tá soprando a bandeira Vislumbrando uma vida Tão distante e inteira Coração adormece Sonha com brincadeira O que tenho eu trago No mirante a oferta (...) O que tenho é sonho Coração a bandeira Vislumbrando distante É o vento que sopra O mirante adormece No monte a brincadeira A oferta que trago Uma vida inteira Chico Brant MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA RESUMO Dada à função educativa e ao potencial pedagógico dos museus é domínio comum o crescente número de professores que passam a utilizar esses espaços. Acerca disso, torna-se necessário uma olhar especial para a figura do professor, que desempenha a tarefa de articulação entre a escola e o museu. Desse modo, o Museu de Ciências da Vida, entendendo que a escola e o museu atuam de forma colaborativa para a alfabetização científica do cidadão, tem por perspectiva a formação de professores da educação básica por meio de cursos de formação continuada, tendo por referencial filosófico os pressupostos da alfabetização científica com enfoque CTSA, estabelecer a troca de experiências e conhecimento entre o museu e o professor da educação básica nas áreas biológicas e nas especificidades da educação museal. Dentro desta perspectiva, este estudo objetiva-se a contribuir com a formação continuada de professores em museus como espaços de educação não formal para a alfabetização científica a partir de uma proposta focada no conteúdo de Sistema Nervoso. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, teórico-empírica, do tipo estudo de caso, que foi apoiada em observações realizadas pela pesquisadora, entrevistas e questionários aplicados ao longo da pesquisa, e análise de livros e artigos científicos da área de ensino de Ciências, formação de professores e pedagogia museal. A pesquisa desenvolveu como produto final, uma formação continuada de professores no Museu de Ciências da Vida com a construção colaborativa de um material didático, contendo sequências didáticas que contemplam atividades a serem trabalhas antes, durante e depois da visita ao museu, com foco no conteúdo de Sistema Nervoso e na alfabetização científica com enfoque CTSA. Palavras-chave: Formação de Professores. Museu. Alfabetização Científica. Enfoque CTSA. Sistema Nervoso. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E MATEMÁTICA ABSTRACT Given the educational function and the pedagogical potential of museums is common domain the increasing number of teachers have begun to use these spaces. About it, it is necessary a special look at the teacher's figure, which performs the task of coordination between the school and the museum. Thus, the Science Museum of Life, understanding that the school and the museum work collaboratively to scientific literacy of citizens, is the perspective of basic education teacher education through continuing education courses, with the philosophical framework the assumptions of scientific literacy with CTSA approach, establish the exchange of experiences and knowledge between the museum and the teacher of basic education in the biological and the specifics of museum education. Within this perspective, this study aims to contribute to the continuing education of teachers in museums as informal education spaces for scientific literacy from a proposal focused on the nervous system of content. This is a qualitative, theoretical and empirical research, case study, which was supported by observations made by the researcher, interviews and questionnaires administered during the research, and analysis of books and scientific articles in science teaching area, training of teachers and museum pedagogy. The research was developed as a final product, continuing education of teachers in the Life Science Museum with the collaborative construction of a didactic material, containing didactic sequences that include activities to be you work before, during and after the visit to the museum, focusing on content the nervous system and scientific literacy with CTSA approach. Keywords: Teacher Education. Museum. Scientific literacy. CTSA approach. Nervous System. LISTA DE SIGLAS CAAE - Certificado de Apresentação para Apreciação Ética CCS - Centro de Ciências da Saúde CDCC - Centro de Divulgação Científica e Cultural CECIMIG - Centro de Ensino de Ciências e Matemática CEP - Comitê de Ética em Pesquisas CNEP - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa CNS - Resolução do Conselho Nacional de Saúde CONEP - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa CTS - Ciência, Tecnologia e Ambiente CTSA - Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente EDUCIMAT- Educação em Ciências e Matemática FMP - Faculdade de Medicina de Petrópolis FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz IFES- Instituto Federal do Espírito Santo MAHC - Museu de Anatomia Humana e Comparativa MAHP - Museu de Anatomia Humana e Patológica MAST - Museu de Astronomia e Ciências Afins MAU - Museu de Anatomia da UFES MCM - Museu de Ciências Morfológicas MCT - Museu de Ciências e Tecnologia MCV - Museu de Ciências da Vida MPEG - Museu Paraense Emílio Goeldi PUCRS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Programa EDUCIMAT - Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática SCTMAP - Secretaria de Ciência e Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco SISNEP - Sistema Nacional de Informações sobre Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos SN - Sistema Nervoso SNC - Sistema Nervoso Central SNP - Sistema Nervoso Periférico TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UEPS - Unidade de Ensino Potencialmente Significativa UFAL - Universidade Federal de Alagoas UFCSPA - Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre UFES - Universidade Federal do Espírito Santo UFG - Universidade Federal de Goiás UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro UnB - Universidade de Brasília UNESP - Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista USP - Universidade de São Paulo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 19 2.1 O MUSEU COMO ESPAÇO DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL ................... 19 2.2 O MUSEU E A ESCOLA COMO ESPAÇOS PARA A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA ............................................................................................... 27 2.3 O MUSEU COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO DOCENTE......................... 33 2.4 EDUCAÇÃO SOCIOCULTURAL FREIRIANA E SUA CONVERGÊNCIA COM PRESSUPOSTOS DE GONH E A ABORDAGEM CTSA ................. 38 3 PERCURSO METODOLÓGICO ................................................................ 43 3.1 OPÇÃO METODOLÓGICA ........................................................................ 43 3.2 PRODUÇÃO DE DADOS ........................................................................... 44 3.3 ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................... 48 3.3.1 Questionário e entrevista ......................................................................... 48 3.3.2 Sequência didática .................................................................................... 49 3.4 LOCAL DA PESQUISA ............................................................................... 51 3.5 SUJEITOS DA PESQUISA.......................................................................... 51 3.6 ASPECTOS ÉTICOS................................................................................... 52 4 O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA ............................................................ 54 4.1 BREVE HISTÓRICO DO MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA ........................ 54 4.2 O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA E O CONTEÚDO DE SISTEMA NERVOSO ................................................................................................... 60 5 CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA .......... 71 5.1 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS .............................................................. 71 5.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ................................................................... 83 5.3 A PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA NO MCV.......................... 90 5.4 PRODUÇÃO DE MATERIAL PARA A FORMAÇÃO ................................... 92 6 A PROPOSTA VIVENCIADA........................................................................99 7 INVESTIGANDO A PROPOSTA VIVENCIADA..........................................114 7.1 AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO.....................................................................114 7.2 VALIDAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS POR PARES......................129 7.3 VALIDAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS QUANTO A ABORDAGEM CTSA............................................................................................................135 8 PRODUTO FINAL.........................................................................................138 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................139 REFERÊNCIAS ...........................................................................................142 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO APLICADO AOS PROFESSORES ..........................................................................................150 APÊNDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA DIAGNÓSTICO .................... 152 APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO AO COORDENADOR DO MUSEU .........153 APÊNDICE D - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES .........154 APÊNDICE E - GUIA DO GRUPO FOCAL....................................................157 APÊNDICE F - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO TCLE .............................................................................................................158 APÊNDICE G - CARTA DE AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA .................159 APÊNDICE H - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOTCLE .............................................................................................................160 APÊNDICE I - PLANO DE CURSO ................................................................161 APÊNDICE J - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOTCLE ..............................................................................................................163 APÊNDICE K - MODELO DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA ................................164 APÊNDICE L - FICHA DE VALIDAÇÃO DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA .........165 APÊNDICE M - PRODUÇÃO ACADÊMICA AO LONGO DA PESQUISA .....167 ANEXO A - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ...................172 15 1 INTRODUÇÃO Ao pensarmos em espaços de educação, é inquestionável o papel exercido pela instituição escola. No entanto, esse espaço não configura como o único a se dedicar a função educativa. Uma das instituições que ao longo de sua existência vem assumindo cada vez mais esse papel são os museus (MARANDINO, 2008), que dotados de singularidades comungam com a escola o aspecto da difusão social do conhecimento. Dada à função educativa e ao potencial pedagógico dos museus é domínio comum o crescente número de professores que passam a utilizar esses espaços, levando a escola ao museu (JACOBUCCI; JACOBUCCI; MEGID NETO, 2007). Como aponta pesquisa realizada por Cazelli et al (1998, apud MARANDINO, 2001), a procura dos professores por esses espaços relaciona-se a uma alternativa a prática pedagógica, a presença de uma abordagem interdisciplinar e a relação com o cotidiano de seus alunos, como também, mas apontado em menor quantidade, a ampliação cultural. Abib et al (2012, p. 2) enfatiza que, “se o professor entende o museu como recurso para valorizar, complementar e abordar sua prática cotidiana, por que não utilizar este espaço como uma possibilidade efetiva de sua formação?”. Nessa perspectiva, museus no Brasil como Museu de Astronomia e Ciências AfinsMAST, Museu Nacional e o Museu da Vida-Fundação Osvaldo Cruz, entre outros no país, vêm desenvolvendo diferentes ações de formação continuada de professores, que compreende desde cursos rápidos de aperfeiçoamento a programas de pósgraduação. No estado do Espírito Santo, no que se refere formação continuada de professores, o Museu de Ciências da Vida (MCV), dentre a variedade de projetos que desenvolve, almeja, estabelecendo parcerias, tornar-se um grande centro de formação continuada nas áreas biológicas, contando futuramente com uma estrutura que permita realização de cursos teórico-práticos voltados a professores da educação básica. 16 Espaço de popularização do conhecimento científico relativo ao estudo da vida, o MCV é o único museu no estado voltado a difusão do conhecimento relacionado ao corpo humano. Projeto de extensão da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) localiza-se no Centro de Ciências da Saúde (CCS)- Campus Maruípe, e conta com mais de 200 peças compostas por material natural mumificado ou fixado em formol, modelos sintéticos interativos, esquemas e gravuras. A pesquisa aqui apresentada é um dos frutos da parceria estabelecida entre o MCV e o Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática (Educimat) do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES), que oportunizou conhecer e desenvolver junto ao MCV um projeto piloto de formação continuada de professores. O projeto piloto desenhou-se ao longo da pesquisa e é resultado do movimento de investigação, que inicialmente, ao entrar no mestrado, voltava-se para indagações levantadas durante minha trajetória acadêmica quanto ao ensino de Biologia, que compreende uma extensa aquisição de conceitos, vocabulários, esquemas e terminologias específicas que muitas vezes se mostra de difícil entendimento e alta complexidade. Entre a variedade de conteúdos que compõem o ensino de Biologia, o conteúdo de sistema nervoso (SN), apresenta-se como um conteúdo de difícil assimilação, principalmente devido a sua complexidade, constituindo a mim enquanto docente e pesquisadora da minha prática pedagógica, um desafio no processo ensinoaprendizagem. Nesse sentido, como aponta Krasilchik (2008, p. 11), “a Biologia pode ser uma das disciplinas mais relevantes e merecedoras da atenção dos alunos, ou uma das disciplinas mais insignificantes e pouco atraentes, dependendo do que for ensinado e de como isso for feito”. No mestrado, a partir de um aprofundamento teórico-metodológico referente a concepções de ensino-aprendizagem, práticas pedagógicas, alfabetização científica e movimento CTSA passei a refletir sobre minhas concepções de ensinoaprendizagem, notando assim, que buscava apenas meios diferentes para 17 “transmitir” um conteúdo, o que metaforicamente é denominado de “Educação Bancária” pelo educador Paulo Freire (FREIRE, 1987). Junto a isso, um novo campo de estudo se abriu para mim, que são os museus. Assim, busquei me aproximar mais dessa área de pesquisa, de modo que, além de me aprofundar em leituras de teóricos dessa temática, busquei cursar disciplina específica da área, tendo a oportunidade de participar como aluna especial na disciplina Educação em Museus: pesquisa e práticas, ministrada pelo Prof.ª. Dr.ª Martha Marandino, na USP. Conheci também programas voltados para o atendimento ao professor ofertados em museus no país, participando assim do Encontro de Assessoria ao Professor EAP, desenvolvido no Museu de Astronomia e Ciências Afins - MAST, Rio de Janeiro, e do Diálogo entre Educadores, promovido pela Seção de Assistência ao Ensino do Museu Nacional, Rio de Janeiro. A partir desses estudos, e da vivência com pessoas da área, passei a conhecer mais sobre as especificidades do museu e da importância do professor que utiliza esse espaço em sua prática pedagógica, reconhecer que os museus e a escola necessitam atuar como parceiros educativos para a formação de cidadãos alfabetizados cientificamente. Assim, inicia-se o delineamento da proposta do projeto piloto no MCV, buscando contribuir com a formação continuada dos professores da educação básica contemplando conteúdo relativo ao ensino de Biologia, as especificidades da educação museal e a alfabetização científica com enfoque CTSA. Dentro desta perspectiva, esta pesquisa teve por objetivo geral contribuir com a formação continuada de professores em museus como espaços de educação não formal para a alfabetização científica a partir de uma proposta focada no conteúdo de Sistema Nervoso. Para tanto, este estudo perpassou pelos seguintes objetivos específicos: 18 Levantar as percepções e práticas pedagógicas do professor de biologia em relação ao conteúdo de sistema nervoso, a alfabetização científica com enfoque CTSA e o MCV; Levantar as características do MCV quanto a sua história e potencial pedagógico para ensino do conteúdo de SN; Elaborar, implementar e investigar um projeto piloto de formação continuada de professores de biologia quanto aos conteúdos de SN com enfoque CTSA, visando capacitação para utilização do MCV como espaço de educação não formal em suas práticas pedagógicas; Construir e validar junto aos professores em formação continuada, sequências didáticas como material de apoio pedagógico para a visitação ao MCV embasado nas concepções da alfabetização científica com enfoque CTSA. Assim, na fundamentação teórica, apresentamos o museu como espaço de educação não formal, e exploramos definições de alguns autores para os termos educação formal, não formal e informal. Exploramos o potencial dos museus para a alfabetização científica do cidadão, e procuramos apresentar contribuições recentes de pesquisas sobre formação de professores em museus, como também estabelecer uma relação entre a educação sociocultural Freiriana, os pressupostos de Gohn e das concepções do movimento CTSA. No percurso metodológico, indicamos a abordagem metodológica da pesquisa, e os elementos metodológicos para produção e análise dos dados. E, por fim, apresentamos os resultados. 19 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1. O MUSEU COMO ESPAÇO DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL Processos educativos estão presentes nas mais variadas sociedades, sejam de forma coletiva ou individual, em ambiente escolar ou familiar; entretanto, sobretudo com o advento da escolarização, como destaca Trilla (2008), passou-se a produzir uma identificação entre “educação” e “escolarização”, superestimando assim, em detrimento aos mais variados processos educativos, a educação escolar. Relevante é considerarmos que: A escola é uma instituição histórica. Não existe desde sempre nem nada garante sua perenidade. Foi e é funcional a certas sociedades, mas o que é realmente essencial a qualquer sociedade é a educação. A escola constituiu apenas uma de suas formas, e nunca de maneira exclusiva (TRILLA, 2008, p. 17). O entendimento de que juntamente a escola coexistem outros mecanismos educacionais (TRILLA, p. 17), está estritamente relacionado ao surgimento e a compreensão das expressões, “educação formal”, “não formal” e “informal”, de modo que as duas últimas reforçam a ideia de uma educação não exclusiva à escola. Como Smith (1996) relata, na década de 1960 e início de 1970, o discurso internacional sobre política de educação volta-se para o reconhecimento de que a educação também acontece além dos muros da escola, isso devido às dificuldades econômicas e políticas enfrentadas nessa época por muitos países para pagar a expansão da educação formal, nesse contexto entendida como educação escolar, expande-se assim a participação de diferentes setores da sociedade, de modo a suprir as demandas sociais e dificuldades enfrentadas por muitos países em relação à educação formal. Um dos marcos do discurso internacional sobre política de educação da época foi o relatório da UNESCO de 1972, Learning to be-The faure report, de modo que a partir dele passou a ser influente sobre os sistemas de aprendizagem uma categorização tripartida, e essa categorização passou a ser mais conhecida a partir do trabalho de 20 Combs com Prosser e Ahmed que categorizaram a educação em formal, informal e não formal (SMITH, 1996). Combs e Ahmed (1974, p.8, tradução nossa) definem educação formal como “sistema de ensino altamente institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado, abrangendo da escola primária à universidade”, educação informal como “o processo realizado ao longo da vida pelo qual cada pessoa adquire e acumula conhecimentos, habilidades, atitudes e percepções de experiências diárias em exposição ao ambiente - em casa, no trabalho e no lazer”, e educação não formal seria um “sistema organizado de atividades educacionais exercidas fora do quadro do sistema formal para oferecer tipos selecionados de aprendizagem a subgrupos específicos da população, tanto adultos como crianças”. Conforme Trilla (2008), desde então, houve uma ampliação na utilização dessas definições, passando a ser de uso comum na linguagem pedagógica e que [...] antes de mais nada, essa classificação tripartite tem um propósito de exaustividade. Isto é, ela pressupõe que a soma do educativamente formal, não formal e informal deveria abranger o universo inteiro da educação, [...] a distinção proposta é, portanto, um modo de setorializar aquele universo, uma tentativa de traçar fronteiras no seu interior. Assim, o problema inicial consistirá em como e onde localizar tais fronteiras (Ibid, p. 34). E é justamente o como e onde se localizam tais fronteiras que torna a utilização dessas definições não consensual, considerando que diversos autores (Prosser e Ahmed, 1974; Maarschalk, 1988; Trilla, 2008; Gohn, 2010) utilizam dessas definições de maneira diferente, de modo que, o que é informal para um autor, para outro é considerado formal. Trilla (2008), assim como os demais autores, traça as fronteiras entre educação formal, não formal e informal, a partir de critérios. Segundo o autor, a fronteira entre educação informal e as demais parte da intencionalidade do agente e o caráter metódico ou sistemático do processo. “Segundo o primeiro critério, todos os processos intencionalmente educacionais entrariam na coluna do formal e não formal e, por conseguinte os não intencionais 21 ficariam na do informal” (ibid, p. 36). Conforme o segundo critério, a do caráter metódico ou sistemático do processo educacional, “a educação formal e a não formal se realizam de forma metódica, enquanto a informal assistemática” (ibid, p.36). Como observado, a educação formal e não formal apresentam objetivos explícitos de aprendizagem e processos educativamente diferenciados e específicos, mas também existem fronteiras entre a educação formal e não formal de modo que, [...] a educação não-formal é aquela que se realiza fora do marco institucional da escola, ou a que se afasta dos procedimentos escolares convencionalmente. Desse modo, o escolar seria o formal, enquanto o não escolar (mas intencional, específico, diferenciado etc.) seria o não formal (TRILLA, 2008, p. 39). Quando se trata das discordâncias quanto à distribuição de critérios para enquadrar o que é formal, não formal e informal, o que se observa é a utilização de exemplos para tentar explicar o que se quer dar a entender (TRILLA, 2008), e isso é observável nas definições de autores como Maarschalk (1988) e Gohn (2010) que exemplificam definindo que esses tipos de educação ocorrem nas escolas, museus, famílias etc. Para Maarschalk (1988, apud CHAGAS, 1993, p. 52) a educação formal “caracteriza-se por ser altamente estruturada. Desenvolve-se no seio de instituições próprias — escolas e universidades — onde o aluno deve seguir um programa prédeterminado, semelhante ao dos outros alunos que frequentam a mesma instituição”, a não formal “processa-se fora da esfera escolar e é veiculada pelos museus, meios de comunicação e outras instituições que organizam eventos de diversas ordens, tais como cursos livres, feiras e encontros, com o propósito do ensinar ciência a um público heterogêneo” e a informal “ocorre de forma espontânea na vida do dia-a-dia através de conversas e vivências com familiares, amigos, colegas e interlocutores ocasionais”. No Brasil, como relata Gohn (1998), só a partir da década de 1990 que as atenções que sempre estiveram voltadas para a educação formal começaram a voltar-se à educação não formal. Segundo Gohn (1998, p. 511-512): 22 O grande destaque que a educação não formal passou a ter nos anos 90 decorre das mudanças na economia, na sociedade, e no mundo do trabalho. Passou-se a valorizar os processos de aprendizagem em grupos e a dar-se grande importância aos valores culturais que articulam as ações dos indivíduos. E é justamente em relação à importância dos valores culturais que Gohn (1998) apoia-se para tratar da educação, de modo que para a autora a educação está estritamente relacionada ao conceito de cultura, que reflete a atuação do homem na história, e está em constante modificação influenciada por valores transmitidos de geração a geração. Nesse sentido, a autora define educação não formal como “aquela que se aprende no ‘mundo da vida’, via processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas do cotidiano” (GOHN, 2010, p. 16). Define a educação informal “como aquela na qual os indivíduos aprendem durante seu processo de socialização gerada nas relações e relacionamentos intra e extrafamiliares (amigos, escola, religião, clube etc.)” (GOHN, 2010, p.16), e a formal “como aquela desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente demarcados” (GOHN, 2010, p.16). Gohn (2010) destaca a profunda diferença entre a educação formal e a informal, de forma que a não formal tem campo próprio. O que diferencia os dois tipos de educação seria a intencionalidade presente na formal e os processos espontâneos ou naturais na informal (GOHN, 1998). Cabe aqui salientarmos que, mesmo diante de uma variedade de definições para educação formal, não formal e informal, e sem considerarmos outros autores que também definem ao seu modo os tipos de educação como Fávero, 1988; Gadotti, 2005 e Silva, 2006, se traçarmos um quadro comparativo entre as definições aqui apresentadas (QUADRO 1), é observável que, em todas elas o que separa a educação formal da informal e não-formal, seria o fato de que a primeira se dá em um espaço escolar e as outras em espaço não escolar. Nesse sentido, concorda Jacobucci (2008) que amplia a discussão do campo ‘ações educativas’ para o campo ‘espaços da educação’, propondo assim uma definição 23 para esses espaços, partindo do ponto de que, como existe a educação realizada no espaço escolar, que a autora define como espaço de educação formal, existe a educação realizada no espaço não escolar definido por ela como espaço de educação não formal. Segundo Jacobucci (2008, p. 56), o espaço formal de educação seria: [...] o espaço escolar, que está relacionado às Instituições Escolares da Educação Básica e do Ensino Superior, definidas na Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. É a escola, com todas as suas dependências: salas de aula, laboratórios, quadras de esportes, biblioteca, pátio, cantina, refeitório. Nessa linha de pensamento, “posto que espaço formal de Educação é um espaço escolar, é possível inferir que espaço não-formal é qualquer espaço diferente da escola onde pode ocorrer uma ação educativa” (JACOBUCCI, 2008, p.56). No entanto, existe uma infinidade de lugares não escolares, frente a isso, todos seriam então espaços não formais de educação? Na tentativa de definir espaços não formais de educação Jacobucci (2008) sugere duas categorias: locais que são instituições e locais que não são instituições (figura 1). 24 Quadro 1- Definições para educação formal, não formal e informal Combs e Ahmed, 1974 Sistema de ensino altamente institucionalizado, Espaço Educação cronologicamente gradual Escolar Formal e hierarquicamente estruturado, abrangendo da escola primária a universidade. Sistema organizado de atividades educacionais exercidas fora do quadro do sistema formal para Educação oferecer tipos Não selecionados de Formal aprendizagem a subgrupos específicos da população, tanto adultos Espaço como crianças. Não Escolar O processo realizado ao longo da vida pelo qual cada pessoa adquire e acumula conhecimentos, Educação habilidades e percepções Informal de experiências diárias em exposição ao ambiente em casa, no trabalho e no lazer. Maarschalk, 1988 Trilla, 2008 Caracteriza-se por ser altamente estruturada. Desenvolve-se no seio de instituições própriasescolas e universidades -onde o aluno deve seguir um programa pré-determinado, semelhante ao dos alunos que frequentam a mesma instituição. Processos intencionalmente Aquela desenvolvida nas educacionais que se escolas, com conteúdos realizam de forma previamente demarcados. metódica no ambiente escolar. Processa-se fora da esfera escolar e é veiculada pelos museus, meios de comunicação e outras instituições que organizam eventos de diversas ordens, tais como cursos livres, feiras e encontros, com o propósito do ensinar ciência a um público heterogêneo. É aquela que se realiza fora do marco institucional da escola, ou a que se afasta dos procedimentos escolares convencionalmente. Ocorre de forma espontânea na vida do dia-a-dia através de conversas e vivencias com familiares, amigos colegas e interlocutores ocasionais. Aquela na qual os indivíduos aprendem durante seu processo de Processos educacionais socialização gerada nas não intencionais e relações e assistemáticos. relacionamentos intra e extrafamiliares (amigos, escola, religião, clube etc.). Fonte: Combs, Ahmed, (1974); Maarschalk, (1988); Trilla, (2008); Gohn, (2010). Gohn, 2010 Aquela que se aprende no 'mundo da vida', via processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas do cotidiano. 25 Figura 1- Definições para espaço formal e não formal de educação Fonte: Elaborado pela autora, (2014) com base em Jacobucci, (2008). Na categoria instituições segundo Jacobucci (2008, p.56): [...] podem ser incluídos os espaços que são regulamentados e que possuem equipe técnica responsável pelas atividades executadas, sendo o caso dos Museus, Centros de Ciências, Parques Ecológicos, Parques Zoobotânicos, Jardins Botânicos, Planetários, Institutos de Pesquisa, Aquários, Zoológicos, dentre outros. Quanto à categoria não instituições Jacobucci (2008, p. 57) define como: [...] ambientes naturais ou urbanos que não dispõem de estruturação institucional, mas onde é possível adotar práticas educativas, englobam a categoria Não-Instituições. Nessa categoria podem ser incluído teatro, parque, casa, rua, praça, terreno, cinema, praia, caverna, rio, lagoa, campo de futebol, dentre outros inúmeros espaços. A partir do que foi exposto sobre os conceitos de educação formal, não formal e informal, em nossa pesquisa assumimos os museus como espaços de educação não formal, considerando como meta da educação não formal aquela defendida por Gohn (2006), em que a transmissão de informação e a formação política e sociocultural contida nesses espaços devem preparar e educar para a civilidade, capacitando os indivíduos de maneira a torná-los cidadãos conhecedores da realidade social em que vivem, considerando que o fortalecimento do exercício da 26 cidadania ocorre quando as relações dentro de uma sociedade estão baseadas em igualdade e justiça social. Na perspectiva de Gohn (2006, 2010), os espaços voltados para o fortalecimento do exercício da cidadania são os movimentos, organizações e associações sociais, que vai ao encontro dos ideais de Freire (1986) ao sinalizar que existe na intimidade dos movimentos sociais como, movimento de libertação das mulheres, o movimento ecológico, entre outros, a possibilidade do desenvolvimento de uma educação emancipatória. Assim, em nossa pesquisa, ao considerarmos como meta a educação não formal defendida por Gohn (2006, 2010), não temos por foco o campo próprio por ela definido em que acontece a educação não formal, mas sim o modelo de educação não formal defendido, focado nas questões sociais e de cidadania, o que vem ao encontro da educação sociocultural Freiriana e das concepções filosóficas do movimento CTSA e da alfabetização científica adotados nessa pesquisa. Assim, propomos uma aproximação entre esses três referenciais teóricos, que será apresentado mais a frente. Desde logo é importante registar que, não temos como foco subestimar a educação formal, ou escolar, em favor do não formal, visto que a escola é uma instituição histórica e fundamental nos tempos atuais. Como destaca Gohn (2010, p. 39), a educação não formal “em hipótese nenhuma substitui ou compete com a educação formal escolar”. Propomo-nos a discutir a questão por outro ângulo, a fim de potencializar outros mecanismos educacionais que coexistem juntamente a escola, de modo que o formal e não formal atuem como “parceiros educativos”, conceito que será discutido no próximo capítulo. 27 2.2 O MUSEU E A ESCOLA COMO ESPAÇOS PARA A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA Gohn (2010) destaca que há muitos alfabetizados, que sabem ler e escrever, mas que leem apenas mecanicamente. Esses, ao entender de Gohn, não sabem fazer uma leitura crítica do mundo, que vem passando progressivamente por inúmeras mudanças, a exemplo das novas tecnologias que mudaram a cena da vida cotidiana dos indivíduos, o que “tem gerado novas demandas e novas necessidades educacionais” (GOHN, p.34, 2010). Ao conjunto de conhecimentos que facilitaria aos homens e mulheres fazer uma leitura de mundo onde vivem, refere-se Chassot (2003) por alfabetização científica, de modo que “seria desejável que os alfabetizados cientificamente não apenas tivessem facilitada a leitura do mundo em que vivem, mas entendessem a necessidade de transformá-lo e transformá-lo para melhor” (CHASSOT, 2003, p.38). Nesse sentido, Bazzo (1998, p. 34) comenta: “o cidadão merece aprender a ler e entender – muito mais do que conceitos estanques - a ciência e a tecnologia, com suas implicações e consequências, para poder ser elemento participante nas decisões de ordem política e social que influenciarão o seu futuro e o dos seus filhos”. Desse modo, é significativa a coordenação de esforços no sentido de proporcionar uma alfabetização científica que contribua para a formação de homens que apliquem em sua vida cotidiana os conhecimentos científicos aprendidos, que tenham uma leitura de mundo, a fim de nele agir com autonomia, implicando assim o exercício da criticidade e capacidade de tomar decisões frente à realidade do mundo contemporâneo, e essa perspectiva de alfabetização científica enquadra-se nos elementos que abrangem o movimento CTSA. Esse movimento, inicialmente difundido e ainda utilizado por muitos autores pela nomenclatura CTS (Ciência, Tecnologia e Ambiente), iniciou-se na década de 1970 do século passado e sua origem está ligada entre outros fatores, ao impacto sobre grupos de cidadãos, e em particular de educadores, que os estudos da 28 pesquisadora Rachel Carson revelaram quanto aos efeitos nocivos do DDT sobre o homem e outras espécies. Carson, por meio de seu livro Primavera Silenciosa, conseguiu que vários grupos fossem sensíveis a seus apelos e argumentos e assim tanto grupos da sociedade em geral como pesquisadores, começaram a refletir sobre os impactos da ciência e da tecnologia na sociedade (VILCHES, PÉREZ, PRAIA, 2011). Alguns pesquisadores passaram a defender a incorporação da letra “A”, que significa ambiente, na expressão CTS, ficando assim o movimento conhecido e atualmente mais difundido como CTSA. Os que defendem essa incorporação justificam-na quanto à necessidade de uma ênfase às consequências ambientais oriundas do desenvolvimento científico e tecnológico e “não estão dizendo que “A” não esteja contida em CTS, mas pretendem [...] evitar um tratamento particularmente insuficiente das questões ambientais quando se incorporam as relações CTS” (VILCHES, PÉREZ, PRAIA, 2011, p. 180). Nesse sentido, acreditamos que Santos (2011) esclarece bem questões quanto ao surgimento desse movimento e aponta a suas maiores contribuições, ao dizer que: Esse movimento surgiu tanto em função de problemas ambientais gerados pelo cenário socioeconômico da CT, como em função de uma mudança da visão sobre a natureza da ciência e do seu papel na sociedade, o que possibilitou a sua contribuição para a educação em ciências na perspectiva de formação para a cidadania. (SANTOS, 2011, p.23) No campo da educação em ciências, tendo como foco o ensino médio, Santos e Mortimer (2002) destacam que a educação CTSA, na perspectiva de formação para a cidadania, contribui para a construção de conhecimentos, habilidades e valores necessários para tomar decisões responsáveis sobre questões sociais atuais. Nessa perspectiva Auler (2007) sinaliza que a educação CTS destaca-se por: 29 Promover o interesse dos estudantes em relacionar a ciência com aspectos tecnológicos e sociais, discutir as implicações sociais e éticas relacionadas ao uso da ciência-tecnologia (CT), adquirir uma compreensão da natureza e do trabalho científico, formar cidadãos cientifica e tecnologicamente alfabetizados, capazes de tomar decisões informadas e desenvolver o pensamento crítico e a independência intelectual. (AULER, 2007, p.1). De acordo com Santos e Mortimer (2002), um ensino pautado em uma abordagem CTSA, [...] diferencia-se do modismo do assim chamado ensino do cotidiano, que se limita a nomear cientificamente as diferentes espécies de animais e vegetais, os produtos químicos de uso diário e os processos físicos envolvidos no funcionamento dos aparelhos eletroeletrônicos. Um ensino que contemple apenas aspectos dessa natureza seria, a nosso ver, puramente enciclopédico, favorecendo uma cultura de almanaque. Essa seria uma forma de “dourar a pílula”, ou seja, de introduzir alguma aplicação apenas para disfarçar a abstração excessiva de um ensino puramente conceitual, deixando, à margem, os reais problemas sociais. (SANTOS, MORTIMER, 2002, p. 7). Nessa perspectiva, alguns autores apontam estratégias didáticas que, diferentemente do ensino puramente conceitual, podem contribuir para uma maior participação dos alunos a fim de atingir os objetivos da educação CTSA. Hofstein, Ainkenhead e Riquarts (1988, apud SANTOS, MORTIMER, 2002) apontam como estratégias: palestras, demonstrações, sessões de discussão, solução de problemas, jogos de simulação e desempenho de papéis, fóruns e debates, projetos individuais e de grupo, redação de cartas a autoridades, pesquisa de campo e ação comunitária. Santos e Schinetzler (2003, apud SILVA, OLIVEIRA, QUEIROZ, 2011) destacam estratégias como: discussão estruturada, fóruns e debates, projetos individuais ou em grupo, pesquisa de campo, ações comunitárias, visitas a indústrias e museus, realização de entrevistas com representantes de setores da sociedade, redação de cartas a autoridades e estudo de casos envolvendo problemas reais da sociedade. Cabe aqui considerarmos que, estratégias didáticas diferenciadas, que promovam a alfabetização científica do aluno com foco na abordagem de ensino CTSA, como a própria compreensão da natureza e finalidades da alfabetização científica com foco na abordagem de ensino CTSA, evidenciam a necessidade e domínio de tais 30 conhecimentos por parte dos docentes, havendo assim a necessidade de uma formação inicial ou continuada que possam nesse sentido subsidiar o docente. Nessa perspectiva, discorrem Santos e Mortimer (2002, p. 18): [...] a reforma curricular atual do ensino médio depende de um processo de formação continuada de professores para que não se torne letra morta na legislação. Como desenvolver novos modelos curriculares sem envolver aqueles que irão aplicar tais modelos? Não adianta apenas inserir temas sociais no currículo, sem qualquer mudança significativa na prática e nas concepções pedagógicas. Não basta as editoras de livros didáticos incluírem em seus livros temas sociais, ou disseminarem os chamados paradidáticos. Sem uma compreensão do papel social do ensino de ciências, podemos incorrer no erro da simples maquiagem dos currículos atuais com pitadas de aplicação das ciências à sociedade. Relevante é considerarmos que, “no mundo contemporâneo, promover acesso ao saber científico- ou seja, realizar a alfabetização científica cultural de qualidade- é dever de diversos tipos de profissionais e responsabilidade de toda a sociedade” (KRASILCHIK, MARANDINO, 2007, p. 33). Nesse sentido, concordam e contribuem para tal reflexão Gouvêa e Leal (2003), para as quais o ensino de ciências deve estar ancorado, cada vez mais, em relações interinstitucionais, a exemplo, escola, museus, universidade, de modo a possibilitar uma alfabetização científica consciente e condizente às demandas do mundo contemporâneo. É inquestionável o papel exercido pela escola para a alfabetização científica, “no entanto, nem ela nem nenhuma instituição têm condições de proporcionar e acompanhar a evolução de todas as informações científicas necessárias para a compreensão do mundo” (KRASILCHIK, MARANDINO, 2007, p.31). Nessa perspectiva, no mundo contemporâneo, ações de parceria são imprescindíveis para a alfabetização científica, colaborando assim com a escola. De maneira geral: Escolas, museus, centros de interpretação da cultura científica e do patrimônio natural, meios de comunicação em massa, entre outros, devem promover cada vez mais ações conjuntas, as quais, respeitando as 31 especificidades de cada um, ampliem o efeito de seus programas. (KRASILCHIK, MARANDINO, 2007, p.32). Ao tratarmos de parceria, em nossa pesquisa assumimos, assim como outros autores (KOPTCKE, 2002, 2003; KRASILCHIK, MARANDINO, 2007), o conceito de parceria como partilha do poder e da responsabilidade de formar e educar, ou seja, uma, “parceria educativa”, que segundo Clenet e Gérard (1994, apud KRASILCHIK, MARANDINO, 2007, p. 111) “trata-se do movimento social de questionamento da distribuição de responsabilidades”. Nesse sentido, Gouvêa e Leal (2003, p. 222) reforçam que “atualmente, as escolas não têm condições de proporcionar à sociedade todas as informações científicas necessárias à compreensão do mundo em mudança” e segundo Marandino (2000) com a ampliação do movimento de alfabetização científica um dos espaços que tem se constituído como fundamentais para a educação são os museus, nesse sentido concordam vários autores, Cazelli (1992); Gouvêa et al (2001); Valente, Cazelli, Alves (2005); Jacobucci, Jacobucci, Neto, (2009); Leporo, Dominguez, (2011); Figurelli, (2011). No entanto, devemos considerar que, assim como as escolas não tem condições de proporcionar todas as informações científicas necessárias, os museus, tão somente, também não os têm. Logo, reforça-se a importância da ideia de “parceria educativa”, de modo que respeitando as especificidades de cada um, possam partilhar do poder e da responsabilidade de formar, educar, de alfabetizar cientificamente. Quanto às especificidades da educação em museus, Marandino (2005) refere-se por pedagogia museal, e aponta a partir da literatura na área de museus de ciências algumas particularidades relacionadas aos processos educacionais desenvolvidos nesses locais. Marandino (2005) faz referência a Van-Praet e Poucet que relacionam elementos como o lugar, o tempo e a importância dos objetos como especificidades dos museus. Segundo Van-Praet e Poucet (1989, p. 21, apud MARANDINO, 2005, p. 165) o tempo “é muito breve se considerarmos os minutos que cada visitante concede a um objeto, a um tema, durante uma visita que poderá ser a única de sua 32 vida”, quanto ao lugar, em oposição ao espaço fechado da escola, nos museus é concebido como um lugar aberto onde os visitantes são voluntários e não ficam presos. No que se refere à importância dos objetos, Van-Pret e Poucet (1989, p.26, apud MARANDINO, 2005, p. 166) ressaltam que “uma grande parte da ação cultural dos museus é de fato favorecer o acesso aos seus objetos, dando-lhes sentido e ensinando a vê-los”. Nessa perspectiva, Marandino (2000) também cita os elementos propostos por Allard et al (1996) que diferencia museus e escolas, e os sintetiza em um quadro (quadro 2), enfatizando assim as especificidades de cada um. Ao assumirmos em nossa pesquisa, o ideal da parceria educativa, concordamos com Marandino (2000) quanto o papel da escola e do museu, de modo que “não se trata de opor o museu à escola, mas de analisar, objetivando o aprimoramento, as especificidades das exposições e das ações culturais no museu em relação às atividades do espaço escolar” (MARANDINO, 2000, p. 212). Quadro 2- Especificidades do museu e da escola ESCOLA MUSEU Objeto: instruir e educar Objeto: recolher, conservar, estudar e expor Cliente cativo e estável Cliente livre e passageiro Cliente estruturado em função da idade ou Todos os grupos de idade sem distinção de da formação formação Possui um programa que lhe é imposto, Possui exposições próprias ou itinerantes e pode fazer diferentes interpretações, mas é realiza suas atividades pedagógicas em fiel a ele Concebida função de sua coleção para atividades em grupos Concebido para atividades geralmente (classe) individuais ou de pequenos grupos Tempo: 1 ano Tempo: 1h ou 2h Atividade fundada no livro e na palavra Atividade fundada no objeto 33 Fonte: Elaborado pela autora, (2014) com base em Marandino, (2000). Nessa linha de pensamento, Marandino (2000) cita que museus e escolas apresentam também um histórico de parceria e que vários são os programas educacionais proporcionados pelos museus em parceria com as escolas, como programas de atendimento a visitas escolares, programas de produção de material para empréstimo como também programas de formação de professores. 2.3 O MUSEU COMO ESPAÇO DE FORMAÇÃO DOCENTE Como Abib et al (2012, p. 1) relatam, “nas últimas décadas é possível perceber a consolidação de espaços diferentes do escolar, por exemplo, os museus e centros de Ciências, como espaços educativos para o ensino de ciências, influenciando na construção de cidadanias ativas na sociedade”, e é crescente número de professores que passam a utilizar esses espaços. Nesse sentido, Abib et al (2012, p.2) argumenta que “se o professor entende o museu como recurso para valorizar, complementar, abordar sua prática cotidiana, por que não utilizar este espaço como uma possibilidade efetiva de sua formação?” No tocante à formação inicial, na área de educação em ciências, algumas iniciativas tomam corpo e torna-se alvo de investigação. Entre essas estão as que articulam universidades, museus e escolas, configurando-se como espaços de formação de professores (MARNDINO, 2003). Entre os pesquisadores que nos últimos anos têm se dedicado a essa temática, como Ferrari, 2004; Ovigli, 2009; Carvalho, 2009; Monteiro, 2009; Nasser, 2012 e Silva, 2012, destaco aqui, duas experiências de formação inicial de professores desenvolvidas em museus que representam ações de contribuição nesse campo de pesquisa. Ovigli (2009), em sua pesquisa de mestrado centrou-se no estudo dos saberes mobilizados por licenciandos quando em atividade de mediação em um centro de ciências de modo a buscar articulações possíveis entre os saberes docentes e os saberes da mediação humana. 34 A coleta de dados se deu por meio de entrevistas semi-estruturadas e observações das interações do mediador visitante, e foram realizadas com licenciandos que compõem as equipes de mediação das exposições de Ciências do centro de Divulgação Científica e Cultural e do Espaço Interativo do Centro de Biotecnologia Molecular Estrutural, vinculados à Universidade de São Paulo. Ovigli, conclui que, A formação inicial teria muito a ganhar com as experiências proporcionadas pelos espaços extra-escolares [...]. Enquanto futuros professores na educação básica, os licenciandos que tiveram a experiência de mediação podem ocupar posição privilegiada para acompanhar seus alunos quando em visita, pelo conhecimento que já tem de sua turma e, especialmente, da dinâmica de funcionamento de um espaço como esse. Também tendo em vista sua interação constante em sala de aula, esses professores podem melhor encadear as aprendizagens no museus com aquelas em desenvolvimento na escola (OVIGLI, 2009, p. 174). Outro pesquisador dessa temática, Carvalho (2009), em sua dissertação, buscou investigar as perspectivas apontadas por estagiários de um curso de licenciatura em física, sobre as atividades em educação não formal, desenvolvidas no Museu de Ciência e Tecnologia de Londrina, durante a disciplina de Metodologia e Prática do Ensino de Física. Para tanto, realizou entrevista com oito licenciandos que realizaram todas as atividades do estágio. Carvalho conclui que, O desenvolvimento de atividades no museu, como parte integrante no estágio, trouxe várias contribuições para a formação do futuro professor de física. [...] Assim acreditamos que o formato no qual o estágio foi realizado se mostrou viável e importante para a formação do futuro professor de Física, pois atende a uma nova realidade que é a disponibilidade dos museus de ciência. Portanto, entendemos que a experiência com as rotinas do museu, durante o estágio, pode oferecer condições para o futuro professor desenvolver um trabalho mais produtivo e enriquecedor com seus alunos (CARVALHO, 2009, p. 100). As conclusões das pesquisas de Ovigli (2009) e Carvalho (2009) se aproximam das ideias defendidas pelas autoras Chagas (1993) e Marandino (2003) ao tratarem das contribuições e importância dos museus na formação inicial dos professores. Chagas (1993) aponta que, em seus cursos de formação de professores, as universidades devem de modo ativo nesse processo incluir conhecimentos museológicos de modo que os alunos possam explorar esses recursos e enriquecer suas experiências. Nessa linha de pensamento, Marandino (2003) complementa afirmando que 35 A formação inicial dos professores de ciências nos dias de hoje não pode prescindir da experiência proporcionada pelos espaços não formais, e que esta deve ser também por meio dos estágios. [...] O estágio nos espaços não formais não pode ser proposto como solução para as dificuldades que nosso sistema de ensino possui, mas sim, por meio da parceria com instituições como os museus, auxiliar na direção das mudanças almejadas para a melhoria da educação em ciências em nosso país (MARANDINO, 2003, p. 72 e 73). Quanto à almejada melhoria da educação em ciências em nosso país, Silva (2013, p. 45) argumenta que, para tanto, existe a necessidade de “englobar esforços que vão desde a ampliação de espaços não formais de educação científica, como os Museus [...], até a implementação de ações sistematizadas, voltadas para melhoria da formação inicial e continuada de professores”. Vários estudos contemplam a temática da formação continuada de professores em espaços não formais de educação como museus e centros de ciência, entre as mais recentes encontram-se as pesquisas de Langui (2004); Pinto (2005); Jacobucci (2006); Langui (2009); Conrado (2009); Martins (2009); Oliveira (2010) e Silva (2013). Entre essas, ressalto a pesquisa de Jacobucci (2006) que destaca os centros e museus de ciências têm se configurado como espaços educativos no Brasil desde a década de 1960, por meio da divulgação científica, da articulação com as escolas de forma direta ou indireta e da formação continuada de professores. Em sua pesquisa, buscou investigar as ações de formação continuada de professores em centros e museus de ciências no Brasil, na atualidade, e caracterizar os modelos de formação adotados por esses núcleos de divulgação científica. Para tanto, Jacobucci realizou um estudo de caso abrangendo doze núcleos de divulgação científica distribuídos pelas cinco regiões geográficas brasileiras, a saber: Sala de Ciências – SESC Florianópolis, Museu de Ciências e Tecnologia – MCT – PUCRS, Casa da Ciência – UFRJ, Espaço Museu da Vida – FIOCRUZ, Museu de Astronomia e Ciências Afins – MAST, Estação Ciência – USP, Centro de Divulgação Científica e Cultural – CDCC – USP, Centro de Ensino de Ciências e Matemática – CECIMIG – UFMG, Usina Ciência – UFAL, Espaço Ciência – Secretaria de Ciência e 36 Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco e Museu Paraense Emílio Goeldi – Ministério da Ciência e Tecnologia. Nesses espaços, foram realizadas visitas investigativas para coleta de dados, envolvendo o resgate de documentos produzidos por esses núcleos, observação “in loco” dos espaços e das atividades desenvolvidas, em especial os programas de formação continuada de professores, e entrevistas com as respectivas equipes técnicas. A partir da revisão de literatura, traçou os principais modelos teóricos de formação de professores e, assim, formulou uma discussão sobre as ações e os modelos de formação de professores adotados pelos núcleos de divulgação científica no país, destacando-se os papéis assumidos pelos professores da educação básica ao participarem dos programas de formação continuada promovidos pelos núcleos investigados e as contribuições desses núcleos para a formação de professores na atualidade. Jacobucci (2006, p. 272 e 278) conclui que Os centros e museus de ciências que estão elaborando e oferecendo os programas estudados nessa pesquisa, têm contribuído com a formação de professores de diversas maneiras, dependendo das concepções que fundamentam os programas. Essa contribuição para com a formação continuada de professores vai desde a atualização de conteúdos, importante e necessária para que o trabalho docente possa ser realizado de forma conectada às novidades tecnológicas e científicas do mundo atual, até o fortalecimento da bagagem intelectual dos professores por meio de discussões intensas e fundamentadas em leituras teóricas. [...] Esta pesquisa revelou que os centros e museus de ciências contribuem para a formação continuada de professores de diversas maneiras e possuem potencial para atuar nessa área. Queiroz, Gouvêa e Franco (2003), apontam também para as contribuições dos museus para a formação dos professores, e apresentam uma síntese dos principais resultados de investigações quanto à formação de professores desenvolvidas no Museu de Astronomia e Ciências Afins-MAST. Primeiro apresentam os motivos que levaram a instituir no MAST, programas voltados para a formação do professor, motivos estes que estão estritamente ligados 37 a questões suscitadas durante os encontros mensais realizados com os professores no museu a fim de discutir coletivamente a proposta pedagógica dos espaços e o roteiro da visita. Nessas reuniões, três questões tornaram-se candentes: o papel do professor durante a visita escolar; a existência de uma pedagogia museal, diferenciada da escola; e as formas de apropriação pelo professor da experiência no museu em sua prática pedagógica. De modo a buscar respostas a essas questões, a coordenação de educação do MAST desenvolveu projetos em torno dos temas: relação museu-escola; aprendizagem em museus e formação de professores. Os projetos desdobraram-se em três pesquisas, a primeira realizada no ano de 1994 e teve como sujeitos estudantes e professores que participaram do Programa de Atendimento escolar, tendo por foco de investigação o processo de interação entre professores, estudantes e exposição. A segunda pesquisa, como relatam Queiroz, Gouvêa e Franco (2003, p. 211), “foi um passo em direção a novos rumos para a formação continuada de professores” e foi desenvolvida por meio do projeto de pesquisa intitulado, Formação Continuada de Professores de Ciências e os Espaços Não Formais de Educação. E essa investigação foi desenvolvida junto a professores da rede municipal e teve por objetivo, produzir material didático, entre eles, aparatos experimentais, material instrucional e slides, sobre temas de Astronomia e Ótica abordados nas exposições, para ser utilizado em sala de aula. Foi realizado um curso de 48h de capacitação desses professores no uso do museu e na utilização do material produzido, que posteriormente foram doados aos polos de Ciência e Matemática do município do Rio de Janeiro. O terceiro projeto foi o de formação inicial de professores que, devido ao conhecimento de que a educação não formal não está presente nos currículos de formação de professores de qualquer área e por meio de parcerias entre profissionais do MAST e setores ligados à prática de ensino nas instituições formadores, deu corpo assim ao programa intitulado Parceria MAST-Instituições Formadoras de Professores. 38 A partir de uma análise das contribuições dos projetos desenvolvidos para a formação do professor, Queiroz, Gouvêa e Franco (2003, p. 218) concluem que O caminho trilhado pelos pesquisadores em educação do MAST mostrou como a continuidade das pesquisas, associadas a programas de visitas, gerou aprofundamentos de temas que levaram a um amadurecimento da problemática específica dos museus na formação de professores para atuarem em um universo que extrapole os muros escolares. Além disso, vale destacar que as reflexões do grupo têm permitido pensar a relação museu-escola de uma forma não autoritária, isto é, respeitando a especificidade de cada instituição e a autonomia do professor. Tal perspectiva amplia de forma enriquecedora a participação da escola e do museu na alfabetização científica da sociedade. As pesquisas acima citadas compõem o quadro de pesquisas no Brasil referentes à formação de professores em museus, ao contrário de como relata Jacobucci, Jacobucci e Neto (2007) sobre a existência de uma vasta produção acadêmica sobre formação continuada de professores por meio de programas governamentais, parcerias entre escolas e Universidades ou iniciativas dos próprios meios escolares, a formação continuada de professores em museus como temática de pesquisa, compõe um campo de estudo em expansão, e, espera-se com essa pesquisa contribuir com as discussões nesse campo de estudo. 2.4. EDUCAÇÃO SOCIOCULTURAL FREIRIANA E SUA CONVERGÊNCIA COM OS PRESSUPOSTOS DE GONH E A ABORDAGEM CTSA Freire (1979,1987) destaca a vocação ontológica e histórica do homem em ‘Ser Mais’, de ser sujeito e não objeto, e como sujeito agir conscientemente sobre sua realidade a fim de transformá-la. Para Freire (1979) o agir conscientemente, ou seja, a ‘conscientização’ é o conceito central de suas ideias sobre educação, como “um ato de conhecimento, uma aproximação crítica da realidade” (FREIRE, 1979, p. 15). Freire (1979) sinaliza que a conscientização não se dá num primeiro momento, pois o que inicialmente o homem vivencia é uma aproximação espontânea com o mundo, e neste nível, vivencia apenas a experiência da realidade, a tomada de consciência, ou seja, o estar frente à realidade, e não ainda a conscientização, pois a 39 “conscientização implica, pois, que ultrapassemos a esfera espontânea de apreensão da realidade, para chegarmos a uma esfera crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica” (FREIRE, 1979, p.15). Para Freire (1979) quanto mais o homem age conscientemente, mais ele desvela sua realidade, assumindo assim não o papel de objeto, mas de sujeitos que fazem e refazem o mundo. No entanto, “se os homens, como seres que atuam, continuam aderindo a um mundo feito, ver-se-ão submersos numa nova obscuridade” (1979, p.16). Assim, defendendo a educação como um fenômeno puramente humano, Freire (1979) sinaliza para uma educação que procura desenvolver uma tomada de consciência e uma atitude crítica, indo de encontro a uma educação que alimenta a obscuridade, que reproduz um mundo feito. Nessa perspectiva, Freire (1987) faz uma crítica, a escola, em qualquer de seus níveis, como também fora dela, que apresenta uma relação educador-educando fundamentalmente narradora, comparando o narrar dos conteúdos a uma enfermidade, que produz algo quase morto, algo parado, compartimentado e bem comportado. O conteúdo da narração do educador enche os educandos, mas os enche com conteúdos que são retalhos da realidade, conteúdo que se transforma em palavra oca, por isto mesmo é que uma das características dessa educação dissertadora é a sonoridade da palavra e não sua força transformadora. Quatro vezes quatro, dezesseis; Pará, capital Belém, que o educando fixa, memoriza, repete, sem perceber o que realmente significa quatro vezes quatro. O que verdadeiramente significa capital, na afirmação, Pará, capital Belém. Belém para o Pará e Pará para o Brasil (FREIRE, 1987, p.33). Para Freire (1987) a relação educador-educando fundamentalmente narradora, transforma os educando em vasilhas a ser cheias pelo educador, colecionadores, arquivos. A essa ação de depositar, arquivar, Freire (1987) destaca como uma concepção bancária da educação, e 40 não é de estranhar, pois, que nessa visão bancária da educação, os homens sejam vistos como seres da adaptação, do ajustamento. Quanto mais se exercitem os educandos no arquivamento dos depósitos que lhes são feitos, tanto menos desenvolverão em si a consciência crítica de que resultaria a sua inserção no mundo, como transformadores deles. Como sujeitos (FREIRE, 1987, p.34). Em oposição à concepção bancária da educação, Freire (1987) sinaliza para a concepção problematizadora, em que seu ponto de partida deva ser o próprio homem e sua realidade, implica na negação do homem desligado do mundo, homem que em lugar de recipiente, depósito, é agora investigador crítico de sua realidade. Assim, segundo Freire (1987), o pensar do educando não deve ser um pensar no isolamento, mas em torno de uma realidade, uma leitura crítica de mundo, reestabelecendo sua capacidade de atuar, de ser mais, de ser sujeito e não objeto. E o pensar em torno de uma realidade, a leitura crítica de mundo para nele intervir, entendemos que se constitui no ponto central da aproximação entre o referencial Freiriano e os pressupostos de educação de Gohn e a abordagem CTSA, defendidos nesta pesquisa. Alguns trabalhos discutem a proximidade e a articulação entre o referencial Freiriano e a abordagem CTSA como os de Auler (2002), Auler e Delizoicov (2006) e Nascimento e Lisingen (2006). Auler (2002) e Auler e Delizoicov (2006) destacando a concepção Freiriana de educação, que se relaciona com conhecimento crítico da realidade, desvelamento da realidade e leitura crítica de mundo, sinaliza para a dinâmica social que está, progressivamente, relacionada aos avanços no campo científico e tecnológico, assim, Auler e Delizoicov (2006) consideram que a busca de participação, de democratização das decisões em temas sociais envolvendo Ciência- Tecnologia (CT), defendida pelo movimento CTS, está em sintonia com a matriz teórico-filosófica adotada por Freire, quando este defende que alfabetizar, muito mais do que ler palavras, deve propiciar a leitura crítica da realidade ( AULER, DELIZOICOV, 2006 p. 2). Para Nascimento e Lisingen (2006) tanto a pedagogia progressista de Freire, quanto o enfoque CTS, rompem a educação bancária, uma vez que a seleção de conteúdo 41 se dá a partir de temas que contemplem situações cotidianas do educando, de modo que esse assuma uma posição ativa em sua aprendizagem. Nessa perspectiva, entendemos que, o ensino pautado em uma abordagem CTSA, distancia-se de uma educação que “se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante” (FREIRE, 1987, p. 58), como também de uma educação que não propicie uma leitura crítica da realidade para nela intervir, mas sim, que se aproxima da proposição de Freire (1992) quando diz que E não se diga que, se sou professor de biologia, não posso me alongar em considerações outras, que devo apenas ensinar biologia, como se o fenômeno vital pudesse ser compreendido fora da trama histórico, social, cultural e politica. Como se a vida, a pura vida pudesse ser vivida de maneira igual em todas as suas dimensões favela, no cortiço, ou na zona feliz dos “Jardins” de São Paulo. Se sou professor de biologia, obviamente devo ensinar biologia, mas ao faze-lo , não posso seciona-lo daquela trama. (FREIRE, 1992, p. 79). Entendemos também que a concepção Freiriana de educação articula-se com os pressupostos de educação defendidos por Gohn. Segundo Gohn (2010) a cidadania ativa requer a formação de cidadãos protagonistas da história de seu tempo, que reflitam sobre sua realidade, como sujeitos históricos que podem se posicionar, emitir opiniões, fazer escolhas e construir rumos para sua vida, contribuindo assim para a emancipação do cidadão. Perspectiva defendida por Freire (1986, 1987), que aponta também para o papel da educação na emancipação do cidadão, “uma educação desveladora, educação desafiadora, um ato crítico de conhecimento, de leitura da realidade, de compreensão de como funciona a sociedade” (FREIRE, 1986, p.51). Gohn (2010) destaca que, não se pode desconsiderar a autonomia dos cidadãos, e que esses não podem ser vistos isoladamente, evidenciando a importância da contextualização do lugar e do tempo. Sinaliza também que “um processo de aprendizado ocorre quando as informações fazem sentido para os indivíduos inseridos num dado contexto social” (GOHN, 2010, p. 42). 42 Perspectiva compartilhada por Freire, que defende uma leitura crítica da realidade, de modo que “a leitura e a escrita das palavras, contudo, passa pela leitura do mundo. [...] O ensino da leitura e da escrita da palavra a que falte o exercício crítico da leitura e da releitura do mundo é, cientificamente, pedagogicamente capenga” (FREIRE, 1992, p.79). politicamente e 43 3 PERCURSO METODOLÓGICO 3.1. OPÇÃO METODOLÓGICA No Brasil, com relação às abordagens metodológicas, se fazem presentes nas pesquisas em educação em museus tanto metodologias quantitativas, quanto qualitativas (MARANDINO, 2006). Nosso estudo fundamenta-se na abordagem metodológica qualitativa, que assume, segundo Bogdan e Biklen (1994), no campo da educação, muitas formas e é aplicada a múltiplos contextos, tanto escolar como exterior à escola. Como afirmam Bogdan e Biklen (1994, p. 287) a abordagem qualitativa requer que os investigadores desenvolvam empatia para com as pessoas que fazem parte do estudo e que façam esforços concertados para compreender vários pontos de vista. O objetivo não é o juízo de valor; mas, o de compreender o mundo dos sujeitos e determinar como e com que critério eles o julgam. Então, de modo a compreender a variedade de pontos de vista dos sujeitos de nossa pesquisa, optamos por uma pesquisa qualitativa, teórico-empírica, do tipo estudo de caso, que foi apoiada em diferentes técnicas de coleta de dados realizadas ao longo do estudo pela pesquisadora. O desenvolvimento metodológico do tipo estudo de caso foi realizado com base em Ludke e André (1986), que segundo as autoras, possui as seguintes características: a) visa à descoberta; b) enfatiza a interpretação em contexto; c) retrata a realidade de forma completa e profunda; d) usa uma variedade de fontes de informação; e) permite generalizações naturalistas; f) procura representar as diferentes perspectivas presentes numa situação social; g) utiliza uma linguagem e uma forma mais acessível do que os outros relatórios de pesquisa. Essas autoras afirmam que o interesse do estudo de caso incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que, posteriormente, fiquem evidentes certas semelhanças com outros casos ou situações. Elas acrescentam ainda que devemos escolher esse tipo de estudo quando quisermos pesquisar algo singular, que tenha 44 um valor em si mesmo. A preocupação desse tipo de pesquisa é retratar a complexidade de uma situação particular, focalizando o problema em seu aspecto total. O estudo de caso é desenvolvido em três fases, sendo uma primeira aberta ou exploratória, a segunda mais sistemática em termos de coleta de dados e a terceira consistindo na análise e interpretação sistemática dos dados e na elaboração do relatório. Sendo que, essas três fases se superpõem em diversos momentos, sendo difícil precisar as linhas que as separam. Na fase exploratória, buscou-se o contato com a documentação oficial de visitações e projetos vinculados ao MCV, além de observações durante visitas de alunos do ensino fundamental e médio ao MCV. Dentro desta fase, também se buscou visitar e conhecer projetos de formação continuada em outros museus de ciências no Brasil, além da leitura de artigos e livros como suporte teórico para o desenvolvimento da pesquisa. O segundo passo foi a aplicação de questionários e entrevistas a professores de biologia sobre o conteúdo de SN, CTSA e o MCV, o planejamento e implementação de um projeto de formação continuada de professores no MCV e sua avaliação por meio de questionário e grupo focal, e por fim, o terceiro passo, se caracteriza pela a análise dos dados coletados e a escrita do texto da dissertação. 3.2 PRODUÇÃO DE DADOS De forma geral, os procedimentos de produção de dados na pesquisa qualitativa não se apresentam de forma padronizada, podendo assim o pesquisador utilizar de várias técnicas como: entrevista, questionário, observação, entre outros (MOREIRA E CALEFFE, 2008). A abordagem das questões metodológicas está dividida em duas etapas: a etapa diagnóstica- que consiste na produção de dados para a elaboração da proposta da formação- e a etapa de investigação da proposta de formação vivenciada. A seguir, 45 estão detalhadas as técnicas utilizadas para produção de dados ao longo da pesquisa. Na etapa diagnóstica, de modo a investigar as possíveis dificuldades encontradas pelo docente em ensinar os conteúdos conceituais de SN, como também verificar se o professor conhece o MCV, se em algum momento de sua prática docente levou seus alunos a esse espaço, como também se conhece a abordagem de ensino CTSA, elaboramos um questionário online (apêndice 1) utilizando o formulário do Google Docs, segundo as recomendações de Moreira e Caleffe (2011). Segundo Moreira e Caleffe (2011), o uso do questionário na pesquisa oferece algumas vantagens como: Uso eficiente do tempo, Anonimato para o respondente, Possibilidade de uma alta taxa de retorno e Perguntas padronizadas. Adotamos como critério para escolha dos sujeitos, aqueles que, eram professores de biologia e estavam no exercício da docência no estado do Espírito Santo. Entre o número de professores que atendiam a esse critério, o questionário foi enviado por e-mail a um quantitativo de 45 professores, pois esses a pesquisadora tinha o contato de e-mail. Dentre os 45 professores convidados a participar da pesquisa, obtemos a resposta de 31 professores no período de agosto a outubro de 2013. Moreira e Caleffe (2011) salientam que Após trabalhar na construção do questionário, escrever, reescrever os itens, o pesquisador poderá provavelmente estar convencido de que está próximo do ideal e estará ansioso para usa-lo. Mas há uma etapa adicional a ser cumprida antes da aplicação do questionário á amostra selecionada: o teste-piloto. Omitir essa fase pode significar que muito do esforço na elaboração do questionário possa ser desperdiçado (MOREIRA e CALEFFE, 2011, p. 126 e 127). Desse modo, o instrumento foi previamente testado a fim de avaliar a clareza das questões, pertinência e organização do questionário, de modo a corrigir/ e ou melhorar este instrumento. Na realização do pré-teste contamos com a colaboração de quatro professores de biologia do ensino médio. Após esta etapa, fizemos as adequações necessárias no questionário, reescrevendo uma das questões, e o encaminhamos para apreciação em Comitê de Ética em Pesquisas e posterior a sua aprovação, enviamos aos professores. Todos os professores que responderam o 46 questionário concordaram com a utilização das informações cedidas como material de estudo dessa pesquisa por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE presente ao final do questionário enviado. Nosso olhar também se voltou para o professor em visita ao museu. Nesse momento do estudo, buscamos conhecer a relação do docente com o museu, sua prática pedagógica nesse espaço, como também aferir a dimensão educativa das exposições do MCV, indagando sobre o conhecimento exposto, principalmente em relação ao conteúdo de SN. Adotamos como critério para escolha dos sujeitos, aqueles que, eram professores de biologia e estavam no exercício da docência no Estado do Espírito Santo. O critério de seleção dos sujeitos nessa etapa ocorreu por meio da análise dos agendamentos feitos pelos professores no calendário de visitação do museu de modo que no período de agosto a novembro de 2013 foram convidados a participar da pesquisa 06 professores que atendiam o critério de inclusão na pesquisa. Optamos em utilizar como instrumento de produção de dados a entrevista. Foi elaborado um guia de entrevista (apêndice 2) de forma semiestruturado, que Segundo Moreira e Caleffe (2011), permite um grau de negociação entre o entrevistador e o entrevistado, dando ao pesquisador maior liberdade para fazer perguntas, como também deixar que os entrevistados falem á vontade. O guia de entrevista também passou por um teste piloto, aplicado a um professor em visita ao MCV, onde não observamos a necessidade de mudanças quanto a estrutura do guia de entrevista, que foi posteriormente enviado ao CEP. As entrevistas foram feitas em momentos diferentes, ocorrendo duas no mesmo dia, seguindo o calendário de visitação do MCV. Foram entrevistados 6 docentes de biologia do ensino médio nos dias, 29 de agosto, 16 e 24 de outubro e 02 e 05 de novembro. Foi utilizado um gravador digital para captação, e sua transcrição foi feita de forma fidedigna. Ressaltamos novamente que todos os professores que concederam a entrevista concordaram com a utilização das informações cedidas como material de estudo dessa pesquisa por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE. 47 Buscamos também apresentar uma caracterização do MCV por meio de sua história e potencial pedagógico para o ensino do conteúdo de SN, nesse intuito elaboramos um questionário (apêndice 3) que foi encaminhado ao fundador e coordenador do museu, professor Athelson Stefanon Bittencourt, com perguntas referentes à história do museu. Informações também foram recolhidas do site do museu. Quanto ao potencial pedagógico do museu, realizamos visitas a esse espaço, de modo que por meio de observações in loco das peças existentes em seu espaço expositivo e fotografia das peças cedidas pelo museu foi possível analisar, quanto ao seu acervo o potencial pedagógico referente ao conteúdo de sistema nervoso. Relevante é considerarmos que, entendemos por potencial pedagógico do museu a somatória dos diferentes recursos nele existente (acervo, equipe, proposta pedagógica) que instrumentalizam a prática docente. Na etapa de investigação da proposta de formação vivenciada, foi elaborado, como instrumentos de produção de dados um questionário (apêndice 4) e a realização de um grupo focal (apêndice 5), em que buscamos discutir as principais contribuições da formação para os docentes participantes. A escolha de dois instrumentos para avaliar o mesmo processo permite uma investigação a partir de diferentes ângulos, de modo que, diferente do questionário, o grupo focal permite ouvir os sujeitos ao mesmo tempo, o que pode fomentar a partir do diálogo, respostas novas e ou opiniões contrárias, enriquecendo assim a investigação. Ressaltamos que todos os professores participantes da formação concordaram com a utilização das informações cedidas como material de estudo dessa pesquisa por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE (apêndice 6). 48 3.3 ANÁLISE DOS DADOS 3.3.1 Questionário e entrevista A análise dos questionários e entrevistas foi realizada na perspectiva da análise de conteúdo de Bardin (2004) que consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de reprodução/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens ( BARDIN, 2004, p. 37). A análise de conteúdo na perspectiva de Bardin (2004) envolve diferentes fases, que se organizam em três momentos distintos: a pré-análise, a descrição analítica e a interpretação inferencial. A pré-análise constitui o que Bardin (2004) denomina por ‘leitura flutuante’, e equivale a organização do material de pesquisa, desde o levantamento do referencial teórico até o delineamento do corpus a ser analisado. Em nossa pesquisa, o corpus, ou seja, os objetos de análise são os questionários e entrevistas aplicados tanto na etapa diagnóstica, como na etapa de investigação da proposta de formação vivenciada. Na descrição analítica, a partir da análise do corpus, realizamos o agrupamento em categorias, que segundo Bardin (2004, pg. 111), “são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão das características comuns destes elementos”. As categorias constituíram nossas unidades de análise, permitindo assim propor inferências e interpretações a partir dos dados produzidos em um diálogo com o referencial teórico da pesquisa. 49 3.3.2 Sequência didática Para Zabala, sequências didáticas são “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecido tanto pelos professores como pelos alunos” (1998, p. 18). Durante a formação continuada foram elaboradas pelos professores sequências didáticas que irão compor o produto final de nossa pesquisa que consisti em um material de apoio pedagógico ao professor para visitação ao MCV. As sequências didáticas foram estruturadas segundo o modelo metodológico dos três momentos pedagógicos de Delizoicov et al (2011), a saber: Problematização, Organização do Conhecimento e Aplicação do conhecimento. A análise das sequências didáticas está dividida em duas perspectivas: análise a partir da validação por pares e análise quanto à abordagem CTSA. Na validação por pares, utilizou-se das categorias de análise desenvolvidas segundo Guimarães e Giordan (2011), a saber: i) Estrutura e Organização - item que observa a organização da sequência didática, sua clareza, redação, tempo e metodologias de aplicação, explicações para seu desenvolvimento e seus referencias teóricas. ii) Problematização – Num contexto pedagógico, problematização é uma ação que tem como objetivo o desenvolvimento do aluno. A noção do problema cria uma situação de reflexão para os sujeitos solucionarem conflitos. Problematizar é proporcionar uma abordagem contextualizada sobre um assunto, uma condição que promove o interesse do educando, se sentindo desafiado e utilizando seu conhecimento na tentativa de resolver situações problematizadoras bem colocadas, construindo explicações adequadas. iii) Conteúdos e Conceitos – atenção aos conceitos, mas também ás relações com o conhecimento coloquial e a organização lógica dos conteúdos para a construção de conceitos significativos, sustentando a resposta do problema, alcançando os objetivos propostos de acordo com as ações educativas. 50 iv) Metodologias de Ensino e Avaliação – categoria que dirige a atenção à organização para o desenvolvimento das situações de aprendizagem e avaliação, para que alcancem os objetivos das sequências didáticas. Para a análise quanto à abordagem CTSA, desenvolvemos categorias com base no estudo de Strieder (2012), que realizou uma sistematização da articulação FreireCTSA, que segundo o estudo, tem como horizonte o conjunto de três propósitos educacionais: leitura da realidade, problematização da realidade e transformação da realidade. Strieder (2012) aponta que os propósitos educacionais que tem guiado as diferentes abordagens CTSA podem ser caracterizados em três grandes grupos que buscam: uma educação científica que contribua para o desenvolvimento de percepções entre o conhecimento científico escolar e o conhecimento do aluno; uma educação científica que contribua para o desenvolvimento de questionamentos sobre situações que envolvam ciência, tecnologia e\ou sociedade, uma educação científica que contribua para desenvolvimento de compromisso social diante de problemas que envolve aspectos da ciência, tecnologia e sociedade. A partir desse estudo, optou-se por criar três grupos de atributos CTSA que constituem as categorias de análise das sequências didáticas. A análise foi conduzida identificando a presença e a ausência desses atributos. As sequências didáticas que apresentem algum dos atributos listados podem ser caracterizadas como sequências didáticas com enfoque CTSA, a saber: i) Desenvolvimento de percepções- Relaciona-se à ênfase dada tanto para questões presentes no dia-a-dia, quanto para questões científicas e tecnológicas. Nesse caso os aspectos mais relacionados à ciência, à tecnologia e à sociedade contribuem para contextualizar o conhecimento científico a ser trabalhado, buscando uma aproximação com a vivência cotidiana do aluno. ii) Desenvolvimento de questionamentos- Mais do que contextualizar o conhecimento científico escolar, pretende discutir as implicações do desenvolvimento científico-tecnológico na sociedade, busca uma 51 compreensão sobre uma utilização responsável dos recursos naturais e aparatos tecnológicos. Envolve a compreensão de questões sociais relacionadas à cidadania, partilhadas largamente e consideradas como problemáticas na sociedade atual. iii) Desenvolvimento de compromisso social- A intenção maior esta relacionada ao desenvolvimento de competências para que a sociedade possa lidar com problemas de diferentes naturezas, tendo condições de fazer uma leitura crítica da realidade que, atualmente está marcada por desequilíbrios sociais, políticos, éticos, culturais e ambientais. Envolve a busca de encaminhamentos para problemas reais, que afligem a sociedade com a qual a escola se encontra. Envolve assim, ações concretas de intervenção na realidade. 3.4 LOCAL DA PESQUISA O estudo foi realizado no MCV, localizado no Centro de Ciências da Saúde da UFES, prédio do básico 2, Av. Marechal Campos, 1468 - Campus de Maruípe - CEP 29.040-090, Vitória – ES. 3.5 SUJEITOS DA PESQUISA No estudo diagnóstico para elaboração da proposta de formação continuada fizeram parte da pesquisa um total de trinta e sete professores de biologia que no momento estavam em exercício da docência no estado do Espírito Santo. O perfil dos trinta e sete professores que compõem a amostra dessa etapa da pesquisa, trinta e um que responderam o questionário e seis que concederam a entrevista, caracteriza-se como vinte e seis do sexo feminino (71%) e onze do sexo masculino (29%). Quanto à formação inicial, todos possuem graduação em Ciências Biológicas. Oito (22%) possuem apenas a graduação, e os outros vinte nove (78%) possuem algum tipo de pós-graduação como Biologia Vegetal, Biotecnologia, Zoologia, Biologia Animal, Educação e Ciência das Doenças Infecciosas, sendo que destes, dezoito (62%) possuem apenas especialização, dez (34%) mestrado e um (4%) doutorado. 52 A investigação da formação continuada no MCV foi com base na participação de dezoito professores de biologia, alguns dos quais também participaram das etapas anteriores. Dos dezoito professores que participaram da formação, quinze participaram da etapa de avaliação da proposta de formação continuada. O perfil dos quinze professores que compõem a amostra dessa etapa da pesquisa caracteriza-se como seis (40%) do sexo masculino e nove (60%) do sexo feminino. Quanto à formação inicial, apenas um (7%) não possui graduação em Ciências Biológicas, sendo graduado em Psicologia. Todos possuem pós-graduação, doze (80%) possui especialização Lato sensu, e três (20%) Stricto sensu, sendo que desses dois estão cursando o mestrado e um já concluiu. Todos os docentes atuam a mais de cinco anos na educação. 3.6 ASPECTOS ÉTICOS Os sujeitos envolvidos foram previamente informados sobre a pesquisa e que eles poderiam desistir de sua participação em qualquer momento, não sofrendo nenhum tipo de dano moral ou econômico. Para o sigilo da identidade dos sujeitos, os professores foram denominados por números no texto de exposição dos resultados parciais. “Considerando o respeito pela dignidade humana e pela especial proteção devida aos participantes das pesquisas científicas envolvendo seres humanos” (Resolução CNS nº 466/12) e os aspectos éticos fundamentais que “se referem à probidade de não adulterar as diversas etapas da pesquisa, não manipular os resultados nem sua publicação, respeitar as participações e prioridades dos pares, não plagiar, lidar com dinheiro com honestidade e transparência, e não se apropriar de bens materiais ou intelectuais” (KOTTOW, 2008, p.8), o projeto de pesquisa desta dissertação foi submetido via Plataforma Brasil base nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres humanos para todo o sistema CEP/Conep. Foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade Católica Salesiana do Espírito Santo, já que o CEP do Instituto Federal do Espírito Santo encontrava-se em processo de renovação de registro junto à Comissão 53 Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). A submissão do projeto de pesquisa ao CEP respeita a Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466/12, legislação em vigor sobre ética em pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil. Dentro dos preceitos estabelecidos pela CONEP, foi elaborada a Carta de Autorização de Pesquisa, condicionada à prévia aprovação em Comitê de Ética em Pesquisa (apêndice 7), que foi devidamente autorizada pelo coordenador do Museu de Ciências da Vida. A fim de assegurar que os direitos dos sujeitos de pesquisa sejam respeitados, dentro dos preceitos estabelecidos em lei, pela Resolução CNS nº 466/12, foi elaborado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE (Apêndice 8). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo parecer n° 382.888 (Anexo 1) e pode ser acompanhado em todos os níveis, Sistema Nacional de Informações sobre Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (SISNEP); CEP e CONEP, por meio do Certificado de Apresentação 17784113.2.0000.5068. para Apreciação Ética (CAAE) nº 54 4 O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA 4.1 BREVE HISTÓRICO DO MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA O MCV acredita que o conhecimento relacionado ao corpo e mente humana é fundamental quando se deseja saúde e qualidade de vida. Assim, defende a premissa de que precisamos conhecer nosso próprio corpo para podermos viver mais e melhor. Compreender o corpo humano requer o conhecimento da origem do homem, sua estrutura celular, histológica, anatômica e funcional, incluindo aspectos biológicos, psicológicos, patológicos, históricos, antropológicos e socioculturais. É importante que o cidadão comum tenha uma boa consciência e compreensão de seu corpo num contexto amplo e funcional, que se aplique a sua vida cotidiana e o situe como um elemento integrante de um ambiente diverso. Assim, o MCV acredita que através da difusão e popularização do conhecimento científico, está contribuindo com este propósito. Inicialmente denominado de Museu de Anatomia da UFES (MAU), foi aberto ao público em 2008, e é o único do gênero no estado do Espírito Santo que junto a outros museus universitários no Brasil como: Museu de Anatomia Humana da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade de Brasília (UnB), Universidade de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Botucatu, do Museu de Anatomia Humana e Patológica da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), do Museu de Anatomia Humana e Comparativa da Universidade Federal de Goiás (UFG) – Campus de Jataí, e do Museu de Ciências Morfológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), compõe espaços nacionais de disseminação do conhecimento relacionado ao corpo humano. O Prof. Dr. Athelson Stefanon Bittencourt, que é o idealizador e coordenador do MCV, parte da premissa que o estudo da morfologia (anatomia, histologia, embriologia e citologia) é de suma importância para a compreensão da organização e constituição do corpo humano. De mesmo modo, este conteúdo se faz necessário para a compreensão de grande parte dos processos funcionais, bem como das patologias que afetam o corpo humano, permitindo intervenções preventivas e/ou 55 curativas de diversos distúrbios e doenças, contribuindo assim de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida. O MCV iniciou seus trabalhos, por meio do Projeto Corpo Humano, com uma proposta inovadora, recebendo no Anatômico do Centro de Ciências da Saúde (CCS), espaço destinado à guarda de peças anatômicas e ao ensino prático de anatomia humana, alunos da educação básica com o objetivo geral de aproximar comunidade e Universidade através do estudo do corpo humano, tornando o conhecimento produzido no ambiente universitário mais acessível à população em geral. Já naquele estágio inicial, de forma específica buscou-se: propiciar, aos alunos de ensino fundamental, médio e técnico do estado do Espírito Santo, a oportunidade de conhecer e interagir com o ambiente universitário; tornar o conhecimento produzido no ambiente universitário mais acessível à população em geral, aproximando universidade e comunidade; desmistificar e popularizar o conhecimento sobre o corpo humano, promovendo a saúde e a inclusão social pela educação. Inicialmente, o projeto não dispunha de uma estrutura física planejada e adequada para receber o público em geral, principalmente grupos organizados como escolas, de modo que os visitantes eram recebidos em uma das salas de aula do Departamento de Morfologia do CCS, onde assistiam a uma apresentação que, além de instruções de visitação, que trata do papel da Universidade em nossa sociedade, sua estrutura organizacional, também discutia sobre a constituição anátomofuncional do corpo humano (figura 2). 56 Figura 2- Apresentação introdutório para os visitantes do projeto Copo Humano em 2007 Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida, (2007). Após essa recepção, os alunos eram conduzidos a um laboratório com uma pequena coleção de peças anatômicas em exposição e em seguida ao anatômico do Departamento, onde participavam de uma aula prática de anatomia na estrutura de como é ministrada aos alunos de graduação dos cursos de saúde da Universidade, onde tinham contato com as peças anatômicas pertencentes à coleção de estudo (figura 3 e 4). Figura 3- Visita de alunos da rede pública de ensino fundamenta à coleção inicial do MCV durante passagem pelo projeto Corpo Humano em 2007 Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida, (2007). 57 Figura 4- Visita a uma pequena exposição de peças anatômicas montada no Laboratório de Embriologia para receber os visitantes Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida, (2008). O crescimento do número de visitantes ao longo do tempo, tanto de grupos organizados como espontâneos, demostrava uma forte demanda por este conteúdo, de modo que começa a se desenhar a necessidade de um espaço adequado, dentro de uma perspectiva pedagógica voltada às necessidades dos diferentes visitantes do projeto que buscavam por conhecimento referente ao corpo humano. Assim, integrado ao projeto Corpo Humano, dá-se início as atividades do MAU. Mesmo contando com uma estrutura simples, o projeto e suas atividades foram ganhando popularidade entre professores e alunos de todo o estado do Espírito Santo, bem como entre o público em geral, gozando de uma expressiva visitação. No primeiro ano do projeto foram recebidas 1172 pessoas. A partir do ano 2011, o MAU passou a ser denominado Museu de Ciências da Vida (figura 5), nova identidade que abre as áreas de atuação do museu, que além do compromisso de difusão e popularização científica sobre o corpo humano, passa a ter como perspectiva trabalhar o conhecimento científico da vida, adotando assim outras áreas de conhecimento além da anatomia humana. 58 Figura 5- Marca do Museu de Ciências da Vida representando sua maior abrangência na produção e difusão do conhecimento nas áreas das ciências da vida Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida, (2014). Atualmente, a instituição agrega atividades diversas relacionadas ao estudo da vida, desenvolvendo tanto projetos de extensão como de pesquisa. Alguns projetos desenvolvidos no museu são: Projeto Corpo Humano, Projeto Evolução Humana, Projeto Modelos tridimensionais de células ampliadas em microscopia eletrônica, Projeto dissecção e Projeto Plastinação, almejando futuramente ampliar os projetos desenvolvidos, entendendo que um museu precisa ser dinâmico e vivo. O MCV conta com um patrimônio cultural e científico valiosíssimo. Compõe o seu acervo cerca de 280 peças, entre ossos, espécimes naturais mumificadas, plastinadas ou fixados em formol, réplicas realísticas de fósseis de hominídeos e animais pré-históricos, e modelos anatômicos didáticos de órgãos e sistemas, os quais estão descritos, catalogados e organizados em diferentes seções que apresentam seu conteúdo num contexto lógico: Seção Citologia e histologia; Seções dos Sistemas: Locomotor (esquelético, articular e muscular), Cardiocirculatório, Respiratório, Digestório, Nervoso, Reprodutor e Endócrino; Seção Anatomia Comparada de Vertebrados; Seção Evolução Humana; Seção Desenvolvimento Embrionário; Seção Anomalias e Malformações e Seção Corpo Fascinante. Algumas seções apresentam objetos inéditos no Brasil, como a Seção Evolução Humana composta por mais de 50 peças, em sua maioria, réplicas realísticas de fósseis dos principais hominídeos conhecidos, bem como dos esqueletos de vários primatas, incluindo os grandes macacos antropóides. Em médio prazo, o MCV almeja além de difundir e popularizar o conhecimento científico da vida, atuar como um espaço de promoção de cursos teórico-prático a professores de ensino básico, viabilizando pesquisas em áreas correlatas, atuando 59 como um laboratório de apoio à comunidade acadêmica, além de funcionar como um laboratório das escolas de ensino básico na Universidade, ampliando assim sua área de atuação (figura 6). Dentre os projetos desenvolvidos, o projeto plastinação deve levar o museu a ocupar um espaço de inovação e referência no país. A plastinação, que em breve será desenvolvida no MCV, é uma técnica de preservação que deixa o mais próximo de sua aparência em vida o espécime que será preservado. Figura 6- Fluxograma das áreas de atuação do Museu de Ciências da Vida Fonte: Elaborado pela autora, (2014). A utilização desta tecnologia em nosso estado abre um leque de possibilidade, proporcionando benefícios para vários setores da comunidade acadêmica e da própria sociedade comum, dentre eles: Cursos de graduação e pós-graduação das áreas da saúde e biomédicas, que poderão ter peças plastinadas para suas atividades de ensino e pesquisa; o MCV com seu acervo de peças anatômicas plastinadas, receberá o público com maior qualidade; os deficientes visuais contarão com peças anatômicas reais que poderão ser tocadas, garantindo acessibilidade plena a este conhecimento e outras áreas como a patologia, zoologia e botânica que também poderão aplicar a plastinação em suas atividades. 60 Inicialmente localizado na Av. Marechal Campos, 1468 - Prédio do Básico II CCS/UFES - Campus de Maruípe-Vitória–ES, o MCV, em uma nova fase, contará futuramente com novas instalações, no Campus Goiabeiras da UFES, com uma arquitetura planejada e estruturada para atender as áreas atuais do museu e projetos futuros, permitindo o ensino, a pesquisa e a extensão de forma indissociável, de modo que o público ao visitar o MCV, poderá entrar em contato com a alma da Universidade e se fascinar com um conteúdo de alto nível pensado e trabalhado para surpreendê-lo. 4.2 O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA E O CONTEÚDO DE SISTEMA NERVOSO Os museus de ciência e a escola compartilham do saber de referência, saber este que, considerando as especificidades do museu e da escola se organizam de maneira diferenciada, onde na escola o saber de referência organiza-se em um currículo formal, e no museu, mesmo que suas exposições guardem relações com as temáticas científicas universais, seus conteúdos não se organizam necessariamente a partir do currículo formal, currículo esse que justifica o interesse das escolas em visitar os museus de ciência, pois muito dos conteúdos ali presentes estão diretamente relacionados com a matéria que está sendo trabalhada na escola. (MARANDINO, 2001). Os elementos expositivos do MCV, referentes ao conteúdo de SN, apresentam grande potencial pedagógico, de modo que se podem destacar dois tópicos centrais referentes ao conteúdo formal de SN que podem ser observados no MCV: divisão anátomo-funcional e distúrbios do SN. No tocante a anatomia do Sistema Nervoso, os espécimes SN-5 (1) e SN-5(2) peças naturais fixadas em formol após secção da parte posterior das vértebras e corte sagital da caixa craniana, permitem a visualização de sua divisão quanto sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP) (Figura 7 e 8). No SN-5 (1) estão em evidência além da origem dos nervos espinais e a transição do encéfalo para a medula espinal, diversas estruturas: dura-máter, cerebelo e seu tentório, foice do cérebro e gânglio sensitivo (Figura 7). 61 Figura 7- Espécime evidenciando a medula espinal Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida,(2013). Relacionado ao SNP, pode-se observar no espécime SN-5(2) diversas raízes de nervos espinhais saindo da medula, levando assim informações do SNC para todo corpo e também trazendo do corpo para o SNC, o que permite discutir as funções dos nervos periféricos (Figura 8). 62 Figura 8- Espécime evidenciando a medula espinal Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida,(2013). Quanto ao SNC, podem-se observar em alguns dos elementos expositivos suas divisões anatômicas, oportunizando assim a discussão de suas funções. No espécime SN-2 as estruturas que podem ser observadas são: encéfalo, formado por cérebro, diencéfalo, mesencéfalo, cerebelo, ponte e bulbo. Na vista medial, pode-se ver o díploe, osso esponjoso entre duas lâminas de osso compacto. Entre o crânio e o encéfalo estão as meninges, importantes para a proteção do sistema nervoso central (figura 9). 63 Figura 9- Cabeça em corte sagital mediano Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida, (2013). No encéfalo podem ser percebidos dois hemisférios, os sulcos e giros. No diencéfalo pode ser observado o tálamo, epitálamo, onde se encontra a glândula pineal, e o hipotálamo, onde se encontra a hipófise. Pode-se observar também o corpo caloso e no espécime AG-1, as meninges: aracnoide-máter, dura-máter e pia-máter (figura 10). 64 Figura 10- Torso de homem Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida,(2013). Outra estrutura que pode ser observada no museu por meio de um modelo representativo tridimensional (TEC-11 A) é o neurônio e suas estruturas: dendritos, axônios e o corpo celular, cuja parte destacável mostra o núcleo em seu interior. Na extremidade distal do axônio, uma dilatação representa a terminação sináptica, onde parte desta pode ser retirada para mostrar estruturas esféricas, que correspondem às vesículas sinápticas, oportunizando assim a discussão sobre a transmissão do estímulo nervoso (figura 11). 65 Figura 11- Modelo tridimensional de neurônio motor Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida, (2013). Pode-se observar por meio de peças naturais fixadas em formol o desenvolvimento do encéfalo conforme a idade gestacional (SN-11). Com o aumento da idade gestacional, nota-se que sulcos e giros se tornam mais evidentes no encéfalo humano. Esta característica denota a evolução do cérebro humano em relação aos outros animais, pois o surgimento dessas estruturas permitiu o aumento do número de neurônios no córtex cerebral (figura 12). Figura 12- Desenvolvimento do encéfalo de acordo com a idade gestacional Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida,(2013). 66 Por meio de peças reais não fixadas em formol , observa-se as estruturas ósseas: crânio ou caixa craniana, que reveste o encéfalo da criança e do adulto a fim de proteção dessa estrutura (SO-12 e SO-2). Evidencia-se também que os ossos são unidos por suturas, quais conferem proteção para o encéfalo e os órgãos dos sentidos :olho, cóclea e labirinto, aparelho olfatório e gustativo. A pintura (SO-12) facilita o estudo dos seu diferentes ossos. Frontal (azul), Maxila (verde), zigomático (laranja), temporal (rosa), parietal (verde), occipital (roxo), mandíbula (natural), nasal (vermelho) (figura 13). Figura 13- Crânio humano Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida,(2013). No espécime SO-2, evidencia-se a fina espessura dos ossos e as suas suturas bastante elásticas que conferem grande flexibilidade ao crânio do feto. Além de permitirem o crescimento da cabeça e do cérebro, estas suturas possibilitam que, no momento do nascimento, os ossos do crânio da criança se acomodem uns sobre os 67 outros, diminuindo o diâmetro cefálico e facilitando a passagem do bebê pelo canal do parto (figura 14). Figura 14- Crânio fetal Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida,(2013). O espécime natural, fixado em formol, SN-16, apresenta o sistema nervoso central inteiro com a dura-máter totalmente fechada. Os olhos com seus músculos e nervos ópticos. E a artéria meníngea média, importante vaso sanguíneo envolvido em acidentes vasculares encefálicos.Por transparência é possível ver os seios transverso e sigmóide, que dará origem à veia jugula interna, principal drenagem sanguínea do cérebro. 68 Figura 15- Sistema nervoso central Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida,(2013). Alguns elementos expositivos oportunizam trabalhar os distúrbios do Sistema Nervoso, que pode ser afetado tanto por transtornos orgânicos quanto psíquicos. No tocante aos transtornos orgânicos, pode-se observar em peças naturais fixadas em formol a atrofia encefálica (SN-17), em que diversos fatores podem determinar essa atrofia, inclusive a hidrocefalia, que pode ter várias causas, como infecções, tumores e outros. 69 Outro transtorno orgânico possível de ser observado é a anencefalia, que consiste em malformação caracterizada pela ausência total ou parcial do encéfalo (AN-7). É causada pelo defeito no fechamento do tubo neural durante a formação embrionária, determinado pela falta de ácido fólico ou uso de drogas durante o início da gestação. O prognóstico sempre é sombrio, sem tratamento, e de alto risco para mãe (figura 16). Figura 16- Malformação (Anencefalia) Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida,(2013). No espécime SN-17, nota-se uma grave atrofia do encéfalo que tornou inviável a vida. Diferentes fatores podem determinar o não desenvolvimento e a atrofia do cérebro, inclusive a hidrocefalia que pode ter várias causas, como infecções, tumores e outros; Na hidrocefalia; o líquido cérebro raquidiano acumula-se excessivamente no sistema nervoso central causando o aumento excessivo da pressão intracraniana acarretando diversos problemas de saúde (figura 17). 70 Figura 17- Malformação ( Encéfalo atrofiado) Fonte: Acervo do Museu de Ciências da Vida,(2013). Como se pode observar, uma grande gama de conteúdos relacionados ao SN pode ser trabalhada no MCV, além do mais, concordando com Rocha, Lemos e Shall (2010, p. 359), O fato de buscar envolver o público de maneira afetiva, lúdica, interativa e criativa faz do museu um espaço com condições de proporcionar ao aprendiz interesse pelo conteúdo a ser aprendido. Portanto, um assunto desinteressante para o visitante em outro espaço pode no museu atrair sua atenção e, assim, favorecer a captação e o compartilhamento de significados. Assim, o acervo referente ao conteúdo de SN do MCV oferece condições de potencializar a ação pedagógica do professor. 71 5 CONSTRUÇÃO DA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA Que saberes deve ter o professor? Quais suas necessidades? É a resposta dessas perguntas que devem direcionar o olhar sobre a formação continuada dos professores (JESUS, 2006). Nessa perspectiva, Freire (1987) aponta que a educação não se faz de “A” para “B”, ou de “A” sobre “B”, mas de “A” com “B”, de modo que o conteúdo programático da educação se faz não quando o educador-educando se encontram em uma situação pedagógica, mas quando o educador se pergunta sobre o que vai dialogar com os educandos a partir dos elementos a ele entregue de forma desestruturada. De modo a elaborar uma formação a partir das reais necessidades dos professores, buscamos a partir da análise das questões diagnósticas dos questionários e entrevistas aplicados na etapa diagnóstica, importantes elementos para o planejamento da formação continuada no Museu de Ciências da Vida, elaborada a partir das necessidades e expectativas mais frequentes que surgiram nas respostas. A seguir, estão descritos os resultados da análise das questões diagnósticas dos questionários e entrevistas que possibilitaram traçar as percepções dos professores quanto ao conteúdo de SN, o MCV e a abordagem de ensino CTSA. 5.1 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS Em relação ao conteúdo de SN, a fim de traçarmos as percepções dos professores quanto ao nível de interesse dos alunos ao conteúdo, optamos por fazer uma escala, de modo que o professor deveria assinalar um valor no intervalo de 1 a 5; tanto maior deve ser o valor assinalado quanto maior for à percepção do professor do nível de interesse dos alunos. As respostas evidenciam um nível de interesse razoável, visto que doze (41%) assinalaram um valor 3 (gráfico 1). 72 Gráfico 1- Interesse dos alunos quanto ao conteúdo de sistema nervoso. Fonte: Elaborado pela autora, (2014). A fim de sabermos o nível de complexidade para ensinar o conteúdo de SN, concordamos que perguntando o nível de complexidade de ensino de todos os sistemas que compõem o corpo humano nos permitiria saber não apenas se o conteúdo de SN é complexo para ensinar, mas também se esse se apresenta como o mais difícil para ensinar. Nessas questões, optamos também pela utilização da escala, de modo que deveriam assinalar o nível de complexidade (intervalo de 1 a 5); tanto maior deve ser o valor assinalado quanto maior for o nível de complexidade do conteúdo. A partir das respostas, como se pode observar no gráfico abaixo (gráfico 2), ficou evidente não apenas a complexidade do conteúdo de SN, doze (43%) dos professores assinalam um nível de complexidade 5, mas também que esse conteúdo dentre os outros como sistema endócrino, urinário, digestório, respiratório e circulatório evidencia-se a partir da percepção dos docentes como o mais difícil para ensinar. 73 Gráfico 2- Nível de complexidade para ensinar o conteúdo de sistema nervoso. Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Quando perguntamos quais seriam as dificuldades que sentem para ensinar o conteúdo de SN, quatro categorias aparecem com maior frequência, são elas: Recurso Didático, Complexidade, Interesse e Currículo. Desses, foi possível extrair subtemas que aparecem de forma mais específica nas respostas dos docentes, que são apresentados no quadro (quadro 3). 74 Quadro 3- Dificuldades para ensinar o conteúdo de sistema nervoso Categorias Freq. (nº de vezes) Exemplo Geral 7 Falta de material didático específico. Professor K Modelos 4 Creio que a maior delas seja a falta de explicações mais detalhadas do real funcionamento, além da falta de modelos didáticos referentes a tal sistema. Professor H Vídeos 1 Visitas 1 [...] Recursos financeiros para visitas técnicas. Professor D 6 O Conteúdo de uma forma geral é mais complexo e exige maior dedicação do professor e maior atenção do aluno. Professor E. Impulso Nervoso 5 [...] Explicação de como é gerado o impulso nervoso. Professor B SN Simpático e Parassimpático 2 [...] Percebam a ligação do sistema Simpático e Parassimpático. Professor D 2 As maiores dificuldades se encontram em como explicar o funcionamento do cérebro [...]. Professor H 1 [...] Que os alunos compreendam a relação das divisões do Sistema Nervoso. Professor D Interesse 4 A maior dificuldade está na falta de interesse dos alunos. Professor O Currículo 4 Muito conteúdo para ser transmitido em pouco tempo. Professor A Recurso Didático Específico Geral Complexidade Específico Cérebro Organização do SN [...] Falta de recursos pedagógicos como vídeos e materiais anatômicos. Professor D Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Recurso Didático evidencia-se na percepção dos docentes como um dos principais fatores que dificulta o processo de ensino, o que inicialmente pode parecer um contrassenso, visto que sua principal função é auxiliar o docente nesse processo. No entanto, o que se expressa na percepção dos professores é justamente as implicações da falta do recurso didático frente a sua importância no processo de 75 ensino, como se observa na resposta dos docentes quanto às dificuldades que sentem para ensinar o conteúdo de SN: Falta de recurso didático para trabalhar o tema. Professor T Falta de material nas escolas. Professor Q Poucos recursos. Professor M Em relação a Recurso Didático, evidencia-se de modo mais específico nas respostas dos docentes a dificuldade para o ensino do conteúdo de SN frente à falta de Modelos, Vídeos e Recurso financeiro para visitas técnicas. Os vídeos aparecem nas respostas dos docentes principalmente porque o conteúdo de SN exibe do aluno um alto grau de abstração, pois muitos dos processos desse conteúdo não podem ser vistos a olho nu como, por exemplo, a transmissão do impulso nervoso, desse modo, segundo Krasilchik (2008, p. 54) por meio de filmes (vídeos), “técnicas difíceis de descrever podem ser vistas e aprendidas rapidamente quando os alunos observam os detalhes do processo e repetem essa observação tantas vezes quanto forem necessárias”. A falta de modelos para o ensino destaca-se nas respostas dos docentes como se pode observar: Deficiência de materiais concretos para que o aluno manipule e\ou analise. Professor C Falta de materiais anatômicos. Professor D Dificuldade em trabalhar com maquetes (poucas disponíveis). Professor S Krasilchik (2008) destaca que, os modelos em biologia sempre foram utilizados pelos professores para mostrar objetos em três dimensões. No entanto “é preciso tomar cuidado para que os modelos não sejam usados em situações em que a observação da realidade é mais fácil e adequada” (KRASILCHIK, 2008, p. 65). 76 Aqui, vamos ao encontro a uma das dificuldades apresentada pelos docentes, que é a falta de recurso financeiro para visita técnica, momento no qual o aluno poderia ter uma observação da realidade como pontuado por Krasilchik (2008), que além da falta de recurso para visita elenca outros obstáculos a sua organização como: complicação para obter autorização dos pais, da direção da escola e dos colegas que não querem ceder seu tempo de aula. Outra categoria evidente nas respostas dos docentes é a Complexidade, como se pode observar: Por ser um tema mais complexo, a dificuldade é fazer com que o aluno consiga compreender a matéria. Professor R A maior dificuldade que encontro é devido à complexidade do assunto. Professor S A complexidade do tema a ser ministrado. Professor I Para alguns docentes, de modo mais específico, a Complexidade do conteúdo evidencia-se frente à dificuldade de explicação sobre o Impulso Nervoso, o Sistema Nervoso Simpático e Parassimpático, o Cérebro e a Organização do SN. Outra categoria presente nas respostas dos docentes é o Interesse. Para alguns professores a falta de interesse dos alunos se mostra como um dos elementos que dificultam o ensino. Em relação ao ensino de biologia, Krasilchik (2008, p. 11) diz que “pode ser uma das disciplinas mais relevantes e merecedoras da atenção dos alunos, ou uma das disciplinas mais insignificantes e pouco atraentes, dependendo do que for ensinado e de como isso for feito”. Foi dito já dizer de outro modo. A afirmação de Krasilchik quanto ao ensino de biologia evidencia tanto a importância dos recursos didáticos, que se enquadram no “como isso deve ser feito”, como também a importância do currículo, quando diz que, o ensino pode ser pouco atraente “dependendo do que for ensinado”. 77 Currículo é outra categoria presente nas respostas dos docentes. As maiores dificuldades apresentadas quanto ao currículo relacionam-se a extensão dos conteúdos a serem ministrados e ao tempo, como se pode observar: Geralmente vem como um dos últimos conteúdos do currículo e não há tempo para ser trabalhado no ano letivo. Professor T O volume do conteúdo. Professor D Conteúdo muito grande. Professor S O conteúdo de sistema nervoso, se comparado a outros sistemas que compõem o corpo humano é um dos mais extensos, junto a isso se apresenta também ao professore a necessidade de administrar o tempo, considerando outros conteúdos a serem trabalhos durante o ano e a quantidade de aulas dadas durante a semana, que no ensino médio da Rede Estadual de Ensino do Espírito Santo compreende duas aulas de 50 minutos por semana. Nesse sentido, quanto à abrangência do conteúdo, Krasilchik (2008, p. 45) diz que a delimitação do escopo do seu currículo é, para o professor de biologia, um problema cada vez mais sério por várias razões: o conhecimento está se expandindo enormemente e, em consequência, as próprias ciências biológicas vêm sofrendo transformações em sua organização. Completa ainda dizendo que “o conteúdo, na realidade, é a preocupação mais presente entre os professores ao fazerem seu planejamento curricular tendo que tomar decisões quanto o que ensinar referentes à abrangência da matéria a ministrar” (KRASILCHIK, 2008, p. 44). Moreira (2006, p. 3), ao apresentar um resumo do ensino de ciências no Brasil, traz afirmações que corroboram as dificuldades apresentadas pelos docentes quando diz que: Quanto à educação científica formal, o quadro se apresenta sombrio, com o desempenho em geral muito baixo dos estudantes brasileiros nos assuntos que envolvem ciências e matemáticas. O ensino de ciências é, em geral, pobre de recursos, desestimulante e desatualizado. Curiosidade, 78 experimentação e criatividade geralmente não são valorizadas. Ao lado da carência enorme de professores de ciências, em especial professores com boa formação, predominam condições de trabalho precárias e pouco estímulo ao aperfeiçoamento. As deficiências graves em laboratórios, bibliotecas, material didático, inclusão digital, e outras só fazem tornar mais difícil o quadro. Quando perguntados quanto a sua percepção em relação à dificuldade que os alunos sentem para aprender os conteúdos relacionados aos sistemas que compõem o corpo humano, assinalando o nível de dificuldade dos alunos no intervalo de 1 a 5, o conteúdo de SN se apresentou como um dos mais difíceis, ficando atrás apenas do conteúdo de sistema endócrino como se observa no gráfico 3. Gráfico 3- Dificuldade que os alunos sentem para aprender o conteúdo de sistema nervoso Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Em relação às quais à seriam as maiores dificuldades enfrentadas pelos alunos para aprender o conteúdo de SN, seis categorias apareceram com maior frequência, são eles: Complexidade, Recurso Didático, Nomenclatura, Conhecimentos Prévios, Contextualização e Interesse. Desses, também foram possíveis de extrair subtemas que aparecem de forma mais específica nas respostas dos docentes, que são apresentados no quadro (quadro 4). 79 Algumas categorias se repetem tanto na dificuldade para o ensino quanto para a aprendizagem do conteúdo de SN, como Complexidade, Recurso Didático e Interesse e isso vai ao encontro da resposta do docente quando diz que As dificuldades dos alunos se encontram com as dificuldades do professor. Professor N Entre as dificuldades dos alunos para aprender evidencia-se a Nomenclatura como se observa O processo a maioria entende bem, o problema é o de sempre na biologia, “os nomes difíceis”. Professor A Termos científicos [...]. Professor B Conseguir aprender cada nome [...]. Professor D 80 Quadro 4- Dificuldades enfrentadas pelos alunos para aprender o conteúdo de sistema nervoso Categorias Freq. (nº de vezes) Geral 5 Função do SN 4 Exemplo A grande quantidade de detalhes que o conteúdo apresenta. Professor J Dificuldade de relacionar as estruturas com as funções que exercem [...]. Professor I Complexidade Específico Integração Fisiológica Impulso Nervoso 2 5 No geral entender o funcionamento do sistema, como ele interage com todos os outros sistemas Professor E. Condução do impulso nervoso e sua relação físicoquímica. Professor U Dificuldade de compreensão do conteúdo em face da falta de material didático inerente ao assunto, que facilite essa compreensão. Professor H Recurso Didático 5 Nomenclatura 6 Entender os nomes das estruturas que o compõe e a transmissão de um impulso nervoso. Professor Q Conhecimentos Prévios 4 Falta de conteúdo básico em citologia. Professor R Contextualização 2 [...] Ausência Professor V Interesse 3 Falta de interesse em aprender da maioria dos alunos [...]. Professor G Fonte: Elaborado pela autora, (2014). de articulação com o cotidiano. 81 Nesse sentido, ao tratar da comunicação entre professor e aluno, Krasilchik (2008, p. 56) argumenta que “os alunos não acompanham as aulas, porque são usadas palavras desconhecidas, ou porque eles atribuem aos termos significados diferentes atribuídos pelo professor” e complementa dizendo que “o excesso de vocabulário técnico que o professor usa em suas aulas leva muitos alunos a pensar que biologia é só um conjunto de nomes de plantas, animais, órgãos, tecidos e substâncias que devem ser memorizadas”. Outra categoria evidenciada pelo professor é o Conhecimento Prévio que também dificulta a aprendizagem como se pode observar Falta de contato com o conteúdo em anos escolares anteriores. Professor I Na maioria das vezes os alunos não possuem conhecimento básico de bioquímica para compreender o conteúdo. Professor T Ao tratarmos em nosso estudo da alfabetização científica com enfoque CTSA, um dos pontos levantados se refere à importância da articulação do conteúdo científico à vida do aluno, de forma que esse veja aplicabilidade desse conhecimento no seu dia a dia, e para alguns docentes uma das dificuldades que os alunos podem ter para aprender os conteúdos refere-se à Contextualização como se pode observar Dependendo da situação, ou do professor, ausência de articulação com o cotidiano. Professor V Aprender o conteúdo e sua aplicação no dia a dia. Professor M Em relação ao MCV, buscamos saber quantos dos professores em nossa pesquisa conhecem esse espaço, ou seja, se já ouviram falar sobre o MCV, e se conhecem se em algum momento já levou seus alunos ao museu. Como se pode observar no quadro 5, a percentagem de professores que conhecem o museu ainda é baixa, quinze (52%), se consideramos que o MCV completa em 2014 seis anos de 82 funcionamento e já participou com exposições itinerantes na Semana Estadual de Ciência e Tecnologia, evento que recebe um grande número de público escolar. E entre esses que conhecem apenas seis já levaram seus alunos ao MCV. Outro ponto levantado em nossa pesquisa se refere ao conhecimento dos professores em relação à abordagem de ensino CTSA, a pesquisa mostrou que doze (41%) dos docentes não conhecem essa abordagem, e que dentre os dezessete (59%) que conhecem, três (17%) não trabalham com essa abordagem de ensino em sala de aula (quadro 5). No entanto, dentre os que dizem não conhecer, ao apresentarmos no questionário uma ideia central desse tipo de abordagem, todos os professores concordam que trabalhariam com a abordagem CTSA em sala. Quadro 5- Questões diagnósticas Questões Diagnósticas Museu de Ciências da Vida CTSA Sim Não Você conhece o Museu de Ciências da Vida da UFES? 15 (52%) 14 (48%) Se conhece, você já levou seus alunos ao Museu de Ciências da Vida da UFES? 6 (24%) 19 (76%) Você conhece a abordagem de ensino CTSA? 17 (59%) 12 (41%) Você trabalha com essa abordagem de ensino em sala de aula? 15 (83%) 3 (17%) Considerando que a abordagem de 25 ensino CTSA busca a formação de um (100%) aluno mais crítico e questionador, conhecedor de temas contemporâneos, principalmente em relação a produção científica, capaz de entender e tomar decisões em relação a ciência, tecnologia, sociedade e ambiente, você trabalharia com essa abordagem de ensino em sala de aula? 0 (0%) Fonte: Elaborado pela autora, (2014). A partir da análise das respostas quanto à abordagem CTSA, infere-se que a maioria dos docentes não teve contato com essa abordagem em sua formação inicial. Nesse sentido concorda Marcondes et al (2009, p. 282) ao dizerem que 83 A inadequação formativa dos professores nas instituições de ensino superior retrata uma prática pedagógica limitada para a promoção de uma educação CTS dado que a maioria dos professores não apresenta as exigências formativas para a implementação de um ensino com esta abordagem e sim para um ensino focado nos aspectos conceituais da ciência. Portanto, evidencia-se a importância do trabalhar a abordagem CTSA tanto na formação inicial quanto na continuada. 5.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS No início da entrevista, buscamos saber de forma geral, se os docentes costumam levar seus alunos para visitar museus. Todos os professores responderam que sim, e foi observado na fala de alguns que essas visitas estão estritamente relacionadas aos conteúdos ministrados em sala, como alguns relatos exemplificam: Sim, sempre que possível e que encaixa nos conteúdos a gente tenta trazer para eles conhecerem a realidade. Professor A Sempre que há disponibilidade a gente costuma levar, sempre relacionando aos conteúdos e a disciplina em questão. Professor B Costumo, sempre que está de acordo com algum conteúdo a gente leva sim. Professor F Nota-se que a relação com o conteúdo curricular é um dos fortes fatores que motivam as visitas, de modo a relacionar a teoria com a prática, como observado também nas respostas da pergunta de quais as razões para as visitas a Museus, seguem os relatos: Como a gente é de escola pública, a gente não tem um laboratório com tantas informações, a gente traz eles para conhecerem, ver direitinho como que funciona. Professor A Ampliar o conhecimento, facilitar o entendimento dos conteúdos propostos e também estimular o interesse deles para algumas áreas específicas, como foi o caso do Museu de Ciências da Vida. Professor B 84 Sair um pouco da rotina da teoria, conhecer a prática um pouco, conhecer tudo que está ao redor que é falado na teoria, conhecer na prática. Professor C Principalmente observar in loco aquilo que ele aprendeu de forma teórica, mas de forma que ele tenha o tema mais elucidado, de uma forma mais prática de entender o que foi visto em sala de aula [...]. Professor D Seria o contato, o contato que eles têm de poder ver muito das coisas que eles aprendem dentro da sala de aula, ver, sentir, presenciar alguns detalhes que não dá para fazer em sala de aula. Professor E Buscando relacionar a teoria com a prática. Professor F Quanto à relação com o conteúdo curricular ser um dos fortes fatores que motivam as visitas, Marandino (2001) diz que mesmo sendo variadas as motivações que levam a escola a buscar os museus como espaço de aprendizagem, uma fala se faz corrente no discurso dos professores, qual seja, “esperam que esses espaços ofereçam oportunidade para o aluno vivenciar situações impossíveis de serem reproduzidas na escola- por falta de material, espaço físico, etc.- proporcionando a prática da teoria vista em aula” (MARANDINO, 2001, p. 89). Quando perguntados por que visitar o MCV, a articulação com o conteúdo também se fez bem presente nas respostas dos docentes, mas nota-se agora que a possibilidade de observar no MCV peças reais é uma das motivações dos docentes, principalmente porque a maioria dos recursos didáticos que os professores possuem não oferecem uma qualidade tão rica de formas, cores e detalhes, como observado nos relatos: [...] para facilitar o trabalho na própria sala de aula mesmo, como eles vão visualizar as partes estudadas, os sistemas estudados, facilita todo o processo de ensinoaprendizagem. Professor B Bom, como é minha área de biologia, é interessante por que o máximo que temos em nossa escola são mapas anatômicos, mapas de conceitos, vídeos, ver as peças mesmo é bem diferente e dá para ter uma noção bem real. Professor E 85 No entanto, para os docentes entrevistados a visita ao museu não está relacionada a um conteúdo exposto específico, nota-se que os docentes em sua maioria buscam em uma visita trabalhar todos os conteúdos expostos no museu que se relaciona com o currículo trabalhado com a turma naquele ano, seguem os relatos: A gente vem ao longo do ano falando e acaba culminando com a visita. Professor F De uma forma geral, foi a parte do sistema linfático, que é o sistema que estamos trabalhando, mas também todo sistema anatômico que previamente estudamos. Professor D Infere-se a partir das falas dos docentes que o museu ocupa um espaço complementar a escola, e nessa perspectiva Marandino (2010, p.398) aponta que Os museus devem ser mais propositivos nas ações de formação de professores para uso de seus espaços. Tal formação deve considerar em seus conteúdos, aspectos históricos dessas instituições, mas também suas características pedagógicas específicas, mostrando no que se aproximam e se afastam da escola. Esses elementos poderão fornecer subsídios para que os professores possam planejar melhor suas visitas e usufruir das possibilidades educativas que os museus podem oferecer, rompendo com a prática comum de entendimento do museu apenas como espaço complementar a escola. O que se observa também é que a maioria já visitou o museu anteriormente e pretende continuar levando seus alunos a esse espaço, para alguns já é uma visita planejada periodicamente como relata os professores: Esses alunos sim, mas eu já vim várias vezes com outras excursões com outra escola. Professor B [...] já é a quarta vez que trago meus alunos. Não os mesmos alunos, mas periodicamente eu trago eles aqui. Professor D [...] já tem alguns anos que venho trazendo. Professor E Esse ano sim, mas eu já trouxe outros anos outros grupos. Professor F Nesse sentido, infere-se que o MCV está atendendo as expectativas dos docentes que o visita, o que motiva o seu retorno com outras turmas. 86 Sobre o potencial pedagógico do museu, ou seja, a somatória dos diferentes recursos nele existente (acervo, equipe, proposta pedagógica) que instrumentalizam a prática docente, perguntamos se auxiliam na apropriação dos conteúdos tratados em sala, quanto a isso todos os professores afirmaram que sim, e nesse sentido Koptcke (2003, p. 116) citando Hooper-Greenhill (1991) ao tratar do aprender no museu como na escola, corrobora com a reflexão quanto à dimensão educativa dos museus ao dizer que As possibilidades de aprendizagem no museu são bastante vastas: elas utilizam as coleções como fonte de informação e oferecem um processo difuso de aprendizagem. A presença de objetos reais (únicos, raros, mas também legítimos representantes de determinada prática social e cultural) estimula o interesse ou centraliza a atenção que é qualitativamente distinta da atenção dispensada aos textos. Segundo Marandino (2001) com a acentuada presença do público escolar nos museus, esses tem procurado oferecer material de apoio, reuniões de roteiro, cursos sobre museus e sobre estratégias de utilização desse espaço. Nessa perspectiva, buscando saber dos docentes que visitam o MVC se eles sentem a necessidade de material de apoio pedagógico para as visitas, e quais materiais eles julgam por necessário. Apenas um docente afirmou não haver a necessidade de um material pedagógico específico do museu, no entanto, os demais professores concordaram quanto à necessidade desse material e contribuíram com várias sugestões, como se observa: Poderia ter uma espécie de guia, ser fornecido antes para a gente saber o que tem, para a gente adiantar para os alunos, sim, não que ele faça uma falta significativa, mas seria mais fácil para a gente desenvolver o trabalho. Professor B Talvez sim, talvez alguns folhetos informativos, explicativos para que o aluno passe e tenha um material de acompanhamento. Professor C Talvez uma apostila referente aos conteúdos tratados aqui para estar informando, para estar integrando para os alunos que queiram estar se aprofundando no tema seria interessante. Professor D Eu acho que o vídeo seria interessante, [...] o professor ter esse material já que não está disponibilizado aqui durante a semana. Professor E 87 No que se refere à prática pedagógica do docente em visita ao museu, uma série de ações devem ser realizadas pelo professor a fim de conduzir uma visita a esse espaço, desde agendar a visita como providenciar o transporte, e isso demanda um planejamento por parte do docente. Libâneo (1994, p.222) afirma que “a ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo; é, antes, a atividade consciente de previsão das ações docentes, fundamentadas em opções político-pedagógicas, e tendo como referência permanente as situações didáticas concretas”. Nesse sentido, importa ao docente que realiza visitas com suas turmas a museus saber que, assim como a escola está fundamentada em uma pedagogia específica, o museu também está, e Marandino expressa bem a perspectiva que assumimos em nossa pesquisa, de modo que os museus “a partir de suas especificidades e de um trabalho de parceria com as escolas, [...] desenvolvam uma pedagogia própria e possam contribuir de forma diferenciada na alfabetização científica do cidadão” (MARANDINO, 2000, p. 217). Os autores Van Praet e Poucet (1992) destacam que o museu assim como a escola possui suas especificidades e essa se relaciona ao lugar, ao tempo e aos objetos, quanto a isso, entender essas diferenças são fundamentais quando se pensa em uma parceria educativa entre museu e escola. Segundo Koptcke (2002, p. 75) quando o professor utiliza o espaço museal sem levar em consideração suas particularidades (tempo, espaço, objeto) ou quando propõe aos alunos que preencham fichas pedagógicas que serão utilizadas no retorno à escola para avaliar (segundo critérios escolares) os ganhos cognitivos da visita, não há verdadeiramente qualquer troca entre o sistema escolar e aquele da cultura museal. Quanto a isso, evidencia-se assim a necessidade do docente conhecer o espaço museal antes de organizar a visita, de modo que assim possa ter um contato com o conteúdo exposto, podendo definir estratégias a serem alcançadas, como também 88 conhecer a equipe que estará auxiliando na visita, como os mediadores, que poderão assim, em conversa com o docente traçar planos específicos para essa visita. Nessa perspectiva, buscamos saber se eles procuraram conhecer o museu antes de trazer seus alunos, e a maioria afirmou que sim, apenas o Professor A afirmou que não. Buscamos saber se possuíam um roteiro planejado para a visita e apenas o Professor C respondeu que não. Perguntamos se buscam fazer uma atividade pré e pós-visitação ao museu, e como essas atividades são feitas, seguem os relatos: Sim, como a gente está tentando orientar para uma profissão, a gente tenta mostrar todos os leques, todas as oportunidades para escolherem o que for melhor para eles. Professor A A pré foi o esclarecimento dos conteúdos, e a pós será feita todo um relatório de toda a viagem realizada, o que foi visto, relacionado aos conteúdos ministrados em sala. Sempre motiva-los a perguntar, questionar, o que é dito o que é mostrado, todas as peças, saber o que é, quais as funções, mostrando por que é importante conhecer o museu e todas as peças nele apresentadas. Professor B Não, eu faço só pós-visitação. Eu busco interagir, tentar chegar ao conhecimento do aluno, o que ele vivenciou o que ele aprendeu e absorveu da visita. Professor C Sim, nós fizemos a parte teórica e posteriormente estava planejado desde o início do ano para a gente estar participando aqui, junto com o museu. Eles têm o relatório que faz parte da parte curricular deles, para estarem entregando, além das avaliações que são feitas trimestralmente. Professor D Sim, explico como funciona, o que pode o que não pode dentro do museu, peço que eles acessem o site para ter uma ideia do que irão ver. Professor E Sim, a gente sempre trabalha o antes e o depois. Professor F Allard, Boucher e Forest (1994) ressaltam a importância e propõem uma descrição de atividades realizadas antes, durante e depois de uma visita ao museu, respeitando as especificidades de cada espaço, e assim, “podem criar situações e experiências positivas e originais, harmonizando sua atuação durante a visita à proposta do museu, integrando a experiência ali vivida ao retorno à sala de aula sem, no entanto, escolarizar a visita” (KOPTCKE, 2002, p. 74). 89 Em relação ao conteúdo de sistema nervoso, nota-se que, assim como nas respostas dos docentes ao questionário, os professores que visitam o museu também entendem que o conteúdo de SN é complexo tanto para ensinar, quanto para o aluno aprender, pois todos responderam de forma afirmativa quando perguntados. Por fim, buscamos saber se os professores entendem que as peças do museu que tratam do conteúdo de SN podem auxiliar na aprendizagem dos conteúdos, e todos afirmaram que sim, sendo que apenas o Professor C disse que não completamente e explicou o motivo. Seguem as respostas dos docentes: Sim, acredito que sim, é por que as peças do conteúdo de sistema nervoso são mais difíceis de colocar em exposição, mas tem o neurônio grandão, a coluna vertebral que a gente sabe que a medula está lá dentro, acredito que sim, auxilia bastante. Professor A Bastante, principalmente o desenvolvimento cerebral, o sistema nervoso central, ele mostra aos alunos a questão dos nervos, a questão do desenvolvimento do encéfalo, traduz muito bem o que a gente fala em sala de aula e eles conseguem perceber com bastante facilidade o que a gente fala que tem dificuldade de mostrar em sala. Professor B Não completamente, por que o aluno fica meio perdido, teria que ter um direcionamento, por que a diversificação é muito grande, você vai falar, você acaba mostrando, mas, a visualização é um pouquinho complicada. Tem que ter um apoio, principalmente por que é o sistema mais complicado de se estudar. Professor C Sim, sim, complementam. Professor D Auxilia. Professor E Sim, eu não sei, mas parece que nas outras vezes que vim tinha uma parte que mostrava as transmissões de impulso nervoso eu senti falta nessa visita. Professor F Os resultados evidenciam os desafios cada vez mais complexos do fazer pedagógico dos professores, que se estendem a contextos mais amplos do que a prática pedagógica desenvolvida nas escolas. Apontam para as dificuldades dos docentes no processo de ensino-aprendizagem frente à complexidade do conteúdo de SN, evidenciando-se questionamentos quanto à qualidade e à necessidade de 90 material didático de apoio pedagógico tanto para ser usado em sala como em visita ao museu. Evidencia-se também a inadequação formativa de alguns professores quanto à abordagem de ensino CTSA e à necessidade de se trabalhar a perspectiva de parceria educativa, tratando assim das especificidades do ambiente escolar e do museu. Dessa forma, elaboramos uma proposta de formação continuada quanto aos seus aspectos organizacionais e de funcionamento, objetivos, metodologia, ementa e ações a serem desenvolvidas. 5.3 A PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTINUADA NO MCV A partir da necessidade verificada junto aos professores, foi elaborada a proposta de formação continuada “Neurociência na atualidade: um estudo prático e dinâmico do conteúdo de sistema nervoso no Museu de Ciências da Vida”. A formação teve por objetivo a troca de experiências e conhecimento entre o museu e o professor de biologia do ensino médio nas áreas biológicas da neurociência, a partir de uma proposta focada no conteúdo de SN, na perspectiva da alfabetização científica com enfoque CTSA, como também trabalhar o potencial educativo do MCV e as especificidades pedagógicas dos museus. Quanto aos aspectos organizacionais e de funcionamento, foram ofertadas 20 vagas, e adotamos como critério para escolha dos sujeitos, aqueles que, eram professores de biologia e estavam no exercício da docência no estado do Espírito Santo. O convite e a ficha de inscrição para participar da formação foi enviado por email, aos 37 professores que participaram da pesquisa na etapa 1. Foram também convidados professores que já realizaram visitas ao MCV, de modo que, foi enviado por e-mail o convite e a ficha de inscrição a uma lista de professores cujos contatos foram cedidos pelo MCV. O planejamento inicial era de convidar para a formação apenas professores de biologia, ou seja, atuantes no ensino médio. No entanto, a lista de contatos de professores cedida pelo MCV não possibilitou a diferenciação entre professores do 91 ensino médio e do ensino fundamental. Assim, foram preenchidas e devolvidas, 35 fichas de inscrição, contendo dentre essas tanto professores do ensino médio, quanto do ensino fundamental. Dentre os que se inscreveram, confirmamos a inscrição no curso de todos os professores que atuavam no ensino médio, que totalizou 16 professores, e cedemos as demais vagas aos professores que atuavam no ensino fundamental respeitando a ordem de inscrição. Na semana do inicio da formação, dois professores cancelaram a participação no curso, que aconteceu assim com um quantitativo de 18 professores. O curso foi aplicado teve a carga horária de 30 horas, sendo 24 horas presenciais e 6 horas dedicadas ao desenvolvimento de atividades não presenciais. O curso ocorreu nos dias 05 e 12 e 26 de Abril de 2014 no MCV. A certificação foi emitida pelo museu a partir da constatação do cumprimento pelo aluno de pelo menos 85% de participação. O certificado contou com a ementa do curso e carga horária. Quanto à metodologia adotada, a formação continuada do MCV pautou-se no princípio de que as atividades desenvolvidas na formação devem proporcionar ao docente a reflexão de sua prática pedagógica, oportunizando essa reflexão de forma coletiva. Dessa forma, as atividades foram conduzidas de forma expositiva dialogada, trabalhos em grupo, leitura de textos, e oficinas para produção de material didático. A formação foi dividida em três módulos, que junto ao resumo das ações desenvolvidas, seguem elencados no quadro abaixo: Quadro 6- Ações desenvolvidas na formação Módulo 1- 05 de Abril Horário Ações desenvolvidas 8:00-9:00 9:00-10:15 10:15 - 10:45 10:45-12:00 12:00-13:00 Abertura Introdução ao Sistema Nervoso (parte I)-Teoria Coffe Break Introdução ao Sistema Nervoso (parte II)-Prática Almoço 92 13:00-15:00 15:00-15:30 15:30-17:00 Módulo 2- 12 de Abril Alfabetização Científica com enfoque CTSA Coffe Break Sequências Didáticas: da teoria a prática Horário Ações desenvolvidas 8:00-10:00 10:00-10:30 10:30 - 12:00 Neurociência na atualidade Coffe Break Visita exploratória e Mediada ao Museu de Ciências da Vida Almoço Oficina de modelos didáticos: Sistema Nervoso parte I Coffe Break Oficina de modelos didáticos: Sistema Nervoso parte II 12:00-13:00 13:00-15:00 15:00-15:30 15:30-17:00 Módulo 3- 26 de Abril Horário Ações desenvolvidas 8:00-10:00 10:00-10:30 10:30 - 12:00 O museu como espaço de educação não formal Coffe Break Relação museuescola\ Especificidades pedagógicas dos museus. Almoço Apresentação e discussão das atividades desenvolvidas. Coffe Break Validação das atividades desenvolvidas Avaliação da formação 12:00-13:00 13:00-15:00 15:00-15:30 15:30-16:20 16:20- 17:00 Fonte: Elaborado pela autora, (2014). 5.4 PRODUÇÃO DE MATERIAL PARA A FORMAÇÃO Dentre as necessidades evidenciadas pelos professores apresentadas no capítulo anterior, o recurso didático foi um elemento que apareceu de forma frequente nas respostas dos docentes. De modo a atender a essa necessidade, estudamos a elaboração de um recurso didático que pudesse exercer uma dupla função, agindo como recurso de aprendizagem dos professores em formação, como também um recurso que o professor poderá adotar em sua prática em sala de aula. 93 O recurso didático elaborado foi um modelo de encéfalo humano em gesso. Cada professor em formação recebeu um modelo que foi utilizado na formação em um momento de exercício prático que será detalhado no próximo capítulo. A elaboração dos modelos foi realizada pela pesquisadora utilizando-se da técnica de produção de moldes por borracha de silicone. Para isso foi utilizado como molde um modelo de encéfalo humano que faz parte da coleção do museu, e que representa uma reprodução tridimensional fiel do encéfalo de um homem adulto (figura 18). Figura 18- Modelo de encéfalo humano em silicone Fonte: Acervo da pesquisadora,(2013). A escolha pela técnica de produção de moldes em borracha de silicone se deu devido à boa moldabilidade do material, que permite a reprodução fiel de detalhes do molde, como também a sua resistência que permite sua utilização inúmeras vezes. O material utilizado foi: borracha de silicone líquida, catalisador, desmoldante e plastilina, massa de modelar específica para produção de moldes, (figura 19). Foram necessárias também placas de acrílico para a elaboração da caixa onde será montado o molde e equipamentos de proteção individual como luva e jaleco. 94 Figura 19- Material utilizado na produção dos moldes Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). A primeira etapa (figura 20) consistiu na elaboração de uma base de plastilina, que deve envolver a metade do modelo (figura 20a e 20b) e aplicação do desmoldante (figura 20c), após utilizando as placas de acrílico montamos a caixa. O próximo passo consistiu na elaboração da borracha de silicone, de modo que, para a produção do nosso modelo foi utilizado no total 4L de borracha de silicone. Em um balde despejamos a borracha líquida e adicionamos o catalisador, que reagiu com a borracha líquida resultando num produto elástico e resistente. Após, despeja-se a borracha com catalisador na caixa preenchendo assim a metade do molde que inicialmente não foi recoberta com a plastilina (figura 20d). Passadas 24h a primeira face do molde já estava pronta, então desmontamos a caixa, viramos a face do molde de borracha de silicone que já se encontrava elástico e resistente e retiramos a camada de plastilina (figura 20e e 20f). 95 Figura 20- Primeira etapa de elaboração do molde a) Base de plastilina Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). c) Aplicação de desmoldante Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). b) Base de plastilina Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). d) Aplicação da plastilina líquida Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). e) Uma das faces após a cura f) Retirada da base de plastilina Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). 96 Após a cura de uma das faces do molde, para a produção da outra face do molde (figura 21), repetimos o processo (figura 21a), aplicamos o desmoldante, montamos a caixa e despejamos a borracha de silicone líquida com catalisador na outra metade do molde (figura 21b), esperamos 24hs e no final obtivemos o molde de duas faces do hemisfério esquerdo de um modelo de encéfalo humano (figura 21c e 21d). Todo o processo foi realizado também na produção do molde do hemisfério direito do encéfalo humano. Figura 21- Produção da outra face do molde a) Produção da outra face Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). c) Abertura do molde após a cura Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). b) Despejo da plastilina liquida Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). d) Molde pronto Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). 97 A etapa seguinte consistiu no teste do gesso (figura 22) que seria utilizado para a reprodução do modelo, considerando a existência de diferentes tipos de gesso, que variam tanto em resistência quanto em preço. O primeiro gesso que utilizamos como teste foi o gesso comum, mas esse se mostrou pouco resistente e retendo bastante umidade, portanto, não seria ideal para a reprodução do nosso modelo, pois esse material deveria ser será doado ao professor que participasse da formação para ser utilizado em sua prática pedagógica. Realizamos, então, o teste com o gesso tipo pedra (figura 22 a e 202 b), e esse atendeu as nossas necessidades, pois se mostrou resistente, com secagem mais rápida e quanto ao preço não apresentava uma variação muito grande em relação ao gesso comum. Portanto para a reprodução do modelo, em nossa pesquisa utilizamos o gesso tipo pedra. Após, realizamos o teste da tinta a ser utilizada na pintura dos modelos em gesso (figura 23), primeiro pintamos com tinta guache (figura 23a e 23b) no entanto não apresentou uma boa fixação nas peças que ao serem manuseadas perdiam a cobertura de tinta, por isso buscamos fazer o teste com tinta específica para artesanato a Latex PVA com base de água, que apresentou uma ótima cobertura e fixação, sendo então utilizada em nossa pesquisa para a pintura de nossos modelos. Figura 22- Teste do gesso a) Abertura do molde com gesso Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). b) Encéfalo moldado em gesso Fonte: Acervo da pesquisadora,(2013). 98 Figura 23- Teste da tinta a) Modelo sem tinta Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). b) Modelo sendo pintado Fonte: Acervo da pesquisadora, (2013). 99 6 A PROPOSTA VIVENCIADA A proposta de formação continuada “Neurociência na atualidade: um estudo prático e dinâmico do conteúdo de sistema nervoso no Museu de Ciências da Vida” foi organizada foi organizada em sete temas: Sistema Nervoso, Neurociência, Alfabetização Científica com enfoque CTSA, Sequências Didáticas, Educação não formal, Relação museu- escola e Especificidades pedagógicas dos museus. Em cada tema, havia a participação de um professor pesquisador do conteúdo específico (figura 24). O professor Athelson Stefanon Bittencourt, doutor em Ciências Fisiológicas com área de concentração em neurobiologia, ministrou os temas Sistema Nervoso e Neurociência. A professora Manuella Villar Amado, Pós- doutora em Divulgação e Ensino das Ciências com área de concentração em ensino de ciências, alfabetização científica e espaços educativos não formais, ministrou os temas Alfabetização Científica com enfoque CTSA e Sequências Didáticas. A professora Marina Cadete da Penha Dias, mestranda em Educação em Ciências e Matemática com área de concentração em ensino de ciências, espaços educativos não formais e formação de professores, ministrou os temas Educação não formal, Relação museuescola e Especificidades pedagógicas dos museus. A proposta iniciou-se em 05 de Abril de 2014, e no primeiro momento os alunos foram recepcionados, credenciados e receberam o material didático da formação (figura 25). A seguir, houve a apresentação do plano de curso (apêndice 9), contendo assim os objetivos e o cronograma da proposta, como também a apresentação dos docentes que ministrariam as aulas. Foi evidenciado aos professores em formação que o curso inseria-se como parte da pesquisa de mestrado da professora Marina Cadete da Penha Dias, e assim foram convidados a participarem como sujeitos da pesquisa por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE (apêndice 10). Foi esclarecido também que a não participação na pesquisa não implicaria na participação no curso. Todos os professores concordaram em participar da pesquisa. 100 Figura 24- Professores formadores Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Figura 25- Recepção dos alunos Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Jacobucci (2006) ao tratar das contribuições sobre a formação continuada sinaliza a necessidade da atualização de conteúdos e fortalecimento da bagagem intelectual 101 dos professores. Assim, de modo a subsidiar teoricamente o docente em formação em relação ao conteúdo de sistema nervoso, o professor especialista, Athelson Stefanon Bittencourt, no período da manhã, do dia 05 de abril, por meio de uma aula expositiva dialogada, utilizando de slides, vídeos e modelos didáticos, buscou contribuir com a ampliação do repertório dos professores em formação. Tendo como referência Crossman e Neary (2011), Felten (2005) e Machado (2005), apesentou uma introdução ao conteúdo de sistema nervoso, trabalhando sua organização anatômica geral (figura 26). Aplicou também algumas dinâmicas que os professores em formação poderiam utilizar na prática pedagógica em sala de aula. Os professores se mostraram bastante participativos, fazendo perguntas que prontamente eram respondidas pelo especialista, principalmente em relação às doenças que afetam o sistema nervoso como Parkinson e Alzheimer, acidentes traumáticos, como também os efeitos do uso de drogas lícitas e ilícitas. Figura 26- Aula Professor Athelson Stefanon Bittencourt a) Anatomia do sistema nervoso Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). b) Anatomia e fisiologia do sistema nervoso Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Em um segundo momento, ainda no período da manhã, o professor especialista trabalhou o conteúdo de forma prática, levando os docentes em formação ao anatômico, de modo que puderam observar tocar e tirar dúvidas quanto à organização anatômica do sistema nervoso (figura 27). 102 Figura 27- Aula prática no anatômico a) Peças do sistema nervoso b) Aula do sistema nervoso Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). c) Manipulação das peças Fonte: Acervo da pesquisadora,(2014). d) Manipulação das peças Fonte: Acervo da pesquisadora,(2014). Para Selles (2002), o professor precisa estar atualizado, e isso não implica apenas atualização dos conteúdos específicos, mas igualmente questões mais amplas para atuar na escola de seu tempo, e completa dizendo que: No caso particular do conhecimento científico, verificamos que este atinge níveis de transformação espantosos, dada a rapidez com que as informações são produzidas em todas as partes do mundo. Já se afirma correntemente que nunca a Ciência produziu tanto em tão pouco tempo. Por outro lado, as inovações científicas não surgem desconectadas de suas implicações econômico-político-sociais. (SELLES, 2002, p. 7). Compartilhamos com as Selles, suas colocações quanto à importância do professor estar atualizado para atuar na escola de seu tempo, que se insere em um contexto de acelerado de produção científica e tecnológica, que como sinaliza Selles trazem implicações econômico-político-sociais. Nessa perspectiva, Jacobucci (2008) 103 contribui dizendo que há de se pensar e se incentivar na formação de professores a promoção dos conteúdos científicos e tecnológicos, de modo que capacite os cidadãos a discursarem livremente sobre ciências, como também os processos e implicações da ciência no cotidiano das pessoas. As proposições de Selles (2002) e Jacobucci (2008) vêm ao encontro das concepções filosóficas do movimento CTSA e da alfabetização científica, nesse aspecto, frente à necessidade verificada junto aos professores, na parte da tarde, a professora especialista Manuella Villar Amado, trabalhou os aspectos da alfabetização científica com enfoque CTSA (figura 28). A professora especialista iniciou levantando algumas indagações ao grupo sobre o qual o papel da educação científica. Seria a de formar gênio, ou trabalhador¿ Os professores expressaram suas opiniões e a partir delas a especialista trabalhou as propostas de reforma do ensino de ciências ao longo dos últimos anos tendo como referência Krasilchik (2000). A partir de Chassot (2003), trabalhou os aspectos da alfabetização científica, evidenciando que com o avanço tecnológico e científico dos dias atuais, as pessoas passam a necessitar de certo nível de conhecimento para realizar diferentes tarefas do seu cotidiano. E que para além do domínio dos signos, códigos e linguagem das ciências e alfabetização científica é um meio para o indivíduo ampliar o seu universo de conhecimento, a sua cultura, como cidadão inserido na sociedade. 104 Figura 28- Aula professora Manuella Villar Amado a) Discussão inicial b) Aula teórica Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Abordou a história do movimento CTSA, fazendo referência aos estudos da pesquisadora Rachel Carson e a partir de Walks (1990) e Santos (2013) trabalhou os propósitos da educação CTSA. Fez também uma articulação entre os pressupostos do educador Paulo Freire e referenciais ligados ao movimento CTSA, e prosseguiu apresentando alguns dos princípios que regem esse movimento, a saber: Cidadania, Abordagem Temática, Contextualização, Interdisciplinaridade, Transdiciplinaridade, Ensino por Investigação e Diversidade de Práticas Pedagógicas. Outro tema trabalhado pela especialista foi a Sequência Didática. A escolha de incluir e trabalhar de forma teórica e prática esse tema na formação se deu a partir do objetivo de que os professores em formação de forma colaborativa participassem da construção do material de apoio pedagógico para visitação ao MCV, oportunizando assim a troca de experiência entre os pares, como também agir como exercício prático, pois as sequências didáticas deveriam relacionar os conteúdos abordados na formação. Ao iniciar o tema, a especialista tendo por referência Artigue (1989) que compara a Engenharia Didática com o trabalho do engenheiro, propôs uma dinâmica a turma. A sala foi dividida em grupos, que receberam peças do brinquedo Engenheiro, e deveriam montar uma cidade com elas (figura 29). 105 Após montarem a cidade, a especialista provocou uma reflexão quanto à importância de cada peça para a construção da cidade, comparando cada uma a um tipo de conteúdo, conceitual, factual, procedimental e atitudinal, que os professores como “engenheiros” utilizam-se para elaboração de uma sequência didática. Figura 29- Dinâmica sequência didática a)Grupo sequência didática Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). b) Resultado da dinâmica Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). A partir de Zabala (1988, p. 18) definiu sequência didática como sendo “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos”. Destacou aos professores que diferentes autores trabalham sequências didáticas e cada um apresentam passos diferentes para sua elaboração como Delizoicov (1991) que trabalha os três momentos pedagógicos (3MP), Moreira (2011) que trabalha a sequência didática como Unidade de Ensino Potencialmente Significativa (UEPS) e Gasparin (2012) que trabalha a partir da Pedagogia Histórico-crítica. Entre esses, foi trabalhado na formação a sequência didática a partir dos 3MP de Delizoicov (1991), que propôs um modelo baseado na codificação-problematizaçãodecodificação de Freire (1987), constituindo assim os 3MP: problematização, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento. Após a apresentação teórica, a sala foi dividida em grupos (figura 30) para que dessem inicio a elaboração das sequências didáticas, escolhendo os temas e se 106 familiarizando com estrutura da sequência didática com base em Guimarães e Giordan (2011) que deveriam seguir (apêndice 11). Foi esclarecido aos professores que o desenvolvimento das sequências didáticas se daria ao longo do curso, pois cada tema trabalhado na formação contribuiria para sua elaboração, e que essa atividade se caracterizava também como uma atividade à distância, de modo que os professores poderiam em casa aprofundar na pesquisa quanto ao tema escolhido pelo grupo. Figura 30- Elaboração das sequências didáticas a) Grupos elaborando sequência didática Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). b) Grupo em discussão Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). No segundo dia da formação, 12 de Abril de 2014, o professor Athelson Stefanon Bittencourt, em um primeiro momento trabalhou o tema Neurociência. A escolha do tema relaciona-se tanto a sua articulação com o conteúdo de sistema nervoso, como também sua articulação com a abordagem CTSA frente às contribuições científicas, tecnológicas e sociais desse campo de estudo. Iniciou fazendo um resgate histórico dos estudos no campo da neurociência, destacando que essa está estritamente vinculada ao estudo da anatomia e fisiologia humana, sendo assim um campo de estudo multidisciplinar, formado tanto por médicos, biólogos, psicólogos, entre outros. Apresentou alguns estudiosos que contribuiu com o campo de estudo, desde Hipócrates ao neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Destacou as pesquisas 107 neurocientíficas atuais, como as desenvolvidas na Universidade Federal do Espírito Santo, onde ele como neurocientista pesquisa a neurobiologia dos ataques de pânico. Seguiu apresentando as diversas descobertas no campo da neurociência, destacando o “Projeto Andar de Novo”, do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que desenvolveu junto a sua equipe uma neuroprótese, também conhecida como exoesqueleto, que pretende devolver mobilidade autônoma a paraplégicos. Ainda no período da manhã, os professores foram levados a uma visita exploratória e mediada ao Museu de Ciências da Vida (figura 31), onde puderam em dado momento percorrer e conhecer livremente as peças do museu. O professor Athelson também mediou à visita, apresentando cada peça que se relaciona ao conteúdo de sistema nervoso, e relacionando-as ao conteúdo programático escolar, com o objetivo de preparar o professor para uma atuação ativa, junto aos seus alunos, na ocasião da visita, visto que: A atitude do professor perante seu grupo de alunos em um espaço não formal é condizente com sua própria experiência nesses espaços. Quanto mais familiarizado com os conteúdos científicos, instrumentos e elementos de mostra presentes em um determinado local, menos complexo será para o professor lidar com a situação da visita, se relacionar com a equipe técnica e monitoria, adequar seu planejamento e orientar seus alunos (JACOBUCCI, 2010, p. 434). Os professores receberem uma ficha onde puderam relacionar cada peça estudada, o conteúdo curricular que pode ser trabalhado, como também uma possível problematização com as peças, como por exemplo, a que mostra um raio x contendo uma fratura no pescoço com secção da medula espinhal, em que por muitos professores foi destacada como uma peça que poderia dar inicio a uma problematização quanto a acidentes traumáticos. 108 Figura 31- Visita exploratória e mediada ao Museu de Ciências da Vida a) Exploração das peças b) Exploração das peças Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). c) Exploração das peças Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). d) Exploração das peças Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Na parte da tarde, os professores participaram de uma oficina de modelos didáticos (figura 32), em que receberam o modelo de encéfalo em gesso que tinha uma dupla função, agir como recurso de aprendizagem dos professores em formação, como também um recurso que o professor poderão adotar em sua prática em sala de aula. Na atividade, os professores puderam pintar as peças, dois hemisférios do encéfalo em gesso, e com o auxílio de livros e do professor especialista que ia explicando cada região encefálica, puderam destacar em um hemisfério as divisões em regiões chamada lobos: frontal, parietal, temporal e occipital, e no outro hemisfério as regiões funcionais do córtex, como por exemplo, a área de Wernicke responsável 109 pela compreensão da linguagem e a área de Broca responsável pela compreensão da fala. Figura 32- Oficina de modelos didáticos a) Pintura dos modelos b) Pintura dos modelos Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). c) Pintura dos modelos d) Pintura dos modelos Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). No terceiro e último dia, 26 de Abril, a professora especialista Marina Cadete da Penha Dias ministrou os temas Educação não formal, Relação museu-escola e Especificidades pedagógicas dos museus. Iniciou a aula a partir da reflexão do que é um espaço de educação não formal, destacando que se existe o espaço de educação não formal, logo existe o espaço de educação formal, e que assim como destaca Marandino (2008) a caracterização e a diferenciação dos espaços de educação não formal não se constituem tarefas 110 simples, e as definições entre os termos formal, não formal e informal estão ainda longe de serem consensuais. Desse modo, destacou alguns autores que trazem algumas definições para esses termos como Combs e Ahmed (1974), Maarschalk (1988), Fávero (1988), Gadotti (2005), Silva (2006), Trilla (2008) e Gohn (2010). Colocou que mesmo havendo controvérsias na utilização dos termos pelos autores, esses concordam que, o espaço escolar é um espaço de educação formal, e o não escolar é espaço de educação não formal. Apresentou as categorias sugeridas por Jacobucci (2008) para definir espaços não formais de educação: locais que são instituições e locais que não são instituições. Prosseguiu realizando um breve histórico sobre os museus a partir das temáticas que os geraram de acordo com MacManus (1992), que define como: primeira geração- séc. XVI ao XIX- História Natural; segunda geração – séc. XIX ao XXCiência e Indústria e terceira geração- séc. XX- Fenômenos e Conceitos Científicos. Apresentou fotografias e exemplos de museus de cada geração, desde os gabinetes de curiosidades aos Science centre, destacando que as gerações possuem trajetórias independentes e paralelas, pois a origem de uma não depende da outra. A partir do referencial de Wasenberg (2000), buscou que os professores refletissem quanto aos diferentes níveis de interatividade que podem acontecer em um museu, e que interação não necessariamente está ligada a manipulação de objetos (Hands on), de modo que essa pode ser também mental (Minds on) e emoção cultural (Hearts on). De modo a iniciar o tema Especificidades pedagógicas dos museus, apresentou o vídeo “As coleções, os objetos e as exposições: propósitos educativos dos museus”, produzido no ano de 2013, sob a responsabilidade da professora Martha Marandino, que aborda aspectos relacionados às especificidades pedagógicas dos museus de ciências. 111 Marandino (2000, p. 211) aponta que “a formação de professores deverá contemplar não só elementos descritivos das exposições, mas também a perspectiva de compreensão do que seria uma pedagogia particular de museu”. Desse modo, a professora especialista destacou a partir de Van-Praet e Poucet (1989), a especificidade dos museus, que segundo os autores está relacionada a elementos como o lugar, o tempo e os objetos. Van-Praet e Poucet (1992, apud MARANDINO, 2001), destacam também que a relação entre museu e escola deve se dar em termos de parceria, assim, a especialista salientou a partir do referencial de Clenet e Gérard (1994), a importância da parceria educativa que concerne na partilha do poder de formar e educar. Koptcke (2003) ao tratar da parceria educativa, sinaliza que a saída ao museu não se caracteriza por si só um trabalho em parceria, e que quando o professor utiliza o espaço museal sem levar em consideração suas particularidades, ou que propõe atividades no museu aos alunos segundo critérios escolares, não há verdadeiramente qualquer troca. Complementa dizendo que Por outro lado, professores mesmo sem previamente estabelecerem junto ao museu qualquer projeto em comum, podem criar situações e experiências positivas e originais, harmonizando suas atuação durante a visita a proposta do museu, integrando a experiência ali vivida ao retorno á sala de aula (KOPTCKE, 2003, p. 120) Nessa perspectiva, a professora especialista finalizando no período da manhã, trabalhou a partir de Allard (1994), os três momentos que compõem a visita ao museu, o antes, o durante e o depois, ou seja: aquele que antecede à chegada à exposição, a visita a exposição e o retorno á sala de aula, que segundo Koptcke (2003, p. 121) “o sucesso do trabalho em parceria depende da articulação entre esses momentos”. No período da tarde, os professores em formação, em um primeiro momento se reuniram com seus grupos para finalizarem as apresentações das sequências didáticas elaboradas, seguido das apresentações de cada sequência didática a sala. (figura 33). 112 Ao final das apresentações, de forma coletiva foi lido cada item da ficha de validação das sequências didáticas (apêndice 12), de modo que cada professor podia assinalar cada item e dividir com a sala observações e sugestões ás sequências didáticas elaboradas. Finalizando a formação continuada, cada professor recebeu um questionário de avaliação do curso, e após o preenchimento individual dos questionários, foi realizado o grupo focal, instrumento também de avaliação da proposta de formação continuada (figura 34). Figura 33- Apresentação das sequências didáticas Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). 113 Figura 34- Avaliação da proposta de formação continuada Fonte: Acervo da pesquisadora, (2014). 114 7 INVESTIGANDO A PROPOSTA VIVENCIADA Após elaborar e implementar um projeto piloto de formação continuada de professores no MCV, tínhamos por objetivo investigar a proposta vivenciada. Desse modo, a seguir, estão descritos a avaliação dos docentes em formação quanto à proposta de formação continuada, a validação por pares das sequências didáticas que compõem o material de apoio pedagógico para visitação ao MCV construído junto aos professores em formação, como também a presença de atributos que as classificam como sequências didáticas com abordagem CTSA. Para a avaliação da formação, nos questionários optamos por fazer uma escala, de modo que o professor deveria assinalar um valor no intervalo de 1 a 10; tanto maior deve ser o valor assinalado quanto maior for o critério de suficiência da formação. 7.1 AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO De modo geral, a análise dos questionários e do grupo focal permitiu perceber que a participação dos professores no curso de formação continuada e sua avaliação tanto positiva quanto negativa dependem de um conjunto de fatores que englobam três categorias que apareceram com maior frequência nas respostas dos docentes, são eles: Questões Organizacionais da Proposta de Formação Continuada, Relevância\Aplicabilidade na Prática em Sala de Aula e A Escuta e Valorização da Experiência do Professor. Com relação a Questões Organizacionais da Proposta de Formação Continuada vivenciada, evidencia-se que a carga horária (gráfico 4) e infraestrutura do curso (gráfico 5) foram adequadas, e que o objetivo do curso ficou claro aos participantes (gráfico 6), o que se pode inferir que a clareza dos objetivos, junto à ementa apresentada influenciou a participação dos professores no curso (gráfico 7). 115 Gráfico 4- Adequação da carga horária Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Gráfico 5- Adequação da infraestrutura 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 Critério de suficiência Fonte: Elaborado pela pesquisadora, (2014). 8 9 10 116 Gráfico 6- Clareza do curso Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Gráfico 7- Influencia da ementa 12 10 8 6 4 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Critério de sufuciência Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Ao analisarmos os questionários, quando solicitados que apontassem aspectos negativos da formação, como também contribuir com observações e sugestões, questões organizacionais foram apontadas, fazendo referência principalmente à carga horária e a ementa. Entretanto, os aspectos negativos presentes nas respostas dos docentes não vão de encontro à avaliação positiva quanto ao critério 117 de suficiência, mas sim apontam caminhos, sugestões para novas formações, visto que essa se constituía como um projeto piloto. Os aspectos negativos relacionados a questões organizacionais levantadas pelos professores foram: O tempo do curso poderia ser maior. Professor B Gostaria que tivesse mais informações sobre novidades no campo da neurociência. Professor C Destaco como negativo apenas o tempo que tivemos disponível para as atividades com as peças no museu, fato esse compreensível pela carga horária do curso. Professor D [...] a carga horária poderia ser maior, pois há muito que ser explorado. Professor G O curso foi muito interessante, penso que poderia haver uma carga horária maior para que pudéssemos discutir mais e obtermos mais conhecimento. Professor H Os aspectos negativos se dão ao tempo muito curto, poderia ter formações neste estilo com maior duração. Professor I Durante a avaliação e produção das sequências didáticas gostaria que maior tempo fosse destinado a eles, visto que suas contribuições são de fundamental importância para nossas praticas. Professor J O fato de o curso acontecer aos sábados. Professor K Muito foco sobre sequências didáticas. Professor L As sugestões apresentadas quanto aos aspectos organizacionais foram: Abordagem de outros conteúdos além do sistema nervoso. Professor B Ampliação da carga horária. Convidar outros professores que possam contribuir ainda mais, ampliando assim a gama de conhecimentos na formação. Professor D Como sugestão fica o maior tempo de duração neste tipo de atividades. E que estas formações aconteçam com maior frequência. Professor I Aumentar o número de encontros para maior abordagem do tema CTSA (com 118 problematizações) e maior tempo para trabalhar as sequências didáticas. Professor J Não utilizar o sábado todo. Utilizar a parte da manhã, ou período integral a cada quinze dias. Professor K Ao analisarmos as alegações dos professores referentes à ampliação da carga horária, nota-se que essa está atrelada a relevância dos conteúdos trabalhos, de modo que houvesse mais tempo para explorar de forma mais aprofundada a Alfabetização Científica com enfoque CTSA a Sequência Didática como também as peças do museu. Nota-se, que os conteúdos estimularam a participação dos professores (gráfico 8), e que a sequência com que foram trabalhos facilitou a apreensão dos conteúdos (gráfico 9). Gráfico 8- Participação estimulada pelos conteúdos Fonte: Elaborado pela autora, (2014). 119 Gráfico 9 – Execução dos conteúdos facilitou a sua apreensão Fonte: Elaborado pela autora, (2014). No grupo focal, discussões relativas ao tempo também foram suscitadas, e sugestões foram levantadas, de modo que futuras formações se aproximem cada vez mais da realidade e necessidade do docente, conforme os trechos que seguem: 1. Mediador: Mas vocês acham que vocês ou outros professores aguentariam e se inscreveriam em uma formação grande, por que a gente escutou isso, nossa, 4 dias? Sábado o dia inteiro? 2. Professor I: Pois é, mas se for uma formação como essa as pessoas viriam, se for uma formação do cara ficar cuspindo um monte de coisa, viajando, aí a pessoa não vai, a pessoa desiste entendeu. Depende da formação. 3. Professor H: Talvez um x de horas no sábado, mas não o sábado inteiro. Vários sábados fica cansativo realmente. Não utilizar o sábado inteiro, faz uma programação com horas no sábado. 4. Professor G: Ai a pessoa pode se organizar, de quinze em quinze dias a pessoa tem alguma coisa para fazer no sábado, quinze dias tem uma coisa, daqui a quinze dias tem outra. 5. Professor H: Por que nós professores só temos o sábado. 6. Professor J: Poderia se fazer também por módulos, por exemplo, formação de sistema nervoso o pessoal fez, próximo modulo sistema digestório, Ah, eu não quero fazer por que não tenho tempo! Não se inscreve. 7. Professor D: Abre espaço para outro. 8. Professor G: Por exemplo, a gente aqui seria o próximo modulo. 120 9. Professor L: Eu coloquei ate na sugestão, contatar as secretarias para dar essa formação continuada em dias de planejamento. 10. Professor G: Ai sim, ai é show, com certeza! 11. Professor D: Por que quando é de interesse deles eles fazem. 12. Professor L: Uma vez por mês. 13. Professor D: Um dia na semana e um sábado. 14. Professor G: Um planejamento e um sábado. Nossa fecharia! 15. Professor D: Ai dava para fazer o ano inteiro! 16. Professor N: Dá, por que te motiva a ir! Você sabe que vai chegar lá e você vai discutir, vai conversar, você vai fazer uma coisa prática, uma coisa que você vai usar depois, então motiva. 17. Professor I: Eu acho legal poder colocar em pratica determinadas coisas. Olha, foi assim! Isso seria muito interessante né. A análise das falas dos professores permitiu observar o quanto esses docentes valorizam a participação em formação continuada, no entanto, o tempo é um dos fatores que dificultam a efetiva participação dos docentes, como expresso na fala do professor H (5) “nós professores só temos o sábado”. E isso é uma realidade evidenciada por Krasilchik e Cunha (2000) quando apontam às condições objetivas de trabalho do professor, quais sejam, os baixos salários, a alta carga horária de permanência em sala de aula, a necessidade de deslocamento para completar a carga horária, entre outros, o que torna o tempo um impeditivo para a efetiva participação dos docentes em cursos de formação continuada. Como sugestão para futuras formações os docentes apontam que seja realizada uma vez por mês (12), um dia na semana e um sábado (13), só um período no sábado (3), de quinze em quinze dias (4), mas a maioria concorda com a proposta apresentada pelo professor L (9) “contatar as secretarias para dar essa formação continuada em dias de planejamento”, apoiando e incentivando assim a participação dos docentes em cursos de formação continuada visto a preparação do professor de Ciências é hoje reconhecida como um ponto crítico na reforma da educação, estando na pauta de qualquer discussão sobre a melhoria do ensino (KRASILCHIK, CUNHA, 2000). 121 Na análise da fala do professor I (2) “se for uma formação como essa as pessoas viriam, se for uma formação do cara ficar cuspindo um monte de coisa, viajando, aí a pessoa não vai, a pessoa desiste entendeu” e professor N (16) “te motiva a ir! Você sabe que vai chegar lá e você vai discutir, vai conversar, você vai fazer uma coisa prática, uma coisa que você vai usar depois, então motiva”, foi se delineando a insatisfação do professor em ter que participar de cursos que de algum modo, pouco, ou muitas vezes, nada acrescentam em sua prática em sala de aula, principalmente por abordar questões distantes da sua realidade, suscitando assim outra categoria que se refere à Relevância\Aplicabilidade na Prática em Sala de Aula do que foi trabalhado na formação. Assim, buscamos saber se os conteúdos trabalhados foram adequados aos interesses e necessidades dos professores (gráfico 10), como também se os conteúdos de sistema nervoso (gráfico 11) alfabetização científica com enfoque CTSA (gráfico 12) e pedagogia museal (gráfico 13) contribuíram para a prática docente do professor em formação, e todos os itens foram avaliados de forma positiva pelos professores. Gráfico 10- Conteúdos adequados ao interesse e necessidade dos professores Fonte: Elaborado pela autora, (2014). 122 Gráfico 11- Contribuição do conteúdo de sistema nervoso a prática docente Fonte: Elaboração pela autora, (2014). Gráfico 12- Contribuição do conteúdo alfabetização científica a prática docente Fonte: Elaborado pela autora, (2014). 123 Gráfico 13- Contribuição do conteúdo pedagogia museal a prática docente Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Buscamos saber também se o recurso didático de encéfalo contribuiu para a apreensão dos conteúdos na formação, como também o potencial pedagógico do recurso didático de encéfalo na prática docente, visto que esse foi elaborado visando exercer uma dupla função, agindo como recurso de aprendizagem dos professores em formação, como também um recurso que o professor poderá adotar em sua prática em sala de aula. Todos os professores avaliaram o recurso didático de forma positiva tanto como recurso de aprendizagem na formação (gráfico 14) como recurso para a prática em sala de aula (gráfico 15). 124 Gráfico 14- Recurso didático positivo na aprendizagem do professor Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Gráfico 15- Recurso didático positivo para a prática em sala de aula Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Krasilchik (1987) sinaliza a existência de material de apoio e a coerência e a integração conteúdo-metodologia como condições que favorecem o êxito nas formações continuadas de professores, como também a importância da participação voluntária, o que é compartilhado pelo professor D quanto aos aspectos positivos da formação, segue: 125 As formações que não tem caráter obrigatório atraem pessoas que estão realmente interessadas e motivadas a participar. Professor D As contribuições da elaboração da sequência didática para a prática do professor também foram avaliadas positivamente (gráfico 16), e isso se torna evidente ao observarmos a fala dos professores que se segue: Eu só achei que a gente teve pouco tempo, frente à relevância dessa parte que vai ajudar muito nas nossas praticas. Professor J [...] as vezes não da tempo de dar um conteúdo, por que uma sequência de nove aulas, as vezes tem coisas que você faz mais rápido, outras menos, depende muito da turma também , ai eu comecei a pensar isso lá na pratica, eu poder trabalhando as sequências tentar fazer uma junção melhor, trabalhar isso melhor, o conteúdos mais integrados. Professor G Sem contar que dinamiza muito mais, é o que a professora falou realmente a gente não vai conseguir aproveitar 100% de uma sequência didática com a próxima turma, mas que você já tem meio caminho andado vai facilitar realmente a dinâmica de aulas, inclusive a tendência que elas fiquem cada vez melhores, você vai agregar, dificilmente vai tirar alguma coisa. Professor K 126 Gráfico 16- Contribuições da elaboração da sequência didática para a prática do professor Fonte: Elaborado pela autora, (2014). No grupo focal, em relação aos conteúdos trabalhos, destaca-se como um dos diferenciais da proposta de formação vivenciada, o trabalhar de diferentes temas, CTSA, museu, sequência didática, entre outros, que perfeitamente poderiam ser, ou muitas vezes é o único tema de uma formação continuada. Segue o trecho: 1. Mediador: Essa formação ela não é muito padrão, não sei se vocês conseguem sentir isso, a gente tentou agrupar conhecimentos bem divergentes, mas que se complementam. É muito comum, por exemplo, você ter formações com enfoque em sequência didática, ter enfoque no conteúdo de sistema nervoso, entendeu, ter formações com enfoque no museu, agora agregar esses três, articular e trabalhar esses três da forma como se propôs a fazer eu acho que é algo um pouco inédito, então é uma coisa que eu gostaria de ouvir de vocês. 2. Professor I: Foi por isso que foi bom está entendendo! Isso que foi o diferencial! 3. Professor J: Até teve uma pergunta, qual foi a parte que menos lhe chamou a atenção, menos interessante, e não teve, por que foi muito mesclado entendeu! Assim, a gente passeou por diversos conhecimentos e eles se complementavam né. 4. Professor N: Vocês observaram que o que eles fizeram na nossa formação, nos fizemos na nossa sequência didática¿ Repararam isso¿ 5. Mediador: Vocês aplicaram o conhecimento. 6. Professor N: Porque a gente viu que aquilo ali era importante, era significativo, a 127 gente gostou, então nosso aluno também vai gostar, de ter toda essa dinâmica e não fazer apenas uma coisa só, de não usar apenas um recurso só de não avaliar de uma forma só. A produção das sequências didáticas que irão compor o material de apoio pedagógico para a visitação ao MCV, também foram avaliadas positivamente (gráfico 17), e isso se torna evidente ao observarmos o trecho das falas dos professores que se segue: 1. Mediador: O que você pensa sobre a produção do material de forma colaborativa? Por exemplo, vocês estão compondo com a sequência didática, com a participação de vocês, uma parte do material que é um guia desse espaço de visitação com enfoque no sistema nervoso, então quer dizer que é uma produção colaborativa, onde vários professores que estão nas escolas participaram da construção desse material, não foi algo assim, a Marina acha que uma melhor sequência didática é assim, assim, desse modelo... 2. Professor F: Extremamente importante, foi aquilo que a gente falou né, é ouvir o que professor necessita para a sala de aula, a gente cansa de ouvir os teóricos, ler os livros falar uma coisa bonita, vamos aplicar em sala¿ É complicado né. Isso é extremamente importante, Uma formação para o professor feito pelo professor, esse é o foco. 3. Mediador: Esse é o caminho. 4. Professor F: Esse é o caminho. 5. Professor K: Sem falar que às vezes a visão que você esta tendo para desenvolver aquela sequência didática por uma serie de razoes você vai escolher tal caminho, ai com o colega já tem outra visão, o que às vezes facilita muito mais o acesso ao entendimento pelo aluno. Então achei super válido a produção colaborativa. 6. Professor G: Por exemplo, às vezes a gente não sabe alguns recursos e o colega tem ideia de novos recursos né. 128 Gráfico 17 – Avaliação positiva da elaboração das sequências didáticas Fonte: Elaborado pela autora, (2014). Ao longo de nossa pesquisa, em todas as etapas, procuramos ouvir o professor, suas reais necessidades, de modo a não estabelecer uma relação de exterioridade, mas sim de troca, de parceria. E ao analisarmos as falas dos professores, percebemos que também compartilham desse pensamento, como fica evidente na fala do professor: Ouvir o que professor necessita para a sala de aula, a gente cansa de ouvir os teóricos, ler os livros falar uma coisa bonita, vamos aplicar em sala¿ É complicado né. Isso é extremamente importante, uma formação para o professor feito pelo professor, esse é o foco. Professor F Nesse sentido, Selles e Behrsin (2002, p.3) nos ajuda a pensar quando diz: Consideramos que qualquer programa que pretenda investir na melhoria da ação docente precisa tomar as necessidades do professor como o elemento basilar para o planejamento de suas atividades. Para isto é fundamental ouvir o professor. Acreditamos que iniciativas relacionadas à formação continuada podem ser mais enriquecedoras para todos os envolvidos (docentes e discentes) quando se estabelece uma relação de aprendizado construído numa via de “mão dupla”, tendo em perspectiva que, não apenas o conhecimento acadêmico, produzido na universidade, deve ser adquirido pelos professores da escola básica, mas, também, que a vivência oriunda 129 do trabalho diário na escola, encerra importantes contribuições a serem exploradas teoricamente. Nessa perspectiva, ao analisar as falas dos docentes evidencia-se a importância de dar voz ao professor, de escutá-lo, de valorizar a sua experiência e a riqueza da troca de experiências, o que suscita outra categoria que é a A Escuta e Valorização da Experiência do Professor, como se observa nas falas: Essa questão do diálogo né gente que a gente está fazendo, a gente discutir as coisas entendeu, ate o que é bom e o que não é bom, então dar voz ao professor é o essencial para que uma formação seja considerada significativa pra gente né, pra nos quanto professor. Professor N Essa possibilidade de trocar essas experiências é que faz a gente pensar que isso a gente pode fazer com outros conteúdos, com outras aulas, ate com aquela turma que não deixa você fazer, você vê que tem um jeito de fazer, por isso que é importante essa conversa, essa troca. Professor N Uma formação boa, por exemplo, isso aqui que a gente teve foi uma formação boa, a gente relembrou conhecimentos, algumas coisas a gente aprendeu né, a gente foi pra pratica, desenvolveu coisas na pratica que da para levar para a sala de aula, aprendemos , trocamos experiências, isso aqui sim é uma formação que dá para atender a nossa realidade. Professor I Nessa perspectiva, Freire (2011) sinaliza para a importância do respeito aos saberes, do respeito à autonomia, do saber escutar e da disponibilidade para o diálogo, pois “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 2011, p.47). Freire (2011) evidencia que não somos portadores de uma verdade a ser transmitida, e que é escutando que aprendemos a falar, é escutando que transformamos nosso discurso em uma fala com o outro. 7.2 VALIDAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS POR PARES Um dos objetivos de nossa pesquisa foi construir junto aos professores em formação continuada, material de apoio pedagógico para a visitação ao MCV. As sequências 130 didáticas elaboradas e validadas pelos professores em formação constituem parte do material de apoio pedagógico produzido. Como destacado na metodologia, os professores validaram as sequências didáticas produzidas a partir dos pressupostos propostos por Guimarães e Giordan (2011) formado por quatro categorias de análise que são: Estrutura e Organização; Problematização; Conteúdos e Conceitos e Metodologias de Ensino e Avaliação. Em cada categoria, os professores atribuíram um critério de suficiência com intervalo de 1 a 5. Por meio da validação dos professores, foi possível a partir das críticas e sugestões modificar as sequências didáticas apresentadas na formação, que refletiram na construção final das sequências que constam no material de apoio pedagógico para a visitação ao MCV. Foram três sequências didáticas elaboradas pelos professores, que tinham inicialmente como título sugerido Álcool e Sistema Nervoso; Corpo Humano: uma máquina complexa sob os efeitos maléficos e benéficos da maconha; e Anomalias Congênitas: causas e feitos. Com base no quadro 7 de validação dos pares, a sequência didática Álcool e Sistema Nervoso, quanto as categorias Estrutura e Organização, Problematização e Método de Ensino e Avaliação, a maioria dos professores atribuiu o intervalo igual a 5. Na categoria Conteúdos e Conceitos, apenas o item Objetivos e Conteúdos, não recebeu pela maioria um valor igual a 5, a maioria dos professores atribuiu o intervalo igual a 4. Assim, foi levantado como sugestão, quanto à clareza e inteligibilidade da proposta, detalhar melhor as explicações quanto à dinâmica da sequência didática. A sequência didática tem como objetivo, demostrar os efeitos e consequências do uso do álcool no funcionamento do sistema nervoso e suas implicações na sociedade. A partir do objetivo apresentado algumas considerações foram feitas 131 sobre o título, que conforme a sugestão de alguns professores deveria trazer o enfoque das implicações sociais do álcool, que consta no objetivo da sequência didática. O título sugerido inicialmente foi Álcool e Sistema Nervoso, o qual foi modificado para Os Efeitos do Álcool no Sistema Nervoso: implicações sociais. Foi sugerida também, a necessidade de propor um debate na etapa de aplicação do conhecimento, de modo a buscar soluções aos problemas levantados. Quadro 7- Validação dos pares da sequência didática Álcool e Sistema Nervoso Validação dos Pares TEMA DA SD ANALISADA: Álcool e Sistema Nervoso A – ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência A1. Qualidade e originalidade da SD e sua articulação com os temas da disciplina: 1 - 2 - 3 - 4 3 5 5 A2. Clareza e inteligibilidade da proposta: - - 2 1 5 A3. Adequação do tempo segundo as atividades propostas e sua executabilidade: - - - 4 4 A4. Referencial Teórico/ Bibliografia: - - - 2 6 B1. O Problema: 1 - 2 - 3 - 4 3 5 5 B2. Coerência Interna da SD: - - - 4 6 B3. A problemática nas perspectivas Social/Científica: - - - - 8 B4. Articulação entre os conceitos e a problematização: - - - 1 7 B5. Contextualização de Problema: - - - 2 6 B6. O problema e sua resolução: - - - 4 5 C1. Objetivos e Conteúdos: 1 - 2 - 3 2 4 5 5 1 C2. Conhecimentos Conceituais, Procedimentos e Atitudinais: - - - 2 6 C3. Conhecimento Coloquial e Científico: - - - - 8 C4. Organização Encadeamento dos Conteúdos: - - - 2 6 C5. Tema, Fenômeno, Conceitos: - - - 1 7 D1. Aspectos Metodológicos: 1 - 2 - 3 - 4 2 5 6 D2. Organização das atividades e contextualização: - - - 1 7 D3. Métodos de avaliação: - - - 1 7 D4. Avaliação integradora: - - - 1 7 D5. Feedback de Avaliação - - - 1 8 B- PROBLEMATIZAÇÃO Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência C – CONTEÚDOS E CONCEITOS Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência D – MÉTODO DE ENSINO E AVALIAÇÃO Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência Fonte: Elaborado pela autora, (2014). 132 Em relação à sequência didática Corpo Humano: uma máquina complexa sobre os efeitos maléficos e benéficos da maconha, a partir dos dados do quadro 8 verifica-se que a maioria dos professores atribuíram o intervalo igual a 5 em todas as categorias. Apenas o item Adequação do tempo segundo as atividades propostas e sua executabilidade recebeu pela maioria dos professores um valor igual a 3. Foi colocada pelos professores como sugestão que a sequência didática seja realizada de forma interdisciplinar, de modo que as nove aulas não se concentrem em apenas uma disciplina. Sugeriram também a redução do número de aulas, buscando maior otimização e valorização do tema, sem cair na redundância. Foi colocada também como sugestão dar ênfase a legislação da maconha no Brasil, pois segundo um dos professores, as implicações sociais da maconha é um entrave à legislação. Quadro 8- Quadro 7- Validação dos pares da sequência didática Corpo Humano Validação dos Pares TEMA DA SD ANALISADA: Corpo humano: uma máquina complexa sob os efeitos maléficos e benéficos da maconha A – ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência A1. Qualidade e originalidade da SD e sua articulação com os temas da disciplina: A2. Clareza e inteligibilidade da proposta: A3. Adequação do tempo segundo as atividades propostas e sua executabilidade: 1 - 2 1 3 3 4 1 1 5 8 7 3 A4. Referencial Teórico/ Bibliografia: - - - - 8 1 - 2 1 - 3 1 - 4 1 2 1 1 5 4 8 7 5 7 7 1 - 2 - 3 2 1 4 1 1 1 5 5 8 8 7 6 1 2 3 4 5 B- PROBLEMATIZAÇÃO Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência B1. O Problema: B2. Coerência Interna da SD: B3. A problemática nas perspectivas Social/Científica: B4. Articulação entre os conceitos e a problematização: B5. Contextualização de Problema: B6. O problema e sua resolução: C – CONTEÚDOS E CONCEITOS Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência C1. Objetivos e Conteúdos: C2. Conhecimentos Conceituais, Procedimentos e Atitudinais: C3. Conhecimento Coloquial e Científico: C4. Organização Encadeamento dos Conteúdos: C5. Tema, Fenômeno, Conceitos: D – MÉTODO DE ENSINO E AVALIAÇÃO Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência 133 D1. Aspectos Metodológicos: D2. Organização das atividades e contextualização: D3. Métodos de avaliação: D4. Avaliação integradora: D5. Feedback de Avaliação - - - 1 2 7 8 8 8 6 Fonte: Elaborado pela autora, (2014). A partir da sugestão sobre a discussão da legislação no Brasil quanto à liberação do uso da maconha, que suscita um debate sobre as implicações sociais da sua liberação, e considerando o objetivo da sequência que é levar os alunos a compreensão dos efeitos das substâncias químicas presentes na maconha sobre o organismo humano, e os malefícios causados pelo uso dessa substância, foi sugerido também uma mudança no título da sequência. O título sugerido inicialmente Corpo humano: uma máquina complexa sob os efeitos maléficos e benéficos da maconha, conforme levantado pelos professores não remetia as implicações sociais da liberação da maconha, e dava ênfase aos benefícios da maconha, o que não estava presente nos objetivos na sequência didática, assim, o título foi modificado para Maconha: do biológico ao social. Com base no quadro 9 de validação dos pares, a sequência didática Anomalias Congênitas: causas e efeitos, a maioria dos professores atribuiu o intervalo igual a 5 a categoria Estrutura e Organização. Nas demais categorias, a maioria dos professores atribuiu um valor igual a 4. Na categoria Problematização, destaca-se o item Problema que recebeu da maioria dos professores um valor igual a 5, sendo levantado pelos professores a riqueza do tema escolhido e a problematização da sequência que discute a não aceitação de crianças e adolescentes com necessidades especiais por parte dos demais alunos no ambiente escolar. Na categoria Método de Ensino e Avaliação o item Metodologia, recebeu da maioria dos professores um valor igual a 3. Como sugestões, foram colocadas pelos professores à necessidade de dinâmicas diferenciadas e uma redução de aulas apenas conceituais, como também adequar a problematização e a metodologia, 134 inserindo outros tipos de atividades além de aulas teóricas como: debates, pesquisa e documentários. Fica evidente a partir da validação dos professores, que as sequências didáticas foram bem aceitas por todos, atendendo a um valor de suficiência positivo em relação às categorias analisadas. As sequências didáticas finais, reelaboras pelos professores após a validação por pares, seguem no anexo 2. Quadro 9- Validação dos pares da sequência didática Anomalias congênitas Validação dos Pares TEMA DA SD ANALISADA: Anomalias congênitas: causas e efeitos A – ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência A1. Qualidade e originalidade da SD e sua articulação com os temas da disciplina: 1 - 2 - 3 - 4 1 5 7 A2. Clareza e inteligibilidade da proposta: - - - 1 7 A3. Adequação do tempo segundo as atividades propostas e sua executabilidade: - - - - 8 A4. Referencial Teórico/ Bibliografia: - - - 1 7 B1. O Problema: 1 - 2 - 3 - 4 3 5 5 B2. Coerência Interna da SD: - 1 1 4 2 B3. A problemática nas perspectivas Social/Científica: - - - - 8 B4. Articulação entre os conceitos e a problematização: - 2 1 4 - B5. Contextualização de Problema: - - 1 7 - B6. O problema e sua resolução: - 1 1 4 2 C1. Objetivos e Conteúdos: 1 - 2 - 3 1 4 4 5 3 C2. Conhecimentos Conceituais, Procedimentos e Atitudinais: - - 1 4 3 C3. Conhecimento Coloquial e Científico: - - 1 1 6 C4. Organização Encadeamento dos Conteúdos: - - 1 4 3 C5. Tema, Fenômeno, Conceitos: - - - - 8 D1. Aspectos Metodológicos: 1 - 2 - 3 5 4 1 5 2 D2. Organização das atividades e contextualização: - - - 4 3 D3. Métodos de avaliação: - - 3 3 2 B- PROBLEMATIZAÇÃO Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência C – CONTEÚDOS E CONCEITOS Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência D – MÉTODO DE ENSINO E AVALIAÇÃO Atribuir um valor de suficiência quanto à coerência 135 D4. Avaliação integradora: - - 2 4 2 D5. Feedback de Avaliação - - 2 5 1 Fonte: Elaborado pela autora, (2014). 7.3 VALIDAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS QUANTO A ABORDAGEM CTSA As sequências didáticas reelaboras pelos professores após a validação por pares, Os Efeitos do Álcool no Sistema Nervoso: implicações sociais (SD1), Maconha: do biológico ao social (SD2) e Anomalias congênitas: causas e efeitos (SD3), como já destacado na metodologia, foram analisadas em relação a abordagem CTSA. A analise foi conduzida identificando os atributos CTSA, elaborados a partir do estudo de Strieder (2012), presentes em cada uma delas. Os atributos são: desenvolvimento de percepções, desenvolvimento de questionamentos e desenvolvimento de compromisso social. A partir da análise fica evidente que as sequências didáticas apresentam os atributos CTSA, podendo assim ser caracterizadas como sequências didáticas com abordagem CTSA (quadro 10). Quadro 10- Presença de sequências didáticas apresentam os atributos CTSA Atributos CTSA SD1 SD2 SD3 Desenvolvimento de percepções X X X Desenvolvimento de questionamentos X X X Desenvolvimento de compromisso social X X X Fonte: Elaborado pela autora, (2014). A SD1 foi enquadrada como uma sequência didática com abordagem CTSA, por ter sido possível identificar os seus atributos. Quanto ao desenvolvimento de percepções, fica evidente a ênfase dada a questões presentes no cotidiano do aluno, ao trabalhar a temática do consumo do álcool, buscando sua contextualização a partir da realidade dos alunos ao propor no início da sequência didática a 136 aplicação de um questionário diagnóstico sobre o consumo de bebidas alcoólicas entre os alunos. Ao discutir as implicações biológicas e sociais do consumo do álcool, considerada como problemática na sociedade atual, a partir da exibição de vídeos e aula expositiva dialogada quanto às implicações biológicas no sistema nervoso, como também a proposta da pesquisa quanto a dados estatísticos sobre a ligação de acidentes de trânsito ao consumo do álcool, fica evidente a presença do atributo desenvolvimento de questionamentos. Quanto ao atributo desenvolvimento de compromisso social, evidencia-se a partir da proposta de desenvolvimento pelos alunos de uma palestra e distribuição de panfletos no bairro em que a escola está localizada quanto às implicações biológicas e sociais do consumo do álcool. Envolvendo assim, ações concretas de intervenção na realidade. Na SD2 também foi possível identificar os três atributos CTSA. A sequência didática propicia o desenvolvimento de percepções, a partir da contextualização quanto ao consumo de drogas ilícitas, propondo uma problematização inicial orientada pelas perguntas: O que são drogas? Por que as drogas mudam o comportamento das pessoas? Que mudanças elas provocam no organismo? Por que elas viciam? Há drogas que são permitidas? Quais são os perigos relacionados ao uso de drogas? Qual a relação entre drogas e sistema nervoso? Ao propor um debate, após a exibição de três vídeos que tratam sobre a legalização da maconha, a utilização da maconha na medicina e os malefícios da utilização da droga, a sequência didática contribui para o desenvolvimento questionamentos, envolvendo assim a compreensão de questões da sociedade atual. A sequência didática propõe a realização de um júri simulado, de modo que alguns alunos devem se posicionar a favor e outros contra a legalização da maconha no Brasil. Após o júri, os alunos deverão confeccionar cartazes (painéis) na escola abordando sobre os malefícios do consumo de drogas, o que evidencia o desenvolvimento de compromisso social. 137 Estão presentes na SD3 os três atributos CTSA, o desenvolvimento de percepções, desenvolvimento de questionamentos e desenvolvimento de compromisso social. A sequência didática propõe uma contextualização a partir do tema anomalias congênita, buscando trabalhar a temática da inclusão de pessoas com necessidades especiais no ambiente escolar. Propõe também uma discussão na sala quanto à temática inclusão, enfatizando a importância do respeito e do direito de inclusão dos portadores de necessidades especiais no ambiente escolar, evidenciando assim ações concretas de intervenção no ambiente escolar. Evidencia-se que as sequências didáticas elaboradas pelos professores em formação rompem com um modelo de educação bancária, e apresentam uma concepção problematizadora e dialógica, que permite a fala e valoriza os conhecimentos dos alunos, de modo que o ponto de partida é o próprio homem e sua realidade, homem que no lugar de depósito, é agora investigador crítico do mundo onde vive. Nesse sentido Chassot (2003) enfatiza que Parece que se fará alfabetização científica quando o ensino de ciências contribuir para a compreensão de conhecimentos, procedimentos e valores que permitam aos estudantes tomar decisões e perceber tanto as muitas utilidades da ciência e suas aplicações na melhoria da qualidade de vida, quanto as limitações e consequências negativas de seu desenvolvimento (Chassot, 2003, p. 99). Assim, dada a ênfase a questões presente no dia a dia dos alunos, a discussão de problemáticas atuais e a intenção de uma leitura crítica da realidade, as sequências didáticas evidenciam potencial para a alfabetização científica na perspectiva CTSA. 138 8 PRODUTO FINAL O Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática (Programa EDUCIMAT) é um programa de pós-graduação profissional, logo, além da dissertação o aluno deve apresentar um produto final dentre as categorias instituídas pelo programa EDUCIMAT e que apresente relação com a pesquisa realizada. Em nossa pesquisa elaboramos como produto final um caderno de visitação ao Museu de Ciências da Vida com foco no professor da educação básica intitulado: “Potencialidades educativas do museu de ciência da vida: Um olhar sobre o conteúdo de Sistema Nervoso”. No caderno de visitação sintetizamos os conteúdos trabalhados na formação continuada, assim, apresentamos um pouco da história e campos de atuação do MCV, enfatizamos a importância da parceria educativa museu-escola, discutimos um pouco sobre a alfabetização científica com enfoque CTSA, destacamos as potencialidades educativas das peças referentes ao conteúdo de SN existentes no MCV, e apresentamos a proposta de três sequências didáticas desenvolvidas por professores da rede pública municipal e estadual do Espírito Santo. Será disponibilizado em versão eletrônica na página virtual do MCV e na página virtual do EDICIMAT. Assim, professores que atuam na educação básica poderão apropriar-se desse material para planejar e realizar ações educativas no MCV de acordo com suas necessidades e realidades. 139 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste estudo buscou-se contribuir com a formação continuada de professores em museus como espaços de educação não formal para a alfabetização científica a partir de uma proposta focada no conteúdo de SN. Para alcançar esse objetivo, buscou-se inicialmente um aprofundamento teórico de referenciais que contemplassem a diversidade de abordagens da pesquisa como Gohn, Marandino, Jacobucci, Chassot, Auler, Krasilchik, Freire entre outros. A partir do aprofundamento teórico assumimos em nossa pesquisa os museus como espaços de educação não formal, considerando como meta da educação não formal a formação sociocultural, o preparar e educar para a civilidade, capacitando os indivíduos de maneira a torná-los cidadãos conhecedores da realidade social em que vivem. Meta que se enquadra na perspectiva da alfabetização científica e nos elementos que abrangem o movimento CTSA. Relacionando o movimento CTSA e a alfabetização científica apresentamos o museu como um espaço de educação não formal para a alfabetização científica com enfoque CTSA, como também nos propomos a discutir o viés do formal e não formal a partir do conceito da “parceria educativa”. No tocante a temática formação de professores em museus, realizamos um levantamento de pesquisas recentes sobre essa temática e apresentamos algumas que entendemos que representam ações de contribuição nesse campo de pesquisa em expansão. A partir da concepção de educação numa perspectiva sociocultural Freiriana, propomos uma aproximação entre o modelo de educação não formal defendido por Gohn e as concepções filosóficas do movimento CTSA, entendendo que tais referenciais teóricos se aproximam quanto ao foco nas questões sociais e de cidadania. Com o intuito de elaborar, implementar e investigar um projeto piloto de formação continuada no Museu de Ciências da Vida a partir das reais necessidades dos 140 professores, lançamos mão de uma pesquisa diagnóstica por meio de questionários e entrevistas. A pesquisa diagnóstica possibilitou traçar as percepções dos professores quanto ao conteúdo de SN, o MCV e a abordagem de ensino CTSA e aponta para as dificuldades dos docentes no processo de ensino-aprendizagem frente à complexidade do conteúdo de SN, a qualidade e à necessidade de material didático de apoio pedagógico tanto para ser usado em sala como em visita ao museu, a inadequação formativa de alguns professores quanto à abordagem de ensino CTSA e à necessidade de se trabalhar a perspectiva de parceria educativa. Uma vez identificado as reais necessidades dos professores, foi elaborada a proposta de formação continuada “Neurociência na atualidade: um estudo prático e dinâmico do conteúdo de sistema nervoso no Museu de Ciências da Vida”, organizada em sete temas: Sistema Nervoso, Neurociência, Alfabetização Científica com enfoque CTSA, Sequências Didáticas, Educação não formal, Relação museuescola e Especificidades pedagógicas dos museus. Dentre as necessidades evidenciadas pelos professores na pesquisa diagnóstica o recurso didático foi um elemento que apareceu de forma frequente nas respostas dos docentes, assim, elaboramos um recurso didático que consiste em um modelo de encéfalo humano em gesso, que tinha uma dupla finalidade, atuar como recurso de aprendizagem dos professores em formação, como também um recurso que o professor poderá adotar em sua prática em sala de aula. A implementação do curso de formação continuada “Neurociências na atualidade: um estudo prático e dinâmico do conteúdo de sistema nervoso no Museu de Ciências da Vida” ocorreu nos dias 05, 12 e 26 de Abril de 2014 no MCV. O curso foi aplicado com carga horária de 30 horas, sendo 24 horas presenciais e 6 horas dedicadas ao desenvolvimento de atividades não presenciais a um quantitativo de 18 professores. Durante a formação foram elaboradas e validadas pelos professores sequências didáticas que constituirão parte do material de apoio pedagógico para visitação ao 141 MCV, produto final de nessa pesquisa. Todas as sequências didáticas foram bem aceitas pelos pares, atendendo a um valor de suficiência positivo em relação às categorias analisadas que foram: Estrutura e Organização; Problematização; Conteúdos e Conceitos e Metodologias de Ensino e Avaliação. As sequências didáticas também foram analisadas quanto os atributos CTSA, e todas as sequências apresentaram os atributos que são: desenvolvimento de percepções, desenvolvimento de questionamentos e desenvolvimento de compromisso social, podendo assim a partir de tais atributos serem caracterizadas como sequências didáticas com abordagem CTSA. De modo a investigar o projeto piloto de formação continuada a fim de contribuir com a formação continuada de professores em museus, os professores em formação por meio de questionário e grupo focal avaliaram a proposta de formação. Três pontos de acordo com os professores deveriam ser pensados na elaboração de formações continuadas, são eles: Questões Organizacionais da Proposta de Formação Continuada, Relevância\Aplicabilidade na Prática em Sala de Aula e A Escuta e Valorização da Experiência do Professor. Assim, por meios da análise dos relatos dos sujeitos dessa pesquisa, tanto na pesquisa diagnostica como na análise da formação, buscamos contribuir com a formação continuada de professores em museus. Entendemos a partir da pesquisa, a necessidade das formações continuadas serem pensadas a partir das reais necessidades dos professores e esperamos que a proposta de formação apresentado, entre muitos que podem ser propostos, possa apontar caminhos para a implementação de futuras formações. 142 REFERÊNCIAS ABIB, Maria Lucia Vital dos Santos; LAMAS, Adriana Pugliese Netto; LOURENÇO, Ariane Baffa; CASTRO, Beatriz A. C. de. Os espaços não formais e sua relação com a formação de Professores no contexto brasileiro. In: ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO, 16, 2012, Campinas. Disponível em: < http://www.endipe2012.com.br/pub/arquivos/3183_a5923_Poster2-30258024.pdf > Acesso em: 28 jan. 2014. ALLARD, Michel; BOUCHER, Suzanne; FOREST, Lina. The Museum and the School. 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SELLES, Sandra Escovedo; BEHRSIN, Maria Cristina Doglio. Formação docente: análise de reflexões de professores de ciências sobre sua trajetória de desenvolvimento profissional. In: ANPED, 25, 2002, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos...Disponível em: < http://25reuniao.anped.org.br/excedentes25/mariacristinabehrsint08.rtf.> Acesso em: 01 ago.2014. SILVA, Osmair Benedito; OLIVEIRA, Jane Raquel Silva de; QUEIROZ, Salete Linhares. Abordagem CTS no ensino médio: estudo de caso com enfoque sociocientífico. In: SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos; AULER, Décio. (Orgs.). CTS e educação científica: desafios, tendências e resultados de pesquisa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2011. SILVA, Luciene de Fátima da. Um estudo da monitoria de licenciandos em um centro de ciências para a melhoria da formação inicial de professores de física. 2012, 84 f. 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Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2011. 150 Apêndice A - Questionário diagnóstico aplicado com os professores Projeto de Mestrado “SISTEMA NERVOSO: RECURSOS EDUCACIONAIS ALTERNATIVOS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA SOB UMA PERSPECTIVA CTSA” Pesquisadora: Marina Cadete da Penha Dias Orientadora: Prof.ª Dr.ª Manuella Villar Amado Coorientador: Athelson Stefanon Bittencourt O objetivo deste questionário em nosso estudo é verificar as possíveis dificuldades encontradas pelo docente em ensinar os conteúdos conceituais de Sistema Nervoso, como também verificar se o professor conhece e utiliza a abordagem CTSA. 1. Sexo Feminino Masculino 2. Área de Formação 3. Formação Acadêmica Graduação Especialização Mestrado Doutorado 4. Em sua opinião, qual o nível de interesse dos alunos quanto ao conteúdo de Sistema Nervoso? Assinalar o nível de interesse dos alunos (intervalo de 1 a 5); tanto maior deve ser o valor assinalado quanto maior for o nível de interesse. 1 2 3 4 5 5. Qual o nível de complexidade para ensinar os conteúdos dos sistemas que compõem o corpo humano? Assinalar o nível de complexidade (intervalo de 1 a 5); tanto maior deve ser o valor assinalado quanto maior for o nível de complexidade do conteúdo. 1 2 3 4 5 Sistema Endócrino Sistema Nervoso Sistema Urinário Sistema Digestório Sistema Respiratório Sistema Circulatório 6. Quais são suas maiores dificuldades ao ensinar o conteúdo de Sistema Nervoso? 7. E para aprender, qual o nível de complexidade dos conteúdos dos sistemas que compõem o corpo humano? Assinalar o nível de complexidade (intervalo de 1 a 5); tanto maior deve ser o valor assinalado quanto maior for o nível de complexidade do conteúdo. 1 Sistema Endócrino Sistema Nervoso 2 3 4 5 151 Sistema Urinário Sistema Digestório Sistema Respiratório Sistema Circulatório 8. Quais são as maiores dificuldades encontradas pelos alunos para aprender o conteúdo de Sistema Nervoso? 9. Você conhece o Museu de Ciências da Vida da UFES? Sim Não 10. Se conhece, você já levou seus alunos ao Museu de Ciências da Vida da UFES? Sim Não 11. Você conhece a abordagem de ensino CTSA? Se SIM, vá para a pergunta A1, se NÃO vá para a pergunta A2. Sim Não 12. A1- Você trabalha com essa abordagem de ensino em sala de aula? Sim Não 13. A2- Considerando que a abordagem de ensino CTSA busca a formação de um aluno mais crítico e questionador, conhecedor de temas contemporâneos, principalmente em relação a produção científica, capaz de entender e tomar decisões em relação a ciência, tecnologia, sociedade e ambiente, você trabalharia com essa abordagem de ensino em sala de aula? Sim Não 14. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido/ TCLE A minha participação nesse estudo consiste em responder um questionário relativo ao ensino de Biologia, referente a pesquisa intitulada “SISTEMA NERVOSO: RECURSOS EDUCACIONAIS ALTERNATIVOS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA SOB UMA PERSPECTIVA CTSA”. Passo, a saber, que este estudo tem como objetivo produzir e propor a utilização de recursos didáticos alternativos para o ensino do conteúdo de sistema nervoso sob uma perspectiva CTSA, tendo em vista as dificuldades enfrentadas pelo docente e aluno no processo de ensino e aprendizagem de conteúdos com elevada complexidade e pela necessidade atual de formar um aluno crítico, capaz de tomar decisão, e compreender sobre os impactos da ciência e tecnologia na sociedade. Em qualquer etapa do estudo, terei acesso a pesquisadora responsável, Marina Cadete da Penha Dias, que pode ser encontrada no endereço Ruas Santos Pinto, 35, Condomínio Clube Alta Vista, 303-B, Centro, Serra- ES, CEP 29.176-011. Telefones (27) 30675549, (27) 9510-1657. As informações que eu fornecer para a pesquisadora serão guardadas e ficarão sob sua responsabilidade por 5 (cinco) anos e não serão utilizadas em meu prejuízo ou de outras pessoas. Como voluntário (a), durante ou depois da pesquisa é garantido o anonimato das informações que eu fornecer. As informações serão analisadas e poderão posteriormente ser divulgadas em artigos, palestras, conferências, periódico científico ou outra forma de divulgação que propicie o repasse dos conhecimentos para a sociedade. Li as informações sobre o estudo e estou claramente informado sobre minha participação neste estudo. Fica claro para mim quais são as finalidades do estudo, os riscos e benefícios para minha pessoa, a forma como a pesquisa será aplicada para minha pessoa e a garantia de confidencialidade e privacidade de minhas informações. Concordo em participar voluntariamente deste estudo e, se for de meu desejo, poderei deixar de participar deste estudo em qualquer momento, durante ou após minha participação, sem penalidades, perdas ou prejuízos para minha pessoa ou de qualquer equipamento ou benefício que possa ter adquirido. Sim Não 15. Nome 16. RG 152 Apêndice B - Roteiro de entrevista diagnóstico Projeto de Mestrado “SISTEMA NERVOSO: RECURSOS EDUCACIONAIS ALTERNATIVOS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA SOB UMA PERSPECTIVA CTSA” Pesquisadora: Marina Cadete da Penha Dias Orientadora: Prof.ª Dr.ª Manuella Villar Amado Coorientador: Athelson Stefanon Bittencourt GUIA DE ENTREVISTA QUESTÃO OBJETIVO 1. Costuma levar seus alunos a visitar Museus? 1.2. Quais as razões para as visitas a Museus 3. Por que visitar o Museu de Ciência da Vida? 3.1.É a primeira vez que traz seu ao alunos ao MCV? 3.2. Pretende realizar visitas com outros grupos de alunos? 3.3. Há algum conteúdo exposto específico que motivou a visita ao MCV? Conhecer a relação Educador e Museu 4. Os conteúdos expostos no museu auxiliam na apropriação dos conteúdos tratados em sala? 5. Você sente a necessidade de material de apoio pedagógico? 5.1. Qual material julga necessário? Aferir a dimensão educativa do Museu de Ciências da Vida 6. Você procurou conhecer o museu antes de trazer seus alunos? 6.1. Você possui um roteiro planejado para a visita? 7. Você faz uma atividade pré e pós visitação ao museu com seus alunos? 7.1. Na atividade de pré- visita você busca motiva-los? 7.2. De que forma? Conhecer a prática pedagógica do docente em visita ao museu 8. Julga o conteúdo de Sistema Nervoso complexo para ensinar? 8.1. E para aprender? 9. Você acha que as peças do museu que tratam do conteúdo de Sistema Nervoso, auxiliam no processo de aprendizagem do conteúdo? Indagar o docente quanto ao conteúdo de Sistema Nervoso 153 Apêndice C - Questionário encaminhado ao coordenador do Museu de Ciências da Vida Projeto de Mestrado “SISTEMA NERVOSO: RECURSOS EDUCACIONAIS ALTERNATIVOS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA SOB UMA PERSPECTIVA CTSA” Pesquisadora: Marina Cadete da Penha Dias Orientadora: Prof.ª Dr.ª Manuella Villar Amado QUESTIONÁRIO DE PESQUISA - MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA 1-Descreva sucintamente a história da formação do museu. 2-Qual o objetivo (missão) do museu? 3-Quem é o seu público alvo? 4-Descreva os profissionais envolvidos (quantidade, tipo de atividade que desenvolve, formação e outras informações que julgar relevantes) 5-Qual a capacidade de visitantes? 6-Qual a área de atuação (acervo) do museu? 7-Quais os projetos desenvolvidos no museu e perspectivas futuras? 8-De que forma estão organizadas as exposições? 9-Quais as atividades desenvolvidas pelo museu? Exemplo: Exposição permanente, temporária, itinerante, estágio, palestras. 10-Público escolar visitante nos últimos anos 11-O público escolar que visita o museu é formado em sua maioria por alunos de ensino fundamental ou médio? 12-O museu dispõe de projetos a fim de atender melhor o público escolar? 13-Outras informações que julgar relevantes. 154 Apêndice D - Questionário aplicado aos professores INSTITUTO FEDERAL DO ESPIRITO SANTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PESQUISA DE MESTRADO QUSIONÁRIO SOBRE A FORMAÇÃO: NEUROCIÊNCIAS NA ATUALIDADE: UM ESTUDO PRÁTICO E DINÂMICO DO SISTEMA NERVOSO NO MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA Eu, Marina Cadete da Penha Dias aluna de pós-graduação do Instituto Federal do Espírito Santo, solicito a sua participação na condição de respondente do questionário que se apresenta. O objetivo é coletar dados para analise da minha pesquisa. Para tanto, a sua identidade será devidamente preservada. Aluna/pesquisadora: Marina Cadete da Penha Dias Tema de investigação: “O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA COMO ESPAÇO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES”. Identificação- Perfil Docente Nome: _____________________________________________________________________ Idade:_______ Sexo:________ Formação (graduação):________________________________________________________ Ano em que se formou:__________________Instituição:_____________________________ Pós-graduação:_____________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Disciplina(s) que leciona:_______________________________________________________ Escola em que atua:___________________________________________________________ Tempo de atuação na educação:_________________________________________________ QUESTIONÁRIO Avaliação da Formação: Assinalar um critério de suficiência da formação (intervalo de 1 a 10), e ao final contribuía com observações e sugestões. 155 1-A carga horária do curso foi adequada? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 2-O local e a infraestrutura foram adequadas? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 3-O objetivo do curso ficou claro? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 4-A ementa do curso influenciou sua participação e desempenho? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 5-O curso respeitou e ou levou em consideração suas experiências adquiridas na pratica docente? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 6-O curso estimulou a sua participação em todas as etapas? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 7-Qual etapa o curso se mostrou menos interessante?_________________________________ 8-Houve sequência no desenvolvimento dos conteúdos de modo que facilitasse o entendimento dos alunos? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 9-Os conteúdos trabalhados foram adequados aos interesses e necessidades dos professores? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 10-O conteúdo de sistema nervoso desenvolvido no curso contribuiu para sua prática docente? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 11-O conteúdo de alfabetização científica com enfoque CTSA desenvolvida no curso contribuiu para sua pratica docente? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 12-O conteúdo de pedagogia museu desenvolvidos no curso contribuiu para sua prática docente? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 13-Qualidade do material utilizado na formação (modelo didático de encéfalo)? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 14-Potencial pedagógico do modelo didático de encéfalo em sua prática docente? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 156 14-O modelo didático de encéfalo contribuiu para a apreensão dos conteúdos na formação? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 16-Como você avalia as contribuições da elaboração da sequência didática para sua prática pedagógica? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 17-Como você avalia a produção do material (sequências didáticas) de forma colaborativa? ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10 Aponte aspectos positivos e negativos da Formação. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ _____________________________________ Contribua com observações e sugestões. __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________ 157 Apêndide E - Guia do grupo focal INSTITUTO FEDERAL DO ESPIRITO SANTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PESQUISA DE MESTRADO GRUO FOCAL SOBRE A FORMAÇÃO: NEUROCIÊNCIAS NA ATUALIDADE: UM ESTUDO PRÁTICO E DINÂMICO DO SISTEMA NERVOSO NO MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA Introdução Apresentação do é um grupo focal e do objetivo da discussão que é: Por meio de uma conversa levantar informações detalhadas sobre a formação, de maneira que surjam discussões a partir dos comentários dos outros participantes, como também de outros tópicos relevantes inicialmente não considerados pelo mediador. Discussão 1-Qual a importância de participar de cursos de formação continuada? 2-A formação ajudou na reflexão e em uma possível mudança em sua prática pedagógica? Justifique? 3- Até que ponto as discussões levantadas na formação ajudaram na sua autonomia na utilização do espaço museal? 4- Quais as contribuições da elaboração da sequência didática para sua prática pedagógica? 5-O que você pensa sobre a produção do material de forma colaborativa? 6-Levante as principais contribuições dos temas trabalhados na formação para sua prática docente, a saber: sistema nervoso, pedagogia museal e alfabetização científica com enfoque CTSA. 7-O que você considera como merecedor de mudanças no curso? 8-O que você considerou de mais positivo no curso? Conclusão Resumo do que foi discutido. Abre para perguntas dos participantes e finaliza. 158 Apêndice F - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE- Formação Projeto de Mestrado “O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA COMO ESPAÇO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES” Pesquisadora: Marina Cadete da Penha Dias Orientadora: Prof.ª Dr.ª Manuella Villar Amado Coorientador: Athelson Stefanon Bittencourt TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE Eu, ______________________________________________, RG nº_____________________, estou sendo convidado (a) para participar do estudo intitulado “O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA COMO ESPAÇO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES”. Passo, a saber, que este estudo tem como objetivo contribuir com a formação de continuada de professores em museus como espaços de educação não formal para a alfabetização científica a partir de uma proposta focada no conteúdo de sistema nervoso. Como voluntário (a) e professor (a) de Biologia terei benefícios diretos com a pesquisa no sentido de que a partir da discussão e reflexão sobre o conteúdo de sistema nervoso, a relação museu-escola, as especificidades pedagógicas dos museus e a alfabetização científica com enfoque CTSA, com abordagens modernas e atualizadas, realizadas na formação poderei contar com diferentes estratégias didáticas para serem usadas em minha prática docente. A minha participação nesse estudo consiste responder um questionário e entrevista. Concedo também a utilização da minha imagem. Em qualquer etapa do estudo, terei acesso a pesquisadora responsável, Marina Cadete da Penha Dias, que pode ser encontrada no endereço Ruas Santos Pinto, 35, Condomínio Clube Alta Vista, 303-B, Centro, Serra-ES, CEP 29.176-011. Telefones (27) 30675549, (27) 9510-1657. As informações que eu fornecer para a pesquisadora serão guardadas em envelope lacrado e ficarão sob sua responsabilidade por 5 (cinco) anos e não serão utilizadas em meu prejuízo ou de outras pessoas. Como voluntário (a), durante ou depois da pesquisa é garantido o anonimato das informações que eu fornecer. Li às informações sobre o estudo e estou claramente informado sobre minha participação neste estudo. Fica claro para mim quais são as finalidades do estudo, os riscos e benefícios para minha pessoa, a forma como a pesquisa será aplicada para minha pessoa e a garantia de confidencialidade e privacidade de minhas informações. Concordo em participar voluntariamente deste estudo e, se for de meu desejo, poderei deixar de participar deste estudo em qualquer momento, durante ou após minha participação, sem penalidades, perdas ou prejuízos para minha pessoa ou de qualquer equipamento ou benefício que possa ter adquirido. Local, _________ de ____________________ de _________. __________________________________ Assinatura do Pesquisador __________________________________ Assinatura do Voluntário Participante 159 Apêndice G - Carta de autorização para pesquisa no Museu de Ciências da Vida 160 Apêndices H - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE Projeto de Mestrado “SISTEMA NERVOSO: RECURSOS EDUCACIONAIS ALTERNATIVOS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA SOB UMA PERSPECTIVA CTSA” Pesquisadora: Marina Cadete da Penha Dias Orientadora: Prof.ª Dr.ª Manuella Villar Amado Coorientador: Athelson Stefanon Bittencourt TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE Eu, ______________________________________________, RG nº_____________________, estou sendo convidado (a) para participar do estudo intitulado “SISTEMA NERVOSO: RECURSOS EDUCACIONAIS ALTERNATIVOS PARA O ENSINO DE BIOLOGIA SOB UMA PERSPECTIVA CTSA”. Passo, a saber, que este estudo tem como objetivo produzir e propor a utilização de recursos didáticos alternativos para o ensino do conteúdo de sistema nervoso sob uma perspectiva CTSA, tendo em vista as dificuldades enfrentadas pelo docente e aluno no processo de ensino e aprendizagem de conteúdos com elevada complexidade e pela necessidade atual de formar um aluno crítico, capaz de tomar decisão, e compreender sobre os impactos da ciência e tecnologia na sociedade. Como voluntário (a) e professor (a) de Biologia terei benefícios diretos com a pesquisa no sentido de que poderei utilizar os recursos educacionais alternativos como ferramentas de auxílio no ensino do conteúdo de sistema nervoso e não sofrerei nenhum risco como voluntário (a) na pesquisa, podendo essa apenas gerar algum desconforto no sentido de eu não saber responder uma pergunta e/ou eu ter que dedicar um tempo a responder o questionário. A minha participação nesse estudo consiste dar uma entrevista e/ou responder um questionário, ambos relativo ao ensino de Biologia. Em qualquer etapa do estudo, terei acesso a pesquisadora responsável, Marina Cadete da Penha Dias, que pode ser encontrada no endereço Ruas Santos Pinto, 35, Condomínio Clube Alta Vista, 303-B, Centro, SerraES, CEP 29.176-011. Telefones (27) 30675549, (27) 9510-1657. As informações que eu fornecer para a pesquisadora serão guardadas em envelope lacrado e ficarão sob sua responsabilidade por 5 (cinco) anos e não serão utilizadas em meu prejuízo ou de outras pessoas. Como voluntário (a), durante ou depois da pesquisa é garantido o anonimato das informações que eu fornecer. Li às informações sobre o estudo e estou claramente informado sobre minha participação neste estudo. Fica claro para mim quais são as finalidades do estudo, os riscos e benefícios para minha pessoa, a forma como a pesquisa será aplicada para minha pessoa e a garantia de confidencialidade e privacidade de minhas informações. Concordo em participar voluntariamente deste estudo e, se for de meu desejo, poderei deixar de participar deste estudo em qualquer momento, durante ou após minha participação, sem penalidades, perdas ou prejuízos para minha pessoa ou de qualquer equipamento ou benefício que possa ter adquirido. Local ___________________, _________ de ____________________ de _________. __________________________________ __________________________________ Assinatura do Pesquisador Assinatura do Voluntário Participante 161 Apêndice I- Plano de curso NEUROCIÊNCIAS NA ATUALIDADE: UM ESTUDO PRÁTICO E DINÂMICO DO SISTEMA NERVOSO NO MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA PLANO DE CURSO Professor (a), a formação continuada intitulada “Neurociências na atualidade: um estudo prático e dinâmico do conteúdo de sistema nervoso no Museu de Ciências da Vida” é fruto da parceria entre o Programa de PósGraduação em Educação em Ciências e Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo e o Museu de Ciências da Vida da Universidade Federal do Espírito Santo. A partir da discussão e reflexão sobre o conteúdo de sistema nervoso, a relação museu-escola, as especificidades pedagógicas dos museus e a alfabetização científica com enfoque CTSA, com abordagens modernas e atualizadas, busca estimular professores da educação básica no desenvolvimento de diferentes estratégias didáticas em sua prática docente. Organizamos o curso em três módulos, em momentos presenciais e não presenciais, com carga horária de 30 horas. A formação pauta-se no princípio de que as atividades desenvolvidas devem proporcionar ao docente a reflexão de sua prática pedagógica, oportunizando essa reflexão de forma coletiva. Dessa forma, as atividades serão conduzidas de forma expositiva dialogada, trabalhos em grupo, dinâmicas, oficinas para produção de material didático e visitas ao espaço museal. Ao longo da formação os cursistas desenvolverão atividades de forma colaborativa que irão compor propostas de atividades a serem desenvolvidas antes, durante e depois a visita ao Museu de Ciências da Vida. PLANEJAMENTO Módulo 1- 05 de Abril Horário Conteúdo 8:00-9:00 Abertura 9:00-10:15 Introdução ao Sistema Nervoso (parte I) 10:15 - 10:45 Coffe Break 10:45-12:00 Introdução ao Sistema Nervoso (parte II) 12:00-13:00 Almoço 13:00-15:00 Alfabetização Científica com enfoque CTSA 15:00-15:30 Coffe Break 15:30-17:00 Sequências Didáticas: da teoria a prática Módulo 2- 12 de Abril Horário 8:00-10:00 Conteúdo Museu de Ciências da Vida: Trajetória e perspectivas 10:00-10:30 Coffe Break 10:30 - 12:00 Neurociência na atualidade 12:00-13:00 Almoço 13:00-15:00 Oficina de modelos didáticos: Sistema Nervoso parte I 15:00-15:30 Coffe Break 15:30-17:00 Oficina de modelos didáticos: Sistema Nervoso parte II Módulo 3- 26 de Abril 8:00-10:00 Horário Conteúdo O museu como espaço de educação não formal 10:00-10:30 Coffe Break 10:30 - 12:00 Relação museu- escola\ Especificidades pedagógicas dos museus. 162 12:00-13:00 Almoço 13:00-15:00 Apresentação e discussão das atividades desenvolvidas. 15:00-15:30 Coffe Break 15:30-16:20 Validação das atividades desenvolvidas 16:20- 17:00 Avaliação da formação Certificação: A certificação será oferecida pelo Museu de Ciências da Vida-UFES, com carga horária de 30h, sendo 24h presenciais e 6h não presenciais. Para recebê-la o cursista deverá obter 85% de presença no curso de modo presencial. Docentes: Athelson Stefanon Bittencourt Doutor na área de Neurociência Coordenador do Museu de Ciências da Vida- UFES. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Farmacologia- CCS /UFES. Manuella Villar Amado Doutora na área de Biotecnologia Coordenadora do curso de Pós-graduação Lato Sensu Especialização em Ensino de Ciências -modalidade EaD (em implantação Campus Vila Velha). Professora da Coordenação de Ciências Biológicas e da Saúde- IFES, Campus Vila Velha. Professora e orientadora do Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática - IFES, Campus Vitória. Marina Cadete da Penha Dias Licenciada em Ciências Biológicas Mestranda do Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) – Campus de Vitória, ES, Brasil. Bolsistas da FAPES. Apoio: 163 Apêndice J - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido- TCLE- Formação Projeto de Mestrado “O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA COMO ESPAÇO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES” Pesquisadora: Marina Cadete da Penha Dias Orientadora: Prof.ª Dr.ª Manuella Villar Amado Coorientador: Athelson Stefanon Bittencourt TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE Eu, ______________________________________________, RG nº_____________________, estou sendo convidado (a) para participar do estudo intitulado “O MUSEU DE CIÊNCIAS DA VIDA COMO ESPAÇO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UM OLHAR NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES”. Passo, a saber, que este estudo tem como objetivo contribuir com a formação de continuada de professores em museus como espaços de educação não formal para a alfabetização científica a partir de uma proposta focada no conteúdo de sistema nervoso. Como voluntário (a) e professor (a) de Biologia terei benefícios diretos com a pesquisa no sentido de que a partir da discussão e reflexão sobre o conteúdo de sistema nervoso, a relação museu-escola, as especificidades pedagógicas dos museus e a alfabetização científica com enfoque CTSA, com abordagens modernas e atualizadas, realizadas na formação poderei contar com diferentes estratégias didáticas para serem usadas em minha prática docente. A minha participação nesse estudo consiste responder um questionário e entrevista. Concedo também a utilização da minha imagem. Em qualquer etapa do estudo, terei acesso a pesquisadora responsável, Marina Cadete da Penha Dias, que pode ser encontrada no endereço Ruas Santos Pinto, 35, Condomínio Clube Alta Vista, 303-B, Centro, Serra-ES, CEP 29.176-011. Telefones (27) 30675549, (27) 9510-1657. As informações que eu fornecer para a pesquisadora serão guardadas em envelope lacrado e ficarão sob sua responsabilidade por 5 (cinco) anos e não serão utilizadas em meu prejuízo ou de outras pessoas. Como voluntário (a), durante ou depois da pesquisa é garantido o anonimato das informações que eu fornecer. Li às informações sobre o estudo e estou claramente informado sobre minha participação neste estudo. Fica claro para mim quais são as finalidades do estudo, os riscos e benefícios para minha pessoa, a forma como a pesquisa será aplicada para minha pessoa e a garantia de confidencialidade e privacidade de minhas informações. Concordo em participar voluntariamente deste estudo e, se for de meu desejo, poderei deixar de participar deste estudo em qualquer momento, durante ou após minha participação, sem penalidades, perdas ou prejuízos para minha pessoa ou de qualquer equipamento ou benefício que possa ter adquirido. Local, _________ de ____________________ de _________. __________________________________ Assinatura do Pesquisador __________________________________ Assinatura do Voluntário Participante 164 Apêndice K - Exemplo de Modelo de Sequência didática Modelo de Sequência Didática (SD) Título: Público Alvo: Problematização: Objetivos Gerais: Conteúdos e Métodos Aula Objetivos Específicos Conteúdos Dinâmicas Conteúdos e Métodos Aula Objetivos Específicos Conteúdos Dinâmicas Conteúdos e Métodos Aula Objetivos Específicos Avaliação: Referencial Bibliográfico: Bibliografia consultada: Conteúdos Dinâmicas 165 Apêndice L - Ficha de validação sequência didática INSTRUMENTO DE ANÁLISE, AVALIAÇÃO E VALIDAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS (GUIMARÃES E GIORDAN 2011) TEMA DA SD ANALISADA: DATA: / / PÚBLICO ALVO: NOME DO PROFESSOR AVALIADOR: DISCIPLINA(S) MINISTRADA(S) PELO AVALIADOR: A – ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO Este grupo de análise está dividido em quatro itens de avaliação. Tem como função avaliar aspectos de apresentação das SD, desta forma faz-se necessário a observância dos elementos organizacionais de relação, clareza linguística, componente temporal e adequado da bibliografia indicada. Atribuir um valor de suficiência quanto a coerência 1 2 3 4 5 A1. Qualidade e originalidade da SD e sua articulação com os temas da disciplina: Neste item avaliativo deve-se observar a originalidade da sequência didática e se existem outras propostas muito parecidas. Outros fatores a serem considerados são se a SD é inovadora, se promove interesse dos alunos e também se os conteúdos abordados compõem o currículo de ciências. A2. Clareza e inteligibilidade da proposta: A SD precisa possuir uma redação clara e direta, contendo todas as explicações necessárias para seu desenvolvimento. Deve-se considerar se, conforme redigida, as explicações são suficientes para um entendimento do que é proposto e como esta deve ser aplicada em sala de aula. A3. Adequação do tempo segundo as atividades propostas e sua executabilidade: O tempo é sempre uma variável importante nas atividades educacionais e também um fator limitante nas situações de sala de aula. É necessário, então, analisar se o tempo designado é condizente com as atividades e metodologias elencadas. A4. Referencial Teórico/ Bibliografia: O referencial de pesquisa precisa ser adequado à proposta, ao tema e ao conteúdos propostos. B- PROBLEMATIZAÇÃO Por meio da problematização que a formulação dos problemas deve ser construída o que ,por sua vez, gera a necessidade de trabalhar um novo conceito evidenciando o emprego dos conteúdos para compreensão da problemática levantada e da realidade, o que acaba por promover a apropriação dos conhecimentos ao se buscar resolver tais problemas. Sendo a problematização o foco em torno do qual os elementos que compõe a SD devem se articular, este é o grupo que possui maior relevância. Para este quesito devem-se observar os seguintes itens de análise: Atribuir um valor de suficiência quanto a coerência 1 2 3 4 5 B1. O Problema: Sobre sua abrangência e foco: É necessário observar se a escolha e formula do problema foram construídas segundo a temática proposta, se é atual e principalmente se a resolução de tal problema, conforme apresentado, é ou torna-se (no desenrolar das situações didáticas) uma necessidade. B2. Coerência Interna da SD: Não é interessante que a problemática se restrinja apenas a uma apresentação inicial de questionamentos a serem elucidados mediante a conceituação apresentada nas aulas, e sim, que se construa por meio de uma estrutura problematizadora que se conecta aos diversos elementos de ensino que constituem as situações de aprendizagem. B3. A problemática nas perspectivas Social/Científica: Em relação a este item, uma SD bem estruturada deve responder afirmativamente as seguintes questões: A problemática, conforme apresentada, fornece elementos para análise de situações sociais sob a perspectiva científica? Os problemas fazem parte da realidade social e/ou do seu cotidiano vivencial dos alunos? É estabelecida claramente a relação entre a sociedade, a Ciência e as implicações sociais do tema? B4. Articulação entre os conceitos e a problematização: Deve existir estreita relação entre a problemática da sequência didática e os conceitos chaves, pois tais conceitos precisam ser capazes de responder o problema apresentado, para que se alcancem os objetivos que tal SD se propõem. B5. Contextualização de Problema: Com este critério pretende-se avaliar se o contexto está imerso na abordagem que se propõe ao problema. Desta forma, a contextualização deve promover um melhor entendimento do problema e consequentemente uma melhor solução. B6. O problema e sua resolução: Ainda que se apresenta um problema aberto, esperase que sua resolução ou possibilidades de resolução seja apresentadas ou desenvolvidas no decorrer das aulas e que este exercício de busca coletiva na solução de tais 166 questionamentos além de envolver e motivar também construa significados científicos. Desta forma se faz necessário que as conclusões alcançadas se vinculem diretamente ao problema proposto e, portanto deve-se avaliar na SD apresentada pelos cursistas, os métodos e as abordagens propostas para se alcançar tal resolução. C – CONTEÚDOS E CONCEITOS Aprendizagem conforme entendido nesta avaliação não se limita aos conteúdos, mais em uma perspectiva mais ampla abrange tudo aquilo que se deve aprender para que se alcancem os objetivos educacionais propostos, englobando as capacidades cognitivas e também as demais capacidades. Atribuir um valor de suficiência quanto a coerência 1 2 3 4 5 C1. Objetivos e Conteúdos: Os objetivos estabelecem as intenções educativas a qual certa proposta de ensino se determina. Assim, pois, é significativo verificar se os objetivos são claramente informados e se vinculam com a problemática e os conceitos apresentados e se estão efetivamente direcionados a aprendizagem dos conteúdos e conceitos propostos. C2. Conhecimentos Conceituais, Procedimentos e Atitudinais: Diferenciar conceitos de aprendizagem segundo uma determinada tipologia contribui para identificar com maior precisão as intenções educativas, pois essa intenção se reflete na relação de importância que se atribui a cada um dos conteúdos. Desta forma, é necessário avaliar se as atividades e conteúdos propostos são necessários e suficientes para que se alcancem os objetivos elencados, ou seja o que se faz está em acordo com o que se pretende. C3. Conhecimento Coloquial e Científico: Pretende-se que a contextualização apresentada constitua o ponto de partida para o desenvolvimento de um conteúdo científico que sirva como elemento explicativo de determinada situação ou mesmo como potencial agente solucionador da problemática social. C4. Organização Encadeamento dos Conteúdos: Este item se refere tanto em avaliar se os conteúdos são encadeados de forma lógica e gradativa (há algum tipo de conexão entre as aulas ou são eventos independentes?) e se a quantidade de conteúdos a serem desenvolvidos é condizente com o número de aulas. C5. Tema, Fenômeno, Conceitos: Pretende-se avaliar aqui se os conceitos desenvolvidos pela SD fornecem elementos para a discussão do fenômeno proposto segundo o tema de ensino. Se faz sentido trabalhar tal tema segundo organização apresentada na busca de responder a problemática construída. D – MÉTODO DE ENSINO E AVALIAÇÃO As metodologias de Ensino e Avaliação utilizadas no desenvolvimento de uma atividade de ensino tem caráter primordial, porque é principalmente através delas e de seu desenvolvimento que as situações de aprendizagem se estabelecem e os agentes do processo ensino-aprendizagem (aluno professor e conhecimento) se interrelacionam. Nesse sentido, pretende-se com esta dimensão de análise avaliar como essas metodologias promovem a aprendizagem dos alunos e consequentemente como os objetivos da SD podem ser alcançados. Atribuir um valor de suficiência quanto a coerência 1 2 3 4 5 D1. Aspectos Metodológicos: Avaliar neste item se os aspectos metodológicos são adequados e suficientes para alcançar os objetivos planejados. Verificar também se as estratégias didáticas são diversificadas e apropriadas para o desenvolvimento da problemática proposta D2. Organização das atividades e contextualização: Neste item é necessário verificar se as atividades estão devidamente apresentadas aos alunos e se promovem, em consequência, a contextualização dos conteúdos a serem aprendidos. D3. Métodos de avaliação: Neste item é analisado como se avalia na SD proposta pelos cursistas e se o(s) instrumento(s) de avaliação propostos são adequados e suficientes às metodologias apresentadas D4. Avaliação integradora: Os métodos de avaliação devem ser condizentes com os objetivos e conteúdos (conceituais procedimentais e atitudinais) propostos. Então o que se avalia deve se relacionar diretamente com o que se pretende ensinar. Deve-se verificar também se a avaliação é integrada ao longo da SD ou apresentada no final, ou seja, avalia-se todo o percurso do aluno ou a avaliação é prioritariamente classificatória vinculada aos resultados a serem atingidos. D5. Feedback de Avaliação: Quando a avaliação possui objetivo formativo os resultados desta avaliação servem de informação para compreender os avanços alcançados, as dificuldades enfrentadas pelos alunos e estabelecer as atitudes a serem tomadas. Portanto, observar com este critério de análise se existem e quais são os instrumentos de feedback para os alunos dos resultados obtidos nas avaliações, os quais fornecem importantes elementos sobre porque se avalia. OBSERVAÇÕES Justificar os maiores e menores valores de suficiência atribuídos aos critérios de avaliação evidenciando os pontos fortes e fracos da SD. Sugerir mudanças para minimizar os pontos fracos evidenciados pelo avaliador. 167 Apêndice M - Produção acadêmica ao longo da pesquisa Trabalhos completos publicados em anais de congresso DIAS, Marina Cadete da Penha; BITTENCOURT, Athelson Stefanon; AMADO, Manuella Villar. Análise do Conteúdo de Sistema Nervoso nos Livros de Biologia aprovados no PNLEM (2012-2014): Uma Reflexão a partir das Abordagens do Processo de Ensino e Aprendizagem. In: ENPEC-Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2013, Aguas de Lindoia. Atas do IX ENPEC, 2013. CAMPOS, Carlos Roberto Pires; DIAS, Marina Cadete da Penha; FALK, Josilene Erlacher Werneck Machado; CARVALHO, Michele Pires; JESUS, Thamires Belo de. Aprendendo ciência e arte no sambaqui: uma experiência à luz das teorias da complexidade e do sócio-interacionismo. In: ENPEC-Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, 2013, Aguas de Lindoia. Atas do IX ENPEC, 2013. Resumos publicados em anais de congressos DIAS, Marina Cadete da Penha; AMADO, Manuella Villar; BITTENCOURT, Athelson Stefanon. Abordagem Sociocultural nos Livros Didáticos: Uma Análise a partir do Conteúdo de Sistema Nervoso. In: III Encontro de Educadores no IFES- Campus de Alegre Anais, 2013, Alegre. III ENED- Encontro de Educadores, 2013. DIAS, Marina Cadete da Penha; BITTENCOURT, Athelson Stefanon; AMADO, Manuella Villar. Museu de Ciências da Vida: espaço inclusivo de difusão e popularização científica no estado do Espírito Santo. In: II Encontro Nacional de Popularização da Ciência, Tecnologia e Informação, 2013, Niterói. Anais do II Encontro Nacional de Popularização da Ciência, Tecnologia e Informação, 2013. DIAS, Marina Cadete da Penha; BITTENCOURT, Athelson Stefanon; AMADO, Manuella Villar. Análise do Conteúdo de Sistema Nervoso nos Livros de Biologia aprovados no PNLEM (2012-2014): Uma Reflexão a partir das Abordagens do Processo de Ensino e Aprendizagem. In: ENPEC- Encontro Nacional de Pesquisa 168 em Educação e Ciências, 2013, Aguas de Lindoia. Caderno de Resumos do IX ENPEC, 2013. PENHA, Marina Cadete da. Relato de Experiência: A Construção da Aprendizagem por Meio do Trabalho em Grupo. In: I Jornada Científica de Educação em Ciências e Matemática, 2012, Vitória. I Jecim - Caderno de Resumos, 2012. PENHA, Marina Cadete da; AMADO, Manuella Villar . Sistema Nervoso e Sistema Endócrino: uma proposta de material didático alternativo para o ensino de biologia sob uma perspectiva CTS. In: II SECIM- Seminário de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática, 2012, Vitória. II SECIM- Seminário de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática/Caderno de Resumos, 2012. Participação em eventos, congressos, exposições e feiras IX Seminário de Pesquisa e Prática Pedagógica. Aprendendo ciências no sambaqui: uma experiência à luz das teorias da complexidade e do sócio-interacionismo. 2014. (Seminário). I Café com Ciência. 2014. (Outra). 4º Fórum Acadêmico Fabra: Educação e Meio Ambiente. 2014. (Outra). III Seminário de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática. 2013. (Seminário). XVII encontro brasileiro de pós-graduação em educação matemática. 2013. (Encontro). IX ENPEC. Ciências e arte no sambaqui: uma experiência à luz das teorias da complexidade e do sócio-interacionismo. 2013. (Encontro). 169 IX ENPEC. Análise do conteúdo de sistema nervoso nos livros de biologia aprovados no PNLEM (2012-2014): uma reflexão a partir das abordagens do processo de ensino e aprendizagem. 2013. (Encontro). II Encontro Nacional de Popularização da Ciência, Tecnologia e Inovação. 2013. (Encontro). I Mostra Científica da Fundação de Amparo a Pesquisa do Espírito Santo. Espaço de Formação Docente. 2013. (Outra). II SECIM-Seminário de Pós-graduação em Educação em Ciências e Matemática. Sistema Nervoso e Sistema Endócrino: uma proposta de material didático alternativo para o ensino de biologia sob uma perspectiva CTS. 2012. (Seminário). I Jornada Científica de Educação em Ciências e Matemática. Relato de Experiência: A Construção da Aprendizagem por Meio do Trabalho em Grupo. 2012. (Outra). 9º Semana Estadual de Ciência e Tecnologia. Parecerista ad hoc na 9º Semana Estadual de Ciência e Tecnologia. 2012. (Outra). Organização de eventos, congressos, exposições e feiras DIAS, Marina Cadete da Penha; BITTENCOURT, Athelson Stefanon; AMADO, Manuella Villar. Curso de Formação Continuada Neurociências na atualidade: um estudo prático e dinâmico do conteúdo de sistema nervoso no Museu de Ciências da Vida. 2014. (Outro). DIAS, Marina Cadete da Penha. III Seminário de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática. 2013. (Outro). DIAS, Marina Cadete da Penha. XVII Encontro Brasileiro de Estudantes de PósGraduação em Educação Matemática. 2013. (Outro). Orientações e supervisões em andamento 170 Monografias de conclusão de curso de aperfeiçoamento/especialização Luciano Trevizani. Automedicação: relato de uma sequência didática à luz da alfabetização científica na educação de jovens e adultos. Início: 2014. Monografia (Aperfeiçoamento/Especialização em Aperfeiçoamento em Educação em Ciências e Matemática) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo. (Orientador). Zeni Alves Maciel. Educação sexual na eja: uma experiência à luz da abordagem sociocultural freiriana. Início: 2014. Monografia (Aperfeiçoamento/Especialização em Aperfeiçoamento em Educação em Ciências e Matemática) - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo. (Orientador). Prêmios e títulos Prêmio Luisa Massarani, com o trabalho "Museu de Ciências da Vida: Espaço Inclusivo de Difusão e Popularização Científica no Estado do Espírito Santo", Universidade Federal Fluminense-UFF, 2013. Demais tipos de produção técnica Coordenadora do Curso de Formação Continuada “Neurociências na atualidade: um estudo prático e dinâmico do conteúdo de sistema nervoso no Museu de Ciências da Vida”. Museu de Ciências da Vida-UFES, 2014. Formadora no do Curso de Formação Continuada “Neurociências na atualidade: um estudo prático e dinâmico do conteúdo de sistema nervoso no Museu de Ciências da Vida”. Museu de Ciências da Vida-UFES, 2014. Formadora no curso de formação continuada “Educação Científica em espaços educativos não formais”. Instituto Federal do Espírito Santo-IFES, 2014. Formadora no curso de Formação continuada “Turismo pedagógico no município de Cariacica\ES”. Prefeitura Municipal de Cariacica-PMC, 2014. 171 Formadora no curso de formação continuada “Educação patrimonial sob a perspectiva da pedagogia histórico-crítica”. Instituto Federal do Espírito Santo-IFES, 2013. Formadora na Formação Continuada de Professores de Matemática Prefeitura Municipal da Serra-PMS, 2012. 172 Anexo A - Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa 173