Água, Esgotamento Sanitário e Higiene

Transcrição

Água, Esgotamento Sanitário e Higiene
Água, Esgotamento Sanitário e Higiene
Relatório Indicativo
PARA ELA
É A GRANDE QUESTÃO
Colocando as mulheres no centro do
abastecimento de água, saneamento e higiene.
Prefácio
É inegável o papel vital das mulheres nas intervenções dede água: esgotamento, sanitário e higiene (WASH)! Muito embora o
envolvimento de mulheres no planejamento, concepção, gerenciamento e implementação de tais projetos e programas tenha se
mostrado frutífero e econômico, os benefícios significativos desta abordagem não são adequadamente reconhecidos. Resulta que,
muito freqüentemente, as mulheres não estão centralmente engajadas nos esforços dos serviços de água e esgotamento sanitário
como deveriam estar.
Portanto, dou boas-vindas a este empreendimento em comum do Conselho Colaborativo de Abastecimento de Água e
Esgotamento Sanitário (WSSCC) e do Centro de Água, Engenharia e Desenvolvimento (WEDC), da Inglaterra de reunir e analisar
exemplos notáveis que demonstram os impactos conhecidos das contribuições de mulheres para atividades de Serviços de Água,
Esgotamento Sanitário e Higiene (WASH). O relatório oferece prova mais aprofundada de que se as mulheres cumprem um papel
central nos esforços para serviços de água, esgotamento sanitário e higiene, progredirão significativamente para alcançarmos todas
as Metas de Desenvolvimento do Milênio.
Esta publicação está sendo lançada por ocasião da "Semana de Saneamento e Higiene" deste ano, de 15 a 21 de março,
imediatamente anterior ao Dia Mundial da Água, 22 de março - um evento que será celebrado anualmente, como acordado no
primeiro Fórum Global WASH, em Dakar, Senegal, em 2004. O tema escolhido este ano para a semana é "Colocando as Mulheres
no Centro das Iniciativas em Serviços de Água, Esgotamento Sanitário e Higiene”. Esta publicação será usada extensivamente em
discussões e eventos ao redor do mundo.
Minha esperança é que este relatório de experiências possa servir de apoio para os formuladores de políticas, profissionais do setor
e médicos visando fortalecer seus argumentos para envolver as mulheres, em todos os níveis, nos Programas WASH para fazê-los
sustentáveis, bem sucedidos e em benefício de TODOS.
Em nome do WSSCC, desejo expressar nossos sinceros agradecimentos e apreço à autora do relatório, Dra. Julie Fisher, e aos
nossos parceiros - o Ministério de Relações Exteriores da Noruega, o UNICEF e a Aliança de Gênero e Água (GWA) - por seu apoio
generoso na produção deste relatório. Eu gostaria também de transmitir nossa gratidão profunda e agradecimentos às três copromotoras da Iniciativa de Líderes Femininas para WASH -- Sua Excelência, Ministra Maria Mutagamba de Uganda, ex-Ministra
Hilde F. Johnson da Noruega, e Diretora Executiva da UNICEF, Sra. Ann M. Veneman -- por seu trabalho inspirador de realçar estes
assuntos mundialmente.
Roberto L. Lenton
Presidente, Conselho Colaborativo de Abastecimento
de Água e Esgotamento Sanitário-WSSCC
Comentário
Falta de serviço de saneamento básico e água segura é um problema agudo para as mulheres e meninas que moram em favelas
urbanas pobres e superpovoadas e nas áreas rurais do mundo em desenvolvimento. Muitas têm que esperar a escuridão para
satisfazerem suas necessidades biológicas de defecar e urinar, por vezes confrontando o medo e a realidade de serem molestadas e
sofrerem assédio sexual. Quando se está em situação crítica e a proteção pessoal e a segurança diminuem, até mesmo buscar água
fica arriscado pelo medo da agressão. Em muitos países, a freqüência escolar das meninas é mais baixa e as taxas de evasão são
mais altas nas escolas que não têm nenhum acesso à água boa e nenhuma instalação de banheiros separada para os meninos e
meninas. Se nós não focalizarmos estes desafios, isso afetará negativamente nossas chances de alcançarmos várias das Metas de
Desenvolvimento do Milênio.
Há um conjunto de experiências que demonstra a importância crucial dos serviços de água, esgotamento sanitário e higiene (WASH)
não só para a saúde humana, mas também para o desenvolvimento econômico e social de comunidades e nações ao redor do
mundo.
Desde 1990, mais de um bilhão de pessoas passaram a ter acesso a melhores serviços de água potável e esgotamento sanitário.
Porém, ainda há 2,6 bilhão de pessoas que não têm instalações de serviço de saneamento, e 1,1 bilhão de pessoas ainda estão
usando água de fontes não tratadas. Mas normalmente são as mulheres e as meninas que mais sofrem. Serviços de água,
esgotamento sanitário e higiene de baixa qualidade exacerbam a pobreza, pois reduzem produtividade e elevam custos de saúde.
Fontes de água tratadas perto das casas reduzem o trabalho maçante de buscar água, principalmente para as mulheres e meninas
que desproporcionalmente agüentam o fardo dessa atividade que desperdiça o tempo, várias horas cada dia.
Atenção prioritária dos países, das comunidades e dos indivíduos para os temas WASH, poderia acelerar a realização das Metas de
Desenvolvimento do Milênio até 2015 e liberar mulheres de um ciclo de pobreza, morbidade, mortalidade infantil e baixa
produtividade. Este é o motivo de termos nos comprometido com a iniciativa chamada Líderes Femininas para WASH que foi
anunciada no primeiro Fórum Global WASH, em Dakar, Senegal em 2004 pelo Conselho Colaborador de Serviços de Água e
Esgotamento Sanitário (WSSCC). Como co-promotoras dessa iniciativa, estamos compelindo outros líderes, organizações e
comunidades que abracem esta causa, e ajudem a pôr as mulheres no centro das atividades dos serviços de abastecimento de
água, esgotamento sanitário e de higiene.
Nas águas dessa nova Parceria WASH entre a UNICEF e o WSSCC, e da celebração da "Semana de Esgotamento Sanitário e
Higiene", de 15 a 21 de março, nós estamos satisfeitos por apresentar este relatório que documenta e analisa as muitas
contribuições positivas que as mulheres podem fazer à saúde e ao desenvolvimento sustentável das nações. Além disso, este
relatório também fortalece o argumento de que as mulheres podem ser agentes fundamentais de mudança se forem autorizados e
permitirem que se envolvam em todos os níveis de planejamento, implantação e operação dos empreendimentos de abastecimento
de água, esgotamento sanitário e higiene.
Ann M. Veneman
Diretora Executiva
UNICEF
Hilde F. Johnson
Ex-Ministra
do Desenvolvimento
Noruega
Maria Mutagamba
Ministra de Estado
para a Água, Uganda &
Presidente, AMCOW
Conteúdo
Introdução
3
Parte 1. Como a comunidade se beneficia?
4
1.1
1.1.1
1.1.2
1.1.3
1.1.4
1.2
4
4
6
7
7
8
Uma Grande Questão: Serviços melhores para todos
A Fase do planejamento
Financiamento
Operação e manutenção
Despertando a consciência
Uma Grande Questão: Saúde melhor para todos
Parte 2. Como as mulheres se beneficiam
10
2.1
2.2
2.2.1
2.2.2
2.2.3
2. 3
2. 4
2.4.1
2.4.2
2. 5
2.5.1
2.5.2
10
12
12
13
13
15
16
16
18
19
19
20
Uma Grande Questão: Privacidade e dignidade
Uma Grande Questão: A saúde e o bem-estar das mulheres
Gravidez e parto
A segurança das mulheres
Deficiência e mulheres
Uma Grande Questão: A frequência das meninas na escola
Uma Grande Questão: A posição das mulheres
Mulheres como exemplos positivos
Mulheres como trabalhadoras qualificadas
Uma Grande Questão: Geração de renda
Tirando renda da água
Com mais tempo para ganhar
Parte 3. Mensagens Fundamentais Recomendações
22
Qualquer parte desta publicação pode circular livremente, reproduzida,
fotocopiada, eletronicamente transmitida, por radiodifusão, armazenada em
um banco de dados contanto que a fonte seja citada.
Relatório Indicativo
1
Introdução
Em setembro de 2000, A Cúpula do Milênio das Nações
Unidas acordou sobre o prazo de um conjunto de metas
mensuráveis destinadas a combater pobreza, fome,
ignorância, degradação ambiental e discriminação contra
mulheres. Mais de 100 líderes mundiais, reunidos em Nova
Iorque, também concordaram com a terceira Meta do
Milênio - “Igualdade entre sexos e valorização da mulher" que será aferida pelo objetivo de se alcançar igualdade entre
sexos na educação primária e secundária, uma Meta que
teve a princípio um prazo final para 2005, mas foi estendido
para 20151.
Não há nenhuma dúvida de que as Oito Metas do Milênio e
os meios para alcançá-las são fortemente interdependentes,
e que muitas delas terão um efeito na igualdade de gênero e
na valorização das mulheres, se forem alcançadas. Como
por exemplo, a Sétima Meta é “garantir sustentabilidade
ambiental” e o objetivo 10 é "reduzir à metade a proporção
das pessoas sem acesso a água potável e saneamento, até
2015". O sucesso de alcançar estas Metas é medido pela
proporção de populações rurais e urbanas que têm acesso
sustentável a água tratada e saneamento básico. Além
disso, a Força-tarefa de Educação e Igualdade de Gênero
do Projeto do Milênio propôs que indicadores adicionais
para a Terceira Meta deveriam incluir “horas por dia (ou ano)
que as mulheres e homens gastam buscando água e
coletando material combustível” 2.
Estima-se que as mulheres e meninas em países de baixarenda passam 40 bilhões de horas todos os anos buscando
e carregando água de fontes que estão freqüentemente
longe e não podem, afinal de contas, também ofertar água
em qualidade adequada.
Desse ponto de vista, é simples compreender que uma
mulher possa ser valorizada tendo uma bomba d’água por
perto que convenientemente forneça água suficiente boa
para sua família. Acesso mais fácil para tais serviços básicos
permite às mulheres identificar e aproveitar novas
oportunidades para si, crescer em confiança e atingir um
maior grau de dignidade pessoal.
Este relatório é uma coleção de testemunhos, exemplos
breves que realçam o efeito e os benefícios de colocar as
mulheres no centro do planejamento, implantação e
operações de Programas W.A.S.H. As experiências também
mostram como a valorização de mulheres e a melhoria do
abastecimento de água, instalações de saneamento e
cuidados com a higiene estão infalivelmente relacionados.
Um não pode ser positivamente alcançado sem os outros.
Os testemunhos são provenientes de uma variedade de
fontes, algumas de literatura recente, relatórios de projeto e
avaliações e algumas de correspondência pessoal com
esses envolvidos, onde as mudanças já estão acontecendo,
mas que ainda não se documentou devidamente Embora o
relatório esteja organizado em torno de temas fundamentais
selecionados, os impactos múltiplos de qualquer intervenção
isolada ou melhoria, quando conhecidos, também estão
indicados.
Relatório Indicativo
3
Se as mulheres são colocadas no centro das decisões sobre abastecimento de água, saneamento e programas e atividades de
promoção de higiene, como isso beneficia de modo mais amplo a comunidade?
Há experiências que demonstram que os serviços de abastecimento de água e saneamento são geralmente mais efetivos se as
mulheres exercem um papel ativo nas várias fases envolvidas para implantá-los, da concepção ao planejamento, das operações
contínuas aos procedimentos de manutenção necessários para fazer qualquer iniciativa sustentável. Assim como lidar com esses
assuntos técnicos e práticos, as mulheres têm um papel importante educando suas famílias e a comunidade sobre práticas de
higiene. Novamente, as experiências sugerem que o envolvimento delas tornam essas empreitadas mais fadadas ao sucesso.
Os efeitos, tanto da melhor oferta de serviços como de melhor conhecimento sobre higiene, são sentidos por toda a comunidade,
mais obviamente na melhoria da saúde geral da comunidade e de sua qualidade de vida. Há efeitos mais sutis dessas medidas
nas vidas de mulheres, como maior autoconfiança, maior capacidade para ganhar dinheiro, e o fato de que as mulheres estarão
mais saudáveis, mais felizes e terão mais tempo para se concentrar em fazer da casa um lugar melhor para se viver. Novamente,
no final das contas, o que é bom para mulheres é bom para a família e a comunidade inteira que compartilham o benefício de todas
essas melhorias.
1.1 Uma Grande Questão:
Melhores serviços para Todos
Existe, às vezes, oposição à colocação de mulheres no
centro das iniciativas de gerenciamento dos recursos hídricos, até mesmo quando isto vem como uma resposta a
uma diretriz de se incluir uma maioria ou cota de mulheres
nas tomadas de decisão. Esta oposição normalmente
acontece porque as mulheres são vistas como atuando
fora de seus papéis tradicionais não-públicos em áreas
públicas e técnicas para as quais elas são percebidas
como sendo inaptas e inadequadas. Porém, mulheres
podem e dão uma contribuição para serviços de água e
esgotamento sanitário e têm direito como seres humanos
de participar em assuntos que afetam às suas vidas e as
de suas famílias. Mulheres têm a principal responsabilidade
de manter suas casas abastecidas com água, cuidar dos
doentes, manter um ambiente doméstico em condições
higiênicas e criar crianças saudáveis. São elas que mais
provavelmente sabem o que é necessário e onde.
Conseguir que esses pequenos detalhes fiquem certos significa melhores serviços e qualidade de vida para todos na
comunidade.
Uma avaliação do Banco Mundial3 de 122 projetos de água
concluiu que a efetividade de um projeto era seis a sete
vezes maior onde mulheres estavam envolvidas do que
onde não estavam. Os exemplos dados aqui demonstram
isso em muitos locais diferentes e de vários modos.
4
Relatório Indicativo
1.1.1 A Fase do planejamento
Os resultados de envolvimento das mulheres nas fases de concepção e planejamento são múltiplos, desde a redução de corrupção, o aumento da transparência administrativa, melhor
administração financeira, até o empoderamento de mulheres,
por exemplo.
Na Indonésia e Malauí, mulheres superaram preconceitos profundamente enraizados sobre sua falta de compreensão técnica, mostrando que, como usuárias prioritárias de água, elas
eram as mais qualificadas para fazer observações apropriadas
sobre um projeto para um sistema de água. O que é visto
como um novo campo para ser ocupado pelas mulheres foi
rapidamente adotado na Indonésia e os benefícios estendidos
a outros.
q A s m u l he r e s d a c o m u n i d a d e d e S e w u k a n , n o d i s t r i t o d e
M a g e l a n , e m J a v a , n a I n d o n é s i a , to m a r a m p a r te e m u ma
c o n s u l t a s o b r e s i s t e m a s c o m un i t á r i o s d e á g u a . A p e s a r d e
u m g r a u d e p r e c o n c e i t o s o b r e a f a l t a d e c o n he c i m e nt o t é c n i c o d a s m u l he r e s , e l a s i d e n t i f i c a r a m a l t e r a ç õ e s t é c ni c a s
úteis para erros existentes no projeto e que serviram de
base para as modificações no novo sistema de água. Mais
m e l h o r i a s f o r a m f e it a s e m f o r m a d e u m a d i s t r i b u iç ã o m a i s
e q üi t a t i v a d o a b a s t e c i m e n t o d e á g u a e a i nc l u s ã o d e u m a
i n s t a l a ç ã o d e e s g o t a m e n t o s a n i t á r i o . A n t e s de t o m a r p a r t e
n o p r o c e s s o d e c o n s u l t a , a s m u l he r e s d a c o m u n i d a d e n ã o
t i nh a m c o s t u m e d e d i s c u t i r p u b l i c a m e nt e a s s un t o s q u e n ã o
f o s s e m r e la c io n a d o s a t ó p i c o s r e l ig io s o s e s o c ia is . A c o n -
Parte 1.
Como a comunidade se beneficia?
t r i b u i ç ã o d e l a s n e s s e p r o j e t o r e s ul t o u n o e s t a b e l e c i m e n t o
d e m a i s c o m i t ê s c o m u ni t á r i o s e m o u t r o s b a i r r o s q u e p a r t i c i p a r a m n a c o n c e p ç ã o d o p r o j e t o e n o m o n i t o r a m e nt o d a
q ua l i d a d e d a c o n s t r u ç ã o 4 .
aspectos de planejamento, construção, treinamento em
higiene e saúde, conscientização e administração financeira.
O comitê teve sucesso em ampliar o projeto para incluir um
maior número de casas do que foi proposto originalmente.
Isso foi conseguido com a construção de banheiros mais
econômicos e pelo uso de um subsídio externo 6.
A extensão das conquistas das mulheres têm sido evidenciada pela forma como se mantêm fortes num mundo de homens: melhorando taxas de serviços e de consumo; impondo
mudanças de procedimentos transparentes e a necessidade
de ser publicamente responsável; e ampliando o perfil e
posição das mulheres na comunidade.
q O objetivo do Projeto de Ponto de Água Urbano no Malauí,
financiado pelo Fundo das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Comunitário (UNCDF), é construir um total de
600 pontos de água para servir 4000 casas em 50 centros
urbanos. Quando este projeto começou, decisões sobre onde
esses pontos deveriam ser colocados eram tomadas principalmente pelos homens da comunidade, excluindo as mulheres,
que eram, de fato, as principais carregadoras e usuárias da
água. Isso resultou nas bombas sendo negligenciadas já que
os homens não tinham nenhum interesse real em assegurar
que fossem adequadamente mantidas. Quinze anos de projeto
e a situação mudou, agora as mulheres constituem a maioria
dos membros de comitê e têm um papel ativo no planejamento e nos processos de gerenciamento. Por exemplo, Upile
Ajibu é membro do Comitê de Desenvolvimento da Aldeia, no
distrito de Mangochi, onde a titularidade do comitê de água é
largamente constituída de mulheres. Isso é parte de uma iniciativa para assegurar a participação de pelo menos 30% de mulheres em todos os comitês 5.
q Em seguida ao terremoto de Marathwada em 1993, o gov erno indiano designou (a ONG) Swayam Shikshan Prayog
(SSP) para assegurar que as comunidades afetadas em 300
aldeias (da região dos distritos de) Latur e Osmanabad fos sem ativamente envolvidas no “Programa de Reconstrução e
Fortalecimento”. Um elemento fundamental neste processo
foi estabelecer grupos de mulheres nas comunidades e permitir que mulheres assumissem posições visíveis de liderança.
Isso deu coragem às outras mulheres nas comunidades de
assistir a discussões informais e participar nas assembléias
de aldeia relacionadas ao programa. Além disso, elas foram
envolvidas nas avaliações das necessidades de água e esgo tamento sanitário e colocadas juntas com os engenheiros e
funcionários do governo. Os benefícios de seu envolvimento
tiveram amplo alcance e incluíram oferta de serviço melhor, a
exposição da corrupção em vários níveis, maior abertura
financeira pública e transparência relacionada à realização
antecipada das metas . Esse novo papel influente desempenhado pelas mulheres tem tido forte apoio da comunidade
inteira 7.
Na África do Sul, mulheres demonstram habilidades que
abrangem todos os aspectos do planejamento e implementação do projeto dando valor adicional ao investimento.
q Em Kraaipan, na Província Noroeste da África do Sul,
Jacobeth Mabeo e suas colegas do comitê de saneamento
têm responsabilidade por implementar o projeto de esgota mento sanitário da aldeia, o que compreende todos os
Relatório Indicativo
5
q A Sociedade das Mulheres de Rakin, na Jordânia, tem for
finalidade melhorar a condição social, econômica, cultural e
de saúde de mulheres rurais locais. Como parte dessa inicia tiva – mulheres de Rakin - o centro de um agrupamento de
aldeias, têm participado de um projeto que usa assistência
técnica fornecida pelo Projeto de Administração de Bacias
apoiado pela Agência de Desenvolvimento Alemã (GTZ) que
instalou cisternas de água e coletores de água de chuva nos
domicílios. Empréstimos reembolsáveis que cobrem até 66%
dos custos foram disponibilizados para as donas de casa. O
envolvimento das mulheres é amplamente reconhecido por
ter diretamente aumentado a efetividade do projeto, resultan do em benefícios generalizados. Os domicílios têm agora
abastecimentos sustentáveis de água boa para irrigação,
resultando em maior segurança alimentar; eles já não pagam
preços exorbitantes para comprar água dos tanqueiros; suas
taxas de consumo aumentaram; mulheres puderam dar uma
maior contribuição para os recursos domésticos; e foi desenvolvida a capacidade das mulheres para administração financeira 8.
q No distrito de Kilombero, na Tanzânia, um poço de água
que foi construído por uma ONG secou logo após ter sido
feito. Quando construtores do empreendimento falaram com
as mulheres do local, elas informaram que o local tinha sido
decidido por um comitê local composto apenas por homens
e que eles tinham escolhido o local com base apenas em
critérios geográficos. As mulheres, por outro lado, exigiram
que as condições do solo também fossem levadas em conta.
Na Tanzânia, onde a água está escassa, freqüentemente é
tarefa de mulheres cavar à mão para encontrar água e, por tanto, elas é que conhecem os lugares com melhores rendimentos de água. Desde desse incidente, as mulheres, no dis trito de Kilombero, passaram a ter mais envolvimento nas
decisões sobre onde poços devem ser cavados 9.
Mulheres na Ucrânia impuseram pressão efetiva sobre as
poderosas autoridades para produzir mudanças nas práticas
inseguras e injustas.
q A cidade de Luzanivka, na Ucrânia, experimentou proble mas causados por um sistema de esgoto inadequado que
resultaria em um transbordamento de esgoto nas ruas.
MAMA-86 é uma organização de mulheres ambientalistas
que foi formada depois do desastre de Chernobyl. Em 2000 a
entidade lançou uma campanha política, acionando judicialmente a autoridade responsável. O resultado foi que o gover no financiou a construção de uma bomba de esgoto e fechou
as instalações de limpeza de tanques de óleo que deram
origem aos problemas. Outras realizações de MAMA-86
incluíram o conserto de canalizações de água, a instalação
de hidrômetros para reduzir as contas altas, além reembolsos
para aqueles que haviam pago a mais 10.
6
Relatório Indicativo
1.1.2 Financiamento
De acordo com a Força-Tarefa Interagências em Gênero e
Água das Nações Unidas as mulheres são os gestores mais
eficazes em vários projetos sobre água das Nações Unidas
na África, onde a água foi usada para geração de renda e
onde as mulheres têm controle da renda ganha com suas
pequenas empresas. As cooperativas de mulheres relacionadas aos pontos de água na Mauritânia, por exemplo,
ficaram muito dinâmicas e as mulheres exercem um papel
mais ativo e proeminente através da capacitação e oferta de
crédito. Por exemplo, mulheres em Lesoto têm uma tradição
de economizar quantias pequenas de dinheiro a cada mês
para propósitos importantes. Tais fontes tradicionais de investimento podem ser usadas para instalações de água e de
esgoto sanitário se complementadas através de créditos iniciais de ONGs ou outras fontes.
Há muitos outros exemplos de mulheres que assumem com
sucesso a responsabilidade de gerar ou administrar recursos
para implantação de projetos WASH.
q Em Keelakarthigaipatti, Índia, um Projeto Parceiros
Internacionais pela Água, o Programa de Saúde Sustentável,
através da Água e Esgotamento Sanitário (2004) provocou
melhorias significativas na oferta de água e instalações de
esgoto sanitário. Um papel central foi feito pelo Grupo Autoajuda de Mulheres que toma conta do fundo de empréstimo
dentro da comunidade. Mulheres envolvidas nele desfru taram dos benefícios adicionais dos seus novos papéis de
liderança, com responsabilidade por financiar o projeto, a
construção de instalações e a conclusão bem sucedida do
projeto 11.
q O distrito de Kirinyaga da Província Central do Quênia é
uma comunidade agrícola. O rio era usado como fonte prin cipal de abastecimento de água, com o resultado de que
casos de diarréia eram então comuns. Em 1997, um comitê
de água chamado o “Grupo das Mulheres de Kenera” foi cri ado, já que as mulheres na comunidade estavam impa cientes com o ritmo lento na mudança. Isto propiciou a
essas mulheres treinamento em habilidades de gestão. Um
sistema de abastecimento por gravidade foi introduzido, com
recursos levantados pelas mulheres que também faziam
algum trabalho manual. Agora 300 membros do grupo têm
conexões domiciliares e 100 têm acesso a uma ligação de
água a menos de 100 metros de distância. Atividades de
promoção de saneamento e higiene estão disponíveis para
todos, com hospitais e escolas que também se beneficiam.
Os resultados globais foram saúde melhor para mulheres
que já não têm que carregar água por distâncias longas,
taxas mais altas de freqüência escolar para meninas, menos
infecções por diarréia para a comunidade inteira, oportu nidades de geração de renda aumentadas e maior capacitação para mulheres 12.
q Em uma pequena aldeia no Paquistão chamada Banda
Golra, Nasim Bibi, uma das mulheres da aldeia, criou uma
organização comunitária de mulheres (CBO) em 2002 para
ser candidata a um esquema de empréstimo de dinheiro para
CBOs. A CBO identificou o aumento do acesso à água como
uma prioridade de ação e com o processo das poupanças e
esquema de empréstimo, instalou sete bombas manuais ao
longo da aldeia. A contribuição da comunidade foi 20% com
a ONG financiando o restante. Cada domicilio contribuiu com
Rs. 1000 (rúpias equivalente a 16 dólares americanos) assim
como oferecendo comida e acomodação para os trabalhadores. Foram significativamente melhoradas as condições
de saneamento e saúde em Banda Golra, o poder de decisão
das mulheres no nível doméstico aumentou para a maioria
das envolvidas nos esquemas de água e de crédito, foi
reconhecido amplamente o valor da participação delas nas
atividades públicas 13.
e aperfeiçoadas (FVA) e pontos de água comunitários. Dois
dos pontos de água comunitários são gerenciados pelo grupo
de Mulheres de Daranjani que é uma CBO registrada e composta de 20 mulheres e cinco homens. Todos seus membros
são treinados em promoção de higiene e na operação e
manutenção dos tanques de armazenamento de água de
10.000 litros que são conectados à rede de abastecimento
municipal principal 15.
1.1.3 Operação e manutenção
Em muitos projetos, mulheres exercem um papel fundamental
no funcionamento bem ordenado dos esquemas de abastecimento de água e esgoto sanitário, incluindo um papel ativo em
manutenção e consertos durante a operação das instalações.
q O conceito de primeira favela saneada da Índia, em
Tiruchirappalli, foi estendido a sete outras áreas. Esta foi uma
iniciativa com a ONG Gramalaya que objetiva proporcionar
para as comunidades de favelas acesso seguro à água de
beber através de bombas manuais e da construção de banheiros comunitários e nas casas e banheiros acessíveis às crianças. O programa trabalha com CBOs como os grupos de
auto-ajuda de mulheres, despertando a consciência da necessidade de usar e manter banheiros em boas condições. O fato
das mulheres no grupo de Educação de Higiene e
Saneamento serem responsáveis pela manutenção e consertos
significou que a defecação a céu aberto foi completamente
erradicada na área 14.
q Como parte do projeto WaterCan-Watsan apoiado por
KWAHO (Organização do Quênia de Água para a Saúde) em
Kibera, Nairobi, foram construídas latrinas de fossas ventiladas
1.1.4 Despertando consciência
Um componente fundamental de qualquer projeto WASH
(água, esgotamento sanitário e higiene) é despertar consciência
sobre a importância de se adotar práticas higiênicas seguras.
As mulheres têm um papel vital na tomada de consciência
sobre estes assuntos, já que assumem a responsabilidade
principal pelas tarefas domésticas e pelo desenvolvimento de
hábitos higiênicos nas crianças. Mulheres também lidam com o
fardo adicional de cuidar de outros membros da família que
ficam doentes como resultado de água imprópria e esgotamento sanitário inadequado.
q O Projeto Pro-Poor Water Supply and Sanitation
(Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário), no Nepal,
está implantado especialmente em comunidades pobres que
podem demonstrar uma necessidade real de melhorias nos
serviços de água e esgotamento sanitário. Como as mulheres
têm a responsabilidade principal pela água, são encorajadas
pelo projeto a tomar a frente das decisões comunitárias sobre
abastecimento de água através da participação no Comitê de
Usuários de Água e utilizar seu conhecimento e capacidades
para influenciar sua concepção. Além disso, programas de
Educação em Higiene e Esgotamento Sanitário dão apoio para
as facilitadoras informarem à comunidade sobre doenças
transmitidas pela água e sua prevenção 16.
Um exemplo notável de esforços de conscientização pública
que encorajaram a participação de mulheres são os Programas
de Orientação de Jornalista que eram organizados pelo Grupo
WASH (água, esgotamento sanitário e higiene) do Nepal em
três regiões, antes de lançar uma campanha de mídia em
março de 2004, para coincidir com a Semana Nacional
Saneamento. O objetivo era fazer a mídia perceber que o
Relatório Indicativo
7
saneamento era uma das grandes questões que impactam as
vidas das pessoas. Particularmente encorajadora era a
resposta das jornalistas, uma conquista significativa considerando que no Nepal, a mídia é dominada por homens.
Criado em 2002, o "WASH Media Award” (Prêmio de
Imprensa WASH) estimula jornalistas nos países em desenvolvimento a darem melhores coberturas às questões (água,
esgotamento sanitário e higiene) para despertar a consciência pública. No Fórum Global WASH de 2004, no Senegal, o
primeiro ganhador de prêmio foi a Sra. Nadia El-Awady, uma
repórter de ciência egípcia para o "Islã On-line". “O Nilo e
seu Povo”, descreve os impactos da poluição industrial,
esgoto e manejo de resíduos sólidos na saúde e dignidade
das pessoas ao longo do Rio Nilo e foi veiculado como um
documentário de TV no BBC World.
Resumo
Colocar mulheres no centro de melhorias WASH (água,
esgotamento sanitário e higiene) leva a melhor oferta
de serviços através de:
q melhor projeto técnico e planejamento, baseados na
consulta aos atores-chave;
q responsabilidade e transparência de gestão em todos os
aspectos;
q serviços sustentáveis e seguros;
q responsabilidade para a geração eficiente e
administração de fundos;
q valor para esquemas de dinheiro;
q ampliação dos benefícios para outras áreas através do
empoderamento de mulheres e outros grupos de
mulheres pela replicação de modelos;
q conscientização mais eficiente sobre práticas de higiene;
q melhor manutenção e reparo de componentes para
assegurar o tranqüilo controle dos equipamentos e
serviços.
. Ter pequenos confortos e bastante água na torneira também permite às mulheres manter melhores padrões de
higiene nos cuidados com as crianças. Foi demonstrado que
a existência de uma torneira no quintal quase dobra a probabilidade de uma mãe lavar as mãos depois de limpar o bumbum de sua criança, e dobra as chances de que lave as fraldas sujas de fezes imediatamente19.
18
Mulheres têm o melhor conhecimento local sobre hábitos
comuns e quaisquer problemas que se originem deles.
Portanto, elas são centrais na educação de suas famílias e
de outros membros da comunidade sobre os benefícios de
se usar água de com padrões de qualidade, esgotamento
sanitário adequado e boas práticas de higiene, como os
exemplos seguintes mostram:
q Winnie Miyando Cheolo e Febby Temb Mwachingwala são
membros do grupo de mulheres da aldeia de Mwachingwala,
Zâmbia, que promovem ativamente os temas de saneamento e higiene desde 1998. Durante este tempo, elas se
envolveram na construção de latrinas* em todas as casas.
Outras iniciativas de higiene conduzidas foram a promoção
do uso de escorredores de louça, aterro sanitário e insta lações para lavar, isto tudo causou um impacto com
redução da incidência de doenças na aldeia. Outra melhoria
importante é que as crianças são ensinadas sobre boas
práticas de higiene 20.
q O Projeto Clearwater está sendo implantado na comu nidade de Gualcinse, em Honduras. Gladis Maribel Dias é
uma de seus beneficiários já que agora possui água encana da e um “pila” (tanque de lavar ao ar livre). Ela declara que
foi estimulada a ter água em casa porque garante para a
família uma vida melhor. Cada casa recebe uma latrina e um
banheiro que proporcionam aos residentes a oportunidade
de desfrutar um nível de higiene e limpeza pessoal como
também os benefícios de saneamento básico 21.
1.2 Uma Grande Questão: Saúde melhor
para todos
Após a implantação de projetos de abastecimento de água,
diminuiu a incidência de doenças veiculadas pela água de
acordo com os estudos da WaterAid sobre o abastecimento
de água na Etiópia, Gana, Índia e Tanzânia. Projetos na
Índia reduziram a incidência de sarna, casos de diarréia e
mortalidade infantil. Também em Atwedie, em Gana, foram
erradicadas esquistossomose, sarna e buba (frambesia) 17.
Ao lado das melhorias nos hábitos de higiene, o abastecimento de água conduz à melhoria da saúde para a comunidade inteira. Por exemplo, os domicílios com 10% de
aumento no uso de água para propósitos de limpeza experimentam uma diminuição de 1,3% na ocorrência de diarréia
8
Relatório Indicativo
Iniciativas de grupos com mulheres na comunidade provaram
ser um modo eficaz de transmitir mensagens fundamentais
da campanha “WASH” que provocam mudanças radicais na
saúde da comunidade.
q Na Índia, o Village Service Trust (VST) trabalha com mulheres pobres das castas inferiores para melhorar a saúde dos
pobres como também sua posição sócio-econômico e política. Saúde preventiva é um fator principal nas atividades dos
VSTs, enquanto envolvem as mulheres do local que estão
informadas sobre doenças e males da aldeia, para realizarem
visitas domiciliares e coordenar discussões de grupo. Os
comitês voluntários de saúde também são ativos em praticas
como adicionar cloro nas caixas d’águas da aldeia.Tais
comitês são compostos de professores, idosos e os membros do grupo de mulheres de auto-ajuda 22.
De acordo com a OMS e o UNICEF, a incidência de HIV/AIDS
aumenta a suscetibilidade de um indivíduo a doenças relacionadas à água, saneamento e higiene. Morte e inaptidão
causada pela doença podem ter um impacto dramático na
capacidade de uma comunidade lidar com as provações causadas pela falta de melhores serviços de água, saneamento e
higiene. Na África Subsaariana, uma proporção alta de vítimas
de HIV/AIDS é de mulheres, e quando vivem com HIV/AIDS,
seus sofrimentos têm um impacto dobrado nos problemas de
suprimento de água de suas famílias. Não apenas enfrentam
dificuldades maiores para buscar ou levar água ou cumprir
com seus papéis de donas-de-casa, e ainda mais, suas filhas que normalmente compartilhariam este fardo - têm, ao invés
disso, que cuidar dos pais doentes e dos avós dependentes 25.
Resumo
Colocar mulheres no centro das práticas “WASH”
(projetos e campanhas de água, saneamento e higiene)
tem como resultado saúde melhor para todos porque:
q Mulheres têm um bom conhecimento sobre as práticas
locais para água e esgotamento sanitário e qualquer
problema relacionado, o que pode direcionar ações.
q O Grupo de Mulheres Nagarata em Bauchi State, Nigéria,
trabalha junto com mulheres para dar educação sobre água,
saneamento e higiene. O componente de higiene dessa inter venção significou que as mulheres estão agora mais atentas
às práticas básicas de higiene, as condições de vida ficaram
mais saudáveis, as crianças estão mais bem nutridas e
cuidadas e as taxas de mortalidade caíram. Um impacto pos itivo adicional associado é que as mulheres também podem
ganhar dinheiro fazendo e vendendo sabão 23.
q O interesse na saúde da família motiva mulheres a pôr
em pratica melhorias .
q Mulheres usam atividades de grupo para alcançar outras
mulheres e disseminar mensagens sobre boas práticas
de higiene.
q Mulheres estão visando aos homens para envolvimento
com promoção de práticas de saneamento e de higiene,
de forma que eles também assumam a
responsabilidade por esse aspecto de suas vidas
pessoais e familiares.
q O Programa Organização Comunitária, Água de Beber e
Saneamento - nas áreas rurais de Pasoc, Nicarágua - trabalhou as questões de saúde e violência sob uma perspectiva
de gênero. Parte disso foi aumentar a proporção de mulheres
que participando em Comitês de Água para em torno de 45%
e a proporção de mulheres coordenadoras de comitês para
em torno de 50%. Todos os materiais educacionais usados
foram adaptados para incluir um enfoque de gênero para uso
em Programas de Educação em Saúde nas escolas 24.
q As Mulheres de Whitehorses, Botany Bay e da Sociedade
Beneficente Pamphret em St.Thomas, na Jamaica, foram
treinadas como promotoras da campanha “WASH” para
pesquisar estado do saneamento e de higiene em suas
comunidades e mobilizar, educar e apoiar os membros da
comunidade para focalizarem questões fundamentais.
Conseqüentemente, os membros estão usando auto-ajuda,
pequenos financiamentos e empréstimos para construir banheiros. Os homens também estão ficando mais ativos reagindo aos assuntos de saneamento e são incluídos entre participantes nos treinamentos de mudança de comportamento.
Relatório Indicativo
9
Se as necessidades, interesses e perspectivas das mulheres são colocados no centro de decisões sobre programas e atividades
de promoção WASH, que benefícios isso lhes oferece?
Esta seção discute os modos pelos quais a incorporação dos interesses de mulheres em água, esgotamento sanitário e higiene
têm um impacto direto no modo com que as mulheres vivem, nas tarefas que executam, em seu potencial e suas oportunidades
e nas dificuldades que elas enfrentam.
2.1 Uma Grande Questão: Privacidade e Dignidade
Onde não há nenhuma instalação, a defecação é um problema
sério para todo o mundo, homens incluídos, mas
especialmente para mulheres e crianças e jovens meninas, em
particular.
Mulheres e meninas podem ser forçadas a esperar até que
anoiteça para defecar se não existir nenhuma instalação de
saneamento satisfatória para usarem de dia.
Experiências ao Norte do Egito, em Nazlet Fargallah,
confirmam que isso causa sérios impactos prejudiciais à saúde
(26). Restrições de uso de banheiro aumentam a chance de
infecção do trato urinário e constipação crônica, além de
causar estresse psicológico 27. Também tornam as mulheres
vulneráveis à violência se elas são forçadas a defecar de
manhã cedo ou depois de anoitecer, em áreas isoladas, às
vezes sofrendo o risco de estupro e agressão sexual e física.
Com acesso a banheiros adequados, mulheres e meninas
podem usá-los a qualquer hora, em particular, sem vergonha,
embaraço ou medo 28. Tornar a defecação um problema a
menos é tornar o desenvolvimento acessível às mulheres, cujas
vidas podem ser dominadas por essa necessidade básica.
Os sintomas de menstruação, gravidez e o período pós-natal
ficam mais problemáticos se as mulheres não tiverem onde e
como lidar adequadamente com tais situações. O único modo
pelo qual isso pode ser remediado é projetando instalações
que atendam às mulheres em suas preferências e
necessidades físicas e psicológicas .
Um caso no qual as necessidades das mulheres foram
ignoradas mostra como facilmente a privacidade e dignidade
delas podem ser comprometidas.
q Na África do Sul, o (sistema de esgotamento sanitário)
Aqua Privy 29 exige descarga de água na privada depois do
uso. Além disso, a matéria acumulada precisa ser esvaziada
periodicamente. As conseqüências disso são:
m isso exige ir buscar água - um sinal óbvio e humilhante
de que as mulheres querem usar o banheiro;
m os banheiros dão para a rua, causando embaraço e
possibilidade de serem importunadas;
m os absorventes não podem ser colocados no vaso, o
que leva um embaraço adicional;
m os banheiros são muito pequenos para as mulheres
grávidas e mulheres com crianças usarem
confortavelmente tais instalações;
m um banheiro está cheio quando vermes negros saírem
pelo assento, quanto então é uma tarefa das mulheres
esvaziar os vasos; e
m mulheres que executam essa tarefa podem ter
dificuldades para casar .
10
Relatório Indicativo
Parte 2.
Como as mulheres beneficiam?
Em contraste, um exemplo da Índia.
q Utthan é uma Agência de Apoio à Implementação da Índia
que trabalha para melhorar serviços de água e saneamento,
através de capacitação e mobilização da comunidade. É um
acordo que a metade de todos os membros desses Pani
Samiti (comitê de água) deve ser mulheres e programas
focalizados nas questões de higiene feminina foram
estabelecidos. Rudiben e Baluben são exemplos de mulheres
que estão defendendo para os sistemas de saneamento o
que as mulheres realmente querem, quer dizer, sistemas que
lhes oferecem privacidade e segurança. Esquemas de
empréstimo foram oferecidos para permitir que cada domicilio
possa adquirir sua instalação. Na aldeia de Chhaya, um
elemento integrante desse esquema foi assegurar que os
postos (de empréstimo) sejam localizados em lugares onde as
mulheres escolherem que eles estejam de acordo com sua
conveniência e segurança 30.
Assegurar privacidade às mulheres conduz à maior
confiança delas sobre seus corpos e sobre elas mesmas
como mulheres. Quatro aldeias foram avaliadas no estudo
do WaterAid “Olhando para trás” para ver qual o impacto
das intervenções de água, esgotamento sanitário e de
higiene. Mdala Herieti, de Berege, na Tanzânia, confirma que
ter água próxima às casas das mulheres melhorou a higiene
no período menstrual e fez as mulheres mais confiantes
diante dos outros 17.
q Quando as mulheres na aldeia de Songambele, na
Tanzânia puderam tomar banho regularmente durante a
menstruação, elas relataram que a higiene pessoal foi
melhorada e com isso, a confiança aumentou. Antes disso,
as mulheres tinham problemas para manter níveis de
limpeza sofriam intensa humilhação sendo levadas diante
dos mais velhos para serem aconselhadas 18.
Na área rural de Bangladesh, infecções urinárias e vaginais
são comuns entre mulheres que usam panos “nekra” ao
invés de absorventes higiênicos. Esses são rasgados de
sáris velhos e são lavados em água suja antes de secarem
em algum lugar escondido e freqüentemente úmido e antihigiênico. No Nepal, é sabido que lavar roupa de baixo
durante a menstruação requer mais água do que o normal e
as mulheres de projetos apoiados por ONGs se arriscam
buscando água extra à noite.
q Do mesmo modo, o Projeto Swayamsiddha, que foi
implementado em quatro aldeias no distrito de Chitrakut, no
Estado de Uttar Pradesh, na Índia, realizou uma Avaliação de
Necessidades da Comunidade que envolveu os homens e
mulheres separadamente. Mulheres na comunidade seguem
o purdah, que lhes exige viver em algum grau de reclusão
social e cobrir os corpos para evitar o olhar público. Embora
haja 30% de lugares reservados para elas nas eleições do
Instituto Panchayat Raj (conselho da aldeia), elas são
encaradas como representantes dos homens. Defecação a
céu aberto era uma prática comum antes das intervenções
do projeto, o que significava que as mulheres esperavam até
o anoitecer - o que representava dificuldades severas para
elas e mais ainda quando grávidas ou menstruando. Como
resultado do projeto, 779 mulheres foram envolvidas nos
Grupos de Auto-Ajuda por todo o Distrito que ofereceram
uma gama de serviços, inclusive programas para instalações
de crédito e poupança, conscientização sobre questões de
saúde, desenvolvimento de habilidades e treinamento em
saúde. Os grupos puderam oferecer ajuda financeira para
metade do custo da construção de banheiro e iniciaram
atividades de teatro comunitário para divulgar a mensagem
sobre os benefícios destes. O impacto da construção desses
banheiros foi significativo tendo em vista que a percepção
Resumo
Colocar mulheres no centro das melhorias WASH
(água, esgotamento sanitário e higiene) traz maior
privacidade e dignidade para mulheres porque:
q as necessidades particulares das mulheres são
consideradas;
q sintomas associados com menstruação, gravidez e
parto podem ser administrados discretamente;
q mulheres podem se aliviar quando precisam, em vez de
esperar até que possam ter alguma forma de
privacidade;
q mulheres são menos molestadas e já não têm que
arriscar sua saúde postergando o momento da
defecação e a urinação;
q a exposição de mulheres ao abuso sexual e outras
formas de violência é reduzida;
q é mais fácil manter a higiene pessoal, dando às
mulheres maior confiança e mantendo auto-estima por
manter sua higiene pessoal.
Relatório Indicativo
11
das mulheres sobre seus próprios corpos mudou, já que
defecação, menstruação e gravidez passaram a poder ser
tratadas discretamente. Também houve uma diminuição na
incidência de diarréia, uma redução na taxa de evasão
escolar das meninas e um aumento do conhecimento técnico
das mulheres 31.
2.2
Técnicas higiênicas de parto usadas por parteiras qualificadas
podem evitar metade de todas as mortes relacionadas à
infecção. Infecções de puerperais são principalmente
causadas por práticas anti-higiênicas e controle de infecção
precária no trabalho de parto e nascimento (35) é a causa de
15% de todas as mortes maternas (36). A promoção da
lavagem das mãos e práticas higiênicas durante o parto
reduz as chances de tal infecção.
Uma Grande Questão: A Saúde e
o Bem-estar das mulheres
Água, esgotamento sanitário e intervenções de higiene
resultam em melhorias de saúde difundidas para a
comunidade inteira, reduzindo-se a incidência de doenças
transmitidas pela água e doenças contagiosas. Isso é
vantajoso para mulheres, não só com relação à própria saúde
delas, mas também por serem as principais tomadoras de
conta dos doentes 28. Além disso, existem benefícios
específicos para a saúde das mulheres, incluindo aqueles
relativos à menstruação, como discutido anteriormente.
Outros benefícios incluem a prevenção de danos causados
pela tarefa de levar cargas pesadas de água por distâncias
longas e a possibilidade de uma experiência mais confortável
e segura de gravidez e parto.
2.2.1 Gravidez e parto
"Melhorar a saúde materna" é a quinta Meta de
Desenvolvimento do Milênio e tem o objetivo de reduzir 75%
do número de mulheres que morrem de parto, até 2015.
Muitos dos fatores determinantes de saúde e bem-estar
maternos e infantis são multi-setoriais e requerem programas
que proporcionem melhorias além do setor de saúde.
Desigualdades de gênero, incluindo acesso pobre para e
controle de recursos (inclusive água) para mulheres, estão
fortemente relacionadas à morbidade e mortalidade maternas
na África Subsaariana 32.
Acesso fácil à água segura é conhecido por melhorar a
saúde materna, simplesmente porque as mulheres grávidas
e no puerpério não têm mais que lutar com cargas pesadas
de água várias vezes ao dia 33. É sabido que levar os
recipientes de água tradicionais nos quadris pode causar
dificuldades durante a gravidez 34. Doenças veiculadas pela
água também são evitadas pelo uso de água boa e melhor
higiene. Mulheres grávidas enfrentam maior risco de
infestações por ancilóstomos, que foram relacionados ao
baixo peso de nascimento e crescimento prejudicado.
Estudos no Haiti mostram que boa higiene e água boa
abundante reduzem esses riscos 33. Um recente estudo
OMS/UNICEF também realça o fato de que acesso a
abastecimento adequado de água de qualidade boa para
mulheres grávidas é vitalmente importante para protegê-las
de doenças sérias como hepatite 25.
12
Relatório Indicativo
q Na Tanzânia, uma maior disponibilidade de água durante e
depois do parto reduziram infecções pós-natais. O trabalho
de parteiras tradicionais como de Mdala Rhoda na aldeia de
Songambele, na Tanzânia, tornou-se mais fácil e mais efetivo
com a possibilidade de reabastecer sua provisão de água17.
q Um estudo do Sri Lanka e da Malásia descobriu que
reduções nas proporções de mortalidade materna e doenças
transmissíveis estavam fortemente relacionadas a melhorias
gerais de saneamento. Programas de Governo de
desenvolvimento humano na Malásia, destinados a grupos
vulneráveis, estavam baseados numa sinergia de cuidado
médico com programas de educação, água e saneamento. O
envolvimento de mulheres foi importante e a igualdade de
gênero foi considerada uma prioridade. Como resultado, a
expectativa de vida feminina aumentou de 58 para 69 anos e
a mortalidade materna diminuiu em 70% 37.
Dar à luz em centros de saúde com água de beber e
saneamento inadequado e gerenciamento precário dos
resíduos médicos aumenta o risco de doença e morte para a
mãe e seu bebê 25. É, portanto, essencial que as novas mães
tenham acesso à água boa, porque existem conseqüências
sérias quando não a água está disponível.
q Na Etiópia uma mulher de Hitosa e seu bebê sofreram
efeitos severos devido à falta de água que durou os três dias
que se seguiram ao nascimento da criança. Por causa disso,
ela não pôde receber um fluido especial que as mulheres
bebem após o parto, o qual tem efeitos benéficos contra
infecção para as mães e seus bebês, nem pôde se lavar ou
lavar o bebê 17.
2.2.2 A Segurança das Mulheres
Anos gastos levando água por distâncias longas podem
resultar inevitavelmente em dano físico às costas e pescoço, já
que as cargas são geralmente muito pesadas.
q Nas áreas rurais do Tibete, existe o “tanque de costas
felizes” – tapstand- que é uma adaptação do tanque
tradicional com uma prateleira na altura da cintura e uma
torneira extra mais alta adicionada. A água pode escoar fora
da prateleira inclinada no avental no nível do chão. Isso
permite às mulheres encher e levar de 15 a 20 litros de jarras
de metal de água, sem dobrar a cintura. Também serve para
pessoas que têm dificuldade de se curvar e aquelas com dor
lombar. Mulheres informam que este projeto melhorou a
qualidade de vida delas já que a tarefa de levar água é agora
bem menos difícil 38.
Agressão física e estupro também são riscos reais enfrentados
por mulheres que buscam água em um lugar isolado ou,
durante a noite, em um lugar retirado para fazerem suas
necessidades fisiológicas. Onde existe água em pouca
quantidade, as mulheres podem ser intimidadas na tarefa de
buscar água.
2.2.3 Deficiência e mulheres
Mulheres e homens deficientes se beneficiam diretamente das
inovações relacionadas ao uso de água e esgotamento
sanitário. Os exemplos abaixo mostram que os efeitos dessas
mudanças são que eles podem lavar e atender às suas
necessidades sem ajuda; eles ficam menos limitados e podem
contribuir para o sustento da família e, assim, há impactos
benéficos para elas próprias e mais amplamente para a família.
q Reciprocamente, uma oferta mais abundante de água, na
Tanzânia, teve como resultado que as mulheres não foram
expostas a molestamentos e abusos pelos donos dos
poços17.
Acessar algumas fontes de água pode ser por si só perigoso.
q No Quênia, Nakwetikya, uma mulher Masai de 60 anos,
beneficiou-se de uma fonte de água nova já que ela não tem
mais que descer até os poços abertos muito perigosos que
são os meios de ter acesso à água. A irmã dela foi esmagada
até a morte quando um poço desmoronou, deixando para
Nakwetikya a responsabilidade de criar as quatro crianças da
irmã. Antes das melhorias, a cólera era uma ocorrência anual
e a incidência de diarréia era alta, com mortes freqüentes de
crianças. Três das crianças de Nakwetikya morreram assim39.
q A Sra. Rong Ry é uma usuária de cadeira de roda, paralisada abaixo da cintura. Ela tem 34 anos e vive com seu
marido e suas crianças em uma aldeia rural na Província de
Siem, Camboja. A família construiu uma área de banho escondida para Sra. Rong, feita de folhas de palmeira e de plástico
com uma armação de bambu, com uma porta de plástico. É
grande o suficiente para uma cadeira de rodas manobrar
dentro e tem um banco para o banho e um recipiente de
armazenamento de água (para coletar a água de chuva).
Permite a Sra. Rong se transferir de sua cadeira de rodas para
o banco e lavar-se sozinha e ainda lavar sua roupa. Antes
dessas inovações, a Sra. Rong ficava no andar superior da
casa, não podia mover-se pela casa e sofrendo com escaras.
Nessa época, dependia do marido para seu cuidado pessoal40.
q A Sra. Annette Bugirwa Nalukwago é cega e vive com
suas crianças no Distrito de Mubende, em Uganda. As
instalações de abastecimento de água e de banho da família
Relatório Indicativo
13
q Shathi, 9 anos, vive com os pais e três irmãs em um
quarto, numa área de favela em Dhaka, Bangladesh. Devido
à paralisia cerebral não pode ficar de pé ou caminhar, mas
pode sentar-se com apoio. Sua mãe, Sra. Rasheda,
diariamente, passa muito tempo tomando conta dela e tem
que lhe ajudar a ir ao banheiro em uma vala atrás da casa,
apoiando sua filha o tempo todo. Shathi agora tem uma
cadeira higiênica de metal (para portadores de paralisia
cerebral) que tem um assento plástico especial para banheiro
(e anteparo lateral fixo proporcionando segurança contra
quedas) e ela pode sentar-se agora sem apoio e adquiriu
alguma privacidade. A cadeira e suas partes são duráveis e
fáceis de limpar. Para a Sra. Rasheda, a cadeira higiênica de
banheiro significa que ela gasta menos tempo, energia e
esforço do que antes prestando cuidados básicos à sua filha.
Ao invés disso, ela tem tempo para levar Shathi ao centro de
terapia e seguir com o trabalho doméstico, inclusive plantar
legumes para a família e vendê-los para fazer um dinheiro
extra 40.
Resumo
Colocar mulheres no centro de melhorias WASH (água,
esgotamento sanitário e higiene) leva à melhor saúde e
bem-estar de mulheres porque:
q a gravidez é mais saudável;
q a experiência de parto é melhorada;
foram modificadas para permitir que faça uso dessas
instalações de forma independente.. Dois postes de madeira
marcam o local do tanque de água pluvial que ela pode achar
com sua bengala branca. Além disso, uma torneira baixa
permite colocar um recipiente no chão enquanto está
enchendo. A Sra. Nalukwago tem seu próprio banheiro com
um lugar para balde, bacia e toalha que ficam fáceis para ela
achar. A família inteira foi beneficiada pela nova
independência vivenciada pela Sra. Nalukwago. No passado,
alguém tinha que ficar com ela para ter certeza de que estava
segura. Mrs. Nalukwago agora pode contribuir com a família
cozinhando enquanto eles trabalham nos campos e buscam
água para a criação doméstica 40.
q A Sra. Pethayee vive em Ponnusangampatti, Tamil Nadu,
Índia. Ela tem dificuldade de caminhar devido à poliomielite.
Wash Partners Internacional tornou isso possível ao instalar
um banheiro de estilo ocidental em vez de uma latrina de
agachar, no estilo tradicional, que provou ser mais fácil para
ela usar. O banheiro melhorou a qualidade de vida dela e
tornou sua casa um lugar mais saudável 41.
Cuidar dos indivíduos portadores de deficiência dentro da
casa recai naturalmente sobre a mulher. Quaisquer medidas
e intervenções que possam ajudar a pessoa inválida no seu
uso de água e instalações de esgotamento sanitário
também tornam mais fácil o trabalho de quem cuida.
14
Relatório Indicativo
q a morbidade e mortalidade materna são reduzidas;
q mulheres sofrem menos danos físicos por
constantemente levantar e portar cargas pesadas;
q mulheres são expostas a um risco menor de assédios
físicos e sexuais;
q mulheres não precisam colocar-se em situação de risco
para chegar à fonte de água;
q o papel de cuidadora dos inválidos torna-se menos
oneroso;
q a experiência dos portadores de deficiência de melhoria
em sua higiene pessoal, saúde e independência.
2.3 Uma Grande Questão: A Freqüência
das Meninas na Escola
As doenças relacionadas à água e saneamento básico podem
afetar o desenvolvimento físico e mental das crianças. As
doenças também impedem sua ida à escola. Na realidade,
muitas escolas no mundo em desenvolvimento contribuem
para a saúde ruim delas já que freqüentemente oferecem
condições sanitárias pavorosas.
q O Projeto de Abastecimento de Água e Esgotamento
Sanitário Rural do Banco Mundial teve como objetivo melhorar
a freqüência escolar de meninas no Marrocos, através da
redução das suas obrigações tradicionais de buscar água. Nas
seis províncias envolvidas, a freqüência escolar aumentou
cerca de 20% a mais em quatro anos, atribuído em parte ao
menor tempo gasto nessa tarefa. Acesso adequado à água,
reduziu em 50 a 90% o tempo gasto com buscar água 44.
Dos 120 milhões de crianças em idade escolar que não
freqüentam escola, a maioria é de meninas. No nível regional,
isso significa que 41% de meninas em idade escolar, do
ensino fundamental, que não estão matriculadas no Mundo
vivem no Sul da Ásia e, 35%, vivem na África Subsaariana. O
efeito dessa falta de escolarização é que dois terços dos
analfabetos do Planeta são mulheres 42. É assim, apesar do
fato que o analfabetismo feminino mundial caiu de 32.6% em
1998 para 29.9% em 200243.
Classificação
do País
Baixa-renda
Relação entre matrículas femininas e masculinas no ensino
fundamental e médio
(%)
1990
2000
Leste Asiático e Pacífico
83
97
Oriente Médio /
Norte África
79
95
Sul da Ásia
68
79
África Subsaariana
79
82
Fo n te: Re la tó ri o de D ese nvo l vi men to Mu ndi al 2 0 0 4, Ba nco
Mundial .
A tabela acima mostra o nível de desigualdade entre as
proporções de meninos e meninas que vão à escola. Isso
pode ser atribuído em parte à falta de oferta de água boa e
esgotamento sanitário seguro no nível da comunidade.
Meninas, igualzinho às suas mães, têm responsabilidade
prioritária de proporcionar para a família água suficiente para
satisfazer ás suas necessidades diárias para beber, lavar e
cozinhar. Isso toma tempo que as meninas poderiam estar
passando na escola. A equação é simples - quando as
mulheres e meninas tiverem acesso fácil a uma fonte de
água boa, menos tempo escolar é perdido buscando-se
água 28. Existem muitas indicações que confirmam essa
relação.
q A freqüência escolar das meninas subiu desde a
introdução de pontos de água em quatro comunidades em
Arappalipatti e Panjapatti, Índia, o que em troca, aumentou a
alfabetização de mulheres 17.
q O Projeto Ponnuansangampatti em Tamil Nadu, Índia,
apoiado por WaterPartners Internacional, incluiu a
construção de latrinas, instalar bombas manuais novas e
cavar poços. S. Ganhamani pegou um empréstimo do
Fundo de Empréstimo WaterPartners para fazer uma
instalação de torneira na sua casa. Isso significou que ela
agora tem água para o jardim e pode fazer uma boa renda
com plantio de bananas o que acrescenta cinco semanas de
s a l á r i o s à s ua r e nd a a nu a l . E l a t e m m a i s t e m p o p a r a t r a b a l h o
produtivo e pode enviar sua filha à escola 45.
Estudantes femininas podem ser desencorajadas a
freqüentar a escola se não houver nenhuma instalação
separada de banheiro e água limpa. Isso é especialmente
importante para jovens mulheres púberes e menstruando.
Descobriu-se que, onde estes são ofertados, a matrícula
escolar aumenta e as taxas de evasão caem 46.
q Na área rural do Paquistão, mais que 50% de meninas sai
fora da escola na 2ª ou 3ª séries porque as escolas não têm
latrinas 47.
q Uma avaliação em 20 escolas na área rural do Tajikistan
revelou que todas as meninas escolhem não assistir às aulas,
quando estão menstruadas, já que não há nenhuma
instalação (de banheiro) disponível 48.
q Em 1999, na aldeia nigeriana de Bashibom, foram
instalados poços artesianos, bombas manuais e latrinas
individuais para meninos e meninas. Um Clube Escolar de
Saúde Ambiental também foi criado, promovendo o
comportamento higiênico nas casas. Até 2001, lavar as mãos
tinha aumentado em cerca de 95%, com 90% tomando
banho e escovando dentes regularmente. A freqüência
Relatório Indicativo
15
escolar, especialmente entre meninas, aumentou, assim
como a saúde, em geral, e o estado nutricional da
comunidade 49.
q O Grupo das Mulheres de Kenera, no Quênia, levantou
dinheiro para conexões de água e higiene e programas de
promoção de saneamento nas escolas. As meninas já não
têm que viajar longas distâncias para buscar água, resultando
em aumento crescente na freqüência escolar 12.
Finalmente, o recrutamento e manutenção de professoras
também são afetados por falta de serviços e, uma escola boa
para se estar empregada é, freqüentemente, definida como
onde se tem ou não acesso a banheiros. As professoras
também são sobrecarregadas com a tarefa de buscar água o
que pode inibir seu trabalho e ainda com o cuidado com os
doentes decorrentes da água, esgotamento sanitário e
higiene inadequados. WaterAid dá conta de que desde seus
programas de água boa na Índia, Tanzânia e Gana, as
professoras com mais probabilidades aceitam postos em
áreas que eram antigamente difíceis para se recrutar 17.
Resumo
Por mulheres no centro de melhorias relacionadas à
programas WASH resulta em mais meninas
freqüentando a escola porque:
q elas já não têm que viajar distâncias longas para buscar
água para suas famílias, portanto dando-lhes tempo de
ir à escola;
q onde as escolas têm água limpa e instalações
separadas de banheiro para meninas, é mais provável à
ida escola;
q meninas em período menstrual podem lidar com isso de
um modo discreto, poupando-se do embaraço público
e reduzindo o número de meninas forçadas à evasão
escolar;
q é mais fácil recrutar e manter professoras se as escolas
têm água boa e esgotamento sanitário.
Nakwetikya, da aldeia de Ndedo, na Tanzânia 50, descreve
como as mulheres eram vistas antes de estarem ativas no
comitê de água:
“Três anos atrás, antes de formarmos um comitê e nos
prepararmos como uma comunidade para fontes de água, os
homens viam as mulheres como animais”. Penso que achavam
que éramos como morcegos voando ao redor deles. Eles não
tinham nenhum respeito e nenhum deles lhe permitia falar ou
escutar o que você tivesse a dizer. Quando eu me levanto
agora numa reunião de grupo, eu não sou um animal. Sou uma
mulher com uma opinião válida. Fomos encorajadas e treinadas
e a comunidade inteira aprendeu a nos compreender…
Oh, quando olho para trás e vejo como nos sentíamos
péssimas. Era tratada como um burro que serve apenas para
carregar bagagem o tempo todo. Ou um pedaço de papel,
como um lixo ao vento. Posso assegurar, entretanto, que se
você voltar alguns anos verá que as mulheres serão as líderes
dessa aldeia. Isso trará muitos benefícios para todo mundo!”
Devido ao trabalho de um grupo de Pesquisa de Ação
Participativa funcionando na aldeia de Hoto, Baltistan, no
Paquistão, é que permitiu que mulheres se reunissem para
desenvolver estratégias destinadas a resolver o problema de
água para beber. Embora as mulheres seguissem uma forma
rígida de purdah, puderam fazer as suas idéias sobre a solução
mais apropriada serem conhecidas - que era contrária a
sugerida pelos homens da aldeia. Quando as sugestões foram
adotadas como a medida com melhor custo-benefício, a
posição das mulheres e seu envolvimento começaram a mudar
de completamente passivas a ativas participantes na
comunidade. Desde então exigem educação sobre práticas de
higiene para mulheres, e arrecadam dinheiro nas casas para a
operação e manutenção do sistema de abastecimento de
água. O efeito considerado mais significativo foi o de que elas
agora estão enviando suas filhas à escola para serem
educadas 51..4.1
2.4.1 Mulheres como exemplos positivos
2.4 Uma Grande Questão: A Posição da Mulher
Mulheres que exercem um novo papel no planejamento,
concepção e execução de intervenções de água,
esgotamento sanitário e higiene freqüentemente acham que
essa é uma experiência promove seu empoderamento. Tanto
as mulheres interessadas e como a comunidade mais ampla
de mulheres podem ser vistas sob um novo aspecto , tendo
habilidades e potencial que anteriormente lhes foram
negados. Essa melhoria geral na posição dentro da casa e na
comunidade abre várias oportunidades para mulheres,
incluindo meios diferentes de geração de renda e, às vezes, a
possibilidade evoluir para ocupar outras funções públicas e
influentes.
16
Relatório Indicativo
Mulheres envolvidas ativamente no gerenciamento de recursos
hídricos podem servir como exemplos positivos para outras
mulheres da comunidade:
q Woiz Yaleme é casada e com quatro filhos. Ela é a
presidente e membro ativo do Grupo de Gênero Kebele (KGG)
em Kebele, Etiópia, que é composto de três mulheres e dois
homens. No princípio ela sofreu muita oposição da
comunidade e dos parentes pelo seu envolvimento. Com o
tempo diminuiu a oposição e, agora, ela é vista como uma
mulher campesina “modelo”, em termos de seu trabalho
doméstico e da horta jardim produtiva - que são o resultado de
um poço que ela e o marido cavaram para fins de uso na
irrigação 52.
agora com mais poder e os homens reconheceram a
quantidade de tempo alocada para buscar água e têm
começado a dividir essa função 55.
Foram projetados programas de intervenção para atender às
necessidades e elevar a posição das mulheres em regime de
purdah.
q Shanti Bhut é uma mulher casada, de 21 anos, no Baitandi,
na região ocidental mais distante do Nepal, que se tornou
vice-presidente representante de gênero e casta do Comitê de
Usuários de Água e Esgotamento Sanitário e treinada para ser
vigilante da manutenção sendo remunerada. Disso, ela
progrediu para tornar-se vice-presidente de um NEWAH, um
comitê diretor promotor de crédito orientado para gênero.
Suas habilidades e talento para ganhar uma renda
independente significaram que ela é motivo de orgulho para
parentes e é referida como um modelo positivo dentro da
comunidade 53.
q Em Visayas, nas Filipinas, o reconhecimento das
habilidades em administração recentemente adquiridas pelas
mulheres e o treinamento que elas receberam para novas
tarefas lhes deram maior autoconfiança e conquistaram o
respeito da comunidade. Elas agora são consultadas sobre a
concepção dos sistemas de abastecimento de água e latrinas
e se sentem “parceiras no desenvolvimento” em lugar de
simplesmente “objetos de decoração” 54.
Algumas mulheres que tiveram envolvimento inicial em
projetos WASH (água, esgotamento sanitário e higiene)
aumentaram suas áreas de responsabilidade e de influência,
como vimos com Shanti acima.
q Acord, uma organização de mulheres da Tanzânia, tem
trabalhado com a autoridade local de governo - em duas
áreas no município de Geita - para identificar fontes de água e
participar das análises de padrões de uso da água, na
comunidade. No começo do projeto, as fontes de água
vinham diminuindo com o passar do tempo e as mulheres
competiam com vendedores de água por aquelas fontes que
ainda existiam. Os comitês de água eram dominados por
homens, embora as mulheres fossem responsáveis por
buscar a água para usos domésticos. Foram formados novos
comitês de água, 40% dos quais formados por mulheres. Isso
fez com que as mulheres solicitassem treinamento em
gerenciamento da água, esgotamento sanitário e higiene. Essa
participação foi um trampolim para outras oportunidades de
se engajarem com assuntos de desenvolvimento local
relacionados à educação e ao meio ambiente de sua rua, do
bairro e da cidade. Por causa disso, as mulheres se sentem
q Em Dindima, Estado de Bauchi, na Nigéria, a falta de
esgotamento sanitário para turistas implicava, devido à
geografia do terreno, no carreamento das fezes para as casas
de muitas famílias durante as chuvas, fazendo as crianças
doentes. Devido ao purdah as mulheres não podiam também
chegar até a água e instalações de esgotamento sanitário fora
dos seus quintais. As mulheres pediram que estes problemas
fossem resolvidos e, através de um esquema de micro-crédito
e com o apoio da WaterAid, latrinas públicas foram
construídas. Os poços cavados à mão dentro dos quintais das
famílias também foram melhorados e recuperados para
fornecer água com segurança. As mulheres receberam
treinamento em fabricação de sabão; os lucros dessa
produção vão para quatro centros de alfabetização de adultos
da cidade para atender as mulheres em isolamento (purdah)56.
Existem programas especificamente projetados com o objetivo
de envolver as mulheres como o Projeto das Águas de
Nouadhibou, na Mauritânia, que é coordenado pela
Associação de Mulheres Médicas e Dentistas na região do
Sahel. A Associação oferece programas de treinamento para
mulheres em qualidade de água, gerenciamento e uso da água
na agricultura, provendo apoio para sistemas de gotejamento e
sistemas de irrigação por aspersão. Foram instalados
bebedouros automáticos em escolas, o que ajudou para que
as crianças compreendessem o valor da água para a saúde.
Como parte do programa, as alunas mais velhas são
escolhidas como exercem o papel de referência para o
controle de qualidade da água e das operações e manutenção
dos sistemas.
Relatório Indicativo
17
q Na ilha de Hispaniola, na República Dominicana, o número
de mulheres envolvidas em projetos WASH (água,
esgotamento sanitário e higiene) aumentou. Problemas
causados pela falta de água foram identificados pelos grupos
de mulheres rurais que trabalham com o MUDE (Mulheres em
Desenvolvimento). Esses incluíram questões da saúde e do
bem-estar das suas famílias, falta de acesso à educação das
crianças que precisam ir buscar água, higiene pessoal pobre e
o custo de medicamentos para tratar doenças de veiculação
hídrica. As mulheres geralmente sabem mais sobre esses
assuntos do que os homens, pela experiência cotidiana de
manter uma família. Freqüentemente as intervenções
acontecem em comunidades pequenas, isoladas - aonde
programas de governo não chegam - usando tecnologias
apropriadas como sistemas de gravidade, bombas de aríete e
energia solar, com uma rede de distribuição para prover uma
torneira em cada casa. Os efeitos positivos sobre a saúde e
bem-estar da comunidade reduzem as solicitações feitas às
mulheres como cuidadoras dos doentes, como carregadoras
de água e lhes oferece mais oportunidades de ganhar dinheiro.
Algumas mulheres entraram para a política local ou resolveram
estudar, enquanto outras ganharam autoconfiança necessária
simplesmente para negociar suas próprias necessidades 57.
A falta de esgotamento sanitário adequado e de práticas de
higiene apropriadas arruína os benefícios relativos de se ter
abastecimento seguro de água na comunidade. As mulheres
têm um papel crucial de influenciar no comportamento das
crianças pequenas, e os homens podem com respeito à
higiene - e devem - também servir como exemplos nessa luta.
2.4.2 Mulheres como trabalhadoras qualificadas
Existem muitos exemplos onde as mulheres são diretamente
envolvidas nas operações técnicas e gerenciamento de
serviços de água e esgotamento sanitário, o que exige um
certo nível de treinamento e perícia. Novamente, confrontar
papéis específicos de um gênero como tal ajuda a mudar
percepções tradicionais sobre a posição das mulheres,
habilidades e capacidades desempenhadas pela comunidade,
pela família e, às vezes, até mesmo pelas próprias mulheres.
q Coordenado pela CARE - El Salvador, o Projeto Água
começou em 1999, direcionado às questões de gênero e
bacias hidrográficas. Promoveu a formação de lideranças entre
mulheres, encorajando-as a participar no Conselho de
Administração de vários sistemas de águas e treinando-as
como Produtoras Comunitárias, Promotoras e Gerentes de
pequenas empresas. Ana Victoria Mejia teve um papel
importante nesse projeto e seu trabalho causou um efeito
positivo em 24 bairros. As mulheres adquiriram conhecimento
e habilidades tecnológicas agrícolas e têm executado tarefas
que previamente eram consideradas executáveis apenas por
homens 24.
18
Relatório Indicativo
Adaptar funções para mulheres nem sempre acontece sem
oposições, se for visto como contrário aos estereótipos
culturais tradicionais:
q O Programa de Abastecimento de Água e Esgotamento
Sanitário para as Comunidades da Austrália e Timor Leste
está comprometido atualmente com a promoção da
participação das mulheres nas atividades de água e
esgotamento sanitário, embora isso não seja aceito
amplamente ou promovido pelas ONGs participantes. A
cultura local não vincula o papel das mulheres com
processos de tomada de decisão ou com a aquisição e uso
de habilidades técnicas, já que essas tarefas são atribuídas
tradicionalmente a homens. Porém, algumas exceções
existem. Em Daralari, mulheres assumiram os papéis de
conselheira, trabalhadora de saúde e secretária e todas elas
são expressivas e ativas nesses papéis. Na Aldeia Dilai,
distrito de Bobonaro, as mulheres têm assumido tarefas
técnicas como construir banheiros - o que envolve cavar
covas fundas, misturar cimento, etc. Isto só acontece porque
os homens não estão por perto para fazê-lo, pois
normalmente não seria tolerado 58.
Existem muitos exemplos nos quais as mulheres são
treinadas e trabalham em bem sucedidos empregos técnicos,
por exemplo, como vigilantes de bombas manuais.
q Bombas manuais foram dadas aos moradores de aldeias
da Krishnarayapuram Panchayat Union no Distrito de
Tiruchirappali, Índia. Sirumbayi, uma mãe de 33 anos de
idade com três filhos, foi treinada como vigilantes de bombas
manuais. Ela é de uma castas social mais baixa, previamente
proibida de tocar em fontes de água. Neste caso, a posição
dela como mulher subiu, primeiramente executando um
trabalho técnico, mas além disso, apesar da posição de sua
casta, lhe permitem agora pegar água 17.
q Na Guiné-Bissau, as mulheres foram recrutadas como
mecânicas para manutenção das bombas manuais e agora
são preferidas aos homens, já que elas são menos inclinadas
a buscar renda em outro lugar 59. De 177 mecânicos de
bombas, 98 são mulheres; 53% dos membros de comitês de
pontos de água na Guiné-Bissau são mulheres, das quais
20% têm funções administrativas que vão além daquela sua
tarefa tradicional de limpar em volta da bomba, apesar da
oposição inicial 60.
q Inicialmente, na Índia, embora as mulheres não tenham
sido aceitas como mecânicas para o (Projeto) Índia Mark II de
Bomba Manual, elas ganharam uma reputação por serem
eficazes, habilidosas e confiáveis 61.
Emprego técnico pode ser o meio para que mulheres se
tornem auto-suficientes quando não tenham nenhum parente
homem para sustentá-las e às suas crianças. Janaki Karki,
uma mulher nepalesa de 34 anos, casada, foi selecionada
para ser treinada como pedreira em um novo projeto de água
para beber, educação em higiene e esgotamento sanitário. O
marido a tinha abandonado, depois de arranjar sua segunda
esposa e ela era então a única ganhadora de pão para seus
dois filhos. Embora analfabeta, Janaki tira medidas para
construção das estruturas e alicerces para latrinas, pode
instalar tanques e constrói lajes e vigas. Apesar da oposição
dos pedreiros que não quiseram trabalhar ao lado de
mulheres, ela é uma pedreira qualificada e bem sucedida.
Conseqüentemente desenvolveu mais autoconfiança e é
capaz de sustentar suas crianças sozinha 62.
Resumo
Colocar mulheres no centro de melhorias de WASH
(água, esgotamento sanitário e higiene) leva à melhoria
na posição delas porque:
q elas são reconhecidos como tendo habilidades e
conhecimento que estão fora do escopo dos papéis
tradicionais;
q elas fortalecem sua voz na família e na comunidade para
negociar suas próprias necessidades;
q elas ficam confiantes o bastante para assumir papéis de
liderança públicos mais desafiadores de liderança;
q a relação delas com homens torna –se mais justa;
q elas tornam-se um exemplo positivo para outras
mulheres na comunidade;
q as mulheres desafiaram os estereótipos de gênero com
sucesso, especialmente, os papéis de liderança e os
técnicos;
q mulheres são percebidas como melhores trabalhadores
técnicos do que homens;
q são apresentadas oportunidades de emprego, maior
autonomia e independência;
q o sucesso baseado no envolvimento de mulheres pode
levar a mudanças de atitudes tanto das mulheres como
dos homens.
2.5 Uma Grande Questão: gerando renda
O tempo é um recurso importante. Geralmente o tempo das
mulheres fica prolongado pela carga dobrada tanto de
cumprir o trabalho doméstico e o esforço econômico. No
Nepal, mais de 75% das mulheres trabalham na agricultura
contra 48% de homens. Na casa, essas mulheres executam
também todas as tarefas domésticas em 99% de domicílios
e 94% delas carregam toda a água 54.
Onde não há nenhuma fonte de água adequada, uma
grande parte do tempo é gasta caminhando longas
distâncias. Mulheres africanas e asiáticas caminham uma
média de 6km a cada viagem para buscar água 17. Um
estudo do UNICEF de 2002 - feito em domicílios rurais de 23
países subsaarianos - descobriu que um quarto das
mulheres passou de trinta minutos a uma hora cada dia,
pegando e levando água e,19% gastou uma hora ou mais 63.
Em Mile Gully, Jamaica, as mulheres gastam, em média entre
duas a cinco horas diariamente levando água. Além disso,
tempo é gasto para ir ao rio lavar roupa e, em média, lava-se
três dias na semana 64.
Oferecer fontes de água locais libera tempo para as
mulheres e proporciona oportunidades diretas e indiretas de
se ocuparem em atividades que geram uma renda 65. As
oportunidades diretas são as que permitem às mulheres
desenvolver aspectos particulares de geração de renda que
precisam do abastecimento de água, como preparar bebidas
fermentadas ou lavar roupa. Oportunidades indiretas são
aquelas que se abrem às mulheres já que elas têm mais
tempo devido aos benefícios de um abastecimento de água
conveniente que reduz a carga de se buscar água e torna
tarefas domésticas mais fáceis e mais rápidas de concluir.
2.5.1 Gerando renda da água
Mulheres ao redor do mundo chamaram a si as questões
devido aos preços altos que freqüentemente pagam pela água
e montam por conta própria seus pontos autorizados de venda
de água. Isso aconteceu em bairros de baixa-renda em
Honduras, Burquina Faso e Quênia. Os resultados foram um
Relatório Indicativo
19
q Grupos de mulheres no Senegal foram beneficiadas com
empréstimos levantados da venda de água de poços
comunitários, para montar empreendimentos como a venda de
fruta, legumes e amendoim 68.
preço fixo mais justo para a água, emprego para mulheres que
consertam esses pontos, e os lucros que contribuem para
financiar projetos locais das comunidades. Existem outros
exemplos de mulheres no México, Quênia e Brasil que tiveram
a iniciativa de organizar seu próprio abastecimento de água ou
conexão à rede municipal66.
Às vezes, mulheres podem ganhar a vida apoiando de algum
modo a melhoria dos serviços. Os casos já citados das
vigilantes das bombas manuais e outras trabalhadoras
administrativas ou técnicas são exemplos disso.
q Grupos de Mulheres trabalham com um programa da
UNICEF em Nyakitunda, Uganda que promove o
aproveitamento de água da chuva e treina as mulheres em
todos os aspectos técnicos, de administração e de
comercialização associados. Com a ajuda do UNICEF e do
financiamento para terrenos e instalações, as mulheres fazem
e vendem recipientes de coleta de água de chuva e bacias
sanitárias de chão. O esquema de coleta de água de chuva
geralmente significa que as mulheres têm mais tempo para o
trabalho doméstico e para cuidar dos cultivos e que suas
filhas provavelmente irão à escola66.
q Desde que subsídios estatais foram usados em Bangladesh
para instalar poços artesianos com bombas mecanizadas, as
mulheres se tornaram vendedoras de água diretamente
beneficiadas financeiramente da tecnologia nova 67
Uma fonte de água boa pode proporcionar oportunidades
geradoras de rendas adicionais em atividades que requerem
água abundante e de qualidade, como preparação de bebidas
fermentadas, ter uma casa de chá e lavar roupa 54. Tais
comércios podem tornar-se uma fonte de renda segura e
sustentável para mulheres:
q Em Gana, as oleiras tiveram tempo e recursos para
aumentar sua produção e comercializá-la devido aos serviços
melhorados de água. Água também está disponível agora
para a produção de refrigerante à base de noz de cola e
processamento de óleo de palmeira e para destilar
Akpeteshie, uma bebida alcoólica local 17.
20
Relatório Indicativo
q A Associação de Mulheres Autônomas (SEWA)- composta
de 215.000 mulheres autônomas pobres - lançou uma
campanha de água de dez anos em nove distritos de Gujarat,
Índia. Comitês de bacia foram estabelecidos, sendo, pelo
menos sete - dos onze membros - mulheres, mais uma
presidente. Os resultados incluíram a construção de 15
tanques de cultivo, e a recuperação de 120 poços de tubo.
Além disso, foram consertados 20 tanques, três barragens de
contenção recuperadas e abertos 15 poços. Como resultado
da terra mais produtiva, mulheres puderam ser beneficiadas
pelas crescentes colheitas lucrativas, do plantio de árvores e
outras formas de emprego do cinturão verde da cidade 54.
q O programa de poços de tubos profundos do Banco
Grameen e da Fundação Grameen Krishi, de Bangladesh, foi
direcionado a unir eficiência agrícola com o empoderamento
das mulheres. Trabalho agrícola proporciona às mulheres mais
renda do que suas áreas tradicionais de trabalho. Esquemas
de irrigação melhorados conduziram a aumentos na renda das
mulheres, ao mesmo tempo dando lhes mais confiança e
reduzindo sua dependência dos homens, apesar de alguma
perda de posição por infringir normas do purdah 69.
q O Projeto Piloto de Compartimentalização em Tangail,
Bangladesh, foi implementado sob o Plano de Ação de
Enchentes e a participação de mulheres incorporada em todas
as fases das atividades do projeto, inclusive tomada de
decisão, manutenção, construção e outros trabalhos
operacionais. Aquelas que trabalharam em manutenção de
diques durante vários anos puderam comprar terra e construir
casas. Rahela Khatun, uma divorciada, comprou terra para
construir uma casa. Como líder do grupo dos trabalhadores de
manutenção de diques, ela tem o respeito das pessoas locais,
recebendo valores de pagamento semelhantes aos dos
homens e tirando proveito de um esquema de poupança. Rina
Gegum, da aldeia de Bhurbhuria, precisava ganhar dinheiro
porque seu marido ficou paralítico, e foi treinada num projeto
de (construção de) talude para manejo de recursos hídricos.
Os benefícios para ela do projeto foram produção de colheita
melhor e durante o ano todo teve água em seu açude. Ela
montou uma granja de aves e agora tem uma casa bem
abastecida. Rina Gegum alega que o projeto não só lhe deu
uma fonte de renda, mas também força mental e uma vontade
para tomar parte no processo de liderança que a fez ganhar o
respeito da comunidade 70.
Os benefícios para mulheres de estarem num emprego ou do
trabalho autônomo são claros, como descrito acima. Também
estão associados a outros benefícios como a melhoria de sua
posição, segurança financeira e confiança.
2.5.2 Com mais tempo para ganhar
Uma considerável economia de tempo tem um efeito
significativo na qualidade de vida das mulheres:
q Na Etiópia, projetos comunitários de gerenciamento integrado de recursos hídricos, esgotamento sanitário e higiene,
aumentaram a quantidade de água disponível para usos
domésticos de menos de 10 litros por dia, por pessoa, para 18
a 22 litros. A quantidade de tempo que as mulheres gastam
trazendo água para a família diminuiu de em torno de oito
horas para entre cinco a vinte minutos. As mulheres
informaram que suas tarefas domésticas são mais fáceis de
executar agora que a quantidade de água usada não está tão
severamente limitada17.
Nos exemplos abaixo, mulheres mostram grande desenvoltura
e energia descobrindo usos alternativos para seu tempo livre.
Os impactos dessas atividades variam entre renda aumentada,
maior igualdade no matrimônio e habilidade para economizar
dinheiro:
q A Sra. Gamma tem 48 anos e seis filhos. Ela é membro
fundadora do Comitê do Projeto de Água Lifuwu financiado
pelo WaterAid na aldeia de Lifuwu, Área de Kuluunda, Salima,
no Malauí. Instalações antigas de água estavam restritas a um
poço desprotegido que foi substituído pela água boa de uma
bomba manual mantida pela comunidade. Mulheres informam
que gastam menos tempo com crianças doentes, têm mais
tempo para trabalhar a terra e, até mesmo conseguiram
construir uma escola nova. A Sra. Gamma tem planos para
usar o adubo das latrinas de cova para produzir colheitas
melhores que ela então pode vender. Ela sente que sua
relação com o marido é agora mais justa e está encorajando
ativamente outras mulheres a fazerem as mesmas mudanças71.
q Na Índia, a produtividade econômica das mulheres de
Gujarati foi aumentada com o tempo economizado devido a
um novo sistema de abastecimento de água. Um programa
adicional de apoio às mulheres para desenvolver trabalhos
manuais tratou dos obstáculos habituais dos empreendimentos
novos que são a falta de fundos e o acesso ao crédito72.
q As mulheres da Tanzânia dedicaram mais tempo a
atividades econômicas como trabalhar em lojas e salões de
chá, e vendendo seus produtos (amendoim, batatas, mandioca
e frutas) 17.
q Zeini Batti, uma viúva etíope, sentiu benefícios enormes
quando um ponto de água foi instalado, permitindo a ela gastar
tempo tecendo cesta e fazendo utensílios, e deste modo,
juntando alguma poupança 17.
Claramente, o tempo economizado levando água geralmente
não resulta em mulheres que sejam menos produtivas 17. Só a
natureza das tarefas muda. Raramente é traduzido em mais
tempo de lazer para mulheres, baseadas nos exemplos acima.
Um último caso sugere que mesmo assim, a qualidade de vida
ainda pode ser melhorada:
q A Organização de Desenvolvimento dos Países Baixos
(SNV), no Benin, está envolvida num programa para construir
poços fundos com bombas submersas (boreholes) financiados pela ONG belga PROTOS - que fornecem água
potável segura e, então, reduzem a pesada tarefa das
mulheres de buscar água. O impacto desses poços nas vidas
de homens e mulheres foi avaliado, e observou-se que as
mulheres ganharam tempo, e, então, aumentaram o tempo
trabalhando nos campos com seus maridos. Até mesmo com
esta carga de trabalho pesada, elas sentiram que a vida tinha
ficado mais fácil e havia uma valiosa compensação nisso que é
a colheita de melhor produção 73.
Resumo
Colocar mulheres no centro das melhorias WASH
(água, esgotamento sanitário e higiene) dá maior
oportunidade às mulheres de ganhar uma renda
porque:
q Um abastecimento de água conveniente libera tempo
que era usado para buscar água e concluir tarefas
domésticas árduas - esse tempo extra ficou disponível
para emprego produtivo.
q mulheres também gastam menos tempo com doenças
e cuidando dos que estão doentes.
q mulheres· podem desenvolver projetos individuais de
geração de renda que dependem de um abastecimento
de água.
q mulheres podem montar seu próprio abastecimento de
água local e ganhar uma renda apoiando estes serviços.
Relatório Indicativo
21
"A barreira principal para “água, esgotamento sanitário e higiene para todos” é uma falta de vontade
de aprender dos fracassos passados e escutar aqueles que abriram caminho com novas propostas” 74,
Existem muitas experiências que nos falam dos efeitos positivos que podem ser vistos quando os interesses e envolvimento das
mulheres forem centrais no planejamento e implantação de melhorias WASH (água, esgotamento sanitário e higiene). Os
exemplos vêm de uma gama extensa de fontes e locais ao redor do mundo, mas, o impacto fundamental é sempre o mesmo, a
intervenção é freqüentemente mais próspera e sustentável e o processo do empoderamento de mulheres é fortalecido,
resultando em muitas e variadas melhorias para a qualidade de vida das mulheres afetadas.
As mensagens fundamentais derivadas desse corpo de experiências indicam fortemente que os benefícios são sentidos não só
pelas mulheres e suas famílias, mas que também têm um impacto mais amplo da comunidade
MENSAGENS
Envolver mulheres em intervenções WASH provou ser
benéfico por:
q um aumento na taxa de sucesso dessas intervenções,
devido ao fato que as mulheres têm um bom conhecimento
sobre práticas locais para água e saneamento que, quando
incorporadas em programas WASH, resultam em melhoria
da saúde e qualidade de vida para a comunidade;
q melhor concepção, maior transparência e
responsabilidade dos projetos
Levar em conta as necessidades e preferências das
mulheres na promoção do abastecimento de água,
esgotamento sanitário e higiene resultou em:
q um aumento na freqüência e uma diminuição nas taxas de
evasão da escola para jovens mulheres, devido à oferta de
instalações de saneamento adequadas e separadas
q um aumento na taxa de educação e alfabetização das
meninas já que o acesso mais fácil ao abastecimento de
água e menos tempo gasto com familiares doentes permite
gastar mais tempo na escola
q promoção mais efetiva da higiene, quando as mulheres
usam atividades de grupo estabelecidas para alcançar outras
mulheres visando disseminar mensagens sobre boas
práticas de higiene
q reduções na mortalidade infantil e na morbidade e
mortalidade materna como resultado do acesso adequado
ao abastecimento de água, instalações sanitárias e melhoria
na higiene durante o nascimento das crianças
q promover mudança nos papéis tradicionais de gênero ,
contribuindo assim para o empoderamento de mulheres nas
comunidades, conduzindo-as aos papéis na comunidade
mais ativos em outros aspectos de tomada de decisão,
q melhor saúde para as mulheres e meninas que já não têm
que reter a defecação e urinação
q dar oportunidades às mulheres para fazerem uma valiosa
contribuição às suas rendas familiares e subsistência ou
ganharem independência financeira, como resultado de
serem liberadas dos constrangimentos causados pela falta
de segurança no abastecimento de água, esgotamento
sanitário e boas práticas de higiene.
22
FUNDAMENTAIS
Relatório Indicativo
q maior privacidade e dignidade para meninas e mulheres
particularmente quando sintomas associados com
menstruação, gravidez e parto podem ser administrados
discretamente
q menos problemas físicos em razão de levar e carregar
constantemente pesadas cargas de água;
q menos molestamento ou risco de ataque sexual e
segurança ampliada já que as mulheres e meninas não têm
que ir para os lugares remotos e perigosos para defecar ou
buscar água durante os períodos de escuridão
Parte 3.
Mensagens Fundamentais e
Recomendações
RECOMENDAÇÕES
As experiências por si só não provocarão mudanças. È necessário ações em níveis diferentes e por diferentes atores para trazer
melhorias mais significativas no setor e nas vidas de milhões de mulheres e meninas. As mensagens apresentadas neste relatório
têm que indicar o caminho à frente para aqueles que trabalham dentro e fora do setor ao defenderem mudanças e conceberem
atividades destinadas a alcançar as Metas de Desenvolvimento do Milênio. Conhecimento do que já provou ser eficaz é uma
ferramenta inestimável que, se usada sabiamente, aumenta substancialmente as chances de serem alcançados os objetivos
existentes.
Os próximos passos recomendados abaixo indicam que nós temos que fazer uma mudança de paradigma, trocando as velhas
práticas e atitudes de baixo para cima, por uma abordagem sensível a gênero e orientada às pessoas para assegurar que as metas
“WASH (água, esgotamento sanitário e higiene) para todos” sejam alcançadas.
AUMENTAR A PROMOÇÃO
q Apoiar promoção de mensagens chaves de WASH (água,
esgotamento sanitário e higiene) sobre envolver as mulheres
nas intervenções, destinadas a comunidades, ONGs,
organismos internacionais, governos nacionais, doadores e
outros interessados.
q Apoiar campanhas públicas de conscientização que
enfatizem a igualdade de gênero e promovam os papéis de
mulheres no planejamento, tomada de decisão e implantação
de programas de água, esgotamento sanitário e higiene.
q Engajar as mulheres líderes para servirem de exemplo para
outras mulheres e meninas e promover esforços para
popularizar assuntos de gênero em todos os níveis.
q Compilar e disseminar exemplos de programas bem
sucedidos, boas práticas e outros tipos de experiências
apropriados para demonstrar a importância de gênero e WASH
(água, esgotamento sanitário e higiene) para o desenvolvimento
sustentável, localmente e globalmente.
NOVAS ABORDAGENS PARA PROGRAMAS E PROJETOS
q Fortalecer gênero e WASH (água, esgotamento sanitário e
higiene) em todos os aspectos de trabalho relacionados às
Metas de Desenvolvimento do Milênio, encontrando maneiras
de encorajar o envolvimento genuíno de mulheres nas fases
fundamentais de planejamento e tomada de decisão, em lugar
de usá-las como símbolo de uma abordagem politicamente
correta.
q Incorporar a consciência sobre questões de gênero em
WASH (água, esgotamento sanitário e higiene) através de
capacitação, treinamento e uso de materiais de promoção em
todos os níveis dos setores de profissionais, gestores seniores,
funcionários, tomadores de decisão e pessoal técnico em
instituições em nível nacional e internacional. Deveriam ser
promovidos processos participativos sensíveis a gênero, que
empoderem as mulheres e também criem um ambiente onde
as mulheres e homens possam trabalhar juntos para alcançar
metas comuns.
q Implementar pesquisa de ação local para identificar os
temas centrais de cada país específico para apoiar qualquer
chamada futura para ação.
q Atender às necessidades práticas e estratégicas de
mulheres e homens para saneamento e higiene que diferem de
acordo com cultura, tradições, local e outros fatores
pertinentes.
q Canalizar esforços para divulgar saneamento e prover
mensagens de educação de higiene através de organizações
de mulheres, escolas e clínicas de saúde.
q Encontrar modos para quebrar a cultura do silêncio e tabu
que cercam e perpetuam os problemas de higiene menstrual,
pré e pós-natal que é responsável por uma proporção grande
dos problemas de saúde reprodutiva das mulheres.
WASH NAS ESCOLAS
q Assegurar que instalações sanitárias limpas e com água
segura e portas trancáveis, separadas para meninas e
meninos, estejam disponíveis nas escolas primárias e
secundárias.
q Assegurar que práticas de higiene e boa saúde sejam
ensinadas a meninas e meninos como assuntos obrigatórios
nas escolas.
q Envolver todas as crianças em idade escolar na promoção
de bom comportamento de higiene, agindo como "agentes de
mudança" nas escolas, casas e comunidades.
FINANCIAMENTO ESTRATÉGICO
q Alocar verbas e outros recursos, inclusive micro-crédito e
mecanismos inovadores alternativos de financiamento, para
organizações da sociedade civil e fornecedores em pequena
escala de água e saneamento particularmente os que são
sensíveis a gênero e que trabalham com mulheres como sócias
e em igualdade de condições.
q Facilitar a disponibilidade de crédito, particularmente para
mulheres para ampliar acesso à água de beber segura,
esgotamento sanitário adequado e para usos produtivos, e
ajudar aos empresários de pequenos negócios a melhorar a
oferta de serviços de água e saneamento adequados e gerar
renda disso.
ENVOLVER A MÍDIA
q Encorajar jornalistas e organizações de mídia, de países
desenvolvidos e em desenvolvimento, a oferecer maior
cobertura aos assuntos de gênero e apoiar esforços
destinados a relatos responsáveis, precisos e sensíveis a
gênero pelos meios de comunicação de massa.
Relatório Indicativo
23
Referências
1 Nações Unidas. (2005), What are the Millennium Development Goals? Ver:
http://www.un.org/millenniumgoals/
2 PNUD. (2005), Looking for Equality: A gender review of national MDG Reports, Bureau of Development
Policy-UNDP - Fundos e Programas no site: http://ceb.unsystem.org/membership.htm#funds
3 Banco Mundial. (1989), Operational Issues paper on the Forestry Sector. World Bank, Washington DC, USA
Ver: http://www.worldbank.org/
4 Wijk, C. (2001), The Best of Two Worlds? Methodology for Participatory Assessment of Community Water
Services, IRC Technical Paper Series 38 Ver: http://www.irc.nl/page/1898
5 Tenthani, R. (2002), Sisters are tapping it for themselves, New Internationalist 352, December 2002Ver:
http://www.newint.org/
6 Van der Voorden, C. and Eales, K. (2002), Mainstreaming gender in South African sanitation programmes: a
blind spot or common practice? Paper prepared for the AfricaSan conference, July 2002, Mvula Trust
7 Yonder, A. et al. (2005), Women’s participation in disaster relief and recovery, The Population Council, New
YorkVer: http://www.popcouncil.org/pdfs/seeds/Seeds22.pdf
8 GWA (Aliança de Gênero e Água). (2004), Rural women securing household water in Jordan, Ver
http://www.idrc.ca/uploads/user-S/11514844941Gender_&_WDM_in_Jordan.doc
9 Tissafi, M. (2004), Gute-Politik fordert die Entwicklung, Schweiz Global, April 2004
10 Prabha Kholsa Consulting. (2002), MAMA-86 and the Drinking Water Campaign in the Ukraine, GWA,
Toronto, Canada Ver: http://www.adb.org/water/actions/UKR/water_drinking_campaign.asp
11 Water Partners International. (2005), Keelakarthigaipatti, India,
Verwww.water.org/programs/success/keelakarthigaipatti.htm
12 Personal correspondence 11/11/05
13 Bokhari, J., Pakistan: Initiative of One, Relief for All – Women’s Leadership in the Banda Golra Water Supply
Scheme. In: Office of the Special Adviser on Gender Issues and Advancement of Women, Gender, water and
sanitation case studies on best practices, New York, United Nations (in press). Ver:
http://www.genderandwater.org/content/download/3131/33834/file/Pakistan_Women_s_Leadership_in_the_B
anda_Golra_Water_Supply_Scheme_capacity_building_domestic_water_supply.pdf
14 Damodaran, S. (2005), India’s first 100 per cent sanitised slum in Tiruchirappalli - Gramalaya’s role Ver:
www.urbanicity.org/FullDoc.asp?ID=446
15 KWAHO. (2005), Project description KWAH/WaterCan – Watsan in Kibera, Ver http://www.kwaho.org/pdwatercan-kibera.html
16 Shrestha, R.B. (2002), Pro-poor water supply and sanitation project (The RWSS experience from Nepal)
Development Alternatives Nepal (DAN), Kathmandu, Nepal
17 Blagborough, V., (Ed.). (2001), Looking Back: The long-term impacts of water and sanitation projects,
WaterAid, London
18 IIED. (2001). Drawers of Water II , ed. John Thompson, IIED, UK
19 Curtis V., B. Kanki, T. Mertens, E. Traore, I. Diallo, F. Tall & S. Cousens. (1995). Potties, pits and pipes:
explaining hygiene behaviour in Burkina Faso. Social Science and Medicine 41 (3), 383-393.
20 WaterAid. (2005) Mwachingwala village, Zambia. Personal correspondence 16/11/05
21 WaterPartners International. (2002), Clearwater Project Monthly, August 2002. Personal correspondence.
22 Village Service Trust. (2001), Annual Report 2000/2001. Village Service Trust,
Ver:http://www.villageservicetrust.org.uk/pubs/annual_rep00_01.html
23 WaterAid Nigeria. (2005), The Women of DASS (Nagarata Women Group). Personal correspondence
17/11/05
24 Woodfield, J and Smout, K. (2002), Synthesis report of two phases of the “Successes and Failures in Gender
Mainstreaming in Integrated Water Resource management (IWRM) electronic conference”. GWA.
25 WHO (OMS)/UNICEF (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA). (2005), Water for Life: Making it
Happen, WHO/UNICEF (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA), Geneva
26 GWA (Aliança de Gênero e Água). Egypt: Empowering Women’s Participation in Community and Household
Decision-making in Water and Sanitation. GWA
Relatório Indicativo
25
27 UNICEF (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA). (2005), Meeting the MDG drinking water and
sanitation target, A mid-term assessment of progress, Ver:
http://www.unicef.org/wes/mdgreport/disparities2.php
28 WSSCC. (2004), Resource Pack on the Water and Sanitation Millennium Development Goals.
http://www.wsscc.org/home.cfm?CFID=1056840&CFTOKEN=62467993
29 Mjoli-Mncube, N. (1997), The Impact of an Alternative sanitation System on the Lives of Women in South
Africa, In Science, technology and development 15, p.104. Frank Cass & Co.Ltd., UK
30 Utthan. (2005), Utthan Programme. Personal correspondence 10/11/05.
31 Personal correspondence 22/11/05
32 Nhlema Simwaka, B., Theobald, S., Peprah Amekudzi, Y. and R. Tolhurst. (2005), Meeting Millennium
Development Goals 3 and 5. BMJ 2005. 331; 708-709. 1 October.
33 Beach et al. (1999), Assessment of combined ivermectin and albendazole for treatment of intestinal helminth
and Wucheraria bancrofti infections in Haitian schoolchildren. American Journal of Tropical Medicine and
Hygiene. 60, 479-486
34 Sultana, F. and Crow, B. (2000), Water concerns in rural Bangladesh: a gendered perspective. In Pickford, J.
(Ed.), 26th WEDC Conference- Water, Sanitation and Hygiene: Challenges of the Millennium, Dhaka,
Bangladesh, pp. 416-419.
35 Gelband et al. (2001), The evidence base for interventions to reduce maternal and neonatal mortality in lowand middle-income countries, Commission of Macroeconomics and Health Working Paper no.5. Geneva,
WHO(OMS), Ver: http://www.cmhealth.org/docs/wg5_paper5.pdf
36 Goodburn, E. and Campbell, O. (2001), Reducing maternal mortality in the developing world: sector-wide
approaches may be the key. BMI 2001: 322. 917-920.
37 Pathmanathan, I et al. (2003), Investing in maternal health: learning from Malaysia and Sri Lanka, Health,
Nutrition and Population Series, WB Human Development Network., Washington DC Ver:
http://www1.worldbank.org/publications/pdfs/15362frontmat.pdf
38 Hoy, D. et al. (2003), Low back pain in rural Tibet, The Lancet, Vol 361, Issue 9353, pp. 225-226, cited in
Jones, H. and B. Reed. 2005. Water and sanitation for disabled people and other vulnerable groups:
Designing services to improve accessibility. WEDC, Loughborough.
39 WaterAid. (2005) Ndedo village, Tanzânia. Personal communication 16/11/05
40 Jones, H. and B. Reed. (2005), Water and sanitation for disabled people and other vulnerable groups:
Designing services to improve accessibility, WEDC, Loughborough
41 Water Partners International. (2005), Post Card from the Field: Jan 27 2005 – Ponnusangampatti, Tamil Nadu,
India, Ver: http://www.water.org/postcards/pc_20050127.htm
42 PNUD. (2004), The global challenge: Goals and targets, Ver: http://www.undp.org/mdg/
43 Banco Mundial. (2004), World Development Report 2004: Making Services Work for Poor People.
http://www.worldbank.org/
44 Banco Mundial. (2003), Implementation Completion rep[ort on a Loan in the Amount of US$ 10 Million
Equivalent to the Kingdom of Morocco for a Rural Water Supply and Sanitation Project, Report No. 25917.
http://www.worldbank.org/
45 Water Partners International. (2005), Postcard from the field: water project boosts family income, September
25th, 2005 – India, Ver: http://www.water.org/postcards/pc_20050925.htm
46 van Wijk, C.A. (2004), Scaling up community-managed water and sanitation in India. In: C.A. van Wijk & M.P.
van Dijk, eds. The sector reformed: Institutional challenges in the water and sanitation sector in India, New
Delhi, Manohar
47 UNICEF (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA). (2003), Press release: UNICEF (FUNDO DAS
NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA) says lack of clean water & sanitation robs children of good health and
education, Ver: http://www.unicef.org/newsline/2003/03pr13water.htm
48 Mooijman, A. (2002), Assessment of 1994-2001 UNICEF (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA)
School Sanitation and Hygiene Project in Khatlon, Tajikistan, UNICEF (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA
A INFÂNCIA) CARK, Almaty
26
Relatório Indicativo
49 UNICEF (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA). (2004), Monitoring the situation of children and
women, Ver: http://www.childinfo.org/index2.htm
50 WaterAid, (2003), “Out from the depths”, Oasis, The WaterAid Journal. Spring/Summer 2003
51 GWA (Aliança de Gênero e Água). (2003), Advocacy Manual for Gender and Water Ambassadors, GWA, The
Netherlands.
52 RWSEP. (2005), Wioz. Yaleme Demwoz: a model of rural women, AGGAR July 2005
53 NEWAH. (2003). Case study of empowerment, Personal communication 14/11/05
54 GWA (Aliança de Gênero e Água). (1999), Mainstreaming gender in water resources management: why and
how. Background paper for the World Vision process
55 Acord. (2005), Women,: water, sanitation and hygiene in Geita District, North Western Tanzania. Personal
correspondence 14/11/05
56 WaterAid Nigeria, (2005), Women in purdah, Personal correspondence 17/11/05
57 Wiliams, A. (2002), Incorporating a gender perspective in rural water and sanitation projects, A case study
prepared for the Forum “Water in the Americas in the 21st century”. Mexico City, 8-11 October 2002
58 Rowland, C. (2005), Report of research findings on women’s participation in the Australian East Timor
Community Water Supply and Sanitation Program, CWSSP
59 World Water Vision. (1999) Mainstreaming gender in water resources management
60 Visschel, J. T., and Wertt, K. van de. (1995), Towards Sustainable Water Supply: Eight Years of Experiences
from Guinea-Bissau, IRC International Water and Sanitation Centre, The Hague, The Netherlands, Ver:
http://www.undp.org/water
61 UNICEF (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA). (2004), Real Lives, Ver:
http://www.unicef.org/infobycountry/nigeria_1468.html
62 NEWAH. (2003), Determined to be self employed after separating with her husband, Personal communication
14/11/05
63 UNICEF (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA). (2005), Report on the Interagency Task Force
on Water and Gender Ver:
http://www.un.org/esa/sustdev/inter_agency/gender_water/gender_water_rep_23_02_05.pdf
64 Gender Water and Sanitation Project, sponsored by the Ministry of Water and Housing and Canada
Caribbean Gender Equality Programme, November 2005
65 Moriarty, P. & J. Butterworth. (2003), The productive use of domestic water supplies, Thematic Overview
Paper, IRC, The Netherlands
66 Edward Bwengye-Kahororo. (2005), Coping strategy in water-stressed areas: a case study of RWH in
Nyakitunda sub-county, Mbarara district, Personal correspondence 15/11/05
67 Koppen, Barbara van (1998, Gender and water rights, Burkina Faso and Bangladesh, Department of Irrigation
and Soil Conservation, Wageningen, The Netherlands Ver:
http://www.undp.org/water/genderguide/4_6_rights.html
68 Toure. (1998), Boreholes mean business, Waterlines 17(1) 26-27
69 Jordans, E. and Zwarlveen, M. (1997), Gender and poverty alleviation, Bangladesh, in A Well of One’s Own,
Gender Analysis of an Irrigation Program in Bangladesh, International Irrigation Management Institute and
Grameen Krishi Foundations, International Water Management Institute, Bangladesh, Ver:
http://www.undp.org/water/genderguide/4_5_poverty.html
70 Nahar, B.S. (2002), Gender, water and poverty: Experiences from water resource management projects in
Bangladesh, Paper presented in Water and Poverty workshop, Dhaka, Sept 22-26, 2002
71 WaterAid. (2005), Lifuwu Water Project Committee, Personal communication 16/11/05
72 James, A.J. et al. (2002), Transforming time into money using water: a participatory study of economics and
gender in rural India, Natural Resource Forum 26, pp. 205-217. Ver: http://www.blackwellsynergy.com/doi/abs/10.1111/0165-0203.00022
73 Hoogervorst, J. (2005), Benin: borehole has unforeseen effects for women, Ver: http://ww.irc.nl/page/7810
74 WSSCC. (2004), Listening: To those working with communities in Africa, Asia, and Latin America to achieve
the UN goals for water and sanitation, WSSCC, Geneva.
Relatório Indicativo
27
Agradecimentos:
Autora:
Julie Fisher
Revisores:
Eirah Gore-Dale
Esther de Jong
Imelda de Leon
Cecília Martinsen
Linnette Vassell
Produção Executiva: Cecília Martinsen
Ilustrações:
Rod Shaw
Fotografia em ordem de aparecimento: WSSCC, WSSCC, WSSCC, WSSCC, WSSCC, M. Sohail,
Sue Coates, Sue Coates, Sarah Parry-Jones, Jeremy Parr, Peter Harvey, WSSCC, Paul Deverill,
Peter Harvey, Sarah Perry-Jones, Darren Saywell, Hazel Jones, Hazel Jones, Mage Diop,
Rebecca Scott, Brian Skinner, Rod Shaw, Rebecca Scott, Sue Coates, Mike Smith, WSSCC,
WSSCC, WSSCC.
As fotografias e ilustrações não fornecidas por WSSCC são cortesia de WEDC
Design: Details S.A., Genebra, Suíça,
Edição em português pelo Instituto Ipanema para GWA
Tradução para o Português por Ruth Viotti Saldanha
Revisão de Mariana Sell
Esta publicação foi produzida pelo Conselho Colaborativo de Abastecimento de Água e Esgotamento
Sanitário (Water Supply and Sanitation Collaborative Council – WSSCC) em colaboração com o Centro
de Água, Engenharia e Desenvolvimento (Water, Engineering and Development Centre -WEDC), com o
apoio do Ministério de Relações Exteriores da Noruega, a Aliança de Gênero e Água (GWA) e UNICEF.
Julho 2006.
A CAMPANHA GLOBAL WASH
Durante a Década Internacional de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário (1981-1990), o
saneamento quase nunca foi mencionado. Porém, quando da reunião de líderes mundiais na Cúpula das
Nações Unidas do Milênio em 2000 não reconheceu o saneamento como uma meta separada, o
Conselho Colaborativo de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário (Water Supply and Sanitation
Collaborative Council - WSSCC) lançou, em 2001, a campanha WASH (Água, Esgotamento Sanitário e
Higiene para todos) para mobilizar apoio ao tema e teve sucesso acrescentando o saneamento às Metas
de Desenvolvimento do Milênio a serem alcançadas antes de 2015. Com o apoio de muitos governos,
ONGs e membros, a campanha cresceu em um movimento mundial. Mais de trinta países estão
realizando atividades da campanha WASH (Água, Esgotamento Sanitário e Higiene) agora e o número
aumenta diariamente . A campanha também foi reconhecida pela Comissão para o Desenvolvimento
Sustentável da ONU (13ª sessão, 2005) como um valioso programa "para apoiar países a promover a
consciência em saneamento e higiene… (e)…melhorar a compreensão nas conexões entre saneamento,
higiene e saúde".
AS LÍDERES FEMININAS PARA WASH
Como uma parte da campanha WASH, a iniciativa do WSSCC "Líderes Femininas para WASH" está
trabalhando mundialmente para por em relevo assuntos e problemas, considerando as mulheres e
focalizado em igualdade de gênero, na tomada de decisão e gerenciamento do abastecimento de água
e esgotamento sanitário. Co-promovidas pelas líderes - cada uma representa o Sul, o Norte e
Organizações Internacionais - Sua Excelência, Sra. Maria Mutagamba, Ministra de Estado ugandense
para Água e Presidente do Conselho de Ministros Africanos para a Água (AMCOW), ex-Ministra para o
Desenvolvimento Internacional da Noruega, Sra. Hilde F. Johnson e a Diretora Executiva da UNICEF, Sra.
Ann M. Veneman- a iniciativa inclui mulheres dos diferentes setores dedicados a melhorar o
abastecimento de água, esgotamento sanitária e situação de higiene no mundo em desenvolvimento,
enquanto avança para outras Metas de Desenvolvimento do Milênio como a igualdade de gênero,
redução da mortalidade infantil e a erradicação da pobreza.
Todas as organizações preocupadas e indivíduos estão convidados a se juntar à campanha WASH global
para ajudar a fazer com que água esgotamento sanitário e higiene sejam uma realidade para todos e
fundamento para o desenvolvimento sustentável.
Conselho Colaborativo de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário
(Water Supply and Sanitation Collaborative Council – WSSCC)
International Environment House, Chemin des Anémones 9, 1219 Châtelaine, Genebra, Suíça
Tel: +41 22 917 8657 fac-símile: +41 22 917 8084
E-mail: [email protected] Site: http://www.wash-cc.org

Documentos relacionados