O Pêndulo de Foucault - Universidade de Lisboa
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O Pêndulo de Foucault - Universidade de Lisboa
UNIVERSIDADE DE LISBOA O Pêndulo de Foucault José Félix Costa1 1 Departamento de Matemática, Instituto Superior Técnico Março 2013 1/ 31 Espaço Absoluto 1. O Espaço Absoluto 2/ 31 Espaço Absoluto Isaac Newton, 1643–1727 Figura: Isaac Newton. 3/ 31 Espaço Absoluto Espaço e tempo absolutos ... o espaço absoluto, na sua própria natureza, sem uma relação com o que quer que seja exterior, permanece sempre igual e imóvel... (postulado do isolamento) ... o tempo absoluto, verdadeiro e matemático, em si próprio, e da sua própria natureza, flui igualmente sem relação com nada exterior... ... o tempo relativo, aparente e comum é a medida sensível e exterior da duração através do movimento, que é comummente utilizada em vez do tempo verdadeiro... 4/ 31 Espaço Absoluto Espaço e tempo absolutos ... o espaço absoluto, na sua própria natureza, sem uma relação com o que quer que seja exterior, permanece sempre igual e imóvel... (postulado do isolamento) ... o tempo absoluto, verdadeiro e matemático, em si próprio, e da sua própria natureza, flui igualmente sem relação com nada exterior... ... o tempo relativo, aparente e comum é a medida sensível e exterior da duração através do movimento, que é comummente utilizada em vez do tempo verdadeiro... 4/ 31 Espaço Absoluto Espaço e tempo absolutos ... o espaço absoluto, na sua própria natureza, sem uma relação com o que quer que seja exterior, permanece sempre igual e imóvel... (postulado do isolamento) ... o tempo absoluto, verdadeiro e matemático, em si próprio, e da sua própria natureza, flui igualmente sem relação com nada exterior... ... o tempo relativo, aparente e comum é a medida sensível e exterior da duração através do movimento, que é comummente utilizada em vez do tempo verdadeiro... 4/ 31 Espaço Absoluto Espaço e tempo absolutos ... o espaço absoluto, na sua própria natureza, sem uma relação com o que quer que seja exterior, permanece sempre igual e imóvel... (postulado do isolamento) ... o tempo absoluto, verdadeiro e matemático, em si próprio, e da sua própria natureza, flui igualmente sem relação com nada exterior... ... o tempo relativo, aparente e comum é a medida sensível e exterior da duração através do movimento, que é comummente utilizada em vez do tempo verdadeiro... 4/ 31 Inércia A experiência de Ptolemeu, 90–168 Figura: A experiência imaginada por Cláudio Ptolemeu. 5/ 31 Inércia A experiência de Pierre Gassendi, 1592–1655 Figura: A experiência de Pierre Gassendi. 6/ 31 Inércia Sistemas de referência galilaicos Figura: Movimento observado em dois sistemas de referência galilaicos distintos. 7/ 31 Inércia Referenciais galilaicos Um referencial galilaico é: 1 Um referencial onde todo o corpo não sujeito a forças se move uniforme e retilineamente, onde o próprio espaço parece estagnado e quiescente, o mesmo por toda a parte; 2 Um referencial em que as leis da mecânica são válidas; 3 Um referencial em que as estrelas parecem fixas. 8/ 31 Inércia Referenciais galilaicos Um referencial galilaico é: 1 Um referencial onde todo o corpo não sujeito a forças se move uniforme e retilineamente, onde o próprio espaço parece estagnado e quiescente, o mesmo por toda a parte; 2 Um referencial em que as leis da mecânica são válidas; 3 Um referencial em que as estrelas parecem fixas. 8/ 31 Inércia Referenciais galilaicos Um referencial galilaico é: 1 Um referencial onde todo o corpo não sujeito a forças se move uniforme e retilineamente, onde o próprio espaço parece estagnado e quiescente, o mesmo por toda a parte; 2 Um referencial em que as leis da mecânica são válidas; 3 Um referencial em que as estrelas parecem fixas. 8/ 31 Inércia Referenciais galilaicos Um referencial galilaico é: 1 Um referencial onde todo o corpo não sujeito a forças se move uniforme e retilineamente, onde o próprio espaço parece estagnado e quiescente, o mesmo por toda a parte; 2 Um referencial em que as leis da mecânica são válidas; 3 Um referencial em que as estrelas parecem fixas. 8/ 31 Inércia Referenciais galilaicos Um referencial galilaico é: 1 Um referencial onde todo o corpo não sujeito a forças se move uniforme e retilineamente, onde o próprio espaço parece estagnado e quiescente, o mesmo por toda a parte; 2 Um referencial em que as leis da mecânica são válidas; 3 Um referencial em que as estrelas parecem fixas. 8/ 31 Inércia Princípios da relatividade Princípios da relatividade: 1 (Princípio da relatividade de Galileu) As leis da mecânica não permitem calcular a velocidade absoluta; ou, é impossível a um observador, situado num sistema de referência galilaico, determinar, através de qualquer experiência mecânica, se está em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme; 2 As leis da eletrodinâmica não permitem calcular a velocidade absoluta; 3 As leis da física não permitem calcular a velocidade absoluta. 9/ 31 Inércia Princípios da relatividade Princípios da relatividade: 1 (Princípio da relatividade de Galileu) As leis da mecânica não permitem calcular a velocidade absoluta; ou, é impossível a um observador, situado num sistema de referência galilaico, determinar, através de qualquer experiência mecânica, se está em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme; 2 As leis da eletrodinâmica não permitem calcular a velocidade absoluta; 3 As leis da física não permitem calcular a velocidade absoluta. 9/ 31 Inércia Princípios da relatividade Princípios da relatividade: 1 (Princípio da relatividade de Galileu) As leis da mecânica não permitem calcular a velocidade absoluta; ou, é impossível a um observador, situado num sistema de referência galilaico, determinar, através de qualquer experiência mecânica, se está em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme; 2 As leis da eletrodinâmica não permitem calcular a velocidade absoluta; 3 As leis da física não permitem calcular a velocidade absoluta. 9/ 31 Inércia Princípios da relatividade Princípios da relatividade: 1 (Princípio da relatividade de Galileu) As leis da mecânica não permitem calcular a velocidade absoluta; ou, é impossível a um observador, situado num sistema de referência galilaico, determinar, através de qualquer experiência mecânica, se está em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme; 2 As leis da eletrodinâmica não permitem calcular a velocidade absoluta; 3 As leis da física não permitem calcular a velocidade absoluta. 9/ 31 Inércia Princípios da relatividade Princípios da relatividade: 1 (Princípio da relatividade de Galileu) As leis da mecânica não permitem calcular a velocidade absoluta; ou, é impossível a um observador, situado num sistema de referência galilaico, determinar, através de qualquer experiência mecânica, se está em repouso ou em movimento retilíneo e uniforme; 2 As leis da eletrodinâmica não permitem calcular a velocidade absoluta; 3 As leis da física não permitem calcular a velocidade absoluta. 9/ 31 Inércia Os absolutos Porém, as acelerações são absolutas: 1 A aceleração existe per se e, em contraste com a velocidade, pode ser determinada mesmo na ausência de referencial; 2 O caráter absoluto da aceleração está em contradistinção com o caráter relativo da velocidade; 3 A aceleração na Terra revela-se através da protuberância do equador, dos ciclones e anticiclones, da rotação do plano de oscilação do pêndulo de Foucault, da direção do vento geostrófico, das correntes oceânicas. 10/ 31 Inércia Os absolutos Porém, as acelerações são absolutas: 1 A aceleração existe per se e, em contraste com a velocidade, pode ser determinada mesmo na ausência de referencial; 2 O caráter absoluto da aceleração está em contradistinção com o caráter relativo da velocidade; 3 A aceleração na Terra revela-se através da protuberância do equador, dos ciclones e anticiclones, da rotação do plano de oscilação do pêndulo de Foucault, da direção do vento geostrófico, das correntes oceânicas. 10/ 31 Inércia Os absolutos Porém, as acelerações são absolutas: 1 A aceleração existe per se e, em contraste com a velocidade, pode ser determinada mesmo na ausência de referencial; 2 O caráter absoluto da aceleração está em contradistinção com o caráter relativo da velocidade; 3 A aceleração na Terra revela-se através da protuberância do equador, dos ciclones e anticiclones, da rotação do plano de oscilação do pêndulo de Foucault, da direção do vento geostrófico, das correntes oceânicas. 10/ 31 Inércia Os absolutos Porém, as acelerações são absolutas: 1 A aceleração existe per se e, em contraste com a velocidade, pode ser determinada mesmo na ausência de referencial; 2 O caráter absoluto da aceleração está em contradistinção com o caráter relativo da velocidade; 3 A aceleração na Terra revela-se através da protuberância do equador, dos ciclones e anticiclones, da rotação do plano de oscilação do pêndulo de Foucault, da direção do vento geostrófico, das correntes oceânicas. 10/ 31 Inércia Os absolutos Porém, as acelerações são absolutas: 1 A aceleração existe per se e, em contraste com a velocidade, pode ser determinada mesmo na ausência de referencial; 2 O caráter absoluto da aceleração está em contradistinção com o caráter relativo da velocidade; 3 A aceleração na Terra revela-se através da protuberância do equador, dos ciclones e anticiclones, da rotação do plano de oscilação do pêndulo de Foucault, da direção do vento geostrófico, das correntes oceânicas. 10/ 31 Inércia A rotação relativamente ao espaço absoluto A caminho da refutação 1 Os cientistas reconheceram que havia um só caminho para refutar o espaço e o movimento absolutos: refutar o postulado do isolamento. 2 Consequentemente, quando se atribui a força centrífuga e a força de Coriolis à rotação do corpo, temos de aceitar que a rotação se faz em relação a qualquer coisa no Universo para além do espaço vazio no qual se situa. Carl Gottfried Neumann (1832–1925) sugeriu um corpo α, misterioso, cuja influência dinâmica está na origem das forças inerciais. 11/ 31 Inércia A rotação relativamente ao espaço absoluto A caminho da refutação 1 Os cientistas reconheceram que havia um só caminho para refutar o espaço e o movimento absolutos: refutar o postulado do isolamento. 2 Consequentemente, quando se atribui a força centrífuga e a força de Coriolis à rotação do corpo, temos de aceitar que a rotação se faz em relação a qualquer coisa no Universo para além do espaço vazio no qual se situa. Carl Gottfried Neumann (1832–1925) sugeriu um corpo α, misterioso, cuja influência dinâmica está na origem das forças inerciais. 11/ 31 Inércia A rotação relativamente ao espaço absoluto A caminho da refutação 1 Os cientistas reconheceram que havia um só caminho para refutar o espaço e o movimento absolutos: refutar o postulado do isolamento. 2 Consequentemente, quando se atribui a força centrífuga e a força de Coriolis à rotação do corpo, temos de aceitar que a rotação se faz em relação a qualquer coisa no Universo para além do espaço vazio no qual se situa. Carl Gottfried Neumann (1832–1925) sugeriu um corpo α, misterioso, cuja influência dinâmica está na origem das forças inerciais. 11/ 31 Inércia A rotação relativamente ao espaço absoluto A caminho da refutação 1 Os cientistas reconheceram que havia um só caminho para refutar o espaço e o movimento absolutos: refutar o postulado do isolamento. 2 Consequentemente, quando se atribui a força centrífuga e a força de Coriolis à rotação do corpo, temos de aceitar que a rotação se faz em relação a qualquer coisa no Universo para além do espaço vazio no qual se situa. Carl Gottfried Neumann (1832–1925) sugeriu um corpo α, misterioso, cuja influência dinâmica está na origem das forças inerciais. 11/ 31 Pêndulo 2. O Pêndulo de Foucault 12/ 31 Pêndulo No museu de História da Ciência Figura: Pêndulo de Foucault. 13/ 31 Pêndulo No museu de História da Ciência Figura: Pêndulo de Foucault. 14/ 31 Pêndulo De fugir: As equações do pêndulo de Foucault 2 d x 2 2 2 = −ω 2 x + 2 sin βΩ dy 2 dt + sin βΩ x + sin β cos βΩ y dt 2 d y dz 2 = −ω 2 y − 2 sin βΩ dx dt − 2 cos βΩ dt + Ω y dt2 d2 z 2 2 2 = −ω 2 z + 2 cos βΩ dy dt + sin β cos βΩ x + cos Ω z dt2 15/ 31 Pêndulo De fugir: As equações do pêndulo de Foucault 2 d x 2 2 2 = −ω 2 x + 2 sin βΩ dy 2 dt + sin βΩ x + sin β cos βΩ y dt 2 d y dz 2 = −ω 2 y − 2 sin βΩ dx dt − 2 cos βΩ dt + Ω y dt2 d2 z 2 2 2 = −ω 2 z + 2 cos βΩ dy dt + sin β cos βΩ x + cos Ω z dt2 15/ 31 Pêndulo Rotação do plano de oscilação Uma rotação completa do plano de oscilação faz-se no período Período : T = 24 horas | sin latitude | Mais, a rotação do plano de oscilação do pêndulo ocorre no sentido dos ponteiros do relógio a norte do equador e no sentido contrário a sul do equador. 16/ 31 Pêndulo Rotação do plano de oscilação Uma rotação completa do plano de oscilação faz-se no período Período : T = 24 horas | sin latitude | Mais, a rotação do plano de oscilação do pêndulo ocorre no sentido dos ponteiros do relógio a norte do equador e no sentido contrário a sul do equador. 16/ 31 Pêndulo Rotação do plano de oscilação Uma rotação completa do plano de oscilação faz-se no período Período : T = 24 horas | sin latitude | Mais, a rotação do plano de oscilação do pêndulo ocorre no sentido dos ponteiros do relógio a norte do equador e no sentido contrário a sul do equador. 16/ 31 Pêndulo Rotação do plano de oscilação Uma rotação completa do plano de oscilação faz-se no período Período : T = 24 horas | sin latitude | Mais, a rotação do plano de oscilação do pêndulo ocorre no sentido dos ponteiros do relógio a norte do equador e no sentido contrário a sul do equador. 16/ 31 Pêndulo O romance de Humberto Eco Figura: O romance “O Pêndulo de Foucault” de Humberto Eco. 17/ 31 Pêndulo 3. A Rotação da Terra 18/ 31 Pêndulo A rotação da Terra Figura: O pólo do mundo 19/ 31 Pêndulo Ciclone no hemisfério norte Figura: Ciclone no hemisfério norte. 20/ 31 Pêndulo Ciclone no hemisfério norte Figura: Ciclone no hemisfério norte. 21/ 31 Pêndulo 4. A célebre experiência do balde de Newton 22/ 31 Pêndulo O balde de Newton Experiência Um balde com água é suspenso por uma corda e torcido. Uma vez largado, começa rodar. Ao princípio o balde roda, mas a água não, mantendo a sua superfície livre plana. Depois, por atrito, o movimento de rotação do balde é comunicado à água que começa também a rodar. A superfície da água deixa de ser plana e adquire a forma de um parabolóide de revolução. Depois, a corda começa a ser torcida no sentido contrário, até que o balde deixa de rodar: nesse momento, a água continua a rodar com o balde momentaneamente em repouso. 23/ 31 Pêndulo O balde de Newton Figura: O balde de Newton. 24/ 31 Pêndulo O balde de Newton Figura: O balde de Newton. 25/ 31 Pêndulo A gravidade e a rotação Figura: Plantas em crescimento num referencial em rotação. 26/ 31 Pêndulo 4. O Tempo dos Relógios 27/ 31 Pêndulo Relógio Figura: Relógio mecânico 28/ 31 Relógios Relógio Figura: Relógio mecânico 29/ 31 Relógios A engrenagem do relógio Figura: O relógio mecânico. 30/ 31 Relógios Conclusão: A descoberta da eletrodinâmica O último desafio 1 As experiências mecânicas, embora permitam diferenciar um referencial galilaico de um referencial não galilaico, são totalmente ineficazes para distinguir um referencial galilaico de outro também galilaico. 2 Há ainda um caminho para acreditar a tese de que a velocidade absoluta é real e mensurável, desde que recorramos a outro tipo de experiência física — à experiência em eletrodinâmica e ótica, por exemplo, e não somente à experiência mecânica. 31/ 31 Relógios Conclusão: A descoberta da eletrodinâmica O último desafio 1 As experiências mecânicas, embora permitam diferenciar um referencial galilaico de um referencial não galilaico, são totalmente ineficazes para distinguir um referencial galilaico de outro também galilaico. 2 Há ainda um caminho para acreditar a tese de que a velocidade absoluta é real e mensurável, desde que recorramos a outro tipo de experiência física — à experiência em eletrodinâmica e ótica, por exemplo, e não somente à experiência mecânica. 31/ 31 Relógios Conclusão: A descoberta da eletrodinâmica O último desafio 1 As experiências mecânicas, embora permitam diferenciar um referencial galilaico de um referencial não galilaico, são totalmente ineficazes para distinguir um referencial galilaico de outro também galilaico. 2 Há ainda um caminho para acreditar a tese de que a velocidade absoluta é real e mensurável, desde que recorramos a outro tipo de experiência física — à experiência em eletrodinâmica e ótica, por exemplo, e não somente à experiência mecânica. 31/ 31 Relógios Conclusão: A descoberta da eletrodinâmica O último desafio 1 As experiências mecânicas, embora permitam diferenciar um referencial galilaico de um referencial não galilaico, são totalmente ineficazes para distinguir um referencial galilaico de outro também galilaico. 2 Há ainda um caminho para acreditar a tese de que a velocidade absoluta é real e mensurável, desde que recorramos a outro tipo de experiência física — à experiência em eletrodinâmica e ótica, por exemplo, e não somente à experiência mecânica. 31/ 31
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