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00 << Rewind verão 2005 trimestral distribuição gratuita Glastonbury FIMFA Lx Cannes SBSR Primavera Sound Indie Lisboa Forward >> Curtas de Vila do Conde Festival de Almada Vilar de Mouros Grec e FIB Sudoeste Paredes de Coura Director Filipe Pedro Director-adjunto Gonçalo Guedes Cardoso editorial Editora Ana Serafim Há qualquer coisa no ar... Alegrem-se os que lêem na língua de Camões. Animem-se os representantes de todas as idades, sexos, credos e religiões. Confortem-se os amantes da aventura, da partida e da chegada, dos bilhetes rasgados, conservados, perdidos ou dobrados, do pó, da relva, dos palcos, dos WC perfumados. Acordem os fãs das guitarras estridentes, das multidões, dos mosh pits, dos encores, das lágrimas, das fotografias, dos isqueiros no ar, das cabeças a abanar, do zumbido nos ouvidos, dos amores inesperados, dos preservativos oferecidos, dos irritantes mosquitos, do campismo, dos sons nocturnos esquisitos. Regozijem-se os gulosos das farturas, do mítico Psicológico, da comida vegetariana, do avestrúguer, da dieta leviana ou do simples hambúrguer. Jubilem os amigos das curtas, das longas, dos fotogramas, das mostras, dos ciclos, das competições, das passadeiras vermelhas, das palmas, dos ursos, dos leões, do suspense, dos prémios e galardões. Contentem-se os amigos das marionetas, dos fantoches, das cortinas de veludo, dos actores, da tragédia, do drama e da comédia. Da cor, da nona arte, das vinhetas, das pranchas, dos balões, dos heróis e dos vilões. Felicitem-se os pivots, as sapatilhas, as meias pontas, as belas cinderelas, coreografias e mãos nas cinturas delas. Agucem os olhares para montanhas e mares, limpem as lentes, objectivas, filtros, luzes, galerias, corredores, imagens e fotografias. Alegre-se um país adormecido, pessimista e fundido... pelos fogos de verão, pelo medo ao arrastão, pelo negativismo do não, não não e só não. Fest Forward, a primeira revista portuguesa exclusivamente dedicada a festivais, foi pensada para esta vasta multidão de amantes da vida, da liberdade e da festa. Procuramos com este guia, oferecer uma viagem ao fantástico mundo dos festivais, sejam eles de música, cinema, teatro, marionetas, BD, dança, fotografia ou design, em Portugal e no mundo. Fazemo-lo de uma forma pioneira e atractiva, através de antevisões, reportagens, recomendações de artistas, livros, CDs, DVDs, outros ês e entrevistas. 04 Colaboradores Ana Baptista, Bárbara Bettencourt, Beatriz Pacheco Pereira, Fernando Palma Neto, Filipe Araújo, Filipa Lourenço, Filipa Matos, Hugo Barros, Humberto Fonseca, João Carlos Callixto, João Paulo Gomes (fotografia), João Pedro Almeida (fotografia), Lino Ramos, Luís António Coelho, Luís Bento (fotografia), Márcio Alfama, Mário Dorminsky, Pedro Gomes (fotografia), Raquel Pinheiro, Ricardo Duarte, Ricardo Nunes, Rui Gusmão, Sérgio Diamantino, Sofia Silva Correspondentes Alexandre Nunes de Oliveira (Barcelona), Frederic Huiban (Paris), Luís Mateus (Madrid) Consultor de edição Luís P. Oeiras Fernandes Design Gráfico e Paginação Filipa Lourenço LDI - Laboratório de Design Imaginativo (www.ldi.pt) Imagina Design (www.imaginadesignlab.com) Impressão MX3 Artes Gráficas Registo no ICS n.º 220 710 Depósito Legal 117 261 / 97 Propriedade AIFPS Tiragem 10.000 exemplares Periodicidade Trimestral Distribuição AIFPS Contactos Fest Forward Magazine Rua do Cerrado do Zambujeiro, n.º 27, 2.º Frente 2610-036 Amadora Telf. 935 477 327 963 379 383 918 520 771 Email: [email protected] Publicidade: [email protected] www.festforward.com Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais. Fest Regards, Gonçalo Guedes Cardoso Cinema Redactores Cátia Monteiro, João Pedro Correia, Luís Santos Batista, Mariana Afonso, Pedro Moreira Capa: Glastonbury 2005 por Filipe Pedro Teatro Música Internacionais texto: Gonçalo Guedes Cardoso M.I.A. Guerrilha sónica M.I.A. ou Mathangi Arulpragasan é uma filha da revolução. Nascida em Hounslow, Londres, emigrou para o Sri Lanka, terra natal dos seus antepassados, onde permaneceu insegura e escondida, em virtude da militância do seu pai na luta pelo separatismo tamil. Foi com 11 anos que regressou a Surrey, não escapando porém ao confronto diário com o racismo e a intolerância do mundo ocidental. Uma licenciatura em arte levou-a a publicar uma monografia que intitulou de M.I.A. Jogando com a sigla, retirada do seu nome e do termo militar “Missed in Action” (desaparecido em combate), lançou a semente de uma identidade artística, apoiada na militância pela rebelião tamil e no combate contra o desaparecimento social. A transposição dos seus sentimentos de luta e indignação para o meio musical foi congeminada pelos Elastica, Peaches e Steve Mackey (Pulp), tomando forma no tema “Galang”, a sua bomba de fabrico caseiro que se tornou no passaporte para a guerrilha sónica do século XXI. Os estilhaços da explosão tiveram um impacto tal que a editora XL apostou no lançamento da sua primeira arma de comunicação massiva, o álbum “Arular”, lançado em Maio de 2005. O seu manifesto humanamente genuíno marca, em época de guerra, uma revolução na música contemporânea, enviando ondas de choque pelo mundo. A crueldade, a vingança e a violência disparadas na sua música afectam os mais sensíveis e conservadores e permitem identificála como a artista mais completa do pós 11 de Setembro. Neste combate vale tudo: o uso indiscriminado de atitude, criatividade, urbanidade, sedução, raiva, indignação, confiança ou energia. As suas balas são únicas, com um estilo próprio e um design inimitável, não podendo ser encontradas num qualquer catálogo sónico. Foi através da experimentação, improvisação, entrega e sofisticação que chegou ao projéctil final. E este provou estar bem afinado. Juntou o Rap de Dizzee Rascal e Missy Elliott à Electrónica de Basement Jaxx. Acrescentou-lhe uma dose de Ragga em forma de Sizzla e aparafusou a máquina com o R&B de Ms. Dynamite e a melodia de Neneh Cherry. Daqui nasceu um ElectroHip-Hop, genuinamente futurista, urbano, com muito Funk, uso inteligente e divertido do baixo e de batidas dançáveis. Esta recruta da música construiu, sem dúvida, a guerrilha sónica mais original do ano, com sons que parecem desintegrar-se a qualquer momento, mas capazes de refrescar o panorama musical actual. www.miauk.com 06 Señor Coconut apresenta texto: Filipe Pedro foto: Matchbox Design Hanne Hukkelberg Pequenas brincadeiras Primeiro chega a chuva, ouve-se um assobio. Aliás, ouvem-se sons de diversos ambientes que se entrelaçam numa sonoridade que admite ter tanto de Jazz como de Pop. Uma Pop tão melódica quanto experimental, apaixonada e contagiante. Nas entrelinhas, a voz angelical de Hanne Hukkelberg reporta-nos as suas vivências mundanas, pecados insignificantes, arrependimentos e incertezas, pequenos nada que a deixam insatisfeita, com a impotência tão humana de não conseguir fazer tudo aquilo a que se propõe. Digamos que Hanne é exigente, tendo plena consciência do seu próprio valor e elevando a fasquia face a “Cast Anchor EP” (2003), com a oferta de uma primeira obra, “Little Things”, claramente fresca de ideias e ambiências. Em 2002 e 2003, enquanto se transportava de bicicleta em Oslo, Hanne recolhia sons com o objectivo de os levar para estúdio, onde ela e o produtor Kåre Chr. Vestrheim colaram e editaram as mais diversas gravações. Numa camada superior, juntaram registos de jam sessions de copos de vinho, banjo, acordeão e escovas geralmente usadas para lavar pratos. Elementos de bandas dos Jaga Jazzist, Kaada, Shining, Kiruna e Exploding Plastix são posteriormente convidados a conferir uma certa orgânica instrumental, mais clássica, a “Little Things”. Na transposição do disco para o palco, Hanne faz-se acompanhar por cinco talentosos músicos com uma estranha mistura de instrumentos que transmitem ao público uma sensação quase atmosférica (Lena Nymark no saxofone, vozes, glockenspiel e teclados; Henning Sandsdalen na guitarra e baixo; Peter Baden na bateria, sampler e roda de bicicleta; Kåre Chr. Vestrheim nos teclados, banjo e acordeão; Jan Martin Smørdal na guitarra e casio). Quanto ao seu percurso biográfico, Hanne nasce em Kongsberg (75 km a oeste de Oslo) em Abril de 1979. Filha de músicos, canta desde os três anos e participa em diversos projectos musicais, do Metal ao Free Jazz, passando pelo Rock. Em 2003, forma-se em Jazz pela Academia Nacional de Música em Oslo e, presentemente, reparte o seu tempo entre Oslo e Berlim. Aos 26 anos é-lhe finalmente reconhecido potencial, com a distribuição internacional de “Little Things”, álbum editado há mais de um ano na Noruega pela independente Propeller Recordings. Tanto nas lojas como em concerto, gostávamos de a ver por cá. www.hannehukkelberg.com Señor Coconut apresenta 07 texto: Gonçalo Guedes Cardoso Adam Green Verde só no nome «Adam Green foi contratado pela Fest Forward para combater o défice de confiança, as greves contra o humor e o fatalismo instalado em Portugal». Esta citação, ainda que fictícia, serve para ilustrar que o nova-iorquino de 23 anos foi destinado a vir ao mundo para o encher de esperança e combater os clichés da sociedade. Com um estilo simples, sem pretensiosismos ou o mainstream bacoco das pop-stars, Adam Green aparece como o despertador de consciências para as trivialidades da vida, personificando a ironia na música. Green auto-descreve-se como um «tipo meio sério». A viagem pelo campo do humor leva-nos à década de 90, quando, juntamente com Kimya Dawson, criou um burburinho na cena underground americana ao fundar o duo anti-Folk Mouldy Peaches. Adoptando uma postura mais voraz que lhe valeu uma nova audiência e maior sofisticação, o jovem Green congelou o sucesso crescente da banda e lançou o seu primeiro gato a solo... álbum a solo, “Garfield”, em 2002. No espaço de três anos teve ainda tempo para editar “Friends of Mine”, o primeiro álbum gravado num estúdio profissional e “Gemstone”, ainda em fase de digestão, através da Rough Trade (a sua editora de sempre). Adam Green é um daqueles artistas com os quais se poderá sempre contar para fazer uma música com qualidade. Ele é uma versão mais sofisticada de Leonard Cohen e aquilo que Beck já foi. É um cantor Folk que mistura Indie acústico com Art-Pop, temperado com melodias em forma de Brel, Bacharach ou Chuck Berry, misturado com a voz inocente, tímida, melódica e elegante de Neil Hannon (The Divine Comedy). Capaz de animar os que desesperam em dias de chuva, todas as suas músicas têm o selo da felicidade. Green tem o dom invejável de escrever sobre os temas mais horrendos e chatos da forma mais redonda, meiga, cativante e poética. As suas letras são explícitas, lascivas, irónicas, surrealistas, românticas, pornográficas, hilariantes e bastante charmosas. Os temas “Carolina” («Carolina, she's from Texas / Red bricks drop from her vagina») e “Jessica Simpson” («Jessica Simpson, you've got it all… wrong / your fraudulent smile, the way that you faked it the day that you died») ilustram o estilo perspicaz e o prazer sem tabus com que encara o jogo das palavras. Original e subtil, o seu sentido de humor consegue contaminar até aqueles que colocam elementos decorativos nos automóveis ou escolhem toques polifónicos como música de eleição. www.adamgreen.net 08 Señor Coconut apresenta texto: Mariana Afonso Broken Social Scene Caos organizado Dos KC Accidental surgiram os Broken Social Scene, um colectivo cujos membros são difíceis de contar, tal como as colaborações e relações com outros músicos e compositores. A nova ordem musical chega-nos de Toronto. Numa das faixas de “You Forgot It in People” (2002, pela Arts & Crafts), uma certa voz, conhecida como Feist, dá um ar da sua graça. “Lover’s Spit” é, provavelmente, uma das canções mais encantadoras dos últimos tempos, em que a versatilidade dos Broken Social Scene (BSS) se conjuga com a sensualidade e a displicência da cantora canadiana. Será difícil falar dos BSS como uma banda de um determinado estilo em particular, visto que não se enquadram em qualquer categoria. Embora apenas dez dos seus membros possam ser considerados o “núcleo duro” do colectivo, entre guitarristas, saxofonistas, baixistas, teclistas e vocalistas (se bem que a generalidade das canções sejam instrumentais), em palco, os BSS chegam a ser 15 elementos. O projecto nasce em Toronto, quando os membros errantes dos KC Accidental, que se encontravam regularmente para tocar juntos, começam a formar um conjunto musicalmente mais coeso. A lista de relações dos BSS não se restringe apenas a Feist, que chegou mesmo a acompanhá-los em digressão, em 2003. Entre todos os artistas sediados na editora Arts & Crafts, existe uma colaboração que culmina nos BSS. Esse sentimento de caos organizado parece fazer parte do próprio espírito do colectivo, revelando-se em canções altamente melódicas, na sua maioria instrumentais, e que, em alguns casos, revivem o Rock independente da cena americana de meados dos anos 90. A sua discografia inclui também os álbuns “Feel Good Lost” de 2001 e “Beehives” de 2004, estando o colectivo em período de gravações daquele que será o quarto álbum, ainda sem data de lançamento prevista. Até que tal aconteça, o grupo lança-se numa pequena tournée pela Europa, que chegou a prever a participação no Festival Super Bock Super Rock do passado mês de Maio. Na sua ausência, fica a esperança de passarem por cá numa eventual promoção do próximo álbum. www.arts-crafts.ca/bss/ Señor Coconut apresenta 09 texto: Mariana Afonso The Fiery Furnaces Exuberância familiar Para além das comparações com os White Stripes, os irmãos Eleanor e Matt Friedberger destacam-se por uma atitude anti-Rock. Ainda que normalmente sejam considerados um duo, o facto é que os The Fiery Furnaces incluem mais dois membros — Andy Knowles e Toshi Yano — mesmo que a dupla criativa se concentre em Eleanor e Matt. Originários de Oak Park, no Estado de Illinois, os dois irmãos decidiram partir para Brooklyn no ano de 2000, altura em que começaram a compor e a actuar como The Fiery Furnaces. As suas experiências de vida distintas, visto que o seu relacionamento de parentesco sempre foi distante, juntaram-se às influências de bandas e artistas como Captain Beefheart ou The Velvet Underground. A sua criatividade conjunta revela-se em canções quase desconjuntadas, em que a voz de Eleanor Fried- berger nem sempre acompanha a melodia num sentido restrito e de uma faixa para outra todas as surpresas são possíveis. Não é um som previsível, nem tão pouco feito para agradar a qualquer pessoa, muito embora surja um culto forte dedicado à banda. O primeiro álbum, “Gallowsbird´s Bark”, lançado em 2003 pela Rough Trade, é aclamado pela crítica e no ano seguinte os The Fiery Furnaces lançam “Blueberry Boat”. Dividindo as opiniões, este trabalho é por um lado considerado como mais uma peça rara e magistral da banda e, por outro, um produto sem organização, sem estrutura. Entretanto, os irmãos Friedberger continuaram a trabalhar, partindo em tournée com bandas como os Franz Ferdinand ou os The Shins e lançando as bases para mais dois álbuns de originais. O seu mais recente trabalho, editado no inicio deste ano, denomina-se “EP” e junta lados B a algumas novas canções. www.thefieryfurnaces.com 10 Señor Coconut apresenta texto: Filipe Pedro foto: Mia Donovan Les Georges Leningrad O esquimó marado Oriundos de Montreal, Les Georges Leningrad são a banda canadiana mais significativa do Electro postPunk, sendo muito acarinhados pelos seus invulgares concertos. Em 2003, editaram o álbum de estreia “Deux Hot Dogs Moutarde Chou” (como exemplo, ouça-se “Georges V”, um tema bastante violento) e desde logo causaram impacto nos EUA, através das actuações na primeira parte de artistas como Erase Errata, The Gossip, Le Tigre, The Locust, Magas, Sonic Youth, Trans Am e The Unicorns. No final de 2004, passam a trio composto por Poney, Bobo e Mingo e editam o segundo disco de originais “Sur les traces de Black Eskimo”, claramente influenciado pelos primeiros concertos da banda. Temas como “Sponsorships”, “Black Eskimo” ou “Supa Doopa” resultam bem nas versões de estúdio, mas atingem a potência máxima ao vivo, onde a mistura de post-Punk e improvisações noisy alcança uma sonoridade híbrida bastante invulgar. Ao vivo, Les Georges Leningrad são absolutamente teatrais e inte- ractivos, e o seu som pode classificar-se como agressivo, distorcido e experimental. A banda resulta da combinação explosiva da vocalista e teclista Poney P, que toca e canta de uma forma absolutamente frenética, do uso de samplers, guitarras, segundas vozes e vestes de super-herói de Mingo L’Indien (trajado a rigor, como manda o figurino) e ainda da destruição faseada da bateria pelo mascarado — e rastejante, que não raras vezes perturba a actuação dos seus companheiros de palco — Bobo Boutin, exímio percussionista e vocalista secundário. Tal como nas actuações dos Atari Teenage Riot, Fischerspooner, Peaches ou Chicks On Speed, o público sente a vibração e a intensidade que transpira do palco, respondendo na mesma moeda, em permanente ebulição e com a adrenalina elevada ao expoente máximo. Mesmo quando tal é transmitido via guerras de água e trocas de outros mimos do género entre a banda e a audiência. Em plena digressão europeia, Les Georges Leningrad apresentam-se ao vivo na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, no próximo dia 23 de Julho. Certamente um espectáculo a não perder. www.lesgeorgesleningrad.org Señor Coconut apresenta 11. texto: Cátia Monteiro 13.º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Vila do Conde Contar até treze em japonês Vila do Conde 2 a 10 Jul | www.curtasmetragens.pt/festival Este é um festival em que a criatividade aparece concentrada em sequências de fotogramas com duração limitada. A curta-metragem começa a ter junto do público, o reconhecimento que os profissionais do sector lhe conferem desde sempre. E o facto de ser particularmente atreita à experimentação faz dela uma mais-valia para quem procura nos festivais uma experiência diferente e audaciosa. No decorrer de 13 anos, aquele que era um género com exposição muito reduzida em Portugal alcançou um patamar de divulgação bastante satisfatório. Um indicador inequívoco dessa tendência é a crescente importância que festivais generalistas dão à curta-metragem, inclusive através da atribuição de prémios, cada vez mais frequente. Apesar de tudo, as curtas-metragens, pela sua especificidade, continuam a encontrar alguma resistência à entrada no circuito comercial, pelo que as mostras, ciclos e festivais de cinema continuam a desempenhar o papel de expositor por excelência. Este aspecto assume particular relevância no caso português, que, perante uma reduzida produção cinematográfica, quando comparado com os seus pares europeus, pode encontrar na curta-metragem uma alternativa criativa para autores que não conseguem reunir os 12 Forward Cinema meios necessários à concretização de filmes com orçamentos mais elevados. Assim, por um lado, uma maior produção e aceitação da curta-metragem conduzem à sua crescente presença nos festivais generalistas, que, no caso das produções nacionais, chegam a alcançar um número maior de exibições do que as longas-metragens portuguesas — como aconteceu no último Indie Lisboa, com dez curtas em cartaz e apenas uma longa-metragem. Por outro lado, um festival especialmente centrado neste género procura complementá-lo com formas alternativas de abordagem da imagem em movimento. Um clube empreededor O Curtas é um dos habituais casos em que um cineclube esteve na origem de um projecto mais ousado. Um grupo de amigos já com alguma experiência de trabalho conjunto apercebeu-se do lapso em Portugal no que dizia respeito a mostras de curtas-metragens. Assim surgiu o Festival de Vila do Conde, que, apesar de ter por objecto central a curta-metragem, aborda também modelos complementares de expressão artística. Desde a primeira edição e de modo cada vez mais abrangente ao longo dos anos, entram no programa longas-metragens e instalações vídeo, entre outras formas de manipulação da imagem. Esta confluência de suportes explica-se através da filosofia adoptada pelos organizadores do festival, que assumem a curta-metragem como, segundo Dario Oliveira, «um universo que se interliga e tem uma vida conjunta com as longas, com os documentários, com os vídeos, com tudo o que se quiser fazer». O Festival de Curtas de Vila do Conde alcançou na última edição os 18 mil visitantes para o conjunto dos eventos, com uma afluência de 11 a 12 mil pessoas às sessões de cinema. O patamar a atingir no futuro ronda os 20 mil visitantes, um número que confirmaria a maturidade do festival. Quem visita o Curtas são profissionais do sector e um público aficionado, maioritariamente de origem nacional. No âmbito internacional conseguiu alcançar já uma posição de referência, o que se comprova pelos diversos convites para integrar júris e organizar ciclos em festivais de outros países. A próxima edição, a 13.ª, promete trazer ainda mais novidades ao cartaz, já por hábito bem recheado. Num programa em que as secções de competição nacional e internacional ocupam o lugar central, como em qualquer festival, há oportunidade para divagações alternativas. Após as sessões, a Solar, uma galeria de arte cinema- tográfica com programação de cariz regular, reveste-se de um brilho especial durante o início de Julho e adquire um carácter mais lunar com diversas actividades lúdicas pela noite dentro. O ano do Japão A emergência do cinema japonês encontra o seu reflexo no Curtas, num programa transversal dedicado ao Japão. O programa do “Made in Japan” assenta em retrospectivas de três autores japoneses — Ishii Katsuhito, Sei Hishikawa e Ishii Sogo — bem como num programa de curtas recentemente lançadas pela distribuidora nipónica Open Art, constituído por videoclips de bandas japonesas. No “Lounge – Made in Japan” vão ser exibidos pequenos filmes, nomeadamente de género publicitário, que, nas palavras de Dario, são «coisas mais comerciais, menos artísticas, que correspondem a um território muito importante no audiovisual japonês que joga com a cultura Pop, em que tudo é comércio, em que tudo é vendável». Se o VJing se tem afirmado cada vez mais no âmbito da manipulação de imagem em movimento, trilhando caminho no exemplo dado pelo DJ no campo dos sons, o Curtas não fica alheado dessa tendência. Forward Cinema 13 . Um filme é entregue a um artista da área do vídeo, que faz uma nova montagem dessa obra em que a música e as imagens confluem para a obtenção de novos objectos audiovisuais. Esta é a fórmula patente na performance dos músicos e videastas Troublemakers, com o polémico “Zéro de Conduite” a ser alvo de remontagem. Num plano semelhante, o filme mudo inglês Picadilly benificiará de uma banda sonora de excelência, ao som do melodrama sumptuoso e ardente do Sosho Quintet, nas vozes de Kalaf e Melo D. Na secção “Take One!” é dada a oportunidade a alunos universitários da área do audiovisual de apresentarem trabalhos realizados no âmbito do curso. Como forma de complementar esta componente académica serão leccionados workshops e masterclasses. As matérias abrangidas pelos workshops variam entre o cinema em Super 8 e a captação de som. Outro domínio do Curtas recebeu o nome de “Work in 14 Forward Cinema Progress”, uma vez que assenta numa reflexão sobre o festival pelos vários autores a ele ligados, sob diversas formas de expressão, quer no âmbito da curta e da longa-metragem, quer na forma de proto-filmes e instalações-vídeo, entre outros suportes. Para quem esta edição do Curtas de Vila do Conde, com sabor a Japão, se apresenta especialmente convidativa, há a possibilidade de se inscrever como participante, através do site oficial ou por fax. O preço dos passes varia entre os 45 e os 65 euros, em que o valor mais elevado inclui o acesso aos filmes concerto (para além das restantes sessões), e a um desconto de 20% para estudantes. Em pleno Verão, com as praias cheias como centros comerciais ao domingo e as cidades debaixo de um calor insuportável, Vila do Conde pode ser a alternativa para outras cenas e outros filmes. texto: Cátia Monteiro Avanca’05 Avanca cada vez mais Avanca, Estarreja 27 a 31 Jul | www.avanca.com A nona edição dos encontros Internacionais de cinema, televisão, vídeo e multimédia, assistiu este ano a um acréscimo no número de inscrições, recebendo mais de um milhar de obras oriundas dos cinco continentes. França, Espanha e Alemanha figuram no topo da lista com mais candidatos e, pela primeira vez no festival, surgem obras de países como a Arménia, o Gana ou o Paquistão, contribuindo para uma variedade temática e cultural crescentes. No campo das obras nacionais, perto de 80 trabalhos vão a concurso. O Avanca’05 abrange vários formatos dentro do audiovisual e do cinema, entre curtas e longasmetragens, documentários televisivos e web movies, sendo que o programa é constituído em exclusivo por obras inéditas em Portugal. Para além das exibições, o visitante do festival vai poder também participar em workshops com a presença de convidados de outros países. A organização está a cargo do Cineclube de Avanca em colaboração com a Câmara Municipal de Estarreja e o evento multiplica-se por vários locais, sempre dentro da vila. texto: Cátia Monteiro 6.ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira 1.ª Mostra de Cinema Não Europeu de Tavira Viagem intercontinental Cineclube de Tavira, Tavira 15 a 26 Jul e 5 a 14 Ago | cineclubetavira.bravepages.com No regresso da Mostra de Cinema Europeu a Tavira, alarga-se o âmbito das sessões a outras nacionalidades, com o arranque da primeira Mostra de Cinema Não-Europeu. Uma selecção de filmes que, não sendo inéditos, primam pela qualidade e variedade. Apesar de restrito a pólos isolados, o cineclubismo persiste e dá provas de dinamismo. A 6.ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira inclui o filme “A Melhor Juventude” de Marco Tullio Giordana, uma obra de seis horas que atravessa a Itália dos anos 60 até à viragem do século, pelos olhos de uma família. No dia 18 de Julho, o ambiente único dos Claustros do Convento do Carmo recebe a visita de Neele Vollmar, realizadora de “Meine Eltern” e no dia 24 o filme de culto de Stanley Kubrick, “Laranja Mecânica”, sucede à exibição da curta portuguesa “I’ll See You In My Dreams”, que conta com a presença do produtor e argumentista Filipe Melo. Na viagem intercontinental pela sétima arte dá-se o regresso de Chaplin, em “O Grande Ditador”, enquanto Michael Moore tenta explicar a obsessão norte-americana por armas de fogo em “Bowling for Columbine”. Um dos filmes brasileiros mais aclamados de sempre, “A Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, entra igualmente na vertente não-europeia da mostra, que decorre entre 5 e 14 de Agosto. Este é apenas um excerto do cartaz, que apresenta outras propostas de vários tempos e lugares, entre filmes recentemente estreados e clássicos de culto, sempre às 21h30. Forward Cinema 15 . texto: Luís P. Oeiras Fernandes foto: Patrick Argirakis Ligne de fuite 22.º Festival de Almada A cidade do teatro Almada e Lisboa 4 a 18 Jul | www.ctalmada.pt Sem pó nem noites mal dormidas, mas com iguais doses de drama e público jovem, também o teatro tem o seu festival de Verão. O 22.º Festival de Almada apresenta espectáculos de sete países diferentes e dá a conhecer as principais companhias do nosso país. Mas a grande estrela do maior festival de teatro em Portugal é, este ano, o novo Teatro Municipal de Almada, equipamento construído de raiz para abrigar a companhia da cidade. Com duas salas de espectáculo e um restaurante que à noite se transforma em café-concerto, o teatro tem ainda outra sala só para ensaios, elemento raro, senão inexistente no nosso país. Para além de uma livraria, há a originalidade de um espaço onde os espectadores poderão deixar as suas crianças durante os espectáculos. O palco da sala principal está entre os cinco maiores do país, tem fosso para orquestra e pode receber óperas ou qualquer grande produção. As reduzidas dimensões da sala em relação ao palco permitem as melhores condições visuais e acústicas para teatro, sem ne- 16 Forward Teatro cessidade de uso de microfones. Entre as 12 companhias estrangeiras participantes estará a de Philippe Genty, autor do espectáculo do Pavilhão da Utopia (agora Atlântico) durante a Expo 98. Este autor, o mais famoso criador de teatro de marionetas do mundo, traz-nos “Ligne de fuite” (dias 9, 10 e 11). O prestigiado Odeón-Théâtre de l’Europe, um dos cinco teatros nacionais de França, apresenta “La rose et la hache” (dias 12, 13 e 14), adaptação da obra “Ricardo III” pelo italiano Carmelo Bene. Por seu turno, a versão Shakespearana desta tragédia pode ser vista na encenação do Centro Dramático Galego, verdadeiro teatro nacional da Galiza (dia 11). Igualmente de Espanha, sobe ao palco “Auto de los cuatro tiempos” de Gil Vicente (dias 11 e 12), encenado por Ana Zamora, e “11MVozes contra a barbárie” (dia 10), sobre os atentados de 11 de Março em Madrid. Do Canadá, estreando a sua digressão pela Europa, chega “Nous étions assis sur le rivage du monde” (dias 7 e 8), encenação de Denis Marleau sobre o texto de José Pliya. Itália estará representada por Ascanio Celestini, que encena e interpreta o seu texto “Rádio Clandestina” (dias 12, 13 e 14). Entre a produção nacional, destaca-se o ciclo dos Artistas Unidos dedicado a Jean-Luc Lagarce. Este ciclo é o pretexto para assistir à estreia de “Music-Hall” (dias 8 a 12 e 14 a 17) ou a oportunidade para rever “Tão só o fim do Mundo” (dias 12 e 13) e “As regras da arte de bem viver na sociedade moderna” (dias 5 a 10 e 15, 16 e 17). O encenador da obra em estreia, François Berreur, o crítico Jean Pierre Han, Jorge Silva Melo e outros estarão presentes num colóquio dedicado ao autor. Também a Cornucópia, o Teatro dos Aloés, o Teatro Meridional, a Comuna e outros grupos se associam a mais uma edição da mostra teatral. Os espectáculos decorrem em 13 lugares diferentes, em Almada e Lisboa, incluindo o CCB, a Trindade e a Culturgest. Passes a 65 euros e a 35 euros para os sub-25. Outros destaques: “Os guardas do Museu de Bagdad”, Teatro dos Aloés, dia 9 “La folie de Salim”, Abdelkader Alloula, Jamil Benhamamouch, dia 14 “A cabra, ou Quem é Sílvia?”, Edward Albee, Comuna, dia 17 “A montanha da água lilás”, Pepetela, Meridional, dias 8 e 9 “Num bairro moderno”, Cesário Verde, C. T. de Almada, dia 18 “Voluminaires”, Ale Hop Teatro, dia 15 “Agatha Christie”, Teatro Praga, dias 5 a 8 “A cadeira”, Edward Bond, Cornucópia, dias 5 a 10 e 12 a 17 texto: Cátia Monteiro foto: Robin Ottersen O calor do Jazz Neste verão existe um trio de pretextos para ver e ouvir Jazz na Grande Lisboa. Segue o programa estival. Local data | site 24.º Estoril Jazz Cascais 1 a 10 Jul | www.projazz.pt Quase a celebrar as bodas de prata, o Estoril Jazz propõe-nos no Parque Palmela, em Cascais, um cartaz de inspiração norte-americana, com destaque para Von Freeman e Roy Haynes. O primeiro, chega-nos de Chicago e, juntamente com o seu quarteto, abre as festividades no primeiro dia de Julho. O dia seguinte recebe o trio de Joey De Francesco, que partilha o mesmo palco com Houston Person. No dia três, o quarteto de Peter Cincotti mostra o que é fazer PopJazz de qualidade. A 8 de Julho destaca-se o Jazz at Palmela Park com a recém-constituída Charlie Parker Legacy Band e, num contexto diferente, o baterista de renome Roy Haynes chega no dia 9 a Portugal com “Fountain of Youth” na bagagem. No fecho do festival, sobe ao palco a orquestra de Count Basie, fazendo perdurar a memória de uma das lendas mais respeitadas do Swing. Em paralelo, a pianista Lynne Arriale lança-se numa mini-digressão por várias salas da Grande Lisboa, de 4 a 7 de Julho, que incluem o CCB, o Centro Cultural de Cascais, o Casino Estoril e o Hot Club de Portugal, respectivamente. 2.º Cool Jazz Fest Cascais, Mafra, Oeiras 10 a 30 Jul | www.cooljazzfest.com Petiz nas andanças do Jazz e aberto a outros géneros musicais, o Cool Jazz Fest apresenta-se disperso por Oeiras, Mafra e Cascais, brindando o público com nomes bem sonantes de vários quadrantes sonoros. Os bem amados Us3 (dia 10), José Feliciano (dia 12) e Thievery Corporation (dia 13) estão agendados para a Casa da Pesca em Oeiras, enquanto o Jardim do Cerco em Mafra acolhe a voz quente e familiar da brasileira Jaga Jazzist 18 Forward Música Maria Bethânia (dia 16). A Cidadela de Cascais converte-se no terceiro palco do Cool Jazz Fest, recebendo as actuações de Mariza (dia 26), Jamie Cullum (dia 27) e Marianne Faithfull (dia 30). Jazz em Agosto CAM - Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 5 a 13 Ago | www.camjap.gulbenkian.org A mostra de Jazz da Gulbenkian é este ano mais alargada, com 17 eventos a decorrerem no anfiteatro ao ar livre e no auditório 2 da fundação. Sob o céu estrelado, actua no dia 5 de Agosto a Globe Unity Orchestra, seguida, no dia 6, pelo Gebhard Ullman’s Ta Lam Zehn e pelo quinteto norueguês Atomic, no dia 7. Três dias mais tarde, chegam os Sound Of Choice acompanhados pelo Ixi String Quartet, seguindo-se o V16 Project de Jerry Granelli no dia 11. A noite de 12 dá lugar aos noruegueses Jaga Jazzist, enquanto o dia 13 encerra com os Fast’n’bulbous de Phillip Johnston e Gary Lucas, colocando Captain Beefheart na via da inspiração. O auditório 2 da Gulbenkian alberga Jean-Marc Foltz e Bruno Chevillon, que chegam da França para actuarem no dia 6, enquanto algumas horas mais tarde Alexander Von Schlippenbach, Evan Parker e Paul Lovens ocupam o mesmo espaço. No dia 7 é a vez de Jean Luc Cappozo, Axel Dörner e Herb Robertson subirem ao palco, seguidos por Irène Schweizer e Pierre Favre, oriundos da Suíça. Quatro dias depois, o Ensemble Raum português ocupa o auditório, precedendo a actuação de Mark Dresser, Denman Maroney e Michael Sarin. No dia 12, Jorge Lima Barreto apresenta os “Sintagmas do Jazz”, enquanto Hans Koch, Martin Schütz e Fredy Studer trazem da Suíça um som que envereda pela Electrónica e pela improvisação acústica. A encerrar, no dia 13, estará Erik Friedlander a solo no violoncelo, seguido pelo trio Mephista, com senhoras de três continentes diferentes (Europa, América do Norte e Ásia). No conjunto, as actuações apresentadas pela Gulbenkian primam pela variedade de estilos, formatos e origens culturais. texto: Luís Santos Batista 40.º Festival de Sintra Música e dança Sintra 10 Jun a 30 Jul | www.cm-sintra.pt O Município de Sintra recebe este ano o seu 40.º festival de música e dança. Esta iniciativa, oferece uma interessante mostra de espectáculos inteiramente dedicados à musica clássica, à dança e à expressão corporal. Durante os meses de Junho e Julho, será possível assistir a uma variedade de espectáculos divididos entre o Centro Cultural Olga Cadaval, o Palácio Nacional de Queluz, o Palácio Nacional de Sintra, a Quinta da Piedade, os Jardins do Palácio de Seteais, o Parque de Monserrate, a Quinta da Regaleira, o Palácio Nacional da Pena e o Penha Longa Hotel & Golf Resort. Quanto à programação, inscreve-se nos moldes habituais do formato seguido desde 2003, ano em que passou a integrar com regularidade espectáculos de música e dança. Na música, as actuações estão a cargo da Orquestra Gulbenkian, dos solistas Ann Murray e Graham Johnson, do trio de clarinete, violoncelo e piano composto por Sabine Meyer, Heinrich Schiff e Leif Ove Andsnes respectivamente, do quarteto de cordas Tacet e de um rol invejável de pianistas que inclui Nella Maissa, Sequeira Costa, Jean-Yves Thibaudet, Eleonora Karpoukhova, Dong-Hyek Lim, Alexander Mogilevsky, Alexander Gurning, Sergio Tiempo e Mauricio Vallina. Na dança reconhecem-se as companhias Scottish Dance Theatre, Compagnie Linga, Compañia Nacional de Danza 1 (C.N.D.1), Cía Dançem Ester Carrasco, Ballet du Grand Théâtre de Genève e Compagnia Aterballetto. Forward Música 19 . texto: Gonçalo Guedes Cardoso e Mariana Afonso Hype@Tejo Hype muda-se para Lisboa Doca Pesca, Lisboa 9 Jul | www.musicanocoracao.pt Após quatro anos consecutivos na Herdade do Cabeço da Flauta, perto de Sesimbra, o festival Hype@Meco ruma este ano a Lisboa, atraca na Doca Pesca, próxima da Torre de Belém, e adopta a designação de Hype@Tejo. Chemical Brothers Esta foi a fórmula encontrada pela Música no Coração, a promotora do evento, para que o festival se mantenha nos moldes dos anos anteriores e ao mesmo tempo abarque mais público e acumule maiores receitas. O motivo mais forte desta metamorfose, ficou a dever-se aos difíceis acessos e à ausência de transportes públicos para o Meco. Assim, a ideia surgiu naturalmente, juntando-se o útil ao agradável: mantémse o conceito do festival, um dos mais populares na área da música electrónica desde a sua primeira edição e torna-se mais simples e seguro o acesso do público ao evento. Para a 5.ª edição, os nomes são condicentes com o hype. Neles incluem-se os regressados DJs britânicos Chemical Brothers, cuja actuação será antecedida pelos londrinos Spektrum, pelo brasileiro DJ Dolores e Aparelhagem e pelos portugueses The Gift e Blasted Mechanism na Doca Sound. Previsto para o Ice Warehouse está um dj set do consagrado duo austríaco Kruder & Dorfmeister, que se farão acompanhar ao vivo por Rodney Hunter e Urbs, da G-Stone Recordings. A animação continuará na Lota Love com um dj set pelos Dezperados e a responsabilidade de terminar 11 horas contínuas de música, com vista para o rio Tejo, estará a cargo dos DJs da Antena 3 e da Rádio Oxigénio. Os ingressos têm o preço de 30 euros e no dia 9 as portas abrem-se às 20h para que os espectáculos comecem uma hora depois. texto: Luís Santos Batista 6.º Festival do Tejo O Tejo abre-se ao mundo Quinta da Marquesa, Azambuja 22 a 24 Jul | www.festivaltejo.com O Festival do Tejo aparece este ano com imagem e local renovados. Contrariamente às edições anteriores, a organização abre portas às bandas estrangeiras, deixando de parte o conceito 100% nacional e desloca-se para a Quinta da Marquesa, na Azambuja, oferecendo melhores condições. 20 Forward Música Ainda que os nomes propostos sejam recorrentes no panorama festivaleiro nacional, a qualidade dos mesmos revela-se essencial para que este festival continue a mostrar que existe. Neste sentido, estão já confirmadas algumas figuras que jogam na primeira divisão dos campeonatos em que se inserem. São eles os Asian texto: Pedro Moreira 2.º Festival Benquerença Um ano depois Penamacor, Castelo Branco 22 a 24 Jul | www.benquerenca.com A segunda edição do Festival Benquerença volta a contar com um cartaz orientado para as sonoridades mais pesadas. A grande novidade é a inclusão de uma banda britânica no evento: os veteranos Ten Years After. A primeira noite do festival começa com o Hard Rock progressivo dos Alluminia. A banda de Torres Vedras irá apresentar a sua primeira maqueta, gravada no passado mês de Fevereiro, que conta com o single “After Hate”. Seguir-se-ão os sintrenses Karma que levam à praia fluvial de Benquerença um Rock em português, através do trabalho “Renascer”. Na mesma noite, sobem ainda ao palco do festival nortenho os Twenty Inch Burial, uma das grandes promessas do Hardcore nacional, que acabam de lançar o segundo álbum “How Much Will We Laugh And Smile”. A fechar a noite inaugural do evento estarão os experientes Primitive Reason. Será uma oportunidade para percorrer os cinco álbuns da banda, com destaque para o novo “Pictures In The Wall”, em que a fusão do imenso caldeirão de sonoridades incluídas ganha uma nova dimensão. Para o início do segundo dia do festival, prevê-se mais Hardcore com os lisboetas For The Glory e os albicastrenses Outstanding a prometerem concertos Dub Foundation, Transglobal Underground, Moonspell, Blasted Mechanism, Terrakota e The Temple no palco principal. O palco secundário estará, por sua vez destinado aos Ölga, Melo D e Bunnyranch no dia 22 e aos Vicious Five, Micro Audio Waves e DJ Nelassassin a 23. Para o último dia, esperam-se as presenças dos vencedores do último concurso de novas bandas da Azambuja, os Along Among Thousands, juntamente com os Old Jerusalem e os Tenaz. explosivos. Sem precisarem de apresentações, os Fonzie irão mostrar que em Lisboa também se faz Punk. Quarenta anos de carreira com milhões de unidades vendidas e uma participação no mítico Woodstock, em 1969, são o aperitivo para a grande atracção da noite: a banda inglesa Ten Years After. Com o jovem Joe Gooch em substituição de Alvin Lee, este será um concerto nostálgico, mas que contará também com alguns temas do novo álbum “Now”. A exemplo dos dias anteriores, o último dia do Festival Benquerença começará com as sonoridades pesadas dos G-Ward e dos My Cubic Emotion. As boas vibrações tomarão conta do público assim que os Mercado Negro pisarem o palco, alterando radicalmente o tom do festival. “Mercado Negro”, o primeiro e único álbum do colectivo de Messias, é o responsável por trazer a Jamaica a Penamacor. A fechar o alinhamento estará o Funk dos Squeeze Theeze Pleeze. A banda portuguesa regressa aos palcos para apresentar o novo registo de originais “Flat Line” e espera repetir o grande sucesso alcançado com “Open”, que incluía o êxito “Ode to a Child”. Transglobal Underground Forward Música 21 . texto: Hugo Barros 7.º Festival Músicas do Mundo Sines com espírito de aventura Castelo Medieval, Capela da Mesericórdia, Avenida Vasco da Gama, Centro das Artes, Sines 28 a 30 Jul | www.fmm.com.pt Kila Hermeto Pascoal Alternativo, ou já nem tanto, o Festival Músicas do Mundo impõe-se cada vez mais pela sua qualidade e regressa a Sines para três dias de globalização cultural. Evento multidisciplinar e para todos, do aventureiro à família é o conceito base do Festival Músicas do Mundo (FMM), organizado pela Câmara Municipal de Sines. A cidade acolhe um dos poucos festivais de música em Portugal que vai muito além dos concertos, apostando nas exposições, no cinema documental ou em palestras dos músicos participantes. Tudo isto é possível graças à colaboração com o Centro de Artes, espaço onde decorrem as actividades multidisciplinares. O FMM é um caso raro de harmoniosa convivência entre qualidade e popularidade, tendo trazido a Sines, ao longo dos últimos seis anos, mais de 75 mil pessoas. A mediatização do festival nasceu de presenças como as de Femi Kuti, Taraf de Haidouks, Warsaw Village Band, 22 Forward Música Hedningarna, Kronos Quartet, Tom Zé, Simentera, Mahotella Queens, Bal Tribal, The Skatalites, Black Uhuru feat. Sly & Robbie, Clã, Adufe, Brigada Victor Jara, Cristina Branco, Danças Ocultas e o imparável David Murray. Com concertos em espaços históricos como o Castelo e a Capela da Misericórdia, a valorização do património é outra mais valia do festival. Para este ano a organização anuncia o programa mais extenso de sempre. Quinta-feira, dia 28, actua o grupo argentino 34 Puñaladas, seguido por um projecto português em estreia absoluta que reúne Cristina Branco, a Brigada Victor Jara e Segue-me à Capela. A festa continua noite fora com os bósnios Ljiljana Buttler & Mostar Sevdah Reunion, após os quais se ouvirá a dupla maliana Amadou & Mariam e os romenos Mahala Raï Banda. Sexta-feira, dia 29, a música em Sines começa com a portuguesa Lula Pena e prossegue com Marc Ribot & The Young Philadelphians (dos EUA), Astrid Hadad (do México), o brasileiro Hermeto Pascoal e Ba Cissoko (da Guiné-Conakri). A última noite, sábado, 30, abre com o quarteto japonês Samurai 4 e continua com os marroquinos The Master Musicians of Jajouka feat. Bachir Attar, o projecto KTU (com o finlandês Kimmo Pohjonen), os irlandeses Kíla e os congoleses Konono n.º 1. texto: Gonçalo Guedes Cardoso e Luís Santos Batista foto: David Goldman 15.º Festival Vilar de Mouros Rock em tempo de vacas magras Vilar de Mouros, Caminha 29 a 31 Jul | www.vilardemouros.com O mais mediático de todos os festivais portugueses parte este ano para a sua 15.ª edição e conta com uma novidade que é sinónimo da sua relevância e utilidade para as comunidades local e musical. Falamos da inauguração do Museu do Festival, que ficará localizado na praça principal desta aldeia minhota. O espólio inclui fotografias, vídeos, recortes de jornal, cordas de guitarra, palhetas, peles de bateria, baquetas, cartazes e bilhetes, a juntar às obras de arte pintadas pelos artistas nos seus camarins desde 1999. As contribuições do público conferem o direito a nome e o estatuto de mecenas junto do elemento cedido e a organização prevê o lançamento do cartão de amigos do museu, com benefícios associados. Já dentro do recinto do festival, e para além do palco principal e de um palco secundário, existirão os espaços habituais de restauração variada, uma discoteca, um cinema, uma tenda de artesanato, merchandising e várias caixas multibanco. A novidade ao nível das infra-estruturas assenta na instalação de urinóis para o público masculino, de casas de banho em contentores com limpeza regular e do aumento dos parques de estacionamento para 22. A segurança nos parques de campismo será igualmente reforçada e a polícia deverá ser capaz de conter os arrastões. Com a primeira edição a ter lugar no longínquo dia 8 de Agosto de 1971, este festival já viu passar pelo recinto nomes como Elton John, U2, Stranglers, Echo & Bunnymen, Stone Roses, Young Gods, Tindersticks, Iron Maiden ou Skunk Anansie. Também os portugueses marcaram presença desde o primeiro momento: a fadista Amália Rodrigues, o histórico duo Ouro Negro, a banda da Guarda Nacional Republicana, o falecido Carlos Paredes, os extintos Já Fumega e Heróis do Mar, os Xutos & Pontapés e os Madredeus. Para esta edição reconhecem-se o carismático Peter Murphy, Joe Cocker, Joss Stone, The Charlatans, Faithless, Blues Explosion, Nightwish, Within Temptation, Jesus Jones e Porcepine Tree. Garantido está também o regresso do ex-Led Zeppelin, Robert Plant and the Strange Sensations. Em tempo de vacas magras, fica a dúvida, sobre se os nomes escolhidos, a novidade do museu, os ares rejuvenescedores e tranquilos do Minho e o reforço das estruturas será suficiente para atrair público em número suficiente. Para quem tiver capacidade de compra, os bilhetes estarão à venda nos locais habituais ao preço de 70 euros para os quatro dias e 35 euros para cada dia. Joss Stone Forward Música 23 texto: Ana Baptista The (International) Noise Conspirary Basement Jaxx 9.º Festival Sudoeste 61 razões para ir Herdade da Casa Branca, Zambujeira do Mar 4 a 7 Ago | www.musicanocoracao.pt O Sudoeste é o maior festival de música português. O maior em infra-estruturas, área e pessoas presentes. O parque de campismo, de 12 hectares, já chegou a albergar 20 mil campistas e a maior enchente de público foi em 2000, ano em que no último dia se atingiu o recorde de 40 mil pessoas. Por lá já passaram artistas consagrados como Beck, Blur, Chemical Brothers, Franz Ferdinand, Kraftwerk, Marilyn Manson, Massive Attack, Peter Murphy, PJ Harvey, Portishead, Placebo, The Cure, Zero 7… a lista é imensa. A aventura começou em 1997, ano em que as infra-estruturas existentes não foram, de longe, suficientes para o elevado número de pessoas. Sem água para banhos, sem iluminação no parque de campismo e com água e comida a cerca de seis km a pé, o Sudoeste parecia estar condenado a não passar da primeira edição. Mas, a par de Vilar de Mouros, o primeiro grande festival português, também o evento alentejano vincou pelo espírito aventureiro, pela cultura do desenrasca e pela certeza de se estar a viver momentos irrepetíveis. O primeiro Sudoeste foi como um pequeno Woodstock para a geração que nos anos 90 tinha entre 14 e 25 anos, como Vilar de Mouros o foi para a geração que nos anos 80 tinha a mesma idade. Desde então muita coisa mudou. O festival cresceu cada vez mais, melhorou a todos os níveis — oferta, organização, infra-estruturas, condições, transportes, etc. — e tornou-se numa instituição. Aliás, segundo Álvaro Covões, da Música no Coração, entidade organi- 24 Forward Música zadora, a música é a terceira razão pela qual as pessoas vão ao Sudoeste. A primeira é o facto de ser «O» festival Sudoeste. A segunda é a praia, ou melhor, as praias: Zambujeira do Mar, Carvalhal, Vila Nova de Mil Fontes, Almograve, Odeceixe, enfim, toda a Costa Vicentina. Foi na sequência deste pensamento que a organização decidiu fazer uma série de alterações ao programa do festival. Além de já não se chamar Optimus Sudoeste, uma vez que é a TMN o patrocinador principal do evento, Álvaro Covões quer que a música comece a ter um papel ainda mais relevante. Assim, este ano o Sudoeste arranca oficialmente a 4 de Agosto, não com a habitual recepção ao campista, mas com um dia de concertos igual aos outros. Para este dia estão já confirmados, não uma banda, mas os Gato Fedorento. Depois a grande novidade é que existirão três palcos a funcionar em simultâneo — o palco principal (TMN), o palco Planeta Sudoeste e o palco Positive Vibes. O último dos três é dedicado ao Reggae e o Planeta Sudoeste terá bandas portuguesas à tarde, ficando a noite por conta dos mais variados artistas, desde os cantautores à Electrónica. «Por isso é que se chama Planeta Sudoeste. É mesmo uma viagem pelo mundo da música», refere Álvaro Covões. Por sua vez o palco principal terá entre quatro a cinco bandas por noite, cujo arranque se prevê para as 20h. Já confirmados (pelo menos, até ao fecho desta edição) estão Emir Kusturica & No Smoking Orchestra e Sean Paul (dia 4); Oasis, Kasabian, Devendra Banhart, LCD Soundsystem, Groundation, K-Os, Skank, e Da foto: Steve Gullick (Devendra Banhart) Devendra Banhart Weasel (dia 5); Basement Jaxx, Josh Rouse, Underworld, Seed, Fat Boy Slim, e Ladytron (dia 6); The (International) Noise Conspiracy, Morgan Heritage, Athlete, Doves e The Kills (dia 7). Ainda sem data avançada, mas já confirmados, estão os Rinôçérôse e Patrice. Estas bandas estarão espalhadas pelos três palcos e não confinadas ao palco principal, uma ideia que se assemelha muito a um festival internacional, mas que para Álvaro Covões é uma «evolução». O mesmo The Kills acrescenta «Não queremos ter 30 ou 40 mil pessoas todas em frente a um palco». Assim, de acordo com este responsável, os (Internacional) Noise Conspiracy e os The Kills deverão actuar no palco Planeta Sudoeste, enquanto os Oasis, Fat Boy Slim, Da Weasel, Doves e Kusturica serão algumas das presenças asseguradas no palco principal. Contas feitas, durante os quatro dias do Festival Sudoeste 2005 vão actuar 61 bandas. Sim, 61 bandas! E as praias estão mesmo ali ao lado… texto: Filipa Matos Andanças Por estas andanças Carvalhais, S. Pedro do Sul 1 a 7 Ago | www.pedexumbo.com/site2005/andancas1.htm Ir ao Andanças é para muitos um ritual anual. É que este festival não é só música, não é só dança, não é só comércio. É um ponto de encontro onde as pessoas e a natureza se harmonizam, com o pretexto de celebrar a música e a dança tradicional. Num local paradisíaco, este festival de dança e música popular de todo o mundo, tem por base a cultura participativa. As pessoas convivem, experimentam, aprendem, jogam, constroem brinquedos e instrumentos musicais tradicionais, passeiam na serra… Aqui, o espectador não é um mero elemento passivo, mas sim parte integrante do festival: participa nos inúmeros workshops de dança da parte da manhã e da tarde (que vão desde as danças orientais até às tradi- cionais portuguesas ou africanas) e anima os bailes e os concertos durante a noite. Os músicos e bailadores vêm de toda a Europa para a festa. Já fizeram parte do cartaz os Dazkarieh, as Tucanas, ou os Dobranoch. Os serviços do evento são assegurados exclusivamente por voluntários, o que faz deste um festival diferente de todos os outros. O Andanças possui área de campismo (geral e calmo) e cantina (vegetariana e não vegetariana). Há descontos para jovens até aos 25 anos, membros das associações colaboradoras e respectivas famílias. Os bilhetes variam entre os 6 euros por noite, os 23 euros por dia e 90 euros pela totalidade dos sete dias de Andanças. Um evento único no panorama dos festivais nacionais. Forward Música 25 . texto: Pedro Moreira 13.º Festival Paredes de Coura Rock in rio Coura Praia fluvial do Tabuão, Paredes de Coura 15 a 18 Ago | www.paredesdecoura.com As águas do rio Coura voltam a agitar-se para mais um Festival Paredes de Coura que este ano continua a apostar nos grandes nomes do Rock, sem deixar de lado uma quantidade assinalável de estreias em solo luso. Faça-se Rock! Ao contrário do que tem sido habitual nos anos anteriores, este ano a organização do festival deixa de ter a mão da promotora Música no Coração, passando a haver uma colaboração entre a Tournée (que também organiza o Festival Vilar de Mouros), a Porto Eventos e a Ritmos. E as diferenças já se fazem notar: um cartaz bastante alternativo com uma aposta clara em bandas estreantes e a redução do número de bilhetes colocados à venda para apenas 15 mil unidades, numa tentativa de melhorar as condições das edições anteriores. Quem se dirige a Paredes de Coura depara-se com um belíssimo anfiteatro natural onde se encontra o palco principal, que albergará durante três dias os nomes grandes do cartaz. Embora o alinhamento não seja ainda totalmente conhecido, sabe-se já que o dia 15 está reservado à recepção aos campistas e que, nas restantes datas, a música se estenderá pela noite dentro. Uma das grandes atracções será certamente o regresso dos Foo Fighters (dia 16), do ex-Nirvana Dave Grohl, um ano após a enchente no Rock in Rio português. A 26 Forward Música banda regressa a Portugal para um espectáculo baseado no novo “In Your Honor”, álbum duplo — metade eléctrico, metade acústico — que inclui o single “Best Of You”. As expectativas são também elevadas para o concerto dos Queens of the Stone Age (dia 17) que, após o despedimento do irreverente baixista Nick Oliveri, são cada vez mais uma banda à imagem do ruivo Josh Homme. O novo álbum “Lullabies To Paralyze” mostra isso mesmo com um som muito negro a fazer lembrar “R”. Tal como os Foo Fighters, os americanos Pixies (dia 17) regressam um ano após a actuação em Lisboa no Festival Super Bock Super Rock. A loucura à volta de uma das bandas mais influentes dos anos 90 já não é a mesma, mas o culto mantém-se, bem como a curiosidade de ouvir músicas como “Where is My Mind?” ou “Here Comes Your Man”. Da Austrália retorna Nick Cave (dia 18), desta vez com os seus The Bad Seeds, para mais uma intrigante actuação carregada de emoções, como nos habituou nas últimas passagens por Portugal. O novo álbum de originais “Abbatoir Blues/The Lyre Of Orpheus” e a compilação de raridades “B Sides & Rarities” são os pretextos para a deslocação a terras minhotas. “Pandemonium” é o que esperam causar os Killing Joke (dia 18) que voltaram ao activo, depois de mais uma pausa na carreira, com um novo álbum homónimo. A banda de Jaz Coleman regressa assim aos palcos nacionais após ter ocupado o lugar de banda suporte na digressão que trouxe os Pixies a Portugal. Outro nome já confirmado é o dos norte-americanos !!!, também conhecidos por Chk Chk Chk (dia 16), que trazem na bagagem o álbum “Louden Up Now”, editado em 2004. Mais a norte, do Canadá, vêm os Death From Above 1979 (dia 16). Também com edição em 2004, “You're a Woman, I'm a Machine” marca a estreia do duo constituído pelo baixista Jesse Keeler e pelo baterista Sebastien Grainger. Isso mesmo: Rock sem guitarras eléctricas e com pozinhos de dança. Para que o ritmo não pare, chegam os nova-iorquinos The Bravery (dia 16). Vêm apresentar o álbum homónimo recentemente lançado, que inclui os bem conhecidos singles “Unconditional” e “An Honest Mistake”. “I Predict a Riot” dizem os Kaiser Chiefs (dia 16). E nós também! A banda inglesa tem assim a oportunidade de mostrar que “Employment” é algo mais do que um hype carregado às costas por bandas como os Franz Ferdinand. Depois do cancelamento do concerto previsto para a edição de 2004 do Festival Paredes de Coura, os The Roots (dia 17) estreiam-se finalmente em Portugal e muitos serão aqueles à espera de dançar com “Seed”. Outra banda bastante aguardada são os canadianos Hot Hot Heat (dia 17). Os autores de “Bandages” devem concentrar a actuação nos dois álbuns mais recentes, “Make Up The Breakdown”, de 2002, e “Elevator”, acabado de chegar. Uma das boas surpresas do cartaz são os The Arcade Fire (dia 17), que contam apenas com um álbum no seu catálogo, o muito aclamado “Funeral”, lançado em 2004. Directamente do cinema vem Juliette Lewis (dia 18). A actriz de “Natural Born Killers” e “Cape Fear” faz-se acompanhar da sua banda, os The Licks, e do álbum “You’re Speaking My Language”. A sétima arte exporta igualmente o actor e realizador norte-americano Vicent Gallo (dia 18) que, desta feita, representará o papel de músico, outra das suas muitas facetas. Em tom de revivalismo, encontramos ainda os MxPx, uma banda madura da cena Punk-Rock que levará “Panic” a Paredes de Coura. Os últimos nomes adicionados a um dos cartazes que melhor acompanha as tendências musicais do ano, são os dos portugueses Blind Zero e da banda britânica Futureheads, num registo próximo do post-Punk. Haverá também espaço para mais dois palcos: Songwriters, dedicado aos sons melancólicos dos grandes escritores de canções da actualidade, e Jazz na Relva, onde alguns nomes do Jazz acompanham o final da tarde à beira-rio. Os bilhetes para o festival custam 80 euros (quatro dias) e incluem estadia no acampamento. texto: Ana Serafim 1.º Festival Internacional de Música de Dança de Ponta Delgada Dança na ilha Ponta Delgada, São Miguel, Açores 5 e 6 Ago Os Açores preparam-se para ficar na rota do circuito de música de dança internacional. Com um pequeno grande cartaz, o 1.º Festival Internacional de Música de Dança de Ponta Delgada promete agitar o verão insular. Numa parceria com a Câmara Municipal e a produtora Bimotor, o evento oferece-nos dois dias de DJ set’s, contando com nomes como Jazzanova, Kid Loco e Rainer Truby. A 5 e 6 de Agosto, Ponta Delgada entrará nos terrenos da House, Drum’n’Bass, Downbeat, Jazz, Funk e Soul, passando pelo House Rock dos Rinôçérôse. A dominar as imagens estará o muito aclamado VJ João Pinto (Lux). No pico do Verão, este festival pioneiro vai criar uma das maiores pistas de dança do país, com capacidade para três mil pessoas. Para quem quiser mexer o pezinho, todos os caminhos vão dar ao Coliseu Micaelense. Forward Música 27 texto: Ana Serafim Freedom Festival 2005 Take the formula of freedom Barragem do Caia, Elvas 18 a 21 Ago | www.freedom-festival.org Num ano sem Boom animem-se os entusiastas do Trance. O Freedom Festival chega com a intenção de se tornar num evento de referência no circuito dos festivais internacionais. A ter lugar nas margens da barragem do Caia, a 10 km de Elvas, o Freedom pretende proporcionar uma experiência única de vivência em comunidade e total liberdade, sempre em plenitude com a natureza. A proposta é muito refrescante: a pista de dança será montada num pequeno arquipélago rodeado de água. A lista de artistas anunciados é explosiva. Destaque para nomes como Raja Ram, Simon Postford, Darksinamurti, G.M.S., 1200 Mics, Infected Mushroom, Morning Tea Projec e Soul Jackers, entre muitos outros. Numa organização Crystal Matrix, o festival promete, para além da música (servida por um PA de 120 mil watts), uma área de mercado composta por lojas de comida e de roupa vindas dos quatro cantos do mundo, tenda Chill Out e tendas alternativas. Estarão disponíveis infra-estruturas como um parque de campismo, um parque de estacionamento vigiado, WC, chuveiros e dispositivos de emergência médica para possíveis ocorrências. Os efeitos visuais estão a cargo de Space Invader, Nolinx, e Maldek, acompanhados por Bamboo na projecção de hologramas. A fim de criar uma atmosfera mágica e colorida, foram chamados para as decorações os The Tribe of Frog. 28 Forward Música O passe de entrada para os quatro dias poderá ser adquirido por 50 euros (pré-venda) ou 70 euros (comprado à porta). Poderão também ser comprados à entrada do evento bilhetes para três dias (50 euros) e para dois dias (30 euros). O passe estará igualmente em prévenda no Brasil, Rússia e África do Sul por 35 euros. Alinhamento completo: Line Up G.M.S., 1200 Mics, Infected Mushroom, Hallucinogen, Astrix, Wrecked Machines, Talamasca, Parasense, Xerox and Illumination, Juvenille, Quadra, Shift, Hujaboy e Seroxat. Dish Wizzards Raja Ram, Dino Psaras, Tsuyoshi Suzuky, John Oo Fleming, Edoardo, Simon Postford, Dede, Dimitri, Riktam, Bansi, Paul Taylor, XP Voodoo, Celli, Bushman, Karan, Kristian, Darksinamurti, Android, Brian God, Duniya, Mix-Tech, Ganje, D-Vision e Yakai. Chillout OTT, Simon Postford/Raja Ram, Michelle Adamsom, 3rd Ear, Vataff Projec, Morning Tea Projec, Soul Jackers, Celli, G Spark, Omiq Project, Vaga & Cocoon, PH Acid, Liquid Shape e Khamars. texto: Alexandre Nunes de Oliveira 29.º Festival Grec E ver-se grego por não ir Barcelona, Espanha 27 Jun a 8 Ago | www.barcelonafestival.com Na capital da Catalunha o calor chega com a humidade para tornar o Verão mais infernal. Para minorar os danos, a cidade oferece praia, vida nocturna, alvorada no Mediterrâneo e, desde há 29 anos — os mesmos da Democracia — o Festival Grec, assim chamado por acontecer no fabuloso anfiteatro homónimo, de formato clássico e ao ar livre. Quase três décadas inspiram respeito e, nesse sentido, o evento aposta em nomes conhecidos e consagrados, avistando-se lotações esgotadas. A edição deste ano arranca a 27 de Junho e prossegue até 8 de Agosto. Passemos-lhe revista. O Teatro Grego (Grec em catalão) de Barcelona foi inaugurado em 1929, integrado no recinto da Exposição Universal levada a cabo na colina de Montjuic, sobranceira à cidade. Desde os tempos da ocupação romana que a pequena montanha, hoje um parque florestal cheio de jardins, museus e equipamentos desportivos (como deveria ser Monsanto em Lisboa), forneceu pedra para a edificação da urbe. A escolha de um anfiteatro ao ar livre segundo os antigos cânones helénicos recaiu exactamente no espaço de uma pedreira abandonada, compondo um cenário absolutamente mágico e adequado a espectáculos no perío- 30 Forward Internacional do mais quente do ano. Terminados os constrangimentos culturais da ditadura de Franco, com a sua morte em 1975, Barcelona recuperou o seu lugar de pólo artístico dianteiro do Estado Espanhol, hoje perfeitamente salvaguardado, mas que então dependeu de medidas decisivas como a elaboração de um grande festival de Verão. Existindo um local mais que perfeito para acolher tal iniciativa, o certame adoptaria com naturalidade o mesmo apelido — Grec — para se designar. Começou por ser um festival de artes cénicas, mas logo os responsáveis municipais perceberam que era mais... lucrativo estabelecer também uma programação musical à qual o público, diga-se em verdade, acede e adere mais facilmente. Actualmente, quando se fala do Grec, é de facto a música —entendida de forma abrangente e ecléctica — que ocupa o centro das atenções. Seguindo o caminho tomado nas mais recentes edições, a aposta deste ano é claramente em nomes consagrados, sejam eles do Jazz, do Rock, da música espanhola em geral ou até de um paradigma mais próximo da música Clássica — como é o caso de Philip Glass. O compositor americano faz-se acompanhar do seu Ensemble, interpretando ao vivo a banda sonora que escreveu para “Naqoyqatsi” (documental de fotos: Luis Greenfield pp. 30, 31 Michel Gantner p. 32 Trisha Brown Dance Company Godfrey Reggio), enquanto o filme é exibido no ecrã. Será no dia 9 de Julho. Na mesma linha, estão previstas as actuações da Escola da Ópera de Pequim (entre 5 e 10 do mesmo mês), cujo exotismo desperta sempre a curiosidade do público. Afinal, o Teatro Grec tem quase dois mil lugares e a organização não se pode permitir ao fracasso das plateias vazias. De resto, o festival também decorre noutros locais de grande dimensão, como o Poble Espanyol, o Teatre Musical ou o antigo Mercat de les Flors, todos belíssimos espaços situados nas proximidades de Montjuic. Para todos os gostos (ou quase) Outro ponto forte do elenco musical é o mestre italiano do Jazz boémio e fusionista, Paolo Conte, que subirá ao palco do Grec no dia 2 de Julho. Pela banda do Rock, também na vertente autoral, e imediatamente nos dias seguintes, apresentam-se os britânicos Marianne Faithfull (3 Jul) e Joe Jackson (4 Jul), bem como o californiano Brian Wilson (5 Jul), três casos que dispensam qualquer apresentação. No mesmo dia em que toca o ex-líder dos Beach Boys — ocupando o Poble Espanyol —, o cenário do Grec acolhe um fabuloso duo de flamenco, Martirio y Miguel Poveda, cantores da nova geração que unem vitalidade à tradição num espectáculo intitulado “Romance de Valentía” e que pretende homenagear o subgénero da copla. Este constitui o pontapé de saída para o contingente espanhol (este ano, ao contrário de outros, não há representação portuguesa nem lusófona), no qual pontificam ainda Joan Manuel Serrat e Paco Ibáñez. O primeiro é um clássico da canção ligeira existencial (entre Jacques Brel e Fausto), que assinará quatro recitais entre 7 e 10 de Julho. Joga em casa, portanto, prevêem-se fáceis enchentes. Ibáñez toca numa única data (12 Jul), apresentando “Nos queda la Palabra”, um passeio musical inspirado na lírica dos poetas predilectos deste reconhecido artista. Ainda na língua castelhana, mas com diferentes sotaques do outro lado do Atlântico, engrandecem o festival Silvio Rodriguez e as suas magníficas canções intimistas (26 Jul), o multiculturalismo (palavra de ordem do festival) de Omar Sosa (17 Jul) e o Hip-Hop latino dos Orishas (21 Jul). Finalmente, no território do Jazz, destaca-se a ida do nova-iorquino John Zorn (17 Jul), que se fará acompanhar do seu agrupamento Masada para uma explosão experimental ou, quem sabe, outras surpresas. Esta secção do evento completa-se com umas quantas caras bonitas saídas da acne, como é o caso da juvenil Joss Stone (25 Jul) e do bonacheirão Jamie Cullum (16 Jul), que juntam Forward Internacional 31 . a imagem cosmetizada a um Jazz vocal infiltrado por piscadelas de olho Pop. Vida para além da música Com a componente musical praticamente resumida a Julho, o programa do Grec 2005 completa-se com os espectáculos de teatro e dança contemporânea. No capítulo da arte dramática, como é habitual, tenta-se juntar as recriações de clássicos (aqui encabeçados por “Al Vostre Gust”, original de Shakespeare em encenação catalã de Salvador Oliva) com experiências mais contemporâneas — como “Celebració (Festen)”, adaptação teatral do filme do dinamarquês Thomas Vinterberg, o primeiro realizado sob os auspícios do manifesto Dogma. Resta saber se a encenação também vai seguir as regras do documento/movimento impulsionado por Lars Von Trier. A dança vive sobretudo da “prata da casa”, como é o caso das companhias Roberto Alonso (5 a 7 Jul) e Mal Escola da Ópera de Pequim 32 Forward Internacional Pelo (14 a 16 Jul). Farão a vez de vedetas internacionais os bailarinos da Trisha Brown Dance Company de Nova Iorque, com uma sequência de três coreografias — com música de John Cage e Dave Douglas — a cumprir-se no Teatre Grec nas noites de 22 e 23, igualmente em Julho. O festival encerrará com outras obras teatrais de nomeada por autores do Século XX conotados com a transgressão, tais como Jean Genet e Samuel Beckett. Do escritor francês, representar-se-á “Estricta Vigilància” (7 Ago, Teatro Tarantana), pela mão do director basco Iñaki Garz. Do dramaturgo irlandês, subirá ao palco “End Game – Fí de Partida”, um título a delimitar também o final do festival (8 Ago), o qual vai para a sua terceira década seguro da sua projecção internacional. Actividades paralelas também há muitas, como um picaresco jogo de palhaços e gastronomia, “La Cucina Dell'Arte”, entre 17 e 26 de Julho. Resta lembrar que o Jardim do Teatro, espaço já de si muito apetecível em noites de estio, dispõe de um restaurante, mas o afterhours, ao contrário das últimas edições, não será animado pelo grupo de Cabaret-Jazz Lisboa Zentral Café nem por qualquer outro substituto, o que naturalmente representa uma perda. Finalmente, umas linhas para castigar os preços que rondam os 16 euros, no caso do teatro, e os 20 euros para os espectáculos de dança. A programação de música é também a mais penalizada neste aspecto, com bilhetes a encarecerem vertiginosamente à medida que os lugares se aproximam do palco. Uma “primeira plateia” para Paolo Conte, Joe Jackson ou Philip Glass ronda os 45 euros. E não há descontos cartão-jovem... O que há, sim — o marketing manda — é a possibilidade de reservar os bilhetes desde o estrangeiro, seja pela internet, através dos sites www.barcelonafestival.com e www.telentrada.com, ou utilizando o telefone (+34) 934799920. texto: Filipe Pedro 11.º Festival Internacional de Benicàssim (FIB) O apelo mediterrânico Castellón de la Plana, Benicàssim, Espanha 4 a 7 Ago | www.fiberfib.com Xiu Xiu Valerá mesmo a pena atravessar a Península Ibérica de uma ponta a outra para assistir ao FIB? A resposta é afirmativa, não só para os festivaleiros portugueses, como também para os organizadores de festivais em Portugal. O FIB é, de longe, o maior festival de música Pop da Península Ibérica — o Sonar é o maior em número de actuações, sendo, no entanto, um festival muito mais específico; já o Primavera Sound revela excelência apenas no plano da música independente (ambos em Barcelona, a decorrer anualmente nos meses de Maio e Junho respectivamente). O culto ao FIB toma expressão na loja virtual, com a venda de excelentes CDs e DVDs das edições anteriores, t-shirts, isqueiros, crachás, livros e outras publicações. A própria apresentação da página electrónica, que se encontra traduzida em inglês, francês, alemão e italiano, para além dos óbvios valenciano e castelhano, é uma prova de credibilidade, não sendo de estranhar que o site do NME tenha vendido mais de quatro mil entradas ao público inglês. A pré-venda do bilhete para os quatro dias tem um preço um pouco assustador de 152 euros (175 euros nas bilheteiras), conferindo, contudo, direito de campismo entre os dias 1 e 9 de Agosto. Refira-se ainda que quem chega atempadamente ao FIB tem garantidas condições mínimas de estadia e férias, com sombras e espaços verdes. Tudo isto relativamente próximo do mar Mediterrâneo, cuja temperatura da água se aproxima dos 26º e, não menos importante, da civilização (supermercados e restaurantes). Como nota negativa, os valencianos bebem a cerveja em autênticos vasos e quando chega a hora de despejar os líquidos ingeridos, as WC portáteis ficam permanentemente lotadas e pouco ou nada asseadas. O cartaz deste ano, a dividir por sete palcos simultâneos, apresenta mais de 120 nomes entre a novidade e o clássico. Aqui destacamos os Chk Chk Chk, Ascii.Disko, Basement Jaxx, The Cure, Daniel Johnston, Devendra Banhart, Dinosaur Jr., Doves, Erlend Øye, Fischerspooner, Four Tet, Hot Hot Heat, Joseph Arthur, Kaiser Chiefs, Kasabian, The Kills, Kings Of Convenience, Ladytron e os LCD Soundsystem. Reconhecem-se outros nomes que incluem os Lemon Jelly, Love of Lesbian, Mando Diao, Matthew Herbert, Maxïmo Park, Mouse On Mars, Nick Cave & The Bad Seeds, Oasis, Pan Sonic, Peaches, Prefuse 73, Radio 4, The Raveonettes, Roisin Murphy, Tarwater, The Tears, Underworld, The Wedding Present, Xiu Xiu, Yo La Tengo e The Zephyrs. Paralelamente, o FIB apresenta formações, eventos e concursos relacionados com áreas tão distintas quanto as curtas-metragens, a moda, o teatro, a arte e a dança. Forward Internacional 33 texto: Filipe Pedro Live 8 A música pode mudar o mundo v.2 Hyde Park, Londres; Palácio de Versailles, Paris; Siegessäule, Berlim; Circo Massimo, Roma; Museum of Art, Filadélfia; Park Place, Barrie; Makuhari Messe, Tóquio; Praça Vermelha, Moscovo | 2 Jul | www.live8live.com A pedido de várias famílias, 20 anos depois do Live Aid, o mais significativo evento musical dos anos 80, televisionado por mais de dois mil milhões de pessoas, Bob Geldof contextualiza a ideia ao século XXI. Além da óbvia efeméride e do consciencioso apoio de uma imensa constelação de estrelas (de Bono a Nelson Mandela, passando por Brad Pitt), parece haver vontade política de agir pelo fim da pobreza. Todos os dias morrem 50 mil pessoas de causas relacionadas com a pobreza extrema. Morrem de SIDA, de fome, de tuberculose, diarreia e de outras doenças cujos medicamentos, na Europa, estão acessíveis em qualquer farmácia que se preze, por meia dúzia de euros. No próximo dia 6 de Julho, oito líderes dos países mais industrializados do mundo reúnem-se na Escócia para uma cimeira do G8. George Bush, Tony Blair, Jacques Chirac, Gerhard Schröder, Silvio Berlusconi, Paul Martin, Junichiro Koizumi e Vladimir Putin têm lugar marcado à mesa. Estes senhores terão à sua frente um plano sugerido pela Comissão para África no sentido de anular as dívidas dos países mais pobres e simultaneamente duplicar a ajuda e tornar o comércio justo, para que as débeis economias desses países possam ter futuro. O Live 8 surge no momento ideal, como força de pressão para que as coisas mudem, através de oito concertos simultâneos em Londres (Hyde Park), Paris (Palácio de Versailles), Berlim (Siegessäule), Roma (Circo Massimo), Filadélfia (Museum of Art), Barrie (Park Place), Tóquio (Makuhari Messe) e Moscovo (Pra- ça Vermelha). Anteve-se a presença de milhares de pessoas e milhares de milhões de espectadores e ouvintes através da televisão, internet e rádio. Quanto ao programa das festas londrino (de longe o mais interessante), estão confirmadas as actuações de Annie Lennox, Bob Geldof, Coldplay, The Cure, Elton John, Joss Stone, Keane, Madonna, Mariah Carey, Muse, Paul McCartney, Pink Floyd, REM, Robbie Williams, Scissor Sisters, Snoop Dogg, Snow Patrol, Sting, Travis, U2 e UB40. Segundo a BBC, estão previstos diversos duetos entre os protagonistas, bem como uma aguardada reunião dos Pink Floyd com o membro fundador Roger Waters, 24 anos após a separação. Os novos Queen preparam-se para colocar Portugal no mapa, actuando no Estádio do Restelo a 2 de Julho e emitindo o clássico “Radio Ga-ga” via satélite para o Hyde Park e, consequentemente, para o mundo inteiro. Os restantes programas incluem nomes como Andrea Bocelli, Jamiroquai, Manu Chao, Youssou N’Dour (Paris), A-ha, Brian Wilson, Die Toten Hosen, Lauryn Hill (Berlim), Faith Hill, Jovanotti, Laura Pausini, Zucchero (Roma), 50 Cent, Bon Jovi, Dave Matthews Band, Kaiser Chiefs, Maroon 5, P Diddy, Sarah McLachlan e Stevie Wonder (Filadélfia). Para a edição canadiana, em Barrie, estão agendados, entre outros, Bryan Adams, Barenaked Ladies, Deep Purple e Motley Crue. A cidade de Tóquio acolhe Björk, McFly e Good Charlotte. Por sua vez, Moscovo será palco para os Pet Shop Boys aos quais se juntam várias bandas russas de renome. Vamos aguardar que tudo corra pelo melhor e que se faça história. texto: Gonçalo Guedes Cardoso T in the Park Sold out Balado, Kinross, Reino Unido 9 e 10 Jul | www.tinthepark.com «Don’t you think T in the Park is the best festival in the World?» é a pergunta que o próprio festival britânico coloca a quem o visita anualmente. E admirem-se os mais incrédulos ou os que desconheciam a sua existência, a resposta tem por hábito ser um redondo «YES!». 34 Forward Internacional Mantendo o formato de dois dias, adoptado pela maioria dos festivais britânicos, a organização Big Day Out Ltd juntamente com os seus comparsas da Tennent's Lager, anunciaram em alta voz a venda de 69 mil lugares em (espantem-se os latinos) Fevereiro de 2005, que esgotaram imediatamente, sem qualquer nome adiantado. É um claro exemplo de que o artista é um bom artista, mesmo sem se saber quem ele realmente é. E aproveitando a maré de números invulgares, serve de referência notar que o T no parque (desconhecemos a identidade de T) acolhe a melódica quantia de 170 artistas dispersos por dez palcos. A organização, pouco dada a histórias da carochinha, sublinha que quem não tem bilhete para o parque de campismo, bem pode ir dormir a casa. texto: Gonçalo Guedes Cardoso foto: James McCauley Scissor Sisters V Festival - Virgin Festival Fia-te na Virgem Hylands Park, Chelmsford / Weston Park, Staffordshire, Reino Unido 20 e 21 Ago | www.vfestival.com Ao celebrar dez anos de existência, este evento de grande dimensão, entendido como o festival mais ecológico do Reino Unido, divide-se por dois dias de Agosto em duas cidades diferentes. A versão Chelmsford decorre num parque anexo a uma mansão neo-clássica restaurada do século XVIII, rodeado por um parque. Neste observam-se uma imensidão de árvores, pântanos, jardins, um lago em serpente e uma variedade de plantas e animais que incluem raposas, esquilos, veados, pica-paus e cotovias, numa obra de grande envergadura que só estará completa em 2007. Atendendo a que os bilhetes esgotaram com três meses de antecedência e que no recinto se pode optar por quatro palcos em simultâneo (V Stage, Second Stage, JJB Arena, Volvic Stage), é muito improvável não encontrar no V Festival as bandas que monopolizam o mercado festivaleiro em 2005. Assim, a forte componente anglo-saxónica facilmente se fará sentir ao som dos Oasis, Scissor Sisters, Franz Ferdinand, The Prodigy, The Chemical Brothers, Embrace, Maroon 5, Ian Brown, Texas, Athlete, The Zutons, Doves, Kaiser Chiefs, The Music, Robert Plant, The Roots, Jet, Joss Stone, The Bravery, Ordinary Boys, Good Charlotte, Dizzee Rascal, Goldfrapp, Goldie Lookin Chain, Thirteen Senses, The Stands, 2220's, The Polyphonic Spree, The Departure, Tom Vek, Jem, Estelle e Lucie Silvas. Forward Internacional 35 texto: Filipe Pedro foto: Astropolis Principais festivais do Verão francês Bretanha com novidade e qualidade 14.º Vielles Charrues Carhaix, França 22 a 24 Jul | www.vieillescharrues.asso.fr 11.º Astropolis Brest, França 4 a 6 Ago | www.astropolis.org 15.º La Route du Rock Saint-Malo, França 12 a 14 Ago | www.laroutedurock.com Não sendo uma região particularmente abastada, a Bretanha compõe-se de melómanos apaixonados que, muitas vezes, com poucos meios, nos oferecem festivais de excelência como o Trans Musicales (em Dezembro), o Vielles Charrues, o Astropolis e La Route du Rock. 36 Forward Internacional Quanto a Vielles Charrues, o festival de Carhaix pode não apresentar o melhor cartaz do Verão, mas o facto é que a associação homónima organiza o mais popular festival de França — 180 mil pessoas em três dias. Um idílico cenário campestre, o convívio e o facto de o passe para os três dias custar apenas 66 euros parece ser determinante — com direito a campismo de qualidade e entrada gratuita aos menores de oito anos (no recinto há um grande cogumelo vermelho no interior do qual as crianças podem brincar). O ecléctico cartaz inclui nomes como Deep Purple, Buena Vista Social Club, An Pierlé, DJ Morpheus (22 Jul), The Sunday Drivers, Devendra Banhart, Vitalic, Swayzak (23 Jul), Tiken Jah Fakoly, Blues Explosion, Busdriver e Goldie Lookin’ Chain (24 Jul). Outro evento de relevo na Bretanha é o pioneiro Astropolis — o primeiro festival francês especializado em música Electrónica. Ao longo dos últimos dez anos, a organização afirma-se resistente a boicotes de ordem moral, administrativa e financeira, defendendo integralmente a sua concepção de festa total num cenário semelhante ao de uma enorme rave. Um festival feito por fundamentalistas da Electrónica para apreciadores do género. A dança promete ser imparável ao som dos Vive La Fête, Électro Bamako, Elixir Compagnie, BZH System, Crystal Distorsion (4 Ago), The Hacker, Whitey, Pat Panik & Netik, Jeff Bock, Trunck & MC Rastiki (5 Ago), Underground Resistance, Miss Kittin, Alter Ego, Chris Liberator, Marky & MC Stamina, Elisa do Brasil com DJ Pone & MC Verse e One Self com DJ Vadim (6 Ago). Por último, a Bretanha alberga ainda o peculiar La Route du Rock, um festival de música Pop Rock fresca, com sessões de DJ em modo chill out, na praia, durante o dia. O local do evento é um famosíssimo forte do século XVIII, perto das não menos famosas praias de Saint-Malo. O passe do coleccionador (quiçá uma inovação deste festival) custa 80 euros, incluindo entradas para os três dias em todos os recintos e a t-shirt oficial. Quanto ao cartaz, inclui nomes como Yo La Tengo, The Futureheads, Art Brut, Daniel Johnston, Animal Collective, Thomas Morr (12 Ago), Colder, The Organ, Camille, Great Lake Swimmers, Christopher O’Riley (13 Ago), Sonic Youth, The Polyphonic Spree, Maximo Park, Metric, Boom Bip, Sébastien Schuller e Mus (14 Ago). texto: João Pedro Correia foto: Montreux Jazz Festival 39.º Festival de Jazz de Montreux Muito para além do Jazz Montreux, Suiça 1 a 16 Jul | www.montreuxjazz.com Há quase quatro décadas que o Festival de Jazz de Montreux vem sendo uma referência. Pelos seus palcos desfilaram muitos dos que nos possamos lembrar do meio jazzístico, desde Keith Jarret no ano de estreia, passando por Miles e chegando aos electrónicos Jaga Jazzist, mais recentemente. Mas nos dias de hoje Montreux não é, propriamente, Jazz, clássico ou vanguardista. É, sim, um caldeirão multicultural, com espaço para todas as correntes musicais, original e globalizante, na verdadeira acepção das palavras. Dos três dias de concertos em 1967 — ano da fundação —, o festival prolonga-se agora por duas semanas e vários palcos, de diferentes tipologias. Em Montreux não só se agrada a um vasto leque de público com um cartaz variado, como também se diferenciam e dinamizam espaços distintos. No Auditório Stravinski, principal palco do certame, terão honras de abertura o cantor James Blunt e os irlandeses The Corrs (dia 1). Seguir-se-ão Billy Preston e Isaac Hayes (dia 2) bem como Patti Smith e os americanos Garbage (dia 3). Os Blues chegam com o veterano B.B. King (dia 4) precedido por Crosby e Steve Earle Solo (dia 5). Lauryn Hill e Blak Twang compõem o cartaz do dia 6 e Elvis Costello e a cantora Emiliana Torrini dividem o palco no dia 7. A 8 e 9 de Julho têm lugar as noites brasileiras, com Jorge Aragão, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Margareth Menezes e as “MTVzadas” Daniela Mercury e Ivete Sangalo. No dia seguinte seguem-se Brian Wilson e Ibrahim Ferrer. A 11 encontramos Laura Pausini e Lovebugs, uma noite antes de Apocalyptica e Alice Cooper subirem ao palco. Já na recta final, soam os metais, com George Benson e David Saborn (dia 13). Marcus Miller e Roberta Flack tocam no dia 14 para uma noite de Funk e Soul. Craig David e Incógnito sobem ao palco no dia 15 e, no último dia do festival, o quarteto de Oscar Peterson e o vencedor do concurso de piano solo da edição de 2004, Robert Botos, fecham a cortina. Paralelamente e depois das nove da noite, o Miles Davis Hall apresenta noites temáticas: Reggae, Jazz, Hip-Hop, Rock, Pop, Soul, Folk, Electrónica e, mais uma vez, novos sons do Brasil. Falamos por exemplo de Queens of The Stone Age, Audioslave, Anthony and the Johnsons, Zap Mama, Saul Williams, Underworld e da brasileira Cibelle. Mas Montreux não acaba aqui. No Casino Barrière, uma vez mais em noites temáticas, prevemos encontrar Tori Amos, Arturo Sandoval e Chuchu Valdez, Bobby McFerrin, Dianne Reeves, Al di Meola e McCoy Tyner com Ravi Coltrane. Montreux, situada no sopé dos Alpes, tem ainda direito a um lago no qual inúmeros barcos navegarão ao som de vários ritmos: da Salsa ao Jazz, passando pelo Blues e atracando no Brasil ou na Jamaica. Para quem sofra de enjoo, os comboios serão alternativa, animados depois das duas da tarde, pela New Orleans & Golden Pass Jazz Trains. Para dançar, há o Café, por onde, passarão Laurent Garnier, Llorca e 2ManyDJ’s. Para conversar, há o Club, noite dentro, com Jazz ambiente. Porque Montreux é escola, têm lugar competições de piano, voz e guitarra, além de diversos workshops e performances pelas turmas do Conservatório local. Porque Montreux é recordar, há projecções das edições passadas. E porque Montreux é isto, que por palavras não tem graça, há que ir a Montreux. Se não este ano, para o próximo. Montreux vale sempre a pena. E a Suíça é a terra dos chocolates. Forward Internacional 37 texto: Gonçalo Guedes Cardoso e Sofia Silva 35.º Roskilde Festival Dinamarca é gente Roskilde, Dinamarca 30 Jun a 3 Jul | www.roskilde-festival.dk A cidade dinamarquesa de Roskilde é novamente o palco escolhido para um dos festivais de Verão mais carismáticos da Europa. Os números facilmente ilustram a sua grandiosidade: quatro dias de festa em torno de 150 bandas distribuídas por sete palcos à volta dos quais se prevê orbitarem 75 mil pessoas, 20 mil membros do staff e cinco mil profissionais de informação. O programa atravessa todos os géneros musicais, bem como um conjunto interminável de eventos paralelos e actividades culturais. Em todas as áreas, a aposta em novos talentos é cumprida com rigor. O Roskilde tem por missão estar na linha da frente das tendências estéticas, culturais ou ideológicas. Durante os dias do evento, a vertente ambiental ecoa anualmente a sua voz pelos ares do mar do Norte na forma texto: Gonçalo Guedes Cardoso e Sofia Silva de acções de alerta para um conjunto de temáticas relacionadas com o estado do nosso planeta. A reciclagem ou a poupança de recursos ambientais são algumas das muitas iniciativas que decorrem durante a festa. Com o passar do tempo, a tragédia que assolou o evento em 2000 (morte por esmagamento de nove pessoas durante o concerto dos Pearl Jam), tem sido minimizada com a ajuda de 20 mil voluntários não pagos pela organização, um dos motivos pelos quais Roskilde é hoje um dos festivais mais seguros do mundo e onde o espírito comunitário se faz verdadeiramente sentir. Para que se perceba melhor o conceito deste festival internacional, torna-se útil referir que anualmente os lucros angariados são remetidos para causas humanitárias. O cartaz de 2005, já fechado, prima uma vez mais pela qualidade, diversidade e acima de tudo contemporaneidade e novidade dos nomes incluídos. foto: Filipe Pedro Lowlands Inundação cultural nas terras baixas Biddinghuizen, Holanda 19 a 21 Ago | www.lowlands.nl O Lowlands é hoje sinónimo de tradição e, como maior festival do país, cabe-lhe a honra de encerrar o Verão holandês. Há quase duas décadas, o espaço onde hoje se reúnem durante três dias cerca de 350 artistas em oito pal- 38 Forward Internacional cos diferentes, estava simplesmente submerso. A exemplo do que acontece em vários pontos da Holanda, a cidade de Biddinghuizen foi roubada ao mar e num parque de diversões denominado Six Flags Holland nasceu e cresceu o festival das terras baixas. Neste pequeno mundo adaptado, torna-se impossível descansar, ainda que as condições de campismo sejam de primeira linha e a água corrente jorre de feição, permitindo a opção por um duche quente ou frio. Aqui existe papel higiénico em abundância, casas de banho limpas e a inexistência de filas para que se tenha acesso a todos estes privilégios. No campo da música, há nomes para quase todas as letras do alfabeto: Bad Religion, Cheb Balowski, Franz Ferdinand, Kaiser Chiefs, Lcd Soundsystem, Maximo Park, Nightwish, Open hand, Pixies, Queens of the Stone Age, Royksopp, Seed e Vitalic. O festival não se esgota porém no seu cartaz musical. Inúmeras iniciativas culturais assumem as mais variadas formas, que vão desde o cinema ao teatro, passando pela stand-up comedy e a pintura até à banda desenhada e à literatura. texto: Filipe Pedro 20.º Pukkelpop A espinal da pop Hasselt, Kiewit Bélgica 18 a 20 Ago | www.pukkelpop.be O famoso festival belga Pukkelpop comemora este ano a 20.ª edição. Como em anos anteriores, este evento compete directamente com o vizinho muito similar Lowlands (na Holanda), com o qual partilha dois dos três dias de cardápio. Se nas terras baixas do mar do norte a festa parece mais rija e com direito a noite prolongada, os flamengos ripostam com uma selecção musical mais criteriosa. Pukkel em tradução literal significa espinha, ou seja, ritual de lo habitual, uma boa parte da Pop mais relevante da actualidade passará por Hasselt. Destaque óbvio para Nick Cave & The Bad Seeds, Pixies, The Prodigy, Franz Ferdinand, Basement Jaxx, Jello Biafra & The Melvins, LCD Soundsystem, Royksopp, The Roots, Morcheeba, The Bravery, Arcade Fire, e Stereo MC’s. A extensa lista continua e inclui Goldfrapp, Bonnie ‘Prince’ Billy & Matt Sweeney, Roisin Murphy, Fischer- spooner, Kaiser Chiefs, The Futureheads, Low, Juliette & The Licks, Hot Hot Heat, The Coral, Matthew Herbert vs Dani Siciliano, Miss Kittin, Tiga e Maximo Park. Para quem ainda não está satisfeito, pode sempre optar por ver Tom Vek, Chk Chk Chk, Mouse On Mars, Goldie Lookin’ Chain, Vitalic, The Raveonettes, Black Rebel Motorcycle Club, Adam Green, Ladytron, Four Tet, Amp Fiddler, The Others, Death From Above 1979, Infadels, Colder, Patrick Wolf, Art Brut, London Elektricity, entre muitos outros por anunciar e por dividir entre oito palcos simultâneos. Em Hasselt, as condições de campismo são muito especiais, com cabines individuais de chuveiros de água quente, casas de banho asseadas e com água corrente. Quando comparado com outros festivais de semelhante envergadura na Europa, o Pukkelpop propõe um preço de pré-venda relativamente em conta, na casa dos 108 euros (125 euros nas bilheteiras), prometendo uma experiência verdadeiramente única. texto: Gonçalo Guedes Cardoso e Sofia Silva 22.º Haldern Pop Festival Pequeno mas bom Haldern, Alemanha 5 e 6 Ago | www.haldern-pop.de O pequeno festival alemão de Haldern Pop conta anualmente com uma audiência que varia entre os cinco mil e os oito mil visitantes. Sendo um evento muito pouco comercial, poucos são também os patrocinadores e o número de actuações. Isso não impede, porém, que esta festa original marque a agenda alemã, sem interrupções, desde há duas décadas. Neste mundo reduzido, a decoração ganha relevância, através das cortinas de veludo no palco, dos vidrinhos coloridos e dos espelhos encaixados em moldes de formas trabalhadas que se podem encontrar pelo recinto. A comunidade local gosta de se envolver e a atmosfera é mais leve e relaxada do que nos grandes festivais. O convívio internacional também é promovido, abrindo-se as portas aos muitos visitantes que chegam dos países vizinhos, principalmente da Holanda e da Bélgica. Para ilustrar o carácter calmo e descontraído deste evento, a organização do festival envolve-se numa filosofia apoiada num lema que se altera de ano para ano. Se em 2004 a máxima era “The future is small”, para este ano a divisa é “No Friday without Monday”. Falando de música, a organização do Haldern Pop não pretende ser tão arrojada como os restantes festivais de peso europeus na procura de figuras conhecidas do público em geral. Por norma são convidadas bandas pouco famosas, novos valores e sonoridades experimentais. Escondido por entre a tranquilidade desta pequena comunidade alemã, o Haldern Pop representa como que a utopia do pequeno festival onde se sente tudo muito mais próximo e onde se está perdido no meio de pormenores deliciosos e particularidades que, para o resto do mundo, são quase que um segredo. Forward Internacional 39 texto: Cátia Monteiro Indie Lisboa - Ross Kaufmann A arte pela vida www.indielisboa.com O “oscarizado” "Born Into Brothels" foi escolhido para o arranque do segundo Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa. Um retrato dos bordeis de Calcutá, que pontuou a mostra do festival, maioritariamente ficcional, com uma nota de realidade. Eis o motivo encontrado para uma singular conversa com o realizador Ross Kaufmann. Exibições, entrevistas, exposições. Esta tem sido a sequência vivida por Zana Briski e Ross Kaufmann entre viagens de avião que os levam a diferentes festivais de cinema, alternando com as actividades da fundação Kids With Cameras. O esforço resulta de um carinho especial que nutrem pelas crianças e por um documentário que implicou uma entrega absoluta. É agora curioso saber que, de início, Ross Kaufmann estava relutante em reunir-se a Zana Briski, que se encontrava há vários anos a viver num dos bordeis para documentar em fotografia a vida das prostitutas de Calcutá. As primeiras filmagens, realizadas por Zana, fizeram-no mudar de ideias. Como aquela em que Kochi, «uma rapariga muito tímida, estava a mostrar negativos à sua avó 40 Rewind Cinema com uma lupa. E ela pegava naquilo como uma profissional. Uma rapariguinha, no meio de um bordel, com uma lupa e negativos e tão orgulhosa e feliz no seu trabalho». A relação com a fotografia, para além de uma preocupação autêntica de alguém do exterior, marca uma viragem na vida das crianças. A câmara fotográfica «permite-lhes expressarem-se, dá-lhes poder e uma noção de si próprios e do seu valor. Eles transportam para todo o lado esta pequena máquina fotográfica — para eles é dispendiosa — e guardam-na com as suas vidas, não deixam que ninguém lhe toque porque sabem que é especial». Apesar de tudo, as crianças têm uma consciência muito vívida do que se passa à sua volta, perceptível em palavras como as que Tapasi profere a certo momento do filme: «temos de aceitar a vida como sendo triste e dolorosa». Sobre a forma como isto os afectava estando lá, Ross diz que «não era tão triste quanto tocante. Bem, era triste, claro, mas a verdade é muito mais poderosa do que a tristeza que possa gerar». Esta postura é clara na forma como o documentário se desenrola, avesso a sentimentalismos, já que havia «um respeito genuíno, sem julgamentos. A Zana e eu tínhamos a noção do que poderíamos ser, caso tivéssemos nascido noutro lugar». E naquele lugar encontraram condições difíceis, uma vez que as pessoas não estão habituadas a serem filmadas, mas sobretudo uma mudança — para as crianças e para eles próprios. «Eu estava inactivo, sentia-me incapacitado por tudo aquilo até lá chegar. Então, conheces uma criança e dizes: ‘vamos ver o que é que posso fazer’. E vale tudo a pena no fim, apesar das dificuldades». Mais do que um filme, "Born Into Brothels" é um pedaço de Kochi, Tapasi e das outras crianças, e dos realizadores, que colocaram a arte ao serviço da vida. Por isso, um novo filme só surgirá quando algo atingir de novo Ross, ou como o próprio o coloca: «quando sentir que precisa de mim. Algo que saia do meu coração». foto: Tapasi Vencedores Indie Lisboa 2005: Grande Prémio de Longa-Metragem “Forest For The Trees” de Maren Ade Grande Prémio de Curta-Metragem ”Undressing My Mother” de Ken Wardrop Menções Honrosas do Júri Internacional Toni Servillo, pela sua interpretação no filme “Le Conseguenze Dell’ Amore” de Paolo Sorrentino ”Everything Was Life”, curta-metragem de Ellie Land Prémio Tóbis para Melhor Filme Português “Adriana” de Margarida Gil Prémio de Melhor Fotografia para Filme Português ”Um Homem” de Laurent Simões foto: Gour Prémio 2: Onda Curta “Fare Bene Mikles” de Christian Angeli “Phantom Limb” de Jay Rosenblatt “Undressing My Mother” de Ken Wardrop Menção Honrosa do Júri Onda Curta “Compassos De Espera” de Pedro Paiva Prémio Amnistia Internacional “North Korea, A Day In The Life” de Pieter Fleury Prémio do Público Longa-Metragem ”Private” de Saverio Costanzo Prémio do Público Curta-Metragem “Home Game” de Marti Lund Prémio IndieJunior (Curta-Metragem de Animação) “Flatlife” de Jonas Geirnaert foto: Tapasi Rewind Cinema 41 texto: Filipa Lourenço FIMFA Lx5 - Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas “Las tribulaciones” de um festival www.geocities.com/tarumb Uma vez mais Lisboa recebeu as marionetas. Mas o colorido e a música deste festival poderão ter chegado ao fim. No Largo do Chiado, coube a “Barti”, pequeno músico versátil e de temperamento turbulento fazer as honras da casa. Enquanto captava a atenção de transeuntes indiferentes, nos bastidores, o cenário não era tão sedutor. De facto, foi com perplexidade que A Tarumba, a companhia organizadora do festival, recebeu a notícia alguns meses antes do seu afastamento pelo Ministério da Cultura dos concursos de Apoio Sustentado às Artes do Espectáculo. Na verdade, esta edição esteve em sério risco de não acontecer. Luís Vieira, Director Artístico do FIMFA Lx explica que só houve festival porque «tínhamos compromissos internacionais, parcerias em vias de consolidação e, sobretudo, porque o público merecia um festival de marionetas». Este ano, foi a companhia organizadora que pagou a quase totalidade das facturas, mas a mesma fonte deixa o aviso: «não temos capacidade para fazer isto assim, é impossível, está fora de questão!» A eliminação do apoio que o ministério atribuía através do Instituto das Artes impossibilitou iniciativas como a co-produção que estava prevista com a companhia Teatro de Ferro. Por não haver a desejada capacidade de auto-financiamento, o futuro é ainda uma incógnita. Luís Vieira espera «que o Estado não meta a cabeça na areia e olhe para a importância do projecto». Acrescenta que «estas coisas deviam ser feitas de uma forma profissional, com planeamento, pois só assim poderemos ter as companhias que queremos no festival». Festejar enquanto dura Mas, ainda que possa ter sido a última, a edição de 2005 mostrou bem a vitalidade desta outra arte cénica. Com um sabor a sete partidas, houve grupos das mais variadas origens. De Espanha, pelas mãos dos Hermanos Oligor chegou-nos “Las tribulaciones de Virginia”, a magia de um espaço intimista onde quase tudo teve sabor a partilha e a confidência. Virginia, a bailarina, mudou a vida de Valentin e terá certamente mudado a de quem passou pelo Museu da Marioneta. A Rainha das Cores 42 Rewind Teatro Com uma óbvia componente educativa, “Louis, l'enfant de la nuit”, de Israel, conta a história da criação da escrita Braille através do percurso de vida do seu inventor. A força de um pequeno ser corporizada num material frágil e vulnerável: o papel. O que há no interior de uma porca britânica (“Pig”)? Geralmente vísceras. Porém, nem tudo o que parece é. Num jogo de aparências, as pessoas tornam-se leitões e partem à descoberta de um mundo “interior” perfeito. Pela segunda vez no festival, a Hachioji Kuruma Ningyo Puppet Theater trouxe a tradição nipónica com a sua técnica única de manipulação de marionetas: Kuruma Nigyo. Traduzindo por miúdos, trata-se de marionetas sobre rodas, isto é, os manipuladores comandam os bonecos sentados numa espécie de carrinho. Malwida é “A rainha das cores”, uma deliciosa e humorada soberana que nos transporta energicamente pelo seu reino, através da cor. A história, adaptada do livro homónimo de Jutta Bauer, torna-se, neste espectáculo alemão, um autêntico livro vivo. Igualmente pela segunda vez no festival, Stephen Mottram, do Reino Unido, presenteou-nos, em “Organillo”, com uma belíssima metáfora visual. Pelas suas mãos, num misto entre criador e ilusionista, somos literalmente mergulhados pelo tortuoso caminho da concepção. Festival descentralizado Mas Lisboa não foi a única cidade a receber o FIMFA. As parcerias com o Teatro Viriato, Teatro Aveirense e com a Transforma possibilitaram às cidades de Viseu, Aveiro e Torres Vedras acolher também alguns eventos. Uma iniciativa que só este ano teve visibilidade. Montemor-o-Novo também foi contemplada, mas nu- Las Tribulaciones de Virginia ma perspectiva de formação. De facto, esta edição já se tinha iniciado com uma primeira ilha de formação nessa cidade, durante duas semanas, nos meses de Fevereiro e Março. Privilegiando a relação entre escola e artes cénicas, desenvolveram-se acções com alunos e professores do primeiro e segundo ciclos. Também em Montemor-o-Novo, mas já em período normal, foi criada uma residência de criação artística pela companhia Pseudonymo Teatro. Este projecto, ao qual a organização pretende dar continuidade, culminará com a estreia, no próximo ano, do espectáculo “Os Dias de Espuma”, baseado na obra “A espuma dos dias” do escritor francês Boris Vian. «Transdisciplinar e pluridisciplinar», segundo Luís Vieira, a marioneta «é sobretudo um terreno de experimentação e de criação de novas propostas estéticas, ao qual muitos artistas plásticos, gente do teatro e da dança vão buscar coisas». Em nove dias, dez companhias combateram, explica o responsável, «um certo preconceito em relação à marioneta e um desconhecimento profundo daquilo que é o seu movimento contemporâneo». Terá sido esta quinta edição um adeus ou um até breve? Rewind Teatro 43 texto: João Pedro Almeida e Luís Santos Batista Primitive Reason Audioslave 11.º Super Bock Super Rock Rock & Roll é fonte de juventude www.musicanocoracao.pt Preservando o mesmo formato da edição de 2004, quer na estrutura organizativa, quer no local escolhido (Parque Tejo, junto à Ponte Vasco da Gama), o 11.º Festival Super Bock Super Rock passou no exame, mas sem excelência. Durante os dias 27, 28 e 29 de Maio, o espaço ribeirinho que desde o ano passado acolhe o festival de Lisboa com maior número de participantes, foi suficiente para albergar os cerca de 15 mil festivaleiros diários presentes. O rótulo Rock na garrafa manteve-se intacto e os intervenientes de palco cumpriram a missão com demasiada discrição e poucos exageros. A nota mais positiva segue para os stage managers portugueses que foram essenciais no cumprimento rigoroso dos horários e combateram a já velha rotina das esperas e horários incertos. Outro aspecto positivo foi, sem dúvida, o da adequação do recinto às necessidades dos festivaleiros. Este ano os líquidos jorraram sem que houvessem filas de espera ou rupturas de stock e as cabines de WC portáteis fizeram bem o escoamento. Nota igualmente favorável para a larga área de restauração, onde nunca faltou lugar sentado, para as tendas de merchandise com preços adequados e para o modesto espaço de entretenimento que incluiu uma sempre apinhada pista de carrinhos-de-choque. Igualmente requisitada foi a tenda de Hip-Hop da MTV, adoptada por muitos como o terceiro palco do festival. Nos outros dois impôs-se uma vez mais a alternância, sendo que no palco Quinta dos Portugueses, utilizado apenas pelas bandas nacionais, os concertos foram mais reduzi- 44 Rewind Música dos. Aqui ficou de novo provado que a música em Portugal tem saúde e recomenda-se. Por ordem de entrada em palco actuaram os Primitive Reason, The Temple, Blasted Mechanism, Blend, Boss AC, Flipsyde, Fonzie, Expensive Soul, Loto, The Gift, More Than a Thousand, RAMP, Bunnyranch, WrayGunn e Blind Zero. Do palco principal fica o resumo de algumas actuações na noite de estreia. Os Incubus centraram-se no seu material mais pesado. "Megalomaniac" ou "Nice to Know You" foram pontuados por momentos mais atmosféricos e tribais marcados pelas desgarradas percussivas de Brandon Boyd no djambé. De modo a afirmarem a brutalidade e emotividade do seu som, os System of a Down tocaram "ATWA", "Cigaro" e "Bounce". O sentido de humor, sempre presente, revelou-se em interlúdios quase Disco-Sound (com Serj Tankian a utilizar um vocoder), ou mesmo na constante interactividade entre os membros da banda. Liam Howlett quis provar que, ao vivo, os Prodigy são ainda uma força a ter em conta. Com a ajuda de Keith Flint e do regressado Maxim, as novas composições ganharam outro fôlego, mais feroz e enérgico. No segundo dia as sonoridades mudaram de tom e o Funk, o Soul, o Hip-Hop e a Electrónica dominaram. A banda norueguesa Turbonegro estreou-se em Portu- fotos: Luís Bento Iggy Pop gal com todo o seu esplendor gay/S&M, primando pela originalidade através de um Rock & Roll tingido de glam com letras homo-eróticas. Em "Sell Your Body", o público recebeu centenas de notas em forma de dólar com o rosto do guitarrista Euroboy e os comentários do vocalista Hank sobre a sua origem portuguesa fizeram as delícias da plateia, aturdida e maravilhada pelo efeito de novidade. Os suecos The Hives, envergando smokings brancos, deram um espectáculo muito pensado de comédia, encenação com uma auto-promoção constante, embora não pretensiosa. A mistura étnica dos Black Eyed Peas, a sua sonoridade ecléctica, os atributos físicos dos seus membros e muita energia atraiu inúmeros espectadores. Fergie agitou a população masculina, apresentando dotes de diva e Will.i.am acrescentou o seu número de Stomp, acabando tudo em festa. No caso dos New Order, o destaque vai para a permanente evocação do fantasma de Ian Curtis. 25 anos após a sua morte, o vocalista dos Joy Division conseguiu levar às lágrimas alguns dos fãs mais dedicados. Estreando-se em Portugal, os pioneiros da Pop dançável dos anos 80 agitaram a multidão com velhos clássicos e temas contemporâneos, tendo ainda tempo para praticar golpes de karaté nos operadores de camera de uma televisão mundial. Moby teve uma performance cativante, com os habituais discursos politicamente correctos entre canções. As surpresas aconteceram com a versão em guitarra acústica de "Ring of Fire" de Johnny Cash (resultante de uma falha no equipamento) e com a interpretação de "Walk On The Wild Side" por Laura Dawn. O último dia do festival foi, quase por inteiro, dedicado ao Metal. Com uma precisão cirúrgica, os Slayer mostraram ser das bandas mais consistentes e demolidoras no palco SBSR, sabendo honrar a fama dos seus espectáculos. De destacar a irrepreensível prestação do regressado Dave Lombardo. Foram muitas as bocas de espanto perante a poderosa descarga de puro Rock que Iggy Pop & The Stooges debitaram no recinto. Atitude, talento, garra, uma provocante audácia e uma cabeleira loira sempre bem cuidada, mostraram que os 60 anos de idade refinaram a sua personalidade. Iggy dançou, pulou, puxou pelo público e até conseguiu preparar uma pequena invasão ao palco, provando que o Rock & Roll é fonte de juventude. Com os Audioslave ficou patente que nem sempre a reunião dos melhores nomes faz as melhores bandas. Apesar dos elevados recortes técnicos e da singular vocalização de Cornell, não ultrapassaram os limites do previsível. Não fosse a recuperação de “Black Hole Sun”, ou o épico “Killing in The Name” e teríamos a sensação plena de um dejávu. Atrasado cerca de 20 minutos para a cerimónia, o “reverendo” Marilyn Manson e os seus acólitos vestiram a pele de estrelas góticas e vampirescas de Hollywood, apostando numa postura excessivamente cosmética, com sabor a plástico e desmesuradamente encenada. O set musical, em formato de best of, soou pouco original, mas foi a fórmula perfeita para desencadear entusiasmo na plateia, que resistiu até ao fim. Rewind Música 45 texto: Beatriz Pacheco Pereira Cannes Uma Palma explicável www.festival-cannes.fr Chegou ao fim mais uma edição do festival de Cannes e não se pode dizer que não tenha ficado um certo amargo de boca. O palmarés foi mais uma vez inesperado. Ninguém pensava que os irmãos belgas Dardenne pudessem repetir a proeza de ganhar uma segunda Palma de Ouro, depois de “Rosette”, nem os consagrados nomes que entraram na secção competitiva vão esquecer o desaire por que se saldou esta sua participação no maior festival de cinema do mundo. Nem Cronenberg, nem Wim Wenders, nem Lars von Trier, nem Jim Jarmush, nem Michael Haneke, nem Amos Gitai, nem Gus van Sant, nomes já firmados na história do cinema contemporâneo, pensariam voltar para casa de mãos a abanar, a favor dos filmes realistas e algo deprimentes de baixo orçamento dos irmãos belgas ou do recém chegado realizador Tommy Lee Jones com os seus “Três Enterros de Melquiades Estrada”, vencedor do prémio de argumento e de actor principal. Mas há explicações possíveis. Antes de mais o júri: Emir Kusturica, o realizador com duas Palmas de Ouro por “O Papá está em Viagem de Negócios” e “Underground” e conhecido pelo seu cinema inseparável da política; Nandita Das, uma actriz indiana, com um trabalho social importante nas ONG; Faith Akin, realizador alemão de origem turca e por- Jean Pierre & Luc Dardenne 46 Rewind Internacional tanto também muito sensível às questões sociais; Toni Morrison, a primeira escritora negra a obter o Prémio Nobel da Literatura em 1993; Benoit Jacquot, um francês, antigo assistente de Marguerite Duras; Salma Hayek, a actriz mexicana, cuja luta pela obtenção do papel de Frida Kahlo ficou célebre; Javier Bardem, actor espanhol que contacta directamente com problemas políticos e sociais graves; John Woo que não conta muito para as conclusões a que pretendemos chegar, e, finalmente a grande realizadora Agnès Varda, francesa e mulher de grandes causas. Analisando o júri no seu conjunto, e sabendo que a Palma foi atribuída ao filme “L’Enfant”, não é difícil compreender a escolha. A grande maioria dos jurados escolheria sempre um filme de elevado empenhamento social. E o outro possível candidato, “Batalla en el Cielo” de Carlos Reygadas era demasiado cru e de âmbito mais restrito, já para não falar das cenas de sexo explícito. De afastar, portanto. Mas afinal o que tem o filme dos irmãos Dardenne de superior face às restantes mostras a concurso? Pouco. E muito. A história, resumida, não tem nada de especial. Um jovem de 20 anos, de fraca cabeça, poucos estudos, nenhum dinheiro e acabado de ser pai, tenta vender o bébé para arranjar dinheiro. De uma enorme infantilidade e com uma ligeireza de costumes impressionante, nos subúrbios feios da grande urbe, o jovem é um retrato da própria mãe que, numa breve cena, explica tudo. A ausência de valores, a pobreza e a irresponsabilidade aparecem pinceladas em segundos, a reforçar o que acontece em quase todas as outras cenas do filme. E de embrulhada em embrulhada, o jovem acaba no único sítio que o poderá proteger de si próprio e lhe poderá fazer compreender a sua vida arruinada — a prisão. No plano da realização, não há falhas. Sempre na linha de um cinema neo-realista, paira um clima de inquietação numa clara ligação ao espectador. Mas o que fez decidir o júri não foram só os méritos cinematográficos de “L ‘Enfant”. Quanto a mim, foi o seu conteúdo altamente revelador de um mal de vivre social que existe na juventude de quase todas as grandes cidades europeias (e também por cá) e que faz acreditar num futuro bem sombrio e inculto. E no filme não existem grande crimes, homens à procura de si próprios e das suas raízes, nem mistérios a resolver, por muito interessantes que eles pudessem ser. Isso, como já percebemos, não era para este júri verdadeiramente essencial. Há também outro modo de ver a escolha da Palma de Ouro. Ganharam novamente os franceses. O filme tem a escola francesa, é falado em francês e fazia parte do grande número de filmes em competição — mais de metade — que contava com um financiamento francês. Nunca será porém uma obra de grande sucesso comercial e prevê-se que desapareça rapidamente das salas. É um filmezinho bem feito, com preocupações universais, sim, mas pouco mais. E daqui a dois, três anos, quem se lembrará dele? Mas se houver algum valor de bilheteira, decerto ficará pela Europa. O festival acabou. Com ele chegaram ao fim a guerra das filas de espera para entrar nas salas, a arrogância dos empregados do Palais, a exploração descarada em toda a cidade e as preocupações com a segurança. A propósito, a cidade de Cannes contou com câmaras de vigilância em todo o perímetro do festival (mais de cem), tal foi o volume de roubos nas ruas. Desta vez os hotéis também foram visados, a exemplo do que aconteceu com um amigo meu, cujo quarto foi totalmente “limpo”. O desespero era evidente. O material que se acumula em Cannes é fundamental para o trabalho de um profissional de cinema. Este roubo poderá ter sido levado a cabo por um qualquer delinquente, como poderia ter sido o protagonista da Palma de Ouro desta 58.ª edição do Festival de Cannes, o que não deixa de ser irónico. A vida, como o cinema, ou então, o contrário. Finda a festa, até para o ano. L’Enfant Rewind Internacional 47 texto: Cátia Monteiro Primavera Sound 2005 A reforma da nova ordem www.primaverasound.com A quinta edição deste festival espanhol veio confirmar a sua crescente relevância no roteiro de melómanos inveterados de todo o mundo. Reunindo bandas de referência e respectivos discípulos em palcos coexistentes, o Primavera Sound proporciona anualmente uma aula de História musical com actualização no presente e pistas para o futuro. Maio esgota-se numa Barcelona imersa em calor e cultura. No entanto, à chegada ao Fórum, local de encontros festivaleiros, o termómetro marca menos alguns graus, por via da proximidade ao mar. Facto a que nos tornamos alheios quando a música ocupa os seis palcos do recinto e o público se entrega a danças mais ou menos sincronizadas. O mosh pit é praticamente inexistente, à excepção da actuação de Iggy e dos seus Stooges. Em geral são preferidos os diversos espaços relvados e as massagens relaxantes em stands do recinto. Outros momentos de pausa são empregues a explorar a feira discográfica ou a reabastecer a massa corporal nas barracas de comes & bebes. Percebida a atmosfera, mergulhe-se então nas ondas sonoras… Pela old school jogaram os veteranos New Order, que encontraram nos clássicos e numa homenagem a Ian 48 Rewind Internacional Curtis via "Transmission" uma explosão de emotividade e energia do público, contrastante com o maior relaxamento em palco. Apesar da fraca recepção de “Get Ready”, insistiram no álbum em pose provocatória, alternando com êxitos como “Regret” ou “Bizarre Love Triangle”. Quem não deixou a idade afectar a performance, fazendo inveja a muitos dos seus alunos, foram os Gang of Four, que, no seu post-Punk, incorporaram martelos batendo na chapa, guitarras arremessadas contra o chão e danças espasmódicas. Findo o concerto, os despojos da guerra sonora, em forma de uma guitarra inutilizada, foram disputados pelos fãs. Os Sonic Youth actualizaram o nome em distorções infindáveis de guitarra e a postura Rock com laivos de sensualidade, assumida por Kim Gordon, arrancou um repetido “you’re the one” ao tema “Pattern Recognition”. Para uma celebração do passado, os Echo & The Bunnymen aterraram no auditório, incitando o público a trocar as cadeiras por um lugar em pé junto do palco. "Nothing Lasts Forever" fundiu-se com "Take a Walk on the Wild Side" de Lou Reed, numa actuação mais profissional do que emotiva. A solo, Kristin Hersh dominou com primor a guitarra, fotos: Filipe Pedro que, em "Your Dirty Answer", encontrou a resposta mais vibrante do público. Faltou, porém alguma extensão comunicativa no espaço que mediou as canções. Quem abdicou quase na totalidade das palavras foram os Tortoise, que no auditório se depararam com as condições ideais para um set multi-instrumental cuja palete melódica oscilou entre tons quentes e frios, ilustrados por vídeos projectados num ecrã de fundo. Na secção das novidades os Dogs Die In Hot Cars depararam-se com uma recepção de dimensões inesperadas. A pose tímida e algumas falhas na voz e instrumentos denunciaram uma carreira ainda curta, da qual se espera em palco o dinamismo do álbum. Micah P. Hinson surpreendeu pela força da voz e pelo ar alucinado com que cantou os seus confrontos com a vida, incluídos em “The Gospel of Progress”. O norueguês Sondre Lerche levantou a voz em "Faces Down", comprovando a vitalidade dos cantautores modernos, acompanhado por uma banda igualmente talentosa, entre as cordas, o sopro e uma bateria. A versatilidade dos Arcade Fire, que até em capacetes de motociclista e na estrutura metálica do palco encontraram instrumentos de percussão, obtiveram do público coros e palmas recheados de entusiasmo. Enquanto os M83 preenchiam o ar com ruído Rock pontuado com Electrónica, os olhos cerraram-se e a mente percorreu inúmeros estratos do conhecimento e da percepção numa posição introspectiva. Também os Piano Magic apelaram a essa dimensão imaginária onde os sons serviram de inspiração às di- vagações da mente, com imagens de árvores a invocarem a natureza. A onda peace & love foi encabeçada pelos Mercury Rev, cujo impacto visual revelou-se quase tão intenso quanto o aparato sinfónico do som. "The Dark is Rising" estabeleceu o belo paradoxo. Em "Slaveship", Josh Rouse fez o Sol brilhar, depois de um concerto menos intenso, apesar dos óculos escuros. They Might be Giants instalaram a festa com melodias bem-dispostas e tiradas irónicas que Erlend Øye prolongou até de madrugada com misturas sonoras improváveis e uma simpatia bonificada. Entretanto o Sol nascia mais uma vez, embora a Lua ainda se vislumbrasse no céu, e ficava já a saudade de um festival que ainda não tinha terminado. O encerramento oficial do Primavera Sound mudou a localização do X no mapa dos festivaleiros, que passou a ser marcado no Club Apolo, no centro de Barcelona. Os Broken Social Scene assinaram a última actuação e mesmo sem Leslie Feist conseguiram ser demasiados para o palco intimista do Apolo — mas nunca demasiados para os nossos ouvidos —, alternando a posição e o instrumento entre e durante as músicas. Um final calmo para um festival em que os gostos musicais se atropelaram entre palcos diferentes e em que o cardápio acelerou o ritmo de absorção sonora até ao limite. Agora, finalmente, o tempo para digerir os sons desta Primavera. Rewind Internacional 49 texto e fotos: Filipe Pedro Glastonbury Festivals E tudo a lama levou... www.glastonburyfestivals.co.uk Alguns media referem-se a Glastonbury como a mãe de todos os festivais. De facto, é essa a sensação que fica uma vez que dentro do próprio festival há muitos pequenos festivais a pedirem e merecerem atenção, e não apenas os de música. Há 35 anos, Michael Eavis, um visionário agricultor com alguns hectares nas proximidades da aldeia de Pilton (55 km a sul de Bristol), pôs mãos à obra na criação do Festival Glastonbury. Durante os anos 70 o bilhete tinha o preço simbólico de uma libra (quando não era gratuito), sempre com nomes carismáticos e um culto crescente que eclodiu no final dos anos 80. Presentemente Glastonbury dispõe de uma perspectiva universal de culturas e artes performativas. Digamos que nada que algum dia tenhamos visto se compara à dimensão e diversidade patente no local em questão. Mais de 20 palcos simultâneos oferecem-nos teatros de rua e de palco, instalações, filmes, conferências pelos direitos humanos e Make Poverty History, stand up comedy, artes circenses, concertos de artistas em início de carreira, de Música do Mundo, Jazz, Acústica, Pop, Rock, Electrónica ou Independente. Quanto ao campismo, cada indivíduo ou família tem o livre arbítrio de escolher a vizinhança, quer seja perto de um jardim paradisíaco, quer seja perto da zona de medicina alternativa e espiritual, das actividades cir- 50 Rewind Internacional censes e teatrais, do cinema, e, naturalmente, da música (seja ela qual for). Algo que pode parecer estranho aos nossos olhos é o elevado número de crianças e recém-nascidos no recinto, devidamente acompanhados pelos pais. Há inclusive um parque infantil interactivo com dezenas de actividades motoras sem o uso de energia que não a humana. Aliás, a consciencialização para um mundo melhor passa pelas óbvias dicas ecológicas, onde as acções que fomentam a poupança energética, a reciclagem, a não poluição do ambiente e a gestão dos recursos hídricos estão na ordem do dia. Procurando recriar o ambiente africano, faltam chuveiros, há frequentes quebras no abastecimento de água e as latrinas não dispõem das condições mínimas. Tudo isto, parece péssimo, mas não deixa de ser uma lição de vida, ainda que para nós possa constituir um choque absoluto. Além disso, tal como em anos anteriores, fortes chuvadas inundaram a enorme quinta onde o evento se realiza. O resultado? Milhares de tendas afundaram-se ou tornaram-se barcos, flutuando sem destino pelo recinto, enquanto os seus donos, com água pela cintura, tentavam salvar os seus pertences. Horas depois, já sem chuva não houve nada a fazer, a lama escorreu em doses industriais tornando ingratas as caminhadas, mesmo com galochas. Os Concertos O palco John Peel – justa homenagem ao brilhante radialista dos novos talentos, desaparecido a 25 de Outubro de 2004 — pautou-se pela qualidade da terrorista musical M.I.A., pelo cantautor americano Willy Mason e pela diversão dos Art Brut, Maximo Park e M83. Swami, Smith & Mighty e Daddy G (dos Massive Attack) foram os nomes incontornáveis do palco Raízes, enquanto que os Freestylers, Plump DJs, Stereo MCs, Two Lone Swordsmen, The Bays e Marky, Patife, Stamina & Cleveland Watkiss constituíram propostas obrigatórias nas tendas electrónicas (um autêntico micro-festival com diversas zonas chill out). Por outro lado, Jason Webley, one man show (voz, sapateado, garrafa com terra e acordeão), foi a sensação do palco Novos Talentos, enquanto os Hayseed Dixie (paródia Folk aos australianos AC/DC) deixavam saudades depois da actuação no palco Avalon. A uma larga distância desses dois palcos, Tom Vek, Hot Hot Heat, The Others, Bloc Party, Royksopp, Fatboy Slim, Kasabian, Martha e Rufus Wainwright e Ian Brown marcararm presença no palco Other. Na sexta-feira e no que diz respeito à Pirâmide, o palco principal, o Pop Rock simpático dos Killers contrastou com a sujidade sonora dos manos White Stripes. Jack e Meg mostraram perícia e presença na apresentação ao vivo dos temas do novo álbum, “Get Behind Me Satan”. No sábado, ironia em letras com muita qualidade foi a proposta dos 12 elementos do Hip-Hop endiabrado dos Goldie Lookin Chain. Seguiram-se as alucinações dos Kaiser Chiefs, cujo vocalista deu uns passos de dança com um dinossauro insuflável. Chris Martin e os restantes Coldplay ofereceram-nos um excelente concerto com base no recém-editado “X & Y”. Para além do momento acústico a la U2, ficou-lhe bem fazer uma cover de um tema popular da australiana Kylie Minogue (que cancelou Glastonbury por motivos de saúde) durante o encore. Já no domingo a música foi outra. Um Brian Wilson em nítido slow motion arrastou multidões, os Garbage parecem ter regressado à boa forma de 1998, os Primal Scream rodaram os clássicos em fase menor da carreira e os Basement Jaxx ganharam a aposta, fechando Glastonbury em grande, com Samba, House e muita diversão à mistura. 2006 com direito a video Glastonbury regressa ao contacto com o público em Junho de 2007. Até lá está prevista a edição de um documentário sobre o festival, realizado por Julien Temple, o responsável de “Sex Pistols — Filth & The Fury”, e agendado para meados de 2006. Rewind Internacional 51 . texto: Luís Mateus Festimad Sur 2005 Pandemónio a sul de Madrid www.festimad.es O FestiMad, que até ao ano passado se realizava no município de Móstoles, mudou-se este ano (27 e 28 Maio) para uma zona ao ar livre com capacidade para cerca de 20 mil pessoas - o Parque da Cantueña, em Fuenlabrada (a cerca de 18 km de Madrid). O Festival já dava que falar ainda antes de começar. O seu cartaz prometia emoções fortes com nomes como Marilyn Manson, Slayer, System of a Down, Incubus ou os Prodigy (que aqui voltaram à sua formação completa, uma vez que Maxim aceitou actuar com a sua antiga banda). Marilyn Manson No entanto, nem tudo correu bem na edição deste ano. Devido ao longo período de seca, no local onde os visitantes deveriam encontrar um espesso tapete relvado, não existiam mais do que pedras e pó, muito pó. Os assistentes queixaram-se do mau estado em que se encontrava o recinto: poucas condições para campismo, filas intermináveis para conseguir uma garrafa de água e preços excessivos. O espaço geral contava apenas com três bebedouros, oito duches e dez casas de banho para a totalidade dos festivaleiros. Os maiores problemas começaram a tomar forma no segundo dia do festival (sábado). Durante a actuação da banda californiana Fu Manchu, uma das coberturas de um dos palcos cedeu ao forte vento e caiu, obrigando a organização a suspender as actuações. Assim, os Incubus, os System of a Down e os Prodigy tocaram cinco horas mais tarde do que o previsto, preferindo não cancelar os seus concertos, chegando-se a considerar a possibilidade de estas bandas actuarem apenas no dia seguinte. Devido a este incidente, os ânimos exaltaram-se e um grupo de indivíduos deu início a cenas de vandalismo. Arremessaram pedras contra as pessoas, destruíram várias tendas-bar e vandalizaram dois automóveis que se encontravam em exposição para promover uma conhecida marca. Ainda assim, foi possível terminar o festival com todas as actuações previstas. Os organizadores minimizaram os problemas ocorridos e limitaram-se a emitir um pedido de desculpas público, prometendo voltar com melhores condições no ano que vem. No entanto, a verdade é que as queixas foram imensas e a imagem do Festimad encontra-se extremamente denegrida depois destes acontecimentos. PUB Gráfica 52 Pause texto: Cátia Monteiro texto: João Pedro Almeida Logh Weezer A Sunset Panorama Make Believe Música Activa, 2005 “A Sunset Panorama” foi concebido como um objecto global, em que cada tema se interliga com os demais, estabelecendo um equilíbrio entre as paisagens mais sombrias e a intensidade da luz solar reflectida pela neve. O álbum abre com um instrumental e fecha igualmente sem vozes, num tema solitariamente composto na guitarra de Mattias Friberg, a ilustrar a vertente mais minimalista da banda. O entremeio é formado por faixas que seguem a linha dos álbuns predecessores, revelando uma fusão de low-fi com impulsos Rock mais pesados do anterior “The Raging Sun”, mas sem nunca chegar a magoar as cordas vocais de Friberg. Temas como o single “Destinymanifesto” e ainda “Fell Into the Well” ou “My Teacher’s Bed” apresentam uma versão mais rica em melodia e com espaço para refrões apelativos. “The Big Sleep” é mais despida, lembrando-nos a importância que os Logh dão a cada nota e aos silêncios que as medeiam, enquanto “Bring On The Ether” nos remete para um ritmo lento e espasmódico, de tensão latente e ausência de fluidez marcadas. As horas passadas em estúdio, mais curtas do que nos álbuns anteriores, foram registadas em vídeo. O DVD que acompanha “A Sunset Panorama” fornece as faixas integrais com elevada qualidade de som, embora as opções pouco claras da equipa de filmagem deixem a imagem aquém das expectativas. O espírito introvertido dos Logh confirma-se, apesar do visível investimento numa imagem mais acessível. www.logh.se Geffen/Universal, 2005 O espectador atento por certo se lembrará do vídeo que em 1994 mostrava um grupo de jovens bem humorados a tocar no cenário da série “Happy Days”, a ode a um também já desaparecido “Buddy Holly”. A banda? Weezer. Estávamos nos anos dourados do movimento Alternativo-Independente. Os fiéis à revolução, que tinha na raiva adolescente dos Nirvana o seu manifesto, encontravam um ponto de escape Pop no meio de toda a agressividade latente da cena. Os Weezer eram diversão e tinham Rivers Cuomo, o líder nerd em que todos aqueles que não eram cool se reviam. Em 96, com “Pinkerton”, um álbum bem mais cru que o primeiro (para muitos a obra-prima do grupo e uma das pedras de toque do movimento Emo), a banda de Cuomo não recebeu do público uma reacção equivalente à do álbum anterior. Os Weezer sofreram crises internas, ficando em pausa, enquanto os seus membros seguiram projectos paralelos. Será que os Weezer ainda nos farão acreditar num regresso aos seus anos dourados com este álbum? É pouco provável. “Beverly Hills” é um single orelhudo, mas fica a milhas, em termos de composição, de um “Say it isn´t so” ou mesmo de um “Island in the Sun”, a canção que os trouxe de volta à ribalta. “Make Believe” é, no seu conjunto, uma compilação de canções PopRock formatadas e medianas, com o pontual piscar de olho aos anos 80 (em “This Is Such A Pity”) e um ou outro momento mais musculado (exemplo de “We Are All On Drugs”). A segunda metade do álbum melhora ligeiramente, mas o produto final está ainda longe de revitalizar a carreira da banda americana. O título diz tudo: para já, ainda estão só a fingir. www.weezer.com Stop Cd’s 53 texto: Gonçalo Guedes Cardoso Yeah Yeah Yeahs Tell Me What Rockers To Swallow O DVD começa com um concerto ao vivo no Fillmore de São Francisco, onde são interpretados 22 temas, seis dos quais em forma de bónus, retirados do álbum de estreia “Fever To Tell” e de anteriores EPs. Realizado por Lance Bangs, o espectáculo envolto numa aura de sensualidade, espontaneidade e energia genuína, orbita em torno da carismática, magnética e inimitável Karen O. As atenções da audiência centram-se na permanente dinâmica e genica da vocalista, que, rebolando pelo chão, gatinhando, contorcendo-se e praticando kung-fu, só se compara a Iggy Pop ou a uma partida de ténis musical. Ainda assim, sobra espaço para o virtuosismo do guitarrista Nick Zinner (com solos arrepiantes) e para a garantia de serenidade controlada do baterista Brian Chase. Os extras incluem um documentário focado na digressão nipónica que o realizador Patrick Daughters intitulou “Japan Behind the Scenes”. Igualmente atractivo é o documentário dirigido por Spike Jonze que, juntamente com Lance Bangs, entrevista de uma forma dinâmica e cativante a audiência antes e após o concerto, obtendo as respostas mais deliciosas. Não foram esquecidos os vídeos “Maps”, “Date With The Night”, “Pin” e “Y Control” (dirigido por Spike Jonze). O pacote fica completo com a interpretação do tema-êxito “Maps” nos MTV Movie Awards de 2004. Se dúvidas ainda existissem, após a ingestão vitaminada de “Tell Me What Rockers To Swallow”, fica a certeza de que os YYY são hoje a banda mais trash-flash art-school e inventiva de Nova Iorque, ainda que se encontrem numa prateleira onde os Strokes, os White Stripes, os Vines e os Kills também sirvam para encher a barriga. Universal, 2005 www.yeahyeahyeahs.com texto: Filipa Matos Björk Medúlla Special Universal, 2005 Em “Medúlla Special”, acompanhamos todo o processo criativo do álbum, desde o seu nascimento (o embrião que nos é explicado por Björk em entrevista) até à sua prática (o parto) e inerentes dificuldades (a relação entre vozes). Sejamos francos, o seu objectivo de fazer um álbum apenas com vozes e sons humanos, para além de estranho, era difícil e requeria coragem. Os convidados de Björk envolveram-se numa verdadeira aventura e deram, de facto, o máximo, confiando num bom resultado. Nesta demanda, descobrimos que o Homem é capaz de imitar a máquina, seja ela acústica ou electrónica. O making of de “Medúlla - The inner or deep part of an animal or plant structure”, é ainda uma viagem ao que de mais profundo existe nos seres vivos: sons inacreditáveis, que não parecem humanos e que apenas são possíveis através de uma grande entrega de sentimentos e perda da noção de ridículo. A cantora islandesa disse, ao conceber este regresso às origens, que pensou no Homem e na sua energia primitiva de criar, antes de ter entrado na sociedade. E, assim, Björk foi capaz de se fundir com a música, continuando uma pioneira no campo musical e conseguindo, de facto, moldá-lo aos seus sonhos, por mais bizarros que estes sejam. Quanto ao outro DVD, o dos telediscos de “Medúlla”, facilmente nos deixamos levar pelos universos mágicos das obras plásticas e visuais presentes em “Oceania”, “Who Is It?”, “Triumph Of A Heart”, “Desired Constellation” e “Where Is The Line”. Como extra é-nos oferecido o making of do divertidíssimo “Triumph Of A Heart”, em que se explica o conceito do gato dançarino. É ver para crer. www.bjork.com 54 Stop Dvd’s texto: Luís Santos Batista O segundo livro de poesia de Fernando Ribeiro, “As Feridas Essenciais”, vem provar que nem só de música e Moonspell se alimenta o “Eu” criativo e imaginativo do músico/escritor. Tal como aconteceu na sua primeira obra, este trabalho é um atrevido convite que nos abre as portas ao mundo decadentista (e porque não simbolista?) de Fernando Ribeiro. Durante a leitura atenta de “As Feridas Essenciais”, procurei passear pelas suas páginas de uma forma solta, descontraída e com o objectivo de tirar o maior prazer da leitura. Não me quis preocupar com a lógica ou ordem das páginas do livro, não respeitei a sua criteriosa sequência. Foi neste ritmo de descoberta, poema após poema, que me propus construir as feridas e gozar da sua essencialidade. Descobri o quão belo pode ser viajar num simples poema até “Grozny”, que aparece aqui descrito com alguma frieza mas mesmo assim carregado de algum romantismo. Meditei no que era sentir o “Toque da Morte”, experimentei as feridas que o tempo não apaga da nossa memória popular com “Cofre Aberto”, saboreei o “Último Momento de Sempre” e acabei por me apaixonar talvez pela mais bela das feridas — sentir como seria acordar em sítios diferentes. Este livro acaba por ser uma enriquecedora experiência literária em que o hemisfério de influências de Fernando Ribeiro irrompe de forma descomprometida e sem nunca colocar em causa a autenticidade criativa do escritor. As Feridas Essenciais Fernando Ribeiro Edições Quasil, 2005 texto: Luís Santos Batista A ousadia de ficcionar em banda desenhada a biografia de uma das maiores referências da literatura de horror, Howard Phillips Lovecraft, acabou por unir os esforços do argumentista Hans Rodionoff e do veterano Keith Giffen. A estes juntou-se ainda o artista argentino Enrique Breccia que, através dos seus desenhos, se encarregou de dar vida às personagens desta história. A notável recuperação biográfica do criador de Necronomicon, Cthulhu ou da estranha cidade Arkham é superiormente retratada nesta obra onde não faltam as suas vertiginosas obsessões, os incontornáveis pesadelos e as alucinantes visões. Os demónios, a sua mais fiel companhia, são talvez o toque de génio numa vida em que o grotesco, o tremor e o bizarro enchem os dias da sua atribulada existência. Esta incrível obra de banda desenhada contou ainda com a preciosa colaboração do realizador John Carpenter, que assinou o prefácio, sendo ainda a tradução portuguesa assegurada por Fernando Ribeiro, também ele um confesso e assumido admirador de toda a literatura Lovecraftiana. Lovecraft Hans Rodionoff, Enrique Breccia, Keith Giffen Tradução: Fernando Ribeiro Vertigo-DC Comics / Vitamina BD Edições, 2005 Stop Livros 55 texto: Luís Santos Batista Entrevista a Fernando Ribeiro As feridas essenciais O final do ano 2004 foi amplamente fértil em termos literários para Fernando Ribeiro, dos Moonspell. A apresentação do seu livro, “As Feridas Essenciais”, revela-nos as mais íntimas sensações do autor. Quase em simultâneo, e com a chancela da BD Mania, Fernando Ribeiro assina a tradução da biografia em banda desenhada de H. P. Lovecraft. Parece que neste livro existe uma maior separação entre o Fernando Ribeiro escritor e o compositor que nos habituámos a ver nos Moonspell. Sim, nesse aspecto concordo, pois, hoje em dia, tenho 56 Rec Entrevista um manancial de recursos literários muito maior do que tinha quando escrevi o “Como Escavar um Abismo”. Mas, apesar de as pessoas o pensarem, não é minha intenção separar as personae. Encaro as coisas fluidamente, sem me preocupar com a vertente Moonspell ou com a vertente literária. É óbvio que a personagem ligada à banda ajuda na imposição do meu estilo literário, mas sem misturar ambições. Apesar de a temática ser praticamente a mesma, pois tudo o que coloco neste tipo de escrita tem uma mesma origem de influências, noto que a linguagem neste livro progrediu imenso. foto: Paulo Moreira Este livro está então muito mais próximo do Decadentismo que admira, de Baudelaire ou até mesmo de Álvaro de Campos, por exemplo? Alguns poemas julgo que sim. É claro que tenho as minhas tendências e é obvio que a escola francesa continua a ser uma grande inspiração para mim. No entanto, as pessoas têm lido o meu livro e parecem mais sensíveis a essas influências espontâneas do que eu, que apenas escrevo e não estou a circunscrever qualquer tipo de influência na fase de escrita. Também é verdade que várias pessoas já disseram que a minha escrita carrega consigo todas essas influências, inclusive do Álvaro de Campos. Por exemplo, o poema “Coisas para Fazer Hoje” é um poema muito Álvaro de Campos. No fundo, tenho as influências e tento incorporar tudo de uma forma saudável. Essa forma saudável consiste em evitar alguns clichés literários? Sim, porque não me enquadro em nenhum movimento. As pessoas conhecem-me como músico e a expectativa em relação à minha poesia é quase inexistente. Isso acaba por ser muito bom, pois não me liga a nada, não esperam de mim poesia moderna, urbana ou qualquer outra etiqueta. O escritor José Luís Peixoto afirma que consegue, ao ler o seu livro, experimentar viagens, partidas e regressos, dentro de nós próprios e para dentro de nós próprios. Existem diversos poemas que acabam por carregar essas ideias, mas que, na minha perspectiva só podem ser tratados parcialmente. O livro, apesar de ser constituído por poesia solta, foi todo ele construído quase de um modo conceptual. O José Luís foi sensível a esse aspecto e, realmente, existe uma viagem feita de regressos, de rupturas ou de novos caminhos. O poema “Hoje acordámos em sítios diferentes” sintetiza tudo isso. É um poema muito curto que simboliza não uma viagem a um sitio específico, mas como me sinto quando entro em contacto com diferentes lugares, com diferentes culturas e todas as sensações mirabolantes que me invadem, quer de dentro para fora, quer de fora para dentro, e que me marcam. Será então a vontade de comunicar e de escrever uma das suas feridas mais essenciais? À luz do título e do seu significado, que se quis fluido e de compreensão luminosa, os temas e as vontades do livro são cristalizados nas palavras «as feridas essenciais», isto é, tudo quanto chegue a mim (ou chegue eu às coisas), seja por que caminho ou transporte. Os poemas são quase mapas dos avanços, das retiradas e do lugar onde sempre se fica. Tenho necessidade de comunicar, de desabafar, sentindo-me tristemente belo nas palavras. Escrever para publicar é já escrever contando com os outros, com a sua simpatia ou desprezo, com o seu enfrentar das palavras que eu próprio já enfrentei. Não sei se é bom comunicar ou guardar para nós, tudo isto é imperfeito, mas sinto algo quando acabo de escrever e isso é o que mais conta enquanto ferida essencial. Considera as feridas ao nível do nosso conhecimento, do nosso saber, como feridas essenciais? Não sou obcecado pelo conhecer, aliás, nem sempre se lê para conhecer, de vez em quando estuda-se para ignorar ou desconhecer. Interessa-me conhecer o que os outros já conhecem, aprender e estar atento às coisas e seres que podem chegar até nós e passar a fazer parte de nós num poema, numa conversa ou num olhar. Tem agendado, quase em simultâneo com este seu livro, o lançamento da biografia em banda desenhada de H. P. Lovecraft, com tradução sua. Como se envolveu neste projecto? Foi um desafio muito complexo, não a tradução em si, mas a tradução no formato que se impunha à BD, que tem exigências muito complicadas, como a gestão do espaço dos balões e a dinâmica do texto, uma vez que existem bastantes diferenças em relação ao texto literário em que a palavra, de certa forma, é suprema. Neste caso, perante um texto de banda desenhada, a palavra tem de se conter para dar lugar à imagem, para não inflacionar a interpretação do leitor. Depois, encontrei uma pessoa que respeito muito enquanto editor, o Pedro Silva, que conferiu um grau de dificuldade ao meu trabalho, um grau de exigência muito positivo, e com quem aprendi muito. Foi engraçado trabalharmos os dois porque tínhamos formas diferentes de ler o Lovecraft e de entender a língua inglesa, o que provocou alguma intensidade na forma como me empenhei. A ajuda do Pedro também foi determinante para ultrapassar algumas nuances, certas dinâmicas próprias da banda desenhada. Provavelmente, irei agora trabalhar numa outra tradução do Lovecraft, literária e não de BD, mas esta aventura foi muito enriquecedora. É para mim um grande orgulho ter a minha contribuição num álbum que considero luxuoso e numa história exemplar e muito bem desenhada. Rec Entrevista 57 texto: A.L. White Stripes Rock instantâneo Maio marcou o regresso dos White Stripes ao airplay americano com o single “Blue Orchid” a ser inesperadamente lançado apenas um mês após a sua gravação. Um tema cru e frenético entre o fresco e o clássico, com um pezinho no estranho e o resto todo no muito bom, a reafirmar os irmãos White como geniais-radicais, até no método de distribuição da sua música. Ao que se sabe, “Blue Orchid” foi escrito, gravado e entregue à editora da banda (V2) em cerca de 18 dias. A 18 de Abril estava já disponibilizado para download no iTunes por 0.99 dólares Foi assim, tão simplesmente, que uma música sem vídeo, sem destaque televisivo, sem toques polifónicos, sem hype e, sobretudo, sem campanha de marketing, entrou no ouvido dos fãs espalhados por todo o país. Num universo dominado por majors que determinam quando os discos são lançados, sem olhar ao momento da sua finalização, este foi, sem dúvida, um feito raro. Não é novidade o ritmo vertiginoso com que algumas bandas gravam os seus trabalhos, mas vários dos casos conhecidos indicam um hiato de mais de seis semanas entre produto final e lançamento. A música “instantânea” ganha eventual espaço em géneros como o Hip-Hop e o Reggae, mas com registos que quase nunca são lançados comercialmente e que são ouvidos por públicos específicos, em mercados e 58 Chupa Chupa momentos particulares. É na música Country que se sente mais abertura a este conceito de imediato, como se pôde notar pelos muitos temas pós-9/11 e pró-guerra que foram gravados e rapidamente postos no ar. A generalização deste conceito de “instantâneo” poderia mudar de forma positiva a esfera da cultura Pop. Em vez de pequenas e atabalhoadas estrelas salvas por mega produções e budgets milionários, poderiam emergir mais artistas reais, dos que cantam a sua experiência do mundo numa base quotidiana e contactam mais directamente com o público. Menos regidos por agendas da indústria e lobbys comerciais e mais predispostos aos desafios e surpresas da espontaneidade. Esta revolução tem na tecnologia digital uma preciosa e acessível ferramenta. De salientar que a música “instantânea” era já recurso do Rock na década de 60, época áurea em que era importante o criativo e o cultural em detrimento do “banal com meia dúzia de importantes excepções” em que vivemos hoje. Ainda que não possamos descurar o peso da que pode ser chamada geração MTV, alegra-nos pensar que serão possíveis meios termos entre a força motriz que criou o Rock na sua essência de organismo vivo, activo e interventivo e o stardoom comercial que chega ao público e alimenta a indústria. “Blue Orchid” prova que não é preciso vender a alma ao diabo. foto: Patrick Keeler “Get Behind Me Satan” Meg White entrevista Jack White Meg — Jack, estas canções são sobre ti? Jack — Não Meg, são sobre ti. Meg — Isso queria eu. Jack — Não querias nada. Sabes que eu não escrevo sobre mim nem sobre os meus amigos, muito menos sobre a minha irmã. Meg — Pensei que talvez tivesses aberto uma excepção depois de saíres do armário. Jack — (ronrona) Meg — Podes falar-me um pouco sobre a capa do álbum? Jack — Não sei Meg, podes falar-me um bocadinho sobre o universo? Meg — Queres que fale de física quântica ou de mecânica quântica? Jack — Cala-te. Meg — O que significa para ti “Blue Orchid”? Jack — A mesma coisa que piza significa para ti. Meg — Jack, porque é que não consegues estar cool? Jack — Porque estás a tentar enganar-me outra vez! Meg — Jack a única coisa que alguma vez tentei contigo foi nunca tentar fosse o que fosse. Jack — Tens razão. Meg — A tua voz está muito estridente neste álbum, como antigamente. Jack — Também reparei nisso. Meg — Queres um cigarro? Jack — Cala-te. Meg — Deu-te gozo fazer este disco? Jack — Dá-me sempre gozo trabalhar contigo Meg. Meg — Eu sei isso, mas divertiste-te? Jack — Este disco estava amaldiçoado quando o começámos, e depois entrou nos eixos de repente, já no final. Nessa altura comecei a gostar, lembras-te? Meg — Sim, lembro-me. Jack — Há mais alguma coisa que tu gostasses de saber? Meg — Só se estás contente com o disco. Jack — Estou sim. Acho que é o disco mais denso que já fizemos. Tu não? Meg — Cala-te. Jack — Queres fazer outro? Meg — hmmmmmm… contigo? Jack — (ronrona) 2005 Julho BD, Cinema, Dança, Design, Fotografia, Música, Teatro 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Lisboa Photo . www.lisboaphoto.pt 13.º Sete Sóis Sete Luas . www.7sois7luas.com 8.º Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas . http://sapp.telepac.pt/lugaradanca Festival Grec . www.barcelonafestival.com 40.º Festival de Sintra . www.cm-sintra.pt/Categoria.aspx?COD=FS2005 12.º Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso . www.festivaldeguitarra.org 7.º Festival MUSA . www.criativa.org Dark Ritual Fest 5.º Festival Trebilhadouro . http://trebilhadouro.com.sapo.pt 5.º FIG - Festival Internacional de Gigantes Festival de BD de Pinhal Novo 24.º Estoril Jazz . www.projazz.pt 13.º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Vila do Conde . www.curtasmetragens.pt 22.º Festival de Almada . www.ctalmada.pt 27.º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim . www.cm-pvarzim.pt 5.º Festival Hype@Tejo . www.musicanocoracao.pt 14.º Jazz no Parque . www.serralves.pt 2.º Cool Jazz Fest . www.cooljazzfest.com IberRock - Festival Ibérico de Rock . www.iberrock.com 6.ª Mostra de Cinema Europeu de Tavira . www.cineclubetavira.com 2.º Festival Benquerença . www.benquerenca.com 6.º Festival Tejo . www.festivaltejo.com 4.º Rockoeste . www.rockoeste.com Avanca’05 . www.avanca.com 7.º Festival Músicas do Mundo . www.fmm.com.pt 15.º Festival Vilar de Mouros . www.vilardemouros.pt 01 02 03 04 05 Música 60 Play Julho 06 07 08 Dança 09 10 11 12 Teatro 13 14 15 16 17 Design 18 19 20 21 22 Cinema 23 24 25 26 27 Fotografia 28 29 30 31 BD 2005 Agosto BD, Cinema, Dança, Design, Fotografia, Música, Teatro 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Lisboa Photo . www.lisboaphoto.pt 13.º Sete Sóis Sete Luas . www.7sois7luas.com 8.º Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas . http://sapp.telepac.pt/lugaradanca Festival Grec . www.barcelonafestival.com Andanças . www.pedexumbo.com Festival de Jazz de Montreux . www.montreuxjazz.com 9.º Festival Sudoeste . www.musicanocoracao.pt FIB . www.fiberfib.com Astropolis . www.astropolis.com Festival Internacional de Música de Dança de Ponta Delgada Jazz em Agosto . www.camjap.gulbenkian.org Haldern Pop Festival . www.haldern-pop.de Festival Sunrise La Route du Rock . www.laroutedurock.com 13.º Paredes de Coura . www.paredesdecoura.com Edinburgh International Film Festival . www.edfilmfest.org.uk Pukkelpop . www.pukkelpop.be Freedom Festival . www.freedom-festival.org Lowlands . www.lowlands.nl V Festival . www.vfestival.com IV Festival Internacional de Máscaras e Comediantes . www.filipecrawford.com 14.º Noites Ritual Rock 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Internacionais Play Agosto 61 . 31 2005 Setembro BD, Cinema, Dança, Design, Fotografia, Música, Teatro 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Lisboa Photo . www.lisboaphoto.pt 13.º Sete Sóis Sete Luas . www.7sois7luas.com Festa do Avante . www.pcp.pt/festa-do-avante 6.º Angra Rock . www.angrarock.com Experimenta Design . www.experimentadesign.pt London Design Festival . www. londondesignfestival.com 9.º Festival de Cinema Gay e Lésbico . www. lisbonfilmfest.org Música Viva - Festival Internacional de Electroacustica . www.misomusic.com Dublin Theatre Festival . www.dublintheatrefestival.com IV Festival Internacional de Máscaras e Comediantes . www.filipecrawford.com 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 Informações para a secção Play devem ser enviadas para [email protected] 62 Play Setembro 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30