I Encuentro Hispano-Luso de Editores Musicales Madrid

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I Encuentro Hispano-Luso de Editores Musicales Madrid
I Encuentro Hispano-Luso de Editores Musicales
Madrid, 10-11 Marzo 2016
La edición musical en el s. XXI en España y
Portugal
Problemática y situación actual de las editoriales musicales
institucionales y universitarias
Maria Clara Assunção
(Técnica Superior del Área de Música da Biblioteca
Nacional de Portugal)
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Este proyecto ha recibido una ayuda del Ministerio de Educación, Cultura y Deporte
Colabora BNE
I Encuentro Hispano-Luso de Editores Musicales
La edición musical en el s. XXI en España y Portugal
Problemática y situación actual de las editoriales musicales institucionales y
universitarias
A pequena edição musical em Portugal no século XXI
Maria Clara Assunção
I. Introdução
1. Objectivos do estudo
Desde a criação da Agência Nacional do ISMN, as editoras de maiores dimensões foram
aderindo gradualmente ao sistema tal como muitas das novas editoras entretanto criadas. No
entanto, continua a ser publicada música, de forma ocasional, com ISBN ou mesmo sem
qualquer sistema de número normalizado que facilite o seu controlo bibliográfico. Estes
micro-editores, que editam uma partitura, duas partituras, às vezes um pouco mais, são
frequentemente esquecidos, não sabemos quem são, porque publicam, para quem publicam.
Este estudo procura contribuir para responder a algumas questões:
– Quem publica música em Portugal?
– Qual o tipo de música, quais os repertórios?
– A que público se destinam (e chegam) estas publicações?
– Como chegar a estes editores de forma a criar vínculos de comunicação entre eles bem
como entre editores e músicos práticos?
– Como fazer-lhes chegar boas práticas profissionais de edição musical?
2. Critérios de selecção:
Para realizar o levantamento e caracterização da pequena edição musical em Portugal,
tiveram de ser estabelecidos critérios de selecção a partir do universo de publicações
existente. Esses critérios foram os seguintes:
– Edições sem ISMN. Este é o critério óbvio já que o objectivo é, precisamente, repescar as
edições que escapam ao controlo do sistema do número internacional normalizado para a
música.
– Publicações de 1998 (data da criação da Agência Nacional de ISMN) até Dezembro de
2015. Naturalmente, antes de existir ISMN em Portugal toda a edição musical era publicada
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sem ISMN.
– Exclusão das publicações estritamente escolares (manuais de ensino de música). Incluir
este tipo de manuais (e os respectivos volumes de partituras que os acompanham) iria causar
uma distorção na análise dadas características muito particulares deste tipo de edição.
– Exclusão das teses académicas as quais, muito embora sejam depositadas na Biblioteca
Nacional e constem do catálogo, têm um número limitado de exemplares, nem sempre são
objecto de edição comercial e, em todo o caso, são acompanhadas de todo um aparato crítico
que constitui em si mesmo o núcleo da tese do qual a partitura é, frequentemente, um anexo.
II. Método de recolha e tratamento da informação
3. Pesquisa no Catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal
A informação foi recolhida do catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal mediante o
lançamento de duas pesquisas:
– CDU 78.089.6 (partituras e partes), tendo sido devolvidos 16.266 registos bibliográficos
– Palavras no assunto “música impressa” num total de 11.517 registos bibliográficos
4. Restrição
Com base nesta primeira pesquisa fez-se restrição por datas de publicação (≥ 1998), por país
de publicação (Portugal) e por tipo de documento (partituras impressas).
5. Segunda pesquisa no Catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal
A partir da listagem dos editores constantes da primeira pesquisa seguiu-se uma segunda
pesquisa para procurar edições destes editores que não constassem da primeira pesquisa.
Seguidamente foi feita a listagem e tipificação das obras de todos os editores identificados e,
finalmente, foram excluídas as edições com ISMN, os manuais de ensino escolar e as teses
académicas.
6. Resultados da pesquisa
Foram identificadas 206 publicações (partituras, colectâneas de partituras, cancioneiros,
colectâneas para ensino de música ou instrumento e guias musicais para celebrações
litúrgicas), 39 locais de publicação em quinze dos dezoito distritos de Portugal Continental e
nas duas Regiões Autónomas e 104 editores (autores, associações culturais, autarquias,
editores generalistas, etc.).
III. Tratamento dos dados
7. Distribuição geográfica dos editores
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Nos locais de edição (fig. 1) predominam claramente as três maiores cidades do país, com
destaque para Lisboa, com 15 editores, seguida de Porto e Coimbra, com 8 editores cada.
Seguem-se Braga e Fátima (7 editores), Aveiro, Funchal, Guimarães, Lamego, Leiria e
Póvoa de Varzim (3 editores), Almada, Évora, Guarda, Moimenta da Beira, Vila de Prado e
Vila Nova de Famalicão (2 editores cada) e mais vinte e dois locais de publicação com um
único editor. É de relevar que ocorrem 8 editores que não mencionam lugar de publicação.
Quando olhamos para os Distritos (fig. 2), depois do de Lisboa (20 editores em várias
localidades), destacam-se os dois maiores distritos nortenhos – Braga (16 editores) e Porto
(14 editores), seguidos à distância por Coimbra (8 editores), Santarém (7), Viseu (5), Guarda
e Aveiro (4 cada), Évora, Leiria e Setúbal (3), Faro e Vila Real (2), Bragança, Viana do
Castelo, Açores e Madeira (1). Destacam-se, pela inexistência de edições musicais, os
distritos de Castelo Branco, Portalegre e Beja.
Dividindo o território continental em três áreas geográficas de dimensão aproximada (fig. 3
e 4), notamos um predomínio do Norte (47 editores) com quase metade do total de editores
(95) diminuindo o número de publicações de Norte para Sul.
8. Tipologia dos editores
Todo o trabalho de tipificação (de editores, publicações, géneros) foi realizado com base nos
dados recolhidos, não obedecendo a nenhuma tipologia estabelecida a priori.
Assim, os editores identificados foram agrupados nas seguintes tipologias:
– Agrupamento musical
– Associação benemérita
– Associação cultural
– Autarquia ou organismo dependente
– Casa de fados (empresa)
– Colectividade eventual
– Congregação religiosa
– Edição de autor / pessoa individual
– Editor de música
– Editor do Estado
– Editor generalista
– Editor infanto-juvenil
– Editor religioso
– Escola de música
– Estabelecimento de Ensino Superior
– Estúdio de gravação
– Fundação
– Governo Regional ou organismo dependente
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– Igreja Católica ou organismo dependente
– Igreja Evangélica
– Publicação periódica
– Teatro
Desde logo se pode observar (fig. 5) o predomínio do autor individual (24 editores), logo
seguido da Igreja Católica (14 editores), acompanhada de perto pelas editoras generalistas
(12), pelas associações culturais (11) e pelas congregações religiosas (9). No entanto, se
agregarmos num só grupo todas as editoras religiosas católicas (Igreja Católica e organismos
dependentes, congregações religiosas e editoras propriamente ditas), verificamos (fig. 6) que
estas ultrapassam em número (26) os editores/autores individuais (24).
9. Tipologia das publicações
Identificadas as publicações, elas foram agrupadas em quatro tipologias (fig. 7):
Colectâneas de partituras de um ou vários autores, opera omnia, cancioneiros, etc.
Colectâneas para ensino da música
Partituras de obras individuais
Guiões de celebrações litúrgicas
Neste campo, verifica-se um predomínio das colectâneas de partituras, cancioneiros, etc. (99
publicações), seguido das partituras de obras individuais (62 publicações), dos guiões de
celebrações litúrgicas (25) e, em último lugar, as colectâneas para ensino de
música/instrumento (20).
10. Géneros musicais
No contexto deste trabalho, “Género musical” não é empregue com um sentido técnico
musicológico nem com o sentido catalográfico (que usamos nos títulos uniformes) mas
refere-se a uma tipificação possível, realizada a posteriori, a partir do universo de géneros
encontrado. As publicações identificadas foram agrupadas nos seguintes géneros musicais
que explicitamos a seguir (fig. 8):
– Música instrumental: inclui toda a música instrumental, antiga e actual, em instrumentos
clássicos e populares e ainda as obras para aprendizagem e prática instrumental.
– Música coral: a música para coro, muitas vezes a capella, maioritariamente constituída por
colectâneas editadas por associações corais e coros locais. Não inclui os cânticos religiosos
destinados a serem executados pela assembleia dos fiéis.
– Música vocal de câmara: música para canto e piano ou outros instrumentos, desde que não
sejam peças religiosas ou populares.
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– Música sacra: música sacra erudita, composta para ser executada por músicos.
– Música dramática: opereta, música de cena, etc.
– Música popular: canções de músicos populares, songbooks, canções com os
acompanhamentos de viola, etc.
– Música popular religiosa: cânticos devocionais e litúrgicos destinados ao canto individual
ou colectivo pela assembleia dos fiéis.
– Música tradicional: cancioneiros tradicionais de determinadas localidades ou regiões,
recolhas musicais.
– Canto gregoriano: apenas um caso, um manual de iniciação.
Ao quantificar as publicações agrupadas desta forma, verificamos o predomínio da música
popular religiosa (70 publicações), seguida à distância pela música instrumental (55). A
música popular (22), a música coral (19), a música sacra erudita (16) e a música dramática
(12) ocupam a zona central da tabela e, com menos de 10 publicações cada, aparecem a
música vocal de câmara (6), a música tradicional (5) e o canto gregoriano (1).
11. Média de publicações por tipo de editor
Depois de tratados individualmente, cruzaram-se os tipos de editor com a média de
publicações (fig. 9). Verifica-se que, em média, cada entidade fez 2,3 publicações no período
de tempo considerado.
As editoras de música produziram, em média, 5,5 publicações cada uma para o período de
tempo considerado, seguidas das colectividades (grupo eventual) com uma média de 3
publicações por entidade. Todas as outras entidades produziram, em média, menos de 3
publicações para o período considerado.
Volumes tão baixos de produção editorial tornam muito difícil uma visão de conjunto pelo
que procurámos agrupar as várias tipologias de editores em tipos mais gerais o que já
permitirá obter alguns resultados interessantes (fig. 10):
– Entidades ligadas à religião católica: Igreja, congregações, editoras religiosas: 59 edições.
– Autores / editores individuais (pessoas): 49 edições.
– Diversas entidades ligadas à música: editoras de música, agrupamentos musicais, casas de
fados/espectáculos, estúdios de gravação, etc.: 45 edições.
– Outras entidades: editoras generalistas e outras: 45 edições.
– Estado: Administração Central, Governos Regionais, Autarquias: 9 edições.
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IV. Conclusões
12. Quem publica música em Portugal?
A Igreja Católica domina, claramente, a pequena edição musical em Portugal, através da
publicação de colectâneas de cânticos e guiões litúrgicos destinados ao canto colectivo pelas
assembleias de fiéis. Trata-se, aliás, da única entidade ou classe de entidades que publica
música de forma mais ou menos sistemática, não obstante essa publicação ser muito dispersa
(menos de 2 publicações por editor), com a excepção do Secretariado Nacional de Liturgia,
em Fátima, que apresenta 22 publicações. Estas publicações do Secretariado Nacional de
Liturgia são os Guiões de Celebrações Litúrgicas destinados aos encontros de Bispos, de
congregações religiosas e de grupos de leigos, encontros esse que se realizam
frequentemente em Fátima.
Esta realidade explica a distribuição geográfica observada, estando os editores concentrados
no Norte e Centro, em particular Lisboa – que tem o Patriarcado –, Braga – que tem a
Arquidiocese – Porto, Coimbra e Santarém – que são dioceses – e sendo religiosas todas as
edições musicais do Distrito de Santarém, a que pertence o Santuário de Fátima.
A segunda forma de edição mais frequente é a edição que designámos genericamente como
“edição de autor”, e que inclui a edição pelo próprio compositor e a edição de outros
compositores por um editor literário. O volume total de edições por entidades ligadas à
música e por entidades com outras áreas de actividade é quase equivalente.
Apesar destas diferenças, verifica-se que cada editor, considerado separadamente, tem um
volume médio de edições extremamente baixo (2 publicações por editor), que se situa entre
os 74 editores com uma única publicação e o Secretariado Nacional de Liturgia, com 22
publicações.
13. Qual o tipo de música, quais os repertórios?
Compreende-se que a Música Popular Religiosa domine a pequena edição musical em
Portugal. Os cânticos devocionais e litúrgicos destinados ao canto individual ou colectivo
pela assembleia dos fiéis são publicados pela Igreja Católica, pelas congregações e pelas
editoras ligadas à Igreja.
Compreende-se também que a música instrumental ocupe o segundo lugar na pequena
edição musical, sendo constituída por partituras editadas pelos próprios compositores,
colectâneas de partituras e colectâneas para ensino de instrumentos.
14. A que público se destinam (e chegam) estas publicações?
No caso da música popular religiosa, o público a que se destinam é claramente definido e
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atinge, seguramente, o seu alvo, através das próprias estruturas da organização eclesiástica
(dioceses, paróquias, grupos de leigos, etc.).
Não é tão claro o público (ou públicos) alvo das colectâneas de partituras e cancioneiros.
Poderão ser os coros, em particular os coros amadores, mas é incerto que o conhecimento
destas publicações ultrapasse em muito os limites geográficos da localidade onde são
publicados, até pela sua baixa difusão comercial.
Quanto às partituras de obras individuais, frequentemente editadas pelos próprios
compositores, falta o estudo da sua difusão, sendo provável que o primeiro objectivo da sua
publicação seja o registo das obras para a posteridade, através do seu depósito legal na
Biblioteca Nacional e a sua figuração nos catálogos das bibliotecas. Ver a sua obra publicada
é o desejo de todos os criadores, sejam eles compositores, escritores, poetas…
15.
Como chegar a estes editores de forma a criar vínculos de comunicação entre
eles bem como entre editores e músicos práticos? Como fazer-lhes chegar boas práticas
profissionais de edição musical?
Espera-se que este Encontro seja um primeiro passo para responder a estas duas últimas
questões…
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Figuras
1. Locais de edição
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2. Locais de edição por Distritos
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3. Regiões geográficas
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4. Regiões geográficas
5. Tipologia dos editores
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6. Tipologia dos editores
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7. Tipologia das publicações
8. Géneros musicais
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9. Publicações por tipo de editor
10. Publicações por tipo geral de editor
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