retrospectiva 2015

Transcrição

retrospectiva 2015
www.neomondo.org.br
Ano 9 - No 72 - Janeiro/Fevereiro 2016
Exemplar de ASSINANTE
Venda Proibida
R$ 16,00
RETROSPECTIVA 2015
DAMA DAS ARTES
PLÁSTICAS
Tomie Ohtake
MÉDICOS SEM FRONTEIRAS
Ajuda médico-humanitária
para quem precisa
100 ANOS
DE AUGUSTO RUSCHI
O cientista dos beija-flores
Núcleo de Educação
NEO MONDO
www.neomondo.org.br
Faça seu projeto
educacional
conosco. Nossa
equipe está
pronta para
trabalhar o
conceito do
seu cliente e/
ou empresa
de modo
absolutamente
personalizável.
Consulte-nos.
Sair da mesmice,
transmitir
informação
de um jeito
divertido e
diferente.
Mais que um
norte, um
compromisso.
Sustentabilidade, criatividade
e educação de mãos dadas
com o futuro. É a partir
desse conceito que surge
o novo núcleo do Instituto
NEO MONDO, voltado para
o desenvolvimento de
projetos especiais de cultura
e educação infantil.
A criança é multiplicadora
de informação e, sempre,
o cidadão do amanhã. É
para este público que
desenvolvemos conteúdos
diferenciados capazes de
promover o aprendizado de
forma lúdica, divertida e com
tecnologia de ponta.
- Livros que podem ser
desdobrados em múltiplas
ações em salas de aula.
- Projetos educativos para
empresas que desejam aliar
sua imagem à educação,
FXOWXUDHWHPDVHVSHF¯ȴFRV
- Projetos especiais de livros
para os governos Federal,
Estadual e Municipal sobre
temas relevantes para a
sociedade em geral.
- Tecnologias disponíveis
a serviço da educação:
REALIDADE AUMENTADA,
3D, GAMEFICAÇÃO, IMERSÃO
VIRTUAL, HOLOGRAFIA,
APLICATIVOS, entre outros.
Fábrica de Brinquedos – Livro
referencial quando o assunto é
diversão e aprendizado. A partir da
construção de brinquedos temáticos,
e sempre por meio da utilização de
material reciclável, os leitores são
sensibilizados para a importância cada
vez maior de se construir um futuro
que tenha como base o respeito
aos recursos naturais. Fábrica de
Brinquedos também é um projeto
maior, que permite a adaptação e a
personalização de uma série de ações
para empresas e prefeituras, por
exemplo.
Fábrica de Comidinhas – Projeto
derivado da Fábrica de Brinquedos
com foco na necessidade crescente de
divulgar informações relevantes sobre
alimentação infantil saudável. Além
de divulgar conteúdos sobre o tema,
receitas e divertimentos, a Fábrica
de Comidinhas (que já está perto
de ser inaugurada) também prevê a
publicação de livros personalizáveis e
uma série de outras ações de branded
content.
P
Projeto
O Núcleo de Educação NEO MONDO é
OLGHUDGRSRUSURȴVVLRQDLVFDSDFLWDGRVH
HQWXVLDVPDGRVFRPDFRQVWUX©¥RGHXP
mundo melhor.
Oscar Lopes Luiz – Publicitário, pós-graduado
em Marketing. É presidente do Instituto
NEO MONDO
Eleni Lopes – Diretora de Redação da
revista NEO MONDO.
Ricardo Ditchun – Sociólogo especializado em
comunicação corporativa, jornalista e editor.
Valéria Cabrera – Jornalista e relações públicas.
Ricardo Girotto – Publicitário e ilustrador de
livros infantis.
Alda de Miranda – Publicitária e autora de
livros infantis.
O rio que ri – Que tal tratar do tema
da água, dos rios, das lagoas, dos
mares? Esta obra alia poesia infantil
à construção de personagens com
materiais reciclados para ensinar a
criança a utilizar a água de forma
responsável e a respeitar o meio
ambiente.
Um reino sem dengue – Passando
longe da forma habitual de abordar
a questão da dengue, este livro leva a
criança a se envolver numa historinha
divertida, com rei e princesas, num
formato
recheado de ilustrações.
Aprender a combater o mosquito
Aedes aegypt deixou de ser uma
complicação.
Ótima
ferramenta
para pais, professores, empresas
e prefeituras.
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O GRAACC ESTÁ EM FESTA.
Com a ajuda de muita gente, ampliamos o nosso hospital e as chances de
recuperação de crianças e adolescentes com câncer. Alcançamos um índice de cura
de cerca de 70%, sendo que aproximadamente 90% dos pacientes de todo Brasil são
encaminhados pelo SUS. Nosso orgulho é poder mostrar a cada colaborador que sua
doação é investida com muita responsabilidade para oferecer aos pacientes um
tratamento digno, humano e comparado aos melhores do mundo.
doe, acredite.
Se depender da gente, nossas crianças vão apagar muitas velinhas nesta vida.
WWW.GRAACC.ORG.BR
0300 047 22 22
Um aliado ideal para
trabalhar nas escolas
Os brinquedos propostos no livro são confeccionados com diversos
materiais reaproveitáveis, aquelas coisas que se transformariam em lixo
e poluentes do meio ambiente. Se você não sabe como fazer bolinhas
de papel, tem dúvidas nas medições, cortes, colagem, pintura… ou nunca
fez papietagem, é só ler com atenção as informações detalhadas de
cada página e resolver as questões. Este livro mostra como transformar
coisas que normalmente iriam para o lixo em brinquedos supercriativos
relacionados a datas comemorativas – um para cada mês do ano.
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Neo
Mondo
Um olhar consciente
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Autor: Ricardo Girotto
Ilustrador: Ricardo Girotto
48 páginas 23 x 30 cm
ISBN: 978-85-66251-06-7
reciclandoebrincando
fabrinquedos
www.editoracaramujo.com.br
Seções
ÍNDICE
12
Retrospectiva
Tomie Ohtake
A dama das
artes plásticas
brasileiras
16
20
Retrospectiva
Cuidados de saúde
essenciais onde
eles são mais
necessários
Augusto Ruschi foi cientista,
agrônomo, advogado,
naturalista e ecologista
46
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
Médicos sem
Fronteiras
O cientista dos beija-flores
26
10
Retrospectiva
Retrospectiva
Raias gigantes são encontradas
no Parcel Dom Pedro
Formação rochosa submersa
localiza-se entre a Costa de
Mongaguá
Retrospectiva
Instituto Neo Mondo
amplia atuação em
educação e tecnologia
Sempre inovando para
disseminar o conceito de
sustentabilidade
EDITORIAL
Oscar Lopes Luiz
Presidente do Instituto Neo Mondo
[email protected]
Prezado leitor, é com satisfação que elaboramos mais uma edição da NEO MONDO para você. Como fazemos há 9 anos,
trazemos, nesta edição, uma retrospectiva especial das principais matérias que foram destaque no ano de 2015, tais como:
A dama das artes plásticas brasileiras, TOMIE OHTAKE, nossa homenagem a uma das principais representantes das artes
plásticas brasileiras. Sua obra abrange pinturas, gravuras e esculturas. Foi premiada no Salão Nacional de Arte Moderna, em
1960; e em 1988, condecorada com a Ordem do Rio Branco pela escultura pública comemorativa dos 80 anos da imigração
japonesa, em São Paulo.
Médicos sem Fronteiras, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, ONG leva ajuda médico-humanitária em meioa a conflitos
armados, epidemias, desastres naturais, desnutrição e exclusão do acesso a cuidados de saúde.
100 anos de Augusto Ruschi, o CIENTISTA DOS BEIJA-FLORES, sua paixão pela natureza já corria no seu sangue
muito antes dele nascer. Sua família tem mais de 2 mil anos de tradição no trabalho com ciência e plantas, cultivando-as e
estudando-as, sendo inclusive o nome da família originário da espécie Ruscus aculeatus, ou azedinho do campo. Ruschi foi
cientista, agrônomo, advogado, naturalista e ecologista de renome internacional. Sua vida foi dedicada às descobertas, defesa
e estudo das espécies brasileiras.
Tudo isso e muito mais você encontrará em nossas páginas recheadas de sabedoria e a defesa do meio ambiente e da
responsabilidade social.
Para 2016, já estamos a todo vapor na elaboração de pautas para brindarmos nossos leitores com reportangens especiais,
abordando as principais questões que envolvem o tema sustentabilidade no Brasil e no mundo, sempre na esperança da
construção de um futuro melhor para nós e nosso planeta.
Tenham uma ótima leitura!
NEO MONDO, tudo por uma vida melhor!
EXPEDIENTE
Publisher: Oscar Lopes Luiz
Diretora de Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794)
Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Eleni Lopes, Marcio Thamos,
Dr. Marcos Lúcio Barreto, Terence Trennepohl, João Carlos
Mucciacito, Rafael Pimentel Lopes, Denise de La Corte Bacci,
Dilma de Melo Silva, Natascha Trennepohl, Rosane Magaly
Martins, Pedro Henrique Passos
Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794),
Andreza Taglietti (MTB 29.146), Lilian Mallagoli
Revisão: Instituto NEO MONDO
Direção de Arte: LabCom Comunicação Total
Projeto Gráfico: LabCom Comunicação Total
Diretora Jurídica - Enely Verônica Martins (OAB 151.575)
Diretora de Relações Internacionais: Marina Stocco
Diretora de Educação - Luciana Mergulhão (mestre em educação)
Correspondência: Instituto NEO MONDO
Rua Ministro Américo Marco Antônio n0 204, Sumarezinho
São Paulo - SP - CEP 05442-040
Para falar com a NEO MONDO:
[email protected]
[email protected] [email protected]
Para anunciar: [email protected] Tel. (11) 2619-3054
98234-4344 / 97987-1331
Presidente do Instituto NEO MONDO:
[email protected]
PUBLICAÇÃO
A Revista NEO MONDO é uma publicação do Instituto NEO MONDO, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça - processo MJ n0 08071.018087/2007-24.
Tiragem mensal de 70.000 exemplares distribuídos por mailing VIP e assinaturas em todo o território nacional.
Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade
de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.
11
Retrospectiva
A DAMA
DAS ARTES PLÁSTICAS
BRASILEIRAS
Tomie Ohtake começou a pintar aos 40 anos e ficou conhecida do grande público com as
enormes esculturas que mudaram a paisagem urbana de São Paulo. NEO MONDO presta
aqui uma homenagem a esta grande artista.
Por Eleni Lopes
T
omie Ohtake nasceu em 1913, em Kioto, no Japão. Veio
para o Brasil em 1936, aos 23 anos, para visitar um irmão
que já morava aqui, e acabou ficando. Ela se impressionou
"com a intensidade da luz amarela, do calor e da umidade ao
desembarcar no Porto de Santos", conta a biografia da artista no
site do Instituto Tomie Ohtake.
Com a iminência da Segunda Guerra Mundial, permaneceu
em São Paulo, onde se casou com o engenheiro agrônomo Ushio
Ohtake e teve dois filhos, o arquiteto Ruy e Ricardo Ohtake,
12
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
diretor do Instituto Tomie Ohtake. Ficou viúva em 1961.
O interesse por desenho vinha desde criança. Mas só aos 39
anos começou a fazer suas primeiras pinturas. Foi incentivada
pelo pintor japonês Keisuke Sugano, que deu aulas quando de
passagem pelo Brasil. "Quando comecei a pintar, já era muito
evidente o meu espírito brasileiro, ou ocidental, portanto já
distante da origem oriental, mas devo ter tido sempre, até hoje,
influência da terra em que nasci e cresci", contou Ohtake à
revista "ArtNexus", em 2005.
Muito discreta, raramente falava sobre
a vida familiar ou pessoal. “Não tinha
ateliê, nada. Empurrava a mesa da sala e
achava um espaço para pintar” , relembrou
numa entrevista à revista Brasileiros.
Fez parte do então prestigioso grupo
Seibi, que reunia artistas plásticos na Zona
Sul de São Paulo (SP). Além de Tomie,
aderiram ao grupo Flávio-Shiró, Minoru
Watanabe, Manabu Mabe, entre outros
conterrâneos – a associação só aceitava
artistas japoneses ou descendentes.
Nos anos 50 e 60, participou de salões
nacionais e regionais, tendo sido premiada
na maioria deles. Foi convidada a participar
da Bienal de Veneza em 1972, pela própria
instituição. Recebeu o Prêmio Panorama
da Pintura Brasileira do Museu de Arte
Moderna de São Paulo.
"O trabalho faz
bem sempre."
Sobre as obras
que planejava
perto do seu
aniversário
de 100 anos,
em 2013.
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
13
Retrospectiva
A cara de São Paulo
Tomie é uma das principais representantes das artes plásticas
brasileiras. Sua obra abrange pinturas, gravuras e esculturas. Foi
premiada no Salão Nacional de Arte Moderna, em 1960; e em
1988, condecorada com a Ordem do Rio Branco pela escultura
pública comemorativa dos 80 anos da imigração japonesa,
em São Paulo. A seu respeito escreveu o crítico Clarival do
Prado Valladares: “De acordo com alguns críticos, a pintura de
Tomie Ohtake corresponde a um dos pontos mais elevados do
abstracionismo já produzido no Brasil.”
Tomie se destacou também com o trabalho com esculturas
de grandes dimensões em espaços públicos, sendo que na
23ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1995, teve uma sala
especial de esculturas. Atualmente, 27 de suas obras são públicas
e estão em várias cidades brasileiras.
"Tudo o que tenho a dizer está dito
no meu trabalho. Nunca planejei
de forma racional as minhas formas,
elas simplesmente surgiam."
A paisagem da cidade de São Paulo tem hoje a cara de
Tomie Ohtake. São criações dela as curvas coloridas das grandes
esculturas que dividem os dois lados da via expressa da Avenida
23 de Maio (homenagem aos 80 anos da imigração japonesa no
Brasil); os quatro painéis de 2 metros de altura por 15 metros
14
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
de comprimento que representam as estações do ano, no metrô
Consolação; as ondas vermelhas de gesso da obra presa ao teto
do Auditório do Ibirapuera; o arco vermelho de 3 toneladas e
12,5 metros de altura, no Brooklin; e o painel de 23 metros de
altura na lateral do prédio que leva seu nome, em Pinheiros.
"Minha obra
é ocidental, porém
sofre grande
influência japonesa,
reflexo de minha
formação. Esta
influência está na
procura da síntese:
poucos elementos
devem dizer
muita coisa."
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
15
Foto: si
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Retrospectiva
MÉDICOS SEM FRONTEIRAS:
CUIDADOS DE SAÚDE
ESSENCIAIS ONDE ELES
SÃO MAIS NECESSÁRIOS
Vencedora do Prêmio Nobel da Paz, ONG leva ajuda médico-humanitária em meio a conflitos
armados, epidemias, desastres naturais, desnutrição e exclusão do acesso a cuidados de saúde.
Da Redação
Q
uem nunca se emociou ao ver a imagem dos
profissionais do Médicos Sem Fronteiras (MSF) cuidando
de pacientes em meio a conflitos armados, epidemias,
desastres naturais? As imagens são sempre fortes, mas a
dedicação dos profissionais e voluntários é a marca registrada
desta ONG, símbolo de seriedade e imparcialidade política na
vasta e complicada seara de ajuda humanitária internacional.
16
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
Situações de emergência pedem resposta rápida, com
atendimento médico especializado e apoio logístico, mas, falhas
crônicas no sistema de saúde local, como a escassez de instalações
de saúde, de profissionais qualificados e a inexistência da oferta
de serviços gratuitos para populações sem recursos financeiros,
também podem motivar a atuação do Médicos Sem Fronteiras.
A organização foi criada em 1971, na França, por jovens
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importando as circunstâncias, nem quem
são os beneficiários.
Não temos região
prioritária porque isso
significaria, de alguma forma,
priorizar o sofrimento das pessoas.
médicos e jornalistas que atuaram como
voluntários no fim dos anos 60, em
Biafra, na Nigéria. Enquanto socorriam
vítimas em meio a uma guerra civil brutal,
os profissionais perceberam as limitações
da ajuda humanitária internacional:
a dificuldade de acesso ao local e os
entraves burocráticos e políticos, que
faziam com que muitos se calassem,
ainda que diante de situações gritantes.
encontram. A ONG existe para levar
cuidados de saúde essenciais onde seus
serviços são mais necessários – em meio
a conflitos armados, epidemias, desastres
naturais e exclusão do acesso a serviços
de saúde. A entidade também administra
projetos de longo prazo, combatendo
crises e prestando suporte às pessoas
onde há enormes necessidades e falta
assistência adequada. Atualmente, atua
em cerca de 70 países.
O MSF surgiu, então, como uma
organização humanitária que associa
ajuda médica e sensibilização do público
sobre o sofrimento de seus pacientes,
dando visibilidade a realidades que não
podem permanecer negligenciadas. Em
1999, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Em situações em que a atuação
médica não é suficiente para garantir a
sobrevivência de determinada população
– como ocorre em casos de extrema
urgência –, a organização pode fornecer
água, alimentos, saneamento e abrigos.
Desta forma, a atuação de Médicos
Sem Fronteiras é, acima de tudo,
médica. A organização leva assistência e
cuidados preventivos a quem necessita,
independentemente do país onde se
A atuação de MSF respeita as regras
da ética médica baseada no direito
de que ninguém pode ser punido por
exercer uma atividade médica de acordo
com o código de ética profissional, não
Apesar de imparcial, quando diante
de determinadas situações, o MSF pode
criticar abertamente ou denunciar a
ruptura de convenções internacionais
e violação de direitos, como o
deslocamento forçado de populações, o
retorno obrigado de refugiados, atos de
genocídio, crimes contra a humanidade e
crimes de guerra.
Em entrevista recente ao jornal Estado
de Minas, Susana de Deus, diretora-geral
da organização no Brasil explica:
"antes de enviarmos uma equipe para
qualquer país, fazemos um diagnóstico
no qual é analisada a capacidade do
Estado de intervir naquela situação e
identificados quais os outros atores que lá
atuam, bem como as reais necessidades
da população. O primeiro passo é enviar
uma equipe pequena, em geral de duas ou
três pessoas, para fazer um levantamento
das condições de saúde da população em
questão e da ajuda oferecida por outras
instituições, organizações ou governos.
Com base nesses dados, avaliamos se o
nosso trabalho é realmente necessário.
Em caso positivo, as informações
coletadas são utilizadas para traçar
um plano de atuação, que inclui as
atividades que serão realizadas, a equipe,
os suprimentos médicos necessários etc.
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
17
Foto: site msf.org.br por Matthias Steinbach
Retrospectiva
Só depois disso é que tomamos uma
decisão quanto a intervir ou não na região.
Um detalhe importante: a decisão sobre
os locais onde teremos projetos é sempre
baseada nas necessidades de saúde da
população; não em opiniões políticas,
ideológicas ou religiosas quaisquer”.
Susana esclarece ainda: “não temos
região prioritária porque isso significaria,
de alguma forma, priorizar o sofrimento
das pessoas. O que acontece é que os
contextos humanitários têm picos difíceis
de serem controlados. Este ano, por
exemplo, poderia destacar os conflitos
na República Centro-Africana, as várias
crises no Sudão do Sul e o surto de ebola
na Guiné, em Serra Leoa e Libéria”.
CARTA DE PRINCÍPIOS DO MÉDICOS SEM FRONTEIRAS
“A organização Médicos Sem Fronteiras leva ajuda
médico-humanitár
áriia às populações em perigo e às vítimas
de catástrofes
es de origem natural ou humana e de situações
de confl
flit
ito, sem qualquer discriminação racial, religiosa,
filo
osó
sófica ou política.
Os membros da organização se empenham em
respeitar os princípios deontológicos de sua profissão e
em manter total independência em relação a todo poder,
bem como a toda e qualquer força política, econômica ou
religiosa.
Trabalhando com neutralidade e imparcialidade,
Médicos Sem Fronteiras reivindica, em nome da ética
médica universal e do direito à assistência humanitária, a
liberdade total e completa do exercício de suas atividades.
Voluntários, eles compreendem os riscos e os perigos
dos trabalhos que realizam e não reclamam para si
qualquer compensação que não seja aquela oferecida pela
organização.”
CRIADA EM 1971, PRESENTE EM MAIS DE 70 PAÍSES
Mais de 34
4 mil profissionais de diferentes áreas
e nacionallid
idad
ades.
doenças negligenciadas como a doença de Chagas,
a doença do sono e a malária.
Mais de 80% de seu financiamento é proveniente
de doações individuais ou da iniciativa privada. Hoje,
aproximadamente 5 milhões de pessoas contribuem com a
entidade no mundo; cerca de 86 mil destes doadores estão
no Brasil.
O MSF chegou ao Brasil em 1991, para combater uma
epidemia de cólera na Amazônia. Após o controle do surto,
a organização permaneceu na região até 2002, promovendo
um trabalho de medicina preventiva com tribos indígenas.
Recebeu o prêmio Nobel da Paz em 1999 e o valor
recebido com o prêmio foi utilizado na estruturação do
Fundo para Doenças Negligenciadas, para prestar suporte
a projetos-piloto voltados para o desenvolvimento clínico,
produção, aquisição e distribuição de tratamentos para
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NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
A primeira intervenção urbana de MSF no Brasil
aconteceu em 1993, no Rio de Janeiro, com um projeto de
assistência a crianças em situação de rua. Até hoje, foram
desenvolvidos 15 projetos no Brasil.
Atualmente, cerca de 100 brasileiros trabalham na ONG.
FFoto: siittee msf.o
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por Martina
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“A decisão sobre os locais onde teremos
projetos é sempre baseada nas necessidades de
saúde da população; não em opiniões políticas,
ideológicas ou religiosas quaisquer.”
MSF NO BRASIL
Entre 1991 e 2009, o Médicos Sem Fronteiras
desenvolveu projetos que envolveram o combate a uma
epidemia de cólera na Amazônia, a oferta de cuidados
a pessoas sem acesso a serviços de saúde na Favela
de Vigário Geral, no Rio de Janeiro (RJ), e a vítimas da
violência no Complexo do Alemão, também no Rio.
Em 2006, o Médicos Sem Fronteiras estabeleceu
um escritório da organização no Brasil; em 2007, foi
estruturada a Bramu - Unidade Médica Brasileira.
Os profissionais da Bramu são especializados em
doenças tropicais negligenciadas, como dengue e Chagas,
em outras doenças infecciosas e em antropologia.
Eles prestam suporte técnico a diversos projetos de
MSF, contribuindo com estudos científicos, pesquisas,
identificação de possíveis melhorias nos protocolos
de diagnóstico e tratamento de doenças e realizando
treinamentos tanto para profissionais internacionais de
MSF quanto para profissionais contratados localmente ou
a serviço dos Ministérios da Saúde dos países onde atua.
Parcerias estabelecidas localmente também permitem
a troca de informações visando o enriquecimento das
práticas relacionadas com doenças tropicais. No Brasil,
MSF trabalha, muitas vezes, em parceria com a Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Com o início do surto de Ebola em março de 2014 na
África Ocidental, MSF-Brasil passou a enviar profissionais
brasileiros aos projetos em campo e é papel da Bramu
assessorá-los. Antes de partir, eles recebem informações
sobre a doença e, na medida em que retornam, foram
acompanhados pelo período de 21 dias. A Bramu é
referência no escritório de Brasil também para assuntos
relacionados a esta doença.
SEJA UM DOADOR
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Foto: site msf.org.br
por Karel Prinsloo
Doadores Sem Fronteiras são pessoas que fazem
doações mensais e recorrentes para MSF. É graças a
essas contribuições constantes que a entidade pode
se planejar, agindo rapidamente em situações de
emergência, como no terremoto do Nepal ou no
conflito da Síria, tratando pacientes com doenças que
exigem cuidados de longo prazo.
Para doar, acesse o site do Médicos Sem Fronteiras:
https://www.msf.org.br/doador-sem-fronteiras
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Retrospectiva
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O CIENTISTA
DOS
BEIJA-FLORES
Augusto Ruschi foi cientista, agrônomo, advogado,
naturalista e ecologista de renome internacional. Sua
vida foi dedicada às descobertas, defesa e estudo das
espécies brasileiras. Descreveu cinco espécies e onze
subespécies de beija-flores. Sua segunda paixão foram as
orquídeas, das quais ele identificou 45 novas espécies.
Por Eleni Lopes
A
paixão pela natureza já corria no sangue de Augusto Ruschi muito antes de ele nascer. Sua família tem
mais de 2 mil anos de tradição no trabalho com ciência e plantas, cultivando-as e estudando-as, sendo
inclusive o nome da família originário da espécie Ruscus aculeatus, ou azevinho do campo.
Augusto Ruschi nasceu em 13 de dezembro de 1915, em Santa Teresa, uma pequena cidade de colonização italiana
nas montanhas do Espírito Santo. Foi o oitavo entre os doze filhos do casal de imigrantes Giuseppe Ruschi e Maria Roatti.
Sua vida foi dedicada às descobertas, defesa e estudo das espécies brasileiras. Foi o pioneiro do manejo sustentável
das florestas tropicais, da agroecologia, do controle biológico de doenças tropicais e zoonoses e das denúncias sobre o
uso irresponsável dos agrotóxicos.
Deixou uma vasta obra escrita, com 450 trabalhos, 22 livros e 2 instituições científicas - Museu de Biologia Professor
Mello Leitão e Estação Biologia Marinha Ruschi - e a Fundação Brasileira de Conservação da Natureza, várias reservas, entre
as quais o Parque Nacional do Caparaó e um dos maiores acervos de informações existentes sobre a floresta Atlântica.
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
21
Retrospectiva
Foi o maior especialista mundial sobre
beija-flores, deixando a maior obra escrita
no mundo sobre o assunto. Descreveu
cinco espécies e onze subespécies deste
pássaro. Sua segunda paixão foram as
orquídeas, das quais ele também foi
capaz de identificar 45 novas espécies.
Também foi a principal autoridade
mundial sobre ecologia da floresta
Atlântica, sendo o único cientista no
mundo a viver 50 anos no interior da
floresta. Também deixou significativas
contribuições em estudos de morcegos,
macacos, bromélias e impacto ambiental.
Polêmica com o governador
Augusto Ruschi começou a lecionar
na Universidade Federal do Brasil (atual
UFRJ), em 1937, com apenas 22 anos.
Neste período, Augusto Ruschi esteve
sob orientação direta do professor
José Cândido Mello Leitão, um grande
cientista brasileiro, principal especialista
em aracnídeos no mundo.
Com sede de conhecimento, Ruschi
não demorou muito em esgotar a sua
permanência no Rio de Janeiro. Dizia que
o trabalho de campo que realizava antes,
nas matas virgens do Espírito Santo, seu
Estado natal, era muito mais relevante
para a ciência do que o trabalho nos
laboratórios.
em que se aprofundava no assunto.
Enfrentava autoridades, empresas e até
a própria justiça para defender as matas
virgens e as reservas ecológicas. Ganhou
notoriedade ao enfrentar, em 1977, o
governador do Estado do Espírito Santo,
que baixara um decreto determinando
que na Reserva de Santa Lúcia fosse
implantada uma fábrica de palmitos
enlatados, que seriam extraídos da
própria reserva. Logo em Santa Lúcia, uma
Estação Biológica do Museu Nacional,
com milhares de orquídeas catalogadas e
22
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
Ruschi recebeu os fiscais do governo
que vieram fazer a topografia da reserva
com uma espingarda na mão. Em
entrevista ao jornal Folha de S. Paulo,
contou detalhes do episódio: "Aquele
safado quis destruir a estação biológica
de Santa Lúcia para favorecer amigos
Não é maravilhoso existir um
"mundo
tão vasto que jamais
consigamos desvendar todos
os seus mistérios? E, além
disso, não parece apaixonante
viver não só para admirar os
seus prodígios, como também,
sobretudo, para tentar descobrir
os enigmas de que o homem
está ainda rodeado?
”
Foto: www.rotascapixabas.com
Para suas pesquisas, realizou 259
excursões científicas por todos os lugares
do mundo, da Patagônia ao Alasca,
sempre registrando em publicações
repletas de fotografias e slides, além
de todas as suas observações sobre a
natureza, os animais e as plantas.
Em suas andanças pelas florestas,
Ruschi testemunhava as agressões
que estas sofriam. “Cortam as matas
ignorando tudo o que está dentro.
Ninguém quer saber que lá têm milhares
de animais, centenas de milhares de
espécies de insetos, de plantas, que fazem
o seu equilíbrio. E o equilíbrio natural é
complexo, onde, às vezes, a ausência
de um elemento pode causar uma falha
muito grande. O homem é que perturba
e desequilibra”, dizia.
A indignação dele aumentava à medida
20 mil árvores numeradas com plaquetas
de identificação, reconhecida como uma
das regiões mais ricas do mundo em flora
epífita, trabalhada por Ruschi durante
mais de 40 anos.
seus, industriais. Queriam plantar palmito
lá. Chegou a tentar me tirar da direção da
reserva para facilitar sua intenção. Falei
que mataria este homem se fizesse este
crime e acho que mataria mesmo. Lembro
que, na época, o jornal Movimento foi o
primeiro a ficar do meu lado. Os jornais
do Espírito Santo, comprometidos com o
bandido, se omitiram".
O governador avisou a Polícia
Federal e, Ruschi, as imprensas nacional
e internacional. A pequena cidade de
Santa Teresa foi invadida por jornalistas,
que divulgaram para todo o país um
dramático e realista apelo de Ruschi pela
preservação da Reserva. O governador,
diante de tamanha repercussão, recuou.
O número de
“
homens na terra não
será determinado
pelas leis do homem,
mas sim pelas leis da
natureza.
”
shut
u terstock
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Ruschi foi também um defensor
da cultura e dos direitos das
minorias indígenas,
que ele conheceu
bem
de
perto
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
23
Retrospectiva
Estou muito
"
decepcionado com
as coisas do futuro.
Num país em que até
os letrados ignoram a
importância do meio
ambiente é difícil
ficar otimista, ter
esperança. Mas continuo
brigando.
”
nas suas andanças pelas florestas, pelo
afluentes do Amazonas, pelos Andes e
pelos vales do Peru e da Colômbia. Durante
a ditadura militar, foi uma das poucas vozes
que se ergueram no período do Governo
Militar para denunciar a derrubada de áreas
na Amazônia.
Foi abraçando a cultura indígena que
Ruschi sensibilizou novamente o país, no
ano de 1986. Gravemente enfermo devido
a sequelas deixadas por doenças como
esquistossomose e malária, que contraiu
durante suas pesquisas pelas florestas, e
abatido pelo veneno de sapos dendrobatas
que tinha sido absorvido pelo seu organismo
durante uma coleta de material no Amapá,
Ruschi resolveu submeter-se a um ritual
indígena na esperança de que esta medicina,
baseada em ervas e raízes, o ajudasse a
enfrentar a doença. Já havia se submetido a
todos os tratamentos médicos convencionais.
Ruschi morreu pouco depois, de cirrose
hepática. Atendendo a um desejo seu, foi
enterrado nas matas da Reserva Biólogica
de Santa Lúcia. Coincidentemente, no dia
05 de junho de 1986, Dia Mundial do Meio
Ambiente.
shut
hutters
ersstock
ockk
Uma frase de Augusto Ruschi resume
sua preocupação com as ameaças à
natureza: “A capacidade de destruir do
homem partiu do arco e flecha, chegou
à bomba atômica e irá muito além dela.
Mas a Natureza lhe cobrará tributos cada
vez maiores, e se desejarmos continuar
como elementos integrantes dessa mesma
Natureza, a quem devemos uma grande
parcela de nossa existência, façamos-lhe
justiça, conservando-a”.
24
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
CAMPANHA
ADOTE UMA ESPÉCIE.
Ajude o WWF-Brasil a salvar o
boto-cor-de-rosa e a arara-azul.
Acesse wwf.org.br e adote.
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
25
Retrospectiva
INSTITUTO NEO MONDO
AMPLIA ATUAÇÃO
EM EDUCAÇÃO
E TECNOLOGIA
Sempre inovando para disseminar o conceito
de sustentabilidade, o Instituto NEO MONDO
amplia sua rede de atuação e lança três núcleos:
Branded Content, Educação e Tecnologia.
Da Redação
D
Foto: Divulgação
esde
sua
fundação,
o
Instituto
NEO MONDO acredita
que somente pessoas
conscientes
podem
transformar o presente
para garantir o futuro de
um planeta sustentável.
Para isso, é necessário
unir esforços individuais
e
agir
coletivamente.
Em
consonância
com
sua missão, NEO MONDO
comemora seus novos núcleos
de atuação: Branded Content,
Educação e Tecnologia.
De acordo com Oscar Lopes Luiz,
presidente do Instituto NEO MONDO e
publisher da revista, “sempre buscamos a
vanguarda da comunicação para disseminar
a sustentabilidade. Fomos a primeira revista
do Brasil a usar a realidade aumentada e, hoje,
continuamos investindo em ferramentas
inovadoras para nos consolidarmos como
agentes transformadores da socidade, por
meio da edução, tecnologia e conteúdos
diferenciados”.
26
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
Conheça mais sobre estas novidades
a seguir:
Núcleo de edução
O poder da edução na transformação
da sociedade é inquestionável. Por isso,
o Instituto NEO MONDO reforçou sua
atuação em educação por meio de uma
parceria com a autora Alda de Miranda e o
ilustrador Ricardo Girotto para a promoção
de livros e projetos infanto-juvenis.
Alda é autora consagrada e, em 2014,
foi homenageada pelo Instituto Histórico
e Geográfico de São Paulo com o Colar
do Centenário, por sua contribuição à
literatura infantil. E Girotto também é
profissional reconhecido, tendo ganho o
prêmio HQMix de ilustração infantil, pelos
livros da coleção “Castelo Rá-Tim-Bum”.
O primeiro fruto desta parceria é
a obra Um reino sem dengue, voltado
para crianças de 07 a 11 anos. O
livro surpreende por sua abordagem
totalmente inovadora sobre como educar
as crianças a respeito da importância do
combate à dengue. Numa história que
trabalha o imaginário infantil, os autores
transportam a garotada para um reino
que, para surpresa geral, é invadido
pelo mosquito Aedes aegypti. O Rei
fica misteriosamente doente e é preciso
descobrir o que está acontecendo. A
partir daí, numa aventura desafiadora, as
personagens envolvem-se no aprendizado
sobre a dengue e decidem combater o
invasor inimigo.
Com lindas imagens coloridas, o
livro mergulha no universo infantil para
conseguir transmitir o aprendizado de
forma criativa e envolver as crianças na
prevenção da dengue, usando, para isso,
as ferramentas da leitura e da imaginação.
Núcleo de Tecnologia
A tecnologia também pode ter um
papel transformador na sociedade,
basta ver as mudanças trazidas pela
disseminação das redes sociais. Pensando
nisso, o Instituto NEO MONDO firmou
uma parceria com a Eyemotion, hoje, a
maior empresa de tecnologia para
eventos do Brasil.
Aumentada, Realidade Virtual, Holografia e
Projetos Especiais. Cada uma destas unidades
possui uma equipe de desenvolvimento
qualificada especificamente para a
tecnologia produzida.
Todos os produtos são patenteados
em território nacional para garantir a
exclusividade dos projetos desenvolvidos
para nossos clientes.
Brandend Content
Antenado com as mais recentes
tendências em comunicação, o Instituto
NEO MONDO passa a contar também
com o núcleo de Branded Content, ou
conteúdo de marca. Isto é, são
formas diversas de entrar
em contato com o
público-alvo
de
uma empresa,
oferecendo
conteúdo
relevante,
diretamente relacionado ao universo
macro daquela marca.
No caso de NEO MONDO, o foco é
a sustentabilidade e o que as empresas
estão fazendo para disseminar este
conceito dentro de suas práticas e
vivência corporativa, por meio de textos,
infográficos, vídeos, fotos, ações de
guerrilha, cartilhas, aplicativos, blogs,
sites etc.
Foto: Divulgação
A empresa possui
4 unidades produtivas
internas: Realidade
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Retrospectiva
UM OLHAR
SOBRE A ÁGUA
NO PLANETA
Água é vida, é o recurso natural mais abundante do planeta. Faz parte
do dia a dia dos 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta.
Nesta data especial, traçamos um panorama da situação hídrica.
Por Eleni Lopes
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30
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janeiro/fevereiro
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ir
eve
v reiro 2016
A
Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que, em
2030, a população global vai necessitar de 35% a mais
de alimento, 40% a mais de água e 50% a mais de
energia. Água e energia estão entre os desafios globais mais
iminentes, segundo a organização, e estão profundamente
interligadas.
Ainda de acordo com a entidade, atualmente, 768 milhões
de pessoas não têm acesso à água tratada, 2,5 bilhões não
melhoraram suas condições sanitárias e 1,3 bilhão não tem
acesso à eletricidade.
A situação é considerada inaceitável pela ONU. Outro
agravante é que as pessoas que não têm acesso à água tratada
e a condições de saneamento são, na maioria das vezes, as
mesmas sem acesso à energia elétrica.
No entanto, hoje o Brasil vive uma crise hídrica sem
m
precedentes na sua história. Apesar da ampla divulgação n
na
imprensa sobre a falta de água em São Paulo, esse não é um
problema somente paulistano. Há uma crise de abastecime
mento
que já castiga ccinco das dez maiores regiões metropolilitanas
do país. Nem ta
ampouco é um flagelo brasileiro. Estima--se que
cerca de 40% d
da população global viva hoje sob a situ
uação de
estresse hídrico
o. Essas pessoas habitam regiões ondee a oferta
anual é inferio
or a 1.700 metros cúbicos de água por habitante,
limite mínimo
o considerado seguro pela Organização
o das Naçõess
Unidas (ONU)).
Um relató
tório divulgado em fevereiro pela ON
NU alerta:
muitos paísees estão perto de enfrentar situações de
desespero e conflito por falta d'água. Isso seria
uma barreirra não só à saúde
das populaç
ações, mas
também ao crescimento econômico e à estabilidade política.
Segundo os pesquisadores, daqui a apenas dez anos, 48 países
não terão água suficiente para as suas populações. Isso atingiria
quase três bilhões de pessoas. E até 2030, a demanda por água
doce no planeta deverá ser 40% maior do que a oferta.
O estudo aponta como a corrupção é um enorme ralo
de dinheiro que chega a absorver 30% do que poderia ser
usado
sado em projetos de abastecimento e saneamento básico. O
levantamento
evantamento foi
f feito em dez países, entre eles Bolívia, Canadá,
Uganda, Paquistão e Coreia
C
do Sul. Mas as conclusões valem
para o mundo inteiro.
Corinne Wallace, uma das aut
u oras
a do relatório, explica que
autoras
a água deve ser uma prioridade
dee para
par
a a indivíduos,
in
ndiiví
indústrias,
políticos, sociedade civil. “Tod
do mundo
mu
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un
nd
do precisa
prrec
p
e is
i a fazer
faaze a sua
“Todo
agora”.
parte”, diz el
eela.
a. “E a hora
raa é agora
ra”.
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Retrospectiva
Panorama
A água é um elemento composto por dois átomos de
hidrogênio (H) e um de oxigênio (O), formando a molécula
de H2O. É uma das substâncias mais abundantes em nosso
planeta e pode ser encontrada em três estados físicos:
sólido (geleiras), líquido (oceanos e rios) e gasoso (vapor
d’água na atmosfera).
Cerca de 80% de nosso organismo é composto por
água. Aproximadamente 70% da superfície terrestre
encontra-se coberta por água. No entanto, menos de
3% deste volume é de água doce, cuja maior parte está
concentrada em geleiras (geleiras polares e neves das
montanhas), restando uma pequena porcentagem de
águas superficiais para as atividades humanas.
A água está distribuída no planeta Terra da seguinte
forma:
97,5% da disponibilidade da água do mundo
está nos oceanos.
2,5% de água doce e está distribuída da seguinte forma:
29,7% aquíferos;
68,9% calotas polares;
0,5% rios e lagos;
0,9% outros reservatórios (nuvens, vapor d’água etc.).
O Brasil é um país privilegiado com relação à
disponibilidade de água. Detém 53% do manancial de
água doce disponível na América do Sul e possui o maior
rio do planeta (o rio Amazonas). A água doce disponível
em território brasileiro está irregularmente distribuída:
aproximadamente, 72% dos mananciais estão presentes na
região Amazônica, restando 27% na região Centro-Sul e
apenas 1% na região Nordeste do país.
Reaproveite água em casa
Por Instituto Akatu
Evitar o desperdício de água é importante não apenas
nos momentos de crise. Adotar um estilo de vida e uma
produção com uso racional da água é necessário não só
hoje, como sempre. Isso porque as crises de água e energia
que brasileiros têm enfrentado não são apenas resultado
da seca. Há diversos outros fatores como problemas na
estrutura de distribuição, desmatamento e desperdícios no
agronegócio, na indústria e no uso residencial. O desperdício
de água deve ser combatido com ajuda de todos: governo,
indústria/agronegócio e população.
De acordo com o Instituto Akatu, as residências, apesar
de serem responsáveis por um percentual baixo do gasto
total de água (10,6%), também podem contribuir para
que esse recurso não se esgote, pois o ganho de escala
é significativo. Para ilustrar: se todos os moradores do
Brasil fecharem a torneira ao escovar os dentes, a água
economizada durante um mês equivalerá a um dia e
meio do volume de água da queda nas Cataratas do
Iguaçu! No entanto, existem riscos em atitudes que
parecem inofensivas como acumular água em vasilhames
reaproveitados, em piscinas descobertas ou em beber água
da chuva. Conheça, a seguir, dicas do Instituo Akatu de
como reutilizar a água com segurança:
1. Use a ág
gua do aquário para regar as pla
antas
as
as
Vai limpar o aquário? Pois use a água “velha” para outras finalidades, como regar o jardim. A água do seu aquário pode
ser uma fonte rica em nitrogênio, essencial para a fotossíntese, além de fósforo e potássio, que fortalecem as plantas,
agindo como fertilizantes. Mas lembre-se: as plantas não se dão bem com água salgada ou sem controle de pH. E se estiver
muito suja no aquário, utilize só um pouco da água misturada com água limpa.
2. Enquanto a água do chuveiro esquen
squenta, encha o balde
Seu chuveiro tem aquecimento a gás? Deixar correr para o ralo a água do banho enquanto esquenta pode desperdiçar uma
grande quantidade de água limpa. Use um balde para coletar a água limpa que ainda não chegou à temperatura ideal.
3. Colete a água enquanto toma banho
Colete também a água que respinga enquanto você toma banho de chuveiro. Essa água pode ser reutilizada para dar
descargas, lavar o próprio banheiro ou as áreas externas, como quintais e varandas. Em um ano, uma família pode reutilizar
água suficiente para usar a descarga diariamente durante quase 5 meses. Você pode também coletar a água utilizada para
lavar as mãos em um pequeno recipiente e acumular o líquido em um balde, para usar nas descargas.
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4. Colete a água da chuva, mas não a beba
Construir uma cisterna em casa ou usar algum recipiente para coletar a água da chuva é uma ótima dica para economizar.
É importante que o recipiente esteja bem tampado, para evitar a proliferação de mosquitos que propagam doenças como
a dengue. Nada de tampas soltas, lona, madeiras ou telhas. A água da chuva pode ser utilizada para descarga, limpeza do
quintal, do carro e do chão de casa, por exemplo. Porém, não é apropriada para consumo humano ou de animais, pois a
água da chuva traz resíduos da atmosfera – fervê-la simplesmente não adianta. Se passa pelo telhado e pela calha antes de
cair no recipiente onde será armazenada, é ainda pior. O período máximo de armazenamento da água da chuva é de quatro
dias, pois é uma água com muitos resíduos orgânicos.
5. A água do preparo das refeições é nutritiva, reaproveite!
Quando se está cozinhando, um dos segredos para consumir água com consciência é seguir as receitas à risca. Para
cozinhar macarrão para uma pessoa, por exemplo, você não precisa de uma panela totalmente cheia de água, assim como
não há necessidade de muita água para preparar legumes no vapor. Além disso, se usar a quantidade adequada, você vai
preservar melhor os nutrientes dos alimentos. E, em alguns casos, a água pode até ser usada novamente. Se você cozinhou
legumes e sobrou água, reutilize-a para fazer sopas, ou espere que esfrie e regue as plantas.
6. Gelo derretido deve ser aproveitado
Se precisar descongelar a geladeira ou o congelador, remova as placas de gelo e reutilize essa água para regar as plantas
e o jardim. E se por acaso derrubar cubos de gelo no chão, coloque-os num recipiente para depois reaproveitar a água. Já
quando comprar um saco de gelo, use-o com inteligência: não o deixe derretendo no tanque ou no chão, e sim ponha-o
dentro de um balde, para depois reutilizar a água que derreter.
7. Na pressa, descongele alimentos usando um balde com água
Se não puder se planejar ou usar o micro-ondas, a comida congelada pode ficar de molho na água, usando uma tina ou
uma bacia – e essa água pode ser reutilizada para lavar a louça ou regar as plantas. Descongelando na bacia ao invés de
em água corrente, você economizará em um ano, uma quantidade de água equivalente a 300 lavagens de louça, abrindo
a torneira apenas para molhar e enxaguar.
8. A água da máquina de la
ava
ar deve ser re
ea
apro
ov
vei
eita
tad
da
a
A água que sai da máquina de lavar roupa pode ser aproveitada direcionando o cano de despejo da máquina para um
balde. A cada ciclo de uma máquina de cinco quilos são gastos 145 litros. Essa água pode ser coletada e usada na descarga
dos vasos sanitários, para lavar o quintal ou o carro. E veja que prático: essa água já vem com um pouco de sabão! Esse
reaproveitamento da água da lavadora de 5kg gera uma economia de água suficiente para reduzir em 5% o consumo
mensal de uma casa. O segundo enxague da máquina, “a água do amaciante”, mais limpa, pode abastecer a próxima
lavagem.
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Retrospectiva
11 FATOS
QUE VOCÊ PRECISA
SABER SOBRE A CRISE
HÍDRICA NO BRASIL
Por NQM Comunicação
H
á um ano quase não se falava em crise hídrica e, hoje, não passa um dia sem que o assunto seja pauta em pelo
menos um veículo da mídia brasileira. Mas, o que aconteceu de lá para cá para essa mudança radical? Será
que a problemática não deu sinais de que estava chegando? Para entender melhor esse contexto, especialistas
da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, instituição que atua há 25 anos na proteção da biodiversidade
brasileira, elencaram 11 fatores que influenciam a questão da crise da água no Brasil. De rios voadores à água virtual!
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1. A crise da água é apenas em São Paulo
Não, a escassez de recursos hídricos não é um problema exclusivo da maior cidade brasileira. Tanto que, enquanto
só se falava em São Paulo, os níveis dos reservatórios do Rio de Janeiro estavam ainda piores. Agora, Belo Horizonte
também já sinalizou que, se a seca continuar, precisará racionar água. Como essas três capitais estão no Sudeste, pode
parecer que a crise está restrita a essa região, o que também não é verdade. O Sul do país está sendo considerado como
‘livre da crise’, mas já passou por situação parecida em 2006, quando uma estiagem atingiu o Paraná, ocasionando falta
de água para milhares de pessoas. A seca chegou até mesmo a Curitiba, cidade reconhecida como capital ecológica do
país. Isso nos leva a refletir se estamos tratando o problema atual de forma isolada, quando deveríamos agir e pensar
em âmbito nacional. E na sua cidade, que tal verificar como a situação está?
2. Sem floresta não vai ter água, mas o poder público talvez pense que sim
A proteção das florestas nativas nas regiões de mananciais, nas margens dos rios e reservatórios é essencial para a
produção de água. Sem cobertura florestal, a água não consegue penetrar corretamente nos lençóis freáticos, causando
diminuição na quantidade. Mais do mesmo? Todos sabem disso? Em 2012, grande discussão foi levantada quando o
Código Florestal foi revisto. As alterações aprovadas implicaram na redução das Áreas de Proteção Permanente previstas
em lei para as margens de rio dentro das propriedades rurais: as matas ciliares (aquelas que protegem as margens
dos rios) agora devem ter 15 metros, metade do que era obrigatório antes. Especialistas da área ambiental foram
veementemente contra, pois apontavam para a importância da conservação dessas áreas que influenciam a produção
de água. Mas, mesmo assim o projeto foi aprovado.
Durante as discussões para aprovação do novo código, processo que durou 13 anos, instituições de proteção ao
meio ambiente como a Fundação Grupo Boticário, a SOS Mata Atlântica e a The Nature Conservancy investiram em
ações na ordem inversa, garantindo a conservação de áreas-chave para a produção de água em diversas regiões.
Investiram no Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), iniciativa que premia financeiramente proprietários de terra
que conservam a mata nativa em suas propriedades, protegendo as nascentes, além do exigido por lei.
3. Falta de infraestrutura e investimento
Às vezes, costumamos deixar algumas atitudes para a última hora, quando se está "com a corda no pescoço". Nesse
caso, não foi diferente. Obras importantes como a construção do Sistema São Lourenço, previsto para 2011, traria água
do interior até a Grande São Paulo. As obras começaram apenas em 2014 e têm previsão de ficar prontas em 2017.
Isso quer dizer que, se tivessem começado em 2011, provavelmente teriam sido entregues em 2014, quando a crise
estava se intensificando. Outro ponto importante é que, segundo o Plano Metropolitano de Água III da Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a empresa não investiu nem 37% do previsto em obras.
4. Um mar de desperdício
Presente na cadeia produtiva de qualquer insumo, o desperdício é dura realidade também na distribuição e no
consumo de água. Estima-se hoje que em torno de um quarto da água tratada é perdida no trajeto entre as represas
e as torneiras.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 110 litros por dia são suficientes para atender às necessidades
de uma pessoa. Parece bastante, mas não é tanto assim. A cada dois minutos no banho, consumimos em média 12 litros
de água. Se você é daquelas pessoas que gosta de refletir sobre os problemas do mundo num longo banho, saiba que
se demorar 16 minutos terá consumido em torno de 96 litros. Isso sem contar o que usamos para escovar os dentes,
dar descarga, lavarmos as mãos, cozinhar, lavar a roupa, além de matar a sede. Quando colocamos na ponta do lápis,
percebemos a importância de cada um economizar ao máximo na sua rotina diária.
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Retrospectiva
5. Racionar por quê?
Mesmo sem muita cobertura da mídia em anos anteriores, em 2014 muito já se falava em falta de água e em uma
possível crise hídrica bastante grave. Apesar disso, o racionamento oficial pelos órgãos competentes não aconteceu. Por
quê? Será que interesses políticos influenciaram as tomadas de decisão relacionadas à crise hídrica? Mais uma dúvida
sem resposta exata para os tantos questionamentos que envolvem a situação. Independente das razões, o fato é que
essa atitude piorou ainda mais um cenário já bastante complicado.
6. Com a palavra, São Pedro: falta chuva, sim, mas não é de hoje
Claramente a falta de chuva é um fator importante na equação da crise. Mas não veio tão de repente assim. Desde
2012, e principalmente no ano seguinte, a quantidade de chuvas foi caindo vertiginosamente. E muitas pessoas sabiam
disso. O relatório 20–F da Sabesp, de 2012, afirmava que há anos observava-se a redução nos níveis pluviométricos.
Diversas instituições ambientalistas também alertavam sobre a falta das chuvas, fruto de mudanças climáticas e
desmatamentos que prejudicam o ciclo da água. Mesmo assim, quase nada foi feito. Por isso, não podemos apenas
culpar São Pedro por ter sido econômico demais nas chuvas ou por errar na pontaria.
7. O clima muda sem pedir permissão
A poluição e os Gases do Efeito Estufa (GEEs) que jogamos na atmosfera diariamente, têm alterado o clima
e, consequentemente, as chuvas. Ainda não temos condições de saber exatamente os reais efeitos das mudanças
climáticas, mas já estamos sentindo os efeitos extremos, com grandes secas em algumas regiões e fortes tempestades
em outras, bem como os resultados para nossas vidas.
As mudanças climáticas, que comprovadamente foram aceleradas pela ação do homem, tornam o clima irregular.
Dessa forma, mesmo os especialistas acabam tendo dificuldade em prever quando, onde e quanto vai chover.
8. A água virtual que vai embora do país
Você já ouviu falar em água virtual? É um conceito muito interessante criado pelo professor britânico John Anthony
Allan, que calcula a quantidade de água utilizada na produção de bens de consumo. Leva em consideração não apenas
a água contida no produto, mas a que foi usada em todas as etapas do processo de fabricação. Por exemplo, na
produção de uma xícara de café são utilizados cerca de 140 litros de água.
Para a produção de um quilo de carne de gado, esse número chega a 15 mil litros de água. Essa quantidade
astronômica de água, na maioria das vezes, nem fica para o consumo do brasileiro, pois o país é o maior exportador
de carne bovina do mundo. De acordo com dados da Unesco, se somarmos todas as commodities que o Brasil exporta,
enviamos ao exterior aproximadamente 112 trilhões de litros de água doce por ano, o equivalente a 45 milhões de
piscinas olímpicas.
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O MONDO - janeiro/fev
janeiro/fevereiro
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20
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0 6
9. Rios voadores regulam chuva em todo o país
Na natureza, tudo está interligado buscando um equilíbrio. Apesar de não parecer, mas um ecossistema a cerca
de três mil quilômetros de distância pode ser fundamental para garantir a produção de água em outro. No caso do
Brasil, existe o fenômeno chamado ‘rios voadores’: grandes massas de vapor de água se formam no Oceano Atlântico
– na altura do litoral nordestino - e ao chegarem à região amazônica aumentam de volume ao incorporar a umidade
evaporada pela floresta. Levadas pelas correntes de ar em direção ao Sul do país, são importantes para a formação de
chuvas em diversas regiões, como a Sudeste. Portanto, o aumento no desmatamento da Amazônia, que após quatro
anos em queda voltou a subir em 2013, pode reduzir os índices pluviométricos em outras regiões.
10. O Brasil tem uma imensa caixa d’água
Da mesma forma que temos a caixa d’água em nossas casas para garantir que não haja falta, o Brasil também possui
uma região essencial para que o recurso continue sendo produzido. É o Cerrado, que ocupa 22% do território nacional
e concentra oito das 12 bacias hidrográficas do país (67%), além de possuir alta concentração de nascentes de rios que
abastecem outras regiões brasileiras (veja matéria especial sobre o Cerrado nesta edição, a partir da página 30).
Apesar da sua importância, esse é o segundo bioma mais ameaçado do país e sofre com as pressões da agricultura
e principalmente da pecuária e das queimadas não naturais. Além disso, o Cerrado possui menor porcentagem de
unidades de conservação de proteção integral, tendo apenas 8,21% do seu território legalmente protegido, sendo
apenas 2,85% de proteção integral. Vale lembrar que não estamos fazendo nossa tarefa de casa: esse índice é muito
abaixo da meta com a qual o Brasil se comprometeu com a ONU, em 2010, ao se tornar signatário das Metas de Aichi.
O compromisso diz que, até 2020, o país deve ter 17% de áreas terrestres de grande importância ecológica protegidas
por meio de sistemas estruturados de unidades de conservação.
11. “Águas, são muitas, infindas”
Esse é um pequeno trecho da carta de Pero Vaz de Caminha, relatando à corte portuguesa a incrível quantidade de
água que o recém-descoberto Brasil tinha. Realmente somos um país privilegiado, com a maior reserva de água doce do
mundo. Possuímos a maior bacia hidrográfica do planeta (Amazônica), bem como a maior planície alagável do mundo
(Pantanal), entre outros recordes de água doce. O Brasil é referência em água no mundo. Porém, é preciso conservação,
tecnologia e interesse político para que esse recurso seja revertido em benefício para os brasileiros.
É necessário que aprendamos com a natureza a busca pelo equilíbrio. Nenhum desses onze fatos deve ser encarado
de modo isolado ou como se fosse mais importante que os demais. Todos estão interligados e fazem parte de um
contexto que nos trouxe até a maior crise hídrica da história, porque descuidamos de nosso patrimônio natural. O
problema da água existe, mas a realidade sobre o que o causou e sobre como revertê-lo também está aí.
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Retrospectiva
ESTUDO
BUSCA REDUZIR
DESPERDÍCIO DE ÁGUA
EM IRRIGAÇÃO
Por Agência USP
N
o Programa de Pós-graduação
em Sistemas Agrícolas da Escola
Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba,
pesquisa avaliou o consumo de água de
um canavial e as relações com as variáveis
micrometeorológicas. O principal objetivo
do trabalho do engenheiro agrônomo
Daniel Nassif foi estudar o consumo hídrico
da cana, separando o consumo de água em
evaporação e transpiração, relacionando-o
com os fenômenos meteorológicos e
simulação dos processos envolvidos. Os
resultados apontam que o uso de água é
elevado, mas pode ser reduzido a partir de
estimativas de consumo.
Atualmente, no Brasil, o etanol é um
produto com grande potencial comercial e
sua demanda está aumentando muito. O
preço do açúcar está em alta e mudanças
climáticas poderão interferir, dependendo
da região, na matéria-prima desses
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NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
produtos, a cana-de-açúcar. Em regiões
como o Centro-Oeste e Nordeste, o clima
não é muito favorável e, por isso, torna-se
essencial a irrigação nos canaviais.
Na região Sudeste, apesar de não ser
essencial, em um ano como o de 2014,
a irrigação tornou-se interessante, para
ajudar a reduzir a perda de produção da
cana. Porém, a forma como é realizado o
processo de irrigação tem resultado em
algum desperdício de água e, portanto, a
diminuição dessa utilização em excesso é
necessária.
Consumo hídrico
Para analisar o consumo hídrico da
cana-de-açúcar, Nassif utilizou diferentes
técnicas de estudo. O projeto teve
orientação de Fábio Marin, professor
do Departamento de Engenharia de
Biossistemas. A proposta do projeto foi
verificar a quantidade necessária de água
em um canavial, para tentar reduzir a
utilização desse elemento no processo de
irrigação.
“A partir da análise dos dados, foi
possível afirmar que o uso da água nos
canaviais pode ser reduzido e, com base
nas simulações realizadas em laboratório
pode-se predizer a demanda de água de
um canavial de acordo com as condições
climáticas e características do solo, por
exemplo”, reforça o autor da pesquisa.
A pesquisa foi desenvolvida na fazenda
Areão, em área experimental da Esalq, e foi
utilizado um pivô central de irrigação. Entre
os resultados obtidos, destaca-se que é
possível reduzir o uso de água pela irrigação
em canaviais, evitando o desperdício.
“O maior benefício da pesquisa foi o
aumento no conhecimento do consumo de
água pela cana, com intuito de avaliação da
real necessidade de irrigação da cultura”,
conclui Nassif.
Preservação de recursos naturais
Por Conselho de Informações sobre Biotecnologia
Para preservar recursos naturais como água, solo, florestas
e biodiversidade, o uso de tecnologia na agricultura é
fundamental. É necessário, no entanto, fazer com que essas
tecnologias cheguem facilmente aos agricultores que mais
precisam delas. Para tanto, instituições públicas, privadas e os
governos devem se unir para disseminar o conhecimento atual
sobre as mais modernas técnicas agrícolas.
Água
O uso inteligente da água é a base da manutenção da vida no planeta Terra. Um estudo do Water Resources
Group
p mostra que a agricultura é responsável por cerca de 70% da água consumida no planeta ou 3,1 bilhões de
m³. O restante é formado por consumo industrial (800 milhões de m³) e doméstico (600 milhões de m³). Sem ganhos
de eficiência, a agricultura irá consumir cerca de 4,5 bilhões de m³ em 2030. Este aumento, somado à elevação do
consumo industrial para 1,5 bilhão de m³ e doméstico para 900 milhões de m³, fará com que o total chegue a 6,9
bilhões de m³. Dar aos agricultores acesso às tecnologias que permitem o uso mais eficaz da água disponível (irrigação
por gotejamento, sementes transgênicas etc.) é uma maneira inteligente de caminhar em direção à sustentabilidade.
Biodiversidade
Ao permitir que a agricultura produza mais na mesma área, diminui-se a necessidade de novas terras para plantações
e, consequentemente, a derrubada de florestas para tal fim. Entre as tecnologias que oferecem esse ganho estão o
plantio direto, a irrigação por gotejamento, o rodízio de culturas e as sementes transgênicas. A preservação de áreas
verdes também é fundamental no combate ao aquecimento global. Segundo estudo publicado na revista Sciencee, as
florestas são responsáveis pela captura de mais de 10% do gás carbônico emitido por diversas atividades humanas.
Solo
Para tornar realmente sustentável o uso do solo a longo prazo, é preciso utilizar em larga escala as modernas técnicas
agrícolas que minimizam o impacto, a exemplo do plantio direto, da rotação e do consórcio de culturas, das sementes
transgênicas, entre outras. No Brasil, dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura revelam
que o uso da técnica diminuiu em cerca de 90% a erosão do solo e, em aproximadamente 80% a perda de água em
um período de 17 anos nas culturas de milho e soja.
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Retrospectiva
A HORA E A VEZ
DOS OCEANOS
WWF-Brasil lança Programa Marinho com
o objetivo de desenvolver ações em temas
como sobrepesca, turismo e poluição.
Da Redação, com comunicação da WWF-Brasil
C
om 10,8 mil km de extensão, a costa brasileira percorre 395 cidades, em
17 Estados. Uma imensidão azul que abriga ¼ da população brasileira
em um ecossistema único, com 3 mil km de recifes de corais e 12% dos
manguezais do mundo. É também um habitat com alta relevância econômica
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para o Brasil, tendo no turismo, na pesca
e na exploração mineral seus principais
alicerces, mas também com grande
potencial biotecnológico e energético.
Apesar dos recentes avanços de sua
conservação no País, apenas 2% de
toda essa biodiversidade está protegida.
Preocupado com a situação e motivado
pela necessidade de mudança, o WWFBrasil lançou, em 8 de junho, Dia Mundial
dos Oceanos, o Programa Marinho.
“Vivemos um momento crítico
na conservação dos recursos
marinhos do Brasil, que sofrem
com a pesca excessiva, fraca
fiscalização,
poluição,
exploração
mineral,
necessidade de políticas
públicas
adequadas
para o bioma; a forte
especulação imobiliária e
consequente
ocupação
desordenada das cidades
costeiras. Nossa atuação
nos
mares
brasileiros
visa chamar a atenção da
sociedade para essa triste
realidade, a importância
da saúde dos oceanos para
nossas vidas e como podemos
nos mobilizar para protegêlos”, explica a coordenadora do
Programa Marinho e Mata Atlântica,
Anna Carolina Lobo.
Segundo ela, a baixa conservação do
mar e da costa brasileira se agrava com a
falta de conhecimento sobre o universo
marinho. “A população e o governo
de uma forma geral consideram que
preservar os oceanos é menos urgente
do que as florestas. O desconhecimento
sobre o que existe debaixo da água leva a
uma não priorização dos mares. Mas isso
é um engano. Para se ter ideia, 54,7% de
todo o oxigênio da Terra é produzido nos
oceanos por algas marinhas”, justifica.
no Rio de Janeiro (RJ), local que sediará
algumas provas esportivas nas Olimpíadas
ano que vem.
Inicialmente, o Programa Marinho
contribuirá para a compreensão e o
atendimento dos impactos de três
áreas: sobrepesca, turismo e poluição.
O trabalho será desenvolvido a partir de
quatro estratégias: gestão da qualidade
de destinos costeiros; engajamento
da sociedade; valorização da pesca
sustentável; e o fomento a políticas
públicas. “Pretendemos trabalhar por
meio de parcerias para alcançarmos
nossas metas de conservação. No caso
do turismo, por exemplo, faremos
cooperações com o setor turístico para
trabalharmos a qualidade dos destinos
costeiros e para engajamento da
sociedade no tema”, avalia Lobo.
Inicialmente, as atividades do Programa
serão desenvolvidas nas seguintes regiões:
Parque Nacional (Parna) Marinho e Área
de Proteção Ambiental (APA) Fernando de
Noronha; Costas Centro e Sul do Rio de
Janeiro, com destaque para o Monumento
Natural das Ilhas Cagarras; Reserva da
Juatinga e APA Cairuçu.
Para o tema da poluição, assunto
tem preocupado o governo e o
Comitê Olímpico, será desenvolvido
um projeto-piloto de coleta de plásticos
flutuantes na Baía da Guabanara,
Segundo Marco Lambertini, diretorgeral do WWF-Internacional, os oceanos
se equivalem em riqueza aos países mais
ricos do mundo, mas têm alcançado as
profundezas de uma economia fracassada.
"Como acionistas responsáveis, não
podemos manter de forma imprudente a
extração de valiosos ativos do oceano sem
investir em seu futuro”, afirma.
Para a pesca, as ações terão enfoque
na implementação de boas práticas
e valorização da pesca sustentável
desenvolvida
por
comunidades
tradicionais. Nesse sentido, o Programa
já iniciou uma parceria com chefs e
restaurantes, por meio da Associação
Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrael).
No Estado de São Paulo, os trabalhos
serão desenvolvidos em unidades de
conservação do litoral Norte, incluindo: a
APA Marinha Litoral Norte e os Parques
Estaduais Ilhabela, Ilha Anchieta e Serra
do Mar; além da Estação Ecológica (Esec)
Tupinambás, onde está localizada a ilha
de Alcatrazes.
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
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Retrospectiva
SITUAÇÃO
DOS OCEANOS NO BRASIL
Um relatório divulgado pela OHI-Brasil (Ocean
Healthy Index) apresentou o Índice de Saúde do
Oceano no Brasil. Dez critérios foram utilizados para
avaliar os mares brasileiros. O País recebeu nota baixa
em três deles: produtos naturais (não utilização de seus
recursos de maneira apropriada); turismo e recreação
(falta de infraestrutura) e provisão de alimentos
(desenvolvimento da pesca artesanal e aquicultura).
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NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
NOVO ACORDO CLIMÁTICO A PASSOS LENTOS
A reunião de Bonn, em que líderes de 190 países
discutiram, no início de junho, os textos para o novo
acordo climático global, terminou com uma contraposição
entre a vontade explicitada por representantes do mundo
todo de um planeta mais sustentável e o que realmente
entrou no documento que deve ser assinado em Paris.
Representante do WWF-Brasil em Bonn, o especialista
em negociações de clima Mark Lutes destaca que a
“reunião construiu confiança e abriu caminho para um
texto claro de negociação, esclarecendo as principais
controvérsias e permitindo negociações reais para
começar o acordo de Paris”. Segundo ele, as ações pré2020 receberam atenção considerável, mas a questão
crucial de como os países desenvolvidos vão intensificar o
seu apoio financeiro não foi abordada.
Foto: Rich Carey / Shutterstock.com
Se, por um lado, Bonn trouxe grandes avanços, como
a promessa do G7 de reduzir 40% a 70% das emissões
até 2050 e um tão sonhado consenso para o texto sobre
as emissões por desmatamento e degradação ambiental,
por outro, faltou o compromisso do grupo de países
mais importantes do mundo de diminuírem suas emissões
até 2020.
O coordenador do programa Mudanças Climáticas
e Energia do WWF-Brasil, André Nahur, ressalta a
necessidade de uma maior rapidez nas decisões e prazos
mais curtos para que a mudança para uma economia
livre de carbono seja possível. “As decisões de Bonn são
importantes e mostram uma boa vontade política dos
representantes, porém planos para 2050, como anunciou
o G7, podem estar longe demais”.
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Foto: Divulgação
Retrospectiva
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NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
PELA PRIMEIRA VEZ, RAIAS
GIGANTES SÃO ENCONTRADAS
NO PARCEL DOM PEDRO
Formação rochosa submersa localiza-se entre a
costa de Mongaguá e Itanhaém e é conhecida por
pescadores e praticantes de caça submarina.
Da Redação
Tratam-se dos primeiros registros
históricos da espécie (Manta birostris)
naquela área. Os animais já foram
catalogados no Banco Brasileiro de Mantas
(BBM).
A mais recente avistagem ocorreu no
início de junho. Trata-se de um macho de
quase 5 metros de envergadura (tamanho
de uma 'asa' a outra) . Além do registro
fotográfico, os pesquisadores realizaram a
coleta do muco que fica envolto ao animal.
A substância contém material genético
(DNA) e serve para que os cientistas façam
uma análise biológica do indivíduo.
A
equipe
composta
por
mergulhadores, biólogos e oceanógrafos
já havia conseguido encontrar
uma raia manta fêmea
no mesmo lugar,
localizada
Foto: Leo Francini - Mantas do Brasil
P
esquisadores localizaram quatro raias
mantas gigantes em uma região
conhecida como Parcel Dom Pedro
II, na costa do litoral Sul de São Paulo.
Localizado entre a costa de Mongaguá e
Itanhaém, a formação rochosa submersa,
que oferece risco à navegação, reúne
diversidade de vida marinha. No entanto,
não é uma área preservada e está sujeita à
pesca e à caça submarina.
NEO MONDO - janeiro/fevereiro 2016
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Retrospectiva
a quase 25 quilômetros da costa. Com
comportamento dócil, ela permaneceu
próxima da superfície: em alguns
momentos foi possível observar as pontas
das nadadeiras para fora da água.
"A imagem em que verificamos as
nadadeiras da manta acima da linha
d'água é inédita em nosso litoral", afirma
o biólogo do Projeto Mantas do Brasil,
Eric Comin. Respectivamente, as mantas
foram batizadas como “Oceanográfo”,
em homenagem ao dia do profissional, e
“Magini”.
Dois primeiros registros
Os pesquisadores encontraram as
duas primeiras raias mantas da história
no Parcel Dom Pedro II no início de
junho. Ambos animais são fêmeas e
possuem envergadura superior a 5
metros de comprimento. A primeira foi
batizada como “Juju” e, a outra,
como “Maroca”. Os
animais estavam
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aparentemente
saudáveis,
mas
apresentavam diversos ferimentos devido
ao enrosco em linhas e redes de pesca. Eles
ainda não tinham sido catalogados. Caso
o aparecimento dessas raias se mostre
típico, os estudos do Projeto poderão
comprovar um novo ponto de agregação
da espécie na costa brasileira.
Primeira da temporada
Com os quatro registros do Parcel
Dom Pedro, chegam a cinco o número
de raias gigantes avistadas nesta
temporada na costa brasileira. A primeira
delas ocorreu no final de março na Ilha
da Queimada Grande, em Itanhaém.
Batizada de “Help”, trata-se de um macho
de aproximadamente quatro metros. Ele
tinha cicatrizes ocasionadas por linhas de
pesca.
Todas as raias foram identificadas e
registradas pelas manchas que possuem
no ventre (barriga) - elas funcionam como
as digitais humanas. A fotoidentificação
permite, por exemplo, delimitar rotas
migratórias da espécie na costa brasileira,
a partir de um eventual novo registro.
Todos estão concentrados na plataforma
do BBM, que é de acesso universal.
Risco de extinção
Completam-se em 2015 dois anos
da proibição da pesca predatória de raia
manta no Brasil. Foram os integrantes
do Instituto Laje Viva, realizador do
Projeto Mantas do Brasil, que auxiliaram
na intermediação de conversas com o
governo federal, fornecendo informações
técnicas que demonstram que a espécie
gigante está em risco de
extinção.
raias mantas
da história
no Parcel
Dom Pedro II
Há 5 anos, o Projeto Mantas do Brasil
auxilia na preservação das raias mantas.
Entre outras ações realizadas pelos
pesquisadores, biólogos e voluntários, está
a de educação ambiental, que alcança
estudantes de toda a Baixada Santista,
bem como
a formação gratuita de mergulhadores,
profissionais ou amadores, para a
fotoidentificação (a partir de uma foto
do ventre) durante eventual encontro
subaquático com um animal da espécie
por toda a costa brasileira.
Os trabalhos de pesquisa e
reconhecimento têm o patrocínio oficial
da Petrobras, por meio do Programa
Petrobras Socioambiental desde 2009 e,
mais recentemente, com o patrocínio da
Companhia Docas de Santos (Codesp),
empresa administradora do Porto
de Santos, o maior e mais
importante complexo
portuário
da
América
Latina.
Foto: Leo Francini - Mantas do Brasil
As duas primeiras
"A lei prevê sanções aos pescadores que
trouxerem a bordo de suas embarcações o
animal morto, ainda que por acidente”,
ressalta a coordenadora geral do Projeto,
Ana Paula Balboni Coelho.
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MATRIZ CERRO CORÁ
UNIDADE ACLIMAÇÃO
PROJETO TATUAPÉ
PROJETO MOEMA
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