Espelho_3

Transcrição

Espelho_3
Bruno D. Vieira
3
Samuel chegou ao quarto do hospital e notou que Sara
estava sozinha, ela dormia tranquilamente. Ele notou que
havia um bilhete na escrivaninha ao lado da cama de Sara, era
um bilhete de Marcos pedindo desculpas por não poder ter
ficado, pois acabou recebendo uma ligação importante, ou
seja, uma desculpa para poder sair dali o mais rápido possível.
Samuel se aproximou da cama da irmã para cobri-la com
um lençol quando notou que Sara segurava sua câmera, ele
sorri ao ver que, mesmo que lentamente, Sara estava voltando
ao normal. Ele se senta no sofá e fica ali até que o médico
chega ao quarto pedindo que ele se retire para que possa
fazer alguns exames em Sara; Samuel sai do quarto e vai até o
corredor, aproveitando para ir à cantina e beber um café.
Depois de tomar seu café Samuel retornou ao corredor e
se deparou com o médico conversando com seus pais, ele se
aproximou e seus pais o deram um abraço, Sara estava
melhor, e naquela tarde teria alta; porém o médico acabara
indicando uma psicóloga onde Sara deveria ser levada
semanalmente a fim de tratar seu trauma.
No caminho de volta para casa Sara não tirava seus olhos
da rua, parecia feliz por estar revendo o caminho que passara
por tantos anos. Samuel olhou para a irmã feliz, quando de
repente pode notar algo no reflexo da garota no vidro do
carro, o rosto de Sara estava completamente distorcido.
Por impulso Samuel puxou sua irmã para olhar para seu
rosto, e notou que tudo estava normal.
- Algum problema? – o pai de Samuel perguntou.
- Não, nenhum problema. – Samuel largou a irmã e se
virou para olhar o lado de fora, porém aquela imagem
refletida no espelho ficara em sua mente.
Ao ver sua casa Sara começou a dar espécies de
grunhidos que pareciam demonstrar que ela estava realmente
feliz; Samuel a apoiou para que ela andasse até a casa, e
lentamente eles entraram no lugar. Sara olhava a casa com um
grande sorriso, os olhos da garota brilhavam; aquele
momento era realmente perfeito, mas algo um tanto incomum
fez com que o encanto da cena se quebrasse, Logan, o cão da
família, e amigo fiel de Sara, avança contra a garota cerrando
os dentes de raiva.
O animal a lança no chão e começa a latir, todos ficaram
horrorizados e confusos com a cena; Samuel avançou contra o
animal e o pegou, o animal continuava a latir histericamente
enquanto era levado, Samuel realmente não entendera aquela
reação, o porquê o animal estava com tanta raiva; porém a
confusão em sua mente ficou ainda mais forte quando ele
olhou para o rosto de Sara, ela sorria e olhava fixamente para
o animal, como se fosse um predador sedento por sangue.
Depois do ocorrido inesperado Samuel levou Sara até o
seu quarto, a ajeitou na cama para que ela descansasse um
pouco; Sara sorri agradecendo o irmão. Ele ficou algum tempo
conversando com Sara, ela ficou ali o ouvindo com atenção; a
noite caiu rapidamente e logo Sara pegou no sono, quando ele
teve certeza que Sara estava dormindo ele se retirou do
quarto a fim de descansar também, talvez agora que estaria
no sossego de seu quarto e com a irmã no quarto ao lado ele
poderia dormir de verdade.
- E ai, como ela está? – Carol estava encostada na parede
ao lado da porta do quarto de Sara.
- Ela está melhor. – Samuel responde. – Apesar de não
estar conseguindo falar. Se eu estivesse naquela festa isso não
teria acontecido e...
Carol empurra Samuel contra a parede e lhe da um beijo.
- Escute aqui, tudo o que aconteceu não é culpa sua
entendeu. – ela acariciou o cabelo do rapaz. – Tente esquecer
o que aconteceu e lembre-se que agora Sara está aqui com a
gente.
- Tem razão. – Samuel beija Carol. – Fica comigo?
- É claro. – Carol responde puxando Samuel para o
quarto.
...................................
- Samuel! Por favor! Por favor, me ajude! – Sara gritava,
ela parecia estar presa em meio às sombras.
Por mais que Samuel procurasse, ele não conseguia
encontrá-la; a única coisa que ele podia fazer era gritar pela
sua irmã e seguir a voz da garota.
Eis que um feixe de luz acaba surgindo, os gritos ficam
cada vez mais fortes; Samuel vai em direção à luz e encontra a
irmã de costas. Ele corre ao encontro dela perguntando o que
esta acontecendo.
Quando ele pode ver o rosto de sua irmã ele acabou
caindo em desespero, o rosto de Sara estava rachando, como
se ela fosse feita de vidro, os pedaços iam caindo no chão e
estilhaçando-se.
- Samuel! Me ajude! – ela gritou, seu rosto agora não
se passava de um espaço vazio e cheio de escuridão.
- Sara! – Samuel acorda desesperado. Era tudo um
sonho.
Ele olhou para os lados e se lembrou de que estava
em seu quarto, notou que Carol estava dormindo ao seu lado
tranquilamente, por sorte o grito não tinha acordado ela.
Já estava tarde da noite, o relógio marcava as três da
manhã. Samuel se levantou com cuidado e se dirigiu ao
banheiro. Ele percebeu que a luz estava acesa.
Ele se aproximou esfregando os olhos para ter
certeza que estava realmente acordado. Quando chegou ao
banheiro abriu a porta com cuidado e viu sua irmã parada em
frente ao espelho.
- Sara, está tudo bem? – ele se aproximou.
Ela continuava imóvel e tremia muito, Samuel a
tocou e se assustou, apesar dela estar suando, sua pele estava
extremamente gelada. De repente ele olhou no espelho e viu
algo que o fez estremecer, o reflexo de Sara estava totalmente
destorcido.