pé na estrada! - Revista Nova Família

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pé na estrada! - Revista Nova Família
# 00
INFORMAÇÃO | DIÁLOGO | APRENDIZADO
COMPREENSÃO | AMOR |
GUARDA
COMPARTILHADA
SOU SOLTEIRO
E VOU BEM,
OBRIGADO!
A ADOÇÃO
NO BRASIL
O PAPEL
DOS AVÓS
O NOVO JEITO
DE CASAR
GENTILEZA
É QUESTÃO DE
EDUCAÇÃO
ENTREVISTA:
COMO CONCILIAR
CARREIRA
E FAMÍLIA?
PÉ NA ESTRADA!
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FÉRIAS CHEGANDO,
CRÔNICA DO MÊS: A VIDA COMO ELA NÃO É!
TECNOLOGIA: DA GALINHA PINTADINHA AO WHATSAPP
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PERFIS E COMPORTAMENTOS
DA NOVA FAMÍLIA PASSAM
SEMPRE POR PEDIATRAS,
PSICÓLOGOS E TERAPEUTAS.
A REVISTA NOVA FAMÍLIA DÁ
A RECEITA!
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A FAMÍLIA:
ALICERCE DA
VIDA!
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Nido Meireles, Michele Dacosta, Fernando Bonini, Joana Mackenzie, Luciana Freitas, Lúcia Furlan
DIRETORA DE REDAÇÃO
Michelle Dacosta/41313-SP
com imenso prazer que
apresentamos a você, caro leitor,
um nicho de informação presente
na vida de todos. Você já ouviu
aquela frase, “Essa é a família que
escolhi pra mim”!?!? Pois bem, ela se aplica
direitinho a nós aqui e você vai entender
o motivo. A família continua sendo sem
dúvida a base. A influência exercida por ela
determina o estilo de uma sociedade.
É
Aprendemos a perceber o mundo,
damos início a nossa identidade e somos
introduzidos no processo de socialização.
Mas hoje em dia esses padrões estão
mudados, novas forma de encarar a vida
estão presentes, os relacionamentos
já não são mais tradicionais, a criação
dos filhos já não depende somente de
seus pais, a mulher avança a cada dia
no mercado de trabalho, a tecnologia
invade nossas casas velozmente e nosso
estilo de vida é uma constante mutação.
Por essas e outras razões que a revista
chegou pra você. Ela veio para desbravar
assuntos polêmicos e desmistificar
tabus impostos pela sociedade. E com
grande carinho cada um da equipe
abraçou esse projeto com vontade e dedicação pensando em você! Por isso o
recebemos de braços abertos:
Seja bem-vindo (a) a sua Nova Família!!!
DIREÇÃO DE ARTE
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PAIS E AVÓS ANTENADOS COM
AS NOVAS TENDÊNCIAS E
COMPORTAMENTOS DE
FAMÍLIA. A REVISTA NOVA
FAMÍLIA TRILHA O CAMINHO!
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Nova Família
5
ÍNDICE
Cotidiano
26-27
Comportamento
10-13
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Gentileza é questão
de educação
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O papel dos avós
na criação dos netos
14-16
18-20
Estilo de vida
28-29
Sou solteiro
e vou bem, obrigado!
O novo jeito de casar
Família
60-61 32-33
Traição. Pode isso?
Parente é serpente?
Não, nem sempre.
Carreira e Família
Educação
Especial
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22-25
Educação brasileira
não representa o aluno
34-36
Em pleno século XXI
Sexo ainda é tabú?
30-31
Adoção no Brasil
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Nova Família
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38-41
Guarda compartilhada
ou não?
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direito
religião
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42-44
Religião e Família
Saúde
trabalho
46-47 48-49
O caminho da felicidade
Hábitos Saudáveis X Stress
lazer & Viagem
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50-53
As férias estão chegando!
TEcnologia
Causa
54-55 56-57
Quando apresentar
as crianças à tecnologia?
opinião
Projeto Família Pipa
CRÔnica
58-59 62-65
Qual o limite entre prazer,
religião, sentido e
mercado?
Um bem humorado
relato sobre encontros e
desencontros digitais
Índice
7
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COMO DIZ LUIS
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VERÍSSIMO:
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ENTOS DE
COMPORTAMENTOS
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CAMINHO
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FAMÍLIA
TRILHA
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NOVA
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Nova Família
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COLUNISTAS
Babi Mackenzie, educadora
desde 86, fundadora da
Teaching Company.
Fernando Sousa, jornalista
especialista em Tecnologia e
Games.
Cléo Francisco, jornalista
especialista em Educação Sexual.
Karen Sternfeld, nutricionista
pela New York University e
Health Coach pelo Integrative
Nutrition.
Daniela Viek, relações públicas,
consultora, coach, especialista
em Comunicação & Marketing.
Apaixonada por viagens, pela
vida, por conhecer novas
pessoas e culturas.
Nazir Mir Junior, advogado
atuante nos ramos do Direito
Civil, Direito Empresarial,
Direito do Consumidor, Direito
de Família e Sucessões (Área
Cível), Direito Penal, Direito
Administrativo, Direito Ambiental,
Direito Tributário e Direito
Financeiro (Direito Público).
Virginia Piti, jornalista formada
pela Universidade Metodista
numa época sem o santo
Google, quando a notícia era
o mais importante. Cronista
por natureza e solteira por
“detalhe do destino”, sua vida é
simples e por isso merece ser
compartilhada.
Sylvio Montenegro, jornalista
e radialista. Estudioso sobre
as mais diversas formas de
crenças, especialista em
realizações de celebrações
sociais e espirituais de
casamento e bodas, sem cunho
religioso ou civil.
Colunistas
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Comportamento
Com a correria do dia a dia torna-se cada
vez mais comum ver os avós criando os
netos para que os filhos possam trabalhar. No entanto, é importante que algumas regras sejam estabelecidas para
que cada um cumpra o seu papel
O PAPEL DOS
AVÓS NA CRIAÇÃO
DOS NETOS
MICHELE VITOR
Quem nunca ouviu a expressão de que ‘vó é mãe com açúcar’? Isso porque o papel dos avós sempre foi
mimar, proteger e fazer as vontades dos netos. Para a maioria das crianças e adolescentes os momentos
vividos ao lado dos avós sempre foram de alegria e muita diversão. E, para os adultos que tiveram essa
oportunidade, sempre ficam boas lembranças e muito aprendizado.
No entanto, hoje em dia, esse contato com os avós não se resume apenas a visitas, finais de semana e
temporada de férias. Está cada vez mais intenso. Isso porque as mudanças sentidas na sociedade também refletiram na rotina familiar.
Antes era muito comum que as mães ficassem em casa cuidando da criação dos filhos e dos afazeres
domésticos. Mas, com toda a evolução da sociedade, as mulheres passaram e ter a oportunidade de
escolher suas profissões e o momento de constituir a própria família.
No entanto, por ter uma carreira e também ter a responsabilidade financeira sobre a família, as mulheres
acabam não conseguindo dedicar tempo para a educação dos filhos. E, esse trabalho acaba ficando a
cargos dos avós, que estão, cada dia mais, presentes na criação dos netos.
Mas, o que é uma ajuda para os pais, pode se tornar um problema na educação das crianças se as regras
não forem claras. Segundo o psicólogo e professor universitário, Walter Poltronieri, dependendo da dinâmica da família a interferência dos avós pode trazer tanto benefícios quanto problemas.
Segundo o especialista, a convivência pode se tornar negativa quando os avós interferem nas decisões
dos pais, fazendo com que os filhos percam a referência do que deve ou não ser feito.
“Quando os pais impõem uma regra ou orientam que os filhos tenham determinada atitude, é importante
que os avós respeitem a decisão e, se não concordarem, conversem com seus filhos longe das crianças.
Os pais nunca devem ser questionados diante das crianças sobre as suas decisões”, afirma Poltronieri.
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Colo de Vó, sensação maior de aconchego.
“Os pais nunca devem ser questionados diante
das crianças sobre as suas decisões”
D
e acordo com o especialista, outra situação muito comum quando os avós participam da educação dos netos é que
exista um exagero nos mimos, fazendo
com que a criança cresça sem ter que enfrentar limites.
“Mimar as crianças é uma atitude natural, principalmente quando se trata dos avós, que gostam
de agradar e de fazer as vontades dos netos. No
entanto, é preciso ter limites para que essa atitude
não interfira na criação e na formação. Crianças
muito mimadas, que não sabem respeitar regras
e têm todas as suas vontades satisfeitas acabam
se tornando adultos problemáticos que não conseguem lidar com situações difíceis”, explica o
especialista.
A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO
Quando as diferenças de opiniões surgirem o
mais indicado a fazer é dialogar de forma clara e
objetiva, segundo a psicóloga Neuzeli Aparecida
Nicácio, especialista em terapia familiar.
“Naturalmente uma boa conversa sempre será
necessária. É preciso que fique claro que quem
deve estabelecer as bases, diretrizes e limites em
relação a criação e educação dos filhos são os
pais. O papel dos avós se resume ao cuidado, ao
mimo, a cumplicidade com os netos e a parceria
com os filhos”, comenta Neuzeli.
Segundo a psicóloga, por mais que a situação pareça simples, quando surgir qualquer divergência
sobre a educação das crianças é necessário que
os avós e os pais sentem para conversar e resolver as diferenças, sempre longe das crianças.
“Mesmo que os avós não concordem, é importante deixar claro que a educação dos filhos é responsabilidade dos pais e é preciso respeitar essa
regra”, ressalta Neuzeli.
Comportamento
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Comportamento
“Crianças muito mimadas que não sabem respeitar
regras e têm todas as suas vontades satisfeitas
acabam se tornando adultos problemáticos que
não conseguem lidar com situações difíceis”
QUANDO COMEÇAM A
SURGIR OS PROBLEMAS
VANTAGENS DE TER OS AVÓS
POR PERTO
De acordo com Neuzeli, a presença dos avós na
criação dos netos começa a apresentar problemas quando, de um lado, os pais terceirizam aos
avós a criação e educação dos filhos, deixando
toda a responsabilidade com eles.
De acordo com o especialista Walter Poltronieri,
existem muito mais vantagens do que desvantagens na relação de avós e netos. Para ele, alguns
fatores justificam e comprovam a importância da
presença dos avós.
Normalmente quando isso ocorre começam os
desentendimentos. De um lado os pais reclamam
que os filhos não os respeitam e não querem seguir as regras impostas por eles, dando atenção
somente às orientações dos avós.
“É possível perceber que crianças que crescem
em contato com os avós se tornam adultos mais
flexíveis. Além disso, são os avós que reforçam as
tradições familiares, contam histórias e ajudam a
formar a memória social das crianças”.
As desavenças também surgem quando, de outro
lado, os avós querem assumir um papel que não
é seu, ou seja, interferem nos limites e regras impostos e na educação que os pais querem para
os filhos, como se eles não tivessem competência
para isso.
Os avós podem sempre ser considerados como
‘um colo amigo’. Agem como apoio quando os netos se sentem sozinhos e têm alguma divergência com os pais. São eles que consolam, orientam
e ajudam os netos a enxergar que mesmo uma
atitude mais rígida dos pais é apenas um sinal do
amor e do bem-estar que querem assegurar aos
filhos.
“Dessa maneira acabam tirando a autoridade dos
pais e confundem a cabeça dos netos”, comenta
Neuzeli.
É sempre importante que seja claro, tanto para os
avós quanto para os pais envolvidos, que os avós
não podem ser responsabilizados pela educação
dos netos. Esse trabalho é intrasferível e cabe aos
pais quando esses apresentam boa saúde física
e mental.
Mas, nenhuma dessas situações quer dizer que a
convivência constante entre avós e netos não é
saudável.
“É possível perceber que crianças que crescem
em contato com os avós se tornam adultos mais
flexíveis”
“Muitas vezes os avós costumam ser considerados um modelo a ser seguido e uma fonte de segurança emocional”, comenta Poltronieri.
O papel dos avós no desenvolvimento das crianças é tão importante que ajuda a formar a personalidade do cidadão. Essa relação acontece em
todos os lugares do mundo. Uma pesquisa elaborada pela Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, com mais de 1,5 mil crianças e adolescentes
de 11 a 16 anos, comprovou que crianças que tiveram os avós por perto cresceram mais felizes.
Principalmente nos dias atuais que os pais trabalham fora de casa em período integral, a proximidade com os avós é ainda mais benéfica e necessária.
O estudo mostrou também que os avós desempenham um papel extremamente importante em
fases turbulentas como a separação dos pais, proporcionando conforto e estabilidade emocional.
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COMO FAZER AS CRIANÇAS
VOLTAREM À ROTINA DA
CASA DOS PAIS
Depois de longos períodos na casa dos avós,
como em temporada de férias, pode ser mais
complicado fazer as crianças e adolescentes se
adaptarem as rotinas e regras impostas pelos pais.
Segundo a psicóloga Kareislla Medeiros, é preciso que as crianças aprendam aos poucos o que é
permitido em cada lugar para que saibam distinguir sua rotina no período de férias com os avós e
o restante do tempo em que passam cumprindo
outras tarefas, ainda que menos prazerosas.
“Os pais precisam compreender que, se souberem dosar, a convivência com os avós pode ser
muito construtiva para seus filhos. A chave é sempre o diálogo, pois é por meio dele que cada um
consegue entender seu papel sem invadir o espaço do outro”, comenta a psicóloga.
A convivência com os netos é uma troca de benefícios para muitos idosos. Algumas pesquisas
apontam que os avós que tomam conta de seus
netos apresentam uma maior probabilidade de
manterem-se fisicamente ativos nos anos seguintes.
Para a psicanalista infantil da comunidade médica online Saluspot, Nedia Regina Prando, conviver
com os netos é extremamente importante para
os avós. É como se eles tivessem uma segunda
chance para criar, educar e curtir a geração seguinte. “Quando nos tornamos avós podemos
aproveitar com maior liberdade e sem tantos medos o relacionamento com as crianças, ou seja, as
dificuldades e preocupações que tivemos ao cuidar dos filhos passam a ser responsabilidade de
outros”, comenta a psicóloga, que afirma ser nessa
fase que os avós podem curtir e fazer com os netos tudo aquilo que gostariam de ter feito com os
filhos, mas não puderam.
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“A convivência entre os netos é essencial e saudável. Quem não concorda que vó é mãe com
açúcar, não sabe quanto a doçura dessa relação
pode contribuir na formação de um cidadão”, conclui Kareislla.
O OUTRO LADO DA MOEDA:
BENEFÍCIOS PARA OS AVÓS
Cuidado, mimo e cumplicidade resumem bem o papel de avós com seus netos.
Comportamento
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Casamento tradicional perde espaço para modelos irreverentes de união.
O NOVO JEITO
DE CASAR
Cresce o número de casais que optam por morar juntos informalmente
MICHELE VITOR
Apesar de todas as mudanças da sociedade, muitas pessoas
ainda carregam um ar romântico e sonham em construir uma
família ao lado de alguém especial. Muitas mulheres ainda desejam realizar toda a tradição da cerimônia de casamento, o que
inclui, entrar na igreja, no sítio ou em um salão de festa toda
vestida de branco e de braços dados com o pai.
Mas, as tradições nem sempre andam lado a lado com a modernidade. Hoje em dia, a hora do ‘sim, eu aceito’ pode acontecer de uma maneira bem mais informal e simples. Atualmente,
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muitos casais optam apenas por morar juntos. E, entre os motivos, ganha destaque fugir da burocracia na hora de casar e de
se separar, caso isso aconteça.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), os casamentos duram em média 15 anos no país atualmente. E, de acordo com o psicólogo e terapeuta cognitivo-comportamental, Anderson Martiniano de Souza, essa instabilidade nos relacionamentos leva as pessoas a optarem por
casamentos informais na tentativa de gerar menos expectativa
sobre os familiares e, muitas vezes, sobre si mesmo. “Hoje, boa
parte das relações são uniões consensuais sem registro em cartório ou bênçãos religiosas”, comenta o psicólogo. Para ele, a
situação econômica do país também contribui para essa diminuição da escolha pelo casamento tradicional. “Isso ocorre na
tentativa de evitar despesas consideradas altas”, comenta.
A IMPORTÂNCIA DE CUMPRIR
O ACORDO QUANDO A
DECISÃO FOR MORAR JUNTO,
MAS SEM ABRIR MÃO DO
CASAMENTO TRADICIONAL
Além disso, segundo o especialista, é possível observar uma
mudança no comportamento da população que considera o
afeto mais importante do que as tradições e costumes. “No passado, os casamentos tradicionais estavam associados, também,
a garantias econômicas entre as famílias mais abastadas e eram
fundamentados na dependência financeira da mulher”, explica.
Outro exemplo muito comum nos dias de hoje, é
que existem casais que decidem morar junto, mas
não abrem mão de planejar o casamento de forma tradicional. É uma maneira de ‘testar’ a convivência diária na mesma casa. Muitos casais optam
por essa experiência para testar o respeito a individualidade dentro do relacionamento, a cumplicidade, o companheirismo e a rotina de casal.
Com as mudanças dos dias atuais, que incluem a inserção da
mulher no mercado de trabalho, os vínculos de dependência
foram substituídos por um modelo mais pautado no afeto do
que na dependência. E, nesse caso, para algumas pessoas, a
qualidade da relação tornou-se mais importante do que a instituição casamento.
“Nesse caso, para algumas pessoas, a
qualidade da relação tornou-se mais importante do que a instituição casamento”
Além das vantagens financeiras e a redução da
burocracia associada ao casamento formal, as
pessoas que optam por uma união estável ou decidem morar juntas garantem que esse modelo
de relacionamento está associado a partilha de
sentimentos, ideais e projetos de vida comuns entre as duas pessoas.
De acordo com Anderson, os modelos familiares
atuais apresentam grande influência no comportamento dos jovens – o que favorece essa escolha. “Nos últimos anos, pudemos observar grandes
mudanças nas estruturas das famílias, como casos de separação, divórcio, união estável e homoafetiva. Todos esses fatores refletem nas decisões
e na percepção que o indivíduo possui sobre os
relacionamentos. As experiências familiares que
adquiriu, bem como as afetivas que viveu moldam
essas escolhas”, afirma o especialista.
No entanto, mesmo que a decisão seja juntar as
escovas de dentes e somente depois planejar o
casamento é importante que nenhum dos dois se
permita cair em uma zona de conforto protelando
esse objetivo. Segundo Anderson, a acomodação
é um processo natural e adaptativo do individuo.
“É comum que as pessoas sempre procurem
ações facilitadoras que garantam a sobrevivência
e o bem-estar. Acomodar-se é uma condição evolutiva. O adiamento produz um alívio temporário
porque nesse caso a pessoa acredita que tudo
dará certo no final. Quando se trata de uma relação, os casais passam a aceitar uma condição de
acomodação por conta da informalidade na tentativa de evitar esforços financeiros ou burocráticos”,
explica.
Mas, problemas no relacionamento podem surgir
quando apenas um dos envolvidos entra nessa
sintonia da acomodação. Para o especialista, ao
analisar os casais utilizando a Terapia Cognitivo
Comportamental (TCC) é possível perceber que
fatores emocionais e comportamentais são capazes de intervir negativamente na qualidade das
relações, porém muitas vezes as ideias e expectativas sobre os parceiros estão entre os principais
motivos de conflitos entre o casal.
“Esses pensamentos não são racionalmente avaliados pelos parceiros e tendem a ser aceitos
como algo razoável, influenciando o equilíbrio
emocional e refletindo diretamente no relacionamento. Dessa forma, os dois passam a interpretar
de maneira equivocada seus sentimentos e o real
significado daquilo que querem comunicar um ao
outro. Seus sentimentos e expectativas se tornam
vagos. O resultado disso é o afastamento e o sentimento de frustração”, afirma o psicólogo.
Comportamento
15
Comportamento
O ‘CASAMENTO MODERNO’
AOS OLHOS DA LEI
Com o casamento tradicional os dois envolvidos
têm de forma clara quais são seus direitos em
caso de separação. Mas, o que muitas pessoas
ainda têm dúvidas é quando esse relacionamento não apresenta contratos.
Segundo a advogada, Xenia Gonçalves Santos, a
união informal de casais passou a ser protegida
por lei com a Constituição de 1988, que garante
os mesmos direitos do casamento civil, com regime de comunhão parcial de bens. “Bens como
imóveis e automóveis adquiridos durante o relacionamento passam a ser considerados objetos
de colaboração mútua, podendo ser partilhados
igualmente entre os dois”, explica.
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O que importa é a felicidade do casal.
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Mesmo assim, especialistas aconselham que esses casais façam um contrato com dados concretos e seguros para evitar problemas no futuro,
principalmente em casos de partilha de bens.
CURIOSIDADE
Segundo Censo 2010, realizado pelo
IBGE, a proporção de pessoas divorciadas passou de 1,8% no ano 2000 para
3,1% em 2010. Os estados que mais se
destacaram em número de divórcios são
Mato Grosso, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Já as uniões consensuais passaram
de 28,6% em 2000 para 36,4% em 2010,
com crescimento mais significativo no
Norte e Nordeste.
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Manter uma boa comunicação em casa e no trabalho é o diferencial para conciliar carreira e maternidade.
CARREIRA
& FAMILIA
A ARTE DE CONCILIAR O DIA A DIA
MICHELE VITOR
Todas as mulheres têm momentos de dúvidas sobre como conseguir manter de
forma saudável a vida pessoal e profissional. Apesar de trabalhoso, é possível sim
ter sucesso nas duas áreas. Especialista explica como
Uma das mais evidentes mudanças na sociedade nos últimos anos foi a entrada da mulher no
mercado de trabalho. As mulheres, que antes só
podiam se dedicar a casa, aos maridos e aos filhos,
ganharam o mundo e passaram a ser respeitadas
como profissionais. Muitas, hoje em dia, assumem
a liderança de empresas de todos os tamanhos
e também em cargos que chamam a atenção de
todo o mundo, como a presidenta do país, Dilma
Roussef, e a presidente da Petrobrás, Graças Foster, por exemplo.
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Mas, nem todas têm facilidade em lidar com o sucesso profissional, que muitas vezes exige muita
dedicação, horas fora de casa e até adiamento de
planos pessoais como a maternidade – fator que
pesa muito para a maioria das mulheres.
Além da cobrança muitas vezes indireta da sociedade, existe uma cobrança interna que as mulheres
acabam exercendo sobre si mesmas. Isso ocorre
muito quando estão em relacionamentos sérios e
decidem casar ou quando o relógio biológico começa a bater indicando o momento de se tornar mãe.
Costuma ser nessa hora que surge a dúvida entre se
manter como profissional de sucesso ou abrir mão de
toda a independência conquistada para se tornar mãe.
Nenhuma das escolhas é errada, desde que seja
realmente o que a mulher deseja. Adiar o sonho da
maternidade para garantir o sucesso profissional
pode ser bom, desde que a escolha seja feita com
certeza. Bem, como quando a decisão é colocar
a maternidade em primeiro lugar, se ausentando
de todo o cenário profissional. Essa opção pode
ser benéfica, desde que o desejo seja verdadeiro. Pois, normalmente, mulheres que optam por
essa alternativa, mesmo sentindo que a profissão
é importante, passam a ser vulneráveis a vários
problemas, inclusive de saúde como a depressão.
Mas, é importante saber que não há caminho sem
volta. Mesmo que no momento a decisão seja lar-
Nova Família: Qual o papel da mulher
hoje em dia no mercado de trabalho?
Madalena: As mulheres passaram a ocupar cargos que antigamente eram considerados masculinos. No setor público,
por exemplo, as mulheres são a maioria e
ocupam quase 60% das vagas. Elas chegaram a 2,9 milhões no mercado formal,
que inclui indústrias, construção civil, comércio, serviços e agropecuária.
Nova Família: O que leva as mulheres a
se sentirem culpadas e divididas entre
o trabalho e a família?
Madalena: Querendo ou não, crescemos
em uma geração a qual nos acostumamos a ver as mulheres cuidando apenas
da casa. Nossos pais foram frutos de uma
geração pós guerra, totalmente diferente da nossa. E, a inserção da mulher no
mercado de trabalho é algo relativamente novo. E, como tudo o que é novo vem
acompanhado de insegurança, é normal
que a mulher se sinta assim no começo,
mas com o passar do tempo ela começa
a entender que pode sim ser uma ótima
mãe sem deixar de conquistar bons cargos e se dedicar a carreira.
gar a profissão para cuidar do filho ou adiar a maternidade e se ausentar um pouco do dia a dia das
crianças para investir na carreira, sempre é possível mudar.Além disso, é possível sim aliar a vida
pessoal com a profissional de uma forma que não
cause traumas à própria mulher e à sua família,
principalmente nos filhos que ainda são crianças.
A empresária e executiva de carreira, Madalena
Feliciano é um dos exemplos a serem seguidos
pelas mulheres que não desejam abrir mão nem
da carreira, nem da maternidade. Diretora de projetos da empresa Outliers Careers e presidente do
Instituto Profissional de Coaching, a executiva é
mãe de cinco filhos.
Especialista no assunto, Madalena conta a Nova
Família como conseguir obter sucesso na vida
pessoal e profissional.
Nova Família: Ainda existe uma pressão
da sociedade (e dos maridos) para que
as mulheres deixem suas profissões de
lado para se dedicar a família?
Nova Família: E os filhos? Eles compreendem quando a mãe precisa se ausentar ou não pode estar presente em
‘reuniões escolares’, por exemplo?
Madalena: Existe sim, mas é uma pressão cada vez menor. Tanto as mulheres
quanto suas famílias (pai, mãe, marido e
filhos) percebem que não é preciso deixar o trabalho de lado para se dedicarem
para a família. Hoje é muito mais comum
encontrarmos maridos que apoiam as
suas mulheres do que aqueles que as
desencorajam.
Madalena: Os filhos sempre cobram. Isso
faz parte. Obviamente que é importante
para eles que nós estejamos presentes,
porém é necessário que saibam que isso
nem sempre é possível. Portanto, o que
vale nesse caso é a sinceridade. É preciso dizer aos filhos o motivo pelo qual
estará ausente, ressaltando a importância deles em sua vida e reforçando que
sempre que possível estará presente.
Nova Família: O que as mulheres precisam fazer para conciliar a carreira com
a maternidade?
Madalena: Não existe uma receita de
bolo para isso. Cada mulher encontra
uma melhor forma de conciliar as suas
responsabilidades de mãe com as profissionais. Para que essa decisão não se
torne um dilema o ideal é programar o
momento ideal. Um bom planejamento,
com certeza, irá ajudar e muito. Alguns
exemplos importantes que podem fazer
toda a diferença na arte de conciliar carreira com maternidade incluem: a escolha da babá e uma escola mais próxima,
assim será possível ter mais tempo com
o filho e mais qualidade de vida. Além
disso, é indispensável aproveitar o tempo
com o filho da melhor maneira possível,
lembrando sempre que quantidade não
significa qualidade.
Nova família: E o relacionamento com
o marido como fica quando a agenda
profissional está cheia?
Madalena: Assim como os filhos, os maridos precisam e merecem atenção, por
isso é importante aproveitar ao máximo
os momentos a dois. Vale fazer programas diferentes e reservar um tempo para
namorar, isso fará com que o marido se
sinta seguro e amado.
Comportamento
19
Comportamento
Nova Família: E quando o trabalho inclui viagens constantes ou longas?
Como fica o relacionamento com os
filhos?
Madalena: Deixar claro a importância do
trabalho e o quanto faz com que se sinta
realizada ajuda muito nesses períodos de
ausência. A boa comunicação é o grande
diferencial nessa jornada.
Nova Família: O que fazer quando esses compromissos profissionais acabam resultando em desentendimentos
com o marido?
Madalena: A melhor arma é a conversa.
Ainda que haja acordo é importante não
abrir mão dos próprios sonhos. Um diálogo aberto e sincero beneficiará o entendimento e a compreensão dos dois.
Nova Família: Quando chega a hora de
escolher entre vida profissional e pessoal: Isso é saudável?
Madalena: Não, uma escolha desse porte nunca será saudável. Se a mulher opta
apenas pela vida familiar ela corre grande chance de se arrepender depois. O
mesmo pode acontecer quando a escolha for pelo trabalho. É preciso deixar que
as coisas ocorram naturalmente, sem
forçar uma escolha.
Nova Família: Algumas mulheres decidem abrir mão da vida profissional para
dedicar todo o tempo para o marido e
os filhos. Essa é uma boa escolha?
Madalena: Sempre digo que não existe
certo e errado, mas sim o que é melhor
para cada um. Existem mulheres que
depois do casamento e maternidade decidem dedicar-se inteiramente a isso, assim como existem aquelas que dividem
o seu tempo entre as duas prioridades.
Não cabe julgar o que é certo ou errado.
Se a mulher se sente completa apenas
com tarefas domésticas e cuidando da
família, é preciso respeitar sua escolha. O
importante é se sentir plena e feliz.
Nova Família: E quando essa escolha
acaba gerando um desequilíbrio ainda
maior entre o casal? O que fazer?
Madalena: Optar por uma ajuda que venha de fora pode ser uma boa ideia (terapia de casal, coaching etc). Vale mostrar
que existem outros casais que passaram
por isso, superaram e estão felizes.
Nova Família: Quais são os principais
problemas que podem surgir após a
mulher decidir abrir mão da carreira?
Madalena: Segundo uma pesquisa publicada pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), após o nascimento
dos seus filhos, algumas mães começam
a se sentir sozinhas e sobrecarregadas
com as tarefas domésticas. Isso pode
acarretar uma piora na autoestima, com
sentimentos de desvalorização, culpa,
dependência financeira e emocional, solidão e, em casos mais sérios, depressão.
Nova Família: E a sua experiência?
Quantos filhos você tem? Qual a idade
deles?
Madalena: Felizmente fui presenteada
com cinco lindos filhos. São duas meninas, uma de 23 anos e uma de oito anos
de idade, e mais três meninos de dez, 13
e 18 anos. Além deles, tenho uma netinha
de cinco anos.
Nova Família: O que vocês fez para
conseguir consolidar sua carreira sem
abrir mão de ser mãe?
Madalena: Decidi desde muito nova que
queria ser mãe e não abriria mão da minha carreira. Por isso me organizei para
receber meus filhos e investir nos meus
estudos. Planejamento, foco, motivação
e a certeza de que chegaria lá nunca
me faltaram. Essas características foram
essenciais para que eu pudesse obter o
sucesso de hoje. Posso afirmar com propriedade que com amor, dedicação, garra, energia e com um bom planejamento
essa tarefa será realizada com sucesso e
trará benefícios para todos os envolvidos.
Nova Família: Como você fez para conseguir isso? Quais dicas você dá para as
profissionais que também são mães?
Madalena: Primeiro tive a sorte de ter um
marido que me apoiou em todos os momentos. Além disso, ele sempre foi meu
braço direito. Para estar motivada todos
os dias para o trabalho escolhi a área que
sempre fui apaixonada. Organizei minha
agenda pessoal e profissional e sempre
fui criteriosa em manter minha rotina de
trabalho.
Minhas dicas são: trabalhe no que você
ama, planeje, tenha foco, mas acima de
tudo, tenha atitude. Não leve trabalho
para casa. Aproveite sempre o tempo
no lar para cuidar da família e mostre o
quanto são importantes em sua vida!
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Especial
EDUCAÇÃO BRASILEIRA
NÃO REPRESENTA O
ALUNO
FLÁVIA FERREIRA DE FREITAS
“E
nsinar não é transferir
conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção
“
A frase proferida por Paulo Freire, ícone da educação no Brasil, ainda é utilizada para designar
o ensino dos sonhos, que constrói sua base nas
potencialidades que os alunos trazem do mundo
externo, encarando a escola como um espaço de
troca desses aprendizados e não apenas de uma
instrução engessada. Mesmo lutando por um ensino de qualidade, professores ainda se deparam
com problemas antigos, como a permanência na
escola.
Como fazer com que o garoto e a garota fiquem na
escola e se interessem por ela? A pergunta suscita
inúmeros questionamentos e levam os profissionais e pesquisadores a se perguntarem quais caminhos seguir. Pesquisador e doutor em Antropologia Cultural, Fabiano Monteiro, fez uma imersão
nessa questão durante a pesquisa de doutorado,
quando lançou um olhar sobre os discursos raciais
presentes nos livros didáticos da década de 1950
comparados aos lançados hoje.
“Em linhas gerais posso dizer que os professores
acham que a educação brasileira está em crise.
Isso não é um fato novo. Desde sempre a ação
de educar no Brasil foi feita tendo como espelho
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Nova Família
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a Europa. A educação pública e de massa é um
fenômeno relativamente novo em nossa História”,
explicou Fabiano. Para o pesquisador, a política
educacional remete a Era Vargas e, por conseguinte, a um exercício de forjar um povo e uma
nação. “A preocupação de Vargas nesse sentido
não era apenas administrar o Brasil, mas, sobretudo, produzir um Brasil. Assim dá-se início uma série de intervenções de padronização dos livros e
conteúdos e o desafio de como levar a educação
para todos e com que qualidade esse processo
educacional se daria é imposto”.
Anísio Teixeira e Fernando Azevedo ao pensar
a “Escola Nova” tinham esse desafio em mente,
questão que Fabiano eleva ao patamar das segregações. “Os limites e melindres dos investimentos
em educação, penso eu, começam com o problema da suspeita em relação às capacidades morais
e intelectuais do brasileiro, por parte de nossos
governantes e, principalmente, nossas elites ditas
eruditas”. O pesquisador destaca que: “Enquanto a educação nos países desenvolvidos era uma questão de
reprodução do sistema capitalista e de desenvol-
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A educação independe exclusivamente do professor.
vimento social, educar as massas no Brasil era (e talvez ainda seja) uma ação tida
como “desperdício” e esse é um ponto
nevrálgico comparado a outros países”. Com o ímpeto democrático pós-ditadura
militar definiu-se que era necessário prover educação para todos, dentre os defensores desse ideal estava Paulo Freire,
Darcy Ribeiro, Brizola, Cristóvão Buarque
e D. Ruth Cardoso. O acesso à educação,
além de ponto pacífico, se transformou
em uma espécie de magia. Era comum
pensar que, se todos estudassem, o Brasil e o mundo seriam lugares melhores. A suspeita em relação ao “povo” e sua
aptidão à escola ainda não desapareceu.
O estudo realizado por Fabiano mostrou
que os diretores e professores filtram
os alunos que julgam “menos piores” e
investem neles, na expectativa que os
demais, simplesmente saiam da escola. O problema é que da era Fernando
Henrique Cardoso pra cá isso não ocorre
mais, porque os programas sociais são
vinculados à permanência escolar e isso
incomoda muito os professores e diretores que têm uma visão de mundo mais
conservadora.
“Eles se queixam, ficam esperando e não
buscam saída para incluir todo mundo
num projeto educacional que possa ser
exitoso. Não contam com essas pessoas
(alunos) para melhorar ou desenvolver
a sociedade. Gostariam, na verdade, de
deixá-las à margem”, conta. “No Brasil
vige ainda a lógica de que a escola deveria ser um espaço reservado aos meninos estudiosos. A escola é um lugar de
todos, a despeito do desempenho. É um
direito. É uma experiência pesadíssima
na cultura ocidental moderna. Nossos
gostos musicais, nossos valores, nossos
primeiros romances acontecem na escola”.
Ao longo dos anos, as tecnologias avançaram, mas as políticas educacionais
ficaram estagnadas. O ensino é quase
principesco, erudito e nada atraente. “É
impressionante o glamour que a cultura
de massa exerce sobre os alunos. Quan-
Especial
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Especial
Em acréscimo, a mestre em literatura e
mestranda em educação, Isabel Navega, que tem como objeto de estudo as
manifestações populares que podem ser
utilizadas como forma de aprendizado,
afirma que a escola deveria incluir as potencialidades no processo educacional.
“A criança tem uma linguagem própria
e percebi durante os meus estudos que
a escola tradicional não faz uso dessas
manifestações durante o processo de
aprendizado. Eles ignoram o conhecimento que esse aluno traz consigo”.
Ambos os pesquisadores acreditam que
ainda exista ambientes propícios para o
desenvolvimento completo do aluno,
os quais são caros ou inacessíveis para
algumas camadas da sociedade. Fabiano conta que estudou em escolas com
projetos pedagógicos muito bem elaborados, sobretudo entre a 4ª e 8ª série
(atual 5º e 9º ano). Era uma escola em
tempo integral, na qual os alunos tinham
Aluno
presente
e desenvolve
a sociedade.
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Sources
: Supomelhora
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Nova Família
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aulas de artes cênicas, artes industriais,
aprendiam a cozinhar, tinham programas
de representação e participação política,
participação no calendário de discussões
de conteúdos, entre outras coisas.
“Não era só agradável ficar ali, mas o estar ali era instrumentalizado na produção
de conhecimentos práticos. Mas falo dos
anos 1980, de uma escola com poucos
alunos e professores arejados. Eram outros tempos... Tenho saudades da escola
onde estudei, e não das escolas onde
lecionei. Não falo isso com orgulho, falo
com pesar”. DADOS MUNDIAIS
O engessamento do ensino, de acordo
com Isabel, é um dos quesitos que explica o mau desempenho do Brasil em
pesquisas que traçam o ranking de educação. O Relatório de Desenvolvimento
Humano, divulgado este ano pela Organização das Nações Unidas (ONU), informa que o Brasil está abaixo da média da
América Latina em educação e expectativa de vida. O estudo do orgão calcula o
Índice de Desenvolvimento Humano dos
países com base em indicadores de educação, saúde e renda.
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do eu dava aula para o ensino médio todos
os garotos queriam jogar bola, ser rapper
ou traficante. As meninas queriam ser modelo, mulher de pagodeiro ou mulher de
traficante. Nada disso passa pela vida escolar... Não há mais sonho com a escola”.
De acordo com a pesquisa, o Brasil avançou uma posição no ranking mundial,
passando do 80º lugar em 2012 (IDH de
0,742) para o 79º em 2013 (IDH 0,744) no
ranking do desenvolvimento humano.
Apesar da melhora no ranking, os dados
da ONU não revelam avanço significativo em educação e expectativa de vida. A
média de estudo na América Latina é de
7,9 anos e no Brasil, desde 2010, 7,2 anos.
Estudos econômicos dão conta que cada
ano de estudo escolar acrescenta 10% na
produtividade de um trabalhador. Não é
por acaso que na maioria dos países europeus, assim como nos EUA, no Japão e
na Coréia do Sul há um alto nível de escolaridade, que beira 12 anos de estudo.
O vice-secretário-geral da ONU, Jan
Eliasson, destacou durante discurso de
abertura na Primeira Iniciativa Global pela
Educação, realizada no ultimo mês, que
apesar dos avanços no número de crianças na escola, ainda há 58 milhões que
estão fora das salas de aula em todo o
mundo e 250 milhões de crianças não
sabem ler. “A educação de qualidade
é mais do que um ponto de entrada no
mercado de trabalho, é a base para a realização pessoal, igualdade de gênero,
coesão social, desenvolvimento sustentável, crescimento econômico e cidadania global responsável”, disse ele.
Levantamento executado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 32 nações,
no ano de 2013, em 1070 escolas, com
aproximadamente de 14,3 mil professores
e 1,1 mil diretores, indicou que no Brasil
20% das horas dos docentes em classe é
desperdiçada com indisciplina, enquanto
a média mundial é de 13%. Os docentes
brasileiros gastam também mais 12% das
horas em sala de aula para resolver afazeres administrativos, sobrando somente
68% da carga horária para atividades de
ensino e aprendizagem.
A maioria das escolas públicas é pouco equipada: 0,6% têm laboratório de
ciências; 15% têm biblioteca e sala de
informática; 14% têm somente uma sala
de aula em sua maior parte nas regiões
Norte e Nordeste; e apenas 44% têm infraestrutura básica como água e energia.
Sem citar arremedos de escolas públicas
que sequer possuem vagas para novos
alunos e cujas salas de ensino nem ao
menos têm cadeiras suficientes.
Ao sentirem-se desestimulados, alunos
abandonam as escolas: 24% não concluem o ensino fundamental e 49% o ensino médio. A evasão escolar entre jovens
de 15 a 17 anos beira os inaceitáveis 16%.
13 milhões de pessoas, ainda não sabe
ler nem escrever.
Em artigo, o mestre em liderança e administrador Rodnei Vecchia justifica que
o estupendo desenvolvimento coreano
ocorreu, principalmente, devido a investimentos e incentivos maciços do Estado
em sistemas educacionais públicos de
ensino fundamental e médio (carga horária de mais de 40 horas semanais). “As
salas de aula são adequadas ao ensino,
equipadas com o que há de mais avançado em tecnologia, os professores são
muito bem preparados e remunerados.
Mais de 66% dos gastos com pesquisas
são financiados pelo setor privado, por
meio de incentivos fiscais. A gestão dos
recursos é eficiente, ou seja, criou-se um
ciclo virtuoso que produz continuamente
resultados auspiciosos”.
Foi esse processo de gestão na área
educacional, entre outras medidas tomadas pelo poder público, que transformou a paupérrima Coréia do Sul da
década de 60 em um país rico 50 anos
depois. Nesse mesmo período, o ora
subdesenvolvido Brasil da década de
1950 surge em 2010 como um país ainda
em desenvolvimento.
Na década de 1960 o Brasil e a Coréia do
Sul eram países subdesenvolvidos. Mas
em 2011 a renda per capita coreana representava o triplo da brasileira. A Coréia
praticamente erradicou o analfabetismo,
enquanto, dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (Pnad), de
2013, mostram que 8,3% dos brasileiros
com mais de 15 anos, uma multidão de
Especial
25
cotidiano
GENTILEZA É
QUESTÃO DE EDUCAÇÃO
SANDHRA CABRAL
As boas maneiras, delicadeza e atenção para com outro, além de
garantirem o bom convívio em sociedade,
deixam claro o grau de educação de um povo.
S
egurar a porta aberta para alguém, dar passagem a outros veículos no trânsito, ceder
lugar aos idosos ou gestantes em transportes públicos. Estas são algumas regras
básicas de convivência em grupo, das quais
todos gostam, mas que estão desaparecendo rapidamente das nossas vidas.
Para especialistas, o sumiço paulatino dos gestos
gentis para com o próximo transforma as relações
humanas em contatos frios, hostis e, por vezes,
agressivos.
“A gentileza é a prática de bom convívio social,
portanto, sem gentileza as relações se deterioram
e os conflitos se multiplicam, podendo mesmo
chegar a processos violentos. É preciso que se
entenda que a prática da gentileza, além de educação, é uma forma de organização da sociedade”, adverte Suely Buriasco, Mediadora de Conflitos, Educadora e Escritora.
A carência dessa virtude preocupa psicólogos e
educadores há tempos: em 1996, a gentileza ganhou um dia mundial, instituído em Tokyo, no Japão, comemorado sempre em 13 de novembro.
Aqui no Brasil, o movimento pela gentileza é representado, desde então, pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).
“O objetivo da ABQV é motivar e inspirar as pessoas para que elas possam transformar nossa sociedade em um lugar melhor para se viver, através da
prática diária da gentileza nos diferentes ambientes sociais como família, empresas, comunidades
e sociedade em geral. A ideia é a de se discutir e
estimular a importância de um retorno a valores
universais como amabilidades e gentilezas”, revela Samia Aguiar Brandão Simurro, Vice-Presidente
da Entidade.
Identificar as causas da perda da gentileza em um
mundo globalizado, que prega por mais educação, não é tarefa fácil.
“Há um conjunto de fatores que contribuem para a
desvalorização da gentileza. Um deles é a objetificação do Homem e seu paralelo: a humanização
dos objetos. Como exemplo, basta ver os comerciais de TV valorizando o “ter” em detrimento do
“ser”. Outro fator é a velocidade, a pressa, o excesso de tarefas que as pessoas precisam dar conta
no dia a dia. Parar para cumprimentar, dar a vez,
ajudar a carregar pacotes, tudo isso toma tempo,
um tempo que não temos, por isso a tendência é
não investir esse tempo nessas gentilezas que poderiam nos atrasar. Só que não percebemos que
o atraso passa a ser na qualidade das relações”,
explica Marcos Méier, Mestre em Educação, Psicólogo, Escritor e Palestrante.
Não há, contudo, como falar de gentileza sem falar do ambiente familiar. Segundo Gabriela Cosendey, Psicóloga Clínica, o comportamento do indivíduo revela muito sobre suas origens e a forma
como foi criado. “A gentileza é um exemplo dos
valores que são transmitidos desde cedo pelos
pais e que se espera que sigam com as pessoas
ao longo de suas vidas”, enfatiza Cosendey.
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Como diz o ditado, “gentileza gera gentileza”.
Samia Aguiar Brandão Simurro, Vice-Presidente da Associação
Brasileira de Qualidade de Vida, acredita que o grande problema da sociedade atual é a falta de solidariedade. “Enquanto sociedade, temos cada vez mais problemas que são globais e de
todos. Temos os desafios ambientais, a falta de recursos que
exigem soluções conjuntas e solidárias para a sustentabilidade
do homem e do planeta. É preciso repensar posturas individualistas para que possamos criar um mundo genuinamente hospitaleiro para as próximas gerações onde os valores essenciais
possam ser respeitados e os fracos possam ser apoiados e a
civilidade seja preservada”, sentencia.
GENTILEZA DE PAIS
PARA FILHOS
Ser gentil é, sim, questão de educação e não apenas daquela
que se aprende na escola, mas principalmente daquela que recebemos em casa, dos nossos pais e parentes mais próximos.
A redução da gentileza entre as pessoas, de acordo com Marcos Méier, Mestre em Educação, pode estar centrada no que ele
chama de endeusamento da infância, provocado pelos genitores
da criança.
Segundo ele, as crianças são excessivamente valorizadas, pelos
pais, quanto aos seus desejos egoístas e passam a ser umbigocentradas. “Elas querem comidas especiais, querem ser imediatamente atendidas, não sabem ouvir “nãos” e tudo isso as faz se
sentir tão importantes que as outras pessoas, incluindo adultos
e idosos, nada valem. Assim, esse clima de “tudo pra mim” se
opõe a qualquer ato de gentileza, pois a gentileza é a manifestação visível do quando reconheço o valor do outro e o quanto
reconhecemos isso”, avalia Méier.
Para reverter o processo e resgatar a gentileza é preciso começar cedo, ensinando a criança a brincar sozinha, a fim de que ela
saiba o que fazer quando alguém lhe pedir que aguarde pela
satisfação de seu desejo. “Isso é o início da valorização do outro”, acrescenta o especialista.
Neste processo, é importantíssimo frisar que o mais importante
no ensinamento da gentileza a uma criança é o exemplo. Pais
gentis estão sempre ensinando a criança a ser também gentis,
mas infelizmente o contrário também acontece.
Além da educação essencial e insubstituível que se oferece em
casa, também o Estado tem sua parcela na reforma urgente em
prol da gentileza, a começar pela valorização do professor com
ações reais. Na avaliação de Méier, de nada adianta afirmar que
a Educação é prioridade e deixar o professor sem apoio, sem
salário digno e esperar que ele faça o que a família não está
fazendo.
Antigamente as crianças já chegavam à escola com os bons
modos afiados, já que esta é tarefa dos pais. Contudo, atualmente, se o professor não lhes ensinar essas virtudes, as crianças terão dificuldades nas relações sociais por não compreenderem os mecanismos de respeito ao outro. A gentileza, que
seria a complementação disso, fica ainda mais rara.
Por esse e outros motivos, os professores precisam de formação continuada de qualidade. A psicologia que aprenderam em
seus cursos de licenciatura ou no curso de pedagogia, não foi
suficiente. “Ou se investe na educação de forma séria ou vamos perceber, talvez tarde demais, que será quase impossível
viver num país que não respeita os idosos, as pessoas com deficiência ou qualquer outra pessoa considerada diferente. Além
disso, a lei do umbigocentrismo vai continuar criando pessoas
que não respeitam regras de trânsito, normas de atendimento
ao público, ou regras sociais. A falta de gentileza é só a ponta do
iceberg”, destaca o educador.
A falha é multifatorial e a sociedade precisa acordar para agir
antes que seja tarde. E Marcos Méier adverte: “Os sintomas de
uma sociedade doente já estão surgindo: bullying, bater em
professor, matar para roubar, violência gratuita e tantas outras”.
Cotidiano
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Ser um quarentão solteiro não significa abrir mão de um relacionamento.
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estilo de vida
TENHO 40 ANOS, SOU
SOLTEIRO E VOU BEM,
OBRIGADO!
THIAGO ASSUNÇÃO
Estar solteiro não é exclusividade dos mais novos. Desde que a separação deixou
de ser tabu, principalmente para as mulheres, encontrar homens mais velhos
solteiros, divorciados ou separados é cada vez mais comum.
E há quem faz desse estado civil seu estilo de vida!
Para algumas pessoas estar solteiro é uma fase, uma situação
aonde ela vai encontrar-se consigo mesmo para retomar sua
vida, enquanto para outras “It’s gonna be legendary... wait for it!
Legendary!”.
Assim como o famoso personagem Barney Stinson, do seriado
norte-americano “How I Met Your Mother”, existem pessoas que
adoram ficar solteiras, sem jamais comprometer-se. E não apenas viver um tempinho solteiros, mas fazerem disso um estilo de
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vida, mesmo que já tenham passado dos 40 anos. Os quarentões solteiros e convictos de seu estado civil são a prova disso!
Não são necessariamente pessoas que temem construir uma
família, mas que não criam tantas expectativas em relação
a isso. São namoradores, pegadores e, de certo modo, muito
cobiçados. Dentro deste perfil, você consegue lembrar-se de
algum ator famoso de Hollywood que, apesar de ter cedido ao
casamento, aproxima-se desse estilo de vida do Barney?
George Clooney foi por anos um dos quarentões e solteiros
mais desejados. Existem os solteiros que gostam dessa liberdade, assim como os que curtem o momento antes de se “amarrar” novamente.
SOLTEIRO, PERO NO MUCHO
Cada pessoa interpreta suas experiências de forma diferente.
O que já foi bom antes, pode não ser tão bom depois. Não ter
obtido sucesso no casamento pode ser traumatizante para uns,
enquanto que para outros pode servir como uma experiência a
ser aprimorada no futuro.
“Casar é bom, é a convivência que torna o relacionamento difícil.
Acho que todos deveriam experimentar pelo menos uma vez na
vida, já que a vida de solteiro também nem sempre é boa”, é o
que diz o vendedor de 50 anos, Manoel Viana. Ele foi casado por
16 anos, teve dois filhos, mas está solteiro há um bom tempo.
“Quando me casei, pensava que conviver a dois seria mais fácil,
mas não é. Hoje, eu me sinto muito bem solteiro”, completa.
Neste caso, estar solteiro está sendo uma opção para reavaliar
sua vida, mas isso não quer dizer que ele está morto. “Saio todo
final de semana, conheço muitas mulheres. Com algumas eu
troco telefone, com outras fica apenas naquele encontro”.
É praticamente o mesmo caso do empresário de 40 anos, Marcelo do Valle. “Eu casei em razão da gravidez. Eu tinha 24 anos
e não planejava isso. Gostei bastante dela e foi bom durante um
tempo, mas acho que faltou maturidade para o casal”, explica.
Marcelo adora sua vida de solteiro, mas apenas se envolverá
novamente caso haja um consentimento de seu espírito de liberdade. “Não acho que casar vai tirar minha liberdade, desde
que eu encontre uma mulher madura que respeite isso. Ter a
liberdade de trabalhar até tarde, beber com os amigos de vez
em quando, etc”, finaliza.
ENFIM... SOLTEIRO!
Mesmo que pareça que os quarentões solteiros vivenciam sua
liberdade momentaneamente como todos os outros, existem os
que adotam isso como estilo de vida. Mesmo! “Há uma série de
passos quando se trata de esquecer uma mulher: da cama dela
até a porta, PRÓXIMA!”, filosofa o personagem Barney Stinson.
Seria triste saber que alguém pensa assim, mas ele é uma caricatura de um perfil de homem que aterroriza de certo modo as
mulheres. Não tão cruel quanto o Barney, o comerciante Marcelo Correa, de 42 anos, é um típico solteiro convicto que até gosta
de se relacionar por um período, mas prefere muito mais a sua
liberdade ao casamento.
“Já noivei três vezes, mas nunca oficializei a relação ‘casamento’. Não tenho nada contra, não é a toa que tentei. Acho válido
quando tem realmente afeto e respeito pela pessoa. Mas nos
dias atuais, a frase ‘felizes para sempre’ perde um pouco o sentido. Por que viver infeliz com uma mulher se podemos testar
novas possibilidades?”, comenta.
Marcelo diz que um dos fatores de estar solteiro também parte
delas. “Hoje as mulheres estão independentes financeiramente, sabem o que querem. Até gosto dessa liberdade, mas gosto
de namorar também. O que me incomoda é a possibilidade de
conviver a dois por muito tempo”, completa.
Até que encontre alguém que entenda e aceite viver dessa
forma, Marcelo continuará ligado ao seu universo do solteiro.
“Posso amar uma mulher e ir para casa dormir. Sem cobranças.
E isso não é imaturidade, pelo contrário, é uma reinterpretação
da vida a dois. Vivo minha liberdade plena, me respeito e vou até
o meu limite, que no caso é até a porta da igreja!”, finaliza.
O solteiro convicto de sua escolha não precisa necessariamente
nunca ter experimentado um relacionamento a dois, basta ter
passado por ele e decidido viver de outra forma. E como toda
escolha, elas sempre têm opções.
De acordo com o terapeuta comportamental, Carlos Esteves,
ser um quarentão solteiro não significa abrir mão de relacionamento, pois eles conseguem equilibrar sua vida pessoal com
suas relações, de curto a médio prazo.
“Em termos práticos, estes relacionamentos fluem naturalmente. O casal compartilha algumas noites juntos, mas vive separado. O que governa, em geral, suas escolhas são as consequências de curto prazo: os solteirões não priorizam o longo prazo,
não assumem compromissos do tipo, filhos ou a constituição de
um lar único (nosso)”, explica.
Ele também comenta que esse “novo” estilo de vida, ajuda a
sociedade a se reorganizar. “Em 2013 o filósofo Pascal Bruckner
publicou um livro (já traduzido com o título “Fracassou o casamento por amor?”) onde diz que ao contrário do que a sociedade pensa em relação ao ‘fracasso do casamento’, o que de fato
está ocorrendo é a confirmação de que as pessoas ‘estão casando por amor’, visto que uma relação de longo prazo requer
um constante empenho, na sustentação dos sentimentos, de
sedução, carinho, compreensão, liberdade etc”.
Sabemos que quem está solteiro, nem sempre está assim por
opção dos outros, mas também sabemos que muitos dos solteiros vivem assim, porque assim desejam. O que importa é viver sua vida, seja como for. Esteja solteiro ou não, identifique
apenas se está fechado para balanço ou se essa decisão é um
estilo de vida, e assuma suas escolhas.
E um recado para os solteirões: não façam como o Barney Stinson. Mesmo que ele seja um dos personagens mais engraçados da série, as tiradas de humor sobre as mulheres e o universo masculino limitam-se a ficção. Não sejam tão cruéis com os
outros e muito menos com vocês. As mulheres, com certeza,
agradecem!
Estilo de Vida
29
direito
A ADOÇÃO
NO BRASIL
LUCIANA BRUNCA
T
er um filho é um sonho e também uma das decisões mais importantes na
vida de um casal. As relações familiares são reguladas pelo afeto, amor, carinho, respeito, sendo estes essenciais para a existência de uma família, que
é à base da sociedade. Em 1988 a Constituição Federal, passou a reconhecer como família também aquelas oriundas da união estável e monoparental (quando
apenas um dos pais de uma criança arca com as responsabilidades de criar o filho
ou os filhos), possibilitando que todos pudessem exercer o direito de constituir uma
família, independente de ser natural ou por adoção.
O tempo passou, e hoje a justiça brasileira, também teve que acrescentar mais um
tema nessa discussão: a adoção por casais homossexuais. De acordo com o advogado especialista em Direito Empresarial e de Família, José Alberto Mazza Lima, a lei não
faz distinção de opção sexual para adoção. “A lei não determina nada nesse sentido,
inclusive a lei nem define que tem que ser um casal. Pessoas solteiras também podem
adotar. Claro, que tudo depende da interpretação do juiz e da avaliação das condições
de vida que a criança ou adolescente adotados terão”, explica o advogado.
As determinações de adoção no Brasil são reguladas pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA). Durante o processo de adoção, além de avaliações do perfil pessoal, são feitas também avaliações psicológicas e até sociais, para saber que tipo de
vida as crianças ou adolescentes terão. “Os juízes avaliam tudo e levam em consideração, todos os detalhes, visando sempre fazer a melhor escolha para a criança ou
adolescente adotado. E garantindo que os direitos dos adotados sejam respeitados e
cumpridos. É uma decisão muito importante, principalmente se levarmos em consideração que essa criança ou adolescente já passou por alguns traumas na vida”, disse
Mazza Lima.
Dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) mostram que existe no Brasil mais de
5,4 mil crianças e adolescentes aptos para adoção.
Com o objetivo de esclarecer as principais dúvidas de você leitor, a Revista Nossa Família elaborou uma entrevista. Confira abaixo os principais pontos da lei de adoção no
Brasil, as avaliações que são feitas e também a duração de um processo de adoção.
Veja a entrevista completa:
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Adoção, um ato de investimento afetivo e capacidade de acolhimento.
Revista Nossa Família: O que diz a lei
de adoção hoje no Brasil?
José Alberto Mazza Lima: O Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA)- Lei
8069/90 estabelece o seguinte para a
adoção:
ÎƉƉĜÚ±ÚåƉĵĝĹĜĵ±Ɖޱų±ƉŸåƉ±ÚŅƋ±ųƉæƉÚåƉƖŎƉ
anos, sendo irrelevante o estado civil;
ÎƉkƉĵåĹŅųƉ±ƉŸåųƉ±ÚŅƋ±ÚŅƉÚåƴåƉƋåųƉĹŅƉĵ´ě
ximo 18 anos de idade, salvo quando já
convivia com aqueles que o adotarão,
caso em que a idade limite é de 21 anos;
ÎƉkƉ±ÚŅƋ±ĹƋåƉŠ±ŧƚåĬåƉŧƚåƉƴ±ĜƉ±ÚŅƋ±ųšƉÚåƴåƉ
ser pelo menos 16 anos mais velho que
a criança ou adolescente a ser adotado;
ÎƉkŸƉ±ŸÏåĹÚåĹƋåŸƉŠ±ƴņŸØƉÆĜŸ±ƴņŸšƉĹÅŅƉŞŅě
dem adotar seus descendentes; irmãos
também não podem;
ÎƉ Ɖ ±ÚŅÓÅŅƉ ÚåŞåĹÚåƉ Ú±Ɖ ÏŅĹÏŅųÚ¶ĹÏĜ±ØƉ
perante o juiz, do promotor de justiça e
dos pais biológicos, salvo quando forem
desconhecidos ou destituídos do pátrio poder (muitas vezes se acumula, no
mesmo processo, o pedido de adoção
com o de destituição do pátrio poder dos
pais biológicos, neste caso devendo-se
comprovar que eles não zelaram pelos
direitos da criança ou adolescente envolvido, de acordo com a lei);
ÎƉ‰ų±Ƌ±ĹÚŅěŸåƉ ÚåƉ ±ÚŅĬåŸÏåĹƋåƉ Šĵ±ĜŅųƉ ÚåƉ
12 anos), a adoção depende de seu consentimento expresso;
NF: Como é feito o processo de avaliação para que o casal esteja apto a adotar uma criança ou adolescente?
ÎƉĹƋåŸƉÚ±ƉŸåĹƋåĹÓ±ƉÚåƉ±ÚŅÓÅŅØƉ±ƉĬåĜƉåƻĜě
ge que se cumpra um estágio de convivência entre a criança ou adolescente e
os adotantes, por um prazo fixado pelo
juiz, o qual pode ser dispensado se a
criança tiver menos de um ano de idade
ou já estiver na companhia dos adotantes
por tempo suficiente.
Mazza Lima: O pretendente passa por
avaliação de psicólogos, assistentes sociais, juiz e promotor, devendo provar
que é capaz de oferecer, basicamente
o que está garantido pelo artigo 227 da
Constituição Federal, isto é: o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além
de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
NF: Existe diferença no processo de
adoção de casais heterossexuais para
casais homossexuais?
Mazza Lima: Não tem previsão legal para
isto. Nem precisa ser casal. Uma pessoa
solteira pode adotar.
NF: A lei da adoção já reconhece casais
do mesmo sexo?
Mazza Lima: A lei não faz previsão nem
de que seja casal, por isto não há distinção para casais do mesmo sexo.
NF: Quanto tempo demora um processo de adoção no Brasil?
Mazza Lima: Isto é relativo. Embora o
processo seja igual em qualquer lugar do
Brasil, pode demorar tempos diferentes
em cada cidade, dependendo da existência de varas especializadas em direito de família, número de processos e de
profissionais à disposição do juiz e, até
mesmo do ritmo de trabalho de cada juiz.
Direito
31
retrato de família
PARENTE É SERPENTE?
NÃO, NEM SEMPRE.
DOMINGOS CRESCENTE
N
os anos de 1990, uma comédia do
cineasta Mario Monicelli fez muito
sucesso mostrando as diferenças entre os componentes de uma típica família italiana,
que se reúne para comemorar o Natal e recebem
a notícia de que os avós pretendem ir morar com
um dos filhos. As situações – muito divertidas –
baseiam-se no jogo de empurra, uma vez que
ninguém quer assumir essa responsabilidade.
É muito engraçado e, como toda comédia, exagera nas situações e no título. Porque, na realidade, se parentes discutem por coisas menores,
geralmente estão unidos naquilo que é realmente
importante.
Não é fácil falar sobre a família, apesar de o tema
estar presente em nossas vidas todos os dias. Em
casa, vivemos em família. No cinema ou na televisão, a família nunca deixa de estar presente,
seja na forma de drama em novelas de horário
nobre; seja em séries humorísticas. Nos últimos
dias, até mesmo no discurso de quase todos os
candidatos a um cargo eletivo, de presidente a
deputado estadual, lá estava a defesa da família. E justamente por ser um assunto tão amplo e
apaixonante, torna-se difícil escolher apenas um
aspecto para tratar.
As desavenças familiares, que existem e são
até bastante comuns, não tiram a importância
e o papel da família na formação de uma
sociedade melhor, mais produtiva e mais ética
UMA FAMÍLIA DE 4.600 ANOS
De qualquer forma, o que podemos destacar, sem
sombra de dúvida, é a importância da estrutura
familiar na formação de nossa sociedade. Não
apenas da sociedade atual, mas também nas sociedades das várias épocas desde os primórdios
do homem sobre o planeta.
Pesquisadores da Universidade de Adelaide, na
Austrália, realizaram um exame de DNA nos restos mortais de quatro corpos encontrados juntos
em um sítio arqueológico. Eles concluíram trata-se de mãe, pai e dois filhos que viveram há mais
de 4.600 anos. Esse ainda é o mais antigo registro
genético de uma família em todo o mundo.
Mas o termo família só surgiu mesmo no Império
Romano. É um tanto irônico, mas necessário ressaltar que o termo família não tem uma origem tão
nobre assim. Ele vem da expressão latina “famulus”, que significava “escravo doméstico”. A família,
com a acepção moderna desse termo, era designada no Império Romano como “família natural”, e
para se referir ao relacionamento de pais e filhos,
apenas. Só na Idade Média é que esse conceito se
expandiu, com a complexidade criada pelos diversos casamentos e pelas novas famílias formadas.
Daquela época para cá, a verdade é que os grupamentos com base em casamentos e parentescos
foram sendo constantemente influenciados por
grandes transformações, como a Revolução Francesa, a Revolução Industrial ou o ambiente atual,
marcado pela individualidade exacerbada, os pequenos apartamentos e vida corrida nas grandes
cidades.
Mas, longe desses problemas representarem um
perigo para os grupamentos familiares, eles mostram sua força como um núcleo afetivo e de apoio
32
Nova Família
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O papel da família sempre contribui para a formação de uma sociedade melhor.
mútuo, representado pela cooperação entre seus
membros, seja do ponto de vista afetivo, como financeiro, de trabalho, saúde etc.
A importância da família na orientação dos filhos
– por meio da educação e transmissão de seus
conceitos éticos e morais, além do seu encamihamento ao mercado de trabalho e criação de
nhamento
ma nova família – é essencial na formação de
uma
uma
ma sociedade mais sadia e produtiva. Na realidade, a família atua não apenas como um incentivador desses conceitos de união, amor ao próximo
e ajuda
uda mútua. A família contribui também para
reprimir
mir atitudes consideradas antissociais ou inadequadas,
adas, de acordo com a época ou a cultura.
PAPA
A ELEGE NOVAS FORMAS
DE VIVER
IVER EM FAMÍLIA
Há uma prova recente e inconteste das mudanças pelas quais o conceito de família passa. Em
setembro desse ano, o Papa Francisco, diante
dos meios de comunicação de todo o mundo
mundo, celebrou 20 casamentos,
asamentos, entre os quais o de uma
mãe solteira
a com seu novo co
companheiro, cujo
primeiro casamento
amento havia sido considerado nulo.
A mensagem não po
poderia ser mais clara: a Igreja
deve ser capaz de acolher em seu seio
Católica de
formas de viver em família, respeitando as
novas form
mudanças exigidas pela vida moderna e os cosO encontro dos bispos da Igreja
tumes vigentes.
vige
que reunirá, até 19 de outubro no VaticaCatólica, qu
tem a família como tema e
no, 253 participantes
par
esclarecer muitas questões relativas à visão
pode escla
sobre a estrutura familiar atual, que é a
da Igreja so
nossa sociedade.
base de no
OUTRAS CULTURAS
OUTRA
Os critérios que definem uma família, na cultura
ocidental, ssão os laços de sangue ou de pessoas
unidas legalmente
lega
como no caso do casamento e
das adoções.
adoçõe Outras culturas podem definir a família por critérios
c
diferentes, como uma série de
regras de a
afiliação e aliança aceitas pelos membros, como a poligamia (um homem e várias esposas), a p
poliandria (uma mulher e vários esposos)
ou at
até mesmo o incesto.
Mas, sempre envolvendo costumes locais arraigados, nem sempre de fácil assimilação no Ocidente. O que é realmente importante notar é que
o papel da família, seja em que qual cultura for,
terá sempre o importante papel de contribuir para
a formação de uma sociedade melhor.
Retrato de Família
33
Educação
EM PLENO SÉCULO XXI O
ASSUNTO SEXO
AINDA É UM TABU
ENTRE PAIS E FILHOS?
BABI MACKENZIE
O assunto sexo ainda é tabu entre pais e filhos devido a uma série de razões, entretanto, quanto mais
cedo os pais entenderem que sexo é uma parte integral da vida de uma família melhor, pois, através
do diálogo franco e aberto, fica muito mais fácil auxiliar nossos pequenos curiosos a lidar com sua
sexualidade, de maneira a encontrar respostas seguras para perguntas que surgirão ao longo dos
anos de formação, ajudando-os a discernir limites entre o que é bom ou mal, e, principalmente,
derrubando mitos ou falsidades para se ter uma vida muito mais saudável e feliz.
ENTENDENDO QUE A SEXUALIDADE É
PARTE NATURAL DO SER HUMANO
DA CURIOSIDADE A COMPREENSÃO
DA SEXUALIDADE
A grande maioria dos pais e mães não sabe que a educação
sexual é efetivamente iniciada no dia do nascimento do bebê.
Até seu primeiro ano, ele/ela, através dos sentidos, reconhece
e percebe instintivamente as diferenças, até anatômicas, entre
o pai e a mãe. Nesta fase, os bebês ainda são incapazes de
fazer julgamentos morais. Mesmo assim, é comum pais e mães
terem sérias dúvidas quanto a moralidade de andarem nus ou
tomarem banho com seus filhos.
Do primeiro para o segundo ano de vida do bebê, se inicia a
fase da cognição básica, isso é, ele/ela percebe claramente a
diferença entre a mãe e o pai e o seu papel naquela “mini sociedade” que institui a família, e isso é reforçado até pela escolha
de brinquedos e vestuário que é feita pelos pais.
Mesmo assim, se um pai ou mãe não se sentir confortável andando nu na frente de sua filha ou filho de tenra idade, ele/ela
não deve se forçar a fazer isso, pois, inconscientemente poderá
passar uma imagem contraditória. Por exemplo, um pai que reage abruptamente ao ser tocado no pênis por seu bebê de um
ano de idade estará passando para ele/ela uma reação negativa ao seu órgão sexual.
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Ocorre também uma curiosidade natural em relação ao corpo
da mãe e do pai, e não é de se estranhar caso esse pequeno ser
queira tocar em partes do corpo dos pais por pura curiosidade.
Reforço que o ideal é reagir da forma mais natural, honesta e
correta possível.
Dos três aos cinco anos de idade, esta cognição se aprofunda
quanto à percepção anatômica, mas, principalmente em termos
comportamentais e na escolha de brincadeiras. No entanto, devido ao acesso que as crianças atualmente possuem em termos dos meios de comunicação, como a televisão, internet e
revistas, é comum as crianças serem submetidas a informações
de baixa qualidade ou crueza.
Jeanette Dieti . shutterstock
Curiosidade sexual na criança é parte natural do ser humano.
Em culturas onde o cuidado com o conteúdo assistido por crianças não é levado muito
a sério, o acesso a questão da sexualidade é muito mais disponibilizado, sendo muito
comum cenas de beijos, excessivamente ardentes, nas novelas das 6 da tarde, o que
pode causar confusão para as crianças que não tiverem pais aptos, abertos ou presentes para dialogar e orientar positivamente.
É nesta idade que eles costumam perguntar de onde nascem bebês ou como foi que
aquele bebê entrou na barriga da titia? Devemos mentir, contar que foi uma cegonha
que os trouxe ou que a titia engoliu uma semente e o bebê germinou? Será que já não
basta os pais serem literalmente obrigados a sustentarem uma mentira coletiva em
relação ao Papai Noel, o Coelho da Páscoa e a Fada do Dente? Que tipo de modelo
de comportamento (role model) os pais estão passando para os filhos quando faltam
com a verdade?
CLUBE DO BOLINHA E DA LULUZINHA
A partir dos cinco anos, meninos e meninas já possuem uma compreensão clara a
respeito de suas diferenças físicas, inclusive se agrupando – o tal do Clube do Bolinha
ou da Luluzinha!
A curiosidade sexual já esta muito mais aflorada nesta idade, já entraram na fase genital que compreende a descoberta da sensualidade, de se tocar, explorar o corpo,
do “troca-troca”, da fantasia, até do pecado, e é precisamente nesta fase que é muito
importante auxilia-los a passarem por ela com tranqüilidade e equilíbrio.
Educação
35
Educação
Mais importante ainda, é deixar claro que tudo que estão passando e sentindo fisicamente é perfeitamente normal. A questão da masturbação deve ser esclarecida,
explicando que menos é melhor para o corpo, pois o excessivo aumento de interesse
ou atividade sexual nesta idade é um claro indicador de ansiedade, ou de alguma dificuldade que a criança possa estar tendo para lidar com as pressões do seu dia a dia,
e se esse for o caso, essa é uma boa oportunidade para conversar e ver o que está
acontecendo.
A verdade gera o equilíbrio e a confiança em tudo que
é bom, belo e verdadeiro. E isso deve ser incentivado
desde o início. Continuar a fomentar mitos e tabus é viver na ignorância, na idade da escuridão que só gera
mais ignorância, desequilíbrio e confusão emocional.
ADOLESCÊNCIA
A partir dos nove anos ou na pré-adolescência, podemos dizer que a compreensão
de que existem outros aspectos comportamentais sexuais na sociedade, como o
homossexualismo, já é mais clara.
Além do mais, há um aumento significativo em relação a curiosidade sexual onde a
internet é o instrumento de preferência desses aventureiros. Sites de pornografia de
todos os tipos imaginários não ajudam os pais a responderem perguntas difíceis como,
“por que tem gente que gosta de ser chicoteado”, “por que têm mulheres que gostam
de se vestir de enfermeiras”, ou, “o que é aquele negócio que vibra no fundo da sua
gaveta?”, questões ainda mais difíceis de responder se o adulto se colocar no papel
de onipotente dono da verdade. Que tal perguntar a eles o que eles acham, de abrir
uma pauta para discutir o que é isso que existe na sociedade e juntos chegarem “nos
por quês”?
Acredito que todos ficarão surpresos com os resultados positivos de uma abertura
verdadeira e real das questões sexuais com os filhos desde a mais tenra idade, pois
esta atitude abre portas de comunicação que serão vitais para o futuro de muitos de
nossos filhos, ajudando-os a tomar decisões boas para suas vidas, transformando-os
em jovens adultos responsáveis e felizes.
Esta possibilidade de diálogo não é só relacionada a questões sexuais, mas também a
questões de drogas, álcool, baladas e outros dilemas e dificuldades que nossos filhos
possam vir a encontrar estrada abaixo ou acima.
Babi Mackenzie é educadora desde 86, fundadora da Teaching Company.
UMA NOVA REVISTA. UMA NOVA FAMÍLIA
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REVISTA NOVA FAMÍLIA
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DE VIDA!
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37
direito
POR QUE OPTAR,
NA SEPARAÇÃO,
PELA GUARDA
COMPARTILHADA
DOS FILHOS? E POR
QUE NÃO?
Abordaremos, nas linhas que seguem, alguns aspectos legais da guarda
compartilhada, bem como suas vantagens e desvantagens, tanto pela ótica dos
pais, quanto pela ótica das crianças.
NAZIR MIR JUNIOR
ORIGEM
A
Comissão de Constituição e Justiça (C.C.J.)
do Senado federal aprovou, na data de 02
de setembro de 2.014, o projeto de lei
que obriga a adoção da guarda compartilhada do filho de pais separados
que não chegarem a um acordo. O texto ressalva
que a guarda compartilhada só será aplicada se
cada um dos pais estiver apto a exercer o poder
familiar e se eles também tiverem interesse na
guarda.
Atualmente, o uso desse regime, nos casos em
que não há acordo entre pai e mãe, não é obrigatório. De acordo com o Código Civil, se essa situação ocorrer, a guarda será aplicada “sempre que
possível” pelo juiz de família.
A ideia de guarda compartilhada surgiu em resposta ao desgaste da guarda exclusiva em face de uma cultura igualitária que
prioriza o interesse do menor, e a igualdade dos sexos.
A guarda compartilhada, com o nome de “joint custody” teve início na Inglaterra por volta dos anos sessenta, mais precisamente
em 1964, no caso Clissold, que iniciou uma tendência que faria
escola na jurisprudência inglesa.
CONCEITO
O conceito legal de guarda compartilhada vem esculpido no
parágrafo 1º do artigo 1.583 do Código Civil, com a redação
que lhe deu a Lei nº11.698/2008, ao dizer que “compreende-se
(...) por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o
exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam
sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos
comuns”.
Pode-se, assim, conceituar o instituto da guarda compartilhada
como o modelo de cuidado parental em que, mesmo depois de
separados, os pais continuam a exercer, de forma igualitária, os
direitos e deveres em relação à guarda, do mesmo modo que
faziam na constância da união.
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A guarda compartilhada concede ao filho o direito de usufruir tanto do contato com a mãe quanto com o pai.
direito
As responsabilidades na guarda conjunta, nesse diapasão,
serão exercidas em comum, não sobrecarregando,
econômica ou emocionalmente, somente um dos genitores.
VANTAGENS E DESVANTAGENS DA
GUARDA COMPARTILHADA
POR QUE NÃO OPTAR PELA GUARDA
COMPARTILHADA?
A guarda compartilhada, em teoria, é um instrumento que concede ao filho o direito de usufruir tanto do contato com a mãe
quanto com o pai por um período maior, admitindo maior flexibilidade nesse convívio. Mas, para que atinja o seu objetivo é preciso na prática que os adultos responsáveis pela criança, antes
de entrar com o processo para regulamentar a guarda, observem as características de suas famílias, bem como a qualidade
da relação que permaneceu entre os dois, após a separação.
Isso porque, se optarem pela guarda compartilhada, os encontros e as trocas de ideias entre eles deverão ser muito mais frequentes, já que o acordo deve pressupor, também, a divisão de
despesas e a tomada de decisões em consenso.
A guarda conjunta, da mesma forma que qualquer outro modelo de cuidado parental, pode não funcionar bem em alguns
casos. Os pais devem ter consciência de que possuem não
apenas direitos, mas, também, deveres.
POR QUE OPTAR PELA GUARDA
COMPARTILHADA?
São inúmeras as vantagens tanto para os filhos, quanto para os
pais. Garante, aos filhos, os benefícios da convivência igual com
cada um dos pais, não havendo a ausência de nenhum deles.
Propicia melhor adaptação do infante ao novo grupo familiar de
cada um de seus genitores e transmite uma melhor imagem de
família aos filhos. A guarda compartilhada ajuda ainda na continuidade do cotidiano familiar, evitando que o filho tenha de
escolher entre um dos pais.
Em relação aos pais, o instituto da guarda compartilhada melhora aspectos como a qualificação na competência de cada
um deles, maior cooperação e melhor divisão dos gastos de
manutenção dos filhos. Deste modo, ocorrem menos mudanças no relacionamento entre os pais e os filhos. Os pais, através
da equiparação de tempo livre para a organização de sua vida
pessoal e profissional, teriam, ainda, maiores possibilidades de
reconstruir suas vidas depois do término do vínculo conjugal.
A pensão alimentícia deixa de ser um problema pelo acordo
de divisão de tarefas. Mas é possível o pagamento sempre que
presente o binômio necessidade e possibilidade.
40
Nova Família
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Se os pais têm conflitos constantes não é possível a concessão
da guarda compartilhada, pois estaria seguindo na contramão
do modelo familiar de bom relacionamento. Causaria, neste
caso, severos efeitos colaterais na criança, correndo o risco de
tornar a rotina familiar uma completa desordem, eivada de desentendimentos e brigas.
Novas batalhas judiciais surgiriam quando um dos genitores,
como representante do filho, quisesse praticar algum ato que
o outro não concordasse, gerando situações embaraçosas, que
na verdade, poderiam ser resolvidas facilmente.
Outra dificuldade é a difícil adaptação da criança, principalmente quando muito pequena, a moradias diferentes, por ainda estar em formação, tanto física quanto psicológica. Tanto o direito
quanto a psicologia priorizam a importância da referência de
uma moradia estável.
Há, ainda, a dificuldade dos custos maiores na criação de moradias apropriadas, ficando os filhos sujeitos a um constante ajustamento.
Doutrinadores há que entendem ser a
mãe quem deve ter, na maioria dos casos, a guarda dos filhos. Assim, a guarda
compartilhada afastaria o afeto materno
que é essencial à criança.
Deve-se, portanto, analisar cada caso
com cuidado. Deverá o juiz olhar todos
os requisitos necessários para concessão da guarda compartilhada e, se for
mais vantajoso, deverá, evidentemente
ser aplicada, visando o melhor interesse
do menor.
COMO DIZ LUIS
FERNANDO VERÍSSIMO:
"LER É O MELHOR
REMÉDIO.
LEIA JORNAL...
LEIA OUTDOOR...
LEIA ALGUÉM!!’ LEIA A
REVISTA NOVA FAMÍLIA!
É inegável que o instituto da guarda
compartilhada tenha sim inúmeros benefícios, tanto para os pais quanto para
os filhos. Contudo, pensamos ser temerária a possibilidade de torna-la obrigatória, isso porque, conforme já discutimos,
a guarda compartilhada tem chance de
sucesso tão somente nos casos em que
os pais guardam boa relação após o término da união. Nos casos em que houver
um clima de animosidade entre os genitores, a guarda compartilhada poderá
trazer grandes malefícios ao desenvolvimento da criança.
Cabe ao Magistrado, assim, cuidado e
bom senso na concessão, ou não, da
guarda compartilhada.
Nazir Mir Junior é advogado atuante nos
ramos do Direito Civil, Direito Empresarial, Direito do Consumidor, Direito de
Família e Sucessões (Área Cível), Direito
Penal, Direito Administrativo, Direito Ambiental, Direito Tributário e Direito Financeiro (Direito Público).
Direito
41
religião
RELIGIÃO
& FAMILIA
SYLVIO MONTENEGRO
Não há um nível do conhecimento humano mais aberto às conveniências do que
o nível da crença. Aquele que gera o nível “teológico” e, consequentemente, o
religioso, baseado nas mais diversas religiões espalhadas pelo mundo, formas
particulares de pensamento acabam por tentar se impor umas às outras. E
daí surge uma dúvida àquelas pessoas que realmente prezam pela liberdade
individual de culto: “Devo eu ou não, influenciar a vida espiritual de minha família
e, em especial, a de meus filhos?”
É
bom lembramos que “crer” também é
“conhecer”, só que de uma maneira intuitiva, sem grandes explicações a respeito. Algumas religiões até se aproveitam dessa intangibilidade do saber para,
através de “crenças inexplicáveis”, subjugar seus
fiéis. Outros níveis mais famosos de conhecimento são o “empírico” (aquele que se sabe por experiência e não por estudo, sem preocupação com
suas causas), o “científico” (que vai além do mero
empirismo exatamente porque busca suas explicações, causas e consequências) e o “filosófico”
(que parte da análise do material para o universal,
elaborando hipóteses e postulados para as grandes perguntas da Humanidade: Quem sou eu? De
onde vim? Para onde vou? E por que estou aqui?).
Tratamos aqui apenas do conhecimento “teológico” e de sua relevância para a família de uma
forma geral.
DEVEMOS? PODEMOS?
Uma das funções primordiais de pais, responsáveis, educadores e tutores é a de orientar seus
dependentes. Em todas as circunstâncias da vida.
Por que a religiosidade seria diferente?
42
Nova Família
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No entanto, devemos ter com os nossos familiares
a mesma caridade proposta por todas as confissões religiosas: o respeito ao próximo. Isso significa
que sim; não só temos o direito, como a obrigação
de apresentarmos, aos nossos, a nossa forma de
pensar a religião e colocar a disposição deles essa
educação que nós mesmos obtivemos em algum
momento de nossas vidas.
Porém, existe um pressuposto bastante esquecido
no seio familiar quando se trata da educação religiosa. A multiplicidade de opiniões. Seria bastante
difícil que qualquer pessoa conseguisse passar a
alguém todas as variações de crenças de todos
os tempos em todos os lugares para que esse
“aprendiz” pudesse escolher sua forma de pensar. Ninguém tem esse conhecimento todo. Mas,
adotando-se um princípio filosófico de Sócrates,
podemos sim achar um caminho respeitoso para
falarmos de fé: “Tudo o que sei é que nada sei”.
Podemos falar do que acreditamos, mas devemos
deixar claro que isso não é a “verdade” definitiva,
mesmo que nossas religiões assim se autoproclamem. Falando e exemplificando nossas crenças
pessoais (sim, porque toda crença “É” pessoal,
por mais que se aglutinem as pessoas) estaremos
mostrando uma luz no caminho de quem está se
descobrindo em sua formação humana. Mostrando; não impondo.
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Crer” também é “conhecer”.
MAS SABEMOS O QUE É “RELIGIÃO”?
A palavra “religião” deriva do latim “religio, religionis”, que têm o sentido de “culto, cerimônia, lei divina, santidade, prática religiosa”. O problema começa quando se busca
qual o verbo que esse substantivo latino teria formado nominalmente: “religare” ou
“relegere”? Parece mera discussão acadêmica, mas é fundamental para sabermos do
que estamos falando e o que iremos falar aos nossos familiares.
A maior parte das doutrinas religiosas costuma vincular “religião” com o vulgo “religare”, que, na prática, quer dizer “religar, atar, apertar, ligar bem”. Nessas explicações
doutrinárias, “religare” seria a tentativa de “religar” o Homem a Deus. Pode até ser uma
visão bonita e parecer ter sentido. Mas ela explicaria muito o porquê de tanta resistência por parte de jovens e adolescentes em adotar uma religião. Quem, de bom grado,
gostaria de estar “atado”, “apertado” ou “bem ligado” a alguma coisa, sendo que, assim
interpretada, a religião traria, intrinsicamente, a ideia de falta de liberdade?
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Religião
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religião
A espiritualidade permite a vida.
Por outro lado, “relegere” (“meditação”, “a consideração atenciosa para com as coisas que dizem respeito a Deus”; além de
“reeleger”, “reescolher”) não é tão aceita como origem de religião, mas parece ser a que mais se aproxima do sentido que se
gostaria de dar a ela, trazendo, aí sim, a possibilidade da reflexão
sobre crenças, nas escolhas, reescolhas, através de uma meditação atenciosa nas coisas que diriam respeito a Deus. Convenhamos: para a juventude em sua fase de descobertas isso é
bem mais atraente e faz muito mais sentido.
“VERDADES” E “VERDADES”
Tentemos fazer uma pessoa pensar sobre suas crenças – e não
simplesmente aceita-las sem explicações – e teremos uma fé
robusta e consolidada. E, caso não a tenhamos ainda, pelo menos não teremos uma crença que se destruirá na primeira dificuldade vivenciada por essa pessoa.
E, verdade seja dita, não é o que entendemos como verdade
que vai se perpetuar. Conheçamos ou não a “verdade”, ela, a
“verdade”, se imporá no momento necessário por conta própria,
sem precisar de nenhuma ajuda opinativa de ninguém.
No entanto, nenhum desses três conhecimentos faria o menor
sentido, se não dependesse da sua utilização e das consequências morais que dele adviriam. O conhecimento religioso serve para balizar não as perguntas filosóficas aqui já colocadas
(Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? E por que estou
aqui?), mas sim uma outra tão importante quanto as demais:
“Como vivenciar essa vida?”.
O ESPÍRITO DE FAMÍLIA
Ao educarmos nossa família num ambiente de busca de conhecimento em todos os seus níveis, mas com respeito às diversidades, opiniões, crenças e “certezas”, estaremos sim criando
um ambiente sólido, não estanque, e de muito afeto emocional
e amorosidade universal.
A religiosidade tratada com a mais pura espiritualidade é remédio para qualquer momento difícil. Para qualquer lugar... Em
qualquer época!
O QUARTO NÍVEL DE CONHECIMENTO
Podemos conhecer coisas porque aprendemos na prática o
que elas significam...Podemos conhecer coisas porque as estudamos e as esmiuçamos a exaustão para que soubéssemos
explica-las até que outra pessoa a explique melhor... Podemos
conhecer coisas de forma dedutível, utilizando-nos dos nossos
outros dois níveis de conhecimento anteriores, já adquiridos...
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Sylvio Montenegro é jornalista e radialista. Estudioso sobre as
mais diversas formas de crenças, especialista em realizações
de celebrações sociais e espirituais de casamento e bodas, sem
cunho religioso ou civil.
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FAMÍLIA TRILHA O CAMINHO!
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Nova Família
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trabalho
O primeiro passo é descobrir o que te deixa feliz.
O
que te faz feliz? No primeiro momento parece uma pergunta comum, e de fácil resposta. Mas os
desafios do dia a dia no trabalho, nos estudos, na família, no casamento, no relacionamento com as
pessoas são tantos que muitas vezes nos perdemos nesse turbilhão de emoções e cobranças e nos
esquecemos de nós. E a pergunta tão simples, lá de cima, é a chave de tudo.
Segundo a coach Ana Martinez, o primeiro passo é descobrir o que te deixa feliz. “Dançar? Sair com os amigos? Praticar atividade física? Ler? Ouvir música, arrumar a casa, mexer com as plantas, enfim, precisamos
descobrir algo que nos dê prazer, satisfação, alegria e nos relaxe”, afirmou.
Ana defende que a felicidade é uma questão de atitude diante da vida. “A maioria das pessoas espera um
acontecimento especial como uma festa, uma mudança de casa, um emprego novo, para ser feliz. Mas não
é isso, a felicidade tem que existir em pequenas coisas, até mesmo diante dos problemas temos que ser
feliz. Os desafios da vida não vão deixar de existir, temos que aprender a melhor maneira de lidar com eles,
respeitando sempre os nossos limites”, explica.
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O CAMINHO
DA FELICIDADE
LUCIANA BRUNCA
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o caminho da
felicidade começa nas pequenas atitudes cotidianas, como por
exemplo, dizer um simples obrigado melhora a qualidade dos
relacionamentos interpessoais e a satisfação diária. “Os efeitos
da gratidão vão muito além, quando demonstramos gentileza,
respeito pelo próximo recebemos isso de volta e tornamos as
nossas relações pessoais e profissionais muito melhores. É a lei
da ação e reação, a gente sempre recebe aquilo que oferece”,
reforça Ana.
Falar sobre os sentimentos também é uma atitude necessária
para encontrar o caminho da verdadeira felicidade. “Diga para
as pessoas que trabalham com você, para seus familiares, seus
amigos, enfim que você os ama, que se sente feliz em dividir
a vida com eles. E claro, naquele dia que você não estiver tão
bem, até porque somos seres humanos e não máquinas e não
temos que estar sempre estáveis todos os dias, também diga
para eles que não está tão feliz assim, mas que é importante tê-los ao seu lado. Saiba dar e receber o carinho e a atenção das
pessoas”, recomenda a coach.
Realizar um trabalho voluntário, fazer doações para entidades
beneficentes ou até mesmo dar presentes para alguém traz
uma sensação de paz, alívio e felicidade.
A coach ressalta que praticar uma atividade física também é um
passo importante. “Não precisa ser em academias caras, com
aparelhos sofisticados, com personal trainer. Basta encontrar
um parque, um bosque ou uma simples avenida arborizada
para caminhar, correr, andar de bicicleta, enfim mexer o corpo.
Além de melhorar a aparência física, que já irá trazer uma satisfação, o exercício alivia os pensamentos e ajuda na oxigenação
do cérebro”, afirma Ana.
Manter a casa organizada, a mesa de trabalho em ordem são
outras atitudes simples que estão diretamente ligadas a felicidade. “Finalizar uma atividade que começou, também é importante, às vezes na correria do dia a dia, iniciamos várias coisas
ao mesmo tempo e ao final do dia, olhamos para trás e percebemos que deixamos muitas coisas pela metade. Temos que
aprender a organizar o tempo, e as tarefas diárias para tentar-
mos iniciar e finalizar as atividades. Isso traz a sensação de dever
cumprido e de realização”, enfatiza a coach.
Encontrar ‘cinco minutos’ no dia, para relaxar e ‘diminuir’ a velocidade dos pensamentos é uma boa medida para alcançar o
bem estar físico e emocional. “Não existe a necessidade de ser
um local preparado, pode ser um canto da sala, no quarto, no
jardim, um local que a pessoa consiga se desligar, colocar os
pensamentos em ordem e recarregar as energias. Esse é um
exercício simples, mas que traz inúmeros benefícios“, diz Ana.
Valorizar os momentos de lazer. Para Ana isso é fundamental, e
não precisa ser uma viagem para o exterior ou um passeio por
um lugar lindo e famoso. Um simples café da manhã com a família ou com amigos, sem hora para terminar, pode trazer muita
felicidade e satisfação. “São os detalhes que fazem a diferença, as pequenas coisas. Temos que aprender a valorizar esses
momentos, que muitas vezes passam despercebidos. Por mais
clichê que possa parecer, a felicidade está sim nos detalhes, e
temos que buscá-la diariamente, em todas as nossas atividades. Na verdade, esse é o grande segredo da busca da felicidade, sabermos encontrar em cada detalhe, cada dia chuvoso ou
ensolarado, em cada novo desafio que a vida nos oferece o lado
bom de tudo. Respeitando os nossos limites, anseios e medos,
dessa maneira vamos aprender a lidar de maneira prazerosa
com os problemas do dia a dia e manter sempre a alegria de
viver”.
Ter coragem diante da vida também é importante para sermos
felizes. “Se não estamos satisfeitos com algo, seja o trabalho,
seja em relação a alguma pessoa, temos que analisar a situação e tomar uma atitude, uma decisão. Todos querem ser realizados profissionalmente, bem sucedidos, ter um bom salário,
mas se não estivermos bem com a gente mesmo, nada disso
vai fazer a diferença. Ter coragem para avaliar se o trabalho que
está desenvolvendo está sendo satisfatório, e se não estiver é
hora de mudar e recomeçar. Claro, que falar é mais simples do
que fazer, mas quando temos essa coragem, vamos ver que os
resultados serão fantásticos e todos os riscos envolvidos ficam
pequenos”, finaliza Ana.
Trabalho
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Saúde
HÁBITOS SAUDÁVEIS
PODEM AJUDAR A
COMBATER O STRESS
DO DIA A DIA
KAREN STERNFELD
A correria da vida atual nos impede muitas vezes de manter uma dieta e estilo de
vida saudável. Vivemos no milênio 2.000 em um ritmo frenético, e muitas vezes a
saúde e a alimentação acabam virando preocupações secundárias nessa correria
da vida moderna. Esse ritmo frenético vem acompanhado de muito stress, que
além de fazer nosso dia a dia mais conturbado, vem com efeitos colaterais; como
ganho de peso, acúmulo de gordura localizada e até mesmo o desenvolvimento
de doenças.
Aqui estão alguns sintomas de stress: dor de cabeça, ansiedade, depressão, dores
no peito, cansaço, fatiga, desequilíbrio no apetite (comer de mais ou de menos),
náusea, distúrbios de sono, perda de libido, problemas em concentração e acne.
STRESS PODE ATRAPALHAR
SEU APETITE
Quando estamos estressados o que acontece?
Acabamos ficando com desejos de comidas que
nos “confortam”, e geralmente essas comidas vêm
carregadas de açúcar. Comemos e comemos e
parece que nunca ficamos satisfeitos. Ao longo
do tempo, com freqüentes episódios de stress, o
constante consumo de açúcar pode causar ganho
de peso, acúmulo de toxinas, e até mesmo o desenvolvimento da diabetes. A tentativa de fuga do
stress, através da comida, não resolve o problema
de base e pode causar esse desequilíbrio na alimentação, aumento de peso e toxinas no corpo.
O oposto também é possível, stress pode tirar
completamente seu apetite, isso pode levar a desnutrição. Assim como o excesso de comida causa
problemas a saúde, a falta pode ser tão ou mais
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sério. Conseqüências como um sistema imunológico fraco, anemia, problemas cardiovasculares
e osteoporose são algumas das muitas possíveis
consequências de uma alimentação pobre.
A dica aqui é ter sempre opções saudáveis a mão.
Seja por excesso ou falta de apetite, frutas secas,
castanhas e cenourinhas, são alguns exemplos
práticos e de fácil acesso. Se o seu caso é de excesso, essas são ótimas opções para comer “compulsivamente”, se você sofre com a falta de apetite e tiver opções como essas a mão pode servir
como o lembrete de que se deve comer.
STRESS PODE CAUSAR
PROBLEMAS NO CORAÇÃO
Quando estamos estressados, o coração acelera,
a pressão aumenta e nossa respiração se intensifica. Essas são respostas que nosso corpo tem
a um estado que chamamos de luta ou fuga. Em
Africa Studio . shutterstock
Comer mais
Gorduras Saudáveis: castanhas e sementes cruas, azeite de oliva,
linhaça, abacate e coco
Antioxidantes: frutas e verduras coloridas e frescas
Fibras: grãos e cereais integrais
Ômega 3: linhaça, chia, algas, folhas verde-escuras,
couve-flor, cravo, canela e manga
Cálcio: brócolis, couve, espinafre, gergelim, tahini e amora
Evitar
Gorduras trans, gordura hidrogenada, fritura,
gordura saturada de proteína animal e derivados
Comidas industrializadas, especialmente ricas em sódio
Produtos feitos com farinha branca refinada
Carne vermelha, bacon, e linguiça
Gema de ovo e derivados do leite
A saúde começa pela boca.
situações pontuais, assim que o momento de stress termina o
corpo se reequilibra e tudo volta ao normal. Mas no caso da
maioria de nós, que vivemos em situações prolongadas de
stress como, por exemplo, preocupações com as contas para
pagar ou uma insatisfação com o trabalho, vivemos em constante estado de luta e fuga e isso pode trazer complicações
cardiovasculares. É importante fazer escolhas alimentares que
ajudem prevenir problemas do coração. Veja a tabela abaixo de
opções para aumentar o consumo e opções a serem evitadas
no dia a dia.
STRESS PIORA PROBLEMAS
PRÉ-EXISTENTES E AJUDA A
DESENVOLVER MAUS HÁBITOS
Além dos fatores acima, uma vida estressante pode também
prejudicar sua vida de forma indireta. A Associação Americana
de Psicologia diz que, “circunstâncias estressantes levam a
más escolhas de estilo de vida, como por exemplo, fumar, beber e comer em excesso”. Precisar de um cigarrinho antes de
tomar uma decisão importante ou tomar uma dose de uísque
depois de um dia cheio no trabalho, são exemplos corriqueiros de como o stress afeta nossas vidas negativamente. Já
sabemos as consequências de tais hábitos: câncer, doenças
do coração, etc. A melhor opção aqui é respirar fundo antes de
acender o próximo cigarro, dar uma volta no quarteirão, respirar, cantar uma musica, encontrar os amigos ou simplesmente
beber um copo de água.
HÁBITOS SAUDÁVEIS PARA UMA
VIDA MENOS ESTRESSANTE
Silêncio: Amamos nossos amigos e familiares, porém é muito
importante ter tempo para si mesmo, seja para arrumar um
armário, ler um livro, meditar, andar escutando seu ipod ou
qualquer opção que lhe traga paz. O importante aqui é fazer
destes momentos um hábito e pratica-lo diariamente.
Gratidão: O simples ato de parar e ser grato pelo que temos,
pode mudar a perspectiva que levamos sobre a vida, isso diminui o stress e oferece uma visão mais otimista e menos ansiosa
em relação ao futuro. Essa é uma prática muito simples que
apenas requer segundos do seu dia.
Encontrar os amigos: Com toda a tecnologia disponível hoje,
às vezes esquecemos como é prazeroso encontrar os amigos
cara a cara e colocar o papo em dia, dar risada e abstrair um
pouco dos nossos próprios problemas.
Uma vida mais saudável é baseada em pequenos hábitos. Hábitos que incorporados no nosso dia a dia podem salvar nossa
vida à longo prazo. Pequenas coisas como beber água, respirar
profundamente, aumentar o consumo de frutas e verdura, dar
risada são a base para uma vida plena e um cotidiano mais
prazeroso.
Karen Sternfeld é nutricionista pela New York University e Health
Coach pelo Integrative Nutrition.
Saúde
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Férias, momento de trilhar um caminho em família.
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lazer & Viagem
FÉRIAS CHEGANDO!
PÉ NA ESTRADA
DANIELA VIEK
Estão chegando as merecidas férias, seja durante ou no fim do ano, e esse é
um momento único para reunir a família e ter bons e agradáveis momentos de
descanso, aventuras e descobertas. Seguem algumas dicas para você planejar
melhor sua viagem e não esquentar a cabeça.
D
efina o destino de preferência da família: Campo, praia, montanhas, cidade... Em que estação está planejando
a viagem? Outono, inverno, primavera,
verão...
Pesquise o clima, saber como serão os dias, a
temperatura, se vai chover, o auxiliarão a organizar
suas malas para não errar nas peças, nem levar
roupas desnecessárias. Se for de avião, cuidado
com excesso de bagagem.
Tem filhos? Vai levar cachorro? Papagaio? Vai de
Avião? Carro? Trem? Não deixe para última hora
realizar o planejamento de sua trip.
Vai viajar no inverno? Uma dica para conseguir
mais espaço em suas bagagens é adquirir embalagens a vácuo, onde você comprime os casacos,
calças e peças em geral ganhando assim muito
espaço em suas malas. As mulheres adoram!
Comece por um check list, levante tudo o que vai
precisar previamente, isso o fará economizar tempo na hora de ‘pôr a mão na massa’ e separar as
coisas.
De acordo com o perfil de sua família pesquise
a hospedagem. Por exemplo, há hotéis que não
permitem cães, outros cobram uma taxa para levar seu cão e para não ter stress na hora do check-in, certifique-se antes destes detalhes, na hora
da reserva no site.
Tem criança pequena e vai de avião? Não esqueça de marcar assentos em locais que ofereçam
mais comodidade, se for de classe econômica,
por exemplo, a saída de emergência pode ser
uma boa opção, algumas cias (não sei se todas)
possuem um cestinho especial para o bebê, trazendo mais conforto durante o vôo.
Quantos dias serão? Leve sempre um extra (dinheiro, roupas...) pois imprevistos podem acontecer e você poderá precisar. E para não ficar apertado ou ter que improvisar sempre considere um
pouco a mais, melhor sobrar do que faltar, não é
mesmo?!
Tenha um plano B, se algo der errado (carro, hotel,
alguém ficar doente) para não entrar em desespero, tente incluir em seu planejamento opções que
possam o socorrer na hora do apuro, por exemplo:
Vai alugar casa de praia, veja se perto existe farmácia, padaria, o que facilita muito no conforto do
dia a dia de suas férias.
Vai fazer um turismo de aventura, leve um kit de
primeiros socorros e mantenha contato com uma
equipe de apoio, se algo der errado durante a
execução das atividades. Muitas vezes só pensamos no prazer e nos esquecemos de analisar
o que pode dar errado, e por isso, muita gente
compromete suas férias todas por não saber lidar
com situações inesperadas.
Lazer & Viagem
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Dubova . shutterstock
Se jogue nas férias.
Sua 1ª viagem ao destino? Pesquise,
pesquise e pesquise, nada melhor do
que navegar na internet e acessar blogs para saber mais sobre a experiência
de outros viajantes, tanto para obter indicações quanto para livra-lo de roubadas. Os blogs, em minha opinião, são as
melhores fontes. Há sites também como
o TripAdvisor (www.tripadvisor.com.br)
onde você pode obter diversas dicas sobre hotéis, restaurantes, pontos turísticos
que certamente o auxiliarão a definir o
roteiro de sua viagem para uma melhor
experiência.
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Nova Família
Se for de carro para um lugar que não
conhece, o GPS com certeza será seu
melhor amigo, mas não confie apenas
nele, tenha todos os endereços e contatos anotados, caso precise, tenha sempre à mão.
Vai levar eletrônicos? Certifique-se que
esteja levando todos os cabos, pilhas,
memória, acessórios necessários para
que possam o auxiliar na viagem. Já pensou chegar noutro país e ver que esqueceu o carregador da câmera? "Bóra correr comprar"...
Ninguém merece muitas vezes esperar
o ano todo por este momento especial e
quando chega, não poder usufruí-lo devido a imprevistos ocorridos, portanto, planeje o melhor possível, mas não engesse,
deixe um espaço para o acaso que também traz emoção para sua aventura.
Quem sabe dobrando a esquina da rua
do hotel você não encontra aquela cafeteria dos sonhos...hummm!
Daniela Viek é relações públicas, consultora, coach, especialista em comunicação & marketing. Apaixonada por
viagens, pela vida, por conhecer novas
pessoas e culturas.
www.revistanovafamilia.com.br
Ollyy . shutterstock
A viagem é para o exterior? O planejamento aumenta. Cuidado redobrado na
documentação necessária para ingressar
no país, reservas, na segurança e identificação das malas, pensar em caso de
perda de documentos, como acionar a
embaixada, levar sempre uma cópia do
passaporte junto, cuidado com dinheiro
em carteira, doleira e na mala, objetos de
valor nas bagagens. Ocorrem furtos com
frequências em aeroportos, todo cuidado é pouco, preocupar-se também em
como ficar contactável no exterior (adquirir chip de celular) entre outros detalhes, poderá ajuda-lo e muito.
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COMO DIZ LUIS
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NOVA
Nova Família
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TEcnologia
DA GALINHA
PINTADINHA AO
WHATSAPP
FERNANDO SOUSA
Os especialistas recomendam aguardar pelo menos dois anos de
idade para introduzir a tecnologia na vida do filho.
Meu primeiro contato com algo que pode ser
chamado de tecnologia foi aos 10 anos de idade.
Lá pelo começo da década de 1980, estavam na
moda uns pequenos computadores que eram basicamente teclados para serem acoplados na TV.
Não havia programas instalados. Ou você digitava-os na hora, utilizando uma linguagem chamada
Basic, ou carregava-os a partir de, acredite, fitas
cassete. Eu ganhei um de Natal, um CP200s.
Para quem já passou dos “entas”, acho que foi
bastante cedo. A paternidade, por outro lado, veio
tarde. Meu primeiro e único filho (por enquanto, espero) nasceu há pouco mais de um ano e
meio. Desnecessário dizer que, com ele, nasceu
uma penca de inseguranças relacionadas com a
paternidade. E uma delas foi justamente quando
e como introduzir a tecnologia na vida da criança.
A tecnologia, afinal, é uma das minhas paixões.
Permeou a minha vida pessoal e profissional desde que conheci aquele computador sem programas instalados – talvez seja por isso que eu esteja
escrevendo este artigo. E o desejo natural é que
você queira que as suas paixões passem a fazer
parte da vida do seu filho o quanto antes, não concorda?
A orientação profissional, porém, é outra. A oftalmologista, por exemplo, recomendou evitar telas
até os dois anos de idade. Leia-se TVs, tablets,
celulares, computadores e tudo mais. Nos livros
e revistas especializadas, as orientações relacionadas aos primeiros contatos com tecnologia em
geral são parecidas – em alguns casos, inclusive
para brinquedos eletrônicos.
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Enfim, para aficionados por tecnologia como eu,
é quase como alguém pedir para você aguardar
dois anos antes de apresentar o seu filho ao time
do coração.
CO-CÓ?
Eu e minha esposa seguimos à risca as orientações até que o filhote foi parar seis dias no hospital. Por causa de uma crise respiratória, ele tinha
que passar por alguns procedimentos bastante
desagradáveis, sobretudo para uma criança de
cerca de quatro meses. Tentávamos de tudo para
entretê-lo, sem resultado. Foi então que uma enfermeira sugeriu: Galinha Pintadinha!
Saquei meu iPhone, baixei o aplicativo e batata:
pode não ter resolvido 100% do problema, mas
atenuou o sofrimento do pimpolho. Foi o suficiente para aceitarmos a presença constante do famigerado personagem em nossa rotina. Mas não
sem uma regra:
A “Co-có” seria requisitada somente para diminuir
algum desconforto do filho, não dos pais.
E foi assim, desde então, em nebulizações, aspirações e outros procedimentos que quem tem
crianças com crises respiratórias deve conhecer.
Claro que também utilizamos em outros casos: recentemente, viajamos de férias e fizemos uso da
Galinha Pintadinha para manter o garoto sob controle durante voos de até sete horas de duração.
No final das contas, não deu para aguardar os tais
dois anos para introduzi-lo ao mundo da tecnologia. Hoje, por exemplo, ele já tem seu próprio
Charles Taylor . shutterstock
Na era digital, o desafio é dosar o uso da tecnologia pelos filhos.
grupo de aplicativos no iPad – aliás, recomendo dois: o Mini Zoo e o Sago Mini
Ocean Swimmer. E o pendrive com vídeos da Galinha Pintadinha está permanentemente conectado na TV da sala.
Mas a regra é clara: nada de fazer uso de
tablets, aplicativos e desenhos animados
como babá. E acredite: já recebemos sugestões de outros pais para fazê-lo!
WHATSAPP
Tenho certeza de que os nossos problemas estão apenas começando em
relação à tecnologia e relacionamento
familiar, até porque eles ocorrem mesmo
entre adultos. Volta e meia, minha esposa
reclama de eu estar lendo o jornal (digital, no iPad) enquanto estamos tomando
o café da manhã. E eu, de ela enviar recados importantes pelo WhatsApp, sem
levar em consideração que o aplicativo
pode atrasar a entrega das mensagens.
Mas entendo que é em relação às crianças que ocorrem os maiores riscos. Se
eu enfrento problemas com aplicativos e
personagens infantis, meu irmão encara
o desafio de dosar o uso da tecnologia
por um menino batendo na casa dos 10
anos de idade. Temas de casa, atividades
ao ar livre e convívio social concorrem
com desenhos animados, videogames
com gráficos fantásticos e, é claro, a Internet. Há alguns meses, os pais tiveram
que interferir por ele estar vendo desenhos considerados violentos no YouTube.
Não bastasse, volta e meia, ele pede para
ter o seu próprio telefone celular. Sinceramente, desconheço em que idade as
crianças estão ganhando o seu primeiro
aparelho, mas quando isso ocorrer, será
muito difícil monitorar o que ele estará
fazendo, por exemplo, em aplicativos da
moda como o WhatsApp. E o pior, com
quem.
DICAS
A principal dica, que não é minha, mas de
publicações especializadas como a ProTeste, é negociar com a criança um uso
moderado da tecnologia, como um limite
de horas – que pode ser maior nos finais
de semana. Além disso, deixar computadores em locais comuns da casa, conferir a idade recomendada na embalagem
dos jogos e incentivar sempre a prática
de atividades esportivas e ao ar livre, sobretudo coletivas.
Fernando Sousa é jornalista especialista
em Tecnologia e Games.
Tecnologia
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CAUSA
FAMÍLIA PIPA E A SUA
CAUSA: AJUDAR A
QUEM PRECISA
DOMINGOS CRESCENTE
Sedes bonitas, verbas governamentais, apoio de políticos, artistas e publicitários. Estes são os ingredientes mais comuns
nas associações beneficentes que estão sempre presentes na
mídia divulgando os números de suas realizações. Você pode
se surpreender, mas há associações que têm projetos sociais
tão ou mais importantes que os das ONGs mais conhecidas e
que, infelizmente, não contam com verbas públicas nem com o
apoio de gente famosa.
Esse é o caso do projeto Família Pipa, da cidade de Santo Anastácio. Sem uma sede própria e sem nem mesmo estar registrada para se beneficiar de renúncias fiscais e outros instrumentos
semelhantes, o projeto já atende nove cidades do Oeste Paulista, beneficiando diretamente mais de 40.000 pessoas de todas
as idades.
Eles cuidam do ambiente, fazem doações
e constroem casas para pessoas carentes.
Sem nenhuma ajuda governamental!
Em seis anos de atuação, o projeto já realizou mais de 200 mil
doações como materiais de construção, livros, móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, brinquedos, roupas, agasalhos, calçados e alimentos (em relação aos alimentos cada cesta é contabilizada como uma doação).
Além disso, as atividades do grupo incluem o trabalho de retirada de lixo em locais de mata para a preservação ambiental,
cuidados com a fauna e denúncias de crimes ambientais ao
poder público.
E não é só isso. Eles realizam também atividades de recreação
em entidades como as APAEs, escolas ou creches, por exemplo. Nesses locais, os integrantes do projeto realizam brincadeiras com crianças, encenam peças educativas de teatro e fazem
apresentações de palhaços, que buscam trabalhar assuntos importantes e complexos de uma maneira divertida e de fácil en-
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tendimento. Além disso, há palestras para adultos. Muitas vezes,
a turma do projeto atua também como interlocutor com o poder
público, levando as demandas da população às autoridades e
acompanhando o processo de atendimento com o objetivo de
obter melhoramentos para as comunidades.
TRANSPARÊNCIA E CREDIBILIDADE
Provavelmente, você já estava surpreso com tudo que essa turma faz. Mas, agora, deve estar também curioso para saber como
eles conseguem fazer tudo isso. Saber de onde vêm as doações e o dinheiro. Pois bem. Você vai se surpreender outra vez.
Os integrantes do projeto Família Pipa até recentemente não
aceitavam qualquer tipo de doação em dinheiro. Porém, quando
as demandas das populações em situação de vulnerabilidade
social da região passaram a ser mais complexas, eles não só
começaram a aceitar as contribuições em dinheiro, tomando,
é claro, o cuidado de prestar contas de todo valor doado com
a apresentação de notas fiscais dos materiais comprados, mas
também vêm realizando atividades como venda de pastéis e
espetinhos em feiras, organização de festas beneficentes e
venda de rifas.
Já os materiais doados vêm dos moradores das cidades onde
atuam: Santo Anastácio, Piquerobi, Ribeirão dos Índios, Presidente Bernardes, Presidente Venceslau, Presidente Prudente,
Mirante do Paranapanema, Cuiabá Paulista e Costa Machado.
Parece impossível? Então espere só para saber que essa turma já ganhou até mesmo um prêmio internacional: o Youth Citizien Entrepreneurship Competition, na categoria Melhor Projeto
2013/2014 (que são para iniciativas em execução), promovido
pela Unesco e pela Goi Peace Foundation.
O projeto Família Pipa, mesmo sem um esforço de divulgação,
já foi tema de reportagens em vários veículos de comunicação,
como portais noticiosos na internet, jornais e televisão. Ou seja,
o trabalho vem sendo reconhecido e está em crescimento.
fotos: Christian Klant
Família Pipa recebe honrarias em concurso
internacional na Alemanha, “Youth Citizen
Entrepreneurship Competition”, realizado
pela Stiftung Entrepreneurship, Goi Peace
Foundation e pela UNESCO.
REALIZANDO SONHOS
COMO TUDO COMEÇOU
Na realidade, o pessoal da Família Pipa
tem como principal objetivo “ajudar o
próximo”, da forma que for possível. E
isso envolve também reformar ou construir casas para melhorar as condições
de vida de famílias carentes. Foram estas situações de habitação precária que
levaram o projeto Família Pipa a lançar,
no ano passado, a iniciativa “Realizando
Sonhos”.
Foi em uma segunda-feira, dia 1º de setembro de 2008, que um grupo de jovens
se reuniu e criou o projeto Família Pipa,
uma Instituição Civil sem Fins Lucrativos,
com a decisão – mantida até hoje – de
não ter ligações com governos ou partidos políticos como forma de garantir a
necessária credibilidade e transparência
em suas ações.
Por meio dessa iniciativa, eles estão
construindo uma casa para o “seu” Antonio, que, aos 69 anos, ganhou o primeiro
banheiro de sua vida. Com essas novas
e mais complexas demandas, eles deverão fazer um bazar (o 1º Bazar da Pechincha Beneficente da Família Pipa), com
objetos doados por moradores e empresas da cidade, o que permitirá a compra
dos materiais necessários à construção e
outras atividades.
Até hoje é terminantemente proibido, a
todos os seus membros, qualquer filiação a partidos ou atividade política.
E se você pensa que para fazer tudo isso
existe uma estrutura enorme e custosa,
está enganado. Tudo é dirigido por oito
– sim, apenas oito – pessoas que trabalham de forma fixa no projeto e outros 30
voluntários que atuam de acordo com a
necessidade.
COMO CONTRIBUIR
Se, além de surpreso e curioso,
você ficou também com vontade de colaborar com essa turma, vale doar o que você tenha
em casa sem uso: roupas, calçados, sofás, colchões, armários, camas, brinquedos, livros
de literatura, carrinho de bebe,
berço, panelas etc.
Para doar, basta ligar para:
(18) 9 8152-7748, que a Família
Pipa se encarrega de retirar na
sua casa.
Para conhecer mais sobre a
Família Pipa, você pode entrar
na página no Facebook https://
www.facebook.com/familia.
pipa ou acessar o blog do projeto http://www.familiapipafolhasemanal.blogspot.com.br
Os oito integrantes fixos do projeto Família Pipa, incansáveis e perseverantes
na busca dos seus objetivos, são: Bruno
Lozzi da Costa, Otávio Robson Moliterno,
Leandro Oliveira Garcia, Ana Helena Issa
e Valdemir Lozzi da Costa, além de Nalva,
Aline e Luciano, que atuam em uma espécie de subsede do projeto em Mirante
do Paranapanema.
Causa
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opinião
QUAL O LIMITE
ENTRE PRAZER,
RELIGIÃO, SENTIDO E
MERCADO?
IVANIR SIGNORINI
Você já parou para pensar que a única certeza é a morte? Vida pós-morte,
ressurreição, reencarnação ou até mesmo o ‘morreu acabou’ não passam de
possibilidades segundo determinadas vertentes de fé. O que sabemos é que
nada se sabe sobre o que acontece depois. Tudo especulação. O fato é: a morte
é uma certeza. Então, por que não vivermos ao máximo o agora, afinal, o que
levamos desta vida?
arece que nossa sociedade entendeu
isso direitinho: tudo é prazer! Viva o prazer! Abandone-se ao prazer! Aproveite
a vida ao máximo, viva sem limites e sem
valores. Viva para além do bem e do mal. É
o prazer pelo prazer.
P
O que resulta disso é que estamos perdendo
outros referenciais de sentido e absolutizando o
prazer como único sentido. O prazer pelas coisas
materiais nos impede de nos importarmos com o
outro. Vivemos o prazer imediato e não nos preocupamos com as próximas gerações, com sua
existência e nem se terão algum prazer.
Nosso prazer inconsequente e descompromissado está ligado aos desejos. Se pudéssemos realizar tudo o que desejamos e imaginamos, quanto prazer obteríamos! Quanta satisfação! Seria o
mundo de sonhos. Nossos desejos, em regra, nos
conduzem para o imediato, para o aqui e agora,
são o nosso eu mais imediato. Prazer de querer ter
tudo o que é agradável deve explicar a fascinação
que temos pela tela do computador, da televisão...
Ficamos embebedados, perdemos horas e horas
diante delas. O prazer nos revela o imediato, torna-nos uma vivência imediata, nos deixa sermos nós
mesmos, sermos prazer. O prazer apaga o tempo,
o futuro, as preocupações e nos faz viver numa
completude: a completude do prazer.
No prazer nos descobrimos como existentes. O
filósofo Descartes, com sua célebre frase “Penso,
logo existo!”, não teria nenhum prazer ao ouvir a
expressão vigente: “Vivo o prazer, logo existo!” O
prazer se absolutiza e nos absolutiza! É uma experiência do absoluto, da completude, do bastarmos, da autossuficiência, do não querermos nada
diferente do que estamos vivendo, de desejarmos
eternamente o que estamos vivendo agora. É a
experiência do eterno retorno: não querer nada
diverso do prazer que estou vivendo.
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Prazer: sensação agradável, ligada à satisfação de uma tendência, ou uma necessidade?
Viver o aqui e agora é mesmo que o passado.
Também é o mesmo que o futuro. Tempo se
apaga. O prazer nos revela o imediato, nos revela
nós a nós mesmos – e apaga o tempo, o futuro,
as preocupações e nos faz viver numa completude: a completude do prazer. O absoluto se apaga,
pois o prazer É o Absoluto. Será que essa busca
pelo prazer não revela uma busca de sentido num
mundo dominado pelo mercado, pelo dinheiro,
pelos bens materiais, pelo prazer? Será que essa
busca pelo prazer não revela uma busca de sentido que as grandes religiões e as grandes instituições, como Estado e família, já não conseguem
satisfazer ou oferecer?
Religiões acusam as pessoas de hedonistas, de
quererem somente o prazer, e de trocarem as
igrejas aos sábados e domingos pelo shopping,
pelo jogo de futebol, pela televisão... Mas será que
não estão as pessoas buscando o absoluto a seu
modo? Ora, o absoluto é Deus! Buscar o absoluto
é próprio do ser humano seja qual for o nome que
damos para esse absoluto. As pessoas buscam o
absoluto. Por caminhos diferentes, mas buscam o
absoluto. Muitas acreditam mesmo que esse absoluto é o prazer!
Contrapondo o filósofo grego Aristóteles, que dizia ser o homem um animal político por natureza,
arrisco: não será o homem um animal místico por
natureza? Qual o limite entre religião, prazer, sentido e mercado?
Ivanir Signorini é mestre em Filosofia e Teologia e
professor no Departamento de Filosofia do UNIFAI
– Centro Universitário Assunção.
Opinião
59
Comportamento
TRAIÇÃO.
PODE ISSO ?
Desde que comecei a carreira no jornalismo, há mais de 20 anos, esse é um
daqueles temas que sempre causa interesse. Inclusive neles!
CLÉO FRANCISCO
Desde que comecei a carreira no jornalismo, há mais de 20
anos, esse é um daqueles temas que sempre causa interesse. Inclusive neles! Sim, muitas vezes nem mesmo alguns dos
integrantes do sexo masculino entendem o porquê de terem
terminado entre os lençóis com aquela mulher que nem era assim tão bonita quanto a esposa. Essa, aliás, também é incrível,
inteligente, companheira, boa mãe, dedicada...
E quase sempre, depois da escapada e da intensa alegria que
esse tipo de aventura costuma trazer, surge a dor na consciência e a promessa de não cair mais em tentação. É assim até outra mulher interessante aparecer acenando com a possibilidade
de um novo encontro. Esse é um dos perfis de homem infiel que
tracei em minha pesquisa sobre infidelidade masculina. Descobri coisas muito interessantes sobre esse comportamento que
gostaria de dividir algumas com vocês.
Para piorar a herança desse passado repressor, cujo eco ainda ouvimos, as brasileiras dos dias atuais ainda contam com a
cruel demografia. Explico: segundo dados de 2012 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir dos 25 anos
aumenta o número de mulheres em relação ao de homens.
Hoje há mais de 5 milhões e 200 mil integrantes do sexo feminino. E em um mundo que estimula na mulher a postura de
conquista em todas as áreas, incluindo a sexual. Falando sobre isso, um colega casado recentemente me confidenciou:
“A mulherada cai em cima mesmo! Faço de conta que não é
comigo, mas aí os amigos cobram: ‘Não vai fazer nada?’ Está
difícil ser fiel”. Pois é. Os amigos são referenciais importantes
para o homem.
A primeira delas: há uma tolerância histórica da sociedade com
os homens que são infiéis. Mais do que isso, diria que há um estímulo, mesmo. Lembrei-me de uma frase que ouvi muito, ainda
na infância, de pais e mães que faziam parte do meu núcleo familiar e da vizinhança: “Prendam suas cabras porque meu bode
está solto.” Essa sentença curta, que traz em si o ensinamento
de como homens e mulheres deveriam se comportar, foi repetida infinitas vezes no passado.
Mas esses são motivos que têm a ver com a sociedade. Podem influenciar, mas não são determinantes. Há outras razões
que explicam a traição masculina. E podem não ter nada a ver
com falta de amor à esposa. Sim, ele pode estar sendo sincero
ao dizer que aquela traição foi só uma aventura e seu coração
pertence à esposa. Afinal, eles foram criados de forma diferente e podem fazer sexo sem envolvimento emocional, apenas
pelo prazer. Está certo que hoje tanto as garotas quanto os garotos estão começando a vida sexual entre si, mais ou menos
na mesma idade. Mas é um fenômeno relativamente recente.
Os homens sempre tiveram direito a uma vida sexual movimentada. A elas coube manter a castidade, pureza e ficar na total
ignorância sobre a sexualidade até o dia do casamento. E depois também, claro! Mulher “direita” não deveria desfrutar a vida
sexual. E nessas condições, o sexo para o casal era um dever do
matrimônio, que geraria filhos e perpetuaria o nome e herança
da família. O lado divertido da sexualidade era vivido somente
por eles e com a outra. Ou outras.
Voltando aos motivos que levam o homem à infidelidade, é importante lembrar que temos um histórico de vida antes de nos
casarmos. E dele podem fazer parte situações que às vezes
nem mesmo nós nos damos conta da importância e influência
em nossa vida. Recordo agora da história de um homem que
se viu em dois relacionamentos paralelos com os quais formou
duas famílias. Uma olhada mais detalhada para seu histórico
revelava que ele era filho bastardo. Quando nasceu, o pai já
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Traição, curiosidade e a autoafirmação. possuía uma família e não podia assumi-lo. Isso
resultou em uma infância e juventude muito sofridas. Sua situação presente tem semelhanças com
um passado doloroso.
Questões internas e mais atuais também podem
desembocar numa aventura, tais como uma crise
pessoal ou no próprio casamento. Em 2011 chegou ao Brasil o site Ashleymadison, destinado
àqueles que querem ter um caso extraconjugal e
um dos dias de maior acesso foi 14 de agosto, um
domingo, o Dia dos Pais. Sempre me pergunto o
que será que frustrou tanto esses homens para,
justo nesse dia, decidirem se cadastrar nessa
rede de relacionamentos. As mulheres costumam
reclamar que os maridos não prestam atenção
nelas, nem lembram as datas de aniversário. Mas
homens também são vaidosos e querem ter suas
qualidades também admiradas.
Enfim, o assunto vai longe. Mas da mesma forma
como um homem pode trair e ainda assim amar
a esposa é possível a um homem ser fiel e não
necessariamente porque ama a mulher. Esse
homem pode apenas estar seguindo regras que
aprendeu desde muito cedo e perpetua, sem se
questionar muito a respeito. Mas a gente retoma
o assunto de novo, mais adiante.
Por Cléo Francisco, jornalista especialista em
Educação Sexual.
Comportamento
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CRÔnica
A VIDA
COMO ELA NÃO É
VIRGINIA PITI
Virginia é jornalista e encalhada profissional como se auto-define! E como uma brasileira , não desiste de encontrar um pessoa especial . E enquanto isso não acontece, se envolve ( ou não! ) com
homens errados e certos, depende do ponto de vista! Cronista natural, algumas vezes, como ela
mesma diz, fantasiando, aumentando e inventando um pouco para garantir boas risadas e uma certa
moral à história. E a pergunta que não quer calar: Por que ler o que ela escreve? E porque não? Leia
e responda! kkkk
M
eu nome é Virginia, tenho 46 anos e sou jornalista. Sou uma
mulher inteligente, interessante, moderna e divertida. Estou a
procura de uma pessoa especial e companheira….. Esta foi (e
ainda é!) minha descrição nos principais sites de relacionamentos do Brasil e do mundo. É com esta sinceridade dolorida que
eu me apresento. E deve ser por isso que até hoje nao tenha tido
“sucesso” nesta minha missão , quase que impossível, de encontrar
um grande amor pela internet.
Amor, amor, amor, este sentimento tão nobre, até hoje não encontrei não, mas , em compensação, já encontrei e vivi muitas aventuras e desventuras que compartilho agora com vocês.
Há tempos, acredito que a internet é mais uma ferramenta para
promover encontros entre pessoas que, teoricamente, buscam algo
em comum, seja um grande amor, uma aventura sexual proibida e
/ou amizades. Isso é um fato. A globalização chegou e dominou os
relacionamentos, tanto para o bem como para o mal… Basta saber
como utilizar esta ferramenta.
E, hoje, não se pode menosprezar o poder desta ferramenta. Sites
de relacionamentos, redes sociais, instagrans da vida… Todos ajudam e , consequentemente, também atrapalham!
Desde sempre apostei na net como uma espécie de facilitadora de
encontros, só isso… e que , a partir daí, tudo transcorre normalmente
como se fosse uma festa de amigos em comum, uma balada convencional. Acaso! E , em todas essas opções, sao necessarios os
tais “filtros pessoais”. Pode ser o filtro da idade, da aparência e até
o grau de instrução. Para mim, depende muito do meu momento!
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Encontros, nem todos são flores.
Solteirices à parte sempre tive muita coragem nos
meus relacionamentos e afins…. Se joga, garota! Ops… Cuidado para não se machucar.. – estes
sempre foram meus “lemas”. Obviamente mais
batidos do que bifes de carne de segunda! Só
que eu ainda tenho o agravante de não aprender
com meus erros! O bom é que sempre me divirto !
O segredo é não perder o bom humor!! Nunca! E,
de quebra, ver sempre o lado bom da coisa, porque só assim podemos rir de nós mesmos! Eu sei
do que eu estou falando! Só depois que acaba ,
que o “encontro” termina e você tem um clique de
lucidez , o mínimo que se pode esperar é que se
tenha aprendido algo. Só que não! Veja esta história! ( os nomes e locais foram mudados para
preservar os envolvidos! Kkkk Como se fosse necessário preservar . Preservar de que?? )
E num desses momentos, conheci o Rogério numa
sala de bate papo de cinema… Papo vai, papo vem,
dia vai , dia vem....Messenger.... muitas mensagens
via torpedo ( lembro que tinha acabado de comprar um celular que tinha um tecladinho.... ultima
moda! Tinha uma musiquinha irritante! Tenho até
hoje!!)
Divertido, inteligente, sabia se expressar ( isso é
muito importante no mundo virtual: saber escrever e rápido!) … enfim, muita conversa e pouca ação….
Fotos, promessas e nada de encontros reais….
Ate’ai, normal… Eu com minha inexperiencia com
Crônica
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CRÔnica
o mundo virtual nao tive o dissernimento para saber que estava prestes a me ver diante de uma situação que, agora, depois
de anos de experiencia ( nem tantos assim, vai?kkk) , resolvi
apelidar de “alerta rosa”, que antecede, numa escala colorida
imaginária e totalmente inútil, ao “alerta vermelho”, ou seja, um
semi roubada.
Depois de algum tempo, decidimos nos encontrar no Pub Dublin... lembro ate hoje a roupa que usei: um vestido cinza ( lindo!).
Lembro porque nunca uso vestido. E caprichei neste dia; usei
também uma camélia lilás na gola, o que dava um ar moderno
e charmoso! Estava me sentindo irresistível...Empolgação total!
Tínhamos trocado algumas fotos, mas o “ao vivo e à cores” sempre é diferente....
Segundo ele, estava vindo direto de uma ponte aérea... “Sem
expectativas”, pensava. Como se isso fosse possível!!
Lembro que o achei lindo e muito charmoso. Camisa social,
meio estou vindo do aeroporto só pra te ver, gata!! Kkkk
Social chique, estilo happy hour! Lindo!
Pelo que percebi, ele também gostou de mim, elogiou minha
camélia (ui!)....
A LEITURA
TRANSFORMA,
O INTERESSE
INSTIGA,
A INTERAÇÃO
PROVOCA...
A REVISTA NOVA
FAMÍLIA GERA
SERES
CONSCIENTES!
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Ele estava com “dor nas costas”, o que não impediu nossa conversa animada e com muitos sinais de que a tal química aconteceu. Pedimos uma entrada de hambúrguer ( mal sabia ele que
não como carne!! Mas disfarcei bem, dizendo que já tinha jantado e etc....). Whisky para ele e água pra mim.
Tim Tim... Brindamos, claro, à paz mundial*
Esta é outra história... sempre brindo à paz mundial, pois assisti
um filme em 1900 e bolinha chamado “Feitiço do tempo”, onde
o personagem ranzinza ficava preso no mesmo dia até aprender
a dar valor às pequenas coisas... e o brinde do casal deste filme
era à paz mundial. È um tipo de ritual... Brindo à paz mundial e
(como as misses!) e mais alguma coisa!
Hoje, continuo brindando à paz mundial mas sem citar o nome
do filme… quem sabe encontro alguem tao detalhista como eu e
que tenha assistido tambem o filme … destino, sei lá….
Dançamos, música ao vivo, rock pop mundial, U2 etc.... ( Alias,
recomendo o local)....beijo vem, beijo vai... A química foi ótima!
Lembro até de uma semi mão boba na fenda do vestido ... mas
nada além do comum num lugar como aquele...
De repente, não mais que de repente, ele encontra uma conhecida, não me apresenta e começa a dançar com ela, como se
eu não existisse. Como todo mundo dançava com todo mundo,
não reparei no começo... Pensei que era algo estratégico, sei la
o que me passou na cabeça...
Mas a cena começou a ficar hilária... Umas 4 pessoas entre nós
dançando... e quanto mais eu ia tentando chegar mais perto,
parece que ele ia mais longe... Hoje vejo assim, dou até risada
lembrando, mas na hora, foi chato, muito chato.
Fiz de tudo para entender...
Fui no banheiro e fiquei esperando ele ir atrás. Mandei torpedo e
fiquei esperando resposta.... fui embora sem me despedir, pois
ele me ignorou!
Ah! Neste dia, teve uma ação de marketing e distribuíram vários
chantilis, desses de latinha, comestíveis... e os dele ficaram comigo (eram uns 10 frascos ).
Quando sai, mandei mensagem e ate fiquei esperando uns
minutos no estacionamento, no carro para ver se ele saia.
Não tínhamos combinado nada, mas pelo andar da carruagem, ou melhor, pelo andar da tal química, ia rolar “algo
mais”... Mas não rolou....
No dia seguinte, ele veio com um papinho que encontrou a filha do cliente e que não era legal ela ver que ele estava com
alguém e bla, bla, bla...
Como se não bastasse, eu ainda dei trela
para esse cara!! Mas, fazer o quê.... Estava interessada...
Um tempo depois, após várias mensagens e telefonemas no meu celular de
ultima geração com teclado ( Demais! ),
resolvemos ir aos “finalmentes” porque
não teríamos tempo de sair pra jantar ou
teatro e depois algo mais.....Marcamos
em um Motel novo, na Ricardo Jafet, que
na época era novo... Ele quem escolheu,
era novidade.
Adorei o fato dele ter escolhido. “ nossa, que fofo! Ele escolheu onde vamos!”,
pensava, toda animada!! Doce ilusão!...
Liguei, reservei a melhor suíte, fiz uma
super mega produção, com compras de
tábua de frios, bebidas ( como não sabia
muito o que ele gostava, levei cervejas
note – no plural, ou seja, várias marcas;
vinho, vodca com energético, refrigerantes, água, etc), pétalas de rosas vermelhas, cremes para massagem ( afinal ele
estava com dor nas costas!), venda comprada em sexy shop... Juro, foram duas
caixas de produção!
Ele estava vindo do Rio e marcamos direto no local.
Lembro da minha roupa: calça de alfaiataria e camisa branca... linda! Pedi até o
carro emprestado da minha irmã porque
o meu Floquinho era velho e podia dar
problemas mecânicos em pleno motel,
imagina??!
Tivemos dificuldades por causa dos dois
carros. Nem todo motel tem duas vagas
na garagem das suítes... mas deu tudo
certo. Esperamos a suíte ficar pronta no
carro e já rolou . Ele era carinhoso, atencioso... apaixonável...
car o que tinha acontecido... Mas o melhor
( ou pior!) da noite ainda estava por vir....
Depois, quando a coisa ia começar de
novo, diz ele que não viu uma ligação
perdida no cel do trabalho...
Ele pega o telefone em plena suíte de
motel, tipo meia noite de sexta feira e liga
retornando para a tal pessoa e começa a
falar de trabalho. E, depois desta suposta
“conversa” ( hoje eu acho que não tinha
ninguém no telefone!) ele teve que ir embora, alegando problemas no trabalho...
Fiquei sem ação! Mas como sou educada e chegamos em carros separados, ele
foi embora. E, surpresa: NÃO pagou a
conta total do motel pagou só metade!!
UMA
NOVA
REVISTA.
UMA
NOVA
FAMÍLIA
E tinha tanta coisa pra comer, recolher,
gels, morangos, vinho, gelo... Terminei
a noite sozinha , assistindo o Jo Soares,
com um monte de comida e bebida!
Hoje, só rindo mesmo!!
E ainda tive que pagar uma taxa extra
por causa da mancha das pétalas vermelhas no lençol!! Surreal.
Depois disso ele sumiu!
Lembrei dos chantillys e revolvi mandá-los via correio pois sabia onde ele trabalhava. Coloquei todos numa caixa, com
papel celofane, no capricho, coloquei um
cartão dizendo: Seja Feliz e mandei via
Sedex! Queria ser uma mosquinha para
ver a cara dele quando recebeu!!
Nunca mais vou esquecer este Rogério.
O que aprendemos ? #fica a dica: não
transe em cima de petalas de rosa! Elas
mancham tecidos!! kkkkk
Moral da história: Me conta voce! Rindo
alto!
Beijos e até a próxima !!
Cansaço, banho, e rala e rola...
Lembro que ele tinha uma característica
diferente: gritou na hora de ejacular! Não
foi um gritinho não... foi muitooo alto! Pensei ate que o pessoal do motel viria che-
Crônica
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PERFIS E COMPORTAMENTOS
DA NOVA FAMÍLIA PASSAM
SEMPRE POR PEDIATRAS,
PSICÓLOGOS E TERAPEUTAS.
A REVISTA NOVA FAMÍLIA DÁ
A RECEITA!
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Nova Família
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Aguarde nossas Edições Regionais
com a Revista Nova Família sempre
valorizando a vida da família brasileira!

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