A caminhada histórica de um coletivo, compromisso da Fundação

Transcrição

A caminhada histórica de um coletivo, compromisso da Fundação
A caminhada histórica de um coletivo, compromisso da Fundação Padre
José Koopmans.
*Em 29 de Março de 2013 – por João Luiz Monti*.
A Fundação Padre José Koopmans - FUNPAJ é uma entidade sem fins lucrativos que
desenvolve estudos e pesquisas em ciências sociais e humanas. Foi idealizada por um coletivo
livre e consciente juntamente com Josephus Julius Maria Koopmans - Holandês naturalizado
Brasileiro. A FUNPAJ foi fundada em 2010 e desde então colaboramos com órgãos públicos e
organizações não governamentais realizando serviços de assessoria, consultoria e gestão de
projetos de interesse das comunidades presentes no campo e na cidade. A FUNPAJ tem
atuado na promoção dos direitos da natureza e humanos para o desenvolvimento com
sustentabilidade socioambiental.
Para isso, tem buscado, constantemente, refletir as situações de desigualdade decorrente da
opção pelo modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio que descarta formas
alternativas defendidas pelas populações tradicionais – Indígenas, Quilombolas e Ribeirinhas –
e pelos movimentos e organizações de cunho agroecológico, especialmente os que constroem
a agricultura familiar como possibilidade de produção e reprodução sociocultural comum à
manutenção da vida e não somente ao lucro.
Assim a FUNPAJ, atua com um posicionamento político estrategicamente definido seguindo
reflexões desde a criação da Rede Alerta Contra o Deserto Verde na década de 80 e mais a
diante na década de 90 e Fórum socioambiental do Sul da Bahia. Nesse sentido, ao questionar
os modelos de desenvolvimento que o poder público aprova para serem instalados na Região
Extremo Sul da Bahia, também promove formas alternativas para um desenvolvimento
agroecológico e, por isso, sustentável.
As atividades que ocupam em larga escala as terras da região com o monocultivo do eucalipto
e cana de açúcar/álcool promovem uma exploração predatória há mais de 40 anos e se
ampliam com o total apoio dos governos estaduais e federal. Isto significa afirmar que a
prioridade por um modelo de desenvolvimento não é o da sustentabilidade, pois historicamente
as populações do campo e cidade estão sendo invertidas. Na década de 70 a população do
campo correspondia a 44% enquanto que a urbana era de 56% de pessoas vivendo na cidade.
E a situação de êxodo se intensificou nos anos seguintes havendo uma redução para 16% no
campo e um aumento vertiginosos de 56% para 84% da população vivendo nas cidades
(ALVES & Cavenaghi, 2012). Situação semelhante (ou pior) ocorre nas cidades polo da região
Extremo Sul da Bahia.
Diferentemente do que pensam os governos e suas representações institucionais em nosso
país (que querem manter esta lógica perversa de desenvolvimento apenas pelo fato de que na
nossa região a celulose papel geram divisas na Balança Comercial) a Fundação padre José
Koopmans elege esse segmento do agronegócio como modelo de concentração de riquezas,
ou seja, de terras, de dinheiro e poder político sobre as demais instâncias executivas,
legislativas e judiciárias. Afirmamos que a população da Região Sul da Bahia vivencia um falso
processo de desenvolvimento, pois os números que indicam esse desenvolvimento – do PIB
per capita - não expressam uma realidade de exclusão de direitos em nossa região. O IDE, e
mesmo o IDH, falseia pelo critério da homogeneidade, que a região detém um altíssimo valor
médio de renda por habitante, como se a maioria da população obtivesse, de fato, um alto
poder aquisitivo e detentor de uma renda igualitária.
Entretanto, isto se desfaz como falsa avaliação da população quando a adoção de critérios de
elegibilidade pelo Governo Federal indica que os investimentos sociais têm de ser direcionados
para uma região na qual estamos inseridos: A Mesorregião dos Vales do Jequitinhonha e do
Mucuri (BRASIL/CNDR, 2012). Segundo os estudos do Ministério de Desenvolvimento Social e
Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, esta mesorregião requer uma prioridade alta
para investimentos sociais que promovam qualidade de vida, para uma população que é
constantemente descrita nos meios de comunicação por indicadores negativos: índices
altíssimos de pobreza, misérias extremas e criminalidade.
Estas problemáticas nos fazem externar reivindicações que provocam, por vezes, inquietações
de pessoas que consideram que a FUNPAJ, enquanto organização socioambiental atua
somente com a retórica do discurso externado nos diversos ambientes de controle social pelos
quais a entidade percorre. Para nós são reivindicações que promovem reações de
transformação e que geram possibilidades de sustentabilidade social, ambiental, econômica e
cultural.
Entretanto, sabemos que frontalmente a tais pensamentos existem intencionalidades e
posicionamentos políticos e ideológicos antagônicos daqueles que mantêm as condições de
desigualdades. Mas, a prática que a Fundação Padre José Koopmans desenvolve, reiteramos,
é pela sustentabilidade e está na concretude das ações desempenhadas no campo de atuação
dos seus organizadores, militantes e apoiadores socioambientais, que questionam o modelo de
desenvolvimento que tem promovido inúmeras degradações, sejam sociais ou ambientais.
Nesse sentido, indagar, refletir o modelo de desenvolvimento pensado pelos governantes em
nosso país se traduz em reivindicações pela melhoria da qualidade de vida, de bem estar
socioambiental de pessoas que são demasiadamente exploradas e deixadas à margem de um
modelo que não defendemos: o agronegócio; que aqui está representado pelas empresas
plantadoras do eucalipto e da cana. Modelo absolutamente injusto e expropriador da gênese
ecológica do planeta e humana.
Ao reiterar essa condição a FUNPAJ não se coloca como uma organização de especulação ou
de aventura, mas, como uma organização que se orienta pelo legado de mais de 40 anos de
atividades de militância intensa vividas com e pelo Padre José Koopmans na luta por direitos
humanos e do meio ambiente.
Todavia a Fundação Padre José Koopmans não se conduz apenas pelos veementes discursos
que reivindicam melhorias socioambientais. Todas as ações que o Coletivo de Integrantes
desenvolve seguem essa mesma lógica. Porém, são ações concretas que aliam a
reivindicação política ideológica com ações concretas no campo e na cidade, por meio de
elaboração, realização, integração e/ou andamento dos seguintes projetos:
1. Caminhos para a Liberdade: Pesquisa Socioambiental no Bairro Liberdade II –
FUNPAJ/STICHTINGPAJ;
2. Caminhos para Volta Miúda: De Volta às Nascentes;
3. Caminhos para Volta Miúda: Vivências II – FUNPAJ/UNEB;
4. SGD: Capacitação para Agentes do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e
do
Adolescente – COMDECA/PMTF;
5. Cooperativo: Construindo o Bem Estar no Bairro Jardim dos Pássaros – COOBEM –
COMDECA/PMTF;
6. Caminhos para Volta Miúda: Diagnóstico Multifuncional (RAD/SAF) na Comunidade
Volta Miúda – Caravelas, Bahia - FUNPAJ;
7. Fórum Cidade Criança;
8. Rede Cidade Criança;
9. Arte com Cidadania – BB/FIA.
10. Projeto Caminhos para a Liberdade: Capoeira, Arte e Cultura Socioambiental –
GRUPO ZUMBIBAHIA E ACSJ.
Todas essas ações são livres, não estão emolduradas pelo discurso “desenvolvimentista” do
crescimento defendido pelos governantes aos quais reivindicamos modelos alternativos de
desenvolvimento. Por isso, a FUNPAJ se ergue, e se orgulha de uma de suas principais:
Integração e de potencialização de ações de outras organizações cuja missão principal seja o
Movimento Popular de reivindicação de melhorias para toda a população não apenas de
poucos privilegiados. A Fundação se orgulha de poder compartilhar socioambientalmente das
ações das seguintes organizações e movimentos:
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ACSJ – Associação Cidadania São José;
AJARP – Associação dos Moradores do Bairro Jardim dos Pássaros;
AMAI – Associação do Meio Ambiente de Itanhém;
APLB SINDICATO – Delegacia do Sindicato dos Professores do Sul da
Bahia;
APPRE - Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Volta Miúda;
ASELIAS – Associação Asas da Esperança e Liberdade;
CEPEDES – Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do
Extremo Sul da Bahia;
ECPAZ – ESPAÇO CULTURAL DA PAZ;
SINDEC – Sindicato dos Empregados no Comércio de Teixeira de
Freitas;
SINTREXBEM – Sindicato dos Trabalhadores na Indústria e
Beneficiamento da Madeira;
STR DE ITANHÉM – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itanhém e
Vereda;
SEC ALCOBAÇA – Sindicato dos Empregados no Comércio de
Alcobaça e região;
SINDIBANCÁRIOS – Sindicato dos Bancários do Extremo Sul da Bahia;
TERRA VIVA – Centro Terra Viva de Desenvolvimento Agroecológico.
E de coletivos de controle social dos quais integra e/ou participa:
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CBH/PIJ - Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios Peruípe, Itanhém e
Jucuruçú;
CEPRAM – Conselho Estadual do Meio Ambiente do Estado da Bahia;
CODETER - Colegiado do Território de Identidade do Extremo Sul da
Bahia;
COESA – Conselho de Entidades Socioambientalistas da Bahia;
COMAD - Conselho Municipal Antidrogas;
COMDECA – Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente;
CMHIS – Conselho Municipal de Habitação de Interesse Social;
CREAS – Centro de Referência Especializado de Referência Social;
Fórum Socioambiental do Extremo Sul da Bahia;
PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil;
Rede Alerta Contra o Deserto Verde;
Rede de Enfrentamento à Exploração Sexual em Teixeira de Freitas;
WRM – World Rainforest Movement (Movimento Mundial pelas Florestas
Tropicais).
Nesse sentido, o interesse coletivo dessas comunidades, presentes no campo e na cidade,
ensejam um estado permanente de promoção dos direitos da natureza e humanos em prol de
outro modelo de desenvolvimento possível que se preocupe contra as situações de
desigualdade a que estão expostas as populações tradicionais – Indígenas, Quilombolas e
Ribeirinhas – seus movimentos e organizações que vem sendo criminalizados pelo poder
público e comprometendo sua forma alternativa de produção e reprodução sociocultural,
apenas por conceberem formas alternativas, contrárias, ao propósito concentrador de riquezas
mantido pelo capital.
Portanto, ao desenvolver estudos e pesquisas em ciências sociais e humanas como uma
opção racional, ideológica e ética a Fundação Padre José Koopmans cumpre não somente o
que está escrito nos seus estatutos sociais, mas um princípio de proteção e defesa das classes
marginalizadas e de suas formas de organização social.
*Educador socioambiental, sindicalista, perito ambiental com formação em Pedagogia.

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