ares de baires - Escola Brasileira de Psicanálise

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ares de baires - Escola Brasileira de Psicanálise
ARES DE BAIRES
EBP-SC
Buenos Aires Lacaniana 2 foi uma festa. Uma festa de intenso trabalho, transmissão e bons encontros. De 19 a 25 de novembro de 2013, uma série de atividades, entre elas o VI ENAPOL e XXII Jornadas Anuales de la EOL, reuniram as Escolas da América em torno dos desafios para a psicanálise de orientação lacaniana em tempos de grande agitação do real.
Ares de BAires é o registro das impressões de colegas da Seção Santa Catarina que lá estiveram presentes. A próxima
parada é Paris: em abril de 2014, entre os dias 14 e 18, acontecerá o IX Congresso da AMP “Um real para o século XXI”.
Uma semana que se encerra e um convite que se renova, sempre, para seguirmos pensando a psicanálise.
A Buenos Aires Lacanina 2 foi para mim um destes momentos de saltos na formação, assim, quando algo excepcional
acontece. Coloco destaque no Seminário Haun que nos colocou no caminho de poder nos apresentar como um analista à
altura de nossa época; na conversação do VI Enapol, “A histeria hoje”, que trouxe elementos e questões fundamentais que
repercutem na minha clínica (como disse uma das pessoas da plateia, mais uma vez a histeria nos dá o que falar e no que
trabalhar); nos testemunhos de fim de análise apresentados nas Jornadas da EOL que nos permitem ver como pode operar
uma análise da maneira mais radical. Mas para mim, o mais relevante foi aquilo que está fora do jogo do saber, senão que se
localiza no seu oposto. Poder escutar Eric Laurent e muitos outros colegas da EBP e da AMP, que têm uma transmissão tão
vasta e importante, falarem desde uma posição que mantém a abertura que convida ao trabalho, o que para mim é próprio
da Orientação Lacaniana, me renovou a certeza de estar no lugar certo em minha formação, constituída pelos meus estudos,
supervisão e análise.
Gresiela Nunes da Rosa
Dois eventos da “Semana Lacaniana de Buenos Aires – 2013” merecem minha especial consideração: o “Haun. Seminário
Internacional da EBP” e a atividade do Enapol que teve por título “Conversações Semi-Plenárias”, da manhã de sábado
23/11. Os textos apresentados e os debates desenvolvidos durante
o Seminário Internacional mostraram de maneira clara e enriquecedora o trabalho de elaboração realizado com o Seminário ...ou
pior, livro 19, de Jacques Lacan. ‘Há um’ gozo real que é sem Outro,
que não responde a nenhuma lei nem a nenhum sentido, nem sempre desejável pelo falasser, que fica como um resto cujo encontro
é impossível de evitar e com o qual, no percurso de uma análise, o
sujeito, um por um, pode vir a saber fazer com ele. As Conversações
se caracterizaram tanto pela originalidade dos temas quanto pela
ampla participação do público presente em cada sala. Eu, pessoalmente, apresentei um trabalho na mesa “Corpo e gênero”, junto
com Adriana Luka, da EOL, e Angela Fischer da NEL, com a coordenação e comentários de Mónica Torres, da EOL, e Ram Mandil,
da EBP. Os três trabalhos apresentados abordaram, cada um do seu
modo, o tema do transexualismo e uma questão foi tomando corpo ao longo da conversação que tanto Mónica Torres quando Ram
Mandil souberam destacar: Que analista para o século XXI?
Oscar Reymundo
ARES DE BAIRES
EBP-SC
É difícil destacar o que ocorreu de mais interessante na louca Buenos Aires lacaniana da semana de 19 a 26 de novembro
último, pois tudo do que tive a oportunidade de participar mereceria ser salientado. Mas bem, vamos lá:
Reunião da Fibol
Tive a grata satisfação de participar, pela primeira vez, da reunião da Fibol,
Federação das Bibliotecas do Campo Freudiano. Foi muito interessante
estar neste evento coordenado por Adriana Testa, que substituiu Judith
Miller; nele tivemos a oportunidade de saber do andamento dos trabalhos
de biblioteca nas diversas escolas do campo freudiano, tanto das bibliotecas membros, aderentes ou em construção. Os relatores, Tânia Abreu
pela EBP, Adolfo Ruiz pela NEL e Monica Wons pela EOL, compartilharam informações sobre as atividades que se realizam nas escolas: noites
de biblioteca, apresentação e debates de filme, lançamentos de livros, estudo de seminários e levantamento de referências de Lacan, entre outros;
também foi a oportunidade de tomarmos conhecimento das publicações e
dos boletins por onde nossa letra, textos, eventos são postos em circulação
ou compartilhados em redes. Por último, antes mesmo do brinde, houve o
troca-troca de publicações na permuta entre as seções das Escolas, quando
uma quantidade significativa de exemplares, referente a mais de 26 títulos,
foram levados para participar do generoso intercâmbio. Cabe também destacar o convite a proposição de temas para o Colofón 35, quando Adriana
Testa convocou a os presentes a propor assuntos de interesse das Escola e
que poderiam causar trabalho na comunidade.
Mesas simultâneas
Estive debatendo os trabalhos da mesa Cuerpo y dolor, em que os textos
“fora de órbita” e “Rebusques” foram apresentados por Carla Serles e Silvia
Garcia, sendo que o de Carla era fruto da produção de um cartel. Através dos casos clínicos apresentados, tivemos uma
excelente oportunidade para confirmar a tese de que na clínica contemporânea, numa quantidade crescente de casos, não
nos resta senão constatar que o “inconsciente e o sinthome são duas
ordens não homogêneas”, tal como nos ensina Lacan em seu último ensino, e que é remarcado por Jacques-Alain Miller em Sutilezas
analíticas. O que ouvimos foram textos sucintos nos quais pudemos
localizar, cada uma a sua maneira, a presença do analista como um
sinthome, e que, para operar como tal tiveram “...que sacrificar mucho para merecer ser tomada por um trozo de real” (Miller, Sutilezas
Analíticas p.107), Assim, verificamos e pudemos debater os efeitos
do encontro com analistas que, bem colocados, puderam suportar
passar por cima do recurso de sempre, o diagnóstico de estrutura,
que nos serve a todos de bússola mas que, em muitos casos, nos faz
ficar com a norma, o particular, perdendo a singularidade do caso, o
que não há exemplo cabível.
Laureci Nunes