Medalha é o mais importante
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Medalha é o mais importante
[email protected] Quinta-feira 2 de fevereiro de 2012 29 ATLETISMO Por SOFIA COELHO F ABIANA MURER cai no colchão, após mais um salto na nave de atletismo do CAR do Jamor, e de imediato Vitaly Petrov começa a dar indicações, sob o olhar atento de Elson Miranda. A campeã mundial da vara, o técnico ucraniano — que orientou os recordistas mundiais Sergey Bubka e Yelena Isinbayeva — e o marido e treinador da brasileira estão em Portugal, para um estágio que se prolonga até meados deste mês. Uma escolha de Petrov, em detrimento do centro de treino de Formia, em Itália, e que muito agradou a Fabiana, a primeira brasileira a conquistar o ouro mundial, em agosto do ano passado, e detentora da quarta marca de sempre (4,85 m). «Tem sido muito bom. Estou a adorar. Falamos a mesma língua: parece que não estou tão longe de casa e facilita imenso a interação. Além disso, é possível ter vida social. Eu preciso fazer outras coisas. É importante distrair-me, descansar a cabeça, Fabiana Murer em Lisboa com companhia especial Campeã mundial da vara prepara Jogos no Jamor d Petrov, que treinou Bubka e Isinbayeva, veio com a brasileira d ‘House’ e ‘Dexter’ também Gosto de jantar fora, ir ao cinema... Estou a adorar Portugal. Parece que estou perto de casa SERGIO MIGUEL SANTOS/ASF Fabiana Murer tem 4,85 m como melhor marca, a quarta da história da disciplina, apenas superada por Yelena Isinbayeva, Jennifer Suhr e Svetlana Feofanova Elson Miranda acompanha o treino no CAR Yelena Isinbayeva é... normal j Fabiana Murer conheceu a recordista mundial em 2006. Agora quer alcançar as suas marcas Os sonhos de Fabiana Murer foram-se alterando. A parceria com Vitaly Petrov, as fasquias passadas e as medalhas tiveram papel importante para a brasileira, olímpica em Pequim-2008 (10.ª)... Tal como conhecer a russa Yelena Isinbayeva. «Em 2006 fiz o primeiro estágio com a Yelena em Formia [Itália]. Comecei a vê-la como uma pessoa normal. Também tinha inseguranças, também chorava. Isso fezme acreditar que poderia saltar mais alto», relembra, contando que, durante as competições, as atletas pouco se falam. «Convive- mos antes e depois. Houve uma altura em que era próxima da Yelena, porque treinávamos no mesmo local e fazíamos as mesmas provas. Chegámos a passear em Paris, após um meeting», diz Fabiana, que está a apenas 15 cm da «marca histórica» de cinco metros. «É difícil, mas acredito que é possível. É um sonho.» Tal como a medalha olímpica. «Vou a Londres com o objetivo de conquistar uma medalha... Depois penso na cor», diz, rindo, a atleta, que não defenderá o título mundial em pista coberta, em março, voltando a competir em maio, no Brasil. Depois, fará meetings da Liga Diamante, num total de cinco competições antes dos Jogos. SERGIO MIGUEL SANTOS/ASF MAIS DESPORTO A BOLA esquecer um pouco o treino. Gosto de jantar fora, ir ao cinema — em Formia não há cinema ou então é dobrado em italiano», vai contando, com um sorriso, lembrando que já passeou pelo centro de Lisboa e em Cascais, sem queixas do frio. «Já estive na Ucrânia com 15 graus negativos... Estas temperaturas até são semelhantes ao nosso inverno [em São Paulo]», sublinha a brasileira, que tem a vantagem de viajar sempre na companhia do marido. «O que sinto mais falta é da minha cama. No ano passado houve um período de mais de três meses fora. Tenho saudades das minhas duas irmãs e dos meus pais, claro, mas ter o Elson comigo ajuda.» Isso e as gravações de séries de TV que traz na bagagem. Até porque, nesta estadia de cerca de um mês em Lisboa, Fabiana fica no CAR, onde nem sequer tem televisão. «Não me incomoda não ficar num hotel. É perto daqui [da nave de atletismo ], fazemos lá as refeições... Facilita. Distraio-me com a Internet e com as séries: o House, o Dexter, o Mentalista», afirma a atleta de 30 anos, formada em fisioterapia e que tenciona continuar a competir até aos Jogos Rio de Janeiro-2016. «Já pensava em continuar, mas o facto de serem no Brasil motiva-me. Já tenho tudo planeado. Continuo em 2013, paro em 2014, para regressar em 2015», afirma, convicta, a campeã mundial de pista coberta em 2010 e ar livre em 2011, sem qualquer tique de estrela. «Gosto muito de falar com os outros atletas aqui. Alguns vieram pedir-me dicas, perguntar como é o meu treino. Outros contam as suas histórias.» E a história de Fabiana começou na ginástica, aos 7 anos, mudando-se para o atletismo aos 16. «Estava a ficar muito alta!» Agora, sonha com outras alturas e conquistas: os cinco metros e a medalha olímpica nos Jogos de Londres, em agosto próximo. «Medalha é o mais importante» SERGIO MIGUEL SANTOS/ASF j Técnico Vitaly Petrov acredita nos cinco metros... Mas em 2012 só o sucesso nos Jogos interessa Apenas uma atleta já conseguiu passar os cinco metros no salto com vara: Yelena Isinbayeva, recordista mundial (5,06 m) e campeã olímpica. Até ao início de 2011 era treinada por Vitaly Petrov, ucraniano que orientou a carreira de Sergey Bubka, já retirado, mas ainda detentor do máximo mundial. A russa voltou, entretanto, ao seu primeiro treinador, quando Petrov recusou exclusividade. O técnico trabalha com atletas de várias nacionalidades, entre eles Fabiana Murer, numa parceria com o treinador Elson Miranda, Petrov atento a todos os detalhes do salto que começou em 2001 e se tornou mais próxima no último ano. Fabiana dedicou-lhe o título mundial de Daegu e, agora, ambos sonham com os 5 m. Embora o ucraniano seja mais pragmático. «É possível, mas este ano o que interessa é Londres. Até pode saltar só 4,85 m e ser campeã olímpica. Não interessa! O que interessa é que consiga fazer o maior número possível de boas marcas nesse dia [final dos Jogos]», sublinha Petrov, justificando a escolha pelo Jamor com a atual reformulação do pavilhão em Formia (Itália), onde tem o seu centro de treino. «Aqui temos bom equipamento e boas condições.»