revolução na cozinha - Tramontina Design Collection
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revolução na cozinha - Tramontina Design Collection
tendência design comportamento revolução na cozinha COMO AS NOVAS TECNOLOGIAS ESTÃO TRANSFORMANDO O JEITO DE APRECIAR O MELHOR DA GASTRONOMIA a era das bandejas VERSÁTEIS, ELAS COMEÇAM A BRILHAR NA SALA, NA COZINHA, NO BANHEIRO... astros da gastronomia pop AS VIDAS DE HENRIQUE FOGAÇA, ERICK JACQUIN E PAOLA CAROSELLA FORA DOS ESTÚDIOS DO MASTERCHEF BRASIL vitrine prisma talheres, argola para guardanapos e bandeja Surpreendentes formas geométricas ressaltam a ousadia de uma linha criada para roubar a cena. Concept tdc Publicação Tramontina Design Collection coordenação Elisa Tramontina, Gabriela Chies e Grasiela Pontin Edição e Redação República - Agência de Conteúdo criação e coordenação Design Único FOTOGRAFIA PRODUTOS TRAMONTINA projeto gráfico Design Único - Marina Metz Débora Zandonai editorial Em tempos de grandes desafios, a Tramontina olha para o mercado. E também olha para dentro: por acreditar que é sempre possível fazer mais e melhor. Essa ideia se traduz no slogan “o prazer de fazer bonito”, uma forma de ver as coisas com simplicidade. E fazer simples é complexo. Por isso mesmo, é preciso ousar, inovar, ir além das expectativas. Um exemplo disso é a Tramontina Design Collection, que concentra produtos nos quais nossos conceitos se encontram: valor, desenho, beleza. A cada ano, a linha cresce e se diversifica, trazendo para o prazer das pessoas o que é tendência em design, moda e decoração. Cada item é pensado para combinar tecnologia com o que deixa nosso dia a dia mais descomplicado, simples e bonito. Em sua terceira edição, a TDC Concept vai mostrar o resultado deste jeito de fazer bonito, mas não apenas isso. Nas páginas a seguir, despontam novidades, personalidades, acontecimentos, lugares e tendências que nos inspiram. Através delas, o leitor é convidado a viajar pelos caminhos que percorremos até chegar aos lançamentos da Tramontina Design Colection. Vamos mostrar como as tecnologias vêm revolucionando a forma de preparar e saborear a comida, além da crescente versatilidade de produtos, como as bandejas, que encantam pela possibilidade de transformar rituais em momentos de convívio e prazer. Esta edição também mostra as cores que ditam tendências em diferentes segmentos do mercado. Os três apresentadores do programa MasterChef, cujo carisma vem ajudando a transformar a gastronomia em verdadeira paixão nacional, falam de suas vivências. Experimentamos cafés especiais e relembramos os grandes ícones da arquitetura, do design e da arte. Esperamos que a leitura seja agradável e que você desfrute conosco o significado do prazer de fazer bonito. Clovis Tramontina Presidente do Conselho 16 revolução nas cozinhas OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS ESTÃO TRANSFORMANDO NOSSOS JEITOS DE COZINHAR E COMER. DESCUBRA AS NOVAS POSSIBILIDADES 32 a década de Santiago UM PASSEIO PELAS RUAS E BARES DA MAIS VIBRANTE (E ENIGMÁTICA) CAPITAL SUL-AMERICANA 40 o rei dos chefs 62 A VIDA E A OBRA DE AUGUSTE ESCOFFIER, UM DOS MENTORES DA GASTRONOMIA FRANCESA torrado e moído DICAS E CUIDADOS PARA VOCÊ DESVENDAR OS VERDADEIROS AROMAS DOS CAFÉS ESPECIAIS sumário dose inesperada 72 AS SURPRESAS DO KAVALAN, O UÍSQUE TAIWANÊS QUE DESBANCOU IRLANDESES E ESCOCESES NO RANKING DOS MELHORES DO MUNDO assento alemão 45 OS 130 ANOS DE MIES VAN DER ROHE, RESPONSÁVEL PELA CONCEPÇÃO DA FAMOSA CADEIRA BARCELONA traços de gênio 76 AS FORMAS INCONFUNDÍVEIS E A OBRA INACABÁVEL DE ANTONI GAUDÍ, O ARQUITETO QUE AJUDOU A ESBOÇAR A ALMA DA CATALUNHA 56 lojas que falam COMO O DESIGN DE PONTO DE VENDA VEM SE TORNANDO ESSENCIAL PARA ENCANTAR O CLIENTE (E VENDER MAIS) 10 a era das bandejas FOI-SE O TEMPO EM QUE ELAS FUNCIONAVAM APENAS COMO UM SUPORTE PARA SERVIR. HOJE, ELAS ROUBAM A CENA DA DECORAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E MUITO MAIS 70 natureza em exposição AS IMPRESSIONANTES INSTALAÇÕES DO MESSNER MOUNTAIN MUSEUM NO ALTO DAS MONTANHAS ITALIANAS 68 beleza urbana CINCO METRÓPOLES QUE DESPONTAM NA LISTA DOS MAIS ADMIRADOS ‘SKYLINES’ DO PLANETA 55 saúde e luxo UMA ESPIADINHA EM TRÊS DOS MELHORES SPAS DO MUNDO. DETALHE: UM DELES FICA NO BRASIL 78 destinos do ano CONHEÇA OS LUGARES MAIS INCRÍVEIS PARA SE VIAJAR EM 2016 74 arte em cacau OS INGREDIENTES QUE FAZEM DO EQUATORIANO TO’AK O “MELHOR CHOCOLATE DO MUNDO” 26 dueto visual AS TENDÊNCIAS E AS DESCOBERTAS POR TRÁS DE ROSE QUARTZ E SERENITY, ESCOLHIDAS COMO AS CORES DO ANO PELO PANTONE COLOR INSTITUTE 46 vida de masterchef UMA CONVERSA FRANCA COM PAOLA CAROSELLA, ERICK JACQUIN E HENRIQUE FOGAÇA, AS TRÊS ESTRELAS DO MASTERCHEF BRASIL antique talheres Linhas clássicas e acabamentos requintados dão ares de nobreza a mais uma coleção exclusiva da Tramontina Design Collection. vitrine lyon cocotte A panelinha mais simpática da Lyon vai do fogão direto para a mesa, com estilos e cores que encantam ao primeiro olhar. SOUSPLAT LAQUEADO Um toque discreto, mas que faz toda a diferença na montagem da mesa. Disponível nas cores azul, amarelo, vermelho, branco e turquesa. estilo de 10 O Acessório deixou a cozinha para ganhar todos os espaços da casa – e virou peça curinga na decoração dos ambientes bandeja Por Tatiana Reckziegel 11 tdc. ESTILO Pode ser de metal, madeira, de plástico ou misturar vários materiais. Pode estar na sala, no escritório, na cozinha e (por que não?) no banheiro. Por muito tempo, sua função foi de servir. Hoje, não há limites para o seu uso. As bandejas vêm superando o rótulo de acessório para servir. Esses utensílios tiveram sua definição ampliada para muito além de seu uso em jantares e, agora, são objetos-curinga. Versáteis, as bandejas viraram um aliado prático da decoração. Na sala ou na cozinha, elas passaram a ser vistas como uma mão na roda na hora de organizar as miudezas do lar. Modernas, as novas peças dizem adeus à seriedade. A prata com detalhes rebuscados, é claro, sempre terá o seu valor. A partir de agora, no entanto, ela dividirá espaço com versões cheias de estilo. Centro das atenções A mesa de centro é um ponto natural de destaque da sala de estar. Precisamente por isso, ela precisa de uma atenção especial na hora de compor a decoração. Sem o devido cuidado, ela pode se transformar num depósito de objetos do dia a dia – de copos e joias a chaves e controles remotos. E as bandejas podem fazer a diferença na hora de decorar sem acabar com o espaço útil do móvel. Afinal, é importante que a mesa continue servindo como apoio na sala. Sem muito medo de errar, é possível fazer uma boa composição a partir de quatro elementos: uma bandeja, um arranjo de flores, um livro e um objeto de valor afetivo. Dentro dessa alternativa, existem inúmeras combinações possíveis. Vai do gosto de cada um. 12 Das estampadas às opções mais clean, as bandejas podem acompanhar diferentes estilos. Para quem não é fã de flores, é possível substituí-las por folhagens de tom mais sóbrio, que mantêm o frescor do ambiente. Já o livro deve estar relacionado aos interesses do dono da casa ou dar lugar a revistas. Mas não esqueça do principal: deixe a imaginação solta. Não se limite a escolher um objeto pessoal que tenha valor afetivo. Pode ser aquela caixinha trazida de uma viagem, uma vela aromática ou outro item que traga boas lembranças. É importante, contudo, eleger um foco na composição. Se a bandeja for chamativa, os outros itens podem ser mais neutros. Essa composição pessoal dá uma identidade harmônica à sala de estar. entre saltos e batons Toda mulher precisa de um ambiente especial para se arrumar. Seja no closet, seja no quarto, os compromissos, a vida agitada e a correria do dia a dia exigem um espaço prático. Com tudo organizado e acessível, ganha-se minutos preciosos nos momentos de pressa. Caso contrário, é certeza de um brinco perdido, uma maquiagem escondida ou uma pequena trapalhada corriqueira. Não se assuste: não é preciso mais do que uma bandeja sobre a bancada para deixar tudo no devido lugar. O utensílio restringe a bagunça e facilita o transporte de acessórios e maquiagens – em geral, itens pequenos e numerosos. Isso é particularmente útil quando é preciso trocar de ambiente em busca da luz certa para se maquiar. Vale apostar em bandejas com estampas mais ousadas e estilos marcantes. Elas podem estar entre as peças de destaque da casa e dar um toque de estilo ao ambiente. bar, doce bar Ter um bar dentro de casa faz toda a diferença na hora de receber os convidados. Afinal, não é ótimo poder apreciar uma dose de licor depois do jantar ou oferecer um uísque aos amigos com tudo ao alcance das mãos? Já existem saídas que ocupam pouco espaço e cumprem muito bem o papel de reunir as bebidas com sofisticação e praticidade. E a pedra fundamental para o minibar é justamente a bandeja. Sobre ela, é possível organizar todos os itens indispensáveis para o nicho e adicionar alguns toques especiais. Antes de qualquer coisa, escolha um acessório que combine com o ambiente, em estilo e tamanho. O segundo passo é fazer uma seleção criteriosa das bebidas que ficarão expostas – colocar garrafas em excesso é garantia de um visual poluído. Logo, opte pelo que é consumido com mais frequência. Para acompanhar, coloque copos e taças adequados a cada bebida. Os cristais precisam ser úteis, não só decorativos. No arremate da bandeja, introduza um pequeno mimo. Chocolates finos são uma boa opção e combinam com o clima de deleite que todo bar tem por natureza. toque especial no lavabo O lavabo é o cartão de visitas mais sincero de uma casa, mas nem sempre recebe a devida atenção. Além de limpo, arejado e bem-decorado, outros pontos são importantes para causar uma boa impressão. É de bom tom que, no espaço, haja um pequeno kit com itens de higiene para uso das visitas. As bandejas menores são perfeitas para essa função. Com elegância, o acessório pode unir sabonete líquido, aromatizador, hidratante, pequenas toalhas e o que mais o dono da casa julgar que caia bem. Em um cômodo que costuma ser úmido, é essencial levar em consideração o material do qual a bandeja é feita. Dê preferência a itens com boa durabilidade e resistência, como o inox. “ “ A bandeja extrapolou seu uso tradicional E é agora uma tendência versátil para a casa inteira. pequenos para os Folhas de papel aqui, régua lá, borracha acolá, lápis de cor por todos os cantos. Não é quarto de criança se não houver alguma bagunça. Afinal, com tantos objetos pequenos, como garantir que tudo esteja sempre em seu devido lugar? Embora nem o mais sofisticado sistema de organização possa assegurar que não se tropece em algum brinquedo ao entrar no espaço dos pequenos, reservar um lugar para cada coisa pode evitar que o quarto se torne um labirinto. Nesse quesito, as bandejas podem ser a salvação. 14 Existem modelos coloridos e divertidos que combinam muito bem com ambientes infantis. Escolha uma bandeja da cor preferida da criança, que leve em conta os elementos já presentes no quarto. A seguir, monte um nicho com os brinquedos ou objetos de estudo, como caneta e tesoura, separados em alguns porta-lápis. A decoração pode variar facilmente conforme os pequenos vão crescendo e mudando de gosto. Tornando o ambiente mais atrativo, é provável que a criança se sinta confortável para passar mais tempo sobre os cadernos. tr3s conjunto para sobremesa Os acabamentos em aço inox brilho e fosco, somados ao inconfundível design triangular, tornam o momento da sobremesa ainda mais irresistível e marcante. vitrine A nova geração de produtos para a cozinha mostra que a tecnologia não precisa necessariamente ter botões, processadores ou painéis touch para provocar grandes transformações no jeito de cozinhar. Por Andreas Müller e Leonardo Pujol A nos atrás, falar em revolução tecnológica na cozinha era como descrever um filme de ficção científica. Aos olhos da imaginação, os fogões, as geladeiras e até as panelas do futuro viriam repletas de luzinhas, painéis e processadores que se encarregariam de fazer todo o serviço braçal. Cortar a cebola em cubinhos bem pequenos? Bastaria apertar um botão. Refogar os legumes? Seria apenas uma questão de programar corretamente o fogão – tal como fazemos, hoje, ao selecionar os ciclos de uma máquina de lavar roupas. E assim, com o mesmo desprendimento com que rolamos a página do Facebook pela tela de um smartphone, nós prepararíamos desde prosaicos sanduíches até os mais refinados risotos apenas bolinando os painéis touch das nossas cozinhas hipermodernas. As grandes inovações estão aproximando, e não afastando o cozinheiro da comida. À medida que o tempo passa, porém, as novas tecnologias levam a cozinha para uma realidade bem diferente daquela imaginada anos atrás. A começar por uma constatação básica: as grandes inovações estão aproximando, e não afastando o cozinheiro da comida. São panelas multifuncionais, facas com fios e formatos especiais, eletroportáteis mais eficientes e muitas outras novidades que facilitam o preparo dos ingredientes e das receitas – mas que passam longe de substituir a experiência e o conhecimento de quem comanda as panelas. “As novas tecnologias e equipamentos certamente ajudam nas tarefas cotidianas, mas jamais vão tomar o lugar de um prato preparado por quem sabe o que faz”, explica Roberta Kleber, chef do La Rouge Bistrô, em Porto Alegre. Não que as tecnologias tenham ficado no meio do caminho. Ao contrário: no mundo todo, muitas empresas vêm pesquisando maneiras de automatizar o preparo dos alimentos. Já existem fornos elétricos que dão ao cozinheiro a chance de controlar o ponto do assado pelo celular, com imagens transmitidas em HD diretamente de cima da travessa. Também há empresas desenvolvendo acessórios que regulam a chama e monitoram a temperatura dos alimentos, tudo para chegar ao cozimento ideal – e evitar que o arroz fique queimadinho no fundo, por exemplo. E esses são apenas alguns exemplos. Mas quem entende de gastronomia garante: a verdadeira revolução está nos produtos que vêm para ajudar a cozinhar – e não para descartar o cozinheiro. 17 tdc. teCNOLOGIA NOVAS TECNOLOGIAS VELHOS COSTUMES Exemplos dessa revolução vêm aparecendo nas principais feiras e mostras conceituais do mundo da arquitetura, design e inovação. Uma delas é a International Kitchen Furniture Exhibition, mais conhecida como EuroCucina, que acontece a cada dois anos em Milão, na Itália. As edições mais recentes do evento têm se concentrado em quatro macrotendências: a Ergonomia, a Vida Saudável, a Sustentabilidade e a Tecnologia propriamente dita. Cada uma abrange novidades bem específicas – e não menos surpreendentes – que prometem transformar o jeito com que frequentamos o cantinho mais importante da casa. Que tal uma cozinha com nichos reservados especialmente para pequenas hortas, onde é possível cultivar ervas e temperos orgânicos sem fazer sujeira? Quem sabe uma cozinha supercompacta, com apenas alguns eletrodomésticos ou uma panela capaz de executar todas as funções de um fogão? Tudo isso já existe – trata-se de mais uma etapa no longo processo de evolução da cozinha, que vem deixando de ser um espaço isolado para se tornar uma extensão dos ambientes de lazer, convivência e descanso. 18 Os novos gadgets multiplicam as possibilidades de combinação de ingredientes e receitas. Cada vez mais completos, os novos gadgets multiplicam as possibilidades de criação e combinação de ingredientes e receitas. As invenções vão desde descascadores e manuseadores de alimentos até eletrodomésticos que redefinem a sensação de estar na cozinha. Os fornos elétricos agora vêm com timer e diferentes opções de programação. Os cooktops já contam com a tecnologia de indução por ondas eletromagnéticas, sendo o mais eficiente – e com menores riscos de queimaduras e outros acidentes. Nesse contexto, alguns aparelhos assumem funções até então impensáveis. É o caso da coifa de parede Way, incorporada à Tramontina Design Collection em 2014. Com um design surpreendente, o aparelho faz mais do que evitar o acúmulo de gordura no ambiente – também adiciona um toque de estilo à decoração da cozinha. Seu motor de alta vazão pode ser acionado por meio de um discreto painel touch, com timer programável e diferentes opções de velocidade. Purificar o ar, como se vê, é um detalhe. 19 tdc. teCNOLOGIA Muito mais que uma panela Atenta às tendências, a Tramontina vem lançando produtos que agregam tecnologia de ponta aos itens mais tradicionais da cozinha. Exemplo disso é a linha de panelas Lyon 360, que se projeta como uma das vedetes da Tramontina Design Collection. À primeira vista, parece ser apenas uma panela diferente, com a tampa desenhada em formato similar ao do corpo. Em ação, porém, a Lyon 360 faz coisas que nem mesmo os mais avançados softwares seriam capazes de executar sobre a chama. Seu grande diferencial é a versatilidade. Com um sistema que veda perfeitamente a ligação entre a tampa e o corpo, a Lyon 360 funciona tal como um forno sobre a boca do fogão. Além disso, vem acompanhada de acessórios que multiplicam suas funcionalidades, tais como uma forma para bolo ou pudim, uma grelha de aço inox e duas formas para pães – sem contar a própria tampa, que atua como um grill. O resultado é mais do que uma panela. Sozinha, a Lyon 360 é capaz de assar, fritar, grelhar, cozinhar, dourar e gratinar. Basta escolher a configuração adequada. 20 Ao contrário das máquinas que prometem transformar o jeito como se faz comida, a Lyon 360 não requer botões, nem painéis ou baterias. É feita para quem gosta de colocar as mãos nos ingredientes, de sentir cheiros e de experimentar a gastronomia com os cinco sentidos. Mesmo assim, a tecnologia embarcada em uma única peça é comparável à das mais avançadas máquinas – não por acaso, ela vem acompanhada de um detalhado manual de instruções, receitas e dicas. Basta conferir a complexidade de seu revestimento antiaderente Starflon T5, com partículas cerâmicas que aumentam a durabilidade e a resistência do produto, feito para suportar até 80.000 ciclos*. Mais do que facilitar na limpeza, a tecnologia também abre portas para uma alimentação saudável, na medida em que dispensa o uso de óleo ou gordura no preparo de vários tipos de receitas – inclusive de carnes. Uma evolução que valoriza ainda mais o conhecimento (e o aprendizado) de quem realmente dá sabor à comida: o cozinheiro. * Ciclos: resistência à abrasão conforme testes realizados em equipamentos de acordo com a norma ABNT NBR 15321:2013. 21 tdc. teCNOLOGIA Mãos de chef Fora da Tramontina Design Collection, há outras linhas que se propõem a aplicar a tecnologia na busca de uma cozinha mais prática e acessível. Lançada em 2015, a Tramontina by Breville desponta na vanguarda do setor de eletroportáteis. Inspirada no conceito “A gente se encontra na paixão pela comida”, a linha vem para transformar os amantes da culinária em verdadeiros chefs. A lista reúne espremedor de frutas, liquidificador, moedor, batedeira, cafeteira, grill, chaleira elétrica, forno para pizza, sanduicheira, máquina de waffle, panela elétrica, wok elétrica, mixer, panificadora, sorveteira, fritadeira, multiprocessador, bule elétrico para chá, forno elétrico e torradeira. A linha consolida um acordo de co-branding com a australiana Breville, uma das mais tradicionais marcas de eletroportáteis do mundo. “A perfeição inspira as pessoas a fazerem ainda mais bonito. Esse é o objetivo desta parceria, unir o design e a tecnologia da Breville com a Tramontina, que já está na casa e no coração das pessoas”, explica Clovis Tramontina, presidente do Conselho de Administração do Grupo Tramontina. O próprio slogan da linha traduz essa visão: “A perfeição inspira a fazer bonito”. Um dos ícones da Tramontina by Breville é a Batedeira Mix Pro. Com um design robusto e corpo sólido de alumínio fundido, ela conta com velocidade variável integral, timer de contagem regressiva (ou progressiva) e até mesmo um sensor de carga que aplica mais força quando detecta ingredientes mais pesados ou sólidos. Outra atração é o Liquidificador Smart Gourmet, que vem com capacidade para até 1,5 litro e configurações pré-programadas para triturar gelo e preparar vitaminas. O controle eletrônico oferece cinco opções de velocidades e o timer é exibido em um LCD. Tudo isso em um corpo de alta resistência a impactos – cujo design agrega ainda mais sofisticação à cozinha. A coleção Tramontina by Breville também traz novidades para quem está disposto a descobrir o prazer de preparar receitas que, na maioria das vezes, só estão disponíveis em casas especializadas. Uma delas é a sorveteira Gelato Express, cujo sistema detecta automaticamente o congelamento da mistura – e a mantém pronta até a hora de servir. São 12 configurações de congelamento em uma máquina com capacidade para até um litro de sorvete. Se antes preparar sorvete parecia complicado, agora depende apenas dos ingredientes certos e de uma programação rápida. “Sem dúvidas, a linha proporciona um resultado de nível profissional mesmo para quem é amador, como se trouxesse um restaurante para dentro de casa. Em termos de desempenho e robustez, não há nada parecido no Brasil”, garante Elzio Callefi, o chef oficial da Tramontina. Ele destaca que o simples uso dos equipamentos não faz do usuário um chef – para tanto, o único caminho ainda é a velha fórmula que combina prática e muita mão na massa. “A tecnologia sempre vai necessitar de alguém para programar e operar, seja um processador, seja um forno combinado com tecnologia touch. Um eletroportátil jamais vai conseguir suprir toda a necessidade humana.” 23 tdc. teCNOLOGIA ambiente sob medida É justamente aí que está outra importante fronteira tecnológica das cozinhas: em mobiliários e materiais com toques descontraídos que ajudam a destacar o espaço e integrá-lo com o restante da casa. Entre eles estão os já consagrados tampos de silestone, que substituem os granitos com cores mais modernas e texturas surpreendentes. “Além da vantagem estética, o silestone tem uma série de características inovadoras, como pouquíssima absorção, resistência a manchas e impactos e proteção antibacteriana”, explica a arquiteta Carla Tortelli. 24 Lixeira para granito 5L QUADRUM da Tramontina design collection “ A tendência é de integração entre a cozinha e o living, “ Cozinhar em casa é, cada vez mais, um momento de lazer – uma oportunidade de relaxamento e prazer que pode ser compartilhada com amigos e familiares. Por isso, a tendência é de mais integração entre a cozinha e o living, formando uma espécie de sala-de-estar ampliada, separada do fogão e da geladeira por nada mais do que um balcão. formando uma espécie de sala de estar ampliada. Fabricante do silestone, a Cosentino lançou recentemente outro material conhecido como Dekton. Uma das vantagens é a resistência ao calor. “Dá para largar uma panela fervendo em cima ou usar como revestimento de boca de churrasqueira”, acrescenta a especialista, sócia do escritório Arquitetando Ideias. “Ainda não há uma vasta gama de cores, mas é muito inovador no quesito pedras.” Esse design, ligado à praticidade, também revela uma tendência de armários esteticamente mais limpos. O puxador, antes inevitável, foi praticamente abolido. E não são poucos os arquitetos que, hoje, trabalham com cavas na própria marcenaria para cumprir a função de puxador e, ao mesmo tempo, dar ao móvel um visual uniforme e mais clean. Isso sem falar no “fecho toque”, solução que dispensa qualquer tipo de puxador ou cava. Basta apertar a porta ou a gaveta para abri-la. Há, ainda, outros fatores e inovações que podem contribuir para uma cozinha mais aconchegante e moderna. A começar pela iluminação – seja por janelas, lustres ou luminárias, – passando por balcões mais amplos e até por lixeiras mais acessíveis, como é o caso da lixeira para granito da coleção Kitchen Style da Tramontina Design Collection. As opções são inúmeras, mas convergem sempre para os mesmos benefícios identificados na última edição da EuroCucina, tais como a ergonomia e o espaço para uma vida mais saudável. a tecnologia que importa No livro Pense no Garfo! – Uma história da cozinha e de como comemos, lançado em 2014, a jornalista britânica Bee Wilson discute como a tecnologia vem influenciando na evolução da cozinha. Com um texto contundente, ela critica a adoração por equipamentos e gadgets que, embora muito avançados, apenas cumprem as mesmas funções dos utensílios mais básicos – tais como uma prosaica colher de pau. Para ela, o verdadeiro valor das novas tecnologias está naquilo que elas agregam aos alimentos. Hoje, por exemplo, quem dispõe de uma boa cafeteira elétrica é capaz de moer os próprios grãos e se autopresentear com o mais cremoso cappuccino. Cem anos atrás, porém, preparar esse tipo de bebida era um desafio bem mais complexo – e um luxo restrito a quem podia pagar pelos mais exímios “baristas” da época. “Toda nova tecnologia representa uma troca: algo se ganha, mas algo também se perde”, argumenta Bee Wilson. O que se ganha, no caso, é a possibilidade de criar muito mais com menos esforço. Já o que se perde é o conhecimento. Afinal, quem tem uma boa sorveteira em casa talvez jamais venha a saber como é que o leite condensado se mistura ao creme de leite, ao emulsificante e aos demais ingredientes para dar origem ao sorvete. Basta apertar o botão. É por isso que os chefs exaltam a importância de tecnologias que enriquecem a experiência de cozinhar, em vez de simplesmente dispensar a figura do cozinheiro. No final das contas, jamais haverá uma máquina capaz de sentir o verdadeiro prazer de servir uma comida quentinha e fumegante para quem a gente realmente ama. 25 tdc. tendências 26 Dois tons, múltiplos significados Serenidade e engajamento dão o tom – ou seriam os tons? – da Cor mais influente de 2016 Por Luiza Guerim A quietude azul do céu sobre prédios e ruas movimentadas. A compaixão em tempos turbulentos e complicados. A simbologia por trás da inspiração para a cor do ano é expressiva. Mais do que uma tendência na moda, na decoração e no design, a escolha do Pantone Color Institute é uma forma de expressão de toda uma geração em busca de equilíbrio e paz – na vida e no trabalho. Pela primeira vez na História, a empresa de Carlstadt, em Nova Jersey, elegeu dois tons como Cor do Ano – Pantone 15-3919 (Serenity) e Pantone 13-1520 (Rose Quartz). A seleção é realizada com base em um processo de análise de tendências. Os especialistas de cores do Pantone exploram o mundo atrás de novas influências. Observam desde cinema e entretenimento até design e moda. Para este ano, o objetivo foi evidenciar a busca por tranquilidade e segurança em meio ao estresse do dia a dia. Daí a escolha por uma combinação que traz a leveza de um azul claro com a eloquência gentil do rosa quartzo. 27 tdc. tendências Fotos Shutterstock.com A inédita nomeação de dois tons como cor do ano não é uma simples casualidade. A escolha vem num momento em que as expressões de gênero ultrapassam o limite binário e passam por uma transformação – tanto na moda quanto na sociedade. E isso causa um impacto direto nas tendências de cores. “Essa abordagem unilateral da cor coincide com movimentos sociais em relação à igualdade e à fluidez de gênero”, afirma Leatrice Eiseman, diretora-executiva do Pantone Color Institute. Com uma geração cada vez mais aberta e com mais acesso à informação, nascem novas abordagens em relação ao uso de cor, agora livres de preconceitos e rótulos. Apesar de sua intrínseca delicadeza, Serenity e Rose Quartz transmitem uma declaração poderosa e desafiadora sobre o estilo e a personalidade de uma pessoa. Como se tiradas de uma paleta de cores de um filme de Wes Anderson, as tonalidades são uma combinação harmoniosa e acolhedora, especialmente na decoração de interiores. O duo traz suavidade e doçura ao ambiente, funcionando como uma válvula de escape ao cinza áspero das ruas. As cores podem ser utilizadas tanto em paredes quanto em acessórios decorativos. PANTONE Street Art_Werc in NYC A tranquilidade de Serenity e Rose Quartz não tem limites de aplicação em casa Uma almofada, uma colcha ou um vaso podem ser usados para dar um toque romântico ao ambiente. Da mesma forma, o tom azul em uma estante de livros remete à serenidade e inspira a reflexão. Essa combinação de tons é ideal em tapetes – e dá mais vida ao estofamento de móveis. Um sofá em Rose Quartz pode ser uma pincelada de sofisticação e tranquilidade para a sala. Na cozinha, os tons candy acrescentam uma pitada de humor e surpresa ao ambiente. A leveza das duas cores não tem limites para ser aplicada na casa: cai bem na cozinha, no banheiro, na sala e no quarto. 28 Seja qual for o estilo – moderno, retrô, country, shabby chic, – o sossego difundido pelas cores proporciona um efeito relaxante em qualquer cômodo, como se espelhasse um pôr do sol. Seguindo a linha de neutralidade de gênero que inspirou a escolha das cores, os tons já são tendência – para homens e mulheres – nas passarelas de marcas consagradas no mundo fashion. Richard James introduziu Serenity e Rose Quartz em seus ternos, camisas e gravatas florais. Maria Grazia Chiuri & Pierpaolo Piccioli colocaram os tons cool do azul do céu e do rosa quartzo nos pássaros de suas estampas de animais para a Valentino Spring 2016. Sofisticadas e descontraídas, as cores ganham vida sozinhas ou se relacionando de maneira equilibrada com outros tons. Não há uma única forma de explorar as nuances. Seja na lã plush para dias frios ou no leve algodão para o verão, as duas cores são adequadas para qualquer estação, tecido, textura ou padrão. Leanne Marshall Para quem busca aderir às tonalidades em seu próprio guarda-roupa, a dica de Ali Pew, editor sênior de estilo da revista norte-americana InStyle, é: em vez de tentar encontrar itens com os dois tons, procure peças para fazer a sua própria combinação. “Misture e combine itens para criar o mesmo efeito”, recomenda Pew em entrevista à InStyle. BCBG Max Azria West Elm Para contrastar com a sutileza dos tons, é interessante escolher tecidos com texturas mais ricas. Isso dá um toque de elegância ao look. Para quebrar o purismo de Serenity e Rose Quartz, combinações com outros tons, como um verde claro ou um rosa nostálgico, são interessantes. Além da roupa, as cores vão bem com joias e acessórios de moda, como bolsas, sapatos e wearable technology – tecnologia de vestir, uma categoria em ascensão na moda. A aplicação dos tons suaves da cor do ano vai além da moda e da decoração. Na indústria dos cosméticos, Serenity e Rose Quartz vêm se destacando pela delicadeza e pela naturalidade. A marca francesa Sephora, por exemplo, apresentou recentemente uma linha especial de maquiagens, desenvolvida em parceria com o Pantone Color Institute, com batons e sombras nas tonalidades do ano. O tom rosado destaca os lábios; o azul dá um toque sutil e revelador aos olhos. Para quem busca mais impacto, a combinação com néon dá um contraste interessante e desafiador. Já uma camada de prata metálico ou brilhante acrescenta aquele toque de elegância próprio para uma ocasião mais especial. SEPHORA + PANTONE UNIVERSE Color of the Year 2016 Eye Palette 29 tdc. tendências Apesar de funcionarem como partes individuais, a força das cores está em sua combinação, no todo. “Juntas, Serenity e Rose Quartz demonstram um balanço inerente entre um tom rosa quente e acolhedor e o azul calmo e tranquilo”, explica Leatrice. A cor do ano busca transmitir um senso de paz e ordem, como um antídoto contra o cotidiano estressante. para Além do design Selecionada para exprimir o zeitgeist – palavra alemã que significa “espírito do tempo” – mundial, a Cor do Ano tem o poder de influenciar todas as áreas do design. A escolha de 2016 é mais do que uma orientação para designers de todo o mundo. É também um desafio à convenção de que azul é para meninos e rosa, para meninas. O objetivo do Pantone Color Institute foi traduzir o momento atual da moda, assim como a busca por igualdade e fluidez de gênero, expressando-a nas cores. “Em muitas partes do mundo, estamos convivendo com questões de gênero no que se refere à moda, que impactam as tendências de cores por todas as outras áreas do design”, comenta Leatrice Eiseman. A associação entre cores e gênero, no entanto, não foi sempre como conhecemos hoje. No início do século 20, era justamente o oposto. O mais “aceitável” eram 30 “ Juntas, as cores transmitem um balanço inerente entre um tom rosa quente e acolhedor e um azul calmo e tranquilo. Leatrice Eiseman, diretora-executiva do Pantone Color Institute meninos vestindo rosa, uma cor mais forte, associada ao vermelho. Já as meninas usavam o azul, mais amável e delicado. Essa convenção mudou apenas na metade do século passado, quando fabricantes de roupas decidiram inverter os padrões vigentes até então. Nos anos 70 e 80, a linha que separava os padrões de gêneros começou a ficar menos nítida, tanto na moda quanto na música e no cinema. David Bowie usou rosa e pintou o rosto. Diane Keaton vestiu terninhos. O estilista Jean Paul Gaultier desenhou saias masculinas. Hoje, em meio às constantes discussões sobre o tema, essas barreiras se transformam e se confundem ainda mais. Para a diretora executiva do Pantone Color Institute, Serenity e Rose Quartz refletem o “clima” atual de uma geração que não tem medo de estereótipos. É dessa forma que as duas cores assumem a responsabilidade de serem mais do que uma tendência nas passarelas, nos produtos ou nas casas. A combinação eleita como a cor do ano se dispõe a inspirar gerações: seja com sua leveza e tranquilidade ou com sua simbologia cultural, política e social. Ou, quem sabe, com as duas coisas. “ No design gráfico, a harmonia do duo é atraente, oferecendo charme e sofisticação aos produtos, dando, ao mesmo tempo, liberdade para o design se destacar. Nos objetos de cozinha, as possibilidades são amplas: do fogão à geladeira, da louça às panelas, os tons se encaixam em qualquer estilo. trix panelas O corpo triplo proporciona o cozimento uniforme dos alimentos e assim multiplica as possibilidades de criação na cozinha. vitrine tdc. destinos É impossível não se encantar com a cultura, as estações de esqui e as vinícolas da capital chilena. Muito além das atrações tradicionais, no entanto, a cidade-sede da primeira tramontina store fora do brasil se consolida como uma das mais seguras, modernas e acolhedoras da América Latina. Santiago dos contrastes Por Ricardo Lacerda, de Santiago tdc. destinos Desconheço algo mais redentor do que arrumar a mala e pegar a estrada. Há exatos dez anos, passei dois meses viajando com uma mochila nas costas entre a Argentina e o Chile. Visitei cidadezinhas encantadoras – como Uspallata, um ponto isolado na Cordilheira dos Andes, e Cerro Colorado, na província de Córdoba. Entre mais de 15 lugares onde pernoitei, nenhum me pareceu mais enigmático, no entanto, do que Santiago. Ao mesmo tempo que ostentava os ares de uma típica metrópole latinoamericana, grandiosa e barulhenta, a capital chilena parecia ocultar algo. Era preciso entendê-la nas entrelinhas. Uma década depois, estou de volta. E só me certifico de que o avião não tomou outro caminho por detalhe: para onde quer que eu olhe, lá estão as montanhas cobertas com gelo emoldurando o horizonte. Estou em Santiago, catchai? Em dez anos, a cidade mudou radicalmente – e para melhor. As ruas estão mais limpas. Algumas das grandes avenidas, por lá chamadas de alamedas, são margeadas por parques bem tratados. Por todo lado, é possível ver gente aproveitando a sombra das árvores, deitada na grama, tomando sol, lendo, fazendo piquenique, namorando ou apenas tirando uma soneca. Tudo a céu aberto, em meio ao rush de uma cidade que concentra mais de 5 milhões de habitantes. Fica fácil entender por que Santiago foi escolhida como sede da primeira unidade internacional da TStore, loja-conceito que proporciona uma verdadeira imersão no universo da marca Tramontina. A mobilidade é um dos pontos fortes. O cinturão rodoviário que envolve a cidade revela que, em breve, será mais tranquilo transitar de carro ou ônibus. Se bem que, com cinco linhas de metrô – que percorrem mais de 100 quilômetros –, usar carro chega a ser desnecessário. O modo como Santiago se transformou ao longo do século 20 é facilmente percebido por quem passeia pela cidade. A região do Centro está entre as zonas mais tradicionais, com o Palacio de La Moneda, a tradicional Plaza de Armas, várias igrejas, museus e calçadões e, claro, os pitorescos cafes con piernas, onde se podem tomar café e outras bebidas servidas por garçonetes em vestidos curtos – mas bem curtos, mesmo. Já o bairro Bellavista, a despeito de ser um dos mais antigos da capital, tornou-se uma zona de badalação e boemia, com uma grande oferta de bares, restaurantes e centros culturais, além de universidades que despejam nas ruas milhares de jovens a cada dia. No high-end de Las Condes, a capital financeira do Chile ganhou o curioso apelido de “Sanhattan” – em alusão a Manhattan, nos Estados Unidos. Por lá, prédios espelhados contrastam com as construções do patrimônio histórico. Outra região que abriga boa parte da elite chilena é a de Vitacura, repleta de hotéis de bandeira internacional, shoppings e, claro, uma grande variedade de restaurantes. 34 Santiago, de fato, mudou. Mas soube conservar praticamente tudo que tinha de bom. A casa onde viveu Pablo Neruda ainda recebe milhares de turistas, ano após ano. As estações de esqui seguem lotadas e as diversas vinícolas aprimoram cada vez mais o atendimento ao turista – aproveitando o terroir único do Valle del Maipo, na Grande Santiago. A todos esses fatores é preciso somar três aspectos fundamentais quando se quer conhecer Santiago mais a fundo. Um deles é segurança nas ruas – inclusive à noite. Outro são os próprios chilenos: hospitaleiros, simpáticos e sempre dispostos a ajudar. Por fim, existe algo de transcendental, que precisa ser lido nas entrelinhas: poucas cidades da América Latina resgatam e preservam tão bem seus valores culturais e históricos quanto o Chile. Não é à toa que o país é o único da América Latina a ter dois Prêmio Nobel de Literatura, com Gabriela Mistral e Pablo Neruda. Mesmo durante a repressão militar, a obra de artistas considerados subversivos – como Vicente Huidobro, Nicanor Parra e o próprio Neruda – sempre foi motivo de orgulho para os chilenos. Esse orgulho geralmente era demonstrado de maneira discreta, tamanho era o medo da repressão. Apesar de a ditadura ter chegado ao fim começo dos anos 1990, o clima de comedimento permaneceu nas décadas seguintes. Em 2006, deixei Santiago no fim de novembro. Dez dias depois, rádios e jornais anunciavam a morte de Augusto Pinochet, levando milhares de pessoas às ruas. Uns comemoravam, outros prestavam homenagens ao ex-presidente. Hoje, a consolidação da democracia deixou qualquer tipo de temor no passado. Em qualquer loja, é possível encontrar quadros, canecas e camisetas em homenagem a Neruda e aos cantores populares Violeta Parra e Victor Jara – falecidos há pelo menos 40 anos. A memória desses artistas se tornou um traço cultural da capital. É possível encontrá-la em museus, centros de cultura e, inclusive, em bares de música ao vivo. É nesse cenário que destacamos, a seguir, seis coisas que fazem de Santiago um dos melhores destinos da América Latina. JeremyRichards / Shutterstock.com 1 Caminhando por Bellavista 2 3 Anton_Ivanov / Shutterstock.com Seria um erro imperdoável passar pelo bairro e não parar para um almoço, jantar ou petisco no Patio Bellavista. Trata-se de uma espécie de shopping de comidas, inaugurado em 2006. O espaço concentra bares, restaurantes, pubs com música ao vivo, lojinhas e serviços como caixa eletrônico, câmbio e passeios turísticos. Para um lanche leve, a dica é desbravar o cardápio do 100 Montaditos e experimentar sabores de minibaguetes como queijo brie com presunto parma ou camarão ao alho e óleo. Para refrescar, a dica é um copo de sangria bem gelada. À noite, vale a pena conferir a música popular latino-americana que invade a madrugada no arte -bar La Casa en el Aire. O restaurante conta com duas sedes: uma no Patio Bellavista e outra a poucos minutos dali, na simpática rua Antónia López de Bello. Pablo Rogat / Shutterstock.com Já se foi o tempo em que visitar Bellavista se resumia a ir ao Cerro San Cristóbal, ao Zoológico Parquemet e à La Chascona, a casa onde viveu Pablo Neruda. No entorno da Universidad San Sebastian, ruas como Pio Nono, Constitución, Loreto e Dardignac chamam a atenção tanto pela arquitetura quanto pela intensidade da vida boêmia. O bairro é a perfeita combinação entre gastronomia, arte e entretenimento, abrigando teatros importantes – como o San Ginés e o Centro Mori. Apesar de ser menos charmosa do que suas perpendiculares, a rua Bellavista reserva para si um atrativo à parte: é nela que se concentram inúmeras joalherias especializadas em lápis-lazúli. Com seu azul profundo, a pedra só pode ser encontrada em dois lugares do mundo – no Afeganistão e lá, mesmo, no Chile. 4 o barco neruda Ainda no bairro Bellavista, a encosta do Cerro San Cristóbal guarda um das grandes atrações de Santiago. La Chascona, a casa-museu, é uma das três residências onde Pablo Neruda viveu com Matilde Urrutia, sua terceira e última esposa. A visita é uma imersão não apenas nas veredas literárias e na vida particular do poeta, mas também um retrato fiel da própria história do Chile. Construída no começo da década de 1950, a casa tem personalidade própria: dentro dela, a impressão é de se estar em um grande barco. Apaixonado pelo mar, Neruda ajudou a conceber a arquitetura sui generis do lugar, colocando na casa portas pequenas, janelas arredondadas, pé-direito baixo e muita madeira. Os dois bares têm balcões de bistrôs franceses do século 19. A sala de jantar, bem equipada, revela o espírito hospitaleiro e glutão do poeta. Na sala de estar, repleta de objetos de arte, é impossível não se deixar encantar por um quadro do mexicano Diego Rivera – ele e Frida Kahlo foram amigos do casal. A obra retrata a mulher de Neruda com duas cabeças; de seus cabelos, emerge um quase despercebido perfil do poeta. Singelo e profundo. A sala de Gabriela Já se vão décadas desde que Pablo Neruda colocou suas três casas nos principais roteiros turísticos do Chile – as outras duas ficam em Isla Negra e Valparaíso. Sobre Gabriela Mistral, infelizmente, não se podia dizer o mesmo. Mas os esforços recentes em resgatar a memória da mais célebre poeta chilena deram resultado. Desde 2010, ela dá nome a um dos maiores complexos culturais do país, o Centro Gabriela Mistral – um amplo espaço aberto a exposições, espetáculos de dança, música, teatro e eventos. Ainda assim, faltava em Santiago um lugar que abrigasse o legado da autora. Não falta mais. Em dezembro de 2015, a Universidad do Chile abriu as portas da Sala Museo Gabriela Mistral, um espaço abarrotado com materiais que resgatam Lefteris Papaulakis / Shutterstock.com momentos marcantes na vida da escritora. Um deles, por exemplo, 6 é o registro cinematográfico de seu funeral, em 1957. Além disso, há uma série de anotações e manuscritos originais, fotos históricas e as primeiras edições de suas obras. 5 7 8 comendo com história Toda cidade que se preze tem um “mercadão” para chamar de seu. Em Santiago não é diferente. O Mercado Central, localizado em um prédio de 1874 com estrutura de ferro pré-fabricada na Inglaterra, é figura carimbada em qualquer roteiro santiaguino. Antes de ir, no entanto, é bom ficar atento a algumas particularidades. O mercado abre muito cedo, perto das seis da manhã, e também fecha cedo, por volta das quatro da tarde. Ainda assim, a maioria dos restaurantes têm acesso pela rua e ficam abertos para o jantar. Os restaurantes roubam a cena no mercado. Mas nem sempre foi assim. Até os anos 1990, o lugar era repleto de bancas de carnes, frutas, legumes, frios e ervas. Aos poucos, elas foram dando espaço a restaurantes especializados em frutos do mar, que hoje ocupam a maior parte do mercado e são abastecidos pelas barracas de peixes que remanescem. Entre os restaurantes, o El Galeón literalmente vende seu peixe pela limpeza, orgulhoso de sua cozinha envidraçada. O maior e mais peculiar, no entanto, é o Donde Augusto. Comandado por Augusto Vásquez – um ex-verdureiro do mercado –, o restaurante é um dos mais famosos e procurados do Chile. Para quem procura uma picada menos badalada, vale a pena experimentar uma boa empanada de camarão e queijo no pequeno Tio Lucho, possivelmente o melhor custo-benefício entre todos os restaurantes do Mercado Central. 9 11 10 Nas páginas anteriores: Nestas páginas: 1. Grafite no bairro Bellavista 3 . Café do Bellavista 2 . Pedra de lápis-lazuli 4 . Detalhe da cidade 5 . O Valle Nevado 6 . Selo alusivo a Gabriela Mistral 7 . Peixes do Mercado Central 10 . Vinícola Concha y Toro 8 . Fachada do Mercado 11 . Vista aérea dos Andes 9 . Cerro Santa Luzia tdc. destinos Odos palácio populares Deixe de lado qualquer expectativa quando a sofisticação, charme e elegância. Pronto: agora você pode conhecer o La Piojera, a mais tradicional picada chilena – localizada bem ao lado do Mercado Central. No bar, que tem mais de 100 anos de existência e foi declarado “bem de interesse histórico” pelo governo chileno, é possível reconhecer as formas mais genuínas do que se pode chamar de “democracia de bar”. Por lá já passaram escritores famosos, músicos conhecidos e até mesmo presidentes. Reza a lenda que, em 1922, o então presidente Arturo Alessandri foi convidado a conhecer o local, justamente porque era frequentado por pessoas humildes. Ao perceber a precariedade do bar, ele teria exclamado: “¿Y a esta piojera me trajeron?”. E foi assim que o até então Bar Democrático se converteu em algo que em bom português pode ser tranquilamente traduzido como “pulgueiro”. Não se assuste com o nome. O La Piojera é sem dúvida o melhor lugar para beber um autêntico terremoto, o poderoso coquetel feito de de Fernet, vinho branco adocicado e sorvete de abacaxi. No topo do arranha-céu Desde agosto de 2015, a Torre Costanera abre diariamente as portas do céu a quem quiser visitá-lo. Lá em cima, no 62º andar do prédio mais alto da América Latina, funciona o Sky Costanera, um mirante com visão 360 graus. Observar Santiago a uma altura de aproximadamente 300 metros é incrível. Edifícios que antes pareciam enormes agora se apequenam diante do poderoso arranha-céu. É possível ver praticamente toda Santiago, com suas principais ruas e avenidas, o rio Mapocho cortando a cidade e a beleza da cadeia de montanhas que abraça a capital. Para pegar detalhes ou pontos específicos, a dica é colocar moedas nos binóculos. Mas atenção: prepare-se para esperar o sol se pôr, caindo por detrás da Cordilheira dos Andes, na linha do horizonte que passa por cima do Cerro San Cristóbal. Mais do que uma foto linda, é a oportunidade para viver uma experiência marcante. 38 por todos os lados, montanhas cobertas de gelo emolduram o horizonte em uma belíssima pintura. tdc. memória Senhor Chef O pai da cozinha moderna; o rei dos chefs. Responsável por popularizar e modernizar os métodos da cozinha francesa, Auguste Escoffier revolucionou a maneira como as grandes cozinhas são organizadas. Simplificou receitas, reduziu cardápios e desenvolveu o atual sistema de serviço com pratos apresentados em diferentes tempos. Ele ainda introduziu equipamentos e instrumentos modernos e instituiu nas cozinhas o sistema de brigada, que hierarquizou funcionários e os dividiu por setores. Autor do livro Le Guide Culinaire, a bíblia dos chefs de cozinha, Escoffier estabeleceu os princípios científicos da culinária e colocou receitas no papel. Agradeça a ele por poder repetir sabores e qualidade nos pratos e cozinhar em grande escala. Roger Viollet Getty Images Nascido em 1846, em uma aldeia próxima a Nice, na Riviera francesa, Escoffier começou a trabalhar como cozinheiro quando tinha apenas 13 anos. Menos de dez anos depois, ele já era chef-saucier de um sofisticado restaurante em Paris. Ao longo da carreira, foi responsável pelas cozinhas de hotéis como o Grand Hotel Monte Carlo, o Savoy de Londres e o Hilton em Paris. Não bastassem suas realizações no ramo da culinária, Escoffier foi um dos fundadores da prestigiada rede de hotéis Ritz-Carlton, uma das mais importantes do mundo. Sua parceria com o suíço Cesar Ritz – que está para a hotelaria moderna como Escoffier está para a culinária – transformou as cozinhas dos melhores hotéis. Em 2016, o mundo rememora os 170 anos de seu nascimento e legado. vitrine doratta sousplat e argola para guardanapos Feitos de inox dourado com acabamento fosco, são como verdadeiras joias à mesa, emprestando requinte extra ao ambiente. vitrine flow cuba de sobrepor O design exclusivo dá modernidade à cozinha e ganha novos contornos com os acessórios opcionais, como a luz de LED e o acionamento automático da válvula. As cubas de sobrepor Flow possuem acabamento antibacteriano e sistema Nanoclean, que garante uma superfície sem porosidade e manchas. unique flex misturador monocomando O estado da arte do design italiano, com monocomando suave e sistema de vedação em discos cerâmicos, que garantem o conforto e a durabilidade. lotus flex msturador monocomando A flexibilidade se destaca neste misturador feito em aço inox 304, com um brilho peculiar que realça todos os tipos de bancada. multi touch forno elétrico de embutir Com design minimalista e tecnologia de ponta, oferece sete programas de cozimento e dezesseis funções que facilitam o preparo dos alimentos. Tudo ao toque da mão. vitrine tdc. design 130 anos de less is more Aço, vidro, concreto e mármore são os materiais que marcaram a arquitetura de linhas puras do alemão Ludwig Mies van der Rohe, um dos maiores nomes da arquitetura do século 20. Foi ele quem introduziu o conceito de less is more (menos é mais) ao design moderno. Nascido em Aachen em 1886, o arquiteto ganhou destaque ao apresentar seu primeiro grande trabalho na Exibição Internacional de Barcelona de 1929. O Pavilhão de Barcelona, como é conhecido o projeto, foi uma obra temporária – durou apenas seis meses. Mas esse período foi suficiente para marcar uma geração. Nos anos 1980, o espaço foi reconstruído e virou um ponto turístico da cidade catalã. Ainda hoje, a obra é um ícone da arquitetura moderna. Para completar seu projeto, Mies criou móveis para a parte interna da construção. Assim nasceu a cadeira Barcelona. O design é elegante e único: duas almofadas retas botonadas com pé geométrico em aço cromado. Mais que uma peça, um símbolo de Mies van der Rohe. A cadeira Barcelona é um símbolo do trabalho do arquiteto e referência no mundo do design. Fotos: Courtesy of Knoll, Inc. Diretor da renomada escola de arte Bauhaus, Mies van der Rohe se mudou para os Estados Unidos no início dos anos 1930, quando o regime nazista forçou o fechamento da instituição. Lá, o arquiteto seguiu seu trabalho de vanguarda. Foi responsável por construções que são ícones do design moderno, como os prédios do campus do Illinois Institute of Technology – do qual foi diretor –, o complexo Chicago Federal Center e a casa Farnsworth. A sede da Neue Nationalgalerie (Nova Galeria Nacional), em Berlim, foi o último projeto do arquiteto, que faleceu um ano depois da conclusão do espaço, em 1969. Seja nos móveis ou nas construções, Mies van der Rohe transformou a arquitetura e o design – e deixou um legado que permanece atual até hoje. 45 tdc. ENTRETENIMENTO vida de Master Chef os chefs Paola Carosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça se tornaram estrelas de um dos mais bem-sucedidos programas da TV brasileira. mas quem são eles, afinal? Por Emanuel Neves Em 2015, quem acessasse o Twitter nos finais de noite de terça-feira corria o risco de ver sua timeline invadida por uma enxurrada de posts sobre ceviches, ragús e purês de mandioquinha. A onda de comentários culinários era movida por um dos mais surpreendentes fenômenos televisivos brasileiros: o talent show MasterChef, da Rede Bandeirantes. Criada no Reino Unido em 1990, a franquia reúne cozinheiros amadores na disputa por um prêmio em dinheiro – e pelo sonho de se tornarem chefs profissionais. A atração já foi veiculada em mais de 40 países. Quando chegou ao Brasil, em 2014, bateu recordes de audiência para a emissora. 46 O êxito do MasterChef pode ser visto pela enorme repercussão nas rede sociais. Foto Lucas Ismael - Band Fotos Carol Gherardi - Band Além dos altos índices de Ibope, o êxito do MasterChef é referendado pela repercussão nas rede sociais. O indicador Twitter TV Ratings, que mede o número de citações aos programas televisivos no site, registrou a liderança do MasterChef durante toda a última temporada, entre maio e setembro de 2015. Qual o segredo para tamanho sucesso? Há pelo menos três respostas possíveis para essa pergunta: Paola, Jacquin e Fogaça. Renomados no mercado paulista, o trio de chefs escolhido para compor o júri da atração conquistou o público com muito carisma e conhecimento do riscado. Cada um deles tem um estilo próprio. Aos 43 anos, dona de um vasto arsenal de sorrisos enigmáticos, a charmosa argentina Paola Carosella desponta como a musa do sarcasmo. Já o francês Erick Jacquin, de 51 anos, é o arquétipo do chef intolerante, neurótico e rabugento – mas com algo de divertido nas entrelinhas. Único brasileiro, o casca-grossa Henrique Fogaça, 41 anos, coloca os competidores para tremer com sua voz de trovão e a cara de poucos amigos. Mesmo com a fachada hostil – e até grosseira, às vezes –, os três sabem a hora de pegar leve. Isso ficou claro durante o MasterChef Júnior. A versão infantil do programa é mais descontraída e menos tensa do que a dos adultos. “A tensão do programa vem do nervosismo dos participantes. Já as crianças estão brincando. Isso também nos deixa mais soltos”, diz Paola. Apresentado por Ana Paula Padrão, o MasterChef é o principal expoente de uma leva de competições culinárias surgidas nos últimos anos. Hoje, praticamente todas as televisões abertas do Brasil, assim como muitos canais fechados, têm os próprios talent shows gastronômicos. Isso sem falar dos inúmeros programas de receitas. A febre começou no exterior e acompanha um interesse maior das pessoas pela alimentação. “O MasterChef mostra que todo mundo pode cozinhar. Basta ter criatividade e amor”, diz Jacquin. A opinião do francês é compartilhada por Fogaça: “O programa tem uma fórmula consagrada, que passa conhecimento e entretém ao mesmo tempo”. Nas próximas páginas, você conhecerá um pouco mais sobre a história e a rotina dos três chefs mais queridos e temidos da televisão brasileira – e sobre a forma como cada um deles se relaciona com a cozinha. 47 PAOLA CAROSELLA A esfinge portenha Exigente, a cozinheira argentina que rejeita o título de “chef ” caiu nas graças da audiência com um estilo que mescla sensibilidade, elegância e pitadas generosas de sarcasmo. Paola Carosella leva o garfo até o prato, serve-se de uma porção farta e a traz à boca. Em segundos, o paladar apurado, amadurecido em quase 25 anos de alta gastronomia, calcula o tempero, o ponto de cozimento, as texturas e a harmonia. O veredito chega ao competidor na forma de um sorriso absolutamente indecifrável, que tanto pode representar o doce da aprovação quanto o fel do escárnio. A postura um tanto ácida e sardônica se tornou uma marca de Paola em sua participação como jurada do MasterChef. Mas a máscara de avaliadora inclemente, embora não seja de todo falsa, é apenas uma parte de seu show. Ao longo das duas edições do programa – três, contando o MasterChef Júnior –, o público já teve diversas demonstrações de o quanto essa argentina de 43 anos pode ser, também, sensível e um tanto molenga. Foto Jason Lowe “ Cheguei muito jovem à França e entendi que a gastronomia era maior do que aquilo que eu via na Argentina. “ 48 Nascida em Buenos Aires, filha de uma argentina e de um italiano, Paola Carosella foi levada à cozinha por dois caminhos distintos. O primeiro, mais leve, abriu-se logo na infância, quando ela vivia à barra da saia das duas avós, ambas italianas. “Passei minha infância com elas. Eu as ajudava na horta, ficava desenhando perto delas. Adorava comer”, lembra. Mais tarde, na adolescência, a culinária se tornou um antídoto à solidão. Nos anos 1980, a mãe de Paola, falecida em 1999, dividiase em dois trabalhos durante o dia e cursava a faculdade de Direito à noite. Nunca tinha hora para chegar em casa. Já o pai, Paola viu poucas vezes na vida. Com grave depressão, ele foi submetido a várias internações até 2001, quando acabou vencido pela doença. Assim, sozinha no apartamento de Saavedra, na zona norte da capital portenha, a menina passava o tempo se aventurando em reproduzir as receitas que aprendia num programa de culinária da TV. O fogo daquela época e os aromas da infância definiram o seu destino. Aos 18, ela conseguiu um estágio no restaurante suíço La Cave du Valais, em Buenos Aires. E nunca mais saiu da cozinha. Nos anos seguintes, Paola fez um tour por alguns dos principais polos da gastronomia mundial. A começar pelo maior deles: Paris. “Cheguei muito jovem à França e então entendi que a gastronomia era maior do que aquilo que eu via na Argentina”, diz. Depois, ela colecionou passagens por restaurantes de Montevidéu, Mendoza, Nova York e Califórnia. Chegou a São Paulo em 2001, trazida pela mão por Francis Malmann, um dos chefs argentinos de maior renome internacional. Sua missão era comandar as panelas do restaurante Figueira Rubayat. Do receio ao sucesso As experiências colhidas em lugares distintos ajudaram Paola a formar sua própria personalidade como cozinheira – aliás, ela tem sérias restrições ao termo “chef”. Isso a fez receber o convite para integrar o MasterChef com igual reticência. “Sempre fiz questão de ser chamada de cozinheira. Tinha medo de entrar num programa com esse título”, reconhece. Tamanha cautela é até natural para quem sequer tinha televisão em casa antes de entrar no ar. Paola só comprou um aparelho para poder acompanhar o programa que ela mesma apresentava – com enorme sucesso, diga-se. “ “ Entro devagar em universos desconhecidos. A química de Paola com seus parceiros de júri é uma das principais receitas de empatia do talent show. “O Fogaça é puro coração. O Jacquin é muito inteligente e engraçado”, elogia. Ela também explica que a abordagem dos jurados teve de ser adaptada à versão infantil. Ficou mais leve para acompanhar o ritmo das crianças. “Uma coisa é você julgar uma menina de 1,40m. A outra é estar na frente de um baiano capoeirista de 90 quilos”, brinca. A tarefa de lidar com crianças não chega a ser uma novidade. Há quatro a anos, Paola reserva boa parte do tempo livre aos cuidados com Francesca, sua única filha e xodó da casa. Só não lhe dá dedicação exclusiva porque tem outros compromissos. Fora dos estúdios, Paola atua na supervisão de seus dois restaurantes – o Arturito, aberto em 2008, e o La Guapa, criado em 2014, ambos com o sócio Benny Goldenberg. O primeiro oferece leituras de culinária mediterrânea. Já o outro é uma legítima casa de empanadas argentinas. Com tantos afazeres, Paola precisa se desdobrar. “Minha agenda é muito maluca. Não tenho dias normais. Adoraria ler e fazer yoga regularmente, mas não consigo”, admite. Sem familiares por perto, ela conta com a ajuda dos próprios funcionários para buscar Francesca na escolinha. Às vezes, a menina a acompanha nas gravações. Em casa ou na rua, os programas de final de semana são totalmente dedicados à pequena. A não ser quando o namorado de Paola – o fotógrafo irlandês Jason Lowe – está no Brasil. Ele mora em Londres e os dois se encontram uma vez por mês, em média. Por aqui, o charme de Paola tem encantado muita gente. Tanto que teve até um convite para posar nua, educadamente recusado. Ponderada, ela compreende bem os efeitos da exposição massiva. “Entro devagar em universos desconhecidos. Obviamente, me tornei uma pessoa pública e vou aprender a administrar isso com o tempo”, afirma. Além de cuidar de Francesca e de seus dois restaurantes, Paola tem alguns planos para 2016. Um deles é lançar um livro de receitas em parceria com o namorado. O outro, apresentar a 3ª edição do MasterChef. Tremei, candidatos: os sorrisos enigmáticos vêm aí outra vez. ERICK JACQUIN o bonachão inclemente O chef francês costuma dizer que “felicidade e flor de sal” é o que não pode faltar em sua cozinha. Quem o conhece de perto, porém, costuma acrescentar outros ingredientes: exigência, algumas explosões e muito talento. Tompero. Diz-se com ênfase no ‘pê’ – e fazendo um biquinho, de preferência. Ao ler essas três sílabas, quem acompanha o MasterChef logo reconhece o carregado sotaque francês e o rosto rechonchudo, de feições costumeiramente histriônicas, acima da indefectível gravatinha borboleta. Erick Jacquin é o tempero mais marcante do programa. Sem papas na língua, o chef francês é pródigo em julgamentos ferinos e distribui descomposturas semanais aos candidatos, protagonizando os momentos mais engraçados da atração. Mas ele garante não ter criado um personagem para o talent show. “Não mudei minha personalidade. Sou o mesmo em casa, na TV e na cozinha. Me dei bem por isso”, afirma. Foto Carol Gherardi - Band “ “ Sou o mesmo em casa, na TV e na cozinha. A autenticidade vem do berço. Nascido em 1964, na pequena comuna de Dun-sur-Auron, na região central da França, Erick Jacquin se apaixonou pela culinária logo cedo, vendo a mãe cozinhar. A decisão de abraçar a gastronomia como carreira foi tomada na adolescência. Aos 15 anos, ele foi incentivado pelo pai a experimentar a profissão numa confeitaria da cidade. Trabalhou lá durante as festas de fim de ano e teve certeza de que sua vida perderia o sentido longe das panelas. Depois de cursar uma escola de gastronomia, Jacquin se mudou para Paris, onde atuou ao lado de renomados chefs franceses. Em 1994, já contando com uma estrela do Guia Michelin – a publicação mais respeitada da gastronomia mundial –, Jacquin recebeu uma proposta tentadora do empresário italiano Vicenzo Ondei para assumir a cozinha do Le Coq Hardy, em São Paulo. O francês aceitou o desafio e chegou ao Brasil no ano seguinte. Trouxe consigo a sommelier francesa Katia Lefriec, com quem foi casado até 2003 e teve seu único filho, Edouard, de 17 anos. Jacquin foi um dos responsáveis por maturar a cultura da cuisine française no Brasil. Uma de suas principais contribuições é o petit gâteau – iguaria por ele apresentada ao paladar dos brasileiros. O chef passou quatro anos à frente do Le Coq Hardy e depois abriu o Café Antique, em 1999, consagrando-se como um dos expoentes da alta gastronomia no Brasil. Escolhido chef do ano diversas vezes, Jacquin foi o primeiro francês da América Latina a receber o Maître Cuisinier de France – a mais alta condecoração gastronômica concedida pelo governo de seu país de origem. Jacquin prima pela excelência em todos os detalhes. Esse é um dos motivos de sua implicância com o horário de atendimento prolongado dos restaurantes brasileiros. “Ninguém pode trabalhar com qualidade e exigência se vai cozinhar do meio-dia até a 1h da manhã”, critica. Essa exigência é refletida na postura de Jacquin no MasterChef. 50 “Sou difícil de aguentar.” Reza a lenda que Jacquin já arremessou pratos em cozinheiros por se irritar com as falhas de execução de uma receita. Também é comum vê-lo tomar uma frigideira da mão de um assistente e despejar todos os ingredientes no lixo. Certa vez, quem parou na lixeira foi um dos próprios assistentes, encestado pelo chef enfurecido. “Quem trabalha comigo sabe da minha exigência. Não é fácil. Mas sou assim comigo mesmo”, admite Jacquin. Além disso, ele curte os primeiros meses de casado com a maîtrisse Rosângela Menezes. Os dois estão juntos há mais de dez anos, mas a união só foi oficializada no mês de outubro, seguida por uma lua de mel na Amazônia. Outro caso de amor duradouro de Erick Jacquin é com o Brasil. Naturalizado brasileiro, o chef até cogita retornar ao país de origem, mas não por agora. “Voltaria se me faltasse trabalho ou depois de me aposentar”, especula. O temperamento explosivo pode ser complicado. Mas é o que mantém Jacquin na posição de destaque entre os jurados do MasterChef. O olhar inclemente, os comentários ácidos e a postura quase ofensiva contrastam com o corpo e o jeitão bonachão. O programa jamais seria o mesmo sem ele. Pelo visto, os brasileiros não precisam se preocupar: o talento e o carisma de Erick Jacquin devem seguir aqui por muito tempo ainda. E, claro, o seu tompero também. “ Quem trabalha comigo sabe da minha exigência. Não é fácil. “ Fora dos estúdios, Jacquin leva uma vida modesta, sem o glamour que se poderia esperar de um chef tão badalado na telinha. Desde que fechou seu próprio restaurante, em 2013, ele passou a cozinhar para pequenos grupos e a atuar como consultor de algumas casas, além de ser sócio do paulistano Tartar&Co. Lá, ele controla a qualidade e monta cardápios com base no conceito de “bistronomia”. “É preço de bistrô, mas com qualidade e criatividade”, explica. Foto Lucas Ismael - Band Fotos Carol Gherardi - Band O convite para integrar o MasterChef o ajudou a turbinar a nova fase da carreira. Hoje, Jacquin é uma celebridade: aparece em comerciais, é reconhecido na rua, recebe convites para eventos no Brasil inteiro e tem até uma linha de produtos com a sua própria marca. Faz de tudo. A única ideia que não lhe passa mais pela cabeça é a de de abrir um novo restaurante só seu. Ao menos por enquanto. “A lei trabalhista do Brasil é anacrônica e colonialista”, justifica. Em 2016, a exemplo de Fogaça, o chef terá um reality show exclusivo no canal pago Fox Life. HENRIQUE FOGAÇA sangue bom na cozinha A marra, a expressão sisuda e o timbre rouquenho podem até assustar à primeira vista. Mas o chef paulista, acima de tudo, é um cara “do bem” e sem frescuras, que acredita na culinária simples e acessível a todos. Se você pesquisar pela palavra “Oitão” no YouTube, o site vai lhe sugerir diversas apresentações de uma banda de hardcore barra pesada, ao melhor estilo Ratos do Porão. O vocalista é um sujeito forte, com cara de mau, cabeça raspada e tatuagens até o pescoço. A postura agressiva é reforçada pelas letras críticas e por uma voz que chega a rasurar os tímpanos de tão áspera. Agora, corte para o 10º episódio da 2ª edição do MasterChef, veiculado em 21 de julho. Estamos no momento da eliminação, e o responsável por informar quem deve abandonar o avental branco é o tal vocalista casca grossa. Na hora de justificar a decisão, ele dá um nó na garganta do país inteiro ao contar sobre a frustração de jamais ter podido cozinhar para a filha, Olívia, de 9 anos. Com necessidades especiais, a menina não sente gostos e se alimenta por uma sonda desde o nascimento. Foto Patrícia Corvo “ Queria me alimentar melhor e fui pedir dicas para a minha avó. Quando me dei conta, estava fazendo uns rangos diariamente e pirando. “ 52 As duas imagens contrastantes resumem bem a personalidade de Henrique Fogaça: por trás da fachada de durão bate um coração enorme. “Ele é um autêntico sangue bom”, define a colega de júri Paola Carosella. Henrique Fogaça nasceu em Piracicaba (SP) e se tornou cozinheiro por causa das comidas congeladas – ou, melhor dizendo, por não tolerá-las mais. Aos 23 anos, mudou-se para São Paulo, onde cursava Comércio Exterior – depois de ter largado a faculdade de Arquitetura – e trabalhava num banco. A rotina corrida, entre cheques sem fundo e aulas na universidade, não lhe abria muito espaço para refeições de verdade. Mas um dia o paladar se cansou dos pratos pré-prontos. “Queria me alimentar melhor e fui pedir dicas de receitas para a minha avó”, lembra Fogaça. E foi assim, com o estômago, que Fogaça iniciou uma grande virada em sua vida. Aos poucos, os temperos e combinações ensinados pela avó começaram inspirá-lo. “Quando me dei conta, estava fazendo uns rangos diariamente e pirando”, brinca. Por influência de sua mãe, ele deixou para trás a faculdade, pediu demissão do banco e passou no vestibular para Gastronomia na Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Esse era um dos primeiros cursos dedicados ao gênero. Enquanto estudava, Fogaça precisava se virar para pagar as contas. Criou algo que, hoje, seria classificado como um food truck. Um pouco mais modesto, é bem verdade – já que se tratava de uma kombi com bancada de inox, na qual ele preparava uma série de lanches, como preparados de carne e purê de batatas. Chamada de “Rei das Ruas”, a lanchonete sobre rodas ficava numa esquina da região dos Jardins, zona nobre da capital paulista. A experiência foi boa, avalia ele, mas durou pouco mais do que um semestre. Abaixo a gourmetização De lá para cá, Fogaça se tornou uma referência na gastronomia brasileira. Seu conceito de culinária é direto e sem firulas: comida simples, gostosa e feita com amor. Nada de gourmetizações – um movimento, aliás, abominado pelo chef de 41 anos. Para ele, a alimentação é um instinto básico do homem e deve ser farta e acessível, nunca um luxo. Guiado por esse ideal, Fogaça e os chefs Checho e Lira Yuri criaram o projeto “O Mercado”, uma feira gastronômica de rua com pratos elaborados por restaurantes paulistas famosos e vendidos a preços baixos. De 2012 a 2015, o evento foi mais um dos muitos empreendimentos que exigem sua atenção. Ele também é dono do pub Cão Véio, onde há até rótulos de cerveja com seu nome – e que foi aberto em parceria com Badauí, vocalista da banda CPM 22, e Kichi, promoter de festas que trabalhou com Sepultura e Ratos de Porão. Fogaça ainda é sócio de outros três estabelecimentos: o restaurante Jamile, inaugurado em setembro, e o bar Admiral’s Place e o Sal Gastronomia. Mesmo com tantos afazeres, Fogaça encontra tempo para lutar Muay Thai, participar das ações sociais do motoclube In’ Omertá e dar aulas de culinária no projeto Chefs Especiais – dedicado a pessoas com síndrome de Down. Isso sem falar dos vocais da Oitão e dos cuidados com a família – além de Olívia, há o caçula João, de sete anos. “Me entrego 100% às coisas de que gosto e que acredito”, garante Fogaça. E o público poderá conferir isso ainda mais de perto em 2016. Para este ano, ele prepara o lançamento de um reality show só seu. “O programa vai mostrar um pouco da minha vida, passando também pela cozinha”, adianta. A veiculação se dará no canal a cabo Discovery TLC. Além disso, Fogaça planeja abrir uma unidade do Sal Gastronomia em Miami e já está confirmado para a 3ª edição do MasterChef. Foto Patrícia Corvo Como dar conta de tudo? Para ele, a fórmula é usar na vida a mesma receita de simplicidade que vai aos pratos: “O segredo é se dedicar e fazer tudo com muito amor”. 53 NAMOA BANDEJAS E COMPLEMENTOS vitrine MOSAICO COLHERES PARA CHÁ OU CAFÉ A moda invade a cozinha em peças de puro aço inox ornadas com texturas e padronagens da alta-costura. O design clean garante a versatilidade desta coleção de bandejas, que se complementam com um moderno centro de mesa e um porta-guardanapos. Simples e único. tdc. bem-estar Paraísos para Relaxar Os spas são mais do que espaços para cuidados estéticos – são redutos para relaxar e cuidar do corpo e da mente. Pequenos oásis para fugir do estresse cotidiano, eles oferecem o espaço ideal para quem busca uma guinada na qualidade de vida. Alguns se dedicam a objetivos específicos: aprimorar a forma física, melhorar a alimentação, dedicar-se à espiritualidade ou simplesmente cuidar da saúde. O Wellness Travel Awards, da Spafinder Wellnes, elegeu os melhores spas do mundo em 2015 a partir de uma votação com mais de 20 mil clientes. Conheça três deles que receberam o Crystal Awards, o prêmio principal: Kurotel gramado, brasil Eleito o melhor spa das Américas do Sul e Central, o Kurotel Centro Médico de Longevidade e Spa, em Gramado, na Serra gaúcha, é referência mundial – já são mais de três décadas no ramo de cuidados com a saúde e o bem-estar. São diversos programas, incluindo antitabagismo e pós-câncer, e uma estrutura com piscinas, quadra de tênis e quartos luxuosos. Canyon Ranch Tucson, Estados Unidos Localizado em Tucson, no estado norte-americano do Arizona, o Canyon Ranch foi escolhido o melhor spa da América do Norte. Com instalações no deserto, o estabelecimento oferece mais de 40 atividades. Entre elas, caminhadas nas montanhas. Consultas espirituais, médicas e fitness, sempre com acompanhamento especializado, também estão no programa do local. Sha Wellness Alicante, Espanha Localizado na costa mediterrânea da Espanha, o Sha Wellness é o melhor spa da Europa. O estabelecimento desenvolveu seu próprio método antienvelhecimento, que une a dieta macrobiótica com terapias naturais. Técnicas avançadas são usadas para desacelerar o processo de envelhecimento e prevenir doenças. 55 Fotos: Kavalan Distillery tdc. design Encantamento em forma de loja com Design encantador e ambientes cada vez mais envolventes, os pontos de venda se transformam nas grandes estrelas da experiência de consumo Por Tatiana Reckziegel Toda loja conta uma história. Cada uma tem um cheiro, uma luz, uma cor – algo, enfim, capaz de despertar os sentidos do consumidor. Já que essa história precisa ser contada, vale lembrar que, muitas vezes, são as marcas as responsáveis por assumir o controle desse ambiente. São elas, afinal, que melhor dialogam com os clientes. Um ponto de venda bem planejado é uma forma poderosa de estabelecer uma ligação entre consumidor e marca. Desde muito antes de se falar em conceitos como environmental graphic design, customer experience e marketing sensorial, as lojas já se preocupavam com esses aspectos de maneira intuitiva. Dona Márcia, por exemplo, sabia que usar as louças da avó daria um ar aconchegante a seu restaurante de comida caseira. E Sílvio, o padeiro, já notava que quando o cheiro de pão quentinho tomava conta da loja, ele vendia mais. Até aí, nenhuma novidade. A diferença é que, hoje, existem recursos que permitem explorar (e multiplicar) estes detalhes que garantem uma experiência encantadora. Cada vez mais, quando entram em uma loja, as pessoas querem ser conduzidas por um momento representativo, útil e agradável – envolvendo-se ainda mais com a marca. 56 “Cerca de 70% da decisão de compra acontece no ponto de venda, e mais da metade dela se concentra em aspectos visuais”, explica o arquiteto Júlio Takano, do escritório KT Retailing, de São Paulo. Nesse contexto, não basta ter um bom mix de produtos; também é necessário pensar na forma como o consumidor vai encontrá-los – no chamado “circuito de compra”. Esse é o espírito que guia a Tramontina Store, lojaconceito criada para proporcionar uma experiência de imersão na Tramontina. Também conhecida como TStore, a unidade serve para guiar o consumidor pela extensa variedade de produtos da marca. Takano, que ajudou a concebê-la, lembra que a Tramontina oferece mais de 18 mil itens, mas nem todos são conhecidos. “Logo, a missão da TStore não é concorrer com os varejistas, e sim aumentar a percepção sobre esse portfólio, que é muito vasto”, explica. O resultado é uma espécie de “playground da marca”, onde o visitante transita entre milhares de produtos para as mais diversas finalidades. “A gente estima que o circuito de compra da TStore dure mais de uma hora”, diz Takano. Inspirados nesta experiência, reunimos oito dicas para montar um ponto de venda surpreendente – confira o resultado nas próximas páginas. Pense na loja como o cenário. Ela mostra quem é a marca Planejar um ponto de venda significa, também, tangibilizar os conceitos que evidenciam a identidade de uma marca. Se a empresa for focada em sustentabilidade, o ambiente precisa transparecer isso. Se o produto for moderno, as linhas da loja devem acompanhar o estilo. Um ponto de venda pode ser pensado como um cenário que ajuda a marca a contar sua própria história. É o que faz o Mercado Brasco, em Porto Alegre, inteiramente criado para encantar. O clima é de um mercadinho com toques de criatividade, que fica evidente não só nos acabamentos rústicos utilizados, mas também na decoração – que traz até mesmo uma estilosa Romiseta amarela. “Trabalhamos o conceito do mercadinho de esquina, em que o dono atende de avental, como acontece de verdade, e potencializamos isso com os signos que temos no nosso imaginário de um antigo mercado”, conta Roberto Bastos, diretor da Sceno, empresa de environmental graphic design responsável pelo projeto das lojas do Mercado Brasco. O conceito está alinhavado com o Moinhos de Vento, bairro tradicional de classe alta, onde está localizada a maioria das empresas da indústria criativa do Rio Grande do Sul. Fotos: Divulgação Construa identificação com elementos familiares Uma alternativa para aumentar a identificação com o consumidor é desfazer aquela cara de “loja impessoal” que todo estabelecimento tende a ter. Para isso, a dica é encontrar um lugar que remonte à experiência de aconchego. Nesse contexto, o inconsciente trabalha a favor do ponto de venda. Aquela luminária ou aquele quadro com personalidade não são meramente decorativos. Eles comunicam quem a marca é. Indo além, o ideal é fazer com que isso repercuta na identidade dos próprios consumidores. “As pessoas buscam identificação com as marcas nesses espaços. Quando a gente estabelece uma conexão emocional, isso é muito mais forte e garante um relacionamento mais duradouro com o cliente”, garante Bastos. Localizada em São Paulo, a loja multimarcas Clube Chocolate segue a mesma filosofia. A empresa tratou de integrar suas origens cariocas ao ambiente do consumo. O espaço desenhado pelo renomado arquiteto Isay Weinfeld conta com um jardim com palmeiras e areia clara, remetendo o visitante aos ares de Rio Janeiro em meio à dureza da capital paulista. Quem não arrisca e continua apostando puramente em pontos de venda bem iluminados, com produtos bem expostos mas sem identidade, certamente está perdendo grandes oportunidades. 57 tdc. design Não abuse do marketing sensorial Estimular os múltiplos sentidos do consumidor em uma loja não é novidade. O mundo das marcas já despertou para o assunto há um certo tempo – e até explorou além da conta o chamado marketing sensorial. Depois do alvoroço, chega a segunda fase: sons, texturas, cheiros e gostos só são úteis quando fazem sentido. Não é porque é tendência que vale sair aplicando tudo ao mesmo tempo. “Tem que ser cuidadoso para não pecar pelo excesso de referências. Não dá para fazer uma salada de elementos”, alerta Rodrigo Dienstmann, diretor da Exhimia, empresa especializada em design voltado para varejo. Segundo ele, cada sensação precisa estar intimamente conectada com a identidade da marca. Uma música ou um aromatizador deslocados podem fazer o cliente questionar a história que a loja quer contar. Uma referência positiva nesse sentido é a Le Lis Blanc. A marca de moda feminina trabalha com um aroma assinado desde 1998. O cheiro sofisticado, com notas de alecrim, combina com o posicionamento da grife e já virou uma assinatura olfativa. Hoje, até as clientes podem deixar sua casa “mais Le Lis Blanc”, já que a fragrância virou produto vendido pela própria empresa. desconstrua o processo de compra Com tantas facilidades tecnológicas à mão, o passo-a-passo tradicional de uma compra não faz mais tanto sentido. Há quem ache um tédio entrar na loja, ir até o balcão e pedir ao vendedor que exponha e apresente o produto. Depois, ainda é preciso passar no caixa, pagar e só então ir ao setor de pacotes retirar a compra. A chance de alguém desistir no meio do caminho é grande. Por que não otimizar? Foi exatamente isso o que a Apple fez. Revisando o processo de compra, as Apple Stores se tornaram referência ao proporcionar ótimas experiências aos consumidores. A configuração das lojas tirou de cena o vendedor do outro lado do balcão. Espalhados pelo ambiente estão consultores prontos para tirar dúvidas, ainda que a experimentação fique por conta do cliente – livre para manusear, testar ou fazer uma incursão pelos aplicativos. Se a pessoa decidir comprar, o atendente acessa a conta ali mesmo e finaliza a venda sem sair do lugar. É o slogan da marca, “think different”, traduzindo-se em experiência de consumo. Foto: Justin Brown USE e abuse dA TECNOLOGIa Se existe uma tendência absoluta nas lojas, trata-se da ampliação do uso da tecnologia. Diante das possibilidades oferecidas por novos recursos, a experiência de compra pode ser elevada a patamares inéditos. Nesse contexto, há quem venha apostando em oferecer elementos high-tech a fim de buscar as melhores formas de degustar produtos. Nesses casos, quando o cliente constrói uma conexão especial com objeto de compra, o momento pode ser mágico. “O consumidor toma a decisão da compra por hábito ou emoção, e o que motiva isso é a experimentação”, explica Christiany Zanotto de Sena, diretora comercial da AZ4 Group, empresa especializada em design de ponto de venda. Benchmark de inovação na experiência do consumidor, a Verizon se deu conta de que seu modelo tradicional de venda de smartphones estava ultrapassado. Descrever a memória ou o processador não gera envolvimento; afinal, são os aplicativos que fazem as pessoas se encantarem pelos aparelhos. Foi com esse insight que a empresa deu um empurrãozinho na imaginação dos clientes. Nos espaços da Verizon, as pessoas podem correr em esteiras e testar aplicativos de atividade física, por exemplo. Cada ala temática provoca o cliente a conhecer novas tecnologias possíveis por meio do aparelho celular. Foto: Verizon Divulgação para envolver Fotos T-Store: Murillo Tinoco inspire-se nas lojas-conceito Com a disparada do e-commerce, as lojas físicas de sucesso se consolidaram como espaços que vão muito além da venda. O consumidor espera nada menos que ter uma interação envolvente no local. Focadas nesse propósito, nasceram as lojas-conceito, com o ambiente pensado para proporcionar experimentações. Exemplo disso são as TStore, criadas para envolver o consumidor no “universo” da Tramontina. Tudo é escolhido a dedo para comunicar o conceito, inclusive a localização. Em geral, as empresas optam por ter poucas lojas nesse modelo. Afinal, cada uma delas precisa ser realmente especial. E é aí que as marcas tendem a investir alto para surpreender. Na Dinamarca, um projeto colossal da Lego promete se tornar referência global em loja-conceito. Pelo desenho, a Lego House terá o formato de 21 blocos clássicos da marca, todos encaixados. No espaço de 12 mil metros quadrados, além do ambiente comercial, estarão um museu interativo, um restaurante e uma grande praça. Com a inauguração prevista para a segunda metade de 2017, a empresa já promete que o local vai proporcionar experiências únicas aos visitantes. 59 seja sustentável Preocupar-se com o meio ambiente não é mais assunto exclusivo para empresas relacionadas à temática da ecologia. É de bom tom para qualquer marca primar pela sustentabilidade na hora de construir um ponto de venda. Cada vez mais pessoas orientam suas vidas em direção ao consumo consciente, de modo que os espaços ecofriendly estão mais em alta do que nunca. Além de agradarem ao público, as lojas sustentáveis costumam proporcionar economias expressivas em gastos fixos com água, luz, manutenção e outros recursos básicos. Se a empresa carregar em seu DNA esses valores, melhor ainda. Nesses casos, chega a hora de dar um passo a mais na direção das soluções ecológicas. É o caso do mercado alemão Original Unverpackt. Lá, todo tipo de embalagem descartável é simplesmente eliminado das gôndolas. Para transportar os produtos, o cliente pode levar seu próprio recipiente, pegar um emprestado do mercado ou utilizar uma embalagem especial de papel reciclável. A iniciativa tem um propósito claro. A ideia é minimizar o impacto ambiental de um dos piores elos da cadeia de consumo: a quantidade de resíduos produzidos a partir do descarte de embalagens. Fotos: Divulgação não se esqueça do seu posicionamento Elementos do design de ponto de venda são como um castelo de cartas. O que está na base de tudo é o posicionamento da marca, e se este nível não estiver firme e consolidado, tudo pode desmoronar de uma hora para a outra. A loja mais eficiente é a que tem o produto certo, que está no lugar certo e que consegue focar no cliente certo. “Tudo tem de estar alinhado para que o consumidor entenda a proposta da loja e não precise ser convencido de nada”, comenta Dienstmann. Se algo estiver errado no posicionamento, de nada vai importar um espaço incrível para a marca. 60 Em 2012, com a ascensão de algumas fabricantes de smartphone, a Motorola buscava um novo espaço no mercado. A marca já era lembrada por produtos antiquados quando foi adquirida pelo Google e teve seu posicionamento remodelado. Foi aí que a Motorola se voltou aos jovens. A proposta de ponto de venda desenvolvida pela Ehximia foi de um quiosque circular, onde o cliente pudesse entrar em contato com o produto sem compromisso. Uma experiência de compra mais casual que, evidentemente, deu certo. magic coifa O motor de quatro velocidades purifica e extrai o ar, garantindo um ambiente mais arejado e limpo. No modo Refresh, trabalha em ciclos regulares para renovar aquela sensação mágica de frescor na cozinha. vitrine tdc. GASTRONOMIA café A sedução do Em meio a diferentes culturas e rituais de preparo, a mais brasileira das bebidas universais conquista novos patamares de sabor. chegou a hora de descobri-los Por Tatiana Reckziegel Pode ser o aroma que toma conta do ambiente e seduz o olfato dos desavisados. Pode ser o amargor complexo que requer ares de perseverança para virar paixão. Ou pode ser a energia que desperta neurônios de maneira implacável. O que não falta são motivos para que o café seja a bebida mais querida dos brasileiros. O que chama a atenção, no entanto, é o movimento de renovação que vem se dando entre os apreciadores e os grãos nacionais. Apesar de o Brasil ser, historicamente, o maior produtor de café do mundo, a cada dia a quantidade dá lugar a algo bem mais complexo: a qualidade. 62 O despertar para os cafés especiais carrega consigo a descoberta de um novo mundo – até então, território exclusivo dos baristas. Para quem realmente gosta da bebida, a boa nova é que já passou o tempo em que parecia pedante falar em cereja descascado fair trade ou pedir um 100% arábica para o seu ristretto. Aos moldes das já consolidadas comunidades de apreciadores de vinhos ou de cervejas artesanais, emerge uma nova onda no Brasil: a dos amantes de café. Conhecendo as variedades, as técnicas e as tendências, estes pequenos grãos se revelam tão interessantes quanto aromáticos e saborosos. Desde a colheita, cada fator é fundamental para compor o sabor de um café. Só de olhar para as prateleiras das cafeterias é fácil se perder entre os diferentes tipos de grãos. Os cafés se dividem em famílias que correspondem a linhagens de sabor: caramelos, chocolates, nozes e frutados. “Mudando as famílias e as formas de preparo, você pode ter uma infinidade de cafés”, explica Georgia Franco de Souza (foto abaixo), mestre de torra e proprietária do Lucca Cafés Especiais. Desde a colheita, cada fator é fundamental para compor o sabor da bebida. Dependendo do processo de beneficiamento a que o grão é submetido, ele mesmo pode se diferenciar – tornando-se um café lavado, um cereja descascado ou um natural (leia mais nas páginas a seguir). O destaque fica para as variedades naturais, que têm surgido como o diamante bruto do café brasileiro. Cerrado Mineiro, Alta Mogiana – extraído na divisa de São Paulo e Minas Gerais –, Divinolândia – no interior paulista – e Montanhas do Espírito Santo produzem, atualmente, alguns dos melhores cafés naturais do país. “Sem os produtos do Brasil, a maior parte dos negócios de café brasileiros iriam à falência. Além disso, investimos cada vez mais em qualidade”, avalia Isabela Raposeiras, uma das mais renomadas baristas do mundo. Fotos: Divulgação “ “ tdc. GASTRONOMIA O amargor é uma característica do café, mas não é positivo. Para a maioria dos leigos, os sabores complexos dos cafés podem acabar ocultos. Se a intenção for refinar o paladar, o segredo é apenas um: provar. Quem se propõe a conhecer variedades de grão, ponto de torra e preparo expande as sensações produzidas pela bebida. Surge uma profusão de sabores, antes imperceptíveis. “O amargor é uma característica do café, mas não é positivo. É um tantinho de amargo que a gente quer, e não mais do que isso”, diz Georgia, do Lucca Cafés Especiais. O melhor café vem do grão fresco, que pode receber de torras claras a mais escuras – dependendo da preferência de quem bebe. Já a moagem se ajusta conforme o tempo de contato do pó com a água, o que varia de um modo de preparo para outro. Para os expressos, a moagem é mais fina; para uma cafeteira francesa, vale um granulado mais grosso. Com cada vez mais gente apreciando cafés diferenciados, ter um moedor em casa torna-se artigo indispensável. A expressão mais pura da bebida está em cada detalhe desse ritual cujo clímax é um café na temperatura ideal inundando a boca de sabores. Foto Nana Vieira Com o aval dos mais renomados concursos internacionais de café, Isabela (foto ao lado) mantém uma cafeteria que se propõe à constante experimentação. Os prêmios da barista atraem pessoas de todos os cantos do país até o Coffee Lab, localizado na Vila Madalena, em São Paulo. Enquanto concedia a entrevista à TDC Concept, Isabela se via em meio a centenas de amostras do melhor arábica produzido no Espírito Santo. O que está em sua xícara, no entanto, muda o tempo inteiro. “Encontro café de qualidade em todos os lugares e a todas as horas. Seria muito frustrante se eu tivesse um café preferido de todos os tempos”, explica. Se para algumas pessoas é um aprendizado, para outras o café é um amor que vem de família. É o caso da diretora executiva da Brazil Specialty Coffee Association, Vanusia Nogueira (abaixo). Criada no Sul de Minas Gerais, brincando de secar os frutos na fazenda, hoje ela é o que se pode chamar de embaixadora do café brasileiro. “Não somos os pioneiros no mundo dos cafés especiais, mas justamente por isso ganhamos ritmo. Nosso trabalho de construção da imagem internacional do café brasileiro é intenso.” Foto Ivan Padovani Competindo com Colômbia e Etiópia, o país leva vantagem pela escala de produção de cafés especiais. Tanto é que os produtos made in Brazil já figuram nas maiores cafeterias do mundo. E com reconhecimento de qualidade. A próxima etapa é estar ainda mais presente nas xícaras dos brasileiros – um desafio que, a julgar pelo que já vem acontecendo, parece ser um caminho sem volta. 65 O café por Isabela Raposeiras Coado, espresso, na prensa francesa, na cafeteira italiana ou no aeropress. Independentemente do modo de preparo escolhido, algumas dicas são universais quando a ideia é extrair o melhor do café. Sob o gabarito da barista Isabela Raposeiras, do Coffee Lab, veja a seguir o que é preciso para elevar o seu cafezinho a outro patamar: Foto Nana Vieira Comece separando o ingrediente principal, responsável por mais de 95% do sucesso da bebida. Se você pensou nos grãos, nada disso: a água é o que há de mais importante na busca pelo café perfeito. O básico é uma água sem cloro, podendo ser filtrada ou mineral. Sobre a temperatura, uma boa dica para quem não tem como medi-la é deixar a água ferver, tirá-la do fogo e deixá-la descansar de 30 segundos a 1 minuto. O próximo passo é escolher um grão de boa qualidade. Dê preferência aos que são 100% arábica e têm origem certificada. Moído ou em grãos? “Moer na hora é inegociável. Hoje, existem moedores de diversos preços e que vão durar por muito tempo”, ressalta. Com tudo em mãos, agora é só eleger o método que mais lhe agrada e aproveitar uma bela xícara do seu próprio café. Para baristas amadores Ter à disposição os acessórios corretos é indispensável para quem quer fazer ou degustar cafés especiais. Alguns itens ajudam a ter uma melhor experiência com a bebida – afinal, um bom café deve ser saboreado com todos os sentidos. Sugestões de produtos: Chaleira elétrica, Caixa de borra, Máquina de espresso, Cafeteira francesa, Cafeteira italiana, Moedor, Leiteira para barista e Conjunto para servir. Arábica É o café para ficar de olho. Nome popular da espécie Coffea arabica, o grão produz cafés de aroma intenso e sabores variados. As linhas especiais são, obrigatoriamente, 100% arábica. No Brasil, é cultivado em Minas Gerais, São Paulo, Paraná e alguns outros estados. Representa cerca de 70% da produção mundial. Glossário para os amantes do grão Barista Profissional especializado no preparo do café e de receitas que usam a bebida como base. O barista também deve ser um entendedor do cultivo, da origem e das variedades de grãos. Ou seja, é um sommelier do café. Blend Mistura de grãos de cafés com a intenção de criar uma bebida de sabor harmonioso. O blend pode balancear aroma e corpo, equilibrar acidez e doçura, ou surpreender o paladar com uma experiência sensorial inesperada. Café especial Existe uma classificação para determinar a qualidade de cada café. Apesar de não haver um conceito rígido do que entra na faixa especial, o mais difundido é que esses cafés são aqueles que possuem pontuação acima de 80, na escala de 100. Uma coisa é certa: eles são a crème de la crème. Café de origem certificada Proveniente de região demarcada oficialmente. Cada local de procedência tem atributos, delimitações geográficas, qualidade mínima e protocolo de rastreabilidade. Assim, o produto final é um café que expressa verdadeiramente o terroir em questão. Café fair trade Produzido por organizações certificadas como de “comércio justo”. Só podem receber o selo fair trade produtores organizados em associações ou cooperativas que tenham mais da metade dos associados pertencentes à agricultura familiar. É um atributo a mais para se levar em conta na hora de eleger o que vai para a xícara. Café gourmet Assim como no caso do café especial, não há uma convenção do que é gourmet. Em geral, são grãos com pontuação entre 70 e 79. Podem não estar no topo da lista, mas têm qualidade e satisfazem o paladar dos apreciadores da bebida. Café natural Grão que passou pelo beneficiamento a seco. O método requer clima sem umidade durante a época de colheita. Primeiro, os frutos são lavados, espalhados em finas camadas e revolvidos várias vezes ao dia. Depois de duas ou três semanas, a secagem é finalizada em equipamentos especiais, que não agridem o grão. O café natural é uma vocação brasileira e corresponde a cerca de 80% da produção nacional. Cereja descascado A diferença desse processo para o do café natural é que ele é feito somente com frutos maduros – mais conhecidos como cerejas. Essas cerejas são descascadas e só então passam pela secagem, diminuindo assim o risco de fermentação. Sem os grãos verdes, a bebida tende a ser mais homogênea e com sabores mais complexos. Crema Espuma de coloração marrom levemente dourada que se forma por cima do espresso e evita que alguns sabores do café escapem pela evaporação. Quando essa camada cremosa surge sobre a bebida, no topo da xícara, tem-se a certeza de que o café foi bem tirado. Espresso macchiato É o espresso “manchado”, como diz a expressão italiana que dá nome ao café. A suavidade do leite quebra a concentração característica do espresso, produzindo uma bebida menos intensa, mas não menos saborosa. Espresso ristretto Parte do espresso considerada o néctar do café. O ristretto é preparado com metade da água e costuma ser forte, mas adocicado quando bem extraído. Óleos, aromas, sabores, tudo em sua potência máxima. Café lavado Robusta Grão que passa pelo processo de beneficiamento úmido. Retira-se casca, polpa e mucilagem (camada viscosa junto à polpa). É um sistema mais trabalhoso que o natural e pode ser realizado apenas com frutos maduros. O resultado é uma bebida com menos corpo. Nome popular da espécie Coffea canephora, da qual fazem parte principalmente as variedades robusta e conillon. Na boca, apresenta sabores menos complexos e baixa acidez. A robusta corresponde a 30% da produção brasileira e tem o dobro de cafeína que o arábica. 67 tdc. cidades Skylines: silhuetas que marcam Cada cidade tem suas próprias características arquitetônicas. Prédios, pontes, torres e outras estruturas formam os chamados skylines (ou panorama urbano). O skyline é uma espécie de silhueta da cidade, formada pelo perfil de seus prédios. Usando uma fórmula muito simples – que apenas pontua os edifícios com base no seu número de andares –, o site de arquitetura Emporis listou as 100 cidades com os melhores skylines do mundo. Naturalmente, São Paulo é a mais bem colocada do Brasil e ocupa o oitavo lugar na relação geral. Conheça, a seguir, alguns dos skylines colocados pelo Emporis entre os mais icônicos do mundo. 68 Hong Kong Com nada menos do que 1.300 arranha-céus, a cidade chinesa garante o seu lugar no topo – seguida por Nova York, Shenzhen, Guangzhou e Cingapura. Seu maior edifício tem 108 andares. Cingapura MOSCOU A cidade-estado asiática entra na lista com o terceiro melhor panorama urbano do mundo. Ao todo, conta com 200 arranhacéus – que, por lei, não podem ultrapassar os 280 metros de altura. Já imaginou se pudessem? Sexta colocada, a capital russa passa por um grande projeto de urbanização e modernização. Tanto que seus maiores edifícios foram erguidos nos últimos seis anos. O maior deles, Vostok, de 95 andares, está em fase final de construção. SÃO PAULO Nova York A maior cidade da América do Sul tem mais de 6.000 edifícios e 104 arranha-céus. O maior deles é o Palácio W. Zarzur, antigo Mirante do Vale. Inaugurado em meados da década de 1960, tem 170 metros de altura. Atrás apenas de Hong Kong, a cidade norte-americana é lar de edifícios famosos, como Empire State Building e o Chrysler Building. Recentemente, inaugurou o icônico One World Trade Center. Os quase 900 arranha-céus formam o belo e simbólico skyline nova-iorquino. BANDEJAS TINGIDAS Disponíveis em quatro formatos e em quatro cores diferentes, elas estão sempre prontas para brilhar nas mais diversas situações do dia a dia com a marca da leveza e da descontração. vitrine tdc. roteiros O museu das montanhas É só olhar para o Messner Mountain Museum para perceber que ele foge do convencional. Não é um museu de história natural, muito menos de arte. Localizado na região do Tirol, no norte da Itália, o MMM é formado por um complexo de seis prédios espalhados por diferentes pontos da região. Cada um tem um tema específico: a magia da montanha, o mundo do gelo, a disciplina do alpinismo, os povos das montanhas e a relação o homem e a montanha. O museu foi criado por Reinhold Messner, uma lenda do alpinismo mundial. Ele foi o primeiro a escalar as 14 montanhas com mais de 8 mil metros. O projeto começou em 1995, com a inauguração do MMM Juval, instalado em um castelo do século XIII. O mais recente, MMM Corones, foi aberto em 2015, no cume do Monte Kronplatz. Projetado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid, o museu se integra à montanha com uma impressionante estrutura cravada na pedra. A peça central do complexo é base para quem fizer o tour completo fica no MMM Firmian, localizado no Castelo Sigmundskron. Os museus abrigam pinturas e artefatos de diferentes povos da região, contando a história das montanhas, das culturas e do alpinismo. É o destino ideal tanto para quem admira o esporte quanto para quem simplesmente gosta de admirar a natureza em toda sua grandeza e eloquência. Fotos Alexa Rainer 70 accurato facas com lâmina de cerâmica A precisão e a tecnologia da cerâmica garantem cortes mais delicados e permitem extrair o máximo sabor dos ingredientes. vitrine tdc. sabores O melhor uísque do mundo Fotos: Kavalan Distillery “ “ Surpreendentemente suave ao paladar Há décadas, irlandeses e escoceses discutem seu papel na origem do uísque. O destilado é, de longe, a bebida mais tradicional de ambos os países, que detêm duas das marcas mais icônicas do segmento – a irlandesa Jameson e a escocesa Johnnie Walker. Somando todos esses fatores, é natural que o melhor uísque do mundo seja de um desses países, certo? Errado – pelo menos em 2015. Segundo o World Whiskies Awards, a honra é, surpreendentemente, de um uísque de Taiwan: o Kavalan Solist Vinho Barrique, da destilaria Kavalan. A bebida foi descrita pelos jurados do prêmio como “surpreendentemente suave ao paladar” e foi comparada a um “bourbon infundido com leite de chocolate”. O que o torna tão especial é seu processo de maturação. O Kavalan Solist Vinho é envelhecido em barris de carvalho, que já foram usados para maturar vinhos tintos e brancos – por isso sua denominação. Esse método dá ao uísque um toque frutado, complexo e diferenciado. A destilaria Kavalan é jovem – foi aberta ao público apenas em 2008. Desde então, vem acumulando prêmios e reconhecimento. Uma de suas garrafas custa cerca de 80 euros. 72 vitrine originale kit para churrasco Conforto, durabilidade e alto desempenho de corte. Cabos em madeira Polywood e um design com toque rústico. A escolha ideal para quem aprecia o verdadeiro sabor do churrasco. tdc. sabores Precioso Cada barra de 50g do TO’AK Chocolate custa entre 260 e 270 dólares. Fotos: Toak Ecuador Cía. Ltda A pequena e isolada região de Piedra de Plata, no Equador, é lar do chocolate mais valioso do mundo: o To’ak. A razão para o produto ser exclusivo e especial está em seu processo de fabricação. O cacau é de uma variedade rara conhecida como “Nacional”; as árvores têm mais de 100 anos e crescem na sombra de enormes mangueiras; os grãos são selecionados manualmente. O processo pós-colheita é o mais importante: os grãos são secos e fermentados gradualmente em pequenas estufas. O resultado é um chocolate amargo puro, com apenas dois ingredientes: cacau e cana-de-açúcar. A delicadeza do doce é tamanha que o mínimo contato com a pele humana pode corromper o sabor, o aroma e a textura do alimento, a tal ponto de um utensílio especial ter sido desenvolvido para degustá-lo. É uma experiência de sentidos. A qualidade do chocolate está na complexidade de suas nuances: doce, ácido e amargo; com características de flores, frutas, nozes e pimentas. No centro do chocolate, um grão especialmente selecionado tostado. Para a edição de 2014, foram produzidas apenas 574 barras. Cada uma delas, com 50g, custava entre 260 e 270 dólares. vitrine prochef kit de facas 7 peças O brilho do aço inox desponta neste conjunto de facas de alto desempenho, com lâminas desenhadas para cumprir todas as tarefas da rotina dos chefs e amantes da cozinha. tdc. arquitetura A herança de um GÊNIO É difícil não se surpreender com a obra de Antoni Gaudí. O arquiteto, falecido há exatas nove décadas, é autor de projetos grandiosos e revolucionários encravados na alma de Barcelona. E a região da Catalunha foi o seu grande espaço de experimentação. Ele incorporou em suas obras a alma e a cultura da comunidade autônoma. Mais do que isso, seu estilo naturalista transformou a arquitetura moderna. Gaudí fugia das linhas retas e das duras formas ortogonais. O desenho seguia suas crenças, misturando religião e natureza. O artista não se mantinha preso a nenhuma regra de cor, textura ou forma. Era livre para criar e inovar em uma arquitetura orgânica. A Casa Batlló e a La Pedrera (ou Casa Milá) são exemplos perfeitos de seu trabalho. Sua maior obra, no entanto, é a Sagrada Família, em Barcelona, capital catalã.Gaudí assumiu a construção da igreja em 1883 e dedicou a ela nada menos que 43 anos de trabalho incessante. Morreu em 1926 sem vê-la pronta – a conclusão da obra está prevista para 2026, no centenário de sua morte. Atualmente, mais duas torres estão em andamento, seguindo a herança cultural e estilística deixada pelo arquiteto. 76 Fotos: Pixabay lyon caçarola e utensílio Corpo robusto, cores vibrantes e revestimento antiaderente são apenas alguns de seus diferenciais. gourmandise estação de corte quadrada Feita em madeira natural, é a base ideal para cortar, picar, misturar e criar os mais variados ingredientes. vitrine tdc. descobertas Botsuana Japão Com parques nacionais que ocupam 17% de seu território, o pequeno país do sul do continente africano é um paraíso da vida selvagem. Escondido do grande fluxo de turistas, Botsuana atrai por seus safáris no deserto e nos deltas. Cinco décadas depois de sua independência, o país vive uma fase de expansão econômica, com um crescente fluxo de turistas. A terra do sol nascente vive entre o futurismo arquitetônico e sua cultura e tradição milenares. As paisagens impressionantes e as excentricidades das rotinas japonesas tornam a experiência ainda mais transformadora. Com Tóquio escolhida como sede das Olimpíadas de 2020, espera-se ainda mais investimento e uma significativa modernização na região. 1 2 Sean Pavone/Shutterstock.com Para conhecer em 2016 3 78 Fotos: Pixabay Estados Unidos Cânions imensos, gêiseres que avançam dezenas de metros no ar, sequoias com mais de 100 metros de altura e mil anos de idade. A diversidade e multiplicidade dos parques norte-americanos colocam o país em um lugar de destaque na lista. Uma ótima oportunidade para pegar o carro e fazer as famosas road trips da América. A gigante dos guias de viagem Lonely Planet selecionou os dez melhores países para se visitar em 2016. A lista é elaborada por especialistas da editora e leva em consideração a realização de grandes eventos, datas comemorativas, infraestrutura e aspectos únicos de cada região. No ranking estão as mais diferentes regiões, de Letônia e Uruguai a Fiji e Groelândia. Saiba mais sobre os três primeiros colocados. vitrine wind faqueiro Produzido 100% em aço inox, vem com talheres que emprestam requinte e leveza à composição da mesa. Conforto no manuseio e mais facilidade para lavar. www.tramontina.com/designcollection | www.facebook.com/tramontinatdc