revolução na cozinha - Tramontina Design Collection

Transcrição

revolução na cozinha - Tramontina Design Collection
tendência design comportamento
revolução
na cozinha
COMO AS NOVAS TECNOLOGIAS ESTÃO
TRANSFORMANDO O JEITO DE APRECIAR
O MELHOR DA GASTRONOMIA
a era das bandejas
VERSÁTEIS, ELAS COMEÇAM A BRILHAR
NA SALA, NA COZINHA, NO BANHEIRO...
astros da
gastronomia pop
AS VIDAS DE HENRIQUE FOGAÇA, ERICK
JACQUIN E PAOLA CAROSELLA FORA DOS
ESTÚDIOS DO MASTERCHEF BRASIL
vitrine
prisma
talheres, argola para
guardanapos e bandeja
Surpreendentes formas geométricas
ressaltam a ousadia de uma linha
criada para roubar a cena.
Concept tdc
Publicação Tramontina Design Collection
coordenação Elisa Tramontina, Gabriela Chies e Grasiela Pontin Edição e Redação República - Agência de Conteúdo
criação e coordenação Design Único
FOTOGRAFIA PRODUTOS TRAMONTINA
projeto gráfico Design Único - Marina Metz
Débora Zandonai
editorial
Em tempos de grandes desafios, a Tramontina olha para o mercado.
E também olha para dentro: por acreditar que é sempre possível
fazer mais e melhor. Essa ideia se traduz no slogan “o prazer de
fazer bonito”, uma forma de ver as coisas com simplicidade. E fazer
simples é complexo. Por isso mesmo, é preciso ousar, inovar, ir além
das expectativas.
Um exemplo disso é a Tramontina Design Collection, que concentra
produtos nos quais nossos conceitos se encontram: valor, desenho,
beleza. A cada ano, a linha cresce e se diversifica, trazendo para o
prazer das pessoas o que é tendência em design, moda e decoração.
Cada item é pensado para combinar tecnologia com o que deixa
nosso dia a dia mais descomplicado, simples e bonito.
Em sua terceira edição, a TDC Concept vai mostrar o resultado deste
jeito de fazer bonito, mas não apenas isso. Nas páginas a seguir,
despontam novidades, personalidades, acontecimentos, lugares e
tendências que nos inspiram. Através delas, o leitor é convidado a
viajar pelos caminhos que percorremos até chegar aos lançamentos
da Tramontina Design Colection. Vamos mostrar como as tecnologias
vêm revolucionando a forma de preparar e saborear a comida, além
da crescente versatilidade de produtos, como as bandejas, que
encantam pela possibilidade de transformar rituais em momentos de
convívio e prazer.
Esta edição também mostra as cores que ditam tendências em
diferentes segmentos do mercado. Os três apresentadores do
programa MasterChef, cujo carisma vem ajudando a transformar a
gastronomia em verdadeira paixão nacional, falam de suas vivências.
Experimentamos cafés especiais e relembramos os grandes ícones da
arquitetura, do design e da arte.
Esperamos que a leitura seja agradável e que você desfrute conosco
o significado do prazer de fazer bonito.
Clovis Tramontina
Presidente do Conselho
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revolução nas cozinhas
OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS ESTÃO TRANSFORMANDO NOSSOS JEITOS
DE COZINHAR E COMER. DESCUBRA AS NOVAS POSSIBILIDADES
32
a década de Santiago
UM PASSEIO PELAS RUAS E BARES DA MAIS
VIBRANTE (E ENIGMÁTICA) CAPITAL SUL-AMERICANA
40 o rei dos chefs
62
A VIDA E A OBRA DE AUGUSTE ESCOFFIER, UM DOS
MENTORES DA GASTRONOMIA FRANCESA
torrado e moído
DICAS E CUIDADOS PARA VOCÊ DESVENDAR OS
VERDADEIROS AROMAS DOS CAFÉS ESPECIAIS
sumário
dose inesperada 72
AS SURPRESAS DO KAVALAN, O UÍSQUE TAIWANÊS QUE DESBANCOU
IRLANDESES E ESCOCESES NO RANKING DOS MELHORES DO MUNDO
assento alemão 45
OS 130 ANOS DE MIES VAN DER ROHE, RESPONSÁVEL
PELA CONCEPÇÃO DA FAMOSA CADEIRA BARCELONA
traços de gênio 76
AS FORMAS INCONFUNDÍVEIS E A OBRA INACABÁVEL DE ANTONI GAUDÍ, O
ARQUITETO QUE AJUDOU A ESBOÇAR A ALMA DA CATALUNHA
56
lojas que falam
COMO O DESIGN DE PONTO DE VENDA VEM SE TORNANDO
ESSENCIAL PARA ENCANTAR O CLIENTE (E VENDER MAIS)
10
a era das bandejas
FOI-SE O TEMPO EM QUE ELAS FUNCIONAVAM APENAS
COMO UM SUPORTE PARA SERVIR. HOJE, ELAS ROUBAM
A CENA DA DECORAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E MUITO MAIS
70 natureza em exposição
AS IMPRESSIONANTES INSTALAÇÕES DO MESSNER MOUNTAIN
MUSEUM NO ALTO DAS MONTANHAS ITALIANAS
68 beleza urbana
CINCO METRÓPOLES QUE DESPONTAM NA LISTA
DOS MAIS ADMIRADOS ‘SKYLINES’ DO PLANETA
55 saúde e luxo
UMA ESPIADINHA EM TRÊS DOS MELHORES SPAS DO MUNDO.
DETALHE: UM DELES FICA NO BRASIL
78 destinos do ano
CONHEÇA OS LUGARES MAIS INCRÍVEIS PARA
SE VIAJAR EM 2016
74
arte em cacau
OS INGREDIENTES QUE FAZEM DO EQUATORIANO TO’AK
O “MELHOR CHOCOLATE DO MUNDO”
26
dueto visual
AS TENDÊNCIAS E AS DESCOBERTAS POR TRÁS DE ROSE
QUARTZ E SERENITY, ESCOLHIDAS COMO AS CORES DO ANO
PELO PANTONE COLOR INSTITUTE
46
vida de masterchef
UMA CONVERSA FRANCA COM PAOLA CAROSELLA, ERICK JACQUIN E
HENRIQUE FOGAÇA, AS TRÊS ESTRELAS DO MASTERCHEF BRASIL
antique
talheres
Linhas clássicas e acabamentos
requintados dão ares de nobreza
a mais uma coleção exclusiva da
Tramontina Design Collection.
vitrine
lyon
cocotte
A panelinha mais simpática da
Lyon vai do fogão direto para
a mesa, com estilos e cores que
encantam ao primeiro olhar.
SOUSPLAT
LAQUEADO
Um toque discreto, mas que faz toda
a diferença na montagem da mesa.
Disponível nas cores azul, amarelo,
vermelho, branco e turquesa.
estilo de
10
O Acessório deixou a cozinha para ganhar
todos os espaços da casa – e virou peça
curinga na decoração dos ambientes
bandeja
Por Tatiana Reckziegel
11
tdc. ESTILO
Pode ser de metal,
madeira, de plástico
ou misturar vários
materiais. Pode estar na
sala, no escritório, na cozinha e
(por que não?) no banheiro. Por muito
tempo, sua função foi de servir. Hoje,
não há limites para o seu uso.
As bandejas vêm superando o rótulo de acessório para servir.
Esses utensílios tiveram sua definição ampliada para muito além
de seu uso em jantares e, agora, são objetos-curinga. Versáteis,
as bandejas viraram um aliado prático da decoração. Na sala ou
na cozinha, elas passaram a ser vistas como uma mão na roda na
hora de organizar as miudezas do lar. Modernas, as novas peças
dizem adeus à seriedade. A prata com detalhes rebuscados, é
claro, sempre terá o seu valor. A partir de agora, no entanto, ela
dividirá espaço com versões cheias de estilo.
Centro das atenções
A mesa de centro é um ponto natural de destaque da sala de
estar. Precisamente por isso, ela precisa de uma atenção especial
na hora de compor a decoração. Sem o devido cuidado, ela pode
se transformar num depósito de objetos do dia a dia – de copos
e joias a chaves e controles remotos. E as bandejas podem fazer
a diferença na hora de decorar sem acabar com o espaço útil do
móvel. Afinal, é importante que a mesa continue servindo como
apoio na sala. Sem muito medo de errar, é possível fazer uma
boa composição a partir de quatro elementos: uma bandeja, um
arranjo de flores, um livro e um objeto de valor afetivo. Dentro
dessa alternativa, existem inúmeras combinações possíveis. Vai do
gosto de cada um.
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Das estampadas às opções mais clean, as bandejas podem
acompanhar diferentes estilos. Para quem não é fã de flores,
é possível substituí-las por folhagens de tom mais sóbrio, que
mantêm o frescor do ambiente. Já o livro deve estar relacionado
aos interesses do dono da casa ou dar lugar a revistas. Mas não
esqueça do principal: deixe a imaginação solta. Não se limite
a escolher um objeto pessoal que tenha valor afetivo. Pode ser
aquela caixinha trazida de uma viagem, uma vela aromática ou
outro item que traga boas lembranças. É importante, contudo,
eleger um foco na composição. Se a bandeja for chamativa, os
outros itens podem ser mais neutros. Essa composição pessoal dá
uma identidade harmônica à sala de estar.
entre
saltos e batons
Toda mulher precisa de um ambiente especial para se arrumar.
Seja no closet, seja no quarto, os compromissos, a vida agitada
e a correria do dia a dia exigem um espaço prático. Com
tudo organizado e acessível, ganha-se minutos preciosos nos
momentos de pressa. Caso contrário, é certeza de um brinco
perdido, uma maquiagem escondida ou uma pequena trapalhada
corriqueira.
Não se assuste: não é preciso mais do que uma bandeja sobre a
bancada para deixar tudo no devido lugar. O utensílio restringe a
bagunça e facilita o transporte de acessórios e maquiagens – em
geral, itens pequenos e numerosos. Isso é particularmente útil
quando é preciso trocar de ambiente em busca da luz certa para
se maquiar. Vale apostar em bandejas com estampas mais ousadas
e estilos marcantes. Elas podem estar entre as peças de destaque
da casa e dar um toque de estilo ao ambiente.
bar,
doce bar
Ter um bar dentro de casa faz toda a diferença na hora de receber os convidados. Afinal,
não é ótimo poder apreciar uma dose de licor depois do jantar ou oferecer um uísque
aos amigos com tudo ao alcance das mãos? Já existem saídas que ocupam pouco espaço e
cumprem muito bem o papel de reunir as bebidas com sofisticação e praticidade. E a pedra
fundamental para o minibar é justamente a bandeja.
Sobre ela, é possível organizar todos os itens indispensáveis para o nicho e adicionar
alguns toques especiais. Antes de qualquer coisa, escolha um acessório que combine com o
ambiente, em estilo e tamanho. O segundo passo é fazer uma seleção criteriosa das bebidas
que ficarão expostas – colocar garrafas em excesso é garantia de um visual poluído. Logo,
opte pelo que é consumido com mais frequência. Para acompanhar, coloque copos e taças
adequados a cada bebida. Os cristais precisam ser úteis, não só decorativos. No arremate da
bandeja, introduza um pequeno mimo. Chocolates finos são uma boa opção e combinam
com o clima de deleite que todo bar tem por natureza.
toque especial no
lavabo
O lavabo é o cartão de visitas mais sincero de uma casa,
mas nem sempre recebe a devida atenção. Além de limpo,
arejado e bem-decorado, outros pontos são importantes
para causar uma boa impressão. É de bom tom que,
no espaço, haja um pequeno kit com itens de higiene
para uso das visitas. As bandejas menores são perfeitas
para essa função. Com elegância, o acessório pode unir
sabonete líquido, aromatizador, hidratante, pequenas
toalhas e o que mais o dono da casa julgar que caia bem.
Em um cômodo que costuma ser úmido, é essencial levar
em consideração o material do qual a bandeja é feita.
Dê preferência a itens com boa durabilidade e resistência,
como o inox.
“
“
A bandeja extrapolou seu uso
tradicional E é agora uma tendência
versátil para a casa
inteira.
pequenos
para os
Folhas de papel aqui, régua lá, borracha
acolá, lápis de cor por todos os cantos.
Não é quarto de criança se não houver
alguma bagunça. Afinal, com tantos objetos
pequenos, como garantir que tudo esteja
sempre em seu devido lugar? Embora nem
o mais sofisticado sistema de organização
possa assegurar que não se tropece em
algum brinquedo ao entrar no espaço dos
pequenos, reservar um lugar para cada
coisa pode evitar que o quarto se torne um
labirinto. Nesse quesito, as bandejas podem
ser a salvação.
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Existem modelos coloridos e divertidos
que combinam muito bem com ambientes
infantis. Escolha uma bandeja da cor
preferida da criança, que leve em conta os
elementos já presentes no quarto.
A seguir, monte um nicho com os brinquedos
ou objetos de estudo, como caneta e tesoura,
separados em alguns porta-lápis.
A decoração pode variar facilmente conforme
os pequenos vão crescendo e mudando de
gosto. Tornando o ambiente mais atrativo, é
provável que a criança se sinta confortável
para passar mais tempo sobre os cadernos.
tr3s
conjunto para sobremesa
Os acabamentos em aço inox
brilho e fosco, somados ao
inconfundível design triangular,
tornam o momento da sobremesa
ainda mais irresistível e marcante.
vitrine
A nova geração de produtos para a cozinha mostra que a tecnologia
não precisa necessariamente ter botões, processadores ou painéis
touch para provocar grandes transformações no jeito de cozinhar.
Por Andreas Müller e Leonardo Pujol
A
nos atrás, falar em revolução tecnológica na cozinha era como descrever um filme de
ficção científica. Aos olhos da imaginação, os fogões, as geladeiras e até as panelas do futuro viriam repletas
de luzinhas, painéis e processadores que se encarregariam de fazer todo o serviço braçal. Cortar a cebola
em cubinhos bem pequenos? Bastaria apertar um botão. Refogar os legumes? Seria apenas uma questão de
programar corretamente o fogão – tal como fazemos, hoje, ao selecionar os ciclos de uma máquina de lavar
roupas. E assim, com o mesmo desprendimento com que rolamos a página do Facebook pela tela de um
smartphone, nós prepararíamos desde prosaicos sanduíches até os mais refinados risotos apenas bolinando
os painéis touch das nossas cozinhas hipermodernas.
As grandes inovações estão aproximando,
e não afastando o cozinheiro da comida.
À medida que o tempo passa, porém, as novas
tecnologias levam a cozinha para uma realidade
bem diferente daquela imaginada anos atrás.
A começar por uma constatação básica: as
grandes inovações estão aproximando, e não
afastando o cozinheiro da comida. São panelas
multifuncionais, facas com fios e formatos
especiais, eletroportáteis mais eficientes e
muitas outras novidades que facilitam o preparo
dos ingredientes e das receitas – mas que
passam longe de substituir a experiência e o
conhecimento de quem comanda as panelas.
“As novas tecnologias e equipamentos certamente
ajudam nas tarefas cotidianas, mas jamais vão
tomar o lugar de um prato preparado por quem
sabe o que faz”, explica Roberta Kleber, chef do La
Rouge Bistrô, em Porto Alegre.
Não que as tecnologias tenham ficado no meio
do caminho. Ao contrário: no mundo todo,
muitas empresas vêm pesquisando maneiras de
automatizar o preparo dos alimentos. Já existem
fornos elétricos que dão ao cozinheiro a chance
de controlar o ponto do assado pelo celular,
com imagens transmitidas em HD diretamente
de cima da travessa. Também há empresas
desenvolvendo acessórios que regulam a chama
e monitoram a temperatura dos alimentos,
tudo para chegar ao cozimento ideal – e evitar
que o arroz fique queimadinho no fundo, por
exemplo. E esses são apenas alguns exemplos.
Mas quem entende de gastronomia garante:
a verdadeira revolução está nos produtos
que vêm para ajudar a cozinhar – e não para
descartar o cozinheiro.
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tdc. teCNOLOGIA
NOVAS TECNOLOGIAS
VELHOS
COSTUMES
Exemplos dessa revolução vêm aparecendo nas principais
feiras e mostras conceituais do mundo da arquitetura, design
e inovação. Uma delas é a International Kitchen Furniture
Exhibition, mais conhecida como EuroCucina, que acontece
a cada dois anos em Milão, na Itália. As edições mais recentes
do evento têm se concentrado em quatro macrotendências: a
Ergonomia, a Vida Saudável, a Sustentabilidade e a Tecnologia
propriamente dita. Cada uma abrange novidades bem
específicas – e não menos surpreendentes – que prometem
transformar o jeito com que frequentamos o cantinho mais
importante da casa.
Que tal uma cozinha com nichos reservados especialmente
para pequenas hortas, onde é possível cultivar ervas e
temperos orgânicos sem fazer sujeira? Quem sabe uma
cozinha supercompacta, com apenas alguns eletrodomésticos
ou uma panela capaz de executar todas as funções de um
fogão? Tudo isso já existe – trata-se de mais uma etapa no
longo processo de evolução da cozinha, que vem deixando
de ser um espaço isolado para se tornar uma extensão dos
ambientes de lazer, convivência e descanso.
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Os novos gadgets
multiplicam as
possibilidades de
combinação de
ingredientes e receitas.
Cada vez mais completos, os novos gadgets
multiplicam as possibilidades de criação e
combinação de ingredientes e receitas. As invenções
vão desde descascadores e manuseadores de
alimentos até eletrodomésticos que redefinem a
sensação de estar na cozinha. Os fornos elétricos
agora vêm com timer e diferentes opções de
programação. Os cooktops já contam com a
tecnologia de indução por ondas eletromagnéticas,
sendo o mais eficiente – e com menores riscos de
queimaduras e outros acidentes.
Nesse contexto, alguns aparelhos assumem funções
até então impensáveis. É o caso da coifa de parede
Way, incorporada à Tramontina Design Collection
em 2014. Com um design surpreendente, o
aparelho faz mais do que evitar o acúmulo de
gordura no ambiente – também adiciona um toque
de estilo à decoração da cozinha. Seu motor de alta
vazão pode ser acionado por meio de um discreto
painel touch, com timer programável e diferentes
opções de velocidade. Purificar o ar, como se vê, é
um detalhe.
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tdc. teCNOLOGIA
Muito mais
que uma panela
Atenta às tendências, a Tramontina vem lançando
produtos que agregam tecnologia de ponta aos itens
mais tradicionais da cozinha. Exemplo disso é a linha de
panelas Lyon 360, que se projeta como uma das vedetes
da Tramontina Design Collection. À primeira vista, parece
ser apenas uma panela diferente, com a tampa desenhada
em formato similar ao do corpo. Em ação, porém, a
Lyon 360 faz coisas que nem mesmo os mais avançados
softwares seriam capazes de executar sobre a chama.
Seu grande diferencial é a versatilidade. Com um sistema
que veda perfeitamente a ligação entre a tampa e o corpo,
a Lyon 360 funciona tal como um forno sobre a boca do
fogão. Além disso, vem acompanhada de acessórios que
multiplicam suas funcionalidades, tais como uma forma
para bolo ou pudim, uma grelha de aço inox e duas
formas para pães – sem contar a própria tampa, que atua
como um grill. O resultado é mais do que uma panela.
Sozinha, a Lyon 360 é capaz de assar, fritar, grelhar,
cozinhar, dourar e gratinar. Basta escolher a configuração
adequada.
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Ao contrário das máquinas que prometem transformar o
jeito como se faz comida, a Lyon 360 não requer botões,
nem painéis ou baterias. É feita para quem gosta de
colocar as mãos nos ingredientes, de sentir cheiros e
de experimentar a gastronomia com os cinco sentidos.
Mesmo assim, a tecnologia embarcada em uma única
peça é comparável à das mais avançadas máquinas –
não por acaso, ela vem acompanhada de um detalhado
manual de instruções, receitas e dicas. Basta conferir a
complexidade de seu revestimento antiaderente Starflon
T5, com partículas cerâmicas que aumentam a durabilidade
e a resistência do produto, feito para suportar até 80.000
ciclos*. Mais do que facilitar na limpeza, a tecnologia
também abre portas para uma alimentação saudável, na
medida em que dispensa o uso de óleo ou gordura no
preparo de vários tipos de receitas – inclusive de carnes.
Uma evolução que valoriza ainda mais o conhecimento (e
o aprendizado) de quem realmente dá sabor à comida: o
cozinheiro.
* Ciclos: resistência à abrasão conforme testes realizados em
equipamentos de acordo com a norma ABNT NBR 15321:2013.
21
tdc. teCNOLOGIA
Mãos de
chef
Fora da Tramontina Design Collection, há outras linhas que se
propõem a aplicar a tecnologia na busca de uma cozinha mais
prática e acessível. Lançada em 2015, a Tramontina by Breville
desponta na vanguarda do setor de eletroportáteis. Inspirada no
conceito “A gente se encontra na paixão pela comida”, a linha
vem para transformar os amantes da culinária em verdadeiros
chefs. A lista reúne espremedor de frutas, liquidificador, moedor,
batedeira, cafeteira, grill, chaleira elétrica, forno para pizza,
sanduicheira, máquina de waffle, panela elétrica, wok elétrica,
mixer, panificadora, sorveteira, fritadeira, multiprocessador, bule
elétrico para chá, forno elétrico e torradeira.
A linha consolida um acordo de co-branding com a australiana
Breville, uma das mais tradicionais marcas de eletroportáteis do
mundo. “A perfeição inspira as pessoas a fazerem ainda mais bonito.
Esse é o objetivo desta parceria, unir o design e a tecnologia da
Breville com a Tramontina, que já está na casa e no coração das
pessoas”, explica Clovis Tramontina, presidente do Conselho de
Administração do Grupo Tramontina. O próprio slogan da linha
traduz essa visão: “A perfeição inspira a fazer bonito”.
Um dos ícones da Tramontina by Breville é a Batedeira Mix
Pro. Com um design robusto e corpo sólido de alumínio
fundido, ela conta com velocidade variável integral, timer de
contagem regressiva (ou progressiva) e até mesmo um sensor
de carga que aplica mais força quando detecta ingredientes
mais pesados ou sólidos. Outra atração é o Liquidificador
Smart Gourmet, que vem com capacidade para até 1,5 litro e
configurações pré-programadas para triturar gelo e preparar
vitaminas. O controle eletrônico oferece cinco opções de
velocidades e o timer é exibido em um LCD. Tudo isso em
um corpo de alta resistência a impactos – cujo design agrega
ainda mais sofisticação à cozinha.
A coleção Tramontina by Breville também traz novidades
para quem está disposto a descobrir o prazer de preparar
receitas que, na maioria das vezes, só estão disponíveis em
casas especializadas. Uma delas é a sorveteira Gelato Express,
cujo sistema detecta automaticamente o congelamento da
mistura – e a mantém pronta até a hora de servir. São 12
configurações de congelamento em uma máquina com
capacidade para até um litro de sorvete. Se antes preparar
sorvete parecia complicado, agora depende apenas dos
ingredientes certos e de uma programação rápida.
“Sem dúvidas, a linha proporciona um resultado de
nível profissional mesmo para quem é amador, como se
trouxesse um restaurante para dentro de casa. Em termos
de desempenho e robustez, não há nada parecido no
Brasil”, garante Elzio Callefi, o chef oficial da Tramontina.
Ele destaca que o simples uso dos equipamentos não faz do
usuário um chef – para tanto, o único caminho ainda é a
velha fórmula que combina prática e muita mão na massa.
“A tecnologia sempre vai necessitar de alguém para
programar e operar, seja um processador, seja um forno
combinado com tecnologia touch. Um eletroportátil jamais
vai conseguir suprir toda a necessidade humana.”
23
tdc. teCNOLOGIA
ambiente
sob medida
É justamente aí que está outra importante fronteira
tecnológica das cozinhas: em mobiliários e materiais com
toques descontraídos que ajudam a destacar o espaço
e integrá-lo com o restante da casa. Entre eles estão os
já consagrados tampos de silestone, que substituem
os granitos com cores mais modernas e texturas
surpreendentes. “Além da vantagem estética, o silestone
tem uma série de características inovadoras, como
pouquíssima absorção, resistência a manchas e impactos e
proteção antibacteriana”, explica a arquiteta Carla Tortelli.
24
Lixeira para granito 5L QUADRUM
da Tramontina design collection
“
A tendência é de
integração entre a
cozinha e o living,
“
Cozinhar em casa é, cada vez mais, um momento de lazer
– uma oportunidade de relaxamento e prazer que pode
ser compartilhada com amigos e familiares. Por isso, a
tendência é de mais integração entre a cozinha e o living,
formando uma espécie de sala-de-estar ampliada, separada
do fogão e da geladeira por nada mais do que um balcão.
formando uma espécie de sala de
estar ampliada.
Fabricante do silestone, a Cosentino lançou recentemente
outro material conhecido como Dekton. Uma das
vantagens é a resistência ao calor. “Dá para largar uma
panela fervendo em cima ou usar como revestimento de
boca de churrasqueira”, acrescenta a especialista, sócia do
escritório Arquitetando Ideias. “Ainda não há uma vasta
gama de cores, mas é muito inovador no quesito pedras.”
Esse design, ligado à praticidade, também revela uma
tendência de armários esteticamente mais limpos.
O puxador, antes inevitável, foi praticamente abolido.
E não são poucos os arquitetos que, hoje, trabalham
com cavas na própria marcenaria para cumprir a função
de puxador e, ao mesmo tempo, dar ao móvel um visual
uniforme e mais clean. Isso sem falar no “fecho toque”,
solução que dispensa qualquer tipo de puxador ou cava.
Basta apertar a porta ou a gaveta para abri-la.
Há, ainda, outros fatores e inovações que podem
contribuir para uma cozinha mais aconchegante e
moderna. A começar pela iluminação – seja por janelas,
lustres ou luminárias, – passando por balcões mais
amplos e até por lixeiras mais acessíveis, como é o
caso da lixeira para granito da coleção Kitchen Style da
Tramontina Design Collection. As opções são inúmeras,
mas convergem sempre para os mesmos benefícios
identificados na última edição da EuroCucina, tais como
a ergonomia e o espaço para uma vida mais saudável.
a tecnologia
que importa
No livro Pense no Garfo! – Uma história da cozinha e de
como comemos, lançado em 2014, a jornalista britânica
Bee Wilson discute como a tecnologia vem influenciando
na evolução da cozinha. Com um texto contundente,
ela critica a adoração por equipamentos e gadgets que,
embora muito avançados, apenas cumprem as mesmas
funções dos utensílios mais básicos – tais como uma
prosaica colher de pau.
Para ela, o verdadeiro valor das novas tecnologias está
naquilo que elas agregam aos alimentos. Hoje, por
exemplo, quem dispõe de uma boa cafeteira elétrica é
capaz de moer os próprios grãos e se autopresentear com
o mais cremoso cappuccino. Cem anos atrás, porém,
preparar esse tipo de bebida era um desafio bem mais
complexo – e um luxo restrito a quem podia pagar pelos
mais exímios “baristas” da época.
“Toda nova tecnologia representa uma troca: algo se
ganha, mas algo também se perde”, argumenta Bee
Wilson. O que se ganha, no caso, é a possibilidade
de criar muito mais com menos esforço. Já o que se
perde é o conhecimento. Afinal, quem tem uma boa
sorveteira em casa talvez jamais venha a saber como é
que o leite condensado se mistura ao creme de leite, ao
emulsificante e aos demais ingredientes para dar origem
ao sorvete. Basta apertar o botão.
É por isso que os chefs exaltam a importância de
tecnologias que enriquecem a experiência de cozinhar,
em vez de simplesmente dispensar a figura do
cozinheiro. No final das contas, jamais haverá uma
máquina capaz de sentir o verdadeiro prazer de servir
uma comida quentinha e fumegante para quem a gente
realmente ama.
25
tdc. tendências
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Dois
tons,
múltiplos significados
Serenidade e engajamento dão o tom – ou seriam os tons? – da Cor mais influente de 2016
Por Luiza Guerim
A quietude azul do céu sobre prédios e ruas movimentadas.
A compaixão em tempos turbulentos e complicados. A simbologia
por trás da inspiração para a cor do ano é expressiva.
Mais do que uma tendência na moda, na decoração e no
design, a escolha do Pantone Color Institute é uma forma
de expressão de toda uma geração em busca de equilíbrio e
paz – na vida e no trabalho.
Pela primeira vez na História, a empresa de Carlstadt, em
Nova Jersey, elegeu dois tons como Cor do Ano – Pantone
15-3919 (Serenity) e Pantone 13-1520 (Rose Quartz).
A seleção é realizada com base em um processo de análise
de tendências. Os especialistas de cores do Pantone exploram o mundo atrás de novas influências. Observam desde
cinema e entretenimento até design e moda. Para este ano,
o objetivo foi evidenciar a busca por tranquilidade e segurança em meio ao estresse do dia a dia. Daí a escolha por
uma combinação que traz a leveza de um azul claro com a
eloquência gentil do rosa quartzo.
27
tdc. tendências
Fotos Shutterstock.com
A inédita nomeação de dois tons como cor do ano não é uma simples
casualidade. A escolha vem num momento em que as expressões de
gênero ultrapassam o limite binário e passam por uma transformação
– tanto na moda quanto na sociedade. E isso causa um impacto
direto nas tendências de cores. “Essa abordagem unilateral da cor
coincide com movimentos sociais em relação à igualdade e à fluidez de
gênero”, afirma Leatrice Eiseman, diretora-executiva do Pantone Color
Institute. Com uma geração cada vez mais aberta e com mais acesso à
informação, nascem novas abordagens em relação ao uso de cor, agora
livres de preconceitos e rótulos. Apesar de sua intrínseca delicadeza,
Serenity e Rose Quartz transmitem uma declaração poderosa e
desafiadora sobre o estilo e a personalidade de uma pessoa.
Como se tiradas de uma paleta de cores de um filme de Wes Anderson,
as tonalidades são uma combinação harmoniosa e acolhedora,
especialmente na decoração de interiores. O duo traz suavidade e
doçura ao ambiente, funcionando como uma válvula de escape ao cinza
áspero das ruas. As cores podem ser utilizadas tanto em paredes quanto
em acessórios decorativos.
PANTONE Street Art_Werc in NYC
A tranquilidade de
Serenity e
Rose Quartz
não tem limites de
aplicação em casa
Uma almofada, uma colcha ou um vaso podem ser
usados para dar um toque romântico ao ambiente. Da
mesma forma, o tom azul em uma estante de livros
remete à serenidade e inspira a reflexão.
Essa combinação de tons é ideal em tapetes – e dá mais
vida ao estofamento de móveis. Um sofá em Rose Quartz
pode ser uma pincelada de sofisticação e tranquilidade
para a sala. Na cozinha, os tons candy acrescentam uma
pitada de humor e surpresa ao ambiente. A leveza das
duas cores não tem limites para ser aplicada na casa: cai
bem na cozinha, no banheiro, na sala e no quarto.
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Seja qual for o estilo – moderno, retrô, country, shabby
chic, – o sossego difundido pelas cores proporciona um
efeito relaxante em qualquer cômodo, como se espelhasse
um pôr do sol.
Seguindo a linha de neutralidade de gênero que inspirou a
escolha das cores, os tons já são tendência – para homens
e mulheres – nas passarelas de marcas consagradas no
mundo fashion. Richard James introduziu Serenity e Rose
Quartz em seus ternos, camisas e gravatas florais. Maria
Grazia Chiuri & Pierpaolo Piccioli colocaram os tons cool
do azul do céu e do rosa quartzo nos pássaros de suas
estampas de animais para a Valentino Spring 2016. Sofisticadas e descontraídas, as cores ganham vida sozinhas ou
se relacionando de maneira equilibrada com outros tons.
Não há uma única forma de explorar as nuances. Seja na
lã plush para dias frios ou no leve algodão para o verão, as
duas cores são adequadas para qualquer estação, tecido,
textura ou padrão.
Leanne Marshall
Para quem busca aderir às tonalidades em seu próprio
guarda-roupa, a dica de Ali Pew, editor sênior de estilo da
revista norte-americana InStyle, é: em vez de tentar encontrar itens com os dois tons, procure peças para fazer a sua
própria combinação. “Misture e combine itens para criar o
mesmo efeito”, recomenda Pew em entrevista à InStyle.
BCBG Max Azria
West Elm
Para contrastar com a sutileza dos tons, é interessante
escolher tecidos com texturas mais ricas. Isso dá um toque
de elegância ao look. Para quebrar o purismo de Serenity
e Rose Quartz, combinações com outros tons, como um
verde claro ou um rosa nostálgico, são interessantes.
Além da roupa, as cores vão bem com joias e acessórios
de moda, como bolsas, sapatos e wearable technology –
tecnologia de vestir, uma categoria em ascensão na moda.
A aplicação dos tons suaves da cor do ano vai além da
moda e da decoração. Na indústria dos cosméticos,
Serenity e Rose Quartz vêm se destacando pela delicadeza
e pela naturalidade.
A marca francesa Sephora, por exemplo, apresentou recentemente uma linha especial de maquiagens, desenvolvida
em parceria com o Pantone Color Institute, com batons
e sombras nas tonalidades do ano. O tom rosado destaca
os lábios; o azul dá um toque sutil e revelador aos olhos.
Para quem busca mais impacto, a combinação com néon
dá um contraste interessante e desafiador. Já uma camada
de prata metálico ou brilhante acrescenta aquele toque de
elegância próprio para uma ocasião mais especial.
SEPHORA + PANTONE UNIVERSE Color of the Year 2016 Eye Palette
29
tdc. tendências
Apesar de funcionarem como partes individuais, a força das cores está em sua
combinação, no todo. “Juntas, Serenity e Rose Quartz demonstram um balanço
inerente entre um tom rosa quente e acolhedor e o azul calmo e tranquilo”,
explica Leatrice. A cor do ano busca transmitir um senso de paz e ordem, como
um antídoto contra o cotidiano estressante.
para Além do
design
Selecionada para exprimir o zeitgeist – palavra alemã que
significa “espírito do tempo” – mundial, a Cor do Ano tem o
poder de influenciar todas as áreas do design. A escolha de
2016 é mais do que uma orientação para designers de
todo o mundo. É também um desafio à convenção de
que azul é para meninos e rosa, para meninas. O objetivo
do Pantone Color Institute foi traduzir o momento atual
da moda, assim como a busca por igualdade e fluidez de
gênero, expressando-a nas cores. “Em muitas partes do
mundo, estamos convivendo com questões de gênero
no que se refere à moda, que impactam as tendências
de cores por todas as outras áreas do design”, comenta
Leatrice Eiseman.
A associação entre cores e gênero, no entanto, não foi
sempre como conhecemos hoje. No início do século
20, era justamente o oposto. O mais “aceitável” eram
30
“
Juntas, as cores transmitem um
balanço inerente entre um
tom rosa quente e
acolhedor e um azul
calmo e tranquilo.
Leatrice Eiseman,
diretora-executiva do
Pantone Color Institute
meninos vestindo rosa, uma cor mais forte, associada ao
vermelho. Já as meninas usavam o azul, mais amável e
delicado. Essa convenção mudou apenas na metade do
século passado, quando fabricantes de roupas decidiram
inverter os padrões vigentes até então.
Nos anos 70 e 80, a linha que separava os padrões de
gêneros começou a ficar menos nítida, tanto na moda
quanto na música e no cinema. David Bowie usou rosa e
pintou o rosto. Diane Keaton vestiu terninhos. O estilista
Jean Paul Gaultier desenhou saias masculinas. Hoje,
em meio às constantes discussões sobre o tema, essas
barreiras se transformam e se confundem ainda mais.
Para a diretora executiva do Pantone Color Institute,
Serenity e Rose Quartz refletem o “clima” atual de uma
geração que não tem medo de estereótipos.
É dessa forma que as duas cores assumem a
responsabilidade de serem mais do que uma tendência
nas passarelas, nos produtos ou nas casas. A combinação
eleita como a cor do ano se dispõe a inspirar gerações:
seja com sua leveza e tranquilidade ou com sua
simbologia cultural, política e social. Ou, quem sabe,
com as duas coisas.
“
No design gráfico, a harmonia do duo é atraente, oferecendo charme e sofisticação aos produtos, dando, ao mesmo tempo, liberdade para o design se destacar. Nos objetos de cozinha, as possibilidades são amplas: do fogão à geladeira,
da louça às panelas, os tons se encaixam em qualquer estilo.
trix
panelas
O corpo triplo proporciona o
cozimento uniforme dos alimentos e
assim multiplica as possibilidades de
criação na cozinha.
vitrine
tdc. destinos
É impossível não se encantar com a cultura, as estações de esqui e as vinícolas da
capital chilena. Muito além das atrações tradicionais, no entanto, a cidade-sede da
primeira tramontina store fora do brasil se consolida como uma das mais seguras,
modernas e acolhedoras da América Latina.
Santiago
dos contrastes
Por Ricardo Lacerda, de Santiago
tdc. destinos
Desconheço algo mais redentor do
que arrumar a mala
e pegar a estrada.
Há exatos dez anos, passei dois meses viajando com uma mochila nas costas
entre a Argentina e o Chile. Visitei cidadezinhas encantadoras – como
Uspallata, um ponto isolado na Cordilheira dos Andes, e Cerro Colorado, na
província de Córdoba. Entre mais de 15 lugares onde pernoitei, nenhum me
pareceu mais enigmático, no entanto, do que Santiago.
Ao mesmo tempo que ostentava os ares de uma típica metrópole latinoamericana, grandiosa e barulhenta, a capital chilena parecia ocultar algo.
Era preciso entendê-la nas entrelinhas. Uma década depois, estou de volta.
E só me certifico de que o avião não tomou outro caminho por detalhe:
para onde quer que eu olhe, lá estão as montanhas cobertas com gelo
emoldurando o horizonte. Estou em Santiago, catchai?
Em dez anos, a cidade mudou radicalmente – e para melhor. As ruas estão
mais limpas. Algumas das grandes avenidas, por lá chamadas de alamedas,
são margeadas por parques bem tratados. Por todo lado, é possível ver gente
aproveitando a sombra das árvores, deitada na grama, tomando sol, lendo,
fazendo piquenique, namorando ou apenas tirando uma soneca. Tudo a céu
aberto, em meio ao rush de uma cidade que concentra mais de 5 milhões
de habitantes. Fica fácil entender por que Santiago foi escolhida como sede
da primeira unidade internacional da TStore, loja-conceito que proporciona
uma verdadeira imersão no universo da marca Tramontina.
A mobilidade é um dos pontos fortes. O cinturão rodoviário que envolve
a cidade revela que, em breve, será mais tranquilo transitar de carro ou
ônibus. Se bem que, com cinco linhas de metrô – que percorrem mais de
100 quilômetros –, usar carro chega a ser desnecessário.
O modo como Santiago se transformou ao longo do século 20 é facilmente
percebido por quem passeia pela cidade. A região do Centro está entre as
zonas mais tradicionais, com o Palacio de La Moneda, a tradicional Plaza de
Armas, várias igrejas, museus e calçadões e, claro, os pitorescos cafes con
piernas, onde se podem tomar café e outras bebidas servidas por garçonetes
em vestidos curtos – mas bem curtos, mesmo.
Já o bairro Bellavista, a despeito de ser um dos mais antigos da capital,
tornou-se uma zona de badalação e boemia, com uma grande oferta de
bares, restaurantes e centros culturais, além de universidades que despejam
nas ruas milhares de jovens a cada dia. No high-end de Las Condes, a capital
financeira do Chile ganhou o curioso apelido de “Sanhattan” – em alusão a
Manhattan, nos Estados Unidos. Por lá, prédios espelhados contrastam com
as construções do patrimônio histórico. Outra região que abriga boa parte
da elite chilena é a de Vitacura, repleta de hotéis de bandeira internacional,
shoppings e, claro, uma grande variedade de restaurantes.
34
Santiago, de fato, mudou. Mas soube conservar praticamente
tudo que tinha de bom. A casa onde viveu Pablo Neruda ainda
recebe milhares de turistas, ano após ano. As estações de esqui
seguem lotadas e as diversas vinícolas aprimoram cada vez mais o
atendimento ao turista – aproveitando o terroir único do Valle del
Maipo, na Grande Santiago.
A todos esses fatores é preciso somar três aspectos fundamentais
quando se quer conhecer Santiago mais a fundo. Um deles é
segurança nas ruas – inclusive à noite. Outro são os próprios
chilenos: hospitaleiros, simpáticos e sempre dispostos a ajudar.
Por fim, existe algo de transcendental, que precisa ser lido nas
entrelinhas: poucas cidades da América Latina resgatam e preservam
tão bem seus valores culturais e históricos quanto o Chile.
Não é à toa que o país é o único da América Latina a ter dois
Prêmio Nobel de Literatura, com Gabriela Mistral e Pablo Neruda.
Mesmo durante a repressão militar, a obra de artistas considerados
subversivos – como Vicente Huidobro, Nicanor Parra e o próprio
Neruda – sempre foi motivo de orgulho para os chilenos. Esse
orgulho geralmente era demonstrado de maneira discreta, tamanho
era o medo da repressão. Apesar de a ditadura ter chegado ao fim
começo dos anos 1990, o clima de comedimento permaneceu nas
décadas seguintes. Em 2006, deixei Santiago no fim de novembro.
Dez dias depois, rádios e jornais anunciavam a morte de Augusto
Pinochet, levando milhares de pessoas às ruas. Uns comemoravam,
outros prestavam homenagens ao ex-presidente.
Hoje, a consolidação da democracia deixou qualquer tipo de temor
no passado. Em qualquer loja, é possível encontrar quadros, canecas
e camisetas em homenagem a Neruda e aos cantores populares
Violeta Parra e Victor Jara – falecidos há pelo menos 40 anos.
A memória desses artistas se tornou um traço cultural da capital.
É possível encontrá-la em museus, centros de cultura e, inclusive,
em bares de música ao vivo.
É nesse cenário que destacamos, a seguir, seis coisas que fazem de
Santiago um dos melhores destinos da América Latina.
JeremyRichards / Shutterstock.com
1
Caminhando por
Bellavista
2
3
Anton_Ivanov / Shutterstock.com
Seria um erro imperdoável passar pelo bairro e não parar para
um almoço, jantar ou petisco no Patio Bellavista. Trata-se de uma
espécie de shopping de comidas, inaugurado em 2006. O espaço
concentra bares, restaurantes, pubs com música ao vivo, lojinhas e
serviços como caixa eletrônico, câmbio e passeios turísticos. Para
um lanche leve, a dica é desbravar o cardápio do 100 Montaditos
e experimentar sabores de minibaguetes como queijo brie com
presunto parma ou camarão ao alho e óleo. Para refrescar, a dica
é um copo de sangria bem gelada. À noite, vale a pena conferir a
música popular latino-americana que invade a madrugada no arte
-bar La Casa en el Aire. O restaurante conta com duas sedes: uma
no Patio Bellavista e outra a poucos minutos dali, na simpática rua
Antónia López de Bello.
Pablo Rogat / Shutterstock.com
Já se foi o tempo em que visitar Bellavista se resumia a ir ao
Cerro San Cristóbal, ao Zoológico Parquemet e à La Chascona,
a casa onde viveu Pablo Neruda. No entorno da Universidad
San Sebastian, ruas como Pio Nono, Constitución, Loreto e
Dardignac chamam a atenção tanto pela arquitetura quanto pela
intensidade da vida boêmia. O bairro é a perfeita combinação entre
gastronomia, arte e entretenimento, abrigando teatros importantes
– como o San Ginés e o Centro Mori. Apesar de ser menos
charmosa do que suas perpendiculares, a rua Bellavista reserva
para si um atrativo à parte: é nela que se concentram inúmeras
joalherias especializadas em lápis-lazúli. Com seu azul profundo,
a pedra só pode ser encontrada em dois lugares do mundo – no
Afeganistão e lá, mesmo, no Chile.
4
o barco neruda
Ainda no bairro Bellavista, a encosta do Cerro San Cristóbal guarda um das grandes atrações
de Santiago. La Chascona, a casa-museu, é uma das três residências onde Pablo Neruda
viveu com Matilde Urrutia, sua terceira e última esposa. A visita é uma imersão não apenas
nas veredas literárias e na vida particular do poeta, mas também um retrato fiel da própria
história do Chile. Construída no começo da década de 1950, a casa tem personalidade
própria: dentro dela, a impressão é de se estar em um grande barco.
Apaixonado pelo mar, Neruda ajudou a conceber a arquitetura sui generis do lugar,
colocando na casa portas pequenas, janelas arredondadas, pé-direito baixo e muita madeira.
Os dois bares têm balcões de bistrôs franceses do século 19. A sala de jantar, bem equipada,
revela o espírito hospitaleiro e glutão do poeta. Na sala de estar, repleta de objetos de arte,
é impossível não se deixar encantar por um quadro do mexicano Diego Rivera – ele e Frida
Kahlo foram amigos do casal. A obra retrata a mulher de Neruda com duas cabeças; de seus
cabelos, emerge um quase despercebido perfil do poeta. Singelo e profundo.
A sala de Gabriela
Já se vão décadas desde que Pablo Neruda colocou suas três casas
nos principais roteiros turísticos do Chile – as outras duas ficam
em Isla Negra e Valparaíso. Sobre Gabriela Mistral, infelizmente,
não se podia dizer o mesmo. Mas os esforços recentes em resgatar
a memória da mais célebre poeta chilena deram resultado. Desde
2010, ela dá nome a um dos maiores complexos culturais do país,
o Centro Gabriela Mistral – um amplo espaço aberto a exposições,
espetáculos de dança, música, teatro e eventos. Ainda assim, faltava
em Santiago um lugar que abrigasse o legado da autora.
Não falta mais. Em dezembro de 2015, a Universidad do Chile abriu
as portas da Sala Museo Gabriela Mistral, um espaço abarrotado
com materiais que resgatam
Lefteris Papaulakis / Shutterstock.com
momentos marcantes na vida da
escritora. Um deles, por exemplo,
6
é o registro cinematográfico de seu
funeral, em 1957. Além disso, há uma
série de anotações e manuscritos
originais, fotos históricas e as
primeiras edições de suas obras.
5
7
8
comendo com
história
Toda cidade que se preze tem um “mercadão” para chamar de seu. Em
Santiago não é diferente. O Mercado Central, localizado em um prédio
de 1874 com estrutura de ferro pré-fabricada na Inglaterra, é figura
carimbada em qualquer roteiro santiaguino. Antes de ir, no entanto,
é bom ficar atento a algumas particularidades. O mercado abre muito
cedo, perto das seis da manhã, e também fecha cedo, por volta das
quatro da tarde. Ainda assim, a maioria dos restaurantes têm acesso pela
rua e ficam abertos para o jantar.
Os restaurantes roubam a cena no mercado. Mas nem sempre foi
assim. Até os anos 1990, o lugar era repleto de bancas de carnes,
frutas, legumes, frios e ervas. Aos poucos, elas foram dando espaço
a restaurantes especializados em frutos do mar, que hoje ocupam a
maior parte do mercado e são abastecidos pelas barracas de peixes que
remanescem.
Entre os restaurantes, o El Galeón literalmente vende seu peixe pela
limpeza, orgulhoso de sua cozinha envidraçada. O maior e mais peculiar,
no entanto, é o Donde Augusto. Comandado por Augusto Vásquez – um
ex-verdureiro do mercado –, o restaurante é um dos mais famosos e
procurados do Chile. Para quem procura uma picada menos badalada,
vale a pena experimentar uma boa empanada de camarão e queijo no
pequeno Tio Lucho, possivelmente o melhor custo-benefício entre todos
os restaurantes do Mercado Central.
9
11
10
Nas páginas anteriores:
Nestas páginas:
1. Grafite no bairro Bellavista 3 . Café do Bellavista
2 . Pedra de lápis-lazuli
4 . Detalhe da cidade
5 . O Valle Nevado
6 . Selo alusivo a Gabriela Mistral
7 . Peixes do Mercado Central 10 . Vinícola Concha y Toro
8 . Fachada do Mercado
11 . Vista aérea dos Andes
9 . Cerro Santa Luzia
tdc. destinos
Odos palácio
populares
Deixe de lado qualquer expectativa quando a sofisticação,
charme e elegância. Pronto: agora você pode conhecer o
La Piojera, a mais tradicional picada chilena – localizada bem
ao lado do Mercado Central. No bar, que tem mais de 100
anos de existência e foi declarado “bem de interesse histórico”
pelo governo chileno, é possível reconhecer as formas mais
genuínas do que se pode chamar de “democracia de bar”.
Por lá já passaram escritores famosos, músicos conhecidos e
até mesmo presidentes. Reza a lenda que, em 1922, o então
presidente Arturo Alessandri foi convidado a conhecer o local,
justamente porque era frequentado por pessoas humildes.
Ao perceber a precariedade do bar, ele teria exclamado: “¿Y
a esta piojera me trajeron?”. E foi assim que o até então Bar
Democrático se converteu em algo que em bom português
pode ser tranquilamente traduzido como “pulgueiro”.
Não se assuste com o nome. O La Piojera é sem dúvida o
melhor lugar para beber um autêntico terremoto, o poderoso
coquetel feito de de Fernet, vinho branco adocicado e sorvete
de abacaxi.
No topo do
arranha-céu
Desde agosto de 2015, a Torre Costanera abre diariamente
as portas do céu a quem quiser visitá-lo. Lá em cima, no 62º
andar do prédio mais alto da América Latina, funciona o
Sky Costanera, um mirante com visão 360 graus. Observar
Santiago a uma altura de aproximadamente 300 metros
é incrível. Edifícios que antes pareciam enormes agora se
apequenam diante do poderoso arranha-céu. É possível
ver praticamente toda Santiago, com suas principais ruas
e avenidas, o rio Mapocho cortando a cidade e a beleza da
cadeia de montanhas que abraça a capital. Para pegar detalhes
ou pontos específicos, a dica é colocar moedas nos binóculos.
Mas atenção: prepare-se para esperar o sol se pôr, caindo por
detrás da Cordilheira dos Andes, na linha do horizonte que
passa por cima do Cerro San Cristóbal. Mais do que uma foto
linda, é a oportunidade para viver uma experiência marcante.
38
por todos os lados, montanhas cobertas
de gelo emolduram o horizonte em
uma belíssima pintura.
tdc. memória
Senhor
Chef
O pai da cozinha moderna; o rei dos chefs. Responsável
por popularizar e modernizar os métodos da cozinha
francesa, Auguste Escoffier revolucionou a maneira como
as grandes cozinhas são organizadas. Simplificou receitas,
reduziu cardápios e desenvolveu o atual sistema de
serviço com pratos apresentados em diferentes tempos.
Ele ainda introduziu equipamentos e instrumentos
modernos e instituiu nas cozinhas o sistema de brigada,
que hierarquizou funcionários e os dividiu por setores.
Autor do livro Le Guide Culinaire, a bíblia dos chefs de
cozinha, Escoffier estabeleceu os princípios científicos da
culinária e colocou receitas no papel. Agradeça a ele por
poder repetir sabores e qualidade nos pratos e cozinhar
em grande escala.
Roger Viollet Getty Images
Nascido em 1846, em uma aldeia próxima a
Nice, na Riviera francesa, Escoffier começou a
trabalhar como cozinheiro quando tinha apenas
13 anos. Menos de dez anos depois, ele já era
chef-saucier de um sofisticado restaurante em
Paris. Ao longo da carreira, foi responsável
pelas cozinhas de hotéis como o Grand Hotel
Monte Carlo, o Savoy de Londres e o Hilton em
Paris. Não bastassem suas realizações no ramo
da culinária, Escoffier foi um dos fundadores da
prestigiada rede de hotéis Ritz-Carlton, uma das
mais importantes do mundo. Sua parceria com
o suíço Cesar Ritz – que está para a hotelaria
moderna como Escoffier está para a culinária –
transformou as cozinhas dos melhores hotéis.
Em 2016, o mundo rememora os 170 anos de
seu nascimento e legado.
vitrine
doratta
sousplat e argola para guardanapos
Feitos de inox dourado com acabamento
fosco, são como verdadeiras joias à mesa,
emprestando requinte extra ao ambiente.
vitrine
flow
cuba de sobrepor
O design exclusivo dá modernidade à
cozinha e ganha novos contornos com os
acessórios opcionais, como a luz de LED e
o acionamento automático da válvula.
As cubas de sobrepor Flow possuem
acabamento antibacteriano e sistema
Nanoclean, que garante uma superfície
sem porosidade e manchas.
unique flex
misturador monocomando
O estado da arte do design
italiano, com monocomando
suave e sistema de vedação em
discos cerâmicos, que garantem o
conforto e a durabilidade.
lotus flex
msturador monocomando
A flexibilidade se destaca neste
misturador feito em aço inox 304,
com um brilho peculiar que realça
todos os tipos de bancada.
multi touch
forno elétrico de embutir
Com design minimalista e
tecnologia de ponta, oferece
sete programas de cozimento e
dezesseis funções que facilitam
o preparo dos alimentos. Tudo
ao toque da mão.
vitrine
tdc. design
130 anos de
less is more
Aço, vidro, concreto e mármore são os materiais que
marcaram a arquitetura de linhas puras do alemão Ludwig
Mies van der Rohe, um dos maiores nomes da arquitetura
do século 20. Foi ele quem introduziu o conceito de less
is more (menos é mais) ao design moderno. Nascido
em Aachen em 1886, o arquiteto ganhou destaque ao
apresentar seu primeiro grande trabalho na Exibição
Internacional de Barcelona de 1929. O Pavilhão de
Barcelona, como é conhecido o projeto, foi uma obra
temporária – durou apenas seis meses. Mas esse período
foi suficiente para marcar uma geração. Nos anos 1980,
o espaço foi reconstruído e virou um ponto turístico da
cidade catalã. Ainda hoje, a obra é um ícone da arquitetura
moderna. Para completar seu projeto, Mies criou móveis
para a parte interna da construção. Assim nasceu a cadeira
Barcelona. O design é elegante e único: duas almofadas
retas botonadas com pé geométrico em aço cromado. Mais
que uma peça, um símbolo de Mies van der Rohe.
A cadeira
Barcelona é
um símbolo
do trabalho do
arquiteto
e referência no
mundo do design.
Fotos: Courtesy of Knoll, Inc.
Diretor da renomada escola de arte Bauhaus, Mies
van der Rohe se mudou para os Estados Unidos no
início dos anos 1930, quando o regime nazista forçou
o fechamento da instituição. Lá, o arquiteto seguiu seu
trabalho de vanguarda. Foi responsável por construções
que são ícones do design moderno, como os prédios
do campus do Illinois Institute of Technology – do qual
foi diretor –, o complexo Chicago Federal Center e a
casa Farnsworth. A sede da Neue Nationalgalerie (Nova
Galeria Nacional), em Berlim, foi o último projeto do
arquiteto, que faleceu um ano depois da conclusão do
espaço, em 1969. Seja nos móveis ou nas construções,
Mies van der Rohe transformou a arquitetura e o design
– e deixou um legado que permanece atual até hoje.
45
tdc. ENTRETENIMENTO
vida de
Master
Chef
os chefs Paola Carosella, Erick Jacquin e
Henrique Fogaça se tornaram estrelas de
um dos mais bem-sucedidos programas da TV
brasileira. mas quem são eles, afinal?
Por Emanuel Neves
Em 2015, quem acessasse o Twitter nos finais
de noite de terça-feira corria o risco de ver sua
timeline invadida por uma enxurrada de posts sobre
ceviches, ragús e purês de mandioquinha. A onda de
comentários culinários era movida por um dos mais
surpreendentes fenômenos televisivos brasileiros: o
talent show MasterChef, da Rede Bandeirantes. Criada
no Reino Unido em 1990, a franquia reúne cozinheiros
amadores na disputa por um prêmio em dinheiro
– e pelo sonho de se tornarem chefs profissionais.
A atração já foi veiculada em mais de 40 países.
Quando chegou ao Brasil, em 2014, bateu recordes de
audiência para a emissora.
46
O êxito do MasterChef
pode ser visto pela enorme repercussão
nas rede sociais.
Foto Lucas Ismael - Band
Fotos Carol Gherardi - Band
Além dos altos índices de Ibope, o êxito do MasterChef é
referendado pela repercussão nas rede sociais. O indicador
Twitter TV Ratings, que mede o número de citações aos
programas televisivos no site, registrou a liderança do
MasterChef durante toda a última temporada, entre maio e
setembro de 2015. Qual o segredo para tamanho sucesso?
Há pelo menos três respostas possíveis para essa pergunta:
Paola, Jacquin e Fogaça.
Renomados no mercado paulista, o trio de chefs escolhido
para compor o júri da atração conquistou o público com
muito carisma e conhecimento do riscado. Cada um deles
tem um estilo próprio. Aos 43 anos, dona de um vasto
arsenal de sorrisos enigmáticos, a charmosa argentina Paola
Carosella desponta como a musa do sarcasmo. Já o francês
Erick Jacquin, de 51 anos, é o arquétipo do chef intolerante,
neurótico e rabugento – mas com algo de divertido nas
entrelinhas. Único brasileiro, o casca-grossa Henrique
Fogaça, 41 anos, coloca os competidores para tremer com
sua voz de trovão e a cara de poucos amigos.
Mesmo com a fachada hostil – e até grosseira, às vezes –,
os três sabem a hora de pegar leve. Isso ficou claro durante
o MasterChef Júnior. A versão infantil do programa é mais
descontraída e menos tensa do que a dos adultos. “A tensão
do programa vem do nervosismo dos participantes. Já as
crianças estão brincando. Isso também nos deixa mais
soltos”, diz Paola.
Apresentado por Ana Paula Padrão, o MasterChef é o
principal expoente de uma leva de competições culinárias
surgidas nos últimos anos. Hoje, praticamente todas as
televisões abertas do Brasil, assim como muitos canais
fechados, têm os próprios talent shows gastronômicos.
Isso sem falar dos inúmeros programas de receitas. A febre
começou no exterior e acompanha um interesse maior das
pessoas pela alimentação.
“O MasterChef mostra que todo mundo pode cozinhar. Basta
ter criatividade e amor”, diz Jacquin. A opinião do francês é
compartilhada por Fogaça: “O programa tem uma fórmula
consagrada, que passa conhecimento e entretém ao mesmo
tempo”.
Nas próximas páginas, você conhecerá um pouco mais sobre
a história e a rotina dos três chefs mais queridos e temidos da
televisão brasileira – e sobre a forma como cada um deles se
relaciona com a cozinha.
47
PAOLA CAROSELLA
A esfinge portenha
Exigente, a cozinheira argentina que rejeita o
título de “chef ” caiu nas graças da audiência com
um estilo que mescla sensibilidade, elegância e
pitadas generosas de sarcasmo.
Paola Carosella leva o garfo até o prato, serve-se de uma porção farta
e a traz à boca. Em segundos, o paladar apurado, amadurecido em
quase 25 anos de alta gastronomia, calcula o tempero, o ponto de
cozimento, as texturas e a harmonia. O veredito chega ao competidor
na forma de um sorriso absolutamente indecifrável, que tanto pode
representar o doce da aprovação quanto o fel do escárnio. A postura
um tanto ácida e sardônica se tornou uma marca de Paola em sua
participação como jurada do MasterChef.
Mas a máscara de avaliadora inclemente, embora não seja de todo
falsa, é apenas uma parte de seu show. Ao longo das duas edições do
programa – três, contando o MasterChef Júnior –, o público já teve
diversas demonstrações de o quanto essa argentina de 43 anos pode
ser, também, sensível e um tanto molenga.
Foto Jason Lowe
“
Cheguei
muito jovem
à França e
entendi que a
gastronomia
era maior do
que aquilo
que eu via na
Argentina.
“
48
Nascida em Buenos Aires, filha de uma argentina e de um italiano,
Paola Carosella foi levada à cozinha por dois caminhos distintos.
O primeiro, mais leve, abriu-se logo na infância, quando ela vivia à
barra da saia das duas avós, ambas italianas. “Passei minha infância
com elas. Eu as ajudava na horta, ficava desenhando perto delas.
Adorava comer”, lembra.
Mais tarde, na adolescência, a culinária se tornou um antídoto à
solidão. Nos anos 1980, a mãe de Paola, falecida em 1999, dividiase em dois trabalhos durante o dia e cursava a faculdade de Direito
à noite. Nunca tinha hora para chegar em casa. Já o pai, Paola viu
poucas vezes na vida. Com grave depressão, ele foi submetido a
várias internações até 2001, quando acabou vencido pela doença.
Assim, sozinha no apartamento de Saavedra, na zona norte da capital
portenha, a menina passava o tempo se aventurando em reproduzir
as receitas que aprendia num programa de culinária da TV. O fogo
daquela época e os aromas da infância definiram o seu destino. Aos
18, ela conseguiu um estágio no restaurante suíço La Cave du Valais,
em Buenos Aires. E nunca mais saiu da cozinha.
Nos anos seguintes, Paola fez um tour por alguns dos principais
polos da gastronomia mundial. A começar pelo maior deles: Paris.
“Cheguei muito jovem à França e então entendi que a gastronomia
era maior do que aquilo que eu via na Argentina”, diz. Depois, ela
colecionou passagens por restaurantes de Montevidéu, Mendoza,
Nova York e Califórnia. Chegou a São Paulo em 2001, trazida pela
mão por Francis Malmann, um dos chefs argentinos de maior renome
internacional. Sua missão era comandar as panelas do restaurante
Figueira Rubayat.
Do receio
ao sucesso
As experiências colhidas em lugares distintos ajudaram Paola a formar
sua própria personalidade como cozinheira – aliás, ela tem sérias
restrições ao termo “chef”. Isso a fez receber o convite para integrar o
MasterChef com igual reticência. “Sempre fiz questão de ser chamada
de cozinheira. Tinha medo de entrar num programa com esse
título”, reconhece. Tamanha cautela é até natural para quem sequer
tinha televisão em casa antes de entrar no ar. Paola só comprou
um aparelho para poder acompanhar o programa que ela mesma
apresentava – com enorme sucesso, diga-se.
“
“
Entro devagar
em universos
desconhecidos.
A química de Paola com seus parceiros de júri é uma das principais
receitas de empatia do talent show. “O Fogaça é puro coração.
O Jacquin é muito inteligente e engraçado”, elogia. Ela também
explica que a abordagem dos jurados teve de ser adaptada à versão
infantil. Ficou mais leve para acompanhar o ritmo das crianças. “Uma
coisa é você julgar uma menina de 1,40m. A outra é estar na frente de
um baiano capoeirista de 90 quilos”, brinca.
A tarefa de lidar com crianças não chega a ser uma novidade. Há
quatro a anos, Paola reserva boa parte do tempo livre aos cuidados
com Francesca, sua única filha e xodó da casa. Só não lhe dá dedicação
exclusiva porque tem outros compromissos. Fora dos estúdios, Paola
atua na supervisão de seus dois restaurantes – o Arturito, aberto
em 2008, e o La Guapa, criado em 2014, ambos com o sócio Benny
Goldenberg. O primeiro oferece leituras de culinária mediterrânea. Já
o outro é uma legítima casa de empanadas argentinas.
Com tantos afazeres, Paola precisa se desdobrar. “Minha agenda
é muito maluca. Não tenho dias normais. Adoraria ler e fazer
yoga regularmente, mas não consigo”, admite. Sem familiares
por perto, ela conta com a ajuda dos próprios funcionários para
buscar Francesca na escolinha. Às vezes, a menina a acompanha nas
gravações. Em casa ou na rua, os programas de final de semana são
totalmente dedicados à pequena. A não ser quando o namorado de
Paola – o fotógrafo irlandês Jason Lowe – está no Brasil. Ele mora
em Londres e os dois se encontram uma vez por mês, em média.
Por aqui, o charme de Paola tem encantado muita gente. Tanto
que teve até um convite para posar nua, educadamente recusado.
Ponderada, ela compreende bem os efeitos da exposição massiva.
“Entro devagar em universos desconhecidos. Obviamente, me
tornei uma pessoa pública e vou aprender a administrar isso
com o tempo”, afirma. Além de cuidar de Francesca e de seus
dois restaurantes, Paola tem alguns planos para 2016. Um deles é
lançar um livro de receitas em parceria com o namorado. O outro,
apresentar a 3ª edição do MasterChef. Tremei, candidatos: os
sorrisos enigmáticos vêm aí outra vez.
ERICK JACQUIN
o bonachão inclemente
O chef francês costuma dizer que “felicidade e flor de sal” é o que
não pode faltar em sua cozinha. Quem o conhece de perto, porém,
costuma acrescentar outros ingredientes: exigência, algumas
explosões e muito talento.
Tompero. Diz-se com ênfase no ‘pê’ – e fazendo um biquinho, de
preferência. Ao ler essas três sílabas, quem acompanha o MasterChef
logo reconhece o carregado sotaque francês e o rosto rechonchudo,
de feições costumeiramente histriônicas, acima da indefectível
gravatinha borboleta.
Erick Jacquin é o tempero mais marcante do programa. Sem papas
na língua, o chef francês é pródigo em julgamentos ferinos e
distribui descomposturas semanais aos candidatos, protagonizando
os momentos mais engraçados da atração. Mas ele garante não ter
criado um personagem para o talent show. “Não mudei minha
personalidade. Sou o mesmo em casa, na TV e na cozinha. Me dei bem
por isso”, afirma.
Foto Carol Gherardi - Band
“
“
Sou o mesmo
em casa,
na TV e na
cozinha.
A autenticidade vem do berço. Nascido em 1964, na pequena comuna
de Dun-sur-Auron, na região central da França, Erick Jacquin se
apaixonou pela culinária logo cedo, vendo a mãe cozinhar. A decisão
de abraçar a gastronomia como carreira foi tomada na adolescência.
Aos 15 anos, ele foi incentivado pelo pai a experimentar a profissão
numa confeitaria da cidade. Trabalhou lá durante as festas de fim
de ano e teve certeza de que sua vida perderia o sentido longe das
panelas. Depois de cursar uma escola de gastronomia, Jacquin se
mudou para Paris, onde atuou ao lado de renomados chefs franceses.
Em 1994, já contando com uma estrela do Guia Michelin – a
publicação mais respeitada da gastronomia mundial –, Jacquin
recebeu uma proposta tentadora do empresário italiano Vicenzo
Ondei para assumir a cozinha do Le Coq Hardy, em São Paulo.
O francês aceitou o desafio e chegou ao Brasil no ano seguinte. Trouxe
consigo a sommelier francesa Katia Lefriec, com quem foi casado até
2003 e teve seu único filho, Edouard, de 17 anos.
Jacquin foi um dos responsáveis por maturar a cultura da cuisine
française no Brasil. Uma de suas principais contribuições é o petit
gâteau – iguaria por ele apresentada ao paladar dos brasileiros. O chef
passou quatro anos à frente do Le Coq Hardy e depois abriu o Café
Antique, em 1999, consagrando-se como um dos expoentes da alta
gastronomia no Brasil. Escolhido chef do ano diversas vezes, Jacquin
foi o primeiro francês da América Latina a receber o Maître Cuisinier
de France – a mais alta condecoração gastronômica concedida pelo
governo de seu país de origem.
Jacquin prima pela excelência em todos os detalhes. Esse é um dos
motivos de sua implicância com o horário de atendimento prolongado
dos restaurantes brasileiros. “Ninguém pode trabalhar com qualidade
e exigência se vai cozinhar do meio-dia até a 1h da manhã”, critica.
Essa exigência é refletida na postura de Jacquin no MasterChef.
50
“Sou difícil de aguentar.”
Reza a lenda que Jacquin já arremessou pratos em cozinheiros
por se irritar com as falhas de execução de uma receita. Também
é comum vê-lo tomar uma frigideira da mão de um assistente e
despejar todos os ingredientes no lixo. Certa vez, quem parou
na lixeira foi um dos próprios assistentes, encestado pelo chef
enfurecido. “Quem trabalha comigo sabe da minha exigência. Não é
fácil. Mas sou assim comigo mesmo”, admite Jacquin.
Além disso, ele curte os primeiros meses de casado com a maîtrisse
Rosângela Menezes. Os dois estão juntos há mais de dez anos, mas a
união só foi oficializada no mês de outubro, seguida por uma lua de
mel na Amazônia. Outro caso de amor duradouro de Erick Jacquin
é com o Brasil. Naturalizado brasileiro, o chef até cogita retornar ao
país de origem, mas não por agora. “Voltaria se me faltasse trabalho
ou depois de me aposentar”, especula.
O temperamento explosivo pode ser complicado. Mas é o que
mantém Jacquin na posição de destaque entre os jurados do
MasterChef. O olhar inclemente, os comentários ácidos e a postura
quase ofensiva contrastam com o corpo e o jeitão bonachão.
O programa jamais seria o mesmo sem ele.
Pelo visto, os brasileiros não precisam se preocupar: o talento e o
carisma de Erick Jacquin devem seguir aqui por muito tempo ainda.
E, claro, o seu tompero também.
“
Quem trabalha
comigo sabe da
minha exigência.
Não é fácil.
“
Fora dos estúdios, Jacquin leva uma vida modesta, sem o glamour
que se poderia esperar de um chef tão badalado na telinha.
Desde que fechou seu próprio restaurante, em 2013, ele passou
a cozinhar para pequenos grupos e a atuar como consultor de
algumas casas, além de ser sócio do paulistano Tartar&Co. Lá, ele
controla a qualidade e monta cardápios com base no conceito
de “bistronomia”. “É preço de bistrô, mas com qualidade e
criatividade”, explica.
Foto Lucas Ismael - Band
Fotos Carol Gherardi - Band
O convite para integrar o MasterChef o ajudou a turbinar a nova
fase da carreira. Hoje, Jacquin é uma celebridade: aparece em
comerciais, é reconhecido na rua, recebe convites para eventos no
Brasil inteiro e tem até uma linha de produtos com a sua própria
marca. Faz de tudo. A única ideia que não lhe passa mais pela
cabeça é a de de abrir um novo restaurante só seu. Ao menos por
enquanto. “A lei trabalhista do Brasil é anacrônica e colonialista”,
justifica. Em 2016, a exemplo de Fogaça, o chef terá um reality
show exclusivo no canal pago Fox Life.
HENRIQUE FOGAÇA
sangue bom na cozinha
A marra, a expressão sisuda e o timbre rouquenho podem até
assustar à primeira vista. Mas o chef paulista, acima de tudo,
é um cara “do bem” e sem frescuras, que acredita na culinária
simples e acessível a todos.
Se você pesquisar pela palavra “Oitão” no YouTube, o site vai lhe
sugerir diversas apresentações de uma banda de hardcore barra
pesada, ao melhor estilo Ratos do Porão. O vocalista é um sujeito
forte, com cara de mau, cabeça raspada e tatuagens até o pescoço.
A postura agressiva é reforçada pelas letras críticas e por uma voz que
chega a rasurar os tímpanos de tão áspera.
Agora, corte para o 10º episódio da 2ª edição do MasterChef,
veiculado em 21 de julho. Estamos no momento da eliminação, e o
responsável por informar quem deve abandonar o avental branco é
o tal vocalista casca grossa. Na hora de justificar a decisão, ele dá um
nó na garganta do país inteiro ao contar sobre a frustração de jamais
ter podido cozinhar para a filha, Olívia, de 9 anos. Com necessidades
especiais, a menina não sente gostos e se alimenta por uma sonda
desde o nascimento.
Foto Patrícia Corvo
“
Queria me
alimentar
melhor e fui
pedir dicas
para a minha
avó. Quando
me dei conta,
estava fazendo
uns rangos
diariamente
e pirando.
“
52
As duas imagens contrastantes resumem bem a personalidade de
Henrique Fogaça: por trás da fachada de durão bate um coração
enorme. “Ele é um autêntico sangue bom”, define a colega de júri
Paola Carosella.
Henrique Fogaça nasceu em Piracicaba (SP) e se tornou cozinheiro
por causa das comidas congeladas – ou, melhor dizendo, por não
tolerá-las mais. Aos 23 anos, mudou-se para São Paulo, onde cursava
Comércio Exterior – depois de ter largado a faculdade de Arquitetura
– e trabalhava num banco. A rotina corrida, entre cheques sem fundo
e aulas na universidade, não lhe abria muito espaço para refeições
de verdade. Mas um dia o paladar se cansou dos pratos pré-prontos.
“Queria me alimentar melhor e fui pedir dicas de receitas para a minha
avó”, lembra Fogaça. E foi assim, com o estômago, que Fogaça iniciou
uma grande virada em sua vida.
Aos poucos, os temperos e combinações ensinados pela avó
começaram inspirá-lo. “Quando me dei conta, estava fazendo uns
rangos diariamente e pirando”, brinca. Por influência de sua mãe, ele
deixou para trás a faculdade, pediu demissão do banco e passou no
vestibular para Gastronomia na Faculdades Metropolitanas Unidas
(FMU). Esse era um dos primeiros cursos dedicados ao gênero.
Enquanto estudava, Fogaça precisava se virar para pagar as contas.
Criou algo que, hoje, seria classificado como um food truck. Um
pouco mais modesto, é bem verdade – já que se tratava de uma kombi
com bancada de inox, na qual ele preparava uma série de lanches,
como preparados de carne e purê de batatas. Chamada de “Rei das
Ruas”, a lanchonete sobre rodas ficava numa esquina da região dos
Jardins, zona nobre da capital paulista. A experiência foi boa, avalia
ele, mas durou pouco mais do que um semestre.
Abaixo a
gourmetização
De lá para cá, Fogaça se tornou uma referência na gastronomia
brasileira. Seu conceito de culinária é direto e sem firulas: comida
simples, gostosa e feita com amor. Nada de gourmetizações – um
movimento, aliás, abominado pelo chef de 41 anos. Para ele, a
alimentação é um instinto básico do homem e deve ser farta e
acessível, nunca um luxo.
Guiado por esse ideal, Fogaça e os chefs Checho e Lira Yuri criaram
o projeto “O Mercado”, uma feira gastronômica de rua com
pratos elaborados por restaurantes paulistas famosos e vendidos a
preços baixos. De 2012 a 2015, o evento foi mais um dos muitos
empreendimentos que exigem sua atenção. Ele também é dono do
pub Cão Véio, onde há até rótulos de cerveja com seu nome – e
que foi aberto em parceria com Badauí, vocalista da banda CPM 22,
e Kichi, promoter de festas que trabalhou com Sepultura e Ratos
de Porão. Fogaça ainda é sócio de outros três estabelecimentos:
o restaurante Jamile, inaugurado em setembro, e o bar Admiral’s
Place e o Sal Gastronomia.
Mesmo com tantos afazeres, Fogaça encontra tempo para lutar
Muay Thai, participar das ações sociais do motoclube In’ Omertá
e dar aulas de culinária no projeto Chefs Especiais – dedicado a
pessoas com síndrome de Down. Isso sem falar dos vocais da Oitão
e dos cuidados com a família – além de Olívia, há o caçula João, de
sete anos. “Me entrego 100% às coisas de que gosto e que acredito”,
garante Fogaça. E o público poderá conferir isso ainda mais de
perto em 2016.
Para este ano, ele prepara o lançamento de um reality show só
seu. “O programa vai mostrar um pouco da minha vida, passando
também pela cozinha”, adianta. A veiculação se dará no canal a cabo
Discovery TLC. Além disso, Fogaça planeja abrir uma unidade do
Sal Gastronomia em Miami e já está confirmado para a 3ª edição do
MasterChef.
Foto Patrícia Corvo
Como dar conta de tudo? Para ele, a fórmula é usar na vida a
mesma receita de simplicidade que vai aos pratos: “O segredo é se
dedicar e fazer tudo com muito amor”.
53
NAMOA
BANDEJAS E COMPLEMENTOS
vitrine
MOSAICO
COLHERES PARA CHÁ OU CAFÉ
A moda invade a cozinha
em peças de puro aço inox
ornadas com texturas e
padronagens da alta-costura.
O design clean garante a versatilidade
desta coleção de bandejas, que se
complementam com um moderno
centro de mesa e um porta-guardanapos.
Simples e único.
tdc. bem-estar
Paraísos para
Relaxar
Os spas são mais do que espaços para cuidados estéticos – são redutos
para relaxar e cuidar do corpo e da mente. Pequenos oásis para fugir
do estresse cotidiano, eles oferecem o espaço ideal para quem busca
uma guinada na qualidade de vida. Alguns se dedicam a objetivos
específicos: aprimorar a forma física, melhorar a alimentação, dedicar-se
à espiritualidade ou simplesmente cuidar da saúde. O Wellness Travel
Awards, da Spafinder Wellnes, elegeu os melhores spas do mundo em
2015 a partir de uma votação com mais de 20 mil clientes. Conheça três
deles que receberam o Crystal Awards, o prêmio principal:
Kurotel
gramado, brasil
Eleito o melhor spa das Américas do Sul e Central,
o Kurotel Centro Médico de Longevidade e Spa,
em Gramado, na Serra gaúcha, é referência
mundial – já são mais de três décadas no ramo de
cuidados com a saúde e o bem-estar. São diversos
programas, incluindo antitabagismo e pós-câncer,
e uma estrutura com piscinas, quadra de tênis e
quartos luxuosos.
Canyon Ranch
Tucson, Estados Unidos
Localizado em Tucson, no estado norte-americano
do Arizona, o Canyon Ranch foi escolhido o
melhor spa da América do Norte. Com instalações
no deserto, o estabelecimento oferece mais de 40
atividades. Entre elas, caminhadas nas montanhas.
Consultas espirituais, médicas e fitness, sempre
com acompanhamento especializado, também
estão no programa do local.
Sha Wellness
Alicante, Espanha
Localizado na costa mediterrânea da Espanha,
o Sha Wellness é o melhor spa da Europa.
O estabelecimento desenvolveu seu próprio
método antienvelhecimento, que une a dieta
macrobiótica com terapias naturais. Técnicas
avançadas são usadas para desacelerar o processo
de envelhecimento e prevenir doenças.
55
Fotos: Kavalan Distillery
tdc. design
Encantamento
em forma de loja
com Design encantador e ambientes cada vez mais envolventes, os pontos
de venda se transformam nas grandes estrelas da experiência de consumo
Por Tatiana Reckziegel
Toda loja conta uma história. Cada uma tem um
cheiro, uma luz, uma cor – algo, enfim, capaz de despertar os sentidos do consumidor. Já que essa história
precisa ser contada, vale lembrar que, muitas vezes,
são as marcas as responsáveis por assumir o controle
desse ambiente. São elas, afinal, que melhor dialogam
com os clientes. Um ponto de venda bem planejado é
uma forma poderosa de estabelecer uma ligação entre
consumidor e marca.
Desde muito antes de se falar em conceitos como
environmental graphic design, customer experience
e marketing sensorial, as lojas já se preocupavam com
esses aspectos de maneira intuitiva. Dona Márcia, por
exemplo, sabia que usar as louças da avó daria um ar
aconchegante a seu restaurante de comida caseira. E
Sílvio, o padeiro, já notava que quando o cheiro de
pão quentinho tomava conta da loja, ele vendia mais.
Até aí, nenhuma novidade. A diferença é que, hoje,
existem recursos que permitem explorar (e multiplicar) estes detalhes que garantem uma experiência
encantadora. Cada vez mais, quando entram em
uma loja, as pessoas querem ser conduzidas por um
momento representativo, útil e agradável – envolvendo-se ainda mais com a marca.
56
“Cerca de 70% da decisão de compra acontece no
ponto de venda, e mais da metade dela se concentra em
aspectos visuais”, explica o arquiteto Júlio Takano, do
escritório KT Retailing, de São Paulo. Nesse contexto,
não basta ter um bom mix de produtos; também é
necessário pensar na forma como o consumidor vai
encontrá-los – no chamado “circuito de compra”.
Esse é o espírito que guia a Tramontina Store, lojaconceito criada para proporcionar uma experiência
de imersão na Tramontina. Também conhecida como
TStore, a unidade serve para guiar o consumidor pela
extensa variedade de produtos da marca. Takano, que
ajudou a concebê-la, lembra que a Tramontina oferece
mais de 18 mil itens, mas nem todos são conhecidos.
“Logo, a missão da TStore não é concorrer com os
varejistas, e sim aumentar a percepção sobre esse
portfólio, que é muito vasto”, explica. O resultado é
uma espécie de “playground da marca”, onde o visitante
transita entre milhares de produtos para as mais diversas
finalidades. “A gente estima que o circuito de compra da
TStore dure mais de uma hora”, diz Takano.
Inspirados nesta experiência, reunimos oito dicas para
montar um ponto de venda surpreendente – confira o
resultado nas próximas páginas.
Pense na loja como o cenário.
Ela mostra
quem é a marca
Planejar um ponto de venda significa, também, tangibilizar os
conceitos que evidenciam a identidade de uma marca. Se a
empresa for focada em sustentabilidade, o ambiente precisa
transparecer isso. Se o produto for moderno, as linhas da loja
devem acompanhar o estilo. Um ponto de venda pode ser
pensado como um cenário que ajuda a marca a contar sua
própria história.
É o que faz o Mercado Brasco, em Porto Alegre, inteiramente
criado para encantar. O clima é de um mercadinho com
toques de criatividade, que fica evidente não só nos
acabamentos rústicos utilizados, mas também na decoração
– que traz até mesmo uma estilosa Romiseta amarela.
“Trabalhamos o conceito do mercadinho de esquina, em
que o dono atende de avental, como acontece de verdade,
e potencializamos isso com os signos que temos no nosso
imaginário de um antigo mercado”, conta Roberto Bastos,
diretor da Sceno, empresa de environmental graphic design
responsável pelo projeto das lojas do Mercado Brasco.
O conceito está alinhavado com o Moinhos de Vento, bairro
tradicional de classe alta, onde está localizada a maioria das
empresas da indústria criativa do Rio Grande do Sul.
Fotos: Divulgação
Construa identificação com
elementos
familiares
Uma alternativa para aumentar a identificação com o consumidor é desfazer aquela cara de “loja impessoal” que todo estabelecimento tende a ter. Para isso, a dica é encontrar um lugar
que remonte à experiência de aconchego. Nesse contexto, o
inconsciente trabalha a favor do ponto de venda. Aquela luminária ou aquele quadro com personalidade não são meramente
decorativos. Eles comunicam quem a marca é.
Indo além, o ideal é fazer com que isso repercuta na identidade
dos próprios consumidores. “As pessoas buscam identificação
com as marcas nesses espaços. Quando a gente estabelece uma
conexão emocional, isso é muito mais forte e garante um relacionamento mais duradouro com o cliente”, garante Bastos.
Localizada em São Paulo, a loja multimarcas Clube Chocolate
segue a mesma filosofia. A empresa tratou de integrar suas origens cariocas ao ambiente do consumo. O espaço desenhado
pelo renomado arquiteto Isay Weinfeld conta com um jardim
com palmeiras e areia clara, remetendo o visitante aos ares de
Rio Janeiro em meio à dureza da capital paulista. Quem não
arrisca e continua apostando puramente em pontos de venda
bem iluminados, com produtos bem expostos mas sem identidade, certamente está perdendo grandes oportunidades.
57
tdc. design
Não abuse do
marketing
sensorial
Estimular os múltiplos sentidos do consumidor em uma loja
não é novidade. O mundo das marcas já despertou para o
assunto há um certo tempo – e até explorou além da conta
o chamado marketing sensorial. Depois do alvoroço, chega
a segunda fase: sons, texturas, cheiros e gostos só são úteis
quando fazem sentido. Não é porque é tendência que vale sair
aplicando tudo ao mesmo tempo. “Tem que ser cuidadoso
para não pecar pelo excesso de referências. Não dá para fazer
uma salada de elementos”, alerta Rodrigo Dienstmann, diretor
da Exhimia, empresa especializada em design voltado para
varejo. Segundo ele, cada sensação precisa estar intimamente
conectada com a identidade da marca. Uma música ou um
aromatizador deslocados podem fazer o cliente questionar a
história que a loja quer contar. Uma referência positiva nesse
sentido é a Le Lis Blanc. A marca de moda feminina trabalha
com um aroma assinado desde 1998. O cheiro sofisticado, com
notas de alecrim, combina com o posicionamento da grife e
já virou uma assinatura olfativa. Hoje, até as clientes podem
deixar sua casa “mais Le Lis Blanc”, já que a fragrância virou
produto vendido pela própria empresa.
desconstrua
o processo
de compra
Com tantas facilidades tecnológicas à
mão, o passo-a-passo tradicional de uma
compra não faz mais tanto sentido. Há
quem ache um tédio entrar na loja, ir
até o balcão e pedir ao vendedor que
exponha e apresente o produto. Depois,
ainda é preciso passar no caixa, pagar e
só então ir ao setor de pacotes retirar a
compra. A chance de alguém desistir no
meio do caminho é grande. Por que não
otimizar? Foi exatamente isso o que a Apple
fez. Revisando o processo de compra, as
Apple Stores se tornaram referência ao
proporcionar ótimas experiências aos
consumidores. A configuração das lojas
tirou de cena o vendedor do outro lado do
balcão. Espalhados pelo ambiente estão
consultores prontos para tirar dúvidas,
ainda que a experimentação fique por conta
do cliente – livre para manusear, testar ou
fazer uma incursão pelos aplicativos. Se a
pessoa decidir comprar, o atendente acessa
a conta ali mesmo e finaliza a venda sem
sair do lugar. É o slogan da marca, “think
different”, traduzindo-se em experiência de
consumo.
Foto: Justin Brown
USE e abuse dA TECNOLOGIa
Se existe uma tendência absoluta nas lojas,
trata-se da ampliação do uso da tecnologia. Diante
das possibilidades oferecidas por novos recursos, a
experiência de compra pode ser elevada a patamares
inéditos. Nesse contexto, há quem venha apostando
em oferecer elementos high-tech a fim de buscar as
melhores formas de degustar produtos. Nesses casos,
quando o cliente constrói uma conexão especial com
objeto de compra, o momento pode ser mágico. “O
consumidor toma a decisão da compra por hábito
ou emoção, e o que motiva isso é a experimentação”,
explica Christiany Zanotto de Sena, diretora
comercial da AZ4 Group, empresa especializada em
design de ponto de venda.
Benchmark de inovação na experiência do
consumidor, a Verizon se deu conta de que seu
modelo tradicional de venda de smartphones
estava ultrapassado. Descrever a memória ou o
processador não gera envolvimento; afinal, são os
aplicativos que fazem as pessoas se encantarem
pelos aparelhos. Foi com esse insight que a empresa
deu um empurrãozinho na imaginação dos clientes.
Nos espaços da Verizon, as pessoas podem correr
em esteiras e testar aplicativos de atividade física,
por exemplo. Cada ala temática provoca o cliente a
conhecer novas tecnologias possíveis por meio do
aparelho celular.
Foto: Verizon Divulgação
para envolver
Fotos T-Store: Murillo Tinoco
inspire-se nas
lojas-conceito
Com a disparada do e-commerce, as lojas físicas de sucesso
se consolidaram como espaços que vão muito além da
venda. O consumidor espera nada menos que ter uma
interação envolvente no local. Focadas nesse propósito,
nasceram as lojas-conceito, com o ambiente pensado para
proporcionar experimentações. Exemplo disso são as
TStore, criadas para envolver o consumidor no “universo”
da Tramontina. Tudo é escolhido a dedo para comunicar
o conceito, inclusive a localização. Em geral, as empresas
optam por ter poucas lojas nesse modelo. Afinal, cada uma
delas precisa ser realmente especial. E é aí que as marcas
tendem a investir alto para surpreender.
Na Dinamarca, um projeto colossal da Lego promete se
tornar referência global em loja-conceito. Pelo desenho, a
Lego House terá o formato de 21 blocos clássicos da marca,
todos encaixados. No espaço de 12 mil metros quadrados,
além do ambiente comercial, estarão um museu interativo,
um restaurante e uma grande praça. Com a inauguração
prevista para a segunda metade de 2017, a empresa já
promete que o local vai proporcionar experiências únicas
aos visitantes.
59
seja
sustentável
Preocupar-se com o meio ambiente não é mais assunto
exclusivo para empresas relacionadas à temática da
ecologia. É de bom tom para qualquer marca primar pela
sustentabilidade na hora de construir um ponto de venda.
Cada vez mais pessoas orientam suas vidas em direção ao
consumo consciente, de modo que os espaços ecofriendly
estão mais em alta do que nunca. Além de agradarem ao
público, as lojas sustentáveis costumam proporcionar
economias expressivas em gastos fixos com água, luz,
manutenção e outros recursos básicos.
Se a empresa carregar em seu DNA esses valores, melhor
ainda. Nesses casos, chega a hora de dar um passo a mais
na direção das soluções ecológicas. É o caso do mercado
alemão Original Unverpackt. Lá, todo tipo de embalagem
descartável é simplesmente eliminado das gôndolas. Para
transportar os produtos, o cliente pode levar seu próprio
recipiente, pegar um emprestado do mercado ou utilizar
uma embalagem especial de papel reciclável. A iniciativa
tem um propósito claro. A ideia é minimizar o impacto
ambiental de um dos piores elos da cadeia de consumo: a
quantidade de resíduos produzidos a partir do descarte de
embalagens.
Fotos: Divulgação
não se esqueça do seu
posicionamento
Elementos do design de ponto de venda são como um castelo
de cartas. O que está na base de tudo é o posicionamento
da marca, e se este nível não estiver firme e consolidado,
tudo pode desmoronar de uma hora para a outra. A loja mais
eficiente é a que tem o produto certo, que está no lugar certo
e que consegue focar no cliente certo. “Tudo tem de estar
alinhado para que o consumidor entenda a proposta da loja e
não precise ser convencido de nada”, comenta Dienstmann.
Se algo estiver errado no posicionamento, de nada vai importar
um espaço incrível para a marca.
60
Em 2012, com a ascensão de algumas fabricantes de
smartphone, a Motorola buscava um novo espaço
no mercado. A marca já era lembrada por produtos
antiquados quando foi adquirida pelo Google e teve
seu posicionamento remodelado. Foi aí que a Motorola
se voltou aos jovens. A proposta de ponto de venda
desenvolvida pela Ehximia foi de um quiosque circular,
onde o cliente pudesse entrar em contato com o produto
sem compromisso. Uma experiência de compra mais casual
que, evidentemente, deu certo.
magic
coifa
O motor de quatro velocidades purifica
e extrai o ar, garantindo um ambiente
mais arejado e limpo. No modo Refresh,
trabalha em ciclos regulares para
renovar aquela sensação mágica de
frescor na cozinha.
vitrine
tdc. GASTRONOMIA
café
A sedução do
Em meio a diferentes culturas e rituais de preparo, a
mais brasileira das bebidas universais conquista novos
patamares de sabor. chegou a hora de descobri-los
Por Tatiana Reckziegel
Pode ser o aroma que toma conta do ambiente e seduz
o olfato dos desavisados. Pode ser o amargor complexo
que requer ares de perseverança para virar paixão. Ou
pode ser a energia que desperta neurônios de maneira
implacável. O que não falta são motivos para que o café
seja a bebida mais querida dos brasileiros. O que chama
a atenção, no entanto, é o movimento de renovação que
vem se dando entre os apreciadores e os grãos nacionais.
Apesar de o Brasil ser, historicamente, o maior produtor
de café do mundo, a cada dia a quantidade dá lugar a
algo bem mais complexo: a qualidade.
62
O despertar para os cafés especiais carrega consigo a
descoberta de um novo mundo – até então, território
exclusivo dos baristas. Para quem realmente gosta da
bebida, a boa nova é que já passou o tempo em que parecia
pedante falar em cereja descascado fair trade ou pedir
um 100% arábica para o seu ristretto. Aos moldes das já
consolidadas comunidades de apreciadores de vinhos ou
de cervejas artesanais, emerge uma nova onda no Brasil: a
dos amantes de café. Conhecendo as variedades, as técnicas
e as tendências, estes pequenos grãos se revelam tão
interessantes quanto aromáticos e saborosos.
Desde a colheita, cada
fator é fundamental
para compor o sabor de
um café.
Só de olhar para as prateleiras das cafeterias é fácil se perder
entre os diferentes tipos de grãos. Os cafés se dividem em
famílias que correspondem a linhagens de sabor: caramelos,
chocolates, nozes e frutados. “Mudando as famílias e as formas
de preparo, você pode ter uma infinidade de cafés”, explica
Georgia Franco de Souza (foto abaixo), mestre de torra e
proprietária do Lucca Cafés Especiais. Desde a colheita, cada
fator é fundamental para compor o sabor da bebida.
Dependendo do processo de beneficiamento a que o grão é
submetido, ele mesmo pode se diferenciar – tornando-se um
café lavado, um cereja descascado ou um natural (leia mais nas
páginas a seguir). O destaque fica para as variedades naturais,
que têm surgido como o diamante bruto do café brasileiro.
Cerrado Mineiro, Alta Mogiana – extraído na divisa de São
Paulo e Minas Gerais –, Divinolândia – no interior paulista – e
Montanhas do Espírito Santo produzem, atualmente, alguns dos
melhores cafés naturais do país.
“Sem os produtos do Brasil, a maior parte dos negócios de café
brasileiros iriam à falência. Além disso, investimos cada vez
mais em qualidade”, avalia Isabela Raposeiras, uma das mais
renomadas baristas do mundo.
Fotos: Divulgação
“
“
tdc. GASTRONOMIA
O amargor é uma
característica do café,
mas não é positivo.
Para a maioria dos leigos, os sabores complexos dos cafés podem
acabar ocultos. Se a intenção for refinar o paladar, o segredo
é apenas um: provar. Quem se propõe a conhecer variedades
de grão, ponto de torra e preparo expande as sensações
produzidas pela bebida. Surge uma profusão de sabores, antes
imperceptíveis. “O amargor é uma característica do café, mas não
é positivo. É um tantinho de amargo que a gente quer, e não mais
do que isso”, diz Georgia, do Lucca Cafés Especiais. O melhor
café vem do grão fresco, que pode receber de torras claras a mais
escuras – dependendo da preferência de quem bebe.
Já a moagem se ajusta conforme o tempo de contato do pó com
a água, o que varia de um modo de preparo para outro. Para os
expressos, a moagem é mais fina; para uma cafeteira francesa,
vale um granulado mais grosso. Com cada vez mais gente
apreciando cafés diferenciados, ter um moedor em casa torna-se
artigo indispensável. A expressão mais pura da bebida está em
cada detalhe desse ritual cujo clímax é um café na temperatura
ideal inundando a boca de sabores.
Foto Nana Vieira
Com o aval dos mais renomados concursos internacionais de café,
Isabela (foto ao lado) mantém uma cafeteria que se propõe à
constante experimentação. Os prêmios da barista atraem pessoas
de todos os cantos do país até o Coffee Lab, localizado na Vila
Madalena, em São Paulo. Enquanto concedia a entrevista à TDC
Concept, Isabela se via em meio a centenas de amostras do melhor
arábica produzido no Espírito Santo. O que está em sua xícara, no
entanto, muda o tempo inteiro. “Encontro café de qualidade em
todos os lugares e a todas as horas. Seria muito frustrante se eu
tivesse um café preferido de todos os tempos”, explica.
Se para algumas pessoas é um aprendizado, para outras o café é
um amor que vem de família. É o caso da diretora executiva da
Brazil Specialty Coffee Association, Vanusia Nogueira (abaixo).
Criada no Sul de Minas Gerais, brincando de secar os frutos na
fazenda, hoje ela é o que se pode chamar de embaixadora do café
brasileiro. “Não somos os pioneiros no mundo dos cafés especiais,
mas justamente por isso ganhamos ritmo. Nosso trabalho de
construção da imagem internacional do café brasileiro é intenso.”
Foto Ivan Padovani
Competindo com Colômbia e Etiópia, o país leva vantagem pela
escala de produção de cafés especiais. Tanto é que os produtos
made in Brazil já figuram nas maiores cafeterias do mundo. E com
reconhecimento de qualidade. A próxima etapa é estar ainda mais
presente nas xícaras dos brasileiros – um desafio que, a julgar pelo
que já vem acontecendo, parece ser um caminho sem volta.
65
O café
por Isabela Raposeiras
Coado, espresso, na prensa francesa,
na cafeteira italiana ou no aeropress.
Independentemente do modo de preparo
escolhido, algumas dicas são universais
quando a ideia é extrair o melhor do café.
Sob o gabarito da barista Isabela Raposeiras,
do Coffee Lab, veja a seguir o que é preciso
para elevar o seu cafezinho a outro patamar:
Foto Nana Vieira
Comece separando o ingrediente principal,
responsável por mais de 95% do sucesso
da bebida. Se você pensou nos grãos, nada
disso: a água é o que há de mais importante
na busca pelo café perfeito.
O básico é uma água sem cloro, podendo ser
filtrada ou mineral. Sobre a temperatura, uma
boa dica para quem não tem como medi-la é
deixar a água ferver, tirá-la do fogo e deixá-la
descansar de 30 segundos a 1 minuto.
O próximo passo é escolher um grão de boa
qualidade. Dê preferência aos que são 100%
arábica e têm origem certificada. Moído ou
em grãos? “Moer na hora é inegociável. Hoje,
existem moedores de diversos preços e que
vão durar por muito tempo”, ressalta. Com
tudo em mãos, agora é só eleger o método
que mais lhe agrada e aproveitar uma bela
xícara do seu próprio café.
Para
baristas
amadores
Ter à disposição os acessórios corretos
é indispensável para quem quer fazer
ou degustar cafés especiais. Alguns itens
ajudam a ter uma melhor experiência com
a bebida – afinal, um bom café deve ser
saboreado com todos os sentidos.
Sugestões de produtos: Chaleira elétrica, Caixa
de borra, Máquina de espresso, Cafeteira
francesa, Cafeteira italiana, Moedor, Leiteira
para barista e Conjunto para servir.
Arábica
É o café para ficar de olho. Nome popular da espécie
Coffea arabica, o grão produz cafés de aroma intenso e
sabores variados. As linhas especiais são, obrigatoriamente,
100% arábica. No Brasil, é cultivado em Minas Gerais, São
Paulo, Paraná e alguns outros estados. Representa cerca de
70% da produção mundial.
Glossário
para os amantes do grão
Barista
Profissional especializado no preparo do café e de receitas
que usam a bebida como base. O barista também deve ser
um entendedor do cultivo, da origem e das variedades de
grãos. Ou seja, é um sommelier do café.
Blend
Mistura de grãos de cafés com a intenção de criar uma
bebida de sabor harmonioso. O blend pode balancear
aroma e corpo, equilibrar acidez e doçura, ou surpreender
o paladar com uma experiência sensorial inesperada.
Café especial
Existe uma classificação para determinar a qualidade de
cada café. Apesar de não haver um conceito rígido do que
entra na faixa especial, o mais difundido é que esses cafés
são aqueles que possuem pontuação acima de 80, na escala
de 100. Uma coisa é certa: eles são a crème de la crème.
Café de origem certificada
Proveniente de região demarcada oficialmente. Cada local
de procedência tem atributos, delimitações geográficas,
qualidade mínima e protocolo de rastreabilidade. Assim, o
produto final é um café que expressa verdadeiramente o
terroir em questão.
Café fair trade
Produzido por organizações certificadas como de
“comércio justo”. Só podem receber o selo fair trade
produtores organizados em associações ou cooperativas
que tenham mais da metade dos associados pertencentes à
agricultura familiar. É um atributo a mais para se levar em
conta na hora de eleger o que vai para a xícara.
Café gourmet
Assim como no caso do café especial, não há uma
convenção do que é gourmet. Em geral, são grãos com
pontuação entre 70 e 79. Podem não estar no topo da lista,
mas têm qualidade e satisfazem o paladar dos apreciadores
da bebida.
Café natural
Grão que passou pelo beneficiamento a seco. O método
requer clima sem umidade durante a época de colheita.
Primeiro, os frutos são lavados, espalhados em finas
camadas e revolvidos várias vezes ao dia. Depois de duas
ou três semanas, a secagem é finalizada em equipamentos
especiais, que não agridem o grão. O café natural é uma
vocação brasileira e corresponde a cerca de 80% da
produção nacional.
Cereja descascado
A diferença desse processo para o do café natural é
que ele é feito somente com frutos maduros – mais
conhecidos como cerejas. Essas cerejas são descascadas e
só então passam pela secagem, diminuindo assim o risco
de fermentação. Sem os grãos verdes, a bebida tende a
ser mais homogênea e com sabores mais complexos.
Crema
Espuma de coloração marrom levemente dourada que
se forma por cima do espresso e evita que alguns sabores
do café escapem pela evaporação. Quando essa camada
cremosa surge sobre a bebida, no topo da xícara, tem-se a
certeza de que o café foi bem tirado.
Espresso macchiato
É o espresso “manchado”, como diz a expressão italiana
que dá nome ao café. A suavidade do leite quebra a
concentração característica do espresso, produzindo uma
bebida menos intensa, mas não menos saborosa.
Espresso ristretto
Parte do espresso considerada o néctar do café.
O ristretto é preparado com metade da água e costuma
ser forte, mas adocicado quando bem extraído. Óleos,
aromas, sabores, tudo em sua potência máxima.
Café lavado
Robusta
Grão que passa pelo processo de beneficiamento úmido.
Retira-se casca, polpa e mucilagem (camada viscosa junto à
polpa). É um sistema mais trabalhoso que o natural e pode
ser realizado apenas com frutos maduros. O resultado é
uma bebida com menos corpo.
Nome popular da espécie Coffea canephora, da qual
fazem parte principalmente as variedades robusta e
conillon. Na boca, apresenta sabores menos complexos e
baixa acidez. A robusta corresponde a 30% da produção
brasileira e tem o dobro de cafeína que o arábica.
67
tdc. cidades
Skylines:
silhuetas que marcam
Cada cidade tem suas próprias características
arquitetônicas. Prédios, pontes, torres e outras estruturas
formam os chamados skylines (ou panorama urbano).
O skyline é uma espécie de silhueta da cidade, formada
pelo perfil de seus prédios. Usando uma fórmula muito
simples – que apenas pontua os edifícios com base no
seu número de andares –, o site de arquitetura Emporis
listou as 100 cidades com os melhores skylines do mundo.
Naturalmente, São Paulo é a mais bem colocada do Brasil
e ocupa o oitavo lugar na relação geral. Conheça, a seguir,
alguns dos skylines colocados pelo Emporis entre os mais
icônicos do mundo.
68
Hong Kong
Com nada menos do que 1.300 arranha-céus, a cidade chinesa
garante o seu lugar no topo – seguida por Nova York, Shenzhen,
Guangzhou e Cingapura. Seu maior edifício tem 108 andares.
Cingapura
MOSCOU
A cidade-estado asiática entra na lista com o terceiro melhor
panorama urbano do mundo. Ao todo, conta com 200 arranhacéus – que, por lei, não podem ultrapassar os 280 metros de
altura. Já imaginou se pudessem?
Sexta colocada, a capital russa passa por um grande projeto de
urbanização e modernização. Tanto que seus maiores edifícios
foram erguidos nos últimos seis anos. O maior deles, Vostok, de 95
andares, está em fase final de construção.
SÃO PAULO
Nova York
A maior cidade da América do Sul tem mais de 6.000
edifícios e 104 arranha-céus. O maior deles é o Palácio W.
Zarzur, antigo Mirante do Vale. Inaugurado em meados da
década de 1960, tem 170 metros de altura.
Atrás apenas de Hong Kong, a cidade norte-americana é lar de
edifícios famosos, como Empire State Building e o Chrysler Building.
Recentemente, inaugurou o icônico One World Trade Center. Os quase
900 arranha-céus formam o belo e simbólico skyline nova-iorquino.
BANDEJAS
TINGIDAS
Disponíveis em quatro formatos e
em quatro cores diferentes, elas estão
sempre prontas para brilhar
nas mais diversas situações do dia
a dia com a marca da leveza e da
descontração.
vitrine
tdc. roteiros
O museu das
montanhas
É só olhar para o Messner Mountain Museum para perceber que ele
foge do convencional. Não é um museu de história natural, muito
menos de arte. Localizado na região do Tirol, no norte da Itália, o
MMM é formado por um complexo de seis prédios espalhados por
diferentes pontos da região. Cada um tem um tema específico: a
magia da montanha, o mundo do gelo, a disciplina do alpinismo, os
povos das montanhas e a relação o homem e a montanha. O museu
foi criado por Reinhold Messner, uma lenda do alpinismo mundial.
Ele foi o primeiro a escalar as 14 montanhas com mais de 8 mil
metros. O projeto começou em 1995, com a inauguração do MMM
Juval, instalado em um castelo do século XIII. O mais recente, MMM
Corones, foi aberto em 2015, no cume do Monte Kronplatz.
Projetado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid, o museu
se integra à montanha com uma impressionante estrutura
cravada na pedra. A peça central do complexo é base
para quem fizer o tour completo fica no MMM Firmian,
localizado no Castelo Sigmundskron. Os museus abrigam
pinturas e artefatos de diferentes povos da região,
contando a história das montanhas, das culturas e do
alpinismo. É o destino ideal tanto para quem admira o
esporte quanto para quem simplesmente gosta de admirar
a natureza em toda sua grandeza e eloquência.
Fotos Alexa Rainer
70
accurato
facas com lâmina de cerâmica
A precisão e a tecnologia da cerâmica
garantem cortes mais delicados e
permitem extrair o máximo sabor
dos ingredientes.
vitrine
tdc. sabores
O melhor
uísque
do mundo
Fotos: Kavalan Distillery
“
“
Surpreendentemente
suave ao paladar
Há décadas, irlandeses e escoceses discutem seu papel
na origem do uísque. O destilado é, de longe, a bebida
mais tradicional de ambos os países, que detêm duas
das marcas mais icônicas do segmento – a irlandesa
Jameson e a escocesa Johnnie Walker. Somando
todos esses fatores, é natural que o melhor uísque do
mundo seja de um desses países, certo? Errado – pelo
menos em 2015. Segundo o World Whiskies Awards,
a honra é, surpreendentemente, de um uísque de
Taiwan: o Kavalan Solist Vinho Barrique, da destilaria
Kavalan. A bebida foi descrita pelos jurados do prêmio
como “surpreendentemente suave ao paladar” e foi
comparada a um “bourbon infundido com leite de
chocolate”. O que o torna tão especial é seu processo
de maturação. O Kavalan Solist Vinho é envelhecido em
barris de carvalho, que já foram usados para maturar
vinhos tintos e brancos – por isso sua denominação.
Esse método dá ao uísque um toque frutado, complexo
e diferenciado. A destilaria Kavalan é jovem – foi
aberta ao público apenas em 2008. Desde então, vem
acumulando prêmios e reconhecimento. Uma de suas
garrafas custa cerca de 80 euros.
72
vitrine
originale
kit para churrasco
Conforto, durabilidade e alto
desempenho de corte. Cabos em
madeira Polywood e um design com
toque rústico. A escolha ideal para
quem aprecia o verdadeiro sabor do
churrasco.
tdc. sabores
Precioso
Cada barra de 50g
do TO’AK Chocolate
custa entre 260 e 270 dólares.
Fotos: Toak Ecuador Cía. Ltda
A pequena e isolada região de Piedra de Plata, no Equador, é
lar do chocolate mais valioso do mundo: o To’ak. A razão para
o produto ser exclusivo e especial está em seu processo de
fabricação. O cacau é de uma variedade rara conhecida como
“Nacional”; as árvores têm mais de 100 anos e crescem na sombra
de enormes mangueiras; os grãos são selecionados manualmente.
O processo pós-colheita é o mais importante: os grãos são secos
e fermentados gradualmente em pequenas estufas. O resultado é
um chocolate amargo puro, com apenas dois ingredientes: cacau
e cana-de-açúcar. A delicadeza do doce é tamanha que o mínimo
contato com a pele humana pode corromper o sabor, o aroma e a
textura do alimento, a tal ponto de um utensílio especial ter sido
desenvolvido para degustá-lo. É uma experiência de sentidos.
A qualidade do chocolate está na complexidade de suas nuances:
doce, ácido e amargo; com características de flores, frutas, nozes
e pimentas. No centro do chocolate, um grão especialmente
selecionado tostado. Para a edição de 2014, foram produzidas
apenas 574 barras. Cada uma delas, com 50g, custava entre 260 e
270 dólares.
vitrine
prochef
kit de facas 7 peças
O brilho do aço inox desponta
neste conjunto de facas de alto
desempenho, com lâminas
desenhadas para cumprir todas
as tarefas da rotina dos chefs e
amantes da cozinha.
tdc. arquitetura
A herança
de um GÊNIO
É difícil não se surpreender com a obra
de Antoni Gaudí. O arquiteto, falecido há
exatas nove décadas, é autor de projetos
grandiosos e revolucionários encravados na
alma de Barcelona. E a região da Catalunha
foi o seu grande espaço de experimentação.
Ele incorporou em suas obras a alma
e a cultura da comunidade autônoma.
Mais do que isso, seu estilo naturalista
transformou a arquitetura moderna. Gaudí
fugia das linhas retas e das duras formas
ortogonais. O desenho seguia suas crenças,
misturando religião e natureza. O artista
não se mantinha preso a nenhuma regra de
cor, textura ou forma. Era livre para criar e
inovar em uma arquitetura orgânica. A Casa
Batlló e a La Pedrera (ou Casa Milá) são
exemplos perfeitos de seu trabalho.
Sua maior obra, no entanto, é a Sagrada
Família, em Barcelona, capital catalã.Gaudí
assumiu a construção da igreja em 1883
e dedicou a ela nada menos que 43 anos
de trabalho incessante. Morreu em 1926
sem vê-la pronta – a conclusão da obra
está prevista para 2026, no centenário de
sua morte. Atualmente, mais duas torres
estão em andamento, seguindo a herança
cultural e estilística deixada pelo arquiteto.
76
Fotos: Pixabay
lyon
caçarola e utensílio
Corpo robusto, cores
vibrantes e revestimento
antiaderente são
apenas alguns de seus
diferenciais.
gourmandise
estação de corte quadrada
Feita em madeira natural, é a base ideal
para cortar, picar, misturar e criar os
mais variados ingredientes.
vitrine
tdc. descobertas
Botsuana
Japão
Com parques nacionais que ocupam 17% de seu
território, o pequeno país do sul do continente africano é
um paraíso da vida selvagem. Escondido do grande fluxo
de turistas, Botsuana atrai por seus safáris no deserto e
nos deltas. Cinco décadas depois de sua independência,
o país vive uma fase de expansão econômica, com um
crescente fluxo de turistas.
A terra do sol nascente vive entre o futurismo
arquitetônico e sua cultura e tradição milenares. As
paisagens impressionantes e as excentricidades das
rotinas japonesas tornam a experiência ainda mais
transformadora. Com Tóquio escolhida como sede das
Olimpíadas de 2020, espera-se ainda mais investimento e
uma significativa modernização na região.
1
2
Sean Pavone/Shutterstock.com
Para
conhecer
em 2016
3
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Fotos: Pixabay
Estados Unidos
Cânions imensos, gêiseres que avançam dezenas de
metros no ar, sequoias com mais de 100 metros de altura
e mil anos de idade. A diversidade e multiplicidade dos
parques norte-americanos colocam o país em um lugar
de destaque na lista. Uma ótima oportunidade para pegar
o carro e fazer as famosas road trips da América.
A gigante dos guias de viagem Lonely Planet
selecionou os dez melhores países para se visitar
em 2016. A lista é elaborada por especialistas
da editora e leva em consideração a realização
de grandes eventos, datas comemorativas,
infraestrutura e aspectos únicos de cada região.
No ranking estão as mais diferentes regiões, de
Letônia e Uruguai a Fiji e Groelândia. Saiba mais
sobre os três primeiros colocados.
vitrine
wind
faqueiro
Produzido 100% em aço
inox, vem com talheres que
emprestam requinte e leveza à
composição da mesa. Conforto
no manuseio e mais facilidade
para lavar.
www.tramontina.com/designcollection | www.facebook.com/tramontinatdc