Untitled - Buddhist Maha Vihara

Transcrição

Untitled - Buddhist Maha Vihara
Publication of the
Sasana Abhiwurdhi Wardhana Society
Buddhist Maha Vihara,
123, Jalan Berhala, Brickfields,
50470 Kuala Lumpur, Malaysia
Tel: 603-22741141 Fax: 603-22732570
E-Mail: [email protected]
Website: www.buddhistmahavihara.com
www.ksridhammananda.com
Published for Free Distribution
Permission to reprint for free distribution can be
obtained upon request.
1st Print – December 2008 (1000 copies)
The Society gratefully acknowledges the efforts of
Ven Sunan Sunantho for translating the orginal
English text into Portuguese.
Printed by Uniprints Marketing Sdn. Bhd. (493024-K)
(A member of Multimedia Printing & Graphics (M) Sdn Bhd)
ISBN: 978-967-5168-14-7
ONDE ESTÁ O BUDDHA?
Ven. Dr. K. Sri Dhammananda
(Translated into Brazilian Portuguese by Rev. Sunantho Bhikkhu)
(Traduzido para o Português do Brasil por Rev. Sunantho
Bhikkhu)
Publicado Originalmente por:
Buddhist Maha Vihara
123, Jalan Berhala, Brickfields
50470, Kuala Lumpur, Malaysia
Tel.: 03-22741141, 22741186
E-mail: [email protected]
Primeira Edição Original em 31 de Agosto de 2006 (50.000
cópias)
ESTE LIVRO É SOMENTE PARA DISTRIBUIÇÃO GRATUITA,
NÃO PODE SER VENDIDO.
THIS BOOK IS FOR FREE DISTRIBUTION ONLY, CAN NOT
BE SOLD.
Em memória de nosso amado Mestre
Venerabilíssimo Dr. K. Sri Dhammananda Nayaka Maha Thera
(Sri Lanka, 18 Março 1919 - Malásia, 31 Agosto 2006)
ONDE ESTÁ O BUDDHA?
As pessoas sempre fazem esta pergunta; para
onde o Buddha foi e onde ele está vivendo agora?
É uma pergunta muito difícil de responder aos que
não têm uma vida de desenvolvimento mental.
Isto porque todo mundo pensa sobre a vida de
modo mundano. É difícil para as pessoas entender
o conceito de Buddha. Certos missionários se
aproximam dos buddhistas e dizem que o Buddha
não era um deus, era um homem. Ele morreu e
partiu. O que se pode lucrar em adorar um homem
morto? Mas, devemos entender que o Buddha é
chamado Satthá Dêva-manussánam, que significa
mestre dos deuses e dos homens. Sempre que os
deuses tinham alguma questão, procuravam o
conselho do Buddha. Então eles afirmam que o
deus deles está vivo e, por isso, todos deveriam
rezar para ele.
De acordo com a Ciência, foi preciso milhões
de anos para que desenvolvêssemos nossa mente
e entendimento. Quando nossa mente não estava
completamente
desenvolvida,
percebemos
que há alguns poderes que fazem a natureza
funcionar. Porque não éramos capazes de
entender exatamente como a natureza funciona,
1
começamos a pensar que há uma pessoa que
cria e mantêm essas ocorrências. Para ajudar os
demais a entenderem este conceito, foi dada a essa
energia uma forma e representação física, com
estátuas e pinturas. Esses “espíritos” ou poderes
foram importantes para fazer com que os humanos
praticassem o bem e não cometessem más ações
e também para recompensá-los por praticarem
o bem. Sempre que temos medo, preocupações,
suspeita, insegurança, precisamos de algo do
qual dependa a nossa proteção. Eventualmente,
essa força é transformada em um Deus único.
Agora, as pessoas dependem de Deus para tudo.
E, por causa disto, tentam apresentar a idéia de
que existe uma alma eterna que deixa este mundo
e permanece eterna, no céu. Com isto, satisfazem
o apego a uma existência para sempre. O Buddha
diz que tudo que passa a existir, está sujeito a
mudanças, decadência e extinção.
Quando analisamos a vida do Buddha, vemos
que ele nunca se apresentou como sendo filho de
Deus nem mensageiro de Deus, mas simplesmente
um mestre Iluminado. Ao mesmo tempo, o
Buddha nunca se apresentou como encarnação
de um outro Buddha. Tampouco o Buddha é o
criador de um outro Buddha, nem a reencarnação
2
de outro Buddha. Ele é uma pessoa que, através
de um longo trabalho por um longo período,
vida após vida, desenvolveu e cultivou todas as
grandes qualidades, virtudes, e sabedoria, às quais
chamamos de Paramitas ou perfeições. Quando
completou todas essas qualidades, ganhou a
Iluminação: o completo entendimento de como o
Universo funciona. Ele descobriu que não existe
um Deus criador do Universo.
As pessoas perguntam como ele pode ter
conseguido a Iluminação sem a ajuda de algum
deus. Os Buddhistas afirmam que todo indivíduo
é capaz de desenvolver a mente e o entendimento
sobre tudo. O significado da palavra manússa, em
muitas línguas, é ser-humano. Mas o significado
da palavra Mána é mente. Portanto, manússa é
o ser-humano que pode desenvolver e cultivar a
mente até a perfeição. Ninguém além dos sereshumanos pode desenvolver a mente até esse
ponto, para atingir a Iluminação. Nem mesmo os
seres divinos podem se tornar Buddhas, porque
eles não conseguem desenvolver a mente a tal
ponto. Eles têm sensualidade mundana, paz,
existência próspera mas a capacidade de pensar
deles é muito pobre. Apenas manússa, seres
humanos, podem se tornar um Buddha, um
3
Iluminado. Quando dizem que o Buddha não é um
deus, não devemos tentar provar o contrário. Se o
fizermos, na verdade estaremos menosprezando o
conceito de Iluminação. Há quem diga que deus
mandou uma mensagem para a Humanidade. Se
a mensagem é para todos os seres-humanos neste
mundo, por que ele não a proclamou em público
e a revelou a apenas um homem? O Buddha não
incentivou ninguém a acreditar em nada nem
afirmou ter sido instruído por um poder mais alto
a fazer isso.
Certa vez, um sacerdote cristão veio me ver,
com alguns de seus seguidores para discutir sobre
Buddhismo e perguntou: “Na verdade, me diga,
em que os buddhistas acreditam?” Eu, muito
francamente, disse a eles que não “acreditamos”
em nada. Então ele me mostrou meu livro “No
que os Buddhistas Acreditam” e perguntou:”Por
que escreveu esse livro?” Eu disse a ele: “Escrevi
este livro para que você o leia e veja se há algo no
qual deve acreditar.” “Neste caso”, ele perguntou,
“pode me dizer o que fazem os Buddhistas?” Eu
disse: O Buddha nos deu a resposta para essa
pergunta, ele nos aconselhou sobre o que fazer.
Em vez de acreditar, devemos praticar pariyatti,
patipatti e pativeda. Há três modos de prática.
4
Primeiro, temos que tentar entender porque não
podemos acreditar cegamente em nada que não
consigamos entender.
Neste Ensinamento do Nobre Caminho
Óctuplo, o primeiro ítem é sammaditthi, a visão
ou entendimento correto. O Buddha começou
sua missão pedindo aos seus seguidores para
desenvolverem o correto entendimento, em vez
de terem fé ou crença cegas. Após aprendermos,
obtemos o maravilhoso conhecimento sobre
o Buddha e seus Ensinamentos. Você tem que
praticar o que aprendeu. Se não entendeu vai criar
idéias de acordo com sua própria imaginação. O
conselho dele foi para que praticássemos o que
aprendemos com correto entendimento. Após
praticarmos experimentamos o resultado ou
efeito. Só assim sabemos se é verdade. Estes são
os três métodos ensinados pelo Buddha, aprender,
entender, praticar. Este é o modo de viver neste
mundo para se livrar do sofrimento. Agora você
é capaz de entender que o modo do Buddha
introduzir o Ensinamento não foi nos pedindo
para acreditarmos mas sim para aprendermos e
examinarmos os resultados.
5
Por exemplo, o Buddha diz que temos que ser
gentis, temos que ser honestos. Após entendermos
o Ensinamento, tentamos praticá-lo e em seguida,
todos nos respeitam quando percebem que somos
gentis e muito honestos. Ninguém quer perturbar
ou acusar você, todos respeitam. É este tipo de
resultado que você experimenta. Ao mesmo
tempo, o Buddha diz que temos que tentar
entender de acordo com o nível de sua própria
experiência. Você pode testar os resultados da
prática por você mesmo. Entende como algumas
coisas estão erradas e porque outras são certas
e outras são certas, mas, ainda assim você não
as segue por causa da proibição ou Mandamento,
vindo dos céus. Você tem uma mente pensante e
bom senso para entender. Nosso entendimento
e nossa experiência própria são suficientes para
entender a razão de algo ser certo ou errado. Por
exemplo, o Buddha nos aconselhou a não destruir
outros seres vivos. Ele não criou nenhuma Lei
Religiosa para isso, porque um ser humano
inteligente deve ser capaz de entender que matar
um ser vivo é crueldade. Não é difícil de entender
o porquê de isto ser mau, porque quando alguém
vem e tenta nos matar, certamente não gostamos
disso. Novamente, pergunto como você se sente
quando tem algo valioso roubado? Da mesma
6
forma, quando roubamos algo de alguém, a
pessoa não gosta disso. Não é necessário que
recebamos ordens de um deus ou Buddha ou Jesus
para entendermos este simples conceito. Mestres
religiosos aparecem no mundo para nos lembrar
de coisas que negligenciamos ou esquecemos.
Sua própria experiência e entendimento são muito
mais importantes e mais do que suficientes para
que você saiba exatamente o porquê de certas
coisas serem certas e outras erradas.
O Buddha nos aconselhou a pensar e entender.
Temos o sentido da razão. Temos senso comum,
diferentemente de outros seres vivos que também
têm uma mente, mas não podem usá-la de modo
racional. Suas mentes se limitam a encontrar
comida, abrigo, proteção e prazer sensual.
Não podem ir além disso. Mas seres-humanos
têm a mente para pensar e entender até um
nível máximo. É por isso que os cientistas têm
pesquisado e descoberto tantas coisas que nunca
tínhamos ouvido antes. Não há nenhum outro
ser-vivo neste mundo que seja capaz de ir até
esse ponto. Por isso, somente seres-humanos são
capazes de se tornar um Buddha. Somente através
do desenvolvimento da mente, os seres humanos
obtêm a Iluminação. O Buddha nos disse para
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agirmos de acordo com nossa própria experiência.
Assim, podemos comprovar os resultados. Os
seguidores das Religiões saúdam uns aos outros
dizendo: “Deus te abençoe!”, mas buddhistas
dificilmente se cumprimentam dizendo “que o
Buddha te abençoe!”. Mas recitam “Buddham
saranám gatcháami” (eu me refugio no Buddha).
Se os buddhistas acreditam que podem se refugiar
no Buddha, por que não dizem “que o Buddha te
abençoe!”? O Buddha também nos aconselhou a
lembrar dele nos momentos de medo.
Então, “Onde está o Buddha” é o nosso tema.
Podemos dizer que ele está no céu, ou mora no
Nibbana ou está em algum outro lugar? Para
onde ele foi? Devemos lembrar que tudo o que
perguntamos é do ponto de vista deste mundo.
Depois de atingir a Iluminação o Buddha afirmou:
“ayamantimadjáti natt´hidanipunábavo” , este é
meu último renascimento e não há mais o tornar
a ser, parei de voltar e voltar a ser neste mundo,
vida após vida, experimentando sofrimento
infinito. Os prazeres e entretenimentos que as
pessoas vivenciam, são satisfações emocionais
temporárias que desaparecem dentro de um
período curto. Isto cria insatisfatoriedade.
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Durante nosso período de vida, fisicamente e
mentalmente passamos por enormes sofrimentos,
preocupações, problemas, dor, dificuldades,
calamidades e insatisfação. Não existe ninguém
no mundo que possa dizer que está satisfeito
com a vida. Todo mundo reclama e se queixa de
problemas físicos ou psicológicos. Ao entender
esta situação, o Buddha cessou seus renascimentos.
A isto chamamos salvação. Salvação significa
libertação do sofrimento físico e mental. Portanto,
se não gostamos de sofrer, o melhor a fazer é parar
de vez com o renascimento. Nós nos apegamos
à existência. Cobiça e apego são muito fortes
em nossa mente. Queremos existir, mesmo com
tanto sofrimento e problemas por causa do nosso
apego e ignorância. Veja o que está acontecendo
no mundo. O mundo todo é um grande campo de
batalha, por toda parte as pessoas criam violência
e derramamento de sangue, e guerra e destruição.
Os animais vivem sem criar problemas que os
façam sofrer. Quando estão com fome, saem e
matam outro ser vivo, satisfazem a fome e voltam
a dormir. Mas os seres-humanos não se contentam
sem ter apego a tantas outras coisas. Apego é
algo tão forte na mente humana. Por causa dele o
ciúme, inimizade, raiva, má vontade, crueldade,
fraqueza surgem.
9
Os seres-humanos têm uma religião. A religião
não é apenas para adorar e rezar, mas para prestar
serviço aos outros seres-vivos para que possamos
manter afastados os maus pensamentos e assim
servir aos outros. Os aspectos devocionais de
uma religião são importantes, mas eles sozinhos
não são capazes de desenvolver a mente e criar o
entendimento correto para alcançar a sabedoria.
Quando o Buddha estava morrendo, muitas
pessoas se reuniram com flores para oferecer a
ele e demonstrar respeito. O Buddha pediu que
elas fossem embora. Ele explicou que, se elas
realmente quisessem mostrar respeito por ele, em
vez de oferecerem flores e adoração, deveriam
praticar ao menos um dos conselhos que ele as
tinha dado. Assim, elas realmente o respeitaram
ainda mais.
Agora você entende o que o Buddha queria.
Uma vida espiritual não significa recitar
apenas, mas seguir alguns conselhos dados por
ele. Uma vez um monge chamado Bákkula
decidiu se sentar diante do Buddha e o observar
diariamente. O Buddha perguntou: “O que você
está fazendo aqui?” - Ele respondeu: “Quando
olho para seu corpo físico, isto me traz grande
10
felicidade.” O Buddha disse, “Bákkula, olhando
este corpo sujo, impuro, impermanente, o que
você ganha? Você apenas entretém suas emoções.
Não pode ver o Buddha verdadeiro através do
corpo físico.” Então ele disse: “Somente quem
entende o Dhamma ensinado pelo Buddha vê
o Buddha realmente. O Buddha real aparece
na mente quando entendemos o que o Buddha
ensinou.” Aqui, você pode entender que o
Buddha não se limitava particularmente ao corpo
físico. Quando estudamos a história da Índia,
por aproximadamente 500 anos nunca houve
nenhuma imagem do Buddha, porque ele nunca
incentivou alguém a fazer imagens dele. Foram
os Gregos quem criaram as imagens do Buddha
e outras formas e símbolos religiosos. Agora, é
claro, diferentes formas e imagens do Buddha
estão espalhadas pelo mundo todo.
Seguidores de algumas religiões nos condenam
como idólatras, adoradores de imagens. Na
verdade, eles não sabem o que os buddhistas
fazem. Algumas centenas de anos após o Buddha,
havia um monge bastante conhecido, chamado
Upágutha. Ele era excelente em discursos. Sempre
que dava sermões, milhares de pessoas se reuniam
para ouví-lo. Mara, o rei dos demônios, estava
11
muito insatisfeito porque mais e mais pessoas
estavam se tornando seguidoras do Dhamma.
Maras não são seres-vivos, mas sim fortes
obstruções mentais e obstáculos que nos impedem
de seguir uma vida de desenvolvimento mental.
Mara é então personificado como O Malévolo.
Este Mara começou a fazer encenações atraentes,
dança, canções, e espetáculos em frente ao templo.
Assim, os devotos gradativamente se voltaram
para Mara. Ninguém quis ouvir os Ensinamentos.
Upagutha decidiu dar uma boa lição a Mara e
também ele foi assistir seu espetáculo. Quando
a apresentação terminou, Upagutha disse que
gostou muito. “Como agradecimento pelo
espetáculo, gostaria de pôr um colar de flores
em seu pescoço.” Mara estava muito orgulhoso.
Quando Upagutha pôs o colar de flores em seu
pescoço, ele sentiu um aperto na garganta, como
se estivesse sendo estrangulado por uma cobra.
Ele tentou arrancar a cobra mas não conseguiu.
Foi então procurar Shakra, o Rei dos Deuses e
pediu ajuda para arrancar o colar de flores. Shakra
também fez todo o possível, mas não conseguiu
remover. Mara pediu ajuda a Brahma, o deus
criador, que também tentou inutilmente remover o
colar de flores. Brahma disse a Mara que somente
12
quem colocou nele o colar, seria capaz de removêlo. Assim, Mara teve que voltar ao Venerável
Upagutha e pedir a ele que retirasse o colar, caso
contrário, Mara morreria. Upagutha disse, “Não
é difícil mas eu tenho duas condições. Primeiro,
você tem que prometer não mais perturbar meus
futuros Ensinamentos.” Mara concordou. “A
segunda condição é que, você já viu o Buddha
e já o perturbou diversas vezes. Você continua
existindo há centenas de anos após o Buddha. Tem
poder sobrenatural para reproduzir o corpo físico
dele.” Mara disse que sim, que poderia fazer isso
se tivesse a promessa de não ser adorado quando
aparecesse na forma física do Buddha, porque
ele não era um homem santo.” Então, Upagutha
garantiu que não adoraria a Mara.” No entanto,
quando ele apareceu como um Buddha real, o
Venerável Upagutha o reverenciou. Então Mara
gritou, “Você prometeu que não me adoraria.”
Mas Upagutha disse, “não reverenciei Mara,
reverenciei o Buddha.”
Este é um bom exemplo para as pessoas
dizerem aos outros o significado de reverenciar a
imagem do Buddha. Quando temos uma imagem
do Buddha, à qual reverenciamos, podemos usála também como objeto de meditação. Isto não
13
é adorar um ídolo. Você convida o Buddha a
entrar em sua mente, através de um símbolo. É
um símbolo de cultivo mental. Como a imagem
do Buddha age como apelo à mente humana,
pode ser entendido através do seguinte exemplo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, em Mianmar,
o comandante chefe do exército encontrou uma
bela imagenzinha do Buddha. Ele a mandou de
presente a Winston Churchill, que era o Primeiro
Ministro da Inglaterra na época, com a seguinte
nota: “por favor, mantenha esta imagem em sua
mesa. Sempre que tiver alguma preocupação ou
problemas, olhe para o rosto da imagem. Acredito
que assim o senhor possa acalmar sua mente.”
O Sr. Nehru, ex-Primeiro Ministro da Índia,
foi preso pelo Governo Britânico. Quando
estava na prisão, tinha uma pequena imagem do
Buddha em seu bolso. Pegou a imagem e a pôs
na mesa, ao olhar para ela, pensou: “Apesar de
tantos problemas, tantas dificuldades no mundo,
se o Buddha conseguiu manter o sorriso em sua
face, por que não seguir o exemplo desse grande
homem?”
Anatole France, que foi um grande catedrático
francês, visitou o Museu de Londres e, pela
14
primeira vez na vida viu uma imagem do Buddha.
Olhando para ela, disse: “se Deus tivesse
descido do céu para vir à Terra, não teria outra
aparência além dessa.” Entretanto, uma imagem
não é essencial. Muita gente pode praticar os
Ensinamentos do Buddha sem ter uma imagem.
Ter uma imagem não é algo obrigatório. Não a
adoramos, não rezamos para ela, não pedimos
nada à imagem, apenas prestamos homenagem,
respeitamos a imagem de um grande mestre.
Um de nossos membros tem uma imagem
há 45 anos em sua casa. Um dia, um missionário
disse que ele estava idolatrando o demônio. Ele
não soube o que responder. Isto é surpreendente,
porque durante 45 anos ele presta respeito à
imagem e não sabe o que dizer quando alguém
o condena por fazer isso. É essa a fraqueza de
alguns buddhistas. Seguem a tradição, adoração,
rezas, oferendas, recitações, mas não entendem os
verdadeiros Ensinamentos do Buddha. Entenda
que, com ou sem imagem do Buddha você pode
praticar seus Ensinamentos. O corpo físico não é
o Buddha.
De acordo com a Tradição de Buddhismo
Mahayana, há 3 corpos do Buddha, ou 3 káyas,
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sambhogakáya, nirmanakáya e dharmakáya. Ele
usou ambos, sambhogakáya e nirmanakáya para
comer, dormir, caminhar, falar, aconselhar e
discursar. Todas essas atividades foram feitas com
o corpo físico. Quando atingiu o Parinibbana, esses
dois corpos desapareceram. Mas o Dharmakáya ou
corpo do dhamma do Buddha não vai desaparecer
nunca. De acordo com o Mahayana, o Buddha
Amitábha está em Sukhaváti, a Terra Pura. Quem
recita seu nome, com respeito e os que o adoram,
renascerão na Terra Pura e, em seguida, terão a
chance de alcançar o Nibbana. De acordo com
esse modo de pensar e acreditar, este conceito
dá muita confiança e esperança de que o Buddha
ainda estará vivo até que todos os seres alcancem
a salvação final.
O Buddha mencionou: “caso um Buddha
apareça ou não, o Dhamma existe para sempre no
mundo”. Quando um Buddha aparece, ele percebe
que as pessoas já esqueceram o verdadeiro
Dhamma. “Este Dhamma que eu entendi não
é um dhamma novo, criado por mim”, disse o
Buddha. Este Dhamma sempre existiu mas as
pessoas o interpretaram mal, criaram conceitos
errados, de acordo com suas imaginações, e
poluíram completamente a pureza do Dhamma.
16
Isto acontece até hoje, 2.500 anos após o Buddha
ter revelado a verdade sobre o Dhamma. As
pessoas fazem coisas erradas em muitos países,
em nome do Buddha. Elas não seguem realmente
o conselho dado pelo Buddha. Incluem suas
culturas tradicionais e misturam suas práticas
ao Buddhismo, apresentando o resultado como
Buddhismo. Nós Buddhistas temos que tentar
aprender o que o Buddha ensinou e tentar praticar
o Ensinamento dele para buscar nossa salvação.
As pessoas perguntam onde está o Buddha.
Praticar o Buddhismo não é necessariamente saber
onde o Buddha está, ou para onde ele foi. Veja o
caso da eletricidade, descoberta por alguém. Não
precisamos saber quem descobriu a eletricidade,
de qual país era. Nossa função é simplesmente
utilizar a eletricidade. Também quem descobriu
os átomos ou a energia atômica pode usá-la para
construir ou destruir. Assim, é nosso dever usar
essa energia de modo correto. Na verdade, não
é necessário saber quem descobriu a energia
atômica. Alguém descobriu o computador e a
televisão, mas não precisamos saber os nomes ou
detalhes sobre quem foi. Basta que os usemos.
17
Da mesma forma, não pergunte onde está o
Buddha ou para onde ele foi. Se o Dhamma, que
ele ensinou, é verdadeiro, disponível e efetivo,
por que é necessário saber onde o Buddha está?
O Buddha nunca disse que pode nos mandar para
o Céu ou para o Inferno. Ele pode dizer a você o
que fazer ou não para ganhar a salvação, é tudo o
que o Buddha pode fazer. Ele não pode fazer nada
além disso por você. Sua função é praticar o que
o Buddha nos ensinou. Há quem diga que Deus
pode lavar os pecados que as pessoas cometem.
O Buddha nunca disse nada sobre pecados serem
cometidos por alguém, ou poderem ser lavados
por outra pessoa. Nem Buddha nem Deus podem
fazer isso. Quando alguém está morrendo e diz
acreditar em Deus, após todos os atos pecaminosos
que cometeu, será que Deus pode lavar todos
os pecados? Por exemplo, talvez você seja
temperamental e sabe que isso é errado, mas não
consegue mudar seu modo de ser. Você reza a Deus
e pede a ele, por favor, para tirar a maldade da sua
mente, você acha que Deus pode fazer isso? Você
pode adorar o Buddha e pedir a ele para remover
a maldade da sua mente. Mas o Buddha também
não pode fazer isso. Ele apenas pode dizer como
você, por esforço próprio, consegue remover seu
ódio. Ninguém além de você mesmo pode lhe
18
ajudar, através do entendimento. Apenas você
pode perceber: “esse ódio é perigoso, pode causar
muitos problemas e dificuldades, é prejudicial e
faz mal aos outros. Tenho que tentar reduzir o
ódio pelo uso da energia mental e criar uma forte
determinação para retirá-lo da minha mente.”
Assim, nem o Buddha nem Deus podem lavar
pecados cometidos por nós, somente nós mesmos
podemos fazer isso. Há um bom conselho, dado
pelo Buddha: Se alguém cometeu uma má ação,
ou mau kamma, não adianta fugir dos efeitos
dele rezando para Deus ou para o Buddha. No
entanto, quando entendemos que cometemos uma
má ação, devemos parar de cometê-la. Temos que
estar determinados, em nossa mente, a criar mais
e mais bom kamma e ações meritórias. Quando
desenvolvemos ações meritórias, o efeito do
mau kamma anteriormente praticado pode ser
superado pelo bom kamma.
Veja, por exemplo, Angulimála, o assassino
que matou quase mil seres-humanos. Quando o
Buddha soube disso, foi procurá-lo. Angulimála
tentou matar o Buddha, porque tinha completado
999 mortes. Ele tinha a missão de matar mil,
e ficou feliz de ver o Buddha, porque pensou
que pudesse pegá-lo. Acontece que o Buddha
19
usou de um milagre: sabendo que seria difícil
controlar Angulimá-la pelas palavras, o Buddha
começou a andar em velocidade normal e deixou
que Angulimála corresse atrás dele. Quando
Angulimála mandou que o Buddha parasse de
correr, o Buddha disse: “eu já parei, só você
continua correndo.” Angulimála disse: “como
pode dizer que já parou de correr, quando vejo
que continua?” O Buddha respondeu: “Já parei,
significa que parei de matar e destruir outros seres
vivos. Você é quem continua, significa que apenas
você ainda não parou de cometer maus atos. Se
parar de correr, então, poderá me alcançar.” Então,
Angulimála disse: “Não consigo entender o que
você disse.” E o Buddha continuou, “Eu parei de
matar, mas você continua, significa que continua
correndo, continua dentro do Samsara,” Então
Angulimála percebeu seu erro e decidiu seguir
o Buddha, tornando-se um monge praticante da
meditação. Mais tarde, atingiu o estado mental
de Arahant e alcançou o Nibbana. O mau kamma
não teve chance de pegá-lo. Desenvolveu bom
kamma e o mau kamma não teve efeito sobre ele.
O Buddha ensinou que esse método de superar
o efeito do mau kamma não é através de oração
para nenhum deus, mas através da prática de
ações meritórias.
20
Se eu dissesse que o Buddha está morando
em algum lugar do Universo, com uma forma
física qualquer, isto seria contra os Ensinamentos
do Buddha. Por outro lado, se eu disser que o
Buddha não está em parte alguma do Universo,
com uma forma física, muita gente vai ficar
desapontada, porque isso não vai satisfazer o
apego delas pela existência. Portanto, chamam
a isto de nulidade. Não é nulidade; é o fim do
sofrimento físico e mental e a experiência da
salvação da alegria Nibbânica. Por outro lado, há
quem realmente precise de uma forma física, de
uma imagem do Buddha, para acalmar a mente,
reduzindo a tensão, o medo e as preocupações.
No entanto, não é correto dizermos que o Buddha
está vivo ou não. Se a doutrina do Ensinamento
do Buddha é acessível a nós para que tenhamos
paz, satisfação em nossa vida, isto é mais do que
bastante para todos. Consideremos um médico
que tenha descoberto um remédio eficiente. Se
ele está disponível, se pode curar nossa doença,
será que precisamos saber onde está o médico,
ou se ainda está vivo ou não? O importante é
nos livrarmos da doença, usando o remédio. Do
mesmo modo, os Ensinamentos do Buddha são
mais que suficientes para nos livrar de nossos
sofrimentos. O Buddha nos deu todo direito de
21
pensar livremente, de entendermos se algo é
errado pelo uso do senso comum ou pela razão
para entendermos a natureza real das coisas que
passam a existir.
Por outro lado, não há nada no Universo que
exista sem alguma mudança, sem decadência,
sem extinção, porque tudo é a combinação de
elementos, energia, energia mental e energia
kámmica. Portanto, é impossível que essas
energias permaneçam para sempre inalteradas. Se
você puder entender isto, então os Ensinamentos
do Buddha vão lhe ajudar a entender como
encarar seus problemas e dificuldades e como
superar sua insatisfação. Caso contrário, teremos
que nos defrontar com sofrimento físico e mental,
insatisfação e desapontamento. Temos que agir
de modo sábio para nos livrarmos de nossos
problemas. É difícil escapar do sofrimento
simplesmente rezando, adorando alguém, mas,
através do entendimento da natureza de nossos
problemas e dificuldades e da causa deles, somos
capazes de nos libertar de tais problemas.
Muita gente pergunta para onde o Buddha foi.
Se dissermos que ele foi para o Nibbana, então,
vão achar que o Nibbana é um lugar físico. O
22
Nibbana não é um lugar, é um estado mental que
pode ser alcançado por nós para experimentarmos
nossa salvação final. Não podemos dizer que o
Buddha foi para algum lugar ou que o Buddha
continua existindo, mas ele vivenciou a felicidade
Nibbânica, ou o objetivo final da vida.
Assim, a melhor resposta para a pergunta
“Onde está o Buddha?” é: o Buddha está em
sua mente, que é capaz de atingir a Verdade
Definitiva.
CARO LEITOR,
AO TERMINAR A LEITURA DESTE
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